Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
Programa de pós-graduação em Materiais para
Engenharia
Juvêncio Bezerra Loiola Junior
Desenvolvimento de um adesivo polimérico
condutor de eletricidade
Dissertação submetida ao programa de pós-graduação
em Materiais para Engenharia como parte dos
requisitos para obtenção do titulo de Mestre em
Ciências em Materiais para Engenharia.
Junho de 2010
Itajubá - MG.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
Instituto de Ciências Exatas
Programa de pós-graduação em Materiais para Engenharia
Dissertação de Mestrado
Desenvolvimento de um adesivo polimérico
condutor de eletricidade
Autor: Juvêncio Bezerra Loiola Junior
Orientador (a): Maria Elena Leyva González
Co-orientador: Filiberto Garcia González
Composição da banca examinadora:
Prof.Dr.: Luiz Claudio de Santa Maria
Prof.Dr.: Demétrio Artur Werner Soares
Prof.Dr.: Maria Elena Leyva González
Itajubá - MG, 01 de junho de 2010.
ads:
Dedicatória
...A minha mãe Avelina Aparecida, bem como todos
que me apoiaram durante esta conquista...
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus, por dar sentido a minha vida...
Agradeço a minha mãe por fazer de mim um homem honrado...
Agradeço a todos os meus irmãos pela união e amizade...
Sou grato também a minha noiva e toda minha família pelo carinho e compreensão...
Obrigado aos meus amigos por toda ajuda e companheirismo...
... e juntamente a isso quero esboçar minha gratidão a todos os meus professores...
... pela paciência...
...hombridade...
...amizade...
...ajuda...
...e principalmente toda confiança depositada no meu trabalho...
...agradeço em especial o Professor Doutor Demétrio Werner por ser mais que um
Professor, mas também um líder...
...a Professora Dra. Maria Elena Leyva González e o Professor Dr. Filiberto Garcia
González, pela oportunidade única de trabalhar com pessoas tão integras e honestas...
...Deus não escolhe os capacitados,
capacita os escolhidos; Fazer ou não fazer algo só depende da nossa
vontade e perseverança...
Albert Einstein.
Resumo
LOIOLA JUNIOR, J. B. (2010), Desenvolvimento de um adesivo polimérico condutor de
eletricidade, Itajubá, 100p. Dissertação (Mestrado em Materiais para Engenharia) -
Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal de Itajubá.
Foi realizada a síntese de prata metálica (Ag) seguindo 4 procedimentos
experimentais diferentes: redução de íons Ag
+
com cobre metálico; com sulfato ferroso;
com sacarose (método de Tollens) e com polianilina. O valor da resistividade da prata
metálica, obtido pela reação redox com cobre, foi de 3,13 x 10
-7
Ohm.m e se aproximou do
valor teórico reportado para este metal. A dimensão das partículas de prata metálica, obtida
pelo método de Tollens, foi da ordem nanométrica, o que foi comprovado por
espectroscopia UV-Vis. No desenvolvimento do adesivo polimérico condutor, a prata,
obtida pelas sínteses, foi utilizada como carga condutora de eletricidade e o éter
diglicidílico do bisfenol A e trietilenotetramina (DGEBA/TETA) foi a matriz polimérica.
Através da razão estequiométrica (DGEBA/TETA), obtida pela calorimetria exploratória
de varredura (DSC), obtiveram boas propriedades químicas, físicas e mecânicas das
amostras. As propriedades mecânicas da rede formada foram estudadas através de ensaios
de dureza superficial, resistência à compressão, impacto e adesão. Todos os compósitos
preparados foram caracterizados por medidas de condutividade elétrica dc (
dc
), as quais
indicaram o compósito DGEBA/TETA/Ag (obtido por redox com cobre) como o de
melhores propriedades elétricas. O gráfico da condutividade elétrica (
dc
) em função da
fração volumétrica de prata (%) na matriz epoxídica (síntese cobre) mostra que a
condutividade elétrica segue um comportamento percolativo. Os valores obtidos foram
ajustados à equação da teoria da percolação obtendo-se um limiar de percolação de 39,99
% em volume de Ag, e um valor de expoente crítico de 1,19. O compósito
DGEBA/TETA/Ag (50 phr), com condutividade elétrica dc de 0,112 S/m, foi caracterizado
por termogravimetria (TGA) e microscopia eletrônica de varredura (SEM). O adesivo
polimérico condutor de eletricidade desenvolvido (DGEBA/TETA/Ag, 60 phr) foi aplicado
com êxito na fixação de componentes eletrônicos numa placa de circuito impresso
mostrando, assim, a viabilidade deste material como adesivo condutor.
Palavras-chave: Rede epóxi-amina, prata, propriedades elétricas, ensaios adesivos.
Abstrat
LOIOLA Jr., Juvêncio B. (2009), Development of electric conductor polymer adhesive,
Itajubá, 84p. Dissertação (Mestrado em Materiais para Engenharia) - Instituto de Ciências
Exatas, Universidade Federal de Itajubá.
The synthesis of metallic silver (Ag) was performed following four different
experimental steps: reduction of Ag+ ions with metallic copper; ferrous sulfate; sucrose
(by Tollens method) and polyaniline. The resistivity of metallic silver, obtained by redox
reaction with copper, was 3.13 x 10
-7
ohm.m, which is closed to the theoretical one,
reported by the reference. The dimension of the metallic silver, obtained by the Tollens
method, was in the order of the nanometer size, which was confirmed by the UV-Vis
spectroscopy. On the development of the conductor polymeric adhesive, the silver,
obtained by the synthesis, was used as the electric charge conductor and the polymeric
matrix was the diglycidyl ether bisphenol and triethylenetetramine (DGEBA/TETA). The
stoichiometry (DGEBA/TETA), used to achieve the best properties of epoxy network, was
determined by exploratory analysis (DSC). The mechanical properties of DGEBA/TETA
network were studied by hardness testing, compression resistance, impact and adhesion
test. The electrical conductivity dc (
dc
) of all prepared composites indicated the
DGEBA/TETA/Ag composite (Ag obtained by redox reaction with copper) as the best
electric conductor. The graph of the electrical conductivity (
dc
) vs. the volume fraction of
silver (%) indicated a percolative behavior of the sample (copper synthesis). The obtained
data were adjusted to the percolation theory, which the percolation threshold was 39.99 %
of Ag volume, and 1.19 of critical exponent. The DGEBA/TETA/Ag 50 phr composite
with dc electrical conductivity of 0.112 S/m was characterized by a thermogravimetric
analysis (TGA) and scanning electron microscopy (SEM). The DGEBA/TETA/Ag 60 phr
conductor polymer adhesive of electricity was successfully utilized to attach electronic
components on a printed circuit board, showing the viability of this material as a conductor
adhesive.
Keywords: Epoxy-amine network, silver, electrical properties, adhesion test.
Sumário
SUMÁRIO _________________________________________________________________ I
LISTA DE FIGURAS _______________________________________________________ V
LISTA DE TABELAS ______________________________________________________ X
LETRAS E SÍMBOLOS ____________________________________________________ XI
SIGLAS _________________________________________________________________ XI
CAPÍTULO 1 ______________________________________________________________ 1
INTRODUÇÃO ____________________________________________________________ 1
1.1 Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------ 1
1.2 Objetivos ------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1.2.1 Objetivos específicos ----------------------------------------------------------------------- 3
1.3 Conteúdo ------------------------------------------------------------------------------------------- 4
CAPÍTULO 2 ______________________________________________________________ 5
REVISÃO DA LITERATURA ________________________________________________ 5
2.1 Polímeros ------------------------------------------------------------------------------------------- 5
2.1.1 Propriedades fisícas ------------------------------------------------------------------------- 8
2.1.2 Propriedades químicas ----------------------------------------------------------------------- 9
2.2 Resina epoxídica e agente de cura -------------------------------------------------------------11
2.3 Polimerização -------------------------------------------------------------------------------------13
2.4 Prata e sínteses ------------------------------------------------------------------------------------14
2.5 Compósitos ----------------------------------------------------------------------------------------17
2.6 Compósito poliméricos condutores ------------------------------------------------------------18
2.7 Condução eletrica por percolação em compósito poliméricos -----------------------------20
2.8 Caracterização elétrica --------------------------------------------------------------------------22
CAPÍTULO 3 _____________________________________________________________ 26
MATERIAIS E METODOS __________________________________________________ 26
3.1 Materiais utilizados ------------------------------------------------------------------------------27
3.2 Equipamentos utilizados ------------------------------------------------------------------------27
3.3 Resina Epoxídica ---------------------------------------------------------------------------------28
3.3.1 Resina do tipo éter diglicidílico de bisfenol A (DGEBA, DER 331) ----------------28
3.4 Agente de Cura -----------------------------------------------------------------------------------29
3.4.1 Endurecedor trietilenotetramina (TETA, DEH 24) ------------------------------------30
3.5 Síntese da prata -----------------------------------------------------------------------------------30
3.5.1 Síntese por método de Tollens ------------------------------------------------------------30
3.5.2 Síntese por reação redox com sulfato ferroso (FeSO
4
) -------------------------------31
3.5.3 Síntese por reação redox com polianilina (PANI) -------------------------------------32
3.5.4 Síntese por reação redox com cobre metálico ------------------------------------------33
3.6 Caracterizações da prata -------------------------------------------------------------------------33
3.6.1 Espectroscopia UV-Vis --------------------------------------------------------------------34
3.6.2 Caracterização elétrica da prata (quatro pontos) dc -----------------------------------34
3.7 Caracterização térmica --------------------------------------------------------------------------35
3.7.1 Calorimetria diferencia de varredura (DSC) -------------------------------------------36
3.7.2 Termogravimetria (TGA) -----------------------------------------------------------------36
3.8 Preparação das amostras para caracterização elétrica (dois pontos) dc ------------------37
3.9 Caracterizações do adesivo polimérico condutor --------------------------------------------39
3.9.1 Determinação da condutividade elétrica (dois pontos) dc ----------------------------40
3.9.2 Microscopia óptica (MO) -----------------------------------------------------------------42
3.9.3 Microscopia eletrônica de varredura (SEM) -------------------------------------------43
3.10 Ensaios mecânicos ------------------------------------------------------------------------------44
3.10.1 Ensaio de dureza superficial -------------------------------------------------------------44
3.10.2 Impacto tipo Charpy ----------------------------------------------------------------------45
3.10.3 Aderência ao cisalhamento --------------------------------------------------------------46
3.10.4 Ensaio de resistência a compressão uniaxial -----------------------------------------48
3.11 Aplicação do adesivo polimérico condutor em uma placa de circuito impresso ------49
CAPÍTULO 4 _____________________________________________________________ 50
RESULTADOS E DISCUSÕES ______________________________________________ 50
4.1 Prata obtidas pelas diferentes sínteses ---------------------------------------------------------51
4.2 Caracterizações da prata -------------------------------------------------------------------------53
4.2.1 Espectroscopia UV-Vis --------------------------------------------------------------------53
4.2.2 Caracterização elétrica da prata (quatro pontos) dc -----------------------------------55
4.3 Caracterização térmica --------------------------------------------------------------------------56
4.3.1 Calorimetria diferencia de varredura (DSC) -------------------------------------------56
4.3.2 Termogravimetria (TGA) -----------------------------------------------------------------58
4.4 Caracterizações do compósito polimérico condutor ----------------------------------------60
4.4.1 Caracterização elétrica (dois pontos) dc ------------------------------------------------60
4.4.2 Microscopia óptica (MO) -----------------------------------------------------------------69
4.4.3 Microscopia eletrônica de varredura (SEM) -------------------------------------------70
4.5 Caracterização mecânica ------------------------------------------------------------------------72
4.5.1 Dureza superficial --------------------------------------------------------------------------72
4.5.2 Impacto do tipo Charpy -------------------------------------------------------------------73
4.5.3 Aderência ao cisalhamento ---------------------------------------------------------------74
4.5.4 Ensaio de resistência a compressão uniaxial -------------------------------------------75
4.6 Aplicação de adesivo desenvolvido em uma placa de ciruito impresso ------------------76
CAPÍTULO 5 _____________________________________________________________ 78
CONCLUSÕES ___________________________________________________________ 78
5.1 Conclusões ----------------------------------------------------------------------------------------78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________ 81
Lista de figuras
Figura 2.1 Tipo de estruturas moleculares ---------------------------------------------------------10
Figura 2.2 Grupo epóxi --------------------------------------------------------------------------------11
Figura 2.3 Molécula de resina epoxídica Éter diglicidílico do bisfenol A (DGEBA) -----11
Figura 2.4 Trietilenotetramina (TETA) -------------------------------------------------------------12
Figura 2.5 Mecanismos da reação do sistema de resina epóxi do tipo éter diglicidílico do
bisfenol A (DGEBA) com trietilenotetramina (TETA). ka, ka’ e kc, k’c representam as
constantes de velocidades relativas das reações não-catalíticas e catalíticas que originam
grupamentos amina do tipo secundário e terciário, respectivamente -----------------------------13
Figura 2.6 Estrutura química da rede epoxídica gerada a partir da polimerização
DGEBA/TETA -------------------------------------------------------------------------------------------14
Figura 2.7 Amostras de prata; en.wikipedia.org ---------------------------------------------------15
Figura 2.8 Espelho de prata, http://farm3.static.flickr.com --------------------------------------16
Figura 2.9 Compósito natural, (www.ufrgs.com) -------------------------------------------------18
Figura 2.10 Compósito fabricado, www.ufrgs.com -----------------------------------------------18
Figura 2.11 Compósito polimérico a base de resina epóxi mais grafite ------------------------19
Figura 2.12 Figura 2.12: a) Esboço em duas dimensões do sistema percolativo; b)
fenômeno de percolação para uma mistura entre um polímero convencional e carga
condutor ----------------------------------------------------------------------------------------------------21
Figura 2.13 a) Arranjo experimental para o método de duas pontas dc [41]; b) arranjo
experimental para o método de quatro pontas dc ----------------------------------------------------24
Figura 2.14 Arranjo método eletrômetro, utilizando anel de segurança e chaves
alternantes para diferentes modos de medidas da corrente na amostra (a, b e c) [41] ----------25
Figura 3.1 Éter diglicidílico do bisfenol A (DGEBA) --------------------------------------------28
Figura 3.2 Disposição do trietilenotetramina ------------------------------------------------------29
Figura 3.3 Endurecedor trietilenotetramina --------------------------------------------------------29
Figura 3.4 Nitrato de prata ----------------------------------------------------------------------------30
Figura 3.5 Reação de redução da prata pelo método de Tollens --------------------------------31
Figura 3.6 Reação redox com polianilina (PANI) -------------------------------------------------32
Figura 3.7 Síntese da prata metálica utilizando cobre; a) Becker, fio de cobre; b) Solução
água destilada, ácido nítrico e nitrato de prata; c) Início da reação -------------------------------33
Figura 3.8 Espectrofotômetro FEMTO, modelo 432 C -------------------------------------------34
Figura 3.9 Dispositivo para realização de caracterização elétrica pelo método quatro
pontos ------------------------------------------------------------------------------------------------------35
Figura 3.10 Laboratório de caracterização elétrica ------------------------------------------------37
Figura 3.11 Desidratação da resina epoxídica -----------------------------------------------------39
Figura 3.12 Cura do compósito DGEBA/TETA/Ag (síntese por reação com cobre); a)
Moldes com compósitos antes da cura; b) Molde após a cura de 24 horas; c) Amostra
pronta para usinagem ------------------------------------------------------------------------------------39
Figura 3.13 Confecção de amostra para caracterização elétrica (dois pontos) ----------------40
Figura 3.14 Imagem da amostra pintada (anel quardado), onde 1 é o fio do centro, 2 o fio
inferior da amostras (parte inferior é pintada toda superfície) e 3 o fio que é colado ao
circulo da borda da amostra -----------------------------------------------------------------------------41
Figura 3.15 Dispositivo para medida elétrica pelo método de anel quardado -----------------41
Figura 3.16 Microscópio óptico ----------------------------------------------------------------------43
Figura 3.17 Microscópio eletrônico de varredura, modelo FEI Quanta 200, que
apresenta uma faixa de voltagem entre 200 V a 30 kV ---------------------------------------------43
Figura 3.18 Durômetro --------------------------------------------------------------------------------44
Figura 3.19 Esboço do penetrador -------------------------------------------------------------------45
Figura 3.20 Máquina de ensaio de impacto EMIC ------------------------------------------------46
Figura 3.21 Junta colada do tipo single-lap. Dimensões em mm (ASTM 1002-72) ---------47
Figura 3.22 Esboço do padrão da amostra ----------------------------------------------------------48
Figura 3.23 Máquina Universal para Ensaios mecânicos, EMIC, modelo DL 2000 ---------48
Figura 3.24 Esquema do circuito elétrico da placa montada com a utilização do
compósito polimérico condutor de eletricidade ------------------------------------------------------49
Figura 4.1 Prata metálica pela síntese de Tollens ------------------------------------------------51
Figura 4.2 Partículas de prata, método redox por sulfato ferroso -------------------------------52
Figura 4.3 Obtenção de prata metálica (Tollens); a) Reação de óxido-redução; b)
Redução do diâmetro do fio de cobre; c) Prata metálica resultante da reação -------------------52
Figura 4.4 Espectros UV-Vis; a) Espectro referente à nanopartículas de prata; b) 1-
Espectro referente à nanopartículas de prata; 2 e 3 - Espectros referentes partículas de ouro
reduzidos com diferentes reagentes --------------------------------------------------------------------53
Figura 4.5 Espectro UV-Vis; 1 - da base de esmeraldina; 2 - compósito PANI-Ag
dissolvidos em metanol (CH
3
OH) ---------------------------------------------------------------------54
Figura 4.6 Ensaio de resistividade, 4 pontos ------------------------------------------------------55
Figura 4.7 a) entalpia da reação (ΔH); b) Comportamento da Tg -------------------------------57
Figura 4.8 Curvas calorimétricas no modo dinâmico; a) calor de reação; b) Tg -------------57
Figura 4.9 Comportamento da Tg em função do tempo de pós-cura a 130 C para a
segunda etapa do programa de cura -------------------------------------------------------------------58
Figura 4.10 Curva termogravimetria (TGA) do sistema DGEBA/TETA ---------------------59
Figura 4.11 Termogravimetria DGEBA/TETA/Ag (Cobre) -------------------------------------59
Figura 4.12 Curva corrente (A) vs tensão (V), DGEBA/TETA/Ag 50 phr (Tollens) -------61
Figura 4.13 Condutividade (S/m) vs concentração Ag (phr), (Tollens) ------------------------61
Figura 4.14 Curva corrente (A) vs tensão (V), DGEBA/TETA/Ag 33 phr (Sulfato
ferroso) -----------------------------------------------------------------------------------------------------62
Figura 4.15 Condutividade (S/m) vs concentração Ag (phr), (Sulfato ferroso) ---------------62
Figura 4.16 Precipitação de prata (Ag) metálica na matriz polimérica -------------------------63
Figura 4.17 Curva corrente (A) vs tensão (V), DGEBA/TETA/Ag 16,6 phr (PANI) -------63
Figura 4.18 Histerese na amostra DGEBA/TETA/Ag (Cobre); a) ensaio na amostra
com prata metálica (50 phr); b) 4º ensaio na amostras com prata metálica (50 phr) -----------64
Figura 4.19 Curva corrente (A) vs tensão (V), DGEBA/TETA/Ag 50 phr (Cobre) ---------65
Figura 4.20 Condutividade (S/m) vs fração volumétrica Ag (%), (cobre) ---------------------65
Figura 4.21 Condutividade (S/m) vs fração vol. Ag (%), (nanopartículas de prata) ---------66
Figura 4.22 Condutividade (Ω
-1
.cm
-1
) vs fração volumétrica Ag (%), (nanopartículas de
prata) [13] -------------------------------------------------------------------------------------------------66
Figura 4.23 Curvas corrente (A) vs tensão (V), DGEBA/TETA/Ag (Cobre) na
caracterização elétrica pelo método do anel quardado; a) dispositivo medindo corrente
superficial na amostra; b) dispositivo medindo corrente no volume da amostra ----------------69
Figura 4.24 a) Micrografia óptica DGEBA/TETA/Ag (Cobre), 1000 x; b) Micrografia
óptica DGEBA/TETA/Ag (Cobre), 1500 x, Luz transmitida --------------------------------------70
Figura 4.25 Micrografia DGEBA/TETA/Ag (cobre); a) micrografia 100 x; b) micrografia
2556 x ------------------------------------------------------------------------------------------------------71
Figura 4.26 Micrografia DGEBA/TETA/Ag (cobre); a) micrografia 2535 x; b)
micrografia 14.311 x -------------------------------------------------------------------------------------71
Figura 4.27 Curva tensão (MPa) vs Deformação (mm), para 5 amostras de
DGEBA/TETA no ensaio de resistência a compressão ---------------------------------------------75
Figura 4.28 Final da curva tensão (MPa) vs Deformação (mm), para 5 amostras de
DGEBA/TETA, tensão de ruptura ---------------------------------------------------------------------76
Figura 4.29 a) Imagem inferior da PCI; b) imagem superior da PCI; c) pontos de solda
com compósito; d) e f) imagem superior do circuito montado ------------------------------------76
Lista de tabelas
Tabela 2.1 - Classificação de polímeros ---------------------------------------------------------------- 7
Tabela 2.2 - Tipos de resinas epoxídica ---------------------------------------------------------------12
Tabela 2.3 - Propriedades da prata ---------------------------------------------------------------------14
Tabela 4.1 - Resultados do ensaio quatro pontos dc -------------------------------------------------55
Tabela 4.2 - Resultados dos ensaios de caracterização elétrica (dois pontos) --------------------68
Tabela 4.3 - Resultados da caracterização pelo método do anel quardado -----------------------69
Tabela 4.4 - Ensaio de microdureza superficial em/TETA/Ag (Cobre) ---------------------------72
Tabela 4.5 - Resultados dos ensaios para as resinas com e sem o tratamento de pós-cura (2
horas a 130°C) ---------------------------------------------------------------------------------------------73
Tabela 4.6 - Resultados dos Ensaios Mecânicos de Cisalhamento --------------------------------74
Letras e Símbolos
Δ = Variação, X
1
- X
0
;
ρ = Resistividade elétrica;
λ = Comprimento de onda;
Ω = Símbolo referente à unidade de medida de resistência elétrica denominada Ohm;
μ = Micro;
± = Refere a grau de incerteza;
σ = Condutividade elétrica;
ɸ = Diâmetro;
β = Constante referente à matriz polimérica;
Siglas
ASTM = American Society for Testing and Materials;
DGEBA = Resina epóxi do tipo éter diglicidílico do bisfenol A
DMTA = Análise térmica dinâmico-mecânica;
DNA = Ácido desoxirribonucléico;
DSC = Calorimetria diferencial de varredura;
HOMO = Orbital molecular ocupado (alta energia);
LED = Light Emitting Diode, (diodo emissor de luz);
LUMO = Orbital molecular desocupado;
PANI = Polianilina;
PCI = Placa de circuito impresso;
Phr = Parte de metal para cada 100 partes de matriz;
Psi = Libra por polegada quadrada;
TETA = Trietilenotetramina;
TGA = Análise termogravimétrica;
Capítulo 01
INTRODUÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
Este trabalho vem tratar de um tema que se faz presente cada vez mais no âmbito
científico, o desenvolvimento de compósitos que unam eficientemente as características de
materiais distintos para a obtenção de um novo produto de qualidade. Esta dissertação
estuda o processo completo de obtenção de um compósito que se baseia em um polímero
agregado de partículas de prata metálica que lhe renderá propriedades condutoras, logo
exemplificamos este material como um adesivo polimérico condutor de eletricidade.
Levando em consideração os avanços científicos e a corrida da ciência para obter
produtos e métodos de produção que agridam menos o meio ambiente, as técnicas de solda
convencionais com chumbo, são consideradas um problema ambiental, o que não poderiam
deixar de se tornar um campo de estudo e desenvolvimento que pudessem somar melhorias
nestes processos amplamente utilizados na indústria [Mariatti, 2006].
Os polímeros ou plásticos como são popularmente chamados foram agregados à
indústria tão rápido quanto o seu surgimento. Os pesquisadores que contribuíram para o
desenvolvimento deste tão abrangente tipo de material tiveram um papel essencial para que
o polímero viesse a ser empregado nas mais distintas áreas. Podemos encontrar este
material aplicado em várias áreas como na industria automotiva, bélica, alimentícia,
biociência e em todo meio urbano, senão empregado na produção estão presentes no meio
produtivo [Mamunya, 2003; Rabindra, 2008].
Os principais materiais utilizados neste trabalho, para o desenvolvimento do adesivo
polimérico condutor de eletricidade, são basicamente uma resina epoxídica e um agente de
cura que sofrem um processo simples de polimerização e, ao conjunto, é adicionado prata
metálica para obtenção de um compósito.
Levando em consideração os trabalhos concluídos com o mesmo intuito, esta
dissertação propõe em conjunto um diferencial, que é realizar distintos processos de
obtenção de prata metálica, no intuito de observar nas caracterizações posteriores, o que
mais se adequa à aplicação proposta neste trabalho. Dentre as principais indicações, os
adesivos poliméricos condutores de eletricidade podem ser empregados em placas de
circuito impresso, redes e subestações de energia elétrica e soldas elétricas comuns
[Mamunya, 2002; Zhang, 2007].
O estudo de varias cnicas de síntese da prata metálica é necessário para a
otimização do rendimento da mesma e observação de variações nas propriedades físicas.
Estas variações de propriedades estão diretamente ligadas às características do compósito,
bem como para a identificação das possíveis aplicações.
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivos três tópicos que garantirão uma sequência coerente
para o desenvolvimento e caracterização de um compósito condutor de eletricidade.
O trabalho esta imbuído de realizar quatro tipos de sínteses de prata metálica,
observando principalmente a dimensão das partículas assim como sua resistência elétrica.
Posteriormente serão preparados os compósitos poliméricos condutores de
eletricidade agregado com partículas de prata oriundas das sínteses efetuadas. Pretende-
se também avaliar as condições de confecção dos compósitos, como por exemplo, a pós-
cura de algumas amostras.
E, por ultimo será realizadas, realizar as caracterizações necessárias para avaliação
das propriedades elétricas, mecânicas, da estabilidade térmica e propriedades adesivas do
compósito, na intenção de certificar as proporções corretas a serem utilizadas do adesivo
polimérico condutor de eletricidade.
1.2.1 Objetivos específicos
Sintetizar prata metálica por quatro métodos distintos, para observar qual se adequa
melhor ao compósito condutor de eletricidade;
Desenvolver um adesivo polimérico condutor de eletricidade, com base em resina
epoxídica (DGEBA), agente de cura (TETA) e prata metálica;
Efetuar as caracterizações das propriedades elétricas da prata bem como as
propriedades físicas e mecânicas do adesivo polimérico condutor obtido.
1.3 CONTEUDO
No capítulo um, abordamos apenas a introdução, objetivo geral e objetivos
específicos esclarecendo assim, os propósitos deste trabalho. Como se pode observar nos
capítulos seguintes, relatam-se os elementos introdutórios, que colocam de maneira
objetiva todos os processos almejados a serem efetuados e comprovados por experimentos,
para a obtenção do compósito polimérico condutor.
O segundo capítulo aborda concisamente uma revisão bibliográfica, trazendo assim
um embasamento para as afirmações e conclusões que serão apresentadas no decorrer do
trabalho. Neste capítulo, também será exposta a teoria de condução de eletricidade para
este tipo de material, no objetivo de agregar informações para o entendimento do
comportamento do compósito a ser desenvolvido.
No terceiro capítulo serão descritos todos os materiais que virão a ser utilizados para
síntese de prata, preparação do compósito e confecção dos corpos de prova, bem como
todos os processos e técnicas para caracterização da prata e do compósito. Os métodos
adotados e os aparelhos que possibilitaram a execução dos experimentos também serão
especificados e esclarecidos.
O quarto capítulo traz todos os resultados obtidos com as sínteses e experimentos
efetuados ao decorrer do trabalho, bem como as discussões de todas as informações
colhidas nas análises comparadas com as referências bibliográficas. Após uma análise
detalhada de todos os resultados, poderemos então concluir se os objetivos previamente
almejados foram alcançados.
No quinto, e último capítulo, concluiremos este trabalho, os avanços alcançados,
bem como a contribuição que o desenvolvimento deste material traz para o meio cientifico.
Capítulo 02
REVISÃO DA LITERATURA
2.1 POLIMEROS
O processo do desenvolvimento dos polímeros apresenta uma complexidade por
serem consideradas moléculas de alta massa molecular, que formasse por um processo
conhecido por polimerização. Foram necessárias muitas décadas de estudo para se alcançar
resultados plausíveis que apontassem as propriedades físicas e químicas deste material, que
é utilizado diariamente em um largo ramo de aplicação.
As primeiras notas se referem a fatos que datam de 1000 anos A.C. quando
chineses extraiam das árvores (RHUS VERNICFLUA) o material que hoje conhecemos por
verniz, utilizando o mesmo para impermeabilização de roupas. Este produto foi utilizado
como protetor de moveis a1950. a conhecida borracha natural foi apresentada por
Valdes (1550) após expedição a América Central onde também já era utilizada como
impermeabilizante. Devido à complexidade de se produzirem polímeros, até por volta de
1850, os polímeros utilizados se originavam de produção natural. Antes desta data, de
forma geral, era levada em consideração a teoria da força vital que foi inicialmente
proposta por Berzelius. Esta teoria foi contestada por Friedrich Wohler que deu inicio a um
amplo estudo envolvendo química orgânica e polímeros [Gratzer, 2009; Rabello, 2000].
No século XX, surgiu um fato que marcou profundamente a história da
humanidade, ficou provado que alguns materiais, produzidos pela química incipiente do
final do século e que até então eram considerados colóides, consistiam na verdade de
moléculas gigantescas, que poderia resultar do encadeamento de 10000 ou mais átomos de
carbono. Esses produtos de sínteses apresentavam repetições de pequenas unidades
estruturais em sua longa cadeia principal, e assim foram denominados polímeros [Mano,
1991].
Polímero origina-se do grego poli (muitos) e meros (unidade de repetição). Assim,
um polímero é uma macromolécula composta por muitas (dezenas de milhares) unidades
de repetição denominadas meros, ligados por ligação covalente. A matéria prima para a
formação de um polímero é o monômero, isto é, uma molécula com uma (mono) unidade
de repetição. Dependendo do tipo de monômero (estrutura química), do número médio de
meros por cadeia e do tipo de ligação covalente, poderemos dividir os polímeros em três
grandes classes: termoplásticos, borrachas e termorrígidos [Canevarolo, 2002].
