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entre escritor(a)/leitor(a) é de fundamental importância para a construção do sentido no texto
literário, não há que duvidar.
Minha experiência de leitura das obras de Ana Maria Machado foi ganhando
fôlego na graduação e, posteriormente, na especialização lato sensu, culminando numa das
opções do programa da disciplina Literatura Infantil, disciplina sob minha responsabilidade.
Nada mais natural que um veio rico de possibilidades que a obra dessa autora oferece viesse a
resultar numa pesquisa de mestrado. A escolha do tema deve-se, entre outros, à minha
integração ao Grupo de Pesquisa Cultura, Sociedade e Linguagem (GPCSL/CNPq)
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,
nas
linhas de pesquisa: Linguagem, Cultura e Memória
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e Educação, Leituras e Formação
Docente
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. E optar pela literatura lida por ou para crianças
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para o estudo da memória e
imaginação deu-se pela razão natural de eu trabalhar com este gênero textual e pela crença de
que o bom texto literário, independentemente de seu destinatário, é uma obra de arte. Um
indivíduo de qualquer idade, ao ler ou ouvir uma história, dialoga não só com quem escreve,
mas com a visão de mundo do outro, neste caso um adulto, emergindo desse contato mais
bem preparado para vivenciar suas experiências cotidianas. O ingresso no Programa de Pós-
Graduação em Letras desta Universidade e o consequente amadurecimento da pesquisa
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Grupo de Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia – Campus VI, Caetité.
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Esta linha se propõe a estudar a cultura, concebendo-a como espaço em que não só se estabelecem as relações
de sociabilidade, modo de ser e pensar o mundo, mas também um espaço em que diversos repertórios
socioculturais estão em constantes tensões oriundas das relações de poder suscitadas por grupos étnico-culturais.
As pesquisas que versam sobre a relação entre memória, história e representação problematizam a memória de
segmentos sociais hegemônicos em contraposição à dos subalternizados. É nessa perspectiva que se incluem os
estudos sobre linguagem, entendendo-a como fenômeno de natureza sociocultural e histórica em que
transparecem relações instituídas entre sujeitos, cultura e memória.
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Esta linha se pauta pela compreensão de que a produção do conhecimento envolve educação, leituras e
formação docente e exige dos pesquisadores, na atualidade, o desafio de enfrentar a formação e a pesquisa numa
abordagem educativa, cuja ação problematizadora constitui um campo convidativo a desconstruir conceitos
elaborados e re-elaborar novos com a perspectiva de que o processo educacional se dê de forma reflexiva e
democrática. Novos desafios estão sendo postos com o avanço do conhecimento tecnológico e, diante dessas
possibilidades de leituras, plurais ou singulares, faz-se preciso o acolhimento da diversidade de produção
literária, sejam elas consagradas ou não. Assim sendo, esta linha de pesquisa acopla projetos na área de estudos
educacionais, formação docente, processo ensino-aprendizagem, a relação pesquisa e prática pedagógica, as
produções de linguagens diversificadas, visando à valorização das experiências das mais variadas formas de
leituras de mundo, que discutem as vivências locais e globais na contemporaneidade.
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A criança de que trata este texto é aquela que se encontra na faixa etária compreendida entre 8 e 13 anos (um
pouco para mais, um pouco para menos, considerando-se a diferença de desenvolvimento de um para outro
indivíduo). Nessa fase se verificam várias transformações na forma como o indivíduo se relaciona com os outros,
na sua forma de pensar, de sentir, nos seus interesses e desejos, o que o leva a se questionar, questionar os outros
e tudo o que o rodeia, desencadeando, por conseguinte, modificações na sua vida psíquica, social e familiar. Essa
transformação cria muita fantasia e expectativas diante do desconhecido, a pessoa passa a querer e a exigir mais
respeito, principalmente dos adultos, e se prepara para construir uma nova identidade. Não possui características
específicas da infância, tampouco apresenta características próprias da adolescência, encontra-se num período
intermediário entre uma e outra fase, demonstrando interesses comuns às duas fases de desenvolvimento, como
o desejo, o interesse pela aventura, a fantasia. Assim, os termos infância, criança, pré-adolescência ou jovem
serão utilizados indistintamente para se referir a essa faixa etática e a literatura a ela destinada será designada
pelas expressões: “infanto-juvenil” ou “infantil- juvenil”.