Download PDF
ads:
José Francinaldo de Oliveira
Deposição de filmes de ZrO modificados sobre substratos modificados
2
_______________________________________
Dissertação de Mestrado
Natal/RN, julho de 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
José Francinaldo de Oliveira
DEPOSIÇÃO DE FILMES DE ZrO
2
MODIFICADOS SOBRE SUBSTRATOS
METÁLICOS
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Química da Universidade
Federal do Rio grande do Norte, como parte
dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Química.
Orientador: Ricardo Silveira Nasar
Co-orientadora: Marinalva Cerqueira Nasar
NATAL-RN
2010
ads:
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Química
Oliveira, José Francinaldo de.
Deposição de filmes de ZrO
2
modificados sobre substratos metálicos / José
Francinaldo de Oliveira. Natal, RN, 2010.
70 f.
Orientador: Ricardo Silveira Nasar
Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em
Química.
1. Películas finas Dissertação. 2. Filme fino Dissertação. 3. ZrO
2
Dissertação. 4. Pechini Dissertação. 5. Ce Dissertação. 6. RPL Dissertação. I.
Nasar, Ricardo Silveira. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.
RN/UFRN/BSE- Química CDU 539.23(043)
A Deus, por ter me proporcionado força e sabedoria
para continuar minha caminhada.
A minha querida esposa pelo carinho, amor e
paciência.
Aos meus orientadores os quais foram peça chave
para o sucesso desse trabalho.
AGRADECIMENTOS
Para a conclusão deste trabalho foi necessário não só o meu esforço, mas
também do apoio e contribuição de pessoas e instituições, que devem ser
lembradas com carinho e atenção. Assim, apresento os meus sinceros
agradecimentos:
Agradeço a Deus, sabedoria suprema a quem devo minha existência de vida.
Ao Prof. Dr. Ricardo Silveira Nasar e sua esposa Profa. Dra. Marinalva
Cerqueira Nasar, pelas orientações dadas durante o decorrer deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva, que me cedeu seus laboratórios e
equipamentos os quais foram fundamentais para o termino do trabalho.
A Prof
a
. Ms. Izangela Marculino de Andrade, a qual contribuiu com seu
conhecimento de inorgânica no preparo das soluções.
Aos Engenheiros de Materiais Jardel Dantas e Fernando Nunes da Silva, pelo
tempo e conhecimento me passado no termino do trabalho.
Aos meus pais José Anchieta da Silva e Maria Rodrigues de Oliveira que me
incentivaram e apoiaram nesta desde o inicio desta caminhada.
Ao meu irmão José Francenildo Oliveira da Silva, pelo apoio que deu durante o
inicio do trabalho.
Aos meus companheiros do laboratório LACAV, Regia, Ulisandra e Eves por
contribuírem diretamente na conclusão do trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Química, pela oportunidade dada.
Ao Núcleo de Estudos em Petróleo e Gás Natural (NEPGN) da UFRN pela
disponibilização do espaço físico e de equipamentos necessários para o
desenvolvimento da pesquisa.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
pela concessão da bolsa de pesquisa.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
As dificuldades da ciência de hoje
serão os avanços da tecnologia do amanhã.
(Francinaldo,2010)
RESUMO
O presente trabalho faz uso do processo Pechini para síntese das soluções e
do processo de dip-coating para a adição de filmes de óxido de zircônio puro e
dopado com cério a substratos metálicos. Os metais com substratos cerâmicos
foram submetidos a condições severas de meio salino. A fluorescência de raios x do
substrato mostrou uma grande diversidade de elementos químicos. A difração de
raios x das amostras mostrou a fase de ferro do substrato devido a espessura
nanométrica do filme fino. Os ensaios utilizando uma sonda LPR mostraram que o
filme com zircônia apresenta corrosão independente da espessura dos filmes. Os
substratos de ZrO
2
dopado com cério mostraram baixo ataque químico do sal em
filmes com menos de 15 imersões. Os resultados levam a concluir que filmes
ultrafinos são indicados na proteção de substratos metálicos.
Palavras-chave: Filme fino. ZrO
2
. Pechini. Ce. RPL
.
ABSTRACT
This work makes use of the Pechini process for synthesis of the solutions and
the dip-coating process for the addition of zirconium oxide films pure and doped
cerium metal substrates. The metals with ceramic substrates were subjected to
severe conditions of salinity. The x-ray fluorescence of the substrate showed a great
diversity of chemical elements. The x-ray diffraction of the samples showed the
phase of iron substrate because the thickness of nano-thin film. Tests using an LPR
probe showed that the film presents with zirconia corrosion independent of film
thickness. The substrates of ZrO
2
-doped ceria showed low chemical attack of the salt
in films with less than 15 dives. The results imply that ultrathin films are shown in
protecting metallic substrates.
Keywords: Thin films. ZrO
2
. Pechini. Ce. RPL
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Equipamento de Dip-Coating................................................. 17
Figura 2 - Superfície de um sólido.......................................................... 19
Figura 3 - Topografia de um sólido......................................................... 19
Figura 4 - Ângulo de molhamento........................................................... 20
Figura 5 - Tensão do filme Figura 5 Tensão em filmes finos. a (tensão
de expansão tensão, b) tensão de compressão.......................
21
Figura 6 - Esquema da reação de complexação do metal com o ácido
cítrico.........................................................................................
25
Figura 7 - Esquema da reação de esterificação do complexo citrato de
zircônio com o etilino glicol.......................................................
25
Figura 8 - Diagrama de blocos esquematizando a síntese da zircônia... 34
Figura 9 - Diagrama de blocos esquematizando a síntese da solução
de sulfato de cério.....................................................................
36
Figura 10 - Diagrama de blocos esquematizando a síntese do sistema
ZrO
2
/CeO..................................................................................
37
Figura 11 – (A) Corpo de prova antes da deposição (B) Corpo de prova
após a deposição e calcinação do filme...................................
38
Figura 12 - Geometria e dimensões dos corpos de prova utilizados nos
ensaios......................................................................................
46
Figura 13 – Experimento montado em capela.......................................... 47
Figura 14 – a) Sonda LPR com cupons de ZrO
2
e aço inox antes do
ensaio, b) Sonda com cupons de ZrO
2
e aço inox após o
ensaio, c) Sonda com cupons de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
antes do
ensaio, d) Sonda com cupons de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
depois do
ensaio.......................................................................................
48
Figura 15 - Difração de Raio-X do substrato metálico recoberto com o
filme...........................................................................................
52
Figura 16 – a) Microscopia do filme de ZrO2 antes do ataque, b)
Microscopia do filme de ZrO2 depois do ataque.......................
53
Figura 17 – a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
antes do ataque b)
Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
depois do ataque............
52
Figura 18 – a) Microscopia do filme de ZrO
2
10x após o ataque usando
elétrons retro espalhados (BSE) b) Microscopia do filme de
ZrO
2
10x após o ataque usando elétrons secundários (SE).....
55
Figura 19 – a) Microscopia do filme de ZrO
2
15x após o ataque usando
elétrons retro espalhados (BSE) b) Microscopia do filme de
ZrO
2
15x após o ataque usando elétrons secundários (SE) ....
58
Figura 20 – a) Microscopia do filme de ZrO
2
25x após o ataque usando
elétrons retro espalhados (BSE) b) Microscopia do filme de
ZrO
2
25x após o ataque usando elétrons secundários (SE) ....
56
Figura 21 – a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
10x após o ataque
usando elétrons retro espalhados (BSE) b) Microscopia do
filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
10x após o ataque usando elétrons
secundários (SE)......................................................................
57
Figura 22 – a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
15x após o ataque
usando elétrons retro espalhados (BSE) b) Microscopia do
filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
15x após o ataque usando elétrons
secundários (SE) .....................................................................
57
Figura 23
– a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
25x após o ataque
usando elétrons retro espalhados (BSE) b) Microscopia do
filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
25x após o ataque usando elétrons
secundários (SE).......................................................................
58
Figura 24 – Comportamento dos filmes variando o numero de imersões. 59
Figura 25 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 5x -
Temperatura = 700 °C...............................................................
62
Figura 26 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 5x -
Temperatura = 700 °C..............................................................
62
Figura 27 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 10x -
Temperatura = 900 °C...............................................................
63
Figura 28 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 15x -
Temperatura = 900 °C...............................................................
63
Figura 29 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 25x -
Temperatura = 900 °C...............................................................
64
Figura 30 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 10x -
Temperatura = 900 °C...............................................................
64
Figura 31 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 15x -
Temperatura = 900 °C...............................................................
65
Figura 32 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 25x -
Temperatura = 900 °C...............................................................
65
LISTA DE ABREVIAÇÕES
PLD.................................... Deposição por laser pulsado
MOCVD.............................. Deposição química de vapor organometálicos
PECVD............................... Deposição química de vapor molhado por plasma
LPCVD................................ Deposição química de vapor em baixa pressão
MOD................................... Decomposição de organometálico
MEV.................................... Microscopia eletrônica de varredura
DRX.................................... Difração de Raios X
Y-TZP................................. Zircônia policristalina tetragonal dopada com ítria
Ce-TZP............................... Zircônia policristalina tetragonal dopada com cério
Ac....................................... Acido cítrico
Me....................................... Metal
EG...................................... Etileno Glicol
10x...................................... 10 (Dez imersões)
15x...................................... 15 (Quinze imersões)
25x...................................... 15 (Vinte e cinco imersões)
t m................................... Tetragonal monoclínica
Kilobárias............................ Unidade de pressão equivalente à 1Kilobaria = 10
3
bárias = 10
-3
bar
(BSE)................................... Elétrons retro espalhados
(SE)...................................... Elétrons secundários
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO........................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS............................................................................................... 15
1.1.1
Objetivo geral........................................................................................... 15
1.1.1
Objetivo especificos................................................................................ 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................
16
2.1 FILMES FINOS.......................................................................................... 16
2.2 CRESCIMENTO DE FILMES..................................................................... 18
2.3 A ESTRUTURA DE UM FILME.................................................................. 18
2.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS FILMES.......................................... 19
2.4.1
Aderência.................................................................................................. 19
2.4.2
Tensão....................................................................................................... 20
2.43
Viscosidade.............................................................................................. 22
3
FILME DE ZrO
2
........................................................................................ 23
3.1 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO................................................................. 23
3.1.2
Método Sol-Gel......................................................................................... 24
3.1.3
Co-Precipitação........................................................................................ 25
3.1.4
Precursores Poliméricos......................................................................... 25
4
APLICAÇÕES DA ZIRCÔNIA................................................................... 27
4.1 TRANSFORMAÇÕES DE FASES E SUAS ESTRUTURAS...................... 29
4.2 ESTABILIZAÇÃO DA ZIRCÔNIA............................................................... 30
5
MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................... 34
5.1 OBTENÇÃO DA RESINA DE ZIRCÔNIO.................................................. 34
5.2 SOLUÇÃO DE SULFATO DE CÉRIO........................................................ 36
5.2.1
Padronização da Solução de Sulfato de Amônio e Ferro (ii)(0,1m)
com Dicromato de Potássio (0,02m)......................................................
36
5.2.2
Solução de Sulfato de Cério (iv) (0,1m).................................................. 36
5.2.3
Padronização da Solução de Sulfato de Cério com a Solução de
Ferro (ii)....................................................................................................
