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JULIO CEZAR FERNANDES DA SILVEIRA
ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DA ATIVIDADE FÍSICA
HABITUAL E DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE:
UM ESTUDO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES GÊMEOS
FLORIANÓPOLIS
2010
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ii
ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DA ATIVIDADE FÍSICA
HABITUAL E DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE:
UM ESTUDO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES GÊMEOS
por
Julio Cezar Fernandes da Silveira
_____________________
Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da
Universidade Federal de Santa Catarina como Requisito Parcial à Obtenção do
Título de Mestre em Educação Física
Junho de 2010
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iii
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina
.
S587a Silveira, Julio Cezar Fernandes da
Aspectos genéticos e ambientais da atividade física
habitual e da aptidão física relacionada à saúde
[dissertação] : um estudo com crianças e adolescentes
gêmeos / Julio Cezar Fernandes da Silveira ; orientador,
Adair da Silva Lopes. - Florianópolis, SC, 2010.
127 p.: il., grafs., tabs.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Desportos. Programa de Pós-Graduação em
Educação Física.
Inclui referências
1. Educação física. 2. Gêmeos. 3. Exercícios físicos.
4. Aptidão física. 5. Saúde. 6. Crianças. 7. Adolescentes.
I. Lopes, Adair da Silva. II. Universidade Federal de Santa
Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física.
III. Título.
CDU 796
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A Dissertação: ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DA
ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E DA APTIDÃO
FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE: UM ESTUDO
COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES GÊMEOS
Elaborada por: JULIO CEZAR FERNANDES DA SILVEIRA
e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pelo
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de
Santa Catarina, e homologada pelo Colegiado de Curso, como requisito parcial
à obtenção do título de
MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Área de concentração: Atividade Física Relacionada à Saúde
Data: 24 de Junho de 2010
Banca Examinadora:
v
DEDICATÓRIA
A todos aqueles que um dia ousaram trocar a
segurança e o calor do ninho em prol do
desejo impulsivo de voar e poder olhar além
dos montes.
A todos os medos, adversidades e
contratempos, fenômenos de construção de
jornadas e parceiros mudos das conquistas.
Ao que não se adiante num baixo vôo, e
ao que não se enxerga das grandes alturas.
Eles mostram a limitação do olhar frente aos
obstáculos e à distância e nos propiciam
imaginar o novo.
A todos aqueles que, por saberem voar,
sempre construirão novos ninhos.
Aos meus pais Gainor e Zilá
Do pouco me deram o melhor
Da simplicidade me deram a humildade
Da amizade me ensinaram o amor
Das suas limitações me abriram o mundo
Do sacrifício me ensinaram a lutar
Da vida me mostraram a vitória
A quem eu dedico este trabalho
Obrigado por tudo!!!
vi
EPÍGRAFE
É muito melhor arriscar coisas grandiosas,
alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se
a derrota e ao fracasso, do que formar fila
com os pobres de espírito que nem gozam
muito nem sofrem muito, porque vivem nessa
penumbra cinzenta que não conhece vitória
nem derrota.
Theodore Roosevelt
vii
AGRADECIMENTOS
São tantos e tão especiais...
A Deus por sua constante presença e amparo, por iluminar e preparar o meu
caminho, fornecendo força, saúde, sabedoria, ânimo e motivação, por me
carregar no colo, quando por vezes, não havia mais forças para caminhar...
A Débora Cristina, por tudo que representa: pelo companheirismo, pelas
reflexões, o cuidado e atenção aos nossos filhos, a firmeza nas horas mais
difíceis e o apoio fundamental na infra-estrutura doméstica.
Aos meus queridos e amados filhos Vitória Camilla e Vitor Matheus, por serem
muito mais do que sempre sonhei e pedi a Deus.
A todos os meus familiares, em especial ao meu primo e irmão de coração
Diego Fernandes Falconi (in memoriam) pela sua amizade, pelo seu
companheirismo, pela sua simplicidade e autenticidade, por ter sido aquilo que
muitos criticam, mas invejam: ele mesmo!! Saudade eterna...
A Prof. Dra. Aline Rodrigues Barbosa por ter permitido o meu acesso a este
programa de pós-graduação.
Ao Prof. Dr. Adair da Silva Lopes, orientador disposto, receptivo, e acima de
tudo amigo, por acreditado nesse “polêmico” estudo com gêmeos.
Ao Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, pelo apoio,
pela infra-estrutura, a qualidade e a simpatia de seus professores, pesquisadores
e funcionários.
A Clínica de Diagnóstico por Imagem DIAGMAX e ao Laboratório Bioclínico
GÓES & PERÍOLO, por acreditarem em nosso propósito e por colaborarem de
maneira incondicional à realização deste estudo.
Ao Laboratório de Avaliação Física, Saúde e Esportes LAFISE da
Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG, na pessoa do Prof. Ms. Edson
Itaru Kaminagakura, pela sua colaboração na realização deste trabalho.
A todos que auxiliaram na coleta de dados: Aline, João, Rogério, Conrado,
Rogério, Amanda e Estela, e em especial, ao Prof. Dr. Gustavo AndBorges
pelas sugestões e recomendações.
A todos os gêmeos(as) e seus respectivos responsáveis, pela confiança em
participarem do estudo, a doação dos seus tempos, enfim, pela generosidade
acima de tudo.
Muito obrigado por possibilitarem essa experiência enriquecedora e gratificante,
da maior importância para meu crescimento como ser humano e profissional.
viii
RESUMO
ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DA ATIVIDADE FÍSICA
HABITUAL E DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE: UM
ESTUDO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES GÊMEOS
Autor: Julio Cezar Fernandes da Silveira
Orientador: Prof. Dr. Adair da Silva Lopes
O presente estudo buscou estimar os efeitos genéticos e ambientais no nível de
atividade física habitual e na aptidão física relacionada à saúde por meio do estudo
de diferentes expressões fenotípicas em crianças e adolescentes gêmeos. A amostra
foi do tipo intencional não probabilística, formada por 52 pares de gêmeos, sendo 25
do sexo masculino (MZ= 10; DZ= 15) e 28 do feminino (MZ= 14; DZ= 13) com
idades de 7 a 17 anos. As variáveis estudadas foram: zigotia (dermatóglifos;
questionário); antropometria (massa corporal; estatura) e composição corporal
(DEXA); aptidão física relacionada à saúde: abdominal modificado; barra
modificada; sentar e alcançar modificado e vai-e-vem de 20 metros
(FITNESSGRAM); análise sangüínea (triglicerídeos; colesterol; glicose); atividade
física (acelerometria). Inicialmente realizou-se o cálculo do coeficiente de
correlação intraclasse (CCI) para os gêmeos MZ e para os DZ em cada fenótipo.
Posteriormente foram calculados os efeitos genéticos (h
2
), do envolvimento comum
(c
2
) e do envolvimento único (e
2
), por meio de equações específicas. Por fim, foi
utilizada a correlação linear de Pearson para relacionar a atividade física com os
componentes sangüíneos. Os resultados indicaram para os fenótipos da atividade
física predominância dos efeitos genéticos (80%) na atividade física relacionada a
escola e/ou trabalho AFET, e na atividade física relacionada ao lazer AFRL
(78%) e uma equivalência destes efeitos e do envolvimento comum na atividade
física total AFT (h
2
= 44%;c
2
= 44%). Nos fenótipos da aptidão física verificou-se
predominância moderada dos efeitos genéticos na força/ resistência abdominal
(44,8%); na flexibilidade (48%); e na capacidade cardiorrespiratória (48%) sendo
estes efeitos elevados na força/ resistência de tronco (72%). Nos fenótipos da
composição corporal, houve predominância dos efeitos genéticos no IMC (48%); e
do envolvimento comum na massa magra (88%) e no tecido adiposo (68%). Nos
fenótipos sanguíneos houve predominância moderada dos efeitos genéticos no
colesterol total e glicose (46%) e moderada/ elevada no colesterol LDL (58%). As
correlações entre AFT e variáveis sanguíneas nos gêmeos MZ mostraram-se
negativas para o CT; LDL; TGL e GLI e positiva para HDL, sendo estatisticamente
significante para os primeiros três componentes. Nos gêmeos DZ as correlações não
foram significantes, e se mostraram positivas para CT; LDL; GLI e TGL, sendo
negativa para HDL. Os efeitos genéticos foram moderados ou elevados para os
fenótipos da atividade física habitual; para os fenótipos sangüíneos, e, para os
fenótipos da aptidão física relacionada à saúde, exceção a composição corporal onde
houve predominância dos efeitos do envolvimento comum.
Palavras-Chave: Gêmeos; Herdabilidade; Atividade Física; Aptidão Física; Saúde,
Crianças, Adolescentes.
ix
ABSTRACT
GENETIC AND AMBIENT ASPECTS OF THE HABITUAL PHYSICAL
ACTIVITY AND THE HEALTH-RELATED PHYSICAL FITNESS: A
STUDY WITH TWIN CHILDREN AND ADOLESCENTS
Author: Julio Cezar Fernandes da Silveira
Advisor: Prof. Dr. Adair da Silva Lopes
The purpose for this study was to estimate the genetic and ambient effects in the
level of habitual physical activity and in the health-related physical fitness through
the study of different phenotypic expressions in children and adolescents twins. The
sample of this research was of not probabilistic the intentional type, formed by 52
pairs of twin, being 25 of masculine sex (MZ= 10; DZ= 15) and 28 of feminine
(MZ= 14; DZ= 13) with ages of 7 the 17 years. The measured tests carried through
had been: zygosity (dermatoglyphics; questionnaire); anthropometry (body mass;
stature); and body composition (DEXA); health-related physical fitness (modified
curl up; modified pull-up; modified sit and reach and 20-meter shuttle run)
(FITNESSGRAM); blood analysis (triglycerídes; cholesterol; glucose); the physical
activity (acelerometter). Initially was calculation of the intraclass correlation
coefficient (ICC) for MZ and DZ in everyone phenotypes. After the genetic effects
had been calculated (h
2
), of the common environment (c
2
) and of the unique
environment (e
2
), by means of specific equations. Finally, the linear correlation of
Pearson was used to relate the physical activity with the blood components. The
results had indicated for the phenotypes of physical activity predominance of the
genetic effects (80%) in the school or work physical activity AFET, and in the
leisure physical fitness AFRL (78%) and genetics and common environment in
total physical activity AFT. In the health-related physical fitness phenotypes was
verified moderate predominance of genetic effects in the abdominal power/
endurance (44,8%); in flexibility (48%); in the aerobic capacity (48%); in the trunk
power/ endurance these effects was moderate (72%). In the body composition
phenotypes it had predominance of the genetics effects in the BMI (48%); and the
common environment in the lean mass (88%) and in the fat mass (68%). In the
blood phenotypes it had moderate predominance of the genetic effects in full
cholesterol and glucose (46%) and moderate effects in LDL-c (58%). The
correlations between AFT and blood variables in twin MZ had revealed negative for
the CT; LDL-c; TGL and GLI and positive for HDL-c, being statistical significant
for first the three components. In twin DZ the correlations had not been significant,
and if they had shown positive for CT; LDL-c; GLI and TGL, being negative for
HDL-c. The genetic effects were moderate or raised for the habitual physical
activity; for the blood phenotypes, and, for the health-related physical fitness,
exception for the body composition where it had common environment effects
predominance.
Key-words: Twin; Heritablity; Physical activity; Physical fitness; Health, Children,
Adolescents.
x
ÍNDICE
Página
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ................... x
LISTA DE ANEXOS .......................................................................... xii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................ xiii
LISTA DE QUADROS ...................................................................... xiv
LISTA DE TABELAS ........................................................................ xv
Capítulo
I. INTRODUÇÃO .......................................................................... 01
O problema e sua Importância
Objetivos
Delimitação do Estudo
Definição de Termos
II. REVISÃO DE LITERATURA ................................................. 09
O Estudo de Gêmeos
Atividade Física e sua Relação com a Saúde
Atividade Física Habitual
Aptidão Física
Fenótipos Sanguíneos
III. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................... 50
Caracterização da Pesquisa
População e Amostra
Critérios de Inclusão
Critérios de Exclusão
Variáveis do Estudo
Protocolos e Instrumentos de Medidas
Procedimentos de Coleta dos Dados
Tratamento e Análise dos Dados
Limitações do Estudo
Comitê de Ética em Pesquisa
IV. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................ 61
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................ 79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................... 82
ANEXOS .................................................................................... 92
xi
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
PDA Padrão Dermopapilar Arco
h
2
Efeitos Genéticos
ACSM American College of Sports Medicine
AFRS Aptidão Física Relacionada à Saúde
AFRD Aptidão Física Relacionada ao Desempenho
CMO Conteúdo Mineral Ósseo
c
2
Envolvimento Comum
CCI Coeficiente de Correlação Intra-Classe
CT Colesterol Total
Dc Densidade Corporal Total
DCNT Doenças Crônicas Não-Transmissíveis
ARDE Absortometria Radiológica de Dupla Energia
DNA Ácido Desoxirribonucléico
DZ Dizigótico
e
2
Envolvimento Único
GLI Glicose
H
2
Herdabilidade em Sentido Lato
HDL Lipoproteínas de Alta Densidade
ID Impressões Digitais
LDL Lipoproteínas de Baixa Densidade
MC Massa Corporal
MCM Massa Corporal Magra
MG Massa de Gordura
MMSS Membros Superiores
MMII Membros Inferiores
xii
MZ Monozigótico
O
2
Oxigênio
QL Quantidade de Linhas
PDP Padrão Dermopapilar Presilha
PCR Polymerase Chain Reaction
PDPR Padrão Dermopapilar Presilha Radial
PDPU Padrão Dermopapilar Presilha Ulnar
rDZ Correlação entre gêmeos dizigóticos
rMZ Correlação entre gêmeos monozigóticos
SBDENS Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica
SBG Sociedade Brasileira de Genética
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SQTL Somatório Total da Quantidade de Linhas
STR’s Short Tandem Repeats
TGL Triglicerídeos
TRC Total Ridge Count
USD United States Dolar
VNTR’s Variable Number Tandem Repeats
V
G
Variância Genética
V
TOT
Variância Observada
PDV Padrão Dermopapilar Verticilo
WHO World Health Organization
% GC Percentual de Gordura Corporal
xiii
LISTA DE ANEXOS
Anexo Página
1. Orientações Básicas para o Uso dos Acelerômetros ......................... 94
2. Registro Diário da Atividade Física .................................................. 96
3. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ..................... 98
4. Questionário Sócio-Econômico ....................................................... 101
5. Questionário de Gemelaridade ........................................................ 103
6. Ficha de Coleta da Dados ................................................................ 105
7. Pontos de Referência para obtenção do Número de Linhas
a b e A’ – d ............................................................................. 107
8. Pontos de Referência para a obtenção do Ângulo atd ..................... 109
9. Ficha para Registro de Informações Dermatoglíficas ..................... 111
10. Figuras dos Testes Motores FITNESSGRAM ............................. 113
11. Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa ................................ 116
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
1. Representação dos Padrões Dermopapilares Digitais Básicos .......... 20
2. Disposição das Membranas Materno-Fetais em Gêmeos ................. 24
3. Processo de Obtenção de Polimorfismos de Comprimento de
Fragmento de Restrição ........................................................................ 29
4. Componentes da Aptidão Física ....................................................... 41
xv
LISTA DE QUADROS
Quadro Página
1. Concordância entre Gêmeos em Função do Tipo de Hereditariedade
presente e do Tipo de Gêmeo ......................................................... 11
2. Graus de Parentesco e Proporção de Genes em Comum ................... 11
3. Concordância quanto às Influências Genética e Ambiental em
Diferentes Grupos de Gêmeos ............................................................... 12
4. Métodos de Determinação da Zigotia ............................................... 16
5. Padrões Dermopapilares Digitais ...................................................... 21
6. Evidências da Literatura sobre os Benefícios da Atividade Física em
Relação à Saúde .............................................................................. 30
7. Métodos de Mensuração da Atividade Física ou Gasto Energético .. 35
8. Uso Potencial dos Procedimentos de Medida na Pesquisa
Epidemiológica em Atividade Física .............................................. 38
9. Estudos com Gêmeos em Epidemiologia Genética da Atividade Física
........................................................................................................ 39
10. Baterias de Testes de Aptidão Física ............................................... 41
11. Estimativa para a Herdabilidade do IMC ........................................ 43
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
1. Freqüência dos Tipos de Padrões Dermopapilares Digitais em
Caucasianos........................................................................................... 19
2. Freqüência de Arcos e Verticilos Digitais em Quatro Amostras
Raciais ................................................................................................... 19
3. Correlação entre Familiares para TRC .............................................. 22
4. Freqüência dos Tipos de Placentas e Membranas Fetais em Gêmeos24
5. Estimativa da Herdabilidade em relação à AF por País .................... 31
6. Aspectos Socioeconômicos e Ambientais ......................................... 62
7. Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) dos Índices
Dermatoglíficos e Cotação dos Questionários ............................... 63
8. Distribuição da Amostra em Função da Zigosidade Gemelar ........... 64
9. Valores Médios e Desvio Padrão (M ± Dp) da Idade dos Gêmeos
Monozigóticos e Dizigóticos .......................................................... 64
10. Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Diferentes Fenótipos
da Atividade Física ......................................................................... 65
11. Estimativa de Variância Genética (h
2
), do Envolvimento Comum
(c
2
) e Único (e
2
) dos Gêmeos nos Fenótipos da Atividade Física .. 66
12. Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Testes Motores da
Aptidão Física Relacionada à Saúde .............................................. 67
13. Estimativa de Variância Genética (h
2
), do envolvimento comum (c
2
)
e único (e
2
) para os Gêmeos nos Fenótipos da Aptidão Física
Relacionada à Saúde ...................................................................... 70
xvii
14. Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Fenótipos da
Composição Corporal ..................................................................... 72
15. Estimativa de Variância Genética (h
2
), do envolvimento comum (c
2
)
e único (e
2
) dos Gêmeos nos Fenótipos da Composição Corporal . 73
16. Associação entre o Nível de Atividade Física Habitual e a
Concentração Sangüínea de Colesterol (Total; HDL; LDL),
Triglicerídeos e Glicose .................................................................. 75
17. Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Fenótipos Sanguíneos
........................................................................................................ 76
18. Estimativa de Variância Genética (h
2
), do envolvimento comum (c
2
)
e único (e
2
) para os Fenótipos Sanguíneos ..................................... 77
1
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O problema e sua Importância
A evolução das espécies em geral e, em especial a da espécie
humana, acabou promovendo alterações nas estruturas originárias,
dando gênese as semelhanças e diferenças oriundas da herança genética,
influenciada pelo ambiente onde se desenvolve cada indivíduo (Michels,
2000).
Consiste em fato inquestionável a presença de grande variação
nas mais diversas características ou fenótipos humanos, desde as mais
facilmente quantificáveis como a estatura, até as mais difíceis como a
carga de algumas enzimas e outras características específicas da célula
(Maia, 2006).
Desde a publicação do texto pioneiro de Klissouras, em 1971, que
versava sobre o consumo máximo de oxigênio em gêmeos, ao mega-
projeto de investigação nominado de HERITAGE, de 1995, liderado por
Bouchard, passando pelo livro-resumo publicado por Bouchard, Malina
& Perussé em 1997, intitulado de Genetics of Fitness and Physical
Performance, existe uma grande lacuna a ser suprida por pesquisadores,
para identificar as possíveis bases genéticas para as variações
fenotípicas associadas ao crescimento, desempenho motor, resposta ao
treino e à competição, entre outros (Maia, 2006).
A variação humana consiste no objeto central de estudo da
genética humana, sendo também a base genética da variação fenotípica
de grande relevância para as ciências do exercício (Bouchard, Malina &
Perussé, 1997).
O termo fenótipo com raiz no grego, fainen = mostrar, pode ser
utilizado para se referir a uma característica específica, como, para
indicar o conjunto de características perceptíveis de um indivíduo, mas
independentemente do sentido em que é empregado, não se pode
esquecer um dos princípios fundamentais da genética: o fenótipo é o
resultado da interação do genótipo com o ambiente.
Uma determinada característica será considerada mais genética,
quanto menor for a influência de variáveis do ambiente sobre a
variabilidade fenotípica, e menos genético, quanto menor for a
2
influência da variação genotípica sobre a variabilidade fenotípica
(Beiguelman, 2008a).
Para a epidemiologia genética, os caracteres observáveis
passíveis de quantificação no indivíduo são designados de fenótipos, ou
seja, a expressão métrica em termos de traços discretos ou contínuos de
um determinado genótipo (Maia; Lopes & Morais, 2001; Oliveira et al.,
2003).
A atividade física e a aptidão física relacionada à saúde enquanto
fenótipos quantitativos complexos são condicionados a um conjunto de
influências que acabam produzindo uma variação no seio de qualquer
população em determinado momento da história (Maia et al., 2003a),
sendo evidente nessa variação a presença de dois grandes agentes
causais: os genes e o ambiente (Maia et al., 2004).
A variação da atividade física e da aptidão física enquanto
fenótipos complexos multifatoriais e contínuos apresentam distribuição
em forma de sino, ou seja, uma distribuição normal ou Gaussiana (Maia,
Lopes & de Morais, 2001; Oliveira et al., 2003; Maia et al., 2004;).
Os diversos métodos passíveis de utilização em epidemiologia
genética buscam aliar informações de natureza quantitativa com
informações de natureza qualitativa, bem como, associar fenótipos a
dados de natureza molecular, utilizando para isso, famílias nucleares ou
gêmeos de diferentes zigotia (Maia; Lopes & Morais, 2001; Maia et al.,
2003).
Conforme destaca Regateiro (2007), a genética molecular trouxe
grande facilidade para o estudo de traços monogênicos, entretanto, o
mesmo não pode ser afirmado em relação aos traços poligênicos, sendo
por esse motivo, relevante as abordagens indiretas como os estudos
populacionais, os estudos de concordância entre membros de famílias,
em crianças adotadas e em gêmeos. Neste último, destacam Peeters, et
al. (1998), são de grande importância na determinação da contribuição
genética e de fatores ambientais na variação encontrada em caracteres
fenotípicos considerados normais ou patológicos.
As estimativas de herdabilidade podem ser obtidas entre sujeitos
com outros graus de parentesco, entretanto, a dissociação dos efeitos
genéticos e dos efeitos ambientais acaba dificultando este processo,
sendo este um fator que afeta todas as estimativas em diferentes graus.
Por este motivo, as interpretações devem ser limitadas à população de
onde as informações foram coletadas e às condições ambientais em que
os dados foram obtidos (Sobral, 1988).
A aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho, bem
como, a atividade física habitual têm sido objetos de investigação em
3
âmbito nacional e internacional. No Brasil, até o momento, estes estudos
são restritos, e aparentemente nenhuma investigação objetivou
esclarecer a interação genes e ambiente em relação aos fenótipos
atividade física e aptidão física relacionada à saúde.
Recentes estudos voltados à investigação dos efeitos genéticos
nos fenótipos atividade física e aptidão física relacionada à saúde
apresentam resultados muito discrepantes, tais diferenças podem ser
explicadas senão total, ao menos parcialmente, pela operacionalização
metodológica diferenciada adotada nos estudos, bem como, pelas
diferentes conotações ou domínios que podem assumir estes fenótipos.
O sexo parece ter sensível influência na magnitude de h
2
, c
2
e, e
2
,
ficando evidenciado no estudo de Stubbe et al. (2006) que envolveu sete
países Europeus, onde a estimativa dos efeitos genéticos no fenótipo
atividade física variou de 22,9 a 68,1% e de 31,1 a 70,5%, em homens e
mulheres respectivamente. Entretanto, ao se considerar a média dos sete
países se encontra os valores de 54% para os homens e 48 % das
mulheres, resultados que guardam grande proximidade com o estudo de
Carlsson et al. (2006) que encontrou valores de h
2
de 57% para os
homens e de 50% para as mulheres. O estudo de Eriksson; Rasmussen &
Tynelius (2006), também concluiu que a hereditariedade explica 49% da
variabilidade no nível de atividade física total.
Outro fator que parece influenciar na magnitude dos efeitos
genéticos no fenótipo atividade física é a idade, como evidenciou
Carlsson et al. (2006) em seu estudo, onde ao estratificar homens e
mulheres em dois grupos etários, um com idade de 14 a 28 anos e, outro
de 29 a 46 anos, verificou uma alteração em h
2
de 64% para 40% nos
homens e de 51% para 41% para as mulheres, indicando que com o
envelhecimento os efeitos genéticos diminuem, isso foi corroborado por
estudo de Eriksson; Rasmussen & Tynelius (2006) que verificaram uma
diminuição no domínio das atividades ocupacionais (64 para 54%) e nas
atividades de lazer (65 para 55%) no transcurso de quatro anos. Os
resultados para a herdabilidade nas atividades de lazer deste último
estudo apresentaram grande similaridade com os resultados encontrados
por Maia et al. (2002) que estimaram h
2
de 63% e 37% nos homens e
mulheres respectivamente.
