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KELLY FERNANDES PEREIRA
DESENHO DIDÁTICO: POSSIBILIDADES E LIMITES
NO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM MOODLE
2010
Mestrado em Educação – Campus Centro
Avenida Presidente Vargas, 642, 22º andar – Centro
CEP: 22.071-001 - Rio de Janeiro – RJ
Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858
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KELLY FERNANDES PEREIRA
DESENHO DIDÁTICO: POSSIBILIDADES E LIMITES NO AMBIENTE DE
APRENDIZAGEM MOODLE
Dissertação apresentada à Coordenação
do Curso de Mestrado em Educação da
Universidade Estácio de como
requisito parcial para a obtenção do grau
de Mestre em Educação. Orientador: Prof.
Dr. Marco Silva.
Rio de Janeiro
2010
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P436
Pereira, Kelly Fernandes
Desenho didático: possibilidades e limites de
aprendizagem no ambiente Moodle. / Kelly Fernandes
Pereira. - Rio de Janeiro, 2010.
129 f.
Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade
Estácio de Sá, 2010.
Bibliografias: 113 _ 119
1. Educação Online. 2. Desenho didático. 3.
Interativedade. 4. Hipertexto. 5. Usabilidade. I. Título.
CDD 370
Dedico este trabalho aos meus pais, Maria
Fernandes Pereira e Edson Prado Pereira,
pelos ensinamentos, pelas aprendizagens para
a vida e pelo exemplo.
Ao meu esposo, Luiz Antônio de Carvalho, pelo
apoio e pelo exercício do conviver
com amor e gratidão.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus, pela vitória alcançada, por
me proporcionar sabedoria e conhecimento.
Aos meus queridos pais, Maria e Edson, por tudo que fizeram e fazem por
mim! Não palavras que expressem a felicidade de os ter comigo nesse momento
tão importante da minha vida.
Ao meu amor Luiz Antônio, pelo apoio, paciência, carinho, estímulo e
pontuações críticas, que muito contribuíram para a composição deste estudo.
Ao meu orientador, professor Marco Silva, pela orientação precisa dada
durante todo o processo acadêmico.
Às queridas professoras Lúcia Vilarinho e Margarida Bernardes, pelas
observações realizadas acerca do meu trabalho, que contribuíram para o
aprimoramento desta dissertação.
Aos professores do Mestrado que, durante todo o tempo, contribuíram com
minha formação, que vai muito além da realização deste estudo. Com eles
compartilhei grandes experiências!
Ao meu chefe e amigo Coronel Antonio Carlos Guelfi, por me apoiar e ajudar
nesse caminhar, sem cuja compreensão e generosidade eu não teria conseguido
liberação para frequentar as aulas do programa do Mestrado.
Aos colegas de Mestrado, em especial, a Edith Magalhães, Sheilane Brito,
Jacqueline Duarte e Tatiana Claro, pelos momentos de alegria, olhares cúmplices e
parceria em trabalhos que fizemos juntas ao longo dessa jornada. Sem elas, com
certeza, este Mestrado não teria sido o mesmo.
A Ana Paula Nunes, da secretaria do Mestrado, sempre tão socita e meiga.
Às minhas queridas e grandes amigas Vanessa Lima, Renata Miranda e
Giselle Vasconcelos, pelo apoio prestado em todo o período do Mestrado.
E, finalmente, a todos os pesquisadores do projeto Formação de Professores
para Docência Online, que possibilitaram a construção deste trabalho, em especial
aos coordenadores de equipe, que gentilmente se dispuseram a participar das
entrevistas.
RESUMO
O computador online tem ampliado as possibilidades de oferta de educação por
meio dos ambientes virtuais de docência e aprendizagem. É comum, no entanto,
encontrar, nesses ambientes, cursos online que subutilizam suas potencialidades
pela inadequação do desenho didático, isto é, da disposição de conteúdos e de
estratégias de comunicação e aprendizagem. A pesquisa parte desse problema e
tem como objetivo geral analisar a produção dos desenhos didáticos dos módulos de
um curso construído em um projeto interinstitucional denominado Formação de
Professores para Docência Online, no que tange a: interatividade, hipertextualidade
e usabilidade. Em consonância com esse objetivo, foram definidas as seguintes
questões de estudo: a) que objetivos direcionaram a produção do desenho didático
de cada módulo?; b) como esses objetivos definem os conteúdos, os acionamentos
das interfaces e as estratégias de avaliação propostas nos módulos?; c) o desenho
didático e a mediação docente promoveram interatividade, hipertextualidade e
usabilidade?; d) quais as estratégias mais recorrentes utilizadas na produção dos
seus desenhos didáticos?; e e) quais os limites e as potencialidades do Moodle para
produzir interatividade, hipertextualidade e usabilidade na produção do desenho
didático? O referencial teórico contempla: a) a educação online na cibercultura; b)
ambientes virtuais de aprendizagem; e c) desenho didático sob a perspectiva da
interatividade, usabilidade e hipertextualidade. A metodologia adotada abordagem
qualitativa. Instrumentos para coleta de dados: análise documental, observação
participante, formulário e questionário. Os resultados revelam que: a) os objetivos se
direcionaram à prática docente e à aprendizagem online, consoantes com as
disposições de interatividade e aprendizagem definidas no ambiente virtual; b) os
objetivos devem estar articulados com os conteúdos, atividades e estratégias de
avaliação, visando à cocriação e colaboração entre os aprendizes; (c) na mediação
docente, possibilidade de interatividade, hipertextualidade e usabilidade por meio
das interfaces do ambiente virtual quando se dispõe de desenho didático baseado
nesses princípios e recursos; (d) os recursos do Moodle mais utilizados em desenho
didático foram “página web” e rum articulando textos e expressão multimidiática;
(e) o Moodle propicia, na produção do desenho didático, potencialidades na
construção textual e participativa por meio das interfaces do ambiente. Com base
nesses resultados, a pesquisa pretende contribuir com a construção da qualidade na
educação online, na formação de professores para docência online e,
especificamente, na produção do desenho didático.
Palavras-chave: Educação online. Desenho didático. Interatividade. Hipertexto.
Usabilidade.
ABSTRACT
The online computer has promoted the development of opportunities for education in
teaching-learning virtual environments. It is common, however, to find in such
environments, online courses that do not take advantages of its potentialities due to
an inadequate educational design, in other words, the disposition of contents and
strategies that will provide communication and learning. The research starts from this
problem and has as a main objective to analyze the production of the modules’
educational designs in a course developed in an inter-institutional project called:
Formação de Professores para Docência online, in terms of the interactivity,
hipertextuality, and usability. In consonance with this objective, it was defined the
following questions of study: a) what were the objectives that guided the production
of each educational design module?; b) how do these objectives define the learning
contents, the activities, the interfaces uses and the evaluation strategies proposed?
c) does the educational design promote the interactivity, hipertextuality and usability?
(d) which were the most used strategies adopted by the modules’ coordinators in the
development of their educational designs?; and e) which are the Moodle’s limitations
and possibilities, in the module’s coordinators points of view, in order to produce
interactivity, hipertextuality and usability while defining their educational designs? The
theoretical reference includes: a) the online education in cyberculture; b) online
learning environments; and c) the educational design in the view of interactivity,
usability and hipertextuality. The methodology adopted is descriptive with a
qualitative approach. For the data collected it were adopted the documental analysis,
an exploratory form, and a semi-structured interview. The results obtained revealed
that: (a) the objectives are directed towards the online teaching-learning practice,
pointing out that, in the production of the educational design, these objectives must
be consonant to the interactivity and learning possibilities defined in the online
environment; (b) the objectives must be articulated with the contents, activities and
evaluation strategies aiming the co-creation and collaboration between the
apprentices, making use of synchronous and asynchronous interfaces; (c) in the
teaching mediation there is the possibility of interactivity, hipertextuality and usability
by means of the online environment’s interfaces when this environment makes use of
an educational design based on these principles and resources; (d) the Moodles’
resources most used in the educational designs were the web page and the forum,
articulating texts and multimediatic expression; (e) the Moodle environment provides,
in the production of the educational design, potentialities in the textual and
participative construction, by means of the environment’s interfaces. Taking these
results into consideration, the research intends to make a contribution to the quality
of online education, to online teaching quality development, and, especially, in the
educational design production.
KEY-WORDS: Online education. Educational design. Interactivity. Hypertext.
Usability.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Página principal do curso.........................................................
49
Figura 2 Página principal do curso customizada....................................
50
Figura 3 Fórum em uma perspectiva de ambientação...........................
52
Figura 4 Fórum em uma perspectiva temática.......................................
52
Figura 5 Diário em uma perspectiva de reflexão....................................
53
Figura 6
Diário em uma perspectiva de avaliação do módulo do
curso.........................................................................................
54
Figura 7 Fórum: campanha contra a carinha amarela........................... 56
Figura 8 O curso com duas colunas.......................................................
57
Figura 9 O curso em formato de tópicos................................................ 58
Figura 10
Tópico do Módulo 4 separado por unidades didáticas por
meio de rótulos.........................................................................
59
Figura 11 O histórico do chat no Moodle......................................... 62
Figura 12 Fórum do tipo geral.................................................................. 64
Figura 13
O diário no Moodle com opção de ver todas as
anotações.................................................................................
65
Figura 14 O wiki no Moodle.............................................................. 66
Figura 15 Exemplo de Link arquivos no Moodle...................................... 67
Figura 16
Exemplo de documentos disponíveis pelo recurso página
web...........................................................................................
68
Figura 17 O livro no Moodle............................................................. 69
Figura 18 Roteiro de atividades hipertextual............................................
93
Figura 19 Desenho didático do Módulo M de forma hipertextual.............
94
Figura 20 Desenho didático do Módulo N de forma hipertextual............. 95
Figura 21
Exemplo de mediação dispondo a contribuição singular do
participante...............................................................................
96
Figura 22 Desenho didático do Módulo H com princípio de usabilidade. 97
Figura 23 Desenho didático do Módulo B com princípio de usabilidade. 98
Figura 24 Exemplo de conteúdo com o uso do editor de texto................ 101
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Equipe de especialistas e suas atividades...................................
37
Quadro 2 Organização do curso.................................................................. 45
Quadro 3 Perfis de usuários do Moodle............................................... 59
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Faixa etária dos sujeitos.............................................................. 71
Gráfico 2 Formação acadêmica dos sujeitos.............................................. 72
Gráfico 3 Curso de graduação dos sujeitos................................................ 72
Gráfico 4 Profissão exercida pelos sujeitos................................................ 73
Gráfico 5
Relação ao estado/país em que
residem.........................................
73
Gráfico 6 Familiaridade na utilização da internet........................................ 74
Gráfico 7 Aplicativos que os sujeitos estão acostumados a utilizar. 75
Gráfico 8 O uso da internet pelos sujeitos.................................................. 76
Gráfico 9 AVA em que os sujeitos já exerceram a docência...................... 77
Gráfico 10
Interfaces de AVA mais utilizadas pelos sujeitos........................ 78
Gráfico 11
Nomenclaturas utilizadas pelos coordenadores na divisão de
seus conteúdos............................................................................
83
Gráfico 12
Estratégias de recursos utilizadas pelos sujeitos........................ 100
Gráfico 13
Estratégias de atividades utilizadas pelos sujeitos......................
102
SUMÁRIO
1 O DESENHO DIDÁTICO COMO PROBLEMA DE ESTUDO .............
14
1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 14
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA.......................................................... 18
1.3 PROPOSTA METODOLÓGICA .................................................... 19
2 O DESENHO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO ONLINE........................... 23
2.1 EDUCAÇÃO ONLINE: UM FENÔMENO EMERGENTE DA
CIBERCULTURA ...........................................................................
23
2.2 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO ONLINE ...................................................................
28
2.3 O DESENHO DIDÁTICO SOB A PERSPECTIVA DA
INTERATIVIDADE, HIPERTEXTUALIDADE E USABILIDADE
NA EDUCAÇÃO ONLINE .............................................................
31
3 O CONTEXTO DA PESQUISA............................................................ 44
3.1 O CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA
DOCÊNCIA ONLINE............................................................................
44
3.2 O MOODLE COMO AVA DO PROJETO DE FORMAÇÃO
INTERINSTITUCIONAL.......................................................................
48
3.2.1 O funcionamento do Moodle................................................ 56
3.2.2 Interfaces do Moodle.............................................................
60
4 RESULTADOS DA PESQUISA........................................................... 70
4.1 AS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS COORDENADORES.... 70
4.2 OBJETIVOS DOS DESENHOS DIDÁTICOS: O QUE
APRESENTAM EM COMUM E EM QUE SE
DIFERENCIAM............................................................................
79
4.3 COMO OS OBJETIVOS DOS DESENHOS DIDÁTICOS SE
RELACIONARAM COM OS CONTEÚDOS, ATIVIDADES E
ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO................................................
82
4.4 COMO O DESENHO DIDÁTICO E A MEDIAÇÃO DOCENTE
PROMOVERAM INTERATIVIDADE, HIPERTEXTUALIDADE E
USABILIDADE.............................................................................
90
4.5 AS ESTRATÉGIAS MAIS RECORRENTES NA PRODUÇÃO
DOS DESENHOS DIDÁTICOS...................................................
99
4.6 POTENCIALIDADES E LIMITES DO MOODLE PARA
PRODUZIR INTERATIVIDADE, HIPERTEXTUALIDADE E
USABILIDADE.............................................................................
104
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 108
REFERÊNCIAS ..........................................................................................
113
APÊNDICES................................................................................................
120
ANEXOS .................................................................................................... 125
14
1 O DESENHO DIDÁTICO COMO PROBLEMA DE ESTUDO
Não podemos deixar, pois, de prestar atenção
ao que está acontecendo neste mundo em que
a informática potencializa inteligências,
instituições, sistemas cognitivos, podendo ser
criada com isso uma ordem mais justa nesta
humanidade que tanto tem sofrido com os
mecanismos cada vez mais refinados de
exclusão.
(LÉVY, 1993)
1.1 INTRODUÇÃO
A educação a distância (EAD) está vivendo um período de significativa
expansão por força de alguns motivos, entre eles: o computador com acesso à
internet e a legislação favorável.
O computador conectado à internet permite o acesso instantâneo à
informação e amplia as possibilidades de democratização da educação,
especialmente para aqueles que não podem se deslocar para contextos de
docência e aprendizagem, onde educadores e educandos se reúnem com
regularidade. Ainda que a educação a distância continue sendo oferecida por
meio de suportes tradicionais, como: impressos encaminhados via correio, rádio e
tv, não dúvida de que se pode vislumbrar um futuro promissor para propostas
apoiadas por ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), acessados pela
internet.
A Portaria do Ministério da Educação (MEC) n. 2.253, de 18 de outubro de
2001 (Anexo A), conhecida como “Portaria dos 20%”, permite às instituições de
ensino superior (IES) oferecer até 20% da carga horária de cada disciplina ou
20% do total das disciplinas regulares na modalidade a distância. Essa permissão
se faz direcionada para os suportes oferecidos pela internet. Tal portaria
reformulada por outra, a de n. 4.059, de 10 de dezembro de 2004 (Anexo B)
amplia os horizontes para a modalidade educacional a distância (com material
impresso e/ou tv) e a modalidade online (computador e internet).
15
Quando o MEC criou a Universidade Aberta do Brasil
1
(UAB), buscava a
democratização, expansão e interiorização da oferta de ensino superior público,
assim como o desenvolvimento de projetos de pesquisa e metodologias
inovadoras de ensino. O objetivo era,ampliar a formação superior em municípios
em que a oferta de cursos nesse nível era insuficiente ou desigual. As instituições
públicas de ensino superior (federais, estaduais e municipais) passaram, então, a
ser convocadas, por meio de editais, para encaminhar suas propostas de cursos
superiores na modalidade a distância. Assim, diversas instituições credenciadas
passaram a adotar o sistema de aulas semipresenciais, ou seja, organizaram
polos de atendimento aos alunos com aulas presenciais e salas de aulas online.
Essa expansão da EAD tem provocado reflexões entre os estudiosos da
área. Como modalidade educacional baseado em material impresso distribuído
pelo correio, em transmissão de rádio, programas de tv, fitas de áudio ou de
vídeo, onde emissão e recepção encontram-se separadas, a educação a
distância tem sido bastante criticada por não favorecer a criação coletiva e
aprendizagem colaborativa. De acordo com Brito (2003), muitos assuntos e
conceitos não podem ser compreendidos rapidamente por meio do texto escrito,
pela voz, ou até mesmo mediante gestos transmitidos por vídeo; sendo, assim, se
torna necessária a utilização de outros recursos. Em sentido contrário, a
educação online, com seus AVA, compostos de “interfaces síncronas e
assíncronas”
2
facilita a interatividade e a aprendizagem colaborativa (SILVA,
2006).
Segundo Moran (2003, p. 39), a educação online é definida “como o
conjunto de ações de ensino-aprendizagem desenvolvidas através dos meios
telemáticos, como a internet, a videoconferência e a teleconferência”, que emerge
do novo contexto sociotécnico marcado pelo computador conectado à internet. A
educação online abrange cursos totalmente virtuais, cursos na modalidade
1
O Sistema UAB tem como prioridade a formação de professores para a Educação Básica. Para atingir esse
objetivo central, a UAB realiza ampla articulação entre instituições públicas de ensino superior, estados e
municípios brasileiros, para promover, através da metodologia da educação a distância, acesso ao ensino
superior para camadas da população que estão excluídas do processo educacional. Disponível em:
<http://uab.capes.gov.br/index.php>. Acessado em: 30 setembro 2008.
2
Interface, no contexto sociotécnico do computador online, é um espaço coletivo de comunicação entre duas
ou mais faces humanas ou infotécnicas geograficamente dispersas. Usa-se inadequadamente o termo
“ferramenta” para exprimir o sentido de “ambiente”, de “espaçono ciberespaço ou “universo paralelo de
zeros e uns” (JOHNSON, 2001, p. 19). Interfaces síncronas são comunicações entre essas faces humanas de
forma imediata, ao contrário da assíncrona.
16
semipresenciais e cursos presenciais com atividades complementares
desenvolvidas por meio da internet. Cabe assinalar que nem toda EAD é online:
um curso realizado somente por correspondência é a distância, mas não é online
(MORAN, 2003). O mesmo ocorre com os cursos desenvolvidos com apoio dos
meios de comunicação de massa que não possibilitam interatividade no processo
de aprendizagem, ou seja, propostas centradas na transmissão de informação e
no autodidatismo.
A educação online é um fenômeno da cibercultura (SANTOS, 2010), que
vem se consolidando a partir do crescimento do ciberespaço, isto é, deste novo
ambiente comunicacional que permite a conexão instantânea de pessoas, para
trabalho, negócios, estudo, lazer, compras, jogos, relacionamentos diversos,
acesso às mais variadas informações. A educação online constitui, assim, uma
nova configuração educacional e tem nos AVA seu grande suporte.
É comum, no entanto, encontrarmos, nestes ambientes, cursos e
atividades online que subutilizam as tecnologias digitais, comprometendo a
qualidade da educação oferecida. Tal subutilização, muitas vezes, acontece por
conta da inadequação do desenho instrucional, orientado pela lógica
instrucionista. Por desenho instrucional entendemos o processo de identificar um
problema de aprendizagem e desenhar, implementar e avaliar uma solução para
esse problema (FILATRO, 2008).
De acordo com Valente (2005), o instrucionismo fundamenta-se no
princípio de que a ação de ensinar se relaciona à transmissão de informação
(instrução) ao aprendiz. A melhoria do ensino, sob essa visão, consiste em
aperfeiçoar as técnicas de transmissão da informação com o auxílio do
computador, em que este assume o papel de máquina de ensinar. Derivada da
concepção de “instrução programada” (IP), essa lógica, situada por Vilarinho
(1989) como uma proposta de ensino individualizado, baseada nas concepções
de Skinner (modelo linear) e Crowder (modelo ramificado), visualiza a
aprendizagem como reprodução do conhecimento, fundamentada na realização
de tarefas individuais que não se preocupam com o diálogo (ARAÚJO, 2007a), ou
seja, os alunos leem, respondem às tarefas e verificam o que aprenderam sem a
construção coletiva da comunicação e do conhecimento.
Discordando dessa lógica, adotamos na presente pesquisa o conceito de
desenho didático em vez de desenho instrucional, considerando-o sob a ótica do
17
construtivismo e do sociointeracionismo, que favorecem a expressão do diálogo,
da coautoria criativa e colaborativa, indo além da mera transmissão de
informações ou conteúdos.
Pesce (2007) propõe que o desenho didático seja pensado sob enfoque
dialógico, contestando a formação pautada no agir estratégico e na lógica
instrumental, direcionada para controle e dominação.
Para Santos e Silva (2009), o desenho didático, na sua criação, deve
contemplar: planejamento, produção, disposição de conteúdos e situações de
aprendizagem, prevendo estratégias de interatividade nas interfaces e de
avaliação, que estruturem processos de construção do conhecimento em um
curso online.
Os conteúdos e situações de aprendizagem devem contemplar a prática
pedagógica comunicacional e tecnológica do computador com acesso à internet,
com as disposições de interatividade próprias dos AVA. Portanto, o desenho
didático nesses ambientes é formado por um conjunto de interfaces de conteúdo
e de comunicação que potencializam a aprendizagem e a docência. Interfaces de
conteúdo são espaços que permitem produzir, disponibilizar e compartilhar
conteúdos em diversos formatos e linguagens (textos, áudios, vídeos e imagens).
Interfaces de comunicação são dispositivos de interlocução e de cocriação
síncronas (chats e webconferências) ou assíncronas (e-mails, fóruns, listas de
discussão, portfólios, blogs, glossários, wikis). Todas essas interfaces são
elementos híbridos decisivos para a aprendizagem colaborativa.
O desenho didático não deve ter a mesma lógica da tv ou dos outros
meios de massa pelos quais circula a EAD. Deve, sim, ser adequado à lógica
todos-todos, à interatividade e à colaboração, prinpios decisivos para a
qualidade da educação.
Tais princípios retiram o trabalho docente da postura transmissiva,
colocando-o na provocativa de problemas e questões, ou seja, o professor se
assume como arquiteto de percursos em redes de conexões, mobilizando a
inteligência coletiva e colaborativa. Com o desenho didático, o docente pode
superar a prevalência da lógica um-todos, centrada na transmissão de dados e
desprovida de mecanismos que favoreçam a criação coletiva e a aprendizagem
construída (SILVA, 2006, 2004).
18
Uma sala de aula online requer estratégias oportunas ao processo de
docência e aprendizagem, o que implica estabelecer interações entre os sujeitos
e os objetos técnicos ao longo da construção do conhecimento. Nesse sentido, é
preciso que o desenho didático tenha uma intencionalidade pedagógica que
possibilite o uso das interfaces em uma perspectiva interativa, que garanta a
educação online como obra aberta, plástica e fluida. Caso contrário, poderemos
ter um desenho didático reprodutor de práticas tradicionais baseadas na
transmissão de conteúdos prontos e no instrucionismo.
Mesmo com a crescente valorização do desenho didático (ou desenho
instrucional), ainda pouca publicação a respeito desse assunto. No banco de
teses e dissertações da CAPES
3
verificamos que, praticamente, inexistem
trabalhos que tratem especificamente desse tema na educação online.
Encontramos apenas duas dissertações sobre o tema design instrucional: a
primeira faz uma abordagem contextualizando-o em ambientes virtuais (ARAUJO,
2007); e a segunda o discute fundamentando-se em pressupostos vigotskianos,
considerados em relação a ambientes virtuais de aprendizagem (PESCE, 2007).
Diante dessa lacuna, orientamos nossa pesquisa para a análise do
desenho didático, tendo como campo de estudo um projeto interinstitucional de
educação online, composto de 13 módulos de ensino e aprendizagem que
reúnem diversos programas de pós-graduação (PPGs) no AVA Moodle
4
. Este
ambiente é um software livre, gratuito, construído mundialmente por internautas
habilidosos e dispostos à cocriação contínua da sala de aula de qualidade para
educação online.
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA
A decisão mencionada nos levou a elaborar o seguinte objetivo geral:
analisar os desenhos didáticos inseridos em um projeto interinstitucional de
educação online que utiliza o AVA Moodle, determinando em que medida
concretizam os princípios de interatividade (comunicação baseada na
colaboração, na cocriação e no compartilhamento), hipertextualidade (hiperlinks
3
CAPES - Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível
em: <http://www.capes.gov.br>. Acessado em 10 julho 2008.
4
Disponível em: <http://www.saladeaulainterativa.pro.br/moodle>. Acessado em: 12 julho 2008.
19
entre textos internos e externos) e usabilidade (fácil acesso à informação,
navegabilidade intuitiva).
A partir desse objetivo mais amplo, formulamos as questões norteadoras
do estudo: a) que objetivos direcionaram o coordenador de cada módulo: o que
apresentam em comum e em que se diferenciam?; b) como esses objetivos se
relacionam aos conteúdos de aprendizagem, às atividades, aos acionamentos
das interfaces e às estratégias de avaliação propostas nos módulos?; c) a partir
dos objetivos e das atividades propostos, como o desenho didático e a mediação
docente promoveram a interatividade, a hipertextualidade e a usabilidade?; d)
quais foram às estratégias mais recorrentes utilizadas pelos coordenadores dos
módulos na produção dos seus desenhos didáticos?; e e) quais os limites e as
potencialidades do Moodle, na visão dos coordenadores dos módulos, para
produzir interatividade, hipertextualidade e usabilidade na definição dos seus
desenhos didáticos?
Esperamos que o enfrentamento de tais questões resulte em contribuições
oportunas para a qualidade em educação online, especificamente a produção do
desenho didático, de modo a levar os aprendizes a ultrapassarem a condição de
mero consumidores, espectadores, incluindo-se na dimensão de sujeitos
operativos, participativos, criativos, capazes de aprender colaborativamente.
Tudo isso implica o uso de desenho didático que contemple a usabilidade, a
hipertextualidade e a interatividade.
1.3 PROPOSTA METODOLÓGICA
Para responder às questões de estudo da presente pesquisa, aderimos à
visão construtivista, afinada com a perspectiva de Schutz (1967, apud ALVES-
MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2000), que destaca a relevância de se
estudar o comportamento social, interpretando seu significado subjetivo por meio
das intenções dos indivíduos. Tem como objetivo interpretar as ações destes no
mundo social e as maneiras pelas quais atribuem significados aos fenômenos
sociais.
Nessa visão, busca-se analisar a efetiva intenção por trás da conduta dos
seres humanos e a realidade na qual estão inseridos, com ênfase na percepção
20
baseada na experiência social de quem a formula. Isso nos leva a admitir que as
intenções dos sujeitos da pesquisa na criação do desenho didático de cada
módulo se inserem na memória e experiência construídas anteriormente, e nos
impede de formular generalizações.
A necessidade de compreender a expressão subjetiva dos indivíduos exige
cuidado especial na escolha dos procedimentos metodológicos do estudo. Assim,
para investigar a produção do desenho didático no âmbito do projeto
interinstitucional em questão, foram analisados os documentos oficiais, visando
obter as explicações necessárias à pesquisa. Complementarmente, os
coordenadores dos módulos e responsáveis pelo desenvolvimento do respectivo
desenho didático foram entrevistados, de modo que pudessem fornecer
informações que ajudassem a responder às questões de estudo. O acesso a
todos os documentos necessários foi garantido pelo coordenador geral do projeto
interinstitucional, que se prontificou, ainda, a esclarecer qualquer dúvida que
surgisse nessa leitura.
A proposta metodológica aqui especificada situa a pesquisa na abordagem
qualitativa, com ênfase em processos descritivos. Para Gil (2002), o estudo
descritivo se caracteriza pela necessidade de explorar as diversas e
desconhecidas situações, suas mudanças e características.
Na abordagem qualitativa trabalha-se, basicamente, com aspectos não
mensuráveis, tais como crenças, valores, atitudes, conceitos, conhecimentos,
vivências e experiências dos atores em ação, tendo em vista o contexto no qual
se insere o recorte da realidade a ser pesquisada e o tema a ser estudado. O que
se busca é compreender e interpretar a complexidade da natureza do objeto de
estudo, privilegiando a subjetividade de seus sujeitos e as construções sociais
que o envolvem (CHIZZOTTI, 2003).
As técnicas utilizadas foram: a observação participante no ambiente online
do projeto interinstitucional (através do acompanhamento e participação dos
debates nas interfaces como, por exemplo, fórum e chat); a análise documental; e
a aplicação de questionários.
Segundo Rizzini, a observação participante:
[...] pressupõe a não neutralidade do pesquisador em
relação ao objeto de estudo. O pesquisador procura,
21
através dessa influência, integrar-se ao grupo estudado a
fim de obter mais informações sobre os fenômenos, por
estar vivenciando juntamente com os sujeitos pesquisados
as situações do seu dia a dia (RIZZINI, 1999, p. 71).
Consiste, portanto, na intencionalidade de refletir com os sujeitos e
construir colaborativamente conclusões e encaminhamentos para modificações
no campo.
A análise dos documentos oficiais foi complementada por outra, projetada
especificamente para o desenho didático de cada módulo, com vistas a
determinar sua capacidade de promover hipertextualidade e usabilidade. Outro
aspecto aí verificado foi a recorrência de estratégias buscando aprofundar a
coleta de dados. Utilizamos um formulário (Apêndice A), com intuito de delinear
as características básicas dos coordenadores de cada módulo, e um questionário
com perguntas abertas (Apêndice B), para levantar o que eles pensavam na
criação do desenho didático de seu módulo no AVA Moodle, no que tange à
concretização dos princípios de interatividade, hipertextualidade e usabilidade.
Cada módulo tinha um coordenador responsável pela produção e execução do
seu desenho didático, todos eles situados como sujeitos desta pesquisa, num
total de 13 planejadores.
É importante destacar que, apesar de enfatizarmos as características
qualitativas dessa pesquisa, obtivemos também dados quantitativos, no que
tange a idade, sexo, formação, experiência profissional, entre outras, por força
das perguntas fechadas contidas no questionário aplicado. A relação qualidade-
quantidade é defendida por autores como Santos Filho (1997), para quem a
complexidade dos fenômenos humanos exige a articulação e a
complementaridade dessas duas abordagens.
Após a coleta, os dados foram organizados como de natureza quantitativa
e de natureza qualitativa. Os primeiros foram apresentados em gráficos simples,
sem a necessidade de relacionar variáveis. Já os segundos, foram depurados por
meio da técnica de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004). Nesta pesquisa os
conteúdos analisados foram os expressos pelos coordenadores, no decorrer do
processo dialógico, nos encontros online síncronos e assíncronos do AVA (chat,
fórum e e-mails) e nas respostas às perguntas que apresentamos em nosso
questionário.
22
A análise de conteúdo busca colocar em evidencia o conteúdo expresso
na comunicação realizada. Por meio da contagem de frequência de determinados
elementos presentes no texto, o pesquisador descreve, sistematiza e quantifica a
regularidade dessas ocorrências, objetivando compreender os processos
ideológicos presentes no discurso analisado (RIZZINI, 1999).
A adoção da abordagem escolhida e dos procedimentos de coleta e
análise de dados aqui descritos nos permitiu alcançar o objetivo geral da
pesquisa e, igualmente, responder às questões propostas.
Cabe, por último, esclarecer que este relatório final de pesquisa apresenta,
no capítulo 2, a fundamentação teórica que nos permitiu iluminar os resultados da
pesquisa. No capítulo 3, apresenta o contexto do estudo, com enfoque nos
aspectos organizacionais e pedagógicos, focalizando sujeitos e suas práticas, de
modo a facilitar o entendimento do ambiente no qual esta pesquisa foi
desenvolvida. No capítulo 4, são explicitados os resultados do estudo e é feita a
análise dos dados. A pesquisa se encerra com as considerações finais ao mesmo
tempo em que sugere novas perspectivas de investigação para contribuir com a
educação online, especificamente a produção do desenho didático.
23
2 O DESENHO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO ONLINE
Pensar novas formas de educação exige que
ultrapassemos a ideia de que esta não é apenas
um meio ou uma modalidade, mas uma
possibilidade de ressignificação da educação
em face das necessidades do mundo global.
(NEDER, 1999)
Considerando que esta pesquisa focaliza os desenhos didáticos de um
projeto interinstitucional, entendemos que nosso embasamento teórico deveria
tratar dos seguintes aspectos: educação online como um fenômeno emergente
da cibercultura, ambientes virtuais de aprendizagem e desenho didático sob a
perspectiva da interatividade, usabilidade e hipertextualidade. Assim, dividimos o
presente capítulo em três seções, cada uma delas focalizando um desses
aspectos.
2.1 EDUCAÇÃO ONLINE: UM FENÔMENO EMERGENTE DA
CIBERCULTURA
A partir da expansão das tecnologias da informação e comunicação (TIC),
o mundo contemporâneo se diante de intensas transformações que afetam de
modo marcante a vida humana. Com o computador conectado à internet,
ampliaram-se as possibilidades de comunicação, intercâmbios e
compartilhamento de ideias, reflexões e conteúdos, remodelando-se, assim, a
base da sociedade em ritmo acelerado.
Bonilla (2005, p. 20) afirma que “o contexto contemporâneo é fortemente
marcado pela velocidade das transformações que estão ocorrendo nos mais
diferentes âmbitos da vida social”.
As mudanças nos processos tecnológicos refletem transformações nas
esferas política, econômica, social, cultural e educacional. No entanto, apenas
provocam novas circunstâncias, mas não determinam essas transformações,
conforme afirma Castells (1999, p. 25), “a tecnologia é a sociedade, e a
sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas
24
tecnológicas”, o que gera um processo interativo entre ambas. As mudanças são
inseridas na vida social a partir dos comportamentos, ações e atitudes individuais
e coletivas, resultantes da interação dos homens com outros homens, com a
natureza e com o uso das tecnologias. Portanto, as mudanças são definidas pela
atuação direta dos sujeitos com a tecnologia.
Para Lemos (2003), a cibercultura é definida como a cultura
contemporânea que emerge das interações entre as TIC e a sociedade; e irá
influenciar fortemente a transmissão de informação e a comunicação em várias
áreas, entre elas a educação, que começa, a partir deste novo conceito, a ser
reconfigurada como uma nova ambiência comunicacional baseada em recursos
ou interfaces como chats, e-mails e fóruns, entre outros.
A cibercultura traz o formato “todos para todos”, marcado pela passagem
do computador pessoal (PC) para o computador coletivo (CC) e, finalmente, o
computador coletivo móvel (CCM), isto é, conectado à rede mundial online, que,
até então, era baseado em informações transmitidas exclusivamente de forma
massificada, no modelo “um para todos” utilizado por mídias como a tv, o rádio e
os impressos (LEMOS, 2003).
A cibercultura emerge com o ciberespaço, que segundo Lévy (1999, p. 92),
é “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores
e das memórias dos computadores”, e traz como possibilidade interfacear todos
os dispositivos ao mesmo tempo, sejam eles de criação, informação, gravação,
comunicação e simulação.
O ciberespaço e a cibercultura buscam romper com a dinâmica da mídia
de massa baseada na transmissão. Enquanto esta efetua a distribuição para o
receptor massificado, o ciberespaço, fundado na codificação digital, permite ao
indivíduo a comunicação personalizada, operativa e colaborativa em rede
hipertextual. Dessa forma, todos os indivíduos podem estar em contato, ao
mesmo tempo, uns com os outros. Mesmo aquelas pessoas que se encontram
fisicamente mais distantes poderão se comunicar de forma mais rápida, em
tempo real, através da escrita, da imagem, do vídeo ou pelo áudio, possibilitando,
assim, a interatividade e a aprendizagem colaborativa.
A interface assíncrona mais utilizada para informação e comunicação no
ciberespaço é o e-mail, que permitir ao interlocutor “dialogar” sobre um
determinado tema, apoiando, questionando, ampliando, anexando informações
25
complementares, tais como gráficos, hipertextos, páginas da web, vídeos, entre
outros.
O ciberespaço tem na interconexão um dos alicerces oara seu
crescimento. Essa interconexão concretiza um papel importante no
desenvolvimento da cibercultura, sendo primordial para que o usuário viva noção
de espaço envolvente, onde as telepresenças produzem um contexto interativo,
sem fronteiras, no qual todos os que participam conjuntamente do mesmo espaço
acabam se comunicando uns com os outros, ao mesmo tempo.
Para Silva (2003), o ciberespaço rompe com o paradigma baseado na
transmissão de dados, por meio das mídias de massa. Permite a comunicação
personalizada, ao contrário da distribuição em massa, que se contenta em fixar,
reproduzir e transmitir a mensagem. Com a mídia digital, a mensagem é mais
bem difundida, por proporcionar manipulação e modificação em seu conteúdo.
Imagem, som e texto não têm materialidade fixa, podem ser manipulados de
acordo com a necessidade do usuário ao lidar com as diversas interfaces
(mouse, tela, joystick, teclado, etc.).
É a partir dessa intercomunicação simultânea que surge a educação
online, configurada como fenômeno da cibercultura, a cultura que provém do
ciberespaço, por permitir a troca de saberes, informação e construção do
conhecimento de forma colaborativa.
Segundo Santos (2006), a educação online não pode ser apenas
considerada como sinônimo da educação a distância por caracterizar a
separação física entre os sujeitos:
O que caracteriza a educação a distância é principalmente
a separação física entre sujeitos aprendentes e/ou
formadores e seus dispositivos e narrativas de formação, a
exemplos dos conteúdos, tecnologias, objetos de
aprendizagem e o próprio universo cultural e
comunicacional dos sujeitos. no caso da educação on-
line, os sujeitos podem até encontrar-se geograficamente
dispersos, entretanto, em potência, estão juntos e
próximos, compartilhando informações, conhecimentos,
seus dispositivos e narrativas de formação a partir da
mediação tecnológica das e com as interfaces e
dispositivos de comunicação síncronas e assíncronas e de
conteúdos hipertextuais disponíveis no ciberespaço a partir
do AVA (SANTOS, 2006, p. 125 e 126).
26
Com o surgimento da educação online, cria-se a possibilidade de um
espaço real para a construção do conhecimento, através da troca de saberes,
para uma interação mais ativa e dialógica entre professor e aluno. A construção
do conhecimento abandona o modelo tradicional do emissor-receptor e passa a
ser compartilhado pelos envolvidos no processo educacional (aluno e professor),
fazendo surgir a coautoria e a coparticipação, que dimensionam um outro
paradigma educacional.
Vale destacar que as novas TIC, utilizadas a favor da educação,
ultrapassam o pensamento simplista de servir apenas como meio de contato e
transporte da informação. Na verdade, seu papel vai muito além desse
pensamento primário, que, principalmente com o apoio da internet, elas se
mostram capazes de potencializar a autonomia, a interação, a colaboração e a
comunicação para a aprendizagem (ARAÚJO, 2007).
Para que se possa potencializar a educação online, é necessário que o
exercício da comunicação seja interativo, implicando alguns rompimentos, com,
por exemplo, a comunicação unidirecional, a linearidade lógica presente nos
currículos e livros, e como os modos de pensar que o permitam a intervenção
sobre a mensagem, em um processo de coautoria e cocriação (ARAÚJO, 2007).
No Brasil, o uso das TICs, aliado à internet, ganhou um forte incentivo para
sua implementação no ensino de nível superior, com a regulamentação feita pelo
MEC por meio da Portaria n. 2.253, de 18 de outubro de 2001, posteriormente
substituída pela de n. 4.059, de 10 de dezembro de 2004. Essa legislação
permitiu às instituições de ensino superior (IES) modificarem de seus projetos
pedagógicos, com a possibilidade de oferecer, em parte ou em seu todo,
disciplinas não presenciais, ou seja, na modalidade online. Essa oferta não pode,
segundo a Portaria, exceder a 20% da carga horária total de um currículo de
formação profissional, sendo o restante oferecido na modalidade presencial.
Outro ponto importante destacado nessa que ficou conhecida como a
“Portaria dos 20%” é ela estabelecer que, nas disciplinas online, devem estar
incluídos métodos e práticas de ensino-aprendizagem que utilizem as TIC, ainda
que, em relação às provas, a determinação seja realizá-las exclusivamente de
forma presencial.
A educação online propiciou questões específicas, novos desafios
pedagógicos, ou seja, situações que nos
27
[...] obrigam a pensar em processos pedagógicos que
compatibilizem: a preparação de materiais e atividades
adequados; a integração de vários tipos de profissionais
envolvidos (professores autores, professores orientadores,
professores assistentes e tutores); a combinação de
tempos homogêneos e flexíveis, da comunicação em tempo
real e em momentos diferentes; as avaliações presenciais e
a distância (MORAN, 2003, p. 39 e 40).
Essas situações trazem grandes desafios para o educador, que se
encontra diante de uma nova ambiência comunicacional, proporcionada pela
cibercultura, advinda do ciberespaço, com utilização de novas tecnologias,
multiplicando seus papéis e exigindo novas competências para gerir uma sala de
aula online ou presencial. Corroborando tal afirmação, Moran (2003, p. 41)
afirma:
[...]
com a educação online os papéis do professor se
multiplicam, diferenciam-se e complementam-se, exigindo
uma grande capacidade de adaptação e criatividade diante
de novas situações, propostas, atividades.
A educação online necessita de docentes que não repitam práticas
tradicionais, fundamentadas na reprodução e memorização de conteúdos. Ao
contrário, necessita de educadores que privilegiem atitudes cooperativas e
colaborativas, propiciando aos aprendizes oportunidade de construírem
conhecimentos de forma colaborativa e cocriativa.
Litto (2003) afirma que, se o educador transpuser suas técnicas de sala de
aula, baseadas na transmissão, para a educação online, por meio de ambientes
virtuais, pode facilmente entediar seus alunos e assistir a uma grande evasão em
seus cursos e aulas online.
O educador precisará atuar, neste novo âmbito educacional, como
“animador da inteligência coletiva”, formulador de problemas, provocador de
situações, arquiteto de percursos, mobilizador das inteligências múltiplas e
coletivas na experiência do conhecimento. É preciso que, em sua formação inicial
e/ou continuada, ele tenha imersão e vivência no contexto digital, construindo
“saberes ciberculturais” no diálogo com parceiros, refletindo sobre todo esse
potencial nas práticas pedagógicas (LÉVY, 1999, p. 171).
28
2.2 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ONLINE
A educação online tem nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) o
seu grande suporte para constituir essa nova configuração educacional, no
contexto do ciberespaço Lévy (1993) chama atenção não tanto dos novos
suportes da informação, mas sim das formas originais de criação, de navegação
do conhecimento e da relação social que esse espaço permite.
Para Vavassori e Raabe (2003, p. 312), o ambiente virtual de
aprendizagem é um “sistema que reúne uma série de recursos e ferramentas,
permitindo e potencializando sua utilização em atividades de aprendizagem
através da internet em um curso a distância”.
Moresco e Behar (2003, p. 2), consideram que os AVA são ambientes
computacionais providos de recursos tecnológicos capazes de oferecer aos
aprendizes um espaço de troca de informação, reflexão, estabelecimento de
relações, pesquisa e elaboração de projetos. Para as autoras, esses ambientes
devem contemplar “uma estrutura composta de funcionalidades, interfaces e
proposta pedagógica, enriquecida de códigos simbólicos, por representações,
imagens, sons, movimentos e dispositivos de comunicação síncrona e/ou
assíncrona”. Am disso, podem registrar e disponibilizar todas as interações dos
sujeitos para que esses, tanto quanto seus docentes, possam acompanhar e
avaliar o processo de aprendizagem.
Entretanto, é importante ressaltar que os AVA podem ser empregados
como suporte para sistemas de educação a distância realizados exclusivamente
em cursos totalmente virtuais; para apoio às atividades presenciais de sala de
aula, permitindo expandir as interações da aula para além do espaço-tempo do
encontro face a face; ou para suporte a atividades de formação semipresencial,
nas quais o ambiente poderá ser utilizado tanto nas ações presenciais como nas
atividades a distância. Esses ambientes estão sendo cada vez mais utilizados no
âmbito acadêmico e corporativo como uma opção tecnológica para atender à
nova demanda educacional advinda do ciberespaço.
Concebendo o ciberespaço como um local de construção do
conhecimento, mais do que como um espaço de mera troca de informações, Lévy
(1999) afirma que aí não tratamos somente do conhecimento científico, mas
29
também de espaços de convivência e do pensamento coletivo que pode
organizar a existência e a sociabilidade das comunidades humanas.
para Santos (2003), os AVA são organizações nas quais seres
humanos e objetos técnicos interagem, num complexo que se auto-organiza na
dialógica em redes e conexões, buscando se educar para saber compreender,
sentir, comunicar-se e agir melhor, integrando a comunicação pessoal, a
comunitária e a tecnológica.
Nessa perspectiva, os AVA permitem integrar múltiplas mídias e recursos
(vídeos, sons, imagens, gráficos, textos etc.), apresentar informações de maneira
organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento,
elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. As
atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada
participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um
planejamento prévio, sendo revisto e reelaborado continuamente no andamento
da atividade.
Dessa forma, um AVA não pode ser igualado à tela da televisão, em que o
tele-espectador se limita a assistir programas. Ao contrário, os AVA possibilitam
que se experimente uma navegação fluida, onde emissor e receptor manipulam a
mensagem como coautores e cocriadores em todo o processo de formação.
O que de mais específico nos AVA é o conjunto de interfaces que
permitem a produção de conteúdos e canais de comunicação no contexto da
Web 2.0, como uma plataforma potencializadora da interação, da colaboração e
da cooperação entre seus usuários, superando as características da Web 1.0,
marcada por sujeitos consumidores de informação, desprovidos da construção
coletiva e colaborativa.
Além disso, permitem o gerenciamento de banco de dados e o controle
total das informações circuladas no e pelo ambiente (SANTOS, 2003). Essas
características m permitido que um grande número de sujeitos possa interagir
independentemente do espaço geográfico e do tempo.
Nesse contexto, para Schlemmer (2005, p. 36), o AVA tem como objetivos:
apoiar, ampliar e enriquecer os espaços de convivência,
privilegiando a atividade do sujeito na construção do
conhecimento, a partir de propostas inter e transdisciplinares;
30
oportunizar um espaço de desenvolvimento-pesquisa-ação-
capacitação de forma sistemática e sistêmica, vivenciando uma
aprendizagem que implique rupturas paradigmáticas;
favorecer o acesso às tecnologias educacionais, aos vários
agentes sociais, na perspectiva da construção do conhecimento e
das competências sociais.
O conjunto de atividades, estratégias e intervenções que levam os
participantes a construírem conhecimento e a se transformarem juntos, é o que
há de mais específico nos AVA. Mas os interagentes não estão restritos ao
uso/consumo das informações do ambiente ou da internet, eles podem tornar-se
produtores de informação e conhecimento. Assim, uma atividade de
aprendizagem no AVA refere-se a algo para além de um conjunto de tarefas a
serem cumpridas; tem relação com atividades que vão emergindo a partir do
processo de aprender, organizado de tal forma que propicie a construção de
conceitos, por meio da interação de discentes, docentes e objeto do
conhecimento.
Entretanto, alguns AVA ainda estão centrados na disponibilidade de
materiais didáticos textuais ou hipertextuais, cabendo ao aprendiz navegar pelos
materiais, realizar as atividades propostas e dar as respostas, sem mediação
pedagógica, isolados do contato do docente ou, até mesmo, dos demais
participantes do programa. Cabendo, assim, ao formador realizar gerenciamento
burocrático e bancário do processo de ensino, prevalecendo, na prática, a
distribuição em massa, sem qualquer diálogo entre os integrantes.
Nesse caso, o exercício da autonomia fica restrito à tomada de decisão
sobre os caminhos a seguir na sequência dos conteúdos apresentados e a
disciplina nos horários de estudos. Os recursos o empregados para controlar
os caminhos percorridos pelo aprendiz, automatizar o fornecimento de respostas
às suas atividades e o feedback em relação ao seu desempenho.
Os recursos disponíveis no AVA propiciam as trocas individuais e a
constituição de grupos colaborativos que interagem, num processo de autoria e
coautoria de sentidos, pesquisando e criando produtos ao mesmo tempo em que
desenvolvem. Dessa forma, Prado e Calente (2002, p. 28) afirmam que participar
de um ambiente se aproxima do “estar junto virtual, por proporcionar uma
atuação expressa em pensamentos, diálogos, trocas de experiências e
informações e produção de conhecimentos.
31
Para Santos e Silva (2009, p. 269), a construção coletiva e colaborativa em
rede será potencializada, dentro do AVA, em cursos e aulas online, a partir de um
desenho didático interativo que contemple “conteúdos de aprendizagem,
propostas de trabalho e de avaliações e, no mesmo ambiente, dispor de
interfaces de construção da comunicação e do conhecimento”.
Portanto, a interação que ocorre, em frente a uma tela de computador,
entre os interagentes, deve estar sediada em algo que estimule essa interação,
não somente pelos textos, imagens e sons que advenham dela, mas por meio de
seu desenho didático, sob a perspectiva da interatividade, da usabilidade e da
hipertextualidade, de modo que os aprendizes passem a ser sujeitos operativos,
participativos, capazes de aprender colaborativamente, valendo-se de
experimentações, trocas de saberes e discussões sobre os temas propostos,
ultrapassando a condição de consumidores e espectadores de informação.
2.3 O DESENHO DIDÁTICO SOB A PERSPECTIVA DA INTERATIVIDADE,
HIPERTEXTUALIDADE E USABILIDADE NA EDUCAÇÃO ONLINE
Na literatura especializada encontra-se o uso da expressão design
instrucional (DI), que define a atividade voltada para a solução de problemas,
tendo como base o mundo do trabalho, sobre o qual o indivíduo toma decisões,
ao longo de sua vida.
O termo inglês design significa “concepção visual de uma obra ou de um
produto”
5
. Sob esta perspectiva, o design traz à mostra as:
[...] funções internas de um produto, exprimindo-as não apenas
visualmente, mas em diferentes veis e formas, entre eles os
modos sensoriais (cores, formas, texturas, sons) e os modos
cognitivos (linguagens, hipertexto, mapas conceituais, realidade
virtual)(FILATRO, 2004, p. 56).
Assim, podemos dizer que o termo designo aborda apenas a face visual
do produto, mas também a articulação entre forma e função, na intenção de
estabelecer ações com propósitos de encontrar meios e recursos para
desenvolvê-lo.
5
O significado do termo design foi extraído do Dicionário Larousse da Língua Portuguesa, 2005.
32
O termo instrucional nos remete à perspectiva de “instrução programada”
ou “treinamento”. Ao ser traduzido para o português, essa expressão carrega a
semântica imposta pelo termo, por planejar a educação e, particularmente, os
cursos e aulas em si, baseados em princípios tradicionais ou em teorias
comportamentais (ARAÚJO, 2007).
Contudo, é importante mapearmos a trajetória do conceito de DI por este
estar sendo bastante utilizado, e não pelas equipes de produção e gestão de
processos da educação online.
Kasten (2009) apresenta um panorama sobre a história do DI que nos
ajuda a compreender esses elementos teóricos e as práticas atuais. A expressão
design instrucional surgiu durante a época da Segunda Guerra Mundial, que
impôs um imenso desafio instrucional aos profissionais envolvidos com os
treinamentos de militares. Afinal, era necessário treinar milhares de recrutas para
manejar armamentos de guerra sofisticados que exigiam controle e perícia nunca
antes vistas. Para tanto, educadores e psicólogos foram convocados a
desenvolver materiais de treinamento para o serviço militar, por terem experiência
na condução de pesquisas experimentais. Dessa forma, embasaram-se na teoria
comportamentalista
6
, na qual a aprendizagem ocorre quando o conteúdo é
cuidadosamente controlado e sequenciado e quando os aprendizes recebem
reforço apropriado. Nessa direção, educadores e psicólogos desenvolveram uma
leva de filmes para o treinamento militar, tendo por inspiração o cinema, recurso
audiovisual mais difundido na época.
Na cada de 1950, com a publicação da obra The Science of Learning
and the Art of Teaching
7
, deu-se aquele que foi considerado o ponto de partida do
DI moderno, dada a descrição da “instrução programada” e sua ênfase na
formulação de objetivos comportamentais, na divisão de conteúdos instrucionais
em pequenas unidades baseados no sistema de recompensa e de respostas
corretas em curto prazo.
Skinner foi o propositor do behaviorismo radical, centrado nos
comportamentos observáveis e mensuráveis do sujeito, isto é, nas respostas
dadas aos estímulos externos após a emissão das respostas. Segundo Vilarinho
(1989), essa lógica é voltada para a “instrução programada” como uma proposta
6
Essa teoria tem como base os estudos de Edward Thorndike.
7
Publicação do teórico Burrhus Frederic Skinner.
33
de ensino individualizado, consistindo em aperfeiçoar as técnicas de transmissão
de informação com o auxílio do computador, no qual este assume o papel de
máquina de ensinar (VALENTE, 2005).
Em 1956, o conceito de DI teve a contribuição de Benjamin Bloom
8
, a qual
permite classificar os objetivos de aprendizagem em níveis e tipos, com o
propósito de oferecer guias claros e compreensíveis para uma avaliação
sistêmica, atingindo a totalidade do processo cognitivo. Tal proposta concentra-se
nas respostas que o aluno oferece aos estímulos externos, sem desconsiderar o
que acontece após a emissão das respostas. Esse foi o pensamento que
dominou todo enfoque tecnológico durante muito tempo, predominando nas
atividades didáticas em qualquer matéria de ensino (ARAÚJO, 2007).
Gómez (2004, p. 150) afirma que, apesar dessa classificação ser
intensamente criticada pelos teóricos construtivistas, o deve ser descartada, e
sim analisada previamente. Nesse caso, “quando se consti a partir da
investigação/experiências dos participantes, uma possível proposta behaviorista
pode aparecer e ser trabalhada enquanto situação gnosiológica para enriquecer
uma determinada proposta educacional”. Consequentemente, a definição do
processo educativo pode ficar fragilizada, quando o DI definido exclusivamente a
partir de uma teoria comportamentalista, que se fixa no nível do saber
instrumental e deixa de lado a flexibilidade, a abertura para as novas adaptações,
a possibilidade do diálogo e do compartilhamento.
Entre 1962 e 1965, Robert Gagné
9
publicou as obras Military training and
principles of learning e The conditions of learning, apresentando sua preocupação
com os diferentes níveis de aprendizagem, tais como: informação verbal,
habilidades intelectuais, estratégias cognitivas, habilidades motoras e atitudes.
Propõe a análise da tarefa instrucional, decompondo os objetivos de
aprendizagem em unidades menores para que os aprendizes possam construir
seus conhecimentos por etapas.
Ainda no campo da psicologia cognitiva, cabe situar David Paul Ausubel,
que, em 1970, trouxe alguns insights a respeito de como os indivíduos adquirem,
organizam e absorvem a informação. Para este teórico, a aprendizagem
8
Outro teórico de peso, que lançou a “taxonomia dos objetivos educacionais”.
9
Desenvolveu uma teoria instrucional, voltada para a descrição das condições que favorecem a
aprendizagem de uma capacidade específica e não uma teoria da aprendizagem, a explicação de como as
pessoas aprendem.
34
significativa só ocorre quando há uma situação social determinada, na qual novos
conhecimentos devem, necessariamente, relacionar-se significativamente com
ideias e informações preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Isto
quando a tarefa de aprendizagem implica relacionar, de forma não arbitrária e
substantiva, uma nova informação a outras com as quais o aluno já esteja
familiarizado e quando ele adota uma estratégia correspondente para assim
proceder.
nos anos 1980, os microcomputadores e as soluções em formato
multimídia passaram a dominar a literatura e a prática do DI. Iniciou-se a
utilização de computadores na automatização de tarefas de planejamento
instrucional aliviando a produção na elaboração de conteúdos instrucionais.
Em 1990, a explosão da internet trouxe não apenas inovações
tecnológicas, mas também novas abordagens à instrução e à aprendizagem. O
DI foi fortemente influenciado pela teoria pedagógica do construtivismo, que se
opõe à perspectiva comportamentalista e sua influência em objetivos de
aprendizagem. Entre os princípios do construtivismo que começaram a fazer
parte das propostas de educação surgidas a partir dessa época, destaca-se
aquele que afirma que os aprendizes devem:
[...] resolver problemas complexos e realistas, trabalhem em
grupos para a solução de problemas, assumam sua autonomia
sobre o processo de aprendizagem, ao invés de serem
recipientes passivos de informações e, por fim, que se tornem
conscientes de seu papel na construção do conhecimento
(ARAÚJO, 2007, p. 63).
Outra mudança imprescindível foi o uso do computador com acesso à
internet, imersivo no ciberespaço, para realizar cursos e aulas online, por meio de
ambientes de aprendizagem, reunindo uma variedade de recursos e
gerenciamento de tarefas, aumentando a importância do DI.
Entretanto, é comum encontrarmos nos AVA cursos e atividades online
que subutilizam as tecnologias digitais, comprometendo a qualidade da educação
oferecida, fundamentada na realização de tarefas individuais que não se
preocupam com o diálogo. Tal subutilização, muitas vezes, acontece por conta da
inadequação do DI, orientado pela lógica instrucionista.
Segundo Santos e Silva (2009), esses modelos de DI estão baseados na
pedagogia da transmissão, via meios de massa, vinculados a um modelo um-
35
todos, que separa emissão e recepção. Nesses ambientes, é comum
encontrarmos textos lineares e outros materiais digitalizados, servindo apenas
como fonte de informação e leitura para responderem tarefas, geralmente
individuais, e verificação da aprendizagem sem a construção coletiva da
comunicação e do conhecimento.
Discordando dessa lógica, assumimos, a partir de Araújo (2007), Amaral e
Nunes (2008) e Santos e Silva (2009), o conceito de desenho didático (DD), em
vez de desenho instrucional, considerando-o sob a ótica do construtivismo e do
sociointeracionismo que favorecem a expressão do diálogo, da coautoria criativa
e colaborativa, indo além da mera transmissão de informações ou conteúdos,
atento às pessoas e às mudanças sociais.
Vygotsky (2005) defende que, somente a partir da interação com o meio
social (indivíduos, regras sociais, sociedade), o indivíduo desenvolve seus
processos psicológicos superiores. Ou seja, em dado momento o sujeito
necessita da intervenção de outros indivíduos mais capazes para que o
aprendizado se realize. Esse limite entre conseguir aprender sozinho e necessitar
do auxilio de outros é definido como zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
Sob a ótica piagetiana, essa transição evidencia-se pela maturação
cognitiva que se na passagem do nível pré-operatório para o nível das
operações concretas, em que se verifica a importância do intercâmbio social para
o desenvolvimento cognitivo. Nas palavras do autor:
Realmente, é bem difícil compreender como o indivíduo chegaria a
agrupar de maneira precisa determinadas operações, e, por
conseguinte, transformar suas representações intuitivas em
operações transitivas, reversíveis, idênticas e associativas sem o
intercâmbio do pensamento. O agrupamento consiste,
essencialmente, em liberar, do ponto de vista egocêntrico, as
percepções e intuições espontâneas do indivíduo, para construir um
sistema de relações tais, que possamos ir de um termo a outro ou de
uma relação a outra, seja de que ponto de vista for. O agrupamento
constitui, por principio, uma coordenação dos pontos de vista, e isto
significa, realmente, uma coordenação entre observadores, portanto
uma cooperação de vários indivíduos (PIAGET, 1958, p. 22).
É importante conhecer as teorias educacionais, quando se pretende
desenvolver o DD de um curso, pois elas poderão ser aplicadas, de acordo com a
análise dos participantes e de outros fatores que caracterizam o curso. Dessa
forma, a equipe responsável por essa produção deve ter o conhecimento das
36
potencialidades e das fragilidades de cada teoria de aprendizagem para
aperfeiçoar seu uso nas estratégias apropriadas.
Complementando a ideia de Filatro (2008), Santos e Silva (2009) afirmam
que o DD, na sua criação, deve contemplar o planejamento, a produção e a
disposição de conteúdos e situações de aprendizagem, prevendo estratégias de
interatividade nas interfaces de comunicação e de avaliação, de maneira que seja
adequado ao público-alvo, de modo que estruturem processos de construção do
conhecimento, a fim de facilitar a aprendizagem humana.
As potencialidades das tecnologias precisam ser consideradas na
educação online pelo profissional ou grupo de profissionais que elaborará o
desenho didático do curso o projeto pedagógico e o planejamento do processo
de aprendizagem, contemplando-se abordagens educacionais que ajudem os
aprendizes a desenvolver competências, ensinando-lhes a não memorizar
conteúdos por si sós, mas aprenderem de forma autônoma. Isso significa buscar
informações que gerem profundas reflexões, produzindo sentido e significado,
para potencializar a aprendizagem significativa.
Para Santos e Araújo (2009, p. 9), um bom DD deve ser capaz de:
apoiar e orientar a mobilização de múltiplas competências
cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo aos alunos
situações pelas quais possam contribuir o conhecimento;
criar processos e materiais didáticos que procurem atingir os
objetivos de aprendizagem (não ficando presos a estes);
articular cada material com os demais de um conjunto, de
maneira a evitar uma proposta de aprendizagem fragmentada e
descontextualizada;
otimizar o acesso à informação a partir de diferentes meios e
recursos tecnológicos e midiáticos, permitindo que o estudante-
aprendente ressignifique a informação, construindo o
conhecimento.
Assim, na elaboração do DD de um curso, é preciso uma equipe
constituída de diversos especialistas, tais como conteudista, web-roteirista,
webdesigner, programador e designer didático, trabalhando junto com docentes e
discentes, de forma interdisciplinar, na articulação de seus saberes, como
podemos observar no Quadro 1.
37
Quadro 1 – Equipe de especialistas e suas atividades
Especialistas Atividades
Conteudista
Cria e dispõe conteúdos normalmente na forma de texto
explicativo/dissertativo, a partir do planejamento do curso,
reunindo conteúdos e situações de aprendizagem.
Web-roteirista
Roteiriza os conteúdos e as situações de aprendizagem
dispostos no texto do conteudista para a linguagem da web.
Leva em conta os formatos variados do hipertexto, da
mixagem e da multimídia.
Webdesigner
É o artista que dispõe o roteiro elaborado pelo web-roteirista
no ambiente online de aprendizagem. Digitaliza
esteticamente o web-roteiro em telas (templates).
Programador
Desenvolve ou customiza o ambiente online de
aprendizagem. Cria programas e interfaces de conteúdo e de
comunicação síncrona e asncrona. Gerencia arquivos e
banco de dados, bem como toda parte do processo que
supõe programação de computadores.
Designer
didático
Analisa as necessidades e interesses dos docentes, dos
cursistas e da instituição. Arquiteta o desenho do curso no
ambiente online de aprendizagem. Cria e estrutura
conteúdos e situações de aprendizagem. Avalia os
processos de construção e de fundamentos do curso. É o
mediador do trabalho de toda a equipe de especialistas.
Fonte: Santos e Silva (2009, p. 277).
Segundo Amaral e Nunes (2008), esses profissionais, no dia a dia de suas
atividades e ao tratarem da articulação de saberes na educação online, precisam
apresentar habilidades de comunicação relacionamento interpessoal e
intergrupal, colaboração e trabalho em equipe, proficiência linguística, oral e
escrita e capacidade de dar e receber feedback , de natureza cnica
planejamento, organização e familiaridade com as novas tecnologias no
planejamento, na produção e na implantação do DD.
Ao definir estratégias de DD de cursos em ambientes online, norteada pela
escolha de uma ou mais teorias educacionais, Filatro (2008) aponta etapas para
38
o desenvolvimento desse tipo de projeto, que se dividem em: a) análise, b)
design, c) desenvolvimento, d) implementação e e) avaliação.
A análise é a fase fundamental para o DD, por apontar, por meio de
pesquisas, a identificação da filosofia e objetivos institucionais; levantamento de
necessidades e limitações; caracterização dos alunos; identificação das
disponibilidades e cultura tecnológica da instituição; e análise de custos.
Basicamente, consiste em entender o problema educacional e projetar uma
solução aproximada.
Na fase design ocorre o planejamento, no qual se definem todas as
questões referentes à montagem, a saber: composição e capacitação das
equipes; definição dos conteúdos, com ações que desloquem o foco das ações
do ensinar para o aprender e da construção individual para a aprendizagem em
coletividade; definição das mídias, das estratégias pedagógicas e tecnológicas
para alcançar os objetivos traçados; e cronograma de execução, contendo
tarefas e data-limite para que essas sejam realizadas. Este é o momento de
reunir a equipe multidisciplinar para criar e desenvolver esses elementos. É
nessa fase que são executados os storyboards ou roteiros didáticos e é
determinada uma solução focada e homogênea para o alcance dos objetivos
educacionais.
O desenvolvimento abrange todas as etapas da criação e elaboração do
material pedagógico, com foco no deslocamento das ações do ensinar para o
aprender e na construção individual para a aprendizagem coletiva, apresentados
nos storyboards ou roteiros preestabelecidos; e da instalação e configuração dos
AVA, em sintonia com as demais mídias e a forma correta de apresentação dos
conteúdos.
A implementação consiste na fase da efetivação do curso e,
consequentemente, na utilização dos materiais didáticos desenvolvidos. Nesse
contexto, são necessárias a capacitação e a ambientação de todos os envolvidos
no processo. Além disso, é imprescindível o suporte técnico e pedagógico. O
suporte técnico deve ser realizado constantemente e de forma preventiva, com
tutoriais e instruções de uso disponibilizados em cada um dos materiais ou por
meio de ajuda via e-mail, telefone, atendimento online e outros. O suporte
pedagógico, por sua vez, deve auxiliar o docente com dificuldades para colocar
em prática as estratégias pedagógicas definidas. Nesse sentido, os professores
39
poderão trocar informações, discutir dilemas, socializar experiências e
compartilhar dúvidas por meio de listas de discussões ou fóruns, que contribuam
para a melhoria da prática pedagógica.
Na fase de avaliação, é discutida a efetividade da solução proposta e o
(re)vistas novas estratégias a serem implementadas. Avaliam-se tanto o resultado
da aprendizagem dos alunos quanto a solução educacional empregada e as
estratégias tecnológicas implementadas, utilizando-se, para isso, critérios
definidos para estabelecer o que e como avaliar, por meio de testes,
questionários, enquetes, pesquisas e observação, compondo-se um portfólio de
instrumentos que devem ser devidamente confeccionados para que seus
objetivos avaliativos sejam alcançados.
Essas etapas devem estar articuladas, sem a separação das fases de
concepção (análise, design e desenvolvimento), execução (implementação) e
avaliação ao longo de todo o processo na criação do DD. Tal articulação permite
a identificação das necessidades de aprendizagem, a definição dos objetivos e o
levantamento das limitações e possibilidades, que foram, a priori, estabelecidos,
bem como o aprimoramento posterior, sem seguir uma regra ou uma prescrição
(FILATRO, 2004).
A educação online exige o desenvolvimento de novas estratégias e de
metodologias de ensino e aprendizagem. Implementar qualquer atividade
pedagógica no ciberespaço demanda a concepção desse novo ambiente, que
pode ser compreendido a partir da interatividade, da hipertextualidade e da
usabilidade.
O termo interatividade, segundo Silva (2006), surgiu na cada de 1970,
como uma crítica à mídia unidirecional, oferecida e representada pelos veículos
de comunicação (jornal, revista, rádio e televisão). Porém só nos anos 1980, com
a chegada do computador, o termo tornou-se comum entre aqueles que
utilizavam essa nova tecnologia para ultrapassar a barreira da transmissão e
adentrar outros labirintos e novos universos, proporcionados pela web.
Segundo o referido autor, a interatividade não é apenas um novo modismo
para significar velhas coisas como o diálogo e a comunicação; não é apenas uma
estratégia de marketing da indústria de informática para sedução do consumidor.
Para ele, a interatividade é a dinâmica comunicacional em que emissor e receptor
constroem juntos a mensagem. Essa dinâmica, diz ele, vem tomando o centro da
40
cena até então ocupado pelas práticas unidirecionais com a lógica da distribuição
no modelo um-todos, próprio das mídias de massa.
Os sistemas de educação, também situados por Silva (2006) no mesmo
paradigma comunicacional da mídia de massa, têm seu modelo da transmissão
questionado no contexto da cibercultura e da interatividade.
Freire (2005, p. 97) havia atentado para o problema da transmissão
quando afirmou que “a educação autêntica não se faz de A para B ou de A sobre
B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo”. No entanto, os educadores pouco
têm feito para modificar a pedagogia tradicional. A escola continua sendo, mesmo
no contexto da cibercultura e da interatividade, uma instituição que se baseia no
falar/ditar do mestre; assim, ela mantém-se repetitiva e monótona e o aluno
permanece ouvindo, copiando e prestando contas pontuais nos dias de prova.
Muitas vezes essa perspectiva é transposta para o planejamento, o
desenvolvimento e a execução do DD.
Silva (2006) enumera os seguintes aspectos fundamentais para que a
interatividade se concretize no ciberespaço:
participação-intervenção, onde participar não significa apenas
responder “sim” ou “não” ou escolher uma opção dada; significa
interferir na mensagem de um modo sensório-corporal e semântico;
bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção conjunta da
emissão e recepção, onde os dois polos se codificam e decodificam;
permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas
redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações
e significados potenciais.
Portanto, como afirma Silva (2002), na perspectiva da interatividade, o
suporte comunicacional precisa ser passível de interferência, permitindo, assim, a
intervenção do usuário. Dessa forma, emissor e receptor possuem igualmente
potencial papel na informação, podendo decidir ou intervir no que está sendo
comunicado.
Os ambientes de aprendizagem na educação online comportam interfaces
capazes de rompimento com a pedagogia da transmissão, mas isso dependerá
da formação continuada do professor acostumado ao mesmo paradigma da mídia
de massa. Na docência online ele poderá garantir ltiplas aberturas para a
participação e intervenção dos alunos. Poderá contemplar a bidirecionalidade, a
41
expressão da coautoria e disponibilizar redes articulatórias com os saberes para
o tratamento de conteúdos curriculares, não lineares, com explorações originais,
combinações livres e criação de narrativas. Para Silva (2006), a educação online
pode contribuir para disseminar outro modo de pensamento, fruto da participação
e das autorias coletivas.
Dessa forma, o desenho didático necessita de uma constante
reconstrução, pela interação ativa entre docente e discente. Deve disponibilizar
caminhos que levem ao diálogo entre todos, no qual, a partir da troca de
conceitos, se constrói, desconstrói e reconstrói o conhecimento das partes
envolvidas no novo processo educacional que se origina na modalidade online.
Esses novos caminhos também devem permitir liberdade de imersão,
navegação e exploração na construção do conhecimento de forma hipertextual,
sem a necessidade da linearidade, rompendo com as velhas formas de produzir e
organizar o conhecimento e substituindo sistemas conceituais fundados na ideias
de margem e hierarquia por outros cheios de multilinearidade, nós, links e redes.
Lévy (1993) define o hipertexto como um conjunto de nós ligados por
conexões. Tais nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, sequências
sonoras, documentos complexos que podem, eles mesmos, ser hipertextos. O
hipertexto é um marco. Rompe com a sequência linear de informações e
possibilita uma viagem livre e autônoma na busca de novos horizontes, que a
caneta, o papel e o falar/ditar do mestre dificilmente contemplarão.
A importância do hipertexto na educação online refere-se justamente à
sequência o linear de conexões em estrela, com o objetivo de convidar o
navegador a desbravar o ciberespaço de acordo com suas necessidades,
desejos e angústias, associando informações dispostas na rede sem restrições
de distância e valorizando a autonomia no percurso. Essa possibilidade trazida
para o contexto da aprendizagem colaborativa contempla as diversas autorias e a
liberdade exigida pela ambiência comunicacional requerida pela educação
autêntica baseada na polifonia e na dialógica.
Pensar em um desenho didático estruturado como hipertexto permite que
os aprendizes teçam suas autorias, operando em vários percursos e leituras
plurais, adentrem os conteúdos e criem seus próprios caminhos de leitura, sem
precisar ficar presos à linearidade (SANTOS; SILVA, 2009).
Nesse sentido, argumenta Ramal (2003, p. 84):
42
Estamos chegando à forma de leitura e de escrita mais
próxima do nosso próprio esquema mental: assim como
pensamos em hipertexto, sem limites para a imaginação a
cada novo sentido dado a uma palavra, também
navegamos nas múltiplas vias que o novo contexto nos
abre, não mais em páginas, mas em dimensões
superpostas que se interpenetram e que podemos compor,
recompor a cada leitura.
Silva (2006) observa que é preciso incluir um mecanismo que ajude o
usuário a não se perder, mas que ao mesmo tempo não o impeça de perder-se,
pois o hipertexto é uma teia de conexões de um texto com inúmeros outros
inúmeros, possibilitando aos aprendizes múltiplas ocorrências e navegações na
produção de sentido e de enriquecimento na leitura.
O hipertexto não se restringe apenas ao meio eletrônico, uma vez que a
hipertextualidade não constitui mero produto da tecnologia, é um modelo
estreitamente relacionado com as formas de produzir e organizar o conhecimento
(RAMAL, 2003).
Outro fator importante na concepção do DD é a forma de acesso à
informação, com alternativas claras e disponíveis a cada momento, sem confundir
e ou deixar os integrantes inseguros. Estamos falando de usabilidade. No
contexto da educação online, o termo corresponde ao estabelecimento básico de
padrões estéticos e funcionais que ajudam e facilitam a leitura e/ou navegação do
aprendiz no ambiente de aprendizagem.
Nielsen (2000, 2002) refere-se à funcionalidade dos sites como facilidade
de uso e de percepção intuitiva, rapidez no desempenho da tarefa, baixa taxa de
erros de operação e satisfação do usuário, boa navegabilidade e fidelidade.
Segundo Scapin (1994), a usabilidade está diretamente ligada ao usuário e
à interface, permitindo que o usuário alcance suas metas de interação com o
sistema.
Contribuindo com Scapin, Nielsen (2000) diz que uma interface deve
apresentar três aspectos fundamentais para ter sua usabilidade aprovada: ser de
fácil aprendizagem, permitir utilização eficiente e apresentar poucos erros. Esses
fundamentos contribuirão de maneira decisiva na produção do desenho didático
para a aprendizagem colaborativa, interativa e dialógica.
43
Filatro (2008, p. 101) menciona que a usabilidade tem um papel
importante, porque “os alunos interagem com os conteúdos, atividades e
pessoas, apenas depois de assimilarem o projeto visual e navegacional”. Dessa
forma, deve ser levada em consideração na produção do DD centrado no
aprendiz, para manter a motivação dos cursistas e envolvê-los em processos
participativos, afetivos e interativos, auto-explicativo e elaborado para permitir
aos integrantes intervir e controlar o curso da sua aprendizagem.
Para complementar, trazemos o entendimento de Franco sobre a
usabilidade qualidade na educação online:
[...] proporcionada pelo ambiente no que diz respeito a sua
interatividade, diálogo e colaboração entre o usuário e o
ambiente, e entre todos os usuários. Se estas características
foram constatadas no ambiente de educação online, estarão
favorecendo para que este agregue valores e facilite a aquisição
de conhecimento nos projetos de sistemas educacionais.
(FRANCO, 2005, p. 24).
Cabe esclarecer que esse autor conhece e menciona cursos e aulas online
com design que frustra ou irrita os integrantes, excluindo possibilidades de ações
comunicativas, sem se preocupar com a usabilidade em todo o seu processo.
Para evitar esse problema, a equipe responsável pela construção de todas as
fases do DD deve estar atenta para a questão da usabilidade, que, uma vez
implementada, tem importância decisiva para docentes e discentes, agregando
qualidades em cursos e aulas online (FRANCO, 2005).
44
3 O CONTEXTO DA PESQUISA
Inclusão digital não é simplesmente ter uma
tecnologia, mas sim ser capaz de pensar, de
usá-la criativamente e de maneira produtiva, a
serviço dos demais, na construção de uma
sociedade justa.
(RAMAL, 2000)
Neste capítulo descrevemos o contexto do estudo, no que tange aos
aspectos organizacionais e pedagógicos, ao procedimento metodológico
adotado, aos instrumentos de coleta e análise de dados e ao detalhamento do
AVA Moodle, apontando as principais interfaces e seus recursos.
3.1 O CURSO FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DOCÊNCIA
ONLINE
O contexto deste estudo é um projeto coletivo e interinstitucional de
pesquisa denominado Formação de Professores para Docência Online, que
reuniu diversos programas de pós-graduação (PPG)
10
em educação e
comunicação digital no contexto do AVA Moodle, para experimentar e cocriar
conhecimento sobre formação de professores para docência online. Nessa
pesquisa, as equipes criaram e professoraram um curso de especialização sobre
formação de professores para docência online, experimentando a construção do
desenho de conteúdos e de atividades, a docência e a aprendizagem na sala de
aula online. Cada PPG participou da pesquisa com equipe de até cinco
integrantes (um ou mais docentes e um ou mais orientandos), elaborando um ou
dois módulos do curso. A pesquisadora participou como discente e docente de
um módulo. Cada equipe tinha um coordenador responsável pelo planejamento
10
Participaram dessa pesquisa interinstitucional 12 PPGs: Universidade do Minho Portugual, PPG em
Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Universidade Estácio de Sá, Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal da Bahia, Universidade
do Estado da Bahia, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal de Juiz de Fora, PPG
em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
Universidade Estadual Paulista e Universidade Federal de Pernambuco.
45
de seu(s) módulo(s) e pela docência do(s) mesmo(s). Todos os integrantes eram
docentes e discentes, atuando na mesma ambiência de trabalho, no mesmo
campo de pesquisa.
A produção e a execução do curso, tendo todos os integrantes como
criadores, como docentes e como discentes, resultaram na experiência da
pesquisa propriamente dita. A produção de conhecimento efetuada na execução
do curso (preparação, docência e aprendizagem) resultará em relatórios, artigos,
dissertações, teses, um livro coletivo e um curso online de especialização (360
horas) lato sensu.
O principal objetivo do projeto é formar docentes para criação de cursos
online e exercício da docência online, discutindo e exercitando a própria docência
em ambientes online de aprendizagem enquanto formação dos integrantes da
pesquisa coletiva. Além disso, busca articular docência e produção técnica do
desenho didático; formar professores para utilizar tecnologias digitais online e
offline como potencializadoras da docência e da aprendizagem na educação
superior; divulgar experiências, projetos e trabalhos sobre o uso da modalidade
online na formação de docentes e profissionais da educação como técnicos e
gestores; e, por fim, construir projetos educacionais para ambientes online de
aprendizagem a partir do desenho didático interativo, da utilização de interfaces
de comunicação, de conteúdos multimídia e de objetos de aprendizagem.
A proposta foi estruturada em 13 módulos temáticos divididos em três
blocos: 1) Fundamentos da educação Online; 2) Dispositivos e interfaces; e 3)
Prática pedagógica. Em cada bloco temático, foram oferecidos alguns módulos.
Cada módulo ocupou um “tópico” no AVA Moodle e apresentou conteúdos e
atividades com 30 horas de duração, distribuídos ao longo de um mês. A
organização de cada bloco é descrita no Quadro 2.
Quadro 2 – Organização do curso
Blocos Temáticos
Módulos
Módulo 1 - Cibercultura e educação
Módulo 2 - Políticas de educação e
comunicação no Brasil
Módulo 3 - Psicologia da aprendizagem
Bloco 1
FUNDAMENTOS DA
EDUCAÇÃO ONLINE
Módulo 4 - Educação e comunicação
interativas
46
Módulo 5 - A Internet e suas Interfaces
Módulo 6 - Ambientes online de
Aprendizagem
Módulo 7 - Multimídia e educação
Módulo 8 - Cartografia cognitiva e
investigativa
Bloco 2
DISPOSITIVOS E
INTERFACES
Módulo 9 - Computador/internet e suas
implicações para a aprendizagem
Módulo 10 - Desenho didático
Módulo 11 - Metodologia da pesquisa
qualitativa online
Módulo 12 - Docência e avaliação da
aprendizagem em educação online
Bloco 3
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Módulo 13 - Ensinagem na docência online:
um olhar à luz das coreografias didáticas.
No Bloco 1, composto de quatro módulos, foram desenvolvidas as
seguintes ementas: a) Cibercultura e educação, que tratou das características da
sociedade mediada pelas tecnologias digitais de comunicação e informação, dos
desafios da sociedade em rede, da sociedade da informação, do fenômeno da
cibercultura e suas implicações nos processos de aprendizagem na cidade e no
ciberespaço; b) Políticas de educação e comunicação no Brasil, que tratou do
estudo das atuais políticas e legislações nas áreas da educação (programas do
SEED/MEC para uso do computador, das mídias digitais e da EAD e sua
legislação atual) e da comunicação (tv digital, acesso à rede, sociedade da
informação no Brasil); c) Psicologia da aprendizagem, que tratou da teoria sócio-
histórica da aprendizagem e suas implicações na cibercultura, do uso do
computador e da internet como instrumentos culturais de aprendizagem, dos
pressupostos teóricos e metodológicos do sociointeracionismo, da aprendizagem
significativa e da ecologia cognitiva; e d) Educação e comunicação interativas,
que tratou das teorias e práticas da interatividade, dos pressupostos da
interatividade na sala de aula online, da autoria do professor na cocriação da
comunicação e do conhecimento.
o Bloco 2 congregou cinco módulos, com as seguintes ementas: a) A
internet e suas interfaces, que tratou da internet como incubadora de mídias (tais
como, o uso de blogs, fóruns, chats, webquests, webmaps pelas comunicades
virtuais e pelas comunidades de aprendizagem), do uso de softwares livres para
47
aprendizagem coletiva e de softwares sociais (Orkut, MSN, Google, YouTube,
grupos de discussão); b) Ambientes online de aprendizagem, que tratou do
conceito de ambientes online de aprendizagem (com exemplos de ambientes
gratuitos), da exploração do ambiente Moodle pelo administrador, pelo professor
e pelo estudante, das interfaces de conteúdo e de comunicação online; c)
Multimídia e educação, que tratou da multimídia na internet e em ambientes
online de aprendizagem, da convergência de mídias na internet, do uso de som e
imagens digitalizados, das múltiplas linguagens da cibercultura, do hipertexto, da
cultura da imagem e pedagogia crítica, de mídia e mediação pedagógica e da
exploração de objetos de aprendizagem para ambientes online; d) Cartografia
cognitiva e investigativa, que tratou do uso de softwares e técnicas de cartografia
na pesquisa e prática pedagógica, das técnicas dos mapas mentais, conceituais e
webmaps com uso gratuito na internet; e e) Computador/internet e suas
implicações para a aprendizagem, tratou do uso de computadores/internet como
instrumentos culturais da contemporaneidade construídos pelo homem e que têm
um papel mediador ao mesmo tempo tecnológico e simbólico. Essa discussão foi
embasada pela abordagem histórico-cultural, compreendendo seus fundamentos
básicos, a partir dos quais a aprendizagem, ao se constituir como uma ação
compartilhada e colaborativa, permite conceber computadores/internet como
instrumentos de aprendizagem.
No Bloco 3 situaram-se quatro módulos, que privilegiaram as seguintes
ementas: a) Desenho didático, que tratou do estudo da relação caleidoscópica
entre os fundamentos, a organização e a docência de cursos online, dos
fundamentos, vertentes curriculares e seus reflexos nos desenhos didáticos, da
organização de cursos online, limites e possibilidades do meio, e da docência e
implicações dos desenhos didáticos nas ações de tutoria e avaliação; b)
Metodologia da pesquisa qualitativa online, que tratou dos paradigmas de
pesquisa, de pesquisa qualitativa, de consistência entre visão de conhecimento e
procedimentos metodológicos, de mídia e produção do conhecimento, e de
internet e transformação de procedimentos (pergunta, coleta de dados, revisão de
literatura, referencial teórico e análise); c) Docência e avaliação da aprendizagem
em educação online, que tratou das teorias e práticas da docência e da avaliação
da aprendizagem mediadora e interativa, da autoria do professor nos dispositivos
e interfaces online e do papel do mediador da aprendizagem e da avaliação; e d)
48
Ensinagem na docência online: um olhar à luz das coreografias didáticas, que
tratou do estudo de práticas docentes em educação online, de desenho didático e
coreografias didáticas e de processos de ensinagem na educação online.
Esses módulos se apresentam sob o enfoque da formação continuada de
professores para a docência online pela demanda da cibercultura, da sociedade
da informação e da era digital. Essa formação visou, fundamentalmente, ao
desenvolvimento de competências e de autonomia para a construção de projetos
pedagógicos que utilizam as tecnologias digitais offline e online como
potencializadoras da docência e da aprendizagem. Ela se propôs a tornar o
professor capaz de promover e avaliar a aprendizagem, lançando mão de
interfaces digitais (fórum, chat, blog e portfólio), e em seguida formar e educar.
O projeto iniciou no primeiro semestre de 2007, quando o coordenador
geral convidou os PPG a participarem da proposta, ficando cada coordenador de
módulo responsável pela temática a ser desenvolvida. No período de agosto de
2007 a junho de 2008, todas as equipes construíram seu desenho didático no
ambiente virtual de aprendizagem Moodle, com previsão de duração de um mês
carga horária de trinta horas para cada módulo. Desde julho de 2008 cada equipe
de PPG realizou a docência do seu módulo, um a cada mês, enquanto as outras
equipes foram discentes. No processo, todos puderam questionar o desenho
didático (forma de disposição dos conteúdos e utilização das interfaces em cada
módulo), bem como a própria docência. O projeto pressupôs participação
interativa em todos os processos. O término ocorreu em agosto de 2009 (com
período de férias entre os meses de dezembro de 2008 e janeiro de 2009).
3.2 O MOODLE COMO AVA DO PROJETO DE FORMAÇÃO
INTERINSTITUCIONAL
O foco específico da pesquisa são os desenhos didáticos preparados
pelos coordenadores no Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning
Enviroment), um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) também conhecido
como sistema de gestão da aprendizagem ou LMS (em inglês, Learning
Management System), desenvolvido pelo educador e cientista computacional
49
australiano Martin Dougiamas, que adquiriu experiência no assunto ao fazer a
administração do AVA WebCT na Curtin University of Technology, na cidade de
Perth, Austrália (COLE, 2005).
O Moodle é um sistema de administração de atividades educacionais com
ricas oportunidades de interação entre os estudantes (RICE IV, 2007). Depois de
muitas versões iniciais, o Moodle 1.0 foi lançado, em agosto de 2002, como uma
proposta alternativa ao WebCT e ao Blackboard
11
. Dougiamas (2009)
12
afirma
que hoje o Moodle é um completo AVA, mas começou como um entretenimento
que tomou corpo como tema de sua teste de doutorado. O projeto interistitucional
em questão, utilizou a versão mais atual deste ambiente à época, o Moodle 1.9.
O Moodle vem sendo utilizado não apenas por universidades, mas
também por escolas do ensino médio, organizações, companhias privadas e
professores independentes. Possui uma grande comunidade
13
, cujos membros
estão envolvidos em atividades que abrangem do desenvolvimento de novos
recursos a discussões sobre estratégias pedagógicas de utilização do ambiente e
suas interfaces através de fóruns, onde muitas questões e soluções são
atualmente compartilhadas em 27 idiomas diferentes. (Um fato que talvez valha a
pena mencionar é que há duas comunidades de discussão sobre o Moodle em
língua portuguesa, uma de Portugal e outra do Brasil.)
Figura 1 – Página principal do curso
11
Outro tipo de ambiente virtual de aprendizagem. Mais informações: http://www.blackboard.com.
12
Cuja tese de doutorado, ainda em construção, é intitulada “Uma exploração do uso de um software de
código-fonte aberto chamado Moodle para apoiar uma epistemologia social construcionista de ensino e
aprendizagem dentro de comunidades de investigação reflexiva baseadas na internet”. O título original An
exploration of the use of an Open Source software called Moodle to support a social constructionist
epistemology of teaching and learning within Internet-based communities of reflective inquiry”. Science and
Mathematics Educacion Centre. Curtin University of Technology. Perth, Western Australia. Disponível em:
<http://dougiamas.com>. Acessado em 30 agosto 2009.
13
Comunidade disponível em: <http://moodle.org>. Acessado em: 10 agosto 2009.
50
A opção pelo Moodle deu-se em função de esse AVA ser um software
open source, ou um software livre, que pode ser usado, copiado, estudado,
modificado e redistribuído sem nenhuma restrição. Além disso, é gratuito
(software freeware) e dispõe de diversos recursos para a atuação colaborativa
dos docentes e discentes, em sintonia com uma perspectiva interativa de
educação online. Nele, o professor prepara suas aulas, exerce a docência, avalia
a aprendizagem e reestrutura seus cursos.
Cabe ressaltar que software livre não é a mesma coisa que software
freeware. O primeiro, elimina qualquer dúvida ou receio dos usuários quanto aos
direitos de uso, estudo, cópia, distribuição e modificação do sistema. O segundo,
é gratuito, mas o acesso ao seu código-fonte, ou seja, não é permitido o
estudo de seu funcionamento ou modificação, e o usuário pode utilizá-lo tal
como foi fornecido.
Além de ser gratuito e de possuir digo-fonte aberto, o Moodle
apresenta uma configuração básica da interface de fácil utilização, por se dar de
modo suficientemente intuitivo, “o que permite a um leigo nesse sistema
começar a entender como se a sua operação” (MACHADO JUNIOR, 2008, p.
141). Ele disponibiliza um conjunto de funcionalidades que permitem a
customização do ambiente, assumindo, assim, a identidade visual desejada
Sala de Aula Interativa, como pode ser visto na Figura 2.
Figura 2 – Página principal do curso customizada
51
Dessa forma, nomenclatura, ícones, fontes, cores, entre outros aspectos,
podem ser alterados facilmente, pois o Moodle possui uma vasta gama de
recursos (MACHADO JR., 2008), no que difere de outros AVA como o TelEduc,
por exemplo, que, segundo Maia (2004), não permite alterações na interface,
quer dizer, não apresenta a opção de “modificar a nomenclatura, incluir ou trocar
ícones, cores, sons, etc. contextualizados, que façam sentido aos usuários”
(MAIA, 2004, p. 206). A adaptação visual da interface é bem-vinda o somente
nos componentes estruturais da telas, como menus, molduras e botões, mas
também nos espaços de intervenção dos usuários, para melhor mediar a
comunicação visual/textual entre os usuários, conforme suas necessidades e
preferências.
Machado Jr. (2008) apresenta algumas características do Moodle:
interfaces e documentação traduzidas em português;
possibilidade de gerenciamento e modificação da interface
gráfica;
o requer despesa financeira para aquisição e utilização;
suporte cooperativo pelo grupo internacional de usuários;
possibilidade de, em pesquisas futuras, promover eventuais
contribuições para o projeto do AVA, como o aperfeiçoamento
de algum módulo adicional, por exemplo;
possui uma vasta gama de ferramentas para a necessidade de
maior flexibilidade visual da interface.
Para Alves e Brito (2005), o Moodle se destaca de outros ambientes por
dispor de um conjunto de interfaces que podem ser selecionadas pelo docente,
de acordo com seus objetivos pedagógicos. Como qualquer outro AVA, o Moodle
dispõe de um conjunto de interfaces como rum, chat, tarefa, wiki, glossário,
diário, entre outros, mas se destaca por permitir que esses mecanismos sejam
oferecidos ao discente de forma flexibilizada, ou seja, o professor, além de poder
definir a sua disposição na interface, pode utilizar metáforas que imputem a essas
interfaces diferentes perspectivas. Nessa direção, as interfaces, apesar de
utilizarem a mesma funcionalidade, se tornam espaços didáticos únicos, como,
52
por exemplo, o glossário, que pode ser utilizado como um webportifólio e como
uma midiateca (ALVES; BRITO, 2005).
No corpus dessa pesquisa, essa metáfora pode ser comprovada pela
utilização de algumas interfaces, tais como fórum e diário, no quais foram
empregadas diferentes perspectivas. O fórum foi utilizado como espaço de
ambientação para favorecer a integração entre os diferentes participantes e
propiciou a discussão temática em um determinado momento do curso, como
demonstram as Figuras 3 e 4.
Figura 3 – Fórum numa perspectiva de ambientação
Figura 4 – Fórum numa perspectiva temática
53
Quanto ao diário, ora foi utilizado para o registro de reflexões temáticas
do curso, momento no qual o docente provê um feedback de suas reflexões, ora
serviu como instrumento de avaliação do dulo do curso (Figuras 5 e 6), no
intuito de promover sugestões e comentários em relação à temática abordada no
módulo do curso.
Dessa forma, o docente possui autonomia para utilizar as interfaces de
acordo com suas estratégias pedagógicas, sem precisar da ajuda de um
profissional técnico especializado no ambiente. Assim:
[...] não depende da interferência de qualquer profissional
da área de tecnologia ou design, o próprio professor que
diante das particularidades de seu corpo discente é quem
vai decidir que novos espaços podem ser criados e refletir
sobre a possível intervenção destes no processo ensino-
aprendizagem. Nesta perspectiva, concebemos o ambiente
virtual como mais do que um simples espaço de publicação
de materiais, permeado por interações pré-definidas, mas
como um local onde o professor espelhe as necessidades
de interação e comunicação que cada contexto educacional
lhe apresente em diferentes momentos e situações
(ALVES; BRITO, 2005, p. 5).
Figura 5 – Diário numa perspectiva de reflexão
54
Figura 6 – Diário numa perspectiva de avaliação do módulo do curso
Além das vantagens mencionadas, o Moodle segue princípios
pedagógicos fundamentais, como o interacionismo social, englobando aspectos
do construtivismo, do construtivismo social e do construcionismo.
Jean Piaget (2002), em sua epistemologia genética, defende que o
processo de construção do conhecimento passa fundamentalmente pela
interação entre o sujeito da aprendizagem e todo o contexto do processo:
docentes, colegas, tema de estudo, desenho didático etc. Diferentemente de uma
concepção epistmológica empirista, na qual o conhecimento é algo exterior ao
aprendiz e o processo de aprendizagem serve para internalizar esse
conhecimento, o construtivismo defende que o conhecimento é construído na
medida em que os estudantes buscam entender suas experiências. Ou seja, o
educando não é visto como um recepiente de informação ou como um mero
imitador do ambiente, porque a ação educacional é permeada pela reflexão.
Segundo o construtivismo social, os processos de aprendizagem e de
desenvolvimento das estruturas psicológicas também ocorrem pela interação
entre o sujeito e o meio, mas, como ressalta Vygostsky (2005), tendo forte
influência dos fatores sociais, culturais e históricos da coletividade em que se
55
está inserido e na qual ocorrem relações de cooperação e de compartilhamento
de conhecimentos.
o construcionismo, que tem em Papert (1994) sua principal referência
teórica, é apresentado como vertente do construtivismo, privilegiando a
construção do conhecimento por meio de atividades e da construção de
resultados concretos que impliquem uma intensa interação do educando com o
objeto de estudo, contextualizando o uso do computador e da Internet. Ao
comentar sobre o construcionismo, Valente (1998, p. 4) defende que:
A abordagem construcionista significa o uso do computador
como meio para propiciar a construção do conhecimento
pelo aluno, ou seja, o aluno, interagindo com o computador
na resolução de problemas, tem a chance de construir o
seu conhecimento. O conhecimento não é passado para o
aluno; o aluno não é mais instruído, ensinado, mas é o
construtor do seu próprio conhecimento. Esse é o
paradigma construcionista que enfatiza a aprendizagem ao
invés de destacar o ensino; a construção do conhecimento
e não a instrução.
Ainda sobre a abordagem construcionista, Valente (1998) afirma que,
com o uso do e-mail, os educandos podem “estar juntos” em suas atividades,
construindo juntos o conhecimento enquanto se desenvolve uma abordagem
pedagógica que enfatiza a construção em vez da transmissão da informação.
Essa afirmação pode ser estendida às interações realizadas por meio das
interfaces de comunicação (fóruns, chats, entre outras), que são outros caminhos
para a interação a distância.
No corpus desta pesquisa, essa interação pôde ser observada nos
fóruns utilizados nos módulos, como, por exemplo, um fórum que lançou uma
campanha contra as carinhas amarelas (Figura 7) dentro do Moodle. Nele, a
docente orientou os aprendizes que não tinham inserido foto ou imagem a
postarem suas fotos. Mas nessa orientação um dado importante foi esquecido e
um integrante complementou a informação.
56
Figura 7 – Fórum: campanha contra a carinha amarela
Cada participante preenche o perfil com sua foto e informações a seu
respeito, inclusive dados para contato.
Segundo Machado Jr. (2008, p. 165), essa personalização possibilita a
expressão da individualidade, por se “perceber com mais riqueza as pessoas que
estão a interagir por trás da frieza da tela do computador”, condição importante
para que os participantes possam iniciar interações síncronas em uma sala de
chat ou por meio do software mensageiro do Moodle.
3.2.1 O funcionamento do Moodle
O Moodle reúne em sua interface gráfica recursos e características
estruturadas por módulos de conteúdo, sendo construído com tecnologias da
web, para ser acessado por navegadores comuns (Internet Explorer, Mozilla
Firefox, entre outros). Essa estruturação reflete um layout baseado em uma grade
57
de diagramação, que dispõe os componentes alinhados, obedecendo às
subdivisões em formato retangular.
Em sua instalação original, sem alterações de forma e conteúdo, o AVA
é estruturado em um esquema de três colunas, em sua página de abertura e nas
telas de abertura dos cursos que venham a ser criados. Na coluna central, há um
conjunto de boxes que representam a sequência das aulas por meio de uma lista
de tópicos numerados ou datados semanalmente e podem, também, agrupar
conteúdos ou atividades semelhantes. É nessa coluna que o curso será
efetivamente realizado. Nas colunas da direita e da esquerda, podem ser
inseridos blocos (elementos em formato de caixas) que facilitem a utilização do
ambiente, tais como participantes, relação dos integrantes do curso, calendário,
entre outros, permitam ao integrante acompanhar as atividades, com suas datas
de início e encerramento. também podem ser apresentadas, pelos e para os
integrantes, as últimas notícias, entre outras possibilidades.
No curso em pauta, foram utilizadas apenas duas colunas em sua página
principal (Figura 8): a coluna central, na qual os coordenadores dos módulos
inseriram conteúdos e atividades; e a coluna da direita, com os blocos: Links da
seção, para ir diretamente ao boxe desejado; Participantes; Usuários online; e
Mediacenter, para obter acesso direto aos vídeos e áudios.
Figura 8 – O curso com duas colunas
58
O Moodle disponibiliza três formatos de boxes:
a) Formato semanal o curso é organizado em unidades
correspondentes às semanas, com datas de início e fim bem
definidas.
b) Formato tópicos é muito parecido com o formato semanal, mas
as unidades lógicas o assuntos ou temas. Os tópicos não têm
limite de tempo.
c) Formato social é articulado em torno de um fórum que é
publicado na página principal do curso, baseado nos recursos de
interação entre os participantes e não em um conteúdo
estruturado. Pode ser utilizado para fórum de debates sobre
temas propostos ou em contextos que não são do curso, como,
por exemplo, o quadro de avisos de um departamento.
No ambiente online do projeto Formação de Professores para Docência
Online optou-se pelo formato de tópicos, como mostra a Figura 9, criando
espaços definidos para cada módulo, onde foram inseridas as interfaces
escolhidas pelo coordenador de cada módulo, o qual é responsável pelo
conteúdo e pela docência.
Figura 9 – O curso em formato de tópicos
59
Além disso, o Moodle permite que as interfaces sejam agrupadas dentro
de cada tópico, separadas por rótulos (Figura 10), podendo, ainda, ser separadas
por assuntos ou por unidades didáticas, para facilitar a organização do estudo.
Figura 10 – Tópico do módulo 4 separado por unidades didáticas por meio de rótulos
O administrador do sistema (ou outras pessoas que se cadastrem como
usuários e tenham sido elevadas à categoria de administradores) pode alterar o
aspecto da tela de abertura.
Para começar a utilizar o AVA, é necessário ser usuário cadastrado. Nesse
momento, o integrante escolhe o login e a senha, e cabe ao administrador liberar
o seu acesso ao ambiente. Existem vários perfis de usuários, conforme apontado
no Quadro 3, e o acesso a eles depende de ações do administrador e, no caso
de matrícula em um curso, de informações fornecidas pelo docente.
Quadro 3 – Perfis de usuários do Moodle
Perfil Permissão
Visitante
Pode acessar o ambiente e as informações constantes da
tela de abertura do ambiente. Pode visitar disciplinas que
permitam o acesso de visitantes (sem código de inscrição) e
ver o conteúdo delas. Não pode participar de atividades que
valham nota.
Usuário
Pode acessar o ambiente e as informações constantes da
tela de abertura do ambiente. Tem os mesmos privilégios de
60
acesso a disciplinas que os visitantes.
Aluno
Usuário matriculado em um curso. Tem acesso a todas as
atividades e materiais do curso.
Monitor
Tem acesso a um curso e às atividades de um professor:
corrigir trabalhos, verificar notas etc. Não pode alterar o
conteúdo de um curso.
Professor
Tem acesso aos cursos em que está designado como
professor e pode promover alterações na tela de abertura
além de incluir ou remover atividades e materiais.
Criador de
cursos
Pode criar novos cursos no ambiente.
Administrador
Tem acesso a todas as instâncias da instalação e pode
modificá-las.
Fonte: http://www2.tce.sp.gov.br/ecp/pdf/manual_completo_moodle.pdf . Acesso em: 16 agosto 2009.
O professor possui permissão para alterar a tela de abertura, escolhendo a
quantidade de colunas a serem utilizadas e os boxes, além de inserir conteúdos e
atividades. O curso é sempre criado pelo administrador, cabendo a ele delimitar
os perfis dos novos participantes.
3.2.2 Interfaces do Moodle
O Moodle possui interfaces digitais simplificadas e um conjunto de
funcionalidades síncronas e assíncronas que possibilitam a comunicação no
ambiente, fazendo com que docentes e discentes possam, de forma interativa,
compartilhar conhecimentos e informações, favorecendo a criação coletiva e a
aprendizagem colaborativa. Dessa forma, o desenho didático potencializa a
comunicação e a aprendizagem. Santos e Silva (2009, p. 274), mencionam que
“o desenho didático pode lançar mão de proposições e de interfaces para a
cocriação da comunicação e da aprendizagem em sala de aula online”.
61
Assim, o AVA é composto por interfaces de conteúdo dispositivos que
permitem produzir, disponibilizar e compartilhar conteúdos em diversos formatos
(textos, áudios e imagens estáticas e dinâmicas) –, denominadas “recursos”, e
por interfaces de comunicação, que são reservadas para a interatividade entre os
participantes, como, por exemplo, chat e fórum, denominadas de “atividades”,
dentro do Moodle.
Cabe salientar que cada recurso ou atividade dentro do Moodle é
representada por um diferente ícone, o que facilita a navegação dos participantes
dentro do curso. Abaixo, apresentamos uma breve análise das mais importantes
atividades (chat, fórum, diário e wiki) e recursos (link arquivo, página web e livro)
do Moodle.
Chat
O chat (ou sala de bate-papo) do Moodle é uma interface simples de
comunicação síncrona que permite aos participantes manterem uma conversa em
tempo real, ou seja, todos conectados no ambiente ao mesmo tempo,
configurando-se como “um espaço virtual onde os sujeitos interagem num mesmo
tempo físico estando em lugares geograficamente dispersos” (SANTOS, 2006, p.
134).
Deve ser usado com cautela, oferecido em horários alternativos, e a
participação estimulada ao ximo; contudo, não deve ser uma atividade
obrigatória, por exigir encontros síncronos, que podem funcionar como elemento
de exclusão. No Moodle, o chat pode ser configurado para que as sessões de
bate-papo encerradas sejam gravadas com as intervenções de todos os
participantes, propiciando uma revisão das discussões realizadas, conforme
ilustra a Figura 11. No contexto de estudo desta pesquisa, os chats foram
representados pelo ícone , visto que esses podem ser expostos por outra
figura, pois o Moodle propicia a customização de ícones, fontes etc.
62
Figura 11 – O histórico do chat no Moodle
Os participantes do chat são identificados através de foto ou imagem
(inseridos na configuração do perfil), aumentando ainda mais o sentimento de
pertencimento em relação ao grupo e possibilitando, além da aprendizagem, o
“estarem juntos virtualmente”, sendo muito eficaz na criação de vínculos efetivos,
facilitando a interação do grupo (VALENTE, 2003).
Além disso, de acordo com Pereira e Neto (2001, p. 6 e 7),
O chat propicia quatro momentos on-line de uma
discussão, os quais não são normalmente vivenciados em
uma aula presencial: leitura de uma mensagem tradução
(que podem ser várias, simultaneamente);
interpretação(ões), fundamentando a resposta;
contextualização (aspectos críticos sobre a informação), e a
reflexão, que envia a resposta no mesmo momento em que
chegam novas mensagens, que podem, inclusive, ser uma
parte ou o todo de uma resposta
.
Entretanto, segundo Gomes (2007, p. 54), essa é uma interface de “difícil
controle, uma vez que muitas vezes as mensagens dos participantes ficam fora
de contexto”. Por consequência, respostas com ritmos diferenciados podem gerar
problemas relacionados com o distanciamento entre perguntas e respostas
(VAVASSORI; RAABE, 2003). Apesar disso, é uma interface importante para
troca de informações e aprendizagem, que possibilita o diálogo instantâneo, de
63
modo a levar os aprendizes a ultrapassarem a condição de consumidores para
sujeitos participativos, capazes de aprender colaborativamente.
Fórum
O fórum é uma interface de discussão assíncrona importantíssima que
auxilia no processo de cooperação e interação, por possibilitar diálogos entre os
participantes geograficamente dispersos, sem a necessidade de que todos
estejam conectados ao mesmo tempo, ao contrário do chat. As contribuições
dos participantes ficam disponibilizadas permanentemente e podem ser
respondidas no momento em que se deseja. Dessa forma, permite um maior grau
de reflexão dos escritos pelos demais participantes, com mais tempo para
organizar e escrever ideias próprias.
Esta interface pode ser usada para promover qualquer tipo de discussão,
desde uma conversa, cujo único intuito é promover um maior sentimento de
vínculo entre os participantes do curso online, diminuindo a sensação de se estar
conversando com a máquina, até a discussão de temas mais elaborados e
específicos do curso com o objetivo de promover a construção do conhecimento
ou o aprofundamento nesse tema de forma coletiva (ALVES; BRITO, 2005).
Possui quatro tipos de estrutura, tais como: fórum geral (todos os
participantes podem iniciar um novo tópico de discussão quando quiserem);
discussão simples (utilizada com foco em um tema preciso; cada usuário inicia
apenas um novo tópico de discussão; cada participante pode abrir apenas um
novo tópico de discussão, mas todos podem responder livremente as
mensagens, sem limites de quantidades; e fórum perguntas e respostas; um
discente pode ler as mensagens de outros somente após a publicação de sua
mensagem.
No campo de estudo dessa pesquisa, o fórum do tipo geral foi o mais
utilizado entre os módulos. Este apresenta um botão chamado “acrescentar um
novo tópico de discussão”, o qual permite que docentes e discentes insiram
assuntos diversificados para gerar novos debates, conforme ilustrado pela Figura
12.
64
Nessa interface, o docente deve atuar como moderador das intervenções
dos aprendizes, promovendo reflexão e participação dos discentes de maneira
carinhosa.
Conforme afirma Santos (2006, p. 133), “é de fundamental importância a
mediação pedagógica amorosa, cuidadosa, que respeite e valorize as diferenças
de opiniões, problematizando e incentivando a continuidade do diálogo”. Os
participantes do fórum têm a opção de receber cópias das novas mensagens via
e-mail (assinatura) e os docentes a opção de enviar mensagens ao fórum com
cópias via e-mail a todos os participantes; e as mensagens são visualizadas em
diversos formatos e podem incluir anexos. Na presente pesquisa, o fórum foi
representado pelo ícone (Figura 12).
Figura 12 – Fórum do tipo geral
Diário
O diário é uma interface que permite ao discente fazer anotações, relatar
experiências, reflexões, progressivamente, podendo contar com retorno do
professor. Permite ao docente estabelecer uma troca com os aprendizes em suas
reflexões. Clicando no link “ver todas as anotações do diário”, o professor irá
visualizar em uma única página a construção de todos os aprendizes. Essa
interface foi representada no ambiente do campo da pesquisa pelo ícone
.
65
Cabe ressaltar que, ao realizar suas anotações no diário, cada discente as
disponibiliza para o docente e para si próprio, não sendo possível a visualização
por outros participantes do ambiente.
Figura 13 – O diário no Moodle com opção de ver todas as anotações
Wiki
O wiki é uma interface assíncrona colaborativa que possibilita a construção
coletiva de diferentes tipos de textos por vários autores usando um navegador de
internet. O wiki do Moodle permite que os participantes de um curso trabalhem
juntos em páginas web, acrescentando ou alterando seu conteúdo (Figura 14),
numa perspectiva de cocriação e colaboração. Rosado (2008, p. 4) afirma que o
wiki possibilita a:
[...] uma massa de pessoas se tornarem autores (com ou
sem originalidade), escreverem suas contribuições nessa
base de dados e deixarem de ser meramente espectadores
passivos ou receptores de conteúdos em mão única, saindo
pouco a pouco do modelo da transmissão de informação
característico da mídia de massa.
Essa interface utiliza um sistema de controle de versões, denominado
“histórico”, dentro do Moodle, que permite ao docente restaurar qualquer versão
anterior a qualquer momento, ou ainda saber exatamente qual foi a intervenção
feita no texto por cada participante. Dessa forma, o wiki pode ser trabalhado de
maneira que todas as alterações feitas pelos participantes sejam publicadas
diretamente, sem a necessidade de alguma espécie de moderação. Ele foi
representado, no ambiente do campo da pesquisa, pelo ícone .
66
Figura 14 – O wiki no Moodle
Link arquivo
Esta é uma interface de conteúdo que permite criar um link para qualquer
conteúdo (vídeo, apostila, som, imagem etc.), de forma a disponibilizá-lo aos
cursistas do ambiente. No Moodle, esses arquivos são enviados para uma área
de arquivos do curso que podem ser reutilizados a qualquer momento, sem a
necessidade de resgatá-los do computador, CD-ROM, pen drive etc. Esses
arquivos podem ser visualizados em novas janelas (popup) ou na mesma janela,
possibilitando a configuração da largura e altura no caso de optar por nova
janela.
Esses recursos são representados por ícones de acordo com o tipo de
arquivo inserido, como ilustra a Figura 15 retirada do módulo G, que utilizou os
arquivos do tipo imagem, PDF e Word como material de apoio.
67
Figura 15 – Exemplo de Links arquivos no Moodle
Página web
Esta interface de conteúdo pode ser utilizada na divulgação de
informações importantes, como roteiro de atividades, proposta do módulo do
curso, cronograma de atividades. Além disso, é um recurso utilizado para
divulgação de textos-base.
Em sua edição, é permitido escrever um texto simples ou algo mais
sofisticado com links para imagens, arquivos, sites, emoticons etc., por oferecer
uma barra de formatação (editor HTML), que possibilita ao integrante do curso
realizar pequenas modificações no texto, como, por exemplo, alterações na fonte
(tipo, tamanho e cor), sem auxílio de uma equipe de programação na linguagem
HTML.
Alguns dos documentos oficiais, como justificativa do projeto
interinstitucional e campo de pesquisa em questão, foram disponibilizados por
este recurso, sendo representados pelo ícone , conforme ilustrado na Figura
16.
68
Figura 16 – Exemplo de documentos disponíveis pelo recurso página web
Livro
O livro é outro recurso para a inserção de conteúdos no Moodle que
também utiliza uma barra de formatação para pequenas alterações ou algo mais
sofisticado, como a interface “página web”. A diferença entre ambos, é que o livro
trata de um material de estudo com várias páginas (que o Moodle chama de
capítulos e subcapítulos) e uma estrutura de sumário lateral, provida
automaticamente pelo ambiente, conforme pode ser visto na Figura 17. Além
disso, permite impressão do conteúdo por completo ou apenas impressão por
capítulos, sendo possível inserir páginas no livro através da opção “Importar”. No
campo de pesquisa em questão, o livro foi representado pelo ícone
.
69
Figura 17 – O livro no Moodle
Buscamos, neste subtítulo do capítulo 3, oferecer ao leitor uma visão de
nosso corpus de estudo, com informações oficiais, retiradas da leitura dos
documentos, textos de conteúdos e módulos de estudo do curso.
Ao explicitarmos essa visão, acabamos por construir um conhecimento
mais amplo e vivo do campo de pesquisa, o que nos permite uma melhor
interpretação das percepções dos sujeitos do estudo.
70
4 RESULTADOS DA PESQUISA
Todo o conhecimento produzido nas ciências
humanas tem seu ponto de partida e chegada
nos processos da vida humana historicamente
construídos. Compreendendo que o
conhecimento é historicamente construído e que
a pessoa está implicada em sua construção,
vejo que a escolha de um referencial teórico tem
a ver com a visão de homem e de mundo do
pesquisador.
(FREITAS, 2004)
Este capítulo se divide em seis partes: na primeira, apresentamos as
características sicas dos coordenadores dos 13 módulos do projeto
interinstitucional no AVA Moodle, obtidas por meio das respostas oferecidas no
formulário, como instrumento exploratório; e nas cinco demais, apresentamos os
resultados do estudo e a análise dos dados derivados da entrevista
semiestruturada e algumas sumarizadas pelos dados recolhidos da análise
documental deste projeto.
4.1 AS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS COORDENADORES
Dois instrumentos foram aplicados: um formulário com perguntas fechadas
e uma entrevista semiestruturada com perguntas abertas. Ambos utilizados para
a coleta de dados realizada de forma online. Para isso, recorremos à interface
enquete de um ambiente Moodle para que os coordenadores pudessem nos
responder por meio da internet, por serem oriundos de diferentes regiões do
Brasil e de Portugal, e por ser inviável encontrá-los fora de um ambiente virtual.
Dessa forma, foram enviados e-mails para cada planejador de cada módulo,
solicitando a participação nesta pesquisa e informando o link
14
para acesso aos
questionários.
Com base nos dados coletados por meio do formulário com perguntas
fechadas (Apêndice A), pudemos delinear as características básicas dos
14
Link disponível em: http://eadkelly.ninehub.com/index.php. Acessado em: janeiro 2010.
71
coordenadores de cada módulo em relação às seguintes variáveis: sexo, faixa
etária, cidade em que reside, escolaridade, profissão que exerce, área de
formação acadêmica, dados relativos ao uso das tecnologias. Nesta última
variável delineamos nos seguintes aspectos: familiaridade na utilização da
internet, tipo de aplicativo acostumado a usar, situações em que utiliza o
computador com acesso à internet, tipo de AVA em que exerceu a docência e
interfaces mais utilizadas no AVA,
Obtivemos retorno dos formulários e entrevistas semiestruturadas
respondidos pelos 13 coordenadores do projeto interinstitucional, com quase
todas as questões preenchidas e comentadas (85% dos 13 coordenadores, ou
seja, 11 coordenadores). Os coordenadores eram predominante do sexo
feminino, uma vez que, dos 13 respondentes, nove eram mulheres e apenas 4
homens; com 61% na faixa etária entre 41 e 50 anos, 31% na faixa entre 50 ou
mais e 8% na faixa etária entre 31 e 40 anos (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Faixa etária dos sujeitos
1
8%
8
61%
4
31%
31-40 anos 41-50 anos 50 anos ou mais
Por ser um projeto interinstitucional, que reunia diversos programas de
pós-graduação (PPG), procuramos fazer um levantamento que nos permitisse
conhecer não apenas a formação acadêmica em relação ao grau de
escolaridade, mas, também, o tipo de graduação cursada. Verificamos, então,
72
que aproximadamente 77% dos coordenadores possuíam doutorado, 15%
possuíam pós-doutorado e 15% eram mestres (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Formação acadêmica dos sujeitos
0%
8%
77%
15%
Especialista Mestre Doutor Pós-doutor
As áreas de formação dos coordenadores eram as mais variadas, como
podemos ver no Gráfico 3. No entanto, a maior parte dos coordenadores estava
composta por pedagogos.
Gráfico 3 – Curso de graduação dos sujeitos
1
7%
1
7%
1
8%
5
38%
1
8%
1
8%
1
8%
1
8%
1
8%
História e Ciência
Sociais
Filosofia
Terapia Ocupacional
Pedagogia
Sociologia
Biologia
Ciência da Computação
Letras
73
Verificamos que a maior parte dos coordenadores (92%) exerce a
profissão de docente, com apenas um exercendo a profissão de analista de
tecnologia da informação, conforme ilustrado no Gráfico 4.
Gráfico 4 – Profissão exercida pelos sujeitos
12
92%
1
8%
Docente Analista de Tecnologia da Informação
Sendo o projeto interinstitucional online, com diversos PPG de várias
regiões do Brasil e um de Portugal, o Gráfico 5 ilustra a dispersão geográfica dos
coordenadores.
Gráfico 5 – Relação ao estado/país que residem
7%
15%
8%
8%
8%
8%
23%
23%
Alagoas-Brasil
Bahia-Brasil
Minas Gerais-Brasil
Paraná-Brasil
Pernambuco
-
Brasil
Braga-Portugal
Rio de Janeiro-
Brasil
74
Na medida em que estávamos pesquisando os DD planejados por
coordenadores em um AVA Moodle, se tornava importante saber o uso específico
do computador, nos aspectos familiaridade e expertise na utilização da internet,
expressos pelo Gráfico 6.
Gráfico 6 – Familiaridade na utilização da internet
0
0%
4
31%
9
69%
0
0%
Pouco experiente Razoavelmente Experiente
Muito Experiente Profissional Expert
Verificamos, então, que 69% dos coordenadores possuíam muita
experiência na utilização do computador com acesso à internet, sendo que,
nenhum desses sujeitos possuía expertise profissional ou pouca experiência
neste assunto. O ponto importante a favor desta pesquisa foi saber que nenhum
coordenador era desprovido do conhecimento da utilização da internet, por se
tratar de DD em um AVA.
Do mesmo modo, foi importante saber que tipos de aplicativos os
coordenadores estavam acostumados a utilizar com o computador e em que
situações utilizam a internet. No que diz respeito à utilizão de aplicativos,
verificamos que todos os coordenadores utilizam processadores de texto (como o
Word) e programas de apresentação (como o Power Point). Os valores
encontrados se expressam no Gráfico 7.
75
Gráfico 7 – Aplicativos que os sujeitos estão acostumados a utilizar
13
19%
11
16%
5
7%
13
19%
2
3%
3
4%
10
14%
6
9%
2
3%
2
3%
1
1%
1
1%
1
1%
Processadores de texto
(como o Word)
Planilhas (como o Excel)
Banco de dados
(como Access)
Apresentação (como
Power Point)
Gestão de projetos
(como MS Project)
Editoração eletrônica
(como CorelDraw)
CD-ROM/ Multimídia
AVA
Rede Sociais
Blog
Interfaces do Google
Youtube
Softwares de Matemática
Em relação à utilização da internet, todos os sujeitos (100%) faziam uso do
computador com acesso à internet para exercer a docência, e a grande maioria
(85%), 11 dos 13 coordenadores, para processadores de texto, como o Word,
programa repleto de recursos e funcionalidades para elaboração dos mais
diversos tipos de documentos. Os valores encontrados estão no Gráfico 8.
76
Gráfico 8 – Situações utilizadas pelos sujeitos com o uso da internet
13
20%
6
9%
5
8%
4
6%
2
3%
11
17%
3
5%
3
5%
1
2%
4
6%
1
2%
1
2%
4
6%
3
5%
1
2%
1
2%
1
2%
Docência
Jogos e entretenimento
Gráficos/desenho
Finanças/contabilidade
Banco de dados
Processamento de textos
Suporte à decisão
Programação
Formação de Professores
Pesquisa
Uso de Ambientes 3D
Realidade Virtual
AVA
Redes Sociais
Compras
Atividades de Consultoria
Gerencimaneto de Cursos a
Distância
Tendo em vista que o projeto interinstitucional tem como finalidade formar
docentes para a criação de cursos online e exercício da docência online,
consideramos indispensável saber em que AVA os coordenadores já exerceram a
docência. O Gráfico 9 oferece essa informação.
77
Gráfico 9 – AVA em que os sujeitos já exerceram a docência
13
30%
9
21%
4
9%
0
0%
7
16%
2
5%
1
2%
1
2%
1
2%
2
5%
1
2%
1
2%
1
2%
1
2%
Moodle
TelEduc
WebAula
Amadeus
Blackboard
AulaNet
Dokeus
Learning Space
Lotus
E-Proinfo
Ilias
Eureka
Prometeus
Tidia
-
Ae
Para nossa surpresa, todos os coordenadores exerceram a docência no
AVA Moodle. Essa informação responde a nossa inquietação, por perceber no
andamento do projeto que todos os integrantes, atuando como docentes ou como
discentes, não tiveram dificuldades na utilização do ambiente, na criação e
utilização dos fóruns ou na inserção de conteúdos, o que tornou dispensável o
suporte técnico.
Procuramos também identificar as interfaces mais utilizadas pelos
coordenadores em AVA diversos, o que se expressa no Gráfico 10.
78
Gráfico 10 – Interfaces de AVA mais utilizadas pelos sujeitos
13
18%
11
15%
9
13%
7
10%
11
15%
2
3%
1
1%
3
4%
2
3%
3
4%
1
1%
2
3%
1
1%
1
1%
1
1%
2
3%
1
1%
1
1%
Fórum
Chat
Mural
Glossário
Wiki
Portfólio
Agenda
Diário
Biblioteca
Tarefa
Enquetes
Webconferência
Página Web
Livro
Podcast
Videoconferência
Base de Dados
Questionário
Verificamos que todos os coordenadores utilizaram a interface fórum e
que 85% desses sujeitos também já utilizaram o chat em ambientes digitais.
Com base nos dados coletados, pudemos, em síntese, inferir que os
respondentes do questionário, apresentavam as seguintes características
básicas:
pertenciam predominantemente ao sexo feminino (69%);
em sua maioria, eram da faixa etária entre 41-50 anos de idade
(61%);
a maioria possuía doutorado (77%), sendo que 38% tinham
graduação na área de pedagogia;
a maioria exerce a função de docente (92%);
quando ao estado/país em que residiam, a maioria morava no
Brasil, nos estados: Rio de Janeiro e São Paulo (23%);
3%
79
em relação ao uso da internet, 69% do total de respondentes
possuía muitas experiências na utilização desse recurso;
todos os coordenadores estão acostumados a utilizar os
processadores de textos (como o Word) e a apresentação (como
Power Point) como aplicativos;
quanto ao uso do computador com acesso à internet, todos os
coordenadores o utilizam em situações de docência;
no que diz respeito aos tipos de AVA em que já exerceram a
docência, todos os coordenadores utilizaram o Moodle, ficando
em segundo lugar o TelEduc, com 69% dos sujeitos.
A interface fórum mostrou-se o principal meio de comunicação em
AVA.
4.2 OBJETIVOS DOS DESENHOS DIDÁTICOS: O QUE APRESENTAM EM
COMUM E EM QUE SE DIFERENCIAM
A fase de análise do desenho didático consiste em identificar a filosofia de
educação da instituão, caracterização dos participantes, identificação das
necessidades de aprendizagem, definição dos objetivos e análise dos possíveis
recursos tecnológicos a serem utilizados, contemplando custos tanto no âmbito
das tecnologias quanto no da pedagogia (ARAÚJO, 2007).
Em relação à definão dos objetivos, são descritos objetivos gerais e
específicos, bem como pré-requisitos para identificar o tipo de aprendizagem
mais adequada como solução didática. Esses são entrelaçados com quais
habilidades, conhecimentos e atitudes precisam ser ensinados, verificando que
tipo de conteúdo e o tempo necessário para lecioná-lo.
Na presente pesquisa, todos os coordenadores (100%), um em cada
módulo, direcionaram os seus objetivos em relação ao tema central do projeto
interinstitucional, especificamente com a prática de docência e aprendizagem
online. Esses foram os aspectos que se apresentaram em comum no que diz
respeito aos objetivos dos 13 desenhos didáticos (13 módulos), enfatizados nas
seguintes ações:
80
teorizar, conhecer e utilizar as interfaces disponibilizadas em
ambientes virtuais de aprendizagem;
articular docência e produção técnica do desenho didático, isto é, a
disposição de conteúdos, atividades e estratégias de avaliação;
formar professores para utilizar tecnologias digitais online como
potencializadoras da docência e da aprendizagem, com práticas
voltadas para interatividade e aprendizagem significativa.
Ramal (2003, p. 190) elenca princípios que devem ser considerados na
realização do desenho didático de cursos e programas de EAD, tais como:
coerência entre os objetivos de cada curso e a abordagem pedagógica;
aprendizagem significativa; e comunicação, interatividade e interação.
Em relação à coerência entre os objetivos de cada curso e a abordagem
pedagógica citada por Ramal, deve ser permanentemente voltada para a
provocação à participação ativa do estudante, levando-o a posicionar-se como
protagonista de seu percurso de aprendizagem, conforme apontou o coordenador
D7 em sua resposta à entrevista: analisar as mediações que envolvem a
apropriação das TIC, enfocando o sujeito como receptor no processo”.
O Coordenador D5 complementa essa apropriação na atuação do
professor nesse novo contexto educacional: a necessidade de formação dos
professores para atuarem na docência online: mudanças de posturas do
professor, adaptação da sua prática pedagógica aos novos cenários com AVA e
TIC na educação online”. Santos e Silva (2009) referem-se a este aspecto, na
concepção de DD interativo, por contar com um docente provocador de
situações, arquiteto de percursos e mobilizador da inteligência coletiva, em lugar
do guardião do conhecimento, voltado para a pedagogia da transmissão.
No que diz respeito à aprendizagem significativa, deve-se recorrer a
estratégias que favoreçam o aprendiz na atribuição de significados àquilo que se
estuda, por meio de definições claras dos objetivos de cada módulo, para que
entenda o porquê do aprendendizado, e de ilustrações que façam analogia àquilo
que se lê (ARAÚJO, 2007). É o caso do Coordenador D8, cujo módulo teve como
objetivo: “a interação e a aprendizagem significativa em ambientes online, por
meio de mapas conceituais”.
81
Com o intuito de potencializar a prática pedagógica do docente online, no
que diz respeito à comunicação e à interatividade, o Coordenador D4 direcionou
o seu módulo para os seguintes objetivos:
compreender os pressupostos da teoria da interatividade,
relacionando-os à docência online;
identificar e analisar teorias e expressões de
interatividade nas esferas tecnológica, mercadológica e
social;
Diferenciar processos de ensino de aprendizagem
baseados na mídia de massa e na mídia digital.
Definir indicadores de interatividade para a docência
online;
Experimentar a interface podcast como recurso de
interatividade no ambiente Moodle.
Verificamos que, para contemplar interatividade no exercício da docência
online, houve uma grande preocupação do Coordenador D4, no planejamento de
seu módulo, em abordar o significado desse termo e a diferenciação do ensino e
da aprendizagem baseados em mídias de massa e mídias digitais, no intuito de
propor ao docente modificar os seus métodos de ensino centrados na
transmissão. Assim, despertar o interesse do professor para uma nova
comunicação com os seus alunos, associando emissão e recepção como ações
complementares na cocriação da comunicação e da aprendizagem.
Vislumbrando essa nova comunicação, experimentos com a interface
podcast foram concebidos como recursos de interatividade no planejamento do
DD. O podcast é uma tecnologia de software que permite a publicação de
conteúdos de áudio e vídeo, através da internet. Permite ao usuário assinar, se
cadastrar, para receber diversos programas dos mais variados temas,
distribuídos por milhares de sites na internet. Além disso, o usuário pode interagir
com os produtores dos programas assinados, postando comentários a respeito
dos respectivos programas nos sites cadastrados (LEMOS, 2005).
Para Santos e Silva (2009), uma sala de aula online deve ser um ambiente
que se auto-organiza nas relações estabelecidas pelos sujeitos. Nesse sentido, é
preciso que o DD contemple uma intencionalidade pedagógica que garanta a
educação online como obra aberta, plástica, fluida e interativa. Caso contrário,
repetirá práticas voltadas para transmissão da informação, tão criticada por
Freire, que, a respeito, comenta: “[...] nega a dialogicidade como essência da
82
educação e se faz antidialógica; para realizar a superação, a educação
problematizadora situação gnosiológica afirma a dialogicidade e se faz
dialógica” (2005, p. 78),
Procuramos, igualmente, conhecer as diferenças entre os objetivos que
direcionaram cada coordenador em seu respectivo módulo e verificamos que,
mesmo tendo objetivos em comum, especificados anteriormente, os
coordenadores também tiveram objetivos diferentes, pois cada módulo tratou de
assunto diversificado, tais como: “Cibercultura”; “Políticas de educação e
comunicação no Brasil”; “Psicologia da aprendizagem”; Educação e
comunicação interativa”; “A internet e suas interfaces”; “Ambientes virtuais de
aprendizagem”; “Multimídia e educação”; “Cartografia cognitiva e investigativa”;
“Computadores/Internet e suas implicações para a prática pedagógica”; “Desenho
didático”; “Metodologia da pesquisa qualitativa online”; “Docência e avaliação
online”; e “Docência online à luz das coreografias didáticas”.
Esses assuntos tratam especificamente da proposta do contexto do
estudo: formação de professores para docência online voltados a propiciar
competências e autonomia desses docentes para a construção de projetos
pedagógicos que utilizam as tecnologias digitais offline e online como
potencializadoras da docência e da aprendizagem.
4.3 COMO OS OBJETIVOS DOS DESENHOS DIDÁTICOS SE
RELACIONARAM COM OS CONTEÚDOS, ATIVIDADES E
ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO
A fase do design/planejamento consiste em definir todas as questões
referentes a: matriz curricular, com mapeamento e sequenciamento dos
conteúdos a serem trabalhados; abordagens e estratégias pedagógicas para
alcançar os objetivos traçados; e estratégias tecnológicas.
No caso de um curso online, deve-se escolher o ambiente virtual de
aprendizagem que melhor atenda às necessidades do curso e da instituição,
além das mídias que servirão de apoio para o desenvolvimento das atividades
(SANTOS; ARAÚJO, 2009).
83
Em relação à organização do conteúdo proposto em acordo com os
objetivos traçados, Araújo (2007) afirma que esse conteúdo deve ser organizado
e apresentado por partes: dividido em unidades ou módulos e, posteriormente,
especificada a carga horária de cada. No entanto, essa divisão pode obter
nomenclaturas, para que o aprendiz assimile melhor o conteúdo a ser estudado.
Na presente pesquisa, todos os coordenadores (100%) organizaram os seus
conteúdos de acordo com os objetivos a serem atingidos e estes receberam
diferentes nomenclaturas, conforme expressas no Gráfico 11.
Gráfico 11 – Nomenclaturas utilizadas pelos coordenadores na divisão de seus conteúdos
7
54%
1
7%
1
8%
1
8%
2
15%
1
8%
unidades
momentos
passos a serem
seguidos
módulo
tema
semana
Segundo Filatro (2008), os AVA dispõem de funcionalidades de
planejamento e edição de unidades de aprendizagem, que permitem que o
design seja especificado diretamente na interface de conteúdo a ser acessada na
implementação. Nesse sentido, constatamos que, dos 13 planejadores
consultados, sete (54%) adotaram a nomenclatura unidades como divisão dos
conteúdos a serem apresentados aos cursistas, de acordo com os objetivos
propostos, conforme relata o Coordenador D3:
Trabalhamos os conteúdos em 3 unidades: Unidade 1 -
Aprendizagem: conceitos básicos, componentes e
características da aprendizagem. Unidade 2 - O
cognitivismo clássico: o interacionismo construtivista de
Piaget e o sociointeracionismo de Vygotsky. Aprendizagem
84
interativa e colaborativa em ambientes virtuais. Unidade 3 -
Aprendizagem e formação de conceitos no ciberespaço:
Vergnaud e a gênese dos campos conceituais; a “Teoria do
Protótipo” de Eleanor Rosch; a “ecologia cognitiva” de
Pierre Lévy. Em síntese trabalhamos com: Teoria sócio-
histórica da aprendizagem e suas implicações na
cibercultura. Uso do computador e da internet como
instrumentos culturais de aprendizagem. Pressupostos
teóricos e metodológicos do sociointeracionismo, da
aprendizagem significativa e da ecologia cognitiva.
O conteúdo selecionado deve ser organizado de forma que obtenha um
encadeamento lógico, que permita ao aprendiz articular os diversos conceitos
que lhe forem sendo apresentados, para construir um entendimento cada vez
mais aprofundado da temática posta (SOUZA; SAITO, 2000).
Observamos na fala do sujeito D3, que as unidades especificadas tratam
da cibercultura como um novo contexto do ciberespaço computador conectado
à internet, no que permite uma comunicação aberta pela interconexão mundial
dos computadores (LÉVY, 1999). Desta forma, rompe com a dinâmica baseada
na transmissão, por permitir aos indivíduos a comunicação operativa e
colaborativa, possibilitando, assim, a interatividade e a aprendizagem
colaborativa, de modo que cada módulo, ou conjunto de módulos compondo uma
unidade de estudo, foi apresentado ao discente uma justificativa daquela
temática, como ela se insere no projeto global do curso, e como se articula com
os módulos anteriores e posteriores.
Para Santos e Araújo (2009), as estratégias pedagógicas para cursos
online devem ser embasadas em teorias que favoreçam a construção individual
ou colaborativa do conhecimento pelos aprendizes, mediada pelas tecnologias
digitais. Dessa forma, pode-se recorrer a algumas estratégias pedagógicas,
como: o uso do material didático que incite o aluno a pensar, colocando
situações-problema, atividades que fomentem colaboração e cooperação por
meio de listas de discussões, fóruns, chats, e-mails etc. Após uma leitura atenta
das respostas dadas pelos coordenadores acerca dos objetivos e conteúdos de
seus módulos, selecionamos as mais representativas:
Coordenador D4 - A presença de um “texto base” em cada
unidade acompanhada de “atividade” estreitamente
vinculada, mais fórum e chat promoveu qualitativa
articulação dos objetivos e conteúdos de aprendizagem. A
85
resposta materializada em interatividade, em colaboração,
foi indicador decisivo para a excelente articulação de
objetivos e conteúdos operada pelos cursistas.
Coordenador D5 - Todos os conteúdos foram organizados
no sentido de atender aos objetivos propostos: foram
apresentadas as principais interfaces da internet presentes
na docência online, as estratégias didáticas de utilização
destas interfaces na educação online usando aula em
comunidades de aprendizagem.
Coordenador D12 - As relações foram estabelecidas,
buscando referenciar textos para leitura e análise relativos
aos conteúdos, tendo a preocupação de dinamizar as
contribuições na direção dos objetivos traçados.
Como se pode observar nas declarações apresentadas, os coordenadores
utilizaram textos em cada unidade, acompanhados de atividades voltadas para
cocriação e colaboração, organizadas no sentido de atender aos objetivos
propostos. Entretanto, Araújo (2007) nos alerta que, para que a interatividade
com o conteúdo e com seus autores seja efetiva, podem-se utilizar interfaces
síncronas e assíncronas, por permitirem troca de saberes, desejos, construção
coletiva dos conhecimentos e dúvidas a qualquer tempo/espaço, o que nos
remeteu à avaliação do chat e do fórum pelo Coordenador D4, para quem essas
interfaces, como partes de uma atividade que se seguiu à leitura de um texto-
base, permitiram qualitativa articulação entre objetivos e conteúdos de
aprendizagem”.
É importante salientar que todos os coordenadores (100%) utilizaram
textos-base como estratégia de articulação entre objetivos e conteúdos, os quais
foram apresentados por meio das interfaces livro ou página web do Moodle ou
por meio de arquivo .PDF:
Coordenador D3 - Apresentamos o conteúdo das teorias
em unidades a partir do recurso do texto-base em .pdf. e do
livro hipertextual. Além dos conteúdos, criamos um fórum
“cocriando o hipertexto”, que teve como objetivo garimpar e
cocriar sugestões de links para o livro. Avaliamos que os
livros não utilizaram muito os potenciais do hipertexto em
sua versão inicial. No fórum de discussão, criamos
situações de aprendizagem relacionando a teoria com a
prática da aprendizagem online.
86
Percebemos, pelo relato de D3, que foram usados livros hipertextuais em
conjunto com conteúdos em .PDF. Segundo Santos e Silva (2009), o hipertexto
democratiza a relação do indivíduo com a informação, por ser estruturado em
links com textos, imagens, som, palavras, páginas etc., articulando o percurso da
aprendizagem em caminhos diferentes, onde os aprendizes possam construir
seus próprios mapas e conduzir suas explorações, considerando-os como ponto
de partida no processo de construção do conhecimento.
Outro ponto a ser destacado são as atividades didáticas contempladas no
planejamento do desenho didático de um curso online, que venha favorecer o
equilíbrio entre o autoestudo, caracterizado pela aprendizagem individual
baseada na autonomia do aprendiz, e a interação dos participantes,
caracterizada pela aprendizagem cooperativa baseada no diálogo do grupo
(LOPES; PADILHA, 2006).
Coordenador D5 - As atividades (fóruns e wikis) buscaram
a participação colaborativa de todos os participantes, para
que o texto inicial proposto fosse aprofundado, juntamente
com a discussão do conteúdo.
Coordenador D6 - Para o conteúdo teórico foram propostas
discussões em fóruns e algumas atividades que buscavam
a reflexão sobre a atuação docente em AVA; para a
formação instrumental, foram propostas atividades de
experimentação dos recursos discutidos em um espaço de
testes no Moodle, além de um fórum permanente onde
eram discutidas dicas e dúvidas sobre o ambiente.
Coordenador D9 - As atividades e propostas de interação
nos fóruns foram pensadas de modo a instigar o
compartilhamento/construção de ideias e conhecimentos.
Assim, ao mesmo tempo em que levantávamos
expectativas, íamos mapeando o contexto, especialmente
em relação aos temas abordados no curso, e isso
favorecendo as diversas linguagens (música, imagens,
escrita, oral etc.). O uso de questões/provocações
nortearam as discussões nos fóruns - regadas pela teoria.
Segundo Silva (2006), os conteúdos e as estratégias de atividades devem
contemplar o potencial pedagógico, comunicacional e tecnológico do computador
conectado à internet, bem como as disposições de interatividade próprias dos
ambientes online de aprendizagem. Assim, os coordenadores novamente
enfatizam a interação e a colaboração, mas agora nas estratégias de atividades,
87
e destacam o fórum como interface potencial interativa e colaborativa na
construção do conhecimento.
Outro aspecto fundamental ressaltado é a inserção de um mix de
linguagens imagéticas, sonoras, visuais e textuais que sugere apropriação e
formatação adequadas, pois se trata de ambiência com linguagens, tempos,
espaços e memória específicos, o que pressupõe o conhecimento da capacidade
do uso das tecnologias bem como dos fundamentos teóricos que norteiam a
tomada de decisões para que a perspectiva potencializadora redunde em avanço
de conhecimento.
A definição de estratégias de avaliação da aprendizagem compreende
uma concepção entre teoria de aprendizagem e metodologia de ensino, para
verificar em que nível os objetivos e metas propostos pelo curso foram atingidos.
Luckesi (2003) afirma que a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre os
dados relevantes dos processos de ensino e aprendizagem que auxiliam o
docente a tomar as decisões necessárias sobre o trabalho realizado.
As idéias de Luckesi poderiam ser aplicadas na criação de um desenho
didático em educação online, ou seja poderia um DD assumir a avaliação com
uma concepção formativa, continuada e processual (LUCKESI, 2003)? A
resposta pode ser encontrada nos depoimentos dos coordenadores consultados.
Comecemos pelo que disse o Coordenador D4:
Trabalhamos com os três itens de avaliação definidos na
proposição geral do projeto interinstitucional: A. Desenho
didático (arquitetura dos conteúdos e das situações de
aprendizagem); B. Docência (mediação pedagógica dos
professores); e C. Discência (coautoria na prática
pedagógica).
Essa avaliação envolveu todos os participantes do projeto, que foram
convidados a analisar a docência, a discência e o desenho didático ao final de
cada módulo, conforme relato do Coordenador D3:
Para avaliação da aprendizagem dos alunos convidamos
cada participante para sistematizar sua aprendizagem num
portfólio online. Para avaliação da nossa prática, do nosso
desenho didático e da docência do nosso módulo,
utilizamos o fórum
.
88
Outro aspecto observado na fala do sujeito é o uso do portfólio como um
dispositivo de avaliação formativa. Segundo Santos e Araújo (2009), esse tipo de
instrumento é utilizado para demonstrar as evidências de aprendizagem, por
reunir a coleção das produções dos apredizes, pela qual seu progresso pode ser
avaliado pelo docente, de modo a verificar suas potencialidades e os aspectos
que precisam ser melhorados. Dessa forma, o discente torna-se participante ativo
do processo avaliativo, por selecionar amostras de seu trabalho e incluí-las no
seu portfólio (SANTOS; ARAÚJO, 2009).
Essa estratégia, pautada na avaliação das atividades, sejam estas
individuais ou colaborativas, reflete uma avaliação que estaria a serviço da
construção do conhecimento do aprendiz, por envolver uma análise crítica e
cuidadosa no julgamento da qualidade da produção e das estratégias de
aprendizagem utilizadas.
Outra estratégia de avaliação utilizada no campo da presente pesquisa
pode ser conhecida pelo depoimento do Coordenador D10:
Disponibilizamos no Moodle um instrumento de
autoavaliação e avaliação do nosso módulo, utilizando a
interface "enquete" agregada ao diário de bordo, para que
os participantes pudessem colocar seus comentários.
Percebemos que, além do processo avaliativo do módulo instituído no
projeto interinstitucional, o dulo J, planejado pelo Coordenador D10, utilizou a
interface enquete, agregada ao diário de bordo, para avaliar os seguintes
aspectos: concepção educacional; conteúdos de aprendizagem; propostas de
atividades; atuação nas interfaces; e sugestões e comentários sobre o módulo.
A interface enquete serve para fazer pesquisas rápidas, para estimular a
reflexão sobre um tópico para escolher entre sugestões dadas para a solução de
um problema (RICE IV, 2007). O diário de bordo é uma interface aberta, na qual
se pode acompanhar o percurso de aprendizagem em um espaço reservado
entre discente e docente. Além de servir para o registro mais íntimo de aspectos
que os aprendizes não queiram compartilhar com seus pares. Dessa forma,
observamos que essa interface, diário de bordo, foi utilizada para manter
registros sigilosos, visto que o processo avaliativo ocorreu através da interface
fórum.
89
Vale ressaltar que, mesmo com as propostas de avaliação apresentadas
anteriormente, alguns coordenadores relataram baixa participação dos
integrantes:
Coordenador D7 - Utilizamos o Fórum Avaliativo para que
nossos colegas pesquisadores pudessem postar suas
opiniões e contribuições acerca do módulo, porém tivemos
pouca participação.
Coordenador D13 - Praticamente com minhas respostas
pode ser visto que a avaliação foi prejudicada pelas poucas
respostas obtidas pelo grupo de participantes.
Assim, é possível perceber que temos muitos docentes ainda presos a um
paradigma da transmissão, e que, apesar de pesquisadores da modalidade
online, ainda não conseguiram romper com a lógica comunicacional, na qual
foram educados, e apresentam dificuldades para se expor mesmo quando não
separação entre emissão e recepção. Nesse sentido, vale lembrar as palavras
de Silva (2004, p. 14):
[...] é preciso enfatizar a necessidade de modificar a
modalidade comunicacional predominante na ação
pedagógica do professor a partir do movimento
contemporâneo das tecnologias hipertextuais, esclarecendo
que isso não significa meramente uma nova tecnificação da
sala de aula. Em primeiro lugar está a função social da
escola, que não é simplesmente a socialização das novas
gerações no contexto das novas tecnologias a
“alfabetização digital” entendida num sentido restrito: gerar
mão de obra para o mercado de trabalho cada vez mais
informatizado –, mas, acima de tudo, a educação do sujeito
em nosso tempo.
Avaliar na educação online não significa avaliar o produto final do processo
de ensino-aprendizagem, ou seja, o aluno ao rmino do curso, mas é
diagnosticar, mediar e possibilitar uma avaliação de todos os presentes. E, com
base nos dados, tomar decisões concretas para que o aluno possa aprender mais
e melhor.
Dessa forma, em um DD os processos de planejamento não são peças de
atividades sequenciais independentes. São redes que se conectam umas às
outras, não dispensando a identificação das necessidades de aprendizagem, a
90
definição dos objetivos e o levantamento das limitações e possibilidades do
ensino e aprendizagem.
4.4 COMO O DESENHO DIDÁTICO E A MEDIAÇÃO DOCENTE
PROMOVERAM INTERATIVIDADE, HIPERTEXTUALIDADE E
USABILIDADE
A fase de desenvolvido do DD compreende a produção e a adaptação de
recursos, a parametrização de ambientes virtuais, em sintonia com as demais
mídias e a forma correta de apresentação dos conteúdos, e a preparação dos
suportes pedagógicos, tecnológicos e administrativos. na fase de
implementação, consiste na efetivação do curso, no qual são utilizados os
materiais didáticos desenvolvidos (FILATRO, 2008).
Assim, o DD implementado necessita disponibilizar caminhos que levem
ao diálogo entre todos, no qual, a partir da troca de conceitos, se constrói,
desconstrói e reconstrói o conhecimento das partes envolvidas no novo processo
educacional que se origina na modalidade online, por meio das interfaces de
conteúdo e de comunicação. Para isso, é necessário que o exercício da
comunicação seja interativo e, condicioná-lo a esse modelo implica alguns
rompimentos com a comunicação unidirecional, a linearidade lógica presente nos
currículos e livros e com os modos de pensar, entre outros, para possibilitar a
intervenção sobre a mensagem, em um processo de coautoria e cocriação
(ARAÚJO, 2007).
Os AVA oportunizam, através de variadas interfaces e recursos, uma
reconfiguração dos conteúdos e situações de aprendizagem, mas não garantem
a potencialidade comunicacional própria da interatividade. Nesse sentido, cabe
ao docente online disponibilizar os conteúdos pertinentes de maneira organizada,
que possibilite a reflexão conjunta, e provocar situações de aprendizagem que
sejam desafiadoras, a fim de que ocorra uma verdadeira construção de
conhecimento (RODRIGUES, 2009). Nessa perspectiva, destaco as falas mais
representativas dos sujeitos, após uma leitura atenta das respostas, pelas quais
91
se verifica que todos os coordenadores direcionaram os seus módulos, no que
diz respeito ao DD e à mediação, para promoverem a interatividade:
Coordenador D4 - Tivemos cuidado em primeiro lugar com
a chamada inicial: "Olá, gente querida! Sejam bem-vindos
ao módulo. Somos: fulano, beltrano, ciclano, ....
Convidamos todos e todas ao estar-junto online
colaborativo e cocriativo para o tratamento do tema deste
módulo." está a expressão intencional e sincera de
calor humano, proximidade, acolhimento e convocatória à
colaboração, à participação. Ao mesmo tempo está a
apresentação das imagens dinâmicas dos componentes da
equipe conteudista-desenhista-docente. Em seguida está o
espaço explicitamente destinado à "conversa inicial",
entendida como "planejamento" aberto do módulo e "Boas-
vindas" a todos e todas.
Coordenador D9 - A nossa proposta foi de um desenho
didático aberto e que fosse se construindo a partir da
interação com o grupo. Desse modo, apesar de termos um
projeto esboçado, um planejamento delineado, foram as
interações que nos permitiram alterar, transgredir,
repensar... Não somente as interações, mas os silêncios,
as ausências... Tudo isso foi fundamental para que nosso
desenho didático fosse se constituindo como instrumento
cultural de aprendizagem. A mediação se deu de forma
partilhada, tanto pela equipe gestora, quanto pelos
participantes. Tivemos momentos em que os participantes
assumiram-se como comediadores e em outros nossa
coordenadora, como pesquisadora mais experiente na
teoria e em coerência à teoria, assumia a mediação.
Coordenador D10 - Mediante uma perspectiva dialógica
que amparou tanto a proposição do desenho didático do
curso, quanto as ações de mediação. Vale lembrar que a
perspectiva dialógica nos mobilizou a elaborar ações de
acolhida e de fortalecimento de vínculos, mediante
elaboração de dois vídeos: um em que apresentávamos
nossa terra e outro que apresentava o PPG, para melhor
contextualizar a proposta do nosso módulo.
Atuar numa sala online significa expressar pensamentos, dialogar, trocar
informações e experiências e produzir conhecimento, o que proporciona a
sensação de pertencimento ao grupo, ou, em outras palavras, “o estar junto
virtual” (PRADO; VALENTE, 2002, p. 28), que pode ser evidenciado nas falas dos
coordenadores, como um sentimento de afetividade entre os participantes de um
curso online, apesar da ausência de espaço físico.
92
Silva (2006) acredita que é possível se sentir próximo do outro numa sala
de aula online, apesar da dispersão geográfica. Para o autor, as interfaces
potencializam a socialização online quando promove sentimento de
pertencimento, vínculos afetivos e interatividade.
Outro aspecto relevante é a concepção de um DD aberto, que, segundo
Filatro (2008), é refinado durante o processo de aprendizagem, no qual um
conjunto de ações é pré-configurado de forma que possa ser adaptado no
decorrer do curso mediante feedback obtido junto aos aprendizes. Nesse
processo, docentes e discentes podem trabalhar em busca de objetivos de
aprendizagem, realizando atividades para solucionar problemas e oferecer troca
de conhecimentos mútuos, a partir de uma variedade de recursos, tais como:
vídeos, sites, podcast, entre outros. Dessa forma, o docente não é o especialista
no conteúdo ensinado, ele “dá um passo para o lado e permite que surja o
conhecimento dos alunos” (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 149). Weimer (2002, p.
14) afirma: “se o objetivo do ensino é promover a aprendizagem, o papel
desempenhado pelo professor para atingir esse objetivo muda
consideravelmente”.
Nesse contexto, o DD possibilita a liberdade de imersão, navegação e
exploração na construção do conhecimento de forma hipertextual, sem a
necessidade da linearidade, rompendo com as velhas formas de produzir e
organizar o conhecimento.
Um interessante exemplo de hipertextualidade na implementação de um
DD, no intuito de arquitetar percursos, no qual permitiu aos participantes fazerem
suas opções de escolha, foi à utilização de roteiro de atividades disponibilizado a
cada semana de duração do Módulo D, de forma que transcendeu a linearidade,
conforme constatado na Figura 18.
93
Figura 18 – Roteiro de atividades hipertextual
Como podemos observar, algumas expressões (destacadas em azul)
que, na verdade, são links que levaram os aprendizes às atividades e leituras de
textos-base, de forma a convidar o navegador a desbravar o ciberespaço de
acordo com suas necessidades, desejos e angústias, associando informações
dispostas na rede sem precisar ficar preso à linearidade e valorizando a
autonomia no percurso.
Outros importantes exemplos foram a concepção e implementação dos
Módulos M e N (Figuras 19 e 20), por meio de desenhos didáticos totalmente
hipertextuais, desbancando a linearidade do AVA Moodle.
94
Figura 19 – Desenho didático do Módulo M de forma hipertextual
95
Figura 20 – Desenho didático do Módulo N de forma hipertextual
No DD do Módulo M tamm foi utilizada a estratégia de links (destacados
em azul), que levaram os aprendizes às atividades; aos runs de discussões; a
um fórum histórico, contemplando avisos anteriores disponibilizados pelos
mediadores do respectivo módulo; a um chat; e a uma biblioteca, convidando os
cursistas a explorarem os textos sugeridos para leitura, no que tange à docência
e à avaliação da aprendizagem em educação online.
No DD do Módulo N, os links não foram representadas por expressões em
azul, tal como descrito anteriormente. Eles estavam associados a imagens que
96
expressavam os passos a serem seguidos à luz de uma coreografia didática, que,
segundo Zabalza (2006) se organiza como estratégia de aprendizagem, uma vez
que, “postos em cena”, os passos orientam o processo de aprendizagem dos
estudantes. Corroborando, Anastasiou e Alves (2006, p. 68) salientam que
coreografias são possibilidades de “aplicar ou explorar os meios e condições
favoráveis e disponíveis, visando à efetivação da ensinagem”.
Pensar em um desenho didático estruturado como hipertexto permite que
os aprendizes teçam suas autorias, operando em vários percursos e leituras
plurais, adentrem os conteúdos e criem seus próprios caminhos de leitura, sem
precisar ficar preso à linearidade (SANTOS; SILVA, 2009).
É importante que a hipertextualidade se faça presente nos roteiros e no
material do curso em geral. Nesse sentido, Silva (2004, p. 12) destaca um dos
engajamentos do docente no que concerne à arquitetura de percursos: “[...]
explorar as vantagens do hipertexto: disponibilizar os dados de conhecimento
exuberantemente conectados e em múltiplas camadas ligadas a pontos facilitam
o acesso e o cruzamento de informações e de participações”.
Entretanto, o hipertexto não se restringe ao meio eletrônico, uma vez que,
a hipertextualidade não é um mero produto da tecnologia, mas um modelo
estreitamente relacionado com as formas de produzir e organizar o conhecimento
(RAMAL, 2003).
Nesse sentido, Santos (2006, p. 133) observa que o docente, em sua
mediação, deve procurar “mediar a partilha de sentidos”, para garantir a
participação individual e compartilhada, dispondo as contribuições singulares de
cada participante. A Figura 21 nos mostra um interessante exemplo disso.
Figura 21 – Exemplo de mediação dispondo a contribuição singular do participante
97
Percebemos que o docente, em sua mediação, valoriza o conhecimento do
aluno, no que diz respeito à utilização da modalidade EAD, fazendo links com a
“fala” do aprendiz, arquitetando percursos e mobilizando a inteligência coletiva,
de maneira que os participantes superem a condição de consumidores, de
espectadores, passando à de aprendizes participativos e operativos.
Outro fator importante na concepção do DD é a usabilidade, que permite o
acesso à informação de forma clara e direta o tempo todo, com padrões estéticos
e funcionais, para facilitar a leitura e/ou navegação do aprendiz no ambiente de
aprendizagem.
Constatamos, no campo de estudo, que todos os coordenadores (100%),
ao planejar o DD de seu módulo, atentaram para essa questão. Em geral, todos
utilizaram uma das diretrizes que Nielsen e Tahir (2002), que julgam importante
para construção de um site ou qualquer página na internet, no que diz respeito à
usabilidade, agrupar itens semelhantes na área de navegação, conforme
demonstrado nas Figuras 22 e 23.
Figura 22 – Desenho didático do Módulo H com princípio de usabilidade
98
Figura 23 – Desenho didático do Módulo B com princípio de usabilidade
Em ambas ilustrações percebemos que o DD contemplou agrupamento de
itens. Esses foram relacionados a um determinado tema, como: unidades
didáticas, contemplando todos os conteúdos e atividades referentes ao assunto
abordado; área de interação, implementada com interfaces assíncronas para que
os participantes possam interagir entre si de forma descontraída, com aquela
denominada “Café”, ou de forma colaborativa, para que os aprendizes pudessem
colaborar com ideias/propostas e inserção de itens e comentários; e
apresentação do dulo, com as boas-vindas, os passos a serem seguidos e um
vídeo com um título sugestivo: Você está pronto para o treinamento em e-
Learning?
Outra diretriz citada por Nielsen e Tahir (2002) e observada na concepção
do DD dos Módulos B e H (Figuras 22 e 23) foi o uso recorrente de ícones
representativos, que ajudam aos participantes a distinguir o conteúdo tratado.
Para Abreu (2003), pensar a usabilidade na concepção de cursos online
traz efeitos como: aumento da participação dos alunos nas diversas atividades,
redução do atendimento de help-desk para questões tecnológicas e diminuição
na evasão dos alunos.
99
4.5 AS ESTRATÉGIAS MAIS RECORRENTES NA PRODUÇÃO DOS
DESENHOS DIDÁTICOS
Um dos itens mais importantes na fase de desenvolvimento é a definição
das mídias e das estratégias pedagógicas e tecnológicas a serem utilizadas para
proporcionar novas alternativas e possibilidades de ensino e aprendizagem. Em
seguida, na fase de implementação, o importe é configurar e adicionar no AVA as
estratégias de atividades e conteúdos planejadas para o DD.
O corpus da presente pesquisa, o AVA Moodle, possui um conjunto de
interfaces que podem ser selecionadas pelo docente de acordo com as
estratégias adotadas por ele para atingir os seus objetivos pedagógicos, definidos
na concepção do DD.
Como visto antes, esse ambiente possui interfaces e um conjunto de
funcionalidades síncronas e assíncronas que favorecem a comunicação entre os
integrantes. Além disso, é composto por interfaces, que permitem produzir,
disponibilizar e compartilhar conteúdos de diversos formatos, tais como: textos,
áudios, vídeos, entre outros, denominadas “recursos”; e por interfaces de
comunicação, reservadas para a interatividade entre os participantes, como, por
exemplo, fórum e chat, e denominadas “atividades”.
Portanto, ao analisarmos as estratégias mais recorrentes no corpus da
pesquisa, ou seja, as mais utilizadas pelos coordenadores em seus módulos,
chegamos a duas vertentes: recursos e atividades (como se encontram
denominadas no próprio Moodle).
Recursos
Através dos recursos didáticos existentes no Moodle, o professor dispõe
de uma variedade de opções para trabalhar o conteúdo da disciplina, tais como:
links para arquivos em formatos diversos, recursos específicos para a formatação
de conteúdos, inserção de links de site, criação de diretório para acréscimo de
material extra, entre outros. Apresentamos as recorrências de utilização das
interfaces recursos do Moodle no projeto interinstitucional, expressas no Gráfico
12.
100
Gráfico 12 – Estratégias de recursos utilizadas pelos sujeitos
63
36%
43
25%
37
21%
26
15%
4
2%
1
0%
1
1%
Página Web
Link Arquivo
Link Site
Livro
Podcast
MediaCenter
Diretório
63
36%
43
25%
37
21%
26
15%
4
2%
1
0%
1
1%
Página Web
Link Arquivo
Link Site
Livro
Podcast
MediaCenter
Diretório
Constatamos que, das sete estratégias apresentadas no AVA, no que diz
respeito à utilização das interfaces “recursos”, a Página Web foi a mais
empregada na confecção dos DD, com 63 (36%) recorrências. Segundo Rice IV
(2007), a Página Web é um dos recursos disponíveis para divulgar informações
importantes, roteiro de atividades, cronograma do curso, entre outros. Para tanto,
utiliza-se uma barra de formação (editor HMTL), que permite inserção de
imagens, links, etc. e alteração no tipo, tamanho e cor da fonte, sem a
necessidade de maior conhecimento técnico sobre linguagem e programação
HTML.
Outro aspecto importante é o emprego do recurso Link Arquivo, com 43
(25%) recorrências de utilização, no qual foram disponibilizados arquivos para
leituras dos mais diversos aplicativos, tais como: .PDF, processadores de texto
(Word), apresentação (Power Point), vídeos e áudios (mp3). Dessa forma,
observamos que essas ocorrências se deram por haver nove (69%) sujeitos
muitos experientes e quatro (31%) com razoáveis experiências no uso do
computador com acesso à internet, sendo que, dos 13 coordenadores, todos
(100%) estavam acostumados a utilizar o aplicativo processador de texto (como o
Word), que também disponibiliza uma barra de formação em HTML.
101
Machado Jr. (2008) afirma que o Moodle, com o seu editor de textos e
todas as suas potencialidades em favor da concreticidade do ato comunicacional,
permite que as ideias, em sua virtualidade, sejam transcritas com riqueza visual,
ao mesmo tempo em que permite aproximar o texto digitado da palavra falada.
Figura 24 – Exemplo de conteúdo com o uso do editor de texto
Igualmente, o uso de caracteres ou ícones que representam as
expressões faciais permite levar emotividade e elementos da linguagem não
verbal para as interações online. As “carinhas”, juntamente com a expressiva
formatação do texto, ampliam o potencial comunicacional e, logo, interativo e
educacional do ambiente ao reforçarem o sentido do diálogo escrito.
Atividades
No AVA Moodle encontramos diferentes tipos de interfaces que
possibilitam a comunicação entre os sujeitos que trafegam no ciberespaço. Esse
diálogo pode ser síncrono, isto é, em tempo real, no qual os participantes
necessitam estar conectados ao mesmo tempo. Para Alves (2009, p. 189), esse
tipo de comunicação é fundamental para “garantir um nível de interatividade nas
atividades que serão desenvolvidas pelos professores que utilizam os AVAs
como mais um espaço de aprendizagem”. Ou assíncrono. E aqui podemos
verificar que as interfaces assíncronas efetivam e garantem a comunicação em
momentos distintos sem a presença dos sujeitos, isto é, com uma diferença entre
o momento em que foi enviada a mensagem o momento em que esta será
102
recebida. Apresentamos seguir as recorrências de utilização das interfaces
atividade do AVA Moodle no projeto interinstitucional, expressas no Gráfico 13.
Gráfico 13 – Estratégias de atividades utilizadas pelos sujeitos
Verificamos que das dez interfaces de atividades do AVA Moodle, o Fórum
foi à atividade mais utilizada, com 67 (53%) ocorrências de utilização por parte
dos sujeitos da pesquisa, tendo o wiki como a segunda estratégia mais recorrente
(15 frequências 12%). Esses dados se explicam pela caracterização dos 13
coordenadores, com todos (100%) tendo exercido a docência no Moodle com
utilização do fórum e quase todos (85%) tendo utilizado o wiki em ambientes
digitais.
Entretanto, em alguns módulos, os coordenadores não tiveram uma
participação efetiva na utilização da atividade wiki, conforme seus relatos:
Coordenador D4 - O
wiki
proposto não vingou. O fórum e o
chat
foram às atividades mais ricas que favoreceram a
expressão do tema central do módulo: a interatividade.
Coordenador D10 - Eu gostaria de abordar nossa (não)
atuação no
wiki
proposto. O
wiki
ficou praticamente intacto
.
10
8%
67
53%
15
12%
1
1%
5
4%
6
5%
3
2%
12
9%
5
4%
3
2%
Tarefa
Fórum
Wiki
Pesquisas de
avaliação
Diário
Escolha
Flash Meeting
Chat
Glossário
Base de dados
10
8%
67
53%
15
12%
1
1%
5
4%
6
5%
3
2%
12
9%
5
4%
3
2%
Tarefa
Fórum
Wiki
Pesquisas de
avaliação
Diário
Escolha
Flash Meeting
Chat
Glossário
Base de dados
103
Constatamos que tal fato se deu pela prática enraizada na cultura de
massa, centrada na transmissão de dados e desprovida de mecanismos que
favoreçam a criação coletiva e a aprendizagem construída, pois foram
apresentadas pelos participantes, através do fórum de avaliação de cada módulo,
sugestões de práticas para que os integrantes pudessem atuar na lógica todos-
todos para favorecer a aprendizagem colaborativa no uso dessa atividade.
Coordenador D6 - Posso acrescentar apenas que a forma
escolhida para construção do
wiki
não auxiliou o trabalho
colaborativo e livre, pois o objetivo da construção
hipertextual no
wiki
é justamente romper com as barreiras
do meu”, dar oportunidade para as pessoas (todas)
fazerem parte de um texto colaborativo de forma completa
e dinâmica
.
Coordenador D3 - Com relação ao
wiki
, que cada grupo
apresente nesta interface um pequeno resumo, com suas
visões sobre as questões mais relevantes levantadas
durante cada módulo, como um ponto de partida para a
produção coletiva (editando ou não o texto alheio).
Segundo Litto (2003), se o educador transpuser suas técnicas de sala de
aula, baseada na transmissão, para a educação online, por meio de ambientes
virtuais, pode facilmente entediar seus alunos e assistir a uma grande evasão em
seus cursos e aulas online.
Santos e Silva (2009, p. 267) afirmam que as disposições dos conteúdos e
as situações de aprendizagem dispostos em ambientes digitais não devem ser
simplesmente assistidas, precisam ser operadas de forma individual e coletiva,
porque são “expressões da codificação digital que oferece imersão, operatividade
e interatividade aos indivíduos e aos grupos”, o que não acontece com as mídias
de massa.
Dessa forma, o DD passa a ter um papel importante na construção e
interação entre docentes e discentes, pois precisa proporcionar uma liberdade
para manipular as informações acadêmicas oferecidas na tela do computador,
com a possibilidade de serem criadas ou recriadas de acordo com o
desenvolvimento, participação e decisões daqueles que a manipulam.
Para tanto, o DD deve ser pensado sempre como um espaço onde devem
ser contempladas as interfaces de conteúdo e comunicação. Ou seja, uma obra
104
aberta, no qual todos participam e interagem ao mesmo tempo,
independentemente do espaço geográfico.
4.6 POTENCIALIDADES E LIMITES DO MOODLE PARA PRODUZIR
INTERATIVIDADE, HIPERTEXTUALIDADE E USABILIDADE
A interação que ocorre na tela de computador entre os integrantes deve
estar sediada em algo que estimule essa ação. Não somente pelos textos,
imagens e sons que advenham dela, mas através de um DD interativo, cuja
equipe responsável por sua construção deve estar atenta para a questão da
interatividade, hipertextualidade e usabilidade, de modo que os aprendizes
passem a ser sujeitos operativos, participativos, capazes de aprender
colaborativamente, através de experimentações, trocas de saberes e discussões
sobre os temas propostos, ultrapassando, assim, a condição de consumidores e
espectadores de informação.
Nunca é demais lembrar: é importante pensar no AVA a ser utilizado, em
seu planejamento, para disponibilizar caminhos que levem a um diálogo entre
todos, em que a troca de conceitos contribua para construir, desconstruir e
reconstruir o conhecimento.
Dessa forma, procuramos identificar as potencialidades e limites que o
AVA Moodle proporciona na concepção do DD, no que tange a interatividade,
hipertextualidade e usabilidade.
A seguir apresentamos alguns depoimentos que mostram a potencialidade
do AVA Moodle:
Coordenador D5 - O AVA é de fácil usabilidade e suas
interfaces oportunizam uma boa interatividade, como
também a construção de um texto hipermidiático.
Coordenador D6 - A facilidade com que se pode adequar e
adaptar visualmente o ambiente, construir de forma
hipertextualizada é o grande potencial do Moodle no que
diz respeito à usabilidade e hipertextualidade. A
possibilidade de interação através de diversos recursos
onde a "fala" de cada um pode ser "ouvida", além da
possibilidade de configuração dos diversos recursos com
105
relação à sobreposição de funções no ambiente, são, no
meu entender, as potencialidades q o ambiente apresenta
para a interatividade.
Coordenador D7 - Muitas potencialidades: do ponto de vista
da interatividade foi um projeto muito significativo na
medida em que deu visibilidade às nossas pesquisas e
produções, favorecendo parcerias futuras e fortalecendo
relações de amizade. Quanto à hipertextualidade, a
qualidade de textos favoreceu as trocas intelectuais e a
emergência da inteligência coletiva. Como seres humanos
somos hipertextuais e os ambientes virtuais tais como o
Moodle só vêm contemplar essa característica humana. No
que tange à usabilidade, na minha opinião, se
concentram os aspectos mais positivos desse projeto: achei
o desenho didático bastante flexível e aberto a
intervenções, a navegação muito simples, os conteúdo dos
diversos módulos dos PPGs muito relevantes, o projeto
consistente, e o tempo concedido aos participantes
adequado.
Coordenador D9 - Acho o Moodle muito amigável e
conseguimos utilizar outros recursos como webconferência
(por fora). O ambiente é por si interativo. A
hipertextualidade é decorrência de sua utilização e também
a usabilidade. Sinto que o problema não seja em relação
aos limites do Moodle, mas aos nossos conhecimentos
limitados em relação a ele.
Podemos depreender de tais depoimentos que o Moodle possui
potencialidades no que tange a interatividade, hipertextualidade e usabilidade,
quando se pensa na produção do DD para educação online e no objetivo
principal do projeto interinstitucional, contexto do presente estudo, que é formar
docentes para criação de cursos/aulas online e exercício da docência online,
capazes de promover e avaliar a aprendizagem lançando o das interfaces
digitais.
Uma construção textual mais rica e participativa pode ser propiciada pelos
recursos do AVA, no momento em que se possibilita a construção textual
permeada por hiperlinks. A arquitetura hipertextual de percursos precisa “garantir
um território de expressão e aprendizagem labiríntico, com sinalizações que
ajudam o aprendiz a não se perder, mas que ao mesmo tempo não o impeça de
perder-se” (SILVA, 2004, p. 12).
A usabilidade é promovida ao se adotar o padrão visual de outra interface
conhecida. Por sua vez, isso vem a auxiliar no processo de interação mútua
106
entre os participantes, que melhor utilizam as interfaces do AVA para sua
comunicação no processo de construção do conhecimento.
Segundo Machado Jr. (2008), o Moodle responde aos quesitos
participação-intervenção e bidirecionalidade-hibridação, elencados por Silva
(2006), para proporcionar a interatividade, na qual se estimulam a exploração e a
participação.
Outro aspecto a ser ressaltado é a possibilidade de utilização de outras
interfaces digitais externas dentro do AVA Moodle, como o Flashmeeting, uma
interface de uso gratuito de webvideoconferência, disponibilizada pela Open
University (Inglaterra), que permite a interação por meio de chat, áudio e vídeo,
além de compartilhar apresentações e documentos e permitir que se grave uma
conferência ser assistida posteriormente.
Quanto aos limites do AVA Moodle, na visão dos coordenadores,
envolvidos com a definição de desenhos didáticos para produzir a interatividade,
hipertextualidade e usabilidade, podemos conhecê-los por meio dos depoimentos
de alguns dos mais representativos desses coordenadores:
Coordenador D2 - O moodle apresenta excesso de
interfaces, que se não forem selecionadas as mais
significativas, confunde o aluno e o leva a se dispersar nas
interfaces. Também os resultados das produções dos
alunos ficam em cada interface, não se organizam num
portfólio, por exemplo. Não conseguimos ter uma visão do
todo do percurso do nosso aluno em termos de produções.
Elas estão em cada interface. A usabilidade pode ficar
prejudicada quando a internet é lenta ou de difícil acesso
em muitas localidades do interior quando se fala em
educação
online
.
Coordenador D1 - A utilização do modulo livro no ambiente
Moodle, especificamente, propiciou a construção de
hipertexto dentro do ambiente, mas se mostrou limitada,
devendo ainda ser utilizados conteúdos em HTML e Flash.
Usabilidade - a usabilidade do ambiente (Moodle). A
organização do ambiente (módulos sequenciais)
apresentados um após o outro - tipicos do ambiente Moodle
- deixou o ambiente um pouco poluído e com muitas
informações, tornando, por vezes, difícil acompanhar o
curso.
Coordenador D12 - Os problemas que tivemos não foram
relativos ao Moodle, mas ao percurso do módulo, dividido
em duas partes, iniciado em período de férias, e com a fase
em que a equipe do módulo estava repleta de atribuições.
107
Constatamos que o excesso de interfaces e de picos no ambiente em
que foi concebido o DD de cada módulo foi a limitação mais recorrentes do AVA
Moodle, segundo os sujeitos do presente estudo.
Outro aspecto que observamos, são os saberes docentes, situados por
Rodrigues (2009), no que tange ao conhecimento tecnológico e à experiência em
situações educacionais. Nesse sentido, a autora afirma que a formação docente
deve ser voltada para além de treinamentos para execução de tarefas sem
reflexão sobre o processo.
Corroborando, Bonilla (2005) aponta para a necessidade de uma formação
docente para além do aspecto instrumental, que ofereça aos professores um
trabalho formativo que contemple processos de produção do conhecimento, de
criação e cocriação possibilitadas pelas interfaces digitais, em detrimento da
simples execução de atividades técnicas.
Outro fator importante e para o qual chamamos atenção, ainda que não se
relacione necessariamente com o AVA Moodle, é o planejamento da execução
dos módulos, que permitiu que ocorressem algumas fases do curso em períodos
de rias quando os profissionais se encontravam envolvidos com outros
afazeres.
Filatro (2008) aponta que a fase de análise é o primeiro passo a ser dado
na concepção do DD, por se tratar do levantamento das necessidades
educacionais, da caracterização dos alunos e da verificação das restrições.
Araújo (2007) nos alerta que, na construção do projeto pedagógico e do
planejamento do processo de aprendizagem, a necessidade de se pensar na
programação de todo o curso e de cada uma das atividades adotadas, até a
avaliação proposta, para arquitetar as situações de aprendizagem dentro de um
ambiente digital.
108
CONSIDERAÇÕES FINAIS
vale a pena ser educador dentro de um
contexto comunicacional participativo, interativo,
vivencial. Só aprendemos profundamente dentro
desse contexto. Não vale a pena ensinar dentro
de estruturas autoritárias e ensinar de forma
autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto
prazo os alunos aprendem rapidamente
determinados conteúdos programáticos, mas
não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos.
(José Manuel Moran)
Num contexto de mudanças e marcado pelo computador conectado à
internet, a educação tem ampliado as possibilidades de democratização por meio
da EAD, na qual se constitui uma nova configuração educacional, e tem nos AVA
o seu grande suporte tecnológico para o ensino e a aprendizagem para essa
modalidade.
É comum, no entanto, encontrarmos nesses ambientes cursos e aulas
online que subutilizam as tecnologias digitais, pela inadequação do desenho
didático, muitas vezes fundamentado na realização de tarefas individuais que não
se preocupam com o diálogo.
Dessa forma, neste estudo buscamos analisar o desenhos didáticos e sua
capacidade de produzir interatividade, hipertextualidade e usabilidade, a partir da
observação e anásile de cada desenho planejado pelos 13 coordenadores de
módulos do projeto coletivo e interinstitucional Formação de Professores para
Docência Online, locado no AVA Moodle.
Para responder ao problema da pesquisa, utilizamos cinco questões que
orientaram essa trajetória e se formalizaram nas reflexões sintetizadas abaixo.
A partir da resposta à primeira questão, “Que objetivos direcionaram o
coordenador de cada módulo: o que apresentam em comum e em que se
diferenciam?”, verificamos que os objetivos se direcionaram para a prática
docente online e para a aprendizagem online, no que tange a interatividade e
aprendizagem significativa.
As abordagens pedagógicas tratadas nos DD de cada módulo foram
permanentemente voltadas para a participação ativa dos aprendizes, favorecendo
109
a expressão do diálogo, do compartilhamento e da autoria colaborativa, levando-
os a se posicionarem como protagonistas de seus percursos de aprendizagem.
Outro aspecto abordado foi à atribuição de significados àquilo que se
estuda, por meio de definições claras dos objetivos de cada módulo, de forma
que se entenda o porquê do aprendendizado, e de ilustrações que façam
analogia com aquilo que se lê, de modo que facilitem o entendimento do assunto
tratado. Assuntos voltados a propiciar competências e autonomia dos docentes
para a construção de projetos pedagógicos que utilizem as tecnologias digitais
como potencializadoras do exercício da docência e da aprendizagem.
A segunda questão, “Como esses objetivos se relacionam aos conteúdos
de aprendizagem, às atividades, aos acionamentos das interfaces e às
estratégias de avaliação propostas nos módulos?”, produziu respostas que nos
permitiram constatar que os conteúdos de cada módulo foram organizados e
apresentados por partes, de acordo com os objetivos propostos, de modo a
permitir que o aprendiz articulasse os diversos conceitos que lhe foram sendo
apresentados de forma gradativa. De maneira que o entendimento da temática
posta pudesse ser cada vez mais aprofundado. Para isso, os coordenadores
utilizaram os recursos livro e página web do AVA Moodle, no sentido de atender
aos objetivos propostos.
Esses conteúdos foram acompanhados de atividades, voltadas para
cocriação e colaboração, utilizando-se, para isso, interfaces síncronas e
assíncronas do AVA, tendo o fórum como interface potencial interativa e
colaborativa na construção do conhecimento.
Além disso, foram utilizadas estratégias de avaliação como uma
concepção formativa, continuada e processual, convidando todos os participantes
a analisarem a docência, a discência e o desenho didático ao final de cada
módulo, por envolver uma análise crítica e cuidadosa no julgamento da qualidade
da produção e das estratégias de aprendizagem utilizadas.
Considerando a terceira questão, “A partir dos objetivos e das atividades
propostos, como o desenho didático e a mediação docente promoveram a
interatividade, a hipertextualidade e a usabilidade?”, verificamos pelos resultados
obtidos que as mediações docentes promovem interatividade, hipertextualidade e
usabilidade por meio das interfaces do AVA Moodle com o uso de DD baseados
nesses três princípios e nos recursos do ambiente, numa perspectiva dialógica,
110
que valorizou o conhecimento do aluno, estruturada por hipertextos e organizada
de forma que os aprendizes tivessem fácil acesso às informações. No que diz
respeito ao diálogo, foram utilizadas estratégias para que os integrantes
pudessem expressar seus pensamentos, trocar informações e experiências e
produzir conhecimento de forma colaborativa, promovendo sentimento de
pertença, vínculos afetivos e interatividade.
Com os hipertextos, provomeu-se a liberdade de imersão, navegação e
exploração na construção do conhecimento, sem a necessidade da linearidade,
rompendo com as velhas formas de produzir e organizar o conhecimento. Assim,
os aprendizes puderam tecer suas autorias, operando em vários percursos e
leituras plurais, adentrar os conteúdos e criar seus próprios caminhos de leitura.
Com relação ao acesso à informação, os DD foram disponibilizados de
forma clara, com padrões estéticos e funcionais que ajudaram e facilitaram a
leitura e a navegação dos aprendizes no ambiente de aprendizagem. Foram
utilizadas estratégias de agrupar itens semelhantes a uma área de navegação,
promovendo-se usabilidade e propiciando redução do atendimento de help-desk
para questões tecnológicas.
Com a quarta questão, “Quais foram às estratégias mais recorrentes
utilizadas pelos coordenadores dos módulos na produção dos seus desenhos
didáticos?”, levantamos matéria que nos levou a constatar que o AVA Moodle
possui um conjunto interfaces síncronas e assíncronas que favorecem a
comunicação entre os integrantes, denominadas “recursos” (permitem produzir,
disponibilizar e compartilhar conteúdos de diversos formatos, como: textos, áudio,
vídeos, entre outros) e atividades reservadas para a interatividade entre os
participantes (como, por exemplo, chat e blog) denominadas “atividades”. As
estratégias mais recorrentes na disposição dos conteúdos centraram-se no
recurso página web, e em seguida, no livro, que propicia uma barra de formação
(editor HMTL) que permite inserção de imagens, links, expressões multimídia
etc., sem haver a necessidade do conhecimento técnico sobre linguagem e
programação HTML.
Em relação às estratégias de interfaces de comunicação, o uso mais
recorrente foi a atividade fórum e, em seguida, a wiki. O fórum favoreceu a
interatividade entre os participantes, por possibilitar diálogos entre os integrantes
geograficamente dispersos, sem a necessidade de que todos estivessem
111
conectados ao mesmo tempo. na atividade wiki, a participação o foi efetiva
em todos os módulos, pelo fato de os participantes estarem muito ligados a
técnicas de sala de aula, baseadas na transmissão e desprovidas de
mecanismos que favoreçam a criação coletiva e a aprendizagem construída.
Para responder à última questão, “Quais os limites e as potencialidades do
Moodle, na visão dos coordenadores dos módulos, para produzir interatividade,
hipertextualidade e usabilidade na definição dos seus desenhos didáticos?”,
partimos do pressuposto que os ambientes virtuais de aprendizagem devem
permitir os cursistas aprenderem colaborativamente, através de experimentações,
trocas de saberes e discussões sobre os temas propostos, ultrapassando, assim,
a condição de meros consumidores e espectadores de informação. Em seguida,
verificamos que o AVA Moodle propicia, sim, potencialidades na construção
textual rica e participativa por meio das interfaces recursos e atividades na
concepção do DD, de modo a adotar padrões visuais de interface conhecida,
facilitando assim o acesso à informação.
Em relação aos limites do uso do AVA Moodle, baseada na visão dos
coordenadores, na definição de seus desenhos didáticos a produzir a
interatividade, hipertextualidade e usabilidade, constatamos que o excesso de
interfaces e de utilização de picos no ambiente, no qual cada tópico
representou um módulo, foi uma limitação real, expressa por mais de um sujeito
do presente estudo.
Assim, cabe ressaltar que, ao analisar ambientes virtuais para propiciar
cursos ou aulas online, é de extrema importância estarmos atentos na
programação de todo o curso, nas atividades que serão adotadas, até a
avaliação proposta, para arquitetar as situações de aprendizagem dentro de um
ambiente que favoreça interatividade, hipertextualidade e usabilidade.
Proporcionar educação online não é o mesmo que oferecer educação
presencial ou a distância via suportes tradicionais. É preciso educar com base em
diálogo, troca, participação, intervenção, autoria e colaboração. É certo que essa
metodologia o é prerrogativa do computador conectado com a internet, mas é
nele que se encontram maiores possibilidades para sua sua aplicação bem-
sucedida. Com base nos resultados apresentados na presente pesquisa,
pretendemos contribuir com a educação online, especificamente a produção do
desenho didático, de modo a levar os aprendizes a ultrapassarem a condição de
112
consumidores, espectadores, incluindo-se na condição de sujeitos operativos,
participativos, criativos, capazes de aprender colaborativamente. Tudo isso
implica o uso de desenhos didáticos que contemplem interatividade,
hipertextualidade e usabilidade.
Dessa forma, o professor precisará se dar conta das potencialidades das
interfaces digitais, atuando como coautor de novas metodologias, concepções,
situações de aprendizagem, conteúdos e abordagens. Entretanto, para que isso
ocorra, não basta a iniciativa particular de cada docente em busca de qualificação
profissional; é preciso que nosso sistema educacional se organize
estruturalmente e invista na formação continuada dos seus docentes de maneira
a adaptá-los ao novo modelo educacional e inseri-los digitalmente, por meio do
uso adequado das interfaces propiciadas pelos AVA. Além disso, deve haver uma
nova orientação em relação aos percursos individuais no saber e um esforço para
o reconhecimento do conjunto das competências das pessoas no sentido de que
os docentes, na modalidade online, aprendam da mesma forma que seus alunos,
pois a docência na cibercultura pressupõe a troca para a construção coletiva do
conhecimento.
113
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120
APÊNDICES
121
APÊNDICE A
FORMULÁRIO PARA ANALISAR O PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Estamos realizando uma pesquisa sobre Desenho didático: possibilidades e
limites no ambiente de aprendizagem Moodle (Título Provisório), que
depende da coleta de dados oferecidos por profissionais como você. Assim,
pedimos que responda às perguntas que se seguem e, desde logo, agradecemos
a colaboração. Quando consolidarmos os resultados, entraremos em contato
para apresentar o que encontramos.
Kelly Fernandes
1 Informações Básicas:
1.1 Nome:
1.2 Sexo: ( ) F ( ) M
1.3 Faixa Etária:
( ) 20-30 anos
( ) 31-40 anos
( ) 41-50 anos
( ) 50 anos ou mais
1.4 Cidade em que reside: Estado:
1.5 Escolaridade: Bacharel ( ) Licenciatura ( ) Especialista ( )
Mestre ( ) Doutor( ) Pós-doutor ( )
1.6 Profissão que exerce:
1.7 Área de formação acadêmica (graduação):
2 Dados relativos ao uso das tecnologias:
2.1 Em relação à sua familiaridade na utilizão da Internet, você se
considera:
122
( ) Pouco Experiente
( ) Razoavelmente Experiente
( ) Muito Experiente
( ) Profissional Expert
2.2. Que tipo de aplicativo você está acostumado a utilizar?
( ) Processadores de texto (como o Word)
( ) Planilhas (como a Excel)
( ) Banco de dados (como o Access)
( ) Apresentação (como o Power Point)
( ) Gestão de projetos (como MS Project)
( ) Editoração eletrônica (como CorelDraw)
( ) CD-ROM/ Multimídia
( ) Outros: _________________________
2.3 Em que situações utiliza o computador/internet?
( ) Docência
( ) Jogos e entretenimento
( ) Gráficos/desenho
( ) Finanças/contabilidade
( ) Banco de dados
( ) Processamento de textos
( ) Suporte à decisão
( ) Programação
( ) Outros: _______________________
2.4. Em que tipo de ambiente virtual de aprendizagem exerceu
docência?
( ) Moodle
( ) TelEduc
( ) WebAula
( ) Amadeus
( ) Blackboard
123
( ) Outros: ______________________
2.5. Quais as interfaces mais utilizadas por você em um ambiente virtual
de aprendizagem?
( ) Fórum
( ) Chat
( ) Mural
( ) Glossário
( ) Wiki
( ) Outros:_____________________
124
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO DE CRIAÇÃO DO DESENHO DIDÁTICO
1. Que objetivos direcionaram o planejamento do seu módulo?
2. Por que esses objetivos foram escolhidos?
3. Que relação(ões) fora(m) estabelecidas entre esses objetivos e os
conteúdos do seu módulo?
4. Como esses objetivos foram contemplados nas atividades/tarefas
desenvolvidas?
5. Como as interfaces utilizadas no seu módulo favoreceram o alcance
(consecução) desses objetivos?
6. Que estratégias de avaliação foram utilizadas para determinar se esses
objetivos foram alcançados?
7. O que você observou em termos de mudanças no desempenho dos
participantes a partir da relação objetivos-atividades-avaliação?
8. Como o desenho didático e a mediação docente promoveram a
interatividade (comunicação baseada na colaboração e no
compartilhamento)?
9. Que limites você percebeu na utilização do Moodle em relação a produzir:
Interatividade: _____________________________
Hipertextualidade:__________________________
Usabilidade:_______________________________
10. Que potencialidades você percebeu na utilização do Moodle em relação a
produzir:
Interatividade: _____________________________
Hipertextualidade:__________________________
Usabilidade:_______________________________
125
ANEXOS
126
ANEXO A
127
128
ANEXO B
Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro 2004
O Ministro de Estado da Educação, no uso de suas atribuições,
considerando disposto no art. 81 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no art. 1o
do Decreto no 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, resolve:
Art. 1o As instituições de ensino superior poderão introduzir, na
organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de
disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial, com base no
art. 81 da Lei no 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria.
§ 1o Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-presencial
como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem
centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em
diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota.
§ 2o Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou
parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária
total do curso.
§ 3o As avaliações das disciplinas ofertadas na modalidade referida no
caput serão presenciais. § 4o A introdução opcional de disciplinas previstas no caput não
desobriga a instituição de ensino superior do cumprimento do disposto no art. 47 da Lei no
9.394, de 1996, em cada curso superior reconhecido.
Art. 2o A oferta das disciplinas previstas no artigo anterior deverá incluir
métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias
de informação e comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como pre-
ver encontros presenciais e atividades de tutoria.
129
Parágrafo único. Para os fins desta Portaria, entende-se que a tutoria das
disciplinas ofertadas na modalidade semi-presencial implica na existência de docentes
qualificados em nível compatível ao previsto no projeto pedagógico do curso, com carga
horária específica para os momentos presenciais e os momentos a distância.
Art. 3o As instituições de ensino superior deverão comunicar as
modificações efetuadas em projetos pedagógicos à Secretaria de Educação Superior -
SESu -, do Ministério da Educação - MEC -, bem como inserir na respectiva Pasta
Eletrônica do Sistema SAPIEns, o plano de ensino de cada disciplina que utilize
modalidade semipresencial.
Art. 4o A oferta de disciplinas na modalidade semi-presencial prevista nesta
Portaria será avaliada e considerada nos procedimentos de reconhecimento e de renovação
de reconhecimento dos cursos da instituição.
Art. 5o Fica revogada a Portaria n. 2.253/2001, de 18 de outubro de 2001,
publicada no Diário Oficial da União de 19 de outubro de 2001, Seção 1, páginas 18 e 19.
Art. 6o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
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