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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS
E DO AMBIENTE NA FORMAÇÃO DOS GRUPOS
ESTRATÉGICOS NO SETOR FARMACÊUTICO
BRASILEIRO, SEGMENTO DE SAÚDE HUMANA
IARA MARIA PERLIS FERREIRA
São Paulo
2010
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IARA MARIA PERLIS FERREIRA
A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS
E DO AMBIENTE NA FORMAÇÃO DOS GRUPOS
ESTRATÉGICOS NO SETOR FARMACÊUTICO
BRASILEIRO, SEGMENTO DE SAÚDE HUMANA
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Administração de Empresas da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie como requisito
parcial para obtenção do título
de Mestre em Administração de
Empresas.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Walter Bataglia
São Paulo
2010
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iii
F383 Ferreira, Iara Maria Perlis
A influência das competências organizacionais e do ambiente na
formação dos grupos estratégicos no setor farmacêutico
brasileiro, segmento de saúde humana / Iara Maria Perlis Ferreira
2010.
137 f.; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Administração) Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2009.
Bibliografia: f. 97-103
1. Ambiente Organizacional 2. Estratégia 3. Competências
Organizacionais I. Título
CDD 658.4012
iv
IARA MARIA PERLIS FERREIRA
A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS E DO
AMBIENTE NA FORMAÇÃO DOS GRUPOS ESTRATÉGICOS NO
SETOR FARMACÊUTICO BRASILEIRO, SEGMENTO DE SAÚDE
HUMANA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Administração de
Empresas da Universidade Presbiteriana
Mackenzie como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em
Administração de Empresas.
Aprovada em 24 de fevereiro de 2010
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________
Prof. Dr. Walter Bataglia Orientador
Universidade Presbiteriana Mackenzie
________________________________________________________________________
Prof. Dr. Moisés Ari Zilber
Universidade Presbiteriana Mackenzie
__________________________________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto
Universidade Vale do Itajaí
v
Dedico este trabalho ao meu esposo Luis e a minha filha Fernanda que,
com seu carinho e incentivo constante, foram meus grandes
pilares de apoio nesta jornada desafiadora.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, fonte de toda sabedoria, pela concessão de força e coragem,
permanecendo ao meu lado em todo o percurso desta caminhada;
Ao orientador, pela paciência e incentivo neste tema desafiador!
À banca de qualificação pelos valiosos comentários;
Aos professores do Mackenzie;
Ao Mackpesquisa pela subvenção às despesas para realização do trabalho de
campo desta pesquisa;
Ao Prof. Diógenes Bido pelo apoio quanto ao uso da metodologia PLS-PM;
Aos meus gestores Valter Delatori e Angelina di Caterina, cujo apoio viabilizou
que este trabalho fosse desenvolvido;
Aos empresários e gestores das empresas do setor farmacêutico que
participaram das pesquisas, sem os quais este trabalho não teria sido concluído;
Aos colegas de mestrado, em especial à Marildes, pelo convívio e
companheirismo;
À Sonia Regina Gomes, companheira e amiga, pelo apoio emocional oferecido
sempre em hora oportuna;
Por fim agradeço ao meu querido esposo e a minha filha e familiares pelo
apoio, compreensão e paciência, sem os quais não seria possível chegar ao final dessa
jornada.
vii
RESUMO
A literatura em estratégia tem expressado o debate entre as abordagens estruturalista e
da visão baseada em recursos (VBR) quanto aos fatores determinantes da escolha estratégica
das firmas. A primeira defende que as características do ambiente competitivo delineiam o
posicionamento estratégico, enquanto a segunda acredita que as competências organizacionais
são os fatores definidores. Henderson e Mitchell (1997) argumentam que ambos os fatores
seriam influentes na formação das estratégias e que possivelmente haveria uma influência
recíproca entre ambiente, competência e estratégia, configurando-os como variáveis
endógenas. Considerando esta argumentação, esta pesquisa com o emprego da modelagem de
equações estruturais, construiu um modelo com o objetivo de medir as relações existentes
entre esses fatores no setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana. A intensidade
destas relações foi medida a partir da percepção dos gestores do setor, via dados coletados a
partir do envio de questionários a uma população mapeada de 193 empresas. Buscando evitar
vieses de percepção introduzidos pelas áreas funcionais, a pesquisa foi realizada com o
principal executivo da organização ou seus subordinados diretos. Das organizações
convidadas a participar, 55 empresas aceitaram o convite. Os resultados confirmaram
empiricamente que ambiente e as competências organizacionais influenciam o
posicionamento estratégico das empresas do setor e que também uma relação de influência
entre ambiente e competências. Foi revelado ainda o caráter mediador das competências na
relação entre ambiente e posicionamento estratégico. Ou seja, as características do ambiente
que influenciam a adoção de um determinado posicionamento estratégico pela firma, são
percebidas de acordo com a posição da firma nas competências consideradas relevantes pelos
seus administradores para o alcance de vantagem competitiva no setor.
Palavras-Chave: Grupos estratégicos, Ambiente organizacional, Competências
organizacionais, Setor farmacêutico
viii
ABSTRACT
The strategy literature has been expressed the debate between the structuralist and
resource-based view approaches considering which factors determine the strategic option of
the firms. The first asserts that the competitive environment‟s characteristics shape the
strategic positioning of a firm; meanwhile the second one believes that organizational
competences are the defining factors. In the Henderson and Mitchell‟s (1997) opinion, both
factors are influent in strategy shaping, and possibly there would be a reciprocal influence
among environment, competences and strategy, characterizing then as endogenous variables.
Taking this argumentation into account, this research, employing the structural equations
modeling, built a model with the objective of measuring the existing relationships among
these factors in the Brazilian pharmaceutical sector, human health segment. The intensity of
these relationships has been measured considering the perception of the main executives of
companies in the sector, with data collected through questionnaires sent to a mapped
population of 193 companies. Trying to avoid perception biases induced by functional areas,
the research was done with the main executive in the organization or with his/her direct team.
Among the organizations invited to participate, 55 companies has accepted the invitation.
Results empirically confirmed that organizational environment and competences influence
strategic positioning of companies in this sector, and that there is an influence relationship
between environment and competences. Additionally, was revealed the mediator character of
competences in the environment and strategic positioning relationship. That is, environmental
features which influence adoption of a determined strategic positioning by a firm are
perceived according to a company´s position with regards to competences considered relevant
for achieving competitive advantage in the sector.
Keywords: strategic groups, organizational environment, organizational competences,
pharmaceutical sector
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo de Pesquisa.........................................................................................
19
Figura 2 Hierarquia de competências...........................................................................
36
Figura 3 Relação entre Níveis Estratégicos e Competências Organizacionais para
Javidan (1998) e Mills et al. (2002)..................................................................................
38
Figura 4 A natureza hierárquica entre estratégia e ambiente ...................................
43
Figura 5 Modelo de Pesquisa.........................................................................................
45
Figura 6 Modelo de Pesquisa Operacionalização dos Construtos Teóricos...........
58
Figura 7 Modelo de Mensuração...................................................................................
81
Figura 8 Modelo Estrutural...........................................................................................
88
Figura 9 Representação do efeito de mediação de uma variável................................
89
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Conceitualização do Ambiente Organizacional..........................................
40
Quadro 2 População Alvo da Pesquisa.........................................................................
51
Quadro 3 Níveis de Análise………………………………………………………........
52
Quadro 4 Diferenças entre MEEPLS e MEEBC.........................................................
67
Quadro 5 Análise de sensibilidade do tamanho da amostra.......................................
73
Quadro 6 Distribuição dos respondentes por cargo e por tamanho das empresas...
73
Quadro 7 Competências do setor farmacêutico para o questionário do construto
competências organizacionais...........................................................................................
75
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Categoria das Competências ...............................................................................
37
Tabela 2 Tamanho da amostra ...........................................................................................
51
Tabela 3 Solução fatorial para variáveis observadas de construto competências
organizacionais ........................................................................................................................
77
Tabela 4 Indicadores de confiabilidade dos construtos.....................................................
79
Tabela 5 Cargas cruzadas para avaliação da validade convergente e discriminante ...
80
Tabela 6 Correlação de Pearson entre as variáveis patentes............................................
80
Tabela 7 Coeficientes de regressão padronizados..............................................................
89
xii
SUMÁRIO
1. O PROBLEMA .............................................................................................................. 14
1.1 Introdução .................................................................................................................... 14
1.2 Problema de Pesquisa .................................................................................................. 18
1.3 Objetivos Geral e Específicos ...................................................................................... 21
1.4 Justificativas do Estudo ............................................................................................... 21
1.5 Delimitações do Estudo ................................................................................................ 22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 23
2.1 Posicionamento Estratégico ......................................................................................... 23
2.1.1 Conceito de Estratégia .............................................................................................. 23
2.1.2 Tipologias de Estratégias Genéricas ......................................................................... 24
2.1.2.1 Tipologia de Porter ................................................................................................. 25
2.1.2.2 Tipologia de Mintzberg .......................................................................................... 27
2.1.2.3 Tipologia de Miller e Dess ...................................................................................... 28
2.1.3 Conceito de Grupos Estratégicos .............................................................................. 29
2.1.3.1 Pesquisa Empírica sobre Grupos Estratégicos ...................................................... 31
2.1.4 Conceituação neste Trabalho do Posicionamento Estratégico no Setor
Farmacêutico Brasileiro, Segmento Saúde Humana .................................................... 33
2.2 Competências Organizacionais .................................................................................... 34
2.2.1 Recursos e Capacidades da Firma ............................................................................ 34
2.2.2 O Conceito de Competências Organizacionais ......................................................... 35
2.2.3 Conceituação neste Trabalho das Competências Organizacionais das Firmas no
Setor Farmacêutico Brasileiro, Segmento Saúde Humana ........................................... 39
2.3 Ambiente Organizacional ............................................................................................ 39
2.3.1 Conceito de Ambiente Organizacional ..................................................................... 39
2.3.2 A relação entre Ambiente Organizacional e Estratégia .......................................... 42
2.3.3 Conceituação neste Trabalho das Características do Ambiente Organizacional ... 43
3. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................... 45
3.1 Método de Pesquisa ...................................................................................................... 46
3.2 População Alvo da Pesquisa ........................................................................................ 46
3.2.1 Setor Farmacêutico Brasileiro .................................................................................. 47
3.2.1.1 Características do Setor Farmacêutico .................................................................. 48
3.2.2 Seleção das Empresas para o Estudo ........................................................................ 50
3.2.2.1 Tamanho da Amostra ............................................................................................. 50
3.2.3 População Alvo da Pesquisa ...................................................................................... 51
3.3 Estratégias de Coleta de Dados e Tipos de Dados ....................................................... 52
3.3.1 A Abordagem das Organizações e os Níveis de Análise de Dados ........................... 52
3.3.2 Conceituações e Operacionalizações e Escalas ......................................................... 53
3.3.2.1 Grupos Estratégicos ............................................................................................... 53
3.3.2.2 Competências Organizacionais .............................................................................. 55
3.3.2.3 Ambiente Organizacional....................................................................................... 56
3.3.3 Questionários ............................................................................................................. 58
3.3.3.1 Questionário Módulo sobre Escopo de Negócios e Comprometimento de
Recursos ......................................................................................................................... 59
3.3.3.2 Questionário Módulo sobre Competências Organizacionais ............................. 60
3.3.3.3 Questionário Módulo sobre Ambiente Organizacional ...................................... 61
xiii
3.3.4 Validade do Instrumento de Pesquisa ...................................................................... 61
3.4 Estratégias para Análise de Dados .............................................................................. 63
3.4.1 Hipóteses e Técnicas Estatísticas .............................................................................. 63
3.4.1.1 Método de Estimação dos Coeficientes .................................................................. 65
3.4.2 Procedimento para Teste das Hipóteses estatísticas ................................................ 67
3.4.3 Análise Qualitativa dos Resultados .......................................................................... 70
4. RESULTADOS .............................................................................................................. 72
4.1. Análise Quantitativa dos Dados .................................................................................. 72
4.1.1 Análise das Variáveis em Estudo .............................................................................. 74
4.1.2 Redução dos Dados Relativos ao Construto Competências ..................................... 74
4.1.3 Validação dos Construtos ......................................................................................... 77
4.1.4 Análise do Modelo de Mensuração ........................................................................... 80
4.2 Análise Qualitativa do Modelo de Mensuração .......................................................... 82
4.2.1 Análise Qualitativa dos Resultados para a Variável Ambiente Organizacional ..... 83
4.2.2 Análise Qualitativa dos Resultados para a Variável Competências Organizacionais
........................................................................................................................................ 85
4.2.3 Análise Qualitativa dos Resultados para a Variável Grupos Estratégicos ............. 86
4.3 Avaliação do Modelo Estrutural .................................................................................. 88
4.4 Interpretação dos Resultados ...................................................................................... 90
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 93
5.1 Contribuição para Teoria ........................................................................................... 93
5.2 Contribuição Metodológica.......................................................................................... 94
5.3 Contribuição para a Gestão ......................................................................................... 94
5.4 Limitações do estudo .................................................................................................... 95
5.5 Sugestões para estudos futuros .................................................................................... 96
REFERÊNCIAS......................................................................................................................97
APÊNDICE A - Matriz de Amarração ........................................................................... 104
APÊNDICE B Carta enviada às empresas dos setor farmacêutico saúde humana,
convidando seus administradores a participar da entrevista ..................................... 108
APÊNDICE C Questionário Utilizado na Pesquisa de Campo ................................... 110
APÊNDICE D Indicadores da Normalidade das Distribuições das Variáveis
Observadas ................................................................................................................... 121
APÊNDICE E Soluções Fatoriais Variáveis Observadas de Competências ............ 128
14
1. O PROBLEMA
1.1 Introdução
O conceito de grupos estratégicos refere-se a um nível intermediário de análise da
estratégica competitiva, entre a firma individual e a visão consolidada da indústria, e permite
às firmas compreender com mais facilidade aspectos importantes sobre a sua posição
competitiva, como por exemplo, quem são seus competidores diretos, quais sãos as forças
competitivas e quais sãos os recursos distintivos que levam a uma sustentável vantagem
competitiva, ao permitir à firma se comparar com os outros membros do grupo a que pertence
(HATTEN; HATTEN, 1987; McGEE; THOMAS; PRUETT, 1987; COOL; SCHENDEL,
1988).
Desde o trabalho seminal de Hunt (1972), uma extensa literatura sobre o tema,
baseada em pesquisas teóricas e empíricas foi desenvolvida. Dentre os trabalhos realizados
destacam-se o de Caves e Porter (1977), Porter (1980), Oster (1982), Dess e Davis (1984) e
Cool e Schendel (1987 e 1988) que investigaram tanto a existência e identificação dos grupos
estratégicos em diferentes indústrias, como também a sua relação com o desempenho das
empresas, testando a teoria das diferenças de desempenho intra-indústria de Porter (1979).
No Brasil, uma significativa produção recente sobre a identificação dos grupos
estratégicos em diferentes setores de atividade e sua relação com o desempenho das empresas
(KALAF; BOMTEMPO, 2000; GONZALEZ, 2005; PINTO; SILVA, 2000; SILVA, 2001;
COHEN, 2004; SILVA; OLIVEIRA, 2005; DIAS; SILVA, 2006; FERREIRA; ABRANTES;
PEREZ, 2008), com destaque para o trabalho de Faria, Brandão e Silva (2005), o qual
encontrou evidências empíricas de que o fator grupo estratégico tem um poder explicativo do
desempenho das empresas, maior que o fator indústria.
Outro aspecto investigado tem sido a contribuição dos grupos estratégicos para a
formação de estratégias das firmas. Nesta questão, tanto trabalhos que utilizaram uma
abordagem cognitiva (REGER; HUFF, 1993; PETERAF; SHANLEY, 1997), como os que
permaneceram na abordagem tradicional de identificação dos grupos a partir de variáveis
estratégicas (FIEGENBAUM; THOMAS, 1995), obtiveram resultados que sugerem que os
grupos estratégicos atuam como pontos de referência para as estratégias adotadas pelas
firmas.
A definição de grupos estratégicos, como os grupos formados por firmas que seguem
estratégias similares em uma mesma indústria, foi inicialmente desenvolvida a partir da escola
15
estruturalista de estratégia, apoiada no paradigma da organização industrial (OI), estrutura
estratégia - desempenho, que enfatiza que as ações estratégicas tomadas pelas firmas podem
criar posições defensivas contra as forças competitivas, gerando vantagem competitiva.
Esta abordagem, caracterizada por uma visão da formação de estratégia de “fora para
dentro”, pressupõe que as escolhas estratégicas devem ser orientadas a partir da avaliação do
ambiente competitivo da firma. O posicionamento das empresas em dimensões estratégicas
específicas, como políticas de especialização ou liderança tecnológica, poderiam implicar em
diferenças na obtenção de economias de escala, nas necessidades de capital e em todas as
outras fontes de barreiras de entrada de novos concorrentes na indústria.
Estas barreiras, também chamadas de barreiras de mobilidade sob o conceito de
grupos estratégicos, além de protegerem as empresas do grupo da penetração de empresas de
fora, também forneceriam barreiras para mudanças de posição estratégica de um grupo
estratégico para outro (PORTER, 1980).
Assim conceituadas, as barreiras de mobilidade seriam as definidoras das fronteiras
dos grupos estratégicos em uma indústria, geradas a partir do posicionamento das empresas
em dimensões estratégicas específicas.
Mcgee e Thomas (1986), a partir da abordagem da visão baseada em recursos (VBR),
em uma abordagem teórica da formação de estratégias de “dentro para fora”, relacionam as
diferentes opções estratégicas seguidas por grupos de empresas em um determinado mercado
à atratividade que uma determinada estratégia possui considerando a posição individual de
cada empresa em recursos e competências. A vantagem competitiva seria decorrente da maior
eficiência na execução de uma dada opção estratégica devido à propriedade pela firma de
recursos e competências distintivos e difíceis de imitar.
Definidos desta forma, os grupos estratégicos seriam formados por empresas que
possuem ativos, recursos e competências similares, os quais seriam suas fontes de barreira de
mobilidade. Os investimentos em recursos e em competências, que demandam tempo e
aprendizado para seu desenvolvimento, aliados à incerteza quanto à habilidade da firma em
copiar com sucesso seus competidores, contribuiriam para a altura das barreiras de mobilidade
separando grupos (McGEE; THOMAS; PRUETT, 1995).
Porém, além dos fatores endógenos às organizações como definidores da opção
estratégica das firmas, Mcgee, Thomas e Pruett (1995) ressaltam que mudanças ocorridas no
ambiente competitivo das empresas podem alterar a estrutura da indústria, influenciando a
formação de grupos estratégicos. Dentre estas mudanças destacam-se as de ordem tecnológica
e institucional, como as condições regulatórias, as quais podem trazer para a indústria opções
16
estratégicas inteiramente novas, alterando as configurações das fronteiras da indústria e
também das barreiras de mobilidade estabelecidas.
Considerando o efeito conjunto dos fatores que influenciam o posicionamento
estratégico da firma, Cool e Schendel (1988), realizaram estudo sobre uma questão que, desde
o início dos estudos com grupos estratégicos apresentava resultados não consistentes: as
conseqüências para o desempenho da firma, em pertencer a um dado grupo estratégico.
Considerando que as barreiras de mobilidade dificultam a movimentação de empresas para
dentro ou fora de um grupo estratégico, e que seus membros seguem estratégias similares, a
hipótese teórica testada nestes estudos era a de que o desempenho de firmas que pertencem a
um mesmo grupo estratégico é semelhante.
Cool e Schendel (1988) encontraram evidências empíricas de que a opção por uma
empresa em adotar uma determinada estratégia, especialmente em ambientes competitivos
instáveis, pode não estar alinhada com sua posição em ativos e competências. Ou seja, diante
de uma oportunidade ou ameaça competitiva derivada, por exemplo, de uma mudança
regulatória ou emersão de uma nova tecnologia, uma firma, pode decidir alterar seu
posicionamento estratégico, assumindo uma exposição maior ao risco, passando a ser membro
de um novo grupo estratégico, mesmo que não possua todas as competências requeridas para
o sucesso neste novo posicionamento. A incongruência entre a nova estratégia adotada e
ativos e competências acumulados geraria uma relação de risco-retorno negativa, ou seja,
maior risco e menor retorno dada a menor eficiência na execução da nova estratégia
escolhida. Nesta situação o desempenho da firma seria inferior comparativamente ao
desempenho das outras firmas do mesmo grupo estratégico.
Este resultado empírico sugere o questionamento quanto ao ajuste entre
posicionamento estratégico e competências organizacionais, contrapondo o pressuposto da
VBR de escolha estratégica direcionada pela posição da empresa em recursos distintivos, ao
pressuposto da escola estruturalista, admitindo a possibilidade pela qual o posicionamento
estratégico adotado é orientado pela análise do ambiente competitivo. Ou seja, a relevância do
impacto das mudanças das condições ambientais podem motivar as empresas a alterar o seu
posicionamento estratégico, migrando para outro grupo estratégico, ultrapassando as barreiras
de mobilidade representadas pelas competências organizacionais.
Esta questão é abordada por Henderson e Mitchell (1997), que argumentam que o
pouco consenso no debate expresso na literatura sobre estratégia abordando a questão se as
competências organizacionais ou o ambiente são mais importantes na formatação das
estratégias das firmas seria devido a duas razões:
17
“Em primeiro lugar, tanto a organização como o ambiente competitivo são
claramente importantes na formação da estratégia e desempenho. Em segundo lugar,
nós suspeitamos que a natureza inconclusiva da maior parte da pesquisa existente,
reflete o fato que competências organizacionais, competição, estratégia e
desempenho são fundamentalmente endógenos. Ou seja, a interação recíproca em
múltiplos níveis de análise, entre o ambiente competitivo e competências das firmas
formatam a estratégia e o desempenho, enquanto interações entre estratégia e
desempenho, por sua vez, formatam tanto as competências como o ambiente
competitivo” (p. 6)
A abordagem cognitiva, adotada por Peteraf e Shanley (1997) e Ocasio (1997), é
apontada por Henderson e Mitchell (1997), como a base para o questionamento do ambiente
como uma variável exógena, buscando a compreensão da influência recíproca do ambiente e
das competências sobre a estratégia e o desempenho.
Em seu trabalho Peteraf e Shanley, argumentam que grupos estratégicos de firmas
surgem do aprendizado social e da identificação. Eles desenvolvem o conceito de identidade
do grupo estratégico, o qual definem como um conjunto de entendimentos mútuos, entre
membros de um grupo cognitivo em uma indústria. O termo “entendimentos mútuos” implica
em que os membros, pela história, discurso e interações, têm o mesmo entendimento dos
comportamentos de outros membros e da base lógica da sua tomada de decisão. O grupo
cognitivo orientaria assim, observações de mudanças no comportamento das firmas e em seus
atributos, tornando-se uma subestrutura significativa na indústria.
Assim, a abordagem cognitiva adotada no trabalho de Peteraf e Shanley (1997), e que
incorpora o conceito de grupo estratégico cognitivo que já vinha sendo desenvolvido por
outros pesquisadores (PORAC et al., 1989; PORAC; THOMAS, 1990; REGER; HUFF,
1993; LANT; BAUM, 1995) traz um novo modelo de firma, o qual considera a racionalidade
limitada dos modelos mentais dos administradores, cujas ações, baseadas em suas crenças e
percepções não apenas respondem ao ambiente competitivo, como também, a partir de um
processo de identificação e aprendizado social, o criam.
Ocasio (1997) acrescenta a esta abordagem a influência das características intrínsecas
da firma na formação da percepção do ambiente competitivo pelos seus administradores. Para
o autor, as questões ou respostas nas quais os administradores focam a sua atenção depende
em como as regras, procedimentos e recursos da firma a direcionam. Assim, além dos
processos de cognição social, é ressaltado o papel conjunto das rotinas e procedimentos da
firma, como influências na percepção do seu ambiente competitivo.
18
No Brasil, Lima (1998), ao discutir a elaboração de estratégias em ambientes
complexos e dinâmicos, aborda a influência relevante dos recursos e competências das
empresas e sua capacidade em desenvolvê-los no processo de formação de estratégias neste
tipo de ambiente. Esta influência ocorreria tanto em uma postura contingencial reativa às
mudanças ambientais, na qual os recursos e competências das empresas delimitariam as
opções estratégicas disponíveis para uma adaptação da empresa às condições mutantes do
ambiente, como na adoção de uma postura de liderança, na qual a empresa que logrou
desenvolver competências diferenciadas se tornaria uma agente de modificação do seu
ambiente competitivo ao adotar uma estratégia inovadora.
Teixeira e Lacerda (2005) desenvolveram um trabalho empírico a partir de estudo de
caso com uma grande empresa brasileira do setor de telecomunicações, considerando a
questão da influência simultânea e complementar do ambiente e das competências
organizacionais de uma empresa na formação da sua estratégia. Os autores encontraram
evidências empíricas de que a elaboração da estratégia da empresa para o desenvolvimento de
um novo produto (serviços de internet data center), para entrada em um novo mercado foi
influenciada tanto pela análise das condições do seu ambiente organizacional, como pelas
competências que possuía. Neste caso o ambiente para o negócio tradicional da empresa
apontava taxas de crescimento cada vez menores, levando-a a buscar novas oportunidades de
negócio, optando estrategicamente pela entrada no negócio de serviços de internet data
center. A identificação de uma nova oportunidade de negócios viável no seu ambiente
competitivo considerou o conjunto de competências distintivas que havia desenvolvido, como
por exemplo, tecnologia e know-how de gerenciamento de um grande volume de informações
e experiência e estrutura para atendimento a empresas de diferentes portes.
1.2 Problema de Pesquisa
A partir da reflexão acima, este projeto se propõe a contribuir para a mensuração
empírica da influência do ambiente e das competências organizacionais sobre a formação de
estratégias das firmas de uma determinada indústria, estas últimas representadas pelo
construto de grupos estratégicos, ou grupos de empresas que adotam posicionamento
estratégico similar em uma mesma indústria.
Coloca-se, então, a questão deste estudo:
19
Existe influência das competências organizacionais e do ambiente na formação dos
grupos estratégicos?
Neste estudo, conforme argumentação de Henderson e Mitchell (1997), tanto
competências organizacionais, como o ambiente competitivo são considerados influentes
sobre a escolha da estratégia e reconhecemos que é possível que haja, ao mesmo tempo, uma
correlação entre estes dois construtos, os quais assumem características fundamentalmente
endógenas.
A Figura 1 abaixo apresenta o modelo de pesquisa, no qual se considera a influência
do ambiente organizacional e das competências organizacionais sobre a escolha do
posicionamento estratégico da firma, formando grupos estratégicos em uma indústria, além da
influência recíproca entre ambiente organizacional e competências.
Figura 1 Modelo de Pesquisa
O ambiente competitivo considerado foi o do setor farmacêutico brasileiro, segmento
saúde humana, considerando a relevância do setor na economia brasileira, que em 2008
registrou vendas totais de R$ 31 bilhões (fonte: GRUPEMEF
1
), e suas características
particulares quanto à ocorrência recente de mudanças no ambiente competitivo, exógenas às
empresas, com destaque para mudanças de ordem regulatória, como o reconhecimento de
1
GRUPEMEF Grupo dos Profissionais Executivos do Mercado Farmacêutico
Compencias
Organizacionais
Grupos
Estragicos
Ambiente
Organizacional
20
patentes (a aprovação da lei de propriedade intelectual em 1997), a autorização para
fabricação de genéricos (Lei Lei no. 9.787/1999), e a implementação de uma política
industrial específica para o desenvolvimento do setor (PTICE, em 2004), com a
implementação de programas de financiamento e incentivo à modernização e a pesquisa e
desenvolvimento.
Ressalta-se ainda os estudos científicos desenvolvidos recentemente no Brasil por
Pinho e Silva (2000), Cohen (2004) e Dias (2005) que identificaram a existência de grupos
estratégicos no setor, com destaque para o trabalho de Cohen (2004), que estudou o impacto
no posicionamento estratégico das empresas do setor farmacêutico a partir da mudança de
ordem regulatória ocorrida com a aprovação da Lei dos Genéricos em 1999.
Assim o problema de pesquisa deste estudo é:
Existe influência das competências organizacionais e do ambiente na formação dos grupos
estratégicos no setor farmacêutico brasileiro, segmento de saúde humana?
A partir da questão colocada no problema de pesquisa, são levantadas as hipóteses
testadas neste estudo:
Hipótese 1: uma relação de influência entre o conjunto de competências
organizacionais da firma e o seu posicionamento estratégico em dimensões
estratégicas específicas, formando grupos estratégicos no setor farmacêutico,
segmento de saúde humana.
Hipótese 2: uma relação de influência entre as condições do ambiente
organizacional da firma e o seu posicionamento estratégico em dimensões estratégicas
específicas, formando grupos estratégicos no setor farmacêutico, segmento de saúde
humana.
Hipótese 3: uma relação de influência entre o conjunto de competências
organizacionais e as condições do ambiente organizacional da firma, os quais
assumem características endógenas dentro de modelo da sua relação com a formação
dos grupos estratégicos no setor farmacêutico, segmento saúde humana.
Na seção “Metodologia” deste estudo, foi detalhado como as hipóteses acima foram
testadas, porém é importante ressaltar que optamos por utilizar nesta pesquisa dados primários
coletados dentre os administradores de firmas do setor farmacêutico brasileiro, com o objetivo
de captar as percepções destes administradores quanto ao seu ambiente competitivo e sua
21
posição em competências, seguindo a abordagem cognitiva destacada por Henderson e
Mitchell (1997).
1.3 Objetivos Geral e Específicos
O objetivo geral é contribuir para o entendimento da relação entre o ambiente
competitivo e as competências organizacionais das firmas com o posicionamento estratégico
adotado por elas, na forma de grupos estratégicos, no setor farmacêutico brasileiro,
mensurando a intensidade destas relações a partir de um modelo que considera a influência
simultânea destes dois fatores e admite a correlação entre ambiente e competências.
Os objetivos específicos são:
1. Caracterizar a posição em competências organizacionais das empresas que atuam
no setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana.
2. Caracterizar as dimensões ambientais atuais, do setor farmacêutico brasileiro,
segmento saúde humana.
3. Identificar as opções estratégicas relevantes para o posicionamento das empresas
no setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana.
1.4 Justificativas do Estudo
A relevância deste estudo vincula-se ao entendimento da intensidade da relação de
influência dos recursos e competências da firma e das condições do seu ambiente competitivo
no posicionamento estratégico, buscando construir conhecimento que colabore para o
desenvolvimento teórico sobre o processo de formação de estratégias.
Este estudo ainda se propõe a identificar as competências organizacionais críticas para
o sucesso no setor farmacêutico brasileiro e a caracterizar as suas dimensões ambientais
atuais, buscando fornecer informações que possam auxiliar na gestão adequada do processo
de construção do posicionamento em dimensões estratégicas específicas dentro deste setor no
Brasil.
Cabe ressaltar que buscou-se incluir na amostra estudada, até onde se conhece de
forma inédita no Brasil em estudos em estratégia sobre o setor farmacêutico brasileiro,
empresas de diferentes regiões do país e de diferentes portes, considerando também empresas
22
de Biotecnologia, colaborando para um mapeamento de informações sobre o setor mais
próximo da sua realidade: estima-se que em sua maioria, o setor seja formado por empresas
de pequeno e médio porte com menos de 500 empregados, conforme classificação adotada
pelo SEBRAE segundo Matias e Lopes (2002).
1.5 Delimitações do Estudo
Este estudo se restringiu ao setor farmacêutico no Brasil. Sem ignorar a existência de
um mercado farmacêutico global, nossa decisão foi manter esta pesquisa restrita às empresas
que exercem suas atividades no Brasil, independentemente da origem do seu controle
acionário, considerando que as questões regulatórias e o próprio ambiente macroeconômico
determinam um ambiente competitivo com condições específicas de oportunidades e ameaças.
Esta decisão visou também a viabilidade da pesquisa, considerando-se que a metodologia de
pesquisa escolhida para sua realização foi a survey, a qual prevê o levantamento de dados
primários a partir dos indivíduos.
Outra delimitação deste trabalho a ser ressaltada é a de que ele não abordou o conceito
de competências individuais, focando-se apenas nas competências organizacionais.
23
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta e discute os principais conceitos sobre os quais se baseia esse
estudo sem, no entanto, exaurir o tema. Busca-se a partir dele prover sustentação teórica ao
trabalho desenvolvido, apresentando inicialmente a discussão sobre posicionamento
estratégico e a partir deste o construto de grupos estratégicos. Nas duas seções seguintes
discutimos os conceitos de competências organizacionais e ambiente organizacional.
2.1 Posicionamento Estratégico
2.1.1 Conceito de Estratégia
O termo estratégia tem origem milenar militar e vem do grego strategia e significa a
arte do general superior (Dias, 2005). Desde a década de 60, a partir da crescente
complexidade do ambiente competitivo, cujas mudanças passam a ocorrer com mais
velocidade e do grande crescimento do tamanho das firmas, este termo passa a ser aplicado ao
campo dos negócios, absorvendo ideias do conceito militar original, especialmente quanto ao
planejamento de movimentos/ações com vistas a alcançar uma meta e se sobrepor a um
adversário.
O significado organizacional para a palavra estratégia foi definido por diversos
autores. Porter (1980) definiu estratégia empresarial como sendo “a combinação dos objetivos
que a empresa persegue e os meios pelos quais busca atingi-los” (p. xvi). Para Mintzberg
(1978) a estratégia organizacional consiste na padronização de ações correntes ao longo do
tempo. Miller e Dess (1993) definiram estratégia como sendo as ações tomadas na tentativa de
ajudar a organização a cumprir seus objetivos planejados.
Para Porter (1980), a estratégia possui o significado de alinhar a firma com seu
ambiente competitivo num processo de adaptação. Ao escolher uma estratégia competitiva, a
empresa intencionalmente escolhe um conjunto diferente de ações, se posicionando de forma
distinta de seus competidores, visando obter uma combinação singular de valores para seus
produtos ou serviços e assim alcançar vantagem competitiva.
Cool e Schendel (1988), além de considerarem o ambiente competitivo, relacionam as
decisões gerenciais de aplicações de recursos para implementação da estratégia ao significado
de estratégia, a qual definem como um conjunto de ações e de aplicações de recursos a estas
24
ações, permitindo a firma alcançar seus objetivos respondendo às percebidas oportunidades e
ameaças do ambiente.
Mintzberg (1996), entendendo estratégia como um plano, uma linha mestra a ser
seguida com a intenção de alcançar um objetivo, enfatiza duas características fundamentais da
estratégia: a estratégia, como um plano, é desenvolvida conscientemente e é concebida antes
das ações, o que diferencia a estratégia almejada e realizada. Uma vez que uma estratégia
almejada pode, ou não, ser realizada, seria mais adequado definir estratégia, considerando
também os resultados do plano, que também influenciam as ações tomadas pela organização.
Uma discrepância entre as estratégias almejadas e realizadas pode ser devida à incapacidade
da empresa transformar em ações as suas intenções em alcançar um dado objetivo. Esta
incapacidade pode ser causada por mudanças no ambiente, recursos limitados para
implementação das ações planejadas ou expectativas irreais. Assim, a estratégia para
Mintzberg é polimorfa, adaptando-se à medida que novos elementos passam a ser inseridos no
processo de tomada de decisão (COHEN, 2004).
2.1.2 Tipologias de Estratégias Genéricas
Conforme ressaltam Cool e Schendel (1987), na literatura sobre estratégia de
negócios, os conjuntos de ações tomados pelas empresas são traduzidos em escolhas de
escopo e na aplicação de recursos para a implementação das ões planejadas, buscando
alcançar um posicionamento que resultem em vantagem competitiva. Haveria essencialmente
três tipos de escolha de escopo: 1) relativas ao segmento mercado em que a firma quer atingir;
2) ao mix de produtos/serviços que irá oferecer e 3) à área geográfica em que quer atuar.
Assim, a estratégia a ser formulada e implementada por uma firma, ou seja, o seu
posicionamento estratégico é um construto multidimensional, envolvendo diferentes
variáveis, como por exemplo, marca, qualidade, preço, serviços, etc., ou seja, diferentes
variáveis relativas ao escopo de negócios escolhido pela empresa para operar no mercado em
que compete. O entendimento deste construto e sua visualização podem ser complexo à
medida que as múltiplas variáveis são combinadas.
Com o objetivo de reduzir o vasto leque de combinações entre diferentes variáveis que
o pesquisador teria que considerar, alguns autores como Porter (1985), Mintzberg (1988) e
Miller e Dess (1993) se propuseram a definir tipologias de estratégias ou esquemas de
classificação que capturassem a essência das diversas características relevantes, simplificando
o entendimento e visualização do posicionamento estratégico adotado por uma organização.
25
Conforme Hambrick (1983) é possível identificar um número limitado de arquétipos
estratégicos que capturariam a essência das diversas posturas competitivas da maioria das
empresas. Miller (1981) argumenta que “estes arquétipos forneceriam uma caracterização
mais rica, complexa e multifacetada do processo pelo qual as organizações se adaptam e
mudam” (p. 1), e que uma vez identificados, várias outras características poderiam ser
inferidas. A escolha de quais dimensões melhor representaria um dado construto pode ser
feito com base na teoria e em reflexões conceituais.
A seguir serão apresentadas as tipologias de estratégias de Porter (1985), Mintzberg
(1988) e Miller e Dess (1993), os quais estão entre os autores mais referenciados na literatura.
2.1.2.1 Tipologia de Porter
A tipologia de Porter (1985) foi formulada considerando duas dimensões: vantagem
competitiva sobre os concorrentes e amplitude de mercado. Sua idéia é de que as empresas
podem obter desempenho superior selecionando um segmento atrativo com o auxílio do seu
modelo de cinco forças (ameaça de novos entrantes, rivalidade dentro da indústria, poder de
barganha dos compradores, poder de barganha dos fornecedores e ameaça de substituição) e
estabelecendo uma estratégia competitiva forte dentro do segmento escolhido, adotando uma
das três estratégias genéricas possíveis: liderança no custo total, Diferenciação e Enfoque
em custo ou diferenciação.
Na estratégia de liderança no custo total o objetivo principal consiste na realização de
ações pela empresa que minimizem seus custos operacionais de forma que estes sejam
inferiores aos dos seus concorrentes. Esta posição inferior de custos funciona como um
mecanismo de defesa da empresa contra a rivalidade dos seus concorrentes, especialmente
quanto à guerra de preços, possibilitando a obtenção de retornos depois que os concorrentes já
tenham esgotado seus lucros na competição. Porter (1980) argumenta que somente pode
existir um único líder em custo em uma determinada indústria, pois, caso contrário, a disputa
por parcelas de mercado entre as várias empresas buscando a liderança no custo total levaria a
uma guerra de preços que potencialmente poderia destruir a estrutura da indústria no longo
prazo.
A estratégia de diferenciação pressupõe que a empresa oferece um produto, cujas
características o distinguem perante seus clientes, daqueles oferecidos pela concorrência. A
diferenciação pode ser alcançada por várias dimensões: imagem da marca, tecnologia,
serviços sob encomenda, etc., sendo ideal que a empresa busque se diferenciar ao longo de
26
várias dimensões. A lealdade e a redução de sensibilidade ao preço por parte dos clientes
dispostos a pagar mais para terem os produtos que consideram diferenciados, protegem a
empresa da rivalidade de seus concorrentes. Em relação a este tipo de estratégia, Porter
argumenta que várias empresas podem perseguir a liderança em diferenciação, desde que cada
uma se especialize em características ou atributos distintos das demais e ainda que exista
quantidade suficiente de clientes que valorizem estes diferentes atributos e características.
E finalmente a estratégia de enfoque, tanto em custo como em diferenciação se baseia
na premissa de que uma empresa é capaz de atender melhor a um alvo estratégico estreito;
mais eficientemente do que os concorrentes que estão competindo de uma forma mais ampla.
Desta forma, a empresa alcança uma posição de vantagem competitiva por satisfazer melhor
as necessidades do seu cliente alvo, ou custos mais baixos no alcance deste cliente, ou ambos.
A empresa que desenvolver com sucesso a estratégia de enfoque tende a obter retornos acima
da média da indústria
Para Porter, as empresas que apresentam melhor desempenho são aquelas que
conseguem aplicar somente uma das estratégias genéricas. As empresas que buscam uma
estratégia híbrida ou que fracassam na implementação de uma delas são denominadas por ele
como sem posicionamento ou stuck-in-the-middle. Estas empresas, carentes de uma cultura
empresarial definida e apresentando um conjunto de arranjos organizacionais conflitantes,
apresentariam resultados inferiores aos daquelas que conseguem desenvolver uma das três
estratégias genéricas.
Contudo a suposição implícita na tipologia de Porter (1985) de que a busca simultânea
por diferenciação e custo baixo não seria teoricamente possível, foi criticada por vários
pesquisadores. Dess e Davis (1984), Hill (1988) e Wright (1987) encontraram justificativas
conceituais e Miller e Dess (1993) evidências empíricas de que seria possível a prática com
sucesso de estratégias híbridas, com ênfase nas duas dimensões competitivas
simultaneamente.
Mintzberg (1988), adicionalmente fez críticas sobre a efetividade da estratégia de
liderança de custos proposta por Porter. O autor argumenta que como o baixo custo não pode
ser observado pelos compradores, não representa uma vantagem competitiva. Sendo vantajoso
somente caso se traduzisse no menor preço dos produtos frente à concorrência
27
2.1.2.2 Tipologia de Mintzberg
Mintzberg (1988) propõe sua própria tipologia, a qual implicitamente ignora a questão
dos custos e se concentra na distinção de cinco tipos de diferenciação: por preço, por imagem,
por suporte, por qualidade e por projeto.
A estratégia de diferenciação por preço consiste em oferecer preço mais baixo por um
produto cujos atributos sejam iguais ou não muito diferentes dos concorrentes. A empresa
poderia obter maiores lucros se a queda da margem bruta fosse compensada pelo aumento do
volume de vendas, ou se desenvolvesse um processo produtivo que a permitisse operar com
custos inferiores ao de seus concorrentes.
Na diferenciação por imagem, uma empresa pode diferenciar seu produto ao
desenvolver uma imagem que o torne distinto dos demais. Conforme Mintzberg, tal imagem
pode ser criada a partir de veiculação de propaganda ou a utilização de outras técnicas de
promoção, as quais permitiriam que o consumidor identificasse as características próprias do
produto da empresa, que o distinguem dos produtos concorrentes ou substitutos.
A diferenciação por suporte propõe outra forma de diferenciação do produto de uma
empresa sem, no entanto, alterar suas características intrínsecas, oferencendo algum benefício
adicional junto com ele. Chamada por Mintzberg de diferenciação periférica, esta oferta
adicional pode incluir, um prazo menor de entrega, financiamento assistência técnica, etc.
A estratégia de diferenciação por qualidade caracteriza-se por oferecer um produto que
seja melhor que o dos concorrentes, a partir da criação de atributos racionais e concretos, sem
o foco nos atributos emocionais utilizados na diferenciação por imagem. O produto pode ser
considerado superior nas dimensões confiabilidade, durabilidade e desempenho.
Na estratégia de diferenciação por projeto trata-se de oferecer um produto com
características distintas dos produtos dos concorrentes, em substituição a estes. Em relação ao
tipo de estratégia anterior (por qualidade), a diferenciação por projeto busca efetivamente
oferecer algo distinto e não apenas melhor.
Além dos cinco tipos caracterizados acima, Mintzberg uma alternativa adicional de
estratégia, a não-diferenciação. Esta estratégia baseia-se na cópia das ações de outras
empresas, desde que o mercado ofereça espaço para produtos concorrentes e que a empresa se
especialize em acompanhar e imitar os lançamentos da concorrência
28
2.1.2.3 Tipologia de Miller e Dess
Miller e Dess (1993) verificaram significativas divergências entre os retornos
proporcionados pelas diferentes estratégias genéricas de Porter (1985), ao passo que este
previa retornos semelhantes para as empresas, em uma mesma indústria, que implementassem
com êxito qualquer uma e somente uma, das três estratégias genéricas.
Para chegar a estes resultados, os autores avaliaram o modelo de estratégias genéricas
de Porter (1985) em relação à simplicidade, precisão e generalidade e fizeram críticas e
sugestões para aperfeiçoamento do modelo e a partir delas propuseram uma nova tipologia,
segundo a qual os conceitos de custos, diferenciação e enfoque não fossem tratados como
categorias discretas, mas sim dimensões. Segundo Miller e Dess (1993), esta perspectiva abre
a possibilidade do desenvolvimento de combinações das estratégias genéricas e a avaliação de
desempenho destes relacionamentos.
Considerando que cada uma das dimensões possa assumir valores nos níveis alto,
médio e baixo, haveria um total de 27 (=3
3
) combinações possíveis. Contudo, apenas algumas
destas combinações seriam de interesse prático (por exemplo, a combinação de custo alto e
baixa diferenciação obviamente, não é atrativa). Miller e Dess (1993) limitaram então, seu
modelo a sete combinações consideradas mais plausíveis, as quais foram aplicadas sobre uma
base de dados do PIMS Profit Impact of Marketing Strategy, levando os autores às
conclusões abaixo, sintetizadas por Dias (2005).
Na combinação Diferenciação + Baixo Custo + Escopo Amplo, as empresas exibiam o
maior retorno em termos de ROI (retorno sobre investimento), bem como a maior parcela de
mercado, embora suas despesas de marketing fossem menores do que as dos demais grupos.
Contrariando a visão de Porter de que seria raro uma empresa se manter, simultaneamente,
com diferenciação e baixo custo em um escopo amplo, a pesquisa encontrou 75% mais
empresas neste grupo do que na próxima tipologia onde a diferenciação e o baixo custo são
combinados com o escopo estreito.
As empresas que adotaram a combinação Diferenciação + Baixo Custo + Escopo
Estreito também se mostraram lucrativas. Este grupo apresentou ainda maior número de
empresas situadas no estágio de crescimento no ciclo de vida do produto. o grupo que
adotou a estratégia de Diferenciação + Escopo Amplo se destacou pelo fato de possuir o
maior número de empresas.
Na combinação Diferenciação + Escopo Estreito, as empresas apresentaram o maior
nível de inovação de produtos e produziram mercadorias de alta qualidade. Verificou-se
29
também que estas empresas, em geral associadas às estratégias de exploração de vários nichos
de mercado, exibiram o menor retorno entre as tipologias, tendo como possível explicação a
ineficiência operacional. Os autores interpretaram estes resultados como sendo um possível
sacrifício das empresas nos retornos de curto prazo em busca de uma melhor situação no
longo prazo.
As empresas que optaram pela estratégia que combina Baixo Custo + Escopo Amplo
basearam sua vantagem competitiva no alcance e manutenção de economias advindas da
curva de aprendizado apresentando custos inferiores a de seus competidores, dando
preferência ao refinamento dos produtos e processos atuais em detrimento do
desenvolvimento de novos produtos.
Na combinação de Baixo Custo + Escopo Estreito, tendo em vista seu escopo estreito,
as empresas deste grupo não conseguiram se beneficiar dos efeitos da curva de aprendizado,
embora seu elevado nível de intensidade de capital pudesse significar importantes economias
de escala.
Os autores ainda identificaram um grupo de empresas sem uma posição claramente
identificada em cada uma das dimensões de custo, diferenciação e enfoque, denominado sem-
posicionamento. Porter (1985) descreveu as empresas sem posicionamento como aquelas que
não se distinguem em qualquer uma das dimensões estratégicas. Apesar de ter sido o grupo
com pior taxa de crescimento, seu ROI superou o da tipologia Diferenciação + Escopo
Estreito. Adicionalmente, as empresas deste grupo apresentaram melhor previsibilidade de
retorno dentre todos os grupos.
2.1.3 Conceito de Grupos Estratégicos
Firmas que adotam um mesmo posicionamento estratégico em uma indústria, formam
grupos estratégicos. O conceito de grupo estratégico foi inicialmente desenvolvido na década
de 70, com destaque para o trabalho de Hunt (1972), em pesquisa realizada na indústria de
eletrodomésticos da linha branca dos Estados Unidos na década de 60. Neste estudo, o autor
parte da perspectiva estruturalista da economia da organização industrial (OI), na qual o
desempenho de uma firma é determinado pela estratégia, a qual por sua vez, é determinada
pelas características estruturais da indústria onde compete. Ou seja, as oportunidades e
ameaças ambientais às quais estão expostas todas as firmas da indústria determinam a
estratégia ótima que deve ser seguida visando alcançar o melhor desempenho.
30
O estudo, no entanto, revelou que ao contrário da homogeneidade esperada pela
perspectiva estruturalista, era possível identificar a existência de diferentes estratégias, como
políticas de diversificação de produtos e de distribuição, seguidas predominantemente por
quatro grupos de firmas naquela indústria. Hunt então definiu o termo “grupos estratégicos”
referindo-se àqueles formados por firmas que demonstrem seguir estratégias similares em
uma mesma indústria.
Caves e Porter (1977), agregam ao conceito de grupos estratégicos o de barreiras de
mobilidade. Os autores definem grupos estratégicos como o grupo de empresas em uma
indústria que estão seguindo uma estratégia idêntica ou semelhante ao longo das dimensões
estratégicas, como por exemplo, políticas de especialização, liderança tecnológica em
produtos e/ou processos produtivos, atendimento, e etc. O posicionamento específico das
empresas de um grupo em cada uma destas dimensões estratégicas geraria “barreiras de
mobilidade” que impedem a entrada de outras empresas neste grupo, definindo assim as suas
fronteiras:
As diferenças na estratégia podem implicar distinções na diferenciação do produto,
diferenças na obtenção de economias de escala, diferenças nas necessidades de
capital e possível diferença em todas as outras fontes de barreiras de entrada [...]
Estas barreiras não protegem as empresas em um grupo estratégico da penetração
por empresas de fora da indústria, como também fornecem barreiras para a mudança
de posição estratégica de um grupo estratégico para o outro. (PORTER, 1980, p.
135-136).
Mcgee e Thomas (1986), em consistência com a abordagem de escolha estratégica da
RBV visão baseada em recursos, relacionam as diferentes opções estratégicas adotadas
pelas empresas em um determinado mercado, à atratividade que uma determinada estratégia
possui, considerando a posição individual de cada empresa em recursos e competências.
Na perspectiva da RBV a construção da vantagem competitiva não está relacionada a
um posicionamento defensivo contras as ameaças de concorrentes. Em uma abordagem que
podemos denominar de “dentro para fora”, a vantagem competitiva de uma firma é alcançada
pela maior eficiência alcançada nas suas atividades, proporcionada pela propriedade de
recursos específicos e pelo desenvolvimento de competências organizacionais distintivas.
Assim conforme Mcgee e Thomas (1986), em consistência com a definição de grupos
estratégicos, como aqueles formados por firmas que demonstrem seguir estratégias similares
em uma mesma indústria, o administrador de uma firma irá tentar posicioná-la no grupo
estratégico que melhor se encaixe com suas forças (recursos e competências distintivos).
Definidos desta forma, os grupos estratégicos seriam formados por empresas que
possuem ativos, recursos e competências similares, os quais seriam suas fontes de barreira de
31
mobilidade. Os investimentos em recursos tangíveis (p. ex. plantas e equipamentos) e
intangíveis (p. ex. reputação) e em competências são elevados e demandam tempo e
aprendizado para seu desenvolvimento. Este fator aliado à incerteza quanto à habilidade da
firma em copiar com sucesso seus competidores, contribuiria para a altura das barreiras de
mobilidade separando grupos (McGEE; THOMAS; PRUETT, 1995).
ainda uma abordagem alternativa para conceituação de grupos estratégicos, que ao
invés de partir da influência do ambiente e das posições em ativos e competências
acumulados pelas empresas, parte dos estudos de cognição gerencial sugerindo que os
administradores tendem a ver suas indústrias em termos de grupos de firmas. Autores como
Peteraf e Shanley (1997) e Reger e Huff (1993) argumentam que os grupos cognitivos
emergem como partições feitas pelos gestores do seu ambiente, para reduzir incerteza e lidar
com racionalidade limitada.
Peteraf e Shanley (1997) contribuem para a teoria dos grupos estratégicos cognitivos,
desenvolvendo o conceito de identidade do grupo estratégico. Este conceito é definido como
um conjunto de entendimentos mútuos, entre membros de um grupo cognitivo em uma
indústria. O termo “entendimentos mútuos” implica em que os membros, pela história,
discurso e interações, têm o mesmo entendimento dos comportamentos de outros membros e
da base lógica da sua tomada de decisão. O grupo cognitivo orientaria assim, observações de
mudanças no comportamento das firmas e em seus atributos, tornando-se uma subestrutura
significativa na indústria.
2.1.3.1 Pesquisa Empírica sobre Grupos Estratégicos
Conforme desenvolvido acima, o conceito de grupos estratégicos refere-se a um nível
intermediário de análise da estratégica competitiva, entre a firma individual e a visão
consolidada da indústria. Desta forma, o grupo estratégico permite às firmas compreender
com mais facilidade aspectos importantes sobre a sua posição competitiva, como por
exemplo, quem são seus competidores diretos, quais sãos as forças competitivas e quais sãos
os recursos distintivos que levam a uma sustentável vantagem competitiva (HATTEN;
HATTEN, 1987; McGEE; THOMAS; PRUETT, 1987).
Desde o trabalho seminal de Hunt (1972), uma extensa literatura sobre o tema,
baseada em pesquisas teóricas e empíricas foi desenvolvida. Dentre os trabalhos realizados
destacam-se o de Caves e Porter (1977), Porter (1980), Oster (1982), Dess e Davis (1984) e
Cool e Schendel (1987 e 1988) que investigaram tanto a existência e identificação dos grupos
32
estratégicos em diferentes indústrias, como também a sua relação com o desempenho das
empresas, testando a teoria das diferenças de desempenho intra-indústria de Porter (1979).
No Brasil, uma significativa produção recente sobre a identificação dos grupos
estratégicos em diferentes setores de atividade e sua relação com o desempenho das empresas
(KALAF; BOMTEMPO, 2000; GONZALEZ, 2005; PINHO; SILVA, 2000; SILVA, 2001;
COHEN, 2004; SILVA; OLIVEIRA, 2005; DIAS; SILVA, 2006; FERREIRA; ABRANTES;
PEREZ, 2008), com destaque para o trabalho de Faria, Brandão e Silva (2005), o qual
encontrou evidências empíricas de que o fator grupo estratégico tem um poder explicativo do
desempenho das empresas, maior que o fator indústria.
Outro aspecto investigado tem sido a contribuição dos grupos estratégicos para a
formação de estratégias das firmas. Nesta questão, tanto trabalhos que utilizaram uma
abordagem cognitiva (REGER; HUFF, 1993; PETERAF; SHANLEY, 1997), como os que
permaneceram na abordagem tradicional de identificação dos grupos a partir de variáveis
estratégicas (FIEGENBAUM; THOMAS, 1995), obtiveram resultados que sugerem que os
grupos estratégicos atuam como pontos de referência para as estratégias adotadas pelas
firmas.
O desenvolvimento da literatura acima comentado foi acompanhado pela discussão
quanto à adequação da operacionalização do conceito de grupos estratégicos e da metodologia
empregadas nos estudos científicos realizados.
Dentre os aspectos discutidos cabe ressaltar a crítica feita por Barney e Hoskisson
(1990), os quais questionam a identificação dos grupos estratégicos a partir de uma
abordagem exploratória, com a utilização de técnica analítica de clusters. Conforme os
autores, “asseguradamente, qualquer algoritmo de agrupamento (clusters), quando aplicados à
análise de um grupo de dados, gerará grupos. Assim, o desenvolvimento de clusters, per se,
não pode ser usado como um teste de existência dos grupos estratégicos.” (p. 189)
Hatten e Hatten (1987) e Mcgee, Thomas e Pruett (1995) corroboram o
posicionamento de Barney e Hoskinsson e recomendam uma abordagem confirmatória para a
identificação dos grupos estratégicos, em uma determinada indústria, partindo de uma
definição teórica a priori dos grupos que se espera encontrar.
Outra questão relativa à operacionalização do conceito de grupos estratégicos se refere
aos critérios de escolha das variáveis utilizadas para definição dos grupos estratégicos. Hatten
e Hatten (1987) e Mcgee, Thomas e Pruett (1995) recomendam o emprego de múltiplas
variáveis baseadas em um conjunto de dimensões estratégicas como escopo e
desenvolvimento de recursos, buscando refletir as complexidades que envolvem a situação
33
competitiva das firmas. É relevante ainda a uniformidade das variáveis utilizadas nos
diferentes trabalhos de forma a permitir que estes sejam comparáveis, melhor contribuindo
para a construção do corpo teórico. As tipologias estratégicas propostas por Porter, Mintzberg
ou outros autores podem ser utilizadas como um guia para identificação das variáveis
(MCGEE; THOMAS; PRUETT, 1995)
Uma última questão a ser abordada em relação ao conceito de grupos estratégicos é
relativa à sua estabilidade. Mcgee, Thomas e Pruett (1995) argumentam que a aderência de
uma firma a um grupo estratégico geralmente é estável e reflete a inércia organizacional
resultante das decisões gerenciais e do estoque de ativos acumulado pela empresa. Ou seja,
os grupos estratégicos tendem a se manter estáveis em sua composição pela própria
característica das suas barreiras de mobilidade, que dificultam uma fácil movimentação de
empresas para uma nova posição competitiva. Os estudos realizados por Cool e Schendel
(1987) e Borgner, Thomas e Mcgee (1991), ambos realizados na indústria farmacêutica,
demonstraram que os grupos estratégicos mantém-se estáveis por períodos que variam de 4 a
7 anos e sofrem alterações refletindo mudanças ambientais (por exemplo, aspectos
regulatórios) e também ações de concorrentes que decidem assumir novo posicionamento
estratégico, entrando em um novo grupo ou estabelecendo um grupo completamente novo na
indústria.
2.1.4 Conceituação neste Trabalho do Posicionamento Estratégico no Setor
Farmacêutico Brasileiro, Segmento Saúde Humana
Os resultados das pesquisas empíricas, comentados acima, evidenciam os grupos
estratégicos não só como uma estrutura competitiva significativa da indústria, como também a
sua influência na forma como os administradores das firmas percebem o ambiente
organizacional onde competem. Desta forma optou-se por operacionalizar o conceito de
posicionamento estratégico, a partir do construto de grupos estratégicos.
Neste estudo, o construto grupos estratégicos para o setor farmacêutico será
operacionalizado conforme os trabalhos desenvolvidos por Cool e Schendel (1987, 1988), os
quais baseados no estudo sobre o setor farmacêutico realizado por Cool (1985) identificaram
as variáveis estratégicas adequadas ao setor para definição do posicionamento estratégico
adotado pelas firmas. Estas variáveis também foram adotadas em estudos considerando o
setor farmacêutico brasileiro, por Silva (2000), Cohen (2004) e Dias (2005), e mostraram-se
34
adequadas a identificação dos grupos estratégicos no setor no Brasil, considerando duas
diferentes tipologias estratégias, Porter e Miller e Dess.
2.2 Competências Organizacionais
2.2.1 Recursos e Capacidades da Firma
Para desenvolver o conceito de competências organizacionais, partimos da concepção
da firma de Coase (1993), para o qual a firma é um domínio para organização de atividades
orientada para a obtenção de um produto, sob a coordenação de um empreendedor, cujo papel
seria o de organizar os fatores de produção adquiridos no mercado, simplificando e
minimizando os custos de produção. A ação empreendedora de coordenação das atividades
justificaria assim a existência da firma e determinaria sua competitividade, reduzindo custos
de transação.
Sob a perspectiva da visão baseada em recursos (RBV), os fatores de produção
constituem a base dos recursos e capacidades que a firma dispõe para explorar em seu
processo produtivo e obter o produto final. Sob esta ótica, uma firma alcançará uma vantagem
competitiva frente a seus concorrentes, na medida em que combine os fatores de produção de
forma a gerar serviços ou recursos diferenciados, que possuam valor para o mercado, que
sejam específicos da firma (desenvolvidos ao longo de sua trajetória) e difíceis de serem
imitados por seus concorrentes (PENROSE, 1959; BARNEY, 1986; DIERICKX; COOL,
1989; WERNEFELT, 1984).
Assim, de forma diferente da concepção de Coase (1993), para a RBV os recursos e
capacidades que as empresas dispõem para empregar em seu processo produtivo não o
homogêneos e disponíveis para aquisição em um mercado perfeito, como os fatores de
produção. E é esta diferenciação a fonte da vantagem competitiva de uma empresa.
Conforme Amit e Schoemaker (1993) e Dierickx e Cool (1989), a assimetria no
mercado de recursos seria decorrente do fato de que apenas parte dos recursos utilizados por
uma firma ser de fato comercializável ou transacionável no mercado. Para converter recursos
em produtos finais ou serviços, além dos recursos adquiridos no mercado, como
equipamentos, matérias-primas, força humana de trabalho, a firma precisa desenvolver
internamente recursos e capacitações essenciais à sua atividade, como por exemplo, uma
reputação de qualidade, gestão de marca em marketing ou ainda um ciclo rápido de
desenvolvimento de novos produtos.
35
O desenvolvimento de recursos e capacidades em uma firma, usualmente envolve uma
combinação de recursos utilizando e integrando diferentes processos organizacionais,
tangíveis e intangíveis, baseados em informação, e que demandam tempo e uma integração
entre áreas e capital humano (AMIT; SCHOEMAKER, 1993).
Voltando ao exemplo da reputação de qualidade, esta será alcançada a partir da
implementação, nas diferentes fases do processo produtivo, de um adequado processo de
controle de qualidade, de uma rigorosa seleção dos materiais empregados na fabricação dos
produtos e da realização de um amplo programa de treinamento envolvendo os trabalhadores
da firma, preparando-os tecnicamente e culturalmente para que a qualidade seja um valor
essencial da firma.
Conforme o exemplo acima, as características do desenvolvimento interno de recursos
os tornam específicos à firma. E, é a natureza idiossincrática dos recursos assim constituídos
por uma firma que dificulta ou até mesmo impede a sua comercialização no mercado. A
reputação não é um item disponível para ser adquirido no mercado (DIERICKX; COOL,
1989, AMIT; SCHOEMAKER, 1993).
2.2.2 O Conceito de Competências Organizacionais
Prahalad e Hamel, no artigo publicado em 1990, The Core Competence of
Corporation” trazem o conceito de competências organizacionais, que seriam um conjunto de
habilidades e tecnologias produtivas específicas, que derivam das composições dos recursos
organizacionais. Estes autores ainda definem o conceito de competências essenciais (core),
como competências construídas envolvendo o aprendizado coletivo na organização,
especialmente em como coordenar diversas habilidades em produção e integrar correntes de
tecnologias” (p. 82). A competência essencial de uma firma estaria permeada por todas as
suas áreas de negócio e atividades funcionais.
Para estes autores, em uma argumentação consistente com a perspectiva da RBV, um
profundo entendimento por uma firma, das suas capacidades e competências permitem a ela
melhor identificar as oportunidades que o ambiente competitivo oferece, explorando de forma
bem sucedida seus recursos. Ou seja, haverá um melhor entendimento das suas fontes de
vantagens competitivas.
E, como fonte de uma efetiva vantagem competitiva, conforme Prahalad e Hamel
(1990), uma competência essencial se caracteriza por atender às necessidades dos clientes (e,
portanto valorizada por estes), ser sustentável no sentindo de que é difícil de ser imitada pelos
36
concorrentes e fornecer acesso potencial da firma a uma grande variedade de mercados,
sendo, portanto, versátil e replicável.
Conforme Javidan (1998),
“a noção de competência essencial de Prahalad e Hamel é uma ferramenta
conceitual mais rigorosa para o exame e a exploração das forças internas de uma
firma, [e representa] uma contribuição significativa para o nosso entendimento sobre
este importante tópico.” (p. 61).
Este autor, porém, ressalta que a definição de competências, conforme apresentada
por Prahalad e Hamel, tem dois problemas. O primeiro refere-se ao uso do conceito de
competência, competência essencial e capacidade como sinônimos. O segundo é quanto à
definição destes termos como uma combinação de habilidade e tecnologias produtivas, a qual
é muito estreita, na medida em que é focada nas atividades de manufatura.
Javidan (1998), então propõe uma nova conceituação operacional de competências,
estendendo-o a todas as atividades organizacionais.
Figura 2 Hierarquia de competências
Fonte: Javidan (1998, p. 62)
Para o autor, conforme apresentado na Figura 2, os recursos e capacidades de uma
organização são os blocos construtores das suas competências. No nível inferior estariam os
recursos, insumos tangíveis (máquinas, recursos humanos, etc.) e intangíveis (marca,
reputação, etc.) da cadeia de valores de uma firma. No segundo nível estariam as capacidades,
definidas como a habilidade da firma em explorar estes recursos em seus processos e rotinas.
Considerando um processo operacional como um conjunto de atividades que transformam
inputs em outputs, as capacidades se caracterizam por ser baseadas em funções, como por
exemplo, capacidade de produção ou capacidade de gestão de recursos humanos.
Valor DificuldadeValor Dificuldade
Competências
Core
Competências
Capacidades
Recursos
37
Em um nível crescente de dificuldade e capacidade de geração de valor para a firma,
se posicionam as competências que se constituem na integração e coordenação das
capacidades funcionais da firma. Javidan (1998) exemplifica o conceito de competência
conforme segue:
“... uma particular unidade de negócios pode possuir a competência de
desenvolvimento bem sucedido de produtos. Esta competência pode ser
conseqüência da integração de [capacidades funcionais em] sistemas de informações
gerenciais, marketing, pesquisa e desenvolvimento e produção” (p. 62).
E no nível mais alto da hierarquia estariam as competências essenciais, as quais
resultariam da interação entre competências de diferentes unidades de negócios.
Competências essenciais seriam, então, as habilidades e conhecimento que são detidos pelas
unidades de negócios da firma e resultam da integração e harmonização das competências de
diferentes unidades; seriam resultado do aprendizado coletivo da organização.
No exemplo de Javidan (1998) acima citado, o desenvolvimento de um novo produto é
uma competência core se compreende diferentes unidades de negócios.
Mills, Platts, Bourne e Richards (2002), compartilham a definição de Javidan de
competências, como a integração de diferentes processos organizacionais que resultam na
habilidade da firma em “fazer bem” uma atividade. Os autores ainda trazem o conceito de
competência distintiva, as quais são capazes de diferenciar a firma de seus concorrentes
gerando vantagem competitiva (ver Tabela 1).
Tabela 1 Categoria de competências
Fonte: Adaptado de Mills e al. (2002)
Mills et al. (2002), e Javidan (1998), relacionam a estratégia corporativa com o
conjunto de competências essenciais e distintivas que a organização possui ou pretende
desenvolver, e estruturam as competências a partir dos níveis organizacionais: corporativo,
unidade de negócios e funcional (conforme apresentado na figura 3).
Categoria Descrição
Competência Essencial
(Core)
Usualmente se refere a competências importantes em
nível da corporação, as quais são chave para sua
sobrevivência e centrais para sua estratégia
Competência Distintiva
Se refere a competências que são reconhecidas pelo
clientes como diferenciadoras da firma frente aos
concorrentes e assim provém vantagem competitiva
Competências das
Unidades de Negócios
O pequeno número de atividades chave, usualmente
entre duas a seis, esperadas de cada unidade de
negócio da companhia
Competências de Apoio
Uma atividade que valiosa para apoiar um conjunto de
outras atividades
38
Figura 3 Relação entre Níveis Estratégicos e Competências Organizacionais
para Javidan (1998) e Mills et al. (2002)
Fonte: Bataglia (2006, p. 72)
Conforme Javidan (1998):
“a estratégia corporativa direciona a questão do sucesso de longo prazo. Ela identifica o
portfólio de negócios onde a firma es ou nos quais quer estar, e o tipo de competência
essencial que atualmente possui ou gostaria de desenvolver. [...] A essência da estratégia de
negócios é formular uma posição favorável e sustentável em relação aos competidores das
unidades de negócios [...] e as estratégias funcionais são desenvolvidas para assegurar que as
estratégias competitivas das unidades de negócios sejam implementadas” (p. 63)
Mills et al. (2002) e Javidan (1998) propõem metodologias para identificação e análise
das competências organizacionais. Javidan (1998) propõe um processo coletivo de
reconhecimento, envolvendo os principais gestores da organização, a partir da discriminação
das atividades que a organização sabe fazer bem”. Dentre estas identificam-se as que geram
vantagem competitiva sustentável e, finalmente, os recursos e tecnologias que as compõem.
Mills et al. (2002), concentrando-se na análise de uma competência organizacional já
identificada, ressalta que esta deve ser avaliada quanto ao seu valor, considerando seu efeito
sobre os custos e vendas da firma e sobre sua habilidade de capitalizar oportunidades e
defendê-la de ameaças Adicionalmente, para gerarem vantagem competitiva duradoura, estas
competências devem ser avaliadas quanto a sua sustentabilidade e versatilidade. Mills et al
(2002) recomendam que neste processo a percepção dos clientes deve ser considerada.
39
2.2.3 Conceituação neste Trabalho das Competências Organizacionais das Firmas no
Setor Farmacêutico Brasileiro, Segmento Saúde Humana
Neste trabalho as competências organizacionais foram conceituadas a partir do
construto de competência organizacional de Mills et al. (2002), ou seja foram entendidas
como atividades funcionais que integram diferentes recursos e processos organizacionais que
são chave para a implementação da estratégia da unidade de negócios.
As competências serão levantadas via revisão da literatura sobre o setor farmacêutico e
a partir de entrevistas com especialistas no setor, conforme detalhado na seção de
metodologia desta pesquisa.
A identificação da geração de vantagem competitiva, sustentabilidade e versatilidade
das principais competências das empresas do setor farmacêutico brasileiro foi realizada
utilizando-se o instrumento desenvolvido por Mills et al. (2002).
2.3 Ambiente Organizacional
2.3.1 Conceito de Ambiente Organizacional
A partir do surgimento das teorias ambientais, após a Segunda Guerra Mundial, as
empresas ou corporações passaram a ser reconhecidas como um sistema aberto, expostas às
condições do ambiente em que atuam e aos impactos das mudanças que ocorrem neste meio.
Conforme Bourgeois (1980), a definição do ambiente na teoria organizacional, é
inicialmente abrangente e imprecisa, incluindo tudo que é externo às organizações. Ele cita
Dill (1958) como autor do trabalho pioneiro na definição mais precisa do ambiente externo de
uma organização, dividindo-o entre o ambiente geral e o ambiente operacional.
O ambiente geral compreenderia as grandes tendências macroeconômicas, como
demografia, sociocultura, etc. O ambiente operacional seria composto por clientes,
fornecedores, concorrentes e grupos regulatórios (agências governamentais, sindicatos e
associações empresariais). Este segundo representa a dimensão do ambiente que afeta a
organização mais diretamente no curto prazo e, portanto, influenciando primariamente a
estratégia a ser adotada pela organização, ao ser mais diretamente percebido pelos seus
administradores (STARBUCK, 1976).
A partir do conceito de ambiente de tarefa, a literatura sobre ambiente desenvolveu-se
no sentido de descrevê-lo. Conforme Sharfman e Dean (1991), a contribuição de vários
40
autores (resumidas no Quadro 1) resultou em basicamente três dimensões que descreveriam o
ambiente operacional da firma: complexidade, dinamismo ou estabilidade e disponibilidade
de recursos.
Quadro 1 Conceituação do Ambiente Organizacional
Fonte: adaptado de Sharfman e Dean (1999), p. 683
O conceito de complexidade foi relacionado, ao grau de similaridade entre os
elementos do ambiente (THOMPSON, 1967; ALDRICH, 1979; DESS; BEARD, 1984), ao
grau de sofisticação do conhecimento necessário para atuar em um dado ambiente tecnológico
(MINTZBERG, 1979) e ao grau de distribuição dos recursos (incluindo número de empresas)
no ambiente (MINTEZBERG, 1979; ALDRICH, 1979). Assim firmas competindo em
indústrias que operam com muitos insumos ou produtos diferentes, com maior velocidade de
atualização tecnológica ou ainda tem suas atividades abrangendo uma grande distribuição
geográfica, deverão achar a aquisição de recursos ou a colocação de produtos mais complexa
do que aquelas competindo em indústrias locais, com poucos insumos ou produtos. Isto se
deve ao grande número e variedade de organizações com as quais terá que interagir em seu
ambiente operacional e à necessidade de desenvolvimento tecnológico sofisticado.
Dinamismo ou instabilidade estaria relacionado ao grau de mudança dos elementos do
ambiente (THOMPSON, 1967; ALDRICH, 1979; DESS; BEARD, 1984; SUTCLIFFE;
HUBER, 1998), ao grau de mudança tecnológica (MINTZBERG, 1979) e a uma crescente
interconexão entre os elementos do ambiente (ALDRICH, 1979). Dess e Beard (1984) ainda
ressaltam que o dinamismo deve ser restrito à mudança que é difícil de prever e que eleva a
incerteza para os responsáveis pela tomada de decisão nas organizações. Quanto à
interconexão entre organizações, a argumentação de Aldrich (1979) é a de que ela cria
Principais Trabalhos em
Ambiente
Complexidade
Dinamismo e
Instabilidade
Disponibilidade
de Recursos
March and Simon (1958) Munificência
Emery and Trist (1965)
Complexidade
Rotina
Instabilidade
Thompson (1967) Heterogeneidade Dinamismo
Child (1972) Complexidade Variabilidade Iliberalidade
Mintzberg (1979)
Complexidade
Diversidade
Estabilidade Hostilidade
Aldrich (1979)
Concentração
Heterogeneidade
Estabilidade
Turbulência
Capacidade
Consenso
Dess e Beard (1984) Complexidade Dinamismo Munificência
Sutcliffe e Huber (1998)
Complexidade
Instabilidade Munificência
Controlabilidade
Hostilidade
Dimensões Ambientais
41
incerteza e ambiente instáveis, na medida em que representa a interdependência da
organização com agentes externos a ela, cuja informação sobre decisões estratégicas é restrita
e sobre os quais a organização não tem controle.
A terceira dimensão, a disponibilidade de recursos ou munificência, é a extensão pela
qual o ambiente pode suportar um crescimento sustentado (MINTZBERG, 1979; ALDRICH,
1979; DESS; BEARD, 1984). Ressalta-se que esta dimensão envolve também a competição
pelos recursos disponíveis no ambiente, considerando aspectos como o controle e
gerenciamento dos recursos das empresas, e também quanto à percepção dos administradores
das firmas quanto ao seu posicionamento mais favorável em relação aos seus competidores,
na disputa pelos mesmos recursos. Estes aspectos foram classificados por Sutcliffe e Huber
(1998) como dimensões ambientais específicas, as quais denominaram controlabilidade e
hostilidade.
Starbuck (1976) pondera que as transações da firma com o ambiente podem se dar em
duas categorias: (1) a interação direta entre uma firma e os elementos do seu ambiente (2) se a
informação descrevendo o ambiente está ou não descrita objetivamente (a partir de um
desinteressado observador externo) ou subjetivamente (a partir dos membros da firma). Ou
seja, além das efetivas interações que ocorrem entre empresa e ambiente, se deve considerar
como essas interações são compreendidas.
Na abordagem subjetiva, o ambiente externo à firma é considerado a partir do
entendimento que a alta direção das firmas tem deste, o qual é influenciado pelo volume e
capacidade de informação disponível sobre o ambiente para estes administradores e pela
interpretação que é dada a ela, considerando características pessoais como cultura individual e
organizacional, formação acadêmica e experiência profissional dos gestores das firmas.
Assim, o ambiente externo percebido pelos administradores da empresa torna-se o ambiente
considerado nas escolhas gerenciais, influenciando o comportamento estratégico. Pesquisas
realizadas com esta abordagem (DUNCAN, 1973; DUTTON; JACKSON, 1987;
SUTCLIFFE; HUBER, 1998) são focadas em como as percepções são formadas.
Na abordagem objetiva, o ambiente é assumido como realidade e pode ser medido a
partir de índices quantitativos, inclusive por um observador externo à empresa. Suas
características ou dimensões influenciariam a estratégia e o desempenho das firmas,
independentemente da percepção dos seus administradores. Os trabalhos desenvolvidos a
partir desta concepção de ambiente têm seu foco direcionado para a mensuração das suas
dimensões (ALDRICH, 1979; DESS; BEARD, 1984); a partir de variáveis objetivas.
42
Considerando o debate em relação às duas concepções de ambiente Bourgeois (1980)
pondera:
Cada firma tem um ambiente objetivo que estabelece limites à sua operação. A
questão é se as percepções de volatilidade ou variabilidade induzem a incerteza e se
estas impressões subjetivas se sobrepõem à situação objetiva, quando decisões
críticas são tomadas. Minha posição é que o ambiente operacional objetivo é “real”,
mensurável e externo à organização e que as percepções do ambiente são também
eventos reais que acontecem dentro da organização. Adicionalmente, e de
importância central, quando estas percepções são da coalizão dominante ou dos
principais gestores da organização, elas são consideradas inputs cruciais para o
processo de formação de estratégias.” (p. 35)
2.3.2 A relação entre Ambiente Organizacional e Estratégia
Conforme Bourgeois (1980), a formação de estratégias está no coração do processo de
co-alinhamento organização-ambiente, enfatizado tanto na teoria organizacional como pela
teoria sobre estratégia. Este co-alinhamento delineia as atividades pelas quais os líderes
organizacionais estabelecem a missão social ou econômica da organização, define seu
domínio de ação e determina como ela navegará ou competirá no seu domínio escolhido.
O autor argumenta que a estratégia tem dois propósitos primários, o de definir o
segmento do ambiente no qual a firma irá operar e fornecer um guia para a subseqüente
atividade direcionada ao alcance de metas em cada nicho. Considerando estes dois propósitos,
Bourgeois (1980) especifica a definição hierárquica de estratégia apresentada da Figura 4:
1) estratégia de domínio (corporativa na linguagem da política de negócios), se
refere a escolha da organização do domínio ou da mudança do domínio em que
vai atuar;
2) estratégia de navegação (de negócios na linguagem da teoria política de
negócios), se refere a decisões competitivas feitas em relação a um
determinado produto, mercado ou ambiente operacional.
Assim, uma vez que o domínio ou arena competitiva foi determinado pela estratégia
corporativa, a organização passa a definir a sua abordagem competitiva, considerando os
elementos do seu ambiente operacional (competidores, fornecedores, clientes, grupos
regulatórios), com os quais interage e cujas ações diretamente afetam o alcance das suas
metas.
43
Figura 4 A natureza hierárquica entre estratégia e ambiente
Fonte: adaptado de Bourgeois (1980, p. 26)
2.3.3 Conceituação neste Trabalho das Características do Ambiente Organizacional
Neste estudo optou-se por mensurar as características do ambiente considerando as
dimensões descritas na seção anterior, levando em conta que estes atributos ambientais são
centrais nas teorias que consideram os efeitos do ambiente nas ações das firmas e seu
desempenho.
Conforme Sutcliffe e Huber (1998) estas dimensões foram mostradas como de
importante implicação nas ações organizacionais e têm um papel relevante na pesquisa sobre
gestão estratégica. Instabilidade, por exemplo, foi demonstrada ser um determinante crítico
para a estratégia, estrutura e desempenho (KEATS; HITT, 1988) e das interações entre a
estrutura da alta direção da firma do seu desempenho (KECK, 1997). A munificência e a
complexidade foram apontadas como afetando as escolhas estratégicas quanto ao
aproveitamento das oportunidades do ambiente (KEATS; HITT, 1988). As percepções quanto
a controlabilidade e hostilidade podem afetar a propensão á mudança (DUTTON; JACKSON,
1987; JACKSON; DUTTON, 1988), a magnitude das mudanças (JACKSON; DUTTON,
1988), e tipos específicos de mudança orientada pelos executivos (THOMAS; CLARK;
GIOIA, 1993).
Nesta pesquisa será adotada a mesma posição de Bourgeois (1980) em relação à
discussão quanto ao ambiente ser considerado uma realidade objetiva ou subjetiva.
Admitimos que o ambiente operacional é uma realidade, mensurável e externa a organização.
Porém considerando o objetivo de estudarmos a influência do ambiente sobre a formação de
estratégias no setor farmacêutico saúde humana, optamos por medir o ambiente operacional
Geral
Operacional
Ambiente
Corporativa
Negócios
Definição de Domínio
Domínio de Navegação
Estratégia
44
percebido pelos administradores das firmas, utilizando o instrumento de coleta desenvolvido
por Sutcliffe e Huber (1998).
45
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Conforme apresentado na seção 1.2, o objetivo principal deste trabalho é contribuir
para a mensuração empírica da influência do ambiente e das competências organizacionais
sobre a formação de estratégias das firmas de uma determinada indústria, estas últimas
representadas pelo construto de grupos estratégicos, ou grupos de empresas que adotam
posicionamento estratégico similar em uma mesma indústria.
O modelo apresentado na figura 5 ilustra as relações articuladas na seção 1.2, na quais,
conforme argumentação de Henderson e Mitchell (1997), tanto competências organizacionais,
como o ambiente competitivo são considerados influências importantes sobre escolha da
estratégica, operacionalizada pelo construto grupos estratégicos, e reconhecemos que há, ao
mesmo tempo, uma correlação entre estes dois construtos, os quais assumem características
fundamentalmente endógenas.
Figura 5 Modelo de Pesquisa
Desta forma a hipótese a ser testada neste estudo é a de que o conjunto de
competências organizacionais da firma e as características percebidas do seu ambiente
competitivo influenciam, de forma simultânea, o seu posicionamento estratégico em
dimensões estratégicas específicas, formando grupos estratégicos no setor farmacêutico
brasileiro, segmento de saúde humana.
Competências
Organizacionais
Grupos
Estratégicos
Ambiente
Organizacional
46
3.1 Método de Pesquisa
Conforme se observa, o propósito principal desta pesquisa está em descrever a
ocorrência de um fenômeno, a relação entre o posicionamento estratégico, as competências
organizacionais e as características percebidas do ambiente organizacional das empresas.
Trata-se de levantar a percepção do ambiente competitivo dos Executivos das empresas e a
incidência e recorrência das competências organizacionais nos grupos estratégicos no setor
farmacêutico brasileiro, segmento de saúde humana. Este estudo ainda se caracteriza pela
impossibilidade de controle sobre o fenômeno de interesse e também da separação do objeto
de estudo do ambiente onde ocorre, o que exclui o todo experimental e a utilização de
procedimentos de laboratório.
Hair, Rabin, Money e Samouel (2006) e Sekaran (2000), classificam este tipo de
estudo como descritivo e sugerem como estratégia adequada à sua realização, a survey, a qual
será utilizada nesta pesquisa.
Conforme Hair et al. (2006), a survey é um procedimento de coleta de dados primários
e é utilizado quando o projeto de pesquisa envolve a coleta de informações de uma grande
amostra de indivíduos. Desta forma os dados relativos aos indicadores de mensuração dos
construtos estudados serão coletados via questionário que será enviado à população alvo da
pesquisa.
Mas conforme ressaltam Cooper e Schindler (2003) e Hair et al. (2006) as surveys
trazem como principal dificuldade a dependência do pesquisador da concordância dos
indivíduos selecionados como respondentes em participar. Adicionalmente elas se
caracterizam pela falta de controle do pesquisador sobre a forma como o respondidas as
questões, se na seqüência adequada, baseadas no efetivo conhecimento do respondente sobre
a questão e sem interferência de terceiros, situações que podem produzir respostas
tendenciosas. Assim, as respostas devem ser aceitas pelo que o declarações de terceiros
que refletem graus variados de verdade” (COOPER; SCHINDLER, 2003, p. 249).
3.2 População Alvo da Pesquisa
Considerando os objetivos desta pesquisa, apresentados na seção 1.2, definiu-se como
unidade de análise o posicionamento estratégico da firma no setor. Conforme Cool e
Schendel (1987) o posicionamento estratégico de uma firma é relativo ao seu escopo de
47
negócio o qual, por sua vez, é específico a uma indústria, dado que refere-se aos segmentos de
mercado, tipos de produtos e região geográfica em que deseja atuar, a proposta deste projeto é
estudar as questões acima a partir de um setor específico. O setor escolhido é o setor
farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana.
3.2.1 Setor Farmacêutico Brasileiro
O setor farmacêutico brasileiro segmento saúde humana, neste estudo, é definido
como o conjunto de empresas que tem como atividade o desenvolvimento e/ou produção de
produtos farmoquímicos, de medicamentos (alopáticos, homeopáticos e fitoterápicos) e de
soluções parentais. Nesta definição estão incluídos, desde empresas dedicadas à pesquisa de
novos princípios ativos, inclusive a partir de biotecnologia, fabricantes nacionais de pequeno,
médio e grande porte, até os grandes fabricantes de medicamentos multinacionais.
O setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana, foi escolhido considerando a
relevância do setor na economia brasileira, que em 2008 registrou vendas totais de R$ 31
bilhões (fonte: GRUPEMEF
2
), e suas características particulares quanto à ocorrência recente
de mudanças no ambiente competitivo, exógenas às empresas
Dentre as mudanças no ambiente competitivo destacam-se as de ordem regulatória,
como o reconhecimento de patentes (a aprovação da lei de propriedade intelectual em 1997), a
autorização para fabricação de genéricos (Lei no. 9.787/1999), e a implementação de uma
política industrial específica para o desenvolvimento do setor (PTICE, em 2004), com a
implementação de programas de financiamento e incentivo à modernização e a pesquisa e
desenvolvimento. Tais mudanças podem ter estimulado alterações no posicionamento
estratégico das empresas, pois permitiram a ampliação do seu escopo de atuação, ao permitir a
introdução de medicamentos genéricos e também estimularam a modernização dos processos
de pesquisa, a expansão de plantas industriais e o desenvolvimento de pesquisa, possibilitando
a penetração em novos mercados e a introdução de novos produtos..
Ressalta-se ainda os estudos científicos desenvolvidos recentemente no Brasil por
Pinho e Silva (2000), Cohen (2004) e Dias (2005) que identificaram a existência de grupos
estratégicos no setor.
2
GRUPEMEF Grupo dos Profissionais Executivos do Mercado Farmacêutico
48
3.2.1.1 Características do Setor Farmacêutico
Pelas características inerentes à produção de medicamentos, pode-se identificar
quatro estágios da cadeia farmacêutica, conforme Pinto (2004):
“(1) P&D de novos princípios ativos ou fármacos;
(2) produção em escala dos fármacos;
(3) produção de medicamentos, fase em que os fármacos são misturados com seus
adjuvantes e embalados, e
(4) introdução dos medicamentos no mercado”. (p. 4)
Para os dois primeiros estágios são necessários pesados investimentos em pesquisa e
desenvolvimento e testes clínicos de novos produtos e em ativos industriais para sua produção
em escala. Para execução dos 3º e 4º estágios, há a necessidade de interação da indústria com
os segmentos de embalagens, equipamentos especializados, marketing e distribuição.
Os medicamentos são comercializados de acordo com a sua classe terapêutica e podem
ser classificados basicamente em três tipos: os de referência, também chamados de marca, os
similares e os genéricos. Os medicamentos de referência são aqueles que quando introduzidos
no mercado representaram uma novidade, do ponto de vista químico ou por pertencerem a
uma nova classe terapêutica, e possuem uma marca específica. Os medicamentos similares
trazem a marca do seu fabricante e são comercializados como medicamentos que são
substitutos quase-perfeitos de outros medicamentos de marcas comercializados. Os
medicamentos genéricos são iguais ou compatíveis a medicamentos de marca, em quantidade
de princípio ativo, concentração, forma farmacêutica, modo de administração e qualidade e
são produzidos após a expiração ou renúncia da patente e de direitos de exclusividade dos
medicamentos que lhe servem como referência. Eles são comercializados pela denominação
genérica do fármaco e não possuem marca própria (ROSENBERG, DERENGOWSKI E
D‟AVIA, 2008).
Considerando ainda as exigências regulatórias e médicas quanto a indicação de uso
dos medicamentos, estes ainda podem ser classificados como: 1) éticos, cuja venda exige
prescrição médica, ou MIP ou OTC
3
, cuja venda pode ser feita sem que se tenha uma
prescrição médica; 2) de uso crônico (contínuo) ou agudo e; 3) com venda no varejo ou para
hospitais e unidades prestadoras de serviços de saúde.
Conforme Gadelha, Quental e Fialho (2003), a competição na indústria farmacêutica
se baseia preponderantemente na diferenciação de produto, apoiada em investimento
3
MIP = Medicamento Isento de Prescrição ; OTC = “Over the Count”
49
continuado e de grande porte em atividades de P&D e de Marketing, sendo que as empresas
deres do setor destinam entre 10% a 20% de seu faturamento em atividades de P&D e quase
40% em atividade de marketing.
As atividades de P&D envolvem investimentos em pesquisa e desenvolvimento de
novos produtos, além da realização de diversas fases de teste clínicos e pré-clínicos que
requerem capacitação técnica e uma estrutura adequada à sua execução. As atividades de
marketing destinam-se ao estabelecimento da identidade das marcas e divulgação da ação
terapêutica dos medicamentos e envolvem desde mobilização de mídia voltada ao consumidor
final, no caso de medicamentos MIP, até a montagem de uma ampla rede de propagandistas
destinada a divulgar o seu produto junto a profissionais de medicina, no caso de
medicamentos éticos.
Cabe comentar ainda que para o segmento de produtos genéricos, a competição deixa
de se dar via diferenciação de produtos e passa a ser via preços e custos de produtos, com foco
em escala de produção e rede de distribuição.
Com relação ao ambiente competitivo do setor, observa-se, a ocorrência recente de
mudanças, exógenas às empresas, tanto no contexto global como no nacional. Durante os
últimos 25 anos, o setor farmacêutico mundial vem passando por profundas mudanças em: 1)
tecnologia, com o desenvolvimento da biotecnologia e da revolução da biologia molecular; 2)
na demanda, afetada por políticas de contenção de custos pelos principais consumidores (os
planos de saúde e sistemas governamentais de saúde) e, 3) nas instituições em especial na
legislação sobre direitos de propriedade (McKELVY; ORSENIGO; PAMMOLLI, 2004;
MALERBA, 2004).
No Brasil, além das mudanças tecnológicas que estão ocorrendo mundialmente, esta
indústria também vem sendo influenciada, particularmente desde o final da década de 90, por
mudanças relevantes no seu marco regulatório. Estas mudanças ocorreram notadamente pela
aprovação da Lei de Propriedade Intelectual (1997), da Lei dos Genéricos (1999) e a
implementação de uma política industrial específica para o desenvolvimento do setor (PTICE,
em 2004), com a implementação de programas de financiamento e incentivo à modernização
e a pesquisa e desenvolvimento.
Tais mudanças estão resultando em um aumento do escopo de atuação desta indústria.
Dentre as principais mudanças destacamos a oportunidade da produção de medicamentos
genéricos, cujo menor custo de produção (sem custo de licenciamento de patentes), permitiu a
prática de preço mais acessível ampliando o mercado de medicamentos no país; e o
50
surgimento de empresas dedicadas ao desenvolvimento de pesquisa e novos produtos com
base na biotecnologia, fronteira mais avançada de expansão desta indústria no mundo.
3.2.2 Seleção das Empresas para o Estudo
O setor farmacêutico no Brasil se caracteriza pela restrita disponibilidade de dados
publicados sobre as empresas, os quais usualmente se restringem a informações que
compreendem apenas às maiores players do setor
4
. Não inclusive a disponibilização de
informação recente do número total de fabricantes de medicamentos para saúde humana, por
entidades do setor ou mesmo pelo IBGE. Dirigentes do setor estimam um universo de 250
empresas atuantes na atualidade no Brasil
Diante do exposto e considerando que se busca abranger o maior número empresas
atuantes na indústria farmacêutica no Brasil, de forma a identificar a diversidade de
posicionamentos estratégicos adotados, se optou por uma amostra por conveniência. A opção
neste estudo foi contatar as empresas do setor que eram associadas à FEBRAFARMA
Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica, órgão máximo de representação da indústria
farmacêutica no Brasil (cujas atividades foram encerradas em 29/08/2009), ao Sindusfarma,
Sindicado da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo, Sindifar Sindicato da
Indústria de Produtos Farmacêuticos RS e, Alanac Associação dos Laboratórios
Farmacêuticos Nacionais, as quais formam um grupo de 179 empresas, atuantes na produção
de medicamentos e soluções parentais. Adicionalmente, foram contatadas as empresas
associadas à Fundação Biominas a qual reúne um grupo de 14 empresas dedicadas ao
desenvolvimento de medicamentos no campo da saúde humana, a partir da biotecnologia.
3.2.2.1 Tamanho da Amostra
Para avaliação da suficiência do número de casos da amostra para este estudo, partiu-
se da regra descrita por Chin e Newsted (1999) a qual determina que se deve seguir a regra de
10 casos por preditor, considerando-se duas possibilidades: o bloco com maior número de
indicadores formativos (a maior equação de medição), ou a variável dependente com o maior
número de variáveis independentes a impactando (a maior equação estrutural). Como não
temos variáveis latentes com indicadores formativos, a regra adotada compreende a segunda
4
O IMS Health, instituto de pesquisa de mercado que acompanha o setor, monitorava em 2007, as vendas de
apenas 36 empresas no Brasil, as quais eram responsáveis por aproximadamente 70% do faturamento do setor.
51
possibilidade. Temos dois indicadores para a variável dependente Grupos Estratégicos e,
portanto, deveríamos ter no mínimo 20 casos na amostra.
Análise de poder realizada a partir do software GPower 3.1 demonstra, porém que o
tamanho de amostra nimo para estimação do modelo deste estudo, considerando um nível
de poder estatístico
5
de 0,80, deve ser conforme na Tabela 2 abaixo demonstrado por tamanho
do efeito, ou seja pelo índice do grau de desvio da hipótese nula, conforme defino por Cohen
(1977). Para cada tamanho de efeito es determinado o R
2
que será detectado como
significante.
Tabela 2 Tamanho da amostra
Tamanho
do Efeito
Test T
Correlação
Regressão Múltipla
(R
2
desvio do zero)
Tamanho da
Amostra
Pequeno
0,2 desvios padrões
r = 0,1
f
2
= 0,02
R
2
= 0,0196
485
Médio
0,5 desvios padrões
r = 0,3
f
2
= 0,15
R
2
= 0,1304
68
Grande
0,8 desvios padrões
r = 0,5
f
2
= 0,35
R
2
= 0,2593
31
Fonte: elaborado pela autora
3.2.3 População Alvo da Pesquisa
Assim, população alvo dessa pesquisa, que compreende, conforme Hair et al. (2006) o
conjunto completo de elementos relevantes de pesquisa, é constituída pelos gestores que
participam da gestão estratégica das empresas do setor farmacêutico escolhidas para o estudo.
Com o objetivo de envolver apenas indivíduos que tenham uma visão consolidada da empresa
e que estejam envolvidos diretamente na sua gestão estratégica, restringiu-se para efeito de
constituir a população alvo, os gestores de níveis hierárquicos um, dois e três, conforme
demonstrado no quadro 3, com experiência mínima no setor de 3 anos e na empresa onde
trabalham atualmente, de 1 ano.
Quadro 2 População alvo da pesquisa
Fonte: adaptado de Hair et al. (2006, p. 240)
5
Probabilidade de rejeitar Ho quando ela não é verdadeira
População Alvo Descrão
Elemento
Gestores de nível hierárquico 1, 2 e 3, que
estejam envolvidos diretamente na gestão
estratégica das empresas escolhidas
Alcance
Nacional
Período
2o. Semestre 2009
52
3.3 Estratégias de Coleta de Dados e Tipos de Dados
3.3.1 A Abordagem das Organizações e os Níveis de Análise de Dados
Para cada organização escolhida para ser estudada foi identificado o gerente geral, ou
um administrador de alto nível hierárquico o qual foi o contato inicial na organização, via
telefone. Foi então enviada uma mensagem eletrônica convidando a empresa a participar da
pesquisa. Esta mensagem descrevia as linhas gerais do tema da pesquisa, e a natureza dos
recursos solicitados, os quais neste caso referem-se à disponibilidade de um gestor dos níveis
um, dois e três para resposta do questionário. Foi também, por este instrumento,
disponibilizado o link para acesso ao questionário e assegurada a confidencialidade dos dados
levantados, por carta, anexada ao email, em papel timbrado da Universidade Mackenzie,
assinada pela pesquisadora e seu orientador (Apêndice B).
Realizou-se também um contato telefônico com o informante da empresa, o
respondente do questionário, com o objetivo de dirimir as eventuais dúvidas sobre os
objetivos da pesquisa e sobre o questionário enviado.
Nesta fase de abordagem das empresas do setor, buscamos e obtivemos o apoio das
organizações setoriais Sindifar, Sindusfarma, Alanac e Fundação Biominas, para o
desenvolvimento da pesquisa, as quais foram listadas na carta enviada para as empresas.
Foram utilizados como instrumento de coleta de dados, os questionários enviados por
meio eletrônico pela pesquisadora, os quais levantaram dados sobre o posicionamento
estratégico das empresas, a percepção dos seus administradores sobre as características do seu
ambiente organizacional e da sua posição em competências organizacionais. A cnica de
administração de questionários auto-administrados apresenta a vantagem de viabilizar a coleta
relativamente rápida e conveniente de dados de um grande número de respondentes.
A pesquisa foi realizada utilizando três níveis de análise de dados: o posicionamento
estratégico, o ambiente organizacional e as competências organizacionais.
Quadro 3 Níveis de análise
Níveis de Análise Tipo de Dados Técnica de Coleta
Posicionamento
Estratégico
Escopo dos negócios e comprometimento de
recursos da empresa
. Questionário
Ambiente
Competitivo
Dimensões do ambiente organizacional quanto à sua
munifincia, instabilidade, complexidade,
hostilidade e controlabilidade
. Questionário
Compencias
Organizacionais
Compencias organizacionais, vantagem
competitiva, sustentabilidade e versatilidade,
vinculadas a estas competências
. Questionário
53
3.3.2 Conceituações e Operacionalizações
Destaca-se a seguir os fundamentos teóricos da conceituação e operacionalização dos
construtos estudados nesta pesquisa e abordados na seção 2. Nos casos em que foram
utilizados trabalhos anteriores, estes são citados.
3.3.2.1 Grupos Estratégicos
Com base em Ansoff (1965), Porter (1985) e Cool (1985), Cool e Schendel (1987)
postulam que o nível relevante de ação estratégica de negócios para definição do
posicionamento estratégico das firmas e conseqüentemente dos grupos estratégicos consiste
minimamente de dois conjuntos de atividades: (1) aquelas relativas ao escopo do negócio da
firma e (2) aquelas relativas ao comprometimento de recursos da firma para execução da
estratégia, ambos estabelecidos com a intenção de alcançar vantagem competitiva. A
combinação distintiva de escopo e comprometimento de recursos define a estratégia de
negócios para um dado segmento de mercado e suporta a busca pela vantagem competitiva.
Com base nestes dois componentes da estratégia, Cool e Schendel (1987) propõem uma
definição operacional do conceito de grupo estratégico, a qual será utilizada neste estudo: “um
conjunto de firmas competindo em uma indústria com base em combinações similares de
escopo e comprometimento de recursos” (p. 1106).
O construto grupo estratégico foi conceituado e operacionalizado por Cool e Schendel
(1987) para o setor farmacêutico, considerando o trabalho prévio desenvolvido por Cool
(1985), no qual foram descritas as características da indústria farmacêutica americana, com
foco nos seus tipos de produtos, segmentos de mercado (atacado/varejo e classes terapêuticas)
e em sua estratégia competitiva.
Para as dimensões escopo de negócios e comprometimento de recursos foram
utilizados oito indicadores: (1) abrangência de segmentos de mercado focados; (2) tipo de
produto, (3) região geográfica, (4) intensidade de investimentos em pesquisa e
desenvolvimento de produtos, (5) intensidade em que introduz produtos inovadores no
mercado, (6) volume de gastos realizados em promoção, (7) volume de gastos na distribuição
direta de produtos e (8) tamanho do negócio.
Neste estudo, foram utilizadas as variáveis e indicadores propostos por Cool e
Schendel (1987) e a adaptação do instrumento proposto por estes autores para as
características da indústria brasileira foi baseada na literatura sobre o setor farmacêutico
54
nacional e mais especificamente nos trabalhos científicos realizados no Brasil sobre grupos
estratégicos no setor farmacêutico (PINHO; SILVA, 2000; COHEN, 2004; DIAS, 2005), os
quais utilizaram um conjunto de variáveis semelhante ao proposto por Cool e Schendel
(1987).
As variáveis selecionadas para operacionalização do construto grupos estratégicos são:
variáveis de escopo de negócios: as decisões estratégicas quanto ao escopo de
negócios adotado pela firma são representadas pelos indicadores: abrangência de
segmentos de mercado em que a empresa atua, medida pelo grau de concentração das
vendas em diferentes categorias terapêuticas [CATTERAP]
6
e pelo percentual de
vendas direcionado à vendas em farmácias versus direcionados às unidades
prestadoras de serviços de saúde [HOSPFARMA]; o tipo de produto selecionado para
oferecer aos mercados em que compete, medida pela participação nas vendas totais da
firma dos medicamentos vendidos sem prescrição dica [PRODOTC], de marca ou
referência [PRODMARCA], genéricos [PRODGENER] e de uso crônico
[PRODCRON]; região geográfica em que atua, medida pela participação em suas
vendas das exportações [MERCEXT].
Variáveis de Comprometimento de Recursos: as medidas de comprometimento de
recursos são baseadas na análise dos requerimentos chave para o estabelecimento de
vantagem competitiva no setor farmacêutico. Cool e Schendel (1987) e Gadelha,
Quental e Fialho (2003) apontam que a competição na indústria farmacêutica se baseia
preponderantemente na diferenciação de produto, tanto via inovação apoiada em
investimentos contínuos em P&D, como via ações de marketing, promoção e
propaganda. Os indicadores selecionados para mensuração do comprometimento de
recursos das firmas são: investimentos de Recursos em P&D, medida pela proporção
de gastos em P&D em relação às vendas totais da firma [GASP&D], pela sua
quantidade de patentes solicitadas nos últimos 10 anos [QPATENTES] e pela
proporção das vendas representadas pelos novos produtos lançados nos últimos 24
meses [NOVOSPROD]; gastos realizados em promão/propaganda e na forma
de distribuição dos medicamentos, medida pela proporção dos gastos em relação às
vendas na promoção de medicamentos junto a profissionais de medicina
[PROMOMEDICOS], a proporção dos gastos na propaganda de produtos direcionados
ao consumidor final [PUBLICONSUM] e na distribuição direta de medicamentos
6
Os nomes dos indicadores utilizados para medição das variáveis exógenas do modelo são
apresentados entre [ ]
55
[DISTRDIRETA], e tamanho, o qual influencia a habilidade da firma em alocar
diferentes montantes de recursos, medida pelo número de empregados da firma
[#EMPREG].
3.3.2.2 Competências Organizacionais
O construto competência organizacional foi conceituado e operacionalizado com base
no trabalho de Mills et al. (2002). Assim as competências organizacionais chave para a
implementação das diferentes estratégias competitivas no setor farmacêutico no Brasil foram
entendidas como atividades funcionais constituídas de processos organizacionais e rotinas
formadas a partir da integração de recursos e capacidades de que a firma dispõe ou
desenvolveu.
A metodologia para identificação das competências organizacionais será baseada em
Mills et al. (2002) e Javidan (1998).
Para serem consideradas competências organizacionais, as atividades funcionais
devem se caracterizar por serem difíceis de imitar, replicáveis e capazes de gerar vantagem
competitiva para a empresa, ou seja, capazes de influenciar custos e vendas da organização e
dar a esta habilidade para afastar ameaças ou aproveitar oportunidades competitivas.
Para mensuração da percepção dos gestores sobre os atributos caracterizadores de
competências organizacionais, foram usadas as variáveis e indicadores desenvolvidos por
Mills et al. (2002):
a vantagem competitiva foi medida considerando o efeito das competências
sobre custos e vendas [EFCUSVEN]; efeito das competências sobre a
habilidade de afastar ameaças [HABAMEA] e efeito das competências sobre a
habilidade de capitalizar oportunidades [HABOPORT].
a sustentabilidade foi mensurada considerando o nível de desempenho das
competências na organização frente seus concorrentes [NICONCORR];
facilidade dos concorrente em reconhecerem as competências da firma
[CONCRECONH]; tempo necessário para um concorrente imitar as
competências da firma [TEMPIMIT]; nível de depreciação das competências,
sem que ocorram investimentos na sua manutenção/desenvolvimento
[INVDEPREC] e disponibilidade de substitutos [SUBSTIT]. Dois indicadores
propostos por Mills et al. (2002), em que grau os concorrentes possuem
determinada competência e qual o custo para um concorrente, em proporção ao
56
seu faturamento, de imitar uma dada competência, não foram incluídos na
mensuração desta variável por indicação de todos os especialistas consultados,
os quais consideraram que os empresários do setor teriam dificuldade em
responder esta questão satisfatoriamente, dado que para respostas a estas
questões seria necessário que estes tivessem um conhecimento mais preciso
das competências organizacionais dos concorrentes.
a versatilidade foi mensurada considerando se a competência pode ser
aplicada ou transferida para outra área ou produto da empresa
[TRANSFAREA] ou se pode ser transferida para outro tipo de negócio
[TRANSFNEG].
3.3.2.3 Ambiente Organizacional
A operacionalização do construto ambiente organizacional neste estudo foi baseada no
trabalho desenvolvido por Sutcliffe e Huber (1998), o qual buscou descrever os diferentes
aspectos do ambiente organizacional de acordo com a percepção dos executivos das firmas.
Para tanto foram consideradas como variáveis para caracterização do ambiente organizacional
as cinco dimensões ambientais e os indicadores utilizados originalmente por estes autores:
a instabilidade percebida reflete o grau pelo qual os gestores reportam o ambiente
como instável. A instabilidade foi acessada por cinco indicadores relativos à variação
da demanda no setor [DEMEST], à necessidade de mudança freqüente no modo de
produção [MUDANÇAPROD] ou na tecnologia utilizada pela firma
[MUDANÇATECN], a alterações no comportamento dos fornecedores
[MUDANÇAFORN] e à flutuação do volume de vendas no setor [FLUTVENDAS].
a munificência percebida reflete o grau pelo qual os executivos reportam a
disponibilidade de recursos no seu ambiente como crescente (ou declinante) indicando
a extensão pela qual o ambiente suporta um crescimento sustentável para a
organização e seus competidores na mesma indústria. A munificência foi mensurada
por seis indicadores relativos à percepção quanto o crescimento das vendas
[CRESVEND] e da demanda no setor [CRESDEM], quanto ao favorecimento à
oportunidades de investimentos em geral [INVOPORTUN], em máquinas e novas
plantas [INVPLAN], na expansão dos escopo de produtos [EXPESCOPO] e, quanto à
percepção da tendência de comportamento do valor dos ativos [VALORATIV].
57
a complexidade percebida reflete o grau pelo qual os executivos em o seu
ambiente como complexo. A complexidade foi acessada por 4 indicadores, relativos à
percepção do ambiente pelo executivo da firma como complexo [AMBCOMPLEX], à
dificuldade deste de entendimento do ambiente competitivo [DIFICENTEND], e à
variedade de organizações [DIFERORG] e de produtos [DIFERPROD]com que a
firma interage.
a hostilidade percebida foi definida como a extensão pela qual os executivos
caracterizam seu ambiente como hostil, e foi mensurada originalmente por quatro
indicadores por Stucliffe e Huber (1998). Para este estudo, utilizaremos três medidas:
a percepção do administrador se as situações de mercado são positivas à sua firma
[SITPOSIT], se o favoráveis à ela [OPORTFAV] e se trazem mais perspectivas de
ganho ou perda para a firma [SITGANHO]. Um quarto indicador, relativo ao
surgimento de oportunidades favoráveis à firma nas diferentes situações de mercado,
não será utilizado, considerando a opinião dos especialistas consultados no processo
de validação do questionário
7
, os quais não perceberam diferença entre a questão
relativa às oportunidades favoráveis entre diferentes situações de mercado e a questão
se as situações de mercado são percebidas como favoráveis à empresa.
a controlabilidade percebida reflete a extensão pela qual os executivos caracterizam
o seu ambiente como controlável ou incontrolável e foi acessada por quatro
indicadores relativos ao acesso da firma a recursos necessários para resolver a maior
parte das situações (oportunidades e ameaças) enfrentadas pela firma [ACESSREC], à
sua capacidade de controlar [SITCONTRL] e administrar [SITADM] as situações
impostas pelo mercado e às limitações que os demais atores/parceiros de mercado
podem impor às soluções adotadas pela firma [LIMITPARC].
Na Figura 6 está representada no modelo de pesquisa a operacionalização dos
construtos estudados, conforme foi detalhado nesta seção.
7
Mais detalhes deste procedimento na seção 3.3.3 - Questionários
58
Figura 6 Modelo de Pesquisa Operacionalização dos Construtos Teóricos
3.3.3 Questionários
A matriz de amarração entre os construtos, variáveis, indicadores e questionário
encontra-se no Apêndice A. O questionário que foi enviado pela pesquisadora para os
gestores das empresas selecionadas para participação nesta pesquisa encontra-se no apêndice
C. É seu objetivo específico levantar dados sobre o posicionamento estratégico das empresas
e a percepção dos seus administradores da sua posição em competências organizacionais e das
características do ambiente organizacional.
O questionário é dividido em 4 blocos: caracterização do respondente; caracterização
do escopo de negócios e do comprometimento de recursos da empresa; identificação das
competências organizacionais e percepção das características do ambiente organizacional. O
primeiro módulo, caracterização do respondente, visa levantar dados gerais sobre o
respondente. O segundo módulo caracteriza o posicionamento estratégico da empresa. O
terceiro módulo, competências organizacionais, visa levantar a posição das empresas,
considerando um conjunto de competências organizacionais relativas ao setor farmacêutico e;
o quinto e último módulo a percepção dos seus administradores sobre as características do
ambiente organizacional.
Efcusven
Habamea
Haboport
Nivconcorr
Concreconh
Tempimit
InvDeprec
Substit
Transfarea
Versatilidade
sustentabilidade
Vantagem
Competitiva
Competências
Organizacionais
catterap
Hospfarma
ProdOTC
ProdMarca
ProdGener
Prodcron
Mercext
GASP&D
QPatentes
NovosProd
Publconsum
Distrdireta
Promomedicos
# empreg
Grupos
Estratégicos
Ambiente
Organizacional
Ambcomplex Dificentend Oportfav
Crescdem Invoportun Expescopo
Demest Mudançaprod
Valorativ Invplan
difperorg
sitganho
Crescvend
Flutvendas
Mudançatecn
Mudançaforn
Instabilidade
Munificência
sitposit
Acessrec Sitadm
Limitparc
Complexidade Hostilidade
Controlabilidade
Transneg
diferprodut
Sitcontrol
59
Visando facilitar o controle das respostas e garantir a ausência de dados faltantes, foi
solicitado aos informantes das empresas que respondessem o questionário em meio eletrônico
(link: http://www.ambientecompetitivo.com.br ; login: ambiente, senha: competitivo), cujas
respostas foram armazenadas em bancos de dados em Excel.
Cabe ressaltar que a adequação das questões que compõem cada módulo do
questionário empregado nesta pesquisa, bem como das alternativas intervalares de respostas
oferecidas foram submetidos à avaliação de três especialistas no setor, um dirigente de uma
associação de empresas do setor e dois executivos, um atuante em empresa multinacional de
grande porte e outro em empresa nacional de médio porte, em entrevistas conduzidas pela
pesquisadora. As contribuições destes especialistas para cada módulo do questionário são
mencionadas nas três seções a seguir.
3.3.3.1 Questionário Módulo sobre Escopo de Negócios e Comprometimento de
Recursos
No trabalho original de Cool e Schendel (1987) os dados relativos aos indicadores de
escopo de negócios e comprometimento de recursos foram coletados de fontes secundárias de
dados. Porém, levando-se em conta a viabilidade desta pesquisa, a qual envolve uma
população majoritariamente constituída por empresas de capital fechado, com pouca
disponibilidade de dados publicados, se optou por coletar estas informações diretamente das
empresas
8
. Desta forma, foi desenvolvido um questionário, com base na literatura sobre o
setor farmacêutico nacional e internacional, oferecendo alternativas intervalares de escolha
para os respondentes (escala Likert com 7 pontos), para coleta dos dados referentes às
variáveis escopo de negócios e comprometimento de recursos.
As alternativas intervalares de resposta para as questões relativas aos indicadores das
variáveis de escopo de negócios e comprometimento de recursos foram validadas pelos
especialistas consultados, sendo que, na opinião dos entrevistados as alternativas propostas
para resposta de cada questão deste bloco são adequadas à realidade das empresas brasileiras
e evidenciam as diferentes posições adotadas pelas empresas em cada indicador.
8
Cabe mencionar que um dos indicadores utilizados no estudo, o relativo à quantidade de patentes solicitadas
pelas firmas, nos últimos 24 meses (construto grupos estratégicos) teve seus dados coletados diretamente no site
do INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
60
3.3.3.2 Questionário Módulo sobre Competências Organizacionais
O questionário utilizado para coleta dos dados relativos às competências
organizacionais das empresas foi desenvolvido por Bataglia (2006), com base na metodologia
para identificação de competências organizacionais proposta por Mills et al. (2002) e Javidan
(1998).
Em um primeiro passo foram identificadas as principais competências organizacionais
necessárias à atuação das firmas no setor farmacêutico brasileiro, considerando os diferentes
tipos de posicionamentos estratégicos possivelmente adotados.
De forma a garantir homogeneidade na avaliação das competências organizacionais
por cada empresa participante da pesquisa, foi oferecido a elas para avaliação, um conjunto
previamente identificado de doze competências organizacionais relevantes para empresas que
atuam no setor farmacêutico, cuja identificação foi realizada a partir da revisão de literatura
sobre o setor farmacêutico nacional e internacional e de entrevistas com especialistas no setor,
citadas acima.
Uma vez discriminadas as competências com os especialistas, procurou-se identificar,
a partir da avaliação dos gestores das organizações estudadas, as competências existentes nas
organizações ou em desenvolvimento, sua importância, as que geram vantagem competitiva,
as sustentáveis e as replicáveis/versáteis, ou seja, que o passíveis de utilização em outras
áreas, produtos e setores em que a organização atue ou pretenda atuar.
Foi então solicitado aos respondentes que informassem, utilizando uma escala Likert
de 7 pontos, a sua opinião para cada indicador selecionado, considerando o conjunto de
competências organizacionais proposto.
Tanto o conjunto de competências proposto, a adequação das questões para
identificação das competências desenvolvidas por Bataglia (2006) e as alternativas de resposta
considerando uma escala Likert, foram validados como um instrumento adequado de medição
das variáveis pelos especialistas consultados.
Cabe comentar que do instrumento original desenvolvido por Bataglia (2006), duas
questões, relativas à percepção dos executivos se, e em que grau, os concorrentes possuíam
as competências listadas e a quanto custaria para os concorrentes imitarem as competências já
desenvolvidas por sua própria empresa, foram retiradas do questionário por indicação dos
especialistas consultados. Conforme comentado na descrição das variáveis os especialistas
consideraram que os empresários do setor teriam dificuldade em responder esta questão
61
satisfatoriamente, dado que para respostas a estas questões seria necessário que estes tivessem
um conhecimento mais preciso das competências organizacionais dos concorrentes.
3.3.3.3 Questionário Módulo sobre Ambiente Organizacional
Este módulo do questionário reproduziu as questões e a escala Likert de 7 pontos
desenvolvida e aplicada por Sutcliffe e Huber (1998).
Este módulo do instrumento de coleta também foi submetido à avaliação dos
especialistas, que o validaram como um instrumento adequado para coleta dos dados
referentes à percepção dos executivos quanto às características do seu ambiente
organizacional.
Foram mantidas todas as questões originalmente propostas por estes autores, exceto
por uma questão, relativa ao surgimento de oportunidades favoráveis à firma nas diferentes
situações de mercado, dado que na opinião dos especialistas consultados, ela o se
diferenciava dos outros indicadores já incluídos para mensuração desta variável.
3.3.4 Validade do Instrumento de Pesquisa
Sekaran (2000) e Venkatraman e Grant (1986) destacam que a qualidade do desenho
de pesquisas sociais está relacionada à validade e confiabilidade do instrumento de coleta de
dados e estas referem-se à relação crucial entre um conceito e seus indicadores.
Conforme Hair, Babin, Money e Samouel (2006), a validade está relacionada com a
precisão com que o construto estudado é medido e a confiabilidade está relacionada à
coerência das descobertas da pesquisa.
Destaca-se a seguir as estratégias adotadas nesta pesquisa buscando garantir maior
validade e confiabilidade.
Venkatraman e Grant (1986) e Cooper e Schindler (2003) destacam cinco
componentes para avaliar a validade e confiabilidade de um estudo: a validade de conteúdo, a
validade de construto, a confiabilidade, a validade convergente e a validade discriminante.
A validade de conteúdo se refere à extensão pela qual a mensuração empírica reflete
um domínio específico de conteúdo. Para garantir maior validade de conteúdo neste estudo, é
apresentada no anexo A a matriz de amarração, a qual relaciona quais variáveis e indicadores
estão sendo usados para a mensuração de cada construto teórico, bem como as questões que
foram utilizadas para coleta dos dados. Adicionalmente, foi utilizado, sempre que possível de
62
conceituações, operacionalizações e escalas desenvolvidas para estes construtos em
trabalhos anteriores.
A validade de construto se refere ao estabelecimento de medidas operacionais corretas
para os conceitos que estão sendo estudados. Como estratégia para promover a validade de
construto do instrumento de coleta, o questionário utilizado para coleta das informações
(anexo C), conforme já comentado na seção 3.3.3, foi submetido à avaliação de um
especialista do setor e de dois executivos com o objetivo de validar sua adequação quanto ao
conteúdo das questões e das alternativas de resposta e também sua viabilidade como
instrumento de coleta de dados. Esta avaliação contribuiu também para a validade de
conteúdo do estudo. Adicionalmente, foram realizados dois pré-testes, com a aplicação do
questionário pessoalmente pela pesquisadora, em duas empresas de perfis diversos (um
laboratório nacional de grande porte, com diversificada produção e uma pequena empresa de
biotecnologia, com faturamento concentrado em um produto), como forma de avaliar o
adequado entendimento das questões pelos entrevistados.
Conforme Hair, Anderson, Tatham e Black (2007) a confiabilidade composta e a
variância média extraída (AVE) são indicadas para a avaliação da confiabilidade da escala
múltipla de medição de construtos de um modelo de equações estruturais, método estatístico
que será empregado para testar a hipótese deste estudo, conforme detalhado na seção a seguir.
Na definição destes autores, a confiabilidade composta “é uma medida da consistência interna
dos indicadores do construto, descrevendo o grau em que eles „indicam‟ o construto latente
em comum.” (p. 489). A AVE é uma medida complementar do valor da confiabilidade do
construto e “reflete a quantia geral de variância nos indicadores explicada pelo construto
latente” (p. 490). Valores maiores de variância extraída acontecem quando os indicadores são
verdadeiramente representativos do construto latente.
A validade convergente é relativa ao grau em que diferentes medidas do mesmo
conceito são correlacionadas, e foi medida pela comparação cruzada das cargas fatoriais dos
indicadores, considerando sua relevância na variável latente que mede e nas demais variáveis
latentes do modelo. Indicadores com cargas altas (>0,7) em suas variáveis latentes e cargas
baixas nas demais variáveis latentes (cross-load) indicam validade convergente (CHIN,
1998). Adicionalmente se todos os indicadores têm carga significante ao nível de pelo menos
5%, considera-se que há validade convergente (BIDO; GODOY; FERREIRA; KENSKI;
SCARTEZINI, 2008).
A validade discriminante se refere à extensão pela qual um conceito difere de outros
conceitos e foi verificada neste estudo considerando o critério sugerido por Fornell e Larcker
63
(1981) e Chin (1998, p. 321), comparando-se a correlação entre os diferentes construtos
(variáveis latentes) com a raiz quadrada da AVE de cada um deles. Quando validade
discriminante, os indicadores de um construto têm maior poder de explicação para aquele
construto do que para qualquer outro construto do modelo. Desta forma, a expectativa é de
que a correlação entre os indicadores de um construto e os demais seja sempre menor do que a
sua AVE, a qual reflete a quantia geral de variância nos indicadores explicada pelo construto
latente e, portanto representa a relação de um construto e seus indicadores.
3.4 Estratégias para Análise de Dados
Nesta seção são apresentadas as hipóteses estatísticas associadas à hipótese de
pesquisa e as técnicas estatísticas escolhidas para testá-las.
3.4.1 Hipóteses e Técnicas Estatísticas
A hipótese a ser testada neste estudo, conforme apresentado na seção de Introdução, é
a de que o conjunto de competências organizacionais da firma e as condições do seu ambiente
organizacional influenciam simultaneamente o seu posicionamento estratégico em dimensões
estratégicas específicas, formando grupos estratégicos no setor farmacêutico, segmento de
saúde humana.
Considerando o objetivo geral estabelecido para este trabalho, qual seja, contribuir
para o entendimento da relação entre o ambiente organizacional e as competências
organizacionais das firmas com o posicionamento estratégico adotado por elas, mensurando a
intensidade destas relações a partir de um modelo que considera a influência simultânea
destes dois fatores e admite a correlação entre ambiente e competências, a modelagem de
equações estruturais (MEE) foi escolhida para o teste da hipótese acima.
Conforme Hair et al. (2007), a MEE pode ser distinguida por duas características: a
estimação de múltiplas e inter-relacionadas relações de dependência e a habilidade de
representar conceitos não observados nessas relações. A MEE estima uma rie de equações
de regressão múltipla separadas, mas interdependentes, simultaneamente, pela especificação
do modelo estrutural, ou o conjunto de uma ou mais relações de dependência conectando os
construtos hipotetizados do modelo de pesquisa. A MEE também tem a habilidade de
incorporar variáveis latentes, ou seja, um conceito teorizado e não observado que pode apenas
ser aproximado por variáveis observáveis ou mensuráveis.
64
Considerando as características da MEE acima, ela se mostra uma técnica adequada
para o teste da hipótese desta pesquisa, a qual compreende a análise simultânea da relação
entre múltiplas variáveis latentes (construtos grupos estratégicos, competências
organizacionais e ambiente organizacional), sendo que a relação entre os diferentes construtos
são direcionadas a partir de uma fundamentação teórica evidenciada no modelo estrutural
apresentado na figura 5, inserida no início da seção 3.
Cabe ainda abordar a questão de indicação de causalidade entre as variáveis do
modelo proposto, a qual, conforme definido por Hair et al. (2007), requer que exista um grau
de correlação entre duas variáveis, de forma que uma variável ocorra antes da outra, ou seja,
que uma variável seja claramente o resultado da outra, e não existam outra causas razoáveis
para o resultado.
Ressalta-se que não se pretende, com a utilização da MEE como técnica para o teste da
hipótese levantada neste estudo, identificar uma relação de causalidade entre as variáveis que
formam o modelo estrutural, mas sim medir a influência, a força das relações presumidas
entre variáveis do modelo estrutural, a partir do arcabouço conceitual apresentado neste
trabalho.
Isto porque, conforme Denis e Legerski (2006) para que um modelo possa ser
considerado de natureza causal, este deve atender a dois pressupostos. O primeiro pressuposto
é o de que a direcionalidade de causa e efeito deve ser pensada hipoteticamente sem que
métodos empíricos sejam usados para testá-las, ou seja, é fácil deduzir a direcionalidade da
relação entre as variáveis idade e QI (coeficiente de inteligência), na qual é virtualmente
impossível haver circunstâncias nas quais o QI determina a idade cronológica das pessoas. No
entanto a relação de variáveis como a auto-estima e a relação entre mãe e filho na infância
necessariamente devem ter a sua direcionalidade presumida por argumentos teóricos,
suportados por resultados de pesquisas anteriores e, portanto podendo ser falseadas por novas
descobertas. O segundo pressuposto é a suposição de que o sistema de variáveis que
compõem o modelo devem efetivamente constituir uma realidade fechada, no sentido de que
todas as variáveis causais devem ser identificadas.
Assim, considerando a complexidade das relações que envolvem as diferentes
influências sobre a formação de estratégias nas empresas, as quais não podemos reproduzir
em um experimento no qual tenhamos controle de todas variáveis, não é realista supor que o
modelo proposto para esta pesquisa atenda aos pressupostos acima. Esta argumentação é
corroborada por Shadish, Cook e Campbell (2002), que afirmam que as relações causais
dizem respeito a controles metodológicos e não estatísticos sobre as variáveis de um estudo.
65
Pilati e Laros (2007), ainda trazem a argumentação de Bullock, Harlow e Mulaik
(1994) para os quais, se há correlação por natureza entre os dados, nenhum método estatístico
pode alterar esse delineamento e concluem que em estudos que utilizam MEE, a direção dos
coeficientes de determinação estabelecidos pela perspectiva teórica do pesquisador, não
significam que as relações impostas indiquem relação causal entre variáveis, mas sim uma
relação preditiva ou de determinação. E é este o entendimento que temos do modelo estrutural
proposto, no qual estão estabelecidas as relações entre os construtos competências
organizacionais, ambiente organizacional e grupos estratégicos.
3.4.1.1 Método de Estimação dos Coeficientes
Conforme Zwicker, Souza e Bido (2008) mais de um método de estimação dos
coeficientes de mensuração e estruturais dos modelos. A técnica mais tradicional e utilizada é
a da matriz de covariância (MEEBC). Por esta técnica, inicialmente é gerada uma matriz de
covariância prevista com base nos parâmetros impostos pelo modelo. Em seguida por um
processo interativo, os softwares que realizam este tipo de análise estimam os valores para
todos os parâmetros do modelo de forma a minimizar as diferenças entre a matriz de
covariâncias prevista pelo modelo e a matriz de covariâncias observada. A MEEBC fornece
também medidas de ajuste geral do modelo que é obtida a partir das diferenças existentes
entre a matriz de covariâncias observada e a matriz que pode ser predita a partir do modelo
proposto. Por meio dessa medida, é possível avaliar se o modelo tem ou não ajuste aos dados
empíricos.
Mas a MEEBC é um método de estimação que tem algumas exigências que podem
restringir sua aplicação, como o tamanho da amostra (mínimo recomendado de 200 casos) e a
normalidade multivariada das variáveis observadas (considerando a utilização do
procedimento mais comum para estimação dos parâmetros do modelo, a máxima
verossimilhança). Adicionalmente, para identificação dos parâmetros, idealmente o modelo
deve ter de 3 a 4 indicadores por construto, é necessário impor restrições aos parâmetros e três
problemas podem ocorrer: às vezes o modelo não converge, soluções impróprias e
indeterminância fatorial (ZWICKER; SOUZA; BIDO, 2008; FORNELL; BOOLSTEIN,
1982).
Conforme Wetzels, Odekerken-Schroder e Oppen (2009), as restrições impostas pelo
MEEBC podem ser evitadas ou minimizadas com o uso da MEEPLS, também é conhecida
como MEE baseada em componentes. A MEEPLS é um método de estimação baseado no
66
estudo de um sistema de relações lineares entre variáveis latentes que é resolvido por partes
(combinações de construtos teóricos e medidas), uma de cada vez, pelo uso de regressões
interdependentes. O diagrama como um todo é repartido em blocos e uma estimativa inicial
da variável latente é estabelecida de modo que os escores tenham variância unitária. A
estimação pela MEEPLS gera automaticamente os valores para os escores fatoriais das
variáveis latentes.
Devido à suas características, a MEEPLS é o método mais adequado para ser usada
em estudos cujo modelo contém grande quantidade de indicadores, que inclua construtos
formativos no arcabouço conceitual, cujos dados não satisfaçam o pressuposto da
normalidade multivariada e devido às suas semelhanças com a análise de componentes
principais, evita os problemas inerentes à estimação de variância negativa (WETZELS;
ODEKERKEN-SCHRODER; OPPEN, 2009; LOHMÖLLER, 1988). Adicionalmente, ao
contrário da MEEBC para a qual recomenda-se no mínimo uma amostra da ordem de 200
casos, a MEEPLS admite tamanho de amostras menores, que conforme Chin (1998) deve
seguir a regra de 10 casos por preditor, considerando-se o bloco com maior número de
indicadores (a maior equação de medição), ou a variável dependente com o maior número de
variáveis independentes a impactando (a maior equação estrutural), sendo o mínimo
recomendado entre 30 a 100 casos, conforme Zwicker, Souza e Bido (2008).
No Quadro 4, elaborado por Zwicker, Souza e Bido (2008), estão apresentadas as
principais diferenças entre os dois métodos de estimação dos modelos em MEE.
Considerando as características descritas acima, e o objetivo exploratório e não
confirmatório deste estudo, optou-se por utilizar a MEEPLS como método de estimação dos
coeficientes de mensuração e estruturais do modelo de pesquisa deste estudo, ressalvando-se
que a MEEPLS carece de uma medida global de ajuste do modelo aos dados empíricos, como
o disponível na MEEBC. Dessa maneira, embora seja possível determinar em que grau as
variáveis dependentes no modelo são previstas pelas variáveis independentes, não é possível
avaliar se os dados obtidos corroboram ou não as suposições teóricas descritas no modelo
(ZWICKER; SOUZA; BIDO, 2008).
67
Quadro 4 - Diferenças entre a MEEPLS e MEEBC
3.4.2 Procedimento para Teste das Hipóteses Estatísticas
Nesta seção são descritos os passos seguidos para a realização do tratamento dos
dados coletados e para aplicação das técnicas estatísticas utilizadas neste estudo.
CRITÉRIO MEEPLS (soft modeling) MEEBC (hard modeling)
Objetivo
Predição Explicação: modelos causais, teste de teoria
Abordagem
Baseado na variância Baseado na covariância
Precisão
Consistente conforme o tamanho da amostra
(consistency) e a quantidade de indicadores
aumentam (consistency at large)
Ótimo para grandes amostras
Variáveis
Latentes (VL)
As VL são combinações lineares dos indicadores, os
escores fatoriais são estimados explicitamente
Indeterminância fatorial: diversos modelos podem
reproduzir a matriz de covariâncias
Modelo de
Mensuração
Pode haver indicadores formativos ou reflexivos
Apenas indicadores reflexivos. Para modelar VL
com indicadores formativos usa-se a abordagem
MIMIC (múltiplos indicadores e múltiplas causas).
(a)
Requisitos
quanto à Teoria
Mais flexível, contexto mais exploratório Fortemente dependente da teoria
Distribuição dos
Dados
Não há suposições, por isso se diz que é soft.
Dependendo do método de estimação, as variáveis
deveriam apresentar distribuição normal
multivariada
Tamanho da
Amostra
Análise do poder estatístico com a porção do
modelo que possui o maior número de preditores ou
10 vezes o maior número de preditores (indicadores
formativos ou setas estruturais chegando na VL, o
que for maior). Sendo o mínimo recomendado de 30
a 100 casos.
Idealmente baseado na análise do poder estatístico,
sendo o mínimo recomendado da ordem de 200
casos
Identificação
(estimação única
dos parâmetros)
Para modelo recursivos é sempre identificado
Depende do modelo e deve ter pelo menos de 3 a 4
indicadores por VL. Necessário impor restrições
aos parâmetros. Três problemas: às vezes o
modelo não converge, soluções impróprias e
indeterminância fatorial
Significância dos
Parâmetros
Estimada por métodos não-paramétricos, por
exemplo, bootstrap.
Geralmente, estimada por métodos paramétricos,
mas bootstrap é uma opção
Complexidade
Capaz de lidar com alta complexidade (100
construtos e 1000 indicadores)
Complexidade de média a modelara (menos de
100 indicadores)
Inclusão de
restrições do
modelo (b)
Mesmo que não haja seta entre as VL, é suposto que
elas tenham correlação entre si (não se usa setas
bidirecionais na MEEPLS).
Não é possível impor restrições aos parâmetros do
modelo, por exemplo, forçando que a correlação
entre duas VL seja igual a 1 no teste de validade
discriminante.
Se não haver setas entre as VL (uni ou
bidirecionais), é suposto que a correlação entre
elas seja zero (restrição implícita). É possível
impor restrições em qualquer parâmetro do
modelo, por exemplo: parâmetro = valor fixo;
parâmetro 1 = parâmetro 2; parâmetro 1 dos grupo
1 = parâmetro 1 do grupo 2; ou maior do que; ou
menor do que, e outras menos usadas como
restrições de proporcionalidade e de não-
linearidade (KLINE, 2005, p. 102)
Fonte: Zwicker, Souza e Bido (2008), p. 4
Notas: (a) Mackenzie, Podsakoff e Jarvis (2005) apresentam esse tipo de modelo.
(b) Essas características são próprias dos softwares disponíveis e não do método
68
1º Passo Exame da natureza das variáveis em estudo
Objetivo: Traçar o perfil das empresas e dos respondentes da pesquisa a partir da
análise dos dados de demográficos das respostas (número de empregados e nível hierárquico
dos respondentes) e a identificação de valores faltantes e discrepantes ou outliers. Fez-se
também a verificação da normalidade das distribuições.
Método: Avaliação dos dados demográficos e identificação dos outliers, sendo que
foram considerados como dados discrepantes os indicadores que apresentaram valores acima
de 3 desvios-padrão. A normalidade das distribuições dos indicadores foi avaliada mediante a
observação das médias, variâncias, coeficientes de assimetria e curtose (ver Apêndice C),
além da utilização das estatísticas de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk nos testes de
hipótese de normalidade para cada variável analisada. Para valore p <0,05 para ambas as
estatísticas, rejeita-se a hipótese que a distribuição estudada é normal a um nível de
significância de 5%.
2º. Passo Verificação dos Pressupostos da Análise Fatorial de Componentes (empregada na
redução de dados próximo passo)
Objetivo: Avaliar as correlações entre as variáveis observadas, considerando que “Se o
instrumento for uma escala de itens múltiplos, então, para que seja confiável, os escores
(classificações) para as perguntas individuais (itens) que compreendem a escala deverão ser
correlacionados.” (HAIR et al., 205, p.198)
Método: Avaliar a significância geral da matriz de correlação com o teste de Bartlett
(menor que 0,05) e a medida de Adequação da Amostra (KMO), a qual deve ser superior a
0,50 para ser considerada aceitável.
3º Passo Redução de dados relativos às respostas de competências
Objetivo: Reduzir o número de variáveis observadas a fatores que as representem, sem
perda significativa do seu poder explanatório
Método: Análise de fatores com posterior rotação oblíqua do tipo Direct Oblimin,
obtidos com o uso do software estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).
4º. Passo Avaliação da Confiabilidade das Escalas
Objetivo: Avaliar a confiabilidade das escalas de itens múltiplos utilizadas para
mensuração dos construtos latentes que compõem o modelo deste estudo
69
Método: Análise dos índices da Confiabilidade Composta (1) e da Variância Média
Extraída (AVE) (2), calculados diretamente pelo software SmarPLS 2.0 M3 (RINGLE;
WENDE; WILL, 2005) paras as variáveis de primeira ordem e calculados manualmente para
as variáveis de segunda e terceira ordem, conforme as fórmulas abaixo:
(1)
(2)
= cargas fatoriais padronizadas
Foram considerados aceitáveis valores maiores que 0,70 para a Confiabilidade
Composta “apesar de este não ser um padrão absoluto em valores abaixo de 0,70 serem
considerados aceitáveis se a pesquisa é de natureza exploratória (HAIR et al., 2007, p. 489).
Para AVE, conforme Hair et al. (2007) e Chin (1998), as orientações sugerem valores maiores
que 0,50 para um construto.
5º. Passo Verificação da Validade Convergente e Discriminante das Escalas
Objetivo: verificar se as escalas múltiplas utilizadas para mensuração dos construtos e
para cálculo do modelo estrutural apresentam validade discriminante e convergente.
Método: Calcular a matriz de correlações entre as variáveis latentes do modelo, e
compará-la com a raiz quadrada da AVE. Para a variável latente com indicadores reflexivos,
se a raiz quadrada da sua AVE é maior que a sua correlação com as demais variáveis latentes,
quer dizer que há validade discriminante (FORNELL; LARCKER, 1998; CHIN, 1998).
Para a validade convergente, avaliar as cargas fatoriais dos indicadores em uma
comparação cruzada da sua relevância na variável latente que mede e nas demais variáveis
latentes do modelo. Considerando o caráter exploratório desta pesquisa, indicadores com
cargas altas em suas variáveis latentes e baixas nas demais variáveis latentes (cross-load)
serão considerados como indicando validade convergente (CHIN, 1998). Adicionalmente se
todos os indicadores têm carga significante ao nível de pelo menos 5%, considerou-se que
validade convergente (BIDO; GODOY; FERREIRA; KENSKI; SCARTEZINI, 2008).
ii
i
Conf
var
2
2
2
1var
ii
iI
I
AVE
var
2
2
70
6º. Passo Estimação do Modelo utilizando o software SmartPLS 2.0 M3
Objetivo: Calcular os coeficientes do modelo que medem as relações entre as variáveis
latentes que compõem o modelo estrutural
Método: Para estimação do modelo por meio da MEEPLS foi usado o software SmartPLS
2.0.M3 (RINGLE; WENDE; WILL,2005). A modelagem no software SmartPLS foi feita
“arrastando” os elementos (círculos, retângulos e setas) para a área de trabalho e para as
variáveis latentes (VL) de 2ª ordem, os indicadores das VL de 1ª ordem são reutilizados como
indicadores reflexivos das VL de ordem superior. O algoritmo de estimação foi então
executado e os resultados estão apresentados nas seções 4.1 e 4.3 deste trabalho. A figura do
modelo no SmartPLS também se encontra nas seções indicadas.
A significância dos parâmetros do modelo foram estimadas por meio de bootstrap com
1000 repetições.
3.4.3 Análise Qualitativa dos Resultados
A análise dos resultados quanto à medição dos construtos e das relações especificadas
para o modelo, demandou a compreensão do contexto empresarial e competitivo do setor. O
acesso a este conhecimento exigiu a inclusão de uma etapa adicional de coleta de
informações, com base na metodologia qualitativa.
Conforme Flick (2004), a utilização de métodos qualitativos complementares, como a
realização de entrevistas, podem auxiliar a compreensão dos resultados obtidos com a
aplicação de técnicas quantitativas, sendo que as duas técnicas podem ser utilizadas, dentre
outros objetivos, para a validação mútua das descobertas de ambas as abordagens.
O instrumento de pesquisa qualitativa utilizado foi a entrevista focalizada, na qual
existe um tema ou foco de interesse predeterminado que orienta a conversação e atua como
parâmetro na seleção dos entrevistados (GODOI; MATTOS, 2006).
Foi então estruturado um roteiro para a condução das entrevistas realizadas que
compreendeu os itens da matriz de amarração desta pesquisa (Apêndice A), focando a
discussão nos construtos teóricos modelados quantitativamente.
Considerando a especificidade do tema, buscou-se selecionar interlocutores com
grande conhecimento do setor farmacêutico brasileiro, tanto pela sua experiência profissional,
como pela ampla visão do contexto setorial, competitivo e institucional. A partir destes
71
critérios foram selecionados dirigentes de duas das principais associações empresariais do
setor farmacêutico brasileiro.
As entrevistas foram gravadas e transcritas por profissionais
A análise das informações coletadas foi realizada utilizando-se a técnica da análise de
conteúdo, empregando-se a categorização, com a intenção de inferir conhecimentos relativos
aos construtos estudados dentro do contexto do setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde
humana. As variáveis de primeira e segunda ordem do modelo de equações estruturais desta
pesquisa foram consideradas categorias, que orientaram a análise do texto das transcrições das
entrevistas.
A interpretação dos dados coletados foi feita utilizando-se da tática da análise cruzada
dos dados das entrevistas, a partir dos indicadores de interesse, verificando se compartilhavam
de semelhanças ou divergências. A partir das evidências identificadas buscou-se explicar a
percepção dos executivos do setor quanto aos construtos estudados correspondentes a:
. Construto ambiente organizacional: a avaliação da percepção dos executivos do setor
quanto às dimensões caracterizadoras do ambiente organizacional
. Construto competências organizacionais: identificação das competências relevantes
para o setor como sustentáveis, versáteis e geradoras de vantagem competitiva
. Construto grupos estratégicos: identificação das principais variáveis que representam
opções estratégicas relevantes para posicionamento estratégico no setor farmacêutico
brasileiro, saúde humana.
72
4. RESULTADOS
No capítulo anterior foram apresentados os procedimentos usados para a condução da
pesquisa e neste apresenta-se a análise dos dados coletados pela pesquisa de campo, que foi
feita em duas partes.
Na primeira parte, foi realizada a análise quantitativa dos dados, a qual compreendeu
três estágios. No primeiro estágio foi traçado o perfil das empresas e dos respondentes da
pesquisa e a identificação de valores discrepantes ou outliers, cuja análise foi efetuada a partir
dos valores originais dos dados coletados, dado que todos estão em uma mesma escala
(alternativas de resposta de 1 a 7). Nesse sentido, foram considerados como dados
discrepantes os escores que apresentaram valores acima de 3 desvios-padrão. Neste estágio
também foi avaliada a normalidade da distribuição das variáveis.
No segundo estágio foram avaliadas a confiabilidade e validade das escalas utilizadas
para mensuração dos construtos relacionados no modelo. E, no terceiro estágio são analisadas
relações estruturais entre os construtos do modelo e que testam a hipótese levantada por este
estudo.
Na segunda parte foi realizada a etapa qualitativa da análise dos resultados, a partir da
análise de conteúdo das entrevistas realizadas com especialistas no setor.
4.1. Análise Quantitativa dos Dados
A pesquisa de campo transcorreu no período de julho a outubro de 2009 e a amostra
foi composta por 55 respondentes. Este tamanho de amostra pode ser considerado
representativo dentro do universo estimado de 193 empresas mapeadas (28,5%).
Uma amostra de 55 casos é capaz de detectar efeitos entre os tamanhos médio e
grande, conforme demonstrado na Tabela 1 da seção 3.2.3.1.
Procedendo a análise de sensibilidade no software GPower 3.1, considerando o
número de respondentes, temos para o modelo do estudo, com dois preditores, que o tamanho
de amostra compreendendo 55 casos secapaz de detectar como significante qualquer R
2
superior a 15,66%, mantendo-se o poder estatístico em 0,80, conforme demonstrado no
Quadro 5.
73
Quadro 5 Análise de Sensibilidade do Tamanho da Amostra
Número
de Casos
Regressão Múltipla
(R
2
desvio do zero)
55
f
2
= 0,186
R
2
= 0,1566
Fonte: a autora com base nos cálculos do software GPower
A distribuição dos respondentes por cargo ou e por tamanho das empresas está
sumarizada no Quadro 6. Como se observa a maioria dos respondentes na amostra (89%)
ocupa cargos de alta-gerência. É importante ressaltar que todos os respondentes têm
experiência no setor de no mínimo 3 anos, sendo que em média os respondentes têm 13,2
anos de experiência e 90% estão nas empresas onde trabalham há mais de 3 anos. Tal
resultado indica que os respondentes possuem visão ampla em relação às estratégias adotadas
em suas empresas.
A amostra também se mostra equilibrada quanto ao tamanho
9
das empresas
participantes, pelo critério de número de empregados. Ressalta-se que 67% das empresas
respondentes são de pequeno e dio porte, refletindo a conformação do setor, que apesar de
ter seu faturamento concentrado nas grandes empresas (as 50 empresas representavam 75%
das vendas no varejo em 2008
10
), é formado majoritariamente por pequenas e médias
empresas. Esta é uma característica rara nos estudos desenvolvidos sobre o setor no Brasil,
dada a ausência de dados publicados por estas empresas.
Quadro 6 Distribuição dos respondentes por cargo e por tamanho das empresas
Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa
9
Seguindo o critério adotado pelo SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena e Média Empresa
10
Conforme dados da Febrafarma
No. Empresas %
Cargo
Sócio Proprietário 6 11%
Diretor / Gerente 43 78%
Coordenador/Técnico 6 11%
Tamanho 55 100%
Grande 18 33%
Média 22 40%
Pequena 15 27%
74
4.1.1 Análise das Variáveis em Estudo
A análise dos outliers revelou apenas seis casos com valores levemente acima dos três
desvios padrão. Quatro deles o relativos às questões de ambiente (1; 1; 2 e 3) e dois deles
relativos às questões de competências, construto ameaças competitivas (1 e 1). Considerando
o volume de dados envolvendo as questões acima, que totalizam 165 e 660 respectivamente,
optou-se pela manutenção dos respondentes na amostra (a amostra total compreende 8.580
dados).
Não houve ocorrência de dados faltantes.
A seguir avaliamos a normalidade das distribuições dos indicadores, apresentando
para cada variável as estatísticas de média, desvio-padrão, variância, os coeficientes de
assimetria, além da estatística de Kologorov-Smirnov e Shapiro-Wilk. Os indicadores estão
demonstrados no Apêndice D e estão agrupados considerando os construtos Grupos
Estratégicos, Ambiente e Competências, sendo este último subdividido nas dimensões
Vantagem Competitiva, Sustentabilidade e Versatilidade.
Todas as variáveis apresentaram distribuição o-normal a um nível de significância
de 5% em pelo menos um dos testes. Assim sendo, foi rejeitada a hipótese nula de
normalidade das variáveis.
Considerando que os procedimentos estatísticos utilizados neste estudo, ou seja, a
análise fatorial exploratória e a estimação dos coeficientes do modelo via MEEPLS, não
fazem exigências a priori quanto a normalidade da distribuição das variáveis utilizadas, foi
possível continuar a pesquisa (HAIR et al., 2007; ZWICKER; SOUZA; BIDO, 2008). Cabe
ressaltar que para o teste da significância dos parâmetros do modelo calculado via MEEPLS
foi estimada pelo método não-paramétrico bootstrap.
4.1.2 Redução dos Dados Relativos ao Construto Competências
Antes de analisarmos as relações expressas no modelo com foco na avaliação da
questão problema desta pesquisa, e da validação da medição de cada construto que compõe o
modelo, procedemos o tratamento dos dados coletados referentes às competências
organizacionais.
Para esta pesquisa as questões relativas ao construto competências foram elaboradas
de forma que o respondente indicasse o posicionamento da sua empresa considerando um
conjunto de doze competências específicas do setor farmacêutico, discriminadas e definidas
75
no Quadro 7 abaixo, as quais foram levantadas a partir de análise da literatura sobre o setor e
nas entrevistas realizadas com três especialistas no setor, conforme mencionado na seção
3.3.3.
Quadro 7 Competências do setor farmacêutico selecionadas para o questionário do
construto competências organizacionais
Fonte: elaborado pela autora com base no questionário da pesquisa
Competência
1
Produção em escala competitiva - processamento de volumes em escala que permita o alcance de
custos competitivos de produção
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição - processo de divulgação dos produtos junto ao
consumidor final utilizando de programa de publicidade/propaganda direcionado a este público, em TV,
revistas ou via patrocínio de eventos ou personalidades
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição - processo de divulgação dos produtos junto profissionais
de medicina,com o estabelecimento de equipe de propagandistas e ações de patrocínio direcionadas a
este público
4
Distribuição Direta de Medicamentos - estabelecimento de equipe e processo de comercialização e
logística para venda direta de medicamentos, sem a intermediação de distribuidores atacadistas
5
Gestão de Parceria com Distribuidores - estabelecimento de parcerias com distribuidores
atacadistas, visando alcance de escala competitiva na comercialização e logística de distribuição e ações
de promoção conjunta dos produtos dos seus produtos
6
Gestão de Marca - integração de processos de marketing e desenvolvimento de produtos, com foco
no estabelecimento da identidade da(s) marca(s) dos produtos da empresa junto ao cliente- varejo
7
Gestão de programa de investimentos em P&D - manutenção de departamento de P&D, com
equipe própria de profissionais qualificados, com metas estabelecidas para desenvolvimento de novos
produtos
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D - estabelecimento de parceiras em cooperação para
desenvolvimento tecnológico com instituições que são fontes externas de tecnologia
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores - capacidade de realização de estudos clínicos
e elaboração de dossiês técnicos regulatórios, necessários à colocação de novos medicamentos no
mercado
10
Gestão de Propriedade Intelectual - capacidade de avaliação e implementação de mecanismos de
proteção da propriedade intelectual de ativos/produtos inovadores desenvolvidos ou em
desenvolvimento pela empresa, inclusive com manutenção de pessoal especializado
11
Farmacovigilância - estabelecimento de um conjunto de métodos e técnicas que tem por objetivo a
identificação e a avaliação dos efeitos colaterais do uso dos medicamentos lançados pela empresa,
observados após a sua introdução no mercado
12
Obtenção de fundos para investimentos - estabelecimento de relacionamento com entidades de
fomento e órgãos de financiamento que viabilize o acesso da organização aos recursos necessários os
financiamento dos seus investimentos em expano e inovação, em condições de repagamento
compatíveis
76
Assim para cada questão a resposta de cada empresa é composta de um conjunto de
doze indicações que representam o seu posicionamento nas competências descriminadas,
quando ao item questionado.
Buscando preservar a visão do posicionamento conjunto nas diferentes competências
de cada empresa e também facilitar o estudo sem perda significativa de informações, dado o
elevado número de indicadores para este construto, optou-se por reduzir as respostas relativas
a cada uma das doze competências a fatores que resumissem a posição conjunta de cada
empresa para cada questão.
Para obtenção das soluções fatoriais foi utilizado o método de componentes principais,
dado que nosso objetivo foi determinar o número mínimo de fatores que respondem pela
máxima variância nos dados para utilização posterior na estimação dos modelos de
mensuração e estrutural deste estudo (HAIR et al, 2007).
Análise de fatores com posterior rotação oblíqua do tipo Direct Oblimin, obtidos com
o uso do software estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) foi feita
inicialmente sem rotação dos eixos e, posteriormente, com rotação oblíqua Direct Oblimin, a
qual avalia todas as possibilidades de correlação entre os fatores, característica desejável para
a utilização posterior dos escores fatoriais no MEEPLS. A apuração dos fatores seguiu o
seguinte conjunto de regras de decisão, determinado com base nas sugestões de Kim e
Mueller (1978) e Hair et al. (2007). Primeiro, pelo menos três variáveis são requeridas para
determinar um fator, as quais devem apresentar cargas fatoriais acima de 0,45 (Kim e Mueller
sugerem 0,30). Apenas três, dentre os 20 fatores apurados foram formados por duas variáveis,
e foram mantidos no conjunto de indicadores das competências, dado que apresentaram nível
de confiabilidade satisfatório (alfa de Cronbach > 0,60) e contribuíram para explicar no
mínimo 15% da variância total explicada da solução fatorial encontrada. Segundo,
considerou-se como entrada para o procedimento da análise de fatores auto-valores ou
(engenvalues) com valores iguais ou maiores que um. E terceiro, variáveis com
cumunalidades abaixo de 0,50 ou seja, cuja variância é explicada em menos de 50% pelo fator
foram excluídas da solução final fatorial.
Na Tabela 3 estão resumidos os fatores identificados para cada um dos indicadores
que definem as três dimensões do construto competências. O resultado da análise fatorial para
cada variável e a interpretação dos fatores está no Apêndice E.
77
Tabela 3 Solução fatorial para variáveis observadas do construto competências
organizacionais
4.1.3 Validação dos Construtos
As escalas de medição utilizadas neste estudo, construídas a partir da coleta da
percepção dos executivos das empresas sobre os indicadores definidos pela teoria estão sendo,
pela primeira vez, testadas estatisticamente em um trabalho acadêmico no Brasil. As medidas
de ambiente organizacional e grupos estratégicos foram empregadas em estudos
quantitativos realizados no exterior e a escala para competências apenas foi empregada ao
momento em estudos qualitativos.
Considerando a natureza exploratória deste estudo, tentou-se alcançar parcimônia na
descrição dos construtos estudados, reconhecendo que esta abordagem pode implicar em uma
redução da sua acurácia. Conforme Weick (1979) e Blalock (1982) que argumentaram que a
generabilidade, acurácia e simplicidade não podem ser alcançadas simultaneamente.
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Efeito em Custos e Vendas Inovação 0,90 7 / 8 / 9
Inovação 0,87 7 / 8 / 9
Operações 0,70 1 / 3 / 4 / 11
P&D 0,82 7 / 8 / 12
Prod/Distrib 0,61 1 / 4
Relacionamento
c/ médicos
0,61 3 / 11
P&D 0,84 7 / 8 / 12
Prod/Distrib 0,73 1 / 2 / 4 / 5
Inovação 0,95 7 / 8 / 9
Marketing 0,71 3 / 5 / 6
Prod/Distrib 0,82 1 / 2 / 4 / 5
Inovação 0,84 7 / 8 / 9
Marketing 0,83 2 / 3 / 4 / 5
Inovação 0,73 9 / 10 / 12
Inovação 0,84 7 / 8 / 9 / 10
Marketing 0,75 2 / 3 / 4 / 5
Inovação 0,95 7 / 8 / 9 / 10
Prod/Promoção 0,70 1 / 2
Inovação 0,95 7 / 8 / 9 / 10
Prod/Promoção 0,76 1 / 2 / 3
Afastar ameaças competitivas
Captalizar oportunidades
competitivas
Nível comparado aos
concorrentes
Tranferência da competência
para outras áreas
Tranferência da competência
para outros negócios
Concorrentes podem Identificar
as competências
Tempo necessário para um
concorrente imitar as
competências
Tempo de Depreciação das
Competências
Substituição das competências
por outros recursos
78
Assim, adotando uma abordagem exploratória, procedeu-se o teste das escalas
buscando alcançar níveis satisfatórios de confiabilidade e validade para cada construto,
seguindo os critérios para avaliação da confiabilidade e validade apresentados na seção 3.4.2,
nos passos 4 e 5. As cargas fatoriais dos indicadores de cada construto foram estimadas
diretamente pelo software SmartPLS.
Com o objetivo de alcançar níveis de confiabilidade e validade satisfatórios,
indicadores com cargas fatoriais abaixo de 0,45 foram consideradas baixas e excluídas da
análise, em um critério mais rigoroso do que o proposto por Kim e Mueller (1998) que
indicam a eliminação de variáveis inferiores a 0,30. Ainda visando garantir a validade
convergente das escalas de mensuração dos construtos, foram descartadas as variáveis cuja
carga fatorial não apresentou significância estatística ao menos no nível de 5%.
A partir dos resultados obtidos nas etapas exploratórias iniciais de validação das
medidas dos construtos foi proposto o modelo apresentado na Figura 6, o qual foi estimado
pelo método Partial Least Squares.
Na Tabela 4 estão demonstrados os indicadores de confiabilidade dos construtos do
modelo, bem como as cargas fatoriais dos indicadores de cada variável. Os indicadores
destacados em amarelo referem-se às variáveis do modelo estrutural. Para as variáveis de
segunda ordem, a validade e a confiabilidade foram calculadas com os coeficientes que as
conectam aos seus fatores de primeira ordem.
É importante comentar que os sinais negativos das cargas fatoriais dos indicadores das
variáveis de primeira ordem refletem a inserção de variáveis inversas, de forma a obtermos o
maior número possível de coeficientes do modelo de mensuração das VL de segunda ordem e
do modelo estrutural positivos para facilitar a interpretação dos resultados. A legenda da
Tabela 4 identifica o significado das variáveis, como foram inseridas no modelo.
Dos 56 indicadores originais, restaram 15 após os procedimentos de retirada dos
indicadores com cargas inferiores a 0,45 e daqueles que o alcançaram significância
estatística.
Os indicadores que medem as variáveis instabilidade e munificência do construto
ambiente organizacional e o coeficiente que relaciona versatilidade com competências
organizacionais não apresentaram a significância estatística mínima a 5% e também foram
retirados das escalas.
Todas as variáveis que permaneceram no modelo apresentaram AVE acima de 0,50 e
confiabilidade composta acima de 0,70, portanto apresentando um nível adequado de
79
confiabilidade. E, como todas as cargas fatoriais são altamente significantes, Sig < 0,001
(sendo DIFICENTED com Sig < 0,01) assume-se que há validade convergente.
Tabela 4 Indicadores de confiabilidade dos construtos
Legenda: DIFIENTED o ambiente da minha empresa é difícil de entender, DIFERPROD a minha empresa
produz grande quantidade de produtos, SIPOSIT a maioria das situações de mercado o positivas para minha
empresa, OPORTFAV as situações de mercado representam oportunidades favoráveis para minha empresa,
SITGANHO a expectativa é de que as situações de mercado tragam ganho para minha empresa, ACEEREC -
minha empresa tem acesso a recursos para resolver a maior parte das situações, SITCONTROL a maior parte
das situações de mercado podem se controladas pela empresa, SITADM a empresa administra a maioria das
situações ao invés de ser administrada por elas, EFCUSVEN (-) pouco efeito em custos e vendas, HABAMEA
(-) pouca habilidade de afastar ameaças, HABOPORT (-) pouca habilidade de capitalizar oportunidades,
NICONCORR (-) nível de desempenho das competências menor em relação ao concorrente, TEMPIMIT (-)
pouco tempo para um concorrente imitar as competências, GASP&D (-) proporção pequena do faturamento
em gastos com P&D, NOVOSPROD (-) proporção pequena do faturamento com lançamento de novos
produtos
A análise da Tabela 5 corrobora que validade convergente para as VL de primeira
ordem do modelo, na medida em que indica cargas altas dos indicadores em suas VL.
também validade discriminante, conforme Chin (1998), dado que os indicadores apresentam
cargas altas (> 0,70) em suas VL e cargas baixas nas demais. As exceções a esta regra são a
VL complexidade, que apresenta um indicador com carga abaixo de 0,70, mas ainda assim
Variáveis
Indicadores
Cargas
Fatoriais
AVE
Confiabilidade
Composta
Complexidade 0,75
Hostilidade 0,89
Controlabilidade 0,83
DIFICENTEND -0,58
DIFERPROD -0,90
SITPOSIT -0,71
OPORTFAV -0,95
SITGANHO -0,91
ACESSREC -0,74
SITCONTROL -0,87
SITADM -0,82
Vantagem Competitiva 0,97
Sustentabilidade 0,88
EFCUSVEN (-) -0,92
HABAMEA (-) -0,96
HABOPORT (-) -0,90
NICONCORR (-) -0,85
TEMPIMIT (-) -0,86
Grupos Estratégicos
GASP&D (-) -0,86
NOVOSPROD (-)
-0,77
Ambiente Organizaconal
0,68
0,86
0,66
Controlabilidade
0,57
0,72
0,67
0,80
Complexidade
Vantagem Competitiva
0,86
0,95
0,86
Compencias
Organizacionais
0,90
0,85
Sustentabilidade
0,73
0,84
Hostilidade
0,74
0,89
80
superiores aos demais e as variáveis que compõem o construto competências, vantagem
competitiva e sustentabilidade, que apresentam cargas cruzadas próximo ao limite de 0,70.
Tabela 5 Cargas cruzadas para avaliação da validade convergente e discriminante
Investigando a validade discriminante também pelo critério de Fornell e Larcker
(1998), verificamos que validade discriminante para todas as variáveis do modelo,
incluindo as exceções comentadas acima. Isto porque a raiz quadrada da AVE de cada VL,
dispostas em negrito na diagonal da matriz de correlação é maior que as correlações entre as
demais variáveis latentes, conforme demonstrado na Tabela 6.
Tabela 6 Correlação de Pearson entre as variáveis latentes
4.1.4 Análise do Modelo de Mensuração
A figura 7, abaixo apresenta o modelo de pesquisa em forma gráfica, após a etapa de
validação dos construtos.
Iniciando a análise do modelo pelo construto ambiente organizacional, observamos
que as dimensões relevantes para caracterização do ambiente do setor farmacêutico brasileiro
Complexidade Controlabilidade Hostilidade Vantagem Competitiva Sustentabilidade Grupos Estratégicos
DIFICENTEND -0,58 0,23 0,28 -0,04 -0,06 0,10
DIFERPROD -0,90 0,45 0,56 -0,28 -0,29 -0,21
ACESSREC 0,46 -0,74 -0,44 0,27 0,29 0,39
SITCONTROL 0,36 -0,87 -0,48 0,21 0,25 0,35
SITADM 0,33 -0,82 -0,36 0,29 0,18 0,33
SITPOSIT 0,37 -0,34 -0,71 0,08 0,23 0,09
OPORTFAV 0,56 -0,51 -0,95 0,28 0,37 0,18
SITGANHO 0,57 -0,50 -0,91 0,33 0,36 0,22
EFCUSVEN -0,27 0,39 0,28 -0,92 -0,68 -0,55
HABAMEA -0,27
0,31
0,33 -0,96 -0,67 -0,50
HABOPORT -0,16
0,16
0,17 -0,90 -0,70 -0,43
NICONCORR -0,16
0,31
0,40 -0,60 -0,85 -0,31
TEMPIMIT -0,29
0,19
0,25 -0,65 -0,86 -0,38
GASP&D 0,05
0,27
0,05 -0,58 -0,46 -0,87
NOVOSPROD -0,30
0,47
0,30 -0,26 -0,17 -0,77
Complexidade Controlabilidade Grupos Estratégicos Hostilidade Sustentabilidade Vantagem Competitiva
Complexidade 0,76
Controlabilidade -0,47 0,81
Grupos Estratégicos 0,13 -0,44 0,82
Hostilidade -0,59 0,53 -0,20 0,86
Sustentabilidade 0,27 -0,29 0,41 -0,38 0,85
Vantagem Competitiva 0,25 -0,31 0,53 -0,28 0,73 0,93
Ambiente Organizacional Competências Organizacionais
Ambiente Organizacional 0,82
Competências Organizacionais -0,39 0,93
81
são apenas três, complexidade, hostilidade e controlabilidade. Os sinais dos coeficientes
indicam que na percepção dos executivos do setor, o ambiente não é complexo, mas é hostil e
pouco controlável, ou seja, ele apresenta a empresa situações na maior parte das vezes
desfavoráveis e de difícil controle, que podem trazer perspectivas de perda.
Figura 7 Modelo de Mensuração
Nota: Figura apenas para ilustrar como o resultado é apresentado pelo software SamtPLS 2.0M3 (RINGLE;
WENDE; WILL, 2005). Todos os coeficientes estão na forma padronizada e são altamente significantes (Sig <
0,001), com exceção do coeficiente entre Ambiente Organizacional e Grupos Estratégicos. A significância foi
estimada por meio de bootstrap com N = 55 e 1.000 repetições.
Com relação à não complexidade do setor, ela estaria relacionada à pequena variedade
de produtos fabricados pelas empresas, concentradas em poucas categorias terapêuticas e à
capacidade dos seus gestores de entender o seu ambiente competitivo.
Os indicadores das dimensões instabilidade e munificência não se mostraram
relevantes (significantes a pelo menos 5%) para a caracterização do ambiente organizacional
do setor farmacêutico brasileiro e foram retirados do modelo.
A análise do construto competências organizacionais valida a conceituação de Mills et
al. (2002) quanto ao aspecto de que para gerar vantagem competitiva, uma competência deve
ter efeitos sobre os custos e vendas das empresas e proporcionar habilidade a empresa de
*
*
*
*
*
*
*
*
*
**
*
*
*
*
*
*
*
*
(*) sig < 0,001 (bicaudal)
(**) sig < 0,01 (bicaucal)
*
ade
Não
Não idade
Competitiva
ilidade
*
*
**
**
82
afastar ameaças e capitalizar oportunidades competitivas. O modelo indica que quanto maior a
força das competências em relação a estes indicadores, maior a vantagem competitiva que
elas geram.
Em relação à variável sustentabilidade, dos cinco indicadores originais propostos para
a sua medição, no modelo desta pesquisa, apenas dois foram significantes. O primeiro refere-
se ao alcance de um nível de desempenho das competências superior aos concorrentes e o
outro está relacionado ao tempo necessário para a sua imitação, sendo que quanto maior o
nível de desempenho, em relação aos concorrentes, e maior o tempo para que uma
competência seja imitada maior a sua sustentabilidade.
Os fatores que apresentaram cargas significantes para as variáveis de competências
são todos relacionados à inovação e à competências de P&D e o modelo indica que na
percepção dos executivos do setor, são estas competências as mais sustentáveis e relevantes
para gerar vantagem competitiva para as empresas.
Para o construto grupos estratégicos, o modelo demonstra que são apenas duas
variáveis que representam hoje no Brasil as opções relevantes de posicionamento estratégico
no setor. A primeira variável está relacionada aos gastos das empresas em P&D e a outra
refere-se à participação no faturamento das empresas, dos produtos novos lançados nos dois
últimos anos. Ou seja, elas indicam que a decisão estratégica em quanto investir em P&D e se
a empresa adotará uma postura agressiva de constantemente lançar novos produtos no
mercado, são os direcionadores estratégicos mais significativos para diferenciação do
posicionamento estratégico das empresas.
4.2 Análise Qualitativa do Modelo de Mensuração
Nesta etapa foi conduzida a análise qualitativa do modelo de mensuração desta
pesquisa, como uma segunda estratégia de validação dos seus resultados, a qual consistiu na
coleta de informações sobre os construtos estudados, junto a especialistas do setor de forma a
complementar a avaliação dos resultados apontados pelo modelo de mensuração, verificando
a sua coerência com o contexto organizacional e competitivo do setor farmacêutico brasileiro,
saúde humana.
Conforme apresentado na seção metodologia da pesquisa, foram convidados dirigentes
que possuem posição de liderança em duas das principais instituições representativas das
empresas do setor para uma entrevista para coleta das informações.
83
Os critérios de seleção dos entrevistados foram a sua experiência no setor, tanto como
profissional da indústria, como na posição de liderança setorial, e a representatividade das
instituições que dirigem, as quais serão identificadas como Associação A e Associação B.
A Associação A tem mais de 70 anos de existência e conta com 108 grupos
empresariais associados. O dirigente entrevistado atua no setor farmacêutico 48 anos, dos
quais, 16 ligados diretamente à instituição.
A Associação B tem mais de 25 anos de constituição e conta com 34 associados do
segmento saúde humana. O dirigente entrevistado tem experiência de 31 anos no setor, e atua
como dirigente desta instituição há 5 anos.
A entrevista foi conduzida orientada por um roteiro desenvolvido a partir da matriz de
amarração desta pesquisa, explorando a avaliação dos entrevistados sobre os indicadores dos
construtos estudados, dentro do contexto do setor farmacêutico brasileiro, saúde humana.
As entrevistas foram gravadas e seu conteúdo transcrito e analisado seguir. Seu
conteúdo foi analisado a partir das categorias representadas pelas VL indicadoras de cada
construto estudado.
4.2.1 Análise Qualitativa dos Resultados para a Variável Ambiente Organizacional
Iniciando a análise a partir do construto ambiente, na opinião dos entrevistados, a
principal influência sobre o ambiente competitivo do setor é a forte regulação a que este é
submetido, a partir das normas e fiscalização impostas pelo Ministério da Saúde e por sua
agência reguladora e fiscalizadora, a ANVISA
11
. Quanto a este aspecto a percepção de
ocorrência de mudanças freqüentes, muitas vezes em nível de detalhes das normas e
procedimentos que as empresas do setor devem seguir, as quais impactam diretamente suas
condições operacionais, sem que tenham sido previamente discutidas com o setor. Este
aspecto contribui para a percepção de um ambiente pouco controlável, onde as empresas são
submetidas a mudanças que são inesperadamente implantadas pelo órgão regulador e até
hostil, na medida em que não traz situações favoráveis com perspectivas de ganho.
Conforme o dirigente da Associação B
[a regulação] muda muito. Por exemplo, a [norma] de boas práticas [de fabricação]
desde 2003 é a mesma. Mas, os detalhes mudam demais. [surge] Agora esse
processo; você tem que fazer tais e tais registros, tem que fazer isso, tem que fazer
aquilo [...] E aí, você fica correndo atrás para poder se adequar.
11
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
84
E é esta mesma regulação que contribui para que a instabilidade não seja uma
dimensão percebida pelos executivos do setor. Isto porque, três das cinco questões utilizadas
para mensuração deste construto são relativas a mudança de comportamento de fornecedores,
mudanças freqüentes de tecnologia e de processos produtivos, as quais segundo os
entrevistados, quase não ocorrem.
Com relação a mudanças freqüentes nos processos produtivos ou na tecnologia
utilizada, há uma dificuldade de ordem regulatória para que isto ocorra. Para manter o
certificado de boas práticas de fabricação, necessário a manutenção das suas operações, uma
empresa no setor tem que informar previamente a ANVISA
12
sempre que fizer alterações nos
seus processos produtivos, na tecnologia utilizada e até quando muda seus fornecedores,
estabelecidos como padrão e informados quando do registro dos produtos. Esta exigência
torna as ões neste sentido lentas e dependentes da análise do quadro burocrático do órgão
fiscalizador, desestimulando-as.
“Então, isso [a obrigatoriedade de informar as alterações à Vigilância Sanitária]
torna muito difícil mudar a tecnologia e o processo produtivo. A ANVISA acaba
engessando esse processo. (DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO B)
E finalmente considerando a munificência do ambiente, o dirigente da Associação A,
não entende esta dimensão como relevante no setor, dado que, expectativas de crescimento de
demanda e de vendas e, atreladas a elas, de oportunidades de investimento na expansão de
plantas industriais, não fazem sentido para o setor, considerando a característica de consumo
inelástico do seu produto.
“O mercado de medicamentos, em uma estrutura estabilizada, é inelástico. Então o
crescimento vegetativo não leva a um aumento proporcional de consumo, ele é
inelástico, é muito estável. [...] ele poderia ser elástico, no caso brasileiro, se você
tivesse [maior] acesso a ele” (DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO A)
E, na sua opinião, os programas governamentais de distribuição de medicamentos é
quem têm o potencial de ampliar o acesso ao consumo de medicamentos e, de fato, trazer
perspectivas de aumento de demanda. Ele ressalta, porém, que o principal programa federal
implantado atualmente, o “Farmácia Popular”, ainda é muito restrito, cobrindo basicamente o
tratamento de duas doenças, a hipertensão e a diabetes, estimando que este fato, aliado ao
pouco acesso à assistência médica, colaborem para que cerca de 50% da população brasileira
não consuma todo o medicamento que necessita.
12
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
85
4.2.2 Análise Qualitativa dos Resultados para a Variável Competências Organizacionais
Para os especialistas do setor, o conceito de competências é claramente identificado
com o alcance de um desempenho diferenciado. O dirigente da Associação B ressalta, no
entanto, que ele ainda o é suficientemente compreendido com relação ao seu
desenvolvimento e gestão dentro da organização.
Você hoje não tem um enfoque em gestão de competência materializado de forma...
Como é que se gere competência? Como é que a empresa gere aquela...?
Desenvolve e faz a gestão da competência de forma a incorporar essa competência
na sua cultura, no seu conhecimento, e não per-la ao longo do caminho?
(DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO B)
Esta seria a principal razão porque a grande parte dos indicadores das variáveis
sustentabilidade e versatilidade não se mostraram relevantes nos resultados apresentados e
predominassem na definição deste construto os indicadores relativos à geração de vantagem
competitiva. A gestão das competências, implícita na avaliação da sua sustentabilidade e da
sua possível transferência para outras áreas ou negócios, não seria assim, uma prática
compreendida e desenvolvida pelas empresas do setor.
Outro resultado relevante para este construto foi a predominância de competências
relacionadas à inovação, compreendendo desde a gestão de programas de P&D, incluindo a
realização de parcerias para este fim, até a colocação de novos produtos no mercado. Este
resultado refletiria, segundo os dirigentes entrevistados o fato de que o discurso da inovação
está permeado na sociedade, e especialmente no setor farmacêutico, incluído como um dos
pilares da política industrial do governo.
“A Fiergs no Sul tem o discurso de inovação como o seu principal discurso hoje.
A Fiesp está, também, muito forte no discurso de inovação. O MCT é o discurso de
inovação em foco. O Ministério da Saúde é o discurso de inovação. Então, a
sociedade está permeada no discurso de inovação (DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO
B)
E a capacidade em realizar pesquisa e desenvolver novos produtos é vista pelos
executivos do setor como o grande diferencial competitivo, que permitiria o alcance de um
desempenho superior da empresa no mercado.
86
4.2.3 Análise Qualitativa dos Resultados para a Variável Grupos Estratégicos
Com relação às variáveis relevantes para definição do posicionamento estratégico das
empresas do setor, três foram destacadas como mais relevantes pelos entrevistados. Duas
delas foram coincidentes com as variáveis identificadas pelo modelo de mensuração validado
pela metodologia quantitativa, o investimento P&D e o lançamento de novos produtos. A
terceira variável ressaltada nas entrevistas foi o tipo de produto fabricado.
Iniciando a análise pelas duas variáveis coincidentes, conforme o dirigente da
Associação A, o medicamento genérico ao entrar no mercado substituiu, tomou parte das
vendas dos similares.
Assim o dirigente da Associação B observa que a postura competitiva das empresas
teve que mudar para garantir a sua permanência no mercado.
“Uma coisa que mudou muito de 1998 [para cá], tanto nas empresas nacionais como
multinacionais foi o lançamento de novos produtos [..] porque uma empresa, na
verdade, para ela sobreviver no mercado farmacêutico [após o advento dos
genéricos], ela tem que lançar, no mínimo, muito bem lançado, dois produtos por
ano”
O esforço de lançamento de novos produtos impulsionou os investimentos em P&D,
outra variável relevante, com a ressalva de ambos os entrevistados de que estes investimentos
ainda estão basicamente restritos à inovação incremental, que exige um montante de
investimento menor, um menor prazo para conclusão, resulta na melhoria de um medicamento
conhecido no mercado, e portanto, de mais fácil colocação e é menos exposta ao risco de
não se alcançar resultados.
O produto é formulado, é conhecido e se pode fazer uma pesquisa incremental,
uma tecnologia incremental, que até patentes. O máximo que o pessoal enxerga
aqui no Brasil é isso aqui” (DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO A).
Ambos os dirigentes contrapõe esta informação ao resultado identificado quanto à
relevância percebida pelos gestores das empresas com relação às competências de P&D. Eles
ponderam que ainda para grande parte dos executivos, as competências de P&D estão
relacionadas à capacitação da empresa em lançar novos produtos, mas o necessariamente
inovadores. Em parte esta condição deve-se à falta de cultura no setor voltada efetivamente à
inovação.
pesquisa e desenvolvimento aqui no Brasil, eu acho que você vai entender, que nós
estamos em um estágio muito inicial. As empresas no Brasil são operacionais de
produção, venda e distribuição. Poucas são as empresas que tiveram algum,
87
colocaram algum eixo voltado para a investigação preliminar, seja na descoberta de
um novo fármaco, seja na elaboração de uma nova fórmula farmacêutica, uma
revisão da sua tecnologia. [...] E aliás, não são muitas empresas que têm uma
unidade de pesquisa separada da operação. Então, o pessoal entende de fazer alguma
atividade de pesquisa, porém utilizando o próprio pessoal operacional para tal”
(DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO A)
De forma divergente do modelo quantitativo, os dirigentes ainda apontaram como
variável relevante no posicionamento estratégico das empresas o tipo de produto fabricado.
Ponderaram que dentre as diferentes opções estratégicas representadas pelos produtos MIP
(de marca sem prescrição), similares ou de marca com prescrição e genéricos, as
oportunidades de desenvolvimento estão fortemente restritas para a opção de produção de
produtos genéricos.
Na realidade, genérico é uma commodity e como toda commodity, tem que ter
tratamento de commodity. Commodity tem mercado, se tiver preço, mas com uma
qualidade. Se a gente não tiver volume e não tiver variedade desses genéricos, mais
do que um. Você tem que chegar nos pontos da distribuição e ter uma linha
completa, uma linha aceitável, como tudo.” (DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO A)
“O mercado de genéricos está dominado por quatro laboratórios que foram, desde o
início, acreditando. Na verdade não acredito que seja estratégia de grande parte das
empresas, entrar [agora] no genérico.” (DIRIGENTE ASSOCIAÇÃO B)
Permanecem como opções viáveis para desenvolvimento os produtos de marca ou
similares com prescrição e os produtos MIP, sendo que para o dirigente da Associação A, a
opção pelo produto MIP, mostra-se viável para a maioria das empresas apenas com uma
abordagem regional, incluindo a opção de linhas de produtos fitoterápicos, dado o elevado
custo em publicidade ao consumidor, que este tipo de produto requer para operações em
âmbito nacional.
Mesmo considerando a ausência no modelo da variável tipo de produto, observamos
que as informações coletadas junto a especialistas corroboram em grande parte os resultados
obtidos na etapa quantitativa anterior, de forma que aceitamos como válido o modelo de
mensuração e prosseguimos então para a análise do modelo estrutural.
88
4.3 Avaliação do Modelo Estrutural
Em relação ao modelo estrutural, representado da Figura 8 observa-se que as relações entre
competências e grupos estratégicos e competências e ambiente organizacional se mostraram
altamente significantes (Sig. < 0,001), porém a relação entre ambiente organizacional e
grupos estratégicos não atingiu significância estatística.
Figura 8 Modelo Estrutural
Legenda: (*) coeficientes significantes a 0,1%
Nota: Figura apenas para ilustrar como o resultado é apresentado pelo software SamtPLS 2.0M3 (RINGLE;
WENDE; WILL, 2005). Todos os coeficientes estão na forma padronizada e são altamente significantes (Sig <
0,001), com exceção do coeficiente entre Ambiente Organizacional e Grupos Estratégicos. A significância foi
estimada por meio de bootstrap com N = 55 e 1.000 repetições.
Este resultado confirma a hipótese 1 levantada para este estudo, na qual estabeleceu-se
que uma relação importante, significativa, entre o conjunto de competências
organizacionais da firma e o seu posicionamento estratégico em dimensões estratégicas
específicas formando grupos estratégicos no setor farmacêutico brasileiro saúde humana.
também sustentação para a hipótese 3, demonstrando que relação relevante de
influência entre as competências organizacionais e as características percebidas do ambiente
organizacional.
A hipótese 2 inicialmente não foi confirmada, dado que no modelo estrutural, onde são
consideradas simultaneamente as influências do ambiente e das competências
organizacionais, esta relação não se mostrou significante ao nível de 5%.
*
*
89
A relevância da relação entre ambiente e competências, no entanto, nos levou a
investigar se a influência do ambiente no posicionamento estratégico das empresas não estaria
sendo mediada pela variável competências.
Segundo Baron e Kenny (1986), uma variável é dita mediadora quando ela é relevante
para a relação entre duas variáveis. Ela explica como e porque os efeitos de uma variável
preditora e uma dependente ocorrem.
Este efeito pode ser verificado se uma relação significante entre duas variáveis quando
consideradas isoladamente (c) deixa de existir se uma variável mediadora é introduzida, sendo
que a relação entre a variável mediadora e as outras duas variáveis (a) e (b) é sempre
significante, conforme ilustrado na Figura 9.
Figura 9 Representação do Efeito de Mediação de uma variável
Fonte: Baron e Kenny, 1986
Para avaliar esta questão outros três modelos foram estimados, o primeiro isolando a
relação entre ambiente e grupos estratégicos, o segundo apenas com a relação entre
competências e grupos estratégicos e o terceiro isolando a relação entre competências e
ambiente, sempre mantendo os mesmo indicadores para as variáveis de primeira e segunda
ordem.
Conforme demonstrado na Tabela 7, no primeiro modelo foi verificado que a relação
isolada entre ambiente e grupos estratégicos (equivalente ao passo c da figura acima) é
significante quando estes dois construtos são avaliados sem as competências. Nos modelos 2 e
3, verifica-se que a relação entre competências e as outras duas variáveis (passos a e b)
permanece com elevada significância, mesmo quando consideradas isoladamente.
Tabela 7 Coeficientes de regressão padronizados
Ambiente → GE Competências → GE Competências → Ambiente
Modelo 1 -0,418* - -
Modelo 2 - 0,556* -
Modelo 3 - - -0,384*
(*) Sig < 0,001
Mediadora
Variável
preditora
Variável
dependente
a
b
c
90
Estes resultados comparados ao modelo original onde a relação entre ambiente e
grupos estratégicos não é significativa, mostra, conforme Baron e Kenny (1986) o efeito
mediador de competências na relação entre o posicionamento estratégico das empresas e a sua
percepção do ambiente organizacional.
Cabe ressaltar ainda que os construtos ambiente e competências organizacionais
explicaram praticamente 29% da variância em grupos estratégicos
4.4 Interpretação dos Resultados
Neste estudo, o objetivo geral proposto era o de mensurar a intensidade das relações
entre os construtos ambiente organizacional, competências organizacionais e grupos
estratégicos a partir de um modelo que considera a influência simultânea destes dois fatores e
admite a correlação entre ambiente e competências. Para tal foram estabelecidos três objetivos
específicos entendidos aqui como etapas para se atingir o objetivo geral e é com base nestes
objetivos e nas hipóteses que se organiza a discussão a seguir.
Os três objetivos específicos estabelecidos para este estudo propunham a
operacionalização dos construtos competências organizacionais, ambiente organizacional e
grupos estratégicos, identificando as opções estratégicas relevantes para o posicionamento das
empresas no setor farmacêutico brasileiro.
A operacionalização destes construtos foi feita com base em escalas desenvolvidas,
porém ainda o testadas para o setor farmacêutico brasileiro e demonstrou-se válida, tanto
pelo critério de análise quantitativo como qualitativo, os quais apresentaram grande nível de
convergência quanto a relevância das variáveis utilizadas para medi-los.
Em relação ao construto competências organizacionais, aquelas relacionadas à
inovação, ou seja, gestão de programas de P&D, desenvolvimento de parcerias para P&D e
capacitação para introdução de produtos inovadores no mercado se destacaram na percepção
dos executivos do setor como as mais relevantes para geração de vantagem competitiva para
as empresas e foram estas também as identificadas como as mais sustentáveis. Ou seja, estas
competências são consideradas como as que têm maior efeito em custos e vendas, as que mais
capacitam a empresa a afastar ameaças e capitalizar oportunidades competitivas, aquelas cujo
desempenho comparativo aos concorrentes é mais relevante e as mais difíceis de imitar.
Em relação ao construto ambiente organizacional, os executivos do setor farmacêutico
brasileiro percebem o seu ambiente competitivo como hostil e pouco controlável, ou seja, um
91
ambiente onde as situações de mercado que surgem são de difícil controle e em geral mais
desfavoráveis do que favoráveis para as empresas.
E dentre as opções estratégicas relevantes para o posicionamento estratégico das
empresas do setor convergiram pelos dois métodos de validação, o montante de gastos em
P&D e a proporção do faturamento relacionada ao lançamento de novos produtos.
Cabe uma ressalva no caso do construto grupos estratégicos, em relação a
identificação, na análise qualitativa, da variável tipo de produto, como também essencial a
identificação do posicionamento estratégico das empresas, indicando que em estudos futuros,
um aprofundamento na investigação das variáveis deste construto para o setor farmacêutico
brasileiro, e uma revisão do instrumento de coleta das informações pode ser indicada.
Considerando a análise das relações entre os construtos do modelo as hipóteses 1 e 3
levantadas nesta dissertação foram confirmadas. Em relação a hipótese 2, a relação direta
entre ambiente e grupos estratégicos o se mostrou relevantes em um modelo, conforme o
proposto neste estudo, onde são analisadas simultaneamente as relações entre grupos
estratégicos, ambiente e competências.
O modelo ainda permitiu a identificação de que a relação entre ambiente
organizacional e grupos estratégicos é mediada pelas competências, confirmando a hipótese
levantada por Henderson e Mitchell (1997) e Ocasio (1997) de que as características
intrínsecas da firma influenciam na formação da percepção do ambiente competitivo pelos
seus administradores.
A análise dos coeficientes que expressam estas relações indica que:
Quanto melhor posicionada nas competências em P&D, no sentido de que estas estão
gerando vantagem competitiva e são sustentáveis, a empresa tenderá a investir mais
em P&D e ser mais agressiva e bem sucedida no lançamento de novos produtos, já que
a parcela de faturamento com estes produtos será maior.
Quanto melhor posicionada nas competências em P&D, no sentido mencionado
acima, menor será a percepção de hostilidade e não controlabilidade do ambiente e
mais complexo este será considerado. Ou seja, a percepção de um ambiente que
oferece oportunidades mais favoráveis do que desfavoráveis, e uma maior capacidade
de controle das situações a que a empresa está exposta no mercado. O ambiente,
porém, torna-se mais complexo, mais difícil de entender.
E, considerando o papel mediador das competências, na análise ente ambiente e
posicionamento estratégico, a empresa que percebe seu ambiente como oferecendo
situações mais favoráveis que desfavoráveis, tenderá a ser mais agressiva no
92
investimento em P&D e no lançamento de novos produtos, mesmo que em
contrapartida o desafios de colocar novos produtos no mercado o tornem mais
complexo.
Cabe ressaltar ainda que os construtos ambiente e competências organizacionais
explicaram praticamente 29% da variância em grupos estratégicos, índice que, apesar de
significativo demonstra que além das influências percebidas pelas escolas de estratégia
estruturalista e visão baseada em recursos, outras influências relevantes sobre o
posicionamento estratégico das empresas em dimensões estratégicas específicas, formando
grupos estratégicos.
93
5 CONCLUSÃO
A literatura de estratégia tem fornecido debates entre as duas correntes de pensamento
em estratégia, a da escola estruturalista apoiada no paradigma da OI, pressupõe que as
escolhas estratégicas devem ser orientadas a partir da avaliação do ambiente competitivo da
firma e a visão baseada em recursos, pelo qual as diferentes opções estratégicas seguidas por
grupos de empresas em um determinado mercado estão relacionadas à atratividade que uma
determinada estratégia possui considerando a posição individual de cada empresa em recursos
e competências.
Henderson e Mitchell (1997) argumentam que o pouco consenso no debate expresso
na literatura sobre estratégia abordando a questão se as competências organizacionais ou o
ambiente são mais importantes na formatação das estratégias das firmas decorreria tanto do
fato de que ambos são importantes, como da possível interação recíproca entre estes
construtos e estratégia e desempenho, caracterizando-os fundamentalmente como endógenos.
Neste estudo nos propusemos a contribuir para o avanço das discussões sobre o tema,
tanto no nível teórico como metodológico e para o refinamento da operacionalização e
mensuração desses construtos.
5.1 Contribuição para Teoria
A primeira contribuição teórica é relativa à confirmação empírica da hipótese de que
tanto competências quanto ambiente são fatores influentes na formação da estratégia,
corroborando a argumentação de Henderson e Mitchell (1997), Cool e Schendel (1988), Lima
(1998) e Teixeira e Lacerda (2005).
A segunda contribuição teórica foi a identificação do caráter mediador das
competências organizacionais, na relação entre a percepção do ambiente e estratégia. A
relevância deste resultado está em colaborar para a compreensão de como se a relação
recíproca e contínua de influência entre ambiente e competências, corroborando a
argumentação de Ocasio (1997) de que as características intrínsecas da firma influenciam na
formação da percepção do ambiente competitivo pelos seus administradores.
E a terceira contribuição teórica foi a de que a influência conjunta de ambiente e
competências explicaram 29% da variância do construto grupos estratégicos. Apesar de
relevante este percentual revela que pode haver outros fatores que influenciem as empresas na
94
escolha do seu posicionamento estratégico em dimensões estratégicas específicas, formando
grupos estratégicos no setor farmacêutico brasileiro. Cabe ressaltar ainda que também há a
possibilidade de que a medição dos próprios construtos competências e ambiente precise ser
expandida, ou seja, estes construtos podem estar sendo representados de forma incompleta,
devido à falta de indicadores mais expressivos do ambiente e das competências no caso
brasileiro.
5.2 Contribuição Metodológica
Este estudo trouxe como contribuição metodológica a validação dos construtos
ambiente organizacional, grupos estratégicos e competências organizacionais,
operacionalizados a partir de dados que refletem a percepção dos executivos das firmas no
ambiente organizacional do setor farmacêutico brasileiro. Tal aproximação visou incorporar a
abordagem cognitiva ao estudo, a qual foi destacada por Henderson e Mitchell (1997) como a
base para o questionamento do ambiente como uma variável exógena e para a compreensão
da influência recíproca do ambiente e das competências sobre a estratégia.
Cabe destacar que não foram encontrados estudos que tenham validado a escala de
mensuração do construto competências organizacionais, a partir de uma metodologia
quantitativa, sendo esta uma contribuição significativa para a maior compreensão e
aprofundamento das discussões em como medir este construto.
5.3 Contribuição para a Gestão
Além das contribuições teóricas e metodológicas, este estudo também traz algumas
contribuições para a gestão das empresas do setor farmacêutico brasileiro.
A primeira contribuição a ser destacada é a identificação das competências
organizacionais relevantes para o setor farmacêutico brasileiro, de acordo com a revisão da
literatura e a percepção dos seus gestores. Este estudo revelou que na percepção dos
executivos, as competências relativas à inovação são consideradas as mais relevantes para a
geração de vantagem competitiva para as empresas do setor.
Ressalta-se ainda que o estudo indicou que a percepção dos executivos quanto à gestão
das competências organizacionais da sua empresa ainda pode ser parcial. O conceito de
competências estaria muito ligado a alcance de um desempenho superior e menos relacionado
à gestão, desenvolvimento e preservação destes importantes recursos das firmas. Dimensões
95
como sustentabilidade e versatilidade se mostraram ainda pouco significativas para a amostra
estudada.
A segunda contribuição deste estudo foi a evidenciação das principais variáveis
estratégicas que se configuram nas opções estratégicas atualmente relevantes para o setor, na
percepção dos executivos das empresas. Considerando as duas variáveis do modelo as
diferentes opções estratégicas adotadas pelas empresas serão referentes ao montante investido
em P&D e à sua capacidade em lançar com sucesso novos produtos no mercado. A análise
qualitativa revelou também que dentre as opções de produtos, as escolhas devem se
concentrar em produtos de marca e em produtos MIP, estes últimos possivelmente mais
restritos ao atendimento de mercados regionais, ou de nichos, como os fitoterápicos.
A terceira contribuição para a gestão das empresas é a de que a posição das empresas
considerando o seu conjunto de competências é relevante para a sua percepção do ambiente
competitivo. E quanto mais a empresa desenvolver competências consideradas relevantes para
o alcance de uma posição de vantagem competitiva, mais a percepção deste ambiente será
favorável, em termos de oportunidades e expectativas de ganho.
Esta perspectiva traz um alerta para os gestores, quanto à relevância da identificação,
gestão e desenvolvimento das competências organizacionais das suas empresas, e a influência
que estas podem ter na sua percepção do ambiente, ampliando em muito a compreensão da
sua posição competitiva.
5.4 Limitações do estudo
Sem prejuízo às contribuições fornecidas pelo estudo para o avanço das pesquisas no
campo da estratégia, é importante ressaltar que a validação dos construtos estudados foi
limitada pelas restrições impostas pelo tamanho da amostra e pela utilização da metodologia
qualitativa.
O tamanho da amostra deste estudo foi limitado pelo restrito número de empresas
atuantes no setor no Brasil e, ainda, pela necessidade de estabelecer como critério de
participação na pesquisa que os respondentes ocupassem cargos de média gerência ou níveis
hierárquicos mais elevados, os quais se caracterizam pela exigüidade de tempo e nem sempre
estão disponíveis para responderem às pesquisas acadêmicas.
Assim, apesar de representativa, considerando a população total de empresas estimada
para o setor (28,5%), a amostra de 55 casos para o modelo do estudo, com dois preditores, é
96
capaz de detectar como significante apenas variâncias nos construtos (R
2
) superiores a
15,66%, mantendo-se o poder estatístico em 0,80.
Outra limitação deste estudo é relativa à utilização da metodologia qualitativa como
parte do processo de validação dos construtos estudados. O risco envolvido na análise dos
dados, a qual exige habilidades e conhecimentos do próprio pesquisador, pode enviesar os
dados (BATAGLIA, 2002).
5.5 Sugestões para estudos futuros
Como sugestão para estudos futuros, recomenda-se a reprodução deste estudo com
uma nova amostra de forma a validar o modelo proposto, o qual foi desenvolvido a partir de
uma abordagem exploratória.
Neste estudo, devido à restrita disponibilidade de informações sobre as empresas do
setor farmacêutico, constituído em grande parte por empresas de capital fechado, não foi
possível incluir no modelo estudado a variável desempenho. Desta forma, em um passo
adiante na direção da compreensão dos fatores que influenciam a formação das estratégias das
empresas, recomenda-se, em estudos futuros, a inclusão da variável desempenho no modelo,
complementando o conjunto de variáveis, que conforme Henderson e Mitchell (1997), em
múltiplos níveis de análise, se influenciam mutuamente.
Um último resultado que merece a continuidade da investigação científica é a
avaliação das outras variáveis que influenciam o posicionamento das empresas em dimensões
estratégicas específicas, e até a extensão das medidas dos estudados, ambiente e
competências, considerando o desenvolvimento de novos indicadores. Os resultados deste
estudo indicam que uma parcela representativa da variância do construto grupos estratégicos é
explicada por fatores queo foram considerados neste modelo. Ainda neste sentido a
abordagem cognitiva sugerida por Reger e Huff (1993), Peteraf e Shanley, (1997) e
Fiegenbaum e Thomas (1995) poderia ser investigada como uma alternativa para uma
explicação complementar dos fatores que levam as empresas a se posicionarem em grupos
estratégicos.
97
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104
APÊNDICE A - Matriz de Amarração
Problema de pesquisa:
Qual a influência das competências organizacionais e do ambiente na formação dos grupos estratégicos no setor farmacêutico brasileiro, segmento de saúde humana?
Objetivo geral:
Contribuir para o entendimento da relação entre o ambiente competitivo e as competências organizacionais das firmas com o posicionamento estratégico adotado por elas,
mensurando a intensidade destas relações a partir de um modelo que considera a influência simultânea destes dois fatores e admite a correlação entre ambiente e
competências.
Objetivos Específicos:
1. Caracterizar a posição em competências organizacionais das empresas que atuam no setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana.
2. Caracterizar as dimensões ambientais atuais, do setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana.
3. Identificar as opções estratégicas relevantes para o posicionamento das empresas no setor farmacêutico brasileiro, segmento saúde humana
Construtos
Variáveis
Indicadores
Questionário
1. Competências orga-
nizacionais - Javidan
(1998), Mills, Platts,
Bourne e Richards
(2002)
1.1. Vantagem
Competitiva
1.1.1. Tem efeito sobre custos e vendas
da organização
1.1.2. a organização habilidade de
afastar ameaças ou aproveitar
oportunidades competitivas
1.1.1.1. Qual o efeito de cada competência sobre os custos e as vendas da
organização?
1.1.2.1. Qual o efeito de cada competência sobre a habilidade organizacional de
afastar ameaças competitivas?
1.1.2.2. Qual o efeito de cada competência sobre a habilidade organizacional de
capitalizar oportunidades competitivas?
1.2. Sustentabilidade
1.2.1. É rara. Nenhum ou poucos
concorrentes a possuem
1.2.2. Os concorrentes conseguem
reconhecê-la, e até imitá-la
1.2.3. É sustentável no médio/longo
prazo
1.2.4. Não pode ser substituída por outra
competência
1.1.1.1. Qual o nível de desempenho destas competências na organização
quando comparadas aos concorrentes?
1.2.2.1. Quão facilmente os concorrentes podem reconhecer as competências?
1.2.2.2. Quanto tempo demoraria para um concorrente imitar estas
competências
1.2.3.1. Sem investimentos de tempo e dinheiro, em quanto tempo o valor das
competências deprecia?
1.2.4.1. A vantagem inerente a cada competência pode ser substituída por outro
recurso ou competência?
1.3. Versatilidade
1.3.1 Pode ser aplicada ou transferida
dentro da empresa para outras
área/produtos/serviços ou atividades
1.3.1.1 Pode ser aplicada ou transferida dentro da empresa para outras
área/produtos/serviços ou atividades
1.3.1.2 Pode ser aplicada ou transferida para outros tipos de negócio fora da
empresa?
105
Construtos
Variáveis
Indicadores
Questionário
2. Grupos estratégicos -
Cool e Schendel (1987)
2.1. Escopo de
negócios na indústria
farmacêutica no Brasil
saúde humana
2.1.1. A abrangência de segmentos que
são focados
2.1.2. O tipo de produto em que compete
2.1.3. A região geográfica em que atua
2.1.1.1 Qual a participação nas vendas das três principais categorias
terapêuticas produzidas na empresa?
2.1.1.2 Qual a participação nas vendas dos produtos direcionados a venda em
farmácias?
2.1.2.1. Qual a participação nas vendas dos produtos OTC?
2.1.2.2. Qual a participação nas vendas dos medicamentos de marca ou
referência?
2.1.2.3. Qual a participação nas vendas de medicamentos genéricos?
2.1.2.4. Qual a participação nas vendas de medicamentos similares?
2.1.2.5. Qual a participação nas vendas de medicamentos de uso crônico?
2.1.3.1. Qual a participação nas vendas ao mercado externo?
2.2. Comprometimento
de recursos em P&D e
Marketing, áreas
funcionais chave para o
alcance da vantagem
competitiva na
indústria farmacêutica
no Brasil saúde
humana
2.2.1. Intensidade de investimentos de
recursos em atividades de pesquisa e
desenvolvimento de produtos
2.2.2. Intensidade em que introduz
produtos inovadores
2.2.3. Gastos realizados em promoção e
propaganda
2.2.4. Intensidade de investimentos na
distribuição direta dos produtos
2.2.5. Tamanho - Intensidade de
investimento no negócio
2.2.1.1. Qual a proporção dos gastos em P&D em relação às vendas?
2.2.1.2. Qual a quantidade de patentes solicitadas nos últimos 10 anos?
2.2.2.1. Qual a proporção entre o número de lançamentos de medicamentos
com novos princípios ativos em relação ao total de novos produtos lançados?
2.2.3.1. Qual a proporção dos gastos com promoção de medicamentos junto
a profissionais de medicina, em relação às vendas?
2.2.3.2. Qual a proporção dos gastos com propaganda de medicamentos
destinada ao consumidor, em relação às vendas?
2.2.4.1. Qual a proporção das vendas distribuídas diretamente para drogarias
ou redes de drogarias?
2.2.5.1. Qual o número de empregados da empresa?
106
Construtos
Variáveis
Indicadores
Questionário
3. Ambiente Organiza-
cional Sutcliffe e Huber
(1998)
3.1. Instabilidade
3.1.1. Estabilidade de demanda
3.1.2. Estabilidade na produção
3.1.3. Estabilidade do comportamento
de fornecedores
3.1.4. Estabilidade das vendas
3.1.5. Estabilidade tecnológica
Quão fortemente você concorda ou discorda com as seguintes
afirmações:
- A demanda de clientes é relativamente estável no meu setor
- Minha empresa deve freqüentemente mudar seus processos produtivos
para ser competitiva
- O comportamento dos meus fornecedores (incluindo materiais,
equipamentos e força de trabalho) muda pouco de ano para ano
- O volume de vendas no setor flutua muito pouco de ano para ano
- Minha empresa muda freqüentemente de tecnologia para manter-se
competitiva
3.2. Munificência
3.2.1. Crescimento da demanda
3.2.2 Oportunidades favoráveis de
Investimento
3.2.3. Oportunidades favoráveis para
expansão de escopo
3.2.4. Crescimento das vendas
3.2.5. Declínio o valor dos ativos
3.2.6. Crescimento dos investimentos
em ativos
- A demanda por seus produtos e/ou serviços estava crescendo em 2008
- Em 2008 as oportunidades de investimentos estavam favorecidas no setor
de atuação da minha empresa
- As oportunidades de expansão do conjunto de produtos e/ou serviços da
minha empresa estava extremamente limitada em 2008
- O valor total dos ativos das empresas do setor estavam declinando em
2008 e devem continuar declinando nos próximos anos.
- As vendas estavam crescentes no meu setor em 2008
- Os investimentos em máquinas e novas plantas estavam crescendo em
2008
3.3. Complexidade
3.3.1. Ambiente complexo
3.3.2. Ambiente organizacional difícil
de entender
3.3.3. Interação com diferentes
organizações na produção e
distribuição
3.3.4. Produção de diferentes produtos
- Minha empresa enfrenta um ambiente de mercado complexo
- O ambiente competitivo da minha empresa é difícil de entender
- Minha empresa interage com grande mero de diferentes organizações,
tanto na produção como na distribuição dos produtos
- Minha empresa produz grande variedade de produtos
3.4. Hostilidade
3.4.1. Situação de mercado positiva
3.4.2. Situações de mercado são
oportunidades favoráveis
3.43. Há mais perdas do que ganho nas
relações com o mercado.
- A maioria das situações de mercado são positivas para a minha empresa
- As situações de mercado que a firma encontra representam oportunidades
favoráveis.
- A expectativa é de que as condições de mercado tragam ganho para a
empresa
107
3.5. Controlabilidade
3.5.1. Disponibilidade de recursos para
resolução de problemas gerados pelo
ambiente
3.5.2. Controle das situações de
mercado
3.5.3. A firma gerencia suas relações
com o mercado
3.5.4. As soluções da firma são
limitadas pelos demais atores do
mercado
- A empresa tem disponibilidade/acesso a recursos para resolver a maior
parte das situações (ameaças ou oportunidades) que o mercado lhe impõe
- A maior parte das situações de mercado podem ser controladas pela
empresa
- A empresa administra a maioria das situações ao invés de ser
administrada por elas
- As soluções da firma são limitadas pelos demais atores do mercado
(fornecedores, clientes, concorrentes)
108
APÊNDICE B Carta enviada às empresas do setor farmacêutico saúde humana,
convidando seus administradores a participar da entrevista
Prezado (a) Senhor (a),
Temos a honra de convidá-lo a participar de uma pesquisa científica realizada com vistas à conclusão
de minha dissertação de mestrado em Administração de Empresas, pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
O objetivo desta pesquisa científica é compreender a relação entre as características do ambiente
competitivo e as habilidades organizacionais das empresas, buscando tanto avançar a teoria de
administração no que se refere ao entendimento desta relação, quanto gerar maior conhecimento sobre
o seu papel na gestão estratégica das empresas.
Busca-se identificar a relação entre os grupos de empresas com características similares e o perfil do
ambiente competitivo em que estão inseridas no setor farmacêutico brasileiro, segmento de saúde
humana. O estudo abrange as empresas que atuam na produção de medicamentos, soluções parentais,
kits para diagnósticos e empresas de biotecnologia.
Para tanto, selecionamos aleatoriamente um conjunto de empresas no Brasil para participar da
pesquisa, e a sua empresa foi uma das escolhidas. Como esse é um procedimento estatístico, sua
participação é muito importante para nós.
A pesquisa poderá ser respondida pelo principal Executivo da empresa, por algum executivo que se
reporte a ele ou por quem este designar. O questionário está disponível em
http://www.ambientecompetitivo.com.br (login: ambiente, senha: competitivo). Alternativamente, a
pesquisa pode ser respondida via fone em horário previamente agendado. Nesse caso, favor contatar a
pesquisadora Iara Ferreira no fone mencionado abaixo.
Em retribuição à sua participação, sua empresa poderá optar por receber gratuitamente o relatório com
os resultados consolidados desta pesquisa, bastando para isso indicar seu interesse no próprio
questionário.
É importante destacar que todas as informações prestadas serão utilizadas de maneira totalmente
sigilosa, segundo a ética envolvida em pesquisas científicas. Os dados serão analisados de forma
agregada e serão utilizados única e exclusivamente para fins científicos. Em nenhum relatório ou
109
documento serão divulgados quaisquer dados individuais das organizações participantes ou a
identificação dos respondentes.
Vale destacar que este trabalho faz parte de um programa de pesquisa mais amplo do Núcleo de
Estudos em Competitividade (NEC) da Universidade Presbiteriana Mackenzie
(http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=05146026J5A1U2), vinculado à rede
nacional de pesquisa do CNPq, para apoiar o desenvolvimento do setor farmacêutico brasileiro via
criação de conhecimento e de metodologias de gestão especializadas, considerando a sua importância
estratégica e os esforços que vêm sendo realizados para sua promoção pela nação brasileira via a
política industrial e de ciência e tecnologia.
Qualquer dúvida, por favor, entre em contato. Abaixo se encontram os fones e e-mails disponíveis,
além do curriculum vitae dos pesquisadores pertencentes à rede nacional de pesquisa do CNPq
responsáveis por esta pesquisa.
Contamos com a sua colaboração!
Atenciosamente,
Iara Ferreira
Mestranda em Administração de Empresas
Núcleo de Estudos em Competitividade (NEC)
Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA)
Universidade Presbiteriana Mackenzie
(http://lattes.cnpq.br/5433623470856572 )
11-9183-7265
Prof. Dr. Walter Bataglia
Professor Pesquisador Orientador
Núcleo de Estudos em Competitividade (NEC)
Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA)
Universidade Presbiteriana Mackenzie
(http://lattes.cnpq.br/1501003319291177)
11-2114-8248
Apoio:
110
APÊNDICE C - Questionário Utilizado na Pesquisa de Campo
Caro respondente,
Este questionário possui três blocos de questões, que visam coletar informações sobre o
escopo de negócios e as competências organizacionais da empresa e a sua percepção quanto
ao ambiente competitivo em que está inserida.
Todas as informações prestadas neste questionário serão utilizadas de maneira totalmente
sigilosa, segundo a ética envolvida em pesquisas científicas. Os dados serão analisados de
forma agregada e serão utilizados única e exclusivamente para fins científicos. Em nenhum
relatório ou documento serão divulgados quaisquer dados individuais ou parciais das
organizações participantes ou a identificação dos respondentes.
EMPRESA:____________________________________________
Caracterização do Respondente
1. Cargo: ___________________________________________________________________
2. Cargo do Superior imediato:__________________________________________________
3. Tempo na organização:______________________________________________________
4. Tempo no setor:____________________________________________________________
111
Bloco I. Caracterização do Escopo de Negócios da Empresa
Escolha uma resposta dentre as alternativas 1 a 7.
1. Quanto representa (%) a parcela somada de faturamento das três principais classes
terapêuticas produzidas na empresa, nas vendas totais em 2008?
Para responder esta questão, considere as classes terapêuticas definidas pela ATC
(Anatomical Therapeutic Chemical Code)
2. Quanto representa (%) o faturamento com produtos direcionados a Hospitais e
Unidades Prestadoras de Serviços de Saúde, nas vendas totais da empresa em 2008?
3. Quanto representa (%) o faturamento com produtos MIP Medicamentos Isentos de
Prescrição, nas vendas totais da empresa em 2008?
4. Quanto representa (%) o faturamento com medicamentos de marca ou referência, nas
vendas totais da empresa em 2008?
5. Quanto representa (%) o faturamento com medicamentos Genéricos, nas vendas
totais da empresa em 2008?
6. Quanto representa (%) o faturamento com medicamentos de uso crônico (de uso
contínuo), nas vendas totais da empresa em 2008?
Aparelho Digestivo e Metabolismo Preparados Hormonias (exceto Horm. Sexuais) Sistema Nervoso Central
Sangue e Órgãos Formadores de Sangue Antiinfecciosos em geral Parasitologia
Sistema Cardiovascular Soluções Hospitalares Aparelho Respiratório
Dermatológicos Antineoplásicos e Imunomoduladores Órgãos dos Sentidos
Sistema Genitourinário e Hormônios Sexuais Sistema Músculo-Esquelético Agentes Diagnósticos
Classes Terapêuticas
Diversos (Alergênicos, Nutrientes e Outros Agentes Terapêuticos )
1 2 3 4 5 6 7
maior que 70%
de 70% a 50% de 49% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% menor que 10%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 70%
de 70% a 50% de 49% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% menor que 10%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 70%
de 70% a 50% de 49% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% menor que 10%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 70%
de 70% a 50% de 49% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% menor que 10%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 70%
de 70% a 50% de 49% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% menor que 10%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 70%
de 70% a 50% de 49% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% menor que 10%
112
7. Qual a participação nas vendas totais da empresa em 2008, das exportações?
8. Qual a proporção dos gastos totais anuais em P&D, em relação às vendas totais da
empresa em 2008?
9. Qual a proporção do faturamento com produtos novos lançados e nos últimos 24
meses (2007 e 2008) em relação ao faturamento total da empresa em 2008?
10. Qual a proporção dos gastos destinados a promoção de medicamentos junto a
profissionais de medicina em relação às vendas totais da empresa em 2008 (incluindo
despesas com equipe de propagandistas e patrocínio de eventos e outras iniciativas
direcionadas para este público)?
11. Qual a proporção dos gastos destinados a publicidade/propaganda de medicamentos
ou do nome da empresa ao consumidor final em relação às vendas totais da empresa em
2008 (incluindo publicidade em TV, revistas e outras mídias e patrocínio a eventos
abertos ao público em geral)?
12. Qual a proporção dos gastos totais em distribuão direta de medicamentos (sem o
uso de distribuidoras atacadistas) em relação às vendas totais da empresa em 2008?
13. Qual o número atual de empregados da empresa?
1 2 3 4 5 6 7
maior que 70%
de 70% a 50% de 49% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% menor que 10%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 10%
de 8,0% a 10,0% de 7,9% a 6,0% de 5,9% a 4,0% de 3,9% a 2,0% de 1,9% a 1% menor que 1%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 50%
de 50% a 40% de 39% a 30% de 29% a 20% de 19% a 10% de 9% a 5% menor que 5%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 40%
de 40% a 30% de 29% a 20% de 19% a 15% de 14% a 10% de 9% a 5% menor que 5%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 40%
de 40% a 30% de 29% a 20% de 19% a 15% de 14% a 10% de 9% a 5% menor que 5%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 40%
de 40% a 30% de 29% a 20% de 19% a 15% de 14% a 10% de 9% a 5% menor que 5%
1 2 3 4 5 6 7
maior que 500
de 400 a 499 de 300 a 399 de 200 a 299 de 100 a 199 de 50 a 99 menor que 50
113
14. Qual a quantidade de patentes solicitadas nos últimos 10 anos?
Obs.: as repostas para esta questão foram obtidas através de fonte secundária de dados, o site
do INPI, e classificadas dentre as sete alternativas acima disponibilizadas
1 2 3 4 5 6 7
mais que 100 51 a 100 21 a 50 11 a 20 6 a 10 1 a 5 0
114
Bloco II Competências Organizacionais
Para respostas às questões deste bloco, solicito considerar o conjunto de 12 competências
organizacionais listadas no quadro apresentado após cada questão.
Escolha sua resposta em uma escala de 1 a 7 para cada competência, segundo o grau de
concordância com a legenda.
1. Qual o efeito de cada competência organizacional sobre os custos e as vendas da
organização?
Possui Moderadamente
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
(processamento de volumes em escala que permita o alcance de custos
competitivos de produção)
2
Promoção de medicamentos sem prescrição
(processo de divulgação dos produtos junto ao consumidor final utilizando de
programa de publicidade/propaganda direcionado a este público, em TV, revistas
ou via patrocínio de eventos ou personalidades)
3
Promoção de medicamentos com prescrição
(processo de divulgação dos produtos junto profissionais de medicina,com o
estabelecimento de equipe de propagandistas e ações de patrocínio direcionadas
a este público )
4
Distribuição Direta de Medicamentos
(estabelecimento de equipe e processo de comercialização e logística para venda
direta de medicamentos, sem a intermediação de distribuidores atacadistas)
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
(estabelecimento de parcerias com distribuidores atacadistas, visando alcance de
escala competitiva na comercialização e logística de distribuição e ações de
promoção conjunta dos produtos )
6
Gestão de Marca
(integração de processos de marketing e desenvolvimento de produtos, com foco
no estabelecimento da identidade da(s) marca(s) dos produtos da empresa junto
ao cliente- varejo)
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
(manutenção de departamento de P&D, com equipe própria de profissionais
qualificados, com metas estabelecidas para desenvolvimento de novos produtos)
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
(estabelecimento de parceiras em cooperação para desenvolvimento tecnológico
com instituições que são fontes externas de tecnologia)
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
(capacidade de realização de estudos clínicos e elaboração de dossiês técnicos
regulatórios, necessários à colocação de novos medicamentos no mercado)
10
Gestão de Propriedade Intelectual
(capacidade de avaliação e implementação de mecanismos de proteção da
propriedade intelectual de ativos/produtos inovadores desenvolvidos ou em
desenvolvimento pela empresa, inclusive com manutenção de pessoal
especializado)
11
Farmacovigilância
(estabelecimento de um conjunto de métodos e técnicas que tem por objetivo a
identificação e a avaliação dos efeitos colaterais do uso dos medicamentos
lançados pela empresa, observados após a sua introdução no mercado)
12
Obtenção de fundos para investimentos
(estabelecimento de relacionamento com entidades de fomento e órgãos de
financiamento que viabilize o acesso da organização aos recursos necessários os
financiamento dos seus investimentos em expansão e inovação, em condições de
repagamento compatíveis)
Competência
Consolidada
Não Possui
115
Escolha sua resposta em uma escala de 1 a 7 para cada competência, segundo o grau de
concordância com a legenda.
2. Qual o efeito de cada competência sobre a habilidade organizacional de afastar
ameaças competitivas?
3. Qual o efeito de cada competência sobre a habilidade organizacional de capitalizar
oportunidades competitivas?
Altamente Negativo Sem Efeito
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
Altamente Positivo
Altamente Negativo Sem Efeito
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
Altamente Positivo
116
Escolha sua resposta em uma escala de 1 a 7 para cada competência, segundo o grau de
concordância com a legenda.
4 Qual o nível de desempenho destas competências na organização quando comparadas
aos concorrentes?
5 Os concorrentes podem identificar que a sua empresa possui as competências abaixo?
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
Liderança
Inquestionável
Muito Abaixo da
Média do Setor
Na Média do Setor
Facilmente Muito Dicil
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
Só se estiverem
investigando
117
Escolha sua resposta em uma escala de 1 a 7 para cada competência, segundo o grau de
concordância com a legenda.
6 Quanto tempo para um concorrente imitar estas competências?
7 Sem investimentos de tempo e dinheiro, em quanto tempo o valor das competências
deprecia?
Menos de 1 mês Mais de 6 anos
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
6-24 meses
15 - 30% ao ano
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
Mais de 50% ao ano
Menos de 5% ao ano
118
Escolha sua resposta em uma escala de 1 a 7 para cada competência, segundo o grau de
concordância com a legenda.
8 A vantagem inerente a cada competência pode ser substituída por outro recurso ou
competência?
9 Em que grau as competências podem ser aplicadas e/ou transferidas dentro da
empresa a outras áreas/produtos/serviços/setores?
Em grande parte Parcialmente De forma alguma
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
Em grande parte Parcialmente De forma alguma
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
119
Escolha sua resposta em uma escala de 1 a 7 para cada competência, segundo o grau de
concordância com a legenda.
10. Em que grau as competências podem ser aplicadas e ou transferidas para outros
tipos de negócios fora da empresa (novas atividades desenvolvidas pelo grupo a partir de
outras empresas)?
Em grande parte Parcialmente De forma alguma
Competência 1 2 3 4 5 6 7
1
Produção em escala competitiva
2
Promoção de medicamentos s/ prescrição
3
Promoção de medicamentos c/ prescrição
4
Distribuição Direta de Medicamentos
5
Gestão de Parceria com Distribuidores
6
Gestão de Marca
7
Gestão de programa de investimentos em P&D
8
Desenvolvimento de parceiras para P&D
9
Capacitação para introdução de produtos inovadores
10
Gestão de Propriedade Intelectual
11
Farmacovigilância
12
Obtenção de fundos para investimentos
120
Bloco III Caracterização do Ambiente Organizacional
Considerando as condições de mercado de 2008, responda quão fortemente você
concorda ou discorda das seguintes afirmações.
Escolha sua resposta em uma escala de 1 a 7
Afirmação 1 2 3 4 5 6 7
1
A demanda de clientes é relativamente estável no meu setor de atividade
2
Minha empresa deve frequentemente mudar seus processos produtivos
para ser competitiva
3
O comportamento dos meus fornecedores (incluindo materiais,
equipamentos e força de trabalho) muda pouco de ano para ano
4
O volume de vendas no setor flutua muito pouco de ano para ano
5
Minha empresa muda frequentemente de tecnologia para manter-se
competitiva
6
A demanda por seus produtos e/ou serviços estava crescendo em 2008
7
Em 2008 as oportunidades de investimentos estavam favorecidas no
setor de atuação da minha empresa
8
As oportunidades de expansão do conjunto de produtos e/ou serviços da
minha empresa estava extremamente limitada em 2008
9
O valor total dos ativos das empresas do setor estavam declinando em
2008 e devem continuar declinando nos próximos anos
10
As vendas estavam crescentes no meu setor em 2008
11
Os investimentos em máquinas e novas plantas estavam crescendo em
2008
12
Minha empresa enfrenta um ambiente de mercado complexo
13
O ambiente competitivo da minha empresa é difícil de entender
14
Minha empresa interage com grande número de diferentes organizações,
tanto na produção como na distribuição dos produtos
15
Minha empresa produz grande variedade de produtos
16
A maioria das situações são positivas para a minha empresa
17
As situações que a firma encontra representam oportunidades favoráveis
para minha empresa
18
A expectativa é de que as condições de mercado tragam ganho para a
empresa
19
A empresa tem disponibilidade/acesso a recursos para resolver a maior
parte das situações (ameaças ou oportunidades) que o mercado lhe
impõe
20
A maior parte das situações de mercado podem ser controladas pela
empresa
21
A empresa administra a maioria das situações ao invés de ser
administrada por elas
22
As soluções da firma são limitadas pelos demais atores do mercado
(fornecedores, clientes, concorrentes)
Discordo
totalmente
Não concordo,
Nem discordo
Concordo
Totalmente
121
APÊNDICE D Indicadores da Normalidade das Distribuições das Variáveis
Observadas
Variáveis do Construto Grupos Estratégicos
Teste de Kolmogorov-Smirnova - Lilliefors Significance Correction
Mean Std. Deviation Variance Kurtosis
Std. Error of
Kurtosis
Skewness
Std. Error of
Skewness
CATTERAP
2,22 1,69 2,84 1,48 0,634 1,50 0,322
HOSPFARMA
5,18 2,15 4,63 -0,56 0,634 -0,92 0,322
PRODOTC
4,29 2,53 6,40 -1,71 0,634 -0,22 0,322
PRODMARCA
2,89 2,56 6,54 -1,05 0,634 0,91 0,322
PRODGERNER
6,38 1,47 2,17 5,85 0,634 -2,54 0,322
PRODCORN
5,45 1,90 3,62 0,00 0,634 -1,11 0,322
MERCEXTER
6,64 1,06 1,13 16,58 0,634 -3,85 0,322
GASP&d
4,82 1,93 3,71 -0,33 0,634 -0,80 0,322
PARTLANÇ
6,11 1,12 1,25 0,03 0,634 -1,05 0,322
PROMOMEDICOS
5,45 1,39 1,92 -0,62 0,634 -0,53 0,322
PUBLICONSUM
5,95 1,24 1,53 1,60 0,634 -1,41 0,322
DISTRIDIRETA
5,89 1,38 1,91 2,11 0,634 -1,41 0,322
#EMPREG
3,73 2,29 5,24 -1,55 0,634 0,00 0,322
QPATENTES
5,56 1,88 3,55 0,43 0,634 -1,30 0,322
Statistic df Sig. Statistic df Sig.
CATTERAP
0,274 55 3,2E-11 0,742 55 1,8E-08
HOSPFARMA
0,237 55 2,9E-08 0,789 55 1,9E-07
PRODOTC
0,223 55 2,9E-07 0,802 55 3,8E-07
PRODMARCA
0,327 55 2,7E-16 0,673 55 8,4E-10
PRODGERNER
0,463 55 8,1E-34 0,487 55 1,4E-12
PRODCORN
0,249 55 3,6E-09 0,788 55 1,8E-07
MERCEXTER
0,471 55 5,1E-35 0,399 55 1,2E-13
GASP&d
0,210 55 2,1E-06 0,869 55 2,4E-05
PARTLANÇ
0,297 55 3,0E-13 0,775 55 8,9E-08
PROMOMEDICOS
0,177 55 1,8E-04 0,887 55 8,8E-05
PUBLICONSUM
0,281 55 7,7E-12 0,786 55 1,6E-07
DISTRIDIRETA
0,261 55 3,8E-10 0,783 55 1,4E-07
#EMPREG
0,211 55 2,0E-06 0,852 55 7,7E-06
QPATENTES
0,301 55 1,2E-13 0,750 55 2,5E-08
Shapiro-Wilk
Kolmogorov-Smirnova
122
Variáveis do Construto Ambiente
Teste de Kolmogorov-Smirnova - Lilliefors Significance Correction
Mean Std. Deviation Variance Kurtosis
Std. Error of
Kurtosis
Skewness
Std. Error of
Skewness
DEMEST
4,60 1,81 3,28 -1,09 0,634 -0,48 0,322
MUDANÇAPROD
3,27 1,53 2,35 -0,60 0,634 0,58 0,322
MUDANÇAFORN
4,51 1,50 2,26 -0,98 0,634 -0,29 0,322
FLUTVENDAS
4,22 1,78 3,17 -1,35 0,634 0,25 0,322
MUDANÇATECN
3,47 1,53 2,33 -0,67 0,634 0,70 0,322
CRESDEM
5,85 1,03 1,05 3,35 0,634 -1,51 0,322
INVOPORTUN
5,04 1,82 3,30 0,19 0,634 -1,14 0,322
EXPESCOPO
3,04 1,54 2,37 0,21 0,634 0,89 0,322
VALORATIV
1,98 0,97 0,94 2,01 0,634 1,29 0,322
CRESVEND
5,82 1,16 1,34 4,60 0,634 -1,65 0,322
INVPLAN
5,20 1,18 1,39 -0,35 0,634 -0,33 0,322
AMBCOMPLEX
5,73 1,51 2,28 0,38 0,634 -1,16 0,322
DIFICENTEND
4,47 1,83 3,37 -1,24 0,634 -0,29 0,322
DIFERORG
4,91 1,74 3,01 0,01 0,634 -1,05 0,322
DIFERPROD
4,35 1,86 3,45 -1,28 0,634 -0,21 0,322
SITPOSIT
3,96 1,41 2,00 -0,06 0,634 0,11 0,322
OPORTFAV
4,55 1,20 1,44 -0,10 0,634 -0,04 0,322
SITGANHO
4,85 1,27 1,61 0,02 0,634 -0,62 0,322
ACESSREC
4,51 1,39 1,92 -0,40 0,634 -0,39 0,322
SITCONTROL
3,73 1,50 2,24 -0,93 0,634 0,21 0,322
SITADM
4,65 1,27 1,60 -0,62 0,634 0,07 0,322
LIMTPARC
4,02 1,16 1,35 1,03 0,634 0,33 0,322
Statistic df Sig. Statistic df Sig.
DEMEST
0,235 55 4,4E-08 0,882 55 6,0E-05
MUDANÇAPROD
0,197 55 1,4E-05 0,908 55 4,9E-04
MUDANÇAFORN
0,167 55 5,8E-04 0,910 55 5,9E-04
FLUTVENDAS
0,189 55 3,8E-05 0,884 55 7,5E-05
MUDANÇATECN
0,240 55 1,8E-08 0,865 55 1,9E-05
CRESDEM
0,320 55 1,5E-15 0,796 55 2,7E-07
INVOPORTUN
0,302 55 8,5E-14 0,806 55 4,7E-07
EXPESCOPO
0,222 55 3,3E-07 0,889 55 1,1E-04
VALORATIV
0,293 55 7,1E-13 0,799 55 3,2E-07
CRESVEND
0,253 55 1,7E-09 0,811 55 6,1E-07
INVPLAN
0,206 55 3,8E-06 0,913 55 7,3E-04
AMBCOMPLEX
0,244 55 8,3E-09 0,798 55 3,1E-07
DIFICENTEND
0,179 55 1,4E-04 0,904 55 3,4E-04
DIFERORG
0,281 55 8,5E-12 0,824 55 1,3E-06
DIFERPROD
0,183 55 8,4E-05 0,901 55 2,7E-04
SITPOSIT
0,183 55 8,6E-05 0,944 55 1,3E-02
OPORTFAV
0,166 55 6,2E-04 0,934 55 4,9E-03
SITGANHO
0,200 55 8,8E-06 0,906 55 4,0E-04
ACESSREC
0,150 55 3,5E-03 0,933 55 4,5E-03
SITCONTROL
0,196 55 1,7E-05 0,931 55 3,7E-03
SITADM
0,207 55 3,5E-06 0,929 55 3,0E-03
LIMTPARC
0,270 55 7,4E-11 0,900 55 2,6E-04
Testes de Normalidade - Indicadores de Ambiente Organizacional
Kolmogorov-Smirnova
Shapiro-Wilk
123
Variáveis do Construto Competências Organizacionais Vantagem Competitiva
Mean Std. Deviation Variance Kurtosis
Std. Error of
Kurtosis
Skewness
Std. Error of
Skewness
CVPROD
5,75 1,48 2,19 0,54 0,634 -1,21 0,322
CVPUBLI
4,89 1,47 2,17 -0,45 0,634 -0,06 0,322
CVPROMO
4,98 1,75 3,06 -0,13 0,634 -0,79 0,322
CVDISTRIB
4,58 1,64 2,69 -0,22 0,634 -0,49 0,322
CVGESTDIST
5,47 1,17 1,37 -0,72 0,634 -0,44 0,322
CVGESTMARCA
5,64 1,22 1,50 0,34 0,634 -0,90 0,322
CVGESTP&d
5,11 1,54 2,36 -0,72 0,634 -0,44 0,322
CVGESTPARC
5,16 1,46 2,14 -0,56 0,634 -0,44 0,322
CVPRODINOV
5,16 1,44 2,07 -0,47 0,634 -0,53 0,322
CVPINTELEC
4,95 1,52 2,31 -0,44 0,634 -0,43 0,322
CVFARMACO
5,09 1,49 2,23 0,38 0,634 -0,71 0,322
CVFUNDOSINV
4,82 1,53 2,34 -0,56 0,634 -0,36 0,322
AMPROD
5,73 1,41 1,98 1,82 0,634 -1,40 0,322
AMPUBLI
4,56 1,81 3,29 -0,75 0,634 -0,22 0,322
AMPROMO
5,13 1,76 3,11 -0,01 0,634 -0,81 0,322
AMDISTRIB
4,80 1,52 2,31 0,34 0,634 -0,70 0,322
AMGESTDIST
5,49 1,32 1,74 -0,32 0,634 -0,69 0,322
AMGESTMARCA
5,75 1,00 1,01 -0,76 0,634 -0,49 0,322
AMGESTP&d
5,27 1,27 1,61 -0,60 0,634 -0,37 0,322
AMGESTPARC
5,31 1,17 1,37 -0,03 0,634 -0,42 0,322
AMPRODINOV
5,35 1,42 2,01 0,36 0,634 -0,73 0,322
AMPINTELEC
5,36 1,21 1,46 -0,16 0,634 -0,36 0,322
AMFARMACO
4,98 1,53 2,35 0,06 0,634 -0,48 0,322
AMFUNDOSINV
5,02 1,56 2,43 -0,37 0,634 -0,49 0,322
OPPROD
5,71 1,54 2,36 1,06 0,634 -1,30 0,322
OPPUBLI
5,02 1,63 2,65 -0,89 0,634 -0,35 0,322
OPPROMO
5,29 1,64 2,69 0,64 0,634 -0,98 0,322
OPDISTRIB
4,93 1,43 2,03 0,02 0,634 -0,51 0,322
OPGESTDIST
5,60 1,15 1,32 -0,72 0,634 -0,45 0,322
OPGESTMARCA
5,80 1,18 1,39 -0,15 0,634 -0,80 0,322
OPGESTP&d
5,38 1,33 1,76 -0,18 0,634 -0,70 0,322
OPGESTPARC
5,40 1,26 1,58 0,40 0,634 -0,87 0,322
OPPRODINOV
5,45 1,40 1,96 0,16 0,634 -0,92 0,322
OPPINTELEC
5,18 1,20 1,45 -0,08 0,634 -0,50 0,322
OPFARMACO
4,98 1,47 2,17 0,48 0,634 -0,62 0,322
OPFUNDOSINV
5,36 1,32 1,75 0,36 0,634 -0,86 0,322
124
Teste de Kolmogorov-Smirnova - Lilliefors Significance Correction
Statistic df Sig. Statistic df Sig.
CVPROD
0,277 55 1,7E-11 0,794 55 2,4E-07
CVPUBLI
0,200 55 9,1E-06 0,904 55 3,5E-04
CVPROMO
0,229 55 1,1E-07 0,883 55 6,6E-05
CVDISTRIB
0,182 55 9,3E-05 0,927 55 2,6E-03
CVGESTDIST
0,238 55 2,6E-08 0,892 55 1,3E-04
CVGESTMARCA
0,271 55 5,4E-11 0,865 55 1,8E-05
CVGESTP&d
0,155 55 2,0E-03 0,907 55 4,3E-04
CVGESTPARC
0,165 55 7,6E-04 0,909 55 5,0E-04
CVPRODINOV
0,174 55 2,5E-04 0,911 55 6,1E-04
CVPINTELEC
0,169 55 4,7E-04 0,928 55 2,7E-03
CVFARMACO
0,203 55 5,9E-06 0,904 55 3,3E-04
CVFUNDOSINV
0,162 55 9,9E-04 0,936 55 5,5E-03
AMPROD
0,268 55 1,1E-10 0,815 55 7,8E-07
AMPUBLI
0,149 55 3,7E-03 0,919 55 1,2E-03
AMPROMO
0,180 55 1,2E-04 0,875 55 3,6E-05
AMDISTRIB
0,167 55 5,9E-04 0,911 55 6,1E-04
AMGESTDIST
0,232 55 6,7E-08 0,887 55 8,9E-05
AMGESTMARCA
0,273 55 4,2E-11 0,848 55 6,1E-06
AMGESTP&d
0,208 55 3,0E-06 0,911 55 6,2E-04
AMGESTPARC
0,177 55 1,7E-04 0,917 55 1,0E-03
AMPRODINOV
0,187 55 5,2E-05 0,894 55 1,6E-04
AMPINTELEC
0,182 55 9,7E-05 0,908 55 5,0E-04
AMFARMACO
0,134 55 1,6E-02 0,913 55 7,5E-04
AMFUNDOSINV
0,150 55 3,5E-03 0,921 55 1,5E-03
OPPROD
0,266 55 1,6E-10 0,802 55 3,8E-07
OPPUBLI
0,218 55 6,7E-07 0,894 55 1,6E-04
OPPROMO
0,194 55 1,9E-05 0,860 55 1,3E-05
OPDISTRIB
0,193 55 2,3E-05 0,930 55 3,4E-03
OPGESTDIST
0,218 55 6,4E-07 0,888 55 9,8E-05
OPGESTMARCA
0,222 55 3,5E-07 0,853 55 8,2E-06
OPGESTP&d
0,261 55 3,9E-10 0,880 55 5,5E-05
OPGESTPARC
0,265 55 1,8E-10 0,877 55 4,3E-05
OPPRODINOV
0,270 55 7,4E-11 0,861 55 1,4E-05
OPPINTELEC
0,204 55 5,5E-06 0,915 55 8,7E-04
OPFARMACO
0,178 55 1,7E-04 0,914 55 8,0E-04
OPFUNDOSINV
0,248 55 4,3E-09 0,877 55 4,3E-05
Testes de Normalidade - Indicadores de Vantagem Competitiva - Competências
Kolmogorov-Smirnova
Shapiro-Wilk
125
Variáveis do Construto Competências Organizacionais Sustentabilidade
Mean
Std. Deviation Variance Kurtosis
Std. Error of
Kurtosis
Skewness
Std. Error of
Skewness
CONPROD
4,55 1,61 2,59 -0,70 0,634 -0,10 0,322
CONPUBLI
3,51 1,95 3,81 -1,16 0,634 0,27 0,322
CONOPROMO
4,00 1,87 3,48 -0,97 0,634 -0,28 0,322
CONDISTRIB
3,95 1,69 2,87 -0,55 0,634 -0,17 0,322
CONGESTDIST
4,78 1,64 2,69 -0,23 0,634 -0,60 0,322
CONGESTMARCA
4,64 1,39 1,94 -0,23 0,634 -0,34 0,322
CONGESTP&d
4,29 1,52 2,32 -1,06 0,634 0,04 0,322
CONGESTPARC
4,27 1,53 2,35 -1,01 0,634 0,06 0,322
CONPRODINOV
4,35 1,57 2,45 -1,24 0,634 -0,09 0,322
CONPINTELEC
4,27 1,38 1,91 -0,82 0,634 -0,03 0,322
CONFARMACO
4,51 1,46 2,14 -0,05 0,634 -0,44 0,322
CONFUNDOSINV
3,82 1,60 2,56 -0,57 0,634 0,25 0,322
INPROD
3,56 1,60 2,55 -0,25 0,634 0,33 0,322
INPUBLI
3,60 1,84 3,39 -0,77 0,634 0,12 0,322
INPROMO
3,42 1,81 3,29 -0,61 0,634 0,45 0,322
INDISTRIB
3,64 1,66 2,75 -0,13 0,634 0,21 0,322
INGESTDIST
3,71 1,85 3,43 -0,90 0,634 0,12 0,322
INGESTMARCA
3,40 1,73 2,99 -0,69 0,634 0,31 0,322
INGESTP&d
3,84 1,60 2,55 -0,68 0,634 -0,15 0,322
INGESTPARC
3,93 1,62 2,62 -0,55 0,634 -0,15 0,322
INPRODINOV
3,91 1,61 2,60 -0,70 0,634 -0,23 0,322
INPINTELEC
4,22 1,51 2,29 -0,43 0,634 -0,32 0,322
INFARMACO
3,82 1,68 2,82 -0,68 0,634 0,03 0,322
INFUNDOSINV
4,02 1,64 2,69 -0,58 0,634 -0,21 0,322
IMPROD
4,55 1,36 1,85 -0,21 0,634 -0,26 0,322
IMPUBLI
3,35 1,64 2,68 -0,22 0,634 0,60 0,322
IMPROMO
3,85 1,51 2,28 -0,77 0,634 -0,35 0,322
IMDISTRIB
3,56 1,61 2,58 -0,69 0,634 0,34 0,322
IMGESTDIST
3,87 1,44 2,08 -0,45 0,634 -0,04 0,322
IMGESTMARCA
4,55 1,36 1,85 -0,25 0,634 -0,03 0,322
IMGESTP&d
4,45 1,37 1,88 -0,87 0,634 0,19 0,322
IMGESTPARC
4,45 1,25 1,55 -0,35 0,634 0,32 0,322
IMPRODINOV
4,95 1,25 1,57 -0,60 0,634 -0,19 0,322
IMPINTELEC
4,16 1,17 1,36 -0,21 0,634 0,47 0,322
IMFARMACO
3,82 1,12 1,26 1,25 0,634 0,37 0,322
IMFUNDOSINV
3,58 1,12 1,25 0,28 0,634 -0,17 0,322
DEPPROD
4,91 1,38 1,90 -0,02 0,634 -0,32 0,322
DEPPUBLI
3,96 1,94 3,78 -0,99 0,634 0,08 0,322
DEPPROMO
4,31 1,99 3,96 -1,22 0,634 -0,12 0,322
DEPDISTRIB
4,25 1,83 3,34 -0,96 0,634 -0,11 0,322
DEPGESTDIST
4,00 1,81 3,26 -0,87 0,634 0,08 0,322
DEPGESTMARCA
4,36 1,57 2,46 -0,42 0,634 -0,13 0,322
DEPGESTP&d
4,00 1,44 2,07 -0,56 0,634 0,15 0,322
DEPGESTPARC
4,04 1,43 2,04 -0,48 0,634 0,09 0,322
DEPPRODINOV
3,87 1,48 2,19 -0,33 0,634 -0,17 0,322
DEPPINTELEC
4,15 1,42 2,02 -0,67 0,634 0,14 0,322
DEPFARMACO
4,07 1,48 2,18 -0,38 0,634 0,01 0,322
DEPFUNDOSINV
4,00 1,56 2,44 -0,76 0,634 0,21 0,322
SUBPROD
4,85 1,75 3,05 0,10 0,634 -0,92 0,322
SUBPUBLI
4,40 2,01 4,02 -1,19 0,634 -0,32 0,322
SUBPROMO
4,49 1,91 3,66 -0,84 0,634 -0,58 0,322
SUBDISTRIB
3,87 1,87 3,48 -1,00 0,634 0,02 0,322
SUBGESTDIST
4,25 1,66 2,75 -0,40 0,634 -0,22 0,322
SUBGESTMARCA
5,02 1,78 3,17 -0,21 0,634 -0,89 0,322
SUBGESTP&d
4,67 1,52 2,30 -0,65 0,634 -0,18 0,322
SUBGESTPARC
4,80 1,41 1,98 -0,17 0,634 -0,38 0,322
SUBPRODINOV
5,35 1,17 1,38 0,20 0,634 -0,58 0,322
SUBPINTELEC
5,00 1,39 1,93 -0,65 0,634 -0,39 0,322
SUBFARMACO
4,75 1,47 2,16 0,53 0,634 -0,63 0,322
SUBFUNDOSINV
4,49 1,49 2,22 -0,04 0,634 -0,38 0,322
126
Teste de Kolmogorov-Smirnova - Lilliefors Significance Correction
Statistic df Sig. Statistic df Sig.
CONPROD
0,139 55 0,010 0,936 55 0,006
CONPUBLI
0,162 55 0,001 0,911 55 0,001
CONOPROMO
0,173 55 0,000 0,916 55 0,001
CONDISTRIB
0,167 55 0,001 0,937 55 0,007
CONGESTDIST
0,171 55 0,000 0,922 55 0,002
CONGESTMARCA
0,149 55 0,004 0,940 55 0,008
CONGESTP&d
0,170 55 0,000 0,923 55 0,002
CONGESTPARC
0,134 55 0,015 0,926 55 0,002
CONPRODINOV
0,164 55 0,001 0,907 55 0,000
CONPINTELEC
0,142 55 0,008 0,932 55 0,004
CONFARMACO
0,164 55 0,001 0,939 55 0,008
CONFUNDOSINV
0,132 55 0,018 0,946 55 0,016
INPROD
0,192 55 0,000 0,931 55 0,004
INPUBLI
0,186 55 0,000 0,913 55 0,001
INPROMO
0,165 55 0,001 0,912 55 0,001
INDISTRIB
0,195 55 0,000 0,911 55 0,001
INGESTDIST
0,126 55 0,029 0,933 55 0,004
INGESTMARCA
0,155 55 0,002 0,928 55 0,003
INGESTP&d
0,195 55 0,000 0,938 55 0,007
INGESTPARC
0,209 55 0,000 0,934 55 0,005
INPRODINOV
0,213 55 0,000 0,929 55 0,003
INPINTELEC
0,170 55 0,000 0,939 55 0,008
INFARMACO
0,166 55 0,001 0,938 55 0,007
INFUNDOSINV
0,205 55 0,000 0,933 55 0,004
IMPROD
0,213 55 0,000 0,936 55 0,006
IMPUBLI
0,238 55 0,000 0,913 55 0,001
IMPROMO
0,158 55 0,002 0,922 55 0,002
IMDISTRIB
0,183 55 0,000 0,924 55 0,002
IMGESTDIST
0,183 55 0,000 0,939 55 0,007
IMGESTMARCA
0,147 55 0,005 0,941 55 0,010
IMGESTP&d
0,193 55 0,000 0,927 55 0,002
IMGESTPARC
0,206 55 0,000 0,928 55 0,003
IMPRODINOV
0,172 55 0,000 0,932 55 0,004
IMPINTELEC
0,192 55 0,000 0,916 55 0,001
IMFARMACO
0,199 55 0,000 0,908 55 0,000
IMFUNDOSINV
0,192 55 0,000 0,914 55 0,001
DEPPROD
0,145 55 0,005 0,933 55 0,004
DEPPUBLI
0,144 55 0,006 0,917 55 0,001
DEPPROMO
0,145 55 0,006 0,914 55 0,001
DEPDISTRIB
0,117 55 0,057 0,935 55 0,005
DEPGESTDIST
0,110 55 0,093 0,939 55 0,008
DEPGESTMARCA
0,172 55 0,000 0,941 55 0,010
DEPGESTP&d
0,156 55 0,002 0,943 55 0,011
DEPGESTPARC
0,150 55 0,003 0,945 55 0,014
DEPPRODINOV
0,189 55 0,000 0,944 55 0,013
DEPPINTELEC
0,159 55 0,001 0,929 55 0,003
DEPFARMACO
0,174 55 0,000 0,948 55 0,018
DEPFUNDOSINV
0,136 55 0,012 0,938 55 0,007
SUBPROD
0,206 55 0,000 0,876 55 0,000
SUBPUBLI
0,188 55 0,000 0,903 55 0,000
SUBPROMO
0,203 55 0,000 0,889 55 0,000
SUBDISTRIB
0,109 55 0,100 0,934 55 0,005
SUBGESTDIST
0,203 55 0,000 0,929 55 0,003
SUBGESTMARCA
0,219 55 0,000 0,867 55 0,000
SUBGESTP&d
0,162 55 0,001 0,939 55 0,008
SUBGESTPARC
0,149 55 0,004 0,939 55 0,008
SUBPRODINOV
0,184 55 0,000 0,910 55 0,001
SUBPINTELEC
0,219 55 0,000 0,909 55 0,001
SUBFARMACO
0,205 55 0,000 0,902 55 0,000
SUBFUNDOSINV
0,156 55 0,002 0,932 55 0,004
Testes de Normalidade - Indicadores de Sustentabiliade - Competências
Kolmogorov-Smirnova
Shapiro-Wilk
127
Variáveis do Construto Competências Organizacionais Versatilidade
Teste de Kolmogorov-Smirnova - Lilliefors Significance Correction
Mean Std. Deviation Variance Kurtosis
Std. Error of
Kurtosis
Skewness
Std. Error of
Skewness
TAPROD
4,00 1,94 3,78 -1,28 0,634 0,28 0,322
TAPUBLI
4,16 2,04 4,18 -1,33 0,634 0,10 0,322
TAPROMO
3,56 1,97 3,88 -1,06 0,634 0,52 0,322
TADISTRIB
4,15 2,00 3,98 -1,28 0,634 -0,06 0,322
TAGESTDIST
4,31 1,82 3,33 -1,04 0,634 -0,14 0,322
TAGESTMARCA
4,42 1,93 3,73 -1,28 0,634 -0,08 0,322
TAGESTP&d
4,42 1,63 2,66 -0,71 0,634 -0,16 0,322
TAGESTPARC
4,42 1,65 2,73 -0,81 0,634 -0,15 0,322
TAPRODINOV
4,31 1,73 3,00 -1,08 0,634 -0,05 0,322
TAPINTELEC
4,22 1,63 2,66 -0,67 0,634 0,03 0,322
TAFARMACO
3,87 1,68 2,82 -0,62 0,634 0,21 0,322
TAFUNDOSINV
5,05 1,53 2,35 0,00 0,634 -0,61 0,322
TNPROD
4,51 1,90 3,63 -1,20 0,634 -0,32 0,322
TNPUBLI
4,56 2,13 4,55 -1,21 0,634 -0,48 0,322
TNPROMO
3,98 2,07 4,28 -1,50 0,634 -0,03 0,322
TNDISTRIB
4,89 1,89 3,58 -0,30 0,634 -0,91 0,322
TNGESTDIST
4,98 1,80 3,24 -0,31 0,634 -0,84 0,322
TNGESTMARCA
5,22 1,67 2,80 -0,37 0,634 -0,92 0,322
TNGESTP&d
4,84 1,77 3,14 -0,41 0,634 -0,78 0,322
TNGESTPARC
4,78 1,72 2,95 -0,61 0,634 -0,60 0,322
TNPRODINOV
4,69 1,76 3,11 -1,08 0,634 -0,31 0,322
TNPINTELEC
4,80 1,68 2,83 -0,52 0,634 -0,57 0,322
TNFARMACO
4,13 1,80 3,22 -0,94 0,634 -0,26 0,322
TNFUNDOSINV
5,35 1,40 1,97 0,22 0,634 -0,73 0,322
Statistic df Sig. Statistic df Sig.
TAPROD
0,187 55 4,9E-05 0,897 55 0,000
TAPUBLI
0,170 55 4,1E-04 0,901 55 0,000
TAPROMO
0,205 55 4,8E-06 0,882 55 0,000
TADISTRIB
0,169 55 4,5E-04 0,913 55 0,001
TAGESTDIST
0,168 55 4,9E-04 0,929 55 0,003
TAGESTMARCA
0,175 55 2,2E-04 0,909 55 0,001
TAGESTP&d
0,165 55 7,3E-04 0,938 55 0,007
TAGESTPARC
0,164 55 8,5E-04 0,936 55 0,006
TAPRODINOV
0,163 55 9,0E-04 0,932 55 0,004
TAPINTELEC
0,171 55 3,5E-04 0,939 55 0,008
TAFARMACO
0,161 55 1,2E-03 0,942 55 0,010
TAFUNDOSINV
0,168 55 5,3E-04 0,913 55 0,001
TNPROD
0,220 55 5,1E-07 0,896 55 0,000
TNPUBLI
0,204 55 5,0E-06 0,865 55 0,000
TNPROMO
0,195 55 1,9E-05 0,887 55 0,000
TNDISTRIB
0,267 55 1,4E-10 0,844 55 0,000
TNGESTDIST
0,278 55 1,5E-11 0,860 55 0,000
TNGESTMARCA
0,316 55 3,6E-15 0,824 55 0,000
TNGESTP&d
0,272 55 5,3E-11 0,868 55 0,000
TNGESTPARC
0,252 55 2,3E-09 0,892 55 0,000
TNPRODINOV
0,226 55 1,9E-07 0,905 55 0,000
TNPINTELEC
0,199 55 1,1E-05 0,906 55 0,000
TNFARMACO
0,141 55 8,1E-03 0,933 55 0,004
TNFUNDOSINV
0,207 55 3,5E-06 0,897 55 0,000
Testes de Normalidade - Indicadores de Versatilidade - Competências
Kolmogorov-Smirnova
Shapiro-Wilk
128
APÊNDICE E Soluções Fatoriais Variáveis Observadas de Competências
Variável Efeito em custos e vendas
Para esta variável foi identificado apenas um fator seguindo as regras de decisão acima
mencionadas. Este fator agrupou as competências relativas à gestão de programa de P&D, à
gestão de parceiras para P&D e à capacitação para introdução de produtos inovadores no
mercado. Batizado de inovação, este fator indica que na percepção dos executivos do setor, as
competências de maior efeito em custos e vendas são aquelas relativas a capacidade da
empresa inovar, desde a condução de progrmas de P&D até a efetiva colocação do novo
produto no mercado.
Variável Habilidade de afastar ameaças
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Efeito em Custos e Vendas Inovação 0,90 7 / 8 / 9
Component
Total
% of
Variance
Cumulative
%
Total
% of
Variance
Cumulative
%
1
2,513 83,756 83,756 2,513 83,756 83,756
2
0,346 11,550 95,306
3
0,141 4,694 100,000
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared
Loadings
Total Variance Explained
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Inovação 0,87 7 / 8 / 9
Operações 0,70 1 / 3 / 4 / 11
Afastar ameaças competitivas
129
Para esta variável foram identificados dois fatores. O primeiro agrupou novamente as
competências 7, 8 e 9, indicando que a capacidade de inovação é percebida pelos empresários
como a principal competência para afastar ameaças competitivas. O segundo fator
identificado agrupou as competências 1, 3, 4 e 11, referentes à produção em escala, promoção
de medicamento com prescrição, distribuição direta de medicamentos e farmacovigilância.
Batizado de “operações” este fator indica que competências consolidadas nas atividades que
envolvem todo o ciclo produtivo dos medicamentos, produção, promoção, distribuição e
controle de eventuais efeitos colaterais através da farmacovilância também são indicadores
relevantes para afastar ameaças competitivas.
Variável - Capitalizar oportunidades competitivas
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
2,475 35,359 35,359 2,475 35,359 35,359
2
2,213 31,618 66,977 2,213 31,618 66,977
3
0,866 12,372 79,349
4
0,549 7,849 87,198
5
0,476 6,798 93,996
6
0,340 4,862 98,858
7
0,080 1,142 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
P&D 0,82 7 / 8 / 12
Prod/Distrib 0,61 1 / 4
Relacionamento c/
médicos
0,61 3 / 11
Captalizar oportunidades
competitivas
130
Para esta variável foram identificados três fatores. O primeiro, como na variável
anterior agrupa competências relativas à P&D, porém com a ausência da variável de
capacitação para introdução de produtos inovadores e incluindo a variável obtenção de fundos
para investimento. Interpretamos este fator como indicativo de que oportunidades
competitivas são relacionadas ao esforço de desenvolvimento de pesquisa, o qual se
caracteriza por ser de longo prazo e demandar volumes consideráveis de recursos para seu
financiamento. Desta forma se destacaram a gestão de programas de P&D e parcerias para
este fim, adicionando a variável relativa à obtenção de fundos para seu financiamento.
O segundo fator foi batizado por como produção e distribuição e reuniu as
competências relativas à produção a custo competitivo e à distribuição direta de
medicamentos, ou seja, em um segundo grau de importância, produzir a um custo competitivo
e ser capaz de distribuir sua produção são competências que podem permitir a empresas
aproveitar oportunidades competitivas que surjam no mercado.
O terceiro fator foi nomeado como relacionamento com médicos e reuniu as
competências relativas a promoção de medicamentos que precisam ser prescritos e a
farmacovigilância. Conforme destacado por Fernando Italiani, um experiente executivo do
setor farmacêutico, em livro editado em 2006, a farmacovigilância vem exercendo uma
importância crescente nas ações de marketing das empresas, na medida em que mostra a
preocupação da empresa com a saúde do paciente e com a imagem da classe médica. Assim
não basta a divulgação propriamente dita dos medicamentos junto à classe médica para que
esta se sinta confortável em prescrevê-lo. Esta ação tem que ser acompanhada de um
acompanhamento constante de efeitos colaterais, de forma a transmitir ao profissional de
saúde a confiança necessária para a indicação do produto.
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
2,410 34,434 34,434 2,410 34,434 34,434
2,322
2
1,775 25,360 59,795 1,775 25,360 59,795
1,570
3
1,033 14,756 74,551 1,033 14,756 74,551
1,653
4
0,691 9,875 84,426
5
0,567 8,095 92,521
6
0,481 6,865 99,385
7
0,043 0,615 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
131
Variável Nível da competência quando comparada aos concorrentes
Para esta variável foram identificados dois fatores, o primeiro relativo a P&D,
agrupando da mesma forma que na variável relativa às oportunidades competitivas, as
competências quanto a gestão de programa de P&D, desenvolvimento de parceiras e obtenção
de fundos para investimentos. Em coerência com os resultados acima, que as destacam como
importantes para afastar ameaças e capitalizar oportunidades competitivas, estas competências
são apontadas como relevantes para acompanhamento frente a posição dos concorrentes.
O segundo fator agrupou as competências relacionadas à produção em escala
competitiva, distribuição direta e via distribuidores terceirizados e promoção de
medicamentos MIP. Tais competências, contemplam quase todo a todo ciclo produtivo, e
portanto é coerente que sejam apontadas como relevantes para uma análise comparativa com
o posicionamento dos concorrentes.
Variável - Concorrentes podem identificar as competências
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
P&D 0,84 7 / 8 / 12
Prod/Distrib 0,73 1 / 2 / 4 / 5
Nível comparado aos concorrentes
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
2,341 33,446 33,446 2,341 33,446 33,446
2,316
2
2,182 31,174 64,620 2,182 31,174 64,620
2,211
3
0,834 11,909 76,529
4
0,708 10,120 86,648
5
0,453 6,468 93,117
6
0,352 5,026 98,143
7
0,130 1,857 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Inovação 0,95 7 / 8 / 9
Marketing 0,71 3 / 5 / 6
Concorrentes podem Identificar as
competências
132
Também foram identificados dois fatores para esta variável. O primeiro, novamente
relacionado a competências de P&D, na gestão de programas de P&D, parcerias para este fim
e capacitação para introdução de produtos no mercado, destacando estas competências como
difíceis de serem identificadas pelos concorrentes. Entendeu-se este resultado como coerente,
dada a especificidade e a complexidade dos projetos de P&D desenvolvidos por cada
empresa, dado que estes normalmente envolvem várias áreas.
O segundo fator, nomeado como marketing, reuniu as competências relativas à
promoção de medicamentos com prescrição, a gestão de parcerias com distribuidores e a
gestão de marca. Estas competências, apesar de mais expostas à concorrência também foram
consideradas identificáveis, apenas se os concorrentes estivessem investigando, reforçando
uma característica para a sua sustentabilidade.
Variável - Tempo necessário para um concorrente imitar as competências
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
3,388 42,353 42,353 3,388 42,353 42,353
3,381
2
2,413 30,160 72,513 2,413 30,160 72,513
2,427
3
0,746 9,326 81,839
4
0,612 7,653 89,492
5
0,409 5,107 94,598
6
0,238 2,970 97,569
7
0,129 1,613 99,182
8
0,065 0,818 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Prod/Distrib 0,82 1 / 2 / 4 / 5
Inovação 0,84 7 / 8 / 9
Tempo necessário para um
concorrente imitar as competências
133
De forma diferente das variáveis vistas até agora, o primeiro fator identificado para
esta variável não agrupou competências relativas à P&D, mas sim as relativas à produção,
promoção de medicamentos MIP e distribuição. A análise das média das respostas para estas
competências (3,83) as indica como as que demandam menos tempo para serem imitadas,
exceto a produção em escala competitiva, dado que normalmente esta competência demanda
execução de obras e encomenda de equipamentos.
O segundo fator identificado para esta variável agrupa competências de P&D: gestão
de programa de P&D, desenvolvimento de parceiras para P&D e capacitação para introdução
de produtos inovadores no mercado. Porém, ao contrário do primeiro fator, a análise da média
das respostas da amostra (4,62), as indicam como as que levam mais tempo para serem
imitadas. Uma explicação intuitiva para este resultado é a de que o estabelecimento de
programas de P&D, de parcerias para P&D e a própria introdução de novos produtos no
mercado, que demandam testes clínicos complexos e o atendimento de um grande número de
procedimentos regulatórios constituem-se em projetos de complexo e demorado entendimento
que compreendem a participação de várias áreas da empresa.
Variável Tempo de depreciação das competências
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
2,994 42,779 42,779 2,994 42,779 42,779
2,744
2
1,962 28,022 70,801 1,962 28,022 70,801
2,409
3
0,666 9,514 80,315
4
0,572 8,178 88,494
5
0,398 5,687 94,181
6
0,298 4,263 98,444
7
0,109 1,556 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Marketing 0,83 2 / 3 / 4 / 5
Inovação 0,73 9 / 10 / 12
Tempo de Depreciação das
Competências
134
Para esta variável novamente foram identificados dois fatores. O primeiro fator reúne
as competências relativas à promoção e distribuição de medicamentos, indicando-as, na
percepção dos respondentes da amostra, como as de maior exposição à depreciação, frente a
não continuidade de investimentos na sua manutenção. O segundo fator, nomeado inovação,
agrupa as competências capacitação para introdução de produtos inovadores, gestão da
propriedade intelectual e obtenção de fundos para investimentos.
Variável Substituição das competências por outros recursos
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
3,257 46,532 46,532 3,257 46,532 46,532
2,938
2
1,404 20,051 66,583 1,404 20,051 66,583
2,341
3
0,790 11,282 77,865
4
0,654 9,345 87,210
5
0,399 5,700 92,911
6
0,300 4,290 97,201
7
0,196 2,799 100,000
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Total Variance Explained
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Inovação 0,84 7 / 8 / 9 / 10
Marketing 0,75 2 / 3 / 4 / 5
Substituição das competências por
outros recursos
135
O primeiro fator identificado para esta variável agrupou as competências relacionadas
a P&D incluindo a competência gestão de propriedade intelectual. Estas competências foram
apontas como as de mais difícil substituição por outros recursos. Considerando a
especificidade dos projetos de P&D desenvolvidos pelas empresas, e a integração de diversas
áreas que estes projetos exigem, entendemos como coerente este resultado.
O segundo fator agrupou as competências relativas à promoção e distribuição. As
médias das respostas demonstram que estas competências também são difíceis de serem
substituídas, porém em um nível menor de dificuldade do que as competências relativas a
P&D. Particularmente a competência distribuição direta de medicamentos, teve a média das
respostas situadas abaixo de 4 na escala, indicando possibilidade de substituição por outros
recursos. Este resultado é coerente se considerarmos que majoritariamente no setor
farmacêutico brasileiro, a distribuição de medicamentos é terceirizada (em 2008 84% das
vendas do setor contaram com distribuição terceirizada dos medicamentos)
Variável - Transferência da competência para outras áreas
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
3,005 37,559 37,559 3,005 37,559 37,559
2,832
2
2,161 27,017 64,576 2,161 27,017 64,576
2,426
3
0,795 9,933 74,509
4
0,616 7,697 82,206
5
0,515 6,432 88,639
6
0,457 5,707 94,345
7
0,295 3,681 98,027
8
0,158 1,973 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Inovação 0,95 7 / 8 / 9 / 10
Prod/Promoção 0,70 1 / 2
Tranferência da competência para
outras áreas
136
Variável - Transferência da competência para outros negócios
Para cada uma das variáveis relativas à versatilidade das compencias foram
identificados dois fatores. O primeiro agrupou para as duas variáveis, as competências
relativas a P&D, incluindo a gestão de propriedade intelectual, indicando que na percepção
dos respondentes, as competências relativas a P&D são transferíveis. A média das respostas
da amostra demonstra que esta característica é mais acentuada para o caso de transferência
para outros negócios do que para outras áreas. Considerando que as competências listadas
para resposta, representam conjuntos de atividades exercidos por um conjunto determinado de
áreas da empresa, a possibilidade maior de transferência para outros negócios, como por
exemplo, medicamentos veterinários, nos parece coerente.
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance
Cumulative
%
Total
1
3,841 64,021 64,021 3,841 64,021 64,021
3,730
2
1,223 20,387 84,408 1,223 20,387 84,408
2,018
3
0,499 8,309 92,717
4
0,328 5,466 98,183
5
0,103 1,724 99,907
6
0,006 0,093 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Variável Fator
Alfa de
Cronbach
Competências
Agrupadas
Inovação 0,95 7 / 8 / 9 / 10
Prod/Promoção 0,76 1 / 2 / 3
Tranferência da competência para
outros negócios
Component
Rotation
sums os
squared
loadings
Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
Total
1
4,172 59,602 59,602 4,172 59,602 59,602
3,921
2
1,414 20,203 79,805 1,414 20,203 79,805
2,609
3
0,564 8,051 87,857
4
0,420 6,001 93,857
5
0,248 3,547 97,404
6
0,154 2,204 99,608
7
0,027 0,392 100,000
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
137
O segundo fator refere-se a competências de produção com custos competitivos e
promoção, sendo que para a variável transferência para outras áreas, apenas a promoção de
medicamentos MIP, apresentou carga fatorial suficiente para permanecer no fator e na
variável transferência para outros negócios, a competência promoção de medicamentos com
prescrição também se mostrou relevante. A gestão da produção e a publicidade direta ao
consumidor final constituem-se, intuitivamente, em competências com grande possibilidade
de serem utilizadas em outras áreas ou negócios. A promoção de medicamentos com
prescrição poderia ser transferida para um outro negócio, voltando ao exemplo dos
medicamentos veterinários.
Cabe ressaltar, porém, que o desvio padrão das respostas referentes à variável
transferência para outros negócios é o maior dentre todas as variáveis observadas de
competências, havendo maior divergência entre a percepção dos respondentes.
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