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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O problema e sua importância
A imagem corporal consiste em um construto
multidimensional composto de representações sobre o tamanho
e a aparência do corpo e de respostas emocionais associadas ao
grau de satisfação suscitado por essas percepções
(FRIEDMAN & BROWNELL, 1995). Neste sentido, dois
aspectos específicos da imagem corporal podem ser
distinguidos: a percepção do tamanho e das formas corporais; e
os sentimentos em relação ao corpo e porções do mesmo
(CORDÁS E CASTILHO, 1994).
Nos últimos anos, uma imagem corporal negativa,
indicada por altos níveis de insatisfação com o corpo, tem sido
apontada na literatura como um fenômeno generalizado entre
as mulheres (CASH & PRUZINSKY, 1990; ALLAZ et al.,
1998). Esse quadro tem sido atribuído à influência da mídia
sobre o padrão de beleza feminino, que preconiza as formas
corporais magras como sinônimo de beleza (FIELD et al.,
1999, 2001; JONES et al., 2004; TIGGEMANN &
PICKERING, 1996). Neste sentido, estudos recentes têm
mostrado que as preocupações com o peso e com a imagem
corporal estão surgindo cada vez mais cedo no sexo feminino,
tendo sido relatadas altas prevalências de insatisfação em
adolescentes (CORSEUIL et al., 2009; KOSTANSKI e
GULLONE, 1998; SMOLAK, 2004).
As adolescentes insatisfeitas com a imagem corporal
frequentemente adotam comportamentos alimentares anormais
e práticas inadequadas de controle de peso, como uso de
diuréticos, laxantes, autoindução de mitos, realização de
atividade sica extenuante, entre outros (VILELA et al., 2001,
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2004). Assim, a insatisfação corporal na adolescência tem sido
identificada como o mais importante fator de risco para o
desenvolvimento de distúrbios alimentares, como a anorexia e
a bulimia (ALVES et al., 2008; STICE, 2002; STICE &
BEARMAN, 2001; WICHSTROM, 1999; ERICKSON e
GERSTLE, 2007).
A puberdade envolve mudanças na aparência física e na
forma corporal que tem potencial para afetar a imagem
corporal (WILLIAMS E CURRIE, 2000). A idade em que
comam a aparecer estas mudanças parece ter importantes
implicações (GRABER et al., 1997). Algumas pesquisas têm
mostrado que adolescentes do sexo feminino com maturação
sexual precoce são mais insatisfeitas do que aquelas que
tiveram a maturação mais tardiamente (PETROSKI et al.,
1999; McCABE e RICCIARDELLI, 2004; RICHARDS et al.,
1990; WILLIAMS E CURRIE, 2000). Porém, outros estudos
o confirmam essa associação (STICE AND WHITENTON,
2002; McCABE e RICCIARDELLI, 2003), mostrando a
necessidade de investigar esse assunto, sobretudo em
adolescentes brasileiras, nas quais essa questão tem sido pouco
explorada.
A relação entre insatisfação com a imagem corporal e
indicadores antropométricos em adolescentes tem sido
amplamente investigada utilizando-se o índice de massa
corporal (IMC). Estudos internacionais com delineamento
transversal (MIRZA et al., 2005; BARKER & GALAMBOS,
2003; JONES et al., 2004; RODRÍGUEZ e CRUZ, 2008;
KNAUSS et al., 2007; BLOWERS et al., 2003; LAM et al.,
2009; LOBERA et al., 2009; LOWLER e NIXON, 2010;
McCABE et al., 2009) e longitudinal (PAXTON et al., 2006;
PRESNELL et al., 2004; STICE & WHITENTON, 2002;
STRIEGEL-MOORE et al., 2001; JONES, 2004; LEE et al.,
2004; LUNDE et al., 2007) têm demonstrado que altos valores
de IMC estão associados a uma maior insatisfação. No Brasil,
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essa associação também foi constatada (BRANCO et al., 2006;
CONTI et al., 2005; PETROSKI et al., 2009; MARTINS et al.,
2010). Porém, poucos estudos basearam-se em amostras
representativas (PETROSKI et al., 2009; MARTINS et al.,
2010), o que limita a generalização dos resultados, e destes,
apenas um (MARTINS et al., 2010) analisou especificamente a
insatisfação por excesso de peso.
Outro indicador antropométrico que pode estar
relacionado à insatisfação corporal é o percentual de gordura
(%G), porém, os estudos que incluem esse componente são
escassos (PETROSKI et al., 2009; MARTINS et al., 2010). Em
uma amostra de adolescentes do oeste de Santa Catarina (SC) e
norte do Rio Grande do Sul (RS) foi encontrada associação
entre essas variáveis (PETROSKI et al., 2009). No entanto, em
escolares da cidade de Santa Maria/RS essa associação o foi
constatada (MARTINS et al., 2010). Assim, evidencia-se a
importância de investigar essa relação, a fim de promover um
melhor entendimento a respeito desse assunto.
Além das características sicas, a insatisfação corporal
em adolescentes também pode estar relacionada a alguns
fatores sociodemográficos. A literatura tem mostrado que a
insatisfação aumenta com a idade (WANG et al. 2005;
BEARMAN et al., 2006; LUNDE et al., 2007; McNAMARA
et al., 2008; MOUSA et al., 2010; STRIEGEL-MOORE et al.,
2001; JONES et al., 2001), porém, não apresenta associação
com o nível econômico (PINHEIRO e GIUGLIANI, 2006;
MOUSA et al., 2010; PEREIRA et al., 2009) e com a
escolaridade do chefe da família (ROBINSON et al., 1996;
STICE e WHITENTON, 2002). Até o presente momento, essas
relações são desconhecidas em adolescentes brasileiras.
Tendo em vista que a insatisfação com a imagem
corporal tem sido identificada como o principal precursor de
distúrbios alimentares, como a anorexia e a bulimia, justifica-se
a importância de investigar esse assunto, a fim de buscar
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esclarecimentos sobre o desenvolvimento da insatisfação com a
imagem corporal em adolescentes do sexo feminino no início
da adolescência, identificando-se os fatores que estão
associados a esse fenômeno. Dessa forma, este estudo pretende
contribuir para que os programas de prevenção de distúrbios
alimentares sejam direcionados de maneira eficaz aos grupos
de maior risco, promovendo uma conscientizão em relação
ao corpo e às pressões sociais relacionadas à supervalorização
da magreza.
Nesse contexto, esta pesquisa pretende responder as
seguintes questões-problema:
- Qual é a prevalência de insatisfação com a imagem corporal
em adolescentes do sexo feminino da cidade de
Florianópolis/SC?
- Quais são os fatores que estão associados à insatisfão com a
imagem corporal em adolescentes do sexo feminino da cidade
de Florianópolis/SC?
Objetivos
Objetivo geral
Analisar a prevalência de insatisfação com a imagem
corporal e os fatores associados em adolescentes do sexo
feminino, de 11 a 14 anos de idade, estudantes da rede estadual
de ensino da cidade de Florianópolis/SC.
Objetivos específicos
- Identificar a prevalência de adolescentes que apresentam
comportamentos de risco para o desenvolvimento de anorexia e
bulimia;
- Verificar a associação da insatisfação com a imagem corporal
com as variáveis sociodemográficas (faixa etária, nível
econômico e escolaridade do chefe da família);
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- Verificar a associação da insatisfação com a imagem corporal
com as variáveis biológicas (estado nutricional, adiposidade
corporal e maturação sexual);
- Verificar a associação da insatisfação com a imagem corporal
com a variável comportamental (comportamento de risco para
anorexia e bulimia).
Definição de termos
Imagem corporal
É a “figura mental que temos da medida, dos contornos
e forma de nosso corpo; e os sentimentos concernentes a essas
características e às partes do nosso corpo” (GARDNER, 1996,
p. 327).
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CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo traz a fundamentação teórica referente aos
temas analisados no presente estudo. O primeiro tópico trata da
imagem corporal, objeto principal deste trabalho, sendo a
leitura direcionada à população de adolescentes
(principalmente do sexo feminino). Em seguida, são abordados
os principais estudos que analisaram a associação da
insatisfação com a imagem corporal com fatores
sociodemográficos (idade, vel econômico e escolaridade do
chefe da família). Na sequência, os fatores biológicos são
explorados (maturação sexual e indicadores antropométricos),
com foco na associação com a insatisfação corporal. E, por
fim, essa revisão trata dos distúrbios alimentares,
especialmente a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.
Imagem Corporal
A imagem corporal é definida como uma ilustração que
se tem na mente acerca do tamanho, imagem e forma do corpo,
e também, dos sentimentos relacionados a essas características
(SLADE, 1988). Para Thompson (1996), a imagem corporal
envolve três componentes:
- Perceptivo: que se relaciona com a precisão da percepção da
própria aparência física, envolvendo uma estimativa do
tamanho corporal e do peso;
- Subjetivo: que envolve aspectos como a satisfação com a
aparência, nível de preocupação e ansiedade a ela associada;
- Comportamental: que focaliza as situações evitadas pelo
indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência
corporal.
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Para McCabe e Ricciardelli (2004), a imagem corporal
é um fenômeno de componentes afetivos, cognitivos,
perceptivos e comportamentais. A dimensão afetiva envolve os
sentimentos individuais em relação à aparência do corpo
(CASH e GREEN, 1986) e como o indivíduo se sente
(PELEGRINI e PETROSKI, 2010). O componente cognitivo
engloba os pensamentos e crenças quanto à forma e aparência
do corpo (CASH e GREEN, 1986) ou o que o indivíduo pensa
sobre o seu corpo (PELEGRINI e PETROSKI, 2010). E,
segundo Stice et al. (1996), o aspecto comportamental está
relacionado às atitudes tomadas com o objetivo de mudar o
corpo.
De acordo com Mello Filho (1992), a imagem que uma
pessoa tem de si mesma é formada pela inter-relação entre três
informações: a imagem objetiva, a imagem representada pela
impressão de terceiros e a imagem idealizada. Dessa forma,
evidencia-se que a imagem corporal é um componente
importante em todo o complexo mecanismo de identidade da
pessoa.
A insatisfação corporal se refere à avaliação negativa do
corpo ou de suas partes (STICE e SHAW, 2002) e é
caracterizada por preocupações com o peso, forma e gordura
corporal. Dependendo do grau, pode afetar aspectos da vida do
indivíduo no que diz respeito ao seu comportamento alimentar,
autoestima e desempenhos psicossocial, sico e cognitivo
(SMOLAK e LEVINE, 2001).