36
5.3 SÍNTESE DO SISTEMA (Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
)..................................................... 37
5.4 DEPOSIÇÃO DO FILME DE (Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
).............................................. 38
5.5 CARACTERIZAÇÕES................................................................................ 40
5.5.1
Difração de Raios-X (DRX)...................................................................... 40
5.5.2
Método de Rietveld.................................................................................. 40
5.5.2.1 Resíduos da Avaliação do Refinamento................................................ 41
5.5.2.2 Índice de Qualidade do Refinamento (“Goodness of Fit” – Gof)............... 43
5.5.3
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).......................................... 44
5.5.4
Fluorescência de Raios-X (FRX)............................................................. 45
5.5.5
Resistência de Polarização Linear (RPL)............................................... 45
5.5.6
Corpos de Prova....................................................................................... 47
5.5.7
Eletrólito.................................................................................................... 48
5.5.8
Descrição do Sistema de Corrosão........................................................ 40
5.5.8.1 Limpeza do Sistema de Teste de Corrosão............................................... 49
5.5.8.2 Seqüência de Ensaios na Celular.............................................................. 49
6
PROCEDIMENTO DEPOIS DOS ENSAIOS............................................. 51
7
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 51
7.1 CARACTERIZAÇÃO DOS CUPONS DE AÇO CARBONO....................... 53
7.2 DEPOSIÇÕES DOS FILMES..................................................................... 53
7.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X........................................................................... 53
7.4 REFINAMENTO POR RIETVELD.............................................................. 55
7.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA.................................... 55
7.6 DESEMPENHO DOS FILMES................................................................... 59
7.7 DESEMPENHO DO FILME ANALISADO PELA SONDA LPR.................. 60
8
CONCLUSÃO............................................................................................ 67
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 68
13
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
1 INTRODUÇÃO
Com o atual crescimento científico e tecnológico da sociedade, surge à
necessidade de descoberta e desenvolvimento de novos materiais que apresentem
características diversas e se comportem adequadamente quando submetidos a
condições estremas e agressivas, os materiais cerâmicos apresentam essa
qualidades, eles surgem na forma de inorgânicos, não metálicos, formados por
elementos metálicos e não metálicos (LINO, 2006), ligados quimicamente entre si
fundamentalmente por ligações iônicas ou covalentes.
Dentre os materiais cerâmicos surge o dióxido de zircônio ou zircônia como é
comumente chamado, este óxido vem ocupando posição de destaque nas áreas
científicas e tecnológicas, devido suas excelentes propriedade elétricas e estruturais
lhe conferem uma vasta gama de aplicações. Cerca de 90% da produção de zircônio
é utilizada em revestimento de reatores nucleares devido sua cessão de captura de
neutros ser muito baixa. É bastante utilizado como aditivo em aços e ligas metálicas
na área médica e odontológica também se beneficia das propriedades da zircônia,
utilizando como ferramenta de corte cirúrgico e em próteses, isto é possível devido a
alta tolerância do organismo ao material.
O minério zirconita (ZrO
2
.SiO
2
) é a principal fonte de zircônio, que também é
encontrado em ocorrências de badeleita (óxido de zircônio ZrO
2
) e de caldasito ou
zirkita (mistura de óxido e silicato de zircônio). A maior parte do consumo de
zirconita está voltada para os setores de cerâmicas de revestimento, metalurgia e
fundição, as cerâmicas produzidas a partir da zircônia possuem propriedades como
alta rigidez, dureza, resistência química quando estabilizada em estruturas estáveis
e baixa condutividade térmica. Tais características justificam o grande campo de
aplicações que o óxido de zircônio está inserido.
Estas aplicações estão relacionadas diretamente com a estabilização de uma
determinada fase, com a mudança de temperatura o óxido de zircônio apresenta três
polimorfos até alcançar seu ponto de fusão em 2650°C, na temperatura ambiente
apresenta uma estrutura monoclínica, passando para uma estrutura tetragonal
quando é alcançada a temperatura de 1170°C, após a temperatura de 2370°C. O
óxido de zircônio apresenta um estrutura cúbica do tipo fluorita, a obtenção de uma
14
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
estrutura ortorrômbica pode ser alcançada sob altas condições de temperaturas e
pressão. (KISI, HOWARD,1963).
Devido à elevada variação de volume associada à transformação tetragonal-
monoclinica, o emprego da zircônia como material estrutural necessita de que esta
possua uma estrutura estável à adição de agentes estabilizantes se tornam
imprescindível para manter as estruturas polimórficas de altas temperaturas em
temperatura ambiente, (KURANAGA, 2005). Os terras raras são conhecidos agentes
estabilizantes da zircônia. Quando ocorre o resfriamento da zircônia não estabilizada
a transformação reversível t-m é inevitável, esta transformação é do tipo martensitica
(SIGNO,1993) e ocorre devido uma mudança brusca de posições através de
cisalhamento e dilatação da estrutura, esta variação de volume de cerca de 3 a 5%
causa propagação de trincas tornando o uso de zircônia pura inviável como
elemento estrutural em altas temperaturas, a mudança de fase não ocorre a uma
determinada temperatura e sim em um faixa, portanto a quantidade de fase muda
com a variação da temperatura, normalmente quando esta transformação se torna
ativa, e gerada um campo de tensões nas proximidades das trincas, que ocorrem
devido a variação de volume, isto leva a um aumento da tenacidade a fratura do
material.
A expansão térmica da zircônia monoclínica é fortemente anisotrópica. O que
produz uma grande variação de parâmetros de rede na transição da fase, o que leva
a rupturas do corpo denso de zirconia pura, para contornar tal problema é
necessário a estabilização do ZrO
2
, a formação de uma solução sólida com óxidos
cúbicos tais como MgO, CaO, Y
2
O
3
, entre outros leva ou permite a estabilização
total ou parcial da Zircônia em forma mais estável, cúbica ou tetragonal, diversos
métodos de síntese são aplicados na obtenção de zircônia total ou parcialmente
estável.
O método Pechini (1967) de síntese consiste na formação de quelatos
orgânicos a partir de citratos metálicos, Por meio de uma reação de esterificação
entre um complexo metálico quelatado e um álcool polihidroxi como o etileno glicol.
Este método produz como resultado partículas nanométricas de alta homogeneidade
e controle estequiométrico preciso, a adição de água destilada durante o processo
quando cuidadosamente controlada favorece a obtenção de uma resina com
viscosidade desejada.
15
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem por objetivo sintetizar a zircônia utilizando o método Pechini
em uma forma estável e aplicá-la na forma de filme cerâmico sobre um substrato
metálico (aço carbono 1020) utilizando a técnica de deposição dip-coating. Estudar o
comportamento deste filme quando submetido a um ataque salino contaminado com
CO
2
.
1.1.2 Objetivo Especifico
9 Sintetizar a zircônia em uma forma estável tetragonal e/ou cúbica;
9 Aplicar o filme cerâmico sobre o substrato metálico, utilizando a técnica de
deposição dip-coating;
9 Verificar a resistência do filme cerâmico a um ataque salino contaminado com CO
2
.
16
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 FILMES FINOS
O termo filmes finos aplica-se aos “coatings” que possuem uma espessura
muito fina, estes filmes têm sido utilizados a milhares de anos, os egípcios foram os
primeiros a dominar tal método de deposição (LINO, 2006). As primeiras noticias que
se tem sobre análise científica e medidas de filmes finos datam de 1774 (Benjamin
Franklin), 1870 (Lord Rayleigh), e 1891(Pockels), somente em ~1930 (Langmuir e
Blodgett) são os primeiros a publicar trabalhos completos e aprofundados. As
aplicações tecnológicas e o interesse mais amplo pela comunidade científica
começaram a despertar apenas na década de 1970 e 1980 (LINO, 2006).
A técnica de deposição é fator primordial para obtenção de um filme, uma boa
técnica de deposição deve possuir alguns pré-requisitos tais como: altas taxas de
deposição, recobrimento de grandes áreas, filme livre de macro-partículas e alto
controle estequiométrico.
Existem diversas técnicas de deposição de filmes, os quais podem ser
resumida em dois grandes grupos: métodos físicos e métodos químicos.
Métodos físicos(deposição em fase vapor físico): sputtering (feixe de íons);
evaporação (feixe de elétrons, resistência); deposição por laser pulsado
(PLD).Métodos físicos(deposição em faze vapor químico): deposição química
de vapor de Organometálicos (MOCVD); deposição química de vapor
melhorado por plasma (PECVD); deposição química de vapor em baixa
pressão (LPCVD).
Métodos químicos (deposição em fase líquida): Sol-Gel; Decomposição
de organometálicos (MOD).
A deposição de fase liquida é uma das técnicas mais utilizadas quando se
trata de obtenção de filme fino, por se tratar de um método rápido e de baixo custo,
tem a vantagem de recobrimento de grandes áreas e de alto controle
estequiométrico. Este trabalho utilizou o método Pechini o qual é uma ramificação do
17
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
método Sol-Gel que consiste na obtenção de uma resina polimérica precursora
contendo cadeias em que os cátions ficam uniformemente distribuídos pela matriz
polimérica.
No processo de deposição de fase liquida as principais técnicas de deposição
utilizadas são: "spin-coating" e "dip-coating".
Spin-Coating
Na técnica de deposição spin-coating a resina é gotejada sobre o substrato e
submetido a uma rotação controlada de forma a espalhar homogeneamente a
solução sobre o substrato. São controladas a velocidade e o tempo de
deposição da resina.
Dip-Coating
Esta técnica consiste em um aparato como mostra a Figura 1 que possui um
motor de passo, que ao movimentar um eixo vertical submerge e emerge o
substrato fixado a ele. A velocidade nos dois sentidos é controlada a fim de
obter um filme homogêneo na superfície do substrato.
Figura 1- Equipamento de Dip-Coating
18
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
2. 2 CRESCIMENTO DE FILMES
Forças de atração eletrostáticas são as responsáveis pela fixação dos átomos
à superfície. O mecanismo de fixação é denominado adsorção química quando
ocorre a transferência de elétrons entre o material do substrato e a partícula
depositada e adsorção física se isto não ocorrer. Átomos adsorvidos migram sobre a
superfície do substrato interagindo com outros átomos para formar os núcleos. O
processo é denominado nucleação.
À medida que mais átomos interagem os núcleos crescem. Quando os núcleos
entram em contato uns com os outros ocorre a coalescência, a difusão de núcleos
menores para os maiores. O processo continua formando canais e buracos de
substrato exposto, preenchidos gradualmente com novos núcleos até a formação de
um filme contínuo e uniforme, a uniformidade deste filme depende de vários fatores,
tais como temperatura, viscosidade entre outros (TATSCH, 2006).
2.3 A ESTRUTURA DE UM FILME
A estrutura de um filme é formado normalmente por grãos monocristalinos
dispostos em diversas direções cristalográficas (TATSCH, 2006) o processo de
deposição e tratamento térmico o qual o filme é submetido determina o tamanho
destes grãos. Grãos maiores são geralmente associados a altas temperaturas onde
ocorre o processo de difusão intergranular, a altas temperaturas grãos menores se
fundem para formar grãos maiores, a rugosidade de um filme está relacionado
diretamente com o tamanho destes grãos, filmes menos rugosos são obtidos quando
este é exposto a altas temperaturas onde ocorre o processo de difusão por
conseqüência grãos maiores e filmes menos rugosos. Para o entendimento parcial
da estrutura física do filme estudado devemos ver sua densidade, filmes de pouca
densidade estão associados à alta porosidade.
19
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
2.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS FILMES
2.4.1 Aderência
Na produção de um filme cerâmico uma boa aderência é fator fundamental,
pois o soltamento do filme pode acarretar em um comportamento falho ou redução
de desempenho do dispositivo, a estrutura da superfície de um material sólido é
resultado da composição atômica e do arranjo dos átomos no espaço, mostrado nas
Figuras 2 e 3.
A topografia de uma superfície é seu perfil e determinado por “Vales”, ”Planos”
e “Colinas”.
A aderência depende diretamente da quantidade de contato entre os dois
meios, “Liquido” e “Sólido”, uma boa limpeza do sólido irá expor melhor as regiões
de contato entre eles os “Vales”, ”Planos” e “Colinas”. Isto elevará a área de contato,
a rugosidade do substrato também aumenta esta aderência, mas uma rugosidade
excessiva irá gerar defeitos de cobertura. A aderência pode ocorrer por adsorção,
molhamento, interdifusão, atração eletrostática, ligação química, adesão mecânica.
Figura 2 - Superfície de um sólido
Fi
g
ura 3 - To
p
o
g
rafia de um sólido
20
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Adsorção molhamento: Se refere à capacidade que um liquido tem de molhar
um sólido, o ângulo de contato entre gota de líquido e a superfície é uma
indicação de compatibilidade entre esses(PARDINI, 2005).
Se θ < 90°, líquido ‘molha’ a superfície sólida.
Se θ = 90°, líquido ‘espalha’ sobre a superfície (molhamento completo).
Se θ = 180°, líquido ‘não molha’ superfície.
Interdifusão: É a interpenetração de um material em outro por meio de
difusão.
Atração Eletrostática: A diferença de carga na região interfacial dos materiais,
contribuindo para a adesão devido à força de atração que existe entre essas
cargas.
Ligação química: A adesão se faz entre ligações fortes, que envolvem o
compartilhamento de elétrons, e em geral, é uma atração elétrica entre dois
átomos, o elétron de um átomo tem afinidade pelo núcleo positivo de outro.
Adesão Mecânica: É o efeito do ancoragem mecânica entre as duas
superfícies levando a um determinado grau de interação
2.4.2 Tensão
Ao término do processo de produção, a tensão interna em um filme pode ser de
compressão ou de expansão, Figura 5 estas são “tensões internas existentes, sem
que este seja sujeito a ação de forças externas”.
Tensões intrínsecas ( ): Surgem durante o crescimento dos filmes,
geralmente surge devido a defeitos incorporados a estrutura do filmes. São
Figura 4- Ângulo de molhamento
21
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
tensões compressivas, estes filmes tendem a expandir paralelamente à
superfície do substrato, e está relacionada com a estrutura do filme, portanto
é fortemente dependente de parâmetros como temperatura de deposição,
espessura, taxa de deposição, pressão de processo e tipo de substrato.
Tensões extrínsecas ( ): Surgem depois do crescimento do filme as
principais causas são os efeitos térmicos surgidos devido à diferença entre os
coeficientes de expansão térmica do filme e do substrato, estes filmes tendem
a se contrair paralelamente ao substrato e pode apresentar fissuras ao
exceder o seu coeficiente de elasticidade.
As tensões residuais em filmes resultam das contribuições das tensões
intrínsecas e extrínsecas, determinada pela seguinte equação.
= +
Uma tensão de expansão pode curvar o substrato tornando-o côncavo (figura
5a). Uma tensão de compressão pode tornar um subtraio convexo (figura 5b).
Figura 5- Tensão do filme Figura 5 Tensão em filmes finos. a (tensão de
expansão tensão, b) tensão de compressão
22
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
2.4.3 Viscosidade
Viscosidade é o termo comumente conhecido que descreve as propriedades de
escoamento de um fluido, ou seja, o atrito das camadas internas dentro do fluido que
impõe resistência a fluir.
Este fator tem efeito direto sobre a adesão do filme à superfície do substrato,
uma resina menos viscosa irá levar a uma pouca aderência já que o escoamento
sobre a superfície do substrato será muito rápida, portanto pouca interação entre as
duas superfícies resultando em um filme pouco espesso já para uma resina de alta
viscosidade será formado um filme muito espesso e a possibilidade de falhas
(defeitos) de cobertura.
23
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
3 FILME DE ZrO
2
Os filmes cerâmicos passaram a ganhar espaço nos setores tecnológicos e
industrial devido seu grande numero de características, eles podem ser aplicados a
vários tipos de superfície aumentando o desempenho e/ou a durabilidade do
material, nos dias de hoje existem centros e laboratórios especializados na obtenção
e aplicação de filmes. Estes são formados por grãos monocristalinos dispostos em
varias direções cristalográficas. O tamanho do grão depende do tratamento térmico
aplicado no processo de obtenção. Nas três ultimas décadas com o crescente
aumento na tecnologia foram desenvolvidos métodos capazes de depositar filmes
em camadas de espessuras muito finas sobre os substratos, estes por sua vez
podem variar desde componentes eletrônicos a camadas protetoras para amenizar a
corrosão em estruturas de grande porte.
O óxido de zircônio apresenta alta estabilidade química quando se encontra em
uma de suas formas estáveis, devido esta sua característica este pode ser aplicado
como proteção na forma de filme em materiais que são expostos a meios agressores
como ambientes ácidos e salinos. A obtenção destes filmes e sua aplicação é mais
facilmente executada utilizando técnicas de síntese precisas e métodos de
deposição que consigam cobrir grandes áreas de superfície, a preparação da
solução que será depositada deve oferecer ferramentas de controle sobre
parâmetros tais como viscosidade, e controle estequiométrico.
3.1 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO
Diversos métodos são conhecidos para a síntese de sistemas a base de
zircônia, entre eles, os mais importantes são os métodos sol-gel, co-precipitação e
os métodos dos precursores poliméricos.
24
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
3.1.1 Método sol-gel
Esse é considerado um método de deposição apropriado principalmente do
ponto de vista de controle preciso da composição e da relativa facilidade e
simplicidade na deposição de filmes. O processo sol-gel é um fenômeno no qual
uma suspensão coloidal transforma-se em gel pelo estabelecimento de ligações
entre as partículas ou entre espécies moleculares, levando a formação de uma rede
sólida tridimensional (MAIA, 2006).
Na obtenção de filmes finos, o processo sol-gel consiste basicamente na
síntese de uma rede orgânica a partir de reações químicas ocorrendo à temperatura
ambiente. A transição sol-gel pode ser observada pelo rápido aumento na
viscosidade da solução (PESSOA, 2005). Após a transição a rede sólida permanece
porosa e impregnada pela fase líquida dentro dos poros, o processo de deposição
do filme é feito pela deposição de um gel coloidal ou polimérico sobre um substrato,
após o tratamento térmico é formada uma camada do óxido sobre a superfície desse
substrato.
Uma desvantagem nesse método é que por se tratar de um tratamento a baixa
temperatura, ao término do processo pode haver traços de resíduos de carbono, e
que é muitas vezes indesejado. A química do método sol-gel está baseada em
reações de polimerização que dependem do tipo de precursor utilizado, duas rotas
podem ser utilizadas na obtenção destes géis.
Rota inorgânica: Neste processo são empregadas soluções aquosas de sais
orgânicos, após a reação de hidrolise do íon metálico e subseqüente condensação
de espécies hidratadas, é obtida a solução coloidal que gelatiniza devido à alteração
de parâmetros físico-químicos do meio.
Rota orgânica: Nesta rota são empregados alcóxidos ou quelatos como
precursores. Condições como pH, concentração dos reagentes levam a formação de
partículas coloidais ou cadeias poliméricas longas e lineares que interagem para
formação do gel.
25
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
3.1.2 Co-precipitação
Este método de preparação leva a precipitação estequiométrica dos cátions
desejados em uma solução homogênea, esta precipitação ocorre simultaneamente,
onde são formados hidróxidos, oxalatos, entre outros (PESSOA, 2005). Para que
ocorra a precipitação simultânea por parte dos dois cátions ou ânions e necessário
que os dois estejam em concentração suficiente para exceder o produto de
solubilidade (Kps) de ambos. Isto para que quando misturados em solução não
ocorra a precipitação individual, esta deve ocorrer simultaneamente, caso contrário o
processo será heterogêneo. A precipitação simultânea ocorre devido a variação de
pH do meio do solvente ou pela adição de ânion formador de um sal insolúvel.
O produto obtido por este processo pode ser aplicado em diversos matériais, e
oferece a oportunidade de lavagem de impurezas solúveis antes do processo de
calcinação.
3.1.3 precursores poliméricos
O método dos precursores poliméricos (Pechini) pode ser aplicado na obtenção
de cerâmicos avançados este processo possui inúmeras vantagens, tais como
controle preciso e direto da estequiometria desejada, a mistura de multicomponentes
é feita de maneira uniforme.
Este processo é baseado na capacidade que determinados ácidos orgânicos
(ácidos alpha-hidroxi carboxilicos), como por exemplo, ácidos lático, cítrico e o
glicólico, possuem de formarem quelatos polibásicos Figura 6. Este método possui
um alto controle estequiométrico e bom rendimento cerâmico, os cátions podem
estar em forma de nitratos, cloretos, oxalatos, acetatos ou hidróxidos os quais são
adicionados na solução concentrada de ácido, a indicação que a complexação
ocorreu é a formação de uma solução límpida e transparente. Dependendo do cátion
o pH pode variar entre 1 e 4, nos complexos típicos de citratos o íon metálico fica em
uma condição de alta instabilidade em função da forte coordenação que envolve
dois grupos carboxílicos e um hidroxílico. Este quelato sofre uma reação de
26
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
esterificação Figura 7 quando aquecido junto com um poliálcool e sofre
polimerização a uma determinada temperatura, tendo como produto a formação de
uma resina intermediária, o método torna fácil o controle sobre os parâmetros físicos
e químicos, como a viscosidade, este controle no processo permite adequar e
aplicar a resina para a obtenção de um filme.
Após a calcinação a resina em atmosfera ambiente ou com outros gases, é
feita a quebra de cadeias orgânicas e a carbonização da resina polimérica. Durante
o processo os cátions são oxidados para formar cristalinos de óxidos mistos, o
principio empregado no método é distribuir os cátions homogeneamente através da
estrutura polimérica.
Após a queima é obtido o material cerâmico, para este trabalho o material
cerâmico está na forma de filme aderido á superfície do substrato.
Figura 6 - Esquema da reação de complexação do metal com o ácido cítrico
Figura 7 - Esquema da reação de esterificação do complexo citrato de zircônio com o etilino
glicol
27
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
4 APLICAÇÕES DA ZIRCÔNIA
Diversas áreas fazem o uso da zircônia estabilizada, seu grande número de
propriedades possibilita um vasto campo de aplicação, a zircônia pura e não
estabilizada não possui uma boa aceitação devido sua instabilidade, já a estrutura
cúbica total ou parcialmente estabilizada amplia o leque de aplicações. Abaixo estão
listadas algumas das utilizações mais freqüentes:
Térmicos:
o Refratários;
o Proteção de termopares;
o Revestimento de fornos
o Manta isolante;
Biocerâmicas:
o Cabeça femoral em implantes de quadris;
o Estes materiais podem ser encontrados na forma de microesferas, camadas
ou coberturas finas em implantes metálicos, redes porosas, compostos com
componentes polímeros (compósitos);
Telecomunicações:
o Componentes em geral;
Eletrônica:
o Resistores;
o Elemento resistivo;
o Substrato;
Eletrólitos sólidos:
o Sensores de oxigênio
o Células de combustível
o Bombas de oxigênio
28
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Cerâmicas estruturais
o Partes de motores de combustão
o Palhetas de turbinas
o Eixo de Bombas
Ferramentas:
o Bisturis cirúrgicos
o Tesouras
o Facas
o Guilhotina
o Meio de moagem
o Selos mecânicos
o Bolas para ponta de canetas
Gemas artificiais
As cerâmicas a base de zircônia tem um leque de aplicações bastante grande
e a tendência é de que novas aplicações venham a se somar tornando a zircônia
cada vez mais importante dentre as cerâmicas denominadas avançadas. Essas
aplicações são baseadas na combinação das singulares propriedades da zircônia
como: alto ponto de fusão, resistência a corrosão, baixa condutividade térmica, alta
resistência mecânica e a abrasão, alta tenacidade, boa resistência ao choque
térmico, alto índice de refração e boa condutividade iônica.
Dentre os materiais cerâmicos de alto desempenho, poucos apresentam
potencial de aplicação tão grande quanto aqueles a base de zircônia, (ZrO
2
), isto em
função da combinação das suas propriedades térmicas, mecânicas químicas e
elétricas que estão sendo a cada dia mais utilizadas devido ao bom entendimento
das transformações de fases que ocorrem na estrutura destes materiais.
A zircônia totalmente estabilizada em sua fase cúbica, ou parcialmente
estabilizada contendo porcentagens de fase tetragonal tem um grande campo de
aplicações em ambientes onde o trabalho requer bom desempenho térmico e
estrutural, a altas temperaturas a zircônia apresenta excelente desempenho de suas
propriedades mecânicas e estabilidade química elevada, (BRESSIANI, 1989).
29
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
As cerâmicas que apresentam a estrutura do tipo fluorita (cúbica) possuem boa
condutividade iônica quando em sua estrutura cristalina existem cátions com Ca
2+
,
Y
3+
e terras raras de um modo geral. Devido a formação de vacâncias de oxigênio
durante o processo de sinterização, estas vacâncias surgem devido a diferença no
valor da Valencia (carga) do íon dopante que são introduzidos na rede cristalina,
estes defeitos estruturais favorecem a alta condutividade, (PESSOA, 2005). Esta
excelente condutividade ocorre pelo motivo da estrutura da fluorita ser favorável a
migração dos ânions com energia de ativação baixa.
O controle microestrutural, incluindo tamanho e distribuição das partículas de
ZrO
2
e quantidade de fases, pode ocorrer através do uso de aditivos, os terras raras
são conhecidos agentes estabilizantes na preparação dos pós, durante o processo
de síntese, tempo, temperatura de sinterização, controle de atmosfera,
estequiometria, entre outros tem papel fundamental na obtenção das peças
cerâmicas a base de zircônia, pois são estes fatores que determinam quais as
propriedades do cerâmico, a manipulação deles proporcionando a fabricação de
materiais com as propriedades requeridas.
O surgimento de fases secundárias é um problema comum na síntese de
cerâmicos. Estas fases secundarias devem ser eliminadas durante o processo
síntese, fazendo o controle das propriedades citadas anteriormente, estas fases
indesejadas que podem surgir durante a síntese pode levar a um mau desempenho
do material.
4.1 TRANSFORMAÇÕES DE FASES E SUAS ESTRUTURAS
Em 1959, Mccullough e Trueblood, determinaram por DRX a estrutura
monoclínica da zircônia, utilizando cristais de badeleita. A estrutura, tem o íon de
zircônio com o número de coordenação 7. As distâncias Zr-0 estão entre 2,04 e 2,26
Ǻ. A estrutura é do tipo fluorita, paralelas ao plano (100), onde os átomos de
oxigênio estão tetracoordenados.
A estrutura do tipo tetragonal foi pesquisada e observada pela primeira vez por
Ruff e Ebert (1929), estes publicaram seus resultados sob investigações acerca da
30
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
influência da temperatura na estrutura cristalina do dióxido de zircônio por meio da
difração de raios X em altas temperaturas.
Em 1932, Teufer , utilizando a técnica de DRX, pelo método do pó, realizou um
estudo em temperaturas que variaram entre 900 e 1250 °C. Os dados indicaram
uma cela tetragonal primitiva de parâmetros a=5,14 Å e c=5,27 Å, a 1250 °C. O
grupo espacial calculado foi h - P
4
2/nmc, havendo duas moléculas de zircônio por
cela unitária, (CAMPOS, 1993). Os átomos de zircônio e de oxigênio ocupam
posições semelhantes às do cálcio e do flúor no reticulado cristalino distorcido da
fluorita. Foi determinado que cada átomo de zircônio é cercado por 8 átomos de
oxigênio, sendo 4 ions de oxigênio formando um tetraoeedro achatado com distância
de 2,065 e os outros 4 a 2,455 Å, formando um tetraedro alongado com o ângulo de
90° em relação ao anterior. Esta combinação de 2 tetraedros distorcidos é
semelhante à encontrada no silicato de zircônio. Os valores para o parâmetro
cristalino da forma cúbica foram obtidos por DRX em alta temperatura pelo método
do pó, por vários autores: Smith e Cline – 5,272 Å(2400°C), Boganovetal – 5,256
Å(2330°C), Grain – 5,273 Å(2400°C) (PESSOA, 2006).
Em 1967, Ben Deliani e colaboradores identificaram a estrutura ortorrômbica, a
qual se formaria em temperaturas superiores a 1700 °C e sob alta pressão (40 a 110
kilobárias).
Em condições normais de temperatura e pressão a zircônia apresenta três
polimorfos bem definidos, monoclínico estável até 1170°C, quando sofre a
transformação para tetragonal que por sua vez tem estabilidade até 2370°C, na
seqüencia surge a fase cúbica que possui estabilidade até seu ponto de fusão na
temperatura de 2650°C, o polimorfismo apresentado pela zircônia contribui para
aumentar seu potencial de aplicação em diversos setores industriais e tecnológicos.
4.2 ESTABILIZAÇÃO DA ZIRCÔNIA
A estabilidade a altas temperaturas é uma das principais características que faz
com que a zircônia possua um campo de aplicação tão amplo, um dos problemas
mais comuns na aplicação da zircônia ocorre durante a transformação da fase
tetragonal para monoclínica, durante a transformação ocorre uma expansão
31
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
volumétrica que varia entre 3 e 5% o que induz a propagação de trincas e fraturas
no corpo cerâmico, deste modo surge a necessidade de manter a zircônia
estabilizada a altas temperaturas e garantir que não ocorra a transformação
reversível tetragonal-monoclinica.
Uma das maneiras para contornar tal problema é a adição de óxidos metálicos,
tais como CaO (calcita), MgO (magnésia), Y
2
O
3
(ítria), CeO
2
(céria) entre outros,
durante o processo de sinterização ocorre a redução da temperatura de
transformação das fases e faz com que sua estabilidade seja mantida quando ocorre
o resfriamento para a temperatura ambiente, isto reduz o risco de propagação de
trincas no cerâmico.
O grau de pureza, a natureza do dopante a sua composição o procedimento
utilizado na síntese são fatores investigados para que ocorra a estabilização da
zircônia, estes são os fatores de irão determinar e influenciar diretamente nas fases
que serão obtidas ao término do processo de síntese, características como tamanho
e distribuição de partículas também são determinados pelo controle destes
parâmetros estes por sua vez tem influencia nas propriedades do material obtido.
A adição de ítria na estabilização da zircônia é largamente utilizada por
diversos autores (CAMPOS, 1993), onde fazem suas investigações sobre a
influencia de fatores como quantidade do íon dopante, preparação do material, taxas
de resfriamento e tratamento térmico. A adição em massa de cerca de 5% de Y
2
O
3
como dopante para estabilização de ZrO
2
, feito de forma apropriada, tem ao final do
processo um produto de baixa granulação e com quase 100% de fase tetragonal,
este possui uma alta resistência mecânica, permitindo sua aplicação como material
estrutural. Uma concentração de Y
2
O
3
, em torno de 8% em massa leva a uma
estabilização parcial. Estas cerâmicas são formadas por uma mistura contendo
porcentagens dos três polimorfos da zircônia, a cúbica (c), tetragonal (t),
monoclínica (m), este tipo de cerâmica é aplicada como revestimento térmico,
devido sua baixa condutividade térmica ou como eletrólito solido (sensor de
oxigênio, medidores de pH, etc.), devido sua boa condutividade iônica.
Estudos feitos com o aumento da concentração da ítria por Bokhimi e
colaboradores (BOKHIMI, 1999), observaram que a simetria do cristal e a
concentração da ítria na estrutura foram diretamente proporcionais, também
observaram que ocorreu uma diminuição no tamanho médio dos cristais com o
32
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
aumento da concentração da ítria, este fato ocorre provavelmente em virtude da
diferença entre o tamanho e a valencia entre os átomos de zircônia e o ítrio.
A zircônia totalmente estabilizada em sua fase cúbica é uma gema estrutura
não encontrada na natureza, mas largamente produzida em laboratório como
imitação do diamante, a zircônia cúbica é dura, com dispersão maior que a do
diamante e geralmente incolor, mas pode ser produzida numa grande variedade de
cores Devido ao seu baixo custo, durabilidade e semelhança visual ao diamante, a
zircônia cúbica tem sido a imitação de diamante gemológico economicamente mais
importante desde 1976.
Quando estabilizada com 3 mol% de ítria, a zircônia pode manter sua estrutura
tetragonal a altas temperaturas e ser metaestável a temperatura ambiente Este
material é designado de Y-TZP (ítria tetragonal zircônia policristalina), existe uma
preocupação referente ao uso da zircônia, devido sua degradação a temperaturas
inferiores a 300°C em presença de umidade. O envelhecimento ocorre por uma lenta
transformação na superfície para a fase monoclínica enquanto a parte interna do
material não se modifica. A transformação começa primeiro em grãos isolados na
superfície por corrosão sob tensão. A transformação inicial de grãos específicos
pode ser devido ao estado de desequilíbrio microestrutural ocasionado por
diferentes fatores: tamanho maior de grãos, por uma menor quantidade de ítria, por
uma orientação específica da superfície, a presença de tensão residual ou a
presença de fase cúbica,
Essa transformação na superfície induz a uma série de eventos ocorrendo de
grão vizinho para grão vizinho. A transformação de um grão conduz para um
aumento de volume tencionando os grãos vizinhos e formando micro trincas,
(AGUIAR, 2006). Este mecanismo oferece um caminho para a penetração da água
no volume da amostra. Difícil falar de ausência de envelhecimento já que a fase
monoclínica é o estado fundamental da zircônia, estudos científicos apontam para
um grande numero de óxidos e nitretos capazes de estabilizar a zircônia nas
estruturas tetrágonal e/ou cúbica. De acordo com os estudos a estabilização ocorre
por meio de formação de solução solida substitucional na estrutura, a solução
substitucional é formal da quando o íon dopante ocupa posições de zircônio.
A estabilização da zircônia feita com metais alcalinos como Mg
2+
e o Ca
2+
leva
preferencialmente a formação da fase cúbica, já o uso de terras raras
preferencialmente estabiliza a zircônia em sua fase tetragonal isto ocorre pelo fato
33
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
de que o subnível “f” dos terras raras esta incompleto, fazendo com que a perda
destes elétrons produza íons com coordenação semelhante a o íon zircônio,
facilitando a formação da solução solida e estabilizando a zircônia (NASAR, 1994 ).
Com o conhecimento de que os terras raras são estabilizantes da zircônia, a
zircônia-céria foi vista como uma alternativa para substituir a zircônia-ítria para fins
estruturais. Apresentando maior resistência à transformação de fases t m, a
zircônia-céria passou a ser bastante pesquisada. Apesar da Ce-TZP apresentar
elevadas resistência ao choque térmico e à transformação de fases tetragonal para
monoclínica, sua resistência mecânica é inferior à da Y-TZP, Uma das causas
apontadas para isto é o tamanho de grãos, que nesta cerâmica, varia entre 0,5 Mm
e 3 mm, independente dos procedimentos experimentais empregados no
processamento. A resistividade elétrica da Ce-TZP é muito elevada
comparativamente à da Y-TZP. A principal causa disto é o fato da dopagem com o
Ce
4+
não introduzir vacâncias de oxigênio na estrutura cristalina. A condutividade
iônica intrínseca do óxido de zircônio, ZrO
2,
é muito baixa, por isso a zircônia só se
torna um condutor predominantemente iônico quando cátions aliovalentes são
introduzidos na estrutura cristalina(TADOKORO, MUCCILLO, 2001).
34
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 OBTENÇÃO DA RESINA DE ZIRCÔNIO
Inicialmente foi necessário efetuar cálculos estequiométricos para definir a
quantidade de cada reagente na preparação da resina. Os reagentes e a
procedência dos mesmos estão listados na tabela 1.
Na pesagem das quantidades de reagentes, foi utilizada uma balança do tipo
TECNAL modelo P236 – SP, que possui uma precisão de 0,1mg.
O processo de preparação da resina foi iniciado com a dissolução da massa de
ácido cítrico previamente pesada em aproximadamente 200ml de água destilada.
Esta mistura foi submetida à agitação magnética mantendo-se uma temperatura de
aproximadamente 70°C, ao ser observado a total dissolução do ácido foi adicionada
a massa de propóxido de zircônio, mantendo-se a temperatura e a agitação
magnética constante ocorreu a reação de complexação do metal com o ácido cítrico,
neste ponto do processo torna-se citrato de zircônio (quelato). Após
aproximadamente 14 horas foi obtido uma solução amarelada, a razão
estequiométrica metal : ácido cítrico utilizada foi de 1:2,5.
Nome comercial Reagente Origem/Procedência
Propóxido de zircônio Propóxido de Zircônio ALDRICH
C
6
H
8
O
7
.H
2
O Ácido Citrico VETEC
C2H6O2 Etilenoglicol VETEC
Ce(SO
4
)
2
.4H
2
O Sulfato de cério MERCK
H
2
SO
4
Ácido sulfúrico VETEC
Fe(NH
4
)
2
(SO
4
)
2
.6H
2
O Sulfato de amônia e ferro (II) REAGEN
K
2
Cr
2
O
7
Dicromato de potássio REAGEN
C
13
H
11
NO
2
Oxalato de sódio
Ácido N-fenilitranílico
Oxalato de sódio
ALDRICH
Solução ferroína Ferroína ALDRICH
Tabela 1. Reagentes utilizados no processo de síntese
35
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
A Figura 8 representada por um diagrama de blocos, mostra o esquema de
síntese em todas as suas etapas da resina de zircônio.
Ao término do processo foi obtida uma solução límpida a qual foi filtrada e em
seguida adicionado o etilenoglicol sob gotejamento, a razão acido/etilenoglicol foi de
60/40 em massa mantendo a agitação e o aquecimento por mais 30 minutos,
durante esse tempo ocorreu a interação entre as cadeias poliméricas que foram
formadas durante o processo de esterificação, o etilenoglicol serviu como interface
entre estas cadeias durante o processo de síntese. Foi observado que o aumento
da quantidade de etilenoglicol resulta em uma solução com maior viscosidade em
decorrência de uma maior interação entre as cadeias, a solução obtida foi submetida
a uma filtragem a vácuo, com o objetivo de remover impurezas e estocada em
frascos limpos e secos e fora do alcance da luz.
Uma amostra da resina foi submetida à gravimetria para verificar a quantidade
em massa de óxido de zircônio contida em 1ml de resina.
Figura 8 - Diagrama de blocos esquematizando a síntese da zircônia
36
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
5.2 SOLUÇÃO DE SULFATO DE CÉRIO
5.2.1 Padronização da solução de sulfato de amônio e ferro (II)(0,1M) com
dicromato de potássio (0,02M)
As soluções foram preparadas utilizando-se como base o procedimento padrão
de preparo de soluções: Uma solução de sulfato de amônio e ferro (II) (0,1M) e uma
solução de dicromato de potássio (0,02 M). Utilizou-se 10 mL da solução de sulfato
de amônio e ferro (II), e a esta foi adicionado 40 mL de ácido sulfúrico (H
2
SO
4
)
(0,1M) e uma pequena quantidade do indicador ácido N-fenilitranílico. A solução de
dicromato de potássio foi, então, titulada sob agitação com a solução de sulfato de
amônio e ferro (II), sendo verificado o ponto de equivalência da titulação pela
mudança na coloração da solução.
5.2.2 Solução de sulfato de cério (IV) (0,1M)
A solução foi obtida pela dissolução de 10,1 g de sulfato de cério (IV) em
mistura de ácido sulfúrico concentrado e água destilada, sob agitação constante, à
uma temperatura de, aproximadamente, 50°C. Foi então obtida uma solução
límpida que foi diluída em um balão volumétrico de 250 mL e armazenada para um
recipiente plástico.
5.2.3 Padronização da solução de sulfato de cério com a solução de ferro (II)
A padronização da solução de sulfato de cério como mostra a Figura 9 foi
determinada utilizando-se 0,1g de oxalato de sódio e 15 mL de ácido sulfúrico
(0,1M). A solução foi então aquecida e após o resfriamento foi adicionado 15 mL da
solução de sulfato de cério, acompanhando a mudança na coloração da solução,
37
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
que se tornou incolor. A solução foi aquecida e adicionado novamente 15 mL de
solução terra-rara, verificando uma nova mudança na coloração. Após o repouso, a
solução com excesso da solução de sulfato de cério foi titulada por solução de ferro
(II) utilizando como indicador a ferroína.
5.3 SÍNTESE DO SISTEMA (Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
)
Para a obtenção dos sistemas foi realizado um procedimento de mistura de
soluções representado na Figura 10. Foi adicionada à resina de zircônio, sob
agitação, a solução de cério (IV), ambas as soluções tiveram as quantidades
estequiometricamente calculadas, após a mistura as resinas foram deixadas
homogeneizar por 1 hora, à temperatura de 85°C tendo como produto final uma
resina de pouca viscosidade, esta por sua vez foi filtrada e armazenada em
recipiente plástico limpo e seco para posterior deposição na forma de filme.
Figura 9 - Diagrama de blocos esquematizando a síntese da solução de sulfato de cério
38
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
5.4 DEPOSIÇÃO DO FILME DE (Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
)
Para que ocorra uma boa deposição do filme diversos cuidados devem ser
previamente tomados, e têm por objetivo favorecer a formação de um filme uniforme
e com boa aderência, nesta etapa, a preparação do substrato tem papel
fundamental, Figura 11.
Limpeza: A superfície do substrato deve ser limpa de óleos, graxas, gorduras e
partículas. Em nosso trabalho o substrato foi submetido a diversas lavagens com
detergente para a remoção de gorduras e outros agentes indesejáveis e por ultimo
uma limpeza com acetona a qual é volatilizada facilmente a temperatura ambiente,
antes de iniciar a deposição.
Deposição da resina: O corpo de prova foi pré-aquecido a 100ºC logo após foi
levado ao Dip-Coating para o inicio da deposição, foram feitas várias imersões que
variou de 5 a 25, com tempo e velocidade controlada a fim de maximizar a
sobreposição das camadas, a cada nova camada adiciona uma etapa de secagem
em mufla foi feita, ao concluir a deposição das camadas e feito o processo de
calcinação da resina e obtenção do óxido o qual foi diretamente aderido na
superfície do substrato. Foi obtido um filme espesso e de boa uniformidade os quais
podem ser comprovados pela microscopia eletrônica de varredura (MEV) mostrando
Figura 10 - Diagrama de blocos esquematizando a síntese do sistema ZrO
2
/CeO
39
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
êxito no método de deposição e obtenção dos filmes de ZrO
2
e Zr
0,9
Ce
0,1
Ce
2
sobre
substrato metálico de aço carbono 1020.
Na resina de Zircônia dopada com Cério grande parte de sua composição é
orgânica resultante do método de preparação “Pechini” então durante o processo de
calcinação este material e eliminado devido à alta temperatura que a resina e
exposta. Este material fica sobre o filme e foi removido cuidadosamente para não
danificar sua superfície, pois pequenos defeitos em sua superfície servem como
pontos de inicio de ataques e podem levar a um mau funcionamento do mesmo. A
uniformidade na superfície do filme atua como ponto chave para o sucesso em sua
aplicação, outros fatores para que ocorra êxito na deposição estão ligados a
propriedade e característica intrínsecas tais como microestrutura elementos que
compõem este filme e a superfícies do substrato.
Figura 11 – (A) Corpo de prova antes da deposição (B) Corpo de prova após a deposição e
calcinação do filme
40
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
5.5 CARACTERIZAÇÕES
5.5.1 Difração de raios X (DRX)
A difração de raios X representa o fenômeno de interação entre o feixe de raios
X incidente e os elétrons dos átomos componentes de um material, relacionado ao
espalhamento coerente. A técnica consiste na incidência da radiação em uma
amostra e na detecção dos fótons difratados, que constituem o feixe difratado.
No difratômetro tradicional a captação do eixo difratado é feita por meio de um
detector, segundo um arranjo geométrico conhecido como a geometria Bragg-
Brentano, que habilita a obtenção do ângulo 2θ.
As informações obtidas de cada pico são as intensidades, a posição angular
(2θ), a distância interplanar (d) e o perfil. Cada composto cristalino apresenta um
padrão difratométrico característico, permitindo sua identificação por meio das
posições angulares e das intensidades relativas dos picos difratados. As análises de
difração de raios X deste trabalho, foram realizadas pelo uso de um difratômetro de
raios X Shimadzu XRD 6000, utilizando-se fonte de radiação CuKα de 1,5418 Å, com
uma tensão de 30 kV e corrente de 20 mA, em amostras pulverizadas.
5.5.2 Método de Rietveld
O método de Rietveld é baseado na comparação entre um padrão de difração
calculado e o padrão observado. O padrão calculado é obtido utilizando-se a cela
unitária como base para a definição das posições dos picos, as posições atômicas e
os parâmetros térmicos para definição das intensidades, uma função analítica
variando com o ângulo de Bragg para descrever a forma e largura dos picos, e a
intensidade da radiação de fundo.
Este padrão calculado é, então, comparado ao padrão observado, ponto por
ponto e os parâmetros do modelo são ajustados pelo método dos mínimos
quadrados.
41
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
A principal vantagem deste método é a obtenção de um padrão de difração por
modelos matemáticos, eliminando a necessidade de preparação de amostras padrão
para comparação das intensidades dos picos.
A introdução de modelos matemáticos permite também a correção de efeitos
de aberrações sistemáticas, provenientes da estrutura da amostra e da geometria do
difratômetro de raios X.
O método permite a definição das posições e intensidades das reflexões de
Bragg, de modo que, mesmo havendo a sobreposição dos picos, as intensidades
das reflexões de cada fase podem ser avaliadas com boa precisão.
A utilização de todo o padrão de difração possibilita uma maior precisão nos
resultados da análise quantitativa, quando comparada aos métodos tradicionais que
utilizam reflexões isoladas.
A obtenção de dados digitais por difratômetros automáticos e a evolução dos
métodos de computação, estimulou o desenvolvimento do método de Rietveld.
O programa para aplicação do método tem sido constantemente aperfeiçoado
por vários autores. Neste trabalho foi utilizado o software MAUD.
5.5.2.1 Resíduos da avaliação do refinamento
As quantidades utilizadas, o progresso do refinamento e a concordância entre
o perfil observado e calculado são os resíduos obtidos a partir das diferenças das
intensidades observadas e calculadas.
42
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
O resíduo Rp é estimado a partir da Equação 1:
(1)
Onde: i é o i-ésimo passo
O resíduo Rwp considera o erro associado a cada valor da intensidade, uma
função do número de contagens, utilizando o fator de ponderação w (2θ) Equação 2:
(2)
Onde: w(2θi) = 1/[variação de yio] = 1/yio
O efeito do fator de ponderação é reduzir a contribuição do erro, devido ao
desajuste na parte superior dos picos, portanto as regiões mais próximas da borda
inferior dos picos devem ser observadas.
Os valores para Rwp para bons resultados é de 2-10%, enquanto que os
valores típicos obtidos variam de 10-20%.
Para avaliar a qualidade do ajuste compara-se o valor final de Rwp com o
valor do erro esperado. O erro esperado é derivado do erro estatístico associado às
intensidades medidas, Equação (3):
(3)
Onde:
N = número de observações
P = número de parâmetros variáveis
O denominador contém a soma das intensidades observadas, sendo que
quanto maior for a intensidade no intervalo menor será o resíduo.
43
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Estes resultados dependem da intensidade da radiação de fundo: o aumento
da intensidade da radiação de fundo, implica a redução dos valores de R.
5.5.2.2 Índice de qualidade do refinamento (“Goodness of fit” – Gof)
O cálculo do parâmetro Gof inclui o número de variáveis sob refinamento.
Através deste parâmetro pode se avaliar se uma mudança no número de parâmetros
pode diminuir o erro residual, Equação 4:
(4)
Os valores dos desvios padrão são calculados a partir da Equação 5:
(5)
Onde: A
-2
mm
é o elemento diagonal da inversa da matriz normal no procedimento de
minimização por mínimos quadrados.
Se S
2
é diferente da unidade e/ou varia com as condições experimentais,
pode se concluir que os fatores de ponderação não são apropriados (a estatística de
contagem não é a fonte primária do erro), ou os modelos teóricos para estrutura ou
picos de difração estão incompletos ou incorretos.
O R
B
é uma medida da concordância entre as intensidades de Bragg medidas
e calculadas. As intensidades observadas estão ligadas ao modelo estrutura e RB é
um indicador do ajuste dos parâmetros estruturais, Equação 6:
44
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
(6)
Onde: I
ko
e I
kc
são intensidades observadas e calculada, respectivamente, para as
reflexões de Bragg.
R
WP
é o indicador estatístico que melhor representa a aproximação já que o
numerador é o resíduo minimizado no procedimento de mínimos quadrados. Os
fatores que modificam R
WP
são as diferenças na forma dos picos (como largura) e a
estatística da radiação de fundo. R
B
é menos afetado pela estatística da radiação
entre o modelo estrutural calculado e a estrutura real (FANCIO,1999).
5.5.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
A técnica de microscopia eletrônica de varredura consiste em incidir um feixe
de elétrons, gerado em um canhão, que é amplificado por um conjunto de lentes
eletromagnéticas que agem como condensadores.
Este feixe, mediante bobinas defletoras, faz uma varredura na superfície da amostra,
provocando uma série de sinais, dos quais se destacam inicialmente os elétrons
secundários com cerca de 50 eV.
A aplicação de uma fina camada de metal inibe o surgimento de cargas
eletrostáticas sobre a superfície do material. Os elétrons secundários são captados
por um detector cuja resposta modula o brilho de um tubo de raios catódicos, o qual
é varrido em sincronismo com o feixe eletrônico. Portanto, a cada ponto da amostra
corresponde um ponto da tela, e nele é mapeada a resposta do objeto ao feixe de
excitação.
O aumento é obtido pela relação entre a área varrida sobre a amostra e a
área da tela do tubo (PADILHA, 1985). As amostras foram acondicionadas em porta
amostras metálicos com o uso de fita de carbono e pulverizadas com uma fina
camada de carbono, usando um metalizador modular de alto vácuo BAL-TEC MED
020. A microestrutura das amostras foram analisadas antes e após o ataque salino a
observação das micrografias irão revelar o que ocorreu na superfície durante o
ataque.
45
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
5.5.4 Fluorescência de raios X (FRX)
A fluorescência de raios X é uma poderosa técnica não destrutiva que permite
não só uma análise qualitativa (identificação dos elementos presentes numa
amostra) mais também quantitativa, permitindo estabelecer a proporção em que
cada elemento se encontra presente.
Na fluorescência de raios X usa-se uma fonte de radiação gama (ou radiação X
de elevada energia) para provocar a excitação dos átomos da substância que
pretendemos analisar. Os fótons gama emitidos pela fonte são absorvidos pelos
átomos da substância através de efeito fotoelétrico, deixando esses átomos em
estados excitados. Com elevada probabilidade de salto de transição, os elétrons
arrancados do átomo por efeito fotoelétrico situam-se nos níveis mais K ou L.
Quando o átomo se desexcita, podemos observar fótons X correspondentes às
transições eletrônicas L K, MK ou ML. O espectro de energia correspondente
a estas transições é único para cada tipo de elemento, permitindo fazer a sua
identificação.
5.5.5 Resistência de Polarização Linear (RPL)
A técnica de Resistência de Polarização Linear (RPL) é baseada numa teoria
eletroquímica complexa. Para aplicações onde se requer medir a velocidade do
processo corrosivo de modo mais rápido esta técnica foi simplificada de modo que
foram desenvolvidos equipamentos que operam com conceito mais básico
(TÁVORA, 2007)
O princípio fundamental desses equipamentos é a aplicação de uma pequena
voltagem (ou polarização) a um eletrodo imerso em um eletrólito. A corrente
necessária para manter um deslocamento específico do potencial de repouso
(potencial de corrosão), tipicamente 10 mV está diretamente relacionada à corrosão
na superfície do eletrodo imerso no eletrólito. Desse modo, medir esta corrente é
também medir a que velocidade a corrosão está ocorrendo na superfície do eletrodo
(TÁVORA, 2007).
46
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
A norma ASTM G 96 (2001) diz que esta técnica consiste na aplicação de
pequenas variações de potencial em torno do potencial de corrosão, de ± 20 mV,
para determinar a chamada “resistência de polarização” (Rp) e, com ela, poder
calcular a taxa de corrosão (TC) A resistência de polarização linear indica a
resistência à oxidação apresentada por um material durante a aplicação de um
potencial externo. Pode ser obtida, na prática, pela inclinação da curva de
polarização (potencial (E) versus corrente (i)), obtida à baixa velocidade de
varredura, no ponto em que i = 0, conforme a Equação 7: (ASTM G 59-03,2003)
(7)
onde:
ΔE é a variação da tensão em torno do potencial de corrosão
i é a densidade de corrente lida para cada variação de tensão
Rp está em .cm
2
De posse do valor da resistência de polarização (Rp), é possível calcular a
densidade de corrente de corrosão (icorr), que está relacionada à Rp pelo
coeficiente de Stern-Geary (B) através da Equação 8: (ASTM G 59-03,2003)
(8)
onde:
i
corr
é a densidade de corrente de corrosão, em µA/cm
2
B é coeficiente de Stern-Geary em V
O coeficiente de Stern-Geary está relacionado às inclinações anódicas e catódicas
de Tafel pela Equação 9 (ASTM G 59-03,2003)
(9)
47
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
onde:
b
a
é a inclinação anódica de Tafel em V
b
c
é a inclinação catódica de Tafel em V
A taxa de corrosão pode ser determinada com base na Equação 10 (ASTM G
59-03,2003)
(10)
onde:
TC é a taxa de corrosão em mm/ano
EW é o peso equivalente do material em g
ρ é a densidade do metal que está sendo corrido em g/cm
3
3,27x10
-3
é um fator para conversão de unidades
5.5.6 Corpos de Prova
Os corpos de prova utilizado nos ensaios foram confeccionados de aço
carbono, estes foram confeccionados a partir de tarugos comerciais e com a
geometria da Figura 12.
A Figura 12 ilustra os corpos de prova após fabricação e condicionamento
para os ensaios de corrosão.
Figura 12 - Geometria e dimensões dos corpos de prova utilizados nos ensaios
48
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
O aço inoxidável AISI 304 foi utilizado como contra-eletrodo e eletrodo de
referência da sonda LPR. As dimensões dos eletrodos de aço inoxidável são iguais
a dos eletrodos de aço.
5.5.7 Eletrólito
Uma solução de NaCl com 10.000 ppm Cl- saturada com CO2 foi utilizada como
meio de análise (eletrólito). A solução foi preparada com água destilada utilizando
cloreto de sódio (Comercial). Para a desaeração foi utilizado gás, CO2 4,0 (99,99%)
da Linde Gases LTDA. Para a obtenção da condição de análise, a solução foi
desaerada pelo CO2 por 1hora, e mantido constante o fluxo de CO2 até o fim do
ensaio, mantendo-se uma pressão parcial de CO2 igual a 1 atm.
5.5.8 Descrição do sistema de teste de corrosão
O sistema de teste de corrosão, Figura 13 trata-se de uma célula
instrumentada adaptada com dois provadores retráteis de campo (sendo um para
medidas de LPR e o outro par galvânico), provador de perda de massa e medidores
de oxigênio dissolvido e pH. O corpo da célula é em vidro (dessecador) com
capacidade para 8 L. A tampa, construída em Teflon (PTFE), acondiciona todos os
sensores já citados anteriormente, além de orifícios que possibilitem a entrada e
saída de gases, a inserção do agitador mecânico e a dosagem do inibidor de
corrosão. O agitador mecânico possibilita a homogeneidade do meio e permite que o
resíduo não se deposite no fundo da célula. O sistema e mostrado na Figura 13.
49
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Figura 13 – Experimento montado em capela
Todos os parâmetros físico-químicos são monitorados continuamente com o
medidor multiparâmetros modelo 340i da WTW. A captura das medidas
eletroquímicas dá-se através de Multilogs que fazem o armazenamento de dados
para posterior análise. A programação das Multilogs é feita através do software
Multitrend V3.09, da CorrOcean ASA.
5.5.8.1 Limpeza do sistema de teste de corrosão
A limpeza da célula de vidro, a tampa, sondas, hastes e a hélice do agitador o
qual é feita de aço inoxidável, inicialmente são lavados com água e sabão na
seqüência são lavados com água quente, água destilada, álcool isopropílico, álcool
etílico e finalmente acetona, depois secas com ar quente. As pedras porosas que
promovem a distribuição das bolhas do CO2 no meio são imersas em ácido clorídrico
10% por 30 minutos e em seguida lavadas em água corrente seguida de água
destilada, álcool isopropílico, álcool etílico e acetona.
5.5.8.2 Seqüência do Ensaio na Célula
O ensaio se inicia com a salmoura e agitação na rotação de 750 rpm. O CO
2
é
inserido no sistema durante 1 hora na vazão de 1 L/min. Este procedimento tem o
50
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
objetivo de deixar o ambiente desaerado, e após 5 minutos os cupons são inseridos.
A partir deste momento o ensaio dura 24 horas, para o monitoramento da corrosão
são utilizadas as Multilogs que por sua vez são programadas pelo Multitrend através
do cabo de comunicação Serial/USB com o PC para efetuar leituras em intervalos de
10 minutos durante as 24 horas do ensaio. A sonda eletroquímica representado
Figura 14 está ligada a uma Multilog que faz o envio dos dados para o computador,
Para as leituras de LPR são utilizados as áreas dos eletrodos e o valor de B= 24 mV,
que é um valor típico do aço carbono em soluções salinas
Figura 14 – a) Sonda LPR com cupons de ZrO
2
e aço inox antes do ensaio, b) Sonda com cupons de
ZrO
2
e aço inox após o ensaio, c) Sonda com cupons de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
antes do ensaio, d) Sonda com
cupons de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
depois do ensaio
b)
a)
c)
d)
51
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
6 PROCEDIMENTOS DEPOIS DOS ENSAIOS
6.1 ANÁLISE VISUAL
Após o termino das 24 horas os cupons são analisados visualmente quanto ao
aspectos morfológicos da intensidade do ataque (generalizado ou localizado) e
intensidade da corrosão.
6.2 Elaboração dos gráficos da taxa de corrosão
O MultiTrend V3.09 é um software da CorrOcean ASA que faz o monitoramento
da corrosão. Este software gera para a sonda LPR gráficos diretos de taxa de
corrosão em função do tempo utilizando os dados coletados durante o tempo de
ensaio, com o objetivo de facilitar a interpretação e a eficiência dos filmes em
proteger o substrato.
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De modo geral a síntese de resinas através do método Pechini depende da
razão molar entre a quantidade do agente quelante (ácido cítrico,AC) e de
elementos químicos (metais,Me), AC:Me. Esta razão depende dos elementos
envolvidos e de suas valências e do número de coordenação. A quantidade de
compostos orgânicos presentes no meio depende dessa razão, comumente a
proporção utilizada é de AC:Me de 3:1, para reduzir a quantidade de compostos
orgânicos presentes muitas vezes e indesejados faz-se mudanças nas proporções,
mas isso pode levar a uma instabilidade dos complexos poliméricos e formar
precipitados em solução ou durante a pirólise, isto leva a formação de filmes
heterogêneos.
52
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Outro fator de importância na síntese por esta rota é a razão molar entre o
quelante (ácido cítrico) e o polimerizante (etilenoglicol, EG) , AC:EG o que dá uma
razão em massa de 60:40. Essa é a quantidade necessária para que se tenha uma
boa polimerização pelas reações de poliesterificação entre os citratos metálicos e o
etilenoglicol. Neste trabalho foram utilizados as razões AC:Me de 2,5 : 1 e AC:EG
60:40 em massa com o objetivo de ter ao final do processo de síntese, uma resina
de pouca viscosidade para poder seguir um processo de aplicação com
multicamadas sobre a superfície do substrato, diversos testes foram feitos onde foi
observado-se a viscosidade da resina é diretamente proporcional a quantidade de
etilinoglicol adicionado ao meio. Testes preliminares mostraram que as resinas
preparadas com AC:Me de 2,5 : 1 apresentaram-se bastante estáveis tanto na forma
de solução (Resina) quanto na forma de filme, uma vez tratado térmicamente a uma
temperatura de (250 a 700
o
C), apresentou a formação de um filme homogêneo e
uniforme.