O instrumento de avaliação utilizado para estimar ou mensurar o
nível de atividade física pode provocar alterações na estimativa de
herdabilidade, conforme evidenciou Oliveira et al. (2003), em seu
estudo multimodal com gêmeos, sendo que a estimativa de h
2
variou do
pedômetro (de 8 a 18%), para o questionário (de 31 a 36%) e no
acelerômetro, sendo que neste último verificou-se uma variação
4
conforme a unidade de medida utilizada pelo equipamento: Counts
(65,5%), Mets (40,9%).
Por fim, outro fator que pode alterar as estimativas é o marcador
utilizado para o fenótipo atividade física, como evidenciou Maia (2004)
que encontrou um h
2
de 65,5% nas atividades leves; 82,2% nas
atividades moderadas e, 67,7% nas atividades intensas.
O fenótipo aptidão física em sua relação com a saúde não
apresenta tantos estudos como a atividade física, e, além disso, ante a
sua característica multifatorial (força/ resistência, capacidade
cardiorrespiratória, flexibilidade e composição corporal) normalmente
são avaliadas individualmente e, quando avaliadas coletivamente, por
diferentes baterias de testes, o que dificulta a comparação dos
resultados.
Os efeitos genéticos na composição corporal parecem explicar de
88 a 90% da variabilidade dos diferentes componentes (Franks et al.,
2005), enquanto que estes efeitos explicam de 78,4 a 88,6% da
distribuição da gordura corporal (Peeters et al., 2007).
A força abdominal em crianças é explicada pela dominância de
efeitos do envolvimento único (45,4%); os efeitos genéticos explicam
53,4% da variabilidade nos níveis de força de membros superiores
(Maia et al., 2003a). Em adolescentes e adultos a força abdominal é
determinada predominantemente por efeitos do envolvimento comum
(Maia et al., 2003b), enquanto a força de membros superiores possui
elevada determinação genética (80%).
A flexibilidade da coluna lombar apresenta uma variabilidade
fenotípica explicada em 47% por efeitos genéticos (Battié et al., 2007),
enquanto que estes efeitos são responsáveis por 55,2% da variabilidade
na flexibilidade das costas e da parte posterior da coxa, avaliadas pelo
teste de sentar e alcançar.
A capacidade cardiorrespiratória acaba apresentando as maiores
diferenças em termos de herdabilidade, variando de 93,4% (Klissouras,
1971), passando por 66% encontrado por Fagard, Bielen & Amerv
(1991) e chegando aos estimados 25% de Bouchard (1986).
Conforme pode ser observado, os resultados apresentados são
provenientes em sua maioria de estudos de outros países, os estudos
desenvolvidos no Brasil o escassos e envolveu pequenas amostras,
além de se limitar a abordagem de um fenótipo da atividade física
habitual e da aptidão física, com análises descritivas somente.
Este trabalho pretende suprir esta lacuna existente em estudos de
epidemiologia genética da atividade física e da aptidão física, e busca
contribuir na compreensão da variabilidade destes fenótipos, bem como,
5
trazer evidências da margem de modificação destes mediante
intervenções voltadas à prática de atividades físicas e exercícios físicos
direcionados à promoção da saúde
Objetivos do Estudo
Objetivo Geral
Estimar os efeitos genéticos e ambientais no nível de atividade
física habitual e na aptidão física relacionada à saúde de crianças e
adolescentes gêmeos.
Objetivos Específicos
Para atender ao objetivo geral pretende-se responder aos
seguintes objetivos específicos em relação às crianças e adolescentes
gêmeos:
Caracterizá-los sociodemograficamente por nível sócio-
econômico;
Determinar a zigosidade da amostra;
Correlacionar os diferentes fenótipos da atividade física
(atividade física total; atividade física de lazer; atividade física
relacionada à escola ou trabalho) no grupo de gêmeos MZ e no
grupo de gêmeos DZ;
Estimar a herdabilidade nos diferentes fenótipos da atividade
física;
Correlacionar os diferentes fenótipos da aptidão física
relacionada à saúde (composição corporal; flexibilidade; força/
resistência muscular e capacidade cardiorrespiratória) no grupo
de gêmeos MZ e no grupo de gêmeos DZ;
Estimar a herdabilidade nos componentes da aptidão física
relacionada à saúde: flexibilidade; força/ resistência abdominal;
força/ resistência de membros superiores; resistência
cardiorrespiratória e composição corporal;
Correlacionar o nível de atividade física total e os níveis
sangüíneos de triglicerídeos, colesterol e glicose, nos meos
monozigóticos (MZ) e dizigóticos (DZ);
6
Estimar a herdabilidade dos fenótipos sanguíneos de colesterol
(total e parcial) triglicerídeos e glicose.
Delimitação do Estudo
O estudo limitou-se a avaliar pares de gêmeos monozigóticos e
dizigóticos concordantes em relação ao sexo, do sexo masculino e
feminino na faixa etária de 07 a 17 anos.
Definição de Termos
Para uma adequada compreensão dos termos abordados ao longo
do presente estudo, utilizou-se a seguinte definição:
Aptidão Física Relacionada à Saúde: É um estado caracterizado por
(a) habilidade para desempenhar as atividades diárias com vigor e (b)
demonstração de características e capacidades que estão associadas com
um baixo risco de desenvolvimento prematuro de doenças e condições
hipocinéticas. Refere-se aqueles componentes da aptidão que são
favorável ou desfavoravelmente afetados pela atividade física habitual e
relacionados com o status de saúde (Pate, 1988).
Atividade Física Habitual: Movimento corporal produzido
voluntariamente pelos músculos esqueléticos, que resultam em demanda
energética acima dos níveis considerados de repouso, realizados nas
tarefas domésticas, desempenha de ocupações profissionais,
transportação, atividades escolares, lazer e tempo livre (Guedes et al.,
2002)
Composição Corporal: É a divisão do corpo humano em componentes,
ou seja, é a divisão do corpo humano nas partes que o compõe.
Geralmente é dividido em dois ou quatro componentes: Gordura e
Massa Livre de Gordura (modelo de dois componentes) e Massa Gorda,
Massa Óssea, Massa Muscular e Massa Residual (modelo de quatro
componentes) (Heyward & Stolarczyk, 1996).
Corionicidade: Consiste na tipificação do córion em gestações
múltiplas, sendo determinada pela contagem do número de sacos
7
gestacionais e o número de embriões com batimentos cardíacos nas
gestações até 10 semanas.
Dermatóglifos: Escrita da pele. Consistem nas impressões
dermopapilares dígito-palmo-plantares, ou seja, no conjunto de
exteriorização das papilas dérmicas dos dedos, palmas das mãos e
plantas dos pés, em homens, marsupiais e nos macacos (Gonçalves &
Gonçalves, 1990).
Envolvimento Comum: Conjunto de fatores ambientais aos quais os
gêmeos estão igualmente expostos, normalmente representados pelo
seio familiar.
Envolvimento Único: Conjunto de fatores ambientais aos quais cada
gêmeo está exposto de maneira individualizada, como: influência de
amigos, aspectos diferenciados de natureza psicológica; e, diferenciação
no acesso a instalações desportivas.
Fitnessgram: Programa educativo, desenvolvido para auxiliar o
Professor de Educação Física na avaliação e educação da aptidão e
atividade física de crianças e adolescentes com idades compreendidas
entre os 6 e os 18 anos.
Gêmeos Monozigóticos: Resultado da divisão precoce de um zigoto
proveniente da fecundação de um único óvulo por um
espermatozóide, produzindo assim dois indivíduos (ou mais) do mesmo
sexo e geneticamente idênticos (Oliveira & Maia, 2002).
Gêmeos Dizigóticos, Heterozigóticos ou Fraternos: Resultado da
fecundação de dois óvulos por diferentes espermatozóides, pelo que
podem ser de sexos diferentes e o seu patrimônio genético variar de
acordo com a contribuição materna e paterna contida nas diferentes
células fecundadas e fecundantes. Em termos médios, e dentro da
população, considera-se que são geneticamente semelhantes em 50%
dos seus genes, situação idêntica à que se passa com qualquer tipo de
parentes em primeiro grau (Oliveira & Maia, 2002).
Herdabilidade: Atributo de um traço quantitativo numa população que
expressa quanto da variação fenotípica total é devido à variação genética
(Borges-Osório & Robinson, 2002; King, Stansfield & Mulligan, 2006).
8
Qualidade de Vida: Conjunto de ações habituais que refletem as
atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas (Nahas,
2001).
Zigosidade: Descreve a similaridade ou dissimilaridade de DNA entre
cromossomos homólogos em uma específica posição alélica ou gene.
9
CAPÍTULO II
REVISÃO DA LITERATURA
O presente capítulo ponderando-se os objetivos fixados
anteriormente procura revisar a literatura específica e correlata a
temática do estudo, buscando trazer subsídios para as discussões e
fundamentações teóricas. Para isso, a revisão foi elaborada com os
seguintes tópicos: o estudo de gêmeos; o estudo de caracteres
qualitativos; o estudo de caracteres quantitativos; as limitações dos
estudos com gêmeos; os métodos de determinação da zigotia; atividade
física e sua relação com a saúde; atividade física habitual; aptidão física
(suas manifestações; respectivos componentes; e métodos de avaliação).
O Estudo de Gêmeos
A gestação múltipla é aquela proveniente de um ou mais ciclos
ovulatórios, resultando no desenvolvimento intra-uterino de mais de um
zigoto ou na divisão do mesmo zigoto, independente do número final de
neonatos (Blickstein, 2005), podendo ser classificada em dupla ou
gemelar, tripla, quádrupla, quíntupla, sêxtupla, etc., sendo que cada
produto da gravidez múltipla é um gêmeo (Rezende & Montenegro,
1977).
Em seres humanos as gestações múltiplas que dão origem ao
fenômeno da gemelaridade consistem em evento incomum do
desenvolvimento inicial, havendo dois tipos de gêmeos, os
monozigóticos (MZ) e os dizigóticos (DZ), também denominados
corriqueiramente de idênticos ou fraternos (Thompson, McInnes &
Willard, 1993).
As gestações gemelares resultantes da fertilização de dois zigotos
distintos são denominadas dizigóticas, enquanto as oriundas da divisão
de um único zigoto são chamadas de monozigóticas. Aproximadamente
dois terços das gestações gemelares são dizigóticas (Moore, 1990).
A escassez de estudos envolvendo gêmeos monozigóticos e
dizigóticos pode ser explicada pela dificuldade de amostragem. Neste
sentido, destacam Lima et al. (1998) e Ferreira et al. (2005) que a
10
gemelaridade ocorre em 1% do total das gestações e o tipo
monozigótico constitui eventualidade mais rara que o heterozigótico.
A freqüência de nascimento de gêmeos DZ possui influências de
fatores como: raça, idade materna, número de filhos; método
contraceptivo utilizado (Ferreira et al., 2005); genótipo, tratamento
hormonal, fertilização in vitro e aberrações cromossômicas (Borges-
Osório & Robinson, 2002); enquanto que, aparentemente tais fatores
não influenciam a incidência de gêmeos monozigóticos, podendo
entretanto aumentar o número deste tipo de gêmeos com a crescente
utilização da fertilização in vitro (Ferreira et al., 2005).
Tradicionalmente o modelo favorito para separação dos
componentes genéticos de variações fenotípicas entre indivíduos
(hereditariedade) são baseados em estudos com gêmeos, onde os
monozigóticos compartilham 100% dos seus genes e dizigóticos que
compartilham 50% em média (Cercato, 2006).
Os estudos para a avaliação da importância do genótipo na
determinação de caracteres quantitativos baseiam-se no fato de que a
similaridade genotípica dos pares dizigóticos, é, em média, aquela
apresentada por pares de irmãos gerados sucessivamente, enquanto que
os monozigóticos são oriundos de um único zigoto, sendo
geneticamente idênticos (Beiguelman, 2008a).
Neste sentido, destacam Araújo, Arteaga & Mady (2004) que
gêmeos monozigóticos são considerados idênticos (genes causadores e
modificadores) e qualquer discordância fenotípica entre eles tem sido
creditada a ação de fatores ambientais.
O essencial do estudo do grau de influência da
hereditariedade e ambiente pelo método de
gêmeos consiste no seguinte: se o indício a ser
estudado do organismo depender da
hereditariedade, os homozigotos serão muito
parecidos. Pelo contrário, quanto mais os indícios
dependam do meio ambiente, maior será a
diferença entre eles. Isso é explicado pelo fato
desta categoria de gêmeos possuir o genótipo
igual a quaisquer mudanças entre eles serem o
resultado da influência do meio ambiente. As
maiores diferenças entre os gêmeos acontecem
quando eles se educarem em condições diferentes
ou forem sujeitos a fatores desiguais do
treinamento (Fernandes Filho & Carvalho, 1999).
11
É importante destacar que a concordância de 100% em gêmeos
monozigóticos é válida para condições monogênicas de penetrância
completa, onde o ambiente não interfira na expressão, sejam elas
dominantes ou recessivas. em gêmeos dizigóticos, para condições de
penetrância completa, a concordância será de 50% nos casos
autossômicos dominantes e de 25% nos casos autossômicos recessivos.
Em condições multifatoriais a concordância em gêmeos monozigóticos
será menor que os 100% referidos anteriormente em razão da
confluência de fatores ambientais com fatores genéticos na
determinação do fenótipo. Mesmo assim, a correlação entre gêmeos
monozigóticos será maior do que a encontrada em gêmeos dizigóticos se
os fatores genéticos forem preponderantes (Regateiro, 2007).
A visualização desta diferença entre condições monogênicas
(dominantes e recessivas) e poligênicas em gêmeos (monozigóticos e
dizigóticos) pode ser feita no quadro 01.
Quadro 01 Concordância entre Gêmeos em Função do Tipo de
Hereditariedade presente e do Tipo de Gêmeo
Tipo de Gêmeos
Monozigóticos
Dizigóticos
Tipo
de
Hereditariedade
Autossômica
Dominante
100%
50%
Autossômica
Recessiva
100%
25%
Multifatorial
40 a 60%
4 a 8%
(Regateiro, 2007:143)
A concordância em relação aos genes é inversamente
proporcional a distância do parentesco, ou seja, quanto mais distante os
genitores, menor é a concordância genética, conforme pode ser
observado no Quadro 02.
Quadro 02 Graus de Parentesco e Proporção de Genes em Comum
Parentesco
Proporção de Genes em Comum
Gêmeos Monozigóticos
1
Parentes em grau (genitores, gêmeos
DZ, irmãos, filhos)
½
Parentes em grau (avós, tios,
sobrinhos, netos, meio-irmãos)
¼
Parentes em grau (bisavós, bisnetos,
primos-irmãos)
1/8
(Borges-Osório & Robinson, 2002: 155)
12
Os estudos buscando estimar a herdabilidade fenotípica podem
fazer uso de outros consangüíneos, entretanto, a dissociação dos efeitos
genéticos e dos efeitos ambientais dificulta esse processo, afetando as
estimativas em diferentes graus (Sobral, 1988).
Segundo Beiguelman (2008b), nos estudos gemelares para avaliar
a importância do genótipo na determinação do fenótipo, as seguintes
premissas são aceitas:
a) Os gêmeos são uma amostra da população geral;
b) Os gêmeos são uma amostra de todos os gêmeos;
c) Os elementos de cada par de gêmeos estão sujeitos às mesmas
influências do ambiente;
d) O meio ambiente dos gêmeos é, em média, igual ao dos
elementos da população geral;
e) As variáveis que atuam sobre os gêmeos monozigóticos,
provocando diferenças fenotípicas intrapar, são as mesmas que
agem sobre os pares dizigóticos.
Através dessas premissas, é possível afirmar que as diferenças
entre co-gêmeos MZ em caracteres quantitativos o determinadas
unicamente por fatores ambientais, enquanto que as diferenças entre co-
gêmeos DZ, são determinadas por fatores ambientais acrescidos da
determinação genética.
As influências genéticas e ambientais sobre os gêmeos e co-
gêmeos podem ser mais bem compreendidas através do Quadro 03.
Quadro 03 Concordância quanto às Influências Genética e Ambiental
em Diferentes Grupos de Gêmeos
Gêmeos
Herdabilidade
Meio Ambiente
Dizigóticos, crescidos juntos
Diferente
Igual
Monozigóticos, crescidos
juntos
Igual
Igual
Monozigóticos, crescidos
separados
Igual
Diferente
(Nikitchuk & Gladixeva, 1989)
Conforme Maia et al. (2003), a epidemiologia genética possui
diversos métodos que buscam aliar informações de natureza quantitativa
com informações de natureza qualitativa, utilizando habitualmente
famílias nucleares ou gêmeos de diferente zigotia.
É importante destacar que o estudo de gêmeos pode ser utilizado
para a análise de características de distribuição qualitativa e para análise
13
de traços quantitativos (Borges-Osório & Robinson; 2002: Beiguelman,
2008b).
O Estudo de Caracteres Qualitativos
Os caracteres qualitativos são aqueles em relação aos quais os
indivíduos de determinada população podem ser classificados de modo a
ficarem separados em categorias que não possuem conexão entre si e
que são mutuamente exclusivas (Beiguelman, 2008a).
Conforme Borges-Osório & Robinson (2002), os caracteres
qualitativos ou descontínuos estão condicionados a herança
monogênica, com fenótipos marcadamente diferentes, distribuição
populacional descontínua e praticamente sem efeito ambiental.
A herdabilidade de características qualitativas ou descontínuas
pode ser alcançada a partir da freqüência com que os pares de gêmeos
são concordantes ou discordantes em relação a determinado traço
(Borges-Osório & Robinson, 2002), sendo que, a medida que os efeitos
ambientais aumentam na manifestação de determinado traço, a
concordância entre os MZ diminui (Beiguelman, 2008b).
O Estudo de Caracteres Quantitativos
As variáveis são quantitativas quando podem ser representadas
por valores numéricos, e não permitem ais indivíduos serem
classificados em classes sem conexão, podendo ser: a) contínuas:
quando estas medidas podem ser classificadas ordenadamente e
quantificadas em números reais (números inteiros ou decimais, a partir
de zero), permitindo a inserção de um número infinito de valores
intermediários em um intervalo qualquer (ex.: peso, estatura, etc.); ou,
b) discretas: quando as medidas podem ser representadas por
números inteiros e que, também podem ser classificadas ordenadamente
e quantificadas (ex.: n. de filhos de um casal, n. de cristas
dermopapilares digitais, etc.). (Beiguelman, 2008a).
Para Borges-Osório & Robinson (2002), nos caracteres
quantitativos ou contínuos, a distribuição populacional se segundo
uma curva normal ou em forma de sino, condicionados a uma herança
denominada quantitativa ou poligênica, cujos poligenes possuem caráter
aditivo, não havendo dominância ou recessividade de um gene em
relação ao outro, e cuja herança possui muita influência ambiental.
14
No estudo de herdabilidade de caracteres quantitativos ou
contínuos, o objetivo é verificar qual a relação de semelhança entre os
pares MZ e DZ em determinado caractere, sendo utilizado para isso a
determinação de diferença entre pares, a variância ou a correlação,
esperando-se que, para uma caractere determinado inteiramente por
genes aditivos, os pares de gêmeos MZ devem ter uma correlação igual
a 1, enquanto que os pares DZ igual a 0,5 (Borges-Osório & Robinson,
2002).
Conforme Beiguelman (2008b) esta correlação é esperada em
razão da similaridade genotípica dos DZ ser em média igual a de irmãos
gerados sucessivamente. Ou seja, possuírem em média 50% dos genes
iguais, enquanto que, os MZ são geneticamente idênticos, logo, as
diferenças intrapar em caracteres quantitativos nos MZ são determinadas
unicamente por fatores ambientais, enquanto que as diferenças intrapar
observadas nos DZ são determinadas por fatores ambientais acrescidos
da diversidade genotípica.
Limitações dos Estudos de Gêmeos
Os estudos com gêmeos, a exemplo de quaisquer outros estudos
em genética, tais como: famílias nucleares e pedigree, apresentam
algumas limitações:
a) Embora um estudo com amostra gemelar forneça informações
sobre a intensidade da predisposição genética, ele não fornece
nenhuma evidência dos genes envolvidos, seu padrão de
herança ou o seu modo de ação (Thompson & Thompson, 1993;
Borges-Osório & Robinson, 2002).
b) Os gêmeos MZ são idênticos somente quanto aos genes
presentes nos gametas parentais de que se originam, podendo
apresentar diferenças decorrentes de uma variedade de fatores
(1) mutações somáticas pó-zigóticas; (2) anormalidades no
desenvolvimento embrionário; (3) anormalidades
cromossômicas; (4) inativação desigual do cromossomo X
(Borges-Osório & Robinson, 2002).
c) As condições intra-uterinas ambientais nem sempre são iguais
para os co-gêmeos, especialmente no que tange a: (1) espaço
intra-uterino desigual; (2) repartição desigual do material
embrionário devido a inter-relação das membranas fetais; (3)
anastomose vascular placentária, causando a “síndrome da
transfusão” que pode favorecer nutricionalmente um dos co-
15
gêmeos (Borges-Osório & Robinson, 2002; Beiguelman,
2008b).
d) As condições ambientais pós-natais apresentadas nem sempre
são iguais para os MZ e para os DZ, pois o ambiente partilhado
pelos MZ tende a ser mais similar quando comparado com o
ambiente compartilhado pelos DZ, sendo estas diferenças
acentuadas quando se trata de um casal de gêmeos (Thompson
& Thompson, 1993), pois em conseqüência da maior
similaridade os MZ tendem a terem um tratamento mais
semelhante que os DZ, pelo menos na infância (Beiguelman,
2008b), existindo ainda a possibilidade do protesto gemelar
contra a igualdade especialmente nos MZ masculinos, o que
leva a hostilidade entre os co-gêmeos (Borges-Osório &
Robinson, 2002).
Por fim, algumas considerações e/ou ressalvas são relevantes em
relação a extrapolação dos resultados obtidos para a população em geral:
(1) as condições a que estão submetidos os gêmeos diferem
substancialmente dos conceptos únicos, não apenas durante a gestação,
mas também no momento do parto e no período neonatal, estando mais
suscetíveis a malformações congênitas, baixo peso ao nascer, maiores
taxas de aborto e mortalidade (Borges-Osório & Robinson, 2002:
Beiguelman, 2008b); (2) as condições intra-uterinas diferenciadas
dificultam a comparação entre gêmeos e não-gêmeos especialmente em
relação as características comportamentais, enquanto que o ambiente
comum mais semelhante disponibilizado aos MZ pode influenciar
diversas características da personalidade (Borges-Osório & Robinson,
2002); (3) a desigualdade de ambientes dos MZ em relação aos DZ,
especialmente nos discordantes em relação ao gênero, faz com que seja
mais apropriado em projetos de pesquisa comparar pares DZ do mesmo
gênero com seus equivalentes MZ (Thompson & Thompson, 1993).
Métodos de Determinação da Zigosidade
A determinação precisa da zigosidade e da corionicidade é
essencial em nascimentos múltiplos. Primeiramente pela natural
curiosidade dos pais e, em segundo lugar, por possuir relevância médica,
sendo atualmente um pré-requisito em todos os domínios do estudo de
gêmeos (Derom et al., 2001), para que estes estudos possuam a
imprescindível confiabilidade (Borges-Osório & Robinson, 2002), e
16
para que não promovam grandes erros na estimativa de herdabilidade,
especialmente em amostras gemelares pequenas (Jackson, et al., 2001).
Existem diversos métodos para a determinação da zigotia e,
conforme Maia et al (2007), estes métodos podem ser classificados em
diretos e indiretos, sendo que entre os diretos temos: a) exame das
membranas materno fetais; b) marcadores genéticos clássicos; c) DNA;
e, entre os indiretos temos: a) morfologia externa; b) dermatóglifos; e, c)
questionários.
O Quadro 04 apresenta os métodos de determinação da
zigosidade em ordem crescente em termos de validade.
Quadro 04 Métodos de Determinação da Zigotia
1. Regra Diferencial de Weinberg
2. Comparação da Similaridade
3. Questionários de Similaridade
Auto-registro
Registro de outros
4. Dermatóglifos
5. Exame das Membranas Materno-Fetais
6. Marcadores Genéticos
Grupos Sangüíneos
Sistema HLA
Proteínas Séricas
Enxertos de Pele
7. Análise do DNA: Marcadores Moleculares Altamente Polimórficos.
(Maia, et al., 2007).
Regra Diferencial de Weinberg
A freqüência de nascimentos de gêmeos MZ apresenta pouca
variação entre as populações, independentemente de raça e fatores
ambientais, sendo de 1/300 (Thompson & Thompson, 1981; Borges-
Osório & Robinson, 2002).
O presente método sustenta-se em duas premissas básicas: (1) os
gêmeos MZ são sempre do mesmo sexo; (2) teoricamente o número de
gêmeos DZ concordantes em relação ao sexo é de 50%, enquanto que
50% são de sexos opostos (Thompson & Thompson, 1981; Borges-
Osório & Robinson, 2002; Beiguelman, 2008b).
