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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA
E ENGENHARIA DE MATERIAIS
Desenvolvimento de um equipamento para caracterização térmica de
atuadores de ligas com memória de forma usando o efeito termoelétrico
Rômulo Pierre Batista dos Reis
Campina Grande
Setembro/2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS
Desenvolvimento de um equipamento para caracterização térmica de
atuadores de ligas com memória de forma usando o efeito termoelétrico
Rômulo Pierre Batista dos Reis
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Engenharia
de Materiais como requisito parcial à
obtenção do título de MESTRE EM
CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS
Orientador: Dr. Carlos José de Araújo
Agência Financiadora: CNPq (Proc.135901/2008-1)
Campina Grande
Setembro/2010
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG
R375d Reis, Rômulo Pierre Batista dos.
Desenvolvimento de um equipamento para caracterização térmica
de atuadores de ligas com memória de forma usando o efeito
termoelétrico / Rômulo Pierre Batista dos Reis. Campina Grande,
2010.
58f. : il. col.
Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais)
Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e
Tecnologia.
Referências.
Orientador: Profº. Drº. Carlos José de Araújo.
1. Termometria Elétrica. 2. Memória de Forma - Ligas. 3. Pastilha
Termoelétrica. 4. Temperaturas de Transformação. I. Título.
CDU 536.53(043)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, o autor da vida que me deu
saúde e inteligência, e em segundo lugar a todos os amigos, familiares e
professores que de uma forma ou de outra me incentivaram e me capacitaram
para que eu pudesse concluir este trabalho. Também dedico este trabalho à
minha amada noiva.
CURRICULUM VITAE DO CANDIDATO
Engenheiro Mecânico pela UFCG (2008).
Técnico em Telecomunicações pela ETER (1995)
DESENVOLVIMENTO DE UM EQUIPAMENTO PARA CARACTERIZAÇÃO
TÉRMICA DE ATUADORES DE LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA
USANDO O EFEITO TERMOELÉTRICO
Rômulo Pierre Batista dos Reis
Dissertação aprovada em 22 de Setembro de 2010, pela banca examinadora
constituída dos seguintes membros:
Banca Examinadora:
_________________________________________________
Prof. Dr. Carlos José de Araújo
Orientador
UAEM/CCT/UFCG
_________________________________________________
Prof. Dr
.
Walman Benício de Castro
Examinador Interno
UAEM/CCT/UFCG
_________________________________________________
Prof. Dr. Cícero da Rocha Souto
Examinador Externo
DEM/CT/UFPB
_________________________________________________
Prof. Dr. José Sérgio da Rocha Neto
Examinador Externo
UAEE/CEEI/UFCG
i
AGRADECIMENTOS
Foi muito gratificante a experiência de executar este trabalho. Neste
instante penso em agradecer a muitas pessoas, porém fico receoso de omitir
alguém. Por isso, inicio agradecendo as pessoas que eu conheço e que
estão comigo há um bom tempo. Entretanto, é lógico que eu não poderia deixar
de enfatizar alguns agradecimentos especiais.
Começo com minha família, agradecendo a meus pais e irmãos, que me
apoiaram em meus objetivos. À minha noiva Ana Paula, que soube
compreender as muitas horas “perdidas” na frente do computador e no
LaMMEA, os momentos de ausência e de irritação, e mesmo assim continuou
me amando. Eu também a amo muito. Ao meu orientador Professor Carlos
José de Araújo, que me deu a oportunidade de conhecer e desbravar o mundo
da pesquisa cientifica junto ao LaMMEA, meu segundo lar, e é claro, à Unidade
Acadêmica de Engenharia Mecânica e todos os seus professores bem como
ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais e seus
professores, que me capacitaram, gerando o conhecimento necessário para
uma obra deste nível.
Destaco ainda os Professores Cícero da Rocha Souto e Wanderley
Ferreira de Amorim Júnior, que me apoiaram de todas as formas possíveis,
cada um na sua área, me disponibilizando informações que foram cruciais no
sucesso deste trabalho.
Agradeço a Deus que é o principal e mais importante agradecimento.
ii
DESENVOLVIMENTO DE UM EQUIPAMENTO PARA CARACTERIZAÇÃO
TÉRMICA DE ATUADORES DE LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA USANDO
O EFEITO TERMOELÉTRICO
RESUMO
Nesta dissertação apresenta-se o desenvolvimento de um equipamento
de análise térmica cuja técnica termoanalitica utilizada é a termoeletrometria. O
equipamento desenvolvido é direcionado a caracterização das temperaturas de
transformação de fase e histerese térmica de Ligas com Memória de Forma
(LMF). Para tanto, foi projetada e fabricada uma plataforma de teste capaz de
submeter uma amostra de LMF a um programa controlado de temperatura,
armazenando e apresentando em tempo real as medidas da resistência elétrica
e/ou os sinais de tensão elétrica na amostra. Essa plataforma utiliza uma
pastilha termoelétrica que funciona segundo o efeito Peltier para produzir o
resfriamento e aquecimento da amostra de LMF. O equipamento permite
realizar ciclos térmicos sucessivos entre temperaturas mínimas e máximas
situadas entre 50
o
C e 150
o
C, com controle de taxa de resfriamento e
aquecimento através de um controlador fuzzy. Para validar o sistema
desenvolvido foram feitos testes em amostras de LMF da família Ni-Ti, além da
determinação da resistividade elétrica do cobre elétrico comercialmente puro.
Os resultados obtidos permitiram o levantamento das curvas de caracterização
Temperatura (ºC) versus Resistência (Ω), as quais apresentaram
comportamentos conforme previsto pela literatura. De um ponto de vista
prático, o trabalho desenvolvido originou um equipamento de caracterização
experimental para o estudo fundamental de atuadores de LMF, o qual será
constantemente utilizado nas pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório
Multidisciplinar de Materiais e Estruturas Ativas (LaMMEA) da
UAEM/CCT/UFCG.
iii
DEVELOPMENT OF EQUIPMENT FOR THERMAL CHARACTERIZATION OF
SHAPE MEMORY ALLOY ACTUATORS USING THE THERMOELECTRIC
EFFECT
ABSTRACT
This work presents a development of equipment for thermal analysis
which used thermoelectrometry technique. The equipment is directed to the
characterization of transformation temperatures and thermal hysteresis of
shape memory alloys (SMA). Therefore, it was designed and assembled an test
platform for submitting a SMA sample to a controlled temperature program, also
hold real-time measurements of electrical resistance or voltage signals in the
SMA sample. This platform has as main component a thermoelectric tablet that
works by Peltier effect to produce cooling and heating of the SMA sample. The
device allow make successive thermal cycles between minimum and maximum
temperatures in the temperature range from - 50 ºC to 150 ºC, with controlled
rate cooling and heating through the implementation of a fuzzy controller. To
validate the developed system some tests were performed using Ni-Ti SMA
samples. In addition, the electrical resistivity of commercial copper was also
determined with the apparatus. The obtained results of Resistance (Ω) vs.
Temperature (ºC) characterization curves are in accord with literature. From a
practical standpoint, the work led to experimental characterization equipment for
the fundamental study of shape memory alloys, which will be constantly used in
the research developed by the Multidisciplinary Laboratory of Active Materials
and Structures (LaMMEA) of UAEM / CCT / UFCG.
iv
PUBLICAÇÕES
REIS, R. P. B., DE ARAÚJO, C. J,. GOMES, A.A.C., NETO, J. F. C,.
RODRIGUES, L.F.A., Desenvolvimento de um Sistema de Medição de
Temperaturas de Transformação em Ligas Com Memória de Forma Utilizando
Pastilha Termoelétrica. In: 18º Congresso Brasileiro de Engenharia e
Ciência dos materiais (CBECiMat - 2008), Porto de Galinhas P E, Brasil,
pp. 1-8, 2008.
REIS, R. P. B., DE ARAÚJO, C. J.; GOMES, A.A.C.; NETO, J.F.C.;
RODRIGUES, L.F.A.; Desenvolvimento de um Sistema de Ciclagem Térmica
Utilizando o Efeito Termoelétrico: Aplicação a Caracterização de Ligas com
Memória de Forma. V Congresso Nacional de Engenharia Mecânica
(CONEM 2008), Salvador - BA, Brasil, pp 1-8, 2008.
DA SILVA, N.J.; REIS, R.P.B.; SILVA, J.A.; SIMÕES, J.B.; DE ARAUJO, C.J.
Manufacture and electro-themomechanical characterization of a SMA copper-
based cylindrical connector. Materials Science Forum, v. 643, 2010. pp. 29-
35.
REIS, R. P. B.; DE ARAÚJO, C. J.; MONTEIRO, E. F. Sistema de
Caracterização de Ligas com Memória de Forma Utilizando o Efeito
Termoelétrico. Patente INPI-RE/PB 000120. Depósito em: 09/08/2010. Agosto
2010.
v
Índice............................................................................................................. Pag.
RESUMO .......................................................................................................... ii
ABSTRACT ..................................................................................................... iii
PUBLICAÇÕES ............................................................................................... iv
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................ vii
SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES ........................................................................ x
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 4
3. OBJETIVOS .................................................................................................. 5
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 6
4.1. Ligas com Memória de Forma (LMF) e Medidas de Resistência Elétrica
......................................................................................................................6
4.2. Pastilhas Termoelétricas .......................................................................... 11
4.3. Módulos Termoelétricos versus LMF ...................................................... 13
5. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 17
5.1. Fluxograma da Metodologia .................................................................... 17
5.2. Desenvolvimento do Equipamento ......................................................... 19
5.3. Concepção e montagem da estrutura física .......................................... 21
5.4. Elaboração e montagem da parte eletrônica ......................................... 25
5.5. Desenvolvimento do programa de controle e aquisição de dados ..... 31
5.6. Projeto e simulação de um controle baseado em lógica FUZZY em
ambiente computacional ................................................................................. 34
5.7. Experimentos de validação do equipamento ......................................... 38
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................... 42
6.1. Características de desempenho do sistema de controle ..................... 42
6.2. Resultados dos experimentos de validação do equipamento ............. 48
6.2.1. Determinação da resistividade elétrica do cobre comercial ......... 48
6.2.2. Caracterização térmica das LMF....................................................... 50
7. CONCLUSÕES ........................................................................................... 54
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 55
vi
ÍNDICE DE TABELAS
Pag.
TABELA 5.6-1 BASE DE REGRAS DO CONTROLADOR FUZZY APLICADO AO MÓDULO
PELTIER. ....................................................................................................... 36
TABELA 5.7-1 - DIMENSÕES DE TODAS AS AMOSTRAS USADAS ................................ 41
TABELA 6.1-1 VALORES DAS CARACTERÍSTICAS EM RESPOSTA AO DEGRAU POSITIVO.
.................................................................................................................... 44
TABELA 6.1-2 VALORES DAS CARACTERÍSTICAS EM RESPOSTA AO DEGRAU POSITIVO
.................................................................................................................... 45
TABELA 6.2.2-1 - TEMPERATURAS DE TRANSFORMAÇÃO DE FASE DAS AMOSTRAS
ESTUDADAS. .................................................................................................. 53
vii
ÍNDICE DE FIGURAS
Pag.
FIGURA 4.1.1 - PARÂMETROS OBTIDOS ANTES A APÓS 100 CICLAGENS TÉRMICAS
ILUSTRANDO A DETERMINAÇÃO DAS TEMPERATURAS CRÍTICAS (M
I
, M
F
, A
I
E A
F
) E
DA HISTERESE DA TRANSFORMAÇÃO (H
T
) DURANTE UM CICLO TÉRMICO DE
RESFRIAMENTO E AQUECIMENTO DE UMA AMOSTRA DE LMF. (REIS ET AL., 2006)
...................................................................................................................... 7
FIGURA 4.1.2 - CURVAS OBTIDAS POR DSC ILUSTRANDO A DETERMINAÇÃO DAS
TEMPERATURAS CRÍTICAS (M
I
, M
F
, A
I
E A
F
) DURANTE UM CICLO TÉRMICO DE
RESFRIAMENTO E AQUECIMENTO. (NAGAI E OISHI, 2006) ............................... 8
FIGURA 4.1.3 - PLATAFORMA EXPERIMENTAL DE MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA ELÉTRICA
EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA EM AMOSTRAS DE LMF (SMRT). FONTE: (REIS ET
AL., 2006)....................................................................................................... 9
FIGURA 4.1.4 - CURVAS DA TEMPERATURA EM FUNÇÃO DO TEMPO COMPARATIVAS
ENTRE O SMRT-PLUS E O SMRT. FONTE: (REIS ET AL. 2008C) ..................... 10
FIGURA 4.2.1 - PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO DE UMA PASTILHA TERMOELÉTRICA. (A)
REFRIGERADOR TERMOELÉTRICO. (B) GERADOR TERMOELÉTRICO FONTE: (VAN
WYLEN, S. E BORGNAKKE, 2003) ............................................................ 11
FIGURA 4.2.2 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UMA CÉLULA DE PELTIER. FONTE:
(LAIRD, 2010) ............................................................................................. 12
FIGURA 4.3.1 - DIAGRAMA DA FREQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO COMPARATIVO ENTRE
DIFERENTES MATERIAIS ATIVOS QUE APRESENTAM ACOPLAMENTO DIRETO. FONTE:
(LAGOUDAS, 2008) .................................................................................... 14
FIGURA 4.3.2 ESQUEMA DE UMA MONTAGEM EXPERIMENTAL DE UM SISTEMA DE
REFRIGERAÇÃO FORÇADO PARA LMF. FONTE: (POTAPOV, 1998) ................. 15
FIGURA 4.3.3 FOTOGRAFIA DO ATUADOR LMF COM RESFRIAMENTO FORÇADO EM UM
MODELO EM TAMANHO REAL DE UM CORAÇÃO HUMANO FONTE: (YAMBE,
MARUYAMA, ET AL., 2001) ......................................................................... 16
FIGURA 4.3.4 MONTAGEM MECÂNICA DE UM ATUADOR LMF (FIO SMA) COM
RESFRIAMENTO FORÇADO POR PASTILHA TERMOELÉTRICA. FONTE: (ROMANO E
TANNURI, 2008) ......................................................................................... 17
viii
FIGURA 5.1.1 - FLUXOGRAMA REPRESENTATIVO DA METODOLOGIA EMPREGADA....... 18
FIGURA 5.2.1 - DIAGRAMA DE BLOCOS ILUSTRATIVO DO EQUIPAMENTO PROPOSTO. .. 19
FIGURA 5.2.2 - ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DO EQUIPAMENTO PROPOSTO. (1) PLACA
DE AQUISIÇÃO DE DADOS E CONTROLE; (2) MICROCOMPUTADOR; (3)
MICROTERMOPAR. ......................................................................................... 20
FIGURA 5.3.1- SISTEMA DE DISSIPAÇÃO TÉRMICA OPERANDO COM CIRCULAÇÃO DE
ÁGUA. (A) MONTAGEM DO DISSIPADOR NA TAMPA DO RESERVATÓRIO. (B)
CONEXÕES INSTALADAS NAS LATERAIS DO RECIPIENTE. (C) DETALHE DO SENTIDO
DE FLUXO DO FLUÍDO. FONTE: (REIS, 2008A) ................................................. 21
FIGURA 5.3.2 PROJETO DO EVAPORADOR PARA O MINI-REFRIGERADOR. ............... 22
FIGURA 5.3.3 - ESTRUTURA DESENVOLVIDA PARA RECEBER O EVAPORADOR. ........... 23
FIGURA 5.3.4 - FOTOGRAFIA DA REGIÃO PARA INSTALAÇÃO DA AMOSTRA DE LMF NO
EQUIPAMENTO. .............................................................................................. 24
FIGURA 5.3.5 - SEQUENCIA DE FABRICAÇÃO E MONTAGEM DO EQUIPAMENTO SMRT-
PLUS (7). ...................................................................................................... 25
FIGURA 5.4.1 CIRCUITO ELÉTRICO DA INTERFACE ELÉTRICA A. ............................. 26
FIGURA 5.4.2 TELA DA SIMULAÇÃO DA INTERFACE ELÉTRICA A NO PROGRAMA
PROTEUS. ..................................................................................................... 27
FIGURA 5.4.3 CIRCUITO ELÉTRICO DA INTERFACE ELÉTRICA B. ............................. 28
FIGURA 5.4.4 - TELA DA SIMULAÇÃO DA INTERFACE ELÉTRICA B NO PROGRAMA
PROTEUS. ..................................................................................................... 29
FIGURA 5.4.5 CONDICIONADOR DE SINAIS PROPOSTO PELA ANALOG DEVICES. ...... 29
FIGURA 5.4.6 - ESQUEMA DE CONEXÕES ENTRE O CIRCUITOS ELÉTRICOS. ............... 30
FIGURA 5.5.1 - ARQUITETURA DE UM CONTROLADOR FUZZY BASEADO EM REGRAS. 32
FIGURA 5.5.2 PAINEL FRONTAL DO VI ................................................................. 33
FIGURA 5.6.1 DIAGRAMA EM BLOCOS DO CONTROLADOR FUZZY PARA O MÓDULO
PELTIER ........................................................................................................ 35
FIGURA 5.6.2 - FUNÇÕES DE PERTINÊNCIA FUZZY ADOTADAS PARA CADA VARIÁVEL
DEFINIDA. ...................................................................................................... 37
FIGURA 5.6.3 SUPERFÍCIE DE CONTROLE FUZZY. ................................................. 38
FIGURA 5.7.1 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA AMOSTRA DE LÂMINA DELGADA DE
COBRE ELÉTRICO. .......................................................................................... 39
ix
FIGURA 5.7.2 - MICROSOLDADORA KERNIT SMP 3000 GOLD (A) E FITA DE NI-TI COM
O MICROTERMOPAR E OS ELETRODOS SOLDADOS (B). ...................................... 40
FIGURA 5.7.3 - AMOSTRA DE LMF NITICU COM OS ELETRODOS SOLDADOS. ............ 41
FIGURA 6.1.1 - CURVAS T- T E V T DO MÓDULO PELTIER. ..................................... 42
FIGURA 6.1.2 - RESPOSTA A UMA EXCITAÇÃO EM DEGRAU POSITIVO DE TEMPERATURA.
.................................................................................................................... 43
FIGURA 6.1.3 - RESPOSTA A UMA EXCITAÇÃO EM DEGRAU NEGATIVO DE
TEMPERATURA. ............................................................................................. 44
FIGURA 6.1.4 - RESPOSTA A UM SINAL DE REFERÊNCIA EM FORMA DE DEGRAU
VARIÁVEL ...................................................................................................... 45
FIGURA 6.1.5 - ERRO ESTIMADO PARA O EQUIPAMENTO EM REGIME ESTACIONÁRIO. . 46
FIGURA 6.1.6 - RESPOSTA DO EQUIPAMENTO A VÁRIOS CICLOS TÉRMICOS DE UM SINAL
DE REFERÊNCIA EM FORMA TRIANGULAR. ........................................................ 47
FIGURA 6.1.7 - ERRO ENTRE OS SINAIS DE REFERÊNCIA E MEDIDO DURANTE O
EXPERIMENTO DA FIGURA 6.1.6. .................................................................... 48
FIGURA 6.2.1.1 - CURVA R-T DO COBRE COMERCIAL .............................................. 49
FIGURA 6.2.2.1 - CURVA R-T PARA A AMOSTRA LMF 49,4NI-44,7TI-5,9CU (% EM
PESO). .......................................................................................................... 50
FIGURA 6.2.2.2 - CURVA DE DSC OBTIDA PARA A AMOSTRA DE LMF NI-TI-CU. ....... 51
FIGURA 6.2.2.3 - RESISTÊNCIA ELÉTRICA EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA PARA A FITA
NI-TI EQUIATÔMICA ........................................................................................ 52
FIGURA 6.2.2.4 - CURVA DE DSC OBTIDA PARA A FITA DA LIGA NI-TI EQUIATÔMICA. . 52
x
SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES
∆ER
T
- Taxa de variação da variável erro em temperatura fuzzyficada
A- área da seção transversal
A
f
- Temperatura de Termino da Transformação Austenitica;
A
i
- Temperatura de Inicio da Transformação Austenitica;
CC Corrente Contínua;
DC - Tensão elétrica continua;
der- variação da variável erro;
DMA - Termomecanometria dinâmica;
DSC - Calorimetria Exploratória Diferencial;
DTA - Análise Térmica Diferencial;
dTmáx- Máxima diferença de temperatura entre os lados quente e frio do
Módulo;
EMF Efeito Memória de Forma;
EMFD - Efeito Memória de Forma Duplo;
EMFS - Efeito Memória de Forma Simples;
Er - variável erro;
ER
T
-
Variável erro em temperatura fuzzyficada;
ETER Escola Técnica Redentorista
GPIB- General Purpose Interface Bus;
H
t
- Histerese da Transformação;
I - Corrente elétrica;
Imáx - Corrente no Módulo Peltier a Qmáx;
LMF - Ligas com efeito de Memória de Forma;
M
f
- Temperatura de Termino da Transformação Martensitica;
M
i
- Temperatura de Inicio da Transformação Martensitica;
NB- Negativo grande;
NM - Negativo médio
NS - Negativo pequeno;
NVB - negativo muito grande;
PB - Positivo grande;
xi
PC - Personal Computer;
PID - Proporcional Integral Derivativo;
PM - Positivo médio;
POS - Positivo pequeno;
PVB- Positivo muito grande;
Qmáx - Capacidade máxima de tranferencia de calor do Módulo Peltier;
R Resistência Elétrica;
R
f
- Temperatura de Termino da Transformação Romboédrica;
R
i
- Temperatura de Inicio da Transformação Romboédrica;
SMRT - Sistema de Medição da Resistência elétrica em função da
Temperatura;
SMRT-Plus - SMRT utilizando o efeito Peltier;
T Temperatura;
t Tempo;
T
c
- Temperatura do lado “frio” do módulo de Peltier;
T
h
- Temperatura do lado “quente” do módulo de Peltier;
t
p
- instante de pico ;
t
r
- tempo de subida ;
T
ref
- Temperatura de referência;
t
s
- tempo de acomodação
USB - Universal Serial Bus;
V - Tensão elétrica;
V - Variável tensão elétrica Fuzzyficada;
Vmáx - Tensão elétrica no Módulo Peltier a Qmáx;
Z
-1
- retardo de tempo;
ZE Neutro;
Ω Unidade de resistência elétrica (Ohm).
1
1. INTRODUÇÃO
As Ligas com Memória de Forma (LMF) constituem um grupo distinto de
materiais metálicos, que demonstram a capacidade de regressar a forma após
sofrer uma deformação plástica por meio de um aquecimento subseqüente.
Essa capacidade de recuperar a forma foi denominada por Efeito Memória de
Forma Simples (EMFS). A repetição sucessiva de ciclos termomecânicos de
EMFS conduz a um Efeito Memória de Forma de Duplo sentido ou reversível
(EMFD), para o qual não se faz necessária à aplicação de carga para a
deformação do material. No EMFD a LMF se deforma espontaneamente
quando submetido a uma fonte quente (alta temperatura) ou fria (baixa
temperatura). Estes fenômenos de memória de forma estão intimamente
associados a uma transformação de fase no estado sólido, do tipo martensítica,
cristalograficamente reversível (OTSUKA e WAYMAN, 1998), que ocorre
internamente na LMF. Percebe-se então que tais fenômenos estão associados
diretamente à temperatura em que o material se encontra, como também, que
origina importantes alterações em uma série de propriedades físicas e
mecânicas do material. Estas temperaturas de transição entre as fases,
martensitica para o frio e austenitica para o quente, dependem da composição
química da liga, do histórico termomecânico e das condições de carregamento
mecânico aplicado ao material. A literatura apresenta tais temperaturas
indicando o início (M
i
) e o final (M
f
) da transformação martensitica a partir da
austenita durante um resfriamento, também conhecida como transformação
direta, e o início (A
i
) e final (A
f
) da transformação reversa partindo da
martensita para a austenita durante um aquecimento (OTSUKA e WAYMAN,
1998). A determinação destas temperaturas de transformação de fase pode ser
realizada por técnicas de análise térmica.
A expressão análise térmica refere-se a um grupo de técnicas nas quais
uma propriedade física de uma substância e/ou seus produtos de reação é
2
medida como função da temperatura ou tempo, enquanto a substância é
submetida a um programa controlado de temperatura (ABRATEC, 2007). A
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), a Análise Térmica Diferencial
(DTA) e mais recentemente a termomecanometria dinâmica ou Análise
Dinâmico-Mecânica (DMA) (CHANG e WU, 2008) são as técnicas
termoanalíticas mais difundidas e empregadas para a determinação das
temperaturas de transformação martensitica direta (resfriamento) e reversa
(aquecimento) das LMF. Existem no mercado equipamentos disponíveis de
diversos fabricantes de países industrializados (Estados Unidos, Japão,
Alemanha e outros) que se utilizam destas técnicas. No entanto, estes
equipamentos possuem valores relativamente altos, podendo custar de
$15.000,00 a $50.000,00 dólares para os modelos mais simples de DTA e a
mais de $100.000,00 para os modelos mais sensíveis de DSC (ERICKSON,
1999). Além disso, esses equipamentos necessitam o uso de consumíveis
como gás de arrasto, no caso do DSC, e fluidos para refrigeração, como
nitrogênio liquido para o DMA. No desenvolvimento de aplicações de LMF
como, por exemplo, micro atuadores com memória de forma, a aquisição e
aplicação destes equipamentos comerciais, apenas para a determinação das
temperaturas de transformação de fase, se tornam onerosas além de
subutilizar tais equipamentos.
Neste contexto, é importante procurar alternativas não comerciais para se
obter respostas ou informações convenientes para a determinação das
temperaturas de transformação de fase em atuadores de LMF, tanto do ponto
de vista qualitativo quanto quantitativo, dentro do menor tempo e custo
possíveis. Neste sentido entre 2005 e 2006 foi desenvolvida no
LaMMEA/UFCG uma primeira plataforma experimental de teste capaz de
realizar a medição da resistência elétrica em função da temperatura em
amostras de LMF, na faixa de -10 a 200 °C, denominada SMRT (REIS et al.,
2006). Entretanto, tal sistema possuía baixas taxas de aquecimento e
resfriamento pelo fato de utilizar como sistema de refrigeração e aquecimento
um banho termoregulável contendo óleo de silicone, no qual, para amostras
3
com temperaturas de transformação abaixo de 0 °C (zero graus Celsius), o
experimento se tornava relativamente lento, podendo durar mais de 2 horas.
Visando melhorar esse desempenho, foi proposto em 2007 um novo sistema
de variação da temperatura que faz uso de uma pastilha termoelétrica como
dispositivo de aquecimento e refriamento, denominado SMRT-Plus (REIS, 2008
a; REIS et al., 2008b; REIS et al., 2008 c) que deu origem a este trabalho de
dissertação.
Neste trabalho apresenta-se o desenvolvimento de um equipamento de
análise térmica cuja técnica termoanalitica utilizada é a termoeletrometria. Na
seqüência é apresentado o projeto e a construção de uma estrutura física para
o condicionamento do módulo Peltier, contendo um espaço destinado a
amostra de LMF a ser ciclada termicamente. Em seguida apresenta-se uma
interface elétrica responsável pelo acionamento do módulo Peltier, a qual utiliza
uma placa da National Instruments, modelo NI USB-6216 16-Bit, 400 kS/s
Isolated M Series MIO DAQ, Bus-Powered e como ferramenta de software o
LABVIEW. Por ultimo é apresentado um sistema de controle, aplicado ao
equipamento, baseado em lógica FUZZY. Os testes demonstraram que o
equipamento atendeu as expectativas iniciais de controle e reprodutibilidade
dos ensaios comprovando a eficiência do novo sistema de medição,
denominado SMRT-Plus, na caracterização das temperaturas de
transformação de fase de amostras LMF.
4
2. JUSTIFICATIVA
No projeto de atuadores de LMF, independente do campo de aplicação,
se faz necessário determinar, previamente, qual a faixa de temperatura em que
o material deverá exercer atuação mecânica em resposta a uma ativação
térmica, além de outros parâmetros como a forma, o tamanho e as condições
de carregamento mecânico. Quanto a estas temperaturas de atuação,
denominadas na literatura como temperaturas de transformação de fase direta
(resfriamento) e reversa (aquecimento), pode se afirmar que o projeto de um
atuador termomecânico baseado em LMF é tailor-made (feito sobe medida).
Levando em consideração a composição química, a história termomecânica e o
carregamento mecânico externo, teoricamente é possível fabricar uma LMF
para qualquer faixa de temperatura de atuação situada entre 100
o
C e 200
o
C
e com uma variedade de formas geométricas. Portanto, se faz necessário,
após o processo de fabricação da LMF, a realização da sua caracterização
térmica imediata com o intuito de se obter as temperaturas de transformação e
histerese térmica para uma posterior comparação com os valores previamente
projetados.
Assim, a justificativa para este trabalho baseia-se no fato de que existe a
necessidade de se determinar o comportamento das LMF em função da
temperatura e do número de ciclos térmicos, principalmente para definição de
modificações no seu projeto e fabricação. Então, como mencionado
anteriormente, equipamentos comercialmente disponíveis para esse fim são
relativamente caros e possuem recursos variados que o são necessários
para essa aplicação. Além disso, por não serem específicos para a
caracterização de LMF, são limitados no que se refere a velocidade da taxa de
aquecimento e resfriamento.
5
3. OBJETIVOS
Neste trabalho tem-se por objetivo geral desenvolver um equipamento
para a caracterização térmica pida e precisa da transformação de fase de
LMF através de medidas da variação de sua resistência elétrica sob ciclagem
térmica produzida por pastilhas termoelétricas (módulos de Peltier).
Em termos específicos, objetiva-se:
1. Projetar e construir uma estrutura física para o sistema de medição
da resistência elétrica em função da temperatura (SMRT-Plus);
2. Projetar um sistema de controle fuzzy para taxa de aquecimento e
resfriamento bem como para realização de patamares em
temperatura no equipamento SMRT-Plus;
3. Determinar a resistividade elétrica do cobre comercialmente puro
como etapa inicial de validação do equipamento;
4. Realizar experimentos de ciclagem térmica em amostras de LMF
na faixa de - 50 a 150 ºC para validação final do equipamento.
6
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. Ligas com Memória de Forma (LMF) e Medidas de Resistência
Elétrica
As ligas com memória de forma (do inglês Shape Memory Alloys
SMA), são materiais metálicos que, mesmo deformados plasticamente, são
capazes de recuperar a geometria original (ou de desenvolver consideráveis
forças de restituição ao se restringir sua recuperação) através da imposição de
um campo de temperatura, devido a transformações de fase induzidas no
material. Atualmente existe uma variedade muito grande de materiais que
apresentam o Efeito Memória de Forma (EMF), porém, os que despertam
interesse comercial são aqueles que apresentam recuperação de forma
significativa (entre 3 e 6 %), ou que oferecerem considerável força de
restituição ao se restringir à recuperação de sua forma originada após a
imposição de temperatura. Ultimamente, os materiais que se encaixam nestes
aspectos são as ligas metálicas do sistema Ni-Ti e algumas ligas de cobre dos
sistemas Cu-Zn-Al e Cu-Al-Ni.
A caracterização física da transformação martensítica termoelástica
consiste basicamente em determinar os parâmetros que tem relação direta com
o fenômeno, como o deslocamento ou deformação correspondente ao EMF,
alterações na resistência elétrica do material, a absorção ou liberação de
energia térmica, alterações de rigidez (módulo de elasticidade), dentre outros.
A partir destas características é possível determinar as temperaturas criticas de
transformação de fase e histerese em temperatura de uma LMF. As
transformações martensíticas em LMF podem ser estudadas a partir das
curvas do comportamento de variações de algumas propriedades físicas como
resistividade elétrica, dimensões e calor específico em função da temperatura.
Comumente são usadas técnicas de análise térmica, como calorimetria
diferencial de varredura (DSC), análise térmica diferencial (DTA), análise
termomecânica (TMA) e mais recentemente a termomecanometria dinâmica
7
(DMA) (CHANG e WU, 2008). As técnicas de análise térmica DSC e DTA
detectam tanto a transformação martensítica direta, que é exotérmica
(acompanhada por liberação de calor), quanto à transformação reversa, que é
endotérmica (acompanhada por absorção de calor). As temperaturas críticas
da transformação são:
M
i
Temperatura de início de transformação martensítica direta (inglês M
s
);
M
f
Temperatura de final da transformação martensítica direta;
A
i
Temperatura de início da transformação martensítica reversa (inglês A
s
);
A
f
Temperatura de final da transformação martensítica reversa;
H
t
Histerese da transformação.
Na Figura 4.1.1 apresenta-se uma curva típica de variação da
resistência elétrica em função da temperatura para uma amostra de LMF obtida
com uma montagem laboratorial (REIS et al., 2006). Esse comportamento
também exibe uma histerese em temperatura, que é medida a 50% da
transformação, conforme se apresenta na Figura 4.1.1. Em geral, a histerese
em temperatura das transformações martensíticas termoelásticas variam entre
5°C e 50°C dependendo do tipo de LMF e do seu processamento
termomecânico.
20 40 60 80 100 120 140 160 180
0,28
0,29
0,30
0,31
0,32
0,33
0,34
0,35
0,36
0,37
0,38
resfriamento
aquecimento
Resistência (m
)
r
H
t
M
f
M
i
A
f
A
i
Antes de 100 ciclos
Após 100 ciclos
Temperatura (°C)
Figura 4.1.1 - Parâmetros obtidos antes a após 100 ciclagens térmicas ilustrando a determinação
das temperaturas críticas (M
i
, M
f
, A
i
e A
f
) e da histerese da transformação (H
t
) durante um ciclo
térmico de resfriamento e aquecimento de uma amostra de LMF. (REIS et al., 2006)
8
Na Figura 4.1.2 apresenta-se uma curva típica de calorimetria
diferencial de varredura (DSC) utilizada na determinação das temperaturas de
transformação de fase e histerese térmica em LMF. A técnica de DSC é
bastante difundida e aplicada na caracterização térmica de LMF (NAGAI e
OISHI, 2006; CHANG e WU, 2008; SUN, HUANG e CHEAH, 2010). Durante o
resfriamento se verifica um pico exotérmico característico da transformação
martensitica direta, onde é possível se determinar os valores de temperatura
inicial M
i
(do inglês M
s
) e final M
f
da transformação martensitica. durante o
aquecimento observa-se um pico endotérmico característico da transformação
reversa, a partir do qual se obtém os valores das temperaturas de inicio A
i
(do
inglês A
s
) e final A
f
da transformação austenitica.
Figura 4.1.2 - Curvas obtidas por DSC ilustrando a determinação das temperaturas críticas (M
i
,
M
f
, A
i
e A
f
) durante um ciclo térmico de resfriamento e aquecimento. (NAGAI e OISHI, 2006)
As temperaturas de transformação e a histerese térmica H
t
na curva
resistência elétrica versus temperatura (R T), definidas nas Figura 4.1.1 e
Figura 4.1.2 são determinadas através da técnica do cruzamento das
tangentes, que é uma técnica recomendada pela Associação Brasileira de
Análise Térmica e Calorimetria (ABRATEC, 2007).
Visando a caracterização térmica de LMF, REIS et al. (2006) iniciaram o
desenvolvimento de uma plataforma experimental de teste capaz de realizar a
Aquecimento
Resfriamento
Exotérmica
9
medição da resistência elétrica em função da temperatura em amostras desses
materiais, na faixa de -10 a 200 °C, denominada Sistema de Medição de
Resistência elétrica em função da Temperatura (SMRT). Na Figura 4.1.3 se
apresenta uma fotografia da plataforma composta por um banho térmico
regulável (1), uma fonte de potência CC (2), um sistema de aquisição de dados
com placa de interface GPIB (3) e um computador com programa de
visualização dos dados coletados (4).
O banho termoregulável (1) é da marca Cole-Parmer, modelo12101-56
CE, e permite trabalhar na faixa de -20 a 200
o
C, com um reservatório de 13
litros onde fica alojado o fluido que receberá a amostra a ser testada. O fluido
onde a amostra fica completamente imersa é o óleo de silicone Rhodorsil 47V
50 da Rhodia Silicones. A fonte de alimentação CC (2) é da marca Agilent,
modelo E3633A. O sistema de aquisição de dados (3) também é da marca
Agilent, modelo 34970A, equipado com um módulo multiplexador de 20 canais
com precisão de leitura de até 6 ½ dígitos. Esse sistema de aquisição permite
fazer a medição da resistência elétrica da amostra de forma direta e indireta
através do método de dois ou quatro fios.
Figura 4.1.3 - Plataforma experimental de medição da resistência elétrica em função da
temperatura em amostras de LMF (SMRT). Fonte: (REIS et al., 2006)
1
2
3
4
10
Apesar desta solução encontrada por REIS et al. (2006) apresentar
resultados em perfeita concordância com a literatura, obtendo curvas R-T
satisfatórias para a determinação das temperaturas criticas de transformação
martensitica e reversa, o arranjo experimental mostrou-se pouco eficiente
quanto ao tempo de operação, ou seja, foi eficaz, pom pouco eficiente. Esse
SMRT possuía baixas taxas de aquecimento e resfriamento pelo fato de utilizar
como estação de refrigeração e aquecimento um banho termoregulável, no
qual, para amostras com temperaturas de transformação abaixo de 0 °C (zero
graus Celsius), o experimento se tornava relativamente lento, podendo durar
mais de 2 horas. Por isso, foi proposto em 2007 um novo sistema de variação
da temperatura que faz uso de uma pastilha termoelétrica, baseada no efeito
Peltier (ROWE, 2005), como dispositivo de aquecimento e resfriamento,
denominado SMRT-Plus (REIS, 2008a; REIS et al., 2008b; REIS et al., 2008c).
Na Figura 4.1.4 visualiza-se um comparativo de tempo de operação
entre o SMRT e o SMRT-Plus. Vale ressaltar que um ciclo completo com o
SMRT entre -10 °C e 30 °C dura aproximadamente 1 hora enquanto no SMRT-
Plus essa mesma ciclagem pode ser feita em apenas 5 minutos.
Figura 4.1.4 - Curvas da temperatura em função do tempo comparativas entre o SMRT-Plus e o
SMRT. Fonte: (REIS et al. 2008c)
11
4.2. Pastilhas Termoelétricas
Segundo Van Wylen et al (2003), uma Pastilha Termoelétrica é um
refrigerador termoelétrico no qual é possível utilizar diretamente a energia
elétrica para promover a refrigeração, evitando os custos com o compressor,
condensador, evaporador e tubulações, que são componentes necessários em
um refrigerador que funciona por compressão de vapor. Além de refrigerador,
essa pastilha pode funcionar como um gerador termoelétrico. Na Figura 4.2.1
ilustra-se o funcionamento das pastilhas termoelétricas baseadas no efeito
Peltier. O esquema apresentado na Figura 4.2.1 (a) representa um refrigerador
termoelétrico que utiliza dois materiais metálicos diferentes (A e B) de maneira
similar aos pares termoelétricos convencionais. Existem duas junções entre
estes materiais, uma junção fria localizada no espaço refrigerado e outra
junção quente no meio ambiente. Quando uma diferença de potencial elétrico é
aplicada aos terminais (+ e -), a temperatura da junção localizada no espaço
refrigerado diminui (junta fria T
c
) e a temperatura da outra junção (junta quente
T
h
) aumenta. Desta forma o calor é transferido do espaço refrigerado para a
junção fria e da junção quente para o meio ambiente. Já o sistema mostrado na
Figura 4.2.1 (b), representa uma pastilha termoelétrica utilizada como um
gerador de potência, onde o espaço refrigerado foi trocado por um corpo de
temperatura elevada e nos terminais (+ e -) foi colocada uma carga. Dessa
forma, a partir de uma diferença de temperatura pode ser gerada uma
quantidade de energia elétrica diretamente sobre a carga.
Figura 4.2.1 - Principio de funcionamento de uma pastilha termoelétrica. (a) Refrigerador
termoelétrico. (b) Gerador termoelétrico Fonte: (VAN WYLEN, S. e BORGNAKKE, 2003)
e
12
Um conversor termoelétrico, também conhecido por Módulo Termoelétrico
ou ainda Célula de Peltier, consiste em um conjunto de pares de
semicondutores do tipo n e tipo p denominados termoelementos. Esses
elementos n e p são conectados eletricamente em série através de um metal, e
termicamente em paralelo, soldados entre dois materiais que isolam
eletricamente, porém, que conduzem termicamente formando um sanduíche.
Estes materiais isolantes elétricos são constituídos por placas cerâmicas que
também servem para dar forma ao módulo, conforme se mostra na Figura
4.2.2.
Figura 4.2.2 - Representação esquemática de uma Célula de Peltier. Fonte: (LAIRD, 2010)
Módulos Peltier são indicados para algumas aplicações e não
recomendados para outras. Dependendo da aplicação, uma pastilha pode ser
infinitamente superior a um compressor, por exemplo, para resfriar um
microprocessador ou até inferior como no caso de um ar condicionado.
Pastilhas termoelétricas são muito pequenas, leves e o produzem nenhum
ruído, podendo ser extremamente precisas no controle de temperatura uma vez
que o possuem peças móveis. Podem ser operadas também em vácuo ou
ambiente sem gravidade, e em qualquer orientação física. Contudo, o efeito
Peltier tende a perder sua vantagem competitiva para transferências de calor
Material cerâmico
Metal condutor
Termo elementos
tipo p e tipo n
Calor absolvido
Calor liberado
13
acima de 200 W. Não obstante, em certas aplicações militares ou científicas, o
efeito pode ser utilizado para transferir dezenas de kilowatts (ROWE, 2005).
Todo material é passível de gerar calor cada vez que uma corrente
elétrica passa em seu interior. Um material termoelétrico não foge a esta regra,
reagindo da mesma maneira. um ponto onde o calor gerado internamente
cancela a capacidade do módulo de transferir calor. Cada pastilha tem seu
próprio limite de quanto calor pode transferir que é conhecido como Qmax. A
corrente elétrica associada ao Qmax é conhecida como Imax e a voltagem
correspondente como Vmax. Se um módulo for completamente isolado de seu
ambiente e estiver trabalhando a Imax, produzirá a diferença máxima de
temperatura entre os lados quente e frio, conhecida como dTmax.
O limite prático de comprimento e largura de um módulo como o da Figura
4.2.2 é de aproximadamente 60 mm, devido às diferenças de temperatura entre
os lados do módulo. O lado frio da pastilha contrairá enquanto o lado quente
expandirá, causando tensões mecânicas nos elementos e nos pontos de solda.
Quanto maior for à pastilha, maior será a tensão mecânica nos elementos de
seu perímetro causada pelos efeitos diferenciais de dilatação térmica entre as
faces do módulo. Em casos onde a transferência de calor excede o que pode
ser suprido por uma pastilha, módulos adicionais podem ser utilizados lado
a lado ou empilhados.
4.3. Módulos Termoelétricos versus LMF
As LMF possuem a capacidade de desenvolver consideráveis forças de
restituição ao se restringir sua recuperação ou apreciáveis deslocamentos caso
não se restrinja a sua recuperação. Em outras palavras possuem a habilidade
de gerar forças e movimentos abrindo margem para se construir atuadores
leves e silenciosos. Entretanto, sabe-se que o tempo de resposta destes
atuadores de LMF é bastante lento com freqüência de resposta não superior a
14
10 Hz como pode ser observado no diagrama comparativo da resposta em
freqüência para diferentes materiais ativos da Figura 4.3.1 (LAGOUDAS, 2008).
Figura 4.3.1 - Diagrama da freqüência de Atuação comparativo entre diferentes materiais ativos
que apresentam acoplamento direto. Fonte: (LAGOUDAS, 2008)
Desde 1998, diversas pesquisas têm sido realizadas objetivando melhorar
a resposta dinâmica de atuadores com LMF. O aproveitamento dos módulos
termoelétricos em associação com a tecnologia de LMF encontra-se na
aplicação destes dispositivos como sistema de refrigeração forçada nos
atuadores com memória de forma. POTAPOV (1998) mostrou que atuadores
de LMF resfriados por pastilhas termoelétricas quando comparados com outros
métodos de ativação, tiveram o tempo de resposta bastante melhorado. Na
Figura 4.3.2 apresenta-se um esquema da montagem experimental realizada por
POTAPOV (1998) para o resfriamento forçado de atuadores de LMF (inglês
SMA). A amostra de LMF (SMA) foi montada em contato térmico com a junção
A do módulo termoelétrico e isolada termicamente do ambiente. Foram
testadas três montagens diferentes de dissipação de calor para a junção B do
módulo termoelétrico, definidas por: unidade I; unidade II e unidade III. Na
unidade I foi utilizado como dissipador térmico da junção B uma placa de cobre
15
conectada a um reservatório de óleo. Esse conjunto placa de cobre
reservatório de óleo, funciona como um tipo de sumidouro mantendo a junção
B em condição quase-isotermica.
Na unidade II, apenas a placa de cobre, com dimensão 8 x 8 x 1 mm
3
, foi
utilizada como dissipador de calor da junção B, porém, sua capacidade térmica
é relativamente pequena em comparação com o dissipador utilizado na
unidade I. Na unidade III não foi utilizado nenhum tipo de dissipação de calor
na junção B.
O resultado menos eficiente entre as três montagens foi alcançado com a
unidade III, porém, ainda se obteve melhor resultado em tempo de resposta ao
resfriamento que quando comparado com o resfriamento por convecção livre.
Figura 4.3.2 Esquema de uma montagem experimental de um sistema de
refrigeração forçado para LMF. Fonte: (POTAPOV, 1998)
YAMBE et al. (2001) desenvolveram um coração artificial que empregava
atuadores LMF com resfriamento forçado por elementos termoelétricos. Na
Figura 4.3.3 apresenta-se uma fotografia do modelo de coração humano em
tamanho real no qual foi montado o atuador LMF com resfriamento forçado por
pastilhas termoelétricas.
16
Figura 4.3.3 Fotografia do atuador LMF com resfriamento forçado em um modelo em tamanho
real de um coração humano Fonte: (YAMBE, MARUYAMA, et al., 2001)
Em uma outra pesquisa, SELDEN, CHO e ASADA (2004) apresentaram
uma nova abordagem para o projeto de atuadores com memória de forma, em
que fios de LMF são divididos em vários segmentos e seus estados térmicos
são controlados individualmente de forma binária por meio de dulos
termoelétricos. Outro sistema de resfriamento forçado, proporcionado por
pastilha termoelétrica, foi utilizado por ROMANO e TANNURI (2008) no projeto
de um atuador baseado em LMF aplicado a um controle de posição,
fundamentado em algoritmo PID. Um esquema da montagem mecânica
utilizado por Romano é apresentado na Figura 4.3.4. Nesta montagem. o fio de
LMF é colocado em contato físico com o módulo termoelétrico provendo assim
a refrigeração forçada. O fio de LMF teve uma de suas extremidades fixada
diretamente na polia de raio menor e a outra fixada em um conector elétrico
(c
1
) por onde passa a corrente elétrica de ativação do fio, e um potenciômetro
foi utilizado como sensor de deslocamento angular. A carga esta acoplada a
polia de raio maior por meio de um fio comum. A relação entre as polias
amplifica o movimento da carga por um fator de 10 em relação ao movimento
de contração do fio de LMF.
17
Figura 4.3.4 Montagem mecânica de um atuador LMF (Fio SMA) com resfriamento forçado por
pastilha termoelétrica. Fonte: (ROMANO e TANNURI, 2008)
5. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho de caráter teórico-experimental foi integralmente realizado
no Laboratório Multidisciplinar de Materiais e Estruturas Ativas (LaMMEA) com
apoio da infra-estrutura do Laboratório de Usinagem da Unidade Acadêmica de
Engenharia Mecânica (UAEM) do CCT/UFCG. O trabalho consistiu na
elaboração, construção e validação de um equipamento para análise térmica
cuja técnica termoanalitica utilizada é a termoeletrometria direcionado a
caracterização das temperaturas de transformação e histerese térmica de ligas
com memória de forma (LMF) que trabalhem na faixa de -50 a 150 ºC. Para
tanto o trabalho foi dividido em três partes. Inicialmente foi elaborada a
documentação técnica da estrutura física do equipamento em ambiente
computacional. Em seqüência foi desenvolvido um interface elétrica para
ativação e controle do Módulo Peltier. Por ultimo foi criado um programa com a
interface para usuário e com o controlador fuzzy
5.1. Fluxograma da Metodologia
A metodologia utilizada está resumida no fluxograma mostrado na Figura
5.1.1, o qual descreve as seqüências das etapas realizadas durante a
execução desse trabalho.
18
Modelagem sólida em
ambiente computacional
Aquisição do material
Trabalho de
usinagem
Montagem mecânica
Concepção e montagem
da estrutura física
Elaboração e montagem
da parte eletrônica
Projeto e simulação do
circuito eletrônico em
ambiente computacional
Confecção e
montagem da placa
de circuito impresso
Desenvolvimento
Desenvolvimento do programa
de controle e aquisição de dados
Projeto e simulação de um
controle baseado em lógica
FUZZY em ambiente
computacional
Desenvolvimento de um
programa de controle e
aquisição de dados no
LABVIEW
Experimentos de validação
do equipamento
Equipamento
Figura 5.1.1 - Fluxograma representativo da metodologia empregada
19
5.2. Desenvolvimento do Equipamento
Para se obter a curva experimental de Resistência Elétrica versus
Temperatura (R T) é necessário variar de forma controlada a temperatura da
amostra de LMF e monitorar simultaneamente a temperatura e a resistência
elétrica dessa amostra. A resistência elétrica da amostra é determinada a partir
da lei de ohm. Com a passagem de uma corrente elétrica na amostra é
provocada uma queda de tensão que pode ser mensurada. Então para se obter
o valor da resistência elétrica basta dividir o valor de tensão medida pelo valor
da corrente elétrica que é conhecida e constante. Na Figura 5.2.1 mostra-se
um diagrama de blocos para o equipamento proposto, apresentando a
necessidade de um aparato para fazer variar a temperatura da amostra, uma
fonte de corrente contínua (CC) estabilizada aplicada para alimentação da
amostra de LMF, um sensor de temperatura e um sistema de aquisição de
dados conectado a um computador (PC). Os parâmetros envolvidos na
medição são a corrente elétrica constante (I) passando através da amostra, a
tensão elétrica (+V-) e a temperatura do meio (T). Estes parâmetros devem ser
monitorados no tempo (t) e armazenados em computador para análise
posterior.
Sensor de temperatura
Sistema de variação da temperatura
Aquisição de dados
PC
Fonte de corrente CC
Amostra
T
T, t, +V-
+V-
I
Figura 5.2.1 - Diagrama de blocos ilustrativo do equipamento proposto.
20
É apresentada na Figura 5.2.2 uma ilustração esquemática do
equipamento fundamentada no diagrama em blocos da Figura 5.2.1. A idéia
básica é utilizar uma pastilha termoelétrica como sistema de variação da
temperatura da amostra de LMF. Para isso, é necessário colocar em contato
térmico a amostra com o módulo Peltier e fazer variar a temperatura do
módulo, monitorando a temperatura com um microtermopar instalado na
amostra.
A interface elétrica A, alimentada por uma fonte de tensão DC, possibilita
controlar a tensão elétrica aplicada ao módulo Peltier por meio de uma placa de
aquisição de dados e controle (1) conectada ao computador (2) através de uma
porta USB. Um circuito condicionador de sinais (C) é utilizado para linearizar e
amplificar o sinal do termopar (3) para a placa de aquisição de dados e controle
Interface elétrica
A
Fonte de tensão
DC
Condicionador
de sinais C
Módulo Peltier
Interface elétrica
B
Amostra
Dissipador
(2)
(3)
(I)
(V)
(1)
Figura 5.2.2 - Ilustração esquemática do equipamento proposto. (1) placa de
aquisição de dados e controle; (2) Microcomputador; (3) Microtermopar.
21
(1). A interface elétrica B, também alimentada pela mesma fonte de tensão da
interface elétrica A, permite controlar a corrente (I) que passa através da
amostra, via a placa de aquisição de dados e controle (1), regulando um valor
constante para essa corrente. A placa de aquisição de dados e controle (1)
também permite fazer a medição da queda de tensão elétrica (V) na amostra
de LMF. Um sistema de dissipação de calor é utilizado como uma espécie de
fonte térmica (sumidouro), para manter a temperatura da superfície inferior da
pastilha termoelétrica o mais constante possível, visando absorver todo o calor
liberado pelo módulo durante o processo de variação de temperatura.
5.3. Concepção e montagem da estrutura física
Em um trabalho anterior, REIS (2008a) desenvolveu um protótipo de
sistema de dissipação de calor para o equipamento SMRT com base no projeto
conceitual da ilustração da Figura 5.2.2. O trabalho de REIS (2008a) envolveu
o estudo de várias concepções de sistema de dissipação de calor. Após
diversos experimentos foi selecionada a configuração apresentada no conjunto
de fotos da Figura 5.3.1. Nesta configuração, o sistema de dissipação utiliza
um recipiente (b) capaz de alojar uma superfície aletada (a) e ao mesmo tempo
permitir o escoamento de um fluído (água) por entre as aletas como indicam as
setas da Figura 5.3.1 (c).
Após as modificações realizadas no sistema de dissipação, o módulo
(a)
(b)
(c)
Válvula
conexões
Figura 5.3.1- Sistema de dissipação térmica operando com circulação de água. (a)
Montagem do dissipador na tampa do reservatório. (b) Conexões instaladas nas laterais do
recipiente. (c) Detalhe do sentido de fluxo do fluído. Fonte: (REIS, 2008a)
22
Para o trabalho atual está sendo proposta uma nova montagem para o
dissipador térmico. Nessa nova montagem optou-se por alterar o fluído
operante de água para o fluido refrigerante R134a visando atingir temperaturas
ainda mais negativas quando comparadas ao estudo inicial de REIS (2008a).
Para esta configuração foi necessário desenvolver uma espécie de mini-
refrigerador a ser utilizado como sistema de dissipação térmica do lado quente
do módulo Peltier (T
h
). Na Figura 5.3.2 apresenta-se o projeto realizado com o
auxilio da ferramenta computacional CAD/CAE CATIA V5 (versão demo) para o
evaporador do mini-refrigerador. O módulo Peltier (1) fica fixado entre uma
placa de cobre (3) e duas travas de alumínio (2). O lado quente do Peltier T
h
fica em contato térmico com a placa de cobre que é refrigerada pela expansão
do fluido R134a no interior da serpentina de cobre (4). As travas de alumínio (2)
são isoladas por uma fita de silicone (5). A amostra de LMF (6) é instalada na
superfície fria do módulo Peltier T
c.
A fixação se por uma terceira trava
contendo parafusos que pressionam a amostra contra a superfície do módulo
por meio das molas (7).
Figura 5.3.2 Projeto do evaporador para o mini-refrigerador.
(5)
(6)
(7)
(7)
(2)
(3)
(1)
(4)
23
A estrutura física utilizada para a fabricação do mini-refrigerador foi
fabricada com o apoio técnico do Laboratório de Usinagem da UAEM/UFCG,
no qual foi realizado trabalhos de soldagem, corte, conformação mecânica e
carga de gás refrigerante.
Na Figura 5.3.3 é apresentada uma fotografia da estrutura pronta para
receber o evaporador ilustrado na Figura 5.3.2. Os componentes que fazem
parte da estrutura são: condensador (1), válvula de expansão (2), compressor
(3) e motor com ventilador (4).
Figura 5.3.3 - Estrutura desenvolvida para receber o evaporador.
Na Figura 5.3.4 mostra-se uma fotografia detalhando a fixação de uma
amostra de LMF no equipamento. A superfície superior (1) do módulo Peltier
fica em contato térmico com a amostra (não mostrada). Uma trava, fabricada
(1)
(2)
(3)
(4)
24
em alumínio, fica encaixada em dois pinos com rosca (2) que recebem um
parafuso com mola.
Figura 5.3.4 - Fotografia da região para instalação da amostra de LMF no equipamento.
A seqüência completa de fabricação e montagem do equipamento é
apresentada no conjunto de fotos da Figura 5.3.5. As placas de cobre foram
usinadas em uma fresadora (1); a serpentina foi fabricada a partir de tubos de
cobre com 6,35 mm de diâmetro externo, o qual foi dobrado, estanhado e
soldado nas placas de cobre (também pré-estanhadas) (2); os componentes do
mini-refrigerador, como o compressor, ventilador, válvula de expansão, tubo
capilar e condensador, foram parafusados em uma plataforma metálica (3); o
sistema recebeu uma carga de gás R134a (4); foi parafusada uma tampa em
madeira coberta com uma camada de fórmica branca e com um orifício no
centro (5); o módulo Peltier foi instalado na superfície da placa de cobre (6) no
interior de uma cúpula plástica para possibilitar ensaio sob vácuo e por fim uma
vista geral do equipamento denominado SMRT-Plus (7).
(1)
(2) (2)
25
Figura 5.3.5 - Sequencia de fabricação e montagem do equipamento SMRT-Plus (7).
5.4. Elaboração e montagem da parte eletrônica
O diagrama elétrico mostrado na Figura 5.4.1, que compõe a interface
elétrica A ilustrada na Figura 5.2.2, é responsável pelo acionamento do módulo
Peltier. Um canal de saída analógica da placa de aquisição e controle é ligado
à entrada e o módulo Peltier é conectado na saída. O circuito realiza uma
conversão do sinal elétrico de baixa potência (5mw), originário da placa de
aquisição de dados e controle (1), em um sinal de maior potência (145 w)
permitindo um controle da tensão elétrica de alimentação do módulo Peltier. O
circuito foi desenvolvimento com componentes discretos e alguns
amplificadores operacionais.
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
26
Figura 5.4.1 Circuito elétrico da interface elétrica A.
Com a finalidade de testar a funcionalidade do circuito apresentado no
diagrama elétrico da Figura 5.4.1 foi realizada uma simulação em ambiente
computacional Proteus 7.2 (versão demo) antes de fabricar a placa de circuito
impresso. Na Figura 5.4.2 é apresentado à tela da simulação no programa
Proteus. Na simulação foi aplicado um sinal de entrada senoidal com 5 V de
amplitude, freqüência de 50 Hz e 0 V de tensão de offset (A). Utilizou-se a
ferramenta osciloscópio (1) do modo de instrumentos virtuais para visualizar os
sinais nos pontos de entrada (A), na saída da primeira etapa (B) e na saída da
segunda etapa (C). A primeira etapa é um circuito subtrator com ganho, ou
seja, realiza uma operação de subtração entre os terminais “+” e “–” do
amplificador operacional e multiplica o resultado por um ganho. O ganho foi
calculado para 2,92 com a finalidade de fornecer uma saída de 14,6 V com 5 V
de entrada e - 14,6 V para - 5 V de entrada. A segunda etapa é um amplificador
de potência que irá alimentar o módulo Peltier. Esse amplificador é constituído
por dois caminhos de amplificação. Um caminho amplifica o ciclo positivo do
sinal de entrada e o outro o ciclo negativo. Durante a polarização direta (ciclo
positivo do sinal) o módulo Peltier ira resfriar a superfície superior e durante a
27
inversão de polaridade (ciclo negativo) o módulo Peltier era aquecer a
superfície superior.
Figura 5.4.2 Tela da simulação da interface elétrica A no programa Proteus.
Na Figura 5.4.3 apresenta-se o diagrama elétrico da interface elétrica B,
que foi definida no diagrama esquemático da Figura 5.2.2. Este circuito foi
desenvolvido para controlar o valor da corrente, aplicada na amostra de LMF. A
idéia é fazer uma fonte de corrente controlada por tensão, para regular uma
diferença de potencial elétrico na entrada do circuito e dessa forma controlar o
valor da corrente de alimentação da amostra de LMF. O valor numérico da
corrente elétrica de saída é proporcional ao valor da tensão elétrica de entrada.
A entrada do circuito é ligada a uma saída analógica da placa de aquisição e
controle. O circuito admite uma carga ligada na saída (amostra de LMF), com
resistência elétrica que pode variar de 0 a 3 ohms e possui a capacidade de
regular uma corrente elétrica de até 2 A aplicada à carga.
(A)
(1)
(B)
(C)
28
Figura 5.4.3 Circuito elétrico da interface elétrica B.
A simulação do circuito da interface elétrica B foi realizada no ambiente
computacional Proteus 7.2 (versão demo). Na Figura 5.4.4 mostra-se à tela do
programa Proteus com o esquema elétrico da interface elétrica B. Na
simulação foi verificado se o circuito iria atender as especificações de projeto.
Neste sentido, aplicou-se um potenciômetro linear (RV1), como divisor de
tensão, na entrada. Este potenciômetro ajusta um valor de tensão passível de
ser alterado durante a simulação. A tensão elétrica de entrada foi monitorada
pela ferramenta voltímetro (1) do módulo de instrumentos virtuais. A saída de
corrente foi monitorada por uma ferramenta virtual amperímetro (2). A carga
justaposta (amostra de LMF), representada por um potenciômetro linear de 3
ohms (RV2), também permite ser alterado o seu valor de resistência durante a
simulação. O valor do potenciômetro RV2 é alterado excursionando a sua
resistência de 0 a 3 ohms, ao mesmo tempo em que se observa a ocorrência
ou não de alterações no valor da corrente elétrica, medida no amperímetro.
Repete-se este procedimento para uma faixa de valores de corrente de 0,1 a 2
A com intervalos de 0,1 A, buscando desta forma avaliar se o amplificador de
corrente irá fornecer uma corrente constante independentemente da variação
da resistência elétrica da amostra de LMF.
29
Figura 5.4.4 - Tela da simulação da interface elétrica B no programa Proteus.
O condicionador de sinais, apresentado no diagrama em blocos da Figura
5.2.2, é composto pelo circuito integrado AD595 da Analog Devices. O AD595
é um amplificador para instrumentação que possui um circuito de compensação
para a junção fria do microtermopar. O condicionador combina um ponto de
referência de gelo pré-calibrado (ice point eletrônico) com um amplificador para
produzir um alto nível de saída (10 mV/ºC) a partir de um termopar. Na Figura
5.4.5 mostra-se o circuito elétrico sugerido pelo fabricante para possibilitar a
medição de temperaturas acima e abaixo de 0ºC.
Figura 5.4.5 Condicionador de sinais proposto pela Analog Devices.
(1)
(2)
30
Os resultados das simulações apontaram para o perfeito funcionamento
dos circuitos atendendo as especificações iniciais de projeto. Após as
simulações, foram fabricadas as placas de circuito impresso para cada
interface e o condicionador de sinais. Baseado no diagrama da Figura 5.2.2 é
apresentado na Figura 5.4.6 um esquema das interligações elétricas entre as
placas de circuito impresso por meio de fotografias. A amostra de LMF fica
condicionada no interior do equipamento (1), a interface B (2) alimenta, com
uma corrente constante, a amostra de LMF. O sinal dos termopares,
(temperatura da amostra e temperatura do módulo Peltier) são amplificados
pelos condicionadores (3). O módulo Peltier é alimentado com tensão elétrica
continua por meio da interface A (4). Todos os circuitos são alimentados por
uma fonte de tensão continua simétrica de ± 18 V de 360 W (não mostrada) e
são conectados a placa de aquisição de dados e controle da National
Instrumentes (5) que se comunica com um computador (não mostrado) por
porta USB.
Figura 5.4.6 - Esquema de conexões entre o circuitos elétricos.
(4)
(5)
(1)
(3)
(2)
31
5.5. Desenvolvimento do programa de controle e aquisição de dados
O controle aplicado à pastilha termoelétrica do equipamento foi
fundamentado na teoria de controladores FUZZY. Esse método não
convencional de controle tem proporcionado avanços no tratamento de
sistemas complexos, não lineares e com parâmetros imprecisos e ambíguos
(KOVACIC e BOGDAN, 2005). A lógica fuzzy foi concebida como um meio para
proporcionar um algoritmo de processamento das informações que fosse mais
leve e que permitisse trabalhar com dados vagos e ambíguos. Isto possibilitou
a representação de sistemas de controle pela emulação do conhecimento
humano com base no sistema físico, assim como também permitiu admitir
variáveis como sendo elementos parciais de um conjunto particular e ainda o
uso de operadores booleanos convencionais para manipulação das
informações (PASSINO e YURKOVICH, 1998).
A arquitetura de um controlador fuzzy baseado em regras é apresentada
na Figura 5.5.1. Essa estrutura de controlador representa a transformação que
ocorre do domínio do mundo real por meio do fuzzificador, que usa números
reais (valores mensurados nos sensores), para o domínio fuzzy (entradas
fuzzy), que usa números fuzzy. Após essa transformação um conjunto de
inferências fuzzy é utilizado para as tomadas de decisões, e por fim uma
transformação inversa do domínio fuzzy para o donio do mundo real via
defuzzificador, para que ocorra o acoplamento entre a saída do algoritmo fuzzy
e as variáveis de atuação (ação de controle). A base de regras caracteriza os
objetivos de controle e a estratégia de controle utilizada por especialistas na
área, por meio de um conjunto de regras de controle em geral lingüísticas do
tipo SE <condições> ENTÃO<conclusão> ou do tipo SE <antecedente>
ENTÃO<consequente>.
32
O mérito despertado por essa técnica, para a sua utilização neste projeto
do equipamento, é decorrente de algumas características sicas desta
tecnologia: (i) sua formulação é natural e intuitiva, por tentar imitar o
comportamento consciente ou a estratégia de controle de um operador humano
(IBRAHIM, 2003); (ii) não prescinde do conhecimento detalhado dos modelos
dos elementos do processo a ser controlado (planta, sensores, atuadores, etc.);
(iii) aplica-se a sistemas lineares e não lineares; (iv) é de fácil implementação e
de baixo custo, além de apresentar características de robustez às incertezas ou
variações paramétricas (SIMÕES e SHAW, 2007).
O programa de aquisição de dados e controle para o equipamento foi
desenvolvido usando o software Labview. Os programas criados no Labview,
são denominados Instrumentos Virtuais (VI´s) e são compostos por duas
partes. A primeira parte é denominada painel frontal e a segunda parte
diagrama de blocos. Na Figura 5.5.2 mostra-se uma tela do Labview com o
Controlador FUZZY
Base de
Regras
Procedimento
de inferência
Defuzzificador
Fuzzificador
Entradas
fuzzy
Saída
Inferida
Atuadores
Processos
Sensores
Variáveis
de estado
Ação de
controle
Valores
mensurados
Figura 5.5.1 - Arquitetura de um controlador FUZZY baseado em regras.
33
painel frontal desenvolvido para esta aplicação. No campo “parâmetros do
experimento” (1) o usuário entra com os valores correspondentes as
temperaturas de inicio e fim de cada ciclo térmico em graus Celsius (
o
C),
informa o número de ciclos desejados, a taxa de aquecimento e resfriamento
em graus Celsius por minutos (
o
C/min) e por ultimo o valor da corrente de
excitação passando através da amostra de LMF em Ampère (A). O VI foi
projetado para que durante o experimento seja possível alterar qualquer um
destes parâmetros sem comprometer o resultado final. Os indicadores gráficos
monitoram a temperatura (2) e a resistência elétrica da amostra (3) em tempo
real.
Figura 5.5.2 Painel frontal do VI
(2)
(3)
(1)
34
5.6. Projeto e simulação de um controle baseado em lógica FUZZY em
ambiente computacional
A ferramenta computacional utilizada para o projeto do controlador
FUZZY foi o Matlab, que é bastante aplicado em Engenharia para realizar
cálculos matemáticos, desenvolver algoritmos, modelagem e simulação. O
Matlab está dotado de um sistema interativo e uma linguagem de programação.
Além das bibliotecas para cálculos aritméticos básicos, o Matlab ainda oferece
um grande mero de ferramentas especializadas, conhecidas como
toolboxes, utilizadas para a resolução de problemas em áreas específicas, tais
como estatística, programação linear, sistemas de controle, processamento de
sinais, simulação dinâmica. Uma biblioteca muito importante que está
disponível no Matlab é o Fuzzy Logic Toolbox que contém uma interface
gráfica que permite a construção de sistemas fuzzy com efetiva implementação
no Matlab e utilização de simulação no SIMULINK (MATSUMOTO, 2008).
O diagrama em blocos para o controlador fuzzy aplicado ao módulo
Peltier deste trabalho é apresentado na Figura 5.6.1. O diagrama compara a
referência de temperatura (T
ref
)
com a temperatura medida no módulo Peltier
(T), gerando ambos um sinal de erro (ER
T
) e a variação do erro (∆ER
T
) obtida
através do retardo de um tempo de amostragem (Z
-1
). Os blocos de retardo
atrasam o sinal neste sistema em 100 µs conseqüentemente o passo de
simulação deve ser menor que esse valor. Na saída, o controlador fornece uma
variação da tensão de alimentação para o módulo Peltier. Posteriormente é
estabelecida a tensão de alimentação para a pastilha termoelétrica (V) por
meio da integração discreta (somatória) da variação de tensão.
35
Para o projeto do controlador fuzzy se tomou como variáveis de entrada
do sistema o erro, er, e a taxa de variação do erro der. Como variável de saída
foi adotado a tensão de alimentação v. Além disso, se assumiu para que os
conjuntos fuzzy para estas variáveis V, ER, e ER são representados por sete
qualificadores lingüísticos NB negativo grande, NM negativo médio, NS
negativo, ZE - neutro, PS - positivo, PM positivo médio e PB positivo
grande. Na Tabela 5.6-1 são apresentados os qualificadores lingüísticos com
suas respectivas funções de pertinências, representadas por nove
qualificadores lingüísticos NVB - negativo muito grande, NB negativo grande,
NM negativo médio, NS negativo, ZE - neutro, PS - positivo, PM positivo
médio, PB positivo grande e PVB - positivo muito grande, totalizando
quarenta e nove possíveis combinações. Tais combinações são denominadas
por antecedentes, gerando quarenta e nove regras da seguinte forma geral
(PASSINO e YURKOVICH, 1998):
(5-1)
Onde n = 1,2,...,N = número de regras, r = 7.
T
ref
Controlador
FUZZY
Z
-1
Z
-1
+
+
+
-
T
ER
T
+
-
∆ER
T
∆V
V
Figura 5.6.1 Diagrama em blocos do controlador fuzzy para o módulo Peltier
36
Tabela 5.6-1 Base de regras do controlador fuzzy aplicado ao módulo Peltier.
ERRO
NB
NM
NS
ZE
PS
PM
PB
VARIAÇÃO DO ERRO
NB
NVB
NVB
NVB
NB
NM
NS
ZE
NM
NVB
NVB
NB
NM
NS
ZE
PS
NS
NVB
NB
NM
NS
ZE
PS
PM
ZE
NB
NM
NS
ZE
PS
PM
PB
OS
NM
NS
ZE
PS
PM
PB
PVB
PM
NS
ZE
PS
PM
PB
PVB
PVB
PB
ZE
PS
PM
PB
PVB
PVB
PVB
As funções de pertinência fuzzy representam os aspectos fundamentais
de todas as ações teóricas e práticas de sistemas fuzzy. Uma função de
pertinência é uma função numérica gráfica ou tabulada que atribui valores de
pertinência fuzzy para valores discretos de uma variável, em seu universo de
discurso (KOVACIC e BOGDAN, 2005). É necessário se definir os formatos
das funções de pertinência para cada variável do sistema, buscando a melhor
cobertura dos respectivos universos de discurso. Neste caso, foram assumidas
para as variáveis de entrada cinco funções de pertinência triangulares e duas
trapezoidais e para a variável de saída foram sete triangulares e duas
trapezoidais como podem ser observadas na Figura 5.6.2.
37
Figura 5.6.2 - Funções de pertinência fuzzy adotadas para cada variável definida.
O mapa de regras da Tabela 5.6-1 é uma implicação fuzzy matricial,
também conhecida como matriz fuzzy associativa, onde as entradas implicam
em uma determinada saída, ou de maneira similar saídas estão associadas
com determinadas entradas. Essa matriz pode ser entendida como uma
38
superfície de controle, tridimensional, observada na Figura 5.6.3. O eixo vertical
é a variável de saída (V) enquanto que em cada eixo horizontal estão às
variáveis de entrada (ER e ER).
Figura 5.6.3 Superfície de controle fuzzy.
Após realizar a sintonia do controlador fuzzy, utilizando o sistema de
desenvolvimento para algoritmos Fuzzy Logic Toolbox do Matlab, foram
efetuadas diversas simulações no aplicativo Simulink, também do Matlab, para
analisar o comportamento do controlador para vários tipos de sinais de entrada,
tais como senoide, dente de serra, degrau, rampa.
5.7. Experimentos de validação do equipamento
O método utilizado para testar a capacidade de medição do equipamento
consistiu da determinação da curva de resistência elétrica em função da
temperatura de uma amostra de cobre comercial e comparar o valor
experimental com aquele apresentado na literatura (CALLISTER JR., 2000).
Para isso, uma amostra do tipo lâmina delgada foi produzida por laminação a
partir de um fio de cobre elétrico com diâmetro de 1,5 mm e 90 mm de
39
comprimento. Essa amostra, com os quatro fios de contato soldados, é
esquematizada na Figura 5.7.1.
Os fios externos são ligados na interface elétrica B da Figura 5.4.6 (2) que
funciona como uma fonte de corrente constante. Os fios internos são
conectados em um dos canais da ferramenta de hardware (5) previamente
programado como voltímetro. Após estas conexões elétricas, a amostra foi
condicionada no interior do equipamento (1). Um termopar tipo K é instalado
em cima da amostra e por ultimo a trava de compressão é fixada para reduzir a
resistência térmica de contato entre a amostra e a superfície do módulo Peltier,
como detalhado na Figura 5.3.2. A ciclagem térmica dessa amostra foi
realizada entre 0
o
C e 90
o
C.
Para testar o desempenho do equipamento na caracterização térmica das
LMF foram ensaiadas duas amostras. Uma amostra da liga 49,4Ni-44,7Ti-
5,9Cu (% peso) fabricada no Laboratório Multidisciplinar de Materiais e
Estruturas Ativas (LaMMEA) da UAEM/CCT/UFCG e outra obtida a partir da
laminação a frio de um fio da LMF Ni-Ti (equiatômica) de diâmetro 0,45 mm
adquirido junto a empresa Alemã Memory-Metalle, no estado bruto de
conformação a frio. A metodologia utilizada fez também uso de um
Figura 5.7.1 Representação esquemática da amostra de lâmina delgada de cobre
elétrico.
40
equipamento DSC da TA Instruments (modelo Q80) para caracterização destas
mesmas amostras com a mesma taxa de aquecimento e resfriamento, para
efeito comparativo.
A amostra da LMF Ni-Ti equiatômica apresenta um efeito evolutivo em
suas temperaturas de transformação quando submetida a ciclos térmicos
sucessivos (OTSUKA e WAYMAN, 1998). Neste caso, para se obter a uma
amostra estável, após o processo de laminação foi realizado um tratamento
térmico seguido de treinamento. O tratamento térmico consistiu de um
recozimento por 15 minutos a 450 ºC em um forno elétrico, seguido de
resfriamento ao ar ambiente. Esse tratamento reduz o encruamento do
processo de laminação e libera a transformação martensítica reversível
responsável pelo aparecimento do fenômeno de memória de forma na amostra
de LMF Ni-Ti. O processo de treinamento após o tratamento térmico consistiu
em submeter à amostra de fitas Ni-Ti a uma carga mecânica constante (peso)
equivalente a 200 MPa e 1000 ciclos de aquecimento e resfriamento por efeito
Joule, através de corrente elétrica suficiente para promover a transformação do
material, fazendo com que a lamina fosse deformada e em seguida contraída e
expandida repetidamente sob carga. Após o processo de treinamento foi
cortada uma lamina com aproximadamente 30 mm de comprimento para
instalação de eletrodos com o uso de uma microsoldadora, conforme se mostra
na Figura 5.7.2.
Figura 5.7.2 - Microsoldadora Kernit SMP 3000 GOLD (a) e fita de Ni-Ti com o
microtermopar e os eletrodos soldados (b).
(a)
(b)
41
A amostra da liga LMF Ni-Ti-Cu não apresenta este efeito evolutivo das
temperaturas de transformação de fase (DE ARAÚJO et al., 2009) e
conseqüentemente o é necessário o treinamento ou ciclagem térmica para
garantir a estabilidade do material. A soldagem dos eletrodos de contato é
realizada com a mesma microsoldadora por descarga capacitiva mostrada na
Figura 5.7.2(a). Apresenta-se na Figura 5.7.3 uma fotografia da amostra de
LMF Ni-Ti-Cu com os eletrodos soldados.
Figura 5.7.3 - Amostra de LMF NiTiCu com os eletrodos soldados.
Apresenta-se na Tabela 5.7-1 as dimensões das amostras que foram
utilizadas nos experimentos de validação do equipamento.
Tabela 5.7-1 - Dimensões das três amostras usadas para validar o equipamento
desenvolvido.
Amostra
e (mm)
W (mm)
L2 (mm)
A (mm
2
)
Cobre
0,21
3,50
29,20
0,735
NiTiCu
1,70
4,10
16,20
6,97
NiTi
0,08
1,70
24,50
0,136
42
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1. Características de desempenho do sistema de controle
As características de desempenho do sistema de controle foram
verificadas em termos de grandezas no domínio do tempo. Para a
determinação do limite inferior em temperatura para o qual seria possível
trabalhar com o equipamento, foram realizados testes experimentais de
resfriamento. Nestes experimentos se verificou o comportamento da máxima
temperatura negativa da superfície superior do módulo (T
c
). Na Figura 6.1.1
apresenta-se um gráfico com a comparação entre o sinal de alimentação do
módulo Peltier (entrada) com a sua resposta em temperatura T
c
(saída). Em
uma analise do comportamento destas curvas mostradas na Figura 6.1.1 é
possível verificar uma resposta em temperatura tendendo a curva de
alimentação. Também foi possível atingir uma temperatura próxima de - 60ºC,
o que possibilita um resfriamento até uma temperatura de - 50ºC (como limite
inferior).
-100 0 100 200 300 400 500
-15
-10
-5
0
5
10
15
Tensão (V)
Tempo (s)
Temperatura (ºC)
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
Figura 6.1.1 - Curvas T- t e V t do módulo Peltier.
43
Freqüentemente, as características de desempenho de um sistema de
controle são especificadas em termos da resposta transitória a uma excitação
em forma de degrau (OGATA, 1998). Neste sentido, para verificar de forma
experimental estas características de regime transitório, foram aplicadas a
entrada do sistema de controle fuzzy, desenvolvido para o equipamento da
Figura 5.4.6, dois sinais de excitação em forma de degrau de temperatura, um
positivo (100ºC) e outro negativo (-30ºC). A resposta a um degrau positivo de
temperatura T
ref
é apresentada na Figura 6.1.2. Verifica-se que o instante de
pico (t
p
), o tempo de subida (t
r
) e o tempo de acomodação (t
s
) são praticamente
os mesmos, como também que não houve sobre-sinal.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
T
T
ref
Temperatura (ºC)
Tempo (min)
t
r
=t
p
=t
s
Figura 6.1.2 - Resposta a uma excitação em degrau positivo de temperatura.
Na Tabela 6.1-1 apresenta-se os valores de t
r
, t
p
, t
s
, temperatura inferior,
temperatura superior e taxa de aquecimento para o resposta em forma de
degrau positivo da Figura 6.1.2. Estes valores foram extraídos da curva de
resposta levando em conta a teoria de controle moderno apresentada na
literatura (OGATA, 1998).
44
Tabela 6.1-1 Valores das características em resposta ao degrau positivo.
t
r
(min)
t
s
(min)
t
p
(min)
T
superior
(ºC)
T
inferior
(ºC)
Taxa (ºC/min)
0,366
0,366
0,366
100
-30
355
Na Figura 6.1.3 observa-se a resposta a uma excitação em forma de
degrau negativo. Da mesma maneira que a resposta a excitação em forma de
degrau positivo, o instante de pico (t
p
), o tempo de subida (t
r
) e o tempo de
acomodação (t
s
), coincidiram e não houve sobre sinal negativo. Porém, se
observou uma taxa de resfriamento maior que a taxa de aquecimento
comparando os valores da taxa nas tabelas 6.1-1 e 6.1-2.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
Temperatura (ºC)
Tempo (min)
T
T
ref
t
p
=t
s
=t
r
Figura 6.1.3 - Resposta a uma excitação em degrau negativo de temperatura.
Na Tabela 6.1-2 apresenta-se os valores de t
r
, t
p
, t
s
, temperatura inferior,
temperatura superior e taxa de resfriamento para o resposta em forma de
degrau negativo do gráfico da Figura 6.1.3. Nas curvas das Figura 6.1.2 e
Figura 6.1.3 não se observaram oscilações amortecidas antes de se alcançar o
estado ou regime permanente. Isto implica em uma resposta amortecida,
porém relativamente lenta. Por outro lado, isso não é um problema para esta
45
aplicação em particular, levando em consideração que se trata de um problema
de transferência de calor do módulo Peltier para uma amostra de LMF além de
que, a máxima taxa de transferência de calor recomendada pelo fabricante do
dulo Peltier está situada em torno de 200ºC/min (LAIRD, 2010).
Tabela 6.1-2 Valores das características em resposta ao degrau negativo
t
r
(min)
t
s
(min)
t
p
(min)
T
superior
(ºC)
T
inferior
(ºC)
Taxa (ºC/min)
0,2908
0,2908
0,2908
100
-30
447
Como é possível observar nos gráficos apresentados na Figura 6.1.4, o
sinal de saída T acompanhou de maneira aceitável, para o equipamento
projetado, o sinal de referência T
ref
em forma de degrau variável,
caracterizando uma resposta transitória suficientemente rápida para o uso na
caracterização das LMF’s.
Figura 6.1.4 - Resposta a um sinal de referência em forma de degrau variável
Apresenta-se Na Figura 6.1.5 um detalhamento em zoom do gráfico
mostrado na Figura 6.1.3 na região entre 0 e 0,25 min, onde é possível
observar que o erro em regime permanente entre a temperatura de referência
T
ref
e a temperatura medida T se manteve abaixo de 0,16 %. Esse erro está
bem abaixo do considerado normalmente pela literatura, que é um erro situado
entre 2 % e 5 % (OGATA, 1998).
0 1 2 3 4
0
50
100
Temperatura (ºC)
Tempo (min)
T
ref
T
1,2 1,8 2,4
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
T
T
ref
Temperatura (ºC)
Tempo (min)
46
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25
99,4
99,5
99,6
99,7
99,8
99,9
100,0
100,1
100,2
100,3
100,4
100,5
Temperatura (ºC)
Tempo (min)
T
T
ref
100,097ºC
99,94ºC
Figura 6.1.5 - Erro estimado para o equipamento em regime estacionário.
Apresenta-se na Figura 6.1.6 a resposta T a um sinal de referência T
ref
em
forma de uma função triangular, cuja inclinação corresponde à taxa de
aquecimento e resfriamento desejada. Para esse teste foi gerada uma rampa
em temperatura com os seguintes parâmetros: temperatura superior igual a
150ºC, temperatura inferior de -50ºC e taxa de aquecimento e resfriamento de
20ºC/min. Na seqüência se aplicou esta rampa em temperatura na entrada do
sistema de controle. Detalhes da resposta na inversão de sentido (pico e vale)
são apresentados na Figura 6.1.6 (a) e (b). Verifica-se que a resposta
experimental reproduz de maneira bastante aceitável o sinal de referência,
gerado em rampa triangular. Em regime permanente o erro de
acompanhamento observado foi inferior a 2 % que é menor que o erro
considerado aceitável na literatura (OGATA, 1998).
47
Um gráfico do comportamento do erro entre os sinais de referência (T
ref
) e
medido (T) da Figura 6.1.6 é apresentado na Figura 6.1.7 no qual se pode
observar um erro máximo inferior a 2% ao longo de todo o experimento.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Temperatura (ºC)
Tempo (min)
T
T
ref
(a)
(b)
T
ref
T
Figura 6.1.6 - Resposta do equipamento a vários ciclos térmicos de um sinal de referência
em forma triangular.
48
0 20 40 60 80 100 120 140 160
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Erro (%)
Tempo (min)
Figura 6.1.7 - Erro entre os sinais de referência e medido durante o experimento da
Figura 6.1.6.
6.2. Resultados dos experimentos de validação do equipamento
6.2.1. Determinação da resistividade elétrica do cobre comercial
Mostra-se na Figura 6.2.1.1 o comportamento da resistência elétrica em
função da temperatura obtida com o SMRT-Plus da Figura 5.3.5 para a
amostra de cobre comercial esquematizada na Figura 5.7.1. Conforme
esperado, observa-se claramente o comportamento linear da resistência
elétrica com a temperatura, o qual é regido pela equação 6-1 obtida
diretamente da Figura 6.2.1.1.
TTR .109,470102,668
96
(6-1)
em que R é a resistência elétrica e T a temperatura da amostra.
49
A resistência elétrica em função da resistividade e da geometria da amostra
é dada pela equação 6-2.
A
L
R
(6-2)
em que é a resistividade elétrica do material, L é o comprimento e A é a área
da seção transversal da amostra.
0 20 40 60 80 100
670,0µ
680,0µ
690,0µ
700,0µ
710,0µ
720,0µ
Resistência (
)
Temperatura (ºC)
Resistência elétrica
Fit linear
Figura 6.2.1.1 - Curva R-T do cobre comercial
Obtendo a resistência elétrica a 20
o
C a partir da equação 6-1 e aplicando
juntamente com os valores numéricos da geometria da amostra (Tabela 5.7-1)
na equação 6-2 obtém-se o valor da resistividade elétrica (20
o
C) = 1,706 x 10
-
8
m. Segundo CALLISTER Jr. (2000), a resistividade elétrica do cobre a
20
o
C é (20
o
C) = 1,720 x 10
-8
m. Assim, é possível afirmar que o erro
experimental verificado na determinação da resistividade elétrica do cobre com
o SMRT-Plus da Figura 5.3.5 é da ordem de 0,84%, indicando que o sistema
de medição desenvolvido tem excelente capacidade de ser aplicado para
caracterização da transformação de fase das LMF.
50
6.2.2. Caracterização térmica das LMF
Observa-se na Figura 6.2.2.1 o comportamento das curvas R-T para a
amostra de Ni-Ti-Cu. Este é o comportamento típico da maioria das LMF,
semelhantemente aquele já apresentado na Figura 4.1.1. Os parâmetros do
ensaio foram: temperatura superior igual a 80ºC, temperatura inferior igual a -
10ºC e taxa de aquecimento e resfriamento de 5 ºC/min. A partir desta curva
foram obtidas as temperaturas de transformação de fase para a amostra de Ni-
Ti-Cu pelo método das tangentes como demonstrado na Figura 6.2.2.1.
-50 0 50 100
2,0m
2,0m
2,1m
2,1m
2,2m
2,2m
Resistência
( )
Temperatura (ºC)
M
i
= 27,49 ºC
M
F
=7,81 ºC
A
i
= 14,48 ºC
A
F
= 44,6 ºC
NiTiCu - 1º ciclo
NiTiCu - 2º ciclo
250 300 350
Figura 6.2.2.1 - Curva R-T para a amostra LMF 49,4Ni-44,7Ti-5,9Cu (% em peso).
Para a caracterização desta amostra de LMF pela técnica DSC, foi
cortada uma pequena porção (aproximadamente 19 mg) da mesma amostra
empregada no ensaio correspondente a Figura 6.2.2.1. Essa amostra foi
cortada em uma cortadeira de precisão que utiliza como ferramenta de corte
um disco diamantado trabalhando em baixa velocidade de corte. Dessa forma
foi possível evitar que fossem introduzidas deformações excessivas na
amostra, que poderiam influenciar o resultado. Após o corte da amostra, fez-se
51
a limpeza submergindo-a por 10 segundos em uma solução ácida
(3%HF+15%HNO
3
+82%H
2
O, em volume) para retirar eventuais camadas de
oxido que possam ter se formado, além de gorduras impregnadas em sua
superfície. O ensaio foi realizado fazendo-se variar a temperatura de -40 ºC até
80 ºC. Apresenta-se na Figura 6.2.2.2 o resultado obtido por DSC.
-40 -20 0 20 40 60 80 100
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
Fluxo de Calor (W/g)
Temperatura (ºC)
M
f
= 7,88ºC
M
i
= 24,65ºC
A
i
= 14,88ºC
A
f
= 49,64ºC
Resfriamento
Aquecimento
Exo
Figura 6.2.2.2 - Curva de DSC obtida para a amostra de LMF Ni-Ti-Cu.
A curva de resistência elétrica em função da temperatura para a amostra
da liga Ni-Ti equiatômica em forma de fita é apresentada na Figura 6.2.2.3.
Neste ensaio foram utilizados os mesmos parâmetros aplicados na amostra de
LMF Ni-Ti-Cu. Pelo método das tangentes, da mesma forma utilizada
anteriormente, foram determinadas as temperaturas de transformação de fase.
52
-25 0 25 50 75 100 125
72,0m
75,0m
78,0m
81,0m
84,0m
87,0m
90,0m
93,0m
96,0m
Resistência Elétrica
Temperatura (°C)
M
f
= 18,77 °C
Resfriamento
Aquecimento
M
i
= 33,27 °C
R
i
= 42,82 °C
A
i
= 49,69 °C
A
f
= 67,80 °C
Figura 6.2.2.3 - Resistência elétrica em função da temperatura para a fita Ni-Ti
equiatômica
Foi realizado o experimento de caracterização térmica para a amostra de
LMF Ni-Ti equiatômica na forma de fita também por meio do DSC. Utilizou-se a
mesma metodologia empregada na preparação da amostra de Ni-Ti-Cu,
descrita anteriormente, para o ensaio de DSC. Na Figura 6.2.2.4 é possível
observar o resultado obtido neste experimento.
-20 0 20 40 60 80 100
-2
-1
0
1
2
3
Fluxo de calor (W/g)
Temperatura (ºC)
M
f
= 18,87ºC
M
i
= 34,50 ºC
Resfriamento
Aquecimento
A
i
= 48,59ºC
A
f
= 66,59ºC
Exo
Figura 6.2.2.4 - Curva de DSC obtida para a fita da Liga Ni-Ti equiatômica.
53
Na Tabela 6.2.2-1 são apresentadas as temperaturas de transformação
das amostras de LMF determinadas a partir das Figuras 6.2.2.1, 6.2.2.2,
6.2.2.3 e 6.2.2.4 facilitando a comparação entre os valores encontrados usando
as duas técnicas. Comparando os resultados das temperaturas de
transformação para as duas técnicas empregadas, observa-se que para uma
mesma amostra os resultados foram praticamente invariáveis, validando dessa
forma o equipamento de medição desenvolvido quanto à aplicação proposta de
obtenção das temperaturas de transformação de fase em LMF.
Tabela 6.2.2-1 - Temperaturas de transformação de fase das amostras estudadas.
LMF Ni-Ti
LMF Ni-Ti-Cu
DSC
SMTR-Plus
Erro
relativo
DSC
SMTR-Plus
Erro
relativo
° C
° C
%
° C
° C
%
A
i
48,59
49,69
2,26
14,88
14,80
0,53
A
f
66,59
67,80
1,82
49,64
44,60
10,15
M
i
34,50
33,27
3,56
24,65
27,49
11,52
M
f
18,87
18,77
0,52
7,88
7,81
0,88
54
7. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos com este trabalho permitem concluir que o módulo
Peltier é perfeitamente aplicável na caracterização térmica de ligas com
memória de forma (LMF). O projeto e implementação da plataforma
experimental concebida originou o depósito de uma patente em nível nacional.
Com o equipamento desenvolvido, denominado SMRT-Plus, é possível
determinar as curvas características do comportamento da resistência elétrica
em função da temperatura de LMF, usando taxas de resfriamento e/ou
aquecimento variadas e controladas, podendo realizar ciclagens térmicas entre
- 50 ºC e 150 ºC. O fato de possuir controle de taxas de resfriamento e
aquecimento viabiliza o estudo futuro do comportamento fundamental das LMF
para diferentes taxas.
O SMRT-Plus será de especial utilidade para a verificação e quantificação
das temperaturas de transformação de fase nas LMF produzidas no
Laboratório Multidisciplinar de Materiais e Estruturas Ativas (LaMMEA) da
UAEM/CCT/UFCG.
55
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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56
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