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Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Ciências Sociais e Aplicadas
Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas
RELAÇÕES COM INVESTIDORES E GERAÇÃO DE VALOR:
UM ESTUDO DAS PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DA
ÁREA DE RI, ANALISTAS DE INVESTIMENTOS E DE
INVESTIDORES INDIVIDUAIS NO BRASIL
Salim Augusto Amed Ali
São Paulo
2010
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2
Salim Augusto Amed Ali
RELAÇÕES COM INVESTIDORES E GERAÇÃO DE VALOR:
UM ESTUDO DAS PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DA
ÁREA DE RI, ANALISTAS DE INVESTIMENTOS E DE
INVESTIDORES INDIVIDUAIS NO BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Administração de
Empresas da Universidade Presbiteriana
Mackenzie para a obtenção do título de
Mestre em Administração de Empresas
Orientador: Professor Dr. Lucas Ayres Barreira de Campos Barros
São Paulo
2010
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3
A398r Ali, Salim Augusto Amed.
Relações com investidores e geração de valor: um estudo
comparativo das percepções de profissionais da área de RI e de
investidores no Brasil / Salim Augusto Amed Ali. 2010.
182 f. : il. ; 30 cm + 1 CD-ROM
Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas)
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010.
Orientação: Prof. Lucas Ayres Barreira de Campos Barros
Bibliografia: f. 172-182.
1. Relações com Investidores. 2. Governança corporativa. 3.
Transparência. 4. Investidores individuais. 5. Gestores de
investimentos. I. Título.
CDD 658.812
4
Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Professor Dr. Manassés Claudino Fonteles
Decano de Pesquisa e Pós-Graduação
Professora Dra. Sandra Maria Dotto Stump
Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas
Professor Dr. Moisés Ari Zilber
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Administração de
Empresas
Professora Dra. Darcy Mitiko Mori Hanashiro
5
Agradecimentos
O motivo de estarmos aqui é a graça de Deus, meu Senhor e Redentor, a quem, absolutamente
tudo, agradeço!
Agradeço fortemente a minha falia, minha esposa Luciana, meus queridos e preciosíssimos
filhos, Davi e Daniel, privados tantas vezes da presença do Pai. Aos sogros, tios(as),
sobrinhos(as), primos(as), cunhados(as) e aos amigos do coração que tiveram muita paciência
em tantos eventos familiares em que estive ausente. Nominalmente ao meu Pai e minha Mãe,
pessoas de muitas lutas e muitas vitórias, que sempre trataram a vida com o dom supremo, o
amor! O meu muito obrigado!
Ao meu orientador Prof.Dr.Lucas Ayres Barreira de Campos Barros pelo incentivo no
desenvolvimento desse tema que considero fantástico, pelas aulas e comentários sempre
pertinentes. Aos membros da banca, Profa.Dra. Marina Mitiyo Yamamoto e Prof.Dr. Wilson
Toshio Nakamura, pelo grande auxílio e dedicação que me prestaram ao longo dessa jornada.
Ainda a Profa.Dra. Arilda Schmidt Godoy no grande auxílio e orientação nas análises
qualitativas do trabalho.
Em especial a tantas pessoas que me auxiliaram no desenvolvimento da dissertação aqui
citados em ordem alfabética ao Alexandre Germani pelo grande auxílio na elaboração
tecnológica da pesquisa rodada com os investidores individuais; ao Conselho de
Administração e Diretoria Executiva do IBRI expressas nas pessoas de Geraldo Soares, João
Pinheiro Nogueira Batista, Luiz Fernando Rolla e Ricardo Florence, pelo apoio, incentivo e
suporte em todos os momentos necessários; ao Geraldo Soares e Haroldo R. Levy Neto pelas
contribuições e debates na elaboração dos questionários; ao Théo Rodrigues e Paulo Portinho
pelo grande auxílio junto ao INI; ao Waldemar Camargo Filho pelo auxílio em contatos
importantes.
Agradecimento a todos os entrevistados que me receberam prontos a auxiliar no
desenvolvimento da pesquisa, de fundamental importância para os achados aqui expressos.
Ao MackPesquisa pelo auxílio concedido na elaboração dessa dissertação.
Aos colegas de mestrado, uma turma muito especial, pelos comentários em sala de aula que
auxiliaram nas reflexões intelectuais, Arthur, Bruno, Mori, Nathalie, Ricardo, Serafim, enfim,
todos.
Meus agradecimentos!
6
Resumo
A presente dissertação objetivou coletar a percepção de três públicos em específico acerca do
entendimento dos mesmos quanto à geração de valor por meio da atividade de Relações com
Investidores em companhias abertas brasileiras. O primeiro grupo, formado por 16
profissionais e especialistas em Relações com Investidores, e o segundo grupo, formado por
11 analistas de investimento e gestores de carteiras, foram entrevistados pessoalmente por
intermédio de entrevistas estruturadas do tipo survey. O terceiro grupo, dos investidores
individuais, respondeu a questionário via internet, totalizando 457 respostas válidas. Os
achados mostram que na percepção dos três grupos, RI agrega valor à companhia. Os mesmos
ainda apontaram diversas atividades e estruturas presentes em Relações com Investidores que
se demonstram mais relevantes no sentido de agregar valor à companhia, bem como aquelas
que se demonstram menos relevantes. Espelhando essas atividades ou estruturas, foi possível
dividi-las em cinco grupos: Comunicação, Atividades, Reuniões com o Mercado, Estratégia e
Métricas Diretas de Mensuração. A Comunicação foi a de maior relevância, apontando que RI
e a companhia devam ser transparentes, apresentando as informações de modo rápido, claro e
fundamentado, sendo o website de RI e as mídias eletrônicas apontadas como os principais
meios. Nas Atividades realizadas por RI tomam relevância o contato e atendimento aos
investidores estrangeiros; a política de distribuição de resultados; eventos futuros relevantes,
como novos investimentos; a diversificação da base acionária; as análises comparativas do
setor em que a companhia atua e; as atividades que favoreçam a liquidez das ações da
empresa. Nas Reuniões com o Mercado, as reuniões públicas, individuais (com sell side, buy
side e institucionais) e road shows, se evidenciaram como relevantes. Quanto à Estratégia em
RI, evidenciou-se que a mesma deve ser traçada na Diretoria Executiva, e a área subordinada
ao Presidente Executivo. Por fim, as Métricas Diretas de Mensuração apontam três itens como
principais, quais sejam a quantidade de “casas” cobrindo a ação da empresa, o valuation
médio de mercado comparado ao valuation elaborado pela própria companhia e a diminuição
na volatilidade no preço da ação comparado com as companhias pares do setor. O estudo
busca contribuir para que em futuras pesquisas seja possível a construção de proxies objetivas
e mais justificadas para a qualidade do RI, na tentativa de quantificar o valor que a atividade
de Relações com Investidores agrega à companhia aberta.
Palavras Chave: relações com investidores, geração de valor, transparência, governança
corporativa, investidores individuais, analistas e gestores de investimentos
7
Investor Relations and Value Creation: a Study of the Perceptions of
Professionals from the IR Area, Investment Analysts and Individual
Investors in Brazil
Abstract
This study aimed to gather the perceptions of three audiences in specific, about their
understanding on the generation of value through the activity of Investor Relations in
Brazilian listed companies. The first group, consisting of 16 professionals and experts in
Investor Relations and the second group, comprised of 11 investment analysts and portfolio
managers, were personally interviewed using structured interview, survey-type. The third
group of individual investors answered a questionnaire via Internet, totaling 457 valid
responses. The findings show that in the perceptions of the three groups, IR adds value to the
company. They also pointed out several activities and structures presents in Investor Relations
that are considered more relevant in the sense of adding value to the company. Reflecting
these activities and structures, it was possible to divide them into five groups:
Communication, Activities, Meetings with the Market, Strategy and Metrics of Direct
Measurement. The Communication was of higher importance, noting that IR and the company
must be transparent, providing the information in a quick, clear, reasoned way, and the IR
website and electronic media were identified as the main means. Activities undertaken by IR,
shows relevance the contact with foreign investors; the explanation of profit distribution
policy; relevant future events, as new investments; the diversification of the shareholder
bases; comparative analysis of the sector in which the company operates; and actions to
promote the liquidity of shares. Regarding Meetings With the Market, public meetings,
individual (with sell side, buy side and institutional) and road shows, were revealed as
relevant. About the Strategy in IR, it became clear that it must be drawn on the Executive
Board, and the area should be subordinated to the CEO. Finally, Metrics of Direct
Measurement point to three main items, namely the amount of "houses" covering the
company's stock, the average market valuation compared to the valuation prepared by the
company itself, and decrease in volatility of stock price compared with peer companies in the
industry. The article seeks to contribute to, in future searches, build more objective and
justified proxies for the quality of IR, in an attempt to quantify the value that the IR area adds
to the public companies.
Key Words: investor relations, value creation, transparency, corporate governance, individual
investors, investment analysts and managers
8
Sumário
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12
1.1. Introdução e Problema de Pesquisa ........................................................................... 12
1.2. Objetivo ......................................................................................................................... 13
1.3. Justificativa ................................................................................................................... 14
1.4. Delimitação ................................................................................................................... 16
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 17
2.1. Histórico do Mercado de Capitais Brasileiro ........................................................... 17
2.2. Histórico das Relações com Investidores no Brasil e sua Definição ....................... 21
2.3. Revisão Conceitual em Governança Corporativa .................................................... 24
2.4. Algumas das Melhores Práticas de Mercado Nacionais e Internacionais ............. 28
2.5. Governança Corporativa, Relações com Investidores e a sua Correlação com a
Criação de Valor ................................................................................................................ 31
2.6. A Presença das Áreas de RI em Companhias no Exterior ...................................... 36
2.7. O Perfil da Área de Relações com Investidores no Brasil ....................................... 36
2.8. A Importância da Transparência, Divulgação e Reporte de Informões em RI . 38
2.9. Estudos Anteriores ...................................................................................................... 42
2.9.1. Disclosure e seu Impacto no Desempenho das Ações ............................................ 42
2.9.2. Disclosure e sua Influência em RI .......................................................................... 42
2.9.3. Governança Corporativa, RI e Criação de Valor .................................................... 43
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................... 46
3.1. Método Utilizado .......................................................................................................... 46
3.2. Definição dos Respondentes ........................................................................................ 48
3.2.1. Profissionais de Relações com Investidores e Especialistas em RI ....................... 48
3.2.2. Analistas de Investimentos e Gestores de Carteiras ............................................... 52
3.2.3. Investidores Individuais .......................................................................................... 54
3.3. Estruturação dos Roteiros de Entrevista e do Questionário .................................... 54
3.3.1. Roteiro de Entrevista Destinado aos Profissionais e Especialistas em RI ............. 54
3.3.2. Roteiro de Entrevista Destinado aos Analistas de Investimentos e Gestores de
Carteiras ........................................................................................................................... 60
3.3.3. Questionário Destinado aos Investidores Individuais ............................................. 66
3.3.4. Pré-Teste dos Roteiros de Entrevista e do Questionário ........................................ 70
3.4. Metodologia de Análise dos Dados Coletados .......................................................... 70
CAPÍTULO 4 ANÁLISE DE RESULTADOS .................................................................. 72
4.1. Grupos dos Profissionais e Especialistas em Relações com Investidores ............... 73
4.1.1. Posicionamento hierárquico dos entrevistados ...................................................... 73
4.1.2. Agregação de valor e a percepção sobre a dificuldade de aferição ........................ 75
9
4.1.2.1. Aspectos ligados à Estratégia em RI .............................................................. 80
4.1.2.2. Aspectos ligados às Reuniões com o Mercado ............................................... 83
4.1.2.3. Aspectos ligados às Atividades de RI ............................................................. 87
4.1.2.4. Aspectos ligados à Comunicação ................................................................... 93
4.1.2.5. Aspectos ligados às Métricas Diretas de Mensuração .................................... 98
4.1.2.6. Outros aspectos apontados pelos Entrevistados ........................................... 106
4.2. Grupos dos Analistas de Investimento e Gestores de Carteiras ........................... 109
4.2.1. Atuação Profissional dos Respondentes .............................................................. 109
4.2.2. Satisfação no Atendimento, Agregação de Valor e a Influência de RI na
Precificação das Ações ................................................................................................... 109
4.2.2.1. Aspectos ligados à Reuniões com o Mercado .............................................. 115
4.2.2.2. Aspectos ligados às Atividades de RI ........................................................... 119
4.2.2.3. Aspectos ligados à Comunicação ................................................................. 133
4.2.2.4. Outros aspectos apontados pelos Entrevistados ........................................... 135
4.2.3. Informações relevantes a serem prestadas pelo RI para o bom desenvolvimento do
trabalho do Analista/Gestor ............................................................................................ 135
4.3. Grupo de Investidores Individuais .......................................................................... 147
4.3.1. Perfil dos Respondentes ....................................................................................... 147
4.3.1.1. Análise prévia da base total de respondentes ............................................... 147
4.3.1.2. Análise da base efetiva utilizada para os dados analíticos da pesquisa ........ 148
4.3.1.3. Análise da freqüência negocial dos Investidores Individuais ....................... 151
4.3.1.4. Análise das percepções dos Investidores Individuais sobre a área de RI ..... 153
4.4. Resumo dos Resultados Principais .......................................................................... 159
4.4.1. Percepção dos grupos acerca da geração de valor ............................................... 159
4.4.2. Percepção dos grupos para agregação de valor por meio de RI acerca de sua
Estratégia, Comunicação, Reuniões com Mercado, Atividades e Métricas Diretas de
Mensuração .................................................................................................................... 160
4.4.3. Quadros com o ranking dos dez itens mais citados por grupo ............................. 165
CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 167
TERMOS E ABREVIAÇÕES ............................................................................................ 171
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 172
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 A Conexão entre RI e os aspectos da teoria de GC .............................................. 29
Quadro 2 Free-Float das Cias nas quais atuam os profissionais de RI entrevistados .......... 50
Quadro 3 Quadro dos entrevistados - grupo de RI‟s ............................................................ 50
Quadro 4 Quadro dos entrevistados - grupo de Analistas/Gestores ...................................... 52
10
Quadro 5 Quadro dos entrevistados - grupo de Investidores Individuais.............................. 54
Quadro 6 Roteiro de Entrevistas destinado aos RIs, com justificativas das perguntas ......... 56
Quadro 7 Roteiro de Entrevistas destinado aos Analistas/Gestores, com justificativas das
perguntas primeiro bloco ....................................................................................................... 61
Quadro 8 Roteiro de Entrevistas destinado aos Analistas/Gestores, com justificativas das
perguntas segundo bloco ....................................................................................................... 64
Quadro 9 Esquema explicativo da análise em categorias utilizada para a análise das
entrevistas qualitativas ............................................................................................................. 71
Quadro 10 Esquema explicativo para análise numérica das notas dos grupos entrevistados
(RIs e Analistas) ....................................................................................................................... 72
Quadro 11 Respostas grupo investidores individuais Q8 ................................................ 158
Quadro 12: Ranking das 10 primeiras posições Grupo Profissionais e Especialistas em RI
................................................................................................................................................ 166
Quadro 13: Ranking das 10 primeiras posições Grupo Analistas de Investimento e Gestores
de Carteiras ............................................................................................................................ 166
Quadro 14: Ranking das 10 primeiras posições Grupo Investidores Individuais ............... 166
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Setor de atuação dos entrevistados no questionário de RI ..................................... 50
Figura 2 Acúmulo de funções pelos DRI`s entrevistados .................................................... 74
Figura 3 Subordinação dos DRI`s entrevistados .................................................................. 74
Figura 4 Notas médias concedidas roteiro de RIs ............................................................. 78
Figura 5 Medidas do Ranking solicitado aos RIs ................................................................. 79
Figura 6 Perfil dos Analistas e Gestores Entrevistados ...................................................... 109
Figura 7 Notas Q.1 e 2 Roteiro de Entrevistas Analistas/Gestores .................................. 109
Figura 8 Notas médias concedidas roteiro Analistas/Gestores ......................................... 113
Figura 9 Medidas do Ranking - Analistas/Gestores primeiro bloco ................................ 114
Figura 10 Medidas do Ranking - Analistas/Gestores segundo bloco .............................. 136
Figura 11 Sexo dos respondentes base total 725 respostas ............................................. 147
Figura 12 Idade em anos dos respondentes base total 725 respostas .............................. 147
Figura 13 Escolaridade dos respondentes base total 725 respostas ................................. 148
Figura 14 Estado civil dos respondentes base total 725 respostas .................................. 148
Figura 15 Atividade profissional dos respondentes base total 725 respostas .................. 148
Figura 16 Sexo dos respondentes base 457 respostas ...................................................... 149
Figura 17 Idade em anos dos respondentes base 457 respostas ...................................... 149
Figura 18 Escolaridade dos respondentes base 457 respostas ......................................... 149
Figura 19 Estado civil dos respondentes base 457 respostas ........................................... 149
Figura 20 Atividade profissional dos respondentes base 457 respostas .......................... 149
Figura 21 Frequência de negociação dos respondentes base 457 respostas .................... 150
Figura 22 Há quanto tempo os respondentes negociam com ações base 457 respostas
................................................................................................................................................ 150
Figura 23 Grau de satisfação do Investidor Individual no contato com RI ........................ 153
11
Figura 24 Respostas grupo Investidores Individuais - RI não agrega valor ....................... 154
Figura 25 Respostas grupo Investidores Individuais - RI agrega valor .............................. 155
Figura 26 Notas médias grupo investidores individuais relevância para RI agregar valor
................................................................................................................................................ 156
Figura 27 Medidas estatísticas Q.7 questionário investidores individuais ...................... 157
Figura 28 Fatores que agregam valor em RI na opinião dos três grupos pesquisados ....... 159
Figura 29 Deficiências e aprimoramentos necessários em RI na opinião dos
Analistas/Gestores e Investidores Individuais ....................................................................... 160
12
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1. Introdução e Problema de Pesquisa
O mercado de capitais no Brasil tem história recente. Iniciou sua organização na
década de 1960 e como importante marco teve a criação da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) em 1976 bem como a reforma da Lei das Sociedades Anônimas no mesmo ano. A
economia brasileira viveu o milagre econômico na cada de 70, passou por estagnações e
diversos choques e planos econômicos na década de 80 e início dos anos 90, quando
principiou o processo de abertura de seu mercado. Finalmente, em 1994, veio o Plano Real,
marco que simboliza a estabilização da economia brasileira.
Esse processo resultou num maior ingresso de recursos externos ao País, com
privatizações de empresas estatais, investimentos estrangeiros e, ainda que restrito a um certo
número de companhias abertas, maior número de negócios com ações em bolsa de valores.
Todo esse cenário acima descrito, além dos aspectos macroeconômicos, trouxe a
necessidade da preparação e de aperfeiçoamento das práticas de mercado e do relacionamento
com investidores (IBRI 2008).
A atividade de Relações com Investidores (RI) no Brasil iniciou período de importante
desenvolvimento a partir da década de 90 destacando-se, dentre os fatores que auxiliaram esse
desenvolvimento, a criação em 1997 do IBRI Instituto Brasileiro de Relações com
Investidores (IBRI 2008). Mahoney (2007, p. 43) afirma que a atividade de Relações com
Investidores está “intimamente associada ao valor de uma empresa. São inseparáveis”. Isso
traz questionamento freqüente aos profissionais de RI: Como mensurar o valor agregado pela
atividade à companhia? A literatura acadêmica e as pesquisas acerca do tema RI e geração de
valor bem como tricas que possam determiná-lo são escassas ou inexistentes de modo que
não há conhecimento sólido sobre essas relações.
Nesse sentido é que o trabalho se desenvolve, realizando entrevistas e pesquisas com
três grupos distintos do mercado de capitais, cujas percepções foram identificadas objetivando
evidenciar quais atividades e estruturas
1
podem agregar valor à atividade de RI, quais são de
maior relevância e, consequentemente, destacando as de menor relevância dentre o grupo de
itens pesquisados. Foram três grupos entrevistados e pesquisados: os profissionais de RI e
especialistas no tema; analistas de mercado e gestores de carteiras e; investidores pessoas
1
Estrutura aqui é entendida como estrutura organizacional, tal como a subordinão imediata de uma área de
Relações com Investidores.
13
físicas. Em outras palavras, fornecedores e consumidores/usuários dos serviços e produtos das
Relações com Investidores.
A dissertação objetiva identificar as atividades e estruturas da área de Relações com
Investidores buscando ranqueá-las, demonstrando as que potencialmente agregam mais valor
até as que menos agregam valor, sempre dentro dos aspectos apontados pela pesquisa e na
opinião dos públicos entrevistados.
Para tanto, foram elaborados três questionários distintos aplicados a três públicos: i) os
profissionais de Relações com Investidores e especialistas de mercado; ii) analistas de
investimentos e gestores de carteiras; e iii) pessoas físicas investidoras no mercado de capitais
brasileiro.
Objetivando o avanço acadêmico sobre o tema e, uma vez identificadas as percepções
desses três públicos diretamente ligados à função de RI e suas atividades, bem como aquelas
ligadas a geração de valor à companhia, essas percepções foram confrontadas entre si, dentro
de pontos comuns às mesmas, para que as atividades prioritárias à função sejam destacadas no
sentido da geração de valor à companhia e, assim, de posse desses indicadores principais de
maior influência na agregação de valor, e em pesquisas futuras, os mesmos possam ser
relacionados com a performance financeira das companhias abertas brasileiras.
As evidências obtidas auxiliam no entendimento de como a atividade de Relações com
Investidores pode influenciar e contribuir na geração de valor pela companhia.
1.2. Objetivo
A presente pesquisa objetiva investigar a perceão dos profissionais e especialistas
em RI, bem como de seus principais usuários, ou seja, os analistas de investimento/gestores
de carteiras e os investidores individuais sobre como esta atividade pode agregar valor à
companhia.
Os objetivos específicos podem ser apontados como:
Identificar, dentre os itens levantados nas entrevistas e questionário, quais as
principais atividades e estruturas agregadoras de valor em Relações com
Investidores à companhia e aos acionistas;
Apontar quais atividades e estruturas que agregam menos valor em RI, dentre
os pontos evidenciados nas entrevistas e questionário;
14
1.3. Justificativa
O papel do RI nas companhias abertas brasileiras tem se tornado cada vez mais
importante no processo de cumprimentos das exigências legais e voluntárias de informações e
também, principalmente, na valorização da cotação de mercado das empresas.
Todavia a literatura acadêmica mundial, de modo geral, é bastante escassa sobre o
tema Relações com Investidores e oferece pouca direção sobre seus aspectos, dificultando a
justificação teórica para que se possa escolher determinada medida que aponte o correto
caminho para a mensuração da criação de valor em RI e que possam confirmar ou o essa
afirmação tão amplamente divulgada na dia e presente na percepção dos diversos
profissionais atuantes na área de mercado de capitais.
Ademais há questionamentos e ausência de literatura acadêmica sobre a melhor forma
de se mensurar o valor agregado pela atividade de RI. Essa lacuna se apresenta também na
identificação das atividades ou estruturas em Relações com Investidores que efetivamente
gerem valor à companhia.
Essa escassez acadêmica sobre o assunto não nos permite sequer debater sobre a
eventual falta de consenso quanto à temática.
Empiricamente, procurando mensurar esse valor, alguns caminham pelo lado da
valorização das ações da companhia no mercado, outros buscam realizar um apanhado de
atividades como quantidade de reuniões realizadas, tanto individuais como públicas,
mensuração da diminuição ou não do custo de capital médio frente ao mercado, participação
em índices de ações da bolsa de valores, diminuição da volatilidade no preço das ões,
quantidade de analistas que acompanham e cobrem a ação da empresa, quantidade de acessos
ao website de RI da companhia, concessão de projeções e estimativas de resultados e
operacionais, entre tantas outras métricas possíveis. Nesse sentido a variabilidade de
mensurações potencializa distorções quanto à correta avaliação a ser feita da atividade de
Relações com Investidores.
Por meio de entrevistas estruturadas a dissertação identifica quais atividades e
estruturas previamente determinadas da área de Relações com Investidores podem agregar
valor, escalonando-as em ordem de importância entre si. Foram realizadas entrevistas com
dois grupos e a um terceiro foi aplicado um questionário via internet. Os entrevistados foram:
i) grupo com 16 profissionais de Relações com Investidores e especialistas no tema que
possuem grande experiência no mercado brasileiro, assim entendidos pelo próprio mercado,
por meio de reconhecimentos públicos em premiações ou agraciamentos; ii) grupo com 11
15
analistas de investimento, especialistas e investidores institucionais, também reconhecidos
pelo próprio mercado de capitais nacional; iii) o grupo que respondeu ao questionário foram
725 investidores individuais, associados ao INI (Instituto Nacional de Investidores) e que
investem no mercado acionário nacional. Dessa base total foram utilizadas 457 respostas,
consideradas válidas segundo os critérios estipulados pelo pesquisador.
Um dos entrevistados, Sr.William F. Mahoney, em sua entrevista afirmou inclusive
que a atividade de Relações com Investidores por definição não é quantificável. O caminho
para que se chegue a tal consenso será certamente um dos desafios a serem enfrentados nesse
estudo e em trabalhos futuros.
A presente dissertação contribui como input de informações e indícios para que as
áreas de Relações com Investidores das companhias abertas brasileiras possam melhor avaliar
suas atividades, direcionando corretamente a elaboração do programa de RI da companhia e
focando diretamente naquelas que são mais importantes para o mercado de capitais brasileiro,
evitando atividades desnecessárias e de pouca importância para os públicos estratégicos das
companhias, bem como a otimização dos recursos financeiros e de pessoas por parte das
empresas. Desse modo se auxiliará a fazer a correlação entre as atividades e estruturas que
podem agregar valor à mesma, levando informações necessárias e adequadas ao mercado para
a justa precificação da companhia.
Contribui ainda para que a comunicação em Relações com Investidores com o
mercado e seus stakeholders seja mais objetiva e transparente, visto que as áreas de RI
poderão focar sua comunicação de acordo como os pontos mais importantes apresentados
como resultado das entrevistas e do questionário. Espera-se também que as companhias
abertas possam utilizar tal estudo no sentido de mais adequadamente recompensar o trabalho
desses profissionais em suas respectivas companhias.
Outra justificativa é a contribuição para a discussão entre a necessidade por
informações dos diversos públicos estratégicos da companhia aberta (no tocante ao mercado
de capitais) na correta tomada de decisão de investimento e a atuação do profissional de RI
nesse sentido.
A evidenciação desses objetivos são relevantes uma vez que a atividade de Relações
com Investidores pode eventualmente ser encarada como geradora de custos sem a devida
mensuração de seus resultados efetivos trazidos à companhia.
16
O trabalho contribui também para que em futuros estudos possa se construir proxies
objetivas para a qualidade do RI mais justificadas, na tentativa de quantificar o valor que a
atividade de Relações com Investidores agrega à companhia aberta.
Para a Academia a importância do estudo se na contribuição para a expansão de
estudos, artigos e análises sobre o tema “Relações com Investidores” e mais pontualmente no
quesito de tentativa de valoração de uma atividade cujas ações e atividades o são
diretamente quantificáveis, como sustenta o entrevistado William Mahoney.
1.4. Delimitação
Não foi foco da presente dissertação e não se objetivou responder a pergunta de
quanto as Relações com Investidores agregam de valor à companhia. Para que tal pergunta
fosse respondida seria necessário primeiramente se ter identificado “o quê” potencialmente
agrega valor em Relações com Investidores, para que de posse dessas informações fosse
possível quantificá-las. A dissertação objetiva evidenciar pontos que permitam essa
quantificação uma vez que buscou identificar atividades e estruturas que potencialmente
agregam valor em RI, segundo a percepção dos grupos entrevistados e pesquisados.
O estudo não foi estritamente desenvolvido por meio de estudo quantitativo e sim por
meio de entrevista estruturada do tipo survey (ver mais detalhes no capítulo 3) face ao caráter
iminentemente qualitativo do mesmo. Daí decorre a não generalização do presente estudo
uma vez que não é representativo de absolutamente todo o mercado, e sim, como visto, tomou
por base alguns profissionais do mercado de capitais escolhidos pelo pesquisador.
A escolha dos respondentes, participantes das entrevistas, o foi amostral, e sim
baseada em critérios de reconhecimento do mercado ou ainda pela vivência prática dos
mesmos em funções e atividades chave para o perfeito e pleno conhecimento da importância e
da dinâmica da função de Relações com Investidores. As pessoas sicas respondentes ao
questionário foram os associados ao INI (Instituto Nacional de Investidores), entidade que
congrega pessoas físicas investidoras no mercado de capitais nacional.
17
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O presente capítulo objetiva reunir os conceitos teóricos acerca dos temas que
circundam a atividade de RI, tais como governança corporativa, disclosure, reporting,
mercado de capitais, o próprio conhecimento acadêmico em Relações com Investidores, de
modo a realizar as conexões e evidenciações necessárias para o entendimento conjunto da
potencial influência de RI na questão da agregação de valor à companhia aberta.
Para tal inicia-se apresentando breve histórico do mercado de capitais brasileiro (item
2.1), mostrando seu desenvolvimento e dando o pano de fundo para o aparecimento da
atividade de Relações com Investidores, oportunidade em que se conceitua a atividade e se
contextualiza a sua atuação nas companhias abertas (item 2.2). Na sequência se aborda os
conceitos de governança corporativa (item 2.3) que são utilizados na prática da atividade de
RI, correlacionando-os com a função e com a criação de valor (item 2.4).
Discorre-se sobre a presença das áreas de RI nas companhias abertas ao redor do
mundo (item 2.5) e o perfil das áreas de RI no Brasil (item 2.6). Após são apresentados
aspectos teóricos do disclosure e reporting de informações (item 2.7) e sua correlação com a
atividade de Relações com Investidores bem como aspectos da criação de valor por meio dos
mesmos (item 2.8). Por fim se apresenta algumas das “melhores práticas” de mercado de
temas ligados diretamente à RI (item 2.9).
2.1. Histórico do Mercado de Capitais Brasileiro
Conceitualmente o Mercado de Capitais é parte integrante do Mercado Financeiro e
sua função é a de “oferecer alternativas de aplicação e de investimentos”, segundo Andrezo e
Lima (2007).
No Brasil esse mercado teve seus primeiros sinais de organização na década de 40,
quando o decreto-lei n
o
2627/40 dispôs sobre as sociedades por ações e, outro decreto, o
7293/45, criou a então chamada SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito), que
mais tarde veio a ser o Banco Central do Brasil. Em 1952 é criado o BNDE (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico) com o objetivo de fomentar a economia dentro da visão de
longo prazo, financiando projetos governamentais de infraestrutura. Assim, segundo Andrezo
e Lima (2007, p.24) até o final da década de 50:
...a estrutura financeira nacional incla, basicamente, bancos comerciais,
caixas econômicas, seguradoras, financeiras, BNDE e BNCC (Banco
18
Nacional de Crédito Cooperativo).... Dessa forma, competia aos bancos
comerciais grande responsabilidade pelo financiamento das atividades
produtivas no Brasil. No entanto, o sistema bancário resumia-se
essencialmente a crédito de curto prazo, pois os bancos brasileiros
raramente operavam com empréstimos e financiamentos de longo prazo. ...
Em relação ao mercado de capitais, ao longo de todo esse período, as Bolsas
de Valores pouco contribuíram com recursos para as empresas. O mercado
acionário no Brasil era muito pouco desenvolvido...
Costa (2007) reforça que faltava um mercado de capitais organizado que pudesse
dinamizar a economia e, à época, o Estado exercia um papel importante no processo
desenvolvimentista do país.
Assim, o Mercado de Capitais no Brasil era praticamente inexistente antes da década
de 60, segundo Andrezo e Lima (2007) e em consonância com IBRI (2008) e com Pinheiro
(2009). Nesta década é que foram realizadas reformulações importantes, como a criação do
Banco Central do Brasil (BCB) e do Conselho Monetário Nacional (CMN) em Dezembro de
1964 e posteriormente com a criação de um departamento especializado em mercado de
capitais, estimulado por lei específica, a 4728/65. Essa lei determinava que o mercado de
capitais devesse ser disciplinado pelo CMN e fiscalizado pelo BCB. Essa mesma lei deu
grande impulso ao mercado, ao estimular a emissão de debêntures (valores mobiliários
emitidos por determinada companhia que representam títulos de dívida exigíveis por seu
detentor).
Andrezo e Lima (2007) afirmam que a Lei trouxe inovações capazes de modernizar o
mercado e atender a demanda crescente por crédito que se fazia necessária ao
desenvolvimento do país, propiciando o ambiente legal para a criação e para a estruturação
dos bancos de investimento, bolsa de valores, sociedades corretoras e distribuidoras de títulos
e valores mobiliários. Desse modo, a década de 60 pode ser encarada como o período de
reestruturação do Mercado de Capitais no Brasil.
Contudo como faltavam mecanismos que garantiam informações confiáveis aos
investidores em função da própria incipiência do mercado, e dado aos indícios de que
investidores detinham e eventualmente utilizavam informações privilegiadas para benefício
próprio, o final da década de 60 e o início da década de 70 sofreram com a queda do mercado
local. O mercado acionário vivenciou, em 1971, expressiva correção dos preços das ações,
passando por fase de forte encolhimento e estagnação dos negócios. Foi então que durante o
governo do Presidente Ernesto Geisel (1974 a 1979), o então Ministro da Fazenda, Mário
19
Henrique Simonsen, optou por utilizar o mercado de capitais para fortalecer a economia
brasileira e, inspirado no modelo regulatório americano, criou a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) por intermédio da lei n
o
6.385 em 1976, reformando também, no mesmo
ano, a lei das Sociedades Anônimas.
Filho (1997) comenta que o BCB não desempenhava a contento a função de fiscalizar
e regular o mercado de capitais, em função de ter tantas outras atividades. Assim o mercado
de capitais deixava de ser regulado pelo CMN e pelo BCB, passando aos auspícios da CVM.
Desde o ano de 2002 a CVM (hoje subordinada ao Ministério da Fazenda) conta com
autônima administrativa, diretores com mandatos fixos e orçamento próprio para fazer frente
às suas despesas.
No início dos anos 90 a economia brasileira vivia um processo de abertura, como narra
o livro “O Estado da Arte das Relações com Investidores no Brasil” – IBRI (2008, p.31):
...a intensificação dos movimentos de diversificação de carteiras de
investimento globais e, internamente, as mudanças favoráveis no quadro
macroeconômico e regulatório, juntamente com o processo de privatização,
tornaram o mercado brasileiro mais atraente e acessível aos investidores
internacionais. Isso gerou entrada significativa de recursos estrangeiros via
Anexo IV
2
, que se refletiu no crescimento expressivo do valor das ações e
no volume de negociações.
Velloso et al. (1991) expõem que a capitalização bursátil das companhias brasileiras
em 1991 era equivalente a aproximadamente 7% do PIB (atualmente, base 2009, é de
aproximadamente 74% do PIB
3
).
IBRI (2008, p.32) narra que, contudo, isso não foi suficiente para que o mercado
decolasse, servindo mais como ajuste do grande número de companhias listadas (em 1991
havia 601 companhias listadas na Bovespa, em outubro de 2009 eram 432, redução de 28%).
Era preciso ir além e ampliar horizontes, maximizando o potencial de
atração de recursos para começar a concretizar, finalmente, a promessa de
desenvolvimento. Esse processo implicava, além dos aspectos
macroeconômicos, necessidade de aperfeiçoar práticas envolvendo
2
Segundo Leal e Rêgo (1997), o Anexo IV “disciplinou a criação e a administração de carteira de valores
mobiliários mantida no país por investidores institucionais constituídos no exterior. Proporcionou importante
fluxo positivo de capitais estrangeiros ao Brasil.
3
Capitalização de Mercado consultada via site da BM&FBovespa em 13/março/2010, equivalente a R$ 2,35
trilhões. PIB base ano de 2009, divulgado no site do IBGE http://www.ibge.gov.br/home/ equivalente a R$ 3,143
trilhões.
20
companhias e profissionais especializados em melhorar o relacionamento
com os investidores.
Segundo Velloso et al. (1991, p.52) o mercado de capitais brasileiro, à época, ainda
estava “...subdimensionado do ponto de vista quantitativo, e insuficientemente desenvolvido,
do ponto de vista qualitativo...”.
Em dezembro de 2000 a Bolsa de Valores de São Paulo criou o conceito dos níveis
diferenciados de governança corporativa, os chamados Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado.
Para cada um dos referidos níveis as empresas se comprometem voluntariamente, por meio de
um contrato de adesão, a praticar as normas previstas que requerem das empresas, práticas
que vão além da legislação societária no que se referem à transparência, direitos de acionistas
não controladores e dispersão acionária. Os veis diferenciados de governança trouxeram
benefícios para as empresas que a eles aderiram, conforme afirmam Andrezo e Lima (2007),
apud Carvalho (2003), onde em estudo analisando a adesão de 18 empresas aos níveis
diferenciados de governança, entre janeiro de 2001 e julho de 2002, mostrou impacto sobre a
valoração das ações (retornos anormais positivos).
Algumas companhias abertas brasileiras também se utilizaram do lançamento de
ADR`s (American Depositary Receipts) ou ainda da entrada no Novo Mercado da
BM&FBovespa, para alcançar novos mercados e investidores, buscando aumentar sua
liquidez e auto impondo regras mais rígidas de governança corporativa (Srour , 2005). O autor
apresenta que tal prática trouxe benefícios a essas companhias que apresentaram maiores
retornos em períodos de crise.
A listagem dupla, no país de origem e no mercado norte americano por meio de ADR,
foi analisada por Lang et al.(2003) demonstrando que essas empresas possuem maior nível de
evidenciação de informações e por isso se atribui maior valoração por parte do mercado a
essas empresas.
A autorregulação do mercado também demonstra sinais de aprimoramento por meio
da ação de entidades que atuam em prol de seu desenvolvimento. Como exemplo desse
aprimoramento o CODIM (Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao
Mercado), criado em abril de 2005, que reúne dez entidades do mercado brasileiro, quais
sejam: Abrasca, Anbima, Ancor, Amec, BM&FBovespa, CFC, IBGC, Ibracon e coordenadas
pelo IBRI e Apimec (veja significado das siglas na seção de termos e abreviações). O
propósito do CODIM é o de elaborar os chamados “Pronunciamentos de Orientação” que
buscam espelhar as melhores práticas de divulgação de informações ao mercado segundo o
entendimento consensado de seus dez integrantes. Até março de 2010 haviam sido
21
elaborados sete Pronunciamentos”, que versam sobre temas como teleconferências, reuniões
individuais, reuniões públicas periódicas, guidance, releases, ato ou fato relevante e período
de silêncio antes da divulgação pública das demonstrações financeiras.
É nesse contexto que os profissionais de Relações com Investidores iniciariam sua
atuação em prol da concessão, com transparência, de informações para os participantes do
mercado de capitais brasileiro.
Costa (2007) registra os “...sensíveis progressos que o mercado de capitais demonstrou
nesses quase 50 anos...” (1958-2007). “... não como negar que temos um mercado mais
bem estruturado, com uma institucionalização aprimorada e melhor nível de regulação”.
2.2. Histórico das Relações com Investidores no Brasil e sua Definição.
Segundo Treiger (2009) o primeiro registro no mundo que se tem sobre o surgimento
de uma área específica para o desenvolvimento das Relações com Investidores, se nos
Estados Unidos da América, em 1953, onde o presidente da empresa General Electric (GE)
notando a demanda dos investidores por informações estruturadas, além dos dados
financeiros, montou um departamento cujas habilidades teriam foco na comunicação, relações
públicas e comunicação, além é claro da financeira.
A área de Relações com Investidores no Brasil também tem história recente. A função,
obrigatória segundo determinação da CVM, veio por meio da instrução normativa de n
o
202,
datada de Dezembro de 1993 (atual Instrução n
o
480), quando ainda era denominada
“Relações com o Mercado”. O nome dado a área, Relações com Investidores, foi instituído
pela própria CVM por meio da instrução normativa de n
o
309, datada de Junho de 1999. Em
junho de 1997 é fundado o IBRI Instituto Brasileiro de Relações com Investidores
entidade que reúne os profissionais de RI Relações com Investidores (como usualmente
são chamados), tendo por objetivo e missão desenvolver o profissional e a área de RI.
O IBRI, em seu estatuto social, define a atividade de Relações com Investidores da
seguinte maneira (definição consultada no site da entidade www.ibri.com.br):
Relações com Investidores é o conjunto de atividades, métodos, técnicas e
práticas que, direta ou indiretamente, propiciem a interação das áreas de
Comunicação, Marketing e Finanças, com o propósito de aprimorar o
relacionamento entre os agentes atuantes no mercado de capitais e de
divulgar informações que possibilitem a avaliação do desempenho atual e
prospectivo de companhias que tenham títulos ou valores mobiliários
negociados no mercado de capitais nacional ou internacional.
22
O NIRI (National Investor Relations Institute), instituição norte americana congênere
ao IBRI, define Relações com Investidores do seguinte modo (definição extraída do site da
entidade www.niri.org):
Relações com Investidores é uma responsabilidade estratégica e gerencial
que integra finanças, comunicação, marketing e legislação relativa aos
valores mobiliários, a fim de capacitar o modo mais efetivo de comunicação
entre a companhia, a comunidade financeira e outros blicos, que
contribuem para que, por fim, os valores mobiliários da companhia
alcancem o seu valor justo de mercado
4
.
IBRI (2008, p.79) em seu livro “O Estado da Arte das Relações com Investidores no
Brasil” apresenta outra importante função das Relações com Investidores:
O objetivo essencial está bem definido: ser uma ponte entre a companhia e
o mercado, com agilidade para atuar nos dois sentidos complementares, ou
seja, levando informações da companhia para seus diversos públicos e, ao
mesmo tempo, trazendo para o ambiente corporativo o feedback (retorno)
necessário sobre a reação do mercado à companhia.
Treiger (2009, p.11) apresenta a seguinte definição para RI:
Relações com Investidores (RI) é uma função executiva estratégica
integrante da alta administração de uma empresa e que combina as
disciplinas de Finanças, Comunicação e Marketing Corporativo. Seu
objetivo é o de amplificar a credibilidade da companhia, de modo a
impactar positivamente seu valor de mercado e reduzir seus custos de
capital.
Mahoney (2007, p.43) afirma que Relações com Investidores está:
... intimamente associada ao valor de uma empresa. São inseparáveis. A RI
não é uma função em si: faz parte de um processo maior. É por isso que os
esforços para se atribuir um valor a RI sem situá-la em seu devido papel de
geradora de valor, deixam os administradores insatisfeitos.
IBRI (2007, p.13) traz ainda lista com as principais atribuições da área de Relações
com Investidores, abaixo listadas:
Atuação como porta-voz da companhia na comunicação com o mercado e
com a imprensa econômica.
4
Definição de RI no original extraída do site do NIRI: Investor relations is a strategic management
responsibility that integrates finance, communication, marketing and securities law compliance to enable the
most effective two-way communication between a company, the financial community, and other constituencies,
which ultimately contributes to a company's securities achieving fair valuation.
23
Relacionamento com os órgãos reguladores, entidades e instituições do
mercado, bolsas de valores e mercados de balcão.
Ampliação da base acionária.
Avaliação contínua das respostas do mercado à atuação da companhia e
promoção de reflexão interna com outras áreas da empresa.