Desde a II Guerra Mundial, tem havido uma grande expansão das indústrias de
polímeros e produtos plásticos, adotando-se novos usos e tecnologias para estes materiais
em velocidade surpreendente. Rapidamente os polímeros têm substituído materiais
tradicionais como os metais, o vidro e a madeira nos mais diversos campos de aplicação,
incluindo as indústrias automobilísticas, eletroeletrônicas e da construção civil e em
produtos com aplicações espaciais e militares [Rabello, 2000].
Somente em 1929, foi definitivamente reconhecido pelos cientistas que os
polímeros eram substâncias de elevado peso molecular. A inexistência de métodos
adequados para avaliação do tamanho e da estrutura química não permitiam que moléculas
de dimensões muito grandes fossem isoladas e definidas cientificamente, com precisão.
Por esta razão, encontra-se a expressão “high polymer (polímero de alto massa molecular)”
para chamar a atenção sobre o fato de que o composto considerado tinha, realmente, peso
molecular muito elevado [Mano, 1999].
Os polímeros naturais, aqueles que são derivados de plantas e animais, têm sido
usados muito séculos; esses materiais incluem a madeira, a borracha, o algodão, a lã, o
couro e a seda. Outros polímeros naturais tais como as proteínas, enzimas, amidos e a
celulose, são importantes em processos biológicos e fisiológicos nos animais. Ferramentas
modernas de investigação científicas tornaram possíveis a determinação das estruturas
moleculares desse grupo de materiais e o desenvolvimento de numerosos polímeros, os
quais são sintetizados a partir de moléculas orgânicas pequenas. Muitos plásticos,
borrachas e fibras atualmente utilizadas são polímeros sintéticos [Callister, 2008].
Tabela 2.1: Classificação de polímeros:
Critério
Classe do polímero
Origem do polímero
Natural e sintético.
Numero de monômeros
Homopolímero e copolímero.
Método de preparação
Adição, condensação e modificações de
outro polímero.
Estrutura química da cadeia polimérica
Poli-hidrocarboneto, poliamida, poliéster
dentre outros.
Encadeamento da cadeia polimérica
Sequência cabeça-cabeça, calda-calda,
cabeça-calda.
Configuração dos átomos da cadeia
polimérica
Sequência sis e trans
Taticidade da cadeia polimérica
Isotática, sindiotática ou atática.
Fusibilidade e/ou solubilidade
Termoplástica e termorrígida.
Comportamento mecânico do polímero
Borracha ou elastômero e plástico.
Considerando um polímero qualquer, pode-se classificá-lo de diversas maneiras,
conforme o critério escolhido. As principais classificações se baseiam nos aspectos
descritos na tabela 2.1 [Mano, 1999].
2.1.1 Propriedades físicas
As propriedades físicas são aquelas que não envolvem qualquer modificação
estrutural em nível molecular dos materiais [Mano, 1991], são elas as propriedades
mecânicas, térmicas, elétricas, óticas dentre outras.
Para se estudar e aplicar algum polímero é necessário levar em consideração
algumas propriedades como, por exemplo; a ductilidade, dureza superficial, elasticidade e
resistência à abrasão. Sabe-se também que alguns polímeros são agregados de propriedades
que podem fugir desta maioria como o teflon.
As propriedades mecânicas se referem à reação do material quando submetido às
ações de forças externas diversas, e são registradas à medida que o material muda sua
forma, comportamento ou resistência à ruptura. Estas mudanças são avaliadas por ensaios
que podem nos oferecer resultados para a análise das características de um determinado
material, porém quando a análise se refere a um polímero, devido à complexidade
estrutural, apenas ensaios mecânicos não proporcionam um resultado de grande qualidade
no âmbito molecular. De forma resumida, as principais propriedades mecânicas relevantes
para estudo de polímeros são resistência à tração, alongamento na ruptura, modulo de
elasticidade, resistência à compressão, flexão, fadiga, impacto, fricção, abrasão e dureza
[Mano 1991; Canevarolo, 2002].
Tendo em vista a grande vinculação e fragilidade que os polímeros apresentam em
relação à temperatura, as propriedades térmicas se tornam importântes no estudo físico-
mecânico dos polímeros. Estas propriedades são analisadas ao se colocar ou remover
energia térmica, por técnicas chamadas análise termogravimétrica (TGA), calorimetria
diferencial de varredura (DSC) e análise térmica dinâmico-mecânica (DMTA). A principal
característica térmica dos polímeros é sua condução de calor, mesmo assim é possível
obter resultados relevantes de suas propriedades térmicas utilizando algumas técnicas de
caracterização, dentre estas podemos listar calor específico, condutividade térmica,
expansão térmica, transição vítrea e temperatura de fusão [Callister, 2008].
Os polímeros são maus condutores de calor e também são ruins em condução
elétrica, propriedades estas que são confirmadas por avaliações como: rigidez dielétrica,
resistividade, constante dielétrica, fator de potencia e fator de dissipação e resistência ao
arco [Mano, 1991].
No que se refere às propriedades óticas relativas a materiais poliméricos podem
apresentar muitas variações, devido aos avanços na tecnologia de sínteses dos mesmos.
Nas últimas décadas é possível obter polímeros com boas qualidades óticas. Transparência
e índice de refração são as principais propriedades óticas deste tipo de materiais [Mano
1999].
Podemos também citar algumas outras propriedades dos polímeros como, por
exemplo, a densidade que na maioria dos polímeros se mostra relativamente baixa e
estabilidade dimensional que se refere ao comportamento estável ou não em relação ao
volume que o mesmo apresenta.
2.1.2 Propriedades químicas
Os polímeros são definidos como macromoléculas constituídas por sequências
repetitivas denominadas meros, que por sua vez quando separado em uma única molécula é
denominada monômero. Este composto químico se destaca pela elevada massa molecular e
pela formação de grandes cadeias moleculares, os exemplos mais comuns de polímeros são
o DNA (em português ácido desoxirribonucléico), amido e as proteínas.
O processo de reação dos monômeros que origem aos polímeros é conhecido
como polimerização. Esta reação que resulta no material em questão pode ocorrer de duas
formas distintas, como poderemos exemplificar a seguir:
- Adição = Sítio reativo oriundos de um precursor, seguido da reação continuada do
mesmo processo por toda a amostra e a terminação com um produto final;
- Condensação = Não ocorre de forma direta, mas sim por etapas em sua maioria
entre dois diferentes monômeros.
Estas verdadeiras cadeias moleculares apresentam disposições na sua maioria
diferentes umas das outras [Callister, 2008], mas na figura 2.1 podemos observar as
variações na organização da estrutura molecular dos polímeros:
Figura 2.1: Tipo de estruturas moleculares.
As propriedades químicas dos polímeros são resistência à oxidação, ao calor, as
radiações na região ultravioleta, resistência a água, ácido e bases, por fim solvente.
Dependendo do experimento ou aplicação de seu material polimérico, é necessário levar
em consideração o comportamento do mesmo em vácuo e com ação de prováveis gases
que entrarem em contato com o mesmo [Mano, 1991].
2.2 RESINA EPOXÍDICA E AGENTE DE CURA
Ser um material termofixo é a característica mais marcante das resinas epoxídicas.
Este tipo de material poder ser modificado plasticamente, antes ou durante o início de
processo de polimerização com a adição de um agente de cura, pois após se torna rígido e
não apresenta deformações físicas plásticas significativas com a variação da temperatura.
As resinas epoxídicas são materiais amorfos e sua estrutura tridimensional em rede
caracterizada por ligações cruzadas [Possart, 2005].
Na sequência, é ilustrada a molécula da resina epóxi para que fique mais claro sua
forma e arrumação:
Esta resina quando líquida caracteriza-se por uma baixa viscosidade e uma maior
resistência mecânica após a cura, além do seu baixo custo de produção. Possui
propriedades mecânicas pobres (Tg 120 °C), sendo inaceitável para aplicações de alto
desempenho, a menos que seja usado um agente de cura aromático e/ou anidrido
[Rozenberg, 1986].
Dentre as varias resinas comerciais, a mais utilizada e estudada é o éter diglicidílico
do bisfenol A DGEBA. O “n” da figura 2.3 nos oferece informações da massa molecular,
do equivalente epoxídico teórico do produto. Por exemplo, considerando este fator entre 0
e 1 a resina esta em estado líquido, mas à medida que este fator se aproxima de 1 a
viscosidade e a massa molecular aumentam, e se for “n” > 2 a resina é sólida [Canevarolo,
2002; Mano, 1999].
Tabela 2.2: Tipos de resinas epoxídica:
Resina
Categoria
Arranjo
Diglicidil éter de
neopentilglicol
Alifáticas
Diglicidil éter de
butadienal
Alifáticas
Triglicidil p-
aminofenol(TGA)
Aromáticas
Tetraglicidil
diamino difenil
metano (TGDDM)
Aromáticas
Dentre alguns agentes de cura utilizados para reagir com as resinas epoxídicas
podemos citar: aminas alifáticas, aminas cicloalifáticas, poliamidas, anidridos, amidas
aromáticas, polissulfetos, polimercaptanas, poliamidoaminas [Blass, 1985].
Dentre as aminas alifáticas utilizadas como agente de cura, a trietilenotretamina
(TETA) é uma das mais utilizadas:
Figura 2.4: Trietilenotetramina (TETA).
O grupo das aminas alifáticas, que é o caso do endurecedor utilizado neste trabalho,
apresenta algumas propriedades como baixa viscosidade, cura em temperatura ambiente é
incolor [PÉREZ, 1968]. Devido suas propriedades as resinas epoxídicas curadas com estes
agentes de cura podem ser utilizadas como adesivos, para reparar pequenos vazamentos em
tubulações, revestimentos elétricos e diversas aplicações na construção civil [Possart,
2005].
2.3 POLIMERIZAÇÃO
Em relação ao mecanismo de cura do sistema epóxi selecionado neste trabalho,
afirma-se que o sistema polimeriza por reações de polimerização em etapas. O grupo
amina adiciona-se ao grupo epóxi, através da saída e substituição do grupo hidrogênio do
tipo amina no grupo diglicidílico, formando um grupamento haloidrina. Segundo a
literatura, a reação ocorre por dois mecanismos competitivos, o chamado mecanismo
autocatalítico e o chamado mecanismo não catalítico. Estes mecanismos são competitivos,
sabe-se que o mecanismo autocatalítico é favorecido a baixa temperatura e que o
mecanismo não catalítico é favorecido a alta temperatura. Na Figura seguinte, é mostrado
este tipo de mecanismo [González, 2005].
2.4 PRATA E SÍNTESES
Este metal apresenta ótimas propriedades elétricas de valor comercial alto é
utilizado primeiramente como produto primário para jóias e materiais de utilizações
variadas como, por exemplo, moedas, talheres e enfeites. A prata também é classificada
como o metal de melhor condução elétrica e calorimétrica.
Tabela 2.3: Propriedades da prata:
Propriedades da prata
Simbolo
Ag
Numero atômico
47
Classe
Metal
Densidade
10,49g/cm
3
Estrutura cristalina
Cúbica de face centrada
Ponto de fusão
961,78 ºC
Condutividade elétrica
6,29x10
7
ohm
-1
m
-1
Condutividade térmica
429W m
-1
K
-1
A prata (Ag) é raramente encontrada na forma de metal puro. A maior parte é
encontrada na forma de sub-produto do refino do cobre e do chumbo, e uma quantidade
considerável é reciclada pela indústria fotográfica. A prata metálica tem potencial padrão
de redução positivo e, por isso, não reduz H
+
(aq) a hidrogênio. A prata reage facilmente
com o enxofre à temperatura ambiente, para produzir a familiar camada preta que escurece
a superfície da mesma (utensílios fabricados com prata como talheres, bandejas e outros)
[Atkins, 2006].
Nesta dissertação são utilizadas quatro sínteses distintas, que são abordadas
posteriormente no capítulo de materiais e métodos, mas devido à importância destes
diferentes processos de obtenção de prata metálica, para a aplicação em questão,
abordaremos a seguir uma breve apresentação das mesmas.
O método de Bernhard Tollens se refere ao popularmente conhecido teste do
espelho de prata, basea-se em uma solução simples de nitrato de prata (AgNO
3
), hidróxido
de sódio (NaOH) e hidróxido de amônia (NH
4
OH). Este reação de redução da prata é
provocada pela presença de aldeídos. Neste trabalho esta síntese será chamada de
“Tollens”, por uma questão de simplificação.
Este ensaio permite igualmente a distinção entre aldeídos e acetonas. A oxidação do
aldeído pelo reagente de Tollens fornece um precipitado de prata elementar que parece
com um espelho de prata nas paredes do tubo de ensaio. As acetonas não reagem
[Guenthes, 1988].
Na síntese utilizando polianilina também conhecida como PANI, que são um dos
polímeros condutores elétricos de maior importância e vem sendo amplamente estudado
com muita freqüência nos últimos anos devidos as suas boas propriedades elétricas e
facilidade de preparação [Jia, 2006]. A PANI teve aplicações como em emissores de luz,
dispositivos eletrônicos e sensores químicos [Zhao, 2006]. As demais considerações
necessárias são descritas posteriormente, onde serão esclarecidos todos os parâmetros
considerados relevantes e o procedimento executado para a obtenção da prata metálica.
Esta síntese será resumida como “PANI” para facilitar o entendimento durante o decorrer
da dissertação.
Da termodinâmica (energia livre de Gibbs), podemos explicar mais duas das quatro
sínteses utilizadas neste trabalho. Esta lei se baseia na energia que é trocada durante uma
passagem que um material passa de um estado para o outro estado estável, e pode ser
definida pelas seguintes equações:
EnFG
Equação 02-1
oxred
EEE
Equação 02-2
Onde G é a energia livre de Gibbs, n o numero de elétrons envolvidos na reação,
F é a constante de Faraday e por fim E que expressa à diferença entre o potencial de
redução e o potencial de oxidação dos elementos envolvidos na reação [Atkins, 2006].
Nas sínteses que foram utilizadas cobre (Cu) e sulfato ferroso (FeSO
4
), como serão
devidamente descritas no capítulo de materiais e métodos, poderemos perceber que estas
duas reações ocorrem de maneira espontânea como são esclarecidos com a equações 02-1 e
02-2. E como nas outras sínteses, por questão de simplificação as sínteses de reação por
óxido-redução que utilizam cobre e sulfato ferroso como agentes redutores são chamados
“Cobre” e “Sulfato ferroso", respectivamente.
2.5 COMPÓSITOS
Compósitos são materiais formados pela junção de no mínimo dois materiais
distintos, no intuído de obter novas propriedades físicas e químicas. Esta união pode ser
feita de diversas formas e com inúmeros materiais, dependerá primordialmente da
aplicação a que será destinado o compósito a ser desenvolvido.
Os materiais mais utilizados são os polímeros, metais e cerâmicas, e as aplicações
variam desde implantes cirúrgicos a materiais de construção civil e aeroespaciais. É vasto o
ramo de aplicação de compósitos e, devido a isso, o estudo dos mesmos se tornou amplo
no meio científico e tecnológico [Mano, 1991; Callister, 2008].
Para melhor entendimento será acrescentado posteriormente alguns exemplos de
compósitos. A priori, é importante saber que os compósitos se dividem em dois sistemas,
um que lhe proporciona meio físico, ou seja, o material que desempenha o papel matricial
do seu compósito. O segundo sistema que compõe um compósito é o material reforço, que
destacará as propriedades físicas e químicas do material produto.
