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IZÂNGELA M. S. TONELLO
PROCESSOS DE ANÁLISE E SÍNTESE NA
ORGANIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS: UM ESTUDO
MULTIDISCIPLINAR
Londrina
2010
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IZÂNGELA M. S. TONELLO
PROCESSOS DE ANÁLISE E SÍNTESE NA
ORGANIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS: UM ESTUDO
MULTIDISCIPLINAR
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Gestão da Informação
Mestrado Profissional, da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª. Rosane Suely
Álvares Lunardelli
Londrina
2010
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025.4:77
Tonello, Izângela M. S.
T664p Processos de análise e síntese na organização de fotografias: um estudo
multidisciplinar / Izângela M. S. Tonello. — Londrina, 2010.
92f.; 30 cm.
Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão da Informação) - Universidade Estadual
de Londrina, 2010.
Orientadora: Profª. Drª. Rosane S. A. Lunardelli.
1. Fotografia. 2. Análise Documentária. 3. Lingüística Textual. 4. Análise
Documentária de Fotografia. I. Autor. II. Título.
CDU 025.4:77
801
IZÂNGELA M. S. TONELLO
PROCESSOS DE ANÁLISE E SÍNTESE NA
ORGANIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS: UM ESTUDO
MULTIDISCIPLINAR
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Gestão da Informação
Mestrado Profissional, da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Profª. Drª. Rosane S. Álvares Lunardelli
Universidade Estadual de Londrina
______________________________________
Prof. Dr. Paulo de Tarso Galembeck
Universidade Estadual de Londrina
______________________________________
Profª. Drª. Brígida M. Nogueira Cervantes
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, ____ de____________ de 2010.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, pois sem Ele nada teria sido possível.
Meu especial agradecimento à Rosane, minha orientadora, que soube ser uma
orientadora amiga e uma amiga orientadora. E que sem a sua sabedoria,
competência, ajuda, apoio, estímulo, paciência, incentivo e amizade eu não teria
conseguido chegar aonde cheguei.
À minha filha Bruna sem a qual eu também não teria conseguido, pois foi minha
parceira incondicional, deixando inúmeras vezes de fazer coisas prazerosas para
ajudar-me, não importando dia, hora... Com uma paciência infinda... Meu
agradecimento também especial.
Ao meu marido, pela paciência que demonstrou, pelas ausências, por todo tempo
que dispôs em meu benefício.
À minha filha Talita, que embora longe, me incentivou e apoiou também
incondicionalmente, como se estivesse ao meu lado, e que jamais me deixou pensar
em desistir ou esmorecer.
Ao meu genro, Rodrigo, pela paciência, pelas noites mal-dormidas, e sobretudo pelo
constante bom-humor apesar das situações.
Ao meu filho Renan, à minha nora Ângela e ao meu neto Renan, pelo apoio,
incentivo e valorização da minha conquista.
Ao Hospital do Câncer de Londrina pela possibilidade de realizar esse trabalho.
Aos professores da banca examinadora e do Curso, pelas importantes contribuições
a este trabalho.
A todos que direta ou indiretamente me ajudaram.
Afinal, o que é fotografia? A possibilidade de parar o tempo,
retendo para sempre uma imagem que jamais se repetirá?
Um processo capaz de gravar e reproduzir com perfeição imagens
de tudo que nos cerca?
Um documento histórico, prova irrefutável de uma verdade
qualquer?
A possibilidade mágica de preservar a fisionomia, o jeito e até
mesmo um pouquinho da alma de alguém de quem gostamos?
Ou apenas uma ilusão? Uma ilusão de ótica que engana nossos olhos
e nosso cérebro com uma porção de manchas sobre o papel,
deixando uma sensação tão viva de que estamos diante da própria
realidade retratada?
[...] Fotografia é tudo isso e mais um monte de coisas também.
Cláudio A. Kubrusly
TONELLO, Izângela M. S. Processos de análise e síntese na organização de
fotografias: um estudo multidisciplinar. 2010. 92f. Dissertação (Mestrado
Profissional em Gestão da Informação) - Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
A expressiva quantidade e variedade de informações que são veiculadas em
diferentes suportes e meios e a diversidade de usuários que buscam acessá-las,
constituem-se atualmente em foco de interesse e preocupação da área da Ciência
da Informação. Vale lembrar que a informação, seja ela escrita, oral ou audiovisual,
é o elemento básico para a produção e disseminação do conhecimento. Dentro
desse contexto, destacam-se as fotografias como fontes de informações geradoras
de conhecimento e também como importante subsídio para o resgate da história e
memória da Instituição. Nessa perspectiva, o texto em pauta busca evidenciar,
mediante pesquisas bibliográficas, que se os parâmetros para a avaliação de
documentos escritos estão razoavelmente definidos, o mesmo não ocorre em
relação às outras formas de suportes especialmente das fotografias. Desse modo,
aliando a Análise Documentária às noções básicas da Lingüística Textual, propôs-se
uma metodologia para o tratamento dessa tipologia documental gerada e mantida
em uma instituição da área da saúde, mais especificamente no Hospital do Câncer
de Londrina. Nesse sentido, enfatiza-se a preocupação com as informações contidas
nas fotografias, para que estas possam futuramente servir como elemento
fundamental na geração de conhecimento e no resgate da memória da Instituição.
Palavras-chave: Fotografia, Análise Documentária, Linguística Textual, Análise
Documentária de Fotografia.
TONELLO, Izângela M. S. Analysis and synthesis processes in the organization
of photos: a multidisciplinary study. 2010. 92f. Dissertação (Mestrado
Profissional em Gestão da Informação) - Universidade Estadual de Londrina.
ABSTRACT
The significant quantity and variety of information that are conveyed in different
means and the diversity of users who try to access them are nowadays considered a
concern of the Information Technology area. It is worth remembering that the
information, whether written, oral or audiovisual, is the basic element for the
production and dissemination of knowledge. Within this context, photographs are
emphasized as sources of information that generate knowledge as well as an
important aid for rescuing the Institution’s history and memory. In this perspective this
study intends to evidence, by means of bibliographical research, the existing
parameters for the organization/representation of imagetic documents. The study
also proposes, by uniting the Documentary Analysis procedures to the basic notions
of the Text Linguistics, to adapt the methodology presented by Manini (2002) to the
treatment of this textual typology generated and maintained in a health area
institution, more specifically in the Hospital do Cancer de Londrina. In this sense, it is
highlighted the concern with the recovery, in a more efficient and effective way, of the
information contained in the photographs related to the institutions that are
concerned with the service rendered to the population.
Key words: Photograph, Documentary Analysis, Text Linguistics, Documentary
Analysis of Photographs.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Fluxograma de divisões e subdivisões do acervo fotográfico
do Hospital do Câncer de Londrina ...................................................... 64
FIGURA 2 - Grade de Análise Documentária de imagens fotográficas ................... 65
FIGURA 3 - Gráfico de atendimentos realizados no Hospital do Câncer de
Londrina ............................................................................................... 68
FIGURA 4 - Grade adaptada de Análise Documentária de imagens fotográficas ... 69
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
2
REFERENCIAL
TEÓRICO ....................................................................................15
2.1
F
OTOGRAFIA
.........................................................................................................15
2.1.1 Fotografia como documento............................................................................23
2.2
R
EPRESENTAÇÃO DA
I
NFORMAÇÃO IMAGÉTICA
........................................................26
2.3
A
NÁLISE
D
OCUMENTÁRIA
.......................................................................................32
2.3.1 Análise Documentária de Fotografias..............................................................36
2.4
L
INGUÍSTICA
T
EXTUAL
...........................................................................................44
2.5
I
NDEXAÇÃO
...........................................................................................................56
2.5.1 Resumo...........................................................................................................58
2.5.2 Legenda ..........................................................................................................61
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................................................63
3.1
C
ARACTERIZAÇÃO DA
I
NSTITUIÇÃO
.........................................................................66
4 ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS ............................................................................69
4.1
A
NÁLISE DE FOTOGRAFIAS DA SÉRIE
:
E
VENTOS
.......................................................70
4.1.1 Resumo...........................................................................................................71
4.1.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência..................................................71
4.2
A
NÁLISE DE FOTOGRAFIAS DA SÉRIE
:
E
VENTOS
.......................................................73
4.2.1 Resumo...........................................................................................................74
4.2.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência..................................................74
4.3
A
NÁLISE DE FOTOGRAFIAS DA SÉRIE
:
F
UNCIONÁRIOS EM ATIVIDADES
.........................75
4.3.1 Resumo...........................................................................................................76
4.3.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência..................................................76
3
4.4
A
NÁLISE DE FOTOGRAFIAS DA SÉRIE
:
E
QUIPAMENTOS
..............................................77
4.4.1 Resumo...........................................................................................................78
4.4.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência..................................................78
4.5
A
NÁLISE DE FOTOGRAFIAS DA SÉRIE
:
E
SPAÇO
F
ÍSICO
...............................................79
4.5.1 Resumo...........................................................................................................80
4.5.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência..................................................80
4.6
A
NÁLISE DE FOTOGRAFIAS DA SÉRIE
:
P
ROCEDIMENTOS
RELACIONADOS AO PACIENTE
.................................................................................81
4.6.1 Resumo...........................................................................................................82
4.6.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência..................................................82
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................83
REFERÊNCIAS .......................................................................................................86
ANEXO.....................................................................................................................91
Anexo A: Autorização para uso das imagens ..........................................................92
INTRODUÇÃO
A história da Humanidade é marcada pela presença de imagens nas
suas mais diversas manifestações, pois o homem, sempre e por diferentes meios,
procurou registrar situações de seu cotidiano ao representar objetos, eventos,
paisagens, seres vivos, entre outros.
A imagem conquista, a cada dia, maior relevo como meio de
expressão e informação e, por esse motivo, o patrimônio gráfico tem aumentado
consideravelmente. Vale lembrar que a informação, seja ela escrita, oral ou
audiovisual, é o elemento básico para a produção e disseminação do conhecimento.
Com o intuito de ressaltar o papel da informação imagética, Joly
(1996, p. 59) afirma que como “instrumento de comunicação entre as pessoas, a
imagem também pode servir de instrumento de intercessão entre o homem e o
próprio mundo”.
Partindo dessa premissa, organizar para socializar os registros do
conhecimento torna-se condição sine qua non para que seja perpetuada a história e
para o desenvolvimento do ser humano. Nessa perspectiva, o acervo de fotografias
de uma instituição constitui documentos de extrema importância para pesquisa, seja
ela, administrativa, jurídica, acadêmica ou de cunho social.
Durante muito tempo, acreditou-se que a disponibilização dos
estoques informacionais textuais seria suficiente para a sua socialização e as
imagens seriam meras ilustrações. Atualmente, porém, as imagens são
consideradas relevantes fontes informacionais, visto que o conteúdo histórico, o
valor das informações contidas nelas são, muitas vezes, inestimáveis.
Com a valorização da fotografia como registro de uma realidade, a
memória coletiva passou a ser preservada também pelas imagens e isso gerou um
acúmulo nos arquivos fotográficos cada vez maiores, o que dificulta sua recuperação
e força as empresas e instituições a organizarem suas fototecas.
11
Nesse contexto,
Fatores como a presença de fundos
1
gráficos volumosos e em
contínuo crescimento, uma demanda especializada e diversificada, a
variedade de formatos e suportes e a necessidade de se recorrer a
outros fundos que satisfaçam essa demanda justificam a existência
de sistemas de recuperação de imagens complexos e eficazes, cujo
bom funcionamento se requer uma análise documentária completa e
com alto grau de qualidade (MOREIRO GONZÁLEZ; ROBLEDANO
ARILLO, 2003, p.13).
É importante ressaltar que a fotografia possibilita a visualização e
recuperação de fatos passados por meio de dados e informações que os
documentos textuais não registram, porém essa informação imagética não pode
estar fora do contexto do acervo ao qual pertence. Um documento fotográfico não
deve estar desligado do conjunto de documentos (principalmente os textuais), pois
as imagens de arquivos, muitas vezes, não se explicam por si mesmas.
Em decorrência, a mensagem verbal escrita é determinante para
que se interprete uma fotografia em seu conjunto. Importa salientar que a fotografia,
por ser polissêmica, possibilita várias interpretações.
Com a surpreendente quantidade de imagens fixas geradas
atualmente, é de suma importância o estabelecimento de um processo de gestão
documental baseado em critérios que permitam a preservação/recuperação dos
documentos. Porém, se os parâmetros para a avaliação e análise de documentos
escritos estão razoavelmente fundamentados pela literatura especializada, o mesmo
não ocorre em relação às outras formas de suportes como, por exemplo, as
fotografias. Nesse cenário e, ainda que correspondam a um significativo percentual
das informações geradas, uma escassez de estudos que privilegiem a análise
documentária de imagens fixas e em especial, de fotografias.
As dificuldades na recuperação dos acervos fotográficos são muitas,
demandando, assim, cuidados, métodos e estudos específicos a esse respeito. De
forma empírica, é possível observar que o acervo fotográfico de muitas instituições
nacionais, entre tantos outros espaços, encontra-se armazenado de forma precária,
dificultando ou até impedindo sua eficiente e eficaz recuperação.
1
Fundo: unidade constituída pelo conjunto de documentos acumulados por uma entidade que, no
arquivo permanente, passa a conviver com arquivos de outras (CAMARGO; BELLOTO, 1996, p.
40).
12
Dada a relevância cada vez maior das imagens fixas na construção
e disseminação do conhecimento, surgem questões que demandam estudos,
pesquisas e reflexões a respeito. Entre elas, evidenciam-se: como se o processo
de análise e síntese da informação imagética com vistas a sua organização para
futura recuperação? Em um âmbito mais pragmático: como é possível, por
intermédio da linguagem escrita, recuperar muitas das informações contidas na
imagem?
A imagem, reitere-se, é por definição polissêmica. Nesse caso,
como não perder completamente as características da mensagem fotográfica,
quando esta se transforma em mensagem textual? Na análise documentária de
imagens, como se relacionam e se interrelacionam o visual e o verbal? Quais são os
procedimentos de representação de conteúdo dos documentos fotográficos mais
apresentados na literatura científica da área?
A resposta a esses questionamentos subsidiará as ações para o
tratamento dessa tipologia documental gerada e mantida em instituições da área da
saúde, e mais especificamente, no Hospital do Câncer de Londrina - HCL
2
.
Essa proposta justifica-se, uma vez que, na sociedade
contemporânea, é amplamente reconhecida a importância do conhecimento para a
perpetuação da memória, bem como à criação de novos conhecimentos. Como
consequência, a informação associada ao conhecimento tem adquirido cada vez
mais visibilidade, à medida que aumentam suas possibilidades de uso pelos grupos
sociais que vivem em um meio cultural repleto de novas tecnologias de informação e
de comunicação.
Ainda que a fotografia seja valorizada em muitas instituições,
observa-se a insuficiente preocupação com esse tipo de documento que registra
informações a respeito das suas próprias histórias. Essas informações contidas nas
imagens, ao serem tratadas, gerarão como exposto anteriormente
possibilidade de estudos e pesquisa, que a imagem não é apenas o registro
momentâneo de um signo, mas, um conjunto de informações que trazem em si a
representação de uma realidade muitas vezes desconhecida pelos indivíduos mais
jovens ou já esquecida pelos mais velhos.
2
Quando referir-se à Instituição, será empregado também o termo: Instituto do Câncer de Londrina –
ICL.
13
Dada a importância e a necessidade da preservação da memória,
como também a preservação e disseminação de informação como fonte de geração
de conhecimento, fazem-se necessários estudos e pesquisas, a fim de construir uma
metodologia específica, de caráter multidisciplinar. Com efeito, são notórias as
dificuldades no tratamento e recuperação dos acervos fotográficos, os quais, por seu
conteúdo histórico e valor informacional, requerem cuidados e métodos especiais.
Nesse sentido, acredita-se que a Linguística Textual ou alguns de
seus fundamentos, aliados aos da Análise Documentária, trarão relevantes
contribuições para a consolidação de uma metodologia especificamente direcionada
à organização de arquivos fotográficos.
A proposta aqui apresentada está em consonância com a premissa
de que a informação registrada, armazenada e não disponibilizada, não cumpre seu
papel de gerar novos conhecimentos para a evolução e crescimento de seres
humanos comprometidos com a construção de uma sociedade e de um mundo
melhor.
Com relação aos objetivos traçados para o estudo em pauta,
pretendeu-se, baseado em Manini (2002), apresentar um método de organização de
fotografias relativas às instituições voltadas à área da saúde, enfatizando aquelas
fotos, as quais, de algum modo, estão relacionadas ao Hospital do Câncer de
Londrina. E mais especificamente, identificar informações referentes às
metodologias apresentada por Manini (2002) no tratamento documentário de
imagens fixas; analisar o documento fotográfico na sua relação com o texto que o
acompanha; estabelecer critérios para a análise e síntese das informações contidas
nas imagens fotográficas ao aliar os pressupostos teóricos metodológicos que
norteiam a Análise Documentária na Ciência da Informação com as noções básicas
da Linguística Textual, do estudo do texto.
No que diz respeito à estrutura do trabalho, estão assim dispostos os
itens: como texto introdutório são apresentadas as contextualizações necessárias ao
entendimento do trabalho, seguidas da problematização, dos objetivos propostos e
da justificativa da relevância e necessidade de estudos a respeito do tema.
