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JULIANA BRUNETTO
RELAÇÃO ENTRE GÊNERO E FORMA DOS INCISIVOS
CENTRAIS SUPERIORES UM ESTUDO IN VIVO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Odontologia da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito para obtenção do título de
Mestre em Odontologia, área de concentração Prótese
Dentária.
Orientadora: Cláudia Maziero Volpato
Co-orientadora: Mirian Marly Becker
Florianópolis - SC
2010
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Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária
da
Universidade Federal de Santa Catarina
.
B895r Brunetto, Juliana
Relação entre gênero e forma dos incisivos centrais
superiores [dissertação] : um estudo in vivo / Juliana
Brunetto ; orientadora, Cláudia Ângela Maziero Volpato.
Florianópolis, SC, 2010.
129 p.: il., grafs., tabs.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-
Graduação em Odontologia.
Inclui referências
1. Odontologia. 2. Prótese dentária. 3. Estética
dental. I. Volpato, Cláudia Ângela Maziero. II.
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-
Graduação em Odontologia. III. Título.
CDU 616.314
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JULIANA BRUNETTO
Relação entre gênero e forma dos incisivos centrais superiores um
estudo in vivo
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de
“Mestre Em Odontologia” área de concentração Prótese Dentária e
aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em
Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 11 de junho de 2010.
_________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo de Souza Magini
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof.
a
Dr.
a
Cláudia Ângela Maziero Volpato
Orientadora
_________________________________________________
Prof.
a
Dr.
a
Elaine Auxiliadora Vilela Maia Morelli
Membro
_________________________________________________
Prof. Dr. Guilherme Carpena Lopes
Membro
Às escolas que propiciaram a realização deste
estudo, em especial aos alunos, coordenadores e
diretores, pela colaboração voluntária.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por estar presente e atuante em minha vida. Obrigada
pelas oportunidades de aprender, de ensinar e de conviver.
A meus pais, Maria Helena e Nelso, por acreditarem no meu
trabalho e incentivarem a minha dedicação aos estudos e a tudo que
realizo. Vocês são exemplos de competência, responsabilidade e
honestidade, tanto na vida pessoal quanto no trabalho. Obrigada pelo
apoio incondicional. Amo vocês!
Aos alunos da primeira série do ensino médio, da Rede Estadual
de Ensino de Florianópolis, que participaram humildemente deste
estudo, de forma espontânea e desinteressada. Um agradecimento
especial aos diretores, coordenadores de ensino e professores, que
aceitaram em colaborar com a pesquisa. A vocês, minha eterna gratidão.
À Professora Dra. Mirian Marly Becker, pelo altruísmo,
consideração e exemplo de competência profissional. Seu
desprendimento em ensinar é admirável, que não tens medo de
transmitir o que sabes. Sua presença fez toda a diferença para que eu
obtivesse vários êxitos durante o andamento do mestrado. Muito
obrigada por teres se disponibilizado a ajudar em diversas situações e
por teres confiado na minha dedicação.
À Professora Dra. Cláudia Ângela Maziero Volpato, pelo
exemplo de dedicação ao trabalho, competência e organização. Sua
capacidade de relacionar a Clínica Odontológica à pesquisa científica é
admirável. Obrigada pelas orientações, especialmente as de didática, de
fotografia e de execução de trabalhos científicos.
Ao Professor Dr. Izo Milton Zani, por ser um exemplo como
profissional e como ser humano. Após tantos anos de Clínica
Odontológica e de docência, demonstras estar sempre aberto às
transformações da ciência. Isso é digno de quem é jovem! Obrigada pela
generosidade e pelo carinho.
Ao Professor Dr. Carlos Renato Soares, pela paciência em
ensinar e pela humildade. Obrigada por se preocupar em buscar
respostas para todas as perguntas que lhe fiz.
À professora Dra. Elaine Auxiliadora Vilela Maia Morelli e ao
professor Dr. Guilherme Carpena Lopes, por aceitarem prontamente
em participar da banca de defesa desta dissertação. É uma honra ter a
presença de vocês nesse momento tão especial!
Ao meu noivo Patrick, pela companhia e pelo amor. Sua
presença foi fundamental para que eu progredisse em meus trabalhos.
Estendo os agradecimentos à minha sogra, Carmem, que muito bem
cuidou de mim quando precisei.
À minha guru”, pelo acolhimento e sabedoria. Não dinheiro
que pague a atenção e os conselhos. Muito obrigada!
Ao meu cunhado, Dr. Alexandre Biasi Cavalcanti, com quem
sempre aprendo. Obrigada pelas contribuições em estatística e pelos
conselhos referentes a pesquisas científicas. É uma honra tê-lo como
meu cunhado e amigo.
À minha irmã, Adelle, pelos momentos de alegria e descontração.
Sinto a vida mais leve e elegante quando estou ao seu lado. Seu
ombro amigo me fortalece.
Ao meu querido afilhado, André, por me lembrar o quanto é bom
ser criança. Queria estar mais perto de você!
À Karina, à Bruna e ao Mateus, por contribuírem durante a
realização do trabalho de campo. Vocês foram fundamentais, não
para o andamento do trabalho, como também para que ele ficasse mais
“leve” e divertido.
À Professora Dra. Liliane Grando, a quem tenho grande
admiração e respeito. Obrigada pelas orientações em pesquisa, que
poderiam vir de quem realmente as faz.
Ao Professor Luis Gustavo Garbelotto, pela amizade e
demonstração de humildade e competência no trabalho. Obrigada pela
ajuda no andamento da clínica odontológica. Fez muita diferença para
mim!
Ao Professor Leonardo Bez, pelo aprendizado e pelas boas
risadas! Sinto-me muito feliz em ser sua amiga!
Ao Professor Dr. Diego Vasconcellos, pelo exemplo de
competência profissional. Sinto-me privilegiada por ter acompanhado
um pouco de seu trabalho, durante a clínica da graduação.
Às Professoras Michelle Soares, Leila Posenato Garcia e
Professores Hubert Gesser e Sérgio Freitas pelas valiosas
contribuições em estatística.
À Professora Liene Campos, pela normatização deste trabalho e
pelas correções de português.
A todos os colegas e amigos de Pós-Graduação, das mais diversas
áreas: Odontopediatria, Implantodontia, Radiologia, Endodontia,
Dentística e Saúde Pública. Um agradecimento especial à Ana Paula,
Anne, Graziela, Pâmela, Thaisa, Marcos e Saulo, pela amizade,
companheirismo e momentos de descontração! Vocês são muito
importantes para mim!
À Professora Dra. Analúcia Gebler, pelo exemplo de
competência profissional e, principalmente, pela adorável companhia.
À minha cunhada, Patrícia Biasi Cavalcanti, pela orientação
referente ao uso do programa AutoCAD e, principalmente, pela imensa
amizade.
A todos os meus familiares, que represento aqui por minha avó,
Marta Rosa, e meu avô, Domingos, que são referenciais de integridade,
de amor e de respeito. Agradeço também ao meu avô, Ernesto, que
onde estiver estará orando por mim.
Aos meus tios, Janga e Márcia, que o exemplos de como aliar
boas condutas tanto na profissão, quanto na vida pessoal. Vocês são
meus referenciais de como se deve viver!
Aos meus padrinhos, Dercinha e Luis, por serem sempre tão
importantes na minha vida, mesmo à distância.
A todos os amigos queridos, que ficaram um pouco mais
distantes durante esses dois anos, mas que sempre estiveram presentes
no meu coração e no meu pensamento.
Ao funcionário da Prótese Dentária, Moacir, por toda a ajuda
prestada no decorrer do Mestrado.
Ao funcionário Marcos, que muito contribuiu durante a clínica
de especialização em Prótese Dentária. Obrigada por compreender os
meus atrasos!
Aos funcionários da pós-graduação, especialmente à Ana Maria
Frandolozzo, pelas orientações, avisos, e cuidados dispensados durante
todo o período. Obrigada por se dispor a realizar sempre mais do que a
sua obrigação!
Aos alunos de graduação em Odontologia, que me
proporcionaram a experiência da docência.
A todos os Professores que ministraram aula durante o mestrado,
pelo apoio, aprendizado e contribuição à formação de docente.
Ao curso de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade
Federal de Santa Catarina, em nome do Professor Dr. Ricardo de Souza
Magini e Guilherme Carpena Lopes, pelo empenho em manter a
qualidade deste programa.
Ao CNPQ, pela bolsa de estudos concedida durante o andamento
do mestrado.
À Universidade Federal de Santa Catarina, pela viabilização
das atividades.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
realização desta pesquisa, muito obrigada!
“É necessário se perder para chegar a um
lugar desconhecido”.
(Autor desconhecido).
BRUNETTO, Juliana. Relação entre gênero e forma dos incisivos
centrais superiores um estudo in vivo. 2010. 65 f. Dissertação
(Mestrado em Odontologia área de concentração Prótese Dentária)
Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis.
RESUMO
A seleção do formato mais apropriado para os dentes anteriores
superiores é uma etapa importante para obtenção de estética em próteses
dentárias. A associação entre forma dentária e gênero tem sido
empregada para auxiliar esta seleção, considerando-se que dentes
femininos são mais arredondados e que dentes masculinos são mais
quadrangulares. Entretanto, tal relação ainda carece de respaldo
científico. O objetivo deste estudo foi avaliar, in vivo, possíveis relações
entre gênero (masculino e feminino) e os formatos dentários triangular,
quadrangular e ovóide. A partir de uma população de estudantes da
primeira série do ensino médio da Rede Estadual de Ensino de
Florianópolis Santa Catarina (Brasil), com faixa etária média de 15
anos, foi selecionada uma amostra contendo 433 estudantes. Foram
realizadas fotografias do dente incisivo central superior direito de tais
indivíduos. O elemento dentário 11 foi padronizado em todas as
imagens fotográficas, por meio do sofware Adobe Photoshop, para
deixar o longo eixo dentário na posição vertical. O formato geométrico
de tais dentes foi determinado por meio de análise gráfica (objetiva) no
software AutoCAD. Cada imagem foi classificada em uma das seguintes
formas: quadrangular, oval ou triangular. No gênero feminino, os
formatos foram 57,73% (n=127) ovóides, 23,54% (n=52) triangulares e
18,64% (n=41) quadrangulares, enquanto no gênero masculino, os
formatos foram 54,93% (n=117) ovóides, 36,15% (n=77) triangulares e
8,92% (n=19) quadrangulares (p=0,0010). Em ambos os gêneros, o
formato predominante é o ovóide, em proporções semelhantes.
Entretanto, o formato triangular é mais frequente no sexo masculino do
que no feminino, e o quadrangular mais frequente no sexo feminino do
que no masculino.
Palavras-chave: Prótese dentária. Dente artificial. Estética dental.
BRUNETTO, Juliana. Relationship between Gender and Shape of
Superior Central Incisives, a study in vivo. 2010. 65 f. Dissertação
(Mestre em Odontologia opção Prótese Dentária) Programa de Pós-
Graduação em Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis.
ABSTRACT
Selecting the appropriate shape for the superior front teeth is extremely
important for dental prosthesis aesthetic. The relationship between
dental shape and gender has been employed as an aid tool in the
selection process, since it is considered that female teeth show a more
round shape, while male teeth shape show to have a quadrangular shape,
although such relationship lacks scientific confirmation. The objective
of this study is to assess in vivo possible relationships between gender
(male/female) and teeth shapes: triangular, quadrangular, and ovoid. A
sample of 433 students of the average15-year-old age group was
obtained from a population of students of the first year of high school of
the state public schools of the city of Florianópolis Santa Catarina
State (Brazil). These individuals had their right superior central incisive
teeth photographed. The positioning of the dental element number 11
was standardized for all images, by utilizing the Adobe Photoshop
software. The geometric shape of such teeth was determined by means
of Graphic Analysis (objective) by utilizing the AutoCad software. Each
image was classified as one of the following shapes: quadrangular, oval,
or triangular. For the female gender, the shapes were 57.73% (n=127)
ovoid, 23.54% (n=52) triangular, and 18.64% (n=41) quadrangular;
while for the male gender, shapes were 54.93% (n=117) ovoid, 36.15%
(n=77)triangular, and 8.92% (n=19) quadrangular (p=0.0010). For both
genders, the predominant shape is the ovoid. However, the triangular
shape is more frequent in males than in females, and the quadrangular
shape is more frequent in females than in males.
Keywords: Dental prosthesis. Tooth, artificial. Esthetics, dental.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Tomada fotográfica, em vista frontal, perpendicular aos
ICS..............................................................................................................
70
Figura 2 Girar a imagem: seleção da função “girar tela de pintura” no
modo “arbitrário”........................................................................................
72
Figura 3 Alteração na angulação da imagem para direcionar o longo
eixo do dente 11 na posição vertical ..........................................................
72
Figura 4 Demarcar o recorte da imagem para enquadramento do dente
11 ...............................................................................................................
73
Figura 5 Confirmação do recorte, concluído o enquadramento do dente
11 ...............................................................................................................
73
Figura 6 Obtenção do quociente dentário para categorizar os formatos
em: quadrangular, ovóide ou triangular .....................................................
74
Figura 7 Traçado realizado por Wolfart; Menzel; Kern (2004) para
definição do formato dentário ....................................................................
75
Imagem 8 Delineamento dentário ...........................................................
76
Figura 9 Delineamento dentário, após remoção da imagem
fotográfica...................................................................................................
77
Figura 10 Traçado das tangentes verticais na mesial e na distal do
ICS..............................................................................................................
77
Figura 11 - Traçado de uma linha horizontal sobre a intersecção inferior
da tangente mesial com o delineamento ...................................................
78
Figura 12 - Traçado de uma linha horizontal sobre a intersecção superior
da tangente distal com o delineamento ......................................................
78
Figura 13 - Traçado de uma linha equidistante às duas linhas anteriores
(linha B, vermelha), representando a maior largura dentária ..................
79
Figura 14 - Traçado da linha média vertical, e divisão da distância da
linha média, desde a linha B até o ponto dentário mais alto, em cinco
partes ..........................................................................................................
79
Figura 15 Traçado de uma linha horizontal (linha A, verde),
representando a largura na região cervical, incidindo sobre a quinta parte
da divisão anterior .....................................................................................
80
LISTA DE TABELAS
67
83
85
86
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Histograma dos valores de quociente numérico obtido a
partir do cálculo dentário, para ambos os gêneros ..........................
85
Gráfico 2 Histograma dos valores de quociente numérico obtido a
partir do cálculo dentário, em cada gênero ........................................
85
Gráfico 3 Box Plot para o quociente numérico (formato numérico),
conforme o gênero ................................................................................
85
Gráfico 4 Distribuição das categorias de formato dentário
conforme o gênero ............................................................................
87
Gráfico 5 Gráfico de dispersão e regressão linear simples da
primeira e segunda medida da forma dentária ...................................
88
Gráfico 6 Gráfico de Bland-Altman da primeira e segunda
medidas de forma dentária ................................................................
88
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Material e equipamentos utilizados ...............................
63
Quadro 2 Base de cálculo utilizada para obter o tamanho mínimo
da amostra .........................................................................................
81
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BL
Buco-lingual
CEP
Comitê de ética em pesquisa
Cm
Centímetro
DDC
Distância entre as distais dos caninos
GERED
Gerência de Educação
GI
Gengivo-incisal
HDD
Método da distância de Hausdorff
ICD
Distância entre os cantos internos dos olhos
ICm
Distância entre as comissuras labiais
ICS
Incisivo central superior
ILS
Incisivo lateral superior
IPD
Distância interpupilar
M
Metro
MD
Mesiodistal
Mm
Milímetro
TA
Largura dentária na região cervical
TB
Maior largura dentária
TTC
Distância entre pontas de cúspides dos caninos
UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO .....................................................................................
37
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................
43
2.1 PRINCIPAIS TEORIAS PARA SELEÇÃO DO FORMATO DE
DENTES ARTIFICIAIS ............................................................................
45
2.2 SELEÇÃO DE DENTES ARTIFICIAIS: AVALIAÇÃO DO
FORMATO E RELAÇÃO COM O GÊNERO .........................................
50
3 PROPOSIÇÃO ......................................................................................
61
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................
63
4.1 MATERIAL .........................................................................................
63
4.2 MÉTODO ............................................................................................
64
4.2.1 Sequência da pesquisa e aspectos legais .......................................
64
4.2.2 Amostragem ....................................................................................
66
4.2.3 Entrevista e exame físico intrabucal .............................................
68
4.2.4 Fotografias dentárias ......................................................................
69
4.2.5 Análise do formato dentário ..........................................................
70
4.2.6 Análise estatística ............................................................................
80
5 RESULTADOS .....................................................................................
83
6 DISCUSSÃO .........................................................................................
89
7 CONCLUSÕES .....................................................................................
95
REFERÊNCIAS .......................................................................................
97
APÊNDICES ............................................................................................
103
ANEXO .....................................................................................................
125
36
37
Introdução
38
39
1 INTRODUÇÃO
Ao restituir a perda de estrutura dentária, o Cirurgião Dentista
visa restabelecer as características estéticas e funcionais observadas nos
dentes naturais em condição de normalidade. O termo “estética” consiste
no estudo da beleza, assim como, das regras e princípios da arte. a
beleza é a combinação de qualidades que proporcionam uma sensação
mental de prazer. A estética dentária em Odontologia é complexa e
resulta da interação entre diversas características, que podem ser
resumidas a aspectos relacionados à cor, forma e posicionamento
dentário. Cada fator pode ser considerado individualmente, mas todos
irão atuar conjuntamente para produzir o efeito estético final
(QUALTROUGH; BURKE, 1994; NAINI; MOSS; GILL, 2006).
A preocupação atual para se obter um formato dentário
apropriado é diferente da observada durante o surgimento das primeiras
teorias destinadas à seleção de dentes artificiais. Inicialmente, a seleção
do formato dentário foi destinada à confecção de próteses totais
removíveis. Atualmente uma maior diversidade nos sistemas e nos
materiais envolvidos na reconstrução dentária. Consequentemente, a
aplicação desse procedimento é mais ampla, abrangendo diversas
modalidades de próteses e de procedimentos estéticos, tais como:
próteses fixas convencionais, próteses sobre implantes, facetas, dentre
outros (MANGANI et al., 2007). Isso amplia a relevância estética de um
procedimento adequado de seleção desse formato. Somado a isto,
inicialmente os estudos eram realizados em crânios secos e com poucos
recursos tecnológicos (WILLIAMS, 1914a,b,c,d; YOUNG, 1954). Em
contrapartida, o atual acesso às imagens digitalizadas e a métodos
gráficos e computadorizados contribui para qualificar o processo de
determinação e avaliação do formato dentário em observações in vivo
(WOLFART; MENZEL; KERN, 2004; LINDEMANN; KNAUER;
PFEIFFER, 2004; ANDERSON et al., 2005; YU et al., 2008).
As primeiras técnicas destinadas à seleção do formato dentário
surgiram no final do século XIX, influenciadas pela teoria dos
Temperamentos (WHITE, 1884; BERRY 1906). Segundo essa teoria,
características físicas e emocionais deviam ser observadas em cada
indivíduo, para então classificá-lo em um dos seguintes temperamentos:
sanguíneo, fleumático, colérico ou melancólico. Consequentemente,
havia tipos de formatos dentários indicados a cada temperamento
(YOUNG, 1954). Entretanto, após a divulgação dos estudos de Williams
40
(1914b), a teoria dos Temperamentos passou a ser muito criticada e
desacreditada pela comunidade científica.
Embora a classificação do tipo do formato já havia sido postulada
por Hall (1887), foi com Williams (1914b) que ela ficou conhecida. Os
formatos do dente incisivo central superior (ICS) foram classificados em
três categorias: quadrangular, ovóide e triangular. O ICS é considerado o
dente principal na estética do sorriso, que os demais seguem suas
características, de forma semelhante, respeitando-se suas características
individuais. A escolha de um dos formatos passou a ser orientada pela
técnica de comparação com o formato invertido da face,
desconsiderando-se as demais características físicas e emocionais
descritas na teoria dos temperamentos (WILLIAMS, 1914a,b,c,d).
Ainda nessa fase, em que a escolha dentária foi avaliada exclusivamente
por padrões geométricos, surgiu a teoria de Nelson (1925), que
relacionou o formato do arco dentário do paciente edêntulo à forma
dental. Posteriormente, a maioria dos estudos objetivou verificar a
validade do método de associação entre os formatos do dente e da face,
nos quais se descobriu que essa relação é muito fraca ou inexistente
(WRIGHT, 1936; SEARS, 1941; BROALDBELT et al., 1984;
BERKSUN; HASANREISOGLU; GÖKDENIZ, 2002; WOLFART;
MENZEL; KERN, 2004; MIRAGLIA; FREITAS; PINTO, 2004;
VARJÃO; NOGUEIRA; ARIOLI FILHO, 2006).
A partir de 1950, houve novamente uma valorização dos aspectos
físicos e emocionais no processo de seleção de dentes artificiais. Frush e
Fisher (1955) descreveram a teoria dentogênica, na qual se considerava
três principais fatores para a escolha de dentes artificiais: sexo,
personalidade e idade. O sexo era dividido em feminino e masculino; a
personalidade em vigorosa, média e delicada; e a idade em jovem,
adulto e idoso. A personalidade vigorosa estava mais relacionada ao
sexo masculino, enquanto que a delicada ao sexo feminino. A teoria
dentogênica se baseava no princípio de que personalidades mais
delicadas e femininas estão relacionadas ao tipo dentário mais
arredondado. Em contrapartida, personalidades mais arrojadas e
masculinas estão relacionadas a dentes mais irregulares ou quadrados.
A diferença dentária entre os gêneros ainda não está bem
esclarecida atualmente. Há evidências de que existem diferenças nas
dimensões dentárias (LEE et al., 2007), de tal forma que dentes
masculinos parecem ser maiores que os femininos (ROSENZWEIG,
1970; ALTHERR; KOROLUK; PHILLIPS, 2007; YU et al., 2008). Em
relação a diferenças de formato, resultados de estudos são controversos,
que essa diferença entre os gêneros é relatada como existente
41
(LINDEMANN; KNAUER; PFEIFFER, 2004) e inexistente
(BERKSUN; HASANREISOGLU; GÖKDENIZ, 2002; WOLFART;
MENZEL; KERN, 2004; ZLATARIC; DRISTEK; CELEBIC, 2007).
Portanto, ainda falta de respaldo científico que garanta a
confiabilidade do método de seleção do formato dentário em
conformidade com o gênero. No entanto, esta relação é atualmente uma
das principais que referenciam a escolha do formato de dentes artificiais
(WOLFART; MENZEL; KERN, 2004; ANDERSON et al., 2005).
Portanto, a proposta do presente trabalho foi avaliar, in vivo, a
existência de relação entre forma do ICS direito com o gênero
(masculino e feminino), em escolares da série do ensino médio da
Rede Pública Estadual do Município de Florianópolis Santa Catarina
(Brasil). Por meio de fotografias digitalizadas e avaliação gráfica, o
dente foi classificado em uma das três formas seguintes: quadrangular,
oval ou triangular. Consecutivamente, a relação entre a prevalência dos
formatos em cada gênero foi analisada estatisticamente.
42
43
Revisão da literatura
44
45
2 REVISÃO DA LITERATURA
A seleção do formato dos dentes artificiais anteriores superiores
deve ser individualizada para cada paciente. Preferentemente, o formato
dos dentes naturais deve ser reproduzido na dentadura artificial.
Entretanto, na inexistência de registros inerentes à dentição natural do
paciente, tais como fotografias antigas, modelos arquivados ou mesmo
os próprios dentes naturais que foram ou serão extraídos, necessita-se de
referências para a escolha do formato dentário mais apropriado
(SOWTER, 1986). As principais teorias utilizadas para orientar a
escolha do formato de dentes artificiais serão descritas a seguir.
2.1 PRINCIPAIS TEORIAS PARA SELEÇÃO DO FORMATO DE
DENTES ARTIFICIAIS
White (1884) postulou a teoria da harmonia e da correspondência,
que se baseava em princípios descritos pela Teoria dos Temperamentos.
As dimensões dos dentes artificiais superiores estão relacionados às
dimensões da face; a forma dos dentes anteriores superiores está
relacionada com o sexo; a cor de tais dentes está relacionada com sexo e
idade. Dentes femininos são considerados mais arredondados e mais
claros, em relação aos dentes masculinos. os dentes de pessoas mais
jovens são considerados de cor mais clara.
Hall (1887) criou a classificação dentária, conforme a seguinte
terminologia: ovóide, alongado (triangular) e quadrangular. O dente era
dividido em duas bases: base maior e base menor. A base maior era a
curvatura da superfície dentária labial (transversal e gengivo-incisal),
contorno do formato, e largura do colo (região cervical). A base menor
era a inclinação lábio-lingual dos incisivos superiores em relação ao tipo
de perfil retilínio, convexo e côncavo.
De acordo com Berry (1906), a forma invertida dos incisivos
centrais superiores é semelhante à forma da face. Dessa maneira, a
forma da face de pessoas edêntulas pode auxiliar na escolha da forma
dos dentes artificiais anteriores superiores. Foi criada a teoria da
proporção biométrica de Berry, que preconizava que a largura do ICS
correspondia a um dezesseis avos da largura da face, e o comprimento
do ICS a um vinte avos do comprimento da face.
Williams (1914 a,b) desenvolveu a teoria da harmonia das linhas
46
opostas e do tipo do formato dentário. De acordo com a teoria do tipo de
formato dentário, a forma dos ICS era classificada em: ovóide, afilado
(triangular) ou quadrangular. Somado a isso, a teoria da harmonia das
linhas opostas preconizava que a forma do ICS era semelhante ao
contorno invertido da face. O método de seleção dentária baseada na
teoria dos temperamentos, existente até o momento, não satisfazia os
Cirurgiões-Dentistas. Era difícil, confuso, com muitas exceções, e até
com informações contraditórias. Havia dados incorretos e falta de
embasamento científico. Após estudos em ICS de crânios secos, de
raças civilizadas e primitivas, não observou diferenças dentárias entre as
raças. Em todas elas, foram observados três grupos de dentes, que foram
classificados em classes I, II e III, correspondentes aos formatos
quadrangular, triangular e oval, respectivamente. O formato oval era
considerado a mais bela das formas dentárias. Tais formatos
correspondiam ao dente ICS. Os demais dentes do arco compartilham,
normalmente, características semelhantes aos ICS, embora menos
pronunciadas.
Durante a seleção de dentes artificiais superiores anteriores, o
principal objetivo deve ser harmonizar os contornos do dente e da face,
para obter a “harmonia das linhas opostas”. Independente do tipo facial,
os incisivos centrais superiores devem ser o inverso da face. “A
observação dessa regra sempre proporcionará perfeita harmonia”
(WILLIAMS, 1914c).
Segundo Williams (1914d), a última palavra sobre dentes
artificiais não havia sido dita até então. Ele considerou sua descoberta
um dos fatos inquestionáveis da Natureza, que as formas quadrado,
triângulo e círculo são imutáveis.
Que os céus nos protejam para que a última
palavra sobre qualquer assunto seja dita por nós.
Que deixe aos nossos sucessores uma posição
inviável de não ter o que dizer [...] Verdades
inquestionáveis, tais como a lei da gravidade, são
imutáveis. Podemos aprender mais sobre elas,
porém jamais modificar a essência de seu
significado [...] Se qualquer pessoa pode
reconhecer um dente quadrado, triangular, ou
com curvas marcantes em suas proximais, minha
descoberta ou classificação não serão
prejudicadas.
Wavrin (1920) criou um esquadro para auxiliar a classificação da
forma da face, denominado Wavrin instrumental guide technic. Tal
instrumento foi projetado conforme as proporções estipuladas pela
47
teoria da proporção biométrica de Berrry, e de acordo com a teoria de
Williams, do tipo do formato dentário. Tratava-se de um esquadro, que
era adaptado à face do paciente. De acordo com as mensurações faciais,
obtinha-se proporcionalmente o tamanho ideal do ICS (largura e altura).
Além disso, a face era classificada em: ovóide, triangular ou
quadrangular. Consequentemente, selecionava-se o ICS com o mesmo
formato da face.
Nelson (1925) idealizou a teoria do formato do arco maxilar, que
relacionava a forma do arco dentário com a forma do ICS. De acordo
com essa teoria, o formato de tais dentes era muito semelhante ao
contorno do arco dentário. Dessa forma, a avaliação do arco dentário do
paciente edêntulo auxiliava na seleção de dentes artificiais superiores
anteriores.
De acordo com Stein (1936), a primeira teoria destinada a
orientar a seleção do formato dentário foi fundamentada conforme a
teoria dos temperamentos, que foi popular entre psicólogos educacionais
no final do século XIX. A porção coronária dos ICS tem sua formação e
calcificação aos 5 anos de idade, aproximadamente. De acordo com a
teoria dos temperamentos, uma conexão definitiva já é estabelecida
entre o padrão psico-emocional e o formado dentário nesse período.
Características dentárias eram relacionadas com características
emocionais, mentais e físicas. Havia quatro classes de temperamentos:
nervoso, sanguíneo, linfático e bilioso. Para selecionar o formato
dentário, as características de cada indivíduo deviam ser avaliadas para
que ele fosse classificado em um desses quatro temperamentos. Para
cada temperamento, havia os formatos dentários mais indicados. Os
odontólogos possuíam dificuldades para usufruir dessa classificação.
De acordo com Wright (1936), nem sempre há coincidência entre
os contornos da face e dos ICS. A variedade de combinações entre
formas da face e do dente são dependentes de influências hereditárias.
Geneticamente, os formatos da face e dos dentes podem ser fatores
hereditários distintos. A divergência entre os formatos da face e dos ICS
não parece promover desarmonia, nem prejuízo estético. Ainda assim, o
método de harmonizar os formatos do dente ao formato da face oferece
uma prática segura, simples e estética na seleção do formato dentário
para pacientes edêntulos.
Conforme Sears (1938), a decisão da quantidade de curvatura
necessária ao contorno é feita com base na curvatura da face. Faces
planas e linhas retas na face combinam com superfícies planas e linhas
retas nos dentes, e faces curvas requerem dentes curvos. Essa
necessidade de harmonia em grau de curvatura é algo importante e não
48
deve ser confundido com a hipótese do tipo de formato, por exemplo,
que faces alongadas/triangulares requerem dentes
alongados/triangulares. Muitos dos efeitos mais agradáveis, tanto com
dentaduras naturais quanto artificiais, são observados em faces
alongadas/triangulares com dentes quadrangulares.
Conforme Sears (1941), se a natureza segue um esquema de
harmonia dos formatos dentários e facial, essa relação seria sempre
encontrada. No entanto, a natureza coloca todas as formas dentárias
imagináveis em todos os tipos faciais. Dessa forma, não podemos ter
certeza sobre qual formato dentário devemos utilizar a partir da
observação da face de pacientes edêntulos. O autor citou três regras para
auxiliar a seleção do modelo dentário: evitar extremos (dentes muito
quadrados, triangulares, planos, ou qualquer característica destoante);
descartar todos os dentes que sejam desagradáveis no contorno; eliminar
ou alterar adequadamente os dentes que apresentem uma aparência de
dente recém-erupcionado.
A teoria dos temperamentos, a primeira a servir de orientação ao
processo de seleção dentária, foi descrita por Empédocles no século V a.
C. Conforme sua doutrina, o Universo é composto por quatro elementos,
que são: fogo, terra, água e ar. Partindo do princípio de que o homem é
um microcosmo, ele é composto desses mesmos elementos, descritos no
corpo humano como sangue, fleuma, bile amarela e bile preta. Isto
servia de embasamento para justificar doenças e diferenças entre os
homens. As pessoas eram classificadas, de acordo com a prevalência
desses elementos, em: sanguíneo, fleumático, colérico (predominância
da bile amarela) e melancólico (predominância da bile preta). Algumas
das características que orientavam essa classificação eram: estatura
corporal grande ou pequena, peso, musculatura, rapidez ou lentidão de
movimentos, face rosada ou pálida, características finas ou grosseiras,
boa ou má-digestão. Tais características corporais foram denominadas
“temperamentos” e não eram específicas à Odontologia. Foram
necessários muitos anos para associar e estabelecer as características
dentárias dos temperamentos e incorporá-las na confecção dos formatos
dentários. Em aproximadamente 1885, tais características foram
relacionadas e incorporadas à fabricação de dentes artificiais. As
características básicas que determinavam a seleção do formato dentário
eram: aparência, cor dos olhos e dos cabelos, tamanho, formato e função
do corpo e da face. A associação entre características mentais,
funcionais e físicas conduziu à teoria dos temperamentos, que
permaneceu válida em Odontologia até o final da Guerra Mundial
(YOUNG, 1954).
49
Frush e Fisher (1955) descreveram a teoria dentogênica, na qual
se considerava três principais fatores para a escolha de dentes artificiais:
sexo, personalidade e idade. O sexo era dividido em feminino e
masculino; a personalidade em vigorosa, média e delicada; e a idade em
jovem, adulto e idoso. A personalidade vigorosa estava mais relacionada
ao sexo masculino, enquanto que a delicada ao sexo feminino. Já a
personalidade “média” poderia ser encontrada em ambos os sexos. A
teoria dentogênica se baseava no princípio de que personalidades mais
delicadas e femininas estão relacionadas ao tipo dentário mais
arredondado. Em contrapartida, personalidades mais arrojadas e
masculinas estão relacionadas a dentes mais irregulares. Os formatos
quadrangulares, ovóides e triangulares padronizados foram
transformados, e foram adicionadas irregularidades superficiais,
alterações na face proximal e incisal.
Conforme Frush e Fisher (1956), a origem do conceito
“dentogênico surgiu de princípios envolvidos nas esculturas do corpo
humano. Observaram que os escultores expressavam vigor e delicadeza,
sendo que este se relacionava a aspecto de feminilidade, enquanto
aquele, a de masculinidade. Dessa forma, o mesmo princípio pode ser
aplicado, durante a “escultura” de dentes humanos. Aspectos de
feminilidade relacionavam-se a dentes mais arredondados, enquanto que
a masculinidade relacionava-se a dentes mais quadrados. O Cirurgião-
Dentista deveria avaliar, primeiramente, o sexo e, em seguida,
identificar a personalidade de cada paciente, encontrando um equilíbrio
entre estes aspectos.
Para Goose (1956), a superfície vestibular dos ICS pode ser
considerada um trapézio para que seu formato possa ser descrita pelos
seguintes valores: área superficial (uma estimativa do tamanho real);
índice de largura (uma relação da largura em relação à altura); e
convergência (uma mensuração da convergência dos lados mesial e
distal). O formato dos ICS é simples, estável e representativo do
conjunto de dentes. Em condição de normalidade, todos os dentes estão
em harmonia com o ICS. Seu formato é pouco afetado pelo ambiente e é
resultado primário de hereditariedade.
50
2.2 SELEÇÃO DE DENTES ARTIFICIAIS: AVALIAÇÃO DO
FORMATO E RELAÇÃO COM O GÊNERO
Rosenzweig (1970) avaliou diferenças no tamanho dentário de
pré-molares e molares, em 48 sujeitos residentes no meio oeste de Israel,
do gênero masculino e feminino. Uma análise odontométrica dos dentes
molares e pré-molares (superiores e inferiores) foi realizada, sobre
modelos de gesso obtidos por meio de moldes com hidrocolóide
irreversível. Mensuraram o índice coronário (BL/MD x 100), em que
BL é a distância buco-lingual e MD a distância meso-distal. Tais
mensurações foram realizadas com auxílio de um calibrador, de precisão
0,05mm. Os valores de índice coronário obtidos apresentaram um
elevado grau de similaridade em cada gênero, demonstrando alto valor
do coeficiente de correlação (0,82). Homens apresentaram índices
coronários maiores em 33 casos, do total de 48 indivíduos. Concluiu que
houve uma relação estatisticamente significativa entre dimensões
dentárias e gênero, na qual homens apresentaram dentes maiores em
relação às mulheres.
Broaldbelt et al. (1984) objetivaram indicar a inexistência de
relação entre a forma invertida da face e o formato dentário.
Selecionaram uma amostra com 81 sujeitos (51 homens e 30 mulheres),
que eram estudantes e membros da Faculdade de Odontologia de
Michigan, de vários grupos étnicos: brancos (n=65), asiáticos (n=5) e
espanhóis (n=2). O critério de inclusão era a existência de ICS naturais
saudáveis, com restaurações muito pequenas ou inexistentes. Foram
critérios de exclusão: ICS com restaurações amplas, overjet significante
e atrição. Fotografias frontais da face e do dente foram realizadas. A
primeira fotografia foi feita perpendicular à face, com uma lente focal
fixa, a uma distância de 168cm. a fotografia dentária foi realizada
com foco fixo a 37cm de distância. Os slides fotográficos foram
ampliados uniformemente, para que os contornos do dente e da face
fossem traçados. Sobre tais contornos, foram demarcados pontos
anatômicos-chave, com base em mensurações cefalométricas. Os
seguintes pontos foram demarcados na face: sínfise mentoniana, gônio
(ângulo mandibular), proeminência zigomática, curvatura máxima da
bossa temporal, ponto médio da linha do cabelo, pupila e ponta do nariz.
Sobre o dente foram demarcados: ponto cervical médio, curva gengival,
pontos de contato com os dentes adjacentes e ponto central do dente.
Todos os pontos foram marcados e digitalizados, antes de serem
armazenados em uma memória de computador (AMDAHL V/6,
51
Sunnyvale, EUA). Tais formatos foram definidos como modelos
matemáticos, com coordenadas x e y. Os pontos de referência foram
feitos com um digitalizador (PF 40, D-MAC, Canadá), e então plotados.
Os contornos do dente e da face foram divididos em segmentos superior
e inferior, que foram utilizados para determinar proporções que
indicaram os formatos dentários. Para a face, o segmento superior foi
resultante da divisão das larguras do temporal e do zigomático, e o
segmento inferior resultante da divisão da largura do gônio e do
zigomático. Para o ICS, o segmento superior foi resultante da divisão da
largura incisal e da largura dos contatos proximais, enquanto que o
segmento inferior foi resultante da divisão da largura cervical e dos
contatos proximais. Isso resultou em uma classificação com quatro
formatos: quadrado (segmentos superior e inferior quadrados),
quadrado-triangular (segmento superior quadrado e inferior triangular),
triangular-quadrado (segmento superior triangular e inferior quadrado) e
ovóide (ambos os segmentos triangulares). Nenhum formato, tanto
dentário quanto facial, foi classificado como triangular. Nenhum
paciente com face quadrada possuiu dente quadrado. A maioria dos
formatos (dentários e faciais) foram classificados como ovóide, de
maneira que 87% (n= 70) dos ICS foram ovóides. Concluíram que um
método padronizado para identificar formatos de dente e de face foi
estabelecido e que nenhuma correlação entre os formatos de dente e de
face pode ser observada.
Berksun; Hasanreisoglu; Gökdeniz (2002) avaliaram se o formato
dentário pode refletir o gênero e questionaram se existe uma relação
entre os formatos da face, arcada superior e dente, com base em opinião
de protesistas. Foi selecionada uma amostra contendo 60 estudantes de
Odontologia, para serem fotografados. As seguintes tomadas
fotográficas foram realizadas: total da face, arco dentário superior e
dentes anteriores superiores. Para avaliação das imagens, 30 protesistas
foram selecionados para responder a um questionário. Tiveram que
identificar o gênero e classificar os formatos da face, do arco dentário
superior e do dente. Também tiveram que avaliar se havia relação entre
os formatos da face, do arco e dos dentes anteriores superiores. Os
formatos dentários femininos e masculinos foram identificados
corretamente em 53% (n = 32) e 58% (n = 35), respectivamente. Tais
formatos, femininos e masculinos, foram identificados corretamente
pelo mesmo avaliador, nas duas avaliações (intraexaminador), em 41%
(n = 25) e 36% (n = 22), respectivamente. A relação entre formatos da
face e arco dentário, e entre formato dentário e da face, foram 54% (n =
33) e 51% (n = 31), respectivamente. Os protesistas não tiveram sucesso
52
em distinguir o gênero pela avaliação visual dos dentes anteriores
superiores. Houve também diferenças inter e intraobservadores,
referente à classificação dos formatos da face, do arco e dos dentes.
Concluíram que diferenças de formato dentário relacionadas ao sexo são
arbitrárias e podem resultar em erros.
Sellen; Jagger; Harrison (2002) investigaram a variabilidade na
escolha de dentes mais apropriados ao gênero e à idade. Uma fotografia
da face (de lábios fechados) foi realizada em três sujeitos do gênero
masculino, dos quais um era jovem, um adulto e um idoso. Cinquenta
Odontólogos (22 mulheres e 28 homens; faixa etária média de 40,5
anos) responderam a um questionário, no qual indicaram a cor, o
formato e a disposição de dentes artificiais mais apropriada a cada um
dos três sujeitos fotografados. Para padronizar tal escolha, quatro guias
tridimensionais foram confeccionados com as seguintes características:
guia 1 seleção da cor (continha dentes artificiais de várias tonalidades,
dispostas de maneira ordenada); guia 2 seleção do modelo dentário
(continha dentes artificiais quadrangulares e arredondados, para
representarem os gêneros masculino e feminino, respectivamente); guia
3 seleção da disposição dentária (com dentes contendo ou não
aspectos de desgaste incisal, de recessão gengival e de diastemas, para
caracterização da idade mais avançada); e guia 4 seleção da cor (com
várias tonalidades dentárias dispostas aleatoriamente). Não houve
consenso para seleção da cor, do modelo e da disposição dos dentes
anteriores, de acordo com a idade e o sexo. Concluíram que a
implementação de um guia de estética dentária, apropriado à idade e ao
gênero, com o intuito de aprimorar a escolha do modelo, da cor e da
disposição de dentes artificiais, pode ser útil.
Wolfart; Menzel; Kern (2004) avaliaram a relação, dependente de
gênero, entre o formato do ICS e forma invertida da face. Foi
selecionada uma amostra de 204 estudantes de Odontologia (102
mulheres e 102 homens), caucasianos, residentes na Alemanha, com
faixa etária média de 23,7 ± 2,7 anos. Em cada sujeito, duas imagens
(vista frontal dos dentes anteriores superiores e vista frontal da face)
foram obtidas por meio de uma câmera fotográfica (Pentax Z1-P,
Pentax, Japão). Utilizaram os seguintes fatores de exclusão: restauração,
atrição e perda dentária do ICS. As imagens foram projetadas em um
projetor de slides (Novomat 515 AF-M, Braun, Alemanha), para que os
contornos (da face e do ICS) fossem delineados em uma folha
transparente colocada sobre a tela acoplada ao projetor. Em seguida,
obtiveram o quociente dentário divisão de duas medidas de largura
dentária padronizadas: uma na região central e outra na região cervical.
53
A validade e reprodutibilidade desse instrumento foram testadas em uma
pré-avaliação. De acordo com o valor obtido, o ICS era classificado em
triangular (≤0,61), ovóide (entre 0,62 e 0,69) e quadrangular (≥0,70).
Tais valores foram obtidos após uma pré-avaliação em dentes artificiais
(Vitapan, Vita, Alemanha). A proporção de formatos de ICS para o
gênero feminino e masculino, respectivamente, foram: quadrangular
39% (n = 80) e 33% (n = 67); triangular 23% (n = 47) e 27% (n = 55); e
ovóide 38% (n = 78) e 40% (n = 82). Já a proporção de formatos faciais
para o gênero feminino e masculino, respectivamente, foi: quadrangular
26% (n = 53) e 38% (n = 78); triangular 34% (n = 69) e 21% (n = 43); e
ovóide 40% (n = 82) e 41% (n = 84). A coincidência entre os formatos
do dente e da face foi de 35% apenas, e não foi estatisticamente
significativo (p<0,05). Não houve relação estatisticamente significativa
entre formato do ICS e gênero (p>0,05). Concluíram que não houve
relação entre forma da face e formato do ICS (teoria das linhas opostas),
nem relação entre este e o gênero.
Miraglia; Freitas; Pinto (2004) avaliaram a eficiência clínica do
método de seleção de dentes artificiais pelo instrumento trubyte tooth
indicator (Trubyte tooth indicator, Dentsply, EUA). Foi selecionada
uma amostra de 100 indivíduos (72 mulheres e 28 homens), com faixa
etária entre 20 e 30 anos. Por meio do instrumento trubyte tooth
indicator, a seguinte mensuração da face foi realizada: largura (distância
entre os zigomas) e o comprimento (distância entre a linha do cabelo e o
gnátio). A mensuração dos ICS mésio-distal (MD) e gengivo-incisal
(GI) foi realizada por meio de um compasso de ponta seca. Os valores
médios obtidos na mensuração dentária e na mensuração com o
instrumento (trubyte tooth indicator), respectivamente, foram: 8,905mm
e 8,415mm (para mensuração MD), e 10,101mm e 10,791mm para GI.
A relação entre a média das medidas de largura e de comprimento da
face e dos ICS observada foi significativamente diferente (p<0,05).
Concluíram que a utilização da régua trubyte tooth indicator para a
seleção de dentes anteriores superiores pode resultar em erros, tais como
a seleção de dentes mais longos e estreitos. Apesar de haver vários
estudos para seleção de dentes artificiais, algumas técnicas ainda geram
muita dúvida, em relação à precisão e à confiabilidade. Em razão disso,
é necessário que o profissional conheça vários métodos para seleção de
dentes artificiais e tenha sensibilidade para observar características
individuais, tais como idade, sexo, raça e personalidade.
Lindemann; Knauer; Pfeiffer (2004) avaliaram a existência de
relação entre o formato dos ICS, a forma da face e o gênero. Obtiveram
modelos da maxila de 100 sujeitos de etnia alemã, com proporção igual
54
de ambos os sexos, com faixa etária média de 45,8 e 43,2 anos para
homens e mulheres, respectivamente. Realizaram fotografias digitais
padronizadas com uma câmera digital (DKC ID-1, Sony, Japão), em
norma frontal, da face e dos ICS nos modelos de gesso. Os formatos dos
ICS e da face foram comparados, por meio do método da distância
Hausdorff (HDD), no qual é realizada uma mensuração do grau de
diferença entre os formatos. As imagens foram analisadas por meio de
um programa de edição de imagens NIH Image (NIH Image V.1.59,
Macintosh, EUA). Para essa análise, os seguintes procedimentos foram
realizados: primeiro, as imagens foram convertidas em escalas de cinza;
segundo, a projeção da imagem foi selecionada manualmente, por meio
da função laço do programa gráfico; terceiro, todos os dados não
relevantes foram deletados e o formato do contorno foi gerado como um
programa bitmap preto e branco, e então, convertido em um vetor
gráfico. Os formatos a serem comparados foram adaptados,
manualmente, até obter o máximo de semelhança. A base matemática de
comparação foi a função h (A,B), chamada de HDD do formato A ao B.
Essa função não é uma distância real e não possui unidade internacional.
Quanto menor o valor de HDD obtido, mais semelhantes são os
formatos. De forma contrária, quanto maior o valor obtido, maior será a
diferença entre os formatos. O HDD de cada ICS foi comparado com os
dois formatos faciais (contorno do queixo até a linha das sobrancelhas e
contorno do queixo até a linha do cabelo). Para avaliar a variabilidade
dos formatos do ICS e da face, comparações de HDD foram realizadas
entre os indivíduos. Para avaliar a diferença entre os sexos, os formatos
dos ICS foram comparados em cada gênero. De acordo com os
resultados, a forma da face desde a margem do queixo até a linha da
sobrancelha produziu uma combinação melhor (HDD = 0,084) com o
ICS, em relação à forma da face a partir do queixo até a linha do cabelo
(HDD = 0,108). Tal diferença foi estatisticamente significativa
(p<0,0001). Em média, o formado dos ICS dispõe de uma variabilidade
maior (HDD = 0,084), em relação aos formatos faciais (HDD = 0,045).
Na comparação entre os gêneros, os tipos de formatos dos ICS de
mulheres demonstraram uma HDD menor que o dos homens, sendo esta
diferença estatisticamente significativa (P<0,0001). Concluíram que: os
formatos dentários dos ICS femininos exibiram uma variabilidade
menor que a dos homens; ICS produziram uma combinação melhor com
o formato da face, quando a comparação era feita com o formato da face
obtido a partir da margem do queixo até a linha das sobrancelhas, do
que da margem do queixo até a linha do cabelo.
55
Anderson et al. (2005) avaliaram a preferência estética por tipos
de formatos dentários em homens e em mulheres. O ICS foi alterado por
meio do uso de uma pasta try in, na mesma paciente, até obter cada um
dos seguintes formatos: quadrangulares, quadrangulares-arredondados e
arredondados. Em seguida, apenas o canino foi alterado, com o uso da
mesma pasta, até ficarem: pontudos, arredondados e achatados. A cada
uma das seis modificações, uma fotografia do sorriso foi obtida, com
uma câmera digital (Kodak 290, Eastman Kodak Company, EUA). As
imagens obtidas foram modificadas para ficarem com aspecto dentário
masculino (alterações labiais e de cor dentária), por meio do programa
de edição de imagens (Digident.com, Digident, EUA). Foram
confeccionados questionários contendo as imagens dos sorrisos
(impressão colorida) para avaliar a preferência de pessoas leigas,
ortodontistas, clínicos gerais e protesistas, para o formato dentário de
ICS e de caninos, no sexo masculino e feminino. A amostra de
avaliadores dos sorrisos continha 120 dentistas restauradores (clínicos
gerais e protesistas), 113 ortodontistas e 102 pessoas leigas. A
preferência estética de cada avaliador foi quantificada por meio de uma
escala analógica visual. Para o sexo feminino, os grupos de profissionais
Odontólogos (dentistas restauradores e ortodontistas) preferiram ICS
arredondados e quadrangulares-arredondados (p≤0,01). o grupo de
pessoas leigas não demonstrou preferência específica de formato de ICS,
no sexo feminino. Para o sexo masculino, todos os grupos preferiram
ICS quadrangulares-arredondados (p≤0,01). Não houve preferência
estética, estatisticamente significativa, para o formato do canino.
Concluíram que o formato do canino mostrou menor importância que o
formato do ICS para a estética dentária. Pessoas leigas tenderam a serem
menos críticas, em relação aos grupos de profissionais Odontólogos,
para a seleção do formato do ICS.
Gomes et al. (2006) avaliaram a relação entre a largura dos 6
dentes anteriores superiores com mensurações da face. Foi selecionada
uma amostra com 81 indivíduos brasileiros dentados (37 homens e 44
mulheres da Universidade Federal de Uberlândia MG, Brasil), com
faixa etária de 17 a 33 anos. Para serem incluídos no estudo, deviam
possuir os 6 dentes anteriores superiores, sem atrição severa, prótese ou
amplas restaurações. Os sujeitos foram fotografados com uma câmera
digital (FD 97, Sony, México), em norma frontal. As seguintes imagens
da face foram obtidas: uma em dimensão vertical de repouso, com lábios
fechados, e outra do sorriso. Os sujeitos foram instruídos a colocarem
sua face no esquadro de Wavrin modificado (Wavrin Trubyte Tooth
Guide, Dentist’s Supply Co., EUA), que auxiliou na padronização do
56
posicionamento da cabeça e proporcionou uma relação mensurável entre
a imagem e a dimensão atual. As medidas foram analisadas nas
imagens, por meio de um programa de processamento de imagem (HL
IMAGE ++97, Western Vision Software, USA). A largura aparente
mesiodistal dentária foi mensurada, com régua flexível, sobre modelos
de gesso, que foram obtidos por meio de moldes com silicone denso
(Silon2 APS, Dentsply, EUA). As distâncias dentárias mensuradas
foram: entre pontas de cúspide dos caninos (TTC), e as distais dos
caninos (DDC). As seguintes distâncias faciais foram obtidas:
interpupilar (IPD), interalar, entre os cantos internos dos olhos (ICD), e
entre as comissuras labiais (ICm). Os valores médios obtidos foram:
34,39mm (ICD), 69,09mm (IPD), 56,58mm (ICm), 44,00mm (TTC) e
53,67mm (DDC). Houve relação, estatisticamente significativa, entre
todas as distâncias faciais e a largura dos 6 dentes anteriores superiores.
Houve diferenças, estatisticamente significativas, nas medidas faciais
entre os gêneros, exceto para a medida ICD. Entretanto, não houve
diferença estatisticamente significativa na mensuração dentária entre o
sexo feminino e o masculino. Concluíram que a análise facial com
fotografia digitalizada é um método eficiente e prático para seleção da
largura mesiodistal dos dentes artificiais superiores anteriores, para
obtenção de uma aparência natural e esteticamente agradável.
Varjão; Nogueira; Arioli Filho (2006) avaliaram a relação entre
forma do ICS e da face, em 4 grupos raciais, e investigaram se havia
concordância entre profissionais experientes em categorizar os formatos
dentários. Um total de 160 indivíduos brasileiros (40 brancos, 40
mulatos descendentes de miscigenação entre brancos e negros , 40
negros e 40 asiáticos japoneses e chineses), de ambos os sexos, com
variação da faixa etária entre 18 e 33 anos, foram avaliados. Os critérios
de inclusão foram os seguintes: ausência de defeitos faciais congênitos
ou cirúrgicos, presença dos dentes anteriores superiores naturais em
bom alinhamento, ausência de restauração, desgaste incisal ou
hiperplasia gengival no ICS. Duas fotografias foram obtidas com uma
câmera digital (MVC-FD97, Sony, Japão), sendo uma total da face, e
outra intrabucal dos ICS direitos. Para as tomadas fotográficas, os
indivíduos ficavam sentados, com a cabeça suportada por uma base de
sustentação, com o plano oclusal paralelo ao solo. Foram realizados
traçados dos contornos dentários, por meio de um software de edição de
imagens (Adobe Photoshop 5.0, Adobe Systems, USA) que foram
impressos em transparências. Três protesistas avaliaram,
independentemente, se houve correspondência entre os formatos
dentários e da face, por meio da superposição das transparências. Os
57
protesistas também classificaram os formatos dos ICS em quadrado,
ovóide, triangular ou combinação de dois desses formatos, em duas
etapas. Na primeira etapa, não houve orientação para proceder à
classificação. na segunda etapa, eles foram instruídos a seguirem o
método de Williams (1914b). Os seguintes percentuais de concordância
foram encontrados: 23,75% (n=38) entre os formatos da face e do dente;
30,62% (n = 49) para classificação do formato dentário entre os
protesistas na primeira etapa, e 24,37% (n = 39) na segunda; Concluíram
que não houve relação significativa entre o formato do ICS e forma da
face em nenhum grupo racial estudado. Além disso, apesar da
experiência profissional de 15 anos, os protesistas não apresentaram
amplo acordo na categorização do formato dentário.
Zlataric; Dristek; Celebic (2007) compararam as semelhanças
entre medidas faciais e dentárias. Selecionaram uma amostra contendo
90 sujeitos caucasianos (35 homens, com média de idade de 23 anos; e
55 mulheres, com média de idade de 22 anos). Por meio de um
calibrador (model CD-6, Mitutoyo, Japão) com precisão de 0,01 mm, as
seguintes medidas foram avaliadas: largura e comprimento de cada
dente anterior superior (sobre modelos de gesso), comprimento do nariz,
comprimento do lábio superior, comprimento facial (incluindo o
comprimento dos terços faciais), largura intercantal, largura interalar,
largura intercomissuras ao sorrir, e máxima exposição dos incisivos
centrais superiores ao sorrir. A razão entre largura e altura dentária foi
calculada. Os valores médios obtidos, respectivamente, para o sexo
masculino e feminino foram: 0,82 e 0,84 (proporção entre largura e
altura do ICS); 0,78 e 0,79 (proporção entre largura e altura dos
incisivos laterais superiores); 0,81 e 0,82 (proporção entre a largura e
altura dos caninos superiores); 18,72cm e 17,72cm (comprimento
facial); 6,86cm e 6,29cm (comprimento do terço inferior da face);
2,23cm e 2,04cm (comprimento do lábio superior); 6,74cm e 6,34cm
(largura intercomissural), 7,59mm e 8,16mm (máxima exposição do ICS
ao sorrir); 4,99cm e 4,63cm (comprimento do nariz); 3,39cm e 3,02cm
(largura interalar); e 1,54cm e 1,53cm (largura intercantal). Houve
relação, estatisticamente significativa, entre as medidas faciais e o
gênero, mas não entre este e as proporções dentárias. Concluíram que o
uso de medidas faciais para seleção de dentes artificiais é inadequada
para a população estudada.
Altherr; Koroluk; Phillips (2007) realizaram mensurações em
modelos dentários de pacientes atendidos na clínica Odontológica da
Universidade da Carolina do Norte. Foi selecionada uma amostra de 120
sujeitos (60 homens e 60 mulheres), com proporções iguais entre a raça
58
branca e a negra. Os seguintes critérios de inclusão ao estudo foram
utilizados: presença de todos os dentes em boas condições clínicas;
ausência de defeitos no esmalte (como hipoplasia); ausência de perda
dentária congênita; indivíduos mais jovens que 21 anos de idade;
caninos e pré-molares erupcionados (para permitir as mensurações).
Mensurações da largura dentária (distância entre pontos de contato) do
canino até o segundo pré-molar superior foram realizadas sobre modelos
de gesso, obtidos em arquivos da Universidade da Carolina do Norte.
Esta mensuração foi realizada com um calibrador digital (MAX-CAL,
Fowler & NSK Co, Japão), com precisão de 0,03mm. A consistência da
mensuração, intraexaminador, foi avaliada, por meio da seleção
aleatória de 10 modelos em cada grupo étnico, nos quais 2 mensurações
foram realizadas pelo mesmo avaliador. Houve alta consistência na
técnica de mensuração (o coeficiente de correlação intraclasse variou de
0,93 a 0,98). Os valores médios para as larguras do canino ao segundo
pré-molar, no sexo feminino e masculino, respectivamente, foram:
21,19mm e 22,39mm (para a raça branca); e 22,83mm e 23,33mm (para
a raça negra). As mensurações foram significativamente maiores em
homens, especialmente da raça negra. Concluíram que uma possível
influência de etnia e de sexo sobre os tamanhos dos dentes avaliados.
Lee et al. (2007) estabeleceram dados normativos sobre o
tamanho dentário, por um método de formação de grupos. Participaram
da amostra 307 coreanos (188 homens e 119 mulheres), com oclusão
normal, e com faixa etária entre 17 e 24 anos (média de 20 anos de
idade). Os critérios de inclusão foram: relação de classe I entre molares
e caninos; dentes permanentes totalmente erupcionados (exceto terceiros
molares); overjet e overbite normal, mínimo apinhamento (< 2 mm) e
diastemas (< 1 mm); sem histórico de tratamentos ortodôntico ou
protético. Foram excluídos sujeitos em que os dentes tinham cáries
proximais ou restaurações que afetassem a largura dentária mesio-distal;
restaurações amplas; atrição significante; e defeitos congênitos. Foram
realizadas mensurações dentárias sobre modelos de gesso da maxila e da
mandíbula, obtidos a partir de impressões de alginato. Um calibrador
digital Vernier (Mitutoyo; Kawasaki, Japão), com precisão de 0,01 mm,
foi utilizado para mensurar a largura de todos os elementos dentários
(exceto o terceiro molar). Os valores médios para a maxila e mandíbula,
respectivamente, foram: 8,5mm e 5,3mm (incisivo central); 7,0mm e
5,9mm (incisivo lateral); 8,0mm e 7,0mm (canino); 7,4mm e 7,3mm
(primeiro pré-molar); 6,8mm e 7,1mm (segundo pré-molar); 10,6mm e
11,1mm (primeiro molar); e 9,8mm e 10,6mm (segundo molar). Estas
mensurações, tanto na maxila, quanto na mandíbula, foram agrupadas
59
com base em uma mistura multivariada de modelos, em homens e em
mulheres. Disso resultou a formação de 7 grupos heterogêneos de
tamanho dentário no sexo masculino, e 4 no sexo feminino. Concluíram
que essa heterogeneidade parece contribuir para dados normativos, com
várias implicações, tal como a contribuição no processo de fabricação de
dentes artificiais. Estudos com outros grupos étnicos são necessários
(LEE et al., 2007).
Yu et al. (2008) analisaram um método de avaliação de contorno
dentário. A amostra continha 160 indivíduos chineses (56 homens e 60
mulheres, 22,9 ± 4,6 anos de idade). Todos os indivíduos possuíam os
dentes permanentes anteriores intactos, e foi permitido o mínimo
possível de giroversão dentária. Foram critérios de exclusão
(relacionados aos dentes anteriores superiores): ausência dentária,
restauração, atrição visível, histórico de tratamento ortodôntico,
anormalidade no formato ou no tamanho dentário, periodontite e
recessão gengival. Impressões com silicone (Silagum Putty Soft &
Silagum Light, DMG Inc., Alemanha) dos dentes anteriores superiores
foram realizadas pelo método “sanduíche”. A partir desses moldes,
obtiveram modelos de resina acrílica autopolimerizável RAA (Self-
cure Tooth Acrylic Resin, Shanghai New Century Dental Materials Inc.,
China). Cada dente foi individualizado e seccionado em 3 partes
(mesial, médio e distal) com um disco diamantado (Isomet, Buehler
Ltda., EUA). As porções foram posicionadas de maneira padronizada
sobre um fundo preto para serem fotografadas por uma câmera digital
(EOS 300, Canon Inc., Japão) com uma lente macro 100mm. As
imagens foram salvas no formato TIFF e foram processadas no
programa SigmaScan (Sigma Scan Pro Version 5.0, Systat Software
Inc., EUA). Nesse programa, as superfícies vestibulares e linguais de
cada dente foram traçadas. Em seguida, o programa SigmaScan foi
aplicado para transformar os perfis facial e lingual em dados (x,y) de um
arquivo do Microsoft Excel (Excel 2007, Microsoft, USA). Os dados
foram introduzidos no programa TableCurve 2D (TableCurve 2D
version 5.01 for Windows, Systat Software Inc., EUA). Esse programa
foi utilizado para encontrar a melhor equação para representar os
contornos vestibular e lingual. Todas as análises foram realizadas pelo
mesmo operador. Para testar a consistência intraoperador, 20 porções
dentárias foram selecionadas aleatoriamente e mensuradas novamente.
Um alto nível de repetição foi encontrado sugerindo que o método é
confiável (o coeficiente de correlação de Pearson foi 0,88 para face
vestibular e 0,97 para a face lingual). Os contornos dentários, vestibular
e lingual, foram mais bem representados, respectivamente, pelas
60
seguintes equações: y=a+bx
0.5
e In(y)=a+bx
2
. Os valores do parâmetro
b, gerados a partir dessas duas equações, proveram uma mensuração da
curvatura dentária. Diferentes valores do parâmetro a nas equações não
influenciaram o contorno dentário. Apenas os valores do parâmetro b
foram analisados. Para o contorno vestibular, os valores médios do
parâmetro b, para o sexo masculino e feminino, respectivamente, foram:
34,02 e 31,58. Tal diferença foi estatisticamente significativa. No
entanto, nenhuma diferença estatisticamente significativa foi observada
entre os sexos, para o contorno lingual, nos valores do parâmetro b.
Também foram observadas diferenças estatisticamente significativas
entre os tipos dentários (incisivos centrais, incisivos laterais e caninos
superiores) e entre as secções dentárias (mesial, média e distal).
Concluíram que esse método foi adequado para análise do contorno
dentário, e pode revelar diferenças estatisticamente significativas no
contorno entre os sexos, tipos dentários e partes do dente, em uma
população chinesa com dentição saudável.
61
3 PROPOSIÇÃO
O presente estudo in vivo tem como propósito: avaliar, in vivo, a
existência de relação entre o gênero e o formato do ICS direito, em
escolares da 1ª série do ensino médio da Rede Pública Estadual do
Município de Florianópolis Santa Catarina (Brasil). Dessa forma,
pretendemos verificar a diferença na prevalência dos formatos ovóide,
quadrangular e triangular entre os gêneros feminino e masculino.
62
63
4 MATERIAL E MÉTODOS
A forma do ICS direito foi avaliada in vivo, por meio de
fotografias dentárias, em estudantes do ensino médio de Florianópolis.
Os dentes foram fotografados e classificados objetivamente em um dos
seguintes formatos: quadrangular, triangular ou oval. A prevalência de
cada formato foi relacionada com o gênero (feminino e masculino).
4.1 MATERIAL
O material e os equipamentos utilizados na presente pesquisa
estão listados na QUADRO 1.
Material (modelo)
Fabricante
País
Afastadores labiais
Indusbello
Brasil
Álcool etílico hidratado 70º GL
Ciclofarma
Brasil
Cadeira reclinável
Bel Fix
Brasil
Câmera fotográfica digital
(Nikon D80)
Nikon Corporation
Japão
Cartão de memória 2GB
Dane-Elec
França
Detergente
Ypê
Brasil
Escovas dentárias (extraclean)
Colgate
EUA
Creme dental
Colgate
EUA
Filme plástico de PVC
RoyalPack
Brasil
Fio dental (expansion plus)
Jonhson-Jonhson
EUA
Flash fotográfico
Sigma
Japão
Fundo preto descartável
Polibrás
Brasil
Gaze
Cremer
Brasil
Guardanapo de papel (BOB)
Cahdam Volta Grande
S.A.
Brasil
Lente fotográfica 105 mm (F2.8
EX DG)
Sigma
Japão
Luvas descartáveis
Descarpack
Brasil
Lupa e iluminação a LED
Light Head Magnifying
Glass
China
Quadro 1 Material e equipamentos utilizados.
64
4.2 MÉTODO
No presente estudo observacional transversal, foi realizada uma
avaliação in vivo da prevalência dos formatos dentários (quadrangular,
ovóide e triangular) no ICS direito. As seguintes etapas foram
realizadas: aprovação do projeto de dissertação no Comitê de Ética em
pesquisa e solicitação de autorizações para a realização do trabalho com
os alunos nas escolas; realização de um trabalho piloto; amostragem de
uma população de estudantes da série do ensino médio de
Florianópolis; entrevista e exame físico intrabucal; fotografia dos
incisivos centrais superiores (ICS); análise do formato dentário do ICS
direito; e análise estatística.
4.2.1 Sequência da pesquisa e aspectos legais
O planejamento foi efetuado em acordo com as normas de
desenvolvimento de pesquisa com seres humanos, conforme
estabelecido na resolução 196/96. Em razão do envolvimento de
estudantes da Rede Estadual de Ensino, uma solicitação para a
realização do estudo foi enviada à Gerência de Educação (GERED) de
Florianópolis. Após ser autorizado pela GERED (APÊNDICE A), o
projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis Brasil
, aprovado e registrado sob o número do processo 146/09 FR 262277
(ANEXO A).
As escolas da Rede Pública Estadual de Ensino de Florianópolis
foram convidadas a participar da Pesquisa. Os motivos para a realização
do trabalho, assim como a metodologia proposta, foram explicados
verbalmente ao responsável pela instituição. Adicionalmente, um
projeto escrito do trabalho foi entregue. Todas as 28 escolas da Rede
Pública Estadual de Ensino de Florianópolis aceitaram participar da
pesquisa. Os alunos selecionados para o trabalho, em cada escola, foram
informados dos objetivos e da metodologia da pesquisa. Antes de
qualquer procedimento ser realizado, todos os sujeitos de pesquisa
receberam dois termos de consentimento livre e esclarecido (TCLE): um
para ser assinado pelos pais ou representantes legais (APÊNDICE B); e
outro para ser assinado pelo próprio aluno (APÊNDICE C). Esses
65
termos, assinados, foram entregues ao pesquisador principal,
previamente à realização das fotografias.
Dessa forma, o trabalho de campo foi dividido em 3 etapas, na
seguinte ordem: primeira, na qual a instituição foi convidada a participar
da pesquisa e se obteve informações inerentes aos alunos e à atividade
escolar; segunda, na qual os alunos foram contatados para serem
informados sobre a pesquisa e para a entrega dos TCLE; e a terceira,
para receber os TCLE assinados e realizar a coleta de dados:
questionário, exame clínico e fotografias.
O grupo de pesquisa incluiu o pesquisador principal e três
auxiliares. O pesquisador principal coordenou as atividades e esteve
presente em todas as etapas da pesquisa. Já os auxiliares participaram da
terceira etapa, ou seja, no trabalho de campo propriamente dito, quando
foi realizada a entrevista, o exame clínico e as fotografias. No trabalho
de campo, sempre estavam presentes o pesquisador principal e um dos
auxiliares. A função destes foi ajudar nas seguintes atividades:
anotações, manutenção da assepsia e biossegurança, e auxílio na busca
dos alunos em sala de aula. Dessa forma, havia maior agilidade na
execução das fotografias, para que o aluno ficasse o menor tempo
possível fora da sala de aula. O pesquisador principal foi responsável
por todas as demais atividades: explicação da pesquisa às Escolas e aos
alunos, entrega e recebimento de TCLE, entrevista, avaliação intrabucal,
fotografias dentárias e análise do formato dentário.
Para otimizar o trabalho de campo, foi criado um cronograma
com todas as datas e horários de visitas. Para isso, foi necessário o
conhecimento prévio de vários dados inerentes às escolas: horário de
funcionamento, rotina de intervalos, atividades programadas fora da
escola, datas de provas, conselhos de classe, e existência de local
apropriado para a realização dos exames. Os locais selecionados para a
realização da fotografia apresentaram as seguintes características:
ausência de circulação livre de pessoas (para garantir a privacidade ao
sujeito da pesquisa), arejado e com iluminação natural adequada. Os
seguintes ambientes foram utilizados durante a pesquisa: salas de aula
vazias, salas de vídeo, anfiteatros e sala dos professores.
66
4.2.2 Amostragem
Uma amostragem foi realizada a partir da seguinte população:
escolares da 1ª série do ensino médio da Rede Pública Estadual de
Ensino de Florianópolis, Santa Catarina Brasil. De uma população de
4758 alunos (N), foi estabelecido um tamanho mínimo de amostra igual
a 369 (n). Sobre esse valor, foram acrescidos 40%, alcançando-se o total
de 516 unidades amostrais. A ampliação no tamanho da amostra
decorreu da previsão de perdas no decorrer da pesquisa, devido aos
fatores de exclusão.
A amostragem foi estratificada, de forma que o percentual da
amostra distribuída em cada Escola foi proporcional à quantidade de
alunos matriculados na série do ensino médio, em relação ao total da
população. A relação das escolas da Rede Pública Estadual de Ensino de
Florianópolis, o número de alunos matriculados na série do ensino
médio de cada instituição e a estratificação da amostra podem ser
visualizados na TAB. 1.
67
Tabela 1 Distribuição da amostra nas escolas da Rede Pública
Estadual de Ensino de Florianópolis.