A insatisfação corporal surge como resultado da
interação entre fatores biológicos, psicológicos e socioculturais
(STICE e SHAW, 2002). Algumas pesquisas têm apontado que
a mídia (FIELD et al., 1999; KNAUSS et al., 2007; STICE &
WHITENTON, 2002), os pares (McCABE et al., 2002;
BERNDT & KEEFE, 1995; JONES, 2004; PRESNELL et al.,
2004), os pais (FIELD et al., 2001; McCABE e
RICCIARDELLI, 2001; STICE & WHITENTON, 2002) e a
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internalização do ideal sociocultural de magreza (JONES et al.,
2004; STICE et al., 1994; STICE, 2001; STICE &
BEARMAN, 2001; STICE & WHITENTON, 2002; KNAUSS
et al., 2007) contribuem para o desenvolvimento da
insatisfação corporal em adolescentes.
Nesse sentido, identifica-se que a insatisfação com a
imagem corporal na adolescência surge, principalmente, em
função da pressão sociocultural para atingir o ideal de magreza,
a qual tem origem em diversas fontes, incluindo a mídia, os
pais, a família e os pares (STICE e SHAW, 2002; BARKER e
GALAMBOS, 2003).
Dessa forma, as mensagens disseminadas através de
diferentes meios exercem uma forte influência nas
adolescentes, que passam a almejar esse padrão de beleza.
Porém, o desejo de atender ao ideal de magreza e a
impossibilidade de torná-lo real criam um ambiente de intensa
insatisfação com a imagem corporal (STICE & WHITENTON,
2002).
Nesse contexto, adolescentes do sexo feminino de
diversas nacionalidades têm apresentado insatisfação com a
imagem corporal, demonstrando a preferência por uma figura
corporal mais magra (FIELD et al., 1999; DEMAREST &
ALLEN, 2000; GARDNER et al., 1999; SWARR &
RICHARDS, 1996; ROSENBLUM e LEWIS, 1999; GRALEN
et al., 1990). Evincias demonstram que o descontentamento
com o corpo não atinge exclusivamente adolescentes de áreas
urbanas, estando presente também naqueles que residem na
zona rural (PETROSKI et al., 2009; JONES et al., 2007).
Assim, percebe-se que os adolescentes domiciliados em áreas
rurais também sofrem a influência do padrão estético atual.
A literatura tem demonstrado que a insatisfação com a
imagem corporal na adolescência difere entre os sexos, sendo
mais frequente no sexo feminino do que no masculino, tanto
em áreas urbanas (WANG et al., 2005; McCABE et al., 2002;
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McCABE e RICCIARDELLI, 2004; LI et al., 2005; MIRZA et
al., 2005; LUNDE et al., 2007; GERHMAN et al., 2006)
quanto em áreas rurais (JONES et al., 2007). Essa insatisfação
se dá, em sua maior parte, devido ao desejo de reduzir o peso
corporal (MIRZA et al., 2005; WANG et al., 2005). Em
contrapartida, em adolescentes do sexo masculino, verifica-se
uma tendência a idealizar uma silhueta maior, indicando o
desejo de possuir um corpo mais forte e musculoso (PEREIRA
et al., 2009; VILELA et al., 2004; PINHEIRO e GIUGLIANI,
2006; THOMPSON et al., 1997; PETROSKI et al., 2009).
O Body Shape Questionnaire (BSQ) é um questionário
que tem sido bastante utilizado para a avaliação da insatisfação
com a imagem corporal. Esse instrumento permite avaliar a
preocupação com a imagem corporal, especialmente no sentido
de sentir-se com excesso de peso. Originalmente construído
por Cooper et al. (1987), sua primeira versão continha 51
questões que foram elaboradas com base em informações de
entrevistas com mulheres saudáveis e com pacientes de
transtornos alimentares. As opções de resposta foram
elaboradas na forma de escala de Likert de seis pontos, da
seguinte forma Sempre (6 pontos), muito frequente (5
pontos), frequente (4 pontos), algumas vezes (3 pontos),
raramente (2 pontos) e nunca (1 ponto). Posteriormente, o
questionário foi reduzido a 34 queses, e foram estabelecidos
pontos de corte para a classificação da preocupação com a
imagem corporal, por meio da pontuação obtida, como segue:
Nenhuma preocupação (0-80 pontos), Leve preocupação (81-
110 pontos), Moderada preocupação (111-140 pontos) e Grave
preocupação (141-204 pontos).
O BSQ foi traduzido para o português e validado em
estudantes universitários brasileiros por Di Pietro e Silveira
(2009). A adaptação da escala manteve as características da
escala original, apresentando boa consistência interna (alfa de
Cronbach = 0,97).
10
As prevalências internacionais de insatisfação com a
imagem corporal encontradas em adolescentes do sexo
feminino, com a utilização do BSQ, variam de 11,4% a 23,6%
(RODRÍGUEZ e CRUZ, 2008; MOUSA et al., 2010;
MUMFORD et al., 1992). No Brasil, estudos prévios
conduzidos nessa população têm relatado prevalências de
18,5% (em alunas de uma escola pública de São Paulo/SP, de
14 a 19 anos) (BRANCO et al., 2006), 18,8% (em estudantes
de escolas públicas e privadas de Florianópolis/SC, de 10 a 19
anos) (ALVES et al., 2008) e 25,3% (em escolares de Santa
Maria/RS, de 11 a 13 anos) (MARTINS et al., 2010).
Insatisfação com a imagem corporal e fatores
sociodemográficos
Alguns fatores sociodemográficos podem apresentar
relação com a insatisfação com a imagem corporal em
adolescentes do sexo feminino. Em relação à idade, a literatura
mostra que um aumento da insatisfação conforme o
incremento da idade (WANG et al. 2005; BEARMAN et al.,
2006; LUNDE et al., 2007; McNAMARA et al., 2008;
MOUSA et al., 2010; STRIEGEL-MOORE et al., 2001;
JONES et al., 2001). No entanto, estudos longitudinais não
confirmam tal associação (JONES, 2004; STICE e
WHITENTON, 2002).
O nível econômico não apresenta associação com a
insatisfação corporal na maioria dos estudos revisados
(PINHEIRO e GIUGLIANI, 2006; MOUSA et al., 2010;
PEREIRA et al., 2009). Apenas os resultados relatados por
McArthur et al. (2005) diferem dos demais, mostrando uma
maior prevalência de insatisfação corporal nas adolescentes de
contextos econômicos mais altos. No que se refere à
escolaridade do chefe do família, estudos conduzidos em
11
adolescentes americanas não encontraram associação com a
insatisfação com a imagem corporal (ROBINSON et al., 1996;
STICE e WHITENTON, 2002). Em adolescentes brasileiras,
carência de estudos que analisem a associação da
insatisfação corporal com variáveis sociodemográficas.
Insatisfação com a imagem corporal e fatores biológicos
As mudanças físicas que ocorrem na fase da
adolescência promovem alterações na imagem corporal
(WILLIAM & CURRIE, 2000). O aumento do peso e da
gordura corporal e as partes do corpo que são modificadas em
função do desenvolvimento puberal são, frequentemente, o
motivo da insatisfação nas adolescentes do sexo feminino
(DAVIES & FURNHAM, 1986; GRALEN et al., 1990; ATTIE
& BROOKS-GUNN, 1989; RICHARDS et al., 1990).
A adolescência, período que compreende a faixa etária
dos 10 aos 19 anos, é marcada por intensas mudanças
fisiológicas, psicológicas e somáticas. A fase inicial da
adolescência, denominada puberdade, estende-se dos 10 aos 14
anos, e é caracterizada pela ocorrência do pico de crescimento
estatural (estirão) e pela maturação biológica ssea e sexual).
Na fase final, dos 15 aos 19 anos de idade, ocorre a
desaceleração desses processos até a parada do crescimento
(WHO, 1995).
A puberdade é um período de maturação biológica
marcado por uma série de eventos que são interrelacionados e
que resultam no surgimento de caracteres sexuais secundários,
desenvolvimento da função reprodutiva, estirão de crescimento
e modificações na composição corporal (SILVA & ADAN,
2003; CHIPKEVITCH, 1995). As modificações morfológicas
que ocorrem no período puberal iniciam-se pelo aparecimento
das características sexuais secundárias, seguindo-se da
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modificação da massa corporal magra, distribuição da gordura
corporal, aceleração da velocidade de crescimento (estirão
puberal) e a fusão das epífises ósseas com a parada do
crescimento (SIERVOGEL et al., 2003).
A maturação biológica pode ser definida como o
processo de progressão em direção ao estado biológico maduro
(BAXTER-JONES et al., 2005). Em outras palavras, é o
processo de aquisição de um estado funcional adulto, uma vez
que envolve o desenvolvimento da capacidade funcional dos
óros, dos sistemas fisiológicos e do indivíduo como um todo
(ULIJASZEK et al., 1998).
As transformações sicas decorrentes do processo
maturacional têm início e ritmo de progressão muito variáveis
entre os sujeitos e entre populações. Dessa forma, indivíduos
com a mesma idade cronológica podem diferir extremamente
no grau de maturação biológica. Assim, a idade cronológica
deixa de ser um parâmetro seguro para a caracterização
biopsicossocial de um determinado indivíduo durante a
adolescência (DUARTE, 1993; CHIPKEVITCH, 1995;
BAXTER-JONES et al., 2005).
A maturação pode ser avaliada por meio da
identificação de indicadores maturacionais, que são
acontecimentos ou estágios discretos que ocorrem
sequencialmente em algumas partes do corpo e que são
características de sua progressão desde um estado de
imaturidade até a maturidade. Os indicadores biológicos mais
utilizados para identificar o nível maturacional são: a idade
gestacional, a idade morfológica (maturação somática), a idade
dentária (maturação dentária), a idade óssea (maturação
esquelética) e a idade de aparecimento das características
sexuais secundárias (maturação sexual) (CAMERON, 2002;
VIEIRA et al., 2006).
O processo de maturação sexual inicia-se no período
fetal, mas é durante a adolescência que atinge a sua maturação
13
final (VIEIRA et al., 2006). As características sexuais
primárias são aquelas relacionadas diretamente com a
reprodução. Nas meninas, dizem respeito ao desenvolvimento
dos orios, do útero e da vagina; nos meninos, ao
desenvolvimento dos testículos, próstata e produção de
esperma. As características sexuais secundárias são as ligadas
ao dimorfismo sexual externo, isto é, o desenvolvimento dos
seios, pênis, pelos faciais, pelos pubianos e modificação da voz
(DUARTE, 1993). No sexo feminino, a avaliação das
características sexuais secundárias está baseada na observação
do desenvolvimento das mamas, dos pelos pubianos e axilares
e da idade da menarca (MOREIRA et al., 2004).
