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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA FÍSICA, QUÍMICA E GEOLÓGICA
DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DE MÉTODO PARA
ANÁLISE DE ANATOXINA-A EM AMOSTRAS AMBIENTAIS
WILSON ALVES COLVARA
Dissertação apresentada como parte integrante
dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em
Oceanografia Física, Química e Geológica.
Orientador: Prof. Dr. João Sarkis Yunes
Co-Orientador: Prof. Dr. Alexandre Matthiensen
RIO GRANDE – RS – BRASIL
2005
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11
Querer vencer significa já ter percorrido metade do caminho
da vitória .
Paderewsky
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Moacir e Olinda ao meu irmão, pela credibilidade e apoio e a minha
noiva, Júlia, pelo incentivo, força e carinho.
Ao Prof. Dr. João Sarkis Yunes pela orientação, confiança e oportunidades de
crescimento pessoal e profissional.
Ao Prof. Dr. Alexandre Matthiensen, agradeço por sua dedicação e conhecimentos
transmitidos.
Aos amigos Gilmar, Eder, Luciano, Priscilla, Lígia, Sheila, Janaina, Paula, e toda
turma da UPC e da Hidroquímica, em especial à Nérile e Patrícia, meu agradecimento
pela amizade, ajuda e dedicação durante a execução deste trabalho.
Aos professores Felipe Niencheski, Gilberto Fillmann, Maria da Graça Baumgarten,
Mônica Wallner, Osmar Möller, Lauro Calliari, Virginia Garcia.
Aos funcionários Vanderlen, Júnior, Lúcia e Clabisnei, aos quais agradeço o apoio e a
amizade.
A colaboração do Prof. Dr Éder João Lenardão e do Prof. Dr Ednei Gilberto Primel
Às empresas conveniadas ao laboratório da UPC: CORSAN, SANEPAR, SABESP e
SAMAE, pela disponibilização de amostras e informações que possibilitaram o
desenvolvimento da pesquisa.
Aos órgãos apoiadores deste trabalho: FAURG e FURG pela disponibilização dos
recursos necessários, a CAPES pela concessão de bolsa de Mestrado.
13
LISTA DE ABREVIATURAS
CLAE - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CV – Coeficiente de Variação
C18 – Sílica modificada com hidrocarboneto linear 18 Carbono
DL – Dose Letal
DP – Desvio Padrão
ETA - Estação de Tratamento de Água
FL – Fator de Linearidade
GTX – Goniautoxina
i.p. – intraperitonial
LDE – Limite de Detecção do Equipamento
LDM – Limite de Detecção do Método
LPS – Lipopolissacarídeos
LQM – Limite de Quantificação do Método
M – Mol por Litro
NBD-F – 4-fluoro-7-nitro-benzofurano
p.c. – peso corporal
PSP – Paralytic Shellfish Poisons
R – Recuperação
STX – Saxitoxina
TFA – Ácido Triflúoracético
UPC- Unidade de Pesquisa em Cianobactérias
v/v – Volume por Volume
WCX - Cartucho de troca catiônica fraca
14
SUMÁRIO
RESUMO 10
ABSTRACT 11
I INTRODUÇÃO 12
I.1 Cianobactérias 12
I.2 Florações 14
I.3 Toxinas de Cianobactérias 15
I.3.1 Dermatotoxinas . 17
I.3.2 Hepatotoxinas . 18
I.3.3 Neurotoxinas . 21
I.4 Outros compostos de cianobactérias 26
I.5 Casos de intoxicações 27
I.6 Legislação sobre cianotoxinas 28
I.7 Modo de detecção 32
I.8 Cromatografia 33
II OBJETIVOS 37
III MATERIAIS E MÉTODOS 38
III.1 Reagentes e equipamentos 38
III.2 Condições cromatográficas 39
III.3 Métodos de extração 40
III.4 Métodos de derivatização pré-CLAE
. 40
III.5 Curva de calibração
. 41
III.6 Métodos de Concentração e purificação 41
III.7 Análise Direta
47
III.8 Teste de estabilidade da anatoxina-a em
função da temperatura e do tempo 47
III. 9 Estocagem de padrão em etapas da análise
48
III. 10 Análises realizadas após o método ser otimizado 48
IV RESULTADOS 50
15
IV.1 Métodos de detecção de anatoxina-a 50
IV.2 Métodos de concentração e purificação 58
IV.3 Análise em amostras de cianobactérias 68
V DISCUSSÕES 71
VI CONCLUSÕES 76
VII CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS 78
VIII BIBLIOGRAFIA 79
ANEXOS 89
LISTA DE FIGURAS
16
Figura I.1: Estrutura da aplisiatoxina..............................................................................................17
FiguraI.2: Estrutura da microcistina de cianobactérias........................................20
Figura I.3: Estrutura geral das toxinas PSP............................................................22
Figura I.4: Estruturas das neurotoxinas, anatoxina-a..............................................23
Figura I.5: Ação da anatoxina-a...............................................................................24
Figura I.6: Estrutura química da anatoxina-a (S).....................................................25
Figura III.1: Equipamento de CLAE......................................................................38
Figura III.2: Sonificador Ultrasonic Processor......................................................40
Figura III.3: Reação do NBD-F com anatoxina-a...................................................41
Figura III.4: Bomba Milipore, conectada aos cartuchos C18 e WCX ...................42
Figura III.5: Chapa de aquecimento........................................................................45
Figura III.6: Chapa de aquecimento com borbulhamento de nitrogênio ................45
Figura III.7: Chapa de aquecimento com borbulhamento de nitrogênio em
câmara de vácuo ..........................................................................................................46
Figura III.8: Rota evaporador com borbulhamento de nitrogênio ............. ............47
Figura IV.1: Cromatograma de padrões de anatoxina-a derivatizado pré-CLAE
e detecção por fluorescência.........................................................................................50
Figura IV.2: : Cromatograma, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão
0,5mL/ minuto, temperatura do forno 35 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/
água 45:55 vazão 0,5mL/minuto, temperatura do forno 40 ºC.....................................51
Figura IV.3: Cromatograma,
- Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão
0,7mL/ minuto, temperatura do forno 30 ºC,
- Fase móvel Acetonitrila/
água 45:55 vazão 0,7mL/ minuto, temperatura do forno 40 ºC ....................................52
Figura IV.4: Cromatograma,
- Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão
0,9mL/ minuto, temperatura do forno 30 ºC,
- Fase móvel Acetonitrila/ água
45:55 vazão 0,9mL/ minuto, temperatura do forno 35 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/
água 45:55 vazão 0,9mL/ minuto, temperatura do forno 40 ºC,- Fase móvel
Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,9mL/ minuto, temperatura do forno 45 ºC.................53
Figura IV.5: Cromatograma, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 45 ºC,
- Fase móvel Acetonitrila/ água 50:50 vazão
17
0,9mL/ minuto, temperatura do forno 45 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 55:45
vazão 0,9mL/ minuto, temperatura do forno 45 ºC.........................................................54
Figura IV.6: Curva de resposta para anatoxina-a e a equação da reta do método de
Análise Direta.................................................................................................................56
Figura IV.7: Curva de resposta para anatoxina-a e a equação da reta do método de
Análise com Concentração..............................................................................................57
Figura IV.8: Gráfico do Fator de linearidade (FL)= área integrada /concentração Para
o Método Análise Direta () e com Concentração ()...................................................57
Figura IV.9: Padrão de concentração conhecida (20μgL
-1
) de anatoxina-a exposto a
temperaturas (22, 40, 50, 60, 70 e 80 ºC) por 60 minutos............................................61
Figura IV.10: Padrão de concentração conhecida (20 μgL
-1
) de anatoxina-a exposto à temperaturas de
50ºC por 60, 120, 150,180, 210 e 240 minutos....................................62
Figura IV.11: Padrão de 20 μgL
-1
derivatizado com 30μL de NBD-F, 30μL de borato de sódio, 10
minutos de reação, 50μL de ácido cloridrico (HCl) 1M e a volumes de amostras (50, 100, 200, 300, 500 e
1000 μL)..................................................................64
Figura IV.12: Cromatograma do padrão de anatoxina-a com o método de Análise
Direta................................................................................................................................67
Figura IV.13:
-Cromatograma da amostra Anabaena verrucosa (RS8701 Banhado Taim/RS/Brasil). -
Cromatograma da amostra Anabaena verrucosa (RS8701 Banhado Taim/RS/Brasil) com adição de
padrão anatoxina-a........................................................69
Figura IV.14:
- Cromatograma da amostra Barragem Santa Bárbara (Pelotas).
- Cromatograma da amostra Barragem Santa Bárbara (Pelotas) com adição de padrão de anatoxina-
a..................................................................................................................70
Figura IV.15: Cromatograma do Controle (reagentes da derivatização, sem toxina)
com derivatização pré-CLAE (Coluna: Synergi 250 X 4,6mm, 4μ) e detecção por
fluorescência....................................................................................................................90
18
LISTA DE TABELAS
Tabela I.1. Principais grupos de cianotoxinas relacionados a seus locais de ação e
gêneros de cianobactérias produtoras...........................................................................16
Tabela I.2. Métodos e características dos ensaios de toxicidade para as toxinas de
cianobactérias. ..............................................................................................................33
Tabela III.1. Concentração dos pontos de calibração .................................................41
Tabela III.2 Métodos teste de ativação, lavagem e eluição dos cartuchos WCX e
C18................................................................................................................................43
Tabela III.3 Amostras analisadas do banco de cultura da UPC..................................48
Tabela IV.1 Limite de detecção do equipamento (LDE) em μg/L..............................55
Tabela IV.2. Efeito das diluições dos padrões de anatoxina-a na determinação do
LQM em μg/L. …........................................................................................................55
Tabela IV.3. Curva de resposta de anatoxina-a em derivatização pré-HPLC com os
respectivos coeficientes de variação, obtidos por análise em triplicata................ .......56
Tabela IV.4. Métodos teste de ativação, lavagem e eluição dos cartuchos
WCX.............................................................................................................................59
Tabela IV.5. Métodos teste de ativação, lavagem e eluição dos cartuchos
C18................................................................................................................................60
Tabela IV.6. Fator de Recuperação de padrão nas extrações com
clorofórmio...................................................................................................................61
Tabela IV.7. Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v) contendo toxina
Com aquecimento..........................................................................................................63
Tabela IV.8. Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), contendo toxina,
com aquecimento com aquecimento e borbulhamento denitrogênio...........................63
Tabela IV. 9: Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), contendo toxina,
com aquecimento, borbulhamento de nitrogênio e vácuo.............................................64
Tabela IV.10: Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), contendo toxina,
no rota evaporador com borbulhamento de gás nitrogênio..........................................64
Tabela IV.11. Recuperação (em %) da amostra sem tratamento de
concentração.................................................................................................................67
19
RESUMO
As cianobactérias ou algas cianofíceas são microorganismos procariontes aeróbicos
fotoautotróficos. Muito semelhantes estruturalmente e bioquimicamente às bactérias. As
cianobactérias são comuns em mananciais, o que requer cuidados, devido elas produzirem
compostos tóxicos. As toxinas de cianobactérias (cianotoxinas), constituem um grupo de
produtos naturais com função na célula ainda desconhecida. A anatoxina-a é um alcalóide
neurotóxico, cujos sinais de envenenamento em animais incluem: desequilíbrio, fasciculação
muscular, respiração ofegante e convulsões. A morte ocorre de poucos minutos a poucas
horas. O objetivo deste trabalho foi otimizar as metodologias de extração, purificação,
concentração, derivatização, armazenamento e análise de anatoxina-a por cromatografia
liquida de alta eficiência (HPLC) em amostras de águas destinada ao consumo humano. Para
isso, foram realizados experimentos onde se modificaram parâmetros metodológicos. Dentre
os métodos de extração testados a sonificacão, procedimento o qual rompe todas as células e
não degrada a toxina, mostrou-se eficiente. A purificação e concentração, utilizando
clorofórmio e cartuchos (C18 e WCX), apresentou o maior fator de recuperação (99%) com
cartucho C18. Otimizou-se metodologias de evaporação, na qual a evaporação em rota-
evaporador foi a mais eficiente. Testou-se derivatização direta da toxina sem tratamento de
concentração e purificação. Condições cromatográficas foram alteradas para obtenção de
resultados com exatidão, reprodutibilidade e com menor tempo de análise. Obteve-se duas
metodologias, denominadas: “Com Concentração” que utiliza cartucho C18 e evaporação
total em rota-evaporador, e “Análise Direta”, ambas derivatizadas com NBD-F e analisadas
em HPLC. Essas metodologias foram utilizadas para apontar a presença de anatoxina-a em
amostras do banco de cultura de cianobactérias da UPC, em florações ambientais e em
experimentos com padrão de anatoxina-a (Sigma). Os resultados mostraram que essas
20
metodologias podem ser utilizadas para análises em amostras ambientais, experimentos de
laboratório, bem como em águas para abastecimento público.
