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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
BALANÇO ELETROLÍTICO PARA CODORNAS JAPONESAS (COTURNIX
COTURNIX JAPONICA) NA FASE DE PRODUÇÃO
MARCELO TADEU THOMAZ DE MORAES
CURITIBA
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
BALANÇO ELETROLÍTICO PARA CODORNAS JAPONESAS (COTURNIX
COTURNIX JAPONICA) NA FASE DE PRODUÇÃO
MARCELO TADEU THOMAZ DE MORAES
CURITIBA
2010
Dissertação apresentada como um dos
requisitos à obtenção do grau de
Mestre em Nutrição e Alimentação
Animal, Curso de Pós-Graduação em
Ciências Veterinárias, Setor de
Ciências Agrárias, Universidade
Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Alex Maiorka
Co-orientadores: Prof. Dr. Edson
Gonçalves de Oliveira e Prof. Dr.
Sebastião Aparecido Borges.
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais Celso e Cristina, pelos ensinamentos ao longo de minha vida.
Aos meus tios Eloísa e Marçal, pelo incentivo e apoio durante meus estudos.
Aos meus irmãos Rodrigo e Rafael, pela amizade e companheirismo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à DEUS pelo dom da vida.
Ao professor Dr. Alex Maiorka pela oportunidade, orientação e companheirismo, e
que sempre nos momentos de dificuldade me incentivou.
Ao professor Dr. Edson Gonçalves de Oliveira, pela amizade e conselhos ao longo
da minha vida acadêmica.
Ao professor Dr. Sebastião Aparecido Borges pela colaboração, ensinamentos e
auxílio na execução dos experimentos.
Aos funcionários da Fazenda Experimental do Cangüiri da Universidade Federal do
Paraná, pelo auxílio na condução dos experimentos, em especial à Divina que como
o próprio nome diz sempre foi um anjo nos momentos de adversidades.
Aos amigos e companheiros de mestrado, Ananda Félix, André Fávero, Aline Paim,
Chayane da Rocha, Diego Surek, Fábio Valle, Franciely da Costa, Matias Appelt,
Régis Meurer e Samuel dos Santos
Aos amigos da graduação André Mayer, Ayrton Pacheco, Fábio Martins, Ivânio
Bueno, Lucas Barrilli, Paula Leal, Rodolfo Buratto, Ronan Omar, Sthéfanie e Vinícius
Schramm.
À minha namorada Raquel Dias pelo incentivo e paciência.
Aos meus irmãos adotivos Andréa Jocelene, Maria Amélia e Ricardo pela amizade e
apoio durante essa jornada, assim como seus respectivos esposos (a) Daniel, Tata,
Daninho e Mariana.
Aos primos-sobrinhos Bruno, Gabriela, Giancarlo, Luis Felipe e Pedro, pelo carinho
e momentos de descontração.
À minha querida avó Joana Thomaz pelo amor concedido ao longo de minha vida.
À Universidade Federal do Paraná pela oportunidade de realizar a Pós-Graduação
em Ciências Veterinárias.
Ao REUNI, Vicami Codornas e a Química Geral do Nordeste pelo auxílio nas
pesquisas.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 1
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 2
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................ 3
RESUMO..................................................................................................................... 4
ABSTRACT ................................................................................................................. 5
CAPÍTULO I - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - BALANÇO ELETROLITICO E SUA
INTERRELAÇÃO COM O EQUILIBRIO ÁCIDO-BASE EM CODORNAS DE
POSTURA (Coturnix coturnix japônica) SUBMETIDAS A ESTRESSE
CALÓRICO ......................................................................................................... 6
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
2. FISIOLOGIA DO ESTRESSE CALÓRICO ........................................................... 7
3. ALTERAÇÕES NOS PARÂMETROS SANGÜÍNEOS ....................................... 10
4. ALTERAÇÕES NA FORMAÇÃO DO OVO: ....................................................... 11
4.2 A casca ......................................................................................................... 13
4.3 Equilíbrio ácido base e o metabolismo de cálcio .......................................... 14
5. ELETRÓLITOS .................................................................................................. 15
6. MEDIDAS DE CONTROLE DO ESTRESSE CALÓRICO .................................. 17
6.2 Utilização de Sais ......................................................................................... 18
6.3 Balanço Eletrolítico (relação (Na+K)-Cl) ....................................................... 19
7. REFERENCIAS .................................................................................................. 21
CAPÍTULO II - EFEITO DE DIFERENTES BALANÇOS ELETROLÍTICOS SOBRE O
DESEMPENHO E A QUALIDADE DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS
(Coturnix coturnix japonica) DURANTE O INVERNO ................................... 26
RESUMO ............................................................................................................... 26
ABSTRACT ............................................................................................................ 27
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 28
2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 30
2.1 Animais e Local do Experimento .................................................................. 30
2.2 Dieta e Temperaturas ................................................................................... 31
2.3 Avaliações .................................................................................................... 32
2.4 Análise Estatística......................................................................................... 33
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 33
4. CONCLUSÕES .................................................................................................. 36
5. REFERENCIAS .................................................................................................. 37
CAPÍTULO III - EFEITO DE DIFERENTES BALANÇOS ELETROLÍTICOS SOBRE
O DESEMPENHO E A QUALIDADE DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS
(Coturnix coturnix japonica) DURANTE O VERÃO ...................................... 39
RESUMO ............................................................................................................... 39
ABSTRACT ............................................................................................................ 40
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 41
2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 43
2.1 Animais e Local do Experimento .................................................................. 43
2.2 Dietas e Temperaturas ................................................................................. 44
2.3 Parâmetros Avaliados ................................................................................... 45
2.4 Análise Estatística......................................................................................... 46
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 46
4. CONCLUSÕES .................................................................................................. 49
5. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 50
1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Resposta da ave ao estresse calórico ..................................................... 9
Figura 2. Oviduto de poedeira ................................................................................ 12
2
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição das Rações Experimentais: ......................................... 31
Tabela 2. Valores de Umidade Relativa e Temperaturas Mínimas, Máximas e
Médias do Período Experimental. ................................................................. 32
Tabela 3. Produção de ovos (PRO), consumo de ração (CR), massa de ovos
(MO) e conversão alimentar (CA) no período experimental total, de codornas
alimentadas com diferentes balanços eletrolíticos. ....................................... 34
Tabela 4. Peso de ovos (PO), peso de gema (PG), peso de albúmen (PA),
peso de casca (PC), espessura de casca (EC), gravidade especifica (GE) e
coloração de gema (CG) no período experimental total, de codornas
alimentadas com diferentes balanços eletrolíticos. ....................................... 35
Tabela 5. Composição das Rações Experimentais: ......................................... 44
Tabela 6. Umidade Relativa e Temperaturas Mínimas, Máximas e Médias de
cada Ciclo ..................................................................................................... 45
Tabela 7. Produção de ovos (PRO), consumo diário de ração (CDR), massa de
ovos .............................................................................................................. 47
Tabela 8. Peso de ovos (PO), peso de gema (PG), peso de albúmen (PA),
peso de casca (PC), espessura de casca (EC), gravidade especifica (GE) e
coloração de gema (CG) no período experimental total, de codornas
alimentadas com diferentes balanços eletrolíticos. ....................................... 49
3
LISTA DE ABREVIATURAS
ACTH
BE
Ca
Ca
2+
CA
CG
Cl
cm
CO
2
CV%
CR
DHC
EC
g
GE
H
2
CO
3
H
2
O
HCO
3
-
H/L
K
Paratormônio
Balanço eletrolítico
Cálcio
Cálcio livre ionizado
Conversão alimentar
Coloração de gema
Cloro
Centímetros
Dióxido de carbono
Coeficiente de variação em percentagem
Consumo de ração
1,25- dihidroxicolecalciferol
Espessura de casca
Gramas
Gravidade especifica
Ácido carbônico
Água
Bicarbonato
Relação Heterófilos: linfócitos
Potássio
Kcal Quilocalorias
kg Quilogramas
Kcal/kg
KHCO
3
mEq
mEq/kg
mm
Quilocalorias por quilograma
Carbonato de potássio
Miliequivalente
Mileequivalente por quilo grama
Milímetros
MO Massa de ovos
MS
Na
NaCl
NaHCO3
NH4Cl
matéria seca
Sódio
Sal comum
Bicarbonato de sódio
Cloreto de amônia
PB proteína bruta
P
PA
PC
PG
PO
PRO
pCO
2
pH
PHT
TGI
°C
%
µL
Probabilidade
Peso de albúmen
Peso de casca
Peso de gema
Peso de Ovos
Produção de Ovos
Pressão parcial de CO
2
Potencial hidrogeniônico
Hormônio corticotrófico
Trato gastrintestinal
Graus centígrados
Percentagem
Microlitro
4
BALANÇO ELETROLÍTICO PARA CODORNAS DE POSTURA (COTURNIX
COTURNIX JAPÔNICA) DURANTE O INVERNO E VERÃO
Autor: Marcelo Tadeu Thomaz de Moraes
Orientador: Alex Maiorka
Resumo - A coturnicultura tem despertado interesse por suas vantagens
zootécnicas, principalmente por sua precocidade e alta produtividade,
entretanto esse desempenho pode ser prejudicado quando as aves são
expostas a locais suscetíveis a estresses provocados por calor e/ou frio. Pois
causam desequilíbrios acarretando perdas na produção de ovos, pois as aves
tendem a produzir ovos menores e de casca mais fina. Para minimizar estes
efeitos é realizada a manipulação química do equilíbrio ácido-base, relação
(Na+K)/Cl por meio da adição de sais na ração, podendo exercer um impacto
positivo sobre o desempenho animal, pois estes minerais estão envolvidos em
diversos processos fisiológicos, como a manutenção da pressão osmótica, o
equilíbrio eletrolítico e balanço ácido-base. Tendo em vista o potencial efeito
benéfico do balanço eletrolítico sobre o equilíbrio ácido-base de codornas
japonesas, foram conduzidos dois experimentos. No primeiro experimento
avaliou-se cinco diferentes balanços eletrolíticos sobre o desempenho
zootécnico e a qualidade dos ovos de codornas japonesas (coturnix coturnix
japonica) durante o inverno. Foram utilizadas 600 aves, distribuídas em um
delineamento inteiramente casualisado, composto por 5 tratamentos (balanços
eletrolíticos), com 8 repetições de 15 codornas por unidade experimental. Os
balanços eletrolíticos calculados foram de 140, 196, 241, 286 e 320 mEq/kg. O
balanço eletrolítico interferiu no desempenho e na qualidade de ovos de
codornas japonesas em fase de postura, quando criadas durante o inverno,
sendo que 196 à 286 mEq/kg de ração, foi o suficiente para proporcionar bom
desempenho e qualidade de ovos. No segundo experimento, foram utilizados o
mesmo número de aves, tratamentos e repetições do primeiro, a diferença que
este foi realizado durante o verão. Como no primeiro experimento o balanço
eletrolítico também interferiu no desempenho e na qualidade de ovos de
codornas japonesas, submetidas a um estresse calórico, sendo que 320
mEq/kg proporcionou o melhor desempenho zootécnico e 241 mEq/kg a melhor
qualidade de ovos. Com os resultados destes experimentos nota-se que o
balanço eletrolítico interfere de forma benéfica o desempenho e a qualidade de
ovos de codornas japonesas durante a fase de prodão, quando submetidas a
baixas e altas temperaturas.
Palavras-chave: Ácido-base, Coturnicultura, Desempenho, Estresse calórico e
Qualidade de ovos
5
BALANCE FOR ELECTROLYTIC LAYING QUAILS (COTURNIX COTURNIX
JAPONICA) DURING THE WINTER AND SUMMER
Author: Marcelo Tadeu Thomaz de Moraes
Advisor: Alex Maiorka
Abstract - The quail production has attracted attention for its advantages,
mainly because of its earliness and high yield, however this performance can
suffer when the birds are exposed to local susceptible to stress caused by heat
and / or cold. For cause imbalances resulting in losses in egg production,
because the birds tend to produce smaller eggs and thinner shell. To minimize
these effects is carried out chemical manipulation of acid-base balance, (Na +
K) / Cl by the addition of salt in the diet, may have a positive impact on animal
performance, because these minerals are involved in several lawsuits
physiological, such as the maintenance of osmotic pressure, electrolyte balance
and acid-base balance. Given the potential beneficial effect of electrolyte
balance on the acid-base balance of japanese quail, two experiments were
conducted. In the first experiment, five different electrolyte balance on the
performance and egg quality of japanese quail (Coturnix coturnix japonica)
during the winter. 600 birds were used, distributed in a completely randomized
design, consisting of 5 treatments (electrolyte balance), with 8 replicates of 15
quails per experimental unit. The electrolyte balance was calculated were 140,
196, 241, 286 and 320 mEq / kg. The electrolyte balance affect the performance
and egg quality of japanese quails in the laying stage, when reared during the
winter, and 196 to 286 mEq / kg diet was enough to provide good performance
and egg quality. In the second experiment, we used the same number of birds,
treatments and replicates the first, the difference that this was done during the
summer. As in the first experiment, the electrolyte balance also affect the
performance and egg quality of Japanese quails submitted to a heat stress, and
320 mEq / kg showed the best growth performance and 241 mEq / kg the best
quality eggs. The results of these experiments it is observed that the electrolyte
balance in ways that interfere with the performance and egg quality of Japanese
quails during the production phase, when subjected to high and low
temperatures.
Key words: Acid-base, Heat stress, Performance, Quail production and Quality
of eggs
6
CAPÍTULO I
BALANÇO ELETROLITICO E SUA INTERRELAÇÃO COM O EQUILIBRIO
ÁCIDO-BASE EM CODORNAS DE POSTURA (Coturnix coturnix japonica)
SUBMETIDAS A ESTRESSE CALÓRICO
- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA -
1. INTRODUÇÃO
A coturnicultura vem se destacando, nos últimos tempos, como
promissora criação de aves adaptadas às condições de exploração doméstica.
Esta preferência é decorrente do crescente aumento do consumo de ovos e por
ter um baixo investimento inicial. A produção de ovos aumenta a cada ano e,
conseqüentemente a busca para seu aprimoramento e novas tecnologias. A
nutrição desenvolve um papel fundamental para a qualidade do produto final, o
ovo (CRUZ et al., 2009).
A qualidade da casca do ovo, que ainda é um problema econômico grave
que afeta produtores de ovos, seus custos de produção e acaba, indiretamente,
atingindo o consumidor. Como a baixa qualidade da casca é responsável por
grandes perdas de ovos, muitos nutricionistas vêm buscando diminuir essas
perdas mediante a manipulação dos nutrientes das dietas das poedeiras
comerciais (JUDICE et al., 2002).
Um ps com o clima do Brasil possui limitações em relação à criação
dessas aves, pois elas são muito susceptíveis a modificações de temperatura,
ocasionando queda na produção. Diversos trabalhos têm demonstrado que o
consumo de ração pelas aves, a reprodução e a produção de ovos estão
intimamente relacionados com condições térmicas do ambiente. Esses
trabalhos demonstram que a ingestão de alimentos diminui à medida que a
temperatura ambiente se eleva a partir de 21°C (TINÔ CO e GATES, 2005). A
adição de eletrólitos na dieta tem sido recomendada como forma de minimizar
os efeitos deletérios do estresse pelo calor (BORGES, 1997).
Alguns minerais vêm ganhando maior importância, por atuarem como
protetores e/ou amenizadores do estresse oxidativo, sofrido pelo animal,
7
quando expostos a altas temperaturas. A determinação dos níveis ideais de
sódio, cloro e potássio, para cada ciclo de produção da ave é de grande
importância devido a participação no balanço cátio-iônico. Nos estudos
nutricionais, poucos destacam os minerais, constituintes indispensáveis na vida
das aves, por participar na formação do esqueleto e na composição da casca
dos ovos (PEREIRA et al.,2004). MONGIN (1968) foi um dos primeiros a
discutir a importância do balanço cátio-aniônico da dieta, na formação a casca
do ovo. O balanço desses minerais age diretamente no equilíbrio ácido-base
das aves e estão envolvidos em diversos processos fisiológicos, como na
manutenção da pressão osmótica, dentro de valores médios, podendo
influenciar no desempenho, no metabolismo do Ca e na utilização do fósforo.
Desta forma, torna-se necessário o entendimento de possíveis alterações
fisiológicas que possam ocorrer nas aves, em função das condições de
estresse térmico que estas podem estar submetidas. A presente revisão tem
por objetivo verificar as interferências nas respostas fisiológicas e desempenho
zootécnico ocasionadas pelo balanço eletrolítico das rações para aves
domésticas.
2. FISIOLOGIA DO ESTRESSE CALÓRICO
Fisiologicamente, o estresse pode ser definido como qualquer
perturbação do equilíbrio homeostático do animal. Por outro lado, do ponto de
vista empresarial, o estresse significa alterações que provocam baixo
rendimento no desempenho da ave.
As aves são animais homeotérmicos e possuem um centro
termorregulador no sistema nervoso central, o hipotálamo, que é um órgão que
funciona como termostato fisiológico, controlando a produção e dissipação de
calor através de diversos mecanismos, como o fluxo sanguíneo na pele,
mudança na freqüência cardíaca e respiratória e modificação na taxa
metabólica (MORO, 1995). O aparelho termorregulador das aves é pouco
desenvolvido, tornando-as sensíveis ao frio quando jovens e ao calor quando
adultas.
Conforto térmico (zona de conforto) pode ser definido como sendo uma
faixa de temperatura ambiente onde a taxa metabólica é mínima e a
8
homeotermia é mantida com menos gasto energético. Dentro da zona de
conforto térmico, o animal mantém uma variação normal de temperatura
corporal e de freqüência respiratória, o apetite é normal e a produção é ótima
(BACCARI et al., 1997). As codornas são extremamente exigentes quanto aos
limites das variáveis climáticas. Na fase de postura a faixa ideal de temperatura
situa-se entre 18 a 22
o
C.
As respostas fisiológicas compensatórias das aves, quando expostas ao
calor, inclui-se a vasodilatação periférica, resultando em aumento na perda de
calor não evaporativo. Assim, na tentativa de aumentar a dissipação do calor, a
ave consegue aumentar a área superficial, mantendo as asas afastadas do
corpo, eriçando as penas e intensificando a circulação periférica. A perda de
calor não evaporativo pode também ocorrer com o aumento da prodão de
urina, se esta perda de água for compensada pelo maior consumo de água fria
(BORGES et al., 2003). Quando o ambiente térmico encontra-se acima da zona
termoneutra, a atividade física é reduzida, diminuindo a produção interna de
calor das aves. O sangue migra para a superfície corporal principalmente nas
cristas e barbelas. A vasodilatação que ocorre, faz com que as cristas e
barbelas aumentam de tamanho. Desta forma, o calor metabólico migra à
superfície do corpo podendo ser liberado ao ambiente pelos processos de
condução, convecção e radiação. As aves procuram por locais mais frescos no
aviário, no intuito de aumentar as perdas de calor por condução, que suas
pernas e pés, possuem um sistema vascular bem desenvolvido responsáveis
pela perda de calor sensível para o ambiente, o que é facilitado pela ausência
de penas (MOURA, 2001).
Devido à ausência de glândulas sudoríparas, a perda de calor ocorre
basicamente por meio da respiração ofegante, processo que provoca intensa
perda de dióxido de carbono (CO
2
) assim, a pressão parcial de CO
2
(pCO
2
)
diminui, levando à queda na concentração de ácido carbônico (H2CO3) e dos
íons (H
+
). De início, não alteração na concentração de HCO
3
-
no plasma
com a que de pCO
2
, mas reações tamponantes como tampões não-
bicarbonato ocorrem imediatamente. Os rins reduzem a excreção de H
+
pelos
túbulos renais e a excreção de bicarbonato filtrado aumenta, permitindo, assim,
maior perda de HCO
3
-
na urina. Com a excreção progressiva de HCO
3
-
a
concentração no plasma tende a cair, chegando a níveis subnormais. Como
9
resultado, a proporção HCO
3
-
/CO
2
aproxima-se de valores normais
(compensação renal), ajustando o pH sanguíneo. Esta alteração do equilíbrio
ácido-base é denominada de alcalose respiratória (FURLAN et al., 2005). A
resposta da ave ao estresse calórico pode ser observada na Figura1.
Tais alterações provocadas exercem impacto negativo sobre o
desempenho do animal, afetando a eficiência alimentar, o consumo de
alimento, a taxa de crescimento e a produtividade (JUNQUEIRA et. al., 2000).
Em ambientes frios quando a temperatura ambiental está abaixo da crítica
inferior, as aves, para manter o calor, ativam através do centro
termorregulador, localizado no sistema nervoso central, certos processos
fisiológicos, como a vasoconstrição periférica, aumentando a pressão
sanguínea e acelerando os movimentos cardíacos e fazer com que a
transferência do calor oriundo do núcleo corporal para a periferia seja mais
rápida, através de um deslocamento do retorno venoso sanguíneo da
superfície para os canais profundos que aumenta a eficiência do sistema de
troca calórica por contracorrente (SWENSON e REECE, 1993).
Temperatura
Umidade Relativa
Mudança comportamento
Diminuição da atividade
Menor ingestão de alimento
Desnutrição
Maior ingestão de água
Aumento da frequência
respiratória
Ofegação
Perdas de CO
2
e H
2
O
Queda da pCO2
Aumento do pH
Rins:
Excreção de K+
Excreção de HCO3
Excreção de H+
Desequilíbrio
Ácido-básico
Queda no desempenho
Morte
Figura 1. Resposta da ave ao estresse calórico. Adaptado BORGES et al., 2003.
10
Segundo MEDEIROS (2001) com a presença da ventilação, a situação
ambiental fica cada vez mais prejudicada, uma vez que ocorre a aceleração na
redução do calor corporal, o que leva a uma sensação de frio cada vez mais
intensa. Com a diminuição da umidade relativa, as trocas de calor entre o
animal e o ambiente por via latente são aumentadas e, em condições de frio, o
animal apresenta desenvolvimento mais rápido para o empenamento
aumentando ainda mais o isolamento térmico e bloqueando a transferência de
calor.
Neste contexto, a primeira reação da ave é aumentar o consumo de
ração e desviar a energia oriunda da alimentação para a produção de mais
calor, para aquecimento do corpo. Conseqüentemente, a produção de ovos é
reduzida e a eficiência alimentar diminui. Em seguida, elas ficam trêmulas e
amontoam-se, aumentam a freqüência respiratória de 45 para 47
respirações/min
-1
(MEDEIROS, et al., 2005).
3. ALTERAÇÕES NOS PARÂMETROS SANGÜÍNEOS
O sistema sangüíneo é particularmente sensível às mudanças de
temperatura e se constitui em um importante indicador das respostas
fisiológicas da ave a agentes estressores (BORGES, 2001). Em condições de
estresse, as aves podem responder com alterações fisiológicas caracterizadas
por elevada taxa cardíaca, aumento na liberação de corticosterona e de
catecolaminas, anormalidades da adrenal e imunossupressão (NORDI et al.,
2007). As células brancas de defesa existentes no sangue das aves o os
granulócitos (heterófilos, eosinófilos e basófilos) e os agranulócitos ou células
mononucleares (linfócitos e monócitos).
As variáveis ambientais temperatura e umidade relativa do ar (UR)
interferem no desempenho produtivo e bem estar das aves. ONBASILAR e
AKSOY (2005) destacaram que o estresse provocado, por desconforto térmico,
por exemplo, pode gerar aumento nos níveis de corticosterona circulante,
suprimir a imunidade humoral e alterar os valores de leucócitos circulantes em
aves, com concomitantes alterações na resistência a doeas e decréscimo no
crescimento e produção de ovos pelas mesmas.
11
Os leucócitos servem como um indicador de estresse, sendo que o
número de leucócitos no sangue aumenta após o estresse térmico (FURLAN,
1992). Em frangos esse número varia entre 2000 até 3000 células/µL. A
contagem diferencial de células no sangue tem mostrado que do total de
leucócitos ao redor de 60% a 65% são linfócitos, 25 a 30% são heterófilos, 2%
são eosinófilos, 1,7% são basófilos e 10% são monócitos.
Os achados de contagem diferencial mostram que a proporção normal
de heterófilos: linfócitos (H/L) está ao redor de 1:2. Entretanto, quando os
frangos são submetidos a condições de estresse essa relação aumenta, tendo
em vista que situações estressoras aumentam a quantidade de heterófilos na
circulação. As situações de estresse, nas quais ocorrem a liberação de
hormônio corticotrófico (ACTH), também determinam a redução da quantidade
de linfócitos circulantes, colaborando para um aumento da relação
heterófilo:linfócito (MACARI e LUQUETTI, 2002). Outra resposta é o aumento
da concentração de glicose em resposta direta à maior secreção de adrenalina,
noradrenalina e glicocorticoides (BORGES, 2001). Embora a relação
heterófilo:linfócito seja um indicador mais confiável de estresse em aves do que
os níveis plasmáticos de corticosterona, a heteropenia e basofilia podem
ocorrer durante o estresse severo e, portanto, de acordo com MAXWELL
(1993) a proporção H/L não pode ser sempre aceita como um método confiável
de estresse em aves.
4. ALTERAÇÕES NA FORMAÇÃO DO OVO:
O ovo da codorna é o produto final de uma série complexa de
processos, sendo ele um dos alimentos mais completos, uma vez que possui
elevado teor de proteína, além de lipídeos, minerais e vitaminas.
4.1 Sistema Reprodutivo da Fêmea
O aparelho reprodutor da fêmea é composto por um ovário e um oviduto,
localizados no lado esquerdo da cavidade abdominal da ave. No processo de
formação do ovo, o óvulo (gema) é formado no ovário e os demais
componentes são formados no oviduto. O oviduto é um tubo muscular longo
12
(+72cm) constituído por quatro partes distintas e com funções bem definidas
(Figura2).
Figura 2. Oviduto de poedeira. Adaptado ROBERTS, 2004
Imediatamente após a ovulação, o óvulo é captado pelo infundíbulo,
onde permanece em desenvolvimento durante aproximadamente 18 minutos, a
porção mais estreita, glandular do infundíbulo é conhecida como “região
calazífera” e as secreções dessa região formam uma camada perivitalina mais
externa, contribuindo para a formação da calaza (FROMAN et al., 2004).
Seguindo para o magno, onde permanece cerca de 3 horas para a formação do
albúmen, este contém mais de 40 proteínas. A camada de proteínas fornece
proteção mecânica e bacterianas para a gema, bem como a criação de um
modelo para a formação posterior das membranas da casca.
13
Em seguida o ovo em desenvolvimento progride até o istmo, recebendo
as membranas da casca, água e sais minerais, em um período de uma hora e
meia. Nesta região os cristais de carbonato de cálcio começam a ser
depositados sobre a membrana externa da casca. A deposição desses cristais
ocorre em regiões especificas da membrana externa da casca, chamada de
núcleos mamilares (RUTZ et al., 2005).
O maior tempo durante a formação do ovo é gasto na glândula da casca
(útero), sendo nesta região que se formará a casca. Nesta fase o carbonato de
cálcio é depositado sobre a a membrana da casca, processo que dura cerca de
20 horas (FROMAN et al., 2004). Finalmente, o ovo é expelido através da
vagina e cloaca.
4.2 A casca
A casca representa de 9% a 10% do peso do ovo fresco. É constituída
por 90% de minerais dos quais 98% é lcio em forma de carbonato de cálcio.
Fósforo e magnésio estão presentes em pequenas quantidades e também se
encontram traços de sódio, potássio, zinco, manganês, ferro e cobre (BAO e
LÚCIO, 2005).
A matriz orgânica da casca do ovo é constituído pela membrana externa
da casca, que é formada de proteínas e mucopolissarídeos. Sobre essa base
orgânica formam-se os núcleos de calcificação, constituindo a camada
mamilar. Sobre essa camada, mais carbonato de cálcio é depositado, formando
a camada esponjosa, que é mais espessa e a principal responsável pela
resistência da casca. A última camada da casca é a cutícula, que é composta
por matéria orgânica que cobre a superfície do ovo. A cutícula sela
parcialmente os poros da casca, evitando a perda de umidade e reduzindo a
contaminação (BELL e FREEMAN, 1971).
Para a formação da casca do ovo necessidade de um suprimento
adequado de íons cálcio ao útero e a presença de íons carbonato em seu
fluído, em quantidade suficiente para formar o carbonato de cálcio. O
suprimento de cálcio vem do alimento e o íon carbonato em é originado do CO
2
produzido pelo metabolismo da ave. A formação do íon carbonato a partir de
CO
2
e H
2
O é medida pela enzima anidrase carbônica encontrada na mucosa
do útero (BAIÃO e LÚCIO, 2005).
14
As altas temperaturas podem resultar em ovos menores e de qualidade
da casca reduzida, devido a problemas nos processos fisiológicos que ocorrem
na ave (USAYRAN et al.,2001). O estresse calórico reduz o consumo de ração
e os limites da disponibilidade de cálcio no sangue para a formação da casca
de ovo. Ele também pode reduzir a atividade da anidrase carbônica, uma
enzima que participa na formação de bicarbonato que contribui para o
carbonato a casca de ovo (BALNAVE et al., 1989).
4.3 Equilíbrio ácido base e o metabolismo de cálcio
O lcio para a formação da casca provém na sua maioria da dieta.
Esse mineral é transportado pelo sangue sob duas formas: cálcio iônico e
cálcio ligado à vitelogenina. As duas formas de cálcio plasmático, livre e ligado
à vitelogenina, estão em equilíbrio dinâmico de tal forma que qualquer redução
na concentração de lcio livre, durante a passagem do sangue para o útero,
determina uma imediata transformação do cálcio ligado à vitelogenina em
cálcio livre. O cálcio ionizado é utilizado na formação do ovo, armazenado nos
ossos ou excretado (BAIÃO e LÚCIO, 2005).
O nível plasmático de cálcio, que representa cerca de 1% do total de
Ca
2+
do organismo, é regulado pelo efeito integrado dos hormônios:
paratormônio (PTH), calcitonina, estrógeno e 1,25- dihidroxicolecalciferol
(DHC). Quase metade do lcio plasmático está na forma de cálcio livre
ionizado (Ca
2+
) fisiologicamente ativo nos tecidos alvo; cerca de 15% está
associado a ânions de baixo peso molecular (citratos, fosfatos) e os 40%
restantes estão na forma não ionizada, reversivelmente ligados a proteínas
plasmáticas, principalmente albumina (EATON e POOLER, 2006).
A homeostase do cálcio no organismo é eficientemente atingida através
da ação combinada de três órgãos-sistema: trato gastrointestinal (TGI), rins e
ossos (HOENDEROP et al., 2005). O TGI é a via primordial de absorção do
cálcio dietético, os rins o os órgãos base da regulação plasmática de Ca
2+
e
o osso, o principal reservatório dinâmico de cálcio do organismo.
A maior porcentagem de cálcio é absorvida no duodeno e jejuno das
aves. As poedeiras absorvem ativamente o Ca da dieta para a formação da
casca ao longo de todo o trato gastrointestinal, com xima expressão da
proteína ligadora de lcio no duodeno (SUGIYAMA et al., 2007) e, para a
15
calcificação da casca, ocorre também a reabsorção de Ca ósseo e simultânea
regulação da excreção renal, diminuindo o Ca excretado e aumentando a
excreção de P (WIDEMAN, et al., 1998).
A absorção do Ca
2+
em aves de postura está relacionada com o estado
fisiológico do animal. Poedeiras afetadas por alterações no equilíbrio ácido-
básico, devido à exposição destas aves à altas temperaturas, pode levá-las a
produzir ovos com casca mais fina, pois altera o metabolismo do cálcio durante
o processo de formação da casca. Isso ocorre, porque a alcalose afeta a
concentração de cálcio que aparece no sangue, principalmente no cálcio na
forma livre ou ionizado. A câmara calcígena das aves remove cálcio ionizado
(cálcio difuvel) do sangue para formar a casca, e esse pode ser rapidamente
reposto pela dissociação do cálcio ligado a proteína (cálcio não difusível).
Porém, durante o estresse calórico, um aumento no pH devido a perda de
CO
2
, sendo esse aumento no pH acompanhado por uma diminuição no nível
sanguíneo de cálcio difusível. Dessa forma, uma diminuição do pH resultará em
um aumento no nível de cálcio difuvel, devido à liberação de íons cálcio
ligados às proteínas, e a elevação no pH terá um efeito oposto (FURLAN et al.,
2005).
No estudo de HURWITZ et al. (1973) a absorção ileal de Ca
2+
em
poedeiras jovens foi de 76,8% durante a formação da casca e 28,8% no
período sem formação da casca. Em poedeiras mais velhas, dos 83,6% de Ca
absorvidos até o final do íleo, durante a formação da casca, cerca de 25,0% foi
absorvido no duodeno, 51,7% no jejuno e apenas 6,9% no íleo (HURWITZ e
BAR, 1972).
5. ELETRÓLITOS
Eletrólito pode ser definido como uma substância química, que se
dissocia nos seus constituintes iônicos, tendo como função fisiológica principal
a manutenção do equilíbrio ácido-base corporal. Os íons essenciais à
manutenção do equilíbrio ácido-base são: Na, K e Cl. Além das aves os
exigirem em quantidades mínimas em sua alimentação, para satisfazer suas
necessidades nutricionais, é fundamental que a proporção entre eles seja
obedecida para manter a homeostase ácido-base e obter o ximo
16
desempenho das aves (BORGES, 2001). Entretanto, a disponibilidade dos
eletrólitos pode ser influenciada pela regulação homeostática intestinal e renal,
como resultado da maior absorção de íons monovalentes (TEETER, 1997).
Apesar da importância de balancear adequadamente os eletrólitos da
dieta, os mesmos têm recebido pouca atenção dos nutricionistas. várias
explicações para esta falta de interesse, como o fato de os níveis de potássio
estarem quase sempre em excesso nas rações e o sódio e cloro estarem
facilmente disponíveis no cloreto de sódio (NaCl) e serem de baixo custo.
Contudo, o nível utilizado de NaCl (sal comum) na ração não é ajustado para
estes elementos de acordo com os ingredientes utilizados.
O K
+
é o principal cátion do fluído intracelular, enquanto que o Na
+
e o Cl
-
são os principais íons do fluído extracelular. A osmorregulação é conseguida
pela homeostasia destes íons intra e extra celular. Em condições ótimas, os
conteúdos de água e eletrólitos são mantidos dentro de limites estreitos. Mas a
perda de eletrólitos (Na
+
ou K
+
), sem alteração no conteúdo de água do corpo,
reduz a osmolalidade destes fluídos (BORGES, et al., 2003).
O dio e o cloro são fornecidos na dieta das aves com a finalidade de
manter a composição iônica dos fluídos corporais, além da relação desses
elementos com o balanço ácido-base do animal (COHEN et al., 1972).
Segundo o NRC (1994), os níveis de dio e cloro para poedeiras com
consumo diário de 100 g são 0,15 e 0,13%, respectivamente. Portanto, a
relação sódio:cloro na dieta seria de 1,15:1. No entanto, quando as dietas para
as poedeiras são formuladas com milho e soja mais cloreto de sódio, ocorre
predominância do elemento cloro. ERNST et al. (1975) utilizaram o nível de
0,23% de sódio com diferentes níveis de cloro nas dietas de poedeiras com 90
semanas de idade, estabelecendo as relações dio:cloro 0,77; 0,88; e 1,28:1.
Os autores não constataram diferenças na produção e peso dos ovos,
qualidade do albúmen e espessura da casca. AUSTIC e KESHAVARZ (1984)
não constataram alterações nos valores de pH e CO
2
, quando administraram
dietas contendo três níveis de cálcio (2,0; 2,8; e 3,6%) e dois níveis de cloro
(0,25 e 0,86%). No entanto, o bicarbonato e excesso de base foram reduzidos
com a utilização do nível de 0,86% de cloro dietético. Em outro experimento,
utilizaram várias relações sódio:cloro (0,19:1 a 3,17:1), verificaram melhoria da
qualidade da casca dos ovos, à medida que o nível de cloro dietético foi
17
reduzido. Em um dos experimentos conduzidos por HESS e BRITTON (1989),
três níveis de cloro (0,09; 0,13; e 0,33%) foram utilizados com níveis de dio
variando de 0,14 a 0,19% da dieta de poedeiras com 72 semanas de idade. Os
resultados evidenciaram que a redução do nível de cloro o exerceu efeito
sobre consumo de ração, produção e peso dos ovos, porcentagem e
deformação da casca.
Deficiências de sódio na ração de galinhas em postura têm provocado
grande redução no consumo de ração, na produção de ovos, no peso dos ovos
e no peso corporal (KUCHINSKI et al., 1997).
No entanto, o nível de 0,09% de cloro dietético proporcionou os maiores
valores para a densidade aparente dos ovos, após seis semanas de avaliação.
KESHAVARZ e AUSTIC (1990) avaliaram os efeitos de altos níveis de fósforo
total (1,0 e 1,5%) e cloro (0,80%) sobre o balanço ácido-base e a qualidade da
casca dos ovos. A qualidade da casca e os valores dos indicadores do balanço
ácido-base foram reduzidos com a utilização dos altos níveis de fósforo ou de
cloro nas dietas. Os autores verificaram que as manipulações da dieta que
elevam sua carga ácida, como o aumento dos níveis de sforo ou de cloro,
são prejudiciais à qualidade da casca dos ovos. Esse efeito pode ser atribuído
a aumento na excreção de cálcio mediada pela acidemia resultante de
manipulação da dieta.
Segundo COHEN e HURWITZ (1974), com o aumento do nível de cloro
dietético, decresce a relação sódio/cloro, assim é possível induzir uma acidose,
reduzindo o bicarbonato plasmático. A acidose tem um efeito negativo sobre a
qualidade da casca, devido a redução do bicarbonato plamático. Alimentando
as aves com mais sódio e/ou potássio se induziria as mesmas a uma alcalose,
a qual poderia superar a acidose causada pela adição do cloro, com aumento
na qualidade da casca do ovo (CALDERON, 1994).
6. MEDIDAS DE CONTROLE DO ESTRESSE CALÓRICO
Algumas técnicas de manejo podem ser usadas para minimizar as
perdas econômicas causadas pelo o estresse calórico, podendo-se citar, entre
outras, a utilização de ventiladores e nebulizadores, manejo da água de bebida,
manejo do arraçoamento, utilização de antitérmicos, ácido ascórbico e sais.
18
6.2 Utilização de Sais
Os principais sais adicionados na ração para amenizar as perdas devido o
estresse calórico são: sal comum (NaCl), bicarbonato de sódio (NaHCO
3
),
carbonato de potássio (KHCO
3
)
e Cloreto de amônia (NH
4
Cl) (BORGES, 2001).
Alguns autores verificaram que a adição de bicarbonato de sódio a dietas
de poedeiras pode promover uma melhoria na qualidade da casca e tal efeito
deve ser atribuído ao sódio e não ao íon bicarbonato, ALTAN et al., 2000,
afirmam que a suplementação de NaHCO
3
durante o estresse térmico pode
melhorar a qualidade da casca do ovo. MAKLED e CHARLES (1987), que
descreveram efeitos benéficos da adição de 0,25 ou 0,50% de NaHCO
3
em
rações de poedeiras, as quais produziram ovos com cascas mais espessas.
MILES e HARMS (1982) registraram que a adição de NaHCO
3
às dietas de
poedeiras proporcionou significativa melhora na qualidade da casca dos ovos,
quando observada a gravidade espefica e espessura da casca. BALNAVE e
MAHEEREZA (1997) mostraram que galinhas poedeiras submetidas a altas
temperaturas melhoraram a qualidade da casca dos ovos, quando as aves
tiveram acesso ao NaHCO3, durante o período de formação dos ovos.
Porém, pesquisas que mostram que a adição de sódio nas rações
para poedeiras não resulta em alterações estruturais da casca do ovo (BAIÃO
e LÚCIO, 2005).
TEETER e SMITH (1985) relataram que frangos de corte sob
temperatura ambiente de 32°C, tratados com ração suple mentada com níveis
de 0,3; 1,0 e 3,0% de NH
4
CI no período de 28 a 49 dias, apresentaram o
melhor desempenho com o nível de 1,0%, enquanto que, BRANTON et al.
(1986), ao adicionarem NH
4
CI nos níveis de 0,63 e 3,1% na água de bebida de
frango de corte, verificaram que o nível de 0,63% não afetou a ingestão de
água no período de 42 a 52 dias de criação, contudo, o nível de 3,1% afetou
significativamente este pametro (redução de 79%). TEETER e SMITH (1985),
afirmaram que a adição de cloreto de amônio (NH
4
Cl) na concentração de 0,3 a
1,0%, reduz o pH sanguíneo em 9,5%, não altera a ingestão de água, diminui a
mortalidade e melhora o ganho de peso em 25%, e que o NH
4
CI em
concentrações acima de 3,0% na ração ou na água é tóxico para aves.
19
Dietas formuladas com altos teores de Cl (NH
4
Cl, HCl e CaCl
2
)
diminuem a espessura da casca do ovo, sendo este efeito atribuído a uma
redução no pH sangüíneo e dos fluídos uterinos durante a formação do ovo.
6.3 Balanço Eletrolítico (relação (Na+K)-Cl)
Na literatura são escassos os estudos com a aplicação deste conceito em
dietas para poedeiras comerciais e reprodutoras pesadas. Mas, de maneira
geral há uma maior produção de ovos em poedeiras a medida que aumentava
a proporção de (Na+K)-Cl pela adição de bicarbonato de sódio na ração.
Outras respostas observadas são melhorias na espessura e resistência de
casca, redução no número de ovos com casca fina e aumento na gravidade
especifica quando se utiliza rações adotando o conceito de balanço eletrolítico
(JUNQUEIRA et al., 2000).
Uma vez que as exigências para o sódio e o cloro estejam claramente
definidas, a preocupação atual dos nutricionistas é estabelecer balanço na
dieta para o fornecimento de cátions e ânions (LEESON et al., 1995). Segundo
esses autores, o balanço eletrolítico pode afetar o metabolismo de vários
aminoácidos, principalmente em relação à lisina e arginina, em que o
antagonismo existente entre esses aminoácidos pode ser acentuado ou
parcialmente minimizado pela manipulação de cátions e ânions da dieta. A alta
concentração de ânions na dieta (baixo mEq) pode diminuir a qualidade da
casca do ovos e baixar o pH, enquanto alta concentração de cátions (alto mEq)
está associada à melhora da qualidade da casca dos ovos e ao alto pH no
sangue (MILES e ROSSI, 1984)
A tentativa de alguns pesquisadores para utilizar esses conceitos com o
objetivo de melhorar a qualidade da casca e o desempenho de poedeiras
comerciais tem produzido resultados contraditórios.
MONGIN (1968) foi um dos primeiros a discutir a importância do balanço
cátio-aniônico da dieta, na formação a casca do ovo e sua influência sobre o
desempenho, o metabolismo do Ca e a utilização do fósforo. Segundo
MONGIN (1981), para manter o equilíbrio ácido-base, a ave deve regular a
ingestão e a excreção de ácidos. Existem diferenças na ingestão e excreção de
ânions e cátions da dieta. Porém, os ácidos produzidos no metabolismo
(H
+
endógeno
) também contribuem para o balanço ácido-base. Nas situações em
20
que o animal se encontra em balanço ácido-base constante, sem excesso ou
deficiência de ácido ou base, pode ser descrita a equação:
(Ânions - Cátions)
ingeridos
+ H
+
endógeno
= (Ânions - Cátions)
excretados
BORGES (2001) concluiu que a resposta ao balanço eletrolítico da dieta
depende da temperatura ambiente. A ingestão de água está na dependência
direta da idade da ave e da relação Na+K-Cl na ração, sendo que o aumento
na ingestão de água provocado pela maior relação Na+K-Cl afeta diretamente
a umidade da cama e reduz a temperatura retal nas aves. A relação eletrolítica
da dieta interfere no desempenho das aves, sendo que a relação ideal variou
de 186 a 250 mEq/kg. Balanço eletrolítico elevado (340 e 360 mEq) pode
resultar em alcalose metabólica. Em estresse calórico, a ave retém mais
eletrólitos (Na, K e Cl) na tentativa de manter o equilíbrio ácido base.
MURAKAMI et al. (2003) sugere que um balanço eletrolítico de 205 mEq/kg é o
suficiente para proporcionar adequada qualidade da casca dos ovos para
poedeiras comerciais. SILVA, 2009 recomenda o balanço eletrolítico de 150
a 163 mEq/kg, para codornas japonesas em fase de postura.
JUNQUEIRA et al. (2000), trabalhando com poedeiras comerciais
afirmam que houve maior consumo de ração das aves alimentadas com 186
mEq/kg. Resultados contrastantes aos encontrados por (BORGES, 2001), em
experimento com frangos de corte submetidos a estresse térmico, encontrou
um maior consumo de ração para as aves que receberam a dieta contendo
balanços eletrolíticos mais altos.
VIEITES et al., 2004, trabalhando com frangos de corte obtiveram um
efeito quadrático para os tratamentos em relação aos teores de lcio
plasmático. Os menores teores de cálcio encontrados no sangue
corresponderam aos valores de BE entre 150 e 250 mEq/kg. O excesso desses
elementos (P e Ca) em aves indica alterações do equilíbrio ácido-básico,
resultado de uma resposta do organismo animal que inclui ações hormonais e
mecanismos respiratórios compensatórios, culminando com o ajuste renal.
Segundo DAVENPORT (1972), quando o rim compensa distúrbios do equilíbrio
ácido-básico, ocorre alteração na excreção de eletrólitos, modificando os
padrões eletrolítico e ácido-básico do sangue.
21
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26
CAPÍTULO II
EFEITO DE DIFERENTES BALANÇOS ELETROLÍTICOS SOBRE O
DESEMPENHO E A QUALIDADE DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS
(Coturnix coturnix japonica) DURANTE O INVERNO
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes balanços eletrolíticos
sobre a qualidade dos ovos de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica)
submetidas a estresse térmico no inverno. Foram utilizadas 600 aves,
distribuídas em um delineamento inteiramente casualisado, composto por 5
tratamentos (balanços eletrolíticos), com 8 repetições de 15 codornas por
unidade experimental. Os balanços eletrolíticos calculados foram de 140, 196,
241, 286 e 320 mEq/kg. As características avaliadas foram prodão de ovos,
consumo de ração, massa de ovos, conversão alimentar, peso do ovo,
gravidade especifica, peso de gema, peso de casca, peso de albúmen,
espessura de casca e coloração de gema. Os resultados que apresentaram
efeito significativo (P<0,05) aos balanços eletrolíticos foram consumo de ração,
massa de ovos, conversão alimentar, peso de ovos, peso de albúmen, peso de
casca, gravidade especifica e coloração de gema. O balanço eletrolítico
interferiu na produção de ovos, sendo que na condição experimental os
tratamentos que obtiveram os melhores resultados foram de 196 a 286mEq/kg
de ração.
Palavras–chave: ácido-base, coturnicultura, estresse térmico e peso de casca
27
EFFECT OF DIFFERENT ELECTROLYTE BALANCES ON PERFORMANCE
AND EGG QUALITY OF JAPANESE QUAILS (Coturnix coturnix japonica)
SUBMITED TO WINTER
ABSTRACT
The objective of the current study was to evaluate effect of different electrolyte
balances on egg quality of japanese quails (Coturnix coturnix japonica)
submited to winter termic stress. They were utilized 600 birds, distributed in a
completely randomized desing, composed by five treatments (electrolyte
balances), with eight replications of 15 quails per experimental unit. The
electrolyte balances calculated were 140, 196, 241, 286 and 320 mEq/kg. The
characteristics evaluated of were production of eggs, feed intake, mass of eggs,
feed conversion,egg weight, specific gravity, yolk weight, shell weight, albumen
weight, shell thicknees and staining of yolk. The results presented significative
effect (P<0,05) of electrolyte balance on feed intake, mass of eggs, feed
conversion, egg weight, shell weight, albumen weight, specific gravity and
staining of yolk. The electrolyte balance affected the production eggs, and
provided experimental treatments that have the best results were 196 to 286
mEq/kg of food.
Keywords: acid-base, hat stress, quail production and weight bark
28
1. INTRODUÇÃO
O ovo é um dos alimentos mais completos, uma vez que possui elevado
teor de proteína, além de lipídeos, minerais e vitaminas. Para que todo esse
potencial nutritivo seja otimizado pelo homem, o ovo precisa ser preservado
durante o período de armazenamento, uma vez que podem transcorrer
semanas entre o momento da postura e o consumo.
Sabe-se que para se ter uma boa qualidade de ovos é necessário que as
aves estejam em ótimas condições de criação (manejo e nutrição). Porém um
razoável mero de aves vive em locais suscetíveis a estresses provocados
por calor e/ou frio. Uma das conseqüências do estresse é a mudança no
equilíbrio ácido-base, causando uma série de problemas metabólicos,
ocasionando um impacto negativo sobre o desempenho do animal, afetando a
produção de ovos, pois as aves tendem a produzir ovos menores e de casca
mais fina. A baixa qualidade dos ovos é um problema grave que afeta
produtores de ovos, seus custos de produção e acaba, indiretamente, atingindo
o consumidor (JUDICE et al., 2002). As perdas de ovos devido à baixa
qualidade da casca podem chegar a 20% antes de chegar no varejo (ROLAND,
1988).
A zona de conforto térmico das codornas em fase de produção situa-se
em torno de 23º C. Abaixo desta temperatura, as aves devem gerar mais calor
a fim de manter o corpo aquecido. Algumas técnicas de manejo podem ser
usadas para minimizar as perdas econômicas por estresse calórico, podendo-
se citar, entre outras, a utilização de ventiladores e nebulizadores, manipulação
da proteína e energia da dieta, aclimatação dos animais, utilização de
antitérmicos, ácido ascórbico e eletrólitos (BORGES, 2001).
O sódio (Na
+
), o potássio (K
+
) e o cloro (Cl
-
) o os principais eletrólitos
utilizados, pois são íons fundamentais na manutenção da pressão osmótica e
equilíbrio ácido base dos líquidos corporais. A alta concentração de ânions na
dieta (baixo miliequivalente) pode diminuir a qualidade da casca do ovos e
baixar o pH, enquanto alta concentração de cátions (alto mEq) está associada
à melhora da qualidade da casca dos ovos e ao alto pH no sangue (MILES e
ROSSI, 1984). MONGIN (1968) foi um dos primeiros a discutir a importância do
29
balanço cátio-aniônico da dieta, na formação a casca do ovo e sua influência
sobre o desempenho, o metabolismo do Ca e a utilização do fósforo.
A tentativa de alguns pesquisadores para utilizar esses conceitos com o
objetivo de melhorar a qualidade da casca e o desempenho de poedeiras
comerciais tem produzido resultados contraditórios. Segundo MONGIN (1981),
para manter o equilíbrio ácido-base, a ave deve regular a ingestão e a
excreção de ácidos. Existem diferenças na ingestão e excreção de ânions e
cátions da dieta. Porém, os ácidos produzidos no metabolismo (H+endógeno)
também contribuem para o balanço ácido-base. Nas situões em que o animal
se encontra em balanço ácido-base constante, sem excesso ou deficiência de
ácido ou base, pode ser descrita a equação:
(Ânions - Cátions)
ingeridos
+ H
+
endógeno
= (Ânions - Cátions)
excretados
Apesar da importância de se balancearem adequadamente os eletrólitos
da dieta, os mesmos têm recebido pouca atenção dos nutricionistas. várias
explicações para esta falta de interesse, como o fato de os níveis de potássio
estarem quase sempre em excesso nas rações e o sódio e cloro estarem
facilmente disponíveis no cloreto de sódio (NaCl) e serem de baixo custo.
Contudo, o nível utilizado de NaCl (sal comum) na ração não é ajustado para
estes elementos de acordo com os ingredientes utilizados.
BORGES (2001) concluiu que a resposta ao balanço eletrolítico da dieta
depende da temperatura ambiente. A ingestão de água está na dependência
direta da idade da ave e da relação Na+K-Cl na ração, sendo que o aumento
na ingestão de água provocado pela maior relação Na+K-Cl afeta diretamente
a umidade da cama e reduz a temperatura retal nas aves. A relação eletrolítica
da dieta interfere no desempenho das aves, sendo que a relação ideal variou
de 186 a 250mEq/kg. Balanço eletrolítico elevado (340 e 360mEq) pode
resultar em alcalose metabólica. Em estresse calórico, a ave retém mais
eletrólitos (Na, K e Cl) na tentativa de manter o equilíbrio ácido base,
MURAKAMI et al. (2003) sugere que um balanço eletrolítico de 205 mEq/kg é o
suficiente para proporcionar adequada qualidade da casca dos ovos para
poedeiras comerciais
30
Dietas formuladas com altos teores de Cl (NH
4
Cl, HCl e CaCl
2
) diminuem
a espessura da casca do ovo, sendo este efeito atribuído a uma redução no pH
sangüíneo e dos fluídos uterinos durante a formação do ovo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes balanços
eletrolíticos, relação (Na
+
, K
+
e Cl
-
), em formulação de rações para codornas
japonesas na fase de prodão sobre o desempenho zootécnico e qualidade
externa dos ovos, criadas durante o inverno.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Animais e Local do Experimento
Foram utilizadas 600 codornas de postura (Coturnix coturnix japonica),
alojadas com cinco semanas de idade e passaram por um período de
adaptação de duas semanas, estavam portanto com sete semanas de idade no
início do experimento. As aves foram distribuídas em um delineamento
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos, oito repetições e quinze aves
por unidade experimental. O período experimental foi dividido em quatro ciclos
de 23 dias, durante o inverno (junho-setembro).
As aves foram alojadas em 40 gaiolas dispostas em sistema de pirâmide,
medindo 100x35x20cm (Largura x Comprimento x Altura), cada gaiola é
dividida em 5 células iguais (20x35x20cm), sendo alojadas três aves por célula,
fornecendo área de 233,3 cm
2
/ave. As aves tiveram acesso à água por meio de
bebedouros tipo copo, sendo um copo para cada duas lulas de gaiolas. Os
comedouros utilizados foram do tipo calha de chapa galvanizada, dispostos na
parte frontal, percorrendo toda a extensão das fileiras de gaiolas; com cada
unidade experimental possuindo seu próprio comedouro. Os bebedouros foram
observados diariamente e a ração fornecida à vontade, distribuída de manhã e
à tarde. O programa de luz utilizado na fase de produção foi de 17 horas de luz
natural+artificial.
31
2.2 Dieta e Temperaturas
As dietas experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de
soja. Os balanços eletrolíticos das dietas calculados foram de 140, 196, 241,
286 e 320 mEq/kg, correspondendo aos tratamentos 1, 2, 3, 4 e 5
respectivamente. obtidos pela adição de sal comum (NaCl), bicarbonato de
sódio (NaHCO
3
), carbonato de potássio (K
2
CO
3
)
e Cloreto de amônia (NH
4
Cl)
na ração, conforme a Tabela1.
Tabela 1. Composição das Rações Experimentais:
Macroingredientes
Ração Experimental
1 2 3 4 5
Milho Grão 562,00 562,00 562,00 562,00 562,00
Farelo de Trigo 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00
Soja Farelo 45% 272,00 272,00 272,00 272,00 272,00
Farinha de Carne 45% 62,00 62,00 62,00 62,00 62,00
Calcário 61,00 61,00 61,00 61,00 61,00
Carbonato de Potássio 54% 0,00 0,00 1,00 3,30 4,97
Bicarbonato de Sódio 0,00 0,00 2,50 3,50 4,50
Cloreto de Amônia 3,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cloreto de Sódio 3,20 3,50 1,70 1,00 1,00
Inerte 4,27 6,97 5,27 2,67 0,00
DL - Metionina 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83
Cloreto Colina 60% 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
Supl. Min. Vitaminico 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50
Total 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000
Exigência Calculada
EM Aves_Kcal/kg 2.701 2.701 2.701 2.701 2.701
Proteína (%) 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
Cálcio (%) 3,10 3,10 3,10 3,10 3,10
Fósforo Total (%) 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74
Fósforo Disponível (%) 0,48 0,48 0,48 0,48 0,48
Sódio (%) 0,18 0,19 0,20 0,20 0,22
Potássio (%) 0,78 0,78 0,84 0,96 1,05
Cloro (%) 0,48 0,30 0,19 0,15 0,15
Lisina (%) 1,07 1,07 1,07 1,07 1,07
Metionina + Cistina (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75
Ácido Linoleico (%) 1,37 1,37 1,37 1,37 1,37
mEq/kg_mEq/kg 140,17 195,88 241,29 285,67 320,47
O controle do consumo de ração foi obtido por meio da pesagem feita
durante o início e final de cada ciclo. No início do ciclo foram pesadas
quantidades iguais de rações e colocadas em 40 baldes com tampa, sendo
uma para cada unidade experimental, e no final de cada ciclo foram pesados
os baldes para quantificar-se as sobras. A coleta de ovos foi realizada duas
32
vezes ao dia (8:00 e às 16:00 horas), assim como as variáveis ambientais,
temperatura e umidade relativa do ar que foram medidas utilizando
termômetros de máxima e mínima e de bulbo seco e úmido (Tabela 2.).
Tabela 2. Valores de Umidade Relativa e Temperaturas Mínimas, Máximas e
Médias do Período Experimental.
Índices Valores
UR Média 70,8%
UR Minima 33,0%
UR Máxima 90,0%
Temp Média 15,3ºC
Temp Miníma Média 11,5ºC
Temp Mínima 0,0ºC
Temp Máxima Média 19,2ºC
Temp Máxima 27,0ºC
2.3 Avaliações
Foram avaliados parâmetros de desempenho: consumo de ração,
produção diária de ovos, massa de ovos produzidos e conversão alimentar (kg
de ração/kg de ovos). Foram também estudados parâmetros de qualidade
interna do ovo (peso de gema, peso de albúmen e coloração de gema) e
externa (peso do ovo, peso de casca, espessura de casca e gravidade
específica).
Para a qualidade de ovo, todos os ovos foram analisados individualmente
nos três últimos dias de cada ciclo, pelos métodos não destrutivos e
destrutivos. No método não destrutivo, foi realizado o teste de gravidade
específica logo após a coleta dos ovos, por imersão dos mesmos em quatro
baldes plásticos com diferentes soluções salinas, em concentrações que
variaram de 1,060 à 1,090. Os ovos foram submersos nos baldes, da menor
para a maior concentração salina. Ao flutuarem, os ovos eram retirados e
colocados em bandejas identificadas e os dados anotados em planilhas
apropriadas. Para o método destrutivo, os ovos identificados foram
quebrados e pesados com o auxilio de uma balança analítica digital de
precisão de 0,01g. Posteriormente, foram pesadas as gemas, e as cascas
foram lavadas e secas em estufa à 60ºC por 24 horas e em seguida pesadas.
Também foram medidas a espessura de casca utilizando um paquímetro
33
digital. As colorações das gemas destes ovos foram determinadas com o
auxílio do Leque Colorimétrico de Roche®, com escala variando de 1 à 15.
2.4 Análise Estatística
Todas as variáveis analisadas foram submetidas à análise de variância,
sendo os contrastes de média realizados pelo teste de Tukey (P<0,05). Em
seguida realizou-se a análise de Regressão a 5% de probabilidade, utilizando-
se a regressão linear ou quadrática conforme o melhor ajuste, utilizando-se o
SAS 2000.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de desempenho, produção de ovos (PRO), consumo de
ração (CR), massa de ovos (MO) e conversão alimentar (CA), encontram-se na
Tabela 3. Para PRO não foram observados efeitos significativos em relação
aos balanços eletrolíticos, resultado semelhante foi encontrado por FARIA et
al., 2000, que não encontraram diferença na PRO após aumentarem o balanço
eletrolitco da ração de 120 mEq/kg para 140 mEq/kg, embora os autores
tenham trabalhado com BE muito baixos. Porém, difere ao encontrado por
SANTOS et al (2004), que trabalhando com matrizes pesadas, obtiveram uma
melhora significativa na produção de ovos após adicionar os eletrólitos na
ração.
No presente estudo foi observado um efeito significativo (P<0,05) do CR,
onde a dieta (320 mEq/kg) que continha maiores níveis de carbonato de
potássio e bicarbonato de sódio e menores níveis de sal comum, obteve o
menor consumo de ração. Resultados iguais foram encontrados por (BORGES,
2001), onde em experimento com frangos de corte submetidos a estresse
térmico, encontrou a menor consumo de ração para as aves que receberam
uma dieta contendo 360 mEq/kg. Essa reduçãode consumo pode estar
relacionada ao excesso de eletrólitos e/ou as propriedades químicas do
carbonato de potássio. Além disso, em ambientes frios o animal pode aumentar
sua produção de calor como reação ao meio, justamente pelo aumento do
consumo, porém se a temperatura ambiente diminui ainda mais, uma parte dos
34
nutrientes são catabolizadas como reserva de calor em detrimento da
produção, ou seja, mesmo o aumento de consumo não será suficiente para
manter a máxima produção (MÜLLER, 1989).
Tabela 3. Produção de ovos (PRO), consumo de ração (CR), massa de ovos (MO) e
conversão alimentar (CA) no período experimental total, de codornas
alimentadas com diferentes balanços eletrolíticos.
Balanço Eletrolítico
Índices de Desempenho
(mEq/kg)
PRO (%) CR (g) MO (g) CA (kg/kg)
140 90,46 30,47 a 10,02 b 3,04 a
196 91,32 30,39 ab 10,45 a 2,91 ab
241 93,43 29,95 ab 10,65 a 2,81 b
286 91,63 30,32 ab 10,60 a 2,86 b
320 91,18 29,12 b 10,44 a 2,79 b
P
1
NS 0,04 <0,01 <0,01
PL
2
NS NS NS <0,01
II
PQ
3
NS NS <0,01
I
NS
CV %
4
2,88 2,85 2,53 3,60
EPM
5
0,04 0,16 0,06 0,02
Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna, diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%).
1
Probabilidade da Análise de Variância,
2
Probabilidade da Regressão Linear,
3
probabilidade da
Regressão Quadrática,
4
Coeficiente de Variação,
5
Erro Padrão da Média.
I
Ŷ = -5E-05x
2
+ 0,0242x + 7,5541 R
2
= 0,46
II
Ŷ = -0,0013x + 3,1804 R
2
=0,38
A massa de ovos, foi afetada pelo balanço eletrolítico da ração, sendo
encontrada a massa de ovo menor na dieta que continha 140 mEq/kg. Estes
resultados são semelhantes aos encontrados por JUNQUEIRA et al., 2000, que
em experimento realizado com poedeiras comerciais recebendo diferentes
balanços eletrolíticos, observou massa de ovos maior nas aves que receberam
dietas contendo 265 mEq/kg e menores quando receberam dietas contendo
187 e 300 mEq/kg .
Para a variável CA, houve efeito significativo (P<0,05) em relação ao
balanço eletrolítico, mostrando que quanto maior a inclusão de NaHCO
3
na
dieta, melhor é a conversão alimentar, dados que corroboram com (FISCHER
DA SILVA et al., 1994), que em experimento realizado com frangos de corte,
submetidos a altas temperaturas, obtiveram um melhor consumo de ração,
ganho de peso e conversão alimentar. Ribeiro et al., 2008 afirmam que a
exigência média de sódio, estimada pela regressão quadrática para a fase de 7
a 12 semanas de idade das aves considerando o ganho de peso diário e a
conversão alimentar foi de 0,22 %, resultando em balanço eletrolítico da dieta
de 235 mEq/kg.
35
Os resultados que expressam a qualidade de ovos (Peso de ovos (PO),
peso de gema (PG), peso de albúmen (PA), peso de casca (PC), espessura de
casca (EC), gravidade especifica (GE) e coloração de gema (CG)), em relação
ao balanço eletrolítico encontram-se na tabela 4.
O peso médio dos ovos e o peso de albúmen foram afetados pelo balanço
eletrolítico, sendo que os maiores pesos foram encontrados nos tratamentos
que continham 196 e 241 mEq/kg, resultados contrastantes aos encontrados
por NOBAKHT et al., 2007, que observaram o maior peso de ovos em dietas
com 360 mEq/kg. Houve efeito do balanço eletrolítico para a variável peso de
gema. Para espessura de casca também o foram encontradas diferenças
significativas em relação o balanço eletrolítico das dietas (P>0,05), porém
NOBAKHT et al., 2007 trabalhando com poedeiras verificaram as melhores
espessuras de casca nas dietas que continham 120 e 360 mEq/kg.
Tabela 4. Peso de ovos (PO), peso de gema (PG), peso de albúmen (PA), peso de
casca (PC), espessura de casca (EC), gravidade especifica (GE) e coloração
de gema (CG) no período experimental total, de codornas alimentadas com
diferentes balanços eletrolíticos.
Balanço
Eletrolítico
Índices de Qualidade de Ovos
(mEq/kg)
PO (g) PG (g)
PA (g) PC (g) EC (mm) GE CG
140 11,05 b 3,31 6,78 b 0,95 b 0,224 1082,93 b 4,37
196 11,39 a 3,36 6,98 a 0,97 ab
0,221 1084,29 a 4,47
241 11,40 a 3,40 7,06 a 0,97 ab
0,222 1083,24 ab
4,40
286 11,36 ab
3,40 6,98 a 1,00 a 0,222 1084,13 b 4,49
320 11,17 ab
3,34 6,95 ab 0,95 b 0,221 1084,37 b 4,55
P
1
<0,01 NS <0,01 0,04 NS 0,04 NS
PL
2
NS NS NS NS NS 0,01
IV
0,03
V
PQ
3
0,02
I
NS <0,01
II
0,04
III
NS NS NS
CV%
4
1,97 3,02 1,76 3,17 2,86 0,09 2,80
EPM
5
0,05 0,02 0,03 0,01 <0,01 0,19 0,02
Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna, diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%).
1
Probabilidade da Análise de Variância,
2
Probabilidade da Regressão Linear,
3
Probabilidade da
Regressão Quadrática,
4
Coeficiente de Variação,
5
Erro Padrão da Média.
I
Ŷ = -4E-05x
2
+0,0191x+9,1646 R
2
=0,29
II
Ŷ = -2E-05x
2
+0,0106x+5,7209 R
2
=0,18
III
Ŷ = -3E-06x
2
+0,0017x+0,7746 R
2
=0,16
IV
Ŷ = 0,0061x+1082,3 R
2
=0,13
V
Ŷ = 0,0009x+4,2527 R
2
=0,18
Neste trabalho não foi encontrado uma relação positiva entre a gravidade
especifica e o peso de casca, enquanto para GE não houve um efeito
significativo (P<0,05), para PC houve um efeito significativo (P<0,05), sendo
36
resultados contraditórios relatados por OLSSON (1934), que afirma que a
gravidade específica (GE) dos ovos apresenta relação direta com o porcentual
de casca, podendo ser utilizada como método indireto na determinação da
qualidade da casca. Resultado semelhante foi encontrado por ABDALLAH et al.
(1993), que estudando a relação entre a porcentagem de ovos quebrados e a
gravidade específica, observaram que a porcentagem de ovos trincados
decresce com o aumento da GE.
BARRETO et al., 2007 afirmam que a gravidade específica do ovo se
eleva com o aumento dos níveis de Na na dieta das aves, entretanto não
verificaram diferença significativa no porcentual de casca em relação aos
níveis de Na, resultados contrastantes aos encontrados por FIGUEIREDO et al.
(2004) e PIZZOLANTE (2005) que não verificaram efeito do nível de Na sobre
a gravidade específica do ovo.
4. CONCLUSÕES
Com base nos resultados apresentados, pode-se concluir que o balanço
eletrolítico da ração (Na+K-Cl) interfere no desempenho e na qualidade de
ovos de codornas japonesas em fase de postura, quando criadas durante o
inverno.
Dietas com 196 à 286 mEq/kg, para codornas japonesas durante o
inverno, foi suficiente para proporcionar bom desempenho e qualidade de ovos.
37
5. REFERENCIAS
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39
CAPÍTULO III
EFEITO DE DIFERENTES BALANÇOS ELETROLÍTICOS SOBRE O
DESEMPENHO E A QUALIDADE DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS
(Coturnix coturnix japonica) DURANTE O VERÃO
RESUMO
A exposição de codornas à ambientes de altas temperaturas vêem se tornando
um problema comum nas granjas brasileiras, resultando em estresse calórico e
problemas fisiológicos e metabólicos, afetando negativamente o desempenho
produtivo destas aves, porém alguns métodos podem ser usados para
minimizar estas perdas, como a manipulação química do equilíbrio ácido-base
por meio da adição de sais na ração. O objetivo deste experimento foi avaliar
os efeitos do balanço eletrolítico na ração sobre o desempenho zootécnico de
codornas japonesas quando submetidas à altas temperaturas. Foram utilizadas
600 aves, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, composto
por 5 tratamentos, com 8 repetições de 15 aves. Os balanços eletrolíticos
calculados foram de 140, 196, 241, 286 e 320 mEq/kg. As características de
desempenho avaliadas foram produção de ovos, consumo de ração, massa de
ovos e conversão alimentar; e para qualidade de ovos foram avaliados o peso
do ovo, gravidade especifica, peso de gema, peso de casca, peso de albúmen,
espessura de casca e coloração de gema. Houve efeito significativo (P<0,05)
para consumo de ração e conversão alimentar, sendo que nas condições
experimentais os melhores resultados foram obtidos quando se utilizou de 320
mEq/kg de ração. os resultados de qualidade de ovos apresentaram efeito
significativo (P<0,05) para peso de albúmen, peso de casca e espessura de
casca, sendo que nas condições em que as aves foram expostas o tratamento
contendo 241 mEq/kg apresentou os melhores índices de qualidade de ovos.
Palavras–chave: ácido-base; coturnicultura; estresse calórico; massa de ovos
e produção de ovos.
40
EFFECT OF DIFFERENT ELECTROLYTE BALANCES ON THE
PERFORMANCE OF JAPANESE QUAILS (Coturnix coturnix japonica)
DURING THE SUMMER
ABSTRACT
The exposure of quail to very high temperatures see becoming a common
problem in brazilian farms, resulting in heat stress and metabolic and
physiological problems, negatively affecting the productive performance of
these birds, but some methods can be used to minimize these losses, as
chemical manipulation of acid-base through the addition of salt in the diet. The
purpose of this study was to evaluate the effects of electrolyte balance in the
diet upon the performance of Japanese quail when subjected to high
temperatures. 600 birds were used, distributed in a completely randomized
design with 5 treatments, with 8 replicates of 15 birds. The electrolyte balance
was calculated were 140, 196, 241, 286 and 320 mEq/kg. The performance
characteristics evaluated were egg production, feed intake, egg mass and feed
conversion; and egg quality were evaluated for egg weight, specific gravity, yolk
weight, shell weight, albumen weight, thickness shell and yolk color. The
performance results showed a significant effect (P<0,05) feed intake and feed
conversion, and the experimental conditions the best physiological response
was obtained when using 320 mEq/kg. Since the results of egg quality had a
significant effect (P<0,05) for albumen weight, shell weight and shell thickness,
and the conditions under which the birds were exposed to the treatment
containing 241 mEq/kg showed the best indices of quality of eggs.
Keywords: acid-base; egg mass; egg production; heat stress and quail
production.
41
1. INTRODUÇÃO
A coturnicultura vem se destacando, nos últimos tempos, como
promissora criação de aves adaptadas às condições de exploração doméstica.
Esta preferência é decorrente do crescente aumento do consumo de ovos e por
ter um baixo investimento inicial. A produção de ovos aumenta a cada ano e,
consequentemente a busca para seu aprimoramento e novas tecnologias. A
nutrição desenvolve um papel fundamental para a qualidade do produto final, o
ovo (CRUZ et al., 2009).
Um país com o clima do Brasil possui limitações em relação a criação
dessas aves, pois elas são muito susceptíveis a modificações de temperatura,
lembrando que as aves o animais homeotérmicos e possuem um centro
termorregulador no sistema nervoso central, o hipotálamo, que é um órgão que
funciona como termostato fisiológico, controlando a produção e dissipação de
calor através de diversos mecanismos, como o fluxo sanguíneo na pele,
mudança na freqüência cardíaca e respiratória e modificação na taxa
metabólica (MORO, 1995). O aparelho termorregulador das aves é pouco
desenvolvido, tornando-as sensíveis ao frio quando jovens e ao calor quando
adultas.
A conseqüência mais grave do aumento da temperatura ambiental e
conseqüente aumento da freqüência respiratória é o aparecimento de distúrbio
do equilíbrio ácido base, chamado de alcalose respiratória. Isso provoca perdas
excessivas de dióxido de carbono (CO
2
). Assim, a pressão parcial de CO
2
(pCO
2
) diminui, levando a queda na concentração de ácido carbônico (H
2
CO
3
)
e hidrogênio (H
+
). A resposta renal é o aumento na excreção de bicarbonato
(HCO
3
-
) e uma redução na excreção de H
+
na tentativa de manter o equilíbrio
ácido base do animal (FURLAN, 1992; MACARI et al., 1994).
Além disso, em poedeiras, esse desequilíbrio pode acarretar em perdas
na produção de ovos, pois as aves tendem a produzir ovos menores e de
casca mais fina. Isso ocorre porque a alcalose afeta a concentração de cálcio
que aparece no sangue, principalmente o cálcio na forma livre ou ionizado, pois
esta é a forma utilizada pelas aves para ser efetivamente depositado na casca
do ovo. Assim, a câmara calcígena das aves remove cálcio ionizado (cálcio
difusível) do sangue para formar a casca, e esse pode ser rapidamente reposto
42
pela dissociação dolcio ligado à proteína (cálcio não-difusível). Porém,
durante o estresse calórico, um aumento no pH devido à perda de dióxido
de carbono (ofegação) sendo esse aumento no pH resultará em uma
diminuição no nível sanguíneo de cálcio difusível. com a uma diminuição no
pH resultará em um aumento no nível de cálcio difusível, devido à liberação de
íons cálcio ligados às proteínas. (FURLAN et al., 2002).
Algumas técnicas de manejo podem ser usadas para minimizar as perdas
econômicas por estresse calórico, podendo-se citar, entre outras, a utilização
de ventiladores e nebulizadores, manipulação da proteína e energia da dieta,
aclimatação dos animais, utilização de antitérmicos, ácido ascórbico e
eletrólitos (BORGES, 2001)
O sódio (Na
+
), o potássio (K
+
) e o cloro (Cl
-
) o os principais eletrólitos
utilizados, pois são íons fundamentais na manutenção da pressão osmótica e
equilíbrio ácido base dos líquidos corporais. A alta concentração de ânions na
dieta (baixo miliequivalente) pode diminuir a qualidade da casca do ovos e
baixar o pH, enquanto alta concentração de cátions (alto mEq) está associada
à melhora da qualidade da casca dos ovos e ao alto pH no sangue (MILES e
ROSSI, 1984). MONGIN (1968) foi um dos primeiros a discutir a importância do
balanço cátio-aniônico da dieta, na formação a casca do ovo e sua influência
sobre o desempenho, o metabolismo do Ca e a utilização do fósforo.
A tentativa de alguns pesquisadores para utilizar esses conceitos com o
objetivo de melhorar a qualidade da casca e o desempenho de poedeiras
comerciais tem produzido resultados contraditórios.
Segundo MONGIN (1981), para manter o equilíbrio ácido-base, a ave
deve regular a ingestão e a excreção de ácidos. Existem diferenças na
ingestão e excreção de ânions e cátions da dieta. Porém, os ácidos produzidos
no metabolismo (H
+
endógeno
) também contribuem para o balanço ácido-base.
Nas situações em que o animal se encontra em balanço ácido-base constante,
sem excesso ou deficiência de ácido ou base, pode ser descrita a equação:
(Ânions - Cátions)
ingeridos
+ H
+
endógeno
= (Ânions - Cátions)
excretados
Apesar da importância de se balancearem adequadamente os eletrólitos
da dieta, os mesmos têm recebido pouca atenção dos nutricionistas. várias
explicações para esta falta de interesse, como o fato de os níveis de potássio
43
estarem quase sempre em excesso nas rações e o sódio e cloro estarem
facilmente disponíveis no cloreto de sódio (NaCl) e serem de baixo custo.
Contudo, o nível utilizado de NaCl (sal comum) na ração não é ajustado para
estes elementos de acordo com os ingredientes utilizados.
O objetivo deste experimento foi avaliar o efeito de diferentes balanços
eletrolíticos, relação (Na
+
, K
+
e Cl
-
), em formulação de rações para codornas
japonesas na fase de prodão sobre o desempenho zootécnico e qualidade
externa dos ovos, quando submetidas a estresse causado por altas
temperaturas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Animais e Local do Experimento
Foram utilizadas 600 codornas de postura (Coturnix coturnix japonica),
alojadas com cinco semanas de idade e passaram por um período de
adaptação de duas semanas, estavam portanto com sete semanas de idade no
início do experimento. As aves foram distribuídas em um delineamento
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos, oito repetições e quinze aves
por unidade experimental. O período experimental foi dividido em quatro ciclos
de 23 dias, durante o verão (janeiro-abril).
As aves foram alojadas em 40 gaiolas dispostas em sistema de pirâmide,
medindo 100x35x20cm (Largura x Comprimento x Altura), cada gaiola é
dividida em 5 células iguais (20x35x20cm), sendo alojadas três aves por célula,
fornecendo área de 233,3 cm
2
/ave. As aves tiveram acesso à água por meio de
bebedouros tipo copo, sendo um copo para cada duas lulas de gaiolas. Os
comedouros utilizados foram do tipo calha de chapa galvanizada, dispostos na
parte frontal, percorrendo toda a extensão das fileiras de gaiolas; com cada
unidade experimental possuindo seu próprio comedouro. Os bebedouros foram
observados diariamente e a ração fornecida à vontade, distribuída de manhã e
à tarde. O programa de luz utilizado na fase de produção foi de 17 horas de luz
natural+artificial.
44
2.2 Dietas e Temperaturas
As dietas experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de
soja. Os balanços eletrolíticos das dietas calculados foram de 140, 196, 241,
286 e 320 mEq/kg, correspondendo aos tratamentos 1, 2, 3, 4 e 5
respectivamente. obtidos pela adição de sal comum (NaCl), bicarbonato de
sódio (NaHCO
3
), carbonato de potássio (K
2
CO
3
)
e Cloreto de amônia (NH
4
Cl)
na ração, conforme a Tabela 6.
Tabela 5. Composição das Rações Experimentais:
Macroingredientes
Ração Experimental
1 2 3 4 5
Milho Grão 562,00 562,00 562,00 562,00 562,00
Farelo de Trigo 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00
Soja Farelo 45% 272,00 272,00 272,00 272,00 272,00
Farinha de Carne 45% 62,00 62,00 62,00 62,00 62,00
Calcário 61,00 61,00 61,00 61,00 61,00
Carbonato de Potássio 54% 0,00 0,00 1,00 3,30 4,97
Bicarbonato de Sódio 0,00 0,00 2,50 3,50 4,50
Cloreto de Amônia 3,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cloreto de Sódio 3,20 3,50 1,70 1,00 1,00
Inerte 4,27 6,97 5,27 2,67 0,00
DL - Metionina 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83
Cloreto Colina 60% 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
Supl. Min. Vitaminico 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50
Total 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000
Exigência Calculada
EM Aves_Kcal/kg 2.701 2.701 2.701 2.701 2.701
Proteína (%) 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
Cálcio (%) 3,10 3,10 3,10 3,10 3,10
Fósforo Total (%) 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74
Fósforo Disponível (%) 0,48 0,48 0,48 0,48 0,48
Sódio (%) 0,18 0,19 0,20 0,20 0,22
Potássio (%) 0,78 0,78 0,84 0,96 1,05
Cloro (%) 0,48 0,30 0,19 0,15 0,15
Lisina (%) 1,07 1,07 1,07 1,07 1,07
Metionina + Cistina (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75
Ácido Linoleico (%) 1,37 1,37 1,37 1,37 1,37
mEq/kg_mEq/kg 140 196 241 286 320
O controle do consumo de ração foi obtido por meio da pesagem feita
durante o início e final de cada ciclo. No início do ciclo foram pesadas
quantidades iguais de rações e colocadas em 40 baldes com tampa, sendo
uma para cada unidade experimental, e no final de cada ciclo foram pesados
45
os baldes para quantificar-se as sobras. A coleta de ovos foi realizada duas
vezes ao dia (8:00 e às 16:00 horas), assim como as variáveis ambientais,
temperatura e umidade relativa do ar que foram medidas utilizando
termômetros de máxima e mínima e de bulbo seco e úmido (Tabela 7).
Tabela 6. Umidade Relativa e Temperaturas Mínimas, Máximas e Médias de cada
Ciclo
1º Ciclo
2º Ciclo
3º Ciclo
4º Ciclo
Média Ciclos
UR Média (%) 72,1 75,1 77,1 72,8 74,3
UR Mínima (%) 50,0 55,0 64,0 64,0 -
UR Máxima (%) 91,0 91,0 86,0 90,0 -
Temp Média (ºC) 22,4 25,5 23,3 21,5 23,1
Temp Mínima Média (ºC) 19,1 20,4 18,0 15,2 18,2
Temp Mínima (ºC) 16,0 17,0 12,0 11,0 -
Temp Máxima Média (ºC) 25,7 30,5 28,5 27,7 28,1
Temp Máxima (ºC) 31,0 35,0 31,0 35,0 -
2.3 Parâmetros Avaliados
Foram avaliados parâmetros de desempenho: consumo de ração,
produção diária de ovos, massa de ovos produzidos e conversão alimentar (kg
de ração/kg de ovos). Foram também estudados parâmetros de qualidade
interna do ovo (peso de gema, peso de albúmen e coloração de gema) e
externa (peso do ovo, peso de casca, espessura de casca e gravidade
específica).
Para a qualidade de ovo, todos os ovos foram analisados
individualmente nos três últimos dias de cada ciclo, pelos métodos não
destrutivos e destrutivos. No método não destrutivo, foi realizado o teste de
gravidade específica logo após a coleta dos ovos, por imersão dos mesmos em
quatro baldes plásticos com diferentes soluções salinas, em concentrações que
variarão de 1,060 à 1,090. Os ovos foram submersos nos baldes, da menor
para a maior concentração salina. Ao flutuarem, os ovos eram retirados e
colocados em bandejas identificadas e os dados anotados em planilhas
apropriadas. Para o método destrutivo, os ovos identificados foram
quebrados e pesados com o auxilio de uma balança analítica digital de
precisão de 0,01g. Posteriormente, foram pesadas as gemas, e as cascas
foram lavadas e secas em estufa à 60ºC por 24 horas e em seguida pesadas.
46
Também foram medidas a espessura de casca utilizando um paquímetro
digital. As colorações das gemas destes ovos foram determinadas com o
auxílio do Leque Colorimétrico de Roche®, com escala variando de 1 à 15.
2.4 Análise Estatística
Todas as variáveis analisadas foram submetidas à análise de variância,
sendo os contrastes de média realizados pelo teste de Tukey (P<0,05). Em
seguida realizou-se a análise de Regressão a 5% de probabilidade, utilizando-
se a regressão linear ou quadrática conforme o melhor ajuste, utilizando-se o
SAS 2000.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os efeitos dos diferentes balanços eletrolíticos sobre o desempenho
zootécnico, produção de ovos (PRO), consumo diário de ração (CDR), massa
de ovos (MO) e conversão alimentar (CA), durante o período experimental total
encontram-se na tabela 8.
Não foi encontrado diferença significativa entre os balanços eletrolíticos,
resultado semelhante ao encontrado por GRIZZLE et al. (1992) e JUNQUEIRA
et al. (2000), que descrevem que a produção de ovos não é afetada pela
adição de NaHCO
3
à dieta, nem pelos diferentes balanços eletrolíticos.
Os balanços eletrolíticos das dietas influenciaram significamente
(P<0,05) o CDR, durante todo o período experimental, onde codornas
alimentadas com uma ração contendo 140 e 196 mEq/kg apresentaram o maior
consumo de ração, sendo este resultado semelhante ao encontrado por
JUNQUEIRA et al. (2000), que trabalhando com poedeiras comerciais, afirmam
que houve um maior consumo de ração das aves alimentadas com 186
mEq/kg. Resultados iguais também foram encontrados por (BORGES, 2001),
em experimento com frangos de corte submetidos a estresse térmico,
encontrou um menor consumo de ração para as aves que receberam a dieta
contendo 360 mEq/kg.
A massa de ovos não foi afetado (P>0,05) pelo balanço eletrolítico da
dieta, corroborando com resultados obtidos por JUNQUEIRA et al. (2000), que
47
não encontraram diferença na MO após alimentar poedeiras comerciais com
diferentes balanços eletrolíticos na dieta. Porém, foram encontradas diferenças
(P<0,05) para conversão alimentar entre os tratamentos, sendo que a ração
que continha 140 mEq/kg na dieta apresentou a pior CA. Estes dados
corroboram com (FISCHER DA SILVA et al., 1994), que em experimento
realizado com frangos de corte, submetidos a estresse calórico, observaram
melhor conversão alimentar a medida que se aumentava o valor do balanço
eletrolítico. Estes dados também são semelhantes aos encontrados por
JUNQUEIRA et al. (2000), que trabalhando com poedeiras comerciais,
obtiveram uma CA maior com dietas contendo 196 mEq/kg, e menor com
dietas contendo um balanço eletrolítico acima de 378 mEq/kg. Mostrando que
as aves em estresse calórico tendem a consumir menos ração e ter uma
melhor conversão alimentar quando alimentadas com dietas contendo uma
maior quantidade de bicarbonato de sódio e carbonato de potássio.
Tabela 7. Produção de ovos (PRO), consumo diário de ração (CDR), massa de
ovos (MO) e conversão alimentar (CA) no período experimental
total, de codornas alimentadas com diferentes balanços eletrolíticos.
Balanço Eletrolítico
Índices de Desempenho
(mEq/kg)
PRO (%) CDR (g) MO (g) CA (kg/kg de ovos)
140
79
,
29
28
,
71 a
10
,
83
3
,
37 a
196 79,14 28,12 ab 10,75 3,33 ab
241
81
,
00
27
,
83 b
10
,
85
3
,
25
ab
286
79
,
71
27
,
99 b
10
,
75
3
,
31 ab
320
82
,
14
27
,
64 b
10
,
78
3
,
15 b
P
1
NS <0,01 NS 0,03
PL
2
NS NS NS NS
PQ
3
NS NS 0,04
0,01
CV%
4
3,63 1,29 1,73 3,56
EPM
5
0,01 0,14 0,05 0,04
Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna, diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%).
1
Probabilidade da Análise de Variância,
2
Probabilidade da Regressão Linear,
3
probabilidade da
Regressão Quadrática,
4
Coeficiente de Variação,
5
Erro Padrão da Média.
I
Ŷ=-0,0013x+11,052 R²=0,10
II
Ŷ=0,0002x+3,4584 R²=0,19
Os resultados que expressam a qualidade de ovos (Peso de ovos (PO),
peso de gema (PG), peso de albúmen (PA), peso de casca (PC), espessura de
casca (EC), gravidade especifica (GE) e coloração de gema (CG)), em relação
ao balanço eletrolítico encontram-se na tabela 9.
A relação entre o cloro, o sódio e potássio sobre a qualidade da casca
do ovo, não está bem definida. Segundo COHEN e HURWITZ (1974), com o
48
aumento do nível de cloro dietético, decresce a relação sódio/cloro, assim é
possível induzir uma acidose, reduzindo o bicarbonato plasmático. A acidose
tem um efeito negativo sobre a qualidade da casca, devido a redução do
bicarbonato plasmático. Alimentando as aves com mais sódio e/ou potássio se
induziria as mesmas a uma alcalose, a qual poderia superar a acidose causada
pela adição do cloro, com aumento na qualidade da casca do ovo
(CALDERON, 1994).
Os resultados encontrados neste trabalho mostram que houve uma
melhora significativa (p<0,05) na qualidade da casca dos ovos, quando se
adequou o balanço eletrolítico da ração em 241 mEq/kg. A qualidade da casca
dos ovos é determinada pela gravidade específica, peso e espessura da casca.
O peso da casca foi maior 0,97 g quando as codornas receberam a ração
contendo 241 mEq/kg, esse resultado é contraditório ao encontrado por
MURAKAMI et al. (2003), que não verificaram diferença significativa na
porcentagem de casca de ovos de poedeiras comerciais alimentadas com
diferentes balanços eletrolíticos.
A espessura de casca também foi maior para o tratamento que continha
241 mEq/kg, no qual foi adicionado 0,25% de NaHCO
3
. Estes resultados
corroboram com MAKLED e CHARLES (1987), que descreveram efeitos
benéficos da adição de 0,25 ou 0,50% de NaHCO
3
em rações de poedeiras, as
quais produziram ovos com cascas mais espessas. MILES e HARMS (1982)
registraram que a adição de NaHCO
3
às dietas de poedeiras proporcionou
significativa melhora na qualidade da casca dos ovos, quando observada a
gravidade específica e espessura da casca.
Neste trabalho não foi encontrado uma correlação entre a gravidade
especifica e o peso de casca, enquanto para GE houve um efeito significativo
(P<0,05), para PC constatou-se efeito significativo (P<0,05), sendo resultados
contraditórios aos relatados por OLSSON (1934), que afirma que a gravidade
específica (GE) dos ovos apresenta relação direta com o porcentual de casca,
podendo ser utilizada como método indireto na determinação da qualidade da
casca. Resultado semelhante foi encontrado por ABDALLAH et al. (1993), que
estudando a relação entre a porcentagem de ovos quebrados e a gravidade
específica, observaram que a porcentagem de ovos trincados decresce com o
aumento da GE.
49
BARRETO et al., 2007, afirmam que a gravidade específica do ovo se
eleva significativamente com o aumento dos níveis de Na na dieta das aves,
entretanto não acharam diferença significativa no porcentual de casca em
relação aos níveis de Na, contratando com esses resultados FIGUEIREDO et
al. (2004) e PIZZOLANTE (2005) verificaram que não houve efeito do nível de
Na sobre a gravidade específica do ovo.
Tabela 8. Peso de ovos (PO), peso de gema (PG), peso de albúmen (PA), peso de
casca (PC), espessura de casca (EC), gravidade especifica (GE) e coloração
de gema (CG) no período experimental total, de codornas alimentadas com
diferentes balanços eletrolíticos.
Balanço
Eletrolítico
Índices de Qualidade de Ovos
(mEq/kg)
PO (g)
PG (g)
PA (g) PC (g) EC (mm) GE CG
140 10,93 3,35 6,63 ab 0,92 ab 0,202 b 1077,9
3,71
196 11,02 3,39 6,75 ab 0,93 ab 0,199 b 1078,6
3,48
241 11,29 3,38 6,90 a 0,97 a 0,211 a 1080,2
3,60
286 11,00 3,20 6,54 b 0,91 b 0,200 b 1080,2
3,67
320 10,72 3,27 6,55 b 0,89 b 0,199 b 1078,6
3,64
P
1
NS NS <0,01 <0,01 <0,01 NS NS
PL
2
NS NS NS NS NS <0,01
V
NS
PQ
3
NS 0,04
I
<0,01
II
<0,01
III
0,02
IV
NS 0,02
VI
CV%
4
3,30 4,50 2,96 3,41 1,95 0,17 4,51
EPM
5
0,07 0,03 0,04 <0,01 <0,01 0,33 0,03
Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna, diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%).
1
Probabilidade da Análise de Variância,
2
Probabilidade da Regressão Linear,
3
probabilidade da
Regressão Quadrática,
4
Coeficiente de Variação,
5
Erro Padrão da Média.
I
Ŷ=-8E-06x
2
+0,003x+3,102 R²=0,13
II
Ŷ=-3E-05x
2
+0,0126x+5,441 R²=0,23
III
Ŷ=-6E-06x
2
+0,0024x+0,697 R² = 0,30
IV
Ŷ=-7E-07x
2
+0,0003x+0,1728 R²=0,17
V
Ŷ=0,0078x+1077,3 R²=0,10
VI
Ŷ= 2E-05x
2
-0,0075x+4,4128 R²=0,1059
4. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que o balanço
eletrolítico da ração (Na+K-Cl) interferiu no desempenho e na qualidade de
ovos de codornas japonesas na fase de produção, quando submetidas a um
estresse calórico.
Dietas com 241 mEq/kg, melhoram o desempenho zootécnico e a
qualidade de ovos de codornas japonesas durante o período de verão.
50
5. REFERÊNCIAS
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measuring shell quality in relation to percentage of cracked eggs. Poultry
Science, v.72, p.2038-2043, 1993.
BARRETO, S.L.T.; ARAUJO, M.S.; UMIGI, R.T.; MOURA, W.C.O.; COSTA,
C.H.R.; SOUSA, M.F. Níveis de sódio em dietas para codorna japonesa em
pico de postura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, p.1559-1565,
2007.
BORGES. S.A. Balanço Eletrolítico e sua Interrelação com o Equilíbrio
Ácido-Base em frangos de Corte Submetidos a Estresse Calórico.
Jaboticabal, 97f. Tese (Doutorado em Zootecnia) Universidade Estadual
Paulista, 2001.
CALDERON, C. Efectos nutricionales sobre la calidad de la cáscara. FACTA,
Conferência APINCO 1994 de Ciência e Tecnologia Avícolas. Anais... p.35-66,
1994.
COHEN, I e HURWITZ, S. The response of blood ionic constituents and acid-
base balance to dietary sodium, potassium and chloride in laying fowls. Poultry
Science, v.53, p.378-382, 1974.
CRUZ, V.C.; FERNANDEZ, I.B.; TRAVA, C.M.; SEDANO, A.A.; PICCININ, A.;
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Maringá. Anais... Maringá, 2009.
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em clima quente. Revista Setor de Ciências Agrárias, v. 13, p. 287-92, 1994.
FIGUEIREDO, G. O.; KATO, R. K.; BERTECHINI, A. G.; BRITO, J. A. G.;
FUKAYAMA, E. H., QUEIROZ, L. S. B. Níveis de sódio para codornas
japonesas (Coturnix Coturnix japonica) no verão. In: SIMPÓSIO
INTERNACIONAL, 2., CONGRESSO BRASILEIRO DE COTURNICULTURA,
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parâmetros físicos e químicos do sangue de cinco linhagens comerciais
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Estadual Paulista, Jaboticabal.
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51
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fontes e níveis de sódio, cloro e potássio e da relação (Na+K)/Cl, sobre o
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MACARI, M., FURLAN, R. L., GONZALES, E. Fisiologia aviária aplicada a
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OLSSON, N. Studies on specific gravity of hen's eggs. Otto Harrassolvitz:
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PIZZOLANTE, C.C.; SALDANHA, E.S.P.B.; GARCIA, E.A. et al. Níveis de sal
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COMERCIALIZAÇÃO DE OVOS - APA. Anais... São Paulo: p.89, 2005.
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