53
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
7.1 CARACTERIZAÇÃO DOS CUPONS DE AÇO CARBONO
Na Tabela 2 temos os resultados da Fluorescência de raios x que mostra a
composição química do aço carbono utilizada como substrato para os filmes.
Tabela 2 - Composição química do aço carbono utilizado nos ensaios
Analyte Result Proc-Calc Line Net Int. BG Int.
Fe 77.8646 % Quant.-FP FeKa 1895.075 3.548
Ni 8.8297 % Quant.-FP NiKa 103.337 1.481
Cl 8.1259 % Quant.-FP ClKa 64.781 1.464
P 1.5470 % Quant.-FP P Ka 29.095 0.885
Cu 1.3676 % Quant.-FP CuKa 16.971 1.501
Na 0.7180 % Quant.-FP NaKa 0.673 0.050
Mn 0.5519 % Quant.-FP MnKa 11.787 1.395
Si 0.4912 % Quant.-FP SiKa 3.509 0.135
Sn 0.1512 % Quant.-FP SnLa 1.361 1.830
S 0.1057 % Quant.-FP S Ka 1.952 0.490
Ca 0.0962 % Quant.-FP CaKa 2.605 2.329
Cr 0.0786 % Quant.-FP CrKa 1.829 0.794
Al 0.0723 % Quant.-FP AlKa 0.551 0.108
A composição química do aço carbono foi compatível com o esperado e
composto por uma grande porcentagem de Fe, que favorece bastante a oxidação.
7.2 DEPOSIÇÕES DOS FILMES
Filmes de ZrO
2
foram depositados sobre substrato metálico de aço carbono
utilizando a técnica de deposição Dip-Coating. Cada imersão do substrato na
solução teve um tempo de permanência de 10 minutos e um tempo de secagem de
10 minutos a uma temperatura de 100
o
C feito em mufla pré aquecida. Com o
objetivo de eliminar parte da água os filmes foram formados por cerca de 5 camadas
54
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
e foram tratados termicamente a uma temperatura de 250
o
C/30min, 350
o
C/30min e
700
o
C/120min e a uma taxa de aquecimento de 5
o
C/min.
7.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS X
Para identificar a fase cristalina do filme foi realizado a analise Difração de
Raios x. Devido a pouca espessura do filme foi identificada apenas o substrato
metálico. É importante observar que os feixes de raios x, são oriundas de
profundidades que variam entre 0,3 - 1,0µm da amostra. O que ocorre é que foi
formado um filme de espessura nanométrica, para que seja analisada a superfície
do filme é necessário a aplicação de uma técnica que analise elementos químicos
na superfície. Deste modo não foi identificado à estrutura do filme sendo possível
apenas a leitura do substrato. Conforme mostrado na Figura 15.
Figura 15 - Difração de Raio X do substrato metálico recoberto com o filme.
55
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
7.4 REFINAMENTO POR RIETVELD
O método de Rietveld tem por objetivo identificar e quantificar as fases
cristalinas existentes em um material, em nossa analise na Figura 14 os dados da
difração de raios x foi submetido a analise, a linha azul representa os pontos
experimentais e a linha preta o calculo teórico do refinamento, foi utilizado o
Software Maud 2.074, os padrões utilizados foram Kisi,1963 Kuranaga, C, Ribeiro,
2005) esses padrões se encontram disponíveis na base de dados cristalográficas da
capes (SIGNO, 1993). Em nosso refinamento foram encontradas apenas estruturas
cristalinas referentes ao substrato, isso confirma um filme de pouca espessura onde
a difração de raios x analisou apenas o substrato e não foi possível identificar ou
quantificar a estrutura cristalina presente no filme.
7.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
A superfície do substrato protegido com filmes de ZrO
2
é mostrado na Figura
16, O filme antes do ataque salino e após o ataque na Figura 16 a o filme já
apresenta uma alta porosidade em alguns pontos é observando-se indícios de
nucleação de frase, indicados pela formação de grãos na faixa de 3-5µm, isto indica
a difusão de grãos menores para os maiores. A figura 16 b mostra o filme após o
ataque salino, a superfície apresenta deformação e surgimento de micro trincas. A
Figura 17 a do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, antes de ser submetido ao ensaio de 24 horas,
apresenta uma superfície parecida com a do ZrO
2
uma divergência observada e
tamanho de grãos maiores e também apresenta alta porosidade. Após o ataque o
filme mostrou-se mais danificado que o não dopado com cério. As Figuras 18, 19 e
20 foram feitas dos filmes de ZrO
2
para os números de camadas 10x, 15x e 25x
nestas microscopias foram feitas imagens utilizando elétrons retro espalhados
(BSE) e elétrons Secundários (SE) elétrons (BSE) exibirão a distribuição dos átomos
variando a escala de tonalidade cinza de acordo com o numero atômico do átomo na
superfície enquanto os elétrons(SE) mostraram a (profundidade) na superfície. As
Figuras exibem uma grande distribuição de tonalidade cinza escuro com provável
56
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
atribuição a formação da fase ZrO
2
em fase não estabilizada, os pontos em cinza
claro corresponde a provável formação de óxido de ferro resultante do ataque a
superfície do substrato. As Figuras 21, 22 e 23 mostram a superfície dos filmes de
Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
. Nestes filmes observa-se uma maior uniformidade de tonalidade cinza
escuro indicando a formação de uma fase parcial ou totalmente estável da zircônia
com cério. Na Figura 22 ocorreu o surgimento de uma tonalidade cinza clara na
superfície, este contraste indica a provável formação de óxidos de ferro. O excesso
desta fase na superfície do substrato elevou a resistência a corrosão, isto mostra
que os átomos Fe na superfície agiram como agentes limitantes na reação, em
ambos os casos a alta porosidade do material facilitou o ataque salino ao substrato.
A formação das trincas ocorreu devido a formação de óxidos na superfície do
substrato, o que força o filme em direção oposta ao substrato causando soltamento
de partes o que eleva os defeitos na superfície. Isto causou surgimento das trincas,
a intensidade do ataque é proporcional a quantidade de trincas. Os poros são o
caminho de entrada dos íons oxidantes que atingem a superfície metálica de onde
se inicia o processo de oxidação.
Figura 16 – a) Microscopia do filme de ZrO2 5x antes do ataque, b) Microscopia do filme de ZrO2
depois do ataque.
a
)
b)
57
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Figura 17 – a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
5x antes do ataque b) Microscopia do filme de
Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
depois do ataque.
Figura 18 – a) Microscopia do filme de ZrO
2
10x após o ataque usando elétrons retro espalhados
(BSE) b) Microscopia do filme de ZrO
2
10x após o ataque usando elétrons secundários (SE).
Figura 19 – a) Microscopia do filme de ZrO
2
15x após o ataque usando elétrons retro espalhados
(BSE) b) Microscopia do filme de ZrO
2
15x após o ataque usando elétrons secundários (SE).
a) b)
a) b)
b)a)
58
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Figura 20 – a) Microscopia do filme de ZrO
2
25x após o ataque usando elétrons retro espalhados
(BSE) b) Microscopia do filme de ZrO
2
25x após o ataque usando elétrons secundários (SE).
Figura 21 – a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
10x após o ataque usando elétrons retro
espalhados (BSE) b) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
10x após o ataque usando elétrons
secundários (SE).
a) b)
a)
b)
59
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Figura 22 – a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
15x após o ataque usando elétrons retro
espalhados (BSE) b) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
15x após o ataque usando elétrons
secundários (SE).
Figura 23 – a) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
25x após o ataque usando elétrons retro
espalhados (BSE) b) Microscopia do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
25x após o ataque usando elétrons
secundários (SE).
7.6 DESEMPENHO DOS FILMES
Na Figura 24 observa-se a taxa de corrosão do filme de ZrO
2
e Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
com diferentes números de imersões. O substrato com ZrO
2
mostra que a taxa de
corrosão é independente do numero de imersões. Isto mostra a eficiência do filme
fino na proteção do substrato metálico. Quando se observa a corrosão na amostra
a) b)
a) b)
60
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
com ZrO
2
dopada verifica-se que a taxa da corrosão é minimizada quando menos de
15 imersões são aplicadas no substrato. O aumento no numero de imersões causa a
formação de filmes espessos e levam a formação de trincas nos filmes, como
observado na Figura 23. Esses resultados mostram a eficiência do filme fino
baixando a taxa de corrosão/ano de aproximadamente 0,025 no filme de ZrO
2
, para
menos de 0,005 na amostra com o filme de zircônia dopada.
8 101214161820222426
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
0,040
Taxa de corrosão em (mm/y)
Numero de Imersões
ZrO2
ZrO2Ce
Figura 24 – Comportamento dos filmes variando o numero de imersões.
7.7 DESEMPENHO DO FILME ANALISADO PELA SONDA LPR
As Figuras 25 e 26 mostram a taxa de corrosão em mm por ano dos filmes de
ZrO
2
e Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
calcinados a uma temperatura de 700°C com 5x (cinco
imersões). Esta é a nomenclatura que será utilizada no trabalho para indicar o
numero de camadas depositadas sobre a superfície do substrato. A Figura 25 ZrO
2
5x apresenta um melhor desempenho em proteger o substrato quando comparado
aos resultados da Figura 26, Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
5x. O surgimento de vários picos é
resultado de ataques simultâneos devido ao provável rompimento das camadas de
proteção, o aglomerado de grãos leva a uma proteção temporária, quando esta
superfície é rompida ocorre um ataque de íons oxidantes levando a um pico elevado
na taxa de corrosão.
61
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
A Figura 26 mostra a taxa de corrosão para o filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
5x, este por
sua vez mostra-se menos eficiente na proteção e possui um taxa de corrosão
constate onde apresenta pouca variação, isto ocorre devido a uniformidade na
formação do filme o qual tem alta porosidade e formação de grãos de tamanhos
aproximados, o que leva a uma entrada de íons oxidantes de modo a não ocorrer
grandes variações nos ataques ao substrato.
Para um estudo sobre os fatores que podem contribuir na eficiência dos filmes
foram feitos corpos de prova com um numero maior de camadas depositadas 10x,
15x e 25x. Estes filmes foram analisados pela LPR, e os resultados estão
apresentados nas Figuras 27 (ZrO
2
10x), 28(ZrO
2
15x), 29(ZrO
2
25x) estes novos
filmes foram submetidos a uma temperatura de 900°C. A explicação para tal
elevação na temperatura de calcinação é que a zircônia possui 3 polimorfos,
monoclínico, tetragonal e cúbico estas estruturas podem ser obtidas apenas com a
mudança de temperatura, mas quando ocorre o resfriamento ocorre também a
transformação para sua fase mais estável que é a monoclínica, caso a zircônia não
seja estabilizada. Isto leva a uma mudança em seu volume que pode variar de 3-5%
e leva a formação de trincas. Para a estabilização das fases tetragonal e ou cúbica
estável são inseridos agentes estabilizantes na rede cristalina em nosso caso o íon
Ce. As figuras 27, 28 e 29 mostram um aumento da resistência a corrosão do filme
em proteger a superfície do substrato com o aumento no numero de camadas. Estes
são filmes de ZrO
2
sem agentes estabilizantes em sua rede cristalina.
As Figuras 30 (Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
10x), 31(Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
15x) e 32(Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
25x)
mostram um comportamento de alto desempenho para os filmes de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2.
Este aumento do desempenho é devido a contribuição da presença de um íon
estabilizante na rede cristalina da zircônia, com a presença deste íon não ocorre a
transformação reversível da zircônia, cúbica tetragonal monoclínica e a
estrutura é mantida em uma fase mais estável a qual não pode ser identificada neste
trabalho devido a pouca espessura do filme, a aplicação da técnica de DRX não
obteve sucesso, aplicação de uma leitura de DRX com ângulo rasante seria a
melhor sugestão mas durante o trabalho não foi possível ter acesso a esta técnica.