ABSTRACT
Cyanobacteria (blue-green algae) are aerobic photoautotrophic microorganisms. As
prokaryotes they are structurally and biochemistry similar to bacteria. Cyanobacteria are
common in reservoirs, which is a problem due to the range of toxic compounds they produce.
Cyanotoxins (Cyanobacterial toxins) constitute a group of natural products which their
cellular function is still unknown. Anatoxin-a is a neurotoxic alkaloid with poisoning signals
in animals including: imbalance muscular fasciculation, heavy breath and convulsions. Death
may take place in minutes or hours. The aim of this study was optimize the extraction,
purification, concentration, derivatization and storage methodologies for the analysis of
anatoxin-a by HPLC from water samples used for human consumption. Experiments were
performed with modified methodological parameters. Among the extraction methods tested,
sonification showed an efficient breakage of the cells without toxin degradation. The
purification and concentration methodologies which have presented the best recovery (99%)
was attained with chloroform and C18 sep-pack cartridges. Evaporation methodologies were
also optimized in which the most efficient was using the rotatory evaporator. Derivatization of
the toxin was tested directly in the samples, without concentration and purification treatments.
The chromatographic conditions were established in search of accuracy, reproducibility and
rapidness of analysis. Two methodologies were obtained, namely: “With Concentration”
using C18 cartridge and total evaporation in rotatory evaporator, and “Direct Analysis” both
derivatized with NBD-F and analyzed by HPLC. These methodologies were used to assess the
presence of anatoxina-a in samples of the cyanobacteria culture collection from UPC, from
environmental sample blooms and from experiments using standard purified anatoxina-a
(Sigma). Results confirm that the methodologies may be use to environmental samples,
laboratory experiments and drinking water analysis.
21
I.INTRODUÇÃO
I.1 Cianobactérias
A vida era abundante e diversa em comunidades de bactérias filamentosas e
unicelulares, há 3,5 bilhões de anos, incluindo bactérias autotróficas e, possivelmente,
fotoautotróficas. As evidências são de estromatólitos (associações de calcário precipitado e
cianobactérias), que foram encontrados em camadas sedimentares de interface com a água,
formados entre 3,5 e 2,8 bilhões de anos atrás, no mesmo período em que surgiram as
cianobactérias fotossintetizantes. A interpretação de estromatólitos do grupo Fortescue,
aflorados no oeste da Austrália há 2,8 bilhões de anos atrás, revelam formas pequenas (1μm
de diâmetro), parecidas com as modernas Oscillatoria, e outras maiores (10μm de diâmetro),
semelhantes às atuais Lyngbya. Desde então, as cianobactérias iniciaram a produção do
oxigênio de nosso planeta criando, assim, a biosfera que envolve a Terra, permitindo o
desenvolvimento e evolução das espécies como hoje as conhecemos. A diferenciação entre as
cianobactérias e os outros organismos fotossintetizantes que não produziam oxigênio
existentes naquela época - Período Arqueano - são as evidências de que cianobactérias
usavam o fotossistema I e II para liberar o oxigênio molecular como produto da fotossíntese.
A determinação indireta da presença de cianobactérias nesta época foi possível pela
observação das camadas oxidadas de solos antigos, principalmente de uranitos e sedimentos
ricos em ferro. A atmosfera pôde então ser formada há aproximadamente 1,2 bilhão de anos
atrás, pois a oxidação dos solos e dos compostos reduzidos presentes na Terra primitiva teve,
necessariamente, que ocorrer antes que o oxigênio excedente pudesse ser liberado para a
22
atmosfera (Schopf & Walter, 1982). Uma grande flexibilidade a adaptações bioquímicas,
fisiológicas, genéticas e reprodutivas, garantiram aos organismos a sua perpetuação e sua
distribuição em diversos ambientes aquáticos (rios, estuários e mares) e terrestres, na interface
úmida da terra com o ar em rochas, cascas de árvores, paredes, telhados, vidros, etc (Schopf &
Walter, 1982).
As cianobactérias ou cianofíceas (algas azuis) possuem cerca de 150 gêneros e mais
de 2000 espécies. São microorganismos aeróbicos fotoautotróficos e seus processos vitais
requerem somente água, dióxido de carbono, substâncias inorgânicas e luz para o crescimento
e reprodução. A fotossíntese é seu principal modo de obtenção de energia para o
metabolismo. Entretanto, sua organização celular demonstra que esses microorganismos são
procariontes e, portanto, muito semelhantes bioquimicamente e estruturalmente às bactérias
(Tundisi & Tundisi, 1992). Apresentam fotossistemas I e II, mas sem estar organizados em
cloroplastos, como as plantas. Algumas espécies são fixadoras de nitrogênio atmosférico (N
2
).
Podem ser produtoras de metabólitos que possuem efeito tóxico
em outros organismos, como as hepatoxinas, neurotoxinas e dermatotoxinas.
23
I.2 Florações
A eutrofização é o processo de enriquecimento das massas de água por nutrientes,
principalmente fósforo, tendo como conseqüência o crescimento excessivo de algas e plantas
aquáticas. Os principais efeitos da eutrofização ocorrem ao nível dos produtores primários,
geralmente de dimensões reduzidas – fitoplâncton, embora certas macrófitas possam se
beneficiar deste processo. As cianobactérias são organismos fitoplanctônicos que podem ser
representativos de um estado de eutrofização avançado, possuindo capacidades competitivas,
o que as tornam dominantes nestas situações. A crescente eutrofização dos ambientes
aquáticos é conseqüência das atividades humanas, causando um enriquecimento artificial dos
ecossistemas. A utilização de adubos químicos e estrume, a descarga de esgotos urbanos
tratados ou não tratados e a rejeição de efluentes de agroindústrias ou de outros setores
industriais, podem promover a entrada de quantidades significativas de nutrientes e matéria
orgânica nos lagos e nos estuários. Esta carga adicional de nutrientes (nitrogênio e fósforo),
assim como a luminosidade e a ausência de vento, pode ter como conseqüência o
desenvolvimento de floração de cianobactérias (Carmichael, 1992).
De acordo com Tundisi & Tundisi (1992), o crescimento da agroindústria em algumas
regiões do Brasil tem sido bastante grande nos últimos 20 anos. A elevada biomassa de
cultivos monoespecíficos e a necessidade de intensificar o crescimento vegetal, pelo uso
extenso de fertilizantes, têm causado uma rápida eutrofização de rios e reservatórios que tem
resultado num crescimento de macrófitas aquáticas e altas concentrações de fósforo no
sedimento.
24
Esta eutrofização artificial produz mudanças na qualidade da água incluindo: a
redução de oxigênio dissolvido, perda da qualidade cênica, aumento do custo de tratamento de
água para consumo, morte de peixes e aumento das incidências de florações de microalgas e
cianobactérias.
I.3 Toxinas das Cianobactérias
As toxinas de cianobactérias, ou cianotoxinas, constituem um grupo de produtos
naturais tóxicos. Embora ainda não estejam devidamente esclarecidas as causas da produção
dessas toxinas, têm-se assumido que esses compostos tenham função protetora contra
herbivoria, como acontece com alguns metabólitos de plantas vasculares (Carmichael,1992).
Algumas dessas toxinas são caracterizadas por sua ação rápida, dependendo da dose e
do organismo, podem causar a morte por parada respiratória após poucos minutos de
exposição, têm sido identificadas como alcalóides ou organofosforados neurotóxicos. Outras
atuam menos rapidamente e são identificadas como peptídeos ou alcalóides hepatotóxicos.
Um terceiro grupo de toxinas causa alergias e irritação na pele. Assim, os três principais
grupos de cianotoxinas podem ser classificados como: dermatotoxinas, hepatotoxinas e
neurotoxinas.
25
Tabela I.1. Principais grupos de cianotoxinas relacionados a seus locais de ação e gêneros de
cianobactérias produtoras.:
Grupo de
Cianotoxina
Alvo de Ação Tóxica DL
50
(i.p.
Camundong
o μg kg
-1
).
Gênero de Cianobactéria
PEPTÍDEOS
CÍCLICOS
Microcistina Fígado,rins 25-1000
Microcystis, Anabaena,
Planktothrix, Oscillatoria,
Nostoc, Hapalosiphon,
Anabaenopsis, Aphanocapsa
Nodularina Fígado 30-50
Nodularia
LIPOPOLISSACARÍ
DEOS (LPS)
Irritante potencial;
afeta o tecido exposto.
Todos
ALCALÓIDES
Cilindrospermopsina Fígado, rins 200-2100
Cylindrospermopsis,
Umezakia, Aphanizomenon,
Raphidiopsis,
Aplisiatoxinas Pele
Lingbya, Schizothrix,
Planktothrix, Oscillatoria
Lingbiatoxinas Pele, trato
gastrointestinal
Lyngbya
Anatoxina-a Sinapse colinérgica 250
Anabaena, Planktothrix,
Oscillatoria, Aphanizomenon,
Cylindrospermum
Anatoxina-a(S) Sinapse colinérgica 40
Anabaena, Planktothrix
26
Toxinas paralisantes Axônios e miócitos 10-30
Anabaena, Aphanizomenon,
Lyngbya, Planktothrix,
Cylindrospermopsis
Fonte: Baseado em Chorus & Bartram (1999), Codd et al. (2005).
I.3.1 Dermatotoxinas
Alcalóides dermatotóxicos:
Aplisiatoxinas: São potentes promotores de tumores e ativadoras da enzima C quinase,
podendo causar sérias dermatites em contato com a pele (Fig I.1). Variantes como a
debromoaplisiatoxina já foram descritas, e foram identificadas nas espécies Schizothrix
calcicola, Oscillatoria nigroviridis (Chorus & Bartram, 1999) e Lyngbya majuscula (Shimizu,
1993).
Figura I.1: Estrutura da aplisiatoxina. Fonte: Extraído de Shimizu (1993).
Lingbiatoxinas:
Provoca dermatites e severa inflamação oral e gastrointestinal (Chorus
& Bartram, 1999).
A toxina causadora das dermatites observadas em florações de M. aeruginosa são os
LPS (lipopolissacarídeos) da parede celular, que possuem características dermatotóxicas
27
(Codd, 2000). Os LPS possuem em sua parede celular 3-hidroxi ácidos graxos (3-OH-14:0, 3-
OH-16:0, 3-OH-18:0), o 4-oxo-18:0, o ácido graxo glucosamina (GlcN), como o lipídeo A
componente e o açúcar neutro O-específico, além de açucares raros O-metil (2-O-metil-6-
desoxi-hexose I e II) (Jürgens et al., 1986).
Nas dermatites alérgicas de contato, as reações de sensibilização são iniciadas quando
as células de Langherans (e talvez células dendríticas) aderem-se aos queratinócitos mediados
pela e-caderina, são ativadas e migram para drenar os nódulos linfáticos, onde estimulam as
células T a reagirem com o complexo histopatológico maior classe I (e classe II) na derme
sensibilizada (Jakob et al., 2001).
I.3.2 Hepatotoxinas
O tipo mais comum de intoxicação envolvendo cianobactérias é causado por
hepatotoxinas, que podem causar a morte entre poucas horas e poucos dias, em decorrência de
hemorragia intra-hepática e choque hipovolêmico. Os sinais observados após ingestão dessas
hepatotoxinas são prostração, anorexia, vômitos, dor abdominal e diarréia (Carmichael &
Schwartz,1984; Beasley et al., 1989). As espécies já identificadas como produtoras dessas
hepatotoxinas estão incluídas nos gêneros Microcystis, Anabaena, Nodularia, Oscillatoria,
Nostoc e Cylindrospermopsis (Carmichael, 1992).
A partir da primeira metade do século passado, bioensaios realizados com células de
cianobactérias coletadas em florações, principalmente da espécie Microcystis aeruginosa,
mostravam a presença de uma toxina que causava sérios danos ao fígado dos animais testados
(Hughes et al., 1958). A confirmação de que esta hepatotoxina era um peptídeo foi
apresentada por Bishop et al. (1959), mas somente no início dos anos 80 é que sua estrutura
28
química foi caracterizada (Botes et al.1982). As principais hepatotoxinas até agora
caracterizadas são heptapeptídeos cíclicos conhecidos como microcistinas e os pentapeptídeos
designados como nodularinas. A estrutura geral das microcistinas (fig. I.2) é D-Ala-X-D-
MeAsp-Z-Adda-D-Glu-Mdha, onde X e Z são os dois L aminoácidos variáveis, D-MeAsp é
D-eritro ácido metilaspártico e Mdha é N-metildeidroalanina (Carmichael et al., 1988). Adda
é o ácido 3-amino-9-metoxi-2,6,8-trimetil-10-fenil-deca-4,6-dienóico, que está também
presente nas nodularinas e foi determinado como um dos responsáveis pela atividade
biológica dessas hepatotoxinas (Harada et al.,1990; Nishiwaki-Matsushima et al.,1992).
A nomenclatura dessas microcistinas foi proposta por Carmichael et al. (1988).
Inicialmente apenas as variações qualitativas observadas em seus dois L-aminoácidos foram
usadas para designar as diferentes microcistinas, por exemplo, microcistina-LR (leucina-
arginina); -RR (arginina-arginina); -YA (tirosina-alanina). Posteriormente observou-se que
não era apenas os dois L-aminoácidos variáveis que variavam, os demais supostamente
invariáveis também variavam, tendo assim um número bem maior de variantes da
microcistinas. A toxicidade dessas microcistinas também é variável, no entanto a maioria
apresentam DL
50
intra peritonial (i.p.) em camundongos entre 60 e 70 μg Kg
-1
de peso
corpóreo e sintomas similares de envenenamento (Carmichael, 1994).
.
As nodularinas foram primeiramente identificadas na espécie Nodularia spumigena
(Sivonen et al., 1989); atualmente são conhecidas oito nodularinas distintas, classificadas de
acordo com as variações no grau de metilação, composição e isomerização de seus
aminoácidos. A DL
50
(i.p.) em camundongos varia entre 50 a 200 μg Kg
-1
de peso corpóreo
(Rinehart et al., 1994). ,
29
Figura I.2 : Estrutura química das microcistinas, de acordo com Falconer,1996.
As hepatotoxinas chegam aos hepatócitos por meio de receptores dos ácidos biliares
(Runnegar et al., 1981; Erikson et al., 1990; Falconer, 1991) e promovem uma
desorganização dos filamentos intermediários e dos filamentos de actina, que são polímeros
protéicos componentes do citoesqueleto (Runnegar & Falconer, 1986). Esta desorganização
leva a uma retração dos hepatócitos, provocando a perda de contato entre eles com as células
que formam os capilares sinusoidais. Como conseqüência, o fígado perde sua arquitetura e
desenvolve graves lesões internas. A perda de contato entre as células cria espaços internos
que são preenchidos pelo sangue que passa a fluir dos capilares para esses locais (Hooser et
al., 1991; Carmichael, 1994).
Através do estudo dos mecanismos de ação dessas hepatotoxinas, foi demonstrado que
várias microcistinas e nodularinas são potentes inibidores de proteínas fosfatases tipo 1 e 2A
de células eucariontes (Mackintosh et al., 1990; Matsushima et al., 1990; Yoshizawa et al.,
1990). Estas toxinas são reconhecidas como promotores de tumores hepáticos (Falconer,1991;
Nishiwaki-Matsushima et al.,1992) e, portanto, a ocorrência de espécies potencialmente
produtoras dessas substâncias nos nossos ambientes aquáticos precisa ser melhor investigada
e monitorada.
30
Um alcalóide hepatotóxico, denominado cilindrospermopsina, foi isolado de duas
espécies de cianobactérias: Cylindropermopsis raciborskii (Ohtani et al.,1992) e Umezakia
natans (Harada et al.,1994); seu mecanismo de ação se dá por inibição da síntese protéica e já
tem sido observado danos severos também em células renais dos animais testados.
I.3.3 Neurotoxinas
As neurotoxinas são produzidas por espécies e cepas incluídas nos gêneros: Anabaena
(Carmichael et al., 1990), Aphanizomenon (Mahmood & Carmichael., 1986), Oscillatoria
(Sivonen et al., 1989), Trichodesmium (Hawser et al., 1991) e Cylindrospermopsis (Lagos, et
al., 1999). Já são conhecidas pelo menos cinco neurotoxinas produzidas a partir de espécies
desses gêneros.
Neurotoxinas do grupo das “PSP toxins” (Paralytic Shellfish Poisons), primeiramente
isoladas de dinoflagelados marinhos, responsáveis pela ocorrência de marés vermelhas, já
foram também isoladas de cepas de cianobactérias dos gêneros Anabaena, Aphanizomenon,
Lyngbya, Cylindrospermopsis e Planktothrix (Carmichael, 1994; Codd et al., 2005). As
toxinas PSP são bloqueadoras do canal de sódio inibindo a transmissão de impulsos nervosos
que podem levar à morte por parada respiratória (Carmichael, 1994) (Fig I.3).
31
Figura I.3 Estrutura geral das toxinas PSP.
No final dos anos 60, no Canadá, amostras de uma floração de Aphanizomenon flos-
aquae apresentaram este tipo de toxina. Também é comum encontrá-las em amostras de
Anabaena circinalis em águas australianas (Negri et al., 1997). Na Europa, Ferreira et al.
(1995) detectaram estas toxinas em amostras de florações de Aphanizomenon em águas
portuguesas e Henriken (1996) em águas dinamarquesas. Recentemente, novas espécies
produtoras destas toxinas foram descritas, como Lyngbya wollei nos reservatórios de água dos
Estados Unidos (Carmichael et al., 1997) e Cylindrospermopsis raciborskii em águas
brasileiras (Lagos et al., 1997).
A anatoxina-a foi a primeira toxina de cianobactéria a ser quimicamente e
funcionalmente definida e trata-se de uma amina secundária (Devlin et al., 1977) com peso
molecular de 165g mol
-1
(Fig I.4). Os sinais de envenenamento por esta toxina, em animais
selvagens e domésticos, incluem: desequilíbrio, fasciculação muscular, respiração ofegante e
convulsões. A morte é devida à parada respiratória e ocorre de poucos minutos a poucas
32
horas, dependendo da dosagem e consumo prévio de alimento. Os sinais clínicos de
intoxicação mostram uma progressão de fasciculação muscular, decréscimo de movimentos,
respiração abdominal exagerada, cianose, convulsão e morte.
Este alcalóide neurotóxico é um potente bloqueador neuromuscular pós-sináptico de
receptores nicotínicos e colinérgicos. Esta ação ocorre porque a anatoxina-a liga-se
irreversivelmente a receptores de acetilcolina, pois não é degradada pela acetilcolinesterase
(Fig I.5). A DL
50
(i.p.) em camundongos, para a toxina purificada, é de 200 μg Kg
-1
de peso
corpóreo, com um tempo de ação de 1 a 20 minutos (Carmichael, 1992; Falconer, 1998).
A B C
Figura I.4: A) Estrutura das neurotoxinas, anatoxina-a ( R= CH
3
), homoanatoxina-a
( R=C
2
H
5
), B) produtos de degradação, dihydroanatoxina-a ( R=CH
3
),
dihydrohomoanatoxina-a ( R= C
2
H
5
), C) epoxyanatoxina-a ( R= CH
3
) e
epoxyhomoanatoxina-a ( R= C
2
H
5
). Fonte: Namikoshi et al. (2003, 2004); James et al.
(1998).
33
Figura I.5: Ação da anatoxina-a. Fonte: Adaptado de Carmichael (1994).
Doses orais produzem letalidade aguda em concentrações muito maiores, mas a
toxicidade das células é alta o suficiente para que os animais precisem ingerir de poucos
mililitros a poucos litros de água da superfície das florações para receber uma quantidade letal
(Carmichael, 1992; 1994).
A molécula de anatoxina-a é relativamente estável no escuro, mas quando pura em
solução ocorre uma rápida degradação fotoquímica com a luz solar. Esta degradação é
acelerada por condições alcalinas. A meia-vida para a degradação fotoquímica é de 1 a 2
horas. Sob condições naturais de iluminação, com pH 8-10 e concentrações iniciais baixas
34
(10µg/L), o tempo necessário para degradar 50% do total de anatoxina-a (meia-vida) é de 14
dias (Stevens & Krieger, 1991 apud Chorus & Bartram, 1999).
Esta toxina parece ser prontamente degradada por bactérias associadas aos filamentos
de cianobactérias. Kiviranta et al. (1991) isolaram uma cepa de Pseudomonas sp. capaz de
degradar anatoxina-a a uma taxa de 2 a 3,3µg/ml a cada dias. Na presença de sedimento e
bactérias do meio aquático a meia-vida para a degradação de anatoxina-a, em um estudo de
laboratório, foi de aproximadamente 5 dias (Smith & Sutton, 1993 apud Chorus & Bartram,
1999).
Outra neurotoxina, que apresenta os mesmos sinais de intoxicação da anatoxina-a,
acrescidos de intensa salivação, foi posteriormente caracterizada como anatoxina-a(S). Esta
neurotoxina tem um mecanismo de ação semelhante ao da anatoxina-a, pois inibe a ação da
acetilcolinesterase, impedindo a degradação da acetilcolina ligada aos receptores.
Estruturalmente é caracterizada como uma N-hidroxiguanidina fosfato de metila (Matsunaga
et al.,1989). A DL
50
(i.p.) em camundongos é de 20μg/Kg de peso corpóreo e, portanto, dez
vezes mais potente que a anatoxina-a.
Figura I.6 - Estrutura química da anatoxina-a(S).
35
I.4 Outros compostos de cianobactérias.
Recentemente têm-se estudado microalgas à procura de novos compostos
bioquimicamente ativos, com ação antibióticas, algicidas, etc. As cianobactérias são estudadas
exaustivamente com relação às suas toxinas, porém trabalhos relacionados com a detecção de
compostos para uso medicinais são poucos. Novas linhas de pesquisa estão obtendo
resultados na procura de fármacos (Katircioglu et al., 2004). Inúmeros compostos têm sido
isolados de microalgas procariontes e eucariontes e testados em diferentes bioatividades,
alguns com resultados positivos (Codd, 2000).
36
I.5 Casos de intoxicações.
Segundo Viaggiu et al. (2004), foi registrado o primeiro caso de detecção de
anatoxina-a em amostras do Lago Spino na Itália, com uma floração de Planktothrix
rubescens.
Cianobactérias tóxicas têm sido identificadas em lagos e fontes de água na Europa,
América Do Norte, China, África do Sul e Austrália (Carmichael, 1994). Em 1990, um
florescimento de Anabaena no Rio Darling foi responsável pela morte de aproximadamente
1600 bovinos e ovinos (Bowling, 1992).
As intoxicações de populações humanas pelo consumo de água contaminada por cepas
tóxicas de cianobactérias já foram descritas em países como Austrália, Inglaterra, China e
África do Sul (Falconer, 1994).
O estudo das florações de algas nocivas no Brasil pode ser dividido em dois períodos
distintos: fase descritiva, na qual se registraram episódios acontecidos desde o princípio do
século XX, e uma fase descritiva experimental, iniciada na década de 1990 (Odebrecht et al.,
2002). A partir desta data, começam os estudos direcionados a algas nocivas no sentido
amplo.
No Brasil se conhecem vários casos de intoxicação por florações de algas nocivas,
mas o mais grave até o momento, foi o episódio de Caruaru (PE), em 1996, onde morreram
mais de 50 enfermos submetidos a hemodiálise onde se utilizou água contaminada com
toxinas de cianobactérias (Azevedo, 1996). Teixeira et al. (1993) descreveram uma forte
evidência de correlação entre a ocorrência de florações de cianobactérias, no reservatório de
Itaparica (BA), e a morte de 88 pessoas entre as 2000 intoxicadas pelo consumo de água do
reservatório, entre março e abril de 1988.
Os estudos nos últimos anos indicam que os eventos de floração nocivas são graves e
muito comuns nos ambientes epicontinentais brasileiros e mesmo de transição, como lagoas e
37
estuários. Trabalhos reportam problemas relacionados à mortandade de peixes, contaminação
da água de abastecimento por cianotoxinas e contaminação de outros organismos (e.g.
Magalhães et al., 2001; Azevedo et al., 2002; Ferrão-Filho et al., 2002; Yunes et al., 2003).
Este panorama demonstra que o problema associado a cianotoxinas é grave e generalizado no
país, ocorrendo em todas as regiões. As cianotoxinas detectadas até o momento em águas
epicontinentais incluem hepatotoxinas e neurotoxinas: microcistinas (diversas formas, entre
elas: LR, YR, AR, [D-L eu
1
]-LR), anatoxina-a, anatoxina–a(S) e diversas congêneres da
saxitoxina, entre eles STX, NeoSTX, GTX1, GTX2, GTX3, GTX4 (Lagos et al., 1999;
Azevedo et al. 2002; Yunes et al., 2003). As toxinas são produzidas por diversas espécies
incluídas principalmente nos gêneros Anabaena, Microcystis, Synechocystis,
Cylindrospermopsis e Pseudoanabaena.
Comparado aos ambientes epicontinentais, os estudos no meio marinho são bem mais
restritos, embora tenham crescido em número da mesma forma nos últimos anos. Parte deste
crescimento se deve ao aumento na atividade de maricultura observada ao longo da costa
brasileira, especialmente no estado de Santa Catarina. Hoje o país é o maior produtor de
moluscos cultivados da América Latina. A partir de uma produção de 120 toneladas em 1989,
o total produzido em 1999 foi acima de 10.000 toneladas (Proença, 2001). O crescimento da
atividade tem estimulado pesquisas exploratórias e programas de monitoramento de florações
nocivas.
I.6 Legislação sobre cianotoxinas.
Embora ainda não satisfatória, a legislação sobre cianobactérias no Brasil avançou
muito nos últimos anos. O maior avanço se deu em relação a ambientes epicontinentais com a
Portaria N°518 de 25 de março 2004 ( antiga Portaria 1496 de dezembro de 2000) do
Ministério da Saúde. A partir da Portaria, algumas cianotoxinas foram incluídas de forma
38
objetiva nos parâmetros de qualidade de água para o abastecimento público, conforme
fragmentos extraídos mostrados abaixo.
Extrato da Portaria n.º 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde.
Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras
providências.
O Ministro de Estado da Saúde, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 2º do Decreto
nº 79.367, de 9 de março de 1977, resolve:
Art. 1º Aprovar a Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano, na forma do Anexo
desta Portaria, de uso obrigatório em todo território nacional.
Art. 2º Fica estabelecido o prazo máximo de 12 meses, contados a partir da publicação desta
Portaria, para que as instituições ou órgãos aos quais esta Norma se aplica, promovam as
adequações necessárias a seu cumprimento.
§ 1º No caso de tratamento por filtração de água para consumo humano suprida por manancial
superficial e distribuída por meio de canalização e da obrigação do monitoramento de
cianobactérias e cianotoxinas, este prazo é de até 12 meses.
Capítulo II
Das definições
X. cianobactérias - microorganismos procarióticos autotróficos, também denominados como
cianofíceas (algas azuis), capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial especialmente
naqueles com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas
39
com efeitos adversos à saúde; e XI. cianotoxinas - toxinas produzidas por cianobactérias que
apresentam efeitos adversos à saúde por ingestão oral, incluindo:
a) microcistinas - hepatotoxinas heptapeptídicas cíclicas produzidas por cianobactérias, com
efeito potente de inibição de proteínas fosfatases dos tipos 1 e 2A e promotoras de tumores;
b) cilindrospermopsina - alcalóide guanidínico cíclico produzido por cianobactérias, inibidor
de síntese protéica, predominantemente hepatotóxico, apresentando também efeitos
citotóxicos nos rins, baço, coração e outros órgãos; e
c) saxitoxinas - grupo de alcalóides carbamatos neurotóxicos produzido por cianobactérias,
não sulfatados (saxitoxinas) ou sulfatados (goniautoxinas e C-toxinas) e derivados
decarbamil, apresentando efeitos de inibição da condução nervosa por bloqueio dos canais de
sódio.
Capítulo IV
Do padrão de potabilidade
§ 1º Recomenda-se que as análises para cianotoxinas incluam a determinação de
cilindrospermopsina e saxitoxinas (STX), observando, respectivamente, os valores limites de
15,0 µg L
-1
e 3,0 µg L
-1
de equivalentes STX L
-1
.
§ 2º Para análise de cianobactérias e cianotoxinas e comprovação de toxicidade por bioensaios
em camundongos, até o estabelecimento de especificações em normas nacionais ou
internacionais que disciplinem a matéria, devem ser adotadas as metodologias propostas pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) em sua publicação Toxic cyanobacteria in water: a
guide to their public health consequences monitoring and management.
§ 5º Sempre que o número de cianobactérias na água do manancial, no ponto de captação,
exceder 20.000 células mL
-1
(2mm
3
L
-1
de biovolume), durante o monitoramento que trata o §
3º do artigo 19, será exigida a análise semanal de cianotoxinas na água na saída do tratamento
e nas entradas (hidrômetros) das clínicas de hemodiálise e indústrias de injetáveis, sendo que
40
esta análise pode ser dispensada quando não houver comprovação de toxicidade na água bruta
por meio da realização semanal de bioensaios em camundongos.
Art. 19. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistemas e de soluções
alternativas de abastecimento supridos por manancial superficial devem coletar amostras
semestrais da água bruta, junto do ponto de captação, para análise de acordo com os
parâmetros exigidos na legislação vigente de classificação e enquadramento de águas
superficiais, avaliando a compatibilidade entre as características da água bruta e o tipo de
tratamento existente.
§ 1º O monitoramento de cianobactérias na água do manancial, no ponto de captação, deve
obedecer freqüência mensal, quando o número de cianobactérias não exceder 10.000 células
mL
-1
(ou 1 mm
3
L
-1
de biovolume), e semanal, quando o número de cianobactérias exceder
este valor.
§ 2º É vedado o uso de algicidas para o controle do crescimento de cianobactérias ou qualquer
intervenção no manancial que provoque a lise das células desses microrganismos, quando a
densidade das cianobactérias exceder 20.000 células mL
-1
(ou 2mm
3
L
-1
de biovolume), sob
pena de comprometimento da avaliação de riscos à saúde associados às cianotoxinas.
Com a portaria, muitas das empresas fornecedoras de água passaram a monitorar
cianobactérias e cianotoxinas regularmente. Algumas empresas fazem parte do serviço de
monitoramento, outras contratam laboratórios para prestação de serviços. Com a portaria,
além da geração de um meio para controle de níveis de cianotoxinas na água, uma demanda
em crescimento para profissionais qualificados nas áreas de taxonomia, ecologia, química e
manejo de reservatórios foi criada.
Em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como valor provisório
1 µg L
-1
como nível máximo aceitável para o consumo oral diário de microcistina-LR, em
águas de abastecimento público. Ainda hoje as normativas européias em matéria de qualidade
41
de águas não contemplam a obrigatoriedade da detecção e quantificação de toxinas de
cianobactérias. A nova Diretiva de Águas (Chorus & Bartram, 1999) estabeleceu como
critério para determinar o “estado ecológico”, a necessidade de conhecer-se a composição e
abundância do fitoplâncton, a carga de nutrientes e a turbidez nos lagos e outras águas
continentais. Junto com outros, estes critérios de qualidade serão utilizados para traçar os
objetivos ambientais de melhorar a qualidade da água dos países comunitários. Na maioria
dos países europeus, os organismos responsáveis pelo abastecimento de água potável e as
agências de meio ambiente, incluem planos de vigilância e controle de cianobactérias e suas
toxinas, para assegurar a qualidade das águas potáveis e evitar processos toxicológicos.
I.7 Modo de detecção.
Os corpos de água podem ser monitorados para presença de cianobactérias
potencialmente tóxicas por microscopia óptica. A identificação das espécies de cianobactérias
pode ser realizada pelas características celulares. Análise físico-química é requerida para
identificar se as toxinas estão presentes. Bioensaios com animais estão sendo amplamente
utilizados para determinar a toxicidade de material de florações de cianobactérias (Tab. I.2).
Entretanto, um número de métodos cromatográficos estão disponíveis à análise de anatoxina-a
em florações cianobactérias, incluindo cromatografia liquida de alta resolução/ detecção
ultravioleta e cromatografia em camada delgada de alta resolução; cromatografia gasosa/
detecção por captura de elétrons e cromatografia gasosa acoplada com espectrometria de
massa (Chorus & Bartram, 1999) . O trabalho de Vasas et al. (2004) mostra a eletroforese
capilar junto com cromatografia a gás com detector por captura de elétrons como uma
alternativa para análise de cianotoxinas (anatoxina-a, cilindrospermopsina, microcistina-LR).
42
Tabela I.2. Métodos e características dos ensaios de toxicidade para as toxinas de
cianobactérias.
Identificações das Toxinas
Método Duração Infraestruturas Modo de
Ação
Especificidade Sensibilidade
(1)
Validade para
Screening
Camundongo Min.-
horas
Pli, Nl, Alc Sim Não Sim Sim (rápido)
Daphnia Dias Pli, Fácil o Não Sim Sim (lento)
Artemia Dias Fácil Não Não Sim Sim (lento)
Microtox Min Fácil, E Não Não Não Não
Citotoxicidade Min-dias Pli, Alc, E Sim (2) Não Sim Sim(2)variável
Inibição da fosfatase
1.
Radioisotópico
Min-
horas
Pli, Nl, Alc, E Sim (3) Não Sim Sim(3)(rápido)
2. Colorimétrico Min Fácil E Sim (3) Não Sim Sim(3)(rápido)
Colinesterase Min Fácil E Sim (4) Não Sim Sim(4)(rápido)
ELISA Horas Fácil E Sim Sim Sim Sim (rápido)
Fonte: Adaptado de Bell & Codd, 1996.
Pli: Preparação de laboratório intensiva. Nl: Necessidade de licença. Alc: Auxiliares de
laboratórios qualificados. Fácil: Fácil de utilizar. E: Requer equipamentos especiais.
(1) Sensibilidade às toxinas, e nesse caso significa que o ensaio não apresenta falsos
negativos.
(2) Os hepatócitos primários podem revelar hepatotoxinas, e as células neuroblásticas murinas
podem detectar neurotoxinas bloqueadoras do canal de sódio. Por esta razão, estes ensaios
podem ser utilizados para a busca de suas correspondentes toxinas.
(3) Só detecta inibidores da fosfatase (hepatotoxinas).
(4) Só se detecta a anatoxina-a, e é válido portanto para a detecção da inibição da
acetilcolinesterase.
I.8 Cromatografia
A cromatografia é um método físico-químico de separação de compostos. Ela está
fundamentada na migração diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a
diferentes interações entre duas fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. A grande
variedade de combinações de fases móveis e estacionárias torna-a uma técnica extremamente
versátil e de grande aplicação (Snyder & Kirkland, 1997).
43
O termo cromatografia foi primeiramente empregado em 1906 e sua utilização é
atribuída a um botânico russo, ao descrever sua experiência na separação de componentes de
extrato de folhas. Neste estudo, a passagem de éter de petróleo (fase móvel) através de uma
coluna de vidro preenchida com carbonato de cálcio (fase estacionária), à qual se adicionou o
extrato, levou à separação dos componentes em faixas coloridas. Este é provavelmente o
motivo pelo qual esta técnica é conhecida como cromatografia (“chromo” cor e “graphie”
escrever), podendo levar à idéia errônea de que este processo seja dependente da cor.
Apesar deste estudo e de outros anteriores, os quais também poderiam ser considerados
precursores do uso desta técnica, a cromatografia foi praticamente ignorada até a década de
30, quando foi redescoberta. A partir daí, possibilitou-se aperfeiçoamento e, em conjunto com
avanço tecnológico, a levaram a um elevado grau de sofisticação, o qual resultou no seu
grande potencial de aplicação em muitas áreas(Snyder & Kirkland, 1997).
A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) surgiu como a aplicação de
cromatografia líquida às teorias e instrumentação desenvolvidas originalmente para a
cromatografia gasosa. Em 1952, Martin e Synge ganharam o premio Nobel pelo
desenvolvimento do primeiro tratamento matemático da teoria cromatográfica e, com avanço
da tecnologia, foi possível aplicar esta teoria ao desenvolvimento da cromatografia líquida. A
principal diferença entre a cromatografia líquida clássica e a cromatografia líquida de alta
eficiência é a utilização de fase estacionária com micro partículas (10, 5 ou 3 µm) esféricas.
Esta fase, por ser muito menos permeável, torna necessária a utilização de bombas para
eluição da fase móvel. A utilização desta nova fase estacionária, associada ao
desenvolvimento da instrumentação, levou esta técnica a uma melhor performance em termos
de resolução, quantificação e detecção em um menor tempo de análise (Lough & Wainer,
1995).
44
Parâmetros analíticos para validação de métodos cromatográficos
Seletividade
A seletividade de um método instrumental de separação é a capacidade de avaliar, de forma
inequívoca, as substâncias em exame na presença de componentes que podem interferir com a
sua determinação em uma amostra complexa. A seletividade avalia o grau de interferência de
espécies como outro ingrediente ativo, excipientes, impurezas e produtos de degradação, bem
como outros compostos de propriedades similares que possam estar, porventura, presentes. A
seletividade garante que o pico de resposta seja exclusivamente do composto de interesse
(Ribani et al., 2004).
Precisão
A precisão pode ser expressa através da estimativa do desvio padrão relativo (RSD), também
conhecido como coeficiente de variação (CV).
RSC(%) ou CV(%) = S/X x 100
S= Estimativa do desvio do padrão absoluto.
X= Media Aritmética.
Normalmente, métodos que quantificam compostos em macro quantidades requerem um RSD
de 1 a 2%. Em métodos de análise de traços ou impurezas, são aceitos RSD de até 20%,
dependendo da complexidade da amostra. Uma maneira simples de melhorar a precisão é
aumentar o número de replicatas (Ribani et al., 2004).
Exatidão
Representa o grau de concordância entre os resultados individuais encontrados em um
determinado ensaio e um valor de referência aceito como verdadeiro. É importante observar
que um valor exato ou verdadeiro é o valor obtido por uma medição perfeita e este
45
valor é indeterminado por natureza. A exatidão é sempre considerada dentro de certos limites,
a um dado nível de confiança (ou seja, aparece sempre associada a valores de precisão). Estes
limites podem ser estreitos em níveis de concentração elevados e mais amplos em níveis de
traços (Ribani et al., 2004).
46
II OBJETIVOS
OBJETIVO PRINCIPAL
Implantar metodologias eficientes para pré-concentração e detecção de anatoxina-a em
amostras de água.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
01. Testar e desenvolver método específico para identificação e quantificação da
anatoxina-a, através de cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por
fluorescência.
02. Otimizar metodologias de extração, purificação, concentração, derivatização,
armazenamento e análises de anatoxina-a em água bruta, pós-tratamento e amostras
ambientais, com a finalidade de garantir valores compatíveis com a sensibilidade dos
métodos de detecção.
47
III MATERIAL E MÉTODOS
III. 1- Reagentes e equipamentos: Foram utilizados reagentes MERCK com grau
analítico ou HPLC e água ultrapura (Milli-Q). O padrão de anatoxina-a ([+]-2acetil-9-
azabiciclo[4.2.1]non-2-eno) foi obtida comercialmente (SIGMA, Alemanha), mantidos a
-20°C no escuro. As análises foram realizadas utilizando-se o equipamento cromatográfico
Shimadzu SCL-10A
VP
dotado de detector de fluorescência RF-10AXL, bomba quaternária
LC-10AD
VP
e forno de coluna CTO-10AS
VP
controlados através do software CLASS-VP 6.21
SP5 (Fig III.1).
Figura III. 1: Equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE),
conectado ao computador e à uma impressora.
Um dos objetivos do trabalho foi otimizar as metodologia de extração, purificação,
pré-concentração, derivatização, armazenamento, e análise de anatoxina-a por cromatografia
48
líquida de alta eficiência. Para isso foram realizados experimentos onde procurou-se variar
alguns dos parâmetros metodológicos.
III.2- Condições cromatográficas
Três colunas analítica C18 foram utilizadas: Shim-Pack 250 X 4.6mm, 5μ; Luna 250 X
4,6mm 5μ e Synergi 250 X 4,6mm, 4μ e pré coluna C18. A fase móvel foi água:acetonitrila.
Um volume de 20μL da amostra derivatizada foi injetado no sistema e quantificado usando
detector dotado de um monitor fluorimétrico (λ
ex
=470 λ
em
=530 nm).
Segundo James et al. (1998), na corrida cromatográfica com pré-derivatização e
detecção por fluorescência, podem ser identificados a anatoxina-a e as suas cinco variantes no
mesmo cromatograma. Todos os resultados foram calculados pela integração das áreas dos
picos e relacionados com a curva de calibração realizado com o padrão de anatoxina-a.
As condições cromatográficas (temperatura do forno de coluna, a proporção de
água/acetonitrila da fase móvel e o vazão da fase móvel) e a sensibilidade do aparelho foram
testadas. A temperatura do forno foi analisada a 30, 40 e 45 °C; a proporção água/acetonitrila
foi de 45:55, 50:50 55:45; e a vazão da fase móvel de 0,5, 0,8 e 0,9 mL minuto
-1
. As amostras
foram submetidas a diversos tratamentos de pré-concentração e purificação, visando
identificar o mais apropriado a ser implantado para análise de anatoxina-a em água no
laboratório.
49
III.3- Métodos de extração.
As amostras e padrões foram sonificadas com finalidade de romper as células das
cianobactérias, presente nas amostras ambientais ou nos meios de cultivo. Para isto utilizou-se
um sonificador Ultrasonic Processor, Modelo GE 50 (Fig.III.2), com três pulsos de 1 minuto
com intervalos de 1 minuto (20 k Hz e 25 watts), com resfriamento.
Figura III. 2 : Sonificador Ultrasonic Processor, Modelo GE 50
III.4- Método de derivatização pré-CLAE
A derivatização de anatoxina-a foi alcançada usando uma modificação do
procedimento desenvolvido por Watanabe & Imai (1981). A amostra foi misturada com
50 μL 4-fluoro-7-nitro-2, 1,3- benzoxadiazol (NBD-F) em acetonitrila (1mg/L, ) e 100 μL
de borato de sódio (0,1M) em frasco âmbar a temperatura ambiente por 10 min. A reação foi
então terminada adicionando 50 μL de HCl (1M) à mistura (Fig III.3).
50
Anatoxina-a + NBD-F NBD-Anatoxina-a
Figura III.3: Reação do NBD-F com a Anatoxina-a. (Extraído de James et al., 1998).
III.5- Curva de calibração
As curvas de calibração foram construídas com o padrão comercial de anatoxina-a
([+]-2Acetil-9-azabiciclo[4.2.1]non-2-ene, SIGMA), em triplicata, nas seguintes
concentrações:
Tabela III.1: Concentrações dos pontos das curvas de calibração.
Concentração em μg L
-1
Curva 1
0 1 5 10 15 20
Curva 2
0 1 5 10 20 50
III.6- Métodos de concentração e purificação:
III.6. a) Cartuchos (extração me fase sólida):
Foi utilizada bomba peristáltica (Millipore, Cartridge Pump 3 Modelo 7519-05) (Fig
III.4), com fluxo para a ativação dos cartuchos e posterior eluição da toxina entre 1,0 e 1,2
mL minuto
-1
.
51
Figura III.4: Bomba Millipore, Cartridge Pump 3 Modelo 7519-05, conectada aos cartuchos
C18 e WCX.
III.6.a.1) WCX: Cartucho de troca catiônica fraca (Supelco LC-WCX SPE, 3 mL)
(Fig.III.4).
Amostras de água (10mL) contendo anatoxina-a foram extraídas, purificadas e pré-
concentradas usando um método previamente descrito por Harada et al. (1990). O pH da
amostras foi ajustado para 7,00, 7,50, 8,00, 8,50 e 9,00 antes da extração com um cartucho
WCX de fase sólida de troca catiônica fraca (SPE), de 3mL.
O condicionamento (ativação), lavagem e eluição do cartucho foram alcançados
utilizando-se os métodos descritos na tabela III.2. A amostra eluída foi então evaporada,
derivatizada e analisada por CLAE-FL.
C18
WCX
52
III.6.a.2) C18: Cartucho (Sep-Pak Plus C18, 1.5mL) fase estacionaria apolar
(Fig.III4).
Amostras de água (10mL) contendo anatoxina-a foram extraídas, purificadas e
concentradas segundo Harada et al. (1990). O pH da amostras foi ajustado para 7,0, antes da
extração com cartucho Sep-Pak Plus C18, 1,5mL.
O condicionamento (ativação), lavagem e eluição dos cartuchos foram alcançados
utilizando-se os seguintes métodos descritos na tabela III.2. Amostra eluída foi então
evaporada, derivatizada e analisada por CLAE-FL.
Tabela III.2: Métodos teste de ativação, lavagem e eluição dos cartuchos WCX e
C18.
Teste Ativação do cartucho Lavagem Eluição
1
6mL
Metanol
_ 6mL
Água
6mL
Metanol/Água 50 %
6mL
Metanol 0,2%TFA
2
10mL
Metanol
_ 10mL
Água
10mL
Metanol/Água 50 %
10mL
Metanol 0,2%TFA
3
10mL
Metanol
_ 10mL
Água
_ 10mL
Metanol 0,2%TFA
4
10mL
Metanol
10mL
Água
10mL
Metanol
0,2%TFA
_ 10mL
Metanol 0,2%TFA
53
III.6.b) Separações por solvente (Extração Liquido-Liquido):
Em funil de decantação foram colocadas 10mL de amostras de água contendo
anatoxina-a e 10 mL de clorofórmio (Merck, Alemanha). A mistura foi agitada por 30
segundos e aguardou-se a separação da fase aquosa da orgânica. Logo após, retirou-se a fase
orgânica. Esse processo foi testado para 10mL e 20 mL de volume de clorofórmio. Também
se testou a separação por repetições dos volumes (10+10mL e 20+20mL). O clorofórmio foi
evaporado em rota evaporador, a amostra foi derivatizada e analisada por CLAE-FL.
III.6.c) Métodos de evaporação.
Os métodos citados acima passaram por uma etapa de concentração por evaporação,
(fator de concentração de 50 vezes) a qual é critíca devido à instabilidade da toxina. Visando
identificar o método mais apropriado, testou-se os seguintes:
III.6.c.1- Evaporação por aquecimento:
A amostra, após ser eluída com10 mL de metanol contendo 0,2% TFA (v/v), foi
colocada em um frasco âmbar e este sobre uma chapa de aquecimento (Fisatom, SP, Brasil,
mod. 752A 530W) (Fig. III.5) a diferentes temperaturas (50, 60 ou 70°C).
54
Figura III.5: Chapa de aquecimento.
III.6.c.2- Evaporação por aquecimento e borbulhamento de gás nitrogênio:
A amostra, após ser eluída em 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), foi colocada em um
frasco âmbar e este sobre uma chapa de aquecimento em diferentes temperaturas (50, 60 e
70°C) e com borbulhamento de gás N
2
(analítico) (Fig. III.6).
Figura III.6: Chapa de aquecimento (Fisatom modelo 752A 530W), com borbulhamento de
nitrogênio (White Martins, Brasil).
55
III.6.c.3- Evaporação com aquecimento, borbulhamento de gás nitrogênio e
vácuo:
A amostra, após ser eluída com 10 mL de metanol contendo 0,2% TFA (v/v), foi
colocada em um frasco âmbar e este sobre uma chapa de aquecimento em diferentes
temperaturas (40, 50 e 60°C), com borbulhamento de gás N
2
(analítico) e sob vácuo (-4x10
4
Pa a -4,5x10
4
Pa). Obteve-se o vácuo com uma caixa hermeticamente fechada, e com auxílio
de uma bomba de vácuo (Prima, SP, Brasil, Mod 141) (Fig. III.7).
Figura III.7: Chapa de aquecimento (Fisatom modelo 752A 530W), com
borbulhamento de nitrogênio em câmara de vácuo.
III.6.c.4- Evaporação no rota evaporador com borbulhamento de gás nitrogênio:
A amostra, após ser eluída em 10 mL de metanol contendo 0,2% TFA ( v/v), foi
colocada em uma pêra de vidro, e levada ao rota evaporador (Fisatom, 80W, Modelo 802),
aquecido em banho termostático (40, 50 e 60°C) (Fisatom, 1200W, Modelo 550) com
borbulhamento de gás N
2
(analítico) e vácuo(-4,5x10
4
Pa a -5x10
4
Pa) (Fig.III.8).
56
Figura III.8: Rota evaporador (Fisatom, 80W, Modelo 802), aquecido com banho
termostático (Fisatom, 1200W, Modelo 550) com borbulhamento de gás N
2
.
III.7- Análise direta
Para uma análise sem purificação e concentração, aqui chamada de análise direta,
mudou-se a sensibilidade de detecção do detector (de média para alta) e a proporção dos
reagentes da pré-derivatização, diminuiu-se o volume do NBD-F para 30 μL, do borato de
sódio para 30 μL e do ácido (HCl) para 50 μL e testou-se volumes de amostras (50, 100, 150,
200, 300, 500 e 1000 μL). Os padrões foram extraídos (sonificados com três pulsos de ultra-
som de 1 minuto com intervalos de 1 minuto), sem qualquer tratamento para pré-concentração
e purificação da toxina. Os padrões foram derivatizados (como descrito no item III.4) e
analisado por CLAE-FL.
III.8- Teste de estabilidade da anatoxina-a em função da temperatura e do tempo
Para testar a estabilidade da toxina em relação à temperatura e ao tempo, colocou-se
o padrão de concentração conhecida (20μg/L) de anatoxina-a nas seguintes condições:
A temperaturas de 22, 40, 50, 60, 70 ou 80 ºC por 60 minutos;
A 50ºC pelos tempo de 60, 120, 150 180, 210 ou 240 minutos;
57
As amostras com o padrão de anatoxina-a foram posteriormente analisadas utilizando-
se o método de análise direta.
III.9- Estocagem de padrão em etapas da análise.
O padrão de anatoxina-a adquirido comercialmente foi armazenado (-20 °C) em
diferentes etapas do processo (no cartucho, após eluição e após a evaporação) em diferentes
intervalo de tempos (10, 15 e 30 dias), e analisados por CLAE-FL.
III.10- Análises realizadas após o método ser otimizado.
O método utilizado para analises foi o método Analise Direta.
III.10.1 Banco de cultura
Para detectar a produção de anatoxina-a foram analisadas as seguintes amostras do
banco de cultura do laboratório UPC (Unidade de Pesquisa em Cianobactérias):
Tabela III.3: Amostras analisadas do banco de cultura da UPC.
Nome Código Origem
Anabaena cylindrica
PCC7120 Pasteur Culture Collection/ França
Anabaena variabilis
ATCC29413 Americam Type Culture Collection/EUA
Anabaena flos-aquae
- São Carlos/SP/Brasil
Anabaena verrucosa
RS8701 Banhado Taim/RS/Brasil
Nostoc sp. PCC7423 Pasteur Culture Collection/ França
Nostoc sp. RSAZz8601 Arrozal da Embrapa/ Pelotas RS/ Brasil
Nostoc sp. RSj8501 Saco do Justino/Lagoa dos Patos/RS/Brasil
Nostoc canina
- Universidade de Dundee/Esc
Nostoc muscorum
RSj8801 Saco do Justino/Lagoa dos Patos/RS/Brasil
Nostoc punctiforme
RSj8502 Saco do Justino/Lagoa dos Patos/RS/Brasil
58
III.10.2 Amostras ambientais
Foram analisadas as amostras ambientais, para detecção de anatoxina-a, provenientes de
florações de cianobactérias estudadas no Saco da Mangueira (Rio Grande-RS), Rio
Tietê (São Paulo-SP) e Barragem Santa Bárbara (Pelotas-RS).
Liofilização
As amostras foram liofilizadas (Edwards Micro Modulyo) sob vácuo e temperatura de
–30
o
C, onde a amostra é totalmente seca, teve sua massa determinada e ressuspensa sob
concentração de aproximadamente 3,0mg liofilizado.mL
-1
em água ultra pura (Milli-Q).
59
IV RESULTADOS
IV.1. Métodos de detecção de anatoxina-a
Derivatização pré-CLAE
A derivatização do padrão de anatoxina-a ([+]-2Acetil-9-azabiciclo[4.2.1]non-2-ene)
com 50μL 4-fluoro-7-nitro-2,1,3- benzodiazole (NBD-F) em acetonitrila (1mg/mL,) e
100 μL de borato de sódio (0,1M) foi obtida em frasco âmbar a temperatura ambiente
por 10 min e a reação terminada com adição de 50μL de HCl (1M) à mistura. Após
análise em CLAE usando detector dotado de um monitor fluorimétrico (λ
ex
=470
λ
em
=530 nm), obteve-se um cromatograma com um pico característico para anatoxina-a
(Fig IV.1).
Figura IV.1: Cromatograma do padrão de anatoxina-a com derivatização pré-CLAE
(Coluna: Synergi 250 X 4,6mm, 4μ) e detecção por fluorescência.
Visando deslocar o pico da anatoxina-a para esquerda (diminuir o Tempo de Retenção),
testes alterando o gradiente, fluxo da fase móvel e a temperatura do forno da coluna foram
60
realizados (Fig. IV.2, IV.3, IV.4, IV.5), onde foi possível diminuir o tempo de retenção e
obter uma melhor resolução.
Figura IV.2: Cromatograma, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,5mL/
minuto, temperatura do forno 35 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão
0,5mL/minuto, temperatura do forno 40 ºC, (Coluna: Shim-Pack 250 X 4.6mm, 5μ)
61
Figura IV.3: Cromatograma, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,7mL/
minuto, temperatura do forno 30 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,7mL/
minuto, temperatura do forno 40 ºC, (Coluna: Shim-Pack 250 X 4.6mm, 5μ).
62
Figura IV.4: Cromatograma, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 30 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 35 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 40 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 45 ºC, (Coluna Shim-Pack 250 X 4.6mm, 5μ).
63
Figura IV.5: Cromatograma, - Fase móvel Acetonitrila/ água 45:55 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 45 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 50:50 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 45 ºC, - Fase móvel Acetonitrila/ água 55:45 vazão 0,9mL/
minuto, temperatura do forno 45 ºC, (Coluna: Luna 250 X 4,6mm 5).
Validação do método de detecção por derivatização pré-Coluna:
Seletividade:
Padrões da toxina anatoxina-a foram acrescentados em amostras de água
tratada pela CORSAN, coletada na torneira da UPC (Unidade de Pesquisa em
Cianobactérias), bem como de água da enseada Saco da Mangueira (Rio Grande), para
analisar o efeito de matriz e a seletividade do método frente à mesma toxina misturado em
água Milli-Q. Nenhum interferente foi encontrado nem alterações no tempo de retenção das
toxinas, sendo, portanto, o método considerado seletivo.
Limite de detecção do equipamento (LDE):
Seis amostras da matriz (solução
aquosa) foram analisadas frente a uma solução padrão para obtenção da relação sinal de ruído
64
no tempo de retenção da toxina. O LDE foi considerado aquele que produz, para a menor
concentração do composto, uma resposta maior que três vezes o ruído.
Os resultados estão dispostos na Tabela IV.1.
Tabela IV.1. Limite de detecção do equipamento (LDE) em μg/L.
Método de Análise LDE
Direta 0,02
Com concentração 0,01
Limite de quantificação do método (LQM): As diluições dos padrões de anatoxina-a
com concentrações decrescentes em solução aquosa (Tab IV.2) foram analisadas em triplicata,
visando obter o ponto repetitivo de menor concentração.
Tabela IV.2. Efeito das diluições dos padrões de anatoxina-a na determinação do
LQM em μg/L.
Método de Análise LQM
Direta. 0,5
Com concentração. 0,2
Coeficiente de variação: Segundo AOAC (1993), para que um método seja considerado
preciso, o valor máximo aceitável para o coeficiente de variação (CV(%)=(DP x 100)/M)
deve ser:
Concentração do analito CV(%)
100ppb
*
15
10ppb 21
1ppb 30
*
1μg L
-1
= 1ppb
65
Tabela IV.3. Curva de resposta de anatoxina-a em derivatização pré-CLAE com os
respectivos coeficientes de variação, obtidos por análise em triplicata.
Conc. (μg/L)
P1 P2 P3 P4 P5
Análise Direta 1 5 10 20 50
CV (%) 3,5 7 1,8 1,3 2,2
Análise com concentração 1 5 10 20
CV (%) 1,3 0,6 1,3 0,3
Coeficiente de correlação:
Os dois métodos apresentaram coeficiente de correlação
dentro das especificações apresentadas pela AOAC (1993), onde o coeficiente de correlação
deve ser r0,99800. Os resultados mostraram que o Método de Análise Direta teve um
coeficiente de correlação r=0,9997 e para o Método com Concentração r=0,9995 (Fig. IV 6 e
IV 7).
Figura IV.6: Curva de resposta para anatoxina-a e a equação da reta do método de
Análise Direta.
66
Figura IV.7: Curva de resposta para anatoxina-a e a equação da reta do método de
Análise com Concentração.
Linearidade: Para análise da faixa dinâmica foram construídos gráficos plotando-se o
Fator de Linearidade (FL) da média de cada ponto da curva versus a amostra de cada
concentração, em escala logarítmica (Fig. IV.4). Considerou-se como requisito para
linearidade uma variação máxima, positiva ou negativa, de 5% da média.
Figura IV.8: Gráfico do Fator de linearidade (FL)= área integrada / concentração
Para o Método Análise Direta () e com Concentração ().
67
IV.2. Métodos de concentração e purificação:
Com base na quantidade adicionada de toxina às amostras de água tratada, e o valor
obtido frente ao cálculo da concentração a partir de padrões diluídos em solução aquosa,
obtém-se o efeito da matriz, possibilitando calcular no final o percentual de Recuperação (R)
para cada método, apresentado nas Tabelas IV.4 e IV.5, indicando a eficiência do método.
Sendo : R (%)= (A
r
x 100)/ A
i
A
r
= unidades da toxina recuperadas
A
i
= unidades da toxina introduzidas
Um percentual de recuperação considerado “aceitável” foi aquele cuja a percentagem
foi acima de 80%
WCX: Cartucho de troca catiônica fraca ( Supelco LC-WCX SPE, 3 mL).
A extração com cartucho WCX não apresentou um % de Recuperação aceitável. Entre
os métodos testados, o que apresentou o melhor R (60%) foi aquele com ativação do cartucho
com 10mL de metanol e 10mL de água (Tab.IV.4).
68
Tabela IV. 4: Métodos teste de ativação, lavagem e eluição dos cartuchos WCX.
Teste Ativação do cartucho Lavagem Eluição R
1
6mL
Metanol
_ 6mL
Água
6mL
Metanol/Água 50 %
6mL
Metanol
0,2%TFA
2%
2
10mL
Metanol
_ 10mL
Água
10mL
Metanol/Água 50 %
10mL
Metanol
0,2%TFA
15%
3
10mL
Metanol
_ 10mL
Água
_ 10mL
Metanol
0,2%TFA
60%
4
10mL
Metanol
10mL
Água
10mL
Metanol
0,2%TFA
_ 10mL
Metanol
0,2%TFA
45%
Devido aos baixos valor %R nos testes com cartucho WCX, testou-se uma variação de
pH. Os padrões foram ajustados entre 7,0 e 9,0, porém não influenciaram significativamente
no F
R
.
C18: Cartucho (Sep-Pak Plus tC18, 1,5mL)
A extração com cartucho C18 apresentou Fator de Recuperação aceitável, entre os
métodos testados. A condição que apresentou o melhor R (99%) foi aquela com ativação do
cartucho com 10mL metanol, 10mL de água e 10mL de metanol contendo 0,2% TFA (v/v)
(Tab.IV.5).
69
Tabela IV.5: Métodos teste de ativação, lavagem e eluição dos cartuchos C18.
Teste Ativação do cartucho Lavagem Eluição R
1
6mL
Metanol
_ 6mL Água 6mL
Metanol/Água 50 %
6mL
Metanol
0,2%TFA
15%
2
10mL
Metanol
_ 10mL
Água
10mL
Metanol/Água 50 %
10mL
Metanol
0,2%TFA
40%
3
10mL
Metanol
_ 10mL
Água
_ 10mL
Metanol
0,2%TFA
70%
4
10mL
Metanol
10mL
Água
10mL
Metanol
0,2%TFA
_ 10mL
Metanol
0,2%TFA
99%
70
Extrações por solvente:
Na separação com funil de decantação com 10 mL, 20mL, 2 X 10 mL e 2X 20mL de
clorofórmio obtivemos os seguintes resultados:
A extração com clorofórmio apresentou percentual de Recuperação aceitável, apenas
com 20mL + 20mL, que foi de 90%.(Tab. IV.6).
Tabela IV.6: Fator de Recuperação de padrão nas extrações com clorofórmio.
Método Volume de clorofórmio (mL) R (%)
A 10 35
B 20 65
C 2 X 10 60
D 2 X 20 90
Teste de estabilidade da anatoxina-a em função da temperatura
O teste com padrão de 25μg L
-1
de anatoxina-a exposto a temperaturas de 22, 40, 50,
60, 70 e 80 ºC por 60 minutos, mostrou que a toxina começa a degradar-se a partir de 60 ºC
quando exposta durante 60 minutos (Fig IV.9).
Figura IV.9: Padrão de concentração conhecida (25 μg L
-1
) de anatoxina-a exposto a
temperaturas (22, 40, 50, 60, 70 e 80 ºC) por 60 minutos.
71
O teste com padrão de 24 μgL
-1
de anatoxina-a exposto a temperaturas de 50 ºC por
60, 120, 150, 180, 210 e 240 minutos, mostrou que a toxina começa a degrada a partir de 120
minutos a 50 ºC (Fig. IV.10).
0
5
10
15
20
25
30
0 50 100 150 200 250 300
Tempo em minutos
Conc. μg/L
Figura IV.10: Padrão de concentração conhecida (24 μgL
-1
) de anatoxina-a exposto à
temperaturas de 50ºC por 60, 120, 150,180, 210 e 240 minutos.
Métodos de evaporação.
Diferentes métodos de evaporação foram utilizados para evaporação total de 10 mL de
metanol com 0,2% (v/v) TFA.
Foram calculados os Fatores de Recuperação para os diferentes métodos de
evaporação e foram obtidos os seguintes resultados:
Evaporação por aquecimento
Na evaporação apenas com aquecimento o %R foi de, no maximo, 43,3% com o tempo de
280 minutos (Tab. IV.7).
72
Tabela IV. 7: Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), contendo toxina, com
aquecimento.
Temperatura (ºC) Tempo de evaporação (minutos) R (%)
50 300 27,5
60 280 43,3
70 250 38,0
Evaporação por aquecimento e borbulhamento de gás nitrogênio
Na evaporação com aquecimento e borbulhamento de nitrogênio o maior %R foi de 45,7%
com tempo de 245 minutos (Tab IV.8).
Tabela IV.8: Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), contendo toxina, com
aquecimento com aquecimento e borbulhamento de nitrogênio.
Temperatura (ºC) Tempo de evaporação (minutos) R (%)
50 285 33,3
60 260 42,5
70 245 45,7
73
Evaporação com aquecimento, borbulhamento de gás nitrogênio e vácuo:
Na evaporação com aquecimento e borbulhamento de nitrogênio sob vácuo o maior %R foi
de 98% no tempo de 80 minutos (Tab IV.9).
Tabela IV. 9: Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), contendo toxina,
com aquecimento, borbulhamento de nitrogênio e vácuo.
Temperatura (ºC) Tempo de evaporação (minutos) R (%)
40 130 85
50 115 95
60 80 98
Evaporação no rota-evaporador com borbulhamento de gás nitrogênio
Na evaporação com rota-evaporador sob pressão reduzida e borbulhamento de nitrogênio os
maiores %R foram de 99% nos tempos de 60 e 70 minutos (Tab. IV.10).
Tabela IV.10: Evaporação de 10 mL de metanol 0,2% TFA (v/v), contendo toxina, no rota
evaporador com borbulhamento de gás nitrogênio.
Temperatura (ºC) Tempo de evaporação (minutos) R (%)
40 70 99
50 60 99
60 40 95
74
Análise direta
Para uma análise sem purificação e concentração, aqui chamada de análise direta,
mudou-se o a sensibilidade do analito no detector (de média para alta) e a proporção dos
reagentes da pré-derivatização (diminuiu-se o volume do NBD-F para 30μL , do borato de
sódio para 30μL e do ácido (HCl) para 50μL) e testou-se diferentes volumes de amostras
(50, 100, 200, 300, 500 e 1000 μL).
Observou-se que os volumes abaixo de 200 μL de amostra estão adequados ao volume
dos reagentes. A partir desse volume à quantidade de amostra provoca um efeito de
diluição, se igualando a interação dos reagentes (reatividade efetiva). Com volumes ainda
maiores, o efeito de diluição é ainda maior, diminuindo a interação dos reagentes e, por
conseqüência, diminui o pico cromatográfico (Fig. IV.11).
75
Figura IV.11: Padrão de 20 μg L
-1
derivatizado com 30μL de NBD-F, 30μL de borato
de sódio, 10 minutos de reação, 50μL de ácido clorídrico (HCl) 1M e a volumes de amostras
(50, 100, 200, 300, 500 e 1000 μL).
Amostras (200 μL) de água tratada com adição de concentrações crescentes de padrões
de anatoxina-a foram derivatizadas e analisadas sem qualquer tratamento de concentração, e a
toxina foi detectada, sem interferentes (Fig IV. 12)
76
Figura IV.12: Cromatograma do padrão de anatoxina-a com o método de Análise
Direta.
Foram analisadas as concentrações de 1, 5, 10, 20 e 50 μg L
-1
, para determinar-se os
percentuais de Recuperação.
Tabela IV.11. Recuperação (em %) da amostra sem tratamento de concentração.
Padrão
1 2 3 4 5
Concentração μg L
-1
1 μg L
-1
5 μg L
-1
10 μg L
-1
20 μg L
-1
50 μg L
-1
R (%) ± 1 99 99 101 100 100
77
Estocagem de padrão em etapas da análise.
A estocagem da amostra (-20 °C) nas diferentes etapas do processo de extração,
purificação e concentração da anatoxina-a não apresentou nenhuma perda no período de até
um mês, tempo o qual o experimento de estocagem durou.
IV.3 Análises em amostras de cianobactérias.
Todas as análises foram realizadas com o método de Análise Direta.
Banco de cultura
Após analisar-se 10 amostras do banco (Tab. III.3), a única amostra na qual foi
identificada a presença de anatoxina-a foi Anabaena verrucosa RS8701 (Banhado
Taim/RS/Brasil), em concentrações de 0,480 ng/g de material liofilizado (Fig.IV.13).
78
Figura IV.13: - Cromatograma da amostra Anabaena verrucosa (RS8701 Banhado
Taim/RS/Brasil). - Cromatograma da amostra Anabaena verrucosa (RS8701 Banhado
Taim/RS/Brasil) com adição de padrão anatoxina-a.
Amostras ambientais
Nas amostras ambientais analisadas foi detectada a presença de anatoxina-a na água
bruta da Barragem Santa Bárbara (Fig. IV.14) coletada em Pelotas em 15 de dezembro de
2004. A concentração final (ambiental) encontrada foi de 5 μg L
-1
.
79
Figura IV.14: -Cromatograma da amostra coletada na Barragem Santa Bárbara
(Pelotas). - Cromatograma da amostra Barragem Santa Bárbara (Pelotas) com adição de
padrão de anatoxina-a.
80
V DISCUSSÃO
Apesar da necessidade das análises da toxina anatoxina-a não estar incluída na Portaria
518, de 25 de Março de 2005, do Ministério da Saúde, a ocorrência de florações de
cianobactérias potencialmente produtoras desta neurotoxina em reservatório brasileiro já foi
reportada (Becker et al., 2003; Minillo et al., 2003., Molica et a.,2003 & Oliveira et al.,
2003).
Uma vez que o problema existe, é importante que a metodologia analítica para este
composto seja otimizada e implantada como técnica de rotina em laboratórios que trabalham
com análises de compostos tóxicos de cianobactérias.
Os métodos de análise por cromatografia líquida com detecção por fluorescência
(CLAE-FL) avaliados permitiram algumas constatações sobre a eficiência e adequação destes
à análise das matrizes utilizadas neste trabalho.
Pode se observar que a derivatização do padrão de anatoxina-a no método “com
Concentração”, que utilizou a derivatização com 50μL de NBD-F em acetonitrila
(1mg mL
-1
) e 100μL de borato de sódio (0,1M), agitação em frasco âmbar à temperatura
ambiente por 10 min seguido de adição de 50μL de HCl (1M) à mistura para terminar a
reação. No método aqui chamado de “Análise Direta” a derivatização foi feita com 30μL de
NBD-F em acetonitrila (1mg/mL, ) e 30 μL de borato de sódio (0,1M) e 200 μL de amostra,
que foi agitada em frasco âmbar à temperatura ambiente por 10 min e a reação terminada
com adição de 50μl de HCl (1M) à mistura. Após análise em CLAE obteve-se, em ambos
cromatogramas, um pico característico de anatoxina-a-NBD, apresentando também um pico
dos reagentes. Entretanto, o pico de reagentes não interfere no tempo de retenção, na
amplitude e resolução do pico da toxina. Assim os métodos “com Concentração” e método
81
“Análise direta”, derivatizados com NBD-F na presença de borato, são eficientes para
análise de anatoxina-a em CLAE com detector de fluorescência.
As alterações do gradiente, fluxo da fase móvel e a temperatura do forno da coluna,
visando deslocar o pico da anatoxina-a para esquerda, com o intuito de diminuir o tempo de
análise, mostraram que quanto maior o fluxo, menores são os tempos de retenção e menor a
resposta (área do pico). Quanto maior a temperatura do forno da coluna, menor o tempo de
retenção e maior a resposta, e quanto maior a proporção da acetonitrila em relação a água,
menor é o tempo de retenção e maior a resposta. Assim dentre as condições testadas,
optou-se pela que usa o fluxo da fase móvel de 0,9 mL/minuto, 50% acetonitrila e 50% água,
e temperatura do forno a 45 ºC, método no qual o pico da toxina foi detectado no tempo de
11,5 minutos. Esta metodologia permitiu analisar cada amostra em 20 minutos, o que gera
uma resposta rápida para a presença e concentração de anatoxina-a. Tal velocidade de
obtenção de resultados é muito importante quando se trata de análise de toxinas em água para
consumo humano.
Os métodos de detecção por derivatização pré-CLAE, “Análise Direta” e “com
Concentração”, apresentaram-se seletivos, lineares, com LDE e LQM baixos e com
Coeficiente de Correlação e Coeficiente de Variação dentro da especificação da AOAC
(1993).
Entre os métodos de purificação testados, a extração com cartucho WCX não
apresentou um alto fator de recuperação. O maior F
R
obtido para o cartucho WCX foi com
ativação do cartucho com 10mL de metanol e 10mL de água, que foi em torno de 60 %
(±5%), considerado resultado não aceitável. Já a extração com cartucho C18 apresentou um
82
fator de recuperação aceitável. O melhor F
R
foi obtido com ativação do cartucho C18 com
10mL de metanol, 10mL de água e 10mL de metanol com TFA 0,2% (v/v), que foi de 99%
(± 1%). Com base nestes resultados adotou-se o método de extração, purificação e
concentração utilizando-se o cartucho C18 para as análises no denominado método “com
Concentração”.
A metodologia descrita por Harada et al. (1990) e otimizada por James & Sherlock
(1996), utiliza cartuchos WCX para extração, o qual afirmam ter um F
R
de 83% para
concentrações entre 1 e 10μg L
-1
e de 97% para concentrações entre 10 e 20μg/L. Estes
resultados não foram reproduzíveis neste trabalho, sendo o maior F
R
para WCX de 60%.
Enquanto o cartucho C18 apresentou F
R
de 99%, sendo de melhor rendimento ou de mais
fácil procedimento. Assim, o cartucho C18 deve ser utilizado quando houver necessidade de
purificação da amostra (metodologia Com Concentração).
A extração com solvente usando-se funil de decantação com 20 + 20mL de clorofórmio
apresentou um Fator de Recuperação de 90%, o que é aceitável. Porém, este método não foi
adotado para as análises posteriores por haver outra metodologia com melhores resultados.
O teste com padrão de 20μg L
-1
de anatoxina-a exposta a temperaturas de 22, 40, 50,
60, 70 e 80 ºC por 60 minutos, mostrou que a toxina começa a sofrer termodegradação a
partir de 60 ºC. Quando exposta a temperaturas de 50 ºC por 60, 120, 150, 180, 210 e 240
minutos, mostrou que a toxina começa a sofrer termodegradação a partir de 120 minutos,
significando que o processo de evaporação não deve ser usado em temperaturas superiores a
60 ºC no tempo de 60 minutos e, na temperatura de 50 ºC, não deve ultrapassar 120 minutos
de evaporação. Apenas dois dos processos de evaporação aqui testados estiveram dentro
83
destas condições. O primeiro método de evaporação foi com aquecimento e borbulhamento de
gás nitrogênio a vácuo, que mostrou um R de 98% (tempo do processo de 80 minutos,
50 ºC). O segundo método de evaporação foi utilizando rota-evaporador com borbulhamento
de gás nitrogênio, que apresentou F
R
de 99% na temperatura de 40 ºC após 70 minutos e na
temperatura de 50 ºC após 60 minutos. Assim, foi então adotado o processo de evaporação
no rota-evaporador com borbulhamento de gás nitrogênio a 50 ºC, método o qual não
apresentou termodegradação da toxina, e foi também de procedimento operacional mais
fácil.
Os experimentos de estocagem das amostras congeladas (-20 °C) nas diferentes
etapas do processo de extração, purificação e concentração da anatoxina-a não apresentaram
perdas no período de até um mês, o que mostra que, se for necessário interromper o processo
já em andamento pelo período de até 30 dias, não haverá interferência nos resultados.
Na análise das amostras do banco de cultivo de cianobactérias da UPC, com o método
de Análise Direta, a única cepa de cianobactéria na qual foi identificada a presença de
anatoxina-a foi Anabaena verrucosa (RS8701, isolada do Estação Ecológica do
Taim/RS/Brasil), e sob concentração baixa (0,480 ng g
-1
de material liofilizado). Apesar de
terem sido analisados vários gênero de Anabaena, (Tabela III.3) possíveis produtoras de
anatoxina-a, não se detectou a produção da toxina.
Nas amostras ambientais analisadas, num total de três amostras, foi detectada
anatoxina-a na amostra da Barragem Santa Bárbara (coletada em Pelotas, RS). A
concentração encontrada foi de 5 μg L
-1
, que é relativamente alta, por se tratar de uma água a
qual é utilizada para o abastecimento de água potável para a cidade de Pelotas. Porém,
levando-se em conta que foi analisada de uma amostra de água bruta, não necessariamente
84
esta quantidade de toxina poderá estar presente em amostra de água tratada. A quantidade de
toxina que pode ser removida e/ou degradada pelo processo de tratamento de água é
desconhecida.
A metodologia denominada Análise Direta apresenta vantagens comparando com
trabalhos citados anteriormente, devido ser de mais baixo custo (não utilizar cartuchos e
alguns equipamentos) e de reduzir o tempo de procedimento analítico, de aproximadamente 4
horas para 30 minutos, sem perder sensibilidade, recuperação de padrão, precisão e exatidão.
E quando há necessidade de uma purificação e/ou concentração da amostra, utiliza-se a
metodologia Com Concentração (cartucho C18), que também apresenta sensibilidade,
recuperação de padrão, exatidão e reprodutibilidade.
85
VI CONCLUSÕES
O método de derivatização pré-coluna com NBD-F foi escolhido para análise dos
demais testes de extração (três pulsos de um minuto com intervalo de um minuto),
concentração, purificação (o melhor resultado foi com cartucho C18 e evaporado no rota-
evaporador com borbulhamento de nitrogênio) e análise direta das amostras, por possibilitar a
detecção de anatoxina-a em CLAE (Coluna C18 250X4 .6mm, 4μ, fase móvel
Acetonitrila:Água 50:50 vazão 0,9mL min
-1
, 20μL amostra injetada e detectado com
monitor fluorimétrico λ
ex
=470 λ
em
=530 nm).
O método, desenvolvido o “Com Concentração”, exige a utilização de alguns
equipamentos desnecessários ao método “Análise Direta”, sendo, portanto, este último
adotado para análise das amostras. Porém, o método “Com Concentração” o qual purifica a
amostra, não deve ser descartado, especialmente no caso de amostra que apresentar
interferentes.
Comparando os métodos de concentração e purificação da toxina avaliados neste
trabalho, pode-se definir como mais adequado às diferentes matrizes utilizadas, os processos
que utiliza cartucho C18. O método mais adequado para evaporação da amostra eluída do
cartucho, foi o que utiliza rota-evaporador, com borbulhamento de nitrogênio.
Em relação à matriz de água tratada, o método “Análise Direta” foi eficiente em
quantificar a toxina adicionada na amostra, sendo este um processo mais rápido e de menor
custo. O método utilizado forneceu resultados comparáveis de quantificação dos métodos já
existentes.
Quanto a amostras de água bruta ou ambiental, o método “Análise Direta” não
apresentou problemas, para quantificar a anatoxina-a, e nas que apresentaram interferentes, a
metodologia “Com Concentração” aplicou-se idealmente ao problema.
86
Conclui-se, que com estas otimizações realizadas nesse trabalho, foi possível implantar
uma metodologia capaz de quantificar anatoxina-a, em CLAE.
87
VII CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS
O trabalho apresentado nesta dissertação trata da análise de anatoxina-a, onde métodos
de detecção foram implantados e avaliados.
Diversos métodos de concentração dos analitos em amostras de água tratada e bruta
fornecidas por Estações de Tratamento de Água das regiões Sul e Sudeste do Brasil, foram
testados: extração, purificação, concentração e evaporação. A utilização de cartuchos de troca
iônica para concentração das toxinas é um procedimento a ser investigado.
Um outro tema a ser analisado seria a decomposição das anatoxina-a e as suas outras
variantes. A determinação dos produtos gerados, bem como a toxicidade destes, seria de
grande valia para a administração destes locais.
A utilização de sistemas de cromatografia acoplada à espectrometria de massa nesse caso
seria de grande importância, porém o difícil acesso a esta técnica devido seu elevado custo,
impede o desenvolvimento de novas pesquisas e até mesmo a extinção de análises por
bioensaio.
Este trabalho teve a intenção de fornecer a base para investigações futuras, implantando
um método de detecção exata e precisa, permitindo o desenvolvimento de novas investigações
sobre este tema de grande importância comunitária.
88
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98
ANEXOS
99
Anexo 1
Figura IV.15: Cromatograma do Controle (reagentes da derivatização, sem toxina)
com derivatização pré-CLAE (Coluna: Synergi 250 X 4,6mm, 4μ) e detecção por
fluorescência.
100
Anexo 2
Cronograma Metodológico de Analise de Anatoxina-a.
Direta
Extração:
Três pulsos ultrasónico de um minuto com intervalo de um minuto, refrigerado
Derivatização:
200 µL da amostra;
30 μL NBD-F mg mL
-1
;
30 μL borato de sódio 0,1 M;
10 minuto de Ração,
a temperatura ambiente;
50 μL de HCl 1,0 M.
Análise Em CLAE-FL:
Lupe de 20 µL;
Fase móvel Acetonitrila/ água 50:50, vazão 0,9mL/ minuto;
Temperatura do forno de coluna 40 ºC
Detector de Fluorescência (λ
ex
=470 λ
em
=530 nm)
Coluna C18 (250 X 4.6mm, 5μ).
101
Com Concentração
Extração:
Três pulsos ultrasónico de um minuto com intervalo de um minuto, refrigerado.
Purificação:
Com cartucho C18, ativado com 10mL de metanol, 10 mL água e 10mL de metanol
TFA 0.2%(v/v), eluído com 10mL de metanol TFA 0.2%(v/v).
Concentração:
Evaporação total em rota-evaporador com borbulhamento de nitrogênio.
Derivatização:
50 μL NBD-F mg mL
-1
;
100 μL borato de sódio 0,1 M;
10 minuto de Ração,
a temperatura ambiente;
50 μL de HCl 1,0 M.
Análise Em CLAE-FL:
Lupe de 20 µL;
Fase móvel Acetonitrila/ água 50:50, vazão 0,9mL/ minuto;
Temperatura do forno de coluna 40 ºC
Detector de Fluorescência (λ
ex
=470 λ
em
=530 nm)
Coluna C18 (250 X 4.6mm, 5μ).
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