O total de pares DZ é estimado como sendo o dobro do número
de pares discordantes quanto ao gênero, enquanto o número de pares
17
MZ é obtido pela diferença entre o total de gêmeos e a estimativa do
número de pares DZ (Thompson & Thompson, 1981; Borges-Osório &
Robinson, 2002; Beiguelman, 2008b).
Graficamente este método diferencial proposto por Weinberg em
1901 pode ser expresso da seguinte maneira:
Freqüência de
gêmeos MZ =
N° total de pares gemelares 2 (N° pares gemelares de
sexos opostos)
N° total de pares gemelares
Importante salientar que até pouco tempo essas estimativas eram
consideradas válidas para todas as populações, entretanto parece estar
havendo uma mudança, especialmente naqueles países onde amplo
uso de contraceptivos orais, havendo um aumento relativo do número de
gêmeos MZ em comparação ao dos gêmeos DZ, avaliando-se que suas
frequências relativas atualmente são de 60% e 40% respectivamente
(Borges-Osório & Robinson, 2002).
Comparação de Similaridade
Em grande parte dos casos, a zigosidade dos pares de gêmeos
pode ser avaliada com boa confiança, tão somente pela sua semelhança
física (Fraser & Nora, 1991).
Este método consiste na observação do maior número possível de
caracteres físicos dos gêmeos (cabelo, pele, olhos, forma e proporções
das mãos e pés e outros caracteres antropométricos) por meio de
fotografias em diversos ângulos e posições (Borges-Osório & Robinson,
2002).
Caso os co-gêmeos sejam tão semelhantes a ponto de serem
confundidos pela pelas pessoas, existe uma probabilidade de 95% de
serem monozigóticos, caso exista diferença em apenas uma das
características avaliadas, serão considerados DZ (Fraser & Nora ,1991;
Borges-Osório & Robinson, 2002).
A grande limitação deste método encontra-se no fato de estar
diretamente ligado a experiência do avaliador, sendo subjetivo, e, não
raras vezes gêmeos considerados monozigóticos pela similaridade física,
quando submetidos a avaliação de alguns marcadores genéticos, como a
análise sangüínea, eram descobertos DZ (Borges-Osório & Robinson,
2002).
18
Questionário de Similaridade
A zigosidade pode ser determinada em adultos por questionários
auto reportados, apresentando estes, precisão variável entre 93 98%,
ao passo que, o diagnóstico da zigosidade operacionalizada por técnicas
genéticas moleculares podem apresentar precisão de 100% (Chen et al.,
1999).
O estudo de Chen et al. (1999) buscou a validação cruzada de um
questionário de zigosidade para gêmeos jovens com referência a
marcadores genéticos analisados pela PCR, sendo este questionário uma
adaptação dos questionários anteriormente propostos por Cohen et al.
(1975) e Goldsmith (1991). A amostra foi constituída por 105 pares de
gêmeos com idades de 12 a 16 anos e, 47 pares de gêmeos com idades
de 2 a 12 anos, e, seus respectivos pais. Foi aplicado um questionário
aos pares de gêmeos e aos seus pais. A precisão obtida foi de 100% para
a relação com as respostas dos pais e de 98% para as respostas dos
gêmeos.
O estudo de Maia et al. (2007) buscou validar do questionário de
Peeters et al. (1998) para o português (Portugal), utilizando como
referência a análise de microsatélites de DNA. A amostragem utilizada
foi de 45 grupos de gêmeos, sendo 40 pares de gêmeos, 4 grupos de
trigêmeos e 1 grupo de quadrigêmeos, num total de 96 gêmeos com
idades entre 6 e 12 anos e, suas respectivas genitoras (responsáveis pela
resposta ao questionário), totalizando 141 indivíduos. A correta
classificação da zigosidade por intermédio do questionário ocorreu em
97,8% dos casos, evidenciando a validade transcultural para a avaliação
da gemelaridade em estudos da população portuguesa.
Dermatóglifos
Os dermatóglifos consistem em padrões das cristas dérmicas
formadas pelo enfileiramento das aberturas das glândulas sudoríparas
(Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977), distribuídas em determinadas áreas
(polpas digitais, palma das mãos e sola dos pés (Frota-Pessoa; Otto &
Otto, 1977; Thompson & Thompson, 1988; Fraser & Nora,1991;
Borges-Osório & Robinson, 2002).
Os caracteres dermatoglíficos estruturam-se nos seres humanos a
partir do segundo ou terceiro mês de vida embrionária (Frota-Pessoa;
Otto & Otto, 1977; Thompson & Thompson, 1988; Fraser & Nora,1991;
Borges-Osório & Robinson, 2002), pela regressão dos coxins volares,
também denominados de botões fetais das pontas dos dedos (edemas) e
19
de outras superfícies das mãos e dos pés, estando devidamente formados
entre o quarto e quinto mês (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977;
Thompson & Thompson, 1988; Fraser & Nora,1991; Borges-Osório &
Robinson, 2002). O desenvolvimento dos padrões dérmicos nos pés se
um pouco mais tarde mas na mesma seqüência (Thompson &
Thompson, 1988; Borges-Osório & Robinson, 2002).
Os caracteres dermopapilares estão condicionados por
mecanismo poligênico, ou seja, de herança multifatorial, possuindo
como principais características a perenidade e a imutabilidade, uma vez
que se desenvolvem na vida intra-uterina e acompanham o indivíduo por
toda a vida sem modificações (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977;
Thompson & Thompson, 1988; Borges-Osório & Robinson, 2002),
apresentando variação em relação ao sexo e a raça em sua distribuição
(Fraser & Nora,1991; Borges-Osório & Robinson, 2002), conforme
pode ser observado na tabela 01.
Tabela 01 Frequência dos Tipos de Padrões Dermopapilares Digitais
em Caucasianos
Dedo
Padrão
1
2
3
4
5
Total
A
3
10
8
2
1
5
U
65
36
72
58
86
63
R
0
23
4
1
0
6
W
32
31
16
39
13
26
(Fraser & Nora, 1991)
A Tabela 01 demonstrou a diferença entre a frequência dos
diferentes padrões dermopapilares digitais, intra-raça (caucasianos), a
Tabela 02 evidencia as diferenças dos padrões dermopapilares digitais
entre quatro populações diferentes:
Tabela 02 Freqüência de Arcos e Verticilos Digitais em Quatro
Amostras Raciais
Amostras
Percentual de Arcos
Percentual de Verticilos
Alemães
4
30
Europeus-Americanos
4
24
Japoneses
3
45
Chineses
2
50
(Gonçalves & Gonçalves, 1984)
20
Em genética médica a aplicação mais usual dos dermatóglifos
está no diagnóstico de anomalias hereditárias, especialmente a Síndrome
de Down (Saldanha, 1968; Thompson & Thompson, 1988; Borges-
Osório & Robinson, 2002) estendendo-se a técnica como auxílio no
diagnóstico de outras síndromes como as de Patau, de Edwards e de
Turner (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977).
Para Fraser & Nora (1991), o enfoque de utilização desta técnica
se estendeu a outras síndromes, mas alertam que existem inúmeras
citações inválidas de padrões dermatoglíficos com síndromes e doenças
que a literatura deve ser revisada com cautela.
Os padrões digitais são classificados em razão do número de
trirrádios, também denominados de deltas, existentes em: arco, presilha
ou alça e verticilo (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977; Fraser & Nora,
1991; Thompson & Thompson, 1988). O trirrádio consiste numa
trifurcação que decorre da confluência de três cristas dérmicas (Fraser &
Nora, 1991; Thompson & Thompson, 1988).
Os arcos (A) podem ser: a) arco simples; e, b) arco em tenda. O
primeiro não possui trirrádio enquanto que, o segundo possui um
trirrádio central. As Presilhas (P) também denominadas de alça, são
caracterizadas pela presença de um trirrádio, sendo denominada de:
a) Ulnar (U); e, b) Radial (R), conforme o posicionamento da abertura
de seu trirrádio. Por fim, o verticilo (V) caracterizado pela presença de
dois trirrádios, um ulnar e outro radial (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977;
Fraser & Nora, 1991).
Os parâmetros dermopapilares digitais básicos podem ser
visualizados na Figura 01.
Arco
Presilha
Verticilo
Figura 01 Representação dos Padrões Dermopapilares Digitais
Básicos
21
Os tipos e subtipos dos padrões dermopapilares digitais podem
ser visualizados no Quadro 05.
Quadro 05 Padrões Dermopapilares Digitais
Tipos
Subtipos
Símbolo
Número de
Origens
Trirrádios
Linhas
Arco
Simples
A
Uma
Nenhum
Zero
Em tenda
T
Uma
Um
Zero
Presilha
Radial
R
Uma
Um
Várias
Cubital
C
Uma
Um
Várias
Verticilo
Simples
V
Uma
Dois
Várias
Duplo
W
Duas
Dois
Várias
(Saldanha, 1968).
Os padrões dermopapilares digitais apresentam diferenças entre
gêmeos MZ (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977), mas são de grande
utilidade no diagnóstico de zigosidade gemelar (Thompson &
Thompson, 1988; Borges-Osório & Robinson, 2002; Beiguelman,
2008b), sendo que, quanto mais semelhantes forem as mãos dos co-
gêmeos, maior será a probabilidade de que eles sejam MZ (Fraser &
Nora, 1991; Borges-Osório & Robinson, 2002).
Conforme Beiguelman (2008b) as impressões dígito-palmares
permitem a observação do número total de linhas dermatoglíficas nos
dez dedos (TRC), do número de linhas a b, do número de linhas A’ – d
(Anexo 7) e da medida do ângulo atd (Anexo 8).
Para a contagem do TRC, faz-se necessário traçar uma linha
desde o ponto trirradial até o centro do padrão dermopapilar (Frota-
Pessoa; Otto & Otto, 1977; Thompson & Thompson, 1988; Beiguelman,
2008b), sendo que, no caso dos arcos, a contagem sempre será zero, uma
vez que este não possui trirrário (arco simples), ou coincide com o
centro do padrão (arco em tenda). No caso dos verticilos, considera-se o
lado que apresentar o maior valor (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977;
Beiguelman, 2008b).
A Tabela 03 apresenta as correlações existentes entre o TRC de
diferentes categorias de familiares.
22
Tabela 03 Correlação entre Familiares para TRC
Correlação
Relação
Observada
Esperada
Gêmeos MZ
0,95
1,0
Gêmeos DZ
0,49
0,5
Irmãos
0,50
0,5
Pai-filho
0,49
0,5
Mãe-filho
0,48
0,5
Mãe-pai
0,05
0,0
Média dos pais-filhos
0,66
0,7
(Nora & Fraser, 1991)
Os padrões dermopapilares ou dermatóglifos palmares
apresentam normalmente cinco trirrádios, sendo quatro denominados
digitais, localizados próximos a extremidade distal da palma, na base
dos dedos, e, um proximal, denominado de trirrádio axial (t), localizado
próximo ao sulco de flexão do punho (Frota-Pessoa; Otto & Otto, 1977;
Thompson & Thompson, 1988)
Conforme Beiguelman (2008b), o número de linhas contadas nas
duas mãos que atravessam a reta traçada entre o centro do trirrádio
palmar a, sob o dedo indicador e o trirrádio palmar b, sob o dedo médio,
fornece o número de linhas a b (Anexo 7).O número de linhas A’ d
se refere ao número de linha encontradas nas duas mãos entre o trirrádio
palmar d, sob o dedo mínimo e a linha palmar A (Anexo 7). Por fim, o
ângulo atd é obtido pelas retas que unem os trirrádios da base do dedo
indicador (a) e do dedo mínimo (d) ao trirrádio palmar axial (t) (Anexo
8).
Em estudo clássico sobre a utilização dos dermatóglifos para o
diagnóstico da zigosidade, Jablon et al. (1967) investigaram nove
sistemas polimórficos (ABO, MNSs, P, Rh, Kell, Dufty, Secretor, HP e
Gm) e caracteres quantitativos em 257 pares de gêmeos do sexo
masculino e verificaram que o erro no diagnóstico da zigosidade é de
apenas 3,2% se ele for baseado somente na diferença intrapar de TRC,
em conjunto com características fenotípicas comuns e na opinião dos
próprios gêmeos sobre a sua zigosidade.
O estudo desenvolvido por Colletto, Kolya & Zimberknopf
(1987) com uma amostra de 120 pares de gêmeos (MZ: 66; DZ: 44) de
ambos os sexos, foram analisadas 35 características dermatoglíficas,
relacionando-as com sete marcadores sanguíneos monogênicos (ABO,
MNSs, Rh, Duffy, P, Kell e haptoglobinas séricas) e com um
questionário de similaridade proposto por Magnus (1983). Foi aplicada
23
uma análise discriminante nas diferenças dermatoglíficas intra-par,
sendo 15 variáveis selecionadas pelo método “stepwise”, fornecendo
uma função discriminante. Essa função foi capaz de classificar
corretamente a zigosidade de 100% dos pares de gêmeos, evidenciando
a eficiência da metodologia.
Outro estudo mais recente buscou investigar a flexibilidade do
quadril e da coluna em gêmeos, Achour Jr. (1998) relacionando o
dermatóglifo com marcadores polimórficos (ABO, Lewis, MNSs, P, Rh,
Lutheran, Kell, Secretor e Duffy) em 32 pares de gêmeos com idades
entre 07 e 17 anos (16 MZ 09 feminino e 07 masculino; 16 DZ 09
masculino e 07 feminino), encontrou uma probabilidade muito alta de
monozigose, sendo que o menor valor encontrado foi de 88%, sendo
este considerado elevado.
Exame das Membranas Materno-Fetais
O embrião em desenvolvimento é revestido por duas membranas,
sendo a mais interna, delicada, denominada de âmnion, e a externa, mais
espessa, denominada de córion ligada à placenta (Thompson &
Thompson, 1981).
A formação das membranas fetais ocorre em conjunto com o
desenvolvimento do zigoto e do embrião sendo que gêmeos DZ sempre
terão dois córions, dois âmnios e duas placentas, embora essas últimas
possam ser secundariamente fundidas, caso os embriões se implantem
muito próximos um do outro, dando a aparência de uma placenta
monocoriônica (Thompson & Thompson, 1981; Borges-Osório &
Robinson, 2002).
O número de membranas fetais nos gêmeos MZ é variável, sendo
dependente do tempo no desenvolvimento embriológico em que ocorreu
a formação dos gêmeos (Thompson & Thompson, 1981), porém uma
placenta monocoriônica pode ser entendida como uma prova de
monozigose, enquanto que quando houver córions e âmnios separados,
eles podem ser MZ ou DZ (Borges-Osório & Robinson, 2002).
A tabela 04 evidencia a distribuição dos diferentes tipos
placentários e membranas fetais em nascimentos gemelares.
24
Tabela 04 Freqüência dos Tipos de Placentas e Membranas Fetais em
Gêmeos
Córions Único
Dois Córions
Zigosidade
Âmnion
Único
Dois
Âmnions
Placenta
Única
Duas
Placentas
MZ
Raro
65%
25%
10%
DZ
__
__
40%
60%
(Thompson & Thompson, 1988)
Embora seja útil no diagnóstico da zigosidade, este método nem
sempre pode ser aplicado em razão de requerer técnicas histológicas
adequadas e observação cuidadosa quanto ao número e disposição das
membranas, além disso, Seagal (1984) estimou que mesmo obstetras
experientes classificavam erroneamente em 6,5% dos casos.
Figura 02 Disposição das Membranas Materno-Fetais em Gêmeos
(Borges-Osório & Robinson, 2002)
25
A figura 02 demonstra quatro possibilidades distintas na
composição coriônica e amniótica em gestação múltipla: a) 1 Córion e 1
Âmnio; b) 1 Córion e 2 Âmnio; c) 2 Córion, 2 Âmnio e 2 Placentas
mesma origem do cordão umbilical; d) 2 Córion, 2 Âmnio e 2 Placentas
e origem distinta do cordão umbilical.
A presença de um único âmnio ou de um único córion rejeita a
possibilidade de dizigosidade, embora a presença de dois córions ou de
dois âmnios não exclua a possibilidade de monozigosidade
(Beiguelman, 2008b).
Marcadores Genéticos
Consiste num dos métodos mais confiáveis e mais utilizados no
diagnóstico da zigosidade gemelar e, consiste na análise da
concordância entre os co-gêmeos em relação a uma série de caracteres
genéticos de herança bem conhecida, frequência populacional
relativamente alta e sem influência do sexo, idade ou ambiente (Fraser
& Nora, 1991; Borges-Osório & Robinson, 2002).
Podem ser usados como exemplos destes marcadores os grupos
sanguíneos eritrocitários, o sistema HLA, as haptoglobinas, os grupos
Gm, etc. (Fraser & Nora, 1991; Borges-Osório & Robinson, 2002;
Beiguelman, 2008b).
Ao se diferenciarem, mesmo que seja em apenas um desses
marcadores, os gêmeos serão considerados DZ (Thompson &
Thompson, 1981; Borges-Osório & Robinson, 2002; Beiguelman,
2008b), enquanto que se forem idênticos poderão ser MZ ou DZ
(Borges-Osório & Robinson, 2002).
O enxerto de pele parte do pressuposto de que se um pedaço de
pele enxertada contiver um antígeno diferente do hospedeiro, este fará
anticorpos contra o enxerto e ele será rejeitado. Isso não ocorrerá no
caso de gêmeos MZ, pois estes são antigenicamente iguais, entretanto,
os DZ é quase certo que possuem antígenos diferentes, uma vez que
existem vários loci de histocompatibilidade, com muitos alelos (Fraser
& Nora, 1991).
O método é probabilístico e tem por objetivo calcular a
probabilidade de um par de gêmeos, ainda que DZ, ser concordante em
relação a uma série de caracteres. Naturalmente exclui-se de plano os
pares discordantes em relação ao gênero, pois são raríssimos os gêmeos
MZ compostos por um elemento masculino e um feminino
(Beiguelman, 2008b).
26
Quanto maior for o número de caracteres iguais, maior será a
probabilidade de serem MZ, embora essa nunca chegue a 100%
(Borges-Osório & Robinson, 2002), podendo esta probabilidade ser
melhor trabalhada se forem conhecidos os genótipos dos pais e irmãos
(Thompson & Thompson, 1981; Fraser & Nora, 1991; Borges-Osório &
Robinson, 2002; Beiguelman, 2008b).
Destaca Borges-Osório & Robinson (2002) que este método é
mais objetivo que os anteriores e está sujeito a erros laboratoriais na
determinação dos marcadores genéticos.
Análise do DNA
Atualmente a identidade genética é estudada através de regiões
denominadas de “polimorfismos ou marcadores de DNA”, nas quais
variação entre pessoas normais, sendo que nos últimos anos foram
desenvolvidas diversas técnicas para o estudo dos diferentes
polimorfismos de DNA (Koch & Andrade, 2008).
A análise do DNA para diagnóstico da zigosidade gemelar é
atualmente o método que apresenta maior segurança, consistindo na
utilização de marcadores moleculares altamente polimórficos. Estima-se
que devem existir cerca de 10 milhões de polimorfismos no nível de
DNA, o que torna cada indivíduo um ser genéticamente único, exceção
feita aos gêmeos monozigóticos que apresentam as mesmas “impressões
do DNA”, logo, qualquer variação no padrão de bandas do DNA de um
par de gêmeos indica gemelaridade dizigótica (Borges-Osório &
Robinson, 2002).
Conforme Derom et al. (2001), apresenta algumas vantagens da
análise do DNA, que podem ser resumidas:
a) O tecido placentário é rico em DNA, podendo ser armazenado
por um longo período temporal em congelador convencional (-
20° C);
b) Teoricamente o número de polimorfismos é ilimitado;
c) Em caso de morte fetal por maceração, ainda é possível a coleta
da “impressão de DNA” de amostras do tecido placentário;
d) O DNA pode ser extraído de uma variedade de tecidos (sangue,
mucosa oral, etc.);
Atualmente o método mais utilizado é o estudo de regiões
repetitivas de DNA, denominadas de “minissatélites” (VNTR’s) e
“microssatelites” (STR’s), sendo que o número de repetições varia entre
indivíduos e pode ser estudado com sondas de DNA, ou por intermédio
de PCR, que é mais corriqueiro (Pena apud Koch & Andrade, 2008).
27
Os VNTR’s também denominados de minissatélites são
altamente polimórficos, tendo a variação genética apresentada pelo
número de repetições de uma determinada região do DNA (Borges-
Osório & Robinson, 2002), sendo que, uma região típica consiste de 500
a 1000 pb, incluindo principalmente unidades repetidas em seqüência,
cada uma com cerca de 15 a 35 pb de comprimento (Koch & Andrade,
2008).
Outro polimorfismo de DNA são os STR’s, também
denominados de microssatélites, que apresentam grande semelhança
com os VNTR’s, diferindo em seu tamanho, geralmente não
ultrapassando 200 pb (Koch & Andrade, 2008), sendo mais abundantes,
com distribuição mais uniforme no genoma e por não serem definidos
por sítios de restrição que franqueiam a região de repetição (Borges-
Osório & Robinson, 2002).
Os dois tipos de marcadores polimórficos são altamente
confiáveis e muito utilizados no mapeamento gênico e na genética
forense, sendo utilizado em menor escala para o diagnóstico da
zigosidade gemelar
Conquanto a análise do DNA seja mais confiável e elaborada, é
também muito mais onerosa para aplicação em grande escala (Chen, et
al., 1999; Derom, et al., 2001) devendo a relação custo-benefício ser
bem apreciada, uma vez que em 2001, cada análise possui um custo de
200 USD (Derom, et al., 2001).
28
Figura 03 Processo de Obtenção de Polimorfismos de Comprimento de
Fragmento de Restrição (Borges-Osório & Robinson, 2002)
29
Atividade Física e sua Relação com a Saúde
As mudanças ocorridas nos perfis de morbimortalidade nas
últimas décadas despertaram elevado interesse pelos fatores associados
às doenças crônicas (Hallal et al., 2006).
A promoção da saúde é um tema em evidência na atualidade e
traz desafios para a ampliação das práticas no sentido de ressaltar os
componentes socioeconômicos e culturais da saúde e a necessidade de
políticas públicas e da participação social no processo de sua conquista
(Buss, 2003).
A prática regular de atividades físicas tem sido considerada como
um dos fatores moduladores mais importantes na melhoria, manutenção
e recuperação do nível de saúde (Figueira Jr., 2000) e da qualidade de
vida individual e de uma população (Carvalho et al., 1996).
Os benefícios da atividade física moderada estão bem
documentados nos estudos científicos, entre eles destacam-se, entre
crianças e adolescentes a redução do risco de doenças crônico-
degenerativas e a melhora da saúde mental e social (Hardy, 2008), em
adultos, são relatadas a redução do risco de doenças crônico-
degenerativas, diabetes tipo II, hipertensão, osteoporose e câncer colo
(Fulton et al, 2004).
Considerando a alta prevalência, aliada ao significativo risco
relativo do sedentarismo referente às doenças crônico degenerativas, o
incremento da atividade física de uma população contribui
decisivamente para a saúde pública, com forte impacto na redução dos
custos com tratamentos, inclusive hospitalares, uma das razões de seus
consideráveis benefícios sociais (Carvalho et al.,1996).
A busca de uma maior adesão populacional a prática de
atividades físicas regulares, tem fomentado em diferentes países, o
desenvolvimento de programas de intervenção de atividades físicas, que
tem buscado, pelo menos, dois grandes objetivos: 1) aumentar o
conhecimento populacional sobre os benefícios de um estilo de vida; 2)
aumentar a participação populacional em atividades físicas no dia-a-dia,
sem grandes alterações das atividades cotidianas (Figueira Jr., 2000).
A atividade física regular é considerada um comportamento com
associações benéficas no estado de saúde (Bouchard & Rankinen, 2001),
nomeadamente no que respeita à prevenção de doenças
cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão, osteoporose,
desordens emocionais e alguns tipos de câncer.
As evidências sobre os benefícios da atividade física em relação à
saúde podem ser observados no quadro 06.
30
Quadro 06 Evidências da Literatura sobre os Benefícios da Atividade
Física em Relação à Saúde
Evidências Fortes
Evidências Sugestivas
Evidencias
Inconclusivas
Doença Coronariana
Hipertensão Arterial
Doença Renal
Diabetes Tipo 2
Osteoporose
Câncer de Cólon
Câncer de Mama
Câncer do Trato
Reprodutivo
Trauma Cirúrgico
Depressão
Ansiedade
Doença Vascular
Periférica
Obesidade Média
Reumatismo
Osteoartrite
Doença Pulmonar
Crônica
Acidentes Cérebro-
Vasculares
Diabetes Tipo 1
Dores Lombares
Função Imunológica
Distúrbios
Neuromusculares
Dependência Química
Complicações da
Gravidez
(Adaptado do ACSM, 2007)
Para pessoas acometidas por doenças cardiovasculares, entre os
principais benefícios oriundos da prática de atividade física, destacam-
se: uma diminuição da mortalidade entre 25 e 35 %; diminuição das
manifestações e complicações clínicas; aumento na capacidade física,
reintegração e qualidade de vida; melhora no desempenho muscular e
aumento da resistência a insulina (Casillas et al., 2007).
Atividade Física Habitual
A atividade física é conceituada como qualquer movimento
corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto
energético maior do que os níveis de repouso (Caspersen, Powell &
Christenson, 1985).
Os valores conhecidos como nível de atividade física habitual
(NAFH) são representados pela estimativa do gasto energético diário
durante um período de 24 horas, considerando-se períodos de
inatividade, atividades leves, moderadas e intensas (Bouchard, 1983).
O estudo de Achour Jr. (1998) com 32 pares de gêmeos, dos
quais 16 MZ (09 femininos e 07 masculinos) e 16 DZ (09 masculinos e
07 femininos), com idade de 9 a 17 anos, utilizou o questionário de Pate
(1988). O autor não apresentou os cálculos de h
2
, a
2
e c
2
, mas por meio
dos dados descritivos dispostos ao fim de sua dissertação estes efeitos
foram calculados para permitir a comparação dos resultados, e indicou
uma predominância de efeitos do envolvimento comum 74%, seguido
31
do envolvimento único 21% e por dos efeitos genéticos 5%, que neste
caso foram mínimos.
O estudo conduzido por Stubbe et al. (2006), que envolveu uma
amostragem de 35.051 pares de gêmeos de sete países diferentes
(Austrália, Dinamarca, Finlândia, Países Baixos, Noruega, Suécia e
Reino Unido), com idades de 19 a 40 anos, integrantes do projeto
GenomEutwin, buscou verificar a influência genética na prática de
exercícios físicos por intermédio da resposta a um survey e/ou a
questionários auto reportáveis. Por apresentarem diferentes perguntas a
respeito de frequência, duração e intensidade nos diferentes países,
operacionalmente optou-se por classificar-se em pessoas ativas e
pessoas não ativas fisicamente, fixando-se como critério, o mínimo de
60 minutos semanais de exercício com uma intensidade mínima de 4
MET’s. Os efeitos genéticos explicaram de 22,9 a 70,5% da variação,
enquanto que os efeitos do envolvimento comum variaram de 0,0 a
31,1%, por fim, os efeitos do envolvimento único foram responsáveis
por 29,5 a 56,6% da variação.
Tabela 05 Estimativa da Herdabilidade em relação à Atividade Física
por País
País/ Gênero
h
2
(95% IC)
c
2
(95% IC)
e
2
(95% IC)
Austrália (homens)
22.9 (0.0, 56.1)
20.6 (0.0, 46.1)
56.6 (43.7, 70.)
Austrália (mulheres)
31.1 (0.3, 55.6)
16.4 (0.0, 40.1)
52.5 (44.0, 61.6)
Dinamarca (homens)
44.4 (24.2, 55.7)
4.7 (0.0, 20.5)
51.0 (44.3, 58.2)
Dinamarca (mulheres)
50.1 (30.3, 57.7)
3.1 (0.0, 19.9)
46.8 (40.7, 53.4)
Finlândia (homens)
55.8 (38.4, 63.3)
6.2 (0.0, 19.3)
38.0 (32.0, 44.6)
Finlândia (mulheres)
61.0 (44.5, 66.3)
0.0 (0.0, 13.0)
39.0 (33.8, 45.2)
Países Baixos (homens)
68.1 (34.2, 79.0)
2.7 (0.0, 35.3)
29.2 (21.0, 39.2)
Países Baixos (mulheres)
50.3 (21.3, 70.3)
13.3 (0.0, 38.8)
36.5 (29.5, 44.4)
Noruega (homens)
33.6 (6.7, 61.7)
31.1 (6.5, 53.4)
35.4 (27.6, 44.3)
Noruega (mulheres)
56.6 (46.5, 63.8)
0.0 (0.0, 14.4)
43.4 (36.2, 51.2)
Suécia (homens)
63.9 (52.1, 68.6)
0.0 (0.0, 0.0)
36.1 (31.4, 41.2)
Suécia (mulheres)
59.5 (46.9, 64.7)
0.0 (0.0, 0.0)
40.5 (35.3, 46.1)
Reino Unido (mulheres)
70.5 (24.0, 82.3)
0.0 (0.0, 0.0)
29.5 (17.7, 46.6)
(Adaptado de Stubbe et al., 2006)
Os resultados apresentaram nítida variação em relação a duas
variáveis: o sexo e a nacionalidade, indicando que as questões
ambientais e sociais podem apresentar-se como fontes importantes de
variação nos níveis de prática de atividades físicas.
Os efeitos genéticos sobre a atividade física foram mais fortes no
gênero feminino, uma vez que, somente nos Países Baixos e na Suécia é
32
que os efeitos genéticos evidenciaram-se mais fortes nos homens,
quando comparado às mulheres.
Os efeitos do envolvimento comum apresentaram os menores
valores em relação ao fenótipo atividade física, enquanto que, o
envolvimento único em alguns casos, possuía valor maior até que os
efeitos genéticos.
O estudo de coorte desenvolvido por Carlsson et al. (2006) com
uma amostragem de 5334 MZ (2440 homens e 2894 mulheres) e 8028
DZ (3804 homens e 4224 mulheres) do registro de gêmeos Sueco, com
idades de 14 a 46 anos, objetivou investigar o nível de atividade física
desenvolvido no tempo de lazer, por intermédio da resposta a um
questionário auto reportável. Verificou-se que, os efeitos genéticos são
responsáveis pela variação no nível de atividade física em 57% nos
homens e 50% nas mulheres; o envolvimento comum por 3% nos
homens e 6% nas mulheres; enquanto que, o envolvimento único
explicou a variação em 40% nos homens e 44% nas mulheres.
Quando a análise foi estratificada levando em consideração a
idade dos sujeitos, os resultados se alteraram sensivelmente,
evidenciando que nos homens com idades de 14 a 28 anos, os efeitos
genéticos explicavam 64% da variabilidade; o envolvimento comum 7%
e o envolvimento único os 29% restantes; enquanto que nos homens
com idades de 29 a 46 anos os efeitos genéticos responderam por 40%
da variação enquanto que os demais 40% foram resultado do
envolvimento único. Entre as mulheres os resultados sugeriram algo
semelhante: nas mulheres com idades de 14 a 28 anos os efeitos
genéticos explicaram 51% da variação; o envolvimento comum 15% e o
envolvimento único 24%; enquanto que nas mulheres com idades de 29
a 46 anos, os efeitos genéticos explicaram 41% da variação, sendo os
demais 59% decorrentes do envolvimento único.
Este estudo traz evidências de que o aumento da idade
cronológica é inversamente proporcional aos efeitos genéticos no
fenótipo atividade física, e que, os efeitos do envolvimento comum
acabam diminuindo ao longo do avanço da idade cronológica.
Em estudo com 64 pares de gêmeos de ambos os sexos e de
diferentes zigotias, com idades de 12 e 40 anos, Maia et al. (2003a)
estudou a variação genética nos níveis de atividade física em quatro
domínios: escola; recreação e lazer; desporto e trabalho, utilizando para
isso o questionário de Baecke et al. (1982). Evidenciou-se que os efeitos
genéticos influenciaram sobremaneira nos domínios da escola e da
recreação e lazer (77% e 47,8% respectivamente), enquanto que, nos
33
domínios do desporto e do trabalho, percebeu-se um predomínio dos
efeitos do envolvimento comum (50,6 e 46,5 respectivamente).
O estudo desenvolvido por Eriksson; Rasmussen & Tynelius
(2006) com 1022 pares de gêmeos de diferentes zigotias, verificaram
que a hereditariedade explica 49% do nível de atividade física total,
sendo que, nas atividades ocupacionais e de lazer detectou-se uma
diminuição dos efeitos genéticos num lapso de quatro anos (64% 54%
e 65% - 55% respectivamente), ratificando o encontrado por Carlsson et
al. (2006). O instrumento de coleta utilizado foi um questionário
desenvolvido pelos autores na primeira coleta (1998) e o questionário de
Baecke et al. (1982) por ocasião da segunda coleta (2002).
Outro estudo desenvolvido por Maia et al. (2002) com 411 pares
de gêmeos de diferentes zigotias, objetivou observar os efeitos genéticos
e ambientais na participação em atividades esportivas e no nível de
atividade física no tempo de lazer, utilizando o questionário de Baecke
et al. (1982). Os resultados indicaram que na participação esportiva, os
efeitos genéticos são de 68,4% e 39,8%; os efeitos do envolvimento
comum: 20% e 28,4%; e, os efeitos do envolvimento único: 11,6 e
31,8%, respectivamente, nos homens e nas mulheres.
Em relação ao nível de atividade física no tempo de lazer, os
efeitos genéticos foram de 63% nos homens e 37% nas mulheres; os
efeitos do envolvimento comum não foram significantes nos homens,
enquanto que nas mulheres determinaram 38% deste fenótipo; e, os
efeitos do envolvimento único foram responsáveis por 37% e 30%
respectivamente nos homens e mulheres (Maia et al., 2002).
O estudo conduzido por Oliveira et al. (2003) com 51 pares de
gêmeos de diferentes zigotias, com idades de 12 a 18 anos, buscou testar
a exequibilidade de uma avaliação multimodal da atividades física
habitual em gêmeos. Para isso utilizaram três instrumentos:
acelerômetro triaxial (TRICTRAC R3D); pedômetro (Yamax DW-SW
700) e o questionário de Baecke, Burema & Frijters (1982). Em cálculos
da herdabilidade evidenciaram-se resultados diferenciados, conforme o
instrumento de medida utilizado e, em relação a própria unidade de
medida utilizada num mesmo instrumento, como na acelerometria, em
que a principal variação nos níveis de atividade física foram atribuídos
em 65,5% a efeitos genéticos quando a medida foi feita em Counts e,
atribuídos em 40,9% a variância genética quando a medida foi feita
realizada em METS. Ao se calcular a herdabilidade por meio dos
resultados da pedometria, os resultados mostraram uma elevada variação
atribuída aos efeitos do envolvimento comum, que variaram entre 80 e
90%, nas diferentes unidades de medidas utilizadas (passos, km, kcal).
34
Por fim, ao se calcular a herdabilidade pelos dados coletados por meio
de questionários, verificou-se uma variação muito forte atribuída aos
efeitos do envolvimento comum, estimados em 61% nas atividades
esportivas e, 48% nas atividades de lazer.
Este estudo trouxe evidências de que o instrumento utilizado,
bem como a unidade de medida adotada, podem ser fontes importantes
de variação nas estimativas dos efeitos genéticos e ambientais em
determinado fenótipo.
Outro estudo de Maia et al. (2004), com 101 pares de gêmeos de
diferentes zigotias (32 MZ; 69 DZ), com idades de 6 a 12 anos,
objetivou estabelecer a importância dos efeitos genéticos e do
envolvimento nas diferenças nos valores de atividade física. Para
avaliação os autores recorreram ao questionário de Godin & Shephard
(1985). Os resultados indicaram uma forte influência do envolvimento
comum nos três fenótipos marcadores da atividade física: leve (65,5%);
moderada (82,2%); e, intensa (67,7%), seguida dos efeitos genéticos na
atividade leve (34,0%) e intensa (23,8%); e dos efeitos do envolvimento
único no caso da atividade moderada (14,6%).
O grande número de instrumentos disponíveis para a avaliação da
atividade física habitual acaba fomentando o surgimento de diferentes
metodologias que, dificultam a comparação entre os estudos, oferecendo
apenas indicadores de h
2
, a
2
e c
2
.
Além disso, a atividade física é passível de ser avaliada em
diferentes domínios, em relação a sua frequência, intensidade e duração,
logo, os efeitos genéticos e dos envolvimentos comum e único também
são passíveis de serem estimados nestes domínios e ainda, associados a
estas demais variáveis, gerando um número grande de possibilidades de
abordagens.
Avaliação do Nível de Atividade Física
Segundo Lopes & Maia (2004) o interesse na avaliação do nível
de atividade física objetiva: a) estabelecer o nível atual de prática de
atividade física da população estudada; e, b) verificar se este
comportamento encontra-se em consonância com os critérios
estabelecidos para um nível ótimo de saúde.
A importância da atividade física como elemento profilático
parece ser um consenso na literatura científica, entretanto, a mensuração
desta variável ainda suscita inúmeras dúvidas sobre qual é o método
mais adequado para a sua determinação, além disso, análises mais
35
precisas demandam equipamentos onerosos, o que limita sua utilização
em amostras maiores.
Dentre os instrumentos de medida disponíveis, estes podem ser
classificados em dois grupos: a) os que utilizam informações fornecidas
pelos sujeitos; e, b) os que utilizam marcadores fisiológicos ou sensores
de movimento durante determinado lapso temporal (Reis; Petroski &
Lopes, 2000).
As técnicas de mensuração da atividade física que utilizam
marcadores fisiológicos podem ainda, ser categorizadas em três grupos:
primárias; secundárias e subjetivas. Entre as primárias temos: água
duplamente marcada e calorimetria indireta; entre as secundárias:
freqüencímetros cardíacos, pedômetros e acelerômetros; por fim, entre
as subjetivas: surveys, questionários auto-reportáveis, entrevistas e
diários (Sirard & Pate, 2001).
Para Ainsworth; Montoye & Leon (1994) os instrumentos de
medida podem ainda ser divididos em 06 (seis) grupos: a) Calorimetria;
b) Marcadores fisiológicos; c) Sensores de movimento eletrônicos e
mecânicos; d) Observação comportamental; e) Ingestão calórica; e, f)
Levantamentos de lazer e de trabalho.
A diversidade de instrumentos utilizados para a avaliação da
atividade física habitual (inquéritos, monitores de atividade física e
monitores de freqüência cardíaca) dificulta a comparação dos resultados
dos estudos (Lopes et al., 2001) e reveste-se de dificuldades ao nível da
precisão da sua medição (Oliveira & Maia, 2001).
O Quadro 07 apresenta sinteticamente os métodos usualmente
utilizados na avaliação do fenótipo atividade física habitual, entretanto,
o número de métodos referenciado na literatura ultrapassa a trinta.
Quadro 07 - Métodos de Mensuração da Atividade Física ou Gasto
Energético
Diretos
Indiretos
Observação
Calorimetria
Água Duplamente Marcada
Plataformas de Força
Vetores de Aceleração
(Acelerômetros)
Sensores de Movimento (Pedômetros)
Recordatórios ou Diários
Calorimetria Indireta
Medidas Fisiológicas (FC;
Ventilação)
Questionários
Estimativa de Ingestão Calórica
(Reis, 2003)
36
A literatura apresenta inúmeras metodologias para a estimativa e
medida do nível de atividade física, bem como, subsídios para a
avaliação deste, sendo o método mais adequado e o número de dias de
avaliação necessários, as questões mais controvertidas (Oliveira, et
al.,2003).
O quadro 02 apresentou uma proposta de divisão dos métodos de
mensuração do fenótipo atividade física. A seguir serão apresentadas as
vantagens e desvantagens bem como a operacionalização dos métodos
referenciados, iniciando-se pelos diretos e passando posteriormente aos
indiretos.
A calorimetria direta avalia o gasto energético total do corpo,
medindo o calor produzido pelo indivíduo em repouso ou em exercício
(Ainsworth, 2003), sendo usualmente uma medida de corpo inteiro
realizada em câmaras fechadas (Reis; Petroski & Lopes, 2000). O
elevado custo financeiro, o tempo necessário e o ambiente artificial
consistem nas principais desvantagens deste método (Murgatroyd,
1993), enquanto que, a principal vantagem é a precisão da medida do
gasto energético (Ainsworth, 2003).
A água duplamente marcada mede o gasto energético total do
corpo utilizando uma análise bioquímica das moléculas de hidrogênio e
oxigênio utilizadas na respiração celular (Ainsworth, 2003), permitindo
desta forma, medir precisamente o gasto energético de indivíduos fora
de confinamento, sem causar nenhuma modificação no cotidiano
(Scagliusi & Lancha Jr., 2005).
Consiste na ingestão de água em que o
16
O tenha sido substituído
por
18
O e o hidrogênio por deutério e que se façam coletas seriadas, da
urina ou de outro liquido biológico (Fontes, 2003). O elevado custo
financeiro e a necessidade de pessoal especializado são as principais
desvantagens desse método (Reis; Petroski & Lopes, 2000; Ainsworth,
2003; Ilha; Silva & Petroski, 2007).
Os acelerômetros são sensores de movimento, sensíveis a
variação em um, dois ou três eixos, sendo os equipamentos
denominados conforme a sua capacidade de mensuração em uniaxiais;
biaxiais e triaxiais respectivamente (Rowlands & Eston, 2007).
Permitem uma medição direta e objetiva da freqüência, intensidade e
duração dos movimentos referentes à atividade física (Oliveira & Maia,
2001). Entre as vantagens deste método encontram-se: a facilidade de
uso; a baixa interferência nos padrões de movimento; e a possibilidade
da contagem de movimentos ou em quilocalorias; a desvantagem
encontra-se no fato do equipamento não registrar o tipo de atividade
física realizada (Ainsworth, 2003).
37
Os pedômetros são aparelhos mecânicos simples que medem a
aceleração e a desaceleração em um eixo (Rowlands & Eston, 2007),
efetuando o registro de passos dados e estimando a distância percorrida
(Oliveira & Maia, 2001; Ainsworth, 2003). Apresenta como vantagens:
facilidade de utilização e baixo custo; as desvantagens deste método são:
a falta de sensibilidade a acelerações verticais acima de certos limites; a
ausência de distinção entre a marcha e a corrida; não informam sobre a
duração, freqüência e intensidade da atividade (Oliveira & Maia, 2001)
e não mede atividades sedentárias; exercícios isométricos e movimentos
de braço (Ilha; Silva & Petroski, 2007).
Os instrumentos recordatórios ou diários fornecem uma contagem
detalhada das atividades realizada num determinado período
(Ainsworth, 2003), normalmente 1 a 3 dias (Reis; Petroski & Lopes,
2000). As principais vantagens deste método são: o baixo custo
operacional; permitem uma descrição detalhada das atividades e hábitos
de atividades; auxiliam no cálculo do gasto energético; e, entre as
principais desvantagens: o grande esforço do participante para o seu
preenchimento; a necessidade de habilidades de leitura e escrita e a
capacidade de recordação (Ainsworth, 2003).
A calorimetria indireta consiste em método não invasivo que
determina as necessidades nutricionais e a taxa de utilização dos
substratos energéticos, a partir do consumo de oxigênio e da produção
de gás carbônico, obtidos pela análise do ar inspirado e expirado pelos
pulmões (Diener, 1997). Neste método o indivíduo é mantido numa
câmara em que a troca gasosa é controlada (Reis; Petroski & Lopes,
2000).
A freqüência cardíaca mensurada através de equipamentos
denominados de frequencímetros que, com o avanço da telemetria e
miniaturização dos equipamentos tem tornado este método mais fácil e
acessível (Reis; Petroski & Lopes, 2000). Este método parte da
suposição básica de que a freqüência cardíaca aumenta linearmente com
a intensidade do exercício (Reis; Petroski & Lopes, 2000; Ainsworth,
2003). Entretanto, as alterações na freqüência cardíaca não podem ser
atribuídas com exclusividade à modificação na atividade física. Outros
fatores como: ansiedade; estresse; nível de condicionamento físico; tipo
de contração muscular; grupamentos musculares utilizados; hidratação e
ambiente também colaboram para estas alterações (Armstrong &
Welsman, 2006). As principais vantagens são: a objetividade e a baixa
interferência nas atividades; as desvantagens são: a variabilidade de
respostas ao esforço físico e a impossibilidade de controle de variáveis
ambientais (Ainsworth, 2003).
38
Os questionários representam um dos métodos mais fáceis,
práticos e econômicos de se estimar a atividade física, especialmente em
estudos epidemiológicos, entretanto, apresentam alguns problemas de
objetividade, devido a dificuldade dos indivíduos de se recordarem com
exatidão das atividades realizadas, bem como, a tendência a
sobreestimarem as variáveis tempo e intensidade das atividades
(Oliveira & Maia, 2001).
O Quadro 08 apresenta de maneira sucinta os instrumentos de
estimativa e medida da atividade física, sua aplicabilidade e sua
influência no comportamento do indivíduo avaliado.
Quadro 08 Uso Potencial dos Procedimentos de Medida na Pesquisa
Epidemiológica em Atividade Física
Instrumento
Idade Aplicada
Uso em Estudos
Amplos
Baixo Custo
Financeiro
Baixa Demanda
de Tempo de
Pesquisa
Baixa Demanda
de Tempo do
Sujeito
Influência no
Comportamento
Diários
Adultos
Idosos
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Questionários
Adultos
Idosos
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Monitor de
Freqüência
Cardíaca
Todas
Não
Não
Não
Sim
Não
Sensor
Eletrônico de
Movimento
Adultos
Idosos
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Pedômetros
Adultos
Idosos
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Acelerômetros
Todas
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Calorimetria
Direta
Todas
Não
Não
Não
Não
Sim
Calorimetria
Indireta
Adultos
Idosos
Não
Não
Não
Não
Sim
Água
Duplamente
Marcada
Crianças
Adultos
Idosos
Não
Não
Sim
Sim
Não
(Reis; Petroski & Lopes, 2000).
A diversidade de instrumentos disponíveis para a avaliação da
atividade física facilita a avaliação desta variável mas, simultaneamente
faz com que a comparação dos resultados obtidos por intermédio desta
variedade de instrumento se torne difícil, e as vezes impossível.
39
Os instrumentos mais precisos são aqueles cujos custos
operacionais são também os mais elevados, em comparação aos
instrumentos menos precisos e de menor custo, entre estes se destacam
os questionários, cuja aplicação demanda baixo investimento e pequeno
preparo técnico.
Através da observação do Quadro 09 é possível uma melhor
visualização dos principais estudos envolvendo amostras gemelares, o
ano de publicação, faixa etária, amostra utilizada e local de realização,
com o objetivo precípuo de avaliar a magnitude dos efeitos genéticos no
fenótipo atividade física.
Quadro 09 Estudos com Gêmeos em Epidemiologia Genética da
Atividade Física
Primeiro Autor
Ano
Periódico
Faixa
Etária
Pares
Local
1. Heitmann,
B.L.
1997
American Journal of
Clinical Nutrition
40 <
4600
Finlândia
2. Maia, J.A.R.
2002
Am. J. Prev. Med.
12 25
411
Portugal
3. Maia, J.A.R.
2003a
Revista Brasileira de
Cineantropometria &
Desempenho
Humano
12 40
64
Açores
Portugal
4. Maia, J.A.R.
2003b
Revista Brasileira
Ciência e Movimento
6 12
96
Açores
Portugal
5. Oliveira,
M.M.de C.
2003
Revista Paulista de
Educação Física
12 18
51
Portugal
6. Maia, J.A.R.
2004
Revista Portuguesa
de Ciência do
Desporto
6 12
101
Portugal
7. Joosen,
A.M.C.P.
2005
American Journal of
Clinical Nutrition
18 39
20
Maastricht
Holanda
8. Franks, P.W.
2005
American Journal of
Clinical Nutrition
4 10
100
Phoenix
USA
9. Carlsson, S.
2006
Medicine Science in
Sports & Exercise
14 46
13.362
Suécia
10. Erikson, M.
2006
Behavior Genetics
20 26
1022
Suécia
11. Stubbe, J.H.
2006
Plos One
19 41
35.051
Austrália,
Dinamarca,
Finlândia,
Países
Baixos,
Noruega,
Suécia,
Reino Unido
12. Carlsson, S.
2007
American Journal of
Epidemiology
14 46
13.109
Suécia
40
13. Duncan, G.E.
2008
Plos One
?
1.389
Washington
(?) Informações insuficientes.
Os estudos com gêmeos a exemplo do que ocorre com as demais
amostragens, apresentaram grande variabilidade de instrumentos quando
se objetivou avaliar a atividade física habitual, sendo que, nos estudos
apresentados no quadro 04, os questionários foram utilizados na maioria
dos estudos (1, 2, 3, 4, 5*, 6, 9, 10, 11, 12, 13), enquanto que o uso da
água duplamente marcada foi utilizada em dois estudos (7 e 8), e os
sensores de movimento em somente um estudo (5*).
O estudo n. 5* aparece duas vezes, em razão da proposta de
pesquisa desta equipe de trabalho que foi realizar um estudo multimodal
para estimar os efeitos genéticos na atividade física, utilizando para isso
acelerômetro, pedômetro e questionário simultaneamente e, comparando
os resultados obtidos.
Conforme pode ser observado no Quadro 04, as menores
amostragens acabaram utilizando as técnicas mais precisas, justamente
pelo fato das dificuldades operacionais e custos financeiros elevados
destas, enquanto que, os estudos com maiores amostragens fizeram uso
dos questionários, que são de simples aplicação e de baixíssimo custo,
entretanto, com menor precisão, corroborando com o disposto na
literatura sobre avaliação da atividade física.
Aptidão Física
A aptidão física é um constructo que tem sido definida como a
capacidade de realizar as atividades físicas, sendo dependente de
características inatas e/ ou adquiridas por um indivíduo (Caspersen,
Powell & Christenson, 1985).
Conforme Bouchard, et al. (1990) a aptidão física é concebida
como um estado dinâmico de energia que permite a cada um não apenas
a realização de tarefas do cotidiano, a ocupação ativa das horas de lazer
e enfrentar emergências imprevistas sem fadiga excessiva, mas também
evitar o aparecimento das disfunções hipocinéticas.
A aptidão física consiste em gênero, podendo ser abordada em
relação ao desempenho atlético e, em relação a saúde (Nieman, 1999).
41
Aptidão Física
Relacionada ao
Desempenho
Atlético
Agilidade
Aptidão Física
Relacionada à
Saúde
Potência
Resistência Cardiorrespiratória
Resistência Muscular
Força Muscular
Composição Corporal
Flexibilidade
Velocidade
Equilíbrio
Figura 04 Componentes da Aptidão Física (Pate, 1985)
A aptidão física é avaliada corriqueiramente por intermédio da
aplicação baterias de testes motores e medidas, que, após devidamente
apreciadas fornecem indicadores de desempenho ou de saúde, conforme
o objetivo da bateria e da coleta de dados do avaliador.
O Quadro 10 apresenta o nome das principais baterias utilizadas,
a entidade organizadora e o respectivo ano de publicação/ divulgação.
Embora existam outras baterias de testes, Rodrigues (2005) referenciou
somente estas em seu trabalho, que acabaram sendo as mais utilizadas
em estudos científicos.
Quadro 10 Baterias de Testes de Aptidão Física
Bateria
Organização
Ano
Youth Fitness Test
American Alliance for Health,
Physical Education and Recreation
1957
Fitness Performance
Test
Canadian Alliance for Health,
Physical Education and Recreation
1976
Health Related Physical
Fitness Test
American Alliance for Health,
Physical Education, Recreation
and Dance
1966
FITNESSGRAM
Institute for Aerobic Research
1980
Physical Best
American Alliance for Health,
Physical Education, Recreation
and Dance
1987
Eurofit
Conselho da Europa
1988
Caracterização do
Adolescente Escolar
Português
Instituto Nacional de Desportos
1988
FACDEX
Faculdade de Ciências do
Desporto e Educação Física do
Porto
1981
(Rodrigues, 1995)
42
Conforme Guedes et al. (2002), a atividade física pode ser
entendida como o processo estreitamente relacionado a aspectos
comportamentais, enquanto que a aptidão física é caracterizada pelo
produto voltado ao dimensionamento das capacidades para a realização
de trabalho muscular.
Aptidão Física Relacionada à Saúde
A aptidão física relacionada à saúde é entendida como a aptidão
que reúne atributos biológicos que trazem alguma proteção ao
surgimento de distúrbios orgânicos provocados por um estilo de vida
inativo fisicamente (Corbin, Fox & Whitehead, 1987).
Para Pate (1988), a APFRS consiste na capacidade de realização
das atividades cotidianas com vigor, evidenciando traços e caracteres
que estão associados a um baixo risco de desenvolvimento prematuro de
doenças hipocinéticas.
Avaliação da Aptidão Física Relacionada à Saúde
Atualmente os estudos científicos que envolvem a aptidão física
relacionada se utilizam de três baterias de testes: Physical Best,
Fitnessgram e Eurofit, cada qual com as suas especificidades em relação
aos componentes avaliados, diferindo ligeiramente uns dos outros.
O conceito de aptidão física relacionada à saúde é
operacionalizado por componentes como a composição corporal,
flexibilidade, força/ resistência muscular e resistência cardiovascular
(Corbin & Lindsey, 1997; Alves et al., 2008).
Composição Corporal
A composição corporal constitui-se em componente importante
da aptidão física global, sendo consenso na literatura que, o excesso de
gordura corporal é fator de risco a saúde (ACSM, 2000), e o seu
acompanhamento de grande relevância no controle de programas de
exercícios direcionados ao controle do peso corporal (Guedes & Guedes,
1998).
A composição corporal consiste na quantificação dos principais
elementos estruturais do ser humano, sendo que habitualmente o seu
43
estudo baseia-se na observação da variação na distribuição anatômica da
MCM e MG, podendo ser estimada por técnicas de laboratório ou de
campo (ACSM, 2000).
O estudo desenvolvido por Franks et al. (2005) com uma amostra
de 51 pares de gêmeos de diferentes zigotias (MZ: 35 e DZ: 16)
utilizando a DEXA, verificou efeitos genéticos na ordem de 88% para a
massa corporal; 90% para a MG e, 89% da MLG, sendo o restante da
variação destes fenótipos atribuídos a efeitos do envolvimento único.
No estudo longitudinal realizado por Peeters, et al. (2007) com
uma amostra composta por 105 pares de gêmeos belgas de diferentes
zigotias, acompanhados dos 12 aos 18 anos, objetivou analisar o
tracking da distribuição de MG durante a adolescência Verificou-se que,
os efeitos genéticos na distribuição da gordura corporal explicaram de
84,3 a 88,6% nos meninos e, de 78,4 a 88,3% nas meninas.
Índice de Massa Corporal
Os estudos sobre os efeitos genéticos sobre o IMC realizados
durante a década de 1990 são vastos, e estes efeitos variam de 53%
(Korkeila et al., 1991) a 87% (Budurtha et al., 1990), e são apresentados
de maneira resumida por Maia; Lopes & Morais (2001).
Quadro 11 Estimativa para Herdabilidade para o IMC
Estudo
N. de Pares
Sexo
Idade
h
2
Budurtha et
al. (1990)
148 MZ
110 DZ
M e F do
mesmo sexo
e sexo
oposto
11,1
(0,30)
87%
Wang et al.
(1990)
75 MZ
35 DZ
M e F do
mesmo sexo
7 - 12
78%
Korkeila et al
(1991)
2370 MZ
4873 DZ
M e F do
mesmo sexo
18 - 24
25 - 34
35 - 44
45 - 54
72% (M)
71% (F)
74% (M)
69% (F)
67% (M)
68% (F)
67% (M)
53% (F)
Neale &
Cardon
2552 MZ
3036 DZ
M e F do
mesmo sexo
18 - 90
69% (M)
75% (F)
44
(1992)
e sexo
oposto
(Adaptado de Maia; Lopes & Morais, 2001)
Em estudo de 96 pares de gêmeos com idades de 6 a 12 anos,
Maia et al. (2003a) chegou a um coeficiente de correlação intraclasse de
0,96 (MZ) e 0,51 (DZ), que representou efeitos genéticos de 88% no
IMC, seguido de efeitos do envolvimento comum 8% e único 4%.
Outro estudo do mesmo autor (Maia, et al., 2003b) com gêmeos
com idades de 12 a 40 anos, identificou uma correlação de 0,92 (MZ) e
0,54 (DZ), que resultou em efeitos genéticos de 76% neste fenótipo; os
envolvimentos comum e único foram responsáveis por 16% e 8%
respectivamente da variância fenotípica.
O estudo desenvolvido por Achour Jr. (1998) com 32 pares de
gêmeos (MZ= 16; DZ= 16) com idades de 9 a 17 anos, evidenciou uma
correlação de 0,99 (MZ) e 0,96 (DZ), o que representou efeitos
genéticos de 6%; efeitos do envolvimento único de 93% e do
envolvimento comum de 1%.
O estudo de Goode et al. (2007) avaliou 495 pares de gêmeos
(MZ=235; DZ= 260) em três momentos distintos: 1969 1972; 1980
1981; e 1986 1987. A média de idade foi de 48 anos no primeiro
exame e de 63 anos no último exame. O autor encontrou predominância
dos efeitos genéticos nos três exames, os valores obtidos para os efeitos
genéticos; do envolvimento comum e do envolvimento único foram:
48%; 14% e 38% (Exame 1); 49%; 19%; e 32% (Exame 2); e, 61%; 4%
e 35% (Exame 3) respectivamente.
O estudo desenvolvido por Katoh et al. (2008) com 151 pares de
gêmeos (MZ=66; DZ = 85) com idades média de 58,9 anos (MZ) e 59
anos (DZ), encontrou uma correlação intraclasse de 0,63 e 0,28
respectivamente para os MZ e DZ, o que resultou em efeitos genéticos
de 68% e do envolvimento único de 32%.
Resistência/ Força Muscular
A força e a resistência muscular apresentam elevado grau de
proximidade em termos conceituais e operacionais, consistindo a sua
divisão em algo tênue e bastante complexo.
O ACSM (2000) inicialmente acaba agrupando as capacidades de
resistência e força muscular em uma categoria denominado de “aptidão
muscular”, destacando a importância desta na manutenção ou melhora
45
da postura, bem como na prevenção ou redução de dores na região
lombar.
A resistência muscular é definida como a capacidade de manter
contrações musculares sucessivas vezes sem fadiga excessiva (Corbin &
Lindsey, 1997).
Em estudo com gêmeos na faixa etária de 6 a 12 anos (n= 96), de
diferentes zigotias, Maia et al. (2003a), verificaram um valor de h
2
para
a força abdominal na ordem de 38,4%, sendo nesta variável o
envolvimento específico de maior magnitude 45,4%, enquanto que, para
a força de membros superiores os efeitos genéticos apresentaram
maiores valores (53,4%).
No estudo dos mesmos autores (Maia, et al., 2003b) com gêmeos
com idades de 12 a 40 anos (n= 64), de diferentes zigotias, verificou-se
efeitos genéticos na força abdominal na ordem de 16%, sendo o fator de
maior influência nesta variável o envolvimento comum 54%; para a
força de membros superiores os efeitos genéticos foram predominantes
80%.
Flexibilidade
As variações terminológicas no âmago das capacidades motoras
parece se acentuar quando se tratam da capacidade de flexibilidade,
existindo uma série de divergências em relação ao alcance do termo,
métodos de desenvolvimento e, instrumentos de medida. E, e ainda,
sobre alguns dos seus efetivos benefícios à saúde.
A flexibilidade pode ser definida como a capacidade funcional de
realizar movimentos dentro da amplitude máxima permitida pelas
articulações (Nieman, 1999), sendo pacífico na literatura como um dos
componentes mais importantes da aptidão física, apresentando diferentes
testes nas principais baterias de testes seja voltada ao desempenho, seja
voltada a saúde (Silva, Santos & Oliveira, 2006).
A amplitude articular é específica, portanto, é impossível por
intermédio da aplicação de um único teste, generalizar seus resultados
para a flexibilidade corporal global (ACSM, 2000).
As informações disponíveis na literatura são escassas, entretanto
os valores de h
2
para o teste de sentar e alcançar variou entre 0.18 e
0.69, sendo que nos demais testes de flexibilidade os valores variaram
entre 0.70 e 0.91 (Maia, Lopes & Morais, 2001).
O estudo desenvolvido por Okuda, Horii & Kanou (2005)
objetivou estimar os efeitos genéticos e de envolvimento na aptidão
física através da utilização da análise de correlação utilizando equações
46
estruturadas, utilizou uma amostra de 158 pares de gêmeos de ambos os
sexos e de diferentes zigotias (MZ: 90; DZ: 68), com idades de 10 a 15
anos, utilizando o teste se sentar e alcançar (sit and reach) estimou que
os efeitos genéticos nesta manifestação da flexibilidade foram de 55,2%,
enquanto que os efeitos do envolvimento único foram responsáveis por
44,8% da variabilidade restante.
O estudo de Battié et al. (2007), com uma amostra de 300 pares
de gêmeos masculinos de diferentes zigotias (MZ: 147; DZ: 153) com
idades de 35 a 70 anos, objetivou verificar as influências genéticas e
ambientais na mobilidade da coluna lombar, e verificou que os efeitos
genéticos foram responsáveis por 47% da variação na mobilidade da
coluna lombar.
O estudo de Achour Jr. (1998) com 32 pares de gêmeos, dos
quais 16 MZ (09 femininos e 07 masculinos) e 16 DZ (09 masculinos e
07 femininos) utilizou o teste de sentar e alcançar, e o flexímetro de
Leighton para avaliar a flexibilidade de quadril, joelho e tronco. Os
resultados do teste de sentar e alcançar indicaram uma predominância
dos efeitos genéticos na ordem de 56%, seguido do envolvimento único
40% e do envolvimento comum 4%.
Capacidade Cardiorrespiratória
A capacidade cardiorrespiratória é definida como a capacidade de
realizar exercício dinâmico de intensidade moderada a alta, com grande
grupo muscular, por períodos longos (ACSM, 2000).
A potência aeróbia é um componente importante da aptidão física
relacionada à saúde, sendo considerado um indicador importante da
capacidade cardiorrespiratória do indivíduo (Geithner et al, 2004).
Em estudo clássico desenvolvido por Klissouras (1971), com uma
amostra de 25 pares de gêmeos masculinos pré-adolescentes de
diferentes zigotias (MZ: 15; DZ: 10) objetivou verificar os efeitos
genéticos no transporte e utilização de oxigênio durante esforço
máximo, estimando que os efeitos genéticos foram responsáveis por
93,4% da determinação do nível desta variável.
O estudo desenvolvido por Fagard, Bielen & Amery (1991)
utilizou 48 pares de gêmeos masculinos (MZ: 29; DZ: 19) com idades
de 18 a 31 anos, e verificou que, após ajustes em relação a
características antropométricas e nível de atividade esportiva atual, os
efeitos genéticos no VO
2
máximo chegavam a 66% enquanto que os
efeitos do envolvimento único explicavam os demais 34% da
variabilidade.
47
O estudo de Bouchard (1986) indicou resultados opostos aos
estudos de Klissouras (1971) e Fagard, Bielen & Amery (1991). Ao
avaliar 86 pares de gêmeos (MZ: 53; DZ: 33) e 27 pares de irmãos
fraternos de ambos os sexos, com idades de 16 a 34 anos, os efeitos
genéticos no VO
2
máximo relacionado com a massa corporal total
chegou a 47%, entretanto; quando se relacionou o VO
2
máximo com a
massa magra chegou-se a um efeito genético de somente 17%. A
correlação encontrada entre MZ, DZ e irmãos fraternos foi de 0,70, 0,51
e 0,41 respectivamente, indicando segundo os autores que os efeitos do
ambiente comum podem ter superestimado os efeitos genéticos, e que a
hereditariedade real do VO
2
máximo por Kg de massa seria de
aproximadamente 25% da variação fenotípica ajustada.
Fenótipos Sangüíneos
O colesterol total (CT), as lipoproteínas de baixa densidade
(LDL-c), as lipoproteínas de alta densidade (HDL-c) e os níveis de
triglicerídeos (TGL) são apontados como altamente relacionados a
hereditariedade (Goode et al., 2007), e, em conjunto com a glicose
sanguínea contribuem para a variação do risco de doença cardiovascular
(Middelberg; Martin & Whitfield, 2007; Henneman et al., 2008).
O estudo desenvolvido por Middelberg et al. (2007) avaliou
longitudinalmente o CT, TGL, LDL-c e HDL-c de 965 pares de gêmeos
MZ e DZ do mesmo sexo e do sexo oposto, nas idades de 12, 14 e 16
anos, e os resultados sugeriram uma influência genética múltipla em
todas estas variáveis sangüíneas ao longo do tempo. O envolvimento
único foi percebido no HDL-c que apresentou pequena magnitude, e
os efeitos do envolvimento comum foram pequenos para todas as
variáveis.
Henneman et al. (2008) estudou a hereditariedade e
predominância da síndrome metabólica e de seus componentes em 3.000
famílias de holandeses, e verificou uma herdabilidade de 42,9% para o
HDL-c e de 30,8% para os TGL.
O estudo desenvolvido por Sung; Lee & Song (2009) com 1.942
gêmeos adultos do sexo (MZ= 795; DZ= 229) e suas famílias (728
homens; 1.214 mulheres e 918 membros não meos) buscou estimar a
hereditariedade da síndrome metabólica e de seus componentes.
Encontrou um coeficiente de correlação intraclasse para TGL de 0,54
(MZ) e 0,46 (DZ); para HDL-c 0,71 (MZ) e 0,34 (DZ) e, para glicose de
0,64 (MZ) e 0,44 (DZ), o que evidenciou efeitos genéticos de 55% para
TGL; 73% para HDL-c e 61% para GLI.
48
O estudo de Friedlander et al. (1997) buscou verificar a
herdabilidade das mudanças nos fatores de risco para doenças crônico-
degenerativas. Utilizaram 348 pares de gêmeas (MZ= 203; DZ= 145)
adultas que foram avaliadas em duas oportunidades de 1978 a 1979 e de
1989 a 1990. Na primeira avaliação a idade média era de 41 anos e na
segunda de 51 anos. O coeficiente de correlação intraclasse encontrado
no primeiro e segundo exame foi: para CT 0,67 e 0,66 (MZ); 0,22 e 0,24
(DZ); para LDL-c 0,66 e 0,72 (MZ) e 0,25 e 0,11 (DZ); para TGL 0,49 e
0,62 (MZ) e 0,31 e 0,32 (DZ); e para HDL-c 0,72 e 0,73 (MZ) e 0,29 e
0,26 (DZ). Por estas correlações os autores chegaram a uma
herdabilidade de 89% para CT; 81% para LDL-c; 36% para TGL e 86%
para HDL-c.
O estudo desenvolvido por Fenger et al. (2007) buscou identificar
os fenótipos relativos à resistência a insulina, a obesidade e fatores de
risco cardiovascular e utilizou 756 pares de gêmeos, sendo 131 de sexo
oposto e 625 do mesmo sexo (mulheres: 168 DZ e 158 MZ; homens 146
DZ e 153 MZ). Foram encontradas correlações de: 0,76 (MZ) e 0,39
(DZ) para o CT; 0,35 (MZ) e 0,33(DZ) para TGL; 074 (MZ) e 0,38
(DZ) para HDL-c; e 0,57 (MZ) e 0,35 (DZ) para LDL-c. Através destas
correlações os autores chegaram as seguintes variâncias: CT (h
2
: 74%;
c
2
: 2%; e
2
: 24%); TGL (h
2
: 3%; c
2
: 31%; e
2
: 65%); LDL-c (h
2
: 71%; c
2
:
3%; e
2
: 26%); HDL-c (h
2
: 44%; c
2
: 13%; e
2
: 43%),
O estudo de Goode et al. (2007), referenciado anteriormente
avaliou 495 pares de gêmeos (MZ=235; DZ= 260) em três momentos
distintos: de 1969 a 1972; de 1980 a 1981; e de 1986 a 1987 A média de
idade foi de 48 anos no primeiro exame e de 63 anos no último exame.
O autor encontrou efeitos genéticos moderados para todos os fenótipos,
com aumentos modestos destes efeitos no CT (0,46 a 0,57); no LDL-c
(0,49 a 0,64) HDL-c (0,50-0,62), mas esta tendência não se evidenciou
para os TGL.
No estudo conduzido por Iliadou et al. (2001) investigou no
banco de gêmeos sueco, 725 pares do mesmo sexo de ambos os sexos, e
encontrou diferenças mais consistentes na herdabilidade para TGL, que
foi mais elevada nas mulheres (56%) em relação aos homens (35%). A
variação fenotípica total aumentou com a idade para o colesterol devido
ao aumento da variação ambiental.
Este estudo encontrou para a faixa etária de 17 a 49 anos as
seguintes correlações: para o CT em homens de 0,55 a 0,27 e para as
mulheres de 0,60 a 0,09; e para os TGL em homens 0,56 a 0,27 e para as
mulheres de 0,52 a 0,22. Por estas correlações estimou-se a
herdabilidade fenotípica que ficou assim explicada: Para o fenótipo
49
glicose obteve-se acesso ao estudo de Katoh et al. (2008) com 151 pares
de gêmeos (MZ=66; DZ = 85) com idades médias de 58,9 anos (MZ) e
59 anos (DZ), já reportado anteriormente, que encontrou para uma
correlação intraclasse de 0,38 e 0,29 respectivamente para os MZ e DZ,
o que resultou em efeitos genéticos de 35% e do envolvimento único de
65%.
Conforme Rique; Soares & Meirelles (2002), ainda que os fatores
genéticos, o sexo e a idade possuam grande influência no
desenvolvimento de certas doenças, a mudança de hábitos alimentares e
a prática de atividade física são elementos do estilo de vida cuja
mudança, pode minimizar de forma significativa a prevalência dessas.
O estudo desenvolvido por Fagherazzi; Dias & Bortolon (2008)
analisou a evolução do perfil lipídico e da massa corporal por um
período entre três e seis meses de 30 indivíduos divididos em dois
grupos; grupo exercício (prática de exercício físico) e grupo dieta
(exercício físico associada a intervenção nutricional. Os autores
encontraram reduções estatisticamente significativas no CT e no LDL-c
no grupo exercício; a redução nestes componentes ocorreu também no
grupo dieta, que obteve uma elevação nos veis de HDL-c. Para os
TGL não foram encontradas modificações positivas em nenhum dos
grupos.
50
CAPÍTULO III
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente capítulo tem como objetivo a descrição os
procedimentos metodológicos utilizados neste estudo.
Caracterização da Pesquisa
Este estudo apresenta caráter descritivo de corte transversal, pois
foi desenvolvido por meio de medida direta, utilizando-se de pesquisa
de campo do tipo quantitativa-descritiva. Segundo Lakatos & Marconi
(2000), busca o delineamento ou análise das características de fatos e
fenômenos, a avaliação de programas, ou o isolamento de variáveis
principais, tendo como objetivo a colheita sistemática de dados sobre
populações, programas ou amostras de populações e programas.
População
O município de Guarapuava tem seu nome originado do tupi-
guarani: guará = lobo e puava = bravo, nome atribuído aos Campo
Gerais descobertos em 1770, com área primitiva de 175.000 Km2.
A cidade originou-se nos caminhos do tropeirismo, quando
inicialmente foi criado o Fortim Atalaia (1810) para abrigar as tropas e
famílias tropeiras dos constantes ataques das três tribos que habitavam a
região (Camés, Votorões e Cayeres). Depois foi instalada a Freguesia de
Nossa Senhora de Belém (1819); a qual foi elevada a vila em 17 de
julgo de 1852 e, finalmente adquiriu o status de cidade em 12 de abril de
1871.
Encontra-se localizada na Região Sul do Brasil, centro-oeste do
Paraná, no terceiro planalto chamado Planalto de Guarapuava, a 248 km
de Curitiba, tendo como coordenadas geográficas uma latitude sul de
25°23’26’’ e longitude oriental de 51°27’15” Oeste W. Greenwich. A
altitude da sede do município é de 1.120m acima do nível do mar, e sua
área total é de 3.115,33 km
2
. O clima é subtropical úmido moderado,
51
apresentando temperatura média de 16,8°C com ocorrência de geadas
severas e freqüentes.
Conforme o Censo demográfico (IBGE, 2000), o município
possuía um total de 155.661 habitantes, dos quais 141.694 urbanos e
13.467 rurais, em uma composição étnica de 79,61% brancos, 18,87%
pardos; 1,02% negros; 0,36% indígenas e menos de 0,1% orientais.
Amostra
A amostra foi do tipo intencional não probabilística, disposta por
acessibilidade, formada de 52 pares de gêmeos com idades de 07 a 17
anos, de ambos os sexos e de diferentes zigotias.
Os pares de gêmeos foram recrutados junto aos estabelecimentos
de ensino, públicos e privados do município de Guarapuava, Estado do
Paraná, sendo obtidos no levantamento inicial 85 pares de gêmeos, e,
posteriormente incluídos mais 4 pares, totalizando 89 pares de gêmeos
de diferentes zigotias.
Através de contato telefônico e/ou pessoal, foi marcada uma
visita aos pais dos gêmeos, e sempre que possível, com a presença
destes, para que fossem explicados todos os procedimentos a serem
desenvolvidos ao longo do estudo.
O contato inicial foi impossibilitado por imprecisão dos dados
cadastrais com 30 pares de gêmeos, sendo adotado este procedimento
com os 59 pares de gêmeos restantes.
Houve uma recusa de 7 pares (11,86%), das quais 3 se deram em
razão da não concordância de um dos pais, e as outras 4, em razão da
indisposição de um dos co-gêmeos em participar do estudo, restando ao
final 52 pares de gêmeos participantes do estudo.
Critérios de Inclusão
Consistiram em critérios de inclusão no grupo amostral:
a) Ser fruto de nascimento gemelar;
b) Ser o par concordante em relação ao sexo;
c) Possuir idade de 7 a 17 anos;
d) Comparecer nos locais de coleta de dados.
52
Critérios de Exclusão
Foram excluídos da amostra, os sujeitos que apresentaram uma
das condições abaixo:
a) Não possuir a permissão dos pais ou do responsável legal;
b) Apresentar algum problema físico ou de ordem clínica que
impeça a realização dos testes motores e/ou exames
laboratoriais;
c) Um dos co-gêmeos não se predispor a participar do estudo.
Variáveis do Estudo
O presente estudo mensurou e/ou avaliou as seguintes variáveis:
Zigosidade (Dermatóglifos, Questionário);
Antropometria (Massa Corporal e Estatura) e Composição
Corporal (DEXA);
Aptidão Física Relacionada à Saúde (Força/ Resistência,
Flexibilidade e Capacidade Cardiorrespiratória
FITNESSGRAM).
Análise Sanguínea (Triglicerídeos, Colesterol e Glicose);
Atividade Física Habitual (Acelerometria).
Protocolos e Instrumentos de Medidas
Determinação da Zigotia
Para que fosse possível analisar os aspectos genéticos e
ambientais nas variáveis de interesse do estudo determinou-se a
zigosidade dos pares de gêmeos (monozigóticos ou dizigóticos), a qual,
por questões de ordem financeira, foi realizada por intermédio de dois
métodos indiretos: a) Impressões Dígito-Palmares; e, b) Questionário.
a) Impressões Dígito-Palmares (Dermatóglifos)
Os dematóglifos foram analisados de acordo com as
recomendações básicas de Penrose (1968) e Beiguelman (2008b). Foram
verificadas as diferenças quali-quantitativas probabilísticas dos padrões
dermatóglifos intra-par de gêmeos, para verificar a zigosidade (Colleto
et all, 1987).
53
As impressões digitais palmares foram obtidas impregnando-se as
mãos no rolo metálico com tinta e, posteriormente pressionando a mão
sobre um papel branco colocado sobre uma mesa. A pressão exercida
sobre os dedos e mão durante o ato de impressão foram forte o
suficiente para deixar as impressões no papel.
As impressões marcaram as digitais no sentido do punho para os
dedos, tocando-se de início o papel com a região das pregas dos punhos
e, segurando-se as pontas dos dedos, deixando baixar a palma da mão
neste sentido até que as pontas dos dedos pressionassem o dorso da mão.
Os dedos deveriam tocar o papel em posição longitudinal ao eixo
principal da mão, mas nunca abduzidos. O polegar devido a sua posição
anatômica natural sofreu rotação leve sobre o papel a fim de permitir sua
impressão.
A retirada da mão iniciou-se pelo polegar para a borda interna
(ulnar ou cubital) da palma. As impressões digitais foram também
obtidas separadamente ao lado da mesma folha, sendo realizadas para as
duas mãos.
A zigosidade foi determinada pelas recomendações de
Beiguelman (2008b), sendo classificados como DZ os gêmeos que
apresentaram:
a) Diferença intrapar de TRC igual ou superior a 50 linhas;
b) Diferença intrapar igual ou superior a 12 linhas a b;
c) Diferença intrapar igual ou superior a 17 linhas A’ – d;
d) Diferença intrapar de 45 graus no ângulo atd.
Foi considerada a recomendação de Regateiro (2007),
classificando-se como DZ os pares de gêmeos que apresentassem
coeficiente de correlação intraclasse (CCI) dos diferentes
índices dermatoglíficos igual ou inferior a 0,91.
b) Questionário
Foi aplicado aos responsáveis pelos pares de gêmeos o
questionário proposto por Peeters et al. (1998), sendo este realizado na
forma de entrevista, conforme instruções dos autores do questionário.
As respostas foram avaliadas conforme as recomendações de
Maia et al. (2007), que consiste em adicionar 1 (um) ponto a cada
resposta que indique similaridade entre os gêmeos e subtrair 1 (um)
ponto a cada resposta que sugira diferença.
Os gêmeos DZ duvidosos foram cotados com ½ e gêmeos MZ
duvidosos com + ½. Caso a soma simples das cotações das respostas
54
fossem igual ou superior a zero, os sujeitos eram considerados MZ, caso
contrário foram considerados DZ.
Análise da Glicose (GLI) Colesterol (CT) e Troglicerídios (TGL)
As coletas sangüíneas foram realizadas nas dependências do
Laboratório Bioclínico Góes & Períolo na Cidade de Guarapuava.
A coleta ocorreu em jejum de no nimo 12 e no máximo 14
horas Após assepsia local, 12mL de sangue foram obtidos, através da
punção da veia antecubital ou radial, utilizando-se de seringa e agulhas
descartáveis.
O material foi separado em dois tubos: 1) 3mL para análise de
triglicerídeos e colesterol; e, 2) 3mL para a análise da glicose.
Antropometria e Composição Corporal
As coletas referentes à composição corporal ocorreram nas
dependências da Clínica Diagmax Diagnóstico por Imagem, situada à
Rua Vicente Machado, n. 997, fone/ fax: (0XX42) 3623-2042.
Os dados antropométricos (Massa Corporal e Estatura) foram
coletados nas dependências do Colégio Estadual Newton Felipe Albach.
A determinação da massa corporal dos gêmeos foi obtida em uma
balança digital da marca Filizollcom escalas de 0,1 kg e a estatura
foi determinada em um estadiômetro metálico da marca WCS® com
escalas de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos por
Gordon et al. (1988). A partir dessas medidas foi calculado o índice de
massa corporal (IMC) por meio do quociente massa corporal/ estatura ao
quadrado: sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a
estatura em metros (m).
Composição Corporal: A composição corporal foi mensurada
através da DEXA, por um scanner de corpo inteiro, utilizando um
aparelho da marca LUNAR PROGIDY DF + 14319 Radiation
(Madison, WI). O avaliado deveria se posicionar em decúbito dorsal
sobre a plataforma do equipamento, sem calçado, mantendo-se estático
durante a leitura do equipamento.
A massa tecidual magra (MM), a massa gorda (MG) e o conteúdo
mineral ósseo (CMO) foram determinados por meio de equações
fornecidas pelo aparelho, calibrado conforme as recomendações de
Schoeller et al. (2005).
55
Testes Motores
Para a obtenção dos dados referentes a aptidão física relacionada
à saúde, utilizou-se a bateria de testes FITNESSGRAM (Cooper Institute
for Aerobics Research, 1999). Considerando-se os objetivos propostos,
foram selecionados os testes de: a) Flexibilidade (sentar e alcançar
modificado); b) Força/ resistência abdominal (abdominal modificado);
c) Força/ resistência de MMSS (flexão em suspensão na barra
modificado); d) Capacidade Cardiorrespiratória (“vai-e-vem de 20
metros).
a) Flexibilidade
Objetivo: Avaliar a flexibilidade dos músculos inferiores das
costas e músculos posteriores da coxa.
Material: Banco de Wells.
Descrição: O avaliado se sentou em frente ao aparelho de
testagem descalço. Uma das pernas ficou em completa extensão, com a
parte inferior do em contato com a caixa. O outro joelho foi
flexionado com a sola do apoiada no solo, distante entre 5 a 8 cm do
joelho oposto. Com os braços em extensão a frente e com a palma de
uma mão sobre o dorso da outra, o avaliado inclinou-se para frente,
estendendo os dedos o mais distante possível ao longo da escala de
medida, empurrando o cursor que se encontrava na marca zaro. Foram
realizadas quatro tentativas, devendo a última ser mantida por no
mínimo um segundo. Após medir um dos lados o sujeito mudou o
posicionamento das pernas e repetir o movimento. O escore foi o valor
em centímetros atingido na quarta tentativa, em ambos os lados.
Observação: Para evitar a hipermobilidade este teste estipula o valor
máximo de 30,5 cm. Os Critérios de Saúde para o Teste de Sentar-e-
Alcançar Modificado são apresentados na tabela 06.
b) Força/ Resistência Abdominal
Objetivo: Avaliar a força muscular e a resistência em executar
flexões abdominais repetidamente até o máximo de 75 repetições.
Material: Colchão de ginástica. Neste colchão foi fixada uma fita
adesiva áspera com as dimensões de: a) 60 cm por 7,5 cm para crianças
entre 7 e 9 anos; e, b) 60 cm por 10,5 cm, para avaliar crianças e
adolescentes com idade superior a 10 anos. Para a aplicação do este foi
usado um aparelho de som e um CD que ditou o ritmo em que os
abdominais foram realizados. A cadência foi pré-estabelecida em 20
movimentos por minuto.
56
Descrição: O sujeito se posicionou em decúbito dorsal com
ambos pés no chão e os joelhos em flexão de aproximadamente 140°. Os
braços ficaram em extensão, paralelamente ao tronco com as palmas das
mãos tocando o colchão. As pontas dos dedos ficaram fora da fita
adesiva fixada no colchão. Em cada movimento realizado, as pontas dos
dedos deslizaram sobre a fita adesiva até o final, retornando em seguida
a posição inicial. Um dos avaliadores se posicionou fora do colchão, e
auxiliou, tocando a cabeça do avaliado, buscando a manutenção da
cadência pré-estabelecida. O resultado foi o número de flexões
abdominais realizadas corretamente. Foi permitido somente um
movimento incorreto, sendo o teste imediatamente interrompido em
caso da repetição do erro, falta de cadência ou quando se atingir 75
repetições. Os critérios de Saúde para o Teste de Abdominal Modificado
são apresentados na tabela 07.
c) Força/ Resistência Superior de Tronco
Objetivo: Mensurar a força/ resistência dos braços e ombros.
Material: Para a realização to teste de flexão e extensão em
suspensão na barra modificado, foi utilizada uma armação de madeira,
com duas hastes de 140 cm e orifícios a cada 5 cm, para que a barra
pudesse ser ajustada conforme o comprimento dos braços dos avaliados.
Descrição: O avaliado deitou em decúbito dorsal entre as duas
hastes, e, realizou a extensão total dos braços para cima. A barra foi
ajustada a uma altura aproximada de 3 cm acima da ponta dos dedos.
Um elástico foi posicionado aproximadamente 20 cm abaixo da barra.
Para a execução do teste, o avaliado em empunhadura dorsal, tendo o
afastamento lateral das mãos equivalente aproximadamente a distância
dos ombros, se apoiou somente sobre os calcanhares junto ao solo,
mantendo o corpo ereto. Posteriormente flexionou seus cotovelos
elevando o corpo até que seu queixo toque o elástico e então retornou a
posição inicial, completando uma repetição. O avaliado repetiu o
movimento o máximo de vezes possível, não sendo permitidas
paralisações entre as repetições e nem qualquer movimento de quadril,
pernas ou extensão da coluna cervical. Os critérios de Saúde para o
Teste de Suspensão na Barra Modificado são apresentados na tabela 08.
d) Capacidade Cardiorrespiratória
Objetivo: Estimar o consumo máximo de oxigênio (VO
2
max.).
Material: Para a realização do “vai-e-vem” de 20m, foi necessário
marcar duas linhas paralelas, distantes 20m uma da outra, numa quadra
ou ginásio de esportes. Para facilitar a visualização foram utilizados
57
cones. Um aparelho de som e CD com as instruções e protocolo de
aplicação do teste foram utilizados.
Descrição: O teste é composto por múltiplos estágios, que duram
cerca de um minuto cada, marcados por um sinal sonoro (bip). Este sinal
estabelece o ritmo de deslocamento entre as duas linhas, começando
com velocidade de 8,5 km/h e aumentando 0,5 km/h a cada estágio. Os
avaliados deverão cruzar a linha oposta com, pelo menos, um dos pés no
momento do sinal sonoro. O teste será finalizado quando o avaliado não
conseguir mais acompanhar o ritmo ditado pelo CD. O estágio no qual
foi finalizado o teste indicará o nível de aptidão cardiorrespiratória. Os
critérios de Saúde para o Teste de Resistência Cardiorrespiratória são
apresentados na tabela 09.
Análise Sangüínea
A coleta sanguínea ocorreu em uma única oportunidade,
conforme descrito na metodologia, objetivando o mínimo de
desconforto aos pares de gêmeos.
O tubo destinado ao armazenamento do sangue destinado a
análise da glicose (3ml) foi preparado com Fluoreto de Potássio (K
3
) e
com EDTA como anticoagulante.
O sangue destinado às análises de colesterol e triglicerídeos (3ml)
foi colocado em um vácuum siliconizado.
Todos os dados foram cadastrados em software especialmente
destinado para este fim, para uma eventual necessidade de conferência
dos nomes no material, sendo que, após a coleta todos os tubos foram
guardados em câmaras refrigeradas no laboratório de análises clínicas.
Atividade Física Habitual
A atividade física habitual foi mensurada por intermédio de
acelerômetros GT1M (ActiGraph, LLC, Pensacola, EUA), um
acelerômetro biaxial que avalia a aceleração corporal nos eixos ântero
posterior e médio lateral.
Ao se entregar os acelerômetros foram fornecidas todas as
instruções para a sua correta utilização, impedindo o seu uso para
dormir, tomar banho ou nadar, e, em atividades que pela sua natureza
implicassem em risco aos equipamentos e ao usuário (Anexo I), sendo
entregue ainda a cada sujeito, uma folha de registro para o controle da
hora de colocação e de retirada dos acelerômetros (Anexo II).
58
Embora a literatura evidencie sensíveis divergências em relação
ao número de dias, indicando sua utilização durante três dias, sendo dois
dias da semana e um do fim de semana (Hallal, 2005); ou, indicando o
uso durante cinco dias consecutivos (Oliveira, et al, 2003); e, por fim
apresentando a sua utilização durante quatro dias, sendo dois dias da
semana e dois dias do fim de semana, para o presente estudo optou-se
em razão da limitação do número de acelerômetros disponíveis, pelo uso
durante dois dias da semana e um do fim de semana, utilizando-se em
sua calibração medidas minuto a minuto (epoch 60).
Outro item que apresenta pequena divergência é o local de
fixação do acelerômetro, sugerindo em alguns casos a cintura do
avaliado (Maia et al, 2003) e, noutros no punho da mão não dominante
(Lopes et al, 2001). Optou-se pela utilização do acelerômetro na cintura,
buscando evitar que o seu porte interferisse nas atividades diárias das
crianças e adolescentes.
Optou-se por marcar a atividade física por meio de três fenótipos:
AFT (atividade física total); AFET (atividade física relacionada a escola
e/ou trabalho); e, AFRL (atividade física relacionada ao lazer).
Para se chegar aos valores utilizados na correlação da AFT foram
adotados os seguintes procedimentos: os dados referentes aos dias de
semana foram divididos por dois e multiplicados por cinco
representando a AFET; os dados do fim de semana foram multiplicados
por dois representando a AFRL; e, foram somados os valores obtidos no
item “a” com os valores obtidos no item “b” para se determinar a AFT.
Procedimento de Coleta dos Dados
Inicialmente foi realizado um encontro com cada família dos
gêmeos, explicando-se os objetivos e a metodologia a ser desenvolvida
ao longo do estudo, bem como a possibilidade destes se retirarem a
qualquer momento da pesquisa, se assim lhe conviessem.
Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido TCLE (Anexo III) por parte dos pais dos gêmeos foi
marcado um horário para que os pais que assim desejassem, recebesse
informações pormenorizadas sobre a proposta da pesquisa, esclarecendo
quaisquer dúvidas remanescentes.
Por fim, os pais e/ou tutores foram informados por via telefônica
a data e horário de aplicação dos testes motores, coleta de sangue, e
avaliação da composição corporal.
59
Tratamento e Análise dos Dados
Inicialmente os dados foram organizados em planilhas no
software Microsoft Office Excel 2007 (©Microsoft). Posteriormente
estas planilhas foram exportadas para o SPSS 13.0, através do qual
foram realizadas as análises estatísticas.
Anteriormente à análise, os dados de cada variável foram
revisados e corrigidos manual e eletronicamente, a fim de se detectarem
possíveis outliers e/ou erros de digitação. Para todas as análises,
considerou-se um nível de significância de 5%.
Em razão dos diferentes objetivos que foram propostos, os
procedimentos de análise dos dados, serão descritos por objetivo.
Para a estimativa dos efeitos genéticos e ambientais nos
componentes da aptidão física relacionada à saúde e na
atividade física habitual, foi inicialmente calculado o
coeficiente de correlação intraclasse separadamente do grupo de
gêmeos MZ e do grupo de gêmeos DZ, sendo a partir destas
correlações, calculados os efeitos genéticos (h
2
), do
envolvimento comum (c
2
) e do envolvimento único (e
2
), de
acordo com as equações: h
2
= 2(rMZ rDZ); c
2
= 2rDZ rMZ;
e
2
= 1 rMZ propostas por Bouchard; Malina & Perussé
(1997).
Para se verificar a associação entre o nível de atividade física
total e as variáveis sangüíneas (colesterol total; LDL; HDL;
glicose e triglicerídeos) foi utilizada a Correlação Linear de
Pearson.
Limitações do Estudo
a. O nível de atividade física habitual pode ter sido subestimado,
que o acelerômetro capta movimentos desenvolvidos
predominantemente pelos membros inferiores, e, a captação de
movimentos realizados com os membros superiores tende a ser
subestimada;
b. Embora os resultados indiquem uma estimativa dos efeitos
genéticos e ambientais nos fenótipos de interesse desse estudo,
não se pode precisar os genes envolvidos nessa expressão;
c. Em razão de a amostra ser pequena, a mesma não pode ser
60
estratificada por sexo e idade, de maneira que não foi possível
evidenciar a dinâmica dos efeitos genéticos e ambientais ao
longo de toda a faixa etária (7 à 17 anos);
d. Na análise de alguns fenótipos, devido a correlações maiores nos
DZ em relação aos MZ ou, em razão de uma grande diferença
entre a correlação de MZ em relação aos DZ, tornou-se
impossível calcular os efeitos de h
2
, c
2
, e
2
.
Comitê de Ética na Pesquisa
Por tratar-se de projeto envolvendo amostragem composta por
seres humanos, e, em razão da utilização de testes invasivos, o projeto
da presente dissertação foi submetido ao Comitê de Ética na Pesquisa da
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, em consonância com o
disposto na Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil,
1996), sob processo de n. 167/09 FR 262552, e aprovado, conforme
certificado de n. 161 (Anexo XI).
61
CAPÍTULO IV
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O presente capítulo busca apresentar e a discutir os resultados,
conforme os objetivos previamente estabelecidos. Para isso, o presente
capítulo foi estruturado na seguinte ordem:
Características Sócio-Demográficas dos pares de gêmeos;
Correlação dos resultados dos testes motores da aptidão física
relacionada à saúde (composição corporal; flexibilidade; força/
resistência muscular e capacidade cardiorrespiratória) no grupo
de gêmeos MZ e no grupo de gêmeos DZ;
Estimativa da herdabilidade dos fenótipos envolvidos nos testes
motores da aptidão física relacionada à saúde;
Correlação dos diferentes fenótipos da atividade física
(atividade física total; atividade física de lazer; atividade física
relaciona a escola ou trabalho) no grupo de gêmeos MZ e no
grupo de gêmeos DZ;
Estimativa da herdabilidade dos diferentes fenótipos da
atividade física;
Correlação entre a atividade física total (AFT) e as
concentrações sanguíneas de colesterol (total e parcial),
triglicerídeos e glicose;
Estimativa da herdabilidade dos fenótipos sanguíneos de
colesterol (total e parcial), triglicerídeos e glicose.
Características Sócio-Demográficas da Amostra
O status sócioeconômico, também denominado de classe social,
encontra-se normalmente relacionado à estratificação horizontal da
população com base em fatores como a profissão, rendimentos, prestígio
social, instrução e grupo de afiliação (Motta & Sallis, 2002), e, embora
seja uma medida meramente descritiva, ele serve de indicador de
diferenças econômicas, educacionais, de acesso a espaços e
62
equipamentos esportivos/ de lazer, a atitudes, valores e outros fatores
que podem influenciar no comportamento em geral.
A Tabela 06 apresenta as características sociodemográficas dos
pares de gêmeos:
Tabela 06 Aspectos Socioeconômicos e Ambientais
Gênero
f
%
Masculino
26
50%
Feminino
26
50%
Total
52
100%
Faixa Etária
f
%
7
3
5,8
8
2
3,9
9
4
7,7
10
4
7,7
11
4
7,7
12
8
15,4
13
8
15,4
14
7
13,4
15
5
9,6
16
0
0
17
7
13,4
Nível Socioeconômico
f
%
A1
4
7,7
A2
7
13,4
B1
4
7,7
B2
8
15,4
C
23
44,2
D
6
11,6
E
0
0
* Os dados referem-se aos pares de gêmeos, uma vez que estes compartilham o
mesmo ambiente familiar e são concordantes em relação ao sexo e idade.
A faixa etária a maior concentração de gêmeos ocorreu nos 12 e
13 anos (15,4% cada), sendo que nas demais faixas etárias a
representatividade variou de 0 (na faixa etária de 16 anos) a 13,4% (nas
faixas etárias de 14 e 17 anos).
63
O nível socioeconômico predominante nesta amostra foi o “C”
(44,2%), seguido “B2” (15,4%) e “A2” (13,4%). Nestes três níveis
encontram-se 73% da amostra.
Todos os pares de gêmeos possuíam residência no perímetro
urbano do município de Guarapuava, sendo 5,8% na região central e os
demais 94,2% nos bairros.
Zigotia Gemelar
A Tabela 07 mostra os índices obtidos com os métodos indiretos
de determinação da zigosidade gemelar:
Tabela 07 Coeficiente de Correlação Intraclasse dos Índices
Dermatoglíficos e Cotação dos Questionários
Variáveis
MZ
(Amplitude)
DZ
(Amplitude)
Dermatóglifos
0,92 0,99
0,28 0,90
Questionário
- 2 a 6
- 10 a 0
MZ: Monozigóticos; DZ: Dizigóticos
No questionário uma cotação igual ou superior a 0 é entendida
como monozigosidade conforme os autores (Peeters et al., 1998) deste,
entretanto, neste estudo somente o questionário não excluía a
monozigosidade em razão do estudo desenvolvido por Maia et. al.
(2007) ter utilizado este questionário em conjunto com técnicas de
análise de microsatélites de DNA, e ter verificado que todos os DZ
foram classificados corretamente, mas entre os MZ 1 par foi classificado
equivocadamente como DZ.
Esta validação cruzada de questionário e análise de microsatélites
de DNA, embora tenha apresentado uma margem elevada de
classificação correta (97,8%), que é altamente aceitável nas
investigações nas ciências do esporte (Maia et al. 2007), não relata, por
questões operacionais, a classificação socioeconômica da amostra
utilizada para a resposta do instrumento, o que pode limitar a sua
aplicabilidade e reprodutibilidade no Brasil, razão pela qual, optou-se
pela sua utilização em conjunto com os marcadores biológicos
representados pelas impressões dígito-palmares (dermatóglifos).
Conforme pode ser observado nos questionários uma
sobreposição de valores, resultado de 2 classificações errôneas de
64
gêmeos MZ, cujas mães acreditavam tratar-se de gêmeos DZ, e 1
classificação equivocada de gêmeos DZ.
Embora a literatura referencie que dois terços das gestações
gemelares são dizigóticas (Moore, 1990), por este trabalho ter utilizado
uma amostragem intencional não probabilística, disposta por
acessibilidade, casualmente chegou-se a uma elevada proximidade na
distribuição numérica dos grupos de gêmeos MZ e DZ.
A Tabela 08 apresenta a distribuição dos gêmeos em função da
zigotia gemelar.
Tabela 08 Distribuição da Amostra em Função da Zigotia Gemelar
Variáveis
MZ
DZ
Masculino
10
15
Feminino
14
13
Total
24
28
MZ: Monozigóticos; DZ: Dizigóticos
Conforme recomendação de Malina; Bouchard & Perussé (1997)
quando se trabalha com amostras gemelares de pequena dimensão como
no presente estudo, os gêmeos devem ser separados apenas em
monozigóticos (MZ) e dizigóticos (DZ), desconsiderando-se as
variáveis sexo e idade, que, caso se busquem dados descritivos podem
ser removidos por meio de regressão linear múltipla, mas que não foram
objetivo do presente estudo.
Após a análise da zigotia dos gêmeos e com a finalidade de
caracterizar a amostra utilizada, foram determinados os valores médios,
desvio padrão e amplitude da idade dos gêmeos são apresentados
estratificados somente MZ e DZ, conforme recomendação citada
anteriormente (Tabela 09).
Tabela 09 Valores Médios e Desvio Padrão (M ± Dp) da Idade dos
meos Monozigóticos e Dizigóticos
Sexo
MZ
DZ
Média
12,83
12,18
Desvio Padrão
2,24
3,26
Amplitude
8 17
7 17
MZ: Monozigóticos; DZ: Dizigóticos
Conforme pode ser observado na tabela 09 uma grande
proximidade na idade média do grupo de gêmeos MZ e do grupo de
65
gêmeos DZ, havendo uma maior homogeneidade na idade dos gêmeos
MZ.
Atividade Física Habitual
Os resultados do coeficiente de correlação intraclasse (CCI)
encontrados nos diferentes fenótipos da atividade física estão dispostos
na Tabela 10.
Tabela 10 Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Diferentes
Fenótipos da Atividade Física
Variáveis
MZ
DZ
AFET
0,86
0,46
AFRL
0,91
0,52
AFT
0,88
0,66
MZ: Monozigóticos; DZ: Dizigóticos
Esta divisão fenotípica foi realizada com base no estudo de Maia
et al. (2003a), que além dos itens constantes na tabela 10, utiliza ainda a
AFD (Atividade Física no Tempo Destinado ao Desporto), em razão do
seu estudo ter feito uso do questionário Baecke et al. (1982).
O coeficiente de correlação intraclasse (CCI) revela uma maior
homogeneidade do grupo de gêmeos MZ em relação aos gêmeos DZ, o
que revela a presença de efeitos genéticos no fenótipo estudado,
conforme abordagem a ser realizada no momento da análise de
variância.
As correlações encontradas por Maia et al. (2003a) para os
grupos de MZ e DZ foram: AFET (0,92; 0,53); AFRL (0,72; 0,48); e,
AFT (0,83; 0,65). Pode ser observada grande semelhança nas
correlações obtidas no fenótipo AFT, para os DZ e MZ (0,88 e 0,66
respectivamente); na AFRL somente para os DZ (0,52) e na AFET para
ambas as zigotias.
Outro estudo desenvolvido por Maia et al (2003 b) estimou a
atividade física de tempo livre, que corresponde ao fenótipo AFRL do
presente estudo, em 151 pares de gêmeos e a correlação encontrada foi
de 0,99 para os MZ e 0,87 para os DZ, possuindo a relação encontrada
nos MZ muito semelhante com a encontrada no presente trabalho.
O estudo de Achour Jr. (1998) encontrou uma correlação no
NAFH de 0,80 para os MZ, e de 0,79 para os DZ através da aplicação
66
do questionário proposto por Pate e adaptado por Nahas (1994), o que
evidencia um CCI semelhante ao obtido nesse estudo para os MZ (0,88).
Em razão da divergência do presente estudo se dar somente no
fenótipo AFRL, acredita-se que esta seja proveniente da maior precisão
do instrumento de medida utilizado neste estudo, quando comparado
com os estudos de Maia et al (2003a; 2003b).
A partir do coeficiente de correlação intraclasse (CCI), estimou-
se os efeitos genéticos e ambientais nestes fenótipos, que estão dispostos
na Tabela 11.
Tabela 11 Estimativa de Variância Genética (h
2
), do Envolvimento
Comum (c
2
) e Único (e
2
) dos Gêmeos nos Fenótipos da Atividade Física
Variáveis
h
2
c
2
e
2
AFET
80%
6%
14%
AFRL
78%
13%
9%
AFT
44%
44%
12%
h
2
: efeitos genéticos; c
2
: envolvimento comum; e
2
: envolvimento único
a) Atividade Física Escolar ou Trabalho (AFET): os resultados
encontrados apresentam semelhança com os encontrados por Maia et al.
(2003a) que verificou uma predominância dos efeitos genéticos neste
fenótipo (77%), embora muito mais elevada que a encontrada no
presente estudo, e divergindo a respeito das influências do envolvimento
comum (14,1%) e único (8,5%).
b) Atividade Física Relacionada ao Lazer (AFRL): a atividade
física desenvolvida no fim se semana evidenciou predominância elevada
dos efeitos genéticos. Estes dados contrapõem os resultados obtidos por
Maia et al. (2003a) em que os efeitos genéticos também mostraram-se
predominantes (47,8%), entretanto, os efeitos de envolvimento comum e
único mostraram proximidade em efeitos: 23,9% e 28,3%
respectivamente.
c) Atividade Física Total (AFT): os resultados do presente estudo
indicam uma distribuição equivalente entre efeitos genéticos e do
envolvimento comum (44%). Os resultados contrapõem os resultados
obtidos por Oliveira et al. (2003), que encontrou efeitos genéticos de
34,5% e do envolvimento único de 65,5% nos níveis de atividade física
também medidas por meio de acelerômetro, embora este instrumento
fosse de outro fabricante.
O estudo de Maia et al. (2003a) apresenta resultados semelhantes
aos obtidos nesse estudo, com os efeitos genéticos responsáveis por 37%
67
da variância fenotípica; o envolvimento comum por 46,5% e, o
envolvimento único por 16,5%.
Ao final da discussão deste primeiro fenótipo, é importante
destacar que, conforme Oliveira (2001), facilmente se constata grandes
diferenças nos valores de correlação e nas estimativas de herdabilidade e
do envolvimento para os estudos, sendo que, as inconsistências dos
resultados se devem por dois fatores: a) diferentes dimensões da
amostra; b) fenótipo marcado de forma distinta e/ou utilização de
diferentes procedimentos estatísticos no tratamento de dados.
Aptidão Física Relacionada à Saúde
A aptidão física relacionada à saúde foi avaliada através de quatro
testes motores: Sentar-e-Alcançar Modificado; Abdominal Modificado;
Flexão em Suspensão na Barra Modificada e Vai e Vem de 20 metros
conforme descrito na metodologia.
O coeficiente de correlação intraclasse (CCI) evidencia uma
maior homogeneidade nos resultados dos pares MZ sobre os pares DZ,
embora essa diferença seja pequena para alguns fenótipos. Isso revela a
presença moderada de efeitos genéticos associados ao envolvimento
comum, exceção feita a Flexão na Barra Modificada que apresentou
uma diferença moderada, revelando uma grande presença de efeitos
genéticos, conforme pode ser observado na tabela 16.
Tabela 12 Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Testes
Motores da Aptidão Física Relacionada à Saúde
Variáveis
MZ
DZ
Abdominal Modificado
0,87
0,65
Sentar e Alcançar Modificado
0,88
0,64
Barra Modificada
0,88
0,52
Vai e Vem de 20 metros
0,89
0,65
MZ: Monozigóticos; DZ: Dizigóticos
a) Abdominal Modificado: os valores do CCI para os pares MZ e
DZ mostraram-se muito próximos aos encontrados por Maia et al.
(2003a) 0,84 e 0,69 respectivamente, e superiores aos encontrados por
Maia et al. (2003b) 0,55 (MZ) e 0,35 (DZ).
Embora os valores de CCI evidenciem uma presença de efeitos
genéticos, acrescida a efeitos do envolvimento comum, a faixa etária da
68
amostra utilizada deve ter contribuído para estas diferenças, uma vez
que, no estudo de Maia et al (2003a) a faixa etária utilizada foi de 12 a
40 anos, enquanto que no estudo de Maia et al. (2003b) a faixa etária
utilizada foi de 6 a 12 anos.
Ambos os estudos acabam englobando parte da faixa etária
utilizada no presente trabalho e sugerem uma pequena diminuição dos
efeitos genéticos com o aumento da idade cronológica, mas dificultam a
comparação, uma vez que, o presente estudo possui 48,2% da sua
amostra na faixa etária englobada pelo estudo de Maia et al. (2003a),
enquanto que os demais 52,8% estão presentes na faixa etária do estudo
de Maia et al. (2003b).
Embora não estejam disponíveis no estudo original, a partir dos
dados descritivos dispostos ao final do trabalho foi calculado o valor do
CCI para este teste, utilizado por Achour Jr. (1998) e os valores de
encontrados mostram-se muito semelhantes aos obtidos no presente
estudo, sendo de 0,88 (MZ) e 0,68 (DZ).
b) Sentar e Alcançar: os valores do CCI evidenciaram grande
semelhança aos obtidos no teste da abdominal modificado, ficando em
0,88 (MZ) e 0,64 (DZ).
Embora o estudo de Achour Jr. (1998) não demonstre os cálculos
de CCI, a partir dos dados dispostos em seu trabalho foi calculado o
valor de r, que ficou em 0,60 para os gêmeos MZ e em 0,32 para os
gêmeos DZ, resultados semelhantes aos obtidos por Okuda; Horii &
Kano (2005) 0,58 (MZ) e 0,29 (DZ) e muito diferentes dos valores de r
obtidos no presente estudo: 0,88 e 0,64 para os MZ e DZ
respectivamente.
A homogeneidade dos resultados tanto para o grupo de MZ
quanto para o grupo de DZ sugere uma grande influência do ambiente
comum nesta variável, que será explorada adiante com a estimativa da
variância genética neste fenótipo.
c) Barra Modificada: os valores de CCI ficaram em 0,88 para os
MZ e 0,52 para os DZ, entretanto a comparação com estudos similares
fica prejudicada em razão da preferência dos autores, provavelmente por
questões operacionais, na aplicação do teste de flexão de cotovelos.
Embora deva ser interpretado com cautela, a possibilidade de
comparação do CCI encontrado no presente estudo, com o encontrado
na flexão de braços em outros estudos, uma vez que os segmentos
corporais envolvidos são os mesmos, entretanto, com recrutamento de
fibras musculares diferentes.
No teste na barra modificada recruta-se prioritariamente a
musculatura responsável pela flexão do cotovelo (fase
69
antigravitacional): bíceps braquial; braquial e braquiorradial, enquanto
que na flexão de braços realizada junto ao solo recruta-se
prioritariamente a musculatura responsável pela extensão do cotovelo
(fase antigravitacional): tríceps braquial e ancôneo.
O estudo de Maia et al. (2003a) encontrou um r de 0,80 para os
MZ e 0,40 para os DZ, enquanto que noutro estudo Maia et al. (2003b)
encontrou um r de 084 e 0,57 respectivamente para os MZ e DZ.
Os resultados guardam grande semelhança com os obtidos neste
estudo com a aplicação da barra modificada, especialmente do segundo
estudo referenciado, indicando uma grande presença de efeitos genéticos
nessa variável motora.
d) Vai e Vem de 20 metros: em relação ao teste de corrida
progressiva os resultados do CCI foram de 0,89 para os MZ e 0,65 para
os DZ, verificando-se grande similaridade com os resultados obtidos por
Maia et al. (2003a) que encontrou valores de r de 0,86 para os MZ e
0,59 para os DZ; e com Maia et al. (2003b) que verificou uma
correlação de 0,82 para MZ e 0,53 para DZ.
Os resultados obtidos nesta correlação foram oriundos do número
de voltas completas realizadas, pois para o cálculo da estimativa do
volume máximo de oxigênio, são utilizadas a idade do indivíduo e a
velocidade do estágio em que o teste foi interrompido.
Como se tratava de gêmeos a idade era necessariamente a mesma,
e, como os estágios possuem um número de voltas que varia de 7 a 15, o
poder discriminante do volume máximo de oxigênio neste caso é muito
reduzido, induzindo correlações similares e, conseqüentemente, a um
cálculo que superestima os efeitos ambientais nesta expressão
fenotípica.
A partir dos resultados do coeficiente de correlação intraclasse
dos gêmeos MZ e dos gêmeos DZ, estimaram-se os efeitos genéticos e
ambientais presentes em cada teste motor, que estão expostos na Tabela
13.
70
Tabela 13 Estimativa de Variância Genética (h
2
), do envolvimento
comum (c
2
) e único (e
2
) para os Gêmeos nos Fenótipos da Aptidão
Física Relacionada à Saúde
Variáveis
h
2
c
2
e
2
Abdominal Modificado
44,8
42,6
12,6
Sentar e Alcançar
Modificado
48,0
40,0
12,0
Barra Modificada
72,0
16,0
12,0
Vai e Vem de 20 metros
48,0
41,0
11,0
h
2
: efeitos genéticos; c
2
: envolvimento comum; e
2
: envolvimento único
a) Abdominal Modificado: os resultados indicam uma leve
predominância dos efeitos genéticos (44.8%)no fenótipo avaliado por
este teste motor (força/ resistência abdominal), e do envolvimento
comumente partilhado (42,6%), e uma influência pequena do
envolvimento único (12,6%).
Estes resultados guardam grande proximidade com o estudo
desenvolvido por Achour Jr. (1998), cujos resultados sugerem efeitos
genéticos da ordem de 40%; efeitos do envolvimento comum de 48% e
envolvimento único de 12%.
O estudo de Maia et al. (2003a) que estimou efeitos genéticos de
30%; de envolvimento comum de 54% e de envolvimento único da
ordem de 16%, com certa similaridade com o estudo anterior em termos
do fator predominante na expressão fenotípica em análise.
Por fim, outro estudo conduzido por Maia et al. (2003b)
encontrou resultados diversos, com efeitos genéticos da ordem de
38,4%; envolvimento comum de 16,2% e envolvimento único 45,4%.
Os resultados são muito divergentes se forem consideradas as
faixas etárias dos gêmeos utilizados nos estudos. No estudo de Achour
Jr. (1998) a faixa etária foi de 9 a 17 anos; no estudo de Maia et al.
(2003a) de 12 a 40 anos; no estudo de Maia et al. (2003b) 6 a 12 anos.
O estudo de Maia et al. (2003a) embora tenha utilizado gêmeos
com idade com pouca similaridade a do presente trabalho (12 a 40 anos)
evidenciou maior proximidade aos resultados obtidos neste estudo, se
comparado com o estudo em que utilizou gêmeos com idade similar
(Maia et al. 2003b).
Fernandes (2005) explica que a flexão abdominal não é uma
prática comum em crianças e adolescentes em suas brincadeiras e
intervenções pedagógicas nas escolas, não sendo surpresa valores
inferior do envolvimento comum e único.
71
b) Sentar e Alcançar Modificado: os resultados indicam uma
predominância dos efeitos genéticos sobre os efeitos do envolvimento
comum e único respectivamente. O estudo de Achour Jr. (1998) sugere
também uma predominância dos efeitos genéticos na ordem de 56%; do
envolvimento comum de 4% e de envolvimento único de 40%.
Conforme Maia; Lopes & Morais (2001) os valores de h
2
reportados pela literatura variam entre 0.18 e 0.69, embora as
referências a respeito deste teste sejam limitadas.
c) Barra Modificada: os resultados revelaram uma predominância
dos efeitos genéticos (72%) no fenótipo solicitado por este teste motor
(força/ resistência superior de tronco), seguida do envolvimento comum
(16%) e do envolvimento único (12%). Conforme realizado com as
correlações de MZ e DZ, estes resultados foram comparados com
resultados do teste flexão de braços em razão da escassez de trabalhos
que utilizam este teste em amostras gemelares.
Embora o resultado pareça elevado, resultado semelhante foi
encontrado por Fernandes (2005) para a flexão de braços, chegando a
valores de efeitos genéticos da ordem de 74,1%; envolvimento comum
de 8,2% e envolvimento único de 17,8%.
Resultados ainda mais elevados para a força de tronco são
reportados por Ishidoya (1957) e Weiss (1972), ambos citados por Maia
(2001), em que os efeitos genéticos chegam a 85% da variabilidade
fenotípica.
Conforme Fernandes (2005) os fenótipos relativos a testes de
produção de força são altamente dependentes de fatores genéticos, seja
em termos de força funcional ou força rápida.
d) Vai e Vem de 20 metros: os resultados da variância genética
para este teste motor, que envolve a capacidade cardiorrespiratória,
revelaram uma predominância de efeitos genéticos (48%) sobre os
efeitos do envolvimento comum (41%) e envolvimento único (11%).
Estes resultados estão em consonância com os resultados reportados por
Maia et al. (2003a) que indicam efeitos genéticos e de envolvimento
comum e único de 54%; 32% 14% respectivamente, e com o estudo de
Maia et al. (2003b) que reportam efeitos de 58,2% (h
2
); 24% (c
2
); e 17,8
(e
2
).
Em estudo utilizando a corrida da milha, Fernandes (2005)
chegou a valores semelhantes aos encontrados no presente estudo 50%
(h
2
); 36,7% (c
2
); e 13,3 (e
2
), ratificando a predominância dos efeitos
genéticos no fenótipo requisitado neste teste motor (capacidade
cardiorrespiratória), seguido dos efeitos ambientais comuns e únicos.
72
A Tabela 14 mostra as correlações entre os grupos de gêmeos
para o IMC e para a massa magra e tecido adiposo.
Tabela 14 Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Fenótipos da
Composição Corporal
Variáveis
MZ
DZ
IMC
0,92
0,68
Massa Corporal Magra
0,98
0,93
Massa de Gordura
0,92
0,80
MZ: Monozigóticos; DZ: Dizigóticos
a) IMC: o resultado do coeficiente de correlação intraclasse para
este fenótipo, apresenta similaridade com o estudo desenvolvido por
Maia et. al (2003b) que encontrou um r de 0,96. No entanto, verificou
divergência para o resultado obtido com o grupo de gêmeos DZ (neste
estudo r= 0,68, contra r de 0,52), ou seja, a correlação do grupo de
gêmeos DZ neste estudo evidenciou-se bem mais elevada em relação ao
estudo desenvolvido em Portugal. Um dos fatores que pode ter
contribuído para esta diferença foi a amostra utilizada, 50 pares MZ e
101 pares DZ, destes últimos 45 pares eram DZ do sexo oposto, ou seja,
“casais”, o que provavelmente fez com que a correlação para este grupo
fosse menor.
Outro estudo desenvolvido por Maia et al. (2003a) encontrou um
r para o IMC de 0,92, exatamente o mesmo encontrado neste estudo para
os gêmeos MZ e 0,54 para os DZ, que novamente apresenta divergência
do r encontrado neste estudo para este grupo que foi de 0,68.
Novamente a amostra foi diferenciada, composta por 25 MZ e 39 DZ,
sendo que destes últimos 17 eram DZ do sexo oposto, o que
provavelmente tenha feito com que o valor de r fosse menor.
O estudo de Achour Jr. (1998) encontrou uma grande
proximidade na correlação dos MZ (0,99) e dos DZ (0,96) o que indica a
presença de elevados efeitos do envolvimento único.
b) Massa Corporal Magra: para este fenótipo as correlações
encontradas por Franks et al. (2005) para os gêmeos MZ foi de 0,95,
enquanto para os gêmeos DZ foi de 0,78, enquanto que no presente
estudo estas correlações foram de 0,98 e 0,93, respectivamente para os
gêmeos MZ e DZ. Estes valores vem ao encontro do que tem se
verificado ao longo de todo o trabalho em relação aos fenótipos
medidos, uma grande homogeneidade dos valores obtidos com os MZ e
também com os DZ.
73
c) Massa de Gordura: os resultados indicaram uma correlação
intraclasse elevada (0,92 para os MZ e 0,80 para os DZ). Em estudo de
Franks et al. (2005) a correlação intraclasse foi de 0,89 para os MZ e
0,31 para os DZ, resultados estes que mostram proximidade para os
dados obtidos com os MZ e diferentes dos resultados dos DZ.
Espera-se que os valores de r para os MZ sejam superiores aos de
r para os DZ, para se evidenciar efeitos de natureza genética. Com base
nestes resultados é que serão estimados os efeitos genéticos e do
envolvimento nos fenótipos da composição corporal que estão expostos
na Tabela 15.
Tabela 15 Estimativa de Variância Genética (h
2
), do envolvimento
comum (c
2
) e único (e
2
) dos Gêmeos nos Fenótipos da Composição
Corporal
Variáveis
h
2
c
2
e
2
IMC
48%
44%
8%
Massa Corporal
Magra
10%
88%
2%
Massa de Gordura
24%
68%
8%
h
2
: efeitos genéticos; c
2
: envolvimento comum; e
2
: envolvimento único
a) IMC: em razão dos valores dos efeitos genéticos serem
calculados com base nos valores do CCI, verifica-se uma grande
diferença dos resultados obtidos para o fenótipo IMC do presente estudo
para os estudos de Maia, et al. (2003a; 2003b).
No estudo de Maia et al. (2003a) verificou-se a presença de
efeitos genéticos sobre o IMC na ordem de 76%, envolvimento comum
de 16% e envolvimento único de 8%, enquanto que em outro estudo
Maia et al. (2003b), os resultados obtidos foram de 88%, 8% e 4 %,
respectivamente.
O presente estudo evidenciou apenas um resultado similar ao
estudo de Maia et al. (2003a) em relação a presença dos efeitos do
envolvimento único no IMC, que chegaram a 8%. Em relação aos
demais componentes da variância genética encontrou-se uma grande
diferença não apenas nos valores, mas especialmente nos efeitos
predominantes neste fenótipo, pois, enquanto nos dois estudos
referenciados há um predomínio dos efeitos genéticos (76% 88%), no
presente estudo estes efeitos chegaram a 48%. Por outro lado, os efeitos
do envolvimento comum que neste estudo se aproximou muito dos
efeitos genéticos (44%), nos demais estudos variaram entre 8 e 16%.
74
Acredita-se que a utilização de gêmeos DZ do sexo oposto tenha
contribuído para esta diferença entre os estudos de Maia et al. (2003a;
2003b) e o presente estudo, uma vez que o valor de r foi muito menor
entre os DZ naqueles estudos, desta maneira acentuando os efeitos
genéticos neste fenótipo.
O estudo de Wang et al. (1990) encontrou efeitos genéticos da
ordem de 78% para o IMC, novamente divergindo dos resultados
obtidos neste trabalho. Deve-se considerar que a amostra utilizada de
MZ (n=75) foi duas vezes maior do que a de DZ (n=35), possibilitando
uma diminuição, maior do que a esperada, em relação ao coeficiente de
correlação intraclasse dos gêmeos DZ.
O estudo de Achour Jr. (1998) verificou para este fenótipo a
predominância dos efeitos do envolvimento comum (93%), sobre os
efeitos genéticos (6%) e do envolvimento único (1%).
Embora estes resultados tragam certa surpresa, quando
comparados com a literatura, eles revelam algo relevante para área: uma
grande possibilidade de intervenção na alteração deste fenótipo, uma vez
que o envolvimento comum e o envolvimento único juntos chegam a
52%, passíveis de modificação mediante intervenções adequadas.
b) Massa Corporal Magra: em relação a massa magra o presente
estudo encontrou efeitos genéticos da ordem de 10%, enquanto que o
envolvimento comum foi responsável por 88% e o envolvimento único
por 2% da variabilidade neste fenótipo. Estes resultados divergem dos
resultados encontrados por Franks et al. (2005) que verificou efeitos
genéticos da ordem de 84% e do envolvimento único de 16%. Esta
divergência pode ter sido acentuada em razão do tamanho da amostra
daquele estudo que foi composta por 62 pares MZ e somente 38 DZ.
Com isso, a correlação esperada entre os MZ pode não ter sido alterada,
entretanto a correlação entre os DZ pode ter sofrido alteração em razão
do baixo número amostral deste grupo. Outro aspecto que pode ter
interferido nos resultados foi que parte dos gêmeos foram avaliados pela
DEXA, e parte pela DPL, o que pode ter influenciado nos resultados
finais da avaliação da composição corporal.
c) Massa de Gordura: os resultados evidenciaram efeitos
genéticos da ordem de 24%, enquanto que os efeitos predominantes
nesse fenótipo ficaram por conta do envolvimento comum (68%) e o
restante, 8% a cargo do envolvimento único. Estes resultados contrariam
os resultados obtidos por Franks et al. (2005) que indicaram efeitos
genéticos da ordem de 89% e do envolvimento comum de 11%.
Em estudo desenvolvido por Faith et al. (1999) os efeitos
genéticos no percentual de gordura corporal variaram entre 75 e 80 da
75
variação fenotípica. O restante da variância genética foi explicado por
efeitos do envolvimento único.
Associação entre Atividade Física Total e Concentração Plasmática de
Colesterol, Triglicerídeos e Glicose
As concentrações sanguíneas de colesterol e triglicerídeos são
fortemente influenciados por fatores genéticos associados a fatores
ambientais e a natural interação entre eles. Inicialmente optou-se pela
análise da correlação entre a atividade física total (AFT) e as variáveis
sanguíneas, desconsiderando-se o fato de se tratar de uma amostra
gemelar.
O resultado destas correlações é apresentado na Tabela 16.
Tabela 16 Associação entre o Nível de Atividade Física Total e a
Concentração Sangüínea de Colesterol (Total; HDL; LDL),
Triglicerídeos e Glicose
Variáveis
AFT (MZ)
AFT (DZ)
Colesterol Total
- 0,447**
- 0,081
HDL-c
0,002
- 0,11
LDL-c
- 0,363*
-0,035
Glicose
- 0,062
0,28
Triglicerídeos
- 0,390**
- 0,054
**p< 0,01 *p< 0,05
Nos gêmeos MZ foi encontrada uma correlação negativa entre a
AFT e os níveis de colesterol total (CT) e triglicerídeos (TGL) foi
estatisticamente significativa (p< 0,01), a correlação entre AFT e
LDL-c (p< 0,05), indicou uma relação de dependência destas variáveis
sanguíneas, em relação ao nível de atividade física desenvolvido,
ratificando o disposto na literatura a respeito dos benefícios da atividade
física na redução do colesterol total, parcial LDL e triglicerídeos.
Embora tenha se verificado uma correlação positiva entre AFT e HDL-
c, esta correlação não se mostrou significativa (p> 0,05).
As correlações encontradas convergem parcialmente com o
estudo de Fagherazzi; Dias & Bortolon (2008) que encontrou reduções
significativas no CT e no HDL-c em um grupo praticante de exercícios
físicos, e a elevação de HDL-c somente noutro grupo com a associação
de exercício físico e dieta; diverge nos resultados obtidos pelos autores
76
em relação aos TGL, nos quais não foram encontradas modificações
positivas, ao contrário do obtido neste estudo que verificou correlação
negativa entre a atividade física total e os níveis de TGL, ou seja,
modificações positivas nessa variável.
Nos gêmeos DZ as correlações foram negativas para CT; HDL-c:
LDL-c e TGL, e positiva para GLI, mas nenhuma delas se evidenciou
estatisticamente signiticativa.
Após se verificar os dados descritivos da relação da atividade
física e os componentes sanguíneos, calculou-se o r das variáveis
sanguíneas, que posteriormente servirão para o cálculo dos efeitos
genéticos e do envolvimento nas variáveis sanguíneas, e que estão
expostos na Tabela 17.
Tabela 17 Coeficiente de Correlação Intraclasse para os Fenótipos
Sanguíneos
Variáveis
MZ
DZ)
Colesterol Total
0,74
0,51
HDL-c
0,49
0,52
LDL-c
0,79
0,50
Glicose
0,59
0,36
Triglicerídeos
0,67
0,27
MZ: Monozigóticos; DZ: Dizigóticos
Os resultados mostram uma correlação mais elevada nos MZ para
os fenótipos CT; HDL-c; GLI e TGL, sendo esta correlação maior nos
DZ no fenótipo HDL-c.
Conforme pode ser observado na tabela 21, o valor do CCI para o
fenótipo CT ficou em 0,74 para os MZ e 0,51 para os DZ.
Em estudo conduzido por Iliadou et al. (2001) foram encontradas
correlações para CT em homens de 0,55 para MZ e 0,27 para DZ, e em
mulheres de 0,60 para MZ e 0,09 para DZ. os quais são similares aos
obtidos no presente estudo em relação MZ e em relação aos homens DZ,
e indicam que os efeitos genéticos parecem ter influência maior nas
mulheres quando comparadas aos homens. Esta comparação deve ser
feita com cautela, já que a faixa etária da amostra utilizada pelo autor foi
de 17 a 49 anos.
O estudo desenvolvido por Fenger et al. (2007) chegou a um r
similar ao obtido no CCI no presente estudo este estudo para os MZ
(0,76), enquanto que o r mostrou-se mais baixo para os DZ (0,39). Para
77
o LDL-c o valor de r encontrado foi de 0,74 (MZ) e 0,38 (DZ) valores
menores que os encontrados no presente estudo.
Os valores de r para o HDL foram de 0,57 para os MZ e 0,35 para
os DZ, divergindo totalmente dos resultados obtidos neste estudo no
CCI (0,49 para os MZ e 0,52 para os DZ), o que neste estudo
impossibilitará os cálculos dos efeitos genéticos e ambientais em razão
da limitação do método utilizado. Por fim, para os triglicerídeos o autor
encontrou o valor de r de 0,35 (MZ) e 0,33 (DZ), divergindo totalmente
dos resultados encontrados por este estudo.
Previamente é possível verificar que o cálculo da herdabilidade
deste último fenótipo (HDL) não será possível em razão da limitação do
método, quando, eventualmente ocorre uma correlação maior nos DZ
em relação aos MZ.
A partir das correlações dispostas na tabela 21, foram estimados
os efeitos genéticos e ambientais nestes fenótipos, que estão dispostos
na Tabela 18:
Tabela 18 Estimativa de Variância Genética (h
2
), do envolvimento
comum (c
2
) e único (e
2
) para os Fenótipos Sanguíneos
Variáveis
h
2
c
2
e
2
Colesterol Total
46%
28%
26%
Colesterol HDL*
---
---
---
Colesterol LDL
58%
21%
21%
Glicose
46%
13%
41%
Triglicerídeos*
---
---
---
h
2
: efeitos genéticos; c
2
: envolvimento comum; e
2
: envolvimento único
* Dados inconsistentes em razão da limitação do método utilizado.
Conforme pode ser observado na tabela 22, todos os fenótipos
cuja estimativa da herdabilidade foi possível calcular, os efeitos
genéticos são predominantes, para o CT (46%), LDL-c (58%) e para a
GLI (46%) mas de magnitude moderada, uma vez que, os efeitos
ambientais e único ultrapassam os 50% no CT e no LDL-c.
No estudo conduzido por Fenger et al. (2007) os resultados para o
CT foram de h
2
: 74%; c
2
: 24%; e
2
: 2%, o que evidencia grande
proximidade nos resultados referentes ao envolvimento comum, e,
efeitos genéticos bem superiores aos encontrados no presente estudo.
O estudo de Iliadou et al. (2001) encontrou explicações para a
variância genética somente nos efeitos genéticos e envolvimento único,
na ordem de 64% e 36%, respectivamente, evidenciando tamm grande
78
divergência dos resultados do presente estudo, por apresenta efeitos
genéticos elevados, neste fenótipo.
Para o HDL-c, os valores encontrados no estudo conduzido por
Fenger et al. (2007) mostraram-se muito próximos aos encontrados para
CT (h
2
:71%; c
2
; 3%; e
2
: 26%) para. Conforme pode se observar
novamente há uma grande divergência entre o estudo do autor e as
estimativas obtidas para este fenótipo em relação a variância genética
explicada pelo envolvimento comum, havendo uma grande semelhança
entre os efeitos genéticos e do envolvimento único.
Embora não seja possível comparar os dados obtidos no presente
estudo referentes as expressões fenotípicas de HDL-c, triglicerídeos e
VLDL-c, em razão de os dois primeiros fenótipos não poderem ser
calculados em razão de uma limitação do método, e o último não ter
sido objeto de análise neste estudo, os resultados da variância genética
obtidos por Fenger et al. (2007) foram os seguintes: HDL-c (h
2
=
44%;c
2
= 13%; e
2
=43%); TGL (h
2
= 3%;c
2
= 31%; e
2
=65%); e, VLDL
(h
2
= 15%;c
2
= 26%; e
2
=59%). O estudo conduzido por Iliadou et al.
(2001) encontrou resultados totalmente divergentes em relação a
variância genética do fenótipo triglicerídeos (h
2
= 54%;c
2
= 0%; e
2
=46%),
sendo necessários novos estudos para melhor elucidar esta variância, ou
a utilização de ferramentas estatísticas mais poderosas como a
modelagem de equações estruturais.
79
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A variância fenotípica da atividade física total (AFT)
desenvolvida é explicada igualmente por efeitos genéticos e do
envolvimento comum, ambos de 44%, e de envolvimento único nos
12% restantes. Isto revela que a soma dos efeitos do envolvimento
comum e único chega a 56%, o que possibilita um amplo espaço de
intervenção, através de políticas e programas, voltados para o aumento
da atividade física habitual da população.
Em relação aos fenótipos marcados como atividade física
relacionada a escola ou trabalho (AFET) e a atividade física relacionada
ao lazer (AFRL) os resultados evidenciaram predominância dos efeitos
genéticos acima de 78% em detrimento dos efeitos ambientais comum e
único (em torno de 20%). Isto evidencia uma pequena possibilidade de
alteração dessas expressões fenotípicas
Para os fenótipos envolvidos nos testes motores da aptidão física
relacionada à saúde, os efeitos genéticos foram moderados para a força/
resistência abdominal, flexibilidade e capacidade aeróbia, oscilando
entre 44,8% e 48%, e elevados para a força/ resistência superior de
tronco alcançando 72%.
Os resultados indicam predominância dos efeitos do
envolvimento comum e único em conjunto, nos fenótipos da resistência
muscular localizada, flexibilidade e resistência aeróbia que variaram de
52% a 55.2%, exceção feita à força muscular do tronco e flexores do
cotovelo em que estes efeitos chegam a somente 28%.
Os resultados indicam que há espaço para a intervenção, em
especial, em programas curriculares de educação física voltados para a
melhora da aptidão física relacionada à saúde de crianças e adolescentes,
mesmo no fenótipo de força funcional menos suscetível a modificação,
uma intervenção adequada pode alterar quase 1/3 dessa expressão
fenotípica.
Os efeitos genéticos sobre o fenótipo IMC chegaram a 48%,
sendo a variância fenotípica restante atribuída a efeitos do envolvimento
comum e único, revelando ampla possibilidade de intervenção
80
especialmente em relação ao componente peso, presente em sua
determinação.
Em relação aos fenótipos Massa Corporal Magra (MCM) e Massa
de Gordura (MG) encontrou-se a predominância dos efeitos do
envolvimento comum e único que foram de 90% e 76%
respectivamente, e com variância fenotípica explicada por efeitos
genéticos de 10% (MCM) e 24% (MG). Estes resultados indicam que as
alterações nestes componentes da composição corporal estão
relacionadas predominantemente ao estilo de vida adotado pelas
crianças a adolescentes.
Constatou-se uma relação positiva entre o nível de atividade
física total e todas as variáveis sanguíneas analisadas nos gêmeos MZ.
Para os gêmeos DZ esta relação também se mostrou positiva, mas
somente para CT, LCL-c e TGL.
Para os fenótipos sanguíneos revelou predominância de efeitos
genéticos para o CT, LDL-c e GLI que oscilaram de 46% a 58%. os
efeitos do envolvimento comum e único respondem por 42% a 54% da
variância fenotípica total, o que indica um grande espaço de intervenção
através de exercícios físicos e acompanhamento nutricional para a
modificação destas variáveis.
Os efeitos genéticos predominam na variância fenotípica total em
apenas quatro dos fenótipos analisados (AFRL; AFET; força de tronco e
flexores do cotovelo; e, LDL-c), nos demais fenótipos os efeitos do
envolvimento comum e único em conjunto, explicam a mais de 50%
desta variabilidade na expressão do fenótipo
Ao final deste trabalho, espera-se ter contribuído para o
esclarecimento das relações entre genética e meio-ambiente
(envolvimento comum e único) nos diferentes fenótipos da atividade
física e da aptidão física relacionada à saúde.
Baseado nos resultados deste estudo recomenda-se:
A realização de novos estudos, preferencialmente com amostra
maior e com instrumentos e análises estatísticas similares de
maneira a possibilitar uma comparação dos resultados entre
amostras gemelares brasileiras;
A utilização de técnicas da biologia molecular (extração de
DNA e RNA) para melhor esclarecer as relações entre a
expressão fenotípica e os genes envolvidos;
A utilização de recursos estatísticos mais avançados em termos
de epidemiologia genética como a Modelagem de Equações
Estruturais, buscando um melhor entendimento dos fenótipos
abordados neste estudo;
81
A realização de estudos longitudinais e de tracking das
variáveis abordadas neste estudo, buscando esclarecer a
dinâmica da variabilidade fenotípica ao longo do processo de
crescimento e maturação.
82
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92
ANEXOS
93
ANEXO 1
Orientações Básicas para o Uso dos Acelerômetros
94
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
FÍSICA
Campus Universitário Trindade Florianópolis SC CEP
88040-900
FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA O USO DOS ACELERÔMETROS
I O QUE SÃO?
Os acelerômetros são pequenos instrumentos (com aparência semelhante a um
relógio) que fornecem informações acerca da intensidade, frequência e duração da atividade
física. São sensores de movimento, utilizados para avaliar os movimentos realizados no dia-a-
dia e fazer uma estimativa do gasto energético.
II PROCEDIMENTOS
A. Os acelerômetros devem ser colocados na cintura.
B. Devem ser colocados pela manhã logo após se vestir.
C. Deve ser retirado a noite antes de se despir.
D. devem ser retirados para: dormir, tomar banho, nadar, trocar de roupa ou em atividades
que possam colocar em perigo a integridade do gêmeo ou do aparelho.
E. É muito importante não esquecer de voltar a colocar o acelerômetro após tê-lo retirado.
F. As atividades devem ser desenvolvidas normalmente, como se não estivesse usando o
acelerômetro.
G. Todas as atividades realizadas devem ser registradas na Ficha de Registro Diário.
H. No caso de crianças muito pequenas, os pais e professores devem colaborar neste registro.
I. Se houver qualquer dúvida, favor entra em contato 3035-3727 ou 9937-7274
J. A vossa colaboração é muito importante!!!
Os senhores estão colaborando com um estudo que vai ajudar a esclarecer porque
algumas pessoas são mais ativas e outras menos ativas fisicamente, e porque algumas pessoas
possuem maior aptidão do que outras, permitindo que se procurem caminhos para tornar as
pessoas mais saudáveis.
Muito Obrigado!
95
ANEXO 2
Registro Diário da Atividade Física
96
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Campus Universitário Trindade Florianópolis SC CEP 88040-900
FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
REGISTRO DIÁRIO DA ATIVIDADE FÍSICA
Nome: __________________________________________.
Período de Uso: De ___/ ___/ _____ a ___/ ___/ _____.
Coloquei às
___: ___
Dom.
2ª feira
3ª feira
4ª feira
4ª feira
5ª feira
Sáb.
7:30
8:30
9:30
10:30
11:30
12:30
13:30
14:30
15:30
16:30
17:30
18:30
19:30
20:30
21:30
22:30
23:30
Retirei às
___: ___
97
ANEXO 3
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
98
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Campus Universitário Trindade Florianópolis SC CEP 88040-900
FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezados Pais ou Responsáveis:
Por favor, antes de decidirem se concordam ou não com a participação do seu filhos
(as) nesse estudo, leiam atentamente as informações a seguir. Discutam esse assunto com eles
(elas) para que seja uma decisão em conjunto.
1. Com o objetivo de investigar a magnitude (quantidade) dos efeitos genéticos e do
ambiente no nível de atividade física habitual (quantidade de atividade física diária)
e na aptidão física relacionada à saúde (nível de preparação física), será realizado
nos próximos meses o estudo “ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DA
ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E DA APTIDÃO FÍSICA
RELACIONADA À SAÚDE: UM ESTUDO COM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES GÊMEOS.
2. Este estudo faz parte do trabalho final para conclusão do curso de mestrado do Prof.
Julio Cezar Fernandes da Silveira que é orientado pelo Prof. Dr. Adair da Silva
Lopes no Programa de Mestrado em Educação Física da UFSC.
3. Cerca de 50 (cinqüenta) pares de gêmeos monozigóticos (iguais) e dizigóticos
(diferentes) de ambos os sexos, matriculados nas Escolas Públicas ou Privadas do
Núcleo Regional de Educação de Guarapuava, selecionados de forma intencional,
estão sendo convidados a participar da pesquisa. A participação no estudo consistirá
de resposta das crianças/ adolescentes a um questionário; resposta da mãe a outro
questionário; medidas antropométricas (peso, estatura e composição corporal); e
coleta de sangue (para exames de glicose, colesterol e triglicerídeos); dermatóglifos
(impressões digitais) e realização de alguns testes motores (flexibilidade, força de
membros superiores, resistência abdominal e resistência cardiorespiratória). Os
exames sanguíneos serão realizados nas dependências do Laboratório Bioclínico
Góes & Períolo em um sábado (marcado previamente), pois os adolescentes
deverão observar jejum de 12 horas. Os demais testes e avaliações serão realizados
em outro sábado nas dependências da Clínica Diagmax.
4. O questionário das crianças/ adolescentes contém questões sobre utensílios
domésticos e grau de instrução do chefe da família, para estimar a renda familiar. O
questionário aplicado as mães busca investigar se os gêmeos (as) são idênticos ou
não idênticos.
5. As medidas antropométricas: peso, estatura, composição corporal (para medir
gordura corporal), serão realizadas pelo pesquisador e por uma Técnica em
Radiologia da Clínica Diagmax Diagnóstico por Imagem.
6. Na coleta de sangue, realizada pelo Laboratório Bioclínico es & Períolo, haverá
a determinação dos níveis de colesterol total (CT). Glicose (GLI) e triglicerídeos.
Apesar de ser um exame que pode trazer certo desconforto a criança ou adolescente,
é de suma importância para a associação entre a quantidade de atividade física
realizada diariamente e os níveis destes componentes sanguíneos.
7. A coleta de impressões digitais (para saber se os gêmeos são idênticos ou não) será
realizada por perita técnica, enquanto que, os testes motores serão aplicados pelo
pesquisador, tudo nas dependências da Clínica Diagmax Diagnóstico por Imagem.
99
8. Os custos dos exames serão de responsabilidade do pesquisador e dos laboratórios
conveniados.
9. O Núcleo Regional de Educação, ao qual se vincula o Colégio de seu filho também
está interessado no presente estudo e já autorizou a realização desta pesquisa.
Porém, a participação ou não de seus (suas) filhos (as) no estudo não implicará nem
em benefícios ou restrições de qualquer ordem para seus (suas) filhos (as) ou para o
senhor (a).
10. Todos os dados obtidos neste estudo serão sigilosos e somente serão utilizados para
esta pesquisa. Ressalta-se que a criança/ adolescente poderá desistir de participar do
estudo em qualquer etapa da coleta de dados.
Caso concorde que seu filho participe desta pesquisa, assine e entregue a parte destacável
deste consentimento para a professora responsável. Este consentimento será arquivado
juntamente com o questionário preenchido por seus (suas) filhos (as).
11. Para quaisquer dúvidas, esclarecimentos, desistência ou acesso aos resultados
individuais podem ser obtidos pelos telefones: (042) 3035-3727/ (042) 9937-7274
ou (048) 3721-8532 ou ainda pelos endereços eletrônicos: silveira@fsnet.com.br/
silveira.mcr@bol.com.br ou ainda ada[email protected].
Agradecemos antecipadamente a atenção dispensada e colocamo-nos à sua
disposição.
_______________________________ __________________
Julio Cezar Fernandes da Silveira
Pesquisador Principal
Adair da Silva Lopes
Pesquisador Responsável
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
CONSENTIMENTO
Eu, _____________________________________________________ (nome
completo do pai ou mãe) declaro que li e discuti com meus filhos (as) as informações sobre o
estudo ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DA ATIVIDADE FÍSICA
HABITUAL E DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE: UM ESTUDO COM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES GÊMEOS e concordo que eles (elas) participem.
Igualmente, meus (minhas) filhos (as) _____________________________ e
____________________________________, concordam em participar do presente estudo.
Assinatura Pai/Responsável:____________________________
RG:__________________
Assinatura do (a) aluno (a) :_____________________________
RG:__________________
Assinatura do (a) aluno (a) :_____________________________
RG:__________________
Guarapuava, ____ de _____________ de 2009.
100
ANEXO 4
Questionário Sócio-Econômico
101
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Campus Universitário Trindade Florianópolis SC CEP 88040-900
FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E DA
APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE: UM ESTUDO COM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES GÊMEOS
I ASPECTOS SOCIODEMOGRAFICOS
A. Dia de hoje: ___/ ___/ _______.
B. Sexo: Masculino 1 [ ] Feminino 2 [ ]
C. Data de Nascimento: ___/ ___/ _______.
D. Série: ____________________________.
E. Filhos de:
Alemães
[
]
Poloneses
[
]
Italianos
[
]
Outros
[
]
Qual?
___________.
F. Quantas pessoas moram em sua casa incluindo você: [ ]
G. No quadro abaixo, marque com um “X” a quantidade de itens que existem em sua casa.
Itens Possuídos
Quantidade
Não vale utensílios quebrados
0
1
2
3
4 ou +
1. Televisão em cores
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
2. Rádio
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
3. Banheiro
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
4. Automóvel
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
5. Empregada mensalista
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
6. Aspirador de pó
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
7. Máquina de lavar
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
8. Videocassete/ DVD
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
9. Geladeira
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
10. Freezer Geladeira Duplex
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
[ ]
H. Marque com “X até que ano escolar seu pai e sua mãe estudaram.
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Universidade
1. Pai
1
[ ]
2
[ ]
3
[ ]
4
[ ]
5
[ ]
6
[ ]
7
[ ]
8
[ ]
1
[ ]
2
[ ]
3
[ ]
Incompleta
[ ]
Completa
[ ]
2.
Mãe
1
[ ]
2
[ ]
3
[ ]
4
[ ]
5
[ ]
6
[ ]
7
[ ]
8
[ ]
1
[ ]
2
[ ]
3
[ ]
Incompleta
[ ]
Completa
[ ]
102
ANEXO 5
Questionário de Gemelaridade
103
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Campus Universitário Trindade Florianópolis SC CEP 88040-900
FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
QUESTIONÁRIO DE GEMELARIDADE
Peeters, et al. (1998)
Nome (pai ou mãe): ________________________________________________
Idade: ____ Altura: _____Peso:____
Nomes: Gêmeo 1 _________________ Gêmeo 2 _________________
Gêmeo 3 _________________ Gêmeo 4 _________________
I OPINIÃO DA MÃE
Pensa que seus gêmeos são:
IDÊNTICOS (monozigóticos)? _____ ou
FRATERNOS (dizigóticos)? _____
Tem a certeza de que seus gêmeos são:
IDÊNTICOS (monozigóticos)? _____ ou
FRATERNOS (dizigóticos)? _____
II SIMILARIDADE GLOBAL E CONFUSÃO GEMELAR
Os seus gêmeos são:
Tal como duas ervilhas numa vagem? _____ ou
Tal como outros membros de uma família? _____
Quem consegue distinguir os gêmeos:
Os pais S N
Os irmãos e irmãs S N
Os professores S N
Os amigos S N
Estranhos S N
III SIMILARIDADE ESPECÍFICA
Há diferenças entre a cor dos cabelos dos gêmeos? S N
Há diferenças entre a cor dos olhos dos gêmeos? S N
Obrigado pela participação!
104
ANEXO 6
Ficha de Coleta de Dados
105
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
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FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
ASPECTOS GENÉTICOS E AMBIENTAIS DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E DA
APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE: UM ESTUDO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
GÊMEOS
I DADOS ANTROPOMÉTRICOS
A. Massa Corporal: _______________ (Kg).
B. Estatura: _______________ (cm).
C. Conteúdo Mineral Ósseo _______________ (g).
D. Densidade Mineral Óssea _______________ (g).
E. Massa Corporal Magra _______________ (g).
F. Massa de Gordura _______________ (g).
II APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE
A. Força/ Resistência Abdominal* ______________
B. Flexibilidade Direita ______________
Esquerda ______________
C. Força/ Resistência de MMSS ______________
D. Resistência Cardiorrespiratória ______________**
______________***
* Máximo 75 repetições
** Estágio
*** Corrida
106
ANEXO 7
Pontos de Referência para a Obtenção do Número de Linhas
a b e A’ - d
107
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
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FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
DERMATÓGLIFOS
PONTOS DE REFERÊNCIA PARA OBTENÇÃO DO NÚMERO DE LINHAS
a b e A’- d.
Fraser & Nora (1991)
108
ANEXO 8
Pontos de Referência para a Obtenção do Ângulo atd
109
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
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DERMATÓGLIFOS
PONTOS DE REFERÊNCIA PARA OBTENÇÃO DO ÂNGULO atd
Fraser & Nora (1991)
110
ANEXO 9
Ficha para Registro de Informações Dermatoglíficas
111
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
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FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
DERMATÓGLIFOS
FICHA PARA REGISTRO DE INFORMAÇÕES DERMATOGLÍFICAS
Adaptado de Saldanha (1968)
NOME: GRUPO RACIAL:
IDADE: SEXO:
REGISTRO: CONDIÇÃO CLÍNICA:
Símbolo: A arco R presilha radial V verticilo
T arco em tenda C presilha cubital W verticilo duplo
D direita E esquerda
DEDOS
Impressões Digitais
1
2
3
4
5
Soma
Total
Direita
Esquerda
Áreas Interdigitais
I
1
I
2
I
3
I
4
Pregas no 5°dedo
Direita
direita
esquerda
Esquerda
Clinodactilia (assinalar dedos na mão D e E)
Direita
Esquerda
PALMA
Prega Palmar
Trirrádio Axial
Tipo
Ângulo
Ind. Walker
Direita
Direita
Esquerda
Esquerda
Área Tênar
I
1
Área Hipotenar
Contagem de linha
a - b
Contagem de linha
a d
Direita
Direita
D
D
Esquerda
Esquerda
E
E
SOLA
Área Halucal
Hálux
Outros Padrões na Região
Plantar
Textura das linhas (finas; grossa, normais): .................................................................................
OBSERVAÇÕES:
___________ ________
Responsável Data
112
ANEXO 10
Figuras dos Testes Motores
FITNESSGRAM
113
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TESTES MOTORES
FITNESSGRAM (1999)
Figura 01 Teste de Sentar e Alcançar com as Pernas Alternadas
Figura 02 Teste de Força/ Resistência Abdominal
(Abdominal Modificado)
114
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
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FONE: (048) 3721-9926 FAX: (048) 3721-9792
TESTES MOTORES
Figura 03 Teste de Força/ Resistência dos Membros Superiores
(Flexão e Extensão na Barra Modificada)
Figura 04 Teste de Capacidade Cardiorrespiratória
(“Vai-e-Vem” de 20 metros)
115
ANEXO 11
Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
116
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo