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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes
Nayara Peixoto Silva
Restrição proteica materna promove alterações corporais e
metabólicas com repercussões hipotalâmicas (Ob-R, NPY e POMC)
nas proles F1 e F2 de camundongos
Rio de Janeiro
2010
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1
Nayara Peixoto Silva
Restrição proteica materna promove alterações corporais e metabólicas com
repercussões hipotalâmicas (Ob-R, NPY e POMC) nas proles F1 e F2 de
camundongos
Dissertação apresentada, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre,
ao Programa de Pós-graduação em
Biologia Humana e Experimental, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Alessandra da Rocha Pinheiro-Mulder
Rio de Janeiro
2010
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2
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB
Autorizo, ape
nas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
tese/dissertação, desde que citada a fonte.
__________________________________
____________________________
Assinatura Data
S586 Silva, Nayara Peixoto.
Restrição protéica materna promove alterações corporais e metabólicas
com repercussões hipotalâmicas (Ob-R, NPY e POMC) nas proles F1 e
F2 de camundongos / Nayara Peixoto Silva. - 2010.
74 f. : il.
Orientadora: Alessandra da Rocha Pinheiro-Mulder.
Dissertação (Mestrado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes.
1. Dieta com restrição de proteínas - Teses. 2. Leptina - Teses. 3.
Obesidade - Teses. 4. Neuropeptideos - Teses. I. Mulder, Alessandra da
Rocha Pinheiro. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de
Biologia Roberto Alcântara Gomes. III. Título.
CDU 613.24
3
Nayara Peixoto Silva
Restrição proteica materna promove alterações corporais e metabólicas com
repercussões hipotalâmicas (Ob-R, NPY e POMC) nas proles F1 e F2 de
camundongos
Dissertação apresentada, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre,
ao Programa de Pós-graduação em
Biologia Humana e Experimental, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Aprovada em 28 de julho de 2010.
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Prof. Drª. Alessandra da Rocha Pinheiro-Mulder
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes – UERJ
_____________________________________________
Profª. Drª. Patrícia Cristina Lisboa da Silva
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes – UERJ
_____________________________________________
Profª. Drª. Kelse Tibau de Albuquerque
Instituto de Nutrição Josué de Castro – UFRJ
Rio de Janeiro
2010
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, ao meu irmão e ao meu noivo.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por todas as bênçãos e por me permitir trilhar um caminho vitorioso para a
realização de mais uma etapa.
Ao meu pai Worney, por acreditar em mim sempre e me proporcionar constante
motivação na busca dos meus ideais.
À minha mãe Vania Maria in memoriam. Com todo amor e saudade digo-lhe que jamais
esquecerei os seus ensinamentos. Como abdicar de todo o incentivo que me destes durante o
tempo em que contei com a sua presença ? Hoje, mais uma etapa se realiza, e diante de tudo que
sonhamos juntas, agradeço-lhe mais uma vez.
Ao meu irmão Worney, por toda amizade e paciência durante os momentos mais
difíceis vivenciados neste trabalho.
Ao meu noivo Luciano. Sinto-me extremamente feliz por poder compartilhar mais uma
conquista com você e mais uma vez poder lhe agradecer por fazer parte desta minha vitória de
uma maneira única e especial afinal, com amor, paciência e compreensão, durante todos os
momentos, esteve sempre do meu lado.
À minha família, em especial as minhas avós, por estarem sempre me incentivando e
participando de todas as minhas conquistas, demonstrando a importância de estarmos sempre
unidos.
Às minhas amigas Alessandra e Graziele, por todos os anos de amizade e apoio
incondicional.
À minha amiga Isabele, que me apoiou e me incentivou desde o inicio, demonstrando
uma amizade e um carinho que jamais serão esquecidos. Obrigada por toda a ajuda amiga.
À amiga Eliete, que tornou-se uma grande colaboradora na execução deste trabalho.
Devo-lhe agradecer imensamente por toda amizade, companheirismo e pelos pensamentos e
palavras sempre positivas. O resultado deste trabalho também lhe pertence.
À amiga Ana Volpato, por todo o carinho e ajuda nos momentos das “descobertas
hipotalâmicas”. Desejo-lhe todo o sucesso neste caminho da neurociência.
Aos queridos amigos do LMMC, Júlio, Geraldo, Alini, Leonardo, Bianca, Vanessa,
Mariana, Sandrinha, Marcela, Fernanda, Rodrigo, Thiago, Milton, Antônio, Tatiane Faria,
Victor e Thaty Marinho, por todo o carinho e ajuda. Sentirei saudades de nosso convívio diário.
À minha orientadora, Profª. Drª. Alessandra Pinheiro, assim como Prof. Dr. Mandarim-
de-Lacerda e Profª. Drª. Márcia Águila. Agradeço-lhes pelos conhecimentos transmitidos e por
6
concederem-me uma grande oportunidade de aperfeiçoamento e amadurecimento profissional,
despertando-me um grande interesse pela docência e pela pesquisa.
Os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que direta ou indiretamente
contribuíram para a conclusão deste estudo.
7
Sonhe com o que você quiser. para onde você queira ir. Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la
humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz.
Clarice Lispector
8
RESUMO
PEIXOTO-SILVA, Nayara. Restrição proteica materna promove alterações corporais e
metabólicas com repercussões hipotalâmicas (Ob-R, NPY e POMC) nas proles F1 e F2 de
camundongos. 2010. 74 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Humana e Experimental) –
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2010.
O mecanismo da obesidade pode-se instalar precocemente no início da vida. A restrição
proteica materna é reconhecidamente uma importante causa de programação metabólica capaz
de promover alterações metabólicas associadas a disfunções hipotalâmicas. Adicionalmente, as
consequências da programação fetal não se limitam somente a primeira geração, e podem ser
passadas transgeracionalmente. Fêmeas de camundongos suíço (F0) foram acasaladas e
alimentadas com dieta de percentual proteico normal (C, 19% de proteínas) ou dieta restrita em
proteínas (R, 5% de proteínas) através da gestação para a produção das proles da primeira
geração (C1 e R1). Aos 3 meses de idade, fêmeas F1 foram acasaladas com machos matrizes,
não participantes do estudo, para a produção das proles da segunda geração (C2 e R2). Todos os
grupos foram acompanhados até a 16ª semana. A prole R1 apresentou baixo peso e menor
comprimento ao nascimento, seguido de crescimento catch-up, diferentemente de R2 que não se
mostrou diferente de C2. Na 16ª semana de idade, não foram encontradas diferenças na massa
corporal entre todos os grupos estudados. Contudo, R1 e R2 apresentaram: hipercolesterolemia,
hipertrigliceridemia, hiperglicemia, intolerância à glicose, resistência à insulina, altos níveis
séricos de insulina, leptina e resistina, decréscimo da sensibilidade endógena da leptina,
aumento da adiposidade com elevada expressão de leptina e resistência à leptina caracterizada
pela disfunção da expressão de NPY e POMC sem alteração no receptor de leptina. Em
conclusão, a restrição proteica materna severa promove uma programação metabólica
caracterizada pelo aumento da adiposidade com alteração do perfil lipídico, intolerância à
glicose e resistência insulínica devido a desordens no eixo adipoinsular e um estado de
resistência à leptina nas proles da primeira e segunda geração.
Palavras-chave: Restrição proteica materna. Leptina. Obesidade. Catch-up. Neuropeptídeos.
9
ABSTRACT
The pathway to obesity may begin very early in life. Maternal protein restriction is
admittedly an important cause of the metabolic programming able to promote metabolic
alteration associated hypothalamic dysfunctions. One of the most interesting features of fetal
programming is the evidence that the consequences may not be limited to the first generation
offspring and it can be passed transgenerationally. Females Swiss mice (F0) were mated and fed
either a normal protein diet (NP group, 19% protein) or low protein diet (LP group, 5% protein)
throughout pregnancy to provide F1 male generation (NP1 and LP1). At 3 months of age, F1
females were mated to proven males, outside experiment, to produce F2 offspring (NP2 and
LP2). All groups were followed at 16 weeks old. LP1 showed low weight and smaller length at
birth followed by catch-up growth, differently of LP2 that was not different from NP2. At 16
weeks old no differences were found in body mass among groups, however LP1 and LP2
showed: hypercholesterolemia, hypertriglyceridemia, hyperglycemia, glucose intolerance,
insulin resistance, higher levels of insulin, leptin and resistin, decrease of sensibility endogenous
leptin, increase of adiposity with elevated expression of leptin and leptin resistance
characterized by dysfunction in the expression NPY and POMC without alteration in Ob-R. In
conclusion, severe maternal protein restriction promotes a metabolic programming characterized
by increased adiposity with alteration in lipid profile, glucose intolerance and insulin resistance
due to disorder in the adipoinsular axis and a state of hypothalamic leptin resistance in both the
F1 and F2 offspring.
Key-words: Maternal protein restriction. Leptin. Obesity. Catch-up. Neuropeptides
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 –
Figura 2 –
Figura 3 –
Figura 4 –
Figura 5 –
Figura 6 –
Figura 7 –
Figura 8 –
Figura 9 –
Figura 10 –
Figura 11 –
Figura 12 –
Figura 13 –
Perturbações metabólicas resultantes do retardo de crescimento intrauterino seguido
de crescimento catch-up .................................................................................................
Eixo adipo-insular............................................................................................................
Sinalização da leptina e insulina no hipotálamo..............................................................
Eventos neurobiológicos do desenvolvimento hipotalâmico de roedores.......................
Mecanismos de resistência a leptina................................................................................
Esquema da transmissão multigeracional e transgeracional do fenótipo epigenético.....
Gráficos de evolução da massa corporal durante a lactação e período pós-
desmame..........................................................................................................................
Gráficos do estudo alométrico com as respectivas equações da reta referentes ao
período de lactação das proles F1 e F2............................................................................
Gráficos do estudo alométrico com as respectivas equações da reta referentes ao
período pós-desmame das proles F1 e F2........................................................................
Média da área seccional dos adipócitos ..........................................................................
Gráficos da área sob a curva e evolução da glicemia do TOTG e TIPTI........................
Gráficos da expressão de leptina no tecido adiposo visceral (A) e receptor
hipotalâmico de leptina (B) por western blotting............................................................
Gráficos da expressão de NPY (A) e POMC (B) no hipotálamo por western
blotting.............................................................................................................................
22
25
27
29
31
33
46
48
49
52
55
58
59
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –
Tabela 2 –
Tabela 3 –
Tabela 4 –
Tabela 5–
Composição das dietas experimentais preparadas em conformidade com a AIN-93G.
Dieta controle (C) e dieta restrita em proteína
(R)..................................................................................................................................
Biometria do período gestacional materno e tamanho das
ninhadas.........................................................................................................................
Comparação entre as razões de crescimento utilizando modelo
alométrico......................................................................................................................
Adiposidade...................................................................................................................
Bioquímica, hormônios e comportamento alimentar.....................................................
36
44
47
51
56
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AgRP – Peptídeo agout
AIN-93 – Recomendações dietéticas baseadas no American Institute of Nutrition do ano de
1993
AIN-93G Recomendações dietéticas baseadas no American Institute of Nutrition do ano de
1993 para o período gestacional
Alfa-MSH –
Hormônio melanotrófico alfa
C –
Dieta controle
C1 –
Prole controle da primeira geração
C2 –
Prole controle da segunda geração
CNA –
Comprimento naso-anal
CT –
Colesterol total
DNA –
Ácido desoxirribonucleico
EP –
Erro padrão da média
F0 –
Progenitoras matrizes
F1 –
Primeira geração
F2 –
Segunda geração
F3 –
Terceira geração
g –
Grama
GH –
Hormônio de crescimento
HE –
Coloração histológica de hematoxilina e eosina
HOMA-beta –
Modelo de avaliação da homeostase da funcionalidade da célula beta
HOMA-IR –
Modelo de avaliação da homeostase da resistência insulínica
IL-2 –
Interleucina-2
JAK –
Proteína Janus quinase
JAK 2 –
Proteína Janus quinase 2
JAK/STAT –
Sistema de transdução de sinal intracelular
13
kcal – Quilocalorias
kDa –
Quilodaltons
Kg –
Quilogramas
kJ –
Quilojoules
l –
Litro
MC –
Massa corporal
MC3 –
Receptor de melanocortina 3
MC4 –
Receptor de melanocortina 4
mg –
Miligramas
ml –
Mililitro
mmol –
Milimol
NaCl –
Cloreto de sódio
ng –
Nanograma
NPY –
Neuropeptídeo Y
Ob –
Gene da leptina
Ob-R –
Receptor de leptina
Ob-Ra –
Isoforma de cadeia curta do receptor de leptina
Ob-Rb –
Isoforma de cadeia longa do receptor de leptina
Ob-Rf –
Isoforma do receptor de leptina
POMC –
Pro-opiomelanocortina
PTP1B –
Proteína tirosina fosfatase 1B
R –
Dieta restrita
R1 –
Prole restrita da primeira geração
R2 –
Prole restrita da segunda geração
SLIP –
Leptina sérica integrada à proteína
SLR –
Receptor de leptina solúvel
SNA –
Sistema nervoso autônomo
SNC –
Sistema nervoso central
14
SOCS3 –
Supressor de sinalização de citocina 3
STAT –
Moléculas da família de transdutores de sinal e ativadores de transcrição
STAT3 –
Isoforma da moléculas da família de transdutores de sinal e ativadores de
transcrição
TG –
Triglicerídeos
TIPTI –
Teste intraperitoneal de tolerância à insulina
TOTG –
Teste oral de tolerância à glicose
µUI –
Micro unidades internacionais
15
SUMÁRIO
1
1.1
1.2
1.3
2
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
3.7
3.8
3.9
3.10
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
5
6
INTRODUÇÃO
...................................................................................................................
REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................
Programação metabólica....................................................................................................
Leptina e sua relação com a insulina no eixo adipo-insular e sinalização
hipotalâmica........................................................................................................................
Mecanismos intergeracionais da programação metabólica............................................
PROPOSIÇÃO....................................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................
Protocolo experimental.......................................................................................................
Animais – Primeira geração (F1)......................................................................................
Animais – Segunda geração (F2).......................................................................................
Biometria e controle da ingestão alimentar......................................................................
Análise do perfil metabólico...............................................................................................
Sacrifício..............................................................................................................................
Análises bioquímicas do soro e concentrações hormonais..............................................
Microscopia de luz..............................................................................................................
Western Blotting.................................................................................................................
Análise Estatística...............................................................................................................
RESULTADOS...................................................................................................................
Dados biométricos maternos (progenitoras F0 e F1) e tamanho das
ninhadas...............................................................................................................................
Biometria e morfometria dos adipócitos...........................................................................
Perfil lipídico.......................................................................................................................
Perfil metabólico (homeostasia da glicose e concentrações hormonais)........................
Relação: ingestão alimentar e leptina sérica....................................................................
Expressão de leptina pelo tecido adiposo visceral e sua sinalização em núcleos
hipotalâmicos.......................................................................................................................
DISCUSSÃO........................................................................................................................
CONCLUSÃO....................................................................................................................
REFERÊNCIAS..................................................................................................................
ANEXO A Comitê de ética em pesquisa............................................................................
ANEXO B Comprovação de submissão de material sob a forma de artigo para periódico.
16
18
18
23
32
34
35
35
35
37
37
38
38
39
40
40
42
43
43
45
53
53
54
57
60
66
67
73
74
16
INTRODUÇÃO
A crescente incidência de obesidade é, atualmente, considerada como um
importante problema de saúde pública em países desenvolvidos, assim como nos países
em desenvolvimento [1]. No intuito de melhor compreender este intrigante processo que
determina o surgimento de doenças crônicas na vida adulta, diversos mecanismos tem
sido propostos.
Numerosos estudos epidemiológicos apontam para a associação entre diversas
doenças, dentre as quais a obesidade, com o baixo peso ao nascimento [2]. Contudo,
apesar dos mecanismos que permeiam estas relações não serem totalmente elucidados,
as condições ambientais do desenvolvimento e, principalmente, a nutrição no início da
vida, parecem configurar como importantes fatores desencadeantes destes transtornos.
Afinal, um inapropriado suprimento nutricional durante estes períodos, implica na
capacidade do indivíduo em regular o seu peso corporal, predispondo-o a obesidade [3].
Sendo assim, as consequências oriundas de um atraso no desenvolvimento intrauterino
ou no início da vida, além de implicações na modulação epigenética, evidenciam a
necessidade da obtenção de estratégias coerentes que possam frear este processo de
ganho de peso [4].
Estudos demonstram que condições subótimas no ambiente intrauterino podem
programar a prole através de um mecanismo conhecido como “programação
metabólica” [5], onde o organismo desenvolve um processo adaptativo caracterizado
por um “fenótipo econômico” [6], além de mudanças metabólicas capazes de garantir
uma futura vantagem a sobrevivência, a partir da organização de uma resposta
adaptativa preditiva [7]. Neste sentido, quando as proles nascem menores e
seguidamente sofrem um processo de crescimento catch-up, estas passam a ser mais
suscetíveis à obesidade induzida por dieta [8].
Ademais, uma restrição proteica ou calórica perinatal exerce efeitos persistentes
na plasticidade cerebral, mesmo quando o animal é reestabelecido desta nutrição
inicial [9], o que demonstra uma sensibilidade do cérebro frente a alterações no
suprimento materno mesmo antes do nascimento [10]. Tais efeitos podem, portanto,
interferir na regulação do balanço energético corporal, onde componentes metabólicos e
hormonais atuam como sinalizadores periféricos em um integrado circuito central,
17
concentrado no hipotálamo [3]. Assim, a leptina passa a ser o maior sinal de balanço
energético derivado do tecido adiposo [11] e considerada como uma importante chave
na ativação de núcleos hipotalâmicos, sinalizando primariamente a reserva energética
corporal e desencadeando uma resposta negativa sobre a ingestão alimentar [12].
Consequentemente, o sinal da leptina e sua integração hipotalâmica podem,
possivelmente, estar envolvidos na programação do sistema de balanço energético pelas
condições de nutrição no início da vida [3].
Portanto, baseado no pressuposto de que este fenótipo alterado, oriundo de uma
restrição de crescimento intrauterino, pode ser transmitido a gerações subsequentes [13],
o presente estudo objetivou verificar os possíveis efeitos da restrição proteica materna
durante a gestação, na expressão de neuropeptídeos implicados na sinalização
hipotalâmica da leptina e, adicionalmente, avaliar as modificações periféricas,
metabólicas e hormonais, através da análise do tecido adiposo e parâmetros bioquímicos
na primeira e segunda geração de proles de camundongos machos adultos com 16
semanas de idade.
18
1 REVISÃO DE LITERATURA
1.1 Programação metabólica
Desde o final da cada de 80 tem-se estabelecido, através de estudos
epidemiológicos e experimentais, a existência de uma possível associação entre um
defasado processo de desenvolvimento e o surgimento de doenças metabólicas na vida
adulta. Consequentemente, tem-se evidenciado quadros como hipertensão arterial,
doença coronariana, dislipidemia, obesidade visceral, prejuízo da tolerância a glicose,
diabetes mellitus tipo 2 e muitas outras doenças, incluindo osteoporose [14].
O retardo de crescimento intrauterino consiste em uma falha do feto em alcançar
o seu intrínseco potencial de crescimento em virtude de desordens e doenças na unidade
feto-placenta-mãe [15].
A hipótese de “origem fetal” desencadeando doenças no adulto remonta a David
Barker que observou a influência de fatores ambientais, particularmente a nutrição,
agindo no início do desenvolvimento de forma a programar riscos de surgimento de
doenças cardiovasculares e metabólicas na idade adulta, bem como morte prematura
[16]. Consequentemente, no ano de 1991, postulou-se o termo “programação
metabólica” como sendo o conceito que descreve as respostas fisiológicas permanentes,
resultantes de condições desfavoráveis durante períodos críticos de desenvolvimento
[17]. Assim, seguindo uma série de estudos epidemiológicos mundiais, as observações
iniciais quanto a associação entre crescimento pré e pós-natal e doença cardiovascular
foram estendidas para incluir o risco aumentado de hipertensão, intolerância a glicose,
diabetes tipo 2, resistência a insulina e obesidade na idade adulta [18].
O conceito de que existe uma resposta adaptativa do embrião ou do feto ao
ambiente intrauterino subótimo, resultando em permanente consequência adversa, é
consistente com a definição de programmingpostulada por Lucas: “... estímulos ou
insultos em períodos críticos do desenvolvimento apresentam efeitos duradouros ou por
toda a vida” [17]. Em 1992 criou-se o termo “hipótese do fenótipo econômico” [19]
baseado na hipótese do “genótipo econômico” [20, 21]. A hipótese do “fenótipo
econômico” sugere que, quando o ambiente fetal é escasso, isto gera uma resposta
19
adaptativa que otimiza o crescimento de órgãos primordiais em detrimento de outros,
levando ao metabolismo pós-natal alterado, que é designado à sobrevivência pós-natal
sob condições intermitentes de nutrição deficiente. Propõe-se que tais alterações se
tornam adversas quando a nutrição no ambiente pós-natal é mais abundante do que no
ambiente pré-natal [22].
O termo imprinting metabólico também foi usado para descrever este fenômeno
biológico, de causar consequências no futuro devidas a experiências nutricionais
intrauterinas adversas [23]. Atualmente, existe um debate sobre o termo apropriado a ser
utilizado: programação (pois este termo pode ser interpretado erroneamente como
eventos reversíveis à irreversíveis), ou imprinting metabólico (este termo implica que
são exclusivamente metabólicos na sua origem e causam confusão entre os termos
imprinting metabólico e genes “imprintados”) [18].
Mais recentemente Barker propôs um novo termo, “plasticidade no
desenvolvimento”. A definição para este termo é a “habilidade que um simples genótipo
tem de produzir mais de uma forma alternativa de estrutura, estado fisiológico e
comportamento em resposta a condições ambientais” [24].
Está claro que uma série de áreas do conhecimento, incluindo a ecologia evolutiva e
a biologia molecular, mostram que o genótipo pode gerar diferentes fenótipos,
dependendo da condição ambiental. Em muitas espécies o impacto experimentado pelo
ambiente em uma geração específica pode determinar o desenvolvimento e o
comportamento da próxima geração. Do mesmo modo, a restrição materna pode resultar
em efeitos de determinado fator ambiental persistindo através de diversas gerações [25].
Diversos modelos experimentais têm sido empregados para induzir uma
adversidade no ambiente fetal para imitar as condições de crescimento intrauterino
comprometido em humanos. Dentre as manipulações usadas podemos destacar: a
restrição global [26] ou protéica de nutrientes durante a gestação e/ou lactação [27, 28],
hipóxia crônica durante a gestação [29], insuficiência placentária [30] e exposição
prenatal a glicorticóides [31]. A validade dos achados, atualmente, é aceita. A questão
em debate é entendermos se os mecanismos responsáveis são genéticos ou ambientais
[32].
As alterações metabólicas em resposta a programação fetal, aparentemente
vantajosas, reforça o conceito da “resposta adaptativa preditiva” proposta por Gluckman
20
e colaboradores mais recentemente. Nesta hipótese, o feto pode interagir dinamicamente
com as mudanças ambientais e promover um fenótipo apropriado para tais condições
que, provavelmente, irão se estabelecer no futuro. Contudo, diante de condições
diferenciadas da vida fetal, representadas pelo menor dispêndio energético, maior
densidade calórica da dieta e somado ao aumento de expectativa de vida da sociedade,
tem-se o aumento das doenças resultantes dessas adaptações, agora consideradas
inadequadas [33].
Durante a vida fetal, tecidos e órgãos passam por períodos críticos de
desenvolvimento que coincidem com períodos de rápida divisão celular. Assim, quando
um insulto, como a restrição proteica, ocorre no período pré-natal ou na lactação, que
são períodos críticos ou sensíveis do desenvolvimento, pode resultar em alterações
adaptativas no feto, com consequentes mudanças tardias da estrutura e da função de
órgãos e sistemas. Portanto, a programação que ocorre durante o período perinatal,
resulta em respostas adaptativas permanentes que podem alterar o crescimento,
estrutura, fisiologia e metabolismo no adulto [34]. Atualmente, observa-se que os
fatores condicionantes ao desenvolvimento e ao agravamento das desordens metabólicas
futuras são: a nutrição pós-natal e o processo de crescimento acelerado definido como
catch-up”.
Dentre os vários fenótipos considerados na hipótese da programação fetal,
atualmente a obesidade e as alterações no metabolismo glicídico tem merecido
destaque. Inúmeros trabalhos demonstram que animais que sofrem uma restrição no
desenvolvimento fetal e são realimentados durante o período da lactação apresentam,
inevitavelmente, o processo de catch-up e passam a ser mais susceptíveis ao quadro de
obesidade induzida pela dieta potencializando os riscos para o surgimento de doenças
crônicas e, consequentemente, têm a diminuição da sua expectativa de vida [35, 36].
Este catch-up é caracterizado por uma rápida e desproporcional taxa de deposição de
gordura corporal em relação aos tecidos magros, sendo por esse motivo, fortemente
associado ao quadro de hiperinsulinemia [2].
A programação por restrição proteica pode resultar em uma expressão gênica
diferenciada no tecido adiposo, associada ainda, a uma alta proliferação dos pré-
adipócitos [37, 38], o que vem a contribuir para o aumento da adiposidade. Estudos
demonstram que o tecido adiposo configura-se como uma chave essencial para as
grandes perturbações na homeostase energética, no metabolismo e, principalmente, na
sensibilidade a insulina. Seu desenvolvimento durante o período perinatal é
21
comprometido frente a uma restrição de crescimento, promovendo consequências que se
estendem além do processo de catch-up e que irão perdurar durante a vida [39] (Figura
1).
Ademais, outro órgão afetado pela restrição proteica nos períodos críticos do
desenvolvimento é o pâncreas. Distúrbios nutricionais no ambiente fetal aumentam a
susceptibilidade à resistência a insulina, intolerância a glicose e diabetes na vida adulta
[40, 41]. Fetos de mães que foram submetidas à restrição proteica, exibem diminuição
do tamanho das ilhotas pancreáticas e da capacidade de proliferação das células beta
pancreáticas, deficiência tanto do conteúdo de insulina quanto da vascularização das
ilhotas de Langerhans, e aumento da taxa de apoptose dessas células. Depois do
nascimento o número de ilhotas e o tamanho da célula beta permanecem diminuídos
[42]. Assim, qualquer deficiência que ocorra no útero e na lactação colocará em risco a
massa de células beta pancreáticas, contribuindo para a falência dessas células ou
intolerância a glicose na vida adulta [43]. Essas disfunções metabólicas podem ser
caracterizadas pela alteração da capacidade antioxidante e prejuízo na homeostasia da
glicose com relativa resistência insulínica [44]. se encontra relatos na literatura que
efeitos no metabolismo glicídico podem ser evidenciados na geração posterior (F2)
[45], podendo, inclusive, apresentar resultados distintos de acordo com o período crítico
em que as progenitoras (F0) foram impostas a agressão [46].
22
Figura 1. Perturbações metabólicas resultantes do retardo de crescimento intrauterino
seguido de crescimento catch-up [47].
No que concerne o desenvolvimento neural, verifica-se que animais
provenientes de es com restrição proteica durante a gestação apresentam uma
redução do desenvolvimento da vascularização do córtex cerebral [48], além de
alterações na expressão de receptores de leptina e neuropeptídeos hipotalâmicos ainda
na vida intrauterina. Portanto, considera-se que o feto interage a modificações no
ambiente materno mesmo antes ao seu nascimento [10]. Entretanto, ressalta-se que as
23
alterações permanentes no controle do peso corporal também podem ser estabelecidas
frente a uma desnutrição materna ao longo da lactação [49]. Afinal, quando este déficit
proteico é imposto de forma perinatal, observa-se uma complexa desorganização
hipotalâmica apontando uma possível “má-programação” dos centros regulatórios da
homeostase energética [50].
Este efeito programado pode ser observado ainda no desmame, onde as proles
geradas por mães com restrição proteica perinatal não apresentam diferenciação em seus
níveis plasmáticos de leptina, porém possuem maior expressão de neuropeptídeo Y no
núcleo paraventricular, sugerindo que o efeito orexigênico do eixo arqueado-
paraventricular pode ser estimulado independentemente da leptina. Esta condição passa
a contribuir para o ganho de peso e alterações metabólicas durante a vida [51].
Demonstrando ainda, a complexidade deste tipo de programação metabólica no
comportamento alimentar, estudo recente demonstrou que a restrição proteica materna
poder promover um quadro de hiperfagia nas proles, podendo ser justificado, em certa
parte, por uma redução da ação inibitória da serotonina a nível cerebral [9].
Baseando-se, portanto, nos inúmeros resultados oriundos do déficit de
crescimento fetal imposto pela restrição proteica materna, cabe ressaltar a importância
de estudos que possam estabelecer um conhecimento pleno das alterações ocorridas nos
mecanismos periféricos e centrais, no controle da ingestão alimentar e no gasto
energético corporal.
1.2 Leptina e sua relação com a insulina no eixo adipo-insular e sinalização
hipotalâmica
Inúmeras pesquisas são desenvolvidas no intuito de compreender a interferência
de diferentes danos, ocorridos em períodos críticos de desenvolvimento, no controle do
peso corporal e da adiposidade. Neste sentido, a leptina e a insulina configuram-se
como componentes regulatórios essenciais, principalmente, por estabelecerem um
mecanismo de feedback, seja a nível do sistema nervoso central (SNC) ou em tecidos
periféricos.
A existência de um mecanismo regulatório do peso corporal, exercido por um
componente sérico originado do tecido adiposo, foi primeiramente proposta por
24
Kennedy no ano de 1953 [52]. Contudo, somente no ano de 1994, Friedman e
colaboradores finalmente identificaram a leptina como um importante fator neste
controle do comportamento alimentar [53], desencadeando assim, importantes avanços
científicos, que culminaram na descoberta de seu receptor, por Tartaglia e
colaboradores, no ano seguinte [54].
Frente a estas novas descobertas, as pesquisas referentes às ações da leptina
tornaram-se mais relevantes e promoveram a identificação de suas diferentes funções
fisiológicas como a homeostasia energética, reprodução, formação óssea e atuação no
sistema cardiovascular [55].
A leptina caracteriza-se por ser um polipeptídio composto por 167 aminoácidos,
produto do gene ob e com peso molecular de 16 kDa, sendo encontrado no sangue de
inúmeras espécies de mamíferos incluindo camundongos e humanos [53]. Embora a
sequência inicial de aminoácidos da leptina não pareça alheia a qualquer outra proteína,
estudos posteriores avaliaram sua estrutura terciária e observaram que esta se dobra em
uma estrutura helicoidal de citocina semelhante à interleucina-2 (IL-2) e hormônio de
crescimento (GH) [56].
Destaca-se que apesar de sua secreção ocorrer em diferentes tecidos tal qual
epitélio gástrico, glândulas mamárias e placenta [11], o tecido adiposo branco se
configura como o principal produtor da leptina [57], o que o torna um componente
fundamental, juntamente com o pâncreas, de um eixo regulatório conhecido como “eixo
adipo-insular”.
A regulação deste mecanismo de feedback baseia-se no fato de que a insulina
apresenta uma característica adipogênica, elevando substancialmente a produção de
leptina e favorecendo a modulação da homeostase energética a nível central. Em
contrapartida, o incremento dos níveis de leptina promove uma supressão da secreção
de insulina pelo pâncreas, com o intuito de estabelecer um controle da adiposidade,
através da ação direta em receptores presentes nas células beta ou via sistema nervoso
autônomo (SNA) (Figura 2) [58].
25
Figura 2. Eixo adipo-insular [58].
Estudo prévio demonstra que a programação metabólica é capaz de alterar este
mecanismo, evidenciando que animais submetidos a retardo de crescimento intrauterino
podem ter uma alteração permanente do eixo adipo-insular com hiperleptinemia,
hiperinsulinemia e, interessantemente, uma produção compensatória de leptina pelas
células delta pancreáticas, na tentativa de reduzir a secreção de insulina. O somatório de
tais alterações perfaz um quadro que leva a progressão do diabetes e piora dos quadros
de resistência a ação destes componentes [59].
Todavia, destaca-se que a condução de uma resposta adipostática pela leptina
[60], não se resume ao controle da produção de insulina. A leptina comporta-se como
um hormônio, sinalizador primário dos estoques energéticos corporais [12], capaz de
promover um controle da ingestão alimentar e do gasto energético corporal em
receptores hipotalâmicos no SNC [57].
Novamente, a estreita relação entre leptina e insulina torna-se evidente, uma vez
que a transdução do sinal da leptina é grandemente influenciada pela insulina, que se
comporta como um componente modulador, atuando em uma via de sinalização celular
paralela [61, 62] (Figura 3).
26
Cabe ressaltar que a leptina, assim como outras citocinas de cadeia longa, exerce
um importante efeito pleiotrófico no organismo, refletindo assim, a multiplicidade de
seus efeitos biológicos inclusive nos tecidos extraneurais. Esta característica de ação se
deve principalmente a extensa distribuição dos seus receptores transmembrana (Ob-R)
que apresentam estruturas reconhecidamente semelhantes aos receptores da família de
classe I de citocina [54, 63]. Tais receptores apresentam-se em seis diferentes isoformas
(Ob-Ra – Ob-Rf) com variável comprimento, localização e funcionalidade. Possuem um
idêntico domínio extracelular, contudo diferem quanto aos seus domínios intracelulares
[64]. Dentre as isoformas mais conhecidas tem-se o receptor Ob-Rb (também conhecido
por sua conformação de longa cadeia), que é altamente expresso no hipotálamo e é o
único a ativar o sistema de transdução JAK/STAT [65]. Diferentemente, a isoforma Ob-
Ra é grandemente encontrada nos tecidos periféricos, plexo coroide e microvasos
apresentando capacidade de sinalização, além de exercer atividade de transporte da
leptina ao nível da barreira hemato-encefálica [64, 66].
Portanto, em situações normais, a leptina entra no hipotálamo ligada a receptores
de cadeia curta (Ob-Ra), situados na barreira hemato-encefálica, e subsequentemente
atua ligada a receptores de cadeia longa (Ob-Rb) iniciando uma cascata de ativação,
através de componentes efetores: a proteína janus quinase e moléculas da família de
transdutores de sinal e ativadores de transcrição (JAK / STAT) [67]. Uma vez
fosforilada, a molécula de STAT, predominantemente STAT-3, conduzirá o sinal
gerado pela leptina ao núcleo, onde atuará como fator de transcrição, controlando a
expressão gênica de neurotransmissores responsivos ao sinal do hormônio [66].
Esta atuação da leptina no SNC mediada pelo hipotálamo [68], caracteriza o
núcleo arqueado como sendo o maior sítio de sinalização [69]. Afinal, este núcleo
configura-se como um importante acesso devido a sua localização na região mediobasal,
mais especificamente acima da eminência medial, onde ocorre um comprometimento da
barreira hemato-encefálica, resultando em um maior acesso dos fatores circulantes.
Logo, através da expressão de duas populações chaves de neurônios com ações
antagônicas à ingestão alimentar [70], tem-se o desencadeamento das respostas
hipotalâmicas, deflagradas por uma cascata de sinalização que resulta na modulação de
neuropeptídeos como: neuropeptídeo Y (NPY) e pro-opiomelanocortina (POMC) [71].
O NPY através de sua atuação em receptores específicos [72], juntamente com o
AgRP por atuação em receptores de melanocortina (MC3 e MC4) exercem as ações
orexigênica. Em contrapartida POMC é processado para a produção de alfa-MSH
27
gerando uma resposta anorexigênica justamente por ativação destes novos receptores
[73]. Portanto, a sinalização da leptina no receptor Ob-Rb estimula a produção de
neuropeptídeos responsáveis pela supressão da ingestão de alimentos, além de diminuir
a expressão de peptídeos orexigênicos no núcleo arqueado [74] (Figura 3).
Figura 3. Sinalização da leptina e insulina no hipotálamo [75].
Fisiologicamente, baixos níveis de leptina durante o jejum estimulam a ingestão
alimentar, redução do gasto energético e modulação das funções imunes e
neuroendócrinas para a conservação dos estoques de energia. Em compensação, a
elevação dos seus níveis em um estado de superalimentação, previne o ganho de peso
através da inibição do consumo alimentar e aumento do gasto calórico [76].
Entretanto, apesar de toda relevância da atuação da leptina no comportamento
alimentar ao longo da vida, é de suma importância ressaltar, que este hormônio também
desempenha um papel fundamental no desenvolvimento destes circuitos regulatórios no
inicio da vida pós-natal de roedores. Evidências apontam uma imaturidade hipotalâmica
28
destes animais, tanto estrutural quanto funcional, até a segunda semana de vida,
caracterizando um período crítico onde naturalmente ocorre um pico de leptina [77].
A constatação de elevados níveis séricos de leptina, em um período onde o
neonato necessita de maior aporte energético e ingestão alimentar condizente a um
pleno desenvolvimento, sugere uma aparente insensibilidade da leptina no controle do
comportamento alimentar durante este período [78]. Portanto, este mecanismo ressalta a
atuação neurotrófica da leptina ainda no período da lactação, que é caracterizada pelo
desenvolvimento de projeções provenientes do núcleo arqueado aos diferentes núcleos
hipotalâmicos em tempos distintos (Figura 4).
29
Figura 4. Eventos neurobiológicos do desenvolvimento hipotalâmico de roedores. (A)
Fase de proliferação neuronal ocorrida entre 12º - 16º dia embrionário seguido da fase
de extensão axonal ocorrida entre o - 12º dia de vida pós-natal. (B) Esquema do
desenvolvimento temporal das projeções axonais na vida pós-natal (ARQ DMH:
dia pós-natal; ARQ PVN: - 10º dia pós-natal; ARQ LHA: 12° dia pós-natal).
Legenda: ARQ: núcleo arqueado; DMH: núcleo dorsomedial; PVN: núcleo
paraventricular; LHA: área hipotalâmica lateral [77, 79].
Deste modo, a melhor compreensão dos possíveis mecanismos que influenciam
ou estabelecem um efeito de resistência hormonal no hipotálamo é de suma importância
30
para o tratamento da obesidade, uma vez que este processo compromete a modulação do
metabolismo energético e a regulação do peso corpóreo. Afinal, formas comuns de
obesidade estão associadas a elevados veis de leptina e uma incapacidade de resposta
eficiente a doses de leptina exógena indicando, portanto, um estado de resistência a
leptina, e consequentemente, um componente importante no desenvolvimento do
sobrepeso [80]. Neste mecanismo de resistência, podem estar inclusos fatores diversos
como: mutações gênicas, auto-regulação da leptina, acesso limitado deste hormônio aos
tecidos alvos, além de regulação molecular e celular [65] (Figura 5). Aumentados níveis
de leptina circulantes são independentemente associados à resistência a insulina e
doenças cardiovasculares em humanos [65]. Interessantemente, algumas funções da
leptina no estado de resistência permanecem inalteradas, como em sua atuação no
sistema cardiovascular [80].
Em virtude de estudos presentes na literatura, sugere-se que a maior causa do
quadro de resistência a leptina baseia-se na atenuação do mecanismo de ativação
intracelular do receptor de leptina [81], podendo ser representada pela atuação endógena
da SOSC3, que inibe a fosforilação dos resíduos de tirosina nos receptores de leptina
[82], e de PTP1B que promove uma desfosforilação das moléculas de JAK 2 [83].
31
Figura 5. Mecanismos de resistência a leptina. Legenda: SLIP: leptina sérica integrada à
proteína; SLR: receptor de leptina solúvel; SOCS3: supressor de sinalização de citocina
3; PTP1B: proteína tirosina fosfatase 1B; CNS: sistema nervoso central; Ob: gene da
leptina; Ob-R: receptor de leptina [65].
32
1.3 Mecanismos intergeracionais da programação metabólica
Uma importante característica da programação do desenvolvimento consiste no
fato de que as consequências adversas do ambiente intrauterino podem ser transmitidas
através das gerações por mecanismos que podem ser epigenéticos ou devido a mutações
na sequencia do DNA [84].
O termo epigenético foi primeiramente definido no início dos anos 40 por
Conrad Waddington como “a interação dos genes com o ambiente que determina o
fenótipo” [85]. Posteriormente, na década de 90 a epigenética foi descrita, mais
especificamente, como o estudo de mudanças hereditárias na expressão gênica que
ocorre sem alterações na sequência do DNA [86].
Graças aos avanços da ciência, atualmente, se determina que estas mudanças
epigenéticas derivam de processos como: metilação do DNA, modificações pós-
translacional das histonas terminais (acetilação, metilação, fosforilação, dentre outros) e
elevada ordem de empacotamento dos nucleossomos em torno do DNA [87].
Adicionalmente, outro mecanismo que poderia explicar a transmissão
transgeracional fica a cargo da linhagem exclusivamente materna. Modificações no
DNA mitocondrial poderiam ocorrer nos gametas dos fetos femininos em
desenvolvimento e levar a transmissão de condições alteradas a geração seguinte [46].
Logo, a caracterização transgeracional da herança epigenética está associada a
modificações da expressão gênica de células meióticas [88], e não somente durante a
mitose [87].
Desde a década de 70 Stewart e colaboradores, no intuito de observar os efeitos
de uma restrição proteica a longo prazo, estudaram 12 gerações de ratas mal nutridas.
Seus achados mostraram que a reversão dos efeitos deletérios oriundos da dieta
materna, somente foi possível quando pelo menos três gerações foram submetidas a
uma nutrição adequada [89].
Mais recentemente, a literatura propõe que a transmissão do fenótipo epigenético
deve ser definida como multigeracional a partir do momento em que ainda se observa
uma exposição direta do fator ambiental negativo no desenvolvimento das múltiplas
gerações. Ou seja, um prejuízo nutricional materno imposto às progenitoras F0, resulta
ainda na exposição direta do déficit nutricional aos embriões F1 assim como nas linhas
germinativas de F2. Assim, diante destas condições, o termo transgeracional somente
33
poderia ser empregado a partir da geração F3, onde não mais haveria exposição direta
deste fator ambiental (Figura 6) [13].
Conclui-se que os estudos experimentais configuram-se como ferramentas
fundamentais para a definição de como estes mecanismos que favorecem a transmissão
de um fenótipo alterado são estabelecidos, justificando assim, os diversos resultados
epidemiológicos que demonstram os efeitos a longo prazo das interferências no
desenvolvimento fetal.
Figura 6. Esquema da transmissão multigeracional e transgeracional do fenótipo
epigenético [13].
34
2 PROPOSIÇÃO
O presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos intergeracionais (F1 e F2)
da programação metabólica, resultantes de uma restrição proteica materna durante o
período gestacional, na adiposidade, na sinalização hipotalâmica de leptina e
homeostase glicêmica nas proles adultas (16 semanas de idade) de camundongos
machos.
Especificamente objetivou-se:
Avaliar a evolução da massa corporal, do comprimento naso-anal e da ingestão
alimentar;
Verificar a adiposidade;
Verificar as alterações nos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos;
Avaliar as alterações na homeostasia da glicose e insulina com testes indiretos e
dosagens bioquímicas;
Realizar dosagem sérica de adipocinas (leptina e resistina);
Avaliar a expressão de leptina pelo tecido adiposo visceral;
Avaliar a expressão de Ob-R, NPY e POMC no hipotálamo.
35
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Protocolo experimental
Os protocolos de manuseio e experimentação foram submetidos e aprovados
pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Protocolo CEA/253/2008). Todos os procedimentos foram realizados de acordo
com os preceitos do “Guia para o uso de cuidado de animais de laboratório” (Publicação
do NIH nº 85-23, revisada em 1996, USA).
Todos os animais utilizados no estudo foram acondicionados em caixas de
polipropileno e em ambiente com temperatura e umidade controladas (21±2ºC,
60±10%, respectivamente), submetidos a ciclo de luz invertido de 12 horas
(claro/escuro), exaustão 15 min/h e receberam água e ração ad libitum durante todo o
período de experimentação.
3.2 Animais – Primeira geração (F1)
Fêmeas virgens de camundongos suíços (F0), primíparas, com idade de 8
semanas foram divididas em dois grandes grupos nutricionais com dietas isoenergéticas
(1900 kJ/100g dieta), diferindo apenas no percentual proteico. Constituiu-se, portanto o
grupo normoproteico (dieta controle, C, 19g proteína/100g dieta) e hipoproteico (dieta
restrita, R, 5g proteína/100g dieta). A dieta hipoproteica foi acrescida de carboidrato
complexo (amido) para a manutenção do equilíbrio energético e ambas seguiram as
recomendações da AIN-93 de acordo com o período fisiológico dos animais [90]. As
dietas foram produzidas por PragSoluções (PragSoluções®, Jaú, SP, Brasil,
www.pragsolucoes.com.br) (Tabela 1).
36
Tabela 1 Composição das dietas experimentais preparadas em conformidade com a
AIN-93G. Dieta controle (C) e dieta restrita em proteína (R).
As fêmeas matrizes (F0) foram então acasaladas com machos matrizes e, no dia
que foram encontrados espermatozoides no esfregaço vaginal, este foi considerado o dia
da gestação. Todas deram origem à prole por parto espontâneo. O tamanho da prole e o
peso dos filhotes foram anotados no dia do nascimento e, para padronizar o suprimento
de alimento, as proles foram ajustadas em seis animais por mãe (razão de 1:1 entre os
gêneros, quando possível) [91]. Com isso, a prole das mães alimentadas com dieta
normoproteica foi nomeada como controle (C), e a prole das mães alimentadas com
dieta hipoproteica, nomeada como restrita (R). Esta divisão foi mantida até o desmame,
quando somente um filhote por ninhada foi separado aleatoriamente para dar origem aos
Nutriente (g/100g)
Dieta Controle
(Normoproteica)
Dieta Restrita
(Hipoproteica)
Carboidrato
Amido de milho 34,5 47,7
Sacarose 20,0 20,0
Caseína 19,0 5,0
Cisteína 0,30 0,15
Colina 0,20 0,20
Lipídeos (óleo de soja) 7,0 7,0
Fibra (celulose) 5,0 5,0
Mix de minerais (AIN 93G) 3,5 3,5
Mix de vitaminas (AIN 93G)
1,0 1,0
Energia (kcal/100g de dieta) 377,0 377,0
37
grupos de machos da primeira geração (C1 e R1) que foram acompanhados até os 4
meses de vida. Após o nascimento dos filhotes as progenitoras de ambos os grupos
receberam dieta normoproteica até a 16ª semana de vida. Um segundo grupo de fêmeas
foi também separado para aquisição da segunda geração.
3.3 Animais – Segunda geração (F2)
Ao completarem 8 semanas de idade fêmeas de F1 foram acasaladas com
machos matrizes, não participantes do estudo, produzindo assim os grupos
experimentais da segunda geração (C2 e R2). Ressalta-se que todas as fêmeas
receberam dieta controle durante a gestação até o término do estudo. A partir do
nascimento, que também ocorreu por parto espontâneo, repetiu-se o mesmo protocolo
como descrito anteriormente para F1.
3.4 Biometria e controle da ingestão alimentar
Após o desmame, os filhotes dos respectivos grupos foram alocados em um
número de 5 animais por caixa. Semanalmente, aferiu-se a massa corporal (MC) com
balança digital de precisão 0,01g (Shimadzu, Presidente Prudente, São Pulo), assim
como o comprimento naso-anal (CNA), através de instrumental acurado dimensionado
para o tamanho dos animais.
As devidas rações foram fornecidas diariamente e não foram observadas
rejeições quanto ao alimento fornecido. O controle da ingestão alimentar, em termos
absolutos, foi realizado diariamente através da diferença entre a quantidade de ração
fornecida e a quantidade de ração restante após 24 horas.
Ainda, quanto ao estudo do comportamento alimentar, realizou-se a análise da
ingestão alimentar ajustada ao peso corporal [(g de ingestão alimentar / g de peso
corporal) x 100] [9].
38
3.5 Análise do perfil metabólico
Na 15ª semana de vida os animais foram submetidos ao teste oral de tolerância a
glicose (TOTG) para determinação da tolerância a glicose. Os animais foram mantidos
em jejum por 6 horas e posteriormente administrado, por gavagem orogástrica, glicose a
25% em solução salina estéril (0,9% NaCl) na dose de 1 g/kg de massa corporal.
Através de uma pequena incisão na cauda dos animais coletou-se amostra de sangue
para a mensuração da glicemia nos tempos 0, 15, 30, 60 e 120 minutos. A glicemia foi
mensurada utilizando-se glicosímetro (Accu-chek, Roche Diagnostic, Germany).
Posteriormente, na 16ª semana de vida, realizou-se o teste intraperitoneal de
tolerância à insulina (TIPTI). Os animais foram mantidos em jejum por 4 horas e,
imediatamente após esse tempo (considerado tempo zero), coletou-se sangue através de
pequena incisão na cauda dos animais e aferiu-se a concentração de glicose. Em
seguida, administrou-se intraperitonealmente 0,75UI/kg de massa corporal de insulina
(ultra rápida) e mais uma vez verificou-se a glicose sérica nos tempos 15, 30, 60, 120
minutos, após a injeção de insulina, para obtenção da curva de tolerância a insulina [92].
Em ambos os procedimentos foi calculado o valor da área sob a curva através da
regra trapezoidal, o que possibilitou a avaliação de possível intolerância a glicose e
resistência insulínica, respectivamente.
3.6 Sacrifício
Os grupos de F1 e F2 foram acompanhados até a 16ª semana de vida. No dia da
eutanásia, os animais foram heparinizados e profundamente anestesiados com
pentobarbital de sódio (Thiopental intraperitoneal na dose de 150 mg/kg de massa
corporal) após 6 horas de jejum. Com imobilização em dispositivo adequado, a caixa
torácica foi amplamente aberta, tornando possível a coleta de sangue através de punção
cardíaca pelo átrio direito para posterior dosagem bioquímica.
Em seguida, o cérebro foi prontamente removido e pesado e o hipotálamo
dissecado e imediatamente congelado em nitrogênio líquido. Este material foi, então,
estocado a uma temperatura de -80°C para as análises de Western Blotting.
39
As gorduras retroperitoneal, epididimária e inguinal foram coletadas de ambos
os lados do corpo do animal e igualmente pesadas. Estabeleceu-se como gordura
retroperitoneal o depósito existente em volta de cada rim e ao longo dos músculos
lombares, e a gordura epididimária como o tecido adiposo ao redor dos ureteres, bexiga,
epidídimo. Especificamente, a gordura epididimária foi fracionada, sendo parte
congelada e destinada a técnica de Western Blotting e outra fração destinada à
microscopia de luz, sendo fixada com formalina de Millonig (1.27 mol/l formaldeído
em 0.1M de tampão fosfato, pH 7.2) por 48 horas. Após o processamento histológico de
rotina, a gordura foi incluída em Paraplast Plus (Sigma-Aldrich, Co, St. Louis, MO,
EUA).
Ressalta-se que a soma das gorduras retroperitoneal e epididimária caracterizou
o tecido adiposo branco visceral, e a gordura inguinal como sendo representante do
tecido adiposo branco subcutâneo. Neste sentido, calculou-se a razão entre a gordura
subcutânea e a gordura visceral como (gordura inguinal (g) / gordura epididimária +
gordura retroperitoneal (g)).
3.7 Análises bioquímicas do soro e concentrações hormonais
Após a coleta do sangue, o soro foi obtido por centrifugação (120g por 15 min) à
temperatura ambiente (21±2°C) e estocado individualmente a -20°C até a análise
bioquímica.
O estudo do perfil lipídico baseou-se nas dosagens de colesterol total (CT) e
triglicerídeos (TG) obtidos pelo método enzimático colorimétrico, com auxílio de
espectofotômetro automático Bioclin System II e os respectivos “kits” indicados para
cada dosagem bioquímica (Quibasa Química Básica, Belo Horizonte, MG, Brasil). O
CT foi determinado pelo método colesterol esterase/oxidadase/peroxidade, e os TG pelo
método da lipase/glicerol quinase/GPO/peroxidase.
Pela técnica de ELISA (Multiplex) analisou-se os valores de insulina, leptina e
resistina sérica (Millipore, Billerica, MA, USA). Posteriormente, foi calculado o índice
HOMA-IR [glicemia de jejum (mmol/l) x insulina sérica de jejum UI/ml) / 22.5] no
intuito de verificar possível resistência insulínica, assim como o HOMA-beta [insulina
sérica de jejum UI/ml) x 20 / glicemia de jejum (mmol/l) 3,5] para verificar a
40
capacidade funcional das células beta pancreáticas [93]. E para a verificação da
sensibilidade a leptina endógena calculou-se a razão: ingestão calórica (kcal/dia) /
concentração de leptina plasmática (ng/ml) [94].
3.8 Microscopia de luz
Fragmentos do tecido adiposo genital (gordura epididimária), representante da
gordura visceral, após inclusão em Paraplast Plus (Sigma-Aldrich, Co, St. Louis, MO,
EUA), foram seccionados em 5 µm de espessura e corados com Hematoxolina e Eosina
(HE). A área seccional dos adipócitos foi determinada através da utilização de imagens
digitais adquiridas aleatoriamente (50 adipócitos/animal, formato TIFF, 36-bit color,
1280x1024 pixels) com câmera LC Evolution e microscópio Olympus BX51, e
analisados com software Image-Pro Plus, versão 7.0 (Media Cybernetics, SilverSpring,
MD, EUA).
3.9 Western Blotting
O hipotálamo e fragmentos de gordura visceral epididimária (100 mg)
previamente estocados a -80°C foram homogeneizados em tampão de lise (para
hipotálamo: 50 mM HEPES, cloreto de magnésio (MgCl
2
), EDTA, 1% Triton X-100;
para tecido adiposo: 20 mM Tris-HCl pH 7.4, 10 mM fluoreto de sódio, 1% Nonidet-
P40, 150 mM cloreto de sódio (NaCl), 5mM EDTA, 0.1% dodecil sulfato de sódio
(SDS)). Ressalta-se que em ambas as soluções de tampão adicionou-se 1 µg/ml de
coquetel inibidor de protease (SIGMA-Aldrish, MO, USA), para posterior centrifugação
em equipamento refrigerado por 5 minutos a a 11.500 rpm ou 20 minutos a 4°C a
13.000 rpm, respectivamente. As amostras foram, então, coletadas, aliquotadas,
analisadas quanto à concentração proteica através de kit específico (BCA Protein Assay
Reagent, Thermo Scientific, IL, USA), para então, serem desnaturadas a uma
temperatura de 100 °C por 5 minutos.
41
Para analisarmos a ação da leptina a vel central foi avaliada a expressão de
Ob-R, NPY e POMC no hipotálamo. Foram utilizadas amostras contendo 10 µg/ml de
proteína em gel de poliacrilamida a 10% SDS. Na análise do tecido adiposo foi utilizado
conteúdo de proteína similar na amostra, contudo em gel de poliacrilamida a 12% de
SDS. Para a identificação dos respectivos pesos moleculares durante a separação das
proteínas por eletroforese, utilizou-se marcador de peso molecular específico (BIO-
RAD, Hercules, USA).
A partir de então, as proteínas foram transferidas para uma membrana de
nitrocelulose através de corrente elétrica (PVDF; Amersham Biosciences, Piscataway,
NJ, USA). O bloqueio de ligações inespecíficas foi realizado em uma solução de 5%
(peso/volume) de leite desnatado em T-TBS (Tris-HCL pH 7.5, 0.5mM NaCl, 0.05%
Tween 20) durante 1 hora e 30 minutos em mesa agitadora a temperatura ambiente.
Sequencialmente, as membranas foram incubadas, overnight a 4°C, com anticorpo
primário em T-TBS, sendo: policlonal anti-Ob-R na diluição 1:500 (Cabra, cód. sc-
1834, Santa Cruz Biotechnology, CA, USA); policlonal anti-NPY na diluição 1:500
(Coelho, cód. sc-28943, Santa Cruz Biotechnology, CA, USA); policlonal anti-POMC
na diluição 1:500 (Coelho, cód. sc-20148, Santa Cruz Biotechnology, CA, USA);
policlonal anti-leptina na diluição 1:1000 (Coelho, cód. L3410, Sigma-Aldrish, MO,
USA); monoclonal β-actina na diluição 1:1000 (Camundongo, cód. sc-81178 , Santa
Cruz Biotechnology, CA, USA).
Passado este processo, as membranas foram triplamente lavadas com T-TBS e
incubadas, por 1 hora em temperatura ambiente sob mesa agitadora, com anticorpo
secundário conjugado a peroxidase: anti-cabra para Ob-R na diluição 1:5000, anti-
coelho para NPY na diluição 1:3000 e POMC na diluição 1:5000 e anti-coelho para
leptina na diluição 1:11000 e anti-camundongo para β-actina na diluição 1:5000.
A visualização das bandas se deu através da incubação da membrana em
composto quimioluminescente (ECL, Amersham Biosciences, Piscataway, NJ, USA),
que após a devida reação, foi exposta a um filme de raio-X (Carestream Health, NY,
USA) por diferentes tempos. Para a quantificação da densidade das bandas utilizou-se o
software Image-Pro Plus, versão 7.0 (Media Cybernetics, Silver Spring, Md, USA)
através de imagens previamente digitalizadas.
42
3.10 Análise Estatística
Os dados são apresentados como média e erro padrão da média (EP). As
diferenças entre os grupos da mesma geração foram avaliadas pelo teste t-Student, assim
como as diferenças existentes entre as gerações (Prism version 5.0; Graph Pad Software,
San Diego, California, USA). A correlação entre massa corporal (variável dependente y)
x idade (variável independente x) foi testada nos diferentes grupos. O estudo bivariado
usou dados log-transformados e o modelo alométrico log y = log a + (b) log x[95].
Para corrigir o coeficiente angular quando as variáveis estão sujeitas a erro de medida
usou-se a técnica do “eixo maior reduzido” [96]. O coeficiente de correlação de Pearson
e a respectiva regressão linear foram estabelecidos para cada grupo de idade e, para a
observação de significância estatística, utilizou-se o “teste de tendências” comparando-
se as duas regressões (comparação de coeficientes alométricos) (Primer of Biostatistics,
version 5, McGraw-Hill Co., New York, USA). Em todos os casos o valor de P<0,05
foi considerado estatisticamente significativo.
43
4 RESULTADOS
4.1 Dados biométricos maternos (progenitoras F0 e F1) e tamanho das ninhadas
As progenitoras F0 submetidas ao déficit proteico ganharam menos peso durante
o período gestacional, contudo não apresentaram diferenças quanto ao tamanho (n) e
proporção de gêneros (macho / fêmea) das ninhadas. Entretanto, o peso das ninhadas foi
menor nas progenitoras F0 restritas em proteínas quando comparadas as mães controle.
O percentual de natimortos também foi maior na prole de progenitoras restritas. Com
relação aos dados biométricos maternos e características da prole F2 não foram
encontradas diferenças em relação ao seu grupo controle (Tabela 2).
44
Tabela 2. Biometria do período gestacional materno e tamanho das ninhadas. Legenda: F0: progenitoras que originaram as proles da primeira
geração; F1: progenitoras que originaram as proles da segunda geração; (a) diferença significativa com respectivo controle; (*) diferença
significativa com respectiva F0.
Progenitoras (n=5) F0 F1
Controle Restrita Controle Restrita
Massa corporal (g)
Acasalamento
30,2 ± 0,5 32,3 ± 1,0 34,2 ± 0,1 38,3 ± 2,0
1ª semana de gestação
30,8 ± 0,4 32,8 ± 1,5 36,3 ± 0,7 40,0 ± 2,0
2ª semana de gestação
35,7 ± 0,3 37,7 ± 2,2 40,4 ± 0,7 45,3 ± 1,6
3ª semana de gestação
49,1 ± 1,0 42,3 ± 2,1 52,0 ± 0,7 52,8 ± 1,5
Ganho de peso gestacional
18,8 ± 1,5 8,0 ± 2,0
a
17,8 ± 0,8 14,5 ± 1,7
Tamanho da ninhada (n)
11 ± 0,6 12 ± 0,9 10 ± 0,7 10 ± 0,7
Peso total da ninhada (g)
18,8 ± 0,7 9,8 ± 0,6
a
17,5 ± 0,6 17,4 ± 1,3*
% Natimortos
0 42
a
0 0*
Machos / Fêmeas
1:1 1:1 1:1 1:1
45
4.2 Biometria e morfometria dos adipócitos
A restrição proteica materna provocou um baixo peso ao nascimento (-40%;
p<0,0001) e menor CNA (-10%; p<0,01) em R1 quando comparado a C1. Contudo a
partir da semana de vida o peso da prole restrita igualou-se a prole controle
permanecendo desta forma até o final do experimento (Figura 7).
Com o intuito de confirmar um rápido desenvolvimento dos filhotes R1 realizou-
se um estudo alométrico, cujos resultados corroboraram com os dados biométricos
(Tabela 3). Nesta avaliação, evidenciou-se o crescimento catch-up de R1 ao longo da
lactação (p<0,0001), sendo inclusive, mais intenso na 2ª semana de vida (p<0,01)
(Figura 8). Adicionalmente, a prole R1 continuou apresentando elevada taxa de
crescimento após o desmame, principalmente entre o e o mês de vida (p<0,05)
demonstrando, portanto, que apesar da similaridade da MC na 16ª semana de vida, os
animais R1 apresentam uma tendência a um futuro sobrepeso quando comparados aos
animais C1 (Figura 9).
Diferentemente de F1, a prole R2 não mostrou diferença significativa na MC e
CNA ao nascimento e durante todo o experimento (Figura 7). Entretanto, observou-se
maior incremento de MC na prole R2 no período pós-desmame (+60%; p<0,0001), fato
este, também confirmado pelo estudo bivariado, evidenciando assim, tendência à
obesidade e indicando comportamento semelhante entre os grupos restritos de ambas as
gerações (Figura 9).
46
Figura 7. Gráficos de evolução da massa corporal durante a lactação e período pós-
desmame. Dados analisados pelo teste t Student: (a) diferença significativa quando
comparado ao grupo controle, (*) diferença significativa quando comparado ao
respectivo grupo em F1. Legenda: C1: prole controle da primeira geração; R1: prole
restrita da primeira geração; C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da
segunda geração.
47
Tabela 3. Comparação entre as razões de crescimento utilizando modelo alométrico. Regressão linear com dados log-transformados baseada na
idade dos filhotes (dias - variável independente, x) em relação à massa corporal (gramas - variável dependente, y) considerando a equação log y
= log a + (b) log x. Os dados foram expressos como Slope corrigido pelo eixo maior reduzido. Legenda: C1: prole controle da primeira geração;
R1: prole restrita da primeira geração; C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da segunda geração; (a) diferença significativa
quando comparado ao grupo controle, (*) diferença significativa quando comparado ao respectivo grupo em F1.
Dias Meses
0 – 21
0 - 7 7 - 14 14 - 21
1-4
1-2 2-3 3-4
F1
C1 0,75 (0,01) 0,71 (0,02) 0,81 (0,04) 0,90 (0,06) 0,46 (0,04) 0,85 (0,08) 0,42 (0,08) -0,47 (0,11)
R1 0,88 (0,02)
a
0,79 (0,05) 1,30 (0,13)
a
0,95 (0,12) 0,58 (0,04)
a
0,86 (0,10) 0,70 (0,15) 0,91 (0,22)
a
F2
C2 0,75 (0,02) 0,70 (0,02) 0,83 (0,06) 1,11 (0,12) 0,44 (0,03) 0,85 (0,07) 0,43 (0,10) -0,53 (0,14)
R2 0,72 (0,02)* 0,60 (0,03)
a
* 0,88 (0,08) 1,20 (0,13) 0,53 (0,03)
a
0,91 (0,06) 0,61 (0,14) -0,53 (0,16)
48
Figura 8. Gráficos do estudo alométrico com as respectivas equações da reta referentes ao período de lactação das proles F1 e F2. (A)
Comparação entre as regressões lineares de F1. (B) Comparação entre as regressões lineares de F2. Legenda: C1: prole controle da primeira
geração; R1: prole restrita da primeira geração; C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da segunda geração; R: coeficiente de
correlação; P: nível de significância.
49
Figura 9. Gráficos do estudo alométrico com as respectivas equações da reta referentes ao período pós-desmame das proles F1 e F2. (A)
Comparação entre as regressões lineares de F1. (B) Comparação entre as regressões lineares de F2. Legenda: C1: prole controle da primeira
geração; R1: prole restrita da primeira geração; C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da segunda geração; R: coeficiente de
correlação; P: nível de significância.
50
Embora não tenham sido encontradas diferenças entre todos os grupos estudados
na 16ª semana de vida, R1 e R2, apresentaram um grande aumento no percentual de
gordura corporal total (R1: +80% e R2: +100%; p<0,05), caracterizado por aumento
tanto de gordura visceral (R1: +150% e R2: +140%; p<0,01) quanto de gordura
subcutânea (R1: +80% e R2: +95%; p<0,01), indicando resultados similares entre as
gerações. Analisando-se a razão gordura subcutânea / gordura visceral não foram
encontradas diferenças entre os grupos, indicando que R1 e R2 apresentam um aumento
simultâneo desses dois tipos de gordura (Tabela 4). Concomitantemente a este
resultado, através do estudo em microscopia de luz evidenciou-se uma importante
hipertrofia das células adiposas em R1 e R2, sem diferenças entre as gerações (R1 e R2:
+70%; p<0,0001) (Figura 10).
51
Tabela 4. Adiposidade. Dados analisados pelo teste t Student e expresso como média ±
erro padrão da média: (a) diferença significativa quando comparado ao grupo controle.
Legenda: C1: prole controle da primeira geração; R1: prole restrita da primeira geração;
C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da segunda geração.
Parâmetros C1 R1 C2 R2
% Gordura corporal 3,62±0,59 6,61±0,87
a
2,57±0,60 5,22±0,91
a
Gordura visceral (g) 0,58±0,09 1,45±0,25
a
0,50±0,13 1,17±0,23
a
Gordura subcutânea (g) 0,11±0,02 0,20±0,03
a
0,13±0,04 0,26±0,03
a
Gordura subcutânea / visceral (g/g) 0,20±0,04
0,17±0,01 0,20±0,03 0,18±0,01
52
Figura 10. Média da área seccional dos adipócitos. Os valores da média acompanhados
do erro padrão da média são representados pelas barras verticais. Dados analisados pelo
teste t Student: (a) diferença significativa quando comparado ao grupo controle, (*)
diferença significativa quando comparado ao respectivo grupo em F1. Fotomicrografias
do tecido adiposo com mesmo aumento (Hematoxilina-Eosina) evidenciando grupos
controles com adipócitos de tamanho normal e grupos restritos com adipócitos
hipertrofiados. Legenda: C1: prole controle da primeira geração; R1: prole restrita da
primeira geração; C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da segunda
geração.
53
4.3 Perfil lipídico
Modificações no perfil lipídico também foram evidenciadas nos grupos restritos
de ambas as gerações. R1 e R2 apresentaram hipercolesterolemia (R1 e R2: +30%;
p<0,0001) e hipertrigliceridemia (R1: +55% e R2: +110%; p<0,0001), entretanto R2
apresentou níveis mais elevados de triglicerídeos comparado a R1 (+25%; p<0,01)
(Tabela 5).
4.4 Perfil metabólico (homeostasia da glicose e concentrações hormonais)
Na 16ª semana de vida, R1 e R2 demonstraram uma significativa hiperglicemia
(R1 e R2: +25%; p<0,01) acompanhada de elevação dos valores de insulina sérica (R1:
+130% e R2: +150%; p<0,01). Não foram encontradas diferenças estatísticas entre R1 e
R2 acerca destes parâmetros (Tabela 5).
Corroborando com estes dados que indicam uma disfunção no metabolismo dos
carboidratos, R1 e R2 demonstraram elevadas glicemias nos diferentes tempos
analisados do TOTG, promovendo uma maior área sob a curva (R1: +25% e R2: +30%;
p<0,01) e evidenciando um quadro de intolerância a glicose em F1 e F2 (Figura 11).
Esta mesma condição reproduziu-se no TIPTI, onde R1 e R2 demonstraram alterações
na curva glicêmica, indicando uma resistência insulínica (R1: +105%; p<0,0001 e R2:
+40%; p<0,05) (Figura 11), também evidenciada pelo HOMA-IR (R1: +230% e R2:
+260%; p<0,01) (Tabela 5). Contudo, baseado nos resultados de HOMA-β, R1
demonstrou maiores transtornos na capacidade funcional das células beta pancreáticas
em comparação a C1(+70%; p<0,05) e R2 (+60%; p<0,05) (Tabela 5).
Como fator adicional a resistência insulínica, R1 e R2 apresentaram elevados
níveis plasmáticos de resistina quando comparados a C1 e C2, respectivamente (R1:
+40% e R2: +55%; p<0,05) sem diferença significativa entre F1 e F2 (Tabela 5).
Portanto, nas análises realizadas para avaliação da homeostasia da glicose, onde
foram observadas diferenças entre R1 e R2 no TIPTI e HOMA-beta, tem-se o indicativo
de resistência insulínica mais pronunciada em F1.
54
4.5 Relação: ingestão alimentar e leptina sérica
A análise do comportamento alimentar não demonstrou diferenças significativas
entre os grupos durante o experimento. Contudo, R1 e R2 apresentaram altas
concentrações de leptina sérica quando comparados a C1 e C2, respectivamente (R1:
+220%; p<0,001 e R2: +610%; p<0,0001) indicando um quadro de resistência a leptina
nas proles restritas. Interessantemente, os resultados de leptina sérica de R2 foram mais
elevados que R1 (+90%; p<0,01). Ambos os grupos restritos evidenciaram uma
diminuição da sensibilidade endógena a leptina, quando avaliada a relação entre
ingestão calórica e leptina sérica, em comparação aos seus respectivos grupos controle
(R1 e R2: -200%; p<0,01) não existindo diferença entre F1 e F2 (Tabela 5).
55
Figura 11. Gráficos da área sob a curva e evolução da glicemia do TOTG e TIPTI.
Figura (A) e figura (B) representam as análises de TOTG e TIPTI, respectivamente. Os
valores da média da área sob a curva com o erro padrão da média são apresentados pelas
barras verticais. Dados analisados pelo teste t Student:(a) diferença significativa quando
comparado ao grupo controle, (*) diferença significativa quando comparado ao
respectivo grupo em F1. Legenda: C1: prole controle da primeira geração; R1: prole
restrita da primeira geração; C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da
segunda geração.
56
Tabela 5. Bioquímica, hormônios e comportamento alimentar. Dados analisados pelo
teste t Student e expresso como média ± erro padrão da média: (a) diferença
significativa quando comparado ao grupo controle, (*) diferença significativa quando
comparado ao respectivo grupo em F1. Legenda: C1: prole controle da primeira
geração; R1: prole restrita da primeira geração; C2: prole controle da segunda geração;
R2: prole restrita da segunda geração.
Parâmetros C1 R1 C2 R2
Bioquímica e hormônios
Colesterol (mg/dl) 102±3,56 128±3,26
a
99±2,40 125±2,84
a
Triglicerídeos (mg/dl) 43±2,48 67±3,13
a
39±1,75 83±2,31
a
*
Glicemia de jejum (mg/dl) 129±6,01 163±5,89
a
117±5,77 144±9,77
a
Insulina (µUI/ml) 15,91±2,09 36,65±4,63
a
12,62±1,05 31,82±7,71
a
HOMA – IR 4,36±0,57 14,39±2,19
a
3,66±0,42 13,06±3,28
a
HOMA – β 84,01±5,83 139,40±15,62
a
86,01±6,58 85,61±11,19*
Resistina (ng/ml) 1,27±0,18 1,83±0,10
a
1,35±0,16 2,11±0,25
a
Leptina (ng/ml) 1,84±0,16 5,86±0,74
a
1,55±0,12 10,97±0,78
a
*
Comportamento alimentar
Ingestão alimentar (g/dia) 5,00±0,23 4,78±0,32 5,74±0,38 5,97±0,32*
Ingestão alimentar / Massa
corporal (g/g)
11,64±0,43 11,91±0,56 12,68±0,60 12,61±0,41
Ingestão calórica (kcal/dia) /
Leptina (ng/ml)
0,06±0,01 0,02±0,001
a
0,06±0,01 0,02±0,003
a
57
4.6 Expressão de leptina pelo tecido adiposo visceral e sua sinalização em núcleos
hipotalâmicos
R1 e R2 em comparação com C1 e C2, respectivamente, apresentaram aumento
da expressão de leptina pelo tecido adiposo visceral (R1 e R2: +35%; p<0,01) (Figura
12). Centralmente, embora não tenham sido encontradas diferenças quanto à expressão
dos receptores de leptina (Ob-R) no hipotálamo dos grupos estudados (Figura 12),
observou-se na disfunção na expressão de neuropeptídeos hipotalâmicos, representados
por maior expressão de NPY em R1 e R2 (R1 e R2: +60%; p<0,05) e decréscimo de
POMC somente em R1 (-105%, p<0,05) quando comparados aos grupos controles
(Figura 13). Ressalta-se que o peso do cérebro (C1: 0,19 ± 0,005; R1: 0,18 ± 0,005; C2:
0,18 ± 0,003; R2: 0,19 ± 0,003), assim como a marcação de β-actina pelo western
blotting não apresentou diferença em nenhum dos grupos avaliados.
58
Figura 12. Gráficos da expressão de leptina no tecido adiposo visceral (A) e receptor
hipotalâmico de leptina (B) por western blotting. Os valores da média com o erro
padrão da média são representados pelas barras verticais com as respectivas bandas
imunomarcadas, demonstrando aumento da expressão de leptina no tecido adiposo e
receptores hipotalâmicos inalterados nos grupos restritos. Dados analisados pelo teste t
Student sendo: (a) diferença significativa quando comparado ao grupo controle.
Legenda: C1: prole controle da primeira geração; R1: prole restrita da primeira geração;
C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da segunda geração.
59
Figura 13. Gráficos da expressão de NPY (A) e POMC (B) por western blotting. Os
valores da média com o erro padrão da média são representados pelas barras verticais
com as respectivas bandas imunomarcadas demonstrando aumento da expressão de
NPY em ambos os grupos restritos e diminuição de POMC somente no grupo restrito da
primeira geração. Dados analisados pelo teste t Student sendo: (a) diferença significativa
quando comparado ao grupo controle, (*) diferença significativa quando comparado ao
respectivo grupo em F1. Legenda: C1: prole controle da primeira geração; R1: prole
restrita da primeira geração; C2: prole controle da segunda geração; R2: prole restrita da
segunda geração.
60
5 DISCUSSÃO
Neste estudo a dieta com restrição intensa de proteínas foi administrada na
gestação de mães F0 com consequentes alterações orgânicas e metabólicas em F1 e F2.
Além das modificações esperadas observadas na massa corporal da prole, também
observou-se que, tanto o metabolismo glicídico quanto os mecanismos centrais de
sinalização da leptina são profundamente influenciados pelo estado nutricional materno.
Tais efeitos não ficam limitados à F1 e também são observados na prole F2.
A diminuição do peso da prole de es restritas em proteína foi evidente ao
nascimento. Não obstante, as alterações no crescimento e peso dos animais não foram
limitadas ao período de gestação. A nutrição pós-natal foi fundamental para a
determinação do crescimento subsequente. Como evidência disso, animais do grupo R1
experimentaram recuperação da massa corporal (catch-up) durante o período da
lactação, alcançando a massa corporal dos controles até o desmame. No entanto o que
parece ser uma vantagem é, na verdade, uma desvantagem, uma vez que o crescimento
fetal deficiente acompanhado por um rápido crescimento pós-natal aumenta o risco de
desenvolvimento de doenças crônicas na fase adulta e está associado com a diminuição
da longevidade [35], demonstrando, portanto, que nutrição materna durante períodos
críticos de desenvolvimento exerce impacto e efeitos persistentes na quantidade e na
qualidade de vida [36], e que o crescimento catch-up deve ser considerado como um
ponto fundamental da programação da obesidade na vida adulta [97]. Afinal, este
dinâmico processo é caracterizado por uma rápida deposição de gordura corporal em
detrimento de massa magra [98].
Aos quatro meses de idade, as proles R1 e R2 não apresentaram diferença no
peso corporal quando comparados aos animais controle, corroborando com achados
prévios na literatura [99, 100]. Contudo, a realização de estudo alométrico evidenciou
um maior incremento na taxa de crescimento durante o período pós-desmame em ambas
as gerações, justificando o maior ganho de massa corporal durante o período de
experimentação. Tais resultados indicam a instalação de um futuro quadro de sobrepeso
e, consequentemente, um agravamento das disfunções metabólicas já evidenciadas.
O desenvolvimento do tecido adiposo inicia-se no feto e, diferentemente de
outros tecidos, este apresenta uma capacidade ilimitada de crescimento [101]. No atual
estudo, observamos que o aumento da adiposidade aconteceu nos animais do grupo R1
61
e R2 e foi acompanhado por alterações na homeostase glicêmica. O fenótipo
hipertrófico resultado do catch-up predispõe a uma diminuição da sensibilidade à
insulina no tecido adiposo e aumento da secreção de adipocinas inflamatórias que
induzem a resistência nos demais tecidos sensíveis à insulina [102, 103], e/ou
“transbordamento” de lipídeos para células o adiposas (lipotoxicidade ectópica)
exacerbando a resistência insulínica sistêmica e piorando a tolerância à glicose [98]. O
presente estudo encontrou aumento da insulina plasmática, HOMA-IR, HOMA-beta,
elevados níveis de resistina e alterado TOTG e TIPTI em F1 e também em F2,
demonstrando que a programação metabólica promove alterações no metabolismo
glicídico sendo transmitida a geração posterior.
Outro tema que avaliamos foi os níveis séricos de leptina. A leptina é um
hormônio derivado do tecido adiposo essencial ao controle nervoso central do apetite e
do balanço energético [104]. Como esperado, nossos resultados mostraram que a
concentração de leptina esteve associada com a percentagem da massa adiposa corporal
tanto em F1 como em F2. A despeito da hiperleptinemia, a ingestão alimentar não foi
afetada pela restrição proteica fetal, como em estudos anteriores [99]. No entanto, ao
analisarmos a sensibilidade endógena à leptina encontramos baixos níveis em R1 e R2
sugerindo uma resistência à ação da leptina. Assim, o aumento da adiposidade
observada nos animais restritos, provavelmente, não foi provocado por uma diferença
na ingestão energética, e sim por um possível fenótipo econômico presente nestes
animais [6].
Como descrito anteriormente, as proles R1 e R2 apresentaram aumento dos
níveis séricos de leptina e insulina, componentes relacionados a uma disfunção no eixo
adipoinsular. A insulina é adipogênica e aumenta a produção de leptina pelo tecido
adiposo, enquanto que a leptina por sua vez, inibe a produção de insulina pelas células
beta pancreáticas [58]. Assim, este mecanismo estabelece um ciclo vicioso de
resistência a leptina resultando em uma hipersecreção de insulina [59]. A
hiperleptinemia em presença de hiperinsulinemia das proles restritas sugerem o
desenvolvimento de resistência a leptina ao nível das células beta em ratos [105].
Adicionalmente, todas estas disfunções convergem para alterações no metabolismo
lipídico que podem ser uma consequência da expressão gênica do metabolismo de
gorduras somado a sinalização de insulina e envelhecimento [106], o que caracteriza os
altos níveis de colesterol e triglicerídeos demonstrados em R1 e R2.
62
As alterações na adiposidade ganham importância especial considerando que o
sistema regulatório do balanço energético é regulado por um feedback entre hormônios
periféricos e sinais metabólicos com circuitos centrais mediados pelo hipotálamo [3]. O
presente estudo considera que todas essas alterações na adiposidade podem favorecer a
desregulação hipotalâmica, principalmente pelo fato de que R1 e R2 apresentaram
aumento da expressão de leptina pelo tecido adiposo visceral. Neste processo tanto a
insulina quanto a leptina controlam o estado nutricional e os estoques de energia,
através da modulação da expressão de neuropeptídeos, como NPY e alfa-MSH
(derivado da POMC) em núcleos hipotalâmicos [71, 75]. Somado a este fato, o
hipotálamo apresenta papel fundamental na programação fetal e no desenvolvimento do
neonato. Em roedores, diversos estudos sugerem que uma “má-programação”
hipotalâmica inicia-se na vida intrauterina e perdura durante o período da lactação,
originando um distúrbio na organização neural, e consequentemente, disfunções na vida
adulta [100]. Mais recentemente, demonstrou-se que a restrição proteica materna pode
afetar o desenvolvimento fetal do cérebro em virtude de um significativo decréscimo na
expressão de 16 genes envolvidos na metilação do DNA, proliferação celular,
sinaptogênese e processos de desenvolvimento [107]. Este fato demonstra que o cérebro
fetal de camundongos responde de maneira adaptativa a um inadequado status
nutricional materno podendo alterar a regulação da termogênese e acúmulo de gordura
no feto [10], e que a fase de lactação atua como um período crítico de desenvolvimento,
sugerindo que a nutrição no início da vida pode promover significativas mudanças
relacionadas ao pico de leptina plasmática responsável pela função neurotrófica do
hipotálamo [77].
Diante de uma restrição proteica perinatal observa-se uma complexa
desorganização dos principais centros reguladores do peso corporal e do metabolismo
que pode levar a uma hipofagia e baixo peso [50]. Contudo, uma vez reestabelecida a
nutrição adequada durante a lactação, os animais apresentam, através do mecanismo de
crescimento catch-up, uma melhora no pico de leptina e consequentemente, uma
melhora no processo de neurodesenvolvimento e arranjo dos circuitos do núcleo
arqueado. Entretanto, esta condição aparentemente benéfica não previne o surgimento
precoce da resistência a leptina [107].
A restrição proteica materna originou um estado de resistência tanto da leptina
quanto da insulina. A resistência à leptina verificada através da relação entre ingestão
calórica / concentração sérica de leptina evidenciou a condição de uma inalterada
63
ingestão energética frente a uma elevada concentração de leptina plasmática, indicando
assim, alteração na homeostasia energética [94]. Centralmente, esta resistência pode ser
decorrente de distintas razões como: falha da leptina em transpor a barreira hemato-
encefálica, uma down-regulation dos receptores hipotalâmicos ou anormalidade nas vias
de sinalização intracelular [55].
Para testarmos a causa da resistência a leptina nos animais restritos, mensuramos
a expressão de receptores Ob-Rb, NPY e POMC por western blotting. Neurônios que
expressam NPY no núcleo arqueado co-expressam receptores de leptina e insulina
[108], sendo estas relacionadas à inibição da expressão de NPY [109]. Contrariamente,
POMC é precursor de anorexígenos do sistema melanocortina [110], como alfa-MSH,
sendo crucial para a regulação da ingestão alimentar e homeostasia do peso corporal, e
estimulado pela leptina [111]. Por conseguinte, os altos níveis de leptina representam
um sinal positivo de balanço energético e contrabalançam este estado através do
aumento da expressão de genes anorexigênicos, como POMC, e diminuição da
expressão de genes orexigênicos, como NPY [100], através da sinalização de receptores
Ob-Rb em um mecanismo saturável [94, 112]. No entanto, nossos resultados apontam
uma disfunção na modulação de neuropeptídeos hipotalâmicos provocada pela restrição
proteica em ambas as gerações. A relevância de tais resultados encontra-se no fato de
que pouquíssimos dados experimentais referem-se às consequências em longo prazo da
desnutrição materna durante a gestação na expressão de genes neuroendócrinos nas
proles adultas.
Os animais gerados por mães restritas em proteínas não apresentaram mudanças
na expressão do receptor Ob-Rb, contudo a expressão dos neuropeptídeos hipotalâmicos
mostrou-se desregulada. Contrariando as ações fisiológicas da leptina, a expressão de
NPY apresentou-se elevada com concomitante diminuição de POMC em R1.
Interessantemente, esta condição continuou sendo evidenciada em R2, somente com a
exceção da expressão de POMC que foi similar ao respectivo grupo controle.
Adicionalmente, a falha da hiperleptinemia na regulação dos níveis de NPY nas proles
restritas deste estudo sugere que os neurônios NPY são mais sensíveis aos efeitos
supressores da leptina (resistência neuronal de NPY) [113]. Alguns estudos descrevem
alterações nos neurônios NPY, assim como aumento da expressão gênica, em proles na
fase fetal e na vida pós-natal, suportando o conceito de que o sistema NPY representa
uma chave na programação do desenvolvimento perinatal, possivelmente, desregulando
o peso corporal [10, 114].
64
Os mecanismos envolvidos nesta ineficiente sinalização hipotalâmica das proles
restritas podem ser oriundos da disfunção das vias de sinalização intracelular,
possivelmente, mediada por componentes, como SOCS3 e PTP1B, que exercem efeitos
regulatórios negativos da sinalização. Somente, a isoforma OB-Rb contém domínio
intracelular capaz de ativar a via de sinalização JAK/STAT [115], e necessita
obrigatoriamente de componentes constitutivos de quinases citoplasmáticas,
principalmente JAK2 [116]. Neste processo, a SOCS3 endógena passa a inibir a
fosforilação de Ob-R [82] e PTP1B causa uma desfosforilação de JAK2 [83],
configurando-se então como componentes que promovem o estado de resistência a
sinalização de leptina.
Considerando então, o tipo de programação metabólica, acreditamos que a causa
deste estado de resistência à leptina baseia-se na programação do fenótipo econômico
associada a disfunções hipotalâmicas e aumento da adiposidade na prole R1. cada
vez mais evidências de que alguns componentes hereditários de susceptibilidade a
doenças crônicas, como o diabetes tipo 2, obesidade e doença cardiovascular, são
transmitidos não-genomicamente [117]. Então, processos através dos quais influências
ambientais agem durante o início do desenvolvimento para definir o risco para doenças
na vida adulta, podem ter efeitos além de uma única geração. Essa herança pode operar
através de mecanismos epigenéticos envolvendo a regulação de genes imprintados ou
não imprintados, mas também por meio de mecanismos relacionados à fisiologia
parental ou ao comportamento [118]. Os conceitos fundamentais do efeito
transgeracional consistem na progressão de um fenótipo sadio para um de doença
crônica devido a mudanças na expressão gênica ou por diferenças na atividade de
proteínas ou enzimas, e que substâncias químicas da dieta regulam direta ou
indiretamente a expressão da informação genômica [119].
Especificamente, em R2 as alterações metabólicas estabelecida nas fêmeas R1
podem ser consideradas como um fator adicional à transmissão do fenótipo alterado a
prole R2. Associados a este fato, alterações na glicemia materna podem ser importantes
contribuintes da resistência a leptina sem, aparentemente, estarem relacionadas a uma
redução no número de receptores de leptina [120]. Mães hiperglicêmicas geram proles
com uma “má-organização” dos neurônios hipotalâmicos, mostrando um aumento da
imunopositividade para NPY e AgRP e decréscimo para MSH sem modificações na
expressão de POMC, após o desmame [121].
65
É importante ressaltar que todas as alterações em R2 demonstradas neste estudo
podem também sofrer com interferências da modulação epigenética. Estudos prévios
demonstram que a transmissão da programação do desenvolvimento pode ocorrer
devido a mudanças na expressão gênica em alterações na sequencia do DNA [122]
resultado da metilação do DNA [123] ou mudanças nas regiões terminais das histonas
[124]. Adicionalmente, a programação metabólica intergeracional pode ser promovida
por uma alteração no DNA mitocondrial, levando a transmissão do fenótipo alterado a
geração subsequente através da linhagem materna [46].
O presente estudo reforça o crescente conceito na literatura de que a nutrição
fetal e no início da vida afeta o sistema de balanço energético e em conclusão demonstra
que uma severa restrição proteica materna promove uma programação caracterizada por
aumento da adiposidade com alteração no perfil lipídico, intolerância a glicose e
resistência insulínica devido a perturbações no eixo adipoinsular e um estado de
resistência hipotalâmica à leptina nas proles F1 e F2.
66
6 CONCLUSÃO
Considerando os resultados apresentados, conclui-se que uma severa restrição
protéica materna, exclusiva ao período gestacional, é capaz de promover uma
programação metabólica intergeracional nas proles F1 e F2 de camundongos suíços
machos. Tais disfunções foram caracterizadas por: aumento da adiposidade com
elevação da expressão de leptina pelo tecido adiposo visceral; hiperglicemia;
hipercolesterolemia; hipertrigliceridemia; perturbação na homeostase glicêmica,
representada por intolerância à glicose e resistência insulínica; além de elevação dos
níveis séricos de resistina e leptina nos grupos R1 e R2. Sendo assim, considera-se uma
perturbação do eixo adipoinsular e um estado de resistência a leptina, identificado
principalmente pela diminuição de sensibilidade endógena a leptina em ambos os
grupos restritos. Acredita-se que este mecanismo de resistência hipotalâmica, deriva-se
de falhas na transdução de sinal da leptina, através de interferências nas cascatas de
sinalização intracelular, afinal o presente estudo não observou alterações na expressão
dos receptores de leptina em nenhum dos grupos avaliados, no entanto, identificou um
aumento da expressão de NPY em ambos os grupos restritos e uma diminuição de
POMC no grupo restrito da primeira geração.
67
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ANEXO A
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ANEXO B
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