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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS DE HABILIDADES SOCIAIS
ENTRE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN INCLUÍDAS
E CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Mariana Sarro Pereira
São Carlos – SP
2007
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS DE HABILIDADES SOCIAIS
ENTRE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN INCLUÍDAS
E CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Mariana Sarro Pereira
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação Especial
do Centro de Educação e Ciências
Humanas da Universidade Federal de
São Carlos, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Educação Especial
Orientador: Prof. Dr. Almir Del Prette
São Carlos – SP
2007
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
P436sd
Pereira, Mariana Sarro.
Semelhanças e diferenças de habilidades sociais entre
crianças com síndrome de Down incluídas e crianças com
desenvolvimento típico / Mariana Sarro Pereira. -- São
Carlos : UFSCar, 2007.
119 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São
Carlos, 2007.
1. Estudantes com necessidades educacionais especiais.
2. Habilidades sociais. 3. Inclusão escolar. 4. Down,
Síndrome de. I. Título.
CDD: 371.928 (20
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)
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( " //'!i!>'"
Bánca Examinadora da Di~sertação de MarianaSarro Pereira
Prata. Ora. Claudia Maria Simões Martinez
(UFSCar)
Prata. Ora. Ana Claudia Moreira AlmeidaVerdu
(UNESP -Bauru)
Praf Dr.AlmirDei Prette
Orientador
(UFSCar)
Asso
Ass.
Ass.
III
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IV
Apoio Financeiro:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
V
“Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
E é preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
E é preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
No outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz.”
Almir Sater
VI
AGRADECIMENTOS
À minha família, e em especial aos meus pais, Vera e José Carlos, e à minha
irmã Mara, que sempre me apoiaram diante dos obstáculos da vida, sendo co-
responsáveis por todos os meus sucessos.
Ao meu namorado Rodrigo, que me ofereceu todo o apoio técnico, e,
principalmente, emocional para que esse trabalho fosse concluído da melhor maneira
possível.
A todos os meus colegas de laboratório, e em especial a Adriana, Andréa,
Bárbara, Camila, Daniele, Lucas, Margarette, Simone e Thiago, pelas orientações,
sugestões e dicas pertinentes que colaboraram para o avanço e a melhoria desse
trabalho.
Às minhas queridas amigas de curso Simone e Teresa, que além da cooperação
em termos de conteúdo, sempre estavam prontas a compartilhar boas risadas nos
momentos divertidos, e oferecer um ombro amigo nos momentos difíceis.
Às professoras que participaram das bancas de qualificação e defesa, por lerem
tão cuidadosamente o trabalho, e pelas sábias e válidas sugestões ao enriquecimento da
pesquisa.
Às professoras Eliane Araújo e Lisa Barham, pelas orientações,
respectivamente, na metodologia e na análise estatística do trabalho.
Às crianças que participaram do estudo, pelo respeito, carinho e sorrisos que
fazem todos os esforços valerem à pena.
Ao orientador desse trabalho, Prof. Almir, pelas orientações, sugestões e amparo
em todas as etapas da pesquisa.
Á Maria Amélia, S. Avelino e Elza, que além de oferecem o suporte técnico que
os alunos precisam, dedicam um cuidado parental aos mesmos, tornando-os mais
confiantes e o trabalho mais agradável.
VII
SUMÁRIO
Lista de Tabelas.................................................................................................... IX
Lista de Figuras.................................................................................................... X
Resumo.................................................................................................................. XI
Abstract.................................................................................................................. XII
Apresentação......................................................................................................... XIII
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
1. A Educação Especial e a Inclusão Escolar......................................................... 1
2. A Deficiência Mental e a Síndrome de Down.................................................... 10
3. A Inclusão Escolar e a Síndrome de Down........................................................ 17
4. O Desempenho Social, a Inclusão Escolar e a Síndrome de Down................... 21
5. As Habilidades Sociais....................................................................................... 23
6. As Habilidades Sociais e a Síndrome de Down................................................. 35
Problema de Pesquisa e Objetivos.......................................................................... 44
MÉTODO.............................................................................................................. 47
1. Seleção dos participantes ................................................................................... 47
2. Ambiente de realização da pesquisa................................................................... 49
3. Instrumentos e equipamento............................................................................... 49
4. Procedimento de coleta de dados........................................................................ 51
5. Cuidados éticos................................................................................................... 52
6. Tratamento dos dados......................................................................................... 53
RESULTADOS..................................................................................................... 56
1. Semelhanças e diferenças de repertório de habilidades sociais entre os dois
grupos..................................................................................................................... 56
1.1. Escores (gerais e fatoriais) de habilidades sociais com diferença
estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT............................ 56
1.2 Itens (do IMHSC-Del-Prette) de habilidades sociais com diferença
estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT............................ 67
2. Correlação significativa entre escores............................................................... 70
VIII
3. Diferenças de habilidades sociais dentro de cada grupo.................................... 73
DISCUSSÃO......................................................................................................... 78
1. Semelhanças e diferenças de repertório de habilidades sociais entre os dois
grupos..................................................................................................................... 78
2. Correlação significativa entre escores................................................................ 90
3. Diferenças de habilidades sociais dentro de cada grupo.................................... 92
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 97
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 104
ANEXOS................................................................................................................ 119
Anexo A. Critério de Classificação Econômica Brasil
Anexo B. Distribuição dos itens do IMHSC-Del-Prette conforme habilidades
avaliadas, contexto e interlocutores contemplados em cada item
Anexo C. Exemplo de situação do IMHSC-Del-Prette apresentada ao professor
na forma impressa e à criança em vídeo
Anexo D. Aprovação pelo Comitê de Ética
Anexo E. Termo de consentimento livre e esclarecido obtido junto à direção da
instituição
Anexo F. Termo de consentimento livre e esclarecido
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classes e subclasses de habilidades propostas como relevantes na
infância..................................................................................................................... 34
Tabela 2. Caracterização das 20 crianças participantes do estudo.......................... 48
Tabela 3. Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de freqüência das
reações habilidosas relativos aos escores com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT..................................................................... 58
Tabela 4. Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de freqüência das
reações não habilidosas ativas relativos aos escores com diferença
estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT........................................... 59
Tabela 5. Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de adequação das
reações habilidosas relativos aos escores com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT..................................................................... 60
Tabela 6. Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de adequação das
reações não habilidosas ativas relativos aos escores com diferença
estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT........................................... 62
Tabela 7. Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de dificuldade de
emissão das reações habilidosas relativos ao escore com diferença
estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT........................................... 63
Tabela 8. Médias e desvios-padrão (d.p.) de avaliação do professor de freqüência
das reações habilidosas relativos aos escores com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT........................................... 64
Tabela 9. Médias e desvios-padrão (d.p.) de avaliação do professor de freqüência
das reações não habilidosas ativas relativos aos escores com diferença
estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT........................................... 65
Tabela 10. Correlações significativas entre os escores gerais de habilidades
sociais dos 20 participantes.....................................................................................
70
Tabela 11. Correlações significativas entre os escores gerais de habilidades
sociais do grupo SD.................................................................................................
71
Tabela 12. Correlações significativas entre os escores gerais de habilidades
sociais do grupo DT................................................................................................
72
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Médias de auto-avaliação de freqüência das reações habilidosas
relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos
SD e DT...................................................................................................................
58
Figura 2. Médias de auto-avaliação de freqüência das reações não habilidosas
ativas relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os
grupos SD e DT........................................................................................................
59
Figura 3. Médias de auto-avaliação de adequação das reações habilidosas
relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos
SD e DT...................................................................................................................
60
Figura 4. Médias de auto-avaliação de adequação das reações não habilidosas
ativas relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os
grupos SD e DT........................................................................................................
61
Figura 5. Médias de auto-avaliação de dificuldade de emissão das reações
habilidosas relativas ao escore com diferença estatisticamente significativa entre
os grupos SD e DT...................................................................................................
62
Figura 6. Médias de avaliação do professor de freqüência das reações habilidosas
relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos
SD e DT..........................................................................................
64
Figura 7. Médias de avaliação do professor de freqüência das reações não
habilidosas ativas relativas aos escores com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT.....................................................................
65
XI
Pereira, M. S. (2007). Semelhanças e diferenças de habilidades sociais entre crianças
com síndrome de Down incluídas e crianças com desenvolvimento típico.
Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial,
Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP.
Resumo
Estudos recentes sobre a inclusão escolar têm apontado que a mesma traz ganhos
significativos para o desenvolvimento social e cognitivo de grande parte dos alunos com
necessidades educacionais especiais, inclusive para crianças com síndrome de Down.
Considerando os benefícios da inclusão escolar, e as interações sociais como base desse
processo, pode-se pressupor que as relações sociais são significativas no
desenvolvimento social e cognitivo de todas as crianças. Os resultados dos estudos
nacionais e internacionais abordando habilidades sociais em crianças com síndrome de
Down trazem dados contraditórios: enquanto alguns estudos apontam que estes
indivíduos são altamente sociáveis, outros relatam dificuldades de ajustamento social
dos mesmos. Considerando esses aspectos, a presente pesquisa teve como objetivos: 1)
identificar o repertório de habilidades sociais de estudantes com síndrome de Down e o
repertório de habilidades sociais de estudantes com desenvolvimento típico, todos
alunos de classes de escolas regulares de ensino; 2) comparar, em termos de
semelhanças e diferenças, o repertório de habilidades sociais dos dois grupos; 3)
verificar a existência de correlação entre as auto-avaliações de freqüência, adequação e
dificuldade de emissão das reações de habilidades sociais; 4) verificar a existência de
correlação entre as auto-avaliações e as avaliações dos professores sobre as reações de
habilidades sociais; e 5) verificar a existência de diferenças de habilidades sociais
dentro dos dois grupos de participantes separadamente, em função de algumas
características. Participaram do estudo 10 crianças com síndrome de Down incluídas em
classes de escolas regulares de ensino, 10 crianças com desenvolvimento típico, e seus
professores. Foi usado como instrumento o IMHSC-Del-Prette (Inventário Multimídia
de Habilidades Sociais de Crianças-Del-Prette). As análises estatísticas foram realizadas
por meio do Teste-t e do Coeficiente de Correlação de Pearson. Os resultados
permitiram verificar semelhanças entre os dois grupos de participantes no padrão de
comportamentos passivos, e diferenças entre os dois grupos de participantes nos
padrões de comportamentos habilidosos e ativos, em que as crianças com síndrome de
Down, no geral, demonstraram ter um repertório de habilidades sociais mais deficitário.
Foi verificada correlação positiva entre pares de escores de auto-avaliação de
habilidades sociais, bem como entre pares de escores de auto-avaliação e avaliação dos
professores. Com relação às diferenças de habilidades sociais dentro de cada grupo, o
grupo de crianças com síndrome de Down apresentou diferenças de habilidades sociais
em função do tipo de escola e de dificuldade de aprendizagem, enquanto que o grupo de
crianças com desenvolvimento típico apresentou diferenças em função do sexo e de
dificuldade de aprendizagem. A despeito das características fisiológicas da síndrome, é
imprescindível destacar as características aprendidas por esses indivíduos, sendo
fundamental a estimulação adequada dos ambientes que os circundam para o seu
desenvolvimento e aprendizado.
Palavras-chave: inclusão escolar, síndrome de Down, habilidades sociais.
XII
Pereira, M. S. (2007). Similarities and differences of social skills between included
Down syndrome children and typical development children. Master’s
Dissertation, Graduate Program in Special Education, Federal University at São
Carlos. São Carlos, SP.
Abstract
Recent works about students inclusion have shown that it brings significant
improvement to the social and cognitive development to the major part of students with
special educational needs, included those with Down syndrome. Considering the
benefits of that inclusion, and this process based on social interaction, it can be
supposed that the social relationships are significant to the social and cognitive
development for children in the general, as well as for those with special educational
needs. The results of researches concerning to social skills of children with Down
syndrome are controversial: some of them point out that these individuals are highly
sociable while others state difficulties in their social behavior. Considering this
imbalance, the present work had as objectives: 1) identify the social skills repertoire
from both groups of students, with Down syndrome and with typical development; 2)
compare similarities and differences of the social skills repertoire between the groups;
3) verify the correlation among the frequency, the adequation and the difficulty to emit
social skills reactions trough the self-evaluation; 4) verify the correlation between self-
evaluation and the evaluation done by teachers about social skills reactions; and 5)
verify the differences of social skills intrinsic of each group as a function of their own
characteristics. In this research were included 10 children with Down syndrome, 10
children with typical development and their teachers. The scores to evaluate the social
skills were obtained through IMHSC-Del-Prette (Inventário Multimídia de Habilidades
Sociais de Crianças-Del-Prette) tool. T-test and Pearson Correlation Coefficient
performed statistical analyses. The results allowed verify similarities between the
groups as far as passive behavior was concerned. Related to active and skilled behavior
it had been found differences between groups. Generally, children with Down syndrome
showed some deficits in their social skills repertoire in comparison with children with
typical development. Also had been verified a positive correlation between scores of
social skills self-evaluation, as well as between scores of social skills self-evaluation
and these done by teachers. In the intrinsic social skills differences of each group, the
Down syndrome children were affected by type of school and learning disabilities,
while typical development children were affected by gender and learning disabilities. In
spite of the natural characteristics of the syndrome, it is necessary to look with special
attention to the characteristics learned by these individuals. The adequate stimulation of
their environments it is of fundamental importance for their development and learning.
Key words: school inclusion, Down syndrome, social skills.
XIII
Apresentação
O meu interesse em estudar crianças com síndrome de Down surgiu durante o
meu último ano de graduação (2004) no curso de Psicologia na UNESP de Bauru, em
que realizei um estágio em “Intervenção Precoce junto ao Portador de Deficiência”.
Neste estágio o meu principal objetivo era desenvolver atividades acadêmicas e
concentração em uma criança com síndrome de Down de nove anos.
No segundo semestre desse mesmo ano (2004), cursei a disciplina de “Habilidades
Sociais: Prática e Pesquisa” na UFSCar como aluna ouvinte, já com o intuito de
desenvolver uma pesquisa de mestrado, além de ter interesse pela área de habilidades
sociais, com a qual eu havia entrado em contato numa disciplina do quarto ano do meu
curso de Psicologia (Teorias e Técnicas Psicoterápicas IV).
Como eu estava muito engajada e interessada tanto no estágio com a criança
com síndrome de Down quanto na disciplina de Habilidades Sociais, resolvi então
juntar os meus dois focos de interesse e desenvolver um projeto de pesquisa. Entrando
em contato com a literatura da área, percebi que havia poucos estudos, principalmente
no Brasil, sobre os comportamentos sociais de crianças com síndrome de Down, o que
me estimulou ainda mais a desenvolver essa pesquisa.
Para delimitar, então, meu projeto de pesquisa (fundamentação teórica, problema
de pesquisa, hipótese, objetivos, e metodologia), considerei vários aspectos: (1) a
literatura sobre Inclusão, que traz dados de que as crianças com necessidades
educacionais especiais podem se desenvolver melhor em ambientes inclusivos; (2) a
importância que a Inclusão Escolar tem adquirido nos últimos anos (principalmente a
partir da década de 90); (3) a escassez de literatura na área de habilidades sociais de
crianças com síndrome de Down no Brasil; (4) os dados possivelmente controversos dos
estudos sobre a sociabilidade de indivíduos com síndrome de Down; e 5) a possibilidade
de dar continuidade a essa pesquisa, talvez em um doutorado, com foco em treinamento
de habilidades sociais dessas crianças, com o objetivo de melhorar sua qualidade de
vida e seu desenvolvimento.
1
Introdução
Primeiramente, serão tecidas separadamente algumas considerações teóricas
acerca dos temas de Inclusão Escolar, Síndrome de Down e Habilidades Sociais,
explicitando o contexto teórico em que ocorre a presente pesquisa. Não obstante as
particularidades desses temas, espera-se relacioná-los considerando a importância dessa
inter-relação e possíveis pontos em comum. Como será visto na parte introdutória desta
pesquisa, o ambiente inclusivo é permeado por relações sociais, que de certa forma vão
definir tanto o processo educacional de crianças com necessidades educacionais
especiais (NEE), como o daquelas com desenvolvimento típico; portanto, nesse sentido
as relações sociais têm papel importante para a aprendizagem e adaptação dessas
crianças, justificando o investimento em estudos com enfoque sobre os comportamentos
sociais.
1. A Educação Especial e a Inclusão Escolar
Na literatura internacional, principalmente a partir da década de 90, tem-se
enfatizado o princípio de que os alunos com necessidades educacionais especiais (NEE)
são melhor atendidos em ambientes com pares de alunos sem essas necessidades,
conceito este que vem sendo conhecido como inclusão (Federico, Herrold, & Venn,
1999; Murawski & Swanson, 2000; Ripley, 1997; Salend & Duhaney, 1999).
Entretanto, como o processo inclusivo ainda recente é no Brasil, não há conclusões
definitivas acerca de qual a melhor maneira de se educar crianças e jovens com NEE no
sistema educacional do país (Capellini, 2001), tampouco qual seria a melhor forma de
se realizar a inclusão escolar na prática.
2
Segundo Mendes (2002), a educação inclusiva é uma proposta de aplicação
prática ao campo da educação do movimento mundial de inclusão social, paradigma
que implica a construção de um processo bilateral no qual as pessoas excluídas e a
sociedade buscam, em sistema de parceria, efetivar a equiparação de oportunidades para
todos. Entretanto, e educação inclusiva não deve ser reduzida á idéia equivocada de que
para implementá-la é suficiente colocar crianças, jovens e adultos com NEE em escolas
regulares ou em classes comuns. É necessária toda uma estrutura que ofereça subsídios
para uma educação de qualidade aos alunos com NEE, como (1) a efetivação de
currículos adequados e adaptados (Argan, Alper & Wehmeyer, 2002; Hitchcock, Meyer,
Rose & Jackson, 2002), (2) uma prática pedagógica flexível, como arranjos e
adaptações que favoreçam tanto o bom aproveitamento quanto o ajuste sócio-
educacional do indivíduo com NEE (Mendes, 2002), (3) uma formação continuada de
profissionais a fim de que estes sejam preparados para a tarefa de promover um
desenvolvimento saudável aos seus alunos, aproveitando ao máximo as potencialidades
de cada um deles (Ripley, 1997), (4) uma administração que dê suporte/apoio à
educação inclusiva (Argüelles, Hugues & Schumm, 2000), e (5) uma estrutura física
adequada da escola que possibilite o acesso e a movimentação dos alunos com NEE
pela mesma (Gately & Gately, 2001).
A história da Educação Especial começou a ser traçada no século XVI, com
médicos pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes até a época e passaram a
acreditar nas possibilidades educacionais de indivíduos considerados até então
ineducáveis. No final do século XIX houve declínio dos esforços educacionais, em que
a institucionalização em asilos e manicômios passou a ser meta de tratamento dos
indivíduos que se encontravam à margem dos sistemas. Paralelamente a essa evolução
3
dos asilos, a institucionalização da escolaridade obrigatória passou a cuidar de muitos
casos de crianças que não avançavam na escola regular e fez surgir as classes especiais
nas escolas públicas no início do século XX. Proliferaram também as escolas
especializadas como alternativa, basicamente a partir das duas guerras mundiais. Dessa
forma, é na metade do século XX que se pode encontrar uma junção dos principais
componentes da Educação Especial: um corpo teórico-conceitual, algumas propostas
metodológicas de ensino e uma organização de serviços educacionais (Capellini, 2001;
Mendes, 2002).
Foi nesse contexto de consolidação de uma resposta mais ampla da sociedade
para os problemas da educação dos indivíduos com NEE que surgiram muitas das
iniciativas, atualmente contempladas nos princípios da escola inclusiva, nos países
desenvolvidos na década de 50, então denominadas filosofia de “normalização e
integração”, decorrentes dos movimentos de pais de crianças a quem era negado o
ingresso em escolas comuns. Com isso, entendeu-se que o indivíduo com NEE não
apenas era educável, como também tinha o direito de ser educado, em que o seu
processo de educação era uma obrigação social, surgindo então as escolas especiais e,
mais tarde, as classes especiais dentro das escolas comuns. Apenas na década de 70 as
escolas regulares passaram a aceitar a idéia de incorporar crianças ou adolescentes com
NEE em classes comuns. Todavia, só eram passíveis de integração escolar aqueles
estudantes que conseguissem se adaptar à classe comum, sem haver modificações no
sistema educacional, sendo que aqueles que não conseguissem se adaptar ou
acompanhar os demais alunos eram excluídos. Finalmente, a fase da educação inclusiva
surge na metade da década de 80, com a radicalização do debate em 90, cuja idéia
central era que, além de intervir diretamente sobre as pessoas, também era necessário
4
reestruturar a sociedade para que ela possibilitasse a convivência dos diferentes
(Mendes, 2002).
No âmbito burocrático, a legislação que tem contribuído para a elaboração das
políticas e organização dos serviços na área de Educação Especial em vários países do
mundo começou a ser elaborada em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que se apresenta como um novo guia para os documentos e normas
internacionais que ainda vêm sendo construídos. A Organização das Nações Unidas
(ONU) e suas agências especializadas como a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) foram as instâncias que mais
contribuíram para as mudanças nas concepções das deficiências (Araújo & Del Prette,
2001).
Segundo a Declaração de Salamanca (1994) sobre Princípios, Política e Prática
na Área das Necessidades Educativas Especiais, resultante da Conferência Mundial de
Educação Especial em Salamanca, na Espanha, em junho de 1994 (Brasil, 2006a):
- Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a
oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
- Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades
de aprendizagem que são únicas;
- Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais
deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta
diversidade de tais características e necessidades;
- Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à
escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada
na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades;
- Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se
comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e
alcançando educação para todos (Brasil, 2006a).
No Brasil, foi a partir da década de 80 que o movimento de elaboração das
políticas e organização dos serviços na área de Educação Especial passou a mobilizar
pesquisadores, profissionais e políticos de forma mais expressiva. Dentre os
5
documentos mais importantes está a Constituição Federal de 1988, Artigo 208, que
prevê como dever do Estado “o atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. O Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei Federal n° 8069/1990), que traz no capítulo IV – Do Direito à
Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, Artigo 54, “é dever do Estado assegurar à
criança e ao adolescente” – Inciso III – “atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. A nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei Federal n° 9394/1996) afirma no Título III – Do
Direito à Educação e do Dever de Educar, Artigo 4, “o dever do Estado com educação
escolar pública será efetivamente mediante a garantia de” – Inciso III – “atendimento
educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades educativas
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino” (Araújo & Del Prette, 2001). De
uma maneira geral, todos esses documentos garantem, do ponto de vista legal, as
condições necessárias para uma educação de qualidade às pessoas com NEE, de
preferência na rede regular de ensino. Entretanto, é apenas agora, no início do século
XXI, que a inclusão de pessoas com NEE em classes regulares de ensino começou a ser
discutida no Brasil de maneira mais significativa, permeando a possibilidade de ser
colocada em prática.
Apesar das garantias legais, constata-se pelos dados da Secretaria de Educação
Especial do Governo Federal, divulgados pelo Ministério da Educação (Brasil, 2006a)
em janeiro de 2006, e pelos resultados preliminares do Censo Escolar de 2006,
divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Brasil, 2006b),
que o Brasil possui 640.317 crianças com NEE matriculadas em algum tipo de
6
atendimento escolar (regular ou especializado), sendo que apenas 262.243 dessas
crianças estão incluídas em escolas regulares de ensino.
Todavia, o atendimento aos alunos com NEE aumentou 42,7% no país, entre
2002 e 2005, considerando tanto as escolas especializadas quanto as escolas regulares.
O número de novos alunos matriculados nas escolas especializadas caiu de 21.001 em
2003 para 6.691 em 2005, ao passo que o número de novos alunos matriculados em
escolas regulares aumentou de 34.437 em 2003 para 66.873 em 2005. Esses dados
refletem uma mudança significativa na aceitação da criança com NEE pela escola
regular, bem como representam um certo avanço da inclusão escolar no país, onde o
atendimento inclusivo passou de 24,7% em 2002 para 41% em 2005 (Brasil, 2006a).
Esses dados, todavia, não permitem uma avaliação sobre o processo de inclusão no dia a
dia do ambiente escolar.
O processo inclusivo, que está apenas começando no Brasil, não se compara com
o de alguns países onde os benefícios às crianças com NEE já é uma realidade. Por
exemplo, um estudo norte americano (Federico, Herrold, & Venn, 1999) demonstrou
que as crianças de classes inclusivas tiveram maior sucesso na aprendizagem escolar,
maior adaptação, tolerância, respeito e amizade em relação aos colegas de classe. O
estudo de Salend e Duhaney (1999) demonstrou que a inclusão escolar promove maior
aceitação e respeito às diferenças, além de facilitar a promover as amizades em sala de
aula. No estudo de Ripley (1997), as crianças incluídas desenvolveram uma auto-
imagem melhor, adquiriram maior motivação para desempenho de tarefas,
reconheceram melhor suas próprias habilidades acadêmicas e sociais, tendo um
aumento dessas habilidades, e os alunos sem NEE aprenderam a lidar melhor com a
diferença. Alguns desses resultados vêm corroborar a inter-relação entre as habilidades
7
acadêmicas e as habilidades sociais, bem como sua importância para a formação e o
desenvolvimento das crianças com e sem NEE.
Algumas escolas regulares dos Estados Unidos têm empregado um sistema
colaborativo de ensino dentro do processo da inclusão escolar denominado de co-
ensino, que é a colaboração entre professores do ensino regular e professores da
Educação Especial para todas as responsabilidades de ensino, com todos os alunos da
sala de aula (Cozart, Cudahy, Ndanda, & VanSickle, 2003; Gately & Gately, 2001;
Keefe, Moore & Duff, 2004; Pugach & Johnson, 1989). Ou seja, cada sala de aula
inclusiva possui um professor de ensino regular e um professor de Educação Especial,
os quais trabalham num sistema colaborativo (Argüeles, Hugues & Schumm, 2000),
sendo imprescindível uma boa comunicação interpessoal entre os mesmos (Gately &
Gately, 2001; Wood 1998). Esse sistema colaborativo também tem trazido benefícios
tanto para as crianças com NEE quanto para as crianças com desenvolvimento típico
(Duchardt, Marlow, Inman, Christensen & Reeves, 1999; Federico, Herrold, & Venn,
1999; Gately & Gately, 2001; Pugach & Johnson, 1989; Ripley, 1997; Self, Benning,
Marston & Magnusson, 1991; Welch, 2000), mas é uma realidade que, infelizmente,
ainda está deveras distante do sistema educacional brasileiro.
Especificamente com relação às crianças com síndrome de Down, a sua inclusão
tem representado um desafio para as escolas, principalmente para os professores (Castro
e Freitas, 2005; Duarte & Manzoli, 2005). A despeito dos prováveis benefícios para as
crianças de salas inclusivas apontados pelas pesquisas internacionais, e considerando-se
que o processo inclusivo é relativamente recente no Brasil, o que se vê na prática é um
certo despreparo e desconforto por parte dos professores com relação à inclusão no
sistema escolar brasileiro, sentimentos comuns no início desse processo de mudança
8
dentro da sala de aula (Capellini, 2001; Hamill, Jantzen, & Bargerhuff, 1999; Oliveira,
Silva, & Kassar, 2005). Esses sentimentos podem estar ocorrendo primeiramente
porque, nesse início do século XXI, a inclusão escolar vem sendo, de certa maneira,
imposta, principalmente às escolas municipais brasileiras, em que as salas de aula
comportam um grande número de alunos; posteriormente, pela falta de formação desses
professores e de preparo estrutural e administrativo das próprias escolas para receber
uma criança com NEE, embora haja garantias legais de professores e escolas bem
preparados para receber essas crianças (Lei Federal n° 9394/1996). Esses aspectos têm
dificultado o sucesso da inclusão escolar, apontando para a necessidade de mudança de
currículo nos cursos de Pedagogia e Licenciatura, maior suporte administrativo das
escolas, e adaptação de currículos para as crianças com NEE, conforme as
especificidades de cada uma (Lehr, 1999). Entretanto, apesar do despreparo, em um
estudo de Beyer (2005), os professores pareceram possuir motivação para buscar
soluções para a prática inclusiva através das relações com os colegas de trabalho e de
formação continuada.
Um aspecto que merece grande atenção são as habilidades comunicativas do
professor para concretizar a inclusão com sucesso, considerando que a adequada
interação entre professor e alunos é imprescindível no processo inclusivo (Wigle &
Wilcox, 1996). Pesquisas têm mostrado que muitos educadores interagem de uma
maneira diferenciada com alunos com NEE; por exemplo, estudantes com risco de
fracasso escolar recebem significativamente mais feedback não-acadêmico negativo ou
neutro, e muito menos feedback acadêmico positivo que seus pares (Korinek, Walther-
Thomas, McLaughlin, & Williams, 1999).
9
A avaliação e a promoção de habilidades sociais de crianças que apresentam
NEE nessa área devem, na medida do possível, ser articuladas à promoção do repertório
dos educadores em habilidades específicas, para que estes atuem como agentes
complementares desse processo (Del Prette & Del Prette, 2004), modelando
comportamentos socialmente habilidosos das crianças e oferecendo modelos adequados
de interação nos diferentes contextos sociais.
Segundo Vieira e Denari (2005), para se efetivar uma real inclusão escolar, além
de transformações curriculares, estruturais, ideológicas e de capacitação profissional, é
essencial que se considerem os aspectos sociais e objetivos envolvidos no processo. A
desinformação e a falta de contato cotidiano de pessoas com desenvolvimento típico e
pessoas com NEE podem contribuir para a construção de preconceitos e dificuldades
nas interações sociais entre esses. Por isso, é necessário que sejam ampliadas
oportunidades de contato direto e de acesso a informações e reflexões acerca da
diversidade, desde a infância (Vieira e Denari, 2005), responsabilidade principalmente
dos pais e professores.
Por isso, há que se ter um cuidado especial com relação às habilidades sociais do
professor, já que esse é um dos agentes sociais mais relevantes para a criança, ao lado
dos pais. É função dos professores facilitarem relacionamentos dentro da sala de aula,
com modelos adequados de interação, estabelecimento de regras, reforçamento e
feedback positivos aos comportamentos adequados dos alunos, respeito às diferenças
etc., promovendo às crianças com e sem NEE, além de um suporte acadêmico, um
suporte social (Friend, 2002; Keefe, Moore, & Duff, 2004; Korinek, Walther-Thomas,
McLaughlin, & Williams, 1999). Vários estudos conduzidos no Programa de Pós-
Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos vêm
10
defendendo posição semelhante e especificando algumas das principais habilidades que
devem nortear as interações entre o educador e seus educandos. Entre esses estudos
podem ser destacados Aguiar (2003), Angélico (2004), Hildebrand (2000), Molina
(2003) e Rosin-Pinola (2006).
Para Enguita (1989), a educação é uma conquista do Homem, que vem sendo
utilizada, aprimorada e disseminada conforme as necessidades e anseios de
aprendizagem e formação desse homem enquanto indivíduo cidadão e, de certa forma,
conforme os interesses do Estado. Considerando a educação como importante fator de
(trans)formação para todos os indivíduos, e que uma educação de qualidade promove
não só o aprendizado de conteúdos disciplinares, mas também a aquisição de
habilidades e a formação cidadã (crítica/de valores), deve-se ter um cuidado especial na
educação de crianças com NEE, como crianças com síndrome de Down, por exemplo,
que representam 5,4% (34.726) dos alunos com NEE de escolas regulares e especiais
brasileiras, segundo dados do MEC de 2006 (Brasil, 2006a).
2. A Deficiência Mental e a Síndrome de Down
O termo “deficiência mental” era usado com o mesmo significado de “retardo
mental” até há pouco tempo, quando a Associação Americana de Retardo Mental
(AAMR, 2002) escolheu “retardo mental” como o termo preferível. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) recomendou o termo “subnormalidade mental”, que inclui
duas categorias: retardo mental (funcionamento subnormal secundário a causas
patológicas básicas identificáveis) e deficiência mental (Q.I. inferior a 70), que
freqüentemente é usada como um termo legal (Kaplan, Sadock & Grebb, 2002).
11
A décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) usa o
termo “retardo mental”, e o define como:
Uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da
mente, a qual é especialmente caracterizada por comprometimentos de
habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento, as quais
contribuem para o nível global de inteligência, isto é, aptidões cognitivas, de
linguagem, motoras e sociais (Kaplan, Sadock & Grebb, 2002, pp.955).
Segundo a AAMR (Associação Americana de Retardo Mental, 2002), o termo
“retardo mental” refere-se a limitações substanciais no funcionamento do indivíduo,
caracterizado pelo funcionamento intelectual significativamente inferior à média,
associado com limitações relacionadas a duas ou mais das seguintes áreas de
habilidades adaptativas: comunicação, autocuidados, habilidades domésticas,
habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança,
habilidades acadêmicas, lazer e trabalho (AAMR, 2002; Hallahan & Kauffman, 2003).
Desde a década de 90, a maioria dos especialistas estima que apenas de 10 a
15% dos casos de retardo mental possuem causas conhecidas. A AAMR (2002)
categoriza as causas do retardo mental de acordo com o momento em que a mesma
ocorre: (1) pré-natal (antes do nascimento), (2) perinatal (durante o nascimento), e (3)
pós-natal (após o nascimento). Dentre as causas pré-natais estão: (1) as desordens
cromossômicas/ causas genéticas, (2) erros de metabolismo intra-uterinos, (3) desordens
desenvolvimentais que afetam a formação cerebral, e (4) influências ambientais
(Hallahan & Kauffman, 2003).
Uma das causas genéticas mais comuns de retardo mental é a síndrome de
Down, que não é transmitida hereditariamente (Hallahan & Kauffman, 2003). A
síndrome de Down foi primeiramente descrita pelo médico inglês Langdon Down, em
1866, baseada nas características físicas associadas com um funcionamento mental
12
abaixo do normal. Desde então, a síndrome de Down vem sendo bastante investigada e
discutida em termos de retardamento mental (Kaplan, Sadock & Grebb, 2002), de
sociabilidade e de educação.
Apesar das inúmeras teorias e hipóteses dos dois últimos séculos (XX e XXI), a
causa da síndrome de Down permanece ainda desconhecida. Há concordância quanto a
alguns poucos fatores predisponentes das perturbações cromossômicas, como idade
avançada da mãe (Gonçalves, França, Botton e Dutra, 2005; Hardman, Clifford, &
Egan, 2005), idade avançada do pai (Hardman, Clifford, & Egan, 2005) e radiação por
raios-X (Kaplan, Sadock & Grebb, 2002). O problema da causa é complicado ainda
mais pela recente identificação de três tipos de aberrações cromossômicas na síndrome
de Down (Kaplan, Sadock & Grebb, 2002; Voivodic, 2004):
Trissomia 21 (3 cromossomos 21, e não 2 habituais): os indivíduos, ao invés de
apresentarem 46 cromossomos em suas células, apresentam 47, com um
cromossomo 21 extra. Uma não-disjunção durante a meiose, ocorrendo por
razões ainda desconhecidas, pode ser responsável por essa perturbação. Os
cariótipos das mães são normais. Os indivíduos com a trissomia 21 representam
aproximadamente 96% dos casos de síndrome de Down.
Trissomia por translocação: há uma fusão de 2 cromossomos, na maioria das
vezes o 21 e o 15, resultando em um total de 46 cromossomos, apesar da
presença de um cromossomo 21 extra (que se fundiu com algum outro
cromossomo). A translocação se dá quando um cromossomo do par 21 e o outro,
ao qual se agrupou, sofrem uma quebra na sua região central. Há uma união
entre os dois braços mais longos, e a perda dos dois braços curtos. A
perturbação, ao contrário da trissomia 21, é geralmente herdada, e o
13
cromossomo translocado pode ser encontrado em pais e irmãos não afetados,
sendo que esses portadores assintomáticos têm apenas 45 cromossomos. Não se
notam diferenças clínicas entre as crianças com trissomia 21 ou por
translocação, sendo que a última ocorre em 2% dos casos de síndrome de Down.
Mosaicismo: caracterizado pela presença de um percentual de células normais
(com 46 cromossomos) e outro percentual de células trissômicas (com 47
cromossomos). A causa desse processo é ainda desconhecida, sabendo-se, no
entanto, que é pequena a probabilidade de reincidência numa mesma família. Os
indivíduos com o mosaicismo representam aproximadamente 2% dos casos de
síndrome de Down.
Essa caracterização está sendo aqui enfocada apenas em uma perspectiva
teórica, como explicitação da incidência na população com síndrome de Down. Tendo
em vista os objetivos e a amostra reduzida da presente pesquisa, a identificação dessa
tipologia não será considerada.
Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (2002), dentro de uma visão médica, o retardo
mental é o aspecto predominante da síndrome de Down, e as crianças com tal síndrome
parecem ser dóceis, alegres e cooperativas, o que facilita seu ajustamento no lar. O
quadro, entretanto, parece alterar-se nos adolescentes, especialmente nos
institucionalizados, que podem desenvolver várias dificuldades emocionais,
perturbações de comportamento e (raramente) doenças psicóticas.
Apesar da consideração respeitosa à visão médica, faz-se necessário ressaltar
que os comportamentos de qualquer indivíduo, sendo ele criança, adolescente ou adulto,
com ou sem a síndrome de Down, são mantidos ou extintos pelos ambientes
freqüentados por esse indivíduo. Por exemplo, se os comportamentos dóceis, alegres e
14
cooperativos de uma criança são reforçados pelos membros de sua família (com
atenção, elogios, etc.), obviamente esses comportamentos ocorrerão com uma
freqüência relativamente alta nesse ambiente específico, podendo se generalizar para
outros contextos. Do contrário, se os comportamentos agressivos, ou problemas de
comportamento de um adolescente são permitidos e reforçados pelos educadores
(professores de uma instituição oferecendo atenção contingente a esse tipo de
comportamento, por exemplo), esses comportamentos tornar-se-ão funcionais em certo
ambiente, e a freqüência desses comportamentos será, da mesma maneira, relativamente
alta.
Existe um consenso na literatura (Hallahan & Kauffman, 2003; Hardman,
Clifford, & Egan, 2005; Vanícola 2000; Voivodic 2004) acerca das características
físicas da síndrome de Down, facilmente percebidas desde o nascimento do indivíduo,
sendo as principais: ausência ou hipoatividade do reflexo de Moro; hipotonia muscular;
face achatada; cabeça pequena; fendas palpebrais oblíquas; orelhas pequenas,
arredondadas e displásticas; cavidade oral pequena (o que pode resultar numa projeção
da língua para fora da boca); pescoço pequeno e com pele abundante; mãos pequenas e
largas, com prega palmar única (simiesca); pés largos com dedos curtos;
hiperelasticidade/hiperflexibilidade articular; pelve displástica ou com anormalidades
morfológicas ao Raio-X; displasia da falange média do quinto dedo da mão
(clinodactilia); maior suscetibilidade a problemas cardíacos, infecções respiratórias e
leucemia.
As crianças com síndrome de Down apresentam características físicas
semelhantes, porém o mesmo não ocorre em relação ao seu comportamento e ao seu
padrão de desenvolvimento. Isso ocorre porque o comportamento e o desenvolvimento
15
da criança são resultados de sua carga genética, com as importantes influências que ela
recebe do meio ambiente em que vive (Voivodic, 2004).
Não são muitos os estudos que caracterizam o desempenho social da criança
com síndrome de Down, sendo que a literatura existente sobre esse aspecto traz
informações contraditórias. Por exemplo, segundo Schwartzman (1999), a área do
desenvolvimento social e emocional é aquela em que a criança com síndrome de Down
demonstra, habitualmente, o menor comprometimento. Sorriem em resposta à fala por
volta dos dois meses (1,5-4 meses); sorriem espontaneamente em torno dos três meses
(2-6 meses), e reconhecem seus pais por volta dos três meses e meio (3-6 meses).
Portanto, conforme esse autor, estes marcos são atingidos com cerca de um mês de
atraso com relação a crianças com desenvolvimento típico.
Já segundo Mills (1999), a criança com síndrome de Down apresenta lentidão
nas respostas, pobreza de expressão, dificuldade para direcionar e fixar o olhar, menor
capacidade para assimilar condutas se comparadas às crianças com desenvolvimento
típico, falta de iniciativa para começar a tarefa com objetivo definido, inconstância na
realização, tendência à distração causada por pequenos estímulos presentes no meio
ambiente, e tendência à hiperatividade sem objetivos claros. Em direção razoavelmente
semelhante, Voivodic (2004) aponta que a criança com síndrome de Down apresenta
um atraso de desenvolvimento motor, sorriso mais curto e menos intenso, um atraso no
desenvolvimento da linguagem, déficit de memória e maior isolamento social.
Entretanto, é importante considerar até que ponto essas características são
fisiológicas, e até que ponto essas características não são aprendidas pelas crianças com
síndrome de Down por falta de estimulação adequada. Como o ritmo de aprendizagem
dessas crianças se faz mais lentamente, pode ser que os comportamentos de estimulação
16
de seus educadores sejam menos freqüentes, já que demoram a ser reforçados pelas
respostas desejáveis das crianças (fixação do olhar, sorrisos, balbucios, etc.), fazendo
com que elas recebam menos estimulação e, conseqüentemente, comprometendo seu
desenvolvimento motor, social, da linguagem, etc.
No mesmo sentido, para Voivodic (2004) e Andrade (2006), as crianças com
síndrome de Down apresentam o mesmo padrão de desenvolvimento das crianças com
desenvolvimento típico de sua faixa etária, com respostas semelhantes, em seqüência
semelhante, mas num ritmo mais lento, como por exemplo, no desenvolvimento da
linguagem. Por isso é muito importante a estimulação adequada a essas crianças desde o
seu nascimento, levando em conta seus diferentes modos e ritmos de aprendizagem.
Soresi e Nota (2000), em um estudo orientado pela perspectiva da área das
habilidades sociais, detalharam alguns dos déficits de desempenho social identificados
em sua amostra de indivíduos com síndrome de Down. Tais déficits foram encontrados
em habilidades de seguir instruções, demonstrar habilidades de cooperação, brincar com
os colegas, conversar com diversas pessoas, perguntar sobre membros da família, e
iniciar relações positivas com supervisores que facilitariam a sua entrada no mercado de
trabalho. Entretanto, esses déficits podem ter sofrido influência das experiências de
aprendizado desses indivíduos, como a estimulação oferecida pelos ambientes
freqüentados pelos mesmos, o reforçamento de comportamentos adequados ou
inadequados por parte de seus educadores, a modelação oferecida e a modelagem de
comportamentos adequados desses indivíduos pelos educadores e ambientes
freqüentados, etc.
17
3. A Inclusão Escolar e a Síndrome de Down
Por mais de um século a síndrome de Down foi associada à condição de
inferioridade. Tal preconceito e estereótipo em relação à síndrome de Down devem-se,
em parte, ao modelo médico de deficiência, pois para esse modelo bastava prover o
indivíduo com NEE de algum tipo de serviço especializado para assisti-lo, o que não
necessariamente lhe proporcionava um desenvolvimento pessoal, social, educacional e
profissional adequado e pleno. Tal modelo considerava as pessoas com deficiência
mental como “doentes”, e tinha como objetivo adequar essas pessoas aos padrões da
sociedade considerados “normais” (Voivodic, 2004).
A esse modelo que, de certa forma, ainda influencia a visão que se tem sobre a
síndrome de Down, contrapõe-se o modelo educacional/social da deficiência, que
concebe que as características deficitárias da pessoa com NEE não estão apenas no
indivíduo, mas nos ambientes nos quais este indivíduo está inserido. Sob esse ponto de
vista, é a própria sociedade que cria as dificuldades para a pessoa com deficiência
mental, colocando-a em desvantagem para desempenhar suas funções em virtude de
ambientes restritivos e discriminatórios (Voivodic, 2004). Por vezes, os educadores,
com suas expectativas de que as crianças com NEE não podem executar certas
atividades, comportam-se de maneira diferenciada, por vezes limitando a estimulação,
por vezes dando instruções incompletas a essas crianças, interferindo no comportamento
das mesmas.
O modelo educacional/social preconiza a integração social, acredita na
transformação das estruturas mentais com a aprendizagem, e valoriza cada ser humano
com suas especificidades, aceitando a diversidade (Voivodic, 2004). Nesse início do
século XXI, pessoas com síndrome de Down têm demonstrado suas potencialidades e
18
capacidades inclusive no mercado de trabalho, em que estão ocupando funções
tradicionalmente desempenhadas por pessoas com desenvolvimento típico (Pimentel,
2005).
Este modelo educacional/social evidenciou um novo olhar às crianças com
síndrome de Down e às suas possibilidades em termos educativos. Devido às
características específicas de sua deficiência, as crianças com síndrome de Down
necessitam de uma ação educativa adequada para atender suas necessidades
educacionais especiais. Segundo Voivodic (2004), não há como implementar um
processo de inclusão que vise de fato a uma escolarização de qualidade, sem levar em
conta as características da criança com deficiência. A autora acredita que as dificuldades
do aluno com síndrome de Down não são apenas inerentes a sua condição, mas têm um
caráter interativo: dependem das características do aluno, dos ambientes familiar e
educacional e da proposta educativa a ele oferecida. Portanto, não é apenas o educando,
(com NEE ou não), que deve adaptar-se ao sistema de ensino; é de responsabilidade da
escola também adequar-se de modo a atender as necessidades individuais da criança
para sua real participação, ou seja, para sua inclusão. Essa é a diferença básica apontada
por Mendes (2002) entre a integração escolar (décadas de 50 e 70) e inclusão escolar
(décadas de 80 e 90): enquanto que na integração escolar era o aluno que devia se
adaptar aos padrões da escola, a qual era vista de uma maneira totalmente acrítica, na
inclusão escolar há a necessidade de uma reestruturação do sistema educacional para
prover uma educação de qualidade a todas as crianças.
O tema inclusão tem suscitado inúmeros debates sobre suas vantagens e
desvantagens, evidenciando posições polêmicas e controversas entre os educadores e
especialistas. Em um dos extremos, há posições que defendem a inclusão de todos os
19
alunos, independente de sua deficiência, em classes comuns, com a eliminação dos
serviços de apoio e recursos auxiliares; no outro, há posições que vêem a inclusão como
utópica e inviável na realidade educacional brasileira (Mendes, 2002). Uma opção que
ficaria como meio termo entre esses dois extremos seria incluir na classe regular de
ensino, crianças com NEE que tivessem condições de se desenvolver e aprender com o
suporte proporcionado pelo professor e pela escola (por exemplo, estrutura física
adequada, um currículo adaptado a essa criança, um professor com uma formação
voltada para a educação inclusiva, uma administração que colaborasse com a inclusão,
etc.). As crianças com comprometimentos mais severos, que não pudessem ser servidas
em um ambiente de escola regular, poderiam freqüentar escolas especiais, em que elas
teriam um maior desenvolvimento e um melhor aprendizado através de atendimento
especializado e individual.
O debate sobre inclusão que vem ocorrendo no Brasil atualmente parece não
estar sendo suficiente para que se estabeleçam diretrizes políticas que promovam ações
educacionais. Uma política efetiva de educação inclusiva deve ser gradativa, contínua,
sistemática e planejada, para proporcionar às crianças, com ou sem NEE, uma educação
de qualidade, atendendo às suas necessidades particulares.
Por um lado, um estudo realizado por Batista e Enumo (2004) mostrou que
alunos com deficiência mental incluídos em escolas regulares de ensino são menos
aceitos e mais rejeitados do que seus colegas com desenvolvimento típico, passando a
maior parte do tempo de recreio sozinhos, e demonstrando dificuldade em iniciar,
manter e finalizar os contatos sociais com os colegas. Entretanto, os autores enfatizam
que a questão não é apenas garantir o acesso das crianças com NEE à escola, e sim
promover a sua inclusão. Na prática, é necessário que haja mudanças curriculares, maior
20
participação dos pais e professores no processo de inclusão, e maior suporte
administrativo e físico da escola. Essas crianças estão tendo suas relações sociais
limitadas, empobrecendo seu repertório de habilidades sociais, o que, por sua vez, pode
acarretar desajustes sociais, reafirmando assim, a condição de deficiente (Batista e
Enumo, 2004). Encontra-se aí o papel imprescindível do professor nesse processo de
inclusão escolar, atuando como mediador das relações interpessoais entre os alunos, na
tentativa de superar as limitações sociais impostas às crianças com NEE, o que acaba
por comprometer o seu repertório de habilidades sociais e, conseqüentemente, seu
desenvolvimento como um todo.
Por outro lado, várias pesquisas (Federico, Herrold, & Venn, 1999; Ripley, 1997;
Salend & Duhaney, 1999) apontam que as crianças com NEE que freqüentam escolas
regulares de ensino têm ganhos significativos em seu desenvolvimento social e
cognitivo. Dentre essas crianças beneficiadas estão as com síndrome de Down
(Voivodic, 2004), que representam 5,4% (34.726) dos alunos com NEE de escolas
regulares e especiais brasileiras, segundo dados do MEC de 2006 (Brasil, 2006a). As
próprias mães de crianças com síndrome de Down preferem que seus filhos freqüentem
escolas regulares, por julgarem que as mesmas promoverão maior desenvolvimento às
crianças (Leal, 2006). Realmente, pode ser que as escolas regulares ofereçam uma
estimulação mais rica/diversificada e uma variedade maior de modelos de interação
mais próximos à realidade cotidiana que as escolas especiais, promovendo maior
aprendizagem e desenvolvimento às crianças com NEE.
21
4. O Desempenho Social, a Inclusão Escolar e a Síndrome de Down
Os primeiros anos de vida de uma criança constituem um período crítico em seu
desenvolvimento social, emocional e cognitivo, e o papel que a família desempenha
nesse período é de fundamental importância. A qualidade de interação social entre pais
e filhos produz efeitos importantes no desenvolvimento das áreas cognitivas,
lingüísticas e socioemocionais da criança com deficiência mental (Voivodic, 2004).
A educação ministrada pela escola também é um processo importante na
formação de todos os indivíduos, importância que vem sendo acentuada pela entrada da
criança ainda com poucos meses de vida em creches e escolas maternais, antecedendo
seu período de socialização fora do contexto familiar. Segundo Loureiro e Sanches
(2006), o período de desenvolvimento entre os 6 e os doze anos vem sendo marcado
pelo desafio da produtividade, que indica a importância da confiança que a própria
criança desenvolve em seu potencial de realizações, que possam ser valorizadas por ela
mesma e pelas pessoas com quem convive, sendo um período socialmente decisivo.
Considerando as crianças com síndrome de Down, a educação pode, ou não, tornar-se
um instrumento transformador desses indivíduos, dependendo da metodologia (práticas
e estratégias educativas) que for utilizada. É preciso, também, levar em conta que o
papel da escola não é apenas o de ensinar conteúdos acadêmicos, mas principalmente
estabelecer padrões de convivência social (Voivodic, 2004).
Frente às inúmeras experiências de aprendizado e socialização proporcionadas
pela escola, as crianças são solicitadas a coordenar aspectos relativos à competência
social, tanto no que se refere ao desempenho acadêmico, como ao comportamento
(Loureiro & Sanches, 2006). Portanto, a sala de aula deve ser reconhecida como uma
comunidade pelo professor, o qual deve comprometer-se com o ensino de atitudes,
22
habilidades, direitos, responsabilidades e interações que fazem com que a sociedade
funcione de maneira adequada e se desenvolva (Korinek, Walther-Thomas, McLaughlin
& Williams, 1999).
Dentre essas habilidades que devem ser ensinadas na escola, encontram-se as
habilidades sociais (Del Prette & Del Prette, 1997; Wigle & Wilcox, 1996), que têm
assumido um papel fundamental no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo do
indivíduo, permeando sua vida em todos os seus ambientes. Ou seja, cabe ao professor
ter um bom relacionamento interpessoal com seus alunos, a fim de oferecer modelos de
interação que possam promover um desenvolvimento social, cognitivo e afetivo mais
adequado aos mesmos. No caso desse professor ter alunos com NEE em sua sala de
aula, é de sua responsabilidade realizar a inclusão escolar dos mesmos na prática, bem
como orientar os outros alunos a lidar com esses novos colegas de maneira socialmente
habilidosa, a fim de possibilitar um desenvolvimento social, emocional e cognitivo mais
adequado para todos os integrantes da sala de aula.
Apesar de haver posições contrárias (Batista e Enumo, 2004), alguns estudos
apontam que a inclusão escolar propicia ganhos significativos no desenvolvimento
social e cognitivo tanto das crianças com NEE (Murawski & Swanson, 2000; Voivodic,
2004) quanto das crianças com desenvolvimento típico (Ripley, 1997). E é através das
relações sociais (pautadas no repertório de habilidades sociais dos pais, professores,
funcionários da escola e das crianças) que a inclusão é feita na prática. Por isso, para
que a inclusão tenha resultados positivos para as crianças com NEE e para as crianças
com desenvolvimento típico, os educadores precisam desenvolver habilidades sociais
adequadas (Salend & Duhaney, 1999).
23
Portanto, as relações interpessoais estabelecidas entre as crianças com NEE e seus
pares, professores e outros (base da inclusão) parecem ser condição necessária, mas não
suficiente, para promover um maior desenvolvimento e uma melhor qualidade de vida
às crianças com NEE. Com isso, poder-se-ia dizer que quanto maior a freqüência de
relações sociais adequadas da criança com NEE, provavelmente maiores as suas
chances de desenvolvimento e qualidade de vida.
5. As Habilidades Sociais
Os estudos sobre Psicologia Social têm ganhado importância principalmente a
partir do final do século XVIII, considerando sua definição como “estudo científico da
influência recíproca entre as pessoas (interação social) e do processo cognitivo gerado
por esta interação (pensamento social)” (Rodrigues, Assmar & Jablonski, 1999).
Portanto, o desempenho social tem sido alvo de interesse da Psicologia há algum tempo,
e realmente parece consenso entre as teorias de desenvolvimento que os tipos de
interações e relações sociais que o indivíduo estabelece em sua vida são importantes
para sua saúde mental e desenvolvimento (Del Prette & Del Prette, 1999).
As habilidades sociais são geralmente consideradas essenciais para o processo
de ajustamento em diversos ambientes (Soresi & Nota, 2000), e pesquisas nessa área
têm identificado relações entre um repertório elaborado dessas habilidades e o
ajustamento psicossocial, a saúde psicológica, o sucesso pessoal e profissional, assim
com entre déficits de habilidades sociais e problemas psicológicos ao longo do
desenvolvimento (Bandeira, Del Prette, Del Prette & Magalhães, 2005).
Os comportamentos sociais podem advir de uma predisposição genética do
indivíduo (como a introversão e a extroversão, por exemplo), mas as experiências de
24
aprendizagem, ou as condições ambientais, são os principais componentes na
constituição do repertório social do mesmo (Del Prette & Del Prette, 1999, 2005a). Essa
visão de que as características aprendidas são claramente mais importantes para o
desenvolvimento do que as características fisiológicas deve ser a base de construção do
repertório comportamental de todas as crianças, obviamente incluindo as com NEE,
justificando maior investimento e empenho por parte dos educadores na estimulação
oferecida e na aprendizagem de comportamentos adequados pelas crianças.
Ao longo do ciclo vital de uma pessoa (desde o nascimento até a velhice),
observa-se a necessidade de mudanças no repertório comportamental para uma
adaptabilidade social adequada, gerando um processo de aprendizagem durante toda a
vida (Del Prette & Del Prette, 1999).
O que é denominado, na atualidade, de Treinamento de Habilidades Sociais
(THS) constitui um campo de investigação e de aplicação do conhecimento que a
Psicologia possui sobre o desempenho social, compreendendo alguns conceitos básicos
como assertividade, habilidades sociais e competência social (Del Prette & Del Prette,
1999).
Considerando as várias definições designadas ao termo, pode-se entender
assertividade como a expressão dos valores, pensamentos, sentimentos e crenças, ou
defesa dos próprios direitos, sem ansiedade demasiada, de uma maneira adequada
(direta e honesta), sem violar o direito do outro (Del Prette & Del Prette, 2003).
Os termos habilidades sociais e competência social têm sido empregados de
forma indistinta na literatura, por vezes enfatizando-se a funcionalidade do
comportamento, em termos de adequação ao contexto ou de conseqüências obtidas, e
por vezes enfatizando-se o seu conteúdo, em termos de classes de comportamentos
25
definidos pela sua topografia (Caballo, 2002). No entanto, para Del Prette e Del Prette
(2001, pp.31),
O termo habilidades sociais se diferencia dos termos desempenho social
e competência social: o desempenho social refere-se à emissão de um
comportamento ou seqüência de comportamentos em uma situação social
qualquer; o termo habilidades sociais refere-se à existência de diferentes
classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de
maneira adequada com as demandas das situações interpessoais; e a
competência social tem sentido avaliativo que remete aos efeitos do
desempenho social nas situações vividas pelo indivíduo. Muitas vezes, uma
pessoa possui as habilidades, mas não as utiliza no desempenho por diversas
razões, como ansiedade, crenças equivocadas e dificuldade de leitura dos
sinais do ambiente (Del Prette & Del Prette, 2001, pp.31).
Pode-se, então, considerar resumidamente que o desempenho social é qualquer
comportamento emitido em uma demanda social, (seja ele competente ou não), as
habilidades sociais constituem o repertório comportamental que o indivíduo possui para
lidar com as demandas sociais de maneira eficiente, adquirido através de suas
experiências de vida, e competência social é a capacidade de o indivíduo usar esse
repertório de maneira funcional, eficiente e/ou adequada conforme a demanda
apresentada, considerando o termo demanda como “...ocasião ou oportunidade diante da
qual se espera um determinado desempenho social em relação a uma ou mais pessoas”
(Del Prette & Del Prette, 2001, pp.46).
Com relação à criança, além de aprender um conjunto de habilidades sociais
para atender às demandas das diferentes situações sociais, ela precisa articular fatores
pessoais, da situação e da cultura para apresentar um desempenho socialmente
competente. Essa articulação implica coerência entre sentimentos, pensamentos e ações
e está na base do conceito de competência social (Del Prette & Del Prette, 2005a).
Geralmente, as experiências de vida são acompanhadas de esforços adaptativos, que
podem ser mais ou menos persistentes, de acordo com a percepção da criança acerca de
26
seus próprios recursos. Na idade escolar, um dos aspectos essenciais refere-se à
satisfação da criança com suas competências relativas à aprendizagem e aos
relacionamentos interpessoais (Loureiro & Sanches, 2006).
Uma habilidade social muito importante desde a infância e decisiva no processo
de inclusão é a empatia, que é a capacidade de compreender e sentir o que uma outra
pessoa pensa e sente em uma situação de demanda afetiva, comunicando-lhe
adequadamente tal compreensão e sentimento (Del Prette & Del Prette, 2001). A
empatia é particularmente importante pois o responder empaticamente às pessoas
facilita o estabelecimento de rapport e vínculos interpessoais, estreitando
relacionamentos, além de estar relacionada ao desempenho de comportamentos morais
(Pavarino, 2004). Pode-se dizer que tanto o comportamento assertivo quanto o
comportamento empático promovem uma relação equilibrada entre os dois pólos de
uma relação, trazendo bem-estar para ambas as partes.
Se por uma lado a conduta assertiva propicia aumento da auto-estima e
redução da ansiedade e da depressão, a conduta empática reduz o conflito
social e o rompimento, tornando a interação mais agradável (Falcone, 1998,
pp.04).
Considerando essas definições, Del Prette e Del Prette (1999) pontuam três
dimensões importantes na análise das habilidades sociais e da competência social: a
pessoal (que inclui os componentes comportamental, cognitivo-afetivo e fisiológico do
repertório do indivíduo), a situacional (que inclui interlocutores e demandas da
situação) e a cultural (que inclui normas, valores e regras da sociedade onde o
indivíduo está inserido). Ou seja, as habilidades sociais devem ser consideradas dentro
de um marco cultural determinado, e os padrões de comunicação variam amplamente
entre culturas e até mesmo dentro de uma mesma cultura, dependendo de fatores como
idade, sexo, classe social e educação (Caballo, 2002).
27
Para Caballo (2002), as condutas verbal e não verbal constituem os elementos
fundamentais da comunicação, e por conseguinte, das habilidades sociais. Desde o
nascimento a criança expressa uma série de emoções através dos canais de comunicação
verbal (choro) e não-verbal (movimentos do corpo, mãos, face). O canal não-verbal vai
se tornando cada vez mais elaborado, com a utilização de expressões e gestos cada vez
mais refinados; o verbal desenvolve-se posteriormente, contando com componentes
paralinguísticos da linguagem, como latência, volume, entonação, etc., e com os
componentes verbais, como elementos da fala, elementos da conversação, variáveis
interpessoais, etc. (Argyle, 1987; Caballo, 2002; Del Prette & Del Prette, 2001).
A habilidade de expressar sentimentos é muito importante para o sucesso das
relações interpessoais e, tão logo quanto possível, a criança deve ser capaz de aprender a
conhecer seus sentimentos, identificando-os pelos nomes socialmente corretos, e de
aprender a lidar com os mesmos de forma adequada (Del Prette & Del Prette, 2001).
Segundo Del Prette e Del Prette (2005a), os problemas comportamentais e
emocionais, que acompanham os diferentes transtornos psicológicos e que podem se
expressar como dificuldades interpessoais na infância, são classificados na psicologia
infantil em dois grandes grupos: os externalizantes (que são mais freqüentes em
transtornos que envolvem agressividade física e/ou verbal, comportamentos opositores
ou desafiantes, condutas anti-sociais como mentir e roubar e comportamentos de risco
como uso de substâncias psicoativas) e os internalizantes (que são mais prontamente
identificáveis em transtornos como depressão, isolamento social, ansiedade e fobia
social).
As dificuldades interpessoais que caracterizam esses dois grupos de
problemas decorrem basicamente de um repertório pobre de habilidades
sociais, principalmente em termos de empatia, expressão de sentimentos e
resolução de problemas, com correlatos cognitivos e emocionais como baixa
28
auto-estima, crenças e atribuições disfuncionais, impulsividade e
temperamento difícil, entre outros (Del Prette & Del Prette, 2005a, pp.19).
A despeito de os quadros de deficiência sensorial e mental não serem
classificados como problemas internalizantes ou externalizantes, eles se caracterizam
por dificuldades interpessoais correlatas. As limitações próprias desses indivíduos
podem comprometer tanto o acesso e processamento cognitivo da estimulação social do
ambiente como o desempenho de respostas socialmente competentes. As deficiências
em geral incidem sobre a capacidade de identificar as demandas do contexto social bem
como sobre o planejamento e/ou emissão dos desempenhos esperados sob tais
demandas, reduzindo, portanto, o nível de proficiência desses desempenhos (Del Prette
& Del Prette, 2005a).
Durante as duas últimas décadas, as habilidades sociais têm adquirido grande
importância nos estudos que envolvem pessoas com dificuldades de aprendizagem e
problemas no desenvolvimento, considerando que a própria definição de dificuldades de
aprendizagem inclui o aspecto social (Soresi & Nota, 2000). Os estudos sobre
competência social de pessoas com retardo mental indicam alguns déficits, como
dificuldade em definir sentimentos próprios, dificuldade na estruturação de frases,
déficits em componentes comunicativos não-verbais, baixa competência de reformular a
própria fala, e déficits nas habilidades assertivas de lidar com críticas, recusar e
discordar (Aguiar, 2003; Angélico, 2004; Del Prette & Del Prette, 2005a; Paula, 1999).
O repertório de habilidades sociais dos pais pode influenciar a intensidade e a
qualidade do envolvimento com seus filhos e o tipo de prática adotada. Entre as práticas
educativas parentais consideradas positivas estão a monitoria positiva (supervisão dos
pais sobre o que a criança faz ou deixa de fazer) e o comportamento moral (ensino de
valores); do lado oposto encontram-se as práticas negativas de abuso físico ou
29
psicológico, controle aversivo e negligência. Diversos estudos apontam a existência de
correlações entre práticas educativas inadequadas dos pais e problemas de
comportamento, desenvolvimento cognitivo reduzido e baixo desempenho acadêmico
dos filhos (Cia, Pereira, Del Prette & Del Prette, 2006; Del Prette & Del Prette, 2005a).
Com isso, é possível afirmar que o ambiente familiar pode tanto promover
comportamentos socialmente habilidosos, como favorecer o surgimento e/ou
manutenção de comportamentos socialmente indesejáveis (Bolsoni-Silva, 2003).
Depois do familiar, o segundo ambiente social complexo de que a criança
participa é o escolar. Considerando a complexidade das interações sociais, a escola
deveria estar preparada para desempenhar a função de ensinar como interagir
socialmente de maneira adequada e satisfatória, além de ser responsável por passar os
conhecimentos produzidos historicamente (Enguita, 1989). Portanto, a escola deve
promover o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, moral e social de todos os
alunos, ao mesmo tempo em que deve facilitar-lhes a integração na sociedade como
membros ativos (Capellini, 2001).
Ao ingressar na escola, a criança entra em contato com pessoas/grupos
diferentes, uma organização diferenciada (regras e normas), etc. em que necessitará de
novas habilidades para assumir diferentes papéis, ter uma conduta moral, cooperar,
ajudar, controlar sentimentos, entre outros, afim de que ela seja competente socialmente
nesse contexto. Ao mesmo tempo, um repertório deficitário de habilidades sociais pode
dificultar as relações de amizade de crianças com NEE, repertório este que vem se
revelando como fundamental no processo de inserção e ajustamento da criança ao seu
ambiente escolar (Garcia, 2006).
30
O investimento da escola na promoção de habilidades sociais pode ser defendido
com base em pelo menos três argumentos: (a) a função social da escola; (b) as
evidências de relação entre habilidades sociais e desempenho acadêmico; e (c) as
políticas de inclusão (Del Prette & Del Prette, 2005a).
A função social da escola é geralmente colocada em termos de preparar futuros
cidadãos, críticos e construtores da realidade social. Essa meta implica em interações
pautadas pela ética, pelo respeito a normas e pelo desempenho de habilidades
interpessoais necessárias à reivindicação e defesa de direitos e ao relacionamento
saudável e produtivo em diferentes contextos (Del Prette & Del Prette, 2005a).
Estudos (Del Prette e Del Prette, 2005a; Garcia, 2006; Loreiro & Sanches,
2006; Rosin-Pinola, 2006) vêm demonstrando correlações significativas entre a
competência social da criança e seu rendimento acadêmico. Essas correlações,
juntamente com as evidências de efeitos benéficos da promoção da competência social
sobre o desempenho acadêmico (Agostin & Bain, 1997; Molina, 2003), têm levado à
caracterização de um conjunto de “habilidades sociais educativas”, vistas como pré ou
co-requisitos do sucesso escolar, justificando um maior investimento da escola no
desenvolvimento interpessoal das crianças (Del Prette e Del Prette, 2005a).
Com relação às atuais políticas de inclusão, entende-se que o desenvolvimento
interpessoal (particularmente nas habilidades de resolução de problemas, empatia,
autocontrole e comportamentos pró-sociais) é componente indispensável ao processo
inclusivo. Isso fica evidente quando se pensa que os principais objetivos da inclusão
escolar seriam: (a) a melhoria da qualidade do relacionamento entre os colegas; e (b) a
promoção de atitudes de compreensão e aceitação das diferenças por parte dos colegas e
professores, entendendo o termo atitude como uma organização entre os componentes
31
cognitivo, afetivo e comportamental (Del Prette & Del Prette, 2005a; Rodrigues,
Assmar & Jablonski, 1999). As crianças com retardo mental, deficiências sensoriais e
físicas ou transtornos invasivos do desenvolvimento apresentam comprometimentos
cognitivos, afetivos, perceptivos ou motores que dificultam a aquisição “natural” dessas
habilidades, requerendo, portanto, programas especiais de promoção de um repertório
mais diversificado de habilidades sociais (Del Prette & Del Prette, 2005a).
Portanto, para que a inclusão dos indivíduos com NEE nas classes regulares de
ensino realmente ocorra, além da mudança de políticas e valores da sociedade, da
compreensão, da aceitação e do respeito às diferenças, é necessário um adequado
repertório de habilidades sociais dos pais e professores, principalmente, que medie as
relações entre filho - pais, pais – professor, professor – aluno, aluno - aluno, já que a
mediação das relações interpessoais é a base do processo de inclusão. Além disso, é
com base no repertório de habilidades sociais dos pais e dos professores, primeiramente,
que se desenvolverá o repertório de habilidades sociais da criança.
Considerando então, a importância do repertório de habilidades sociais da
criança para seu desenvolvimento psicológico, nos mais variados ambientes que
freqüenta (principalmente familiar e escolar), surge uma questão interessante: como
avaliar as habilidades sociais e/ou a competência social de uma criança?
Segundo Del Prette e Del Prette (2002), a grande maioria dos instrumentos de
avaliação de habilidades sociais de crianças é aplicada junto aos cuidadores (pais ou
professores, principalmente). São ainda raros os instrumentos de auto-avaliação com
crianças, e isso provavelmente se dá devido às dificuldades próprias do estágio de
desenvolvimento de habilidades em que as crianças se encontram. Mas apesar dessas
dificuldades, pode-se defender a importância da auto-avaliação pela criança devido: 1) à
32
possibilidade desta compreender seus critérios e identificar fatores pessoais; 2) ao
fornecimento de oportunidade de automonitoria e de compreensão da importância da
qualidade das relações interpessoais por esta criança; e 3) por ser uma forma de
comparação entre o relato da criança e o de seus significantes. Uma forma de superar as
dificuldades em relação à auto-avaliação por parte da criança é a tentativa de se
substituir as demandas de leitura e escrita por materiais audiovisuais que sejam atraentes
o suficiente para manter a atenção da criança e facilmente compreensíveis para ampliar
sua validade e viabilidade de aplicação (Del Prette & Del Prette, 2002).
Um estudo de Barreto, Ferreira, Magalhães, Del Prette e Del Prette (2005)
objetivou investigar a auto-avaliação da criança quanto à freqüência das reações
habilidosas, não habilidosas passivas e não habilidosas ativas em sua possível relação
com a avaliação da criança sobre a adequação dessas reações. Nesse estudo foram
avaliadas 331 crianças, entre 8 e 12 anos, do Ensino Fundamental, de escolas públicas e
particulares de três estados brasileiros, por meio do Inventário Multimídia de
Habilidades Sociais de Crianças-Del Prette (Del Prette & Del Prette, 2005b). Os dados
mostraram a tendência das crianças a avaliarem com maior freqüência e adequação as
reações habilidosas, seguidas das reações passivas e ativas. Apesar das reações não
habilidosas serem incompatíveis com um repertório socialmente competente, as crianças
tenderam a avaliar as reações passivas como adequadas, enquanto que as reações ativas
foram avaliadas como inadequadas, o que sugere que parte das reações passivas foi
confundida com reações habilidosas (Barreto e cols., 2005).
Há um conjunto de estudos (Bolsoni-Silva, Del Prette, Del Prette, Montanher,
Bandeira & Del Prette, 2006; Del Prette & Del Prette, 2001; Gerk & Cunha, 2006) que
já permite um conhecimento razoável sobre as habilidades sociais de indivíduos adultos
33
em diferentes contextos do nosso cotidiano. No entanto, a análise do repertório social na
infância é recente. Os autores Del Prette e Del Prette (2005a) propõem um sistema de
sete classes de habilidades sociais, entendidas como prioritárias no desenvolvimento
interpessoal da criança, conforme apresentadas na Tabela 1.
34
Tabela 1.
Classes e subclasses de habilidades propostas como relevantes na infância (Conforme
apresentada em Del Prette e Del Prette, 2005a, pp.46 e 47 – reprodução concedida
pelos autores)
Classes Principais subclasses
Autocontrole e
expressividade
emocional
Reconhecer e nomear as emoções próprias e dos outros, controlar a
ansiedade, falar sobre emoções e sentimentos, acalmar-se, lidar com
os próprios sentimentos, controlar o humor, tolerar frustrações,
mostrar espírito esportivo, expressar as emoções positivas e
negativas
Civilidade
Cumprimentar pessoas, despedir-se, usar locuções como: por favor,
obrigado, desculpe, com licença, aguardar a vez para falar, fazer e
aceitar elogios, seguir regras ou instruções, fazer perguntas,
responder perguntas, chamar o outro pelo nome
Empatia
Observar, prestar atenção, ouvir e demonstrar interesse pelo outro,
reconhecer/inferir sentimentos do interlocutor, compreender a
situação (assumir perspectiva), demonstrar respeito às diferenças,
expressar compreensão pelo sentimento ou experiência do outro,
oferecer ajuda, compartilhar
Assertividade
Expressar sentimentos negativos (raiva e desagrado), falar sobre as
próprias qualidades ou defeitos, concordar ou discordar de opiniões,
fazer e recusar pedidos, lidar com críticas e gozações, pedir
mudança de comportamento, negociar interesses conflitantes,
defender os próprios direitos, resistir à pressão dos colegas
Fazer amizades
Fazer perguntas pessoais, responder perguntas oferecendo
informação livre (auto-revelação), aproveitar as informações livres
oferecidas pelo interlocutor, sugerir atividade, cumprimentar,
apresentar-se, elogiar e aceitar elogios, oferecer ajuda e cooperar,
iniciar e manter conversação (“enturmar-se”), identificar e usar
jargões apropriados
Solução de
problemas
interpessoais
Acalmar-se diante de uma situação problema, pensar antes de tomar
decisões, reconhecer e nomear diferentes tipos de problemas,
identificar e avaliar possíveis alternativas de solução, escolher,
implementar e avaliar uma alternativa, avaliar o processo de tomada
de decisão
Habilidades
sociais
acadêmicas
Seguir regras ou instruções orais, observar, prestar atenção, ignorar
interrupções dos colegas, imitar comportamentos socialmente
competentes, aguardar a vez para falar, fazer e responder perguntas,
oferecer, solicitar e agradecer ajuda, buscar aprovação por
desempenho realizado, elogiar e agradecer elogios, reconhecer a
qualidade do desempenho do outro, atender pedidos, cooperar e
participar de discussões
35
Segundo Del Prette e Del Prette (2005a), as crianças não desenvolvem
igualmente suas diferentes habilidades sociais, nem as desempenham com igual
proficiência em todas as situações, já que esse desenvolvimento e esse desempenho
dependem de variáveis pessoais, situacionais, históricas (familiares e educacionais
principalmente) e culturais.
6. As Habilidades Sociais e a Síndrome de Down
Como foi dito até aqui, o repertório de desempenho social da criança ou do
indivíduo é, em sua grande maioria, adquirido conforme as experiências sociais da(o)
mesma(o). As pessoas com NEE, além de possuírem algumas limitações físicas e/ou
mentais, geralmente são mais privadas de estimulação social, por requererem condições
especiais de convívio e aprendizagem, que na maioria das vezes não são
disponibilizadas por seu ambiente. Sabe-se também que, apesar de a sociedade estar
estabelecendo uma visão cada vez menos preconceituosa com relação a pessoas com
NEE, devido aos vários estudos e movimentos de conscientização de educadores e pais,
os indivíduos em geral ainda não possuem um preparo adequado para promover um
desenvolvimento que aproveite ao máximo as potencialidades das pessoas com NEE e
de seu ambiente. Se a educação dos indivíduos sem NEE depende das relações
interpessoais vividas em casa, na escola e nos outros ambientes que freqüenta, há que se
ter um cuidado maior no processo educacional de indivíduos com NEE, propiciando
relações interpessoais mais estimuladoras e adequadas às especificidades de cada
criança.
São poucas as pesquisas com metodologia especificada sobre os
comportamentos sociais de indivíduos com síndrome de Down, sendo algumas citadas a
36
seguir. Soresi e Nota (2000) realizaram um treinamento de habilidades sociais com
adolescentes com síndrome de Down, sendo 10 mulheres e 10 homens, distribuídos por
randomização emparelhada em dois grupos: grupo experimental e grupo de controle,
controlando-se as variáveis idade e nível de retardo mental. Os participantes foram
avaliados por observação direta e avaliação dos professores. Num primeiro momento, os
adolescentes eram observados com relação ao seguimento de técnicas instrucionais
referentes aos objetivos da sessão, como instrução, role-playing, feedback, reforçamento
positivo, e repetição com feedback e reforçamento, e era verificada a generalização dos
comportamentos para o ambiente natural. Além dessa observação, seus professores
avaliavam-nos por meio de um instrumento de habilidades sociais, o V. A. S.
1
,
constituído por 52 itens de habilidades sociais, divididos em quatro fatores:
1)habilidades facilitadoras de estabelecimento de relações assertivas positivas;
2)habilidades de autocontrole facilitadoras de adaptação social; 3)habilidades de tarefa
com objetivo definido; e 4)habilidades facilitadoras de aumento de relações de amizade
com pares.
Os pesquisadores concluíram que programas de treinamento de habilidades
sociais podem, de fato, produzir modificações na qualidade e na freqüência de
comportamentos sociais de indivíduos com síndrome de Down. Entretanto, é necessário
um maior engajamento dos professores, pares e família no treinamento, para que este
seja mais efetivo (Soresi e Nota, 2000). Novamente se confirma a importância dos
ambientes e contextos freqüentados pelas pessoas, com ou sem síndrome de Down,
considerando a estimulação recebida e a conseqüenciação para os seus comportamentos.
Obviamente a visão médica traz dados muito relevantes acerca da fisiologia dos
1
Italian Acronym of Social Abilities Valuation Scale, desenvolvido por Soresi e Nota em 1997.
37
indivíduos com síndrome de Down, dados esses que auxiliam no entendimento, dentro
de uma visão mais ampla, do desenvolvimento e funcionamento dos organismos dos
mesmos; entretanto é necessário ter um olhar educacional e social sobre seu processo de
desenvolvimento, visualizando a possibilidade de estimular e propiciar aprendizado a
esses indivíduos, e não caracterizando-os com um rótulo de “deficiente”, que explica os
seus comportamentos deficitários, os quais, por sua vez, explicam o rótulo, e acaba por
se cair num círculo vicioso, onde o processo educacional desse indivíduo, por vezes, é
introduzido de maneira incompleta.
Pesquisadores norte-americanos, (Freeman & Kasarin, 2002), desenvolveram
um estudo sobre as características e qualidades dos momentos de brincar de crianças
com síndrome de Down. Eles tinham como objetivos identificar os pares das crianças
com síndrome de Down e as características individuais e da díade, examinar a qualidade
da interação entre os pares da díade, determinar se os pares trazidos para os momentos
de brincar podiam ser considerados amigos, e, uma vez estabelecida, examinar o que
definia a interação de amizade. Participaram deste estudo 54 crianças, sendo 27 com
síndrome de Down e 27 trazidas como amigos pelas primeiras. Das crianças com
síndrome de Down, 10 eram do sexo masculino e 17 do sexo feminino; e das crianças
trazidas como amigas, nove eram do sexo masculino e 18 do sexo feminino, sendo que
seis dessas crianças trazidas também tinham síndrome de Down. A distribuição quanto
ao gênero nas díades foi a seguinte: 13 díades de meninas/meninas, cinco díades de
meninos/meninos e nove díades mistas (cinco onde a criança trazida era menino e
quatro onde a criança trazida era menina).
Duas situações foram utilizadas para examinar e descrever as relações de
amizade das crianças com síndrome de Down: a limitada, em que havia apenas um
38
brinquedo, e a aberta, em que havia vários brinquedos para serem escolhidos. Ambas as
situações foram gravadas por vinte minutos, sendo que a situação aberta sempre seguia
a limitada. Para registrar os dados foi utilizado um instrumento, o “Dyadic
Relationships Q-Set” (Freeman & Kasarin, 2002), constituído por 55 itens, divididos em
sete categorias: orientação social positiva, companheirismo, harmonia, controle,
responsividade, brincadeira coordenada e auto-preservação.
Os resultados demonstram que as brincadeiras das crianças não foram afetadas
pela diferença das duas situações de brinquedos (limitada ou aberta). Resumidamente,
os resultados sugerem que a semelhança em certas características entre as crianças pares
da díade, como gênero, idade cronológica e experiências de sala de aula, relacionam-se
à melhor qualidade de interação em momentos de brincar de crianças com síndrome de
Down; ou seja, assim como as crianças com desenvolvimento típico, as crianças com
síndrome de Down tendem a escolher pares com as mesmas características que elas,
como gênero, etnia e idade. Além disso, a maioria das relações de amizade entre os
pares de crianças foi considerada como completamente estável, sendo as crianças pares
das díades nomeadas reciprocamente como amigas, amizade essa que foi validada pelos
pais. As díades de amigos interagiram com altos níveis de brincadeiras, afeto muito
positivo, e foram tão responsivas em iniciativas quanto as díades de crianças com
desenvolvimento típico.
Este estudo é válido, por contribuir para o avanço nos conhecimentos acerca da
sociabilidade das crianças com síndrome de Down, identificando-as como sociáveis e
amigáveis. Não obstante, ele não especifica que comportamentos considerados sociais e
amistosos elas emitem, na presença de quais estímulos, em relação a quais
interlocutores, ou quais as conseqüências para os comportamentos considerados sociais
39
e amistosos e as conseqüências para os comportamentos considerados não-sociais e não-
amistosos, e ainda, quais os critérios que estariam sendo utilizados para definir
comportamentos sociais e não-sociais, e amistosos e não-amistosos. Em outras palavras,
o “comportamento social” ou a sociabilidade, bem como o “comportamento amistoso”
citados não foram definidos nem pela sua topografia (forma/estrutura do
comportamento) e nem pela sua funcionalidade (função/conseqüenciação do
comportamento). Provavelmente o “comportamento social” e o “comportamento
amistoso” podem ser desmembrados em várias classes de comportamento e descritos
mais detalhadamente, e analisando-se os antecedentes e conseqüentes desses
comportamentos, poder-se-ia inferir em função do quê eles estão sendo emitidos.
Uma pesquisa bem ampla foi realizada pela Federação Brasileira das
Associações de Síndrome de Down (Schiavo, Torres, Fontes, Santos, Castelães, Muniz,
Moreira, Fernandes, Solano, Werneck, Bragança, & Carvalho, 1999), com o objetivo de
levantar o perfil das pessoas com síndrome de Down em atendimento no Brasil, as
formas de atendimento disponíveis e as principais características dos profissionais e
instituições (governamentais, não-governamentais e privadas) que buscam atendê-las.
Nesta pesquisa utilizaram-se metodologias de natureza quantitativo-qualitativa
(entrevistas formais e questionários auto-administrados) e/ou qualitativa (grupos focais
e observação sistemática), e identificou-se um conjunto de sete áreas temáticas
consideradas relevantes para o estudo, e as principais variáveis a serem pesquisadas em
cada uma dessas áreas: 1) características sócio-demográficas dos grupos pesquisados; 2)
características gerais dos serviços de atendimento disponíveis; 3) perfil e níveis de
capacitação dos profissionais de atendimento; 4) os direitos da cidadania; 5)
desenvolvimento pessoal e social: capacidades e habilidades; 6) sexualidade, namoro e
40
matrimônio; e 7) associativismo e inclusão. Neste estudo deter-se-á na área de
desenvolvimento pessoal e social: capacidades e habilidades, e mais especificamente na
variável “Relações Sociais e de Amizade”, por esse tipo de relação ser o aspecto mais
relevante para a pesquisa.
Participaram do estudo (Schiavo & cols., 1999): 445 pais ou responsáveis; 423
crianças, adolescentes e adultos com síndrome de Down, sendo 244 (57,7%) do sexo
masculino e 179 (42,3%) do sexo feminino; e 327 profissionais de atendimento. As
áreas temáticas e variáveis foram selecionadas de modo a propiciar um levantamento de
um amplo espectro de dados e informações sobre os três grupos-alvo da pesquisa: 1)
pessoas com síndrome de Down; 2) pais de pessoas com síndrome de Down; e 3)
profissionais atuantes no atendimento a pessoas com síndrome de Down. (Embora não
tenham sido formalmente entrevistadas, nos grupos focais as pessoas com síndrome de
Down tiveram ampla oportunidade de manifestação, expressando livremente suas
opiniões e percepções sobre as diferentes temáticas abordadas).
Os resultados da pesquisa de Schiavo e cols. (1999) com relação aos aspectos
referentes ao convívio social e comunitário das pessoas com síndrome de Down, bem
como às suas relações de amizade, indicaram que 95% dessas pessoas possuem amigos
(segundo os pais ou responsáveis), o que revela um alto nível de convivência
comunitária e social. Segundo as faixas de idade, os mais elevados percentuais que
revelaram um bom relacionamento entre seus filhos e os vizinhos foram encontrados
entre os pais das pessoas com síndrome de Down com mais de 40 anos e aquelas que
estão na faixa dos 20 aos 29 anos, cuja totalidade (100%) dos respondentes afirmou que
o relacionamento dos filhos era bom. A seguir, pela ordem, vieram os adolescentes de
15 a 19 anos (cerca de 96,9% tinham um bom relacionamento), os pré-adolescentes e
41
adolescentes das faixas de 11 a 14 anos (96,8%), as crianças com idade entre os seis e
os 10 anos (94,3%) e os adultos de 30 a 39 anos (93,3%). Esses achados revelam um
bom desenvolvimento das habilidades relacionais pela grande maioria das pessoas com
síndrome de Down, o que também atesta seus elevados níveis de socialização.
A despeito deste estudo de Schiavo e cols. (1999) ser relevante e significativo
devido ao grande número de participantes na pesquisa e à sua grande abrangência de
áreas e temas referentes ao desenvolvimento global de pessoas com síndrome de Down,
ele também não traz dados concretos com relação às habilidades sociais específicas e
aos possíveis déficits da população nesta área. Esse estudo afirma que os indivíduos
com síndrome de Down são altamente sociáveis, mas não especifica que
comportamentos considerados sociais eles emitem, na presença de quais estímulos, em
relação a quais interlocutores, ou quais as conseqüências para os comportamentos
considerados sociais e as conseqüências para os comportamentos considerados não-
sociais, e ainda, quais os critérios que estariam sendo utilizados para definir
comportamentos sociais e não-sociais. Ou seja, novamente, o “comportamento social”
ou a sociabilidade citada não foi definida nem pela sua topografia (forma/estrutura do
comportamento) e nem pela sua funcionalidade (função/conseqüenciação do
comportamento).
Um estudo desenvolvido por Mancini, Silva, Gonçalves e Martins (2003) teve
como objetivo comparar o desempenho funcional de crianças com síndrome de Down
com o de crianças com desenvolvimento típico, nas idades cronológicas de dois e cinco
anos, em três áreas de desempenho: autocuidado, mobilidade e função social.
Participaram do estudo 40 crianças: 20 com síndrome de Down e 20 com
desenvolvimento típico. Cada um desses dois grupos foi dividido ainda em outros dois
42
subgrupos etários, sendo um deles composto por crianças com idade cronológica entre
dois anos e dois anos e 11 meses, e o outro constituído por crianças com idade entre
cinco anos e cinco anos e 11 meses. Portanto, havia quatro subgrupos com 10 crianças
cada: 1)um com crianças com síndrome de Down com cerca de dois anos, 2) um com
crianças com síndrome de Down com cerca de cinco anos, 3) um com crianças com
desenvolvimento típico com cerca de dois anos, e 4) um com crianças com
desenvolvimento típico com cerca de cinco anos.
A avaliação das crianças foi feita utilizando-se o teste Pediatric Evaluation of
Disability Inventory (PEDI)
2
, que é um instrumento padronizado norte-americano que
documenta de forma quantitativa a capacidade funcional da criança (habilidades) e a
independência para realizar atividades de autocuidado, mobilidade e função social. Na
presente análise, deter-se-á ao desempenho social das crianças, a fim de convergir com
os propósitos deste estudo. Nesse aspecto, o estudo de Mancini, Silva, Gonçalves e
Martins (2003) revelou que tanto as crianças com síndrome de Down com dois anos
quanto as com cinco anos tiveram um desempenho inferior com relação às crianças com
desenvolvimento típico pertencentes às mesmas faixas etárias (dois e cinco anos) nas
atividades que envolviam comunicação expressiva, compreensão, socialização e
resolução de problemas. Apesar disso, Mancini, Silva, Gonçalves e Martins (2003)
constataram que as crianças com síndrome de Down de cinco anos eram mais
independentes do que as com dois anos de idade, recebendo menor assistência do
cuidador para compreender ordens, comunicar-se e resolver problemas da rotina diária.
2
Haley, S. M., Coster, W. J., Ludlow, L. H., Haltiwanger, J. T., & Andrellos, P. J. (1992). Pedriatic
Evaluation of Disability Inventory (PEDI). Version 1.0. Boston, MA: New England Medical Center
Hospitals.
43
Esse estudo de Mancini, Silva, Gonçalves e Martins (2003) traz algumas
contribuições para a presente pesquisa, pois começa a elucidar o tipo de comportamento
social que crianças com síndrome de Down podem emitir, já que as crianças com
síndrome de Down emitiram os comportamentos relativos às atividades que envolviam
comunicação expressiva, compreensão, socialização e resolução de problemas, mas
numa freqüência menor se comparadas às crianças com desenvolvimento típico. Não
obstante, também não foram apresentados ou detalhados a topografia e a funcionalidade
dos comportamentos citados no estudo.
Angélico (2004) desenvolveu uma pesquisa cujo objetivo foi investigar, a partir
da metodologia observacional direta (filmagens) e indireta (entrevistas com os pais,
registro do comportamento de discriminação empática e aplicação de um questionário
com as professoras), o repertório de comportamentos sociais, tanto verbais quanto não-
verbais, de um grupo de 10 indivíduos adolescentes com síndrome de Down (sendo
quatro indivíduos do sexo feminino e seis do sexo masculino), de 12 a 17 anos de idade.
Neste estudo, os resultados obtidos indicam que os adolescentes com síndrome de
Down possuem um déficit de habilidades sociais empáticas de percepção e
reconhecimento das emoções vividas por outras pessoas, e um déficit de respostas
assertivas de enfrentamento em seu repertório comportamental. A conclusão do autor é
a de que, na maioria das vezes, os indivíduos não são socialmente competentes frente às
demandas apresentadas por falta de repertório das habilidades sociais requeridas.
Este estudo de Angélico (2004) é o que mais se aproxima da proposta desta
pesquisa, pois categoriza as classes de comportamentos sociais e traz informações
específicas acerca do repertório de habilidades sociais de indivíduos com síndrome de
Down, bem como dos déficits apresentados por essa população quanto a essas
44
habilidades. Entretanto, esse estudo foi feito com adolescentes com síndrome de Down,
e não com crianças, que estariam ainda numa fase de aprendizado mais acelerado, cujas
mudanças ambientais poderiam trazer maiores benefícios às mesmas.
Como pode ser visto, a literatura sobre a sociabilidade dos indivíduos com
síndrome de Down traz dados contraditórios. Enquanto alguns estudos apontam que
estes indivíduos são sociáveis (Freeman & Kasari, 2002; Schiavo & cols., 1999), outros
relatam déficits no repertório de comportamentos sociais desses indivíduos (Angélico,
2004; Mancini, Silva, Gonçalves & Martins, 2003). Considerando as características
fisiológicas das crianças com síndrome de Down, e a acentuada importância da
estimulação ambiental e conseqüenciação de seus comportamentos pelos interlocutores,
quais seriam as habilidades e os déficits sociais que as crianças com síndrome de Down
apresentam?
Problema de pesquisa:
Algumas características pontuadas nessa parte introdutória sobre a sociabilidade
de crianças com síndrome de Down se sobrepõem, mas a maioria diverge. Parece não
existir um consenso sobre a sociabilidade de indivíduos com síndrome de Down, além
da maioria dos estudos não especificar a metodologia utilizada para verificar tais
características apontadas. Seria importante que os estudos estabelecessem uma definição
operacional dos comportamentos sociais emitidos por esses indivíduos, elucidando sua
topografia e funcionalidade, a fim de esclarecer quais comportamentos sociais
especificamente as pessoas com síndrome de Down emitem, em função do quê esses
comportamentos são emitidos ou em que contextos eles ocorrem, e em quais etapas do
desenvolvimento esses comportamentos são verificados.
45
O problema de pesquisa se fundamenta em pelo menos três questões principais:
1) escassez de estudos amplos e detalhados sobre a sociabilidade dos indivíduos com
síndrome de Down, 2) controvérsia existente na literatura pertinente sobre a facilidade
versus a dificuldade de interação social de indivíduos com síndrome de Down, e 3)
importância de estudos sobre o repertório de habilidades sociais tendo a própria criança
como avaliadora de seu desempenho.
A questão de pesquisa pode ser explicitada como segue: qual a relação existente
entre a condição da criança em ter ou não ter a síndrome de Down e o repertório de
habilidades sociais da criança?
O tipo de delineamento utilizado foi o de correlação entre dois grupos
independentes ou delineamento de grupo (Almeida, 2004), em que foi utilizada
estatística inferencial, visando, como esse tipo de delineamento, prover a pesquisa de
validade interna. Optou-se pela utilização deste tipo de delineamento de correlação ou
de grupo, e não o de amostras pareadas, pois pelo número de sujeitos, (20 no total), seria
praticamente inviável controlar todas as variáveis características dos participantes das
duas amostras, como sexo, nível sócio-econômico, idade, etc.
Com base nos estudos com metodologia detalhada que mais se assemelham com
este (Angélico, 2004; Mancini, Silva, Gonçalves & Martins, 2003), a pesquisa tem a
hipótese de que as crianças com desenvolvimento típico possuem um repertório de
habilidades sociais mais diversificado que as crianças com síndrome de Down, ou que
as crianças com síndrome de Down possuem maiores déficits no seu repertório de
habilidades sociais do que as crianças com desenvolvimento típico.
46
Considerando portanto o exposto, essa pesquisa tem como objetivos:
1. Identificar o repertório de habilidades sociais de estudantes com síndrome de
Down (SD) e o repertório de habilidades sociais de estudantes com
desenvolvimento típico (DT), todos alunos de salas de aula da rede regular
de ensino;
2. Comparar, em termos de semelhanças e diferenças, o repertório de
habilidades sociais de estudantes com síndrome de Down (SD) e o repertório
de habilidades sociais de estudantes com desenvolvimento típico (DT), todos
alunos de salas de aula da rede regular de ensino;
3. Verificar a existência de correlação entre as auto-avaliações de freqüência,
adequação e dificuldade de emissão das reações de habilidades sociais;
4. Verificar a existência de correlação entre as auto-avaliações e as avaliações
dos professores sobre as reações de habilidades sociais;
5. Verificar a existência de diferenças de habilidades sociais dentro dos dois
grupos de participantes (SD e DT) separadamente em função do tipo de
escola, sexo, nível sócio-econômico, dificuldade de aprendizagem,
problemas de comportamento e características clínicas das crianças.
47
Método
1. Seleção dos Participantes:
A amostra foi composta por 10 crianças com síndrome de Down (SD) incluídas
em salas de escolas regulares de ensino, e 10 crianças com desenvolvimento típico
(DT), sendo todas as crianças alunas de primeira a quarta série do Ensino Fundamental
3
de escolas regulares de duas cidades do interior de São Paulo (uma com cerca de
220.000 habitantes e a outra com aproximadamente 30.000 habitantes). Participaram
também da pesquisa os professores dessas 20 crianças.
Optou-se por selecionar crianças com síndrome de Down incluídas em classes
regulares de ensino, pareando esse grupo com o outro grupo (DT) em termos de
oportunidade escolar de desenvolvimento e de repertório de habilidades sociais.
O grupo das crianças SD foi composto por indicação da Diretoria de Ensino da
Região das cidades onde ocorreu a pesquisa e da Secretaria da Educação do Município
de uma dessas cidades, com base no diagnóstico de síndrome de Down existente no
prontuário escolar das mesmas. Todas as crianças com síndrome de Down incluídas no
Ensino Fundamental das escolas regulares das duas cidades participaram da pesquisa,
com autorização de seus pais para a realização do estudo.
Cada professor de criança com síndrome de Down indicou outra criança de sua
sala de aula com desenvolvimento típico para participar da pesquisa, mantendo-se assim
controle sobre as variáveis condições similares de escolaridade (escola, professor,
colegas) entre os dois grupos (SD e DT). Apenas um par de crianças não possuía o
mesmo professor.
3
A Lei n°. 11.274, de seis de fevereiro de 2006, dispõe sobre a duração de nove anos para o ensino
fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade. Com isso, a antiga primeira série
passa a ser chamada de primeiro ano, sendo que os Municípios, os Estados e o Distrito Federal terão
prazo até 2010 para implementar essa lei na prática (Brasil, 2006c; SME, 2006).
48
A seleção das crianças DT foi feita com base nos critérios de cada professor,
podendo-se supor que os mesmos não tenham sido homogêneos. Possivelmente, um
fator levado em consideração pela grande maioria dos professores durante a escolha das
crianças DT foi a alta probabilidade de concordância dos pais sobre a participação de
seus filhos na pesquisa.
Tabela 2.
Caracterização das 20 crianças participantes do estudo
Criança Tipo de escola Série Sexo Idade NSE
4
SD1 Particular 1
a
M 6 B2
DT1 Particular 1
a
M 5 B1
SD2 Particular 3
a
F 11 B1
DT2 Particular 3
a
M 8 B1
SD3 Particular M 11 B2
DT3 Particular 4
a
M 9 B1
SD4 Pública 1
o
ano F 6 C
DT4 Pública 1
o
ano F 6 B2
SD5 Pública 1
o
ano F 6 C
DT5 Pública 1
o
ano F 6 C
SD6 Pública 1
o
ano M 6 B2
DT6 Pública 1
o
ano M 6 D
SD7 Pública 2
a
F 7 D
DT7 Pública 2
a
M 8 B2
SD8 Pública M 9 D
DT8 Pública 2
a
M 8 B1
SD9 Pública 2
a
M 11 C
DT9 Pública 2
a
F 8 B2
SD10 Pública 3
a
F 13 B1
DT10 Pública 1
o
ano M 5 C
4
Nível sócio-econômico, segundo Critério de Classificação Econômica Brasil (Brasil, 2006d - Anexo A).
49
2. Ambiente de realização da pesquisa:
A pesquisa foi feita nas respectivas escolas em que as crianças estudavam, em
ambientes confortáveis, com boa iluminação e livre de ruídos e da presença de outras
pessoas.
As crianças foram avaliadas em períodos alternados aos que freqüentavam a
escola (quando os pais se disponibilizavam a levá-las nos períodos alternados), ou em
horários de aulas de Educação Física, de Música, e de Educação Artística. Em situações
em que não foi possível realizar a avaliação com a criança em período alternado,
respeitando-se a preferência da criança por alguma atividade escolar (aulas de
Educação Física, Música, ou Educação Artística), a mesma foi feita durante uma aula
proposta pela professora, na tentativa de se extinguir/minimizar os prejuízos à criança.
As avaliações com os professores foram feitas em horários em que os mesmos
se encontravam disponíveis na escola.
3. Instrumentos e equipamento:
Os instrumentos e o equipamento utilizados neste estudo foram:
O Inventário Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças-Del-Prette ou o
IMHSC-Del-Prette (Del Prette & Del Prette, 2005b), que é a versão
informatizada do Sistema Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças-Del-
Prette ou SMHSC-Del-Prette (Del Prette & Del Prette, 2005b);
Critério de Classificação Econômica Brasil (Brasil, 2006d - Anexo A);
Um diário de campo. (Foi utilizado um caderno para registro de ocorrências
durante a coleta de dados com ambos os grupos);
Um notebook Toshiba para a aplicação do Inventário.
50
O IMHSC-Del-Prette já foi validado, sendo citados no manual do próprio
instrumento o estudo inicial sobre as propriedades psicométricas do IMHSC-Del-Prette
(Del Prette & Del Prette, 2005b, pp.44) e outros estudos com o mesmo (Del Prette &
Del Prette, 2005b, pp.58). A despeito de ser um instrumento recente, já há alguns
estudos que utilizaram o IMHSC-Del-Prette em sua metodologia (ver, por exemplo,
Barreto, Ferreira, Magalhães, Del Prette & Del Prette, 2005; Braz, Del Prette, Del
Prette & Magalhães, 2005; Del Prette & Del Prette, 2002; Del Prette, Del Prette &
Magalhães, 2005; Dias, Del Prette, Del Prette & Magalhães, 2005; Molina, 2003).
O IMHSC-Del-Prette é composto de materiais digitais e impressos, para a
avaliação e promoção de habilidades sociais de crianças com idade entre sete e 12 anos,
de primeira a quarta série do Ensino Fundamental. Os materiais de avaliação do
IMHSC-Del-Prette consistem de um caderno de auto-avaliação de habilidades sociais
pela criança, um caderno de avaliação de habilidades sociais da criança pelo professor e
um caderno de avaliação sobre os itens de habilidades sociais pelo professor. O
instrumento (IMHSC-Del-Prette) disponibiliza, através de um módulo processador, os
resultados em protocolos, gráficos e planilhas.
Os 21 itens do IMHSC-Del-Prette (Anexo B) retratam vários contextos do
cotidiano escolar de crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental (principalmente
da primeira à quarta série), em suas interações com outras crianças e adultos. Cada item
apresenta, portanto, uma situação na qual determinada habilidade social é requerida, e
três possibilidades de reação: uma habilidosa (que demonstra assertividade, empatia,
expressão de sentimentos positivos ou negativos de forma apropriada, civilidade, etc.),
uma não habilidosa ativa (que demonstra agressividade, negativismo, ironia,
autoritarismo, etc.) e uma não habilidosa passiva (que demonstra esquiva ou fuga ao
51
invés de enfrentamento da situação). (Um exemplo de situação apresentada ao
professor na forma impressa e à criança em vídeo está no Anexo C).
Os 21 itens do IMHSC-Del-Prette são agrupados em quatro subescalas/fatores:
Fator 1: Empatia e civilidade; Fator 2: Assertividade de enfrentamento; Fator 3:
Autocontrole; Fator 4: Participação; e Fator 5: Não-fatores.
O agrupamento dos itens dentro desses quatro fatores trouxe resultados em
escores fatoriais mais específicos de habilidades comportamentais (de empatia e
civilidade, de assertividade de enfrentamento, de autocontrole e de participação) que as
crianças SD possuem.
4. Procedimento de coleta de dados:
Nas avaliações dos professores foram utilizadas pranchas do IMHSC-Del-Prette
(como o exemplo no Anexo C), que são um instrumento equivalente à versão
informatizada (Del Prette & Del Prette, 2005b). Os professores avaliaram as crianças
nos indicadores de freqüência, adequação e importância. A pesquisadora apresentava o
modelo de avaliação para o primeiro item, e o professor realizava o restante da
avaliação sozinho. Cada professor levou, em média, 25 minutos para realizar a
avaliação de cada aluno, e 15 minutos para realizar a avaliação de adequação e
importância dos itens.
As avaliações com as crianças foram feitas com a utilização da versão
informatizada, com o uso do notebook (pelo qual as crianças demonstraram bastante
interesse), e não por meio de pranchas (material impresso). As crianças se auto-
avaliaram nos indicadores de freqüência, adequação e dificuldade. Na avaliação com a
maioria das crianças (18/20), a pesquisadora manipulou o mouse do computador,
52
pedindo para a criança responder oralmente às perguntas - apenas duas crianças
quiseram manipular o mouse sozinhas. Cada criança levou, em média, uma hora para
ser avaliada em todos os 21 itens, e foi dada a opção para a criança escolher se queria
responder a todos os itens de uma vez, ou se queria respondê-los em duas sessões,
dentro de um prazo máximo de uma semana (uma primeira sessão contemplando do
item 1 ao 11, e uma segunda contemplando do item 12 ao 21).
Os comportamentos dos participantes conseqüenciados positivamente foram
apenas o de concentrar-se na atividade e o de responder às perguntas, sendo as
conseqüências as mesmas para todas as respostas (adequadas ou inadequadas), com
falas da pesquisadora, tais como: “Muito bom, prestou atenção no filminho e respondeu
o que eu perguntei! Legal!”. Quando a avaliação terminava e todas as respostas já
tinham sido dadas, a pesquisadora valorizada mais as reações habilidosas, no intuito de
tornar a atividade educativa.
As avaliações com a criança e com o professor foram realizadas em dias
diferentes, mas dentro de um prazo de, no máximo, uma semana. Na maioria das vezes
(14/20), a avaliação com o professor foi feita antes da avaliação com a criança.
5. Cuidados éticos:
Este estudo foi elaborado sob as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de
Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, de acordo com a Resolução 196/96 (CNS), e
aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos, com
o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética - CAAE de número
0062.0.135.000-05 e parecer número 170/2005 (Anexo D).
53
Foram entregues às escolas participantes e aos responsáveis pelas crianças
participantes da pesquisa uma cópia resumida do projeto de pesquisa, e tanto
diretores/coordenadores pedagógicos das escolas quanto os responsáveis assinaram um
termo de consentimento livre e esclarecido (Anexos E e F).
Como forma de agradecimento, retorno e compromisso com as escolas e os
participantes da pesquisa, a pesquisadora se disponibilizou a contribuir com cada uma
delas realizando uma palestra ou mini-curso sobre habilidades sociais para os
professores, para os pais ou para as próprias crianças, segundo vontade das escolas.
Além disso, a pesquisadora retornou às escolas ao término da pesquisa para uma
devolutiva dos resultados à direção da escola, aos professores e aos pais de cada
participante.
6. Tratamento dos dados:
Foi utilizado o Teste-t para amostras independentes para a análise estatística entre
os dois grupos de participantes. O nível de significância adotado foi p<0,05 e a potência
de teste buscada foi de 90% (β = 0,10).
Foram conduzidas análises estatísticas inferenciais com os dados dos 20
participantes, realizando-se a comparação estatística entre as amostras (SD e DT) nos
seguintes parâmetros:
Auto-avaliação:
1. de freqüência das reações (a)passivas, (b)habilidosas e (c)ativas no escore
geral (EG) e nas subescalas de Habilidades Sociais (F1, F2, F3, F4 e F5);
2. de adequação das reações (a)passivas, (b)habilidosas e (c)ativas no escore
geral (EG) e nas subescalas de Habilidades Sociais (F1, F2, F3, F4 e F5);
54
3. de dificuldade das reações habilidosas no escore geral (EG) e nas subescalas
de Habilidades Sociais (F1, F2, F3, F4 e F5);
Avaliação do professor:
4. de freqüência das reações (a)passivas, (b)habilidosas e (c)ativas no escore
geral (EG) e nas subescalas de Habilidades Sociais (F1, F2, F3, F4 e F5).
Também foi computado o Coeficiente de Correlação de Pearson para verificar a
existência de correlação entre:
1. Escores gerais de freqüência, adequação e dificuldade de emissão das reações
passivas, habilidosas e ativas nas auto-avaliações;
2. Escores gerais de freqüência das reações (passivas, habilidosas e ativas) na
auto-avaliação das crianças e escores gerais de freqüência das mesmas reações
na avaliação dos professores;
3. Escores gerais de adequação das reações (passivas, habilidosas e ativas) na
auto-avaliação das crianças e escores gerais de adequação das mesmas reações
na avaliação dos professores;
4. Escores gerais de dificuldade da criança e escores gerais de importância
atribuída pelo professor com relação às reações habilidosas.
Além das comparações estatísticas de escores de habilidades sociais (gerais e
fatoriais) entre os dois grupos de participantes por meio do Teste-t para amostras
independentes nos quatro parâmetros citados, e das correlações entre as auto-avaliações
em si, e entre as auto-avaliações e as avaliações do professor através do Coeficiente de
Correlação de Pearson nos outros quatro parâmetros citados, também foi verificada,
através do Teste-t, a existência de diferenças estatisticamente significativas de escores
gerais de habilidades sociais dentro dos dois grupos de participantes (SD e DT)
55
separadamente em função do tipo de escola, sexo, nível sócio-econômico (NSE),
dificuldade de aprendizagem (DA), problemas de comportamento (PC) e características
clínicas (CC) das crianças, características estas que foram avaliadas pelos professores
de cada criança com o próprio IMHSC-Del-Prette.
Portanto, dentro de cada grupo em separado de crianças participantes da
pesquisa (SD e DT), foram analisadas diferenças estatisticamente significativas de
escores gerais de habilidades sociais, incluído-se aí auto-avaliações (de freqüência,
adequação e dificuldade) e avaliações do professor (de freqüência, adequação e
importância) das reações passivas, habilidosas e ativas, em função das seguintes
características, com as respectivas possibilidades de resposta:
Tipo de escola: pública ou particular.
Sexo: masculino ou feminino.
Nível sócio-econômico (NSE): A1, A2, B1, B2, C, D e E, segundo Critério de
Classificação Econômica Brasil (Brasil; 2006d - Anexo A).
Dificuldade de aprendizagem (DA): nenhuma, pouca ou muita.
Problemas de comportamento (PC): nenhum, pouco ou muito.
Características clínicas (CC): nenhuma doença ou doença física.
Todas as análises foram realizadas por meio do programa estatístico SPSS
(Statistical Package for Social Sciences - Bisquerra, Sarriera & Martínez, 2004), versão
13.0. Para tanto, foi elaborado um banco de dados no qual foram registrados os dados
coletados.
56
Resultados
Os resultados desse estudo permitem analisar semelhanças e diferenças de
repertório de habilidades sociais entre crianças com síndrome de Down incluídas e
crianças com desenvolvimento típico, analisar correlações entre as auto-avaliações em
si, e entre as mesmas e as avaliações dos professores, bem como permitem analisar
diferenças de repertório de habilidades sociais dentro de cada grupo em função de
algumas características inerentes aos mesmos.
Assim, esses resultados são apresentados em três partes: (1) Semelhanças e
diferenças de repertório de habilidades sociais entre os dois grupos; (2) Correlação
significativa entre escores; e (3) Diferenças de habilidades sociais dentro de cada grupo.
1. Semelhanças e diferenças de repertório de habilidades sociais entre os dois
grupos:
1.1. Escores (gerais e fatoriais) de habilidades sociais com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT:
Considerando-se os escores gerais e fatoriais de habilidades sociais (lembrando
que o Fator 1 corresponde às habilidades de empatia e civilidade; o Fator 2 às
habilidades de assertividade de enfrentamento; o Fator 3 às habilidades de autocontrole;
o Fator 4 às de participação; e o Fator 5 às habilidades que foram incluídas em não-
fatores), alguns parâmetros não apresentaram diferença estatisticamente significativa
entre os grupos SD e DT em nenhum escore (nem no escore geral, nem nos escores
fatoriais), que foram:
Auto-avaliação de freqüência das reações passivas (Média geral= 15,05; d.p.=
6,92);
57
Auto-avaliação de adequação das reações passivas (Média geral= 18,30; d.p.=
9,39);
Avaliação do professor de freqüência das reações passivas (Média geral= 14,05;
d.p.= 4,90).
A ausência de diferença estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT
para os escores de reações passivas significa que as crianças SD e DT parecem emitir
com freqüência semelhante as reações passivas, já que a diferença estatisticamente
significativa entre os grupos não apareceu nem na auto-avaliação e nem na avaliação
dos professores. Além disso, as crianças SD parecem achar tão adequado serem
passivas quanto as DT, já que não apareceu diferença estatisticamente significativa nas
auto-avaliações de adequação das reações passivas.
Considerando o grupo com um todo (os 20 participantes), no geral as médias de
freqüência e adequação atribuídas às reações passivas foram menores que as atribuídas
às reações habilidosas, mas maiores que as atribuídas às reações ativas. Por exemplo,
nos escores gerais de auto-avaliação de freqüência, o grupo como um todo obteve
Média= 15,05; d.p.= 6,92 para as reações passivas, Média= 25,95; d.p.= 8,17 para as
habilidosas e Média= 6,85; d.p.= 7,44 para as ativas. Nos escores gerais de auto-
avaliação de adequação
, o grupo com um todo obteve Média= 18,30; d.p.= 9,39 para as
reações passivas, Média= 30,00; d.p.= 10,65 para as habilidosas e Média= 7,80; d.p.=
9,04 para as ativas. Apesar das médias gerais demonstrarem esse padrão de preferência
entre as crianças dos dois grupos nas auto-avaliações de freqüência e adequação
(habilidosa > passiva > ativa), o grupo DT apresentou esse padrão mais
consistentemente que o grupo SD. Os dados corroboraram a tendência das crianças a
58
avaliarem com maior freqüência e adequação as reações habilidosas, seguidas das
reações passivas e ativas, como apontado por Barreto e cols. (2005).
Além dessa tendência geral, mais fortemente representada pelas crianças DT,
houve os escores gerais e fatoriais de habilidades sociais com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT, que serão demonstrados através de figuras e
tabelas, a seguir.
Auto-avaliação de frequência das reações habilidosas
0
5
10
15
20
25
30
35
Médias de frequência
SD
DT
Figura 1. Médias de auto-avaliação de freqüência das reações habilidosas relativas aos
escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT
Tabela 3.
Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de freqüência das reações
habilidosas relativos aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os
grupos SD e DT
Escore Geral Empatia Assertividade Participação
SD Média=20,80;
d.p.= 8,16
Média=9,40;
d.p.= 4,43
Média=2,90;
d.p.= 1,66
Média=3,30;
d.p.= 1,42
DT Média=31,10;
d.p.=3,90
Média=14,40;
d.p.= 1,65
Média=6,00;
d.p.= 1,70
Média=5,30;
d.p.= 0,82
E Geral Em
atia Assertividade Partici
p
a
ç
ão
59
Como pode ser visto na figura um e na tabela três, as crianças DT tiveram uma
média significativamente maior que as crianças SD no escore geral e nos escores
fatoriais que correspondem a habilidades de empatia e civilidade, de assertividade de
enfrentamento e de participação, indicando que as crianças DT se auto-avaliam como
mais freqüentemente habilidosas que as crianças SD em contextos que exigem essas
habilidades sociais.
Auto-avaliação de frequência das reações NH ativas
0
2
4
6
8
10
12
Médias de frequência
SD
DT
Figura 2. Médias de auto-avaliação de freqüência das reações não habilidosas ativas
relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos SD e
DT
Tabela 4.
Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de freqüência das reações não
habilidosas ativas relativos aos escores com diferença estatisticamente significativa
entre os grupos SD e DT
Escore Geral Empatia Auto controle Participação
SD Média=11,00;
d.p.= 8,59
Média=3,20;
d.p.= 4,31
Média=2,60;
d.p.= 2,80
Média=2,20;
d.p.= 1,69
DT Média=2,70;
d.p.= 2,21
Média=0,10;
d.p.= 0,32
Média=0,40;
d.p.= 0,52
Média=0,20;
d.p.= 0,63
E Geral Em
atia Auto controle Partici
p
a
ç
ão
60
A figura dois e a tabela quatro mostram que as crianças SD, na média, avaliaram
emitir com freqüência significativamente maior reações ativas, se comparadas às
médias das crianças DT, no escore geral, ou seja, em grande parte das habilidades
sociais contempladas pelo instrumento, e nos escores fatoriais que dizem respeito às
habilidades de empatia e civilidade, às habilidades de autocontrole e às habilidades de
participação. Esses dados indicam que as crianças SD se auto-avaliam como mais
freqüentemente ativas em demandas que exigem essas habilidades sociais, se
comparadas às DT.
Auto-avaliação de adequação das reações habilidosas
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Médias de adequação
SD
DT
Figura 3. Médias de auto-avaliação de adequação das reações habilidosas relativas aos
escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos SD e DT
Tabela 5.
Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de adequação das reações
habilidosas relativos aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os
grupos SD e DT
Escore Geral Empatia
SD Média=24,80;
d.p.= 12,72
Média=8,80;
d.p.= 5,33
DT Média=35,20;
d.p.= 4,21
Média=15,70;
d.p.= 0,95
E Geral Em
atia
61
Como pode ser observado na figura três e na tabela cinco, a média de adequação
conferida pelas crianças DT às reações habilidosas foi significativamente maior que a
média de adequação conferida pelas crianças SD às mesmas reações, tanto no escore
geral como no escore fatorial relativo às habilidades de empatia e civilidade. Pode-se
considerar então que, talvez, as crianças DT avaliem como mais adequadas as reações
habilidosas nas demandas que exigem habilidades sociais no geral e especificamente
nas que exigem habilidades empáticas e de civilidade, quando comparadas às crianças
SD.
Auto-avaliação de adequação das reações NH ativas
0
2
4
6
8
10
12
14
Médias de adequação
SD
DT
Figura 4. Médias de auto-avaliação de adequação das reações não habilidosas ativas
relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos SD e
DT
E Ge
r
al Em
atia Assertividade Auto cont. Partici
p
a
ç
ão
62
Tabela 6.
Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de adequação das reações não
habilidosas ativas relativos aos escores com diferença estatisticamente significativa
entre os grupos SD e DT
Escore Geral Empatia Assertividade Auto
controle
Participação
SD Média=13,00;
d.p.= 10,08
Média=3,50;
d.p.= 3,69
Média=3,30;
d.p.= 3,37
Média=2,90;
d.p.= 3,03
Média=2,20;
d.p.= 1,69
DT Média=2,60;
d.p.= 3,27
Média=0,20;
d.p.= 0,63
Média=0,80;
d.p.= 0,92
Média=0,50;
d.p.= 0,85
Média=0,60;
d.p.= 1,07
Segundo a figura quatro e a tabela seis, a média de auto-avaliação de adequação
das reações ativas das crianças SD foi maior que a média das crianças DT no escore
geral e nos escores fatoriais que dizem respeito às habilidades de empatia e civilidade,
às de assertividade de enfrentamento, às de autocontrole e às de participação. Parece
então que as crianças SD, na média, avaliam como mais adequado serem ativas em
demandas que exigem habilidades sociais no geral, e em especial em demandas que
exigem habilidades empáticas e de civilidade, de assertividade, de autocontrole e de
participação, se comparadas às crianças DT.
Auto-avaliação de dificuldade de emissão das reações
habilidosas
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Médias de dificuldade
SD
DT
Figura 5. Médias de auto-avaliação de dificuldade de emissão das reações habilidosas
relativas ao escore com diferença estatisticamente significativa entre os grupos SD e
DT
N
ão-fatores
63
Tabela 7.
Médias e desvios-padrão (d.p.) de auto-avaliação de dificuldade de emissão das
reações habilidosas relativos ao escore com diferença estatisticamente significativa
entre os grupos SD e DT
Não-fatores
SD Média=2,30;
d.p.= 1,06
DT Média=0,90;
d.p.= 0,74
Como mostra a figura cinco e a tabela sete, as crianças SD e DT só apresentaram
diferença estatisticamente significativa entre os escores médios de auto-avaliação de
dificuldade de emissão das reações habilidosas no escore fatorial que diz respeito a não-
fatores, em que as crianças SD demonstraram possuir maior dificuldade. Logo, nos
escores restantes, os grupos não apresentaram diferença estatisticamente significativa
nesse indicador. Isso denota a possibilidade de as crianças SD e DT sentirem a mesma
dificuldade em emitir reações socialmente habilidosas em diversos contextos (tanto em
contextos que exigem habilidades sociais gerais, como naqueles que exigem
habilidades empáticas e de civilidade, assertivas, de autocontrole e de participação).
64
Avaliação do professor de freqüência das reações habilidosas
0
5
10
15
20
25
30
35
Médias de freqüência
SD
DT
Figura 6. Médias de avaliação do professor de freqüência das reações habilidosas
relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos SD e
DT
Tabela 8.
Médias e desvios-padrão (d.p.) de avaliação do professor de freqüência das reações
habilidosas relativos aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os
grupos SD e DT
Escore Geral Empatia Assertividade Auto
controle
Não-fatores
SD Média=17,70;
d.p.= 8,46
Média=9,10;
d.p.= 3,45
Média=3,10;
d.p.= 2,23
Média=2,70;
d.p.= 2,16
Média=1,00;
d.p.= 1,15
DT Média=29,80;
d.p.= 5,59
Média=13,3
0; d.p.= 2,21
Média=7,00;
d.p.= 1,76
Média=5,00;
d.p.= 1,76
Média=3,00;
d.p.= 0,82
A figura seis e a tabela oito mostram que, na média, os professores avaliaram a
freqüência de reações habilidosas das crianças DT como significativamente maior que a
freqüência de reações habilidosas das crianças SD para o escore geral e para os escores
fatoriais relativos às habilidades de empatia e civilidade, de assertividade de
enfrentamento, de autocontrole e aos não-fatores. Isso significa que, na média, os
professores avaliaram as crianças DT como mais freqüentemente habilidosas que as
E Geral Em
atia Assertividade Auto cont.
N
ão-fatores
65
crianças SD em todos os fatores, com exceção do fator que corresponde às habilidades
de participação.
Avaliação do professor de freqüência das reações NH ativas
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Médias de frequência
SD
DT
Figura 7. Médias de avaliação do professor de freqüência das reações não habilidosas
ativas relativas aos escores com diferença estatisticamente significativa entre os grupos
SD e DT
Tabela 9.
Médias e desvios-padrão (d.p.) de avaliação do professor de freqüência das reações
não habilidosas ativas relativos aos escores com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT
Auto controle Participação
SD Média=2,80;
d.p.= 1,69
Média=1,00;
d.p.= 0,82
DT Média=1,00;
d.p.= 1,15
Média=1,90;
d.p.= 0,57
Segundo a figura sete e a tabela nove, os professores avaliaram, na média, a
freqüência de reações ativas das crianças SD como significativamente maior que a
freqüência de reações ativas das crianças DT apenas no escore fatorial que corresponde
às habilidades de autocontrole. Em contrapartida, a avaliação média dos professores de
freqüência das reações ativas das crianças SD para o escore fatorial que corresponde às
Auto controle Partici
p
a
ç
ão
66
habilidades de participação, foi significativamente menor que a avaliação média dos
professores de freqüência das reações ativas das crianças DT. Isso significa que, talvez,
na visão dos professores, as crianças SD sejam mais freqüentemente ativas que as DT
nas habilidades de autocontrole, e as crianças DT sejam mais freqüentemente ativas que
as SD nas habilidades de participação.
Sintetizando os resultados obtidos por escores (gerais e fatoriais), as crianças DT
tiveram médias significativamente maiores:
na auto-avaliação de freqüência das reações habilidosas (habilidades no geral,
empáticas, assertivas e de participação);
na auto-avaliação de adequação das reações habilidosas (habilidades no geral e
empáticas);
na avaliação do professor de freqüência das reações habilidosas (habilidades no
geral, empáticas, assertivas, de auto controle e nos não-fatores);
na avaliação do professor de freqüência das reações ativas (habilidades de
participação).
Já as crianças SD
tiveram médias significativamente maiores;
na auto-avaliação de freqüência das reações ativas (habilidades no geral,
empáticas, de auto controle e de participação);
na auto-avaliação de adequação
das reações ativas (habilidades no geral,
empáticas, assertivas, de auto controle e de participação);
na auto-avaliação de dificuldade de emissão das reações habilidosas (não-
fatores);
na avaliação do professor de freqüência das reações ativas (habilidades de auto
controle).
67
1.2. Itens (do IMHSC-Del-Prette) de habilidades sociais com diferença estatisticamente
significativa entre os grupos SD e DT:
Além da comparação entre os dois grupos por escores gerais e fatoriais de
habilidades sociais, foi feita a comparação estatística entre ambos por itens do
instrumento, obtendo-se uma análise mais específica acerca das diferenças
estatisticamente significativas de habilidades sociais entre SD e DT, apresentadas a
seguir.
O grupo SD apresentou média significativamente menor que o grupo DT nas auto-
avaliações de freqüência das reações passivas nos itens:
8: Mediar conflitos entre colegas (Participação);
20: Defender-se de acusações injustas (Assertividade).
O grupo SD apresentou média significativamente menor que o grupo DT nas auto-
avaliações de freqüência das reações habilidosas nos itens:
3: Expressar desagrado (Assertividade);
6: Pedir desculpas (Empatia e civilidade);
8: Mediar conflitos entre colegas (Participação);
11: Propor nova brincadeira (Assertividade);
12: Perguntar/questionar (Não-fator);
13: Responder pergunta da professora (Participação);
18: Consolar o colega (Empatia e civilidade);
19: Elogiar o objeto do colega (Empatia e civilidade);
20: Defender-se de acusações injustas (Assertividade);
68
21: Defender o colega (Empatia e civilidade).
O grupo SD apresentou média significativamente maior que o grupo DT nas
auto-avaliações de freqüência da reação ativa no item:
8: Mediar conflitos entre colegas (Participação).
O grupo SD apresentou média significativamente maior que o grupo DT nas
auto-avaliações de adequação da reação passiva no item:
4: Pedir ajuda ao colega em classe (Não-fator).
O grupo SD apresentou média significativamente menor que o grupo DT nas
auto-avaliações de adequação das reações habilidosas nos itens:
7: Demonstrar espírito esportivo (Autocontrole);
10: Oferecer ajuda (Empatia e civilidade);
14: Fazer pergunta à professora (Empatia e civilidade);
16: Agradecer um elogio (Empatia e civilidade);
19: Elogiar o objeto do colega (Empatia e civilidade);
21: Defender o colega (Empatia e civilidade).
O grupo SD apresentou média significativamente maior que o grupo DT nas
auto-avaliações de adequação das reações ativas nos itens:
5: Pedir mudança de comportamento (Assertividade);
7: Demonstrar espírito esportivo (Autocontrole);
10: Oferecer ajuda (Empatia e civilidade).
69
O grupo SD apresentou média significativamente maior que o grupo DT nas
auto-avaliações de dificuldade de emissão da reação habilidosa no item:
12: Perguntar/questionar (Não-fator).
O grupo SD apresentou média significativamente maior que o grupo DT nas
avaliações dos professores de freqüência da reação passiva no item:
6: Pedir desculpas (Empatia e civilidade).
O grupo SD apresentou média significativamente menor que o grupo DT nas
avaliações dos professores de freqüência das reações habilidosas nos itens:
4: Pedir ajuda ao colega em classe (Não-fator);
5: Pedir mudança de comportamento (Assertividade);
9: Negociar, convencer (Autocontrole);
11: Propor nova brincadeira (Assertividade);
12: Perguntar/questionar (Não-fator);
13: Responder pergunta da professora (Participação);
14: Fazer pergunta à professora (Empatia e civilidade);
17: Resistir à pressão do grupo (Assertividade);
20: Defender-se de acusações injustas (Assertividade).
O grupo SD
apresentou média significativamente menor que o grupo DT nas
avaliações dos professores de freqüência
da reação ativa no item:
1: Juntar-se a um grupo em brincadeiras (Participação).
70
O grupo SD apresentou média significativamente maior que o grupo DT nas
avaliações dos professores de freqüência da reação ativa no item:
9: Negociar, convencer (Autocontrole).
2. Correlação significativa entre escores:
Analisando os escores gerais de habilidades sociais dos 20 participantes da
pesquisa como um todo (englobando os dois grupos) com o Coeficiente de Correlação
de Pearson, verificou-se a existência de correlação positiva estatisticamente
significativa entre alguns parâmetros, com níveis de confiança 0,01 (p< 0,01) e 0,05 (p<
0,05), como demonstrado na tabela 10:
Tabela 10.
Correlações significativas entre os escores gerais de habilidades sociais dos 20
participantes
Escores gerais avaliados Correlação
de Pearson
Auto-av. freq. passivas e auto-av. adeq. passivas 0,658**
Auto-av. freq. habilidosas e auto-av. adeq. habilidosas 0,744**
Auto-av. freq. ativas e auto-av. adeq. ativas 0,540*
Auto-av. freq. habilidosas e auto-av. dific. habilidosas 0,612**
Auto-av. adeq. habilidosas e auto-av. dific. habilidosas 0,615**
Auto-av. freq. passivas e av.prof. freq. passivas
Auto-av. freq. habilidosas e av.prof. freq. habilidosas 0,593**
Auto-av. freq. ativas e av.prof. freq. ativas
Auto-av. adeq. passivas e av.prof. adeq. passivas
Auto-av. adeq. habilidosas e av. prof. adeq. habilidosas
Auto-av. adeq. ativas e av. prof. adeq. ativas
Auto-av. dific. habilidosas e av. prof. imp. habilidosas 0,579**
Nota: * = p< 0,05
** = p< 0,01
Considerando que a correlação com nível de confiança 0,01 (p< 0,01) possui
maior chance de acerto/menor chance de erro do que a correlação com nível de
71
confiança 0,05 (p< 0,05), a tabela 10 demonstra que vários pares de escores gerais
tiveram alta correlação entre as auto-avaliações e entre a auto-avaliação e a avaliação
dos professores. Isso pode ser tomado como um alto índice de confiança dos resultados.
Foram correlacionados também os escores gerais de habilidades sociais dentro de
cada grupo de participantes. Dentro do grupo SD, não houve escores gerais com
correlação significativa, através do coeficiente de Correlação de Pearson, com nível de
confiança 0,01 (p< 0,01). Apesar disso, o mesmo grupo teve escores com correlação
significativa com nível 0,05 (p< 0,05), que possui maior chance de erro, como consta
na tabela 11.
Tabela 11.
Correlações significativas entre os escores gerais de habilidades sociais do grupo SD
Escores gerais avaliados Correlação
de Pearson
Auto-av. freq. passivas e auto-av. adeq. passivas 0,646*
Auto-av. freq. habilidosas e auto-av. adeq. habilidosas 0,653*
Auto-av. freq. ativas e auto-av. adeq. ativas
Auto-av. freq. habilidosas e auto-av. dific. habilidosas 0,678*
Auto-av. adeq. habilidosas e auto-av. dific. habilidosas 0,696*
Auto-av. freq. passivas e av.prof. freq. passivas
Auto-av. freq. habilidosas e av.prof. freq. habilidosas
Auto-av. freq. ativas e av.prof. freq. ativas
Auto-av. adeq. passivas e av.prof. adeq. passivas
Auto-av. adeq. habilidosas e av. prof. adeq. habilidosas
Auto-av. adeq. ativas e av. prof. adeq. ativas
Auto-av. dific. habilidosas e av. prof. imp. habilidosas
Nota: * = p< 0,05
Todos os escores gerais de habilidades sociais do grupo SD com correlação
significativa de 0,05 (p< 0,05) através do Coeficiente de Correlação de Pearson também
tiveram correlação dentro do grupo como um todo, mas com nível de confiança 0,01
(p< 0,01). Isso significa que há um maior índice de confiança dos resultados das auto-
avaliações com relação às reações passivas e habilidosas dentro do grupo como um
72
todo do que no grupo SD. Além disso, não houve nenhuma correlação entre escores de
auto-avaliação das crianças SD e escores de avaliação de seus professores, o que
diminui a confiabilidade dos dados.
O grupo DT teve escores gerais de habilidades sociais correlacionados com
nível de confiança 0,01 (p< 0,01) e com nível de confiança 0,05 (p< 0,05).
Tabela 12.
Correlações significativas entre os escores gerais de habilidades sociais do grupo DT
Nota: * = p< 0,05
** = p< 0,01
As correlações com p< 0,01 no grupo DT entre (a) a auto-avaliação de freqüência
das reações habilidosas e a auto-avaliação de dificuldade das reações habilidosas, (b) a
auto-avaliação de adequação das reações habilidosas e a auto-avaliação de dificuldade
das reações habilidosas e (c) a auto-avaliação da dificuldade nas reações habilidosas e a
avaliação do professor da importância das reações habilidosas, também tiveram
correlação com p< 0,01 no grupo como um todo, relevando um alto índice de confiança
dos dados. A correlação com p< 0,01 no grupo DT entre a auto-avaliação de freqüência
das reações ativas e auto-avaliação de adequação das reações ativas teve correlação
Escores gerais avaliados Correlação
de Pearson
Auto-av. freq. passivas e auto-av. adeq. passivas 0,676*
Auto-av. freq. habilidosas e auto-av. adeq. habilidosas
Auto-av. freq. ativas e auto-av. adeq. ativas 0,794**
Auto-av. freq. habilidosas e auto-av. dific. habilidosas 0,810**
Auto-av. adeq. habilidosas e auto-av. dific. habilidosas 0,786**
Auto-av. freq. passivas e av.prof. freq. passivas
Auto-av. freq. habilidosas e av.prof. freq. habilidosas
Auto-av. freq. ativas e av.prof. freq. ativas
Auto-av. adeq. passivas e av.prof. adeq. passivas
Auto-av. adeq. habilidosas e av. prof. adeq. habilidosas
Auto-av. adeq. ativas e av. prof. adeq. ativas
Auto-av. dific. habilidosas e av. prof. imp. habilidosas 0,830**
73
com p< 0,05 no grupo como um todo, o que significa que o grupo DT teve correlação
maior entre o escore geral de auto-avaliação de freqüência das reações ativas e o escore
geral de auto-avaliação de adequação das reações ativas.
Os escores gerais de auto-avaliação com relação às reações passivas do grupo DT
tiveram correlação com p< 0,05, e os mesmos escores gerais tiveram correlação com p<
0,01 no grupo como um todo, revelando um maior índice de confiança dos resultados
no grupo como um todo.
Resumindo as informações constadas nas tabelas acima (10, 11 e 12), pode-se
inferir que houve um alto índice de confiança dos resultados do grupo como um todo, e
dos resultados dos dois grupos (SD e DT) em particular. Considerando que a correlação
com nível de confiança 0,01 (p< 0,01) tem maior chance de acerto ou menor chance de
erro que a correlação com nível de confiança 0,05 (p< 0,05), o grupo como um todo
teve mais pares de escores correlacionados com nível de confiança com p< 0,01 (seis
pares de escores) que pares de escores correlacionados com p< 0,05 (apenas um par), o
que revela um alto índice de confiança. O grupo SD não teve escores correlacionados
com p< 0,01, e teve quatro pares de escores correlacionados com p< 0,05; já o grupo
DT teve quatro pares de escores correlacionados com p< 0,01, e apenas um par de
escores correlacionados com p< 0,05. Isso demonstra uma maior confiabilidade nos
resultados das crianças DT.
3. Diferenças de habilidades sociais dentro de cada grupo:
Com relação às diferenças estatisticamente significativas de escores gerais de
habilidades sociais dentro dos dois grupos de participantes separadamente (SD e DT)
em função do tipo de escola, sexo, nível sócio-econômico (NSE), dificuldade de
74
aprendizagem (DA), problemas de comportamento (PC) e características clínicas (CC)
das crianças, houve alguns escores que não tiveram diferença estatisticamente
significativa através do Teste-t (p<0,05).
Dentro do grupo SD, as características dos participantes em função das quais os
escores gerais de habilidades sociais não apresentaram diferença estatisticamente
significativa foram:
Sexo: não houve diferença estatisticamente significativa de escores gerais de
habilidades sociais entre as crianças SD do sexo masculino (cinco crianças) e as
do sexo feminino (cinco crianças);
Nível sócio-econômico – NSE : Como o Teste-t compara apenas dois grupos, foi
feita a comparação entre o nível sócio-econômico mais elevado e o nível sócio-
econômico menos elevado apresentados pelos participantes SD, sendo dois
participantes pertencentes ao nível B1 e dois pertencentes ao nível D. Não
houve diferença estatisticamente significativa de escores gerais de habilidades
sociais entre as crianças SD com NSE B1 e as com NSE D.
Problemas de comportamento – PC: não houve diferença estatisticamente
significativa de escores gerais de habilidades sociais entre as crianças SD com
nenhum PC (quatro crianças) e as com pouco PC (quatro crianças), entre as
crianças SD com nenhum PC e as com muito PC (duas crianças), e nem entre as
crianças SD com pouco PC e as com muito PC.
Características clínicas- CC: não houve diferença estatisticamente significativa
de escores gerais de habilidades sociais entre as crianças SD com nenhuma
doença física (oito crianças) e as crianças SD com doença física (duas crianças).
75
Em contrapartida, apareceram diferenças estatisticamente significativas
(p<0,05) em alguns escores gerais de habilidades sociais em função de duas
características dos participantes SD: tipo de escola e dificuldade de aprendizagem
(DA). Com relação ao tipo de escola, as crianças SD de escola particular (três crianças)
apresentaram uma média estatisticamente maior (Média=23,00; d.p.=6,08) de escore
geral de auto-avaliação de freqüência das reações passivas que as crianças SD de escola
pública (sete crianças - Média=11,14; d.p.=5,49).
As crianças SD de escola particular também apresentaram uma média
estatisticamente maior (Média=28,33; d.p.=4,51) de escore geral de auto-avaliação de
freqüência das reações habilidosas que as crianças SD de escola pública (Média=17,57;
d.p.=7,25). Com relação ao escore geral de auto-avaliação de adequação das reações
passivas, as crianças de escola particular também tiveram uma média maior
(Média=29,33; d.p.=2,08) que as crianças de escola pública (Média=13,29; d.p.=8,86).
Além disso, no escore geral de auto-avaliação de dificuldade das reações
habilidosas, as crianças SD de escola pública apresentaram uma média
significativamente maior (Média=16,00; d.p.=5,03) que as crianças de escola particular
(Média=6,33; d.p.=6,03). Isso pode significar que as crianças SD de escola particular se
avaliam como mais freqüentemente passivas, como mais freqüentemente habilidosas, e
como mais adequado serem passivas do que as crianças SD de escola pública; em
contrapartida, as crianças SD de escola pública avaliam como mais difícil emitir a
reação habilidosa.
O grupo SD apresentou diferença estatisticamente significativa de escore geral
de auto-avaliação de freqüência das reações habilidosas em função da dificuldade de
aprendizagem (DA). Todas as crianças SD foram avaliadas pelos seus professores
76
como tendo pouca (quatro crianças) ou muita (seis crianças) dificuldade de
aprendizagem, sendo nenhuma criança SD avaliada como tendo nenhuma dificuldade
de aprendizagem. As crianças SD com pouca DA apresentaram uma média
significativamente maior (Média=27,00; d.p.=4,08) de auto-avaliação de freqüência das
reações habilidosas que as crianças SD com muita DA (Média=16,67; d.p.=7,66). Além
disso, as crianças com muita DA apresentaram uma média significativamente maior
(Média=16,50; d.p.=3,39) de escore geral de auto-avaliação de dificuldade nas reações
habilidosas que as crianças SD com pouca DA (Média=8,00; d.p.=7,96). Isso indica
que, talvez, quanto maior a dificuldade de aprendizagem da criança SD, menor a
freqüência com que ela emite reações habilidosas, e maior sua dificuldade em emitir
essas mesmas reações.
Considerando o grupo DT, as características dos participantes em função das
quais os escores gerais de habilidades sociais não apresentaram diferença
estatisticamente significativa foram:
Tipo de escola: não houve diferença estatisticamente significativa de escores
gerais de habilidades sociais entre as crianças DT de escola particular (três
crianças) e as crianças de escola pública (sete crianças);
Nível sócio-econômico – NSE: Como o Teste-t compara apenas dois grupos, foi
feita a comparação entre o nível sócio-econômico mais elevado e o nível sócio-
econômico menos elevado apresentados pelos participantes DT, sendo quatro
participantes pertencentes ao nível B1 e um pertencente ao nível D. Não houve
diferença estatisticamente significativa de escores gerais de habilidades sociais
entre as crianças DT com NSE B1 e a com NSE D.
77
Problemas de comportamento – PC: não houve diferença estatisticamente
significativa de escores gerais de habilidades sociais entre as crianças DT com
nenhum PC (cinco crianças) e as com pouco PC (quatro crianças), entre as
crianças DT com nenhum PC e a com muito PC (uma criança), e nem entre as
crianças DT com pouco PC e a com muito PC.
Houve diferença estatisticamente significativa de escores gerais de habilidades
sociais das crianças DT em função do sexo e da dificuldade de aprendizagem (DA).
Com relação ao sexo, as crianças do sexo feminino (três crianças) tiveram uma média
significativamente maior (Média=5,33; d.p.=2,08) que as crianças do sexo masculino
(sete crianças - Média=1,57; d.p.=0,98) no escore geral de auto-avaliação de freqüência
das reações ativas.
Com relação ao escore geral de auto-avaliação de adequação das reações ativas,
as crianças DT do sexo feminino também tiveram uma média significativamente maior
(Média=6,00; d.p.=4,00) que as crianças do sexo masculino (Média=1,14; d.p.=1,57).
Esses resultados podem indicar que as meninas são mais frequentemente ativas e
avaliam como mais adequado o serem, se comparadas aos meninos.
Nenhuma criança DT foi avaliada pelo seu professor com tendo muita
dificuldade de aprendizagem. O escore geral com diferença estatisticamente
significativa em relação à DA das crianças DT foi o de auto-avaliação de adequação
das reações habilidosas, em que as crianças DT com nenhuma DA (oito crianças)
tiveram uma média maior (Média=36,50; d.p.= 3,25) que as crianças DT com pouca
DA (duas crianças - Média=30,00; d.p.= 4,24). Isso pode demonstrar que quanto menor
a dificuldade de aprendizagem da criança, maior a adequação atribuída às reações
habilidosas.
78
Discussão
A discussão a seguir é apresentada em três partes: (1) Semelhanças e diferenças
de repertório de habilidades sociais entre os dois grupos; (2) Correlação significativa
entre escores; e (3) Diferenças de habilidades sociais dentro de cada grupo.
1. Semelhanças e diferenças de repertório de habilidades sociais entre os dois
grupos:
Os dados desta pesquisa possibilitaram algumas considerações importantes,
podendo-se resumir alguns dos resultados na seqüência. Considerando as reações
passivas, a auto-avaliação das crianças de ambos os grupos não apresentou diferenças
significativas, nem no indicador de freqüência, nem no de adequação. O mesmo
ocorreu com a avaliação de freqüência dos professores. Esses resultados sugerem que
há uma valorização sobre reações passivas, e que provavelmente ela está disseminada
na cultura. Pais e professores valorizam e ensinam por diversos meios que reações
passivas são desejáveis. Um dos participantes do grupo DT, justificando sua escolha,
disse textualmente: “Deus gosta que seja assim”. Portanto, pode ser que todas as
crianças (SD e DT) tenham aprendido e adquirido o mesmo repertório de
comportamentos passivos, dados esses vindos tanto da auto-avaliação bem como da
avaliação do professor, e tenham aprendido e conferido a mesma adequação aos
comportamentos passivos.
Considerando-se as médias dos 20 participantes como um todo, os resultados
mostram a tendência das crianças a avaliarem com maior freqüência e adequação as
reações habilidosas, seguidas das reações passivas e ativas, sendo esse padrão de
avaliação mais consistente no grupo DT. Segundo Barreto e cols. (2005), apesar das
79
reações não habilidosas serem incompatíveis com um repertório socialmente
competente, as crianças tendem a avaliar as reações passivas como adequadas, o que
sugere que parte das reações passivas é confundida com reações habilidosas nas regras
sociais, confirmando o aspecto de valorização das reações passivas apontado acima.
Todavia, como pôde ser considerado nos resultados, houve alguns escores em que
os dois grupos SD e DT obtiveram médias estatisticamente diferentes. Cabe salientar
que as médias do grupo DT estão de acordo com as médias da amostra de referência
utilizada no próprio IMHSC-Del-Prette.
Com relação à auto-avaliação de freqüência de reações habilidosas, as crianças
DT possuem médias significativamente maiores nas habilidades sociais no geral, e nas
habilidades empáticas e de civilidade, de assertividade de enfrentamento e de
participação, quando comparadas às crianças SD. Na auto-avaliação de adequação das
reações habilidosas, as crianças DT avaliaram significativamente como mais adequadas
as reações habilidosas nas demandas que exigem habilidades sociais no geral e
especificamente nas que exigem habilidades empáticas e de civilidade, quando
comparadas às crianças SD. Além disso, na avaliação dos professores de freqüência das
reações habilidosas, as crianças DT tiveram médias significativamente maiores nas
habilidades sociais no geral, e nas habilidades de empatia e civilidade, de assertividade
de enfrentamento, de autocontrole e nas habilidades que não foram englobadas em
nenhum fator.
A convergência dos dados dessas três avaliações – auto-avaliação de freqüência
das reações habilidosas, auto-avaliação de adequação das reações habilidosas e
avaliação do professor de freqüência das reações habilidosas – com relação às
habilidades sociais como um todo traz uma alto índice de confiança dos resultados
80
sobre o repertório de habilidades sociais de crianças SD. Nas habilidades sociais no
geral, elas foram consideradas como menos freqüentemente habilidosas por elas
mesmas, pelos professores e avaliaram como menos adequado serem habilidosas.
Nas habilidades sociais de empatia e civilidade, as crianças SD se auto-avaliaram
como menos freqüentemente habilidosas, foram avaliadas pelos seus professores como
menos freqüentemente habilidosas, e avaliaram como menos adequadas as reações
habilidosas, se comparadas às crianças DT. Nas habilidades de assertividade de
enfrentamento, as crianças SD se auto-avaliaram como menos freqüentemente
habilidosas e foram avaliadas pelos seus professores como menos freqüentemente
habilidosas. Esses resultados corroboram e ampliam os resultados do estudo de
Angélico (2004), que indicaram que os adolescentes com síndrome de Down possuem
um déficit de habilidades sociais empáticas de percepção e reconhecimento das
emoções vividas por outras pessoas, e um déficit de respostas assertivas de
enfrentamento em seu repertório comportamental. Esses déficits no repertório
comportamental das crianças SD de habilidades empáticas e de civilidade, e de
habilidades de assertividade de enfrentamento poderiam ser teoricamente, segundo Del
Prette e Del Prette (2005a), déficits de aquisição, déficits de desempenho e déficits de
fluência.
Parece bem improvável que seja um caso de déficit de aquisição, já que esse
seria caracterizado por uma desvantagem inferida com base em indicadores de não
ocorrência da habilidade diante das demandas do ambiente, e algumas crianças SD auto-
avaliaram emitir com uma certa freqüência (menor que a freqüência média das crianças
DT, mas existente) as reações habilidosas empáticas e de civilidade, e assertivas.
81
Esses déficits de habilidades empáticas e de civilidade e assertivas no repertório
comportamental das crianças SD parecem se caracterizar como déficit de desempenho,
definido como uma desvantagem inferida com base em indicadores de ocorrência da
habilidade com freqüência inferior à esperada diante das demandas do ambiente, que é
o caso das crianças SD. Então pode ser que essas crianças possuam o repertório
comportamental adequado para lidar com as demandas que exigem habilidades de
empatia e civilidade e de assertividade de enfrentamento, mas emitam essas habilidades
com uma freqüência inferior à esperada. Essa desvantagem pode estar associada, em
parte, aos aspectos genéticos da síndrome de Down, como à dificuldade perceptual de
identificar as demandas do contexto social e de planejar e/ou emitir os desempenhos
esperados sob tais demandas, mas também pode estar associada a aspectos aprendidos,
como reforçamento de comportamentos inadequados e incompatíveis com emissão de
comportamentos adaptativos por parte dos ambientes freqüentados, pouco reforçamento
diferencial dos educadores para determinadas habilidades, ou modelação de
comportamentos inadequados apresentados por colegas e até por adultos, podendo ser
funcional/reforçador para essas crianças serem mais passivas ou ativas do que serem
habilidosas em alguns contextos.
Além de déficit de desempenho, essas dificuldades nas habilidades empáticas e
de civilidade e assertivas das crianças SD podem também ser caracterizadas como
déficit de fluência, que é uma desvantagem inferida com base em indicadores de
ocorrência da habilidade com proficiência inferior à esperada diante das demandas do
ambiente. Essa desvantagem também pode ser explicada da mesma maneira, ou seja,
em parte pelos aspectos genéticos da síndrome de Down, e em parte pelos aspectos
aprendidos ou ambientais. Embora a síndrome possua o componente genético que
82
determina características morfológicas e fisiológicas, ele não atua impeditivamente
sobre a aprendizagem que, em maior proporção, depende da interação do organismo
com o meio.
As crianças DT também apresentaram média significativamente superior às
crianças SD na auto-avaliação de freqüência das reações habilidosas de participação, na
avaliação dos professores de freqüência das reações habilidosas de autocontrole e na
avaliação dos professores de freqüência das reações habilidosas pertencentes aos não-
fatores.
Com relação à auto-avaliação de freqüência das reações ativas (que demonstram
agressividade, negativismo, ironia, autoritarismo, etc.), as crianças SD tiveram médias
significativamente maiores do que as DT nas demandas que exigiam habilidades sociais
no geral, e em especial nas que exigiam habilidades empáticas e de civilidade, de
autocontrole e de participação. Na auto-avaliação de adequação das reações ativas, as
crianças SD também tiveram médias significativamente superiores às DT nas demandas
que exigiam habilidades sociais no geral, e nas que exigiam habilidades empáticas e de
civilidade, de assertividade, de autocontrole e de participação. Entretanto, na avaliação
do professor de freqüência das reações ativas, as crianças SD tiveram média
significativamente maior que as crianças DT apenas nas habilidades de autocontrole.
Nas habilidades de participação, os professores avaliaram como freqüentemente mais
ativas as crianças DT, e não as SD.
Os resultados da auto-avaliação de freqüência e da auto-avaliação de adequação
das reações ativas convergiram nos escores de habilidades sociais no geral, de
habilidades empáticas e de civilidade, de autocontrole e de participação, o que aumenta
o índice de confiança dos resultados, pois há uma coerência entre a freqüência do
83
comportamento ativo emitido pela criança e o que ela acha adequado. Já os resultados
sobre a avaliação dos professores de freqüência das reações ativas das crianças SD
convergiram apenas com os resultados das auto-avaliações de freqüência e adequação
das reações ativas nas habilidades de autocontrole. A única avaliação de reações ativas
que conferiu média maior às crianças DT foi a avaliação dos professores de freqüência
das reações ativas nas habilidades de participação.
Realmente, o que pôde ser constatado durante a coleta de dados nas auto-
avaliações foi que as crianças SD sorriam e riam mais quando viam as reações ativas
que as crianças DT. Talvez as crianças SD tenham uma pré-disposição fisiológica para
emitirem mais comportamentos ativos, mas talvez seja permitido a elas serem mais
ativas, tornando o comportamento ativo funcional em alguns contextos. Por exemplo, a
participante SD10 empurrava de maneira abrupta a mão da pesquisadora quando esta
pegava no mouse do notebook para clicar na resposta escolhida verbalmente pela
participante. Então, a pesquisadora permitia que SD10 clicasse sozinha na resposta
escolhida, apenas monitorando se a resposta clicada seria a escolhida verbalmente,
procurando não emitir nenhuma resposta visível à participante, diferente do que fazia
quando a participante se concentrava na atividade e respondia às perguntas da
pesquisadora (lembrando que os comportamentos dos participantes reforçados eram
apenas a concentração na atividade e as respostas às perguntas, sendo o reforço o
mesmo para todas as opções de resposta. Quando a avaliação terminava e as respostas
já tinham sido todas dadas, a pesquisadora valorizada mais a reação habilidosa, no
intuito de tornar a atividade educativa).
Passados alguns minutos, SD10 emitia comportamentos de carinho em relação à
pesquisadora (como abraços e carinhos na mão). Ou seja, parecia que a participante
84
estava sob certo controle do ambiente, pois quando via que o comportamento da
pesquisadora ficava menos reforçador diante de seus comportamentos agressivos, ela
passava de agressiva para “habilidosa”. Isso pode revelar que SD10 provavelmente
consegue o que quer quando é agressiva em alguns ou vários ambientes, os quais,
portanto, mantêm esses comportamentos agressivos da mesma. Entretanto, SD10
parece possuir um repertório de habilidades sociais “não ativo”, ou “carinhoso”, ou
”habilidoso”; ela só deve ser mais ativa em alguns contextos porque parece realmente
ser funcional sê-lo.
Com relação à dificuldade em emitir a reação habilidosa, não houve diferença
significativa entre os grupos, com exceção do escore de não-fatores, em que a média
das crianças SD foi significativamente maior que a média das crianças DT. Essa
diferença entre os grupos sobre a dificuldade geral de emitir a reação habilidosa pode
realmente não existir. Todavia pode ser que as crianças SD não tenham a capacidade de
avaliar sua dificuldade real em emitir certos comportamentos esperados, ou ainda existe
a possibilidade de a criança SD (assim como a DT) querer corresponder à expectativa
social, respondendo que não possui dificuldade, pois sabe que seria a resposta esperada
e valorizada socialmente. Algumas crianças, tanto SD como DT, olhavam para a
pesquisadora assim que escolhiam verbalmente a resposta, parecendo esperar
aprovação ou desaprovação da mesma, sendo que esta se esforçou ao máximo para não
emitir nenhuma resposta contingente diferenciada ao comportamento de escolha das
crianças. Como foi explicitado no método, a pesquisadora procurava agir da mesma
maneira diante de todos os comportamentos de responder dos participantes,
independentemente de suas respostas serem adequadas ou não, emitindo falas como:
“Muito bom, prestou atenção no filminho e respondeu o que eu perguntei! Legal!”.
85
Na comparação entre os grupos SD e DT por item, surgiram algumas diferenças
que não haviam aparecido na comparação por escores. O grupo SD teve média menor
na auto-avaliação de freqüência das reações passivas nos itens correspondentes às
habilidades de mediar conflitos entre colegas (habilidade de participação) e defender-se
de acusações injustas (habilidade de assertividade). Essa diferença significa que as
crianças DT são mais freqüentemente passivas nesses contextos que as crianças SD.
Pelos resultados obtidos e pelo contato da pesquisadora com os participantes da
pesquisa, sugere-se que as crianças SD tendam mais a emitir comportamentos ativos
que passivos, reforçando a diferença encontrada com relação à freqüência de reações
passivas.
Outra diferença que surgiu na comparação dos grupos por itens foi na auto-
avaliação de adequação da reação passiva referente à habilidade de pedir ajuda ao
colega em classe (não-fator), em que as crianças SD conferiram maior adequação a essa
resposta que as crianças DT. Ou seja, as crianças SD, na média, vêem como mais
adequado serem passivas diante de uma situação em que possuem alguma dúvida em
classe e precisam de ajuda do colega, quando comparadas às DT. Esse aspecto pode
estar relacionado a um déficit da criança em pedir propriamente a ajuda ao colega, ou a
identificar que possui uma dúvida e de que precisa de ajuda, primordialmente.
Uma última diferença que surgiu na comparação por itens foi na avaliação dos
professores de freqüência da reação passiva na habilidade de pedir desculpas (de
empatia e civilidade). Nessa habilidade, os professores avaliaram as crianças SD como
mais freqüentemente passivas em contextos em que seria adequado o pedido de
desculpas a outrem. Pode ser que as crianças SD, na média, ou não tenham aprendido o
86
comportamento em si, ou tenham aprendido-o, mas não consigam identificar as
demandas em que é adequado um pedido de desculpas.
Com relação à auto-avaliação de freqüência das reações habilidosas e ativas, os
resultados encontrados na análise por itens foram os mesmos que os encontrados na
análise por escores gerais e fatoriais, ou seja, as crianças SD se auto-avaliaram como
menos freqüentemente habilidosas e como mais freqüentemente ativas que as DT.
Entretanto, os contextos em que as SD se auto-avaliaram como menos freqüentemente
habilidosas ocorreram em maior número que os contextos em que elas se auto-
avaliaram como mais freqüentemente ativas.
Com relação à auto-avaliação de freqüência das reações habilidosas, as crianças
SD apresentaram média menor em: a) quatro itens referentes a habilidades de empatia e
civilidade (pedir desculpas, consolar o colega, elogiar o objeto do colega e defender o
colega); b) três itens referentes a habilidades de assertividade (expressar desagrado,
propor nova brincadeira e defender-se de acusações injustas); c) dois itens referentes a
habilidades de participação (mediar conflitos entre colegas e responder pergunta da
professora); e d) um item referente a habilidades consideradas como não-fatores
(perguntar/questionar).
Percebe-se que os déficits que englobam maior número de itens são referentes
às habilidades de empatia e assertividade, como encontrado por Angélico (2004). Essas
habilidades, como apontado por Falcone (1998), são muito importantes para o aumento
da auto-estima, redução da ansiedade e da depressão, diminuição dos conflitos sociais e
o rompimento, justificando maior investimento por parte dos educadores na aquisição
dessas habilidades pelas crianças.
87
Já com relação à auto-avaliação de freqüência de reações ativas, as crianças SD
tiveram média maior em apenas um item referente a habilidades de participação, que
foi e o de mediar conflitos entre colegas. A mãe da participante SD10, em uma
conversa informal com a pesquisadora, disse que a filha, diante de uma situação de
brigas entre colegas, costumava interferir e ameaçá-os, com falas do tipo: “Se vocês
não pararem de brigar eu vou bater nos dois!”, falas essas que pareciam ser aprovadas
pela mãe.
Esses resultados de comparação por itens corroboram com os resultados de
comparação por escores, e ampliam-nos, pois na comparação por escores, as crianças
SD apresentaram médias menores de auto-avaliação de freqüência das reações
habilidosas apenas nos escores gerais, e nos fatoriais de habilidades de empatia e
civilidade, assertividade e participação; já na comparação por itens, as crianças SD
apresentaram médias menores em habilidades de todos os fatores (empatia e civilidade,
assertividade, autocontrole, participação e não fatores).
Na auto-avaliação de freqüência das reações ativas, as médias das crianças SD
foram significativamente maiores nos escores gerais e nos fatoriais de habilidades de
empatia e civilidade, autocontrole e participação. Na comparação por itens, a média de
SD foi maior em apenas uma habilidade de participação (mediar conflitos entre
colegas).
Considerando a dificuldade e a complexidade em se determinar as causas do
comportamento ativo (provavelmente características principalmente aprendidas), o fato
é que as crianças com SD realmente parecem emitir com freqüência maior as reações
ativas, comprometendo a emissão de comportamentos socialmente habilidosos. Essa
dificuldade das crianças SD em emitir algumas habilidades sociais converge com os
88
dados apontados por alguns autores (Angélico, 2004; Mancini, Silva, Gonçalves &
Martins, 2003; Mills, 1999; Soresi & Nota, 2000; Voivodic, 2004). Todavia, como
Soresi e Nota (2000) apontaram, programas de treinamento de habilidades sociais
podem produzir modificações na qualidade e na freqüência de comportamentos sociais
de indivíduos com síndrome de Down, sendo, destarte, necessário um maior
engajamento da família, professores e pares no treinamento, para que o mesmo seja
mais efetivo.
Com relação à auto-avaliação de adequação das reações habilidosas, a
comparação por itens, além de convergir com a comparação por escores, trouxe dados
mais ricos, em as crianças SD tiveramdia significativamente menor em cinco itens
de habilidades de empatia e civilidade (oferecer ajuda, fazer pergunta à professora,
agradecer um elogio, elogiar o objeto do colega e defender-se do colega) e em um item
de autocontrole (demonstrar espírito esportivo). Na comparação por escores, a
diferença apareceu apenas no escore geral e no de habilidades empáticas e de
civilidade.
Na auto-avaliação de adequação das reações ativas, a comparação por itens
trouxe resultados semelhantes à comparação por escores, detalhando mais as
habilidades cujas crianças SD conferem maior adequação à reação ativa: uma de
empatia e civilidade (oferecer ajuda), uma de assertividade (pedir mudança de
comportamento), e uma de autocontrole (demonstrar espírito esportivo). Na
comparação por escores, as crianças SD conferiram maior adequação a reações ativas
referentes a habilidades de todos os escores, com exceção do escore de não-fatores.
Portanto, as crianças SD parecem conferir maior adequação a certas reações
ativas, e menor adequação a certas reações habilidosas. Essa característica pode advir,
89
novamente, de alguma dificuldade cognitiva de processar as regras sociais ensinadas,
ou pode advir de falhas na educação ministrada por pais e professores. Talvez os
agentes sociais, com base em algumas crenças e opiniões equivocadas a respeito da
síndrome de Down, substituem o sentimento de respeito por pena, e acabam sendo
permissivos demais nas regras sociais ensinadas às crianças. Estas, por sua vez,
constroem um padrão de adequação que não é comum às outras crianças.
As crianças SD apresentaram média maior na auto-avaliação de dificuldade de
emissão da reação habilidosa em um item considerado não-fator (perguntar/questionar),
tanto na comparação por escores quanto na feita por itens. Esse dado é corroborado por
falas de alguns professores, que dizem que as crianças SD não fazem perguntas em sala
de aula, referentes ao conteúdo ministrado. Para algumas crianças, a ausência dessa
habilidade parece ser um déficit de aquisição, já que a resposta não ocorre. Seria
interessante que essa habilidade de perguntar/questionar em sala de aula fosse ensinada
e reforçada pelos professores, e que houvesse esforço por parte dos pais para
generalizá-la para outros contextos.
Os professores avaliaram as crianças SD como menos freqüentemente habilidosas
em: a) uma habilidade de empatia e civilidade (fazer pergunta à professora); b) quatro
habilidades de assertividade (pedir mudança de comportamento, propor nova
brincadeira, resistir à pressão do grupo e defender-se de acusações injustas); c) uma
habilidade de autocontrole (negociar, convencer); d) uma habilidade de participação
(responder pergunta da professora); e e) duas habilidades consideradas como não-
fatores (pedir ajuda ao colega em classe e perguntar/questionar). Esses dados
convergem com os da comparação por escores.
90
Novamente, percebe-se a ausência de habilidades importantes para o contexto de
sala de aula, principalmente assertivas, justificando o investimento dos pais e
professores para superar esse déficit (que pode ser de aquisição) e ensinar tal repertório
às crianças SD.
Finalmente, com relação à avaliação dos professores sobre a freqüência das
reações ativas, os resultados da comparação por itens foram semelhantes aos da
comparação por escores, ou seja, as crianças SD apresentaram média menor em uma
habilidade de participação (juntar-se a um grupo em brincadeiras) e média maior em
uma habilidade de autocontrole (negociar, convencer). Esses resultados identificam que
as crianças SD, na média, não são frequentemente mais ativas que as DT em situações
de juntar-se a um grupo em brincadeiras; entretanto, isso não significa que elas emitam
a habilidade desejada nesta situação. Já na habilidade de negociar/convencer, as
crianças SD parecem ser mais freqüentemente ativas, demonstrando uma possível falta
de repertório de habilidades de negociação.
2. Correlação significativa entre escores:
Segundo Vieira, fazer uma análise de correlação significa avaliar a possível
associação entre duas variáveis contínuas (Vieira, 2004). Abrangendo as correlações
entre escores gerais do grupo como um todo e escores gerais dos grupos SD e DT, o
estudo possuiu 16 pares de escores de habilidades sociais correlacionados
positivamente com níveis de confiança com p< 0,01 e p< 0,05, revelando um alto índice
de confiança dos resultados, principalmente entre as crianças DT. Desses 16 pares, 13
correlacionaram escores de auto-avaliação, e apenas três pares correlacionaram escores
91
de auto-avaliação com escores de avaliação do professor, como pode ser visto nas
tabelas 10, 11 e 12.
Esses resultados podem denotar uma certa divergência entre as avaliações da
criança e do professor, o que pode ser explicado por duas possibilidades: a) a avaliação
de um deles é mais precisa; b) os critérios que utilizam para julgamento são diferentes
(Del Prette & Del Prette, 2005b). Essas possibilidades devem ser delicadamente
consideradas em se tratando das crianças SD.
Há a tendência de se considerar a avaliação do professor como mais precisa e
verossímil. Entretanto, deve-se contar com as expectativas e crenças deste acerca das
potencialidades de seus alunos. Há a possibilidade de o professor avaliar seu aluno DT
como mais habilidoso devido ao fato de ele preferir pensar que esse aluno seja
realmente mais habilidoso; e ao contrário, o professor pode possuir algumas crenças
equivocadas acerca de pessoas com síndrome de Down, e avaliar como menos
habilidosas as crianças SD. Obviamente essas variáveis intervenientes não são passíveis
de serem controladas em pesquisas não-experimentais que tratam do comportamento
humano.
Todavia, a correlação positiva entre 13 pares de escores de auto-avaliação pode
trazer dados interessantes com relação à competência social das crianças, cuja
articulação implica coerência entre sentimentos, pensamentos e ações (Del Prette & Del
Prette, 2005a). Isso significa dizer que existe uma certa coerência entre as habilidades
que as crianças emitem com uma determinada freqüência (componente
comportamental), e a adequação e a dificuldade que elas conferem às mesmas
(componentes cognitivos).
92
Houve uma correlação positiva considerada de moderada a forte, (0,612 r
0,810, com nível de confiança 0,01), entre auto-avaliações de freqüência e dificuldade
de emissão das reações habilidosas, bem como entre auto-avaliações de adequação e
dificuldade de emissão das mesmas reações , indicando que quanto maior a freqüência
de emissão da reação habilidosa, maior a dificuldade em emiti-la, e quanto maior a
adequação conferida à essa reação, maior a dificuldade em emiti-la também. Esses
resultados parecem ser complexos, podendo significar que apesar de as reações
habilidosas serem emitidas com uma certa freqüência e receberem determinada
adequação pelas crianças no geral, elas são avaliadas como difíceis de serem emitidas.
Portanto, as crianças no geral (SD e DT) parecem possuir dificuldade em emitir
as reações habilidosas. Além disso, poder-se-ia questionar se as crianças realmente
responderam de acordo com suas atitudes (entendendo o termo atitude como uma
organização entre o componente cognitivo, o afetivo e o comportamental, segundo
Rodrigues, Assmar & Jablonski, 1999) diante das demandas sociais, ou de acordo com o
que eles acreditavam que era a expectativa da pesquisadora.
3. Diferenças de habilidades sociais dentro de cada grupo:
Houve algumas características das crianças, fornecidas por seus professores, em
função das quais não houve diferença estatisticamente significativa de escores gerais de
habilidades sociais dentro do grupo SD (sexo, nível sócio-econômico, problemas de
comportamento e características clínicas) e dentro do grupo DT (tipo de escola, nível
sócio-econômico e problemas de comportamento) separadamente.
93
Com relação às características em função das quais houve diferença
estatisticamente significativa de escores dentro do grupo SD (tipo de escola e
dificuldade de aprendizagem) pode-se tecer algumas considerações.
As crianças SD de escola particular se avaliaram como mais freqüentemente
passivas, como mais freqüentemente habilidosas, e como mais adequado serem
passivas do que as crianças SD de escola pública; já as crianças SD de escola pública
avaliaram como mais difícil emitir a reação habilidosa. As médias significativamente
maiores de escores gerais de freqüência e adequação das reações passivas das crianças
SD de escola particular podem pode vir de uma educação com maior carga de
instruções para a criança ser passiva, em que os agentes sociais mais relevantes para
essas crianças conferem maior adequação a esse tipo de reação. A média
significativamente maior de escore geral de freqüência das reações habilidosas das
crianças SD de escola particular pode vir (1) de uma estimulação e conseqüenciação de
comportamentos mais adequadas por parte da família e da escola, ou (2) de um auto-
conceito mais positivo das crianças. Por fim, a média significativamente maior de
escore geral de dificuldade na emissão das reações habilidosas das crianças SD de
escola pública pode vir de uma ausência de modelos adequados nos ambientes sociais
freqüentados pela criança, de reforçamento positivo e/ou negativo de comportamentos
sociais inadequados por parte dos educadores, ou até de ausência de reforçamento
positivo contingente aos comportamentos adequados das crianças.
Durante a coleta de dados e, conseqüentemente, durante o contato com os
participantes e seus agentes sociais relevantes, pôde-se perceber que, infelizmente, há
um conjunto de condições que parecem propiciar maior desenvolvimento às crianças de
escola particular, como uma estimulação mais adequada por parte de pais e professores,
94
maior atenção e empenho instrucional por parte dos educadores no geral e até mesmo
da direção da escola, salas de aula com menor número de alunos, maior aproximação
entre pais e professores das escolas particulares que de escola pública, etc. O ideal seria
que a estimulação educacional adequada fosse presente e equivalente nas escolas
particulares e públicas, já que o desenvolvimento e o processo de aprendizagem de
qualquer criança é delineado principalmente pelas interações com o meio e pelas
práticas educativas utilizadas com a mesma.
Os resultados apontam que quanto maior a dificuldade de aprendizagem da
criança SD, menor a freqüência com que ela emite reações habilidosas, e maior sua
dificuldade em emitir reações habilidosas, dados que já são apontados na literatura
(Molina; 2003; Rosin-Pinola, 2006).
Rosin-Pinola (2006), realizou um estudo com 30 professores de crianças com
deficiência mental incluídas em escolas regulares públicas e particulares, que teve
como um de seus propósitos caracterizar o repertório de habilidades sociais, problemas
de comportamento e desempenho acadêmico de crianças com deficiência mental
incluídas, comparando-o com o de crianças de alto e baixo rendimento acadêmico e
com amostra normativa brasileira.
Segundo Rosin-Pinola (2006), o grupo de crianças com alto rendimento
acadêmico apresentou, na avaliação do professor, alta freqüência de habilidades sociais,
enquanto alunos com deficiência mental e baixo rendimento acadêmico apresentaram
baixa freqüência de habilidades sociais, ou um repertório dessas mesmas habilidades
deficitário.
Molina (2003) realizou um estudo com 16 estudantes com dificuldades de
aprendizagem, que pretendeu examinar, em termos funcionais, a relação empírica entre
95
habilidades sociais e dificuldades de aprendizagem. Os resultados do estudo de Molina
(2003) favorecem a idéia da existência da relação funcional entre habilidades sociais e
habilidades acadêmicas, pois enquanto o grupo de participantes que passou por
intervenção acadêmica apresentou ganhos em leitura e escrita e no status social (mas
não no repertório de habilidades sociais), o grupo que passou pela intervenção em
habilidades sociais apresentou ganhos no repertório social e no acadêmico.
Esses resultados da variação de repertório de habilidades sociais em função de
dificuldades de aprendizagem, ou do repertório acadêmico, aparecem em ambos os
grupos de participantes (SD e DT), corroborando a correlação entre esses dois
repertórios e justificando maiores investimentos em estudos nessa área, com crianças
com ou sem NEE.
Com relação às características em função das quais houve diferença
estatisticamente significativa de escores dentro do grupo DT (sexo e dificuldade de
aprendizagem), também podem ser tecidas algumas hipóteses. Com relação ao sexo dos
participantes DT, as meninas parecem ser mais frequentemente ativas, e parecem
avaliar como mais adequado serem ativas que os meninos. Esse dado não é verificado
na literatura, em que os meninos apresentam maior freqüência de respostas de
problemas de comportamento do tipo externalizante (Rosin-Pinola, 2006), e os homens,
no geral, são mais inadequados socialmente que as mulheres, bem como possuem maior
dificuldade em decodificar sinais não verbais no ambiente (Caballo, 2002).
Pode ser que essa diferença tenha ocorrido (1) pelo fato de os meninos serem
mais repreendidos por terem brincadeiras ativas, e, na tentativa de corresponderem à
expectativa da pesquisadora, vista como uma autoridade, conferiram menor freqüência
e menor adequação às reações ativas; ou (2) pode ser que as meninas tenham um
96
processo maturacional mais acelerado que os meninos, e emitam comportamentos
ativos antes que os mesmos.
A diferença estatisticamente significativa entre as médias das crianças DT com
nenhuma dificuldade de aprendizagem e as médias das crianças DT com pouca
dificuldade de aprendizagem no escore geral de auto-avaliação de adequação das
reações habilidosas pôde demonstrar que quanto menor a dificuldade de aprendizagem
da criança, maior a adequação atribuída às reações habilidosas.
Como já mencionado, estudos (Molina, 2003; Rosin-Pinola, 2006) apontam que
quanto menor a dificuldade de aprendizagem da criança, maior a freqüência com que
ela emite reações habilidosas. O aspecto de adequação amplia essa visão, em que
quanto menor a dificuldade de aprendizagem da criança, além de ser maior a freqüência
de emissão de habilidades sociais, maior a adequação atribuída às reações habilidosas.
Segundo Marturano (2004), os resultados da investigação sobre os contextos de
desenvolvimento apontam para um acúmulo de circunstâncias adversas na vida da
criança com problemas sócio-emocionais associados ao baixo desempenho escolar.
Nesse grupo, todos os sistemas interpessoais de suporte podem estar prejudicados: a
família, a escola e o grupo de companheiros. Configura-se, assim, uma conjunção
adversa, em que as dificuldades escolares seriam um fator a mais, provavelmente
aumentando a vulnerabilidade da criança para inadaptação social.
Para Aguiar (2003), um bom desempenho social está intrinsecamente vinculado
a um bom desempenho comunicativo e, portanto, possíveis dificuldades em habilidades
comunicativas poderão interferir diretamente na inserção do indivíduo em seu meio
social, dificultando seu aproveitamento nas diferentes extensões da comunidade, como
na escola.
97
Considerações Finais
Considerando os resultados obtidos e suas respectivas análises, pode-se dizer que
os objetivos da pesquisa foram atingidos, pois:
1. Foram identificados o repertório de habilidades sociais de estudantes com
síndrome de Down incluídos na rede regular de ensino (SD) e o repertório de
habilidades sociais de estudantes com desenvolvimento típico alunos da rede
regular de ensino (DT) através das avaliações com o IMHSC-Del-Prette;
2. Foram comparados o repertório de habilidades sociais de estudantes com síndrome
de Down incluídos na rede regular de ensino (SD) e o repertório de habilidades
sociais de estudantes com desenvolvimento típico alunos da rede regular de ensino
(DT), em que foram identificadas semelhanças e diferenças de habilidades sociais
entre os dois grupos (SD e DT). De uma maneira geral, houve semelhanças entre
os dois grupos de participantes no padrão de comportamentos passivos e na
dificuldade geral de emissão das reações habilidosas, e diferenças entre os dois
grupos de participantes nos padrões de comportamentos habilidosos e ativos. As
crianças com síndrome de Down, nos escores gerais e fatoriais, auto-avaliaram-se
como menos freqüentemente habilidosas e mais freqüentemente ativas que as
crianças com desenvolvimento típico, avaliaram como menos adequado serem
habilidosas e mais adequado serem ativas que as crianças com desenvolvimento
típico, e foram avaliadas por seus professores como menos freqüentemente
habilidosas que as crianças com desenvolvimento típico;
3. Foi verificada a existência de correlação entre as auto-avaliações de freqüência,
adequação e dificuldade em emitir as reações de habilidades sociais, obtendo-se,
98
no total, correlação positiva entre 13 pares de escores, incluindo os três tipos de
reação (passiva, habilidosa e ativa);
4. Foi verificada a existência de correlação entre as auto-avaliações e as avaliações
dos professores sobre as reações de habilidades sociais, obtendo-se, no total,
correlação positiva entre três pares de escores, incluindo apenas as reações
habilidosas;
5. Foi verificada a existência de diferenças de habilidades sociais dentro dos dois
grupos de participantes (SD e DT) separadamente. O grupo SD apresentou
diferenças de habilidades sociais em função do tipo de escola e de dificuldades de
aprendizagem, enquanto que o grupo DT apresentou diferenças em função do sexo
e de dificuldades de aprendizagem.
Os achados dessa pesquisa mencionados acima podem ser apresentados
resumidamente como:
As crianças SD e DT parecem ser igualmente passivas;
As crianças dos dois grupos parecem ter dificuldade semelhante em emitirem
reações habilidosas;
As crianças DT obtiveram maiores médias de freqüência e adequação das
reações habilidosas que as SD, principalmente nas habilidades específicas de
empatia e civilidade, e assertividade de enfrentamento;
As crianças SD obtiveram maiores médias de freqüência e adequação das
reações ativas (reações que demonstram agressividade, negativismo, ironia,
autoritarismo, etc.) que as DT, principalmente nas habilidades específicas de
empatia e civilidade, autocontrole e participação;
99
Houve alta correlação entre as auto-avaliações de freqüência, adequação e
dificuldade em emitir as reações em ambos os grupos, trazendo dados
interessantes com relação à competência social das crianças, cuja articulação
implica coerência entre sentimentos, pensamentos e ações;
As crianças SD de escola particular parecem ser mais freqüentemente passivas e
habilidosas, e parecem conferir maior adequação às reações passivas, enquanto
as crianças SD de escola pública parecem sentir maior dificuldade em emitir as
reações habilidosas;
As meninas do grupo DT apresentaramdias significativamente maiores nas
auto-avaliações de freqüência e adequação nas reações ativas (que demonstram
agressividade, negativismo, ironia, autoritarismo, etc.);
As médias das crianças dos dois grupos demonstraram que quanto maior a
dificuldade de aprendizagem em sala de aula, maior a dificuldade em emitir as
reações habilidosas, menor a freqüência com que essas reações são emitidas e
menor a adequação atribuída a elas.
Portanto, a hipótese do estudo foi confirmada, ou seja, as crianças com
desenvolvimento típico parecem possuir um repertório geral de habilidades sociais mais
diversificado que as crianças com síndrome de Down, ou, por outro lado, as crianças
com síndrome de Down parecem possuir maiores déficits no seu repertório de
habilidades sociais do que as crianças com desenvolvimento típico, principalmente de
habilidades empáticas e de civilidade, e habilidades de assertividade de enfrentamento.
Além disso, as crianças com síndrome de Down parecem emitir com maior freqüência
as reações não habilidosas ativas.
100
Esse estudo demonstrou a possibilidade de utilização de instrumentos de auto-
avaliação com crianças com síndrome de Down, a despeito da maior necessidade de
tempo e empenho instrucional por parte do pesquisador (como repetir o vídeo, repetir a
fala do personagem, explicar a situação colocando a criança no lugar do personagem,
etc). Além desse dado importante, a avaliação de adequação das reações passivas que as
crianças de ambos os grupos fizeram constitui um bom indicador de variável de cultura,
em que a passividade parece ser disseminada como padrão adequado de comportamento
entre as crianças. Outros estudos poderiam ser feitos para verificar se esse padrão se
reproduz em outras populações, outras classes sociais, outras faixas etárias, etc.
Como citado anteriormente, as causas desse repertório deficitário de habilidades
sociais das crianças com síndrome de Down são incertas. Faz-se mister considerar todas
as variáveis que interferem e delimitam esse repertório, com todas as suas qualidades e
características.
Pode ser que os aspectos fisiológicos da síndrome interfiram e limitem o
processamento dos sinais do ambiente, a organização desses estímulos, a tomada de
decisão e a emissão dos comportamentos. Além disso, as pessoas com essa
característica (a síndrome de Down) podem formar suas cognições (crenças,
pensamentos, regras internas, etc.) de maneira diferenciada, interferindo também nos
aspectos afetivo e comportamental de suas atitudes.
A despeito das características fisiológicas, há que se ter uma atenção especial às
características aprendidas pelas pessoas com síndrome de Down. É fundamental a
estimulação adequada dos ambientes que as circundam para o seu aprendizado e
desenvolvimento, no sentido de não apenas aumentar sua competência social nos mais
diversos contextos, (o que possibilitaria maior valorização social e, consequentemente,
101
aumento de sua auto-estima), como também de demonstrar que esses indivíduos, assim
como todos os outros, são capazes de aprender comportamentos e mudar suas atitudes,
em função de uma estimulação adequada.
Cada ser humano tem suas especificidades, e, havendo um ambiente propiciador
de aprendizado e mudança, todos podem se desenvolver mais, aprender
comportamentos novos, mudar suas atitudes e melhorar sua qualidade de vida. Está aí o
papel imprescindível que devem exercer a família e a escola, primariamente. Como diz
Pontiggia (2002), num conselho aos pais de uma criança com necessidades educacionais
especiais, “Essas crianças nascem duas vezes. Têm de aprender a mover-se num mundo
que o primeiro nascimento tornou mais difícil. O segundo, depende de vocês.”
Isso significa que as crianças com necessidades educacionais especiais,
incluindo as com síndrome de Down, requerem ambientes deveras estimuladores, que
não apenas considerem, mas também enfoquem suas características específicas, na
tentativa desses ambientes aproveitarem ao máximo as potencialidades latentes que
essas crianças possuem.
Nesse sentido, as pesquisas que envolvem comportamento humano, (e no caso
específico desse estudo, que envolve habilidades sociais, crianças com síndrome de
Down e sua inclusão escolar), também possuem responsabilidade, no sentido de
produzirem conhecimentos científicos que auxiliem a população estudada de alguma
maneira.
Esse estudo focou um tema específico (alguns comportamentos sociais) de uma
população com síndrome de Down restrita (crianças incluídas), sendo apenas o começo
da possibilidade de uma vasta investigação de várias classes de comportamentos sociais
de indivíduos com síndrome de Down. Seria importante que houvesse outros estudos
102
práticos nesse âmbito, que contribuíssem para o maior aprofundamento tanto do campo
teórico-prático de Educação Especial como do campo teórico-prático de Habilidades
Sociais, cujos avanços teóricos são imprescindíveis para melhor fundamentar práticas
educativas, interventivas e de treinamento com as populações, a fim de melhorar o
desenvolvimento e a qualidade de vida das mesmas de uma maneira geral.
Algumas sugestões de novos estudos seriam:
Realizar a avaliação do repertório comportamental de habilidades sociais de
crianças com síndrome de Down com os pais;
Avaliar o repertório comportamental de habilidades sociais de crianças com
síndrome de Down através de observações diretas, como filmagens em situações
naturais;
Realizar a avaliação do repertório comportamental de habilidades sociais de
crianças com síndrome de Down freqüentadoras de escolas especiais, a fim de
comparar esse repertório com o de crianças com desenvolvimento típico e,
principalmente, com o repertório de crianças com síndrome de Down incluídas
em escolas regulares (o que possivelmente aumentaria o número de participantes
na pesquisa);
Verificar se o repertório de habilidades sociais das crianças com síndrome de
Down está relacionado ao tipo de síndrome de Down dentre as três possíveis
(trissomia do cromossomo 21, translocação e mosaicismo);
Avaliar o repertório comportamental de habilidades sociais de adolescentes e
adultos com síndrome de Down;
103
Verificar se o padrão de adequação conferido às reações habilidosas e não
habilidosas (passivas e ativas) obtido nesse estudo se reproduz em outras
populações, classes sociais, faixas etárias, etc.;
Realizar a avaliação de programas de treinamento de habilidades sociais com
indivíduos (crianças, adolescentes ou adultos) com síndrome de Down,
possibilitando um melhor desenvolvimento e uma melhor qualidade de vida a
essas pessoas.
104
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Zar, J. H. (1984). Biostatistical Analysis. New Jersey: Prentice-Hall.
119
Anexos
ANEXO A. Critério de Classificação Econômica Brasil (Brasil, 2006d)
CRITÉRIO BRASIL (Extraído de Vv'\\lw.ibope.com.br)
A classificação socioeconômica do Brasil foi estratificada em cinco classes, sendo que as duas de maior poder
aquisitivo foram subdivididas. O sistema de pontuação é baseado na posse de bens de consumo duráveis,
instrução do chefe da família e outros fatores, como a presença de empregados domésticos.
Aplicação e cálculo
1)
Responder sobre a Quantidade dos itens:
Quantas televisões em cores =- Quantos aspiradores de =-
Quantos rádios = - Quantas máquinas de lavar =-
Quantos banheiros =- Quantos videocassetes ou aparelhos de OVO= -
Quantos automóveis =- Quantasgeladeiras=-
Quantas empregadas mensalistas =- Quantos freezers (independente ou parte de geladeira duplex) =-
(OBS. Se a pessoa possui duas ou mais casas e usufrui das duas - computar o total dos itens daquela que
apresenta as melhores condições)
2) Pontuar
cada item
Na tabela abaixo, verifique quantos pontos vale a quantidade de cada um dos itens e assinale quantos pontos
você alcançou em cada item. Veja que a quantidade de cada item está indicada no alto da tabela e a pontuação
para cada Quantidade
está indicada no corpo da tabela (parte sombreada) Por exemplo, ter 01 aparelho deTV a
cores vale 02 pontos, ter 02 aparelhos vale 03 pontos e assim por diante.
arelho de CO
QUANTIDADE DE CADA ITEM
1 2 3
TIPO DE ITENS
3) Responder sobre o Qraude instrução
GRAU DE INSTRUÇAO DO
CHEFE DA FAMíLIA
Analfabeto/Primário incompleto
Primário completo/Ginasial incompleto
Ginasial completo/Colegial incompleto
Colegial completo/Superior incompleto
Superior completo
4) Somar todos os pontos
PONTOS
O
1
2
3
5
5) Verificar o nfvel sócio-econômico na Tabela
Classe
A1
A2
81
B2
C
O
E
Pontos
30.34
25-29
21-24
17-20
11-16
6-10
0-5
ANEXO B. Distribuição dos itens do IMHSC-Del-Prette conforme habilidades
avaliadas, contexto e interlocutores contemplados em cada item
(Del Prette e Del Prette, 2005b)
Distribuição dos itens do IMHSC-Del-Prette conforme habilidades avaliadas, contexto
e interlocutores contemplados em cada item (OBS. O item 13 faz parte de dois fatores
ou subescalas (Empatia/Civilidade e Participação) (Conforme apresentada em Del
Prette e Del Prette, 2005b, pp.10 – reprodução concedida pelos autores)
SUBESCALAS HABILIDADES INTERLOCUTOR CONTEXTO
6.Pedir desculpas Colega Recreio
10.Oferecer ajuda Colega Recreio
13.Responder pergunta da professora Professor Sala de aula
14.Fazer pergunta à professora Professor Sala de aula
16.Agradecer um elogio Professor Sala de aula
18.Consolar o colega Colega Recreio
19.Elogiar o objeto do colega Colega Recreio
Empatia e
civilidade
21.Defender o colega Grupo Recreio
3.Expressar desagrado Colega Sala de aula
5.Pedir mudança comportamento Colega Em classe
11.Propor nova brincadeira Grupo Recreio
17.Resistir à pressão do grupo Grupo Recreio
Assertividade de
enfrentamento
20.Defender-se de acusações injustas Grupo Sala de aula
2.Recusar pedido de colega Colega Sala de aula
7.Demonstrar espírito esportivo Grupo Recreio
9.Negociar, convencer Colega Recreio
Autocontrole
15.Aceitar gozações Grupo Recreio
1.Juntar-se a um grupo em brincadeiras Grupo Recreio
8.Mediar conflitos entre colegas Grupo Recreio
Participação
13.Responder pergunta da professora Professor Sala de aula
4.Pedir ajuda ao colega em classe Colega Sala de aula
Não fatores
12.Perguntar (questionar) Colega Recreio
ANEXO C: Exemplo de situação do IMHSC-Del-Prette apresentada ao professor
na forma impressa e à criança em vídeo (Del Prette & Del Prette, 2005b)
)
SITUAÇÃO 5
Camlla está prestando atenção à aula quando Rosana começa a lhe cutucar para conversar.
. Camilanão atende mas RosanaInsistee insiste.
O que Cam/la vai fazer?
Ai meu Deus,justo.
agora que quero prestar
atenção, ela fica me
atrapalhando....
REAÇÃO 5.1
Camlla acaba atendendo Rosana
REAÇÃO 5.2
Camlla pede para Rosana
aauardar.
Espera a~ eu quero prestar
atenção nessa liç,ão,depois
a gente conversa!
REAÇÃO 5.3
Camila gritacom Rosana.
ANEXO D. Aprovação pelo Comitê de Ética
~
li
~ -I~~
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
PRÓ.REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Via Washington Luis, km. 235 - Caixa Postal 676
Fones: (016) 3351.8109 I 3351.8110
Fax: (016) 3361.3176
CEP 13560-970 - São Carlos - SP - Brasil
[email protected] - www.propq.ufscar.br
CAAE 0062.0.135.000-05
Título do Projeto: .Diferencas entre habilidades sociais de criancas com síndrome de Down e de
criancas com desenvolvimento típico
Classificação: Grupo III
.
Pesquisadores (asl: Mariana Sarro Pereira. Prof. Dr. Almir Dei Prette (orientador)
Parecer NO
170/2005
1. Normas a serem seguidas
.O sujeito da pesquisa tem a liberdade de recusar-se a participar ou de retirar seu consentimento em
qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado (Res. CNS196/96 -
Item IV.1.f) e deve receber uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, na íntegra, por
ele assinado (Item IV.2.d).
.O pesquisador deve desenvolver a pesquisa conforme delineada no protocolo aprovado e descontinuar
Oestudo somente após análise das razões da descontinuidade pelo CEPque o aprovou (Res. CNSItem
Ill.3.z), aguardando seu parecer, exceto quando perceber risco ou dano não previsto ao sujeito
participante ou quando constatar a superioridade de regime oferecido a um dos grupos da pesquisa
(Item V.3) que requeiram ação imediata.
.O CEPdeve ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes
que alterem o curso normal do estudo (Res. CNSItem VA). É papel do pesquisador assegurar medidas
imediatas adequadas frente a evento adverso grave ocorrido (mesmo que tenha sido em outro centro) e
enviar notificação ao CEP e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA - junto com seu
posicionamento.
.Eventuais modificações ou emendas ao protocolo devem ser apresentadas ao CEPde forma clara e
sucinta, identificando a parte do protocolo a ser modificada e suas justificativas. Em caso de projetos do
Grupo I ou Il apresentados anteriormente à ANVISA, o pesquisador ou patrocinador deve enviá-Ias
também à mesma, junto com o parecer aprovatório do CEP, para serem juntadas ao protocolo inicial
(Res. 251/97, item llI.2.e).
.Relatórios parciais e final devem ser apresentados ao CEP, inicialmente em --1--1- e ao
término do estudo.
2. Avaliação do projeto
O Comitê de Éticaem Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de
São Carlos (CEP/UFSCar)analisou o projeto de pesquisa acima identificado e considerando os pareceres
do relator e do revisor DELIBEROU:O estudo demonstra ter um objetivo central bem definido, que é de
identificare comparar as diferenças entre o repertório de habilidades sociais com crianças com síndrome
de. Downe o repertório de habilidades sociais de crianças com desenvolvimento típico. Apesar de não
ter um cronograma de execução do mesmo, consta no projeto que o tempo de execução é de 18 meses,.
a partir da sua aprovação pelo Comitê de Éticaem Pesquisa da UFSCar.
3. Conclusão:
Eroieto aprovado
s~ Ca"os. ;5:q:r:
~
~. MárciaNiitumaOg a .
Coordenadora do CEP/UFSC
ANEXO E. Termo de consentimento livre e esclarecido
obtido junto à direção da escola
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Centro de Educação e Ciências Humanas – CECH
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial – PPGEEs
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
OBTIDO JUNTO À DIREÇÃO DA INSTITUIÇÃO
Eu, (nome da responsável pela instituição), portadora do RG n°
___________________________, diretora da (nome da instituição), concedo
autorização para que Mariana Sarro Pereira, psicóloga e mestranda do Programa de
Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos, sob
orientação do Prof. Dr. Almir Del Prette, realize sua pesquisa intitulada: "Semelhanças
e diferenças de habilidades sociais entre crianças com síndrome de Down incluídas
e crianças com desenvolvimento típico" nesta instituição de ensino, que contará com
a participação de (número de participantes) crianças com síndrome de Down e (número
de participantes) crianças com desenvolvimento típico, além de professores, demais
alunos e funcionários que fazem parte da convivência das mesmas.
Declaro estar ciente e de acordo de que será aplicado um instrumento de
habilidades sociais (SMHSC-Del-Prette) com as crianças e de que serão conduzidas
filmagens dos participantes em diferentes situações de interação social, abrangendo
atividades recreativas promovidas pela instituição. Também encontro-me ciente e
aprovo os seguintes termos esclarecidos pela pesquisadora:
a. Os objetivos principais da pesquisa são identificar e comparar o repertório de
habilidades sociais de crianças com síndrome de Down incluídas na rede regular de
ensino e o repertório de habilidades sociais de crianças com desenvolvimento típico
alunas da rede regular de ensino.
b. O desenvolvimento da pesquisa estará em conformidade com os princípios éticos
devidos, garantindo a integridade, a dignidade e o bem-estar dos envolvidos, não
causando nenhum risco ou dano às dimensões física, emocional, psicológica, moral,
intelectual e social dos mesmos;
c. Os resultados serão encaminhados para publicação em revistas especializadas e
apresentações em eventos científicos com o propósito de contribuir para a área de
Educação Especial;
d. No caso de publicações, fica firmada a garantia de sigilo absoluto das informações
que posam identificar os participantes, sendo assegurado o anonimato a eles;
e. Os pais ou responsáveis pelas crianças participantes do estudo (com síndrome de
Down e com desenvolvimento típico) poderão participar livremente da aplicação do
Sistema Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças ou SMHSC-Del-Prette,
com o intuito de enriquecer a avaliação do repertório de habilidades de seu filho;
f. A participação de todos os envolvidos será voluntária, podendo haver desligamento
de qualquer parte, a qualquer momento.
(Cidade, data.)
Diretora
Anexo F. Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Centro de Educação e Ciências Humanas – CECH
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial – PPGEEs
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,_____________________________________________________________
_________, portador do RG n° ___________________________, autorizo meu(minha)
filho(a) _______________________________________________, a participar como
voluntário(a) da pesquisa "Semelhanças e diferenças de habilidades sociais entre
crianças com síndrome de Down incluídas e crianças com desenvolvimento típico",
realizada com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq – Brasil, a ser realizada nas instalações da (nome da instituição),
sob responsabilidade da psicóloga Mariana Sarro Pereira, pesquisadora e aluna do
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São
Carlos, orientanda do Prof. Dr. Almir Del Prette.
Declaro estar ciente e de acordo com os seguintes termos estabelecidos e
explicitados pelo pesquisador:
a. A pesquisa tem como objetivos principais identificar e comparar o repertório de
habilidades sociais de crianças com síndrome de Down incluídas na rede regular de
ensino e o repertório de habilidades sociais de crianças com desenvolvimento típico
alunas da rede regular de ensino.
b. A participação de meu(minha) filho(a) se restringirá à aplicação de um instrumento
de avaliação de habilidades sociais (SMHSC-Del-Prette) e às filmagens dele(a) em
situações naturais fora do horário de aula;
c. O desenvolvimento da pesquisa estará dentro dos princípios éticos devidos,
garantindo a integridade física e emocional, a dignidade e o bem-estar de todos os
participantes, não causando nenhum risco ou dano a eles;
d. Tenho assegurada a garantia de esclarecimentos antes e durante o curso da pesquisa,
e o direito de retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem penalização
alguma e sem prejuízo ao cuidado do(a) meu(minha) filho(a);
e. Os resultados serão encaminhados para publicação em revistas especializadas e
apresentações em eventos científicos com o propósito de contribuir para a área de
Educação Especial;
f. Em se tratando de publicações, fica firmada a garantia de sigilo das informações
que possam identificar os participantes, tais como nome, endereço, ou qualquer
outra forma de contato, sendo assim assegurado o anonimato a eles;
g. A pesquisa a ser realizada contribuirá tanto para ampliar os conhecimentos
existentes na área, quanto para ajudar no desenvolvimento e implementação de
futuros programas de Treinamentos de Habilidades Sociais para indivíduos com
síndrome de Down, que, no entanto, não são alvos ou finalidades imediatas do
presente estudo.
Autorizo, mediante este termo, a participação do(a) meu(minha) filho(a) nesta
pesquisa, com a aplicação do instrumento de avaliação de habilidades sociais SMHSC-
Del-Prette e filmagens em situações naturais. As filmagens realizadas jamais serão
utilizadas de forma a identificar qualquer um dos participantes, assegurando a proteção
de sua imagem.
Coloco-me à disposição para fornecer qualquer informação a respeito do(a)
meu(minha) filho(a) que seja pertinente e que contribua aos fins da referida pesquisa.
(Cidade, data.)
Responsável
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