Escola
Número de alunos
da 1ª série EM
Distribuição
percentual
Número de alunos que
irão compor a amostra
Instituto Estadual de Educação
764
16,06%
83
EEB Aderbal Ramos da Silva
577
12,13%
63
EEB Celso Ramos
59
1,24%
06
EEB Dayse Werner Salles
22
0,46%
02
EEB Dom Jaime de Barros Câmara
167
3,51%
18
EEB Dr Paulo Fontes
72
1,51%
08
EEB Feliciano Nunes Pires
71
1,49%
08
EEB Getúlio Vargas
204
4,29%
22
EEB Ildefonso Linhares
69
1,45%
07
EEB Intendente José Fernandes
112
2,35%
12
EEB Jurema Cavallazzi
29
0,61%
03
EEB Lauro Muller
51
1,07%
06
EEB Leonor De Barros
136
2,86%
15
EEB Osmar Cunha
734
15,43%
80
EEB PE Anchieta
75
1,58%
08
EEB Pres Roosevelt
88
1,85%
10
EEB Prof Anibal Nunes Pires
125
2,63%
14
EEB Profª Laura Lima
109
2,29%
12
EEB Profº Anisio Teixeira
73
1,53%
08
EEB Profº Henrique Stodieck
188
3,95%
20
EEB Simão José Hess
196
4,12%
21
EEB Tenente Almachio
116
2,44%
13
EEM Antonio Paschoal Apostolo
181
3,80%
20
EEM Henrique Veras
50
1,05%
05
EEM Pref Acacio Garibaldi Sao Thiago
87
1,83%
09
EEM Pres Castelo Branco
86
1,81%
09
Escola De Ensino Médio Joao Goncal
216
4,54%
23
Colégio de Aplicacão UFSC
101
2,12%
11
Total de Alunos
4758
100,00%
516
A escolha dos alunos para comporem a amostra foi por
conveniência. A mesma quantidade de homens e de mulheres foi
selecionada em cada instituição. Quando o número de amostras a ser
selecionado na escola era ímpar, optou-se por arredondá-lo para o
número par subsequente, ou seja, maior. Dessa forma, 12 sujeitos foram
68
selecionados a mais, obtendo-se um tamanho de amostra (incluindo os
excluídos) igual a 528.
Foram incluídos à amostra estudantes da série do ensino
médio, que não estivessem utilizando aparelho ortodôntico fixo nos
dentes anteriores superiores. Foram critérios de exclusão: aspectos
intrabucais inadequados à pesquisa e idade superior a 30 anos. Os
seguintes aspectos intrabucais, associados ao dente 11, foram
considerados para a exclusão: ausência dentária, anomalia de
desenvolvimento com alteração no formato dentário (exemplo:
amelogênese imperfeita, dente fusionado, macrodente, entre outros),
desgaste dentário acentuado decorrente de atrição, apinhamento, cárie
ou intervenção restauradora envolvendo o contorno dentário, fratura,
dente malposicionado em relação à base óssea, erupção alterada, edema
gengival, recessão gengival, presença de prótese ou de placa dentária
(que prejudicasse a avaliação do contorno dentário) e histórico de
cirurgia periodontal estética.
4.2.3 Entrevista e exame físico intrabucal
A entrevista e o exame físico intrabucal foram realizados na
terceira etapa do trabalho de campo, ou seja, na de coleta de dados. Os
sujeitos selecionados à amostra responderam a um questionário
(APÊNDICE D), aplicado na forma de entrevista, seguido por um
exame físico intrabucal. As perguntas do questionário foram realizadas
sempre pelo mesmo entrevistador o pesquisador principal. Os
seguintes dados foram coletados: nome completo, idade, gênero e
histórico dentário simplificado. Por meio deste, os sujeitos foram
questionados a respeito da existência de injúria traumática, de
intervenção restauradora e de cirurgia periodontal estética nos dentes
anteriores superiores.
Previamente ao exame físico intrabucal, os sujeitos foram
orientados a escovarem os dentes, com escova dentária pessoal,
conforme avisado previamente.
Para os que não haviam trazido escova, foi disponibilizado
dentifrício e uma escova dentária (nova), para que procedessem à
escovação. Em seguida, o fio dental foi passado, pelo pesquisador
principal, nas proximais do dente 11 dos sujeitos avaliados. Tal
procedimento visava reduzir a placa, para favorecer a visualização de
69
detalhes e do contorno dentário, tanto no exame, quanto nas imagens
fotográficas.
Os sujeitos foram orientados a deitarem em uma cadeira
reclinável (Bel Fix, Brasil), de forma que o plano de Camper ficasse
perpendicular ao solo. Essa cadeira podia ser reclinada em cinco níveis,
considerando o nível um, o modo horizontal (deitado), e o nível cinco, o
modo vertical (sentado). Durante a realização do exame intrabucal e das
fotografias, a cadeira ficou posicionada no nível um, para todos os
sujeitos avaliados na pesquisa. Para realizar o exame, o pesquisador
principal ficou posicionado atrás do sujeito, na posição de doze horas.
Realizou-se uma avaliação visual no dente 11 para verificar a existência
dos fatores de exclusão à pesquisa. Neste momento, foi destinada
atenção especial à verificação de restauração, prótese dentária, desgaste
dentário acentuado, dente malposicionado, fratura, edema e recessão
gengival. Para auxiliar nesta etapa, foi utilizada lente de aumento
associada à iluminação artificial (Light Head Magnifying Glass, China).
Além disso, uma gaze foi utilizada para secar os dentes. As informações
obtidas em cada avaliação foram registradas em ficha clínica específica
(APÊNDICE E).
4.2.4 Fotografias dentárias
Após o exame intrabucal, os sujeitos permaneceram deitados na
cadeira reclinável, no posicionamento descrito anteriormente (reclinada
no nível um), mantendo o plano de Camper perpendicular ao solo.
Afastadores labiais (Indusbello, Brasil) foram posicionados em boca
para obter a exposição total dos ICS. Previamente à utilização, os
afastadores labiais foram higienizados com água e detergente (Y,
Brasil) e desinfecção por meio de fricção com gaze (Cremer, Brasil)
embebida em álcool 70% (Coperalcool, Brasil), seguida de
envolvimento com filme de PVC (RoyalPack, Brasil). Este
procedimento foi repetido a cada sujeito fotografado. Para remover a
saliva e melhorar o aspecto da imagem obtida, os ICS foram secos por
meio de uma gaze e da utilização de fio dental nas proximais deste
dente.
Foi realizada uma tomada fotográfica, em vista frontal,
perpendicular à face vestibular dos ICS (FIG. 1). Os incisivos centrais
superiores foram centralizados na fotografia, com a linha média
centralizada e perpendicular ao plano incisal (WOLFART; MENZEL;
70
KERN, 2004). A câmera fotográfica digital (D80, Nikon, Japão) foi
posicionada de maneira que a lente (F2.8 EX DG, Sigma, Japão) ficasse
paralela à superfície vestibular dos ICS (VARJÃO; NOGUEIRA;
ARIOLI FILHO, 2006). O ajuste da fotografia foi padronizado em todas
as imagens, com as seguintes características: 200 de velocidade, 32 de
abertura do diafragma, um trinta e dois avos para o flash (Sigma, Japão)
ajustado manualmente, lente (Sigma, Japão) com foco fixo 1:2 (para
padronizar a distância foco-objeto) e formato JPEG fine.
Figura 1 Tomada fotográfica, em vista frontal, perpendicular aos ICS.
4.2.5 Análise do formato dentário
As imagens fotográficas foram transferidas a um computador,
com sistema operacional Windows XP (Microsoft, EUA), por meio de
um cartão de memória 2GB (Dane-Elec, França). O nome do arquivo de
cada imagem foi armazenado com o nome do sujeito fotografado, no
formato JPEG. Em seguida, as imagens foram duplicadas, e os nomes
dos arquivos duplicados foram substituídos por uma numeração
sequencial, de forma aleatória. Foi arquivada a relação entre a
71
numeração, o nome dos sujeitos e o respectivo gênero (feminino ou
masculino). Essa substituição foi realizada por outro avaliador (não o
pesquisador principal). Isso propiciou que a análise posterior fosse
realizada às cegas.
Previamente à análise do formato, as imagens precisaram ser
ajustadas para que o ICS direito ficasse centralizado na imagem, com
seu longo eixo disposto verticalmente. A principal referência utilizada
para o posicionamento adequado do dente 11, durante o seu
enquadramento, foi posicionar verticalmente o longo eixo dentário. Para
auxiliar nesse procedimento, foram observadas algumas considerações
anatômicas desse dente: incisal com leve curvatura para distal, aresta
mesial mais baixa que a aresta distal e zênite gengival inclinado para
distal. Tais aspectos não foram seguidos estritamente, que foi
necessário considerar características individuais.
Para o enquadramento dentário, foi utilizado o programa de
edição de imagens Adobe Photoshop 8.0.1 (Adobe Systems, EUA).
Após a inserção da imagem no programa, os seguintes procedimentos
foram realizados: seleção da função girar tela de pintura” no modo
arbitrário” (FIG. 2); alteração da angulação da imagem (em graus), em
sentido horário (H) ou anti-horário (AH), de acordo com a necessidade
do dente 11 de cada sujeito, para direcionar o longo eixo do ICS direito
na posição vertical (FIG. 3); demarcar recorte da imagem (ferramenta
corte demarcado) por meio do enquadramento do dente 11 (FIG. 4); e
confirmação do recorte (FIG. 5).
72
Figura 2 Girar a imagem: seleção da função “girar tela de pintura” no
modo “arbitrário”.
Figura 3 Alteração na angulação da imagem para direcionar o longo
eixo do dente 11 na posição vertical
73
Figura 4 Demarcar o recorte da imagem para enquadramento do dente
11.
Figura 5 Confirmação do recorte, concluído o enquadramento do dente
11
74
Após o enquadramento do dente 11, a imagem foi novamente
arquivada (salva), pois estava pronta para que fosse realizada a análise
do formato dentário. Esta análise foi objetiva, que foi realizado um
cálculo do quociente dentário para classificar tais formatos em:
quadrangular, triangular ou ovóide. O quociente do ICS é resultante da
divisão entre a extensão da largura dentária na região cervical com a
extensão da maior largura dentária (FIG. 6). Para sua obtenção, foi
empregada a metodologia utilizada por Wolfart; Menzel; kern (2004).
Figura 6 Obtenção do quociente dentário para categorizar os
formatos em: quadrangular, ovóide ou triangular.
Fonte Adaptado de Wolfart; Menzel; Kern (2004).
Nesse método, a seguinte sequência foi utilizada: delimitação do
contorno dentário; demarcação de uma linha representativa do longo
eixo dentário; duas linhas verticais (paralelas ao longo eixo dentário)
tangenciaram o contorno do dente 11 (uma na mesial e outra na distal);
demarcação do ponto mais alto que a tangente distal incidiu sobre o
contorno dentário e o ponto mais baixo que a tangente mesial incidiu
sobre o contorno; sobre cada um desses pontos, foi traçada uma linha
horizontal (perpendicular ao longo eixo dentário); uma linha horizontal
equidistante das duas linhas anteriores (bissetriz) foi traçada e
correspondeu à maior largura dentária (TB); a partir do centro dessa
largura, foi traçada a linha média dentária; a distância desta linha, a
partir do ponto mais cervical dentário até a intersecção com TB foi
calculada e dividida por 5; sobre o limite da quinta porção superior foi
traçada uma nova linha horizontal (TA) que representa a largura dentária
75
cervical, paralela à TB. O traçado realizado pelos autores pode ser
visualizado na FIG. 7.
Figura 7 Traçado realizado por Wolfart; Menzel; Kern (2004)
para definição do formato dentário.
Fonte Adaptado de Wolfart; Menzel; Kern (2004).
Ao invés do traçado manual realizado na metodologia inicial,
optou-se por realizar a análise do formato do dente 11 com auxílio do
programa AutoCAD 2008 (Auto Desk Inc., EUA). AutoCAD é um
programa do tipo CAD utilizado principalmente para a elaboração de
peças de desenho técnico em duas dimensões (2D). A sigla CAD vem
do inglês “Computer Aidded Design” que significa desenho assistido por
computador (AUTODESK, 2010). Em razão da precisão alcançada na
confecção do desenho e obtenção de medidas, esse programa foi
escolhido para auxiliar no delineamento e no cálculo do formato do ICS
direito. Cada imagem fotográfica foi inserida no programa, e os
seguintes passos foram realizados: traçado manual do contorno dentário
(FIG. 8); remoção da imagem fotográfica, ficando-se apenas com o
delineamento (FIG. 9); traçado de duas linhas verticais tangenciando a
mesial e a distal do delineamento (FIG. 10); traçado de uma linha
horizontal sobre a intersecção inferior da tangente mesial com o
delineamento (FIG. 11); traçado de uma linha horizontal sobre a
intersecção superior da tangente distal com o delineamento (FIG. 12);
76
traçado de uma linha equidistante às duas linhas anteriores (linha B),
representando a maior largura dentária (FIG. 13); a linha média vertical
foi traçada e a distância entre a linha B e o ponto dentário mais alto foi
dividido em 5 partes (FIG. 14); traçado de uma linha horizontal sobre a
quinta parte da divisão anterior, representando a largura na região
cervical (FIG. 15).
Figura 8 Delineamento dentário.
77
Figura 9 Delineamento dentário, após remoção da imagem fotográfica
Figura 10 Traçado das tangentes verticais na mesial e na distal do ICS.
78
Figura 11 - Traçado de uma linha horizontal sobre a intersecção inferior
da tangente mesial com o delineamento.
Figura 12 - Traçado de uma linha horizontal sobre a intersecção superior
da tangente distal com o delineamento
79
Figura 13 - Traçado de uma linha equidistante às duas linhas anteriores
(linha B, vermelha), representando a maior largura dentária
Figura 14 - Traçado da linha média vertical, e divisão da distância da
linha média, desde a linha B até o ponto dentário mais alto, em cinco
partes
B
80
A
Figura 15 Traçado de uma linha horizontal (linha A, verde),
representando a largura na região cervical, incidindo sobre a quinta parte
da divisão anterior.
Para a obtenção do quociente dentário, dividiu-se a extensão da
linha A (verde) pela extensão da linha B (vermelha). Em conformidade
com os estudos de Wolfart, Menzel e Kern (2004), os formatos dentários
foram classificados, de acordo com o quociente obtido, nas seguintes
categorias: triangular (≤ 0,61), ovóide (de 0,62 a 0,69) e quadrangular (≥
0,70).
4.2.6 Análise estatística
O tipo de estudo realizado foi observacional transversal, com uma
avaliação in vivo da prevalência dos formatos dentários (quadrangular,
ovóide e triangular) no ICS direito. Para o cálculo do tamanho mínimo
de amostra, foram considerados os seguintes fatores: prevalência
desconhecida do fenômeno (forma dentária) na população; nível de
confiança de 95%; e erro amostral tolerável de 5% (considerando-se
estatisticamente significativo o valor de p<0,05). A base de cálculo do
tamanho mínimo pode ser observada no QUADRO 2.
B
81
Determinação do tamanho da amostra (n)
n
0
= Primeira aproximação para o tamanho da amostra
E
0
= Erro amostral tolerável
n = Tamanho da amostra
N = Tamanho da população
n
0
= 1 / (E
0
)
2
n = (N . n
0
) / (N + n
0
)
Quadro 2 Base de cálculo utilizada para obter o tamanho mínimo da
amostra.
Fonte Barbetta (2008).
As variáveis dependentes foram avaliadas na forma numérica
(quociente dentário) e na forma categórica (formato dentário
quadrangular, ovóide e triangular). A variável independente foi
categórica: gênero feminino e masculino. Foi considerada como
hipótese nula a inexistência de relação entre gênero e formato dentário.
Os dados referentes ao gênero, idade e os números resultantes do
cálculo para o formato dentário (quociente numérico) foram dispostos
no programa Excel 2007 (Microsoft, EUA). O formato dentário foi
categorizado em triangular, quando o resultado numérico da análise foi
menor ou igual a 0,61, ovóide, quando maior que 0,61 e menor que 0,70,
e quadrangular, quando maior ou igual a 0,70. Variáveis contínuas
(quociente numérico) foram descritas por meio de média e desvio-
padrão, e variáveis categóricas (tipo de formato) como freqüências
absolutas e percentagens. O teste Qui-Quadrado foi utilizado para
comparação entre os percentuais de formato categórico. A relação entre
o quociente numérico encontrado e as variáveis idade e gênero foi
avaliada por meio de regressão linear simples. Como não houve
associação entre idade e o quociente numérico não foi realizado
regressão linear múltipla. A relação entre gênero e quociente numérico
foi expressa por meio da diferença média do quociente numérico entre
os gêneros e respectivo intervalo de 95% de confiança (IC 95%).
Para testar a consistência intraoperador, 40 imagens dentárias (de
ambos os gêneros) foram selecionadas aleatoriamente e mensuradas
82
novamente. O resultado foi avaliado por meio do coeficiente de
correlação de Pearson e análise de Bland-Altmann.
Todas as probabilidades de significância (valores de P)
apresentadas foram do tipo bicaudal. O software STATA/SE 9.2
(StataCorp LP, College Station, TX, EUA) foi utilizado para análise
estatística dos dados.
83
5 RESULTADOS
Dos 528 sujeitos que aceitaram em participar da pesquisa, 96
foram excluídos devido à condição intrabucal desfavorável ao estudo.
Dessa forma, a amostra final foi composta por 433 escolares da série
do ensino médio. A prevalência de sujeitos que se enquadraram nos
critérios de exclusão relacionados à condição intrabucal desfavorável
pode ser visualizada na TAB. 2. Mais de um fator de exclusão pode ter
sido observado na mesma pessoa.
Tabela 2 Critérios de exclusão (referente a aspecto intrabucal
associado ao dente 11) e sua prevalência.
Critério de exclusão
Prevalência observada
Ausência dentária
1
Anomalia de desenvolvimento
4
Atrição
22
Apinhamento
17
Cárie
4
Restauração
32
Fratura
10
Giroversão
13
Erupção alterada
-
Edema gengival
5
Recessão gengival
5
Prótese fixa ou removível
2
Placa dentária não removida
3
Histórico de cirurgia periodontal estética
-
Dos 433 sujeitos avaliados, 49,19% (n = 213) eram do gênero
masculino e 50,81% (n = 220) do gênero feminino. A faixa etária média
foi igual a 15,92, com desvio-padrão igual a 1,72.
A distribuição do quociente numérico, obtido pelo cálculo
dentário, pode ser observado no GRAF. 1 (para ambos os gêneros) e no
GRAF. 2 (para os gêneros masculino e feminino isoladamente).
84
0 5
10 15
Percentagem (%)
.5 .6 .7 .8
Formato numérico
Formato dentário (numérico)
0 5
10 15
.5 .6 .7 .8 .5 .6 .7 .8
Masculino Feminino
Percentagem (%)
Formato numérico
Graphs by gênero
Gráfico 1 Histograma dos valores de quociente numérico obtido a
partir do cálculo dentário, para ambos os gêneros.
Gráfico 2 Histograma dos valores de quociente numérico obtido a
partir do cálculo dentário, em cada gênero.
85
.5 .6 .7 .8 .9
Masculino Feminino
Formato dentário (numérico)
Graphs by gênero
Os percentis 25%, 50% e 75%, a média e o desvio-padrão para o
gênero masculino, feminino e ambos podem ser visualizados na TAB. 3.
Tal distribuição pode ser observada no GRAF. 3.
Tabela 3 Percentis, média e desvio-padrão para o total da
amostra e para os gêneros (masculino e feminino).
Gênero
Percentil
Média
Desvio-
padrão
25%
50%
75%
Masculino
0,5983
0,6299
0,6614
0,6295
0,0523
Feminino
0,6132
0,6480
0,6845
0,6521
0,0564
Total
0,6042
0,6357
0,6735
0,6409
0,5558
Gráfico 3 Box Plot para o quociente numérico (formato numérico),
conforme o gênero.
86
Houve uma diferença estatisticamente significativa no quociente
numérico (formato numérico) entre os gêneros (p = 0,0001). A hipótese
nula foi rejeitada.
Os quocientes numéricos foram convertidos nas categorias:
triangular (valor menor ou igual a 0,61), ovóide (se maior que 0,61 ou
menor que 0,70) e quadrangular (quando maior ou igual a 0,70). O
percentual encontrado em cada categoria, conforme o gênero, está
discriminado na TAB. 4 e no GRÁF. 4.
Tabela 4 Percentual e valores absolutos dos formatos
dentários, conforme o gênero.
Formato
geométrico
Gênero
Total
Masculino
Feminino
Triangular
36,15% (n = 77)
23,64% (n =
52)
29,79% (n =
129)
Ovóide
54,93% (n =
117)
57,73% (n =
127)
56,35% (n =
244)
Quadrangular
8,92% (n = 19)
18,64% (n = 41)
13,86% (n =
60)
Total
100,00% (n =
213)
100,00% (n =
220)
100,00% (n =
433)
87
Triangular
Ovóide
Quadrangular
Triangular
Ovóide
Quadrangular
Masculino Feminino
Graphs by gênero
Gráfico 4 Distribuição das categorias de formato dentário conforme o
gênero.
Houve uma diferença estatisticamente significativa, entre os
gêneros, na prevalência das categorias de formato dentário (p = 0,0010).
A hipótese nula foi novamente rejeitada. Ao considerarmos cada
categoria isoladamente, houve diferença estatisticamente significativa
entre os gêneros para os formatos triangular (p = 0,0040) e quadrangular
(p = 0,0030), mas não para o formato ovóide (p = 0,5570).
O coeficiente de regressão linear do quociente numérico
conforme idade foi igual a -0,0017325 (p=0,2660), não havendo
associação.
Quarenta dentes foram selecionados aleatoriamente e os
processos de ajuste e de mensuração foram refeitos. Houve uma alta
concordância entre os valores obtidos nas duas mensurações, que pôde
ser observada por meio de regressão linear simples (GRAF. 5) e no
gráfico de Bland Altmann (GRAF. 6). Diferença média entre as
medidas: -0,0009; Intervalo de 95% de concordância: -0,012 a 0,010.
88
.55
.6
.65
.7
.75
.8
Medida 2
.55 .6 .65 .7 .75 .8
Medida 1
-.01
0
.01-.1
-.05
.05
.1
Medida 1 - Medida 2
.55 .6 .65 .7 .75 .8
Média das Medidas 1 e Medida 2
Gráfico 5 - Gráfico de dispersão e regressão linear simples da primeira e
segunda medida da forma dentária.
Gráfico 6 Gráfico de Bland-Altman da primeira e segunda medidas de
forma dentária.
89
6 DISCUSSÃO
Há um consenso de que a seleção apropriada do formato de
dentes artificiais anteriores superiores é um procedimento difícil
(BERRY, 1906; STEIN, 1936; SEARS, 1941; YOUNG, 1954;
WOLFART; MENZEL; KERN, 2004; MIRAGLIA; FREITAS; PINTO,
2004). O surgimento de teorias para seleção de forma de dentes
artificiais contribuiu para minimizar essa dificuldade (WRIGHT, 1936;
SOWTER,1986). Dentre elas, destacaram-se inicialmente a teoria dos
temperamentos, seguida da teoria da harmonia das linhas opostas
(WILLIAMS, 1914 a,b,c,d; YOUNG, 1954). Esta relacionava o formato
do ICS à forma invertida da face, desconsiderando-se os demais
aspectos do indivíduo (WILLIAMS, 1914 a,b,c,d). Aquela relacionava
aspectos físicos e comportamentais a determinados tipos dentários, de
acordo com a classificação do indivíduo em uma das classes de
temperamento (YOUNG 1954). A teoria dos temperamentos passou a
ser desacreditada pela comunidade científica após o surgimento da
teoria da harmonia das linhas opostas. A escolha de dentes artificiais
passou a ser realizada por princípios geométricos, desconsiderando-se os
demais aspectos físicos e comportamentais (STEIN, 1936).
As características do indivíduo passaram a ser reconsideradas
com a teoria dentogênica. Nesta, três aspectos referenciavam a seleção
do formato dentário: a idade, a personalidade e o gênero. As duas
últimas características estavam interligadas, que o gênero feminino
estava associado a uma personalidade mais delicada, enquanto que o
masculino a uma personalidade mais vigorosa (FRUSH; FISHER,
1955). Os dentes femininos são considerados mais arredondados em
relação aos dentes masculinos, cujo aspecto é dito mais cuboidal ou
quadrangular (FRUSH; FISHER 1956). No entanto, a falta de respaldo
científico para essa teoria (BERKSUN; HASANREISOGLU;
GÖKDENIZ, 2002; WOLFART; MENZEL; KERN, 2004) justifica a
demanda por trabalhos na área.
Por meio do presente trabalho, foi constatada uma diferença entre
os gêneros (masculino e feminino) em relação ao formato do ICS
direito. A diferença dentária entre os gêneros fora constatada por
Rosenzweig (1970), em relação ao tamanho dos dentes PM e M, em
amostra de israelitas. O autor verificou que dentes masculinos são
maiores em relação aos femininos. A mesma constatação foi encontrada
por Altherr; Koroluk; Phillips (2007), que observaram medidas dentárias
(de canino ao segundo PM) significativamente maiores em homens,
90
especialmente da raça negra. Afirmaram que uma possível influência
de etnia e de gênero sobre os tamanhos dos dentes avaliados. As
medidas também foram significativamente maiores em dentes anteriores
superiores de sujeitos do gênero masculino, de etnia chinesa, em relação
ao feminino, da mesma etnia, no estudo de Yu et al. (2008). No entanto,
Gomes et al. (2006) não encontraram diferenças estatisticamente
significativas no tamanho dos incisivos superiores entre os gêneros, em
uma amostra de brasileiros. Essa diferença entre gêneros também não
foi observada por Celebic et al. (2004), em relação à proporção de cada
dente anterior superior, em uma amostra de caucasianos.
No presente trabalho, a prevalência de categorias de formato
dentário, para o gênero masculino e feminino, respectivamente, foi:
36,15% (n=77) e 23,64% (n = 52) triangular, 54,93% (n = 117) e
57,73% (n = 127) ovóide, e 8,92% (n = 19) e 18,64% (n = 41)
quadrangular; a diferença foi estatisticamente significativa entre os
gêneros. Tais resultados não estão de acordo com os encontrados por
Wolfart; Menzel; Kern (2004), que não observaram uma diferença
estatisticamente significativa entre os gêneros para as mesmas categorias
de formato de ICS direito. Outra diferença foi que o formato menos
prevalente em seu estudo foi o triangular, em comparação ao nosso
trabalho, em que o menos prevalente foi o quadrangular.
Observamos também que, comparando-se cada categoria dentária
entre os gêneros, houve uma diferença estatisticamente significativa
para as categorias triangular e quadrangular. Já a categoria ovóide foi a
mais prevalente em ambos os gêneros, em percentuais muito
semelhantes, de modo a não haver diferença estatisticamente
significativa entre eles. Em conformidade, o formato ovóide foi o mais
prevalente no trabalho de Broaldbelt et al. (1984), que o observaram em
87% de sua amostra. Esse formato foi também o mais prevalente no
trabalho de Wolfart; Menzel; Kern (2004), para ambos os gêneros. No
entanto, seu percentual não chegou a ser tão elevado quanto ao que
observamos. Outra semelhança com o trabalho de Wolfart; Menzel;
Kern (2004) foi o maior percentual do formato quadrangular no gênero
feminino em relação ao masculino, e do triangular no masculino em
relação ao feminino. Entretanto, nesse trabalho, as diferenças não foram
estatisticamente significativas, em divergência à diferença
estatisticamente significativa que obtivemos.
Em relação ao quociente numérico (formato numérico) a
amplitude de valores observada foi maior no gênero feminino (GRÁF.
3). Dessa forma, é possível que haja uma maior variabilidade de
formatos de ICS direito para o gênero feminino, em relação ao
91
masculino. Isso não está de acordo com os estudos de Lindemann;
Knauer; Pfeiffer (2004), que observaram uma maior variabilidade de
formatos de ICS no gênero masculino. Os autores citados observaram
que os tipos de formatos dos ICS de mulheres demonstraram um HDD
menor que o dos homens, com uma diferença estatisticamente
significativa entre eles. Concordando com o trabalho anterior, Lee et al.
(2007) observaram maior diversidade de tamanhos dentários para o
gênero masculino, em relação ao feminino. Constataram a formação de
7 grupos heterogêneos de tamanho dentário para o gênero masculino e 4
para o feminino, em uma amostra de coreanos.
A observação objetiva do formato dentário, realizada neste
estudo, demonstra ser um método mais adequado que uma observação
subjetiva, em que uma maior dependência da variabilidade do
observador. Isso foi constatado por Varjão; Nogueira; Arioli Filho
(2006), que observaram baixa concordância interobservador para
classificação subjetiva dos formatos dentários nas categorias
quadrangular, ovóide e triangular. Apesar de terem 15 anos de
experiência profissional, o percentual de concordância foi de apenas
30,60% - sem receber instruções para a classificação do formato , e de
24,37% quando instruídos a seguirem a classificação de Williams
(1914a,b,c,d).
Embora a seleção do formato dentário de acordo com o gênero
seja um método difundido, os Cirurgiões-Dentistas demonstram não
estarem aptos a identificar essas diferenças. Isso foi contatado no estudo
de Berksun; Hasanreisoglu; Gökdeniz (2002), em que protesistas
tentaram identificar o gênero por meio de avaliação de imagem
fotográfica dos dentes anteriores superiores. Identificaram corretamente
o gênero na primeira avaliação em 53% (n=32) e na segunda avaliação
em 58% (n=35). Os autores concluíram que diferenças de formato
dentário relacionadas ao sexo são arbitrárias e podem resultar em erros.
Além disso, é possível que a observação do formato esteja associada a
conceitos existentes, que podem não corresponder à realidade. Isso
pode ser constatado no estudo de Anderson et al. (2005), no qual foi
observado que pessoas leigas tenderam a serem menos críticas, em
relação aos grupos de profissionais Odontólogos, para a escolha de um
formato do ICS mais apropriado ao gênero masculino e ao feminino. Em
geral, os grupos de Odontólogos preferiram ICS mais arredondados ou
quadrangulares-arredondados para o gênero feminino. Já o grupo de
pessoas leigas não demonstrou preferência específica.
Concordamos com Sellen; Jagger; Harrison (2002) de que a
implementação de um guia de estética dentária, apropriado ao gênero e à
92
idade, possa ser útil para aprimorar a escolha do modelo de dentes
artificiais. Segundo esses autores, não houve consenso entre
Odontólogos na seleção do modelo dentário de acordo com o gênero.
Corroboramos com Miraglia; Freitas; Pinto (2004) de que apesar de
haver vários estudos para seleção de dentes artificiais, algumas técnicas
ainda geram muita dúvida em relação à precisão e à confiabilidade.
Segundo os autores, além da necessidade de se conhecer vários métodos
de seleção dentária, é necessário observarmos características
individuais, como idade, gênero, raça e personalidade.
O presente estudo corroborou para o avanço no entendimento de
diferenças no formato do dente ICS direito entre os gêneros.
Observarmos que uma tendência dos ICS masculinos serem mais
triangulares, enquanto que os femininos tendem a ser mais
quadrangulares. No entanto, os três tipos dentários foram observados em
ambos os gêneros, com maior prevalência do formato ovóide. É possível
que ao optarmos por um formato ovóide, a possibilidade de acertarmos a
seleção do formato seja maior, independentemente do gênero. Já ao
optarmos por um formato quadrangular para o gênero masculino e
triangular para o feminino, a possibilidade de erro na seleção do formato
parece ser maior. No entanto, os três formatos podem ser encontrados
em ambos os gêneros, não havendo um tipo dentário específico para
cada um. Portanto, mais estudos que avaliem outras características
dentárias, como tamanho, inclinação, proporção e curvaturas podem
contribuir para qualificação desse processo de seleção dentária.
Os resultados que encontramos não estão plenamente em acordo
com os achados na literatura. Vários fatores podem contribuir para essa
diferença, como: muitos estudos avaliam tamanho dentário e não o
formato em si; os dentes avaliados não são sempre os mesmos; é
possível que a variabilidade de tamanho dentário seja diferente da
variabilidade de formato; pode haver influência de variabilidade
genética envolvendo diferentes populações; o trabalho apresentou uma
leitura regional; a maneira com que se procede a classificação do
formato varia dentre os estudos, e é difícil de ser padronizada,
especialmente se a avaliação for subjetiva. Dessa forma, mais estudos
com metodologia semelhante à empregada são necessários para se
avaliar a reprodutibilidade dos resultados em diferentes populações.
Em razão de limitações inerentes à dificuldade de acesso, assim
como no tempo disponível à pesquisa, a avaliação foi efetuada apenas
em escolas públicas, e não nas particulares. No entanto, aparentemente
não existe uma relação entre condição sócio-econômica e formato
dentário. Ainda assim, há a possibilidade de uma diferença na etnia
93
entre sujeitos de escolas públicas e particulares. Isso reforça a
necessidade de mais estudos em diferentes grupos populacionais.
Ainda que a avaliação utilizada tenha sido objetiva, a dificuldade
de padronização do posicionamento dentário previamente à avaliação é
uma limitação. Essa limitação não é exclusiva deste trabalho, visto que
não existe uma maneira de posicionar os dentes, livre de variabilidades.
Objetivamos manter, nas imagens fotográficas, o ICS direito com o
longo eixo dentário verticalmente, para minimizar a variabilidade de
inclinações dentárias entre os indivíduos. A padronização do
delineamento dentário também pode ser considerada outra limitação do
trabalho, que pequenas variações inter e intravaliadores podem
acontecer. Ainda assim, o procedimento realizado no programa
AutoCAD parece ser muito mais preciso que o realizado com grafite
sobre uma folha de papel transparente, como foi efetuado na
metodologia proposta inicialmente (BROALDBELT et al., 1984;
WOLFART; MENZEL; KERN, 2004). No entanto, o método utilizado
foi o mais padronizado e objetivo, dentre os observados na literatura.
Além disso, foi encontrada uma elevada correlação intra-avaliador. Mais
estudos com avaliação interavaliadores são necessários.
Previamente à realização do trabalho de campo nas Escolas, foi
realizado um piloto, para avaliar a metodologia, especialmente
envolvendo a execução e análise das imagens fotográficas. Para isso, 30
alunos de graduação em Odontologia (15 homens e 15 mulheres), com
faixa etária média de 21 anos de idade, participaram do trabalho. No
trabalho piloto, a análise do formato foi realizada por dois avaliadores
independentes. No entanto, alguns problemas e dificuldades foram
constatados por ambos os avaliadores, não havendo total concordância
entre eles para a prevalência do formato dentário. Em razão da
divergência e de dificuldades observados durante essa pré-avaliação, os
principais problemas e dificuldades metodológicas foram avaliados e
especificados. Dentre eles, citamos: presença de placa dentária e saliva
dificultaram a visualização do contorno do ICS; variação no
enquadramento dos ICS entre os avaliadores, visto que os principais
parâmetros utilizados (contorno gengival, e comprimento dentário)
podem variar entre os ICS; a inclinação natural dos ICS varia entre os
indivíduos, podendo ser um fator de variabilidade à mensuração obtida;
não definição do grau de detalhamento das etapas de delineamento e de
mensuração. Após a correção de tais problemas, a mensuração dentária
foi refeita e os observadores obtiveram plena concordância nos
resultados. A prevalência dos formatos, para os gêneros masculino e
feminino, respectivamente, foi: 6,67% (n=1) e 6,67% (n=1)
94
quadrangular; 60% (n=9) e 53,33% (n=8) ovóide; 33,33% (n=5) e 40%
(n=6) triangular. Tais resultados não foram incluídos no trabalho.
Sobretudo, foi padronizado o processo de classificação do
formato de maneira a realizá-la da forma mais objetiva e precisa
possível. Todas as avaliações foram feitas pelo mesmo examinador, às
cegas, em um programa de computador preciso e confiável. O programa
(AutoCAD, AutoDesk, EUA) é amplamente empregado para desenho e
cálculos nas áreas de Arquitetura e Engenharia. Contudo, não relatos
de seu emprego para o cálculo do formato, nem do tamanho dentário.
Dessa forma, foi introduzida uma nova proposta de avaliação, auxiliada
por um programa utilizado em uma área diferente da Odontologia. A
realização de um trabalho piloto contribuiu para se estabelecer uma
metodologia adequada. Além disso, a análise foi in vivo, prospectiva e
em uma amostra ampla, o que corrobora com a relevância do presente
trabalho. Todas as instituições convidadas aceitaram em participar do
trabalho. O resultado obtido apresentou uma elevada significância
estatística, o que demonstra não ser devida ao acaso.
95
7 CONCLUSÕES
Foi observada uma relação entre gênero (feminino e masculino) e
o formato do incisivo central superior (ICS) direito, na amostra de
escolares da 1ª série do ensino médio da Rede Pública Estadual de
Ensino de Florianópolis Santa Catarina. O percentual das três classes
de formato dentário (quadrangular, ovóide e triangular) foi diferente
entre os gêneros.
O formato ovóide foi o mais prevalente, abrangendo mais da
metade da amostra em ambos os gêneros. No entanto, seu percentual foi
semelhante entre eles, não havendo uma diferença estatisticamente
significativa para tal formato entre os gêneros.
O formato quadrangular foi o menos prevalente. Este formato foi
significativamente mais prevalente no gênero feminino, em relação ao
masculino.
O formato triangular foi significativamente mais prevalente no
gênero masculino, em relação ao feminino.
96
97
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May/June 2007.
102
103
Apêndices
104
105
APÊNDICE A Autorização pela GERED para a realização da
pesquisa
106
107
108
109
APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido
(destinado aos pais dos alunos)
110
111
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ESTOMATOLOGIA
DISCIPLINA DE PRÓTESE DENTÁRIA
INFORMAÇÃO E CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO PARA PESQUISA
Meu nome é Juliana Brunetto e estou desenvolvendo a pesquisa com o seguinte
título: Estudo in vivo de correlações entre forma e cor dos dentes anteriores superiores, forma
da face, proporções dentárias, etnia e gênero.
O objetivo desta pesquisa é avaliar relações entre formato dentário e sexo
(masculino e feminino), em estudantes da primeira série do Ensino Médio do município de
Florianópolis SC.
Essa avaliação será feita por meio de fotografias dos dentes. Seu filho (a)
responderá a um questionário com informações pessoais e alguns dados referentes ao histórico
dentário. Após isso, será realizada uma fotografia do dente “da frente” de seu filho (a).
Essas imagens serão avaliadas em relação ao formato. Entretanto, a identidade
(nome) do (a) seu filho (a) não será disponibilizada, para proteção da identidade.
Se você tiver alguma dúvida em relação ao estudo ou não quiser mais que seu filho
(a) faça parte do mesmo, pode entrar em contato pelo telefone (48) 99778053 e falar com a
dentista Juliana Brunetto. Se estiver de acordo em participar, esclarecemos que os dados
coletados no questionário serão utilizados somente neste estudo, e os nomes dos participantes
não serão divulgados, sob qualquer hipótese.
Nome:___________________________________________________________
Declaro estar ciente que estou participando do questionário para finalidade de
pesquisa, e estar ciente, que não terei qualquer benefício ou remuneração pela
participação na presente pesquisa.
Assinatura dos Pais (ou Representante Legal)
Data :______/______/________
_______________________ _______________________
Assinatura do pesquisador Assinatura do Orientador
112
113
APÊNDICE C - Termo de consentimento livre e esclarecido
(destinado aos alunos)
114
115
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ESTOMATOLOGIA
DISCIPLINA DE PRÓTESE DENTÁRIA
INFORMAÇÃO E CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO PARA PESQUISA
Meu nome é Juliana Brunetto e estou desenvolvendo a pesquisa com o seguinte
título: Estudo in vivo de correlações entre forma e cor dos dentes anteriores superiores, forma
da face, proporções dentárias, etnia e gênero.
O objetivo desta pesquisa é avaliar relações entre formato dentário e sexo
(masculino e feminino), em estudantes da primeira série do Ensino Médio do município de
Florianópolis SC.
Essa avaliação será feita por meio de fotografias dos dentes. Convido-lhe a
responderá a um questionário com informações pessoais e alguns dados referentes ao histórico
dentário. Após isso, será realizada uma fotografia dos seus dentes “da frente
Essas imagens serão avaliadas em relação ao formato. Entretanto, seu nome não
será disponibilizado, para proteção de sua identidade.
Se você tiver alguma dúvida em relação ao estudo ou não quiser mais fazer parte do
mesmo, pode entrar em contato pelo telefone (48) 99778053 e falar com a dentista Juliana
Brunetto. Se você estiver de acordo em participar, esclarecemos que os dados coletados no
questionário serão utilizados somente neste estudo, e os nomes dos participantes não serão
divulgados, sob qualquer hipótese.
Nome:___________________________________________________________
Declaro estar ciente que estou participando do questionário para finalidade de
pesquisa, e estar ciente, que não terei qualquer benefício ou remuneração pela
participação na presente pesquisa.
Assinatura do participante
Data :______/______/________
_______________________ _______________________
Assinatura do pesquisador Assinatura do orientador
116
117
APÊNDICE D - Questionário
118
119
DADOS PESSOAIS
Nome:_______________________________________________________
Idade: _______________________________________________________
Telefone: ____________________________________________________
Gênero (sexo): ( ) Masculino ( ) Feminino
HISTÓRICO DENTÁRIO SIMPLIFICADO
Já fraturou (quebrou) os dentes da frente?
( ) Sim ( ) Não
Já ou restaurou (consertou) os dentes da frente?
( ) Sim ( ) Não
Já realizou alguma cirurgia estética gengival (cirurgia ou corte da gengiva
para que seus dentes “da frente” ficassem mais bonitos)?
( ) Sim ( ) Não
120
121
APÊNDICE E Ficha clínica
122
123
FICHA CLÍNICA Exame Físico Intrabucal
Em relação ao dente 11, assinalar com (x) a presença de:
Ausência dentária
Restauração envolvendo o contorno dentário.
Local_____________________
Prótese
Desgaste dentário acentuado decorrente de atrição
Dente mal-posicionado em relação à base óssea
Fratura
Edema gengival
Recessão gengival
Anomalia de desenvolvimento com alteração no formato dentário
(tal como amelogênese imperfeita, dente fusionado, macrodente, entre
outros)
Apinhamento
Cárie
Erupção alterada
Placa dentária (que prejudique a avaliação do contorno dentário)
124
125
Anexo
126
127
ANEXO A Aprovação do estudo no Comitê de Ética em Pesquisa
128
129
Livros Grátis
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