O segundo item é composto pelo arcabouço teórico, no qual se
respalda a Dissertação, evidenciando concepções de autores nacionais e
14
internacionais. No terceiro item, são descritos os procedimentos metodológicos
empregados no estudo, bem como a caracterização da instituição - alvo da
pesquisa. No item quatro, a Análise Documentária de fotografias pertencentes ao
arquivo imagético do Hospital. Na quinta seção ou no item cinco são apresentados
comentários conclusivos a respeito da pesquisa. Em seguida, a listagem das obras
consultadas e o anexo inserido no estudo.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1
F
OTOGRAFIA
A imagem utilizada como forma de registro das atividades humanas
remonta à época das cavernas. No entanto, a necessidade de registrar, com a maior
fidelidade possível, as ações históricas do homem moderno, impulsionou o
surgimento de meios que atendessem a esse propósito.
Posteriormente, no contexto da Revolução Industrial, ocorreu o
desenvolvimento em vários campos das ciências, possibilitando a criação de várias
invenções que decididamente marcariam a história da Humanidade, como, por
exemplo, a forma química empregada para retratar pessoas, objetos e paisagens,
com maior realismo.
De acordo com a literatura especializada, a primeira pessoa a tirar
uma fotografia foi Joseph Nicephore Niepce, em 1826, reproduzindo uma imagem
inalterada por meio da ação da luz. Como esse processo heliográfico (desenho
solar), tinha o inconveniente de ser muito demorado e resultar em uma imagem de
pouca qualidade, o procedimento foi alterado por outro francês, Louis-Jacques-
Mandé Daguerre (1789-1851), que em 1839 criou “daguerreótipo”, aparelho primitivo
de fotografia (KUBRUSLY, 1998). Tal aparelho aprimorou a atividade de fotografar,
ao possibilitar, por intermédio de um método mais rápido e duradouro, uma imagem
inalterável. De acordo com Benjamin (apud ACHUTTI, 1997, p. 20) “no instante em
que Daguerre conseguiu fixar as imagens da câmara obscura, neste momento, os
pintores haviam sido demitidos pelo técnico”, visto que, toda representação
imagética da época era feita por pintores. Embora Daguerre tenha contribuído
sobremaneira para o desenvolvimento da fotografia, foi um inglês, Fox Talbot, quem
criou o primeiro processo prático para a produção de um número indeterminado de
cópias a partir do negativo original (BUSSELLE, 1998).
O surgimento da fotografia causou polêmica, pois quem desconhecia
o processo se espantava com essa nova maneira de representar imagens. Nesse
cenário, os artistas, que registravam a história por meio de pinturas, questionavam
tal procedimento.
16
A fotografia, é fato, revolucionou o paradigma instaurado, ao
possibilitar uma nova forma de representar o objeto, pois mostrava, fixava e, ainda
mais, podia reproduzir essa mesma imagem várias vezes e sem alterações.
Segundo Kubrusly (1991, p.10)
Nesse contexto, a fotografia emergiu quase que como uma forma
industrial da imagem, que nascia apoiada na misteriosa ‘máquina de
pintar’ [...]. Aparentemente não é necessária nenhuma habilidade
especial para produzir imagens fotográficas. [...] a fotografia tornou
possível a qualquer pessoa a posse de imagens [...].
Esse novo procedimento de representação de um fato, de uma
situação, suscitou transformações sociais, pois vários pintores abandonaram a
pintura e enriqueceram com a arte de fotografar. Diante desse cenário, importa
mencionar que tal mudança gerou discriminação com relação à fotografia e fez com
que fosse excluída da categoria de arte, uma vez que poderia ser industrializada, ou
seja, qualquer um poderia fazê-la, não era necessário talento, bastava possuir uma
câmera fotográfica.
Houve, nessa época, uma busca por estúdios fotográficos, os quais
retratavam de forma mais rápida e realisticamente, as pessoas e as coisas,
ocasionando assim a democratização da fotografia e tornando o retrato um processo
mais barato e acessível que a pintura.
Nesse novo contexto de reprodução, a fotografia, como imagem
fixada em uma placa, provocou as mais diferentes reações despertando, assim, uma
rivalidade com a pintura. Essa situação mais tarde foi amenizada, pois as fotografias
se voltaram para o campo científico como imagens da flora para os botânicos,
registros de arquiteturas urbanas, paisagens campestres, entre outros temas.
Embora fosse rejeitada como arte, importa mencionar que por
intermédio da fotografia os pintores perceberam a importância e os efeitos da luz, o
que colaborou para que a arte expressa pela pintura se tornasse mais realista. Com
outras palavras, Andrade (2002, p. 36) corrobora a afirmação ao explicitar que
“assim a fotografia entra na arte com pinceladas suaves fingindo copiar a realidade e
dá aos artistas da época a possibilidade de enxergar mais do que uma imagem real”.
17
A título de ilustração vale salientar que, na época, todo o registro da
Humanidade era preferencialmente textual e que as imagens serviam meramente
para ilustrá-lo. Durante muito tempo, essa foi a única e mais importante utilidade das
fotografias.
A fotografia, no entanto, foi conquistando espaço e, inegavelmente,
deixando-se perceber como importante e, muitas vezes, insubstituível fonte de
informações.
Em relação às fotografias coloridas, Niépce (anteriormente ao
surgimento delas) escrevia ao seu irmão, ”é necessário que eu consiga fixar as
cores“ (AMAR, 2007, p. 37). Entretanto, foi somente Gabriel Lippmann que criou um
método que, embora fosse de difícil aplicação, conseguiu bons resultados na
obtenção das fotografias coloridas. Apesar disso, seu método não teve
aplicabilidade prática posteriormente.
Seria efetivamente, Frédéric Ives, alguns anos mais tarde que com o
uso de filtros coloridos: um vermelho, um amarelo e um azul (cores primárias) que
recriaria as cores do espectro e consequentemente aperfeiçoaria o processo de
fotografia em cores.
Outros processos foram sendo aperfeiçoados, como o dos irmãos
Auguste e Louis Lumière que por meio da chapa Autochrome, colocam a cor na
fotografia e ao alcance de todos. Esse processo consistia em colocar sobre uma
única chapa de vidro, pigmentos das três cores primárias aleatoriamente, ou seja, as
cores seriam reveladas, por um método tricromático. Tempos depois, Leopold
Mannes e Leopold Godowsky inventaram o filme Kodakchrome para a Kodak. Esse
filme diapositivo que é utilizado até hoje é constituído, em seu suporte, de três
camadas sensíveis que se alternam com três camadas filtrantes e os corantes são
depositados no decorrer da revelação, processo que consegue obter transparências
(diapositivos ou slides) ricas em cores e detalhes.
A última grande etapa na história da fotografia a cores foi realizada
pela Polaroid, quando surgiu o Polacolor, um filme que possibilitava a obtenção de
uma fotografia em um minuto (AMAR, 2007).
Atualmente, é fato, as imagens estão presentes em grandes
quantidades, seja no cenário cultural, seja no científico, permitindo além do
18
compartilhamento de experiências não-verbalizadas, o conhecimento de culturas
passadas, uma vez que torna possível, ao olhar-se uma imagem, conhecer e
experimentar, algo que não se viveu. Em decorrência, a fotografia proporciona, de
forma mais vívida e real, o resgate do passado, pois a imagem impressa no papel
cristaliza um determinado momento, uma determinada ação, ao fazer um recorte
particular de uma realidade já passada, mas que se faz presente, pela imagem.
A partir desse novo modo de revelar e perceber o mundo, o homem,
então, pôde ver e registrar com mais detalhes, tudo que o cercava, possibilitando
dessa forma, que a fotografia adquirisse o estatuto de um documento. Esse novo
enfoque dado à fotografia possibilita não a compreensão do registro da imagem
como uma forma de representação de uma realidade, como também evidencia o
contexto relacionado à sua construção, permitindo a apropriação de informações e
conhecimento, pois ela expressa, por meio de uma linguagem própria, o registro
científico, social, cultural ou artístico de uma época.
De acordo com esse enfoque, Lissovsky (1983, p. 118) afirma que
“[...] a fotografia capta mais e melhor do que qualquer outra fonte de informação.
Dessa forma, as informações que podem sair da fotografia são ilimitadas”.
Segundo Andrade (2002), cabe a fotografia o peso de expressar o
real, pois é a prova essencial que demonstra a existência do que é visto na imagem.
Portanto, considerada por uns como um documento que resgata um
momento passado e por outros como o resultado de simples e pura criação, a
fotografia definitivamente assume seu verdadeiro papel, ou seja, auxiliar a memória
por meio da imagem fixada em um determinado suporte.
Ressaltando a importância da fotografia, Burke (2004, p. 17)
argumenta que “[...] imagens, assim como os textos e testemunhos orais,
constituem-se numa forma importante de evidência histórica”. A fotografia, como
registro, revela um fato acontecido, ou seja, uma realidade passada, a qual pode
ser vista e analisada por expectadores que não estavam presentes no momento do
registro.
Como toda imagem, a fotografia carrega em si uma história e olhar
para a imagem representada leva às reflexões a respeito daquele momento
retratado e a intencionalidade do fotógrafo para que aquele acontecimento, aquela
19
pessoa ou aquela paisagem não se perdesse. Sendo assim, tudo ali, naquela
imagem, permanecerá como naquele instante. O conteúdo informacional, o motivo
se manterá nele. O tempo parou naquele momento e permanecerá assim,
representando para sempre o mesmo momento no qual foi registrado.
As imagens são testemunhas de situações sem utilizar palavras.
Nesse sentido, é preciso que se identifique na imagem a mensagem implícita, pois
ela está contextualizada em uma época e comunica, por meio dessa imagem, sua
dimensão material (forma, tamanho, técnica empregada) e sua dimensão simbólica
ou abstrata, ou seja, o que significa.
Nessa linha de raciocínio, Panofsky (2007) complementa que é
necessária, ao se observar uma imagem, a percepção de seus significados: o
significado factual, ou seja, a percepção do que de fato a imagem mostra e o
significado ulterior que seria a percepção expressional que difere da anterior, por
requerer sensibilidade e familiaridade com o objeto, no caso, a imagem.
Indiscutivelmente, a imagem não só ilustra um texto, como traz intrinsecamente, uma
mensagem não verbal, que possibilita o resgate de fatos passados, esquecidos
oferecendo, portanto, a possibilidade de uma reconstrução histórica.
Segundo Rodrigues (2007, p. 70), por intermédio da fotografia
[...] cria-se um ‘arquivo de vida’, como o registro de todos os
momentos considerados importantes, sejam de caráter estritamente
pessoal ou de caráter coletivo, com enfoque particular ou
profissional. Permite ainda o registro de fatos decisivos para o
conhecimento da história, da cultura, da ciência, das artes, dos
esportes, da moda, da política, enfim, da história da humanidade.
Na sociedade contemporânea, a imagem fixa e em especial, a
fotografia, é fato e presença marcante, seja em seu contexto cultural, educacional e
social, proporcionando a difusão do conhecimento e da informação registrada a
todos que tenham acesso a ela.
Nesse contexto, fotos são utilizadas para fins comerciais, de
exposição, de publicação. Para fins comerciais, a imagem irá veicular a idéia que se
deseja transmitir acerca do produto, porém essa imagem não precisa ser verdadeira
em relação ao conteúdo, mas deve ser convincente ao representar o produto ou a
20
situação que difunde; para fins de exposição, a imagem deverá ser mostrada ou
exibida, por diferentes motivos, para promoção ou divulgação artística, de eventos,
ou ainda como mostra fotográfica de caráter histórico e/ou científico.
Também para fins de publicação, a fotografia é amplamente utilizada
e apresenta-se assim, em diferentes suportes, como livros, revistas, vídeos e outros.
Considera-se, nesse caso, a verossimilhança da fotografia para a sua
representação, pois elucida o texto do qual faz parte; para fins educacionais e/ ou
científicos, as imagens o utilizadas para aulas, palestras, congressos, seminários.
Deve-se considerar, nesse caso, o objeto de estudo ou de pesquisa que se pretende
abordar e, para esse fim, verifica-se se as imagens escolhidas representam
realmente o objeto em foco; no uso familiar e/ou pessoal, as imagens se constituem
basicamente em registros de momentos de significação subjetiva e particular.
Considera-se, nesse tipo de acervo, o que elas representam para o indivíduo.
Ainda em relação ao uso das fotografias, ressalta-se a finalidade de
comprovação ou o caráter probatório, no qual ela serve para provar ou tornar
evidente um fato ou um acontecimento.
Atualmente, a fotografia, como anteriormente mencionado, adquiriu
status de relevante documento nas mais diversas instituições e seu conteúdo
informacional e histórico tem sido objeto de estudo. Importa salientar que tal
atividade assume um caráter complexo, pois a análise de uma imagem é dificultada
pela variedade de signos nem sempre explícitos, nem sempre simples, que se
misturam na representação do instante fotografado. Essa afirmação remete a uma
proposição generalizante, uma vez que qualquer forma de representação é
caracterizada por uma variedade de signos, e eles nem sempre estão explícitos.
Em virtude desse enfoque dado à fotografia, Trentin (1992, p. 177)
afirma que a fotografia, como documento, deve exceder o registro de um evento ou
de um objeto e apresentar um enunciado ou possibilitar a articulação de informações
claras a respeito de determinado assunto e sua situação.
Como exposto acima, a fotografia extrapola o que se vê, pois sabe-
se que por trás de uma câmera, via de regra, está um observador, que por diversos
motivos e interesses, decide o que fotografar, o que merece ou não realce e o que
pretende na realidade com essa fotografia e todas essas informações o reveladas
21
na imagem. Portanto, todos esses mecanismos técnicos, chamados também de
códigos fotográficos, usados pelo fotógrafo na tomada da imagem são considerados
relevantes para a posterior recuperação dessa fotografia.
Por meio desses digos, obtêm-se informações referentes à
posição da câmara em relação ao objeto fotografado, o formato da imagem, o
enquadramento utilizado, a perspectiva, a iluminação, cores (se foto colorida), tipo
de objetiva, lentes, escala, filtro, entre outros. Segundo Moreiro González;
Robledano Arillo (2003, p. 26) são esses códigos fotográficos que
[...] determinam o aspecto visual do representado na imagem,
incidindo na sua eficácia comunicativa: registrar uma pessoa em
primeiro plano, em cores e de um ângulo natural não é a mesma
coisa que a registrar em um plano geral, em preto e branco, com
pouca nitidez e de um ângulo plongée (de cima para baixo), por
exemplo.
Todo o processo de codificação fotográfica pode ser explicitado a
partir de dois enfoques, ou seja, o da tomada da imagem e o da revelação e pia
do material. No primeiro, o da tomada da imagem, são selecionados alguns recursos
técnicos que serão empregados, como por exemplo, o ponto de vista em relação ao
objeto, ou seja, de frente, de trás ou de lado; ângulo de tomada ou posição da
câmera isto é, ângulo médio, plongée, oblíquo, contraplongée, fotografia aérea
(vertical ou inclinada); distância focal (do fotógrafo ao objeto).
Sob esse prisma, analisa-se também a amplitude do espaço
ocupado pelo objeto, pois ele determina os diversos tipos de plano como bem
explicitam os autores Moreiro González e Robledano Arillo (2003):
Grande plano geral: grandes cenários, como foto de uma
cidade, ou de uma paisagem, por exemplo, no qual a
fotografia apreende todo o ambiente com os seus diferentes
elementos e retiram de destaque as figuras humanas e
destacam o coletivo ou o todo.
Plano geral - P.G. (plano inteiro ou de conjunto): deixa
perceber a integração do ambiente fotografado, com o objeto,
mostrando o ambiente no qual o objeto está inserido, sem
destaque de um ou de outro. Esse plano é importante, pois
22
situa a ação e situa o objeto no ambiente em que ocorre a
ação. O personagem deve apresentar no mínimo três quartos
da altura da moldura em um ambiente específico.
Plano de união: apresenta o corpo inteiro sem espaço acima
ou abaixo do personagem.
Plano três quartos ou plano americano: assim como o de
união, retratam ações e atitudes nas quais os personagens
são os protagonistas, podendo-se perceber, por meio da
fotografia, como se sucederam os acontecimentos e a
natureza deles. Sendo, portanto, importantes para a
denotação. O marco inferior da fotografia está situado na
altura do joelho do personagem fotografado.
Plano médio ou meio plano: evidencia o personagem a partir
da cintura podendo também apresentar o personagem,
somente do peito para cima. É um plano que favorece muito
a identificação icônica, ou seja, favorece a identificação da
imagem.
Grande plano ou close: no qual se retrata o ombro e a
cabeça do personagem, ou seja, o importante é o rosto e a
expressão do personagem e não o contexto no qual ele está
inserido.
Plano detalhe: que seria o close de um detalhe do
personagem, não se tem o todo, somente uma parte dele é
fotografada.
O segundo momento da codificação fotográfica diz respeito aos
procedimentos de revelação e cópia, nos quais diferentes processos podem
modificar ou alterar o que se pretendeu fotografar. São levados em conta, nessa
fase, alterações nas tonalidades, mudanças de colorido para branco e preto, mais ou
menos contraste e a seleção do que será apresentado na cópia, entre outros
aspectos.
23
Complementando as informações relevantes para o processo de
análise e recuperação de fotografias descritas acima, outros dois assuntos, de igual
importância, a Dimensão Expressiva e o Referente serão discutidos posteriormente
no item da Análise Documentária de Fotografias.
Mediante as informações relativas à fotografia, visando a sua
utilização como documento, percebe-se necessidade de defini-la como tal.
2.1.1 Fotografia como documento
Fotografia é uma palavra que tem sua origem no idioma grego e que significa
escrever com a luz (foto= luz e grafia= escrita).
Nesse sentido, o significado da própria palavra a nomeia como
documento. A fotografia registra um momento, um instante do
passado, do presente de nossas vidas, constituindo a construção da
história, da cultura, da educação de uma sociedade. Toda imagem é
representativa, tem um suporte, é referencial, estética, artística,
sintética, emotiva, objetiva e subjetiva. Além disso, a fotografia é real,
pois documenta (BOCCATO; FUJITA, 2006, p. 86).
Na perspectiva de Bellotto (2004, p. 35), documento
[...] é todo e qualquer elemento gráfico, iconográfico, plástico ou fônico pelo
qual o homem se expressa. [...] a legislação, a estampa, a tela, a escultura,
a fotografia, [...]. Enfim tudo o que seja produzido, por motivos funcionais,
jurídicos, científicos, técnicos, culturais ou artísticos, pela atividade humana.
Logo, documento é um suporte, no qual foi fixada ou registrada uma
idéia, uma noção ou uma mensagem. Essa premissa amplia a concepção de que
era considerada como documento a informação textual.
A fotografia como documento surge a partir do momento em que ela
substitui o ato de registrar visualmente paisagens e pessoas, o que anteriormente,
era feito por artistas que acompanhavam os pesquisadores, no caso, biólogos,
botânicos, religiosos e outros.
Nesse contexto, vale salientar o empenho de alguns fotógrafos,
cientistas e governos, que reconheceram a importância da fotografia como registro
24
de um indivíduo, objeto ou acontecimento real, e possibilitaram que ela constituísse
um meio bastante eficaz de representar o que foi fotografado e se consolidasse
como tal. A fotografia, de acordo com esse enfoque, reestrutura a realidade.
Sontag (2004, p. 196) afirma que
[...] a força das imagens fotográficas provém de serem elas
realidades materiais por si mesmas, depósitos fartamente
informativos deixados no rastro do que quer que as tenha emitido,
meios poderosos de tomar o lugar da realidade ao transformar a
realidade numa sombra. As imagens são mais reais do que qualquer
um poderia supor.
Várias ciências se utilizavam da fotografia para comprovarem
teorias, ilustrarem pesquisas e livros acadêmicos o que tornou possível o seu
reconhecimento como fonte segura de comprovação.
Em um ambiente no qual a informação, para ter credibilidade, era
essencialmente escrita, os desenhos eram muitas vezes fantasiosos e as pinturas
por serem encomendadas, refletiam a falta de fidelidade em relação ao real e
também a falta de neutralidade do artista, ou seja, o artista representava ou retratava
de acordo com o interesse do cliente. Nesse sentido, a objetividade e a neutralidade,
que deveriam estar presentes nesses tipos de representações informacionais eram,
portanto, pouco frequentes.
Segundo Amar (2007, p. 63)
A chegada da fotografia vai abalar estes modos de proceder, dado
que ela é de imediato considerada completamente objectiva e
verídica. O seu testemunho nunca é posto em dúvida. Ela vai ser,
portanto, a ‘ testemunha fiel’ de todos os factos importantes.
Nesse cenário, a fotografia subverte as opiniões a seu respeito, e
passa a ser vista como a forma mais adequada de representar, não as ciências,
mas também os acontecimentos históricos, culturais e sociais.
Na esteira desse pensamento, Kossoy (2002, p. 19) afirma que
desde o seu surgimento e ao longo de sua trajetória, até os nossos
dias, a fotografia tem sido aceita e utilizada com prova definitiva,
‘testemunho da verdade’ do fato ou dos fatos. Graças a sua natureza
fisicoquímica - e hoje eletrônica- de registrar aspectos (selecionados)
do real, tal como esses fatos aparecem, a fotografia ganhou elevado
status de credibilidade.
25
Se ainda havia dúvidas em relação à importância da fotografia, elas
foram totalmente dirimidas ao possibilitarem formas inovadoras de se apresentar as
informações, expressões artísticas e também como uma nova maneira de
comercialização, pois, por meio delas, podia-se explicitar ou expressar formalmente,
os mais diversos contextos, desde um simples registro de uma paisagem, até as
etapas de uma pesquisa científica.
Dentro dessa linha de raciocínio e excluindo qualquer dúvida em
relação ao valor da fotografia como documento, Febvre (apud Le Goff, 2003)
argumenta que, para a reconstrução de fatos passados, devem ser buscadas
também outras fontes documentais e não somente as textuais.
De acordo com Febvre, (apud Le Goff, 2003, p. 530)
a história faz-se com documentos escritos sem dúvida. Quando estes
existem. Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos,
quando não existem. Com tudo o que a habilidade do historiador lhe
permite utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores habituais,
Logo, com palavras. Signos. Paisagens e telhas. [...] Com os
exames de pedras feitos pelos geólogos e com as análises de metais
feitas pelos químicos. Numa palavra, com tudo o que pertencendo ao
homem, depende do homem, serve ao homem, exprime o homem,
demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser
do homem. [...].
Nesse cenário, indiscutivelmente a fotografia é considerada
documento em virtude de testemunhar ou documentar, por meio de imagens,
acontecimentos históricos, a ocorrência de fatos, a existência de pessoas e a
participação dela em eventos e acontecimentos, como também registrar lugares e
objetos.
Boccato e Fujita (2006, p. 85) ressaltam que
Desse modo, podemos tratar a fotografia, como documento que
transmite informação registrada em um suporte de papel (fotografia
analógica) ou eletrônico (fotografia digital), viabilizando a geração de
conhecimento. Toda imagem tem um suporte e uma técnica e isso
determina o seu significado.
Contudo, segundo Manini (2008, p.127)
a fotografia se torna um documento de uso geral, de interesse
público coletivo e de importância histórica e/ou cultural quando
inserida num arquivo: importará sua origem ou proveniência, a
26
finalidade de sua criação ou produção, e será tratada segundo um
agrupamento sistemático, respeitando a organicidade do fundo a que
pertence.
Em decorrência da atual concepção de fotografia como importante
fonte de informações, bem como o aumento desse acervo imagético, surge a
necessidade da criação dos fundos de imagens. De acordo com Moreiro González;
Robledano Arillo (2003, p. 13) “os fundos de imagens são criados para que seja
possível a reutilização ou consulta dos documentos ali armazenados”, pois, na
sociedade moderna, reitere-se, um aumento expressivo da busca, como fonte de
pesquisa, dessa espécie documental.
Estes fundos são criados para que, posteriormente, seja possível
acessar e consultar os documentos ali armazenados. Para que isso aconteça, são
necessários procedimentos sistematizados que assegurem em tempo hábil e com
qualidade - a apropriação das informações contidas nas imagens. Dentre esses
procedimentos salienta-se o ato de representar de forma clara e sucinta a
informação contida nos documentos.
2.2
R
EPRESENTAÇÃO DA
I
NFORMAÇÃO
I
MAGÉTICA
A organização da informação, - seja ela textual ou imagética -, com
vistas à sua apropriação, tem sido uma necessidade premente do ser humano.
Entretanto, de acordo com Souza (1998, p. 7), “atualmente ficou ainda mais evidente
o quanto é imprescindível a organização desse saber”. Essa afirmação está
relacionada a dois fatos que particularizam a sociedade pós-moderna: a quantidade
e variedade de informação que circulam em diferentes suportes e o grande número
de pessoas que buscam acessá-la.
De acordo com Cintra (1994, p. 14)
O desenvolvimento científico e tecnológico tem proporcionado à
sociedade uma massa enorme de informação geradora de
conhecimentos, portanto de documentos, que precisam ser tratados
adequadamente para que haja não a sua divulgação, como
também, a criação de novos conhecimentos, cumprindo assim a
rotina natural da própria ciência.
27
A apropriação da informação requer estruturas cognitivas e a
capacidade de interpretar e ordenar tanto de quem a apresenta quanto de quem a
recebe. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que a informação é o resultado de
leitura e interpretação do objeto. Em outros termos, é ela quem faz a conexão entre
o objeto e o conhecimento existente, possibilitando, assim, a geração de novos
conhecimentos.
Davenport (1998) esclarece que a informação resulta de dados
dotados de relevância e propósito, os quais requerem análise, exigem consenso em
relação ao que significam e isso pode ser feito pelo ser humano. Ainda conforme
o autor é a partir de dados com significados, julgamentos e interpretações que se
formula a informação o que, sob a ação do sujeito, agrega valor e possibilita o
conhecimento.
No que diz respeito ao conhecimento, este é caracterizado como um
processo, uma abstração pessoal de algo ou alguma coisa que foi experimentado
por alguém, ou um fluxo de informação que se potencializa. O conhecimento,
segundo Araújo (2002, p. 239), “é obtido como resultante de processos mentais
desencadeados a partir da informação, pela ação do sujeito, considerando-se
aspectos objetivos e subjetivos”.
Sob essa perspectiva, Maimone e Tálamo (2008, p. 2) ressaltam que
[...] o conteúdo das informações inseridas visualmente nas imagens
denota relevância significativa para uma possível transmissão de
conhecimentos, que permite, através da decodificação de suas
mensagens, interpretar o universo reconhecido e expresso naquela
obra.
Nessa mesma linha de raciocínio e, sobretudo por ser considerada
valiosa fonte de informações, Rousseau e Couture (1998, p. 233) apresentam que
[...] as fotografias devem efectivamente ser objectos de uma
avaliação e de uma selecção. Trata-se, sem dúvidas, da tarefa mais
difícil e mais delicada [...] exigem do arquivista um conhecimento das
técnicas fotográficas mas também uma certa aprendizagem para ler
e interpretar o conteúdo dos documentos fotográficos.
Complementando, importa ressaltar que devido ao aumento diário
dessa massa documental, para que a informação presente na fotografia possa ser
28
apropriada e transformada em conhecimento, ela precisa ser devidamente
representada.
Pereira e Bufrem (2005) concebem a representação como um
processo de “reapresentação” da informação inscrita em um documento, cujos
produtos seriam os resumos, palavras-chave e números de classificação.
Etimologicamente, representar relaciona-se a trazer de volta alguma
coisa. De acordo com a semiótica pierciana, significa estar no lugar de.... Entretanto,
observa-se que representar, ultrapassa o sentido de “estar no lugar de”, uma vez
que indica a retomada, a recuperação da informação citada no texto e que está
presente no modelo contextual dos interlocutores.
Marcondes (2001, p. 64), ancorado na concepção de Pierce acerca
do assunto, afirma que “representação é, desta maneira, um processo ocorrendo na
mente de alguém, produzindo nesta mente algo distinto do objeto a que se refere”. A
seguir, o autor complementa observando que “a representação então relaciona o
objeto que ela representa com a mente que o percebe”.
Segundo Boccato e Fujita (2006, p. 85)
Assim o documento fotográfico tem seu papel definido como produtor
de informações e, nesse sentido, merece uma atenção especial na
realização de uma análise documental que possibilite uma
representatividade adequada de seu conteúdo e uma satisfatória
recuperação de informação.
Desse modo, o ato de representar uma fotografia ou fundo de
fotografias possibilita a transferência das informações presentes nessa tipologia
documental, por intermédio de atividades sistematicamente realizadas.
Para Kobashi (1996, p. 11) “a palavra ‘representação’ evoca
inúmeras noções”, e para que não haja uma interpretação ambígua em relação ao
termo, cabe aqui situá-lo em relação à documentação. De acordo com a autora
mencionada,
na Documentação, o termo ‘representação’ é um conceito pré-
teórico, associado, de um lado, à descrição de aspectos que
identifiquem materialmente os documentos (catalogação) e, de outro,
ao processo e ao produto da condensação de conteúdos de textos,
ou seja, à indexação e a elaboração de resumos (processos) e aos
próprios índices e resumos (produtos).
29
Maimone e Tálamo (2008, p. 2), ao referirem-se às atividades de
representação, julgam “preciosa a acuidade na maneira de representar a
informação, pois quanto mais fidedigna for aos conteúdos originais e suas formas
significantes de expressão, mais bem sucedidas serão as apreensões de
conhecimento”.
Em uma perspectiva de economia da informação, Marcondes (2001,
p. 67) postula que
a representação da informação deve situar-se entre dois extremos
para economizar energia e assim realizar seu papel: ser
suficientemente rica sob o aspecto cognitivo e, ao mesmo tempo,
sintética para economizar a energia do usuário de maneira
significativa.
Dando continuidade ao raciocínio, o autor reforça a importância da
relação de contiguidade entre a representação e o texto original ao argumentar que
aquela deve ser suficientemente similar ao original “de modo a permitir a um usuário
inferir o conteúdo do documento, de maneira a permitir-lhe decidir acerca da
validade de obter e realizar a leitura do documento completo” (MARCONDES, 2001,
p. 67).
Segundo Novellino (1996, p. 38), “a principal característica do
processo de representação da informação é a substituição de uma entidade
Lingüística longa e complexa o texto do documento por sua descrição
abreviada”.
Para a autora, a substituição, ou sumarização, decorre não apenas
da necessidade da diminuição do volume de material a ser armazenado e
pesquisado, mas principalmente pela possibilidade de demonstrar, com poucas
informações, o sentido do documento. “Ela [a sumarização] funciona então como um
artifício para enfatizar o que é essencial no documento considerando sua
recuperação, sendo a solução ideal para organização e uso da informação”
(NOVELLINO, 1996, p. 38).
Maimone e Tálamo (2008) caracterizam a representação da
informação como atividade fundamental à instauração de novos cenários
intelectuais, à medida que possibilita a reprodução do conteúdo do documento
visando à apropriação por parte do usuário e lembram que, com relação aos textos
30
imagéticos, esta representação se por intermédio da linguagem verbal. Segundo
as autoras (2008, p. 8), ao relacionar-se a imagem à palavra, “pode-se dizer que a
imagem integra um discurso visual e a palavra um discurso verbal, de modo que
tantos estes quantos outros discursos, [...], são tidos como prática social modelizada
pela linguagem verbal”.
É importante ressaltar, na esteira do pensamento das autoras, que
as representações informacionais são resultantes de processos humanos e, como
tal, fazem parte de uma ação social, ou seja, “as representações o baseadas em
ações sociais, refletem momentos históricos, teorias, ideologias e culturas e, embora
se aproximem da realidade, podem ter ‘leituras’ diversas” (MORA; ARCE, 2002, p.
9).
As linguagens que representam as informações são divididas, sob a
ótica da Ciência da Informação, e mais especificamente, no âmbito da Análise
Documentária em Linguagem Natural, Linguagem Especializada e Linguagem
Documentária. Cabe às linguagens transformar essas informações em
conhecimentos adequados às necessidades dos diferentes segmentos sociais.
A Linguagem Natural é a linguagem empregada habitualmente na
escrita e na fala. São palavras que, de forma organizada (frases, textos), transmitem
mensagem do emissor para o receptor. A Linguagem Especializada é a linguagem
utilizada em uma determinada área do conhecimento para proporcionar uniformidade
em relação aos termos específicos, salientando-se principalmente os aspectos
relativos à terminologia da área, fundamental para a caracterização e distinção
dessas mesmas linguagens entre si. É uma linguagem espontânea, criada no
decorrer das interações, leituras e convenções que possibilita a comunicação entre
os especialistas.
A Linguagem Artificial, Documentária ou Controlada, é a linguagem
construída pelo profissional especializado. Elaborada de acordo com regras
estabelecidas de um vocabulário controlado específico, - cuja finalidade é a de
descrever o conteúdo dos documentos de forma sintética, - visa à uniformidade de
armazenamento, assim como a facilidade de recuperação dessas informações.
As linguagens formalizadas de representação são as linguagens
documentárias, as quais, de acordo com Cintra, (1994, p. 33; 38) são linguagens
31
[...] construídas para a indexação, armazenamento e recuperação da
informação e correspondem a sistemas de símbolos destinados a
‘traduzir’ os conteúdos dos documentos. [...] é obtida por meio de um
processo que se inicia pela análise do texto, com o objetivo de
identificar conteúdos pertinentes em função das finalidades do
sistema e da representação desses conteúdos numa forma
sintética, padronizada e unívoca.
Na documentação, seja ela textual ou imagética, tem-se a sua
representação por meio do enfoque descritivo ou temático. A representação
descritiva identifica os aspectos materiais dos documentos. É normalizada por
formatos e regras de catalogação e descrição bibliográfica.
A representação temática busca descrever o conteúdo dos
documentos. Respaldada por técnicas e princípios da classificação e indexação, terá
como produtos os resumos, palavras-chave, descritores e notações, permitindo
assim, que esse conteúdo seja recuperado e compartilhado. O enfoque na
representação temática é importante, visto que resgata e expõe os conteúdos
significativos contidos no teor do documento. Para tanto, demanda do profissional
da informação mais do que uma leitura da imagem, requer uma leitura que muitas
vezes em um primeiro momento, a imagem não mostra.
Nesse cenário, vale ressaltar que a fotografia está sempre vinculada
a um contexto, no qual se originou e esse mesmo contexto é que muitas vezes
permite uma representação temática mais específica e completa.
Maimone e Gracioso (2007, s. p.), ao situarem a representação
temática como etapa de expressiva relevância no processo de apropriação de
informação, argumentam que
intrinsecamente aos processos organizacionais da informação
encontra-se a representação temática da informação como parte
integrante do processo de recuperação, sendo que é etapa
fundamental para a confiabilidade e eficácia dos sistemas.
Na área da Ciência da Informação, o conjunto de atividades em
busca da representação do conteúdo informacional dos documentos denomina-se
Análise Documentária.
32
2.3
A
NÁLISE
D
OCUMENTÁRIA
A Análise Documentária, de acordo com Menezes; Cunha; Heemann
(2004, p.9) é considerada
a operação que consiste em apresentar de forma concisa e precisa
os dados que caracterizam a informação contida em um documento
ou em um conjunto de documentos. O termo análise documentária se
refere apenas as operações intelectuais (compreender, formular) que
precedem a ação cujos produtos mais visíveis são o resumo e a
indexação
A Análise Documentária, na perspectiva de Gardin et al. (1987,
tradução nossa), corresponde a um conjunto de procedimentos sistematicamente
realizados com o intuito de representar o conteúdo dos documentos científicos, de
modo a propiciar sua recuperação ou consulta
3
.
Dentro dessa perspectiva, importa mencionar que Gardin referiu-se
especificamente aos documentos científicos, porém é consenso entre estudiosos da
área que os procedimentos mencionados podem ser aplicados a vários outros tipos
documentais.
Historicamente, a Análise Documentária constituiu-se em três
momentos: como arte, como técnica e na busca por metodologias. No primeiro
momento, a Análise Documentária era resultado do talento, da habilidade artística,
ou seja, a representação do conteúdo do documento e sua identificação era feita
somente pelo bom senso aliado à intuição.
A Análise Documentária, em um segundo momento, era considerada
uma técnica de organização da informação no período em que houve uma grande
produção documental, como conseqüência dos reflexos da revolução industrial. A
Análise Documentária, sob esse enfoque, volta-se mais para a ação, ou seja, se
torna mais pragmática e é tida como um produto, resultado de técnicas e regras pré-
estabelecidas.
3
L’analyse documentaire- L’expression designe, on le sait, l’esemble des procedures suivies por
exprimer le contenu des documents scientifiques sous de formes destinées à em faciliter le dépistage
ou la consultation (GARDIN, J.C. et al., 1987, p. 48).
33
O terceiro momento se no culo XX, quando se questiona a
consistência em relação aos procedimentos, surgindo, a partir daí, a necessidade de
pesquisas em Análise Documentária. Nesse contexto, surgem duas vertentes, a
européia, que focava a questão do processo em si, e a norte-americana voltada
essencialmente na consistência dos produtos.
Embora as pesquisas estivessem voltadas para a construção
teórico-metodológica do tema em pauta, elas enfatizavam a síntese documentária,
em detrimento da etapa antecedente, a fase analítica, essencialmente importante ao
bom andamento da atividade.
Para Guimarães (2003, p. 106)
[...] até os anos 70 a literatura da área centrava-se mais na síntese
documentária que na análise propriamente dita. [...] a ênfase residiu
substancialmente no desenvolvimento de linguagens documentárias,
voltadas para a representação de conceitos de documentos [...] não
se atendo a questões relativas ao desenvolvimento de estratégias ou
metodologias de leitura documentária.
De acordo com esse enfoque, os procedimentos relativos à
localização e identificação de conceitos dos documentos eram baseados apenas na
experiência e no bom senso dos bibliotecários, o que gerava uma extensa
diversidade de critérios, sem um padrão que lhes conferissem o caráter científico, e
ainda sem nenhuma explicação a respeito dos mecanismos e procedimentos
utilizados.
Em razão da necessidade de atender satisfatoriamente ao objetivo
maior da Análise Documentária identificar as informações mais importantes no
documento - é que as pesquisas, em busca de metodologias consistentes e
adequadas, passaram a assumir um cunho mais teórico e um caráter especialmente
interdisciplinar. Nas palavras de Naves (2001, p. 193), “todas as fases do processo
sofrem interferência de fatores lingüísticos, cognitivos e lógicos, o que ao
processo de análise de assunto um caráter interdisciplinar”.
O processo de Análise Documentária, sob esse aspecto, ampara-se
em pressupostos teórico-metodológicos de várias áreas do conhecimento como a
Administração, Psicologia, Linguística, gica, Arquivologia, Terminologia,
Informática, entre outras. Dentre esse rol de disciplinas, será abordada
34
posteriormente, a sua interface com a Linguística, pois considerando que a Análise
Documentária tem as linguagens como ferramentas para a representação do
conteúdo documental, entende-se que a Linguística proporcionará subsídios de
natureza semântico-sintática para essa representação.
A Análise Documentária pressupõe dois níveis de análise: o da
análise formal, relativa ao processo bibliográfico, ou seja, aos aspectos extrínsecos
do documento; e o da análise de conteúdo, relacionado aos processos de
condensação e representação - por intermédio da linguagem - do conteúdo ou dos
aspectos intrínsecos do documento.
Nesse cenário, entretanto, existem duas concepções acerca das
atividades relacionadas à Análise Documentária. Nas palavras de Guimarães e
Sales (2010, p.4), a primeira percebe uma identidade entre o tratamento temático da
informação e a indexação. Essa concepção, defendida pela escola inglesa, tem
como seus representantes, autores como Foskett (1973), Lancaster (1993), Fujita
(1988), dentre outros. A segunda vertente, ligados a escola francesa, “encaram a
Análise Documentária enquanto uma área (todo), na qual se insere a indexação
propriamente dita (parte). Dos autores que defendem essa proposição, destacam-se
Gardin (1981), Ruiz Perez (1992), Pinto Molina (1993) e Guimarães (2003).
A esse estudo, interessa o conteúdo temático do documento,
fundamentado nos processos defendidos pela escola francesa de Análise
Documentária.
A representação do conteúdo temático do documento é o resultado
da análise e síntese das informações contidas no documento, as quais, embora
sejam etapas distintas, constituem-se em um continuum do mesmo processo que
são realizadas somente em diferentes momentos.
Segundo Naves (2001, p. 192), a etapa analítica caracteriza-se
como
processo de ler um documento para extrair conceitos que traduzam a
sua essência é conhecido como análise de assunto, para alguns,
como análise temática, para outros, ou ainda, como análise
documentária, análise conceitual ou, mesmo, análise de conteúdo.
[...] O processo de análise de assunto, [...] é iniciado com a fase de
leitura do texto. Para isso, é necessário que se conheçam tipos e
estruturas de textos para iniciar-se a sua leitura com fins específicos.
35
Após a leitura para a análise do assunto, procede-se à extração dos
conceitos que melhor representem esse conteúdo.
Nessa mesma linha de raciocínio, Galvão (2003, p. 236) afirma que
a análise, a síntese e a representação são processos e áreas da
ciência da informação que buscam identificar, selecionar, coletar e
apresentar de forma sistematizada e concisa os conteúdos
informacionais mais relevantes para os diferentes usuários da
informação.
De acordo com Guimarães (2003), a etapa analítica diz respeito aos
processos de análise do conteúdo do documento, que é essencialmente o assunto
(o objeto do registro). Abarca a leitura e a segmentação do texto, tendo em vista
conhecer sua estrutura e o conteúdo temático para que seja possível a identificação
dos conceitos. Após a identificação das partes mais significativas do texto, são
categorizados os conceitos, visando à construção do texto documentário.
Sob o ponto de vista do autor mencionado, percebe-se a etapa
sintética como àquela relacionada aos processos de seleção e representação da
informação: trata-se da fase de seleção e categorização dos conceitos, os quais são
condensados ou reduzidos de sua forma original para o formato de microtexto, como
por exemplo, os resumos que são representações concisas, porém exatas do
conteúdo documental.
Manini (2002, p. 38) chama a atenção para o fato de que
É necessário diferenciar a análise de um documento em três de seus
aspectos: processo, produto e instrumento. A análise enquanto
processo [...] é a elaboração de representações documentárias
(resumos e indexação). Os produtos desta análise são os resumos e
os índices e seus instrumentos são as listas de assuntos, os
sistemas de classificação, o vocabulário controlado, os tesauros, etc.
Os resultados obtidos por meio do processo de análise e síntese do
conteúdo informacional são considerados como produtos ou ferramentas que
possibilitarão a disponibilização e o acesso da informação contida no documento,
quais sejam: número de classificação, o qual categoriza o documento de acordo com
a classe a qual pertence; índice, que é um roteiro ordenado, alfabético ou
sistemático do conteúdo do documento, acompanhado de referencial que permita a
identificação e/ou localização do documento; palavras-chave ou descritores que se
36
constituem em uma ou mais palavras escolhidas do título ou do próprio texto, cuja
finalidade é a de representar o conteúdo do documento.
Contudo, é relevante salientar que a passagem de um texto
imagético para outro tipo de representação da informação, é uma operação
semântica. Ela não obedece a uma regra precisa, mas varia em função de cada
organismo e do analista que define os termos representativos, mesmo que
intuitivamente, em função do interesse da instituição e de sua ocorrência (GARDIN,
1974)
Nesse sentido, a representação informacional das imagens, ou seja,
a representação das imagens em forma de texto para o acesso e disponibilização,
requer operações de cunho intelectual de análise e representação do conteúdo das
fotografias, o que torna imprescindível conhecer as especificidades da Análise
Documentária de Fotografias.
2.3.1 Análise Documentária de Fotografias
Quando um texto é lido, acionam-se mecanismos óticos e mentais
concomitantemente, ou seja, o leitor compreende as letras ao mesmo tempo em
infere significados e estabelece relações e isso resulta em conhecimento e
reconhecimento do conteúdo lido.
Diferentemente do que acontece com o texto, a fotografia, segundo
Lima (1988, p. 22) pressupõe sua leitura em três fases: “a percepção; a identificação
e a interpretação” da informação imagética.
Ainda segundo o autor, a percepção é tão e somente visual, ou seja,
é a percepção das formas, dos tons destacados, sem contudo ater-se aos detalhes;
a identificação, é o momento em que se reconhecem os componentes da imagem e
se determina seu conteúdo, é uma ação visual e mental e por fim, a fase da
interpretação que se constitui essencialmente em processos mentais.
Embora pareça simples descrever uma imagem fotográfica, extrair
dela significados linguísticos, ou seja, transformar em palavras uma imagem é uma
tarefa que apresenta dificuldades, visto que “a descrição de uma imagem nunca é
37
completa” (SMIT, 1989, p. 102). Embora se faça um estudo minucioso da imagem,
sempre haverá algo que não foi captado, ou porque a pessoa que a analisou
desconhece, esqueceu, ou, simplesmente, não percebeu.
Boccato e Fujita (2006, p. 95) corroboram argumentando que “a
imagem possui características próprias que dificultam a sua classificação de forma
eficiente. A imagem fotográfica é ambígua, e permite inúmeras interpretações do seu
sentido aos olhos de quem a vê, a contempla, a sente e a analisa”.
As autoras acima mencionadas, na mesma obra, tornam ainda mais
elucidativa a citação anterior ao ressaltarem que
[...] o desafio do tratamento [...] da imagem fotográfica especialmente
da representação do seu conteúdo, merece toda atenção dos
estudiosos, pesquisadores e profissionais que atuam com esse
documento. [...] o “olhar” do fotógrafo é contemplado na interpretação
desses dois olhares: o do profissional da informação e do usuário?
(BOCCATO; FUJITA, 2006, p. 98)
Nessa perspectiva, Smit (1996, p. 29) identifica diferenças entre a
Análise Documentária de materiais impressos e fotográficos ao argumentar que
A representação dessa imagem fotográfica não pode ser pensada a
partir de uma transposição automática dos procedimentos de Análise
Documentária desenvolvidos para o texto, por duas razões
primordiais: o estatuto da imagem fotográfica distingue-a do texto; a
utilização da imagem fotográfica (e da imagem em geral) não se
baliza unicamente por seu conteúdo informacional, mas também, por
sua expressão fotográfica.
Ainda que existam diferenças entre os materiais mencionados, a
citação acima demanda alguma relativização em suas premissas, ou seja: a) a
imagem fotográfica também é um texto, o texto imagético; b) o texto verbal também
possui um componente expressivo e intersubjetivo.
Vale mencionar que a expressão fotográfica, de acordo com Smit
(1996), é constituída pela forma como é mostrada a imagem, ou seja, todo o
processo que envolve as técnicas empregadas as quais resultarão na própria
fotografia e seu suporte. Embora muitas vezes negligenciados, esses dados
informacionais oriundos da preparação do ato de fotografar, estão intrinsecamente
relacionados à fotografia. Nesse sentido, a própria expressão fotográfica fornece
38
subsídios para uma análise mais completa, porque proporciona informações que
muitas vezes, não podem ser obtidas somente por meio da imagem.
A fotografia possui uma natureza polissêmica, uma vez que
possibilita ltiplas leituras dependendo principalmente de quem as examina. Em
razão disso, representar uma imagem com objetivos documentais é uma atividade
bastante complexa e requer o conhecimento de suas especificidades.
Maimone e Tálamo (2008, p. 2) elucidam que
esta passagem se realiza através de uma metodologia
estabelecida da análise e indexação de conteúdos. Assim, a tarefa
do documentalista de imagens pictóricas [fotográficas] requer, não
converter a matéria forma e conteúdo específica em informação
adequada aos segmentos de público, mas também o domínio dos
códigos pictóricos [fotográficos] e dos repertórios sociais que
subsidiam semelhante conversão.
O documento fotográfico ao ser analisado requer do profissional um
entendimento da imagem, porque razão foi produzida, o que a caracteriza e o mais
importante, deve-se levar em conta, os diferentes tipos de usuários que a utilizarão e
também as inúmeras possibilidades de sua utilização.
Para Manini (2004, p. 16)
a Análise Documentária de Imagens Fotográficas deve abarcar
regras e conceitos que resultem num exercício adequado de
documentação e que representem, ao mesmo tempo, uma
segurança quanto à recuperação de suas informações por parte dos
usuários de um acervo fotográfico.
Ainda segundo a autora mencionada, a Análise Documentária de
Fotografias tem como objetivo identificar o conteúdo, ou seja, as informações
contidas na imagem fotográfica. O que ela significa ou mostra, muitas vezes não é
oferecido somente pela imagem e necessita de outro processo de identificação: a
análise do referente
4
.
4
[...] o Referente da Fotografia não é o mesmo que o dos outros sistemas de representação. Chamo
de ‘referente fotográfico’, não a coisa facultativamente real a que remete uma imagem ou um signo,
mas a coisa necessariamente real que foi colocada diante da objetiva, sem a qual não haveria
fotografia. A pintura pode simular a realidade sem tê-la visto” (BARTHES, 1984, p. 114 - 115).
39
O foco no referente, ou seja, no que foi fotografado, possibilitará
uma melhor análise da imagem. Nesse sentido, vale ressaltar as diferentes
representações de uma imagem, as informações claras que a imagem oferece como
também as informações acerca do referente, ambas visando sua recuperação.
Para Manini (2001, p.133)
[...] toda fotografia é um traço de que ‘aquilo foi’ tem no referente
seu maior e mais importante dado de existência e de definição.
Aquilo que foi fotografado é o referente e a existência do referente é
que dá o caráter indicial à fotografia.
Na representação de uma fotografia haverá sempre o referente
genérico e o referente específico. O referente genérico, como o próprio nome
evidencia, representa a imagem de modo genérico, não se especifica nem se
detalha o referente. Ao indexar ou representar uma fotografia de um homem, por
exemplo, o referente genérico será certamente esse: trata-se de um homem.
Com relação ao referente específico, o resultado será detalhado, ou
seja, haverá mais informações a respeito do referente como a especificação de
quem se trata, seu nome, período e local em que viveu e foi fotografado. Para a
análise do referente específico, a necessidade de conhecimentos pré-existentes
como aquelas encontradas nas legendas ou em outras fontes relativas ao assunto.
Para tanto, a Análise Documentária de Imagens deve contemplar a representação
escrita, pois esta possibilitará mais informações acerca da imagem e também
possibilitará uma eficaz recuperação dessas informações, pelo usuário.
De acordo com esse enfoque, Manini (2002, p. 52) ressalta que “a
análise de fotografias prevê a transposição de elementos do código imagético para o
verbal: parte-se da fotografia e o resultado é verbal (seja no resumo ou na
indexação)”.
Na Análise Documentária de Imagens, é importante mencionar, o
que deve ser apresentado são as informações concretas e reais, ou seja,
informações objetivas acerca do referente. Essas informações podem ser obtidas
e/ou ratificadas por meio de outros documentos escritos ou iconográficos, mas a
informação inicial deve partir unicamente da análise da imagem. Dentro dessa
perspectiva, Smit (1996) indica para a leitura e a representação das fotografias, além
40
da análise do referente ou do conteúdo informacional, também a análise da
dimensão expressiva, também denominada expressão fotográfica, ou seja, o que
está ligado à forma da imagem constituída de uma “outra categoria de variáveis, a
saber: os dados oriundos da geração da imagem fotográfica, tais como angulação,
enquadramento, tempo de exposição, presença/ausência de cor, luminosidade, etc.”
(SMIT, 1996, p. 34).
Com outras palavras, Manini (2004, p. 17) afirma que
Dimensão expressiva é a parte da imagem dada pela técnica: é a
aparência física através da qual a fotografia expressa seu conteúdo
informacional, é a extensão significativa da fotografia manifesta pela
forma como a imagem se apresenta (revelada pela técnica).
A análise do referente, o qual pode ser genérico ou específico, é
fator essencial para a leitura e compreensão da imagem e, consequentemente, para
sua representação. Como apresenta Barthes (2008, p. 13)
[...] uma determinada foto não se distingue nunca do seu referente
(daquilo que representa) [...] perceber o significante fotográfico não é
impossível (os profissionais conseguem-no), mas requer um segundo
acto de saber e reflexão [...].
Assim como o referente, a dimensão expressiva também é
importante para a leitura e representação de uma fotografia, pois ela está
relacionada a um conjunto de fatores que dizem respeito à técnica, ou seja, sua
composição, seu enquadramento. A dimensão expressiva, reitere-se, é a maneira
como a fotografia expressa fisicamente ou extrinsecamente, seu conteúdo
informacional.
Sob essa perspectiva, Smit (apud Manini, 2008, p. 162) lança o
seguinte questionamento: “[...] por que a bibliografia da área da informação
preconiza o tratamento da fotografia pelo que esta mostra, ou seja, pelo seu
conteúdo informacional [...] desprezando sua dimensão expressiva?”
A dimensão expressiva, assim como o referente, interessa para o
usuário e pode muitas vezes, determinar a opção por uma ou outra fotografia. Smit
(1996) ressalta que o conteúdo informacional “referente” deve ser analisado
juntamente com a outra categoria de análise, que é a dimensão expressiva, ou seja,
41
a análise do que a fotografia mostra com os diferentes aspectos relacionados à
geração da imagem fotográfica.
Para tanto, a autora (apud Manini, 2008, p.162) apresenta três
elementos fundamentais para a análise de fotografias:
o que a fotografia mostra (o conteúdo informacional);
como a fotografia mostra (a forma usada para mostrar tal
conteúdo: a dimensão expressiva);
onde a fotografia mostra (o documento fotográfico enquanto
objeto físico).
A Análise Documentária de um documento textual abarca, como
exposto, a leitura inicial para o reconhecimento de sua estrutura, a localização e
seleção das principais informações e a elaboração dos produtos para a recuperação
dessas informações. A Análise Documentária de fotografias também se inicia com a
leitura do documento fotográfico, porém nessa etapa se presume que já se tenha um
conhecimento prévio acerca do conteúdo da imagem, ou ainda a respeito do acervo
do qual a fotografia faz parte.
Nessa perspectiva, torna-se essencialmente importante a pesquisa
para acrescentar informações relevantes, como também o conhecimento a respeito
do usuário que, posteriormente necessitará das informações contidas nas
fotografias, e da instituição a qual o acervo de imagens pertence.
Sob esse aspecto, cabe mencionar que, de acordo com Smit (1998),
divergências em relação aos procedimentos que envolvem a Análise
Documentária de fotografias: alguns profissionais percebem a atuação de quem lida
com acervos de fotografias como um fazer simples e objetivo, no qual ele seleciona
as informações óbvias encontradas nas imagens, e as transpõe em alguns campos
de uma ficha. Outros defendem uma efetiva participação do profissional, o qual deve
buscar informações além das contidas na imagem, ou seja, deve complementar com
informações relevantes, que contextualizem a imagem em um cenário específico.
Nesse sentido importa salientar que esse trabalho acompanha a segunda vertente,
ou seja, entende que cabe ao Analista a busca de informações externas ao
documento.
42
Smit (1989) observa que, ao se deparar com imagens, o profissional
deve se posicionar em relação aos procedimentos que melhor representem o
conteúdo informacional da imagem. Para a autora acima (1989, p.103)
[...] ou se considera que a análise da imagem não tem nada de
específico e que comprovadas técnicas da análise documentária
resolvem perfeitamente a questão, ou então se parte do princípio
de que as técnicas de análise de documentos escritos não são
apropriadas para analisar imagens
Como afirmado anteriormente, a análise das informações contidas
nas fotografias vai além do que a imagem mostra, o que torna necessário
procedimentos específicos para que se considere e informe não somente o que está
sendo mostrado na imagem, mas também, a sua Dimensão Expressiva assim como
as informações não explicitadas na imagem.
Segundo Kossoy (2007, p. 61)
a imagem fotográfica vai além do que mostra em sua superfície.
Naquilo que não tem explícito, o tema registrado tem sua explicação,
seu porquê, sua história. Seu mistério se acha circunscrito, no
espaço e no tempo, à própria imagem Isto é próprio da natureza da
fotografia: ela nos mostra alguma coisa, porém seu significado a
ultrapassa.
Em consonância com as afirmações do autor acima, Smit (1989)
ressalta que, ao se analisar uma imagem, deve-se considerar a “transparência” da
imagem; a transcodificação; as informações técnicas, às quais ela denomina de
“condições de análise” e sugere o acréscimo de mais uma forma de analisar a
imagem, relativa à “interpretação da imagem”, verificando de fato que “[...] o
documento audiovisual [enfatizando aqui a fotografia] é realmente diferente do
escrito e que, como tal, demanda um tratamento documentário específico” (SMIT
1989, p. 106).
Nessa perspectiva, a Análise Documentária de fotografias, disciplina
que tem por objetivo identificar o que a imagem significa ou expressa, requer do
profissional da informação que realizará a atividade, certa objetividade,
conhecimento prévio acerca o conteúdo da fotografia ou do acervo do qual faz parte
assim como formação acadêmica e experiência.
43
Dessa forma, a análise dessa tipologia documental, para a obtenção
de informações, demanda procedimentos específicos, pois a fotografia é mais do
que simplesmente uma imagem. Como afirmam Boccato e Fujita (2006, p. 86)
a fotografia, como texto visual, possui um enunciado, uma
textualidade, uma narrativa. É um meio de comunicação possuindo
um emissor (a fotografia em si imagem fixa), um receptor (o
usuário) e um mediador (que será a linguagem fotográfica).
Assim sendo, a fotografia transmite uma informação, ela narra
visualmente um fato, que pode ser analisado e representado por meio de um texto
escrito não importando nem o tipo nem a forma como foi produzida essa imagem.
Para oferecer informações que atendam aos diversos interesses e contextos, reitere-
se, é necessário extrair das fotografias significados visuais implícitos e explícitos e
transfigurá-los, em uma linguagem verbal. Dito de outro modo, “[...] as imagens
possuem um digo visual próprio que revelam um conteúdo; este conteúdo deve
ser tratado de modo a obter uma representação informacional através da
linguagem verbal” (MAIMONE; TÁLAMO, 2008, p. 2).
A representação dessas imagens importa mencionar, requer
especificidades que são obtidas no contexto da Ciência da Informação. Pois é no
bojo dessa Ciência que se encontram as soluções para as questões relacionadas
aos processos de produção, comunicação e uso da informação. Segundo Boccato e
Fujita (2006, p. 85), “a Ciência da Informação tem por finalidade estudar as
propriedades e o comportamento da informação, as etapas que compõem o ciclo
informacional e os meios de processamento dessa informação para otimização do
acesso e uso [...]”.
Ainda acordo com as autoras, na mesma obra,
no âmbito da Ciência da Informação, a análise documental é um
processo instrumental, ou seja, compreender-se-á o texto imagético
e identificar-se-á uma ou mais palavras que passarão a significar o
conteúdo do mesmo. Assim, a análise documental é compreensiva e
não interpretativa, é uma “leitura” profissional do documento que está
sendo tratado no seu aspecto temático (BOCCATO; FUJITA, 2006, p.
98).
Na esteira desse pensamento, vale lembrar que a própria natureza
da fotografia engloba muitos enfoques, pois, de maneira geral, abrange temas
44
diversificados. Mediante tais características, torna-se necessário, em um primeiro
momento, delimitar o que se pretende abordar e, em um segundo momento, deve-se
levar em conta a representação das informações contidas na imagem, para a
comunicação que se pretende obter.
Nesse sentido, observa-se que aportes de uma área do
conhecimento voltada aos estudos da linguagem, tornam-se indispensáveis para
apresentar, o mais fidedignamente possível, os conteúdos informacionais da
imagem, visto que, somente por meio da linguagem, é possível representar-se
textualmente, o que é somente visual. Em outros termos, observa-se que a Análise
Documentária de fotografias, fundamentada pelos pressupostos teóricos e
metodológicos dos estudos do texto e do discurso, gerará uma informação textual, a
qual possibilitará a garantia da equivalência de sentido do texto principal e a sua
representação imagética.
A elaboração do texto verbal, do resumo, da descrição da fotografia,
demanda do profissional responsável, conhecimentos de ordem gramatical, lexical e
semântica proporcionados pela área da Linguística. Para tanto, evidencia-se a
contribuição da Linguística Textual e suas questões a respeito da comunicabilidade
textual, entre outros aspectos.
2.4
L
INGUÍSTICA
T
EXTUAL
A Linguística é uma ciência relativamente nova. Iniciou-se no
começo do século XX e consolidou-se nas Ciências Humanas, pois é uma disciplina
que tem como objeto de estudo a linguagem verbal humana.
Nos estudos linguísticos, duas tendências podem ser observadas: a
Linguística do Discurso ou Análise do Discurso, de origem francesa, a qual pretendia
construir uma Linguística que excedesse os limites da frase, ou seja, uma Linguística
cuja prioridade fosse o sujeito expresso, “o sujeito da enunciação (um ser situado
num dado momento histórico)” (GALEMBECK, 2005, p. 68), como também, os
sentidos que o texto despertasse e as idéias que quisesse transmitir. A segunda
45
tendência, a Linguística Textual, originou-se da Alemanha e Países-Baixos, e nela o
foco é dirigido ao contexto de construção do texto.
Sob esse enfoque, o texto era visto não como um produto acabado,
mas como um processo sociocomunicativo, ou seja, um texto que fizesse sentido e
interagisse com outras pessoas, que não o produtor. Segundo o autor acima
mencionado (p. 70), a Linguística Textual, nessa nova etapa de desenvolvimento,
levou à construção de uma outra linha de pesquisa na qual “[...] procurou-se
considerar o texto não apenas como uma lista de frases, mas um todo, dotado de
unidade própria”.
A Linguística Textual surgiu da necessidade de se verificar a
premissa de que a comunicabilidade de um texto demanda mais do que a
preocupação com os aspectos formais e estruturais de um texto. É preciso também
que o texto seja percebido como um processo, cujo objetivo é o de possibilitar a
comunicação entre o produtor e o receptor e o somente uma sequência de frases
gramaticalmente corretas.
O próprio nome Linguística Textual permite inferências acerca do
escopo dessa área do conhecimento. Nessa perspectiva, a Linguística Textual é um
dos ramos da Ciência da linguagem humana, é o estudo científico da língua como
um fenômeno sociocognitivo, e, para tanto, necessita da interface com várias outras
ciências como a Biologia, a Psicologia, a Sociologia, entre outras.
A palavra “textual”, originária do latim textu “tecido”, relaciona-se
diretamente com a acepção dada ao termo latino uma vez que para se obter um
determinado tecido, as tramas devem estar harmoniosamente unidas. Vale lembrar
que também o texto para ser lido e entendido, deve possuir todas as suas partes
articuladas de forma coerente e harmoniosa.
A Linguística Textual é definida como o “estudo das operações
lingüísticas, cognitivas e argumentativas reguladoras e controladoras dos processos
de produção, constituição, funcionamento e compreensão dos textos escritos ou
orais” (FÁVERO, 1999, p. 99). Em decorrência, cabe à Linguística Textual o
desenvolvimento de modelos procedimental que contemplem os processos
cognitivos que permitam a integração dos parceiros envolvidos na comunicação
(KOCH, 2008).
46
A Linguística Textual tem como objeto de atenção e estudo, o
processo de comunicação estabelecido entre o autor, o leitor e o próprio texto,
considerando um determinado contexto. Nesse sentido, a própria compreensão é
definida pela existência ou não dessa comunicação, ou seja, pela interação que
deve ocorrer entre o produtor, o receptor, o instrumento (o texto) e a realidade que
permeia esses fatores.
Dias e Naves (2007, p. 35), a partir desse enfoque, consideram o
texto
como o meio que permite a comunicação de idéias entre o sujeito
que cria e dissemina informação (emissor, no caso, o autor) e o
sujeito que necessita e adquire informação (receptor, no caso, o
leitor). É o objeto que permite a transmissão das informações
contidas nos documentos [...] intencionalmente estruturados pelo
emissor [...].
Vilela e Koch (2001, p. 454) conceituam texto como “uma
manifestação verbal constituída de elementos lingüísticos intencionalmente
selecionados e ordenados em seqüência”, de modo que possibilitem ao autor e ao
receptor, estreitas interlocuções. Corroborando, Costa Val (1994, p. 3), de maneira
mais objetiva, define texto “como ocorrência Lingüística falada ou escrita, de
qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal”.
Koch (2008, p. 31) ressalta ainda que, de acordo com essa linha de
raciocínio, “o texto passa ser visto como o próprio lugar da interação e os
interlocutores como sujeitos ativos que dialogicamente nele se constroem e por
ele são construídos”.
O texto constitui, em um sentido mais amplo, em qualquer
manifestação da capacidade do ser humano de se comunicar. São considerados
textos a pintura, a música, a fotografia, a escultura entre outros meios. Essas formas
textuais, em muitas situações requerem suporte nos aportes teóricos da Linguística.
Para a pesquisa em pauta, a fotografia, constitui-se em um texto visual o qual para
ser adequadamente organizado, indexado, recuperado e disponibilizado, prescinde
do texto escrito.
Dando continuidade, Koch (2006, p. 174) define de maneira mais
pragmática o texto, quando afirma que
47
por serem formas de cognição social, permitem ao homem organizar
cognitivamente o mundo. E é em razão dessa capacidade que são
também excelentes meios de intercomunicação, bem como de
produção, preservação e transmissão do saber. Determinados
aspectos de nossa realidade social são criados por meio da
representação dessa realidade e assim adquirem validade e
relevância social [...] os textos [...] tornam o conhecimento visível [...].
O texto, sob um enfoque atual, não é visto como um produto do
pensamento do autor, no qual, cabe ao leitor/ouvinte, uma atitude de simples
recepção. Também não é considerado como simples ferramenta para comunicação,
ou seja, um emissor transmite uma mensagem, por meio de um código, a um
receptor que tem conhecimento desse código, o que gera a esse
receptor/decodificador, um papel, exclusivamente passivo. O texto, na Linguística
moderna, remete à concepção interacional (dialógica) da língua.
De acordo com Koch (2002, p. 17)
concepção interacional (dialógica) da língua, aquela] na qual os
sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, o texto passa a
ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores,
como sujeitos ativos que dialogicamente- nele se constroem e são
construídos.
Ainda segundo Koch e Travaglia (1999) o texto pode ser percebido
como uma unidade linguística concreta, visível ou audível, da qual os usuários se
apropriam sejam como falante, escritor, ouvinte ou leitor, e que possibilita a
interação comunicativa exclusiva, ou seja, faz sentido para quem a produz e para
quem a recebe, caracterizando-se como uma unidade linguística reconhecível e
reconhecida.
Nessa linha de raciocínio, o texto se constitui em um processo e
para que esse processo possa efetivamente resultar em um texto, faz-se necessário,
de acordo com Koch e Travaglia (1991) alguns sistemas de conhecimento:
conhecimento dos elementos linguísticos conhecimento do léxico e da gramática,
ou seja, o correto uso de elementos coesivos que comporão a superfície textual;
conhecimento de mundo informações armazenadas na memória de cada indivíduo
diz respeito aos fatos do mundo ou experiências adquiridas sócio-culturalmente,
esse tipo de conhecimento é fundamental para que haja coerência no texto que está
sendo apresentado, pois se o texto apresentar um assunto totalmente desconhecido,
48
não terá o menor sentido para o leitor; conhecimento partilhado diz respeito ao
produtor e ao receptor e da necessidade de um conhecimento comum para maior e
melhor comunicação e o conhecimento acerca de superestruturas ou modelos
textuais globais. Esse conhecimento permite reconhecer um texto como pertencente
a determinado gênero ou tipo.
Dentro desse contexto, fica claro que para se compreender a
essência do texto e dela se apropriar é imprescindível que se recorra aos diversos
tipos de conhecimentos relacionados acima.
Como mencionado, para que um texto seja de fato um texto, é
necessário que haja textualidade. Segundo Koch e Travaglia (1999, p. 26)
textualidade ou textura é o que faz de uma seqüência lingüística um
texto e não uma seqüência ou um amontoado aleatório de frases ou
palavras. A seqüência é percebida como texto quando aquele que a
recebe é capaz de percebê-la como uma unidade significativa global.
De acordo com Beaugrande e Dressler (1981, p. 3, tradução nossa)
“um texto pode ser definido como uma ocorrência comunicativa a qual reúne sete
padrões de textualidade. Se algum desses padrões não for considerado ou
satisfeito, o texto não será comunicativo”
5
. De acordo com essa premissa, segundo
os autores mencionados, os aspectos geradores da textualidade dividem-se em dois
grandes blocos; os fatores semântico/formal, centrados no texto, os quais se
relacionam com o material conceitual e linguístico do texto que são a coerência e a
coesão e os fatores pragmáticos, centrados no usuário, referentes ao processo
sociocomunicativo que seriam a intencionalidade, a aceitabilidade, a
situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade.
O primeiro padrão, segundo Beaugrande e Dressler (1981, p. 3,
tradução nossa), é a coesão
6
, que é revelada no nível microtextual e diz respeito à
maneira como os componentes são apresentados na superfície do texto. As palavras
e frases que compõem um texto devem estar conectadas em uma sequência linear,
5
“A text will be defined as a COMMUNICATIVE OCCURRENCE which meets seven standards of
TEXTUALITY. If any of these standards is not considered to have been satisfied, the text will not be
communicative” (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981, p. 3).
6
“COHESION, concerns the ways in which the components of the SURFACE TEXT, i. e. the actual
words we hear or see, are mutually connected within a sequence. The surface components depend
upon each other according to GRAMMATICAL DEPENDENCIES” (BEAUGRANDE; DRESSLER,
1981, p. 3).
49
a qual, por sua vez, depende de formas e convenções gramaticais. A coesão é
responsável pela apresentação formal do texto e por meio dela as pessoas que
falam um mesmo idioma compreendem determinado texto.
Koch (2006, p. 35) define coesão como sendo
a forma como os elementos lingüísticos presentes na superfície
textual se interligam, se interconectam, por meio de recursos também
lingüísticos, de modo a formar um ‘tecido’ (tessitura), uma unidade de
nível superior à da frase, que dela difere qualitativamente.
A coesão é o entrelaçamento significativo entre as sentenças e
frases do texto, possibilitando a articulação e a comunicação do autor e do leitor.
Pode ser coesão lexical, aquela obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos,
nomes genéricos e formas elididas; e a coesão gramatical, que é conseguida a partir
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados advérbios e
expressões adverbiais, conjunções e numerais. Importa mencionar que a essa
pesquisa interessa os dois tipos de coesão.
No exemplo a seguir: “A fotografia conecta e remete ao passado,
portanto, deve-se guardá-la com cuidado”, a coesão, a articulação nesse caso, é
efetuada por meio do emprego do pronome (La) uma vez que é ele quem estabelece
a ligação entre as duas informações.
A coerência
7
, o segundo padrão, para Beaugrande e Dressler
(1981, p. 4, tradução nossa) “diz respeito às maneiras pelas quais os componentes
do mundo textual, isto é, a configuração de conceitos e relações subjacentes ao
texto de superfície, são mutuamente acessíveis e relevantes”.
Fávero (1999, p. 10) concorda com Beaugrande e Dressler ao
afirmar que a coerência se manifesta na estrutura macrotextual, ou seja,
refere-se aos modos como os componentes do universo textual, isto
é, os conceitos e as relações subjacentes ao texto de superfície, se
unem numa configuração, de maneira reciprocamente acessível e
relevante. Assim a coerência é o resultado de processos cognitivos
operantes entre os usuários e não mero traço dos textos.
7
“COHERENCE, concerns the ways in which the components of the TEXTUAL WORLD, i. e. the
configuration of CONCEPTS and RELATIONS which underlie the surface text, are mutually accessible
and relevant” (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981, p. 4).
50
A coerência é um dos padrões fundamentais, pois ela é responsável
por dar sentido ao texto. Um texto possui coerência quando faz algum sentido para o
usuário, ou seja, quando as palavras e frases são significativas para os usuários
dessa ocorrência discursiva. A coerência diz respeito à maneira como os
componentes do mundo textual devem apresentar uma configuração conceitual
compatível com o conhecimento de mundo do usuário.
A coerência é a correspondência entre as idéias do texto de forma
lógica. Em um texto, para que a coerência ocorra, as idéias devem se completar.
No exemplo Ana Carolina estuda na Cultura Inglesa, fala muito bem
o inglês, a coerência é estabelecida por meio do conhecimento do contexto: estuda
em uma escola que ensina língua inglesa, portanto, é proficiente na língua inglesa.
Vilela e Koch (2001, p. 559) corroboram a afirmação anterior quando
afirmam “que o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele no curso de
uma interação”.
Segundo Fávero (1999, p. 7), esses dois fatores, a coerência e a
coesão, constituem noções diferentes, mas estão relacionadas, pois “a coerência diz
respeito ao nexo entre os conceitos e a coesão, à expressão desse nexo no plano
lingüístico. É importante registrar que o nexo é indispensável para que uma
seqüência de frases possa ser reconhecida como texto”. A coerência, em outros
termos, faz com que um conjunto de frases seja considerado um texto, pois a
coerência é que estabelece relações entre as frases.
Ainda de acordo com Fávero (1999), somente a coesão é
insuficiente para formar um texto, pois se pode ter um texto coeso, mas sem
coerência, como no exemplo a seguir: “No verão passado, quando estive na capital
do Piauí, Teresina, não pude aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a
nevar”. Como não existe neve nessa região, o texto torna-se incoerente para quem
tem essa informação.
Um exemplo de texto sem coesão, mas coerente: Vitor estuda na
Aliança Francesa. Paulo vai diariamente ao laboratório de química do colégio. André
fez 80 pontos no vestibular. Esses meus três primos são muito estudiosos.
A partir disso, questiona-se se existem textos incoerentes.
textos com os quais o leitor não consegue estabelecer ou perceber algum sentido
51
naquilo que lê. Contudo esse mesmo texto, em uma outra situação comunicativa, ou
para outro leitor será coerente. Nesse sentido Koch e Travaglia (1999, p. 37)
ressaltam “que não existe o texto incoerente em si, mas que o texto pode ser
incoerente em/para determinada situação comunicativa”.
O terceiro padrão, a intencionalidade, está relacionado ao produtor
do texto, ou seja, à maneira pela qual o autor elabora o texto para realizar uma
intenção comunicativa. Segundo Beaugrande e Dressler (1981, p. 7, tradução
nossa) a intencionalidade
8
diz respeito “a atitude do produtor do texto o qual coloca
como condição essencial de ocorrência um texto instrumental coesivo e coerente
satisfazendo a intenção do produtor, [...] para distribuir conhecimento ou para
alcançar um objetivo especificado em um projeto”.
O objetivo do texto é que vai orientar a sua produção que pode ser,
informar, convencer, pedir, etc.
Segundo Beaugrande e Dressler (1981) para que uma manifestação
Linguística se constitua em texto, é essencial que haja do emissor, a intenção de
apresentá-lo e dos receptores de aceitá-lo como tal. Nesse sentido, torna-se
evidente que a intencionalidade é um elemento da maior importância para a
comunicabilidade de um texto.
O quarto padrão, a aceitabilidade, pode ser caracterizado como a
outra face da intencionalidade, pois diz respeito à atitude de quem recebe o texto.
Beaugrande e Dressler (1981, p. 7, tradução nossa) definem a aceitabilidade
“concernindo a atitude do receptor o qual coloca como condição essencial um texto
coesivo e coerente havendo algum uso ou relevância para o receptor, [...] para obter
conhecimento ou fornecer colaboração em um projeto”
9
.
É importante ressaltar que, embora um texto tenha coesão e
coerência, pode não ser aceito pelo receptor, caso não faça sentido, tenha alguma
relevância ou utilidade para ele. De acordo com essa perspectiva cabe aqui uma
digressão. Ainda que estivesse se reportando ao texto falado, entende-se que as
8
“The text producer’s attitude that the of occurrences should constitute a cohesive and coherent text
instrumental in fulfilling the producer’s intentions, e. g. distributive knowledge or to attain GOAL
specified in a PLAN” (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981, p. 7).
9
Concerning the text receiver’s attitude that the set of occurrences should constitute a cohesive and
coherent text having some use or relevance for receiver, e. g. to acquire knowledge or provide co-
operation in a plan” (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981, p. 7).
52
Máximas Conversacionais formuladas por Grice comungam com os quesitos
apresentados por Beaugrande e Dressler e podem ser aplicáveis ao texto escrito.
Grice (1975, p. 45) em sua proposta, ressalta a importância de um
princípio básico para a interlocução, que é o Princípio da Cooperação. Para que
esse princípio realmente esteja no texto, algumas ximas conversacionais são
importantes e devem ser seguidas. São elas
[...] Máxima da Quantidade: ‘não diga nem mais nem menos do que o
necessário’; [...] Máxima da Qualidade: ‘só diga coisas para as quais
tenha evidência adequada’; ‘não diga o que não sabe ser verdade’;
[...] Máxima da Relação (Relevância): ‘diga somente o que é
relevante no momento’; [...] Máxima do Modo: ’evite obscuridade de
expressão’ ‘seja claro e conciso; evite a ambigüidade, evite a
prolixidade; seja ordenado [...] (GRICE, 1975, p. 45, tradução
nossa)
10
.
Nesse sentido importa mencionar que se faz necessário certa
relativização acerca do enunciado, uma vez que, principalmente em interações face
a face, o fiel cumprimento dessas premissas impedirá que o evento comunicativo se
realize de forma tranqüila. Entretanto, considera-se que para a elaboração de
condensações documentárias, de resumos, essas Máximas poderão contribuir de
forma significativa.
O quinto padrão, a informatividade, consiste no grau de informação
oferecida pelo autor no texto. O interesse do receptor pelo texto vai depender desse
grau de informatividade contida no texto. Um texto para ter um bom grau de
informatividade deve ser menos previsível, ou seja, não deve somente conter
informações conhecidas, pois não despertará o interesse do receptor. Por outro lado
também não deverá conter informações inusitadas somente, o que levará a rejeição
do receptor por não conseguir processá-las, compreendê-las. Ainda em relação à
informatividade o produtor deve preocupar-se também com a suficiência de dados
para que o texto seja compreensível
De acordo com Beaugrande e Dressler (1981, p. 8, tradução nossa)
é a informatividade que designa em que medida a informação existente no texto é
10
[...] Quantity: do not make your contribution more informative than is required; [...] Quality: say that
for which you lack adequate evidence; do not say what you believe to be false; [...] Relation: be
relevant; [...] Manner: avoid obscurity of expression, avoid ambiguity, be brief (avoid unnecessary
prolixity), be orderly (GRICE, 1975, p. 45 - 46).
53
interessante ou não, é esperada ou não esperada e ainda previsível ou não
previsível. Importa lembrar que o texto, quanto mais previsível, menos informativo e
quanto menos previsível mais informativo. Ou seja, a informatividade “concerne a
extensão (ou grau) na qual as ocorrências presentes no texto são esperadas ou
inesperadas ou conhecidas ou desconhecidas/ evidentes”
11
.
O sexto padrão é a situacionalidade, a qual, segundo Beaugrande e
Dressler (1981, p. 9, tradução nossa), ”concerne aos fatores, os quais fazem um
texto ser relevante para uma situação de ocorrência”
12
.
São contextos situacionais os acontecimentos históricos e sociais,
nos quais os autores se inspiram e organizam seu texto. A situacionalidade
relaciona-se à adequação de um texto em relação à determinada situação de
ocorrência.
O sétimo padrão, a intertextualidade, de acordo com Beaugrande e
Dressler (1981, p. 10, tradução nossa) “diz respeito aos fatores, os quais tornam a
utilização de um texto dependente de um ou mais textos conhecidos
anteriormente”
13
. A intertextualidade é muito importante para a construção de
sentido de um texto, pois está vinculada ao conhecimento de outros textos para que
ocorra o entendimento do texto que se quer veicular. Em outros termos, diz respeito
à relação estabelecida entre um texto e outros que são derivados desse.
Os fatores que possibilitarão ou não a intertextualidade podem ser
fatores formais que ocorrem quando o autor, ou produtor do texto, repete
”expressões, enunciados ou trechos de outros textos, ou então o estilo de
determinado autor ou de determinados tipos de discursos” (KOCH; TRAVAGLIA,
1991, p. 75).
A seguir, os autores contemplam os fatores de conteúdo, os quais se
referem “a texto de uma mesma época, de uma mesma área do conhecimento, de
uma mesma cultura, entre outros” (p. 77). Os fatores relacionados a conteúdo
demandam conhecimento de mundo. Por exemplo, um artigo científico que se
11
“Concerns the extent to which the occurrences of the presented text are expected vs. Unexpected
or known vs. unknown/certain” (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981, p. 8).
12
“Concerns the factors which make a text RELEVANT to a SITUATION of occurrence”
(BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981, p. 9).
13
“Concerns the factors which make the utilization of one text dependent upon knowledge of one or
more previously encountered texts” (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981, p. 9).
54
manifesta a respeito de determinado assunto pressupõe que seus leitores conheçam
textos publicados acerca do mesmo assunto, o que estabelece a intertextualidade
entre os textos.
Partindo da concepção de que o texto é mais do que um modo de
organizar o conhecimento, evidenciam-se aspectos como: muitas vezes é a única
forma de representar a realidade; que o texto é a possibilidade de tornar o
conhecimento explícito, e, essencialmente é um processo ativo e contínuo, no qual,
objetiva-se a compreensão da mensagem, como uma atividade interativa e
contextualizada do receptor. Dessa forma, exigem-se do receptor competências
necessárias para acionar os diferentes conhecimentos apreendidos, a fim de que
identifique o gênero textual, promova a intertextualidade e compreenda e apreenda o
texto que está lendo.
Por outro lado é necessário que o produtor, ou autor do texto
escolha no intertexto
14
o gênero mais adequado. A escolha do gênero é estratégica,
pois ele é que definirá se foram levados em conta os objetivos almejados, o contexto
social e acima de tudo se foi analisado considerando o receptor, para o qual o texto
foi produzido.
A partir disso, cabe ao produtor, escolher dentre as opções a que
melhor atende às suas necessidades comunicativas. Para tal, Vilela e Koch (2001,
p. 540) consideram os seguintes parâmetros para a classificação de textos: “qual o
objeto e a finalidade do texto?; que tipos de seqüências são predominantes no
texto?; o texto aponta direta ou indiretamente para critérios com vistas à sua
classificação?”.
A essa pesquisa, cabe mencionar, interessa o primeiro
questionamento, o objeto e a finalidade de texto, quais sejam, a fotografia e a sua
representação por meio da linguagem escrita. Em outras palavras, é foco do estudo
em pauta a elaboração de resumos ancorando-se nos fatores de textualidade, de tal
forma que este resumo seja a transcrição o mais fidedignamente possível da
imagem analisada.
14
O intertexto é constituído pelo conjunto de textos elaborados por gerações anteriores e que podem
ser utilizados numa situação específica, com eventuais transformações (VILELA, KOCH, 2001, p.
537).
55
Desse modo, é importante ressaltar que o texto a ser elaborado a
fim de que represente a imagem fotográfica, constitui-se em um texto descritivo com
todas as especificidades que caracterizam o gênero textual, pois segundo Pereira e
Bufrem (2005, p. 27) “[...] textos descritivos revelam características do objeto que
enfocam [...]”.
Para esclarecer o que foi dito, vale mencionar que o produtor ao
elaborar um texto, opta por um modelo de sequência textual, isto é, apresenta traços
que dizem respeito à gramática e até mesmo a pragmática, os quais permitem
identificar se o texto é argumentativo, explicativo, descritivo ou narrativo (VILELA;
KOCH, 2001).
Segundo os autores, na mesma obra, o texto argumentativo é
aquele cuja finalidade é convencer o leitor a respeito de determinada idéia ou
produto. Para tanto, o autor emprega como estratégia a argumentação, na qual
utilizam-se desde razões e evidências concretas até apelos emocionais e subjetivos.
O texto explicativo constitui-se em um texto cujo objetivo é permitir a compreensão
de uma informação existente, visto que não se explica para alguém algo que esse
alguém não conhece. “Isto é, houve antes uma exposição - explicar não é o mesmo
que expor e é em torno dessa informação que se constrói a explicação” (VILELA;
KOCH, 2001, p. 548)
também o texto descritivo, o qual demanda um esquema, que os
autores especificam como esquema da descrição: um título ou tema que pode ser
simples ou selecionado por meio da interpretação; a progressão enumerativa de
suas partes; a relação com objetos e a associação com objetos diferentes e, por fim
a construção da macro-estrutura. alguns textos descritivos especiais como:
anúncios que são permeados de associações e relações; e os retratos que se
constituem em um texto que aborda qualidades físicas e morais humanas, ou seja,
descreve a personagem no seu espaço e tempo. É um texto que possibilita, por meio
de palavras, a construção de uma imagem, porque como afirmam os autores acima
citados, “descrever é apresentar as propriedades, as qualidades, as características
de objetos de ambientes de ações ou estados” (VILELA; KOCH, 2001, p. 549).
O texto narrativo é o tipo de texto mais usado, seja antigamente,
seja atualmente. A narração constitui-se de alguns pressupostos, quais sejam, um
ator para a narrativa, acontecimentos que seguem uma ordem, cronológica ou não.
56
Com base nisso, a narrativa possui um esquema assim constituído: uma situação
inicial, um desenvolvimento e uma situação final (VILELA; KOCH, 2001).
Assim sendo, na pesquisa em questão, ressalta-se o texto descritivo
uma vez que trata da elaboração de textos sintéticos (microtextos ou resumos), nos
quais as informações constantes na imagem são transcritas de modo a
representarem textualmente, o que é visual.
Manini (2002, p. 48) chama atenção para o fato de que
apesar de partirmos da fotografia na Análise Documentária de
Imagens, logo chegamos ao texto (resumo e termos de indexação), A
operação de leitura imagética ocorre, então, no primeiro plano, sendo
o restante do processo da ordem do texto escrito, presidido, então,
pela Lingüística e por suas regras.
Blair (apud DIAS e NAVES, 2007, p. 80) afirma que “o processo de
representar documentos para recuperação é fundamentalmente um processo
lingüístico [...]”, assim, pode entender-se que a Linguística Textual, portanto,
proporcionará subsídios para o processo de elaboração de resumos que consiste em
reunir as informações essenciais que representam o conteúdo do documento no
caso (as fotografias), de maneira coerente, coesa e breve. Pois, como afirma a
autora na mesma obra (p. 59), “resumir uma imagem fotográfica é dizer, de maneira
sucinta, o que ela tem de principal”.
2.5
INDEXAÇÃO
De acordo com Lancaster (2004), a elaboração dos resumos e a
indexação de assuntos são processos relacionados, pois ambos têm como objetivo
representar o conteúdo temático do documento. O autor, na mesma obra (p. 6), para
fundamentar que essas atividades estão intimamente relacionadas, afirma que “o
resumidor redige uma descrição narrativa ou síntese do documento, e o indexador
descreve seu conteúdo ao empregar um ou vários termos de indexação, comumente
selecionados de algum tipo de vocabulário controlado”.
57
O resumo indica sinteticamente o conteúdo do documento e os
termos selecionados na indexação também m como finalidade indicar de que se
trata o documento.
Complementando as idéias, Reques (2005, p. 101, tradução nossa)
afirma que a “indexação consiste em extrair os conceitos do texto de um documento
e expressá-los com a ajuda de uma linguagem: palavras-chave, descritores e índices
de uma classificação”.
Com base nisso, o processo de indexação de assunto possui dois
princípios: a análise conceitual e a tradução, muito embora sejam etapas distintas,
podem ocorrer simultaneamente.
Segundo Lancaster (2004, p. 9), o primeiro princípio, a análise
conceitual, “implica decidir do que trata um documento - isto é, qual o assunto”. O
autor sugere a formulação de algumas perguntas pertinentes: “de que se trata?; por
que foi incorporado a nosso acervo? e quais de seus aspectos serão de interesse
para nossos usuários?”. Para se obter uma indexação eficiente, é necessário definir
o assunto do documento e ter em conta o interesse do usuário daquele acervo.
A indexação é considerada uma atividade complexa, por envolver
um trabalho intelectual do indexador, requer para tanto, conhecimento prévio de
diferentes tipos de textos, conhecimento de elementos de coerência e de coesão e
conceitos de linguística textual (NAVES, 2004).
Complementando, Lancaster (2004, p. 18) afirma que o segundo
princípio, a tradução, “constitui-se na segunda etapa da indexação de assunto,
envolve a conversão da análise conceitual de um documento num determinado
conjunto de termos de indexação”. Ressalta, ainda, que a indexação de assunto
pode ser por extração (quando as palavras ou expressões, as quais representam o
conteúdo temático do documento, são extraídas do próprio documento); ou por
atribuição (quando os termos atribuídos, para representar o documento, são
escolhidos pelo próprio indexador).
Com base nas afirmações acima, observa-se que o processo de
indexação está diretamente ligado a questões de caráter linguístico, entre outros
aspectos. Assim, não se trata de um processo mecânico, ou seja, ordenar
alfabeticamente cujo objetivo era simplesmente localizar a informação. Trata-se, ao
58
contrário, de um processo no qual a preocupação na escolha de termos
adequados, seguindo os cânones da Linguística. Esses cânones representarão
efetivamente o conteúdo temático do documento e deverão atender,
primordialmente, às necessidades o usuário.
2.5.1 Resumo
A Análise Documentária reitere-se, compreende um rol de atividades
com o intuito de representar o objeto informacional, visando à sua pronta
recuperação. Nesse sentido, preocupa-se com a elaboração da representação
condensada - que pode ser um resumo e/ou palavras-chave -, daquilo que as
fotografias mostram. Esse resumo deve ser resultado de um processo
absolutamente comprometido com o usuário, seus desejos e necessidades de
informação.
De acordo com a NBR 6028 (ABNT, 2003, p. 1) “o resumo é a
apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento”. Endres-
Niggemeyer (apud LANCASTER, 2004, p. 100) em outros termos, apresenta o
resumo como “um texto, breve e coerente, que se destina a informar o usuário sobre
os conhecimentos essenciais transmitidos por um documento”.
Sendo assim, “a fase de análise documentária compreende o
conjunto de operações realizadas pelo documentalista com a finalidade de
transformar as informações contidas nos documentos, resultando em um documento
secundário” (REQUES, 2005, p. 101, tradução nossa). Ainda de acordo com Reques
(2005, tradução nossa), essas operações ou procedimentos podem ser assim
relacionados: a descrição bibliográfica, que compreende os procedimentos para a
identificação, ordenação e registro de documentos; a catalogação, que é a
representação mediante normas para a localização física dos documentos; e a
indexação, que consiste na extração de conceitos para a elaboração de descritores,
palavras-chave e índices.
Sob esse enfoque, o resumo tem como principais funções: servir de
antecipação do conteúdo do documento, ao identificá-lo de forma rápida e precisa ,
59
possibilitando ao usuário decidir acerca da conveniência ou não de sua consulta na
íntegra; contribui para superar as barreiras linguísticas. O resumo, em certas
ocasiões, é o único meio de acesso a informação substancial de um documento
escrito em uma língua não muito conhecida além de auxiliar nas tarefas de busca
automatizada de informação em texto livre (REQUES, 2005).
O ato de resumir consiste em reunir as informações relevantes de
um texto, mantendo as relações entre elas de maneira coesa e coerente, originando,
assim, um novo texto, o qual auxiliará a indexação. Fayol (1991) sugere para a
elaboração de um resumo, eliminar ou selecionar as informações de acordo com seu
nível de importância. Importa lembrar que esses procedimentos podem ser aplicados
não somente em textos verbais como também em imagens.
Dessa forma, para se resumir um texto escrito ou imagético, é
necessário primeiramente compreendê-lo e visualizá-lo em sua macroestrutura.
De acordo com Manini (2002, p. 55)
De qualquer forma, resumir uma fotografia, construir um texto escrito
que conta de representar a imagem é tarefa absolutamente
governada pela eleição de alguns elementos, de algumas
características, de alguns detalhes a serem resumidos em detrimento
de outros.
Dando continuidade ao raciocínio da autora acima mencionada
Quando se resume uma fotografia, não apenas se reduz o seu texto
imagético em termos da unidade de conteúdo que ela representa,
mas se escolhe uma entre várias possibilidades de leitura que uma
fotografia permite (a questão da polissemia da imagem) (MANINI,
2002, p. 55).
Nesse sentido, cabe ao profissional da informação definir e
selecionar os termos e conceitos que melhor representem o conteúdo da imagem,
que atendam aos interesses da instituição e satisfaçam as necessidades
informacionais do usuário. Esses termos, em um segundo momento, possibilitarão
de maneira concisa e ordenada a elaboração do resumo, da representação da
imagem.
Lancaster (2004, p. 105), ao ressaltar a importância e a finalidade
dessas condensações do texto original, argumenta que
60
os resumos desempenham atualmente importante papel nos
sistemas de recuperação informatizados porque facilitam a
identificação de itens pertinentes e proporcionam acesso a itens
armazenados (nos sistemas em que o texto dos resumos é
armazenado em formato que se presta à recuperação).
Esses microtrextos, produtos da Análise Documentária, são
classificados como indicativo, informativo e resumo crítico ou resenha. O resumo
indicativo também denominado resumo descritivo, apenas descreve e informa a
respeito da finalidade, metodologia e não fornece informações acerca dos
resultados, conclusões. Em outros termos, indica de que se trata o documento, mas
não dispensa a leitura do texto original. O resumo informativo procura apresentar, de
forma sintética, as informações a respeito do objetivo, métodos, resultados, mas
diferentemente do resumo indicativo, contempla também os resultados, as
conclusões ou recomendações, dispensando muitas vezes a leitura do original. O
resumo crítico ou resenha, por sua vez, é um resumo avaliador, pois o resumidor
sua opinião a respeito da qualidade do trabalho do autor, apresenta análise crítica
acerca do documento e que deve ser elaborado por especialistas (LANCASTER,
2004).
Os resumos podem variar em relação à sua extensão de acordo com
Lancaster (2004) devido a fatores como: a extensão do item que está sendo
resumido; a complexidade do conteúdo temático a diversidade do conteúdo
temático; a importância do item para a instituição que elabora o resumo; a
‘acessibilidade’ do conteúdo temático; custos; e finalidade. Um resumo para que
atenda às necessidades dos usuários não deve ser excessivamente breve, pois
possivelmente não contemplará as informações mínimas essenciais constituindo-se
dessa forma em uma anotação.
Nessa perspectiva, o resumo não pode ser confundido com a
legenda, pois, segundo Rabaça e Barbosa (1987, p. 356), a legenda “é um texto
breve que acompanha uma
ilustração.
É uma frase curta, enxuta, destinada a indicar
ou ampliar a significação daquilo que a acompanha”.
61
2.5.2 Legenda
Keim (1971, p. 67) define legenda como “palavras que acompanham
a imagem, situando-a, e devendo ser lidas para que a imagem seja interpretada sem
erro”. “A razão de existência da legenda é em primeiro lugar, precisar o sentido da
imagem fotográfica, seja a título de informação ou de transmissão de uma
mensagem” (MANINI, 2002, p.6).
A legenda fotográfica
deve atender à curiosidade do leitor possibilitar
o esclarecimento de dúvidas e a compreensão da fotografia (MANUAL..., 2008),
chamar a atenção para pormenores relevantes que possam ter escapado. O objetivo
principal de uma legenda é informar sinteticamente o conteúdo da imagem e
despertar no usuário o interesse suficiente, para que olhe a fotografia com maior
atenção. Pode ser uma legenda informativa, explicativa, interpretativa, irônica,
instigadora. A legenda é uma informação a mais, enquanto o resumo é o próprio
resultado da Análise Documentária.
A legenda pode ser elaborada pelo fotógrafo, por um colecionador,
por uma pessoa que recebeu a fotografia, por um editor ou ainda pelo curador do
evento, pode aparecer na imagem ou em seu verso. No entanto, qualquer que seja
sua origem, o objetivo é identificar a imagem.
Keim (1971) estabelece os elementos principais ou essenciais que
devem fazer parte de uma legenda: a identificação do fotógrafo ou da agência que
produziu a imagem, a data, detalhes técnicos, a denominação do tema fotografado e
uma análise geral. Sendo assim, a função da legenda é contextualizar a fotografia
fornecer informações a respeito do local, data, possibilitar a identificação das
pessoas ou do evento.
Vale ressaltar que a legenda constitui-se em importante fonte de
dados para retificação, a identificação ou ratificação, mas o objetivo dessa pesquisa,
como exposto, é a elaboração de uma proposta metodológica para a recuperação
das informações imagéticas, tendo como base o resumo.
Em alguns acervos, a outra função do resumo, é auxiliar na
indexação, a qual segundo Cintra (1983, p. 5) “é definida como a tradução de um
62
documento em termos documentários, isto é, em descritores, cabeçalhos de
assunto, termos-chave, que têm por função expressar o conteúdo do documento”.
63
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esse trabalho tem como foco a Análise Documentária de imagens
pertencentes a acervos institucionais, agências ou ainda banco de imagens. Como
protótipo, analisou-se o acervo de fotografias do HCL. Importa mencionar que para a
análise e elaboração da metodologia o objeto de estudo foi constituído de imagens
figurativas (que representam algo) e não imagens abstratas.
Desse modo
,
essa pesquisa caracteriza-se como pesquisa
bibliográfica, envolvendo investigação e apresentação dos processos de Análise
Documentária de Fotografias aliados a fundamentos da Linguística Textual, a partir
de um enfoque qualitativo, com o intuito de elaborar-se uma proposta, - baseada na
metodologia apresentada por Manini (2002) -, de organização/representação da
informação imagética gerada pelas instituições de saúde e mais especificamente, no
Hospital do Câncer de Londrina (HCL),
No que diz respeito à forma de abordagem, optou-se pela pesquisa
qualitativa, pois uma relação entre o objeto e o mundo real que não pode ser
mensurado numericamente. Os processos para o resultado de uma pesquisa
qualitativa compreendem a interpretação dos fenômenos pesquisados e
posteriormente a atribuição de significados aos mesmos. De acordo com esse
enfoque, os dados foram coletados diretamente no ambiente no qual o objeto está
inserido, ou seja, o arquivo de fotos do HCL.
Assim sendo, foi realizado um levantamento bibliográfico, no qual
procurou-se definir, explicar e contextualizar picos relevantes para o estudo. De
acordo com Fachin (2006, p. 120), “a pesquisa bibliográfica, em termos genéricos, é
um conjunto de conhecimentos reunidos em obras de toda natureza. Tem como
finalidade conduzir o leitor à pesquisa de determinado assunto, proporcionando o
saber”.
Dando continuidade aos procedimentos, foram reunidas as fotos
relacionadas à Instituição e que estavam dispersas por todo o Hospital. Para o
acesso e disponibilização das informações contidas nessas fotografias, procedeu-se
às atividades de seleção, tratamento e a disseminação. A seleção constitui-se no
processo relacionado à formação do acervo; o tratamento documentário, etapa que
64
interessa a essa pesquisa, pois nela está inserida a Análise Documentária, processo
que resultará nos resumos, como produto dessa análise realizada. Após a análise e
seleção, as fotografias foram reunidas em um grupo ou seção
15
: fotografias, e
subdivididos em dois subgrupos ou subseções
16
: área administrativa e atendimento
ao paciente, e depois, em séries
17
, de modo a organizá-las visando à rápida
recuperação dessas imagens. A partir disso, classificou-se da seguinte forma:
Figura 1: Fluxograma de divisões e subdivies do acervo fotográfico do Hospital do
Câncer de Londrina
Posteriormente à inserção das fotos nas categorias, procedeu-se à
elaboração do resumo textual dessas informações imagéticas, com o intuito de
15
Seção ou grupo: Unidade arquivística constituída pela subdivisão orgânico-funcional de um fundo
ou núcleo, determinada pela sua organização original (CUNHA e CAVALCANTI, 2008, p. 329).
16
Subseção ou subgrupo: Divisão de um grupo em razão da complexidade estrutural e/ou funcional
da entidade produtora de documentos (CAMARGO e BELLOTTO, 1996, p. 71).
17
Série: Seqüência de unidades de um mesmo tipo documenta l(CAMARGO e BELLOTTO, 1996, p.
69).
Fundo:
Instituto do Câncer de Londrina
Seção:
Fotografias
Subseção:
Área Administrativa
Subseção:
Atendimento ao Paciente
Série:
Espaço Físico
Série:
Eventos
Série:
Funcionários em atividades
Série:
Equipamentos
Série:
Procedimentos relacionados ao
pac
i
ente
65
propor um método de representar seu conteúdo para organizar as fotos que em
geral, constituem um fundo documentário em uma instituição de saúde. Baseando-
se nos padrões de textualidade propostos por Beaugrande e Dressler (1981) e, mais
especificamente, nos fatores semântico/formal centrados no texto, (coesão e
coerência) e nas máximas greicianas, foram elaborados microtextos referentes às
fotografias de cada série.
Como critério para a apresentação/resumo dessas fotografias,
utilizou-se o quadro proposto por Manini.
Fonte: Manini, 2002, p. 108.
Figura 2: Grade de Análise Documentária de imagens fotográficas
De acordo com Manini (2002), essas categorias foram assim
definidas:
- QUEM / O QUE: identifica o objeto enfocado, ou seja, o que se
pretendeu fotografar: pessoas, animais, artefatos, paisagens,
acidentes naturais, construções etc.
- ONDE: permite localizar a imagem no espaço, seja espaço
geográfico ou somente localizar o espaço representado na
imagem, como por exemplo: Rio de Janeiro ou o interior de um
museu.
66
- QUANDO: localiza a imagem no tempo cronológico ou somente o
momento da imagem: dezembro de 1972 ou dia de inverno.
- COMO: descreve a atitude ou particularidades relacionadas ao
objeto enfocado, somente quando este é uma criança, um
animal, ou seja, quando o objeto é um ser vivo: cachorro
correndo, homem trajando roupa do século XVll.
Como apresentado, a Análise Documentária tem como objetivo, a
elaboração de representações condensadas do conteúdo temático do documento,
para facilitar a recuperação de suas informações. Dessa forma, acredita-se que os
tópicos apresentados acima atendam as especificidades dessas representações
informacionais.
Atualmente, o Hospital do Câncer de Londrina possui um acervo de
fotografias relativas a eventos sociais e relacionadas a atendimentos ao paciente,
entre outros assuntos. Essas fotografias estão inadequadamente armazenadas em
envelopes, dentro de caixas de papelão, sem qualquer organização, muitas vezes,
estão indisponíveis aos usuários que delas necessitem.
Nesse sentido, importa lembrar que as fotografias são consideradas
documentos de grande relevância, pois se constituem em uma informação
registrada, a qual, além de propiciar a transmissão do conhecimento, torna-se o
testemunho concreto da realização de uma atividade humana qualquer.
3.1
C
ARACTERIZAÇÃO DA
I
NSTITUIÇÃO PESQUISADA
O Hospital do Câncer de Londrina foi fundado no dia 09 de
novembro de 1965, inicialmente com o nome de CENTRO NORTE PARANAENSE
DE PESQUISAS MÉDICAS e destinava-se à prevenção do Câncer Feminino. A
construção da sede própria teve início em 1968, ano em que passou a denominar-se
INSTITUTO DE NCER DE LONDRINA. Nesse mesmo ano, foi reconhecido como
Instituição de Utilidade Pública Municipal.
67
Após alguns anos, o espaço físico era insuficiente para atender a
demanda, pois cerca de 9 mil atendimentos/ano eram efetuados no hospital. A
aquisição de terrenos nas adjacências do prédio existente foi necessária para a
ampliação dos serviços que eram oferecidos. As inúmeras intervenções cirúrgicas
não do Paraná como de outros Estados, exigiam a construção de um hospital
maior e mais adequado para o atendimento da população. A Divisão Nacional de
Câncer em 1974 autorizava a construção do bloco de internamento “HOSPITAL
PROFESSOR ANTÔNIO PRUDENTE”.
Atualmente o Hospital do Câncer de Londrina possui 126 leitos
sendo 7 pertencentes à Unidade de Tratamento Intensivo e, ainda oferece as
seguintes especialidades e serviços: Anatomia Patológica, Anestesiologia,
Cardiologia, Cintilografia, Cirurgia Geral, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Plástica,
Cirurgia Vascular, Clinica de Pele, Dermatologia, Endocrinologia, Exames
Laboratoriais, Fonoaudiologia, Gastroenterologia, Geriatria, Ginecologia,
Hematologia, Infectologia, Mastologia, Medicina Nuclear, Nefrologia, Neurocirurgia,
Neurologia, Odontologia, Oftalmologia, Oncologia Cirúrgica, Oncologia Clínica,
Ortopedia, Patologia Clinica, Pediatria, Plantão, Psicologia Clinica, Quimioterapia,
Radiologia, Radioterapia, Serviço Social, Suporte Terapêutico, Tomografia, Ultra-
sonografia, Urologia.
O Hospital do Câncer de Londrina constitui uma instituição de
fundamental importância, pois atende pacientes de todo o estado e de outras
regiões vizinhas como demonstram com os dados referentes aos atendimentos
realizados de janeiro a outubro de 2009 (ver gráfico 1).
A partir dessas informações acerca do Hospital do Câncer de
Londrina, verifica-se de que se trata de uma Instituição de fundamental importância
para a região, tanto no aspecto assistencial, como no aspecto relacionado à
preservação da história da Instituição e da cidade. Portanto, fica evidente a
importância de se manter toda essa trajetória da instituição, ou seja, o acervo
fotográfico organizado, com vistas à preservação da memória dessa instituição e
também à recuperação dessas informações por futuras gerações.
68
Fonte: Departamento de Ações Estratégicas e Projetos Hospital do Câncer de Londrina.
Dezembro/2009.
*Dados referente ao período de janeiro a outubro de 2009. Total de atendimentos: 257.947
Média mensal de atendimentos: 25.795.
Figura 3: Atendimentos realizados no Hospital do Câncer de Londrina
Atendimentos realizados*
73.092
2.488
45.539
12.899
892
5.432
19.803
3.503
685
6.523
3.353
14.233
6.873
23.492
8.419
2.651
3.217
24.853
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000
Enfermagem Casa de apoio (diárias) Consultas Fisioterapia
Fonoaudiologia Internações realizadas Laboratório cnico Mamografia
Medicina nuclear Nutrição clínica Psicologia clínica Quimioterapia
Radiologia Radioterapia Servo social Tomografia
Ultrassonografia Visitas médicas
69
4 ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS
De acordo com a proposta do estudo, o arquivo de fotografias, como
mencionado, foi classificado em um grupo ou seção: fotografias e subdivididos em
dois subgrupos ou subseções: área administrativa e atendimento ao paciente, e
dentro desses as séries: espaço físico, eventos, funcionários em atividades;
equipamentos e procedimentos relacionados ao paciente.
Com o intuito de oferecer informações quanto ao estado físico do
material, optou-se por adicionar ao quadro elaborado por Manini, (2002) o item
estado de conservação:
Conteúdo Informacional
DE SOBRE
Dimensão
Expressiva
Estado de
Conservação
Categoria
Genérico
Específico
Quem / O
que
Onde
Quando
Como
Figura 4: Grade adaptada de Análise Documentária de imagens fotográficas
70
4.1 Análise de fotografia da série: Eventos
Conteúdo Informacional
DE SOBRE
Dimensão
Expressiva
Estado de
Conservação
Categoria
Genérico
Específico
Quem / O
que
Homens e
mulheres
Severo
Canziani,
Lucilla Ballalai,
Sidrônia
Paranaguá
Onde
Informação
não
disponível
Quando
Informação
não
disponível
Como
Sentados
examinando
documentos
Instalação
e posse
da Rede
Feminina
de
Combate
ao Câncer
do Norte
do Paraná
Branco&preto,
plano médio,
instantâneo, luz
artificial,
formato
retangular
(horizontal)
Estado regular de
conservação
71
4.1.1 Resumo
Apresenta quatro pessoas, dois homens e duas mulheres. Da
esquerda para a direita, o primeiro sem identificação, com terno e gravata, a seguir,
o senhor Severo Canziani, com paletó, a senhora Lucilla Ballalai, trajando roupa
estampada, a senhora Sidrônia Paranaguá apresenta roupa de cor única. Eles estão
em um ambiente fechado, o qual apresenta uma parede de madeira, com um quadro
de uma figura feminina pendurado. Estão sentados, examinando papéis e livros que
estão sobre uma mesa recoberta com uma toalha clara. Vê-se também um buquê de
flores, um cinzeiro um porta-lápis e um par de óculos. Estão reunidos para oficializar
a instalação e posse da Rede Feminina de Combate ao Câncer do Norte do Paraná.
Fotografia em branco e preto, em plano médio, instantâneo, com luz artificial, de
formato retangular horizontal. Apresenta estado regular de conservação. Apesar do
processo de deterioração, do esmaecimento da imagem, possibilita a clara
identificação das pessoas e dos objetos fotografados.
4.1.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência
No texto acima, observa-se que a coesão dá-se por intermédio da
reiteração que, segundo Antunes (2005, p. 52), “é a relação pela qual os elementos
do texto vão de algum modo sendo retomados [...]” na substituição gramatical dos
nomes pelos pronomes; substituição lexical pelo uso de sinônimos. Por meio da
coesão, os termos vão se ligando em uma sequência que contempla o semântico
(significado), o léxico-gramatical (formal), permitindo uma progressão textual com
organicidade e sentido. Percebe-se a coesão quando emprega-se o verbo na
terceira pessoa do plural, referindo-se às pessoas, na substituição dos nomes
específicos pelo pronome que os designa.
Em relação à coerência, esta se porque o texto acima é
composto por uma sucessão de frases que permite ao usuário, a interpretabilidade,
pois parte-se do foco principal para os secundários em uma sequência harmônica,
coesa e se atem objetivamente ao conteúdo informacional imagético. Mais
especificamente, observa-se a coerência entre as sentenças. As frases que
72
precedem à primeira (“Apresenta quatro pessoas, dois homens e duas mulheres”)
trazem informações a respeito dos dois homens e das duas mulheres, respeitando a
ordem com que foram identificados.
73
4.2 Análise de fotografia da série: Eventos
18
Conteúdo Informacional
DE SOBRE
Dimensão
Expressiva
Estado de
Conservação
Categoria
Genérico
Específico
Quem / O
que
Homens Clodovil
Hernandes,...
Onde
Informação
não
disponível
Quando
Informação
não
disponível
Como
Sentados
bebendo
Reunião
social
Branco&preto,
plano geral,
instantâneo, luz
artificial, formato
retangular
(horizontal)
Estado regular
de conservação
18
Optou-se por apresentar duas fotos para a referida série no intuito de ressaltar que todos os
eventos, desde uma descontraída reunião social até a instalação de um comitê, são passíveis de
serem analisados e representados à luz da metodologia proposta.
74
4.2.1 Resumo
Apresenta três homens. Da esquerda para a direita: Clodovil
Hernandes trajando terno, camisa e gravata, sapato social, o segundo, sem
identificação, está usando suéter com blusa listrada, calça e sapatos sociais, o
terceiro, também sem identificação, veste suéter e calça social. Estão sentados em
um sofá: Clodovil está segurando uma taça, o homem que está ao centro segura um
copo vazio e o outro está bebendo sentado sobre uma das pernas e somente de
meias. A imagem mostra uma mesinha de canto com um abajur, parte de uma
cortina e a parte inferior de um quadro. A imagem retrata uma reunião social
informal. Fotografia em branco e preto, em plano geral, instantâneo, com luz
artificial, em formato retangular no sentido horizontal. Estado regular de
conservação. Apesar do processo de deterioração, do esmaecimento da imagem,
possibilita a clara visualização das pessoas e dos objetos fotografados.
4.2.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência
A coesão dá-se na substituição gramatical dos nomes pelos
pronomes; pelo uso do verbo na terceira pessoa do plural e pelo uso de hiperônimo
quando se usa a palavra imagem em substituição à palavra fotografia.
Em relação à coerência, esta se dá na sucessão de frases que
precedem à primeira (“Apresenta três homens”) as quais fornecem informações a
respeito dos três homens, respeitando a ordem com que foram identificados e da
situação na qual se encontram.
75
4.3 Análise de fotografia da série: Funcionários em atividades
Conteúdo Informacional
DE SOBRE
Dimensão
Expressiva
Estado de
Conservação
Categoria
Genérico
Específico
Quem / O
que
funcionários
trabalhando
Oberdam de
Freitas
Santos,
Rafael
Alcântara
Barros e
Fábio
Rodrigues da
Silva
Onde
Londrina /
PR
ICL/HCL
Quando
informação
não
disponível
Como
Um
funcionário
em pé e dois
sentados
examinando
papéis
Trabalho de
funcionários:
administrati-
vo na
farmácia
Colorida,
plano geral
instantâneo,
luz artificial,
formato
retangular
(horizontal)
Estado de
conservação
bom
76
4.3.1 Resumo
Apresenta três funcionários trabalhando em atividades
administrativas, dois sentados e um em pé. Em primeiro plano, o senhor Oberdam
de Freitas Santos trajando camisa branca e calça azul, em segundo plano, o senhor
Rafael Alcântara Barros de camisa escura e calça azul clara e em terceiro plano o
senhor bio Rodrigues da Silva, que está de pé, usa calça preta e camiseta azul
royal. Eles estão em um ambiente fechado, onde funciona a administração e o
almoxarifado com o estoque de medicamentos. Vêem-se na parte administrativa
várias mesas sobre as quais encontram-se papéis e diferentes objetos. Mais ao
fundo, uma geladeira, um armário e várias estantes com medicamentos e algumas
caixas no chão. Estão trabalhando no setor administrativo e de medicamentos da
farmácia do ICL. Fotografia colorida, em plano geral, instantâneo, com luz artificial,
de formato retangular na posição horizontal. Estado de conservação bom. Possibilita
a clara identificação das pessoas e dos objetos fotografados.
4.3.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência
Observa-se que a coesão dá-se quando se usa o verbo na terceira
pessoa do plural e o pronome em substituição ao nome de cada um, referindo-se
aos funcionários.
Em relação à coerência, esta se dá porque as frases se sucedem
em uma complementação lógica por ordem de importância.
77
4.4 Análise de fotografia da série: Equipamentos
78
Conteúdo Informacional
DE SOBRE
Dimensão
Expressiva
Estado de
Conservação
Categoria
Genérico Específico
Quem / O
que
equipamento equipamento
médico para
exame de
mamografia
Onde
Londrina/PR ICL/HCL
Quando
Não
disponível
Como
equipamen
to para o
hospital
Branco& preto,
vista geral,
instantâneo,
luz artificial,
formato
retangular
(vertical)
Estado regular de
conservação
4.4.1 Resumo
Equipamento médico para exame de mamografia, em uma sala do
ICL. Mostra o piso de tacos, parte de uma cadeira e, na parede, a porta da caixa de
distribuição de energia. Fotografia em branco e preto, em plano geral, instantâneo,
com luz artificial, em formato retangular na posição vertical. Estado regular de
conservação. Apesar do processo de deterioração, do esmaecimento da imagem,
possibilita a clara identificação das pessoas e dos objetos fotografados.
4.4.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência
A coesão dá-se em razão da estrutura formal do texto estar correta
e pelo uso de hiperônimo (imagem substituindo fotografia).
Em relação à coerência, esta se quando se descreve o objeto, a
situação apresentada na primeira fase, oferecendo detalhamento lógico da fotografia
79
4.5 Análise de fotografia da série: Espaço físico
Conteúdo Informacional
DE SOBRE
Dimensão
Expressiva
Estado de
Conservação
Categoria
Genérico
Específico
Quem / O
que
Construção
Construção
do 2º bloco
do Instituto
do Câncer de
Londrina
Onde
Londrina/PR
Quando
Informação
não
disponível
Como
Construção
Branco& preto,
plano geral,
instantâneo, luz
natural, formato
retangular
(horizontal)
Estado regular
de conservação
80
4.5.1 Resumo
Apresenta obras da construção do Instituto do Câncer de Londrina.
Mostra uma grande construção, de dois pavimentos com grandes janelas onde se
duas pessoas (uma em cada janela) não identificáveis devido à distância e janelas
basculantes, em um terreno ainda sem muro, uma construção menor mais à frente;
materiais para construção, uma bicicleta, placas de identificação de obra e da
construtora J. B. Bortolotti, uma outra pequena placa onde se : cantina; parte de
um carro da marca Ford: Corcel. A imagem mostra as obras referentes à construção
do segundo Bloco do ICL. Fotografia em branco e preto, em plano geral,
instantâneo, com luz natural, em formato retangular no sentido horizontal. Estado
regular de conservação. Apesar do processo de deterioração, do esmaecimento da
imagem, possibilita a clara identificação dos objetos fotografados.
4.5.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência
A coesão dá-se por intermédio da repetição da palavra construção e
pela substituição lexical do hiperônimo – imagem por fotografia.
Em relação à coerência, esta se quando se descreve a situação
apresentada na imagem, oferecendo detalhamento lógico.
81
4.6 Análise de fotografia da série: Procedimentos relacionados à pacientes
Conteúdo Informacional
DE SOBRE
Dimensão
Expressiva
Estado de
Conservação
Categoria
Genérico
Específico
Quem / O
que
Procedime
ntos
Tratamento
em paciente
coma bomba
de cobalto
Theratron
780
Onde
Londrina-
Paraná- ICL
Quando
1977
Como
Regulando o
equipamento
para a
aplicação
Tratamento
de câncer
ou cobalto
terapia
Colorida, plano
geral, luz
artificial,
instantâneo,
formato
retangular
(horizontal)
Estado regular
de conservação
82
4.6.1 Resumo
Apresenta duas pessoas, técnico e paciente. O técnico está trajando
jaleco branco, a paciente está trajando uma roupa colorida. Estão em uma sala
específica para aplicação da bomba de cobalto. Ele está em pé, manipulando o
aparelho, a paciente está deitada. Tem-se a visão parcial da sala, que mostra a
totalidade do aparelho: a bomba de Cobalto Theratron 780. A imagem mostra o
técnico operando o aparelho para a aplicação de cobalto em uma paciente.
Fotografia colorida, em plano geral, com luz artificial, instantâneo, em formato
retangular no sentido horizontal. Apesar do processo de deterioração, do
esmaecimento da imagem, possibilita a clara identificação das pessoas e dos
objetos fotografados.
4.6.2 Fatores de textualidade: coesão e coerência
No texto acima, observa-se que a coesão dá-se por intermédio da
substituição gramatical do nome, o técnico, pelo pronome ele; ainda a substituição
dos nomes pelo uso do verbo na terceira pessoa do plural; uso do hiperônimo: a
palavra imagem em referência à fotografia.
Em relação à coerência, esta se em razão das frases se
sucederem em uma complementação lógica por ordem de importância, oferecendo
ainda uma pormenorização da imagem.
83
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao se desenvolver e aperfeiçoar o que atualmente é a fotografia,
jamais se imaginaria a contribuição fantástica que essa técnica proporcionaria à
sociedade. A fotografia, em muitas situações, é a melhor maneira de representar
lugares, pessoas, fatos e acontecimentos. Nesse sentido, a fotografia caracteriza-se
como um dos meios mais eficazes e criativos na identificação, no reconhecimento de
fatos passados, ao possibilitar, a captura momentânea da imagem de algo ou de
alguém que se queira registrar, tornando-a, pois, decisiva para o armazenamento e
resgate posterior da memória coletiva.
Para Guran (1992, p. 15) “a fotografia é uma extensão de nossa
capacidade de olhar, e se constitui em uma técnica de representação da realidade
que, pelo seu rigor e particularismo, se expressa através de uma linguagem própria
e inconfundível”.
Preservar os registros do conhecimento é essencial para se
perpetuar a história, para a aquisição de conhecimento e para o desenvolvimento do
ser humano. Nessa perspectiva, as fotografias geradas em Instituições da área da
Saúde constituem-se, entre outros aspectos, em documentos de extrema
importância, seja para a própria área médica, ou ainda a área administrativa, jurídica
ou acadêmica.
A fotografia, considerada importante meio de expressão, gera um
volumoso acervo fotográfico nas mais variadas áreas, os quais muitas vezes, por
não estarem organizados não cumprem a sua função principal, ou seja, a de estar
disponível a quem dele necessite. De acordo com esse cenário, torna-se evidente a
importância de se organizar as fotografias de forma adequada, pois transformações
sociais e desenvolvimento econômico e científico decorrentes de tomadas de
decisões dependem muitas vezes das informações que as compõem.
No âmbito da Ciência da Informação e mais especificamente nas
atividades concernentes à Análise Documentária, os procedimentos de organização
de fotografias pressupõem operações de análise e síntese com o intuito de elaborar-
se uma representação condensada dessas informações imagéticas. Importa
84
acrescentar que esse rol de atividades é designado na Área, como tratamento da
informação.
A representação da fotografia por sua vez é a grande responsável
pela recuperação das imagens, uma vez que atua como mediadora entre o acervo
de fotos e o usuário em potencial
Como a representação desses documentos imagéticos concretiza-se
por intermédio de resumos, pequenos textos que buscam descrever, - com a maior
fidelidade possível -, as informações a eles vinculadas, torna-se imprescindível a
elaboração de um texto redigido de maneira clara, lógica e com excelente grau de
informatividade.
Dada a importância desses microtextos que representam as
informações contidas na fotografia, para sua futura recuperação, este estudo teve
como objetivo, ao adequar a metodologia proposta por Manini (2002) para a
organização/tratamento de acervos fotográficos, subsidiar algumas ações visando à
criação do Arquivo de Fotografias do Hospital do Câncer de Londrina.
A partir disso, esse trabalho preocupou-se em analisar as imagens
fixas encontradas no Hospital levando em conta a relação do visual e o verbal, com
o intuito de não perder as características da imagem quando transposta para o
textual. Para tanto, utilizou-se dos fatores de textualidade (coesão e coerência), as
máximas conversacionais, de maneira que o resumo pudesse efetivamente explicitar
as informações contidas na imagem.
Posteriormente, vale mencionar, esse resumo, - resultado da
interlocução entre fundamentos da Análise Documentária e da Linguística Textual -,
possibilitará a extração de palavras-chave, para uma indexação e recuperação
informatizada, agilizando ainda mais o acesso as imagens.
Nesse cenário, o profissional da informação deve ter bem claro que
a Análise Documentária de fotografias, tem como objetivo primacial, facilitar o
acesso não a um grande número de imagens, mas às imagens que melhor
satisfaçam às necessidades dos usuários desse acervo.
A proposta apresentada ao Hospital, fruto dos estudos realizados,
acredita-se, trará contribuições ao Arquivo de Fotografias a ser implantado
futuramente. A metodologia sugerida ressalte-se, levou em conta as características
85
dos usuários em potencial, suas necessidades informacionais e seu modus
operandi, ou a sua estratégia de busca.
Dentro desse contexto, como afirmam Maimone e Tálamo (2008,
p.3), “a informação se torna valor quando fidedignamente representada,
efemeramente recuperada e convenientemente assimilada”. Nesse sentido, é
possível afirmar que o estudo em pauta, norteou-se pela concepção de valorização
da informação de qualidade e acessível para a construção do conhecimento de uma
sociedade.
.
86
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ANEXO
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ANEXO A: AUTORIZAÇÃO PARA USO DAS IMAGENS
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