Entrevista com Willy Fuchs
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Fuchs: Tenho nesses projetos, nessas... Eu acompanhei tudo isso. O que foi resolvido
naquela oportunidade, eu tive conhecimento e aprovei também. Agora eu tive menos, não tive
tanta participação nisso. Eu tenho lembrança, agora que o senhor mencionou isto. Ali eu tenho,
eu me lembro, no trabalho da comissão na qual o Pastor Sanger era voz muito influente. Nessa
comissão surgiu também essa idéia de, em vez de fazer, de custear uma faculdade própria,
difícil, então convinha apoiar estudantes evangélicos em estabelecimentos de gabarito. Através
de uma casa de estudante em Porto Alegre, por exemplo. Aliás, uma política feita muito antes,
já no tempo do Pró-Seminário, quando os formados do Pró-Seminário, do Pré-Teológico, que
não foram fazer o estudo de teologia, que então ingressaram, de uma maneira ou outra, no
curso superior de Porto Alegre. Assim, por exemplo, existe um cientista, Harald Schultz, ele
foi ex-aluno do Pró-Seminário. Ele foi um legitimo ex-aluno do Pró-Seminário, que depois fez
a sua formação na Universidade de Porto Alegre. Esses estudantes foram apoiados, não sei
com verba de quem. Havia até uma casa especial em Porto Alegre que recolhia estes
estudantes, sabe. Havia o Harald Schlutz, o Max Homrich, Maximiliano Homrich, havia o Dr.
Ingbert Schmiedt, que foi médico lá em Não-Me-Toque, depois.
Silvio: eu conheço o Dr. Ingbert.
Fuchs: É?! Conhece. Ele fez a medicina em Porto Alegre, pra ele poder se manter em Porto
Alegre, houve então uma casa de estudante da nossa, não era bem da Igreja. Parece que era o
Consulado que fazia isto. O dedo do Consulado está no meio disto também. Havia até um
Jugendwart Kraus. Havia até um diretor de estudantes, que acompanhava estes estudantes.
Alguém que veio da Alemanha especialmente para isto. Jugendwart que cuidava da juventude,
de jovens. Jugendwart Kraus. Esse eu visitei em 1960, quando estive na Alemanha.
Silvio: Outra pergunta ainda. E com essa a gente pode encerrar hoje. Certamente o senhor
também está cansado.
Fuchs: A gente com o tempo cansa um pouco.
Silvio: É, eu imagino. Uma última coisa, então ainda. A gente olha nas atas, hoje, e verifica o
quanto nos anos 50, 60, o Sínodo Riograndense era influente no estado. O governador,
secretário de estado, elas se faziam presentes em Concílios e, enfim, nos eventos importantes
da Igreja. Eu fico pensando, eu não tenho tanto material ainda. Nos anos 70, quando então a
IECLB começou a tomar mais corpo, parece-me que esta influência da Igreja foi menor.
Fuchs: Ela foi considerada prejudicial, a ponto de a Federação Luterana Mundial ter
cancelado a 5ª Assembléia prevista para Porto Alegre, porque a Igreja daqui convidou o
Presidente Médici para participar da abertura, deste concílio. E isto a Federação Luterana
Mundial refutou. Mas ali havia então uma linha política, ai entrou uma ideologia política que
se misturou em coisas da igreja, também aqui havia pastores que acusaram a direção da igreja
em muitas iniciativas. Por exemplo, aqui na faculdade de teologia, houve um jubileu de 25
anos da faculdade de teologia, isso foi bem, teve uma elaboração completa, ampla de
comemoração. Inclusive numa sessão solene, isso foi na década de 70, quando então havia
sido convidado o prefeito, o juiz, o comandante da guarnição, às vezes até o delegado de
polícia, as autoridades, sabe. Isto era praxe. Pra aquela reunião, a UNISINOS também havia
sido convidada, a Igreja Missúri. Naquela época já era pública a oposição de grupos dentro da
Igreja contra tal procedimento, tais presenças, nas instituições da Igreja.. Então aquela noitada
aconteceu sem a presença de representantes oficiais. Nenhum representante oficial apareceu
naquela solenidade, em vista de oposição de certas alas dentro da Igreja contra as autoridades.