comparado com 17,3% que afirmaram o contrário. Os motivos que mais
prevaleceram foram que “A calculadora era um instrumento muito recente e raro e os
professores da Faculdade não tinham afinidade com a calculadora”. Outro dado
importante quando perguntado se eles tinham ideia de quantos alunos possuíam
calculadora em suas casas, responderam que em média 80% possuíam. Oliveira
concluiu que 53,9% dos professores pesquisados não usavam a calculadora nas aulas
de matemática. Afirmou que isto é resultado dos reflexos das concepções que eles
têm em relação à Matemática, à maneira de ensiná-la e dos objetivos do seu ensino.
Usou Thompson (1984, p.105)
1
para apoiar sua afirmação.
Outro fator descoberto por Oliveira é de que a calculadora vem sendo usado
simplesmente como instrumento de calcular ou como meio auxiliar de cálculo, para
aproveitamento de tempo durante as aulas, em detrimento de seu potencial educativo.
A calculadora é polêmica também em outros países. Para Nuno Crato
2
,
presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), o incentivo à utilização
da calculadora desde os primeiros anos de escola pode ser arriscado, porque faz a
criança perder destreza de cálculo. Para ele, deve-se ter limite no uso da calculadora,
ele argumenta que “O ensino da Matemática é, sobretudo o ensino do pensamento,
pelo que os elementos essenciais devem continuar a ser o papel e o lápis”. Com
relação a isso, Joana Brocardo
3
, da Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento
Curricular do Ministério da Educação Portuguesa, defende o uso da calculadora.
Brocardo, em entrevista publicada no Portal do Ministério da Educação (2007),
explica que “A questão é usar a calculadora de forma inteligente, do ponto de vista
educativo... que os alunos disponham de um conjunto alargado de formas de calcular,
a máquina calculadora é apenas uma delas”.
Num artigo publicado por Girardi e Dias (2006 p. 3), sobre as concepções
dos professores de matemática no uso da calculadora, dentre as várias concepções
apontadas, segundo as autoras, predominou a opinião na crença de que “o uso da
1
O que nós somos, o que pensamos, nós refletimos em nossas ações do dia-dia, não é diferente no
contexto escola. Thompson explica que as concepções que os professores têm sobre o ensino da
matemática pode afetar a eficácia no desenvolvimento de uma aula. Por exemplo, numa aula onde
haja interação com os alunos é o professor que decide quanto ao melhor modo de usar a calculadora
e fará isso da forma que ele acredita ser melhor.
2
Em entrevista intitulada - Matemática: uso de calculadora no ensino básico divide professores e
especialistas. Disponível em: <http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=18714&tnid=6>.
Acessado em: 21 abr. 2008.
3
Nessa entrevista, fica claro que da forma como a calculadora está disponibilizada, é quase
impossível deter seu uso. Entrevista com Joana Brocardo. Disponível em: <http://www.min-
edu.pt/np3/1288.html>. Acesso em: 21 abr. 2008.