Pode-se dizer que os compósitos constituem uma classe de materiais heterogêneos,
multifásicos, podendo ser ou não polímeros, em que um dos componentes, descontínuo,
a principal resistência ao esforço (componente estrutural), e o outro, contínuo, é o meio de
transferências de esforços (componente matricial). Esses componentes não se dissolvem ou
se descaracterizam completamente. Apesar disso, atuam concertadamente, e as
propriedades do conjunto são superiores à de cada componente individual [Mano, 1991].
As ilustrações das figuras 2.9 e 2.10 demonstram algumas das inúmeras
possibilidades de compósitos:
2.6 COMPÓSITOS POLIMÉRICOS CONDUTORES
Para um maior entendimento do tema deste trabalho, é feito neste tópico uma
pequena explanação do que seria um compósito polimérico condutor e suas maiores
aplicações. Como o compósito desenvolvido neste trabalho, os adesivos condutores se
apresenta como uma nova opção no ramo de soldas de conexões condutoras de eletricidade
para diversas aplicações no ramo da eletrônica.
De forma geral, o grande avanço tecnológico traz consigo a necessidade de novos
materiais que minimizem custos e tempo na fabricação de um produto final. No contexto
mundial, tornou comum a busca de tecnologias que agridam menos o meio ambiente e
respeitem as novas leis impostas para a diminuição ou até mesmo a proibição de
substâncias agressivas ao ser humano, como por exemplo, podemos citar a proibição do
uso de chumbo em soldas no Japão em 2005, de acordo com nota do Instituto de Inovação
Tecnológica [Wolfgang, 2009; Maia, 1999].
Do ponto de vista ambiental, soldas contendo chumbo são nocivas ao meio
ambiente e seres vivos. Este é um dos principais motivos pelo qual a indústria eletrônica
vem investindo em adesivos condutores de eletricidade que consistem em compósitos
poliméricos que oferecem resistência mecânica e de condutividade elétrica através da
adição de condutores ou agregados metálicos como ouro, prata, níquel e cobre [Mariatti,
2006; Carmona, 1998].
Os polímeros diversamente carregados (partículas de prata, cobre, nanotubo de
carbono, grafite, negro de fumo dentre outros) se desenvolveram com o crescimento do
setor eletrônico. A condutividade (que pode chegar à ordem de 10 S.cm
-1
) e o baixo custo
de produção possibilitaram sua utilização em blindagem contra radiação eletromagnética e
proteção antiestática de circuitos eletrônicos. Estes materiais foram denominados
condutores extrínsecos, uma vez que são as cargas incorporadas que asseguram a condução
eletrônica do material [Zoppi, 1993].
A figura 2.11 ilustra um compósito baseado em resina epoxídica e grafite, que
foram desenvolvidos no intuído de propiciar condução elétrica ao material:
Atualmente, os adesivos poliméricos condutores estão sendo visados como uma
possível alternativa para substituir as pastas de solda convencionais na montagem de
componentes eletrônicos em placas de circuito impresso (PCI). Isto é devido a serem
menos nocivos ao meio ambiente e pela capacidade de fazer funções fine pitch. No entanto,
pouco se conhece sobre o comportamento e propriedades dos adesivos condutores, na
montagem de componentes eletrônicos em PCIs [Wong, 2009].
2.7 CONDUÇÃO ELÉTRICA POR PERCOLAÇÃO
EM COMPÓSITO POLIMÉRICO
Neste trabalho, são descritos e discutidos todos os resultados e comparações literárias que indicam o processo de condução elétrica do
compósito condutor de eletricidade produzido. Pesquisadores se baseiam em teorias que mais se aproximam
da realidade do comportamento do fluxo de carga nos materiais em questão.
Frequentemente, são publicados trabalhos que definem os modos de conduções usando
teorias fundamentadas nos mecanismos de percolação [Zhang, 2007].
A maioria dos polímeros são utilizados como isolantes, assim a condutividade do
compósito polimérico condutor de eletricidade fica dependente somente ao material
agregado e ao seu comportamento micro estrutural em conjunto a matriz [El-Tantawy,
2001]. Numa abordagem geral, pode-se descrever o transporte de carga em compósitos
poliméricos agregados de partículas condutoras pela teoria da percolação [Vilcaková,
2002].
A teoria da percolação descreve a relação de conectividade de um largo número de
objetos, considerando as propriedades dos materiais como interação inter e intra molecular.
As principais ferramentas utilizadas na teoria da percolação são as teorias da topologia e
probabilidade, que juntas proporcionam uma ótima interpretação do comportamento
condutivo elétrico [Hunt, 2008].
O modelo matemático desenvolvido para teoria de percolação tem sido aplicado com sucesso a uma variedade de. Uma expressão
empírica para mistura de epóxi-material condutor foi determinada por Shen-Li, que parte do princípio da probabilidade de partículas condutoras
dispersa no meio epoxídico, confirmando a eficiência deste modelo na interpretação de condução elétrica deste compósito [Bulent, 1982].
A teoria da percolação explica que a condução elétrica é diretamente dependente da quantidade de partículas condutoras, e ainda do
quanto condutivas são estas partículas. A disposição do agregado condutor também é relevante para uma boa transição de carga no material, logo
se faz muito importante a interação do elemento matricial e o agregado condutor [Hunt, 2008].
a)
b)
A figura 2.12 “b” traz a curva clássica da teoria de percolação relacionando a
condutividade de um compósito com o aumento da concentração da carga condutora na
matriz isolante.
De acordo com a teoria de percolação no “ponto crítico”, conhecido como limiar de
percolação, as propriedades elétricas do sistema mudam bruscamente. O limiar de
percolação é o ponto no qual aparece o primeiro caminho contínuo de dimensões
macroscópicas [Novák, 2007].
Observa-se na curva (figura 2.12 “b”) que representa o fenômeno de percolação que
a baixas frações volumétricas da carga condutora a condutividade do compósito é
essencialmente aquela da matriz isolante, e a região pode ser chamada de não percolativa
(região 1, figura 2.12 “b”). Quando a fração volumétrica da carga condutora aumenta, se
atinge o limiar de percolação e, a partir deste ponto, acontece um drástico aumento da
condutividade em função do aumento da fração volumétrica da carga condutora na matriz
isolante. A região de contínuo aumento da condutividade (região 2, figura 2.12 “b”)
denomina-se região de percolação. Se, depois da região de percolação, continuar
aumentando a fração volumétrica da carga condutora no compósito, atingiremos um valor
de condutividade próximo ao da carga condutora. Portanto, aumentos maiores de carga
condutora não ocasionam aumentos na condutividade (região 3, figura 2.12 “b”) [Novák,
2007].
O limiar de percolação pode ser calculado pela seguinte equação [Hunt, 2008]:
  
Equação 02-3
 
 
 
Equação 02-4
A equação 02-3 é a equação clássica da teoria da percolação, onde σ é a
condutividade elétrica do compósito, σ
0
é a condutividade elétrica da carga condutora, f e
f
0
, são a fração volumétrica da carga condutora na matriz isolante e a fração volumétrica da
carga relativa ao limiar de percolação respectivamente, e p é o expoente crítico. Segundo a
teoria da percolação o expoente crítico representa o número médio de contactos por
partícula, à fração volumétrica no limiar de percolação. O valor esperado para o expoente
crítico está entre 1,5 e 2 [Hunt, 2008].
2.8 CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA
Nesta seção, abordaremos as teorias referentes à caracterização elétrica, de forma a
esclarecer à maneira com que os experimentos podem nos oferecer as informações
necessárias para identificarmos as propriedades elétricas do compósito polimérico
condutor de eletricidade.
A caracterização elétrica de materiais isolantes, os denominados dielétricos,
proporciona a identificação das possíveis aplicações dos mesmos, seja como material
isolante ou outros empregos [Canevaloro, 2004].
O desenvolvimento do estudo de compósitos possibilitou o crescimento e avanço na
tecnologia de materiais que tenham características mais especificas de acordo com cada
aplicação. Partindo deste ponto podemos observar que a obtenção de corrente elétrica
utilizando um isolante e um metal condutor de eletricidade necessita de um tratamento
experimental mais complexo para a determinação de suas características [Callister, 2008;
Vilcaková, 2002].
Como neste trabalho podemos encontrar a utilização de dois dos diversos tipos de
caracterização elétrica, sendo eles, o método de quatro pontos e dois pontos dc (corrente
continua), esses são referenciados tendo em vista sua fundamental importância para a
caracterização das propriedades elétricas da prata metálica e também do compósito
polimérico condutor de eletricidade.
A condutividade elétrica de um material, sob tensão continua, é frequentemente
determinada com os mesmos valores usados para medir a resistência elétrica R:
σ = L/AR Equação 02-5
Onde A e Lo respectivamente a área (m
2
) e a espessura da amostra (m). A
condutividade (σ) apresenta como unidade no Sistema Internacional (SI) ohm
-1
m
-1
, mas
muitas vezes emprega-se Sm
-1
(S siemens), enquanto que a resistividade elétrica tem
como unidade m no SI. A lei de Ohm é usada para determinar a resistência elétrica, isto
é, a razão entre a tensão elétrica aplicada (V volts no SI), e a corrente elétrica (I
ampères no SI) através da amostra dielétrica [Canevaloro, 2004].
Existem vários métodos na literatura que podem ser usados para o lculo e a
determinação da resistividade elétrica dc (direct current, corrente contínua) ou ac
(alternating current, corrente alternada) em sólidos. O método de dois pontos utiliza um
multímetro para monitorar a tensão V, outro para monitorar a corrente i e uma fonte dc
para gerar o fluxo de corrente (através de uma tensão aplicada), o método de quatro
pontos tem uma maior complexidade que lhe rende uma precisão para medidas elétrica de
semicondutores [Girotto, 2002].
Em seguida, podemos ver o esboço dos dois métodos de medidas elétricas:
a)
b)
Figura 2.13: a) Arranjo experimental para o método de duas pontas dc [Girotto, 2002]; b)
arranjo experimental para o método de quatro pontas dc [Girotto, 2002].
No arranjo da figura 2.13 “a”, é demonstrada a forma de medida da resistividade
utilizando uma fonte, um amperímetro e um voltímetro. Levando em consideração as
medidas da amostra (“w” ou “t” e l) e a equação 02-5 determina-se a condutividade de um
material homogêneo e isotrópico, que tenham como geometria formas simples (cilindros e
paralelepípedos).
No caso do material utilizado neste trabalho as medidas necessitam levam em
consideração que a condutividade medida pode ser considerada uma grandeza escalar,
pois, corresponde a valores médios tomados através de medidas de volume.
Então, neste caso;
Só é possível escrever J
Vetor
= σ ε
Vetor
se o tensor σ
Vetor
é
diagonal e σ
xx
= σ
yy
= σ
zz
, ou seja, o material é homogêneo e isotrópico, considerando uma
amostra cilíndrica, figura 2.13 “a”:
 
   


 , Lei de Ohm na forma simples.
Na medida elétrica, além do cuidado com as medidas dimensionais da amostra
(metrologia) e a atenção ao andamento experimental, outros detalhes devem ser
considerados para que haja uma medida de qualidade, nas analises de resistividade
superficial por exemplo.
Pode-se calcular a resistividade superficial e volumétrica do material, utilizado anel
de segurança, para isso basta medir as correntes e usar os valores da tensão aplicada e das
dimensões da amostra. Desta forma é possível fazer uma avaliação e definir se a condução
se da pela superfície ou de forma volumétrica, ou ainda, se a condução elétrica é feita por
toda amostra de forma uniforme.
Capítulo 03
MATERIAIS E MÉTODOS
Este capítulo vem detalhar todos os materiais que foram utilizados no processo de
síntese da prata metálica, bem como na preparação do compósito polimérico condutor de
eletricidade e dos corpos de prova. São relacionados também os métodos e processos
adotados para a produção do material final e todos os aparelhos utilizados na
caracterização das propriedades físicas e químicas.
3.1 MATERIAIS UTILIZADOS
Para a realização das sínteses e confecção das amostras do compósito polimérico
condutor de eletricidade foram utilizados os seguintes materiais: nitrato de prata AgNO
3
(Pro-química), cobre metálico (Cu) comercial, ácido nítrico concentrado HNO
3
(Pro-
química), sulfato ferroso FeSO
4
(Vetec), água destilada, hidróxido de sódio NaOH (Vetec),
hidróxido de amônío NH
4
OH (Pro-química). Sacarose (comercial), resina epoxídica do
tipo éter diglicidílico do bisfenol A (DGEBA), produto DER 331 da Dow Química S.A. do
Brasil, trietilenotetramina (TETA), produto DEH 24 da Dow Química S.A. do Brasil.
3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
A seguir são listados os equipamentos envolvidos neste trabalho:
1- Bomba de Vácuo Marca Edwars;
2- Vidraria clássica de laboratório, kitasato para filtração a vácuo da resina DGEBA, vaso de
precipitado, bastão de agitação. Reator de reação metálico com agitação mecânica;
3- Balança digital com faixa de operação de 0,01-120,00 g e precisão de 0,01 g, modelo 444-
33 de marca Kern;
4- Prensa hidráulica sem aquecimento elétrico, de marca Marconi;
5- Moldes para preparação dos corpos de prova;
6- Micrômetro com faixa de 0,01-25,00 mm com precisão de 0,01 mm, de marca Mitutoyo;
7- Analisador Termogravimétrico de marca Perkin Elmer;
8- Máquina Universal de Ensaios modelo DL 2000, EMIC;
9- Microscópio Eletrônico de Varredura, modelo FEI Quanta 200;
10- Unidade Fonte Medidora modelo 237, de marca Keithley; 39
11- Microcomputador com placa GPIB, para aquisição de dados;
12- Software LabVIEW para controle e operação dos equipamentos via interface IEEE- 448
padrão e um LCR Meter HP4284A de marca Agilent Technologies; caixa de teste
Dielectric Test Fixture modelo 16451B, de marca Agilent Technologies.
3.3 RESINA EPOXÍDICA
As resinas epoxídicas o amplamente estudadas muito tempo devido às suas
diversas aplicações. Tendo em vistas suas propriedades físicas e químicas, os polímeros
epoxídicos podem ser empregados desde simples adesivos para reparos e soldagem, até
possíveis aplicações como material biomédico, por exemplo, podemos citar material para
próteses ortodônticas.
No caso deste trabalho, a utilização da resina epóxi é de grande valia devido a sua
estabilidade física e química, principalmente quando nos referimos à temperatura, que é
um agravante quanto se utiliza polímeros como suporte matricial.
3.3.1 Resina do tipo éter diglicidílico do bisfenol A (DGEBA, DER
331)
A resina escolhida para ser utilizada neste trabalho foi a do tipo éter diglicidílico do
bisfenol A (DGEBA) produto comercial DER 331 fabricado pela empresa Dow Química
do Brasil S.A., por ser estável após cura, de custo acessível e pela suas propriedades físicas
citadas anteriormente. Na figura 3.1, podemos visualizar a estrutura química do
composto:
Figura 3.1 Éter diglicidílico do bisfenol A (DGEBA)
3.4 AGENTE DE CURA
Os agentes de cura, ou como são também chamados “endurecedores” são
responsáveis pelo processo que após polimerização reestrutura a composição resina-
endurecedor em uma rede tridimensional, formando um polímero termofixo e que não
pode ser dissolvido ou fundido.
Experimentalmente, podemos utilizar diversos tipos de endurecedores como
exemplos podemos destacar os seguintes:
1- Amina, compostos químicos orgânicos derivados do amoníaco (NH
3
);
2- Amida, composto orgânico que possui o nitrogênio ligado diretamente a um grupo
carbonila;
3- Anidrido, compostos oriundos da desidratação de ácidos;
4- Fenol, hidroxilas ligadas a anéis aromáticos;
5- Tiol, compostos orgânicos que possuem o grupo SH [Possart, 2005].
3.4.1 Endurecedor trietilenotetramina (TETA, DEH 24)
O endurecedor utilizado foi trietilenotetramina (TETA).
Figura 3.2: Disposição do trietilenotetramina.
Produto comercial DEH 24, grau técnico, fabricado pela empresa Dow Química do
Brasil S.A., que se encontra no grupo das aminas alifáticas de cadeia lineares, como
podemos conferir na figura 3.3:
Figura 3.3: Endurecedor trietilenotetramina.
3.5 SÍNTESE DE PRATA
Para obtenção da prata metálica, que será utilizada como metal condutor de
eletricidade dos compósitos, foram realizados 04 (quatro) diferentes processos de
obtenção, o que resultaram em prata de diferentes dimensões e graus de pureza.
É importante salientar que se optou por sintetizar a prata (Ag) utilizando processos
que permitam obter quantidades razoáveis e grau de pureza satisfatórios do material, ou
seja, que a síntese tenha tanto bom rendimento quanto qualidade do metal considerável
tendo em vista que a prata é um metal de alto custo.
Figura 3.4: Nitrato de prata.
Nitrato de prata utilizado nas sínteses onde em todos os casos é reduzido em prata
metálica com diferentes dimensões de partículas. Na figura 3.4 podemos observar o
material.
3.5.1 Síntese pelo método de Tollens
O método de Tollens modificado, que a priori tem o objetivo de identificar aldeídos
na formação do chamado espelho de prata (Ag), foi efetuado de maneira sistemática no
intuito de garantir um material final de qualidade e pureza.
A uma solução aquosa de nitrato de prata (AgNO
3
) adicionamos uma solução
aquosa de hidróxido de sódio NaOH 0,25 mols, após esta mistura, esta solução forma-se
um precipitado de óxido de prata Ag
2
O (S):
2AgNO
3
(aq) + 2NaOH(aq) Ag
2
O(s) + 2NaNO
3
(aq) + H
2
O
Dando sequência ao experimento adicionam-se hidróxido de amônia NH
4
OH 0,57
mols à solução sob agitação magnética. Esta solução foi mantida sob agitação até que todo
o precipitado de oxido de prata foi totalmente diluído:
Ag
2
O(s) + 2NH
4
OH(aq) 2[Ag(NH
3
)
2
]OH(aq) + 3H
2
O
Com a adição de NH
4
OH, a reação dará origem a um complexo (hidróxido de
diaminoprata(I)), a este é adicionado uma solução aquosa 0,46 mols de sacarose, como
podemos observar na figura 3.5.
Figura 3.5: Reação de redução da prata pelo método de Tollens.
3.5.2 Síntese por reação redox com sulfato ferroso (FeSO
4
)
Este processo ocorre de maneira espontânea, pois é baseado na troca de elétrons
que ocorre de acordo com a lei da energia livre de Gibbs, por uma reação convencional
redox (óxido-redução) a prata reduz com a oxidação do sulfato ferroso (FeSO
4
), como
podemos observar nas reações:
3.5.3 Síntese por reação redox com polianilina (PANI)
A obtenção da prata metálica pela síntese por reação redox utilizando o polímero
polianilina (PANI) é o método que requer um maior trabalho do ponto de vista técnico,
pois são necessários vários processos para a redução da prata (Ag).
Preparada uma dispersão 0,5 % (m/V) de polianilina na forma de esmeraldina base
EB em ácido nítrico (HNO
3
) 1 mols, logo após adicionou-se uma solução 0,37 mols de
AgNO
3
em HNO
3
1 mol. Esta reação redox é mantida sob agitação magnética, a 25
0
C,
durante 24 horas.
Finalizado o tempo de reação, a dispersão é filtrada com o cuidado de separar os
materiais obtidos, pois as partículas retidas (no filtro) correspondem ao nanocompósito
PANI-Ag e o resultante filtrado corresponde a uma solução coloidal estável de Ag
metálica, que por sua vez, após 48 h precipita, e é separada da solução por centrifugação.
3.5.4 Síntese por reação redox com cobre metálico
Bem como na síntese por reação redox com sulfato ferroso, o método que se utiliza
cobre metálico (Cu) também utiliza a lei de energia livre de Gibbs que nos indica que a
reação de óxido-redução ocorre espontaneamente, ou seja, o cobre metálico oxida e a prata
reduz como podemos observar nas equações a seguir:
3.6 CARACTERIZAÇÃO DA PRATA
Esta seção vem tratar dos métodos utilizados para a caracterização da prata metálica
que obtida nas sínteses citadas anteriormente, é dado atenção apenas á uma descrição
sucinta da técnica utilizada para analisar as propriedades do material em questão.
3.6.1 Análise espectroscópica - UV-Vis
A análise espectroscópica foi realizada no Laboratório de Bio-materiais do Instituto
de Ciências Exatas da Universidade Federal de Itajubá utilizando o espectrofotômetro
FEMTO, modelo 432 C. Este experimento foi realizado utilizando comprimento de onda
(λ) de 315 a 645 nm, e as partículas da prata metálica foram diluída em água destilada.
Na figura 3.8, é ilustrado o equipamento utilizado para este experimento:
Figura 3.8: Espectrofotômetro FEMTO, modelo 432 C.
3.6.2 Caracterização elétrica da prata (quatro pontos) dc
A caracterização elétrica da prata metálica escolhida, para ser utilizada como metal
condutor no adesivo polimérico condutor de eletricidade, foi realizada pelo método quatro
pontos no Laboratório de Caracterização Elétrica do Instituto de Ciências Exatas, da
Universidade Federal de Itajubá.
Para tais ensaios foram utilizados os equipamentos listados a seguir:
a. Keithley 237; unidade de fonte medidora usada como fonte de corrente;
b. Keithley 6512; eletrômetro, usado como monitor de corrente;
c. Keithley 2001; multímetro de alta resolução utilizada como medidor de tensão;
d. Placa Hall 7065 montada no chassi Keithley 700; este sistema tem finalidade de comutar e
estabelecer contato elétrico entre pontos as amostra (4 pontos) e os terminais dos
equipamentos, fonte de corrente e multímetro. Esta placa Hall dispõe de circuito eletrônico
com amplificadores operacionais que permitem baixar a impedância da amostra de tal
modo que as medidas de tensão possam ser realizadas com o multímetro 2001.
Foi utilizado também um aparato de quatro pontos (demonstrada na figura 3.9) e uma
amostra em formato de pastilha circular (20 mm diâmetro e 1,8 mm espessura) para a
realização das medidas. E por se utilizar uma amostra com formato circular é realizado
uma correção geométrica [Girotto, 2002].
3.7 CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA
São utilizadas duas técnicas termogravimétricas para caracterização, sendo elas a
calorimetria diferencial de varredura e termogravimetria, para a otimização do sistema
epoxídico DGEBA/TETA e a determinação da estabilidade térmica do adesivo polimérico
condutor de eletricidade, respectivamente [Callister, 2008].
3.7.1 Calorimetria exploratória de varredura (DSC)
Este ensaio foi utilizado na intenção de obter uma melhor proporção
estequiométrica para o sistema epoxídico DGEBA/TETA, para garantir o maior número de
conversão dos monômeros envolvidos na reação do polímero termorrígido.
Utilizando a técnica da calorimetria diferencial de varredura podemos encontrar
qual a melhor proporção estequiométrica de grupos funcionais correspondem ao
equivalente epoxídico, e o equivalente de hidrogênio do tipo amina, onde se procura obter
um hidrogênio do tipo amina por cada grupo epoxídico [Monteiro, 2001].
Utilizou-se calorímetro diferencial de varredura Perkin Elmer (modelo DSC-7),
onde foram realizadas varreduras isotérmicas, e dinâmicas (taxa de aquecimento de 10 C
min
-1
desde -30 até 220 C usando panelas de alumínio, e de 10 a 15 mg de amostra),
empregou-se o nitrogênio como gás de purga. Estas análises foram realizadas no Instituto
de Macromoléculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IMA/UFRJ).
O sistema DGEBA/TETA pode ser utilizado com êxito à temperatura ambiente na
etapa inicial. Considerando que os fenômenos de gelificação e vitrificação aconteçam em
um tempo de 24 horas, é possível assegurar que nestas condições, a reação não alcança a
conversão máxima [González, 2005].
Para atingir a conversão máxima, é necessário realizar uma etapa de pós-cura a uma
temperatura superior à Tg. Este parâmetro foi estimado a partir de análises de DSC
operando em modo dinâmico em misturas de resina epoxídica e endurecedor com razão
estequiométrica de grupos funcionais.
3.7.2 Termogravimetria (TGA)
A análise termogravimétrica foi realizada nesta universidade no Laboratório de
Caracterização Térmica do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de
Itajubá, e foram utilizados para este ensaio uma termobalança da marca Mettler, modelo
TA 4000 e um microcomputador acoplado para a aquisição dos dados experimentais.
Este ensaio de caracterização térmica é de muita importância para se observar a
estabilidade física das amostras do compósito polimérico condutor de eletricidade,
considerando que a interação da atmosfera aplicada e a influência da temperatura
demonstrará as principais propriedades do material [Monteiro, 2001].
Para este ensaio, foram separadas duas amostras sendo uma apenas com resina
epóxi (DGEBA) endurecida com amina (TETA) com 18 mg e uma segunda contendo
DGEBA/TETA agregada de prata (Ag, síntese com cobre) (50 phr) com 17,311 mg. O
experimento ocorreu a uma taxa de aquecimento de 15 C min
-1
, chegando à temperatura
de 600 °C.
3.8 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA PARA
CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA (DOIS PONTOS) DC
A preparação se divide em duas partes, sendo que na primeira parte, em caráter
exploratório, são confeccionadas as amostras utilizando prata de todas as sínteses (8
amostras para cada síntese variando a concentração de prata metálica em phr) para que
possa ser observada com experimentos de caracterização elétrica (dois pontos dc) qual
prata metálica sintetizada se adéqua melhor para o fim que é proposto neste trabalho.
Em uma segunda etapa, quando se tinha identificado o compósito de melhor
propriedade elétrica, foram confeccionadas amostras (3 amostras para 10 diferentes
concentrações de prata metálica “0,6; 1,6; 6,66; 16,66; 33,33; 40; 50; 66,66; 76; 86 phr”,
dando um total de 30 amostras) para que se possa ter uma maior segurança no que se refere
aos dados em que se baseiam as propriedades elétricas do compósito polimérico condutor
que é desenvolvido.
A preparação das amostras ocorreu da seguinte forma:
1º passo:
A resina epoxídica foi colocada em um recipiente aquecido, e ao mesmo tempo
levado a uma bomba de vácuo no intuito de eliminar a umidade que por ventura se
encontre na resina (figura 3.11);
2º passo:
Após a resina epóxi ter passado pelo processo de desidratação, se encontra apta
para ser misturada a prata metálica até apresentar uma homogeneidade visível;
3º passo:
O terceiro passo nada mais é que a mistura da solução de resina epóxi, prata
metálica com endurecedor, ou como também é chamado, agente de cura, que no caso deste
trabalho é o trietilenotetramina;
4º passo:
Logo após a mistura a solução é colocada em uma seringa que servirá de “forma”
para que a polimerização ocorra neste molde, e a resina se torne um material termorrígido
na forma de um cilindro como pode ser observado nas figuras 3.12; a, b, c:
a)
b)
c)
3.9 CARACTERIZAÇÃO DO ADESIVO POLIMÉRICO
CONDUTOR
Para a determinação das características e propriedades físicas e químicas do
compósito polimérico condutor de eletricidade foram realizados diversos experimentos,
dentre estes o que mais se focou foram nas determinações de condutividade elétrica, tendo
em vista a importância destas medidas para o material em questão.
3.9.1 Determinação da condutividade elétrica (dois pontos) dc
Para a avaliação da condutividade elétrica (dois pontos dc), foi necessário
confeccionar amostras do compósito condutor no formato de pastilhas. Para a conexão ao
aparelho que realiza as medidas foram colados nas pastilhas, fios de cobre com uma cola
plástica e grafite. Esta cola é espalhada por toda a face das amostras para que não haja
fluxo de correntes distintos na mesma.
A determinação elétrica do compósito polimérico condutor foi realizada no
Laboratório de Caracterização Elétrica de Materiais do Instituto de Ciências Exatas da
Universidade Federal de Itajubá. Para tais medidas utiliza-se uma Unidade Fonte Medidora
237 da marca Keithley como fonte de tensão e medidora de corrente, a mesma é controlado
por um micro computador via placa de aquisição GPIB e um programa em plataforma
LabVIEW.
Para tensões aplicadas foram necessárias varreduras variando entre 0 e 20 V e
passos entre 0,1 e 0,5 V em virtude das características resistivas iniciais do compósito,
como será explicado posteriormente. Com as medidas da corrente referente às tensões
aplicadas, podemos obter as curvas I(V). E, por fim, com a equação 03-1, determinamos as
condutividades das amostras:
Equação 03-1
Onde o G é a condutância, que pode ser calculada apartir da inclinação da curva
I(V), e é a espessura da amostra e d é o diâmetro da amostra.
Para se ter mais informações relativas do comportamento deste adesivo
polimérico condutor de eletricidade, foram também realizadas medidas elétricas utilizando
um anel de guarda, na intenção de determinar a diferença entre o fluxo de corrente elétrica
superficial e volumétrico nas amostras do compósito que apresentam as melhores
características elétricas. A figura 3.14 demonstra como são pintadas (cola plástica com
grafite) as amostras para este ensaio elétrico:
A figura 3.15 mostra o esquema do dispositivo eletrônico que ao ser alternado
(chaves a, b e c), permite que sejam realizadas as medidas elétricas superficiais e/ou
volumétrica das amostras.
Quando as conexões são colocadas na disposição [a em 1] e [b e c conectados em
2], significa que o anel de guarda esta em “Hi” e os eletrodos de cima e central em Lo”.
Assim o eletrodo mede a corrente que flui pela superfície do anel para o centro da amostra.
No caso em que as conexões estão nas condições de [a em 2] e [c em 1] temos que o anel e
o eletrodo central estão em “Lo” e o eletrodo de cima em “Hi”. O eletrômetro mede a
corrente de volume desde o eletrodo superior ao circulo central e o anel permanece
como guarda e escoa a corrente pelas linhas de campo distorcida da borda.
Para se encontrar os resultados da resistividade volumétrica e superficial,
respectivamente, são necessárias as formulas seguintes:



Equação 03-2
Onde ρ
Vol
, é a resistividade volumétrica da amostra, A
c
é a área correspondente ao
circulo central do anel, R
Vol
é a resistência encontrada no ensaio e por fim “e” que é a
espessura da amostra.


Equação 03-3
Onde ρ
Sup
, é a resistência superficial da amostra, P
c
é o perímetro do circulo central
da amostra, D
Δ
é a distância (sem pintar) entre o circulo central e a circunferência de borda
da amostra, e R
Sup
refere-se à resistência encontrada pelo equipamento no ensaio.
3.9.2 Microscopia óptica (MO)
As micrografias óticas foram feitas no Laboratório de Microbiologia do Instituto de
Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá. Foi utilizado um microscópio óptico
no módulo de luz transmitida da marca Nikon, modelo Eclipse E 200 e ao mesmo uma
câmera digital acoplada da marca Nikon, modelo E 8400. Para ter-se uma garantia de que
as imagens são condizentes com a morfologia de todas as amostras, foi realizada uma
varredura por vários pontos da superfície da mesma, para garantir que as a morfologia
mostrada retrata-se realmente as características do adesivo polimérico condutor.
3.9.3 Microscopia eletrônica de varredura (SEM)
A microscopia eletrônica de varredura foi realizada na Universidade Federal do Rio
de Janeiro no Centro de Tecnologia (COPPE). Utilizou-se para este experimento uma
amostra do compósito polimérico condutor de eletricidade DGEBA/TETA/Ag (50 phr), no
formato de pastilha com diâmetro de 15 mm e espessura de 1,6 mm, metalizada com ouro
(Au).
3.10 ENSAIOS MECÂNICOS
Os ensaios mecânicos foram realizados no intuito de ser possível caracterizar as
principais propriedades do material e com isso fazer um ter uma noção das equivalências
no que se diz respeito à solda convencional de chumbo-estanho.
3.10.1 Ensaio de dureza superficial
O ensaio de microdureza superficial foi realizado na empresa Mahle Cofap Anéis
S/A, em um durômetro HMV 2000 Shimadzu. Devido à baixa dureza superficial da
resina epóxi (DGEBA) endurecida com a amina (TETA), se fizeram necessárias várias
repetições do experimento para que fosse possível obter uma melhor visibilidade no
microscópio óptico das marcações produzidas pelo penetrador, e também uma maior
confiabilidade dos resultados.
Na figura 3.18, podemos observar foto do equipamento utilizado para a execução
deste experimento:
Após diversas marcações, utilizando o modelo Vickers, com cargas da ordem de
HV = 0,1 (100 g), foram obtidos 03 resultados para cada uma das 05 amostras que se
diferenciavam pela concentração de prata (Ag da síntese de melhor adequação, phr). Foram
tomados os devidos cuidados, de se pegarem pontos distintos nas amostras para serem
realizadas as medidas, no intuito de garantir um resultado confiável da microdureza
superficial das amostras.
Modelo dureza Vickers segue os seguintes parâmetros e equações:






, onde

Equação 03-4
Onde F é força, A área que é dada pelo calculo dos parâmetros d da figura.
3.10.2 Ensaio de impacto tipo Charpy
O ensaio de impacto foi realizado no Laboratório de Ensaios Mecânicos do Instituto
de Mecânica da Universidade Federal de Itajubá, sendo utilizados corpos de prova
(retangular com 40 mm de largura, 1 mm de altura e 0,5 de profundidade), de resina epóxi
(DGEBA) endurecida com a amina (TETA), no total de 18 amostras, sendo que 9 sofreram
o processo de pós-cura (período de 4 horas a 100 C) e a outra metade não foi submetida
ao mesmo processo.
Para tal experimento foi utilizado uma máquina de ensaio de impacto modelo DL
2000 EMIC, pêndulo - 2,7 Joule, como é possível observar na figura 3.20:
3.10.3 Aderência ao cisalhamento
A propriedade adesiva depende de vários fatores para ser considerada de boa
qualidade como, por exemplo, rugosidade superficial do substrato, viscosidade do adesivo,
molhabilidade, e natureza química do adesivo, portanto a relação destes parâmetros é
importante quando são estudadas uniões adesivas.
Além disso, o grau de interação entre as moléculas do adesivo e o substrato é alvo
ainda de pesquisa. Segundo a teoria de interligação mecânica, a rugosidade da superfície
permite a penetração do adesivo nas irregularidades depositando-se nos vales entre os
picos do substrato, promovendo dessa forma o “ancoramento” entre as superfícies. Logo, o
ancoramento depende tanto da preparação da superfície quanto das características físico-
químicas e natureza química do adesivo a ser usado.
O substrato utilizado para as uniões adesivas foi à liga de aço A36 e, para melhorar
o desempenho das uniões adesivas, o substrato metálico sofreu tratamento do tipo:
1) Limpeza com solvente: o substrato metálico foi tratado com 1,1,1-tricloroetileno,
segundo a norma ASTM D 2651-01[ASTM D 2651-01].
2) Tratamento mecânico: por jateamento abrasivo seco, e utilizando-se três tipos de
granalhas comerciais de aço de perfil angular G80 (0.125-0.180 mm, jateamento por
sucção, - 6,5 Bar), G40 (0.300-0.425 mm, jateamento por sucção - 6,5 Bar) e G25 (0.425-
0.710 mm, jateamento por pressão - 100 psi).
3) Secagem e conservação das peças metálicas: após o tratamento mecânico as peças foram
secas cuidadosamente com um fluxo de ar seco. Logo foram conservadas em câmara seca,
até a preparação das uniões adesivas.
As uniões de cisalhamento simples (single-lap joints - SLJ) foram confeccionadas
de acordo com a norma ASTM D 1002-72 [ASTM D 1002-72], como mostra a Figura
3.21:
Para a aplicação do adesivo, foram desenhados moldes específicos para a aplicação.
Depois do tratamento, as peças de aço foram montadas como juntas de cisalhamento
simples usando uma extensão de colagem de 312,5 mm
2
. O adesivo foi preparado à
temperatura ambiente pela adição de endurecedor à resina, utilizando proporções
estequiométricas conforme discutido no item (DSC), de modo a obter uma espessura da
camada adesiva uniforme (0,18 0,02 mm). Após a colagem, todas as juntas
confeccionadas sofreram processo de cura em estufa a 40
C por 24 horas.
Os ensaios mecânicos foram realizados em uma máquina universal de ensaios
mecânicos Shimadzu Autograph AG-1, com capacidade para 100 kN, dez replicatas foram
usadas para cada teste. Os ensaios foram realizados a 22 C, segundo a norma ASTM D
1002-72, sendo a velocidade do travessão adotada de 1,27 mm min
-1
. A resistência adesiva
foi expressa em MPa, tendo sido calculada pela divisão do valor da carga na ruptura pela
área de colagem.
3.10.4 Ensaio de resistência à compressão uniaxial
Os ensaios foram realizados no Instituto Nacional de Tecnologia, no Laboratório de
Tecnologia de Materiais Poliméricos (LAMAP), e para o experimento foi utilizada uma
máquina de ensaios universal da marca EMIC, modelo DL 2000. Na sequência as figuras
(3.22 e 3.23) ilustram os padrões que foram adotados para a confecção das amostras
[ASTM 695-02] e o equipamento utilizado:
3.11 APLICAÇÃO DE ADESIVO POLIMÉRICO EM
UMA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO
Os comportamentos elétricos e mecânico do adesivo polimérico condutor de
eletricidade em uma aplicação industrial foi montada uma placa de circuito impresso
utilizando o compósito para soldar componentes eletrônicos na mesma. A placa foi feita
seguindo o esquema da figura 3.24:
Neste circuito elétrico foram utilizados uma bateria (3 V), uma chave on/off, um
resistor de 52 e um LED (Diodo Emissor de luz) vermelho de 5 mm. Os componentes
foram soldados na sequência do esquema mostrado na figura 3.24, onde de 1 a 6 as soldas
foram feitas com o adesivo polimérico condutor de eletricidade, e por uma questão de
comparação estética, as soldas dos pontos 7 e 8, foram feitas utilizando a solda
convencional de chumbo-estanho.
Capítulo 04
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo, o apresentados os resultados obtidos com as diferentes sínteses
para a obtenção da prata metálica. E também as discussões dos resultados obtidos referente
às caracterizações elétricas, térmicas e mecânicas dos compósitos poliméricos condutores
de eletricidade.
4.1 PRATA OBTIDA PELAS DIFERENTES
SÍNTESES
Nesta sessão, são expostos os resultados obtidos com os quatro métodos de sínteses
efetuados. Os mesmos são expostos na mesma sequência de execução das sínteses e
experimentos.
A primeira síntese realizada foi a que utilizou a processo conhecido por “espelho de
prata” ou método de Tollens, foi possível obter uma quantidade de prata metálica
suficiente para algumas caracterizações.
Na figura 4.1, podemos observar um Becker com partículas de prata (Ag) em meio
aquoso, onde é bem visível a formação do espelho de parta metálica nas paredes do
recipiente devido ao acúmulo de prata na superfície interna.
Na sequência foi realizada a síntese pelo método que utiliza sulfato ferroso (FeSO
4
)
para que ocorra uma reação de óxido-redução. As partículas de prata metálica obtidas por
este processo apresentavam uma cor marrom, não característica do metal puro, o que pode
ser devido à presença de impurezas que podem vir a prejudicar as propriedades elétricas do
mesmo.
Partindo para a síntese posterior que podemos obter um nanocompósito de
polianilina-prata (PANI-Ag) e prata metálica, como um subproduto identificado como um
colóide de prata metálica estável que precipita macroscopicamente após 48 h. Apesar do
êxito na obtenção de prata por este método, é possível dizer que a quantidade de prata
metálica obtida é bem menor, considerando a mesma quantidade de nitrato de prata
(AgNO
3
) utilizados pelas sínteses anteriores.
A quarta e última síntese realizada consiste na redução de prata, pelo método óxido-
redução utilizando o cobre metálico como metal redutor. Esta síntese foi a que
visivelmente rendeu a maior quantidade de prata metálica, e com melhor pureza, devido a
sua cor característica.
Nas figuras 4.3, é possível ver claramente que o fio de cobre mostra a diminuição
de sua espessura devido à reação de óxido-redução para obter prata metálica.
a)
b)
c)
Figura 4.3: Obtenção de prata metálica (Cobre); a) Reação de óxido-redução; b) Redução do
diâmetro do fio de cobre; c) Prata metálica resultante da reação.
4.2 CARACTERIZAÇÕES DA PRATA
Para a determinação de quais análises seriam executadas, e quais amostras de prata
seriam analisadas, foram consultadas referências bibliográficas, que indicassem os pontos
mais importantes a serem explicado.
4.2.1 Espectroscopia UV-Vis
As análises espectroscópicas foram realizadas para a prata metálica obtida pelo
método de Tollens e pelo método redox com polianilina. O objetivo principal é obter
informação das dimensões das partículas (método de Tollens) e da oxidação da polianilina
durante a redução dos íons Ag
+
(método PANI). Os resultados são apresentados a seguir:
a
)
b
)
Figura 4.4: Espectros UV-Vis; a) Espectro referente à nanopartículas de prata; b) 1-
Espectro referente a nanopartículas de prata; 2 e 3 - Espectros referentes a partículas de
ouro reduzido com diferentes reagentes [Surekha, 2007].
Observando e comparando as curvas “a” e “b - 1”, podemos ver uma grande
semelhança, e afirmar que as mesmas coincidem onde houve maior absorção (em torno do
comprimento de onda da ordem de 447 nm), ou seja, o máximo das curvas refere-se às
nanopartículas de prata, de acordo com o trabalho de Angshuman Pal.
Na figura 4.5, o espectro expresso pela curva 1 mostra a absorção na região visível
da esmeraldina base, onde aparece a banda de absorção em torno de 600 nm. Esta banda é
atribuída à excitação do orbital molecular HOMO (orbital molecular ocupado de mais alta
energia
b
, constituído pela nuvem de elétrons dos anéis benzênicos), a um orbital
molecular LUMO (orbital molecular desocupado de mais baixa energia
q
, constituído pela
nuvem de elétrons correspondente a um anel quinóide e os dois nitrogênios amina)
[Huang, 2003].
O espectro expresso pela curva 2 correspondente ao compósito PAni-Ag.
Observou-se que a banda de 600 nm se desloca até 540 nm. Este deslocamento é devido à
oxidação da polianilina da forma de esmeraldina à pernigranilina [Huang, 2003].
4.2.2 Caracterização elétrica da prata (quatro pontos) dc
Para a caracterização elétrica pelo método de quatro pontos dc, foi definido que
apenas a prata metálica sintetizada pelo processo de óxido-redução utilizando cobre
metálico seria utilizada, tendo em vistas o rendimento, e pureza do material conseguido
através deste método.
Tabela 4.1: Resultados do ensaio quatro pontos dc.
Resistividade (ρ, .m), ensaio por quatro pontos.
01
6,00 × 10
-
7
10
3,66 × 10
-
7
19
4,00 × 10
-
7
28
2,66 × 10
-
7
37
3,16 × 10
-
7
02
3,66 × 10
-
7
11
6,33 × 10
-
7
20
2,00 × 10
-
7
29
2,50 × 10
-
7
38
2,83 × 10
-
7
03
7,33 × 10
-
7
12
4,66 × 10
-
7
21
2,66 × 10
-
7
30
3,72 × 10
-
7
39
2,00 × 10
-
7
04
4,66 × 10
-
7
13
2,66 × 10
-
7
22
3,00 × 10
-
7
31
2,33 × 10
-
7
40
2,16 × 10
-
7
05
4,33 × 10
-
7
14
2,66 × 10
-
7
23
1,66 × 10
-
7
32
1,00 × 10
-
7
41
2,50 × 10
-
7
06
7,00 × 10
-
7
15
4,00 × 10
-
7
24
3,05 × 10
-
7
33
1,16 × 10
-
7
Média
3,27 × 10
-
7
07
4,66 × 10
-
7
16
3,33 × 10
-
7
25
3,59 × 10
-
7
34
1,33 × 10
-
7
08
4,33 × 10
-
7
17
3,33 × 10
-
7
26
1,90 × 10
-
7
35
2,00 × 10
-
7
Desvio padrão
1,49 × 10
-
7
09
3,33 × 10
-
7
18
3,33 × 10
-
7
27
1,42 × 10
-
7
36
2,00 × 10
-
7
Como podemos perceber durante as repetições do ensaio, verifica-se uma queda
significativa na resistividade da amostra de prata metálica, o que pode ser explicado pela
diminuição de ruído experimental, ou até mesmo, pela estabilização do sistema de
medidas. Partindo do princípio de que a prata é bom condutor de eletricidade, as medidas
são feitas no limite de leitura do equipamento.
Após o tratamento estatístico dos resultados, podemos partir para a correção do
valor da resistividade, tendo em vista que a geometria utilizada para realizar o ensaio não
foi a mais adequada. A resistividade média encontrada deve ser multiplicada pelo fator de
correção 0,957 [Girotto, 2002], logo:
(3,27 x 10
-7
(.m)) x (0,957) = 3,13 x 10
-7
.m
Com o resultado calculado é possível fazer as devidas comparações com as
referências, e constatar que a resistividade encontrada é bem próxima à teórica. Que
apresenta uma resistividade em torno de 1,6 x 10
-8
Ω.m [Moysés, 1997].
4.3 CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA
As caracterizações térmicas resultaram em informações essenciais para o
desenvolvimento do trabalho como, por exemplo, as concentrações corretas para a
otimização do sistema epoxídico e a determinação da transição vítrea do sistema epóxi.
4.3.1 Calorimetria exploratória de varredura (DSC)
Os resultados das experiências dinâmicas mostram o comportamento experimental
da entalpia de reação (H), figura 4.7 “a”, com diferentes concentrações de TETA. O
intercepto, depois do ajuste linear dos dados experimentais corresponde a We = 0,12
0,01, que representa uma concentração do endurecedor de 16,0 phr (gramas de
endurecedor por cada 100 gramas de resina), e tem o valor da massa equivalente de
hidrogênio do tipo amina de 30,0 g eq
-1
, o que satisfaz a estequiometria do sistema.
Por outro lado, o comportamento da Tg (figura 4.7 “b”) utilizando diferentes razões
(0,5 < r < 4,0) entre os equivalentes de hidrogênio de tipo amina, e de grupos epoxídicos
na mistura, conduz à intercessão dos dados experimentais quando r=1 (razão de grupos
epóxi/grupos hidrogênio amina e/a=1). Este comportamento confirma o valor do
equivalente de hidrogênio tipo amina encontrado para o agente de cura (TETA).
O resultado de diferentes experiências dinâmicas para o sistema epoxídico estudado
de resina com trietilenotetramina utilizando proporção estequiométrica (r=1) indicam que a
entalpia de reação, e a temperatura de transição vítrea na conversão total (Tg)
correspondem a 486 10 J g
-1
(106,6 kJ eq.
-1
) e 124 C, respectivamente. Estes valores
estão em perfeito acordo com o divulgado para os sistemas epóxi-amina e para os sistemas
que utilizam aminas alifáticas como endurecedores, respectivamente [Lee, 1967; Pérez,
1968].
a)
b)
Figura 4.7: a) entalpia da reação (ΔH); b) Comportamento da Tg.
a)
b)
Figura 4.8: Curvas calorimétricas no modo dinâmico; a) calor de reação; b) Tg.
Nestas experiências dinâmicas usando razão estequiométrica de grupos funcionais
foi encontrada uma Tg = 124 C. As amostras foram submetidas a um programa de cura de
24 h a temperatura ambiente, isto indica a necessidade da utilização de uma etapa de pós-
cura a uma temperatura superior à Tg do sistema, por exemplo, 130 C. E com o
monitoramento da temperatura de transição vítrea (Tg) como uma função da conversão do
sistema foi possível encontrar o tempo necessário para que a reação seja completada, como
é mostrado na figura 4.9:
4.3.2 Termogravimetria (TGA)
A caracterização térmica pela análise termogravimétrica (TGA) nos apresentou
resultados muito relevantes para que fosse esclarecido o comportamento físico, e estrutural
da resina epoxídica (DGEBA) endurecida com a amina (TETA), e também do compósito
polimérico condutor de eletricidade contendo a prata escolhida já citada anteriormente.
A curva que descreve o comportamento térmico da DGEBA/TETA, em relação à
perda de massa (mg) vs a variação da temperatura (°C), nos permitiu conferir se as
propriedades (estabilidade térmica) do sistema epoxídico utilizado são adequadas para as
possíveis aplicações.
Na figura 4.10, é monstrado o comportamento térmico do sistema epoxídico
DGEBA/TETA, onde fica evidente a estabilidade térmica do material tendo em vista que é
um polímero termorrígido, apresentando uma grande resistência à temperatura,
(degradação a 445°C refere-se à fração de maior grau de reticulação).
A termogravimetria realizada com o compósito (DGEBA/TETA/Ag da síntese
utilizando cobre), como era esperado o comportamento, foi muito semelhante, a não ser
pelo comportamento constante a partir de 502 °C referente às partículas de prata metálica,
que no caso, tinha uma concentração de 50 phr no compósito.
Com os resultados do experimento podemos conferir que, a perda de massa começa
a ocorrer de forma significativa aproximadamente a 250°C (nas duas análises), sendo que a
primeira perda de massa ocorre a 346°C (parte do sistema menos reticulada), e a segunda
perda, que chega a total degradação em 445 °C.
4.4 CARACTERIZAÇÕES DO COMPÓSITO
POLIMÉRICO CONDUTOR
4.4.1 Caracterização elétrica (dois pontos) dc
Considerando os objetivos que este trabalho se propôs, a caracterização elétrica do
compósito polimérico é o item de maior importância, pois indica o quão eficiente este
material pode ser no que diz respeito à condução elétrica.
Seguindo a ordem em que foram realizadas as sínteses, são apresentados a seguir os
resultados da caracterização elétrica em dois gráficos por síntese, sendo que o primeiro
(corrente vs tensão) mostra o resultado da amostra de melhor propriedade elétrica da
ntese em questão e o segundo gráfico mostra os resultados para todos as concentrações da
mesma síntese.
As primeiras amostras do compósito a serem caracterizadas foram as que utilizaram
a prata metálica sintetizada pelo método de Tollens, onde podemos observar na figura 4.12,
de corrente (A) vs tensão (V) a amostra do compósito de melhor propriedade elétrica.
Na figura 4.13, observa-se a condutividade (S/m) vs diferentes concentrações de
prata (phr) para as amostras confeccionadas utilizando a prata obtida pelo método de
Tollens. É possível perceber que apesar do aumento na concentração da prata metálica não
há um acréscimo significativo nas propriedades elétricas do adesivo.
Dando sequência às caracterizações elétricas pelo método dos dois pontos dc,
realizaram-se os mesmos ensaios com as amostras confeccionadas com o metal sintetizado
utilizando sulfato ferroso como agente redutor. A apresentação dos resultados segue a
mesma disposição da caracterização do compósito anterior.
É evidente na figura 4.14, que a prata metálica obtida pela reação de óxido-redução
do sulfato ferroso melhorou as propriedades elétricas do compósito, mas como podemos
observar na figura 4.15, apresentou um queda significativa para o aumento da concentração
da carga condutora.
Apesar da condutividade elétrica ter melhorado com a utilização da prata metálica
sintetizada pelo método de reação redox utilizando o sulfato ferroso, podemos observar um
queda da condutividade, após a concentração do metal ultrapassar 33,33 phr, como
citado. É provável que isso tenha ocorrido, por uma questão de homogeneidade nas
amostras que podem apresentar o fenômeno da precipitação do metal durante a cura do
compósito.
As amostras que foram feitas com a prata metálica oriundas da síntese utilizando a
polianilina (PANI) na reação redox, foram as que apresentaram maior resistividade, como
é visto na figura 4.17. Isto ocorre devido à baixa concentração e pureza da prata, quando
comparado com os outros compósitos.
A síntese pelo método de redução utilizando a PANI foi a que menos rendeu
amostra do material (prata metálica), limitando assim, a quantidade de amostras que
poderiam ser confeccionadas, não sendo possível fazer um gráfico com todas as
concentrações necessárias. No entanto, de acordo com a caracterização elétrica de 5
amostras de duas concentrações distintas é possível afirmar que o compósito, feito com
prata metálica desta síntese, apresenta uma resposta à tensão aplicada muito baixa.
Por último foi realizado o ensaio elétrico com as amostras de compósito
confeccionadas com a prata metálica sintetizada com a utilização de cobre como agente
redutor. E como poderemos ver no gráfico 4.18 (a e b), o compósito apresentou uma
grande histerese, que diminuía à medida que se repetia o ensaio.
a)
b)
Figura 4.18: Histerese na amostra DGEBA/TETA/Ag (Cobre); a) ensaio na amostra com prata
metálica (50 phr); b) 4º ensaio na amostras com prata metálica (50 phr).
Os resultados mostrados acima (figura 4.18) pertencem a uma mesma amostra de
compósito polimérico condutor de eletricidade (método cobre). Com base neste ensaio, é
possível observar claramente que à medida que se repete o ensaio, as amostras passam a
apresentar uma histerese menor, e um caráter elétrico menos resistivo.
Estas mesmas propriedades não foram encontradas nas amostras (do compósito
polimérico condutor de eletricidade), confeccionadas com o metal obtido pelas outras três
sínteses.
Mesmo apresentando um comportamento diferente das outras amostras, a
caracterização elétrica realizada com a prata metálica obtida pelo método de síntese em
questão foi a que apresentou uma maior condução elétrica dentre os quatro diferentes
compósitos confeccionados, como é apresentado na figura 4.19:
Além de apresentar as melhores características de condutividade elétrica, este
adesivo polimérico condutor de eletricidade, quando analisando em um gráfico de
condutividade (S/m) pela fração volumétrica (%), apresenta um resultado coerente com o
esperado em relação à teoria da percolação. Apesar de não ser o objetivo do trabalho, todos
os resultados que indicassem o processo de condução elétrica no adesivo desenvolvido
neste trabalho, seriam apontados de maneira a esclarecer ao máximo as propriedades do
material.
O gráfico da figura 4.20, além de demonstrar caráter elétrico, evidencia também à
forma da curva (condutividade/fração volumétrica) características de condução elétrica
pelo processo chamado de percolação. O que possibilita calcular o expoente critico e o
limiar de percolação, 1,19 e 39,99 %, respectivamente.
Os gráficos apresentados na figuras (4.21 e 4.22) mostram uma grande semelhança
no comportamento elétrico do material com uma das referências do processo percolativo:
O gráfico (figura 4.21) mostra o comportamento percolativo observado no trabalho
do D. I. Tee, onde a linha contínua vermelha representa os dados esperados, e os pontos
azuis indicam o comportamento experimental da amostra.
O gráfico da figura 4.22 mostra o comportamento da condução elétrica em um
compósito polimérico agregado com negro fumo, e em comum acordo com a referência
Mariatti, 2006, apresenta o comportamento percolativo, onde a curva com linha lisa
representa a equação, e a curva da linha com pontos representa o comportamento elétrico
experimental da amostra [Jizhao, 2007; Fioramonti, 2007].
De acordo com as referências citadas, podemos apontar que o processo de
condução elétrica do compósito polimérico desenvolvido neste trabalho se enquadra, em
um comportamento de percolação elétrica.
Com base nos resultados das caracterizações elétricas realizadas nas amostras de
prata metálica e nas análises elétricas primárias (8 amostras por síntese, exceto a síntese
por PANI), optou-se pela utilização do compósito polimérico condutor de eletricidade
sintetizado pelo método de redução com cobre metálico.
Como foram citados anteriormente, os quesitos avaliados para a escolha da prata
metálica foram, além da condutividade elétrica, o rendimento de prata, e também o aspecto
de pureza visível do material.
De uma maneira geral foi possível esclarecer que o compósito polimérico condutor
de eletricidade apresentou melhores propriedades elétricas quando confeccionado com a
prata (Ag) metálica sintetizada pelo método redox com cobre (Cu).
A tabela 4.2 compara a condutividade elétrica das amostras estudadas para a
concentração de aproximadamente ±0,5 phr e também para as amostras do adesivo
condutor com a concentração da prata metálica na ordem de ±60 phr.
Os resultados expressos na tabela 4.2, das amostras confeccionadas com a prata
metálica da reação de óxido-redução utilizando cobre, são referentes à caracterização
elétrica realizada no grupo de amostras citado no “capítulo 03” (3 amostras para 10
diferentes concentrações de prata metálica “0,6; 1,6; 6,66; 16,66; 33,33; 40; 50; 66,66; 76;
86 phr”, dando um total de 30 amostras), para o compósito escolhido como melhor
condutor elétrico.
Tabela 4.2: Resultados dos ensaios de caracterização elétrica (dois pontos).
Amostras pela síntese
± 0,5 (phr)
Condutividade, σ (S/m)
Tollens
0,5
3,57 x 10
-11
Sulfato ferroso
0,7
2,64 x 10
-10
Polianilina
0,5
3,49 x 10
-8
Cobre
0,5
1,17 x 10
-9
Amostras pela síntese
± 60 (phr)
Condutividade, σ (S/m)
Tollens
65
3,15 x 10
-10
Sulfato ferroso
65
1,22 x 10
-7
Cobre
50
Média = 1,12 x 10
-1
Desvio padrão = 4,4 x 10
-2
Com os resultados expressos na tabela 4.2, que foram anteriormente tratados
estatisticamente, fica mais óbvia a diferença da condutividade elétrica entre os compósitos
agregados da prata metálica obtida por todas as sínteses.
É importante relembrar que nos resultados apresentados na tabela 4.2, dos ensaios
de caracterização elétrica (dois pontos dc), não foram expostos os resultados para as
amostras do adesivo polimérico condutor de eletricidade, confeccionadas com a prata
metálica oriunda da reação utilizando a PANI, para a concentração de ± 60 phr, pois o
rendimento da síntese não foi o suficiente para que fosse possível a fabricação da
quantidade necessária do metal condutor.
Foi realizada também a caracterização elétrica utilizando o anel de guarda, que
apontou a condução elétrica volumétrica como maior que a condução superficial nas
amostras do adesivo polimérico condutor de eletricidade (síntese com cobre). Foi
considerado para o calculo da condutividade superficial uma superfície em duas
dimensões, ou seja, a distância entre o anel e o eletrodo central da amostra é tem a
espessura desconsiderada, como é possível observar na figura 4.23.
a)
b)
Figura 4.23: Curvas corrente (A) vs tensão (V), DGEBA/TETA/Ag (Cobre) na caracterização elétrica
pelo método do anel de guarda; a) dispositivo medindo corrente superficial na amostra; b) dispositivo
medindo corrente no volume da amostra.
Com este experimento podemos calcular a condutividade elétrica nos respectivos
casos, e foram encontrados os seguintes resultados:
Tabela 4.3: Resultados da caracterização pelo método do anel de guarda.
Caracterização pelo método do anel de guarda.
Média dos resultados
Desvio padrão
Condutividade volumétrica (S/m)
Condutividade Superficial (S/m)
4,28 x 10
-2
4,09 x 10
-2
2,00 x 10
-10
2,95 x 10
-11
4.4.2 Microscopia óptica (MO)
Nas micrografias óticas (figura 4.24), foi possível observar uma distribuição da
prata metálica por toda a amostra do adesivo polimérico condutor de eletricidade,
confeccionado com prata metálica sintetizada com o cobre metálico como agente redutor.
É fácil perceber a formação de aglomerados da carga condutora, (parte escura da
micrografia), formando uma grande ramificação por toda a matriz (parte clara da
micrografia).
Estas formações ramificadas são características da morfologia encontrada em
materiais que apresentam o caráter de condução elétrica identificado como processo
percolativo [Hunt, 2008].
4.4.3 Microscopia eletrônica de varredura (SEM)
Esta técnica foi realizada utilizando apenas as amostras do compósito
confeccionado com a prata sintetizado pelo método de redução com o cobre metálico como
metal redutor, pois dentre as quatro sínteses do metal condutor (prata) foi a que apresentou
melhores características.
As micrografias obtidas com a microscopia eletrônica de varredura (SEM) foram de
extrema importância para compreender como as partículas de prata metálica estão
distribuídas na matriz polimérica (polímero epoxídico), e também definir, se no compósito
escolhido teria formação de aglomerados ou partículas dispersas de prata metálica.
A seguir poderemos observar que as micrografias (SEM) que mostram claramente a
formação, e a distribuição dos aglomerados de prata metálica na matriz polimérica:
a)
b)
Figura 4.25: Micrografia DGEBA/TETA/Ag (cobre); a) micrografia 100 x; b) micrografia 2566 x.
É importante salientar que apesar da dificuldade de se fazer uma varredura
completa da superfície da amostra do material, as micrografias (SEM) foram feitas
tomando o cuidado de capturar imagens que resumissem as características de toda a
topografia da amostra, onde as partes claras o as partículas e aglomerados de prata
metálica e o seguimento escuro é a matriz polimérica.
A distribuição das partículas e dos aglomerados também se enquadra nos modelos
visto na literatura, e indica uma topologia propicia à condução elétrica pelo processo de
percolação elétrica [Ali, 1995].
a)
b)
Figura 4.26: Micrografia DGEBA/TETA/Ag (cobre); a) micrografia 2535 x; b)
micrografia 14311 x.
Na figura 4.26 “a” (2535 x) e “b” (14.311 x), pode ser observado a formação de
cavidades vazias (ocos) onde fica a prata metálica. Isto revela que a adesão das partículas
de prata, na matriz polimérica é baixa (não estão intimamente unidas), o que pode diminuir
a condução elétrica dos materiais obtidos [Santos, 2001; Edemir, 2009]. Isto indica que
pode ser realizada, em trabalho futuro, a funcionalização das partículas de prata para a
preparação de compósitos com melhor condução elétrica.
4.5 CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA
As apresentações dos resultados dos ensaios mecânicos são tão importantes quanto
às demais, tendo em vista que para uma possível aplicação do produto final, todas as
propriedades físicas, químicas e mecânicas do material são consideradas relevantes.
4.5.1 Dureza superficial
O ensaio de microdureza (quando se utilizam cargas entre 1-1000 gramas)
superficial foi o primeiro a demonstrar como o conjunto polímero-partículas metálicas se
comportam quando o uso de tensões externas sobre o mesmo. Na tabela 4.4, estão
expressos os resultados dos ensaios:
Tabela 4.4: Ensaio de microdureza superficial em/TETA/Ag (Cobre).
Resultados dos ensaios em Vickers (HV. 0,1 = 100g).
Amostras
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
Média
Desvio padrão
01(33phr)
14,9
15,5
14,3
14,9
0,6
02(40phr)
15,2
15,4
14,4
15,0
0,5
03(50phr)
17,2
16,7
16,5
16,8
0,3
04(66phr)
16,1
17,5
17,9
17,2
0,9
Apesar dos resultados não demonstrarem grandes variações, é possível deduzir que
apesar do acréscimo da carga condutora (Ag, metálica) não se percebe variações
relevantes. Isso fica mais claro quando se compara o menor com o maior resultado obtido
no ensaio (14,3 e 17,9 HV).
4.5.2 Ensaio de impacto tipo Charpy
O ensaio de impacto serviu principalmente para saber se o tratamento de pós-cura
alteraria as propriedades físicas do sistema DGEBA/TETA, que normalmente este tipo
de tratamento proporciona um tempo maior para que a polimerização dos monômeros
ocorra mais eficientemente.
Tabela 4.5: Resultados dos ensaios para as resinas com e sem o tratamento de pós-cura (2
horas a 130 °C):
Resultados do ensaio de impacto DGEBA/TETA (Joule).
Corpos de prova
Sem pós-cura
Com pós-cura
Amostra 01
0,34
0,39
Amostra 02
0,39
0,52
Amostra 03
0,32
0,9
Amostra 04
0,41
0,24
Amostra 05
0,1
0,55
Amostra 06
0,1
0,75
Amostra 07
0,1
0,61
Amostra 08
0,4
0,51
Amostra 09
0,1
0,6
Média
0,25
0,56
Desvio padrão
0,14
0,19
Fazendo uma simples comparação entre os valores das amostras sem pós-cura e
com pós-cura, é possível perceber que apesar da variação dos resultados não serem muito
grandes, são o suficientes diferentes para que possamos perceber que uma sensível
alteração na resistência ao impacto quando o material (DGEBA/TETA) é tratado pelo
processo de pós-cura.
4.5.3 Aderência ao cisalhamento
A tabela 4.6 a seguir reúne os resultados referentes aos ensaios mecânicos
realizados com as juntas coladas a partir dos substratos tratados segundo as condições
descritas nas seções anteriores.
Em relação ao adesivo (DGEBA/TETA), pode ser observado que a utilização de
tratamento químico melhorou significativamente a resistência adesiva entre a superfície
não tratada e a superfície com o tratamento com ataque químico. E também uma
significativa melhora entre o tratamento químico, e a combinação de tratamento químico e
mecânico.
Tabela 4.6: Resultados dos Ensaios Mecânicos de Cisalhamento
Tratamento
Resistência adesiva DGEBA/TETA (MPa)
Original
6,47 0,8
Químico
10,53 1,2
Químico Mecânico (G80)
20,25 1,0
Químico Mecânico (G40)
17,69 1,4
Químico Mecânico (G25)
19,96 1,5
O possível aumento da rugosidade da superfície do substrato pela utilização de
diferentes tamanhos nas granalhas não melhorou a resistência adesiva. Isto pode ser
explicado devido ao processo de coesão, que está relacionado à estrutura química do
adesivo e que não permite o aumento da resistência adesiva.
4.5.4 Ensaio de resistência a compressão uniaxial
O ensaio de resistência à compressão apresentou resultados de suma importância
para este trabalho com este experimento, podemos observar o comportamento mecânico
(resistência à compressão) do sistema DGEBA/TETA e também obter o módulo elástico
para a matriz polimérica do compósito.
É possível perceber claramente a pouca variação nas curvas de tensão vs
deformação do ensaio para as 5 amostras de DGEBA/TETA. A diferença mínima no
resultado dos ensaios foi devido a uma boa otimização do sistema epoxídico conseguido
com a caracterização térmica.
Fazendo uma aproximação da parte final das curvas, é mais evidente o quão
próximo são os resultados de resistência à compressão. E fazendo uma média dos módulos
elásticos, temos o valor de 2765,7 MPa com o desvio padrão de 171,2 MPa.
4.6 APLICAÇÃO DE ADESIVO DESENVOLVIDO EM
UMA PLACA DE CIRUITO IMPRESSO
A placa de circuito impresso montada utilizando o compósito polimérico condutor
de eletricidade como material de solda apresentou resultados estéticos, mecânico e elétrico
muito bom.
a)
b)
c)
d)
e)
Figura 4.29: a) Imagem inferior da PCI; b) imagem superior da PCI; c)
pontos de solda com compósito; d) e f) imagem superior do circuito
montado.
Os componentes foram observados e apresentaram uma ótima aderência mecânica e
um funcionamento elétrico aparentemente idêntico aos circuitos eletrônicos montados
utilizando o método de solda convencional (chumbo-estanho).
O LED instalado no circuito montado ficou em funcionamento durante 48 horas
sem qualquer tipo de distúrbio no seu funcionamento. Apesar do bom funcionamento do
adesivo condutor, para uma aplicação no âmbito industrial se fazem necessários vários
outros experimentos, mas como caráter demonstrativo o compósito desenvolvido neste
trabalho funcionou adequadamente.
Capítulo 05
CONCLUSÕES
5.1 CONCLUSÕES
Após serem realizadas todas as etapas deste trabalho, é possível reunir todas as
informações, resultados e discussões e apresentar conclusões resultantes da interpretação
dos mesmos.
Obteve-se prata metálica pelos quatro métodos de sínteses realizadas, mas a síntese
que demonstrou o melhor rendimento e maior pureza foi a que utilizou cobre metálico
como elemento redutor dos íons Ag
+
para obter a prata metálica Ag
0
. A caracterização
elétrica da amostra de prata obtida por esta síntese reforçou ainda mais a qualidade deste
método de redução.
Constatou-se também que as outras sínteses obtiveram prata metálica, mesmo
sendo em uma menor quantidade e qualidade. No caso da síntese pelo método de Tollens,
foi constatado, pela espectroscopia UV-Vis que se obteve prata metálica em dimensões
nanométricas.
A calorimetria exploratória diferencial possibilitou a otimização do sistema
epoxídico (DGEBA/TETA). Foram confeccionadas as amostras com diferentes
concentração e síntese da prata metálica.
Os resultados experimentais obtidos através das caracterizações do adesivo
polimérico condutor apontaram as amostras do compósito feitas com a prata metálica
sintetizada pela reação de óxido-redução utilizando o cobre como agente redutor, como o
material de propriedades elétricas mais significativas. Estas mesmas análises, apontaram
que o processo de condução elétrica ocorre através de processo percolativo. As
microscopias eletrônicas (SEM) reafirmam, a formação de aglomerados de prata metálica
na matriz polimérica, confirmando que ocorre o processo percolativo através destes
aglomerados, permitindo assim a condução elétrica.
Com os ensaios mecânicos foi possível caracterizar as propriedades de dureza
superficial, resistência a impacto, resistência da adesão ao cisalhamento e também
resistência a compressão da matriz termorrígida (modulo elástico de 2765,7 MPa). É
admissível dizer que tais propriedades mecânicas foram obtidas em virtude da obtenção
das razões estequiométricas através da caracterização térmica.
Um circuito simples (baterias, chave “on/off”, resistor e um “led”), montado
utilizando o adesivo polimérico condutor de eletricidade como material de solda revelou
que o mesmo funcionou de maneira correta, sem diferenças aparentes ao circuito montado
com as soldas convencionais de chumbo-estanho. Apesar do circuito não garantir que o
material desenvolvido neste trabalho pode ser utilizado comercialmente, demonstra uma
previa eficiência do mesmo.
Portanto, pode-se afirmar que o compósito polimérico condutor de eletricidade,
desenvolvido neste trabalho, foi caracterizado experimentalmente e apresentou boas
propriedades físicas e mecânicas, bem como foi evidenciada a possibilidade da utilização
do mesmo em aplicações futuras.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Ali, M. H. Percolation concept and the electrical conductivity of carbon black Polymer
composites. Cairo, september 1995.
Atkins, Peter. Princípios de Química. São Paulo: Ed. Bookman, 2006. edição. Pag. 369-
370.
Blass, Arno. Processamento de Polímeros. Florianópolis: Ed. UFSC, 1985. edição. Pag.
53.
Bohnenberger, Deisy. Estudo in vitro da microdureza superficial de dentes de estoque em
diferentes tempos de imersão. http://www.sbpcnet.org.br/livro. Acesso 27 de outubro 2009.
Bulent, Ulug. The influence of conductor particle size distribution on the blending curve of
epoxy-based thick film resistors. Edinburgh, march 1982.
Callister. Ciência e Engenharia de Materiais. New York: Ed. LTC, 2008. ed. Pag. 103-
120; 155-187.
Canevaloro, Sebastião. Técnicas de caracterização de polímeros. São Paulo: Ed. Artliber,
2004. 1ª edição. Pag. 165-175, 129-140, 299-370.
Canevarolo, Sebastião. Ciencias dos Polímeros. São Paulo: Ed. Artliber, 2002. 1ª ed.
Carmona, f. Electrical properties of carbon black epoxy resin heterogeneous materials
near the percolation threshold. Pessac, october 1998.
Edemir, Luiz. Study of response thermally stimulated of LDPE/CB composite by of the
technique of thermally stimulated depolarization current (TSDC). São Carlos, maio 2009.
El-Tantawy, F. In situ network structure, electrical and thermal properties of conductive
epoxy resincarbon black composites for electrical heater applications. Naiigata, october
2001.
Fioramonti, Calixto, Carolina. Development of Graphite-Polymer Composites as Electrode
Materials. São Paulo, may 2007.
Girotto, Emerson M. Medidas de resistividade elétrica DC em sólidos: Como efetuá-las
corretamente. São Carlos, July 2002.
González, Filiberto. Caracterização do éter diglicidílico do bisfenol A/ poliaminas
alifáticas. Rio de Janeiro, novembro 2005.
Gratzer Walter. A macromolecular history, http://www.nature.com/nature/journal. Acesso
02 de junho 2009.
Guenther, Bluma Soares. Química orgânica. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988.
edição. Pag. 282.
Huang, W.S., MacDiarmid, A.G. Polyaniline with surfactant counterions: Conducting
polymer materials which are processible in the conducting form. Santa Barbara, April
2003.
Hunt, Allen e Ewing, Robert. Percolation Theory for flow in Porous Media. New York:
Ed. Springer, 2008. 2ªed. Pag. 01-27.
Jia, J. M. Electrically conductive epoxy resin composites containing polyaneline with
different morphologies. Xi’an, september 2006.
Jizhao, Liang. Aggregate structure and percolation behavior in polymer/carbon black
conductive composites. Guangzhou, october 2007.
Lee, H. & Neville, K. Handbook of Epoxy Resins. Ed. Mc Graw-Hill: New York, 1967,
cap.7, págs.1-10; cap.4, p.19; cap.7, pag.9 e 2.
Lima, A. Compósitos naturais e sintéticos. http://www.ufrgs.com/. Acesso 12 de julho
2009.
Maia, Daltamir. Sínteses de polímeros condutores em matrizes solidas hospedeiras. São
Paulo, junho 1999.
Mamunya, Ye. P. Electrycal and thermal conductivity of filled with metal powders.
Athens, february 2002.
Mamunya, Ye. P. Influence of pressure on the electrical conductivity of metal powders
used as fillers in polymer composites. Athens, November 2003.
Mano, Eloisa e Mendes, Luís. Introdução a Polímeros. São Paulo: Ed. Edgard Blucher,
1999. 2ª ed.
Mano, Eloisa. Polímeros como materiais de engenharia. Rio de Janeiro: Ed. Edgard
Blucher, 1991. 1ª ed. Pag. 15-85.
Mariatti, M. Effect of silane-based coupling agent on the properties of silver nanoparticles
filled epoxy composites. Penang, december 2006.
Monteiro, Elisabeth. Caracterização de Polímeros. Rio de Janeiro: Ed. E-Papers, 2001.
edição. Pag. 217-284.
Moysés, H. Curso de física, Eletromagnetismo. São Paulo: Ed. Edgard Blucher LTDA:
1997. Pag. 99-110.
Norma - ASTM 695-02. Test Method for Compressive Properties of Rigid Plastics, is a
straight-sided cylinder or prism.
Norma - ASTM D 1002-72. Standard Method of Test for Strenght Properties of Adhesives
in Shear by Tension Loading (metal-to-metal).
Norma - ASTM D 2651-01. Standard Guide for Preparation of Metal Surfaces for
Adhesive bonding.
Novák, Igor. Analysis of correlation between percolation concentration and elongation at
break in filled electroconductive epoxy-based adhesives. Guangzhou, august 2007.
PÉREZ, R. J. Commercial Epoxy Resin Curing Agents, Epoxy Resin Technologycap. New
York: Ed. Interscience Publishers, 1968. 1ª edição. Pag. 115.
Pérez, R.J. Commercial Epoxy Resin Curing Agents, Epoxy Resin Technology. New York,
july 1968.
Possart, Wulff. Adhesion, Current Reserch and Applications. Weinheim: Ed. Wiliy-VCH,
2005. 1ª edição. Pag. 20-60.
Rabello, Marcelo. Aditivação de polímeros. São Paulo: Ed. Artliber, 2000. 1ª ed.
Rabindra, N. Das. Nano and micro conducting adhesives for z-axis interconnections: new
direction for high-speed, high-density, organic microelectronics packaging. New York,
january 2008.
Rozenberg, B.A. Thermodynamics and Mechanism of Reactions of Epoxy oligomers with
Amines, Epoxy Resins and Composites II. Berlin, june 1986.
Santos, Claudia. Redução da prata através da glucose (Espelho de prata).
http://farm3.static.flickr.com. Acesso 01 outubro de 2009.
Santos, Marinalva. Compósito de borracha natural com composto condutivo a base de
negro fumo e polímero condutor. Pinole, may 2001.
Surekha Devi. Synthesis of Au, Ag and AuAg alloy nanoparticles in aqueous polymer
solution. Gujarat, january 2007.
Vilcaková, J. Electrical conductivity of carbon fibres/polyester resin composites in the
percolation threshold region. Prague, may 2002.
Wolfgang, Bauhofer. A review and analysis of electrical percolation in carbon nanotube
polymer composites. Hamburg, june 2009.
Wong, C. P. Adesivos condutores poderão substituir solda à base de chumbo, Inovação
tecnológica. http://www.inovacaotecnologica.com.br/. Acesso 15 de novembro 2009.
Zhang, Yinxi. Electrical properties and conductive mechanisms of immiscible
polypropylene/Novolac blends filled with carbon black. Shanghai, november 2007.
Zhao, Chun. Synthesis and characterization of Ag/polyaniline coreshell nanocomposites
based on silver nanoparticles colloid. Changchun, October 2006.
Zoppi, Aparecida. Aplicações tecnológicas de polímeros intrinsecamente condutores.
Campinas, julho 1993.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo