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Ambientalismo Quˆantico: Prote¸ao
Global atrav´es de Opera¸oes Locais e
Transi¸ao Quˆantico-Cl´assico
Eduardo Mascarenhas
17 de Setembro de 2010
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1
Ambientalismo Quˆantico:
Prote¸ao Global atrav´es de
Opera¸oes Locais e
Transi¸ao Quˆantico-Cl´assico
Eduardo Mascarenhas
Orientador: Prof. Marcelo Fran¸ca
Disserta¸ao apresentada `a Universidade Federal de Minas Gerais como requisito
parcial para a obten¸ao do grau de Mestre em Ciˆencias F´ısica.
Belo Horizonte
Agosto de 2010
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2
...para a e o, que deram suas vidas por mim...
3
”I believe whatever doesn’t kill you simply makes you
stranger.”
The Joker
Agradecimentos
Agrade¸co ao Padrinho (ou Chef˜ao) por ter zelado por minha vida tanto em
aspectos acadˆemicos quanto pessoais e por ter feito arias propostas irrecus´aveis.
Agrade¸co `a Camilla que de fato divide uma vida comigo, tanto em risadas
infind´aveis quanto em situa¸oes dif´ıceis. Todo mundo vai nos agradecimentos
ver se seu nome aparece e eu acho isso desnecess´ario. ao citarei mais ningu´em
aqui, mas saibam que sou muito grato a todos e valorizo muito a participa¸ao
de cada um na minha vida. E cada um sabe o que fez por mim.
Agrade¸co ao CNPq pela pouca e boa grana durante o mestrado.
4
Resumo
os estudamos como proteger informa¸ao quˆantica em sistemas quˆanticos sujei-
tos a dissipa¸ao local. os mostramos que, combinando o uso de sistemas de trˆes
n´ıveis, monitoramento do ambiente e realimenta¸ao local baseada na informa¸ao
adquirida no monitoramento, podemos, deterministicamente e completamente,
proteger qualquer informa¸ao quˆantica dispon´ıvel, incluindo emaranhamento
inicialmente dividido por diferentes partes. Estes resultados podem representar
um ganho em recursos e ou distˆancia em protocolos de comunica¸ao como re-
petidores quˆanticos e teleporta¸ao assim como tempo em mem´orias quˆanticas.
Mostramos, tamb´em, que o monitoramento local de ambientes fornece uma im-
plemeta¸ao f´ısica do protocolo ´otimo de convers˜ao de estados emaranhados.
Utilizando o mesmo formalismo, mostramos, tamem, a transi¸ao de uma
intera¸ao inteiramente quantizada para uma semicl´assica em sistemas quˆanticos
com n´umero baixo de excita¸oes. Em particular, simulamos as zonas de Ram-
sey de microondas utilizadas em interferometria de ´atomos de Rydberg, preen-
chendo a lacuna entre a evolu¸ao Jaynes-Cummings fortemente emaranhadora
e a rota¸ao semicl´assica dos estados internos do ´atomo. os tamb´em relacio-
namos a informa¸ao que flui com os otons que escapam da cavidade `a gera¸ao
de emaranhamento entre campo da cavidade e ´atomo, e detalhamos os papeis
ocupados pela forte dissipa¸ao e pelo bombeamento externo na preservao da
coerˆencia atˆomica ao longo da intera¸ao. Mostramos que, no limite cl´assico, a
informa¸ao contida nos otons tende a zero e que a vasta gama de possibilida-
des quˆanticas desaparece de tal forma que o sistema segue sempre uma ´unica
trajet´oria, a trajet´oria cl´assica, e al´em disso m´ultiplos observadores registram o
mesmo movimento cl´assico.
5
Conte´udo
Agradecimentos 4
Resumo 5
Introdu¸ao 8
1 Conhecimento, Opera¸oes e Correla¸oes 11
I Conhecimento do Observador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
II Evolu¸ao de Sistemas Isolados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
III Medi¸oes de Sistemas Quˆanticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
A Invariˆancia do Estado ao Condicionado . . . . . . . . . . 16
IV Conhecimento e Correla¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
A Emaranhamento e Opera¸oes Quˆanticas . . . . . . . . . . 18
B Emaranhamento de Estado Puro . . . . . . . . . . . . . . 19
C Emaranhamento de Estado Misto . . . . . . . . . . . . . . 21
2 Ambientalismo Quˆantico 24
I Sistemas Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
II Medindo o Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
A Detec¸ao Imperfeita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
III Retroalimenta¸ao Quˆantica (Feedback ) . . . . . . . . . . . . . . . 30
A Feedback no Limite Markoviano . . . . . . . . . . . . . . 32
3 Prote¸ao Global por Opera¸oes Locais 35
I Adquirindo e Preservando Informa¸ao . . . . . . . . . . . . . . . 37
II Codifica¸ao Dinˆamica Local em Q-trits . . . . . . . . . . . . . . . 40
A Um Exemplo com Saltos Quˆanticos em Eletrodinˆamica
Quˆantica de Cavidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
III Reciclagem Local via Feedback . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
A odigo para Saltos Quˆanticos . . . . . . . . . . . . . . . . 44
B odigo para Difus˜ao de Estado . . . . . . . . . . . . . . . 46
C Imperfei¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4 Transi¸ao Quˆantico-Cl´assico 53
I A Transi¸ao em Eletrodinˆamica Quˆantica . . . . . . . . . . . . . 55
A O Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
B Assinaturas do Quˆantico e do Cl´assico . . . . . . . . . . . 55
II A Transi¸ao e a Ressonˆancia Estoastica . . . . . . . . . . . . . . 57
A Ressonˆancia Estoastica na Informa¸ao dos otons . . . . 60
6
CONTE
´
UDO 7
B Trajet´orias Cl´assicas e Quˆanticas . . . . . . . . . . . . . . 66
5 Conclus˜ao 68
I Ru´ıdo Cl´assico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Introdu¸ao
Os experimentos e teoria de mecˆanica quˆantica causaram e causam descon-
forto filos´ofico e pr´atico a muitos que os avaliam. Isto se deve basicamente
aos rumos que esta teoria tomou abandonando fortes pilares da f´ısica cl´assica
que por eculos guiaram (e ainda guiam) a intui¸ao e entendimento humano do
mundo `a nossa volta. Esta teoria fundamentalmente nos impede de conhecer
e descrever um sistema f´ısico com a certeza que temos na perspectiva cl´assica.
Surpreendentemente, ´e exatamente essa incerteza intr´ınseca que nos possibilita
dar uma descri¸ao para correla¸oes muito fortes que n˜ao podem ser descritas por
nenhuma teoria cl´assica. Como a falta de informa¸ao (na perspectiva cl´assica)
pode levar a sistemas ao fortemente correlacionados compondo redes de comu-
nica¸ao muito mais poderosas que as redes cl´assicas? Parte desta discrepˆancia
entre o cl´assico e quˆantico se deve `as correla¸oes do tipo emaranhamento. Entre-
tanto, este mesmo fator que coloca a mecˆanica quˆantica como uma possibilidade
de realizar comunica¸ao e processamento de informa¸ao de forma muito superior
`a cl´assica usual tamem gera os empecilhos para tal. Um sistema que arma-
zena ou processa informa¸ao quˆantica est´a sujeito a interagir com o ambiente `a
sua volta, o que pode correlacionar (e at´e emaranhar) este sistema com o seu
ambiente. Assim os dados quˆanticos podem ser perdidos para o ambiente sendo
corrompidos al´em de qualquer poss´ıvel repara¸ao.
O processamento de informa¸ao quˆantica depende da capacidade de man-
ter coerˆencia assim como emaranhamento entre diferentes integrantes de um
sistema. Entretanto muitos sistemas propostos para implementa¸ao de proto-
colos quˆanticos ao naturalmente sujeitos `a inevit´avel dissipa¸ao local, como
armadilhas de ´ıons [1], sistemas de eletrodinˆamica quˆantica de cavidades [2]
e ensembles atˆomicos [3]. Obviamente, isso acaba agindo contra a eficiˆencia
destes sistemas atrav´es do mecanismo de descoerˆencia. Diferentes estrat´egias
foram criadas para proteger parcialmente ou restaurar a coerˆencia, tais como
destila¸ao de emaranhamento [4], repetidores quˆanticos [5] e retroalimenta¸ao
quˆantica [75], entretanto, todas estas propostas apresentam combina¸oes de di-
ferentes custos como o aumento de recursos para criar a redundˆancia necess´aria
ou a necessidade de realizar opera¸oes multi-qbit, isto ´e opera¸oes ao-locais.
Uma grande motivao deste trabalho ´e a manipula¸ao e a prote¸ao de ema-
ranhamento, um recurso global, utilizando apenas opera¸oes locais. Mostra-
remos uma estrat´egia completamente local e determin´ıstica capaz de vencer a
ao inevit´avel da dissipa¸ao. Nossa proposta depende de trˆes elementos asicos:
a capacidade de monitorar o ambiente detectando as excita¸oes que chegam ao
reservat´orio; a possibilidade de rapidamente realimentar o sistema com uma ex-
cita¸ao; e o uso de sistemas de trˆes n´ıveis para codificar a informa¸ao quˆantica.
8
CONTE
´
UDO 9
Apesar de envolver algum tipo de redundˆancia, esse tipo de codifica¸ao ´e muito
mais “barato” que os odigos de corre¸ao usuais para dissipa¸ao, porque acres-
centa apenas um n´ıvel extra a cada constituinte e ao tem como requisito al-
gum emaranhamento extra ou opera¸oes globais. Tamem mostraremos que o
monitoramemnto ambiental pode representar uma implementa¸ao dinˆamica do
protocolo local ´otimo capaz de transformar estados com algum emaranhamento
em estados maximamente emaranhados.
A intera¸ao com o ambiente que prejudica protocolos quˆanticos pode, de
fato, chegar a um est´agio capaz de suprimir as caracter´ısticas quˆanticas de um
dado sistema induzindo uma transi¸ao de comportamento at´e que o sistema
se torne efetivamente cl´assico. A transi¸ao quˆantico-cl´assico seria enao indu-
zida pelo ru´ıdo quˆantico no ambiente que perturba o sistema. Neste regime
de comportamento cl´assico, suprime-se o efeito da incerteza quˆantica intr´ınseca
que, normalmente, d´a origem a infinitas trajet´orias poss´ıveis para a evolu¸ao do
conhecimento do observador sobre o sistema. Todas as trajet´orias ficam muito
semelhantes de tal forma que o sistema efetivamente sempre siga uma trajet´oria,
assim recuperando a no¸ao determinista cl´assica. Estudamos este efeito em um
sistema comum em eletrodinˆamica quˆantica de cavidades, em que um sistema
de dois n´ıveis (dois n´ıveis eletrˆonicos de um ´atomo formando um qbit) interage
com um oscilador harmˆonico (um modo de campo eletromagn´etico confinado na
cavidade ressonante), sendo que o oscilador ´e bombeado por uma for¸ca externa
cl´assica (um gerador de microondas) e sofre dissipa¸ao causada pela intera¸ao
com o ru´ıdo ambiental. Um fator intrigante deste sistema ´e que a transi¸ao
para o comportamento cl´assico acontece a temperaturas extremamente baixas e
com um n´umero de excita¸oes tamb´em muito baixo, uma excita¸ao em edia,
regimes em que esperar´ıamos efeitos quˆanticos.
´
E poss´ıvel mostrar que, ao medir quantidades associadas ao ambiente, po-
demos adquirir (ou recuperar) informa¸ao sobre o sistema. Em particular, mos-
tramos que as excita¸oes que o oscilador perde para o ambiente carregam in-
forma¸ao sobre o comportamento do sistema e sobre as correla¸oes internas
entre as partes atomo e campo da cavidade). Cada excita¸ao que deixa o os-
cilador, quando aniquilada, causa uma mudan¸ca abrupta no emaranhamento
´atomo-cavidade, salto esse que nos permite quantificar a informa¸ao carregada
por cada f´oton detectado no reservat´orio.
`
A medida que a presen¸ca do ambiente
se torna mais significativa, o emaranhamento (uma assinatura quˆantica) entre
´atomo e cavidade, advindo da intera¸ao fortemente emaranhadora entre os mes-
mos, vai desaparecendo at´e que se torne efetivamente nulo no limite cl´assico.
Entretanto a informa¸ao contida nos otons que escapam da cavidade apresenta
um efeito de ressonˆancia estoastica quˆantica, em que a informa¸ao ´e nula para
ru´ıdo nulo, cresce rapidamente at´e um valor m´aximo para uma dada intensidade
de ru´ıdo e decresce gradualmente para altas intensidades. A regi˜ao de aximo
de informa¸ao corresponde `a situa¸ao em que o qbit, o oscilador e o ambiente
est˜ao maximamente emaranhados, assim marcando a regi˜ao em que a transi¸ao
come¸ca a acontecer.
O fenˆomeno de ressonˆancia estoastica a foi estudado em uma enorme vari-
edade de contextos, de eras glaciais a sistemas sensoriais biol´ogicos. O pr´oprio
conceito de evolu¸ao tem sido atribu´ıdo, em conjectura, a flutua¸oes ambientais
inevit´aveis. O fenˆomeno foi primeiramente proposto para explicar a ocorrˆencia
de eras glaciais, ou como pequenas perturba¸oes na ´orbita do planeta podem
afetar o clima global induzindo transi¸oes entre estados de baixa e alta tempera-
CONTE
´
UDO 10
tura. Se as flutua¸oes ao muito pequenas as transi¸oes ao muito infrequentes,
se ao muito grandes, as transi¸oes ao muito frequentes e ambas situa¸oes ao
correspondem ao que ´e observado. Portanto, deve haver um n´ıvel ´otimo de flu-
tua¸oes. As grandes eras glaciais supostamente acontecem a cada 100.000 anos.
Entretanto, ao ao dr´asticas mudan¸cas acontecem a cada 5 anos, o que conti-
nua realimentando a discuss˜ao de que oes humanas ao ou ao respons´aveis
por apidas mudan¸cas do clima global [6].
Fato ´e que os efeitos induzidos por flutua¸oes ambientais ao extremamente
importantes tanto dentro quanto fora da escala quˆantica. Esta ´e uma disserta¸ao
voltada para o estudo de informa¸ao em ambientes quˆanticos. No primeiro
cap´ıtulo, vamos apresentar alguns conceitos asicos de mecˆanica quˆantica in-
cluindo informa¸ao, opera¸oes e correla¸oes. No segundo cap´ıtulo, nos voltamos
para sistemas abertos, ou seja, sistemas que se comunicam com seus ambientes.
Descrevemos como o monitoramento do ambiente pode afetar a informa¸ao so-
bre o sistema e apresentamos um tipo de retroalimenta¸ao que pode vir a ser
usada para obter ou controlar certos tipos de comportamento do sistema em
quest˜ao. No terceiro cap´ıtulo buscamos estrat´egias locais de monitoramento do
ambiente e retroalimenta¸ao do sistema para preservar informa¸ao e emaranha-
mento [7]. No quarto cap´ıtulo mostramos uma transi¸ao de comportamento de
quˆantico a cl´assico e fornecemos uma perspectiva sobre a informa¸ao que pode
ser obtida com o monitoramento [8]. Finalmente, conclu´ımos a disserta¸ao no
cap´ıtulo cinco com perpectivas futuras.
Cap´ıtulo 1
Conhecimento, Opera¸oes e
Correla¸oes
I Conhecimento do Observador
Em Mecˆanica Quˆantica, abandonamos a descri¸ao cl´assica de sistemas f´ısicos
baseada em posi¸ao ou estado bem definido (sem incerteza) e adotamos uma des-
cri¸ao em que o conhecimento do observador se baseia em uma distribui¸ao de
amplitudes de probabilidades (cujo odulo quadrado ´e uma probabilidade) para
os poss´ıveis resultados de medidas ou observoes. A descri¸ao probabil´ıstica na
f´ısica apareceu com a Mecˆanica Estat´ıstica muito antes da MQ. Entretanto exis-
tem grandes diferen¸cas entre o caso cl´assico e o quˆantico [9]. A incerteza sobre
resultados de medidas no conhecimento de um observador ´e intr´ınseca `a MQ,
enquanto que no caso cl´assico ´e inteiramente atribu´ıda `a ignorˆancia do obser-
vador. Com a estrutura linear da MQ, qualquer estado com a menor incerteza
poss´ıvel pode ser compreendido como sendo uma superposi¸ao de outros estados
tamb´em de menor incerteza, assim n˜ao havendo estado de incerteza nula (numa
perspectiva cl´assica). Esta mesma estrutura de incerteza, em sistemas compos-
tos, se traduz em uma caracter´ıstica unicamente quˆantica, o emaranhamento.
As distribui¸oes de probabilidade quˆanticas (matrizes densidade) de sistemas
compostos podem, assim como no caso cl´assico, apresentar correla¸oes entre os
resultados de medidas individuais (locais) dos subsistemas. Entretanto essas
correla¸oes podem n˜ao possuir an´alogas em ME cl´assica, sendo assim nomeadas
emaranhamento. Antes de examinar sistemas sob uma determinada parti¸ao,
vamos primeiro focar no caso de sistemas isolados ao particionados e rever
algumas caracter´ısticas de estados quˆanticos.
O estado de conhecimento do observador ´e representado por uma matriz
densidade ou estado quˆantico ρ, cujos autovalores ρ
i
ao reais e ao negativos,
ρ ´e hermitiana, positiva semi-definida e possui tra¸co um, tr{ρ} =
i
ρ
i
= 1,
o que garante sua interpreta¸ao probabil´ıstica. A matriz est´a associada a um
ensemble de sistemas identicamente preparados, sobre o qual todos os resultados
de medida obedecer˜ao `a distribui¸ao estat´ıstica contida em ρ. Toda a informa¸ao
contida em ρ ´e referente `a probabilidades com que aparatos capazes de medir
o sistema forneceriam seus poss´ıveis resultados. A quantidade de informa¸ao
11
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 12
contida em ρ (uma matriz d × d) pode ser quantificada por sua pureza
δ = tr{ρ
2
} =
i
ρ
2
i
,
1
d
δ 1 (1.1)
e equivalentemente pela entropia de von Neumann
S = tr{ρ log ρ} =
i
ρ
i
log ρ
i
, log d S 0. (1.2)
Um estado que apresenta axima informa¸ao quˆantica
1
´e dito puro e nesse
caso δ = 1, S = 0. Estados com menor teor de informa¸ao sobre resultados de
medida ao ditos mistos. No caso maximamente misto δ = 1/d, S = log d.
A matriz ou ensemble ρ sempre pode ser expressa como uma soma convexa
ao ´unica de projetores
ρ =
i
p
i
P
i
=
i
p
i
|ψ
i
ψ
i
|, tr{ρ} = 1, (1.3)
tal que ´e poss´ıvel preparar ρ com um aparato que prepara P
i
com probabilidade
p
i
. Quando os projetores {P
i
} ao ortogonais temos que as probabilidades p
i
ao os autovalores de ρ. Os projetores por sua vez correspondem a estados puros
tr{P
2
} = tr{P } = 1, que podem ser representados de maneira computacional-
mente mais simples por vetores de estado |ψ com norma um ψ|ψ = 1. Assim
os vetores de estado conem sempre a maior quantidade de informa¸ao que um
estado quˆantico pode oferecer. Apesar disso, esses vetores ainda apresentam
incertezas estat´ısticas intr´ınsecas na MQ no sentido de que os resultados de me-
didas ainda ao probabil´ısticos e ao determin´ısticos. Eles sempre podem ser
expressos de maneira tamb´em ao ´unica como uma superposi¸ao coerente de
outros estados puros
|ψ =
i
λ
i
|φ
i
. (1.4)
A ao unicidade na representa¸ao de um mesmo estado misto pode ser fisica-
mente interpretada como a n˜ao unicidade de maneiras de se preparar um mesmo
objeto f´ısico, que levam a mesma distribui¸ao ρ. A ao unicidade no caso puro
representa a incerteza m´ınima para qualquer observador e sempre haver˜ao infi-
nitas perguntas (ou medi¸oes) para as quais as respostas ser˜ao probabilisticas.
Agora suponha um observador A e um outro observador B, cujos conheci-
mentos sobre um dado sistema ao dados por ρ
A
e ρ
B
respectivamente. Podemos
nos perguntar o qu˜ao diferentes ao os estados de A e B definindo uma esp´ecie
de distˆancia (embora ao seja uma quantidade sim´etrica) estat´ıstica entre ρ
A
e
ρ
B
, a fidelidade [11]
F =
tr
ρ
B
ρ
A
ρ
B

2
. (1.5)
Considere um caso especial em que um dos estados ´e puro ρ
B
= |ψψ|. Nesse
caso temos
ρ
B
= ρ
B
e a fidelidade se reduz ao produto interno dos operadores
F = tr{ρ
A
ρ
B
} = ψ|ρ
A
|ψ, (1.6)
1
Alertamos ao leitor que nosso tratamento para informa¸ao ´e diferente do tratamento
original de Shannon [10]
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 13
tal que 0 F 1 sendo F = 1 sse ρ
A
= ρ
B
e F = 0 sse ρ
A
e ρ
B
“moram”em
subespa¸cos ortogonais. Um observ´avel do sistema tamb´em pode ser represen-
tado por uma matriz e tamb´em possui uma decomposi¸ao em autovalores e
autovetores. Segue o valor m´edio de um observ´avel X dado que o estado ´e ρ:
X = tr{ρX}.
II Evolu¸ao de Sistemas Isolados
Um sistema isolado ´e em geral apenas uma abstra¸ao que no entanto serve de
base para toda a descri¸ao de sistemas realistas ao isolados, chamados sistemas
abertos. Antes de abordarmos sistemas abertos vamos primeiro examinar o caso
mais simples e apresentar a equa¸ao que governa a evolu¸ao temporal do sistema
e sua respectiva solu¸ao. A evolu¸ao de um sistema isolado depende apenas do
seu hamiltoniano H e ´e dada pela equa¸ao de von Neumann que no caso restrito
a estados puros se reduz `a equa¸ao de Schr¨odinger (ES). Apesar de se tratar
de uma descri¸ao restrita vamos come¸car pela ES e apresentar uma motivao
para a mesma.
At´e onde entendo
2
a maneira e estrat´egia empregadas por Erwin Schr¨odinger
ao derivar sua famosa equa¸ao parecem um tanto quanto obscuras [12]. Traba-
lhos anteriores de Einstein, Planck e de Broglie sugeriam um comportamento
ondulat´orio de part´ıculas pequenas e discretiza¸ao de espectros de energia. Hoje
interpretamos a uni˜ao do comportamento ondulat´orio e de part´ıcula como sendo
devido `a limita¸ao da descri¸ao de sistemas f´ısicos `a distribui¸oes de amplitudes
de probabilidades, que se traduz na linearidade da MQ. Esse processo de quan-
tiza¸ao levou `a associa¸ao de grandezas observ´aveis do sistema (por exemplo o
hamiltoniano) a operadores lineares e hermitianos.
Antes desta e outras interpreta¸oes da MQ, acredito que a ideia central
era associar uma onda, por exemplo uma onda plana ψ(r, t) = e
i(k·rwt)
, a
uma part´ıcula de tal forma a respeitar a conservao de energia. A energia da
part´ıcula ´e dada por seu hamiltoniano H e a energia do quantum de onda por
E = ω. Impondo a igualdade de energia chegamos `a ES
Hψ = Eψ = ωψ
Hψ = i
t
ψ. (1.7)
O espa¸co de ondas planas ´e isomorfo a um espa¸co vetorial linear tal que
ψ − |ψ e H − H. Podemos enao reescrever a ES na forma que nos ´e mais
adequada
d|ψ =
i
H|ψdt. (1.8)
Essa motivao para a ES ´e equivalente a um processo de quantiza¸ao da des-
cri¸ao f´ısica. Fato ´e que a ES, em seu alcance restrito a todos os estados puros,
´e uma lei de dinˆamica determin´ıstica geral sendo adequada tamb´em para outros
sistemas quˆanticos como o grau de liberdade de momento angular intr´ınseco,
part´ıculas em potenciais ao triviais [13] e sistemas de muitos corpos. Podemos
2
A t´ıtulo de curiosidade discuto brevemente, do meu ponto de vista, a origem da ES. Obvi-
amente o leitor interessado pode procurar os trabalhos originais que formulam uma mecˆancia
ondulat´oria para part´ıculas.
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 14
resolver a ES e portanto obter a evolu¸ao de um estado puro arbitr´ario de um
sistema fechado (assumindo um hamiltoniano independente do tempo e = 1)
|ψ(t) = U(t)|ψ(0) = e
iHt
|ψ(0). (1.9)
No caso geral de estados mistos arbitr´arios a equa¸ao de evolu¸ao ´e a de von
Neumann
= i[H, ρ]dt, (1.10)
sendo o comutador [H, ρ] = [H, ] ρ = Hρ ρH com a solu¸ao
ρ(t) = e
i[H,]t
ρ(0). (1.11)
Podemos ainda explicitar essa solu¸ao em termos do operador evolu¸ao U(t),
que corresponde a uma opera¸ao unit´aria. Fazendo uso da s´erie (generaliza¸ao
da s´erie de Taylor) da exponencial do comutador, temos
ρ(t) =
n
(i)
n
[H, ]
n
t
n
n!
ρ(0)
= ρ(0) it[H, ρ(0)]
t
2
2
[H, [H, ρ(0)]] + ···
=
I iHt
t
2
2
H
2
+ ···
ρ(0)
I + iHt
t
2
2
H
2
+ ···
=
n
(iHt)
n
n!
ρ(0)
n
(iHt)
n
n!
= e
iHt
ρ(0)e
iHt
ρ(t) = U(t)ρ(0)U(t)
. (1.12)
´
E acil mostrar que no caso de estados puros a equa¸ao de von Neumann se reduz
`a ES. Se ρ(0) = P = |ψ(0)ψ(0)| ent˜ao ρ(t) = U|ψ(0)ψ(0)|U
= |ψ(t)ψ(t)|,
assim recuperamos a solu¸ao (1.9) e portanto a ES.
III Medi¸oes de Sistemas Quˆanticos
Aqui serei muito objetivo de forma similar a [9, 15, 16], indicando [14] para
uma discuss˜ao extensa. Medir ou observar um sistema f´ısico ´e uma forma de
tentar adquirir informa¸ao sobre o mesmo. A MQ como um todo pode ser for-
mulada a partir de prepara¸oes e medidas de sistemas quˆanticos [14]. Medidas
projetivas ao bem conhecidas entre f´ısicos e ao apresentadas em cursos intro-
dut´orios como sendo a ´unica forma de medida, entretanto ao um caso particular
de todas as medidas quˆanticas. Existem tamb´em medidas ao projetivas que
possuem um papel importante nas se¸oes que se seguem.
Um conjunto {Π
n
} de operadores de medida ([9, 14, 17]), constitui um pro-
cesso de medi¸ao quando particiona a identidade do espa¸co vetorial do sistema
quˆantico obedecendo
n
Π
n
Π
n
= I,
Π
n
Π
n
0 n. (1.13)
Se a medida ´e projetiva todos os operadores do conjunto ao projetores orto-
gonais. A equa¸ao (1.13) vale para qualquer medida incluindo ao projetivas,
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 15
sendo o ´unico vinculo que garante a conservao da probabilidade. Cada ope-
rador de medida Π
n
pode ser interpretado como a nesima sa´ıda (resultado)
poss´ıvel em um aparato de medida caracterizado pelo conjunto {Π
n
}. O apa-
rato tamb´em pode ser pensado como sendo um conjunto de detectores {Π
n
}.
Aqui se torna expl´ıcita a incerteza estat´ıstica intr´ınseca da MQ. Suponha que o
conhecimento do observador seja dado inicialmente por ρ(0). Na realiza¸ao de
uma medida cada sa´ıda ou resultado acontece com probabilidade
p
n
= tr{Π
n
ρ(0)Π
n
}, (1.14)
e de acordo com o postulado de medida (von Neumann e L¨uders) o estado
quˆantico evolui condicionado ao disparo do n-´esimo detector
ρ
n
(∆t) =
1
p
n
Π
n
ρ(0)Π
n
, (1.15)
em que t ´e o tempo decorrido durante o processo de medida. No caso de
estados puros temos |ψ
n
(∆t) = Π
n
|ψ(0) a menos de normaliza¸ao. Isso quer
dizer que a informa¸ao do resultado de uma medida muda o conhecimento do
observador levando a uma nova distribui¸ao de probabilidade ρ
n
(∆t) condicio-
nada ao resultado n. A rela¸ao (1.13) ´e necess´aria para manter a conservao da
probabilidade, tal que
n
p
n
= 1. Usando a propriedade c´ıclica e linearidade
do tra¸co temos
n
p
n
= tr
n
Π
n
Π
n
ρ
= tr{ρ} = 1. (1.16)
Se, por alguma raz˜ao, o observador perder ou ignorar o resultado da medida
o seu conhecimento ser´a dado pela mistura estat´ıstica dos poss´ıveis resultados,
ou seja, o estado ao condicionado ao resultado
ρ(∆t) =
n
Π
n
ρ(0)Π
n
. (1.17)
A medida ao seletiva que gera o estado ao condicionado, em geral, diminui o
n´ıvel de informa¸ao aumentando a entropia do estado. Assim um estado inicial
puro, em geral, evolui para um estado misto de pureza menor que um. A medida
se torna seletiva quando o observador registra o resultado de medida.
Medidas quˆanticas s˜ao opera¸oes completamente positivas, pois obedecem a
equa¸ao (1.13). Opera¸oes completamente positivas mapeam estados quˆanticos
em estados quˆanticos, ou seja, estas opera¸oes preservam as propriedades de
estados quˆanticos (todas as poss´ıveis medidas sobre o novo estado tamb´em re-
sultam em outros estados quˆanticos com probabilidades ao negativas). Assim
um mapa positivo Λ leva um estado σ a um outro estado ρ = Λσ, tal que para
qualquer conjunto de operadores de medida tr{Π
n
ρΠ
n
} 0, n. Um mapa
´e completamente positivo se o mesmo vale para todas suas extens˜oes triviais
tr{Π
n
I
d
)σΠ
n
} 0, n, d sendo que agora o estado σ e os operadores Π
n
atuam em um sistema cuja dimens˜ao ´e a do sistema original vezes d, sendo d
a dimens˜ao da identidade I
d
. As opera¸oes completamente positivas obedecem
os postulados de medida e podem ser expressas na forma de Kraus como na
equa¸ao (1.17).
A opera¸ao quˆantica mais geral em um sistema A pode ser obtida com uma
intera¸ao hamiltoniana com um sistema B seguida de uma medida ao seletiva
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 16
no sistema B ou o tra¸co parcial neste segundo sistema
ρ
A
(∆t) = tr
B
{Uρ
AB
U
}. (1.18)
Uma considera¸ao importante ´e o grau de correla¸ao inicial entre os sistemas
A e B. Foi mostrado recentemente que para obtermos um mapa completamente
positivo, i. e., um mapeamento de estados quˆanticos a estados quˆanticos, ´e
necess´ario que os sistemas sejam apenas classicamente correlacionados, ou seja,
com disc´ordia nula [18]. Aqui, trataremos apenas o caso em que inicialmente o
sistema A e seu entorno B ao descorrelacionados. Portanto temos um estado
inicial ρ
AB
= ρ
A
i
p
i
|ii|, que ao ser substituido na equa¸ao (1.18) nos
fornece
ρ
A
(∆t) =
ji
j|U|i
p
i
ρ
A
(0)i|U
|j
p
i
=
ij
Π
ij
ρ
A
(0)Π
ij
, Π
ij
= j|U|i
p
i
. (1.19)
Este exemplo gen´erico representa uma medida ao projetiva (ignorando o
resultado de medida) em A, em que o sistema (A) interage com o ambiente (B)
atrav´es da unit´aria U e em seguida o observador realiza uma medida projetiva
(e ao seletiva) no ambiente na base {|j} (na qual efetuamos o tra¸co).
A Invariˆancia do Estado ao Condicionado
O aparato de medida pode ser rearranjado produzindo sa´ıdas diferentes daquelas
produzidas pelo arranjo inicial, mas ainda assim mantendo o mesmo estado ao
condicionado. Vamos definir primeiro o vetor que representa a medida ao
seletiva (que gera o estado ao condicionado)
Π = [Π
0
, Π
1
, Π
2
, ··· , Π
n
, ···] , (1.20)
tal que a equa¸ao (1.17) pode ser escrita como
ρ(∆t) = ΠρΠ
, (1.21)
tal que
3
Π
Π
T
=
n
Π
n
Π
n
= I. (1.22)
Agora podemos definir outros conjuntos {Ξ
m
} de operadores de medida que
ao equivalentes ao conjunto {Π
n
}, no sentido de fornecerem o mesmo estado
ao condicionado. O rearranjo do aparato corresponde a uma transforma¸ao
unit´aria sobre o vetor transposto Π
T
e nos conduz a um novo vetor
Ξ
T
= UΠ
T
= [Ξ
0
, Ξ
1
, Ξ
2
, ··· , Ξ
n
, ···]
T
, (1.23)
com Ξ = ΠU
T
. A unit´aria U (U
U = I), ao atua em ρ e sim apenas superp˜oe
os operadores de medida.
3
Para eliminar alguns somat´orios introduzimos o vetor de operadores Π e as opera¸oes
Π
=
Π
0
, Π
1
, Π
2
, · · · , Π
n
, · · ·
T
e Π
=
Π
0
, Π
1
, Π
2
, · · · , Π
n
, · · ·
.
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 17
Temos, ent˜ao o estado ao condicionado
Ξρ(0)Ξ
= ΠU
T
ρ(0)[ΠU
T
]
= ΠU
T
ρ(0)U
Π
= Πρ(0)U
T
U
Π
= Πρ(0)(U
U)
Π
= Πρ(0)(I)
Π
ρ(∆t) = Ξρ(0)Ξ
= Πρ(0)Π
(1.24)
Essa invariˆancia do estado ao condicionado indica que, quando ao acessamos
o resultado da medida, a evolu¸ao do estado ´e a mesma independentemente da
estrat´egia de medida.
IV Conhecimento e Correla¸oes
Todo sistema f´ısico est´a imerso em uma vizinhan¸ca de outros sistemas ou partes.
O espa¸co de estados do sistema global ´e o produto tensorial do espa¸co das
partes. As partes do sistema global podem trocar energia e informa¸ao atrav´es
de uma grande classe de intera¸oes. Este processo de intera¸ao ou troca pode
gerar correla¸oes entre resultados de medidas realizadas nos subsistemas. Desta
forma quando a correla¸oes entre um sistema A e um sistema B ´e poss´ıvel inferir
informa¸oes sobre B dado que possu´ımos um resultado de medida realizada em
A. Por outro lado quando ignoramos uma das partes correlacionadas podemos
perder informa¸ao sobre os subsistemas restantes.
Superposi¸oes de estados e a estrutura tensorial da Mecˆanica Quˆantica ao
origem a um tipo de correla¸ao unicamente quˆantica, o emaranhamento. Esse
tipo de correla¸ao e suas implica¸oes foram notados inicialmente por Einstein,
Podolsky e Rosen (EPR), que acreditavam que a MQ ao era uma teoria com-
pleta e que o emaranhamento era uma evidˆencia desta incompletude [19], e
Schr¨odinger [20]. Em mecˆanica estat´ıstica cl´assica a descri¸ao probabil´ıstica
surge de uma edia sobre estados que podemos interpretar como sendo reais,
ou seja, pode ser dito que o sistema est´a em um estado e ao medirmos descobri-
mos qual, assim as probabilidades atribu´ıdas aos poss´ıveis resultados s˜ao reflexo
da ignorˆancia do observador. Tamem no caso cl´assico (correla¸oes cl´assicas),
quando medimos um de dois subsistemas (AB) correlacionados temos instan-
taneamente informa¸ao sobre o outro, entretanto isto ao viola a relatividade
especial (RS) [21] (informa¸ao ao viaja acima da velocidade da luz). Dado
que os subsistemas realmente estavam em um dado estado, com a medida em A
apenas descobrimos tamb´em qual era o estado de B. Resumindo, em mecˆanica
estat´ıstica cl´assica qualquer propriedade do sistema pode ser interpretada como
sendo real e local. O mesmo ao pode ser dito sobre MQ.
Em MQ mesmo os estados mais puros e com maior teor de informa¸ao ainda
ao distribui¸oes de amplitudes de probabilidade (como visto em se¸oes anteri-
ores). Por este motivo, aqui optamos por ao atribuir realidade ao estado do
sistema. O trabalho EPR mostrou uma incompatibilidade entre realismo, locali-
dade e MQ. Trabalhos seguintes forneceram um crit´erio (desigualdades de Bell)
capaz de discernir certas classes teorias cl´assicas de outras teorias [22]. Diversos
testes experimentais das desigualdades de Bell sugerem que a natureza pode, de
fato, ser modelada pela MQ [23]. Estes trabalhos analisam o grau de correla¸ao
dos subsistemas e assim as correla¸oes quˆanticas se mostraram ao locais tal
que alguns estados emaranhados violam as desigualdades. Entretanto existem
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
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OES E CORRELAC¸
˜
OES 18
estados emaranhados que admitem um an´alogo cl´assico. Portanto, parte da MQ
(alguns estados) pode ser simulada por distribui¸oes de probabilidade cl´assicas.
A fronteira, ou a existˆencia da mesma, em que come¸ca o mundo cl´assico e ter-
mina o mundo quˆantico permanece oculta. Aqui ao continuaremos a abordar
temas como realidade, localidade, contextualidade e continuaremos a adotar a
interpreta¸ao probabil´ıstica da MQ.
Desde os debates sobre o EPR houve muito trabalho filos´ofico, matem´atico e
f´ısico sobre o emaranhamento [25] impulsionado nas ´ultimas ecadas pelo pros-
pecto de informa¸ao e computa¸ao quˆantica. Se o sistema A-B est´a emaranhado
(correlacionado quanticamente) os subsistemas podem se comunicar e enviar bits
(e q-bits) de informa¸ao um ao outro de maneira superior a comunica¸ao estri-
tamente cl´assica. Emaranhamento possui arias aplica¸oes interessantes como
distribui¸ao quˆantica de chave criptogr´afica [26], teleporta¸ao de um estado
quˆantico desconhecido [27] e outros protocolos de computa¸ao quˆantica [17].
Vamos inicialmente mostrar a forma geral de estados bipartidos e classifica-
los de acordo com o tipo de correla¸ao [29, 30, 31]. Um estado ao correlacionado
do sistema AB ´e dito fator´avel e pode ser expresso por
ρ
AB
= ρ
A
ρ
B
, (1.25)
ou seja, ´e um produto de um estado de A com um estado de B. Um estado ao
emaranhado ´e dito separ´avel e pode ser expresso por
ρ
AB
=
i
p
i
ρ
Ai
ρ
Bi
, (1.26)
tamb´em ´e uma mistura estat´ıstica de estados ao correlacionados. Um estado
que apresenta correla¸oes quˆanticas (talvez cl´assicas tamb´em) ´e dito emaranhado
e tem que ser expresso na forma mais geral de um estado do sistema (n˜ao pode
ser separado nem fatorado). Aqui optamos pela representa¸ao
ρ
AB
=
i,ν,j,µ
ρ
()(jµ)
|jµ|, (1.27)
que ´e uma matriz de quatro indices, tal que i e j designam estados do sistema
A e ν, µ fazem referˆencia a B.
A Emaranhamento e Opera¸oes Quˆanticas
O sistema composto AB, em geral, possui um hamiltoniano interno da forma
H = H
A
I
B
+ I
A
H
B
+ H
int
. (1.28)
Quando ao a intera¸ao entre os subsistemas, H
int
= 0 e o n´ıvel de correla¸ao
permanece invariante. Por exemplo, um estado inicial fator´avel permanece fa-
tor´avel, dado que sua evolu¸ao ´e dada pela solu¸ao da equa¸ao de von Neumann
ρ
AB
(t) = e
i(H
A
+H
B
)t
ρ
A
ρ
B
e
i(H
A
+H
B
)t
= e
iH
A
t
ρ
A
e
iH
A
t
e
iH
B
t
ρ
B
e
iH
B
t
= ρ
A
(t) ρ
B
(t). (1.29)
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 19
Um estado separ´avel tamb´em permanece separ´avel sob opera¸oes unit´arias lo-
cais. De fato, definimos emaranhamento como uma quantidade que ao ´e alte-
rada por opera¸oes unit´arias locais U
A
U
B
[32]
E
U
A
U
B
ρ
AB
U
A
U
B
= E [ρ
AB
] , (1.30)
em que E ´e uma medida de emaranhamento. Quando o hamiltoniano ´e ao
local e possui um termo de intera¸ao ao nulo o emaranhamento pode tanto
aumentar quanto diminuir.
Foi descoberto [33] que medidas seletivas locais (e comunica¸ao cl´assica)
Π
Ai
Π
Bi
podem levar um estado emaranhado com an´alogo cl´assico a outro
com mais emaranhamento e sem an´alogo cl´assico. Este processo de aumento
de emaranhamento com opera¸oes locais foi denominado destila¸ao. Entretanto
o emaranhamento ao aumenta com medidas ao seletivas. Uma medida ao
seletiva em geral diminui a informa¸ao contida no estado diminuindo sua pureza.
E perda de pureza, em geral, significa perda de emaranhamento [34]. Assim o
emaranhamento de um estado condicionado a resultados de medidas locais pode
aumentar, por´em o emaranhamento do estado ao condicionado diminui se o
processo de medida ´e local. Isto vale tanto para o emaranhamento do estado
ao condicionado quanto para a m´edia de emaranhamento dos poss´ıveis estados
condicionados e a hierarquia ´e dada por
E [ρ]
i
p
i
E [ρ
i
] E [ρ
AB
] , (1.31)
tal que o i-´esimo estado condicionado ´e dado por
ρ
i
=
1
p
i
Π
Ai
Π
Bi
ρ
AB
Π
Ai
Π
Bi
(1.32)
e o estado ao condicionado por ρ =
i
p
i
ρ
i
. Em seguida mostrou-se que a
diferentes tipos de emaranhamento (al´em de local e ao local): emaranhamento
livre destil´avel e emaranhamento preso ao destil´avel. Tamb´em foi mostrado que
todo estado destil´avel possui transposta parcial negativa (n˜ao necessariamente
a rec´ıproca) [35]. Uma matriz transposta parcial de um estado ρ
AB
pode ser
encontrada ao trocarmos os indices (trasposi¸ao convencional) de apenas um
dos subsistemas
ρ
T
B
AB
=
i,ν,j,µ
ρ
()(jµ)
|jν|, (1.33)
tal que a transposta parcial de um estado separ´avel ´e um outro estado quˆantico,
pois esta ´e uma opera¸ao positiva. Entretanto existem estados emaranhados
que possuem transposta parcial com autovalores negativos. Portanto a trans-
posi¸ao ´e uma opera¸ao ao completamente positiva e pode ser utilizada como
um crit´erio de distilabilidade de emaranhamento.
B Emaranhamento de Estado Puro
´
E poss´ıvel quantificar o emaranhamento de estados puros bipartidos atrav´es de
arios quantificadores de emaranhamento. Neste caso crit´erios de ao localidade
e separabilidade coincidem. Um estado puro ao correlacionado ´e expresso por
|a|b = |ab. Qualquer estado puro que n˜ao pode ser expresso por |ab ´e dito
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 20
emaranhado. Podemos expressar um estado puro arbitr´ario com a decomposi¸ao
de Schmidt
|Ψ
AB
=
d
n
λ
n
|a
n
b
n
, (1.34)
em que {|a
n
} e {|b
n
} ao bases ortonormais (que diagonalizam os estados
reduzidos das partes) em A e B, respectivamente e d = min{d
A
, d
B
}, sendo d a
menor das dimens˜oes dos subsistemas. Um estado puro fator´avel possui apenas
um coeficiente λ
e
ao nulo (λ
n
= 0, n = e; ! e | λ
e
= 1). Um estado
maximamente emaranhado possui todos os coeficientes iguais (λ
n
=
1
d
n).
Vamos considerar um breve exemplo para ilustrar diferen¸cas entre correla¸oes
cl´assicas e quˆanticas. Considere o estado classicamente correlacionado
ρ
c
=
1
2
[|0000| + |1111|] . (1.35)
Assumindo que os observadores podem se comunicar classicamente temos a se-
guinte situa¸ao. Se o observador Agata em posse do sistema (A) realiza uma
medida projetiva na base {|0, |1} ele obt´em com probabilidade 1/2 o estado
global |00 ou |11, assim obtendo informa¸ao sobre o outro sistema (B) em
posse do observador Borat.
O conhecimento de Agata ao ignorar o sistema B e toda informa¸ao vinda
de Borat ´e dado pelo tra¸co parcial em B sobre o estado global
ρ
A
= tr
B
{ρ
AB
} =
b
I
A
b|
ρ
AB
I
A
|b
=
b
b|
i,ν,j,µ
ρ
()(jµ)
|jµ|
|b
=
ij
b,ν,µ
ρ
()(jµ)
b|νµ|b
|ij|
=
ij
ρ
A(ij)
|ij|. (1.36)
No exemplo em considera¸ao ρ
Ac
= tr
B
{ρ
c
} =
1
2
[|00| + |11|] = ρ
Bc
, que ´e
um estado maximamente misto e possui o menor grau de informa¸ao quˆantica.
Se o observador Agata opta por medir na base {|+, |−}, com |± =
1
2
[|0 ± |1],
ele obt´em um dos estados ρ
±
= |±±| ρ
Bc
e ao adquire nova informa¸ao
sobre o estado do sistema B, na verdade perde toda informa¸ao quˆantica de B.
Agora considere o estado emaranhado
|Ψ
e
=
1
2
[|00 + |11] =
1
2
[| + ++ | −] . (1.37)
Neste caso ao importa em que base o observador Agata realiza a medida, ele
sempre obt´em nova informa¸ao sobre o sistema B. Este ´e um estado maxima-
mente emaranhado de dois q-bits.
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 21
i Quantifica¸ao pela entropia das partes
Dois sistemas que interagem podem compartilhar informa¸ao e se tornarem
emaranhados. Quando o estado global ´e puro podemos quantificar o grau de
informa¸ao quˆantica compartilhada entre as partes com a entropia de von Neu-
mann dos estados reduzidos das partes. Esta quantifica¸ao se baseia na perda de
informa¸ao quˆantica que uma das partes sofreria ao ignorar a outra parte. Essa
informa¸ao perdida ´e exatamente a informa¸ao compartilhada, ou a correla¸ao.
Assim o emaranhamento de |Ψ
AB
=
d
n
λ
n
|a
n
b
n
´e
E
AB
) = S(ρ
A
) = S(ρ
B
) = tr {ρ
A
log ρ
A
} =
d
n
|λ
n
|
2
log |λ
n
|
2
. (1.38)
ii Convers˜ao ´otima de estados puros
Uma pergunta muito importante foi feita e respondida em [36]. Suponha que
Agata e Borat dividam um estado puro emaranhado Ψ e que eles gostariam
de convertˆe-lo em outro estado puro emaranhado Φ. Qual ´e a probabilidade
axima de sucesso em tal convers˜ao se as duas partes, que podem se comuni-
car classicamente, podem realizar apenas opera¸oes locais nos subsistemas? A
resposta ´e dada por
P Φ) = min
l[1,d]
d
n=l
|α
n
|
2
d
n=l
|β
n
|
2
, (1.39)
tal que α
n
e β
n
ao os coeficientes de Schmidt de Ψ e Φ respectivamente em
ordem decrescente. Aqui mostramos apenas a motivao da demonstra¸ao.
Introduzimos a fam´ılia de fun¸oes que ao aumentam sob estrat´egias locais
E
l
(Ψ) =
d
n=l
|α
n
|
2
. Suponha que a optimiza¸ao de (1.39) ´e dada por l = k.
Antes da convers˜ao E
k
´e dada por E
k
(Ψ), ap´os a convers˜ao ela ´e dada pela media
P
Φ)E
k
(Φ). Portanto P
Φ)E
k
(Φ) E
k
(Ψ) devido ao fato de que
E
k
ao aumenta no processo e assim a igualdade vale quando a probabilidade
´e axima.
C Emaranhamento de Estado Misto
Caracterizar o emaranhamento de um estado bipartido arbitr´ario, de pureza
arbitr´aria, ´e uma tarefa computacionalmente e matematicamente mais com-
plexa quando comparada ao caso de estados puros. Entretanto, o volume de
estados mistos ´e maior que o volume de estados puros e em muitas situa¸oes
real´ısticas a intera¸ao com o meio ambiente faz com que estados mistos sejam
uma descri¸ao mais adequada do conhecimento do observador. Existem arios
quantificadores de emaranhamento e cada um tem suas vantagens e aplica¸oes.
Vamos apresentar apenas alguns destes quantificadores, aqueles que de fato ire-
mos computar em se¸oes seguintes (n˜ao abordaremos robustez e testemunhas
de emaranhamento, por exemplo).
Um quantificador que estende a entropia de emaranhamento de estados puros
para o caso misto ´e o emaranhamento de forma¸ao [37]. O emaranhamento de
forma¸ao quantifica os recursos necess´arios para criar um dado estado quˆantico.
Lembrando que um estado misto pode ser preparado de diferentes maneiras
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 22
a partir de estados puros podemos definir o emaranhamento edio de uma
prepara¸ao. O emaranhamento de forma¸ao ´e o menor valor do emaranhamento
m´edio minimizado sobre todas as poss´ıveis prepara¸oes a partir de estados puros
E(ρ) = min
{Ψ
i
}
i
p
i
E(ψ
i
). (1.40)
Para estados de dois qbits a uma express˜ao fechada para o emaranhamento
de forma¸ao dada pela concorrˆencia[38]. Entretanto, calcular o emaranhamento
de forma¸ao de sistemas mais gerais permanece uma tarefa de for¸ca bruta [39]
salvo situa¸oes de alta simetria [40].
Um outro quantificador de emaranhamento ´e a negatividade da transposta
parcial da matriz densidade do sistema[41]. Esse quantificador ´e simples de ser
computado e fornece uma boa cota para o emaranhamento destil´avel do sistema.
Portanto antes de mostrar como fazˆe-lo vamos tentar motivar o uso do mesmo.
Esse quantificador se baseia no uso de uma opera¸ao que ao ´e f´ısica no
sentido que leva um estado quˆantico a uma distribui¸ao que pode possuir “pro-
babilidades”negativas. Essa opera¸ao ´e a transposi¸ao parcial. A transposi¸ao
´e uma opera¸ao positiva, ou seja, leva estados quˆanticos a outros obedecendo os
postulados da teoria, em especial, autovalores n˜ao negativos. Entretanto ´e uma
opera¸ao que ao ´e completamente positiva, pois quando realizada em somente
uma das partes do sistema pode levar a autovalores negativos. A transposi¸ao
parcial leva a uma matriz n˜ao positiva quando h´a emaranhamento entre as par-
tes. Ao transpor parcialmente um estado fator´avel encontramos outro estado
tamb´em ao negativo e o mesmo para estado separ´aveis. Por que a transposta
parcial de um estado emaranhado pode levar a uma matriz negativa? Uma in-
terpreta¸ao heur´ıstica ´e a de invers˜ao temporal. Suponha um estado que evolui
com uma unit´aria ρ(t) = Uρ(0)U
. Agora, considere a evolu¸ao em um referen-
cial transposto da matriz transposta dada por σ(t) = Rσ(0)R
com R = U
T
e σ(0) = ρ
T
(0). Por fim note que a transposi¸ao (no referencial original) ´e
equivalente a uma invers˜ao temporal no referencial transposto ρ
T
(t) = σ(t)
com a revers˜ao temporal σ(t) = R
σ(0)R, ou a rec´ıproca σ
T
(t) = ρ(t). A
equivalˆencia ´e completa se a transposta do estado inicial ´e o pr´oprio estado e
se U
= U
, e assim ρ
T
(t) = U
ρ(0)U = ρ(t). Agora, se o sistema for com-
posto de duas partes e se as partes forem correlacionadas o que acontece ao
realizarmos a invers˜ao temporal em apenas um dos sistemas? A resposta para
boa parte dos estados emaranhados ´e que ao podemos fazer essa invers˜ao sem
chegarmos a um absurdo. A ideia ´e que as correla¸oes quˆanticas, a partir de
um certo grau, impedem que os sistemas correlacionados sejam tratados como
sistemas independentes, pois para sistemas abaixo desse grau a invers˜ao ´e ma-
tematicamente poss´ıvel. Seria essa uma proibi¸ao para algum tipo de viagem
no tempo? Fato ´e que podemos ent˜ao usar a negatividade da transposta parcial
como um quantificador de emaranhamento, e definimos a negatividade como
duas vezes a soma do odulo dos autovalores negativos da transposta parcial.
Foi mostrado que a transposi¸ao parcial ´e um crit´erio capaz de discernir to-
dos estado emaranhados de ao emaranhados para sistemas de dimens˜oes at´e
2 3 [42]. Acima disso acreditamos que negatividade ´e a melhor aproxima¸ao
para um quantificador de emaranhamento livre [43, 44], pelo menos no caso
bipartido.
´
E facil mostrar que positividade sobe transposi¸ao parcial (ptp) sig-
nifica que o estado ao pode ser destilado. Suponha um ρ ptp e uma opera¸ao
local A B que leva ρ em um estado maximamente emaranhado. Temos que
CAP
´
ITULO 1. CONHECIMENTO, OPERAC¸
˜
OES E CORRELAC¸
˜
OES 23
0 (A BρA
B
)
T
B
= A B
ρ
T
B
A
B
T
, ou seja, uma opera¸ao local
assistida de comunica¸ao cl´assica leva um estado ptp a outro ptp e portanto
ao a um par A B que leve um estado positivo sob transposi¸ao parcial
a um estado ntp emaranhado. Assim se um estado pode ser destilado ent˜ao
ele ´e negativo sob transposi¸ao parcial. A pergunta rec´ıproca permanece mais
de dez anos sem resposta. Um estado ntp sempre pode ser destilado? Recen-
temente a uma tentativa de resposta (afirmativa) ainda sendo avaliada pela
comunidade cient´ıfica [44]. Entretanto a estados emaranhados que ao ptp,
esses ao chamados estados com emaranhamento preso. O exemplo mais sim-
ples pode ser encontrado em [45], em que um estado de emaranhamento preso ´e
construido a partir de bases inextens´ıveis de estados produto (BIP). Uma BIP
para um sistema multipartido ´e um conjunto de estados ortonormais, cujo su-
bespa¸co complementar ao cont´em estados produto. Portanto um estado da
forma I
i
|ii| ´e um estado emaranhado, entretanto ´e ptp, pois os estados
{|i} formam uma BIP, assim ´e um estado de emaranhamento preso.
Cap´ıtulo 2
Ambientalismo Quˆantico
I Sistemas Abertos
Vamos agora considerar sistemas que interagem com outros sistemas em seu
entorno, sistemas que interagem com o seu ambiente. Esses sistemas ao cha-
mados sistemas abertos, pois em geral este tipo de intera¸ao faz com que al-
guns quantidades ao se conservem. A intera¸ao com o ambiente leva ao que
chamamos de descoerˆencia do sistema, que podemos definir como perda de in-
forma¸ao quˆantica. Assumimos ent˜ao que o sistema ´e preparado em um dado
estado, usualmente um estado puro, e que ao est´a correlacionado com o am-
biente inicialmente. Podemos expressar o estado inicial sistema-ambiente por
|Ψ(0) = |S|E, em que S e E designam estados do sistema e ambiente, res-
pectivamente. Correla¸oes aparecem como um resultado da intera¸ao e o estado
passa a ser expresso por um estado emaranhado |Ψ(t) =
i
p
i
|S
i
(t)|E
i
(t).
Entretanto assumimos que o ambiente quase ao ´e afetado pela intera¸ao com
o sistema, como um reservat´orio e que o estado global pode ser aproximado por
um estado produto em que o estado reduzido do sistema sofre altera¸oes em pri-
meira ordem no acoplamento da intera¸ao. Esta ´e a chamada aproxima¸ao de
Born. Tamem consideramos que o ambiente rapidamente perde sua mem´oria
sobre sua historia passada quando comparado ao tempo que o sistema leva para
evoluir apreciavelmente. Esta ´e a aproxima¸ao de Markov. Discuss˜oes sobre
estas aproxima¸oes podem ser encontradas em [46, 47]. Inicialmente conside-
ramos um hamiltoniano que pode descrever um sistema que interage com um
n´umero grande de sistemas bosˆonicos, por exemplo, o campo eletromagn´etico
em torno do sistema (uma vers˜ao fermiˆonica pode ser encontrada em [48]). O
hamiltoniano cont´em termos livres do sistema e do ambiente e um termo de
acoplamento de dipolo el´etrico e ´e da forma
H = H
s
+ H
E
+ H
int
= ω
s
S
S +
0
ωb
(ω)b(ω)
+
0
ik(ω)
S S
b(ω) + b
(ω)
, (2.1)
em que S ao operadores do sistema e b ao operadores do reservat´orio, ω
s
´e
a frequˆencia caracter´ıstica do sistema e ω ao frequˆencias do reservat´orio de-
24
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 25
signando o cont´ınuo de graus de liberdade do ambiente e k(ω) ´e o fator de
acoplamento do sistema com cada modo do ambiente. O sistema ser´a domi-
nantemente acoplado a modos centrados em sua frequˆencia caracter´ıstica ω
s
.
Al´em disso assumimos um acoplamento suave a estes modos , o que nos permite
fazer uma aproxima¸ao por uma constante nesta regi˜ao do espectro k(ω) =
γ
e estender o limite de integra¸ao a todas as frequˆencias. Na representa¸ao de
intera¸ao o hamiltoniano apresenta termos do tipo Sbe
i(ω
s
+ω)t
, Sb
e
i(ω
s
ω)t
e seus conjugados hemitianos. Na regi˜ao pr´oxima `a ressonˆancia os termos do
primeiro tipo geram uma dinˆamica que se a em uma escala de tempo muito
menor que a da dinˆamica gerada pelos termos do segundo tipo. Ao calcular o
operador de evolu¸ao temos algo do tipo (omitindo a integral em ω)
U(t) = exp
γ
Sb(ω)
t
0
e
i(ω
s
+ω)t
dt + Sb
(ω)
t
0
e
i(ω
s
ω)t
dt
+ h.c.
exp
γSb
(ω)t + h.c.
. (2.2)
Diante desta aproxima¸ao temos o hamiltoniano de intera¸ao na representa¸ao
de intera¸ao
H
int
= i
Πb
(t) Π
b(t)
, (2.3)
com o banho representado pelo operador b(t) =
−∞
b(ω)e
i(ωω
s
)t
, e o sis-
tema pelo operador Π =
γS. A evolu¸ao do estado global ´e dada pela equa¸c˜ao
estoastica de Schr¨odinger [49]
(S) d|Ψ(t) =
ΠdB
(t) Π
dB(t)
|Ψ(t), (2.4)
com o ru´ıdo branco (ou processo de Wiener) quˆantico B(t) =
t
0
b(s)ds. A
estat´ıstica deste processo ´e dada pelo estado do banho que consideramos ser um
estado de equil´ıbrio termodinˆamico
ρ
E
=
e
βH
E
tr{e
βH
E
}
, (2.5)
em que β = /kT sendo , k, T a constante de Plank, a de Boltzmann e a
temperatura do reservat´orio. Portanto temos os valores medios e correla¸oes do
banho t´ermico markoviano
dB(t)dB
(t
)= (N + 1)δ(t t
)dt
dB
(t)dB(t
)= N δ(t t
)dt
dB
(t)= dB(t) = 0, (2.6)
sendo N = 1/(e
βω
1) o n´umero edio de excita¸oes no ambiente. A equa¸ao
de dinˆamica poder ser interpretada no c´alculo de Stratonovich, em que as regras
usuais de alculo ao v´alidas. Entretanto a equa¸ao n˜ao pode ser recursivamente
iterada e o alculo de edias se torna invi´avel, pois na integra¸ao o operador
ou fun¸ao a ser integrado ´e avaliado no meio do intervalo de integra¸ao sendo
assim dependente do ru´ıdo (para mais informa¸oes sobre alculo estoastico
ver o apˆendice ou a bibliografia citada).
´
E conveniente transformar a equa¸ao
para a representa¸ao de Ito, em que ao exitem as dificuldades acima citadas,
entretanto abrimos ao das regras usuais de alculo. Vamos nos concentrar
no caso de temperatura nula e para realizarmos a convers˜ao basta integrar a
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 26
equa¸ao e diferenciar a express˜ao fazendo uso das regras de Ito dB(t)dB
(t
) =
δ(t t
)dt e dB
(t)dB(t
) = [dB
(t)]
2
= [dB(t)]
2
= 0, resultando em
(I) d|Ψ =
1
2
Π
Πdt + ΠdB
Π
dB
|Ψ. (2.7)
A extens˜ao para estados mistos pode ser encontrada a partir da regra de Ito
SE
= d|ΨΨ| + |ΨdΨ|+ d|ΨdΨ|.
Agora, se formos ignorantes em rela¸ao ao ambiente e nos focarmos apenas
nas propriedades do sistema, nosso conhecimento sobre o sistema ser´a dado pelo
estado reduzido do sistema
ρ(t) = tr
E
{|Ψ(t)Ψ(t)|}, cuja dinˆamica ´e descrita
por uma equa¸ao mestra. Fazendo a m´edia no ambiente = tr
E
{
SE
}, temos
a equa¸ao mestra
= L[Π]ρdt =
1
2
{Π
Π, ρ} + ΠρΠ
dt, (2.8)
em que a barra indica uma edia no ambiente, uma edia do processo es-
toastico. Ao ignorar o ambiente, intencionalmente ou ao, os tamb´em per-
demos informa¸ao sobre o sistema e essa evolu¸ao leva, em geral, a perda de
pureza e emaranhamento do estado preparado inicialmente.
II Medindo o Ambiente
Podemos optar por continuamente realizar medidas seletivas sobre o ambiente
e ao tomar uma m´edia sobre o mesmo. Ao coletar seletivamente os resul-
tados de medida podemos adquirir informa¸ao ´util sobre o sistema. Consi-
dere o estado inicial |Ψ(0) = |S|0, com o reservat´orio no estado de acuo
e assuma que a excita¸oes no sistema. Se o hamiltoniano de intera¸ao per-
mite a troca de excita¸oes, depois de um tempo curto o estado global evolui
para |Ψ(dt) =
p
0
|S
0
|0 +
p
1
|S
1
|1, com p
1(0)
a probabilidade de uma
(nenhuma) excita¸ao atingir o ambiente. Isto pode ser diretamente verifi-
cado iterando a equa¸ao (2.7), com |S
0
= [I
1
2
Π
Πdt]|S/
p
0
, e |S
1
=
Π
dt|S/
p
1
, com p
1
= dtS|Π
Π|S. A interpreta¸ao em termos de medi¸oes
quˆanticas ´e obvia, com os operadores Γ
1
= Π
dt e Γ
0
= I
1
2
Π
Πdt, tal
que
n
Γ
n
Γ
n
= I. A equa¸ao (2.8) nos fornece o estado reduzido do sis-
tema ρ(dt) = p
0
|S
0
S
0
| + p
1
|S
1
S
1
|, uma mistura estat´ıstica de todas as
possibilidades, enquanto ao medir o ambiente temos |S
0(1)
com probabilidade
p
0(1)
. Isso corresponde a medir o operador n´umero no reservat´orio dΛ(t), sendo
Λ(t) =
t
0
b
(s)b(s)ds, cujos autovalores ao os n´umeros de excita¸ao contados
no intervalo de tempo dt, um ou zero sendo as ´unicas possibilidades [49, 50].
Tal processo de medida ´e chamado de processo de saltos quˆanticos [51].
Em princ´ıpio, a infinitas maneiras de se medir o ambiente. Outro jeito
diferente de se medir o ambiente ´e atrav´es de uma medida homodina. Em uma
medida homodina, o sinal emitido pelo sistema ´e combinado em um divisor
de feixes com um campo cl´assico e o sinal resultante ´e medido. O operador
medido ´e uma quadratura do campo de sa´ıda. Os operadores do campo de
sa´ıda podem ser encontrados a partir da revers˜ao temporal do campo de entrada
dB
sai
(t) = U
dB(t)U = Πdt + dB(t), sendo U = exp
i
t
0
H
int
(s)ds
. O sinal
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 27
medido ´e dado pelo operador
dΛ
sai
(t) = U
dΛ(t)U
= dΛ(t) + Π
Πdt + ΠdB
(t) + Π
dB(t). (2.9)
Ao combinarmos o sinal com um campo cl´assico de amplitude complexa e
o operador do sistema, ou o operador que representa o detector, sofre uma
altera¸ao dada por Π → e
+ Π. No limite de detec¸ao homodina o campo
cl´assico ´e muito intenso o que corresponde ao limite de amplitude infinita. Neste
limite, o operador medido ´e a quadratura
dΘ = lim
→∞
dΛ
sai
(t)
2
dt
=
e
+ Πe
)dt + dB
(t)e
+ dB(t)e
. (2.10)
Este tipo de medida leva a um tipo de evolu¸ao difusiva muito diferente do
processo descont´ınuo de saltos quˆanticos, e ´e chamada de difus˜ao de estado
quˆantico [52].
Os resultados de medida ao, em ´ultima instˆancia, registros cl´assicos e, por-
tanto, podem ser expressos por processos estoasticos cl´assicos (e ao quˆanticos).
Os autovalores dos operadores que representam o sinal medido s˜ao, de fato, pro-
cessos estoasticos cl´assicos. No caso dos saltos quˆanticos, os autovalores ao
dados pelo processo de Poisson dN(t), que corresponde a um jogo de cara ou
coroa, entretanto, a probabilidade ao ´e necessariamente balanceada. O pro-
cesso de Poisson segue uma distribui¸ao dicotˆomica (dN (t) = 0, 1). Assim N(t)
assume valores naturais com probabilidade poissoniana
p(N) =
N
N
e
N
N!
, (2.11)
onde N ´e o valor edio de N e o incremento dN(t) assume zero ou um com
probabilidade
p(dN) = dN
dN
e
dN
, (2.12)
tal que dN = λ(t)dt e N(t) =
t
0
λ(t)dt, sendo λ(t) uma fun¸ao determinada
pelo processo f´ısico em quest˜ao, por exemplo, a taxa de transi¸ao entre dois
estados de um sistema. No caso dos saltos quˆanticos λdt = p
1
= Π
Πdt.
Expandindo a probabilidade do incremento em primeira ordem em dt temos
p(dN) = dN
dN
(1 dN), (2.13)
com p(dN = 1) = λdt(1 λdt) = λdt e p(dN = 0) = 1 λdt.
Na difus˜ao de estado, o processo cl´assico que reproduz as m´edias do processo
quˆantico ´e a corrente de detec¸ao
dQ(t) = Π
e
+ Πe
dt + dW (t), (2.14)
tal que dΘ = dQ e (dΘ)
2
= (dQ)
2
. O processo W (t) ´e equivalente a um
movimento browniano ou passeio aleat´orio na reta (ru´ıdo branco), tal que W (t)
assume qualquer valor real com uma distribui¸ao de probabilidade gaussiana
p[W (t)] =
1
2π(t t
0
)
exp
(W (t) W (t
0
))
2
2(t t
0
)
, (2.15)
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 28
com a distribui¸ao equivalente para o incremento
p[dW ] =
1
2πdt
exp
dW
2
2dt
. (2.16)
A ciˆencia de processos estoasticos come¸cou nos trabalhos de movimento brow-
niano com Brown, Einstein e Langevin. O processo de Wiener, antes mesmo
de receber este nome, foi o primeiro a ser considerado pela comunidade ci-
ent´ıfica e passou a ser empregado na descri¸ao de medidas homodinas em
´
Optica
Quˆantica e medidas de corrente el´etrica em Estado olido. O processo de Pois-
son tamb´em foi empregado em modelagem de dispositivos de estado olido com
correntes geradas por el´etrons individuais, que depositam sua carga de forma
quantizada em um anodo. Hoje o processo de Poisson ´e empregado na des-
cri¸ao de foto-detec¸ao de sistemas emissores de luz em baixa intensidade. Tais
processos obedecem as usuais regras de Ito dN
k
(t)dN
l
(t
) = δ
kl
δ(t t
)dN
k
(t),
dW
k
(t)dW
l
(t
) = δ
kl
δ(t t
)dt (ver [53] ou o apˆendice).
Assim, consideraremos apenas estes processos Markovianos, ou seja, proces-
sos cuja estat´ıstica futura ao depende de resultados passados. Isto se traduz
em fun¸oes de correla¸ao temporal semelhantes a
ξ(t)∆ξ(t
) δ(t t
). (2.17)
Em geral, a fun¸ao ξ(t) ao ´e diferenci´avel devido `a independˆencia dos valores de
ξ(t) em tempos diferentes. Temos, ent˜ao, as equa¸oes de dinˆamica estoastica
da forma
1
(o til indica que a equa¸ao ao preserva tra¸co)
dρ(t) = A
ξ
[Π]ρ(t)dt + B
ξ
[Π]ρ(t)(t), (2.18)
que fornecem a evolu¸ao do estado condicionado a realiza¸oes do processo ξ(t),
em que o superoperador A est´a associado a uma evolu¸ao determin´ıstica e B
associado ao ru´ıdo atuando no sistema. O ru´ıdo (ou uma fun¸ao do mesmo)
registra os resultados de medida e representa a informa¸ao que adquirimos ao
medir o ambiente, e assim nosso conhecimento sobre o sistema evolui de acordo
com essa informa¸ao atrav´es da equa¸ao estoastica.
Os operadores do sistema Π podem, agora, ser interpretados como detec-
tores que cercam o sistema no ambiente. Para os saltos quˆanticos, ´e ´obvio
que A
N
[Π] =
1
2
{Π
Π, •}, e B
N
[Π] =
Π Π
1
, e ξ = N com o processo
de Poisson assumindo o valor 1 se o detector ´e disparado e o valor zero caso
contr´ario. Para chegarmos a uma equa¸ao que descreva uma evolu¸ao condici-
onada em um processo de difus˜ao de estado podemos retornar `a equa¸ao com
ru´ıdo quˆantico e notar que o termo em dB se anula pois este operador aniquila
o acuo do reservat´orio dB|0 = 0. Al´em disso podemos somar `a equa¸ao um
termo nulo ΠdB|Ψ, tal que a parte estoastica da equa¸ao passa a ser o termo
de quadratura dB + dB
, cuja medida resulta no autovalor dW . A partir deste
ponto basta renormalizar a equa¸ao (se for conveniente) e derivar a extens˜ao
mais geral para estados mistos usando alculo de Ito. a uma infinidade de
equa¸oes de difus˜ao e gostar´ıamos de obter uma que se relacionasse com a vis˜ao
canˆonica de medi¸oes quˆanticas. Para isso basta avaliar o limite em que a am-
plitude do campo cl´assico ´e muito grande na equa¸ao de saltos. Assim chegamos
1
Adotaremos a interpreta¸ao de Ito para as equa¸oes estoasticas, a menos que explicita-
mente indicada a interpreta¸ao de Stratonovich. Mais informa¸oes sobre alculo estoastico
ver o apˆendice ou a bibliografia citada.
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 29
a A
Q
[Π] = L[Π], e B
Q
[Π] = Π
+ Π (desprezando a fase e
), com o detector
gravando a intensidade = dQ. Os operadores de medida ao portanto da
forma
Γ
J
= I
1
2
Π
Πdt + ΠJdt, Jdt = dQ, (2.19)
e tamb´em obedecem a uma rela¸ao que particiona a identidade
(J
J
Γ
J
= I, (2.20)
em que (J) =
dt
2π
e
J
2
dt
2
dJ ´e uma medida de integra¸ao normalizada sobre
os resultados de medida. A probabilidade de cada resultado de medida ´e dada
por dp(J) = Γ
J
Γ
J
.
Portanto temos a solu¸ao formal
ρ(t) = ρ(0) +
t
0
A
ξ
[Π]ρ(t)dt +
t
0
B
ξ
[Π]ρ(t)(t). (2.21)
Assim as poss´ıveis solu¸oes ou trajet´orias da equa¸ao estoastica ao dadas por
realiza¸oes do processo estoastico e podem ser denotadas por ρ
u
(t) (para a
u-´esima trajet´oria). Entretanto, a integra¸ao destas equa¸oes pode ser muito
dif´ıcil devido `a ao linearidade e ao comutatividade, por exemplo. Assim
muitas vezes recorremos a ecnicas num´ericas de itera¸ao usando geradores de
n´umeros aleat´orios e algoritimos tipo Monte Carlo.