Vários fatores interferem na maturação sexual, alguns
engenos ou genéticos e outros exógenos ou ambientais
(condições climáticas, nível econômico, tamanho da família,
nível de atividade física, dieta) (MARCONDES, 1992;
PETROSKI et al., 1999). A resultante dessas influências
determina a época do surgimento da maturação sexual em dada
população e, mesmo assim, com variações individuais
(MARCONDES, 1992).
O momento em que comam a surgir as mudanças
físicas decorrentes da puberdade, em comparação com os
pares, pode influenciar a imagem corporal de adolescentes do
sexo feminino. Algumas pesquisas sugerem que a maturação
sexual precoce desempenha um papel central no
desenvolvimento de preocupações com a imagem corporal
(KILLEN et al., 1994; WILLIAMS e CURRIE, 2000).
evincias de que as adolescentes com maturação precoce o
mais insatisfeitas do que aquelas que tiveram a maturação mais
tardiamente (McCABE & RICCIARDELLI; 2004, PETROSKI
et al., 1999).
Um estudo realizado com adolescentes do sexo
feminino na região da Grande Florianópolis/SC, constatou que
aquelas que tiveram a menarca mais cedo estavam mais
14
insatisfeitas com a sua massa corporal (PETROSKI et al.,
1999). Essa relão pode ser explicada pelo fato de que, no
sexo feminino, a maturação tardia favorece a manutenção de
formas corporais que estão de acordo com o ideal sociocultural
de beleza (SWARR & RICHARDS, 1996). Entretanto, Stice e
Whitenton (2002) não encontraram associação entre menarca
precoce e insatisfação corporal.
Utilizando delineamento longitudinal, Richards et al.
(1990) identificaram que as adolescentes com desenvolvimento
puberal mais avançado estavam mais insatisfeitas com o peso
corporal. Porém, em adolescentes australianas, essa associação
o foi constatada (McCABE & RICCIARDELLI, 2003).
A revisão da literatura correspondente aos estudos que
analisaram a associão entre insatisfação com a imagem
corporal e maturação sexual evidenciou a carência de estudos
sobre esse assunto, sobretudo no Brasil. Além disso, os poucos
estudos que analisaram essa relação mostram resultados
contraditórios (PETROSKI et al., 1999; STICE e
WHITENTON, 2002; RICHARDS et al., 1990; McCABE &
RICCIARDELLI, 2003), demonstrando a necessidade de
esclarecer essa questão. Todavia, a disparidade dos resultados
pode ser explicada em função de que outros fatores podem
estar influenciando essa relação. A exemplo disso, Striegel-
Moore et al. (2001) constataram que as diferenças na
insatisfação corporal de adolescentes em diferentes estágios de
maturação sexual foram mediadas pelo aumento do IMC e pela
escolaridade dos pais.
Nesse sentido, as pesquisas que analisaram a relação da
imagem corporal com o estado nutricional em adolescentes do
sexo feminino têm mostrado resultados mais consistentes,
indicando que altos valores de IMC estão associados a uma
maior insatisfação (McCABE e RICCIARDELLI, 2003;
MIRZA et al., 2005; BARKER & GALAMBOS, 2003; JONES
et al., 2004; RODRÍGUEZ e CRUZ, 2008; LI et al., 2005;
15
KNAUSS et al., 2007; PAXTON et al., 2006; PRESNELL et
al., 2004; STICE & WHITENTON, 2002; STRIEGEL-
MOORE et al., 2001; JONES, 2004). Estudos realizados com
adolescentes brasileiras reforçam tal associação (BRANCO et
al., 2006; CONTI et al., 2005; PETROSKI et al., 2009;
MARTINS et al., 2010). Contudo, apenas dois estudos
nacionais basearam-se em amostras representativas
(PETROSKI et al., 2009; MARTINS et al., 2010), o que limita
a extrapolação dos resultados para a populão investigada.
Além disso, apenas um estudo (MARTINS et al., 2010)
analisou especificamente a insatisfação por excesso de peso.
A relação da insatisfação com a imagem corporal com
indicadores antropométricos tem sido pouco explorada
utilizando-se o percentual de gordura (%G). Petroski et al.
(2009) verificaram associação significante entre essas variáveis
em uma amostra de adolescentes do oeste de Santa Catarina
(SC) e norte do Rio Grande do Sul (RS). Entretanto, em
escolares da cidade de Santa Maria/RS essa associação não foi
constatada (MARTINS et al., 2010). Dessa forma, percebe-se
que essa relação necessita ser investigada para promover
esclarecimentos sobre o assunto.
Distúrbios alimentares: Anorexia Nervosa e Bulimia
Nervosa
Os indivíduos insatisfeitos com seus corpos são mais
proveis a engajarem-se em comportamentos prejudiciais à
saúde tais como dieta inadequada, jejum, autoindução de
vômito, e uso de diuréticos e laxantes (MOORE, 1993).
evincias de que a insatisfação corporal na adolesncia e as
preocupações em ser ou tornar-se “gordoestão relacionadas
ao desenvolvimento de distúrbios alimentares, especialmente a
anorexia e a bulimia (ALVES et al., 2008; ERICKSON e
16
GERSTLE, 2007; STICE, 2002; STICE & BEARMAN, 2001;
WICHSTROM, 1999; WERTHEIM et al., 2001).
Estudos relatam que o número de casos desses
transtornos alimentares tem aumentado nos últimos anos,
afetando de 9% a 22% das adolescentes que vivem em países
ocidentais (le GRANGE et al., 1998; LEICHNER, 2002;
JONES et al., 2001). Devido ao aumento da sua prevalência,
ocorrência em idades cada vez mais precoces, e às suas
consequências ao bem-estar sico e psicológico (WHITAKER,
1992), os distúrbios alimentares têm se tornado um rio
problema de saúde pública (TAM et al., 2007), podendo
acarretar em atraso no crescimento, desnutrição, e até mesmo
em morte prematura (FISHER et al., 1995; ROME et al.,
2003).
O surgimento dos problemas relacionados à imagem
corporal e os comportamentos alimentares anormais ocorrem
mais frequentemente no sexo feminino, sendo mais prevalentes
na adolescência (LITTLETON e OLLENDICK, 2003). Nessa
fase, os indivíduos são mais influenciados pelos padrões
estéticos corporais, e, portanto, são mais vulneráveis aos
distúrbios alimentares (LAHORTIGA-RAMOS et al., 2004;
GRANILLO et al., 2005).
Aproximadamente duas décadas, a literatura relatava
que os casos de anorexia e bulimia eram mais comuns em
países industrializados, em função da abundância de alimentos,
associada à imposição da magreza como sinimo de
atratividade e beleza (FICHTER et al., 1988). Porém, a
prevalência de distúrbios alimentares tem aumentado em países
em desenvolvimento nos últimos anos (LEE et al., 1998;
GHAZAL et al., 2001).
De acordo com o DSM-IV (Diagnostic and Statistical
Manual, IV edition; American Psychiatric Association - APA,
1994), a anorexia nervosa e a bulimia nervosa são doenças
classificadas como transtornos mentais. Esse documento
17
apresenta os critérios diagnósticos desses transtornos, que
podem ser visualizados nos quadros 1 (Anorexia Nervosa) e 2
(Bulimia Nervosa).
Quadro 1: Critérios diagnósticos da Anorexia Nervosa segundo
DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual, IV edition)
1.
Recusa em manter o peso corporal
adequado para a idade e
estatura, mantendo-o abaixo do normal.
2.
Medo intenso de ganhar peso ou tornar
-
apresentando baixo peso corporal.
3.
Distorção da imagem corporal
; negação da gravidade do
baixo peso; perturbação no modo de vivenciar o peso,
tamanho, ou forma corporais; excessiva influência do peso e
das formas corporais na maneira de se autoavaliar.
4.
Amenorréia em mulheres pós menarca (ausência de
pelo menos três ciclos menstruais consecutivos).
Fonte: American Psychiatric Association (APA, 1994)
Embora classificados separadamente, os dois
transtornos apresentam características comuns: uma idéia
prevalente envolvendo a preocupação excessiva com o peso e
a forma corporais (medo de engordar), que leva os pacientes a
engajarem-se em dietas extremamente restritivas ou a
utilizarem métodos inapropriados para alcançar o corpo
idealizado. Tais pacientes costumam julgar a si mesmas
baseando-se quase que exclusivamente em sua aparência física,
com a qual se mostram sempre insatisfeitas (APA, 1994).
Geralmente, o início do quadro clínico da anorexia
ocorre a partir da elaboração de uma dieta, na qual o paciente
inicia a restrição de alguns alimentos, eliminando aqueles que
julga mais calóricos. Essa restrição alimentar aumenta
progressivamente, com diminuição do número de refeições,
podendo evoluir drasticamente, até o jejum prolongado. O
paciente tem como meta emagrecer, cada vez mais, desejando a
18
todo custo ficar cada vez mais magro (PHILIPPI e
ALVARENGA, 2004).
Quadro 2: Critérios diagnósticos da Bulimia Nervosa segundo
DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual, IV edition)
1.
Episódios recorrentes de consumo alimentar compulsivo
(episódios bulímicos), caracterizado por:
a) ingestão de uma grande quantidade de alimentos em curto
intervalo de tempo (aproximadamente em duas horas)
b) sensação de perda de controle alimentar durante o episódio
(sensação de não conseguir parar de comer e de controlar a
quantidade de comida ingerida).
2.
Comportamentos compensatórios inapropriados para
prevenir o ganho de peso, como vômito autoinduzido, abuso
de laxantes, diuréticos ou outras drogas, jejum ou dieta
restrita, e exercícios físicos excessivos.
3.
A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios
ocorrem, em média, duas vezes/semana, por, pelo menos,
três meses.
4.
A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma
e peso corporais.
Fonte: American Psychiatric Association (APA, 1994)
Dessa forma, ocorre uma excessiva perda de peso
(autoimposta) e um grande desgaste físico e psicológico. Em
função da distorção da imagem corporal, os indivíduos com
anorexia nervosa não se percebem magros, mas sempre gordos,
continuando a restringir suas refeições de uma maneira
ritualizada (MAHAN e STUMP, 1998).
A anorexia nervosa tem complicações sérias associadas
à desnutrição, como comprometimento cardiovascular,
desidratação, distúrbios eletroticos, distúrbios na motilidade
gastrointestinal, infertilidade, entre outras (HERZOG et al.,
1993; MAHAN e STUMP, 1998). A amenorréia ocorre em
19
função da combinação de diversos fatores, como disfunção
hipotalâmica, estresse, exercício em excesso e perda de peso e
gordura corporais (FISHER et al., 1995). Pacientes que estão
na pré-puberdade podem ter atraso na maturação sexual, no
desenvolvimento sico e no crescimento, e não atingem a
estatura esperada (MAHAN e STUMP, 1998). O índice de
mortalidade pode chegar a 20%, em razão das complicações
decorrentes da própria doença e suicídio (THEANDER, 1985).
A bulimia nervosa caracteriza-se por epidios
recorrentes de grande ingestão alimentar (episódios bulímicos,
do inglês “binge eating”) com sensação de perda de controle,
seguidos do uso de todos compensatórios inadequados para
o controle de peso como mitos autoinduzidos, uso de
medicamentos (diuréticos, inibidores de apetite, laxantes),
dietas inadequadas e exercícios sicos excessivos (SAITO e
SILVA, 2001; CORDÁS, 2004).
A perda de peso, que ocorre de forma drástica na
anorexia nervosa, não é observada na bulimia. Os bulímicos
geralmente se mantêm próximos ao peso normal ou até mesmo
com um leve sobrepeso, alternando crises de hiperfagia com
vômitos autoinduzidos (MORANDÉ et al., 1999).
As principais complicações da bulimia são: distúrbios
eletroticos, irritação e sangramento gástrico e esofágico,
eroo do esmalte dental, aumento das parótidas, bradicardia de
repouso, hipotensão, entre outras (HERZOG et al., 1993;
ABOTT et al., 1993; FISHER et al., 1995).
A revisão da literatura referente aos distúrbios
alimentares mostrou que a anorexia e a bulimia podem trazer
marcantes prejuízos à saúde, podendo levar até mesmo à morte.
Entretanto, alguns autores afirmam que, quando o tratamento
ocorre precocemente, pode produzir bons resultados, evitando
as formas crônicas e imutáveis (CORDÁS, 2004; PINZON e
NOGUEIRA, 2004).
20
Nunes et al. (2006) destacam que, mesmo quando os
sintomas não cumprem os critérios diagnósticos para os
transtornos alimentares, o indivíduo deve receber atenção
dica. Sugere-se que o reconhecimento e a intervenção
precoces em indivíduos que apresentam situação de risco
podem impedir o desenvolvimento de um quadro completo.
Por isso, é importante a identificação precoce dos fatores de
risco, para prevenir que a doença atinja um estágio mais
avançado (ROME et al., 2003).
21
CAPÍTULO 3
MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização da pesquisa
Trata-se de uma pesquisa de base escolar, que, em
relação ao seu objetivo é classificada como descritiva, e,
quanto ao seu delineamento, é do tipo transversal (THOMAS et
al., 2007).
População e amostra
População
A população (N) do estudo compreendeu 5.231
escolares do sexo feminino, com idades de 11 a 14 anos,
estudantes de a 8ª série do Ensino Fundamental da rede
Estadual de Ensino da cidade de Florianópolis/SC, de acordo
com os dados do Censo Escolar de 2008, disponibilizados pelo
departamento de Gerência de Sistema de Registro Escolar e
Estatística da Secretaria de Estado da Educação (Governo do
Estado de Santa Catarina).
Amostra
Para o cálculo do tamanho da amostra (n), utilizou-se o
software epi-info, versão 6.04, considerando nível de confiança
de 95% e prevalência de insatisfação com a imagem corporal
de 18%, com uma margem de erro de 5,0 pontos percentuais.
Essa prevalência foi adotada por representar uma média
aproximada dos valores encontrados nos dois únicos estudos
(BRANCO et al., 2006; ALVES et al., 2008) realizados com
adolescentes do sexo feminino no Brasil que utilizaram o
mesmo instrumento que foi utilizado nessa pesquisa. A partir
desses parâmetros, estimou-se que seria necessário uma
amostra de 217 adolescentes. Este número foi multiplicado por
22
1,8 para corrigir o efeito do delineamento, e, ainda, foi
acrescentado 20% para possíveis perdas e recusas e 10% para
controle dos fatores de confusão, totalizando 516 alunas.
O processo de amostragem foi realizado por
conglomerado, em dois estágios. No primeiro estágio, foram
selecionadas as escolas, e no segundo estágio, as turmas. Em
ambos os estágios, a seleção ocorreu por meio de sorteio
simples.
As escolas foram classificadas em três conglomerados
de acordo com o número de alunas em cada escola. Para essa
classificação, as 33 escolas estaduais do município de
Florianópolis/SC foram listadas em ordem crescente de acordo
com o número total de alunas em cada escola. A partir da
distribuição em tercis referente ao número de alunas em cada
escola, foram identificadas 19 escolas de porte pequeno, 10
escolas de porte médio e 04 escolas de porte grande. De acordo
com a porcentagem de alunas que cada conglomerado (porte)
representa em relação à população, estimou-se,
proporcionalmente, o número de alunas necessárias para a
amostra em cada porte (Tabela 1).
Tabela 1. mero e distribuição da amostra de acordo com o
porte da escola.
Porte da
escola
Nº de
escolas
(N)
Nº de
alunas
(N)
%
Nº de
alunas
(n)
Nº de
escolas
amostradas
P 19 1627 31,10 160 07
M 10 1783 34,08 175 04
G 04 1821 34,81 181 02
TOTAL 33 5231 100,00
516 13
N: população; n: amostra; P: pequeno; M: médio; G: grande
23
A pesquisa foi realizada em treze escolas, sendo sete
escolas de porte pequeno, quatro de porte médio e duas de
porte grande (Tabela 1). O número de alunas em cada escola
foi estimado dividindo-se o número de alunas necessárias em
cada porte pelo número de escolas amostradas em cada porte.
Dessa forma, foram necessárias, aproximadamente, 23, 44 e 90
adolescentes em cada escola de porte pequeno, médio e grande,
respectivamente.
No segundo estágio do processo de amostragem, foram
sorteadas as turmas dentro de cada escola. O número de turmas
selecionadas em cada escola dependeu do mero de alunas
necessárias em cada escola e do número de alunas em cada
turma sorteada.
Critérios de inclusão
Foram convidadas a participar da pesquisa todas as
escolares do sexo feminino, estudantes de a série,
pertencentes às turmas sorteadas.
Critérios de exclusão
As adolescentes com idade inferior a 11 e superior a 14
anos que faziam parte das turmas selecionadas foram
excluídas, sendo opcional a sua participação na pesquisa.
Considerou-se, também, como critérios de exclusão,
estar ausente na escola na data marcada para a coleta de dados,
o possuir autorização do responsável e não aceitar participar
da pesquisa.
24
Instrumentos de medida, procedimentos para a aplicação e
equipamentos
Imagem corporal
Para a avaliação da insatisfação com a imagem
corporal, foi utilizado o Questionário de Imagem Corporal
(Body Shape Questionnaire - BSQ) (COOPER et al., 1987), em
sua versão traduzida para o português e validada por Di Pietro
e Silveira (2009) (ANEXO I). A adaptação da escala manteve
as características da escala original, apresentando boa
consistência interna (alfa de Cronbach=0,97).
O BSQ é um questionário autoaplivel do tipo escala
de Likert, composto por 34 perguntas, com seis opções de
resposta (nunca, raramente, às vezes, frequentemente, muito
frequentemente e sempre), que pontuam de um a seis. Sua
pontuação final pode variar de 34 a 204 pontos, sendo que
maiores escores indicam maior preocupação com a imagem
corporal e maior autodepreciação devido à aparência física,
especialmente no sentido de sentir-se com excesso de peso. A
pontuação obtida nesse questionário pode ser classificada de
acordo com os pontos de corte apresentados na Tabela 2
(COOPER et al., 1987).
Tabela 2. Classificação da preocupação com a imagem
corporal de acordo com os escores do BSQ
Pontos de corte Classificação
0 – 80 Ausência
81 – 110 Leve
111 – 140 Moderada
141 – 204 Grave
Fonte: Cooper et al., 1987
25
No presente estudo, as adolescentes foram classificadas
em satisfeitas (escore < 111) e insatisfeitas (escore 111),
agrupando-se as categorias de forma dicotômica, conforme
adotado por Alves et al. (2008).
As escolares foram orientadas a responder o BSQ
considerando as últimas quatro semanas anteriores à data da
coleta de dados, conforme previsto no questionário original,
visando uma avaliação da imagem corporal atual ou de um
passado recente.
Sintomas de anorexia e bulimia
O Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26) foi utilizado
para avaliar comportamentos de risco para anorexia e bulimia
(ANEXO II). Este questionário foi elaborado por Garner et al.
(1982), traduzido para o português e validado por Bighetti
(2003), para a sua utilização no Brasil com adolescentes do
sexo feminino. A versão de Bighetti (2003) apresentou análise
fatorial e consistência interna satisfatórias (alfa de Cronbach =
0,82).
O EAT-26 é um questionário de autorrelato composto
por 26 questões agrupadas em três diferentes aspectos do
comportamento alimentar (BIGHETTI, 2003):
I. Escala de dieta (itens 1,6,7,10,11,12,14,16,17,22,23,
24,25): reflete recusas patológicas a comidas de alto valor
calórico e preocupação intensa com a forma sica;
II. Escala de bulimia e preocupação com os alimentos
(itens 3,4,9,18,21,26): refere-se à episódios de ingestão
compulsiva de alimentos, seguidos de vômitos e outros
comportamentos para evitar o ganho de peso;
III. Escala de controle oral (itens 2,5,8,13,15,19,20):
avalia o autocontrole em relação aos alimentos e as forças
sociais no ambiente que estimulam a ingestão alimentar.
26
As questões do EAT-26 são do tipo escala de Likert,
com seis opções de resposta (nunca, quase nunca, poucas
vezes, às vezes, muitas vezes e sempre), que pontuam de zero a
três, estabelecendo a mais alta pontuação indicada pela
resposta extrema na direção dos transtornos alimentares
(anorexia e bulimia). Desta forma, as respostas nunca, quase
nunca e poucas vezes somam 0 pontos, e as respostas às vezes,
muitas vezes e sempre pontuam 1, 2 e 3 pontos,
respectivamente. Na questão 25, a pontuação é conferida de
forma inversa às demais, somando-se 0 pontos para as
alternativas às vezes, muitas vezes e sempre, e 1, 2 e 3 pontos
para as alternativas poucas vezes, quase nunca e nunca,
respectivamente. A pontuação final do questionário pode variar
de 0 a 78 pontos. O ponto de corte estabelecido pelos autores
da escala original é 21 (GARNER et al., 1982), sendo que
indivíduos que somarem 21 pontos ou mais apresentam
comportamento alimentar de risco ao desenvolvimento de
anorexia e bulimia. Assim, o resultado do EAT-26 foi
classificado em duas categorias: Presença de comportamentos
de risco (EAT-26 ≥ 21) e ausência (EAT-26 < 21).
Variáveis sociodemográficas
Para a identificação do vel econômico das
adolescentes foi aplicado o questiorio da Associação
Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2009) (ANEXO
III), que utiliza como critérios o grau de instrução do chefe da
família e a posse de itens, sendo conferido um escore para cada
resposta, conforme apresentado nas Tabelas 3 e 4.
A soma dos escores obtidos em cada item no
questionário da ABEP permite a classificação dos indivíduos
em classes econômicas, de acordo com a Tabela 5.
O nível de escolaridade do chefe da família também foi
analisado separadamente, utilizando-se a resposta obtida no
questionário da ABEP.
27
Tabela 3. Pontuação da ABEP para o grau de instrução do chefe
de família.
Grau de instrução do chefe da família
Escore
Analfabeto / Primário incompleto / Até 3ª série do
Ensino Fundamental
0
Primário completo / Ginasial incompleto / Até 4ª série
do Ensino Fundamental
1
Ginasial completo / Colegial incompleto / Ensino
Fundamental completo
2
Colegial completo / Superior incompleto / Ensino
Médio completo
4
Superior completo
8
ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
Tabela 4. Pontuação da ABEP para posse e quantidade de itens
Pontuação
Quantidade de Itens
0
1
2
3
4 ou
+
Televisão em cores 0
1
2
3
4
Rádio 0
1
2
3
4
Banheiro 0
4
5
6
7
Automóvel 0
4
7
9
9
Empregada mensalista 0
3
4
4
4
Máquina de lavar 0
2
2
2
2
Videocassete e/ou DVD 0
2
2
2
2
Geladeira 0
4
4
4
4
Freezer (aparelho independente ou parte
da geladeira duplex)
0
2
2
2
2
ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
28
Tabela 5. Classificação do nível econômico de acordo com os
critérios da ABEP
Classes econômicas Pontuação
A1 42 – 46
A2 35 – 41
B1 29 – 34
B2 23 – 28
C1 18 – 22
C2 14 – 17
D 08 – 13
E 0 – 07
ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
O nível de escolaridade do chefe da família também foi
analisado separadamente, utilizando-se a resposta obtida no
questionário da ABEP.
Para a obtenção da informação referente à idade, foi
solicitado que as adolescentes registrassem a data de nascimento
e a data da avalião para o cálculo da idade decimal.
Indicadores antropométricos
O estado nutricional foi avaliado por meio do IMC, que
é calculado a partir da seguinte equação (Quadro 3):
Quadro 3: Equação para o cálculo do IMC
Para a mensuração das medidas de massa corporal e
estatura, utilizou-se os procedimentos descritos por Alvarez e
Pavan (2009).
IMC = Massa corporal (kg)
Estatura (m)
2
29
A massa corporal foi mensurada com uma balança digital
da marca Plenna, com capacidade de até 150 kg e escala de
100 gramas. Para a realização desta medida, as adolescentes
deveriam estar descalças e usando roupas leves. As avaliadas
foram orientadas a permanecer na posição ortostática, de frente
para o avaliador. Em seguida, deveriam subir na plataforma,
cuidadosamente, colocando um de cada vez e posicionando-
se no centro da mesma. Foi realizada apenas uma medida.
A estatura foi mensurada com a utilização de um
estadiômetro da marca Sanny. Foi solicitado às adolescentes
que permanecessem na posição ortostática, pés descalços e
unidos, e a cabeça orientada no plano de Frankfort. O cursor,
em ângulo de 90º em relação à escala de medida, deveria tocar
o ponto mais alto da cabeça no final de uma inspiração. Foi
realizada uma única medida.
O IMC foi classificado de acordo com os pontos de corte
de Cole et al. (2000) para sobrepeso e obesidade e Cole et al
(2007) para desnutrição. Assim, as adolescentes foram
classificadas nas seguintes categorias: Baixo peso, Peso
normal, Sobrepeso e Obesidade.
Para a avaliação do nível de adiposidade corporal,
utilizou-se o método das dobras cutâneas, segundo a
padronização de Benedetti et al. (2009). O percentual de
gordura (%G) foi estimado a partir das medidas das dobras
cutâneas tricipital (TR) e subescapular (SE), utilizando-se as
equações de Slaughter et al. (1988). De acordo com esses
autores, se o somatório destas duas dobras for menor do que 35
mm, é indicada a seguinte equação (Quadro 4):
Quadro 4: Equação de Slaughter et al. (1988) se TR+SE < 35
milímetros
%G = 1,33 (TR + SE) – 0,013 (TR + SE)
2
– 2,5
30
E se o somatório das dobras cutâneas TR e SE for maior
do que 35 mm, recomenda-se a equação a seguir (Quadro 5):
Quadro 5: Equação de Slaughter et al. (1988) se TR+SE > 35
milímetros
As o cálculo do %G, este valor foi classificado a
partir dos critérios propostos por Lohman (1987), para crianças
e adolescentes do sexo feminino (Tabela 6).
Tabela 6. Classificação do percentual de gordura corporal para
crianças e adolescentes do sexo feminino.
Muito Baixo Até 11%
Baixo 12 a 15%
Normal 16 a 25%
Moderadamente Alto 26 a 30%
Alto 31 a 35%
Muito Alto > 35%
Fonte: Lohman (1987)
As medidas das dobras cutâneas foram realizadas por
um único avaliador, treinado para a realização de tais medidas,
utilizando-se um compasso da marca CESCORF. Foram
realizadas duas medidas não consecutivas para cada dobra
cutânea, e, havendo diferença de 5% entre essas medidas, era
realizada uma terceira, utilizando-se a média das duas medidas
mais próximas para o cálculo do %G.
O erro técnico de medida intra-avaliador foi calculado,
segundo a metodologia descrita por Perini et al. (2005). Para
tal, realizou-se uma coleta de dados em junho de 2009, com a
%G = 0,546 (TR +
SE
) + 9,7
31
tomada de medidas das dobras cutâneas TR e SE em um grupo
de onze adolescentes do sexo feminino, na mesma faixa etária
da amostra da presente pesquisa. Foram realizadas duas
medidas não consecutivas de cada uma das dobras. Para cada
dobra cutânea, quando a diferença entre a primeira e a segunda
medida foi maior do que 5%, realizou-se a terceira medida,
utilizando-se para o cálculo do erro técnico as duas medidas
mais próximas. Os valores dos erros técnicos de medida para as
dobras cutâneas TR e SE foram 4,37% e 1,90%,
respectivamente.
De acordo com Gore et al. (2000), os valores dos erros
técnicos de medida intra-avaliador considerados aceitáveis para
as medidas de dobras cutâneas são 7,5% para antropometrista
iniciante e 5,0% para antropometrista experiente. Dessa forma,
os valores dos erros técnicos de medida encontrados no
presente estudo foram considerados aceitáveis.
Maturação sexual
A maturação sexual das adolescentes foi avaliada por
meio dos estágios de desenvolvimento dos pelos pubianos e
das mamas, e também, a partir da ocorrência da menarca.
Os estágios de desenvolvimento dos pelos pubianos e
das mamas foram identificados por autoavaliação a partir dos
critérios propostos por Tanner (1962), os quais são compostos
por cinco estágios de desenvolvimento para cada uma dessas
características sexuais secundárias (P1, P2, P3, P4 e P5 para
pelos pubianos e M1, M2, M3, M4 e M5 para mamas). Cada
estágio é representado por uma imagem. Foram utilizadas
planilhas contendo as figuras que foram elaboradas pelo
Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Santa
Catarina (ADAMI e VASCONCELOS, 2008) a partir das
fotografias de Tanner (1962) (ANEXO IV). Para ambos os
critérios, o estágio 1 representa o estado infantil (pré-púbere),
os estágios 2, 3 e 4 representam o processo maturacional
32
(púbere) e o estágio 5 indica o estado maduro adulto (pós-
púbere).
As adolescentes realizaram a autoavalião da
maturação sexual em ambiente isolado e individualmente, onde
elas preencheram o questionário identificando os estágios em
que se encontravam, com prévia explicação do instrumento por
parte do pesquisador. Em estudo realizado com escolares
brasileiros (MATSUDO e MATSUDO, 1991), o método da
autoavaliação foi considerado válido, comparando-se os
resultados com o obtido por meio da avaliação médica. Os
índices de concordância encontrados no sexo feminino foram
60,9% para o estágio de desenvolvimento mamário e 71,3%
para a pilosidade pubiana (MATSUDO e MATSUDO, 1991).
A ocorrência da menarca foi avaliada por meio do
“status quo” e do método retrospectivo (BAXTER-JONES et
al., 2005). O status quo” necessita apenas da idade
cronológica da adolescente no dia da investigação e a resposta
“sim ou “não para a seguinte pergunta: “Você já
menstruou?”. Para as adolescentes que apresentaram a
menarca, foi utilizado o método retrospectivo, solicitando-se o
mês e o ano em que ocorreu. Além disso, a lembrança do mês e
do ano de ocorrência da menarca foi avaliada por meio das
seguintes opções: a) Com certeza e b) Sem certeza. As
adolescentes que marcaram o item “b foram excluídas da
análise referente à menarca. A idade de ocorrência da menarca
foi calculada em idade decimal com os dados referentes ao mês
e ano de ocorrência da mesma e à data de nascimento das
adolescentes.
Implementação do estudo
Para a realização da coleta de dados, inicialmente, o
projeto de pesquisa foi submetido ao Comi de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de
Santa Catarina, sendo aprovado sob o processo 214/09
33
(ANEXO V). O projeto de pesquisa também foi avaliado pela
Secretaria Estadual de Educação de Florianópolis, que
concedeu autorização para a realização da pesquisa nas escolas
estaduais desse município (ANEXO VI).
Em seguida, entrou-se em contato com os
representantes de cada escola (diretor (a), vice-diretor (a) ou
responsável) a fim de solicitar autorização para o
desenvolvimento desse estudo nas instituições de ensino. Nesse
encontro, foram expostos os objetivos da pesquisa, destacando-
se a sua importância, mencionando-se os instrumentos a serem
utilizados, bem como os procedimentos a serem adotados. Uma
vez autorizada a realização do estudo pelo representante da
escola, este deveria assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE I).
Na etapa seguinte, a pesquisadora principal passou nas
salas de aula referentes às turmas selecionadas para a amostra
com o intuito de convidar as adolescentes a participarem da
pesquisa, sendo fornecidas todas as informações necessárias.
Foi destacada a importância da participação das escolares na
pesquisa, e, também, o caráter confidencial dos dados obtidos.
Neste momento, foi entregue às adolescentes o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE II) para ser
assinado pelo responsável e ser entregue na data marcada para
a coleta.
Coleta de dados
Os dados foram coletados por uma equipe de sete
pessoas (incluindo a pesquisadora responsável), que foram
devidamente treinadas para a aplicação dos instrumentos a fim
de padronizar os procedimentos e ações referentes a esse
processo. Os membros da equipe foram orientados pela
pesquisadora principal em relação à aplicação dos
questionários, mensuração das medidas de massa corporal e
34
estatura, e aos procedimentos relacionados à avaliação da
maturação sexual.
As coletas de dados foram realizadas no período de
agosto a novembro de 2009. Os dados foram coletados nas
escolas, no horário das aulas de Educação Física, após o
consentimento prévio dos professores.
Inicialmente, as adolescentes deveriam entregar o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, devidamente
assinado pelo responsável. Em seguida, elas eram
encaminhadas a uma sala reservada para a realização da coleta
de dados. Os questionários foram aplicados de forma
coordenada, com um pesquisador lendo as questões enquanto
as adolescentes iam acompanhando a leitura e marcando as
suas respostas.
Na sequência, eram realizadas as medidas
antropométricas, e, por último, cada adolescente era
encaminhada a um ambiente reservado para a avaliação da
maturação sexual.
Análise dos dados
Os dados foram tabulados por dois operadores no
programa Microsoft Office Excel 2007.
A variável imagem corporal foi analisada em duas
categorias: satisfeitas (BSQ < 111) e insatisfeitas (BSQ 111).
Em relação aos comportamentos de risco para anorexia e
bulimia, considerou-se as categorias “Sim” (EAT-26 21) e
Não” (EAT-26 < 21).
Para a análise referente à idade, as adolescentes foram
agrupadas de forma dicotômica nas categorias: 11 12 anos
(correspondente à faixa entre 11,00 e 12,99 anos de idade) e 13
– 14 anos (correspondente à faixa entre 13,00 e 14,99 anos).
O grau de instrução do chefe da família foi analisado
em três categorias, da seguinte forma:
35
- Até o Ensino Fundamental completo
- Ensino Médio completo / Ensino Superior incompleto
- Ensino Superior completo
Em relação aovel econômico, as categorias foram
agrupadas da seguinte forma:
- Classe Alta: A1, A2 e B1
- Classe Média: B2 e C1
- Classe Baixa: C2, D e E
O IMC foi analisado em três categorias: Baixo peso,
Peso normal e Excesso de peso (agrupando-se as categorias
sobrepeso e obesidade). O %G foi analisado em quatro
categorias Baixo (agrupando-se as categorias muito baixo e
baixo), Normal, Alto (agrupando-se as categorias
moderadamente alto e alto) e Muito alto.
Nas análises relacionadas ao desenvolvimento dos pelos
pubianos e mamas, as adolescentes classificadas na categoria
pré-púbere foram excluídas, por representarem uma proporção
muito pequena da amostra, dificultando a análise estatística.
Desta forma, essas variáveis foram analisadas a partir de três
categorias:
- Estágios 2 e 3 (representando o início da puberdade)
- Estágio 4 (representando a fase final da puberdade)
- Estágio 5 (pós-púbere)
Para a classificação da variável menarca foi utilizada a
distribuição em tercis, na qual as adolescentes foram
classificadas de acordo com a idade da menarca nas seguintes
categorias: menarca precoce (1º tercil de 8,98 anos a 11,48
anos), menarca dentro da normalidade (2º tercil – de 11,49
36
anos a 12,34 anos) e menarca tardia (3º tercil de 12,36 anos a
14,42 anos), além da categoria “sem menarca”.
Tratamento estatístico
Para a caracterização da amostra, utilizou-se a
estatística descritiva, por meio da distribuição de frequências e
da determinação de valores de tendência central e
variabilidade. As prevalências de insatisfação com a imagem
corporal e de comportamentos de risco para anorexia e bulimia
foram determinadas a partir da distribuição de frequências
relativas e respectivos intervalos de confiança.
Para verificar os fatores associados à insatisfação com a
imagem corporal (desfecho ou variável dependente do estudo),
utilizou-se a análise de regressão Poisson, com a estimativa das
razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95%
(IC-95%) para cada variável independente. Foram constrdos
dois modelos hierárquicos, um para o IMC e outro para o %G,
uma vez que são duas variáveis que apresentam relação entre
si, e, ao permanecerem no mesmo modelo, confundem a
relação com o desfecho.
Em ambos os modelos multivariáveis, aplicou-se a
análise bruta (simples) e ajustada (modelo hierárquico). No
primeiro nível de análise do modelo hierárquico foram
analisadas as variáveis sociodemográficas (faixa etária, grau de
instrução do chefe da família e nível ecomico). As variáveis
biológicas (IMC/%G, nível de desenvolvimento de pelos
pubianos, nível de desenvolvimento das mamas e menarca)
foram incluídas no segundo nível e a variável comportamental
(comportamento de risco para anorexia e bulimia) no terceiro
nível. Desta forma, todas as variáveis foram controladas para
as demais do mesmo nível e para aquelas do nível acima. Para
controle dos fatores de confusão, foram mantidas no modelo as
variáveis que apresentaram valor de p0,20, utilizando-se o
37
todo Backward de seleção de variáveis. Considerou-se a
estratégia amostral por conglomerados em todas as análises.
Os dados foram analisados no programa estatístico
Stata versão 9.0 (Stata Corporation, College Station, Estados
Unidos), adotando-se nível de significância de 5%.
38
CAPÍTULO 4
RESULTADOS
O estudo apresentou uma taxa de resposta de 82,7%. Os
motivos pelos quais 17,3% das escolares não participaram da
pesquisa foram: recusas (7,4%), pais o autorizaram (2,3%)
ou estavam ausentes na aula no dia da coleta (7,6%).
Foram coletados dados de 567 adolescentes, porém, 36
foram excluídas por apresentarem a idade fora da faixa etária
alvo (10 anos, 15 anos ou mais), restando uma amostra de 531
escolares. Dessas, algumas apresentaram dados incompletos
em relação à determinadas variáveis, como pode-se observar na
Tabela 7. A perda amostral correspondente ao IMC e ao %G
refere-se às adolescentes que não autorizaram a realização das
medidas antropométricas. Em relação à menarca, três
adolescentes não responderam a questão, 172 informaram não
ter ocorrido e 356 mencionaram ter ocorrido. Das escolares que
tiveram a menarca, 141 não tinham certeza a respeito do mês e
ano de ocorrência, por isso, foram excluídas da análise
referente à esta variável.
A prevalência de insatisfão com a imagem corporal
na amostra estudada foi de 24,1% (IC95%: 17,5-30,7), e a de
adolescentes que apresentaram comportamentos de risco para
anorexia e bulimia foi de 26,0% (IC95%: 23,6-28,3).
A tabela 8 apresenta as características da amostra em
relação às variáveis idade decimal, idade decimal da menarca,
aos valores das medidas antropométricas, do IMC, %G e da
pontuação do BSQ e do EAT-26.
A classificação das adolescentes segundo as categorias
de IMC e %G está apresentada na Tabela 9. Observou-se que,
em ambos os indicadores antropométricos, houve uma maior
proporção de escolares classificadas na categoria normal.
39
Tabela 7. mero de adolescentes que fizeram parte da
amostra e perda amostral, de acordo com as variáveis
estudadas. Florianópolis, SC, 2009.
Variáveis n Perda amostral
(n)
Imagem corporal 526
05
Comportamento de risco para
anorexia e bulimia
524
07
Escolaridade do chefe da família
523
08
Nível econômico 523
08
Idade 526
05
IMC 511
20
%G 502
29
Pelos pubianos 516
15
Mamas 515
16
Menarca 387
144
n: amostra; IMC: índice de massa corporal; %G: percentual de
gordura
Na Tabela 10 pode-se observar a distribuição da
amostra de acordo com o grau de instrução do chefe da família
e o nível econômico.
As características da amostra em relação à maturação
sexual estão apresentadas na Tabela 11. Observa-se que, tanto
em relação ao desenvolvimento dos pelos pubianos quanto em
relação às mamas, uma maior proporção de adolescentes
encontrava-se no estágio 4. A menarca foi observada em 67,4%
(n=356) das adolescentes.
40
Tabela 8. Caracterização da amostra de acordo com os valores de
tendência central e variabilidade das variáveis idade decimal, idade
decimal da menarca, medidas antropométricas, IMC, %G e
pontuação do BSQ e EAT-26. Florianópolis, SC, 2009.
Tabela 9. Distribuição das adolescentes segundo as categorias
de IMC e %G. Florianópolis, SC, 2009.
Classificação dos indicadores antropométricos % n
IMC
Baixo peso 11,4 58
Peso normal 67,1 343
Sobrepeso 16,6 85
Obesidade 4,9 25
%G
Muito baixo 0,8 4
Baixo 5,2 26
Normal 50,4 253
Moderadamente alto 18,5 93
Alto 8,8 44
Muito alto 16,3 82
IMC: índice de massa corporal; %G: percentual de gordura
41
Tabela 10. Distribuição das adolescentes segundo o grau de
instrução do chefe da família e o nível econômico.
Florianópolis, SC, 2009.
Variáveis sociodemográficas % n
Grau de instrução do chefe da família
Até a 3ª série do Ensino Fundamental
Até a 4ª série do Ensino Fundamental
6,7
22,4
35
117
Ensino Fundamental completo 23,9 125
Ensino Médio completo/Superior incompleto 31,2 163
Ensino Superior completo 15,9 83
Nível econômico
Classe A1 0,6 3
Classe A2 3,4 18
Classe B1 22,4 117
Classe B2 36,1 189
Classe C1 28,7 150
Classe C2 7,5 39
Classe D 1,0 5
Classe E 0,4 2
42
Tabela 11. Caracterização da amostra de acordo com a
maturação sexual. Florianópolis, SC, 2009.
Maturação sexual % n
Desenvolvimento dos pelos pubianos
Estágio 1 4,3 22
Estágio 2 12,8 66
Estágio 3 24,9 128
Estágio 4 47,2 243
Estágio 5 10,9 56
Desenvolvimento das mamas
Estágio 1 0,8 4
Estágio 2 7,6 39
Estágio 3 27,6 142
Estágio 4 45,5 234
Estágio 5 18,5 95
Menarca
Sim 67,4 356
Não 32,6 172
n: amostra
A Tabela 12 apresenta os valores das razões de
prevalência das análises bruta e ajustada referentes ao modelo
hierárquico que incluiu o IMC como indicador antropométrico.
As variáveis que apresentaram associação com o desfecho na
análise ajustada foram a faixa etária, o IMC e o comportamento
de risco para anorexia e bulimia. As adolescentes de 13 e 14
anos apresentaram uma prevalência de insatisfação com a
imagem corporal 7% maior (RP=1,07; IC95%=1,03-1,11;
p=0,02) em relação às adolescentes de 11 e 12 anos. No que se
refere ao estado nutricional, as adolescentes com peso normal
apresentaram uma prevalência de insatisfação com a imagem
corporal 15% maior (RP=1,15; IC95%=1,04-1,27; p=0,03) em
relação àquelas com baixo peso. As adolescentes com excesso
43
de peso apresentaram um risco ainda maior de insatisfação com
a imagem corporal (RP=1,49; IC95%=1,19-1,87; p=0,03). As
escolares que apresentaram comportamento de risco para
anorexia e bulimia apresentaram uma prevalência de
insatisfação 36% maior (RP=1,36; IC95%=1,13-1,64; p=0,02)
do que aquelas que apresentaram comportamento alimentar
normal.
Na Tabela 13 pode-se observar que, quando o %G foi
considerado nas análises, as mesmas variáveis apresentaram
associação com o desfecho, sendo que as maiores
probabilidades de insatisfação com a imagem corporal foram
encontradas nas adolescentes de 13 e 14 anos (RP=1,07;
IC95%=1,03-1,11; p=0,02), e naquelas que apresentaram
comportamento de risco para anorexia e bulimia (RP=1,37;
IC95%=1,19-1,59; p=0,01). O nível de adiposidade corporal
também apresentou associação com o desfecho, sendo que o
risco maior de insatisfação com a imagem corporal (em relação
àquelas com %G baixo) foi apresentado pelas adolescentes
com %G muito alto (RP=1,52; IC95%=1,21-1,90; p=0,004),
seguido pelas adolescentes com %G alto (RP=1,25;
IC95%=1,18-1,32; p=0,004).
44
Tabela 12. Razões de prevalência para insatisfação com a imagem
corporal de acordo com as análises bruta e ajustada (modelo
hierárquico) em adolescentes do sexo feminino. Indicador
antropométrico: IMC. Florianópolis, SC, Brasil.
45
Tabela 13. Razões de prevalência para insatisfação com a imagem
corporal de acordo com as análises bruta e ajustada (modelo
hierárquico) em adolescentes do sexo feminino. Indicador
antropométrico: %G. Florianópolis, SC, Brasil.
46
CAPÍTULO 5
DISCUSSÃO
Em função do presente estudo ser o primeiro a analisar
a prevalência de insatisfação com a imagem corporal e a
relação com fatores sociodemográficos, biológicos e
comportamentais em adolescentes brasileiras, sugere-se que
acrescente à literatura importantes constatações a respeito
desse assunto, mostrando a associação da insatisfação corporal
com a faixa etária (13-14 anos), os indicadores antropométricos
(IMC e %G) e o comportamento de risco para anorexia e
bulimia em escolares do sexo feminino. Por se tratar de um
estudo com amostra representativa, os resultados podem ser
extrapolados para a população de adolescentes com
características semelhantes às da amostra estudada.
A prevalência de insatisfação com a imagem corporal
identificada na presente investigação (24,1%) assemelha-se ao
encontrado em outros estudos realizados com adolescentes no
Brasil e na Espanha (em adolescentes de origem
latinoamericana), os quais detectaram prevalências de 25,3%
(MARTINS et al., 2010) e 23,6% (RODRÍGUEZ e CRUZ,
2008), respectivamente. Resultados semelhantes foram
encontrados também em estudo realizado na Jordânia, que
utilizou o ponto de corte de 110 no BSQ, e apontou uma
prevalência de 21,2% (MOUSA et al., 2010).
Entretanto, outras pesquisas conduzidas em
adolescentes do sexo feminino têm relatado prevalências de
insatisfação com a imagem corporal inferiores ao encontrado
no presente estudo. Alves et al. (2008) verificaram que 18,8%
das estudantes de escolas blicas e privadas (10 a 19 anos) de
Florianópolis/SC estavam insatisfeitas com a sua imagem
corporal. Em alunas de uma escola blica de São Paulo/SP
(14 a 19 anos), esse valor foi de 18,5% (BRANCO et al.,
47
2006). Adolescentes espanholas de 13 a 17 anos também
estavam menos insatisfeitas com a sua imagem corporal
(14,2%) (RODRÍGUEZ e CRUZ, 2008) quando comparadas às
escolares do presente estudo. Utilizando o ponto de corte de
110 no BSQ, um estudo realizado no Paquistão revelou uma
prevalência de 11,4% em adolescentes de 14 a 16 anos
(MUMFORD et al., 1992).
Observou-se que as menores prevalências de
insatisfação com a imagem corporal foram encontradas em
adolescentes com idades mais avançadas (ALVES et al., 2008;
BRANCO et al., 2006; RODRÍGUEZ e CRUZ, 2008;
MUMFORD et al., 1992) em relação ao presente estudo. Dessa
forma, acredita-se que essa pode ser uma possível explicação
para a disparidade dos resultados, podendo indicar que, durante
a adolescência, após uma determinada idade, a insatisfação
com a imagem corporal no sexo feminino diminui. Além disso,
a prevalência em adolescentes do Paquistão (11,4%)
(MUMFORD et al., 1992) foi a mais baixa, demonstrando que,
em países de cultura oriental, a pressão relacionada ao ideal de
magreza parece ser menor.
A comparação com a literatura demonstrou que as
adolescentes do presente estudo apresentaram uma prevalência
elevada de insatisfação com a imagem corporal. No entanto, o
descontentamento com o corpo é bastante comum na
adolescência, especialmente no sexo feminino, devido às
mudanças sicas que ocorrem nessa fase que promovem um
distanciamento da imagem corporal considerada ideal. Assim,
evidencia-se a necessidade de estratégias que promovam uma
melhor aceitação do corpo na adolescência feminina e uma
conscientização a respeito das pressões sociais relacionadas à
supervalorização da magreza.
Em relação aos comportamentos de risco para anorexia
e bulimia, a maioria das pesquisas conduzidas em adolescentes
tem relatado prevalências inferiores à encontrada no presente
48
estudo (26%), sendo identificadas prevalências que variam de
4,9% a 17,9% (SAMPEI et al., 2009; WANG et al., 2005;
MUMFORD et al., 1992; LOBERA et al., 2009; JONES et al.,
2001; TORO et al., 2006; ALVES et al., 2008; NUNES et al.,
2001). Porém, em escolares de origem caucasiana de São
Paulo/SP (SAMPEI et al., 2009), em adolescentes de Santa
Maria/RS (MARTINS et al., 2010) e dos Emirados Árabes
Unidos (EAPEN et al., 2006), as prevalências de
comportamentos de risco para anorexia e bulimia foram
semelhantes ao encontrado nesse estudo (26,7%, 27,6% e
23,4%, respectivamente). A literatura aponta ainda
prevalências superiores de adolescentes que apresentam risco
ao desenvolvimento destes transtornos alimentares, como é o
caso das adolescentes da Jordânia de 10 a 16 anos, que
apresentaram prevalência de 40,5% (MOUSA et al., 2010).
É importante ressaltar que o EAT-26 o é capaz de
diagnosticar a presença de transtornos alimentares, e sim,
identifica indivíduos que apresentam risco ao desenvolvimento
desses transtornos. Nesse sentido, percebe-se que adolescentes
brasileiras e de outros países apresentam resultados
preocupantes, uma vez que os sintomas de anorexia e bulimia
podem evoluir para casos clínicos. Diante disso, destaca-se a
importância da implementação de medidas preventivas nas
escolas que promovam uma conscientização a respeito dos
prejuízos à saúde causados pelas práticas inadequadas para a
perda de peso, visando a adesão a comportamentos saudáveis,
como uma alimentação adequada e a prática regular de
atividades sicas.
As adolescentes que apresentaram comportamentos de
risco para anorexia e bulimia estavam mais insatisfeitas com a
sua imagem corporal em relação àquelas que apresentaram
comportamento alimentar normal. Outras pesquisas confirmam
essa relação, utilizando delineamento transversal (WANG et
al., 2005; McVEY et al., 2002; MOUSA et al., 2010; LOBERA
49
et al., 2009; ALVES et al., 2008) ou longitudinal (BYELY et
al., 2000; KEEL et al., 1997; LITTLETON e OLLENDICK,
2003; ESPINOZA et al., 2010; JOHNSON e WARDLE, 2005;
OHRING et al., 2001), comprovando o papel da insatisfação
com a imagem corporal como preditora de comportamentos
alimentares anormais. Nesse sentido, assume-se que um padrão
estético de magreza predomina entre adolescentes do sexo
feminino, e a busca por esse ideal de beleza acontece, muitas
vezes, com a adoção de hábitos alimentares inadequados, que,
quando mantidos, podem configurar casos cnicos de
transtornos alimentares, trazendo sérios prejuízos à saúde.
Assim, verifica-se a necessidade de que os programas de
prevenção de transtornos alimentares sejam direcionados
principalmente às preocupações com a imagem corporal,
promovendo discussões e reflexões acerca da pressão cultural
exercida sobre o corpo atualmente, visando uma maior
satisfação corporal na adolescência.
Quanto aos fatores sociodemográficos, verificou-se que
o vel econômico e a escolaridade do chefe da família não
apresentaram associação com a insatisfação com a imagem
corporal nas adolescentes. Esses resultados são consistentes
com outros estudos (PINHEIRO e GIUGLIANI, 2006;
MOUSA et al., 2010; PEREIRA et al., 2009; ROBINSON et
al., 1996; STICE e WHITENTON, 2002), porém, divergem do
encontrado por McArthur et al. (2005), que identificaram maior
prevalência de insatisfação corporal nas adolescentes de
contextos econômicos mais altos. Todavia, pode-se dizer que,
de forma geral, essas variáveis parecem não influenciar a
imagem corporal, o que pode estar indicando que a magnitude
da influência da dia, da família e dos amigos em relação ao
padrão de beleza ideal não difere em adolescentes de diferentes
classes econômicas e que possuem chefes de família com
diferentes níveis de escolaridade.
50
Em relação à faixa etária, observou-se que, estar com
13 e 14 anos aumenta em 7% a probabilidade de insatisfação
com a imagem corporal em relação às idades de 11 e 12 anos.
Diversos estudos internacionais sustentam esses achados,
mostrando que, na faixa etária de 10 a 16 anos, a insatisfação
com a imagem corporal aumenta com a idade em adolescentes
do sexo feminino (ROSENBLUM e LEWIS, 1999; LUNDE et
al., 2007; MOUSA et al., 2010; ROBINSON et al., 1996).
A relação entre insatisfão com a imagem corporal e
estado nutricional está bem estabelecida na literatura
internacional, uma vez que vários estudos transversais (JONES
et al., 2004; McCABE & RICCIARDELLI, 2001; 2003;
MOUSA et al., 2010; RODRÍGUEZ e CRUZ, 2008;
BLOWERS et al., 2003; KNAUSS et al., 2007; LAM et al.,
2009; LOBERA et al., 2009; LOWLER e NIXON, 2010;
McCABE et al., 2009) e longitudinais (JONES, 2004; STICE e
WHITENTON, 2002; PAXTON et al., 2006; PRESNELL et
al., 2004; ROSEMBLUM e LEWIS, 1999; STRIEGEL-
MOORE et al., 2001; LEE et al., 2004; LUNDE et al., 2007)
têm demonstrado que adolescentes que apresentam maiores
valores de IMC estão mais insatisfeitas. O presente estudo
confirma esses resultados, mostrando que o IMC é um
indicador de preocupações com a imagem corporal em
adolescentes de Florianópolis/SC, bem como foi constatado nas
escolares de Santa Maria/RS (MARTINS et al., 2010).
O nível de adiposidade corporal também apresentou
associação com a insatisfação corporal, que aumentou a sua
prevalência nas adolescentes com o aumento do %G,
corroborando com os resultados encontrados por Robinson et
al. (1996) e Petroski et al. (2009).
Dessa forma, observou-se que o descontentamento em
relação ao corpo está relacionado com ambos os indicadores
antropométricos analisados no presente estudo. Nesse sentido,
supõe-se que, quanto mais elevados os valores do IMC e do
51
%G, mais distantes as adolescentes estão da imagem corporal
considerada ideal, por isso, maior a insatisfação. Verifica-se
que o sobrepeso, a obesidade e o excesso de gordura corporal
são estados indesejáveis para adolescentes do sexo feminino,
pois fogem do padrão estético atual, que é caracterizado
essencialmente pelas formas corporais magras.
Em vista disso, pode-se dizer que, além dos riscos à
saúde relacionados ao excesso de peso/gordura corporal, como
o aparecimento precoce de doenças cardiovasculares e
Diabetes Mellitus tipo 2 (CARNEIRO et al., 2000), as
adolescentes que apresentam essa condição nutricional estão
propensas a desenvolverem sentimentos negativos em relação
ao corpo. Nesse contexto, assume-se que as estratégias de
combate ao excesso de peso/gordura corporal podem acarretar
mudanças positivas também na imagem corporal das
adolescentes. Sendo assim, torna-se relevante a adoção de
estratégias que incluam orientações para hábitos alimentares
saudáveis e prática regular de atividades sicas, evitando
comportamentos inadequados em relação à alimentação que
podem culminar no desenvolvimento de transtornos
alimentares.
A maturação sexual, analisada por meio de três
indicadores (estágio de desenvolvimento dos pelos pubianos,
mamas e menarca) não esteve associada à insatisfação com a
imagem corporal na amostra estudada.
Em relação ao nível de desenvolvimento das
características sexuais secundárias, convém ressaltar que, das
escolares analisadas no presente estudo, uma parcela nima
encontrava-se na fase pré-púbere, tanto em relação à pilosidade
pubiana quanto ao desenvolvimento mamário. Assim, a análise
referente a esses aspectos foi prejudicada. Além disso, são
raros os estudos que analisaram a relação entre imagem
corporal e maturação sexual por meio do vel de
desenvolvimento das características sexuais secundárias, o que
52
limita a comparação dos resultados com a literatura. Um estudo
publicado em 1988 verificou que a imagem corporal o estava
associada ao nível de desenvolvimento dos pelos pubianos em
escolares de nove a 12 anos (BROOKS-GUNN e WARREN,
1988), corroborando os achados do presente estudo. Porém, no
que se refere ao desenvolvimento das mamas, esses autores
observaram que as adolescentes que se encontravam em
estágios mais avançados estavam mais insatisfeitas.
Quanto à menarca, a maioria das pesquisas não sustenta
os resultados encontrados no presente estudo. Na Jordânia e na
Austrália, constatou-se que as adolescentes pós-menarca
estavam mais insatisfeitas com a sua imagem corporal em
relação às pré-menarca (MOUSA et al., 2010; O’DEA e
ABRAHAM, 1999). Além disso, alguns autores observaram
que a menarca precoce está associada a uma maior insatisfação
com a imagem corporal (OHRING et al., 2001; WILLIAMS e
CURRIE, 2000). Entretanto, Stice e Whitenton (2002)
encontraram resultados semelhantes ao presente estudo,
relatando que a insatisfação com a imagem corporal não
apresentou associão com a menarca em adolescentes
americanas de 11 a 15 anos.
Dessa forma, os dados referentes à maturação sexual
demonstram que a insatisfação com a imagem corporal não
está diretamente associada ao estado puberal em adolescentes
do sexo feminino. As divergências entre os achados do
presente estudo e a literatura em relação a esse assunto podem
ser explicadas pelo fato de que a menarca ocorre após a
aceleração máxima no ganho de peso, que está relacionado ao
aumento do tecido adiposo (CHIPKEVITCH, 1995), o que
pode ter confundido a associação da menarca com a
insatisfação com a imagem corporal. Assim, acredita-se que o
descontentamento em relação ao corpo está ligado às mudanças
na composão corporal decorrentes do processo maturacional
(uma vez que a associação com os indicadores antropométricos
53
foi comprovada no presente estudo), o apresentando relação
direta com o estado puberal propriamente dito.
Convém mencionar que a presente pesquisa apresenta
algumas limitações, a saber: 1) O seu delineamento transversal,
que não permite estabelecer uma relação de causa e efeito entre
as variáveis; 2) Ter analisado somente adolescentes de escolas
estaduais, o que prejudicou a representação das classes
econômicas mais altas; e 3) A faixa etária estabelecida para a
amostra limitou a inclusão de adolescentes pré-púberes (em
relação aos estágios de desenvolvimento dos pelos pubianos e
das mamas), o que pode ter influenciado os resultados
referentes à associação da imagem corporal com a maturação
sexual. Não obstante a essas limitações, este estudo vem a
contribuir para o avanço do conhecimento sobre a insatisfação
com a imagem corporal em adolescentes brasileiras, sendo o
primeiro a examinar a relação com fatores sociodemográficos,
biológicos e comportamentais nessa população.
54
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este estudo permitiu concluir que as prevalências de
insatisfação com a imagem corporal e de comportamentos de
risco para anorexia e bulimia nas adolescentes de
Florianópolis/SC foram elevadas, sendo a insatisfação corporal
associada à faixa etária, ao estado nutricional, ao nível de
adiposidade corporal e aos comportamentos de risco para
anorexia e bulimia. Diante disso, destaca-se a importância da
prevenção de transtornos alimentares nas escolas, por meio da
promoção de mudanças na imagem corporal de adolescentes do
sexo feminino, principalmente na faixa etária de 13 a 14 anos,
e naquelas que apresentam excesso de peso/gordura corporal,
nas quais o risco parece ser maior.
Nesse contexto, os profissionais da área da Educação
Física m fundamental importância, uma vez que, dentro da
escola, são os que trabalham mais diretamente com o corpo, o
que facilita a identificação de preocupações excessivas com a
imagem corporal em adolescentes. Dessa forma, e levando-se
em consideração que, geralmente, os professores de Educação
Física são os que desenvolvem uma relação mais próxima com
os estudantes, esses profissionais podem intervir, orientando as
adolescentes em relação às mudanças sicas que ocorrem na
fase da adolescência e, também, em relação à busca
desenfreada pelas medidas corporais que se enquadrem no
rígido padrão de beleza. Nesse sentido, é possível contribuir
para que haja uma maior aceitação e satisfação corporal em
adolescentes do sexo feminino.
Além disso, cabe aos profissionais da área da Educação
Física, essencialmente, orientar e incentivar a prática de
exercícios sicos regulares, evitando que a perda de peso
55
ocorra por meio de hábitos e atitudes alimentares inadequados,
que são prejudiciais à saúde.
Ademais, sugere-se que outros estudos sobre esse
assunto sejam realizados em outras regiões do Brasil, a fim de
levantar dados referentes a diferentes contextos socioculturais.
É necessário, também, que sejam realizadas pesquisas que
incluam faixas etárias mais abrangentes, a fim de retratar a
imagem corporal nas idades mais avançadas da adolescência.
E, ainda, torna-se relevante analisar outros fatores que também
podem estar relacionados à imagem corporal de adolescentes,
como a expectativa dos pais e dos amigos para que a
adolescente seja mais magra.
56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa.
Recuperado em 12 de março de 2009, de http://www.abep.org.
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Age and Ageing Women: A General Population Survey. The
International Journal of eating disorders, v. 23, n. 3, p. 287-
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78
ANEXOS
79
ANEXO I
Body Shape Questionnaire (BSQ)
80
81
ANEXO II
Teste de atitudes alimentares (EAT-26)
82
ANEXO III
Questionário da ABEP
83
ANEXO IV
Planilhas para a avaliação do desenvolvimento puberal
84
85
ANEXO V
Parecer do Comitê de Ética da UFSC
86
ANEXO VI
Autorização da Secretaria Estadual de Educação
87
APÊNDICES
88
APÊNDICE I
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para as escolas
89
90
APÊNDICE II
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os
pais/responsáveis
91
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