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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Centro de Ciências Sociais e Aplicadas
Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas
O indivíduo e a organização: a relação entre valores, personalidade e
tipos de cultura organizacional
Flávia Pires Barbosa Lima
São Paulo
2010
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ii
FLÁVIA PIRES BARBOSA LIMA
O indivíduo e a organização: a relação entre valores, personalidade e
tipos de cultura organizacional
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Administração de Empresas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie para a
obtenção do título de Mestre em Administração
de Empresas.
Orientadora: Profa. Dra.Maria Luisa Mendes Teixeira
São Paulo
2010
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iii
L732 Lima, Flávia Pires Barbosa
O indivíduo e a organizaçăo: a relaçăo entre valores,
personalidade e tipos de cultura organizacional / Flávia Pires
Barbosa Lima – 2010.
240 f.; 30 cm
Dissertação ( Mestrado em Administração) – Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2009.
Bibliografia: F. 205-211
1. Tipos de cultura organizacional 2.Personalidade 3. Valores
I. Título
CDD 302.35
iv
Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Professor Dr. Manassés Claudino Fonteles
Decano de Pesquisa e Pós-Graduação
Professora Dra. Sandra Maria Dotto Stump
Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas
Professor Dr. Moisés Ari Zilber
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Administração de
Empresas
Professora Dra. Darcy Mitiko Mori Hanashiro
v
FLÁVIA PIRES BARBOSA LIMA
O indivíduo e a organização: a relação entre valores, personalidade e
tipos de cultura organizacional
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Administração de Empresas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie para a
obtenção do título de Mestre em Administração
de Empresas.
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
Dra.Maria Luisa Mendes Teixeira – Orientadora
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Dra. Livia de Oliveira Borges
Universidade Federal de Minas Gerais
Dra Darcy Mitiko Mori Hanashiro
Universidade Presbiteriana Mackenzie
vi
Dedico este trabalho ao meu
pai, Alceu, e à minha mãe,
Ciça.
vii
AGRADECIMENTOS
Ao Alcyr, meu marido, pelo incentivo e bom humor, fundamentais ao longo de todo o
processo;
Ao Instituto Pieron, local de trabalho que me permitiu e incentivou essa empreitada e aos
meus colegas e amigos do Instituto Pieron, que apoiaram, torceram;
Aos professores e colegas do curso de Pós Graduação em Administração de Empresas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie;
Às pessoas que colaboraram com o trabalho, participando como sujeitos ou organizadores
das atividades nas empresas pesquisadas;
Aos meus pais, Ciça e Alceu e aos meus irmãos, Paulo e Lúis, sempre presentes;
À Professora Doutora Maria Luisa Mendes Teixeira, minha orientadora, que, com
competência, dedicação e amizade, soube me conduzir pelos caminhos da pesquisa;
A todos, meu agradecimento e meu carinho.
viii
RESUMO
A cultura organizacional, conforme atesta a literatura, influencia a formulação de estratégias,
processos de mudança organizacional, comprometimento e bem estar dos funcionários, fatores
preponderantes para a obtenção da competitividade organizacional. Alguns estudos têm apontado
para a importância das características das pessoas para a cultura organizacional, entre elas os
valores dos fundadores. No entanto, não foram encontrados estudos que analisassem as relações
entre valores básicos dos gestores e dos demais empregados, assim como entre seus valores
pessoais relativos ao trabalho, personalidade e os tipos de cultura organizacional. Este trabalho
dedicou-se a investigar o seguinte problema de pesquisa: qual é a relação entre valores básicos,
valores pessoais relativos ao trabalho, tipos de personalidade e os tipos de cultura organizacional
percebidos? E teve como objetivo identificar as relações existentes entre valores básicos, valores
pessoais relativos ao trabalho, personalidade e os tipos de cultura organizacional, com o propósito
de contribuir para os estudos relativos ao diagnóstico da cultura organizacional. Testou-se a
hipótese de que os valores básicos, relativos ao trabalho e os tipos de personalidade apresentam
relações de oposição e compatibilidade com os tipos de cultura, de acordo com a estrutura de
compatibilidade e oposição de cada um dos construtos. A pesquisa foi realizada com uma
amostra não-probabilística de 315 respondentes oriundos de quatro empresas de diferentes
segmentos. Os dados foram coletados mediante questionários disponibilizados em um site da web
especialmente criado para esse fim e foram tratados mediante técnicas quantitativas descritivas e
multivariadas. As análises comprovaram parcialmente as relações indicadas nas hipóteses do
trabalho, uma vez que os valores básicos e os tipos de personalidade apresentaram as relações
previstas de compatibilidade e oposição com os tipos de cultura, o mesmo não tendo sido
comprovado na relação entre os valores pessoais relativos ao trabalho e os tipos de cultura.
Palavras chave: Tipos de cultura organizacional, valores, personalidade
ix
ABSTRACT
Organizational culture, as indicated by specialized literature, influences the formulation of
strategies, organizational change processes, workers’ commitment and well-being, main factors
for the attainment of organizational competitiveness. Some studies have showed the importance
of personal characteristics for organizational culture, specially the founders’ values. However,
studies analyzing the relations between managers’ basic values and those of other workers, as
well as relations between their personal values related to work, personality and types of
organizational cultures have not been found. The aim of this research is to identify the relations
between basic values, personal values related to work, types of personality and types of
organizational culture in order to contribute to organizational culture studies. The hypothesis
tested was that basic values, personal values related to work and types of personality present
opposition and compatibility relations to types of structures of each of the constructs involved.
The research was carried out with a non-probabilistic sample of 315 participants from four
companies of different areas. The data were collected from questionnaires on a website created to
that purpose and were analyzed with multivariate and descriptive quantitative techniques. The
results showed that basic values and types of personality presented compatibility and opposition
relations with types of culture as expected, but this did not happen in the relation between
personal values related to work and types of culture.
Keywords: Types of organizational culture, values, personality.
x
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1 – Estrutura dos valores básicos de Schwartz (2005)....................................................
53
Fig. 2 – Paradigma de análise organizacional........................................................................
64
Fig. 3 – Quatro visões de organização e de gestão.................................................................
65
Fig. 4 – Principais dimensões do conceito de organização....................................................
67
Fig. 5 – Estrutura dos valores concorrentes............................................................................
88
Fig. 6 – Modelo Preditivo.......................................................................................................
91
Fig. 7 – Diagrama de pesquisa................................................................................................
91
Fig. 8 – MDS – valores básicos..............................................................................................
114
Fig. 9 – MDS – valores pessoais relativos ao trabalho...........................................................
115
Fig. 10 – MDS – Tipos de cultura..........................................................................................
116
Fig.11 – Relação valores básicos e valores relativos ao trabalho (AP e AT).......................
132
Fig.12 – Relação valores básicos e valores relativos ao trabalho (AM e CO)......................
133
Fig.13 – Relação entre tipos de personalidade (SE e PI).......................................................
134
Fig.14 – Relação entre tipos de personalidade (PE e SI)........................................................
134
Fig.15 – Rel. personalidade (SI e PE) e valores básicos e relativos ao trabalho (AT e AP) .
135
Fig.16 – Rel. personalidade (SE e PI) e valores básicos e relativos ao trabalho (AM e CO).
136
Fig.17 – Alfa – significância das diferenças (cultura)............................................................
138
Fig.18 – Alfa – significância das diferenças (valores básicos)...............................................
138
Fig.19 – Alfa – significância das diferenças (valores pessoais trabalho)...............................
139
Fig.20 – Alfa – significância das diferenças (personalidade)................................................
139
Fig.21 – Beta – significância das diferenças (cultura)............................................................
140
Fig.22 – Beta – significância das diferenças (valores básicos)..............................................
140
Fig.23 – Beta – significância das diferenças (valores pessoais trabalho)...............................
141
Fig.24 – Beta – significância das diferenças (personalidade)................................................
141
Fig.25 – Gama – significância das diferenças (cultura\)........................................................
142
Fig.26 – Gama – significância das diferenças (valores básicos.............................................
143
Fig.27 – Gama – significância das diferenças (valores pessoais trabalho)............................
143
Fig.28 – Gama – significância das diferenças (personalidade)..............................................
144
Fig.29 – Delta – significância das diferenças (cultura)..........................................................
144
xi
Fig.30 – Delta – significância das diferenças (valores básicos).............................................
145
Fig.31 – Delta – significância das diferenças (valores pessoais trabalho).............................
145
Fig.32 – Delta – significância das diferenças (personalidade)...............................................
146
Fig.33 – Relação entre Autrotranscendência e cultura Clã (todas as empresas)....................
149
Fig.34 – Relação entre Autopromoção e cultura Clã (todas as empresas).............................
149
Fig.35 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Clã (todas as empresas)....................
150
Fig.36 – Relação entre Conservação e cultura Clã (todas as empresas).................................
150
Fig.37 – Relação entre Autotranscendência e cultura Mercado (todas as empresas).............
151
Fig.38 – Relação entre Autopromoção e cultura Mercado (todas as empresas).....................
152
Fig.39 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Mercado (todas as empresas)............
152
Fig.40 – Relação entre Conservação e cultura Mercado (todas as empresas)........................
153
Fig.41 – Relação entre Autotranscendência e cultura Hieráquica (todas as empresas).........
154
Fig.42 – Relação entre Autopromoção e cultura Hieráquica (todas as empresas).................
154
Fig.43 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Hierárquica (todas as empresas).......
155
Fig.44 – Relação entre Conservação e cultura Hierárquica (todas as empresas)...................
156
Fig.45 – Relação entre Autotranscendência e cultura Adhocrática (todas as empresas).......
157
Fig.46 – Relação entre Autopromoção e cultura Adhocrática (todas as empresas)...............
157
Fig.47 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Adhocrática (todas as empresas).....
157
Fig.48 – Relação entre Conservação e cultura Adhocrática (todas as empresas)...................
158
Fig.49 – Relação entre Autotranscendência e Cultura Clã (empresa Alfa)............................
159
Fig.50 – Relação entre Autopromoção e cultura Clã (empresa Alfa)....................................
159
Fig.51 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Clã (empresa Alfa)............................
160
Fig.52 – Relação entre Conservação e cultura Clã (empresa Alfa)........................................
160
Fig.53 – Relação entre Autotranscendência e cultura Mercado (empresa Alfa)....................
161
Fig.54 – Relação entre Autopromoção e cultura Mercado (empresa Alfa)............................
162
Fig.55 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Mercado (empresa Alfa)...................
162
Fig.56 – Relação entre Conservação e cultura Mercado (empresa Alfa)...............................
162
Fig.57 – Relação entre Autotranscendência e cultura Adhocrática (empresa Alfa)...............
164
Fig.58 – Relação entre Autopromoção e cultura Adhocrática (empresa Alfa)......................
164
Fig.59 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Adhocrática (empresa Alfa)..............
165
Fig.60 – Relação entre Conservação e cultura Adhocrática (empresa Alfa)..........................
165
xii
Fig.61 – Relação entre Autotranscendência e cultura Hierárquica (empresa Alfa)...............
166
Fig.62 – Relação entre Autopromoção e cultura Hierárquica (empresa Alfa).......................
167
Fig.63 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Hierárquica (empresa Alfa)..............
167
Fig.64 – Relação entre Conservação e cultura Hierárquica (empresa Alfa)..........................
168
Fig.65 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Clã (todas as empresas)...............
169
Fig.66 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Clã (todas as empresas)......................
170
Fig.67 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Clã (todas as empresas)..............
170
Fig.68 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Clã (todas as empresas).........................
170
Fig.69 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Mercado (todas as empresas)......
171
Fig.70 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Mercado (todas as empresas)..............
171
Fig.71 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Mercado (todas as empresas).....
172
Fig.72 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Mercado (todas as empresas).................
172
Fig.73 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Adhocrática (todas as empresas).
173
Fig.74 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Adhocrática (todas as empresas)........
173
Fig.75 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Adhocrática (todas as empresas)
174
Fig.76 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Adhocrática (todas as empresas)............
174
Fig.77 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Hierárquica (todas as empresas).
175
Fig.78 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Hierárquica (todas as empresas).........
175
Fig.79 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Hierárquica (todas as empresas)
175
Fig.80 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Hierárquica (todas as empresas)............
176
Fig.81 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Clã (empresa Alfa)......................
177
Fig.82 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Clã (empresa Alfa)..............................
177
Fig.83 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Clã (empresa Alfa).....................
177
Fig.84 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Clã (empresa Alfa).................................
178
Fig.85 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Mercado (empresa Alfa).............
179
Fig 86 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Mercado (empresa Alfa).....................
179
Fig.87 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Mercado (empresa Alfa)............
179
Fig.88 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Mercado (empresa Alfa)........................
180
Fig.89 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Adhocrática (empresa Alfa)........
180
Fig.90 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Adhocrática (empresa Alfa)................
181
Fig.91 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Adhocrática (empresa Alfa).......
181
xiii
Fig.92 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Adhocrática (empresa Alfa)...................
181
Fig.93 – Relação entre Autotranscendência (vt) e cultura Hierárquica (empresa Alfa).........
182
Fig.94 – Relação entre Autopromoção (vt) e cultura Hierárquica (empresa Alfa)................
183
Fig.95 – Relação entre Abertura à Mudança (vt) e cultura Hierárquica (empresa Alfa).......
183
Fig.96 – Relação entre Conservação (vt) e cultura Hierárquica (empresa Alfa)...................
184
Fig.97 – Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Clã (todas as empresas)...............
185
Fig.98 – Relação entre Pensamento Extrovertido e cultura Clã (todas as empresas).............
185
Fig.99 – Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Mercado (todas as empresas)......
186
Fig.100 – Relação entre Pensamento Extrovertido e cultura Mercado (todas as empresas)..
187
Fig.101 – Rel. Sentimento Extrovertido e cultura Adhocrática (todas as empresas).............
188
Fig.102 – Rel.Pensamento Introvertido e cultura Adhocrática (todas as empresa.................
188
Fig.103 – Rel.Pensamento Introvertido e cultura Hierárquica (todas as empresas)...............
189
Fig.104 – Rel.Sentimento Extrovertido e cultura Hierárquica (todas as empresas)...............
190
Fig. 105 – Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Clã (empresa Alfa)...................
191
Fig. 106 – Relação entre Pensamento Extrovertido e cultura Clã (empresa Alfa).................
191
Fig.107 – Relação entre Pensamento Extrovertido e cultura Mercado (empresa Alfa).........
192
Fig. 108 – Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Mercado (empresa Alfa)..........
193
Fig. 109 – Relação entre Sentimento Extrovertido e cultura Adhocrática (empresa Alfa)....
194
Fig. 110 – Relação entre Pensamento Introvertido e cultura Adhocrática (empresa Alfa)....
194
Fig. 111 – Relação entre Pensamento Introvertido e cultura Hierárquica (empresa Alfa).....
195
Fig.112 – Relação entre Sentimento Extrovertido e cultura Hierárquica (empresa Alfa)......
196
xiv
LISTA DE QUADROS
Quadro 1– Definições de personalidade.................................................................................
33
Quadro 2– Tipos motivacionais de Schwartz.........................................................................
52
Quadro 3 – Diferenças entre os conceitos de valores e personalidade...................................
58
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de respondentes por empresa..................................................................
107
Tabela 2 – Distribuição demográfica da amostra (todas as empresas)..................................
108
Tabela 3 – Freqüência das variáveis demográficas – empresa Alfa.......................................
110
Tabela 4 – Freqüência das variáveis demográficas – empresa Beta ......................................
111
Tabela 5 – Freqüência das variáveis demográficas – empresa Gama....................................
112
Tabela 6 – Freqüência das variáveis demográficas – empresa Delta.....................................
113
Tabela 7 – Análise fatorial – tipos junguianos.......................................................................
117
Tabela 8 – ANOVA – valores básicos versus cargo .............................................................
118
Tabela 9 -Teste Scheffe – valores básicos versus cargo.........................................................
119
Tabela 10 – ANOVA - valores pessoais relativos ao trabalho versus cargo.........................
119
Tabela 11 – Teste Schegge – valores pessoais relativos ao trabalho versus cargo................
119
Tabela 12 – ANOVA - valores básicos versus área..............................................................
119
Tabela 13 – Teste Scheffe – valores básicos versus área.......................................................
120
Tabela 14 – ANOVA – valores pessoais relativos ao trabalho versus área.........................
120
Tabela 15 – ANOVA – valores básicos versus escolaridade.................................................
120
Tabela 16 – Teste Scheffe – valores básicos versus escolaridade..........................................
121
Tabela 17 – ANOVA – valores pessoais relativos ao trabalho versus escolaridade..............
121
Tabela 18 – Teste Scheffe – valores pessoais relativos ao trabalho versus escolaridade.......
121
Tabela 19 – ANOVA – valores básicos versus idade............................................................
122
Tabela 20 – Teste Scheffe – valores básicos versus idade.....................................................
122
Tabela 21 – ANOVA - valores pessoais relativos ao trabalho versus idade.........................
123
Tabela 22 – Teste Scheffe – valores pessoais relativos ao trabalho versus idade..................
123
Tabela 23 - Teste T valores básicos versus tempo de casa...................................................
124
Tabela 24 - Teste T – valores pessoais relativos ao trabalho versus tempo de casa.............
124
Tabela 25 – Teste T – valores básicos versus gênero.............................................................
125
Tabela 26 -Teste T – valores pessoais relativos ao trabalho versus gênero..........................
125
Tabela 27 – ANOVA – personalidade versus cargo..............................................................
125
Tabela 28 – ANOVA – personalidade versus área................................................................
126
Tabela 29 - ANOVA – personalidade versus idade..............................................................
126
xvi
Tabela 30 – Teste T – personalidade versus gênero...............................................................
126
Tabela 31 – ANOVA – personalidade versus escolaridade...................................................
127
Tabela 32 – Teste Scheffe – personalidade versus escolaridade............................................
127
Tabela 33 – Teste T – personalidade versus tempo de casa..................................................
128
Tabela 34 – ANOVA - tipo de cultura versus cargo.............................................................
129
Tabela 35 – Teste Scheffe – tipo de cultura versus área........................................................
129
Tabela 36 – ANOVA – tipo de cultura versus área ...............................................................
129
Tabela 37 – Teste Scheffe – tempo de cultura versus área.....................................................
130
Tabela 38 – Teste T – tipo de cultura versus gênero..............................................................
130
Tabela 39 – Teste T – tipo de cultura versus tempo de casa..................................................
130
Tabela 40 – ANOVA – tipo de cultura versus escolaridade..................................................
131
Tabela 41 – ANOVA – tipo de cultura versus idade..............................................................
131
Tabela 42 – Empresa Alfa – análise de postos.......................................................................
137
Tabela 43 – Empresa Alfa – significância das diferenças entre tipos de cultura...................
138
Tabela 44 – Empresa Alfa – significância das diferenças entre valores básicos...................
138
Tabela 45 – Empresa Alfa – significância das diferenças valores relativos ao trabalho........
139
Tabela 46 – Empresa Alfa – significância das diferenças entre tipos de personalidade........
139
Tabela 47 – Empresa Beta – análise de postos.......................................................................
140
Tabela 48 – Empresa Beta – significância das diferenças entre tipos de cultura ..................
140
Tabela 49 – Empresa Beta – significância das diferenças entre valores básicos...................
140
Tabela 50 – Empresa Beta – significância das diferenças valores relativos ao trabalho........
141
Tabela 51 - – Empresa Beta – significância das diferenças entre tipos de personalidade.....
141
Tabela 52 – Empresa Gama – análise de postos ...................................................................
142
Tabela 53 – Empresa Gama – significância das diferenças entre tipos de cultura.................
142
Tabela 54 – Empresa Gama – significância das diferenças entre valores básicos.................
143
Tabela 55 – Empresa Gama – significância das diferenças valores relativos ao trabalho.....
143
Tabela 56 – Empresa Gama – significância das diferenças entre tipos de personalidade......
144
Tabela 57 – Empresa Delta – análise de postos......................................................................
144
Tabela 58 – Empresa Delta – significância das diferenças entre tipos de cultura..................
144
Tabela 59 – Empresa Delta – significância das diferenças entre valores básicos..................
145
Tabela 60 – Empresa Delta – significância das diferenças valores relativos ao trabalho......
145
xvii
Tabela 61 – Empresa Delta – significância das diferenças entre tipos de personalidade.......
146
Tabela 62 – ANOVA – tipos de cultura versus empresas......................................................
147
Tabela 63 – Teste Scheffe – tipos de cultura versus empresas...............................................
147
Tabela 64 – Valores básicos e cultura Clã (todas as empresas).............................................
148
Tabela 65 – Valores básicos e cultura Mercado (todas as empresas)....................................
151
Tabela 66 – Valores básicos e cultura Adhocrática (todas as empresas)...............................
154
Tabela 67 – Valores básicos e cultura Hierárquica (todas as empresas)................................
156
Tabela 68 – Valores básicos e cultura Clã (empresa Alfa).....................................................
158
Tabela 69 – Valores básicos e cultura Mercado (empresa Alfa)............................................
161
Tabela 70 – Valores básicos e cultura Adhocrática (empresa Alfa).......................................
163
Tabela 71 – Valores básicos e cultura Hierárquica (empresa Alfa).......................................
166
Tabela 72 – Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Clã (todas as empresas)..........
169
Tabela 73 – Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Mercado (todas as empresas).
171
Tabela 74 – Valores relativos ao trabalho e cultura Adhocrática (todas as empresas)..........
173
Tabela 75 – Valores relativos ao trabalho e cultura Hierárquica (todas as empresas)...........
174
Tabela 76 – Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Clã (empresa Alfa).................
176
Tabela 77 – Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Mercado (empresa Alfa).........
178
Tabela 78 – Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Adhocrática (empresa Alfa)...
180
Tabela 79 – Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Hierárquica (empresa Alfa)....
182
Tabela 80 – Tipos de personalidade e cultura Clã (todas as empresas).................................
184
Tabela 81 – Tipos de personalidade e cultura Mercado (todas as empresas)........................
186
Tabela 82 – Tipos de personalidade e cultura Adhocrática (todas as empresas)...................
187
Tabela 83 – Tipos de personalidade e cultura Hierárquica (todas as empresas)....................
189
Tabela 84 – Tipos de personalidade e cultura Clã (empresa Alfa).........................................
190
Tabela 85 – Tipos de personalidade e cultura Mercado (empresa Alfa)................................
192
Tabela 86 – Tipos de personalidade e cultura Adhocrática (empresa Alfa)...........................
193
Tabela 87 – Tipos de personalidade e cultura Hierárquica (empresa Alfa)..........................
195
xviii
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice 1 Itens das escalas utilizadas.............................................................................. 212
Apêndice 2 Carta convite às empresas .............................................................................. 214
Apêndice 3 Carta convite aos funcionários participantes................................................. 215
Apêndice 4 Declaração de privacidade.............................................................................. 216
Apêndice 5 Correlações bivariadas entre os fatores pessoais........................................... 217
xix
LISTA DE ANEXOS
Anexo A Escala Insights Discovery New Generation...........................................................
219
Anexo B Escala de valores pessoais PQ................................................................................
232
Anexo C Escala de valores pessoais relativos ao trabalho.................................................... 235
Anexo D Escala de perfis de cultura..................................................................................... 237
xx
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 23
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................... 28
2.1 O indivíduo - valores e personalidade ..................................................................................... 28
2.1.1 Personalidade ........................................................................................................................ 28
2.1.1.1 O que é personalidade ....................................................................................................... 31
2.1.1.2 Determinantes hereditários versus determinantes ambientais da personalidade ............... 33
2.1.1.3 Perspectivas nos Estudos da Personalidade ....................................................................... 35
2.1.1.4 Tipos psicológicos de Jung ................................................................................................ 37
2.2 Valores humanos ..................................................................................................................... 44
2.2.1 Valores na Perspectiva da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia ............................. 46
2.2.2 Teoria de valores de Schwartz .............................................................................................. 51
2.2.3 Distinção entre valores humanos e outros conceitos ........................................................... 54
2.2.4 A relação entre Personalidade e Valores .............................................................................. 56
2.3 Valores humanos relativos ao trabalho .................................................................................... 59
2.3.1 Conceito e classificação de valores relativos ao trabalho..................................................... 60
2.3.2 Pesquisas sobre valores relativos ao trabalho ....................................................................... 62
2.4 A Organização ......................................................................................................................... 63
2.4.1 Cultura Organizacional ......................................................................................................... 68
2.4.1.1 O que é cultura organizacional .......................................................................................... 69
2.4.1.2 Características da cultura organizacional .......................................................................... 71
2.4.1.3 A formação da cultura organizacional ............................................................................... 74
2.4.1.4 Perspectivas para o estudo da cultura organizacional ....................................................... 79
2.4.1.5 Abordagens ao estudo da cultura organizacional .............................................................. 81
xxi
2.4.1.6 Perfis de cultura – os valores concorrentes ....................................................................... 83
3. MODELO E PROBLEMA DE PESQUISA .......................................................................... 89
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 96
4.1 Instrumentos de coleta de dados .............................................................................................. 96
4.2 População e amostra .............................................................................................................. 102
4.3 A coleta de dados ................................................................................................................... 103
4.4 Tratamento de Dados ............................................................................................................. 105
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................ 106
5. 1 Preparação dos dados ........................................................................................................... 106
5.2 Caracterização demográfica da amostra ................................................................................ 108
5.2.1 Características demográficas por empresa ......................................................................... 109
5. 3 Validação da estrutura dos construtos .................................................................................. 113
5.4 Análise inferencial das variáveis demográficas..................................................................... 118
5.4.1 Valores e características demográficas ............................................................................... 118
5.4.2 Tipos de personalidade e características demográficas ...................................................... 125
5.4.3 A percepção de tipos de cultura organizacional e as variáveis demográficas .................... 128
5.5 Relação entre os valores e personalidade .............................................................................. 132
5.6 Perfil cultural, perfis de valores e tipos de personalidade das empresas estudadas .............. 137
5.6.1 Comparação dos perfis culturais entre as empresas ........................................................... 146
5.7 Relação entre valores, personalidade e a percepção do tipo de cultura organizacional ........ 147
5.7.1 Valores Básicos e Tipos de Cultura - Todas as empresas .................................................. 148
5.7.2 Valores Básicos e Tipos de Cultura – Empresa Alfa.......................................................... 158
5.7.3 Valores pessoais relativos ao trabalho e culturas – todas as empresas ............................... 169
5.7.4 Valores pessoais relativos ao trabalho e tipos de cultura – Empresa Alfa ......................... 176
xxi
5.7.5 Tipos de personalidade e Tipos de cultura- todas as empresas .......................................... 184
5.7.6 Tipos de personalidade e tipos de cultura – empresa Alfa ................................................. 190
6 . DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................... 197
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 202
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................205
23
1 INTRODUÇÃO
Conhecer a cultura de uma organização tem sido preocupação de vários autores,
principalmente nas duas últimas décadas, que ela tem sido vista como um fenômeno capaz de
explicar aspectos da vida organizacional. Ela tem sido estudada como fonte de vantagem
competitiva (BARNEY, 1984), como uma maneira de compreender a realidade e a complexidade
organizacional (FLEURY e FISCHER 2007), como elemento importante para a condução bem
sucedida de processos de mudança (CAMERON e QUINN, 1999), como forma de compreender a
estratégia organizacional (SCHEIN, 1992) e, não esgotando as possibilidades, para a
compreensão dos impactos dos fatores culturais no bem estar dos funcionários (OLIVEIRA e
TAMAYO, 2004). Com a finalidade de alcançar uma melhor compreensão sobre a cultura
organizacional, será feita aqui uma análise de alguns dos estudos que se debruçaram sobre esse
tema.
Barney (1986) examinou a relação entre cultura organizacional e performance financeira
superior sustentável. Segundo o autor, a cultura da organização, definida como um conjunto de
valores, crenças, pressupostos e símbolos, define a forma como a empresa conduz seu negócio e
sua relação com os diferentes stakeholders. Portanto, a estratégia organizacional é tida pelo autor
como uma manifestação direta da cultura da organização e essa cultura terá um forte impacto na
vantagem competitiva sustentável das organizações, tanto positiva, quanto negativamente,
dependendo da existência ou não de determinados atributos.
Para Schein (1992), a cultura de uma organização interfe na forma como são estabelecidas
as estratégias, desenvolvidos os objetivos, escolhidas as formas de alcançá-los, mensurado o
progresso, controlado o resultado e na forma como são remediadas as situações que a desviam de
seus objetivos. O autor considera que, a partir de um estudo mais criterioso da cultura, seja
possível ajudar os gestores a reconhecerem quais pressupostos culturais dominam o pensamento
gerencial sobre estratégia, estrutura e sistemas. Schein (1992) relata exemplos de sua experiência
como consultor de empresas conduzindo processos de melhoria de comunicação, relacionamentos
interpessoais, tomada de decisão e inovação, em que o fato de a cultura da organização não ter
sido decifrada fez com que as sugestões ou ações propostas não tenham sido levadas adiante.
24
Segundo Schein (2000), em nove, de dez casos, a organização, ao se envolver em
processos de mudança, não sabe qual problema no negócio ela está tentando resolver e adota
determinadas práticas apenas porque outras empresas também o estão fazendo. Por outro lado,
para o autor, a única maneira de projetos de gestão do conhecimento serem bem sucedidos é
estarem solidamente relacionados aos objetivos do negócio e à cultura organizacional.
Na mesma direção, Cameron e Quinn (1999) argumentam que o sucesso sustentável das
organizações está menos relacionado às forças do mercado, ao posicionamento estratégico e aos
recursos disponíveis, e mais atrelado aos valores, às crenças pessoais e à visão, ou seja, a uma
cultura organizacional distinta e identificável.
Dessa forma, compreender a cultura de uma organização, ainda que não seja uma tarefa
simples, torna-se fundamental para embasar as práticas organizacionais e fazer com que elas,
principalmente as relativas a mudanças, tenham uma chance maior de sucesso.
A cultura de uma organização é refletida pelo que é valorizado, pelo estilo de liderança
dominante, pela linguagem e os símbolos, pelos procedimentos, rotinas e pelas definições de
sucesso que fazem a organização única (CAMERON e QUINN, 1999).
É possível estudar a cultura da organização quantitativamente, estabelecendo perfis
(CAMERON e QUINN, 1999). Fleury e Fischer (2007) também consideram a abordagem
quantitativa uma possibilidade metodológica para a investigação da cultura. Segundo Chatman,
O’Reilly e Caldwell (1991), uma maneira de avaliar a cultura quantitativamente é focar os
valores centrais da organização, sendo os valores organizacionais uma modo de operacionalizar a
cultura de uma organização.
Considera-se, desse modo, que mediante o estudo de valores seja possível traçar perfis de
cultura organizacional, o que é diferente de um estudo da cultura da organização em sua
totalidade e abrangência, mas é um caminho que tem se mostrado útil para a realização de
diagnósticos organizacionais consistentes (CAMERON e QUINN, 1999).
Cameron e Quinn (1999) propõem que seja possível estudar a cultura organizacional de
acordo com a estrutura dos valores concorrentes. Essa abordagem classifica a cultura
organizacional em quatro tipos: a cultura Clã (foco na coesão, no comprometimento e na
coletividade), a cultura Mercado (competitividade, produtividade, resultados), a cultura
Adhocrática (empreededorismo, criatividade e orientação para riscos) e a cultura Hierárquica
(regras, procedimentos e controles).
25
Os valores organizacionais têm sua origem nos valores pessoais, pois são sempre
introduzidos por pessoas, sejam elas os fundadores, os gestores e/ou mesmo os próprios
trabalhadores da organização (OLIVEIRA e TAMAYO, 2004).
Alguns estudos têm sido feitos para analisar o papel da personalidade e dos valores
pessoais na predição dos comportamentos das pessoas. (BILSKY e SCHWARTZ, 1994;
ROCCAS, SAGIV, SCHWARTZ e KNAFO, 2002). No âmbito das organizações, podem ser
mencionados trabalhos como o de Tamayo (2005), sobre comprometimento organizacional;
Mendonça e Tamayo (2005), que estudaram retaliação organizacional; Borges e Tamayo (2006),
sobre valores do trabalho e das organizações; Barrella (2008), relacionando valores relativos ao
trabalho e competências gerenciais; Teixeira e Silveira (2998), que analisaram os valores pessoais
no ambiente de negócios.
Portanto, é possível supor que conhecer as pessoas que compõem uma organização pode
ser útil na predição dos valores compartilhados nesse âmbito.
Para Schneider (1987), os determinantes fundamentais do comportamento organizacional
são os atributos das pessoas e não a natureza do ambiente externo, a tecnologia e a estrutura
organizacionais. Ele faz uma crítica ao fato de os estudiosos da psicologia organizacional e
individual submeterem-se à crença de que as situações determinam o comportamento. Trata-se de
uma crítica aos conceitos de uma abordagem puramente comportamental.
Partindo do pressuposto de que o ambiente é função das pessoas e seus comportamentos,
o autor considera que o modo como as pessoas se comportam nas organizações faz com que estas
sejam o que são (SCHNEIDER, 1987).
Nessa concepção, as pessoas não são designadas para as organizações aleatoriamente; elas
têm um papel volitivo importante nessa relação, que selecionam a si mesmas para entrar e para
sair das empresas (SCHNEIDER, 1987).
Na busca de propor uma alternativa à perspectiva situacionista, o autor desenvolve o
modelo ASA, que tem como objetivo principal discutir a idéia de que as pessoas e seus
comportamentos são responsáveis pela estrutura e pelo ambiente organizacional (SCHNEIDER,
1987).
ASA, o nome do modelo, engloba os elementos componentes: atração (attraction),
seleção (selection) e atrito (atrition). Sua premissa é a suposição de que as diferentes
organizações atraem, selecionam e retêm ou não as pessoas dependendo do relacionamento de
26
diferentes tipos que se estabelece (com ou sem atrito). É o resultado do ciclo ASA que determina
o motivo por que as organizações são diferentes umas das outras (SCHNEIDER, 1987).
O processo de Atração relaciona-se ao fato de as pessoas serem atraídas a um
determinado contexto pelas metas que ele representa. Essas metas não são conscientemente
estabelecidas, mas emergem dos fundadores da organização (SCHNEIDER, 1987).
O processo que o autor chama de Atrito revela que as pessoas que o se ajustam ao
ambiente, ou às metas que ele representa, tendem a ir embora. Assim, quanto maior o ajuste entre
as expectativas individuais e a realidade da vida organizacional, melhor será o relacionamento
entre empresa e indivíduo. Na concepção do autor, uma tendência de o grupo ir se tornando
cada vez mais homogêneo em comparação com o inicialmente atraído ao contexto.
O processo de Seleção faz com que as empresas restrinjam os tipos de pessoas que nela
ingressam através do recrutamento. A seleção se com base no perfil de pessoas que possuem
um conjunto de atributos requeridos para a efetividade da organização. O processo de seleção,
portanto, contribui para que a empresa escolha pessoas mais homogêneas em suas características.
O presente estudo considera que, ao conhecer as pessoas em termos de fatores pessoais,
como personalidade e valores, pode-se predizer quais são os valores compartilhados no âmbito da
organização e, conseqüentemente, elementos de sua cultura.
No entanto, para que se possa identificar o poder preditivo dessas variáveis com relação a
tipos de cultura, faz-se necessário investigar as relações que guardam entre si. Desta forma, este
trabalho dedicou-se à investigação do seguinte problema de pesquisa: qual é a relação entre
valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho, tipos de personalidade e os tipos de cultura
organizacional percebidos?
No que diz respeito às pessoas, optou-se por analisar os tipos de personalidade e seus
valores, já que existem pesquisas que mostram a influência dessas características na determinação
do comportamento (BILSKY e SCHWARTZ, 1994; JUDGE e CABLE, 1997).
No que diz respeito às organizações, será analisada sua cultura a partir dos valores
organizacionais, uma vez que existem estudos que apontam para o fato de os valores serem
elemento central da cultura organizacional (DEAL e KENNEDY, 1973; VENDERBERGUE e
PEIRÓ, 1999; CHATMAN, O’REILLY, e CALDWELL, 1991; CAMERON e QUINN, 1999).
O trabalho teve como propósito gerar conhecimento sobre a relação entre variáveis de
natureza individual e a cultura organizacional, um fenômeno de natureza coletiva.
27
O segundo capítulo deste trabalho aborda os construtos analisados em termos teóricos:
personalidade, valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho e cultura organizacional.
No terceiro capítulo são apresentados o problema de pesquisa, os objetivos gerais,
específicos e as hipóteses, bem como o modelo orientador da pesquisa e o diagrama da pesquisa.
O quarto capítulo tem como objetivo explanar sobre os procedimentos metodológicos
usados.
O quinto capítulo dedica-se à apresentação dos resultados e, no capítulo sexto, a discussão
dos resultados e as conclusões são apresentadas.
28
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial será dividido em duas partes. Na primeira, serão abordadas as pessoas:
personalidade, valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho. Na segunda parte será a
organização: seus perfis culturais.
2.1 O indivíduo - valores e personalidade
Nessa seção, serão discutidos os conceitos e as perspectivas nos estudos da personalidade,
dos valores humanos e dos valores relativos ao trabalho, bem como a diferenciação entre esses e
desses com outros conceitos afins.
2.1.1 Personalidade
Segundo Heidbreder (1967), ao se analisar a história, percebe-se que os interesses dos
primeiros estudos do ser humano referiam-se aos fenômenos externos, ao mundo, e não à sua
própria natureza ou existência. A autora comenta que no início, o pensamento não tinha
consciência de si mesmo, pois a autoconsciência implicaria numa observação do eu e “explicar o
eu e suas características implicaria no estabelecimento do problema do eu e, portanto, no
abandono da idéia ingênua de tomar o eu como algo hipotético” (p. 28). Assim, a autora
considera que o pensamento começou trabalhando de fora para dentro, com a filosofia focando a
cosmologia, a ciência focando a astronomia e a física, e o interesse pela psicologia surgindo mais
tardiamente.
Complementarmente, Jung (1991) comenta que quanto mais se retrocede na história, mais
se percebe a personalidade desaparecendo sob o manto da coletividade. Segundo o autor, na
psicologia primitiva não há vestígios do conceito de indivíduo.
Ao se referirem às primeiras incursões da objetividade científica, Kluckhohn e Murray
(1965) relatam que, no ocidente, essas foram feitas nos domínios da astronomia e da física e que,
apenas mais recentemente, a ciência da personalidade surgiu para transformar as noções do ser
humano quanto às suas próprias disposições e capacidades.
Cattell (1975), psicólogo americano estudioso da personalidade, sistematiza o
conhecimento humano sobre a personalidade dividindo-o em três fases da história. A primeira
29
fase, que o autor chamou de filosófica, literária ou pré-científica, caracteriza-se como intuitiva ou
composta por crenças convencionais, cujos conhecimentos desenvolvidos sobre a personalidade
humana não podem ser cientificamente comprovados; nesse âmbito, Cattell cita as obras de
Shakespeare, Dostoiewiski, Goethe entre outros. A segunda fase, chamada pelo autor de
protoclínica, caracteriza-se pelo estabelecimento de observações organizadas e de teorias. Nessa
fase, notam-se as tentativas da medicina na análise e compreensão do comportamento anormal, a
partir do uso de métodos descritivos, para descrever e analisar a personalidade. Entre os teóricos
dessa fase estão Freud, Adler e Jung. E, por último, a fase quantitativa e experimental, que
começou no início do século XX com foco em medidas reais do comportamento que podiam ser
repetidas em laboratórios, com tratamento estatístico e matemático, destacando os trabalhos de
Pavlov, Wundt e Sperman.
Lindzey e Hall (1984), ao tratarem do papel da teoria da personalidade no
desenvolvimento da psicologia, fazem uma separação: de um lado, os chamados teóricos da
personalidade, que deduziam da experiência clínica suas formulações conceituais, contando mais
com suas percepções intuitivas correspondente à segunda fase descrita por Cattell (1975). E de
outro lado, os psicólogos experimentais, que se dedicavam ao estudo dos dados colhidos no
laboratório, contando mais com o rigor e a precisão da investigação controlada correspondendo
à terceira fase comentada por Cattell.
Como visto, Lindzey e Hall apresentam uma visão dicotômica das teorias da
personalidade, separando-as em suas grandes correntes. É possível, no entanto, distinguir outros
movimentos que compõem as teorias sobre a natureza do comportamento humano.
Davidoff (1983) distingue quatro visões contemporâneas da psicologia, sendo elas o ponto
de vista psicanalítico, o neobehaviorista, o cognitivo e o humanista.
O ponto de vista psicanalítico agrega vários teóricos, mas existem variações em suas teses
individuais. A busca de leis e determinantes da personalidade normal e anormal; a ênfase sobre
os motivos inconscientes como aspectos fundamentais da personalidade; a crença de que a
personalidade é formada durante a primeira infância eram algumas das teses da psicanálise,
segundo Davidoff (1983).
Freud teve vários seguidores, mas foi ele quem desenvolveu os principais pilares da
psicanálise. Por ser severo na preservação de tais pilares conceituais, rompeu com alguns
psicanalistas, que vieram a desenvolver suas próprias teorias como Adler, Jung, Rank e Reich
30
(LINDZEY e HALL, 1984). Para Lindzey e Hall, Jung é um dos maiores pensadores da
atualidade e se dedicou a estudar os processos profundos da personalidade.
No final do século XIX, a sociologia e a antropologia começaram a se distinguir como
disciplinas independentes, que viam o ser humano como produto da sociedade em que vive, e
consideravam sua personalidade mais social do que biológica. Alguns psicanalistas passaram a
desenvolver uma nova orientação para os estudos da personalidade, com base nas ciências
sociais. Os nomes expoentes deste movimento são Adler, Horney, Fromm e Sullivan. Suas
teorias ficaram conhecidas como sendo Culturalistas (LINDZEY e HALL, 1984).
O neo-behaviorismo, que ainda se ocupa da investigação dos estímulos, respostas
observáveis e da aprendizagem, mas se propõe também a estudar fenômenos que não podem ser
observados diretamente como a personalidade, a confiança, a empatia, entre outros, seria, na
visão de Davidoff (1983), mais um dos caminhos teóricos da psicologia.
O ponto de vista cognitivo, que se ocupa das atividades mentais como o pensamento, a
imaginação, a percepção, a memória e a resolução de problemas, surge como uma resposta de
alguns psicólogos ao modelo behaviorista (DAVIDOFF, 1983).
Os psicólogos humanistas tiveram como objetivo humanizar a psicologia. Consideravam
que a missão do psicólogo era a de ajudar as pessoas a compreender-se e desenvolver-se até o seu
máximo potencial e que para isso, os seres humanos deveriam ser vistos como um todo e não de
maneira compartimentalizada. O foco de atenção estava na consciência subjetiva, na forma como
as pessoas percebem suas próprias experiências, estando a ênfase sobre a interpretação dessa
percepção. Ao invés de tentar chegar às leis universais sobre o comportamento, a busca era a de
compreender também o individual, o específico e o excepcional. Nessa abordagem, podem-se
citar as contribuições de Maslow, com as pesquisa sobre auto-atualização e fortemente a
influência da gestal. (DAVIDOFF, 1983)
Entre os humanistas pode-se citar também Kurt Lewin, que desenvolveu a teoria do
campo para compreender a situação total que engloba a pessoa e o ambiente. Segundo a teoria do
campo, o comportamento depende das características individuais e da estrutura momentânea da
situação existente. O autor acreditava que a discussão sobre hereditariedade versus meio na
determinação do comportamento era inócua e propôs a tese de que ambos deveriam atuar na
definição do comportamento (LEWIN, 1975).
31
Uma nova tendência ou movimento teórico que surge a partir dos anos 90 é o da
psicologia positiva, que busca compreender o ser humano a partir do conceito do bem estar
psicológico, do afeto positivo, do sentimento de satisfação, em contraposição a uma psicologia
que se ocupa da idéia de que uma vida boa é a ausência de doença mental. (LINLEY e JOSEPH
2004).
Nesta perspectiva, o ser humano possui disposições ou dimensões comuns em sua
natureza humana essencial. Os teóricos preocupam-se em sublinhar que o ser humano também é
produto de seu ambiente histórico e cultural. No entanto, deixam claro que a perspectiva central é
a de um individuo universal.
Em termos de raízes, a psicologia positiva pode ser vista como calcada na premissa
aristotélica de homem virtuoso e também na visão de ser humano da psicologia humanista.
Esta abordagem está interessada em compreender as virtudes, as metas e as expressões
individuais do ser humano; interessa-se pelos traços positivos da personalidade. É uma ciência
das experiências subjetivas positivas, dos traços individuais positivos e dos valores e instituições
sociais positivos. Entre os nomes de teóricos que se ocupam de desenvolver os pilares da
psicologia positiva estão Martin Seligman, Barbara Fredrickson, Ed Diener e Csikszentmihalyi.
Será feita, em seguida, uma breve apreciação dos conceitos e perspectivas dos estudos
sobre personalidade.
2.1.1.1 O que é personalidade
Segundo Allport (1973), o termo personalidade pode ser usado tanto no que se refere à
mente em particular, quanto à mente em geral da pessoa concreta à pessoa abstrata. Embora
cada ser humano tenha sua individualidade, é possível descobrir princípios gerais de
desenvolvimento, organização e expressão da personalidade. O autor considera a personalidade
como sendo um fenômeno universal, embora encontrada sob formas individuais.
Lazarus (1969) considera que o comportamento de uma pessoa é governado não pelo
estímulo exterior momentâneo, mas também pelos atributos estáveis que a pessoa comporta em
si. Identificar tais atributos ou disposições torna possível compreender as reações psicológicas do
indivíduo. Segundo o mesmo autor e McClelland (1955), é possível detectar padrões consistentes
ao se perceber uma pessoa se comportando de determinada maneira em várias situações e
repetidas vezes, o que implica na presença de certas estruturas e processos de personalidade que
32
determinam esses padrões. Assim, o aspecto fundamental da personalidade é sua consistência ou
estabilidade.
É consenso entre os estudiosos da personalidade a existência de uma dificuldade na
definição do termo (LUNDIN, 1977; ALLPORT, 1973; LINDZEY e HALL, 1984; PERVIN,
1978). Segundo Allport (1973), todos sabem o que é personalidade, mas ninguém pode
descrevê-la, existindo centenas de definições. Será a preferência teórica do autor que determinará
a forma como ele define personalidade (LINDZEY e HALL, 1984; KLUCKHOHN e
MURRAY, 1965).
A forma mais popular relatada por vários autores refere-se ao uso do termo personalidade
para descrever a atratividade social (LUNDIN, 1977), a capacidade de produzir reações positivas
nos outros (LINDZEY e HALL, 1984), um feixe de traços que sejam socialmente atraentes e
eficientes. (ALLPORT, 1973). Nessas visões, o impacto social e a percepção do outro são
elementos importantes para a definição da personalidade.
Allport (1973) aponta, além desse uso popular, chamado pelo autor de “efeito externo”,
as definições que se referem à estrutura interna e as definições positivistas. O foco na estrutura
interna, ou abordagem essencialista, percebe a personalidade como uma entidade objetiva, que
realmente existe e que é acessível ao estudo. As definições de personalidade que dão ênfase à
estrutura interna focam o estado psicológico, a estrutura cognitiva, as disposições biológicas, os
impulsos, os instintos e a organização mental. A abordagem positivista sustenta que, por ser
inacessível à ciência, a estrutura interna não pode ser diretamente estudada. Assim, o foco estará
mais voltado para os aspectos observáveis e passíveis de medição, como o comportamento.
Abaixo se apresenta um quadro com algumas definições de personalidade.
33
Quadro 1- Definições de Personalidade
Allport (1973,
p.73)
Personalidade é uma unidade existente na pessoa, com estrutura interna
própria: é a organização dinâmica interna do indivíduo, dos sistemas
psicofísicos que determinam seu comportamento e seu pensamento
característicos.
Cattell (1975,
p. 26)
Personalidade é aquilo que nos diz o que fará um homem quando
colocado em dada situação. A resposta é função da pessoa na situação.
Lundin (1977,
p.7)
Personalidade é a organização do equipamento singular de
comportamento que um indivíduo adquiriu através de condições especiais
de seu desenvolvimento.
Lazarus (1969,
p. 60)
Personalidade é uma organização de estruturas hipotéticas relativamente
estáveis, em virtude das quais uma pessoa atua de um modo determinado
e que devem ser inferidas do comportamento.
Kulckhohn e
Murray (1965,
p. 63)
Personalidade é uma conceituação adequada do comportamento de uma
pessoa em todos os seus detalhes que um cientista pode dar em um
determinado momento. É uma interpretação teórica derivada do
comportamento total de uma pessoa.
Fonte: elaborado pela autora a partir das referências acima citadas.
Pode-se notar, nas definições apresentadas, a variedade de conceitos, que no entanto, se
concentram na manifestação do comportamento do indivíduo, noção importante no
desenvolvimento deste trabalho.
2.1.1.2 Determinantes hereditários versus determinantes ambientais da personalidade
É consenso entre os teóricos que a origem e o desenvolvimento da personalidade têm
influências tanto hereditárias quanto ambientais, não estando formada completamente na ocasião
do nascimento, mas sendo sujeita aos processos de aprendizagem ao longo das fases da vida
(LAZARUS, 1969; CATTELL, 1975; LUNDIN, 1977; ALLPORT, 1973; LINDZEY e HALL,
1984; KLUCKHOHN e MURRAY, 1965).
Allport (1973) considera que a personalidade é influenciada tanto pela hereditariedade
quanto pelo ambiente. Segundo o autor, no entanto, existe uma parte do conteúdo da
34
personalidade que é mais sujeita à influência do ambiente e da aprendizagem que a outra parte e
que o mesmo traço que pode se dever à hereditariedade para uns pode se dever à aprendizagem
para outros. Cattell (1975) relata vários estudos que tiveram como preocupação compreender
quanto do desenvolvimento da personalidade se por conta da aprendizagem ou da
hereditariedade. Para ele, a distinção entre os efeitos de um e de outro está no fato de que os
relacionados ao ambiente em geral determinam a área em que o traço se manifestará, ao passo
que a hereditariedade mais freqüentemente responde pelo seu quantum. As pesquisas mostram
ainda haver relação entre os efeitos dos dois determinantes.
Ainda Allport (1973) relata que estudos para compreender quais aspectos ou
características são mais fortemente originários da hereditariedade chegaram à conclusão de que
os membros da mesma família são mais parecidos no físico e em capacidades como a
inteligência, as motoras, as discriminações sensoriais e o tempo de reação. Com relação ao
temperamento e às características emocionais, os membros da mesma família são um pouco
semelhantes. E com relação às atitudes, crenças, valores e interesses são menos semelhantes,
embora ainda parecidos. O autor não deixa de considerar o papel da aprendizagem no lar como
viés dessas conclusões, o que torna realmente complexa a análise desses dois determinantes.
A abordagem essencialmente comportamental considera a existência de fundamentos
biológicos para o comportamento, mas sua ênfase está no fato de que a maior parte do
comportamento humano é aprendida e que observar as condições em que o comportamento é
aprendido é importante para que se compreenda a personalidade humana (LUNDIN, 1977).
Segundo Lazarus (1969), a história de vida inclui o aparecimento e organização de muitos
e diversos padrões de motivação e valores, cada um dos quais possui certa identidade própria,
ainda que seu funcionamento esteja subordinado a uma totalidade orgânica. Assim, as estruturas
estáveis e em funcionamento consistente da personalidade aparecem no decurso do processo de
desenvolvimento e uma vez formadas, tendem a resistir a qualquer modificação.
Vê-se que também aqui os posicionamentos teóricos por vezes deixam perceber a
delicadeza do tema e a falta de uma delimitação nítida do objeto de estudo.
35
2.1.1.3 Perspectivas nos Estudos da Personalidade
Allport (1973) considera que existem diferentes níveis de análise que podem ser úteis para
o estudo da personalidade. O mais conhecido, tanto por psicólogos quanto por leigos, é o nível do
traço. Do conceito de traço deriva o de tipos, definido como um conjunto de traços. O terceiro
nível descrito pelo autor é o das disposições pessoais. Os traços e tipos possibilitam a
comparação entre pessoas da mesma população e a análise das disposições pessoais será mais útil
quando se trata de estudo mais minucioso do indivíduo. A seguir serão descritos os três níveis de
análise.
a) Disposições Pessoais
Allport (1973) chamará de disposições pessoais às características, de fato, singulares.
Como os traços, essas também seriam referentes às tendências amplas determinantes do
comportamento, mas únicas para cada indivíduo. Estudar a personalidade via disposições
pessoais seria uma medida mais precisa. No entanto, estudá-la via traços seria mais útil quando se
deseja comparar as pessoas de uma população.
O autor considera haver uma interdependência entre as disposições de uma pessoa, já que
o comportamento sempre exige a convergência efetiva de diversas influências determinantes. As
disposições pessoais mostram repetidamente os mesmos objetivos e a mesma qualidade
expressiva ao longo de um período de tempo e, portanto, são influências estáveis e contínuas.
Outro aspecto discutido por Allport (1973) sobre as disposições é sua consistência. O
autor considera que situações diferentes podem provocar disposições diferentes e que é possível
um indivíduo ter disposições opostas em sua personalidade, mas que essas são ativadas em
contextos diferentes. Portanto, inferir a existência de uma disposição exige uma avaliação
profunda dos atos separados de uma pessoa e não fazer essa avaliação mais profunda pode levar a
um diagnóstico errado da personalidade de uma pessoa.
O autor distingue disposições fundamentais das secundárias, distinção que define a
relativa proeminência e intensidade das várias disposições de uma personalidade. Às disposições
fundamentais o autor atribui um caráter motivacional e às secundárias um caráter instrumental; as
motivacionais teriam uma amplitude de força maior. Allport (1973) considera que alguns traços e
36
disposições são nitidamente motivacionais, principalmente os conhecimentos, os interesses, as
ambições, os sentimentos, os complexos e os valores.
Para Allport (1973), os traços e as disposições derivam sua significação do papel que
desempenham ao facilitar o ajustamento ao mundo pessoal e o domínio deste.
b) Abordagem dos traços
Estudiosos da personalidade como Allport (1973), Cattell (1975) e McClelland (1955)
consideram ser possível estudar a personalidade de uma pessoa a partir da análise de seus traços
psicológicos.
Allport (1973) diz que, apesar da variabilidade do comportamento de uma pessoa, é
possível distinguir uma parte constante ou consistente, à qual o autor de refere como sendo os
traços.
Para McClelland (1955), a abordagem dos traços funciona como uma tentativa de trazer
ordem para a multiplicidade de respostas humanas, surgindo da observação de que as pessoas
tendem a reagir de maneira similar em situações similares. Na visão do autor, essa abordagem
possibilita a compreensão da personalidade individual.
Allport (1973) e Cattell (1975) definem os traços como sendo uma característica de
comportamento ou tendência de reação relativamente estável e duradoura. Para esses autores, não
é a presença de um ou outro traço que define a personalidade de uma pessoa, mas a maneira
como eles se organizam, o que determina a pessoa como uma singularidade.
Cattell (1975) considera que podem existir traços comuns a várias pessoas, como por
exemplo a introversão, variando apenas em termos de força, e podem existir traços únicos,
específicos de um indivíduo, como grau de amizade por alguém. Allport (1973) chamou esses
últimos de disposições pessoais.
Allport (1973) adverte sobre o uso da abordagem dos traços, considerando que “nenhuma
teoria de traços pode ser verdadeira se não admitir e não explicar a variabilidade do
comportamento de uma pessoa” (p. 415). O autor comenta também o risco de os traços serem
usados de maneira a simplificar as percepções e julgamento das pessoas: “ninguém é tão simples
e tão firmemente estruturado quanto o supõem os nossos rótulos” (p. 418). Por outro lado, o autor
defende a existência dos traços, que podem ser inferidos a partir da observação de indicadores do
comportamento consistente e regular ao longo do tempo.
37
Outra advertência vem de McClelland (1955) quando relata que a psicologia dos traços
não é suficiente porque não considera os pensamentos, os sentimentos, os desejos, ou seja, a
concepção de mundo das pessoas, estando seu foco nas reações consistentes em situações
parecidas.
c) Abordagem dos tipos
Segundo Lazarus (1969), existe alguma semelhança entre a abordagem de traços e a de
tipos, pois ambas são orientadas para as reações. No entanto, o critério de tipos é mais amplo que
o de traços, já que um tipo pode incluir vários traços.
Allport (1973) considera que as doutrinas de tipos dizem que uma pessoa se assemelha a
outra sob um determinado aspecto, buscando generalidade e amplitude. Para esse autor, um tipo
pode ser visto como um traço comum superior. Uma doutrina de tipo supõe abranger a
personalidade total, na medida em que trabalha com um conjunto de hábitos, traços e atitudes
como manifestação de uma organização mais ampla.
Ainda Lazarus (1969) comenta que o critério de traços e tipos é útil quando os padrões
pertinentes do comportamento são consistentes, ou seja, característicos da pessoa e menos
suscetível ao ambiente externo. O que limita a utilidade do sistema de traços e tipos é o grau de
generalidade do traço, ignorando o intercâmbio entre a pessoa e o seu meio.
2.1.1.4 Tipos psicológicos de Jung
Ao discorrer sobre a personalidade humana, Jung discrimina a personalidade individual e
a personalidade coletiva. A primeira se refere à relação do indivíduo com seus processos internos,
a segunda refere-se à relação do indivíduo com o ambiente externo. Os dois contextos, o interno e
o externo, exigem uma adaptação por parte do indivíduo. Se o individuo se identifica com o
ambiente, tende a ajustar-se através da personalidade coletiva, ainda que isso faça com que ele
desenvolva uma abordagem diferente da personalidade individual. Esta adaptação responde a
expectativas do ambiente e também às intenções e aspirações sociais do indivíduo. Esse processo
é tratado por Jung como o “vestir a máscara” ou a persona, que retrata uma atitude assumida, que
faz com que o individuo corresponda tanto às suas intenções quanto às exigencias e opiniões do
contexto. Jung considera que a persona é distinta da individualidade e surge da relação das
38
pessoas com o ambiente em que vivem. Trata-se de uma personalidade adquirida, uma idéia geral
de quem se é, que se forma a partir da experiencia da sua influência sobre o mundo e vice e versa.
Segundo Jung, é mais difícil acessar a atitude interna (a individualidade); a continuidade da
vivência consciente com o objeto (meio externo) faz com que este seja mais acessível ao
indivíduo.
Para ele, é o caráter habitual da atitude que torna possível identificar os tipos de
personalidade, a partir dos quais as pessoas se reconhecem e são reconhecidas no meio em que
vivem.
Segundo Jung (1963), são antigas as tentativas do ser humano de construir tipos e, com
isso, colocar ordem no que ele chama de “caos” dos indivíduos. Ele cita como a tentativa mais
antiga, a feita pela astrologia do Antigo Oriente, com os quatro elementos: ar, água, terra e fogo.
Essa tipologia pode ser relacionada com os signos do zodíaco. Segundo essa antiqüíssima
concepção, as pessoas que nascessem em determinado signo teriam parte de uma natureza
equivalente às características representadas pelo signo e apresentaria um temperamento e destino
correspondentes. Segundo o autor, o que antigamente era representado pelos signos do zodíaco,
depois foi expresso na linguagem fisiológica dos antigos médicos, que discriminaram os tipos
fleumático, melancólico, colérico e sanguíneo, uma tipificação que durou no mínimo 1800 anos,
enquanto a astrológica permanece até os tempos atuais.
Jung coloca uma grande ênfase na elaboração da obra Tipos Psicológicos, pois considera
que sua consagração ocorreu paralelamente à sua elaboração. Nesse período, Jung buscava
compreender o que distinguia suas concepções das de Freud e de Adler. Com isso, deparou-se
com a questão dos tipos que, na sua concepção, seria o que delimita os julgamentos do ser
humano. Jung diz que o livro Tipos Psicológicos trata do confronto do indivíduo com o mundo e
de suas relações com outras pessoas e coisas (JUNG, 1963). Nesta obra, Jung (1963) considera
que o julgamento do ser humano é condicionado por seu tipo de personalidade e que, portanto,
toda maneira de ver o mundo é relativa.
Segundo Silveira (1964), Tipos Psicológicos foi um trabalho que contribuiu para que as
pessoas conseguissem se orientar melhor dentro dos quadros de referência do outro.
Jacobi (1973) considera que Jung construiu sua teoria em um profundo conhecimento da
realidade psicológica, de forma que sua construção não corresponde a uma teoria abstrata, fruto
39
de um intelecto especulativo, mas a uma estrutura que repousa inteiramente no sólido
embasamento da experiência.
Em seu estudo sobre a epistemologia de Jung, Nagy (2003) aponta que Jung enfatizava
que sua psicologia se fundamentava na teoria de que aquilo que uma pessoa sabe sobre si provém
diretamente de seu interior. Trata-se, segundo a autora, da ênfase sobre a primazia da experiência
interior, o que denota uma epistemologia subjetivista de Jung. Ele considerava não ser possível
negar a existência da psique, pois as pessoas se deparam com algo existencial, implantado na
realidade de um mundo tridimensional, mensurável e ponderável.
Jung dizia que a psicologia como ciência deveria se ocupar da psique e de seus conteúdos,
que esses são realidades porque atuam. Ele considerava não existir um meio de entender a
psique que não fosse o “eu” observar objetivamente aquilo que se está pensando ou sentindo.
Para Jung, a psique humana não é menos real do que o corpo. Embora não possa ser
tocada, pode ser direta e completamente experimentada e observada e possui um mundo próprio,
estruturado e governado por determinadas leis (JACOBI, 1973).
A tipologia desenvolvida por Jung busca explicar a estrutura e o funcionamento da
consciência (JACOBI 1973; STEIN, 1998). Jung (2003) considera que a consciência é um
produto da percepção e da orientação no mundo externo, cujo lócus está no cérebro. Para ele, a
consciência é dotada de um certo número de funções que a orientam no seu relacionamento com
o meio ambiente.
Com a introversão e introversão, Jung distinguiu dois grandes grupos de indivíduos. No
entanto, ele considerou esse agrupamento superficial e genérico, que existem diferenças entre
as pessoas do mesmo grupo. A sua experiência mostrou-lhe que não daria para classificar as
pessoas somente a partir desses dois grandes grupos, o que o levou a desenvolver a classificação
das funções psicológicas básicas: pensamento e sentimento; sensação e intuição (ver JUNG,
1963).
40
Em seguida serão apresentados os conceitos das atitudes e das funções junguianas.
a) As atitudes
Jung (1963) percebeu que, quando se observa o desenrolar da vida humana, vê-se que o
destino de alguns é mais determinado pelos objetos de seu interesse e o de outros mais pelo seu
interior, pelo subjetivo.
Para Jung (1963), todas as pessoas pendem mais para um lado ou para outro e por isso
estão inclinadas a entender tudo sob a ótica de seu próprio tipo. Ainda que todos os indivíduos
possuam os dois mecanismos, será a relativa preponderância de um ou de outro que definirá tipo.
Assim, o que distingue as duas atitudes, extroversão e introversão, é o comportamento do
indivíduo em relação ao mundo, sua forma de reagir às experiências internas e externas
(JACOBI, 1973), ou seja, elas se diferenciam pela direção de interesse do indivíduo, pelo
movimento de sua libido (JUNG, 1963). Segundo Jung, os dois tipos são opostos, possuindo
motivações e necessidades bastante diferentes.
Pessoas extrovertidas possuem uma relação positiva com o mundo/objeto no sentido de
que se orientam em direção a ele, afirmando a importância dele. Os interesses, a atenção, as
decisões e as ações tendem a ser orientadas pelos fatos objetivos, coisas e pessoas (JUNG, 1963).
Pessoas introvertidas, embora percebam as condições externas, escolhem os
determinantes subjetivos como decisivos (JUNG, 1963). O objeto, portanto, não desempenha um
papel tão importante.
b) As funções psíquicas
A psique consciente é uma espécie de aparelho de adaptação ou orientação, constituído de
certo número de diferentes funções psíquicas. Como funções básicas podem-se elencar a
Sensação, o Pensamento, o Sentimento e a Intuição (JUNG, 1963).
Segundo Jacobi (1973), as funções psíquicas referem-se a certa forma de atividade
psíquica que permanece teoricamente a mesma sob circunstâncias variáveis e é completamente
independente de seus conteúdos momentâneos.
41
As funções do Pensamento e do Sentimento foram definidas por Jung como funções
racionais, porque se caracterizam pelo primado de funções do julgamento racional (JUNG, 1963).
O indivíduo Pensamento conduz sua vida principalmente sob o comando da reflexão, de maneira
que suas ações mais importantes sejam fruto de motivações intelectualmente geradas. O
Sentimento funciona a partir de uma avaliação baseada em sentimentos de prazer ou desprazer,
aceitação ou rejeição, atribuindo valor às coisas. Essas duas funções são determinantes do
comportamento e mutuamente exclusivas (JACOBI, 1973).
As funções da Sensação e da Intuição foram chamadas de funções irracionais por estarem
relacionadas não ao julgamento, mas às percepções, ou seja, à maneira como a pessoa assimila
informações do ambiente. A Sensação percebe como as coisas são a partir do senso de real; é a
percepção de fatos externos via os cinco sentidos. A Intuição percebe as coisas menos através do
aparato consciente dos cinco sentidos e mais através da potencialidade inerente às coisas, uma
captação mais inconsciente, focada em possibilidades e potencialidades do objeto. Essas duas
funções são antitéticas e também mutuamente exclusivas (JACOBI, 1973).
Assim, Jung considera que a Sensação diz que alguma coisa é; o Pensamento exprime o
que ela é; o Sentimento exprime-lhe o valor e a Intuição diz sobre suas possibilidades futuras
(JUNG, 2003).
Para Jung (2003), embora todas as pessoas tenham as quatro funções, haverá a
predominância de uma sobre a outra. Ele diz que é a função dominante que a cada indivíduo
seu tipo de personalidade particular. Quando o pensamento é a função superior, o sentimento será
a inferior, o que também acontece com as duas outras funções. Jung considera que nenhum
indivíduo possui os dois opostos agindo simultaneamente e que normalmente a função inferior
não é consciente, nem diferenciada, não podendo ser manobrada pela intenção e pela vontade.
A combinação das duas atitudes com as quatro funções origina os oito tipos psicológicos:
Pensamento Introvertido, Pensamento Extrovertido, Sentimento Introvertido, Sentimento
Extrovertido, Sensação Introvertida, Sensação Extrovertida, Intuição Extrovertida e Intuição
Introvertida. Abaixo, será apresentada uma breve descrição dos 8 tipos.
Pensamento Extrovertido: o pensamento se orienta pelo objeto e pelos dados objetivos. Os
critérios de julgamento derivam de condições objetivas e a orientação da conclusão é igualmente
voltada para os dados objetivos do contexto. São pessoas que mantêm os valores sentimentais
afastados de suas conclusões. Procuram a ampliação dos horizontes (JUNG, 1963).
42
Sentimento Extrovertido: são pessoas que estão em sintonia com as situações objetivas e
atuam com base nos valores mais tradicionais e aceitos em geral. Suas conclusões precisam estar
em harmonia com seus sentimentos. Existe uma preocupação em ser conivente com as normas
gerais da sociedade. As valorizações decorrem dos valores objetivos.
Intuição Extrovertida: O intuitivo dessas pessoas nunca está onde se encontram valores
reais, aceitos em geral, mas onde se encontram as possibilidades. Têm faro aguçado para o
embrionário e para o que promete o futuro. Estão sempre à procura de novas possibilidades. Não
gostam de situações estáveis, bem fundadas, mas buscam constantemente a liberdade (JUNG,
1963).
Sensação Extrovertida: pessoas que possuem um alto nível de realismo, com um
desenvolvido senso objetivo dos fatos. Acumulam experiências reais de fatos concretos. São as
pessoas da realidade palpável, sem queda para a reflexão ou desejo de dominar (JUNG, 1963).
Pensamento Introvertido: pessoas cujos julgamentos são orientados pelo fator subjetivo e
reconduzem a experiência concreta para os conteúdos subjetivos. Propõem questionamentos e
teorias, abrem horizontes e introspecção, e quando se relacionam com os fatos, mantêm-se
reservados. Procuram a aprofundamento dos horizontes (JUNG, 1963).
Sentimento Introvertido: são pessoas quietas, pouco sociáveis, com temperamento
melancólico. Não “brillham”, não aparecem em público. Deixam-se guiar por sentimentos
subjetivamente orientados. São tidas como agradáveis e calmas. Seus motivos não são
explicitados e as emoções do objetivo tendem a não ser reconhecidas (JUNG, 1963).
Sensação Introvertida: orientam-se pelo que acontece, possuem autodomínio racional,
calma e passividade. Orientam-se pela intensa parcela subjetiva da sensação, que é suscitada pelo
estímulo objetivo. Seu entusiasmo é atenuado, mostrando neutralidade e benevolência na sua
maneira de se expor (JUNG, 1963).
Intuição Introvertida: pessoas que podem ser vistas como sonhadoras, visionárias,
místicas ou artistas. Esse tipo leva o indivíduo ao afastamento da realidade palpável e faz com
que ele seja visto como um enigma pelas pessoas mais próximas: o gênio incompreendido, tal
com descreve Jung. (JUNG, 1963).
Segundo Jung, para uma orientação plena da consciência, todas as funções deveriam
ocorrer igualmente: o Pensamento provendo ao indivíduo conhecimento e o julgamento; o
Sentimento deveria dizer-lhe como e em que grau algo é importante ou não para si; a Sensação
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proporcionaria a percepção da realidade concreta por meio dos cinco sentidos e a Intuição faria
com que se adivinhassem as possibilidades mais ou menos escondidas de uma situação. No
entanto, ele pontua que estas funções estão raras vezes ou nunca igualmente distribuídas e,
portanto, disponíveis à consciência. Uma tende a ocupar o primeiro plano enquanto as outras
permanecem indiferenciadas, completa ou parcialmente inconscientes.
No presente estudo, a personalidade será avaliada a partir da tipologia Junguiana, que
existem instrumentos validados no Brasil para esse fim.
44
2.2 Valores humanos
Muitos estudiosos, em vários campos de estudo, têm se preocupado em compreender a
função que os valores pessoais possuem na predição do comportamento humano em uma
variedade de situações.
O termo Valores tem sido discutido ao longo do tempo, na busca de um consenso em
torno do seu significado. Segundo Rohan (2000), as teorias de Valores e os pesquisadores sofrem
porque a palavra valores está “aberta” a abusos e usos excessivos de pessoas que se colocam a
estudar o tema, talvez mais por modismo do que por uma preocupação séria e academicamente
comprometida.
Foi a partir do século XX que os cientistas sociais passaram a se interessar pelo tema
Valores e diversos estudos, em várias disciplinas das ciências sociais, podem ser encontrados
(ROS, 2006).
No entanto, as reflexões envolvendo o tema valores tiveram início no âmbito filosófico e
percorreram um longo caminho até chegar ao âmbito da pesquisa científica.
A axiologia é o ramo da filosofia que estuda os valores. Embora se considere que a
Filosofia não tratou de valores até o século XIX, Platão e Aristóteles já tratavam do tema, embora
não pretendessem propor uma filosofia de valores (CABANAS 1998). O núcleo central da
filosofia de Platão foi constituído pela Teoria das Idéias que, segundo Hessen ([1937] 2001) nada
mais seria do que uma teoria dos valores. De acordo com o mesmo autor, Platão, calcado no
sistema metafísico, considerava que os valores fundamentais almejados pela reflexão racional
seriam a verdade, a beleza e o bem. Aristóteles, segundo Hessen, trata da teoria das formas, e a
realidade empírica passa a ser o lócus das idéias e o valioso adquire um caráter cósmico.
A partir do século XIX, com a filosofia moderna, Kant foi considerado o filósofo que
mais contribuiu com a filosofia dos valores a axiologia. Os valores passaram a ser vistos como
objeto isolado e como fins em si mesmos (GOUVEA, 2008) e como um construto de domínio
pessoal da consciência e não mais ligado aos Cosmos (HESSEN, [1937] 2001). Segundo Cabanas
(1998), de acordo com a escola de Baden, que representava o movimento de volta a Kant, os
valores passam a ser vistos como dependentes dos juízos de valor e não mais do real. Segundo
Hessen, os estudos de Kant trataram dos valores éticos, cujo lócus seria a consciência moral.
Um filósofo considerado fundamental no estudo de valores é Lozte (HESSEN, [1937]
2001; GOUVÊA, 2008), que contribuiu tratando da distinção entre “ser” e “valor”,
45
possibilitando, segundo Gouvêa (2008), a axiologia como uma filosofia dos valores independente
dos dogmas da metafísica.
Entre outros filósofos que falaram sobre valores, Nietzsche é reconhecido como sendo
quem popularizou o uso do termo valores no âmbito da filosofia (HESSEN, [1937] 2001;
GOUVEA, 2008; CABANAS, 1998). Sua proposta, segundo os autores, relaciona-se à busca de
inverter totalmente os valores ocidentais - os cristãos, morais e democráticos - em nome da
evolução humana.
A preocupação em estudar a teoria dos valores na filosofia se por interesses diferentes
daqueles das ciências sociais. Segundo Hessen ([1937] 2001), os interesses filosóficos
relacionam-se à compreensão do espírito humano e à reflexão sobre suas funções e atividades não
teóricas e sobre a sua atitude frente aos valores. O estudo dos valores e a posição do homem
frente ao “mundo do valioso” se fazem importantes na filosofia, segundo o autor, para que se
compreenda o problema nuclear da concepção-do-mundo, que não seria completamente
solucionado a partir apenas da metafísica.
No conceito de valor está incluída a referência a um sujeito, que valor é sempre valor
para alguém. Hessen ([1937] 2001) se preocupa em esclarecer que o processo de atribuir valor
não é único e exclusivo do indivíduo, que os valores e os juízos não valem apenas para um ou
outro indivíduo, mas buscam, além da validade subjetiva, exprimir uma situação ou fato que
todos devam reconhecer do mesmo modo. O indivíduo reivindica uma validade geral para o seu
próprio juízo. Dessa forma, o autor considera o indivíduo um sujeito interindividual e reconhece
que a cultura humana é essencialmente uma realização de valores.
Ainda com relação à estrutura dos valores, o autor considera que eles se organizam a
partir de uma estrutura polar, em que é possível observar a oposição entre valores positivos e
negativos. O autor referencia também a existência de uma estrutura hierárquica em que os
valores possuem uma estrutura escalonada, que admite graus.
Mesmo que advindas do campo da filosofia, cujos interesses-fins são diferentes dos
interesses das ciências sociais, as idéias de Hessen ([1937] 2001) poderão ser relacionadas
diretamente com os estudos sociológicos e psicológicos que estão descritos a seguir. Será
possível perceber, ainda que não haja referências explícitas às preocupações filosóficas sobre o
estudo de valores, uma influência dessa disciplina sobre a forma como se estudam valores
atualmente.
46
Considerando-se a evolução do conceito dentro da própria Filosofia, podem-se perceber
dois momentos distintos com relação ao estudo do tema valor. Num primeiro momento, o foco
estava na compreensão de questões metafísicas e valor era visto como pertencente não ao
indivíduo, mas ao cosmo, sendo capaz de explicar questões gerais da natureza humana. Num
segundo momento, que se deu a partir das idéias de Kant, valores passam a se referir à esfera
individual, ligada à razão do indivíduo e, com Hessen ([1937] 2001), percebe-se a preocupação
de compreender como os valores se estruturam, o que expressam e como se organizam na psique
humana.
Embora o foco esteja bastante voltado para a explicação de um aspecto referente ao
indivíduo (a compreensão do espírito humano) e os valores sejam tratados tendo como lócus a
pessoa, existe uma preocupação em entendê-los na relação interpessoal, partindo do
pressuposto de que o ser humano não existe sozinho e que, para dar sentido à sua existência,
precisa submeter à apreciação alheia as suas próprias valorações. Pode-se relacionar a idéia
trazida por Hessen, de um indivíduo intersubjetivo, com os preceitos da sociologia, que busca
compreender o comportamento humano a partir da relação do indivíduo com o meio social em
que ele está inserido, tema que será abordado na próxima sessão.
2.2.1 Valores na Perspectiva da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia
Segundo Ros (2006), Thomas e Znaniecki e Talcott Parsons, mesmo com perspectivas
diferentes, foram os autores que mais se destacaram na tradição sociológica no que diz respeito
ao estudo de valores. Kluckhohn (1951), que abordou valores na perspectiva antropológica, é um
autor comumente referenciado por estudiosos que pesquisam valores na atualidade como
Hofstede (1985), Schwartz (1992) e Rohan (2000).
Thomas e Znaniecki, no início do século XX, se dedicaram ao estudo de valores em um
contexto em que sua preocupação estava em contribuir com a compreensão da organização da
vida social. Eles buscavam contribuir para uma ciência social passível de aplicação prática. Para
tanto, pesquisaram a migração de camponeses polacos para os Estados Unidos.
Para Thomas e Znaniecki (1918-1920; 2004), o valor social é qualquer dado que tenha um
conteúdo empírico acessível para os membros de um grupo social. A contribuição dos autores,
embora fundamental para a compreensão dos sistemas sociais, tem sido pouco citada na
47
atualidade pelos autores que estudam valores. Pode ser que isso tenha ocorrido devido ao fato de
esses autores trazerem uma perspectiva um tanto diferente dos demais estudiosos. Eles não
consideram que os valores pertençam ao indivíduo, mas aos objetos, ao serem atribuídos a eles
pelos grupos sociais, cujo significado é socialmente construído, numa perspectiva precursora do
interacionismo simbólico. Ao indivíduo são atribuídas as atitudes que orientam suas ações ao
mundo dos valores sociais.
Diferentemente de Thomas e Znaniecki, Parsons (1966), sociólogo americano, dedicou-se
a estudar o funcionamento dos sistemas sociais de ação, a partir de uma teoria da ação. Parsons
conceitua o indivíduo como ator social e compreende haver um esquema relacional entre o ator e
a situação. Nessa relação estabelecem-se sistemas simbólicos estáveis que são permeados por
valores, que funcionam como critérios para a seleção entre as alternativas de orientação de ação.
Alinhado ao objetivo de Parsons está Kluckhohn (1951), antropólogo americano, que
desenvolveu um conceito sobre valores e, juntamente com Parsons e outros colaboradores,
avançou na elaboração de uma teoria geral da ação.
Segundo Kluckhohn (1951), os antropólogos usam a palavra valor de maneira vaga e com
definições insatisfatórias por não aprofundarem ou não diferenciarem adequadamente os
conceitos que nela se encontram. O autor considera que as maiores contribuições no campo de
estudo dos valores vieram da sociologia, inclusive, mais do que da psicologia.
Kluckhohn, em sua obra de 1951, procura estabelecer a relação entre valores e as
orientações de valor na teoria da ação. Com forte influência dos trabalhos advindos da sociologia,
o autor parte do pressuposto de que a vida humana é uma vida moral na medida em que o
indivíduo está inserido na vida social que estabelece valores relativos à conduta humana. Assim,
para o autor, os valores do grupo são produtos da interação social, incorporados na cultura.
O autor reconhece que a palavra valor possui conotações variadas e que dificilmente se
pode dizer que exista um consenso entre as diversas ciências que tratam do tema.
Segundo Kluckhohn (1951), o único acordo geral se refere a que os valores relacionam-se
com proposições normativas enquanto opostas às existenciais. Para o autor, os valores estão
limitados ao marco do que se considera dado pela cultura e se manifestam nas idéias, nos
símbolos expressivos e nas normas morais e estéticas que se fazem evidentes nas regularidades
da conduta. Assim como para Parsons (1966), para Kluckhohn (1951) os valores são compostos
por elementos cognitivos e catéticos nas orientações em direção a um mundo de objetos sociais.
48
Kluckhohn (1951) considera que os valores supõem um código ou uma norma que tem
alguma persistência através do tempo e que se organiza em um sistema de ação. O valor
posiciona as coisas, atos, formas de conduta, metas de ação num contínuo de aprovação ou
desaprovação.
A definição de Kluckhohn (1951) considera a cultura, o grupo e a relação do indivíduo
com a cultura e dentro do seu grupo. Para o autor, “um valor é uma concepção, implícita ou
explícita, própria de um indivíduo ou característica de um grupo, acerca do desejável, que
influencia a seleção dos modos, meios e fins de ação acessíveis” (p.443).
Na definição, o autor considera que o valor pertence ao indivíduo, mas deixa evidente o
importante papel do grupo na definição da conduta humana. Para ele, o valor é implícito e a
conduta (a parte explícita) indica um sentido do desejável e não do desejado, ou seja, o que é
correto querer é o que os indivíduos de um grupo desejam e crêem que deveriam desejar para o
indivíduo ou para a pluralidade de indivíduos.
Assim como Parsons (1966), Kluckhohn (1951) considera que os valores do grupo são
internalizados e institucionalizados e a partir daí se tornam uma realidade existencial que, em
conjunto com as proposições normativas, definem o que o autor chama de “natureza das coisas”.
O valor se torna parte da situação mediante sua institucionalização, estabelecendo-se como a
“orientação de valor geral” daquele grupo específico. Kluckhohn considera que o indivíduo, ao
observar as normas em relação às suas expectativas, é capaz de adequar seus próprios
comportamentos verbais e não verbais para facilitar a aproximação com um objeto-meta
valorizado.
Allport foi um psicólogo norte-americano que estudou o desenvolvimento da
personalidade humana, da motivação e dos estilos cognitivos. Ao estudar sobre os critérios que
definiriam a maturidade da personalidade humana, Allport (1961) trata do que chama de Filosofia
Unificadora da Vida, que se refere a uma compreensão clara, por parte do individuo maduro, de
seu objetivo ou objetivos de vida. Allport se apóia nas pesquisas da psicóloga alemã Charlotte
Bühler, que constatou, ao analisar centenas de histórias de vida, que cada vida é dirigida para
determinado(s) objetivo(s) cada pessoa tem uma “intenção fundamental”. Allport considera
que, através de uma classificação padronizada de valores, é possível compreender a filosofia
unificadora. Com isso, o autor supõe que a maior parte da vida decorre da orientação de valor,
que refere a um desses padrões. Referenciando-se aos estudos do filósofo alemão Edward
49
Spranger, Allport apresenta seis tipos de valor e ressalta que não se tratam de tipos bons ou ruins
e que não são encontrados em sua forma pura, mas servem como esquemas de compreensão: o
valor teórico, o econômico, o estético, o social, o político e o religioso.
Allport (1973) considera que as orientações de valor são reveladoras dos traços humanos,
podendo-se, a partir de sua análise, compreender o tipo de futuro que uma pessoa construirá. O
autor supõe que o que uma pessoa pretende acerca de seu futuro depende de seus valores
pessoais.
Assim, para Allport (1973) valor é uma crença que determina as preferências de ação do
indivíduo. Ele trata o valor como sendo uma disposição cognitiva, motora e relacionada profunda
e especificamente ao indivíduo.
Segundo Rohan (2000), Allport contribuiu desenvolvendo a primeira versão do
instrumento de estudo de valores, baseado em Spranger, de 1931, mas foi com Rokeach (1973)
que se deu avanço mais significativo na pesquisa sobre valores.
Milton Rokeach, psicólogo social polonês, desenvolveu sua carreira nos Estados Unidos e
dedicou-se à operacionalização do construto valores.
O autor mostra preocupação em adotar uma definição que distingua o termo valores de
outros conceitos como atitude, norma social e necessidade, e inicia seu texto com uma crítica às
definições já existentes que usam termos considerados por ele indefinidos, como “concepções do
desejável”, usada por Kluckhohn (1951).
Rokeach (1973) defende a idéia de que o conceito de valor deveria ocupar uma posição
central em todas as ciências sociais por ser uma variável interveniente capaz de unificar os
interesses de todas as ciências preocupadas com o comportamento humano. Após analisar as
diferentes abordagens sobre valores, as que tratam valores do ponto de vista do objeto e as que
tratam valores do ponto de vista da pessoa, Rokeach posiciona-se, considerando que o ponto de
vista da pessoa seria mais frutífero, na medida em que torna o estudo mais dinâmico e passível
de ser feito a partir de uma abordagem interdisciplinar, possibilitando a análise do interesse da
psicologia social concernente às questões de educação e reeducação.
O autor define valor como “uma crença duradoura de que um modo de conduta específico
ou estado final de existência é pessoal ou socialmente preferível ao seu oposto ou converso. Um
sistema de valores seria uma organização duradoura de valores referentes a modos preferíveis de
conduta ou estados finais de existência ao longo de um contínuo de importância relativa”. (p 5).
50
Para ele, então, a questão da preferência é central, colocando o indivíduo como capaz de
preferir uma situação à outra. Em concordância com Parsons (1966) e Kluckhohn (1951),
Rokeach (1973) considera que os valores possuem elementos cognitivos. Embora o autor não use
a palavra catexia, refere-se ao elemento afetivo dos valores, que conceitualmente pode-se
relacionar ao conceito de catético, usado pelos outros dois autores. Rokeach trata do elemento
comportamental dos valores como elemento que explica sua característica de variável
interveniente, na medida em que o valor leva o indivíduo à ação quando ativado.
Ainda em suas explicações, Rokeach (1973) trata valores como duradouros, mas passíveis
de mudança ao longo da vida. A partir da experiência e processo de amadurecimento, se integram
num sistema que é hierarquicamente organizado, mostrando que cada valor possui um grau de
importância em relação aos outros.
O autor tratou de dois tipos de valor: os valores terminais, que podem ser pessoais
centrados na pessoa, intrapessoal - ou sociais centrados na sociedade, interpessoais e os valores
instrumentais, que podem ser morais foco interpessoal - ou de competência foco pessoal.
Rokeach (1973) preocupou-se em explicitar a função dos valores: eles guiam ações em
andamento, resolvem conflitos e orientam a tomada de decisões, dão expressão às necessidades
humanas, mostrando um forte componente motivacional.
Segundo o autor, os valores permitem ao indivíduo tomar decisões particulares referentes
a questões sociais, políticas e ideológicas, guiam a forma como o indivíduo se apresenta aos
outros, avalia, julga e, como padrões que são, dão ao indivíduo as referências necessárias para
que ele se compare moralmente aos outros. Enquanto padrões, os valores possibilitam a
racionalização de crenças, atitudes e ações que seriam pessoal ou socialmente inaceitáveis,
mantendo a auto-estima do indivíduo, possibilitando, assim, a releitura de comportamentos anti-
sociais. Rokeach (1973) considera, portanto, que eles podem servir como um mecanismo de
defesa que permite a manutenção da auto-estima independente de quão socialmente desejável ou
indesejável sejam as motivações, sentimentos e ações do indivíduo.
51
2.2.2 Teoria de valores de Schwartz
Schwartz (2005) desenvolveu suas pesquisas a partir dos estudos de Rokeach, avançando
porém, ao identificar a estrutura axiológica dos valores humanos, propondo uma teoria. Sua
preocupação inicial estava voltada à classificação do conteúdo dos valores. O autor os define
como sendo metas desejáveis e transituacionais, que variam em importância, que servem como
princípios na vida de uma pessoa ou outra entidade social.
Para o autor, está implícito ao conceito de meta que o aspecto fundamental do conteúdo
que diferencia os valores é o tipo de meta motivacional que ele expressa. Pode-se perceber
alguma congruência com o pensamento de Hessen, que considerava ser possível compreender os
valores a partir do seu conteúdo.
Com relação à função dos valores, Schwartz considera que servem ao interesse de uma
entidade social; eles motivam a ação, servindo como critérios para julgar e justificar a ação e
respondem às necessidades individuais, da interação social ou do grupo.
O autor desenvolve uma tipologia dos diferentes conteúdos dos valores, considerando
que, para se adaptar a um contexto social, os grupos e os indivíduos transformam suas
necessidades e as expressam na linguagem dos valores a partir da qual podem, então, se
comunicar.
Este parece ser um aspecto da teoria de Schwartz menos explorado pelos estudiosos de
valores. Quando o autor considera que as pessoas transformam suas necessidades para se adaptar
ao contexto social, não fica exatamente claro que tipo de transformação é essa. Estaria o autor
considerando algo parecido com o que foi exposto por Kluckhohn (1951), quando este afirma que
o indivíduo tende a adequar seus próprios comportamentos verbais e não verbais para facilitar a
aproximação com um objeto-meta valorizado? Ou, a partir de uma leitura mais direta do texto de
Schwartz, essa transformação refere-se a uma adaptação da necessidade mediante uma linguagem
específica dos valores, aproximando-se, agora, das idéias de Parsons (1966), que considera a
comunicação um elemento essencial, por seu papel na perpetuação da tradição cultural? Assim,
em geral, o papel da linguagem na expressão dos valores não tem sido um aspecto sobre o qual os
teóricos atuais têm se debruçado mais profundamente, mas que pode ser elemento fundamental
para uma compreensão maior acerca dos mecanismos que tornam os valores compartilhados num
grupo social.
52
Para Schwartz (2005), os valores representam, na forma de metas conscientes, as
respostas que o indivíduo precisa dar a três requisitos que o autor considera universais: as
necessidades que o indivíduo tem enquanto organismo biológico, os requisitos da interação social
e os requisitos para o correto funcionamento e sobrevivência dos grupos. Os dez tipos
motivacionais derivam desses requisitos.
Quadro 2 - Tipos Motivacionais de Schwartz
Definição Exemplos de Valores Fontes
Poder Poder social, autoridade,
riqueza
Interação, grupo
Realização Bem-sucedido, capaz,
ambicioso
Interação, grupo
Hedonismo Prazer, desfrutar a vida Organismo
Estimulação Audacioso, uma vida
variada, uma vida excitante
Organismo
Autodeterminação Criatividade, curioso,
liberdade
Organismo, interação
Universalismo Tolerância, justiça social,
igualdade, proteção ao meio
ambiente
Grupo, organismo
Benevolência Ajuda, honesto, não
rancoroso
Organismo, interação, grupo
Tradição Humilde, devoto, aceitar
minha parte na vida
Grupo
Conformidade Polidez, obediente, honra aos
pais e pessoas mais velhas
Interação grupo
Segurança Segurança nacional, ordem
social, idôneo
Organismo interação grupo
Fonte: Schwartz, 2006, p. 58.
53
Schwartz (2006) buscou compreender as relações dinâmicas entre os tipos motivacionais
de valor. O autor considerou que a realização de alguns tipos de valor poderia entrar em conflito
ou ser compatível com a realização de outros e, a partir da análise dessas relações, considera ser
possível desenvolver hipóteses sobre as questões relativas à prioridade de valores. Schwartz
representa graficamente as inter-relações entre as motivações, em que se percebem valores
adjacentes, que compartilham uma ênfase motivacional e valores em pólos opostos. Com a
representação circular, o autor teve o intuito de mostrar haver uma continuidade entre os tipos de
valor. A polaridade está representada na organização dos valores em duas dimensões,
contrastando valores de abertura à mudança (hedonismo, autodeterminação e estimulação) com
os de conservação (tradição, conformidade e segurança) e os de autopromoção (realização e
poder) com os de autotranscendência (universalismo e benevolência), de acordo com a figura 1.
Fig. 1 Estrutura dos valores básicos de Schwartz (2005)
No presente estudo, optou-se por usar a teoria de valores Schwartz para a análise dos
valores pessoais, que existem escalas consistentes e validadas para o Brasil. Além disso, por
ser uma escala amplamente usada atualmente, buscar-se-á contribuir para os estudos das
dimensões propostas pelo autor.
54
2.2.3 Distinção entre valores humanos e outros conceitos
Até o momento, todos os autores citados no presente trabalho colocam as necessidades
humanas como elementos importantes para a compreensão do que os valores expressam. A
relação entre valores e necessidade, parece, então, ser um consenso. Faz-se necessária uma maior
compreensão do conceito de necessidade, assim como a distinção entre o conceito valores e
outros conceitos também pertencentes ao campo da ciência social, que se relacionam diretamente
com o conceito da palavra valores.
a) Valores versus Necessidades
Rokeach (1973) consegue, a partir de um simples exemplo, deixar clara a distinção entre
os conceitos valor e necessidade: “se valores são de fato equivalentes a necessidades [...] então
um rato, na medida em que possui necessidades, deveria, na mesma medida, ser considerado
como possuidor de valores” (p. 20). Para o autor, a presença de valores ou de sistemas de valores
é o que distingue a espécie humana de qualquer outra. Valores, portanto, são a representação
cognitiva das necessidades não apenas individuais, mas também sociais e institucionais. Quando
necessidades são transformadas em valores, são possíveis de serem justificadas e ou defendidas.
Kluckhohn (1951) diferencia os dois termos considerando valores um conceito que supõe
cognição, aprovação, seleção e afetividade. Afirma ainda que os valores surgem das necessidades
e as criam: “valores servem parcialmente a várias necessidades, inibem parcialmente outras,
satisfazem medianamente umas e bloqueiam medianamente outras” (p. 479).
Allport (1973) denomina necessidades os motivos instintivos e cita como necessidades, a
de realização, de afiliação, de aquisição, de agressão, de deferência, de dominação, de proteção e
de sexo. O autor comenta sobre a cautela dos psicólogos em definir os impulsos como inatos e
considera o papel da aprendizagem e do desenvolvimento das necessidades. Considera ainda que
a doutrina de necessidades diz que, embora os objetos desejados possam variar de pessoa para
pessoa, os tipos básicos de desejo não variam: “os homens podem desejar coisas diferentes, mas
existem apenas poucas razões pelas quais as desejam” (p. 259).
55
b) Valores versus Atitudes
Allport (1973) considera que a atitude está sempre relacionada a um objeto de referência,
sendo normalmente favorável ou desfavorável, de recusa ou de aceitação, fazendo com que as
pessoas se afastem ou se aproximem do objeto.
Na mesma linha, Rokeach (1975) considera que existe certa confusão entre o conceito de
atitude e o de valores. Para o autor, atitude refere-se à organização de muitas crenças sobre um
objetivo ou situação específica. Por outro lado, os valores se referem a uma única crença, de um
tipo muito especifico e guiam as ações, as atitudes e julgamentos. Valores transcendem objetos e
situações, enquanto a atitude é focada em um objeto ou situação especifica. Valor é um padrão,
diferentemente da atitude a avaliação favorável ou desfavorável de objetos e situações pode
estar baseada em um número menor de valores, que servem como padrões. Isso mostra, segundo
o autor, que, enquanto uma pessoa possui um número menor de valores, ela possui um número
muito maior de atitudes. Finalmente, Rokeach (1973) considera que os valores ocupam uma
posição mais central do que as atitudes na personalidade e cognição humanas e são determinantes
das atitudes e dos comportamentos.
Rohan (2000), assim como Rokeach (1973), considera que a diferença entre os dois
conceitos reside no grau de abstração ou especificidade do julgamento da pessoa. A autora
propõe que o uso do termo atitude deva restringir-se à avaliação de entidades específicas,
enquanto o termo valores deve ser reservado para discussões sobre guias transituacionais mais
abstratas.
c) Valores versus Interesses
Para Rokeach (1975), os interesses são uma das várias manifestações de um valor e
compartilham alguns dos atributos do valor, como o fato de poderem ser uma representação
cognitiva das necessidades, poderem guiar a ação e avaliações e comparações de si e de outros.
No entanto, o autor considera ser esse um conceito mais estreito, por não ser um padrão,
tampouco um modo de comportamento ou finalidade de existência. Da mesma forma que as
56
necessidades, as pessoas podem ter um número muito grande de interesses, diferentemente do
número de valores.
Para Allport (1973), interesse relaciona-se à participação do indivíduo em determinada
tarefa com os níveis mais profundos de motivação. A participação pode estar em níveis mais
superficiais ou centrais da personalidade, o que diferenciará níveis de interesse menores ou
maiores em determinada situação, respectivamente. Segundo o autor, os interesses vão se
modificando ao longo da vida, sendo menos estáveis na infância e adolescência. Allport relaciona
interesses e valores dizendo que ambos têm valor seletivo. Para ele, um interesse, na medida em
que se desenvolve, cria uma condição de tensão duradoura que conduz a uma conduta coerente.
2.2.4 A relação entre Personalidade e Valores
Para Allport (1973), o estudo do ser humano será mais rico na medida em que as
características ou atributos pessoais forem estudados na interação de um com o outro. O autor
considera que é preciso estudar o ser humano a partir da interação de seus traços, sejam de
personalidade, sejam referentes a valores.
Segundo Kluckhohn e Murray (1967), os valores impregnados numa cultura têm peso
especial entre os determinantes da personalidade relacionados à filiação grupal. Os autores
consideram que o viver num mundo social exige padrões dentro do indivíduo. Valores
acrescentam um elemento de previsibilidade à vida social e a qualidade e o tipo de interação
social determinada pela dimensão social de um grupo tem suas conseqüências na formação da
personalidade.
Bilsky e Schwartz (1994) consideram que a psicologia da personalidade tem dado pouca
atenção às pesquisas de valores e existem poucas evidências sobre as relações entre personalidade
e valores. Por conta dessa lacuna encontrada, os autores desenvolveram pesquisas que revelaram
associações significativas e sistemáticas entre prioridades de valores e variáveis de personalidade.
Para Roccas, Sagiv, Schwartz e Knafo (2002), a relativa estabilidade entre valores e traços
em diferentes contextos e tempos faz com que sejam conceitos psicológicos úteis. Segundo esses
autores, o mesmo termo pode se referir a um traço ou a um valor, mas as duas referências têm
significados diferentes.
57
Bilsky e Schwartz (1994) relacionam os dois conceitos com base no aspecto motivacional
e se apóiam na análise de Maslow sobre as necessidades de deficiência e as necessidades de
crescimento. Valores e personalidade co-variam quando os traços são inferidos de padrões de
comportamento que têm como objetivo satisfazer necessidades de crescimento (por ex., uma
pessoa que tem o traço de curiosidade, provavelmente importância ao valor curiosidade e não
à rotina). Por outro lado, valores e personalidade são compensatórios para traços inferidos de
padrões de comportamento que têm como objetivo satisfazer necessidades de deficiência (por ex.,
uma pessoa ansiosa provavelmente atribui alta importância aos valores de segurança e
desvaloriza desafios inesperados).
Os autores acreditam que valores e personalidade podem ser analisados a partir da mesma
estrutura, porque o princípio que organiza a estrutura de valor (variações na motivação) também
está subjacente às diferenças de personalidade. Os resultados das pesquisas sugerem uma
dinâmica motivacional similar entre os dois conceitos e levantam a questão da importância de
diferenciá-los conceitualmente. Nessa visão, os autores comentam que valores podem, de fato,
ser concebidos como um tipo de disposição de personalidade. As disposições são as
características individuais de fato singulares, referentes às tendências amplas determinantes do
comportamento únicas para cada indivíduo (ALLPORT, 1973). Valores seriam vistos como uma
disposição distinta das demais disposições de personalidade, que são princípios que guiam a
vida do indivíduo, são metas conscientes avaliadas em termos de importância (BILSKY e
SCHWARTZ 1994).
Rokeach (1973), ao discorrer sobre os pressupostos da natureza dos valores, considera que
a personalidade pode ser um dos antecedentes dos valores humanos, sendo os valores uma
variável interveniente .
58
Quadro 3 Diferenças entre os conceitos de Valores e Personalidade
Valores Personalidade
Valores são critérios individuais usados para
julgar a desejabilidade do comportamento,
pessoas e eventos. (BILSKY e SCHWARTZ
1994)
Traços de personalidade são vistos como
descrições de padrões observados de
comportamento. (BILSKY e SCHWARTZ
1994)
Valores variam em termos da importância
que os indivíduos atribuem a metas
particulares. (BILSKY e SCHWARTZ
1994)
Traços de personalidade variam em termos
do quanto as pessoas mostram características
pessoais (intensidade e freqüência.)
(BILSKY e SCHWARTZ 1994)
Valores se referem às metas intencionais
individuais que estão acessíveis à
consciência. (BILSKY e SCHWARTZ
1994)
Traço
s de personalidade descrevem ações
que fluem de “como as pessoas o”
independente de suas intenções, (BILSKY e
SCHWARTZ 1994)
Valores são metas duradouras. (ROCCAS,
SAGIV, SCHWARTZ e KNAFO 2002)
Traços são disposições duradouras.
(ROCCAS, SAGIV, SCHWARTZ e
KNAFO 2002)
As pessoas acreditam que seus valores são
desejáveis ao menos para determinado grupo
de referência. (ROCCAS, SAGIV,
SCHWARTZ e KNAFO 2002)
Os traços podem ser positivos ou negativos.
(ROCCAS, SAGIV, SCHWARTZ e
KNAFO 2002)
As pessoas podem explicar comportamento
se referenciando aos traços ou valores, mas
se referem aos valores quando querem
justificar ou escolher ações como legítimas.
(ROCCAS, SAGIV, SCHWARTZ E
KNAFO 2002).
Valores, e não traços, servem como padrões
para julgar comportamento de si mesmo e de
outros. (ROCCAS, SAGIV, SCHWARTZ E
KNAFO 2002)
Fonte: elaborado com base em Roccas, Sagiv, Schwartz e Knafo (2002, p.795) e Bilsky e Schwartz (1994, p.165).
Segundo Roccas, Sagiv, Schwartz e Knafo (2002), vários mecanismos podem relacionar
valores a traços. Temperamentos natos podem desenvolver traços e valores paralelos.
59
Valores e traços se influenciam mutuamente. Valores podem afetar traços porque as
pessoas tentam se comportar em coerência com seus valores. Traços podem afetar valores porque
as pessoas que consistentemente exibem um traço de comportamento, mais provavelmente
aumentam o grau em que elas valorizam as metas às quais aquele traço serve.
Considerando que valores e traços possuem forte influência sobre o comportamento das
pessoas, os valores e traços de personalidade das pessoas que compõem a organização podem ser
aspectos importantes para que se conheça o perfil de cultura predominante nessa organização.
2.3 Valores humanos relativos ao trabalho
Segundo Tamayo (2005), o tema valores pode ser estudado de maneira mais geral, a partir
dos valores humanos básicos, ou de maneira mais específica, a partir da compreensão dos valores
relacionados com áreas específicas da vida, como trabalho, família, religião e outros. Os valores,
aplicados a uma esfera da vida, são um subconjunto dos valores básicos pessoais (TAMAYO,
2005; ELIZUR, 1999), uma contextualização dos valores gerais (PORTO, 2008).
Um dos aspectos que justifica a preocupação de diversos autores em compreender os
valores pessoais relativos ao trabalho é o papel do trabalho na vida das pessoas. rios estudos,
no Brasil e no exterior, foram conduzidos para se conhecer o quão valorizado é o trabalho em
comparação com outras esferas da vida . A esse tema de estudo foi dado o nome “centralidade do
valor” (TAMAYO, 2006). Um dos estudos mais citados é o realizado pelo MOW (Meaning of
Work) International Research Team, em 1987.
Segundo Tamayo (2006), esses estudos, que levaram em conta variáveis como diferentes
sociedades, ramos de indústria, faixas etárias, nacionalidades, gênero, entre outras, obtiveram
concordância sobre o fato de que o trabalho está entre as duas esferas mais importantes da vida,
havendo variação com a esfera familiar. Devido aos resultados relativos à centralidade do
trabalho na vida das pessoas, o estudo dos valores do trabalho passou a receber maior atenção por
parte dos pesquisadores (ELIZUR, 1999).
Elizur (1999) considera que analisar os valores pessoais a partir de uma visão mais geral,
da vida, em conjunto com uma visão mais específica, do trabalho, pode auxiliar na compreensão
da importância dos valores para o bem-estar pessoal. O mesmo autor, em seus estudos, observou
a existência de compatibilidade entre a estrutura dos valores da vida e a dos valores do trabalho,
60
mas não entre os graus de importância dos valores pessoais. Para o autor, essas diferenças na
priorização dos valores nos dois âmbitos, geral e específico, indicam que o valor pessoal não
deve ser avaliado desprovido do contexto, mas depende do ambiente em que o valor está sendo
considerado, evidenciando a importância de se realizar uma avaliação integrada dos valores do
trabalho e dos valores não relativos ao trabalho.
Em concordância com esse ponto de vista, Stackman (2000, citado por Porto 2008)
considera que a distinção entre valores gerais e valores relacionados a áreas específicas é
importante porque eles podem assumir maior ou menor importância de acordo com o contexto e o
tempo em que estão inseridos.
De acordo com Porto (2008), estudar os valores do trabalho pode oferecer um
conhecimento significativo do impacto desse conceito sobre comportamento e atitudes no
trabalho.
2.3.1 Conceito e classificação de valores relativos ao trabalho
Segundo Elizur (1996), valores do trabalho relacionam-se à importância que as pessoas
dão a certos resultados obtidos no contexto do trabalho.
Ros, Schwartz e Surkiss (1999) descrevem os valores do trabalho como sendo crenças
pertencentes a fins ou comportamentos desejáveis, ordenadas por sua importância como
princípios que guiam a avaliação dos resultados e contextos do trabalho e a escolha de diferentes
alternativas.
Para Porto (2008), com forte influência dos trabalhos de Schwartz, valores do trabalho são
uma representação dos aspectos do trabalho importantes para a pessoa, preferidos e desejados por
ela e podem ser definidos como crenças sobre metas ou recompensas desejadas, hierarquicamente
organizadas, que as pessoas buscam por meio do trabalho e que guiam a sua vida no trabalho.
Percebe-se, assim, que as funções dos valores do trabalho serão muito parecidas com as
funções relativas aos valores pessoais, porém, aplicadas ao mundo do trabalho.
Não existe um modelo teórico único para a compreensão dos valores do trabalho
(PORTO, 2008) e, segundo Elizur (1996), a literatura sobre valores do trabalho é fragmentada, o
que gera um estado de confusão decorrente da disparidade entre abordagens e da proliferação de
termos confusos. Embora não sejam únicos, o modelo proposto por Elizur (1999) e por Ros,
61
Schwartz e Surkiss (1999) são tidos por Porto e Tamayo (2008) como os que possuem melhor
fundamentação (PORTO 2008).
Segundo Elizur (1996), a abordagem mais amplamente usada é a que classifica valores do
trabalho como intrínsecos e extrínsecos. Os valores do trabalho intrínsecos, de acordo com Ros,
Schwartz e Surkiss (1999) referem-se a recompensas obtidas a partir do conteúdo do trabalho. Os
valores extrínsecos, de acordo com os mesmos autores, referem-se a recompensas que são obtidas
a partir do resultado do trabalho.
Para Elizur (1999), uma faceta é um critério ou regra para a classificação de itens
associados com um determinado conceito. O autor distingue entre duas facetas dos valores do
trabalho.
A faceta A corresponde ao que o autor chama Modalidade do Resultado do Trabalho, que
pode ser instrumental (valores de natureza material, com conseqüências práticas e concretas -
obtenção de um fim desejado), cognitiva (crenças, opiniões e considerações sobre
comportamentos apropriados) ou afetiva (valores relativos à expressão de sentimentos no âmbito
das relações interpessoais).
A faceta B relaciona-se ao foco. O significado de alguns valores pode ser focado em
situações ou comportamentos em que são relevantes e ou pode ser difuso, que expressa valores
mais abstratos, que não se relacionam com um tipo único de comportamento ou evento.
Elizur (1996) fala da estabilidade dos valores apoiando-se em estudos empíricos; os
resultados mostram que, embora a estrutura dos valores de trabalho seja relativamente constante,
a importância relativa dos valores pode mudar ao longo do tempo, de acordo com as situações,
devido a estímulos externos e eventos do dia a dia.
O estudo conduzido por Ros, Schwartz e Surkiss (1999) teve como foco compreender
como os valores do trabalho se relacionam com os valores pessoais básicos, tendo como pano de
fundo a teoria dos valores de Schwartz (1992). Segundo os autores, do ponto de vista da teoria
dos valores humanos básicos, os valores do trabalho são expressões específicas dos valores
gerais, no contexto do trabalho. Os valores do trabalho, nessa visão, se referem ao que uma
pessoa quer do trabalho em geral e não a resultados específicos de tarefas particulares. São
representações verbais do indivíduo, grupo e exigências da interação.
Ros, Schwartz e Surkiss (1999) presumem haver uma relação entre as dimensões
bipolares descritas por Schwartz (1992) e os tipos de valores do trabalho e se contrapõem às
62
descobertas de outros estudos que relatam a existência de apenas três tipos de valores do trabalho
(intrínseco, extrínseco e social), considerando que a teoria dos valores pessoais básicos aponta
para a existência de um quarto tipo de valor do trabalho relacionado a prestígio ou poder. Esse
tipo de valor do trabalho, segundo os autores, relaciona-se à comparação que o indivíduo
estabelece entre ele próprio com os outros, implicando em superioridade pessoal.
Assim, o estudo de Ros, Schwartz e Surkiss (1999) mostra a relação entre os valores
intrínsecos e a abertura à mudança, entre os valores extrínsecos e a conservação, entre os valores
sociais e a autotranscendência, e revelam a existência de valores de prestígio, que estariam
relacionados à autopromoção.
Na pesquisa de Porto e Tamayo (2007), a relação entre o modelo da EVT (escala de
valores do trabalho desenvolvida pelos autores) e o modelo de valores de Schwartz não se
confirmou completamente, que as relações de conflito no eixo Conservação e Abertura à
Mudança não foram encontradas (PORTO, 2008).
Teixeira, Grad e Bilsky (2009), por outro lado, encontraram essa relação analisando a
correlação entre valores do trabalho e valores de Schwartz em amostras de brasileiros, mediante
multidimensional scaling. Os trabalhos de Ros, Schwartz e Surkiss (1999) e de Teixeira, Grad e
Bilsky (2009) permitem supor que realmente existe a relação entre valores do trabalho e valores
pessoais.
2.3.2 Pesquisas sobre valores relativos ao trabalho
Porto (2008) faz uma revisão das pesquisas sobre valores do trabalho nos últimos oito
anos referentes ao impacto desses valores no comprometimento organizacional, bem-estar,
satisfação, estresse, na busca de informação relacionada ao aspecto psicológico, na rotatividade,
na cidadania organizacional e na influência intra-organizacional e chega à conclusão de que falta
um modelo unificador para os valores do trabalho e que há, de acordo com os resultados dessas
pesquisas, um baixo poder preditivo dos valores do trabalho. A autora sugere que mais pesquisas
devem ser realizadas aplicando ao contexto do trabalho as teorias de valores gerais para que se
obtenha uma melhor compreensão e avanços mais significativos sobre o tema.
63
2.4 A Organização
Em seguida serão discutidos aspectos da organização: o conceito e as características da
cultura e dos valores relativos às organizações
O dia a dia das pessoas é permeado por contatos com distintas organizações sociais e a
qualidade de vida de cada um é influenciada pela forma como as organizações funcionam. As
pessoas são afetadas pela qualidade dos processos que configuram a organização, o que mostra a
centralidade das organizações na vida das pessoas (BASTOS, LOIOLA, QUEIROZ e SILVA,
2004).
Mas afinal, o que define uma organização?
Assim como acontece com outros conceitos na ciência social, não existe consenso sobre
o que define uma organização. Há uma diversidade de enfoques, abordagens e ênfases. Os
autores do campo dos estudos organizacionais apresentam uma série de definições, a partir de
diferentes perspectivas conceituais, o que confirma tratar-se de um fenômeno complexo e
multidimensional.
Segundo Reed (1999) encontra-se nas origens históricas dos estudos organizacionais, a
partir da segunda metade do século XIX, uma visão de organização como um fenômeno racional
e científico, independente da vontade humana, mas baseado na natureza das coisas. Era o
predomínio das leis científicas sobre a subjetividade humana, a ênfase na ordem e no progresso
coletivos concebidos racionalmente em contraposição à irracionalidade humana. Segundo o
autor, é no final do século XX que se encontram uma série de outros discursos, frutos de um
contexto social contemporâneo em que as certezas ideológicas passam a ser questionadas. O
autor contrapõe a ciência normal, relacionada à atividade de resolver problemas, a programas de
pesquisa incremental, pautados em modelos teóricos amplamente aceitos e institucionalizados;
contrapõe a ciência normal também a uma ciência revolucionária, em que os pressupostos outrora
comuns sobre o objeto de estudo são expostos a críticas e desacordos. Reed comenta sobre a
contraposição entre a imposição paradigmática e a proliferação paradigmática, que aconteceu
devido ao desenvolvimento de abordagens que se contrapunham à visão funcionalista/positivista
de organização.
Como esforço para organizar essas diferentes maneiras de conceber a realidade no
contexto dos estudos organizacionais, surge o trabalho de Burrel e Morgan (1979), em que o
64
termo paradigma é usado para denotar uma visão implícita ou explícica da realidade e para
agrupar as diversas escolas de pensamentos que constituem diferentes maneiras de abordar e
estudar a realidade organizacional. A partir de dois eixos de análise, um relativo à natureza da
ciência dimensão subjetiva-objetiva e outro relativo à natureza da sociedade dimensão da
mudança por regulação ou por via radical - são discutidos quatro paradigmas: o humanista
radical, o estruturalista radical, o interpretativista e o funcionalista (figura 2), que abarcam várias
escolas de pensamento diferentes, mas que compartilham pressupostos fundamentais sobre a
natureza da realidade de que tratam (MORGAN, 2007).
Fig. 2: Paradigmas de análise organizacional
Fonte: Adaptado de Morgan (2007)
Astley e Van de Ven (2007) apontam o lado positivo e o negativo do que chamam de
pluralismo teórico na literatura organizacional. Por um lado, consideram a compartimentalização
teórica como excessiva, gerando perda da compreensão de como as rias escolas se relacionam.
Por outro, apontam a possibilidade de o teórico ter um entendimento mais abrangente sobre as
diferentes perspectivas, já que cada escola mostra uma visão parcial. Também na tentativa de
apresentar uma integração, buscando fazer com que as diferenças não se anulem mutuamente,
Regulação
Subjetivo Objetivo
Mudança Radical
Paradigma
Humanista Radical
Paradigma
Estruturalista radical
Paradigma
Interpretativista
Paradigma
Funcionalista
65
propõem dois eixos de análise com duas dimensões, sendo elas o nível de análise organizacional
(nível macro, que corresponde a populações e comunidades organizacionais e nível micro, que
corresponde a organizações individuais) e a orientação organizacional (podendo ser determinista
ou voluntarista (figura 3). Na primeira, indivíduos são tidos como agentes autônomos que se
autodirigem e na segunda, o foco é posto sobre as propriedades estruturais do contexto e o
comportamento individual é por elas determinado.
Fig. 3 – Quatro visões de organização e de gestão
Fonte: Adaptado de Astley e Van de Ven (2007)
Bastos, Loiola, Queiroz e Silva (2004) em seu estudo sobre as perspectivas teóricas de
análise conceitual das organizações, selecionaram três abordagens para compreender o tema. Na
abordagem cognitivista, cujo representante, segundo os autores, é Herbert Simon, as
organizações são vistas como sistemas de comportamento cooperativo orientado pelo
planejamento e pela possibilidade de previsibilidade do comportamento de seus membros.
Na abordagem culturalista, as organizações são tidas como minissociedades que têm os
seus próprios padrões distintos de cultura e subcultura, padrões que são crenças e significados
compartilhados, fragmentados ou integrados. E na abordagem institucionalista, citada pelos
Nível Micro
Determinista Voluntarista
Nível Macro
Visão de seleção
natural
Visão de ação
coletiva
Visão sistêmico
estrutural
Visão de escolha
estratégica
66
autores, as instituições são árvores de decisões lógicas, que regulam as atividades humanas
indicando o que é proibido, permitido e o que é indiferente fazer, o que aponta para uma função
regulamentadora da organização. Após um detalhamento das características das três visões, os
autores consideram que elas possuem uma base comum na medida em que se afastam do
paradigma dominante de pesquisa e teorização organizacional, pois não assumem a organização
como entidade, mas sim como processo, deixando de vê-la como algo concreto e que existe
independentemente das pessoas.
Desse ponto de vista, os autores compreendem que a análise organizacional relaciona-se
com o pressuposto de que a pessoa é um agente ativo e não apenas reativo aos acontecimentos do
contexto. A realidade é construída pelo sujeito a partir de seus pressupostos, idéias, modelos
mentais ou estruturas cognitivas (BASTOS, LOIOLA, QUEIROZ e SILVA, 2004).
Para Clegg e Hardy (1999), as organizações são objetos empíricos na medida que as
pessoas vêem algo, mas cada uma algo diferente. Para esses autores, as pessoas escolhem um
sentido empírico para representar a organização e essa representação envolve uma escolha em
relação a que aspecto da organização se deseja representar e como este aspecto será representado.
Eles consideram ainda que as organizações são locais de ação social, o que faz com que, ao se
observar uma organização, o pesquisador enfrentará um alvo móvel.
Após uma análise de diversos pensamentos sobre o conceito de organização, os autores
Bastos, Loiola, Queiroz e Silva (2004) propõem um quadro síntese dos diferentes conceitos de
organização abordados em seu estudo que, segundo os autores, expõe as principais dimensões do
fenômeno (figura 4). O quadro proposto aponta as características fundamentais que definem uma
organização: a importância das pessoas, a construção e reconstrução para lidar com os desafios
do contexto, as complexas redes de significados e interesses que podem ser convergentes ou
divergentes, que podem ser analisadas em diversos níveis (individual, coletivo e organizacional),
os processos políticos e técnicos que a configuram.
67
Fig. 4 - Principais dimensões do conceito de organização
Fonte: Bastos,Loyola, Queiroz e Silva, 2004, p. 88
No presente estudo as organizações são tidas como sistemas de cooperação e competição,
porém foram consideradas sob a perspectiva culturalista na medida em que se entende que são
minissociedades, com padrões distintos de cultura e subcultura.
Sistema de cooperação/competição...
...formados por pessoas , as quais são
dotadas de diferentes racionalidades –
sempre de natureza limitada – e interesses
cooperação/competição...
...que visam realizar objetivos muitas
vezes conflitantes entre si e que, por isso,
são fruto de negociações contínuas...
...através de processos ou cursos de ação,
guiados por regras e convenções que
embora resistentes, podem mudar ao longo
do tempo...
...mediante estruturas –
centralizadas/descentralizadas –
coordendas e dirigidas, que podem mudar,
tanto por pressões internas quanto
externas...
Imersos num contexto que é, simultanemente,
interno e externo, técnico e institucional, cultural,
político, interorganizacional e sócio-econômico...
E com uma dimensão temporal variável.
68
2.4.1 Cultura Organizacional
Segundo O’Reilly, Chatman e Caldwell (1991), apesar de não haver consenso sobre a
definição e a medição da cultura no âmbito das organizações, os estudiosos do tema concordam
que ela pode ser um importante fator na determinação do quanto o indivíduo se ajusta ao contexto
organizacional.
O conceito de cultura tem sido usado ao longo da história de maneiras diferentes. Foi
usado para dizer que uma pessoa tem cultura, com intuito de expressar sua sofisticação e foi
amplamente usado por antropólogos no estudo de costumes e rituais desenvolvidos por
sociedades ao longo de sua história (SCHEIN, 1984).
O interesse por estudar cultura no ambiente organizacional se deu mais marcadamente a
partir da década de 80 (CUCHE, 1999; MORGAN, 1996; CAMERON e QUINN, 1999;
HOFSTEDE, 2001), como tentativa de compreender o forte crescimento da indústria japonesa
(CUCHE, 1999; MORGAN 1996). Segundo Cuche (1999), as empresas americanas buscavam, a
partir do conceito de cultura, enfatizar o fator humano como forma de enfrentar a forte
concorrência daquele país.
No entanto, Hofstede (2001) comenta que já na década de 30, Chester Barnad
(1938/1960) sugeria que “cada participante de uma organização pode ser visto como tendo uma
dupla personalidade uma personalidade organizacional e uma personalidade individual...” (p.
392).
Segundo Gofee e Jones (2001), um dos motivos para o início das pesquisas a partir dos
anos 80 foi a crença de que os níveis de performance organizacional poderiam ser explicados por
tipos distintos de cultura e que culturas “fortes”, caracterizadas por valores claramente expressos
e amplamente praticados, poderiam predizer o sucesso corporativo.
De acordo com Schein (1984), os esforços para compreender e gerenciar a cultura nos
últimos 20 anos ocorreram porque ela foi percebida não apenas como um conceito que poderia
explicar o fenômeno organizacional, mas também como algo que os líderes poderiam gerenciar
para criar uma organização mais eficiente.
69
2.4.1.1 O que é cultura organizacional
Segundo Hosftede (2001), o autor Elliot Jaques (1951) é o responsável pelo primeiro uso
da palavra cultura na literatura sobre gestão. Jaques definiu cultura de uma empresa como “a
forma costumeira e tradicional de pensar e de fazer as coisas, que é compartilhada em maior ou
menor grau por todos os seus membros e que novos membros devem aprender e ao menos
parcialmente aceitar... cultura é parte de uma segunda natureza para aqueles que estiveram em
uma firma por algum tempo” (p. 251).
Para Martin (2002), o estudo de uma organização sob o ponto de vista da cultura implica
em lançar luz sobre os aspectos da vida organizacional que historicamente foram ignorados,
como as histórias que as pessoas contam aos novos membros para explicar “como as coisas
funcionam por lá”, a forma como os escritórios estão arranjados e itens pessoais são ou não
mostrados, as piadas que as pessoas contam, a atmosfera do trabalho, as relações entre as pessoas
e outras manifestações como políticas oficiais, quantias financeiras que cada empregado recebe,
relações de reporte. A preocupação do estudioso da cultura, segundo Martin (2002) está em
compreender os padrões de significado que fazem com que essas manifestações se relacionem,
algumas vezes em harmonia e outras, em conflito. A autora reconhece a possibilidade de
existência de ambigüidade, paradoxos e contradições nessas redes.
Eagleton (2000) considera que cultura pode ser aproximadamente resumida como o
complexo de valores, costumes, crenças e práticas que constituem o modo de vida de um grupo
específico. O autor comenta ainda que a constituição da cultura acontece quando as pessoas
começam a compartilhar modos de falar, saber comum, modos de proceder, sistemas de valor e
auto-imagem coletiva e, referindo-se especificamente à cultura da organização, o autor considera
que ela abrange aspectos que definem um modo característico de ver o mundo, mas não
necessariamente um modo de ver singular.
Hofstede (2001) comenta que, apesar de não haver consenso sobre o que seja cultura, a
maior parte dos autores provavelmente concordará com os seguintes aspectos: culturas
organizacionais são: 1. holísticas, 2. historicamente influenciadas, 3. relacionadas a conceitos
antropológicos, 4. socialmente construídas, 5. soft e, finalmente, 6. relativamente estáveis (difícil
de mudar).
70
Para Schein (1992) a cultura pode ser definida como um “padrão de pressupostos básicos
compartilhados, que o grupo aprendeu na medida em que resolveu problemas de adaptação
externa e de integração interna, que funcionou suficientemente bem para ser considerado válido
e, portanto, ser ensinado a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em
relação àqueles problemas.”(p. 12). O autor descreveu três níveis em que a cultura pode ser
analisada. Os níveis referem-se, segundo Schein, ao grau em que cada fenômeno cultural é
visível ao observador.
No nível dos Artefatos, estão incluídos todos os fenômenos possíveis de serem vistos,
ouvidos e sentidos daquela determinada cultura: ambiente físico, linguagem, histórias contadas
pelas pessoas e forma de vestir estão entre as manifestações desse vel. Schein (1992) alerta
para o fato de que, embora ceis de observar, são difíceis de decifrar. A tentativa de realizar
interpretações mais profundas a partir desse nível pode levar o observador a descobertas que mais
refletem suas próprias projeções do que os níveis mais profundos da cultura estudada. Será a
exposição duradoura do pesquisador a esse nível que lhe dará a possibilidade de ser mais
consistente em suas interpretações.
Valores Esposados são descritos por Schein (1992) como o nível que trata dos valores em
nível individual que prevalecem e influenciam os caminhos adotados pelo grupo na resolução dos
problemas. Apesar de esses valores normalmente virem dos líderes ou fundadores, serão
considerados valores esposados na medida em que são tomados pelo grupo e passam a definir
ações comuns coletivas na abordagem aos problemas. Na medida em que os resultados são vistos
como benéficos, essas formas de resolução de problemas passam a ser percepções compartilhadas
de sucesso, tidas como adequadas pelo grupo e podem se tornar pressupostos compartilhados.
Schein argumenta que a validação social é importante para essa transformação, pois o grupo
aprende que alguns valores, inicialmente propostos por líderes e fundadores, de fato funcionam e
gradualmente são tidos como pressupostos indiscutíveis. Eles passam a servir como funções
normativas e morais e guiam o grupo em como lidar com situações chave.
Quando os valores esposados estão congruentes com os pressupostos básicos, eles se
articulam numa filosofia que mantém a unidade e identidade do grupo (SCHEIN, 1992).
No nível mais profundo, dos pressupostos básicos, as soluções aos problemas que
repetidamente se mostraram bem sucedidas são incorporadas à forma de conduta do grupo e se
tornam a realidade do grupo. As pessoas tomam-nas como dadas, elas não são confrontadas e,
71
portanto, são difíceis de mudar. Schein (1992) usa o termo “mapa mental” ou “visão de mundo”
para denotar o grau de aderência que as pessoas passam a ter com os pressupostos básicos.
Portanto, nesse nível, o autor considera que a cultura se torna duradoura e estável e haverá
resistência do grupo para qualquer tentativa de mudança, na medida em que os pressupostos
básicos são compartilhados e mutuamente reforçadores.
2.4.1.2 Características da cultura organizacional
Segundo Martin (2002), muitas dimensões podem ser extraídas a partir das diferentes
definições de cultura disponíveis.
a) A questão do compartilhamento
Martin (2002) e Hatch (1997) reconhecem que um dos aspectos teóricos mais comuns e
centrais nas definições de cultura é o uso da palavra “compartilhado”. No entanto, Martin aponta
que existe uma discussão entre diversos autores que colocam em suas definições os possíveis
conflitos entre pontos de vista opostos, podendo também fazer parte da cultura a ambigüidade.
Hatch (1997) comenta que quando os pesquisadores procuram os significados e os valores
compartilhados, muitas vezes não o acham. A autora apresenta dois possíveis significados da
palavra “compartilhar”. Segundo ela, no primeiro, compartilhar pode significar ter experiência
comum, o que enfatiza a similaridade entre os indivíduos, sendo esse o significado mais
relacionado aos conceitos de cultura. No outro significado apontado pela autora, compartilhar
pode significar dividir algo em pedaços individuais e distribuir entre o grupo. Esse significado da
palavra “compartilhar” enfatiza a separação (fazer algo junto, mas independentemente). Portanto,
compartilhar padrões de cultura não significaria que todos os membros tivessem as mesmas
experiências e entendimentos culturais. Significaria que cada membro participa e contribui com o
padrão mais amplo de cultura, mas as contribuições e as experiências dos membros individuais da
cultura não são idênticas. A autora considera que ambos os sentidos deveriam ser considerados,
uma vez que cultura depende tanto da similaridade quanto da diferenciação.
72
b) Cultura como Única
Martin (2002) considera que as diversas abordagens podem também diferir no que diz
respeito ao fato de a cultura ser distintiva ou única de um determinado contexto. Ela comenta que
alguns autores desafiam os aspectos de unicidade da cultura e reconhecem o paradoxo da
unicidade, considerando haver manifestações culturais similares em várias organizações, não
sendo únicas de uma cultura especificamente. Assim, a autora relata que alguns teóricos, partindo
do pressuposto de que a cultura é única, enfatizarão o estudo profundo e singular de uma única
cultura. De outro lado, outros pesquisadores usarão amostras grandes, com métodos de
amostragem aleatórios, com validade, confiabilidade e testes estatísticos com intuito de
generalizar suas descobertas.
c) Aspectos materiais ou imateriais
Essa dimensão, apontada por Martin (2002) diz respeito a quais manifestações culturais as
diferentes definições dão ênfase. Essas manifestações podem ser entendidas como materiais e
imateriais e às imateriais Martin o nome de ideais. É importante esclarecer que a autora usa a
palavra “ideais” como oposta a “materiais” e não como “o que seria desejável”. Entre as
manifestações materiais, estão os relatórios, as práticas de remuneração, as políticas e os
procedimentos formais e, em contrapartida, existem aquelas definições que são “idealistas”, ou
seja, que focam aspectos não materiais, orientando sua atenção para as manifestações referentes
às crenças e valores. Essa dimensão relaciona-se ao modo como o estudioso operacionaliza a
cultura. Segundo Martin (2002), para isso, têm sido usados os rituais, as histórias
organizacionais, os jargões, o humor e os arranjos físicos incluindo arquitetura, decoração interior
e códigos de vestimenta. Serão muitos os autores que focarão nas manifestações imateriais e
vários apontam como elemento essencial desse tipo de manifestações os valores compartilhados,
como Hofstede (1985), Chatman, O’Reilly e Caldwell (1991), Venderbergue e Peiró (1999),
Cameron e Quinn (1999) e Deal e Kennedy (1973).
73
d) Tipos de manifestações e nível de profundidade
Outro aspecto em que os estudos podem se diferenciar, segundo Martin (2002), relaciona-
se aos tipos de manifestações consideradas representativas da cultura. Alguns estudos focam um
aspecto da cultura, usam um tipo de manifestação cultural para operacionalmente definir cultura.
Em contraste, outros estudos sobre cultura enfatizam a amplitude, examinado uma variedade de
manifestações culturais, materiais ou não materiais, o que, segundo a autora, torna mais difícil o
uso de métodos quantitativos. O nível de profundidade com que os autores tratam as
manifestações de cultura é um outro aspecto. Schein (1992) por exemplo, discutido
anteriormente, considera três níveis de aprofundamento no estudo de cultura.
Schein (1992) descreve mecanismos através dos quais a cultura de uma organização é
transmitida, sob o ponto de vista da liderança. Ele descreve o que chama de mecanismos
primários, que criam o clima e precedem a existência de uma cultura, mas reflete os pressupostos
dos líderes e os mecanismos secundários, que o criam, mas reforçam a cultura organizacional.
A partir da compreensão desses mecanismos, pode-se depreender a cultura de uma organização.
Esses mecanismos envolvem as ações dos líderes no que diz respeito ao que eles medem,
controlam e recompensam; as suas reações aos incidentes críticos (como crises); a forma como
alocam os recursos, modelam cargos, ensinam as pessoas e também na maneira como
selecionam, promovem e aposentam as pessoas. Neste quesito, Schein comenta que o estilo
pessoal dos contratados pode revelar as crenças do fundador sobre o tipo de pessoas que ele
considera melhores para construir a organização. Em sua visão, os fundadores e líderes
considerarão atraentes os candidatos que mais se parecem com os membros atuais em termos de
estilo, pressupostos, valores e crenças.
Desta forma, pode-se supor ser possível compreender o perfil cultural de uma organizaçao
a partir da identificaçao dos perfis pessoais predominantes.
Schein (1992) descreve também mecanismos secundários, relacionados ao desenho,
estrutura, arquitetura, rituais, histórias e declarações formais da organização. O autor alerta que
estes precisam estar consonantes com os primeiros e que estão no nível de artefatos culturais,
altamente visíveis, mas difíceis de serem interpretados.
Cameron e Quinn (1999) também contribuem com a análise de dimensões em que o perfil
cultural da organização pode ser analisado. Os autores descrevem seis dimensões:
74
- as características dominantes ou como a empresa se apresenta, de modo geral (se se trata de um
ambiente familiar, empreendedor, competitivo ou controlado por procedimentos).
- o estilo e abordagem da liderança (se valoriza as pessoas; se corre riscos; se é focada em
resultados; ou em procedimentos e regras).
- a forma como os empregados são tratados e como é o ambiente de trabalho (focado no consenso
e trabalho em equipe; na liberdade, na individualidade; na realização; ou na previsibilidade).
- os mecanismos que mantêm a organização unida (lealdade e confiança; desenvolvimento de
inovações, agressividade e realização; manutenção).
- a ênfase estratégica, que define áreas para as quais a empresa é conduzida (se valoriza a
abertura, a participação; criação de desafios, novas oportunidades; ações competitivas, conquista
de mercados; eficiência, controle de operações).
- os critérios de sucesso, ou seja, como o sucesso é definido, o que é recompensado dentro da
organização (desenvolvimento e preocupação com pessoas; novos produtos, diferenciação;
vencer o concorrente, liderança de mercado; entregas confiáveis, produção de baixo custo.)
Nessas dimensões percebe-se também o papel importante da liderança na definição do
contexto em que se podem observar as manifestações da cultura. Para os autores, é possível
identificar essas dimensões a partir da percepção dos funcionários. Esta pesquisa se dedicou a
compreender o tipo de cultura percebido pelos funcionários a partir das dimensões descritas por
Cameron e Quinn (1999).
2.4.1.3 A formação da cultura organizacional
A cultura de uma organização, segundo Schein (1992), é desenvolvida a partir de três
fontes, as crenças, valores e pressupostos dos fundadores; as experiências de aprendizado dos
membros do grupo, na medida em que a organização evolui; e as novas crenças, valores e
pressupostos trazidos por membros e líderes novos; sendo o impacto dos fundadores a fonte mais
importante, segundo o autor. O processo de formação da cultura tende a seguir alguns passos,
também descritos por Schein:
- o fundador tem a idéia de uma empresa;
- o fundador traz uma ou mais pessoas e cria um grupo que compartilha a meta e visão comum do
fundador. Todos acreditam que a idéia é boa, factível e que vale a pena correr alguns riscos por
ela, que vale a pena investir tempo, dinheiro e energia;
75
- o grupo começa a trabalhar criando uma organização através da obtenção de fundos, patentes,
incorporações, locando espaço e etc.;
- outros são trazidos para a organização e uma história comum começa a ser construída. Se o
grupo se mantém razoavelmente estável e compartilha experiências de aprendizagem
significativas, gradualmente se desenvolvem pressupostos, um ambiente e o “como” fazer as
coisas para a sobrevivência e o crescimento.
Novamente, o autor enfatiza o papel dos fundadores, considerando que eles tendem a
impor suas visões ao funcionários, sendo estas permeadas por suas próprias noções de como
realizar suas idéias, baseados em sua história cultural e em sua personalidade. Ele possui seus
próprios pressupostos sobre a natureza das coisas, o papel das organizações no mundo, sobre a
natureza humana e as relações.
Borges e Albuquerque (2004), interessados em compreender como as pessoas aprendem
a cultura da organização, ou seja, como elas passam a tomar como seus, os valores
organizacionais, apontam os três enfoques que vêm norteando os estudos sobre a socialização
organizacional.
Segundo os autores, até a década de 80, a maior parte dos estudos era feita sob a
perspectiva funcionalista. Em tal abordagem, buscava-se conhecer como as organizações
socializam seus funcionários. Como representantes desses estudos pode-se citar Maanen (2007) e
Schein (1997).
Maanen (2007) estudou a forma como as pessoas se ajustam à organização sob o ponto
de vista das ações organizacionais. Nessa perspectiva, o autor considera que a forma de
socialização é um assunto de escolha organizacional e que a socialização influencia o
comportamento das pessoas. Em seus estudos, buscou compreender as dimensões pelas quais tais
estratégias de processamento de pessoas acontecem. Estas são, segundo o autor, estratégias que
as empresas usam para controlar e dirigir o comportamento das pessoas.
Ainda que Maanen admita que as pessoas não sejam tábulas rasas e que possam ter um
papel ativo na sua própria socialização, ele considera que as estratégias organizacionais possuem
um papel poderoso, capaz de influenciar a concepção do indivíduo sobre o seu papel no trabalho
(MAANEN, 2007).
Schein (1997), ao estudar a socialização organizacional a partir da mesma perspectiva,
considera que a estabilidade e a eficiência da organização dependem de sua habilidade para
76
socializar os seus membros. Para ele, as empresas socializam seus novos membros criando uma
série de eventos que servem para desfazer velhos valores e preparar as pessoas para aprenderem
os novos. Seu foco principal de análise está na compreensão desses eventos, mas este autor
também considera que o processo de aprendizagem de novos valores será afetado, em algum
grau, pela socialização prévia do indivíduo. O autor salienta que quando os valores possuídos
estão em consonância com as normas da organização, o processo de socialização envolve uma
mera reafirmação daquelas normas. Por outro lado, se o novato vem para organização com
valores e padrões de comportamento que estão desalinhados com aqueles esperados pela
organização, então o processo de socialização envolve primeiramente uma fase destrutiva ou de
descongelamento. Tendo em vista que o processo pode ser desagradável, Schein aponta como
fator que pode facilitá-lo, além da força organizacional, o nível de motivação do novo membro.
É importante notar que esses autores, embora direcionem seus esforços de pesquisa para
a compreensão das estratégias empregadas pela organização no processo de socialização de
novos membros, reconhecem o papel do indivíduo nesse processo.
O enfoque dado pelos estudiosos nessa perspectiva ficou conhecido como o enfoque das
táticas organizacionais (BORGES e ALBUQUERQUE, 2004).
A partir da década de 90, houve uma proliferação das pesquisas que focavam os
comportamentos pró-ativos dos indivíduos no processo de socialização (BORGES e
ALBUQUERQUE, 2004). Trata-se de estudos que têm como paradigma o interacionismo
simbólico ou o construtivismo, que compreende os indivíduos como sujeitos do processo. Nessa
visão, ainda que o ambiente possua normas e costumes previamente definidos, deve-se considerar
a possibilidade de realização e de iniciativa pessoal. O indivíduo socializado é sujeito principal
do processo de socialização e não um mero produto do meio. Trata-se de uma relação dinâmica,
em que o indivíduo é sujeito e objeto ao mesmo tempo. O sujeito influencia e é influenciado ao
mesmo tempo (BORGES e ALBUQUERQUE, 2004).
Chao e cols. (1994), alinhados à esta perspectiva, consideram que a ênfase na
perspectiva individual é crítica, porque as diferenças individuais afetarão a forma como as
experiências de socialização serão aprendidas e interpretadas. Esses autores apontam dois ramos
de pesquisas relacionadas à socialização organizacional. O primeiro preocupa-se com as fases do
processo de socialização e o segundo, mais recente, preocupa-se com o conteúdo da socialização.
77
Segundo Chao e cols (1994), conhecer essas dimensões de conteúdo permite uma medição mais
acurada de quão bem um indivíduo aprendeu determinados aspectos da organização.
A partir de uma revisão da literatura sobre este tema, esses autores chegaram a seis
dimensões de conteúdo: proficiência de performance (a aprendizagem das tarefas envolvidas no
trabalho); pessoas (estabelecimento de relacionamentos de trabalho bem sucedidos e satisfatórios,
o que envolve traços de personalidade, dinâmica de grupo, similaridade de interesses não
relacionados ao trabalho que afetam as habilidades sociais e comportamentos aceitos por outros
membros da organização); política (o sucesso do indivíduo em obter informação relacionada às
relações formais e informais de trabalho e sobre as estruturas de poder da organização);
linguagem (o conhecimento sobre linguagem cnica, anacronismos, gírias e jargões que são
únicos na organização); história (tradições, costumes, mitos e rituais são usados para transmitir e
perpetuar o conhecimento cultural); e os valores e metas organizacionais (aprendizagem de
valores e metas organizacionais específicos). Segundo os autores, esta dimensão relaciona o
indivíduo à organização como um todo, na medida em que foca além do cargo ou do ambiente de
trabalho imediato.
No intuito de compreender as condições que determinam os comportamentos proativos
dos indivíduos no processo de socialização, pesquisas foram desenvolvidas para identificar as
variáveis antecedentes a tais comportamentos. Borges e Albuquerque (2004) citam pesquisas que
indicaram que quanto mais se percebe que o ambiente de trabalho favorece a consecução dos
próprios objetivos no trabalho, mais bem sucedido tende a ser o processo de socialização. Em
geral, os resultados apontados pelos autores mostraram que os fatores que antecedem e/ou
explicam a proatividade dos indivíduos no seu próprio processo de socialização se referem a
aspectos individuais e/ou psíquicos.
Borges e Albuquerque (2004) denominaram esse conjunto de estudos de enfoque nos
conteúdos e na informação, pois estuda os processos cognitivos concernentes aos conteúdos do
processo de socialização e ao papel da busca de informação pelos indivíduos.
Como terceiro enfoque dados aos estudos sobre socialização organizacional, Borges e
Albuquerque (2004) apontam as tendências integradoras, que buscam articular adequadamente
as ações organizacionais, a proatividade dos empregados e os resultados desse processo.
A partir de uma revisão da literatura sobre os estudos referentes à socialização
organizacional, Saks e Ashforth (1997) desenvolveram um modelo cujo intuito era juntar as
78
diferentes perspectivas, modelos e teorias, integrando um modelo de socialização organizacional.
O núcleo do modelo é o processo de aprendizagem que permeia todo o processo de socialização e
os demais componentes do modelo caracterizam os antecedentes e os resultados de tal processo
(SAKS e ASHFORTH, 1997).
O modelo é composto por uma série de variáveis contextuais nos níveis
extraorganizacional, organizacional, grupo e cargo, pois, segundo os autores, esses veis
influenciam os fatores de socialização.
Os fatores de socialização são representados também por diversos níveis, sendo eles o
organizacional (táticas, programas de treinamento, de orientação, de mentoring), o grupal (táticas
de grupo, suporte social) e o individual (proatividade, ações do indivíduo). Esses fatores
influenciam o processo cognitivo de sensemaking e em conjunto com este último, influenciam a
aquisição de informação
Como resultado de todo o processo, o novo membro experimenta a redução da incerteza
e a aprendizagem dos valores organizacionais, das estruturas de poder e o conhecimento sobre a
tarefa. Num contexto mais amplo, este processo afetará a cultura, a coesão, a estabilidade, a
efetividade e a reputação organizacionais.
O modelo salienta o papel das diferenças individuais no processo, sob as categorias de
personalidade, valores e crenças, necessidades, motivações e variáveis demográficas. Os autores
complementam considerando que existe uma relação recíproca de influência entre as variáveis
organizacionais e as individuais. As diferenças individuais afetam as estratégias e
comportamentos de proatividade, afetam diretamente o processo de sensemaking e aquisição de
informações e moderam os efeitos dos fatores de socialização na aprendizagem (SAKS e
ASHFORTH, 1997).
79
2.4.1.4 Perspectivas para o estudo da cultura organizacional
Martin (2002) propõe que três perspectivas teóricas têm sido usadas no estudo de cultura.
Elas são complementares de maneira específica e estabelecem diferentes posicionamentos acerca
de três dimensões: a orientação ao consenso, a relação entre as manifestações culturais e a
orientação à ambigüidade. O autor propõe, então, abordagens dessas três dimensões, que serão
discutidas a seguir.
a) Perspectiva integradora
De acordo com Martin (2002), a perspectiva integradora enfatiza as manifestações de
cultura que têm interpretações mutuamente consistentes. Considera o consenso na organização,
sendo cultura aquilo que está claro para todos os seus integrantes. Portanto, a ambigüidade é
excluída. Nessa visão, as manifestações de cultura são consistentes umas com as outras e
estabelecem uma rede de elementos que se reforçam mutuamente. A autora diz que normalmente
os estudos de integração envolvem alguns empregados (gerentes e profissionais), o que gera
críticas a esses estudos que, por se disporem a representar a cultura da empresa toda, deveriam
estudar todos os empregados. Os estudiosos da cultura sob essa perspectiva reconhecem a
existência de conflitos e ambigüidade, mas somente nos níveis mais superficiais da cultura, e
defendem que nos níveis mais profundos, que representam a essência da cultura, existem as
suposições tácitas que são compartilhadas. Apesar de reconhecerem a existência de conflitos,
esses são vistos como algo que precisa ser consertado. Martin comenta que é importante
considerar que os autores dessa perspectiva não vêem 100% de consistência e consenso; alguns
consideram que as opiniões das pessoas nas lideranças contam mais porque essas pessoas têm
mais poder e controlam a trajetória da coletividade.
b) Perspectiva diferenciadora
A perspectiva diferenciadora foca, segundo Martin (2002), as manifestações culturais que
têm interpretações inconsistentes. O consenso existe apenas nas subculturas. As subculturas
podem viver em harmonia, mas o conflito e a ambigüidade estão presentes nas relações entre as
diferentes subculturas. Esses estudos percebem as diferenças e as inconsistências como
80
inevitáveis e desejáveis. Os conflitos entre subculturas são explicitamente examinados.
interesse em analisar a empresa como um todo, examinando as subculturas dentro das fronteiras
da coletividade. Na perspectiva diferenciadora, as subculturas são vistas como ilhas de
consistência, consenso e clareza.
Outros autores se dedicaram ao estudo das subculturas. Cuche (1999) sugere que, por ser
difícil definir a cultura de uma empresa, pode ser mais plausível para o pesquisador identificar as
micro-culturas existentes no interior da mesma. A cultura da empresa seria formada pelas
intersecções ou relações entre micro ou subculturas (CUCHE, 1999; HATCH, 2002). O autor,
numa visão diferenciadora, considera que essas microculturas não estão necessariamente em
harmonia umas com as outras, reconhecendo a existência de conflitos e contradições.
Hatch (2002) afirma que quanto maior o grau de fragmentação entre as subculturas, mais
a cultura organizacional será fragmentada. A empresa pode mudar os níveis de unidade-
fragmentação ao longo do tempo, o que mostra que ela não é estática, mas muda com seu
desenvolvimento. A mesma autora considera que o que distingue as subculturas é o grau de
adesão das pessoas aos valores dominantes da organização e relata que outros autores distinguem
as subculturas de acordo com a ocupação, grupo de trabalho, nível hierárquico e afiliações
organizacionais prévias das pessoas.
Com relação à formação das subculturas, Hatch (2002) considera que a atração
interpessoal (pessoas tendem a ser atraídas por aqueles que se assemelham a elas no que diz
respeito a ocupação, posição hierárquica ou outros quesitos) ou interação entre os membros da
organização (pessoas que interagem regularmente tendem a se tornar coesas) podem ser os
responsáveis. Ela considera que as duas formas podem coexistir.
c) Perspectiva da fragmentação
Para Martin (2002), a perspectiva da fragmentação não considera a relação entre as
manifestações culturais nem como claramente consistentes nem como claramente inconsistentes.
As interpretações das manifestações culturais são ambiguamente relacionadas uma com a outra e
a ambigüidade e não a clareza, é colocada como elemento essencial da cultura. O consenso é
transitório e específico. Essa perspectiva busca examinar as complicações que as oposições de
pensamentos dicotômicos omitem. Ambigüidade é vista como uma parte normal inevitável e
explícita do funcionamento organizacional no mundo contemporâneo. Essa visão foca a
81
multiplicidade de interpretações que não se integram no consenso da coletividade e que não
criam o consenso subcultural. A perspectiva da fragmentação reconhece que existem múltiplas
visões para a maioria dos assuntos e que essas visões estão constantemente em fluxo.
Martin (2002) propõe que se usem as três perspectivas no estudo da cultura de uma única
organização, não seqüencialmente, mas simultaneamente, de acordo com os aspectos que estão
sendo analisados naquela cultura.
2.4.1.5 Abordagens ao estudo da cultura organizacional
Cuche (1999) diferencia a visão antropológica da visão sociológica de cultura aplicada às
empresas. Na primeira, a cultura é vista como um universo fechado, imutável, caracterizando
uma coletividade homogênea. Nessa visão, a cultura influencia as atitudes e os comportamentos
do indivíduo; a empresa, portanto, impõe seus valores às pessoas dentro do contexto
organizacional. Segundo o autor, essa abordagem aplicada à empresa é muito reducionista, pois
supõe que a cultura domina o indivíduo. Na visão sociológica, o ambiente cultural é visto como
heterogêneo e a cultura não pré-existe aos empregados – ela é construída nas interações.
Martin (2002), ao analisar os diversos estudos sobre cultura nas ciências sociais nos anos
recentes, relata a existência de várias “disputas” intelectuais que fazem com que os diferentes
teóricos se posicionem diferentemente perante o tema.
Linda Smircich (1983) comenta sobre cinco áreas em que os estudos sobre cultura e
organização podem ser analisados, de acordo com as diferentes abordagens dos pesquisadores
com relação ao conceito de cultura e de organização. Essas áreas podem ser agrupadas em dois
blocos, um que entende a cultura como variável e outro que a compreende como metáfora.
Dentre os que a compreendem como uma variável estão os estudos que concebem a
cultura como uma variável independente, externa à organização, que é importada para dentro da
organização pelas pessoas. A presença da cultura é revelada nos padrões de atitudes e ações dos
indivíduos que compõem a organização. Ainda considerando cultura como variável, a autora cita
os estudos que consideram a cultura como uma variável interna. Nessa visão, a organização
produz sua cultura em forma de artefatos culturais (rituais, cerimônias, lendas) e os pesquisadores
se preocupam em compreender as qualidades sócio-culturais que se desenvolvem dentro das
organizações. A cultura é tida como expressão dos valores ou ideais sociais e crenças que os
82
membros da organização compartilham e entre as variáveis estudadas estão a estrutura, o
tamanho e os padrões de liderança. Esta abordagem tem como pressuposto que os gerentes
estratégicos podem influenciar e direcionar o curso de suas organizações. Nesse caso, a
organização é vista como resultado da ação humana.
Smircich considera essas duas formas de analisar a cultura organizacional pertencentes ao
paradigma funcionalista, referindo-se ao modelo de Burrel e Morgan (1979).
Cultura como metáfora é estudada como algo que as empresas “são” e não “têm”. Nesta
concepção, as organizações são compreendidas como formas expressivas, como manifestação da
consciência humana e os seus aspectos simbólicos são analisados (SMIRCICH, 1983). Segundo a
autora, trata-se de uma conceituação de cultura pautada na antropologia moderna. Nessa
perspectiva, Smircich cita a perspectiva cognitiva, em que cultura é vista como um sistema de
cognições compartilhadas ou como sistemas de conhecimento e crenças; a perspectiva simbólica
em que a cultura é vista como sistemas de símbolos e significados compartilhados, em que a
tarefa do pesquisador é interpretar os temas” da cultura e a perspectiva estrutural ou
psicodinâmica, em que a cultura é tida como a expressão de processos psicológicos
insconscientes (onde estão situados os trabalhos de Levi-Strauss).
Pesquisadores que percebem a cultura como uma variável (interna ou externa) priorizam
os princípios de causalidade, predição, generalização e controle, enquanto aqueles que a
interpretam como uma metáfora têm como tema principal de seus estudos o significado e os
processos pelos quais a vida organizacional se torna possível.
Um aspecto que terá influência sobre a escolha do pesquisador de perceber a cultura como
variável ou como metáfora é o seu posicionamento epistemológico. Segundo Martin (2002) e
Hatch (1997), esse posicionamento definirá uma abordagem à cultura do ponto de vista da
objetividade ou da subjetividade.
Do ponto de vista da objetividade, a cultura é tratada como um objeto real, concreto,
como algo que pode ser objetivamente percebido e medido por qualquer pessoa que a veja. Do
ponto de vista da subjetividade, os pesquisadores concordam que, ao analisarem a cultura, eles
subjetivamente interpretam e representam o que observam ao invés de perceberem uma realidade
objetiva. Dessa perspectiva, a mesma realidade pode produzir uma variedade de realidades
culturais percebidas (MARTIN, 2002). Hatch (1997), complementarmente, relaciona a
abordagem objetiva à perspectiva modernista e a subjetiva ao interpretativismo simbólico.
83
Martin (2002) considera que o estudo de cultura deve englobar ambas as abordagens,
devendo implicar em descrições das manifestações físicas da cultura, como normas de
vestimenta, aspectos do ambiente de trabalho e estruturas observáveis, sem deixar de considerar
os significados subjetivos associados a essas manifestações observáveis.
Hofstede (2001), ao também aludir aos diferentes paradigmas encontrados na pesquisa
sobre cultura organizacional, adiciona o conflito entre os proponentes da pesquisa qualitativa
versus os proponentes da abordagem quantitativa. Segundo o autor, ainda que existam
paradigmas diferentes, a maior parte da pesquisa sobre cultura organizacional tem sido feita a
partir de métodos qualitativos, o que implica na falta de objetividade e possibilidade de
generalização.
Hofstede (2001) considera que a sabedoria sugere que o pesquisador busque a
triangulação, aproveitando o melhor de cada um dos paradigmas existentes, a partir do
reconhecimento das forças e limitações de cada um.
Tendo em vista os níveis de profundidade da cultura, propostos por Schein (1992), a
identificação de valores organizacionais possibilita um diagnóstico parcial da cultura
organizacional, mediante a identificação de perfis de cultura, uma vez que os valores se
organizam em prioridades. A mensuração de perfis de cultura se mostra importante tendo em
vista o desenvolvimento de estudos dedicados à relação entre cultura organizacional e outros
construtos, analisada quantitativamente, o que se propuseram a fazer, por exemplo, Cameron e
Quinn (1999). Esses autores estudam a cultura a partir de uma perspectiva sociológica e
funcionalista. Nessa perspectiva, a cultura é tratada como um atributo que as empresas possuem e
que pode ser medida separadamente de outros fenômenos organizacionais.
2.4.1.6 Perfis de cultura – os valores concorrentes
Cameron e Quinn (1999), privilegiando aspectos imateriais da cultura, consideram que a
cultura organizacional se refere aos valores assumidos pelo grupo, aos pressupostos básicos,
expectativas, memória coletiva e às definições presentes numa organização. Ela representa a
ideologia que as pessoas carregam consigo acerca do ambiente organizacional. Para os autores,
cada cultura possui linguagem, símbolos, regras e sentimentos etnocêntricos únicos. Eles
reconhecem que a organização possui várias subculturas que são únicas, associadas com as
diferentes subunidades. No entanto, os autores veêm a cultura da organização como um
84
holograma, em que cada parte possui informação única que a diferencia das demais, mas em que
cada elemento também contém informação comum a partir da qual uma imagem completa pode
ser reproduzida. Assim, embora reconheçam que cada subcultura seja única, o que caracteriza a
visão diferenciadora, consideram que possuem elementos comuns que compõem a cultura geral
da organização e propõem um método para diagnosticar esse nível mais amplo de cultura, o que
caracteriza, afinal, uma abordagem integradora.
Ao considerarem que a cultura é fator crucial da efetividade de longo prazo das empresas,
os autores assumem ser imperativo que as pessoas que estudam ou gerenciam a cultura
organizacional sejam capazes de medir suas dimensões chave. Eles acreditam que, a partir do
diagnóstico da cultura organizacional, pode-se pensar em mudanças que melhorem sua
performance.
Pelo fato de a cultura poder ser estudada a partir de uma série de dimensões e fatores
abrangentes e muitas vezes ambíguos, os autores sugerem ser importante que se determinem as
dimensões mais importantes com base em fundamentação teórica robusta, de forma que seja
possível estabelecer uma estrutura de estudo consistente. Assim, o modelo de quatro quadrantes
proposto por Cameron e Quinn está em consonância com as formas organizacionais
desenvolvidas na ciência organizacional e com as teorias de gestão sobre o sucesso
organizacional (CAMERON e QUINN, 1999).
O modelo dos valores concorrentes foi desenvolvido a partir de uma pesquisa cujo intuito
era compreender os indicadores de organizações eficazes. Desta pesquisa, o teórico John Cambell
e colaboradores criaram uma lista de 39 indicadores que foram tidos como representativos do
conjunto de medidas para a eficiência organizacional. Foi em 1983 que Bob Quinn e John
Rohrbaugh re-analisaram os 39 indicadores com o objetivo de identificar os elementos chave da
efetividade organizacional. A partir de análise estatística, duas dimensões foram encontradas.
A primeira dimensão foi caracterizada pelo pólo flexibilidade, discreção, dinamismo, e pelo pólo
estabilidade, ordem e controle, como opostos.
A outra dimensão diferencia os critérios de eficiência organizacional a partir da ênfase na
orientação interna versus a ênfase na orientação externa. Na primeira são valorizadas a integração
e a unidade a harmonia das características internas. Na segunda, o foco está na diferenciação e
na rivalidade – o olhar está para fora das fronteiras da próprias organização.
85
As duas dimensões formam os quatro quadrantes que representam distintos tipos de cultura que
distinguem os valores essenciais sobre os quais as decisões são tomadas dentro da organização.
Cameron e Quinn (1999) propõem a Estrutura dos Valores Concorrentes como uma
maneira útil de identificar e compreender os diversos aspectos organizacionais como o seu
design, sua efetividade, o desenvolvimento dos seus ciclos de vida, a qualidade e os papéis e
habilidades da liderança.
As pesquisas realizadas pelos autores mostraram que o Modelo dos Valores Concorrentes
possui um alto grau de congruência com outros esquemas teóricos bem aceitos e que foram
propostos independentemente, como a tipologia proposta por Jung (1963) (ver CAMERON e
QUINN, 1999).
Os nomes dados aos perfis de cultura propostos pelos autores são derivados da literatura
acadêmica que explica como, ao longo do tempo, diferentes valores organizacionais se tornaram
associados com diferentes formas de organização.
Os autores acreditam que as dimensões e os quadrantes são robustos em explicar as
diferentes orientações, bem como os valores concorrentes, que caracterizam diferentes tipos de
cultura. Assim, cada quadrante representa pressupostos básicos, orientações e valores, elementos
que compreendem a cultura organizacional.
a) Cultura hierárquica (baseada nos estudos de Weber 1947)
Trata-se de uma forma de organização que tem suas bases no começo da revolução
industrial e portanto, representa as sete características que ficaram conhecidas, a partir dos
trabalhos de Weber em 1947, como atributos típicos da burocracia: as regras, a especialização, a
meritocracia, a hierarquia, domínios separados, impessoalidade, responsabilidade. O objetivo
dessa forma de organização era gerar resultados eficientes e previsíveis. Para isso, linhas claras
de tomada de decisão, autoridade, regras, procedimentos padronizados e controles eram valores
chave para o sucesso.
As características da cultura hierárquica são o ambiente formal e estruturado, os
procedimentos que governam o que as pessoas fazem. Os líderes nesse ambiente são bons
organizadores e coordenadores e focam o estabelecimento de manuais, regras e procedimentos.
86
b) Cultura de Mercado: (baseada nos estudos de Oliver Williamson, 1975; Bill Ouchi,
1981)
Esse perfil de cultura tem suas bases nos anos 60, quando empresas se confrontaram com
os desafios da competitividade. Os estudiosos identificaram um conjunto de atividades
alternativas que fariam as empresas serem mais eficientes. O novo desenho organizacional era o
de uma organização orientada para o mercado, para o ambiente externo, não para as questões
internas. O foco estaria nos relacionamentos com fornecedores, clientes, contratantes,
licenciados, uniões e órgãos regulamentadores. A competitividade e a produtividade nessas
organizações é conquistada pela forte ênfase no posicionamento e controle externo, sendo esse
último visto não como benigno, mas como hostil. O foco da empresa é aumentar sua posição
competitiva e o foco principal da gestão é dirigir a empresa para a produtividade, resultados e
lucratividade.
Líderes possuem um perfil diretivo e competitivo e a empresa mostra ênfase em vencer
o sucesso está relacionado ao marketshare e à penetração.
c) Cultura Clan (baseada em McGregor, 1960; Likert, 1970; Argyris, 1962)
Esta forma de organização é similar a uma organização familiar. Os valores e os objetivos
são compartilhados, valoriza-se a coesão, a participação e o senso de coletividade.
As prioridades são o trabalho em equipe, o envolvimento dos empregados e o
comprometimento corporativo. Grupos semi-autônomos recebem recompensas pelo trabalho em
equipe e não por esforços individuais. Valorizam-se o empoderamento, e os sistemas de escuta de
funcionários. Os líderes assumem que o ambiente pode ser mais bem gerenciado via trabalho em
equipe e desenvolvimento das pessoas e a lealdade torna-se aspecto fundamental. O ambiente é
amigável, pois as pessoas compartilham muito, e os líderes possuem um perfil mais paternalista.
O sucesso é obtido a partir do clima interno e da preocupação com as pessoas e o consenso é
valorizado.
87
d) Cultura Adhocrática
1
Com a era da informação, esse tipo emergiu como uma forma de responder a um ambiente
hiper-turbulento e hiper-acelerado. Por conta da diminuição do tempo de vida útil dos produtos e
serviços, a suposição é que as iniciativas pioneiras e inovadoras levarão ao sucesso. As empresas
precisam se preparar para o futuro desenvolvendo serviços e produtos novos e o papel da gestão é
fomentar o empreendedorismo e a criatividade. Dá-se ênfase à criação de uma visão de futuro,
anarquia organizada e imaginação disciplinada. São valorizadas a adaptação e flexibilidade em
relação a um mundo de ambigüidade. Também ênfase na individualidade, no assumir riscos e
na antecipação do futuro. O ambiente de trabalho é empreendedor, criativo e dinâmico. A
liderança possui um perfil visionário, inovador e orientada para riscos.
O que mantém a empresa junta é o comprometimento com experimentação e inovação,
prontidão para mudança; o sucesso relaciona-se a produzir produtos e serviços únicos e originais.
Os autores consideram que essa estrutura, por ter sido construída sobre estudos sólidos, é
eficiente em descrever outros aspectos das organizações como papéis da liderança, critérios e
efetividade. As teorias de gerenciamento se relacionam com cada quadrante.
Estilos de liderança serão vistos como eficientes quando eles combinam com a cultura da
organização. Cada tipo de cultura tende a valorizar determinados estilos de liderança, de
eficiência, de organização do trabalho.
O modelo dos valores concorrentes pressupõe a oposição entre os tipos de cultura acima
descritos. A cultura adhocrática é oposta à cultura hierárquica na medida em que a primeira tem
ênfase no ambiente externo e na flexibilidade, enquanto a segunda orienta-se para o ambiente
interno e para a estabilidade. O mesmo acontece com as culturas Clã e Mercado, na medida em
que a primeira foca o ambiente interno e a flexibilidade e a segunda enfatiza o ambiente externo e
a estabilidade. Afigura 5 mostra de maneira mais prática tais oposições.
1
Cameron e Quinn (1999) não explicitam em que autores basearam a cultura adhocrática.
88
Fig 5 – Estrutura dos valores concorrentes
Fonte: Adaptado de Cameron e Quinn (1999)
Orientação
interna
Estabilidade
Flexibilidade
Hierarquia
Mercado
Clã
Adhocracia
Orientação
externa
89
3. MODELO E PROBLEMA DE PESQUISA
O modelo ASA, proposto por Schneider (1987), considera que o que as organizações são
e como são é determinado pelas pessoas, na medida em que elas entram e permanecem nas
organizações. Assim, parece possível pensar que seja possível depreender os tipos de cultura
organizacionais a partir do mapeamento das pessoas que a compõem.
Neste estudo, as organizações foram consideradas enquanto culturas, o que significa
acreditar no poder preditivo de fatores pessoais, tais como valores básicos, pessoais relativos ao
trabalho e personalidade em relação à cultura organizacional.
No entanto, para que seja possível investigar o poder preditivo dessas variáveis, é
necessário primeiramente investigar as relações entre esses construtos, considerando a estrutura
de cada um.
Os tipos de cultura organizacional, conforme propostos por Cameron e Quinn (1999) se
interrelacionam em relações de oposição, considerando duas dimensões (flexibilidade/
estabilidade e ênfase interna/ênfase externa, conforme fig. 6), em que se pode observar a cultura
Mercado oposta à cultura Clã e a cultura Adhocrática oposta à cultura Hierárquica.
Os valores básicos, por sua vez, organizam-se em duas dimensões bipolares, sendo a
Abertura à Mudança oposta à Conservação e a Autopromoção oposta à Autotranscendência (ver
fig. 6).
Os valores pessoais relativos ao trabalho, baseados na teoria dos valores básicos, possui a
mesma estrutura de pólos e oposições verificada naquela teoria (fig. 6).
Os tipos de personalidade, conforme descritos por Jung (1963), são organizados em
dimensões bipolares. Por se tratar de uma pesquisa no âmbito das organizações, optou-se por
relacionar com os tipos de cultura os tipos denominados por Jung de tipos racionais (Pensamento
e Sentimento) e não os irracionais (Sensação e Intuição), pois os primeiros descrevem a maneira
como as pessoas julgam e tomam decisões, o que está mais em consonância com os objetivos da
pesquisa. Dessa forma, o tipo Pensamento Introvertido é tido como oposto ao tipo Sentimento
Extrovertido e o tipo Sentimento Introvertido como oposto ao tipo Pensamento Extrovertido (fig.
6).
É possível hipoteticamente estabelecer uma relação entre esses construtos de tal forma a:
90
- relacionar positivamente a ênfase Interna de Cameron e Quinn (1999) com o pólo de
Conservação de Schwartz (1992) e com a atitude Introvertida de Jung (1963) - essas três
dimensões dizem respeito à ênfase na manutenção, na segurança e no racional - o que estaria em
relação positiva com as culturas Hierarquia e Clã e negativa com as culturas Mercado e
Adhocracia.
- relacionar positivamente a ênfase externa de Cameron e Quinn (1999) com o pólo
Abertura à Mudança (Schwartz, 1992) e com a atitude Extrovertida de Jung (1963) - as três
dimensões compartilham o foco no ambiente, na ação e na expansividade - o que estaria em
relação positiva com as culturas Mercado e Adhocracia e negativa com as culturas Clã e
Hierarquia.
- relacionar positivamente a Estabilidade de Cameron e Quinn (1999) com o pólo
Autopromoção de Schwartz (1992) e com a função Pensamento de Jung (1963) – elas enfatizam a
racionalidade, o foco externo e a alto nível de exigência - o que estaria em relação positiva com
as culturas Hierarquia e Mercado e negativa com Clã e Hierarquia.
- relacionar positivamente a Flexibilidade de Cameron e Quinn (1999) com o pólo
Autotranscendência de Schwartz (1992) e com a função Sentimento de Jung (1963) pois estas
três dimensões valorizam as relações, a equipe e a coesão - o que estaria em relação positiva com
as culturas Adhocracia e Clã e negativa com as culturas Mercado e Hierarquia.
91
Modelo orientador da pesquisa e diagrama da pesquisa
Fig. 6 - Modelo preditivo
Fonte: elaborado pela autora
Fig. 7 - Diagrama da pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora
Valores básicos
Autotransconcendência
Auto
promoção
A
bertura à mudança
Conservação
Personalidade
Valores pessoais
relativos ao trabalho
Autotransconcendência
Auto
promoção
A
bertura à mudança
Conservação
Pensamento introvertido
Pensamento extrovertido
Sentimento introvertido
Sentimento extrovertido
Tipos de cultura
Clã
Mercado
Adhocracia
Hierarquia
Mercado
Clã
Adhocracia
Ênfase interna
Conservação
Introversão
Ênfase externa
Abertura à mudança
Extroversão
Estabilidade
Autopromoção
Pensamento
Flexibilidade
Autotranscendência
Sentimento
Hierarquia
92
Para investigar as relações propostas neste modelo, a pesquisa se dedicou ao seguinte
problema de pesquisa:
Qual é a relação entre valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho, tipos de
personalidade e os tipos de cultura organizacional percebidos?
Para tanto, buscou-se alcançar os objetivos descritos a seguir.
O objetivo geral da pesquisa:
O objetivo geral da pesquisa é identificar a relação entre valores e personalidade, e perfis
de cultura organizacional percebidos.
Os objetivos específicos da pesquisa
Os objetivos específicos da pesquisa são:
Identificar os tipos de personalidade das pessoas que trabalham em organizações
específicas.
Identificar valores básicos das pessoas que trabalham em organizações específicas.
Identificar valores pessoais relativos ao trabalho das pessoas que trabalham em uma
organização específica.
Identificar perfis de cultura organizacional percebidos.
Identificar a relação entre valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho e tipos de
personalidade.
Hipótese geral da pesquisa:
Valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho e tipos de personalidade
relacionam-se com os tipos de cultura organizacional de acordo com a estrutura de suas
dimensões.
Hipóteses específicas da pesquisa:
H
1
: Valores básicos e pessoais relativos ao trabalho de Abertura à Mudança estão positivamente
relacionados com o tipo de cultura Adhocrática e Mercado e negativamente relacionados com os
tipos de cultura Clã e Hierárquica.
93
H
2
: Valores básicos e pessoais relativos ao trabalho de Conservação estão positivamente
relacionados com o tipo de cultura Hierárquica e Clã e negativamente relacionados com os tipos
de cultura Mercado e Adhocrática.
H
3
: Valores básicos e pessoais relativos ao trabalho de Autopromoção estão positivamente
relacionados com o tipo de cultura Hierárquica e Mercado e negativamente relacionados com os
tipos de cultura Clã e Adhocrática.
H
4
: Valores básicos e pessoais relativos ao trabalho de Autotranscendência estão positivamente
relacionados com o tipo de cultura Clã e Adhocrática e negativamente relacionados com os tipos
de cultura Hierárquica e Mercado.
H
5
: O tipo de personalidade Pensamento Extrovertido está positivamente relacionado com o tipo
de cultura Mercado e negativamente relacionado com o tipo de cultura Clã.
H
6
: O tipo de personalidade Pensamento Introvertido está positivamente relacionado com o tipo
de cultura Hierárquica e negativamente relacionado com o tipo de cultura Adhocrática
H
7
: O tipo de personalidade Sentimento Extrovertido está positivamente relacionado com o tipo
de cultura Adhocrática e negativamente relacionado com o tipo de cultura Hierárquica.
H
8
: O tipo de personalidade Sentimento Introvertido está positivamente relacionado com o tipo
de cultura Clã e negativamente relacionado com o tipo de cultura Mercado.
H
9
: Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho tem seus pólos correspondentes
positivamente relacionados e seus pólos opostos negativamente relacionados.
H
10
: O pólo Abertura à mudança de valores básicos e valores pessoais relativo ao trabalho
relaciona-se positivamente com o tipo de personalidade Sentimento Extrovertido e negativamente
com o tipo de personalidade Pensamento Introvertido.
H
11
: O pólo Conservação relaciona-se positivamente com o tipo de personalidade Pensamento
Introvertido e negativamente com o tipo de personalidade Sentimento extrovertido.
H
12
: O pólo de Autopromoção relaciona-se positivamente com o tipo de personalidade
Pensamento Extrovertido e negativamente com o tipo de personalidade Sentimento Introvertido.
H
13
: O pólo de Autotranscendência relaciona-se positivamente com o tipo de personalidade
Sentimento Introvertido e negativamente com o tipo de personalidade Pensamento Extrovertido.
94
As variáveis da pesquisa
As variáveis da pesquisa são os valores básicos, os valores pessoais relativos ao trabalho e
tipos de personalidade, que foram considerados variáveis independentes, e os tipos de cultura,
que foram considerados variáveis dependentes.
A personalidade foi operacionalizada a partir dos Tipos Psicológicos de Jung. A teoria
diferencia 8 tipos psicológicos: Pensamento Introvertido, Pensamento Extrovertido, Sentimento
Introvertido, Sentimento Extrovertido, Sensação Introvertida, Sensação Extrovertida, Intuição
Introvertida, Intuição Extrovertida
Como visto, valores pessoais são “metas desejáveis e transituacionais, que variam em
importância, que servem como princípios na vida de uma pessoa ou outra entidade social”.
(SCHWARTZ, 2006). Os valores pessoais foram medidos de acordo com as dimensões
Autopromoção versus Autotranscendência e Conservação versus Abertura à mudança.
Os valores pessoais relativos ao trabalho são: “uma representação dos aspectos do
trabalho importantes para a pessoa, preferidos e desejados por ela e podem ser definidos como
crenças sobre metas ou recompensas desejadas, hierarquicamente organizadas, que as pessoas
buscam por meio do trabalho e que guiam a sua vida no trabalho” (PORTO, 2008, p.180). Foram
avaliados de acordo com a escala de Teixeira e Grad (2009), desenvolvida de acordo com a teoria
de valores básico de Schwartz (1992) refletindo as dimensões Autopromoção versus
Autotranscendência e Conservação versus Abertura à Mudança.
A cultura organizacional foi operacionalizada a partir dos tipos de cultura descritos por
Cameron e Quinn (1999). Os autores desenvolveram o modelo da Estrutura de Valores
Concorrentes. Para eles, a cultura organizacional se refere aos “valores assumidos pelo grupo, aos
pressupostos básicos, expectativas, memória coletiva e às definições presentes numa
organização” (p. 14). Os perfis de cultura, de acordo com o modelo, avaliados são Adhocracia,
Mercado, Hierarquia e Clã.
95
Conforme o modelo de preditivo e diagarama da pesquisa (fig.6 e 7) as variáveis
independentes valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho e personalidade atuam como
preditoras dos tipos de cultura organizacional
As hipóteses referentes ao modelo foram testadas mediante modelo de equações estruturais.
96
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa se caracterizou como descritiva exploratória, uma vez que se pretendeu
analisar a relação entre variáveis, com uma amostra composta por sujeitos que ocupam cargos de
gestão em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais. Tratou-se de uma
amostra do tipo não-probabilística e acidental, que os elementos da população não possuiám
uma chance conhecida ou predeterminada de serem selecionados como sujeitos e porque houve
um público alvo definido (SEKARAN, 1992).
Foram empregadas técnicas quantitativas, uma vez que foi analisada a relação entre
variáveis mediante a aplicação de questionários fechados validados. Os dados foram coletados e
tratados no nível individual.
4.1 Instrumentos de coleta de dados
a) Escala de Tipos de Personalidade
Estão disponíveis várias técnicas para o estudo da personalidade e a escolha por um ou
outro método de avaliação dependerá da abordagem teórica do pesquisador. O psicólogo que
estiver interessado em acessar os aspectos inconscientes usará uma metodologia diferente do
interessado em analisar traços (LAZARUS, 1969).
Segundo Allport (1973), a maioria dos métodos leva ao estudo dos traços comuns e não
das disposições pessoais ou da consistência interna de uma vida singular, o que possibilita ao
estudioso obter aproximações da estrutura da personalidade do indivíduo. Ele considera serem
métodos legítimos, pois traços comuns são conceitos úteis para comparar as pessoas.
No que diz respeito aos métodos qualitativos, pode-se citar a história de vida e a
entrevista. A primeira refere-se à compilação da história de uma pessoa: seu desenvolvimento,
acontecimentos importantes da sua vida e reações aos mesmos. A premissa é que a personalidade
atual constitui a fase mais recente no processo contínuo de desenvolvimento. Buscam-se
informações sobre histórico da família, atitudes dos pais, história educacional, intelectual,
experiências emocionais positivas e negativas, padrões sexuais. A partir da segunda, a entrevista,
97
pode-se ter uma ampla gama de informações, mas não é padronizada e, portanto, estará sujeita ao
julgamento do entrevistador (LAZARUS, 1969).
No que diz respeito aos métodos quantitativos, podem-se citar os testes psicológicos, que
avaliam características de personalidade de diferentes pessoas sob condições comparáveis. As
desvantagens estão nas limitações impostas pela padronização. Observam-se aspectos e interesses
específicos do comportamento, a partir dos quais as estruturas da personalidade podem ser
inferidas. O objetivo do psicólogo é medir padrões de reação ou traços respostas estáveis em
relação a uma vasta gama de situações da vida real. (LAZARUS 1969).
Esta pesquisa usou a escala chamada Insights Discovery New Generation (IDNG), que
tem como base a tipologia Junguiana. Esta escala foi elaborada e validada pela Insights Learning
and Development, uma empresa escocesa que atua em nível mundial provendo serviços e
produtos para organizações no que se refere ao desenvolvimento de pessoas. O sistema Insights já
vem sendo usado no Brasil desde 2001, tendo uma escala validada para este país. Com o intuito
de validar a nova escala (IDNG) para o contexto brasileiro, optou-se por usá-la na presente
pesquisa (anexo A).
A escala está validada em sua versão original (em inglês) de acordo com o documento de
validade e confiabilidade Development of the Insights Dicovery New Generation v10
(LOTHIAN, BRADYe HUNTER, 2008) e para o uso na presente pesquisa foi feita a tradução via
back-translation e a validação semântica. O questionário possui uma estrutura de 80 itens,
organizados em uma escala do tipo likert de sete pontos. Dos 80, 72 são usados para medir os
tipos Junguianos. A escala possui oito itens que são usados para testar possíveis “melhores”
questões para cada tipo Junguiano.
A validação da escala original foi feita via análise fatorial exploratória, com duas
amostras, uma composta por 523 estudantes da universidade de Cambridge e outra com 369
pessoas, aberta aos convidados, clientes, e amigos do network do Insights (LOTHIAN, BRADYe
HUNTER, 2008).
A tabela com os itens da escala e os tipos junguianos que eles representam encontra-se no
apêndice 1.
98
b) Escala de Valores Pessoais de Schwartz
Segundo Tamayo e Schwartz (1993), ao longo das décadas de 80 e 90, vários estudos
foram conduzidos, com amostras de vários países, para se verificar a hipótese da estrutura
motivacional dos valores (ver SCHWARTZ e BILSKY, 1987; SCHWARTZ e BILSKY, 1990).
Nas pesquisas baseadas na teoria de valores mais recentes, o instrumento que vem sendo
usado mais fortemente é o Inventário de Valores de Schwartz (SVS) (SCHWARTZ, 2005). A
primeira versão desse instrumento foi desenvolvida em 1988 e inclui 56 itens.
A escala SVS foi empregada pelo autor em 210 amostras de 67 países localizados em
todos os continentes habitados e incluem grupos diversos em termos de geografia, cultura, língua,
religião, idade, gênero e ocupação (SCHWARTZ, 2005), tendo os dados gerais da pesquisa
confirmado fortemente a teoria.
No entanto, Teixeira e Silveira (2008), ao analisarem artigos que empregaram a escala
SVS, identificaram dificuldades encontradas pelos autores no emprego de tal escala no que diz
respeito à quantidade de itens (56) e ao preenchimento, por se tratar de uma escala mista (rating e
ipsativa).
Schwartz (2005), ao identificar que a escala apresentava dificuldades em seu
preenchimento, desenvolveu um instrumento de medida de valores pessoais adicional, devido às
suas preocupações com alto grau de abstração do questionário previamente desenvolvido. Esse
aspecto fazia com que os resultados da pesquisa em amostras de áreas rurais de países menos
desenvolvidos e em amostras compostas por pessoas que não foram educadas em escolas
ocidentais, que enfatizam o pensamento abstrato, fossem inconsistentes com a teoria de valores
(SCHWARTZ, 2005). Além disso, o autor comenta que a necessidade de abstração fazia com que
o instrumento não fosse adequado para o uso com crianças.
O instrumento desenvolvido, o Perfil de Valores Pessoais (PQ) inclui descrições verbais
curtas de 40 pessoas que representam objetivos, aspirações ou desejos que apontam,
implicitamente, para a importância de um tipo motivacional. A cada perfil apresentado, o sujeito
responde à pergunta: “quanto essa pessoa se parece com você?” e as respostas possíveis são: se
parece muito comigo, se parece comigo, se parece mais ou menos comigo, se parece pouco
99
comigo, não se parece comigo e não se parece nada comigo. A partir das respostas, inferem-se os
valores dos sujeitos (SCHWARTZ, 2005).
O instrumento é composto por seis descrições para universalismo, cinco para segurança,
quatro para tradição, conformidade, benevolência, autodeterminação e realização, três para
estimulação, hedonismo e poder; portanto, 40 itens. As descrições foram ordenadas de tal forma
que havia pelo menos três descrições separando duas com o mesmo tipo motivacional. Houve
uma preocupação em usar uma linguagem simples, compatível com a de uma criança de 11 anos
e o questionário pode ser preenchido em 10 minutos, por escrito ou via telefone (SCHWARTZ,
2005).
Um outro instrumento para a medição de valores pessoais, desenvolvido por Schwartz, foi
a escala de 21 itens, chamada Portrait Values Questionnaire, o PVQ. O questionário possui a
mesma metodologia que o PQ, ou seja, descrições verbais curtas de 40 pessoas que representam
objetivos, aspirações ou desejos que apontam, implicitamente, para a importância de um único
valor básico. A forma de responder também é a mesma. Por ser, igualmente, menos complexo e
abstrato na forma como as descrições são formuladas, também pode ser usado com todos os
segmentos da população, incluindo pessoas com baixa ou nenhuma escolaridade (SCHWARTZ,
2005).
O questionário possui três itens para medir universalismo e dois para cada um dos outros
nove valores básicos.
Lindeman e Verkasalo (2005) propuseram o desenvolvimento de um instrumento de
medida de valores mais compacto a partir da argumentação de que a escala de 57 itens
desenvolvida por Schwartz (SVS) era muito longa, solicitando muito tempo para responder e
tomando muito espaço nos questionários. Os autores conduziram quatro estudos para o
desenvolvimento de uma versão menor do SVS, composta apenas por 10 itens, o SSVS. O foco
do instrumento está nas dimensões conservadorismo e autotranscendência e os autores
consideram que o exame dos valores do indivíduo nessas duas dimensões poderia trazer
informações importantes em estudos em que se almeje apenas uma informação preliminar acerca
dos valores individuais.
Na SSVS, versão curta da escala de Schwartz, são apresentados diretamente aos sujeitos
os 10 valores de Schwartz com os itens que acompanham cada valor (ex. poder, com poder
social, autoridade e riqueza; realização, com bem-sucedido, capaz e ambicioso e assim por
100
diante) e eles deveriam pontuar cada valor numa escala de 9 pontos indo de 0 (oposto aos meus
princípios), 1 (não importante), 4 (importante) a 8 (de suprema importância).
Os estudos que comparam o SSVS com o SVS e com o PVQ mostraram ser o SSVS uma
alternativa à escala original de 57 itens, pois demonstrou uma boa consistência interna e
estabilidade temporal (LINDEMAN e VERKASALO, 2005).
Os autores comentam que a escala curta pode dar um bom insight acerca de valores
amplos e o instrumento pode ser usado como uma avaliação rápida das duas dimensões mais
amplas de valores (autotranscendência versus autopromoção e conservadorismo versus abertura à
mudança). Por outro lado, se uma informação detalhada e abrangente for necessária, o SVS é a
escala mais recomendada. Outro ponto a ser considerado é que se trata de uma escala em que é
usado apenas um item para cada valor, o que não é visto como confiável nas pesquisas
psicológicas, já que o coeficiente de consistência interna não pode ser calculado.
No presente trabalho, optou-se por utilizar o PQ, de 40 itens, que está no anexo B, por ser
esta a recomendação de Schwartz (2009), conforme comunicação pessoal
2
. O PQ foi validado
com os dados de 7.480 pessoas, divididas em 14 amostras de adultos, estudantes universitários e
adolescentes de sete países (Chile, Alemanha, Indonésia, Itália, Peru, Polônia e Ucrânia).
Segundo o relato dos autores, cada um dos 40 itens atingiu os critérios de uso para indexar seus
respectivos valores (SCHWARTZ, 2005). Os resultados foram obtidos via teste e reteste, que
indicou estabilidade de avaliações de valores durante um intervalo de seis semanas em uma
amostra adulta, com alphas próximos ou acima do recomendado (0.70). A validade convergente
foi obtida via mutitraço-multimétodo, que obteve uma correlação para cada tipo motivacional
significativa (p<0,001). No Brasil a validação foi feita por Porto e Tamayo (2009).
No apêndice 1, encontra-se a tabela com os itens da escala e o tipo de valor que eles
representam.
c) Escala de valores pessoais relativos ao trabalho
Porto e Tamayo (2003), após analisarem a ampla gama de escalas internacionais para a
medição dos valores do trabalho, relatam existirem dois instrumentos no Brasil. Os autores citam
a tradução da escala de Lawrence, de 1971, que analisa 15 tipos de valores profissionais, mas que
2
Informação obtida via comunicação pessoal de Schwartz para Marta Sambiasi em 6 de agosto de 2009.
101
não foi validada para a população brasileira, e a escala de Borges, de 1998/1999, em que foram
identificados cinco fatores, mas cuja aplicação se restringe à população de baixa escolaridade.
Dessa forma, os autores detectaram a necessidade de desenvolver uma escala para medir valores
relativos ao trabalho para a população brasileira com nível maior de instrução. Desenvolveram,
então, uma escala baseada em procedimentos empíricos e na Teoria de Valores de Schwartz, o
EVT. Com resultados que corroboraram as pesquisas de Ros e outros, foram encontrados quatro
fatores: realização (abertura à mudança), estabilidade (conversação), relações sociais
(autotranscendência) e prestígio (autopromoção) (PORTO e TAMAYO, 2003).
Porto e Tamayo, 2007, realizaram uma análise fatorial confirmatória e os resultados
obtidos pelo EVT deram apoio apenas parcial à teoria de Schwartz (1992), uma vez que as
relações de conflito entre os pólos conservação (valor estabilidade) e abertura à mudança (valor
realização) não foram encontradas.
Porto e Pilati (2008) desenvolveram uma nova versão da escala e esta corroborou a teoria
de Schwartz. Esta escala compõe-se de 36 itens. Com a intenção de desenvolver uma escala mais
parcimoniosa, Teixeira e Grad (2009) aperfeiçoaram a escala de Porto e Tamayo (2003)
resultando em uma escala com 21 itens, cujos resultados de aplicação em amostra de 153 casos,
no ano de 2009, corroboraram integralmente a teoria de Schwartz.
Neste trabalho foi usada a escala desenvolvida por Teixeira e Grad (2008) por se tratar de
uma escala validada e com o objetivo de contribuir com as recentes pesquisas sobre sua
aplicação. O questionário pode ser visto no anexo C.
No apêndice 1, encontram-se os itens da escala e os tipos de valores por eles
representados.
d) Escala de perfis de cultura
Cameron e Quinn (1999) propõem um modelo para o diagnóstico de perfis de cultura
organizacional a partir da compreensão de tipos de valores organizacionais concorrentes.
Os autores propõem o Organizational Culture Assessment Instrument (OCAI) para ser
usado no diagnóstico da cultura da organização (anexo D).
O OCAI tem o intuito de diagnosticar a cultura a partir do que os autores chamaram de
dimensões de conteúdo e dimensões de padrão. As dimensões de conteúdo relacionam-se aos
102
aspectos da cultura organizacional apontados no questionário como cenários, ajudam as pessoas a
reconhecerem seus próprios valores organizacionais, e as dimensões de padrão se referem a um
perfil de cultura que é produzido a partir da pontuação de um instrumento de avaliação de cultura.
O OCAI, em sua versão original, usa uma escala de respostas ipsativa e consiste em seis
questões, cada uma das quais tem quatro alternativas. Nas instruções, pede-se que o indivíduo
divida 100 pontos entre as quatro alternativas dependendo do quanto ele percebe que cada
alternativa é mais similar à sua organização no momento atual. O mesmo questionário é
apresentado uma segunda vez, em que o indivíduo é solicitado a retratar o estado ideal, ou seja,
como ele acredita que a organização deveria ser. Nesta pesquisa, foi aplicada apenas a primeira
parte, em que se pedirá que os sujeitos analisem a organização no momento atual, que, devido
ao propósito do estudo, a percepção de como a organização deveria ser não se mostra necessária.
Saviile e Wilson (1991) e Martinez (2006) apontam críticas referentes às escalas ipsativas,
ao comentarem que suas pontuações são matematicamente interdependentes, o que faz com que
os resultados não possam ser usados para comparações entre indivíduos, além de gerar
inconvenientes psicométricos. As escalas normativas, por sua vez, permitem tratamentos
estatísticos mais poderosos (PEDHAZUR e SCHMELKIN, 1991).
Cameron e Quinn (1999), ao validarem o questionário OCAI, empregaram a escala tanto
na versão normativa quanto na versão ipsativa e concluíram que as duas seriam possíveis, embora
tenham observado que a escala na versão ipsativa possuia um poder de discriminação melhor.
Note-se que de acordo com Cameron, em comunicação pessoal datada de 11 de fevereiro
de 2009, é possível transformar a escala do OCAI em escala normativa.
Apesar das observações de Cameron e Quinn e tendo em vista as críticas às escalas
ipsativas, optou-se, nesta pesquisa, em transformar a escala do Ocai para a versão normativa, de 6
pontos.
Os itens da escala com seus respectivos tipos de cultura pode ser visto no apêndice 1.
4.2 População e amostra
A pesquisa foi realizada em 4 empresas escolhidas por conveniência. Estas empresas
foram convidadas a participar do projeto tendo se oferecido como retribuição o resultado do
perfil pessoal de tipos psicológicos (gerado a partir do questionário Insights Discovery) para os
103
participantes e os resultados de diagnóstico de cultura para a organização (a carta convite pode
ser vista no apêndice 2).
A amostra se caracterizou como acidental, ou seja, responderam à pesquisa as pessoas que
se interessaram.
A população alvo da pesquisa eram todas as pessoas que ocupavam cargos de gestão e
pessoas que possuíam mais de 3 anos de casa. A escolha do nível gerencial se deveu ao papel da
alta gestão na determinação da cultura organizacional, de acordo com a literatura e a escolha de
pessoas com mais de 3 anos de casa, por se considerar que essas pessoas poderiam ter uma
percepção mais aguçada sobre a cultura da organização.
As empresas foram chamadas por nome fictício. A cada uma foi atribuída uma letra do
alfabeto grego para que seja mantida a confidencialidade das informações obtidas.
4.3 A coleta de dados
Os instrumentos utilizados foram disponibilizados aos participantes através de um
website, que foi desenvolvido em parceria com a empresa Insights Learning and Development,
especificamente para a pesquisa.
Este formato foi considerado o mais adequado tendo em vista a população a ser
pesquisada, que se tratava de pessoas que atuam no âmbito organizacional e têm facilidade de
acesso e familiaridade com o meio eletrônico. Outro aspecto que favoreceu a utilização do
formato online de questionário é o fato de ser possível controlar a qualidade das respostas no que
diz respeito aos dados perdidos, além de prevenir erros de digitação, tendo em vista que as
respostas são transmitidas eletronicamente para uma planilha de dados.
Os resultados de um estudo feito por Buchanan e Smith (1999) comparando os
resultados obtidos de uma mesma escala respondida via papel e lápis e via web mostram que a
análise fatorial indicou que a versão online tinha propriedades similares à versão papel e lápis. Os
autores argumentam terem encontrado uma possível superioridade da versão online, pois foi
observado um nível de confiabilidade e de ajuste da análise fatorial confirmatória levemente
superior ao encontrado na literatura.
Foi enviado aos participantes um email, por parte do RH da organização convidando-os
a participarem da pesquisa (apêndice 3), com o link que deveria ser acessado para a realização
104
dos questionários. Semanalmente era enviado ao responsável pela pesquisa na organização uma
lista com o status do preenchimento (quem e quantos questionários preencheu) e o
acompanhamento foi feito internamente, pela própria organização.
Os questionários não foram preenchidos anonimamente para que se pudesse oferecer aos
participantes o relatório individual sobre seu perfil pessoal. Antes de iniciar os questionários foi
apresentado aos participantes uma declaração de privacidade, com intuito de prover informações
sobre o uso e o sigilo das informações prestadas (apêndice 4).
Os questionários foram preenchidos entre os meses de junho e setembro de 2009.
A empresa Alfa, que atua como prestadora de serviços no ramo de eventos, multinacional
européia, possuía na época da pesquisa 150 funcionários e interessou-se em submeter 100% da
organização à pesquisa. Obtiveram-se 147 questionários respondidos, o que corresponde a uma
taxa de retorno de 98%.
A empresa Beta, com origem americana, prestadora de serviços na área técnica, envolveu
o público que foi especificado pela pesquisa, o que abrangeu uma população de 110 pessoas. 99
pessoas responderam à pesquisa, o que equivale a uma taxa de retorno de 90%
A empresa Gama, americana, prestadora de serviços no ramo de inventários, envolveu
todos os cargos com nível de gestão e o RH. Pessoas com mais de três anos de casa não foram
envolvidas por decisão da organização. Era esperado a participação de 90 pessoas no início da
pesquisa, mas ao longo do processo a empresa passou por mudanças em seu quadro e passou a ter
74 pessoas como alvo da pesquisa. Efetivamente participaram 43, o que equivale a uma taxa de
retorno de 58%.
A empresa Delta, brasileira, que atua no ramo de mineração, envolveu na pesquisa o
público especificado, o que corresponderia a um total de 148 pessoas. Entre essas obteve-se um
retorno de 42 questionários, o que corresponde a uma taxa de retorno de 28,37%. Da quantidade
de pessoas envolvidas na pesquisa do nível de gestão foi obtido um retorno de 29%.
A baixa porcentagem do retorno da empresa Delta pode ter-se dado devido à demora da
organização em iniciar a pesquisa por questões internas. Esta empresa teve apenas 20 dias para
realizar todos os questionários.
105
4.4 Tratamento de Dados
Antes de se proceder à análise dos dados, os mesmos foram submetidos a análise crítica,
para propiciar maior qualidade dos resultados obtidos.
As pontuações de valores básicos PQ e de perfis de cultura organizacional OCAI foram
invertidas, considerando-se que a escala estava em ordem inversa em comparaçao com as demais
(como pode ser visto no anexo referente a estas escalas).
Os valores brutos dos questionários de valores básicos e de valores pessoais relativos ao trabalho
foram centralizados de acordo com o que recomenda Schwartz (1992). Embora essa
recomendação seja feita apenas para o questionário de valores básicos, optou-se por também
centralizar os dados do questionário de valores pessoais relativos ao trabalho por este estar
baseado na mesma teoria de valores e por se tratar de uma escala de importância, sujeita à
influência de desejabilidade social.
O questionário de tipos de personalidade foi usado com seus valores brutos, pois não
existe recomendação de centralização por parte de seus autores.
Os dados do questionário de perfis de cultura foram centralizados quando analisados em
relação aos valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho e, quando analisados em
relação aos tipos de personalidade, foram mantidos os dados em sua versão bruta.
O software SPAW foi usado para as análises descritivas, multidimensional scaling
(validação das estruturas dos construtos valores e perfis de cultura) para a análise fatorial
(validação da estrutura do construto personalidade), teste ANOVA e teste T (comparação entre
médias) e para o teste Friedman (análise de postos).
O software PLS (partial least square) foi usado para estabelecer as relações entre os
construtos estudados, via equações estruturais.
Os fatores pessoais, valores e personalidade, foram considerados variáveis independentes
e os perfis de cultura variáveis dependentes.
Tendo em vista a multicolinearidade entre as variáveis independentes, as relações tiveram
que ser realizadas uma a uma (cada fator analisado separadamente em relação com o tipo de
cultura).
106
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Serão apresentados a seguir os resultados obtidos mediante as análises estatísticas.
5. 1 Preparação dos dados
Segundo Hair et al. (2005), antes de se proceder às técnicas multivariadas, é importante
que se faça uma análise crítica dos dados obtidos. Para os autores, primeiramente o pesquisador
deve conquistar uma compreensão básica dos dados e das relações entre as variáveis. É isso que
se busca aqui.
Um aspecto importante dessa análise crítica é a apreciação dos dados perdidos, que
afetam a generalização dos resultados. Trata-se de quaisquer eventos sistemáticos, externos ao
respondente (erros na entrada ou problemas na coleta de dados), ou não (recusa a responder) que
levam a valores perdidos. A ocorrência de dados perdidos pode prejudicar o tamanho da amostra
e pode não revelar tendências ocultas sobre os resultados (HAIR et al. 2005). Na presente
pesquisa, alguns dados perdidos referentes às variáveis demográficas, decorrentes de informações
não digitadas pelos respondentes, puderam ser obtidos posteriormente com o auxílio da área de
recursos humanos da organização, e foram inseridos. Quando os dados perdidos referiam-se às
respostas aos demais itens dos questionários, estes foram retirados da amostra, de forma que
foram consideradas apenas as observações com dados completos.
Na empresa Alfa, dois respondentes foram retirados da amostra por não terem completado
os quatro questionários. Nas empresas Beta, Gama e Delta não houve questionários incompletos
e, então, nenhum respondente foi retirado da amostra por dados perdidos.
Outro elemento importante que mereceu atenção na análise são as observações atípicas,
aquelas que possuem uma combinação única de características identificáveis como sendo
notavelmente diferentes das outras observações (HAIR et al. 2005). No presente estudo as
observações atípicas foram consideradas problemáticas por não representarem a população
pesquisada e por poderem distorcer os testes estatísticos. Assim, os questionários que possuíam
observações atípicas foram eliminados da amostra.
A análise de observações atípicas foi feita mediante padronização de dados e foram
considerados observações atípicas os valores fora intervalo de – 3 a + 3.
107
Na empresa Alfa 111 pessoas (78,17%) não tiveram observações atípicas. 31
respondentes (21,83%) sim. Entre os que tiveram, 21 pessoas (67,74%) tiveram uma observação
atípica (0,64%); oito pessoas (25,81%) tiveram duas (1,27%); uma pessoa (3,23%) teve três
(1,91%), e uma pessoa (3,23%) teve nove observações atípicas (5,75%). Esta última foi retirada
da amostra.
Na empresa Beta, onze pessoas (11,1%) apresentaram 1 (0,64%), 3 (3,03%) pessoas
apresentaram 2 (1,27%), 2 pessoas (2,02%) apresentaram 3 (1,91%), 1 pessoa (1,01%)
apresentou 6 (3,82%), 2 pessoas (2, 02%) apresentaram 12 (6,64%) e 1 pessoa (1,01%)
apresentou 11 (7%) observações atípicas. Foram retiradas das amostras as pessoas que
apresentaram mais do que 6 observações atípicas.
Na empresa Gama, 5 pessoas (total de 11% da amostra) tiveram 1 (0,63%) observação
atípica e na empresa Delta, 4 pessoas (9,5%) tiveram 1 (0,63%), 2 pessoas (4,76%) tiveram 2
(1,27%) e uma (2,38%) teve 3 (1,91%) observações atípicas. Nas empresas Gama e Delta
nenhuma pessoa foi retirada da amostra.
Tendo em vista o controle da desejabilidade social inerente à escala PQ, Schwartz (2009)
sugere que seja desconsiderado o questionário que contiver mais 80% de respostas na mesma
coluna, o que correspondeu a 34 repostas na mesma coluna
3
.
Na empresa Alfa, duas pessoas foram retiradas da amostra por terem um número de
respostas acima do indicado por Schwartz na mesma coluna no questionário de Valores básicos.
Nas empresas Beta, Gama e Delta não houve casos de repetição.
Com isso, a amostra final obtida foi a seguinte, conforme a tabela 1:
Tabela 1 - Número de respondentes por empresa
Empresa Total de respondentes Número final
Alfa 142
136
Beta 99
95
Gama 43
43
Delta 41
41
Total 325
315
Fonte: dados da pesquisa
3
Informação obtida mediante comunicaçao pessoal de Schwartz para Marta Sambiasi em 6 de agosto de 2009.
108
5.2 Caracterização demográfica da amostra
A definição das classes em que as informações demográficas foram divididas deu-se a
posteriori, mediante a análise de freqüências.
A amostra total compôs-se majoritariamente de homens (64,5%), na faixa etária de 30 a
45 anos (53%), com nível de escolaridade alto, sendo 83,2% universitários graduados ou pós-
graduados. A maioria das pessoas ocupa cargo com algum nível de gestão (63,2%) e está na
organização há mais de 3 anos (65%). Foram analisadas pessoas de todas as áreas, sendo que
43,5% são da área administrativa (tabela 2).
Tendo em vista que a cultura da organização é formada e transmitida aos funcionários
principalmente pelos líderes (SCHEIN, 1992) e que é com o tempo de casa que se forma uma
percepção mais acurada da cultura da organização, considerou-se a amostra adequada para o
estudo.
Tabela 2 - Distribuição demográfica da amostra (todas as empresas)
Variáveis demográficas Classe n
%
Gênero Masculino 202
64,1
Feminino 113
35,9
Idade Até 29 anos 64
20,3
De 30 a 44 anos 169
53,6
45 e acima 82
26,0
Escolaridade Ensino fundamental, médio ou técnico 53
16,8
Ensino superior 136
43,2
Pós-graduação 126
40,0
Cargo Gerentes, diretores, presidente 114
36,2
Coordenadores e supervisores 85
27,0
Sem cargo de gestão 116
36,8
Área Administrativa 137
43,5
Marketing e comercial 93
29,5
Operação e manutenção 85
27,0
Tempo de casa Menos de 3 anos 110
35,0
Mais de 3 anos 205
65,0
Fonte: dados da pesquisa
109
5.2.1 Características demográficas por empresa
a) Empresa Alfa
No que diz respeito ao gênero, a amostra foi composta por 51,8% de homens e 48,2% de
mulheres. A maior parte dos respondentes tem o superior completo, 49,6%; 26,3% pós-graduação
e 24,1% completaram o ensino fundamental, médio ou técnico. Pode-se considerar esta uma
empresa jovem, que 34, 6% possuem até 29 anos; 41,9% entre 30 e 44 anos e apenas 23,5%
acima de 45 anos de idade. Com relação ao cargo ocupado, 20,4% das pessoas que participaram
da pesquisa ocupam cargo de gestão, incluindo gerência, diretoria e a presidência; 24,1% são
cargos de gestão no nível de coordenação ou supervisão e 55,5% não possuem cargos que
envolvam algum nível de gestão. Vale lembrar que todos os funcionários da empresa
participaram da pesquisa (Tabela 3).
No que diz respeito ao tempo de casa, houve um equilíbrio, 43% possuem mais de 3 anos
de casa, enquanto 57% possuem menos de 3 anos. Quase metade dos respondentes da pesquisa
ocupa cargos da área comercial ou marketing, o que mostra o foco da organização em venda de
serviços (49,6%). 38% trabalham na área administrativa e 12,4% em áreas de operação ou
manutenção (Tabela 3).
A amostra desta organização está adequada ao estudo principalmente pela taxa de retorno
de respostas que se obteve, que foi de 98%.
110
Tabela 3 - Freqüência das variáveis demográficas – empresa Alfa
Variáveis demográficas Classe n %
Gênero Masculino 71
51,8
Feminino 66
48,2
Idade Até 29 anos 47
34,6
De 30 a 44 anos 47
41,9
45 e acima 32
23,5
Escolaridade Ensino fundamental, médio ou técnico 33
24,1
Ensino superior 68
49,6
Pós-graduação 36
26,3
Cargo Gerentes, diretores, presidente 28
20,0
Coordenadores e supervisores 33
24,1
Sem cargo de gestão 76
55,5
Área Administrativa 52
38,0
Marketing e comercial 68
49,6
Operação e manutenção 17
12,4
Tempo de casa Menos de 3 anos 77
57,0
Mais de 3 anos 58
43
Fonte: Dados da pesquisa
b) Empresa Beta
Nesta empresa a amostra foi constituída em sua maioria por homens (78,9%). Nota-se que
a maior parte das pessoas possui não apenas o superior completo (42,1%), mas também pós-
graduação completa (48,4%) e que apenas 9,5% têm o ensino fundamental, médio ou técnico.
Trata-se de uma equipe de funcionários madura, já que 65,6% possuem entre 30 a 44 anos de
idade. A menor parte é mais jovem (5,4%) e 29% possui acima de 45 anos de idade. A maior
parte dos respondentes possui cargo de gestão. 47% ocupam cargos de alta gestão (gerentes,
diretores e presidente) e 46,3% estão em cargos de média gestão (coordenadores e supervisores).
Apenas 6,3% dos respondentes não possuem cargos que envolvam algum nível de gerenciamento
de pessoas (tabela 4).
A amostra foi composta majoritariamente por pessoas que possuem mais de 3 anos de
casa, o que é interessante considerando-se que essas pessoas tiveram mais tempo para assimilar e
conseqüentemente perceber o perfil cultural da organização.
Esta amostra atende as necessidades do estudo na medida em que a participação dos
líderes da organização foi acentuada e pelo fato de a maioria dos participantes ter mais de 3 anos
de casa.
111
Tabela 4 - Freqüência das variáveis demográficas – empresa Beta
Variáveis demográficas Classe n
%
Gênero Masculino 75
78,9
Feminino 20
21,1
Idade Até 29 anos 6
6,30
De 30 a 44 anos 62
65,3
45 e acima 27
28,4
Escolaridade Ensino fundamental, médio ou técnico 9
9,50
Ensino superior 40
42,1
Pós-graduação 46
48,4
Cargo Gerentes, diretores, presidente 45
47,4
Coordenadores e supervisores 66
46,3
Sem cargo de gestão 6
6,30
Área Administrativa 51
53,7
Marketing e comercial 17
17,9
Operação e manutenção 27
28,4
Tempo de casa Menos de 3 anos 10
10,5
Mais de 3 anos 85
89,5
Fonte: dados da pesquisa
c) Empresa Gama
Na empresa Gama assim como na Beta, a maior parte das pessoas que responderam a
pesquisa é do sexo masculino (61,9%). As pessoas na sua maioria possuem o superior completo
(45,2%). um equilíbrio entre a porcentagem de pessoas que possuem até o ensino médio e as
pessoas possuem pós-graduação (26,2% e 28,6% respectivamente). 83,7% das pessoas que
participaram ocupam cargos de gestão, sendo 74% de alta gestão (tabela 5).
Nesta empresa, em termos de tempo de casa, 48,8% possuem menos de 3 anos de casa e
51,2% possuem mais de 3. Um público em sua maioria também maduro (69,9%) possuindo entre
30 e 44 anos (Tabela 5).
A empresa Gama atende as necessidades do estudo em termos de características
demográficas na medida em que se teve uma forte participação do corpo gerencial.
112
Tabela 5 - Freqüência das variáveis demográficas – empresa Gama
Variáveis demográficas Classe n %
Gênero Masculino 27
62,8
Feminino 16
38,1
Idade Até 29 anos 7
16,3
De 30 a 44 anos 29
67,4
45 e acima 7
16,3
Escolaridade Ensino fundamental, médio ou técnico 11
25,6
Ensino superior 20
46,5
Pós- Graduação 12
27,9
Cargo Gerentes, diretores, presidente 32
74,4
Coordenadores e supervisores 4
9,30
Sem cargo de gestão 7
16,3
Área Administrativa 17
39,5
Marketing e comercial 5
11,6
Operação e manutenção 21
48,8
Tempo de casa Menos de 3 anos 21
48,8
Mais de 3 anos 22
51,2
Fonte: dados da pesquisa
d) Empresa Delta
A participação desta empresa na pesquisa foi caracterizada por homens (73,8%), 50%
entre 30 e 44 anos de idade e com alto grau de escolaridade, que 72,1% têm pós-graduação
completa, o que sugere a valorização por parte da empresa da capacitação formal de seus
funcionários. Diferentemente das outras empresa, a maior participação foi de pessoas sem cargos
de gestão (64%). Obteve-se uma taxa de resposta abaixo do esperado no vel de gestão (21,4%)
que corresponde a 50% das pessoas de gestão convidadas para a pesquisa. A grande maioria dos
participantes está na empresa mais de 3 anos. Em termos de área, houve um equilíbrio entre a
participação de pessoas de áreas administrativas (41,5%) e área operacionais ou manutenção
(51,2%) (Tabela 6).
Tendo em vista que esta empresa teve menos tempo disponível para a coleta de dados,
conforme apresentado no capítulo de procedimentos metodológicos, obteve-se uma menor
porcentagem de gestores nesta amostra se comparado com as porcentagens obtidas nas outras
empresas (Alfa, 44,1%; Beta, 93,7% e Gama, 83,7%). Apesar disso, a amostra foi considerada
adequada para o alcance do objetivo geral da pesquisa.
113
Tabela 6 - Freqüência das variáveis demográficas – empresa Delta
Variáveis demográficas Classe n
%
Gênero Masculino 30
73,2
Feminino 11
26,8
Idade Até 29 anos 5
12,1
De 30 a 44 anos 21
51,2
45 e acima 15
36,6
Escolaridade Ensino fundamental, médio ou técnico 0
0
Ensino superior 10
24,4
Pós-graduação 31
75,6
Cargo Gerentes, diretores, presidente 9
21,9
Coordenadores e supervisores 5
12,2
Sem cargo de gestão 27
65,8
Área Administrativa 17
41,5
Marketing e comercial 3
7,3
Operação e manutenção 21
51,2
Tempo de casa Menos de 3 anos 1
2,4
Mais de 3 anos 40
97,5
Fonte: dados da pesquisa
5. 3 Validação da estrutura dos construtos
A teoria de Schwartz (2006) pressupõe que os valores básicos se organizam em duas
dimensões de ordem superior, quais sejam, bipolares e opostas.
Teixeira e Grad (2009) desenvolveram a escala de valores pessoais relativos ao trabalho
com base na teoria de valores básicos de Schwartz, portanto a escala também pressupõe a
existência de dimensões bipolares e opostas.
Optou-se neste trabalho por analisar as teorias usando-se os pólos e não os tipos de
valores, de acordo com Bilsky (2009), que procedeu da mesma forma ao analisar a estabilidade
estrutural de valores na teoria de Schwartz (1992) comparando-a com abordagens teoricamente
diferentes.
Cameron e Quinn (1999), ao desenvolverem o modelo de valores concorrentes para
diagnosticar a cultura organizacional, comentam sobre o fato de que os valores essenciais
subjacentes aos quatro tipos de cultura representarem pressupostos opostos, que competem entre
si.
As três escalas acima citadas foram validadas por seus autores via multidimensional
scaling. Portanto, o mesmo procedimento foi adotado pela presente pesquisa.
114
Jung (1963), ao descrever os tipos psicológicos, explicita a oposição entre as atitudes e as
funções que utiliza para descrever as diferenças entre os tipos de personalidade. Para a validação
desta escala foi usada a análise fatorial considerando-se que a escala original foi validada por esse
procedimento.
Abaixo segue a estrutura encontrada para os valores básicos, valores pessoais relativos ao
trabalho, perfis de cultura e tipos de personalidade.
a) Valores básicos
Fig 8 - MDS valores básicos
Fonte: dados da pesquisa
Como pode ser visto na figura 8, o posicionamento dos pólos confirma a teoria proposta
por Schwartz (1992).
Figura MDS
115
b) Valores pessoais relativos ao trabalho
Fig. 9 - MDS valores pessoais relativos ao trabalho
Fonte: dados da pesquisa
A estrutura dos valores pessoais relativos ao trabalho também está de acordo com o que
propõe a teoria de Schwartz (1992) (figura 9).
116
c) Perfis de Cultura
Fig. 10: MDS tipos de cultura
Fonte: dados da pesquisa
Foram encontrados os resultados compatíveis com a teoria proposta por Cameron e Quinn
(1999) (figura 10) .
117
d) Tipologia Junguiana
Esta escala foi validada via análise fatorial exploratória, mediante extração de fatores pelo
método likehood e rotação varimax, uma vez que esse procedimento foi o empregado para a
validação da escala em seu país de origem (ver Development of the Insights Discovery New
Generation v10, 2008).
Esse procedimento tem sido empregado quando se pretende validar uma escala
empregando análise fatorial exploratória em outra amostra (ver LOUBACK, TEIXEIRA e BIDO,
2009).
O resultado das análises fatoriais, fator a fator, revelou os mesmos oito fatores,
considerando-se o critério de engeinvalue superior a 1,0 e analisando-se o gráfico scree plot.
Os fatores validados apresentaram um índice de confiabilidade superior a 0,7, sendo que o
fator Intuição Introvertida obteve 0,633, índice porém aceitável quando se emprega a análise
fatorial exploratória, conforme critério indicado por Hair (2005) (Tabela 7).
Tabela 7 - Análise fatorial - Tipos Junguianos
Tipos KMO
Variância
explicada
N de itens Alfa de Cronbach
Pensamento Introvertido ,841 19,892 9 ,729
Pensamento Extrovertido ,818 20,059 9 ,735
Sentimento Introvertido ,852 22,389 9 ,782
Sentimento Extrovertido ,808 27,188 9 ,778
Sensação Introvertida ,881 26,767 9 ,882
Sensação Extrovertida ,652 13,816 9 ,736
Intuição Introvertida ,854 32,271 9 ,633
Intuição Extrovertida ,830 18,728 9 ,776
Fonte: Dados da pesquisa
118
5.4 Análise inferencial das variáveis demográficas
Embora a amostra da pesquisa não seja probabilística, optou-se por realizar os testes
ANOVA e T, dentro de uma perspectiva exploratória. Apresentam-se, a seguir, os resultados das
comparações entre médias de cada fator pessoal com cada característica demográfica.
5.4.1 Valores e características demográficas
Porto e Tamayo (2005, p. 70) comentam o papel das “variáveis históricas”
4
nas
prioridades axiológicas das pessoas. Segundo os autores, as circunstâncias da vida das pessoas
propiciam oportunidades ou conflitos para a expressão dos valores. Tendo em vista que as
características demográficas influenciam as circunstâncias de vida às quais as pessoas são
expostas, os autores apontam as características educação, idade e gênero como antecedentes
cruciais para as prioridades axiológicas dos indivíduos” (pág.70, PORTO e TAMAYO, 2005).
a) Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho versus cargo
As pessoas que possuem cargo de alta gestão, dentro dos limites da amostra, valorizam
mais a Autopromoção do que aquelas que não ocupam cargo de gestão (tanto nos valores básicos
quanto nos valores pessoais relativos ao trabalho – ver tabelas 8, 9, 10 e 11), enquanto as pessoas
que não ocupam cargo de gestão, no que diz respeito aos valores básicos, valorizam mais a
Abertura à Mudança (ver tabela 8 e 9).
Tabela 8 - ANOVA - valores básicos versus cargo
Fator F Sig
Autotranscendência 1,124 ,326
Conservação 0,704 ,495
Autopromoção 6,778 ,001
Abertura à mudança 5,868 ,003
Fonte: dados da pesquisa
4
Termo usado pelos autores para designar as variáveis demográficas idade, sexo e escolaridade.
119
Tabela 9 - Teste Scheffe - valores básicos versus cargo
Valor Diferenças
Diferença
entre
médias
Sig
Média
Alta
gestão
Média
Sem
gestão
Autopromoção Cargos de alta gestão diferem
de cargos sem gestão
,28329 ,001
-,2502 -,5335
Abertura à
mudança
Cargos de alta gestão diferem
de cargos sem gestão
-,18568 ,003
-,1307 ,0550
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 10 - ANOVA - valores pessoais relativos ao trabalho versus cargo
Fator F Sig
Autotranscendência 2,542
,080
Autopromoção 10,612
,000
Conservação 0,407
,666
Abertura à mudança 2,700
,069
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 11 - Teste Scheffe - valores pessoais relativos ao trabalho versus cargo
Valor Diferenças
Diferença entre
médias
Sig
Média
Alta
gestão
Média
Sem
gestão
Autopromoção
Cargos de alta gestão diferem
de cargos sem gestão
,24381 ,000
,0338 -,2100
Fonte: dados da pesquisa
b) Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho versus área
A percepção dos valores de Abertura à mudança varia conforme a área apenas nos valores
básicos. As pessoas que trabalham em áreas operacionais/manutenção identificam-se menos com
os valores de Abertura à mudança do que as pessoas que trabalham em áreas de marketing ou
comercial (tabela 12 e 13).
Tabela 12 - ANOVA - valores básicos versus área
Fator F Sig
Autotranscendência 0,309 ,734
Conservação 5,268 ,006
Autopromoção 0,040 ,961
Abertura à mudança 4,689 ,010
Fonte: dados da pesquisa
120
Tabela 13 - Teste Scheffe - valores básicos versus área
Valor Diferenças Diferença
entre médias
Sig Média
Com/Mkt
Média
Op/Manut
Conservação Comercial/marketing difere de
operacional/manutenção
-,18261 ,006
-,1727 ,0100
Abertura à
mudança
Comercial/marketing difere de
operacional/manutenção
,18659 ,011
,0421 -,1445
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 14 - ANOVA - valores pessoais relativos ao trabalho versus área
Fator F Sig
Autotranscendência ,087 ,917
Autopromoção ,127 ,881
Conservação ,154 ,857
Abertura à mudança ,032 ,968
Fonte: dados da pesquisa
c) Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho versus escolaridade
A autopercepção com relação aos valores de Autopromoção e Autotranscendência varia
conforme a escolaridade tanto nos valores básicos quanto nos valores pessoais relativos ao
trabalho (tabelas 15, 16, 17 e 18). As pessoas que possuem ensino fundamental, médio ou técnico
tendem a se perceber mais autotranscendentes do que as pessoas que possuem pós-graduação.
Estas últimas tendem a priorizar os valores de Autopromoção.
Estudos de Porto e Tamayo (2005) apontam que os valores de Realização, relacionados ao
pólo Autopromoção, se relacionam positivamente com a educação na medida em que ela encoraja
o alcance de metas socialmente aceitas, e que se relacionam negativamente com universalismo,
do pólo de Autotranscendência, o que, segundo os autores, sugere que a educação amplia os
horizontes intelectuais, mas não aumenta a preocupação com os outros.
Tabela 15 - ANOVA - valores básicos versus escolaridade
Fator F Sig
Autotranscendência 3,805 ,023
Conservação 2,204 ,112
Autopromoção 6,422 ,002
Abertura à mudança 1,880 ,154
Fonte: dados da pesquisa
121
Tabela 16 - Teste Scheffe - valores básicos versus escolaridade
Valor Diferenças Diferença
entre médias
Sig
Média
Ens
f/m/t
Média
Pos-
grad
Autotranscendência
Ensino fundamental, médio e
técnico diferem de pós-graduação
,13559 ,024
,4583 ,3227
Autopromoção Ensino fundamental, médio e
técnico diferem de pós-graduação
-,33323 ,002
-,5946 -,2614
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 17 - ANOVA - valores pessoais relativos ao trabalho versus escolaridade
Fator F Sig
Autotranscendência 3,989 ,019
Autopromoção 4,957 ,008
Conservação 2,548 ,080
Abertura à mudança 1,589 ,206
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 18 - Teste Scheffe - valores pessoais relativos ao trabalho versus escolaridade
Valor Diferenças Diferença
entre médias
Sig Média
Ens
f/m/t
Média
Pos-
gr
Autotranscendência
Ensino fundamental, médio e
técnico diferem de pós
graduação
,14238 ,028
,1780 ,0357
Conservação Ensino fundamental, médio e
técnico diferem de pós
graduação
-,19421 ,013
,9954 -
,0931
Fonte: dados da pesquisa
d) Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho versus idade
A idade influencia na percepção dos valores básicos de Conservação e Abertura à
mudança (tabelas 19 e 20). Pessoas acima de 45 anos se identificam mais com o pólo de
Conservação do que as pessoas mais jovens. As pessoas na faixa de 30 a 44 anos também se
vêem mais conservadoras do que as mais jovens. Coerentemente, existem diferenças
significativas entre os três grupos etários no que diz respeito à Abertura à mudança. Quanto
menor é a idade, maior tende a ser a priorização dos valores desse pólo.
122
Nos valores pessoais relativos ao trabalho diferença na percepção da Autopromoção e
Autotranscendência, de acordo com a idade. Pessoas acima de 45 anos tendem a se perceber
menos em Autopromoção do que as pessoas até 44 anos. As mais novas vêem-se mais no pólo
Autopromoção do que as pessoas acima de 45 anos (tabelas 21 e 22).
Estudos feitos por Porto e Tamayo (2005) apontam que as experiências relacionadas às
diferentes faixas etárias, ao envelhecimento físico e às fases da vida demonstram relações
positivas da idade com os valores de Conservação, principalmente segurança e tradição e que
valores relacionados à Abertura à mudança e Autopromoção se relacionam negativamente com a
idade.
Em outra pesquisa, Tamayo (2007) observou diferenças entre professores e alunos e
considerou o fator idade como relevante. Suas pesquisas revelaram que os mais jovens (22 anos)
apresentam uma maior motivação para fomentar e prosseguir os seus próprios interesses, o que
reflete o encontrado no presente estudo.
Tabela 19 - ANOVA - valores básicos versus idade
Fator F Sig
Autotranscendência 1,838
,161
Conservação 8,743
,000
Autopromoção 1,728
,179
Abertura à mudança 10,572
,000
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 20 - Teste Scheffe - Valores básicos versus idade
Valor Diferenças Diferença entre
médias
Sig
Média
1
Média
2
Média
3
Conservação Até 29 anos (1) difere de
Acima de 45 anos (3)
Entre 30 e 44 anos (2)
difere de acima de 45 anos
(3)
-,25861
-,13376
,000
,030
-,2228 -,0979 ,0358
Abertura à
mudança
Até 29 anos (1) difere de
entre 30 e 44 anos (2)
Até 29 anos (1) difere de
acima de 45 anos (3)
Entre 30 e 44 anos (2)
difere de acima de 45 anos
(3)
,15038
,31024
,15986
,043
,000
,015
,1246 -,0258 -,1856
Fonte: dados da pesquisa
123
Tabela 21 - ANOVA - valores pessoais relativos ao trabalho versus idade
Fator F Sig
Autotranscendência 3,319 ,037
Autopromoção 8,818 ,000
Conservação 0,466 ,628
Abertura à mudança 0,429 ,652
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 22 - Teste Scheffe - valores pessoais relativos ao trabalho versus idade
Valor Diferenças Diferença entre
médias
Sig
Média
1
Média
2
Média
3
Autotranscendência
De 30 a 44 anos (2)
difere de acima de 45
anos (3)
-,10871 ,049
,0668 ,0652 ,1739
Autopromoção Até 29 anos (1) difere
de acima de 45 anos
(3)
Entre 30 e 44 anos (2)
difere de acima de 45
anos (3)
,21040
,22707
,010
,000
-,0556 -,0390 -,2660
Fonte: dados da pesquisa
e) Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho versus tempo de casa
Em valores básicos e nos valores pessoais relativos ao trabalho, as pessoas que têm mais
de 3 anos de casa tiveram médias maiores em Conservação do que as pessoas que têm menos de
3 anos de casa (tabelas 23 e 24). Estas últimas, nos valores básicos, tenderam a enfatizar mais a
Abertura à mudança do que as pessoas que têm mais de 3 anos de casa. Esse resultado sugere o
que propõe Roham (2000), que mudanças no ambiente podem promover uma alteração na
hierarquia dos valores. Neste caso, o tempo de casa nas empresas pesquisadas e dentro dos
limites da amostra estaria contribuindo para que as pessoas que nelas trabalham se tornem mais
conservadoras. Outra possível interpretação é que em períodos mais recentes as empresas
estariam tendendo a contratar pessoas mais conservadoras.
124
Tabela 23 - Teste T - valores básicos versus tempo de casa
Fator F Sig menos de 3 anos
mais de 3 anos
Autotranscendência 1,098
,114
Conservação 6,124
,000
-,2245 -,0195
Autopromoção 0,029
,794
Abertura à mudança
3,509
,000
,0883 -,1011
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 24 - Teste T – valores pessoais relativos ao trabalho versus tempo de casa
Fator F Sig
menos de 3 anos
mais de 3 anos
Autotranscendência ,017
,096
Autopromoção ,217
,063
Conservação 1,303
,004
-,1173 -,0191
Abertura à mudança
,002
,900
Fonte: dados da pesquisa
f) Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho versus gênero
Nos valores básicos, os homens tendem a se identificar mais com os valores de
Autopromoção do que as mulheres. A pesquisa também revelou que os homens são mais
conservadores e as mulheres mais abertas à mudança.
O resultado referente ao fato de os homens terem se identificado mais com
Autopromoção do que as mulheres corrobora as pesquisas de Dio, Saragovi e Koestner (1996) e
Tamayo (2007). Os primeiros conduziram um estudo para investigar a relação entre valores
básicos e gênero e observaram que homens tendem a priorizar valores relacionados à realização
pessoal. Tamayo também analisou a diferença na priorização de valores entre os gêneros e
observou que os homens tendem a priorizar os valores que estão a serviço dos interesses
individuais.
Os resultados que apontam que homens são mais conservadores e mulheres mais abertas à
mudança são opostos aos encontrados por Tamayo (2007). Ele observou em uma amostra de 415
sujeitos (200 homens e 219 mulheres) que as mulheres tendiam a pontuar mais que os homens
nos valores de Conservação (tabela 25).
Não foram encontradas diferenças na percepção dos valores pessoais relativos ao trabalho
e gênero (tabela 26). Sagie, Elizur e Koslowsky (1996) comentam sobre pesquisas que analisaram
a relação entre gênero e valores pessoais relativos ao trabalho, que apontaram diferenças: homens
tendem a ser mais preocupados com dinheiro, independência, competitividade e metas de carreira
125
de longo prazo enquanto mulheres são mais preocupadas com aprovação social e metas de
carreira de curto prazo. Porém, os autores relatam a existência de pesquisas longitudinais, mais
recentes que as anteriores, que revelam que tais diferenças entre homens e mulheres foram
reduzidas por conta de uma participação mais igualitária das mulheres na força de trabalho.
Tabela 25 - Teste T - Valores básicos versus gênero
Fator F Sig Homens
Mulheres
Autotranscendência 0,717
,745
Conservação 0,678
,017
-,0523 -,1591
Autopromoção 0,226
,021
-,3293 -,4911
Abertura à mudança
1,396
,000
-,1226 ,1246
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 26 - Teste T - Valores pessoais relativos ao trabalho versus gênero
Fator F Sig
A0101utotranscendência
0,874
,613
Autopromoção 0,030
,107
Conservação 1,652
,448
Abertura à mudança 0,080
,490
Fonte: dados da pesquisa
5.4.2 Tipos de personalidade e características demográficas
Na amostra pesquisada não foram encontradas diferenças entre autopercepção dos tipos de
personalidade e variávies demográficas cargo, área e idade, conforme mostram as tabelas 27, 28 e
29).
Tabela 27 - ANOVA - personalidade versus cargo
Fator F Sig
Pensamento Extrovertido
3,032
,050
Pensamento Introvertido 2,207
,112
Sentimento Extrovertido 0,361
,697
Sentimento Introvertido 0,529
,590
Sensação Extrovertida 2,915
,056
Sensação Introvertida 1,146
,319
Intuição Extrovertida 0,403
,668
Intuição Introvertida 2,946
,054
Fonte: dados da pesquisa
126
Tabela 28 - ANOVA - personalidade versus área
Fator F Sig
Pensamento Extrovertido
2,041
,132
Pensamento Introvertido 1,267
,283
Sentimento Extrovertido 0,276
,759
Sentimento Introvertido 0,815
,443
Sensação Extrovertida 1,182
,308
Sensação Introvertida 0,431
,650
Intuição Extrovertida 1,054
,350
Intuição Introvertida 0,344
,709
Tabela 29 - ANOVA - personalidade versus idade
Fator F Sig
Pensamento Extrovertido
0,239
,788
Pensamento Introvertido 0,429
,652
Sentimento Extrovertido 0,727
,484
Sentimento Introvertido 2,547
,080
Sensação Extrovertida 1,061
,347
Sensação Introvertida 0,412
,663
Intuição Extrovertida 3,010
,051
Intuição Introvertida 0,015
,985
Fonte: dados da pesquisa
No que diz respeito ao gênero, percebeu-se que os homens tendem a se identificar mais
com o tipo sentimento extrovertido que as mulheres (tabela 30). Os resultados dessa amostra são
diferentes do que comenta Jung (1963). Homens também possuem médias maiores no tipo
sensação extrovertida, o que está de acordo com as idéias de Jung (1963).
Tabela 30 - Teste T - personalidade versus gênero
Fator F Sig
Média
Homens
Media
Mulheres
Pensamento Extrovertido
0,618
,110
Pensamento Introvertido 0,430
,087
Sentimento Extrovertido 0,352
,044
4,90
4,72
Sentimento Introvertido 0,331
,106
Sensação Extrovertida 0,282
,014
3,83
3,64
Sensação Introvertida 0,655
,866
Intuição Extrovertida 0,710
,245
Intuição Introvertida 2,073
,276
Fonte: dados da pesquisa
127
A variável demográfica escolaridade foi a que mais mostrou diferenças entre os tipos,
especificamente entre os tipos introvertidos junguianos (tabelas 31 e 32). Pessoas que possuem
ensino fundamental, médio ou técnico tiveram média superior no tipo pensamento introvertido,
quando comparadas às pessoas com pós-graduação.
Pessoas com gradução tiveram média maior no tipo sentimento introvertido e no tipo
sensação introvertida do que as pessoas com pós-graduação. Pessoas com ensino fundamental,
médio ou técnico tiveram pontuação menor no tipo intuição introvertida quando comparadas com
as pessoas que têm pós-graduação.
Tabela 31 - ANOVA - Personalidade versus escolaridade
Fator F Sig
Pensamento Extrovertido
1,895
,152
Pensamento Introvertido 4,673
,010
Sentimento Extrovertido 2,891
,057
Sentimento Introvertido 5,141
,006
Sensação Extrovertida 1,083
,340
Sensação Introvertida 6,763
,001
Intuição Extrovertida 0,322
,725
Intuição Introvertida 5,350
,005
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 32 - Teste Scheffe - personalidade versus escolaridade
Fator Diferenças Diferença
entre médias
Sig
Média
1
Média
2
Média
3
Pensamento
Introvertido
Ensino fundamental, médio
ou técnico (1) difere de pós
graduação (3)
,31275 ,017
5,20 4,89
Sentimento
Introvertido
Gradução (2) difere de pós-
graduação (3)
,25158 ,009
5,40 5,15
Sensação
Introvertida
Gradução (2) difere de pós-
graduação (3)
,34353 ,003
5,06 4,72
Intuição
Introvertida
Ensino fundamental, médio
e técnico (1) difere de pós
graduação (3)
Gradução (2) difere de pós-
graduação (3)
-,31125
,20459
,016
,042
3,20
3,31
3,52
3,52
Fonte: dados da pesquisa
128
No que se refere ao tempo de casa, percebe-se que as pessoas que têm menos de 3 anos de
empresa obtiveram média maior no tipo sentimento extrovertido do que as pessoas que têm mais
de 3 anos de casa (tabela 33).
Tabela 33 - Teste T - personalidade versus tempo de casa
Fator F Sig
Média
mais de 3 anos
Média
Menos de 3 anos
Pensamento Extrovertido
4,279
,398
Pensamento Introvertido 0,015
,239
Sentimento Extrovertido 0,079
,005
5,58
5,64
Sentimento Introvertido 0,015
,661
Sensação Extrovertida 0,286
,396
Sensação Introvertida 0,043
,889
Intuição Extrovertida 0,000
,475
Intuição Introvertida 0,227
,194
Fonte: dados da pesquisa
Considera-se interessante para novas pesquisas que se investigue mais profundamente as
razões para tais diferenças. Possivelmente métodos qualitativos poderiam trazer informações
pertinentes para uma compreensão mais adequada das diferenças encontradas via pesquisa
quantitativa.
5.4.3 A percepção de tipos de cultura organizacional e as variáveis demográficas
Buscou-se compreender se existem especificidades na percepção de tipos de cultura
organizacional de acordo com cada característica demográfica, e obtiveram-se os seguintes
resultados, mediante a aplicação dos testes T e ANOVA:
a) Tipos de cultura organizacional versus cargo
Pessoas que ocupam cargos sem gestão tendem a perceber a organização mais
Adhocrática do que as pessoas de alto nível gerencial. Pessoas que ocupam cargo de média
gestão tendem a ver a empresa mais Clã do que as pessoas de alta gestão (tabelas 34 e 35).
129
Tabela 34 - ANOVA - tipo de cultura versus cargo
Fator F Sig
Clã 3,306 ,038
Adhocracia 4,955 ,008
Mercado 1,763 ,173
Hierarquia 0,802 ,449
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 35 - Teste Scheffe - tipo de cultura versus cargo
Valor Diferenças Diferença
entre
médias
Sig dia
Alta
gestão
Média
Média
gestão
Média
Sem
gestão
Clã Alta gestão difere de
média gestão
-,16228 ,039
-,0461 -,2083
Adhocracia
Alta gestão difere de
média gestão
Alta gestão difere de sem
gestão
-,14879
-,15008
,039
,020
-,3297 -,1809
-,1796
Fonte: dados da pesquisa
b) Tipo de cultura organizacional versus área
Pessoas que trabalham nas áreas administrativa e operacional/manutenção percebem a
cultura mais Clã do que as pessoas que trabalham nas áreas comercial e de marketing. Estas
últimas tendem a perceber a cultura da empresa mais Mercado (tabelas 36 e 37). Possivelmente a
causa seja a natureza das demandas e desafios enfrentados pelos profissionais nessas diferentes
áreas.
Tabela 36 - ANOVA - tipo de cultura versus área
Fator F Sig
Clã 7,598 ,001
Adhocracia 0,154 ,857
Mercado 8,085 ,000
Hierarquia 0,255 ,775
Fonte: dados da pesquisa
130
Tabela 37 - Teste Scheffe - tipo de cultura versus área
Valor Diferenças Diferença
entre médias
Sig
Média
Adm
Média
Com/mkt
Média
Op/Manut
Clã Administrativo difere de
comercial/marketing
Comercial/marketing difere de
operação/manutenção
,15836
-,25030
,027
,001
-,0885 -,2469 ,0034
Mercado
Administrativo difere de
comercial/marketing
Comercial/marketing difere de
operação/manutenção
-,14941
,27003
,048
,000
,3044 ,4539 ,1838
Fonte: dados da pesquisa
c) Tipo de cultura organizacional versus gênero
Homens vêem a empresa mais Hierárquica que mulheres, que tendem a perceber mais a
cultura Adhocrática (tabela 38).
Tabela 38 - Teste T - tipo de cultura versus gênero
Fator F Sig Homens
Mulheres
Clã 0,072
,307
Adhocracia
0,093
,000
-,2956 -,1283
Mercado 2,723
,989
Hierarquia 0,374
,026
,0701 -,0442
Fonte: dados da pesquisa
d) Tipo de cultura organizacional versus tempo de casa
Pessoas com menos de três anos de casa percebem a empresa mais Adhocrática do que
pessoas com mais de três anos de casa (tabela 39).
Tabela 39 - Teste T - tipo de cultura versus tempo de Casa
Fator F Sig
Media
Menos de 3 anos
Média
Mais de 3 anos
Clã 0,161
,291
Adhocracia
3,481
,005
-,1512
-,2880
Mercado 0,018
,771
Hierarquia 0,472
,212
Fonte: dados da pesquisa
131
e) Tipo de cultura organizacional versus escolaridade e idade
Com relação à escolaridade e à idade, a percepção de perfis de cultura não apresentou
nenhuma diferença significativa entre as classes estudadas (tabelas 40 e 41).
Tabela 40 - ANOVA - tipo de cultura versus escolaridade
Fator F Sig
Clã 1,118 ,328
Adhocracia 1,142 ,320
Mercado 0,679 ,508
Hierarquia 0,093 ,911
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 41 - ANOVA - tipo de cultura versus idade
Fator F Sig
Clã 2,073 ,128
Adhocracia 0,441 ,644
Mercado 0,366 ,694
Hierarquia 0,494 ,611
Fonte: dados da pesquisa
Os resultados apresentados mostram que cargo, área, gênero e tempo de casa afetam a
pecepção das pessoas do perfil da cultura organizacional. Portanto, sugere-se que estas variáveis
sejam consideradas nos estudos que se propõem a analisar a cultura das organizações.
132
5.5 Relação entre os valores e personalidade
Alguns estudos apontam a necessidade de se compreenderem mais profundamente as
relações existentes entre os valores e personalidade (ALLPORT, 1973; ROKEACH, 1973;
BILSKY e SCHWARTZ, 1994; SCHNEIDER et al. 1995). A presente pesquisa buscou
contribuir com tais estudos, mostrando as relações encontradas entre os valores básicos, valores
pessoais relativos ao trabalho e os tipos de personalidade.
a) Relação entre valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho:
Tendo em vista que os dois construtos foram estudados a partir da mesma base teórica,
eram esperadas relações positivas entre os pólos que representam os mesmos tipos de valores e
negativas entre os pólos que representam tipos de valores opostos. Abaixo estão os resultados
encontrados. Partiu-se do pressuposto de que os valores pessoais relativos ao trabalho são
variáveis dependentes, enquanto os valores básicos são variáveis independentes.
Fig. 11 - Relação entre valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho (AP e AT)
Fonte: elaborado pela autora (PLS)
Percebe-se na figura 11 acima a relação positiva entre os pólos de Autrotranscendência,
tanto nos valores básicos (Atvp) quanto nos valores pessoais relativos ao trabalho (ATvt) e a
relação positiva entre os pólos de Autopromoção, nos valores básicos (APvp) e nos valores
pessoais relativos ao trabalho (APvt). Notam-se também as relações negativas entre
133
Autopromoção e Autotranscendência, todos com significância acima do esperado (1,96). Os
resultados encontrados estão de acordo com a teoria de Schwartz.
Fig 12 - Relação entre valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho (AM e CO)
Fonte: elaborado pela autora (PLS)
Na figura 12, notam-se as relações positivas entre os pólos de Abertura à mudança, tanto
dos valores básicos (AMvp) quanto dos valores pessoais relativos ao trabalho (AMvt) e a relação
positiva entre os pólos de Conservação, nos valores básicos (Consvp) e nos valores pessoais
relativos ao trabalho (Consvt). Notam-se também as relações negativas entre Abertura à mudança
e Conservação, todos com significância acima do esperado (1,96). Os resultados estão em
consonância com a teoria de Schwartz.
b) Relação entre os tipos de personalidade
Na figura 13, percebem-se as relações de oposição entre os tipos Pensamento Introvertido
e Sentimento Extrovertido e entre os tipos Pensamento Extrovertido e Sentimento Introvertido,
conforme afirma Jung (1963).
134
Fig. 13 - Relação entre tipos de personalidade (SE e PI)
Fonte: elaborado pela autora (PLS)
Fig. 14 - Relação entre tipos de personalidade (PE e SI)
Fonte: elaborado pela autora (PLS)
Conforme a teoria de Jung (1963), percebem-se na figura 14 as oposições entre
Pensamento Introvertido e Sentimento Extrovertido e entre Pensamento Extrovertido e
Sentimento Introvertido.
135
c) Valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho e personalidade
As hipóteses levantadas sobre as relações entre valores básicos e tipos de personalidade
também se confirmaram. A personalidade foi considerada variável independente e os valores
dependentes, conforme sugere Rokeach (1973).
Fig. 15- Relação entre personalidade (SI e PE) e valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho (AT e AP)
Fonte: elaborado pela autora (PLS)
Na Figura 15 podem ser percebidas as relações positivas entre Pensamento Extrovertido e
Autopromoção de valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho, e relação negativa
entre Pensamento Extrovertido e Autotranscendência de valores pessoais relativos ao trabalho.
Pode também ser vista a relação positiva entre Sentimento Introvertido e Autotranscendência,
tanto com valores básicos quanto com valores pessoais relativos ao trabalho e relação negativa
com Autopromoção de valores pessoais relativos ao trabalho.
136
Nota-se que os tipos de personalidade explicam mais os valores pessoais do que explicam
os valores pessoais relativos ao trabalho (Sentimento Introvertido explica 10,2% de
autotranscendência de valores pessoais relativos ao trabalho e 15,4% de autotranscendência dos
valores básicos; Pensamento Extrovertido explica 6,8% de autopromoção de valores pessoais
relativos ao trabalho e 11,9% de autopromoção dos valores básicos).
Fig. 16 - Relação entre personalidade (SE e PI) e valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho (AM e CO)
Fonte: elaborado pela autora (PLS)
Na figura 16, é possível perceber a relação positiva entre Sentimento Extrovertido e
Abertura à mudança, de valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho e a relação
negativa entre Sentimento Extrovertido e Conservação de valores pessoais relativos ao trabalho.
Pode-se notar ainda a relação positiva de Pensamento Introvertido com Conservação de valores
básicos e valores pessoais relativos ao trabalho e a relação negativa de Pensamento Introvertido
com Abertura à mudança de valores pessoais relativos ao trabalho.
Novamente, os tipos de personalidade explicam mais os valores pessoais do que explicam
os valores pessoais relativos ao trabalho (Sentimento Extrovertido explica 6,8% de Abertura à
137
Mudança de valores pessoais relativos ao trabalho e 10,2% de Abertura à Mudança dos valores
básicos; Pensamento Introvertido explica 11,6% de Conservação de valores pessoais relativos ao
trabalho e 15,2% de Conservação dos valores básicos).
5.6 Perfil cultural, perfis de valores e tipos de personalidade das empresas estudadas
Para identificar o perfil cultural das organizações estudadas, os valores e tipos de
personalidade predominantes, calculou-se a média e o desvio padrão e, por último, aplicou-se o
teste de Friedman. Trata-se de um teste não paramétrico, cujo objetivo é testar a diferença entre
os postos das médias para cada variável estudada. Esse teste, porém, oferece a significância das
diferenças entre as médias de cada variável, mas não especifica quais médias diferem de quais.
Para se obter essa informação, foi realizado o cálculo de comparação múltipla entre grupos e
condições, de acordo com Siegel e Castellan (2006).
a) Empresa Alfa
A tabela 42 revela que na empresa Alfa, a cultura predominantemente percebida é,
aparentemente, a de Mercado, seguida da cultura Hierárquica, Clã e Adhocrática, sendo esta a
menos percebida pelos funcionários da organização. No entanto, o teste para identificar a
significância entre essas diferenças aponta que apenas a cultura de Mercado tem diferença
significativa em relação a todas as demais e que as outras três, embora haja diferença nas médias,
ela não é significativa (tabela 43 e figura 16).
Tabela 42 - Empresa Alfa - análise de postos
Posição Cultura Média DP VP Média DP VT Média DP Pers Média DP
1
o
Mercado 3,29 ,4632
AT 3,52 ,2984
AT 2,94 ,3282
PE 3,32 ,6416
2
o
Hierarquia 2,32 ,3889
AM 2,63 ,4406
AM 2,69 ,2580
SI 2,88 ,7087
3
o
Clã 2,23 ,4334
CO 2,10 ,3886
CO 2,31 ,2791
PI 2,06 ,7054
4
o
Adhocracia 2,16 ,3477
AP 1,75 ,5615
AP 2,06 ,3834
SE 1,75 ,7728
Fonte: dados da pesquisa
138
Tabela 43 - Empresa Alfa - significância das diferenças entre tipos de cultura
Comparação entre culturas Valor
Mercado com Hierarquia 0,97*
Mercado com Clã 1,06*
Mercado com Adhocracia 1,13*
Hierarquia com Clã 0,09
Hierarquia com Adhocracia
0,16
Clã com Adhocracia 0,07
*valores acima do valor crítico de 0,4129 Fig. 17 - Alfa - significância das diferenças (cultura)
Fonte: dados da pesquisa
A hierarquia dos valores básicos e dos valores pessoais relativos ao trabalho é a mesma,
sendo que o valor de autotranscência foi o mais priorizado pelos funcionários da organização e
por último o valor de Autopromoção (tabela 42). No que diz respeito aos valores básicos, a
análise das significâncias mostrou uma diferença significativa entre as posições, com exceção da
terceira e quarta posições – Conservação e Autopromoção (Tabela 44 e fig. 18).
Tabela 44 - Empresa Alfa - significância das diferenças entre valores básicos
Comparação entre VB
Valor
AT com AM 0,89*
AT com CO 1,42*
AT com AP 1,77*
AM com CO 0,53*
AM com AP 0,88*
CO com AP 0,35
*valores acima do valor crítico de 0,4129 Fig. 18 - Alfa - significância das diferenças (valores básicos)
Fonte: dados da pesquisa
Quanto aos valores pessoais relativos ao trabalho, existe significância nas diferenças das
médias da Autotranscendência e Autopromoção (primeira e quarta posições), Autotranscendência
e Conservação (primeira e terceira posições) e entre Abertura à mudança e Autopromoção
(segunda e quarta posições). As diferenças entre Autotranscência e Abertura à Mudança (primeira
e segunda posições) não são significativas, bem como a diferença entre as médias de Abertura à
mudança e Conservação (segunda e terceira posições) (ver tabela 45 e fig. 19) .
Mercado
Hierarquia Clã
Adhocracia
1,13
1,06
0,97
0,88
1,42
0,89
0,53
1,77
ATvp
COvp AMvp
APvp
139
Tabela 45 - Empresa Alfa - significância das diferenças entre valores pessoais relativos ao
trabalho
Comparação entre VT
Valor
AT com AM 0,25
AT com CO 0,63*
AT com AP 0,88*
AM com CO 0,38
AM com AP 0,63*
CO com AP 0,25
*valores acima do valor crítico de 0,4129 Fig. 19 Alfa – signif. das diferenças (valores pessoais trabalho)
Fonte: dados da pesquisa
No que diz respeito aos tipos de personalidade, Pensamento Extrovertido foi o estilo mais
pontuado pela amostra, seguido de Sentimento Introvertido, Pensamento Introvertido e, por
último, Sentimento Extrovertido Tabela 42). Apenas a diferença entre a terceira e a quarta
posições não foram significativas (Pensamento Introvertido e Sentimento Extrovertido) (tabela 46
e fig. 20).
Tabela 46 - Empresa Alfa - significância das diferenças entre tipos de personalidade
Comparação entre Personalidade
Valor
PE com SI 0,44*
PE com PI 1,26*
PE com SE 1,57*
SI com PI 0,82*
SI com SE 1,13*
PI com SE 0,31
*valores acima do valor crítico de 0,4129 Fig. 20 Alfa – significância das diferenças (personalidade)
b) Empresa Beta
A empresa Beta, aparentemente, também teve a cultura de Mercado como a mais
percebida pelos funcionários, seguida da cultura Hierárquica, da Clã e da Adhocrática (tabela 47).
Em termos de significância entre essas diferenças encontrou-se que a média da cultura de
Mercado se diferencia significativamente de todas as outras. A média da cultura Hierárquica se
diferencia significativamente da média da cultura Adhocrática (segunda e quarta posições). Por
outro lado, segundo e terceiro lugares não se diferenciam significativamente (Hierarquia e Clã) e
0,88
0,63
0
,63
ATvt
COvt AMvt
APvt
1,57
0,38
0,44
0,82
PE
SI PI
SE
1,26
140
terceiro e quarto lugares também não se diferenciam significativamente (Clã e Adhocracia)
(tabela 48 e fig. 21).
Tabela 47 - Empresa Beta – análise de postos
Posição Cultura Média DP VP Média DP VT Média DP Pers Média DP
1
o
Mercado 3,35 ,5052 AT 3,43 ,3014 AT 2,62 ,3345 PE 3,49 2,9598
2
o
Hierarquia 2,69 ,4662 CO 2,46 ,3557 AM 2,57 ,2515 SI 2,68 4,4651
3
o
C 2,20 ,4410 AM 2,20 ,3521 AP 2,43 ,2957 PI 2,17 4,8701
4
o
Adhocracia 1,76 ,4160 AP 1,92 ,6541 CO 2,38 ,4167 SE 1,65 5,0145
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 48 - Empresa Beta - significância das diferenças entre tipos de cultura
Comparação entre culturas Valor
Mercado com Hierarquia 0,66*
Mercado com Clã 1,15*
Mercado com Adhocracia 1,59*
Hierarquia com Clã 0,49
Hierarquia com Adhocracia
0,93*
Clã com Adhocracia 0,24
*valores acima do valor crítico de 0,4941 Fig. 21 – Beta – significancia das diferenças (cultura)
Fonte: Dados da pesquisa
Quanto aos valores básicos, a hierarquia revelada é Autotranscendência em primeiro
lugar, Conservação em segundo, Abertura à mudança em terceiro e Autopromoção em quarto. A
primeira posição se diferencia significativamente de todas e a segunda se diferencia da última
(tabela 47). No entanto, Conservação e Abertura à mudança não têm diferença significativa
(segunda e terceira posições) e Abertura a mudança não difere significativamente de
Autopromoção (terceira e quarta posições)(ver tabela 49, fig.22).
Tabela 49 - Empresa Beta - significância das diferenças entre valores básicos
Comparação entre VP
Valor
AT com AM 1,23*
AT com CO 0,97*
AT com AP 1,51*
AM com CO 0,26
AM com AP 0,28
CO com AP 0,54*
*valores acima do valor crítico de 0,4941 Fig. 22 – Beta – significancia das diferenças (valores básicos)
Fonte: dados da pesquisa
Mercado
Hierarquia Clã
Adhocracia
0,93
1,59
1,15
0,66
ATvp
COv
p
AMvp
APv
p
1,51
1,23
0,97
0,54
141
Não existem diferenças significativas entre as médias de valores pessoais relativos ao
trabalho (tabela 50 e fig. 23) , embora olhando-se as médias seja possível estabelecer uma
hierarquia (tabela 47).
Tabela 50 - Empresa Beta - significância das diferenças entre valores pessoais relativos ao
trabalho
Comparação entre VT
Valor
AT com AM 0,05
AT com CO 0,24
AT com AP 0,19
AM com CO 0,19
AM com AP 0,14
CO com AP 0,05
*valores acima do valor crítico 0,4941 Fig. 23 Beta- signif. das diferenças (valores pessoais trabalho)
Fonte: dados da pesquisa
A análise de postos (tabela 47) mostrou que Pensamento extrovertido ficou em primeiro
lugar, seguido de Sentimento Introvertido, Pensamento Introvertido e Sentimento Extrovertido.
Quantos aos tipos de personalidade, todas as médias são significativamente diferentes entre si.
Pensamento Extrovertido foi o tipo de personalidade que ficou em primeiro lugar, seguido de
Sentimento Introvertido, Pensamento Introvertido e por último Sentimento Extrovertido (tabela
51 e fig. 24).
Tabela 51 - Empresa Beta - significância das diferenças entre tipos de personalidade
Comparação entre Personalidade
Valor
PE com SI 0,81*
PE com PI 1,32*
PE com SE 1,84*
SI com PI 0,51*
SI com SE 1,03*
PI com SE 0,52*
*valores acima do valor crítico de 0,4941 Fig.24 - Beta - significancia das diferenças (personalidade)
Fonte: dados da pesquisa
ATvt
COvt AMvt
APvt
,051
1,84
PE
SI PI
SE
1,03
1,32
0,52
0,81
142
c) Empresa Gama
A cultura de Mercado nesta empresa foi a mais percebida. Em seguida, vieram a cultura
Hierárquica, a Clã e a Adhocrática (tabela 52) . De acordo com os cálculos de significância,
primeira e segunda posições não possuem uma diferença significativa entre as médias. Portanto,
embora Mercado seja a primeira e Hierarquia seja a segunda, essa diferença não pode ser
considerada estatisticamente significativa. uma diferença significativa entre a primeira e a
terceira posições, mas não entre a segunda e a terceira (Hierarquia e Clã). Não se diferenciam
significativamente a terceira posição da quarta posição (Clã e Adhocracia) (tabelas 53 e figura
25).
Tabela 52 - Empresa Gama – Análise de postos
Posição Cultura Média DP VP Média DP VT Média DP Pers Média DP
1
o
Mercado 3,15 ,3028
AT 3,77 ,2730
AT 3,02 ,2886
PE 3,46 3,6765
2
o
Hierarquia 2,73 ,4175
CO 2,36 ,3265
AP 2,40 ,3457
SI 2,55 3,9687
3
o
Clã 2,22 ,3322
AM 2,06 ,4190
CO 2,33 ,2167
PI 2,23 3,7336
4
o
Adhocracia 1,89 ,4060
AP 1,81 ,4858
AM 2,24 ,2274
SE 1,76 4,8075
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 53 - Empresa Gama - significância das diferenças entre tipos de cultura
Comparação entre culturas Valor
Mercado com Hierarquia 0,42
Mercado com Clã 0,93*
Mercado com Adhocracia 1,26*
Hierarquia com Clã 0,51
Hierarquia com Adhocracia
0,84*
Clã com Adhocracia 0,33
*valores acima do valor crítico de 0,7344 Fig. 25 Gama - significancia das diferenças (cultura)
Fonte: dados da pesquisa
Em valores básicos, o mais priorizado foi Autotranscendência, seguido de Conservação,
Abertura à mudança e Autopromoção (tabela52). Revelaram-se ser significativas as diferenças
entre Autotranscendência e os demais pólos. Segunda, terceira e quarta posições não obtiveram
médias significativamente diferentes (tabela 54 e fig. 26).
0,93
0,84
1,26
Mercado
Hierarquia Clã
Adhocracia
143
Tabela 54 - Empresa Gama - significância das diferenças entre valores básicos
Comparação entre VP
Valor
AT com AM 1,71*
AT com CO 1,41*
AT com AP 1,96*
AM com CO 0,30
AM com AP 0,25
CO com AP 0,55
*valores acima do valor crítico de 0,7344 Fig. 26 Gama – significancia das diferenças (valores básicos)
Fonte: dados da pesquisa
Com relação aos valores do trabalho a hierarquia foi a mesma para a primeira posição
(Autotranscendência), mas diferente para as próximas, estando Autopromoção em segundo lugar,
Conservação em terceiro e Abertura à mudança em quarto (tabela 52). Em termos de
significância, apenas primeiro e último lugares se diferenciaram (Autrotranscendência a Abertura
à mudança) (tabela 55 e fig. 27).
Tabela 55 - Empresa Gama - significância das diferenças entre valores pessoais relativos ao
trabalho
Comparação entre VT
Valor
AT com AM 0,78*
AT com CO 0,69
AT com AP 0,62
AM com CO 0,09
AM com AP 0,16
CO com AP 0,07
*valores acima do valor crítico 0,7344 Fig. 27- Gama Significancia das diferenças (valores pessoais trabalho)
Fonte: dados da pesquisa
Em personalidade, a hierarquia foi: primeiro, Pensamento Extrovertido; segundo,
Sentimento Introvertido; terceiro, Pensamento Introvertido e quarto, Sentimento Extrovertido
(tabela 52), sendo a diferença da primeira posição com as demais foi significativa e da segunda
posição com a última também. As médias da segunda posição com a terceira (SI e PI) e da
terceira com a quarta posições (PI e SE) não tiveram diferença significativa (tabela 56 e fig.28) .
1,71
1,41
ATvp
COvp AMvp
APvp
1,96
0,78
ATvt
COvt AMvt
APvt
144
Tabela 56 - Empresa Gama - significância das diferenças entre tipos de personalidade
Comparação entre Personalidade
Valor
PE com SI 0,91*
PE com PI 1,23*
PE com SE 1,70*
SI com PI 0,32
SI com SE 0,79*
PI com SE 0,47
*valores acima do valor crítico de 0,7344 Fig. 28 Gama significancia das diferenças (personalidade)
Fonte: dados da pesquisa
d) Empresa Delta
Nesta empresa, a cultura de Mercado foi a mais percebida pelos funcionários, a exemplo
das demais empresas. A segunda cultura mais percebida foi Clã, seguida da Hierárquica e da
Adhocrática (tabela 57). Neste caso, a única média que se diferencia das demais
significativamente é a Adhocrática (quarta posição). Com relação às médias da primeira, segunda
e terceira posições, não existe diferença estatisticamente significativa entre elas (tabela 58 e fig.
29).
Tabela 57 - Empresa Delta – análise de postos
Posição Cultura Média DP VP Média DP VT Média DP Pers Média DP
1
o
Mercado 2,88 ,4268
AT 3,28 ,3563
AM 2,96 ,3683
PE 3,62 3,7249
2
o
Clã 2,79 ,5000
CO 2,45 ,3988
AT 2,88 ,3349
SI 2,70 5,1959
3
o
Hierarquia 2,54 ,4524
AM 2,29 ,4319
CO 2,17 ,3352
PI 1,94 4,0975
4
o
Adhocracia 1,79 ,4890
AP 1,98 ,6784
AP 1,99 ,5686
SE 1,74 5,4821
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 58 - Empresa Delta - significância das diferenças entre tipos de cultura
Comparação entre culturas Valor
Mercado com Hierarquia 0,34
Mercado com Clã 0,09
Mercado com Adhocracia 1,09*
Hierarquia com Clã 0,25
Hierarquia com Adhocracia 0,75*
Clã com Adhocracia 1,00*
*valores acima do valor crítico de 0,6751 Fig.29 - Delta significancia das diferenças (cultura)
Fonte: dados da pesquisa
1,23
0,91
0,79
PE
SI PI
SE
1,70
Mercado
Hierarquia Clã
Adhocracia
0,75
1
,09
1,00
145
Nos valores básicos, a Autotranscendência é mais priorizada pelos funcionários da
organização e em seguida estão a Conservação, a Abertura à mudança e por último a
Autopromoção (tabela 57). Diferença significativa foi encontrada entre Autotranscendência e os
três outros pólos. As diferenças entre a segunda, terceira e quarta posições não foi significativa
(tabela 59 e fig. 30)
Tabela 59 - Empresa Delta - significância das diferenças entre valores básicos
Comparação entre VP
Valor
AT com AM 0,99*
AT com CO 0,83*
AT com AP 1,30*
AM com CO 0,16
AM com AP 0,31
CO com AP 0,47
*valores acima do valor crítico de 0,6751 Fig. 30 Delta significancia das diferenças (valores básicos)
Fonte: dados da pesquisa
Em valores pessoais relativos ao trabalho, a Abertura à mudança foi o pólo mais
pontuado, seguido de Autotranscendência, Conservação e por último, Autopromoção (tabela 57).
As duas primeiras posições (Abertura à mudança e Autotranscendência) não tiveram diferença
significativa entre suas médias. Da mesma, forma, as duas últimas posições também não tiveram
diferença estatisticamente significativa (tabela 60 e fig. 31).
Tabela 60 - Empresa Delta - significância das diferenças entre valores pessoais relativos ao
trabalho
Comparação entre VT
Valor
AT com AM 0,08
AT com CO 0,71*
AT com AP 0,89*
AM com CO 0,79*
AM com AP 0,97*
CO com AP 0,18
*valores acima do valor crítico 0,6751 Fig. 31 Delta – siginificancia das diferenças (valores pessoais trabalho)
Fonte: dados da pesquisa
ATvp
COvp AMvp
APvp
1,30
0,99
0,83
0,79
0,89
0,71
ATvt
COvt AMvt
APvt
0,97
146
Quanto aos tipos de personalidade, Pensamento Extrovertido foi o mais percebido,
seguido de Sentimento Introvertido, Pensamento Introvertido e Sentimento Extrovertido (tabela
57). Apenas não se encontrou diferença significativa entre as médias das duas últimas posições
(Pensamento Introvertido e Sentimento Extrovertido), todas as demais são significativamente
diferentes (tabela 61 e figura 32).
Tabela 61 - Empresa Delta - significância das diferenças entre tipos de personalidade
Comparação entre Personalidade
Valor
PE com SI 0,92*
PE com PI 1,68*
PE com SE 1,88*
SI com PI 0,76*
SI com SE 0,96*
PI com SE 0,20
*valores acima do valor crítico de 0,6751 Fig. 32 Delta – significancia das diferenças (personalidade)
Fonte: dados da pesquisa
5.6.1 Comparação dos perfis culturais entre as empresas
Ainda que as análises das hierarquias dos perfis culturais das empresas analisadas
mostrem que elas são vistas tendo perfis culturais semelhantes (todas elas tiveram Mercado em
primeiro lugar e Adhocracia em último), o teste ANOVA, de comparação entre as médias entre
grupos, mostrou que existe diferença entre as empresas quanto ao perfil de cultura percebido
pelas pessoas que nelas trabalham.
A empresa Delta apresentou média superior para a cultura Clã quando comparada com as
demais. A empresa Beta teve média no tipo de cultura Mercado acima da empresa Delta (tabela
62 e 63).
A empresa Alfa obteve média maior, em Adhocracia, do que a empresa Beta e a empresa
Delta. A empresa Beta teve média superior na cultura Hierarquia quando comparada com a
empresa Alfa (tabela 62 e 63).
0,96
1,88
PE
SI PI
SE
1,68
0,92
0,76
147
Tabela 62 - ANOVA - tipos de cultura versus empresas
Fator F Sig
Clã 7,312 ,000
Adhocracia 8,244 ,000
Mercado 3,614 ,014
Hierarquia 4,907 ,002
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 63 - Teste Scheffe - tipos de cultura versus empresas
Valor Diferenças Diferença entre médias Sig
Clã Alfa difere de Delta
Beta difere de Delta
Gama difere de Delta
-,33877
-,34989
-,29722
,000
,000
,021
Adhocracia Alfa difere de Beta
Alfa difere de Delta
,22717
,26226
,000
,004
Mercado Beta difere de Delta ,26196 ,024
Hierarquia Alfa difere de Beta -,20098 ,007
Fonte: dados da pesquisa
5.7 Relação entre valores, personalidade e a percepção do tipo de cultura organizacional
O objetivo desta análise foi identificar a relação existente entre a autopercepção dos
respondentes de seus valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho e tipo de
personalidade, e a percepção que eles possuem do tipo de cultura da organização em que
trabalham. A análise considerou primeiramente todas as organizações juntas e em seguida a
empresa Alfa, cuja amostra foi a maior e portanto mais adequada à realização do tratamento de
dados e cálculos. A opção por analisar todas as empresas juntas deveu-se ao interesse de verificar
a existência de poder preditivo dos fatores pessoais em relação ao tipo de cultura
independentemente da empresa. Em caso positivo, este poderia ser considerado um sinal de que,
estudos futuros, com um número maior de organizações, se identificasse alguma possibilidade de
generalização.
Os valores usados foram os centralizados de acordo com a sugestão de Schwartz,
considerando a desejabilidade social inerente à escala e foi usado o método de equações
estruturais, via PLS.
Um dos cuidados que se deve tomar ao aplicar equações estruturais diz respeito à
multicolinearidade, que esta provoca efeito de supressão, invalidando os resultados obtidos
(COHEN, 2003).
148
Schwartz também chama a atenção para os cuidados necessários ao se fazerem
tratamentos estatísticos que impliquem no critério de multicolinearidade, tendo em vista que ela
existe entre os tipos motivacionais. A tabela de correlações, que pode ser vista no apêndice 5,
mostra que existem correlações entre as variáveis independentes (tanto valores quanto
personalidade)
Frente a isso, tomou-se o cuidado de realizar a análise das equações estruturais
inicialmente considerando como indicadores para as variáveis latentes os tipos motivacionais e
verificou-se que os resultados eram inválidos. Com isso, optou-se por considerar os itens como
indicadores e tratar as equações estruturais entre as variáveis latentes (pólos) duas a duas. O
mesmo critério foi adotado para personalidade.
5.7.1 Valores Básicos e Tipos de Cultura - Todas as empresas
Abaixo são mostradas as figuras extraídas do PLS, com a relação entre valores, personalidade e
os tipos de cultura.
a) Valores básicos e cultura Clã
Os pólos Autotranscendência e Conservação apresentaram poder preditivo com relação à
cultura Clã com um beta significativo de 0,261 e 0,254, com uma variância explicada de 6,8% e
6,5% respectivamente (ver tabela 64 e fig.33 e fig. 36).
Autopromoção e Abertura à Mudança relacionaram-se negativamente com a cultura Clã,
com um beta significativo de -0,194 e -0,225 e uma variância explicada de 3,8 e 5,1%,
respectivamente (ver tabela 64 e fig. 34 e 35).
Tabela 64 - Valores básicos e cultura Clan (todas as empresas)
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,261
6,409
0,068
Autopromoção -0,194
3,994
0,038
Abertura à Mudança
-0,225
6,572
0,051
Conservação 0,254
5,810
0,065
Fonte: Dados da pesquisa
149
Fig. 33Relação entre autotranscendência e Cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: dados da pesquisa (PLS)
Fig. 34 – Relação entre Autopromoção e cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: dados da pesquisa (PLS)
150
Fig. 35 – Relação entre Abertura à mudança e Cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: dados da pesquisa (PLS)
Fig. 36 Relação entre Conservação e Cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: dados da pesquisa (PLS)
151
b) Valores básicos e cultura Mercado
Os valores de Autopromoção (beta significativo de 0,185) e Abertura à mudança (beta
significativo de 0,170) possuem poder preditivo com relação à cultura de Mercado e mostram
uma variância explicada de 3,4% e 2,9%. Os valores relativos à Autotranscendência e
Conservação relacionam-se negativamente com a cultura de Mercado, mostrando betas
significativos de -0,245 e -0,295, cada um com uma variância explicada de 6% 8,7%,
respectivamente (ver tabela 65 e fig. 37, 38, 39 e 40).
Tabela 65 - Valores básicos e cultura Mercado (todas as empresas)
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,245
5,593
0,060
Autopromoção 0,185 4,501
0,034
Abertura à Mudança
0,170 4,394
0,029
Conservação -0,295
6,363
0,087
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 37Relação entre Autotranscendência e cultura Mercado (todas a empresas)
Fonte: dados da pesquisa (PLS)
152
Fig. 38Relação entre Autopromoção e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: dados da pesquisa (PLS)
Fig. 39Relação entre Abertura à Mudança e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: dados da pesquisa (PLS)
153
Fig. 40Relação entre Conservação e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
c) Valores básicos e cultura Hierárquica
Abertura à mudança relaciona-se negativamente com a cultura Hieráquica (beta
significativo de -0,220 e variância explicada de 4,8%). Conservação, por outro lado, relaciona-se
positivamente com a cultura Hierárquica, com um beta significativo de 0,249 e uma variância
explicada de 6,2% (tabela 66 e fig.43 e 44).
Autotranscendência também se relaciona-se negativamente com a cultura hieráquica (beta
significativo de -0,247 e variância explicada de 6,1%) e Autopromoção positivamente
relacionada com um beta significativo de 0,203 e variância explicada de 4,1% (tabela 66 e fig.
41 e 42).
154
Tabela 66 -Valores básicos e cultura Hierarquia – todas as empresas
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,247
5,597
0,061
Autopromoção 0,203
5,439
0,041
Abertura à Mudança
-0,220
5,796
0,048
Conservação 0,249
5,618
0,062
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 41 - Relação entre Autotranscendência e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 42 - Relação entre Autopromoção e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
155
Fig. 43 - Relação entre Abertura à Mudança e cultura Hierarquia (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 44 - Relaçào entre Conservação e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
156
d) Valores básicos e cultura Adhocrática
O pólo de Abertura à Mudança possui poder preditivo com relação à cultura Adhocrática,
com beta positivo de 0,219 e variância explicada de 4,8%. Autotranscendência também relaciona-
se positivamente com adhocracia, com um beta significativo de 3,315 e poder preditivo de 9%
(tabela 67 e fig. 47 e 45). Autopromoção e Conservação relacionam-se negativamente com
Adhocracia, possuindo betas significativos de -0,238 e 0,356 e variância explicada de 5,6% e
12,5% respectivamente (ver tabela 67 e fig 46 e 48).
Tabela 67- Valores básicos e cultura Adhocrática – todas as empresas
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,315
7,517
0,099
Autopromoção -0238 6,031
0,056
Abertura à Mudança
0,219
4,983
0,048
Conservação -0,353
7,914
0,125
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 45Relação Autotranscendência e cultura Adhocracia (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
157
Fig. 46Relação entre Autopromoção e cultura Adhocracia (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 47Relação entre Abertura à Mudança e cultura Adhocracia (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
158
Fig. 48Relação entre Conservação e cultura Adhocrática (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
5.7.2 Valores Básicos e Tipos de Cultura – Empresa Alfa
a) Valores básicos e cultura Clã – empresa Alfa
Autotranscendência e Conservação relacionam-se positivamente com a cultura Clã (betas
significativos de 0,424 e 0,425 respectivamente) com variância explicada de 18% e 18,1%
respectivamente.(ver tabela 68 e fig. 49 e 52) Autopromoção e Abertura à Mudança relacionam-
se negativamente com a cultura Clã, com betas de -0,336 e -,322 e variância explicada de 11,3%
e 10,4% respectivamente (ver tabela 68 e fig. 50 e 51).
Tabela 68 - Valores básicos e cultura Clã – empresa Alfa
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,424
8,405
0,180
Autopromoção -0,336
5,371
0,113
Abertura à Mudança
-0,322
6,625
0,104
Conservação 0,425
7,699
0,181
Fonte: Dados da pesquisa
159
Fig. 49Relação entre Autotranscendência e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 50Relação entre Autopromoção e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
160
Fig. 51Relação entre Abertura à Mudança e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 52 Relação entre Conservação e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
161
b) Valores básicos e cultura Mercado - Empresa Alfa
Autopromoção e Abertura à Mudança relacionam-se positivamente com a cultura
Mercado. Os betas são de 0,280 e 0,286 e as variâncias explicadas sao de 7,8% e 15%
respectivamente (tabela 69; fig. 54 e 55). Autotranscendência e Conservação, por outro lado,
relacionam-se negativamente com a cultura Mercado (-0,319 e -0290), explicando 10,2% e 8,4%
respectivamente (ver tabela 69; fig. 53 e 56).
Tabela 69 - Valores básicos e cultura Mercado – empresa Alfa
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,319
6,079
0,102
Autopromoção 0,280 5,342
0,078
Abertura à Mudança
0,388 5,523
0,150
Conservação -0,290
5,490
0,084
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 53Relação entre Autotranscendência e cultura Mercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
162
Fig. 54Relação entre Autopromoção e cultura Mercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 55Relação entre Abertura à Mudança e cultrua Mercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
163
Fig. 56Relação entre Conservação e culturaMercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
c) Valores básicos e cultura Adhocrática – empresa Alfa
Relacionaram-se positivamente com a cultura Adhocrática os pólos Autotranscendência
(beta significativo de 0,366, variância explicada de 13,4%), Autopromoção (beta significativo de
0,319 e variância explicada de 10,2%) e Abertura à Mudança (beta significativo de 0,283 e
variância explicada de 8%) (tabela 70; fig. 57, 58, 59). O pólo Conservação relacionou-se
negativamente com esta cultura (beta significativo de -0,377, com variância explicada de 14,2%
(tabela 70; fig. 60).
Tabela 70 - valores básicos e cultura Adhocrática – empresa Alfa
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,366
6,921
0,134
Autopromoção 0,319
5,120
0,102
Abertura à Mudança
0,283
5,692
0,080
Conservação -0,377
7,474
0,142
Fonte: Dados da pesquisa
164
Fig. 57 - Relação entre Autotranscendência e cultura Adhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 58Relação entre Autopromoção e culturaAdhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
165
Fig. 59Relação entre Abertura à Mudança e cultura Adhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 60Relação entre Conservação e cultura Adhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
166
c) Valores básicos e cultura Hierárquica – Empresa Alfa
Relacionaram-se negativamente com a cultura Hierárquica os pólos de
Autotranscendência (beta -0,381 e variância explicada 14,5%), Autopromoção (beta -0,287 e
variância explicada 8,2%) e Abertura à Mundança (beta -,0339 e variância explicada 11,5%)
(tabela 71; fig. 61, 62, 63). Conservação relacionou-se positivamente com esta cultura, com um
beta 0,378 e uma variância explicada 14,3% (tabela 71, fig 64).
Tabela 71 - valores básicos e cultura Hierárquica – empresa Alfa
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,381
6,870
0,145
Autopromoção -0,287
4,271
0,082
Abertura à Mudança
-0,339
5,838
0,115
Conservação 0,378 6,861
0,143
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 61Relação entre Autotranscendência e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
167
Fig. 62Relação entre Autopromoção e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 63 Relação entre Abertura à Mudança e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
168
Fig. 64 – Relação entre Conservação e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Os resultados mostrados acima apontam que independemente da empresa, é possível
estabelecer uma relação entre autopercepção de valores básicos a percepção de perfis de cultura
organizacional.
169
5.7.3 Valores pessoais relativos ao trabalho e culturas – todas as empresas
As relações esperadas entre valores pessoais relativos ao trabalho e tipos de cultura não
foram inteiramente obtidas, conforme mostram as figuras abaixo.
a) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Clã
No que diz respeito à cultura Clã, apenas conservação relacionou-se negativamente, com
beta -0,278, com variância explicada de 7%. Os demais pólos tiveram relação positiva com esta
cultura, inclusive autopromoção (tabela 72; fig. 65, 66, 67 , 68).
Tabela 72 - Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Clã – todas as empresas
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,170
4,352
0,029
Autopromoção 0,268
5,884
0,072
Abertura à Mudança
0,198
4,919
0,039
Conservação -0,278
6,389
0,077
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 65Relação entre Autotranscendência e cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
170
Fig. 66Relação entre Autopromoção e cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig 67 – Relação entre Abertura à Mudança e cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 68Relação entre Conservação e cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
171
b) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Mercado
Aqui percebe-se que os polos Autotranscendência e Autopromoção relacionam-se
negativamente com a cultura mercado, com variância explicada de 4,9% e 3,7% respectivamente;
enquanto Abertura à Mudança e Conservação possuem relação positivamente com esta cultura,
com variância explicada de 4,1% e 6,2% (ver tabela 73; fig. 69,70, 71, 72).
Tabela 73 - Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Mercado – todas as empresas
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,221
5,456
0,049
Autopromoção -0,193
4,746
0,037
Abertura à Mudança
0,201 4,843
0,041
Conservação 0,250 5,447
0,062
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 69 Relação entre Autotranscendência e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 70Relação entre Autopromoção e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
172
Fig. 71 Relação entre Abertura à Mudança e cultura Mercado(todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 72Relação entre Conservação e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
c) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Adhocrática
Abertura à Mudança e Autopromoção relacionam-se negativamente com a cultura
Adhocrática, a primeira com variância explicada de 7,5% e a segunda, 3%, enquanto os demais
pólos apresentam relação positiva com esta cultura. Autotranscendência com variância explicada
de 6% e Conservação com variância explicada de 5,4% (ver tabela 74 e fig. 73, 74, 75, 76).
173
Tabela 74- Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Adhocrática – todas as empresas
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,246 5,184
0,060
Autopromoção -0,174
4,265
0,030
Abertura à Mudança
-0,273
6,410
0,075
Conservação 0,232 5,205
0,054
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 73Relação entre Autotranscendência e cultura Adhocrática (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 74 Relação entre Autopromoção e cultura Adhocrática (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
174
Fig. 75 Relação entre - Abertura à Mudança e cultura Adhocrática (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 76Relação entre Conservação e cultura Adhocrática (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
d) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Hierárquica
Autotranscendência e Conservação relacionam-se negativamente com a cultura
Hierárquica, com variância explicada de 3,3% e 4,9% respectivamente . Autopromoção e
Abertura à Mudança mostraram ter relação positiva com esta cultura, cada um com variância
explicada de 2,7% e 4,4%. (ver tabela 75; fig. 77, 78, 79, 80)
Tabela 75– Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Hierárquica – todas as empresas
Valores básicos Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,183
4,635
0,033
Autopromoção 0,165
4,184
0,027
Abertura à Mudança
0,210
5,034
0,044
Conservação -0,222
5,855
0,049
Fonte: Dados da pesquisa
175
Fig. 77Relação entre Autotranscendência e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 78 Relação entre Autopromoção e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 79- Relação entre Abertura à Mudança e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
176
Fig. 80 Relação entre Conservação e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
5.7.4 Valores pessoais relativos ao trabalho e tipos de cultura – Empresa Alfa
a) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Clã – Empresa Alfa
Autopromoção e Autotranscendência relacionam-se positivamente com a cultura Clã.
(variância explicada 9,2% e 6,4% respectivamente) e Abertura à mudança e Conservação
mostraram relação negativa com esta cultura (com 9,3% e 13,9% de variância explicada
respectivamente (ver tabela 76; fig. 81, 82, 83, 84)
Tabela76 – Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Clã – empresa Alfa
Valores pessoais relativos ao trabalho
Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,253 4,348
0,064
Autopromoção 0,303 5,045
0,092
Abertura à Mudança -0,305
5,060
0,093
Conservação -0,373
7,093
0,139
Fonte: Dados da pesquisa
177
Fig. 81 Autotranscendência e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 82Relação entre Autopromoção e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 83Relação entre Abertura à Mudança e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
178
Fig. 84Relação entre Conservação e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
b) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Mercado – Empresa Alfa
Autotranscendência e Autopromoção relacionam-se negativamente com a cultura
Mercado (variância explicada de 4,2% e 5,4%, respectivamente) enquanto Abertura à Mudança e
Conservação relacionam-se positivamente com a cultura de Mercado (com variância explicada de
8,9% e 15,3%) (ver tabela 77; fig. 85,86,87,88).
Tabela 77– Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Mercado – Empresa Alfa
Valores pessoais relativos ao trabalho
Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,204
3,959
0,042
Autopromoção -0,233
4,552
0,054
Abertura à Mudança 0,299 5,404
0,089
Conservação 0,391 7,755
0,153
Fonte: Dados da pesquisa
179
Fig. 85Relação entre Autotranscendência e cultura Mercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 86Relação entre Autopromoção e cultura Mercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 87Relação entre Abertura à Mudança e cultura Mercado(empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
180
Fig. 88 – Relação entre Conservação e cultura Mercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
c) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Adhocrática – Empresa Alfa
Autotranscendência e Conservação mostraram relação negativa com a cultura Adhocrática
(com variância explicada de 8,1% e 9,1% respectivamente) e Autopromoção e Abertura à
Mudança, tiveram relação positiva com a cultura Adhocrática cada um com variância explicada
de 12,6% e 8,6% (ver tabela 78; fig 89, 90, 91, 92).
Tabela 78 - Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Adhocrática – Empresa Alfa
Valores pessoais relativos ao trabalho
Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência -0,285
5,273
0,081
Autopromoção 0,355 6,679
0,126
Abertura à Mudança 0,293 5,377
0,086
Conservação -0,301
4,725
0,091
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 89Relação entre Autotranscendência e cultura Adhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
181
Fig. 90Relação entre Autopromoção e cutltura Adhocrática (empresas Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 91Relação entre Abertura à Mudança e cultura Adhocrática empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 92Relação entre Conservação e cultura Adhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
182
d) Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Hierárquica - empresa Alfa
Apenas Autotranscendencia relacionou-se positivamente com a cultura Hierarquica, com
variância explicada de 4,5%. Os demais pólos tiveram relação negativa, tendo Autopromoção
uma variância explicada de 15,3%; Abertura à Mudança, 10,6%; Conservação 7% ( tabela 79;
fig. 93, 94, 95, 96).
Tabela 79 - Valores pessoais relativos ao trabalho e cultura Hierárquica – empresa Alfa
Valores pessoais relativos ao trabalho
Beta Sig Variância explicada
Autotranscendência 0,213
3,886
0,045
Autopromoção -,0392
7,090
0,153
Abertura à Mudança -0,325
5,137
0,106
Conservação -0,264
4,466
0,070
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 93Relação entre Autotranscendência e cultura Hierárquica (empresas Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
183
Fig. 94Relação entre Autopromoção e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 95Relação entre Abertura à Mudança e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
184
Fig. 96Relação entre Conservação e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
5.7.5 Tipos de personalidade e tipos de cultura- todas as empresas
a) Tipos de personalidade e cultura Clã
O tipo Pensamento Extrovertido possui beta significativo de 0,234 e explica 5% da cultura
Clã e Sentimento Introvertido possui um beta significativo e positivo (0,234) com a cultura Clã
com variância explicada de 5,3% (ver tabela 80, fig. 97, 98).
Tabela 80 - Tipos de personalidade e Cultura Clã (todas as empresas)
Tipos de Personalidade Beta Sig Variância explicada
Pensamento Extrovertido
0,234
5,876
0,055
Sentimento Introvertido -,0230
5,642
0,053
Fonte: Dados da pesquisa
185
Fig. 97Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 98 Relação entre Pensamento Extrovertido e cultura Clã (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
186
b) Tipos de personalidade e cultura Mercado
Pensamento Extrovertido e Sentimento Introvertido possuem relação negativa com cultura
Mercado, com betas significativos de -0,217 e -0,233 e variância explicada de 4,7% e5,4%
respectivamente (ver tabela 81, fig 99, 100).
Tabela 81– Tipos de personalidade e Cultura Mercado (todas as empresas)
Tipos de Personalidade Beta Sig Variância explicada
Pensamento Extrovertido
-,0217
5,216
0,047
Sentimento Introvertido -0,233
5,029
0,054
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 99Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
187
Fig. 100 –Relação entre Pensamento Extrovertido e cultura Mercado (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
c) Tipo de personalidade e cultura Adhocrática
Sentimento Extrovertido relaciona-se positivamente com a cultura Adhocrática enquando
Pensamento Introvertido possui relação negativa com esta cultura (ver tabela 82, fig.101, 102).
Tabela 82 - Tipos de personalidade e Cultura Adhocrática (todas as empresas)
Tipos de Personalidade
Beta Sig Variância explicada
Sentimento Extrovertido
0,222 5,543
0,049
Pensamento Introvertido
-0,277
6,695
0,077
Fonte: Dados da pesquisa
188
Fig. 101 - Relação entre Sentimento Extrovertido e cultura Adhocrática (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 102 – Relação entre Pensamento Introvertido e cultura Adhocrática (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
189
d) Tipos de personalidade e cultura Hierárquica
Tanto o tipo Sentimento Extrovertido quanto o Pensamento Introvertido possuem relação
negativa e significativa com a cultura hierárquica (betas -0,195 e -0,258 respectivamente) e
explicam 3,8% e 6,6% (ver tabela 83, fig. 103, 104).
Tabela 83 - Tipos de personalidade e Cultura Hierárquica (todas as empresas)
Tipos de Personalidade
Beta Sig Variância explicada
Sentimento Extrovertido
-0,195
5,198
0,038
Pensamento Introvertido
-0,258
6,695
0,066
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 103 – Relação entre Pensamento Introvertido com cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
190
Fig 104 – Relação entre Sentimento Extrovertido e cultura Hierárquica (todas as empresas)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
5.7.6 Tipos de personalidade e tipos de cultura – empresa Alfa
a) Tipo de personalidade e cultura Clã – empresa Alfa
Sentimento Introvertido relaciona-se positiva e significativamente com a cultura Clã (beta
0,341 e variância explicada de 11,6%), enquanto Pensamento Extrovertido relaciona-se negativa
e significativamente com esta cultura (beta de -0,383 e variância explicada de 14,7%) (ver tabela
84, fig. 105 e 106).
Tabela 84 - Tipos de personalidade e cultura Clã - empresa Alfa
Tipos de Personalidade Beta Sig Variância explicada
Sentimento Introvertido 0,341 6,428
0,116
Pensamento Extrovertido
-0,383
8,617
0,147
Fonte: Dados da pesquisa
191
Fig. 105 –Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig. 106 - Pensamento Extrovertido com cultura Clã (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
b) Tipo de personalidade e cultura Mercado – empresa Alfa
Sentimento Introvertido mostrou relação negativa significativa com a cultura Mercado (beta -
0276 e variância explicada de 7,6%). Pensamento Extrovertido relaciona-se positiva e
192
significamente com essa cultura (beta 0,287 e variância explicada de 8,3%) – tabela 85; fig.107 e
108.
Tabela 85 - Tipos de personalidade e cultura Mercado - empresa Alfa
Tipos de Personalidade Beta Sig Variância explicada
Sentimento Introvertido -0,276
4,359
0,076
Pensamento Extrovertido
0,287 5,287
0,083
Fonte: Dados da pesquisa
Fig 107 – Relação entre Pensamento Extrovertido e cultura Mercado (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
193
Fig 108 – Relação entre Sentimento Introvertido e cultura Mercado (Empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
c) Tipo de personalidade e cultura Adhocrática – empresa Alfa
Com relação à cultura Adhocrática, Sentimento Extrovertido teve um beta positivo e
significativo de 0,305, com variância explicada de9,3%. Por outro lado, Pensamento
Introvertido relaciona-se negativa e significamente com esta cultura, com beta -0352 e variância
explicada de 12,4% (tabela 86, fig. 109 e 110)
Tabela 86 - Tipos de personalidade e cultura Adhocrática - empresa Alfa
Tipos de Personalidade
Beta Sig Variância explicada
Sentimento Extrovertido
0,305
6,232
0,093
Pensamento Introvertido
-0,352
6,607
0,124
Fonte: Dados da pesquisa
194
Fig. 109 – Relação entre Sentimento Extrovertido com cultura Adhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
Fig.110 – Relação entre Pensamento Introvertido e cultura Adhocrática (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
195
d) Tipo de personalidade e cultura Hierárquica – empresa Alfa
O tipo Sentimento Extrovertido possui relação negativa e significativa com a cultura
Hierárquica (beta -0,314 e variância explicada de 9,9%). Pensamento Introvertido mostra relação
positivamente com a cultura Hierárquica (beta 0,337 e variância explicada de 11,4% (tabela 87;
fig. 111 e 112).
Tabela 87 - Tipos de personalidade e cultura Hierárquica - empresa Alfa
Tipos de Personalidade
Beta Sig Variância explicada
Sentimento Extrovertido
-0,314
5,815
0,099
Pensamento Introvertido
0,337 6,443
0,114
Fonte: Dados da pesquisa
Fig. 111 – Relação entre Pensamento Introvertido e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
196
Fig. 112 – Relação entre Sentimento Extrovertido e cultura Hierárquica (empresa Alfa)
Fonte: Dados da pesquisa (PLS)
197
6 . DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os construtos estudados valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho, tipos de
personalidade e tipos de cultura organizacional tiveram suas estruturas validadas, conforme
apontam as teorias subjacentes a cada um. As análises foram feitas via multidimensional scaling
para os valores básicos, para os valores pessoais relativos ao trabalho e para os tipos de cultura
organizacional. Vale ressaltar que Schwartz (1992) e Cameron e Quinn (1999) haviam usado a
mesma técnica em seus estudos de validação. Com relação aos tipos de personalidade, o presente
estudo dedicou-se à validação da escala que foi utilizada, que ela não havia sido usada no
contexto brasileiro. A validação foi feita via análise fatorial, conforme sugerem os autores da
escala (LOTHIAN, BRADY e HUNTER, 2008).
As relações estabelecidas entre os valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho
corroboram a hipótese correspondente (H
9
). Foi verificado que os pólos Conservação, Abertura à
Mudança, Autopromoção e Autotranscendência de ambos os construtos possuem relação positiva
entre si, da mesma forma que as relações de oposição entre os pólos, conforme aponta Schwartz
(1992), também foram encontradas.
O mesmo resultado foi obtido por Bilsky, Teixeira e Grad (2009) a partir de
multidimensional scaling. Embora com escalas diferentes, a relação entre valores básicos e
valores pessoais relativos ao trabalho também havia sido estudada por Ros, Schwartz e Surkiss
(1999), que também encontraram relações esperadas entre as duas variáveis, via multidimensional
scaling. No presente estudo, a estrutura foi verificada a partir da relação entre variáveis latentes –
equações estruturais.
As relações entre valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho e personalidade
também corroboraram a hipótese formulada (de H
10
a H
13
). Esses resultados são suportados pelas
idéias de Rokeach (1973), que aponta que personalidade é antecedente de valores. Por outro lado,
Kluckhohn e Murray (1967) haviam considerado que os valores teriam peso determinante na
formação da personalidade, diferentemente do que foi encontrado nesta pesquisa.
O objetivo geral do trabalho foi analisar a relação entre valores básicos, valores pessoais
relativos ao trabalho, personalidade e tipos de cultura. Primeiramente, é importante considerar
que a multicolinearidade entre as variáveis independentes apontou limites para a plena utilização
do modelo de equações estruturais, o que confirma a preocupação de Schwartz com relação à
198
utilização de valores enquanto variáveis preditoras mediante cálculo de regressões múltiplas.
Havia sido prevista a realização simultânea da relação das variáveis independentes com a variável
dependente (o que pode ser visto no diagrama da pesquisa), o que não foi possível e exigiu a
alteração do modelo original da pesquisa para relações um a um (cada variável independente com
a variável dependente).
As hipóteses de 1 a 4 referiam-se às relações entre os valores (básicos e pessoais relativos
ao trabalho) e os tipos de cultura. Essas hipóteses foram parcialmente comprovadas.
No que diz respeito aos valores básicos, as hipóteses foram comprovadas em sua grande
maioria. O pólo Autopromoção não teve a relação esperada com a cultura Hierárquica na análise
de uma empresa específica, mas quando todas foram analisadas juntas, a relação esperada
aconteceu.
Com relação aos valores pessoais relativos ao trabalho os resultados foram diferentes dos
contemplados na hipótese, principalmente no que diz respeito à analise de todas as empresas
juntas. Nesse caso, foram, inclusive, encontradas relações opostas às esperadas, conforme pode
ser visto nos resultados.
Quando a análise foi feita considerando uma empresa específica, foram obtidos alguns
resultados que corroboraram as hipóteses. O pólo de Abertura a Mudança teve as relações
esperadas com todas as culturas, Autotranscendencia teve as relações esperadas com a cultura
Hierarquia e Adhocracia.
Uma possibilidade de análise desses resultados, é que a predição dos valores pessoais
relativos ao trabalho com relação aos tipos de cultura dependa mais do contexto, do que os
valores básicos. Pode também se pensar na escala, que pode ter alta desejabilidade social, por se
tratar de uma escala de importância.
No que diz respeito aos tipos de personalidade, as relações esperadas nas hipóteses de 5 a
8 puderam ser corroboradas em sua plenitude quando foi feita a análise de uma organização
específica. Ao serem analisadas todas juntas, apenas para a cultura Adhocrática foram obtidos os
resultados esperados.
Esse resultado leva à hipótese de que personalidade é preditora de tipos de cultura apenas
dentro de um contexto organizacional especifico.
199
Para analisar a predominância de tipos de cultura, dos valores e dos tipos de personalidade
em cada empresa estudada, procedeu-se à análise de postos e foi percebido que todas têm
Mercado como cultura predominante e Adhocracia como menos percebida; Autotranscendencia
como pólo de valores predominante e Autopromoção como menos percebida (tanto para valores
básicos quanto para valores pessoais relativos ao trabalho); Pensamento Extrovertido como tipo
de personalidade predominante e Sentimento Extrovertido como o tipo menos percebido.
No entanto, não se pode afirmar que as empresas sejam percebidas igualmente em termos
do seu tipo de cultura dominante, na medida em que o teste Anova mostrou que existem
diferenças na percepção das empresas quanto a cada tipo de cultura.
Um exemplo disso é que a empresa Delta é mais vista como Clã quando comparada com
as demais. A empresa Beta é vista como mais Mercado do que a Delta. A Alfa é mais percebida
como Adhocrática do que a Beta e a Delta e a Beta são mais percebidas como Hierárquicas do
que a Alfa.
Embora aparentemente com o mesmo perfil, o teste Anova permitiu identificar que
existem especificidades quanto à intensidade com que são percebidos os tipos de cultura que
formam o seu perfil, fazendo com que se diferenciem entre si.
Outro aspecto a ser levantado sobre esses resultados é que, embora exista relação entre
autopercepção de valores pessoais e percepção de tipos de cultura quando analisadas no nível
individual, ao se analisar o perfil cultural geral da organização não foi possível encontrar
equivalência hierárquica analisando a ordenação dos postos obtidos. Empresas que são
percebidas como predominantemente Mercado, apresentaram predominância de valores de
Autotranscendência (tanto em valores básicos quanto em valores pessoais relativos ao trabalho).
Foi encontrada equivalência apenas para tipo de personalidade domintante e tipo de cultura -
Pensamento Extrovertido e cultura Mercado. Jung (1963) considera que o que indivíduo
reconhece mais facilmente em si é a persona, que se refere não à individualidade, mas a uma
função de adaptação que todos os indivíduos têm para se relacionarem de maneira adequada com
o que eles percebem ser as exigências do meio em que vivem e com que são suas próprias
expectativas sociais. Uma possibilidade de análise é que o instrumento usado meça a persona e
não a personalidade individual dos respondentes.
Outro aspecto a ser considerado na análise dos postos é a diferença entre eles. Pode-se
perceber que a cultura Mercado se diferenciou de maneira significativa das demais. Estar atento
200
não apenas aos postos em si, mas à significância das diferenças entre eles, faz com que o
pesquisador seja mais preciso em suas análises e conclusões, já que a diferenciação obtida pelo
cálculo dos postos pode ser apenas aparente.
Embora este não fosse o foco principal da pesquisa, buscou-se identificar possíveis
relações entre as percepções dos fatores pessoais, de tipos de cultura e as variáveis demográficas.
Os resultados dos testes Anova e T mostraram que a autopercepção de valores e personalidade
varia de acordo com algumas das características demográficas.
Os achados referentes às diferenças de autopercepção dos valores pessoais com relação à
escolaridade e à idade foram compatíveis com as pesquisas de Porto e Tamayo (2005). Na
presente pesquisa, percebeu-se que pessoas com menor nível de escolaridade tendem a se
perceber mais Autotranscendentes e que pessoas com maior nível de escolaridade tendem a ser
perceber mais no pólo de Autopromoção.
No que diz respeito à idade, foi observado que a percepção de Conservação aumenta com
a idade e a de Autopromoção e Abertura a Mudança diminuem. Esses resultados são compatíveis
com os estudos de Porto e Tamayo (2005).
Quanto ao gênero, foi visto que homens tendem a se perceber mais no pólo
Autopromoção do que as mulheres, como comentam Dio Saragovi e Koestner (1996) e Tamayo
(1997). No entanto, mulheres terem tido média maior do que os homens em Abertura à Mudança,
é um dado oposto ao relatado por Tamayo (2007), o que sugere que mais pesquisas devem ser
feitas sobre esse tema.
Um aspecto que se observou é que, em valores pessoais relativos ao trabalho, não
diferença entre os gêneros, o que confirma as idéias de Sagie Elizur e Koslowsky (1996), ao
mostrarem que pesquisas apontam que as diferenças entre os sexos podem estar diminuindo
devido à participação maior das mulheres no mercado de trabalho.
Com relação aos tipos de personalidade, pôde-se perceber que existe menor variação com
relação às características demográficas (cargo, área e idade não variaram). Por outro lado, gênero
variou, que homens mostraram ser mais Sensação Extrovertida e mais Sentimento
Extrovertido. Com relação a esse último tipo, Jung (1963) comenta ter encontrado o oposto
(mulheres tendem a ser mais Sentimento Extrovertido). Uma possível razão é o contexto histórico
de Jung, que descreveu os tipos em 1921. Na atualidade as mulheres têm uma participação
diferente na sociedade e no mercado de trabalho da percebida na década de 20.
201
O tempo de casa mostrou-se um fator que diferencia as percepções sobre tipos de
personalidade. Pessoas com menos de 3 anos de empresa tenderam a pontuar mais no tipo
Sentimento Extrovertido. Pode ser que pessoas mais expansivas e voltadas para o meio busquem
mais novidades, e não fiquem tanto tempo nas mesmas organizações. Novas pesquisas poderiam
ser feitas para corroborar este resultados.
Outra diferença percebida foi com relação ao grau de escolaridade, principalmente nos
tipos Introvertidos. Não se achou uma tendência gica para estes resultados. Portanto, mais
pesquisas poderiam ser feitas para melhor entender essas relações, que não foram encontradas
na literatura bases para comparação.
Os testes Anova e T para percepção de tipos de cultura mostrou diferença de acordo com
cargo (cargos mais baixos tendem a ver empresa mais Adhocrática e mais Clã) e com a área
(pessoas de áreas comercial e marketing percebem a empresa mais Mercado, enquanto pessoas de
áreas administrativa e manutenção percebem mais Clã). As variáveis gênero e tempo de casa
mostraram diferença com relação à percepção da cultura Adhocrática (mulheres identificam mais
esta cultura e pessoas com menos de 3 anos de casa também).
Esses resultados mostram que nos estudos sobre percepção de tipos de cultura
organizacional, características demográficas devem ser levadas em consideração.
202
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa atingiu seu objetivo geral, que era o de identificar a relação existente entre
valores básicos, valores pessoais relativos ao trabalho, personalidade e tipos de cultura
organizacional percebidos. Os objetivos específicos também foram contemplados nos resultados
obtidos, na medida em que foi possível analisar as relações ali propostas.
As hipóteses referentes às relações entre valores básicos e tipos de cultura foram, em sua
grande parte, corroboradas, tanto nas análises gerais (com todas as empresas juntas) quanto na
análise de uma empresa específica. Este resultado sugere o poder preditivo de valores básicos
com relação à cultura percebida, independentemente do contexto.
As hipóteses referentes a valores pessoais relativos ao trabalho e tipos de cultura
percebidos não foram corroboradas, sugerindo que essas relações dependem do contexto, que
os resultados para uma empresa especifica aproximaram-se mais das hipóteses propostas. Novas
pesquisas podem ser feitas para verificar se em outros contextos, como outros segmentos, as
relações poderiam ser encontradas.
É possível também pensar nas limitações do instrumento utilizado a escala de valores
pessoais relativos ao trabalho de Teixeira e Grad (2009). Das escalas utilizadas, esta foi a que
menos diferenciou as médias no teste de Friedman. O fato de ser uma escala de importância pode
aumentar sua desejabilidade social. Sugere-se que outras pesquisas sejam feitas usando a referida
escala, alterando a denominação dos postos de forma a permitir uma avaliação indireta, visando
diminuir a desejabilidade social.
Com relação aos tipos de personalidade e aos tipos de cultura, os resultados obtidos foram
adequados quando as relações foram feitas para uma empresa especifica. Isso sugere que
personalidade pode ser preditora de perfis de cultura quando contextualizada, não sendo possível
estabelecer uma generalização desses resultados para qualquer organização.
Dessa forma, pode-se dizer que foram encontrados resultados que apontam para poder
preditivo dos fatores pessoais, mas para valores pessoais relativos ao trabalho e personalidade
esse poder depende do contexto e para valores básicos independe do mesmo, embora a variância
explicada dos tipos de cultura organizacional, considerando o contexto da empresa Alfa, tenha
tendido a ser maior do que quando o contexto foi desconsiderado, isto é, quando os dados foram
tratados reunindo todas as empresas. Estes resultados sugerem que o contexto - o tipo de
203
organização - pode atuar como uma variável moderadora na relação entre valores e tipos de
cultura. O contexto a que nos referimos, diz respeito a características da empresa, que precisam
ser identificadas, como por exemplo, o ramo ao qual a empresa pertence, o número de
empregados, entre outros. Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas para investigar essa
relação. Tendo em vista as concepções de Schneider (1987), de que as pessoas fazem o lugar,
pode-se dizer que os resultados desta pesquisa mostraram haver essa relação, que o poder
preditivo de fatores pessoais com relação à cultura organizacional foi constatado.
Com referência às análises de perfis culturais e perfis pessoais predominantes, o teste
Friedman traz um olhar acurado sobre a forma de se analisar perfis. Sem o seu emprego, corre-se
o risco de haver um equívoco na análise do perfil, assumindo-se uma hierarquia aparente entre os
postos, uma vez que as diferenças podem não ser significativas.
Outro aspecto relevante que se percebeu com o teste Friedman e os perfis de cultura
percebidos é que os respondentes discriminaram uma cultura em relação às demais, mas não
todas as culturas entre si a escala utilizada permitiu a diferenciação da cultura predominante
com maior freqüência do que as demais.
Cameron e Quinn (1999) comentam que a escala do OCAI na forma normativa discrimina
menos os tipos de cultura do que a escala ipsativa. No entanto, não foram encontrados dados na
literatura que abordassem a diferença significativa entre os postos identificados pelas escalas
ipsativas. Pode-se considerar, portanto, que além da escala OCAI usada na forma normativa
refletir o modelo teórico proposto por Cameron e Quinn (1999), ela também apresenta poder
discriminante dos tipos de cultura organizacional.
A pesquisa tinha inicialmente o propósito de estudar quatro organizações separadamente,
mas não se obteve o número de respondentes adequado para que se procedesse às análises de
cada organização a partir do modelo de equações estruturais. Com isso, optou-se por realizar as
análises de todas as empresas juntas e de realizar as análises por empresa apenas com aquela que
representou a maior amostra.
A amostra foi do tipo não-probabilística, o que faz com que os resultados não sejam
passíveis de generalização.
A validação realizada para a escala Insights Discovery New Generation foi feita seguindo-
se os procedimentos de validação empregados na escala original. No entanto, é necessário
desenvolver outras pesquisas para analisar se a escala reflete a estrutura teórica proposta por Jung
204
A multicolinearidade entre as variáveis também se constituiu num limite, pois não foi
possível testar o modelo preditivo conforme havia sido previsto.
Os resultados obtidos mostraram-se relevantes tendo em vista contribuir com a geração do
conhecimento sobre fatores individuais, como os valores e a personalidade, e sua relação com a
cultura organizacional.
205
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212
Apêndice 1 Itens das escalas e seus tipos correspondentes
Itens da escala Insights Discovery New Generation
Tipos de personalidade Itens
Pensamento Introvertido (PI) 07, 16, 34, 37, 38, 43, 44, 53, 57
Pensamento Extrovertido (PE)
11, 12, 21, 26, 55, 58, 64, 74, 77
Sentimento Introvertido (SE) 05, 17, 18, 27, 39, 49, 63, 65, 73
Sentimento Extrovertido (SI) 02, 10, 22, 35, 41, 50, 69, 75, 78
Sensaçao Introvertida (SeI) 06, 19, 28, 32, 45, 47, 56, 59, 80
Sensaçao Extrovertida (SeE) 01, 20, 24, 29, 30, 46, 48, 60, 79
Intuiçao Introvertida (InI) 03, 04, 09, 13, 31, 33, 52, 68, 76
Intuiçao Extrovertida (InE) 08, 15, 25, 36, 42, 51, 62, 67, 71
Fonte: elaborada pela autora
Itens da escala de valores básicos
Pólos – Valores básicos Itens
Autotranscendência (AT) 3, 8, 12, 18, 19, 23, 27, 29, 33, 40
Autopromoção (AP) 2, 4, 13, 17, 24, 32, 39
Conservação (CO) 5, 7, 9, 14, 16, 20, 21, 25, 28, 31, 35, 36, 38
Abertura à Mudança (AM)
1, 6, 10, 11, 15, 22, 26, 30, 34, 37
Fonte: elaborado pela autora
Itens da escala de valores pessoais relativos ao trabalho
Pólos – Valores pessoais relativos ao trabalho
Itens
Autotranscendência (AT) 1, 7, 8, 18, 19
Autopromoção (AP) 2, 10, 11, 21
Conservação (CO) 3, 5, 12, 13, 15, 16
Abertura à Mudança (AM) 4, 6, 9, 14, 17, 20
Fonte: elaborada pela autora
213
Itens da escala de Tipos de Cultura
Tipos de Cultura
Itens
Cla 1a, 2a, 3a, 4a, 5a, 6a
Mercado 1c, 2c, 3c, 4c, 5c, 6c
Adhocracia 1b, 2b, 3b, 4b, 5b, 6b
Hierarquia 1d, 2d, 3d, 4d, 5d, 6d
Fonte: elaborada pela autora
214
Apêndice 2 Carta convite enviada às empresas para participaçao na pesquisa
São Paulo, x de x de 2009
Prezada Sra
Conhecer a cultura de uma organização tem se mostrado importante para que as práticas
organizacionais referentes à gestão de pessoas e ao aumento da vantagem competitiva sejam mais
eficientes.
Tendo em vista a complexidade da cultura organizacional, tanto no que diz respeito ao conceito,
quanto em termos de suas variáveis e manifestações, conhecê-la mais profundamente também se torna um
desafio para as organizações.
Este estudo faz parte da minha dissertação de mestrado em Administração de Empresas, na
Universidade Presbiteriana Mackenzie e tem como objetivo mapear aspectos da cultura organizacional a
partir do conhecimento do perfil das pessoas que compõem a organização. Conhecer as pessoas,
nesta pesquisa, significa compreender seu tipo de personalidade, seus valores pessoais e seus valores
relativos ao trabalho. O estudo relacionará essas variáveis com o tipo de cultura por elas percebido. O
nome da organização será mantido em sigilo.
Como agradecimento pela participação na pesquisa, disponibilizaremos os resultados como um
todo e especificamente os dados levantados sobre esta organização. Será entregue a cada participante um
relatório pessoal com informações sobre seu tipo psicológico (Insights Discovery) e um diagnóstico de
seus valores pessoais e seus valores relativos ao trabalho.
O público alvo da pesquisa são profissionais ocupantes de cargos de gestão (gerentes, diretores e
presidente) e pessoas que tenham ao menos 3 anos de tempo de casa.
Os participantes receberão um link para acessar uma webpage, em que responderão alguns
questionários online.
Aguardamos o seu retorno e agradecemos pela atenção,
Assinaturas (mestranda, orientadora e coordenadora da pós-graduação stritu sensu)
215
Apêndice 3 – Carta enviada pelas empresas participantes da pesquisa aos funcionários
São Paulo, x de x de 2009
Prezado colaborador,
Conhecer a cultura de uma organização tem se mostrado importante para que as práticas
organizacionais referentes à gestão de pessoas e ao aumento da vantagem competitiva sejam mais
eficientes.
Pensando nisso, a (nome da empresa) participará de uma pesquisa sobre Cultura Organizacional,
que está sendo desenvolvida em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A sua contribuição será fundamental para o sucesso desta pesquisa.
Os participantes deverão acessar e responder alguns questionários online. As instruções sobre o
preenchimento e os questionários estarão disponíveis no site:
http://www.research.surveypark.co.uk/uc/fl
Você terá a opção de respondê-los de uma só vez ou em etapas, conforme sua disponibilidade. É
de suma importância que todos os questionários sejam respondidos para que o resultado da
pesquisa seja viabilizado.
Como agradecimento, os resultados individuais dos questionários serão disponibilizados a cada
participante, além do diagnóstico da cultura de nossa organização.
Todos deverão responder os questionários até o dia 30 de setembro. Qualquer problema de acesso
ao sistema favor procurar a área de Recursos Humanos.
Atenciosamente,
__________
216
Apêndice 4 Declaração de Privacidade
O Insights Learning & Development Ltd. valoriza a sua privacidade. Este website não usará suas
informações pessoais, exceto com o seu consentimento. Ao se registrar e responder a qualquer
questão pessoal em nosso website (por exemplo seu nome e email), seus dados permanecerão em
poder do Insights Learning & Development Ltd. e em nenhum caso essas informações serão
divulgadas a terceiros. Seu consentimento é totalmente voluntário e pode ser revogado a qualquer
momento. Se desejar mais informações a respeito, estaremos a sua inteira disposição no email:
Leis sobre Proteção de Dados Pessoais
O Insights cumpre com todas as leis européias e do Reino Unido de proteção de dados. Você
pode ler mais sobre essas leis no site do United Kingdom Information Comnissioner.
Como usamos os dados
Os dados compilados através desta página da web serão usados unicamente com fins científicos e
orientados à pesquisa e não será entregue em nenhum caso a terceiros. Se desejar informações
adicionais, leia a página correpondente no Registro Público de Proteção de Dados dos
Controladores de Dados do Reino Unido.
Políticas sobre privacidade
Esta página foi gerada mediante um provedor online de software de informática, o Globalpark
GmbH. Globalpark garante a privacidade e segurança desta página em cumprimento das leis
européias e do Reino Unido sobre a proteção de dados pessoais. Se desejar informação
adicionais, visite a página do Centro de dados e segurança da Globalpark: .
Nossa política de não participação
Se prefere não participar da pesquisa sobre Perfis de Cultura Organizacional, por favor, envie um
email para [email protected].
Li a Declaração de Privacidade e desejo continuar participando da pesquisa sobre Perfis de
Cultura Organizacional
Aceito Não aceito
217
Apêndice 5 Correlações bivariadas
Valores básicos e valores pessoais relativos ao trabalho
VPAutotransce
ndencia_central
VPConservação
_Centralizada
VPAutopromoçã
o_central
VPAberturaamu
dança_central
VTAutotranscendência_centr
al
Correlation Coefficient ,428
**
,205
**
-,425
**
-,156
**
Sig. (2-tailed) ,000
,000
,000
,005
N 315
315
315
315
VTConservação_central Correlation Coefficient ,063
,408
**
-,280
**
-,283
**
Sig. (2-tailed) ,265
,000
,000
,000
N 315
315
315
315
VTAutopromoção_central Correlation Coefficient -,263
**
-,379
**
,542
**
,135
*
Sig. (2-tailed) ,000
,000
,000
,016
N 315
315
315
315
VTAbertMudança_central Correlation Coefficient -,221
**
-,283
**
,180
**
,350
**
Sig. (2-tailed) ,000
,000
,001
,000
N 315
315
315
315
*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
Valores pessoais e tipos de personalidade
VPAutotransce
ndencia_central
VPConservação
_Centralizada
VPAutopromoçã
o_central
VPAberturaamu
dança_central
IFncentral Correlation Coefficient ,330
**
,179
**
-,296
**
-,192
**
Sig. (2-tailed) ,000
,001
,000
,001
N 315
315
315
315
ITncentral Correlation Coefficient ,043
,323
**
-,195
**
-,301
**
Sig. (2-tailed) ,446
,000
,001
,000
N 315
315
315
315
ETncentral Correlation Coefficient -,238
**
-,109
,181
**
,134
*
Sig. (2-tailed) ,000
,054
,001
,017
N 315
315
315
315
EFncentral Correlation Coefficient -,065
-,279
**
,177
**
,190
**
Sig. (2-tailed) ,247
,000
,002
,001
N 315
315
315
315
*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
218
Valores pessoais relativos ao trabalho e tipos de personalidade
IFncentral ITncentral ETncentral EFncentral
VTAutotranscendência_centr
al
Correlation Coefficient ,278
**
,042
-,091
,007
Sig. (2-tailed) ,000
,457
,106
,903
N 315
315
315
315
VTConservação_central Correlation Coefficient ,117
*
,300
**
-,091
-,205
**
Sig. (2-tailed) ,038
,000
,108
,000
N 315
315
315
315
VTAutopromoção_central Correlation Coefficient -,156
**
-,094
,139
*
,185
**
Sig. (2-tailed) ,005
,097
,014
,001
N 315
315
315
315
VTAbertMudança_central Correlation Coefficient -,219
**
-,279
**
,075
,028
Sig. (2-tailed) ,000
,000
,182
,617
N 315
315
315
315
*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
219
EXEMPLO
Anexo A Questionário Insights Discovery - IDNG
Instruções
Nas próximas páginas, por favor, expresse sua preferência de acordo com uma escala de sete
pontos, que vai de "nunca" a "sempre". As opções devem ser vistas como guias e as definições ali
expressas não devem ser tidas como literais.
Por favor, posicione-se de acordo com suas preferências naturais para cada item, considerando
sua vida como um todo e não exclusivamente o trabalho. Selecione a opção que seja mais
apropriada Por favor, note que é mais aconselhável usar sua primeira impressão.
00. Considero fácil compartilhar meus sentimentos com os outros
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
01. Tendo a me perder em meus próprios pensamentos
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
02. Gosto de excitação por causa da sensação que experimento
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
03. Meu estilo é um tanto caótico
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
04. Prefiro que tudo fique no seu devido lugar
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
220
05. Consigo apreciar igualmente o ponto de vista de cada pessoa
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
06. Posso facilmente lembrar como reagi a situações que ocorreram há muito tempo
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
07. Mantenho minhas emoções firmemente controladas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
08. Invisto meu tempo refletindo sobre idéias intrigantes
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
09. Gosto de manter tudo no seu devido lugar para saber onde tudo está
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
10. Tenho uma forte necessidade de influenciar o estado emocional do grupo
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
11. Persigo o que quero até conseguir
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
221
12. Responsabilizo-me pelas minhas tarefas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
13. Tendo a deixar os projetos inacabados
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
14. Acredito ser uma pessoa lógica
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
15. Gosto de construir novas teorias relacionando as idéias existentes em diferentes áreas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
16. Tenho tendência a ser cuidadoso quanto a ir além dos fatos
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
17. Uso afeto e gentileza para atingir meus objetivos
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
222
18. Gosto de aceitar as pessoas como elas são
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
19. Tendo a absover tudo ao meu redor
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
20. Acho importante sonhar acordado
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
21. Afirmo minha independência através da ação
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
22. Considero fácil conversar com as pessoas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
23. Busco informações nos mínimos detalhes
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
24. Pergunto-me o que as outras pessoas estão pensando
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
223
25. Gosto de passar o tempo pensando sobre o que é possível
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
26. Prefiro tomar minhas próprias decisões a seguir o direcionamento dos outros
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
27. Ao estabelecer relacionamentos, procedo de modo a atender as necessidades dos outros
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
28. Sou como uma câmera que lembra todos os detalhes
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
29. Busco por um significado maior em minha vida
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
30. Gosto de imaginar o mundo vivendo em paz
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
31. Mantenho meu ambiente de trabalho perfeitamente organizado e arrumado
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
224
32. Lembro-me rapidamente de fatos que se relacionam
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
33. Gosto de deixar tudo bem arrumado
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
34. Geralmente junto os fatos, sistemas e processos conhecidos e verificáveis
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
35. Gosto de ser o centro das atenções
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
36. Tenho grande desejo de aprender
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
37. Prefiro não me apressar para tomar decisões e considerar todas as opções
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
38. Acredito que seja possível alcançar uma resolução puramente racional
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
225
39. Tento encontrar soluções que beneficiem tantas pessoas quanto for possível
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
40. Acredito que tudo acontece por alguma razão
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
41. Sou alegre, festivo e animado
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
42. É importante para mim desafiar minhas próprias idéias através de discussões intelectuais
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
43. Prefiro saber todos os fatos antes de discutir um assunto com os outros
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
44. Meus sentimentos são irrelevantes para a tarefa em andamento
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
45. Percebo como as pessoas reagem
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
226
46. A forma como experimento os acontecimentos é moldada pela importância deles para mim
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
47. Posso relembrar o que as pessoas estavam vestindo seis meses atrás
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
48. Acredito em conexões espirituais e profundas com outras pessoas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
49. Sou sensível às necessidades dos outros
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
50. Consigo me envolver com grandes grupos de pessoas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
51. Gosto de ser mentalmente estimulado
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
227
52. Para me sentir fisicamente conectado com o ambiente, eu preciso colocar ordem nas coisas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
53. Sou bem cauteloso
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
54. Sou comprometido com meus valores
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
55. Tenho uma vontade forte que me impulsiona
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
56. Consigo, pronta e precisamente, lembrar palavras e fatos específicos de conversas anteriores
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
57. Quando abordo um problema complexo, sigo um modelo padrão de pensamento para
compreender a situação
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
228
58. Sou capaz de adotar uma postura firme e inflexível quando a situação exige
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
59. Rapidamente percebo mudanças à minha volta
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
60. Minhas emoções influenciam meus julgamentos
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
61. Chorar alivia minha tensão
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
62. Gosto de preferir soluções inovadoras às já estabelecidas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
63. Gosto de ajudar os outros
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
229
64. Sou direto e sem rodeios
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
65. Sou paciente com as pessoas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
66. Uso a cabeça para tomar decisões importantes
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
67. Gosto de explorar conceitos e significados abstratos
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
68. Tenho uma tendência a perder coisas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
69. Numa multidão, gosto de me enturmar
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
70. Considero fácil me concentrar quando essa atenção é necessária
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
230
71. Novas possibilidades me ajudam a alcançar um resultado ótimo
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
72. Considero difícil descrever minhas idéias para os outros
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
73. Acredito que é importante apoiar amigos e colegas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
74. Gosto de conhecer pessoas novas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
75. Gosto de conhecer pessoas novas
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
76. Valorizo minhas eficientes habilidades de organização
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
77. Minha atitude direta impulsiona as pessoas a fazerem as coisas acontecerem rapidamente
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
231
78. Fico empolgado quando tenho a oportunidade de me juntar com os outros em seus planos
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
79. Observo minhas reações às conversas, mais do que as conversas propriamente
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
80. Tenho uma grande consciência sobre o que está acontecendo à minha volta
Nunca Raramente
Ocasional-
mente
Algumas
vezes
Frequente-
mente
Na maior
parte das
vezes
Sempre
232
Anexo B Escala de valores pessoais – PQ
Este estudo trata da importância dos valores individuais. Conforme a nossa compreensão, valores o princípios que guiam a vida das pessoas. Nós estamos
particularmente interessados em saber quais valores são mais ou menos importantes para você como princípios centrais em sua vida.
INSTRUÇÕES
Descrevemos resumidamente a seguir algumas pessoas. Leia cada descrição e avalie o quanto cada uma dessas pessoas é semelhante a você. Assinale com
um “X” a opção que indica o quanto a pessoa descrita se parece com você.
Quanto esta pessoa se parece com você?
Parece
muito
comigo
Parece
comigo
Parece mais
ou menos
comigo
Parece pouco
comigo
Não parece
nada comigo
1) Pensar em novas idéias e ser criativa é importante para ela. Ela gosta de fazer coisas de maneira própria e
original.
2) Ser rica é importante para ela. Ela quer ter muito dinheiro e possuir coisas caras.
3) Ela acredita que é importante que todas as pessoas do mundo sejam tratadas com igualdade. Ela acredita que
todos deveriam ter oportunidades iguais na vida.
4) É muito importante para ela demonstrar suas habilidades. Ela quer que as pessoas admirem o que ela faz.
5) É importante para ela viver em um ambiente seguro. Ela evita qualquer coisa que possa colocar sua segurança
em perigo.
6) Ela acha que é importante fazer várias coisas diferentes na vida. Ela sempre procura novas coisas para
experimentar.
7) Ela acredita que as pessoas deveriam fazer o que lhes é ordenado. Ela acredita que as pessoas deveriam sempre
seguir as regras, mesmo quando ninguém está observando.
8) É importante para ela ouvir as pessoas que são diferentes dela. Mesmo quando não concorda com elas, ainda
quer entendê-las.
9) Ela acha que é importante não querer mais do que se tem. Ela acredita que as pessoas deveriam estar satisfeitas
com o que têm.
233
10) Ela procura todas as oportunidades para se divertir. É importante para ela fazer coisas que lhe dão prazer.
11) É importante para ela tomar suas próprias decisões sobre o que faz. Ela gosta de ser livre para planejar e
escolher suas atividades.
Quanto esta pessoa se parece com você?
Parece
muito
comigo
Parece
comigo
Parece mais
ou menos
comigo
Parece
pouco
comigo
Não parece
nada comigo
12) É muito importante para ela ajudar as pessoas ao seu redor. Ela quer cuidar do bem-estar delas.
13) Ser muito bem-sucedida é importante para ela. Ela gosta de impressionar as demais pessoas.
14) A segurança de seu país é muito importante para ela. Ela acha que o governo deve estar atento a ameaças de
origem interna ou externa.
15) Ela gosta de se arriscar. Ela está sempre procurando aventuras.
16) É importante para ela se comportar sempre corretamente. Ela quer evitar fazer qualquer coisa que as pessoas
possam achar errado.
17) É importante para ela estar no comando e dizer aos demais o que fazer. Ela quer que as pessoas façam o que
manda.
18) É importante para ela ser fiel a seus amigos. Ela quer se dedicar às pessoas próximas de si.
19) Ela acredita firmemente que as pessoas deveriam preservar a natureza. Cuidar do meio ambiente é importante
para ela.
20) Ser religiosa é importante para ela. Ela se esforça para seguir suas crenças religiosas.
21) É importante para ela que as coisas estejam organizadas e limpas. Ela realmente não gosta que as coisas
estejam bagunçadas.
22) Ela acha que é importante demonstrar interesse pelas coisas. Ela gosta de ser curiosa e tentar entender todos os
tipos de coisas.
23) Ela acredita que todas as pessoas do mundo deveriam viver em harmonia. Promover a paz entre todos os
grupos no mundo é importante para ela.
24) Ela acha que é importante ser ambiciosa. Ela quer demonstrar o quanto é capaz.
25) Ela acha que é melhor fazer as coisas de maneira tradicional. É importante para ela manter os costumes que
aprendeu.
26) Aproveitar os prazeres da vida é importante para ela. Ela gosta de se mimar.
234
27) É importante para ela entender às necessidades dos outros. Ela tenta apoiar aqueles que conhece.
28) Ela acredita que deve sempre respeitar seus pais e os mais velhos. É importante para ela ser obediente.
29) Ela quer que todos sejam tratados de maneira justa, mesmo aqueles que não conhece. É importante para ela
proteger os mais fracos na sociedade.
30) Ela gosta de surpresas. É importante para ela ter uma vida emocionante.
31) Ela se esforça para não ficar doente. Estar saudável é muito importante para ela.
32) Progredir na vida é importante para ela. Ela se empenha em fazer melhor que os outros.
33) Perdoar as pessoas que a magoaram é importante para ela. Ela tenta ver o que de bom nelas e não ter
rancor.
34) É importante para ela ser independente. Ela gosta de contar com si própria.
35) Contar com um governo estável é importante para ela. Ela se preocupa com a preservação da ordem social.
36) É importante para ela ser sempre educada com os outros. Ela tenta nunca incomodar ou irritar os outros.
37) Ela realmente quer aproveitar a vida. Se divertir é muito importante para ela.
38) É importante para ela ser humilde e modesta. Ela tenta não chamar atenção para si.
39) Ela sempre quer ser aquela a tomar decisões. Ela gosta de liderar.
40) É importante para ela se adaptar à natureza e se encaixar nela. Ela acredita que as pessoas não deveriam
modificar a natureza.
235
Anexo C Escala de Valores Pessoais relativos ao trabalho
Nesta parte, você deve perguntar a si próprio: O que e importante para mim no trabalho?. As respostas
a essa pergunta constituem os valores relativos ao trabalho. A seguir, há uma lista de valores do trabalho.
Pedimos sua colaboração para avaliar quão importante cada valor é para você como um principio
orientador em sua vida no trabalho, marcando a opção que melhor indique a sua opinião. Use a escala
de avaliação abaixo:
COMO PRINCÍPIO ORIENTADOR EM MINHA VIDA NO TRABALHO, esse valor é:
1 2 3 4 5
Nada
importante
Pouco
importante
Importante Muito
importante
Extremamente
importante
(NI) (PI) (I) (MI) (EI)
Quanto maior o número (1, 2, 3, 4, 5), mais importante é o valor como um princípio orientador em sua vida
no trabalho. Tente diferenciar, tanto quanto possível, os valores entre si, usando para isso todos os
números. Evidentemente, você poderá repetir os números em suas respostas.
PRINCIPIO ORIENTADOR EM MINHA VIDA NO TRABALHO
PRINCIPIO ORIENTADOR EM MINHA VIDA NO TRABALHOPRINCIPIO ORIENTADOR EM MINHA VIDA NO TRABALHO
PRINCIPIO ORIENTADOR EM MINHA VIDA NO TRABALHO
NI
PI
I
MI
EI
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
Compromisso da empresa com o desenvolvimento
sustentável
(1) (2) (3) (4) (5)
Desenvolver novas competências
(1) (2) (3) (4) (5)
Horário fixo de trabalho
(1) (2) (3) (4) (5)
Autonomia para estabelecer a forma de realizar do trabalho
(1) (2) (3) (4) (5)
Tradição das políticas de atuação da empresa
(1) (2) (3) (4) (5)
Conhecer novos lugares
(1) (2) (3) (4) (5)
Trabalhar em equipe
(1) (2) (3) (4) (5)
Ser útil à sociedade
(1) (2) (3) (4) (5)
Liberdade para tomar decisões
(1) (2) (3) (4) (5)
Gerenciar pessoas
(1) (2) (3) (4) (5)
Obter posição de destaque
(1) (2) (3) (4) (5)
Condições de trabalho saudáveis
(1) (2) (3) (4) (5)
236
Diretrizes claras para a realização do trabalho
(1) (2) (3) (4) (5)
Realizar um trabalho interessante
(1) (2) (3) (4) (5)
Sustentar-me financeiramente
(1) (2) (3) (4) (5)
Respeitar os superiores hierárquicos
(1) (2) (3) (4) (5)
Sentir prazer em realizar o trabalho
(1) (2) (3) (4) (5)
Ajudar os outros
(1) (2) (3) (4) (5)
Combater injustiças sociais
(1) (2) (3) (4) (5)
Oportunidade para criar e inovar
(1) (2) (3) (4) (5)
Demonstrar minhas competências
(1) (2) (3) (4) (5)
237
Anexo D – Questionário de Perfis de Cultura Organizacional (OCAI)
Ao responder este questionário, pense na organização, em que você trabalha, como um todo.
Descrevemos, a seguir, algumas organizações. Leia cada descrição e avalie o quanto essas organizações
são semelhantes àquela na qual você trabalha. Assinale com um X a opção que indica o quanto as
organizações descritas se parecem com a sua.
Quanto esta organização aqui descrita se parece com aquela na qual você trabalha?
1 Características Dominantes
É muito
parecida com a
minha
organização
É parecida
com minha
organização
É mais ou
menos parecida
com minha
organização
É pouco
parecida
com minha
organização
Não se parece
com minha
organização
Não se parece
em nada com
minha
organização
A
A organização é um lugar muito
pessoal. É como uma extensão
da família. As pessoas parecem
compartilhar muito de si.
B
A organização é
um lugar muito
dinâmico e empreendedor. As
pessoas têm disposição para se
expor e correr riscos.
C
A organização é bastante
orientada aos resultados. Uma
das principais preocupações é
ter o trabalho concluído. As
pessoas são muito competitivas
e orientadas para a realização.
D
A organização é um lugar muito
controlado e estruturado.
Procedimentos formais
geralmente governam o que as
pessoas fazem.
238
Quanto esta organização aqui descrita se parece com aquela na qual você trabalha?
2 Liderança organizacional
É muito
parecida com a
minha
organização
É parecida
com minha
organização
É mais ou
menos parecida
com minha
organização
É pouco
parecida
com minha
organização
Não se parece
com minha
organização
Não se parece
em nada com
minha
organização
A
A liderança na organização
geralmente é considerada um
exemplo de orientação,
facilitação ou apoio.
B
A liderança na organização
geralmente é considerada um
exemplo de empreendedorismo,
inovação ou de assumir de
riscos.
C
A lidera
nça na organização
geralmente é considerada um
exemplo de foco direcionado,
orientado aos resultados, e
agressivo.
D
A liderança na organização
geralmente é considerada um
exemplo de coordenação,
organização, ou de eficiência
operacional estável.
Quanto esta organização aqui descrita se parece com aquela na qual você trabalha?
3 Gerenciamento de Pessoas
É muito
parecida com a
minha
organização
É parecida
com minha
organização
É mais ou
menos parecida
com minha
organização
É pouco
parecida
com minha
organização
Não se parece
com minha
organização
Não se parece
em nada com
minha
organização
A
O estilo gerencial na
organização é caracterizado por
trabalho em equipe, consenso e
participação.
B
O estilo gerencial na
organização é caracterizado por
tomada de riscos individuais,
inovação, liberdade e
originalidade.
C
O estilo gerencial na
organização é caracterizado por
uma forte competitividade,
elevado vel de exigência e de
realização.
D
O estilo gerencial na
organização é caracterizado por
segurança no emprego,
conformidade, previsibilidade e
estabilidade nos
relacionamentos.
239
Quanto esta organização aqui descrita se parece com aquela na qual você trabalha?
4 Coesão Organizacional
É muito
parecida com a
minha
organização
É parecida
com minha
organização
É mais ou
menos parecida
com minha
organização
É pouco
parecida
com minha
organização
Não se parece
com minha
organização
Não se parece
em nada com
minha
organização
A
O que mantém a organização
unida é a lealdade e confiança
mútua. O comprometimento
com a organização é muito
valorizado.
B
O que mantém a organização
unida é o compromisso com a
inovação e o desenvolvimento.
Há ênfase em ser o pioneiro.
C
O que mantém a organização
unida é a ênfase na realização
e no alcance das metas.
Agressividade e vencer são
temas comuns.
D
O que mantém a organização
unida são as regras formais e
as políticas. Manter a
organização com uma
operação estável é importante.
Quanto esta organização aqui descrita se parece com aquela na qual você trabalha?
5 Ênfase Estratégica
É muito
parecida com a
minha
organização
É parecida
com minha
organização
É mais ou
menos parecida
com minha
organização
É pouco
parecida
com minha
organização
Não se parece
com minha
organização
Não se parece
em nada com
minha
organização
A
A organização enfatiza o
desenvolvimento humano.
Confiança, abertura e
participação são permanentes.
B
A organização enfatiza a
aquisição de novos recursos e a
criação de novos desafios.
Tentar coisas novas e buscar
oportunidades são ações
valorizadas.
C
A organização enfatiza ações
competitivas e realização.
Superar metas desafiadoras e
vencer no mercado são
preocupações dominantes.
D
A organização enfatiza
constância e estabilidade.
Eficiência, controle e operações
estáveis são importantes.
240
Quanto esta organização aqui descrita se parece com aquela na qual você trabalha?
6 Critério de Sucesso
É muito
parecida com a
minha
organização
É parecida
com minha
organização
É mais ou
menos parecida
com minha
organização
É pouco
parecida
com minha
organização
Não se parece
com minha
organização
Não se parece
em nada com
minha
organização
A
A organização define sucesso
tendo por base o
desenvolvimento de recursos
humanos, trabalho em equipe,
comprometimento dos
empregados e preocupação com
as pessoas.
B
A organização define sucesso
tendo por base o fato de dispor
dos produtos mais novos e
originais. Ela é inovadora e líder
em produtos.
C
A organização de
fine sucesso
tendo por base vencer no
mercado e ser melhor do que a
concorrência. Liderança
competitiva no mercado é
primordial.
D
A organização define sucesso
tendo por base a eficiência.
Entregas confiáveis, programação
estável e baixo custo de produção
são críticos.
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