Contribuição para definir a estratégia corporativa e idéias que agreguem
valor.
Desenvolvimento da cultura de companhia aberta junto ao público
interno.
Integração do programa de comunicações entre as diversas áreas da
empresa.
Planejamento e execução da divulgação de informações obrigatórias e
voluntárias.
Acompanhamento das avaliações/análises feitas sobre a companhia, bem
como das condições de negociação dos valores mobiliários da empresa.
Coordenação e acompanhamento dos serviços aos acionistas e respectivas
assembleias.
Reuniões públicas e individuais com analistas de investimento, acionistas
e investidores potenciais.
Assim ao entender as Relações com Investidores como função múltipla (finanças,
comunicação, marketing e aspectos legais) que buscam suprir o mercado com informações
precisas, trazendo para dentro da companhia retorno sobre seu desempenho, com o objetivo
de influenciar positivamente no seu valor de mercado e também reduzir o custo de captação
de recursos para o crescimento da companhia, entende-se que a atividade é potencialmente
geradora de valor, como afirmam Mahoney (2007) e Treiger (2009).
Tendo o RI a função de comunicação, essa pode ser entendida como a busca da
redução da assimetria informacional entre os agentes externos (outsiders) e o público interno
à companhia (insiders). Uma das atividades do RI é a de buscar reduzir essa assimetria
informacional, de modo que a companhia possa ser corretamente precificada. Seu preço
implicará diretamente no correto valor de mercado e consequentemente no correto valor da
companhia. Tal situação implica ainda em que, estando corretamente avaliada, a companhia
terá incentivos naturais em continuar a utilizar o mercado de capitais para financiamento de
seus projetos operacionais e empresariais. Caso essa vantagem de financiamento não
ocorresse, também o papel das Relações com Investidores não seria necessário ou o tão
relevante para a empresa.
24
Desse modo, poder-se-ia argumentar que o RI terá maior potencial para agregar valor
na medida em que a assimetria informacional se mostre relevante e/ou bastante potencial para
conflito entre os públicos externos e os gestores da empresa, e que necessitasse ser reduzida
ou dirimida. As Relações com Investidores exercem papel fundamental no disclosure
(evidenciação) ou transparência das informações da companhia. Por sua vez essa
evidenciação informacional, potencial geradora de valor, é uma das dimensões da Governança
Corporativa.
Mas como se pode mensurar esse valor? Antes disso, o que será mensurado? Essa
lacuna se mostra presente na literatura acadêmica e é o foco do presente estudo. A relevância
desse estudo se reflete no entendimento de que a atividade de Relações com Investidores não
deva ser encarada somente como um departamento gerador exclusivamente de custos dentro
das companhias abertas. Os resultados que essa área produz devem procurar ser identificados
pelas companhias para que possam então atuar no sentido de aprimorar essas atividades e
assim melhor atender ao mercado frente as suas demandas específicas, que uma vez,
municiado corretamente de informações e dados, poderá melhor precificar os valores
mobiliários da companhia.
2.3. Revisão Conceitual em Governança Corporativa
A governança corporativa tem ganhado grande importância na literatura mundial uma
vez que se ocupa da forma de governo das companhias, observando, tratando e atuando no
gerenciamento das atividades operacionais, administrativas, negociais e políticas das
empresas, não somente dentro da própria organização, mas também de dentro para fora desta.
Contudo ainda há grandes debates sobre a quem efetivamente a governança corporativa
deveria defender e representar, se aos acionistas controladores ou aos demais acionistas e
stakeholders (demais partes interessadas)?
Becht et al. (2003) identificaram alguns pontos que demonstram por que a governança
passou a ser uma questão o importante nas últimas duas décadas, dentre os quais cita-se a
onda de privatizações mundial, as reformas dos fundos de pensão e o crescimento da
poupança privada, a onda de aquisições nos anos 80 (EUA) e 90 (Europa), a integração dos
mercados mundiais e a adaptação dos modelos regulatórios, a crise asiática/russa/brasileira
em 1998 que colocou em evidência a governança corporativa nos mercados emergentes e por
fim a série de escândalos nas companhias americanas e as falhas corporativas que emergiram
no final da década de 90, principalmente as irregularidades contábeis lá cometidas.
25
Jensen e Meckling (1976) desenvolveram trabalho relevante ao discorrer sobre a
Teoria da Firma. Os autores apresentam um importante fato do qual decorre a governança
corporativa, que são os custos de agência gerados pela ão contratual entre os acionistas e
gestores da companhia. Os problemas de agência trazem basicamente a relação entre
administradores/gestores (chamados de “agente”) e proprietários/acionistas (chamados de
“principal”), podendo ser encerrado basicamente no conflito de interesses. O “gestor” não
necessariamente defenderá os mesmos interesses que o principal” lhe propuser. Poderá,
eventualmente, gerir a companhia pensando nos melhores benefícios para si próprio, gerando
daí o chamado “custo de agência”. Os custos de agência são definidos como sendo a soma de
três itens principais, os gastos de monitoramento pelo principal, os gastos de
comprometimento pelo agente, e por fim a perda residual.
Assim, a introdução dos custos de monitoramento aparecem justamente na tentativa de
se diminuir os custos de agência. Jensen e Meckling (1994) ressaltam que o custo de
monitoramento não pode exceder ao beneficio advindo por esse controle, que o mesmo
impactará no lucro da companhia. Portanto, para os autores, a companhia deve buscar o nível
ótimo de governança e não o nível máximo.
Analisando o arcabouço básico para o desenvolvimento da governança corporativa
bem como os seus aspectos legais e históricos, La Porta et al. (1998) identificaram a relação
entre os sistemas legais dos países e o desenvolvimento dos mercados, separando-os em “lei
comum”, que prevalece nos países de língua inglesa e enfatiza a independência do judiciário,
reatividade aos precedentes e codificação limitada, e a “lei civil” de origem francesa, que em
contraste apresenta grande codificação, forte presença do judiciário e tomada de decisão mais
centralizada (caso mais próximo ao sistema brasileiro). Os autores afirmam que a presença de
um ou outro tipo de “lei”, impacta no desenvolvimento das normas de governança corporativa
nesses países.
Uma vez que o controle em determinada companhia se encontra estabelecido, a
governança corporativa terá por uma de suas missões assegurar que os benefícios privados
advindos pela detenção do controle não se sobreponham ao interesse dos demais acionistas.
Dyck e Zingales (2004) em pesquisa realizada em 39 países apontam que os altos benefícios
privados de controle estão associados a mercados de capital menos desenvolvidos, maior
concentração de propriedade e negociações que dificilmente resultam em ofertas públicas.
Eles apontam ainda que os mecanismos legais e extralegais (pressões da dia e dos tributos,
por exemplo) são importantes nas restrições dos benefícios privados do controle.
26
Nesse sentido, Jensen (1998) aborda a importante questão da separação entre
propriedade e controle, basicamente expressa na hipótese central de evidenciar dois processos
básicos em uma organização: a decisão gerencial e o controle dessas decies. Assim,
segundo o autor, o conselho de administração de uma organização é o órgão que tem
competência para monitorar e confirmar as decisões e escolhas dos gestores, acatando e
recompensando (ou não), as mesmas.
Tirole (2005) aborda o conflito de interesses dos gestores e dos acionistas, que não
necessariamente convergirão. Para atenuar essa questão o autor propõe dois caminhos:
I. Alinhar os interesses dos gestores com os interesses dos controladores, por
meio do uso de incentivos baseados em performance, e;
II. Monitorar os gestores, sendo essa atividade feita pelos atuais acionistas (ou em
nome deles), ou pelos potenciais acionistas, ou ainda pelos detentores de
dívidas.
No primeiro ponto, relativo ao alinhamento de interesses entre gestão e controle,
alguns autores, como o próprio Tirole (2005), Becht et al. (2003), Coffee (2005) e Denis e
McConnell (2003) discorrem também sobre o assunto. Becht et al. (2003) citam que esse
alinhamento pode ser feito por meio de contratos de remuneração celebrados com os
executivos ou ainda por meio dos deveres de fidúcia definidos para os CEO‟s. Os acionistas
também exercem esse papel, quando, por meio do judiciário, buscarão bloquear decisões
tomadas pela gestão que considerem lesivas aos seus interesses. Dennis e McConnel (2003)
apontam como forma de alinhamento de interesses o uso do conselho de administração e a
estrutura de propriedade de ativos da companhia. Coffee (2005) cita a necessidade da adoção
de diferentes tipos de controles para diferentes tipos de companhias, uma vez que as
potenciais fraudes se concentraram na expropriação dos benefícios particulares advindos do
controle.
No segundo ponto (monitoramento dos gestores), além de Tirole (2005) citado,
Dennis e Mc Connell (2003), Becht et al. (2003) e Coffee (2005) também tratam do assunto.
Dennis e McConnell (2003) citam como instrumentos de controle da companhia os controles
externos (mercado de aquisições e sistemas legais e regulatórios). Becht et al. (2003)
destacam a eleição de um conselho de administração representando os interesses dos
acionistas, a quem o CEO (chief executive officer) responda. Citam ainda a utilização de um
27
corporate raider
5
, que concentra temporariamente propriedade ou maioria de votos para
resolver uma crise, com objetivos de tomar decisões relevantes ou ainda remover determinado
gestor que se mostra ineficiente; e por fim abordam um ativo e contínuo monitoramento dos
gestores por um grande bloco de controle (fundos de pensão, detentores de dívida, etc).
Coffee (2005) cita também como guardiões externos à empresa, os auditores externos e os
analistas de investimentos.
Ainda no quesito do monitoramento dos gestores, Tirole (2005) e Becht et al. (2003)
apontam para questão importante: o monitoramento daqueles que monitoram a companhia. A
quem se destina esse papel? Quem efetuao papel de monitorar os acionistas minoritários,
conselho de administração e seus conselheiros e fundos de pensão, dentre outros, uma vez que
os incentivos para controlar os gestores podem o ser grandes o suficiente? Tirole (2005)
salienta a função do conselho de administração como um dos principais controladores da
governança de uma organização, contudo também apontam sua falta de independência, já que
em muitos casos, por exemplo, o presidente do conselho é o mesmo presidente da diretoria
executiva.
Um dos monitores da companhia apontado por Tirole (2005) são os fundos de pensão,
contudo esses também enfrentam dilemas que podem se contrapor, como por exemplo, o
potencial conflito de interesses entre os objetivos dos mutuários e da permanência no cargo
pelo gestor do fundo. O autor aponta ainda a emissão de dívida pelas empresas como um dos
mecanismos de governança, que seus gestores, com disciplina, buscarão a geração de caixa
para poderem honrar com os compromissos assumidos.
Tirole (2005) aborda também uma visão parcial sobre governança corporativa, citando
que a mesma seria a forma pela qual os investidores asseguram para si o retorno de seus
investimentos. Desse modo ele também procura realizar separação entre propriedade e
controle, citando diversas situações que devem ser monitoradas pelos que possuem a
propriedade sobre os que exercem o controle, tais como o perigo moral moral hazard aqui
entendido como, por exemplo, o não eficiente monitoramento dos subordinados pelos gestores
e o entrincheiramento exercido pelos gestores para defesa de seus interesses (manipulações
contábeis, negociações em interesse próprio, atividades não legais e não éticas).
Tirole (2005) cita ainda os problemas da governança corporativa disfuncional, como a
falta de transparência na divulgação de informações, altos salários dos principais gestores e a
tênue ligação entre o desempenho e a remuneração efetiva, além de manipulações contábeis.
5
Agente ou companhia que objetiva a tomada de controle de determinada empresa-alvo, usualmente por curto
espaço de tempo.
28
Todas essas formas disfuncionais da governança exigem que a mesma esteja sempre
atualizada para que tenha pleno efeito e atinja sua função.
Com o objetivo do aprimoramento do tema Governança Corporativa”, em 1992
inicia-se a redação de códigos de governança corporativa, com o da empresa inglesa,
Cadbury, que propôs alguns tópicos a serem observados, tais como a avaliação do conselho;
estabelecimento de regras para a remuneração dos conselheiros e diretores; o presidente
executivo não deveria acumular a presidência do conselho; criação de comitês ligados ao
conselho de administração; critérios definidos de divulgação de informações; definição da
quantidade de conselheiros bem como a estipulação de membros independentes; entre outros.
No Brasil, Black et al. (2007), realizaram estudo com 88 companhias brasileiras de
controle privado e nacional e que objetivou analisar, baseado nessa amostra, a governança
corporativa no país, obtendo constatações importantes para o entendimento do
desenvolvimento nacional no tocante a governança corporativa das empresas.
Os principais resultados de seu estudo mostram que: a maioria dos conselhos não são
independentes, somente 20% o são; os minoritários têm o direito de eleger um representante
no conselho de administração; o nível de disclosure (evidenciação) financeiro é baixo; a
grande maioria dos sites possuem informações financeiras também em inglês; os Comitês de
Auditoria são incomuns, mas a figura do Conselho Fiscal; os acordos de acionistas são
comuns para manutenção de controle; 84% das companhias pesquisadas têm ões
preferenciais e os minoritários possuem na maioria ões preferenciais. Por fim destacou a
criação dos níveis diferenciados de governança corporativa no Brasil pela Bovespa (atual
BMF&Bovespa), que na busca pela melhora dos padrões de governança, instituiu regras, cuja
adesão é voluntária por parte das empresas.
Por fim, e para salientar a importante função da Governança Corporativa, Jensen
(2001) afirma que os gestores ao implementarem mudanças organizacionais devem ter um
critério para decidir o que é melhor, e esse melhor deve ser medido pelo crescimento no longo
prazo do valor de mercado da companhia que se espelha na maximização do valor da mesma.
2.4. Algumas das Melhores Práticas de Mercado Nacionais e Internacionais.
O mercado de capitais possui estruturas que por vezes atuam em sua autorregulação
com objetivos de aprimoramento das práticas do mercado que são conduzidas por seus
participantes. Nesse tópico são evidenciadas algumas dessas melhores práticas que se
relacionam com o tema discorrido na presente dissertação.
29
a) Reuniões Individuais:
O CODIM (2007b) elaborou Pronunciamento de Orientação sobre o tema cujo
objetivo é evitar que informações ainda não tornadas públicas sejam divulgadas durante essas
reuniões, fornecendo ainda diversos procedimentos no caso de ocorrência de vazamento de
informação privilegiada, onde sugere a sua divulgação “imediata, homogênea e simultânea”
aos órgãos reguladores e demais stakeholders da companhia. O pronunciamento sugere ainda
que sempre participe da reunião um profissional de Relações com Investidores devidamente
capacitado a atender à mesma. No tocante a informações que lhe seja solicitadas mas que
ainda não tenham sido tornadas públicas, o profissional de RI deverá estar apto a negá-las,
sem contudo, por meio de expressões corporais dar algum tipo de indicativo sobre a mesma.
Analisando a importância das reuniões individuais, NIRI (1999) apresentou pesquisa
com grupo de 200 empresas que realizaram apresentações na NYSSA (congênere
norteamericana da Apimec) entre 1986 e 1992, podendo-se observar que tais apresentações
proporcionaram significantes aumentos na cobertura de analistas. Ainda para empresas que
estavam com os preços de suas ações subavaliados, obtiveram significantes aumentos nos
mesmos.
b) Reuniões Públicas:
O CODIM (2007a) elaborou pronunciamento sobre o tema Apresentações Públicas
Periódicas discorrendo sobre a importância da reunião pública como instrumento de
comunicação para que as empresas prestem informações ao mercado esclarecendo sobre seu
desempenho passado. O CODIM sugere que essas reuniões sejam realizadas ao menos uma
vez por ano, devendo, sempre que realizada, contar com a presença de um profissional de RI.
O pronunciamento ressalta ainda a importância da abertura ao público de uma sessão de
perguntas e respostas, cujos conteúdos não deverão ser “filtrados”, a fim de dirimir dúvidas
que haja. Preferencialmente essa reunião deverá ainda ser transmitida pela internet, provendo
ainda maior acesso aos diversos públicos da companhia.
c) Guidance
Em seu pronunciamento de orientação sobre Guidance, CODIM (2008) o define como
“qualquer informação prospectiva de natureza quantitativa ou qualitativa, fornecida pela
30
companhia, sobre seu desempenho futuro”. O Comitê sugere que o guidance seja utilizado
com muito critério, devendo ser adotada política que o oriente, ressaltando ainda que em
função de sua magnitude se constitui em fato relevante, devendo ser obedecidas as normas da
CVM quanto à sua correta divulgação.
A importância de um guidance bem fornecido segundo o CODIM passa pela
apresentação e explanação das premissas que o formam, que devem apresentar as respectivas
fontes originadoras. Outra preocupação expressa no pronunciamento é que o guidance seja de
longo prazo (doze meses), a fim de evitar o foco no curto prazo. O Comiorienta ainda que
haja grande cuidado com o guidance de resultados, dadas as implicações legais que o cercam
e as explicações futuras que devem ser dadas em função de sua eventual não concretização.
O NIRI (2008a) por sua vez encoraja as companhias abertas norteamericanas a
fornecerem guidance ao mercado como forma de transparência ao mercado e secundariamente
reduzindo volatilidade e o custo de capital da companhia. Ressalta ainda a importância de se
focar o longo prazo nas concessões de guidance.
d) Release
O CODIM (2009) define o release como instrumento de divulgação de informações de
uma companhia aberta junto ao mercado, ressaltando a importância do uso de linguagem clara
e acessível aos públicos da companhia aberta. Sugere também que seu uso seja não excessivo
a fim de que quando de sua efetiva necessidade o mercado atente ao mesmo. O Comitê
ressalta por fim a importância de os releases serem também compartilhados com a alta
administração da companhia a fim de que esta tome ciência dos acontecimentos divulgados ao
mercado.
e) Estudos de Percepção
Os estudos de percepção são conduzidos para que as companhias abertas possam saber
como que seus principais stakeholders estão compreendendo a mensagem transmitida pela
mesma bem como para avaliar a qualidade do trabalho desenvolvido pela equipe de RI.
Mahoney (2007, p.253) traz em seu livro, lista completa de motivos para a elaboração de um
estudo de percepção eficiente, resumidamente destacados abaixo.
1. Entender melhor como o mercado e os segmentos individuais estão
avaliando a empresa;
2. Identificar e quantificar os problemas e preocupações dos investidores;
3. Identificar os itens específicos da falta de informações;
31
4. Usar o feedback para alinhar as percepções da administração e do
mercado;
5. Enviar recado aos investidores de que a administração tem um grande
interesse em seu feedback.
O estudo de percepção, segundo Mahoney, deve ainda ser realizado por empresa de
consultoria terceirizada e especializada em sua condução, a fim de principalmente garantir a
isenção de sua aplicação bem como efetivamente colher as respostas efetivas por parte dos
entrevistados, dado que possivelmente se o mesmo estivesse frente a frente com a empresa,
constrangido, possivelmente não lhe responderia com a sinceridade necessária para o
entendimento da situação e sua potencial correção.
2.5. Governança Corporativa, Relações com Investidores e a sua Correlação
com a Criação de Valor
Ao analisar os aspectos da governança corporativa e sua relação direta com a atividade
de Relações com Investidores, pode-se enxergar a importância de uma para a outra. Buscar-
se relacionar essa importância ao longo desse tópico, objetivando apontar evidências de
como as Relações com Investidores podem contribuir para a melhoria da governança nas
companhias abertas.
Um breve resumo do item 2.3. acima apresentado demonstra aspectos importantes que
são desenvolvidos pela área de RI ou que estão diretamente relacionados a essa área. O
quadro abaixo busca identificar as ões de RI dentro de cada aspecto da governança
corporativa analisado no tópico 2.3.:
Quadro 1 - A Conexão entre Relações com Investidores e os aspectos da teoria de governança
corporativa.
ASPECTOS DA TEORIA DE GC
ATUAÇÃO PRÁTICA DO RI
Governança aparece como adição de valor ao
acionista (Tirole 2005). Governança auxiliará
para que a companhia foque no crescimento do
valor de mercado no longo prazo, ou seja, a
maximização do valor da companhia (Jensen
2001).
A atuação do RI objetiva como meta final o
auxílio na criação de valor ao acionista.
A Teoria da Firma / Custos de Agência, que
apresenta os custos advindos do monitoramento
e controle entre os administradores e os
acionistas controladores (Jensen e Meckling
1976).
RI se encontra dentro da questão do Custo de
Agência e também da assimetria de
informações, uma vez que atua como
retroalimentador entre empresa e mercado,
auxiliando ainda no monitoramento da
administração por meio da concessão de
informações ao mercado.
32
Governança Corporativa deve estar no nível
ótimo e não no nível máximo, para que o seu
custo não ultrapasse os benefícios dela
advindos (Jensen e Meckling, 1994).
O profissional de RI atua na comunicação com
o mercado, divulgando informações que
auxiliam nesse controle.
Separação de propriedade e controle, das
decisões gerenciais e de quem as monitora, ou
seja, o Conselho de Administração deve
monitorar as atividades da Diretoria Executiva
(Jensen 1998).
O profissional de RI atua na comunicação com
o mercado, divulgando informações que
auxiliam nesse controle.
Alinhamento dos interesses por meio de
instrumentos de medição e performance (Tirole
2005).
A comunicação aos órgãos reguladores e
mercado sobre a remuneração dos
administradores faz parte das atividades sob
responsabilidade da área de RI.
Pontos de uma Governança Corporativa
disfuncional: falta de transparência,
manipulações contábeis, altos salários dos
principais gestores, entre outros. Seus
monitores podem ser fundos de pensão,
auditores, analistas de investimentos,
detentores de dívida emitida pela companhia
(Tirole 2005 e Coffee 2005).
Os públicos citados (analistas de investimentos,
fundos de pensão, detentores de dívida), são
públicos de constante comunicação do
profissional de RI. Os mesmos demandam
informações precisas sobre o andamento da
companhia.
Governança Corporativa no Brasil tem espaço
para melhora e aprimoramento (Black et al.
2007).
A área de Relações com Investidores atua para
aumentar a transparência da companhia junto
ao mercado. Como dito anteriormente, RI
retroalimenta a administração da companhia e
o mercado.
“Código Cadbury” - atuação ptica das
Relações com Investidores: (avaliação do
conselho; estabelecimento de regras para a
remuneração dos conselheiros e diretores; o
presidente executivo não deveria acumular a
presidência do conselho; criação de comitês
ligados ao conselho de administração; critérios
definidos de divulgação de informações;
definição da quantidade de conselheiros bem
como a estipulação de membros independentes;
entre outros.
O RI atua diretamente na divulgação desses
pontos (divulgação de informações, aumento
da transparência, redução da assimetria
informacional, geração de valor) direta ou
indiretamente ligados ao RI.
Fonte: elaborado pelo autor
Com esses pontos apresentados, é possível enxergar que o Profissional de Relações
com Investidores tem papel direto e objetivo no alcance dos mesmos, visto que ele é o
encarregado em dar transparência às atividades da companhia, falando com os diversos
stakeholders e levando o questionamento destes à alta administração, apresentando resultados,
dirimindo questionamentos e dúvidas, provendo comunicação segmentada e propondo
melhorias nos processos da companhia.
Conforme afirmam Rao e Sivakumar (1999) Relações com Investidores é uma
atividade multidisciplinar que transpassa fronteiras, envolvida em realçar a transparência
33
corporativa. Segundo Marston (2008) a transparência é importante para a prática da boa
governança corporativa, e os departamentos de RI estão diretamente ligados a comunicação
relacionada à governança corporativa das companhias. Assim as Relações com Investidores
deixam de ter somente a visão de comunicação financeira, passando a ter relações bastante
próximas com a comunicação corporativa e as relações públicas (Argenti, 1996).
Marston (2008) ressalta a importância da transparência para o sucesso da governança,
embora as companhias tenham notado que as pressões da competitividade global levam as
mesmas a divulgar mais informações do que as que são exigidas pelas normas locais. Ainda
segundo Berglöf e Pajuste (2005) diversos órgãos reguladores têm declarado a
obrigatoriedade da transparência como uma de suas principais prioridades.
Marston (2008) afirma também que as últimas pesquisas demonstram a difusão
mundial das práticas de Relações com Investidores das companhias anglo-americanas. Em
pesquisa realizada em 1998 por Marston e Straker (2001) com 80 das principais companhias
abertas dos países da Europa Continental, encontraram-se evidências que diversas companhias
haviam estabelecido práticas de RI e também que a função crescia em importância.
Igualmente os executivos que responderam a pesquisa afirmaram que a profissão estava no
ponto máximo de importância nos últimos dez anos, especialmente pela necessidade de
competição pelo capital internacional.
Na literatura acadêmica a quantidade de estudos que relacionam governança
corporativa com RI é escassa. Um desses poucos é o estudo desenvolvido por Craven e
Marston (1997) relacionando as práticas de governança estipuladas pelo relatório a respeito da
companhia inglesa Cadbury (1992), anteriormente aqui citado, à área de Relações com
Investidores (RI). O estudo afirma que as Relações com Investidores que são conduzidas de
acordo com o espírito da boa governança corporativa, devem ser organizadas e controladas
para assegurar que estarão de acordo com a lei e com a regulação, devendo a atividade de RI
ser devidamente registrada a fim de comprovar suas ações. Ainda em sua visão, um programa
de Relações com Investidores pode ser considerado como um custo de agência, que este
servirá como um fórum para encontros entre os investidores e os gestores da companhia,
gerando custos, sem dúvida, mas trazendo também potenciais benecios à companhia. Esses
encontros podem ser utilizados para reduzir a assimetria informacional, bem como para
coletar as informações prestadas pelos investidores sobre a gestão da companhia, o que se
configura como uma prática de governança corporativa.
34
Os autores propõem ainda sete hipóteses para a comprovação de que procedimentos de
governança corporativa refletem e são refletidos nas Relações com Investidores. Para tal
conduziram pesquisa com 547 companhias inglesas, das quais obtiveram 325 respostas, cerca
de 60% da base inicialmente objetivada, e a partir de então formularam sete hipóteses.
Importante salientar que o período de coleta antecede a divulgação do relatório Cadbury
(relatório elaborado com fins de discorrer sobre as melhores práticas de governança
corporativa, publicado em dezembro de 1992), compreendendo o período entre agosto de
1991 e março de 1992. Começam com a hipótese inicial de que companhias com separação
entre o presidente executivo e o presidente do conselho têm procedimentos mais bem
organizados e controlados nas Relações com Investidores.
A segunda hipótese aborda o tópico “maioria de conselheiros independentes
compondo o conselho de administração”, que por sua independência terão melhores
condições de cobrar e propor assuntos relacionados à companhia. A terceira hipótese aborda a
constituição de um comide remuneração, que pressupõe sua composição com conselheiros
independentes. Segundo os autores, isso demonstra ser um claro sinal de comprometimento
com a governança corporativa e conseqüentemente requer a organização cuidadosa das
Relações com Investidores.
A quarta hipótese se relaciona com o tamanho da companhia. Quanto maior o tamanho
da companhia maior as demandas dos stakeholders. A quinta hipótese diz respeito ao
atendimento aos credores, que em atividade de monitoramento da companhia, buscam contato
e informações sobre a mesma. A atividade de RI poderá organizar reuniões com analistas,
agências de rating e gestores de fundos por exemplo.
A sexta hipótese emana que nas companhias onde alta proporção de ações detidas
por grandes acionistas, demandará atividades de RI bem organizadas e controladas. Grandes
instituições usualmente poderão intervir no gerenciamento e nas políticas da companhia,
almejando melhores resultados advindos da mesma. A sétima e última hipótese aponta que as
Relações com Investidores serão melhores desempenhadas em companhias onde menor
proporção de ativos detidos pelos conselheiros, pela família controladora e demais associados.
As evidências encontradas pelos autores são compatíveis com as sete propostas formuladas
pelos mesmos.
O Guia de RI (IBRI e Bovespa, 2007 p.12) publicação elaborada pelo IBRI em
conjunto com a BM&FBovespa, que pretende orientar empresas de capital fechado e que
desejam acessar o mercado de capitais, ou ainda as companhias abertas a montar e rever os
35
processos da área de Relações com Investidores ao afirmar que “a importância hierárquica e
a valorização da área de RI esvinculada aos objetivos de transparência e boas práticas de
governança como elemento de geração de valorrelaciona diretamente a importância de RI
com as práticas de governança corporativa, objetivando nessa relação a geração de valor à
companhia. Algumas das atribuições básicas da área de RI descritas no Guia de RI (IBRI e
Bovespa, 2007 p.13) são fundamentalmente ações de governança corporativa. Brevemente
serão citados três exemplos:
i) Relacionamento com os órgãos reguladores, entidades e instituições do
mercado, bolsas de valores e mercados de balcão; ii) reuniões públicas e
individuais com analistas de investimento, acionistas e investidores
potenciais; iii) coordenação e acompanhamento dos serviços aos acionistas
e respectivas assembleias.
O profissional de RI atua como o porta-voz da companhia junto ao mercado de
capitais e como o porta-voz do mercado de capitais junto à companhia, conforme afirma o
Guia de RI (IBRI-Bovespa, 2007). Essa função retro-alimentadora caracteriza o profissional
de RI como uma peça de fundamental importância para o atingimento dos objetivos
organizacionais da empresa.
Todos os instrumentos de governança corporativa até aqui comentados, tais como a
emissão de dívida, o conselho de administração, a transparência, o atendimento aos acionistas
minoritários e aos requisitos legais das bolsas de valores e dos órgãos reguladores, relatórios
contábeis, entre outros, são comunicados por intermédio do profissional de Relações com
Investidores. Para Black et al. (2007) e Silveira et al. (2006), a governança corporativa está
intimamente ligada a geração de valor para a companhia.
Conforme visto, as Relações com Investidores no Brasil datam de época recente.
Contudo podem ser compreendidas como atividade estratégica e de potencial geração de valor
à companhia. Laskin (2009), autor norte-americano, afirma que Relações com Investidores é
reconhecida como uma atividade capaz de criar uma vantagem competitiva. Mahoney (2007),
também norte-americano, afirma que RI funciona como parte integrante da geração de valor
de uma companhia. Rocha e Procianoy (2004), autores brasileiros, apresentam que a função-
chave dos departamentos de Relações com Investidores é a administração das expectativas
dos investidores. Segundo Rocha e Procianoy (2004), apud Laporte (1967, p.49):
“a função de relações com o mercado nunca deve ser considerada sem
importância, nem delegada a pessoas em posições gerenciais intermediárias
... independentemente do cargo que ocupe na empresa, o executivo
36
encarregado das relações com investidores deve ter acesso direto à alta
administração (presidência e diretorias), entender os objetivos corporativos
e estar familiarizado com as atividades da companhia, para poder realizar
suas tarefas de forma correta.”
Para Yee (2002), autor chinês, “RI pode ter um impacto positivo no valor de mercado
da companhia, no custo de capital relativo ao seu setor industrial e no ambiente econômico
global.”
2.6. A Presença das Áreas de RI em Companhias no Exterior
Por meio de pesquisas realizadas pode-se também identificar a importância que é dada
a área de Relações com Investidores ao redor do mundo. Spaseska (2008) realizou pesquisa
no mercado australiano identificando que apertada maioria (52%), do universo de empresas de
capital aberto australianas (129) respondentes ao questionário, possuem um departamento
específico para tratar dos assuntos de RI. Pesquisa conduzida por Marston e Straker (2001)
com as 80 maiores companhias da Europa Continental, mostrou que 54% destas tinham um
departamento de RI separado, fato que evoluiu na pesquisa realizada posteriormente por
Marston (2004) com as 500 maiores companhias da Europa, onde mais de 90% dos
respondentes afirmaram ter um departamento de RI específico. Laskin (2009) em sua recente
pesquisa com empresas norte americanas pertencentes à lista do Fortune 500, identificou que
cerca de 65% das companhias afirmam ter um departamento de RI exclusivo. No Brasil, como
veremos mais detalhadamente no tópico abaixo, 96% das empresas pesquisadas afirmam ter
departamentos de RI exclusivos.
2.7. O perfil da área de Relações com Investidores no Brasil
O IBRI e a FIPECAFI (2009) realizam desde 2001, pesquisa com empresas brasileiras
de capital aberto que tem por objetivo traçar o perfil da área e do profissional de Relações
com Investidores no Brasil. Na última versão, divulgada em 2009, que obteve 113
respondentes de 73 empresas de capital aberto trouxe algumas constatações importantes sobre
o tema. Os dados abaixo têm por base a citada pesquisa.
O porte das companhias respondentes mostra que 34% destas têm faturamento líquido
anual de até R$ 1 bilhão; 26% tem faturamento de R$ 1 bilhão a R$ 5 bilhões, e acima de R$
5 bilhões 34% (6% não responderam), sendo a maioria listada no Novo Mercado da
BM&FBovespa (51%), seguido do Nível 1 (32%), mercado tradicional (9%), e Nível 2 (8%).
37
A maioria dos profissionais são homens (57%), mas as mulheres vêm ganhando
participação, uma vez que em 2001 eram somente 25%, e em 2009 já são 43%.
O RI é um profissional mais “maduro”, apesar da profissão estar se tornando mais
“jovem”. A pesquisa aponta que 71% têm mais de 30 anos (20% acima de 45 anos). Em 2001
87% tinham mais de 30 anos (43% acima de 45 anos). Esse profissional é formado
predominantemente em Administração (34%) e Economia (25%), seguido por Engenharia
(16%) e Contabilidade (10%). Ainda, 88% possuem pós-graduação.
A profissão, como visto, é recente, e tal fato se demonstra no tempo de experiência
dos profissionais. 33% afirmam ter mais de 5 anos de experiência na área e 67% menos de 5
anos de experiência (37% entre 2 e 5 anos, e 30% com menos de 2 anos).
Dentre os respondentes, 96% das empresas pesquisadas afirmaram ter áreas exclusivas
de RI, sendo que 51% delas estão formadas até 3 anos. 32% delas estão formadas mais
de 7 anos.
No tocante a subordinação, a grande maioria (65%) se subordina ao Diretor ou Vice-
Presidente Financeiro, 16% à Presidência, 11% a um Diretor Estatutário exclusivamente
destinado a atender as demandas da área de RI, 4% ao Controller da companhia e 4% a outros
departamentos.
A quantidade de funcionários que compõem a área (excluindo o Diretor de RI
estatutariamente exigido pela legislação brasileira) tem concentração em dois funcionários
(20%), seguido por três e quatro (18% cada um), mais de 7 (13%), um funcionário com 12% e
entre 5 e 7 com 19%.
O orçamento que é destinado à área de RI das companhias respondentes equivale a a
R$ 500 mil em 36% das respostas (equivalente a U$ 289 mil
6
). De R$ 500 mil a R$ 1 milhão
em 23,5% das respostas (equivalente de U$ 289 mil a U$ 577 mil). De R$ 1 milhão a R$ 1,5
milhão em 11,5% das respostas (equivalente de U$ 577 mil a U$ 866 mil). De R$ 1,5 milhão
a R$ 2 milhões em 6% das respostas (equivalente de U$ 866 mil a U$ 1,16 milhão). Acima de
R$ 2 milhões em 10% das respostas (equivalente a U$ 1,16 milhão). 13% não responderam à
questão.
A terceirização de serviços é presente nas Relações com Investidores no Brasil. 84%
dos respondentes afirmam terceirizar algum tipo de serviço da área de RI. Nota-se que os
trabalhos terceirizados não atingem a parte de inteligência da área, como por exemplo,
elaboração de targeting de investidores (composição ideal de base acionária objetivada pela
6
Cotação do dólar norte-americano no câmbio comercial em 19 de novembro de 2009, onde U$ 1,00 = R$ 1,733
38
companhia), e são basicamente ligados a serviços operacionais como teleconferências (65%),
estudos de percepção (57%), elaboração de relatório anual (43%) ou relatório anual on-line
(27%), entre outros.
A pesquisa mostra que a maior parte dos profissionais de RI que responderam à
pesquisa declararam sentir-se prestigiados pela companhia na qual atuam. A pergunta
efetuada, baseada na escala Likert, questionou sobre o reconhecimento da alta administração e
sobre o grau de prestígio do RI com as demais áreas da companhia. A escala foi numerada
entre 0 e 5 (respectivamente, baixo e alto reconhecimento/prestígio). Nas duas perguntas, 80%
responderam entre 4 e 5. O profissional ainda se sente satisfeito com sua profissão, de modo
que 94% afirmaram não ter intenções de mudar de área.
A pesquisa evidenciou ainda um aumento do número de Road shows internacionais
por parte da área de RI. 55% das companhias responderam que realizam mais de três Road
shows por ano, sendo as localidades mais citadas Estados Unidos (46%), Reino Unido (21%)
e Europa Continental (menos o Reino Unido) com 23%. A Ásia aparece na pesquisa com
6%.
2.8. A Importância da Transparência, Divulgação e Reporte de Informações
em RI
A evidenciação e divulgação de informações (disclosure) é ponto de grande
importância para as Relações com Investidores, uma vez que se constitui no meio utilizado
para informar o mercado acerca das ocorrências factuais sobre a companhia, equalizando as
informações igualmente aos públicos a ela relacionados.
O princípio do disclosure é abordado por Scott (2006) apresenta-o como o fato de que
os investidores deduzem que os administradores possuem informações relevantes sobre a
companhia, contudo esses investidores a desconhecem e pressupõem que se a informação
fosse positiva teria sido divulgada, assumindo então que a informação não é boa, e por conta
disso precificam negativamente as ações da companhia. Evidencia-se ai a temática da
assimetria informacional.
Ainda em Scott (2006) apud Dye (1985) e Verrechia (1983) são apresentados
argumentos em que nem sempre essa lógica funciona. Dye (1985) argumenta que não
necessariamente os investidores saberão que os administradores detêm informações. Nesse
caso haverá falha no princípio do disclosure. Verrechia (1983) aponta que outro ponto falho
39
do princípio do disclosure seria o custo para a divulgação de determinada informação que
poderia ser superior ao benefício advindo de sua divulgão.
O chamado disclosure direto (direct disclosure) é comentado em Scott (2006) apud
Hughes (1986), onde o administrador da companhia terá o incentivo de divulgar informações
verdadeiras e precisas a fim de evitar que, em sendo essas informações confrontadas e
testadas pelo mercado, e não sendo verdadeiras, as ões da companhia seriam fortemente
penalizadas pelo mercado.
“As divulgações de informações levam potencialmente ao aumento da reputação da
administração da companhia, diminuem a estimativa de risco e reduzem o custo de capital da
mesma” (Scott, 2006, p.396). Isso se correlaciona com criação de valor, uma vez que melhor
informado, o mercado aplicará menores descontos ao valor mobiliário emitido pela empresa.
A literatura acadêmica trata ainda das questões ligadas às informações privilegiadas.
Scott (2006) apud Beaver (1989) afirma que os representantes mais influentes de mercado
disporão de mais recursos para buscar obter informações privilegiadas, deixando assim os
demais investidores em situação de desvantagem competitiva. Lev (1988) afirma que a
regulação legal desempenha importante papel em buscar evitar que a assimetria informacional
favoreça determinado público em detrimento de outros.
Nos Estados Unidos a SEC publicou no ano de 2000, norma denominada Regulation
Full Disclosure (Reg FD como é chamada no mercado) proibindo as companhias de divulgar
informações seletivamente. Scott (2006) apud Gintschel e Markov (2004) realizaram estudo
cujas evidências demonstram que a adoção obrigatória da Reg FD pelas companhias
americanas induziu a diminuição da volatilidade das ões no mercado norte-americano. O
estudo comparou ações um ano antes e um ano após a divulgão da norma.
A busca pela redução da assimetria informacional é uma das funções da atividade de
Relações com Investidores, conforme defende Treiger (2009). Scott (2006) coloca a
assimetria informacional como um dos principais conceitos da teoria contábil-financeira.
Segundo o mesmo ela ocorre quando determinado grupo tem conhecimento de certa
informação que outro grupo não tem. O autor define ainda dois tipos principais de assimetria
informacional, a seleção adversa (uma ou mais partes de uma transação financeira tem uma
vantagem informacional sobre as demais outras partes) e o perigo moral (uma ou mais partes
de uma transação financeira em possuindo vantagem informacional em função de sua posição
poderá tomar ações em benefício próprio em detrimento das outras partes).
40
Os agentes do mercado também avaliam as informações recebidas de modos
diferentes, contudo seu preço tenderá a uma média ponderada pelo mercado, determinando
assim como o preço no mercado reflete todas as informações disponíveis.
Corroborando a evidência de que maior disclosure significa ao menos em parte,
diminuição do custo de capital, dois autores encontraram evidências nesse sentido. Sengupta
(1998) em seu estudo encontrou evidências que maior disclosure de informações é consistente
com a percepção do mercado de menor probabilidade de risco de não pagamento das dívidas
contraídas pela companhia.
Easley e O`hara (2004) em seu estudo investigativo sobre se a informação afeta o
custo de capital, encontrou que investidores demandam maior retorno de papéis que tenham
menor evidenciação de informações. Botosan e Plumlee (2007) confirmaram o estudo de
Easley e O`hara (2004), concluindo que quatro atributos da informação impactam no custo de
capital: i) proporção de informação pública versus a confidencial; ii) fração de investidores
que se encontram de posse dessa informação; iii) acuidade da informação; iv) efetiva
existência da informação.
Lambert et al. (2007) analisando a relação entre as diferenças informacionais entre os
investidores e o custo de capital de uma companhia, evidencia três pontos principais: i) em
modelos de perfeita competição, a diferença informacional entre investidores afeta o custo de
capital da companhia em função da precisão média da informação detida pelo investidor e não
por conta da assimetria informacional por si só; ii) o efeito da precisão média da informação e
sua divulgação ao mercado pode auxiliar na redução do custo de capital da companhia; iii) o
efeito da precisão da informação não dá origem a um fator isolado de risco da informação.
Apesar das evidências parecerem demonstrar a importância da divulgação de
informações para a redução do custo de capital de uma companhia, Botosan e Plumlee (2002)
em artigo que examinou o nível de disclosure e o custo de capital em ações, encontraram
efeito oposto ao apresentado acima por Sengupta (1998). Elas apresentam que o custo de
capital em renda variável aumenta à medida que aumenta o disclosure, onde
exemplificativamente, uma empresa teria menor custo de capital por fazer disclosure de
informações somente uma vez no ano do que se o fizesse, por exemplo, trimestralmente. Esse
resultado é contrário à teoria, mas é consistente com as demandas dos gerentes que a
divulgação de informações feita à conveniência da Cia poderia aumentar o custo de capital,
possivelmente, segundo as autoras, por conta do aumento na volatilidade do preço da ação,
causada por maior nível de negociação dos papéis. Nesse sentido Scott (2006) comenta que o
41
aumento da volatilidade pode aumentar o beta da ação, aumentando o custo de capital,
segundo preconiza o CAPM.
Botosan (1997) em seu primeiro estudo realizado sobre o tema da divulgação de
informações e seu impacto na redução do custo de capital da companhia, encontrou que para
empresas com vasta cobertura de analistas, não se encontram evidências de diminuição do
custo de capital em renda variável em função do disclosure dado pela Cia, contudo para
empresas que possuem baixa cobertura de analistas, maior disclosure está associado à menor
custo de capital de ações.
Por fim Botosan et al. (2004) realizaram outro estudo associando o custo de capital via
renda variável (equity) e a qualidade da informação púbica e não blica. Evidenciou-se
relação inversa entre o custo de capital e a acuidade da informação pública, mas o efeito é
mais do que compensado por uma relação positiva entre o custo de capital (em equity) e a
precisão da informação não-pública. A acuidade tanto da informação pública como da não
pública, são positivamente correlacionadas.
Bloomfield e Wilks (2000) realizaram estudo laboratorial demonstrando que maior
qualidade de disclosure leva a preços das ações mais elevados e com maior liquidez,
corroborando com os diversos estudos teóricos e empíricos sobre o assunto.
Higson (2003) ao discorrer sobre a teoria de reporting financeiro destaca a
importância que o reporte de informações, a contabilidade e sua auditagem por entes externos,
tem para a efetiva governança corporativa. Destaca ainda a importância dos relatórios
financeiros e da auditoria serem entendidas e vistas pelo mercado como partes integrantes e
correlatas que demonstram a situação econômico-financeira de uma companhia.
Os aspectos da governança corporativa e do reporte financeiro estão intimamente
ligados para Higson (2003) apud Whittington (1993), para quem:
“.... o reporte financeiro .... é um elemento crucial que é necessário para o
sistema de governança corporativa funcionar efetivamente, mas se os seus
usuários não utilizarem as informações, ou os custos de monitoramento
forem muito altos, a mera provisão de informações financeiras de boa
qualidade não será suficiente para a efetividade da governança corporativa.”
A transparência que é oferecida às informações de uma companhia, parece demonstrar
que é potencial agregadora de valor à mesma. Como vimos anteriormente, no item 2.2, uma
das funções das Relações com Investidores é a de se comunicar com o mercado, e desse modo
reduzir a potencial assimetria informacional entre a companhia e o mercado. Desse modo
42
poder-se-ia conjecturar que a função de Relações com Investidores teria importante papel para
agregar valor à companhia, embora não se tenha ainda evidências objetivas o suficiente para
sustentar a afirmação de que um melhor RI significa necessariamente um melhor desempenho
de mercado.
Assim, a análise de estudos que relacionem disclosure (evidenciação/divulgação) e
desempenho bem como os que relacionam RI com desempenho, serão brevemente discutidos
a seguir.
2.9. Estudos Anteriores
2.9.1. Disclosure e seu Impacto no Desempenho das Ações
No tocante à transparência e divulgação de informações o profissional de Relações
com Investidores tem papel importante. Lima (2009) analisou em sua pesquisa 23 (vinte e
três) empresas brasileiras, não financeiras, comparando o nível de evidenciação versus o custo
da dívida dessas empresas. Seus achados foram relevantes no sentido de mostrar que as
empresas com maior vel de disclosure (evidenciação/divulgação) de informações têm
menor custo de capital de terceiros, o que favorece sua atuação no mercado de capitais. Assim
evidenciam-se indícios da importância para as empresas aumentarem o disclosure
(evidenciação/divulgação) de informações, diminuírem a assimetria de informações,
aumentarem a visibilidade e negociabilidade dos papéis da companhia, pois com isso tenderão
a diminuir o custo de captação de recursos via mercado de capitais.
Salotti e Yamamoto (2008) mostram também a importância da divulgação voluntária
de informações. Em estudo analisando a divulgação voluntária da DFC Demonstração de
Fluxo de Caixa mostrou-se correlação positiva com a importância dada pela empresa às
percepções dos outsiders, ou seja, as empresas divulgavam voluntariamente a DFC, ainda que
não obrigatória, por perceberem que isso lhes traria algum benefício (salienta-se que a DFC
passou a ser obrigatória a partir da publicação da Lei 11.638 de Dezembro de 2007, ou seja,
antes do período de levantamento de dados da referida pesquisa).
Outras correlações foram apresentadas pelo estudo quando da divulgação voluntária
da DFC. Correlação positiva com o desempenho da empresa (empresas que divulgam a DFC
possuem melhores resultados), e correlações negativas com os custos de informação
(resultado aponta que empresas que têm maiores custos de divulgão das informações o o
deixam de fazer por causa do custo) e com o nível de assimetria informacional (resultado
43
aponta que empresas com menores níveis de divulgação, divulgarão ainda menos informações
ao mercado).
2.9.2. Disclosure e sua Influência em RI
Chang et al. (2008), apontam que empresas com maior divulgação de informações, e
com qualidade, por meio do RI, tem mais analistas cobrindo-as, mais investidores
institucionais, maior liquidez e maior capitalização de mercado (market cap). O spread
(diferença entre o preço de compra e venda de um título) diminui com o aumento da
qualidade da informação.
Costa (2001) ao analisar as Relações com Investidores do ponto de vista da
comunicação organizacional, afirma que um dos diferenciais de competitividade é
estabelecido em função da qualidade da comunicação mantida com os investidores,
auxiliando no usufruto do mercado de capitais, salientando ainda a importância da construção
de um bom relacionamento com analistas de mercado, para que se aumente a visibilidade da
companhia e para que se auxilie na formação de sua imagem junto à comunidade financeira.
No comparativo entre o nível de governança de uma companhia listada nos níveis
diferenciados de governança da BM&FBovespa e sua agilidade na divulgação de seus
resultados financeiros, Amaral et al. (2008), encontraram indícios de que o excesso de
controle dos acionistas controladores tende a atrasar a divulgação desses resultados contábeis.
As Relações com Investidores podem contribuir para que essa diferença de tempo diminua e
também para que não haja manipulação ou expropriação por parte dos acionistas
controladores. Esse também foi o achado de Ma e Hu (2008) que analisando 397 companhias
chinesas, identificaram que as Relações com Investidores podem moderar o poder do bloco de
controle em expropriar os demais acionistas.
A preocupação do profissional de RI com a informação e sua correta divulgação,
aparece como fator importante de sua atuação. Ponte et al. (2007) apontam que a divulgação
obrigatória de informações no Brasil o evoluiu (dentro o espectro comparativo pesquisado,
2002 contra 2005), enquanto que nas informações avaadas e não-obrigatórias evidenciou-se
avanço na divulgação de informações de responsabilidade sociocorporativa, demonstração de
fluxo de caixa e demonstração do valor adicionado.
Silva e Alves (2004) realizaram estudo onde analisaram a internet como meio de
divulgação de informações, tomando por base 150 companhias latino americanas do México,
Argentina e Brasil. Os resultados apresentam significativa associação entre o valor da
44
companhia e a divulgação voluntária de informações financeiras, levando a um maior retorno
aos acionistas.
2.9.3. Governança Corporativa, RI e Criação de Valor
Os debates acerca da criação de valor por meio da Governança Corporativa são mais
desenvolvidos do que em relação às Relações com Investidores, que se demonstra
praticamente inexistente. Nas pesquisas realizadas pelo pesquisador foi possível encontrar
somente um único estudo que relaciona RI e criação de valor.
Agarwal (2008) relacionou o valor de mercado da companhia com as atividades de RI.
Usou como proxy o IR Magazine Awards de 2000 a 2002, que é uma premiação baseada em
percepção de mercado acerca das melhores empresas e profissionais em Relações com
Investidores, assim eleitas na opinião de analistas e investidores. O estudo mostrou que
companhias percebidas no mercado como tendo estratégias de RI superiores, geram retornos
anormais superiores. Mostrou ainda que maior cobertura de analistas geram mais indicações
ao prêmio. Por fim o estudo demonstrou que atividades efetivas de RI reduzem o risco
associado com a assimetria de informação, conforme predizem as teorias de risco e agência.
Treiger (2009) apresenta uma série de métricas quantitativas e qualitativas para se
mensurar a atividade de RI, tais como o aumento do número de analistas cobrindo a empresa,
aumento do número de investidores, aumento do volume negociado, tipos de investidores
mais adequados à companhia, redução de volatilidade dos preços das ações, melhora na
liquidez, maior presença de investidores pessoa sica, estudos de percepção quanto a
satisfação dos stakeholders em reuniões públicas, teleconferências e webcasts e melhora na
qualidade dos relatórios dos analistas de sell side.
A criação de valor por meio da Governança Corporativa foi um pouco mais explorada
pela academia, apesar de também necessitar de avanços. Alguns estudos abordam a temática.
Silveira (2002) analisou a governança frente ao desempenho e valor da empresa no Brasil,
utilizando para tal três variáveis, sendo que uma delas, a separação dos cargos de diretor
executivo e presidente do Conselho, apresentou forte correlação, ou seja, na média, empresas
que tem pessoas distintas ocupando esses cargos são mais valorizadas pelo mercado.
Srour (2005), como visto, apresentou que empresas brasileiras que possuem ADR`s
nível II e que estão no Novo Mercado, sendo esses dois pontos instrumentos práticos de
maiores exigências de governança, possuem maior retorno em períodos de crise. Outro estudo
comentado de Lang et al. (2003) aponta que empresas com dupla listagem (país de origem
45
e EUA) têm informações mais bem prestadas ao mercado que se associa a maior valoração da
companhia pelo mercado. Ainda o estudo de Botosan e Plumlee (2003) que confirma que os
atributos da informação impactam no custo de capital da companhia.
Malacrida e Yamamoto (2006) analisaram a relação entre o nível de disclosure
contábil (que é uma ação de governança) e o retorno das ações das companhias negociadas na
BM&FBovespa, com base em 2002, retratando que quanto maior o disclosure contábil, menor
a volatilidade no retorno médio das ações.
Estudo promovido por Lameira e Ness Jr. (2007) buscou analisar se a governança
corporativa causou impacto no valor das empresas brasileiras. Os resultados sugerem que a
melhoria de práticas de governança corporativa promoveu impacto no valor das companhias
abertas listadas em bolsa cujas ações apresentem liquidez e volatilidade de preços.
Achado semelhante obtiveram Marcon e Souza (2007) que analisaram se a inclusão
nos veis diferenciados de governança corporativa da BM&FBovespa é sinal de melhora no
desempenho das companhias nela listadas. Dentre os indicadores utilizados, alguns apontaram
para a comprovação da hipótese (especificamente o preço sobre valor patrimonial).
Desse modo pode-se compreender a estreita ligação entre as atividades de Governança
Corporativa e Relações com Investidores, principalmente na questão de transparência, reporte
e divulgação de informações, enxergando a função, potencialmente, como uma das principais
executoras da Governança de uma empresa.
Também são apontadas evidências da grande importância da função no campo de
agregação de valor à companhia, cujas atividades desenvolvidas e percebidas de acordo com
as expectativas de mercado (geração de valor e perpetuidade dos negócios da empresa),
poderão ser agregadoras de valor, ou se não forem compreendidas e bem transmitidas,
poderão não trazer à companhia o seu devido valor.
46
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1. Método Utilizado
A presente pesquisa, pertencente à categoria das pesquisas sociais, é baseada no
método de Entrevista Estruturada do tipo Survey. Inicialmente abordando a pesquisa social,
May (2001, p.29) apresenta a relação entre a Teoria Social e a Pesquisa Social:
“A ideia de teoria, ou a habilidade de explicar e entender os resultados de
pesquisa com uma estrutura conceitual que faça „sentido‟ a partir dos dados,
é o marco de uma disciplina madura, cujo objetivo é o estudo sistemático de
um fenômeno em particular. Em nosso caso como pesquisadores sociais,
esse fenômeno é o dinâmico, o conteúdo, o contexto e a estrutura das
relações sociais. Nós objetivamos....explicar e entender o mundo social.”
A entrevista estruturada não se trata de um tipo “puro” de pesquisa qualitativa.
Segundo May (2001) a entrevista estruturada está associada a uma pesquisa de opinião e se
baseia no uso de um questionário como instrumento de coleta de dados. Nele, a cada pessoa é
perguntada a mesma questão e da mesma maneira, de modo que qualquer diferença entre as
respostas são consideradas as reais e não o resultado da entrevista em si. A validade do
processo será então checada ao se perguntar ao respondente sobre a mesma questão e, a partir
disso, comparar as respostas.
Há de se salientar a neutralidade do entrevistador como de grande importância,
evitando que coloque seus pontos de vista sobre o assunto, que improvise sobre o tema, que
não interprete as respostas e, antes de iniciar a entrevista, deve padronizar as intenções da
pesquisa, evitando assim que se desvie dos objetivos inicialmente pretendidos.
Ainda segundo May (2001) esse método de entrevista estruturada permite a
comparabilidade entre as respostas, confiada sobre a estrutura uniforme da pesquisa. Ponto
importante para a confiabilidade da pesquisa é que o entrevistador esteja preparado para
aplicar o questionário e conheça o assunto em questão, ou que esteja treinado para tal.
A presente pesquisa não pode ser definida como quantitativa, e como dito acima, ela
o se trata de um tipo puro” de pesquisa qualitativa, apesar de estar relacionado à mesma.
Godoy (1995) apresenta quatro características da pesquisa qualitativa. A primeira enuncia que
a pesquisa tem como foco o ambiente natural como fonte de estudo dos eventos empíricos
ocorridos nesse ambiente. A segunda característica da pesquisa qualitativa é que ela é
47
descritiva, ou seja, os dados coletados podem ser apresentados na forma da transcrição das
entrevistas ou ainda em fotografias, desenhos, vídeos ou outras formas documentais. A
terceira característica da pesquisa qualitativa pressupõe ainda que o pesquisador não parta de
uma hipótese pré-estabelecida, objetivando a exclusão de qualquer viés. Por último e
igualmente, o pesquisador objetivará compreender o tema em estudo partindo da visão
apresentada pelos entrevistados.
Dentro da pesquisa qualitativa o tipo que mais se aproxima da presente pesquisa é a
“Análise de Categorias”. Lankshear e Knobel (2008, p.226) trazem a seguinte definição: A
análise de categorias envolve a organização sistemática dos dados em agrupamentos iguais,
similares ou homogêneos” apud Rose e Sullivan, (1996, p.232). Lankshear e Knobel (2008,
p.226) definem também que a análise de categorias é utilizada para “fazer referência ao
processo de desenvolvimento e aplicação de códigos aos dados” e “...identificar relações
lógicas entre as categorias de itens...”
A pesquisa enfoca três grupos, dentre os quais os dois primeiros foram entrevistados
pessoalmente e ao terceiro grupo foi aplicado questionário por meio da internet. O primeiro
são os profissionais de Relações com Investidores e especialistas na área. O segundo são os
analistas de investimentos e gestores de carteiras de investimento. O terceiro são pessoas
físicas ligadas ao INI (Instituto Nacional de Investidores), cuja característica principal e
conseqüente perfil dos entrevistados é a de auxiliar por meio da educação as pessoas físicas a
investirem no mercado de capitais brasileiro.
As entrevistas objetivam captar a percepção dos entrevistados no tocante ao tema, as
formas que a atividade de Relações com Investidores agrega valor, ou não, à companhia. Cabe
salientar também que todas as entrevistas (com os profissionais de RI/especialistas no tema e
com os analistas de investimento/gestores de carteiras) foram gravadas e contaram com a
autorização dos entrevistados para citá-los.
As pesquisas para os profissionais de Relações com Investidores/Especialistas e aos
analistas de investimentos/gestores de carteiras de investimento foram realizadas por meio de
entrevista pessoal. Rea e Parker (2000) destacam as vantagens desse tipo de pesquisa, uma
vez que traz maior flexibilidade, com busca de mais detalhes sobre o assunto, possibilidade de
aplicar questionários mais complexos e orientar os entrevistados com instruções detalhadas
dos pontos desejados e garantir que as instruções serão seguidas, alto índice de respostas e
também acesso a populações com acesso mais restrito. Com o grupo de investidores pessoas
físicas, o questionário foi aplicado via internet para os associados ao INI.
48
O pesquisador salienta sua especial condição facilitada por estar no meio profissional
do tema em estudo, conseguindo assim a importante e valiosa cooperação dos entrevistados.
Contudo Rea e Parker (2000) também salientam os aspectos negativos das entrevistas
pessoais, como o alto custo investido, não financeiro como de tempo. Ainda a questão de
estresse desenvolvida pelo contato pessoal, menor anonimato (foi solicitada autorização a
cada um dos entrevistados para sua citação nesse estudo), eventual relutância do entrevistado
em cooperar além de questões ligadas a segurança do entrevistado que podem estar ligadas a
riscos imaginários.
Um importante ponto negativo desse tipo de entrevista é o viés que pode ser
introduzido pelo entrevistador. Ciente desse ponto o pesquisador ao iniciar cada uma das
entrevistas, explicou ao entrevistado que sua função seria mais a de ouvir e pouco falaria ou
comentaria sobre as respostas fornecidas, mas em sendo necessário, reforçaria eventual ponto
a ser discorrido na resposta. Também salientou que as respostas não deveriam ser
influenciadas pelo fato do entrevistador pertencer ao instituto que reúne os profissionais de
Relações com Investidores no Brasil.
3.2. Definição dos Respondentes
3.2.1. Profissionais de Relações com Investidores e Especialistas em RI.
A escolha dos respondentes ao roteiro de entrevista destinado aos Profissionais e
Especialistas em RI (veja quadro 3 a seguir) seguiu aos seguintes critérios adotados pelo
pesquisador, abaixo apontados, não necessariamente por ordem de importância:
I. Setor de atuação da economia, em se tratando do questionário aplicado aos
profissionais de RI (veja figura 1 a seguir). Justifica-se a escolha dos setores
em questão pela tradicional presença dos mesmos em mercado de capitais,
construindo assim relacionamento com o mesmo, além do fato das diferentes
características de cada um dos setores, desse modo apresentando demandas
diferentes em RI;
II. Cargo ocupado e respectivo acesso às informações relevantes da companhia ou
do mercado. Justifica-se esse quesito pela importância do profissional estar em
alto nível hierárquico e desse modo ter contato ou participar da alta
administração que tem o poder decisório nas instituições diversas com as quais
49
a empresa se relacione, obtendo assim o retorno do mercado sobre as
informações necessárias e relevantes a serem prestadas pela companhia;
III. Reconhecimento público do mercado de capitais brasileiro em relação ao
entrevistado, por meio de premiações ou destaques concedidos. Justifica-se
esse ponto pela percepção empírica do próprio mercado em eleger
determinados profissionais como capacitados a desempenhar a função de RI ou
de profissional de investimentos;
IV. Experiência prática na área de Relações com Investidores. Justifica-se o ponto
pela necessidade de vivência prática em RI para que tenha então bom
entendimento da atividade e consiga então inferir conclusões e informações
necessárias ao bom desempenho de sua função;
V. Participação ativa ou recente em empresas listadas na Bolsa de Valores de São
Paulo. Nesse ponto o pesquisador objetivou entrevistar RI‟s de empresas que
tenham forte participação constante no mercado de capitais brasileiro;
VI. Free-float (ações em livre circulação no mercado de bolsa de valores) das
companhias nas quais atuam os profissionais de Relações com Investidores
entrevistados, acima de 20% (veja quadro 2 a seguir), de modo que a
companhia tenha demanda mínima negocial do mercado e desse modo a
atividade de RI na companhia seja constante e ativa;
VII. Porte da empresa à qual pertence o profissional de Relações com Investidores
entrevistado, de modo que o tamanho da companhia impacte na demanda por
informações do profissional. A justificativa pode ser entendida como a mesma
do item VI acima.
Baseado nos critérios acima citados foram identificados 16 profissionais e
especialistas ligados a RI e que atuam em empresas de capital aberto ou que prestam
consultoria e têm ligações efetivas com o mercado de capitais, tendo atuado na área ou
atuando como consultores da área de RI. Ainda alguns especialistas foram identificados como
potenciais contribuidores da pesquisa uma vez que possuem bom conhecimento do mercado
de capitais brasileiro, tendo atuado em posições-chave. Um dos especialistas entrevistado
foi o Sr.William Mahoney, precursor dos conceitos de RI atualmente desenvolvidos no Brasil.
50
Assim são 12 profissionais atuantes em RI de 10 companhias abertas brasileiras, 01
consultor em RI, 01 especialista no tema, 01 ex-presidente e DRI de companhia aberta e 01
ex-DRI de companhia aberta.
Figura 1 Setor de atuação dos entrevistados no questionário dos profissionais de Relações com
Investidores
Quadro 2 Free-Float das companhias nas quais atuam os profissionais de Relações com
Investidores entrevistados (consulta realizada aos sites de RI das respectivas companhias em
14/Nov/2009).
EMPRESA
FREE-FLOAT
DATA BASE DA CONSULTA
Banco Bradesco S/A
59,9%
Mar/09
Banco do Brasil S/A
21,7%
Set/09
Cemig S/A
64,0%
Set/09
CPFL S/A
30,5%
Out/09
Gerdau S/A
50,3%
Out/09
Itaú Unibanco Holding S/A
54,5%
Set/09
Marfrig S/A
27,1%
Set/09
TAM S/A
53,7%
Mar/09
Telemar S/A (Grupo Oi)
50,7%
Out/09
Vale S/A
39,2%
Abr/09
Quadro 3 Quadro dos entrevistados para o grupo de Profissionais e Especialistas em Relações com
Investidores. Base abril de 2010.
PROFISSIONAIS E ESPECIALISTAS EM RELAÇÕES COM INVESTIDORES
25,0%
18,8%
12,5%
12,5%
12,5%
6,2%
6,2%
6,2%
Bancário
Energia
Sem Colocação
Consultor
Min/Sid
Telecom
Alimentos
Transportes
51
Nr.
Nome
Empresa - Cargo
Justificativa
1
Alfredo Egydio
Setubal
Itaú Unibanco Holding S/A -
Vice Presidente Executivo e
Diretor de RI
Diretor de RI do maior banco privado da
América Latina. Eleito como melhor RI
pelo IR Awards 2005, pela Apimec em
2003, 2002 e 1999. Ex-presidente do
Conselho do IBRI por 4 anos.
2
Geraldo Soares
IBRI - Instituto Brasileiro de
Relações com Investidores
Presidente Executivo (2006 a
2009) // Itaú Unibanco
Holding S/A -
Superintendente de RI
Presidente Executivo do IBRI entre 2006
e 2009. Foi eleito como melhor RI pela
Apimec em 2009, 2007, 2006 e 2001 e
pelo IR Awards em 2005.
3
João Pinheiro
Nogueira Batista
IBRI Instituto Brasileiro de
Relações com Investidores -
Presidente do Conselho de
Administração (2006 a 2009)
Foi Diretor de RI da Petrobras, Suzano
Petroquímica (também co-CEO) e
Presidente do Bertin Frigoríficos.
4
Ricardo Florence
Marfrig Frigoríficos S/A -
Diretor de Relações com
Investidores, Planejamento,
Marketing Institucional e
Governança Corporativa.
Diretor Presidente do IBRI
(2010 e 2011)
Atua como RI há mais de 10 anos com
passagens pelas Diretorias de RI do Pão
de Açúcar, UOL, Brasil Telecom e
atualmente Marfrig.
5
José Marcos
Treiger
Multiner Energia S/A -
Diretor de Relações com
Investidores
Considerado um dos primeiros RI`s do
Brasil, autor de recente livro sobre o
tema, participou do 1º lançamento de
ADR em 1992 (Aracruz), tendo passado
pelas Diretorias de RI da CSN, Braskem
e atualmente Multiner Energia.
6
Luiz Fernando
Rolla
Cemig S/A Diretor
Financeiro, Relações com
Investidores e Participações.
Presidente do Conselho de
Administração do IBRI
(2010 e 2011).
Eleito melhor RI pelo IR Awards 2006 e
também pela Apimec em 2008, 2004 e
1998.
7
Marco Geovanne
Tobias da Silva
Banco do Brasil S/A -
Gerente Geral de Relações
com Investidores
Eleito como melhor RI pelo IR Awards
de 2009. Responsável por RI do maior
banco da América Latina.
8
Roberto da Cunha
Castello Branco
Vale S/A - Diretor de
Relações com Investidores
Eleito como melhor RI pelo IR Awards
de 2007. Também atua na segunda maior
Cia brasileira de capital aberto.
9
Roberto Terziani
Telemar S/A (Oi) - Diretor
de Relações com
Investidores
Já atuou como Analista de
Investimentos, inclusive premiado pela
Apimec em 1976, atuando há 11 anos em
RI no Grupo Telemar
10
Wilson Ferreira Jr
CPFL S/A - Diretor
Presidente
Presidente do Grupo CPFL, uma das
primeiras empresas a entrarem no Novo
Mercado da Bovespa. Tem ainda
menções honrosas em duas categorias do
IR Awards (Gov.Corporativa e Melhor
Programa de RI -2007).
11
Arleu Aloísio
Anhalt
FIRB Consultoria em RI
Sócio-Diretor
Possui vasta experiência em RI. Presidiu
o IBRI entre 2000 e 2001. Atuou ainda
como DRI da Sadia, e atua como
consultor de RI desde 2002.
12
José Luiz Acar
Banco Bradesco S/A - Vice-
Presidente do Conselho do IBRI em
52
Pedro
Presidente Executivo tendo
já atuado como DRI do
banco.
2004 e 2005, quando atuou como Diretor
de RI do Bradesco. Ademais o Bradesco
é o terceiro maior Banco do Brasil.
13
Líbano Miranda
Barroso
TAM S/A - Presidente
Executivo e Diretor de
Relações com Investidores
Foi Vice-Presidente do Conselho do
IBRI (2008 e 2009) e desde 2004 ocupa
o cargo de Diretor de RI na TAM. Foi
DRI/CFO da CCR e fez o IPO da Cia, a
primeira do Novo Mercado da Bovespa
14
Leonardo Dutra de
Moraes Horta
IBRI Instituto Brasileiro de
Relações com Investidores
Conselheiro Vice-
Presidente do Conselho de
Administração (2004 a 2007)
Possui larga experiência como CFO e
Diretor de RI. Atuou no cargo em
empresas como Cosipa, Cia.Siderúrgica
de Tubarão, Arcelor e Magazine Luiza.
15
Tarcisio Beuren
Gerdau S/A - Gerente Geral
de Relações com
Investidores
Profissional premiado pelo IR Magazine
Awards em 2008 e pela Apimec em
2005.
16
William Mahoney
Consultor
Profissional norte-americano, jornalista
de formação, autor de diversos trabalhos
e livros em RI, inclusive dois deles pu-
blicados no Brasil. Precursor dos princi-
pais conceitos de RI atualmente utiliza-
dos no Brasil. Foi professor da matéria
na Temple University e também editor
executivo da IR Update, publicação do
NIRI (congênere americana do IBRI),
entre 1981 e 2000. Citado como fonte em
diversos trabalhos acadêmicos.
Dois dentre os dezesseis acima mencionados o puderam conceder a entrevista
presencial, contudo responderam ao questionário indicando sua pontuação nos campos
correspondentes, sendo que somente um deles realizou os comentários respectivos em cada
uma das questões. Ainda dois dos entrevistados não ranquearam as perguntas.
3.2.2. Analistas de Investimentos e Gestores de Carteiras
A escolha dos respondentes ao roteiro de entrevista destinado aos Analistas de
Investimentos e Gestores de Carteiras (veja quadro 4 na sequência) seguiu aos seguintes
critérios estipulados pelo pesquisador, abaixo apontados, não necessariamente por ordem de
importância:
I. Cargo ocupado e respectivo acesso às informações relevantes do mercado;
II. Reconhecimento público do mercado de capitais brasileiro em relação ao
entrevistado, por meio de premiações ou destaques concedidos;
III. Experiência prática na área de análise de investimentos/gestão de carteiras;
53
Quadro 4 Quadro dos entrevistados para o grupo de Analistas de Investimento e Gestores de
Carteiras. Base abril de 2010.
PROFISSIONAIS DE INVESTIMENTO E GESTORES DE CARTEIRAS
Nr.
Nome
Empresa Cargo
Justificativa
1
Reginaldo
Alexandre
Apimec/SP - Presidente
Profissional de Investimentos com mais
de 20 anos de experiência em análise de
investimentos. Presidente da entidade
que reúne os profissionais de
investimento em São Paulo.
2
Lucy Souza
Apimec Nacional
Presidente
Dra.em Economia pela Unicamp, tendo
sido Presidente da Apimec-SP e agora
Presidente da Apimec Nacional.
3
Álvaro Bandeira
Àgora Corretora - Diretor de
Pesquisa Macro Econômica
Ex-Presidente da Apimec Nacional.
Eleito melhor profissional de
Investimentos pela Apimec em 1996,
além do atual cargo ocupado na Àgora.
4
Renato Chaves
Grupo Oi Telemar
Ex-Previ ocupando o cargo de Diretor de
Participações. A Previ é o maior fundo
de pensão brasileiro. Atualmente no
Grupo Oi é responsável pela área de
Governança Corporativa.
5
Ricardo Tadeu
Martins
Planner Corretora Gerente
da área de Research
Atualmente Vice-Presidente da
Apimec/SP e Analista da Planner
Corretora.
6
Jorge Simino Júnior
Fundação CESP Diretor de
Investimentos e Patrimônio
A Fundação CESP é o maior fundo de
pensão privado nacional, com patrimônio
de cerca de R$ 20 bilhões e 120 mil
pessoas.
7
Walter Mendes de
Oliveira Filho
Itau Unibanco Asset
Management
Superintendente de Renda
Variável e Presidente da
Amec
Gestor de Fundos do maior banco
privado da América do Sul e Presidente
da entidade representativa das Assets no
Brasil, a Amec.
8
Guilherme Ache
Squadra Investimentos
Gestor e Sócio
Empresa de gestão independente que
reúne profissionais qualificados de
mercado. Guilherme possui 20 anos de
análise. atuou como portfólio manager
e como chefe da área de análise do
Banco Pactual.
9
Ronaldo Nogueira
Analista de Investimentos
Profissional Analista de Investimentos,
representante de fundos internacionais e
primeiro administrador no Brasil de
fundo de investimento estrangeiro. Um
dos idealizadores do IBRI e do INI.
10
Davi Navegantes
Apimec/RJ - Vice-presidente
Profissional de Investimento atuante no
mercado de análise sell side, com mais
de 25 anos de experiência.
11
Haroldo R Levy
Neto
CODIM Comitê de
Orientação para Divulgação
de Informações ao Mercado
Profissional de Investimentos premiado
pela Apimec em 2001, da qual foi
presidente (regional SP) em 2006.
Atualmente é Coordenador do CODIM.
54
Um dentre os onze acima mencionados não pode conceder a entrevista presencial,
contudo respondeu ao questionário indicando sua pontuação nos campos correspondentes,
contudo sem fazer os comentários respectivos em cada uma das questões.
3.2.3. Investidores Individuais
No caso dos respondentes à pesquisa destinada às pessoas físicas, o critério único é de
que o respondente seja participante do INI (Instituto Nacional de Investidores), conforme
quadro 5 abaixo.
Quadro 5 Quadro dos entrevistados para o grupo de Investidores Individuais.
INVESTIDORES PESSOA FÍSICA
Nr.
Nome
Objetivo
1
Pessoas Físicas associadas ao INI Instituto
Nacional de Investidores
Aplicar questionário às pessoas que
tenham algum contato com o mercado de
capitais por meio de aplicações em bolsa
de valores.
A escolha dos entrevistados não pode ser considerada uma amostra totalmente
representativa da população. Para Rea e Parker (2000) a amostra objetiva a representação de
toda uma população, e sua finalidade é garantir a possibilidade de se fazer generalizações. Na
presente pesquisa a escolha dos entrevistados e dos respondentes à pesquisa obedeceu a
critérios conforme descritos acima nessa seção e, como não necessariamente representam a
população em questão, não poderão ser generalizáveis.
3.3. Estruturação dos Roteiros de Entrevista e do Questionário
Os roteiros de entrevista e o questionário foram estruturados a partir de itens, situações
e estruturas de importante verificação para o entendimento do que efetivamente agrega valor à
atividade de Relações com Investidores, tanto na opinião dos profissionais de RI, quanto dos
demais grupos entrevistados.
55
3.3.1. Roteiro de Entrevista destinado aos Profissionais e Especialistas em RI
O roteiro de entrevista destinado aos profissionais e especialistas de RI contou com
breve intróito para identificar o perfil da área de RI dentro da companhia. Essas perguntas se
aplicaram a 12 dos 16 entrevistados. Três perguntas foram feitas inicialmente:
I. O Diretor de RI (DRI) estatutário da Cia é exclusivamente focado em RI?
a. Sim
b. Não
II. Se “não” à questão anterior, quais outras funções o DRI acumula na Cia?
III. No organograma de sua Cia, a quem que o DRI estatutário se subordina?
O objetivo com essas três perguntas iniciais foi o de entender o grau de subordinação
do DRI (Diretor de Relações com Investidores) na companhia, bem como saber seu
posicionamento hierárquico, de tal modo a identificar se aquele que se responsabiliza pela
função efetivamente possui acesso e participa das decisões tomadas na alta administração da
companhia, a fim de adequadamente transmiti-las ao mercado de um modo geral. Nesse
sentido corrobora a questão de o DRI estatutário ser exclusivo ou não à função de RI, e caso
contrário quais outras funções ele exerceria concorrentemente com a de RI.
Esses pontos se demonstram relevantes uma vez que estando o RI hierarquicamente
posicionado junto à alta administração da companhia, não necessariamente, mas
potencialmente, poderá ter acesso a informações relevantes a tomada de decisão pelo
mercado, e desse modo buscará equalizá-las adequadamente ao mesmo.
Laskin (2009) ressalta a importância do RI trabalhar adequadamente a comunicação,
uma vez que, para o autor, cada vez mais os investidores consideram aspectos não financeiros
em suas decisões. Favaro (2001) salienta, contudo que a função de RI deve estar ligada ao
CFO (Chief Financial Officer, ou Diretor Financeiro). A pergunta 3-a também caminhou
nesse sentido de identificar qual a importância da subordinação no aspecto agregação de valor
pelo RI à companhia.
Na sequência foram realizadas mais cinco perguntas. Nas perguntas 1 e 2, foi
solicitado ao entrevistado que discorresse livremente sobre seu entendimento a respeito da
agregação de valor pela área de RI, bem como se considerava de difícil mensuração essa
agregação. Aqui a intenção foi identificar o viés do entrevistado quanto ao tema e
objetivamente ouvir se, ainda que sem uma métrica definida, a percepção é de que a área
agrega valor à companhia. Os enunciados das questões 1 e 2 foram respectivamente os
seguintes:
56
1) O Sr. poderia, por gentileza, me falar sobre seu entendimento a respeito da
agregação de valor pela Área de Relações com Investidores (RI) em uma Cia Aberta?
2) O Sr. concorda com a afirmação de que aferir o valor agregado por RI é de difícil
mensuração? Por quê?
A pergunta seguinte, de número 3, iniciou a avaliação com base em aspectos práticos
da atividade de RI, quais pontos que de fato, na opinião do entrevistado, agregariam valor à
companhia por meio da atividade de Relações com Investidores. Foram identificadas 29
situações que compreendiam desde atividades comuns a área de RI até a influência da
disposição organizacional da área na companhia. O enunciado da questão foi o seguinte:
3) Quais indicadores o Sr acha que podem servir como Proxy (forma de avaliar) para
uma tentativa de aferição do valor agregado por RI? Por favor, valore o grau de importância
(0 = sem nenhuma importância e 10 = extremamente importante) e comente cada uma delas,
abordando o aspecto efetivo ou não para essa avaliação. Por gentileza, ranqueie também os
itens abaixo (de 1” a 29”) segundo a importância entre si, tendo o 1 como o mais
importante, e assim na sequência. (opção para ranquear os 10 mais importantes, já que a lista
é extensa).
Brevemente são justificadas cada uma das perguntas apontadas.
Quadro 6 Roteiro de Entrevistas destinado ao público de Profissionais e Especialistas em RI, com
as respectivas justificativas a cada uma das perguntas.
Nr.
Item
Justificativa
1
Ter o RI subordinado a alta
administração?
a) ao Presidente Executivo?
b) ao Presidente do CA?
Identificar a importância do RI estar ou o
subordinado ou ligado aos principais administradores
da companhia. Autores como Favaro (2001) defendem
a importância do RI estar subordinado ao Diretor
Financeiro. Já Treiger (2009) diz que RI é função
integrante da alta administração, enquanto que Rocha
e Procianoy (2004) apontam que RI deve ter acesso a
alta administração da Cia.
2
RI com acesso constante e facilitado
organizacionalmente ao Conselho de
Administração?
Mesma justificativa do item 1.
3
Estratégia de RI traçada no Conselho de
Administração?
Mesma justificativa do item 1.
4
Estratégia de RI traçada na Diretoria
Executiva?
Mesma justificativa do item 1.
5
Realização de reuniões individuais:
a) Com analistas sell side
b) Com analistas buy side
c) Com investidores institucionais
Identificar qual o efetivo peso que as reuniões com os
públicos estratégicos do RI tem para a agregação de
valor à companhia. Marston (2008) afirma que o
principal meio de comunicação utilizado pelos RIs
com os analistas são as reuniões individuais. Hwang
(2005) afirma que a atuação de RI, nas empresas
57
d) Com investidores pessoa física
e) Com jornalistas
Taiwanesas, tem impacto positivo nos relatórios dos
analistas e junto aos investidores institucionais.
6
Realização de reuniões públicas?
Mesma justificativa do item 5.
7
Concessão de projeções e estimativas
operacionais (guidance)?
Para os analistas o guidance é importante para auxiliar
em seu modelo de precificação da companhia,
contudo MacGregor e Campbell (2006) citam que as
empresas deveriam objetivar o longo prazo e não
sucumbir às pressões de analistas por projeções ou
estimativas. NIRI (2008a) incentiva as companhias a
fornecerem guidance ao mercado e no caso do
guidance de resultados que tenha periodicidade anual.
8
Concessão de projeções e estimativas de
resultados (guidance)?
Mesma justificativa do item 7.
9
Realização de targeting de investidores?
O targeting pode ser compreendido como a
composição ideal de base acionária objetivada pela
companhia. A atuação do RI agrega valor nesse
sentido? Pesquisa realizada pela Thomson Reuters
(2009) aponta que 85% dos RIs realizam alguma
forma de targeting, ainda que não determinado em sua
política de atuação.
10
Diversificação da base acionária
(investidores de curto prazo/longo prazo,
pessoas físicas, institucionais,
estrangeiros, ....)
Mesma justificativa do item 9.
11
Deal Road shows?
A realização pelo departamento de RI de reuniões
lançadas exclusivamente para captação de recursos,
agrega valor à companhia quando realizada pelo RI?
A hipótese é de que o RI contribui na diminuição da
assimetria informacional ao realizar deal Road shows.
Pesquisa da Thomson Reuters (2009) com cerca de
600 empresas (em sua maioria americanas) mostra que
mais de 70% delas realizam Road shows com
frequência. Publicação do NIRI (2008b) aponta a
importância do relacionamento entre companhia e
analistas, desenvolvidas nos road shows. NIRI
(2009a) aponta ainda que o Road Show deve trazer
métrica de avaliação da quantidade de investidores
que adquirem as ações da companhia após o mesmo.
12
Non-deal Road shows?
Mesma justificativa do item 11, contudo nesse caso as
reuniões não têm por objetivo a captação de recursos e
sim a manutenção de informações junto aos públicos
estratégicos selecionados pela companhia.
13
Acesso, contato e atendimento a
investidores estrangeiros?
Yoshikawa e Gedajlovic (2002) relatam que para
companhias japonesas a listagem em mercados
externos está positivamente relacionada com a criação
de valor. Assim, a hipótese é que o contato com o
mercado estrangeiro feito pelo RI, agregaria valor à
companhia.
14
Ter o website de RI segmentado em
investidores institucionais, analistas e
pessoa física?
A comunicação é parte importante da estratégia de RI
de uma companhia. No Brasil, ao divulgar qualquer
informação relevante, a empresa deve em primeiro
lugar subir a informação no site da CVM e da Bolsa.
58
Assim, nota-se a importância da ferramenta na
disseminação das informações. A hipótese é que ao
subdividir o site de RI em segmentos, atualizando-o
com tempestividade, haveria agregação de valor à
companhia.
15
Website de RI atualizado com constância?
Além da justificativa do item 14, Silva e Christensen
(2004) apontam que as empresas tendem a utilizar
mais a internet quando seu desempenho financeiro
está aquém do esperado, na intenção de melhor
explicar seus resultados. Silva e Alves (2004)
apontam que a internet tem sido usada como
ferramenta de RI objetivando a transparência e essa
transparência pode levar a um maior retorno aos
acionistas. Os resultados da pesquisa apontam que
significativa associação entre o valor da companhia e
a divulgação voluntária de informões financeiras.
16
Utilização de mídias eletrônicas no
contato com o mercado (teleconferências,
webcasts, mídias sociais)?
Na linha da comunicação com o mercado, o
oferecimento de maior número de formas de acesso à
companhia auxiliariam na agregação de valor? NIRI
(2008c) aponta que as grandes empresas globais estão
adotando algum tipo de comunicação digital a fim de
se adequarem a um novo formato de comunicação
junto aos stakeholders. NIRI (2010) aponta ainda que
o número de empresas que se utilizam das mídias
sociais é pequeno mas crescente.
17
Liquidez das ações da Cia negociadas em
Bolsa(s) de Valores?
Brennan e Tamarowski (2005) apontaram correlação
positiva entre a liquidez das ões e menor custo de
capital, entre o número de analistas que seguem a
companhia e a liquidez das ações e finalmente entre a
atividade de RI e o número de analistas que seguem a
companhia. Rieks e Lobe (2009) apontam que em
empresas alemãs o RI leva a companhia a menores
estimativas de risco e a aumento na liquidez dos
papéis.
18
Comunicação tempestiva com o mercado?
Justificativas expressas nos itens 5, 14, 16 e 17. Além
desses pontos NIRI (2003) afirma que a “disciplina do
mercado é mais efetiva com informações mais
precisas, tempestivas e úteis.”
19
Comunicação segmentada com o
mercado? (específicas para pessoa física,
jornalistas, investidores institucionais,
etc...)
Segundo Reid (1991), RI depende de quatro fatores:
estratégia, método, frequência e credibilidade, sendo a
credibilidade e a consistência essenciais. Nesse
sentido a comunicão segmentada auxiliaria nessa
tarefa, e consequentemente agregaria valor à
companhia. CODIM (2009) em seu pronunciamento
sobre Release não cita a palavra segmentação
evidenciando sua não importância na opinião do
Comitê.
20
Utilização de consultoria terceirizada em
RI?
Gillies (1972) afirma que as consultorias de RI
conseguem agregar valor à companhia. A hipótese é
verificar se na atual realidade isso se confirma.
21
Quantidade de “casas” realizando a
cobertura das ações da Cia?
Agarwal (2008) afirma em seu estudo que maior
cobertura de analistas levou as companhias
americanas a terem mais indicações à premiação do IR
Magazine Awards, entre outros. A hipótese é que isso
59
estaria relacionado a percepção da criação de valor
por RI. Brennan e Tamarowski (2005) também
apontam correlação entre a atividade de RI e o número
de analistas que seguem a empresa.
22
Preço da Ação no mercado? (valor de
mercado da Cia.)
A hipótese aqui é verificar se as ações feitas por RI
conseguem influenciar no valor de mercado final da
companhia, bem como se a transparência e divulgação
tempestiva de informações auxiliam nesse quesito.
Oliveira et al. (2006), afirmam que para as
companhias listadas no Nível 1 de governança da
BM&FBovespa, isso não ocorre. Mahoney (2007)
afirma que os RIs evitam medir sua função com base
no aumento do preço das ações. Contudo também
reconhece a contribuição do RI na formação do preço,
com a contribuição do RI focada na questão da
concessão de informações.
23
Oscilação do preço da ação no mercado?
Na mesma linha, nesse item a hipótese é verificar se o
RI consegue influenciar na oscilação do preço da ação
no mercado e se isso correlaciona-se com a criação ou
não de valor à companhia.
24
Diminuição da volatilidade no preço das
ões? (comparado com Cias pares do
setor)
Justificativa semelhante aos itens 22 e 23, contudo
relacionada às companhias pares do setor. Malacrida e
Yamamoto (2006) apontam, por exemplo, que quanto
maior o disclosure contábil, menor a volatilidade no
retorno médio das ações. Lang e Lundholm (1996)
também apontam que empresas com políticas de
divulgação mais informativas tem menor volatilidade
nas projeções de lucros. Por sua vez Bushee e Noe
(2000) afirmam que companhias do mercado norte
americano melhores posicionadas em ranking de
disclosure não percebem impacto na volatilidade. As
únicas empresas que apresentam volatilidade no
retorno da ão são empresas mais novas com
estratégias agressivas e de curto prazo.
25
Participação em algum índice de ações,
principalmente o IBRX 100 ou IBRX 50 /
Ibovespa?
Justificativa semelhante a do item 26.
26
Participação nos níveis diferenciados de
Governança Corporativa da
BM&FBovespa?
Marcon e Souza (2007) analisaram se a inclusão nos
níveis diferenciados de governança corporativa da
BM&FBovespa trouxe efetivo aumento no
desempenho das companhias que nela estão listadas.
Um dos indicadores pesquisados (P/VPA Preço /
Valor Patrimonial) demonstrou melhor desempenho.
A hipótese é que sendo a empresa listada no níveis
diferenciados de governança da Bolsa ela seria mais
acionada pelo mercado e desse modo a qualidade do
RI poderia ser melhor testada.
27
Valuation médio de mercado versus o
valuation elaborado pela própria Cia?
Para Ryan e Jacobs (2005) a comunicação pode, em
seu melhor estágio, diminuir o custo de capital de uma
empresa, ou na outra ponta, destruir a credibilidade
dos gestores. Afirma também que o RI pode
influenciar no valuation da empresa. A pergunta busca
endereçar tal ponto por meio da estimativa de
valuation da companhia.
60
28
Redução no custo de capital da Cia versus
custo de capital médio de mercado? (a
efetiva capacidade do RI em contribuir
para a redução do custo de capital da
empresa)
Mesma justificativa do item 27. Adicionalmente
Brennan e Tamarowski (2005) relacionaram liquidez
das ações e diminuição no custo de capital da
companhia aberta, encontrando resposta positiva para
tal. NIRI (2008a) diz que a concessão de guidance
alinhará as expectativas dos investidores e reduzirá a
volatilidade e em última análise reduzirá também o
custo de capital.
29
Divulgação de informações relativas às
questões de sustentabilidade da Cia?
(aspectos ambientais, sociais e
econômicos)
A sustentabilidade tem sido bastante discutida
atualmente na mídia, e a pergunta endereça essa
questão, buscando apontar se o tema efetivamente
agrega valor via RI por meio da correta divulgação de
informações sobre o assunto. NIRI (2009b) afirma que
os profissionais de RI devem estar envolvidos na
confecção dos relarios de Sustentabilidade que deve
espelhar como a empresa trata o tema sob a ótica do
risco sociocorporativo. IBRI (2009) em sua pesquisa
aponta que 78% dos profissionais de RI estão
envolvidos com a temática sustentabilidade dentro de
suas empresas. Quando questionados sobre o interesse
sobre o tema dos públicos de RI, numa escala de 0 a 5,
62% deram nota superior a 3 (somente 4% deram nota
0). IBRI (2007) apresenta a importância do RI
participar do Comitê de Sustentabilidade dentro da
companhia. Ponto interessante de como o tema tem
ganhado importância dentro das companhias e com
velocidade, na publicação do NIRI datada de 2004, o
Standards of Practice for Investor Relations, a palavra
„sustentabilidade‟ não é citada uma única vez sequer.
No guia de RI do IBRI, datado de 2007, a palavra é
citada 10 vezes. No IR Update do NIRI (2010), que
trata sobre as tendências futuras, a palavra é citada
7 vezes.
30
Outros:
Abertura de espaço para que o entrevistado pudesse
sugerir outros pontos que em sua opinião agregam
valor por meio da atividade de RI.
A pergunta 4 (Em sua opinião, qual seria a melhor forma de se avaliar o quanto uma
Área de Relações com Investidores agrega de valor a uma Cia.Aberta?) teve por objetivo
questionar o entrevistado, após discorridos os 29 itens da pergunta anterior, se efetivamente o
caminho apresentado estava correto, havendo ainda algo que pudesse ser acrescentado ou
comentado sobre o tema.
A pergunta 5 (Por gentileza, caso deseje, teça seus comentários adicionais a questão da
agregação de valor pela Área de Relações com Investidores.) objetivou deixar espaço aberto
para qualquer comentário que o entrevistado desejasse realizar sobre o tema e que
eventualmente não tivesse sido tratado anteriormente.
61
3.3.2. Roteiro de Entrevista destinado aos Analistas de Investimentos e Gestores
de Carteiras
O roteiro de entrevista destinado aos Analistas de Investimentos e Gestores de
Carteiras teve cinco perguntas. As duas primeiras questões utilizaram a escala Likert, numa
faixa ampla de 0 (completamente insatisfeito) até 10 (extremamente satisfeito). Tal amplitude
pôde ser utilizada uma vez que os entrevistados em sua totalidade eram pessoas conhecedoras
do tema em debate.
A primeira pergunta objetivou identificar qual era a satisfação média que o
entrevistado tem em relação à área de Relações com Investidores de modo amplo e geral, no
momento em que demanda da mesma alguma ação ou atividade. Em se sentindo satisfeito,
poder-se-ia ter um indicador da efetiva utilidade da área de Relações com Investidores para
esse grupo. O enunciado da pergunta foi:
1) Por gentileza, numa escala de 0 (menor grau de satisfação) a 10 (maior grau de
satisfação), ao buscar atendimento em uma área de Relações com Investidores para sanar
dúvidas, informe seu grau de satisfação médio com o atendimento dessa área.
A segunda pergunta buscou direcionar e identificar o que o entrevistado pensa sobre a
agregação de valor à companhia por meio do RI. A escala Likert foi dimensionada entre 0
(não agrega nenhum valor) e 10 (alto valor agregado). Seu enunciado segue abaixo:
2) Por gentileza, numa escala de 0 (menor agregação) a 10 (maior agregação), em sua
opinião, a Área de Relações com Investidores agrega valor à Cia? Por favor, justifique sua
resposta.
A terceira pergunta iniciou a avaliação com base em aspectos práticos e pontuais da
atividade de RI, quais pontos que de fato, na opinião do entrevistado, influenciariam na
precificação das ações da companhia por meio da atividade de Relações com Investidores.
Foram identificadas 21 situações que compreendiam atividades comuns da área de RI e
conhecimentos técnicos exigidos de um profissional de RI. O enunciado da questão foi o
seguinte:
3) Como a Área de Relações com Investidores pode influenciar na precificação das
ações de uma Cia Aberta? Analisando os itens abaixo sugeridos, por favor, valore o grau de
importância (0 = sem nenhuma importância e 10 = extremamente importante) e comente
cada uma delas, abordando o aspecto efetivo ou não para essa avaliação. Por gentileza,
ranqueie também os itens abaixo (de “1” a “21”) segundo a importância entre si, tendo o 1
62
como o mais importante, e assim na sequência. (opção para ranquear os 10 mais importantes,
já que a lista é extensa)
Brevemente serão justificadas cada uma das perguntas apontadas
Quadro 7 Roteiro de Entrevistas destinado ao público de Analistas e Gestores de Carteiras, com as
respectivas justificativas a cada uma das perguntas primeiro bloco de perguntas.
Nr.
Item
Justificativa
1
Aumentando a transparência das
informações
Ryan e Jacobs (2005), afirma que a comunicação pode,
em seu melhor estágio, diminuir o custo de capital de uma
empresa, ou na outra ponta, destruir a credibilidade dos
gestores.
2
Realizando ações que favoreçam a
liquidez das ações
Brennan e Tamarowski (2005) apontaram correlação
positiva entre a liquidez das ações e menor custo de
capital, entre o número de analistas que seguem a
companhia e a liquidez das ações e finalmente entre a
atividade de RI e o número de analistas que seguem a
companhia. Rieks e Lobe (2009) apontam que em
empresas alemãs o RI leva a companhia a menores
estimativas de risco e a aumento na liquidez dos papéis.
3
Apresentando análises com
empresas comparáveis
Pro - ativamente o RI poderá auxiliar o analista em sua
tarefa ao apresentar aspectos, por exemplo, financeiros ou
setoriais, de sua empresa frente aos concorrentes. A
questão poderá evidenciar ainda se tal ação pró-ativa do
RI é efetivamente útil ao analista/gestor ou se esse não a
considerará por entender como parte fundamental de sua
análise e trabalho. Silva e Christensen (2004) destacam a
transparência e a divulgação de informações como pilares
da boa governança corporativa. Hamid e Salleh (2005)
realizaram estudo em que demonstram que o tamanho da
companhia e seu setor influenciam nas informações
disponibilizadas no website da companhia. Mahoney
(2007) sugere que uma das métricas para a avaliação da
atividade da área de RI pode ser o “aprimorar as
comparações com os concorrentes”, o que pode advir de
informações comparativas da indústria ou do setor
4
Apresentando análises do
respectivo setor da Cia
Mesma justificativa do item 3.
5
Fornecendo guidances
operacionais consistentes
Para os analistas o guidance é importante para auxiliar em
seu modelo de precificação da companhia, contudo
MacGregor e Campbell (2006) citam que as empresas
deveriam objetivar o longo prazo e não sucumbir às
pressões de analistas por projeções ou estimativas.
6
Fornecendo guidances de
resultados consistentes
Mesma justificativa do item 5.
7
Realizando reuniões coletivas com
agentes de mercado
Identificar qual o efetivo peso que as reuniões com os
públicos estratégicos do RI tem para a agregação de valor
à companhia. Marston (2008) afirma que o principal meio
de comunicação utilizado com os analistas são as reuniões
individuais. Hwang (2005) afirma que a atuação de RI,
nas empresas Taiwanesas, tem impacto positivo nos
relatórios dos analistas e junto aos investidores
institucionais
63
8
Realizando reuniões individuais
com agentes de mercado
Mesma justificativa do item 7.
9
Realizando visita aos parques
fabris das Cias.
Para o analista melhor entender o negócio da companhia,
faz sentido para ele conhecer o seu parque fabril (quando
de empresa industrial) ou o ponto de venda/serviços,
centro de distribuição (em empresas de serviços).
10
Dando acesso aos principais
administradores da Cia
Aqui a hipótese é verificar se o acesso aos principais
administradores da companhia, e com esses poder debater
e ouvir sobre as estratégias da empresa, tem peso relevante
para a precificação da empresa e consequentemente para
que o RI atue nesse sentido.
11
Elaborando planilhas (com
resultados passados) com dados
econômico-financeiros sobre a Cia
A questão visa a identificar se essa atividade auxilia o
analista em seu trabalho de precificação da companhia ou
o analista prefere coletar os dados por si só.
12
Sabendo separar corretamente o
que é “caixa” do que é “contábil”
O analista objetiva receber informações precisas e
pontuais. Assim, a hipótese é verificar se o conhecimento
por parte do RI dos aspectos contábeis e estratégicos da
companhia, é algo relevante nesse contato entre ambos.
Botosan (1997) apresenta que para empresas com baixa
cobertura por analistas, correlação direta entre o maior
disclosure e o menor custo de captação em renda variável
(o mesmo não pode ser dito para empresas com vasta
cobertura de analistas). Botosan e Plumlee (2003)
apresentam que o custo de capital é afetado pelos
seguintes atributos da informação: (1) a propoão de
informação que é pública x confidencial; (2) a fração de
investidores que se encontram de posse dessa informação;
(3) a acuidade dessa informação; (4) a existência da
informação. Com isso eles confirmam que os atributos da
informação impactam no custo de capital. Chang et al.
(2008) afirmam que empresas com mais divulgação de
informações e com qualidade, por meio do RI, tem mais
analistas cobrindo-a, mais investidores institucionais, mais
liquidez e maior capitalização de mercado.
Adicionalmente, Bloomfield e Wilks (2000) afirmam que
maior qualidade de disclosure leva a preços das ações
mais elevados e a maior liquidez.
13
Identificando e alertando o
mercado sobre eventuais fatos que
impactem a Cia no futuro
Mesma justificativa do item 12.
14
Destacando de modo efetivo e
embasado os ativos intangíveis da
Cia
Mesma justificativa do item 12.
15
Identificando benefícios fiscais
impactantes no resultado
Mesma justificativa do item 12.
16
Separando lucro recorrente do não-
recorrente
Mesma justificativa do item 12.
17
Apresentando a fonte de
financiamento para novos
investimentos
Mesma justificativa do item 12.
18
Explanando claramente os
objetivos almejados nos novos
investimentos
Mesma justificativa do item 12.
19
Explanando sobre o quanto e de
Mesma justificativa do item 12. Adicionalmente Silveira
64
que forma que a empresa deseja se
alavancar
et al. (2008) investigam em seu estudo a influência das
práticas de governança corporativa das empresas sobre sua
estrutura de capital. Os resultados revelam significativa
influência, com sentido positivo, das práticas de
governança sobre a alavancagem financeira, em particular
daquelas relacionadas com a dimensão estrutura de
propriedade e Conselho de Administração, sugerindo que
a governança pode ser determinante relevante da estrutura
de capital.
20
Explanando sobre qual o nível
ideal de alavancagem
7
da Cia
Mesma justificativa do item 19.
21
Respondendo aos questionamentos
de forma rápida, clara e
fundamentada
Mesma justificativa do item 12.
22
Outros:
Abertura de espaço para que o entrevistado pudesse
sugerir outros pontos que em sua opinião influenciam na
precificação da ação.
A quarta pergunta deu sequência a identificação das ações que a área de RI deve
prover ao analista de investimento/gestor de carteiras para que esse possa bem desempenhar
sua função a fim de diminuir o eventual gap (diferença) de preço entre aquilo que o mercado
pratica no dia-a-dia da Bolsa de Valores e aquele que a empresa entende como seu valor justo.
Foram apresentadas 10 situações que compreendiam atividades e expertises comuns da área
de RI, além de acesso aos aspectos estratégicos da empresa, necessários ao bom trabalho de
uma equipe de Relações com Investidores. O enunciado da questão foi o seguinte:
4) Quais informações, dentre as abaixo listadas, que uma Área de Relações com
Investidores deve ter sempre pronta a prestar que o Sr. considera fundamentais para o
desenvolvimento do bom trabalho de um Analista de Investimentos? Analisando os itens
abaixo sugeridos, por favor, valore o grau de importância (0 = sem nenhuma importância e 10
= extremamente importante) e comente cada uma delas, abordando o aspecto efetivo ou não
para essa avaliação. Por gentileza, ranqueie também os itens abaixo (de “1” a “10”) segundo a
importância entre si, tendo o 1 como o mais importante, e assim na sequência.
Quadro 8 Roteiro de Entrevistas destinado ao público de Analistas e Gestores de Carteiras, com as
respectivas justificativas a cada uma das perguntas segundo bloco de perguntas.
Nr.
Informação
Justificativa
1
Modelo de Valuation
Para Ryan e Jacobs (2005) o RI pode influenciar no
valuation da empresa. A pergunta busca endereçar tal ponto
verificando se para o analista é importante que o RI saiba
discorrer sobre o modelo de valuation de sua companhia,
7
Alavancagem, nesse sentido utilizado, remete ao conceito de alavancagem financeira, que significa investir
mais do que a capacidade financeira da companhia permitiria com seus próprios recursos e, portanto, para tal
devebuscar recursos no mercado financeiro.
65
explicando os principais pontos.
2
Guidance Operacional
O guidance é efetivamente valioso para o profissional de
investimentos? Isso é o que busca endereçar essa questão.
3
Guidance de Resultados
Mesma justificativa do item 3.
4
Aspectos Contábeis
A hipótese é identificar até que ponto o profissional de RI
deve saber profundamente ou não os aspectos e práticas
contábeis da companhia e se tal ponto é fundamental para o
trabalho do profissional de investimentos. Botosan (1997)
apresenta que para empresas com baixa cobertura por
analistas, correlação direta entre o maior disclosure e o
menor custo de captação em renda variável (o mesmo já não
pode ser dito para empresas com vasta cobertura de
analistas). Botosan e Plumlee (2003) apresentam que o custo
de capital é afetado pelos seguintes atributos da informação:
(1) a proporção de informação que é blica x confidencial;
(2) a fração de investidores que se encontram de posse dessa
informação; (3) a acuidade dessa informação; (4) a
existência da informação. Com isso eles confirmam que os
atributos da informação impactam no custo de capital.
Chang et al. (2008) afirmam que empresas com mais
divulgação de informações e com qualidade, por meio do
RI, tem mais analistas cobrindo-a, mais investidores
institucionais, mais liquidez e maior capitalização de
mercado. Adicionalmente, Bloomfield e Wilks (2000)
afirmam que maior qualidade de disclosure leva a pros
das ações mais elevados e a maior liquidez.
5
Aspectos Estratégicos
Mesma justificativa do item 4, contudo em relação aos
aspectos estratégicos. Além disso, IBRI (2007, p.52) afirma
que “Oferecer informações voluntárias ao mercado é uma
das prioridades na estrutura de planejamento da área de RI...
Além do que exige a lei, portanto, a informação adicional de
alto valor focaliza .... dados sobre as estratégias da
empresa...”.
6
Contato com a Alta
Administração
Questão busca identificar se para o profissional de
investimentos faz efetiva diferença ter contato com a alta
administração da companhia. Caso positivo se o RI deveria
se preocupar em prover tal acesso. Acompanha a
justificativa do item 4.
7
Plano de Investimentos de longo
prazo contemplando respectivo
funding
A importância de o RI ter acesso a questões como o plano de
investimentos da Cia e saber informar ao profissional de
investimentos, demonstrando para que direção caminha a
companhia e a mesma está preparada para tal, é o objetivo
dessa questão. Mesma citação de IBRI (2007) utilizada na
questão acima. Acompanha ainda a justificativa do item 4.
8
Política de distribuição de
resultados
Conhecer detalhadamente a política de distribuição de
dividendos auxilia o analista em seu trabalho de modo
decisivo, é o que endereça esse item. Acompanha a
justificativa do item 4.
9
Especificidades do Negócio
Mesma justificativa do item 8, contudo em relação às
especificidades e detalhes do negócio da companhia.
Acompanha ainda a justificativa do item 4.
10
Cronograma do pagamento de
dívidas
Alguns analistas focam em debt (dívida), não em equity
(ações). É importante que o RI conheça esses aspectos da
66
empresa? Acompanha a justificativa do item 4.
Adicionalmente, Treiger (2009) afirma que as emissões de
dívida são de uso frequente pelas companhias abertas sendo
decididas a escolha entre emissão de dívida ou ações de
acordo com o momento do mercado e o endividamento da
companhia.
11
Outros
Abertura de espaço para que o entrevistado pudesse sugerir
outros pontos que em sua opinião auxiliam no
desenvolvimento do trabalho do analista.
Por fim a quinta e última pergunta (Por gentileza, caso deseje, teça seus comentários
adicionais a questão da agregação de valor pela Área de Relações com Investidores) buscava
deixar o entrevistado a vontade para acrescentar pontos que julgasse importante sobre a
agregação de valor à companhia pelo profissional de RI e que eventualmente o tivessem
ainda sido abordadas.
3.3.3. Questionário destinado aos Investidores Individuais
Esse questionário foi destinado aos investidores individuais cadastrados no INI,
entidade que reúne pessoas físicas investidoras no mercado de ões brasileiro. Para a
obtenção das respostas mostrou-se decisiva o auxílio do Instituto, que distribuiu à sua base de
cadastrados a pesquisa por intermédio de e-mail. Objetivando o maior número de respostas
possível o pesquisador sorteou junto aos respondentes, 30 exemplares do livro “O Mercado de
Ações em 25 Episódios”, considerando o incentivo como ponto crucial para a obtenção da
expressiva quantidade de respostas obtidas.
Inicialmente as perguntas objetivaram traçar perfil do respondente e principalmente,
como exposto na questão 1, identificar se o respondente negocia com freência mínima
ações em Bolsa de Valores. Para efeitos de tabulação foram consideradas somente as
respostas em que o entrevistado negociava ões em bolsa ao menos uma vez por s, os
demais respondentes foram desconsiderados. Abaixo o enunciado das questões iniciais do
questionário.
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Idade: __________
Escolaridade: ( ) segundo grau incompleto
( ) segundo grau completo
( ) superior incompleto
( ) superior completo
( ) pós-graduado (MBA)
( ) mestrado
67
( ) doutorado
Estado Civil: ( ) solteiro ( )casado/união estável ( ) divorciado/separado
Atividade Profissional : ( ) Empregado (CLT) ( ) Estudante
( ) Empresário ( ) Autônomo
( ) Aposentado ( ) Outros: _________
1) O(a) Sr(a) realiza transações com ações de Cias Abertas na Bolsa de Valores com que
frequência? (marque o período que mais se aproxima)
( ) diariamente ( ) ao menos uma vez por semana
( ) ao menos uma vez por mês ( ) ao menos uma vez semestre
( ) ainda não realizo transações na Bolsa
2) Há quanto tempo o(a) Sr(a) negocia ações na Bolsa de Valores? (marque o período
que mais se aproxima)
( ) ainda não realizo transações na Bolsa
( ) 6 meses ( ) 1 ano
( ) 2 anos ( ) 3 a 5 anos
( ) mais de 5 anos ( ) mais de 10 anos
As perguntas de número três a seis buscavam identificar o entendimento e
conhecimento do entrevistado em relação à área de Relações com Investidores e, se em sua
concepção, a mesma agregava valor à companhia.
3) O(a) Sr(a) sabe da existência de uma área dentro das Cias de capital aberto que é
destinada exclusivamente ao atendimento de investidores inclusive individuais a
denominada “Área de Relações com Investidores”?
a. Sim
b. Não (vá para a pergunta 6)
4) Se respondeu “sim” à questão anterior, você buscou contatar essa “Área de
Relações com Investidores”?
a. Sim
b. Não (vá para a pergunta 6)
5) Se respondeu “sim” à questão anterior, ao buscar contato junto à Área de Relações
com Investidores, indique o grau de satisfação com a respectiva Área (0 =
completamente insatisfeito e 10 = extremamente satisfeito).
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(completamente) (extremamente)
(insatisfeito) (satisfeito)
6) Por favor, em sua opinião, a Área de Relações com Investidores agrega valor à Cia?
Por gentileza, fique a vontade para justificar sua resposta.
( ) Sim
( ) Não
Justifique e/ou dê exemplos:
68
A questão sete objetivou identificar atividades e ações que podem ser realizadas pela
área de Relações com Investidores e que, na opinião dos entrevistados, podem agregar valor à
companhia. Foram elencadas 16 situações dimensionadas em escala Likert com 0 = sem
nenhuma importância, e 10 = extremamente importante. Os enunciados foram os seguintes:
7) Dentre as alternativas abaixo quais o(a) Sr(a) considera como importantes para que a
Área de Relações com Investidores agregue valor à Cia? Por favor, indique em ordem
de importância, sendo 0 = sem nenhuma importância e 10 = extremamente importante.
Site de Relações com Investidores com área exclusiva a investidores individuais
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Elaborar jornais impressos informativos
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Elaborar jornais eletrônicos informativos
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Realizar reuniões públicas
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Realizar webcasts (reuniões via internet com projeções de slides e voz)
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Realizar chats (reuniões via internet com conversas escritas)
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
69
Fornecer projeções e orientações (guidance) operacionais/resultados
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Apresentar o modelo de valuation (modelo de precificação da Cia) realizado pela Cia
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Elaborar planilhas com dados econômico-financeiros sobre a Cia
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Apresentar análises com empresas comparáveis
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Explanar sobre o quanto a empresa deseja se alavancar
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Apresentar a fonte de financiamento para novos investimentos
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Realizar ações que favoreçam a liquidez das ações
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Dar acesso aos principais administradores da Cia
70
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Destacar de modo efetivo e embasado os ativos intangíveis (bens e direitos não físicos,
como patentes, marcas, etc.) da Cia
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
Explicar a política de distribuição de resultados da Cia
______________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(s/ nenhuma) (extremamente)
(importância) (importante)
A oitava e última pergunta, com resposta aberta e descritiva, questionava
objetivamente como que a área de RI poderia agregar valor à empresa (Por favor, em sua
opinião, como a Área de Relações com Investidores pode agregar valor à Cia?).
3.3.4. Pré-Teste dos Roteiros de Entrevista e do Questionário
Os roteiros de entrevistas e o questionário foram previamente testados antes de sua
formulação final com o objetivo de corrigir ineficiências e obter o máximo de informações
relevantes aos objetivos almejados na dissertação. O roteiro de entrevista destinado aos
profissionais de Relações com Investidores / especialistas no tema e aos analistas de
investimentos e gestores de carteiras passou pela análise de um profissional de RI e de um
analista de investimentos. O questionário destinado aos investidores individuais passou pela
análise de um profissional de RI, um analista de investimentos e pelo Diretor Geral do INI,
além de cinco outros investidores individuais aleatoriamente escolhidos pelo pesquisador para
validarem as questões.
A importância da realização dos pré-testes se para o alcance dos objetivos
almejados pelo pesquisador, buscando minimizar potenciais desvios informacionais a serem
colhidos dos entrevistados.
71
3.4. Metodologia de Análise dos Dados Coletados
Os dados coletados foram analisados, na sua parte quantitativa, por meio da estatística
descritiva, em relação a sua parte qualitativa, por meio da análise em categorias.
May (2001) salienta que na forma estruturada de pesquisa a tarefa da comparação
possui grande complexidade de análise, uma vez que as respostas não são uniformes em si. O
meio utilizado na coleta de dados das entrevistas (questionário impresso e a gravação das
mesmas), auxiliaram no trabalho de análise. O comparativo das análises foi realizado
conforme quadro exemplificativo abaixo:
Quadro 9 Esquema explicativo da análise em categorias utilizada para a alise das entrevistas
qualitativas
Entrevistado
Resposta (frases
dos entrevistados)
Análise (em
Categorias)
Referencial
Teórico
Comentários do
Pesquisador
Nome
Texto literal
correspondente
à resposta do
entrevistado (as
respostas
literais estão
apresentadas
nos apêndices
A e B).
Compilação de
todas respostas
já trazendo os
fatos comuns
ou diferentes
Referente ao
ponto em
questão
Cruzamento de
opiniões dos grupos
entrevistados,
comparando-os.
Na parte quantitativa os dados foram analisados com estatística descritiva, utilizando
medidas como a média aritmética, mediana, moda e desvio padrão.
72
CAPÍTULO 4 ANÁLISE DE RESULTADOS
O presente capítulo é apresentado em quatro tópicos, sendo os três primeiros com as
análises relativas aos grupos pesquisados i) profissionais e especialistas em RI (item 4.1); ii)
analistas e gestores de carteiras (item 4.2), e; iii) pessoas físicas (item 4.3) e por último; iv)
a análise englobando os três grupos conjuntamente apresentando as conclusões (item 4.4).
Nos grupos dos Profissionais/Especialistas em RI e dos Analistas/Gestores os
resultados quantitativos são apresentados por meio de uma tabela de notas cuja sistemática é
explicada na sequência.
Quadro 10 Esquema explicativo para análise numérica das notas dos grupos entrevistados (RIs e
Analistas).
Posição no Ranking
Nota Média
23º
7,5
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
4
5,75
2,0
2
4,35
8
2
2
O quadro inicia demonstrando a posição no ranking dentre todas as alternativas (no
exemplo a 23ª posição) bem como a nota média do item, que é escalonada de zero a dez. Na
parte de baixo as “Medidas do Ranking” mostram os resultados do ranking quando solicitado
a cada um dos respondentes para que apontassem os dez itens mais importantes dentre os
propostos. Assim o:
“Qtde Rks” (quantidade de rankings): aponta quantas vezes o determinado item foi
citado entre os dez mais importantes;
Média, Mediana, Moda, Desvio Padrão e Intervalo: medidas estatísticas relativas às
posições no ranking (e não relativas às notas concedidas ao item). A leitura do item
“média” deve ser feito do seguinte modo: quanto mais próximo de 1, maior a sua
importância, dado que representa o primeiro lugar. No exemplo é como se o item
estivesse entre o 5º e 6º lugar (5,75).
Quantidade de Citações em: mostra quantas vezes o item foi citado entre os dez
primeiros lugares.
73
As questões para o grupo de Profissionais e Especialistas em RI vão de 1 a 29,
contudo perfazem 34 itens ao total, visto que algumas questões possuíam subdivisões, desse
modo o ranking para os profissionais de RI vai de 1 a 34. As questões destinadas ao grupo de
Analistas e Gestores de Carteiras têm dois blocos de perguntas passíveis de ranqueamento, o
primeiro com 21 itens e o segundo com 10 itens.
Durante a análise os itens não são apresentados conforme a ordem seqüencial de
perguntas do questionário, mas sim subdivididos em temas (Estratégia, Reuniões com o
Mercado, Atividades, Comunicação, tricas Diretas de Mensuração) e dentro do temas
segundo a ordem de importância de nota, exceto quando se tratar de temas proximamente
relacionados, como por exemplo, guidance de resultados e operacionais, que são apresentados
sequencialmente independentemente de suas notas.
4.1. Grupo dos Profissionais e Especialistas em Relações com Investidores
4.1.1. Posicionamento Hierárquico dos Entrevistados
Esse grupo contou com 16 respostas, sendo 12 profissionais atuantes em companhias
de capital aberto e na função de RI, 1 especialista no tema, 1 consultor de RI e 2 ex-altos
executivos da área de RI.
As três questões iniciais buscaram identificar um breve perfil da área de RI daqueles
que estavam atuando à época da coleta das informações em companhias de capital aberto (12
entrevistados).
As respostas coletadas demonstraram que dentre a base pesquisada nenhum dos
diretores estatutários é exclusivamente dedicado à função de Relações com Investidores.
Apontam ainda para a predominância de acúmulo de funções com a área financeira das
companhias, onde 50% (6 entrevistados) têm sob sua coordenação também a Diretoria ou
Vice-Presidência Financeira, outros 34% (4 entrevistados) acumulam áreas diversas, tais
como Planejamento, Mercado de Capitais, Novos Negócios, entre outras. Por fim 1
entrevistado, ou 8% acumula a função com a Vice-Presidência Executiva e outro entrevistado
(8%) é o próprio Presidente da Companhia. Nenhum dos DRI‟s das empresas pesquisadas é
exclusivamente dedicado a função de Relações com Investidores.
74
Figura 2 Acúmulo de funções pelos DRI`s entrevistados
No tocante à subordinação, e excluindo o entrevistado que é o próprio Presidente, 11
entrevistados ou 91% dos Diretores Estatutários de RI se subordinam diretamente ao
Presidente da Companhia. Somente um entrevistado (9%) se subordina a um Vice-Presidente
de Finanças. Ressalta-se que, conforme visto acima, 6 dos entrevistados acumulam o cargo de
Diretor Financeiro, mostrando a forte predominância da área financeira no comando da
função de RI. Essa configuração prática parece corroborar com a visão de Favaro (2001) de
que a função de RI deve estar ligada ao Diretor Financeiro.
Figura 3 - Subordinação dos DRI`s entrevistados
Desse modo, dentro do objetivo inicialmente pretendido, o de verificar se aquele que
se responsabiliza pela função de RI efetivamente possui acesso e participa das decisões
tomadas na alta administração da companhia, a fim de adequadamente transmiti-las ao
mercado, as evidências coletadas parecem demonstrar que o RI, ao menos nessas companhias,
50%
34%
8%
8%
Acúmulo de funções pelos DRI's
entrevistados
CFO
Outras Áreas
VP
Presidência
91%
9%
Subordinação dos DRI's entrevistados
Presidente
VP Finanças
75
estão próximos do principal executivo da empresa, facilitando assim o acesso às informações
relevantes das mesmas. O que não se configurou nessa base de entrevistados é a questão de o
DRI estatutário da companhia ser exclusivo para a função de RI, que em nenhuma das
situações essa configuração foi encontrada.
4.1.2. Agregação de Valor e a Percepção Sobre a Dificuldade de Aferição
Na seqüência iniciaram-se as perguntas conforme descritas abaixo, objetivando
identificar os vieses dos entrevistados quanto ao tema da geração de valor por intermédio da
área de RI, buscando evidenciar atividades ou estruturas que potencialmente agregariam ou
não valor à companhia. Salienta-se que somente um dos 16 entrevistados não comentou essa
questão.
Pergunta 1 - O Sr. poderia, por gentileza, me falar sobre seu entendimento a respeito da
agregação de valor pela Área de Relações com Investidores (RI) em uma Cia Aberta?
Análise
As respostas abertas obtidas apontaram unanimemente que a área de RI tem potencial de agregação
de valor para a companhia. Os três principais pontos evidenciados pelos mesmos foram a
diminuição do gap (hiato) informacional, a retroalimentação de informações do mercado à empresa,
que auxilia na definição das estratégias de atuação ou ainda corrigindo ações que já tenham sido
tomadas, e por fim o posicionamento estratégico que o RI deve ter dentro da companhia.
Nesse ponto a pesquisa auxilia a entender o grau e a forma dessa estratégia apontada pelos
entrevistados, de modo que na visão dos mesmos, RI deveria ser subordinada ao Presidente
Executivo (no questionário esse ponto obteve nota média 8,8 e a 12ª posição no ranking geral de 34
posições), poderia ter acesso constante e facilitado ao Conselho de Administração (nota 7,5 e 23º
lugar) e na maioria das respostas não deveria ser subordinado diretamente ao Presidente do
Conselho de Administração (nota 2,7 e último lugar no ranking).
Outros pontos também foram citados pelos entrevistados, como a agregação de valor que RI pode
proporcionar diretamente ao preço da ação, ou na diminuição do custo de capital e ainda no valor
da marca (brand).
Referencial Teórico
A questão é corroborada pela visão dada por Agarwal (2008) em que companhias percebidas no
mercado como tendo estratégias de RI superiores, geram retornos anormais superiores. No tocante
ao posicionamento estratégico, é corroborado por Treiger (2009) e Rocha e Procianoy (2004).
Comentários
76
A agregão de valor parece se evidenciar, na visão dos entrevistados, em função da diminuição da
assimetria informacional, mesmo ponto também indicado pelo grupo de analistas/gestores. O grupo
de investidores individuais também apontou em sua grande maioria (96%) que em sua opinião a
área agrega valor.
Frases dos Entrevistados:
- “Tentar isolar Relações com Investidores da estratégia da companhia é um erro muito grande. A
função Relações com Investidores é uma função que, deve ser exercida por todos os líderes da
companhia” (entrevistado nº 2)
- A retroalimentação, quando ele chega nisso, para mim ele se torna um RI estratégico.”
(entrevistado nº 6)
- “A Área de RI é estratégica, cria valor para a companhia.” (entrevistado nº 14)
- “É fundamental e agrega muito valor para a companhia.” (entrevistado nº 5)
Pergunta 2 - O Sr. concorda com a afirmação de que aferir o valor agregado por RI é de
difícil mensuração? Por quê?
Análise
Segundo a opinião dos entrevistados, a questão apresentou três tipos de respostas. Houve os que
entendem que RI é sim de difícil mensuração (7 entrevistados ou 46%) e houve os que entendem
que o é difícil mensurar (4 entrevistados ou 27%) ou que é de difícil mensuração mas é possível
ser feito (4 entrevistados ou 27%), assim pouco mais da metade dos entrevistados (54%) entendem
que é possível ser feita a mensuração do valor que é agregado por RI.
Segundo os entrevistados que entendem que é possível mensurar o valor agregado por RI, todos
apontaram que itens que são mensuráveis, tais como a medição da base de investidores e sua
quantidade, número de analistas que acompanham a ação da empresa, avaliação das reuniões
públicas, liquidez dos papéis, quantidade de eventos, entre outros.
Referencial Teórico
Os pontos indicados por Treiger (2009) para a avaliação da área de RI puderam ser aqui
confrontados e parecem encontrar aderência, uma vez que alguns deles foram citados pelos
entrevistados como formas possíveis de se avaliar o trabalho feito por RI.
Comentários
Um dos entrevistados do grupo de analistas e gestores afirmou ter essa percepção de quem nem
mesmo as companhias abertas que possuem RIs sabem ao certo se a área agrega ou não valor,
colocando em evidência essa questão. evidências fortes de que a mensuração sobre o quanto a
77
atividade de RI agrega à companhia é realmente de difícil aferição.
Frases dos Entrevistados:
- “Concordo porque não é quantificável”. (entrevistado nº 13)
- Tem formas de avaliar se a atividade de RI está sendo bem feita, mas seu retorno é de difícil
mensuração. No longo prazo o retorno é imenso, mas no curto prazo dificuldades para se fazer
uma avaliação mais precisa do trabalho desenvolvido pela Área de RI. (entrevistado nº 14)
- “Eu acho que não é mais porque no mundo contemporâneo, hoje se discute e se valoriza o que é
intangível”. (entrevistado nº 7)
- “Dá para você mensurar sim. RI acaba sendo uma parte integrante do processo de geração de
valor”. (entrevistado nº 10)
Pergunta 3 - Quais indicadores o Sr acha que podem servir como Proxy (forma de avaliar)
para uma tentativa de aferição do valor agregado por RI? Por favor, valore o grau de
importância (0 = sem nenhuma importância e 10 = extremamente importante) e comente cada
uma delas, abordando o aspecto efetivo ou não para essa avaliação. Por gentileza, ranqueie
também os itens abaixo (de “1” a “29”) segundo a importância entre si, tendo o 1 como o mais
importante, e assim na sequência. (opção para ranquear os 10 mais importantes, que a
lista é extensa)
78
INDICADORES QUE PODEM SERVIR COMO FORMA DE AFERIR O VALOR AGREGADO POR RI
Visão dos RI‟s
Nota média atribuída por item relatado, escala de 0 a 10, onde a maior nota tem maior importância na questão.
Figura 4 Notas médias concedidas aos 34 itens da pergunta 3 roteiro de entrevistas destinado aos
Profissionais e Especialistas em RI
9,8
9,6
9,5
9,4
9,4
9,3
9,3
9,3
9,1
9,1
9,0
8,8
8,6
8,6
8,5
8,4
8,4
8,3
8,0
7,9
7,7
7,6
7,5
7,3
7,0
6,8
6,4
6,4
6,4
6,3
5,9
5,0
3,5
2,7
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Comunicação tempestiva com o mercado
Reun.Indiv - sell side
Website de RI atualizado c/constância
Reun.Indiv - invest institucionais
Utilização de mídias eletrônicas
Reun.Indiv - buy side
Reuniões públicas
Comunicação c/ invest estrangeiro
Cobertura - qtde casas
Non-deal Road shows
Deal Road shows
RI subordinado ao Pres Executivo
Liquidez das ações
Valuation mercado x da Cia?
Diversificação da base acionária
Estratégia de RI traçada na Dir. Exec
Diminuição volatilidade ( x peers)
Participação no IBRX 100 / Ibovespa
Targeting de investidores
Concessão de guidance operacional
Redução custo capital (x média de mercado)
Divulgacao sobre sustentabilidade
RI com acesso facilitado ao CA
Comunicação segmentada
Preço da ação no mercado
Reun.Indiv. - jornalistas
Website de RI segmentado
Participação no N1, N2 ou NM
Oscilação do preço da ação
Reun.Indiv - pessoa física
Utilização de consultoria
Estratégia de RI traçada no CA
Concessão de guidance resultado
RI subordinado ao Pres do CA?
79
RANKING DOS ITENS MAIS CITADOS POR IMPORTÂNCIA E APRESENTAÇÃO DAS MEDIDAS
ESTATÍSTICAS Visão dos RI‟s
Figura 5 Medidas do Ranking solicitado aos entrevistados (grupo dos RIs), apresentando quantas vezes o
determinado item foi citado no ranking, a média da nota de ranking obtida, e as medidas estatísticas mediana,
moda e desvio padrão.
12
4,3
4,0
4
2,96
9
5,1
4,0
8
2,74
10
6,0
6,0
6
2,32
7
5,1
4,5
3,02
5
6,0
4,0
2
4,00
5
5,4
4,5
3,65
11
4,4
3,5
7
2,54
9
5,9
6,0
7
2,26
6
6,3
6,0
10
3,72
8
6,6
7,0
4
3,29
8
6,9
8,0
8
2,47
9
4,3
4,0
5
3,15
5
5,6
5,5
7
1,67
6
5,5
4,0
1
4,04
4
7,0
8,0
8
3,46
6
5,0
4,0
1
3,66
2
7,5
6,0
2,12
2
5,0
5,0
5
0,00
2
5,0
3,0
2,83
4
8,3
8,0
9
0,96
4
4,3
2,0
2
2,63
2
7,0
5,0
2,83
4
5,8
2,0
2
4,35
2
6,5
3,0
4,95
1
1,0
0,5
0
0,00
1
6,0
3,0
0
0,00
1
2,0
1,0
0
0,00
1
1,0
0,5
0
0,00
1
1,0
0,5
0
0,00
1
8,0
4,0
0
0,00
Comunicação tempestiva com o mercado
Reun.Indiv - sell side
Website de RI atualizado c/constância
Reun.Indiv - invest institucionais
Utilização de mídias eletrônicas
Reun.Indiv - buy side
Reuniões públicas
Comunicação c/ invest estrangeiro
Cobertura - qtde casas
Non-deal Road shows
Deal Road shows
RI subordinado ao Pres Executivo
Liquidez das ações
Valuation mercado x da Cia?
Diversificação da base acionária
Estratégia de RI traçada na Dir. Exec
Diminuição volatilidade ( x peers)
Participação no IBRX 100 / Ibovespa
Targeting de investidores
Concessão de guidance operacional
Redução custo capital (x média de mercado)
Divulgacao sobre sustentabilidade
RI com acesso facilitado ao CA
Comunicação segmentada
Preço da ação no mercado
Website de RI segmentado
Participação no N1, N2 ou NM
Reun.Indiv - pessoa física
Estratégia de RI traçada no CA
Concessão de guidance resultado
Qted Rkgs
Média
Mediana
Moda
Desv.Padrão
80
4.1.2.1. Aspectos ligados à Estratégia em RI
Nesse tópico estão relacionadas as questões 1 a 4 da pergunta 3, onde são abordados
os pontos conectados às questões estratégicas em RI, como subordinação e a definição das
estratégias a serem seguidas e executadas em RI.
1) Ter o RI subordinado a alta administração?
a) ao Presidente Executivo?
Posição no Ranking
Nota Média
12º
8,8
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
9
4,33
4,0
5
3,15
9
2
1
1
3
2
b) ao Presidente do CA?
Posição no Ranking
Nota Média
34º
2,7
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
0
-
-
-
-
-
Análise
Pelas respostas obtidas foi possível evidenciar que maior importância para o RI estar
subordinado ao Presidente Executivo do que ao Presidente do Conselho de Administração. As notas
médias de cada um dos itens e o ranking demonstram essa visão dos entrevistados. A subordinação
ao Presidente Executivo teve nota média 8,8, ficando na 12ª colocação no ranking, enquanto que a
subordinação ao Presidente do CA, ficou com nota média 2,7 e a última colocação no ranking.
Nenhum dos entrevistados citou a subordinação ao CA como mais importante que ao Presidente
Executivo, justificando tal ponto pela ligação da função com as atividades cotidianas da companhia,
devendo então o RI espelhar e informar o mercado sobre tal. Dentre as 15 respostas somente 2
entrevistados apontaram que não necessariamente deveria ser subordinado ao Presidente Executivo,
81
citando o CFO como a melhor forma de subordinação da área de RI.
Referencial Teórico
Podemos aqui confirmar a visão dada por Treiger (2009) de que RI é função integrante da alta
administração, Rocha e Procianoy (2004) de que RI deve ter acesso a alta administração da
companhia, em detrimento do que Favaro (2001) aponta, que RI deveria estar subordinado ao
Diretor Financeiro.
Comentários
Segundo a base dos entrevistados, a maioria dos Diretores de RI acumulam também a Diretoria
Financeira fazendo a conexão entre RI e presidência. Nesse ponto se ressalta a necessidade de o
DRI ter ativa comunicação com o mercado para que possa fluir as informações estratégicas da
companhia de modo a bem atender as demandas do mercado por informações. De acordo com os
comentários do grupo de analistas, pesa contra a empresa o DRI que não é exclusivo à função.
Frases dos Entrevistados:
- “Não acho que o RI possa estar ligado ao presidente do conselho, ele tem que estar ligado à
operação”. (entrevistado nº 8)
- “O presidente executivo é muito mais importante porque é aquele que está no dia a dia da
empresa”. (entrevistado nº 3)
- “É mais próprio que ele esteja ligado ao presidente executivo do que ao CA”. (entrevistado nº 16)
- “Eu acho que é mais adequado que o RI esteja na área de finanças, melhor porque ele tem
melhores informações sobre as finanças da empresa”. (entrevistado nº 12)
2) RI com acesso constante e facilitado organizacionalmente ao Conselho de Administração?
Posição no Ranking
Nota Média
23º
7,5
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
4
5,75
2,0
2
4,35
8
2
2
Análise
Pelas respostas abertas obtidas foi possível evidenciar que 60% dos entrevistados entendem ser
importante o contato entre RI e CA de modo constante e facilitado, tendo sido essa importância
evidenciada na possibilidade de participar com o Conselho sobre a percepção do mercado acerca da
companhia e levar ao mercado o pensamento estratégico da mesma. Os demais entrevistados, 40%,
82
apontaram que essa comunicação não necessariamente deve ocorrer com RI de modo constante e
facilitado, contudo não descartam que a informação deva chegar ao CA, ainda que seja levada pelo
Presidente Executivo.
Referencial Teórico
Mesmo apresentado nas questões anteriores, 3.1 e 3.2.
Comentários
A importância do item é expressa na nota média obtida, 7,5, que não pode ser considerada uma nota
baixa, contudo no sentido da agregação de valor para a companhia pela área de RI ela não aparece
com grande destaque no ranking geral, ficando em 23º lugar entre 34 posições possíveis.
Frases dos Entrevistados:
- “O relacionamento do RI tem que ser frequente com o Conselho.” (entrevistado nº 9)
- “O CEO é quem transmite a mensagem do Conselho”. (entrevistado nº 11)
- There are companies where the IRO do presentations to the board or are sitting on board, and
discuss things and information, and this has a value”. (entrevistado nº 15)
4) Estratégia de RI traçada na Diretoria Executiva?
Posição no Ranking
Nota Média
16º
8,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
6
5,00
4,0
1
3,66
9
2
2
2
3) Estratégia de RI traçada no Conselho de Administração?
Posição no Ranking
Nota Média
32º
5,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
1
1,00
0,5
-
-
-
1
Análise
Na opinião dos entrevistados a atividade de RI é predominantemente executiva e operacional,
devendo sua estratégia se desenvolver no âmbito da Diretoria Executiva. Dos 13 comentários feitos,
8 (62%) consideraram que a estratégia não deve ser traçada no CA e sim na Diretoria Executiva,
contudo metade desses citaram a importância de interagir com o Conselho sobre a estratégia
proposta. Ainda dentre os 13 comentários, 5 (38%) consideram importante que a estratégia seja do
83
Conselho.
A importância dada à estratégia traçada na Diretoria Executiva recebeu nota média sensivelmente
maior que a estratégia traçada no Conselho, 8,4 contra 5, ficando ainda no 16º lugar no ranking
contra 32º, dentre 34 posições.
Referencial Teórico
Treiger (2009) e Rocha e Procianoy (2004) auxiliam a ratificar essas questões uma vez que
defendem a proximidade do RI com a alta administração.
Comentários
As respostas coletadas parecem evidenciar que no sentido da agregão de valor por RI, quando se
aborda estratégia, o ideal seria que a mesma seja traçada na Diretoria Executiva, dada a sua
proximidade com o cotidiano dos negócios da companhia.
Frases dos Entrevistados:
- “Tem que ser traçada na Diretoria e aprovada no Conselho.” (entrevistado nº 4)
- Na Diretoria Executiva sim. Entendo que o RI é algo operacional, do dia a dia.” (entrevistado nº
10)
- “A estratégia deve ser traçada pela diretoria executiva, mas ela deve poder consultar o conselho de
administração.” (entrevistado nº 6)
- “É mais importante que a estratégia de RI seja traçada no conselho.” (entrevistado nº 11)
4.1.2.2. Aspectos ligados às Reuniões com o Mercado
Nesse tópico estão relacionadas as questões 5, 6, 11 e 12, onde são abordadas as
práticas de reuniões sejam individuais, públicas ou os road shows realizados pelas empresas.
5) Realização de reuniões individuais:
a) Com analistas sell side
Posição no Ranking
Nota Média
9,6
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
9
5,11
4,0
8
2,74
8
1
1
1
2
4
c) Com investidores institucionais
84
Posição no Ranking
Nota Média
9,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
7
5,14
4,5
#N/D
3,02
8
1
1
2
3
b) Com analistas buy side
Posição no Ranking
Nota Média
9,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
5,40
4,5
#N/D
3,65
8
1
1
3
e) Com jornalistas
Posição no Ranking
Nota Média
26º
6,8
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
0
-
-
-
-
-
d) Com investidores pessoa física
Posição no Ranking
Nota Média
30º
6,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
1
1,00
0,5
-
-
-
1
6) Realização de reuniões públicas?
Posição no Ranking
Nota Média
9,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
4,36
3,5
7
2,54
8
1
2
2
3
3
Análise
Realizando análise conjunta das reuniões individuais e públicas, segundo a opinião coletada dos
entrevistados, as evidências parecem demonstrar que as reuniões individuais têm maior peso em
85
relação a reunião coletiva, apesar da grande proximidade das notas médias obtidas bem como do
posicionamento no ranking geral entre os 34 pontos do questionário.
A reunião individual com os analistas sell side foi apontada como a mais importante dentre todas,
com nota média 9,6, seguida da reunião com investidores institucionais com nota dia 9,4, após
as reuniões com o buy side com 9,3 e por fim as reuniões públicas com mesma nota média 9,3.
Apesar da nota maior, quando solicitado aos entrevistados que ranqueassem as dez mais
importantes no quesito da agregação de valor pela área de RI à companhia, a reunião pública foi
mais citada (11 vezes) do que a mais citada dentre as reuniões individuais, a com o sell side (9
citações), tanto que a média do ranking, cujo número quanto menor indica que está mais próximo
do 1º colocado em ordem de importância, a reunião pública obteve 4,36 e a reunião individual com
o sell side obteve 5,11.
Nas respostas coletadas foi possível identificar que nas reuniões públicas os entrevistados citam
termos como “transparência, interação, acesso, equalização de informações, olho no olho, contato
com os principais administradores”, bem como a “boa vontade da companhia em ser aberta ou
ainda “a reunião pública é parte do processo”.
Marston (2008) afirma que o principal meio de comunicação que os RIs utilizam para com os
analistas são as reuniões individuais. Hwang (2005) identificou que via RI é possível obter impacto
positivo nos relatórios dos analistas e com os investidores institucionais.
Com base nas respostas colhidas e no referencial teórico, as evidências sugerem a conclusão que a
reunião pública não traz benefícios o práticos ou tão evidenciáveis no processo de agregação de
valor às companhias abertas quanto as reuniões individuais com analistas sell e buy side ou
institucionais, ainda que essa diferença seja pequena, como demonstraram as notas médias.
nas reuniões individuais com pessoa física ou jornalistas, a opinião dos entrevistados evidencia
que elas o gozam do mesmo prestígio ou importância, uma vez que no caso do investidor
individual a incapacidade sica de vazão ao atendimento inibe suas realizações e no caso dos
jornalistas foram apontadas como ponto positivo a boa possibilidade da difusão da informação, e
como ponto negativo o risco do vazamento de informação privilegiada ou mesmo o despreparo de
jornalistas que não reproduzirão as informações com a fidedignidade necessária.
Referencial Teórico
A evidenciação apontada por Marston (2008) da importância da reunião individual com analistas
parece ser confirmada segundo a base dos depoimentos coletados. Igualmente a pesquisa do NIRI
(1999) acerca do tema também é corroborada.
Comentários
Quando comparada às opiniões dos analistas e gestores, evidencia-se certa disparidade visto que na
86
opinião dos mesmos, a reunião pública teve peso maior do que a reunião individual (nota média 8,7
contra 6,3). Ainda os investidores individuais deram nota média 7,6 para as reuniões públicas, a
segunda nota mais baixa dentre os dezesseis itens (a esse grupo o se solicitou opinar acerca das
reuniões individuais).
Frases dos Entrevistados:
- “Reuniões individuais são importantes porque você tem a oportunidade de olhar no olho, para o
investidor perceber a convicção que você tem na mensagem que está entregando”. (entrevistado
9)
- “O que mais agrega valor é o sell side, porque com ele, o RI aprende muito”. (entrevistado nº 13)
- The more you can educate the journalist, the more accurate he will write. (entrevistado nº 15)
- O buy side e institucional têm influência de mercado menor que o sell side, embora quem
colocar o dinheiro na companhia sejam eles”. A reunião individual te a possibilidade do
insider.” (entrevistado nº 02)
- “Se atendo reuniões individuais posso passar uma mensagem que eu dou informação
privilegiada.” (entrevistado nº 03)
- Eu acho muito importante a reunião pública, porque tanto para quem recebe, quanto pra quem
apresenta, é o momento certo de vofazer uma checagem de reação. Está muito na tua frente, está
muito „fratura exposta‟.” (entrevistado nº 16)
- Dependendo da base de investidores, fazer reuniões individuais com pessoa física é
impraticável.” (entrevistado nº 5)
12) Non-deal Road shows?
Posição no Ranking
Nota Média
10º
9,1
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
8
6,63
7,0
4
3,29
9
1
2
5
11) Deal Road shows?
Posição no Ranking
Nota Média
11º
9,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
8
6,88
8,0
8
2,47
6
2
6
87
Análise
Na opinião dos respondentes ambos os Road shows têm grande importância na agregação de valor
pela área de RI à companhia, contudo com base nas respostas coletadas, parece haver evidência de
uma sutil diferença entre ambos, uma vez que o Non Deal Road Show foi apontado como mais
importante que o Deal Road Show. O Non Deal demonstraria a consistência da governança
corporativa da companhia em manter comunicação fluida com o mercado investidor mesmo em
momentos da o necessidade de captação de recursos, reforçando os aspectos de transparência da
companhia para com seus públicos estratégicos. A nota média obtida pelos Non Deal e Deal Road
Shows são muito próximas, respectivamente 9,1 e 9,0, ficando em 10º e 11º lugar no ranking geral.
Referencial Teórico
As evidências empíricas apontadas pela Thomson Reuters (2009) e NIRI (2008b) podem aqui ser
ratificadas. O ponto indicado por NIRI (2009a) no tocante a métrica de avaliação da quantidade de
investidores que adquirem as ações da companhia após um Road Show, não foi explicitamente
citada pelos entrevistados, mas foi considerada no momento em que os entrevistados citam o Deal
Road Show como a colocação dos papéis e até na solicitação dos investidores por papéis da
companhia quando de um Non Deal Road Show.
Comentários
A pesquisa evidenciou que os aspectos mais valorizados pelos grupos é a “transparência das
informações” e todas as ações que caminham nesse sentido foram consideradas importantes na
opinião dos pesquisados.
Frases dos Entrevistados:
- “Do ponto de vista do RI, ele agrega mais no Non-deal do que no Deal.” (entrevistado nº 4)
- O Deal é fundamental para você vender, mas a construção do valor o acontece na hora que
você vende o negócio, ela vai acontecer ao longo do tempo, é um processo de relacionamento, são
os non-deal Road shows.” (entrevistado nº 10)
- O investidor compra em função do trabalho que se faz no longo prazo. O deal road show apenas
avaliza o trabalho feito antes.” (entrevistado nº 14)
- “Sem o Deal Road show você não coloca o seu papel e o Non Deal é a melhor forma de a empresa
mostrar a sua governança corporativa.” (entrevistado nº 11)
- “Quando você for fazer um Deal Road Show todo mundo já conhece o seu histórico, e às vezes, os
investidores passam a solicitar papéis seus, porque você está constantemente em contato com eles.
(entrevistado nº 9)
88
4.1.2.3. Aspectos ligados às Atividades de RI
Nesse tópico estão relacionadas as questões 7, 8, 9, 10, 13 e 17 onde são abordadas as
atividades correlacionadas aos RIs, tais como a concessão de guidances, realização de
targeting, liquidez, diversificação de base acionária e relacionamento com investidores
estrangeiros.
13) Acesso, contato e atendimento a investidores estrangeiros?
Posição no Ranking
Nota Média
9,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
9
5,89
6,0
7
2,26
7
1
1
3
4
Análise
As respostas coletadas parecem evidenciar que os investidores estrangeiros são de suma
importância para o mercado brasileiro, visto que o tópico ficou posicionado como o 8º mais
importante dentre os 34 itens, com nota dia elevada de 9,3. Dois entrevistados justificaram tal
ponto em função de sua base de acionistas ser composta em 70% por tais investidores, outros
quatro citaram o potencial e tamanho do mercado internacional como opção ao nacional quando da
colocação de papéis da companhia. Dois dos entrevistados procuraram ressaltar que não se deve
fazer distinção entre investidores estrangeiros ou locais, enquanto um deles ressaltou que para uma
pequena empresa talvez seja difícil obter uma base mundial de investidores em função de seu
tamanho.
Referencial Teórico
A criação de valor para companhias listadas no exterior apontada por Yoshikawa e Gedajlovic
(2002) parece encontrar correspondência nessa atividade desenvolvida pela área de RI.
Frases dos Entrevistados:
- Quando você tem um mercado infinito como o mercado internacional, ela serve como supridor
do mercado local. Esse contato é essencial.” (entrevistado nº 9)
- Bom, aqui no Brasil, em uma companhia aberta isso aqui é fundamental, sem dúvida.”
(entrevistado nº 5)
- “É tão importante quanto os nacionais. Eu não faço diferença entre estrangeiros e nacionais.”
(entrevistado nº 11)
17) Liquidez das ações da Cia negociadas em Bolsa(s) de Valores?
89
Posição no Ranking
Nota Média
13º
8,6
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
5,60
5,5
7
1,67
4
1
2
2
Análise
As opiniões coletadas pelos entrevistados sugerem que a liquidez é de grande importância para a
companhia. Três dos entrevistados espontaneamente sugeriram nota maior que dez para o item. Na
opinião de todos os entrevistados o tema é relevante, apesar que 5 deles (38%) afirmaram que a
liquidez não é papel do RI, retratada na frase do entrevistado 4 abaixo. Desse modo essa parte
dos entrevistados entendeu que a liquidez não serviria como métrica da aferição do trabalho de RI
para a geração de valor, contudo, e independentemente dessa questão, a maioria das respostas
comentadas (8 equivalente a 62%) entendem o ponto como relevante para a mensuração.
Referencial Teórico
Os pontos evidenciados por Brennan e Tamarowsi (2005) e por Rieks e Lobe (2009) parecem
encontrar equivalência às respostas coletadas.
Comentários
Apesar dos comentários elementares acerca da baixa influência do RI em relação à liquidez, ainda
assim o tema foi considerado relevante por todos os grupos entrevistados, com notas variando entre
9 e 7,9. A principal evidência da importância da liquidez é a possibilidade de entrada e saída fácil
do papel sem que esses movimentos causem volatilidade quando da negociação de grandes volumes
da ação. Alguns RIs indicaram ainda em suas respostas que os investidores individuais tendem a ser
mais “fiéis” em momentos de crise, ou seja, dão menor volatilidade ao papel e atuam como
moderador da liquidez.
Frases dos Entrevistados:
- A influência do profissional de RI na liquidez é muito baixa, a liquidez é função da quantidade
de ações que é disponibilizada. Você pode inclusive com um trabalho muito perfeito de RI, fazer
com que grandes investidores comprem parcelas maiores, investir no longo prazo, e você diminui a
liquidez. Mas uma baixa liquidez, por outro lado, dificulta o trabalho de RI, o investidor olha pouco
para as ações por causa da baixa liquidez. Então a liquidez das ões é importante para facilitar o
trabalho de RI, assim como estar subordinado ao presidente da companhia também é importante,
assim como ter acesso ao Conselho também é importante, mas o é uma coisa que dependa da
ação do profissional, mas é importante.” (entrevistado nº 4)
90
- Acho que liquidez, na minha visão é essencial para que o RI consiga agregar valor.”
(entrevistado nº 7)
- Eu diria que liquidez é, sem dúvida, um fator importantíssimo para agregar valor.” (entrevistado
nº 13)
10) Diversificação da base acionária (investidores de curto prazo/longo prazo, pessoas físicas,
institucionais, estrangeiros, ....)?
Posição no Ranking
Nota Média
15º
8,5
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
4
7,00
8,0
8
3,46
8
1
3
Análise
Na opinião dos entrevistados, a diversificação da base acionária é importante, uma vez que das 13
respostas comentadas somente um afirmou não se preocupar com o ponto, uma vez que a
diversificação viria com a liquidez do papel. As demais 12 respostas apontam fatores de
importância na diversificação da base acionária como a diminuição da volatilidade dos papéis da
companhia, que em última instância auxiliaria na agregação de valor à companhia. Essa
preocupação também pode ser expressa na nota obtida pelo item, 8,5 e em 15º lugar no ranking
geral.
Comentários
O ponto principal do foco dos RIs com a questão parece ser a diminuição da volatilidade e a
diversificação da base acionária auxiliaria nessa questão, segundo as opiniões coletadas.
Frases dos Entrevistados:
- “Diminui a volatilidade da ação, se ela sobe dez e cai dez tem algum erro aí e uma das razões, que
pode estar errada, é o tipo de investidor que ela tem, Se você tem uma base diversificada, a
volatilidade da ação é menor”. (entrevistado nº 3)
- “Essa diversificação praticamente dilui o risco do mercado, isso reduz muito a volatilidade da
ação.” (entrevistado nº 9)
- É sempre bom para você nunca ficar dependendo de um pequeno número de grandes acionistas
que podem te levar a muita volatilidade do preço. A volatilidade é inimiga da criação de valor.”
(entrevistado nº 11)
- Its always a good idea, but also, it always depends on the company. It could be difficult to a
91
small company to have a lot of institutional investors, because of the float.” (entrevistado nº 15)
9) Realização de targeting de investidores?
Posição no Ranking
Nota Média
19º
8,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
2
5,00
3,0
#N/D
2,83
4
1
1
Análise
Pelas respostas abertas obtidas o targeting evidencia-se como uma importante ferramenta para que
a área de RI possa auxiliar na formação do grupo de investidores alvo da companhia e desse modo
contribuir na geração de valor à companhia. Os depoimentos coletados corroboram essa visão
que na grande maioria citam, ainda que em um momento pontual e específico da companhia, que o
targeting orienta e auxilia a identificar investidores que possuam a mesma linha de atuação da
empresa. A nota dia obtida demonstra que o tópico obteve posicionamento mediano no ranking
geral (19ª posição), contudo sua nota ainda assim pode ser considerada relevante (8,0).
Referencial Teórico
A importância dessa prática de mercado apontada pela Thomson Reuters (2009) é ratificada pela
base das respostas aqui coletadas.
Comentários
O targeting foi apontado pelos entrevistados como ferramenta adequada para que se alcance
também a diversificação de base acionária, mas principalmente como instrumento para que se
monte a base de investidores ideal para a companhia em seu momento específico de mercado, ou
seja, se necessitando de investidores de longo prazo, identificando e os buscando no mercado.
Frases dos Entrevistados:
- Isso para mim no RI é vital você tem que ver com quem você tem empatia, não é todo mundo
que vai te valorizar. Acho que você entender para quem você é um valor e entender o que quê essa
pessoa valoriza, eu acho que é um dos trabalhos mais nobres do RI.” (entrevistado nº 7)
- “Ajuda a desenvolver o trabalho de RI, mas não é indispensável.” (entrevistado nº 14)
- É relevante, em vários momentos você pode escolher quem você quer ter na sua base acionária.”
(entrevistado nº 2)
7) Concessão de projeções e estimativas operacionais (guidance)?
Posição no Ranking
Nota Média
20º
7,9
92
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
4
8,25
8,0
9
0,96
2
4
8) Concessão de projeções e estimativas de resultados (guidance)?
Posição no Ranking
Nota Média
33º
3,5
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
1
8,00
4,0
-
-
-
1
Análise
As respostas coletadas segundo a opinião dos entrevistados parecem evidenciar divisão clara entre
o entendimento quanto à concessão de guidances. Dentre as 15 respostas comentadas obtidas, 12 ou
80% entendem que o guidance operacional é positivo para a companhia uma vez que auxilia no
entendimento da mesma, evitando que o analista projete os números da empresa de modo muito
conservador. Para os 20% que não apoiam a concessão de guidance operacional os motivos citados
foram o foco no curto prazo o que podegerar volatilidade e a questão de o analista ser capaz de
elaborar seus próprios modelos sem o auxílio da companhia.
no guidance de resultados, as proporções se invertem, 80% ou 12 das 15 respostas coletadas, o
consideram arriscado, além do forte estímulo ao foco no curto prazo e crescimento de volatilidade.
Para os 20% que o consideram importante justificam na medida em que conseguem melhor
direcionar os analistas para corretamente entenderem os números da companhia.
Nas notas médias obtidas segundo as respostas coletadas, essa divergência fica também
evidenciada. O guidance de resultados obteve a segunda pior nota média entre todos os itens, 3,5,
enquanto o guidance operacional se situou com nota média 7,9 e 20º lugar no ranking.
Referencial Teórico
O ponto exposto por MacGregor e Campbell (2006) sobre a não concessão de Guidance pelas
empresas, não se confirma segundo a prática dos entrevistados, que se coaduna com o preconizado
pelo NIRI (2008a), cuja orientação para a concessão de guidance é ostensiva.
Comentários
Analisando a opinião dos analistas e gestores, ambos os tipos de guidance obtiveram notas
semelhantes. O operacional com nota 8 (contra 7,9 dos RIs) e o de resultados com nota 5,9 (contra
3,5 dos RIs). Já para os investidores individuais, o item obteve boa avaliação (nota 9), apesar de ter
sido citado somente como “guidance” sem separar em operacional ou resultados.
Frases dos Entrevistados:
93
- Toda a vez que você tem flutuações relevantes de mercado e você mede isso pela disparidade de
projeções entre os analistas, talvez nesses momentos o guidance entre como um norte bem
relevante.” (entrevistado nº 2)
- Você dar guidance anual no operacional você um norte de como a companhia vai funcionar.”
(entrevistado nº 4)
- “Principalmente no nosso negócio damos o guidance operacional, o financeiro depende muito de
outras variáveis fora do seu controle. O nível de risco e de liability, de responsabilidade, é
desproporcional ao benefício.” (entrevistado nº 8)
- Acho que o guidance leva a administração da companhia a ficar preocupada com o curto
prazo e perde o contato com o longo prazo. O nosso foco é fazer com que as pessoas tenham
condições de fazer suas próprias projeções, seu próprio modelo de avaliação.” (entrevistado nº 12)
- “Não costumamos fazer nem o guidance operacional, nem o de resultados. Na concessão de
projeções e estimativas operacionais nós costumamos dar os elementos para que você faça a sua
própria. No de resultado nós não fazemos isso. Isso aqui é um sinal comprometedor e falso, nós não
teríamos como garantir, nós não fazemos.” (entrevistado nº 16)
4.1.2.4. Aspectos ligados à Comunicação
Nesse tópico estão relacionadas as questões 14, 15, 16, 18, 19 e 29 onde são abordados
os assuntos correlatos a comunicação do RI, com aspectos como o website de RI, mídias
eletrônicas, segmentação da comunicação e divulgação sobre sustentabilidade.
18) Comunicação tempestiva com o mercado?
Posição no Ranking
Nota Média
9,8
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
12
4,33
4,0
4
2,96
9
2
2
1
4
3
Análise
A classificação indicada pelos respondentes indicou esse como o ponto de maior importância dentre
os 34 itens sugeridos para mensuração no questionário. Nas respostas abertas coletadas e
comentadas pelos entrevistados, curiosamente esse foi um tópico que recebeu poucos comentários
94
por parte dos entrevistados. O entrevistador pôde perceber que isso se trata de um tópico
absolutamente “básico” quando se trata de Relações com Investidores. O especialista William
Mahoney, um dos entrevistados, resumiu o tópico com a seguinte resposta, que parece evidenciar a
percepção sobre RI: We don‟t even need to talk why this is 10, do we? This is all about investor
relations is.
8
Referencial Teórico
A importância da tempestividade da informação ao mercado pôde aqui ser corroborada com o
apresentado no referencial teórico da questão (Ryan e Jacobs 2005).
Comentários
Os tópicos de comunicação foram os mais bem avaliados tanto no grupo de RIs como no grupo de
analistas e gestores.
Frases dos Entrevistados:
- “A comunicação não é só tempestiva, mas ela tem que identificar qual é a informação de
qualidade e então comunicá-la tempestiva e homogeneamente. (entrevistado nº 6)
- “Se você não der a informação na hora que você tem, você cria desconfiança. O mercado
desconfia, o mercado não leva você à sério.” (entrevistado nº 13)
15) Website de RI atualizado com constância?
Posição no Ranking
Nota Média
9,5
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a
7º a 10º
10
6,00
6,0
6
2,32
7
1
7
2
14) Ter o website de RI segmentado em investidores institucionais, analistas e pessoa física?
Posição no Ranking
Nota Média
27º
6,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
1
6,00
3,0
-
-
-
1
Análise
O website de RI atualizado com constância foi apontado na opinião dos entrevistados como o
8
Tradução livre pelo autor: Nós sequer precisamos falar porque isso é 10, precisamos? Relações com
Investidores é exatamente sobre isso.”
95
terceiro ponto mais importante na avaliação de uma área de RI no tocante a sua agregação de valor
à companhia. O outro aspecto questionado sobre website de RI, que é a sua segmentação em
públicos alvo da área de RI, não ganhou destaque ou importância segundo a opinião dos
entrevistados. As respostas sugerem que o website é um instrumento fundamental de comunicação
entre empresa e mercado, uma vez que todos podem acessar as informações da companhia com a
profundidade que lhes for necessária de modo rápido e fácil para o processo de tomada de decisão
ou ainda de atualização, daí destacada a importância de um website de RI ser atualizado com
constância. Para definir essa importância foram utilizados termos como é a base de tudo” e
“informação atualizada é a alma do trabalho do RI.
A abordagem relativa a segmentação do website demonstrou que das 13 respostas comentadas, 8
delas (62%) afirmaram que ela não funciona, 3 delas (23%) entendem que não traz grandes
vantagens e somente 2 respostas (15%) entendem que a segmentação é positiva, mas na ponderação
das notas vemos que entre os dez itens mais importantes, ele foi elencado uma única vez, além de
sua nota média ter sido baixa, 6,4.
Referencial Teórico
As abordagens dadas por Silva e Christensen (2004) e Silva e Alves (2004) de que a internet é um
meio importante de divulgação de informações financeiras am de Silva e Alves (2004) apontarem
que significativa associação entre o valor da companhia e a divulgação voluntária de
informações financeiras, sendo a internet um meio para tal, parecem justificar a importância que é
dada pelos profissionais de RI ao tema.
Comentários
Para o grupo de analistas os dois itens mais bem avaliados foram a Transparência das
Informações” e “Responder aos questionamentos de forma clara, rápida e fundamentada”, o que
parece evidenciar que o acesso a informações de modo ágil em muito auxilia nas atividades de RI.
Quanto à segmentação do site, o item foi bem avaliado pelos investidores individuais, que parecem
dar importância à mesma.
Frases dos Entrevistados:
- “Não é o website que é segmentado, é a informação que é abrangente.” (entrevistado nº 8)
- “Isso daí (a segmentação do website) eu não vejo como relevante para agregar valor.”; “A questão
da atualização do website do RI é o seguinte... primeiro regulatória, segundo, está acionando uma
obrigação da própria atividade.” (entrevistado nº 13)
- Você tem que prover o mercado com todas as informações para que ele te julgue.” (entrevistado
nº 16)
96
- Website atualizado é fundamental. A informação tem que estar ali rapidamente, na hora,
acessível.” (entrevistado nº 10)
16) Utilização de mídias eletrônicas no contato com o mercado (teleconferências, webcasts,
mídias sociais)?
Posição no Ranking
Nota Média
9,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
6,00
4,0
2
4,00
8
2
1
2
Análise
As respostas abertas coletadas sugerem a grande importância que é dada à comunicação nas
atividades de Relações com Investidores, visto que esse item obteve o lugar no ranking geral,
com nota média 9,4. Ainda com base nas respostas obtidas, as mesmas parecem evidenciar que os
entrevistados em sua maioria entendem que as mídias sociais (Twitter, Facebook, Linkedin, You
Tube, entre outras) ainda não estão presentes no cotidiano das companhias representadas pelos
entrevistados.
Referencial Teórico
As ponderações feitas por NIRI (2008c) e NIRI (2010) podem ser confirmadas aqui nesse ponto.
Comentários
O grupo de investidores individuais quando questionados acerca da importância das webcasts e
chats, não avaliaram os itens como os mais importantes, de modo que no ranking ocupam a 12ª e
14ª posições respectivamente entre os 16 itens. Contudo as notas médias não podem ser
consideradas baixas, sendo 7,9 e 7,6.
Frases dos Entrevistados:
- Hoje eu tenho essa percepção no mercado de capitais, você pode pegar um investidor gigantesco,
um investidor pessoa física que tem muito dinheiro, o próprio administrador de carteira, ele não
intervém, ele não te liga, ele não manda e-mail, ele não é proativo. O máximo que ele vai é em uma
reunião pública, mas ele recebe as informações. O analista que é pago, que é remunerado por isso,
ele é mais proativo, e tem que ser mesmo, tem que fazer relatório. Ele (pessoa física, administrador
de carteiras, gestor) quer receber, ele não quer intervir no processo, ele quer receber informação
segmentada, ele quer ser reativo e não proativo no acesso.” (entrevistado nº 3)
- “Acho que é mais os webcasts, teleconferências... sem dúvida é fundamental. (entrevistado nº 8)
97
- “É importante eu diria. Porque quando você tem uma base grande de investidores, você tem que
utilizar essas ferramentas, não a mídia social, mas teleconferência e webcast para você acessar uma
base maior, ou seja, fazer a sua mensagem ser mais difundida, ter um público maior.” (entrevistado
nº 10)
29) Divulgão de informações relativas às questões de sustentabilidade da Cia? (aspectos
ambientais, sociais e econômicos)
Posição no Ranking
Nota Média
22º
7,6
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
2
7,00
5,0
#N/D
2,83
2
1
1
Análise
Na opinião dos entrevistados a sustentabilidade foi citada unanimemente como fator importante,
contudo ao mesmo tempo, sem reflexos efetivos sobre a precificação da companhia. Desse modo,
sob a ótica da mensuração da atividade de RI e sua agregação de valor à companhia, as opiniões
mostram que o tema possivelmente crescerá em importância ao longo do tempo, contudo hoje ainda
não é visto como fundamental.
Referencial Teórico
O referencial teórico apresentado corrobora exatamente a visão dos entrevistados, de que o tema
tem crescido e crescerá em importância.
Frases dos Entrevistados:
- “Mesmo que eu ache chato, é inescapável.” (entrevistado nº 6)
- “Hoje eu acho que não tem valor, mas vai passar a ter. Eu estou aqui 11 anos, nunca ninguém
me perguntou qualquer coisa de sustentabilidade dessa empresa, nem no exterior. Então, muitas
vezes a gente cria uma imagem, uma coisa que tem um lado conceitual, mas na prática...”
(entrevistado nº 13)
- Acho que isso é importante. Acho que daqui a dois anos a nota para isso vai ser 10. Isso é muito
forte, hoje eu dou 8 porque, infelizmente, o mercado nos cobra mais sobre o resultado econômico
do que os demais. (entrevistado nº 16)
- “A sustentabilidade é muito importante por isso, como cultura, como forma de fazer bem às coisas
para evitar este tipo de problema. Ter um comitê de crise, ter um comitê de gestão de riscos é muito
importante, que também é uma forma de sustentabilidade.” (entrevistado nº 11)
98
- It will grow in importance.” (entrevistado nº 15)
19) Comunicação segmentada com o mercado? (específicas para pessoa física, jornalistas,
investidores institucionais, etc...)
Posição no Ranking
Nota Média
24º
7,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
2
6,50
3,0
#N/D
4,95
7
1
1
Análise
Na opinião dos entrevistados as evidências não parecem demonstrar que o tema é de grande
importância na atividade de RI. A nota média obtida, 7,3 e o 24º lugar no ranking geral, parecem
demonstrar que a segmentação da informação o deva ser o melhor caminho a ser tomado para a
agregação de valor à companhia. As respostas abertas coletadas demonstram que a segmentação por
vezes podetrazer erros a tarefa executada pela área de RI. Apesar disso, dentre as 11 respostas
comentadas, 64% declararam realizar algum tipo de segmentação da informação, notadamente à
pessoa física ou aos jornalistas, o que intrinsecamente parece demonstrar que a comunicação usual
é mais dirigida naturalmente ao profissional de investimentos.
Referencial Teórico
A segmentação da informação não parece auxiliar de modo decisivo nas características
consideradas importantes apresentadas por Reid (1991), tampouco corrobora com o CODIM (2009)
que não cita a segmentação do release para envio aos stakeholders da companhia.
Comentários
No grupo de investidores individuais, 94% afirmaram conhecer a área de RI e 47% contataram a
área nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa. A nota dia dada pelo grupo ao item “Jornais
Impressos ou eletrônicos” (7,9) somente conseguiu posicioná-lo como o 11º mais importante entre
dezesseis itens, contudo sua nota não pode ser considerada baixa.
Frases dos Entrevistados:
- “É bom mas não é fundamental, você tem até um risco de escorregar, tem risco de erro.”
(entrevistado nº 5)
- “Para mim eu vejo dois públicos: pessoa física e outros.” (entrevistado nº 7)
- This is very important, the information that someone wants is different from the institutional
investor from the individual investor, etc. (entrevistado nº 15)
99
4.1.2.5. Aspectos ligados à Métricas Diretas de Mensuração
Nesse tópico estão as questões 20 a 28, onde são abordadas métricas diretas que
podem servir de mensuração da atividade de RI, tais como quantidade de casas cobrindo a
ação; preço, oscilação e volatilidade da ação no mercado; participação em índices e nos níveis
de Governança Corporativa de Bolsa; valuation da companhia comparado com o mercado e; a
redução do custo de capital, além da utilização de consultorias terceirizadas.
21) Quantidade de “casas” realizando a cobertura das ações da Cia?
Posição no Ranking
Nota Média
9,1
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
6
6,33
6,0
10
3,72
9
1
1
1
3
Análise
Na opinião dos entrevistados esse ponto parece se configurar como de grande importância como
métrica de avaliação da atividade desenvolvida pelo profissional de RI e sua conseqüente agregação
de valor. A nota média obtida foi 9,1 aparecendo em lugar no ranking geral, também muito
próxima das reuniões individuais realizadas como os analistas sell side, buy side e institucionais,
potencialmente evidenciando sua correlação direta de quanto mais reuniões individuais realizadas,
maior a quantidade de “casas” que cobrirão o papel da empresa e consequentemente também
aumento de liquidez das ações, fechando um ciclo virtuoso para a companhia, com participação em
índices da bolsa, auxílio na redução de volatilidade e de oscilação em preço, e por fim, facilidade
em diversificar a base acionária.
Referencial Teórico
A evidência levantada por Bernnan e Tamarowski (2005) sobre a influência da atividade de RI na
quantidade de casas cobrindo a companhia e a evidência levantada por Agarwal (2008), onde maior
cobertura de analistas levou em última análise a uma agregação de valor às ações da companhia,
parecem se corroborar com as opiniões dos entrevistados na pesquisa.
100
Frases dos Entrevistados:
- A hora que você começa a ter analistas cobrindo a tua companhia, você sai do limbo”, você
começa a aparecer.” (entrevistado nº 2)
- The more, the better. This is all about float.” (entrevistado nº 15)
- Acho que isso aqui é importante porque se você não tem as casas” cobrindo a tua companhia, o
trabalho do RI está incompleto, ele tem que vender a companhia dele para um analista cobrir a
ação. Quem não é visto não é lembrado.” (entrevistado nº 5)
- Isso é trabalho do RI. Criar e administrar interesse de investidores pela empresa.” (entrevistado
nº 11)
27) Valuation médio de mercado versus o valuation elaborado pela própria Cia?
Posição no Ranking
Nota Média
14º
8,6
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
6
5,50
4,0
1
4,04
9
2
1
3
Análise
De acordo com as respostas abertas obtidas, comparar o valuation que a companhia tem de si contra
a média daquilo que é apresentado pelo mercado, demonstra ser evidência utilizável para a aferição
do trabalho de RI. Das 12 respostas comentadas, 10 ou 83%, afirmaram que a métrica é interessante
uma vez que espelharia a diminuição dos gaps informacionais, apontada também como uma das
atividades principais de RI, a boa comunicação. Na ponta daqueles que entendem como um ponto
não ideal para mensurar, citou-se a discrepância informacional entre aquilo que naturalmente a
companhia conhece de si mesma e o mercado além das premissas de cada um dos modelos.
Referencial Teórico
O ponto levantado por Ryan e Jacobs (2005) influência do RI sobre o valuation da companhia
parece ser confirmado segundo as respostas obtidas.
Comentários
Ao grupo de investidores individuais foi questionado se a apresentação do modelo de valuation era
relevante, mesma questão feita ao grupo de analistas/gestores. A importância apresentou-se maior
aos investidores individuais do que aos analistas/gestores. Para o primeiro grupo a nota média foi
8,6 e para o segundo 7,1. Para os analistas/gestores a apresentação do modelo de valuation, não
necessariamente deve ser feita, visto tratar-se de incumbência do analista em montá-la. O tema
parece ser evidenciado como de grande importância para o relacionamento RI e mercado.
101
Frases dos Entrevistados:
- “Isso é mais interessante, tendo em vista aquilo que eu falei no começo, que a função
diminuiu gaps de percepção.” (entrevistado nº 4)
- Esse é interessante. É aquela história entre diminuir a percepção. O tempo é melhor do que o
valor da ação.” (entrevistado nº 8)
- Quanto mais próximo o resultado apresentado pela companhia à projeção dos analistas, melhor.
Reflete sintonia, boa comunicação e transparência.” (entrevistado nº 14)
- Getting the company and investors on the same Page regarding valuation is the number one of
IR People.” (entrevistado nº 15)
24) Diminuição da volatilidade no preço das ações? (comparado com cias pares do setor)?
Posição no Ranking
Nota Média
17º
8,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
2
7,50
6,0
#N/D
2,12
3
1
1
23) Oscilação do preço da ação no mercado?
Posição no Ranking
Nota Média
29º
6,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
a 6º
7º a 10º
0
-
-
-
-
-
Análise
Segundo a opinião dos entrevistados a volatilidade no preço das ações de uma companhia pode ser
evidência de comunicação, falta de transparência, baixa credibilidade da companhia ou do RI,
além de potencialmente estar relacionada com problemas de liquidez do papel e da base acionária
da empresa. Os entrevistados foram unânimes em apontar a volatilidade como um problema a ser
enfrentado pelo RI, ainda mais quando comparada às companhias pares de seu setor de atuação. A
oscilação do preço não teve peso o forte quanto a volatilidade, visto que na opinião dos
entrevistados ela pode ser resultado de ações que escapam ao controle do RI, como uma crise
externa. A influência desses dois pontos para agregação de valor por RI à companhia também ficou
bastante clara nas notas dadas pelos entrevistados. A diminuição da volatilidade comparada com as
companhias pares do setor recebeu nota média 8,4, ficando em 17º lugar no ranking geral, enquanto
102
que a oscilação do preço da ação no mercado recebeu nota 6,4 e 29º lugar no ranking, com
significativa queda.
Referencial Teórico
Os pontos apresentados por Malacrida e Yamamoto (2006) quanto maior o disclosure contábil,
menor a volatilidade no retorno médio das ações; Lang e Lundholm (1996) empresas com
políticas de divulgação mais informativas tem menor volatilidade nas projeções de lucros; e Bushee
e Noe (2000) companhias melhores posicionadas em ranking de disclosure não percebem impacto
na volatilidade; evidenciam-se positivamente frente aos comentários dos entrevistados.
Comentários
Para Scott (2006) o aumento da volatilidade pode aumentar o beta da ação, aumentando o custo de
capital, segundo preconiza o CAPM. Essa parece ser a evidência do motivo de preocupação com a
volatilidade.
Frases dos Entrevistados:
- Se nossa ação tem de forma continuada volatilidade, eu vou atribuir um responsável na hora, é o
RI.” (entrevistado nº 16)
- “Oscilação é uma coisa que você não controla muito. No dia a dia a gente está sempre olhando
quanto subiram os concorrentes, mas não como uma maneira de perceber se a gente está agregando
ou não valor, e sim para saber se está tendo uma percepção do mercado diferente ou o. A
oscilação do papel no dia a dia, o RI não vai controlar porque têm outras variáveis que não estão
ligadas a ele, um exemplo foi a crise, que fez todo mundo cair.” (entrevistado nº 10)
- A ação de RI, eu acho que contribui para a diminuição da volatilidade. Agora, isso está
tremendamente associado à liquidez.” (entrevistado nº 11)
- “Oscilação sempre terá, mas reduzir a volatilidade é trabalho do RI - base acionária, transparência
e comunicação.” (entrevistado nº 14)
- “volatilidade por má informação e volatilidade por deficiência de comunicação é péssimo.”
(entrevistado nº 2)
25) Participação em algum índice de ações, principalmente o IBRX 100 ou IBRX 50 /
Ibovespa?
Posição no Ranking
Nota Média
18º
8,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
2
5,00
5,0
5
0,00
0
2
103
26) Participação nos níveis diferenciados de Governança Corporativa da BM&FBovespa?
Posição no Ranking
Nota Média
28º
6,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
1
2,00
1,0
-
-
-
1
Análise
As respostas abertas coletadas parecem evidenciar um ponto em comum para as questões relativas a
participar dos índices de ações, notadamente o IBRX 100 ou 50 e a participação nos níveis de
governança corporativa da Bolsa, de modo que a maioria dos respondentes (57% nos índices e 54%
nos níveis de GC) apontaram que isso não se trata de uma decisão de RI para que então possa servir
de métrica na agregação de valor por RI. Contudo os entrevistados também apontaram que estar no
índice ou em algum dos níveis de governança da BM&FBovespa auxiliará o trabalho do
profissional de RI. A nota dia dada ao item relativo aos índices parece espelhar a preocupação
em estar nos mesmos (nota 8,3 e 18ª posição no ranking) enquanto que no caso dos veis da
governança a nota sofre significativa queda (nota média 6,4 e 28ª posição no ranking). No caso
dos índices é indicada a questão da liquidez, fundamental para que se chegue ao índice, e que uma
vez em algum dos índices, criará um ciclo virtuoso uma vez que, segundo os entrevistados, diversos
fundos aplicam em papéis que pertencem a índices. No caso da participação nos veis de
governança da Bolsa foi apontada a necessidade de empresas entrantes no mercado iniciarem no
nível 2 ou novo mercado, uma vez que o mercado não as conhece e o nível espelharia a
preocupação da empresa em demonstrar governança.
Referencial Teórico
A análise feita por Marcon e Souza (2007) não poderia ser plenamente corroborada segundo a
opinião dos entrevistados, principalmente no quesito da participação nos níveis de governança
corporativa da BM&FBovespa, não podendo contudo ser descartada sua importância.
Frases dos Entrevistados:
- “Esse é fundamental (participação nos índices) porque isso gera liquidez, tem muitos fundos que a
base dele é índice. Participar de índice é uma grande conquista, é um ciclo virtuoso.”; “Empresas
novas, aí, tem que está no novo mercado ou nível 2, porque a empresa não tem história.
(entrevistado nº 3)
- “É a mesma coisa da liquidez, não depende direto do RI, mas ele pode ajudar.” (entrevistado nº 8)
- Acho que é importante que a empresa tenha bons padrões de governança, que tenha que ser
104
transparente, que todo acionista tenha direito a voto, mas ser parte do índice de governança da
Bolsa não é tudo.” (entrevistado nº 12)
- “Isso é bom (níveis de governança), maso como uma medida do trabalho de RI. O fato é que se
você está no novo mercado isso contribui para o trabalho do RI.” (entrevistado nº 9)
- Isso tem pouca influência do RI. É muito mais fruto da liquidez, você entra em função da
liquidez.” (entrevistado nº 4)
28) Redução no custo de capital da Cia versus custo de capital médio de mercado? (a efetiva
capacidade do RI em contribuir para a redução do custo de capital da empresa)
Posição no Ranking
Nota Média
21º
7,7
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
4
4,25
2,0
2
2,63
5
2
1
1
Análise
As respostas abertas coletadas dos entrevistados evidenciam certa divisão quanto ao entendimento
sobre se o tópico efetivamente poderia ser considerado como métrica de mensuração da atividade
de RI. Dentre as 12 respostas comentadas (recordando que são 16 ao todo), pouco mais da metade,
ou 7 respondentes afirmam que pode sim ser uma métrica, dada a importância do tema, bem como
pelo fato de o papel de RI estar ligado a diminuição do custo de capital da companhia, sendo que
um dos entrevistados afirmou que essa seria uma das principais razões de ser de RI. Para os 5
respondentes que entendem não ser essa uma métrica aplicável a RI, apesar de não descartarem a
influência que a área tem sobre o ponto, as razões apresentadas giram em torno de ser um fator de
longo prazo e com baixa influência de Relações com Investidores sobre a questão. Observando a
nota média obtida pelo item (7,7) e seu posicionamento no ranking (21º) as mesmas sugerem que o
tema é relevante, contudo devendo ser considerando medianamente na mensuração do poder de
agregação de valor por intermédio de RI à companhia.
Referencial Teórico
Os pontos apresentados por Brennan e Tamarowski (2005) que relacionam positivamente a
liquidez das ações e a diminuição no custo de capital da companhia aberta parecem caminhar no
mesmo sentido do entendimento dos entrevistados de modo que a correlação entre a atividade de RI
e o efetivo poderio de diminuir o custo de capital está um pouco longe da realidade de RI, uma vez
que na opinião dos próprios entrevistados a liquidez também não foi apontada unanimemente como
105
de responsabilidade exclusiva do RI e sim primeiramente do free float da própria companhia.
pelo ponto de vista apresentado por NIRI (2008a) de que a concessão de guidance alinhará as
expectativas dos investidores e reduzirá a volatilidade e em última alise reduzirá também o custo
de capital poderia haver potencial influência do RI na diminuição do custo de capital da
companhia, que o guidance foi considerado de grande importância na opinião dos entrevistados.
Assim não se apontam conclusões efetivas do ponto de vista do referencial teórico à questão.
Frases dos Entrevistados:
- “O RI tem como contribuir sim!” (entrevistado nº 11)
- O último objetivo do RI é reduzir o custo de capital para a companhia, e isso é muito
importante.” (entrevistado nº 12)
- Tanto o RI quanto o treasurer trabalham para otimizar a estrutura de capital para a estratégia da
empresa. Que o RI contribui com a redução eu não tenho dúvida que contribui, eu só tenho medo de
a redução de capital ser um indicador dessa contribuição.” (entrevistado nº 7)
- “Não acho que ele tenha toda essa capacidade. Eu acho que ela não é específica de RI. O RI vai
contribuir com isso, mas ele não é o indicador de: é por aqui ou é por lá.” (entrevistado nº 16)
22) Preço da Ação no mercado? (valor de mercado da Cia.)?
Posição no Ranking
Nota Média
25º
7,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
1
1,00
0,5
-
-
-
1
Análise
A opinião dos entrevistados no tocante ao preço da ação como métrica de avaliação do trabalho de
RI foi ponto que gerou diversos tipos de opiniões. Das 14 respostas comentadas, somente 3, ou
21% entendem que o preço é efetivamente uma métrica aceitável para aferir a agregação de valor
que RI pode trazer à companhia. Outros 5 respondentes, ou 36%, entendem que o preço comparado
com outros índices, tal como as companhias pares do setor, poderia talvez se aproximar de trica
aceitável para mensuração. Os demais 6 respondentes, ou 43%, entendem que a definição do preço
da ação da companhia e consequentemente de seu valor de mercado, não estão direta e unicamente
atreladas ao papel desenvolvido pela área de RI e sim a diversos outros fatores que não são
totalmente controlados por RI. A nota média obtida pelo item (7,0), fica no limiar da importância e
parece demonstrar que o fator o é totalmente marginal, contudo como métrica para avaliação
106
obteve somente o 25º lugar na classificação geral.
Referencial Teórico
A afirmação de Mahoney (2007) de que os RIs evitam mensurar seu desempenho parece se
configurar nessa questão segundo a opinião dos entrevistados.
Frases dos Entrevistados:
- “Ele não depende do RI diretamente. Já, por exemplo, se você fala, a comparação relativa de
preço, com os targetings, por exemplo, aí já é um pouco melhor como métrica.” (entrevistado nº 4)
- A área de RI não deve cair nessa armadilha porque o valor da ação, propriamente dita, tem n
variáveis que escapam totalmente ao controle do RI.” (entrevistado nº 6)
- “Preço o é um indicador absoluto, mas ele é um dos indicadores. Não para ignorar o preço,
afinal de contas o preço é uma das variáveis chaves para a remuneração total do acionista.”
(entrevistado nº 7)
- “Para mim o preço é importante para avaliar a efetividade do RI, o quanto o mercado entende a
minha estratégia e os meus resultados. (entrevistado nº 16)
20) Utilização de consultoria terceirizada em RI?
Posição no Ranking
Nota Média
31º
5,9
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
0
-
-
-
-
-
Análise
De acordo com as respostas coletadas e na opinião dos entrevistados a participação de uma
consultoria de RI na companhia pode talvez auxiliar no desenvolvimento de tarefas secundárias ou
ainda tarefas que o podem ser feitas pela área de RI, como os estudos de percepção (perception
studies). Assim as evidências, tanto nas respostas verbais como nas notas concedidas (média de 5,9
e 31º lugar no ranking), parecem apontar que a utilização de consultoria terceirizada não auxilia de
modo decisivo na criação de valor pela área de RI à companhia.
Referencial Teórico
A agregação de valor apontada por Gillies (1972) parece não mais se repetir até os dias de hoje, ao
menos para esse grupo de entrevistados.
Comentários
As evidências sugerem que um dos principais serviços prestados pelas consultorias são os estudos
de percepção, por muitos utilizado como forma de aferir o trabalho das áreas de RI.
107
Frases dos Entrevistados:
- “Hoje no Brasil agrega muito pouco.” (entrevistado 3)
- “Nós não utilizamos, já tivemos e pensei “o valor que esses caras vão adicionar... é melhor acabar
com isso”, aí nunca mais utilizei, desde então.” (entrevistado nº 12)
- The investment market feels more comfortable with an inside IR person than an outside IR
person. Institutions and analysts prefer direct contact with a reliable information resource.
(entrevistado nº 15)
4.1.2.6. Outros aspectos apontados pelos Entrevistados
30) Outros
Essa questão objetivou abrir espaço para que o entrevistado pudesse sugerir outros
pontos que em sua opinião agregam valor à companhia por meio da atividade de RI. Foram
citados oito itens, que serão abaixo listados, mas contudo não serão comentados em função da
unicidade de citação.
Estudos de
Percepção
Preço da ação em
relação às
companhias pares
Reconhecimentos e
premiações do
mercado
Orçamento da área e sua
capacidade de realização
com o mesmo
RI auxiliando a
companhia a se
aculturar ao
mercado de
capitais.
Compliance
Regulatório
Gestão do
Conhecimento
(cultura)
Retroalimentação
(capacidade do RI levar a
alta administração
informações do mercado
sobre a empresa)
Pergunta 4 - Em sua opinião, qual seria a melhor forma de se avaliar o quanto uma Área de
Relações com Investidores agrega de valor a uma Cia.Aberta?
Análise
As dez respostas abertas coletadas dos entrevistados apontam caminhos o uniformes entre si. As
citações foram: i) diminuir o gap entre o valor de mercado e o valor entendido como correto pela
companhia duas citações; ii) indicadores de ações específicas que dependam diretamente do RI
108
duas citações; iii) realização de estudos de percepção; iv) melhorias na base acionária; v)
diminuição do custo de capital da companhia; vi) aferição de itens como o valor de mercado,
redução do custo de capital, quantidade de casas que cobrem a empresa, liquidez e participação -
ainda que relativa - nos índices de bolsa; vii) preço da ação em relação às companhias pares do
setor e; viii) maior valorização da função pelos recursos humanos da própria companhia.
Pergunta 5 - Por gentileza, caso deseje, teça seus comentários adicionais a questão da
agregação de valor pela Área de Relações com Investidores?
Análise
As cinco respostas abertas coletadas dos entrevistados trouxeram como comentários finais pontos
de relevância como:
i) o impacto e influência que RI pode ter junto à imagem da companhia;
ii) a importância de se difundir RI dentro da própria companhia para que essa entenda a função
estratégica que a área exerce em benefício da mesma citado duas vezes;
iii) a importante retroalimentação onde o RI traz as percepções do mercado acerca da companhia
objetivando a melhora em suas estratégias e;
iv) utilizar para mensurar as atividades de RI, no tocante a preço e outros quesitos, sempre de forma
relativizada ou com companhias pares do setor.
Comparando com outras citações, parece haver maior aderência aos estudos de percepção e ao
aspecto retroalimentador da função de RI (leva informações do mercado à empresa e vice-versa).
109
4.2. Grupo dos Analistas de Investimentos e Gestores de Carteiras
4.2.1. Atuação Profissional dos Respondentes
Esse grupo contou com 11 respostas, sendo 03 profissionais atuantes no sell side, 03
atuantes no buy side, 02 atuando como investidores institucionais e 03 especialistas no
mercado.
Figura 6 Perfil dos Analistas e Gestores Entrevistados
4.2.2. Satisfação no Atendimento, Agregação de Valor e a Influência de RI na
Precificação das Ações
As duas questões iniciais buscaram identificar a percepção dos entrevistados no
tocante à satisfação com o atendimento da área de RI e também quanto à sua agregação de
valor por intermédio da atuação de RI à companhia aberta.
27%
27%
19%
27%
Perfil dos Analistas e Gestores Entrevistados
Sell Side
Buy Side
Institucional
Especialistas
6,2 6,4 6,6 6,8 7 7,2 7,4
De 0 a 10, satisfação no
atendimento por RI
De 0 a 10, RI agrega valor?
6,6
7,4
Questões 1 e 2 - Roteiro Analistas e Gestores
110
Figura 7 Nota para agregação de valor por RI e a satisfação no atendimento feito por RI. Oriunda das questões
1 e 2 Roteiro de Entrevistas destinado aos Analistas e Gestores de Carteiras.
Pergunta 1 - Por gentileza, numa escala de 0 (menor grau de satisfação) a 10 (maior grau de
satisfação), ao buscar atendimento em uma área de Relações com Investidores para sanar
dúvidas, informe seu grau de satisfação médio com o atendimento dessa área?
Estatísticas:
Média
Mediana
Moda
Desvio Padrão
Intervalo
6,6
7
7
1,79
6
Análise
As respostas dos entrevistados evidenciam a polarização entre áreas de RI que atendem bem aos
analistas e gestores, e áreas que não fazem esse atendimento bem feito. A nota dada (6,6) apresenta
pontuação superior à média aritmética da escala proposta aos respondentes (entre zero e dez),
indicando que apesar das dificuldades relatadas, na média, as áreas de RI “estão na frente”, como
dito por um dos entrevistados.
As respostas dos entrevistados evidenciam ainda que os avanços estão ocorrendo, contudo há muito
a desenvolver. Um dos entrevistados citou que falta o entendimento da alta administração das
companhias abertas brasileiras sobre a função de RI, adotando-a mais em função da regulamentação
do que pela consciência da sua importância para o mercado.
Outros motivos também foram citados pelos entrevistados para que a área possa avançar tais como:
a cultura e o tempo que a companhia possui como capital aberto; sua dependência econômica do
mercado de capitais; a dificuldade da própria companhia em avaliar se RI agrega valor ou o;
entendimento da efetiva necessidade dos analistas de investimento; acesso às informações e a falta
de autonomia do RI, muitas vezes causadas pela própria empresa; falta de capacidade técnica da
área de RI; falta de pessoal para atendimento e acúmulo de funções de alguns RIs (dividem funções
dedicando-se parcialmente às Relações com Investidores).
Referencial Teórico
Rocha e Procianoy (2004) em seu estudo sobre as áreas de RI encontraram que as empresas ainda
não conferem a importância devida às relações com investidores. Spaseska (2008) estudando
empresas australianas demonstra que as empresas reconhecem RI como uma atividade de reputação
corporativa, dando importância à mesma. Na Austrália as grandes empresas usualmente elegem um
IRO (Investor Relations Officer) exclusivamente dedicado à atividade e nas pequenas fica à cargo
do CFO ou CEO, que dividirá seu tempo e afazeres com RI.
111
Comentários
As respostas obtidas dos entrevistados evidenciam a melhora que a área de RI vem alcançando,
contudo se enxerga também caminho para que continue ocorrendo essa melhora. Estatisticamente
média, mediana e moda ficaram muito próximas (6,6, 7 e 7 respectivamente) demonstrando
convergência nas medidas estatísticas e coesão nas respostas obtidas.
Pesquisa realizada pelo IBRI e Fipecafi mostra que na média a área de RI tem entre 3 e 5
funcionários, podendo ser indicativo para que esse número aumente. Igualmente, 96% dos
respondentes à pesquisa afirmaram possuir uma área de RI exclusiva.
Frases dos Entrevistados:
- É difícil dar um peso, pois você tem muitas empresas de um lado da curva e muitas de outro
lado. Acho que o Brasil, na média está na frente. (entrevistado nº 3)
- Eu acho que está melhorando, vem tendo desenvolvimento, a tendência é melhorar mais ainda.
(entrevistado nº 1)
- Falta entendimento maior por parte dos administradores da função de RI. (entrevistado nº 10)
- As próprias empresas têm dificuldade em avaliar se o RI agrega valor ou não. (entrevistado nº5)
Pergunta 2 - Por gentileza, numa escala de 0 (menor agregação) a 10 (maior agregação), em
sua opinião, a Área de Relações com Investidores agrega valor à Cia?
Estatísticas:
Média
Mediana
Moda
Desvio Padrão
Intervalo
7,4
8
10
2,98
10
Análise
Na opinião dos entrevistados a área de RI é muito importante, pois é a responsável pela
disseminação da informação ao mercado. Os entrevistados citaram que ainda existe espaço para que
as informações da companhia sejam melhor transmitidas, mas entendem em sua grande maioria que
a área pode agregar valor principalmente pela redução da assimetria informacional, que
potencialmente reduzirá a volatilidade e auxiliará na geração de valor.
Um único entrevistado entende que RIo agrega valor, uma vez que em sua concepção, agregação
de valor se traduz na geração de caixa pela companhia, o que o RI na opinião do entrevistado, não
realiza.
Referencial Teórico
112
O único estudo encontrado sobre RI e agregão de valor (Agarwal, 2008), parece encontrar
correspondência com as opiniões coletadas.
Comentários
Estatisticamente dia e mediana ficaram próximas a 7,5, apesar da moda apresentar 10, de modo
que parece haver evidência perceptiva de que RI agrega valor à companhia, principalmente pela
diminuição da assimetria de informações e redução de incertezas futuras, o que por sua vez poderá
se refletir no valuation da companhia, precificando mais adequadamente os valores mobiliários da
empresa.
Frases dos Entrevistados
- RI é muito importante, pode agregar valor, eu diria que hoje é essencial para você ter um
mercado bem informado, mas as empresas precisam investir mais nas pessoas de RI e dar
autonomia, dar informação, permitir que essas pessoas realmente atendam de forma adequada o
mercado. (entrevistado nº 11)
- A principal função do RI é dar transparência para o mercado e em fazendo isso só tem a somar.
(entrevistado nº 2)
- Agrega valor, pense em uma empresa que não satisfação ao mercado e uma que dá. A
informação bem passada pode evitar ou ainda fazer as pessoas entenderem aspectos importantes do
fato divulgado.” (entrevistado nº 5)
Pergunta 3 - Como a Área de Relações com Investidores pode influenciar na precificação das
ações de uma Cia Aberta? Analisando os itens abaixo sugeridos, por favor, valore o grau de
importância (0 = sem nenhuma importância e 10 = extremamente importante) e comente
cada uma delas, abordando o aspecto efetivo ou não para essa avaliação.
Abaixo mostramos alguns gráficos demonstrativos das notas e rankings obtidos:
113
COMO A ÁREA DE RI PODE INFLUENCIAR NA PRECIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE UMA CIA ABERTA?
Visão dos Analistas/Gestores
Nota média atribuída por item relatado, escala de 0 a 10, onde a maior nota tem maior importância na questão.
Figura 8 Notas médias concedidas aos 21 itens da pergunta 3 roteiro de entrevistas destinado aos Analistas e
Gestores de Investimentos
9,8
9,4
9,2
8,9
8,7
8,6
8,5
8,5
8,3
8,3
8,2
8,1
8,0
8,0
8,0
7,9
7,8
6,3
6,2
6,0
5,9
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Transparëncia Informação
Respostas claras, rápidas e fundamentadas
Objetivos novos investimentos
Fatos que impactem a Cia no futuro
Reuniões Coletivas
Quanto e Forma da alavancagem
Separação do lucro recorrente e não.
Acesso principais administ.
Fonte financiamento novos invest.
Nível ideal de alavancagem
Análises do setor
Identificando benefícios fiscais
Guidances operacionais
Visita ao parque fabril
Destacando ativos intangíveis
Liquidez
Separar caixa e contábil
Reuniões individuais
Analises com empresas pares
Dados econömico-financeiros da Cia.
Guidances de Resultados
114
RANKING DOS ITENS MAIS CITADOS POR IMPORTÂNCIA E APRESENTAÇÃO DAS MEDIDAS
ESTATÍSTICAS Visão dos Analistas/Gestores
Figura 9 Medidas do Ranking solicitado aos entrevistados (grupo analistas), apresentando quantas vezes o
determinado item foi citado no ranking, a média da nota de ranking obtida, e as medidas estatísticas mediana,
moda e desvio padrão.
11
2,1
1,0
1
2,4
10
3,2
3,0
3
2,5
9
7,0
8,0
9
2,5
8
4,9
4,5
3
3,3
7
6,0
4,0
10
3,8
5
4,8
5,0
5
0,4
7
7,3
8,0
8
1,6
5
4,6
4,0
2
3,3
8
5,9
5,5
3
2,7
5
5,6
6,0
6
0,9
4
5,8
5,5
3,3
3
7,0
7,0
3,0
6
6,5
6,5
6
1,6
1
7,0
7,0
-
5
8,4
9,0
10
1,8
5
5,8
7,0
8
2,7
2
4,5
4,5
3,5
3
6,7
5,0
5
2,9
2
5,5
5,5
0,7
0
----
3
7,5
7,5
0,7
Transparëncia Informação
Respostas claras, rápidas e fundamentadas
Objetivos novos investimentos
Fatos que impactem a Cia no futuro
Reuniões Coletivas
Quanto e Forma da alavancagem
Separação do lucro recorrente e não.
Acesso principais administ.
Fonte financiamento novos invest.
Nível ideal de alavancagem
Análises do setor
Identificando benefícios fiscais
Guidances operacionais
Visita ao parque fabril
Destacando ativos intangíveis
Liquidez
Separar caixa e contábil
Reuniões individuais
Analises com empresas pares
Dados econömico-financeiros da Cia.
Guidances de Resultados
Qtde Rkgs Média Mediana Moda Desv.Padrão
115
4.2.2.1. Aspectos ligados às Reuniões com o Mercado
Nesse tópico estão relacionadas as questões 7 a 10, onde são abordados os pontos
relacionados às práticas de reuniões sejam individuais, públicas ou os road shows realizados
pelas empresas.
7) Realizando reuniões coletivas com agentes de mercado.
Posição no Ranking
Nota Média
8,7
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
7
6,00
4,00
10,00
3,83
8
2
2
3
Análise
A reunião pública foi a primeira atividade claramente definida, citada pelos entrevistados, como o
meio de divulgação de informações mais equânime e que evita a potencial concessão de
informações privilegiadas em demais fóruns. Outros pontos que também foram evidenciados pelos
depoentes, tais como o contato da alta administração da companhia com o mercado e a
possibilidade do “olho no olho” com o mesmo, além de melhor preparar a companhia para a
divulgação de seus resultados, levando a um melhor auto-entendimento de seus números.
Houve ainda um entrevistado que citou a importância superior da reunião individual, por entender
que com a mesma pode-se ir mais a fundo nos questionamentos. Os dados estatísticos parecem
demonstrar certa polaridade de opiniões entre os que consideram a reunião coletiva de suma
importância e os que a consideram menos importante. Enquanto a média dos ranqueamentos ficou
em 6, a mediana foi 4 e a moda 10. a nota média do item no quesito de importância para
influenciar na precificação das ações da companhia, obteve a quinta maior nota, com 8,7.
Referencial Teórico
A evidência empírica parece encontrar apoio no estudo de NIRI (1999) apresentações públicas
gerou aumentos na cobertura de analistas. Já a afirmação feita por Marston (2008) reunião
individual é o principal meio de comunicação entre analistas e RIs parece apresentar, no caso
brasileiro, uma divisão de importância com a reuniao pública.
Comentários
As respostas coletadas e os estudos acadêmicos e de mercado parecem convergir no sentido da
importância do instrumento reunião, coletiva ou individual, entre analistas e empresa, visto
elucidarem dúvidas e serem instrumento prático da transparência desejada pelo mercado.
116
Frases dos Entrevistados
- “É importante que a empresa fale publicamente no fórum adequado para isso, para que não ocorra
a concessão de informação privilegiada.” (entrevistado nº 2)
- “Bastante importante, é uma forma de você transmitir publicamente e dar publicidade àquele
público que está interessado, é necessário.” (entrevistado nº 6)
- “Reunião Individual é mais importante que a coletiva, pois nela pode-se ir mais a fundo.”
(entrevistado nº 5)
10) Dando acesso aos principais administradores da Cia.
Posição no Ranking
Nota Média
8,5
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
4,60
4,00
2,00
3,29
8
2
2
1
Análise
A pergunta objetivou identificar se o acesso aos principais administradores da companhia tem peso
relevante para a precificação da mesma. As respostas obtidas demonstram que na opinião dos
entrevistados isso se faz importante quando necessário ou requerido pelo mercado. Os entrevistados
apontam essa importância no sentido de terem acesso àqueles que são os tomadores de decisão e
que “tocam” a empresa no dia a dia, podendo ter a sensibilidade sobre a atuação dos mesmos. Vê-se
que a nota média dada a essa atividade de Relações com Investidores, 8,5, e a posição ocupada no
ranking, lugar, parecem demonstrar que esse ponto pode atuar como instrumento de
transparência da companhia junto ao mercado.
Referencial Teórico
Dolphi (2004) em sua pesquisa conduzida junto a algumas companhias inglesas aponta que a
comunicação é uma ferramenta estratégica, e RI atuando como esse comunicador estratégico,
consegue atrair e manter uma vantagem competitiva superior às demais empresas.
Comentários
Os entrevistados também apontaram para um dado que potencialmente poderia dificultar esse
acesso à alta administração pelo profissional de RI. Dois deles comentaram sobre o eventual
desprestigio que o profissional de RI sente quando lhe é requerido o acesso a alta administração.
Frases dos Entrevistados
- É muito interessante ver todas as áreas. (entrevistado nº 6)
- É importante que ele esse acesso para que se possa aprofundar. Alguns RI`s as vezes se
117
sentem desprestigiados quando os investidores pedem acesso aos administradores, não deveriam,
não é isso, ele tem esse papel de selecionar quem tem esse porte e importância.(entrevistado nº 11)
- Numa área de RI é o que eu mais uso. (entrevistado nº 3)
9) Realizando visita aos parques fabris das Cias.
Posição no Ranking
Nota Média
14º
8,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
1
7,00
7,00
-
-
1
1
Análise
Na opinião dos entrevistados a visita ao parque fabril da companhia é importante pois se faz
possível verificar se os recursos captados estão sendo utilizados nos processos produtivos, nas
indústrias pode-se perceber eventual obsolescência do parque fabril, além dos aspectos
considerados intangíveis como o “clima” da fábrica, sua limpeza, além do contato com os
operadores do negócio. Desse modo as respostas parecem evidenciar que ainda que não seja
decisivo para a decisão de investimento, em determinado momento é relevante para o analista
conhecer in loco o negócio da investida. A nota média 8,0 parece demonstrar a importância relativa
do item, que ficou em 14º lugar no ranking geral.
Referencial Teórico
Mesmo da questão anterior (n.10).
Frases dos Entrevistados
- Bastante importante. É muito bom conhecer as empresas, sentir a empresa no operacional, sentir
o clima das pessoas que trabalham, ver coisas que você não vê nos papéis.” (entrevistado nº 6)
- É muito importante, aquelas empresas que puderem fazer, você ver a tecnologia, atualização, o
processo de produção, o próprio ambiente, os recursos que a empresa capta estão bem empregados,
se você chega numa empresa e o seu parque bem debilitado, não tem um programa de
investimento adequado, você já liga e manda vender....” (entrevistado nº 9)
8) Realizando reuniões individuais com agentes de mercado.
Posição no Ranking
Nota Média
18º
6,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a
7º a
118
10º
3
6,67
5,00
5,00
2,89
5
2
1
Análise
Na opinião dos entrevistados e conforme as 9 respostas comentadas abertas obtidas, a reunião
individual na visão de 8 (89%) dos analistas e gestores de carteiras é um instrumento importante
que deve ser utilizado, contudo 5 (56%) destes ressaltaram a problemática da potencial concessão
de informações privilegiadas a um profissional em detrimento de outro. Somente 1 respondente
(11%) se demonstrou contra a realização de reuniões individuais. Ao contrário do que os RI‟s
possivelmente ponderam, os analistas deram peso maior para as reuniões públicas do que às
reuniões individuais, visto que o item teve nota média 6,3 (18º lugar no ranking) contra nota média
das reuniões públicas de 8,7 (5º lugar no ranking).
Referencial Teórico
A afirmação de Marston (2008) reuniões individuais são o principal meio de comunicação
utilizado pelos RIs junto aos analistas não pôde ser aqui plenamente espelhada.
Comentários
A questão expressa no referencial teórico talvez possa ser indicação de que simplesmente as
reuniões públicas com empresas no exterior não sejam comuns, ou não sejam exatamente abertas
como são as reuniões realizadas no Brasil pela Apimec. Isso pode ser confrontado com a fala do
entrevistado 3 do grupo de profissionais e especialistas em RI, aqui colocada textualmente e
autoexplicativa: “Nos Estados Unidos, na Europa não é comum reunião pública, muito pelo
contrário, não existe. Para você ter uma idéia, cerca de dez analistas dos Estados Unidos e uns
quinze da Europa assistiram uma reunião de uma empresa na Apimec em São Paulo e os
comentários foram excelentes porque eles nunca tinham visto nada daquele tipo.
Frases dos Entrevistados
- Não gosto muito de reunião individual, o porque é um martírio para quem está fazendo as
reuniões porque pode ter algum deslize nesses contatos e fornecer alguma informação que venha a
compor o mosaico e possa até dar uma informação privilegiada.” (entrevistado nº 1)
- “Reunião Individual é mais importante que a coletiva, pois nela pode-se ir mais a fundo.”
(entrevistado nº 5)
- “Acho que o RI deve falar publicamente..” (entrevistado nº 2)
- “É importante e o RI tem que ter se for política da área de RI, mas temos tido muitos problemas
decorrentes de reuniões individuais, problemas de assimetria de informação.” (entrevistado nº 6)
119
4.2.2.2. Aspectos ligados às Atividades de RI
Nesse tópico estão relacionadas as questões 2 a 6 e 11 a 20 onde são abordadas as
atividades realizadas exclusivamente pelos RIs para com os Analistas e Gestores, tais como as
análises comparativas disponibilizadas pelos RIs, concessão de guidances, explanações sobre
aspectos contábeis, alavancagem e investimentos da companhia.
18) Explanando claramente os objetivos almejados nos novos investimentos.
Posição no Ranking
Nota Média
9,2
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
9
7,00
8,00
9,00
2,55
7
-
1
-
2
6
17) Apresentando a fonte de financiamento para novos investimentos.
Posição no Ranking
Nota Média
8,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
8
5,88
5,50
3,00
2,75
7
2
2
4
Análise
Na opinião dos entrevistados a questão 18 - dentre a linha de itens que demonstram a transparência
da companhia - ganha destaque uma vez que demonstra o caminho futuro que a empresa está
seguindo, e o futuro causa incertezas, contudo caso ele seja bem explicado, melhor precificado
serão os valores mobiliários da companhia.
o objetivo pretendido com a questão 17 demonstra ligeira perda comparativa de importância em
relação à questão 18, ou seja, os entrevistados apontam que é mais importante explanar claramente
os objetivos que se pretende quando de um novo investimento do que as fontes de financiamento
para tal. Os depoimentos verbais coletados demonstram que 2/3 o importância ao fato da
companhia demonstrar para onde ela está caminhando, bem como a forma como está se
financiando. Já o outro 1/3 reconhece a importância da questão, contudo entendem que isso, quando
120
anunciado, na maioria das vezes traz as informações necessárias para tal, apontando ainda que o
analista em muitos casos inclusive sabe o tamanho do passo que a companhia pode dar e quais
potenciais fontes ela dispõe para poder realizá-lo, seja com caixa próprio ou de terceiros. Dentro
das estatísticas a nota média, 9,2 para a explanação dos objetivos almejados nos novos
investimentos e 8,3 para a demonstração das fontes de financiamento.
Referencial Teórico
As evidências apontadas por Chang et al. (2008) - empresas com mais divulgão de informações e
com qualidade, por meio do RI, tem mais analistas cobrindo-a, mais investidores institucionais,
mais liquidez e maior capitalização de mercado e por Botosan e Plumlee (2003), parecem
encontrar aderência às questões 17 e 18.
Comentários
A frase dita pelo entrevistado nº 11 parece expressar bem aquilo que os analistas e gestores pensam
a respeito da questão 18: “Esses dados você não tem jeito de obter a não ser falando com a empresa,
são qualitativos... explicar isso de forma aberta e pública reduz grau de incerteza, ajuda o analista a
calibrar melhor as projeções e isso poderá dar um desconto menor pela incerteza, pelo risco, etc.
Isso influência sim o valuation.” A diminuição da assimetria informacional aparece mais uma vez
como fator determinante da melhor precificação dos valores mobiliários da companhia. O Guia de
RI IBRI-Bovespa (2007) traz comentários acerca da importância das informações voluntárias ao
mercado, principalmente de informações que impactem a companhia como no caso de novos
investimentos e suas fontes de financiamento, servindo como forma de medição da qualidade das
Relações com Investidores de uma companhia.
Frases dos Entrevistados
Questão 18:
- “Muitas empresas falam dos investimentos e nem sempre você tem as conseqüências desses
investimentos e os motivos do por que ser feito, na realidade isso também seria básico, o objetivo
do porque vai fazer os investimentos.” (entrevistado nº 4)
- “Importantíssimo, isso a comunidade de investimentos quer saber.” (entrevistado nº 7)
- Tem que dar ao mercado todas as informações que puder, para que a análise seja bem feita. Esses
dados você o tem jeito de obter a não ser falando com a empresa, são qualitativos. Explicar isso
de forma aberta e pública para todo o mercado, sem dar privilegio para ninguém, facilita o trabalho
de análise, reduz grau de incerteza, ajuda o analista a calibrar melhor as projeções e isso poderá dar
um desconto menor pela incerteza, pelo risco, etc. Isso influência sim o valuation, pois diminui o
grau de incerteza.” (entrevistado nº 11)
121
Questão 17:
- “Muito importante, eu quero saber o que ele está me dizendo, como é que se fecha no lado
financeiro.” (entrevistado nº 1)
- “Fonte de financiamento é importante, mas talvez não tão influenciador, pois quando você traz um
novo investimento, geralmente traz o funding, e quando você acompanha a empresa você até já
sabe se ela consegue fazer aquilo com o caixa próprio mesmo, ou se ela está endividada, onde ela
vai buscar recurso.” (entrevistado nº 9)
- “É o futuro, onde você vai buscar o funding necessário para os seus objetivos.” (entrevistado nº 4)
13) Identificando e alertando o mercado sobre eventuais fatos que impactem a Cia no futuro.
Posição no Ranking
Nota Média
8,9
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a
10º
8
4,88
4,50
3,00
3,27
8
2
-
2
1
3
Análise
A opinião dos entrevistados se divide entre a informação a ser passada pela companhia e a previsão
que deveria ser feita pelos próprios analistas, contudo se ressalta na maioria das respostas a
importância da concessão da informação com tempestividade e com precisão, atendendo e
explicando os fatos ao mercado.
Referencial Teórico
Silva e Alves (2004) apontam em seu estudo significativa associação entre o valor da companhia e
a divulgão voluntária de informações financeiras. Lang e Lundholm (1996) apresentam
evidências que empresas com políticas de divulgação mais informativas têm menor dispersão entre
as previsões dos analistas individuais. Além disso sugere que os potenciais benefícios da
divulgação de informações incluem o aumento de investidores que seguem a empresa, reduzem a
estimativa de risco e a assimetria de informações, demonstrando a redução teórica do custo de
capital. Assim a questão encontra embasamento teórico para sua relevância.
Comentários
Essa atividade específica que pode ser realizada pela área de RI aparece com relativo destaque,
posicionada no lugar entre 21 itens, potencialmente pela importância e influência que parecem
demonstram nas ponderações futuras sobre o destino da companhia. As evidências coletadas pelos
122
depoimentos dos entrevistados aponta a preocupação com o futuro, conforme citou o entrevista n º
4, “... o importante é você enxergar o futuro”.
Frases dos Entrevistados
- É trabalho do analista.” (entrevistado nº 3)
- Se existe a transparência, isso daqui faz parte da transparência, o administrador sabe onde ela
esta enfrentando um problema, que não necessariamente é uma obrigação de disclosure.
(entrevistado nº 10)
- Identificar o quanto antes e sair na frente na divulgação mostra que a empresa está preocupada
com as suas informações na forma como ela chega, como pode ser interpretada. (entrevistado nº 9)
19) Explanando sobre o quanto e de que forma que a empresa deseja se alavancar.
Posição no Ranking
Nota Média
8,6
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
4,80
5,00
5,00
0,45
1
5
20) Explanando sobre qual o nível ideal de alavancagem da Cia.
Posição no Ranking
Nota Média
10º
8,3
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
5,60
6,00
6,00
0,89
2
5
Análise
Para os entrevistados, a forma e o quanto a empresa deseja se alavancar (questão 19) se
demonstraram mais importantes do que o nível ideal de alavancagem (perguntado na questão 20). A
potencial explicação desse fato parece indicar que as ações do analista e gestor de investimentos
estão mais voltadas para as informações que abordem o futuro da companhia. O “quanto e a forma”
na opinião dos entrevistados apontam mais para o futuro do que o nível ideal de alavancagem”.
Alguns entrevistados continuamente repetiram que o analista olha para o futuro, pois é nele que as
assimetrias podem ocorrer sendo que sua preocupação reside em bem entendê-las e então
corretamente precificar os valores mobiliários da companhia.
Referencial Teórico
123
O ponto apresentado por Botosan (1997) - empresas com baixa cobertura por analistas,
correlação direta entre o maior disclosure e o menor custo de captação em renda variável poderá
ter influência na decisão da concessão da informação ao mercado. As evidências coletadas nas
respostas dos entrevistados parecem corroborar com as questões apresentadas por Botosan e
Plumlee (2003) e por Silveira et al. (2008).
Comentários
Para o analista parece ser de grande importância o recebimento de informações precisas e pontuais.
As questões 17 a 20 todas abordam aspectos de novos investimentos e os recursos para tal,
passando pela alavancagem necessária a esses pontos. Todos esses itens ficaram com notas médias
entre 8,3 e 9,2, apresentando médias elevadas. Todos também ficaram entre os dez mais citados.
Para o grupo de investidores individuais, a questão de quanto a empresa deseja se alavancar recebeu
o 3º lugar entre os dezesseis pontos propostos.
Frases dos Entrevistados
- Tem que dar ao mercado todas as informações que puder, para que a análise seja bem feita. Esses
dados você o tem jeito de obter a não ser falando com a empresa, são qualitativos. Explicar isso
de forma aberta e pública para todo o mercado, sem dar privilegio para ninguém, facilita o trabalho
de análise, reduz grau de incerteza, ajuda o analista a calibrar melhor as projeções e isso poderá dar
um desconto menor pela incerteza, pelo risco, etc. Isso influência sim o valuation, pois diminui o
grau de incerteza. (entrevistado nº 11)
- Tudo o que é futuro, ele (RI) ajuda muito mais do que passado.”; Nível ideal de alavancagem,
eu é que calculo, não é ele que vai me dizer. (entrevistado nº 03)
- As questões 19 e 20 são relevantes, mas nem sempre poderão ser falados de forma clara, depende
da conjuntura, não para saber se em seis meses o mercado estará do mesmo jeito. O nível de
alavancagem tem que ser dado pelo Conselho de Administração e o RI tem de estar ciente disso, e
acho que essa informação deveria ser dada, mas não acho que isso é o principal. (entrevistado nº 4)
- Importante, mas o analista tem a capacidade de identificar isso (nível de alavancagem).
(entrevistado nº 10)
- Faz parte do conhecimento da companhia e de eu poder checar no tempo como é que essas coisas
se comportaram. (entrevistado nº 1)
16) Separando lucro recorrente do não-recorrente.
Posição no Ranking
Nota Média
8,6
124
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
7
7,29
8,00
8,00
1,60
4
2
5
Análise
Na opinião dos entrevistados trata-se de ponto importante, contudo subentendido como implícito ao
processo de divulgação de informações, e por se tratar de ação de rotina, com pouca influência
sobre a precificação dos papéis da companhia. As estatísticas auxiliam a entender esse ponto, visto
que sua nota dia foi de 8,6 (7º lugar no ranking geral) mas no ranking a moda e mediana foram
8. Assim entende-se que a informação em si é importante, mas considerada básica e usual no
processo de divulgação.
Referencial Teórico
Malacrida e Yamamoto (2006) apontam que quanto maior o disclosure contábil, menor a
volatilidade no retorno médio das ações.
Comentários
O item parece demonstrar que a informação, de grande importância, já é usualmente transmitida ao
mercado, contudo cabe frisar que a mesma deve ser alvo de atenção dos RIs para que sua não
divulgação não venha a prejudicar o processo de transparência da companhia.
Frases dos Entrevistados
- É trabalho do analista. Se você tiver dúvida você pergunta ao RI. (entrevistado nº 3)
- O analista sempre estará de olho nisso e as empresas geralmente procuram destacar isso.
Importância sempre terá, claro, mas para influenciar a precificação do papel não é tanto.
(entrevistado nº 9)
4) Apresentando análises do respectivo setor da Cia.
Análise
A questão objetivou analisar se a pró atividade do profissional de RI em demonstrar dados setoriais
compilados e analisados influenciaria ou auxiliaria o analista/gestor na realização de seu trabalho.
As respostas obtidas dos entrevistados sugerem que essa atividade voluntária do RI é bem vista
Posição no Ranking
Nota Média
11º
8,2
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
4
5,8
5,50
-
3,30
8
1
2
1
125
pelos mesmos, uma vez que dos dez comentários obtidos a essa resposta, sete foram bastante
favoráveis e três foram favoráveis, mas citaram que o analista buscará outras fontes para corroborar
as informações. A nota média também revela peso considerável ao item, 8,2, contudo como
veremos daqui por diante, os rankings começarão a rarear, ficando esse em 11º lugar e com
somente quatro citações entre os dez primeiros.
Referencial Teórico
A questão encontra em Silva e Christensen (2004), que destacam a transparência e a divulgação de
informações como pilares da boa governança corporativa, apoio para a apresentação de
informações que sejam relevantes ao mercado.
Comentários
Mahoney (2007) sugere que uma das métricas para a avaliação da atividade da área de RI pode ser
o “aprimorar as comparações com os concorrentes”, o que pode advir de informações comparativas
da indústria ou do setor. Desse modo o item aqui apontado “Apresentando alises do respectivo
setor da Cia” parece caminhar nesse sentido.
Frases dos Entrevistados
- Uma área de RI precisa passar para os investidores e analistas, uma análise do setor. Agrega
valor porque você ajuda o investidor e o analista a melhor precificar a companhia, dar uma visão
setorial. (entrevistado nº 6)
- Ajuda, mas entra no mesmo ponto do anterior, contudo é uma análise que não está diretamente
relacionada à companhia, mas mesmo assim o analista buscará essas informações de uma fonte não
tão interessada, independente e isenta. (entrevistado nº 7)
- “O RI mostra os pontos positivos e negativos da empresa frente ao setor e ainda permite projetar o
que deseja fazer no futuro. (entrevistado nº 2)
15) Identificando benefícios fiscais impactantes no resultado.
Posição no Ranking
Nota Média
12º
8,1
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
3
7,00
7,00
-
3,00
6
1
2
Análise
O objetivo pretendido com a pergunta era verificar se no contato entre RI e analistas/gestores de
investimentos, o tema da identificação de benefícios fiscais impactantes no resultado é considerado
126
relevante para a precificação dos papéis da companhia. A nota média do item, 8,1, obtida por meio
das respostas dos entrevistados e na opinião dos mesmos, demonstra que sim, contudo alguns dos
entrevistados entendem que essa questão faz parte do trabalho do analista, ou ainda que a discussão
poderá ocorrer em casos específicos, quando necessário.
Referencial Teórico
Chang et al. (2008) afirmam que empresas com mais divulgação de informações e com qualidade,
por meio do RI, tem mais analistas cobrindo-a, mais investidores institucionais, mais liquidez e
maior capitalização de mercado, apoiando o disclosure proposto pela questão.
Comentários
As evidências coletadas parecem demonstrar que se trata de item relativamente homogêneo no
entendimento dos entrevistados, que merece destaque no entendimento das informações contábeis
da companhia, contudo não são essencialmente necessárias. As respostas parecem indicar que
haverá questionamentos do mercado caso haja discrepâncias significativas que necessitem de
melhores esclarecimentos.
Frases dos Entrevistados
- Especificamente é um aspecto a ser discutido, não vejo muito a questão do RI ficar explicando
isso, geralmente vai estar no balanço, a não ser que haja dúvidas individualizadas. (entrevistado
nº 4)
- Se chegar isso até os analistas é bem interessante, e o grau de informação, isso teria um impacto
bem relevante para quem começasse a fazer isso, algumas já tem algo mas nada profundo.
(entrevistado nº 9)
5) Fornecendo guidances operacionais consistentes.
Posição no Ranking
Nota Média
13º
8,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
6
6,50
6,50
6,00
1,64
5
3
3
6) Fornecendo guidances de resultados consistentes.
Posição no Ranking
Nota Média
21º
5,9
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
3
7,50
7,50
-
0,71
1
2
127
Análise
A questão 5 tratou do guidance operacional, enquanto que a questão subseqüente (número 6)
tratava sobre o guidance de resultados. Em ambas objetivou-se verificar se os analistas/gestores de
investimentos consideram importante a concessão de algum tipo de orientação sobre os números da
companhia, sejam eles operacionais ou especificamente de resultados (ebitda ou lucro). Nesse
sentido, as respostas coletadas junto aos entrevistados sugerem que o guidance operacional é de
maior importância para o grupo do que o guidance de resultados. Dentre as nove respostas abertas
comentadas obtidas sobre o guidance operacional, sete apontaram o instrumento como importante
uma vez que balizam o trabalho do analista/gestor direcionando-o ao caminho correto, evitando
assimetrias informacionais e frustrações de expectativas nos investidores, sejam elas negativas ou
positivas. Nesse sentido o guidance operacional também auxiliaria a diminuir a volatilidade
segundo as opiniões coletadas. No guidance de resultados os entrevistados não apontaram a
possibilidade de, em posse do mesmo, diminuir a volatilidade da ação. Dentre as dez respostas
abertas comentadas obtidas, oito consideraram que o instrumento ou como de alto risco de não
atingir o número projetado ou como o fornecimento de informação que devesse ser elaborado pelo
próprio profissional de análise de investimentos.
Referencial Teórico
MacGregor e Campbell (2006) apresentam em seu estudo que o guidance pode desviar o foco das
empresas da visão de longo prazo para a tomada de decisão de investimento, apresentando assim
uma faceta que o guidance pode forçar analistas e empresas a se concentrarem no curto prazo a fim
de atingirem os guidances outrora fornecidos, o que poderia ser perigoso para o longo prazo da
companhia. Olhando para as práticas de mercado, o NIRI (2008a) apóia publicamente para que as
empresas forneçam guidances consistentemente a fim de aumentar a transparência, gerar
uniformidade de expectativas e em última instância, reduzir a volatilidade e baixar o custo de
capital. Ainda observando as melhores práticas de mercado, o CODIM em seu Pronunciamento de
Orientação sobre o assunto, apresenta que caso o guidance seja concedido ao mercado ele deve
seguir determinadas regras, tais como sua periodicidade, o tipo (se quantitativo ou qualitativo),
períodos de restrição de divulgação do guidance, como em períodos de silêncio, de modo que todas
essas características devem ser explicitadas e divulgadas publicamente por meio de política
específica para tal, salientando ainda que o guidance, por sua natureza, se trata de fato relevante, e
que portanto, deve ser revestido de ampla comunicação junto ao mercado e arquivado junto aos
órgãos reguladores.
Comentários
128
As informações coletadas junto aos entrevistados parecem evidenciar que o guidance de resultados
tem menor importância para o mercado que o guidance operacional. O guidance de resultados
obteve a menor pontuação dentre os 21 itens do roteiro de entrevistas (5,9). Também junto ao grupo
de RI`s o guidance de resultados obteve uma das notas mais baixas dentre todas (3,5). Em ambos os
grupos o guidance operacional apresenta maior aderência, sendo mais aceito pelos grupos. que
se salientar que o guidance operacional apresentou nota 8,0, muito próxima do grupo de RI`s (nota
7,9), o que por si só não é uma nota baixa. Os investidores individuais também consideram
importante o recebimento de guidances como forma de avaliar se tal atividade agrega valor à
companhia.= (nota média 9 e 4º lugar no ranking).
Frases dos Entrevistados
- Isso (guidance operacional) é 10, sem dúvida nenhuma. O analista ele trabalha com certas
hipóteses, e usualmente ele tem um conhecimento razoável do setor e da própria empresa, mas esse
trabalho deve ser equalizado e balizado, para evitar que você tenha assimetrias significativas e
relevantes de informação para a prospecção de resultado da companhia. O que o investidor não quer
é ter surpresas e ser pego de calças curtas. (entrevistado nº 7)
- Os guidances operacionais devem ter as premissas que o definiram, porque o que eu vou discutir
é a premissa e não o número em si. (entrevistado nº 4)
- Não sou contra, mas não sou a favor do guidance, pois ele estimula o analista a ficar muito à
base de guidance e abandonando o seu talento. (entrevistado nº 10)
- “O guidance de resultados pode direcionar erroneamente o trabalho do analista. (entrevistado nº
6)
- O RI deve dar informações para que o Analista chegue ao resultado e não deve dar o resultado
em si. (entrevistado nº 2)
14) Destacando de modo efetivo e embasado os ativos intangíveis da Cia.
Posição no Ranking
Nota Média
15º
8,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
8,40
9,00
10,00
1,82
4
1
3
Análise
De acordo com as respostas coletadas o tema, ainda que de difícil mensuração, parece ganhar
129
destaque maior por conta do novo padrão contábil internacional, o IFRS, que passa a mensurar
contabilmente os aspectos intangíveis. Dentre as 8 respostas abertas comentadas, 5 consideram o
ponto importante e 3 deram importância relativa em função da dificuldade em mensurar. A nota
média concedida (8,0) parece demonstrar que o grupo é ciente de sua importância.
Referencial Teórico
As evidências parecem confirmar a preocupação com a afirmação de Bloomfield e Wilks (2000), de
que maior qualidade de disclosure leva a preços das ações mais elevados e a maior liquidez.
Comentários
A divulgação de informações contábeis no novo padrão IFRS, que passa a ser exigido legalmente a
partir de 2010 e que trata dos aspectos intangíveis, trará maior foco ao assunto e demandará maior
entendimento dos analistas sobre o tema.
Frases dos Entrevistados
- “Agora com o IFRS isso fica mais importante.” (entrevistado nº 6)
- “O aumento da transparência da Cia (item 1), fazendo com que o analista não perca tempo
identificando informações que dão trabalho operacional para sua busca ou entendimento. Daí o
analista poderá dedicar-se a efetivamente buscar o exato valor da Cia.” (entrevistado nº 5)
- Isso tem sido uma novidade e com a implantação das normas internacionais o intangível
apareceu, o RI tem que estar bem preparado para explanar sobre o assunto.” (entrevistado nº 4)
2) Realizando ações que favoreçam a liquidez das ações.
Posição no Ranking
Nota Média
16º
7,9
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
5
5,80
7,00
8,00
2,68
6
1
1
3
Análise
A maior parte dos entrevistados relatam que a liquidez é fator de grande importância para que o
mercado possa se interessar pela ação, contudo destaca-se que a liquidez independe da vontade do
RI, estando sua ação limitada a pulverização do papel dentro da liquidez existente.
Referencial Teórico
Bloomfield e Wilks (2000) afirmam que maior qualidade de disclosure leva a preços das ações mais
elevados e a maior liquidez. Brennan e Tamarowski (2005) apontaram correlação positiva entre a
liquidez das ações e menor custo de capital, entre o número de analistas que seguem a companhia e
130
a liquidez das ões e finalmente entre a atividade de RI e o número de analistas que seguem a
companhia, o que justifica a importância dada pelos entrevistados à mesma. Rieks e Lobe (2009)
em estudo com empresas alemãs apontam que um bom RI leva a menores estimativas de risco e
maior liquidez.
Comentários
Evidencia-se que na opinião dos entrevistados a liquidez é importante para o mercado, pois garante
a possibilidade de saída do papel (ação) quando assim desejado pelo investidor, contudo também se
evidencia que na opinião dos entrevistados a liquidez independe da vontade do RI, advindo de
decisões dos administradores e acionistas que definirão a quantidade de valores mobiliários que
colocarão no mercado para serem transacionadas. O RI poderá, no entanto, influenciar na decisão
estratégica da alta administração e dos acionistas em aumentar a liquidez, bem como em realizar
ações que favoreçam a liquidez dos papéis já disponíveis ao mercado. Para os demais grupos, RIs e
Investidores Individuais, a liquidez também é importante. No primeiro grupo o item recebeu nota
média 8,6 (13º lugar no ranking) e no segundo grupo, nota 9 e 5º lugar no ranking.
Frases dos Entrevistados
- Liquidez não é função do RI, pode aestar preocupado com isso, envolvido, mas não é essa a
principal função. (entrevistado nº 11)
- Free-float independe da área de RI, agora a pulverização pode ser que sim, talvez. (entrevistado
nº 3)
- Isso é tamm extremamente importante, qualquer tipo de ação que nessa direção.
(Entrevistado nº 9)
12) Sabendo separar corretamente o que é “caixa” do que é “contábil”.
Posição no Ranking
Nota Média
17º
7,8
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
2
4,50
4,50
-
3,54
5
1
1
Análise
As respostas abertas obtidas parecem demonstrar que o ponto em si é importante, contudo
entendem que se tratam de informações que virão prontas para o RI e portanto não são de sua
responsabilidade realizá-las. As respostas parecem apontar ainda que é importante que o RI saiba
discorrer sobre o tema de modo a explaná-los corretamente.
131
Comentários
A nota média obtida (7,8) pelo item mostra que o mesmo é importante, contudo dentre a lista de
“prioridades” o tema não fica em relevância, ocupando o 17º lugar no ranking entre 21 itens.
Frases dos Entrevistados
- “Não é o “core” do RI, ele tem que receber isso pronto. O aspecto em si é importante, contudo não
entendo como trabalho do RI.” (entrevistado nº 5)
- “Isso é importante mas as notas explicativas usualmente trazem..” (entrevistado nº 2)
- “Quanto mais o RI tiver o discernimento do que é uma coisa e do que é outra, acho que isso é
importante..” (entrevistado nº 6)
- “Pelos dados de balanço você pode se aproximar de um número ideal, mas o lado gerencial pode
ser aprimorado.” (entrevistado nº 9)
3) Apresentando análises com empresas comparáveis.
Posição no Ranking
Nota Média
19º
6,2
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
2
5,50
5,50
-
0,71
1
2
Análise
Assim como na questão 4, essa objetivou analisar se a pró atividade do profissional de RI em
demonstrar análises comparativas com as empresas de seu setor influenciaria ou auxiliaria o
analista/gestor na realização de seu trabalho. Diferentemente da questão 4 (apresentação de análise
do setor da companhia) cuja nota média foi 8,2, esse ponto não foi considerado relevante segundo a
opinião dos entrevistados. Sua nota média foi 6,2 e ficou em 19º lugar no ranking dentre 21
posições. Das 10 respostas abertas comentadas obtidas, 6 foram taxativas em falar que isso é
trabalho do analista, enquanto que 4 consideram a comparação interessante uma vez que traz
informações sobre a empresa e o mercado.
Referencial Teórico
Apesar da preocupação expressa por Mahoney (2007) de que os RIs podem utilizar como métricas
para a avaliação da atividade da área de RI o “aprimorar as comparações com os concorrentes”, não
parece ter aderência total segundo a opinião dos respondentes.
Comentários
Apesar das desconfianças que geram a divulgação das informações pelas empresas sobre suas
132
concorrentes, as respostas coletadas sugerem que o tópico não deva ser de todo desprezado pelas
áreas de RI, que para parte dos entrevistados (40%) eles utilizariam a informação de alguma
forma. Igualmente o grupo de investidores individuais considera o item relevante (nota média 8,9 e
6º lugar no ranking de dezesseis itens).
Frases dos Entrevistados
- Isso é o trabalho do analista, não é do RI. O RI da TAM vai fazer a análise da Gol para mim?
Isso não faz sentido..” (entrevistado nº 3)
- “Não vejo com tanta importância, pois em geral o analista vai desconfiar, fará a leitura de modo
desconfiado e irá descontar.” (entrevistado nº 7)
- Isso também é fundamental, ela fala de si do seu setor, mas não compara, parece que tem receio
de mostrar alguma coisa que ela deixa a desejar perante seus pares, às vezes ela compara com
aquela que a deixa numa situação mais confortável. Isso vemos pouco e precisa. Pro analista tudo o
que trás informação é bom...” (entrevistado nº 9)
11) Elaborando planilhas (com resultados passados) com dados econômico-financeiros sobre a
Cia.
Posição no Ranking
Nota Média
20º
6,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
0
-
-
-
-
0
Análise
Pelos depoimentos verbais dos sujeitos (foram oito comentários dentre os onze respondentes) os
relatos evidenciam que o tópico não é de fundamental importância para o analista de investimentos.
Dos 8, 75% (6 respondentes) afirmam que ou não é importante ou é pouco importante, é
considerado um instrumento auxiliar e um movimento marginal por parte dos RIs em bem atender
ao profissional de análise de investimentos.
Comentários
A penúltima posição em importância dentre os 21 itens, bem como a nota dia obtida (6,0)
parecem demonstrar que o item o deva estar na prioridade de concessão de informações pelo RI
ao mercado. Diferentemente os investidores individuais consideraram o ponto como o mais
importante no ranking de dezesseis itens, recebendo nota média 9.
Frases dos Entrevistados
133
- Um analista profissional, ele faz isso, tudo bem pode ter no site montadinho, vai ajudar, mas
não é relevante.” (entrevistado nº 4)
- “Isso é algo que o analista por si ifazer, não precisa que o RI talvez perder tempo com
isso.” (entrevistado nº 9)
- “Do meu ponto de vista de analista não é tão importante.” (entrevistado nº 1)
- “É importante, ainda que o analista faça sua informação, mas uma informação primária bem
distribuída é importante, é um instrumento auxiliar bem vindo..” (entrevistado nº 7)
4.2.2.3. Aspectos ligados à Comunicação
Nesse tópico estão relacionadas as questões 1 e 21 onde são abordados os assuntos
correlatos a comunicação do RI para os Analistas e Gestores de Carteiras, abordando a
transparência das informações e ao pronto e claro atendimento feito pela área de RI.
1) Aumentando a transparência das informações.
Posição no Ranking
Nota Média
9,8
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
2,09
1,00
1,00
2,39
8
7
2
1
-
1
Análise
Esse foi o ponto com maior nota média indicado pelos entrevistados dentre os 21 itens, e na opinião
quase unânime dos mesmos, a transparência é o principal objetivo a ser atingido pelo RI, pois desse
modo ele auxiliará no melhor entendimento da companhia pelo mercado.
Referencial Teórico
Chang et al. (2008) afirmam que empresas com mais divulgação de informações e com qualidade,
por meio do RI, tem mais analistas cobrindo-a, mais investidores institucionais, mais liquidez e
maior capitalização de mercado. Aponta também que o spread entre compra e venda diminui com o
aumento da qualidade da informação. Em termos de melhores práticas do mercado, o NIRI
apresentou pesquisa conduzida pela PricewaterhouseCoopers com cerca de 1500 pessoas (1/3 de
cada grupo: executivos, analistas sell side e investidores institucionais) em que todos os grupos
percebem reais benefícios em maior disclosure, aumentando a credibilidade da administração,
maior presença de investidores de longo prazo, aumento de cobertura de analistas, maior valor das
134
ações, facilidade de acesso a novos investidores e empresa mais bem gerenciada
9
.
Comentários
Muitas das atividades que seguiram no questionário, relativas ao disclosure de informações, foram
apontadas pelos entrevistados como pertencentes a esse guarda chuva maior”, ou seja, que a
informação de qualidade é fator básico para que o mercado tenha interesse em olhar e ouvir a
companhia, e isso deve ser acompanhado de transparência, acessibilidade ao RI e qualidade do
interlocutor bem como da informação a ser prestada. Para o grupo dos RIs a comunicação
tempestiva com o mercado também foi apontada como item de maior relevância, vindo em 3º lugar
a atualização tempestiva do website de RI, podendo isso ser evidência de que o website seria a
principal ferramenta pública de comunicação da área de RI para com o mercado.
Frases dos Entrevistados
- Aumentar ao máximo a transparência equilibrando essa questão daquilo que é estratégico e
confidencial com o que o mercado quer de dados, acho que é relevante” (entrevistado nº4)
- “O RI está na linha de frente.” (entrevistado nº7)
- “Exatamente a grande função do RI é aumentar a transparência das informações é dar
transparência da empresa para o mercado.” (entrevistado nº 11)
21) Respondendo aos questionamentos de forma rápida, clara e fundamentada.
Posição no Ranking
Nota Média
9,4
Ranking Médio
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
10
3,20
3,00
3,00
2,53
9
2
1
6
-
1
Análise
O item foi bastante citado pelos entrevistados, de modo que, na opinião dos mesmos, esse ponto é
importante, pois se faz necessária uma comunicação rápida com o mercado e que também seja bem
explicada e com pontos que fundamentem a notícia em divulgão, que pode ser positiva ou
negativa.
Referencial Teórico
Botosan et al.(2004) apontam em seu estudo, onde associam o custo do capital e a qualidade da
informação fornecida ou não pela empresa, achando relação inversa entre o custo de capital e a
9
Pesquisa do NIRI em posse do mestrando, porém não é permitida sua divulgação pública, somente aos
associados ao referido Instituto.
135
acuidade da informação pública, mas o efeito é mais do que compensado por uma relação positiva
entre o custo de capital (equity) e a precisão da informação não-pública. Wesley e Christensen
(2004) apontam que divulgão e transparência são pilares da boa governança corporativa. Por sua
vez Lameira e Ness Jr.(2006) apontam que a melhoria de práticas de governança corporativa
promoveu impacto no valor das companhias abertas listadas em bolsa cujas ações apresentem
liquidez e volatilidade de preços. Já para Oliveira et al. (2006), para as empresas do Nível 1 de
Governança Corporativa da BM&FBovespa, essa adição de valor não se comprova.
Comentários
Esse foi o segundo ponto mais indicado pelos entrevistados, aparecendo em linha similar ao do
primeiro item mais indicado, que também trata de atender ao mercado de forma “rápida, clara e
fundamentada”, linha muito próxima à da transparência, corroborando a importância do tema para
as Relações com Investidores.
Frases dos Entrevistados
- Acho que é o mais importante porque ele engloba todo o resto, essa é a base do trabalho de um
RI, deve estar preparado, treinado, para prestar esse serviço de forma eficiente. Ele resume uma boa
parte do serviço de RI, do ponto de vista do usuário. (entrevistado nº 4)
- É o mínimo que se pode esperar e isso ajuda muito. (entrevistado nº 1)
4.2.2.4. Outros aspectos apontados pelos Entrevistados
22) Outros
Essa questão objetivou abrir espaço para que o entrevistado pudesse sugerir outros
pontos que em sua opinião, por intermédio da área de RI, poderia influenciar na precificação
das ações de uma companhia aberta. Foram citados cinco itens, abaixo listados:
Planos e projetos de
desenvolvimento de novos
produtos (duas citações)
Apresentação de questões
ligadas à governança das
companhias
Apresentar de modo
claro a forma de cálculo
para o Ebtida
Facilidade de acesso aos
principais administradores
da Cia quando necessário
Ser pró-ativo e evitar ser reativo.
A reatividade seria sinal de que
deixou de fazer o trabalho básico
136
4.2.3. Informões relevantes a serem prestadas pelo RI para o bom desenvolvimento do
trabalho do Analista/Gestor
A questão colocou para os analistas e gestores de investimentos quais informações que
a área de RI deveria ter sempre pronta para prestar a fim de que o profissional possa realizar
suas análises de modo efetivo.
Figura 10 Notas médias concedidas aos 10 itens da pergunta 4 roteiro de entrevistas destinado aos Analistas
e Gestores de Investimentos, sobre quais informações que os Profissionais de RI deveriam sempre ter prontas
para dar a fim de melhor poderem desempenhar seu trabalho.
Pergunta 4 - Quais informações, dentre as abaixo listadas, que uma Área de Relações com
Investidores deve ter sempre pronta a prestar que o Sr. considera fundamentais para o
desenvolvimento do bom trabalho de um Analista de Investimentos? Analisando os itens
abaixo sugeridos, por favor, valore o grau de importância (0 = sem nenhuma importância e 10
= extremamente importante) e comente cada uma delas, abordando o aspecto efetivo ou não
para essa avaliação.
9,6
9,4
9,0
9,0
8,9
8,8
8,8
8,0
7,1
6,2
- 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
Aspectos Estratégicos
Plano Invest L.Pzo + Funding
Aspectos Contábeis
Pol. distribuição resultados
Contato Alta Administração
Especificidades do Negócio
Cronograma pagto dívidas
Guidance Operacional
Modelo de Valuation
Guidance de Resultados
Informações que RI deve sempre apresentar ao Analista/Gestor
137
5) Aspectos Estratégicos.
Posição no Ranking
Nota Média
9,6
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
2,09
2,00
1,00
1,22
4
4
4
2
1
Análise
Na opinião dos entrevistados esse foi apontado como o ponto mais importante dentre os dez itens
sugeridos para que opinassem sobre quais informações que o profissional de RI deveria ter sempre
prontas a prestar para o bom andamento dos trabalhos do analista. Assim como o segundo lugar
desses dez itens, que é o plano de investimento de longo prazo contemplando o respectivo funding,
e de acordo com a fala de um dos entrevistados, são tópicos que olham para o futuro da companhia,
onde residem as maiores incertezas e consequentemente as situações que poderão gerar mais
descontos sobre o preço justo das ações da companhia. Como veremos os outros oito itens se
referem muito mais a aspectos ocorridos na companhia do que propriamente o que por vir. O
ranking e a nota média também corroboram a importância, de modo que o ponto foi ranqueado por
todos os entrevistados, sendo ainda que 10 deles colocaram entre 1º, 2º ou 3º lugar.
Referencial Teórico
O ponto apresentado por IBRI (2007) informações estratégicas devem compor o quadro de dados
voluntários divulgados pela companhia encontra pleno enquadramento com as respostas coletas
dos entrevistados.
Comentários
A importância do tópico também aponta para o eventual despreparo atual das áreas de RI em
atender demandas que reflitam os aspectos estratégicos, dada a nota média da satisfação com o
atendimento dos RIs para com os analistas e gestores (média 6,6). Isso também pode ainda espelhar
as questões de confidencialidade das companhias que por questões mercadológicas e competitivas
podem nem sempre abrir as estratégias futuras da companhia.
Frases dos Entrevistados
- O analista olha pra frente, ele está olhando a companhia e quer saber o que tem pela frente.
(entrevistado nº 1)
- “O Aspecto Estratégico deve auxiliar na análise e juízo de valor com vistas ao longo prazo. Isso
tem o sentido da transparência, que é muito importante em RI. A apresentação desses aspectos
138
estratégicos e contábeis pelo RI auxiliará o analista a não punir a empresa por falta de
informações.” (entrevistado nº 5)
- “Esse normalmente não é o forte da área de RI, daí que vai a necessidade de eventualmente falar
com alguém da alta administração. O estágio que isso está hoje ainda está muito ruim, o RI deveria
estar muito mais preparado para fazer isso do que está hoje.” (entrevistado nº 4)
7) Plano de Investimentos de longo prazo contemplando respectivo funding.
Posição no Ranking
Nota Média
9,4
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
3,64
4,00
4,00
1,69
6
1
2
2
5
1
Análise
De acordo com as respostas coletadas evidencia-se a preocupação com o futuro da companhia e os
caminhos que a mesma pretende percorrer para se manter em seu negócio. A nota média também
evidencia a grande importância dada ao item. No ranqueamento vemos que 5 dos 11 entrevistados
classificaram o item entre o 1º, 2º ou 3º lugar.
Referencial Teórico
De acordo com o apresentado por IBRI (2007), comentado na questão acima.
Comentários
O grupo de investidores individuais, quando questionados sobre a importância de se apresentar
informações sobre as fontes de financiamento para novos investimentos deram nota média 8,8 ao
item, corroborando a importância sobre a visão futura que esses públicos estratégicos de RI dão ao
tema.
Frases dos Entrevistados
- Vejo a questão 7 junto com a questão 10. Tem a ver com o aspecto estratégico. Equity é longo
prazo, capturo valor se entendo o que a empresa será no longo prazo.” (entrevistado nº 5)
- “Isso é super estratégico.” (entrevistado nº 3)
- “O que vou fazer no longo prazo para me sustentar nesse negócio e de onde vem o dinheiro, isso é
importante.” (entrevistado nº 4)
4) Aspectos Contábeis.
139
Posição no Ranking
Nota Média
9,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
5,00
6,00
6,00
2,00
6
2
1
6
2
Análise
Segundo a opinião coletada dos entrevistados, os aspectos contábeis são importantes uma vez que
auxiliarão no entendimento dos números da companhia e que levarão o analista à busca do total
entendimento da empresa, fator objetivado pelo analista. Por sua vez o aspecto positivo para o RI é
o não desconto no preço da ação por conta da falta de informações.
Referencial Teórico
Para a presente pesquisa e com base nas opiniões dos entrevistados, parece ser possível aderir aos
aspectos apresentados por Chang et al. (2008) e Bloomfield e Wilks (2000).
Comentários
A amplidão do item “Aspectos Contábeis” demonstra que após os temas que falam sobre o futuro
da companhia, a importância maior é dada aos números contábeis da companhia, que falam
efetivamente sobre os resultados alcançados pela empresa, ou seja, o fluxo de recursos que a
mesma é capaz de gerar. Segundo a opinião de um dos entrevistados, quando questionado sobre se
RI gera valor, o mesmo foi taxativo em dizer que não, que RI auxilia a reduzir a volatilidade, mas
não cria valor, sendo o que gera valor para a companhia são os fluxos de caixa que ela é capaz de
produzir, assim espelhando a preocupação sobre os “Aspectos Contábeis”.
Frases dos Entrevistados
- “Os aspectos contábeis são mais históricos, mas também são importantes. O analista tem que
montar um mosaico, o RI não vai dar nenhum insider, mas eu posso virar um insider se eu pegar a
informação de um, de outro e ter a informação geral. (entrevistado nº 1)
- “Se o analista pedir a abertura de um número, o RI tem que saber fazer.” (entrevistado nº 2)
- “Os aspectos contábeis auxiliam o analista em setores que possuem maior complexidade, como
por exemplo, o setor de construção civil. Isso tem o sentido da transparência, que é muito
importante em RI. A apresentação desses aspectos estratégicos e contábeis pelo RI auxiliará o
analista a não punir a empresa por falta de informações.” (entrevistado nº 5)
8) Política de distribuição de resultados.
Posição no Ranking
Nota Média
9,0
140
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
5,64
6,00
5,00
2,38
8
1
1
5
4
Análise
O tema se apresentou empatado segundo a nota média atribuída ao mesmo, mas foi possível se
fazer o desempate pelo ranqueamento da importância do tema, cuja nota média do ranking foi de
5,64 contra 5,00 do item anterior aspectos contábeis (lembrando que quanto menor a nota do
ranking mais próxima do primeiro lugar). Segundo a opinião dos entrevistados a forma como o
caixa será distribuído é de grande importância uma vez que investidores que se interessam ou
por crescimento ao longo prazo ou por dividendos que chegam no curto prazo.
Referencial Teórico
Congruentes com o apresentado por Chang et al. (2008).
Comentários
Na sequência de discorrer a respeito dos aspectos que geram o resultado (aspectos contábeis, item
classificado imediatamente acima deste), a linha de pensamento dos entrevistados demonstrou que
é necessário saber como o mesmo será distribuído ou reinvestido, daí a imporncia seqüencial e
coerente de se falar em política de distribuição de resultados. Para os investidores individuais esse
foi o item mais bem avaliado (nota dia 9,2 e lugar no ranking), podendo talvez ser evidência
da preocupação do grupo com os dividendos distribuídos pelas companhias.
Frases dos Entrevistados
- Olha-se a empresa por dois prismas: i) como uma grande geradora de caixa ii) pelo seu potencial
de crescimento futuro. Dependendo do setor, será mais importante o dividendo que a empresa
gera.” (entrevistado nº 5)
- “Isso é importantíssimo, o que o analista e o acionista querem saber é sobre o resultado e de que
forma ele vai distribuir esse resultado. Há fundos que vivem de dividendos.” (entrevistado nº 2)
- “Altamente relevante de como você vai mostrar depois para o investidor. O RI tem que informar
isso” (entrevistado nº 4)
6) Contato com a Alta Administração.
Posição no Ranking
Nota Média
8,9
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
5,00
4,00
4,00
2,61
7
2
5
4
141
Análise
As respostas obtidas parecem demonstrar a importância do fator para a base entrevistada,
ressaltando que o profissional de RI deve ter pleno acesso a alta administração da companhia para
que isso funcione adequadamente. A nota média, também alta, ficou em 8,9.
Referencial Teórico
O ponto apresentado por Rocha e Procianoy (2004) parece encontrar guarida na opinião dos
analistas de investimento, já que os mesmos também consideram importante poder ter acesso a alta
administração da companhia, contato esse conduzido pela área de RI.
Comentários
Esse ponto tem grande conexão com a questão da retroalimentação apresentada pelo grupo de
Profissionais e Especialistas em RI. O contato com a alta administração permite que a informação
flua entre a companhia e seus públicos estratégicos, aqui notadamente os analistas.
Frases dos Entrevistados
- Esse é o mais importante. É onde você tem a informação mais direta. Fundamental para você ter
opinião independente.” (entrevistado nº 3)
- “É importante e depende da integração do RI com a alta administração.” (entrevistado nº 4)
- “Também é importante, sempre que for possível é ótimo.” (entrevistado 9)
9) Especificidades do Negócio.
Posição no Ranking
Nota Média
8,8
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
5,18
5,00
5,00
2,68
8
2
2
4
3
Análise
Poucos foram os comentários obtidos nesse item, somente 4 dentre os 11 respondentes. Talvez a
evidência maior do também importante tópico advém da nota dia dada pelos entrevistados, 8.8,
que pode ser considerada relevante. Um dos entrevistados citou que discorrer sobre as
especificidades do negócio auxilia a entender setores mais recentes no mercado de capitais e que
eventualmente tenham grande complexidade contábil, como o citado setor de construção civil.
Referencial Teórico
A afirmação de Bloomfield e Wilks (2000) evidencia-se como própria ao item.
Frases dos Entrevistados
142
- “É importante, mas não essencial.” (entrevistado nº 7)
- Empresa de um setor novo com o qual o mercado não está acostumado a lidar, em recebendo
informações mais precisas, o mercado a precificará de modo mais correto e com maior facilidade.”
(entrevistado nº 5)
- “Quero ouvir para onde está indo sua percepção, depois vou julgar.” (entrevistado 4)
10) Cronograma do pagamento de dívidas.
Posição no Ranking
Nota Média
8,8
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
6,73
7,00
7,00
1,90
7
1
2
8
Análise
Na opinião dos entrevistados o tema é praticamente tão importante quanto o anterior
“Especificidades do Negócio”, visto terem obtido mesma nota média (8,8) cabendo o desempate
novamente ao ranking de importância onde esse ficou com 6,7 e aquele com 5,2, daí sua melhor
colocação. Segundo a opinião dos respondentes a importância desse tópico se na transparência
das informações, tanto que se citou a informação como “usual”.
Referencial Teórico
O item aparenta ter congruência com o ponto apresentado por Treiger (2009).
Comentários
A emissão de dívida pela companhia, conforme sustenta Treiger (2009) passa pela análise do
“momento” de mercado e a atratividade para a companhia, bem como pelo nível de endividamento
e sua capacidade de geração de caixa. Nesse sentido se apresenta bastante importante que o RI
transparência a essa questão.
Frases dos Entrevistados
- Se a empresa está muito endividada é dez, se estiver menos..., ponderando dou 8. (entrevistado
nº 1)
- Da mesma maneira que ele mostra o resultado ele deve mostrar seu cronograma de pagamento
de dívidas, isso é transparência. (entrevistado nº 2)
- É tão trivial, no sentido de você tem que ter o cronograma, é importante, mas se pressupõe
usual. (entrevistado nº 7)
143
2) Guidance Operacional.
Posição no Ranking
Nota Média
8,0
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
11
5,36
5,00
9,00
3,14
8
2
1
4
4
3) Guidance de Resultados.
Posição no Ranking
Nota Média
10º
6,2
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
10
9,10
9,00
9,00
0,99
3
1
9
Análise
Segundo as respostas abertas coletadas, as opiniões dos entrevistados sobre o guidance se repetem
com relação à pergunta 3 do primeiro bloco de questões, sendo inclusive a mesma nota média dada
ao guidance operacional (8,0) e a do guidance de resultado também muito próxima (6,2 neste bloco
e 5,9 no bloco de perguntas anterior questão 3), de modo que todos os demais comentários podem
ser considerados os mesmos da pergunta 3 (vide página 126).
Frases dos Entrevistados
- “Eu não gosto muito de guidance, acho que é o profissional tem que descobrir essas informações.”
(entrevistado nº 10)
- “O analista tem que ter a opinião independente. No guidance ele está te enviesando. Seria mais
um check list do teu trabalho” (entrevistado nº 3)
- Guidance Operacional: Importante. O RI pode dar os dados e o analista monta.”; Guidance de
Resultados: Não cabe ao RI fazer isso, ele estaria fazendo o papel do analista. (entrevistado nº 2)
- Guidance Operacional: é muito importante para você dar ferramenta para o analista projetar,
avaliar.”; Não gosto muito do guidance de resultados, porque esse pode falhar, aqui você
comida para o analista. (entrevistado nº 1)
1) Modelo de Valuation.
144
Posição no Ranking
Nota Média
7,9
Medidas do Ranking
Quantidade de Citações em
Qtde Rks
Média
Mediana
Moda
D.padrão
Intervalo
4º a 6º
7º a 10º
10
7,80
9,50
10,00
3,33
9
1
1
1
7
Análise
Pelas oito respostas abertas obtidas e comentadas, cinco delas foram taxativas em dizer não à
apresentação do modelo de valuation pelo RI ao analista. Outros dois disseram não, contudo
aceitariam ver para “bater” informações, e somente uma resposta foi afirmativa ao RI apresentar
seu valuation ao analista, sob a justificativa de que auxilia no trabalho de desenvolvimento.
Referencial Teórico
As evidências parecem concordar com o ponto apresentado por Ryan e Jacobs (2005).
Comentários
A nota média obtida pelo item demonstra que a mesma não apresentou pontuação ruim (7,9), o que
talvez evidencie a importância velada do item para os analistas, que apesar de expressarem que o RI
não deva apresentar o seu valuation, possivelmente desejem ter acesso ao mesmo, ainda que seja
para que possam bater” informações como pronunciado por dois dos respondentes.
Frases dos Entrevistados
- “Não acho que a área de RI deve ficar mostrando o seu modelo de valuation para o analista.”
(entrevistado nº 6)
- “Modelo de valutation é meu, não dele RI.” (entrevistado nº 3)
- “Não acho que a empresa tenha de fornecer esse modelo. Não vejo isso como de grande
importância.” (entrevistado nº 9)
- “É uma prerrogativa de quem está modelando, então acho que não tem muito haver, de repente ele
pode dar alguma contribuição.” (entrevistado nº 7)
11) Outros.
Essa questão objetivou abrir espaço para que o entrevistado pudesse sugerir outros
pontos no tocante a informações que a área de RI poderia ter sempre pronta para auxiliar no
trabalho desenvolvido pelo analista de investimentos. Foram citados dois itens, abaixo
listados:
1 - Participação de mercado e principais concorrentes: Esse item pode estar dentro dos aspectos
estratégicos, mas muitas vezes pode ser deixado de lado e esse ponto mostra a situação do negócio
145
no mercado. (entrevistado nº 4).
2 - Dados setoriais locais/ internacionais: Existem fontes primárias que a empresa tem acesso e que
são importantes para o trabalho do analista, são dados isentos. Não são informações privilegiadas,
são informações de mercado. (entrevistado nº 7)
Pergunta 5 Por gentileza, caso deseje, teça seus comentários adicionais a questão da
agregação de valor pela Área de Relações com Investidores
Análise
A questão recebeu comentários de 9 dos 11 entrevistados e segundo pouco mais da metade (5
entrevistados) as áreas de RI deveriam se concentrar em bem esclarecer o mercado acerca da
companhia, basicamente diminuindo a assimetria informacional, o que por sua vez, auxiliaria a
reduzir o funding para a empresa. Essa observação fica alinhada com o principal ponto indicado
pelo grupo, conforme a questão 3 do roteiro de entrevistas aplicado aos mesmos, quais sejam:
„Aumentando a Transparência das Informações‟ e „Respondendo aos Questionamentos de Forma
Clara, Rápida e Fundamentada‟.
Outros pontos também importantes foram citados tais como a função retroalimentadora que RI deve
ter (duas citações) e o comprometimento que a empresa deve ter com o mercado, uma vez que
optou por ser aberta (duas citações).
As críticas ficaram concentradas na baixa qualidade das áreas de RI como um todo e ainda na visão
de que RI não gera valor à companhia, podendo no máximo diminuir a volatilidade. Nesse último
ponto a academia aponta algumas contribuições da redução da volatilidade como em Malacrida e
Yamamoto (2006) que analisaram a relação entre o nível de disclosure contábil (que é uma ação de
governança) e o retorno das ações das companhias negociadas na BM&FBovespa, retratando que
quanto maior o disclosure contábil, menor a volatilidade no retorno médio das ações. Ainda Scott
(2006) comenta que o aumento da volatilidade pode aumentar o beta da ação, aumentando o custo
de capital, segundo preconiza o CAPM. No campo das melhores práticas, NIRI (2008a) quando
sugere às companhias que forneçam guidance o faz, pois entendem que isso alinhará as
expectativas dos investidores e reduzirá a volatilidade e consequentemente o custo de capital.
Frases dos Entrevistados
- “O resultado é esse: agregar valor é fazer com que as ações subam e você consegue isso dando
boas informações aos seus públicos. A área de RI agrega valor se você evitar a assimetria de
informações.” (entrevistado nº 6)
146
- “Esta área tem que ser encarada pela empresa como a centralizadora das principais informações
sobre a empresa. O RI deve ser participante com voz ativa nas decisões em relação à comunicação
da empresa com todos os seus stakeholders, tanto internos quanto externos. Ele também tem a
função de retroalimentar a empresa com as informações que lhe são passadas pelo mercado, e isso é
importante.” (entrevistado nº 4)
- “RI agrega valor no momento em que a função é reconhecida e respeitada dentro da Cia. à outra
área que cria valor, cuja atividade envolve o relacionamento da área de RI com o mercado, com os
analistas, investidores, os stakeholders. Ela precisa ter esse relacionamento interno, com os
administradores, para a função de transmitir para dentro da Cia, o quê que o mercado está achando
dela, está esperando.” (entrevistado nº 10)
- Hoje as empresas que tem boas áreas de RI, que suprem as necessidades dos analistas, são
exceções, infelizmente não é regra. Por vezes, existe falta de informação e autonomia do RI s
vezes causada pela própria empresa), falta de capacidade do pessoal de RI, falta de pessoal, existem
RI`s que tem outras funções na empresa e dedicam-se parcialmente a essa atividade.” (entrevistado
nº 11)
- É o que te falei, na verdade o agrega valor. Valor é geração de caixa do negócio. O RI vai
ajudar a diminuir volatilidade, para muita gente isso é valor, para mim não é. A assimetria de
informação ela deixa de existir no futuro, porque o caixa vai estar lá. Talvez a função do RI seja
antecipar isso, mas isso é criar valor, antecipar isso? Talvez seja, o sei, é meio etéreo. Sou
purista, valor é caixa.” (entrevistado nº 3)
147
4.3. Grupo dos Investidores Individuais
4.3.1. Perfil dos Respondentes
A base de respondentes foi obtida por intermédio do INI Instituto Nacional de
Investidores entidade que congrega pessoas sicas interessadas em investir no mercado de
capitais brasileiro.
Esse grupo contou com 725 respostas, sendo que dessas foram consideradas válidas
457 respostas. O critério para tal foi a frequência de negociação em Bolsa ao menos uma vez
por mês, adotando como pressuposto que maior a quantidade de negociação, geraria maior
interação e demandas entre os investidores individuais e as áreas de RI das companhias
abertas brasileiras.
Não necessariamente o fato de não haver negociação por parte do grupo que o
negocia ao menos uma vez por mês, significa falta de conhecimento da área e das atividades
de RI, visto que podem se tratar de investidores de longo prazo que “carregamos papéis por
mais tempo sem necessariamente negociá-los com frequência, contudo, ainda que ciente
disso, o pesquisador optou por realizar o corte com freqüência de negociação mínima de uma
vez por mês.
4.3.1.1. Análise prévia da base total de respondentes
Os gráficos a seguir podem auxiliar na compreensão do perfil dos investidores
individuais no mercado de capitais brasileiro, auxiliando a traçar breve perfil dos mesmos.
Tomando por base os 725 respondentes, o perfil dos mesmos foi o seguinte:
Figura 11 sexo dos respondentes base total com
725 respostas
Figura 12 idade em anos dos respondentes base
total com 725 respostas.
91%
9%
Sexo
Masc
Fem
10%
27%
36%
27%
Idade (em anos)
Até 25
26 a 35
36 a 50
Mais 50
Figura 13 escolaridade dos respondentes base total com 725 respostas
Atividade Profissional
Figura 14 estado civil dos respondentes base
total com 725 respostas
Figura 15 atividade profissional dos respondentes
base total com 725 respostas.
Não serão realizadas análises dessa base total de respondentes visto que a base a ser
utilizada é a dos 457 respondentes que negociam pelo menos uma vez por s, conforme
anteriormente explicado. A estratificação do grupo dos 457 é apresentada a seguir, sendo
comentada na sequência.
4.3.1.2. Análise da base efetiva utilizada para os dados analíticos da pesquisa
As análises aqui conduzidas mostram o perfil da base dos 457 respondentes segundo o
sexo, idade, escolaridade, estado civil, atividade profissional e frequência de negociação.
Abaixo os gficos ilustrativos.
10%
11%
40%
28%
9%
2%
Escolaridade
Até 2o grau
Sup.Incomp
Sup.Compl
Pós (MBA)
Mestrado
Doutorado
33%
61%
6%
Estado Civil
Solteiro
Casado/União Est.
Div/Separado
37%
12%
20%
12%
6%
11%
2%
Empregado-CLT
Empresário
Autônomo/Liberal
Func.Público
Estudante
Aposentado
Outros
149
Figura 16 sexo dos respondentes base
trabalhada com 457 respostas
Figura 17 idade em anos dos respondentes base
trabalhada com 457 respostas.
Figura 18 escolaridade dos respondentes base trabalhada com 457 respostas
Atividade Profissional
Figura 19 estado civil dos respondentes base
trabalhada com 457 respostas
Figura 20 atividade profissional dos respondentes
base trabalhada com 457 respostas.
93%
7%
Sexo
Masc
Fem
8%
25%
38%
29%
Idade (em anos)
Até 25
26 a 35
36 a 50
Mais 50
9%
9%
39%
31%
10%
2%
Escolaridade
Até 2o grau
Sup.Incomp
Sup.Compl
Pós (MBA)
Mestrado
Doutorado
28%
67%
5%
Estado Civil
Solteiro
Casado/União Est.
Div/Separado
33%
14%
21%
13%
4%
13%
2%
Empregado-CLT
Empresário
Autônomo/Liberal
Func.Público
Estudante
Aposentado
Outros
150
Figura 21 Frequência de negociação dos
respondentes base trabalhada com 457 respostas
Figura 22 quanto tempo os respondentes
negociam com ações base trabalhada com 457
respostas
A análise do perfil dos respondentes mostra que há clara maioria do público masculino
atuando no mercado de capitais, do mesmo modo que os que negociam ações no mercado, em
sua maioria, parecem ser pessoas com certo grau de maturidade, ou com mais de 35 anos.
Esse grupo representou 67% dos respondentes, enquanto os de 25 a 35 anos são 25% e os com
até 25 anos com 8%. Esse último percentual chama atenção pela suposta o independência
financeira dos jovens, contudo 8% deles negociam com relativa freqüência (ao menos uma
vez por mês) no mercado de capitais, podendo ser talvez um possível indicativo de que as
novas gerações estarão mais ativas e presentes no mercado de capitais brasileiro.
A questão da escolaridade parece ter ligação com a quantidade de negociadores em
bolsa. Dos que possuem somente até o segundo grau completo ou não, representam apenas
9% da base total de respondentes. Os com superior incompleto são outros 9% da base,
levando em conta ainda que 41% dos que tem superior incompleto possuem até 25 anos,
período sabido de formação escolar superior. Assim os que têm superior completo foram
expressivos 39% da base. Os que se declararam com Pós-Graduação Latu Sensu foram mais
31%, e os que possuem mestrado e doutorado somam mais 12% da base, ou seja, com
superior completo em diante são expressivos 82% da base dos que declararam negociar com
ações ao menos uma vez por mês. Quando comparada à base total de 725 respondentes esse
número cai para 79% o que reforça o potencial indicativo de que os que negociam ações com
mais freqüência possuem mais escolaridade.
Observando o estado civil dos que negociam ações, nota-se também a predominância
de pessoas casadas ou em união estável (67%) contra 28% de solteiros e somente 5% de
60%
25%
15%
Frequência de Negociação
Ao menos
1x p/mês
Ao menos
1x p/sem
Diariament
e
7%
9%
22%
31%
16%
15%
Há quanto tempo negocia?
6 meses
1 ano
2 anos
3 a 5 anos
5 a 10 anos
+ de 10 anos
151
divorciados ou separados. Dados do IBGE (2007) mostra que o Brasil tinha em 2000 4% de
sua população divorciada ou desquitada, 39% de solteiros e 50% de casados.
Quanto a atividade profissional os empregados com carteira assinada “celetistas”
aparecem como grupo de maior destaque, com 34%, seguidos dos autônomos e profissionais
liberais com 21%, vindo após praticamente empatados os empresários (14%), aposentados
(13%) e funcionários públicos (12%). Por último os estudantes/estagiários (4%) e outros
(2%). Pesquisa do IBGE (2010), base fev/10, mostra que da população economicamente ativa
e que se encontra ocupada (trabalhando) com carteira assinada, representam 51% do total. Os
considerados trabalhadores sem carteira assinada e por conta própria” somam
respectivamente 18% e 19%, enquanto que os empregadores perfazem 5%. Possivelmente
isso indica que o público de empresários são proporcionalmente mais atuantes nas
negociações em Bolsa do que os empregados com carteira assinada, os “celetistas”, uma vez
que na pesquisa os empresários aparecem com 14% dentre os que negociam em Bolsa com
freqüência de ao menos uma vez por mês, mas são somente 5% da população
economicamente ativa.
Ainda analisando a base, os respondentes que afirmam negociar ao menos uma vez
por mês representam 60% do total, os que negociam ao menos uma vez por semana são 25% e
os que negociam diariamente são 15%. O tempo que estão negociando em bolsa apresenta
predominância do período de 2 a 5 anos, com 54% dos respondentes. Os que negociam
mais de 5 anos, somam 31% dos respondentes.
Com base em todos esses dados, vemos que o perfil mais comum no mercado de
capitais (não o que mais negocia), com base nas informações coletadas e aqui analisadas, seria
um homem (93%), entre 35 e 50 anos (38%), casado (67%), com superior completo (39%) e
empregado “celetista” (34%) e que negocia ao menos uma vez por mês (60%).
A identificação desse perfil hipotético poderia auxiliar as áreas de Relações com
Investidores a melhor compreenderem o seu público alvo e assim direcionar seus trabalhos,
esforços e recursos para o melhor atendimento dos mesmos.
4.3.1.3. Análise da Freqüência Negocial dos Investidores Individuais
No cruzamento de informações da base de 457 respondentes encontramos que:
Os homens parecem negociar com mais freqüência do que as mulheres.
Ao menos uma vez
por mês
Ao menos uma vez
por semana
Diariamente
Homens
60%
25%
15%
Mulheres
66%
27%
7%
152
O fato do respondente ser solteiro, divorciado/separado ou casado/união estável, não
representa que os mesmos negociem com freqüências diferentes, ou seja, quem é
solteiro, por exemplo, não negocia mais diariamente do que quem é casado.
Ao menos uma vez
por mês
Ao menos uma vez por
semana
Diariamente
Casado / União Estável
67%
65%
67%
Divorciado/Separado
4%
8%
8%
Solteiro
29%
27%
26%
O fator idade parece ter pouca influência na freqüência negocial. Os dados mostram
ligeira freqüência maior para os grupos com mais de 26 anos. Nestes as negociações
são mais freqüentes para os períodos agrupados de uma vez por semana e diariamente,
ficando próximo a 40% em cada um deles contra cerca de 30% do grupo de até 25
anos.
Ao menos uma vez
por mês
Ao menos uma vez
por semana
Diariamente
Até 25 anos
71%
16%
13%
De 26 a 35 anos
60%
28%
12%
De 36 a 50 anos
60%
23%
17%
Mais que 50 anos
57%
29%
14%
Os dados cruzados entre o fator escolaridade e a freência negocial em Bolsa
parecem indicar que o grupo com segundo grau completo e superior incompleto
preferem negociar, proporcionalmente mais, em bases diárias, assim como o grupo
com superior completo aparenta predileção pela base negocial de uma vez por semana.
2o Grau
Incomp.
2o Grau
Completo
Superior
Incomp
Superior
Completo
Pós
Graduado
(MBA)
Mestrado
Doutorado
Total
Ao menos
uma vez
por mês
5%
4%
8%
37%
32%
11%
3%
100%
Ao menos
1x p/sem
1%
2%
7%
51%
29%
10%
1%
100%
Diariamente
3%
18%
15%
24%
29%
8%
3%
100%
Os dados cruzados entre o fator atividade profissional e a freqüência negocial em
Bolsa parecem indicar que o grupo de Autônomos e Empresários tendem a negociar
153
com maior freqüência, assim como os aposentados, enquanto que os empregados
“celetistas” e os funcionários públicos tendem a negociar com menor freqüência.
Ao menos uma vez
por mês
Ao menos uma vez
por semana
Diariamente
Aposentado
10%
17%
18%
Autônomo/Prof.Liberal
19%
19%
35%
Empregado (CLT)
39%
30%
18%
Empresário
12%
15%
23%
Estudante/Estagiário
5%
2%
2%
Funcionário Público
12%
15%
5%
Outros
2%
3%
0%
Assim os dados mostram que, proporcionalmente, dentre os que mais negociam
diariamente temos o seguinte perfil: Homem, casado, de 36 a 50 anos, Pós-graduado e
autônomo/profissional liberal.
Dentre os que, proporcionalmente negociam mais com freqüência superior a uma vez
por semana temos: homem, casado, mais de 50 anos, com superior completo e empregado
“celetista”.
Dentre os que, proporcionalmente, negociam mais na freqüência ao menos uma vez
por mês temos: homem, casado, de 36 a 50 anos, com superior completo e empregado
“celetista”.
4.3.1.4. Análise das Percepções dos Investidores Individuais sobre a área de RI
Dos respondentes, 91% (415) afirmaram conhecer a área de RI e somente 9% (42)
disseram desconhecer a existência dessa área nas companhias abertas (quando utilizada a base
dos 725, esse número salta para 15%). Desses 415 que afirmam conhecer a área de RI, 47%
(197) disseram ter buscado contato com a área nos últimos 12 meses, e deram nota média ao
atendimento da área equivalente a 6,3, numa escala de zero a dez.
Figura 23 Grau de satisfação do Investidor Individual no contato com RI
0 2 4 6 8 10
6,3
Grau de Satisfação no Contato com RI (0 a 10)
154
Ainda com base nos 415, quando questionados sobre se RI agrega valor à companhia,
96% responderam que sim e 4% responderam que entendem que não agrega valor. Para esses
4% os motivos se concentram na complexidade das informações (5 citações), baixa qualidade
do atendimento (4 citações), falta de interesse com o minoritário (2 citações) e uma única
citação na percepção dos respondente de que o que importa são lucros e dividendos. Ainda 4
respondentes não informaram o motivo de seu entendimento sobre a não agregação de valor
pela área de RI à companhia. Cabe ressaltar porém que a quantidade de respostas é baixa para
esse quesito, como expresso acima, somente 4% consideram que a área não agrega valor. O
que equiavale a 16 respostas dentre 415.
Figura 24 Respostas do grupo Investidores Individuais que afirmaram que RI não agrega valor à companhia.
Dentre os que afirmaram que a área de RI cria valor, foi possível segmentar as
respostas em sete tópicos, a saber: Acesso a Informações; Atendimento; Confiança ao
Investidor; Papel Elucidativo; Redução do Custo de Capital; Transparência e; Não Informado.
Abaixo segue quadro com as aferições.
RI Não
Agrega
Valor
4%
Complexidade das
Informações: A não
ser que o investidor
seja um contador
especializado, o
contato com RI não
acrescenta muitas
informações.”
Falta de interesse
no Minoritário:
“As empresas não
estão
preocupadas com
este detalhe.”
Não Informado
Importante é o
lucro e o dividendo:
“Não vejo como uma
boa RI possa ser
mais decisivo do que
os resultados da Cia
e suas políticas de
distribuição de
lucros.”
Baixa Qualidade
do Atendimento:
“Nos dois casos
que tive experiên-
cia,as explicações
não foram satisfa-
tórias, repetindo o
que estava no ba-
lanço, sem acres-
centar algo mais.”
155
Figura 25 Respostas do grupo Investidores Individuais que afirmaram que RI agrega valor à companhia.
Foram apresentadas aos respondentes mais quinze opções onde os mesmos poderiam
dar uma nota de 0 (sem nenhuma importância) e 10 (extremamente importante) ao responder
perguntas que o questionavam sobre quais situações ou ações eles consideravam importantes
para que a área de RI fosse capaz de agregar valor à companhia.
O gráfico abaixo representa a nota média dada a cada um desses pontos.
RI
Agrega
Valor
96%
Atendimento
(13%): Quando
procurei a área fui
atendido com
cortesia e obtive
as respostas que
procurava sobre
minhas ações.
Confiança ao
Investidor
(11%): Agrega
valor porque
gera
confiabilidade e
mais segurança
ao investidor.
Transparência
(16%):
Aumenta a
transparência e
padroniza a
informação.
Redução do Custo de
Capital (1%): Porque
com essa área, é am-
plificada a credibilidade
da Companhia de forma
a impactar positiva-
mente seu Valor de
Mercado e reduzir seus
custos de capital
Não Informado
(34%)
Papel
Elucidativo
(12%):
Esclarece
dúvidas para o
Investidor que
não vive o
cotidiano da
empresa.
Acesso a
Informações
(14%): “É a
forma mais
rápida de
conseguir
informações”
156
Figura 26 Notas médias concedidas pelos investidores individuais aos pontos pelos mesmos considerados
como mais relevantes para que RI agregue valor à companhia.
O gráfico a seguir apresenta as medidas estatísticas mediana, moda e desvio padrão,
além de novamente a média dos itens classificados pelas pessoas físicas como mais relevantes
para que a área de RI exerça e auxilie na agregação de valor à companhia.
7,6
7,6
7,7
7,9
7,9
8,1
8,6
8,7
8,8
8,9
9,0
9,0
9,0
9,0
9,2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Reuniões Públicas
Chats
Acesso a alta administração
Webcasts
Jonais Impressos ou Eletrônicos
Destacar os Ativos Intangíveis
Site com área exclusiva à PF
Apresentar o Valuation
Fonte de financiamento p/ novos invest.
Análises com Peers
Ações que favoreçam a liquidez
Guidance (operacional e resultados)
Quanto deseja Alavancar
Planilhas com dados Econ-Financ
Explicar Polit. Distrib. Result.
Inv.Indiv. - O que é importante para o RI agregar valor
157
Figura 27 Medidas estatísticas relativas a pergunta 7 do questionário destinado aos investidores individuais
Itens que o respondente considera relevantes para que a área de RI agregue valor à companhia.
Os dados revelam que na opinião dos respondentes o principal ponto considerado
relevante para que o profissional de RI agregue valor à companhia é a explicação sobre a
política de distribuição de resultados, sendo que isso possivelmente pode indicar que as
pessoas físicas têm grande interesse no recebimento dos dividendos distribuídos pelas
companhias.
O segundo ponto considerado que na realidade ficou empatado com outros três itens,
são respectivamente: i) planilhas com dados econômico-financeiros sobre a Cia; ii) quanto
que a companhia deseja se alavancar; iii) guidances, sejam operacionais ou de resultados, e;
iv) ações que favoreçam a liquidez. Os três primeiros parecem ter um traço em comum da
apresentação de informações de cunho financeiro ou matemáticos que possibilitem o
investidor individual identificar os caminhos futuros objetivados pela companhia. O quarto
ponto (liquidez) parece demonstrar que o investidor individual tamm se preocupa com a
possibilidade de deixar o papel no momento que considerar adequado.
7,6
8
10
2,5
7,6
8
10
2,1
7,7
8
10
2,0
7,9
8
10
2,2
7,9
8
10
2,0
8,1
8
10
1,8
8,6
9
10
1,9
8,7
9
10
1,6
8,8
9
10
1,5
8,9
9
10
1,6
9,0
10
10
1,5
9,0
10
10
1,3
9,0
10
10
1,3
9,0
10
10
1,3
9,2
10
10
1,2
Reuniões Públicas
Chats
Acesso a alta administração
Webcasts
Jonais Impressos ou Eletrônicos
Destacar os Ativos Intangíveis
Site com área exclusiva à PF
Apresentar o Valuation
Fonte de financiamento p/ novos invest.
Análises com Peers
Ações que favoreçam a liquidez
Guidance (operacional e resultados)
Quanto deseja Alavancar
Planilhas com dados Econ-Financ
Explicar Polit. Distrib. Result.
Agregação de valor por RI à Cia - opinião das P.Físicas
Média Mediana Moda Desvio Padrão
158
Na ponta dos itens considerados menos relevantes pelos investidores individuais
vemos itens que são mais usuais no dia-a-dia das áreas de RI que são as realizações de
reuniões públicas, chats e webcasts, além da confecção de jornais impressos ou eletrônicos,
aparecendo ainda o acesso a alta administração como não relevantes. Esses pontos, com
exceção do acesso a alta administração, podem possivelmente indicar certo costume e
trivialidade na visão dos entrevistados por serem atividades rotineiras das áreas de RI para
com seus públicos estratégicos e que de certo modo possivelmente estejam sendo
desconsideradas pela rotina. Importante salientar que ainda assim, mesmo o último lugar entre
os quinze itens teve nota dia 7,6, que não pode ser considerada baixa, além da moda de
todos os itens ter sido a nota 10.
A última questão proposta aos investidores individuais solicitava aos mesmos que
discorressem sobre como que a área de RI poderia agregar valor à companhia. Nessa questão
foram obtidas 427 respostas (somente 30 não informaram). Desse modo com base no núcleo
das respostas foi possível agrupá-las em sete principais categorias que se encontram abaixo
listadas e com os respectivos percentuais indicados.
Pergunta 8 - MOTIVOS - COMO RI pode agrega Valor?
Nr. CITAÇÕES
PERCENTUAL
Transparência
135
30%
Acesso às Informações
98
21%
Atendimento
77
17%
Confiança ao Investidor
42
9%
Papel Elucidativo
39
9%
Conforme itens anteriores
30
7%
Não Informado
30
7%
Redução custo Capital
6
1%
TOTAL
457
100%
Quadro 11 Respostas grupo investidores individuais à questão 8: Como RI pode agregar valor à
companhia?
As respostas obtidas sugerem que o RI deva seguir pelo caminho da transparência,
concedendo informações e atendendo adequadamente o público de investidores individuais,
que por sua vez se sentirão mais confiantes nas informações recebidas e em sua decisão de
investimento. Essa análise se baseia na ordem coincidentemente lógica com que as respostas
foram classificadas e indicadas, com suas palavras, pelos respondentes.
159
4.4. Resumo dos Resultados Principais
4.4.1. Percepção dos grupos acerca da geração de valor
Após as 27 entrevistas realizadas, 725 respostas advindas dos investidores individuais
e as cerca de 60 perguntas realizadas e, tomando por base que determinado item foi
considerado relevante para determinação de importância caso tivesse tido nota acima de 7,0,
podem ser apresentadas as seguintes conclusões sobre a relação entre RI e geração de valor.
Na opinião dos três grupos RI agrega valor pelos motivos expostos abaixo:
Figura 28 Fatores que agregam valor em RI na opinião dos três grupos pesquisados
Analisando a opinião dos Analistas/Gestores de Investimentos e dos Investidores
Individuais, os “consumidores” do trabalho de RI, observa-se que ainda há espaço para
melhoras na área de RI. Constatando-se a nota dada ao quesito “satisfação no atendimento da
área de RI”, a média dada pelo primeiro grupo foi 6,6, enquanto o segundo grupo deu média
6,3. Utilizando a média sete proposta, poder-se-ia dizer que as áreas de RI aindao
conseguiram atingir patamar mínimo de aprovação. Os apontamentos feitos pelos grupos para
que haja melhoras no trabalho desempenhado pela função de RI junto ao mercado foram:
Agregação de
Valor via RI
Diminui os gaps informacionais;
Retroalimenta a companhia com informações
valiosas do mercado acerca da mesma;
Diminui a volatilidade da ação;
Possui posicionamento estratégico na companhia e
auxilia na definição de sua estratégia futura;
Dissemina informações relevantes sobre a
companhia ao mercado (Transparência);
Atua no atendimento aos investidores, dá acesso às
informações e elucida eventuais questionamentos;
Gera confiança no investidor;
160
Figura 29 Deficiências e aprimoramentos necessários em RI na opinião dos Analistas/Gestores e Investidores
Individuais
4.4.2 Percepção dos Grupos para agregação de valor por meio de RI acerca de sua
Estratégia, Comunicação, Reuniões com Mercado, Atividades e Métricas Diretas de
Mensuração
As análises permitem apontar que as atividades e estruturas presentes na função de RI
e que se mostraram mais relevantes na opinião dos Grupos entrevistados a fim de que RI
efetivamente possa agregar valor à companhia são as seguintes:
Quanto à Estratégia (somente ao grupo dos RIs):
ESTRATÉGIA
Grupo
Ranking
Item
Nota
RI
12
o
RI subordinado ao Presidente Executivo
8,8
RI
16
o
Estratégia de RI traçada na Diretoria Executiva
8,4
RI
23
o
RI com acesso constante e facilitado organizacionalmente ao Conselho
de Administração
7,5
RI
32
o
Estratégia de RI traçada no Conselho de Administração
5,0
RI
34
o
RI subordinado ao Presidente do CA
2,7
Aprimoramentos
necessários a RI
Alta Administração das companhias deve melhor
entender a função estratégica de RI (não é somente
atendimento à regulação);
Entender as demandas do mercado;
Falta de autonomia dos RI`s;
Falta de capacidade técnica da área de RI;
Falta de pessoal para atendimento;
RI não deve acumular outras funções na Cia;
Falta de Informações e baixa qualidade no
atendimento;
Falta de interesse no acionista minoritário.
161
Assim vê-se que na definição da estratégia de uma área de RI é importante que a
mesma esteja subordinada ao Presidente Executivo, que sua estratégia seja traçada na
Diretoria Executiva, mas que o RI tenha acesso constante e facilitado organizacionalmente ao
Conselho de Administração a fim de reportar as percepções de mercado acerca da companhia
(retroalimentação), fato também apontado pelo grupo de Analistas e Gestores. Aparentemente
não se mostra relevante que a estratégia de RI seja traçada no Conselho de Administração e
menos ainda que o RI seja subordinado ao Presidente do CA.
Quanto à Comunicação:
COMUNICAÇÃO
Grupo
Ranking
Item
Nota
RI
1
o
Comunicação tempestiva com o mercado
9,8
RI
3
o
Website de RI atualizado com constância
9,5
RI
5
o
Utilização de mídias eletrônicas no contato com o mercado
(teleconferências, webcasts, mídias sociais)
9,4
RI
22
o
Divulgação de informações relativas às questões de
sustentabilidade da Cia (aspectos ambientais, sociais e econômicos)
7,6
RI
24
o
Comunicação segmentada com o mercado (específicas para pessoa
física, jornalistas, invest institucionais, etc..)
7,3
RI
27
o
Ter o website de RI segmentado em investidores institucionais,
analistas e pessoa física
6,4
Inv.Indiv
9
o
Site com área exclusiva à PF
8,6
Inv.Indiv
11
o
Jornais Impressos ou Eletrônicos
7,9
Inv.Indiv
12
o
Webcasts
7,9
Inv.Indiv
14
o
Chats
7,6
Anl/Gest
1
o
Aumentando a Transparência das Informações
9,8
Anl/Gest
2
o
Respondendo aos questionamentos de forma rápida, clara e
fundamentada
9,4
É possível observar que a Comunicação é item de fundamental importância em RI. No
ranking geral dos grupos dos RIs e dos Analistas/Gestores, dois primeiros lugares citados,
corroborando a essência da função em bem se comunicar. A transparência das informações
(nota 9,8) e a comunicação tempestiva com o mercado (também 9,8) são os itens mais
importantes de toda a pesquisa. Outros aspectos dessa comunicação que se mostraram
relevantes nas opiniões coletadas foram a atualização constantes do website de RI e a resposta
clara, rápida e fundamenta aos questionamentos dos Analistas/Gestores.
162
Na Comunicação somente um item teve nota abaixo de sete. Na opinião dos RIs, a
segmentação de website não se mostra relevante como forma de se aferir a agregação de
valor, contudo o grupo de Investidores Individuais deu nota relevante ao mesmo (8,6).
Outro ponto que se nota certa diferença, ainda que não relevante, é a opinião dos RIs
quanto a utilização de mídias eletrônicas no contato com o mercado, cuja nota média foi 9,4,
enquanto que os investidores individuais deram notas mais baixas para webcastas (7,9) e
chats (7,6).
Quanto às Reuniões com o Mercado:
REUNIÕES COM O MERCADO
Grupo
Ranking
Item
Nota
RI
2
o
Reuniões Individuais com analistas sell side
9,6
RI
4
o
Reuniões Individuais com investidores institucionais
9,4
RI
6
o
Reuniões Individuais com analistas buy side
9,3
RI
7
o
Realização de reuniões públicas
9,3
RI
10
o
Non-deal Road shows
9,1
RI
11
o
Deal Road shows
9,0
RI
26
o
Reuniões Individuais com jornalistas
6,8
RI
30
o
Reuniões Individuais com investidores pessoa física
6,3
Inv.Indiv
13
o
Acesso a alta administração
7,7
Inv.Indiv
15
o
Realização de reuniões públicas
7,6
Anl/Gest
5
o
Realização de reuniões públicas
8,7
Anl/Gest
8
o
Dando acesso aos principais administradores da Cia
8,5
Anl/Gest
14
o
Realizando visita aos parques fabris das Cias.
8,0
Anl/Gest
18
o
Realizando reuniões individuais com agentes de mercado
6,3
Na realização de reuniões com o mercado vê-se que o grupo de RIs grande
importância à mesma quando feitas com analistas e investidores do mercado, sejam ainda
durante a realização de road shows, contudo essa mesma importância o foi evidenciada
pelo grupo de Analistas e Gestores no quesito reuniões individuais, com nota média abaixo de
sete (6,3). Contudo os analistas e gestores apontaram relevância a outras formas de contato
com a companhia, como no acesso aos principais administradores da companhia e também,
sempre que necessário, as visitas aos parques fabris das empresas.
As reuniões públicas foram consideradas relevantes para todos os três públicos
pesquisados, com peso maior sequencialmente aos RIs, Analistas e Gestores e por fim
Investidores Individuais.
163
Quanto às Atividades:
ATIVIDADES
Grupo
Ranking
Item
Nota
RI
8
o
Acesso, contato e atendimento a investidores estrangeiros
9,3
RI
13
o
Liquidez das ações negociadas
8,6
RI
15
o
Diversificação base acionária: invest curto/longo pzo, PF, inst, estrang..
8,5
RI
19
o
Realização de targeting de investidores
8,0
RI
20
o
Concessão de guidance operacional
7,9
RI
33
o
Concessão de guidance de resultados
3,5
Inv.Indiv
1
o
Explicar a política de Distribuição de Resultados
9,2
Inv.Indiv
2
o
Planilhas com dados econômico-financeiros s/ Cia.
9,0
Inv.Indiv
3
o
Quanto/forma deseja Alavancar
9,0
Inv.Indiv
4
o
Guidance (operacional e resultados)
9,0
Inv.Indiv
5
o
Realizando ações que favoreçam a liquidez
9,0
Inv.Indiv
6
o
Análises com companhias pares
8,9
Inv.Indiv
7
o
Apresentando a fonte de financiamento para novos investimentos
8,8
Inv.Indiv
8
o
Apresentando o modelo de valuation
8,7
Inv.Indiv
10
o
Destacar os Ativos Intangíveis
8,1
Anl/Gest
3
o
Explanando os objetivos almejados nos novos investimentos
9,2
Anl/Gest
4
o
Identificar/alertar mercado s/ eventuais fatos impactem a Cia no futuro
8,9
Anl/Gest
6
o
Quanto/forma deseja Alavancar
8,6
Anl/Gest
7
o
Separando lucro recorrente do não-recorrente
8,5
Anl/Gest
9
o
Apresentando a fonte de financiamento para novos investimentos
8,3
Anl/Gest
10
o
Explanando sobre qual o nível ideal de alavancagem da Cia
8,3
Anl/Gest
11
o
Apresentando análises do respectivo setor da Cia
8,2
Anl/Gest
12
o
Identificando benefícios fiscais impactantes no resultado
8,1
Anl/Gest
13
o
Concessão de guidance operacional
8,0
Anl/Gest
15
o
Destacando de modo efetivo e embasado os ativos intangíveis da Cia
8,0
Anl/Gest
16
o
Realizando ações que favoreçam a liquidez
7,9
Anl/Gest
17
o
Sabendo separar corretamente o que é “caixa” do que é “contábil”
7,8
Anl/Gest
9 (2
o
quest)
Modelo de Valuation
7,1
Anl/Gest
19
o
Análises com companhias pares
6,2
Anl/Gest
20
o
Planilhas com dados econômico-financeiros s/ Cia.
6,0
Anl/Gest
21
o
Concessão de guidance de resultados
5,9
Nas diversas atividades realizadas por RI é possível notar que muitas delas são
consideradas relevantes para efeitos da mensuração da função de RI. Iniciando pelo ponto
indicado como o mais importante na visão dos Investidores Individuais que é a explicação
sobre a política de distribuição de resultados da companhia, podendo eventualmente ser
indicador disso, a preocupação da pessoa física com o recebimento de dividendos. Esse ponto
também foi apontado como relevante pelos Analistas e Gestores.
164
Seguindo com o guidance evidencia-se divisão entre o guidance operacional e o de
resultados, sendo o primeiro bem aceito em todos os grupos e o segundo visto como
irrelevante pelos RIs e como pouco relevante pelos analistas/gestores.
A apresentação de “planilhas com dados econômico-financeiros sobre a companhia” e
a apresentação de “análises com empresas comparáveis”, também é apresentada como de
grande relevância para os Investidores Individuais, contudo aos Analistas/Gestores, foi
considerada de pouca relevância.
Quatro itens considerados relevantes para os grupos de Analistas e Investidores
Individuais foram o “alertando sobre fatos que impactem a companhia no futuro”, quanto e
de que forma a empresa deseja se alavancar”, “apresentação das fontes de financiamento para
novos investimentos e o que se pretende com os mesmos” e o “destaque de modo embasado
aos ativos intangíveis da companhia”.
Alguns aspectos contábeis também foram apontados como relevantes pelos
Analistas/Gestores, tais como a separação do que é caixa e do que é contábil e também do
lucro recorrente e o recorrente” e identificação de benefícios fiscais que impactem o
resultado”.
Na visão dos RIs consideram a relevância do “atendimento aos investidores
estrangeiros” (esse ponto com maior relevância, nota média 9,3), a “diversificação da base
acionária” e a “realização de targeting de investidores”.
O tema liquidez foi alvo de muitas discussões ao longo da coleta de informações. O
grupo que deu maior importância ao tema foi o de Investidores Individuais, com notadia 9.
Os RIs vêm na sequência com nota média 8,6, e os Analistas/Gestores por fim com nota 7,9.
Mesmo com os comentários dos entrevistados sob a efetiva influência do RI sobre a liquidez,
visto a mesma ser em grande parte reflexo do free-float disponibilizado pelos controladores ao
mercado, o item aparenta ser considerado como relevante na opinião de todos os grupos,
devendo ser foco da atuação do RI.
Por fim no campo das Atividades, a apresentação do modelo de valuation da
companhia, considerado relevante na opinião dos Investidores Individuais e no limiar da
relevância para os Analistas/Gestores.
165
Quanto às Métricas Diretas de Mensuração (somente ao grupo dos RIs)
MÉTRICAS DIRETAS MENSURAÇÃO
Grupo
Ranking
Item
Nota
RI
9
o
Quantidade de “casas” realizando a cobertura
9,1
RI
14
o
Valuation médio de mercado x o valuation elaborado pela Cia
8,6
RI
17
o
Diminuição da volatilidade no preço das ações (comparado com
cias pares do setor)
8,4
RI
18
o
Participação em algum índice de ações (IBRX 100/IBovespa)
8,3
RI
21
o
Redução no custo de capital da Cia x custo de capital médio de
mercado
7,7
RI
25
o
Preço da Ação no mercado
7,0
RI
28
o
Participação nos níveis diferenciados de GC da BM&FBovespa
6,4
RI
29
o
Oscilação do preço da ação no mercado
6,4
RI
31
o
Utilização de consultoria terceirizada em RI
5,9
Alguns itens que podem ser mais facilmente mensurados pelos RIs e que constavam
exclusivamente do roteiro de entrevista destinado a esse grupo, aparecem como formas diretas
de se medir o trabalho de RI. O item que mostra, na opinião dos mesmos, a maior relevância é
a quantidade de casas que realizam a cobertura (acompanhamento) dos papéis da companhia.
Outras formas como a “comparação do valuation da própria companhia com o
valuation elaborado pelo mercado em sua média”, a “diminuição da volatilidade das ações da
companhia em comparação as suas pares de mercadoe o potencial de “redução do custo de
capital da companhia comparada com o custo de capital médio do mercado” também se
mostraram relevantes.
A participação em índices da Bolsa, notadamente o IBovespa ou o IBRX-100, aparece
como relevante, apesar dos apontamentos realizados por alguns dos entrevistados, onde a
presença em um índice seria conseqüência da liquidez, cuja participação do RI pode ser
questionada.
A análise do preço da ação no mercado apresentou-se no limiar da relevância, sendo
item também bastante debatido pelo grupo entrevistado. Os itens que não foram considerados
relevantes foram a “participação nos veis diferenciados de GC da Bolsa”, a “oscilação do
preço da ação no mercado” e por fim a “utilização de consultorias especializadas em RI”.
4.4.3. Quadros com o ranking dos dez itens mais citados por grupo
Abaixo apresentam-se três quadros com os dez itens mais bem classificados pelos três
grupos entrevistados.
166
PROFISSIONAIS E ESPECIALISTAS EM RI
Ranking
Item
Nota
1
o
Comunicação tempestiva com o mercado
9,8
2
o
Reuniões Individuais com analistas sell side
9,6
3
o
Website de RI atualizado com constância
9,5
4
o
Reuniões Individuais com investidores institucionais
9,4
5
o
Utilização de mídias eletrônicas no contato com mercado (teleconf., webcasts,
mídias sociais)
9,4
6
o
Reuniões Individuais com analistas buy side
9,3
7
o
Realização de reuniões públicas
9,3
8
o
Acesso, contato e atendimento a investidores estrangeiros
9,3
9
o
Quantidade de “casas” realizando a cobertura
9,1
10
o
Non-deal Road shows
9,1
Quadro 12: Ranking das 10 primeiras posições Grupo Profissionais e Especialistas em RI
ANALISTAS DE INVESTIMENTO E GESTORES DE CARTEIRAS
Ranking
Item
Nota
1
o
Aumentando a Transparência das Informações
9,8
2
o
Respondendo aos questionamentos de forma rápida, clara e
fundamentada
9,4
3
o
Explanando os objetivos almejados nos novos investimentos
9,2
4
o
Identificar/alertar mercado s/ eventuais fatos impactem a Cia no futuro
8,9
5
o
Realização de reuniões públicas
8,7
6
o
Quanto/forma deseja Alavancar
8,6
7
o
Separando lucro recorrente do não-recorrente
8,5
8
o
Dando acesso aos principais administradores da Cia
8,5
9
o
Apresentando a fonte de financiamento para novos investimentos
8,3
10
o
Explanando sobre qual o nível ideal de alavancagem da Cia
8,3
Quadro 13: Ranking das 10 primeiras posições Grupo Analistas de Investimento e Gestores de Carteiras
INVESTIDORES INDIVIDUAIS
Ranking
Item
Nota
1
o
Explicar a política de Distribuição de Resultados
9,2
2
o
Planilhas com dados econômico-financeiros s/ Cia.
9,0
3
o
Quanto/forma deseja Alavancar
9,0
4
o
Guidance (operacional e resultados)
9,0
5
o
Realizando ações que favoreçam a liquidez
9,0
6
o
Análises com companhias pares
8,9
7
o
Apresentando a fonte de financiamento para novos investimentos
8,8
8
o
Apresentando o modelo de valuation
8,7
9
o
Site com área exclusiva à PF
8,6
10
o
Destacar os Ativos Intangíveis
8,1
Quadro 14: Ranking das 10 primeiras posições Grupo Investidores Individuais
167
CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade de Relações com Investidores ganhou destaque no cenário do mercado de
capitais brasileiro a partir da década de 90, quando a estabilidade econômica e a
internacionalização do mercado nacional se tornaram mais presentes, passando a atividade a
ser mais atuante no cotidiano das empresas de capital aberto no país. Desse modo,
questionamento frequente é feito aos profissionais de RI: Como mensurar o valor agregado
pela atividade de RI à companhia?
A literatura acadêmica e as pesquisas acerca do tema RI e geração de valor bem como
métricas que possam determiná-lo são escassas ou inexistentes de modo que não
conhecimento sólido sobre essas relações.
Sob essa ótica se desenvolve o presente trabalho, onde por meio de entrevistas e
pesquisas procurou obter a percepção dos profissionais de RI, dos analistas de investimentos e
gestores de carteiras e dos investidores individuais, acerca da agregação de valor da atividade
de RI à companhia aberta brasileira.
Foram feitas entrevistas pessoais com 16 profissionais e especialistas em RI e com 11
analistas e gestores de investimentos. No grupo de investidores individuais foi rodada
pesquisa via internet obtendo 725 respostas, das quais 457 foram utilizadas na análise de
dados. Ao todo foram cerca de 60 questões que buscaram endereçar o entendimento sobre as
percepções dos grupos acerca da geração de valor por intermédio da atividade de Relações
com Investidores. A pesquisa, qualitativa do tipo survey aos RIs e Analistas e quantitativa
com os Investidores Individuais, buscou evidenciar quais são as estruturas e atividades mais
relevantes segundo os grupos em questão que sejam capazes de, por meio de RI, gerar valor.
Ponto a se ressaltar é a escassez na literatura acadêmica sobre RI de modo geral, e
praticamente inexistente quando se fala da agregação de valor por meio das Relações com
Investidores.
Os achados sugerem na percepção dos entrevistados que RI agrega valor à companhia,
uma vez que atua para diminuir os gaps informacionais, retroalimenta a companhia com
informações importantes do mercado acerca da mesma e assim auxilia na definição ou ajuste
de sua estratégia, diminui a volatilidade das ações, transparência às informações da
companhia ao disseminar as mesmas ao mercado de modo equitativo e simultâneo, atuando
também no atendimento aos investidores, dando acesso às informações e elucidando eventuais
168
questionamentos e por fim gerando confiança para o investidor em seu processo de tomada de
decisão.
São evidenciadas também as necessidades de aprimoramento da área de RI, visto que
quando inquiridos acerca de sua qualidade de atendimento e satisfação com a mesma, suas
notas ficaram ao redor de 6,5, demonstrando o caminho a ser percorrido para a satisfação dos
usuários. Os principais aprimoramentos apontados foram a necessidade da alta administração
da companhia em melhor compreender a função de RI e seu papel estratégico, entender as
demandas do mercado, conceder maior autonomia aos RIs, aprimorar a capacidade técnica
dos mesmos, prover suficiente pessoal para atendimento, não acumular outras funções na
companhia e demonstrar efetivo interesse pelos acionistas minoritários.
Para o melhor entendimento das estruturas necessárias em RI e das atividades que são
primordiais e prioritárias no cotidiano da função, foram evidenciadas as de maior importância
em cinco grupos principais, mostrados no quadro a seguir:
Estratégia
Comunicação
Atividades
Reuniões com o Mercado
Métricas Diretas de Mensuração
Em cada um desses grupos destacam-se alguns itens de maior importância, que serão a
seguir listados (a lista completa pode ser verificada no capítulo 4, item 4.4):
Aumento da Transparência
Comunicação tempestiva com o mercado
Website de RI atualizado com constância
Respostas rápidas, claras e fundamentadas
Utilização de mídias eletrônicas no contato com mercado
1) Estratégia
RI subordinado ao Presidente Executivo;
Estratégia de RI traçada na Diretoria Executiva
2) Comunicação
169
As limitações da presente pesquisa se dão no fato de que a amostra de RIs e
Analistas/Gestores pesquisada foi pequena e que, a despeito de sua representatividade, o
necessariamente representa a visão da totalidade do mercado. Ainda nem todas as perguntas
elaboradas e aplicadas aos grupos são comparáveis entre si, o que pode ter gerado distorções
no momento das análises comparativas.
Como contribuições do trabalho à academia, objetivou-se expansão de estudos e
análises sobre o tema “Relações com Investidores” e mais pontualmente no quesito de
tentativa de valoração de uma atividade cujas ações e atividades não são quantificáveis de
forma simples como num processo produtivo.
O trabalho contribui também para que em futuros estudos possa se construir proxies
objetivas para a qualidade do RI mais justificadas, na tentativa de quantificar o valor que a
atividade de Relações com Investidores agrega à companhia aberta.
Nessa linha segue a primeira sugestão para trabalhos futuros, a montagem de proxies
estruturadas que possam servir de indicadores efetivos para avaliar o quanto que RI agrega de
valor à companhia aberta.
5) Métricas
Diretas de
Mensuração
Quantidade decasas” cobrindo a ação
Valuation médio de mercado x valuation da Cia
Diminuir volatilidade no preço da ação comparado com as
companhias pares
4) Atividades
Contato e atendimento a investidores estrangeiros
Explanar acerca da política de distribuição de resultados
Explanar sobre eventos futuros relevantes (novos investimentos,
alavancagem necessária)
Ações que favoreçam a liquidez das ações
Diversificação de base acionaria
Análises comparativas do setor da companhia
3) Reuniões c/
Mercado
Reuniões Individuais (com sell e buy side e institucionais)
Reuniões Públicas
Road Shows
170
Outro ponto a ser estudado é a tentativa de aferição do quanto que a atividade de RI
consegue diminuir o custo de capital de uma companhia aberta, ou ainda, o seu poder de
influência no tema.
Sugere-se ainda o estudo a respeito de qual o tipo e perfil de investidor individual que
mais negocia ações no mercado brasileiro. A importância do tema se dá pela crescente
participação das pessoas físicas no mercado acionário nacional, bem como a intenção da
BM&FBovespa de aumentar ainda mais esse número. Nesse sentido seria fundamental que as
áreas de RI pudessem compreender o perfil desses investidores e prover atendimento e
disclosure de informações satisfatório aos mesmos.
171
TERMOS E ABREVIAÇÕES:
ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas
ADR (American Depositary Receipt) Recibos de depósito de ações de companhias
brasileiras nas bolsas de valores norte-americanas
AMEC Associação de Investidores no Mercado de Capitais
ANBIMA Associação da Entidades do Mercado de Capitais
ANCOR Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias
APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais
BM&FBovespa Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
CA Conselho de Administração
CAPM Capital Asset Pricing Model
CEO Chief Executive Officer (Presidente)
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CFO Chief Financial Officer (Diretor Financeiro)
Cia Companhia Aberta
CODIM Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado
CVM Comissão de Valores Mobiliários
Disclosure Evidenciação/Divulgação (de informações)
DRI Diretor de Relações com Investidores
Free-float ões em livre circulação no mercado de bolsa de valores
Funding recursos financeiros necessários para a consecução de determinado projeto
GC Abreviação de Governança Corporativa
IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
IBRI Instituto Brasileiro de Relações com Investidores
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
INI Instituto Nacional de Investidores
IRQ Investor Relations Quarterly Publicação do NIRI
NYSSA New York Society of Security Analysts
Outsiders grupos que não pertencem diretamente à companhia.
SEC Securities and Exchange Commission.
Stakeholder termo utilizado para definir as demais partes interessadas que interagem com a
Cia.
Targeting Composição ideal de base acionária objetivada pela companhia
Valuation modelo de precificação de determinada companhia
172
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