Fazendo a m´edia sobre todas as realiza¸oes, a equa¸ao estoc´astica nos leva
`a equa¸ao mestra
(t)
dt
= A
ξ
[Π]ρ(t) + B
ξ
[Π]ρ(t)
(t)
dt
= L[Π]ρ(t), (2.22)
que descreve a dinˆamica determin´ıstica do sistema sobre o efeito m´edio do ru´ıdo,
ou seja, o estado ao condicionado. O super operador L ´e chamado operador
de Lindblad. Nesta ´ultima rela¸ao utilizamos a hip´otese de Langevin
ρ(t)(t) =
ρ(t)
(t)
, (2.23)
que ´e bem justificada por considera¸oes f´ısicas de causalidade, tal que ρ(t) de-
pende de (tdt) = ξ(t)ξ(tdt), mas ao depende de (t) = ξ(t+dt)ξ(t).
Ou seja, o estado no tempo t depende apenas de como o ru´ıdo o afetou no in-
tervalo (t dt, t] e ao em (t, t + dt]. O passado ao depende do futuro.
Independentemente da estrat´egia de monitoramento a equa¸ao mestra ser´a
a mesma, ou seja, fazendo a edia sobre todas as traje´orias (ou sobre o ru´ıdo),
sendo elas geradas por qualquer processo de detec¸ao, obtemos o estado ao
condicionado aos resultados de medida. Essa ´e a invariˆancia do estado ao
condicionado.
A Detec¸ao Imperfeita
Todo aparato de detec¸ao est´a sujeito a imperfei¸oes, o que leva a uma eficiˆencia
η total do processo de medida menor que um. Para descrever condi¸oes experi-
mentais real´ısticas precisamos incorporar a eficiˆencia dos detectores nas equa¸oes
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 30
de dinˆamica condicional. Podemos fazer isso de uma forma simples. A equa¸ao
condicional representa uma evolu¸ao que distingue entre os poss´ıveis resultados
de medida. A ineficiˆencia dos detectores faz com que os resultados de medida se
confundam e alguns ao mais possam ser distinguidos. No nosso caso, quando
nenhum dos detectores ´e disparado n˜ao sabemos se houve a emiss˜ao de um sinal
por parte do sistema e os detectores falharam ou se de fato o sistema ao emi-
tiu um sinal que possa ser detectado. Entretanto quando um dos detectores ´e
disparado admitimos que podemos dizer qual deles detectou o sinal. A equa¸ao
que descreve esse tipo de ineficiˆencia ´e dada pela soma da equa¸ao mestra es-
toastica pesada pela eficiˆencia η com a equa¸ao mestra ao condicional que
ao distingue os resultados pesada por 1 η
= (1 η)Lρdt + η [A
N
ρdt + B
N
ρdN]
= Lρdt + η

Π
Π
ρ ΠρΠ
dt + B
N
ρdN
n
, (2.24)
tal que cada processo de Poisson ´e renormalizado diminuindo a probabilidade
de cada detector ser disparado
dN = ηΠ
Πdt. (2.25)
No caso de difus˜ao para um sistema em que os detectores tem uma eficiˆencia
finita temos que somar a equa¸ao n˜ao condicionada com os operadores renorma-
lizados
1 ηΠ e a equa¸ao condicionada com os operadores renormalizados
ηΠ
= Lρdt +
η
ρΠ
+ Πρ Π
+ Πρ
dW. (2.26)
A corrente de detec¸ao tamb´em fica menos sens´ıvel ao sinal do sistema e fica
mais sens´ıvel ao ru´ıdo branco dQ = ηΠ
+ Πdt +
ηdW .
Os processos de difus˜ao de estado quˆantico mais gerais s˜ao tratados em [54],
em que os ru´ıdos podem assumir valores complexos e podem ser mutuamente
correlacionados. Apesar disso, o formalismo aqui desenvolvido ´e geral para a
maioria dos prop´ositos e apresenta os principais fundamentos da difus˜ao de
estado.
Essa ´e a forma mais simples de considerar imperfei¸oes. Sistua¸oes mais
real´ısticas podem ser encontradas em [55] tanto no contexto de
´
Optica quanto
no contexto de olidos.
III Retroalimenta¸ao Quˆantica (Feedback )
Nas se¸oes passadas mostramos como o conhecimento quˆantico de um obser-
vador evolui condicionalmente aos resultados cl´assicos de medida em diferentes
esquemas de medi¸ao. Mostramos tamb´em que os resultados de medida podem
ser expressos por um processo ou ru´ıdo estoc´astico cl´assico ξ(t), cujo valor edio
est´a associado a algum observ´avel do sistema. Assim, adquirimos informa¸ao
cl´assica sobre o aparato de medi¸ao o que nos fornece informa¸ao quˆantica sobre
o sistema mudando nosso estado de conhecimento sobre o mesmo.
Agora, suponha que numa situa¸ao pr´atica desejamos um certo compor-
tamento do sistema, por exemplo que uma dada grandeza f´ısica se conserve.
Uma forma de tentar obter esse controle sobre o sistema ´e a chamada retro-
alimenta¸ao quˆantica, onde o observador atua sobre o sistema de acordo com os
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 31
resultados de medida [56]. Dado o resultado de medida (t τ) no tempo t τ
o aparato que realiza a realimenta¸ao atua com um hamiltoniano proporcional
a um observ´avel F no tempo t. O aparato leva o tempo τ para processar o
resultado de medida e ativar o hamiltoniano de feedback. Podemos supor uma
retro-alimenta¸ao hamiltoniana, em que o hamiltoniano ´e linear nos resultados
de medida
H
fb
= F
(t τ)
dt
, (2.27)
originando uma dinˆamica na representa¸ao de Stratonovich dada por
(S) (t) = Fρ(t)(t τ) ; Fρ = i[F, ρ], (2.28)
com a correspondente representa¸ao de Ito
(I) (t) =
e
F(tτ )
I
ρ(t) =
n=1
[F(t τ)]
n
n!
ρ(t). (2.29)
O estado condicionado ´e dado pela soma do processo de medida com o processo
Figura 2.1: Representa¸ao do loop de feedback. O sistema emite um sinal que
´e gravado na fotocorrente I(t) =
(t)
dt
pelo detetor Π. Os resultados de medida
ditam a ao do feedback pelo operador F .
de feedback, entretanto, como a um atraso τ na realimenta¸ao, a equa¸ao
resultante ´e ao markoviana
(t) =

e
F(tτ )
I
+ A
ξ
[Π]dt + B
ξ
[Π](t)
ρ(t), (2.30)
assim dificultando (ou impossibilitando) o alculo da edia no ensemble para
encontrar o estado ao condicionado. A dificuldade surge com a dependˆencia
do estado em rela¸ao ao passado dos resultados de medida, tal que ρ(t) de-
pende de (t τ ). Ap´os estudarmos o caso markoviano, poderemos obter uma
aproxima¸ao para o estado ao condicionado em primeira ordem em τ. Para
o feedback baseado em saltos quˆanticos, em que os resultados de medida ao
dados pelo processo de Poisson, temos a equa¸ao (de Ito ao markoviana)
(t) =
e
F
I
dN(t τ) + Ldt + η
Π
Π
Π Π
dt + B
N
dN(t)
ρ(t),
(2.31)
em que o mecanismo de feedback age de forma unit´aria e pontual no tempo, ou
seja, age num tempo infinitesimal e causa altera¸oes apreci´aveis no estado sem
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 32
alterar sua pureza. Para feedback baseado em medi¸oes que causam a difus˜ao
de estado, em que os resultado de medida ao dados pelo processo
dQ(t)
η
=
X
(t)
dt +
dW (t)
η
(com dW o processo de Wiener e η a eficiˆencia de detec¸ao),
temos
(t) =
F
η
dQ(t τ) +
F
2
2η
dt + Ldt
ρ(t) +
η
ρΠ
+ Πρ Xρ
dW (t).
(2.32)
A renormaliza¸ao do feedback com o coeficiente de eficiˆencia ´e justificada fisi-
camente, pois, caso contr´ario, obter´ıamos uma contradi¸ao, no limite em que
η = 0 a dinˆamica apresentaria feedback nulo. Isto ao estaria correto, pois
nesse limite o aparato de feedback ainda funciona atuando no sistema. O que
definimos como ineficiˆencia ´e a inabilidade de distinguir os resultados e ao a
ausˆencia dos mesmos.
Note que, no caso de feedback difusivo, a ineficiˆencia de detec¸ao faz com
que haja uma esp´ecie de difus˜ao ou decoerˆencia na vari´avel conjugada a F
devido ao termo em F
2
= [F, [F, ]] = −{F
2
, •} + 2F F = 2L[F ]. De
acordo com o que desenvolvemos anteriormente, este termo descreve um processo
em que (mesmo que teoricamente) a um detector representado pelo operador
hermitiano F . De fato, pode ser demonstrado que o monitoramento fraco, ou
impreciso, do observ´avel F origina uma dinˆamica ao condicionda (que pode
alterar e diminuir a pureza do estado) dada por k[F [F, ]], onde k ´e a “for¸ca”
do monitoramento [9, 16]. Assim, o feedback difusivo induz uma dinˆamica
equivalente ao monitoramento de um observ´avel, o que gera ganho de informa¸ao
sobre F e perda de informa¸ao sobre o observ´avel conjugado.
2
No nosso caso,
k = 1/2η, indicando que quanto mais ineficiente a detec¸ao maior o efeito de
perda. O outro termo ´e, de fato, linear no hamiltoniano de feedback e age
continuamente de acordo com a corrente de detec¸ao dQ(t τ).
A Feedback no Limite Markoviano
Agora, podemos investigar o caso especial em que o tempo de atraso da rea-
limenta¸ao τ tende a zero, assim a resposta do feedback se torna imediata ao
resultado de medida. Ao tomar este limite, temos que lembrar que o feedback
age ap´os a medida, o que sugere
(t) =
e
F(tτ )
I + A
ξ
[Π]dt + B
ξ
[Π](t)
I
ρ(t). (2.33)
Esta equ¸ao se reduz a (2.30) para tempo de resposta finito, tal que (t
τ)(t) = (t τ)dt = 0, entretanto, no limite τ 0 temos que conside-
rar termos da forma e
F(t)
B
ξ
(t) e utilizar as regras diferenciais de Ito para
potˆencias
n
. Assim, podemos encontrar as equa¸oes condicionadas no limite
markoviano em que o tempo de atraso ´e nulo. Em seguida, podemos obter o
estado ao condicionado
(t) = M
ξ
, F ]ρ(t)dt, (2.34)
2
O monitoramento do operador umero ou energia de um sistema (a
a, σ
z
...) nos leva a
equa¸oes mestras de defasagem. Um exemplo de fase e n´umero conjugados.
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 33
fazendo a m´edia estoastica da equa¸ao condicionada.
Portanto, para feedback via saltos quˆanticos, temos a equa¸ao markoviana
condicionada (incluindo ineficiˆencia na dete¸ao)
3
=
B
N
[e
iF
Π]dN + L[e
iF
Π]dt + η
Π
Π
e
iF
Π Π
e
iF
dt
ρ, (2.35)
que pode ser facilmente interpretada, pois o a retro-alimenta¸ao sem atraso nos
permite definir um novo aparato de medida com os detectores dados pela ao
do antigo detector seguida da ao unit´aria de feedback Ξ = e
iF
Π. Agora
tomando a edia sobre o ensemble temos a equa¸ao mestra de feedback via
saltos
= M
N
, F ]ρdt = L[e
iF
Π]ρdt, (2.36)
que nos fornece a evolu¸ao do sistema com retro-alimenta¸ao (via saltos) quando
ao temos acesso aos resultados de edia.
No caso de feedback via difus˜ao temos a equa¸ao condicionada
=
L[Π]dt +
L[F ]
η
dt i[F, Π
+ Π]dt +
F
η
dW +
ηB
W
dW
ρ, (2.37)
e a equa¸ao ao condicionada
= M
W
, F ]ρdt =
L[Π]dt +
L[F ]
η
dt i[F, Π
+ Π]dt
ρ. (2.38)
i Tempo de Re-Alimenta¸ao Curto
Numa situa¸ao pr´atica, o tempo de resposta do mecanismo de feedback deve ser
pequeno para que o objetivo da estrat´egia de feedback seja alcan¸cado, entretanto
ao pode ser nulo, pois a eletrˆonica do aparato necessita de um intervalo de
tempo τ para processar o sinal de medida e ativar o feedback. Devido a este
tempo de atraso ao conseguimos derivar equa¸oes ao condicionadas exatas,
pois encontramos edias que ao se fatoram do tipo (t τ)ρ(t). Apesar
disto, se τ for suficientemente pequeno, podemos perturbar a equa¸ao mestra
markoviana e obter uma aproxima¸ao (em primeira ordem) para o estado ao
condicionado. Vamos ent˜ao obter uma perturba¸ao de primera ordem do limite
markoviano realizando uma aproxima¸ao sobre a edia da equa¸ao (2.30).
Considere o efeito do ru´ıdo sobre o estado condicionado no tempo t τ dado
por ρ(t τ + dt) = [I + B
ξ
(t τ )]ρ(t τ ). Ap´os o tempo de atraso, quando o
feedback for responder a este efeito do ru´ıdo, o estado evolui. A aproxima¸ao,
de ordem zero, que fazemos ´e considerar que esta evolu¸ao ´e dada pela equa¸ao
mestra markoviana de feedback
ρ(t) = e
M
ξ
τ
[I + B
ξ
(t τ)]ρ(t τ). (2.39)
O feedback acontece no pr´oximo passo infinitesimal, de forma que o estado no
tempo t + dt ´e dado pela itera¸ao da equa¸ao (2.30). Agora tomando a edia
3
Aqui ´e necessario encontrar as equa¸oes com detec¸ao perfeita, ambas condicionada e
ao condicionada, para depois derivar a equa¸ao (2.35) utilizando o etodo para derivar a
evolu¸ao que inclue ineficiˆencia mostrado em se¸oes anteriores.
CAP
´
ITULO 2. AMBIENTALISMO QU
ˆ
ANTICO 34
da equa¸ao (2.30) temos
= L[Π]ρdt +
e
F(tτ )
I
ρ(t) (2.40)
Substituindo (2.39) no termo de feedback fazemos com que a edia se fatore
((t τ))(ρ(t τ)), e temos
= L[Π]ρdt +
e
F(tτ )
I
e
M
ξ
τ
[I + B
ξ
(t τ)]e
−M
ξ
τ
ρ, (2.41)
onde usamos ρ(t τ) = e
−M
ξ
τ
ρ(t). Para obtermos a corre¸ao linear em τ
quando τ ´e pequeno temos que expandir e
±τM
ξ
I ± τM
ξ
, nos levando a
= L[Π]ρdt + [e
F
I] {I + B
ξ
+ τ[M
ξ
, B
ξ
]}ρ, (2.42)
onde abandonamos a dependˆencia temporal do ru´ıdo, pois todos os termos ao
avaliados em t τ e essa dependˆencia desaparece com a edia no ensemble.
Para feedback via saltos quˆanticos temos
= M
N
ρdt + τ
e
F
I
[M
N
, Π Π
]ρ. (2.43)
Cap´ıtulo 3
Prote¸ao Global por
Opera¸oes Locais
“Think globally, act locally.”
Todo sistema f´ısico est´a imerso em uma vizinhan¸ca de outros sistemas f´ısicos,
o seu ambiente. Geralmente, o sistema troca energia e informa¸ao com o seu
ambiente atrav´es de processos de intera¸ao quˆanticos que acabam por correlaci-
onar o sistema e seu ambiente. Se ao temos controle dos graus de liberdade do
ambiente, eventualmente perdemos informa¸ao sobre o sistema em um processo
de descoerˆencia [57]. Este ´e um grande obst´aculo para a computa¸ao quˆantica
e para o processamento de informa¸ao quˆantica, pois esta intera¸ao ambiental
danifica os dados quˆanticos, no sentido em que ela perturba estados de qbits
causando erros e degradando recursos como o emaranhamento, necess´ario para
alguns algoritmos quˆanticos. Na escala quˆantica, o ambiente, por muito tempo,
foi visto como uma entidade vil˜a, cuja ao deveria ser eliminada para que in-
forma¸ao quˆantica pudesse ser perpetuada. Com uma perspectiva diferente,
podemos explorar os recursos dispon´ıveis no ambiente, ou seja, a informa¸ao
relacionada a correla¸oes sistema-ambiente. Se pudermos observar o ambiente
tamb´em poderemos inferir sobre propriedades do sistema, o que previne perdas
e possibilita a corre¸ao de erros ao realimentarmos o sistema com a informa¸ao
que adquirimos do ambiente. Esse feedback de informa¸ao permite a reciclagem
do sistema ap´os ter sofrido danos parciais e a restaura¸ao dos estados inicial-
mente preparados ou recursos. Abordaremos a prote¸ao de recursos quˆanticos
globais, como o emaranhamento, atrav´es de oes locais nos subsistemas que
comp˜oem o sistema maior. A possibilidade de proteger informa¸ao quˆantica
globalmente com apenas opera¸oes locais pode reduzir os recursos necess´arios
para a computa¸ao quˆantica, simplificar o pr´oprio processo de prote¸ao e per-
mitir comunica¸ao quˆantica baseada em emaranhamento.
odigos de corre¸ao de erro foram desenvolvidos para suprimir a degrada¸ao
induzida pelo ambiente [58, 59, 60, 61, 62]. Tais odigos se baseiam em re-
dundˆancia e opera¸oes globais, ou seja, eles usam muitos qbits f´ısicos para codi-
ficar os qbits ogicos e usam opera¸oes globais nestes arios qbits para corrigir
os erros e/ou detectar a ocorrˆencia de s´ındromes de erro. odigos passivos,
chamados de odigos que evitam erros, tamb´em foram desenvolvidos e estes se
baseam em subespa¸cos livres de descoerˆencia, em que um subespa¸co do sistema
35
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 36
ao evolui com o acoplamento ao reservat´orio [63]. Os primeiros odigos de
corre¸ao de erro concebidos usavam medidas projetivas sobre o sistema para de-
tectar os erros e opera¸oes unit´arias para corrig´ı-los. ao muito tempo depois, e
ainda recentemente, medidas sobre o ambiente e feedback foram implementados
em protocolos de corre¸ao de erros [64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71]. No contexto
de erros causados por emiss˜ao espontˆanea, odigos h´ıbridos combinando par-
tes passivas e ativas foram considerados [64, 65, 66, 67], em que a claramente
dois tipos diferente de erros, aqueles que ao corrigidos pela codifica¸ao dos da-
dos quˆanticos em subespa¸cos livres de descoerˆencia e aqueles que precisam de
uma ao direta dado que o erro ocorreu. Tais odigos de corre¸ao de emiss˜ao
esponanea se baseam na habilidade de continuamente monitorar o ambiente
(medidas globais em ambientes independentes em [64] e uma medida sobre um
ambiente global em [66]), de codificar os qbits ogicos em estados emaranhados
dos qbits f´ısicos e de realizar opera¸oes globais complicadas em arios subsis-
temas para a corre¸ao ativa de erros. Posteriormente, percebeu-se que uma
redu¸ao significativa na redundˆancia seria poss´ıvel quando a distˆancia entre os
sistemas f´ısicos for muito maior que o comprimento de onda das excita¸oes emi-
tidas [67], o que tamem torna o processo de detec¸ao de erro um processo local.
Uma redu¸ao adicional no umero de recursos necess´arios foi fornecida com o
aux´ılio de um hamiltoniano capaz de bombear globalmente o sistema [69]. Por-
tanto, ambientes estatisticamente independentes provavelmente fornecem um
cen´ario mais adequado para computa¸ao quˆantica a baixo custo. Entretanto,
estas propostas ao ao eficientes no sentido em que com um n´umero crescente
de qbits ogicos ´e necess´ario controlar coletivamente o comportamento de mui-
tos sistemas atraes de intrincadas opera¸oes globais para proteger a informa¸ao
quˆantica, pois esta est´a codificada em estados emaranhados de arios qbits.
Vamos explicar o que queremos dizer com opera¸oes locais e globais. Consi-
dere uma rede, cujos s´ıtios ao sistemas quˆanticos e que cada sistema quˆantico
pode ser composto de subsistemas menores: no nosso caso, sistemas de trˆes
n´ıveis (qtrits). Opera¸oes globais ao opera¸oes que ao ao um produto de
opera¸oes individuais nos subsistemas e as opera¸oes locais ao. Opera¸oes
locais em qdits em conjunto podem ser facilmente implementadas, entretanto
opera¸oes como medidas em mais de 2 qdits pr´oximos podem ser de dif´ıcil im-
plementa¸ao. Al´em disso, se os subsistemas est˜ao em s´ıtios distantes opera¸oes
globais podem ser imposs´ıveis de se implementar. Portanto, c´odigos de corre¸ao
de erros baseados apenas em opera¸oes locais ao muito mais desej´aveis.
os propomos um odigo de corre¸ao de decaimento estritamente local que
tamb´em combina protocolos ativos e passivos, em que um qbit ogico ´e local-
mente codificado em um qtrit. Isso significa que o n´umero de sistemas f´ısicos
necess´arios para codificar um qbit ogico ´e o m´ınimo. Este tipo de odigo se-
ria adequado para sistemas que naturalmente apresentam mais de dois n´ıveis
de excita¸ao como spins-1, ´atomos, ´ıons, osciladores harmˆonicos e outros. Em
nosso odigo os erros ao detectados por medidas locais em ambientes inde-
pendentes e o sistema ´e deterministicamente reciclado por um feedback local.
Portanto o odigo local ao necessita nem de estados emaranhados e nem de
opera¸oes globais e a informa¸ao n˜ao est´a necessariamente espalhada em muitos
sistemas, em vez disso ´e acess´ıvel localmente o que facilita o processo de deco-
difica¸ao. T´ecnicas similares de codifica¸ao em qdits foram empregadas para a
corre¸ao de erro em vari´aveis cont´ınuas e perda de fase em qdits [72, 73]. Para
o odigo de emiss˜ao espontˆanea a dimens˜ao m´ınima do qdit ´e d = 3, que ´e
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 37
muito mais simples que os odigos mostrados em [72, 73]. Como o protocolo ´e
estritamente local, pode ser usado para proteger estados emaranhados divididos
por partes diferentes separadas espacialmente, e assim permitindo comunica¸ao
quˆantica baseada em emaranhamento entre elas. Feedback cont´ınuo tem sido
aplicado na supress˜ao de descoerˆencia devida `a emiss˜ao esponanea [74], e es-
trat´egias baseadas em feedback tamem foram criadas para gerar e proteger
estados emaranhados [75]. Novamente, todas as propostas eficientes para man-
ter o emaranhamento necessitam de opera¸oes globais e portanto n˜ao permitem
comunica¸ao distante baseada em emaranhamento diferentemente de nossa pro-
posta.
I Adquirindo e Preservando Informa¸ao
Vamos considerar um sistema global composto de subsistemas internos que est˜ao
acoplados fracamente a seus respectivos reservat´orios locais. A dinˆamica deste
sistema pode ent˜ao ser descrita por uma equa¸ao mestra que leva os sistemas
ao equil´ıbrio termodinˆamico com seus respectivos reservat´orios. Consideramos
que a temperatura ambiente ´e nula, o que de fato ´e uma boa aproxima¸ao
para situa¸oes alcan¸cadas em experimentos atuais principalmente quando as
frequˆencias caracter´ısticas dos sistemas ao muito maiores que a frequˆencia de
radia¸ao ermica. Os sistemas enao sofrem dissipa¸ao completa at´e se equili-
brarem com o ambiente. A equa¸ao mestra de dissipa¸ao local para dois qbits
pode ser expressa por
= {L
A
] + L
B
]}ρdt, (3.1)
tal que o operador Π
A
= ΠI
B
aniquila excita¸oes no qbit A e Π
B
similarmente
em B.
Figura 3.1: Dois qbits ogicos sofrendo dissipa¸ao independentemente. Um dos
qbits pode estar em um laborat´orio em posse de um observador Agata e o outro
pode estar distante em outro laborat´orio em posse de Borat.
O observador deve poder ler informa¸ao do ambiente com rela¸ao `a emiss˜ao
de excita¸oes vindas de cada subsistema numa escala de tempo muito mais curta
que a taxa de decaimento dos subsistemas e ainda mais longa que os tempos de
correla¸ao dos reservat´orios. Podemos mostrar que o monitoramento local dos
ambientes de cada subsistema assistido de comunica¸ao cl´assica dos resultados
obtidos a ´e suficiente para aumentar a eficiˆencia da comunica¸ao quˆantica. No
caso comum de qbits codificados em sistemas de dois n´ıveis, com um monitora-
mento que conta as excita¸oes do tipo saltos quˆanticos, apenas a traje´oria em
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 38
que ao a emiss˜ao ´e ´util. De fato, a estrat´egia come¸ca a falhar assim que um
´unico qbit decai, pois seu estado ´e projetado no n´ıvel de menor energia e assim
fatorado do estado global do sistema, o que elimina o emaranhamento entre este
qbit em particular com o resto do sistema. Com um monitoramento difusivo n˜ao
a um efeito t˜ao dastico e existem trajet´orias que apresentam muito emaranha-
mento em algumas faixas de tempo. Entretanto, na m´edia, o monitoramento
por saltos ´e superior ao difusivo apresentando mais emaranhamento. Os detec-
tores podem ser representados por operadores, que optamos por cham´a-los de
operadores de salto, que levam qualquer estado do qbit ao estado fundamental.
Estes operadores s˜ao da forma Π =
γ|01|, em que γ ´e o fator de acoplamento
com o reservat´orio e |0(1) ´e o estado fundamental (excitado) do qbit.
Figura 3.2: Dois qbits ogicos com seus respectivos ambientes sendo monitora-
dos. A estrat´egia de monitoramento pode variar, sendo que os deterores repre-
sentam qualquer tipo de dete¸ao, tanto via saltos quanto via difus˜ao.
Primeiramente, vamos avaliar como o monitoramento ambiental pode me-
lhorar um simples esquema de teleporta¸ao para o qual Agata e Borat pre-
cisam dividir um par de qbits maximamente emaranhados. Considere o es-
tado inicial de Bell dado por |ψ(0) = |10 + |01. Sem qualquer monitora-
mento o estado conjunto se tornar´a uma mistura estat´ıstica e o emaranha-
mento pr´e-existente eventualmente desaparecer´a. Essa perda de emaranha-
mento pode ser evidenciada pelo emaranhamento de forma¸ao (calculado a
partir da concorrˆencia de Wootters [38]) do estado solu¸ao da equa¸ao mestra
E(t) =
1+f(t)
2
log
2
1+f(t)
2
1f(t)
2
log
2
1f(t)
2
, com f(t) =
1 e
2γt
. Como
o emaranhamento de forma¸ao ´e sempre maior ou igual ao emaranhamento que
pode ser extra´ıdo, quanto mais tempo Agata e Borat demorarem para realizar
a teleporta¸ao mais recursos ser˜ao necess´arios a que eles precisariam de mais e
mais opias para que possam destilar um estado maximamente emaranhado.
Ao medirem continuamente seus respectivos ambientes, contando as ex-
cita¸oes, e comunicarem os resultados de medida, o conhecimento de Agata
e Borat passa a ser dado pela equa¸ao de saltos quˆanticos
d|
ψ =
1
2
Π
A
Π
A
+ Π
B
Π
B
dt +
A
I] dN
A
+
B
I] dN
B
|
ψ. (3.2)
Quando a uma detec¸ao o emaranhamento ´e destru´ıdo, portanto o emara-
nhamento obtido pelos observadores pode ser calculado a partir da realiza¸ao
sem saltos dN
i
= 0 i e sua respectiva probabilidade. Com a condi¸ao de
simetria γ
A
= γ
B
o estado inicial ´e preservado na trajet´oria em que os de-
tetores ao ao disparados, ou seja |
ψ
N=0
(t) = e
γt
2
|ψ(0), assim mantendo
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 39
o emaranhamento original. O efeito do reservat´orio ´e tornar a trajet´oria sem
saltos cada vez menos prov´avel com o tempo, com sua probabilidade dada por
P
0
(t) =
ψ
N=0
(t)|
ψ
N=0
(t) = e
γt
. Este m´etodo ´e uma alternativa ao protocolo
usual de destila¸ao j´a que em qualquer tempo as duas partes dividem um estado
maximamente emaranhado. Portanto com este monitoramento ou temos ema-
ranhamento aximo (com probabilidade P
0
(t)) ou ao temos emaranhamento.
Quando o monitoramento ´e difusivo, o estado passa a ser descrito pela
equa¸ao
d|
ψ =
1
2
Π
A
Π
A
+ Π
B
Π
B
dt + Π
A
dQ
A
+ Π
B
dQ
B
|
ψ. (3.3)
Aqui ao a um efeito abrupto no emaranhamento, entretanto ele ´e muito irre-
gular diferentemente do caso anterior. Na figura temos duas poss´ıveis realiza¸oes
mostrando os efeitos do monitoramento no emaranhamento, que apesar de gerar
muito emaranhamento em alguns intervalos de tempo tamb´em faz com que o
mesmo siga um movimento difusivo at´e a dissipa¸ao.
0 1 2 3 4
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
at
E
Q
Figura 3.3: Duas poss´ıveis realiza¸oes do emaranhamento com monitoramento
difusivo.
Em edia, o emaranhamento via monitoramento ´e sempre maior (ou igual)
que o emaranhamento de forma¸ao. Isso pode ser facilmente entendido ao lem-
brarmos que estamos decompondo o estado da equa¸ao mestra em um ensemble
que em geral ´e diferente do ensemble que minimiza a m´edia de emaranhamento.
Fato ´e que o monitoramento via saltos preserva mais emaranhamento do que o
monitoramento via difus˜ao (figura 3.5).
O monitoramento por saltos apresenta uma outra possibilidade que a difus˜ao
de estado ao apresenta. Podemos usar o monitoramento para converter um
estado parcialmente emaranhado |ψ(0) =
α|00 +
1 α|11 em um maxi-
mamente emaranhado. Na evolu¸ao sem o disparo dos detetores o estado evolui
para |ψ(t) =
α|00 +
1 αe
γt
|11 com probabilidade α + (1 α)e
2γt
.
Quando e
γt
=
α/(1 α), |ψ(t) ´e um estado maximamente emaranhado.
Isto acontece com probabilidade 2α, que ´e exatamente a probabilidade ´otima
de convers˜ao. Isso mostra que o monitoramento via saltos fornece uma imple-
menta¸ao do protocolo local ´otimo de convers˜ao em estados emaranhados.
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 40
II Codifica¸c˜ao Dinˆamica Local em Q-trits
Muitos dos sistemas f´ısicos utilizados como portadores de qbits apresentam uma
estrutura de n´ıveis muito mais rica do que apenas os dois simples n´ıveis ocupados
pelo estado do qbit. Dentro das possibilidades de uma dada situa¸ao podemos
enao escolher os n´ıveis do sistema f´ısico a serem ocupados pelo qbit. Aqui a
de fato uma liberdade infinita de escolhas, pois os estados escolhidos podem
ser auto estados de qualquer observ´avel do sistema, que inclusive pode mudar
dinamicamente. Vamos ent˜ao explorar esta multidimensionalidade natural em
alguns sistemas e codificar o qbit ogico localmente em um ´unico ente quˆantico,
diferentemente da maioria dos processos de codifica¸ao que utilizam arios entes
para abrigar um ´unico qbit. Vamos mostrar que usando qtrits {|0, |1, |2} para
guardar informa¸ao quˆantica podemos melhorar as estrat´egias de preservao
de emaranhamento baseadas em monitoramento ambiental mostradas acima.
Agata e Borat possuem agora qtrits que sofrem dissipa¸ao em forma de cascata,
tal que a ocupa¸ao dos estados do qtrit ´e deslocada um n´ıvel em dire¸ao ao
n´ıvel fundamental cada vez que h´a uma emiss˜ao de excita¸ao, com as transi¸oes
|2 → |1 e |1 → |0 de taxas γ
21
e γ
10
. Consideramos tamb´em que estas
transi¸oes ao indistingu´ıveis, o que acrescenta novas possibilidades como por
exemplo o fato de que agora um salto quˆantico ao necessariamente corrompe
a informa¸ao do qbit mas a desloca dentro do qtrit.
Vamos come¸car pelo monitoramento via saltos e pela situa¸ao mais favor´avel:
a completa degenerescˆencia de decaimento γ
21
= γ
10
, ou seja a taxa de ambas
transi¸oes ´e a mesma. Agata e Borat dividem um estado inicial no espa¸co
{|1, |2}
A
{|1, |2}
B
, o que representa a codifica¸ao inicial. Primeiramente
note que a trajet´oria sem saltos ao afeta o subspa¸co que escolhemos para
inserir a informa¸ao. O estado inicial pode ser por exemplo |ψ(0) = |12+ |21.
Agora quando Agata detecta um excita¸ao ela ao pode identificar de qual das
duas transi¸oes de seu qtrit a excita¸ao foi emitida e isso pode ser descrito
por um operador de dete¸ao da forma Π =
γ[|12| + |01|]. Portanto ao
detetarmos uma excita¸ao vinda do qtrit de Agata o estado evolui para |ψ(t +
dt) = |02 + |11. Este estado ainda ´e maximamente emaranhado quando
interpretado como um estado de dois qbits ogicos, entretanto os estados em
que o qbit ogico de Agata est´a codificado ao ao os mesmos da codifica¸ao
inicial e est˜ao deslocados um n´ıvel a baixo. A partir deste ponto uma emiss˜ao
no qtrit de Agata destruiria o emaranhamento e sem a emiss˜ao o estado tamb´em
seria degradado em dire¸ao a dissipa¸ao, pois os estados fundamental e primeiro
excitado correspondem a autovalores diferentes do operador de evolu¸ao, sendo
que o fundamental, de fato, ao evolui. O emaranhamento edio com esta
estrat´egia de monitoramento, em que o espa¸co de codifica¸ao ´e condicionado
aos resultado de medida, ´e superior ao emaranhamento edio da estrat´egia
com qbits f´ısicos, em que o espa¸co de codifica¸ao ´e fixo.
Com o monitoramento difusivo, primeiramente temos que verificar que o
estado dos qtrits permanece em um subespa¸co de dois qbits, o que ao ´e ´obvio
a primeira vista. O estado dos qtrits pode ser expresso por sua decomposi¸ao
de Schimidt
|ψ(t) =
2
i=0
λ
i
(t)|λ
i
(t)
A
|λ
i
(t)
B
, (3.4)
e mostramos numericamente que um dos coeficientes ´e sempre nulo tanto para
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 41
realiza¸oes quanto na m´edia λ
0
= λ
0
= 0. Isso garante que a informa¸ao em cada
um dos qtrits permanece dentro de um qbit ogico, entretanto este subespa¸co
que contem a informa¸ao tem uma evolu¸ao muito irregular apresentando tanto
movimentos difusivos quanto saltos abruptos. O qbit ogico de Agata est´a no
subespa¸co definido pelos vetores correspondentes a λ
1
e λ
2
. Podemos esco-
lher como base ogica a base da decomposi¸ao de Schimidt tal que |λ
1
(t) ´e o
estado excitado e |λ
2
(t) o estado fundamental, tal que, para tempos longos,
|ψ(t) = |λ
2
(t) = |0. Podemos ent˜ao verificar como evolui a base ogica do
qtrit de Agata em rela¸ao aos estados correspondentes a n´umero de excita¸ao do
qtrit expandindo um dos vetores da base |λ
2
(t) =
2
i=0
i|λ
2
(t)|i. Al´em da di-
fus˜ao refletida na magnitude das componentes i|λ
2
(t) tamb´em temos abruptas
mudan¸cas de fase, no caso o sinal da componente.
0 1 2 3 4
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
at
0 1 2 3 4
ï1
ï0.5
0
0.5
1
at
E
Q
(33)
h
0
h
1
h
2
0|h
2
1|h
2
2|h
2
Figura 3.4:
`
A esquerda, uma realiza¸ao do emaranhamento com monitoramento
difusivo com a codifica¸ao em qtrits e os correspondentes coeficientes de Schi-
midt.
`
A direita, a realiza¸ao correspondente de um dos vetores da base ogica
escolhida mostrando a evolu¸ao das componentes em rela¸ao a base de n´umero
de excita¸ao.
O monitoramento com a codifica¸ao dinˆamica em qtrits nos permite pre-
servar mais emaranhamento quando comparado ao monitoramento com a codi-
fica¸ao simples em qbits. O monitoramento via saltos ainda se mostra superior
ao difusivo sendo a melhor estrat´egia, entretanto, em um dado sistema, o mo-
nitoramento pode ser limitado a observoes difusivas e mesmo assim ´e poss´ıvel
obter mais emaranhamento com a codifica¸ao dinˆamica.
A Um Exemplo com Saltos Quˆanticos em Eletrodinˆamica
Quˆantica de Cavidades
Uma outra configura¸ao poss´ıvel apresenta excita¸oes emitidas que ainda ao
permitem identificar os poss´ıveis canais de decaimento mas que ao mais proaveis
quanto mais alto for o n´umero de excita¸oes no estado (ω
21
= ω
10
e γ
21
>
γ
10
). Por exemplo, no caso especifico de osciladores harmˆonicos, o opera-
dor de dete¸ao via saltos no subespa¸co estudado (|n = 0, 1, 2) ´e dado por
Π =
γ(|01| +
2|12|). Neste caso, tanto a emiss˜ao quanto a ao emiss˜ao
afetam o emaranhamento, fazendo uma convers˜ao entre estados puros, pois os
operadores de medida redistribuem popula¸ao entre os n´ıveis de energia de cada
subsistema. Vamos descrever uma situa¸ao em eletrodinˆamica quˆantica de ca-
vidades em que estas ideias podem ser aplicadas. Suponha que Agata e Borat
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 42
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
at
E
F
E
Q
(22)
E
N
(22)
E
Q
(33)
E
N
(33)
Figura 3.5: Medias de emaranhamento alterando o tipo de codifica¸ao de qbits
para qtrits e o tipo de monitoramento (Q para difusivo N para via saltos).
querem estabelecer um canal quˆantico de comunica¸ao e possuem ´atomos com
dois n´ıveis eletrˆonicos de excita¸ao efetivos e cavidades ressonantes capazes de
confinar com resolu¸ao um modo de campo eletromagn´etico, sendo que tudo que
podem fazer ´e monitorar a perda de otons das cavidades e interagir os ´atomos
com as cavidades. Na proposta da referˆencia [28], Agata primeiramente prepara
uma cavidade vazia (no estado |0) em seguida faz com que um ´atomo muito
est´avel de dois n´ıveis ({|g, |e}) no estado excitado |e interaja com a cavidade,
de tal forma a obter um estado emaranhado
α|0e +
1 α|1g. E ent˜ao ela
envia o ´atomo a Borat. Assumindo que a taxa de decaimento atˆomico ´e muito
menor que a da cavidade, isto ´e γ
at
γ, o tempo de coerˆencia do segundo
limita a distˆancia ating´ıvel pelo primeiro. De fato, a distˆancia entre Agata e
Borat teria que ser muito menor que v, sendo v a velocidade atˆomica.
Como discutido anteriormente esta estrat´egia pode ser melhorada se Agata
utilizar os trˆes primeiros n´ıveis do campo em sua cavidade. A ideia ´e que,
ao inv´es de estar vazia, a cavidade inicialmente contem um oton (estado |1).
Enao, depois da intera¸ao ´atomo-campo, o estado final ser´a
α|1e+
1 α|2g.
Se nenhum salto acontecer no intervalo [0, t) enao o estado evolui para |χ
0
(t) =
e
γt/2
(
α|e1 +
1 αe
γt/2
|g2), com probabilidade P
χ
0
(t) = αe
γt
+ (1
α)e
2γt
. Entretanto se um salto ocorrer no campo da cavidade em um tempo
t
J
< t, enao o novo estado do sistema no tempo t ´e dado por |χ
1
(t) =
e
γt
J
/2
(
α|e0+
1 α
2e
γt/2
|g1). Note que, pelo fato de que γ
21
= 2γ
10
,
o estado final ´e sempre o mesmo independentemente do particular momento
em que acontece o salto. Podemos, ent˜ao, tratar todas trajet´orias com um
salto quˆantico como sendo somente uma e computar a probabilidade de acon-
tecer apenas um salto por P
χ
1
(t) =
t
0
P
χ
1
(t, t
J
)dt
J
= p
1e
γt
γ
, em que
P
χ
1
(t, t
J
) = pe
γt
J
fornece a densidade de probabilidade para a trajet´oria em
que acontece um salto em t = t
J
, com p = α + 2(1 α)e
γt
. O emaranhamento
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 43
m´edio das trajet´orias ´e dado por
E(α, t) =
i
E
ψ
i
(α, t,
t
J i
)P
ψ
i
(α, t,
t
J i
)
dt
J i
. (3.5)
No caso desta estrat´egia com o qtrit na cavidade esta express˜ao se reduz a
E
23
(α, t) = E
χ
0
P
χ
0
+ E
χ
1
P
χ
1
, pois o emaranhamento ao depende do tempo
de salto podendo ser tratado como constante na integral sobre os tempos de
salto, e o somat´orio ´e truncado no segundo termo pois trajet´orias com mais
de 2 saltos possuem zero de emaranhamento e ao contribuem para a edia.
Similarmente podemos encontrar a edia para a estrat´egia com qbits E
22
.
Figura 3.6: a) Contribui¸ao da trajet´oria sem saltos E
χ
0
P
χ
0
para E
23
; b)
(direita superior) Contribui¸ao da trajet´oria com um salto E
χ
1
P
χ
1
para E
23
; c) E
23
E
22
; d) E
23
com α = 0.5 para diferentes temperaturas com o
n´umero edio de excita¸oes no reservat´orio dado por n. Tempo de decaimento
1 = 0.129s como na montagem experimental em [76].
Al´em disso, podemos escolher t de tal forma a maximizar a trajet´oria de um
salto e α para maximizar o emaranhamento do estado quando o ´atomo atinge
Borat, assim criando um emaranhamento duradouro. Na amostragem em cores
comparamos os protocolos (qbit e qtrit) como fun¸oes de t e α mostrando as
regi˜oes ´otimas em que cada estrat´egia ´e melhor e tamb´em evidenciando que
para todos os tempos e estados iniciais a codifica¸ao em qtrits ´e mais eficiente
na presen¸ca de decaimento e monitoramento ambiental. Tamem mostramos a
m´edia de emaranhamento para diferentes temperaturas do reservat´orio. Expe-
rimentos t´ıpicos de EDQ de cavidade na regi˜ao de microondas ao realizados a
temperaturas baixas o suficiente para ao afetarem o esquema de forma muito
significativa.
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 44
Os esquemas propostos podem ser imediatamente incorporados a alguns pro-
tocolos de comunica¸ao previamente conhecidos. Uma das ideias principais para
transmitir informa¸ao quˆantica em redes de comunica¸ao unidimensionais se
baseia em repetidores quˆanticos [5]. Neste caso, o prop´osito ´e transmitir ema-
ranhamento a longas distˆancias usando esta¸oes intermedi´arias para recuperar
o emaranhamento de tempos em tempos atrav´es de destila¸ao. Uma vez que se
recupera emaranhamento em um esta¸ao intermediaria teleporta-se este emara-
nhamento para pr´oxima esta¸ao. Naturalmente, como a codifica¸ao dinˆamica
permite manter emaranhamento por tempos mais longos entre as esta¸aes, a
uma redu¸ao no n´umero total de recursos necess´arios.
III Reciclagem Local via Feedback
Agora vamos permitir que os observadores atuem sobre o sistema de acordo com
os resultados que obtˆem das medidas do ambiente para que possam corrigir os
erros induzidos pelo ambiente e reciclar o qbit ogico. Vamos come¸car revendo
alguns conceitos b´asicos de corre¸ao quˆantica de erros [60]. Primeiramente esco-
lhemos um subespa¸co, o espa¸co odigo, do sistema para codificar o qbit ogico.
O sistema est´a sujeito a um erro induzido pelo ambiente E que pode ser repre-
sentado em uma expans˜ao em tempo curto por Eρ = [1 + Ldt]ρ. O sistema
pode ser reciclado depois da ocorrˆencia de erros se a uma opera¸ao de res-
taura¸ao R tal que REρ = ρ para todos estados no espa¸co odigo ρ = P
C
ρP
C
,
sendo P
C
o projetor no espa¸co c´odigo. Estamos interessados em erros induzidos
por reservat´orios markovianos, sendo que tais erros podem ser decompostos em
outros erros mais espec´ıficos atraves de um processo de medida com operado-
res de medida Γ
, tal que
(
ρΓ
= Eρ. Corre¸ao de erros canˆonica
deve ent˜ao ser aplicada como oes discretas em intervalos de tempo a serem
tomados como muito pequenos e tem que corrigir simultaneamente diferentes
erros Γ
. Ao medirmos e contarmos as excita¸oes no ambiente os podemos
criar opera¸oes de reciclagem espec´ıficas para cada um dos erros, al´em disso
podemos escolher um espa¸co odigo que ´e livre de descoerˆencia em rela¸ao a
pelo menos um dos erros para que ao precisemos corrigir todos eles. Ent˜ao
encontramos um espa¸co odigo que ´e auto-espa¸co do operador Γ
0
e temos que
reciclar o sistema apenas quando um outro erro acontece. Precisamos encontrar
uma opera¸ao R que reverta a medida quˆantica e optamos por fazˆe-lo deter-
ministicamente e ao probabilisticamente [77]. Por fim a dinˆamica do sistema
dentro do espa¸co odigo deve ser dada por
P
C
ρ(t + dt)P
C
= P
C
()R
Γ
ρ(t
R
P
C
= P
C
ρ(t)P
C
, (3.6)
ou seja, qualquer estado ´e preservado dentro do espa¸co odigo.
A odigo para Saltos Quˆanticos
Voltando ao estado condicionado de Agata e Borat com o monitoramento via
saltos e codifica¸ao em qtrits podemos perceber que a informa¸ao sobre o de-
caimento do sistema ao somente permite que os observadores mantenham um
estado emaranhado, mas tamb´em fornece a oportunidade de localmente e de-
terministicamente restaurar o estado inicial atraes de uma retro alimenta¸ao
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 45
hamiltoniana bombeando uma excita¸ao de volta ao qtrit emissor revertendo
as transi¸oes de decaimento (|1 → |2, |0 → |1). Vamos enao recordar as
condi¸oes para reversibilidade deterministica de um salto quˆantico [64, 78] e
assim desenvolver um odigo local de corre¸ao de erros via saltos quˆanticos. A
opera¸ao de reciclagem ´e ent˜ao uma unit´aria R tal que RΠ =
γP
C
(sem perda
de generalidade negligenciamos os efeitos de ambas opera¸oes fora do espa¸co
odigo), portanto Π =
γR
P
C
. Note que isto implica que o epa¸co odigo deve
ser um auto-espa¸co do operador Γ
0
, pois Π
Π = γP
C
RR
P
C
= γP
C
. Portanto,
em um monitoramento via saltos, podemos deterministicamente restaurar dados
quˆanticos no espa¸co c´odigo com um mecanismo direto de feedback com hamilto-
niano H
fb
= F
dN
dt
e opera¸ao de reciclagem R = e
iF
se o operador de detec¸ao
obedecer as condi¸oes acima. O super-operador na equa¸ao de feedback pode
ser identificado com a opera¸ao de revers˜ao e
F
= R = R R
.
Figura 3.7: Representa¸ao do processo de reciclagem local. O qbit logico ´e repre-
sentado pelo circulo azul nos estados do qtrit. O estado ´e preservado enquanto
o sistema ao emite uma excita¸ao. Quando ele emite, o estado codificado des-
cende nos estados do qtrit e ´e reciclado de volta ao seu subespa¸co original pela
ao do feedback.
Agora vamos nos voltar para o exemplo espec´ıfico de localmente proteger
informa¸ao quˆantica de emiss˜ao espontˆanea. Suponha que dispomos de qtrits
f´ısicos, cada um com n´ıveis de energia {|0, |1, |2} e novamente com o operador
de salto Π =
γ(|12| + |01|) que ao distingue as transi¸oes do qtrit. No
caso de transi¸oes distingu´ıveis o protocolo que vamos desenvolver ao funci-
ona, pois neste caso os erros se reduzem a erros de qbits que ao podem ser
revertidos localmente. Outra condi¸ao importante ´e que as taxas de decaimento
das transi¸oes sejam iguais o que garante a existˆencia do espa¸co livre de des-
coerˆencia para o operador de ao detec¸ao. Todos os estados ao levados ao
estado fundamental. Para encontrar o espa¸co odigo basta calcular Π
Π = γP
C
com P
C
= |11| + |22|. A opera¸ao de reciclagem ´e ent˜ao dada por R =
1
γ
Π
+ |02| e o operador de feedback F = λ
1
γ
Π) + |02| |20|
,
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 46
com λ 1, 2092i. Essa opera¸ao de revers˜ao claramente realimenta o sistema
com uma excita¸ao ap´os um decaimento ser detectado. Informa¸ao ´e, enao,
preservada no espa¸co odigo enquanto o detector ao ´e disparado.
`
A medida
que o sistema evolui, eventualmente h´a um decaimento e o estado do qtrit pode
parcialmente ou completamente sair do espa¸co odigo. Ent˜ao, o detector ´e dis-
parado e o mecanismo de feedback ´e ativado e o sistema ´e reciclado de volta a
seu estado original. Se o monitoramento ´e completamente perfeito e o tempo
de atraso no feedback ´e nulo, enao o qbit ogico ´e localmente e perfeitamente
protegido do seu acoplamento com o ambiente. O processo de reciclagem ´e
ilustrado na figura 3.7. Agora suponha que temos n qtrits, cada um com seu
pr´oprio processo de reciclagem, enao poder´ıamos proteger qualquer estado glo-
bal no espa¸co odigo {|1, |2}
n
, assim protegendo, de forma ativa, n qbits
ogicos codificados localmente em n qtrits.
B odigo para Difus˜ao de Estado
Podemos come¸car a analisar imperfei¸oes no protocolo com um tipo de im-
perfei¸ao importante que se manifesta como ru´ıdo adicional nos resultados de
medida, que pode ser adicionado intencionalmente ou ao pelo observador, com
o processo de medida ent˜ao correspondendo a difus˜ao de estado. Nos referimos
ao limite difusivo como um limite de ineficiˆencia, pois o ru´ıdo cl´assico adicional
apaga parte da informa¸ao sobre o processo de intera¸ao por tr´as da dinˆamica,
que ´e um processo de troca de excita¸ao. No limite de saltos o observador ´e
claramente informado se houve ou ao uma troca de excita¸ao, o que ao ´e
verdade no limite difusivo. Entretanto, podemos dizer que ao entrarmos neste
limite estamos mudando a maneira de detectar os erros, mudando a maneira
com que medimos e adquirimos informa¸ao, e ent˜ao mostramos que para atingir
a corre¸ao de erros, a codifica¸ao e o hamiltoniano de feedback tem que ser re-
derivados. Desta forma, a reciclagem baseada em difus˜ao ´e diferente da baseada
em saltos e representa um outro odigo de corre¸ao de erros.
Alguns objetivos podem ser alcan¸cados com a difus˜ao de estado, como a es-
tabiliza¸ao de um estado arbitr´ario (mas conhecido) puro de um qbit [79] e at´e
mesmo corre¸ao de erros global [69] (baseada em codifica¸ao e opera¸oes glo-
bais). os mostramos que, assim como no caso de saltos, ´e imposs´ıvel proteger
um estado desconhecido arbitr´ario de um qbit e, portanto, um estado arbitr´ario
de muitos qbits da intera¸ao com o ambiente atraes de feedback local baseado
em difus˜ao. Entretanto, introduzindo a codifica¸ao em qtrits podemos alcan¸car
este objetivo.
No limite difusivo a equa¸ao mestra ao condicional de feedback ´e da forma
(para apenas um operador de salto Π e sem imperfei¸oes)
=
i
2
Π
F + F Π, ρ
dt + L iF ]ρdt. (3.7)
Para proteger um estado arbitr´ario precisamos adicionar um hamiltoniano cons-
tante da forma H =
1
2
F + F Π) que cancela o primeiro termo e precisamos
encontrar um hamiltoniano de feedback apropriado F que cancele a fonte de
descoerˆencia no segundo termo. O operador de salto pode ser escrito como
Π = M + X + iY , sendo M um m´ultiplo da identidade e X e Y operadores
hermitianos. No caso especifico de emiss˜ao espontˆanea temos M = 0 e X e Y
ao os operadores de momento angular apropriadamente renormalizados para o
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 47
qtrit f´ısico X =
γ
2
(|12| + |01|+ h.c.) e Y =
γ
2
(i|12| i|01|+ h.c.).
Agora, suponha que o espa¸co odigo seja estabilizado por um operador, que
nomeamos estabilizador, S, o que quer dizer que o espa¸co odigo ´e um auto-
espa¸co de S com autovalor +1. Ent˜ao, o hamiltoniano adequado de feedback
seria dado por F = Y iXS, tal que L iF ] = L[M + X(I S)], assim o
espa¸co odigo ´e aniquilado pelo termo (I S) e portanto ´e preservado ao longo
da evolu¸ao. Entretanto o hamiltoniano de feedback deve ser hermitiano, logo
S deve anti-comutar com X, SX + XS = 0 [69]. No caso de qbits, o ´unico es-
tabilizador local seria dado pela identidade, que ao anti-comuta com nenhum
outro operador e assim seria imposs´ıvel encontrar um hamiltoniano de feedback
e proteger um qbit com feedback baseado em difus˜ao.
|0>
|1>
|2>
|2>
|1>
|0>
F
C
Figura 3.8: Representa¸ao do processo local de recigclagem. Os qubits ogicos
ao codificados na regi˜ao azul entorno dos estados do qutrit. O sistema sofre
erros infinitesimais continuamente e o estado ´e danificado de maneira irregular,
de tal forma que, parte da informa¸ao deixa o espa¸co odigo e a pate restante
tamb´em ´e danificada. Ent˜ao, o erro e detectado e o mecanismo de feedback
´e ativado e o estado ´e reciclado pela ao de feeback retornando ao subspa¸co
original.
No caso de qtrits podemos encontrar um estabilizador local que anti-comuta
com o operador de momento angular X. O estabilizador ´e enao definido por
S|0 = |0, S|2 = |2 e S|1 = −|1, o que define o espa¸co odigo como sendo
{|0, |2}
n
. O processo de reciclagem pode ser descrito por um sequˆencia de
opera¸oes (ver tamb´em a figura 3.8). Em um intervalo de tempo muito curto os
detectores registram o resultado de medida dQ(t) e o sistema evolui de acordo
|S
Q
(t + dt) =
I
1
2
Π
Πdt + ΠdQ(t)
|S
Q
(t), o que danifica o estado inicial.
Entretanto, imediatamente ap´os a detec¸ao o mecanismo de feedback ´e ativado e
o estado acima ´e multiplicado pela opera¸ao R = e
iF dQ(t)
, portanto a evolu¸ao
do sistema passa a ser
|S
Q
(t + dt)=
I
1
2
Π
Π i
1
2
F + F Π) + iF Π
+
F
2
2
dt + iF ) dQ(t)
|S
Q
(t)
=
I
γdt
2
+ XdQ
(I S)
|S
Q
(t). (3.8)
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 48
Como definimos o hamiltoniano de feedback e o estabilizador adequados, ´e acil
ver que, se o estado inicial est´a dentro do espa¸co odigo (P
C
|S
Q
(t) = |S
Q
(t)),
ele permanece no espa¸co odigo (I S)|S
Q
= 2(I P
C
)|S
Q
= 0.
Entretanto a reciclagem baseada em difus˜ao pode ser mais sens´ıvel a im-
perfei¸oes quando comparada com o limite de saltos, ao menos em realiza¸oes
individuais. A falta de informa¸ao em um monitoramento difusivo se manifesta
(quando consideramos ineficiˆencias, por exemplo atraso no tempo de feedback)
na forma de trajet´orias altamente irregulares e induz um minimiza¸ao (parcial,
sen˜ao global) do emaranhamento quando feita a m´edia sobre trajet´orias [80].
C Imperfei¸oes
Agora, analisamos a performance do protocolo sujeito a ineficiˆencias. Como a
detec¸ao de erros depende de medidas no ambiente, o protocolo depende for-
temente da eficiˆencia de medida. O tempo de atraso de feedback tem que ser
significativamente menor que o tempo de decaimento, caso contr´ario, o sistema
dissipa antes da ao de feedback. A resolu¸ao temporal dt da medida tem que
ser muito menor que o tempo de decaimento, entretanto, tem que ser maior
que o tempo de correla¸ao caracter´ıstico do reservat´orio. Focamos a an´alise
no odigo baseado em saltos pois apresenta efeitos interessantes em realiza¸oes
individuais.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.8
0.85
0.9
0.95
1
at
E
N
I
1
(t)
I
1
(tïo)
E
N
I
2
(t)
I
2
(tïo)
Figura 3.9: Emaranhamento E
N
de uma ´unica realiza—cc˜ao com estado inicial
|12 + |21 e tempo de atraso de feedback τ 0.7. Tamb´em mostramos
os registros dos resultados de medida nos dois qutrits e suas vers˜oes atrasadas
indicando a ao de feedback.
´
E claro que recursos globais, como emaranhamento, tamb´em podem ser
preservados pelo protocolo de reciclagem. Portanto, partes distantes em uma
rede de comunica¸ao quˆantica podem manter estados emaranhados na presen¸ca
de erros induzidos pelo ambiente e podem realizar protocolos de comunica¸ao
quˆantica como teleporta¸ao e codifica¸ao densa. Para tal prop´osito, utilizar es-
tados mais robustos pode aumentar a eficiˆencia de comunica¸ao. Por exemplo,
estados que ao sofrem de morte s´ubita de emaranhamento. Estados tipo W
ao conhecidos por sua robustez e em nosso protocolo de reciclagem tomam a
forma |12+ |21 e |112+ |121+ |211 para dois e trˆes qtrits respectivamente.
a um mecanismo a mais que torna tais estados mais robustos ao tempo de
atraso de feedback. Vamos examinar o caso mais simples com um estado inicial
|12 + |21 e um tempo de atraso τ . Suponha que uma excita¸ao ´e emitida e
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 49
detectada do primeiro qtrit e o estado salta para |02+ |11 saindo parcialmente
do espa¸co odigo. Agora, este estado evolui para |02 + e
γτ /2
|11 enquanto a
ao do feedback ´e atrasada, e quando o feedback finalmente acontece o estado
´e devolvido ao espa¸co odigo na forma |12+ e
γτ /2
|21, entretanto ao ´e com-
pletamente restaurado. Se uma excita¸ao ´e detectada do segundo qtrit o estado
evolui e ao fim do tempo de atraso temos novamente um estado maximamente
emaranhado e
γτ /2
[|11 + |20], e ent˜ao o estado ´e finalmente restaurado pelo
feedback. Assim, a indesej´avel evolu¸ao que acontece durante o atraso de feed-
back em um dos qtrits pode ser revertida pelo atraso em outro qtrit. Esta ´e a
sequˆencia de eventos mais favor´avel dado um tempo de atraso. O emaranha-
mento seria completamente degradado se um ´unico qtrit emitisse duas excita¸oes
consecutivas dentro de um mesmo tempo de atraso e essa seria a pior situa¸ao.
Na figura (3.9) os mostramos uma particular realiza¸ao apresentando efeitos
do tempo finito de atraso de feedback no emaranhamento. Na figura (3.10)
mostramos o emaranhamento edio como sendo fun¸ao do tempo e do tempo
de atraso. Como mostrado nas figuras quanto maior o tempo de atraso menos
efetivo se torna o processo de reciclagem, embora uma quantidade consider´avel
de emaranhamento ainda pode ser preservada ap´os longos tempos e com um
tempo de atraso apreci´avel.
´
E facil ver que estados como |11 + |22 seriam
apenas degradados na presen¸ca de atraso do feedback.
0
0.05
0.1
0
1
2
3
4
0.7
0.8
0.9
ao
at
E
N
0.65
0.7
0.75
0.8
0.85
0.9
0.95
Figura 3.10: Emaranhamento edio (negatividade) do feedback baseado em
saltos em fun¸ao do tempo e do tempo de atraso de feedback.
O protocolo ´e muito mais afetado por ineficiˆencias de medida como podemos
ver na figura (3.11). A evolu¸ao sem saltos come¸ca a se assemelhar a evolu¸ao
da equa¸ao mestra ao condicional `a medida que a eficiˆencia de medida dimi-
nui. Esta evolu¸ao popula a componente do estado fundamental e diminui a
coerˆencia e emaranhamento no espa¸co odigo. Como consequˆencia o processo
de reciclagem se torna cada vez menos efetivo, `a medida que a eficiˆencia dimi-
nui. Ainda assim, um efeito interessante que ajuda a manter o protocolo efetivo
para pequenas ineficiˆencias ´e que quando um salto acontece, seguido de feed-
back, a componente do estado fundamental ´e eliminada, o que aumenta tanto a
popula¸ao quanto a coerˆencia no espa¸co c´odigo acarretando um salto de emara-
nhamento (este efeito tamb´em ter´a um papel importante no pr´oximo capitulo).
Assim, neste processo, um salto quˆantico sempre aumenta o emaranhamento e
isto ´e mostrado na figura (3.12).
Quando os detectores possuem uma eficiˆencia menor que um, a evolu¸ao leva
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 50
0
2
4
0.85
0.9
0.95
1
0
0.5
1
d
at
E
N
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Figura 3.11: Negatividade edia do feedback baseado em saltos como uma
fun¸ao do tempo e da eficiˆencia de medida.
0 1 2 3 4 5 6
0.75
0.8
0.85
0.9
0.95
1
at
E
N
Figura 3.12: Emaranhamento de uma ´unica realiza¸ao com o estado inicial
|12 + |21 e eficiˆencia de medida η 0.98.
`a perda de pureza e temos, em geral, um estado misto de qtrits. ao a uma
express˜ao fechada para o emaranhamento de forma¸ao de tais estados. Aqui,
escolhemos a negatividade da transposta parcial da matriz densidade como uma
cota superior ao emaranhamento destil´avel. Para manter a consistˆencia na
compara¸ao usamos a negatividade em ambas as figuras (3.10, 3.11), mesmo que
no caso de tempo de atraso seja poss´ıvel determinar o valor do emaranhamento.
Em sess˜oes anteriores dissemos que a indistinguibilidade dos canais de de-
caimento do qtrit ´e de extrema importˆancia para o protocolo de corre¸ao fun-
cionar. Agora, relaxamos essa condi¸ao e analisamos a eficiˆencia do proto-
colo quando as transi¸oes se tornam cada vez mais distingu´ıveis. O operador
de detec¸ao ´e separado em outros dois, Π
2
=
γ
α|12| +
1 α|01|
e
Π
1
=
γ
1 α|12|+
α|01|
, cada um correspondendo a uma transi¸ao.
Se α = 1/2 as transi¸oes s˜ao indistingu´ıveis e se α = 1 (ou zero) as transi¸oes s˜ao
completamente distingu´ıveis. Note que, ao mudar a distinguibilidade tamem
se muda a dinˆamica global (n˜ao somente o processo de detec¸ao), tal que, para
α = 1/2, temos L[Π] = L
1
] + L
2
]. Entretanto, para α = 1/2 temos
L[Π] = L
1
]+L
2
]. Depois que os detectores s˜ao disparados a mesma ao de
feedback ´e aplicada. Como mostramos na figura (3.13) o protocolo ainda ´e eficaz
mesmo que as transi¸oes sejam um pouco distingu´ıveis. Entretanto, `a medida
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 51
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0
1
2
3
4
0
0.5
1
_
at
E
N
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Figura 3.13: Average entanglement (negativity) of the jump feedback as a func-
tion of time and distinguishability α.
que as transi¸oes se tornam mais distingu´ıveis, os erros se tornam dominantes
e o sistema perde emaranhamento rapidamente.
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
0.5
1
`
at
E
N
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Figura 3.14: Emaranhamento edio (negatividade) do feedback via saltos em
fun¸ao do tempo e taxa de transi¸ao β.
Mesmo que as transi¸oes sejam indistingu´ıveis, as taxas de transi¸ao podem
ser diferentes, o que faz uma transi¸ao mais provavel que a outra. Este ´e o caso
de osciladores harmˆonicos, por exemplo. O operador de salto pode ser expresso
por Π =
γ[
β|12| + |01|], gerando uma probabilidade para a transi¸ao
|2 |1 proporcional a β. Quando as taxas s˜ao desbalanceadas a evolu¸ao sem
saltos perturba o espa¸co odigo, o que significa que nossa estrat´egia poderia ser
combinada com um protocolo de corre¸ao do tipo “bang-bang”. Al´em disso, os
saltos tamb´em perturbam a informa¸ao codificada e a deslocam para fora do
espa¸co odigo.
`
A medida que a transi¸ao superior se torna mais proavel, o
CAP
´
ITULO 3. PROTEC¸
˜
AO GLOBAL POR OPERAC¸
˜
OES LOCAIS 52
protocolo se torna menos efetivo. Entretanto, para transi¸oes desbalanceadas
que correspondem a um oscilador harmˆonico (β = 2), o protocolo ainda pode
proteger uma quantidade consider´avel, como mostramos na figura (3.14).
Outro tipo poss´ıvel de imperfei¸ao no mecanismo feedback seria uma im-
precis˜ao na implementa¸ao da opera¸ao de reciclagem, como uma flutua¸ao na
constante do hamiltoniano de maneira similar a um efeito de desordem. Por
exemplo, o hamiltoniano poderia ser dado pelo hamiltoniano ideal com um peso
que assume valores distribu´ıdos de forma gaussiana centrados no valor ideal
λ cada vez que o feedback ´e disparado. O hamiltoniano de feedback com de-
sordem seria dado por
1 +
δ
λ
F , com δ uma vari´avel aleat´oria gaussiana com
m´edia zero. Este efeito de desordem corresponde a uma opera¸ao de recicla-
gem imperfeita que est´a sujeita a flutua¸oes aleat´orias e ´e dada por uma fam´ılia
a um parˆametro de matrizes unit´arias aleat´orias: a opera¸ao ideal vezes uma
aleat´oria Re
iF
δ
λ
. Este processo desordenado de reciclagem geralmente ao
restaura o estado inicial, pois as as opera¸oes de feedback podem diferir consi-
deravelmente da ideal (para valores apreci´aveis da variˆancia da distribui¸ao de
desordem var(δ)), assim levando a uma degrada¸ao de recursos globais durante
per´ıodos em que o sistema cessa a emiss˜ao. Mostramos a negatividade edia
na figura (3.15). Pode ser visto que o protocolo tolera pequenas flutua¸oes no
hamiltoniano e acreditamos que este efeito de desordem seja menos impactante
do que ineficiˆencia de medida e tempo de atraso. Entretanto, para valores al-
tos de desordem, o efeito seria bem mais danoso do que o tempo de atraso do
feedback, pois o emaranhamento decresce aproximadamente linearmente com o
tempo de atraso e apresenta um curvatura decrescente com a desordem.
0
2
4
0
0.05
0.1
0.7
0.8
0.9
1
at
var(b)
E
N
0.8
0.85
0.9
0.95
Figura 3.15: Negatividade m´edia como fun¸ao do tempo e flutua¸oes no ha-
miltoniano. As flutua¸oes ao quantificadas pela variˆancia var(δ) da gaussiana
centrada no valor ideal da for¸ca do hamiltoniano λ.
Cap´ıtulo 4
Transi¸ao Quˆantico-Cl´assico
O problema do limite quˆantico cl´assico tem estado no n´ucleo da teoria quˆantica
desde o in´ıcio com argumentos que ao desde complementaridade [81] at´e des-
coerˆencia [82]. O limite pode ser associado a propriedades intr´ınsecas de um
dado sistema f´ısico assim como tamb´em a propriedades dinˆamicas de sistemas
interagentes. Debates mais antigos focaram no tamanho relativo dos sistemas
interagentes, como por exemplo, um espelho era tomado como cl´assico pois a
transferˆencia de momento causada pelo impacto de um oton ´e insignificante
quando comparada `a in´ercia do espelho. Argumentos mais recentes tem se
focado na gera¸ao de emaranhamento, isto ´e, a tal chamada aproxima¸ao semi-
cl´assica ´e alida quando um sistema quˆantico altera o estado f´ısico de outro
sistema sem que ambos os sistemas se emaranhem. Casos extremos, como la-
sers de 10
6
fotons gerando rota¸oes nos estados internos de um ´atomo ao bem
compreendidos. Entretanto, se o campo de bombeio tem em edia apenas um
oton ele ainda pode se comportar classicamente? Intui¸ao diria ao. Experi-
mentos e alculos anteriores dizem sim e agora teoria de informa¸ao quˆantica
pode dizer como.
Alguns tipos de transi¸ao quˆantico cl´assico est˜ao associados ao acoplamento
a ambientes externos. De fato, ao trocar informa¸ao com graus de liberdade
externos, um sistema quˆantico pode perder alguns de seus aspectos quˆanticos,
tais como a possibilidade de fenˆomenos de interferˆencia ou a sua n˜ao localidade.
Por exemplo, fun¸oes de Wigner de estados quˆanticos de osciladores harmˆonicos
sujeitos a forte decoerˆencia rapidamente convergem para distribui¸oes no espa¸co
de fase com descri¸ao cl´assica[83]. Da mesma forma, matrizes densidade de dois
qbits emaranhados sujeitos a reservat´orios independentes rapidamente conver-
gem para estados separ´aveis [84], que apresentam apenas correla¸oes cl´assicas e
podem se descritos por teorias de vari´aveis ocultas reais e locais [22].
Uma abordagem comum para se estudar o limite cl´assico que surge da ao
de um reservat´orio externo ´e considerar o sistema e graus de liberdade externos
como sendo um grande conjunto isolado e, assim, ao assumir algumas proprie-
dades gerais sobre o ambiente, tomar uma m´edia de seus efeitos sobre o sistema
tomando o tra¸co parcial sobre o ambiente. Essa estrat´egia ´e encontrada tanto no
m´etodo de equa¸ao mestra quanto no de equa¸oes de Heisenberg-Langevin [49],
e de fato, descreve a dinˆamica do sistema. Entretanto, ao ignorar a informa¸ao
contida no reservat´orio, limitamos nosso entendimento do papel do ambiente na
transi¸ao quˆantico cl´assico que o sistema eventualmente apresenta. Uma alter-
53
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 54
nativa ´e considerar o reservat´orio como um outro sistema quˆantico, resolvendo
a dinˆamica hamiltoniana para todos os graus de liberdade (sistema e ambiente).
Entretanto, devido `a natureza de um reservat´orio (infinitos graus de liberdade),
este etodo requer fortes aproxima¸oes e permite solu¸oes apenas em regimes
de dinˆamica particulares.
Ambas estrat´egias descritas acima foram usadas para analisar um sistema
´optico quˆantico que apresenta uma transi¸ao quˆantico-cl´assico e pode ser encon-
trado, por exemplo, em interferometria de ´atomos de Rydberg [85]. O sistema
´e um ´atomo de dois n´ıveis interagindo linearmente com um campo de cavidade
quantizado que ´e bombeado por uma fonte cl´assica externa e perde fotons para
um reservat´orio externo. A transi¸ao ocorre no comportamento do campo da
cavidade e acontece mesmo para n´umeros muito baixos de fotons. Vamos assu-
mir que o campo ´e preparado em um estado coerente |α com n´umero de otons
muito baixo, por exemplo |α|
2
= 1. Em um limite, alido quando a cavidade
´e fracamente acoplada ao reservat´orio (cavidades de altor fator de qualidade) ´e
poss´ıvel resolver analiticamente a equa¸ao mestra e descrever adequadamente,
por exemplo, colapsos e ressurgimentos na popula¸ao atˆomica [86] que servem
como uma assinatura da natureza quantizada do campo da cavidade. No outro
limite, os autores em [87] usaram dinˆamica hamiltoniana completa do sistema
e reservat´orio para mostrar que esse mesmo campo fraco coerente da cavidade
pode se comportar classicamente, isto ´e, preparando superposi¸oes dos estados
internos do ´atomo (modificando o estado quˆantico do ´atomo sem se emaranhar
com o mesmo). Este regime descreve apropriadamente as zonas de Ramsey de
microondas (cavidades de baixo fator de qualidade).
Claramente, o ambiente tem um papel importante no comportamento do
campo da cavidade. Entretanto, as abordagens adotadas at´e agora fazem uso de
aproxima¸oes que permitem solu¸oes apenas nos casos extremos de acoplamento
muito fraco ou muito forte com o ambiente. Portanto ainda ao a nenhuma
indica¸ao de quando nem como a transi¸ao quˆantico-cl´assico de fato acontece
ou qualquer detalhe sobre o papel desempenhado pelo ambiente na transi¸ao.
No presente trabalho, adotamos um m´etodo menos restritivo, a teoria de
trajet´orias quˆanticas ou monitoramento cont´ınuo do reservat´orio. Esta aborda-
gem apresenta algumas vantagens: 1) o etodo permite uma solu¸ao num´erica
da equa¸ao mestra sem mais aproxima¸oes e para qualquer regime dinˆamico em
que a mesma ´e valida; 2) na maioria dos casos, a um significado f´ısico claro
descrevendo um aparato que monitora continuamente o reservat´orio, assim re-
cuperando parte da informa¸ao dilu´ıda no reservat´orio; 3) o etodo fornece
detalhes mais profundos sobre a troca de informa¸ao entre o sistema e o reser-
vat´orio, assim revelando como a intera¸ao com um reservat´orio externo pode
levar ao comportamento cl´assico de um dado sistema f´ısico.
De fato, ao revelar a evolu¸ao do sistema ´atomo-cavidade em trajet´orias, po-
demos identificar a transi¸ao quˆantico cl´assico do campo da cavidade em fun¸ao
do fator de acoplamento ao reservat´orio e, ao mesmo tempo, proporcionando
uma descri¸ao oton a oton da aproxima¸ao semicl´assica. Tamb´em podemos
detalhar os papeis espec´ıficos desempenhados pela dissipa¸ao e pelo campo de
bombeio na inibi¸ao da inerente cria¸ao de emaranhamento pela intera¸ao de di-
polo ´atomo-campo. Assim, ao somente recuperamos os resultados encontrados
em [87] para a dinˆamica atˆomica, mas tamem os estendemos, evitando as for-
tes aproxima¸oes tomadas nestes trabalhos anteriores e analisando a dinˆamica
e o emaranhamento entre os diferentes subsistemas f´ısicos em todos os regimes
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 55
de dissipa¸ao. Finalmente, podemos anti-correlacionar o emaranhamento as-
sistido pelo ambiente [88] e a evolu¸ao semi-cl´assica, isto ´e, mostramos que a
segunda ´e alida quando a ao ambiental n˜ao ´e capaz de criar emaranhamento
significativo entre o campo e o ´atomo.
I A Transi¸ao em Eletrodinˆamica Quˆantica
A O Sistema
O sistema que analisamos consiste de um modo ressonante de uma cavidade,
cujo operador de cria¸ao ´e a
, ressonantemente acoplado a dois n´ıveis internos de
um ´atomo, cujo operador de cria¸ao ´e σ
, em uma intera¸ao Jaynes-Cummings
(JC) [89]. De fato, a utilizamos o modelo JC sem dizer que o fizemos quando
tratamos da intera¸ao de um sistema com seu ambiente quˆantico. O modelo JC
descreve a intere¸ao de dipolo el´etrico de dois n´ıveis atˆomicos com um modo do
campo eletromagn´etico ao desconsiderarmos os termos contragirantes na cha-
mada aproxima¸ao de onda girante (assim como feito no segundo cap´ıtulo). O
hamiltoniano ´e enao dado por
H
JC
= ω
a
a
a + ω
σ
σ
σ + g(σa
+ σ
a), (4.1)
cujos auto-estados ao os chamados polaritons
|n+ =
1
2
[sen(θ
n
)|g, n + cos(θ
n
)|e, n 1] (4.2)
e
|n− =
1
2
[cos(θ
n
)|g, n sen(θ
n
)|e, n 1], (4.3)
com auto-energias E
±
n
=
a
±g
n +
2
/g
2
, tan(2θ) = g
n/∆, sendo ∆ =
ω
σ
ω
a
a dessintonia entre o ´atomo e a cavidade. Aqui, trataremos apenas o
caso ressonante.
O oscilador ´e bombeado por um campo cl´assico ressonante de amplitude
e acoplado a um reservat´orio com taxa de decaimento γ e `a temperatura zero.
Assumimos que o tempo de relaxamento atˆomico ´e muito mais longo que as
outras escalas de tempo. Isso ´e verdade, por exemplo, para ´atomos circulares
de Rydberg dentro de uma zona de Ramsey de microondas. A evolu¸ao do
do estado do sistema ´atomo-cavidade na representa¸ao de intera¸ao ´e enao
governada pela equa¸ao mestra
= i [H, ρ] dt + L[
γa]ρdt, (4.4)
sendo H = g(σa
+ σ
a) + Ω(a
+ a) e g o fator de acoplamento entre o campo
e o ´atomo.
B Assinaturas do Quˆantico e do Cl´assico
Vamos agora considerar algumas simples situa¸oes que mostram os casos extre-
mos de comportamento (quˆantico e cl´assico). Primeiro, vamos considerar o caso
quˆantico mais simples em que ao a acoplamento ao reservat´orio γ = 0 nem
bombeamento Ω = 0 e o estado inicial ´e |ψ(0) = |g|1 =
1
2
[|1++|1−], ´atomo
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 56
ao excitado e um foton na cavidade. Neste caso fica claro a cria¸ao de emara-
nhamento entre campo e ´atomo, pois o estado evolui para |ψ(t) = cos(gt)|g1
isen(gt)|e0. O estado reduzido do ´atomo ´e ρ
s
= cos
2
(gt)|gg|+ sen
2
(gt)|ee|,
que, `a medida que evolui, tra¸ca uma linha reta que liga os olos da Bola de
Bloch. Para isso basta olharmos para o vetor de Bloch
B(x, y, z) = tr{ρ
s
X}ˆx + tr{ρ
s
Y }ˆy + tr{ρ
s
Z}ˆz, (4.5)
que neste caso se reduz a B(0, 0, z(t)) = [cos
2
(gt) sen
2
(gt)]ˆz que passa pelo
centro da Bola. De fato, tomaremos como uma assinatura quˆantica vetores de
Bloch que penetram em dire¸ao ao centro da Bola, este sendo um caso extremo,
pois esta caracter´ıstica indica que o qbit est´a maximamente emaranhado com o
resto do sistema, isto ´e, quanto B = 1, o qbit ao est´a emaranhado e quando
B = 0, o qbit est´a maximamente emaranhado com o resto do sistema.
Figura 4.1: A estrutura de n´ıveis do sistema ´atomo-cavidade e um esquema de
medida em que a luz que sai da cavidade ´e homodinada.
Em uma outra situa¸ao o ´atomo pode interagir com um campo cl´assico (e ao
um quˆantico como no caso anterior). Neste caso a evolu¸ao do ´atomo passa a ser
dada por um hamiltoniano da forma H
C
= Ω(σ
+σ) e o estado fundamental do
qbit evolui para |ψ(t) =
1
2
[e
it
|+e
it
|−] = cos(Ωt)|gisen(Ωt)|e, que
corresponde a uma evolu¸ao unit´aria, ou seja, o vetor de Bloch fica confinado a
superf´ıcie da Bola, pois o estado ´e puro durante todo tempo de evolu¸ao. Al´em
disso, o vetor tra¸ca um circulo de raio aximo na superf´ıcie da Bola. Este
c´ırculo ´e o que chamamos de ciclo de Rabi.
Essas foram apenas situa¸oes mais ilustrativas. Agora assuma que o sistema
´e inicialmente preparado no estado |ψ(0) = |g|
2Ω
, sendo |g o estado funda-
mental atomico e |
2Ω
´e um estado coerente do campo com n´umero edio de
fotons
4Ω
2
γ
2
. Este ´e um estado estacion´ario do sistema quando ao a acopla-
mento entre cavidade e ´atomo, ou seja, ´e um estado estacion´ario da cavidade
bombeada em dissipa¸ao. Para mostrar isso, podemos analisar a equa¸ao de
difus˜ao de estado que descreve uma situa¸ao em que a luz que sai da cavidade
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 57
´e homodinada (figura 4.1)
d|α =
iΩ(a
+ a)dt
γ
2
a
adt +
γadQ(t)
|α. (4.6)
Um estado coerente ´e auto-estado do operador de destrui¸ao a|α = α|α, assim
temos
d|α =
a
(i
γ
2
α)dt + α (idt +
γdQ)
|α, (4.7)
tal que apenas o termo proporcional a a
pode perturbar o estado coerente,
entretanto se α =
2Ω
o termo em a
se anula e o estado ganha apenas uma
fase global. Isto acontece para todas as trajet´orias independentemente do valor
da corrente de homodinagem dQ, assim todas as trajet´orias convergem para o
estado coerente estacion´ario. De fato, o mesmo se repete para qualquer escolha
de monitoramento do reservat´orio, por exemplo detec¸ao direta dos fotons. Isto
demonstra uma das propriedades cl´assicas de estados coerentes. Evidentemente,
quando existe a intera¸ao entre ´atomo e cavidade a dinˆamica ao ´e ao simples
e ambos atomo e cavidade) ao afetados. Entretanto, nesta simples situa¸ao
envolvendo apenas a cavidade, j´a podemos definir condi¸oes que indicam o com-
portamento cl´assico. Um sistema se comporta de maneira efetivamente cl´assica
quando todos os poss´ıveis observadores (que observam o ambiente) concordam
entre si sobre o que ´e observado, mesmo que repitam o experimento um n´umero
grande de vezes. Assim o sistema passa a ser descrito efetivamente por uma
unica trajet´oria, a trajet´oria cl´assica.
No caso em que ´atomo e cavidade s˜ao um sistema isolado esperamos cria¸ao
de emaranhamento mesmo que o estado da cavidade seja um estado coerente
(assim como mostraremos em seguida). E quando o ´atomo interage com um
campo cl´assico, o ´atomo executa oscila¸oes de Rabi (o circulo na esfera de
Bloch). Podemos agora derivar um resultado [87, 90] que mostra que quando
a dissipa¸ao e o bombeio da cavidade ao muito maiores que o acoplamento
´atomo-campo, o ´atomo percebe um campo efetivamente cl´assico. Esse resultado
demonstra que a ausˆencia de emaranhamento entre ´atomo e cavidade de fato
implica no comportamento cl´assico do sistema. Considere que neste limite (o
limite cl´assico) o campo permanece sendo bem descrito por um estado coerente,
assim ao se emaranhando com o ´atomo e o estado pode ser escrito como ρ
C
=
ρ |αα|. Substituindo ρ
C
na equa¸ao que descreve a dinˆamica do sistema
(4.4) e fazendo o tra¸co parcial no campo, temos para o ´atomo a equa¸ao ˙ρ =
[g(ασ
+ α
σ), ρ], que descreve os ciclos de Rabi, ou seja, o ´atomo interage
com um campo que ´e efetivamente cl´assico, cuja amplitude ´e a amplitude do
estado coerente. Portanto, se por alguma raz˜ao, ao houver emaranhamento
o sistema se comporta classicamente independentemente do n´umero edio de
otons no campo.
II A Transi¸ao e a Ressonˆancia Estoastica
Aqui, sempre consideraremos uma for¸ca de bombeio que ´e equivalente `a dis-
sipa¸ao, isto ´e, γ 2Ω, pois estamos interessados em campos de baixos umeros
quˆanticos se comportando de forma cl´assica. Analisamos o comportamento
do sistema em fun¸ao do tempo e em fun¸ao de γ. Primeiramente, avalia-
mos a pureza global δ(t) = tr{ρ
2
(t)}, a pureza do ´atomo δ
s
e do campo δ
f
.
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 58
Analisamos tamb´em a fidelidade do campo com o seu estado coerente inicial
F
c
= α|ρ
f
(t)|α.
0 25 50 75 100
0.6
0.8
1
b
t
0 25 50 75 100
0.7
0.8
0.9
1
b
s
t
0 25 50 75 100
0.7
0.8
0.9
1
1.1
b
f
t
0 25 50 75 100
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
F
c
t
Figura 4.2: Pureza global δ, pureza atˆomica δ
s
, pureza do campo δ
f
e fidelidade
F
c
como fun¸oes do tempo t em unidades de π/100g para g = 10 kHz. Azul
(tracejado) γ = 0.02g, verde (pontilhado) γ = 0.2g, vermelho (linha solida)
γ = 2g, azul claro (linha fina) γ = 20g, roxo (pontilhado-tracejado) γ = 200g.
No limite γ = 0 (evolu¸ao Jaynes-Cummings) o estado global perma-
nece quase puro [δ(t) 1] e δ
s
´e idˆentica a δ
f
como esperado a que o sistema
´atomo-campo ´e isolado e δ
s(f)
quantifica o emaranhamento ´atomo-campo (fi-
gura 4.2). Neste regime, o campo da cavidade deve ser tratado quanticamente.
Note que a evolu¸ao cria muito emaranhamento entre o ´atomo e o campo da
cavidade, mas praticamente nenhum emaranhamento entre o sistema atomo-
campo) e o reservat´orio. No outro limite, em que γ, g [γ = 200g nas figuras]
as purezas global e atˆomica ao muito similares , δ(t) δ
s
(t) e δ
f
(t), F
c
(t) 1,
o que indica que o ´atomo se emaranha com o reservat´orio enquanto o campo
permanece num estado quase-puro a uma distˆancia estat´ıstica neglig´ıvel do es-
tado coerente |2Ω/iγ. Neste limite, o campo da cavidade se comporta clas-
sicamente. Estas ao as condi¸oes experimentais encontradas em [85], em que
g 10 kHz, γ 2 MHz e |α|
2
1. Entre estes limites, descobrimos que δ, δ
s
, δ
f
diminuem com a dissipa¸ao, passam por um m´ınimo em γ 2g e depois aumen-
tam novamente, portanto apresentando comportamentos t´ıpicos de ressonˆancia
estoastica (figura 4.3) [6, 88]. Note que o comportamento do sistema ´atomo-
cavidade-reservat´orio apresenta curvas t´ıpicas do que costuma-se chamar na
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 59
literatura de ressonˆancia estoastica [6, 88], tanto para o emaranhamento com
o reservat´orio (quantificado pela pureza global δ) quanto para a informa¸ao dos
otons (figura 4.10). A ressonˆancia acontece quando duas frequˆencias de troca
de excita¸ao ao similares (g γ) sendo que uma delas corresponde a um pro-
cesso estoastico. O fato de que todas a purezas passam por um minimo na
0 0.5 1 1.5 2
x 10
5
0.4
0.6
0.8
1
a
min(b)
0 0.5 1 1.5 2
x 10
5
0.5
0.55
0.6
0.65
0.7
0.75
a
min(b
s
)
0 0.5 1 1.5 2
x 10
5
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
a
min(b
f
)
0 0.5 1 1.5 2
x 10
5
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
a
min(F
c
)
Figura 4.3: Valores minimos das purezas e fidelidade em fun¸ao da dissipa¸ao
em um intervalo de tempo [0, π/g] para g = 10 kHz.
mesma regi˜ao γ g sugere que, para esta dissipa¸ao, existe um aximo de
emaranhamento tripartido entre ´atomo, campo da cavidade e ambiente. Esta
interpreta¸ao ´e consistente com as taxas de dinˆamica: ´atomo e cavidade, e cavi-
dade e ambiente trocam excita¸oes em taxas similares que em escalas de tempo
1/g 1 geram emaranhamento genu´ıno tripartido entre os trˆes subsistemas.
Este fato tamem representa o in´ıcio da transi¸ao. Para valores mais altos de
γ, o emaranhamento com o reservat´orio apenas decresce e o campo da cavidade
rapidamente converge para o estado coerente estacion´ario, como mostrado na
figura 4.5.
De acordo com esta an´alise, para pequenas taxas de decaimento, o ´atomo
segue uma trajet´oria de Bloch consistente com a evolu¸ao Jaynes-Cummings
com um campo coerente fraco. Por outro lado, para alta dissipa¸ao (γ = 20g) o
´atomo pode girar de |g para [|g |e]/
2 quase unitariamente, enquanto que
para taxas ainda maiores (γ = 200g) a evolu¸ao atˆomica ´e quase unit´aria para
um ciclo de Rabi inteiro (figura 4.6).
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
t
N
Figura 4.4: Negatividade ´atomo-campo em fun¸ao do tempo em unidades de
π/100g kHz para diferentes valores de γ. Azul tracejado γ = 0.02g, verde
pontilhado γ = 0.2g, vermelho linha solida γ = 2g, azul claro linha fina γ = 20g,
roxo pontilhado-tracejado γ = 200g.
Encerramos esta se¸ao notando que as trajet´orias quˆanticas nos permiti-
ram preencher o gap entre a evolu¸ao quantizada e a semicl´assica do sistema
´atomo-campo, identificando os valores de γ em que a transi¸ao acontece. Entre-
tanto, tamb´em notamos que ao realizar a edia sobre as trajet´orias (obtendo a
solu¸ao da equa¸ao mestra) ignoramos a informa¸ao contida no reservat´orio. Na
pr´oxima se¸ao mostramos que esta informa¸ao pode ser recuperada nos permi-
tindo interpretar a transi¸ao em termos da informa¸ao dispon´ıvel no reservat´orio
em experimentos de foto-detec¸ao. Esta interpreta¸ao fornece uma vis˜ao mais
detalhada do papel do ambiente na transi¸ao.
A Ressonˆancia Estoastica na Informa¸ao dos otons
Primeiramente, vamos analisar a trajet´oria sem saltos de um monitoramento via
saltos obtida quando o observador ao detecta nenhum oton no reservat´orio.
Para dissipa¸ao muito pequena esta trajet´oria ´e a mais prov´avel e corresponde
`a t´ıpica evolu¸ao Jaynes-Cummings entre um ´atomo e um campo coerente fraco
(nas figuras este regime corresponde `a γ = 0.02g). Nesse limite, um oton que ´e
bombeado para dentro da cavidade pelo campo externo permanece na cavidade
por tempo suficiente para ser absorvido e reemitido pelo ´atomo mais de uma
vez. Esta evolu¸ao coerente gera emaranhamento entre ´atomo e cavidade como
podemos ver na figura 4.5. Isto tamb´em ´e indicado nos caminhos seguidos pelo
vetor de Bloch da trajet´oria sem saltos com γ = 0.02g e 0.2g como mostrado
na figura 4.7. De fato, estes caminhos ao muito similares aos obtidos a partir
da evolu¸ao ao condicionada (figura 4.6), o que ´e razo´avel, pois, neste regime,
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 61
0 0.5 1 1.5 2
x 10
5
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
a
max(N)
Figura 4.5: Negatividade maxima alcan¸cada pela matriz densidade do sistema
´atomo-campo durante um ciclo de Rabi em fun¸ao de γ (Hz).
a de fato um probabilidade muito pequena de um oton escapar da cavidade
durante um ciclo de Rabi, isto ´e, a trajet´oria sem saltos e a evolu¸ao ao condi-
cionada ao quase o mesmo processo f´ısico. Note tamb´em, que quando g γ,
a evolu¸ao ´atomo-campo ´e quase hamiltoniana durante um ciclo de Rabi em
acordo com o que observamos nas figuras para γ = 0.02g, o que ´e consistente
com o regime inteiramente quantizado.
No outro limite, para γ muito grande, o movimento atˆomico na Bola de
Bloch ´e quase confinado `a superf´ıcie mostrando supress˜ao de emaranhamento.
Em outras palavras, quando γ g, a trajet´oria sem saltos cria muito pouco
emaranhamento entre ´atomo e cavidade, apesar da intera¸ao direta de dipolo.
Note que, neste regime, a trajet´oria sem saltos ´e dominada pelo bombeamento
cl´assico e pelo termo de dissipa¸ao proporcional ao operador n´umero do campo
γ
2
a
a e a intera¸ao entre ´atomo e cavidade pode ser considerada como uma
perturba¸ao que rotaciona o estado atˆomico. Note tamb´em que a fonte de
bombeio tem um papel importante, pois sem ela ao a evolu¸ao coerente do
estado ´atomico, apenas dissipa¸ao. Entretanto, neste limite de alta dissipa¸ao,
a trajet´oria sem saltos ´e muito rara, o que nos obriga a investigar efeitos de
saltos quˆanticos no sistema, pois trajet´orias t´ıpicas apresentam muitos saltos
neste regime.
Para analisar os efeitos dos saltos quˆanticos vamos primeiro tratar simples
exemplos que ilustram a f´ısica do sistema. Na figura 4.8 temos o emaranha-
mento e os resultados de medida de uma trajet´oria com γ = 2g. A figura
deixa claro que, nesta trajet´oria, saltos quˆanticos (f´otons espalhados) causam
descontinuidades no emaranhamento entre o ´atomo e o campo da cavidade. Na-
turalmente uma trajet´oria ao ´e suficiente para um entendimento mais amplo,
mas as mudan¸cas dinˆamicas induzidas pelos saltos nesta particular trajet´oria
indicam como os otons que escapam da cavidade podem influenciar o sistema
em realiza¸oes do experimento de detec¸ao. Note que γ = 2g corresponde `a
regi˜ao da transi¸ao, ou da ressonˆancia estoastica, como mostrado anterior-
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 62
ï1 ï0.5 0 0.5 1
ï1
ï0.8
ï0.6
ï0.4
ï0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Z
X
a=0.02g
a=0.2g
a=2g
a=20g
a=200g
a=0
BS
Figura 4.6: Um corte da Bola de Bloch em y = 0 com o movimento do vetor de
Bloch atomico B(x, 0, z). BS ´e a esfera de Bloch.
mente. Em seguida mostramos que este ´e, de fato, o regime em que estes saltos
de emaranhamento ao mais significativos.
Antes de tratar o efeito global resultante dos saltos de emaranhamento vamos
mostrar um breve alculo que ilustra este mecanismo de cria¸ao de emaranha-
mento assistido pelo ambiente. Primeiramente note que o operador de salto ´e
proporcional `a I
s
a (identidade no ´atomo e operador aniquila¸ao no campo).
Este operador ´e local no espa¸co vetorial conjunto ´atomo-campo, portanto ao
pode criar emaranhamento a partir de um estado desemaranhado. Entretanto,
se a algum emaranhamento preexistente entre ´atomo e cavidade, enao o opera-
dor de salto pode aumentar o grau de emaranhamento dependendo da trajet´oria
em quest˜ao. Por exemplo, vamos imaginar que, para uma dada trajet´oria, e um
dado tempo t
0
, o estado global ´atomo-cavidade ´e
|φ(t
0
) =
2
7
|g(|0 + |1) + |e
|0 +
1
2
|2

, (4.8)
com emaranhamento, calculado a partir da entropia de von Neumann E(t
0
)
0.733. Se depois de um tempo dt registrarmos um salto no reservat´orio, enao
o sistema em t
0
+ dt evolui para o estado de Bell |φ
1
=
1
2
(|g|0 + |e|1)
para o qual o emaranhamento ´e aximo E
1
= 1. O operador de salto pode ser
visto como parte de uma medida indireta com um sistema auxiliar (neste caso o
reservat´orio como vimos no primeiro cap´ıtulo) seguida de uma medida projetiva
neste mesmo sistema auxiliar. De fato, se incluirmos o reservat´orio, enao depois
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 63
ï1 ï0.8 ï0.6 ï0.4 ï0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
ï1
ï0.8
ï0.6
ï0.4
ï0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Z
X
BS
a=0.02g
a=0.2g
a=2g
a=20g
a=200g
Figura 4.7: Um corte da Bola de Bloch em y = 0 com o movimento do vetor de
Bloch atomico para a trajet´oria sem saltos B(x, 0, z).
0 50 100
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
E
U
t
20 40 60 80 100
0
1
t
Outcomes
Figura 4.8:
`
A esquerda: o emaranhamento de uma trajet´oria com γ = 2g e
F = γ/2; `a direita: os respectivos registros de medida indicando tempos em que
acontecem saltos com o tempo em unidades de π/100g com g = 10 kHz.
de um tempo dt podemos escrever o estado global ´atomo-cavidade-reservat´orio
como
|Φ(t
0
+ dt) =
p
1
|φ
1
|1 +
p
0
|φ
0
|0, (4.9)
em que p
1
´e a probabilidade de ocorrer um salto. Portanto, ao monitorar o
ambiente podemos aumentar o emaranhamento entre os subsistemas. De fato,
isto sugere uma maneira probabil´ıstica de preparar estados de Bell.
Vamos agora definir ∆E(t) = E(t+dt)E(t) como sendo a varia¸ao do ema-
ranhamento para uma dada trajet´oria em fun¸ao do tempo. Esta quantidade
nos mostra como uma ´unica detec¸ao no reservat´orio pode afetar o emaranha-
mento no sistema em um dado momento da trajet´oria. Por exemplo, na figura
4.9 mostramos
E
NJ,1
(T ) = E
Π|φ
NJ
(T )
|Π|φ
NJ
(T )|
E
|φ
NJ
(T )
||φ
NJ
(T )|
, (4.10)
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 64
0 0.5 1 1.5 2
x 10
5
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
a
6 E
Figura 4.9: A magnitude dos saltos de emaranhamento em fun¸ao de γ (Hz)
para trajet´orias com apenas um salto no tempo T =
3π
8g
, com g = 10 kHz.
(sendo Π =
γa) em fun¸ao de γ, o que nos diz a quantidade de emaranha-
mento criada por um ´unico salto (no tempo T ) em fun¸ao da taxa de dissipa¸ao
em um trajet´oria sem saltos em tempos anteriores |φ
NJ
(T ). Note que escolhe-
mos T =
3π
8g
, pois nossas simula¸oes mostraram que em torno deste ponto as
detec¸oes geram saltos de emaranhamento significativos para a grande maioria
das trajet´orias. A figura mostra que, quanto maior a dissipa¸ao γ, menor o
salto de emaranhamento, o que nos ajuda a entender a evolu¸ao semicl´assica do
estado atˆomico quando γ g: o campo da cavidade interage com o ´atomo sem
se emaranhar com o mesmo. Ainda podemos argumentar que, neste regime,
o n´umero de saltos ´e muito grande o que poderia resultar em emaranhamento
significativo entre ´atomo e cavidade, entretanto este ao ´e o caso. Por exemplo,
se g = 10 kHz, γ = 200g, e T =
3π
8g
, as trajet´orias mais prov´aveis apresentam
centenas de saltos. Entretanto, a magnitude dos saltos e a quantidade de ema-
ranhamento criado pela evolu¸ao sem saltos decrescem mais apido com γ do
que o aumento do n´umero de otons detectados, que cresce linearmente com a
taxa de dissipa¸ao. Isto se torna claro quando analisamos o efeito combinado
do n´umero de saltos e o emaranhamento criado por eles.
Para realizar tal an´alise, vamos relembrar a fun¸ao que registra os resultados
de medida O(t) =
dN(t)
dt
(com uma realiza¸ao mostrada em 4.8), em que N ´e o
processo de Poisson. dN (t) ´e zero se ao a uma detec¸ao e ´e um se a uma
detec¸ao no reservat´orio no intervalo de tempo (t, t + dt]. Ent˜ao temos a fun¸ao
que nos fornece o total de emaranhamento criado (ou destru´ıdo em princ´ıpio)
por detec¸oes de otons no ambiente em uma dada trajet´oria
E
L
(T ) =
T
0
E(t)dN(t). (4.11)
Podemos agora tomar a m´edia sobre o emaranhamento criado por saltos E
L
como mostrado (com simula¸oes) na figura 4.10. Note que E
L
´e pequeno para
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 65
g γ, atinge um aximo quando o acoplamento entre cavidade e reservat´orio
´e da mesma ordem do acoplamento entre ´atomo e cavidade (γ g), e depois de-
cresce at´e zero quando a dissipa¸ao aumenta. Esta curva claramente apresenta
a mesma ressonˆancia estoastica que a hav´ıamos encontrado para o emaranha-
mento tripartido do sistema e outras propriedades. O emaranhamento assistido
pelo reservat´orio, de fato, costuma apresentar este tipo de ressonˆancia [88]. Para
tornar nosso entendimento sobre esta ressonˆancia um pouco natural basta lem-
brarmos que o n´umero de dete¸oes N(t) cresce linearmente com a dissipa¸ao e
a magnitude dos saltos tem um decaimento tipo exponencial com a dissipa¸ao.
Assim, fazendo uma aproxima¸ao um pouco grosseira E
L
(T ) E(t)N(t) fica
claro que E
L
deve apresentar um aximo. Obviamente, para obtermos o valor
exato de E
L
temos que efetuar toda a integral e e aqui simulamos a mesma.
0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
x 1
0
5
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
E
L
a
Figura 4.10: O efeito resultante dos f´otons detectados na intera¸ao entre campo
e ´atomo: E
L
(T =
3π
8g
) em fun¸ao de γ (Hz).
Agora podemos interpretar a transi¸ao quˆantico-cl´assico em uma perspec-
tiva oton-a-f´oton. Para dissipa¸ao pequena, quando nenhum oton ´e detectado
no reservat´orio, a evolu¸ao ´e aproximadamente determinada pelo hamiltoniano
Jaynes-Cummings, isto ´e, quase independente do reservat´orio. Cada oton per-
manece tempo suficiente dentro da cavidade para que haja intera¸ao coerente
com o ´atomo. Quando estes otons escapam da cavidade e ao detectados podem
induzir grandes saltos de emaranhamento no sistema, entretanto estes eventos
ao ao raros que o efeito resultante dos saltos ´e neglig´ıvel. No outro regime,
quando γ g, cada f´oton interage durante um tempo muito curto com o ´atomo,
o que ´e evidenciado pelo alto umero de saltos em trajet´orias t´ıpicas. Neste caso
, vimos que a evolu¸ao sem saltos cria muito pouco emaranhamento entre ´atomo
e cavidade, mas induz uma rota¸ao do estado atomico. Tamem vimos que,
devido ao seu car´ater local, saltos ao podem emaranhar um estado desema-
ranhado (apenas aumentar emaranhamento pre-existente). Portanto, a que a
evolu¸ao sem saltos cria pouco emaranhamento logo os saltos ao aumentam este
emaranhamento significativamente. Entretanto, saltos podem colaborar com a
rota¸ao do estado do ´atomo produzindo pequenas mudan¸cas na raz˜ao entre as
popula¸oes dos estados fundamental e excitado do ´atomo. Portato, apesar dos
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 66
saltos serem muito frequentes, o sistema se comporta semiclassicamente, isto ´e,
de acordo com um hamiltoniano efetivo em que o campo quantizado da cavi-
dade bombeia classicamente o ´atomo. A transi¸ao de um regime para o outro
acontece para taxas de dissipa¸ao que correspondem a saltos quˆanticos que ao
tanto frequentes quanto emaranhadores.
B Trajet´orias Cl´assicas e Quˆanticas
Finalmente, vamos mostrar que no limite cl´assico todo observador registra apro-
ximadamente a mesma trajet´oria para o sistema. Vamos, enao, propor um
experimento fict´ıcio em que metade da luz que ´e emitida pela cavidade ´e de-
tectada diretamente por um observador (S) e a outra metade ´e homodinada
por outro observador (D). O estado de conhecimento de ambos observadores
ao ´e um estado puro em geral, pois um observador ao tem acesso aos resul-
tados de medida do outro observador. Note que, quando diferentes jogadores
observam a mesma bola em jogo tamb´em ao em acesso aos resultados de me-
dida alheios, entretanto, concordam quanto `a trajet´oria da bola. Obviamente,
quando a dissipa¸ao ´e muito pequena todas as trajet´orias mais proaveis ao
parecidas, pois a presen¸ca do reservat´orio ´e muito fraca e o sistema ´e pouco
perturbado. A medida que a dissipa¸ao aumenta as trajet´orias mais prov´aveis
come¸cam a apresentar diferentes comportamentos e voltam a ser semelhantes
quando a dissipa¸ao ´e muito grande.
ï1 ï0.5 0 0.5 1
ï1
ï0.8
ï0.6
ï0.4
ï0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
X
Z
S; a=200g
D; a=200g
SB
S; a=2g
S; a=20g
D; a=2g
D; a=20g
Figura 4.11: As trajet´orias (em especial o vetor de Bloch atˆomico) registradas
por diferentes observadores sendo que um deles monitora o reservat´orio por
homodinagem (D) e o outro por detec¸ao direta (S) da luz emitida pela cavidade.
CAP
´
ITULO 4. TRANSIC¸
˜
AO QU
ˆ
ANTICO-CL
´
ASSICO 67
No nosso experimento fict´ıcio, a luz que sai da cavidade ´e dividida igualmente
em um separador de feixes. Em um dos bra¸cos do separador de feixes temos um
dos observadores monitorando o reservat´orio com detec¸ao direta da luz, este ´e o
observador S, cujo conhecimento segue uma evolu¸ao com saltos quˆanticos. No
outro bra¸co temos o observador D, cujo conhecimento sofre difus˜ao de estado.
As equa¸oes de movimento para o estado de conhecimento dos observadores
ao dadas pelas equa¸oes estoasticas de salto e difus˜ao respectivamente, ambas
com 50% de eficiˆencia, o que descreve as observoes simultˆaneas. Como mos-
trado na figura 4.11 no regime da ressonˆancia estoc´astica a trajet´oria com saltos
apresenta grandes discontinuidades induzidas pelas detec¸oes e ´e muito diferente
da trajet´oria com difus˜ao, que ´e muito irregular.
`
A medida que aumentamos
o acoplamento com o reservat´orio o n´umero de saltos aumenta, entretanto o
tamanho das discontinuidades come¸ca diminuir. Contudo, a trajet´oria difusiva
´e ainda muito irregular e difere consideravelmente da trajet´oria com saltos para
tempos maiores que meio ciclo de Rabi (
π
2g
). Finalmente, no limite em que o
acoplamento com o ambiente ´e muito forte, as trajet´orias registradas pelos dois
observadores ficam muito parecidas e come¸cam a convergir para a trajet´oria
cl´assica, em que o ´atomo faz um c´ırculo na superf´ıcie de Bloch.
Cap´ıtulo 5
Conclus˜ao
A compreens˜ao de um observador sobre a natureza depende da informa¸ao
contida no estado de conhecimento deste observador. Para obter informa¸ao
sobre qualquer sistema o que um observador faz, em geral, ´e medir ou observar
o ambiente em torno do sistema de interesse, pois parte da informa¸ao sobre o
sistema pode ser encontrada no ambiente. Na escala cl´assica basta medir pe-
quenas fra¸oes do ambiente para que o observador obtenha informa¸ao cl´assica
e tenha uma boa descri¸ao da trajet´oria de um sistema (por exemplo) e para
que outros observadores que medirem outras fra¸oes do ambiente tamb´em re-
gistrem aproximadamente a mesma trajet´oria
1
[91]. Na escala quˆantica isto
´e muito diferente. No regime quˆantico o ambiente perturba o sistema de tal
forma que diferentes observadores podem registrar trajet´orias muito diferentes
para um mesmo sistema. Isto se deve ao fato de que, para se obter uma quanti-
dade razo´avel de informa¸ao quˆantica sobre um sistema, ao basta medir uma
pequena fra¸ao do ambiente, ´e necess´ario medir o ambiente como um todo. As-
sim um ambiente que, de certa forma, absorve informa¸ao do sistema ´e capaz
de inutilizar (induzindo dissipa¸ao, por exemplo) componentes de um aparato
de processamento de informa¸ao quˆantica e induzir classicalidade em sistemas
quˆanticos.
os mostramos que para sistemas que sofrem dissipa¸ao, codificar qbits em
qtrits preserva coerˆencia e emaranhamento por tempos muito mais longos se
as excita¸oes perdidas para os reservat´orios locais podem ser detectadas por
observadores externos. Portanto, sistemas que tˆem seus reservat´orios em moni-
toramento cont´ınuo ao ao somente adequados, mas tamb´em vantajosos para
alguns protocolos de informa¸ao quˆantica. Al´em disso, o esquema de monitora-
mento ´e ainda melhorado se as partes s˜ao capazes de retro-alimentar localmente
o sistema com a informa¸ao recuperada pela observao do ambiente. Isto leva,
naturalmente, a uma redu¸ao em recursos para protocolos como repetidores
quˆanticos, teleporta¸ao e corre¸ao de erros, assim como tamem aumenta o
tempo de coerˆencia de mem´orias quˆanticas. Tamb´em mostramos uma maneira
´optima de utilizar as informa¸ao que escapa para o reservat´orio para converter
estados puros em estados maximamente emaranhados.
1
Uma pequena parte da luz refletida por um objeto cl´assico ´e suficiente para identificar
sua posi¸ao sem ambiguidades.
68
CAP
´
ITULO 5. CONCLUS
˜
AO 69
Tamb´em mostramos que, monitorar o ambiente pode nos ajudar a compreen-
der melhor o limite cl´assico fornecendo uma explica¸ao para o comportamento
cl´assico das zona de Ramsey de microondas com perspectivas tanto globais
quanto oton-a-f´oton. Mostramos que o emaranhamento com o reservat´orio
apresenta uma ressonˆancia estoastica com o acoplamento entre sistema e re-
servat´orio e que este ponto de ressonˆancia ´e caracterizado por um valor m´aximo
do emaranhamento tripartido atomo-campo-ambiente). Mostramos que em um
monitoramento via saltos quˆanticos os otons que escapam da cavidade carregam
informa¸ao que pode identificar completamente o regime de comportamento do
sistema. De fato, em um trabalho futuro mostramos que o monitoramento via
saltos fornece mais informa¸ao que o monitoramento difusivo e que a adi¸ao de
ru´ıdo cl´assico aos resultados de medida apaga esta informa¸ao sobre o sistema.
Apˆendice: alculo
Estoastico
I Ru´ıdo Cl´assico
A hip´otese de Langevin (a fun¸ao em quest˜ao ´e independente do ruido) torna
o alculo estoastico relativamente acil, entretanto ela literalmente muda as
regras usuais de alculo. Vamos ent˜ao definir a integra¸ao estoastica para
que possamos proceder com os alculos de forma consistente e dar uma breve
justificativa matem´atica para a hip´otese de causalidade de Langevin. Considere
a integral
ζ(t, t
0
) =
t
t
0
g(t)(t), (5.1)
em que ξ(t) ´e um ru´ıdo cl´assico arbitr´ario e g(t) ´e uma fun¸ao estoastica ar-
bitr´aria. Existem duas maneiras usuais de se definir e interpretar a integral,
uma ´e o alculo de Ito e a outra o de Stratonovich. Vamos primeiro aproximar
a integral por uma soma discreta, em que o tempo ´e dividido em pequenos in-
tervalos ∆t = t
i+1
t
i
e ∆ξ(t
i
) = ξ(t
i+1
) ξ(t
i
). Na vers˜ao de Ito a fun¸ao g(t)
´e avaliada no in´ıcio de cada intervalo na forma
(I) ζ(t, t
0
) = lim
t0
i=0
g(t
i
) [ξ(t
i+1
) ξ(t
i
)] , (5.2)
e na vers˜ao de Stratonovich o integrando ´e avaliado na edia dos valores que
assume nos extremos do intervalo na forma
(S) ζ(t, t
0
) = lim
t0
i=0
g(t
i+1
) + g(t
i
)
2
[ξ(t
i+1
) ξ(t
i
)] . (5.3)
Para ilustrar a diferen¸ca entre os dois etodos vamos considerar o exemplo em
que g(t) = ξ(t). Para um ru´ıdo arbitr´ario essa integral no alculo de Ito ´e dada
70
CAP
´
ITULO 5. CONCLUS
˜
AO 71
por
(I) ζ(t, t
0
) =
t
t
0
ξ(t)(t) = lim
t0
i=0
ξ(t
i
)∆ξ(t
i
)
= lim
t0
1
2
i=0
[ξ(t
i
) + ξ(t
i
)]
2
ξ
2
(t
1
i) [∆ξ(t
i
)]
2
= lim
t0
1
2
i=0
ξ
2
(t
i+1
) ξ
2
(t
i
) [∆ξ(t
i
)]
2
=
1
2
ξ
2
(t) ξ
2
(t
0
)
t
0
[(t)]
2
, (5.4)
e no alculo de Stratonovich dada por
(S) ζ(t, t
0
) =
t
t
0
ξ(t)(t) = lim
t0
i=0
ξ(t
i+1
) + ξ(t
i
)
2
[ξ(t
i+1
) ξ(t
i
)]
=
1
2
ξ
2
(t) ξ
2
(t
0
)
. (5.5)
Note que o resultado da integral (S) poderia ter sido obtido pelas regras usu-
ais de alculo, tal que ter´ıamos o diferencial da primitiva (t) = ξ(t)(t). O
mesmo n˜ao seria poss´ıvel para a integral (I) e ter´ıamos uma corre¸ao na diferen-
cial da primitiva (t) =
1
2
d
ξ
2
(t)
1
2
[(t)]
2
(aqui n˜ao fizemos uma convers˜ao
de (S) para (I) e sim avaliamos o diferencial de cada integral). O resultado da
integral tamb´em depende de qual o ru´ıdo envolvido. No alculo de Ito ava-
liamos o integrando no in´ıcio dos pequenos intervalos de soma o que facilita
avaliar edias como g(ξ(t), t)(t) =
g(ξ(t), t)
(t)
e permite a itera¸ao
em pequenos intervalos (dt) das equa¸oes diferenciais de Ito, pois g(ξ(t), t) ´e es-
tatisticamente indepˆendente de (t) por condi¸oes de causalidade. Entretanto
essa vantagem tem um custo de forma que as regras de alculo ao alteradas.
Nesta se¸ao mostramos quais ao as altera¸oes necess´arias. Por outro lado o
alculo de Stratonovich tamb´em tem suas vantagens, al´em de preservar as re-
gras de calculo pode ser a escolha mais ´obvia e intuitiva na modelagem de alguns
processos f´ısicos, como no caso da retro-alimenta¸ao quˆantica (assim como ve-
remos adiante).
Vamos tratar os processos de Poisson e de Wiener N (t) e W (t) respectiva-
mente e mostrar como converter equa¸oes diferenciais do c´alculo de Stratonovich
para o alculo de Ito. Suponha ζ(ξ(t), t) uma fun¸ao arbitr´aria de um ru´ıdo ξ(t),
podemos encontrar a diferencial de Ito para ζ com uma erie da forma
=
ζ
t
dt +
n=1
1
n!
n
ζ
ξ
n
[]
n
. (5.6)
Aqui temos que considerar termos em arias ordens em , pois a distribui¸ao
de probabilidade de pode apresentar momentos ao nulos em v´arias ordens o
que altera o valor edio . Al´em das contribui¸oes para a m´edia as potˆencias
n
tamb´em contribuem para as realiza¸oes do processo ζ. Os momentos da
CAP
´
ITULO 5. CONCLUS
˜
AO 72
distribui¸ao p(ξ) podem ser obtidos por uma fun¸ao geradora de momentos
(S) M
ξ
(x) = e
=
e
p(ξ)
=
r=0
m
ξ,r
x
r
r!
m
ξ,r
= ξ
r
=
ξ
r
p(ξ), (5.7)
em que m
ξ,r
´e o momento de ordem r, que pode ser obtido por m
ξ,r
= [d
r
M
ξ
(x)/dx
r
|
x=0
.
Outra fun¸ao geradora que tamb´em nos fornece informa¸ao ´util ´e a fun¸ao ge-
radora de cumulantes
K
ξ
(x) = ln [M
ξ
(x)] =
r=1
k
ξ,r
x
r
r!
, (5.8)
sendo k
ξ,r
o resimo cumulante. Equivalentemente para o incremento da fun¸ao
ξ temos
(S) M
ξ
(x) = e
xξ
=
e
xξ
p(∆ξ)d(∆ξ)
=
r=0
m
ξ,r
x
r
r!
; m
ξ,r
= ∆ξ
r
=
ξ
r
p(∆ξ)d(∆ξ).(5.9)
Portanto para o caso de Poisson temos
M
N
(x) =
N=0
e
xN
N
N
e
N
N!
= exp
N(e
x
1)
(5.10)
e
K
N
(x) = N(e
x
1) = N
r=1
x
r
r!
, (5.11)
com todos os cumulantes iguais
k
N,r
= N , r = 1, 2, 3, ··· . (5.12)
Isso faz com que todos os momentos e cumulantes de p(dN ) sejam iguais, pois
temos
M
dN
(x) = exp
dN(e
x
1)
= 1 + dN(e
x
1), (5.13)
com
m
dN,r
= k
dN,r
= dN
r
= dN r. (5.14)
Enao ao tratarmos de diferenciais envolvendo o processo de Poisson temos que
considerar todas a derivadas parciais da fun¸ao de interesse ζ em rela¸ao a N,
com a regra diferencial de Ito dN
r
= dN, pois todos os momentos de p(dN)
contribuem para o valor edio da diferencial . O mesmo ao acontece para
a distribui¸ao gaussiana. No caso gaussiano temos a fun¸ao M-geradora
M
W
(x) = e
xW
e
(tt
0
)x
2
/2
, (5.15)
e K-geradora que termina no segundo termo
K
W
(x) = W x +
1
2
(t t
0
)x
2
, (5.16)
CAP
´
ITULO 5. CONCLUS
˜
AO 73
o que faz com que os momentos e cumulantes de p(dW ) de ordem superior a
dois sejam nulos com
m
dW,1
= k
dW,1
= 0, m
dW,2
= k
dW,2
= dt. (5.17)
Assim n˜ao precisamos considerar termos em ordem superior a (dW )
2
= dt, pois
essa diferencial est´a associada ao segundo momento de uma gaussiana e todos
os momentos superiores de p(dW ) ao nulos (de ordem superior a dt) e ao
contribuem para a diferencial de uma fun¸ao que dependa de W (t). Podemos
resumir as caracter´ısticas dos processos com as regras diferenciais de Ito. Os
processos obedecem as regras diferenciais
dNdN = dN, dN dt = 0, dtdt = 0
dW dW = dt, dW dt = 0. (5.18)
Assim podemos explicitar a diferencial de uma fun¸ao ζ arbitr´aria do ru´ıdo N(t)
(N (t), t) =
ζ
t
dt +
exp
N
1
ζ(t)dN (t), (5.19)
e
(W (t), t) =
ζ
t
+
1
2
2
ζ
W
2
dt +
ζ
W
dW (t), (5.20)
para o ru´ıdo W (t) com os exemplos ζ = e
N
e ζ = e
W
, cujas diferenciais ao
= [e 1]e
N
dN e = e
W
[dW +
1
2
dt].
Por fim vamos considerar o caso em que ζ obedece uma equa¸ao diferencial
de Stratonovich e encontrar a equivalente equa¸ao de Ito. Suponha que um
fenˆomeno f´ısico pode ser modelado por uma equa¸ao de movimento da forma
(S)
˙
ζ =
(t)
dt
= α(ζ, ξ, t) + β(ζ, ξ, t)
dt
, (5.21)
cuja solu¸ao em primeira ordem ´e
ζ(t + dt) = e
˙
ζdt
ζ
ζ(t) =
n=0
˙
ζdt
ζ
n
n!
ζ(t). (5.22)
Agora aplicando as regras diferenciais de Ito podemos obter a correspondente
equa¸ao diferencial de Ito
ζ(t + dt) = ζ(t) + αdt +
n=1
β
ζ
n
n!
ζ(t), (5.23)
assim temos a convers˜ao (S)→(I) para um ru´ıdo arbitr´ario
(S) = αdt + β
(I) = αdt +
n=1
β
ζ
n
n!
ζ(t). (5.24)
CAP
´
ITULO 5. CONCLUS
˜
AO 74
Para os processos de Poisson e de Wiener temos as conver¸oes
(S) (N) = αdt + βdN
(I) (N) = αdt +
e
β
ζ
1
ζ(t)dN (5.25)
e
(S) (W ) = αdt + βdW
(I) (W ) =
α +
1
2
β
β
ζ
dt + βdW (5.26)
respectivamente.
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