Como importadores de tecnologia de países desenvolvidos temperados,
caímos no erro gravíssimo de ignorar a verdade ecológica de que nos
ecossistemas tropicais a diversisdade de espécies e, consequentemente, as
interações entre os vários níveis tróficos das teias alimentares, é muito maior do
que nos ecossistemas de clima temperado. Isso sugere maior importância dos
fatores bióticos naturais (competidores, inimigos naturais e patógenos) na
estabilidade das populações das espécies animais e vegetais (PASCHOAL,
1978a, p. 5).
Sobre essa temática, Paschoal (1983a) relata que nos agroecossistemas
tropicais
[...] a constância climática e a grande diversidade de organismos
determinam a maior estabilidade desses sistemas, com os seus numerosos
predadores e parasitos sincronizados não com o ambiente físico, mas sim, e
principalmente, com o ambiente biológico, ou seja, com as inúmeras espécies
fitófagas de que se nutrem. Nos trópicos, erupções de pragas são
extremamente raras, o que demonstra a grande eficiência dos inimigos naturais
e competidortes na estabilização das populações das pragas durante o ano
todo. Em tais sistemas o uso de agrotóxicos é muito mais prejudicial do que
benéfico, pelos desequilíbrios que geram (PASCHOAL, 1983a, p. 31).
Nos trópicos, segundo o autor, só ocorrem problemas de pragas quando há
interferências humanas nos agroecossistemas.
Isso acontece devido a importações acidentais de espécies fitófagas
exóticas sem os seus inimigos; pela destruição dos inimigos naturais das
espécies indígenas, pelo uso de agrotóxicos; e pelas modificações do ambiente
onde vivem as plantas e das características intrínsecas das próprias plantas, de
modo a favorecer as espécies fitófagas e ou desfavorecer os seus inimigos
naturais e competidores, através de práticas agrícolas desaconselháveis para
os trópicos, como monoculturas, variedades mais produtivas, adubação
inorgânica, etc. (PASCHOAL, 1983a, p. 31-32).
Segundo Girardi (2000)
O uso dos insumos ditos modernos (adubação solúvel e agrotóxicos) e
dos tratos culturais apregoados pela moderna agricultura, amplamente
difundidos através da Revolução Verde, tornam a planta sensível à ação dos
insetos e microrganismos. Entretanto, em nome desta agricultura, que nunca
procura verificar as causas dos problemas, mas combater os sintomas, as
aplicações de agrotóxicos tornaram-se cada vez mais volumosas. A medida, por
outro lado, aumenta a resistência de tais organismos aos próprios agrotóxicos
fazendo com que ocorra um ciclo vicioso. Da mesma forma, a simplificação dos
ecossistemas, em consequência das monoculturas, praticamente elimina as
plantas nativas (consideradas ervas daninhas pelo paradigma da moderna
agricultura) que constituem o alimento preferencial dos insetos, levando-os a
procurar as culturas semeadas. Tais monoculturas, em oposição à