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RESUMO
Esquema Único de Tratamento da Hanseníase; Influências das Formas Clínicas nos
Efeitos Indesejáveis dos Fármacos. Heitor de Sá Gonçalves. Orientadora: Professora
Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes. Tese de Doutorado. Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Faculdade de
Medicina, UFC. Fortaleza, 2010.
O controle da hanseníase baseia-se no tratamento precoce dos doentes e na interrupção
da cadeia de transmissão. Nos dias atuais, apresenta-se um novo desafio para este
controle: a viabilidade de um esquema terapêutico único para todas as formas clinicas da
doença, denominado multidrogaterapia uniforme (U-MDT), de curta duração e eficaz,
capaz de superar os seguintes problemas: erros na classificação das formas clínicas,
efeitos indesejáveis dos fármacos, abandono do tratamento e custos do mesmo. Várias
doenças, tendo como exemplo principal a malária, apresentam diferenças na eficácia e
efeitos indesejáveis dos fármacos, em função dos diferentes agentes etiológicos e formas
clínicas. Isto se deve, entre outras possibilidades, a diferenças no metabolismo destes
fármacos. A hanseníase, com formas clínicas espectrais e diferentes (indeterminada,
tuberculóide, bordeline tuberculóide, bordeline bordeline, bordeline virchowiana e
virchowiana), também apresenta, em função destas, diferenças bacteriológicas,
histopatológicas, imunológicas e genéticas. Neste sentido, possíveis problemas a serem
enfrentados pelo U-MDT seriam diferenças na eficácia terapêutica e efeitos indesejáveis
dos fármacos utilizados, conforme o espectro da doença. Nesta tese, procuramos avaliar
a incidência dos efeitos indesejáveis dos fármacos dapsona, rifampicina e clofazimina,
utilizados na terapêutica da hanseníase. Foram selecionados quarenta pacientes da
forma tuberculóide, dois quais 20 (vinte) fizeram uso do esquema padrão com dapsona e
rifampicina e 20 (vinte) fizeram uso do esquema com dapsona, rifampicina e clofazimina,
denominado U-MDT. Também foram selecionados 20 (vinte) pacientes das formas
clínicas bordeline virchowiana e virchowiana, os quais fizeram uso do esquema U-MDT.
Todos os sujeitos receberam seis doses de tratamento. Em todos os pacientes tratados,
não evidenciamos efeitos indesejáveis que levassem a interrupção do tratamento. Com
exceção da anemia hemolítica, que se apresentou com incidências elevadas em ambos
os grupos de pacientes que fizeram uso do U-MDT os demais efeitos indesejáveis
apresentaram-se com baixas incidências, compatíveis com as evidencias científicas, em
todos os grupos de pacientes. Não evidenciamos diferenças nos achados da anemia
hemolítica, bem como nos demais efeitos indesejáveis, em função das formas clinicas dos
pacientes tuberculóides (paucibacilares) e bordeline virchowianos ou virchowianos
(multibacilares), que fizeram uso do esquema U-MDT. Tal dado sugere a inexistência de
influências das formas clinicas da doença nos efeitos indesejáveis dos fármacos. A
verificação de maiores incidências de anemia hemolítica, atribuída à dapsona, nos grupos
de pacientes tratados com U-MDT em relação ao grupo de pacientes tratados com
dapsona e rifampicina, parece sugerir alguma participação da clofazimina na gênese de
tal efeito indesejável.
Palavras Chave: 1. Hanseníase; 2. Formas Clínicas; 3. Efeitos Indesejáveis; 4. U-MDT