Em ambos os filmes ocorreram defeitos de formação, como trincas e grãos
abnormais que variam em muito um do outro e também a porosidade. Estes são
alguns fatores que contribuem de forma negativa para a proteção do substrato isto
favorece a entrada de íons agressores entre trincas e contornos de grãos do filme
62
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
até alcançarem a superfície onde os íons de Fe
3+
estão em abundancia. Os íons
agressores em solução são de Cl
-
a presença desses íons na superfície leva as
seguintes reações.
Fe Fe
3
+
+ 3 e
7.1
Cl
2
2 Cl
-
7.2
Cl
2
+ 2 e
-
2 Cl
-
7.3
As duas semi-reações indicam que três elétrons são perdidos por átomo de
ferro durante a oxidação, e que dois elétrons são obtidos à medida que cada
molécula de Cl
2
é reduzido.
Combinando as duas semi-reações e aplicando o balanceamento.
2 [Fe Fe
3
+
+ 3 e
] 2 Fe 2 Fe
3
+
+ 6 e
7.4
3 [Cl
2
+ 2 e
2 Cl
] 3 Cl
2
+ 6 e
6Cl
7.5
Os íons Fe
3+
e Cl
são combinados para formar FeCl
3
2 Fe + 3 Cl
2
2 FeCl
3
7.6
Esta reação ocorre na superfície do substrato, a formação do cloreto é
acumulado e força o filme em várias direções levando a formação de mais trincas e
por conseqüência um aumento na intensidade do ataque o que fragiliza o filme cada
vez mais. Também ocorre o fato de que caso seja formado um grande volume
cloreto na superfície do substrato este irá consumir a grande maioria de íons Fe
+3
presentes, quando este consumo for alto os íons Fe
+3
agirão como um reagentes
limitantes em uma reação, desta forma em certo ponto o cloreto irá passar a
proteger a superfície do substrato ocorre uma estabilidade na taxa de corrosão após
um certo tempo que podemos atribuir a esta fator.
È observado na Figura 24 que ocorre um aumente na eficiência do filme com a
elevação do numero de camadas, esta eficiência é mais evidente nos filmes de
zircônia dopada com cério, a atribuição desta melhoria diz respeito a estabilidade
que o íon proporciona a estrutura, enquanto a zircônia sem agentes estabilizante
passa por transformações reversíveis deixando a estrutura do filme sempre com
63
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
pequenas modificações mesmo com o aumente das camadas, deste modo a taxa de
corrosão sempre se mostra com pequenas variações.
Figura 25 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 5x - Temperatura = 700 °C
Figura 26 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 5x - Temperatura = 700 °C
64
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Figura 27 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 10x - Temperatura = 900 °C
Figura 28 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 15x - Temperatura = 900 °C
65
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Figura 29 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de ZrO
2
, 25x - Temperatura = 900 °C
Figura 30 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 10x - Temperatura = 900 °C
66
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
Figura 31 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 15x - Temperatura = 900 °C
Figura 32 – Taxa de corrosão x Tempo do filme de Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
, 25x - Temperatura = 900 °C
67
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
8 CONCLUSÃO
O método Pechini mostrou eficiência na síntese da resina de Zircônio. O filme
de Zircônio e Zircônio dopado com Cério apresentaram boa aderência ao substrato
de aço carbono 1020, mostrando que o método de deposição foi eficaz.
A técnica de Difração de Raios X não conseguiu revelar a estrutura cristalina do
filme na superfície do substrato isto ocorre devido a pouca espessura do filme e da
formação da pêra de espalhamento que ocorre durante a difração onde os raios
penetram cerca de 0,3 – 1,0 µm. Isto foi confirmado pela aplicação do método de
Rietived, o qual mostrou apenas a identificação do Fe contido no substrato.
A Microscopia Eletrônica de Varredura mostrou que ambos os filmes
apresentam uma alta porosidade, a variação de contraste revelado pelo analise
utilizando elétrons (BSE) mostra que ocorreu formação de fases distintas na
superfície do substrato, também e possível observar a formação de trincas o que
favorece a inícios de ataques provocados por íons cloretos presentes na solução, e
a formação de grãos na superfície aumenta a eficiência do filme.
A sonda LPR mostrou que o filme de ZrO2 a 5x e 700°C possui melhor
desempenho na resistência a corrosão, mas apresenta picos de ataques
simultâneos quando o mesmo é submetido a meios salinos, enquanto o filme de
Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
a 5x e 700°C mostra uma taxa de corrosão constante mas com menor
eficiência, com um aumento das camadas ocorre também um aumento na taxa de
proteção.
O aumento da temperatura mostrou que a eficiência dos filmes foi elevado
especialmente para o Zr
0,9
Ce
0,1
O
2
isto e atribuído a formação de fase cristalina
estável, o comportamento do ZrO
2
mesmo com a elevação da temperatura não
sofreu grande melhorias já que o filme passa por transformação reversível o que
ocasiona trincas e fragiliza o filme.
Uma proposta de estudos envolvendo diferentes íons dopantes para tentar
reduzir a temperatura de estabilização seria de grande contribuição, pois o aço
quando submetido a altas temperaturas pode sofrer pequenas modificações em sua
morfologia isto pode levar a mau funcionamento quando o mesmo for empregado
em uma aplicação.
68
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
REFERÊNCIAS
AGUIAR, A.A., et al. Avaliação do ataque químico em superfícies de cerâmicas
bioinertes de alumina-zircônia. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E
CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 17., 2006, Foz do Iguaçu. Anais... : Foz de Iguaçu:
IPEN, 2006.
B. BENALI, M. Herbst Ghysel, I. GALLET, A.M. Huntz, M. Andrieux. Stress driven
phase transformation in ZrO film. Applied Surface Science, v. 253, n. 3, p. 1222-
1226 , 2006. Disponivel em :
http://www.sciencedirect.com/science?_ob=PublicationURL&_tockey=%23TOC%235
295%232006%23997469996%23637103%23FLA%23&_cdi=5295&_pubType=J&_a
uth=y&_acct=C000037878&_version=1&_urlVersion=0&_userid=687335&md5=ac17
a4da9acafbffaf5b897e55aee698 . Acesso em: 05 nov 2009.
BRESSIANI, J. C e BRESSIANI, A. H. A. Cerâmicas a base de zircônia. São
Paulo : Departamento de metalurgia nuclear, Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares, 1989. PUBLICAÇÃO IPEN.
BOKHIMI, x., et al .Transformation of Yttrium-Doped Hydrated Zirconium into
Tetragonal and Cubic Nanocrystalline Zirconia. Journal of Solid State Chemistry,
v. 142, p. 409-418, 1999.
CAMPOS, M. Obtenção da zircônia (ZrO
2
) estabilizada com Itria (Y
2
O
3
) via
precipitação simultânea. 1993. 101 f. Dissertação (Mestrado em Ciências, na área
da tecnologia Nuclear) - Instituto de pesquisas energéticas e nucleares, São Paulo,
1993.
CARLI, Emanuelle de. Restaurações cerâmicas de zircônio: uma
revisão.Universidade Estadual de Maringá, 2006. Disponivel em:
http://www.laboratorioalianca.com.br/download/zirconia.doc
. Acesso em: 05 nov
2009.
FANCIO, E. Aplicação do Método de Rietveld para Análise Quantitativa de
Fases dos Polimofos da Zircônia por Difração de Raios X. 1999. 156 f.
Dissertação Mestrado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear-Aplicações -
Instituto de pesquisas energéticas e nucleares, São Paulo, 1999.
JAIN-MINGLIN, Ming-chi Hsu,Kuan-Zong Fung. Deposition of ZrO
2
film by
liquidphase deposition. Journalof PowerSources, v. 159, p. 49-54. 2006.
MAIA, L. J. Q. Síntese e caracterização de filmes finos do sistema Y
2
O
3
-Er
2
O
3
-
Al
2
O
3
-B
2
O
3
para aplicação como amplificadores ópticos planares. 2006. 246 f.
Tese (Doutorado em Ciências: Física Aplicada) - Instituto de Física de São Carlos
(IFSC), USP, 2006.
69
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
NASAR, R.S. Estabilização da Fase ZrO2.MgO e Sintese do Pó Dopado com
TiO
2
, CuO e ZnO. 1994. 180 f. Tese (Doutorado em Físico-Química) - Universidade
Federal de São Carlos. 1994.
PADILHA, A. F. e FILHO, F. A. Técnicas de Análise Micro Estrutural. São Paulo:
Hemus Ltda, São Paulo, 1985. v. 6, p. 143-161.
PADILHA, Angelo Fernando. Materiais de engenharia. Materiais de engenharia.
Curitiba: Hemus Livraria, 2000.
PECHINI, M. P. Method of preparing lead and alkaline earth titanates and
niobates and coating methods using the same form a capacitor. 3,3300,667
U.S.PATENT, 1967.
PESSOA, R. C. Estabilização da Zircônia em Matriz de Sílica Amorfa. 2005. 115f.
Dissertação (Mestrado em Quimica) – Programa de Pós-graduação em Quimica,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2005.
RAMOS, Carlos H. I. CBME Informação. Centro de Biotecnologia Molecular
Estrutural. Disponivel em: http://cbme.if.sc.usp.br/noticias/edicao9.pdf. Acesso em:
02 jul 2007.
ROMERO, Pareja, R. LÓPEZ Ibáñez, F. MARTÍN, J.R. RAMOS-BARRADO, D.
Leinen. Corrosion behaviour of zirconia barrier coatings on galvanized steel. Surface
& Coatings Technology. v.200, n. 22-23, p.6606-6610, 2006. Disponivel em:
http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6TVV-4HVDN0B-
8&_user=687335&_coverDate=06%2F20%2F2006&_rdoc=86&_fmt=high&_orig=bro
wse&_origin=browse&_zone=rslt_list_item&_srch=doc-
info(%23toc%235544%232006%23997999977%23622253%23FLA%23display%23V
olume)&_cdi=5544&_sort=d&_docanchor=&_ct=93&_acct=C000037878&_version=1
&_urlVersion=0&_userid=687335&md5=df1a60f1859453e1d427a8c602b6f85d&sear
chtype=a. Acesso em 02 jul 2007.
S. K. Tadokoro; E. N. S. Muccillo. Zircônia tetragonal policristalina. Parte II:
Microestrutura e resistividade elétrica, Cerâmica, São Paulo, v. 47, n. 302, 2001.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-
69132001000200007. aceso em: 15 jan 2009.
SIGNO, Tadeu dos Reis. Caracterização Elétrica do Compósitos Zírconia-Nióbio
e Zircônia-Titânio. 1993. 98f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Nuclear) -
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – Universidade de São Paulo
(associada), SP, 1993. Disponivel em:
http://pelicano.ipen.br/PosG30/TextoCompleto/Signo%20Tadeu%20dos%20Reis_M.
pdf . Acesso em : 15 jan 2009.
TÁVORA, M. P. Avaliação do Efeito de Particulados Sólidos na Eficiência de
um Inibidor de Corrosão Recomendado Para Meios Salinos com Co
2
. 2007.
128f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Materiais) - Programa de Pós
Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, Universidade Federal do Rio
Grande Norte, Natal, 2007.
70
ProgramadePósGraduaçãoemQuímicaPPGQUFRN
TATSCH, P. J. Deposição de Filmes Finos. In: Jacobus W. Swart. Oficina de
Microfabricação: Projeto e Construção de CI´s MOS. Campinas : UNICAMP, 2006,
11, pp. 1-22.
KISI, E. H. e HOWARD, C. J. Crystal structure of orthorrombic zirconia in partially
stabilized zirconia. Journal of the American Ceramic Society. v. 10, pp. 597-600,
1963.
KURANAGA, C, Ribeiro. F.S.A e Filgueira, M.Sintering of rare earth-doped zirconia
under 5 GPa pressure. 318, São Paulo : Cerâmica, v.. 51, pp. 163-167, 2005.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-
69132005000200015&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 05 nov 2009.
LINO, F. Jorge. CERÂMICOS: Materiais em que vale a pena pensar. 2006.
Disponível em: http://paginas.fe.up.pt/~falves/matceramicos.pdf
. Acesso em: Acesso
em: 05 nov 2009.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo