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todos, que separa emissão e recepção. Nesses ambientes, é comum
encontrarmos textos lineares e outros materiais digitalizados, servindo apenas
como fonte de informação e leitura para responderem tarefas, geralmente
individuais, e verificação da aprendizagem sem a construção coletiva da
comunicação e do conhecimento.
Discordando dessa lógica, assumimos, a partir de Araújo (2007), Amaral e
Nunes (2008) e Santos e Silva (2009), o conceito de desenho didático (DD), em
vez de desenho instrucional, considerando-o sob a ótica do construtivismo e do
sociointeracionismo que favorecem a expressão do diálogo, da coautoria criativa
e colaborativa, indo além da mera transmissão de informações ou conteúdos,
atento às pessoas e às mudanças sociais.
Vygotsky (2005) defende que, somente a partir da interação com o meio
social (indivíduos, regras sociais, sociedade), o indivíduo desenvolve seus
processos psicológicos superiores. Ou seja, em dado momento o sujeito
necessita da intervenção de outros indivíduos mais capazes para que o
aprendizado se realize. Esse limite entre conseguir aprender sozinho e necessitar
do auxilio de outros é definido como zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
Sob a ótica piagetiana, essa transição evidencia-se pela maturação
cognitiva que se dá na passagem do nível pré-operatório para o nível das
operações concretas, em que se verifica a importância do intercâmbio social para
o desenvolvimento cognitivo. Nas palavras do autor:
Realmente, é bem difícil compreender como o indivíduo chegaria a
agrupar de maneira precisa determinadas operações, e, por
conseguinte, transformar suas representações intuitivas em
operações transitivas, reversíveis, idênticas e associativas sem o
intercâmbio do pensamento. O agrupamento consiste,
essencialmente, em liberar, do ponto de vista egocêntrico, as
percepções e intuições espontâneas do indivíduo, para construir um
sistema de relações tais, que possamos ir de um termo a outro ou de
uma relação a outra, seja de que ponto de vista for. O agrupamento
constitui, por principio, uma coordenação dos pontos de vista, e isto
significa, realmente, uma coordenação entre observadores, portanto
uma cooperação de vários indivíduos (PIAGET, 1958, p. 22).
É importante conhecer as teorias educacionais, quando se pretende
desenvolver o DD de um curso, pois elas poderão ser aplicadas, de acordo com a
análise dos participantes e de outros fatores que caracterizam o curso. Dessa
forma, a equipe responsável por essa produção deve ter o conhecimento das