1.6 PEIXES DA BACIA DO TAPAJÓS
A população ribeirinha do Tapajós, Estado do Pará, encontra no pescado sua
principal fonte de alimentação. Nos últimos anos, alguns estudos têm demonstrado
que peixes da região podem apresentar teores de mercúrio acima do recomendável
para o consumo humano, tornando essa população grupo de risco de contaminação
ambiental pelo metal (Pinheiro et al., 2000), dados nem sempre confirmados por
outros autores.
A Bacia do Tapajós é uma das regiões mais estudadas da Amazônia, sendo
vários os trabalhos encontrados sobre determinação dos teores de Hg total em
peixes. Para esta região os peixes mais comumente analisados são dourado, jaú,
piraíba, mandubé, cachorro, traíra, apapá, pescada, tucunaré, filhote, pirarucu,
acará, aruanã, pacu, surubim, matrinxã, jaraqui, sarda, jiju, jacundá, tambaqui e
aracu. As concentrações de Hg total para estas espécies em área de mineração
variaram de 0,02 até 2,75 mg/kg e ficaram abaixo de 0,1 mg/kg para peixes
coletados em rios não contaminados (Malm et al., 1997).
Vieira et al. (2005) quantificaram o teor de mercúrio total em peixes
provenientes de Itaituba-Pará, através de análise por espectrofotometria de
absorção atômica com amalgamação em lâminas de ouro dos teores de mercúrio
em amostras de filé de peixes. A concentração média de mercúrio total em
Colossoma macrapomum (tambaqui) foi de 0,28±0,08µg/g, enquanto que em Cichla
sp. (tucunaré) foi de 0,35±0,09µg/g. Os dados indicam que os teores médios do
metal nas espécies analisadas, encontram-se abaixo do limite máximo permitido
pela legislação vigente, isto é 0,5 µgHg/g. Entretanto, em dois exemplares, um de
cada espécie, correspondente a 4,25% das amostras, os valores superaram tal
limite, caracterizando, assim, a possível exposição humana ao metal.
A dinâmica específica dos ambientes aquáticos da região, em função do
processo de inundação sazonal, pode causar modificações na alimentação dos
peixes e/ou facilitar o desenvolvimento de condições favoráveis à produção do
MeHg. De acordo com o estudo de Roulet et al. (2000), realizado no baixo Tapajós,
os espaços adjacentes aos cursos d’água constituem sítios importantes para a
produção do MeHg. Nesses sítios, a produção e a acumulação do MeHg é
estreitamente relacionada à inundação e à degradação da matéria orgânica
(Guimarães et al., 2000).