Download PDF
ads:
EMILIANA FERNANDES BONALUMI
ANÁLISE DE SIMILARIDADES E DIFERENÇAS NO USO DE
MARCADORES DE REFORMULAÇÃO E FRASES
LEXICAIS, EM UM CORPUS PARALELO, CONSTITUÍDO
DE CONTOS E ROMANCES DE CLARICE LISPECTOR, E AS
RESPECTIVAS TRADUÇÕES PARA O INGLÊS E ITALIANO
Tese apresentada ao Instituto de Biociências, Letras e Ciências
Exatas da Universidade Estadual Paulista, mpus de São José do
Rio Preto, para obtenção do título de Doutor em Estudos
Linguísticos (Área de Concentração: Linguística Aplicada)
Orientadora: Profa. Dra. Diva Cardoso de Camargo
São José do Rio Preto
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Bonalumi, Emiliana Fernandes.
Análise de similaridades e diferenças no uso de marcadores de
reformulação e frases lexicais, em um corpus paralelo, constituído de
contos e romances de Clarice Lispector, e as respectivas traduções para o
inglês e italiano / Emiliana Fernandes Bonalumi. - São José do Rio Preto:
[s.n.], 2010
231 f. ; 30 cm.
Orientador: Diva Cardoso de Camargo
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista. Instituto de
Biociências, Letras e Ciências Exatas
1. Tradução e interpretação. 2. Literatura brasileira - Tradução para o
inglês/italiano. 3. Marcadores de reformulação. 4. Frases lexicais. 5.
Lispector, Clarice, 1925-1977 - Crítica e interpretação. I. Camargo, Diva
Cardoso. II. Universidade Estadual Paulista. Instituto de Biociências,
Letras e Ciências Exatas. III. tulo.
CDU - 81’255.4
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE
Campus de São José do Rio Preto - UNESP
ads:
COMISSÃO JULGADORA
Titulares
Profa. Dra. Diva Cardoso de Camargo - Orientadora
Profa. Dra. Célia Maria Magalhães
Prof. Dr. Adauri Brezolin
Profa. Dra. Cláudia Maria Ceneviva Nigro
Profa. Dra. Maria Cláudia Rodrigues Alves
Suplentes
Profa. Dra. Maria Aparecida Munhoz de Omena
Prof. Dr. José Pedro Antunes
Profa. Dra. Paula Tavares Pinto Paula
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Diva Cardoso de Camargo, pela constante amizade, compreensão,
incentivo, competência, dedicação e seriedade na orientação.
À Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, pela Bolsa concedida de 01/10/06 a
30/04/07.
À CAPES, pelas Bolsas PDEE (Doutorado Sanduíche) e PROEX, concedidas de 31/05/07
a 30/04/08 e de 01/08/08 a 01/02/09
À Profa. Dra Sara Laviosa, minha coorientadora no período Doutorado Sanduíche, pela
competência na orientação e pelas sugestões valiosas.
À Profa. Dra. Célia Maria Magalhães, pelas contribuições feitas no VIII Seminário de
Estudos Linguísticos – Selin.
Às Profas. Dras. Cláudia Maria Ceneviva Nigro e Maria Cláudia Rodrigues Alves, pelas
sugestões, no Exame de Qualificação Especial.
À minha família, amigos e colegas, pela compreensão e incentivo que sempre me
propiciaram.
Aos funcionários da Secretaria de s-Graduação e aos funcionários da Biblioteca do
IBILCE, pela pronta informação sobre aspectos formais da tese.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 14
2 A ESCRITA CLARICIANA................................................................................... 21
2.1 ALGUMAS DEFINIÇÕES DE CONTO E ROMANCE NO CONTEXTO
CLARICIANO.................................................................................................................. 24
2.2 A RECEPÇÃO DE CLARICE LISPECTOR NO EXTERIOR...................................... 27
2.3 A LINGUAGEM CLARICIANA E A AUTORA, DO PONTO DE VISTA DE
SEUS TRADUTORES E DE ALGUNS ESTUDIOSOS............................................. 36
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................... 42
3.1 CONCEITUAÇÃO DE CORPUS, SUA REPRESENTATIVIDADE, EXTENSÃO,
ESPECIFICIDADE E ADEQUAÇÃO............................................................................ 42
3.2 PROGRAMA WORDSMITH TOOLS E A PESQUISA ASSISTIDA POR
COMPUTADOR.............................................................................................................. 44
3.3 OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO BASEADOS NA LINGUÍSTICA DE
CORPUS.......................................................................................................................... 46
3.3.1 A classificação dos tipos de corpus segundo Baker (1995).............................. 48
3.3.2 Características da linguagem da tradução............................................................ 51
3.3.3 Similaridades e diferenças entre textos traduzidos (TTs), referentes à
variação, adição e omissão de marcadores de reformulação (MRs) e frases
lexicais (FLs), bem como o comportamento linguístico dos tradutores............ 57
3.4 REFORMULAÇÃO E MRs............................................................................................ 60
3.5 CONCEITUAÇÃO DE FLs NO ÂMBITO DA PESQUISA............................................ 65
4 METODOLOGIA.......................................................................................................... 67
4.1 MATERIAL EMPREGADO NA COMPILAÇÃO DO CORPUS............................... 67
4.2 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE…………........…........................................ 67
4.2.1 Etapa I: Identificação de MRs e FLs nos textos originais (TOs) e
análise dos TTs para o inglês e italiano em relação aos seus respectivos
TOs..………………....................…..............................…………………......... 68
4.2.2 Etapa II: Identificação de MRs e FLs nos TTs para o inglês e
italiano e análise dos TOs em relação aos seus respectivos TTs
para o inglês e italiano….......................................................…….................. 73
5 ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................... 77
5.1 OBSERVAÇÃO DAS FORMAS E ITENS DE CADA TO E TT INDIVIDUALMENTE,
BASEADA NA RAZÃO FORMA/ITEM PADRONIZADA………………….. 77
5.2 OBSERVAÇÕES DE MRs, BASEADAS NA ANÁLISE DAS LINHAS
DE CONCORDÂNCIA............................................................................................... 78
5.2.1 Análise de MRs nos 4 TOs de Lispector em relação aos respectivos TTs
para o inglês por Pontiero e Levitin.................................................................. 78
5.2.2 Análise de MRs nos 4 TTs para o inglês por Pontiero e Levitin, em
relação aos respectivos TOs de Lispector........................................................ 89
5.2.3 Análise de MRs nos 4 TOs de Lispector em relação aos respectivos TTs
para o italiano por Aletti e Desti........................................................................ 95
5.2.4 Análise de MRs nos 4 TTs para o italiano por Aletti e Desti, em relação
aos respectivos TOs de Lispector..................................................................... 104
5.2.5 Análise de MRs nos 4 TTs para o inglês e italiano, respectivamente por
Pontiero e Levitin, bem como Aletti e Desti, em relação aos TOs de
Lispector..................................................................................................................... 111
5.2.5.1 Investigação de varião de MRs nos TTs em inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância............ 112
5.2.5.2 Investigação da adição de MRs nos TTs para o inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância.......... 115
5.2.5.3 Investigação da omissão de MRs nos TTs para o inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância............ 117
5.2.6 Análise de MRs nos 4 TOs de Lispector em relação aos TTs para o inglês
e italiano, respectivamente por Pontiero e Levitin, bem como Aletti e
Desti.............................................................................................................................. 120
5.2.6.1 Investigação de variação de MRs nos TOs por Lispector em relação aos respectivos
TTs em inglês e italiano, baseada na análise das linhas de concordância...................... 121
5.3 OBSERVAÇÃO DE FLS, BASEADA NA ANÁLISE DAS LINHAS DE
CONCORDÂNCIA.................................................................................................. 125
5.3.1 Análise de FLs nos 4 TOs de Lispector em relação aos respectivos TTs
para o inglês por Pontiero e Levitin................................................................... 125
5.3.2 Análise de FLs nos 4 TTs para o inglês por Pontiero e Levitin, em relação
aos respectivos TOs de Lispector........................................................................ 136
5.3.3 Análise de FLs nos 4 TOs de Lispector em relação aos respectivos TTs
para o italiano por Aletti e Desti......................................................................... 145
5.3.4 Análise de FLs nos 4 TTs para o italiano por Aletti e Desti, em relação
aos respectivos TOs de Lispector..................................................................... 155
5.3.5 Análise de FLs nos 4 TTs para o inglês e italiano, respectivamente por
Pontiero e Levitin, bem como Aletti e Desti, em relação aos TOs de
Lispector..................................................................................................................... 165
5.3.5.1 Investigação de variação de FLs nos TTs em inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância............ 166
5.3.5.2 Investigação da adição de FLs nos TTs para o inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância........... 167
5.3.5.3 Investigação da omissão de FLs nos TTs para o inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância............ 170
5.3.6 Análise de FLs nos 4 TOs de Lispector em relação aos TTs para o inglês e
italiano, respectivamente por Pontiero e Levitin, bem como Aletti e
Desti............................................................................................................................... 172
5.3.6.1 Investigação de variação de FLs nos TOs por Lispector em relação aos respectivos
TTs em inglês e italiano, baseada na análise das linhas de concordância................... 172
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 177
7 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 182
7.1 COMPILAÇÃO DO CORPUS....................................................................................... 182
7.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………..............................………………… 182
APÊNDICES.......................................................................................................... 192
A Outras ocorrências de MRs de menor frequência nos TOs em relação aos
TTs para o inglês................................................................................................. 193
BOutras ocorrências de MRs de menor frequência nos TTs para o ings em
relação aos TOs...................................................................................................... 199
COutras ocorrências de MRs de menor frequência nos TOs em relação aos
TTs para o italiano.................................................................................................. 201
DOutras ocorrências de MRs de menor frequência nos TTs para o italiano
em relação aos TOs................................................................................................ 206
E Outras ocorrências de FLs de menor frequência nos TOs em relação aos TTs
para o inglês........................................................................................................ 207
FOutras ocorrências de FLs de menor frequência nos TTs para o inglês em
relação aos TOs...................................................................................................... 213
GOutras ocorrências de FLs de menor frequência nos TOs em relação aos TTs
para o italiano..................................................................................................... 218
HOutras ocorrências de FLs de menor frequência nos TTs para o italiano em
relação aos TOs...................................................................................................... 225
LISTA DE ABREVIATURAS
DS: Dove Siete Stati di Notte?
FL: Frase Lexical
FLs: Frases Lexicais
FT: Family Ties
HE: A Hora da Estrela
HS: The Hour of the Star
LF: Laços de Família
Lf: Legami Familiari
MR: Marcador de Reformulação
MRs: Marcadores de Reformulação
NH: Near to the Wild Heart
OE: Onde Estivestes de Noite
OS: L’Ora della Stella
PC: Perto do Coração Selvagem
TO: Texto Original
TOs: Textos Originais
TT: Texto Traduzido
TTs: TextosTraduzidos
Vc: Vicino al Cuore Selvaggio
WW: Soulstorm – Where You Were at Night
LISTA DE QUADRO, FIGURAS E TABELAS
1 - Corpus paralelo trilíngue unidirecional das obras de Clarice Lispector e as
respectivas traduções para inglês e o italiano..................................................... 67
1 - Lista de estatísticas gerada a partir do TO LF...................................................... 69
2 Lista de frequência de palavras gerada a partir do TO LF.................................... 70
3 Lista de concordância gerada a partir do TO LF................................................. 71
1 - Formas e Itens dos TOs e TTs individualmente................................................... 77
2 Distribuição absoluta de MRs nos TOs em relação aos TTs para o inglês...... 80
3 Distribuição relativa de MRs nos quatro TOs em relação aos TTs..... 81
4 Distribuição absoluta de MRs analisados individualmente nos quatro TTs
em relação aos TOs................................................................................................ 90
5 Distribuição Relativa de MRs analisados individual e conjuntamente nos
quatro TTs em relão aos TOs........................................................................ 90
6 Distribuição absoluta de MRs analisados individualmente nos quatro TOs e
TTs para o italiano.............................................................................................. 96
7 Distribuição relativa de MRs nos quatro TOs e TTs............................................. 97
8 Distribuição absoluta de MRs analisados individualmente nos quatro TTs e
TOs....................................................................................................................... 105
9 Distribuição absoluta dos MRs analisados individual e conjuntamente nos quatro
TTs e TOs............................................................................................................. 105
10 - Resumo dos Principais Dados Referentes aos MRs........................................... 124
11 Distribuição absoluta de FLs nos quatro TOs em relação aos TTs para o
inglês................................................................................................................... 126
12 Distribuição relativa de FLs nos quatro TOs em relação aos TTs....... 127
13 Distribuição absoluta de FLs analisadas individualmente nos quatro pares
claricianos de TTs em relação aos TOs............................................................... 138
14 Distribuição relativa de FLs analisados individual e conjuntamente nos
quatro TTs em relação aos TOs........................................................................ 139
15 Distribuição absoluta de FLs analisadas individualmente nos quatro TOs e
TTs para o italiano............................................................................................... 146
16 Distribuição relativa de FLs nos quatro TOs e TTs......................................... 147
17 Distribuição absoluta de FLs analisadas individualmente nos quatro TTs e
TOs....................................................................................................................... 156
18 Distribuição relativa de FLs analisada individual e conjuntamente nos quatro TTs
e TOs.................................................................................................................... 157
19 - Resumo dos Principais Dados Referentes às FLs.............................................. 176
BONALUMI, Emiliana Fernandes. ANÁLISE DE SIMILARIDADES E DIFERENÇAS
NO USO DE MARCADORES DE REFORMULAÇÃO E FRASES LEXICAIS, EM UM
CORPUS PARALELO, CONSTITUÍDO DE CONTOS E ROMANCES DE CLARICE
LISPECTOR E AS RESPECTIVAS TRADUÇÕES PARA O INGLÊS E ITALIANO. Tese
de doutorado apresentada ao programa de s-Graduação em Estudos Linguísticos da
UNESP, câmpus de São José do Rio Preto, 2010.
RESUMO
Este estudo envolve uma pesquisa a respeito de marcadores de reformulação (MRs) e
frases lexicais (FLs) em um corpus de textos literários constituído de um subcorpus de textos
originais (TOs), composto das obras literárias de Clarice Lispector (Perto do Coração
Selvagem, Laços de Família, Onde Estivestes de Noite e A Hora da Estrela), um subcorpus
dos respectivos TTs para a língua inglesa por Giovanni Pontiero (Near to the Wild Heart,
Family Ties e The Hour of the Star) e Alexis Levitin (Where You Where at Night), e um
subcorpus dos textos claricianos traduzidos para a língua italiana por Adelina Aletti (Legami
Familiari, Dove Siete Stati di Notte e L’Ora della Stella) e Rita Desti (Vicino al Cuore
Selvaggio). Este trabalho tem como um dos objetivos principais observar similaridades e
diferenças nos respectivos textos traduzidos (TTs) para o inglês e o italiano e nos TOs quanto ao
emprego de MRs (i.e. or; for example; I mean) e de FLs (i.e. at the same time; in fact; at that
moment). A investigação fundamenta-se na proposta de estudos da tradução baseada em corpus
lançada por Baker (1993, 1995, 1996, 2004), nas observações de Berber Sardinha (1999, 2000,
2002, 2004) no tocante à linguística de corpus, nas pesquisas de Blakemore (1993, 1996) e
Cuenca (2003) sobre MRs, e no trabalho de Nattinger e DeCarrico (1992) a respeito de FLs. Com
o auxílio do programa Wordsmith Tools, estabelecemos comparações em termos de frequência e
distribuição entre ambos subcorpora de TTs e TOs. Observamos se tais MRs e FLs formaram
padrões significativamente diferentes dos TOs. Pudemos verificar que as obras traduzidas de
Clarice Lispector para o italiano, na maioria dos casos, não se mostram significativamente
diferentes dos MRs e FLs encontrados em seus respectivos TOs, embora os TTs (135.016 itens)
tenham extensão maior que os TOs (131.749 itens). Em contrapartida, no que diz respeito à
análise das obras traduzidas de Clarice Lispector para o inglês (152.905 itens), pudemos observar
que, na maioria de seus exemplos, são significativamente diferentes dos MRs e FLs dos
respectivos TOs (131.749 itens).
PALAVRAS-CHAVE: Estudos de tradução baseados em corpus; marcadores de reformulação;
frases lexicais; Clarice Lispector.
BONALUMI, Emiliana Fernandes. ANALYSIS OF SIMILARITIES AND DIFFERENCES
IN THE USE OF REFORMULATION MARKERS AND LEXICAL PHRASES IN A
PARALLEL CORPUS OF SHORT STORIES AND NOVELS FROM CLARICE
LISPECTOR, AND THEIR RESPECTIVE TRANSLATIONS INTO ENGLISH AND
ITALIAN. Doctoral thesis presented to Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus of
São José do Rio Preto, State of São Paulo, Brazil, 2010.
ABSTRACT
This study involves a research on reformulation markers and lexical phrases in a corpus of
literary texts, constituted of a subcorpus of literary works of Clarice Lispector (Perto do
Coração Selvagem, Laços de Família, Onde Estivestes de Noite and A Hora da Estrela), a
subcorpus of the respective translated texts into English by Giovanni Pontiero (Near to the Wild
Heart, Family Ties and The Hour of the Star), and Alexis Levitin (Where You Where at
Night), and a subcorpus of original texts translated into Italian by Adelina Aletti (Legami
Familiari, Dove Siete Stati di Notte and L’Ora della Stella) and Rita Desti (Vicino al Cuore
Selvaggio). This investigation has as one of the main objectives to observe similarities and
differences in the target texts (TTs) and source texts (STs) concerning to the use of reformulation
markers (i.e. or; for example; I mean) and lexical phrases (i.e. at the same time; in fact; at that
moment). The work is focused on the proposal of corpus-based translation studies launched by
Baker (1993, 1995, 1996, 2004), on the observations of Berber Sardinha (1999, 2000, 2002,
2004) related to corpus linguistics, on the research studies of Blakemore (1993, 1996) and
Cuenca (2003) on reformulation markers, and on the work of Nattinger & DeCarrico (1992)
concerned to lexical phrases. With the use of the software Wordsmith Tools, we have established
comparisons in terms of frequency and distribution between both subcorpora of TTs and STs. We
have observed if such reformulation markers and lexical phrases have formed significantly
different patterns from its TTs. We could observe that the translated works into Italian of Clarice
Lispector, in most of the cases, are not significantly different from the patterns of reformulation
markers and lexical phrases found in their respective STs, even though the TTs (135.016 tokens)
are bigger in their length than the STs (131.749 tokens). In the other hand, related to the analysis
of the translated works into English of Clarice Lispector (152.905 tokens), we could observe that,
in most of their examples, they are significantly different from the reformulation markers and
lexical phrases of their respective STs (131.749 tokens).
KEYWORDS: Corpus-based translation studies; Reformulation markers; Lexical phrases;
Clarice Lispector.
1 INTRODUÇÃO
Por meio da tradução tem-se contato com diversas obras literárias internacionais e a
literatura brasileira pode ser acessível em diversas línguas ao redor do mundo, como é o caso dos
livros de Clarice Lispector. Dada a relevância da autora na literatura brasileira e da qualidade do
trabalho de seus tradutores, em particular, de Giovanni Pontiero, Alexis Levitin, Adelina Aletti e
Rita Desti, selecionamos quatro obras de Clarice Lispector com suas respectivas traduções para a
língua inglesa e italiana.
Com o propósito de analisar alguns marcadores de reformulação
1
(MRs) e frases lexicais
2
(FLs) de maior ocorrência, bem como sua variação, adição e omissão, compilamos o seguinte
corpus paralelo: (1) Laços de Família (LF), composto de contos, a tradução para o inglês
Family Ties (FT), por Giovanni Pontiero e a tradução italiana Legami Familiari (Lf), por
Adelina Aletti; (2) Onde Estivestes de Noite (OE), constitdo de contos, a tradução para o
inglês Soulstorm-Where You Were at Night (WW), por Alexis Levitin e a tradução italiana
Dove Siete Stati di Notte? (DS), por Adelina Aletti; (3) Perto do Coração Selvagem (PC),
romance, a tradução para o inglês Near to the Wild Heart (NH), por Giovanni Pontiero e a
tradução italiana Vicino al Cuore Selvaggio (Vc), por Rita Desti; e (4) A Hora da Estrela (HE),
romance, a tradução para o inglês The Hour of the Star (HS), por Giovanni Pontiero e a
tradução italiana L’Ora della Stella (OS), por Adelina Aletti.
A pesquisa apoia-se nos estudos da tradução baseados em corpus (Baker, 1993, 1995,
1996, 2004) e na linguística de corpus (Berber Sardinha, 2004), por meio de uma abordagem
interdisciplinar (Camargo, 2005, 2007). Também nos baseamos nas investigações de MRs
1
A definição de MRs encontra-se na página 65.
2
A definição de FLs encontra-se na página 66.
(Cuenca, 2003), no conceito de FL (Nattinger; DeCarrico, 1992) e na pesquisa a respeito de MRs
e FLs recorrentes em um corpus comparável monongue de textos narrativos originais e
traduzidos para a língua inglesa (Baker, 2004).
O presente trabalho utiliza o software WordSmith Tools, criado por Michael Scott (1999),
que ofereceu o auxílio necessário para a extração dos dados. Por meio de um corpus eletnico, é
possível efetuar um estudo dentro de uma perspectiva descritivo-comparativa. Também, por meio
dos estudos da tradução baseados em corpus, é possível obter uma maior conscientização do
papel desempenhado pelo tradutor, e uma melhor forma de observação de suas escolhas e
tendências.
Partindo da observação dos quatro conjuntos de obras de nosso corpus, colocamos como
uma das perguntas de pesquisa se o uso de marcadores de reformulação (MRs) e frases lexicais
(FLs), encontrados nos textos originais (TOs), apresentariam similaridades ou difereas em
relação aos MRs e FLs encontrados nos respectivos textos traduzidos (TTs). Como segunda
pergunta de pesquisa, indagamos se o uso de MRs e FLs levantados nos respectivos subcorpora
de TTs apresentariam variação em termos de comportamento linguístico entre os quatro
tradutores literários considerados individual e conjuntamente.
No que tange aos objetivos do nosso trabalho, propomos como:
Objetivos Gerais
1. Realizar um estudo comparativo do uso de MRs e de FLs encontrados nos TTs em
relação aos respectivos TOs.
2. Realizar um estudo comparativo dos resultados obtidos nos TTs em inglês com os TTs
em italiano.
3. Refletir a respeito do comportamento linguístico dos tradutores investigados individual
e conjuntamente.
Objetivos Específicos
1. Observar similaridades e diferenças, na tradução feita para a ngua inglesa, de MRs e
de FLs, apresentados pelos tradutores Giovanni Pontiero e Alexis Levitin, nas obras selecionadas
para análise, com o original em língua portuguesa.
2. Observar similaridades e diferenças, na tradução feita para a língua italiana, de MRs e
de FLs, apresentadas pelas tradutoras Adelina Aletti e Rita Desti, nas obras selecionadas para
análise, com o original em língua portuguesa.
3. Comparar similaridades e diferenças no uso de MRs e FLs apresentados pelos quatro
tradutores observados individual e conjuntamente, diante dos respectivos TOs.
Acerca da escolha de Clarice Lispector, podemos comentar que foi considerada a
repercussão dentro e fora do país, em virtude de os temas por ela abordados serem atuais até os
dias de hoje. Diversos trabalhos foram escritos, atestando sua notoriedade, como, por exemplo, os
de críticos de literatura brasileira, Alceu Amoroso Lima (1946), Ferreira Gullar e Julia Peregrino
(2007), bem como Ferreira Gullar (2007); os de críticos da recepção de Clarice Lispector nos
Estados Unidos e Inglaterra, Earl Fitz (2005) e Amanda Hopkinson (2009); e os de críticos da
recepção de Clarice Lispector na Ilia, Carmen Plebani (1990) e Silvia Marianecci (2009), entre
outros.
Também, nossa motivão partiu do artigo de Baker (2004, p. 182), no qual a
pesquisadora comenta que Pontiero emprega, em um número acentuado, três expressões para
glosa
3
(that is; that is to say; in other words), em praticamente todas as suas traduções
disponíveis no Translational English Corpus (TEC), diferentemente dos textos escritos
originalmente em inglês.
3
A definição de glosa encontra-se na página 63.
No tocante à escolha do corpus, selecionamos dois romances (PC, o primeiro, e HE, o
último, escritos pela autora) e duas coletâneas de contos (LF, muito aclamada pela crítica, e a
outra, OE, uma das últimas escritas pela autora). Como pudemos notar, no que se refere à
compilação do corpus paralelo trilíngue, escolhemos a maioria das obras traduzidas por Giovanni
Pontiero (três para o inglês: dois romances e um conto) e por Adelina Aletti (três para o italiano:
um romance e dois contos). Boa parte das obras claricianas foram traduzidas por Pontiero e
Aletti, considerados grandes conhecedores das obras de Clarice, segundo trabalhos de Bins
(1997) e Desti (2009), dentre outros. Optamos também por selecionar obras traduzidas por Alexis
Levitin (uma coletânea de contos para o inglês) e por Rita Desti (um romance para o italiano), a
fim de permitir uma comparação entre dois tradutores para o inglês, e duas tradutoras para o
italiano. A importância desses tradutores e de suas obras traduzidas é atestada pelos trabalhos de
Jaffe (2008) e Kirsher (1987), entre outros.
No que tange aos tradutores, podemos comentar que Giovanni Pontiero
4
foi professor de
literatura luso-brasileira na Universidade de Manchester, Reino Unido, de 1962 ao ano de seu
falecimento, em 1996. Traduziu diversos autores brasileiros e portugueses, entre os quais, cinco
obras de Clarice Lispector, uma de Lya Luft, uma de lida Pon e seis de José Saramago.
Recebeu vários prêmios por suas traduções e, inclusive um livro foi compilado em sua
homenagem, com críticas literárias, ensaios e artigos relativos às traduções por ele desenvolvidas.
Por seu turno, Alexis Levitin
5
é professor de português na Plattsburgh State University, EUA.
Traduziu duas das obras de Lispector (OE e A Via Crucis do Corpo), onze obras de poemas de
Eugenio de Andrade, algumas poesias de Cecília Meireles e Manuel Bandeira, entre outros
4
Informações extraídas de Kinder (1997, p. 161-162).
5
Informações obtidas no website http://www.philau.edu/learning/mlaworks.htm, em 23/09/03.
autores, e recebeu prêmios por suas traduções. Adelina Aletti
6
ministrou palestras a respeito da
tradução como profissão na Universidade de Pisa, Itália, tendo recebido critícas elogiosas
concernentes ao seu trabalho como tradutora. Traduziu diversos autores brasileiros, entre os
quais, cinco obras de Clarice Lispector, e uma, respectivamente, de Nélida Pon, Rubem
Fonseca e Lygia Fagundes Telles. Rita Desti
7
é tradutora literária e também recebeu várias
críticas positivas no que tange à sua profissão. Traduziu diversos autores brasileiros e
portugueses, entre os quais, duas de Clarice Lispector, uma de Machado de Assis, onze de Paulo
Coelho e vinte e uma de Jo Saramago. Podemos notar que, devido ao trabalho desses
tradutores, entre outros, que Inglaterra, Estados Unidos e Itália puderam ter acesso às obras
claricianas.
Com base na observação a partir de corpus eletrônico, justifica-se também a escolha por
uma análise realizada semiautomaticamente em virtude de possibilitar ao pesquisador
empreender, de modo mais completo e abrangente, uma investigação em toda a extensão dos
textos selecionados, ao invés de apenas por meio de amostragens.
Com o intuito de podermos desenvolver os objetivos propostos, a presente pesquisa
encontra-se, incluindo esta introdução, dividida em cinco seções, sendo complementada por oito
apêndices.
A Seção 2 dedica-se à escrita clariciana, abordando, primeiramente, algumas definições
de conto e romance no contexto clariciano (subitem 2.1). A seguir, tratamos da aceitação das
obras de Clarice Lispector no exterior (subitem 2.2) , bem como da linguagem clariciana, de
acordo com seus tradutores e estudiosos (subitem 2.3).
6
Informações extraídas do website http://www.bol.it/libri/autore?tipoContrib=TR&codPers=0081234, em 03/08/06.
7
Informações obtidas em
http://www.submarino.com.br/business/i_commentarytext.asp?pid=289258&prodtypeid=1, em 03/08/06.
A Seção 3 aborda a fundamentação teórica tratando da conceituação de corpus, da questão
da representatividade, extensão, especificidade e adequação (subitem 3.1); do programa
WordSmith Tools e a pesquisa assistida por computador (subitem 3.2); dos estudos da tradução
baseados em corpus a partir da vertente da linguística de corpus (subitem 3.3), abordando a
classificação dos tipos de corpus segundo Baker (1995) (subitem 3.3.1), as características da
linguagem da tradução (subitem 3.3.2) bem como, similaridades e diferenças entre TTs, tratando
do comportamento linguístico dos tradutores selecionados para a análise (subitem 3.3.3).
Também, abordamos nesta seção a reformulação e MRs (subitem 3.4); bem como a conceituação
de FLs no âmbito da pesquisa (subitem 3.5).
A Seção 4 elenca o material utilizado na compilação dos corpora, os procedimentos e a
forma de investigação dos resultados, com base na análise da razão forma/item padronizada e das
linhas de concordância.
Na Seção 5, encontra-se a análise dos resultados referentes à observação de MRs e de
FLs, considerando a razão forma/item padronizada (subitem 5.1) e as linhas de concordância
(subitens 5.2 e 5.3).
Na Seção 6, apresentamos as considerações finais decorrentes das análises empreendidas
nas seções anteriores.
Complementam ainda esta pesquisa: compilação do corpus, referências bibliográficas e
oito apêndices. No apêndice A, encontram-se fragmentos com ocorrências de MRs de menor
frequência nos TOs em relação aos TTs para o inglês; no apêndice B, registram-se os fragmentos
com ocorrências de MRs de menor frequência nos TTs para o inglês concernente aos seus
respectivos TOs; no apêndice C, apresentam-se os fragmentos com ocorrências de MRs de menor
frequência nos TOs em relação aos TTs para o italiano; no apêndice D, encontram-se os
fragmentos com ocorrências de MRs de menor frequência nos TTs para o italiano no que diz
respeito aos respectivos TOs; no apêndice E, registram-se fragmentos com ocorrências de FLs de
menor frequência nos TOs em relação aos TTs para o inglês; no apêndice F, apresentam-se os
fragmentos com ocorrências de FLs de menor frequência nos TTs para o inglês relativo aos seus
respectivos TOs; no apêndice G, encontram-se os fragmentos com ocorrências de FLs de menor
frequência nos TOs em relação aos TTs para o italiano; e no apêndice H, registram-se os
fragmentos com ocorrências de FLs de menor frequência nos TTs para o italiano no que se refere
aos respectivos TOs.
Se bem chegada à meta aqui proposta, o presente estudo permitirá assentar as bases
metodológicas para o prosseguimento de novas investigações neste campo, particularmente na
pesquisa da tradução de MRs e FLs em obras claricianas, desenvolvido sob à luz dos estudos da
tradução baseados em corpus.
2 A ESCRITA CLARICIANA
Nesta seção, dedicaremo-nos à escrita de Clarice Lispector, fornecendo alguns conceitos
de conto e de romance (subitem 2.1); abordaremos a recepção das obras claricianas no exterior
(subitem 2.2), tanto quanto características de sua linguagem (subitem 2.3).
Clarice Lispector iniciou sua produção literária em 1944 com o romance PC. Recebeu
críticas favoráveis, por exemplo, de Alceu Amoroso Lima: Ninguém escreve como Clarice
Lispector. Clarice Lispector não escreve como ninguém. seu estilo mereceria um ensaio
especial. É uma clave diferente, à qual o leitor custa a adaptar-se”
8
(LIMA, 1946, orelha do
livro).
Ferreira Gullar e Julia Peregrino, curadores da Exposição de Clarice Lispector no Museu
da Língua Portuguesa, em São Paulo, de 24 de abril a 02 de setembro de 2007, comentam que:
Trinta anos depois da sua morte, Clarice Lispector continua a ocupar um lugar único na
literatura brasileira, marcando gerações de leitores e novos escritores. Ainda hoje, a
leitura da sua obra desde o seu livro de estreia, Perto do Coração Selvagem, até o
póstumo A Descoberta do mundo revela uma autora capaz de iluminar, intrigar,
comover e surpreender o leitor (GULLAR; PEREGRINO, 2007, p. 8).
Em artigo intitulado “Fuga per la libertà”, publicado no blog Brasiliando, em 14 de junho
de 2009, disponível na Internet, Silvia Marianecci relata que: “quase todos conhecem pelo menos
de nome a escritora brasileira Clarice Lispector e muitos já leram uma ou mais obras daquela que
é considerada uma das vozes literárias femininas mais representativas deste século
9
(MARIANECCI, 2009).
8
LIMA, A. A. Clarice Lispector. IN: LISPECTOR, C. O Lustre. Rio de Janeiro: Agir, 1946. (orelha do livro)
9
“Quasi tutti conoscono almeno di nome la scrittrice brasiliana Clarice Lispector e molti hanno già letto una o più
opere di quella che è considerata una delle voci letterarie femminili più rappresentative di questo secolo”
Disponível em www.blog.musibrasil.net/2009/06/14/1165/ (As traduções de citações em nota de rodapé são de nossa
responsabilidade.)
Antonio Gonçalves Filho, em 21 de novembro de 2009, no jornal O Estado de São
Paulo, tece seus comentários em relação à biografia de Clarice Lispector, lançada nos EUA, por
Benjamin Moser, e traduzida no Brasil por José Geraldo Couto. No tocante à autora, comenta
que:
Para quem tem 1 milhão de entradas no Google e 150 comunidades no Orkut
associadas ao seu nome, Clarice Lispector (1920-1977) até parece uma escritora
popular, dessas que os viajantes devoram nos aviões para passar o tempo. No entanto,
sua escrita enigmática desafia ensaístas à procura de significados ocultos nas palavras
criadas por essa mulher. (FILHO, 2009, p. D6).
No que diz respeito à originalidade das obras claricianas, Gullar relata, na mesma
publicação, no artigo “Para não dizer o dizível”, que:
O modo original de construir a frase, de adjetivar, de juntar idéias e sentimentos
inusitados, anunciava o surgimento, na literatura brasileira, de uma personalidade
original. Essa originalidade irá se acentuar nas obras posteriores que, não apenas
confirmarão o talento literário de Clarice, como definirão, a cada livro, a construção de
um universo imaginário único em nossa literatura e na literatura mundial
contemporânea (GULLAR, 2007, p. 34).
A autora destaca-se por colocar em sua escrita uma mistura de emoção e sentimento.
Indaga sobre a existência, abordando situações do cotidiano, sendo original em sua escritura,
construindo, segundo Gullar (2007), um universo imaginário único” em nossa literatura e na
literatura mundial, além de “iluminar, intrigar, comover e surpreender” (GULLAR;
PEREGRINO, 2007, p. 8) seu público ainda hoje.
A respeito do estilo clariciano, Benedito Nunes define como aquele modo pessoal de o
escritor usar as possibilidades da língua de acordo com determinadas constantes, que
correspondem a um conjunto de tros característicos” e comenta que “o estilo de Clarice
Lispector tem na repetição o seu traço de mais largo espectro” (NUNES, 1973, p. 133).
Como Nunes destaca, Clarice Lispector utiliza frequentemente a repetição de
substantivos, verbos e advérbios em suas obras literárias, com o intuito de deixar o texto circular,
com valor rítmico e expressivo (NUNES, 1973, p. 134). Por meio da repetição, Lispector
aproxima-se do barroco, fornecendo sinônimos às suas palavras que, algumas vezes, produzem
reação inversa, ou seja, ao invés desses substantivos, verbos e advérbios explicarem melhor a
situação ocorrida, acabam por tornar o significado mais obscuro e fugidio, interferindo na lógica
do discurso. A autora, em relação à repetição, explica que: “me é agradável, e repetição
acontecendo no mesmo lugar termina cavando pouco a pouco, cantilena enjoada diz alguma
coisa” (LISPECTOR, 1944, p. 175).
Sant’Anna comenta também que a escrita de Lispector “repete-se circularmente num
exercício de modelos inconscientes dos quais a autora não se desgarra, antes, cultiva
insistentemente, tanto mais professa a ideia de que escrever é procurar” (SANT’ANNA, 1973, p.
205).
Em busca do auto-conhecimento, Lispector utiliza-se da repetição. Assim, procura auto-
afirmar-se, encontrar o sentido de sua existência, questionando-se. Mais do que ninguém, a autora
define a sua procura nas palavras: Mas é buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e
que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano(LISPECTOR, 1964b,
p. 178).
No tocante a sua escrita, Lispector comenta que: “esse modo, esse “estilo” (!), foi
chamado de várias coisas, mas não do que realmente apenas é: um processo humilde...”
(LISPECTOR, 1964a, p. 144).
A autora procura, por meio de um “processo humilde” (LISPECTOR, 1964a, p. 144) e
esforço humano” (LISPECTOR, 1964b, p. 178), abordar temas atuais, que apesar de terem sido
escritos no período de 1944 (PC) a 1977 (HE), continuam sendo da maior importância.
2.2 ALGUMAS DEFINIÇÕES DE CONTO E DE ROMANCE NO CONTEXTO
CLARICIANO
Em virtude de o nosso estudo envolver obras de ambas modalidades literárias,
apresentaremos algumas definições de conto e romance. A seguir, examinaremos determinadas
similaridades e difereas presentes em LF e OE, bem como em PC e HE, de acordo com os
críticos literários Massaud Moisés (1979) e Benedito Nunes (1973, 1989).
Segundo o Novo Dicionário Aurélio, uma das acepções gerais para “contoé a de que
constitui-se de uma “narrativa pouco extensa, concisa, e que contém unidade dramática,
concentrando-se a ação num único ponto de interesse” (FERREIRA, 1986, p. 464).
Notamos que a acepção do Novo Dicionário Aurélio vai ao encontro do que estudiosos
afirmam sobre o conto clariciano, como, por exemplo, Mois, que comenta que o conto é
composto por uma fração dramática, a mais importante e a decisiva, duma continuidade em que
o passado e o futuro possuem significado menor ou nulo” (MOISÉS, 1979, p. 21).
Nunes, por sua vez, comenta que o conto de Clarice Lispector concentra-se “num
episódio, que lhe serve de núcleo, e que corresponde a determinado momento da experiência
interior” (NUNES, 1989, p. 83). O crítico observa também que:
na maioria dos contos da autora, o episódio único que serve de núcleo à
narrativa é um momento de tensão conflitiva [...] assim, em certos contos, a
teno conflitiva se declara subitamente e estabelece uma ruptura do personagem
com o mundo. Noutros porém a crise declarada, que raramente se resolve através
de um ato, mantém-se do princípio ao fim, seja como aspiração ou devaneio,
seja como mal-entendido ou incompatibilidade entre pessoas, tomando a forma
de estranheza diante das coisas, de embate dos sentimentos ou de consciência
culposa. (NUNES, 1989, p. 84).
Observamos as características de Lispector por meio de seus contos, que tratam de um
momento interior da personagem e de Clarice, bem como de uma tensão conflitiva que pode ser
ocasionada no início do conto, estabelecendo, de acordo com Nunes (1989), uma ruptura do
personagem com o mundo”, ou pode ser declarada em qualquer momento do conto ‘tomando a
forma de estranheza [...] ou de consciência culposa” (NUNES, 1989, p. 84).
Verifica-se que Lispector utiliza, em uma propoão maior, a primeira pessoa do singular,
tanto nos contos quanto nos romances, salvo Laços de Família (1960), que apresenta somente
um conto em primeira pessoa.
Em relação ao gênero romance, o Novo Dicionário Aurélio fornece como uma das
acepções gerais o seguinte conceito: “descrão longa das ações e sentimentos de personagens
fictícios, numa transposição da vida para um plano artístico” (FERREIRA, 1986, p. 1519).
Moisés, em sua obra A Criação Literária, aprofunda-se nos tipos de romance.
Destacamos aqui o romance de drama, utilizado nas obras romanescas de Lispector, sendo
considerado:
aquele em que a personagem e o plot o absolutamente inseparáveis [...] Tudo
caminha junto, personagem e ação, numa unidade perfeita [...] A personagem se
vai montando e se realizando, como individualidade, pela ação, e esta resulta de
a personagem estar em metamorfose; a ação não se localiza fora da personagem,
mas dentro; em suma, é a própria personagem (MOISÉS, 1979, p. 190-191).
Podemos mencionar que o romance clariciano tem uma extensão maior para se
desenvolver, se comparado ao conto, e a personagem e o enredo, como coloca Moisés (1979),
o se separam, sendo o enredo a própria personagem.
De acordo com Moisés, Clarice utiliza a primeira pessoa do singular, bem como a terceira
pessoa do singular e plural em seus romances:
Como se, afinal o gesto se descrevesse a si próprio, o episódio se narrasse, e assim
sucessivamente; ou como se o objeto e o episódio “falassem” na terceira pessoa,
enquanto as personagens falassem na primeira: meios próprios de expressão, em que a
ficcionista entra como um maestro habilidoso que concertasse os sons numa harmonia
perfeita sem executar nenhum deles, e não aparecesse a ninguém da plateia, reduzida
voluntariamente à função de reger e calar. (MOISÉS, 1979, p. 182).
Ferreira Gullar, a respeito dos romances, comenta que:
no caso de Clarice, não quer [ser literatura]. Se é literatura, o é de um modo extremo,
no limite, quase não o sendo, porque, nele, ainda que conte uma história, o que busca é
o pretexto para tudo questionar, roçando a fímbria ardente do não-dito. [... A autora]
foge [da linguagem narrativa], para mergulhar em uma entrega à vertigem das
perplexidades (GULLAR, 2007, p. 32).
Clarice, dotada de grande domínio para o desenvolvimento da narrativa, porém, possui
uma grande humildade, como percebemos por meio de sua citação, em Lispector (1964b, p. 178),
com relação à sua escrita. Diz escrever as palavras como veêm a sua cabeça, sem importar-se
muito com a lógica ou forma. Todavia, como notamos por meio da citação de Moisés (1979)
acima, a autora possui o dom da escrita, conseguindo fazer-se despercebida, “a tal ponto que [...]
a terceira pessoa [de seu romance] parece reportar-se a um pseudo-narrador [...] e não à
ficcionista, ou [...] que o romance fosse [...] escrito por si próprio” (MOISÉS, 1979, p. 183).
Notamos anteriormente que Clarice utiliza a primeira pessoa em seus romances, na fala de
suas personagens. Segundo Ferreira Gullar, os romances claricianos são literatura de um modo
extremo, repletos de questionamentos, em busca de respostas.
Por sua vez, Nádia Gotlib, no Jornal da USP, de 05 a 11 de maio de 2008, no tocante à
escritura de Clarice, relata que:
A escrita fragmentada de Clarice [...] o as pulsações” que reinventam seu lugar no
tempo e no espaço, criando uma escrita que perturba, ao mesmo tempo que atrai. E ela
não era uma autora de fazer concessões. “Eu escrevo para nada e para ninguém. Se
alguém me ler será por conta própria e auto-risco”, escreveu ela, certa vez. Ela sabia do
risco que era lê-la. Todos sabiam. E continuavam a ler, como se fosse um mantra,
como se cada gina virada fosse uma mandala arquitetada. Palavras mágicas, feitiços
vocabulares – não era bruxa convencional, mas sim curiosa com a força que as
palavras tinham (GOTLIB, 2008, p. 11).
Como pudemos observar, um dos temas preferenciais da autora, tanto nos contos quanto
no romance é a busca existencial, valendo-se das mesmas ferramentas para alcançá-la, porém de
acordo com Moisés (1970), Lispector, devido à brevidade do conto, não tem a possibilidade de
aprofundar-se em análises introspectivas dos sentimentos de maneira semelhante a qual é
realizada em seus romances. Pelo fato de o romance possuir uma extensão maior, a autora tem a
oportunidade de “pensar, analisar, especular, indagar ou questionar” (GULLAR, 2007, p. 32) de
uma forma mais profunda os temas centrais. Todavia, Moisés reitera que seja somente uma
observação, não desmerecendo portanto em nada os contos de Lispector que, segundo Gullar,
utiliza a linguagem narrativa.
A respeito da citação de Gotlib, podemos comentar que a razão da vida de Clarice era
escrever, e redigia no tocante às suas perturbações como ser humano. Também, os leitores se
identificavam com os textos de Clarice, e por este motivo, os liam. Lispector participou de
congressos de bruxaria, porém, acreditamos que o que prenda o leitor aos textos claricianos é a
essência que eles trazem, o tema que eles abordam, sendo considerados atuais até os dias de hoje.
Podemos também considerar os textos de Clarice como obras de auto-ajuda, uma vez que o leitor
se identifica com os problemas existenciais tratados por Clarice e, de certa forma, são auxiliados
a passar por estes conflitos ou até mesmo perceber que outras pessoas, como Lispector, padecem
dos mesmos sentimentos.
No que concerne ao tempo nas obras claricianas, Moisés nota que:
na verdade, Clarice Lispector representa na atualidade literia brasileira (e
mesmo portuguesa) a ficcionista do tempo por excelência: para ela, a grande
preocupação do romance (e do conto) reside no criar o tempo, criá-lo aglutinado
às personagens. Por isso correspondem suas narrativas a reconstruções do
mundo não em termos de espaço mas de tempo. (MOISÉS, 1979, p. 134).
Percebe-se que tanto nos contos quanto nos romances de Lispector, o tempo cronológico
o tem importância, ou seja, o enredo não necessita de datas para ocorrer, simplesmente
acontece, sem a preocupação de delimitá-lo. A autora mistura em suas obras o passado, o
presente e o futuro, tratando do tempo emocional, psicológico.
2.2 A RECEPÇÃO DAS OBRAS DE CLARICE LISPECTOR NO EXTERIOR
Neste subitem, observaremos definições de recepçãopara depois tratarmos da recepção
das obras de Clarice Lispector no exterior, segundo comentários de seus respectivos tradutores
para a língua inglesa e italiana, de críticos literários e de pesquisadores.
A respeito da recepção, Carvalhal comenta que, “ao final dos anos 60, surge a chamada
‘teoria da recepção’, também conhecida como estética da recepção’, que desloca o foco de
interesse da crítica moderna para a figura do leitor” (CARVALHAL, 1998, p. 69). A
pesquisadora sugere que:
a tradução de um texto raramente é independente do sistema que está destinado a
acolhê-la e, por isso, uma tradução “dinâmica” é aquela que integra o texto
traduzido na tradição do sistema que o acolhe. Ao mesmo tempo, os elementos
que acompanham a tradução são significativos, seja o próprio processo da
tradução, quando o tradutor esclarece por que o livro foi traduzido e mesmo como
o foi, seja a crítica que a analisa e tem, por vezes, papel decisivo na orientação da
recepção daquele texto, situando os leitores e preparando-os para a sua leitura.
Tanto o texto traduzido como os comentários daqueles que o analisam no meio em
que se difunde funcionam comointermediários”. Esse conjunto de elementos nos
permite saber mais sobre a própria obra, tendo em vista o contexto literário a que
originalmente pertence, mas também sobre o novo contexto no qual ela se integra.
CARVALHAL (1998, p. 71-72).
Ainda acerca do termo recepção, Pereira entende que na origem alemã “possuí uma
conotação que não tem em português nem em francês: a de apropriar-se” (PEREIRA, 1995, p.
109), sugerindo, também, que é preciso que os leitores acolham as obras literárias, deixem-se
tocar pelo prazer estético que elas proporcionam, emitam julgamentos a respeito(PEREIRA,
1995, p. 109).
Brown (1994, p. 7) observa que uma maneira de examinar a recepção de obras é procurar
por prefácios escritos por tradutores, pois eles representam um corpo de reações” do autor e do
texto. A esse respeito, podemos mencionar que extraímos informações no que tange à recepção
da obra no país da língua de chegada não apenas em prefácios escritos pelos tradutores de
Clarice, mas também em artigos acadêmicos e jornalísticos, por críticos literários, nos permitindo
constituir um corpo de reações” (BROWN, 1994, p. 7) da autora e textos literários mais
abrangentes para a nossa pesquisa.
Sob o ponto de vista de Venuti, a recepção depende de o TT ser aceito pelas editoras,
críticos literários, e leitores como um texto que é lido fluentemente, como expõe abaixo:
Um texto traduzido, sendo prosa ou poesia, ficção ou não ficção, é julgado aceivel
pela maioria das editoras, críticos literios, e leitores quando é lido fluentemente,
quando a ausência de quaisquer peculiaridades linguísticas ou estilísticas fazem o texto
parecer transparente, dando a aparência que reflete a personalidade ou intenção do
escritor estrangeiro ou o significado substancial do texto estrangeiro a aparência, em
outras palavras, de que a tradução não é de fato uma tradução, mas o “original”
10
(VENUTI, 1995, p. 1).
Munday comenta que editoras:
escolhem as obras e pagam comissões sobre as traduções, pagam os tradutores e
frequentemente ditam o método pelo qual a tradução será realizada. A editora também
contrata agentes literários, uma equipe de marketing e venda, tanto quanto críticos
literios. Os comentários destes críticos literios indicam, e de certa maneira,
determinam de que modo as traduções são lidas e recebidas na cultura da língua de
chegada [...] Os próprios tradutores fazem parte desta cultura, a qual eles próprios
podem ir contra ou à favor
11
(MUNDAY, 2001 p. 145-146).
Barbosa, no tocante à disponibilidade de uma obra no mercado, relata que:
Sem desmerecer o empenho do tradutor ou do editor, que tem a capacidade de tornar
um autor canonizado ou sequer conhecido. Parece, ao contrário, que uma forte corrente
de pensamento teórico é que é capaz de engendrar a necessidade de se fazerem
traduções dos autores que elege. Este poder da teoria e da crítica acadêmica se
evidencia também pelo fato de as traduções de Lispector terem sido produzidas por
tradutores ligados ao mundo acadêmico, produtores, eles mesmos, de crítica, e por
editoras universitárias ou ligadas a universidades, como é o caso da própria Carcanet
[na Inglaterra], que tem estreita ligação com a Universidade de Manchester
(BARBOSA, 2000, p. 8).
10
A translated text, whether prose or poetry, fiction or nonfiction, is judged acceptable by most publishers,
reviewers, and readers when it reads fluently, when the absence of any linguistic or stylistic peculiarities makes it
seem transparent, giving the appearance that it reflects the foreing writer’s personality or intention or the essential
meaning of the foreign text the appearance, in other words, that the translation is not in fact a translation, but the
“original”.
11
…choose the works and commission the translations, pay the translators and often dictate the translation
method. They also include, the literary agents, marketing and sales teams and reviewers. The reviewer’s comments
indicate and to some extent determine how translations are read and received in the target culture[…] The
translators themselves are part of that culture, which they can either accept or rebel against.
Para exemplificar a detenção do poder do TT pelas editoras, Levitin, na palestra
ministrada na Associação Alumni, menciona que, na ocasião da publicação das obras traduzidas
para o inglês A Via Crucis do Corpo e OE, estava fora dos EUA, e a editora New Directions
modificou o título da obra para Soulstorm, sem consultá-lo. Na realidade, “Soulstorm” é a
tradução para a ngua inglesa por ele efetuada para o conto Tempestade de Almas”, na obra
OE. Alexis Levitin ganhou o prêmio internacional Van de Bovenkamp Armand G. Erpf por essa
tradução.
Como Fawcett comenta, podemos notar que o texto de uma tradução, no caso de livros
publicados, em particular, é raramente todo o trabalho do próprio tradutor
12
(FAWCETT, 1995,
p. 189) e Olohan afirma que “precisamos levar em consideração que traduções de textos
literários, comumente, passam por edições mais rigorosas que seus respectivos romances
passaram
13
(OLOHAN, 2004, p. 153). São feitas modificações para que possa atingir o público
da ngua-alvo.
Podemos notar que, tomando como base esses cinco pesquisadores (Fawcett, 1995;
Venuti, 1995; Barbosa, 2000; Munday, 2001; Olohan, 2004), as editoras que detém o poder do
TT e decidirão se o TO está apto para entrar em um outro país.
No tocante à recepção de Clarice Lispector no exterior, Pontiero comenta, em Bins (1997,
p. 168), que sua primeira tradução de Clarice Lispector diz respeito ao conto “Amor”. O trabalho
foi realizado para um concurso que ocorreu em Londres em que ganhou o prêmio Camões.
Apesar de o concurso ter ocorrido na capital da Inglaterra em 1972, é uma editora nos Estados
Unidos, a New Directions, que publica sua tradução. Em decorrência disso, surgiu o interesse de
uma outra casa editorial, também nos Estados Unidos, a Texas University Press, que, por sua vez,
12
“the text of a translation in the case of published books, in particular, is rarely all the translator’s own work”
13
“…, we need to bear in mind that translations of literary texts are likely to undergo more rigorous editing than
their corresponding source novels did.”
pediu a Pontiero que traduzisse a obra toda em que o conto “Amor” estava inserido; tratava-se de
LF. Pontiero (1997, p. 18) comenta que nos Estados Unidos havia uma proporção muito maior de
livros traduzidos do que na Inglaterra; consequentemente, o campo para tradutores literários nos
Estados Unidos era mais promissor. Entretanto, algumas casas editoriais americanas preferiam
tradutores britânicos; daí o fato de Pontiero ter efetuado traduções para essas duas editoras nos
Estados Unidos. Pontiero afirma que a obra FT “foi ampla e entusiasticamente recebida pelos
críticos literários”
14
(PONTIERO, 1997, p. 20). Muriel Spark, John Gledson e Gregory Rabassa
(PONTIERO, 1997 p. 20; BINS, 1997, p. 169) encorajaram Pontiero para que continuasse com as
traduções de Lispector, fazendo elogios ao seu trabalho. Segundo Pontiero, após dez anos da
primeira publicação de FT, “um repentino interesse em Lispector levou à republicação da obra
pela Texas University Press e também à primeira publicação no Reino Unido, pela Carcanet
Press
15
” (PONTIERO, 1997, p. 20).
Levitin, também nos Estados Unidos, traduziu Soulstorm, uma compilação das obras A
Via Crucis do Corpo e OE. O tradutor comentou em sua palestra no Congresso da Alumni, em
2003, que levou dez anos (1973-1983) para fazer a tradução. Fez o trabalho mais por diletantismo
e pelo interesse que tinha nas obras de Lispector, devido ao fato de ter morado no Brasil por
algum tempo. Quando do término da tradução (1983), procurou a New Directions, a mesma que
publicou o conto “Amor”, traduzido por Pontiero (1972). Sua tradução foi publicada em 1989,
seis anos após o término da obra. O profissional comenta que a casa editorial somente resolveu
publicar a tradução após o boom internacional que as obras de Clarice Lispector alcançaram, por
meio dos estudos feministas de Hélène Cixous.
14
Family Ties was well received and widely and enthusiastically reviewed.
15
“... a sudden revival of interest in Lispector led to a first republication of the book by Texas University Press and
also to its first publication in the United Kingdom, by Carcanet Press.”
No que tange ao reconhecimento de Clarice Lispector por meio do estudos feministas de
Hélène Cixous, Benjamin Moser, em entrevista concedida à Lúcia Guimarães, em 16 de agosto
de 2009, para o jornal O Estado de São Paulo, comenta que não reconhece “a Clarice descrita
por certas críticas feministas. Aliás, a Clarice de maneira geral não militava” (GUIMARÃES,
2009, p. D8).
No tocante ao boom internacional que as obras de Lispector tiveram, por meio dos estudos
feministas de Cixous, podemos comentar que também chegaram à Itália. Guerini e Torquato, no
jornal Comunità Italiana, em 01 de janeiro de 2006, tecem um comentário semelhante,
relatando que é o caso de Clarice Lispector que, a partir dos anos setenta (1970), vem a ser
conhecida, graças ao movimento feminista
16
(GUERINI; TORQUATO, 2006). Porém, segundo
Desti (1981), esta abrangência internacional, no caso da Itália, iniciou lentamente, uma vez que
na década de 70 foram traduzidos apenas dois contos de Clarice: “Feliz Aniversário(1973), por
Adele Faccio e “Os desastres de Sofia” (1979), por Giuliano Macchi. No que concerne à essência
da obra clariciana, sugere que:
É uma recherche, na maior parte das vezes, dentro da abordagem feminista: não pelo
empenho ou programa feminista, mas apenas porque Clarice é mulher e o seu
observatório é aquele representado de corpo e espírito por uma mulher brasileira da
classe média, não integrada
17
” (DESTI, 1981, p. v).
Na década de 80, mais precisamente no ano de 1981, foi publicada pela editora La Rosa,
em Torino, a obra literária traduzida Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, por Rita
Desti, que comenta no jornal italiano Il Manifesto, de 03/01/89, que foi aberta “a série de
traduções desta escritora brasileira enigmática. A partir de agora, também os leitores italianos têm
16
“... il caso della scrittrice Clarice Lispector, che a partire dagli anni Settanta viene conosciuta grazie al
movimento femminista”.
17
È una “recherche” per lo più in chiave femminile: non per impegno o programma femminista, ma solo perché
Clarice è donna e il suo osservatorio è quello rappresentato dal corpo-spirito di una “donna brasiliana della classe
media, non integrata”
a possibilidade de emergir na prosa onicompreensiva de Clarice
18
(DESTI, 1989). A tradutora,
na introdução do TT, relata o porquê da escolha deste texto literário para ser a primeira obra
traduzida de Clarice na Itália, sugerindo que:
É como o nódulo central de toda atividade literária da escritora brasileira. Nesta obra,
Clarice, depois de ter se aventurado até um limite não ultrapassável, seu plano de
introspecção metafísica parece recuperar temática e estruturalmente a dimensão
narrativa, abrindo-se, como seu personagem, à uma relação mais clara ehumana” com
seus leitores
19
(DESTI, 1981, p. viii-ix).
A próxima obra traduzida de Clarice, publicada pela editora Feltrinelli e introduzida na
Itália, foi A Paixão Segundo G.H. (1982), por Adelina Aletti. A tradutora relatou, por contato
telefônico em 05/11/2009, que duas versões traduzidas da mesma obra foram entregues à editora
Feltrinelli e a de Aletti venceu, iniciando, assim, o processo tradurio das obras de Clarice para o
italiano. Por consequência, a próxima obra traduzida foi LF (1986), publicada e traduzida,
respectivamente também, pela Feltrinelli e por Aletti, que recebeu críticas elogiosas, tais como,
no jornal Avvenire, em 01 de julho de 1986: “Os treze, esplêndidos contos de Laços de Família,
de Clarice Lispector
20
(DONINELLI, 1986), e no jornal Il Giornale, em 06 de julho de 1986:
um volume de contos que fascinam e angustiam e fazem o leitor desejar saber mais
21
(MASSARI, 1986). Aletti, no tocante às três primeiras obras traduzidas para o italiano, comenta,
também em contato telefônico, que a primeira foi considerada uma obra gostosa de ler,
agradando seu público leitor; a segunda, por sua vez, comparada à primeira, foi um golpe no
estômago, agradando apenas as pessoas mais cultas; e a terceira, por fim, fez com que Clarice
ficasse conhecida na Itália, permitindo aos leitores que se identificassem com a obra.
18
“...la serie delle traduzioni di questa emblematica scrittrice brasiliana. Da allora, anche il lettore italiano ha
avuto la possibilità di “immergersi” nella prosa onnicomprensiva di Clarice.”
19
“...é come il nodo centrale di tutta l’attività letteraria della scrittrice brasiliana. In esso Clarice, dopo essersi
avventurata, fino ad un limite non oltrepassabile, sul piano dell’introspezione metafisica, pare recuperare sia
tematicamente che strutturalmente la dimensione narrativa, aprendosi lei stessa come il suo personaggio, ad un
rapporto piú chiaro e “umano” con il lettore.”
20
“I tredici, splendidi racconti di Legami Familiari di Clarice Lispector”
21
“un volume di racconti cha affascinano e angosciano e che danno il desiderio di saperne di piú”
Após a publicação de LF (1986), a Feltrinelli lançou também mais três obras de Clarice:
HE (1989), por Adelina Aletti; A Via Crucis do Corpo (1986), por Amina di Muno; e A Maçã
no Escuro (1988), por Renata C. Belardinelli. Aletti, a respeito de todas as publicações de
Clarice pertencerem a mesma editora, comentou que seria caro para a editora Feltrinelli comprar
a obra completa de Clarice, como a editora Nova Aguilar que detém a obra completa do escritor
Rubem Fonseca. Por esta razão, notamos que as próximas obras traduzidas de Clarice foram
publicadas por outras editoras: Editora Adelphi - PC (1987), por Rita Desti; editora Mondadori -
O mistério do coelho pensante (1991), por Francesca Lazzarato e, Quase de Verdade (1998),
por Ombretta Borgia; editora Zanzibar - OE (1994), por Adelina Aletti; editora Giorgianni -
Água Viva (1997), por Angelo Morino e; editora La Tartaruga - O Lustre (1999), por Adelina
Aletti.
Com relação às mais importantes teóricas feministas italianas, que fizeram uso das obras
claricianas, Ammirati, no periódico mensal Delt@, em 15/12/08, comenta que:
De A Hora da Estrela, passando por Água Viva, Silêncio e Felicidade Clandestina,
e de modo particular a respeito de A Paixão Segundo G.H. obra na qual as mais
importantes teóricas feministas, de Rosi Braidotti a Luce Irigaray, de Adriana Cavalero
a Luisa Muraro, intrigaram-se pois se percebe a sensação de estar em frente de uma
escritora inacessível, a quem devemos retornar muitas vezes para obter uma
compreeno mais completa desta “pessoa sensível, angustiada do fato de não saber
porque vive, e que criou uma obra exatamente sobre este não-saber
22
(AMMIRATI,
2008).
Observamos que não apenas as feministas francesas e críticos de outros países europeus
comentaram as obras de Lispector. Pudemos notar que também as teóricas feministas italianas
debateram e estudaram os textos claricianos, segundo teorias e perspectivas do movimento
22
Da “L’ora della stella”, passando per “Acqua Viva”, “Silenzio”, “Felicità clandestina”, e in modo particolare su
“La passione secondo G.H.” opera nella quale si sono imbattute le più importanti teoriche femministe, da Rosi
Braidotti, a Luce Irigaray, da Adriana Cavarero a Luisa Muraro si avverte la sensazione di essere di fronte a
un’autrice inaccessibile, alle quale dobbiamo ritornare molte volte per ottenere una comprensione più completa di
questa “persona sensibile, angosciata dal fatto di non saper perché vive, e che ha creato un’opera proprio su questo
non-sapere. Disponível em http://www.deltanews.it/editoria/narrativa/051108.htm
feminista, pom, como pudemos observar, Desti o vai ao encontro do pensamento teórico
feminista, afirmando que por ser Clarice Lispector mulher seria natural que tratasse, em seus
textos, de assuntos comuns a sua espécie.
Na França, houve duas publicações das obras de Clarice Lispector antes da década de
1970, mas que despertaram pouco interesse. Somente depois que lène Cixous (1978) publica,
em Études Littéraires, um artigo sobre A Maçã no Escuro é que Clarice Lispector começa a ser
lida mundialmente, devido às traduções. Até no Japão (Arrojo, 1999, p. 147), nessa mesma
década, chegaram os estudos de Cixous sobre Lispector, mesmo não havendo nenhuma tradução
para o japonês das obras de Clarice até o ano de 1996.
Teses de mestrado e doutorado foram escritas na França no período de 1978 a 1990, sob a
supervisão de lène Cixous. Realizaram a tradução de A mulher que matou os peixes, na
França, Lúcia Peixoto Cherem e Séverine Rosset. De volta ao Brasil, Cherem (2003) desenvolveu
sua tese de doutorado sobre Clarice Lispector. A pesquisadora conclui que, “se por um lado, as
feministas, muitas vezes tão criticadas, se apropriaram da obra de Clarice de forma subjetiva e
exagerada, por outro lado, divulgaram intensamente seu trabalho no exterior” (CHEREM, 2003,
p. 180).
Acerca da relação de Cixous com as obras da autora brasileira, Arrojo sugere que “a
leitura de Cixous de Lispector é também uma forma de ‘colonização’”
23
(ARROJO, 1999, p.
156), tendo Cixous se apropriado de obras claricianas. Devido à morte de Clarice Lispector, pôde
Cixous dar o cunho desejado às obras da autora brasileira, interpretando-as como feministas e
passando a ministrar palestras em diversos locais, incluindo Estados Unidos, França e Canadá,
até a década de 1990. Em decorrência da divulgação realizada por Cixous, surgiram outras
traduções para o francês, a partir de 1978, publicadas pela editora feminista Des Femmes.
23
“...Cixous’s reading of Lispector is also a form of ‘colonization’,...”
Logo após este movimento feminista iniciado por Cixous na França (1978) e Claire Varin
(1979) no Canadá houve o interesse, no início da década de 1980, de uma editora inglesa na
publicação das obras de Clarice, a Carcanet Press. O projeto da Carcanet visava divulgar a
literatura luso-brasileira em países anglo-saxões. Para tanto, a editora contratou tradutores para
buscar novos autores estrangeiros que pudessem despertar interesse no público anglo-saxão.
Como pudemos notar, os tradutores têm sua importância para a aceitação das obras no
exterior. Além das obras, conjunturas editoriais e mercadológicas precisam despertar o interesse
dos leitores, a fim de formar um público. Cixous colocou Lispector em destaque mundialmente e,
de acordo com Shiach, “encontrou as ‘mulheres’ como um problema potico e a ‘escrita
femininacomo uma solução política. Nas obras de Lispector, Cixous tenta construir a unidade
destes dois termos”
24
(SHIACH, 1989, p. 161).
A obra estrangeira precisa ir ao encontro da cultura, sociedade, política e economia do
país da língua-alvo para ser traduzida. A recepção vem a estimular a publicação dessas obras, por
englobar comentários de críticos literários, tradutores e leitores.
2.3 A LINGUAGEM CLARICIANA E A AUTORA, DO PONTO DE VISTA DE SEUS
TRADUTORES E DE ALGUNS ESTUDIOSOS
Neste subitem, abordaremos alguns comentários no tocante à linguagem clariciana, além
de comentários da própria autora, com base em alguns de seus tradutores para a língua inglesa e
italiana (Giovanni Pontiero, Gregory Rabassa, Alexis Levitin, Earl Fitz, Adelina Aletti, Rita Desti
e Monica C. Giorgi), em alguns críticos literários, Amanda Hopkinson, Piera Mattei, Silvia
Marianecci e Carmen Plebani, bem como nos pesquisadores Antonio Tabucchi e Mona Baker.
24
Cixous had found ‘women’ as a political problem, and feminine writing’ as a political solution. In Lispector she
tries to construct the unity of these two terms”.
Giovanni Pontiero, tradutor de LF, PC, HE, entre outras obras, comentando o “estilo” de
Clarice, sugere que a autora é:
mestre do fragmento e incompletude”, seu ritmo sincopado, sintaxe e
pontuação não ortodoxas têm que ser respeitados na língua alvo. Nas narrativas
de Lispector, intuições sutis e respostas ambivalentes substituem abordagens
convencionais do enredo e das personagens
25
. (PONTIERO, 1997, p. 50).
Por seu turno, Gregory Rabassa comenta a respeito do “estiloe personagens de Clarice,
na introdução da obra que traduziu, A Maçã no Escuro:
O estilo em todas as obras é interior e hermético. Na maioria dos casos, a ação é
observada pelo ponto de vista das personagens envolvidas, e a descrição também
tende a ser realizada através dos olhos das personagens
26
. (RABASSA, [1967],
1986, p. x).
Alexis Levitin, tradutor de A Via Crucis do Corpo e OE, em artigo intitulado “Alexis
Levitin: An Interview”, por Daniel M. Jaffe, comenta que “Clarice Lispector é uma verdadeira
poeta escrevendo em prosa aparente. Toda a complexidade da poesia e das difíceis escolhas estão
presentes [na prosa clariciana]. O som de cada letra tem importância. De fato, ela é uma poetisa
clandestina escondendo-se no âmago da ficção latino-americana
27
” (JAFFE, 2008).
Por sua vez, Adelina Aletti, tradutora de LF, OE, HE, entre outras, por meio da referida
conversa telefônica, comenta que, ao ler Clarice, a substância do conteúdo de suas obras entrou
na pele de Aletti e, de acordo com a tradutora, também as donas de casa e estudantes se
encontraram nos livros da autora, principalmente na obra LF. Quanto à repetição nas obras
claricianas, Aletti sugere que talvez Clarice não se sentisse segura de ter passado a mensagem
25
The mistress of the fragmentary and the “incomplete”, her syncopated rhythms and unorthodox syntax and
punctuation have to be respected in the target language. In Lispector’s narratives, subtle intuitions and ambivalent
responses replace any conventional approach to plot and characterization…
26
The style in all of these works is interior and hermetic. In most cases the action is seen from the point of view of
the characters involved, and the description is also likely to be made through their eyes.
27
Clarice Lispector is a true poet writing in apparent prose. All the complexity of poetry is there, all the difficult
choices are there. The sound of every word matters. In effect, she is a clandestine poet hiding on the shelves of Latin
American fiction.
que ela queria transmitir por meio de seus textos literários, acabando por usar a repetição, e em
uma proporção maior ainda nos romances.
Rita Desti, tradutora de PC e Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres para o
italiano, relata, no jornal Il Manifesto, em 03 de janeiro de 1989, que
não apenas de introspecção psicológica o compostos os romances de Clarice, ao
contrário, são constituídos de reconstruções de uma realidade transversal até uma
dimensão linguística, assinaladas por um tempo interior, na tentativa constante de
compreender o significado ontológico do ser e da identidade do homem. Uma técnica
narrativa que tem seus pontos extremos na própria prosa rica de Água Viva (1973) e na
obra póstuma publicada em 1978, Um sopro de vida
28
(DESTI, 1989).
No que se refere à ideia-núcleo de todas as narrativas de Clarice, também comenta Desti,
na introdução da obra traduzida para o italiano Un apprendistato o il libro dei piaceri,
publicada em 1981, que a autora estabelece “o indizível de forma e conteúdo, a correspondência
entre a busca existencial e um novo modode escrever
29
(DESTI, 1981, p. ix). A tradutora
sugere que:
na busca quase desesperada de uma correspondência perfeita entre o mundo de coisas
reais e presentes e aquele das palavras, Clarice, segundo a crítica literia Olga de ,
conseguedizer o óbvio de uma maneira extraordinária”. Clarice Lispector não inventa
as palavras, mas escolhe entre as existentes as únicas palavras possíveis e que não são
substituíveis
30
. (DESTI, 1981, p. xi).
Também Monica C. Giorgi, tradutora de Um Sopro de Vida para a ngua italiana, tece
alguns comentários a respeito da obra clariciana:
Considero a obra de Lispector uma divindade escritural. Os romances que defino
apocalípticos – quero dizer, A Paixão Segundo G.H., Água Viva, A Hora da Estrela,
Um sopro de vida, como tantos outros textos literários possuem uma linguagem que
é ao mesmo tempo inspiradora, original e reveladora
31
(GIORGI, 2005, p. 2).
28
Ma non solo di introspezione psicologica sono materiati i romanzi di Clarice: piuttosto, di ricostruzione di una
realtà attraverso una dimensione linguistica, scandita da um tempo interiore, nel tentativo costante di cogliere il
significato ontologico dell’essere e dell’idendità dell’uomo. Una tecnica narrativa, questa, che avrà le sue punte
estreme nella prosa lírica di Acqua Viva (1973) e nello scritto, pubblicato postumo, nel 1978, Um sopro de vida.
29
“... l’inscindibilità di forma e contenuto, la corrispondenza fra ricerca esistenziale e nuovo ‘modo’ di scrivere.”
30
Nella sua ricerca quasi esasperata di una corrispondenza perfetta tra il mondo delle cose reali e presenti, e quello
delle parole, Clarice riesce “a dire l’ovvio in maniera straordinaria”. Clarice Lispector non inventa parole, ma
sceglie fra le esistenti le uniche parole possibili e non sostituibili.
31
Ritengo l’opera di Lispector una divinazione scritturale. I romanzi che definisco apocatafantici intendo La
Passione secondo G.H., Acqua Viva, L’ora della stella, Um sopro de vida, come pure diversi altri racconti
Abaixo, apresentaremos algumas considerações quanto à escritura de Clarice Lispector,
encontradas em artigos de jornais italianos, que tinham o intuito de divulgar as obras da autora
traduzidas. Em Paese Sera, em 07 de dezembro de 1988, Piera Mattei sugere que “a escritura de
Clarice, inquieta e pacífica, descobre fronteiras sempre novas para a sensação e a reflexão, sem
entregar-se jamais à expectativa de um desenlace definitivo, à uma alternância ou a um ir além
32
(MATTEI, 1988).
Carmen Plebani, acerca da escritura de Clarice, no jornal italiano L’Eco di Bergamo, em
17 de janeiro de 1990, comenta que:
É um ato absoluto e absolutamente simples, como todas as ações necessárias e
inconscientes que realizamos, como comer, caminhar, respirar. Mas, na realidade,
há uma fadiga imensa, uma consciência lúcida e dolorosa, um estar sempre
presente a si mesmo e à vida, e sentir ao mesmo tempo a necessidade de encontrá-
la
33
(PLEBANI, 1990).
Quanto a pessoa Clarice Lispector, Silvia Marianecci, em seu artigo intitulado “Fuga per
la libertà”, publicado no blog Brasiliando, em 14 de junho de 2009, disponível na Internet, relata
que: quase todos conhecem pelo menos de nome a escritora brasileira Clarice Lispector e
muitos já leram uma ou mais obras daquela que é considerada uma das vozes literárias femininas
mais representativas deste século
34
” (MARIANECCI, 2009).
godono di un linguaggio che è al contempo sorgivo, originale e rivelativo. Disponível em
http://www.archividonneticino.ch/studi/05esperienze_traduzione.pdf
32
La scrittura della Lispector inquieta e pacifica, scopre confini sempre nuovi alla sensazione e alla riflessione,
senza mai concedere la prospettiva di um esito definitivo all’alternanza e all’andare oltre. – Material concedido pela
editora Feltrinelli à Cristina Mauri, Doutora em Linguística Aplicada pela UFMG, Brasil, por ocasião de sua
pesquisa a respeito da recepção de Clarice Lispector na Itália.
33
“... è un atto assoluto e assolutamente semplice, come tutte le azioni necessarie e inconsapevoli che compiamo,
come mangiare, camminare, respirare. Ma in realtà cela una fática immane, una consapevolezza lúcida e dolorosa,
un essere sempre presenti a sé e alla vita e sentire contemporaneamente il bisogno di cercala.” - Material concedido
pela editora Feltrinelli à Cristina Mauri.
34
“Quasi tutti conoscono almeno di nome la scrittrice brasiliana Clarice Lispector e molti hanno gletto una o più
opere di quella che è considerata una delle voci letterarie femminili più rappresentative di questo secolo” –
Disponível em www.blog.musibrasil.net/2009/06/14/1165/
Em entrevista concedida à Julie Salamon, do jornal The New York Times, em 11 de
março de 2005, o crítico literário e tradutor Earl Fitz tece comentários a respeito de Lispector e
sua obra:
Ela queria ser tratada como uma escritora, apesar de fingir que não era uma
profissional. [...] Ela disse coisas diferentes para diferentes pessoas sobre em que
cidade vivia e quando nasceu. Ela usava muitas máscaras, e quando ela retirava
uma você pensava que ela estava revelando algo, mas ela estava apenas
revelando outra máscara. [...] Seus personagens carecem de um certo tipo de
coerência e mesmo quando apresentam coerência, isto não leva à felicidade
35
(SALAMON, 2005).
Amanda Hopkinson, em 18 de setembro de 2009, no jornal The Independent, comenta
sobre a biografia de Clarice Lipector intitulada Why This Word, por Benjamin Moser, relatando
que “a qualidade da escritura [de Clarice], às vezes lúcida e perturbadora, persiste na riqueza do
material pessoal e jornalístico presente [na biografia]
36
” (HOPKINSON, 2009).
Notamos que as opiniões sobre a escritura clariciana assemelham-se, sendo uma
linguagem “inquieta [...que] descobre fronteiras” (MATTEI, 1988), “dolorosa [...e com] a
necessidade de encontrá-la” (PLEBANI, 1990), reveladora” (GIORGI, 2005, p. 2), “lúcida e
perturbadora” (HOPKINSON, 2009). Tantos adjetivos como esses explicam o fato de Clarice ser
uma das autoras brasileiras mais traduzidas nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, entre outros.
Sugere-se que, no tocante às características que Fitz nos aponta em relação às obras
claricianas, a própria autora joga com o oposto, uma vez que afirma que sua escritura é
“humilde”, e quer “ser tratada como uma escritora”. Notamos este aspecto de jogo com as
palavras em quase toda a extensão de sua obra. Podemos observar também o paralelo traçado
entre Clarice escritora e sua obra, quando o crítico refere-se à “máscara” utilizada tanto por
Clarice quanto por suas personagens. Na verdade, faz Clarice uma reflexão pessoal em suas
35
Informações extraídas do site http://www.booklink.com.br/rachelgutierrez/Deu_no_jornal.html em 03/07/2005,
traduzidas por George El Khouri Andolfato.
36
The quality of her writing, as once lucid and disturbing, persists in the wealth of personal and journalistic
material here.
obras, abordando seus medos e frustrações e estes sentimentos são transmitidos às suas
personagens. A autora e suas personagens estão em busca da existência pessoal e enquanto não a
encontrarem, de acordo com Fitz, não atingiriam uma felicidade completa, dado a sua
impossibilidade de ser alcançada.
A acadêmica Mona Baker, da Universidade de Manchester, Inglaterra, em seu artigo
intitulado “A Corpus-based View of Similarity and Difference in Translation”, de 2004, refere-se
a Lispector como a autora brasileira bem diferente Clarice Lispector”
37
(BAKER, 2004, p. 182),
quando compara as traduções disponibilizadas no Translational English Corpus TEC
38
das
obras de José Saramago e Clarice Lispector, comentando no que tange às diferenças encontradas,
uma vez que são, respectivamente, autores de literatura portuguesa e brasileira e sugerindo que
seja um padrão interessante a ser pesquisado mais detalhadamente.
Por sua vez, Antonio Tabucchi, pesquisador de literatura portuguesa, comenta no prefácio
da tradução de O Lustre (1999) que propriamente o segredo parece ser o código expressivo
dentro do qual se esconde e se revela a obra (a vida) de Clarice Lispector
39
”. Aqui, também
podemos utilizar o termo “máscara”, empregado por Fitz. Quando vida e obra de Clarice se
escondem e se revelam, este “revelar”, de acordo com Fitz, é “revelar” o uso de uma nova
“máscara”, a fim de “esconder” e “revelar” o segredo presente em sua vida e obra, que guarda
seus medos e frustrações, transmitidos também às suas personagens.
Clarice foi uma escritora que deixou suas marcas, tanto no Brasil quanto no exterior.
Diversas obras foram escritas a respeito de sua vida e obra, atestando sua notoriedade e
importância até hoje.
37
“…of the very different Brazilian author Clarice Lispector,…
38
Mais detalhes a respeito do TEC encontram-se na página 50.
39
“proprio la segretezza sembra essere la cifra espressiva dentro cui si nasconde, e si svela, l’opera (la vita) di
Clarice Lispector”.Disponível em http://www.wuz.it/archivio/cafeletterario.it/112/cafelib.htm
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para apresentarmos as bases do nosso estudo, iniciaremos pela conceituação de corpus,
sua representatividade, extensão, especificidade e adequação, de acordo com Baker (1995),
Sanchez (1996), Olohan (2003) e Berber Sardinha (2004) (subitem 3.1). Depois, trataremos do
programa computacional WordSmith Tools e a pesquisa assistida por computador, segundo
Burnett (1999) e Berber Sardinha (2004) (subitem 3.2); das principais vertentes teóricas em
relação aos estudos da tradução baseados em corpus, lançada por Baker (1993) (subitem 3.3);
apresentando uma classificação por tipo de corpus, por Baker (1995) (subitem 3.3.1); as quatro
características típicas da linguagem da tradução, de Baker (1996) (subitem 3.3.2); e as
similaridades e difereas dessa natureza, por Baker (2004), abordando os padrões de variação e
o comportamento linguístico do tradutor, no tocante aos MRs e FLs selecionados para a análise
(subitem 3.3.3). Por sua vez, trataremos da conceituação de MRs, de acordo com Leech e
Svartvik (1975), bem como Cuenca (2003) (subitem 3.4). Também, abordaremos a conceituação
de FLs no âmbito da pesquisa, segundo Nattinger e DeCarrico (1992) (subitem 3.5).
3.1 CONCEITUAÇÃO DE CORPUS, SUA REPRESENTATIVIDADE, EXTENSÃO,
ESPECIFICIDADE E ADEQUAÇÃO
Apresentamos a definição de Sanchez, que consiste em:
Um conjunto de dados linguísticos (pertencentes ao uso oral ou escrito da língua, ou a
ambos), sistematizados segundo determinados critérios, suficientemente extensos em
amplitude e profundidade, de maneira que sejam representativos da totalidade do uso
linguístico ou de algum de seus âmbitos, dispostos de tal modo que possam ser
processados por computador, com a finalidade de propiciar resultados vários e úteis
para a descrição e análise. (SANCHEZ, 1996, p. 8-9).
Com o desenvolvimento da informática, Baker propõe uma definição para corpus e
acrescenta três requisitos fundamentais:
(i) corpus, agora, significa primeiramente uma coleção de textos digitalizados e
capazes de serem analisados, automática ou semi-automaticamente, em uma variedade
de maneiras;
(ii) um corpus não mais se restringe a textos escritos, mas incluí também textos orais; e
(iii) um corpus pode incluir um grande número de textos provenientes de fontes
variadas, por muitos autores e falantes e em uma diversidade de tópicos
40
(BAKER,
1995, p.225).
No que tange aos corpora, Olohan comenta que:
seu uso foi desenvolvido na linguística de corpus, a área da linguística geral, que
enfoca a manipulação e análise da língua natural. Seu uso tem atraído muito os
linguistas, ao oferecer dados autênticos em grande escala e uso da língua natural, por
meio dos quais padrões linguísticos e tendências podem facilmente ser descobertos.
Acresce-se ainda a facilidade com que os corpora podem ser agora compilados e a
simples utilização de um software com um corpus
41
(OLOHAN, 2003, p. 60).
No tocante à representatividade do corpus, de acordo com Berber Sardinha,
está ligada à questão da probabilidade. A linguagem é de caráter probabilístico, [...],
havendo a possibilidade de estabelecer uma relação entre traços queo mais comuns e
menos comuns em determinado contexto. O conhecimento da probabilidade de
ocorrência de traços lexicais, estruturais, pragmáticos e discursivos está no cerne da
Linguística de Corpus e, portanto, o conhecimento acerca da probabilidade de
ocorrência da maioria dos traços linguísticos em vários contextos ainda está sendo
adquirido (BERBER SARDINHA, 2004, p. 24).
Acerca da extensão, de acordo com Berber Sardinha (2004), o corpus comporta três
dimensões: (a) mero de palavras - quanto maior o número de palavras, maior a probabilidade
de ocorrer palavras de baixa frequência em um corpus; (b) número de textos quanto maior o
número de textos, maior a probabilidade de o corpus estar adequadamente representado; e (c)
número de gêneros quanto maior o número de gêneros, maior a probabilidade de representar a
língua como um todo.
40
(i) corpus now means primarily a collection of texts held in machine-readable form and capable of being analysed
automatically or semi-automatically in a variety of ways; (ii) a corpus is no longer restricted to ‘writings’ but
includes spoken as well as written text, and (iii) a corpus may include a large number of texts from a variety of
sources, by many writers and speakers and on a multitude of topics.
41
The use of electronic corpora was developed in corpus linguistics, the branch of general linguistics that focuses on
the manipulation and analysis of natural language. Their use has been very attractive to linguists as it offers large
scale quantities of authentic data and natural language use with which linguistic patters and tendencies can easily
be uncovered. This is coupled with the ease of which corpora can now be compiled and the user-friendliness of (…)
corpus software
Segundo o acadêmico (2004, p. 26-27), a extensão do corpus pode se enquadrar em três
abordagens distintas: (a) impressionística “baseia-se em constatações derivadas da prática da
criação e da exploração de corpora”; (b) histórica “fundamenta-se na monitoração dos corpora
efetivamente usados pela comunidade”; e (c) estatística “fundamenta-se na aplicação de teorias
estatísticas”.
No tocante à extensão do corpus, Berber Sardinha também comenta que “o tamanho
mínimo necessário para um corpus de estudo depende: (a) do que se pretende estudar e (b) da
especialização do corpus” (BERBER SARDINHA, 2004, p. 98). Em se tratando de um corpus
especializado, no caso de um corpus literário, o tamanho mínimo, incluindo todas as categorias
(verbo, substantivo, adjetivo, advérbio, pronome, numeral, etc.), seria de 91.161 palavras, de
acordo com Berber Sardinha (2004).
Quanto à especifidade do corpus, o pesquisador relata que, “normalmente, corpora
compilados em pequena escala por pesquisadores individuais acabam sendo mais representativos
do que os respectivos subcorpora dos corpora gerais” (BERBER SARDINHA, 2004, p. 28).
Sobre a adequação do corpus, Berber Sardinha comenta que
Embora representativo, o corpus possui seus limites. Ele pode ajudar a responder
apenas alguns tipos de perguntas. Com essa postura, parte-se da pesquisa e não do
objeto. Ou seja, invertendo-se a origem da empreitada, coloca-se a questão de pesquisa
na frente do objeto. Além de representativo, o corpus deve ser adequado aos interesses
do pesquisador, que deve ter uma questão a investigar para a qual necessite de um
corpus específico. A adequação do corpus é tomada como dada. Assume-se que o
corpus com o qual se esteja lidando e as perguntas feitas sejam adequados aos
propósitos da investigação. (BERBER SARDINHA, 2004, p. 29).
A seguir, trataremos do programa WordSmith Tools e da pesquisa assistida por
computador, segundo Burnett (1995) e Berber Sardinha (2004).
3.2 PROGRAMA WORDSMITH TOOLS E A PESQUISA ASSISTIDA POR COMPUTADOR
Referindo-se à pesquisa assistida por computador, um dos programas mais utilizados é o
WordSmith Tools, constituído de três ferramentas eletnicas: WordList, KeyWords e Concord. A
este respeito, Burnett explica que:
a ferramenta WordList permite visualizar listas de palavras em um texto,
organizadas alfabeticamente ou em ordem de frequência, enquanto que a
ferramenta KeyWords localiza e identifica palavras-chave em um texto e as
apresenta em ordem de “predominância”. A Concord, por sua vez, é uma
ferramenta de concordância que permite ao usuário especificar uma palavra de
busca, na qual o programa a examinará em todos os arquivos de texto
selecionados
42
. (BURNETT, 1999, p. 53).
Este programa é comercializado pela Oxford University Press. Na ferramenta WordList,
a opção Statistics, que fornece a razão type/token, ou seja, o cálculo estatístico entre a forma
(vocábulo) / item (palavras correntes)
43
de MRs e FLs, tornando possível examinar o tamanho do
corpus e também a diversidade de palavras. Também, na opção Statistics, a razão forma/item
padronizada, ou seja, a cada 1000 palavras a diversidade do texto é calculada. Quanto maior for o
número encontrado na razão forma/item padronizada, maior será a diversidade lexical presente no
texto ou corpus; inversamente, quanto menor for o número encontrado na razão forma/item
padronizada, menor será a diversidade lexical no texto ou no corpus. Segundo Berber Sardinha
(2004, p. 95), a razão forma/item padronizada é empregada quando os textos selecionados para a
análise não possuírem a mesma extensão, o que costumaria ocorrer com frequência, tratando-se
de textos autênticos. Por este motivo, utilizamos a razão forma/item padronizada.
A ferramenta Concord, também utilizada em nosso trabalho, será abordada em maiores
detalhes no subitem 4.2.
A seguir, trataremos dos estudos da tradução baseados na linguística de corpus.
42
WordList allows you to view lists of the words in a text, arranged either alphabetically or in order of frequency,
while KeyWords locates and identifies the keywords in a text and presents them in a list in order of
‘outstandingness’. Concord is a concordance program that allows the user to specify a search word, which the
program will seek in all the text files that have been selected.
43
Tradução fornecida por Berber Sardinha (2004, p. 95).
3.3 OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO BASEADOS NA LINGUÍSTICA DE CORPUS
Baker (1993) fundamenta-se em duas principais correntes de pensamento nas áreas de
investigação da tradução, uma com base nos estudos descritivos da tradução (Toury, [1978],
2000; 1995) e a outra com fundamentação na linguística de corpus (Sinclair, 1991).
Quanto aos estudos descritivos de tradução iniciados por Even-Zohar ([1978], 2000), com
a teoria dos polissistemas, e Toury (1978), com o conceito de normas, a tradução passa a ser
observada como um sistema que faz parte de um todo. Para terem valor, as traduções começaram
a ser observadas não mais como dependentes dos respectivos originais, mas passaram a ter
importância por si só. Também as traduções deixaram de ser analisadas somente para verificar
erros ou desvios em relação ao original.
Além dos estudos descritivos da tradução, Baker (1993) toma por base a linguística de
corpus, em especial, a proposta de Sinclair (1991). De acordo com Berber Sardinha, desenvolveu
Sinclair (1966) “o primeiro trabalho pioneiro na área de léxico que traçou os caminhos da maioria
da pesquisa em linguística de corpus feita até hoje” (BERBER SARDINHA, 2000, p. 332).
No que concerne à linguística de corpus, Berber Sardinha (2000, p. 325) sugere que uma
de suas ocupações é armazenar textos no computador que sejam criteriosamente escolhidos com
o intuito de uma investigação da língua ou da variedade linguística.
Magalhães esclarece que Baker (1993) parte das investigações de Toury ([1978], 2000;
1995) e de Sinclair (1991) para:
consolidar a sua proposta de estabelecimento da tradução como objeto de
pesquisa da disciplina estudos da tradução, cujo objetivo principal passa a ser a
identificação de traços do texto traduzido que levarão ao entendimento do que é
e de como funciona a tradução. (MAGALHÃES, 2001, p. 98).
No tocante aos estudos da tradução baseados em corpus, Tymoczko comenta que esta
abordagem pode trazer contribuições para “esclarecer tanto similaridades como diferenças e
investigar de maneira exequível as particularidades dos fenômenos específicos da linguagem
presentes em muitas nguas e culturas diferentes”
44
(TYMOCZKO, 1998, p. 657).
A respeito de investigações a partir de corpora, Baker relata que:
foi recentemente, por volta dos últimos doze meses, que começamos a
considerar a utilização de técnicas e ferramentas da linguística de corpus para
estudar a tradução como uma variedade do comportamento da linguagem que
merece destaque por si só, o para criticar ou avaliar traduções individuais, mas
para compreender o que geralmente ocorre no processo tradutório
45
(BAKER,
1996, p. 177).
No que tange ao número crescente de estudos, a pesquisadora apresenta uma visão
otimista:
Estamos agora começando a experimentar um tipo diferente de dificuldade,
especialmente porque uma grande quantidade de alguns tipos de evidências e
dados para os quais necessitamos no momento de mais horas de investigões e
pesquisadores para conseguirmos abarcar os diversos caminhos que este recurso
está abrindo a fim de chegar a explicações plausíveis dos padrões que estão
surgindo com nosso estudo. Esta é uma dificuldade interessante - existir muitos
dados ao invés de ter poucos para continuar a pesquisa, não sendo menos
desafiador do que a dificuldade de não possuir dados suficientes para informar a
nossa pesquisa
46
(BAKER, 2004, p. 168-169).
No Brasil, os estudos da tradução baseados em corpus eletnico (Beber Sardinha, 1999,
2000; Magalhães, 2001) apresentam um desenvolvimento respeitável, porém, ainda são
necessárias investigações.
A seguir, apresentaremos a classificação dos tipos de corpus segundo Baker (1995).
44
“… to illuminate both similarity and difference and to investigate in a manageable form the particulars of
language-specific phenomena of many different languages and cultures.”
45
It is only very recently, in the past twelve months or so, that we have started to consider using the techniques and
tools of corpus linguistics to study translation as a variety of language behaviour that merits attention in its own
right: not in order to criticise or evaluate individual translations but in order to understand what actually happens in
the process of translation.”
46
We are now beginning to experience a different kind of difficulty, namely that there is so much of some types of
evidence and data that what we really need at the moment is much more research time and more researchers to be
able to follow up the many threads and avenues that this resource is opening up, and in order to come up with
plausible explanations of the patterns that are emerging from our studies. This is an interesting difficulty to have
too much rather than too little to go on and no less challenging than the difficulty of not having sufficient data to
inform our research.”
3.3.1 A classificação dos tipos de corpus segundo Baker (1995)
Para os estudos da tradução, é possível empregar três tipos de corpus: paralelo,
multilíngue e comparável.
No tocante à composição de um corpus paralelo, Baker define que:
consiste de textos originais na língua fonte (língua A) e suas versões traduzidas
para a língua B. Este é um tipo de corpus que associamos imediatamente ao
contexto de estudos da tradução. A mais importante contribuição do corpus
paralelo para a disciplina em geral é que possibilita uma mudança de ênfase da
prescrição para a descrição. Permite-nos estabelecer, objetivamente, como os
tradutores superam na prática, as dificuldades de tradução, e possibilitam utilizar
essas evidências para fornecer modelos reais para o treinamento dos tradutores
47
(BAKER, 1995, p. 230).
Na Europa, foram realizadas várias investigações com esse tipo de corpus, tais como as de
Munday (1997, 1998), na Universidade de Bradford, na Inglaterra, que fundamentou sua pesquisa
de doutorado com um corpus paralelo, na direção espanhol-inglês, trabalhando com obras
literárias de Gabriel García Márquez. Na Noruega, há o corpus bidirecional de tradução, o ENPC,
criado por Johansson (2004), que é formado por textos originalmente escritos em inglês e suas
respectivas traduções para o norueguês, bem como textos originalmente escritos em norueguês e
suas respectivas traduções para o inglês. Na Suécia, Aijmer (2004) trabalha com o ESPC, que
compreende um corpus paralelo na direção inglês-sueco e sueco-inglês. Na Alemanha, o
Chemnitz English-German Translation Corpus (Schmied, 2004), um corpus paralelo bidirecional.
Há diversos trabalhos realizados com base em corpus paralelo, inclusive em língua
portuguesa. Ana Frankenberg-Garcia (2003), do Instituto Superior de Línguas e Administração
(ISLA), em Lisboa, e Diana Santos (2003), do Information & Communication Technology
(SINTEF), na Universidade de Oslo, o duas das pesquisadoras que desenvolvem o
47
“A parallel corpus consists of original, source language-texts in language A and their translated versions in
language B. This is the type of corpus that one immediately thinks of in the context of translation studies. Their most
important contribution to the discipline in general is that they support a shift of emphasis, from prescription to
description. They allow us to establish, objectively, how translators overcome difficulties of translation, in practice,
and to use this evidence to provide realistic models for trainee translators.”
COMPARA, formado por um corpus paralelo de extratos de obras literárias de Portugal, Brasil,
Angola, Moçambique, Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul. O corpus pode ser utilizado
gratuitamente, sendo apenas necessário que o pesquisador faça um cadastro.
No Brasil, destacam-se pesquisas com corpora paralelos. Dentro do Lácio-Web, encontra-
se o Par-C, constituído de matérias publicadas na Revista Pesquisa FAPESP em português e suas
traduções para o inglês. No COMET (USP), liderado por Tagnin (2004), está inserido um corpus
paralelo de textos literários que contém TOs e suas respectivas traduções em uma ou mais
línguas. O CORDIALL (UFMG), criado por Alves, Magalhães e Pagano (2004), é composto de
um corpus paralelo com TOs e suas traduções desenvolvendo o par de línguas português-
espanhol, português-alemão, português-inglês e espanhol-inglês, entre os quais está inserido o
trabalho de Mauri (2009), que também pesquisou Clarice Lispector. também outras
investigações utilizando corpus paralelo, realizadas na UFSC, entre as quais, podemos citar
Fernandes (2004). Na UNESP, mpus de São José Rio Preto, podemos citar pesquisas de Lima
(2005), Bonalumi (2006), Ribeiro (2006), Valirio (2008), entre outras, inseridas no Projeto
PETra (Padrão Estilístico dos Tradutores), coordenadas por Camargo (2005, 2007).
A respeito de corpus multilíngue, Baker fornece a seguinte definição:
conjuntos de dois ou mais corpora monolíngues em línguas diferentes.
Permitem-nos estudar os itens e traços linguísticos no ambiente da língua tal
como produzida originalmente. Sua utilidade está em dar acesso aos padrões
naturais da língua objeto de estudo; portanto, têm papel importante na
preparação do material didático, no treinamento do tradutor e na melhoria do
desempenho dos sistemas de tradução automática
48
. (BAKER, 1995, p. 232).
Na Europa, encontra-se o SALCA, corpus de linguagem de negócios do inglês-espanhol,
compilado na Universidade de Salford, Inglaterra, em colaboração com a Universidad de
Castellón e Universidad de Granada, na Espanha.
48
Tradução da citação por Magalhães (2001, p. 99).
No Brasil, o CORDIALL, de acordo com Tagnin, também engloba o CORPRAT, “um
corpus processual multilíngue, cujo objetivo é fornecer material para se investigar padrões de
inferência, planejamento estratégico, solão de problemas e tomada de decisões durante o
processo tradurio” (TAGNIN, 2004, p. 11).
Os corpora multilíngues podem ser paralelos ou comparáveis, possuindo originais e
traduções em mais de uma língua, auxiliando o pesquisador em sua análise. No tocante aos
corpora multilíngues paralelos e/ou comparáveis, podemos mencionar, no Brasil, as pesquisas
com um subcorpus do CORDIALL, na UFMG, que é composto de textos originalmente escritos
em português e de textos em diversas nguas traduzidas para a língua portuguesa.
De acordo com Baker, a definição para um corpus comparável consiste de:
duas coleções separadas de textos na mesma língua: um corpus de textos
originais na língua em questão e o outro de textos traduzidos para essa língua, a
partir de uma ou mais nguas determinadas. O papel desses corpora na
disciplina de estudos da tradução é o de identificar padrões específicos dos
textos traduzidos, sejam quais forem as línguas de partida ou de chegada
49
(BAKER, 1995, p. 234).
Em Manchester, Inglaterra, as pesquisas realizadas são, de modo geral, por meio de
corpora comparáveis, em formato eletnico, utilizando o TEC (composto de textos literários,
jornalísticos, de revistas de bordo e biografias traduzidos para a língua inglesa) e o BNC
(formado por extratos de textos literários, jornalísticos, acadêmicos falados e escritos
originalmente em língua inglesa). O TEC é um corpus liderado por Baker, sediado na
Universidade de Manchester, Inglaterra e o BNC é um corpus de referência, comercializado pela
Oxford University Press. Foram efetuados diversos estudos, contrastando dados, por meio do
TEC e BNC, entre os quais podemos citar Baker (1999, 2000), Olohan (2002, 2003), Burnett
49
Tradução da citação por Magalhães (2001, p. 100).
(1999), Laviosa (1996, 1997,1998a, 1998b, 2000, 2001, 2002), Kenny (1998, 1999, 2001) e
Mutesayire (2003, 2005).
também outras investigações supervisionadas por Baker e realizadas por meio de um
corpus comparável. Podemos mencionar a de Webb (2004), que verifica MRs em um corpus
compavel de ngua inglesa, composto de TTs realizados por Pontiero e um TO, de autoria
também de Pontiero, e a de Dayrell (2005), que analisa colocações em um corpus compavel de
língua portuguesa, a partir de livros de auto-ajuda escritos originalmente em português e livros de
auto-ajuda traduzidos para o português, bem como livros de ficção escritos em português e livros
de ficção traduzidos para o português.
No Brasil, também outras investigações utilizando corpus comparável, realizadas na
UNESP, câmpus de São José Rio Preto, entre as quais podemos citar pesquisas de Camargo
(2005, 2007), entre outras, inseridas no Projeto PETra.
A seguir, apresentaremos as características da linguagem da tradução.
3.3.2 Características da linguagem da tradução
No tocante à identificação de traços do TT, Baker (1996) aborda as seguintes
características: explicitação, simplificação, normalização e a estabilização.
De acordo com a autora, a explicitação corresponde a evincias que “podem ser
encontradas em vários fenômenos, entre eles, o tamanho maior dos TTs em relação aos TOs; ou o
próprio uso ou uso exagerado de vocabulário e conjunções explicativas nas traduções em relação
aos originais”
50
(BAKER, 1996, p.180).
Referindo-se a exemplos em que o tradutor usa a explicitação, podemos citar o trabalho de
Vanderauwera, que aponta vários casos, entre os quais,
50
Tradução da citação por Magalhães (2001, p. 101).
o uso de interjeições para expressar mais claramente a progressão dos pensamentos dos
personagens ou acentuar uma dada interpretação; expano de passagens condensadas;
adição de modificadores, qualificadores e conjunções, a fim de obter uma maior
transparência; adição de informações extras; inserção de explanações; repetição de
detalhes anteriores com o propósito de clareza; versões precisas de dados implícitos ou
vagos; descrições mais cuidadosas; nomeação de locações geográficas e
disambiguidade de pronomes com formas precisas de identificação
51
(VANDERAUWERA, 1985, apud LAVIOSA, 2002, p. 53).
Klaudy, por sua vez, identifica quatro categorias de estratégias de explicitação:
(a) explicitações obrigatórias que se originam de diferenças estruturais entre línguas;
(b) explicitações opcionais atribuídas a diferenças nas estratégias de construção de
texto e preferências estilísticas entre línguas; (c) explicitações pragmáticas que o
causadas devido a diferenças culturais entre a língua fonte e a língua alvo; (d)
explicitações inerentes à tradução ou próprias da tradução que derivam do processo de
tradução per se
52
(KLAUDY, 1996, 1998, apud LAVIOSA, 2002, p. 54).
Já Aubert, no tocante à explicitação, comenta que são “informações implícitas contidas no
texto fonte [que] se tornam explícitas no texto meta (por exemplo, por meio de aposto explicativo
ou parentético, paráfrase, nota de rodapé, etc.)” (AUBERT, 1998, p. 107).
Bosseaux, por sua vez, em um artigo a respeito do estilo do tradutor, fornece-nos a
seguinte definição relativa à explicitação:
É o ‘preenchimento’ da mensagem do texto fonte no texto alvo introduzindo
informações que estavam implícitas ou pretendidas de serem conhecidas pelo leitor do
texto fonte. Pode ter a forma de frases suplementares explanatórias, a explicação
detalhada de implicações, a resolução de ambiguidades e a inserção de conectivos a
fim de aprimorar a compreensão do texto
53
(BOSSEAUX, 2001, p. 65).
51
Use of interjections to express more clearly the progression of the characters’ thoughts or to accentuate a given
interpretation; expansion of condensed passages; addition of modifiers, qualifiers and conjunctions to achieve
greater transparency; addition of extra information; insertion of explanations; repetition of previous details for the
purpose of clarity; precise renderings of implicit or vague data; more accurate descriptions, naming of geographical
locations and disambiguation of pronouns with precise forms of identification.
52
a) obligatory explicitations which originate in the structural differences between languages; b) optional
explicitations attributed to differences in text-building strategies and stylistic preferences between languages; c)
pragmatic explicitations which are due to the cultural differences between the source and the target language; d)
translation-inherent or translation-proper explicitations which derive from the translation process per se.
53
“..., it is the ‘filling out’ of the message of the source text into the target text by introducing information that was
implied or assumed to be known by the reader of the source text. It can take the shape of supplementary explanatory
phrases, the spelling out of implicatures, the resolution of ambiguities and the insertion of connectives in order to
improve the readability of the text.”
House propõe três tipos de explicitação, nos quais a busca de clareza por parte do tradutor
pode adquirir três formas diferentes:
(a) elaboração, quando a oração ou parte dela é elaborada por utilizar outras palavras,
especificar, comentar ou exemplificar; (b) extensão, quando extensão via adição de
um novo elemento, providência de uma exceção, ou proposta de uma alternativa; (c)
realce, quando algum elemento circunstancial, temporal, local, causal, ou condicional é
utilizado para enfeitar ou classificar a oração
54
(HOUSE, 2004, apud SALDANHA,
2008, p. 29).
A explicitação é uma das características que podem ser observadas com o auxílio de
corpus em formato eletnico, tanto comparável quanto paralelo, permitindo-nos identificar, entre
outros aspectos, MRs e FLs. Em ocorrendo alta incidência no uso de traços de explicitação nos
TTs, poder-se-ia supor a existência de um padrão de comportamento linguístico por parte dos
tradutores, que indicaria a utilização de estratégias para facilitar o entendimento dos leitores na
língua-alvo.
Contribuíram para a definão do conceito de explicitação estudos importantes de Vinay e
Darbelnet (1958), bem como Aubert (1998); porém, sem adotarem o arcabouço teórico dos
estudos da tradução baseados em corpus. A explicitação tem sido investigada em trabalhos de
Blum-Kulka (1986), Blakemore (1993), Burnett (1999), Olohan & Baker (2000), Olohan (2001,
2002), Mutesayire (2003, 2005), Kenny (2005) e, no Brasil, Camargo (2005, 2007), Paiva (2006,
2009), entre outros.
No tocante à simplificação, Baker explica que é concebida como “a ideia que tradutores
consciente ou inconscientemente simplificam a linguagem ou mensagem ou ambas
55
(BAKER,
1996, p. 176) e também pode ser considerada como “a tendência a simplificar a linguagem usada
54
(a) elaboration, when the clause or part of it is elaborated upon by using other words, specifying, commenting or
exemplifying;(b) extension, when there is expansion via the addition of a new element, provision of an exception, or
offer of an alternative; (c) enhancement, when some circumstantial, temporal, local causal, or conditional element is
used to embellish or qualify the clause.
55
“the idea that translators subconsciously simplify the language or message or both.”
na tradução, manifestada através da redução do tamanho das frases nas traduções em relação aos
originais, ou nas mudanças da pontuação no TT
56
” (BAKER, 1996, p.181).
Laviosa relata que um dos primeiros estudos, a fim de revisar e fornecer evidências para a
simplificação na tradução, foi o de Blum-Kulka e Levenston (1983). Os pesquisadores
identificaram estratégias exemplificadas com dados empíricos e explicadas em termos de: “(a)
diferenças culturais e lexicais entre as nguas fonte e alvo; (b) a aderência do tradutor à lingua
fonte; e (c) a função particular da tradução
57
” (LAVIOSA, 2002, p. 43).
Blum-Kulka e Levenston (1983) comentam que a técnica da utilização de palavras mais
comuns no TT em detrimento de sinônimos menos familiares é descrita como uma característica
da simplificação.
Por sua vez, Vanderauwera, em sua investigação com relação às estratégias e
manipulações ocorridas nas traduções inglesas de cinquenta romances holandeses publicados de
1950 a 1980, relata que há várias formas de simplificação estilística, tais como, “quebrar
sentenças longas e sentenças, substituir fraseologias elaboradas por colocações mais curtas,
reduzir ou omitir repetições e informações redundantes, diminuir locuções e deixar de lado frases
e palavras
58
” (VANDERAUWERA, 1985, p. 103).
Por seu turno, Toury, no que tange à simplificação estilística, também comenta que é uma
tendência para evitar repetições que estão presentes no texto alvo” (TOURY, 1991, p. 188).
Webb, de acordo com Baker (1996), relata que “outra maneira de investigar a
simplificação no nível lexical é olhar a razão forma/item [...] que fornece um indício da
56
Tradução da citação por Magalhães (2001, p. 101).
57
“… (a) lexical and cultural differences between the source and the target language, (b) the translator’s adherence
to the source language, and (c) the particular function of the translation.”
58
Breaking up long sentences and sentences, replacing elaborate phraseology with shorter collocations, reducing or
omitting repetitions and redundant information, shortening overlong circumlocutions and leaving out modifying
phrases and words.
complexidade lexical e gramatical de um texto
59
(WEBB, 2004, p. 6). Se a razão forma/item for
menor do que seu respectivo TO, no caso de um corpus paralelo, podemos mencionar que houve
simplificação por parte do tradutor.
A simplificação é uma das características que podem ser observadas com o auxílio de
corpus em formato eletnico, tanto comparável quanto paralelo, permitindo-nos identificar, entre
outros aspectos, MRs e FLs. Em ocorrendo alta incincia no uso de tros de simplificação nos
TTs, poder-se-ia supor a existência de um padrão de comportamento linguístico por parte dos
tradutores, que, conforme Blum-Kulka e Levenston (1983), Vanderauwera (1985) e Baker
(1996), indicaria a utilização de estratégias de omissão e redução de informações e expressões, a
simplificação de palavras por sinônimos, ou a mudança de pontuação, a fim de facilitar o
entendimento dos leitores na língua-alvo.
Como exemplos de trabalhos que trataram da simplificação, podemos citar Laviosa (1996,
1997), Malmkjaer (1997) e, no Brasil, Camargo (2005, 2007), Paiva (2006, 2009), entre outros.
Em relação à normalização ou conservacionismo, Baker coloca que se trata de “uma
tendência para exagerar os traços da língua de chegada e adequar-se aos seus padrões picos,
evidenciada através do uso de estruturas gramaticais, pontuação e padrões convencionais ou
clichês típicos
60
” (BAKER, 1996, p.183).
Scott (1998) trabalhou com um corpus paralelo constituído da obra HE, de Clarice
Lispector e a respectiva tradução para a língua inglesa HS, feita por Giovanni Pontiero. Os
aspectos abordados pela acadêmica (1998) em sua tese de doutorado consistem em: 1.
comprimento do texto/sentença; 2. pontuação; 3. estruturas sintaticamente complexas; 4.
ambiguidade; 5. expressões vagas; 6. metáforas utilizadas com pouca frequência; 7. mudança de
59
Another way of investigating simplification on the lexical level is to look at the type-token ratio (...) which give(s)
an indication of the lexical and grammatical complexity of a text.
60
Tradução da citação por Magalhães (2001, p. 102).
registro: coloquial para formal; 8. omissões e/ou adições; 9. mudança em palavras menos
utilizadas; 10. outras mudanças na tradução; 11. repetição.
Por sua vez, Kenny (1999, 2001) utilizou um corpus paralelo em suas investigações a
respeito de colocações. Comenta também que é possível usar também o corpus monongue
compavel a fim de levantar características de normalizão.
Como exemplos de trabalhos que trataram da normalização, podemos citar Vanderauwera
(1985), Malmkjaer (1997), May (1997), Van Leuven-Zwart (1989, 1990) e, no Brasil, Lima
(2005), Ribeiro (2006), entre outros.
Quanto ao processo de estabilização, Baker esclarece que “não é dependente nem da
língua fonte, nem da língua alvo. Envolve um caminho intermediário entre qualquer dos dois
extremos, que está entre a língua fonte e a língua alvo”
61
(BAKER, 1996, p.184).
Entre os trabalhos realizados na área da interpretão, encontra-se o de Shlesinger (1989,
p. 96), que aponta mudanças de registro no ato da interpretação, ou seja, um discurso no nível de
oralidade pode ser traduzido num nível mais formal no TT ou vice-versa.
Como exemplos de trabalhos que trataram da estabilização, podemos citar também
Laviosa (1996, 1998b), entre outros.
A proposta de Baker para os estudos da tradução baseados em corpora igualmente fornece
instrumentos relevantes para uma observação de TTs sob outros ângulos, como, por exemplo, o
comportamento linguístico dos tradutores (Baker, 1999), que também será abordado em nossa
pesquisa, o léxico e a criatividade na tradução (Kenny, 1999, 2001), além de padrões de
colocação (Dayrell, 2005), entre outros.
61
“… the process of levelling out is neither target-language nor source-language dependent. It involves steering a
middle course between any two extremes,…”
Por outro lado, para a realização de pesquisas em corpus de tradução, é necessário o
conhecimento do seu arcaboo teórico, da metodologia de pesquisa, bem como a capacitação
tecnológica para manuseio de ferramentas de busca.
A seguir, trataremos das similaridades e diferenças entre TTs, referentes à variação,
adição e omissão de MRs e FLs, bem como o comportamento linguístico dos tradutores.
3.3.3 Similaridades e diferenças entre TTs, referentes à variação, adição e omissão
de MRs e FLs, bem como o comportamento linguístico dos tradutores
Baker, em seu artigo de 2004, comenta que ocorreriam similaridades e diferenças em
traduções, o que indica variações no comportamento linguístico e estilo do tradutor; também
aponta para possíveis explicitações de MRs e FLs recorrentes, ou a repetição desse mesmo uso
por parte dos tradutores. Para este tipo de observação, a autora vale-se do exame de variações,
adições e omissões.
No tocante à variação, Crystal define-a como “um termo utilizado na LINGUÍSTICA para
referir-se a uma FORMA linguística, que apresenta uma de uma série de alternativas em um
CONTEXTO determinado
62
(CRYSTAL, 1997, p. 408). Toury afirma que uma das maneiras
mais recorrentes e preferenciais de reduzir o número de repetições é […] substituir por outro
item, mais particularmente por palavras quase sinônimas
63
” (TOURY, 1991, p. 188).
No âmbito de nossa pesquisa, consideramos como variação as formas linguísticas menos
frequentes empregadas pelo tradutor, que apresentam sentido semelhante ao MR ou FL do TO.
No caso de um mesmo número de ocorrência linguística dentro do corpus, será considerada
variação da segunda opção do tradutor em diante, respeitando a ordem da tabela.
62
“a term used in LINGUISTICS to refer to a linguistic FORM which is one of a set of alternatives in a given
CONTEXT”
63
“most prevalent ways of reducing the number of repetitions are to […] replace them with other items, most
notably near-synonymous ones”
No que tange à omissão, Toury relata que uma das “maneiras mais prevalentes de reduzir
o número de repetições é omitir (algumas das) ocorrências conjuntamente, como se elas fossem
simplesmente supérfluas (que parecem com frequência ser, do ponto de vista referencial)
64
(TOURY, 1991, p. 188). Toury também menciona que a omissão ocorre quando uma certa
palavra, expressão idiomática ou MR no TO são consideradas não essenciais para a compreensão.
Já Baker, a respeito da omissão, comenta que
Esta estratégia pode soar um pouco drástica, porém, de fato, não causa dano a ninguém
omitir a tradução de uma palavra ou expressão em alguns contextos. Se o significado
transmitido a um item particular ou expressão não for essencial o bastante no
desenvolvimento do texto com o intuito de justificar tirar a atenção do leitor com
grandes explicações, tradutores podem e com frequência simplesmente omitem a
tradução de uma palavra ou expressão em questão
65
(BAKER, 1992, p. 40).
Scott, por seu turno, no tocante à omissão, afirma “que com frequência é causada por uma
característica sistêmica, na qual o tradutor não encontra um correspondente para uma simples
palavra ou um idioma e resolve o problema omitindo-o
66
” (SCOTT, 1998, p. 169).
Por sua vez, Aubert, em sua proposta para as modalidades literárias, acrescenta que
ocorre omissão sempre que um dado segmento textual do Texto Fonte e a informação
contida não podem se recuperados no Texto Meta. As omissões podem ocorrer por muitos
motivos, [...tais como,] irrelevância do segmento textual em questão para os fins do ato
tradutório específico – fins esses que nem sempre coincidem com os propósitos do ato de
comunicação que gerou o Texto Fonte - , etc (AUBERT, 1998, p. 105).
No âmbito desta tese, será considerada omissão quando o tradutor não colocar nos TTs
um correspondente aos MRs e FLs nos TOs selecionados para análise, omitindo-os.
Referindo-se à adição, Newmark comenta que “informações adicionais que um tradutor
possa ter que acrescentar a sua versão são normalmente culturais (levando em consideração as
64
“most prevalent ways of reducing the number of repetitions are to omit (some of) the occurrences altogether, as if
they were simply superfluous (which they often seem to be, e.g., from the referential point of view)”,
65
This strategy may sound rather drastic, but in fact it does no harm to omit translating a word or expression in
some contexts. If the meaning conveyed by a particular item or expression is not vital enough to the development of
the text to justify distracting the reader with lenghty explanations, translators can and often do simply omit
translating the word or expression in question.
66
it is often triggered by a systemic feature, in that the translator finds no match for a single word or an idiom and
resolves the problem by omission”
diferenças entre a cultura do TO e do TT), técnicas (relacionando-se ao tópico), ou linguísticas
(explicando o uso de palavras que não ocorrem com frequência)
67
” (NEWMARK, 1988, p. 91).
A seguir, temos a definição de Aubert no que tange à adição, em corpora não eletnicos,
ou, como o acadêmico a denomina, acréscimo, no qual “trata-se de qualquer segmento textual
incluído no texto alvo pelo tradutor por sua própria conta, ou seja, não motivado por qualquer
conteúdo expcito ou implícito do TO” (AUBERT, 1998, p. 109).
Consideramos adição quando o tradutor julgar necessário explicar palavras que não são
muito familiares ao leitor da língua-alvo, acrescentando essas informações. A adição não é usada
apenas para explicar palavras, mas pode ser utilizada para explicar ou reformular conceitos,
ideias, ideologias que não ficariam tão claros apenas traduzidos.
Baker, em 2000, fornece-nos uma definição de comportamento linguístico considerado
como uma possível identificação do estilo do tradutor, a ser empregada em TTs e relata que trata-
se de um tipo de impressão digital que é expressa em uma variedade de características
linguísticas e não-linguísticas
68
(BAKER, 2000, p. 245). É “uma questão de padronização:
refere-se a descrever padrões preferenciais ou recorrentes de comportamento linguístico
69
(BAKER, 2000, p. 245).
No que concerne à tradução, Camargo, em sua tese de livre-docência, comenta que
a noção de estilo poderia incluir a escolha pelo tradutor de material a ser traduzido, a
utilização consistente de estratégias tradutórias da parte de cada tradutor (incluindo o
uso de prefácios, glossários, notas de rodapé, etc.), e, sobretudo, o modo de expressão
que é típico de um dado tradutor (mais do que simplesmente instâncias de intervenção
aberta de material extratextual) (CAMARGO, 2005, p. 19-20).
Por sua vez, Bernadini coloca que definir o estilo do tradutor
67
The additional information a translator may have to add to his version is normally cultural ( accounting for
difference between SL and TL culture), technical ( relating to the topic) or linguistic ( explaining wayward use of
words),…”.
68
a kind of thumb-print that is expressed in a range of linguistic – as well as non linguistic – features.
69
“...a matter of patterning: it involves describing preferred or recurring patterns of linguistic behaviour...”
É claramente uma tarefa bem exigente, porque é provável que um estilo do tradutor (se
realmente existe) seja superimposto no estilo de um autor, como também retinido
provavelmente como o tradutês” e portanto muito difícil de descobrir
70
(BERNARDINI, 2005, p. 11-12).
Mikhailov e Villikka, a respeito da dificuldade de definir o estilo do tradutor, no estudo
utilizando corpus comparável e paralelo, concluem, a partir de seus resultados, que cada tradutor
tem um conjunto de instrumentos e dispositivos estilísticos pessoais
71
(MIKHAILOV;
VILLIKA, 2001, p. 383).
No âmbito de nossa pesquisa, consideramos comportamento linguístico do tradutor as
escolhas mais frequentes, consideradas formas linguísticas base, e as respectivas variações,
omissões e adições por ele apresentadas em seu TT, acerca dos MRs e FLs dos TOs selecionados
para análise.
A seguir, apresentamos a conceituação de reformulação e de MRs, no âmbito desta
pesquisa. Estamos cientes que existem diversas definições de reformulação e MRs, porém,
restringeremo-nos as conceituações dos acadêmicos abaixo.
3.4 REFORMULAÇÃO E MRs
Entre os teóricos que apresentam uma definição no tocante à reformulação, podemos
mencionar Quirk e Greenbaum, para quem a reformulação é "uma forma de redizer o conteúdo
das palavras do primeiro aposto no segundo
72
" (QUIRK; GREENBAUM, 1973, p. 280).
Similarmente, Leech e Svartvik sugerem que "às vezes, para tornar nossas ideias mais claras,
explicamo-as ou modificamo-as, colocando-as de outra maneira. Tal reformulação pode ser
70
This is clearly a very demanding task, since a translator’s style (if indeed it exists) is likely to be superimposed on
an author’s style, as well as being probably tinged with “translationese”, and thus very difficult to spot.
71
“...every translator has a personal set of instruments and stylistic devices”
72
Reformulation is a rewording in the second appositive of the content of the first.
introduzida por meio de sintagma adverbial como in other words, rather, better
73
" (LEECH;
SVARTVIK ,1975, p. 179).
De uma perspectiva pragmática, Blakemore define a reformulação como "uma
interpretação da elocução de outro falante [...] que facilita o entendimento do original pelo
ouvinte
74
" (BLAKEMORE, 1993, p. 106-107). Expandindo o conceito, Cuenca refere-se à
reformulação como “uma função do discurso pela qual o falante reelabora uma ideia para ser
mais específico [...] ou para ampliar a informação anteriormente fornecida"
75
(CUENCA, 2003,
p. 1071). A pesquisadora esclarece também que a reformulação é mais do que estritamente uma
paráfrase e “pode implicar valores do discurso, tais como explanação, especificação,
generalização, denominação, implicação, glosa ou resumo
76
(CUENCA, 2003, p. 1072). Com
base nos conceitos de Güllich e Kotschi (1987, 1995), Cuenca acrescenta que a reformulação é
uma operação pela qual o conteúdo da primeira elocução (A) pode ser expandido ou
reduzido pela segunda elocução (B). A elocução A pode ser expandida por uma
especificação, se a elocução B introduzir novos aspectos, ou por uma explanação, se a
elocução B definir um conceito. A elocução A pode ser reduzida por um resumo,
quando B expressar A brevemente, ou por uma denominação, quando B for uma
expressão de um conceito mais complexo
77
(CUENCA, 2003, p. 1071).
Cuenca fornece os seguintes exemplos de expansão, por meio da especificação (1) ou
explanação (2), e redução, por meio do resumo (3) ou denominação (4):
(1) (x) um conceito menos acessível” é mais provável de ser transformado em um “mais
acessível”, do que vice-versa [...] Qual evidência pode suportar o traço cognitivo em
(x) (aplicada à simile)? That is: [Isto é
78
:] Qual é a evidência para a afirmação que
73
Sometimes, to make our ideas clearer, we explain or modify them by putting them in other words. Such
reformulation can be introduced by an adverbial like in other words, rather, better.
74
“...reformulation is an interpretation of another speaker’s utterance [...] which facilitates the hearer’s
understanding of the original.
75
Reformulation is a discourse function by which the speaker re-elaborates an idea in order to be more specific and
[...] or in order to extend the information previously given.
76
“it can imply discourse values such as explanation, specification, generalization, implication, gloss or summary
77
“...an operation by which the content in the first utterance (A) can be either expanded or reduced by the second
utterance (B). Utterance A can be either expanded by specification, if B introduces new aspects, or by explanation, if
B defines a concept. Utterance A can be reduced by summary, when B expresses A in brief, or by denomination,
when B is a conceptualising expression for some complex matter.
78
Tradução nossa do MR encontrado na citação.
violar este traço resulta em uma metáfora “menos natural” e (relativamente) difícil de
ser processada se comparada ao seu oposto?
79
(2) os experimentos de Rosch’s desaprovam a teoria clássica em que tudo conta, e
conduziram a sua própria teoria da categorização natural (1973), na qual seres
humanos se categorizam na forma de protótipos in other words [em outras
palavras], a categoria natural possui um foco ou “núcleo resistente” e enfraquece nas
extremidades
80
.
(3) […] representações semânticas diferentes de uma determinada raiz verbal, i.e.,
sentidos verbais diferentes, são relatadas por regras lexicais gerais [...]
81
.
(4) Nos últimos quarenta anos, a “ciência da tradução”, or [ou] “tradutologia”, tem
tentado se estabelecer como uma nova disciplina […]
82
(CUENCA, 2003, p. 1071).
Expandindo o conceito de explanação, Leech e Svartvik comentam que um ponto já
exposto pode ser explanado de três maneiras:
(A) expandindo e clarificando seu significado: that is [isto é], that is to say [quer
dizer], ie
(B) fornecendo uma descrição mais precisa: namely [precisamente], viz
(C) fornecendo uma ilustração: for example, for instance [por exemplo], eg
(As abreviações latinas ie, viz e eg o encontradas principalmente em textos <formais
escritos>. o normalmente lidas em voz alta respectivamente como isto é’,
‘precisamente’, e ‘por exemplo’.)
83
(LEECH; SVARTVIK, 1975, p. 157).
Os autores também apresentam uma ilustração para o MR por exemplo: “É importante
que as crianças devam ver as coisas, e não somente ler a respeito. Por exemplo, é uma
experiência valiosa levá-las a uma fazenda”
84
(LEECH; SVARTVIK, 1975, p. 157).
79
(x) A “less accessible” concept is more likely to be transformed into a “more accessible” one, than vice versa
[…]. What evidence might support the cognitive constraint in (x) (applied to similes)? That is: What is the evidence
for the claim that violating this constraint results in a “less natural” and (relatively) difficult-to-process metaphor
compared with its inverse?
80
Rosch’s experiments disproved the classical theory on all counts and led to her own theory of natural
categorization (1973), according to which human beings categorize in the form of prototypes in other words, the
natural category has a focus or “hard core” and fades off at the edges.
81
[…] different semantic representations of a particular verb stem, i.e., different verb senses, are related by general
lexical rules […]
82
For the last fourty years “translation science,” or “translatology”, has been trying to establish itself as a new
discipline […]
83
A point already made can be explained in three ways:
(A) by expanding and clarifying its meaning: that is, that is to say, ie
(B) by giving a more precise description: namely, viz
(C) by giving an illustration: for example, for instance, eg
(The Latin abbreviations ie, viz and eg are mainly found in <formal written> texts. They are normally read aloud as
‘that is’, ‘namely’, and ‘for example’, respectively.)
84
“It is important that young children should see things, and not merely read about them. For example, it is valuable
experience to take them on a trip to a farm”.
No tocante à generalização, Leech e Svartvik comentam que “outras frases conjuntivas
servem para indicar uma generalização de pontos já expostos: in all [em tudo], altogether [tudo
junto], more generally [mais generalizando], etc.
85
(LEECH; SVARTVIK, 1975, p. 157).
Por implicação, Cuenca fornece um exemplo do MR isto é: “Mas duas coisas estão claras:
por um lado, que os níveis de linguagem estão inter-relacionados no emprego de uma certa
língua; isto é, que a análise em níveis é puramente metodológica
86
(CUENCA, 2003, p. 1072).
A pesquisadora afirma que, em casos como o explicitado acima, “o conectivo não expressa
equivalência, mas ‘cria’ a equivalência”, a qual é concebida “de um ponto de vista pragmático,
mas não necessariamente de um lógico ou proposicional, uma vez que os dois conteúdos o
podem ser identificados
87
” (CUENCA, 2003, p. 1072).
Acerca de glosa, como Mutesayire explana,
é entendida como um esclarecimento de expressões ou unidades linguísticas tidas como
difíceis, como uma explanação ou definição. Em unidades linguísticas na função de
aposto, a segunda unidade de um aposto é considerada uma glosa em relação à primeira
unidade, quando esclarece informações fornecidas na primeira unidade, por meio de uma
explanação ou definição
88
(MUTESAYIRE, 2005, p. 95).
A pesquisadora também um exemplo, extraído do TEC: Um dia no final de maio,
Susie Hughes entrou na loja. Estava vestindo uma camisa Garibaldi, isto é, uma blusa de merino
vermelho com botões pretos e trançada no meio
89
(MUTESAYIRE, 2005, p. 95).
Cuenca classifica os MRs em dois gupos: aqueles com uma forma estruturalmente fixa e
simples e aqueles com uma forma variável e complexa, que pode ser modificada substituindo
85
“other linking phrases serve to indicate a generalisation from points already made: in all, altogether, more
generally, etc.”
86
“But two things are clear: on the one hand, that the levels of language are interrelated in the use of a certain
language; that is, that the analysis into levels is purely methodological”.
87
“the connective does not express equivalence, but ‘creates’ the equivalence”, [...] “from a pragmatic point of
view, but not necessarily from a logical or propositional one, since the two contents cannot be identified”:
88
is understood as a clarification of perceived difficult expressions or linguistic units with an explanation or
definition. In apposed linguistic units, the second unit of an apposition is considered to be a gloss in relation to the
first unit when it clarifies information provided in the first unit by way of an explanation or a definition.
89
“One day at the end of May Susie Hughes walked into the shop. She was dressed in a Garibaldi shirt, that is, a
blouse of red merino with black buttons and braid down the middle”
e/ou adicionando outros elementos. Abaixo, encontram-se dois exemplos respectivamente de
formas simples (5) e complexas (6):
(5) As pessoas metaforicamente conceptualizam raiva, nesta instância, como um fluído
aquecido em um container (i.e., RAIVA É UM FLUÍDO AQUECIDO EM UM
CONTAINER)
90
.
(6) uma estrutura complexa como a 2-B pode ser nitidamente sancionada, bastante
desassociada da sanção total por qualquer outra estrutura: a estrutura como um todo
pode ser sancionada parcialmente em graus variáveis por mais de uma estrutura. Or to
say a same thing in a different way [Ou para dizer a mesma coisa de uma
maneira diferente], certos aspectos da construção podem ser sancionados
completamente por certos aspectos de estruturas gramaticais diferentes, sem que a
totalidade seja sancionada completamente por qualquer aspecto
91
(CUENCA, 2003, p.
1073).
Quirk & Greenbaum fornecem outros exemplos a respeito de MRs complexos ou
integrados: A better way of putting it is... [Uma melhor maneira de colocar isso...], It would be
better to say... [Seria melhor dizer...]
92
" (QUIRK; GREENBAUM, 1973, p. 291). Acrescentam
também que “em adição aos marcadores que compartilham com outros tipos de reformulação,
este tipo admite uma ampla variedade de expressões que simbolizam especificamente a
reformulação linguística, i.e: (more) simply [(mais) simplesmente], to put it simply [para
simplificar], in more technical terms [em termos mais técnicos], technically (speaking)
[tecnicamente (falando)]”
93
(QUIRK; GREENBAUM, 1973, p. 280).
Em nossa pesquisa, abordaremos também outros dois MRs: digamos e estou perguntando.
Os exemplos são respectivamente das obras LF e PC, de Lispector: “Diante da dificuldade o
90
People metaphorically conceptualize anger, in this instance, in terms of heated fluid in a container (i.e., ANGER
IS HEATED FLUID IN A CONTAINER).
91
A complex structure like the 2-B can be strongly sanctioned quite apart from full sanction by any other structure:
the structure as a whole may be partially sanctioned in varying degrees by more than one structure. Or to say the
same thing a different way, certain aspects of the construction may be fully sanctioned by certain aspects of other
grammatical structures, without the whole being fully sanctioned by any.
92
Integrated markers of reformulation include A better way of putting it is..., It would be better to say...
93
in addition to the markers it shares with other types of reformulation, this type admits a large range of
expressions that specifically mark linguistic reformulation, eg: (more) simply, to put it simply, in more technical
terms, technically (speaking)”.
homem concedeu: "não era necessário enterrar no centro, eu também enterraria o outro, digamos,
bem onde eu estivesse neste mesmo instante em"”(LISPECTOR, [1960], 1979, p. 120) e:
— Não é triste viver sem um homem na casa? - prosseguiu Joana.
— Acha? - retrucou a mulher.
Estou perguntando se a senhora acha e não eu. Sou casada, ajuntou Joana,
tentando dar um ar íntimo à conversa (LISPECTOR, [1974], 1998, p. 87).
Neste estudo, tomamos por base a classificação de Cuenca (2003), Leech e Svartvik
(1975) e Mutesayire (2005), por melhor esclarecer a abrangência da reformulão, a fim de
identificar os MRs utilizados nas obras de Clarice Lispector.
Com fundamento nas definições de reformulação de Quirk (1973), Leech e Svartvik
(1975), Gullich e Kotschi (1987, 1995), Blakemore (1993) e Cuenca (2003), e na classificação de
MRs de Cuenca (2003), podemos considerar que os marcadores em pauta são formas de
reformulação, podendo ser simples ou complexos, e tendo por função não somente a paráfrase,
mas também a especificação, a explanação, o resumo, a denominação, a glosa ou a implicação.
A seguir, tratararemos da conceituação de FLs no âmbito de nossa pesquisa. Também,
temos ciência que existem outras definições a respeito de FLs, todavia, delimitaremo-nos à
apresentada pelo teórico abaixo.
3.5 CONCEITUAÇÃO DE FLs NO ÂMBITO DA PESQUISA
FLs são definidas por Nattinger e DeCarrico como
compostos de forma/função, unidades léxico-gramaticais que ocupam uma posição em
algum lugar entre os pólos tradicionais do xico e sintaxe: o semelhantes ao léxico
por serem tratadas como unidades, ainda muitas delas consistem de mais de uma
palavra, e podem, ao mesmo tempo, ser derivadas das regras de sintaxe regulares, tais
como outras sentenças. Seu uso é governado por princípios de competência
pragmática, que também selecionam e distribuem determinadas funções às unidades da
frase lexical
94
(NATTINGER; DECARRICO, 1992, p. 36).
94
form/function composites, lexico-grammatical units that occupy a position somewhere between the traditional
poles of lexicon and syntax: they are similar to lexicon in being treated as units, yet most of them consist of more
Em um estudo exploratório da distribuição de MRs e FLs recorrentes de língua inglesa em
textos narrativos traduzidos vs. não-traduzidos, Baker focaliza um grupo de expressões “que são
tipicamente utilizadas para glosa ou explicação (isto é, quer dizer, o que quer dizer)
95
(BAKER,
2004, p. 183) e sugere um número de possíveis explicações para os padrões que emergem em
TTs e tradutores observados individual e conjuntamente.
As FLs examinadas na presente pesquisa foram também apresentadas no artigo de Baker
(2004, p. 175-178), a respeito de padrões lexicais, e no livro de Nattinger e DeCarrico (1992, p.
62-140), acerca de FLs.
Podemos considerar FLs, no âmbito desta pesquisa, como sendo palavras que coocorrem
juntas, apresentando uma função pragmática particular (NATTINGER; DECARRICO, 1992).
Sentimos a necessidade de incluir e utilizar a definição de FLs de Nattinger e DeCarrico
(1992) em nosso estudo, por ir mais ao encontro das FLs selecionadas para esta análise,
utilizando nosso corpus paralelo de pesquisa.
A seguir, abordaremos a metodologia utilizada em nosso trabalho.
than one word, and many of them can, at the same time, be derived from the regular rules of syntax, just like other
sentences. Their use is governed by principles of pragmatic competence, which also select and assign particular
functions to lexical phrase units.
95
“that are typically used for glossing or explicating (that is, that is to say, in other words)”
4 METODOLOGIA
Apresentamos, neste item, a composição do corpus paralelo de estudo, bem como os
passos de análise adotados para a nossa pesquisa.
4.1 MATERIAL EMPREGADO NA COMPILAÇÃO DO CORPUS
Introduzimos, abaixo, o corpus paralelo trilíngue unidirecional, que foi compilado para
esta investigação.
Quadro 1: Corpus paralelo trilíngue unidirecional das obras de Clarice Lispector e as respectivas traduções para
inglês e o italiano
TOs em português TTs para o ings TTs para o italiano
1.1 Laços de Família (LF)
Itens: 34.445
Ano de publicação: [1960], 1979
Editora: José Olympio
1.2 Family Ties (FT)
Itens: 40.141
Ano de publicação: [1972], 1995
Editora: University of Texas
Tradutor: Giovanni Pontiero
1.3 Legami Familiari (Lf)
Itens: 36.318
Ano de publicação: [1986], 1994
Editora: Feltrinelli
Tradutora: Adelina Aletti
2.1 Onde Estivestes de Noite (OE)
Itens: 25.394
Ano de publicação: [1974], 1980
Editora: Nova Fronteira
2.2 Where You Were at Night (WW)
Itens: 28.581
Ano de publicação: [1976], 1989
Editora: New Directions
Tradutor: Alexis Levitin
2.3 Dove Siete Stati di Notte (DS)
Itens: 26.133
Ano de publicação: 1994
Editora: Zanzibar
Tradutora: Adelina Aletti
3.1 Perto do Coração Selvagem (PC)
Itens: 50.667
Ano de publicação: [1944], 1998
Editora: Rocco
3.2 Near to the Wild Heart (NH)
Itens: 58.631
Ano de publicação: 1990
Editora: WW N. & Co
Tradutor: Giovanni Pontiero
3.3 Vicino al Cuore Selvaggio (Vc)
Itens: 50.167
Ano de publicação: [1987], 2003
Editora: Adelphi
Tradutora: Rita Desti
4.1 A Hora da Estrela (HE)
Itens: 21.243
Ano de publicação: [1977], 1993
Editora: Francisco Alves
4.2 The Hour of the Star (HS)
Itens: 25.552
Ano de publicação: [1977], 1992
Editora: N. Directions
Tradutor: Giovanni Pontiero
4.3 L’ora della Stella (OS)
Itens: 22.398
Ano de publicação: 1989
Editora: Feltrinelli
Tradutora: Adelina Aletti
As quatro obras que constituem este estudo, bem como suas traduções para o inglês e
italiano, foram primeiramente escaneadas. Erros de leitura ótica foram corrigidos e os textos
foram salvos no formato txt, a fim de prepará-los para a análise.
4.2 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE
A presente pesquisa compreende duas etapas subdivididas em três fases, a saber: A
primeira referente ao estudo de MRs e FLs na direção português => inglês, bem como na direção
português => italiano. A segunda trata da observação dos MRs e FLs na direção inversa, inglês
=> português, bem como italiano => português. A fase I de ambas as etapas compreende a
utilização da ferramenta WordList: (1) função estatística e (2) extração das listas de palavras, para
trabalhar com a razão forma/item padronizada. A fase II refere-se à geração das linhas de
concordância, por meio da ferramenta Concord, para o exame de MRs e FLs. A fase III aborda a
análise dos dados. Podemos mencionar que a metodologia foi desenvolvida a partir dos estudos
da tradução dirigidos pelo corpus (corpus driven translation studies).
4.2.1 Etapa I: Identificação de MRs e FLs nos TOs e análise dos TTs em inglês e em
italiano em relação aos seus respectivos TOs
Fase I
A razão forma/item padronizada foi gerada por meio da lista de estatísticas. A partir da
lista de estatísticas, foram comparados os valores da razão forma/item padronizada. Uma lista de
frequência de palavras inicial foi gerada do subcorpus de TOs, utilizando a ferramenta WordList,
do programa computacional WordSmith Tools. Desta lista, foram encontradas as palavras que
poderiam ser utilizadas como MRs simples (por exemplo: ou e digamos) ou como um dos
elementos dos MRs complexos (é, exemplo, dizer, e perguntando).
A respeito das FLs, o mesmo procedimento foi adotado e foram encontradas as palavras
que poderiam ser usadas como um dos elementos das FLs (claro, verdade, tempo, quando, meio,
momento, dizer e beira).
A seguir, encontram-se um exemplo das listas de estatísticas e outro das listas de palavras,
extraídas por meio do programa computacional WordSmith Tools.
Figura 1 - Lista de estatísticas geradas a partir do TO Laços de Família
Figura 2 - Lista de frequência de palavras geradas a partir do TO Laços de Família
Fase II
Para cada uma das palavras selecionadas no Passo I, foi gerado um conjunto de linhas de
concordância, utilizando a ferramenta Concord. Da análise de linhas de concordância, foram
encontrados os seguintes MRs simples e complexos: ou, ou melhor, é que, isto é, por exemplo, (o
que) quer(o)/(ia) dizer, digamos e estou perguntando.
O mesmo procedimento foi adotado para a análise das FLs. Da alise de linhas de
concordância foram encontradas as seguintes FLs: é claro, na/em verdade, ao mesmo tempo, de
vez em quando, no meio d(a)/(as)/(e)/(o), nesse/neste/naquele momento, por assim dizer e à beira
d(a)/(e)/(o).
A seguir, encontra-se um exemplo das linhas de concordância, extrda por meio do
programa computacional WordSmith Tools.
Figura 3 - Lista de concordância gerada a partir do TO Laços de Família
Fase III
Cada linha de concordância foi examinada juntamente com as traduções em inglês e
italiano, para identificar a variação e a omissão dos tradutores para cada MR e FL selecionados.
Em relação aos MRs, foram calculadas quatro tipos de porcentagem: (1) análise de cada MR; (2)
análise dos MRs por tradutores individualmente; (3) análise dos MRs em cada TT; e (4) análise
dos MRs nos TTs conjuntamente.
No que tange à análise de cada MR na tradução, foi calculada a porcentagem de variação:
a) adicionando as ocorrências dos correspondentes da tradução de cada MR (excluindo o
correspondente de tradução do marcador de frequência mais alta ou a primeira opção do tradutor,
quando nenhum correspondente de tradução possuir a frequência mais alta); b) dividindo esta
soma pela frequência total dos correspondentes de tradução de cada MR.
No tocante à análise dos MRs por tradutores individualmente, nos TTs para o inglês e
italiano, foi calculada a porcentagem de variação: a) adicionando as ocorrências de cada MR
traduzido (excluindo a de frequência mais alta ou a primeira opção); b) dividindo este resultado
pela frequência total dos MRs traduzidos por um único tradutor. na análise entre TOs e TTs, a
porcentagem foi calculada: a) adicionando apenas as ocorrências de cada MR traduzido com a
porcentagem mais alta de variação; b) dividindo este resultado pela frequência total de MRs nos
TTs.
Acerca da análise dos MRs em cada TT, foi calculada a porcentagem de variação: a)
adicionando as ocorrências de cada MR traduzido (excluindo o de frequência mais alta ou a
primeira opção); b) dividindo este resultado pela frequência total dos MRs em cada TT. Por sua
vez, na análise entre TOs e TTs, a porcentagem foi calculada: a) adicionando apenas as
ocorrências de cada MR traduzido com a porcentagem mais alta de variação; b) dividindo este
resultado pela frequência total dos MRs nos TTs.
A respeito da análise de MRs nos TTs conjuntamente, foi calculada a porcentagem de
variação: a) adicionando as ocorrências de cada MR (excluindo a de frequência mais alta ou a
primeira opção); b) dividindo este resultado pela frequência total de MRs nos TTs.
No que tange à análise das omissões, o mesmo procedimento empregado na variação foi
utilizado, calculando quatro tipos de porcentagem.
No tocante à análise de cada MR, foi calculada a porcentagem de omissão: a) subtraindo a
frequência total dos correspondentes de tradução de cada MR pela frequência correspondente de
cada MR no TO; b) dividindo o resultado pelo último.
Concernente à análise dos MRs por tradutores individualmente, foi calculada a
porcentagem de omissão: a) subtraindo a frequência total de MRs traduzidos por um único
tradutor, da frequência total de MRs nos respectivos TOs; b) dividindo este resultado pela última.
No que concerne à análise dos MRs em cada TT, foi calculada: a) subtraindo a frequência
total dos MRs da frequência correspondente no TO; b) dividindo o resultado pela última.
A respeito da análise dos MRs nos TTs conjuntamente, foi calculada a porcentagem de
omissão: a) subtraindo a frequência total de MRs da frequência correspondente nos TOs; b)
dividindo o resultado pela última. O mesmo procedimento foi adotado em relação às FLs.
4.2.2 Etapa II: Identificação de MRs e FLs nos TTs em inglês e italiano e análise dos
TOs em relação aos TTs em inglês e italiano
Fase I
A razão forma/item padronizada foi gerada por meio da lista de estatísticas. A partir da
lista de estatísticas, foram comparados os valores da razão forma/item padronizada. Uma lista de
frequência de palavras foi gerada do subcorpus de textos em inglês e italiano, utilizando a
ferramenta WordList. Da lista de palavras em inglês, foram buscadas as palavras que poderiam
ser utilizadas como MRs simples (or) ou como um dos elementos dos MRs complexos (is,
example, words
96
, say e asking). Da lista de palavras em italiano, foram buscadas as palavras que
poderiam ser utilizadas como MRs simples (o, ossia, cioè e diciamo) ou como um dos elementos
dos MRs complexos (è, esempio e chiedendo).
A respeito das FLs, o mesmo procedimento foi adotado e foram buscadas as palavras que
poderiam ser usadas como um dos elementos das FLs em inglês (course, fact
97
, time
98
, middle,
moment, speaking e edge). Foram procuradas também as palavras que poderiam ser usadas como
um dos elementos das FLs em italiano: chiaro, realtà
99
, tempo, tanto
100
, mezzo, momento, dire e
orlo.
Fase II
Para cada uma das palavras selecionadas na Fase I, acima, foi gerada um conjunto de
linhas de concordância, utilizando a ferramenta Concord. Da análise de linhas de concordância,
foram buscados os seguintes MRs simples e complexos para o inglês: or, or rather, the fact is
96
A palavra words é um dos elementos do MR in other words, que seria o equivalente de tradução do MR quer
dizer.
97
A palavra fact é um dos elementos da FL in fact, que seria o equivalente de tradução da FL na verdade.
98
A palavra time é um dos elementos da FL at the same time, tradução literal da FL ao mesmo tempo; e da FL from
time to time, que seria o equivalente de tradução da FL de vez em quando.
99
A palavra realtà é um dos elementos da FL in realtà, que seria o equivalente de tradução da FL na verdade.
100
A palavra tanto é um dos elementos da FL ogni tanto, que seria o equivalente de tradução da FL de vez em
quando.
that, that is, for example, in other words, let us say e I’m asking you. Da análise de linhas de
concordância, foram buscados os seguintes MRs simples e complexos para o italiano: o, o
meglio, il fatto è che, ossia, per esempio, cioè, diciamo e sto chiedendo.
O mesmo procedimento foi adotado para a análise das FLs; e da análise de linhas de
concordância para o inglês, foram buscadas as seguintes FLs: of course, in fact, at the same time,
from time to time, in the middle of the, at that moment, in a manner of speaking e at the edge of
the. Da análise de linhas de concordância para o italiano, foram buscadas as seguintes FLs: è
chiaro, in realtà, al tempo stesso, in mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli), in qu(el)/(esto)/(ale) momento,
ogni tanto, per così dire e sull’orlo d(el)/(ella)/(i)/(ell’).
Fase III
Cada linha de concordância foi examinada juntamente com os originais para identificar: a)
a variação nas obras de Lispector para cada MR e FL e b) adições de MRs e FLs nos TTs em
relação aos respectivos TOs.
Com referência aos MRs, foram calculadas três tipos de porcentagem de variação: (1)
variação de cada MR; (2) variação dos MRs em cada TO; e (3) variação dos MRs nos TOs
conjuntamente.
No tocante à variação de cada MR, foi calculada: a) adicionando as ocorrências dos
correspondentes de tradução de cada MR (excluindo o correspondente de tradução do marcador
de frequência mais alta ou a primeira opção do tradutor, quando nenhum correspondente de
tradução possuir a frequência mais alta); b) dividindo esta soma pela frequência total dos MRs
nos TOs.
No que tange à variação dos MRs em cada TO, foi calculada: a) adicionando as
ocorrências de cada MR traduzido (excluindo a de frequência mais alta ou a primeira opção); b)
dividindo este resultado pela frequência total dos MRs.
Acerca da variação dos MRs nos TOs conjuntamente, foi calculada: a) adicionando as
ocorrências dos MRs traduzidos (excluindo a de frequência mais alta ou a primeira opção); b)
dividindo este resultado pela frequência total dos MRs.
Quanto às porcentagens de adição, também foram calculadas cinco tipos de porcentagem:
(1) análise de cada MR nos TOs e TTs; (2) análise de cada MR nos TTs para o inglês e italiano;
(3) análise dos MRs por tradutores individualmente; (4) análise dos MRs em cada TT e; (5)
análise dos MRs nos TTs conjuntamente.
No tocante à análise de cada MR nos TOs e TTs, foi calculada a porcentagem de adição:
a) subtraindo a frequência de cada MR nos TTs, da frequência correspondente de cada MR nos
TOs; b) dividindo o resultado pela última.
Por sua vez, a análise de cada MR nos TTs para o inglês e italiano foi calculada a
porcentagem de adição: a) subtraindo a frequência total de MRs nos TTs, da frequência total de
MRs nos TOs; b) dividindo o resultado pela última.
Concernente à análise dos MRs por tradutores individualmente, foi calculada a
porcentagem de adição: a) subtraindo a frequência total de MRs traduzidos por um único
tradutor, da frequência total correspondente dos MRs nos respectivos TOs; b) dividindo o
resultado pela última.
No que tange à análise dos MRs em cada TT, foi calculada a porcentagem de adição: a)
subtraindo a frequência total de cada TT, da frequência correspondente no TO; b) dividindo o
resultado pela última.
A respeito da análise dos MRs nos TTs conjuntamente, foi calculada a porcentagem de
adição: a) subtraindo a frequência total dos TTs, da frequência total nos TOs; b) dividindo o
resultado pela última. O mesmo procedimento foi adotado em relação às FLs.
Na próxima seção, abordaremos a análise dos resultados dos MRs e FLs, com base na
razão forma/item padronizada e nas linhas de concordância.
5 ANÁLISE DOS DADOS
Nesta seção, trataremos das formas e itens de cada TO e TT individualmente, bem como da
razão forma/item padronizada, a fim de verificar se houve explicitação ou simplificação nos
respectivos textos.
A seguir, apresentamos as frequências absoluta e relativa dos MRs e FLs levantados, com
base no exame da razão forma/item padronizada e nas linhas de concordância.
5.1 OBSERVAÇÃO DAS FORMAS E ITENS DE CADA TO E TT INDIVIDUALMENTE,
BASEADA NA RAZÃO FORMA/ITEM PADRONIZADA
A fim de realizar a análise das formas e itens de cada TO e TT individualmente,
apresentamos, abaixo, a tabela 1:
Tabela 1 – Formas e Itens dos TOs e TTs individualmente
TOs em português TTs para o ings TTs para o italiano
1.1 Laços de Família (LF)
Itens: 34.445
Formas: 6.124
Razão Forma/Item Padronizada: 46,01
1.2 Family Ties (FT)
Itens: 40.141
Formas:5.147
Razão Forma/Item Padronizada: 41,81
1.3 Legami Familiari (Lf)
Itens: 36.318
Formas: 6.855
Razão Forma/Item Padronizada: 47,99
2.1 Onde Estivestes de Noite (OE)
Itens: 25.394
Formas:5.087
Razão Forma/Item Padronizada: 45,43
2.2 Where You Were at Night (WW)
Itens: 28.581
Formas: 4.355
Razão Forma/Item Padronizada:41,81
2.3 Dove Siete Stati di Notte (DS)
Itens: 26.133
Formas: 5.606
Razão Forma/Item Padronizada: 47,78
3.1 Perto do Coração Selvagem (PC)
Itens: 50.667
Formas: 7.059
Razão Forma/Item Padronizada: 47,43
3.2 Near to the Wild Heart (NH)
Itens: 58.631
Formas: 5.729
Razão Forma/Item Padronizada: 43,80
3.3 Vicino al Cuore Selvaggio (Vc)
Itens: 50.167
Formas: 7.536
Razão Forma/Item Padronizada: 48,89
4.1 A Hora da Estrela (HE)
Itens: 21.243
Formas: 4.125
Razão Forma/Item Padronizada: 45,37
4.2 The Hour of the Star (HS)
Itens: 25.552
Formas: 4.114
Razão Forma/Item Padronizada: 44,29
4.3 L’ora della Stella (OS)
Itens: 22.398
Formas: 4.746
Razão Forma/Item Padronizada: 49,31
Em relação aos TOs, notamos que apresentam um número menor de itens, se comparados
aos respectivos TTs, sendo a única exceção Vc, que apresenta um número menor de itens, se
comparado ao respectivo TO. Nota-se tamm que todos os TTs, com exceção de Vc,
apresentam um número maior de itens, sugerindo explicitação por parte dos tradutores.
No que tange à simplificação, notamos que os TTs para o inglês apresentam uma
variedade vocabular menor (formas e razão forma/item padronizada), se compararmos aos TTs
para o italiano e os respectivos TOs, sugerindo que os tradutores para o inglês facilitaram as
obras para seu público leitor.
No tocante ao exame da razão forma/item padronizada, podemos verificar que os TTs
para o italiano apresentam uma razão forma/item padronizada maior, se comparada aos TOs e aos
TTs para o inglês. Com base nestes dados observados, podemos sugerir que as tradutoras Adelina
Aletti e Rita Desti usam uma maior variação vocabular, se comparadas à autora, ou aos tradutores
Giovanni Pontiero e Alexis Levitin.
A seguir, trataremos da observação de MRs, baseada na análise das linhas de
concordância.
5.2 OBSERVAÇÃO DE MRs, BASEADA NA ANÁLISE DAS LINHAS DE
CONCORDÂNCIA
A respeito da observação de MRs, abordaremos cada MR com refencia ao total de
ocorrências no original. Trataremos, a seguir, apenas dos MRs de maior frequência absoluta ou,
se ocorrer o mesmo número de MRs, apresentaremos a primeira opção do tradutor, de acordo
com a tabela. Forneceremos um exemplo desses marcadores acompanhados de seu contexto nos
TOs e TTs; para as variações ocorridas nos TOs, em relação aos TTs, de um mesmo MR,
introduziremos, nos apêndices A a D, os respectivos exemplos, acompanhados do seu contexto.
5.2.1 Análise de MRs nos 4 TOs de Lispector em relação aos respectivos TTs para o
inglês por Pontiero e Levitin
Observamos, a partir dos TOs, em relação aos TTs, a variação no comportamento
linguístico dos dois tradutores literários considerados individualmente, conforme os resultados
por frequência absoluta constantes da tabela 2 abaixo. A tabela 3 a seguir apresenta a frequência
relativa dos MRs nos TOs e TTs.
Tabela 2 - Distribuição absoluta de MRs nos TOs em relação aos TTs
MRs nos TOs
MRs nos TTs
Freq.
Abs.
Total nos
TOs
Freq. Abs.
Total dos
TTs
Freq.
Abs. em
LF
Freq.
Abs.
em FT
Freq.
Abs. em
OE
Freq.
Abs.
em WW
Freq.
Abs. em
PC
Freq.
Abs.
em NH
Freq. Abs. em
HE
Freq. Abs. em HS
ou
ou
ou
ou
ou
ou
or
and
either
or perhaps
perhaps
and perhaps
201
2
2
2
1
1
189
2
2
2
1
1
44
-
2
-
-
-
34
-
2
-
-
-
36
1
-
-
-
-
36
1
-
-
-
-
90
-
-
1
-
-
89
-
-
1
-
-
31
1
-
1
1
1
30
1
-
1
1
1
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
was that
it’s that
in fact
it’s because
it’s just that
the fact is that
am the one who
so far as
it was only because
is that
that
it is
this is because
yes
it is because
are the one who
was the fact that
that’s because
for the question
it is… that
but also because
the truth is that
the explanation is simple
40
6
5
4
4
3
3
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
6
5
4
4
3
3
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
10
-
-
-
-
1
-
-
2
-
1
-
-
-
1
1
1
-
-
-
-
-
-
3
-
-
-
-
1
-
-
2
-
1
-
-
-
1
1
1
-
-
-
-
-
-
2
6
-
-
2
-
-
-
-
-
1
2
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
6
-
-
2
-
-
-
-
-
1
2
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
12
-
5
3
2
1
3
3
-
2
-
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
5
3
2
1
3
3
-
2
-
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
16
-
-
1
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
1
1
-
-
-
1
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
1
1
por exemplo
por exemplo
for example
for instance
28
5
27
5
2
1
2
1
6
-
6
-
18
1
18
1
2
3
1
3
quer dizer
quer dizer
quer dizer
quer dizer
quero dizer
quero dizer
o que quer dizer
o que quero dizer
o que queria dizer
in other words
i
that is to say
honestly
that is,
ii
I mean
that is,
ii
in other words
i
what I mean to say
what I wanted to say
4
2
1
1
1
1
1
1
1
4
2
1
1
1
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
1
-
1
1
1
1
-
-
-
1
-
1
1
1
1
-
-
4
1
-
-
-
-
-
-
-
4
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
1
isto é
isto é
isto é
that is,
that is to say
such is
2
1
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
1
1
-
1
1
-
-
-
1
-
-
1
1
-
-
-
-
-
digamos
digamos
digamos
let us say
let’s say
let us suppose
1
1
1
1
1
1
1
-
1
1
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
1
-
ou melhor
ou melhor
or better still
or rather
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
1
-
-
1
-
1
estou perguntando I’m asking you 1 1 - - - - 1 1 - -
Total
353 302 69 52 64 62 152 139 68 49
Tabela 3 - Distribuição relativa de MRs nos quatro TOs em relação aos TTs
MRs nos TOs MRs trad. nos TTs Freq.
Abs.
Total
de
MRs
nos
TOs
Freq.
Abs.
Total de
MRs
trad.
nos TTs
Freq.
Rel.
Total
dos
MRs
nos TOs
Freq.
Abs.
Total de
MRs
trad.
nos TTs
Freq.
Rel.
Total
dos MRs
trad. nos
TTs
Freq. Rel.
de MRs
trad. em
FT
Freq.
Abs. de
MRs
trad.
em FT
Freq.
Rel. de
MRs
trad. em
WW
Freq.
Abs. de
MRs
trad. em
WW
Freq.
Rel. de
MRs
trad. em
NH
Freq.
Abs. de
MRs
trad.
em NH
Freq.
Rel. de
MRs
trad.
em HS
Freq.
Abs. de
MRs
trad.
em HS
ou
ou
ou
ou
ou
ou
or
and
either
or perhaps
perhaps
and perhaps
201
2
2
2
1
1
189
2
2
2
1
1
56,9%
0,6%
0,6%
0,6%
0,3%
0,3%
189
2
2
2
1
1
53,5%
0,6%
0,6%
0,3%
0,3%
0,3%
73,9%
-
4,3%
-
-
-
34
-
2
-
-
-
97,3%
2,7%
-
-
-
-
36
1
-
-
-
-
97,8%
-
-
1,1%
-
-
89
-
-
1
-
-
85,7%
2,9%
-
2,9%
2,9%
2,9%
30
1
-
1
1
1
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
was that
it’s that
in fact
it’s because
it’s just that
the fact is that
am the one who
so far as
it was only because
is that
that
it is
this is because
yes
it is because
are the one who
was the fact that
that’s because
for the question
it is… that
but also because
the truth is that
the explanation is simple
40
6
5
4
4
3
3
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
6
5
4
4
3
3
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
11,3%
0,8%
1,1%
0,6%
1,7%
0,6%
1,4%
0,9%
0,6%
1,1%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,6%
0,9%
0,6%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
3
6
5
4
4
3
3
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0,9%
0,9%
1,1%
0,6%
1,7%
0,6%
1,4%
0,9%
0,6%
1,1%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,6%
0,9%
0,6%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
17,6%
-
-
-
-
5,9%-
-
-
11,8%
-
5,9%
-
-
-
5,9%-
5,9%-
5,9%-
-
-
-
-
-
-
3
-
-
-
-
1
-
-
2
-
1
-
-
-
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
42,9%-
-
-
14,3%
-
-
-
-
-
7,1%-
14,3%
-
7,1%-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
6
-
-
2
-
-
-
-
-
1
2
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
15,2%
9,1%
6,1%
3,0%
9,1%
9,1%
-
6,1%
-
-
6,1%-
-
-
-
-
3,0%
-
-
-
-
-
-
-
5
3
2
1
3
3
-
2
-
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
4,3%
-
4,3%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
-
-
-
1
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
1
1
por exemplo
por exemplo
for example
for instance
28
5
27
5
7,9%
1,5%
27
5
7,6%
1,5%
66,7%
33,3%
2
1
100,0%
-
6
-
94,4%
5,6%
18
1
20%
60%
1
3
quer dizer
quer dizer
quer dizer
quer dizer
quero dizer
quero dizer
o que quer dizer
o que quero dizer
o que queria dizer
in other words
i
that is to say
honestly
that is,
ii
I mean
that is,
ii
in other words
i
what I mean to say
what I wanted to say
4
2
1
1
1
1
1
1
1
4
2
1
1
1
1
1
1
1
1,1%
0,6%
0,3%
0,5%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
4
2
1
1
1
1
1
1
1
1,1%
0,6%
0,3%
0,5%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
20%
-
20%
20%
20%
20%
-
-
-
1
-
1
1
1
1
-
-
75%
25%
-
-
-
-
-
-
-
4
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
50%
-
-
-
-
-
50%
-
-
1
-
-
-
-
-
1
isto é
isto é
isto é
that is,
that is to say
such is
2
1
1
1
1
1
0,6%
0,3%
0,3%
1
1
1
0,3%
0,3%
0,3%
-
-
-
-
-
-
50%
50%
-
1
1
-
-
-
100%
-
-
1
-
-
-
-
-
-
digamos
digamos
digamos
let us say
let’s say
let us suppose
1
1
1
1
1
1
0,3%
0,3%
0,3%
1
1
1
0,3%
0,3%
0,3%
50%
-
50%
1
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
-
1
-
ou melhor
ou melhor
or better still
or rather
1
1
1
1
0,3%
0,3%
1
1
0,3%
0,3%
-
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
1
-
-
100%
-
1
estou perguntando I’m asking you 1 1 0,3% 1 0,3% - - - - 100% 1 - -
Total
353 302 100% 302 89,1% 52 62 139 49
MR ou
De acordo com as tabelas 2 e 3, por ordem decrescente de frequência absoluta, o MR ou
aparece em primeira classificação, com um total de 209 ocorrências nos TOs. Do total de 36
marcadores traduzidos em FT, em relação ao respectivo TO, a incidência do marcador traduzido
or (com frequência absoluta 34 e frequência relativa 73,9%) apresenta ligeira variação, ou seja,
Giovanni Pontiero usa também o marcador either (2; 4,3%) no respectivo TT. Há 10 omissões do
MR ou em FT, em uma frequência relativa de 21,8%. Com um número de 37 marcadores
traduzidos em relação ao respectivo TO, a ocorrência do marcador or (36; 97,3%) empregada em
WW apresenta variação; Alexis Levitin utiliza o marcador and (1; 2,7%) no respectivo TT, para
a tradução do marcador ou. Não omissão do marcador ou em WW, por parte do tradutor
Levitin. Em um total de 91 ocorrências do MR ou na obra PC, nota-se que o tradutor Pontiero
optou por utilizar em sua tradução os marcadores or (89; 97,8%) e or perhaps (1; 1,1%), como
tradução do marcador ou. Houve uma omissão do marcador ou no TT, em uma frequência
relativa de 1,1%. Do total de 34 marcadores traduzidos em HS, em relação ao respectivo TO, a
incidência do marcador traduzido or (30; 85,7%) apresenta ligeira variação, ou seja, Pontiero usa
também os marcadores and (1; 2,9%), or perhaps (1; 2,9%), perhaps (1; 2,9%), e and perhaps
(1; 2,9%) no respectivo TT. uma omissão do marcador ou em HS (2,9%), por parte de
Pontiero. Como exemplo do MR ou e do marcador traduzido or, extraímos um trecho das obras
LF e FT:
LF: Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois
ou três lances, alcançar a murada do terraço (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 30).
FT: It was a surprise, therefore, when they saw her spread open her stubby wings, puff out her breast,
and in two or three attempts, fly to the backyard wall (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 49).
MR é que
No que tange ao MR é que, das 17 ocorrências do marcador em LF (com uma frequência
absoluta total de 69 MRs), o tradutor Pontiero opta por utilizar os marcadores was that (3;
17,6%), it was only because (2; 11,8%), the fact is that (1; 5,9%), that (1; 5,9%), it is because (1;
5,9%), are the one who (1; 5,9%) e was the fact that (1; 5,9%). Há uma omissão de 7 marcadores
ou em FT, em uma frequência relativa de 41,1%. Das 11 ocorrências do MR é que em OE (64),
Levitin opta por usar, como tradução do marcador é que, os marcadores it´s that (6; 42,9%), it’s
just that (2; 14,3%), it is (2; 14,3%), that (1; 7,1%) e yes (1; 7,1%). Com relação à omissão do
marcador é que em WW, podemos mencionar que houve dois casos, com uma frequência relativa
de 14,3%. Por seu turno, das 34 ocorrências do MR é que em PC (152), Pontiero opta, no
respectivo TT, por usar como tradução do MR é que os marcadores in fact (5; 15,2%), it’s
because (3; 9,1%), so far as (3; 9,1%), am the one who (3; 9,1%), is that (2; 6,1%), it’s just that
(2; 6,1%), this is because (2; 6,1%), the fact is that (1; 3,0%), e that’s because (1; 3,0%). Houve
12 omissões do marcador é que no TT, com uma frequência relativa de 33,2%. Acerca das 23
ocorrências do MR é que em HE (68), Pontiero opta, no respectivo TT, por utilizar como
tradução do MR é que os marcadores the fact is that (1; 4,3%), it’s because (1; 4,3%), for the
question (1; 4,3%), it is... that (1; 4,3%), but also because (1; 4,3%), the truth is that (1; 4,3%) e
the explanation is simple (1; 4,3%). uma omissão de 16 marcadores é que em HS, com uma
frequência relativa de 69,9%. Para exemplificar o MR é que e seu correspondente em ngua
inglesa de maior frequência relativa, it’s that, selecionamos, do par de obras OE e WW, os
seguintes fragmentos:
OE: Ah, Ulisses, pensou ela para o cão, não reabandonei por querer, é que eu precisava fugir
de Eduardo, antes que ele me arruinasse totalmente com sua lucidez: lucidez que
iluminava demais e crestava tudo (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 24).
WW: Ah, Ulysses, she thought, to the dog, I didn't abandon you because I wanted to, it's that I had to
flee Eduardo, before he destroyed me completely with his lucidity: a lucidity that illumined too
much and singed everything (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 90-91).
MR por exemplo
Acerca do MR por exemplo, a ocorrência de 2 marcadores traduzidos por for example
(66,7%) e 1 traduzido por for instance (33,3%) em FT, em relação ao respectivo TO,
apresentando variação no TT, por parte de Pontiero. Em WW, do total de 6 marcadores
traduzidos em relação ao respectivo TO, a frequência absoluta do marcador traduzido for
example é 6 e sua frequência relativa é 100%,o havendo omissão do MR por exemplo no TT,
por parte de Levitin. Por sua vez, na obra NH, nota-se que Pontiero optou por utilizar em sua
tradução os marcadores for example (18; 94,4%) e for instance (1; 5,6%), como tradução do
marcador por exemplo, não apresentando nenhuma omissão. No tocante à HS, em relação ao
respectivo TO, há a incidência dos marcadores traduzidos for instance (3; 60%), e for example (1;
20%), apresentando variação e uma omissão do marcador por parte de Pontiero (20%). A título
de ilustração, apresentamos os alinhamentos extraídos das obras PC e NH, utilizando o MR por
exemplo e a sua tradução de maior frequência relativa, for example:
PC: Na ideia por exemplo de que não pode haver pensamento sem extensão (modalidade de
Deus) e vice-versa, não está afirmada a mortalidade da alma? (LISPECTOR, [1974], 1999,
p. 138).
NH: In the idea, for example, that there can be thought without extension (the modality of God) and
vice-versa, surely the soul's mortality is affirmed? (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 113).
MR (o que) quer(o)/(ia) dizer
No que concerne ao conjunto de MRs (o que) quer(o)/(ia) dizer, em LF (69), tem-se uma
ocorrência do MR o que quero dizer, traduzido por what I mean to say (100%), não havendo
variação nem omissão no TT. Por seu turno, das 5 ocorrências apresentadas em OE (69), o
tradutor Levitin opta por usar os MRs that is (2; 40%), that is to say (1; 20%), I mean (1; 20%) e,
in other words (1; 20%). Não há nenhuma omissão do conjunto de marcadores no TT. Por sua
vez, em PC (152), o tradutor Pontiero utiliza como tradução do conjunto de marcadores do TO os
MRs in other words (4; 75%) e that is to say (1; 25%). Não há omissão do conjunto de
marcadores no TT. Em HE, Pontiero utiliza como tradução do conjunto de MRs os marcadores
honestly (1; 50%) e what I wanted to say (1; 50%), não havendo omissão do conjunto de
marcadores no TT. Como exemplo, seguem os trechos extrdos das obras PC e NH do marcador
quer dizer com seu equivalente em língua inglesa de maior frequência relativa nos quatro pares
de textos claricianos, in other words:
PC: Quer dizer que na verdade o imaginei (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 28).
NH: In other words I didn't really imagine it (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 18).
MR isto é
No que tange ao MR isto é, não nenhuma ocorrência em LF. Em OE, verificamos que
Levitin utiliza como tradução os marcadores that is (1; 50%) e that is to say (1; 50%), não
havendo nenhuma omissão do marcador no TT. Por sua vez, PC apresenta uma ocorrência, na
qual Pontiero usa como tradução o marcador such is (1; 100%) não havendo nenhuma omissão do
marcador em NH. em HE, uma ocorrência do marcador no TO e sua omissão em HS.
Como todos os exemplos apresentam somente uma incidência e não um MR traduzido de
frequência relativa maior, todas as ocorrências do MR presentes nos quatro pares claricianos,
bem como a ocorrência de omissão do MR em HS, serão apresentadas no apêndice A (p. 193),
com exceção dos MRs isto é => that is to say, nas obras OE e WW, que encontram-se na página
113.
MR digamos
No tocante ao MR digamos, tem-se um total de 3 ocorrências: 2 em LF e uma em HE;
as obras OE e PC não apresentam nenhuma incidência e/ou omissão deste marcador. Em LF,
Pontiero utiliza como tradução do MR os marcadores let us say (1; 50%) e let us suppose (1;
50%), não havendo nenhuma omissão do marcador em FT. Por sua vez, em HE, Pontiero usa
como tradução do MR o marcador let’s say (1; 100%), não havendo nenhuma variação ou
omissão do marcador no TT. Como todos os exemplos apresentam somente uma incidência e não
um MR traduzido de frequência relativa maior, todas as ocorrências do MR presentes nos
quatro pares claricianos serão apresentadas no apêndice A, exceto o exemplo dos MRs digamos
=> let us suppose, que encontra-se na página 113.
MR ou melhor
Com referência ao MR ou melhor, 2 ocorrências nos quatro pares claricianos: uma em
PC e uma em HE. nas obras LF e OE, não nenhuma incidência do MR. Em PC, Pontiero
usa como tradução do MR o marcador or better still (1; 100%), não havendo nenhuma variação
ou omissão do marcador no TT. Por sua vez, em HE, Pontiero utiliza como tradução do MR o
marcador or rather (1; 100%), não havendo nenhuma omissão do marcador no TT. Como todos
os exemplos apresentam somente uma incidência e não há um MR traduzido de frequência
relativa maior, todas as ocorrências do MR presentes nos quatro pares claricianos serão
apresentadas no apêndice A.
MR estou perguntando
No que tange ao MR estou perguntando, há uma ocorrência em PC e nenhuma ocorrência
ou omissão em LF, OE e HE. O tradutor Pontiero usa o marcador I’m asking you (1; 100%)
como tradução do MR estou perguntando como nota-se no exemplo abaixo:
PC: — Não é triste viver sem um homem na casa? - prosseguiu Joana.
— Acha? - retrucou a mulher.
Estou perguntando se a senhora acha e não eu. Sou casada, ajuntou Joana, tentando
dar um ar íntimo à conversa (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 87).
NH: - Don't you find life rather sad without a man around the house? - Joana went on.
- Do you think so? - the woman retorted.
- I'm asking you, if you don't find it sad, not me. I'm married, Joana added, trying to bring a note
of intimacy into the conversation (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 69).
Acerca do comportamento linguístico dos dois tradutores literários em questão
considerados individualmente, podemos sugerir que, a partir dos conjuntos de MRs dos TOs ou, é
que, por exemplo, (o que) quer(o) / dizer, isto é, digamos, e ou melhor, encontram-se variações
nos respectivos conjuntos de marcadores nos TTs, como foi observado na análise acima. No
tocante ao MR estou perguntando, pelo fato de registrar somente uma ocorrência nos respectivos
TOs, não podemos observar se houve variação ou não nos TTs.
Com referência à tradução do marcador ou, HS registra variação maior de MRs (11,6%),
se comparados à FT (4,3%), WW (2,7%) e NH (1,1%). Como notamos anteriormente em nossa
análise, FT, HS e NH apresentam omissão do marcador ou, com uma frequência relativa,
respectivamente, de 21,8%, 2,7% e 1,1%.
No que concerne à tradução do marcador é que, NH e FT apresentam variação maior de
MRs, respectivamente, 51,6% e 41,3%, se comparados à WW (35,7%) e HS (30,1%). No que diz
respeito à omissão do marcador é que nos TTs, HS e FT registram uma frequência relativa maior,
respectivamente, 69,9% e 41,1%, se comparada à NH (33,2%) e WW (14,3%).
O MR por exemplo => for instance sofreu variação por Pontiero, com a seguinte
proporção: 33,1% (FT) e 5,6% (NH). No que tange à obra HS, a variação ocorreu no MR por
exemplo => for example (20%), tamm por Pontiero. Com refencia à omissão do marcador
por exemplo nos TTs, pudemos notar que há uma ocorrência em HS (20%), por parte de Pontiero.
No que concerne ao conjunto de MRs (o que) quer(o) / quer dizer, a obra WW (60%), por
Levitin, apresentou variação maior se comparada à HS (50%) e NH (25%), respectivamente por
Pontiero, como pudemos verificar baseando-nos na frequência relativa de MRs, observada na
tabela 3 (p. 81). A obra FT registra apenas uma ocorrência do conjunto de marcadores, não sendo
possível apresentar variação. Observa-se também que não há nenhuma incidência de omissão do
conjunto de marcadores nos 4 TTs selecionados para análise.
No que tange ao MR isto é, apenas o tradutor Levitin, em WW, registrou variação
(50%) do marcador em seu TT. o há ocorrência do MR isto é em LF e, em NH, há apenas uma
ocorrência do marcador, não sendo possível observar a variação. Em HS, há registro de uma
ocorrência de omissão (100%) do marcador, enquanto que nos outros três TTs selecionados para
o estudo, não há registro de omissão do marcador.
Acerca do MR digamos, o tradutor Pontiero, em FT, registrou variação (50%) do
marcador em seu TT. Por sua vez, em HS, por apresentar somente uma incidência do MR, o foi
possível, por parte de Pontiero, variá-lo. Com referência às obras OE e PC, não há registro do
MR, o havendo variação em seus TTs. Todas as ocorrências do MR digamos nos TOs foram
traduzidos nos respectivos TTs, não havendo incidência de omissão do marcador nos TTs.
No tocante ao MR ou melhor, observa-se que há variação, por parte de Pontiero, na
tradução do marcador em NH e HS. Nos outros dois TTs, não há registro do marcador, como
também pudemos notar que não houve omissão dos marcadores nos quatro TTs, baseando-se na
frequência relativa de MRs, observada na tabela 3 (p. 81).
Com relação ao MR estou perguntando, observa-se que não variação ou omissão dos
marcadores em seus respectivos TTs, uma vez que apresenta apenas uma ocorrência em NH,
como pudemos verificar, por meio da frequência relativa de MRs, observada na tabela 3 (p. 81).
Podemos sugerir que, de acordo com os MRs analisados, o tradutor Pontiero, em NH,
apresentou variação maior (16; 11,5%) na tradução do MR é que, no que se refere ao
comportamento linguístico adotado, se comparado às outras obras por ele traduzidas, HS (4;
8,2%), na qual registrou variação maior na tradução do MR ou e, em FT (com uma frequência
absoluta de marcadores traduzidos de 52), na qual apresentou variação maior (2; 3,8%), no que
diz respeito à tradução dos MRs por exemplo (1; 1,9%) e digamos (1; 1,9%). Por sua vez, WW
(4; 6,4%), traduzida por Levitin, registrou variação maior na tradução do conjunto de MRs (o
que) quer(o) / (ia) dizer (3; 4,8%) e isto é (1; 1,6%), apresentando variação maior na tradução dos
MRs, se comparada à FT (3,85%).
5.2.2 Análise de MRs nos quatro TTs para o inglês por Pontiero e Levitin, em
relação aos respectivos TOs de Lispector
Após comentarmos no subitem 5.2.1 as ocorrências de MRs traduzidos com referência aos
seus respectivos TTs, passaremos aos resultados obtidos com relação aos MRs adicionados nos
TTs. Apresentaremos os resultados por ordem decrescente de frequência absoluta e relativa, para
a análise dos MRs, conforme tabelas 4 e 5 a seguir.
Tabela 4 - Distribuição absoluta de MRs analisados individualmente nos quatro TTs em relação aos TOs
MRs nos TTs
MRs nos TOs
Freq. Abs.
nos TTs
Freq. Abs. nos
TOs
Freq. Abs. em
FT
Freq. Abs. em
LF
Freq. Abs. em
WW
Freq. Abs. em
OE
Freq. Abs. em
NH
Freq. Abs. em
PC
Freq. Abs.
em HS
Freq. Abs.
em HE
or
or
or
or
or
or
or
or
ou
nem
e
ou senão
e sem
ora
assim como
como se
211
21
17
6
2
1
1
1
193
21
17
6
2
1
1
1
45
5
1
-
-
-
-
-
41
5
1
-
-
-
-
-
38
4
-
-
-
1
-
-
33
4
-
-
-
1
-
-
97
6
8
6
2
-
1
1
90
6
8
6
2
-
1
1
31
6
8
-
-
-
-
-
29
6
8
-
-
-
-
-
for example
for example
por exemplo
por acaso
25
1
25
1
2
-
2
-
5
-
5
-
17
-
17
-
1
1
1
1
the fact is that
the fact is that
é que
verdade é que
5
1
5
1
2
-
2
-
-
-
-
-
2
1
2
1
1
-
1
-
in other words
in other words
quer dizer
i
o que quer dizer
i
3
1
3
1
-
-
-
-
-
1
-
1
3
-
3
-
-
-
-
-
let us say digamos 1 1 1 1 - - - - - -
or rather ou melhor 1 1 - - - - - - 1 1
that is, isto é 1 1 - - 1 1 - - - -
I’m asking you estou perguntando 1 1 - - - - 1 1 - -
Total
300 282 56 52 50 45 145 138 49 47
Tabela 5 - Distribuição relativa de MRs analisados individual e conjuntamente nos quatro TTs em relação aos TOs
MRs nos TTs MRs nos TOs
Frequência
Absoluta Total
dos MRs nos
TTs
Frequência
Absoluta Total
dos MRs nos
TOs
Frequência
Relativa Total
dos MRs nos
TTs
Frequência
Relativa Total
dos MRs nos
TOs
Freq.Abs. de
MRs
traduzidos
Freq. Rel. de
MRs
traduzidos
Freq. Abs. de
MRs
adicionados
Freq. Rel. de
MRs
adicionados
Freq. Abs. de
MRs
omitidos
Freq. Rel.
de MRs
omitidos
or
or
or
or
or
or
or
or
ou
nem
e
ou senão
e sem
ora
assim como
como se
211
21
17
6
2
1
1
1
193
21
17
6
2
1
1
1
74,8%
7,4%
6,0%
2,1%
0,7%
0,4%
0,4%
0,4%
68,4%
7,4%
6,0%
2,1%
0,7%
0,4%
0,4%
0,4%
193
21
17
6
2
1
1
1
79,8%
8,7%
7,0%
2,5%
0,8%
0,4%
0,4%
0,4%
18
-
-
-
-
-
-
-
6,4%
-
-
-
-
-
-
-
12
-
-
-
-
-
-
-
3,4%
-
-
-
-
-
-
-
for example
for example
por exemplo
por acaso
25
1
25
1
8,9%
0,4%
8,9%
0,4%
25
1
96,2%
3,8%
-
-
-
-
1
-
0,3%
-
the fact is that
the fact is that
é que
verdade é que
5
1
5
1
1,8%
0,4%
1,8%
0,4%
5
1
83,3%
16,7%
-
-
-
-
37
-
10,5%
-
in other words
in other words
quer dizer
i
o que quer dizer
i
3
1
3
1
1,1%
0,4%
1,1%
0,4%
3
1
75,0%
25,0%
-
-
-
-
-
-
-
-
let us say digamos 1 1 0,4% 0,4% 1 100% - - - -
or rather ou melhor 1 1 0,4% 0,4% 1 100% - - - -
that is, isto é 1 1 0,4% 0,4% 1 100% - - 1 0,3%
I’m asking you estou perguntando 1 1 0,4% 0,4% 1 100% - - - -
Total
300 282 106,4% 100% 282 - 18 6,4% 51 14,5%
MR or
Em primeira classificação, destaca-se o MR or, de acordo com as tabelas 4 e 5, com um
total de 260 ocorrências nos quatro TTs conjuntamente, sendo 242 ocorrências provenientes de
traduções feitas a partir das 242 incidências do conjunto de MRs ou / nem / e / ou senão / e sem /
ora / assim como / como se, constante nos TOs. Desse modo, a frequência relativa do marcador
or traduzido em relação aos TOs é de 100%, na qual 68,4% refere-se ao marcador traduzido or
como tradução do MR ou nos TTs. No tocante à adição do MR or, a frequência relativa nos
quatro subcorpora de TTs é de 6,4%. Os exemplos dos MRs or e ou encontram-se na página 82.
MR for example
Acerca do marcador traduzido for example, tem-se um total de 26 ocorrências (100%),
com referência aos TOs, apresentando 25 incidências a partir das 25 ocorrências do MR por
exemplo nos TOs e uma incidência a partir de uma ocorrência do MR por acaso. No que tange à
adição do MR for example, não houve registro nos quatro TTs. Os trechos dos MRs for example e
por exemplo estão na página 84.
MR the fact is that
Quanto ao marcador traduzido the fact is that, apresenta um total de 6 ocorrências
(100%), no que diz respeito aos respectivos TOs, registrando 6 incidências a partir das 6
ocorrências do conjunto de MRs é que / a verdade é que. Nos TTs, a maior incidência do
marcador traduzido the fact is that registra-se com o MR é que (5; 83,3%). Com referência à
adição do MR the fact is that, não houve registro nos quatro TTs. Os exemplos dos MRs the fact
is that e é que encontram-se na página 82.
MR in other words
No que concerne ao marcador traduzido in other words, há um total de quatro ocorrências
(100%) como tradução do conjunto de MRs (o que) quer dizer. A maior incidência registra-se
nos TOs, com o marcador quer dizer (3; 75%) como equivalente do marcador traduzido in other
words, nos TTs. Não adição do MR in other words nos TTs. Os trechos dos MRs in other
words e quer dizer estão na página 85.
MR let us say
Com refencia ao marcador traduzido let us say, tem-se um total de uma ocorrência
(100%) como tradução do MR digamos no TO. Não há registro de adição do MR let us say nos
TTs. Os exemplos dos MRs let us say e digamos encontram-se no apêndice A (p. 193).
MR or rather
No que tange ao marcador traduzido or rather, registra-se um total de uma ocorrência
(100%) nos TTs para o MR ou melhor no TO. o há incidência de adão do MR or rather nos
TTs. Os trechos dos MRs or rather e ou melhor estão no apêndice A.
MR that is
No tocante ao marcador traduzido that is, tem-se um total de uma ocorrência (100%)
como tradução do MR isto é no TO. Os TTs não apresentam adição do MR that is. Os exemplos
dos MRs that is e isto é encontram-se no apêndice A.
MR I’m asking you
Acerca do marcador traduzido I’m asking you, um total de uma incidência (100%)
como tradução do MR estou perguntando no TO. Não há adição do MR I’m asking you nos TTs.
Os trechos dos MRs I’m asking you e estou perguntando estão na página 86.
Podemos observar que todos MRs dos TOs apresentam 100% de tradução nos TTs (cf.
tabela 5, p. 90). Quanto às ocorrências de adição, observa-se que apenas o MR or (18; 6,4%) foi
adicionado aos TTs, respectivamente, em FT (4; 1,4%), WW (5; 1,8%), NH (7; 2,5%) e, HS (2;
0,7%). Não houve adição de nenhum outro MR nos TTs. No tocante à omissão, houve o registro
de omissão (51; 14,5%) na tradução do MR ou (12; 3,4%) em FT (10; 2,8%), NH (1; 0,3%), e
HS (1; 0,3%), na tradução do MR é que (37; 10,5%) em FT (7; 2,0%), WW (2; 0,6%), NH (12;
3,4%) e HS (16; 4,5%), do marcador por exemplo em HS (1; 0,3%) e, do marcador isto é em HS
(1; 0,3%).
Com referência às adições nos TTs, levando-se em consideração a frequência absoluta dos
4 subcorpora de TOs, podemos notar que NH (7; 2,5%), traduzida por Pontiero, apresenta a
maior frequência absoluta e relativa de adições, no que diz respeito ao MR or, se comparada às
outras duas obras traduzidas por ele próprio, FT (4; 1,4%) e HS (2; 0,7%), ou, se comparada à
obra WW (5; 1,8%), traduzida por Levitin.
No que tange às omissões, levando-se em consideração a frequência absoluta total nos 4
subcorpora de TTs, podemos verificar também que a obra FT (10; 2,8%), traduzida por Pontiero,
registra a maior frequência absoluta e relativa de omissão do MR ou, se comparada às outras duas
obras traduzidas por si próprio, NH (1; 0,3%) e HS (1; 0,3%). Não houve omissão do MR ou em
WW, traduzida por Levitin. Com referência à maior frequência absoluta e relativa de omissão do
MR é que, houve registro em HS (16; 4,5%), traduzida por Pontiero, se comparada às obras FT
(7; 2,0%) e NH (12; 3,4%), também traduzidas por Pontiero e, WW (2; 0,6%), traduzida por
Levitin. Com referência à omissão dos MRs por exemplo (1; 0,3%) e isto é (1; 0,3%), levando-se
em consideração a frequência absoluta total nos 4 subcorpora de TOs, registram-se em HS,
traduzidas por Pontiero. As outras obras não apresentam omissão dos marcadores apenas citados
em seus TTs.
Com base nos dados analisados, considerando a frequência absoluta total nos 4
subcorpora de TOs, no que concerne às omissões, às adições e às variações, podemos sugerir que,
de acordo com os MRs analisados, o tradutor Pontiero apresentou uma frequência absoluta e
relativa maior em NH (16; 5,3%), na variação do MR é que, registrou uma frequência absoluta e
relativa maior em NH, na adição do MR or (7; 2,5%) e, apresentou uma frequência absoluta e
relativa maior em HS, na omissão do marcador é que (16; 4,5%), no que se refere ao seu
comportamento linguístico, se comparado às variações (4; 1,3%), adições (5; 1,8%) e omissões
(2; 0,6%) de WW, realizadas pelo tradutor Levitin.
Na análise efetuada por meio das tabelas 2 a 5, utilizamos quatro obras originais e quatro
obras traduzidas de Clarice Lispector, duas publicadas, respectivamente, na forma de contos (LF
=> FT e OE => WW) e duas, de romance (PC => NH e HE => HS), para o exame do uso de
MRs. Observa-se que como FT e WW são coletâneas de contos e apresentam uma extensão
menor (68.992 itens) do que os romances NH e HS (84.183 itens), são os romances, traduzidos
por Pontiero, que apresentam uma frequência absoluta e relativa maior no que diz respeito à
adição e omissão dos MRs em seus TTs. Notamos também que apesar de HS ser um romance,
registra a menor extensão (25.552 itens), se comparado ao romance NH (58.631 itens) e às
coletâneas de contos FT (40.141 itens) e WW (28.851 itens). Sugere-se que devido à sua menor
extensão, apresente o romance a maior frequência absoluta e relativa de omissão em seu TT.
Podemos sugerir que o padrão dos MRs dos TTs analisados, com refencia à sua variação, é
similar ao padrão de MRs encontrado nos respectivos TOs, uma vez que nos quatro subcorpora
de TTs, há uma variação de 17,6% e, nos quatro subcorpora de TOs, registra-se uma variação de
18,1%, tendo Lispector variado apenas 0,5% a mais em seus TOs do que os tradutores em seus
TTs. Estes dados confirmam-se, observando a razão forma/item padronizada dos TOs e TTs para
o inglês, nos quais a razão forma/item padronizada dos TOs apresenta uma maior variedade
vocabular, se comparada à razão forma/item padronizada dos TTs para o inglês.
Apesar desta pouca varião a menos em relação aos TOs de Lispector, esperava-se que
os tradutores utilizassem em uma maior proporção a variação em seus TTs. Porém, como
pudemos perceber, por meio da análise da razão forma/item padronizada, do item 5.1 (p. 77), os
TOs apresentam uma variação vocabular maior (formas), se comparados aos TTs para o inglês.
Se observarmos a análise da razão forma/item padronizada, no item 5.1 (p. 77),
constatamos que os TTs apresentam uma razão forma/item padronizada menor do que seus
respectivos TOs, notando que os tradutores tenderam a simplificar o TT.
Acreditava-se que os tradutores usariam a variação e a adão em uma maior quantidade e
a omissão em uma menor quantidade, pom, conforme verificamos pela análise efetuada com
base nas linhas da concordância, os resultados mostram o contrário, isto é, os TOs apresentaram
um maior índice de variação (18,1%) e os TTs de Pontiero registraram a mais alta frequência de
adição (2,5%) e de omissão (4,5%).
5.2.3 Análise de MRs nos 4 TOs de Lispector em relação aos respectivos TTs para o
italiano por Aletti e Desti
Observamos, a partir dos TOs em relação aos TTs, a variação no comportamento
linguístico das duas tradutoras literárias consideradas individualmente, conforme os resultados
por frequência absoluta constantes da tabela 6 adiante. A tabela 7 a seguir apresenta a frequência
relativa dos MRs nos TOs e TTs.
Tabela 6 - Distribuição absoluta de MRs analisados individualmente nos quatro TOs e TTs
MRs nos TOs Freq. Abs. nos TTs MRs nos
TTs
Freq.
Abs. nos
TTs
Freq.
Abs. em
LF
Freq.
Abs. em
Lf
Freq.
Abs. em
OE
Freq.
Abs. em
DS
Freq.
Abs. em
PC
Freq.
Abs. em
Vc
Freq.
Abs. em
HE
Freq.
Abs. em
OS
ou
ou
ou
ou
ou
ou
ou
o
oppure
o forse
e
che
o magari perché
e neppure
164
33
6
3
1
1
1
166
36
6
3
1
1
1
37
8
-
1
-
-
-
36
8
-
1
-
-
-
31
5
-
-
1
-
-
31
5
-
-
1
-
-
68
15
5
1
-
1
1
67
15
5
1
-
1
1
28
5
1
1
-
-
-
28
5
1
1
-
-
-
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
è che
la verità è che
che
il fatto è che
era che
era solo perché
solo che
di certo
è perché
e
è magari perché
perché
era il fatto che
é vero che
per la verità
era dato dalla
44
11
8
7
4
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
23
11
8
7
4
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
11
1
-
3
-
1
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
2
1
-
3
-
1
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
5
4
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
4
4
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
18
-
6
3
4
1
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
11
-
6
3
4
1
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
10
6
1
1
-
-
1
-
-
1
1
1
1
-
-
-
-
6
6
1
1
-
-
1
-
-
1
1
1
1
-
-
-
-
por exemplo
por exemplo
per esempio
ad esempio
32
1
31
1
3
-
3
-
6
-
5
-
18
1
18
1
5
-
5
-
quero dizer
quero dizer
quer dizer
quer dizer
quer dizer
o que quero dizer
o que quer dizer
o que queria dizer
voglio dire
intendo dire
cioè
ossia
vuol dire
intendo dire
ossia
cosa che indicava che
1
1
6
1
1
1
1
1
1
1
6
1
1
1
1
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
1
1
1
1
-
-
1
-
1
1
1
1
-
-
1
-
-
-
4
-
1
-
-
-
-
-
4
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
1
-
-
-
-
1
isto é
isto é
isto é
ossia
cioè
questo è
2
1
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
1
1
-
1
1
-
-
-
1
-
-
1
1
-
-
-
-
-
digamos
digamos
diciamo
ammettiamo
2
1
2
1
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
1
-
ou melhor o meglio 2 2 - - - - 1 1 1 1
estou perguntando sto chiedendo 1 1 - - - - 1 1 - -
Total 353 328 69 59 64 62 152 144 68 63
Tabela 7 - Distribuição relativa de MRs nos quatro TOs e TTs
MRs nos TOs MRs trad. nos TTs Freq. Abs.
Total de
MRs nos
TOs
Freq. Abs.
Total de
MRs trad.
nos TTs
Freq.
Rel.
Total
de MRs
nos
TOs
Freq. Rel.
Total de
MRs trad.
nos TTs
Freq. Rel.
de.MRs
trad. em
Lf
Freq. Abs.
de MRs
trad. em Lf
Freq. Rel.
de.MRs
trad. em
DS
Freq. Abs.
de MRs
trad. em
DS
Freq. Rel.
de.MRs
trad. em
Vc
Freq. Abs.
de MRs
trad. em
Vc
Freq. Rel.
de.MRs
trad. em
OS
Freq. Abs.
de MRs
trad. em
OS
ou
ou
ou
ou
ou
ou
ou
o
oppure
o forse
e
che
o magari perché
e neppure
164
33
6
3
1
1
1
166
36
6
3
1
1
1
46,5%
9,3%
1,7%
0,8%
0,3%
0,3%
0,3%
45,9%
9,3%
1,7%
0,8%
0,3%
0,3%
0,3%
80,0%
17,4%
-
2,2%
-
-
-
36
8
-
1
-
-
-
83,8%
13,5%
-
-
2,7%
-
-
31
5
-
-
1
-
-
74,4%
16,5%
5,5%
1,1%
-
1,1%
1,1%
67
15
5
1
-
1
1
80,0%
14,3%
2,9%
2,9%
-
-
-
28
5
1
1
-
-
-
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
é que
è che
i
la verità è che
che
il fatto è che
era che
i
era solo perché
solo che
di certo
è perché
e
è magari perché
perché
era il fatto che
é vero che
per la verità
era dato dalla
44
11
8
7
4
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
23
11
8
7
4
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
12,5%
3,1%
2,3%
2,0%
1,1%
0,6%
0,6%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
6,5%
3,1%
2,3%
2,0%
1,1%
0,6%
0,6%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
11,8%
5,9%
-
17,6%
-
5,9%
-
-
-
-
-
-
-
5,9%
-
-
-
2
1
-
3
-
1
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
28,6%
28,6%
7,1%
-
-
-
7,1%
-
-
-
-
-
-
-
7,1%
7,1%
7,1%
4
4
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
40,7%
-
22,2%
11,1%
14,8%
3,7%
-
3,7%
3,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
11
-
6
3
4
1
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
31,6%
31,6%
5,3%
5,3%
-
-
5,3%
-
-
5,3%
5,3%
5,3%
5,3%
-
-
-
-
6
6
1
1
-
-
1
-
-
1
1
1
1
-
-
-
-
por exemplo
por exemplo
per esempio
ad esempio
32
1
31
1
9,1%
0,3%
8,8%
0,3%
100%
-
3
-
100%
-
5
-
94,7%
5,3%
18
1
100%
-
5
-
quero dizer
quero dizer
quer dizer
quer dizer
quer dizer
o que quero dizer
o que quer dizer
o que queria dizer
voglio dire
i
intendo dire
ii
cioè
ossia
iii
vuol dire
i
intendo dire
ii
ossia
iii
cosa che indicava che
1
1
6
1
1
1
1
1
1
1
6
1
1
1
1
1
0,3%
0,3%
1,7%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
1,7%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
20,0%
20,0%
20,0%
20,0%
-
-
20,0%
-
1
1
1
1
-
-
1
-
-
-
80,0%
-
20,0%
-
-
-
-
-
4
-
1
-
-
-
-
-
50,0%
-
-
-
-
50,0%
-
-
1
-
-
-
-
1
isto é
isto é
isto é
ossia
cioè
questo è
2
1
1
1
1
1
0,6%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
-
-
-
-
-
-
50,0%
50,0%
-
1
1
-
-
-
100%
-
-
1
-
-
-
-
-
-
digamos
digamos
diciamo
ammettiamo
2
1
2
1
0,6%
0,3%
0,6%
0,3%
50%
50%
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
1
-
ou melhor o meglio 2 2 0,6% 0,6% - - - - 100% 1 100% 1
estou perguntando
sto chiedendo 1 1 0,3% 0,3%
- -
- -
100% 1 - -
Total 353 328 100% 92,9%
59
62
144 63
MR ou
Apresentaremos os resultados em ordem de frequência. De acordo com as tabelas 6 e 7,
ou é o MR de maior frequência, com um total de 209 ocorrências nos TOs. A tradução italiana Lf
apresenta três correspondentes para ou, i.e.: o (36; 80%), oppure (8; 17,4%) e e (1; 2,2%). A
tradução italiana DS registra três ocorrências para ou: o (31; 83,8%), oppure (5; 13,5%) e che (1;
2,7%). A tradução italiana Vc apresenta seis correspondentes para ou: o (67; 74,4%), oppure (15;
16,5%), o forse (5; 5,5%), e (1; 1,1%), o magari perché (1; 1,1%) e, e neppure (1; 1,1%). A
tradução italiana OS registra quatro correspondentes para ou: o (28; 80%), oppure (5; 14,3%), o
forse (1; 2,9%) e, e (1; 2,9%). uma omissão (2,2%) do MR ou em Lf. A tradução italiana Vc
apresenta uma omissão (1,1%) do MR ou. Das obras LF e Lf, extraímos um exemplo da
frequência mais alta do MR ou e seu equivalente o:
LF: Sem a fitarem, ajudavam-na ativamente a esquecer, fingindo elas próprias o esquecimento
como se tivessem lido a mesma bula do mesmo vidro de remédio. Ou tinham esquecido
realmente, quem sabe (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 35).
Lf: Senza fissarla, l'aiutavano attivamente a dimenticare, fingendo di avere dimenticato, come se
avessero letto il medesimo foglio di istruzioni dello stesso medicinale. O avevano veramente
dimenticato, chissà (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 1).
MR é que
No que diz respeito ao MR é que (88; 24,4%), a tradução italiana Lf apresenta cinco
correspondentes para é que: è che (2; 11,8%), la verità è che (1; 5,9%), il fatto è che (3; 17,6%),
era solo perché (1; 5,9%) e, era il fatto che (1; 5,9%). Há o registro de nove omissões (52,9%) do
MR é que em Lf. A tradução italiana DS registra sete ocorrências para é que: è che (4; 28,6%), la
verità è che (4; 28,6%), che (1; 7,1%), (1; 7,1%), è vero che (1; 7,1%), per la verità (1; 7,1%)
e, era dato dalla (1; 7,1%). Há uma omissão (7,1%) do MR é que em DS. A tradução italiana Vc
apresenta seis correspondentes para é que: (è)/(era) che (15; 44,1%), che (6; 17,6%), il fatto è che
(3; 8,8%), era solo perché (1; 2,9%), solo che (1; 2,9%) e, di certo (1; 2,9%). o registro de
sete omissões (20,6%) do MR é que em Vc. A tradução italiana OS registra nove ocorrências
para é que: è che (6; 26,1%), la verità è che (6; 26,1%), che (1; 4,3%), il fatto è che (1; 4,3%),
(1; 4,3%), è perché (1; 4,3%), e (1; 4,3%), è magari perché (1; 4,3%) e, perché (1; 4,3%). o
registro de omissões (17,4%) do MR é que em OS. Selecionamos trechos de PC e Vc a fim de
exemplificar o MR é que e sua tradução è che:
PC: Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que
me descubro de outra qualidade (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 80).
Vc: Quando mi sorprendo allo specchio, non mi spavento perché mi trovo brutta o bella. È che mi
scopro di un'altra qualità (LISPECTOR, [1987], 2003, p. 65).
MR por exemplo
No que tange ao MR por exemplo (33; 9,1%), a tradução italiana Lf apresenta um
equivalente para por exemplo: per esempio (3; 100%). A tradução italiana DS registra um
correspondente para por exemplo: per esempio (5; 83,3%). uma omissão (6,7%) do MR por
exemplo em DS. A tradução italiana PC apresenta dois ocorrências para por exemplo: per
esempio (18; 94,7%) e ad esempio (1; 5,3%). A tradução italiana OS registra um equivalente
para por exemplo: per esempio (5; 100%). Apresentamos, abaixo, os alinhamentos extraídos de
OE e DS, com o MR por exemplo e um de seus equivalentes, per esempio:
OE: Não era verdade que só se pensa um pensamento único. Era, por exemplo, capaz de
escrever um cheque perfeito, sem um erro, pensando na sua vida, por exemplo
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 30).
DS: Non era vero che si ha un solo pensiero alla volta. Lei, per esempio, era capace di riempire
perfettamente un assegno, senza un errore, pensando alla propria vita ____ (LISPECTOR, 1994,
p. 9).
MRs (o que) quer(o)/(ia) dizer
No tocante ao conjunto de MRs (o que) quer(o)/(ia) dizer (13; 3,6%), a tradução italiana
Lf apresenta um equivalente para (o que) quer(o)/(ia) dizer: intendo dire (1; 100%). A tradução
italiana DS registra quatro correspondentes para (o que) quer(o)/(ia) dizer: voglio dire (1; 20%),
intendo dire (1; 20%), cioè (1; 20%) e ossia (2; 40%). A obra traduzida Vc tem duas ocorrências
para (o que) quer(o)/(ia) dizer: cioè (1; 20%) e vuol dire (1; 20%). Por sua vez, a obra traduzida
OS registra dois correspondentes para (o que) quer(o)/(ia) dizer: cioè (1; 50%) e cosa che
indicava che (1; 50%). Para exemplificar, extraímos um exemplo de HE e OS, do conjunto de
MRs (o que) quer(o)/(ia) dizer e uma de suas traduções, cioè:
HE: - o sei bem o que sou, me acho um pouco... de quê? . . . Quer dizer não sei bem quem
eu sou (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 73).
OS: - Non so bene quello che sono. Mi trovo un po'... di cosa?... Cioè, non so bene chi sono
(LISPECTOR, 1989, p. 61).
MR isto é
Com referência ao MR isto é (4; 1,2%), o conto LF como também sua obra traduzida Lf
o apresentam qualquer ocorrência do MR. a tradução italiana DS apresenta dois
correspondentes para isto é: ossia (1; 50%) e cioè (1; 50%). Por sua vez, a obra traduzida Vc
registra uma ocorrência para isto é: questo è (1; 100%). Há uma omissão (100%) do MR isto é na
tradução italiana OS. Como exemplo, selecionamos abaixo um exemplo de OE e DS do MR isto
é e sua tradução de maior frequência, ossia:
OE: Ela era feita de Deus. Isto é: tudo ou nada (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 34).
DS: Era fatta di Dio. Ossia: tutto o niente (LISPECTOR, 1994, p. 11).
MR digamos
No que diz respeito ao MR digamos (3; 0,9%), a obra traduzida Lf apresenta dois
correspondentes para digamos: diciamo (1; 50%) e ammettiamo (1; 50%). Por sua vez, o conto
OE e sua tradução italiana DS não registra qualquer ocorrência do MR. o romance PC e sua
obra traduzida Vc não apresentam nenhuma ocorrência do MR. Por seu turno, a tradução italiana
OS registra um correspondente para digamos: diciamo (1; 100%). Para ilustrar, extraímos um
exemplo de LF e Lf do MR digamos e seu equivalente de maior frequência, diciamo:
LF: Diante da dificuldade o homem concedeu: "não era necessário enterrar no centro, eu tam-
bém enterraria o outro, digamos, bem onde eu estivesse neste mesmo instante em "
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 120).
Lf: Non era necessario seppellirlo al centro, anche l'altro l'avrebbe seppellito, diciamo, proprio dove
in quel momento si sarebbe venuto a trovare in piedi (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 36).
MR ou melhor
No que tange ao MR ou melhor (2; 0,8%), o conto LF e a obra traduzida Lf não
apresentam nenhuma ocorrência do MR. Por sua vez, o conto OE e a tradução italiana DS não
registram também nenhuma ocorrência do marcador. Já a obra traduzida Vc apresenta um
equivalente para ou melhor: o meglio (1; 100%). Por seu turno, a tradução italiana OS registra
também o mesmo correspondente para ou melhor: o meglio (1; 100%). Como exemplo,
selecionamos abaixo um excerto de HE e OS, com o MR ou melhor e seu equivalente de maior
frequência, o meglio:
HE: Como me vingar? Ou melhor, como me compensar? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 41).
OS: Come posso vendicarmi? O meglio, come posso compensarmi? (LISPECTOR, 1989, p. 99).
MR estou perguntando
No tocante ao MR estou perguntando (1; 0,3%), o conto LF e sua obra traduzida Lf não
apresentam nenhuma ocorrência do marcador. Por seu turno, o conto OE e sua tradução italiana
DS tamm não registram nenhuma incidência do marcador. Por sua vez, a obra traduzida Vc
apresenta um equivalente para estou perguntando: sto chiedendo (1; 100%). o texto literário
HE como também sua tradução italiana OS não apresentam o marcador estou perguntando e seu
correspondente. Como exemplo, apresentamos abaixo o MR estou perguntando e seu equivalente
de maior frequência, sto chiedendo, nas obras PC e Vc:
PC: — Não é triste viver sem um homem na casa? - prosseguiu Joana.
— Acha? - retrucou a mulher.
Estou perguntando se a senhora acha e não eu. Sou casada, ajuntou Joana, tentando
dar um ar íntimo à conversa (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 87).
Vc: " Non è triste vivere senza un uomo in casa? " proseguì Joana.
" Lei crede? " ribatté la donna.
" Io sto chiedendo se lo crede lei, non io. Sono sposata " aggiunse Joana, tentando di dare alla
conversazione un'aria intima (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 72).
Com referência ao comportamento linguístico das duas tradutoras consideradas
individualmente, notamos que todos os MRs, excluindo os dois últimos ou melhor e estou
perguntando, apresentam mais de uma opção para a tradução nos TTs, consideradas variações.
Observando as traduções do MR ou, observa-se que Vc (24,2%) e OS (20,1%) registram uma
variação maior, quando comparadas à Lf (19,6%) e à DS (16,2%). No que diz respeito à omissão,
as traduções italianas Lf e Vc apresentam ocorrência, com frequências relativas de 2,2% e 1,1%.
Observando cuidadosamente as traduções dos MRs é que, notamos que DS (64,3%) e OS
(56,5%) apresentam uma variação maior, quando comparadas à Vc (35,1%) e à Lf (29,5%).
Quanto à omissão, as obras traduzidas Lf (52,9%) e Vc (20,6%) registram uma frequência maior,
quando comparadas à OS (17,4%) e à DS (7,1%).
No tocante às traduções de por exemplo, notamos que Vc (5,3%) apresenta variação. As
traduções italianas Lf, DS e OS não registram variação na tradução do MR. No que tange à
omissão, a obra traduzida DS (16,7%) registra ocorrência, em contraste com Lf, Vc e OS, que
o apresentam nenhuma ocorrência.
Se notarmos as traduções do conjunto de MRs (o que) quer(o)/(ia) dizer, percebemos que
DS (60%) apresenta a mais alta variação, quando comparadas à OS (50%) e à Vc (20%). A
tradução italiana Lf não registra variação, como apenas uma incidência do marcador
traduzido. Podemos também observar que não nenhuma ocorrência de omissão, com
referência ao conjunto de MRs, nos quatro TTs analisados.
Com referências às traduções de isto é, percebemos que apenas DS (50%) apresenta
variação. As obras Lf e OS não registram nenhuma ocorrência do marcador traduzido, como
também seus respectivos TOs. Observa-se que, no que diz respeito à omissão, os quatro TTs não
apresentam incidência do marcador traduzido.
Observando atentamente as traduções de digamos, notamos que apenas Lf (50%)
apresenta varião. As traduções italianas DS e Vc não registram nenhuma incidência do MR,
tampouco os respectivos originais. Não há omissão do MR nos quatro TTs analisados.
No que tange aos MRs ou melhor e estou perguntando, observamos que não variação
e/ou omissão, no que se refere aos MRs examinados nos TTs, conforme tabela 6 (p. 96).
Por meio de nossa análise, sugerimos que a tradutora Rita Desti, em Vc, apresenta a
frequência mais alta de variação (24; 6,8%) na tradução dos MRs ou (23; 6,5%) e por exemplo (1;
0,3%), quando comparada à Adelina Aletti (14; 3,9%) em Lf (1; 0,3%), que registra a maior
frequência de variação na tradução do MR digamos e, DS (13; 3,6%), que apresenta a maior
frequência absoluta e relativa de variação para a tradução do conjunto de MRs é que (9; 2,5%), (o
que) quer(o)/(ia) dizer (3; 0,8%) e isto é (1; 0,3%). O romance OS, traduzido por Adelina Aletti,
o registra a maior frequência de variação em nenhum dos MRs, quando comparados à Lf, DS e
Vc.
No tocante à omissão, pudemos verificar que a tradutora Adelina Aletti (11; 3,1%), em
Lf, apresenta a maior frequência (10; 2,8%) nos MRs ou (1; 0,3%) e é que (9; 2,5%), e em DS (1;
0,3%), que registra a maior frequência de omissão com o MR por exemplo. As traduções italianas
Vc, traduzida por Rita Desti, e OS, traduzida por Adelina Aletti, não apresentam a maior
frequência de omissão em nenhum dos MRs, quando comparadas à Lf e DS, traduzidas por
Adelina Aletti.
5.2.4 Análise de MRs nos 4 TTs para o italiano por Aletti e Desti, em relação aos
respectivos TOs de Lispector
Após comentar as ocorrências de MRs traduzidos, com referência aos seus respectivos
TTs, abordaremos os resultados obtidos com relão aos marcadores adicionados nos TTs.
Apresentamos os resultados por ordem decrescente de frequência absoluta e relativa, para a
análise dos MRs, conforme tabelas 8 e 9 a seguir.
Tabela 8 - Distribuição absoluta de MRs analisados individualmente nos quatro TTs e TOs
MRs nos TTs
MRs nos TOs
Freq. Abs. nos
TTs
Freq. Abs. nos
TOs
Freq. Abs. em
Lf
Freq. Abs. em
LF
Freq. Abs. em
DS
Freq. Abs. em
OE
Freq. Abs. em Vc Freq. Abs. em
PC
Freq. Abs.
em OS
Freq. Abs.
em HE
o
o
o
o
ou
e
ou senão
e nem
172
3
1
1
166
3
1
1
38
-
-
-
33
-
-
-
32
-
-
-
32
-
-
-
72
-
1
-
71
-
1
-
30
3
-
1
30
3
-
1
per esempio por exemplo
31 30 3 3 5 5 18 17 5 5
il fatto è che
il fatto è che
é que
o fato é que
5
2
5
2
2
1
2
1
-
1
-
1
2
-
2
-
1
-
1
-
cioè
cioè
quer dizer
isto é
4
1
4
1
-
-
-
-
-
1
-
1
3
-
3
-
1
-
1
-
ossia
ossia
quer dizer
isto é
2
2
2
1
-
-
-
-
2
1
2
1
-
-
-
-
-
1
-
-
o meglio ou melhor
4 3 - - 1 - 2 2 1 1
diciamo digamos
2 2 1 1 - - - - 1 1
sto chiedendo estou perguntando
1 1 - - - - 1 1 - -
Total
231 222 45 40 43 42 99 97 44 43
Tabela 9 - Distribuição relativa dos MRs analisados individual e conjuntamente nos quatro TTs e TOs
MRs nos TTs MRs nos TOs
Freq. Abs. Total de MRs nos
TTs
Freq. Abs.
Total de MRs
nos TOs
Freq. Rel.
Total de MRs
nos TTs
Freq. Rel.
Total de MRs
nos TOs
Freq. Abs. de
MRs trad.
Freq. Rel. de
MRs trad
Freq. Abs. de
MRs adic.
Freq. Rel. de
MRs adic.
Freq. Abs. de
MRs omit.
Freq. Rel.
de MRs
omit.
o
o
o
o
ou
e
ou senão
e nem
172
3
1
1
166
3
1
1
51,7%
0,9%
0,3%
0,3%
49,8%
0,9%
0,3%
0,3%
166
3
1
1
97,1%
1,8%
0,6%
0,6%
6
-
-
-
2,7%
-
-
-
2
-
-
-
0,6%
-
-
-
per esempio por exemplo
31 30 9,3% 9,0%
30 100%
1 0,5%
1 0,3%
il fatto è che
il fatto è che
é que
o fato é que
5
2
5
2
1,5%
0,6%
1,5%
0,6%
5
2
71,4%
28,6%
-
-
-
-
21
-
6,1%
-
cioè
cioè
quer dizer
isto é
4
1
4
1
1,2%
0,3%
1,2%
0,3%
4
1
80%
20%
-
-
-
-
-
-
-
-
ossia
ossia
quer dizer
isto é
2
2
2
1
0,6%
0,6%
0,6%
0,3%
2
1
66,7%
33,3%
-
1
-
0,5%
-
1
-
0,3%
o meglio ou melhor
4 3 1,2% 0,9%
3 100%
1 0,5%
- -
diciamo digamos
2 2 0,6% 0,6%
2 100%
- -
- -
sto chiedendo estou perguntando
1 1 0,3% 0,3%
1 100%
- -
- -
Total
231 222 104,1% 100%
222
9 4,1%
25 7,3%
MR o
Apresentaremos os resultados por ordem de frequência. De acordo com as tabelas 8 e 9, o
é o MR traduzido de maior frequência, com um total de 177 ocorrências nos TTs, sendo 171
(100%) traduções e 6 (2,7%) adições, 5 (2,2%) em Lf e 1 (0,5%) em Vc. A maior frequência
apresenta-se como tradução do MR ou (166; 97,1%). No conto LF, o MR o é o equivalente de ou
(33; 100%). Por sua vez, no conto OE, o MR o é o equivalente de ou (32; 100%). Por seu turno,
no romance PC, o MR o (72; 100%) é o correspondente de ou (71; 98,6%) e ou senão (1; 1,4%).
no romance HE, o MR o (34; 100%) aparece como escolha para os marcadores ou (30;
88,2%), e (3; 8,8%) e, e nem (1; 2,9%). O exemplo do equivalente o e seu MR ou encontra-se na
página 98.
MR per esempio
Com referência ao MR per esempio (30; 100%), a mais alta e única frequência apresenta-
se como tradução de por exemplo (30; 100%). Há uma adição (0,5%) do MR per esempio em Vc.
O exemplo do marcador traduzido per esempio e do marcador no original, por exemplo, pode ser
observado na página 99.
MR il fatto è che
No tocante ao MR il fatto è che (7; 100%), a frequência mais alta registra-se como
tradução do MR é que (5; 100%). Não há adição do MR il fatto è che nos TTs. No conto LF, o
marcador il fatto è che é o correspondente de é que (2; 66,7%) e o fato é que (1; 33,3%). Por sua
vez, no conto OE, o marcador il fatto è che é o equivalente de o fato é que (1; 100%). no
romance PC, o marcador il fatto è che é o correspondente de é que (2; 100%). Por seu turno, no
romance HE, o marcador il fatto è che é o equivalente de é que (1; 100%). Selecionamos trechos
de Lf e LF para exemplificar o marcador traduzido il fatto è che e o marcador no original, é que:
Lf: Di cosa si vergognava? Il fatto è che quel che sentiva non era pietà, o non era soltanto pietà: il
suo cuore si era riempito della peggiore voglia di vivere (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 6).
LF: De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era só piedade: seu coração se enchera
com a pior vontade de viver (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 27).
MR cioè
No que tange ao marcador cioè (5; 100%), a frequência mais alta registra-se como
tradução do MR quer dizer (4; 80%). Não adição do marcador nos TTs. O conto LF e sua
tradução não apresentam o marcador. Por sua vez, o conto DS registra o equivalente cioè como
tradução do marcador isto é (1; 100%). no romance Vc, o correspondente cioè apresenta-se
como tradução de quer dizer (3; 100%). Por seu turno, no romance OS, o equivalente cioè
registra-se como tradução de quer dizer (1; 100%). Extraímos abaixo excertos de OS e HE como
exemplo da frequência mais alta cioè e o MR quer dizer:
OS: - Non so bene quello che sono. Mi trovo un po'... di cosa?... Cioè, non so bene chi sono
(LISPECTOR, 1983, p. 61).
HE: - Não sei bem o que sou, me acho um pouco... de quê? . . . Quer dizer não sei bem quem
eu sou (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 73).
MR ossia
No que diz respeito ao marcador ossia (3; 100%), a frequência mais alta apresenta-se
como tradução de quer dizer (2; 66,7%). uma adição (0,5%) do marcador ossia em OS. As
obras literárias LF, PC e HE, como também suas respectivas traduções para o italiano, não
registram o marcador, tampouco seu correspondente. No conto OE, o marcador ossia (3; 100%) é
apresentado como tradução de quer dizer (2; 66,7%) e isto é (1; 33,3%). Abaixo, encontram-se os
alinhamentos extraídos de DS e OE, com a tradução ossia e o MR quer dizer:
DS: Era vedovo, lui, ossia Jubileu (LISPECTOR, 1994, p. 11).
OE: Era viúvo, ele, quer dizer Jubileu (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 52).
MR o meglio
Com referência ao MR o meglio (3; 100%), a frequência mais alta e única registra-se
como tradução de ou melhor. uma adição (0,5%) do marcador em DS. Os contos LF e OE,
como também seus TTs para o italiano, não apresentam o marcador, tampouco seu
correspondente para o italiano. no romance Vc, o marcador o meglio é o equivalente do
marcador ou melhor (2; 100%). Por sua vez, no romance OS, o marcador o meglio é o
equivalente de ou melhor (1; 100%). O exemplo da tradução o meglio e o MR ou melhor
encontra-se na página 101.
MR diciamo
Observando o MR diciamo (2; 100%), a frequência mais alta e única registra-se como
tradução do marcador digamos. Não há adição do marcador diciamo nos TTs. No conto Lf, o
marcador diciamo é o equivalente de digamos (1; 100%). As obras literárias OE e PC, como
também suas traduções para o italiano, não apresentam nenhuma ocorrência do marcador. Por sua
vez, no romance OS, o marcador diciamo é o equivalente de digamos (1; 100%). O exemplo da
tradução diciamo e do marcador digamos foi apresentado na página 101.
MR sto chiedendo
No tocante ao marcador sto chiedendo (1; 100%), a mais alta e única frequência registra-
se como tradução de estou perguntando em PC. As obras literárias LF, OE e HE, como também
suas traduções para o italiano, não apresentam nenhuma ocorrência do marcador. Não há adição
do marcador sto chiedendo nos TTs. Encontram-se nas páginas 101-102 um exemplo da tradução
sto chiedendo e do marcador estou perguntando.
Podemos verificar que todos os MRs nos TOs foram traduzidos nos TTs. Com referência
à adição, notamos que os marcadores o (6; 2,7%), per esempio (1; 0,5%), ossia (1; 0,5%) e o
meglio (1; 0,5%) foram adicionados nos TTs. Entretanto, apenas o marcador o foi adicionado em
Lf (45) e Vc (99) pelas duas tradutoras, respectivamente, Adelina Aletti (5; 12,5%) e Rita Desti
(1; 1%). No que diz respeito à omissão, o marcador ou (1; 0,6%) foi omitido por Desti, em Vc,
em relação à PC (152).
O marcador per esempio (1; 1%) foi adicionado por Rita Desti em Vc (99) e, com
referência à omissão, o marcador por exemplo (1; 1,6%) foi omitido por Aletti em DS, em relação
à OE (64). Com referência aos marcadores il fatto è che e cioè, notamos que foram adicionados
nos TTs. No tocante à omissão, o marcador é que foi omitido, respectivamente em Lf (8; 11,6%),
DS (1; 1,6%), Vc (5; 3,3%) e OS (3; 4,4%), em relação à LF (69), OE (64), PC (152) e HE (68).
Com referência aos marcadores ossia (1; 1,6%) e o meglio (1; 1,6%), observamos que
foram adicionados por Adelina Aletti, respectivamente em OS (63) e DS (62). No que diz
respeito à omissão, o marcador isto é (1; 1,5%) foi omitido por Aletti em OS, em relação à HE
(68).
No que tange à adição nos TTs, notamos que Lf (5; 12,5%), traduzida por Aletti,
apresenta a mais alta frequência absoluta e relativa, com referência ao marcador traduzido o,
quando comparada às outras duas obras literárias também traduzidas por ela, DS (1; 2,4%), com
referência ao marcador traduzido o meglio e, OS (1; 2,3%), em relação ao marcador traduzido
ossia, ou, quando comparada à Vc (1; 1%), traduzida por Rita Desti, com referência ao marcador
traduzido per esempio.
No que diz respeito à omissão, observamos que Lf (10; 14,5%), traduzida por Aletti,
registra a mais alta frequência absoluta e relativa, com referência aos marcadores ou (1; 1,5%) e é
que (9; 13%), quando comparada às outras duas obras literárias, também traduzidas por ela, DS
(1; 1,6%), em relação ao marcador por exemplo e, OS (1; 1,5%), com referência ao marcador isto
é. A tradução italiana Vc, traduzida por Rita Desti, o registra a frequência mais alta absoluta e
relativa de nenhuma de suas ocorrências, em relação à omissão dos MRs.
Baseando-se nos dados analisados, Rita Desti, em Vc (24; 7,3%), apresenta a maior
frequência absoluta e relativa de variação nos MRs ou (23; 7%) e por exemplo (1; 0,3%), quando
comparada aos outros textos literários traduzidos por Adelina Aletti, Lf (1; 0,3%), com relação ao
MR digamos e, DS (13; 3,9%), no que diz respeito aos MRs é que (9; 2,7%), (o que) quer(o)/(ia)
dizer (3; 0,9%) e isto é (1; 0,3%). A obra OS, traduzida por Adelina Aletti, não registra a maior
frequência absoluta e relativa em nenhuma de suas ocorrências, no tocante à variação dos MRs.
De acordo com os MRs analisados, podemos notar que Adelina Aletti, em Lf, apresenta a
mais alta frequência absoluta e relativa de adição (5; 2,2%) no marcador o e, com referência à
omissão, registra a frequência mais alta absoluta e relativa do marcador é que (9; 2,5%). Por
outro lado, Rita Desti, como mencionamos no parágrafo anterior, em Vc (24; 7,3%), apresenta a
mais alta frequência absoluta e relativa de variação nos marcadores ou (23; 7%) e por exemplo
(1; 0,3%).
Nesta análise, utilizamos quatro obras originais de Clarice Lispector e suas respectivas
traduções para o italiano, entre elas, dois romances (PC => Vc e HE => OS) e duas coletâneas de
contos (LF => Lf e OE => DS). Pudemos observar que as frequências mais altas de omissão e
adição encontram-se no conto traduzido Lf. Em relação à variação, pudemos notar que as mais
altas frequências foram registradas no romance traduzido Vc. No que concerne à variação e
omissão, estes dados eram esperados, uma vez que Vc é mais extenso (50.167 itens) que Lf
(36.318 itens). Se o texto é mais longo, o tradutor deveria ter a oportunidade de variar o uso de
suas palavras, quando comparado a um texto mais curto, no qual o tradutor fica mais restrito ao
texto e/ou omite algumas palavras, a fim de não tornar longa sua tradução. Também deve-se
esperar que a mais alta frequência relativa e absoluta de adição deveria estar em romances, que
tendem a ser mais longos do que os contos; entretanto, notamos que a mais alta frequência de
adição ocorre em Lf, que é uma coletânea de contos.
Se olharmos com atenção a tabela 7 (p. 97), podemos observar que Clarice Lispector
também emprega variação nos MRs, em seus textos literários, quando comparados aos seus
respectivos MRs traduzidos. Nos contos Lf e DS, os marcadores il fatto è che (1; 33,3%) e ossia
(1; 33,3%) são os correspondentes de mais alta frequência de variação de, respectivamente: o
fato é que e isto é, quando comparados à OS (4; 11,8%), no qual o marcador o é o equivalente de
mais alta frequência de variação de: e (3; 8,8%) e e nem (1; 3%). O romance traduzido Vc e seu
respectivo original não apresentam a mais alta frequência de varião, em relação aos MRs
analisados.
Sugerimos, comparando TOs e TTs, que o padrão observado nos marcadores traduzidos
analisados, com relação à variação (11,6%), está perto do padrão encontrado nos marcadores nos
TOs, no que diz respeito à variação (2,7%) e ao maior uso de MRs, bem como a adição nos TTs.
No que tange à variação, notamos que há uma diferença de 8,9%, quando comparamos a
frequência de variação nos TOs e TTs. Levando-se em consideração a análise da razão
forma/item padronizada, no subitem 5.1 (p. 77), notamos que os TTs para o italiano apresentam
uma razão forma/item padronizada maior que os respectivos TOs, indicando uma variação
vocabular maior nos TTs, o que vai ao encontro da análise efetuada. Porém, concernente à adão
e omissão, os dados da referida análise não vão ao encontro da análise com base nas linhas de
concordância, uma vez que dos quatro TTs, apenas um (Vc) apresenta um menor número de
itens, com referência ao seu respectivo TO, indicando explicitação nos TTs.
5.2.5 Análise de MRs nos 4 TTs para o inglês e italiano respectivamente por Pontiero
e Levitin, bem como Aletti e Desti, em relação aos TOs de Lispector
Nesta subseção, baseada nas linhas de concordância, analisamos as frequências absolutas
dos MRs nos TTs, fornecendo exemplos das frequências mais altas e baixas de variações, adições
e omissões por parte dos tradutores. Como podemos notar, por meio das frequências absolutas
dos MRs especificados na tabela 2 (p. 80), os tradutores Giovanni Pontiero e Alexis Levitin
apresentam variações e omissões, bem como as tradutoras Adelina Aletti e Rita Desti, na tabela 6
(p. 96). Em relação à tabela 4 (p. 90), podemos notar, por meio das frequências absolutas dos
MRs, que os tradutores Giovanni Pontiero e Alexis Levitin registram adição em seus TTs, bem
como as tradutoras Adelina Aletti e Rita Desti, na tabela 8 (p. 105). Iniciaremos nossa análise por
meio das variações encontradas nas traduções para o inglês e italiano, bem como das opções
empregadas pelos tradutores. A seguir, efetuaremos nosso estudo em relação às adições
encontradas nas traduções para o inglês e italiano, bem como das opções empregadas pelos
tradutores. Por fim, analisaremos as omissões encontradas nas traduções para o inglês e italiano,
bem como as oões empregadas pelos tradutores.
5.2.5.1 Investigação de variação de MRs nos TTs em inglês e italiano em relação aos respectivos
TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância
Introduzimos, abaixo, a frequência relativa de variação nos TTs, bem como a variação
observada nos quatro tradutores conjuntamente:
Porcentagem de variação nos TTs Variação entre os quatro tradutores
(1) HS => 22,4% (romance) (Pontiero) (1) Aletti (Lf; DS; OS) => 30,4%
(2) FT => 21,1% (conto) (Pontiero) (2) Desti (Vc) => 28,5%
(3) WW => 19,3% (conto) (Levitin) (3) Levitin (WW) => 19,3%
(4) NH => 14,4% (romance) (Pontiero) (4) Pontiero (FT; NH; HS) => 19,3%
(1) OS => 33,3% (romance) (Aletti)
(2) DS => 32,2% (conto) (Aletti)
(3) Vc => 28,5% (romance) (Desti)
(4) Lf => 25,4% (conto) (Aletti)
A variação foi analisada de três maneiras diferentes: (1) a frequência mais alta e mais
baixa de variação em FLs observada nas traduções conjuntamente; (2) a frequência mais alta e
mais baixa de variação em FLs observada nas traduções individualmente e (3) a frequência mais
alta e mais baixa de variação em MRs observada nos quatro tradutores conjuntamente.
Com relação à frequência mais alta de variação, podemos notar o MR é que, e os
correspondentes de tradução the fact is that, para o inglês, e la verità è che, para o italiano.
Apresentam-se abaixo dois exemplos selecionados do romance HE:
HE: Eu ainda poderia voltar atrás em retorno aos minutos passados e recomeçar com alegria no
ponto em que Macabéa estava de pé na calçada - mas não depende de mim dizer que o
homem alourado e estrangeiro a olhasse. É que fui longe demais e já não posso mais retroceder
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 99).
HS: I could turn the clock back and happily start again at the point when Macabéa was standing on the
pavement - but it isn't for me to say whether the fair-haired foreigner looked at her. The fact is
that I've already gone too far and there is no turning back (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 79).
HE: Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, já que nunca o vivi? É que
numa rua do Rio de Janeiro, peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma
moça nordestina (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 26).
OS: Compossibile che io sappia tutto quello che seguirà e che tuttora ignoro perché non l'ho mai
vissuto? La verità è che in una strada di Rio de Janeiro ho captato, in un guizzo, lo smarrimento
sul volto di una ragazza nordestina (LISPECTOR, 1989, p. 10).
As frequências mais baixas de variação em MRs nas traduções observadas conjuntamente
são observadas nos MRs isto é e digamos, para o inglês (that is to say e let us suppose) e italiano
(cioè e ammettiamo), nas traduções dos contos OE e LF. Como exemplos das frequências mais
baixas de variação nas traduções dos MRs isto é e digamos, extraímos as linhas abaixo:
OE: Ele lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de
ver a curvatura da terra (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 88).
WW: Only the line of the horizon limits it for her, that is to say, only her human incapacity to see the
curvature of the earth (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 162).
DS: Per lei, il mare è delimitato unicamente dalla linea dell'orizzonte, cioè dalla sua umana
incapacità di vedere la curvatura della terra (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 30).
LF: - Promissórias, dizia o pai afastando o prato, é assim: digamos que você tenha uma
dívida (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 111).
FT: "A promissory note," explained his father, pushing away his plate, "is the following: let us
suppose that you are in debt. . . " (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 132).
Lf: "Le cambiali," disse il padre scostando il piatto, "sono questo: ammettiamo che tu abbia un
debito." (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 34).
Analisando individualmente as obras traduzidas, isto é, investigando a frequência mais
alta e baixa de variação nos MRs nas traduções individualmente, o romance HS, traduzido por
Pontiero, aparece em primeiro lugar (22,4%), no que diz respeito à frequência mais alta de
variação. A frequência mais baixa de variação nas traduções para o inglês é registrada no
romance NH (14,4%), também traduzido por Pontiero. Nas traduções para o italiano, o romance
OS (33.3%) apresenta a frequência mais alta de variação. A frequência mais baixa de variação é
observada no conto Lf (25,4%), também traduzido por Aletti.
No tocante à variação entre os quatro tradutores, a frequência mais alta de variação nos
MRs é apresentada nas obras traduzidas por Aletti (30,4%): Lf, DS e OS e as frequências mais
baixas de varião nos MRs são registradas nas obras traduzidas por Pontiero (19,3%): FT, NH e
HS, e Levitin (19,3%), respectivamente, deixando Desti (28.5%) em segundo lugar, com
referência à variação nos MRs.
Os dados mostram que as traduções para o italiano (30,4%) registram uma média de
frequência mais alta de variação se comparada às traduções para o inglês (19,3%). Outrossim,
independentemente da ngua-alvo, as traduções do romance HE: HS (22,4%) e OS (33,3%)
apresentam a variação mais alta. Enquanto os dois romances traduzidos por Pontiero: NH
(14,4%) e HS (24,5%) diferem consideravelmente no que diz respeito à frequência de variação,
os dois contos traduzidos por Levitin: WW (19,3%) e Pontiero: FT (21,1%) são, em comparação,
mais parecidos um com o outro. Porém, levando em consideração a média de variação nos
romances NH e HS (18,4%) e nos contos WW e FT (20,2%), notamos que a diferença de
variação entre os romaces e os contos traduzidos para a ngua inglesa é de apenas 1,8%. No que
tange às traduções para o italiano, os dois contos traduzidos por Aletti: Lf (25,4%) e DS (32,2%)
diferem bastante um do outro tanto quanto os romances traduzidos por Aletti e Desti,
respectivamente, OS (33,3%) e Vc (28,5%). Entretanto, se levarmos em consideração a média de
variação dos romances OS e Vc (30,9%), e dos contos DS e Lf (28,8%), podemos notar que a
diferença é de apenas 2,1%.
Acerca da variação entre os quatro tradutores, podemos notar que as tradutoras para a
língua italiana variaram mais seus TTs (30,4%), se comparadas à média de variação obtida pelos
tradutores para a ngua inglesa (19,3%), havendo um distanciamento de 11,1% entre as
tradutoras para a língua italiana e os tradutores para a língua inglesa.
Em geral, estes resultados tendem a sugerir um nível de variabilidade entre traduções,
pertencendo ao mesmo nero: HS e NH (18,4%), OS e Vc (30,9%), bem como FT e WW
(20,2%), DS e Lf (28,8%) ou, sendo efetuadas pelo mesmo tradutor: Pontiero (19,3%), Aletti
(30,4%), Desti (28,5%) e Levitin (19,3%).
5.2.5.2 Investigação da adição de MRs nos TTs para o inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância
Abaixo, introduzimos a frequência relativa de adição nos TTs, bem como de adição
observada nos quatro tradutores conjuntamente:
Porcentagem de adição nos TTs Adição entre os quatro tradutores
(1) WW => 11,1% (conto) (1) Levitin (WW) => 11,1%
(2) FT => 7,7% (conto) (2) Aletti (Lf; DS; OS) => 5,6%
(3) NH => 5,1% (romance) (3) Pontiero (FT; NH; HS) => 5,5%
(4) HS => 4,2% (romance) (4) Desti (Vc) => 2,1%
(1) Lf => 12,5% (conto)
(2) DS => 2,4% (conto)
(3) OS => 2,3% (romance)
(4) Vc => 2,1% (romance)
A adição também foi analisada de três maneiras diversas, como explicitado na subseção
anterior, a respeito da variação nos TTs e nos quatro tradutores observados conjuntamente. Com
relação à frequência mais alta de adão nos MRs observados nas traduções conjuntamente, a
adição do MR or e o, respectivamente, nas traduções para o inglês e italiano, dos contos OE e
LF, como a seguir:
OE: Não, vem diretamente do planeta Marte, ____ ao que parece (LISPECTOR, [1974], 1999, p.
57).
WW: No, it comes straight from the planet Mars, or so it seems (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 131).
LF: E, já que os filhos estavam na quinta das titias em Jacarepaguá, ela aproveitou para
amanhecer esquisita: túrbida e leve na cama, um desses caprichos, _____ sabe-se lá
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 10).
Lf: E dal momento che i figli erano dalle zie nella fattoria di Jacarepaguà, lei ne approfittò per
rimanere a letto fino all'alba; se ne stava turbata e lieve tra le lenzuola, era un capriccio, o chissà
cos'altro (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 1).
No tocante à frequência mais baixa de adição dos MRs nas traduções observadas
conjuntamente, o é possível fornecer um exemplo, em virtude de que nas traduções para o
inglês, apenas o MR or é adicionado e, no que diz respeito às traduções para o italiano, os MRs
per esempio, è che, ossia e o meglio o adicionados na mesma proporção, não sendo possível
mostrar a frequência mais baixa de adição nos MRs, observados nas traduções para o italiano
conjuntamente.
No que concerne à adição nos MRs observados nas traduções individualmente, o conto
WW (11,1%), traduzido por Levitin, apresenta a frequência mais alta de adição. A frequência
mais baixa de adição nos MRs é registrada no romance HS (4,2%), traduzido por Pontiero. Nas
traduções para o italiano, a frequência mais alta de adição é apresentada no conto Lf (12,5%),
traduzido por Aletti, e a frequência mais baixa de adição é encontrada no romance Vc (2,1%),
traduzido por Desti.
Analisando a adição entre os quatro tradutores, a frequência mais alta de adição nos MRs
aparece na tradução WW (11,1%), por Levitin, e a frequência mais baixa é registrada em Vc, por
Desti (2,1%). Aletti e Pontiero, no tocante à adição, estão, respectivamente, em segundo (5,6%) e
terceiro (5,5%) lugares.
Os dados mostram que as traduções para o inglês (7%) apresentam uma média de
frequência mais alta de adição, quando comparadas às traduções para o italiano (4,8%).
Outrossim, independentemente da língua-alvo, os contos WW (11,1%), FT (7,7%) e Lf (12,5%)
registram uma alta frequência de adição, apenas com a exceção do conto DS (2,4%). Enquanto os
contos traduzidos por Levitin e Pontiero, respectivamente, WW (11,1%) e FT (7,7%) diferem
mais no que diz respeito à frequência de adição, os dois romances traduzidos por Pontiero: NH
(5,1%) e HS (4,2%), em comparação, assemelham-se mais um com o outro. No que concerne às
traduções para o italiano, os dois contos traduzidos por Aletti, Lf (12,5%) e DS (2,4%), diferem
consideravelmente, enquanto os dois romances traduzidos por Aletti e Desti, respectivamente,
OS (2,3%) e Vc (2,1%), assemelham-se muito um ao outro.
Acerca da tradução entre os quatro tradutores observados conjuntamente, podemos notar
também que os tradutores para a língua inglesa (8,3%) obtiveram uma média de frequência
relativa mais alta, se comparada à dia de frequência relativa das tradutoras para a ngua
italiana (3,8%), em relação à adição dos MRs.
Em geral, estes resultados tendem a sugerir uma variabilidade regular entre as traduções
para o inglês e italiano, sejam elas pertencentes ao mesmo gênero: WW e FT (9,4%), Lf e DS
(7,4%), NH e HS (4,6%), OS e Vc (2,2%); bem como um vel de variação razoável entre os
tradutores para a língua inglesa (8,3%) e para a língua italiana (3,8%).
5.2.5.3 Investigação da omissão de MRs nos TTs para o inglês e italiano em relação aos
respectivos TOs por Lispector, baseada na análise das linhas de concordância
A fim de apresentar nossos resultados a respeito da omissão, introduzimos, abaixo, a
frequência relativa da omissão nos TTs, bem como a omissão observada conjuntamente entre os
quatro tradutores:
Porcentagem de omissões nos TTs Omissão entre os quatro tradutores
(1) HS => 27,9% (romance) (Pontiero) (1) Pontiero (FT; NH; HS) => 23,6%
(2) FT => 24,6% (conto) (Pontiero) (2) Aletti (Lf; DS; OS) => 8,4%
(3) NH => 8,5% (romance) (Pontiero) (3) Desti (Vc) => 5,3%
(4) WW => 3,1% (conto) (Levitin) (4) Levitin (WW) => 3,1%
(1) Lf => 14,5% (conto) (Aletti)
(2) OS => 7,3% (romance) (Aletti)
(3) Vc => 5,3% (romance) (Desti)
(4) DS => 3,1% (conto) (Aletti)
Observa-se que a frequência mais alta de omissão nos MRs nas traduções observadas
conjuntamente está presente nas traduções para o ings e italiano do MR é que, como notamos
nos exemplos abaixo, extraídos respectivamente do romance HE e do conto LF:
HE: Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, que nunca o vivi? É que
numa rua do Rio de Janeiro, peguei no ar de relaxe o sentimento de perdição no rosto de uma
moça nordestina (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 26).
HS: How do I know all that is about to follow if it is unfamiliar and something I have ever experienced?
____ In a street in Rio de Janeiro I caught a glimpse of perdition on the face of a girl from the
North-east (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 12).
LF: Pois se no momento de pegar as rosas é que notei quanto as achava lindas, pela
primeira vez na verdade, ao pegá-las, notara que eram lindas (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
48).
Lf: Infatti solo mentre prendevo le rose ____ ho notato quanto le trovavo belle.Per la prima volta,
veramente, nel prenderle aveva notato che erano belle (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 13).
A frequência mais baixa de omissão nos MRs observados nas traduções simultaneamente
aparece nos MRs por exemplo e isto é para o inglês e italiano. No que concerne ao MR por
exemplo, a omissão está presente em HS, no que tange à tradução para o inglês, e em DS, em
relação à tradução para o italiano, como notamos abaixo:
HE: Ela: - Falar então de quê?
Ele: - Por exemplo, de você (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 64).
HS: She - What shall we talk about then?
He - ______ About you (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 48).
OE: Era, por exemplo, capaz de escrever um cheque perfeito, sem um erro, pensando na
sua vida, por exemplo (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 30).
DS: Lei, per esempio, era capace di riempire perfettamente un assegno, senza un errore, pensando
alla propria vita ________ (LISPECTOR, 1994, p. 9).
Com referência à omissão do MR isto é, podemos notar, abaixo, a omissão nas traduções
para o inglês e italiano do romance HE:
HE: Foi talvez essa uma das poucas vezes em que Macabéa viu que não havia lugar no mundo e
exatamente porque Glória tanto lhe dava. Isto é, um farto copo de grosso chocolate de verdade
misturado com leite e muitas espécies de roscas açucaradas, sem falar num pequeno bolo
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 84).
HS: This was probably one of the few occasions when Macabéa realized why there was no place for
her in this world and why Gloria was being so generous. _______ A cup filled to the brim with
piping hot chocolate mixed with real milk, a selection of sugared buns and even a small cake
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 66).
OS: Fu questa una delle rare occasioni in cui Macabéa poconstatare che non c'era posto per lei a
questo mondo. Tante cose Glòria le offriva: _______ un bicchiere stracolmo di autentica
densa cioccolata con latte e svariate specie di biscotti zuccherati, senza contare una tortina
(LISPECTOR, 1989, p. 72).
No que diz respeito à frequência mais alta de omissão nos MRs, observados em traduções
individualmente, o romance HS, traduzido por Pontiero, encontra-se em primeira colocação
(27,9%). No que tange às traduções para o italiano, o conto Lf, traduzido por Aletti, apresenta-se
em primeiro lugar (14,5%). Por outro lado, a frequência mais baixa de omissão em MRs
observada em traduções individualmente é registrada no conto WW, traduzido por Levitin
(3,1%), e, nas traduções para o italiano, no conto DS, traduzido por Aletti (3,1%).
Acerca da omissão entre os quatro tradutores, a frequência mais alta de omissão em MRs
é utilizada por Pontiero (23,6%) em suas obras traduzidas para o ings: FT, NH e HS. Em
relação à frequência mais baixa de omissão em MRs entre os quatro tradutores, registra-se
Levitin (3,1%) com sua tradução para o inglês WW. Aletti (7,3%) e Desti (5,3%), no tocante à
omissão, estão respectivamente em segundo e terceiro lugares, com suas obras traduzidas.
As traduções por Pontiero: HS (27,9%), FT (24,6%) e NH (8,5%), especialmente HS,
mostram uma frequência consideravelmente maior de omissões comparadas à tradução por
Levitin: WW (3,1%), enquanto a diferença entre as traduções por Aletti: Lf (14,5%), OS (7,3%)
e DS (3,1%), bem como por Desti: Vc (5,3%) é muito menor. Outrossim, as traduções para o
inglês exibem uma média maior de omissão (16%), se comparadas com a média das traduções
para o italiano (7,5%). Os dois romances traduzidos por Pontiero (NH; HS) diferem muito um do
outro, como também os dois contos traduzidos por Pontiero (FT) e Levitin (WW)
respectivamente. Similarmente, os contos traduzidos por Aletti (Lf; DS) distanciam-se um do
outro, em relação às porcentagens de omissão, como tamm os dois romances traduzidos por
Aletti (OS) e Desti (Vc), respectivamente.
No tocante aos quatro tradutores observados conjuntamente, podemos verificar também
que os tradutores para a ngua inglesa (13,3%) possuem uma média de omissão dos MRs mais
alta, se comparada à dia das tradutoras para a língua italiana (6,8%).
Estes resultados assemelham-se razoavelmente com os resultados a respeito da variação
de MRs, sugerindo uma variabilidade regular entre traduções, no que concerne à omissão, sejam
pertencendo à mesma modalidade literária: HS e NH (18,2%), OS e Vc (6,3%); FT e WW
(13,8%), Lf e DS (8,8%); ou em relação à média de omissão dos tradutores para a língua inglesa
(13,3%) e italiana (6,8%).
Com base nos MRs analisados, levando-se em consideração a frequência absoluta total
nos quatro subcorpora de TOs, no que tange às omissões e adições, e considerando a frequência
absoluta total dos quatro subcorpora de TTs para o inglês, no tocante às variações, podemos
sugerir que, de acordo com os MRs analisados, o tradutor Pontiero apresentou uma frequência
absoluta e relativa maior em NH (16; 5,3%), na variação do MR é que, registrou uma frequência
absoluta e relativa maior em NH, na adição do MR or (7; 2,5%), e apresentou uma frequência
absoluta e relativa maior em HS, na omissão do marcador é que (16; 4,5%), no que se refere ao
seu comportamento linguístico, se comparado às variações (4; 1,3%), adições (5; 1,8%) e
omissões (2; 0,6%) de WW, realizadas pelo tradutor Levitin.
5.2.6 Análise de MRs nos 4 TOs de Lispector em relação aos TTs para o inglês e
italiano, respectivamente por, Pontiero e Levitin, bem como Aletti e Desti
Nesta subseção, baseada nas linhas de concordância, analisamos as frequências absolutas
dos MRs nos TOs, fornecendo exemplos das frequências mais altas e baixas das variações de
MRs pela autora. Como podemos notar por meio das frequências absolutas dos MRs
especificados nas tabelas 4 (p. 90) e 8 (p. 105), a autora apresenta variações de MRs. Iniciaremos
nossa análise por meio das variações de MRs encontradas nas obras literárias originalmente
escritas em português, bem como das escolhas de MRs empregadas pela autora.
5.2.6.1 Investigação de variação de MRs nos TOs por Lispector em relação aos respectivos TTs
em inglês e italiano, baseada na análise da razão forma/item padronizada e nas linhas de
concordância
Introduzimos, abaixo, a frequência relativa de variação nos TOs, bem como a variação
observada na autora individual e conjuntamente:
Porcentagem de variação nos TOs, Variação entre as obras de Lispector
em relação aos seus respectivos TTs em relação aos seus respectivos TTs
(1) HE => HS = 31,9% (romance) (1)Lispector (FT; WW; NH; HS)=> 18,1%
(2) PC => NH = 18,1% (romance) (2) Lispector (Lf; DS; Vc; OS) => 3,1%
(3) LF => FT = 11,5% (conto)
(4) OE => WW = 11,1% (conto)
(1) HE => OS = 9,3% (romance)
(2) LF => Lf = 2,5% (conto)
(3) OE => DS = 2,4% (conto)
(4) PC => Vc = 1% (romance)
A variação foi analisada de três maneiras diferentes: (1) a frequência mais alta e mais
baixa de variação em MRs observada nos originais conjuntamente; (2) a frequência mais alta e
mais baixa de variação em MRs observada nos originais individualmente e (3) a frequência mais
alta e mais baixa de variação em MRs observada na autora simultaneamente.
Com relação à frequência mais alta de variação, podemos notar os MRs traduzido or e o, e
seus respectivos correspondentes, nem e e . Apresentam-se abaixo dois exemplos selecionados do
romance HE:
HS: I should never be able to summon enough strength or love to share your cross (LISPECTOR,
[1986], 1992, p. 99).
HE: o haveria energia nem amor que me ajudassem a partilhar com você essa sua cruz
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 73).
OS: E la parola non può essere imbellettata o artisticamente vana, deve essere strettamente se
stessa (LISPECTOR, 1989, p. 19).
HE: E a palavra não pode ser enfeitada e artisticamente vã, tem que ser apenas ela (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 34).
Notam-se frequências mais baixas de variação, em MRs, nos originais observados
conjuntamente e em seus correspondentes tradutórios: let us say, or rather, that is, I’m asking
you, e sto chiedendo. Os exemplos encontram-se nos respectivos apêndices.
Analisando individualmente as obras originais, isto é, investigando a frequência mais alta
e baixa de variação nos MRs nos originais individualmente, o romance HE aparece em primeiro
lugar (31,9%), em relão ao seu romance traduzido para o inglês HS, no que diz respeito à
frequência mais alta de varião. A frequência mais baixa de variação nos originais é registrada
no conto OE (11,1%), em relação ao conto traduzido para o inglês. Por sua vez, o romance HE
(9,3%) também apresenta a frequência mais alta de variação, em relação ao romance traduzido
para o italiano. a frequência mais baixa de variação é observada no romance PC (1%), em
relação ao romance traduzido para o italiano.
No tocante à variação nas obras de Lispector, em relação aos seus respectivos TTs, a
frequência mais alta de variação nos MRs é apresentada nas quatro obras originais (18,1%), em
relação aos seus respectivos TTs para o inglês. Por sua vez, as frequências mais baixas de
variação nos MRs são registradas nos originais de Lispector (3,1%), em relação aos seus
respectivos TTs para o italiano.
Os dados mostram que os TOs de Lispector em relação aos seus respectivos TTs para o
inglês (18,1%) registram uma frequência mais alta de variação se comparada aos TOs da autora,
em relão aos respectivos TTs para o italiano (3,1%). Porém, se nos basearmos na análise da
razão forma/item padronizada, no subitem 5.1 (p. 77), notamos que os TTs para o italiano
apresentam uma maior variação vocabular, se comparados aos TOs e TTs para o inglês.
Outrossim, independentemente da língua-alvo, os originais do romance HE apresentam a
variação mais alta em relação aos seus respectivos TTs para o inglês (31,9%) e TTs para o
italiano (9,3%). Enquanto os dois romances HE (31,9%) e PC (18,1%) diferem
consideravelmente no que diz respeito à frequência de variação, em relação aos seus respectivos
TTs para o inglês, os dois contos LF (11,5%) e OE (11,1%); também em relação aos respectivos
TTs para o inglês, assemelham-se, em comparação, mais um com o outro. No que tange aos
romances HE (9,3%) e PC (1%), em relação aos seus respectivos TTs para o italiano, diferem
bastante um do outro, porém, os contos LF (2,5%) e OE (2,4%), em relação aos seus respectivos
TTs para o italiano, assemelham-se entre si, apresentando apenas uma diferença de 0,1%.
No que concerne à variação nas obras de Lispector, em relação aos seus respectivos TTs,
podemos notar que os TOs de Lispector, em relação aos seus respectivos TTs para o inglês,
variaram mais (18,1%), se comparados aos TOs de Lispector, em relação aos seus respectivos
TTs para o italiano (3,1%), havendo um distanciamento de 15% entre os TOs da autora, em
relação aos seus respectivos TTs para o inglês e italiano. Se observarmos a referida análise (p.
76), estes dados, com base nas linhas de concordância, não vão ao encontro da observação da
razão forma/item padronizada, uma vez que os TTs para o italiano apresentaram uma maior
variação vocabular. Em segundo lugar, registram-se os respectivos TOs e, em terceiro lugar, os
TTs para o inglês. Como nossa análise restringiu-se ao emprego dos MRs, não chegamos aos
mesmos dados apresentados na referida tabela.
Com base nos MRs analisados, levando-se em consideração a frequência absoluta total
nos quatro subcorpora de TOs, no que tange às omissões e adições, e, considerando a frequência
absoluta total dos quatro subcorpora de TTs para o inglês, no tocante às variações, podemos
sugerir que, de acordo com os MRs analisados, o tradutor Pontiero apresentou uma frequência
absoluta e relativa maior em NH (16; 5,3%), na variação do MR é que, registrou uma frequência
absoluta e relativa maior em NH, na adição do MR or (7; 2,5%), e apresentou uma frequência
absoluta e relativa maior em HS, na omissão dos marcador é que (16; 4,5%), no que se refere ao
seu comportamento linguístico, se comparado às variações (4; 1,3%), adições (5; 1,8%) e
omissões (2; 0,6%) de WW, realizadas pelo tradutor Levitin.
No tocante às obras de Lispector observadas conjuntamente, em relação aos seus
respectivos TTs, podemos verificar que um maior distanciamento entre as obras da autora e
seus respectivos TTs para o inglês, se comparados aos TOs de Lispector, em relação aos
respectivos TTs para o italiano. Estes resultados a respeito das obras de Lispector observadas
conjuntamente, em relação aos seus respectivos TTs, assemelham-se razoavelmente com os
resultados no tocante à omissão de MRs, sugerindo um distanciamento maior das obras de
Lispector em relação aos seus respectivos TTs para o inglês, se comparados aos TOs da autora
em relação aos seus respectivos TTs para o italiano, que indicam um aproximamento maior.
Aqui, podemos mencionar que os resultados da análise da razão forma/item padronizada,
realizada no subitem 5.1 (p. 77) vão ao encontro aos dados observados nesta seção, uma vez que,
como notamos por meio da referida tabela, os TOs e os TTs para o italiano assemelham-se entre
si, no tocante à razão forma/item padronizada, sendo possível observar que a variação vocabular
nos TTs para o inglês é menor, se comparada aos respectivos TOs e TTs para o italiano, que
registram uma variação vocabular maior e são mais semelhantes entre si, apresentando um menor
índice de simplificação.
Para tornar mais claro nossos resultados a respeito de MRs, introduzimos abaixo, um
resumo dos principais dados.
Tabela 10 – Resumo dos Principais Dados Referententes aos MRs
Variação
MRs
Desti X Aletti = 7,3%
Pontiero X Levitin = 5,3%
Adição
MRs
Pontiero X Levitin = 2,5%
Aletti X Desti = 2,2%
Omissão
MRs
Pontiero X Levitin = 4,5%
Aletti X Desti = 2,5%
HS = 22,4%
OS = 33,3%
Aletti = 30, 4%
WW = 11,1%
Lf = 12,5%
Levitin = 11,1%
HS = 27,9%
Lf = 14,5%
Pontiero = 23,6%
Variação
MRs
TOs = 18,1%
TTs Inglês = 17,6%
Variação
MRs
TOs = 2,7%
TTs Italiano = 11,6%
Variação
MRs
HE => HS = 31,9%
HE => OS = 9,3%
Lispector (TTs p/ o Inglês) = 18,1%
5.3 OBSERVAÇÕES DE FLs, BASEADAS NA ANÁLISE DE LINHAS DE
CONCORDÂNCIA
Abordaremos cada FL com referência ao total de ocorrências no original, a fim de
delimitar a apresentação dos dados. Trataremos, a seguir, apenas da FL de maior frequência
absoluta, assim como um exemplo dessa frase acompanhada de seu contexto no TO e TT será
fornecido. Caso haja variação no TO em relação ao TT de uma mesma FL, serão introduzidos,
respectivamente, nos apêndices E a H (p. 207-230), os exemplos, acompanhados do seu contexto.
5.3.1 Análise de FLs nos 4 TOs de Lispector em relação aos respectivos TTs para o
inglês por Pontiero e Levitin
Observamos, a partir dos TOs referente aos TTs, a variação no comportamento linguístico
dos dois tradutores literários considerados individualmente, conforme os resultados por
frequência absoluta constantes da tabela 11 adiante. A tabela 12 a seguir apresenta a frequência
relativa das FLs nos TOs e TTs.
Tabela 11 - Distribuição absoluta de FLs nos quatro TOs em relação aos TTs
Freq. Abs. Total
nos TOs
Freq. Abs. Total nos TTs
Freq. Abs. Total dos
TOs
Freq. Abs.
Total dos TTs
Freq. Abs.
em
LF
Freq. Abs.
em FT
Freq. Abs.
em OE
Freq. Abs. em
WW
Freq. Abs.
em PC
Freq. Abs.
em NH
Freq. Abs.
em HE
Freq. Abs.
em HS
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
in fact
truly
actually
indeed
in reality
really
in truth
on the truth
to be frank
most of the time
undeniably
now
11
4
3
2
2
3
2
1
1
1
1
1
9
4
3
2
2
3
2
1
1
1
1
1
4
-
1
2
-
-
-
-
-
-
-
-
4
-
1
2
-
-
-
-
-
-
-
-
2
-
1
-
2
-
-
-
-
-
-
-
2
-
1
-
2
-
-
-
-
-
-
-
3
3
1
-
-
2
1
1
1
-
-
-
3
3
1
-
-
2
1
1
1
-
-
-
2
1
-
-
-
1
1
-
-
1
1
1
-
1
-
-
-
1
1
-
-
1
1
1
em verdade really 1 1 1 - - - - - - -
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
at the same time
while
as well as
also
at a time
18
3
1
1
1
18
3
1
1
1
8
1
1
1
-
8
1
1
1
-
4
1
-
-
-
4
1
-
-
-
5
1
-
-
1
5
1
-
-
1
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio das
no meio de
no meio de
no meio de
no meio do
no meio do
no meio do
in the middle of the
i
in the middle of
i
amidst the
i
into the middle of the
ii
in the midst of the
iii
in mid
in a downpour of
in the middle of the
i
in the midst of
iii
in fun view of
in the middle of
i
in the middle of the
i
amidst
ii
in the midst of
iii
5
2
2
1
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
4
2
2
1
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
4
-
1
1
-
-
-
-
-
2
1
-
-
-
3
-
1
1
-
-
-
-
-
2
1
-
-
-
-
2
-
-
1
-
-
-
1
-
-
1
-
-
-
2
-
-
1
-
-
-
1
-
-
1
-
-
1
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
2
1
1
1
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
2
1
1
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
nesse momento
nesse momento
nesse momento
at this moment
at that moment
at this very moment
6
2
1
6
2
1
2
-
-
2
-
-
-
-
-
-
-
-
4
2
1
4
2
1
-
-
-
-
-
-
neste momento
at this moment 5 5 3 3 1 1 - - 1 1
naquele momento
at that moment 4 4 - - - - 4 4 - -
à beira da
à beira da
a beira da
à beira de
à beira de
à beira de
a beira do
a beira do
a beira do
a beira do
at the edge of the
i
on the border of
on the verge of the
at the edge of
i
on the brink of
at edge
on the edge
at the edge of the
i
at the edge of
i
on the edge of the
2
1
1
2
1
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
1
1
1
1
1
-
1
-
-
1
-
1
-
-
-
-
1
-
-
1
-
1
-
-
-
2
-
1
2
-
1
-
1
1
-
2
-
1
2
-
1
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
de vez em quando
de vez em quando
de vez em quando
de vez em quando
from time to time
now and then
sometimes
very rarely
5
2
1
1
4
2
1
1
5
-
-
-
4
-
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
-
1
1
1
é claro
é claro
é claro
of course
clearly
obviously
6
2
1
5
2
1
1
-
-
1
-
-
1
-
-
1
-
-
3
-
-
2
-
-
1
2
1
1
2
1
por assim dizer
por assim dizer
por assim dizer
por assim dizer
por assim dizer
in a manner of speaking
virtually
so to speak
to all intents and purposes
does that mean to say
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
-
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Total
132 127 46 44 26 26 42 41 18 16
Tabela 12 - Distribuição relativa de FLs nos quatro TOs em relação aos TTs
FLs nos TOs
FLs trad. nos TTs
Freq. Abs.
Total de
FLs nos
TOs
Freq.
Abs.
Total de
FLs trad.
nos TTs
Freq. Rel.
Total dos
FLs nos
TOs
Freq. Rel.
Total dos
FLs trad.
nos TTs
Freq.
Rel. de
FLs
trad. em
FT
Freq.
Abs. de
FLs
trad.
em FT
Freq.
Rel. de
FLs
trad.
em WW
Freq.
Abs. de
FLs
trad. em
WW
Freq.
Rel. de
FLs
trad. em
NH
Freq. Abs.
de FLs trad.
em NH
Freq.
Rel. de
FLs
trad.
em HS
Freq. Abs.
de FLs trad.
em HS
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
in fact
truly
actually
indeed
in reality
really
in truth
on the truth
to be frank
most of the time
undeniably
now
11
4
3
2
2
3
2
1
1
1
1
1
9
4
3
2
2
3
2
1
1
1
1
1
8,3%
3,0%
2,3%
1,5%
1,5%
2,3%
1,5%
0.8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
6,8%
3,0%
2,3%
1,5%
1,5%
2,3%
1,5%
0.8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
57,1%
-
14,3%
28,6%
-
-
-
-
-
-
-
-
4
-
1
2
-
-
-
-
-
-
-
-
40,0%
-
20,0%
-
40,0%
-
-
-
-
-
-
-
2
-
1
-
2
-
-
-
-
-
-
-
25,0%
25,0%
8,3%
-
-
16,7%
8,3%
8,3%
8,3%
-
-
-
3
3
1
-
-
2
1
1
1
-
-
-
-
12,5%
-
-
-
12,5%
12,5%
-
-
12,5%
12,5%
12,5%
-
1
-
-
-
1
1
-
-
1
1
1
em verdade really 1 1 0,8% 0,8% 100% 1 - - - - - -
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
at the same time
while
as well as
also
at a time
18
3
1
1
1
18
3
1
1
1
13,6%
2,3%
0,8%
0,8%
0,8%
13,6%
2,3%
0,8%
0,8%
0,8%
72,7%
9,1%
9,1%
9,1%
-
8
1
1
1
-
80,0%
20,0%
-
-
-
4
1
-
-
-
71,4%
14,3%
-
-
14,3%
5
1
-
-
1
100%
-
-
-
-
1
-
-
-
-
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio das
no meio de
no meio de
no meio de
no meio do
no meio do
no meio do
in the middle of the
i
in the middle of
i
amidst the
i
nto the middle of the
ii
in the midst of the
iii
in mid
in a downpour of
in the middle of the
i
in the midst of
iii
in fun view of
in the middle of
i
in the middle of the
i
amidst
ii
in the midst of
iii
5
2
2
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
1
4
2
2
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
1
3,8%
1,5%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
1,5%
0,8%
0,8%
1,5%
0,8%
3,0%
1,5%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
1,5%
0,8%
0,8%
1,5%
0,8%
33,3%
-
11,1%
11,1%
-
-
-
-
-
22,2%
11,1%
-
-
-
3
-
1
1
-
-
-
-
-
2
1
-
-
-
-
40,0%
-
-
20,0%
-
-
-
20,0%
-
-
20,0%
-
-
-
2
-
-
1
-
-
-
1
-
-
1
-
-
14,3%
-
14,3%
-
-
14,3%
-
-
-
-
-
28,6%
14,3%
14,3%
1
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
2
1
1
-
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
nesse momento
nesse momento
nesse momento
at this moment
at that moment
at this very moment
6
2
1
6
2
1
4,5%
1,5%
0,8%
4,5%
1,5%
0,8%
100%
-
-
2
-
-
-
-
-
-
-
-
57,1%
28,6%
14,3%
4
2
1
-
-
-
-
-
-
neste momento
at this moment 5 5 3,8% 3,8% 100% 3 100% 1 - - 100% 1
naquele momento
at that moment 4 4 3,0% 3,0% - - - - 100% 4 - -
à beira da
à beira da
a beira da
à beira de
à beira de
à beira de
a beira do
a beira do
a beira do
a beira do
at the edge of the
i
on the border of
on the verge of the
at the edge of
i
on the brink of
at edge
on the edge
at the edge of the
i
at the edge of
i
On the edge of the
2
1
1
2
1
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
1
1
1
1
1
2,3%
0,8%
0,8%
2,3%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
2,3%
0,8%
0,8%
2,3%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
-
33,3%
-
-
33,3%
-
33,3%
-
-
-
-
1
-
-
1
-
1
-
-
-
25,0%
-
12,5%
25,0%
-
12,5%
-
12,5%
12,5%
-
2
-
1
2
-
1
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
de vez em quando
de vez em quando
de vez em quando
de vez em quando
from time to time
now and then
sometimes
very rarely
5
2
1
1
4
2
1
1
3,8%
1,5%
0,8%
0,8%
3,0%
1,5%
0,8%
0,8%
100%
-
-
-
4
-
-
-
-
100%
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
33,3%
33,3%
33,3%
-
1
1
1
é claro
é claro
é claro
of course
clearly
obviously
6
2
1
5
2
1
4,5%
1,5%
0,8%
3,8%
1,5%
0,8%
100%
-
-
1
-
-
100%
-
-
1
-
-
100%
-
-
2
-
-
25,0%
50,0%
25,0%
1
2
1
por assim dizer
por assim dizer
por assim dizer
por assim dizer
por assim dizer
in a manner of speaking
virtually
so to speak
to all intents and purposes
Does that mean to say
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
25,0%
25,0%
25,0%
25,0%
-
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Total
132 127 100% 96,3% 44 26 41 16
FL na verdade
De acordo com as tabelas 11 e 12, por ordem decrescente de frequência absoluta, a FL na
verdade aparece em primeira classificação, com um total de 29 ocorrências nos TOs. Do total de
7 FLs traduzidas em FT, em relação ao respectivo TO, a incidência da frase traduzida in fact
(com frequência absoluta 4 e frequência relativa 57,1%) apresenta ligeira variação, ou seja,
Giovanni Pontiero usa também as variações indeed (2; 28,6%) e actually (1; 14,3%) no
respectivo TT. Não há omissão da FL na verdade em FT, por parte do tradutor Pontiero. Com um
número de 5 FLs traduzidas com referência ao respectivo TO, a ocorrência das FLs in fact (2;
40%) e in reality (2; 40%) empregadas em WW apresentam variação; Alexis Levitin utiliza o
correspondente actually (1; 20%) no respectivo TT, para a tradução da frase na verdade. Não
omissão da FL na verdade em WW, por parte do tradutor Levitin. Em um total de 12 ocorrências
da FL na verdade na obra PC, nota-se que o tradutor Pontiero optou por utilizar em sua tradução
os correspondentes in fact (3; 25%), truly (3; 25%), really (2; 16,7%), actually (1; 8,3%), in truth
(1; 8,3%), on the truth (1; 8,3%) e to be frank (1; 8,3%), como tradução da FL na verdade. Não
omissão da FL na verdade em NH, por parte do tradutor Pontiero. Do total de 5 FLs
traduzidas em HS, em relação ao respectivo TO, a incidência dos correspondentes truly (com
frequência absoluta 1 e frequência relativa 12,5%), actually (1; 12,5%), in truth (1; 12,5%), most
of the time (1; 12,5%), undeniably (1; 12,5%) e now (1; 12,5%) apresentam variação, ou seja,
Pontiero usa 5 correspondentes diversos para a mesma FL na verdade no respectivo TT. 2
omissões da FL na verdade em HS (25%), por parte de Pontiero. Como exemplo da FL na
verdade e do equivalente in fact, extrmos um trecho das obras OE e WW:
OE: A Sra. Xavier tinha dúvida de que essas pessoas fossem o grupo com quem devia se
encontrar antes da conferência, e na verdade perdera de vista o motivo pelo qual caminhava
sem nunca mais parar (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 10).
WW: Senhora Xavier had her doubts as to whether those people were the group she was supposed to
meet before the lecture; in fact, by now she had lost sight of the reason why she was walking on and on
without ever stopping (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 74).
FL em verdade
No que tange à FL em verdade, ocorre em LF (com uma frequência absoluta total de 1
FL), em que o tradutor Pontiero opta por utilizar o correspondente really (1; 100%). Não há uma
omissão da FL em verdade em FT, como também não ocorrências desta FL nas outras três
obras originais. Como exemplo da FL em verdade e do correspondente really, extraímos um
trecho das obras LF e FT:
LF: E se lhe estavam brilhantes e duros os olhos, se seus gestos eram etapas difíceis até
conseguir enfim atingir o paliteiro, em verdade por dentro estava-se até lá muito bem,
era-se aquela nuvem plena a se transladar sem esforço (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 13).
FT: And if her eyes appeared brilliant and cold, if her movements faltered clumsily until she succeeded
in reaching the toothpick holder, beneath the surface she really felt so far quite at ease . . . there
was that full cloud to transport her without effort (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 31).
FL ao mesmo tempo
Acerca da FL ao mesmo tempo, das 11 ocorrências da FL em LF (com uma frequência
absoluta total de 46 MRs), o tradutor Pontiero escolhe usar os correspondentes at the same time
(com uma frequência absoluta de 8 ocorrências e com uma frequência relativa de 72,7%), while
(1; 9,1%), as well as (1; 9,1%) e, also (1; 9,1%). Não há omissão da FL ao mesmo tempo em LF,
bem como no seu respectivo TT. Das 5 ocorrências da FL ao mesmo tempo em OE (26), Levitin
opta por utilizar os correspondentes at the same time (4; 80%) e, while (1; 20%). Com relação à
omissão da FL ao mesmo tempo em OE, podemos mencionar que não houve omissão nem no
TO, tampouco no TT. Com referência às 7 ocorrências da FL ao mesmo tempo em PC (42),
Pontiero escolhe, no respectivo TT, empregar os correspondentes at the same time (5; 71,4%),
while (1; 14,3%) e at a time (1; 14,3%). o omissão da FL ao mesmo tempo em PC,
tampouco em seu TT. Por seu turno, uma ocorrência da FL ao mesmo tempo em HE (18), na
qual Pontiero opta, no respectivo TT, por usar como tradução da FL ao mesmo tempo o
correspondente at the same time (1; 100%). o houve omissões da FL ao mesmo tempo no TT.
Para exemplificar a FL ao mesmo tempo e seu equivalente em ngua inglesa de maior frequência
relativa, at the same time, selecionamos do par de obras PC e NH, os seguintes fragmentos:
PC: E ser ao mesmo tempo tão boa... secamente boa (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 36).
NH: And to be so good at the same time... dry but good (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 25-26).
FL no meio da/das/de/do
No tocante ao conjunto de FLs no meio da/das/de/do, há a ocorrência de 3 FLs traduzidas
por in the middle of the (33,3%), 2 FLs traduzidas por in the midst of (22,2%) e as outras
traduzidas por into the middle of the (11,1%), amidst the (11,1%) e, in fun view of (11,1%) em
FT, em relação ao respectivo TO, apresentando variação no TT, por parte de Pontiero. Em WW,
do total de 5 FLs traduzidas com referência ao respectivo TO, temos os correspondentes in the
middle of (3; 60%), in the midst of the (1; 20%) e, in the middle of the (1; 20%), não havendo
omissão do conjunto de FLs nem no TO, tampouco no TT, por parte de Levitin. Por sua vez, na
obra NH, nota-se que Pontiero escolheu usar os correspondentes in the middle of the (3; 42,9%),
in mid (1; 14,3%), amidst the (1; 14,3%), amidst (1; 14,3%) e in the midst of (1; 14,3%), como
tradução do conjunto de FLs no meio da/das/de/do, não apresentando nenhuma omissão. No que
concerne à HS, em relação ao respectivo TO, há a incidência da FL traduzida in a downpour of
(1; 100%), não apresentando variação e/ou omissão por parte de Pontiero. A título de ilustração,
apresentamos os alinhamentos extraídos das obras LF e FT, utilizando a FL no meio da e a sua
tradução de maior frequência relativa, in the middle of the:
LF: Até esse instante mantivera-se quieta, de no meio da calçada (LISPECTOR, [1960],
1998, p. 91).
FT: Until this moment, she had kept quiet, standing in the middle of the pavement (LISPECTOR,
[1972], 1995, p. 111).
FL nesse momento
No que tange à FL nesse momento, em LF (46), têm-se 2 ocorrências da FL traduzida por
at this moment (100%), o havendo variação nem omissão no TT. Por seu turno, das 7
ocorrências apresentadas em PC (42), o tradutor Pontiero opta por usar os correspondentes at this
moment (4; 57,1%), at that moment (2; 28,6%) e, at this very moment (1; 14,3%). Não há
nenhuma omissão da FL no TT. Por sua vez, OE (26) e HE (18) não apresentam nenhuma
ocorrência da FL, tampouco seus respectivos TTs. Como exemplo, seguem os trechos extraídos
das obras LF e FT da FL nesse momento com seu equivalente em língua inglesa de maior
frequência relativa nos quatro pares de textos claricianos, at this moment:
LF: Que nesse momento lhe estavam a acontecer cousas que mais tarde iriam a doer
mesmo e a valer: quando ela voltasse ao seu tamanho comum, o corpo anestesiado estaria
a acordar latejando e ela iria a pagar pelas comilanças e vinhos (LISPECTOR, [1960], 1998,
p. 16).
FT: At this moment things were happening to her that would only hurt later and in earnest. When re-
stored to her normal size, her anesthetized body would start to wake up, throbbing, and she would
begin to pay for those big meals and drinks (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 34).
FL neste momento
No tocante à FL neste momento, em LF (46), verificamos que Pontiero utiliza como
tradução o equivalente at this moment (3; 100%), não havendo nenhuma omissão do marcador no
TT. Por sua vez, OE (26) apresenta uma ocorrência, na qual Levitin usa como tradução o
equivalente at this moment (1; 100%) o havendo nenhuma omissão da FL em OE, tampouco
no respectivo TT. Por seu turno, PC não apresenta nenhuma ocorrência da FL, tampouco seu TT.
em HE, uma ocorrência da FL no TO e uma de seu equivalente em seu respectivo TT, at
this moment (1; 100%), não registrando, porém, omissão ou variação. Seguem abaixo trechos
extraídos de OE e WW, com referência à FL neste momento e seu equivalente at this moment:
OE: Por que não tentar neste momento, que não é grave, olhar pela janela? (LISPECTOR,
[1974], 1999, p. 65).
WW: Why not try, at this moment that isn't serious, to look out the window? (LISPECTOR, [1976],
1989, p. 141).
FL naquele momento
Com referência à FL naquele momento, tem-se um total de 4 ocorrências: todas em PC.
As obras LF, OE e HE o apresentam nenhuma incidência e/ou omissão desta FL. Em PC,
Pontiero utiliza como tradução da FL naquele momento, o equivalente at that moment (4; 100%),
o havendo nenhuma omissão e/ou variação da FL em PC. Abaixo, encontra-se o exemplo
extraído de PC e NH, da FL naquele momento e seu equivalente em língua inglesa at that
moment:
PC: E sobretudo a certeza asfixiante de que se um homem a abraçasse naquele momento
sentiria não a doçura macia nos nervos, mas o sumo de limão ardendo sobre eles, o corpo
como madeira próxima do fogo, vergada, estalante, seca (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 41-
42).
NH: And above all, the suffocating certainty that if a man were to embrace her at that moment she
would not feel a gentle sweetness in her nerves, but lemon-juice causing her to smart, her body
like wood near the fire, warped, split, desiccated (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 30).
FL à beira da/de/do
No que tange ao conjunto de FLs à beira da/de/do, há 3 ocorrências em LF, on the border
of (1; 33,3%), on the brink of (1; 33,3%) e on the edge (1; 33,3%). em OE, Levitin usa como
correspondente o conjunto de FLs at the edge of the (3; 37,5%), at the edge of (3; 37,5%), on the
verge of the (1; 12,5%) e at edge (1; 12,5%), não havendo nenhuma omissão da FL no TO,
tampouco no respectivo TT. Por sua vez, em PC, Pontiero utiliza como tradução do conjunto de
FLs o equivalente on the edge of the (1; 100%), não havendo nenhuma omissão e/ou variação do
conjunto de FLs no TO, tampouco no TT. Por seu turno, HE não apresenta nenhuma ocorrência
do conjunto de FLs, tampouco seu respectivo TT. Seguem, abaixo, os trechos extrdos de OE e
WW, com referência à FL à beira da e seu equivalente de maior frequência relativa, at the edge
of the:
OE: À beira da tertúlia está a família (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 70).
WW: At the edge of the foregathering is the family (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 146).
FL de vez em quando
Acerca da FL de vez em quando, há 4 ocorrências em LF (80%) e 1 omissão (20%). Em
OE, há uma ocorrência da FL e seu equivalente now and then (100%) no respectivo TT, não
possuindo nem variação, tampouco omissão. Por sua vez, PC não apresenta nenhuma ocorrência
ou omissão da FL, tampouco no respectivo TT. Já em HE, registram-se 3 ocorrências da FL com
os seguintes correspondentes no respectivo TT: now and then (1; 33,3%), sometimes (1; 33,3%) e
very rarely (1; 33,3%), não apresentando, por sua vez, omissão. Seguem, abaixo, trechos
extraídos de LF e FT da FL de vez em quando e seu equivalente de maior frequência relativa,
from time to time:
LF: O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele
estado!" (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 32).
FT: The father, from time to time, still remembered. "And to think that I made her run in that state!"
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 51).
FL é claro
No tocante à FL é claro, registram-se ocorrências nos 4 TOs e TTs. Em LF, uma
ocorrência da FL e seu equivalente of course (100%), não apresentando nenhuma omissão. Por
sua vez, OE também registra apenas uma ocorncia da FL e seu equivalente no TT of course
(100%), não apresentando também nenhuma omissão. em PC, uma incidência de 2 FLs e
seu equivalente of course (66,7%), apresentando uma omissão (33,3%). Por seu turno, em HE,
registram-se 4 ocorrências da FL e seus correspondentes clearly (2; 50%), of course (1; 25%) e
obviously (1; 25%), não apresentando nenhuma omissão. Como exemplo, seguem abaixo, trechos
extraídos de HE e HS, com referência à FL é claro e seu equivalente em língua inglesa de maior
frequência relativa, of course:
HE: Quando eu era mulher-dama já ia juntando meu dinheirinho, dando porcentagem à chefa,
é claro (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 93).
HS: When I was on the game, I saved quite a bit of money. The woman who managed the brothel took
her percentage, of course (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 74-75).
FL por assim dizer
No que tange à FL por assim dizer, registram-se ocorrências em LF e PC, não
apresentando ocorrências ou omissão nas obras OE e HE. Em LF, há 4 ocorrências da FL e seus
correspondentes in a manner of speaking (1; 25%), virtually (1; 25%), so to speak (1; 25%) e to
all intents and purposes (1; 25%) no seu respectivo TT. Já em PC, registra-se apenas uma
ocorrência da FL e seu correspondente does that mean to say (100%) em seu respectivo TT, não
apresentando omissão. Como apenas uma ocorrência de cada correspondente no respectivo
TT, não registrando nenhuma tradução de maior frequência relativa, apresentaremos estas
incidências no apêndice E (p. 207).
Acerca do comportamento linguístico dos dois tradutores literários em questão
considerados individualmente, podemos sugerir que, a partir dos conjuntos de FLs dos TOs na
verdade, ao mesmo tempo, no meio da/das/de/do, nesse momento, à beira da/de/do, de vez em
quando, é claro e, por assim dizer, encontram-se variações nos respectivos correspondentes nos
TTs, como foi observado nesta análise. Notamos que apesar de as FLs neste momento e naquele
momento apresentarem, respectivamente, 5 e 4 ocorrências, nos TOs, não houve variação nos
respectivos TTs, isto é, os tradutores utilizaram o mesmo correspondente em língua inglesa para
todas as ocorrências das frase lexicais registradas. No tocante à FL em verdade, pelo fato de
registrar somente uma ocorrência em LF, não podemos observar se houve variação ou não nos
TTs.
Com referência à tradução da FL na verdade, NH registra variação maior de
correspondentes (7,7%), se comparados à HS (3,1%), FT (2,3%) e WW (2,3%). Como notamos
anteriormente, apenas HS apresenta omissão do correspondente da FL na verdade, com uma
frequência relativa, respectivamente, de 2,3%.
No tocante à tradução da FL ao mesmo tempo, FT e NH apresentam variação maior de
MRs, respectivamente, 2,3% e 1,5%, se comparados à WW (0,8%) e HS (0%). Não omissão
da FL ao mesmo tempo nos respectivos TTs.
O conjunto de FLs no meio da/das/de/do sofreu variação por parte dos tradutores, com a
seguinte proporção: 3,8% (FT), 2,3% (NH), 1,5% (WW) e 0% (HS). Acerca da omissão do
correspondente da FL no meio da em FT, pudemos notar que há uma ocorrência (0,8%), por
parte de Pontiero.
No que tange à FL nesse momento, apenas a obra NH (2,3%), por Pontiero, apresentou
variação, como pudemos verificar baseando-se na tabela 9 (p. 105). A obra LF registra 2
ocorrências da FL, pom, o tradutor opta pelo mesmo correspondente de ngua inglesa em FT,
o sendo possível, portanto, apresentar variação. Observa-se também que as obras OE e HE não
registram nenhuma ocorrência da FL, e não há nenhuma incidência de omissão do
correspondente da FL nos 4 TTs selecionados para análise.
Concernente ao conjunto de FLs à beira da/de/do, os dois tradutores registraram variação
do conjunto de FLs em seus respectivos TTs, com a seguinte proporção: 3,8% (WW) e 1,5%
(FT). Nãovariação, em NH, do conjunto de FLs, por apresentar apenas uma ocorrência da FL
no respectivo TO. Em HE, não registro de ocorrências do conjunto de FLs, bem como em seu
respectivo TT. Os 4 TTs selecionados para o estudo não registram omissão do correspondente do
conjunto de FLs.
Com referência à FL de vez em quando, apenas o tradutor Pontiero registrou variação da
FL em HS (1,5%). o há variação, em FT e WW, da FL, por apresentar em seus TTs apenas
um correspondente da FL. Em NH, não registro de ocorrências do correspondente da FL, bem
como em seu respectivo TO. Apenas FT apresenta uma omissão (0,8%) do correspondente da
FL. Os outros 3 TTs selecionados para o estudo não registram omissão do correspondente da FL.
No tocante à FL é claro, apenas o tradutor Pontiero apresentou variação da FL em HS
(1,5%). o há variação, nos outros 3 TTs selecionados para a análise, da FL, por registrar em
seus TTs apenas um correspondente da FL. Em NH, uma ocorrência de omissão (0,8%) do
correspondente da FL.
Acerca da FL por assim dizer, apenas o tradutor Pontiero apresentou variação da FL em
FT (2,3%). Não variação, em NH, da FL, por registrar em seu TT apenas um correspondente
da FL. Por sua vez, WW e HS não apresentam ocorrências do correspondente da FL, bem como
em seu respectivos TOs.
Podemos sugerir que, de acordo com as FLs analisadas, o tradutor Pontiero, em NH
(10%), registrou variação maior na tradução do conjunto de FLs na verdade e nesse momento, no
que se refere ao comportamento linguístico adotado, se comparado às outras obras por ele
traduzidas: FT (8,4%), na qual apresentou variação maior na tradução do conjunto de FLs ao
mesmo tempo, no meio da/das/de/do e por assim dizer; e HS (3,0%), na qual registrou variação
maior na tradução do conjunto de FLs de vez em quando e por assim dizer. WW (3,8%),
traduzida por Levitin, apresentou variação maior na tradução do conjunto de FLs à beira
da/de/do, registrando variação maior na tradução do conjunto de FLs, se comparada à HS (3,0%).
5.3.2 Análise de FLs nos 4 TTs para o inglês por Pontiero e Levitin, em relação aos
respectivos TOs de Lispector
Após comentar as ocorrências de FLs traduzidas, com referência aos seus respectivos
TTs, abordaremos os resultados obtidos com relação às FLs adicionadas nos TTs. Apresentamos
os resultados por ordem decrescente de frequência absoluta e relativa, para a análise das FLs,
conforme tabelas 13 e 14 a seguir.
Tabela 13 - Distribuição absoluta de FLs analisadas individualmente nos quatro pares claricianos de TTs em relação aos TOs
FLs nos TTs
FLs nos TOs
Freq. Abs.
nos TTs
Freq. Abs. nos
TOs
Freq. Abs. em FT Freq. Abs.
em LF
Freq. Abs. em
WW
Freq. Abs. em
OE
Freq. Abs. em
NH
Freq. Abs. em
PC
Freq. Abs. em
HS
Freq. Abs. em
HE
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
na verdade
de fato
é que
aliás
mesmo
realmente
na realidade
e
sim
17
5
3
3
3
2
1
1
1
1
9
5
3
3
3
2
1
1
1
1
9
3
-
-
-
1
1
-
-
-
4
3
-
-
-
1
1
-
-
-
5
1
1
3
3
-
-
1
1
-
2
1
1
3
3
-
-
1
1
-
3
1
2
-
-
1
-
-
-
-
3
1
2
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
at this moment
at this moment
at this moment
at this moment
at this moment
at this moment
nesse momento
neste momento
nesse instante
neste instante
naquele instante
agora
6
5
2
1
1
1
6
5
2
1
1
1
2
3
1
-
-
-
2
3
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
4
-
1
1
1
1
4
-
1
1
1
1
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
naquele instante
naquele momento
nesse instante
neste instante
nesse momento
na mesma hora
no momento
então
5
4
3
2
2
1
1
1
1
5
4
3
2
2
1
1
1
1
-
-
2
2
-
-
-
-
-
-
-
2
2
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
5
4
1
-
2
-
1
1
-
5
4
1
-
2
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
1
at the same time
at the same time
at the same time
at the same time
ao mesmo tempo
na mesma hora
simultaneamente
na hora mesma
20
1
1
1
18
1
1
1
10
-
-
-
8
-
-
-
4
1
-
-
4
1
-
-
5
-
1
-
5
-
1
-
1
-
-
1
1
-
-
1
from time to time
from time to time
from time to time
from time to time
from time to time
from time to time
de quando em quando
de vez em quando
às vezes
a intervalos
uma vez ou outra
uma vez por outra
6
4
4
3
1
1
6
4
4
3
1
1
-
4
-
-
-
-
-
4
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
6
-
4
3
1
-
6
-
4
3
1
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
of course
of course
of course
of course
of course
sim
é claro
aliás
bem
claro
9
5
1
1
1
9
5
1
1
1
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
1
1
-
-
1
1
1
-
5
2
-
-
-
5
2
-
-
-
4
1
-
-
1
4
1
-
-
1
in the middle of the
in the middle of the
in the middle of the
in the middle of the
in the middle of
in the middle of
in the middle of
in the middle of
in the middle of
no meio da
i
no meio do
i
no meio das
i
em pleno
ii
no meio da
i
em plena
ii
em pleno
ii
no meio de
i
no centro da
4
2
1
1
2
1
1
1
1
4
2
1
1
2
1
1
1
1
3
-
-
-
-
1
-
-
-
3
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
1
2
-
1
1
-
-
-
1
1
2
-
1
1
-
1
2
-
-
-
-
-
-
1
1
2
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of
à orla do
no bordo da
no bordo de sua
o bordo da
à beira do
na orla da
2
2
1
1
1
1
2
2
1
1
1
1
2
1
1
1
-
-
2
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
1
-
-
1
-
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
at the edge of the
at the edge of the
at the edge of
at the edge of
à beira da
i
à beira do
i
à beira de
i
à beira do
i
2
1
2
1
2
1
2
1
-
-
-
-
-
-
-
-
2
1
2
1
2
1
2
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
in a manner of speaking por assim dizer 1 1 1 1 - - - - - -
Total
161 151 49 42 38 35 62 62 12 12
Tabela 14 - Distribuição relativa de FLs analisados individual e conjuntamente nos quatro TTs em relação aos TOs
FLs nos TTs FLs nos TOs
Freq. Abs.
Total dos
FLs nos TTs
Freq. Abs.
Total dos
FLs nos TOs
Freq. Rel.
Total dos
FLs nos
TTs
Freq. Rel.
Total dos FLs
nos TOs
Freq.Abs. de
FLs
traduzidos
Freq. Rel. de
FLs traduzidos
Freq. Abs. de
FLs
adicionados
Freq. Rel. de
FLs adicionados
Freq. Abs. de
FLs omitidos
Freq. Rel. de
FLs omitidos
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
in fact
na verdade
de fato
é que
aliás
mesmo
realmente
na realidade
e
sim
17
5
3
3
3
2
1
1
1
1
9
5
3
3
3
2
1
1
1
1
11,3%
3,3%
2,0%
2,0%
2,0%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
6,0%
3,3%
2,0%
2,0%
2,0%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
9
5
3
3
3
2
1
1
1
1
6,0%
3,3%
2,0%
2,0%
2,0%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
8
-
-
-
-
-
-
-
-
-
5,3%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1,5%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
at this moment
at this moment
at this moment
at this moment
at this moment
at this moment
nesse momento
neste momento
nesse instante
neste instante
naquele instante
agora
6
5
2
1
1
1
6
5
2
1
1
1
4,0%
3,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
4,0%
3,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
6
5
2
1
1
1
4,0%
3,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
at that moment
naquele instante
naquele momento
nesse instante
neste instante
nesse momento
na mesma hora
no momento
então
5
4
3
2
2
1
1
1
1
5
4
3
2
2
1
1
1
1
3,3%
2,6%
2,0%
1,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
3,3%
2,6%
2,0%
1,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
5
4
3
2
2
1
1
1
1
3,3%
2,6%
2,0%
1,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
at the same time
at the same time
at the same time
at the same time
ao mesmo tempo
na mesma hora
simultaneamente
na hora mesma
20
1
1
1
18
1
1
1
13,2%
0,7%
0,7%
0,7%
11,9%
0,7%
0,7%
0,7%
18
1
1
1
11,9%
0,7%
0,7%
0,7%
2
-
-
-
1,3%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
from time to time
from time to time
from time to time
from time to time
from time to time
from time to time
de quando em quando
de vez em quando
às vezes
a intervalos
uma vez ou outra
uma vez por outra
6
4
4
3
1
1
6
4
4
3
1
1
4,0%
2,6%
2,6%
2,0%
0,7%
0,7%
4,0%
2,6%
2,6%
2,0%
0,7%
0,7%
6
4
4
3
1
1
4,0%
2,6%
2,6%
2,0%
0,7%
0,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
0,8%
-
-
-
-
-
of course
of course
of course
of course
of course
sim
é claro
aliás
bem
claro
9
5
1
1
1
9
5
1
1
1
6,0%
3,3%
0,7%
0,7%
0,7%
6,0%
3,3%
0,7%
0,7%
0,7%
9
5
1
1
1
6,0%
3,3%
0,7%
0,7%
0,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
0,8%
-
-
-
-
in the middle of the
in the middle of the
in the middle of the
in the middle of the
in the middle of
in the middle of
in the middle of
in the middle of
in the middle of
no meio da
i
no meio do
i
no meio das
i
em pleno
ii
no meio da
i
em plena
ii
em pleno
ii
no meio de
i
no centro da
4
2
1
1
2
1
1
1
1
4
2
1
1
2
1
1
1
1
2,6%
1,3%
0,7%
0,7%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
2,6%
1,3%
0,7%
0,7%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
4
2
1
1
2
1
1
1
1
2,6%
1,3%
0,7%
0,7%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
0,8%
-
-
-
-
-
-
-
-
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of the
on the edge of
à orla do
no bordo da
no bordo de sua
o bordo da
à beira do
na orla da
2
2
1
1
1
1
2
2
1
1
1
1
1,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
1,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
2
2
1
1
1
1
1,3%
1,3%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
at the edge of the
at the edge of the
at the edge of
at the edge of
à beira da
i
à beira do
i
à beira de
i
à beira do
i
2
1
2
1
2
1
2
1
1,3%
0,7%
1,3%
0,7%
1,3%
0,7%
1,3%
0,7%
2
1
2
1
1,3%
0,7%
1,3%
0,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
in a manner of speaking por assim dizer 1 1 0,7% 0,7% 1 0,7%
Total
161 151 106,6% 100% 151 - 10 6,6% 5 3,8%
140
FL in fact
Em primeira classificação, destaca-se a FL in fact, de acordo com as tabelas 13 e 14,
com um total de 37 ocorrências nos quatro TTs conjuntamente, sendo 29 ocorrências
provenientes de traduções feitas a partir das 29 incidências do conjunto de FLs na verdade /
de fato / é que / aliás / mesmo / realmente / na realidade / / e / sim, constante nos TOs.
Desse modo, a frequência relativa do correspondente da FL in fact em relação aos TOs é de
100%, na qual 31% refere-se à FL na verdade e seu correspondente in fact nos TTs. No
tocante à adição da FL in fact, a frequência relativa nos quatro subcorpora de TTs é de 27,6%.
O exemplo das FLs in fact e na verdade encontram-se nas páginas 128-129.
FL at this moment
No que concerne à FL traduzida at this moment, tem-se um total de 16 ocorrências
(100%), com referência aos TOs, apresentando 16 incidências a partir das 16 ocorrências da
FL at this moment nos TTs, na qual 37,5% refere-se à FL nesse momento e seu
correspondente at this moment nos TTs. No que tange à adição da FL at this moment, não
houve registro nos 4 TTs. O trecho das FLs at this moment e nesse momento está na página
131.
FL at that moment
Quanto à FL traduzida at that moment, apresenta um total de 20 ocorrências (100%),
no que diz respeito aos respectivos TOs, registrando 20 incidências a partir das 20 ocorrências
do conjunto de FLs naquele instante / naquele momento / nesse instante / neste instante /
nesse momento / na mesma hora / no momento / então / . Nos TTs, a maior incidência da
FL traduzida at that moment registra-se com a FL naquele instante (5; 25%). Acerca de
adição da FL at that moment, não houve registro nos 4 TTs. O exemplo das FLs at that
moment e naquele instante encontra-se abaixo:
141
NH: Like her own voice speaking at that moment to Otavio: sharp, empty, raised to a high pitch,
with clear, even notes (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 67).
PC: Como a dela ppria que soara naquele instante para Otávio; aguda, vazia lançada
para o alto, com notas iguais e claras (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 85).
FL at the same time
No que tange à FL traduzida at the same time, um total de 23 ocorrências (109,5%)
como tradução do conjunto de FLs ao mesmo tempo / na mesma hora / simultaneamente / na
hora mesma. A maior incidência registra-se, nos TOs, com a FL ao mesmo tempo (18; 85,7%)
como correspondente da FL traduzida at the same time, nos TTs. Há 2 adições (9,5%) da FL
at the same time nos TTs. O trecho das FLs at the same time e ao mesmo tempo está na página
130.
FL from time to time
Com referência à FL traduzida from time to time, tem-se um total de 19 ocorrências
(100%) como tradução do conjunto de FLs de quando em quando / de vez em quando / às
vezes / a intervalos / uma vez ou outra / uma vez por outra nos TOs. Não há registro de adição
da FL from time to time nos TTs. O exemplo das FLs from time to time e de vez em quando
encontra-se na página 133.
FL of course
No que tange à FL traduzida of course, registra-se um total de 17 ocorrências (100%)
nos TTs para o conjunto de FLs sim / é claro / aliás / bem / claro nos TOs. Não há incidência
de adição da FL of course nos TTs. O trecho das FLs of course e sim apresenta-se abaixo:
NH: But of course, why not continue with Lidia - she answered her dead aunt (LISPECTOR,
[1986], 1990, p. 129).
PC: Mas sim, por que não continuar com Lídia? - respondeu à tia morta (LISPECTOR,
[1944], 1990, p. 156-157).
FLs in the middle of the / in the middle of
No tocante ao conjunto de FLs traduzidas in the middle of the / in the middle of, tem-se
um total de 14 ocorrências (100%) como tradução do conjunto de FLs no meio da / no meio
142
do / no meio das / em pleno / em plena / no meio de / no centro da nos TOs. Os TTs não
apresentam adição do conjunto de FLs in the middle of the / in the middle of. O exemplo das
FLs in the middle of the e no meio da encontra-se na página 130.
FLs on the edge of the / on the edge of
Acerca do conjunto de FLs traduzidas on the edge of the / on the edge of, um total
de 8 incidências (100%) como tradução do conjunto de FLs à orla do / no bordo da / no
bordo de sua / o bordo / à beira do / na orla da nos TOs. Não adição do conjunto de FLs
on the edge of the / on the edge of nos TTs. O trecho das FLs on the edge of the e à orla do
apresenta-se abaixo:
FT: It would not be too late only if she ran; but to run would mean going completely astray, and
losing the rhythm that still sustained her, the rhythm that was her only talisman-given to her on
the edge of the world where it was for her being alone - on the edge of the world where all
memories had been obliterated, and as an incomprehensible reminder, the blind talisman had
remained as the rhythm for her destiny to copy, executing it for the consummation of the whole
world (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 109).
LF: Mas era tarde demais para recuar. não seria tarde demais se corresse. Mas correr
seria como errar todos os passos, e perder o ritmo que ainda a sustentava, o ritmo que
era o seu único talismã, o que lhe fora entregue à orla do mundo onde era para ser
sozinha - à orla do mundo onde se tinham apagado todas as lembranças, e como
incompreensível lembrete restara o cego talismã, ritmo que era de seu destino copiar,
executando-o para a consumação do mundo (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 89).
FLs at the edge of the / at the edge
Com referência ao conjunto de FLs traduzidas at the edge of the / at the edge, tem-se
um total de 6 ocorrências (100%) como tradução do conjunto de FLs à beira da / à beira do /
à beira de nos TOs. Não registro de adição do conjunto de FLs at the edge of the / at the
edge of nos TTs. O exemplo das FLs at the edge of the e à beira da encontra-se na página
133.
FL in a manner of speaking
Quanto à FL traduzida in a manner of speaking, registra-se um total de uma ocorrência
(100%) no TT para a FL por assim dizer no TO. o incidência de adição da FL in a
143
manner of speaking no TT. O trecho das FLs in a manner of speaking e por assim dizer
apresenta-se no apêndice E (p. 207).
Podemos observar que todas as FLs dos TOs apresentam 100% de tradução nos TTs
(cf. tabela 13, p. 138). Quanto às ocorrências de adição, observa-se que as FLs in fact (8;
5,3%), em FT (5; 3,3%), em WW (3; 2%) e at the same time (2; 1,3%), em FT, foram
adicionadas aos TTs. Não houve adição de nenhuma outra FL nos TTs. No tocante à omissão,
houve o registro de omissão (6; 4,6%) na tradução da FL na verdade (3; 2,3%) em HS; na
tradução do conjunto de FLs no meio da / no meio das / no meio de / no meio do (1; 0,8%) em
FT; na tradução da FL de vez em quando em FT (1; 0,8%) e da tradução da FL é claro em
NH (1; 0,8%).
Com referência às adões nos TTs, levando-se em consideração a frequência absoluta
dos 4 subcorpora de TOs, podemos notar que FT (5; 3,3%), traduzida por Pontiero, apresenta
a maior frequência absoluta e relativa de adões, no que diz respeito à tradução da FL in fact,
se comparada à outra obra traduzida por Levitin, WW (3; 2%).
No que tange às omissões, considerando a frequência absoluta total nos 4 subcorpora
de TOs, podemos verificar que a obra HS (3; 2,3%), traduzida por Pontiero, registra a maior
frequência absoluta e relativa de omissão da FL na verdade, se comparada às outras obras,
que não apresentam omissão da FL na verdade. No que diz respeito à maior frequência
absoluta e relativa de omissão do conjunto de FLs no meio da / no meio das / no meio de / no
meio do, houve registro em FT (1; 0,8%), traduzida por Pontiero, se comparada às outras
obras que não registram omissão do conjunto de FLs em seus TTs. Com referência à omissão
da FL de vez em quando (1; 0,8%), houve registro em FT e nenhum registro nos outros TTs.
No que tange à FL é claro (1; 0,8%), apresenta-se uma ocorrência em NH, não registrando
nenhuma outra ocorrência nos outros 3 subcorpora de TTs.
144
Com base nos dados analisados, levando-se em consideração a frequência absoluta
total nos 4 subcorpora de TOs, no que tange às omissões e adições, e considerando a
frequência absoluta total dos 4 subcorpora de TTs, no que concerne às variações, podemos
sugerir que, de acordo com as FLs analisadas, o tradutor Pontiero apresentou uma frequência
relativa maior em NH (6,9%), na variação da FL na verdade, registrou uma frequência
relativa maior em FT, na adição da FL in fact (3,3%) e apresentou uma frequência relativa
maior em HS, na omissão da FL na verdade (2,3%), no que se refere ao seu comportamento
linguístico, se comparado às variações (3,8%), adições (2%) e omissões (0%) de WW,
realizadas pelo tradutor Levitin.
Na análise efetuada por meio das tabelas 11 a 14, utilizamos quatro obras originais e
quatro obras traduzidas de Clarice Lispector, duas publicadas, respectivamente, na forma de
contos (LF => FT e OE => WW) e duas, de romance (PC => NH e HE => HS), para o
exame do uso de FLs. Observa-se que como FT e WW são coletâneas de contos e apresentam
uma extensão menor (68.992 itens) do que os romances NH e HS (84.183 itens), são os
romances, traduzidos por Pontiero, que apresentam uma frequência absoluta e relativa maior
no que diz respeito à variação e omissão das FLs em seus TTs. Notamos também que o conto
FT, traduzido por Pontiero, registra uma frequência absoluta e relativa maior, com referência
à adição de FLs. Apesar de HS ser um romance, registra a menor extensão (25.552 itens), se
comparado ao romance NH (58.631 itens) e às coletâneas de contos FT (40.141 itens) e WW
(28.851 itens). Sugere-se que devido à sua menor extensão, apresente o romance a maior
frequência absoluta e relativa de omissão em seu TT.
Podemos sugerir que o padrão das FLs dos TTs analisados, no que diz respeito à sua
variação, é similar ao padrão de FLs encontrado nos respectivos TOs, uma vez que, nos
quatro subcorpora de TTs, há uma variação de 46,6% e, nos quatro subcorpora de TOs,
145
registra-se uma varião de 57,5%, tendo Lispector variado 10,9% a mais em seus TOs, do
que os tradutores em seus TTs. Este dado pôde ser confirmado com base na análise da razão
forma/item padronizada, subitem 5.1 (p. 77), na qual verificamos que a razão dos TOs é maior
que a dos TTs para o inglês, indicando que houve uma maior proporção de variação vocabular
nos TOs, se comparados aos seus TTs para o inglês. Apesar desta pouca variação a mais nos
TOs de Lispector, esperava-se que os tradutores utilizassem em uma maior proporção a
variação em seus TTs.
De acordo com a análise, verificamos que a razão forma/item padronizada dos TTs
para o inglês é menor do que a razão forma/item padronizada dos respectivos TOs, notando
que houve uma menor varião vocabular nos TTs para o inglês, indicando simplificação por
parte dos tradutores.
Conforme verificamos pela análise aqui efetuada, os resultados foram os esperados
apenas em relação à adição. Os TOs apresentaram um maior índice de variação e os TTs, por
sua vez, registraram uma frequência maior de adição, no que concerne às FLs selecionadas
para análise.
5.3.3 Análise de FLs nos quatro TOs de Lispector em relação aos respectivos
TTs para o italiano por Aletti e Desti
Observamos, a partir dos TOs com refencia aos TTs, a variação no comportamento
linguístico das duas tradutores literárias considerados individualmente, conforme os
resultados por frequência absoluta constantes da tabela 15 adiante. A tabela 16 a seguir
apresenta a frequência relativa das FLs nos TOs e TTs.
146
Tabela 15 - Distribuição absoluta de FLs analisadas individualmente nos quatro TOs e TTs
FLs nos TOs
FLs nos TTs
Freq. Abs. nos
TOs
Freq. Abs. nos
TTs
Freq. Abs. em
LF
Freq. Abs.
em Lf
Freq. Abs. em OE Freq. Abs. em DS Freq. Abs. em
PC
Freq. Abs. em
Vc
Freq. Abs. em
HE
Freq. Abs. em
OS
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
in realtà
per la veri
in veri
proprio
veramente
davvero
a onor del vero
nella verità
infatti
nella realtà
quasi
11
5
5
3
2
1
1
1
1
1
1
11
5
5
3
2
1
1
1
1
1
1
1
-
1
3
1
1
-
-
-
-
-
1
-
1
3
1
1
-
-
-
-
-
1
2
1
-
-
-
1
-
-
-
-
1
2
1
-
-
-
1
-
-
-
-
9
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
9
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
3
1
-
1
-
-
-
1
1
1
-
3
1
-
1
-
-
-
1
1
1
em verdade in verità 1 1 1 1 - - - - - -
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
al tempo stesso
nello stesso tempo
allo stesso tempo
al contempo
contemporaneamente
mentre
nel medesimo tempo
insieme
allá volta
nello stesso momento
cosi come
7
4
3
2
2
1
1
1
1
1
1
7
4
3
2
2
1
1
1
1
1
1
4
3
-
2
-
1
1
-
-
-
-
4
3
-
2
1
1
-
-
-
-
3
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
3
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2
-
2
-
-
1
1
1
-
-
-
2
-
2
-
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio das
no meio de
no meio de
no meio de
no meio de
no meio do
no meio do
no meio do
no meio do
nel bel mezzo della
in mezzo al
in mezzo alla
tra il
nel cuore della
al centro della
a mezzo della
nella
sotto una
fonda
in mezzo ai
mentre
nel mezzo della
in mezzo alla
nel bel mezzo di
in mezzo alla
nel mezzo del
in mezzo a
mentre
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
-
-
-
-
-
-
1
1
1
-
-
-
-
-
1
2
1
1
1
-
-
-
-
-
-
1
1
1
-
-
-
-
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
-
1
-
-
-
-
-
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
1
1
-
1
-
-
-
-
-
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
nesse momento
nesse momento
nesse momento
in quel momento
in questo momento
adesso
5
3
1
5
3
1
2
-
-
2
-
-
-
-
-
-
-
-
3
3
1
3
3
1
-
-
-
-
-
-
naquele momento
naquele momento
in quel momento
nel momento
3
1
3
1
-
-
-
-
-
-
-
-
3
1
3
1
-
-
-
-
neste momento
neste momento
in questo momento
in quel momento
3
2
3
2
1
2
1
2
1
-
1
-
-
-
-
-
1
-
1
-
à beira da
à beira da
a beira de
à beira de
à beira do
à beira do
a beira do
sull’orlo della
sulla soglia della
sull’orlo del
sull’orlo di
sull’orlo dell
sull’orlo del
all’orlo del
3
1
2
2
2
1
1
3
1
2
2
2
1
1
-
1
-
1
-
1
-
-
1
-
1
-
1
-
3
-
2
1
1
-
1
3
-
2
1
1
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
de vez em quando
de vez em quando
ogni tanto
di quando in quando
6
3
6
3
2
3
2
3
1
-
1
-
-
-
-
-
3
-
3
-
é claro
é claro
é claro
é claro
é claro
è chiaro
ovvio
ovviamente
è ovvio
nessuna meraviglia
4
2
1
1
1
4
2
1
1
1
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
-
3
-
-
-
-
3
-
-
-
-
1
2
-
-
1
1
2
-
-
1
por assim dizer per così dire 5 5 4 4 - - 1 1 - -
Total
132 132 46 46 26 26 42 42 18 18
147
Tabela 16 - Distribuição relativa de FLs nos quatro TOs e TTs
FLs nos TOs FLs traduzidos nos
TTs
Freq. Abs.
Total de FLs
nos TOs
Freq. Abs.
de FLs
trad. nos
TTs
Freq. Rel.
Total de
FLs nos
TOs
Freq. Rel. de
FLs trad. nos
TTs
Freq. Rel.
de FLs
trad em Lf
Freq. Abs. de
FLs trad em Lf
Freq. Rel.
de FLs
trad em
DS
Freq. Abs.
de FLs
trad em DS
Freq. Rel.
de FLs
trad em Vc
Freq. Abs.
de FLs
trad em Vc
Freq. Rel.
de FLs
trad em
OS
Freq.
Abs. de
FLs trad
em OS
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
na verdade
in realtà
per la verità
in verità
proprio
veramente
davvero
a onor del vero
nella verità
infatti
nella realtà
quasi
11
5
5
3
2
1
1
1
1
1
1
11
5
5
3
2
1
1
1
1
1
1
8,3%
3,8%
3,8%
2,3%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
8,3%
3,8%
3,8%
2,3%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
14.3%
-
14.3%
42.8%
14.3%
14.3%
-
-
-
-
-
1
-
1
3
1
1
-
-
-
-
-
20%
40%
20%
-
-
-
20%
-
-
-
-
1
2
1
-
-
-
1
-
-
-
-
75%
-
16.7%
-
-
-
-
8.3%
-
-
-
9
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
37.5%
12.5%
-
12.5%
-
-
-
12.5%
12.5%
12,5%
-
3
1
-
1
-
-
-
1
1
1
em verdade in verità 1 1 0,8% 0,8% 100% 1 - - - - - -
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
ao mesmo tempo
al tempo stesso
nello stesso tempo
allo stesso tempo
al contempo
contemporaneamente
mentre
nel medesimo tempo
insieme
allá volta
nello stesso momento
cosi come
7
4
3
2
2
1
1
1
1
1
1
7
4
3
2
2
1
1
1
1
1
1
5,3%
3,0%
2,3%
1,5%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
5,3%
3,0%
2,3%
1,5%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
36,4%
27,3%
-
18,2%
-
9,1%
9,1%
-
-
-
-
4
3
-
2
-
1
1
-
-
-
-
60%
20%
20 %
-
-
-
-
-
-
-
-
3
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
28,6%
-
28,6%
-
-
14,3%
14,3%
14,3%
-
-
-
2
-
2
-
-
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio da
no meio das
no meio de
no meio de
no meio de
no meio de
no meio do
no meio do
no meio do
no meio do
nel bel mezzo della
in mezzo al
ii
in mezzo alla
ii
tra il
nel cuore della
al centro della
a mezzo della
nella
sotto una
fonda
in mezzo ai
ii
mentre
nel mezzo della
iii
in mezzo alla
ii
nel bel mezzo di
i
in mezzo alla
ii
nel mezzo del
iii
in mezzo a
ii
mentre
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2,3%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
2,3%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
0,8%
11,1%
22,2%
11,1%
11,1%
11,1%
-
-
-
-
-
-
11,1%
11,1%
11,1%
-
-
-
-
-
1
2
1
1
1
-
-
-
-
-
-
1
1
1
-
-
-
-
-
40%
-
-
-
-
20%
-
-
-
-
20%
-
-
-
20%
-
-
-
-
2
-
-
-
-
1
-
-
-
-
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
14,3%
14,3%
-
14,3%
-
-
-
-
-
14,3%
14,3%
14,3%
14,3%
-
-
-
-
-
-
1
1
-
1
-
-
-
-
-
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
nesse momento
nesse momento
nesse momento
in quel momento
in questo momento
adesso
5
3
1
5
3
1
3,8%
2,3%
0,8%
3,8%
2,3%
0,8%
100%
-
-
2
-
-
-
-
-
-
-
-
42.8%
42.8%
14.3%
3
3
1
-
-
-
-
-
-
naquele momento
naquele momento
in quel momento
nel momento
3
1
3
1
2,3%
0,8%
2,3%
0,8%
-
-
-
-
-
-
-
-
75%
25%
3
1
-
-
-
-
neste momento
neste momento
in questo momento
in quel momento
3
2
3
2
2,3%
1,5%
2,3%
1,5%
33.3%
66.7%
1
2
100%
-
1
-
-
-
-
-
100%
-
1
-
à beira da
à beira da
a beira de
à beira de
à beira do
à beira do
a beira do
sull’orlo della
i
sulla soglia della
sull’orlo del
i
sullorlo di
i
sull’orlo dell’
i
sull’orlo del
i
all’orlo del
3
1
2
2
2
1
1
3
1
2
2
2
1
1
2,3%
0,8%
1,5%
1,5%
1,5%
0,8%
0,8%
2,3%
0,8%
1,5%
1,5%
1,5%
0,8%
0,8%
-
33,3%
-
33,3%
-
33,3%
-
-
1
-
1
-
1
-
37,5%
-
25,0%
12,5%
12,5%
-
12,5%
3
-
2
1
1
-
1
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
de vez em quando
de vez em quando
ogni tanto
di quando in quando
6
3
6
3
4,5%
2,3%
4,5%
2,3%
40%
60%
2
3
100%
-
1
-
-
-
-
-
100%
-
3
-
é claro
é claro
é claro
é claro
é claro
è chiaro
ovvio
ovviamente
è ovvio
nessuna meraviglia
4
2
1
1
1
4
2
1
1
1
3,0%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
3,0%
1,5%
0,8%
0,8%
0,8%
-
-
100%
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
1
-
100%
-
-
-
-
3
-
-
-
-
25%
50%
-
-
25%
1
2
-
-
1
por assim dizer per così dire 5 5 3,8% 3,8% 100% 4 - - 100% 1 - -
Total
132 132 100% 100% 46 26 42 18
148
FL na verdade
Apresentaremos, a seguir, os resultados por ordem de frequência. De acordo com as
tabelas 15 e 16, na verdade é a FL de maior frequência, com um total de 32 ocorrências nos
TOs. A tradução italiana Lf apresenta seis correspondentes para na verdade, i.e.: proprio (3;
42,8%), in verità (1; 14,3%), in realtà (1; 14,3%), veramente (1; 14,3%) e davvero (1;
14,3%). Por sua vez, a tradução italiana DS registra quatro correspondentes para na verdade:
per la verità (2; 40%), in realtà (1; 20%), in verità (1; 20%) e a onor del vero (1; 20%). a
obra traduzida Vc apresenta três correspondentes para na verdade: in realtà (9; 75%), in
verità (2; 16,7%) e nella veri(1; 8,3%). Por seu turno, a obra traduzida OS registra cinco
correspondentes para na verdade: per la verità (3; 37,5%), in verità (1; 12,5%), veramente
(1; 12,5%), infatti (1; 12,5%), nella realtà (1; 12,5%) e quasi (1; 12,5%). Não há omissão da
FL na verdade em OS. Das obras PC e Vc, extraímos um exemplo da mais alta frequência da
FL na verdade e sua tradução in realtà:
PC: Mas na verdade não enxergava tanto quanto ouvia dentro de si a vida (LISPECTOR,
[1944], 1990, p. 88).
Vc: Ma in realtà, più che guardar fuori, ascoltava la vita dentro di (LISPECTOR, [1977], 1993,
p. 73).
FL em verdade
Como pudemos notar por meio da tabela, a FL em verdade aparece somente uma vez
em LF como também em Lf (1; 100%), com o equivalente in verità. Abaixo, apresentamos o
exemplo:
LF: E se lhe estavam brilhantes e duros os olhos, se seus gestos eram etapas difíceis até
conseguir enfim atingir o paliteiro, em verdade por dentro estava-se até lá muito bem,
era-se aquela nuvem plena a se transladar sem esforço (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
13).
Lf: E se gli occhi erano lucidi e duri, e se i suoi gesti erano tappe faticose perfino per raggiungere
gli stuzzicadenti, in verità dentro si sentiva molto bene, era una nuvola gonfia che si muoveva
149
senza sforzo, le labbra turgide, i denti bianchi, e il vino che la gonfiava (LISPECTOR, [1986],
1994, p. 2).
FL ao mesmo tempo
No que tange à FL ao mesmo tempo (24; 18,9%), a obra traduzida Lf apresenta cinco
correspondentes para ao mesmo tempo: al tempo stesso (4; 36,4%), nello stesso tempo (3;
27,3%), al contempo (2; 18,2%), mentre (1; 9,1%) e nel medesimo tempo (1; 9,1%). Por sua
vez, a tradução italiana DS registra três correspondentes para ao mesmo tempo: al tempo
stesso (3; 60%), nello stesso tempo (1; 20%) e allo stesso tempo (1; 20%). Já a obra traduzida
Vc apresenta cinco correspondentes para ao mesmo tempo: allo stesso tempo (2; 28,6%),
contemporaneamente (2; 28,6%), insieme (1; 14,3%), alla volta (1; 14,3%) e nello stesso
momento (1; 14,3%). Por sua vez, a tradução italiana OS registra apenas um correspondente
para ao mesmo tempo: così come (1; 100%). Selecionamos frases de OE e DS a fim de
exemplificar a FL ao mesmo tempo e seu equivalente de maior frequência relativa, al tempo
stesso:
OE: A Sra. Xavier estava apenas um pouco espantada e ao mesmo tempo habituada
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 12).
DS: La signora Xavier era semplicemente un po' spaventata e, al tempo stesso, abituata
(LISPECTOR, 1994, p. 2).
FLs no meio d (a) / (as) / (e) / (o)
No tocante ao conjunto de FLs no meio d (a) / (as) / (e) / (o) (21; 16,6%), a tradução
italiana Lf apresenta seis correspondentes para no meio d (a) / (as) / (e) / (o): in mezzo al /
(la) (4; 44,4%), nel bel mezzo della (1; 11,1%), tra il (1; 11,1%), nel cuore della (1; 11,1%),
mentre (1; 11,1%) e nel mezzo della (1; 11,1%). Por sua vez, a obra traduzida DS registra três
correspondentes para no meio d (a) / (as) / (e) / (o): nel bel mezzo d(ella) / (i) (3; 60%), al
centro della (1; 20%) e in mezzo ai (1; 20%) . a tradução italiana PC apresenta cinco
equivalentes para no meio d (a) / (as) / (e) / (o): in mezzo a / (lla) (2; 33,4%), a mezzo della
150
(1; 16,7%), nella (1; 16,7%), nel mezzo del (1; 16,7%) e mentre (1; 16,7%). Por seu turno, a
obra traduzida OS registra apenas um correspondente para no meio d (a) / (as) / (e) / (o): sotto
una (1; 100%). Apresentamos abaixo os alinhamentos extraídos de OE e DS, com a FL no
meio da e sua tradução nel bel mezzo della:
OE: - D. Frozina, que coisa horrível a senhora cochilar no meio da reza deixando os
santos à toa! (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 68).
DS: "Donna Frozina, che cosa orribile appisolarsi nel bel mezzo della preghiera, piantando in
asso i santi!" (LISPECTOR, 1994, p. 24).
FL nesse momento
No que diz respeito à FL nesse momento (9; 7,1%), a tradução italiana Lf apresenta
somente um equivalente para nesse momento: in quel momento (2; 100%). Por sua vez, a
obra traduzida Vc registra três correspondentes para nesse momento: in quel momento (3;
42,8%), in questo momento (3; 42,8%) e adesso (1; 14,3%). os textos literários OE e HE
não apresentam a FL, bem como suas traduções para o italiano. Como exemplo, extraímos
abaixo um trecho de LF e Lf da FL nesse momento e seu equivalente in quel momento:
LF: Que nesse momento lhe estavam a acontecer cousas que só mais tarde iriam a doer
mesmo e a valer: quando ela voltasse ao seu tamanho comum, o corpo anestesiado
estaria a acordar latejando e ela iria a pagar pelas comilanças e vinhos (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 16).
Lf: Che in quel momento stavano accadendo cose che solo in seguito le avrebbero fatto
veramente male: quando avesse riacquistato le sue dimensioni normali il suo corpo
anestetizzato si sarebbe svegliato pulsando e lei avrebbe pagata caro l'abbuffata di cibo e di
vino (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 3).
FL naquele momento
Com refencia à FL naquele momento, apenas a tradução italiana Vc registra dois
correspondentes para naquele momento: in quel momento (3; 75%) e nel momento (1; 25%).
Abaixo, observamos um dos exemplos de maior frequência:
PC: E sobretudo a certeza asfixiante de que se um homem a abraçasse naquele momento
sentiria não a doçura macia nos nervos, mas o sumo de limão ardendo sobre eles, o
151
corpo como madeira próxima do fogo, vergada, estalante, seca (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 41-42).
Vc: E soprattutto la certezza asfissiante che se un uomo l'avesse abbracciata in quel momento,
avrebbe provato non il languido torpore dei suoi nervi, ma il succo di limone che vi bruciava
sopra, il corpo come un legno vicino al fuoco, ricurvo, scoppiettante, secco (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 32).
FL neste momento
No que tange à FL neste momento (5; 4%), a obra traduzida Lf apresenta dois
equivalentes para neste momento: in quel momento (2; 66,7%) e in questo momento (1;
33,3%). Por sua vez, as traduções italianas DS e OS registram apenas um equivalente para
neste momento: in questo momento (2; 100%). o texto literário PC como também sua
tradução para o italiano, Vc, não apresentam a FL neste momento e seu correspondente. Para
ilustrar, apresentamos abaixo a FL neste momento e sua tradução in questo momento em LF e
Lf:
LF: Mas, neste momento de tranquilidade, entre as espessas folhas do Congo Central, ela
o estava aplicando esse impulso numa ação - e o impulso se concentrara todo na
própria pequenez da própria coisa rara (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 74).
Lf: Ma, in questo momento di tranquillità, nel fitto fogliame della foresta del Congo Centrale, non
cedette a quest'impulso - esso si era interamente concentrato nella piccolezza stessa della
cosa rara (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 21).
FLs à beira d(a)/ (e) / (o)
No tocante ao conjunto de FLs à beira d(a)/ (e) / (o) (12; 9,5%), a obra traduzida Lf
registra dois correspondentes para à beira d(a)/ (e) / (o): sull’orlo d(i) / (el) (2; 66,6%) e sulla
soglia della (1; 33,3%). Por sua vez, a tradução italiana DS apresenta dois correspondentes
para à beira d(a)/ (e) / (o): sull’orlo d(ella) / (el) / (i) / (ell’) (7; 87,5%) e all’orlo del (1;
12,5%). o texto literário Vc registra apenas um equivalente para à beira d(a)/ (e) / (o):
sull’orlo dell’ (1; 100%). Por seu turno, a obra HE e sua tradução para o italiano OS não
apresentam nenhuma ocorrência do conjunto de FLs. Como exemplo, selecionamos abaixo
um excerto de OE e DS, da FL à beira da e seu equivalente sull’orlo della:
152
OE: Os que subiam estavam à beira da verdade (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 44).
DS: Coloro che salivano erano sull'orlo della veri(LISPECTOR, 1994, p. 14).
FL de vez em quando
No que diz respeito à FL de vez em quando (8; 6,3%), a tradução italiana Lf registra
dois equivalentes para de vez em quando: di quando in quando (3; 60%) e ogni tanto (2;
40%). Por sua vez, a obra traduzida DS apresenta somente um equivalente para de vez em
quando: ogni tanto (1; 100%). o romance PC e sua tradução para o italiano, Vc, não
registram nenhuma ocorrência da FL. Por seu turno, a obra traduzida OS apresenta um
equivalente para de vez em quando: ogni tanto (2; 100%). Para ilustrar, extraímos abaixo um
trecho de HE e OS da FL de vez em quando e sua tradução ogni tanto:
HE: Nós éramos muito unidas e só de vez em quando eu me atracava com uma (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 92).
OS: Eravamo molto unite, e solo ogni tanto venivo alle mani con questa o quest'altra
(LISPECTOR, 1989, p. 80).
FL é claro
Com referência à FL é claro (7; 5,5%), a tradução italiana Lf registra apenas um
correspondente para é claro: ovviamente (1; 100%). Por sua vez, a obra traduzida DS
apresenta somente um correspondente para é claro: è ovvio (1; 100%). a tradução italiana
Vc registra apenas um equivalente para é claro: è chiaro (2; 100%). Por sua vez, a obra
traduzida OS apresenta dois correspondentes para é claro: ovvio (2; 66,7%) e è chiaro (1;
33,3%). Para exemplificar, abaixo encontram-se excertos de PC e Vc:
PC: É claro: mortalidade como alma distinta e raciocinante, impossibilidade clara da
forma pura dos anjos de S. Tomaz (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 138).
Vc: È chiaro: mortalità come anima distinta e raziocinante, impossibilità evidente della forma pura
degli angeli di san Tommaso (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 118).
FL por assim dizer
153
No que tange à FL por assim dizer (5; 3,9%), a tradução italiana Lf registra apenas um
equivalente para por assim dizer: per così dire (4; 100%). Já o conto OE e sua tradução para
o italiano, DS, o apresentam nenhuma ocorrência da FL. Por sua vez, a obra traduzida Vc
registra apenas um equivalente para por assim dizer: per così dire (1; 100%). Por seu turno, o
romance HE e sua tradução para o italiano, OS, não apresentam nenhuma incidência da FL.
Como exemplo, extraímos abaixo um trecho de LF e Lf da FL por assim dizer e seu
equivalente per così dire:
LF: Carlota ambiciosa e rindo com força: ela, Laura, um pouco lenta, e por assim dizer
cuidando em se manter sempre lenta; Carlota não vendo perigo em nada. E ela
cuidadosa (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 35-36).
Lf: Carlota ambiziosa e facile al riso; lei, Laura, un tantino lenta, e per così dire attenta a
mantenersi perennemente lenta. Carlota che non trova mai nulla pericoloso, e lei apprensiva
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 14).
No tocante ao comportamento linguístico das duas tradutoras consideradas
individualmente, notamos que todas as FLs, excluindo a última, por assim dizer, apresentam
mais de uma opção de tradução nos TTs, as quais foram consideradas variações. Observando
as traduções da FL na verdade, averiguamos que Lf (62,5%) e OS (62,5%) registram uma
variação maior, se comparadas à DS (60%) e Vc (25%). Com refencia à omissão, nenhuma
das obras apresentam ocorrências.
Observando cuidadosamente as traduções da FL ao mesmo tempo, notamos que Vc
(71,5%) apresenta a maior variação, se comparada à Lf (63,7%) e DS (40%). A obra OS não
registra variação, por haver apenas uma incincia da FL traduzida.
Verificando as traduções do conjunto de FLs no meio d(a)/(as)/(e)/(o), observamos
que Vc (83,4%) apresenta a mais alta variação, se comparada à Lf (77,8%) e DS (60%). Por
sua vez, a obra traduzida OS não registra variação, por registrar apenas uma ocorrência da FL
traduzida.
154
No que diz respeito às traduções da FL nesse momento, notamos que Vc (57,1%)
registra o maior nível de variação. Por sua vez, o conto Lf não apresenta variação na tradução
da FL e as obras DS e OS não registram nenhuma incincia da FL, tampouco seus
respectivos originais.
Com referência às traduções de naquele momento, observamos que apenas Vc (4;
100%) apresenta ocorrências da FL traduzida, registrando uma variação em seu
correspondente tradutório. Os textos literários Lf, DS e OS não apresentam nenhuma
incidência da FL traduzida, tampouco seus respectivos originais.
Analisando atentamente as traduções de neste momento, observamos que Lf (33,3%)
registra o maior nível de variação, se comparada às obras DS e OS, que não apresentam
variação, por registrar apenas uma ocorrência da FL traduzida. Já o romance Vc não apresenta
nenhuma ocorrência da FL traduzida, tampouco seu respectivo original.
Observando as traduções do conjunto de FLs à beira d(a)/(e)/(o), notamos que Lf
(66,6%) registra o maior nível de variação, se comparada à DS (62,5%). Por sua vez, a obra
literária Vc não apresenta variação, por haver apenas uma incidência da FL traduzida. Já o
romance OS não apresenta nenhuma ocorrência da FL traduzida.
Conferindo cuidadosamente as traduções da FL de vez em quando, observamos que
apenas Lf (40%) apresenta variação. o conto DS não registra variação, por apresentar
apenas uma incincia da FL traduzida. Embora o romance OS registre 2 ocorrências da FL
traduzida, não apresenta variação (ogni tanto). Por seu turno, o conto Vc não registra
nenhuma ocorrência da FL traduzida.
No que tange às traduções da FL é claro, notamos que somente OS (33,3%) registra
variação. As obras Lf e DS não apresentam variação, por apresentar apenas uma incidência da
155
FL traduzida. Embora Vc registre 2 ocorrências da FL traduzida, apresentam a mesma opção
(è chiaro), sem variação.
Por meio de nossa análise dos TTs examinados conjuntamente, sugerimos que a
tradutora Rita Desti, em Vc, registra a mais alta frequência de variação (14; 11,1%) na
tradução do conjunto de FLs nesse momento (4; 3,2%), ao mesmo tempo (5; 3,9%), no meio
d(a)/(as)/(e)/(o) (4; 3,2%) e naquele momento (1; 0,8%), quando comparada à Adelina Aletti
em Lf (4; 3,2%), que apresenta a mais alta freqncia de variação na tradução do conjunto de
FLs neste momento (1; 0,8%), à beira d(a)/(e)/(o) (1; 0,8%) e de vez em quando (2; 1,6%) e
em DS (3; 2,4%), que registra a mais alta frequência de variação na tradução da FL na
verdade, bem como em OS (1; 0,8%), que apresenta a mais alta frequência de variação na
tradução da FL é claro.
5.3.4 Análise de FLs nos 4 TTs para o italiano por Aletti e Desti, em relação aos
respectivos TOs de Lispector
Após comentar as ocorrências de FLs traduzidas, com refencia aos seus respectivos
TTs, abordaremos os resultados obtidos com relação às FLs adicionadas ou omitidas nos TTs.
Apresentamos os resultados por ordem decrescente de frequência absoluta e relativa, para a
análise das FLs, conforme tabelas 17 e 18 a seguir.
156
Tabela 17 - Distribuição absoluta de FLs analisadas individualmente nos quatro TTs e TOs
FLs nos TTs
FLs nos TOs
Freq. Abs.
nos TTs
Freq. Abs. nos
TOs
Freq. Abs. em
Lf
Freq. Abs.
em LF
Freq. Abs. em DS Freq. Abs. em OE Freq. Abs. em Vc Freq. Abs. em
PC
Freq. Abs. em
OS
Freq. Abs. em
HE
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
então
nesse momento
naquele momento
neste momento
enquanto isso
nesse instante
mas eis que
agora
neste mesmo instante
agora mesmo
já
neste instante
naquele instante
12
5
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
8
5
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
5
2
-
2
2
1
1
1
1
1
1
-
-
4
2
-
2
2
1
1
1
1
1
1
-
-
2
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
5
3
3
-
-
1
-
-
-
-
-
1
1
2
3
3
-
-
1
-
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
nesse momento
neste momento
nesta hora
neste instante
agora
por enquanto
neste instante mesmo
3
3
1
1
1
1
1
3
3
1
1
1
1
1
-
1
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
3
-
-
-
-
-
-
3
-
-
-
-
-
-
-
1
-
1
1
1
1
-
1
-
1
1
1
1
in quale momento em que momento 2 2 2 2 - - - - - -
in mezzo al
in mezzo al
in mezzo alle
in mezzo alle
in mezzo alle
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo ai
in mezzo ai
in mezzo ai
in mezzo agli
no meio da
a
entre os
entre
entre as
no meio da
no meio de
de dentro do
no meio do
no centro da
entre
a
no meio
no meio do
em
naquelas
no centro dos
no meio das
entre
entre os
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
2
1
1
1
1
1
-
-
1
1
-
-
-
-
1
-
-
1
2
1
2
1
1
1
1
1
-
-
1
1
-
-
-
-
1
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
1
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
1
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
-
-
-
-
in realtà
in realtà
in realtà
in realtà
na verdade
realmente
na realidade
em realidade
11
4
4
1
11
4
4
1
1
1
1
-
1
1
1
-
1
1
1
1
1
1
1
1
9
2
2
-
9
2
2
-
-
-
-
-
-
-
-
-
ogni tanto
ogni tanto
ogni tanto
ogni tanto
ogni tanto
de vez em quando
uma vez ou outra
às vezes
uma vez por outra
aqui e ali
5
3
3
1
1
5
3
3
1
1
2
-
-
-
-
2
-
-
-
-
1
-
-
1
-
1
-
-
1
-
-
3
3
-
1
-
3
1
-
1
2
-
-
-
-
2
-
-
-
-
sullorlo della
sull’orlo del
sull’orlo del
sull’orlo del
sull’orlo di
sull’orlo dell
à beira da
à beira de
à beira do
quase
à beira de
à beira do
3
2
1
1
2
2
3
2
1
1
2
2
-
-
1
-
1
-
-
-
1
-
1
-
3
2
-
1
1
1
3
2
-
1
1
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
allorlo del
all’orlo della
à beira do
na orla da
1
1
1
1
-
-
-
-
1
1
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
al tempo stesso
al tempo stesso
al tempo stesso
ao mesmo tempo
a um tempo
simultaneamente
7
1
1
7
1
1
4
-
-
4
-
-
3
-
-
3
-
-
-
1
1
-
1
1
-
-
-
-
-
-
nello stesso tempo ao mesmo tempo 4 3 3 2 1 1 - - - -
allo stesso tempo ao mesmo tempo 3 3 - - 1 1 2 2 - -
per così dire
per così dire
por assim dizer
assim
5
1
5
1
4
1
4
1
-
-
-
-
1
-
1
-
-
-
-
-
è chiaro é claro 3 3 - - - - 2 2 1 1
Total
140 135 53 51 29 29 48 45 10 10
157
Tabela 18 - Distribuição relativa de FLs analisada individual e conjuntamente nos quatro TTs e TOs
FLs nos TTs FLs nos TOs
Freq. Abs.
Total de FLs
nos TTs
Freq. Abs.
Total de FLs
nos TOs
Freq. Rel.
Total de FLs
nos TTs
Freq. Rel.
Total de FLs
nos TOs
Freq. Abs. de
FLs
traduzidos
Freq. Rel. de
FLs
traduzidos.
Freq. Abs. de
FLs adicionados
Freq. Rel. de
FLs
adicionados
Freq. Abs.
de FLs
omitidos
Freq. Rel.
de FLs
omitidos
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
in quel momento
então
nesse momento
naquele momento
neste momento
enquanto isso
nesse instante
mas eis que
agora
neste mesmo instante
agora mesmo
já
neste instante
naquele instante
12
5
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
8
5
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
8,9%
3,7%
2,2%
1,5%
1,5%
1,5%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
5,9%
3,7%
2,2%
1,5%
1,5%
1,5%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
8
5
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
28,6%
17,9%
10,7%
7,1%
7,1%
7,1%
3,6%
3,6%
3,6%
3,6%
3,6%
3,6%
3,6%
4
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
3,0%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
in questo momento
nesse momento
neste momento
nesta hora
neste instante
agora
por enquanto
neste instante mesmo
3
3
1
1
1
1
1
3
3
1
1
1
1
1
2,2%
2,2%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
2,2%
2,2%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
3
3
1
1
1
1
1
27,3%
27,3%
9,1%
9,1%
9,1%
9,1%
9,1%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
in quale momento em que momento 2 2 1,5% 1,5% 2 100% - - - -
in mezzo al
in mezzo al
in mezzo alle
in mezzo alle
in mezzo alle
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo alla
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo a
in mezzo ai
in mezzo ai
in mezzo ai
in mezzo agli
no meio da
i
a
ii
entre os
iii
entre
iii
entre as
iii
no meio da
i
no meio de
i
de dentro do
no meio do
i
no centro da
iiii
entre
iii
a
ii
no meio
i
no meio do
i
em
naquelas
no centro dos
iiii
no meio das
i
entre
iii
entre os
iii
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1,5%
0,7%
1,5%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
1,5%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
1,5%
0,7%
1,5%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
1,5%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
8,7%
4,3%
8,7%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
8,7%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
4,3%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
in realtà
in realtà
in realtà
in realtà
na verdade
realmente
na realidade
em realidade
11
4
4
1
11
4
4
1
8,1%
3,0%
3,0%
0,7%
8,1%
3,0%
3,0%
0,7%
11
4
4
1
55,0%
20,0%
20,0%
5,0%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
ogni tanto
ogni tanto
ogni tanto
ogni tanto
ogni tanto
de vez em quando
uma vez ou outra
às vezes
uma vez por outra
aqui e ali
5
3
3
1
1
5
3
3
1
1
3,7%
2,2%
2,2%
0,7%
0,7%
3,7%
2,2%
2,2%
0,7%
0,7%
5
3
3
1
1
38,5%
23,1%
23,1%
7,7%
7,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
sull’orlo della
sull’orlo del
sull’orlo del
sull’orlo del
sull’orlo di
sull’orlo dell’
à beira da
i
à beira de
i
à beira do
i
quase
à beira de
i
à beira do
i
3
2
1
1
2
2
3
2
1
1
2
2
2,2%
1,5%
0,7%
0,7%
1,5%
1,5%
2,2%
1,5%
0,7%
0,7%
1,5%
1,5%
3
2
1
1
2
2
27,3%
18,2%
9,1%
9,1%
18,2%
18,2%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
all’orlo del
all’orlo della
à beira do
na orla da
1
1
1
1
0,7%
0,7%
0,7%
0,7%
1
1
50,0%
50,0%
-
-
-
-
-
-
-
-
al tempo stesso
al tempo stesso
al tempo stesso
ao mesmo tempo
a um tempo
simultaneamente
7
1
1
7
1
1
5,2%
0,7%
0,7%
5,2%
0,7%
0,7%
7
1
1
77,8%
11,1%
11,1%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
nello stesso tempo ao mesmo tempo 4 3 3,0% 2,2% 3 75,0% 1 0,7% - -
allo stesso tempo ao mesmo tempo 3 3 2,2% 2,2% 3 100% - - - -
per così dire
per così dire
por assim dizer
assim
5
1
5
1
3,7%
0,7%
3,7%
0,7%
5
1
83,3%
16,7%
-
-
-
-
-
-
-
-
è chiaro é claro 3 3 2,2% 2,2% 3 100% - - - -
Total
140 135 103,7% 100,0%
135
5 3,7% 0 0%
158
FL in quel momento
Apresentaremos os resultados por ordem de frequência. De acordo com as tabelas 17 e
18, in quel momento é a FL traduzida com a mais alta frequência, com um total de 33
ocorrências nos TTs, sendo 29 (100%) traduções e 4 (13,7%) adições. A mais alta frequência
encontra-se como tradução da FL então (8; 28,6%). No conto Lf, a FL in quel momento (16;
100%) é o correspondente de tradução para: então (4; 25%), nesse momento (2; 13%), neste
momento (2; 13%), enquanto isso (2; 13%), nesse instante (1; 6%), mas eis que (1; 6%),
agora (1; 6%), (1; 6%), neste mesmo instante (1; 6%) e agora mesmo (1; 6%). Por sua vez,
no conto DS, a FL in quel momento é o correspondente de tradução para: então (2; 100%).
no romance Vc, a FL in quel momento (11; 100%) é o correspondente de tradução para: nesse
momento (3; 27,3%), naquele momento (3; 27,3%), então (2; 18,2%), nesse instante (1;
9,1%), neste instante (1; 9,1%) e naquele instante (1; 9,1%). Por seu turno, o romance HE e
sua tradução para o italiano, OS, não apresentam nenhuma ocorrência da FL. Das obras Lf e
LF, extraímos um exemplo da tradução in quel momento e da FL então:
Lf: E in quel momento la porta d'ingresso si chiuse (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 13).
LF: E então a porta da rua bateu (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 49).
FL in questo momento
No tocante à FL traduzida in questo momento (11; 100%), as frequências mais altas
encontram-se como tradução de nesse momento (3; 27,3%) e neste momento (3; 27,3%). No
conto Lf, a FL in questo momento é o equivalente na tradução para: neste momento (1;
100%). Por sua vez, no conto DS, a FL in questo momento (2; 100%) é o correspondente para
a tradução de: neste momento (1; 50%) e nesta hora (1; 50%). no romance Vc, a FL in
questo momento é o equivalente na tradução para: nesse momento (3; 100%). Por seu turno,
no romance OS, a FL in questo momento (5; 100%) é o correspondente para a tradução de:
neste momento (1; 20%), neste instante (1; 20%), agora (1; 20%), por enquanto (1; 20%) e
159
neste instante mesmo (1; 20%). Selecionamos, abaixo, das obras Vc e PC, um trecho do
equivalente da tradução in questo momento e a FL nesse momento:
Vc: In questo momento la mia ispirazione mi fa male in tutto il corpo (LISPECTOR, [1977],
1993, p. 64).
PC: Nesse momento minha inspiração doi em todo o meu corpo (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 78-79).
FL in quale momento
No que diz respeito à FL traduzida in quale momento (2; 100%), a mais alta frequência
encontra-se como tradução da FL em que momento (2; 100%). Por sua vez, no conto Lf, a FL
in quale momento é o correspondente na tradução para: em que momento (2; 100%). Os textos
literários OE, PC e HE não apresentam a FL, tampouco suas respectivas traduções para o
italiano. Das obras Lf e LF, extraímos um exemplo da tradução in quale momento e da FL em
que momento:
Lf: In quale momento mai una madre, stringendo il suo bambino, gli dava quella prigione
d'amore che si sarebbe per sempre abbattuta sul futuro uomo? (LISPECTOR, [1986], 1994,
p. 30).
LF: Em que momento é que a mãe, apertando uma criança, dava-lhe esta prisão de amor
que se abateria para sempre sobre o futuro homem (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 101).
FLs in mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli)
Com referência ao conjunto de FLs in mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli) (23; 100%), as
mais altas frequências encontram-se como traduções do conjunto de FLs entre (os) / (as) (8;
34,8%) e no meio (da) / (de) / (do) / (das) (8; 34,8%). No conto Lf, o conjunto de FLs in
mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli) (14; 100%) é o correspondente de tradução para: entre (os) / (as)
(6; 42,8%), no meio d(a) / (e) (4; 28,6%), a (2; 14,3%), de dentro do (1; 7,1%) e no centro dos
(1; 7,1%). Por sua vez, no conto DS, o conjunto de FLs in mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli) (4;
100%) é o correspondente na tradução de: entre (2; 50%) e no meio (das) (2; 50%). no
romance Vc, o conjunto de FLs in mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli) (3; 100%) é o correspondente
de tradução para: no meio do (2; 66,7%) e no centro da (1; 33,3%). Por seu turno, no romance
160
OS, o conjunto de FLs in mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli) (2; 100%) é o correspondente para a
tradução de: em (1; 50%) e naquelas (1; 50%). Extraímos, abaixo, frases de DS e OE a fim de
exemplificar a tradução in mezzo a e a FL entre:
DS: Ma uno di loro batteva con lo zoccolo - e quel breve colpo spezzava la vigilia: fustigati, si
muovevano di colpo alacri, incrociandosi senza mai scontrarsi, e il cavallo bianco si perdeva
in mezzo a loro (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 13).
OE: Mas um deles batia o casco - e a breve pancada quebrava a vigília: fustigados moviam-
se de súbito álacres, entrecruzando-se sem jamais se esbarrarem e entre eles se perdia
o cavalo branco (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 40).
FL in realtà
No que tange à FL traduzida in realtà (20; 100%), a mais alta frequência encontra-se
como tradução de na verdade (7; 30,4%). No conto Lf, a FL in realtà (3; 100%) é o
correspondente na tradução para: na verdade (1; 33,3%), realmente (1; 33,3%) e na realidade
(1; 33,3%). Por sua vez, no conto DS, a FL in realtà (4; 100%) é o correspondente na
tradução para: na verdade (1; 25%), realmente (1; 25%), na realidade (1; 25%) e em
realidade (1; 25%). no romance Vc, a FL in realtà (3; 100%) é o correspondente na
tradução para: na verdade (1; 33,3%), realmente (1; 33,3%) e na realidade (1; 33,3%). Por
seu turno, o romance HE não apresenta a FL, tampouco sua tradução para o italiano. O
exemplo da tradução in realtà e da FL na verdade encontra-se na página 148.
FL ogni tanto
Com referência à FL traduzida ogni tanto (13; 100%), a mais alta frequência registra-
se com de vez em quando (5; 38,5%). No conto Lf, a FL ogni tanto é o equivalente na
tradução de: de vez em quando (2; 100%). Por sua vez, no conto DS, a FL ogni tanto (2;
100%) é o correspondente na tradução de: de vez em quando (1; 50%) e uma vez por outra (1;
50%). no romance Vc, a FL ogni tanto (7; 100%) é o correspondente para a tradução de:
uma vez ou outra (3; 42,8%), às vezes (3; 42,8%) e aqui e ali (1; 14,3%). Por seu turno, no
romance OS, a FL ogni tanto é o correspondente na tradução de: de vez em quando (2; 100%).
161
O trecho da tradução ogni tanto e da FL de vez em quando apresenta-se na página 152.
FLs sull’orlo d(el)/(ella)/(i)/(ell’)
Observando o conjunto de FLs sull’orlo d(el)/(ella)/(i)/(ell’) (11; 100%), a mais alta
frequência encontra-se como tradução do conjunto de FLs à beira d(e)/(a)/(o) (10; 90,9%).
No conto Lf, o conjunto de FLs sull’orlo d(el)/(ella)/(i)/(ell’) é o equivalente na tradução de:
à beira d(o)/(e) (2; 100%). Por sua vez, no conto DS, o conjunto de FLs sull’orlo
d(el)/(ella)/(i)/(ell’) (8; 100%) é o correspondente na tradução para: à beira d(a)/(e)/(o) (7;
87,5%) e quase (1; 12,5%). no romance Vc, o conjunto de FLs sull’orlo
d(el)/(ella)/(i)/(ell’) é o equivalente na tradução para: à beira do (1; 100%). Por seu turno, o
romance HE, como tamm sua tradução para o italiano, OS, não apresentam nenhuma
ocorrência da FL. Abaixo, encontram-se alinhamentos extraídos de DS e OE, com a tradução
sull’orlo del e a FL à beira de:
DS: Oh, cane, dovla tua anima? È sull'orlo del tuo corpo? Io sono sull'orlo del mio corpo. E
appassisco, lentamente (LISPECTOR, 1994, p. 25).
OE: Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu
corpo. E feneço lentamente (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 71).
FL al tempo stesso
No que tange à FL al tempo stesso (9; 100%), a mais alta frequência encontra-se como
tradução de ao mesmo tempo (7; 77,8%). No conto Lf, a FL al tempo stesso é o
correspondente na tradução para: ao mesmo tempo (4; 100%). Por sua vez, no conto DS, a FL
al tempo stesso é o correspondente na tradução de: ao mesmo tempo (3; 100%). Já no romance
Vc, a FL al tempo stesso (2; 100%) é o correspondente na tradução de: a um tempo (1; 50%) e
simultaneamente (1; 50%). Por seu turno, o romance HE e sua tradução para o italiano, OS,
não apresentam a FL, como também sua tradução. O exemplo do correspondente al tempo
stesso e da FL ao mesmo tempo encontra-se na página 149.
FL nello stesso tempo
162
No tocante à FL traduzida nello stesso tempo, com um total de 4 ocorrências nos TTs,
sendo 3 (100%) traduções e 1 (33,3%) adição, notamos que é utilizada como tradução da FL
ao mesmo tempo em 3 ocorrências. No conto Lf, a FL nello stesso tempo é o correspondente
da tradução para ao mesmo tempo (2; 100%). Por sua vez, o conto DS, a FL nello stesso
tempo é o correspondente de tradução para ao mesmo tempo (1; 100%). os romances Vc e
OS não apresentam nenhuma ocorrência da FL traduzida. Das obras Lf e LF, extraímos um
exemplo da tradução nello stesso tempo e da FL ao mesmo tempo:
Lf: E nello stesso tempo, che sensibilità!, che sensibilità! Guardando il quadro così ben dipinto
del ristorante sentiva immediatamente la sua sensibilità artistica (LISPECTOR, [1986], 1994,
p. 2).
LF: Ao mesmo tempo, que sensibilidade! mas que sensibilidade! quando olhava o quadro
tão bem pintado do restaurante ficava logo com sensibilidade artística (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 14).
FL per così dire
No que diz respeito à FL traduzida per così dire (6; 100%), a mais alta frequência é
registrada como tradução de por assim dizer (5; 83,3%). No conto Lf, a FL per così dire (4;
100%) é o correspondente de tradução para: por assim dizer (4; 80%) e assim (1; 20%). Por
sua vez, no romance Vc, a FL per così dire é o correspondente na tradução para: por assim
dizer (1; 100%). Os textos literários OE e HE não apresentam nenhuma ocorrência da FL,
tampouco suas respectivas traduções para o italiano. O trecho da tradução per così dire e da
FL por assim dizer apresenta-se na página 153.
FL è chiaro
Observando a FL traduzida è chiaro (3; 100%), notamos que é utilizada como
tradução da FL é claro em todas as ocorrências. No romance Vc, a FL è chiaro é o
equivalente de tradução para: é claro (2; 100%). Por sua vez, no romance OS, a FL è chiaro é
o correspondente de tradução para: é claro (1; 100%). Os contos LF e OE e suas respectivas
163
traduções para o italiano, Lf e DS, não apresentam nenhuma incidência da FL. Uma ilustração
do equivalente na tradução è chiaro e da FL é claro está registrada na página 152.
Pudemos notar que todas as FLs nos TOs foram traduzidas nos TTs. No que diz
respeito à adição, observamos que as FLs in quel momento (4; 3%) e nello stesso tempo (1;
0,7%) foram adicionadas nos TTs. Com relação à FL in quel momento, foi adicionada em Lf e
Vc pelas duas tradutoras, respectivamente, Adelina Aletti (1; 0,7%) e Rita Desti (3; 2,3%).
Por sua vez, a FL nello stesso tempo foi adicionada em Lf, por Aletti (1; 0,7%). Com
referência à omissão, como pudemos notar na análise anterior, apenas a FL na verdade (1;
0,8%) foi omitida por Aletti em OS.
No tocante à adição nos TTs, pudemos notar que Vc (3; 2,3%), traduzida por Desti,
apresenta a mais alta frequência absoluta e relativa, no que diz respeito à FL traduzida in quel
momento, quando comparada à Lf (1; 0,7%), traduzida por Aletti.
No que tange à omissão, verificamos que não houve nenhuma ocorrência nos TTs para
o italiano.
Baseando-se nos TTs examinados conjuntamente, nota-se que Rita Desti, em Vc (14;
11,1%), registra a mais alta frequência absoluta e relativa de variação no conjunto de FLs
nesse momento (4; 3,2%), ao mesmo tempo (5; 3,9%), no meio d(a)/(as)/(e)/(o) (4; 3,2%) e
naquele momento (1; 0,8%) e apresenta a mais alta frequência absoluta e relativa de adição
em Vc (3; 2,3%).
Nesta análise, utilizamos quatro TOs e quatro TTs de Clarice Lispector, entre eles,
dois romances (PC => Vc e HE => OS) e dois contos (LF => Lf e OE => DS). Pudemos
notar que as mais altas frequências de variação, omissão e adição foram encontradas nos
romances traduzidos Vc e OS. No que concerne à variação e à adição, isto já era esperado,
uma vez que os romances apresentam uma extensão maior (72.565 itens) do que os contos Lf
e DS (62.451 itens). Se o texto é mais comprido, o tradutor pode ter a oportunidade de variar
164
seu uso de palavras e/ou adicionar palavras, quando comparado a um texto mais curto, no qual
o tradutor tende a ser mais restrito ao texto, a fim de não estender sua tradução.
Se olharmos com atenção a tabela 17 (p. 156), podemos notar que Clarice Lispector
também emprega variação em seus textos literários, quando comparados às suas respectivas
FLs traduzidas. No conto Lf (21; 15,6%), o conjunto de FLs in quel momento (12; 8,9%), in
mezzo a(l)/(lle)/(lla)/(i)/(gli) (8; 5,9%) e per così dire (1; 0,8%) são os correspondentes de
tradução de mais alta frequência de variação, quando comparado à DS (4; 3%): in realtà (3;
2,2%) e sull’orlo d(ella)/(el)/(i)/(ell’) (1; 0,8%), Vc (5; 3,7%): ogni tanto (4; 3%) e al tempo
stesso (1; 0,7%) e OS (4; 3%): in questo momento.
Sugerimos, comparando TOs e TTs, que o padrão observado nas FLs traduzidas, com
referência à variação (17,5%), adição (3,7%) e omissão (0%), é parecido com o padrão
encontrado nas FLs nos TOs, no que diz respeito à variação (25,3%). No que tange à análise
da razão forma/item padronizada, subitem 5.1 (p. 77), notamos que os dados vão ao encontro
dos resultados encontrados nesta seção, com relação à adição, uma vez que os TTs para o
italiano possuem um número maior de itens, se comparados aos respectivos TOs, indicando
que os tradutores fizeram uso da explicitão. No tocante à omissão, os resultados desta
investigação o vão ao encontro da referida análise, uma vez que a razão forma/item
padronizada presente nos TTs para o inglês é menor do que a razão forma/item padronizada
registrada nos TTs para o italiano, sugerindo que os tradutores para o inglês fizeram uso da
simplificação, se comparada aos dados da razão forma/item padronizada apresentada nos TTs
para o italiano. Porém, no que diz respeito à variação, percebe-se que os dados da referida
tabela não vão ao encontro dos resultados obtidos nesta seção, uma vez que a razão
forma/item padronizada dos TTs para o italiano é maior que a razão forma/item padronizada
dos respectivos TOs, indicando uma maior variação vocabular nos TTs para o italiano, se
comparados aos respectivos TOs.
165
Quanto à variação nos TTs examinados conjuntamente nesta seção, observamos que
há uma diferença de 7,8%, quando comparamos a frequência de variação nos TOs e TTs.
5.3.5 Análise de FLs nos 4 TTs para o inglês e italiano, respectivamente por
Pontiero e Levitin, bem como Aletti e Desti, em relação aos TOs de Lispector
Nesta subseção, baseada na averiguação de linhas de concordância, analisamos as
frequências absolutas das FLs nos TTs, fornecendo exemplos das frequências mais altas e
baixas das variações, adições e omissões dos tradutores. Como podemos notar por meio das
frequências absolutas das FLs especificadas na tabela 11 (p. 126), os tradutores Giovanni
Pontiero e Alexis Levitin apresentam variações e omissões, bem como as tradutoras Adelina
Aletti e Rita Desti, na tabela 15 (p. 146). Com referência à tabela 13 (p. 138), podemos notar,
por meio das frequências absolutas das FLs, que os tradutores Giovanni Pontiero e Alexis
Levitin registram adição em seus TTs, bem como as tradutoras Adelina Aletti e Rita Desti, na
tabela 17 (p. 156). Iniciaremos nossa análise por meio das variações encontradas entre as
obras literárias originalmente escritas em português e suas traduções para o inglês e italiano,
bem como das opções empregadas pelos tradutores e pela autora. A seguir, efetuaremos nosso
estudo em relação ao maior uso de FLs nas obras literárias originalmente escritas em
português e suas traduções para o inglês e italiano. Por fim, analisaremos o menor uso de FLs
nas obras literárias originalmente escritas em português e suas traduções para o inglês e
italiano.
5.3.5.1 Investigação de variação de FLs nos TTs em inglês e italiano, em relação aos
respectivos TOs de Clarice Lispector, baseada na análise de linhas de concordância
Introduzimos, abaixo, a frequência relativa de variação nos TTs, bem como a variação
observada nos quatro tradutores conjuntamente:
Porcentagem de variação nos TTs Variação nos quatro tradutores
(1) HS => 53,3% (romance) (Pontiero) (1) Desti (Vc) => 40,5%
(2) NH=> 39% (romance) (Pontiero) (2) Pontiero (FT; NH; HS) => 39%
166
(3) FT => 36,4% (conto) (Pontiero) (3) Aletti (Lf; DS; OS) => 38,2%
(4) WW => 34,6% (conto) (Levitin) (4) Levitin (WW) => 34,6%
(1) Lf => 43,5% (conto) (Aletti)
(2) Vc => 40,5% (romance) (Desti)
(3) OS => 35,3% (romance) (Aletti)
(4) DS => 30,8% (conto) (Aletti)
A variação foi analisada de três maneiras diferentes, como explicitado na seção 5.2.5.1
(p. 112). A frequência mais alta de variação foi registrada na FL na verdade, com os
correspondentes de tradução truly e per la verità. Introduzimos, abaixo, os dois exemplos
selecionados do romance HE:
HE: Na verdade ela parecia ter nascido de uma ideia vaga qualquer dos pais famintos
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 75).
HS: Truly she seemed to have been conceived from some vague notion in the minds of starving
parents (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 57).
HE: Na verdade - para que mais que isso? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 38).
OS: E, per la verità, - perché più di tanto? (LISPECTOR, 1989, p. 23).
As frequências mais baixas de variação em FLs nas traduções observadas
conjuntamente foram registradas nas FLs nesse momento, com o correspondente de tradução
at that moment e neste momento, com in quel momento, nas traduções das obras PC e LF.
Como exemplos das frequências mais baixas de variação nas traduções das FLs nesse
momento, para o inglês, e neste momento, para o italiano, extraímos as linhas abaixo:
PC: E num momento de angústia, dentre tantos amigos - e mesmo você, que eu não sabia
por onde andava - nesse momento pensava nela (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 36).
NH: And in a moment of anguish, from among so many friends - even you, for I didn't know
where you were - at that moment I thought of her (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 25).
LF: Estava muito bonita neste momento, tão elegante; integrada na sua época e na
cidade onde nascera como se a tivesse escolhido (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 98).
Lf: In quel momento era proprio bella, così elegante; in armonia con la propria epoca e con la
città dov'era nata, come se l'avesse scelta (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 30).
Analisando individualmente as obras traduzidas, isto é, investigando a frequência mais
alta e baixa de variação em FLs nas traduções observadas individualmente, o romance HS,
traduzido por Pontiero, aparece em primeiro lugar (53,3%), com relação à frequência mais
alta de variação. A frequência mais baixa de variação nas traduções para o inglês foi
167
registrada no conto WW (34,6%), traduzido por Levitin. Nas traduções para o italiano, o
conto Lf (43,5%), traduzido por Aletti, apresenta a frequência mais alta de variação. A
frequência mais baixa de variação foi registrada no conto DS (30,8%), traduzido por Aletti.
Com relação à variação observada nos quatro tradutores conjuntamente, a frequência
mais alta de variação em FLs foi apresentada na obra traduzida por Desti (41,5%) e a
frequência mais baixa de variação em FLs foi registrada no conto WW, traduzido por Levitin
(34,6%), deixando, respectivamente, Pontiero (39%): FT, NH e HS e Aletti (38,2%) nos
segundos e terceiros lugares, no tocante à variação em FLs.
Em suma, os resultados da análise de variação nos TTs mostram que as traduções para
o inglês (39,3%), analisadas conjuntamente, apresentam uma média de frequência maior de
variação, se comparados às traduções para o italiano (36,8%). Além disso, independentemente
da ngua-alvo, as traduções dos romances HS e NH (46,1%), bem como Vc e OS (37,9%),
observadas conjuntamente, apresentam uma variação relativamente maior quando comparadas
às traduções dos contos FT e WW (35,5%), bem como Lf e DS (37,1%). Por outro lado, se
observamos a variação nos quatro tradutores examinada conjuntamente, podemos notar que as
tradutoras italianas Desti e Aletti (39,3%) registram uma frequência maior de variação quando
comparadas aos tradutores para o inglês Pontiero e Levitin (36,8%). Estes resultados indicam
certa variabilidade, isto é, um distanciamento razoável entre traduções, seja pertencendo ao
mesmo gênero, e entre tradutores, seja traduzindo para a ngua inglesa ou italiana. A única
exceção ocorre nos TTs para o italiano, que não possuem um grande distanciamento entre os
contos (37,1%) e romances (37,9%) traduzidos, no que diz respeito à porcentagem de
variação nos TTs.
5.3.5.2 Investigação de adição nas FLs nos TTs para o inglês e italiano, com relão aos
respectivos TOs, de Clarice Lispector, com base na análise de linhas de concordância
168
Abaixo, introduzimos a frequência relativa de adição nos TTs, bem como a de adição
observada nos quatro tradutores conjuntamente:
Porcentagem de adição nos TTs Adição nos quatro tradutores
(1) FT => 16,7% (conto) (1) Levitin (WW) => 8,6%
(2) WW => 8,6% (conto) (2) Desti (Vc) => 6,7%
(3) NH => 0,0% (romance) (3) Pontiero (FT; NH; HS) => 6,0%
(4) HS => 0,0% (romance) (4) Aletti (Lf; DS; OS) => 2,2%
(1) Vc => 6,7% (romance)
(2) Lf => 3,9% (conto)
(3) DS => 0,0% (conto)
(4) OS => 0,0% (romance)
A adição também foi analisada de três maneiras diversas, como explicitado na
subseção 5.2.5.2. (pág. 115), a respeito da variação nos TTs e nos quatro tradutores
observados conjuntamente. Com relação à frequência mais alta de adição em FLs observadas
nas traduções conjuntamente, podemos notar a adição das FLs in fact, para o inglês, e in quel
momento, para o italiano, extrdas respectivamente das traduções para o inglês e italiano do
conto LF:
LF: A galinha é ____ um ser (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 31).
FT: The chicken is, in fact, a being (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 50).
LF: Porque se tratava de dar ao acontecimento a fatalidade do acaso, a marca de uma ocorrência
exterior e evidente - no mesmo plano das crianças, na praça e dos católicos ____entrando na
igreja - tratava-se de tornar o fato ao máximo visível à superfície do mundo sob o céu
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 120).
Lf: Poic si trattava di dare all'avvenimento la fatali del caso, l'impronta di una circostanza
esterna ed evidente - allo stesso modo dei bambini nella piazza e dei fedeli che in quel
momento erano in chiesa - si trattava di rendere il fatto quanto più visibile alla superficie del
mondo sotto il cielo (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 36).
Acerca da frequência mais baixa de adição observada em FLs nas traduções
conjuntamente, podemos notar a adição das FLs at the same time, para o inglês, e nello stesso
tempo, para o italiano, extraídas respectivamente das traduções para o inglês e italiano do
conto LF:
LF: E se de repente não se ergueu, como um morto se levanta devagar e obriga mudez e
terror aos vivos, a aniversariante ficou mais dura na cadeira, e _____mais alta
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 60).
169
FT: And if she did not suddenly rise up, as a dead man slowly rises up and strikes silence and
terror in the living, the old lady stiffened in her chair and at the same time seemed taller
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 79).
LF: A mocinha, na sua camisola de algodão, abriu a janela do quarto e respirou todo o
jardim com insatisfação e _____ felicidade (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 113).
Lf: La ragazzina, nella sua camiciola di cotone, aprì la finestra della stanza e respicon avidità
l'aria profumata del giardino, insoddisfatta e nello stesso tempo felice (LISPECTOR, [1986],
1994, p. 34).
No que tange à adição observada em FLs nas traduções analisadas individualmente, o
conto FT (16,7%), traduzido por Pontiero, apresenta a maior frequência de adição. A
frequência mais baixa de adição em FLs registra-se no conto WW (8,6%), traduzido por
Levitin. Nas traduções italianas, a frequência mais alta de adição é apresentada no romance
Vc (6,7%), traduzido por Desti, e a frequência mais baixa de adição registra-se no conto Lf
(3,9%), traduzido por Aletti.
Analisando a adição entre os quatro tradutores, a frequência mais alta de adição em
FLs aparece na tradução WW (8,6%), por Levitin, e a frequência mais baixa encontra-se nos
livros traduzidos por Aletti (2,2%): Lf, DS e OS. Desti e Pontiero, em relação à adição, estão,
respectivamente, em segundo (6,7%) e terceiro (6,0%) lugares.
Os resultados mostram que as traduções para o inglês (6,3%) observadas
conjuntamente apresentam uma média de frequência maior de adição quando comparadas às
traduções para a língua italiana (2,6%). Com relação ao gênero, podemos notar um grande
nível de variabilidade concernente à adição nos contos traduzidos para o ings (12,6%),
quando comparados aos romances (0,0%) traduzidos para a língua inglesa, que não
apresentam nenhuma ocorrência de adição nas FLs. Nos TTs em italiano, nota-se um nível
razoável de variabilidade, no tocante ao romance, uma vez que Vc (6,7%) apresenta uma
frequência relativamente maior, no que diz respeito à adição, que o conto Lf (3,9%). O conto
DS (0,0%) e o romance OS (0,0%) não apresentam qualquer ocorrência de adição, em relação
às FLs. Não obstante, verificando a adição apresentada entre os quatro tradutores, podemos
confirmar os resultados das traduções para o inglês e italiano observadas conjuntamente, uma
170
vez que podemos notar que os tradutores para o inglês Levitin e Pontiero (7,3%), observados
conjuntamente, registram uma frequência maior de varião quando comparados às tradutoras
para o italiano Desti e Aletti (4,4%).
Em geral, estes resultados evidenciam uma média notável de variabilidade entre as
traduções para o inglês: FT e WW (12,6%), bem como NH e HS (0,0%), no que tange à
adição; uma média regular de variabilidade entre as traduções italianas: Vc e OS (3,3%), bem
como Lf e DS (1,9%), com referência ao gênero, e uma média de variabilidade um pouco
maior entre tradutores de língua inglesa (7,3%), quando comparado à média de variabilidade
entre tradutoras italianas (4,4%).
5.3.5.3 Investigação de omissão de FLs nos TTs para o inglês e italiano em relão aos
respectivos STs por Clarice Lispector, baseada na análise de linhas de concordância
A fim de apresentar nossos resultados a respeito da omissão, introduzimos, abaixo, a
frequência relativa da omissão nos TTs, bem como a omissão observada conjuntamente entre
os quatro tradutores:
Porcentagem de omissões nos TTs Omissão entre os quatro tradutores
(1) HS => 16,7% (romance) (Pontiero) (1) Pontiero (FT; NH; HS) => 6,6%
(2) NH => 4,8% (romance) (Pontiero) (2) Aletti (Lf; DS; OS) => 0,0%
(3) FT => 4,3% (conto) (Pontiero) (2) Desti (Vc) => 0,0%
(4) WW => 0,0% (conto)(Levitin) (2) Levitin (WW) => 0,0%
(1) OS => 0,0% (romance) (Aletti)
(1) Lf => 0,0% (conto) (Aletti)
(1) DS => 0,0% (conto) (Aletti)
(1) Vc => 0,0% (romance) (Desti)
Observa-se que a frequência mais alta de omissão em FLs nas traduções observadas
conjuntamente deu-se na tradução para o inglês da FL na verdade, como podemos notar por
meio dos exemplos abaixo, extraídos respectivamente do romance HE:
171
HE: Na verdade sou mais ator porque, com apenas um modo de pontuar, faço malabarismos de
entonação, obrigo o respirar alheio a me acompanhar o texto (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
37-38).
HS: ____ More actor than writer, for with only one system of punctuation at my disposal, I juggle
with intonation and force another's breathing to accompany my text (LISPECTOR, [1986],
1992, p. 22-23).
As frequências mais baixas de omissão em FLs para o inglês observadas
conjuntamente deram-se na tradução das FLs em verdade, no meio da, de vez em quando e é
claro. As traduções para o italiano não apresentam nenhuma ocorrência de omiso. Em
relação à omissão da FL de vez em quando, a omissão apresenta-se no conto LF, como
observamos abaixo:
LF: - ...pode ser que você esteja muito ocupado com seus pensamentos, disse a mãe
interrompendo-o, mas ao menos coma o seu jantar e de vez em quando diga uma
palavra (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 110).
FT: "You may be lost in your thoughts," his mother said, interrupting him, "but at least eat
your dinner and ____ try to make some conversation." (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 132).
Acerca da frequência mais alta de omissão em FLs observadas individualmente, o
romance HS, traduzido por Pontiero, apresenta-se em primeiro lugar (16,7%). A frequência
mais baixa de omissão em FLs, observadas individualmente nas traduções, registra-se no
conto FT, traduzido por Pontiero (4,3%), e, nas traduções para o italiano, não há outras
ocorrências de omissão, exceto a mencionada no romance OS.
No tocante à omissão entre os quatro tradutores, a frequência mais alta e única de
omissão em FLs é empregada por Pontiero (6,6%) em suas obras traduzidas para o inglês: FT,
NH e HS. Aletti, Desti e Levitin não apresentam nenhuma ocorrência de omissão em FLs em
seus TTs.
As traduções por Pontiero, especialmente HS (16,7%), mostram uma frequência
consideravelmente maior de omissões quando comparada à tradução por Levitin: WW
(0,0%), que não apresenta nenhuma ocorrência de omissão. As traduções para o italiano não
registram omiso. Os dois romances traduzidos por Pontiero: NH (4,8%) e HS (16,7%) são
muito diversos um do outro, bem como os dois contos traduzidos respectivamente por
172
Pontiero: FT (4,3%) e Levitin: WW (0,0%). Estes resultados evidenciam um grande nível de
variabilidade entre traduções para o inglês, no tocante à omissão.
Em relação à omissão entre os quatro tradutores, um grande vel de variabilidade
por meio das traduções por Pontiero (6,6%) e nenhuma variabilidade por meio das traduções
por Aletti (0,0%), Desti (0,0%) e Levitin (0,0%), uma vez que não apresentam nenhuma
ocorrência de omissão em FLs.
5.3.6 Análise de FLs nos 4 TOs de Lispector em relação aos TTs para o inglês e
italiano, respectivamente, por Pontiero e Levitin, bem como Aletti e Desti
Nesta subsão, baseada na averiguação de linhas de concordância, analisamos as
frequências absolutas das FLs nos TOs, fornecendo exemplos das frequências mais altas e
baixas das variações, adições e omissões da autora. Como podemos notar por meio das
frequências absolutas das FLs especificadas nas tabelas 13 (p. 138) e 17 (p. 156), a autora
apresenta variações e um menor uso de FLs. Com referência às tabelas 11 (p. 126) e 15 (p.
146), podemos notar, por meio das frequências absolutas das FLs, que a autora registra um
maior uso de FLs em seus TOs. Iniciaremos nossa análise por meio das variações encontradas
nas obras literárias originalmente escritas em português, bem como por meio das opções
empregadas pela autora. A seguir, efetuaremos nosso estudo em relação ao maior uso de FLs
nas obras literárias originalmente escritas em português. Por fim, analisaremos o menor uso
de FLs nas obras literárias originalmente escritas em português.
5.3.6.1 Investigação de variação de FLs nos TOs por Lispector em relação aos respectivos
TTs em inglês e italiano, baseada na análise de linhas de concordância
Introduzimos, abaixo, a frequência relativa de variação nos TOs, bem como a variação
observada na autora individual e conjuntamente:
Porcentagem de variação nos TOs, Variação entre as obras de Lispector
em relação aos seus respectivos TTs em relação aos seus respectivos TTs
173
(1) OE => WW = 51,4% (conto) (1)Lispector (FT; WW; NH; HS)=> 43,0%
(2) PC => NH = 48,4% (romance) (2) Lispector (Lf; DS; Vc; OS) => 34,8%
(3) LF => FT = 33,3% (conto)
(4) HE => HS = 25,0% (romance)
(1) HE => OS = 50,0% (romance)
(2) OE => DS = 37,9% (conto)
(3) PC => Vc = 35,6% (romance)
(4) LF => Lf = 29,4% (conto)
A variação foi analisada de três maneiras diferentes, como explicitado na seção 5.2.5.1
(p. 112). As frequências mais altas de variação foram registradas em in fact e in quel
momento, com as FLs de fato e nesse momento. Introduzimos, abaixo, o exemplo selecionado
da obra FT e LF. O trecho do correspondente de tradução in quel momento e a FL nesse
momento, respectivamente em Lf e Lf, encontra-se na página 150:
FT: Fortunately she never in fact laughed when she felt the urge: her eyes took on a knowing and
restrained expression, they became more squinted, and her laughter showed in her eyes
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 115).
LF: Felizmente nunca precisava rir de fato quando tinha vontade de rir: seus olhos
tomavam uma expressão esperta e contida, tornavam-se mais estrábicos e o riso saía
pelos olhos (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 95).
As frequências mais baixas de variação em FLs nas traduções observadas
conjuntamente foram registradas nos correspondentes de tradução at the edge of e per così
dire, com as FLs à beira do e assim . Como exemplos das frequências mais baixas de variação
nas FLs, extrmos as linhas abaixo, respectivamente, dos contos WN e OE, bem como Lf e
LF:
WW: And at the edge of love there we stand (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 147).
OE: E à beira do amor estamos nós (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 71).
Lf: Altri avevano portato un portasapone, una sottoveste di jersey, una spilla fantasia, un vasetto
di cactus, nulla, nulla che la padrona di casa avrebbe potuto utilizzare per sé o per i suoi figli,
nulla che la stessa festeggiata avrebbe potuto realmente utilizzare, cosa che avrebbe
costituito per così dire un risparmio: amareggiata e ironica la padrona di casa riponeva i doni
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 16).
LF: Alguns não lhe haviam trazido presente nenhum. Outros trouxeram saboneteira, uma
combinação de jérsei, um broche de fantasia, um vasinho de cactos - nada, nada que a
dona da casa pudesse aproveitar para si mesma ou para seus filhos, nada que a própria
aniversariante pudesse realmente aproveitar constituindo assim uma economia: a dona
da casa guardava os presentes, amarga, irônica (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 56-57).
174
Analisando individualmente as obras originais, isto é, investigando a frequência mais
alta e baixa de variação em FLs nos originais observados individualmente, o conto OE
aparece em primeiro lugar (51,4%), em relação à obra traduzida para o inglês WW, no que
tange à frequência mais alta de variação. A frequência mais baixa de variação nos originais
foi registrada no romance HE (25,0%), com referência ao respectivo TT para o inglês. No
tocante aos respectivos TTs para o italiano, o romance HE (50,0%) apresenta a frequência
mais alta de variação. A frequência mais baixa de variação foi registrada no conto LF
(29,4%).
Com relação à variação observada na autora conjuntamente, a frequência mais alta de
variação em FLs foi apresentada em seus 4 TOs (43,0%), com relão aos seus respectivos
TTs para o inglês. Em segundo lugar, registra-se os 4 TOs da autora (34,8%), com relação aos
seus respectivos TTs para o italiano.
Os resultados da análise de variação nos TOs mostram que os originais em relação aos
seus TTs para o inglês (43,0%), analisados conjuntamente, apresentam uma média de
frequência maior de variação, se comparados aos originais com referência aos seus TTs para o
italiano (34,8%). Por outro lado, independentemente da ngua-alvo, os originais dos
romances HE e PC (42,8%), em relação aos seus TTs para o italiano, e os originais dos
contos LF e OE (42,3%), no que diz respeito aos seus TTs para o inglês, registram a maior
dia de variação, enquanto os originais dos romances HE e PC (36,7%), com referência
aos seus TTs para o inglês, e os originais dos contos LF e OE (33,6%), no que diz respeito
aos seus TTs para o italiano, apresentam a menor média de variação.
Podemos notar que embora seja registrado um maior índice de variação nos TOs em
relação aos seus respectivos TTs para o inglês, observa-se que os romances HE e PC
(42,8%), com refencia aos seus TTs para o italiano, apresentam um maior índice do que
aquele registrado em HE e PC (36,7%), no que diz respeito aos seus TTs para o inglês. Estes
175
resultados indicam certa variabilidade, isto é, algum distanciamento entre originais
pertencentes ao mesmonero ou não, e entre a autora, em relação aos respectivos TTs para a
língua inglesa e italiana. Se compararmos os TOs, no que diz respeito aos seus respectivos
TTs para o inglês, com os TOs, com referência aos seus respectivos TTs para o italiano,
podemos notar que há uma maior aproximação, no que diz respeito aos TOs com seus
respectivos TTs para o inglês (5,6%) e um maior distanciamento, em relação aos TOs com
seus respectivos TTs para o italiano (9,2%).
um maior distanciamento dos TOs da autora, em relação aos respectivos TTs para
o inglês, se comparados aos TOs de Lispector, no que diz respeito aos respectivos TTs para o
italiano, que registra uma maior aproximação, isto é, os TOs da autora e os respectivos TTs
para o italiano assemelham-se mais no que tange ao maior uso de FLs.
Observa-se que estes dados tendem a sugerir um maior uso de variação em traduções
e, no caso de tradutores e autora, Lispector apresenta a maior porcentagem de variação, com
referência aos respectivos TTs para o inglês. Os resultados apresentados nesta subseção vão
ao encontro dos dados observados na análise da razão forma/item padronizada, subitem 5.1
(p. 77), na qual nota-se que a maior variação vocabular registra-se nos TTs para o italiano, em
segundo lugar, nos respectivos TOs e, em terceiro e último lugar, nos TTs para o inglês.
Podemos verificar uma frequência maior de adição em traduções e, no caso dos
tradutores, também registram uma grande porcentagem de adição, com referência aos
respectivos TOs de Lispector. Podemos notar que estes resultados vão ao encontro dos dados
observados no referido subitem 5.1 (p. 77), uma vez que as traduções apresentam um maior
número de itens, se comparadas aos seus respectivos originais, sendo apenas exceção Vc que
registra um número menor de itens, se comparado ao seu respectivo TO.
A fim de resumirmos os dados obtidos no tocantes às FLs, apresentamos abaixo uma
tabela com os resultados mais relevantes.
176
Tabela 19 – Resumo dos Principais Resultados Referentes às FLs
Variação
FLs
Desti X Aletti = 11,1%
Pontiero X Levitin = 6,9%
HS = 53,3%
Lf = 43,5%
Desti = 40,5%
Adição
FLs
Pontiero X Levitin = 3,3%
Desti X Aletti = 2,3%
FT = 16,7%
Vc = 6,7%
Levitin = 8,6%
Omissão
FLs
Pontiero X Levitin = 2,3%
Desti X Aletti = 0%
HS = 16,7%
OS = 0%
Pontiero = 6,6%
Variação
FLs
TOs = 57,5%
TTs p/ Inglês = 46,6%
Variação
FLs
TOs = 25,3%
TTs p/ Italiano = 17,5%
Variação
FLs
OE => WW = 51,4%
HE => OS = 50%
Lispector (TTs p/ Inglês) = 43%
177
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta investigação teve o apoio dos estudos da tradução baseados em corpus (Baker,
1993), da linguística de corpus (Berber Sardinha, 2004) e de uma abordagem interdisciplinar
de Camargo (2005). Também, o emprego do programa computacional WordSmith Tools nos
auxiliou na obtenção dos dados e das análises.
No que tangem aos resultados, trataremos da variação, adição e omissão nos MRs. A
seguir, abordaremos a variação, adição e omissão nas FLs. Por seu turno, trataremos da
explicitação e simplificação nos TTs.
Na análise efetuada por meio das tabelas 2 (p. 80) a 5 (p. 90), observou-se que os TOs
apresentaram um maior índice de variação (18,1%) e Pontiero, em seus TTs, por sua vez,
registrou uma frequência maior de omissão (4,5%) e adição (2,5%) nos MRs.
Por sua vez, na investigação efetuada por meio das tabelas 6 (p. 96) a 9 (p. 105),
de-se observar, que os TTs registraram uma maior porcentagem de variação (11,6%) e
Aletti, também em seus TTs, apresentou uma frequência maior de omissão (2,5%) e adição
(2,2%) de MRs.
No tocante à variação entre os quatro tradutores, com relação aos MRs, ocorreu em
uma frequência maior nos romances HE (31,9%) e PC (18,1%), de Lispector, se comparados
com suas respectivas traduções para o inglês, HS (22,4%) e NH (14,4%). Todos os outros
resultados indicaram que os tradutores e TTs apresentaram uma maior frequência de variação
de MRs, se comparados com as obras de Lispector, escritas originalmente em português,
analisadas individual ou conjuntamente. Outrossim, estes dados indicam um nível maior de
variação entre traduções e tradutores, se comparados com as obras originais e autora.
Na comparação do uso de repetições na análise dos MRs, pôde-se constatar que
Clarice Lispector recorreu a reiterações em maior quantidade do que as presentes nas obras
178
traduzidas, tanto para o inglês como para o italiano. Comparando as duas direções tradutórias,
o inglês apresentou um maior vel de repetição que o italiano.
Acerca da ocorrência de omissão entre os quatro tradutores nas obras selecionadas
para análise, os resultados mostraram que os TTs e respectivos tradutores registraram uma
proporção maior de omissão. Outrossim, estes dados indicaram um maior uso de omissão em
traduções observadas individualmente e também por parte dos tradutores tomados
conjuntamente.
Na análise efetuada por meio das tabelas 11 (p. 126) a 14 (p. 139), de-se notar que
os TOs (57,5%) apresentaram um maior índice de variação, enquanto que os TTs de Pontiero
registraram a maior porcentagem de adição (3,3%) e de omissão (2,3%).
Por seu turno, na investigação efetuada por meio das tabelas 15 (p. 146) a 18 (p. 157),
observou-se que os TOs (25,3%) registraram uma maior porcentagem de variação e, por sua
vez, o TT de Desti apresentou o maior índice de adição (2,3%). Os TTs de Aletti e Desti não
registraram nenhuma omissão de FL.
Na comparação do uso de repetições na análise das FLs, de-se constatar que Clarice
Lispector recorreu a reiterações em maior quantidade do que as presentes nas obras
traduzidas, tanto para o inglês como para o italiano. Comparando as duas direções tradutórias,
o italiano apresentou um maiorvel de repetição que o inglês.
No tocante à investigação de variação de FLs nos TOs de Lispector, em relação a seus
respectivos TTs em inglês e italiano, notamos que houve um maior uso de variação em
traduções e, no caso de tradutores e autora, Lispector apresentou a maior porcentagem de
variação, no que diz respeito aos respectivos TTs para o inglês.
Pudemos observar tamm, por meio de nossa análise, que tanto na investigação dos
quatro tradutores analisados conjuntamente, quanto no exame dos TTs conjuntamente, os TTs
para o italiano (135.016 itens) se assemelham mais aos TOs (131.749 itens) que aos TTs para
179
o inglês (152.905 itens), no que diz respeito à extensão dos textos, bem como das
aproximações encontradas, em relação aos TOs, no que tange à análise efetuada de MRs e
FLs. Como constatamos anteriormente, o maior mero de variações, adições e omises,
tanto na análise dos quatro tradutores conjuntamente, quanto dos TTs conjuntamente, ocorreu
nos TTs para o inglês, evidenciando, no que diz respeito à análise efetuada, um maior
distanciamento com referência aos TOs.
Comparando os tradutores para o inglês, observou-se que Pontiero apresentou a mais
alta frequência de variação, adição e omissão de MRs e FLs. Por seu turno, Desti (maior
frequência de variação de MRs e FLs, bem como maior quantidade de adição nas FLs) e
Aletti (maior frequência de omissão nos MRs e FLs, bem como maior quantidade de adição
nos MRs), tradutoras para o italiano, apresentaram resultados similares, uma vez que
registraram respectivamente três frequências mais altas.
Já observando os quatro tradutores e Lispector conjuntamente, notamos que o inglês se
sobressaiu com Pontiero (maior quantidade de omissão nos MRs e FLs) e Levitin (maior
frequência de adição de FLs no TT), seguido por Lispector (a maior quantidade de variação
nos FLs), e, por fim, o italiano, representado apenas por Aletti (maior frequência de variação
nos MRs).
Por seu turno, verificando os resultados das análises de TOs e TTs para o inglês e
italiano, com as análises de TTs para o inglês e italiano e os respectivos TOs, bem como com
as análises dos quatro tradutores conjuntamente e as obras de Lispector, notamos que a última
vai ao encontro das demais, uma vez que a omissão ocorre em quantidade maior em Pontiero
(TTs para o inglês), enquanto o maior uso de MRs e FLs e os resultados de variação entre os
TTs para o inglês (Levitin - maior frequência de adição de FLs no TT), os TTs para o italiano
(Aletti - maior frequência de variação nos MRs), bem como os TOs de Lispector (maior
quantidade de variação nos FLs) foram semelhantes. Acreditava-se que os tradutores fossem
180
adicionar mais dados em seus TTs, que possuem extensão maior que os respectivos TOs,
com exceção de Vc. Porém, esta suposição não pôde ser verificada, uma vez que os resultados
dos TTs para o inglês (maior frequência de FLs em WW) foram parecidos, ou seja, apenas
Levitin, dos quatro tradutores selecionados para análise, sentiu necessidade de adicionar FLs
em seu TT. Como os TTs são mais extensos, supunha-se que apresentariam uma menor
quantidade de omissão. Porém, como pudemos observar, os TTs para o inglês, por Pontiero,
indicaram o maior nível de omissão. a respeito da variação, acreditávamos que Lispector
utilizaria em uma proporção menor a variação. Todavia, não foram estes os resultados que
obtivemos por meio de nossa análise. A investigação mostrou que os resultados no tocante à
variação nos TOs, referindo-se aos MRs, bem como nos TTs para o italiano, com relão às
FLs, foram semelhantes.
Acerca da explicitação, notou-se que todos os TTs, com exceção de Vc, apresentaram
um número maior de itens, sugerindo explicitação por parte dos tradutores. Porém, no que
concerne aos MRs e FLs, notamos que apenas Levitin, dos quatro tradutores selecionados
para análise, adicionou um maior número de FLs em seu TT. Remetendo-se ao artigo de
Baker (2004), notamos que nossa pesquisa o vai ao encontro da investigação efetuada pela
pesquisadora, no que diz respeito ao maior uso de adição de MRs nos TTs. Verificamos que
Pontiero, tradutor de três das quatro obras traduzidas para o inglês, obteve um maior nível de
omissão de MRs e FLs em seus TTs, ao invés de obter um maior nível de adição de MRs e
FLs.
No que tange à simplificação, notamos que os TTs para o inglês apresentaram uma
variedade vocabular menor (formas e razão forma/item padronizada), se compararados aos
TTs para o italiano e aos respectivos TOs, sugerindo que os tradutores, na direção
português=>inglês, facilitaram as obras para seu público leitor. Observa-se que apesar de os
TTs para o inglês possuírem um maior número de itens, se comparados aos TTs para o
181
italiano e aos respectivos TOs, apresentaram também a menor variedade vocabular, além do
maior nível de omissão de MRs e FLs, por parte de Pontiero. Acreditávamos que, por Clarice
Lispector utilizar a repetição em seus TOs, haveria uma variedade vocabular menor em suas
obras, porém, como pudemos notar, a variedade vocabular apresentada nos TOs foi maior que
os TTs para o inglês. Lispector é considerada uma escritora complexa para se ler. Talvez
venha d a necessidade que os tradutores para o inglês sentiram, consciente ou
inconscientemente, de tornar a escrita clariciana mais acessível, em virtude de uma melhor
compreensão da obra como um todo para o seu público leitor.
Podemos comentar que a originalidade desta pesquisa está nos resultados encontrados,
uma vez que divergem daqueles que seriam esperados (maior nível de adição e variação nos
TTs, e por os TTs serem mais extensos que seus respectivos TOs, a omissão apareceria nos
TTs em uma pequena quantidade).
Também, tivemos que nos restringir aos objetivos de nossa pesquisa, delimitando
nosso estudo. Outras investigações podem surgir a partir desta, por exemplo, a respeito do
acréscimo e / ou redução de palavras, por parte dos tradutores, nos MRs e FLs, dentre outras.
Deste modo, podemos verificar a abrangência do corpus paralelo para a análise dos
MRs e FLs traduzidos. A investigação baseada em corpus apresenta resultados com uma
maior precisão e sistematicidade, uma vez que cada TO e TT foi analisado individual e
conjuntamente, sendo possível observar o apenas o comportamento linguístico dos
tradutores, mas também da autora, no tocante à variação e maior ou menor emprego de MRs e
FLs.
Esperamos que nosso estudo venha a acrescentar informações e contribuir para as
pesquisas futuras dentro dos estudos da tradução baseados em corpus, particularmente no que
concerne ao uso de MRs e FLs nos TOs e TTs.
182
7 BIBLIOGRAFIA
7.1 COMPILAÇÃO DO CORPUS
LISPECTOR, C. Dove Siete Stati di Notte? Tradução de Adelina Aletti, Milão: Zanzibar,
1994.
_____________. Family Ties. Tradução de Giovanni Pontiero, Austin: University of Texas
Press, ([1972], 1995).
_____________. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Francisco Alves, ([1977], 1993).
_____________. The Hour of the Star. Tradução de Giovanni Pontiero, New York: New
Directions, 1992.
_____________. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, ([1960], 1995).
_____________. Legami Familiari. Tradução de Adelina Aletti, Milão: Feltrinelli, ([1986],
1994).
_____________. Near to the Wild Heart. Tradução de Giovanni Pontiero, London: W W
Norton & Co Ltd, 1990.
_____________. Onde Estivestes de Noite. Rio de Janeiro: Rocco, ([1974], 1999).
_____________. L’ora della Stella. Tradução de Adelina Aletti, Milão: Feltrinelli, 1989.
_____________. Perto do Coração Selvagem. Rio de Janeiro: Francisco Alves, ([1944],
1990).
_____________. Soulstorm. Tradução de Alexis Levitin, New York: New Directions
Publishing Corporation, ([1976], 1989).
_____________. Vicino al Cuore Selvaggio. Tradução de Rita Desti, Milão: Adelphi,
([1987], 2003).
7.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AIJMER, K. The interface between perception, evidentiality and discourse particle use –
using a translation corpus to study the polysemy of see. TradTerm. v. 10. São Paulo:
Humanitas / FFLCH / USP, p. 249-278, 2004.
AMMIRATI, A. La vita che non si ferma di Clarice Lispector. Delt@, v. 249, 15 dez. 2008.
Dispovel em:<http://www.deltanews.it/editoria/narrativa/051108> Acesso em: 13 maio
2010.
AUBERT, F.H. Modalidades de Tradução: Teoria e Resultados. TradTerm. v. 5, n. 1. São
Paulo: Humanitas / FFLCH / USP, p. 99-128, 1998.
ARROJO, R. “Interpretation as possessive love. lène Cixous, Clarice Lispector and the
ambivalence of fidelity”. In: BASSNETT, S.; TRIVEDI, H. (eds.). Post-colonial translation.
London: Routledge, 1999, p. 141-161.
BAKER, M. In Other Words. A Coursebook on Translation. Londres: Routledge, 1992.
__________. Corpus linguistics and translation studies: implications and applications”. In:
BAKER, M.; FRANCIS, G.; TOGNINI-BONELLI, E. (eds.). Text and technology: In
honour of John Sinclair. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1993, p.233-250.
183
__________. Corpora in translation studies: an overview and some suggestions for future
research. Target, v. 7.2, p.223-243, 1995.
__________. “Corpus-based translation studies: the challenges that lie ahead”. In: SOMERS,
H. (ed.). Terminology, LSP and translation studies in language engineering, in honour of
Juan C. Sager. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1996, p.175-186.
__________. The Role of Corpora in Investigating the Linguistic Behaviour of Professional
Translators. International Journal of Corpus Linguistics, v. 4.2, p. 281-298, 1999.
__________. Towards a Methodology for Investigating the Style of a Literary Translator.
Target. Amsterdam, v. 12.2, p. 241-266, 2000.
__________. A corpus-based view of similarity and difference in translation. International
Journal of Corpus Linguistics, v. 9.2, p. 167-193, 2004.
BARBOSA, H. G. “Um perfil da literatura brasileira traduzida em inglês”. In: Monteiro,
M.J.P. (ed.). Práticas discursivas: Instituição, tradução & literatura. 1 ed. Rio de Janeiro:
Faculdade de Letras da UFRJ, 2000, v. 1, p. 90-103.
BERBER SARDINHA, T. Ferramentas de busca e de exploração de corpora. Trabalho
apresentado no I Seminário de Estudos de Corpus, 10
º
InPLA. São Paulo: USP, 14-15 out.
1999.
____________________. Linguística de Corpus: Histórico e Problemática. D.E.L.T.A., São
Paulo, v. 16.2, p. 323-367, 2000.
____________________. Linguística de Corpus. São Paulo: Manole, 2004.
BERNARDINI, S. “Reviving old ideas: parallel and comparable analysis in translation
studies with an example from translation stylistics”. In: AIJMER, K.; ALVSTAD C. (eds.).
New tendencies in Translation Studies. Göteborg: Göteborg University, 2005, p. 5-18.
BINS, P. “Giovanni Pontiero, translator of Drummond, Lispector, Bandeira, Nélida, Lygia
Fagundes Telles”. IN: ORERO, P.; SAGER, J. C. (eds.). The translator’s dialogue.
Giovanni Pontiero. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1997, p. 165-172.
BLAKEMORE, D. The Relevance of Reformulations. Language and Literature. v. 2, p.
101-120, 1993.
BLUM-KULKA, S.; LEVENSTON, E.A. “Universals of lexical simplification”. In:
FAERCH, C; KASPER, G. (eds.). Strategies in Interlanguage Communication. London:
Longman, 1983, p. 119-139.
BLUM-KULKA, S. “Shifts of Cohesion and Coherence in Translation”. In: HOUSE, J. &
BLUM-KULKA, S. (eds.). Interlingual and Intercultural Communication: Discourse and
Cognition in Translation and Second Language Acquisition Studies. Tubingen: Narr,
1986, p. 17-35.
BONALUMI, E.F. Análise de similaridades e diferenças no uso de marcadores de
reformulação e padrões lexicais em Family Ties, The Apple in the Dark e Soulstorm, de
184
Clarice Lispector, e The Red House, de Lya Luft . Dissertação de Mestrado. Universidade
Estadual Paulista: São José do Rio Preto, 2006.
BOSSEAUX, C. A study of the translator’s voice and style in the French translations of
Virginia Woolf’s The Waves. CTIS Occasional Papers, v. 1, p. 55-75, 2001.
BROWN, M. H. The Reception of Spanish American Fiction in West Germany 1981-
1991. Tubingen: Niemeyer, 1994.
BURNETT, S. A corpus-based study of translational English. Dissertação de mestrado.
Manchester: UMIST, 1999.
CAMARGO, D. C. de. Padrões de Estilo de Tradutores: Um estudo de semelhanças e
diferenças em corpora de traduções literárias, especializadas e juramentadas. Tese de
livre-docência. São José do Rio Preto: UNESP, 2005.
__________________. Metodologia de pesquisa em tradução e linguística de corpus. São
Paulo: Cultura Acadêmica; São José do Rio Preto, SP: Laboratório Editorial do IBILCE,
UNESP, 2007.
CARVALHAL, T. A recepção produtiva. IN: CARVALHAL, T. Literatura Comparada. v.
3. o Paulo: Ática, 1998, p. 69-73.
CHEREM, L. P. Um olhar estrangeiro sobre a obra de Clarice Lispector. Leitura e
recepção da autora na França e no Cana(Quebec). Tese de doutorado. São Paulo:
FFLCH/USP, 2003.
CIXOUS, H. Vivre l’orange / To live the orange. Paris: Des Femmes, 1979.
CRYSTAL, D. A Dictionary of Linguistics and Phonetics. Oxford, UK & Malden, USA:
Blackwell, 3
a
ed, 1991.
CUENCA, M. J. Two Ways to Reformulate: a Contrastive Analysis of Reformulation
Markers. Journal of Pragmatics. v. 35, p. 1069-1093, 2003.
DAYRELL, C. Investigating Lexical Patterning in a Comparable Corpus of Brazilian
Portuguese. Tese de Doutorado. Manchester: University of Manchester, 2005.
DESTI, R. Introduzione. IN: LISPECTOR, C. Un Apprendistato o il Libro dei Piaceri.
Tradução de Rita Desti. Milano: Feltrinelli, ([1981], 1992), p. V-XII.
________. Nota bio-bibliografica. IN: LISPECTOR, C. Un Apprendistato o il Libro dei
Piaceri. Tradução de Rita Desti. Milano: Feltrinelli, ([1981], 1992), p. XIII.
________. Il lessico universale della Lispector. Il Manifesto, Roma, 03 jan. 1989. Libri.
________. Re: contato daRita Desti. Mensagem recebida por: <efbona@uol.com.br> em 23
out. 2009.
DONINELLI, L. Interrogando il Tempo. Avvenire, Milão, 01 jul. 1986. Letteratura.
185
EVEN-ZOHAR, I. “The position of translated literature within the literary polysystem”. In:
VENUTI, L. (ed.). The Translation Studies Reader. London e New York: Routledge,
([2000], 1978), p. 192-197.
FAWCETT, P. Translation and Power Play. The Translator. v.1, p. 177-192, 1995.
FERNANDES, L. P. Practices of Translating Names in Children's Fantasy Literature: A
Corpus-Based Study. Tese do Doutorado. Florianópolis: UFSC, 2004.
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da ngua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1986.
FILHO, A.G. Clarice, uma esfinge que virou gente. O Estado de São Paulo, São Paulo, 21
nov. 2009. Caderno 2, p.D6.
FRANKENBERG-GARCIA, A. e SANTOS, D. Introducing COMPARA, the Portuguese-
English parallel corpus”. In: BERNARDINI, S., ZANETTIN, F. & STEWART, D. (eds.).
Corpora in translator education. Manchester: St. Jerome, 2003, p. 71-87.
GIORGI, M.C. Esperienze di traduzione letterarie. F.Cleis, 29 abr. 2005. Dispovel em:<
http://www.archividonneticino.ch/studi/05esperienze_traduzione.pdf> Acesso em: 13 maio
2010.
GOTLIB, N. Clarice, de corpo inteiro. Jornal da USP, São Paulo, 5 a 11 nov. 2008. Especial,
p.10-11.
GUERINI, A; TORQUATO, C.P. La letteratura italiana tradotta in Brasile e la brasiliana
tradotta in Italia. Comunità Italiana, v. 26, 2006. Mosaico Italiano. Disponível em:<
http://www.comunitaitaliana.com.br/mosaico/mosaico92/guerini.htm> Acesso em: 13 maio
2010.
GUIMARÃES, L. Clarice, universal e não menos misteriosa. O Estado de São Paulo, São
Paulo, 16 ago. 2009. Cultura, p.D8.
GULLAR, F. “Para não dizer o dizível”. In: GULLAR, F.; PEREGRINO, J. (eds.). Clarice
Lispector: a hora da estrela. São Paulo: Museu da Língua Portuguesa, 2007, p. 28-47.
GULLAR, F.; PEREGRINO, J. “Aventura da palavra”. In: GULLAR, F.; PEREGRINO, J.
(eds.). Clarice Lispector: a hora da estrela. São Paulo: Museu da Língua Portuguesa, 2007,
p. 8-9.
GULICH, E, KOTSCHI, T. “Les actes de reformulation paraphrastique dans la consultation
La dame de Caluire”. In: BANGE, P. (ed.). L'analyse des interactions verbales. La dame
de Caluire une Consultation. Berna: P. Lang, 1987, p. 15-81.
_____________________.Discourse production in oral communication”. In: QUASTHOFF,
U.M. (ed.). Aspects of Oral Communication. Berlin/New York: de Gruyter, 1995, p. 30-66.
HOPKINSON, A. Why this World, by Benjamin Moser. The Independent, 18 set. 2009. Arts
& Entertainment. Disponível em: <http://www.independent.co.uk/arts-
186
entertainment/books/reviews/why-this-world-by-benjamin-moser-1789034.html> Acesso em:
13 maio 2010.
HOUSE, J. Explicitness in Discourse across Languages. In: HOUSE, J; WERNER, K.;
SCHUBERT, K. (eds). Neue Perspektiven in der Übersetzungs- und
Dolmetschwissenschaft. Festschrift für Heidrun Gerzymisch-Arbogast zum 60.
Geburtstag. Bochum: AKS-Verlag, 2004, p. 185-207.
JAFFE, D.M. Alexis Levitin: An Interview. BiblioBuffet, maio 2008. Disponível em:<
http://www.bibliobuffet.com/archive-index-talking-across-the-table/747-alexis-levitin-an-
interview-0508> Acesso em: 13 maio 2010.
JOHANSSON, S. Multilingual corpora: models, methods, uses. TradTerm. v. 10. São Paulo:
Humanitas / FFLCH / USP, p. 59-82, 2004.
KENNY, D. Creatures of habit? What translators usually do with words. Meta. v. 43.4, p.
515-523, 1998.
_________. Norms and Creativity: lexis in translated text. Tese de Doutorado.
Manchester: UMIST, 1999.
_________. Lexis and Creativity in Translation. Manchester: St. Jerome, 2001.
_________. “Parallel Corpora and Translation Studies: Old Questions, New Perspectives?
Reporting that in Gepcolt: A Case Study”. In: BARNBROOK, G.; DANIELSSON, P.;
MAHLBERG, M. (eds). Meaningful Texts: The Extraction of Semantic Information from
Monolingual and Multilingual Corpora. London and New York: Continuum, 2005, p. 154-
165.
KINDER, A.G. A biographical note”. In: ORERO, P.; SAGER, J. C. (eds.). The
translator’s dialogue. Giovanni Pontiero. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1997,
p. 161-164.
KIRSHER, A. Al centro del mondo, della vita c’è um selvaggio cuore di donna. Gazzetta di
Carpi, Carpi, 06 set. 1987. In Copertina.
KLAUDY, K. « Concretization and generalization of meaning in translation ». In : THELEN,
M. ; LEWANDOSKA-TOMASZCZYK, B. (eds.). Translation and Meaning Part 3.
Proceedings of the Maastricht Session of the 2
nd
International Maastricht-Lodz Duo
Colloquium on « Translation and Meaning ». Maastricht, Holanda, 19-22 abril de 1995.
Maastricht, Holanda : Hogeschool Maastricht, 1996, p. 141-163.
__________. “Explicitation”. In: BAKER, M. (ed). Routledge Encyclopedia of Translation
Studies. London: Routledge, 1998, p. 80-84.
LAVIOSA-BRAITHWAITE, S. The English Comparable Corpora (ECC): A Resource
and a Methodology for the Empirical Study of Translation. Tese de Doutorado.
Manchester: UMIST, 1996.
187
LAVIOSA, S. How comparable can comparable corpora” be? Target, v. 9.2, p. 289-319,
1997.
__________. The corpus-based approach: A new paradigm in translation studies. Meta. v.
43.4, p. 474-479, 1998a.
__________. The English Comparable Corpus. A Resource and a Methodology”. In:
BOWKER, L.; CRONIN, M.; KENNY, D.; PEARSON, J. (eds.). Unity in Diversity Current
Trends in Translation Studies. Manchester: St. Jerome, 1998b, p. 101-112.
__________. TEC: A resource for studying what is “in” and “of” translational English.
Across Languages and Cultures. v. 1.2, p. 159-177, 2000.
__________. Simplification: before and after the advent of corpora. Trabalho apresentado
no the European Society for Translation Conference, 2001.
__________. Corpus-based translation studies: theory, findings, applications.
Amsterdam/Atlanta: Rodopi, 2002.
LEECH, G.; SVARTVIK, J. A Communicative Grammar of English. Longman: London,
([1975], 1996).
LIMA, A. A. Clarice Lispector. In: LISPECTOR, C. O Lustre. Rio de Janeiro: Agir, 1946.
LIMA, T.C. A tradução e os prazeres do mundo de Clarice Lispector. Dissertação de
Mestrado. Universidade Estadual Paulista: São José do Rio Preto, 2004.
LISPECTOR, C. A Legião Estrangeira . Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964a.
_____________. A Paixão segundo G.H . Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964b.
_____________. Água Viva . São Paulo: Círculo do Livro, 1973.
MAGALHÃES, C. M. “Pesquisas textuais/discursivas em tradução: o uso de corpora”. In:
PAGANO, A. (ed.). Metodologias de pesquisa em tradução. Belo Horizonte: FALE-
UFMG. Cap. 4, 2001, p. 93-116.
MALMKJAER, K. “Punctuation in Hans Christian Andersen’s stories and in their translations
into English”. In: PAYOTAS, F. (ed.). Nonverbal Communication and Translation. New
Perspectives and Challenges in Literature, Interpretation and the Media. Amsterdam,
John Benjamins, 1997.
MARIANECCI, S. Fuga per la libertà. Blog Brasiliando, 14/06/2009. Disponível em:<
http.//blog.musibrasil.net/2009/06/14/1165/> Acesso em: 13 maio 2010.
MASSARI, G. Piccoli odi familiari. Il Giornale, Milão, 06 jul. 1986.
MATTEI, P. Scoprire la cattiveria. Paese Sera, 7 dez. 1988. Romanzi al femminile.
188
MAURY, C. Uma análise do ponto de vista em A Hora da Estrela e Laços de Família, de
Clarice Lispector, e nas traduções italianas L’Ora della Stella e Legami Familiari. Tese
de Doutorado. Belo Horizonte: UFMG, 2009.
MAY, R. Sensible elocution: How translation works in and upon puctuation. The Translator,
v. 3.1, p. 1-20, 1997.
MIKHAILOV, M.; VILLIKKA, M. Is there such a thing as a translator’s style? UCREL
Technical Papers, v. 13, p. 378-385, 2001.
MOISÉS, M. Clarice Lispector: ficção e cosmovisão. O Estado de São Paulo. 26 set. e 3 out.
1970. Suplemento Literário.
____________. A Criação Literária. São Paulo: Melhoramentos, 1979.
MUNDAY, J. Systems in translation: A computer-assisted systemic analysis of the
translation of Garcia Márques. Tese de Doutorado. University of Bradford, UK, 1997.
___________. A computer-assisted approach to the analysis of translation shifts. Meta, v.
43.4, p. 542-556, 1998.
___________. Introducing Translation Studies: Theories and Applications. Abingdon &
New York: Routledge, 2001.
MUTESAYIRE, M. Reformulation Markers and Explicitation: A Corpus-Based Study.
Trabalho apresentado na International Conference on CORPUS-BASED
TRANSLATION STUDIES: Research and Applications, Pretoria, África do Sul, 22-25
jul. 2003.
________________. Investigating Lexical Explicitation in Translated English: A Corpus-
Based Study. Tese de doutorado. Manchester: University of Manchester, 2005.
NATTINGER, J. R.; DECARRICO, J. S. Lexical Phrases and Language Teaching. Oxford:
Oxford University Press, 1992.
NEWMARK, P. A Textbook of Translation. London: Prentice Hall, 1988.
NUNES, B. Leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Quíron, 1973.
________. O drama da linguagem: Uma leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Ática,
1989.
OLOHAN, M. e BAKER, M. Reporting that in Translated English: Evidence for
subconsciuous Processes of Explicitation? Across Languages and Cultures, v. 1.2, p. 141-
158, 2000.
OLOHAN, M. Spelling out the Optionals in Translation: A Corpus Study. UCREL
Technical Papers, v. 13, p. 423-432, 2001.
189
____________. Leave it out! Using a Comparable Corpus to Investigate Aspects of
Explicitation in Translation. Cadernos de Tradução, v. 9.1. Florianópolis: NUT UFSC, p.
153-169, 2002.
____________. How frequent are the contractions? A study of contracted forms in the
Translational English Corpus. Target, v. 15.1, p. 59-89, 2003.
____________. Introducing corpora in translation studies. New York: Routledge, 2004.
PAGANO, A., MAGALHÃES, C. & ALVES, F. Towards the construction of a multilingual,
multifunctional corpus: factors in the design an application of CORDIALL. TradTerm, v. 10.
São Paulo: Humanitas / FFLCH / USP, p. 143-162, 2004.
PAIVA, P.T.P. Estudo baseado em corpora de traduções e três glossários bilíngues nas
subáreas de anestesiologia, cardiologia e ortopedia. Dissertação de Mestrado. São Jodo
Rio Preto: UNESP, 2006.
____________. Uma Investigação de Traduções de Textos da Área Médica sob a luz dos
Estudos da Tradução Baseados em Corpus. Tese de doutorado. São José do Rio Preto:
UNESP, 2009.
PEREIRA, M. M. L. Aspectos da recepção de Clarice Lispector na França. Anuário de
Literatura, v. 3. Florianópolis: UFSC, 1995.
PLEBANI, C. La dattilografa Macabéa protagonista suo malgrado. L’Eco di Bergamo, 17
jan. 1990.
PONTIERO, G. “Luso-Brazilian voices. Anyone care to listen?”. In: ORERO, P.; SAGER, J.
C. (eds.). The translator’s dialogue. Giovanni Pontiero. Amsterdam/Philadelphia: John
Benjamins, 1997, p. 49-54.
QUIRK, R.; GREENBAUM, S.; LEECH, G.; SVARTVIK, J. A Comprehensive Grammar
of the English Language. Longman: London, ([1973], 1985).
RABASSA, G. Introduction”. In: LISPECTOR, C. The Apple in the Dark. Tradução de
Gregory Rabassa, New York: New Directions Publishing Corporation, ([1967], 1986), p. ix-
xvi.
RIBEIRO, E.L.P. Um estudo de marcadores culturais na obra An Invecible Memory pelo
autotradutor João Ubaldo Ribeiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual
Paulista: UNESP, 2006.
SALAMON, J. An Enigmatic Author Who Can Be Addictive. The New York Times,
11/03/2005. Books. Disponível em:
<http://www.nytimes.com/2005/03/11/books/11sala.html?_r=1&scp=1&sq=earl+fitz&st=nyt
> Acesso em: 13 maio 2010.
SALDANHA, G. Explicitation Revisited: Bringing the Reader into the Picture. Trans-Kom,
v. 1.1, p. 20-35, 2008.
SANCHEZ, A.; CANTOS, P. CUMBRE – Curso de Español. Madri: SGEL, 1996.
190
SANT’ANNA, A. R. Análise estrutural de romances brasileiros. Petrópolis: Vozes, 1973.
SCOTT, M. N. Normalisation and Reader’s Expectations: A Study of Literary
Translation with Reference to Lispector’s A Hora da Estrela. Liverpool:University of
Liverpool, 1998. Tese de Doutorado.
SCOTT, M. WordSmith Tools: version 3.0. Oxford: Oxford University Press, 1999.
SCHMIED, J. Translation corpora in contrastive research, translation and language learning.
TradTerm, v. 10. São Paulo: Humanitas / FFLCH / USP, p. 83-116, 2004.
SHIACH, M. “Their ‘symbolic’ exists, it holds power we, the sowers of disorder, know it
only too well”. In: BRENNAN, T. (ed.). Between Feminism and Psychoanalysis.
London/New York: Routledge, 1989.
SHLESINGER, M. Simultaneous interpretation as a factor in effecting shifts in the
position of texts on the oral-literate continuum. Dissertação de Mestrado. Israel:
Universidade de Tel Aviv, 1989.
SINCLAIR, J. “Beginning the study of lexis”. In: BAZELL, C. E. (ed.). In Memory of J R
Firth. London: Longman, 1966, p. 410-430.
___________. Corpus, Concordance and Collocation. Oxford: Oxford University Press,
1991.
TAGNIN, S. E. O. Apresentação. TradTerm, v. 10. São Paulo: Humanitas / FFLCH / USP,
p. 7-18, 2004.
TOURY, G. “The nature and role of norms in literary translation”. In: VENUTI, L. (ed.). The
Translation Studies Reader. London e New York: Routledge, ([1978], 2000), p. 198-213.
_________. “What are Descriptive Studies into Translation Likely to Yield apart from
Isolated Descriptions?”. In: VAN LEUVEN-ZWART, K. M.; NAAIJKENS, T. (eds.).
Translation Studies: The State of the Art: Proceedings from the First James S. Holmes
Symposium on Translation Studies. Amsterdam/Atlanta:Rodopi, 1991, p. 179-192.
_________. Descriptive Translation Studies and Beyond. Amsterdam & Philadelphia: John
Benjamins, 1995.
TYMOCZKO, M. Computerized corpora and the future of Translation Studies. Meta, v. 43.4.
Montreal: Les Presses de L’Universi de Montreal, p. 652-659, 1998.
VALIDÓRIO, V.C. Investigando o uso de marcadores culturais presentes em quatro
obras amadeanas traduzidas para o inglês. Tese de Doutorado. Universidade Estadual
Paulista: UNESP, 2006.
VANDERAUWERA, R. Dutch Novels Translated into English: The Transformation of a
‘Minority’ Literature. Amsterdam: Rodopi, 1985.
191
VAN LEUVEN-ZWART, K.M. Translation and original: Similarities and dissimilarities, 1.
Target, v. 1.2, p. 151-181, 1989.
________________________. Translation and original: Similarities and dissimilarities, 2.
Target, v. 2.1, p. 69-95, 1990.
VENUTI, L. The Translator´s Invisibility. London: Routledge, 1995.
VINAY, J. P. & DARBELNET, J. Comparative Stylistics of French and English. Tradução
e edição de J.C. Sager e M. J. Hamel, Amsterdam: John Benjamins, ([1958], 1995).
WEBB, M. A Corpus-based Investigation into the Translational and Non-translational
Style of a Professional Translator: A Case Study on Giovanni Pontiero. Dissertação de
mestrado. Manchester: University of Manchester, 2004.
192
APÊNDICES
193
A - Outras ocorrências de MRs de menor frequência nos TOs em relação aos TTs para o
inglês, referente à Tabela 2, inseridas no contexto:
MR ou => and:
OE: Da Ela-ele emanava-se forte cheiro de jasmim esmagado porque era noite de Lua
cheia. O catimou a feitiçaria (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 51).
WW: From She-he emanated the strong odor of crushed jasmine, for it was the night of the full
Moon. Witchcraft and sorcery (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 124).
MR ou => either:
LF: Desde sempre, ou aceitavam-no ou reduziam-no a ser ele mesmo (LISPECTOR, [1960],
1998, p. 105).
FT: From the beginning either they always accepted him or reduced him to being himself
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 127).
MR ou => or perhaps:
PC: Não era bonita. Ou era? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 182).
NH: She was not pretty. Or perhaps she was? (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 151).
MR ou => perhaps:
HE: Essa ideia de borboleta branca vem de que, se a moça vier a se casar, casar-semagra e leve,
e, como virgem, de branco. Ou não se casará? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 35).
HS: This idea of the white butterfly stems from the feeling that, should the girl marry, she will marry
looking as slender and ethereal as any virgin dressed in white. Perhaps she will not marry?
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 20).
MR ou => and perhaps:
HE: Embora não tivesse relógio, ou por isso mesmo, gozava o grande tempo (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 80).
HS: She did not possess a watch, and perhaps for that very reason, she relished the infinity of
time (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 62).
MR é que => it’s because:
HE: Se sei quase tudo de Macabéa é que peguei uma vez de relance o olhar de uma nordestina
amarelada (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 74).
HS: If I know almost everything about Macabéa, it's because I once caught a glimpse of this
girl with the sallow complexion from the North-east (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 12).
MR é que => it was only because:
LF: E se seu marido não estava borracho é que não queria faltar ao respeito ao negociante,
e, cheio d' empenho e d'humildade, deixava-lhe, ao outro, o cantar de galo
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 12).
FT: And if her husband was not drunk it was only because he did not want to show disrespect for
the businessman, and, full of solicitude and humility, he left the swaggering to the other fellow
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 31).
MR é que => it’s that:
OE: Ah, Ulisses, pensou ela para o cão, não reabandonei por querer, é que eu precisava
fugir de Eduardo, antes que ele me arruinasse totalmente com sua lucidez: lucidez que
iluminava demais e crestava tudo (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 24).
WW: Ah, Ulysses, she thought, to the dog, I didn't abandon you because I wanted to, it's that I had
to flee Eduardo, before he destroyed me completely with his lucidity: a lucidity that illumined
too much and singed everything (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 90).
194
MR é que => is that:
PC: O mais curioso, Alfredo, é que não poderia ter existido nenhum areal (LISPECTOR,
[1944], 1990, p. 35).
NH: The oddest thing of all, Alfredo, is that there couldn't have been any beach (LISPECTOR,
[1986], 1990, p. 25).
MR é que => in fact:
PC: Mas isso não deveria ser buscado uma vez que tudo o que existia forçosamente
existia... É que a visão consistia em surpreender o símbolo das coisas nas próprias
coisas (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 55).
NH: But this was not something to be pursued, since all that existed, perforce existed... The vision,
in fact, consisted in surprising the symbol of things in the things themselves (LISPECTOR,
[1986], 1990, p. 41).
MR é que => so far as:
PC: Tropas de quentes pensamentos brotavam e alastravam-se pelo seu corpo assustado e o
que neles valia é que encobriam um impulso vital, o que neles valia é que no instante
mesmo de seu nascimento havia a substância cega e verdadeira criando-se, erguendo-
se, salientando como uma bolha de ar a superfície da água, quase rompendo-a...
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 223).
NH: Endless, feverish thoughts sprang up and pervaded her startled body and they were important
in so far as they concealed a vital impulse, they were important in so far as at the very
moment of their conception there was that blind and authentic substance creating itself, rising
and bulging out like a bubble of air on the water's surface, almost breaking it... (LISPECTOR,
[1986], 1990, p. 185).
MR é que => that:
OE: - Moço, não sei bem o endereço, esqueci. Mas o que sei é que a casa fica numa rua -
o-me-lembro-mais-o-quê mas que fala em "Guso" e faz esquina com uma rua se
o me engano chamada Coronel-não-sei-q(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 12).
WW: "Young man, I'm not sure exactly of the address, I've forgotten. But I do know that the house
is on a street-don't-remember-anymore-which-one, but it has something to do with 'Gusmão'
and it crosses a street which, if I'm not mistaken, is called Colonel-something-or other."
(LISPECTOR, [1976], 1989, p. 77).
MR é que => it’s just that:
OE: O que é que um cavalo a tal ponto que não ver o seu semelhante o torna perdido
como de si próprio? É que - quando enxerga - fora de si o que está dentro de si
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 37).
WW: What does a horse see so that not seeing his kind leaves him as if having lost his very self?
It's just that when he looks, he sees outside himself what is inside himself (LISPECTOR,
[1976], 1989, p. 107).
MR é que => it is because:
LF: - Oh não! não! o é por causa do convite para jantar! é que as rosas eram tão lindas
que tive o impulso de dar a você! (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 44).
FT: "Oh, no! No! It is not because of the invitation to dinner! It is because the roses are so lovely
that I felt the impulse to give them to you!" (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 63).
MR é que => are the one who:
LF: - Você de convir - disse a mãe inesperadamente ofendida - que se trata de uma
coisa rara. Você é que é insensível (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 73).
195
FT: You must admit," said the mother, unexpectedly peeved, "that the thing is unique. You are the
one who is insensitive." (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 93).
MR é que => was the fact that:
LF: O que tornava particularmente abastada a cena, e tão desabrochado o rosto de cada
pessoa, é que depois de muitos anos quase se apalpava afinal o progresso nessa
família: pois numa noite de maio, após o jantar, eis que as crianças têm ido
diariamente à escola, o pai mantém os negócios, a mãe trabalhou durante anos nos
partos e na casa, a mocinha está se equilibrando na delicadeza de sua idade, e a a
atingiu um estado (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 112).
FT: What made the scene so particularly complete and the expression of everyone there so
relaxed, was the fact that after many years one could almost real, at long last, the progress of
this family. Now, on this autumn evening, after dinner, here are the children who diligently
attend school each day, the father who devotes himself to his business, the mother who for
many years has been bearing children and doing the housework, the young girl who has been
adapting herself to a delicate phase of maturity, and the grandmother who has reached her old
age (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 134).
MR é que => yes:
OE: Eis o que acontece quando alguém escolhe, por medo da noite escura, viver a
superficial luz do dia. É que o sobrenatural, divino ou demoníaco, é uma tentação
desde o Egito, passando pela Idade Média até os romances baratos de mistério
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 55).
WW: That's what happens when someone chooses, for tear of the dark night, to live in the super-
ficial light of day. Yes, the supernatural, divine or demonic, has been a temptation since Egypt,
passing through the Middle Ages to the dimestore mysteries of today (LISPECTOR, [1976],
1989, p. 128).
MR é que => it is:
OE: A dona do relógio me disse hoje que ele é que é dono dela (LISPECTOR, [1974], 1999,
p. 63).
WW: The owner of the clock told me today that it is he who is her master (LISPECTOR, [1976],
1989, p. 139).
MR é que => am the one who:
PC: Ou estou errado? Eu é que não gostava daquele tipo de bondade: como se risse da
gente (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 36).
NH: Or am I wrong? I am the one who did not like that kind of goodness: almost as if she
were making a fool of me (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 26).
MR é que => this is because:
PC: - Não, disse ele, não. Nem sempre. Às vezes possui-se o mais alto e no fim da vida
tem-se a impressão... - olhou-a de lado - tem-se a impressão de que se está morrendo
virgem. É que as coisas não são talvez mais altas e mais baixas. De qualidade
diferente, entende? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 66).
NH: - No, he said, no. Not always. Sometimes one can possess what is highest, in the end, one
has the impression... – he looked at her askance - one has the impression of dying it a state of
chastity. Perhaps this is because things are neither higher nor lower. Simply different in
quality, do you understand? (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 51).
MR é que => that’s because:
196
PC: É que estou apenas contando o que vi e não o que vejo. Não sei repetir, sei uma
vez as coisas - explicou-lhe ela (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 189).
NH: - That's because I'm simply narrating what I saw, no what I'm seeing. I'm incapable of
repeating things, I only know things once - she explained to him (LISPECTOR, [1986], 1990,
p. 157).
MR é que => for the question:
HE: Se tivesse a tolice de se perguntar "quem sou eu?'' cairia estatelada e em cheio no
chão. É que "quem sou eu?" provoca necessidade (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 29-30).
HS: Were she foolish enough to ask herself 'Who am I?', she would fall flat on her face. For
the question 'Who am I?' creates a need (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 15-16).
MR é que => it is… that:
HE: Por que escrevo? Antes de tudo porque captei o espírito da língua e assim às vezes a forma é
que faz conteúdo (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 32).
HS: Why do I write? First of all because I have captured the spirit of the language and at times it is
the form that constitutes the content (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 17-18).
MR é que => but also because:
HE: Batia mas o era somente porque ao bater gozava de grande prazer sensual - a tia que não se
casara por nojo - é que também considerava de dever seu evitar que a menina viesse um dia a
ser uma dessas moças que em Maceió ficavam nas ruas de cigarro aceso esperando homem
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 43).
HS: She would thrash the girl not only because she derived some sensuous pleasure from
thrashing her - the old girl found the idea of sexual intercourse so disgusting that she had
never married - but also because she considered it her duty to see that the girl did not finish
up like many another girl in Maceió standing on street corners with a lit cigarette waiting to
pick up a man (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 27-28).
MR é que => the truth is that:
HE: Vez por outra ia para a Zona Sul e ficava olhando as vitrines faiscantes de joias e
roupas acetinadas - para se mortificar um pouco. É que ela sentia falta de
encontrar-se consigo mesma e sofrer um pouco é um encontro (LISPECTOR, [1977],
1993, p. 50).
HS: Occasionally she wandered into the more fashionable quarters of the city and stood
gazing at the shop windows displaying glittering jewels and luxurious garments in satin and
silk -just to mortify the senses. The truth is that she needed to find herself and a little
mortification helped (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 34).
MR é que => the explanation is simple:
HE: Por que as nuvens não caem, já que tudo cai? É que a gravidade é menor que a força do ar que
as levanta (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 87).
HS: Why do the clouds keep afloat when everything else drops to the ground? The explanation is
simple: the gravity is less than the force of air that sustains the clouds (LISPECTOR, [1986],
1992, p. 69).
MR por exemplo => for instance:
PC: Uma coisa que se pensava não existia antes de se pensar. Por exemplo, assim: a marca
dos dedos de Gustavo (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 50).
NH: A thing thought did not exist before being thought. Like this, for instance: Gustavo's
fingerprints... (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 37).
MR quer dizer => that is to say:
197
OE: Era viúvo, ele, quer dizer Jubileu (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 52).
NH: He was a widower, he was, that is to say Jubileu.
MR quer dizer => honestly:
HE: - Não sei bem o que sou, me acho um pouco... de quê? . . . Quer dizer não sei bem
quem eu sou (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 73).
HS: “I don't know what I am. I think I'm a little... how can I put it? Honestly, I don't know what I am”
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 56).
MR quer dizer => that is:
OE: Cujo pai era amante, com seu alfinete de gravata, amante da mulher do médico que
tratava da filha, quer dizer, da filha do amante e todos sabiam, e a mulher do médico
pendurava uma toalha branca na janela significando que o amante podia entrar ou era
toalha de cor e ele não entrava (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 83).
WW: Whose father, with his tiepin, was the lover, the lover of the wife of the doctor who took care of
his daughter, that is the daughter of the lover, and everyone knew all about it, and the wife of
the doctor would hang a white towel in the window to signal the lover that he could come in, or
else it was a colored towel and he couldn't come in (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 99).
MR quero dizer => I mean:
OE: Ou talvez não, não sei como é, ainda não morri, e depois de morrer nem saberei, quem
sabe se não tão escura. A morte, quero dizer (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 84).
WW: Or perhaps not. I don't know what it's like, I haven't died yet, and even after dying I won't
know. Who knows, it might not be so dark. Death, I mean (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 99).
MR quero dizer => that is:
OE: Filha, quero dizer, do amante (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 84).
WW: The daughter, that is, of the lover (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 99).
MR o que quer dizer => in other words:
OE: A marca é Sveglia, o que quer dizer "acorda" (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 57).
WW: The brand is Sveglia, in other words "Wake up!" (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 131).
MR o que quero dizer => what I mean to say:
LF: Não é que Carlota desse propriamente o que falar, mas ela, Laura - que se tivesse
oportunidade a defenderia ardentemente, mas nunca tivera a oportunidade – ela, Laura,
era obrigada a contragosto a concordar que a amiga tinha um modo esquisito e
engraçado de tratar o marido, oh não por ser "de igual para igual", pois isso agora se
usava, mas você sabe o que quero dizer (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 42).
FT: Not that Carlota had given cause for any scandal, although Laura, were she given the
opportunity, would hotly defend her, but the opportunity had never arisen. She, Laura, was
obliged reluctantly to agree that her mend had a strange and amusing manner of treating her
husband, not because “they treated each other as equals," since this was now common
enough, but you know what I mean to say (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 61).
MR o que queria dizer => what I wanted to say:
HE: E da cabeça um fio de sangue inesperadamente vermelho e rico. O que queria dizer
que apesar de tudo ela pertencia a uma resistente raça não teimosa que um dia vai
talvez reivindicar o direito ao grito (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 98-99).
HS: The trickle of blood corning from the wound on her temple was surprisingly thick and red.
What I wanted to say was that despite everything, she belonged to a resistant and stubborn
198
race of dwarfs that would one day vindicate the right to protest (LISPECTOR, [1986], 1992, p.
79).
MR isto é => that is:
OE: Ela era feita de Deus. Isto é: tudo ou nada (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 34).
WW: She was made of God. That is, of all or nothing (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 103).
MR isto é => such is:
PC: Isso é o mundo, eu sou eu, está chovendo no mundo, é mentira, eu sou um trabalhador
intelectual, Joana dorme no quarto, alguém deve estar acordando agora, Joana diria:
outro morrendo, outro ouvindo sica, alguém entrou num banheiro, isto é o mundo
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 136).
NH: Such is the world, I am me, it's raining in the world, it's a lie, I'm someone who works with my
intellect, Joana is asleep in the bedroom, someone must be waking up at this moment, Joana
would say: another is dying, another is listening to music, someone has gone into the
bathroom, such is the world (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 111-112).
MR digamos => let us say:
LF: Diante da dificuldade o homem concedeu: "não era necessário enterrar no centro, eu também
enterraria o outro, digamos, bem onde eu estivesse neste mesmo instante em pé".
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 120).
FT: Confronted with this difficulty, the man admitted, "It was unnecessary to bury in the center. I
should also bury the other, let us say, right here, where I am standing at this very moment."
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 141).
MR digamos => let’s say:
HE: Estes sonhos, de tanta interioridade, eram vazios porque lhes faltava o núcleo essencial de uma
prévia experiência de – de êxtase, digamos (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 54).
HS: Her dreams were empty on account of all that inner life, because they lacked the essential
nucleus of any prior experience of-of ecstasy, let's say (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 37).
MR ou melhor => or better still:
PC: Mas me conte antes seu romance com Otávio, me conte como conseguiu que ele voltasse para
você. Ou melhor: o que ele pensa de mim (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 164).
NH: But first tell me about your romance with Otavio, tell me how you managed to get him to come
back to you. Or better still: what he thinks of me (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 135-136).
MR ou melhor => or rather:
HE: Como me vingar? Ou melhor, como me compensar? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 41).
HS: How can I avenge myself? Or rather, how can I get satisfaction? (LISPECTOR, [1986], 1992,
p. 25).
199
B - Outras ocorrências de MRs de menor frequência nos TTs para o inglês em relação aos
TOs, referente à Tabela 4, inseridas no contexto:
MR or => e:
FT: Because, although mine, you never conceded me even a little of your past or your nature
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 143).
LF: Porque, embora meu, nunca me cedeste nem um pouco de teu passado e de tua
natureza (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 122).
MR or => ou senão:
NH: But this does not explain why I am moved when Otávio coughs and puts his hand to his
chest, like this. Or when he smokes, and the ash falls on his moustache, without him even
noticing (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 20).
PC: Mas isso não explica por que eu me emociono quando Otávio tosse e põe a mão no
peito, assim. Ou senão quando fuma, e a cinza cai no seu bigode, sem que ele note
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 29).
MR or => e sem:
NH: Her courage had grown inside the room plunged into darkness and luminous worlds had
formed, without fear or shame (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 158-159).
PC: Sua coragem desenvolvera-se dentro do quarto e à luz fechada mundos luminosos
se formavam sem medo e sem pudor (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 191).
MR or => ora:
WW: A stifling smell of roses filled the air with heaviness, roses cursed in their own strength by
a nature gone mad, the same nature which invented ,snakes and rats and pearls and
children - crazed nature that was either night of utter darkness or day of light
(LISPECTOR, [1976], 1989, p. 120-121).
OE: Um cheiro sufocante de rosas enchia de peso o ar, rosas malditas na sua força de
natureza doida, a mesma natureza que inventava as cobras e os ratos e pérolas e
crianças - a natureza doida que ora era noite em trevas, ora o dia de luz
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 48).
MR or => assim como:
NH: Nothing they could say bothered her or whatever happened to her, and everything slid over
her and vanished into waters other than those inside her (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 70).
PC: Nada do que diziam lhe importava, assim como os acontecimentos, e tudo deslizava
sobre ela e ia perder-se em águas outras que não as interiores (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 89).
MR or => como se:
NH: It was so hard to decide, as if he had never seen her before or never embraced her so
often (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 151).
PC: Tão difícil descobrir como se nunca a tivesse visto, como se não a tivesse abraçado
tantas vezes (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 182).
MR for example => por acaso:
HS: Did the word aristocracy, for example, mean some grace that had been granted?
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 51).
HE: "Aristocracia" significaria por acaso uma graça concedida? (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
68).
200
MR the fact is that => verdade é que:
NH: She was the one who remembered such things. The fact is that those moments were so
special that one couldn't recall them when speaking (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 118).
PC: Ela é quem tinha memória para aquelas coisas. Verdade é que a qualidade desses
acontecimentos era tal, que não se podia rememorá-los falando (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 144).
201
C - Outras ocorrências de MRs de menor frequência nos TOs em relação aos TTs para o
italiano, referente à Tabela 6, inseridas no contexto:
MR ou => oppure:
HE: Quem não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa? (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 29).
OS: Chi non si è mai domandato: sono un mostro, oppure questo significa essere una persona?
(LISPECTOR, 1989, p. 14).
MR ou => o forse:
PC: Como se sua tia morta ressurgisse e lhe falasse. Joana imaginou-lhe o susto, sentiu
seus olhos abertos - ou seriam os seus próprios olhos a quem ela não permitia
surpresas? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 156).
Vc: Come se la zia morta risorgesse e le parlasse, Joana ne immaginò la paura, ne sentì gli occhi
aperti - o forse erano i suoi, di occhi, ai quali non concedeva sorprese? (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 133).
MR ou => e:
HE: Embora não tivesse relógio, ou por isso mesmo, gozava o grande tempo (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 80).
OS: Non possedeva orologio e, magari proprio per questo, godeva la vastità del tempo
(LISPECTOR, 1989, p. 68).
MR ou => che:
OE: Andava interminavelmente pelos subterrâneos do Estádio do Maracanã ou pelo menos
pareceram-lhe cavernas estreitas que davam para salas fechadas e quando se abriam as
salas havia uma janela dando para o estádio (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 9).
DS: Camminava negli interminabili sotterranei dello stadio del Maracanã, che le sembravano
piuttosto strette caverne, che immettevano in sale chiuse e, quando queste sale sì aprivano,
c'era un'unica finestra che dava sullo stadio (LISPECTOR, 1994, p. 25).
MR ou => o magari perché:
PC: Mas logo em seguida levantou o corpo e apoiada sobre o próprio cotovelo fitou-o,
talvez sem curiosidade, porém exigente, esperando uma resposta. Ou atendendo a que
as caras impassíveis aguardavam esse gesto (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 149).
Vc: Ma subito dopo sollevò il corpo e si mise a fissarlo appoggiata sul gomito, magari senza
curiosità, ma esigente, in attesa di una risposta. O magari perché le facce impassibili
aspettavano quel gesto (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 127).
MR ou => e neppure:
PC: Enxergava alguma coisa, mas não conseguiria dizê-la ou pensá-la sequer, tão diluída
achava-se a imagem na escuridão de seu corpo (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 195).
Vc: Distingueva qualcosa, ma non sarebbe riuscita a esprimerla e neppure a pensarla, tanto
l'immagine era diluita nell'oscurità del suo corpo (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 167).
MR é que omitido no TT:
LF: Pois se no momento de pegar as rosas é que notei quanto as achava lindas, pela
primeira vez na verdade, ao pegá-las, notara que eram lindas (LISPECTOR, [1960],
1998, p. 48).
Lf: Infatti solo mentre prendevo le rose ____ ho notato quanto le trovavo belle.Per la prima volta,
veramente, nel prenderle aveva notato che erano belle (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 13).
MR é que => che:
202
PC: — Pergunte de novo, Joana, eu é queo ouvi (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 38).
Vc: " Chiedimelo di nuovo, Joana, sono io che non ho sentito" (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 29).
MR é que => il fatto è che:
LF: De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era piedade: seu coração se
enchera com a pior vontade de viver (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 27).
Lf: Di cosa si vergognava? Il fatto è che quel che sentiva non era pietà, o non era soltanto pietà:
il suo cuore si era riempito della peggiore voglia di vivere (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 6).
MR é que => era che:
PC: A verdade é que se não tivesse dinheiro, se não possuísse os "estabelecidos", se não
amasse a ordem, se não existisse a Revista de Direito, o vago plano do livro de civil,
se Lídia não estivesse dividida de Joana, se Joana não fosse mulher e ele homem, se...
oh, Deus, se tudo.. . que faria? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 134).
Vc: La verità era che se non avesse avuto soldi, se non avesse posseduto ciò che 'si deve'
possedere, se non avesse amato l'ordine, se non fosse esistita la Rivista di Diritto, quel suo
vago progetto di un libro di Civile, se Lídia non fosse stata separata da Joana, se Joana non
fosse stata una donna e lui un uomo, se... oh, Dio, se tutto... che avrebbe fatto?
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 114).
MR é que => era solo perché:
LF: E se seu marido não estava borracho é que não queria faltar ao respeito ao negociante,
e, cheio d' empenho e d'humildade, deixava-lhe, ao outro, o cantar de galo
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 12).
Lf: E se suo marito non si era ubriacato era solo perché non voleva mancare di rispetto a
quell'uomo di affari e, pieno di zelo e di umiltà, lasciava all'altro il canto del gallo
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 2).
MR é que => :
OE: Mas, quem sabe? Se desistisse de Roberto Carlos, então é que as coisas entre ele e ela
aconteceriam (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 16).
DS: Ma, chi lo sa? Se avesse rinunciato a Roberto Carlos, allora , le cose tra lui e lei sarebbero
successe (LISPECTOR, 1994, p. 4).
MR é que => solo che:
PC: Mas ela o dormia. É que entrefechando os olhos, deixando a cabeça cair de lado,
valia um pouco como se estivesse chovendo, tudo se misturava levemente
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 37).
Vc: Ma lei non dormiva. Solo che, socchiudendo gli occhi, abbandonando la testa da un lato, era
un po' come se stesse piovendo, tutto si confondeva pian piano (LISPECTOR, [1977], 1993,
p. 28).
MR é que => di certo:
PC: Isso, sim, isso: se existisse Deus, é que ele teria desertado daquele mundo
subitamente, excessivamente limpo, como uma casa ao bado, quieta, sem poeira,
cheirando a sabão (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 41).
Vc: Ecco, sì, ecco: se Dio esistesse, di certo avrebbe subito disertato quel mondo troppo pulito,
come una casa al sabato, tranquilla, senza un grano di polvere, odorosa di sapone
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 32).
MR é que => è perché:
203
PC: Se o brilho das estrelas doi em mim, se é possível essa comunicação distante, é que
alguma coisa quase semelhante a uma estrela tremula dentro de mim (LISPECTOR,
[1944], 1990, p. 79-80).
Vc: Se il brillio delle stelle mi fa male, se è possibile questa comunicazione lontana, è perché
qualcosa che forse assomiglia a una stella mi freme dentro (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
65).
MR é que => e:
HE: E quando acordava? Quando acordava não sabia mais quem era. Só depois é que pensava com
satisfação: sou datilógrafa e virgem, e gosto de coca-cola (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 52).
OS: E quando si svegliava? quando si svegliava non sapeva nemmeno pchi era. Solo più tardi,
e con una certa soddisfazione, realizzava: sono dattilografa e vergine, e mi piace la coca cola
(LISPECTOR, 1989, p. 38).
MR é que => è magari perché:
HE: Se sei quase tudo de Macabéa é que peguei uma vez de relance o olhar de uma nordestina
amarelada (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 74).
OS: Se so quasi tutto di Macabéa è magari perché una volta ho intercettato lo sguardo di una
nordestina smunta (LISPECTOR, 1989, p. 61).
MR é que =>perché:
HE: Por que as nuvens não caem, já que tudo cai? É que a gravidade é menor que a força do ar que
as levanta (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 87).
OS: Perché le nuvole non cadono? dato che tutto cade? Perché la forza di gravità è inferiore a
quella dell'aria che le sostiene (LISPECTOR, 1989, p. 75).
MR é que => era il fatto che:
LF: O que tornava particularmente abastada a cena, e tão desabrochado o rosto de cada
pessoa, é que depois de muitos anos quase se apalpava afinal o progresso nessa
família: pois numa noite de maio, após o jantar, eis que as crianças têm ido
diariamente à escola, o pai mantém os negócios, a mãe trabalhou durante anos nos
partos e na casa, a mocinha está se equilibrando na delicadeza de sua idade, e a avó
atingiu um estado (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 112).
Lf: Ciò che rendeva particolarmente riuscita quella cena e tanto disteso il volto di ogni persona,
era il fatto che dopo molti anni in quella famiglia si cominciava a percepire che qualcosa era
stato realizzato: in fatti, nella sera di maggio, dopo la cena, i bambini avevano frequentato
regolarmente la scuola, il padre aveva consolidato i propri affari, la madre si era logorata per
anni fra gravi danze e lavori di casa, la ragazza stava trovando un proprio equilibrio nella
fragilità dell'età, e la nonna aveva raggiunto una condizione soddisfacente (LISPECTOR,
[1986], 1994, p. 34).
MR é que => è vero che:
OE: Livra-me, rouba depressa o ginete enquanto é tempo, enquanto ainda não entardece,
enquanto é dia sem trevas, se é que ainda há tempo, pois ao roubar o ginete tive que
matar o Rei, e ao assassiná-lo roubei a morte do Rei (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 42).
DS: Liberami, ruba in fretta il cavallo, fintante che c'è tempo, fintante che ancora non annotta,
fintanto che è giorno senza tenebre, se è vero che c'è ancora tempo, poiché, nel rubare il
cavallo ho dovuto uccidere il Re, e nell'assassinarlo ho rubato la morte del Re (LISPECTOR,
1994, p. 14).
MR é que => per la veri:
OE: Acorda-me, Sveglia, quero ver a realidade. Mas é que a realidade parece um sonho
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 58).
204
DS: Sveglia, voglio vedere la realtà. Ma, per la verità, la realtà sembra un sogno (LISPECTOR,
[1986], 1994, p. 20).
MR é que => era dato dalla:
OE: O único sinal de vida é que sua testa se perlava de suor (LISPECTOR, [1974], 1999, p.
60).
DS: L'unico segno di vita era dato dalla sua fronte che si imperlava di sudore (LISPECTOR,
[1986], 1994, p. 21).
MR por exemplo => ad esempio:
PC: Como esclarecer a si própria, por exemplo, que linhas agudas e compridas tinham
claramente a marca? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 55).
Vc: Come potersi spiegare, ad esempio, che le linee acute e lunghe possedevano chiaramente
quel marchio? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 45).
MR quero dizer => intendo dire:
OE: Ou talvez não, não sei como é, ainda não morri, e depois de morrer nem saberei, quem sabe se
não tão escura. A morte, quero dizer (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 84).
DS: O forse no, non so com'è, non sono ancora morta, e dopo che lo sarò non lo saprò, forse non
è così buia. La morte, intendo dire (LISPECTOR, 1994, p. 29).
MR quer dizer => cioè:
HE: - Não sei bem o que sou, me acho um pouco... de quê? . . . Quer dizer não sei bem
quem eu sou (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 73).
OS: - Non so bene quello che sono. Mi trovo un po'... di cosa?... Cioè, non so bene chi sono
(LISPECTOR, 1989, p. 61).
MR quer dizer => vuoi dire:
PC: Que ideia! Acho que não sei o que você quer dizer, que ideia! Faça a mesma
pergunta com outras palavras... (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 38).
Vc: " Che idea! Penso che tu non sappia quello che vuoi dire, che idea! Rifai la domanda con
altre parole... " (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 52).
MR quer dizer => ossia:
OE: Era viúvo, ele, quer dizer Jubileu (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 52).
DS: Era vedovo, lui, ossia Jubileu (LISPECTOR, 1994, p. 11).
MR quer dizer =>vuol dire:
PC: Sim, mas os dourados de sol, louros de certo modo... Quer dizer que na
verdade não imaginei (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 28).
Vc: , ma quelli dorati dal sole, biondi in un certo senso... Vuol dire che in realtà io non ho
immaginato (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 20).
MR o que quer dizer => che vuol dire:
OE: A marca é Sveglia, o que quer dizer "acorda" (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 57).
DS: È marca Sveglia, che vuol dire "sveglia" (LISPECTOR, 1994, p. 20).
MR isto é => ossia:
OE: Ela era feita de Deus. Isto é: tudo ou nada (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 34).
DS: Era fatta di Dio. Ossia: tutto o niente (LISPECTOR, 1994, p. 11).
MR isto é => è:
205
PC: Não podia acalentar-se dizendo: isto é apenas uma pausa, a vida depois virá como uma
onda de sangue, lavando-me, umedecendo a madeira crestada (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 42).
Vc: Non riusciva a calmarsi dicendo: è solo una pausa, la vita verrà dopo come un'onda di
sangue, lavandomi, inumidendo il legno bruciacchiato (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 32).
MR isto é => questo è:
PC: Isso é o mundo, eu sou eu, está chovendo no mundo, é mentira, eu sou um trabalhador
intelectual, Joana dorme no quarto, alguém deve estar acordando agora, Joana diria:
outro morrendo, outro ouvindo sica, alguém entrou num banheiro, isto é o mundo
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 136).
Vc: Questo è il mondo, io sono io, sul mondo sta piovendo, è una bugia, io sono un intellettuale,
Joana sta dormendo in camera, qualcuno si sta probabilmente svegliando, Joana direbbe: uno
sta morendo, uno ascoltando musica, qualcuno è entrato in bagno, questo è il mondo
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 116).
206
D - Outras ocorrências de MRs de menor frequência nos TTs em relação aos TOs,
referente à Tabela 8, inseridas no contexto:
MR o omitido no TO:
Lf: E dal momento che i figli erano dalle zie nella fattoria di Jacarepaguà, lei ne approfittò per
rimanere a letto fino all'alba; se ne stava turbata e lieve tra le lenzuola, era un capriccio, o
chissà cos'altro (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 1).
LF: E, já que os filhos estavam na quinta das titias em Jacarepaguá, ela aproveitou para
amanhecer esquisita: túrbida e leve na cama, um desses caprichos, _____ sabe-se lá
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 10).
MR o => ou senão:
Vc: Ecco quel che mi succede o che rischia di succedermi: da un momento all'altro, a un certo
movimento, posso trasformarmi in una linea (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 137).
PC: Comigo acontece o seguinte ou senão ameaça acontecer: de um momento para outro,
a certo movimento, posso me transformar numa linha (LISPECTOR, [1944], 1990, p.
160).
MR o => e nem:
OS: Questo non sapere papparire negativo, ma lo è solo in apparenza, lei sapeva molte cose,
non diversamente da come nessuno insegna a un cagnetto a muovere la coda, o a una
persona a provare la fame (LISPECTOR, 1989, p. 29).
HE: Esse não-saber pode parecer ruim mas o é tanto porque ela sabia muita coisa assim como
ninguém ensina cachorro a abanar o rabo e nem a pessoa a sentir fome; nasce-se e fica-se logo
sabendo (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 44).
MR il fatto è che => o fato é que:
Lf: "O studia troppo o non mangia abbastanza al mattino," disse la madre. "Il fatto è che si
sveglia bene ma arriva a pranzo così pallido. E subito mette su quell'espressione tesa, è il
primo segnale." (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 33).
LF: - Ou ele estuda demais ou o come bastante de manhã, disse a mãe. O fato é que
acorda bem disposto mas aparece para o almoço com essa cara pálida. Fica logo com
as feições duras, é o primeiro sinal (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 108).
207
E - Outras ocorrências de FLs de menor frequência nos TOs em relação aos TTs para o
inglês, referente à Tabela 10, inseridas no contexto:
FL na verdade => actually:
OE: Na verdade o seu dono, o homem gordo, tinha por ele um amorlido e severo, de pai
para filho, de dono para mulher (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 81).
WW: Actually, his owner, the fat man, felt a solid, severe love for him, that of a father for a son,
of a master for his wife (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 158).
FL na verdade => indeed:
LF: Na verdade, como a falta (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 50).
FT: Indeed, like some great loss (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 69).
FL na verdade => in reality:
OE: E na verdade Sveglia não tem nome íntimo: conserva o anonimato (LISPECTOR,
[1974], 1999, p. 61).
WW: And in reality, Sveglia has no intimate name: he preserves his anonymity (LISPECTOR,
[1976], 1989, p. 135-136).
FL na verdade => really:
PC: Nesse estado transforma-se o ódio em amor, que nunca passa na verdade de procura
de amor, jamais obtido senão em teoria, como no cristianismo (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 108).
NH: In this state, hatred transforms itself into love, which never really goes beyond a search for
love, never realized except in theory, as in Christianity (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 86).
FL na verdade => in truth:
HE: Na verdade por pior a infância é sempre encantada, que susto (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
50).
HS: In truth, no matter how bad one's childhood may have been, it always sounds enchanted in
recollection - how awful (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 34).
FL na verdade => on the truth:
PC: Mente-se e cai-se na verdade (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 28).
NH: One lies and stumbles on the truth (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 18).
FL na verdade => to be frank:
PC: Não, na verdade nunca mostrou ironia para... (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 142).
NH: No, to be frank she had never been sarcastic about... (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 117).
FL na verdade => undeniably:
HE: Macabéa era na verdade - uma figura medieval enquanto Olímpico de Jesus se julgava pa-
chave, dessas que abrem qualquer porta (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 63).
HS: Macabéa was undeniably a primitive creature while Olímpico de Jesus saw himself as a man
about town the type of man for whom all doors open (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 46).
FL na verdade => now:
HE: Olímpico na verdade não mostrava satisfação nenhuma em namorar Macabéa - é o
que eu descubro agora (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 76).
HS: Olímpico - as I now discover - derived little satisfaction from courting Macabéa (LISPECTOR,
[1986], 1992, p. 58).
208
FL ao mesmo tempo => while:
OE: Os olhos eram redondos, hipertireóidicos, combinando com um ligeiro prognatismo - e
essa mistura, se lhe dava um ar estranhamente impudico, formava uma cara meio
oferecida de menino de rua, desses que estão permanentemente resfriados e que ao
mesmo tempo chupam bala e fungam o nariz (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 80).
WW: Its eyes, rounded and hyperthyroid, combined with a slight prognathism of the lower jaw-and
this mixture gave him a strangely impudent expression, forming the half-proffered face of a
street urchin, one of those who always have colds and sniffle while sucking on candy
(LISPECTOR, [1976], 1989, p. 157).
FL ao mesmo tempo => as well as:
LF: Ao mesmo tempo que imaginário - era um mundo de se comer com os dentes, um
mundo de volumosas dálias e tulipas (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 25).
FT: As well as being imaginary, this was a world to be devoured with one's teeth, a world of
voluminous dahlias and tulips (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 43).
FL ao mesmo tempo => also:
LF: Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos porque a visita significava ao
mesmo tempo um passeio a Copacabana (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 54).
FT: Those who had made the journey from Olaria were all dressed up because the visit also
meant an outing to Copacabana (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 73).
FL ao mesmo tempo => at a time:
PC: Otávio continuava no Direito Público, demorando-se em alguma linha e depois
impaciente mordendo a unha e voltando rápido várias páginas ao mesmo tempo
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 121).
NH: Otavio continued reading about Civil Law, pausing over some line and then impatiently biting
his nail and quickly turning several pages at a time (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 79).
FL no meio da => in the middle of:
OE: - D. Frozina, que coisa horrível a senhora cochilar no meio da reza deixando os santos
à toa! (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 68).
WW: Dona Frozina, what a terrible thing, to doze off in the middle of a prayer, leaving the saints
to fend for themselves." (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 145).
FL no meio da => amidst the:
LF: No meio da fumaça Catarina começou a caminhar de volta, as sobrancelhas franzidas,
e nos olhos a malícia dos estrábicos (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 98).
FT: Amidst the smoke, Catherine began to walk back down the platform, her eyebrows drawn in a
frown and in her eyes the sly look of those with a squint (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 119).
FL no meio da => into the middle of the:
LF: No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela. Uma grande estrela de
gelo que não voltara ainda, incerta no ar, úmida, informe (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
87).
FT: In the dark air, not in the sky, but in the middle of the road, there was a star: a great star of
ice which had not yet disappeared, hovering uncertainly in the air, humid and formless
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 107).
FL no meio da => in the midst of the:
209
OE: E se no meio da ronda selvagem aparecia um potro branco - era um assombro no
escuro (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 40).
WW: And if in the midst of the wild, milling herd a white colt appeared-it was wonderment in the
dark (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 110).
FL no meio da => in mid:
PC: Quando haviam soada três horas, repentinamente agitara-se, parara no meio da frase e,
os gestos medidos, o rosto ávido e grave, contara vinte gotas dum frasco para um
cálice de água (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 128-129).
NH: When the clock struck three, he had suddenly become restless, had halted in mid-sentence
and, with measured gestures, his expression avid and sober, had counted twenty drops from a
phial into a glass of water (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 105).
FL no meio da => in a downpour of:
HE: Sua exclamação talvez tivesse sido um prenúncio do que ia acontecer no final da tarde desse
mesmo dia: no meio da chuva abundante encontrou (explosão) a primeira espécie de
namorado de sua vida, o coração batendo como se ela tivesse englutido um passarinho
esvoaçante e preso (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 59).
HS: Her exclamations could have been a premonition of what was about to occur in the late
afternoon of that same day. In a downpour of rain, she met (bang) the first boy-friend of any
kind she had ever known, her heart beating furiously as if she had swallowed a little bird that
continued to flutter inside her (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 42).
FL no meio das => in the middle of the:
OE: Ao atravessar a rua no meio das buzinas dos carros (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 76).
WW: While crossing the street in the middle of the blaring horns (LISPECTOR, [1976], 1989, p.
152).
FL no meio de => in the midst of:
LF: Perturbada pela umidade cheirosa, deitou-se prometendo-se para o dia seguinte uma
atitude inteiramente nova que abalasse os jacintos e fizesse as frutas estremecerem nos
ramos - no meio de sua meditação adormeceu (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 113).
FT: Disturbed by the fragrant humidity, she lay down, promising herself a completely new outlook
tomorrow which would shake the hyacinths and make the fruits tremble on the branches-and
in the midst of her meditation she fell asleep (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 134).
FL no meio de => in fun view of:
LF: Contrita como no dia em que no meio de todo o mundo tudo o que tinha na bolsa caíra
no chão e tudo o que tivera valor enquanto secreto na bolsa, ao ser exposto na poeira
da rua, revelara a mesquinharia de uma vida íntima de precauções: pó-de-arroz, recibo,
caneta-tinteiro, ela recolhendo do meio-fio os andaimes de sua vida (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 130).
FT: Contrite, as on the day when in fun view of a crowd everything had spilled from her handbag
to the ground and everything which had retained some value while secret in her bag, once
exposed in the dust of the road, had revealed the pettiness of an intimate life marked by pre-
cautions: face powder, a receipt, her fountain pen-gathering the props of her existence from
the curbstone (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 151).
FL no meio de => in the middle of:
OE: Queria morrer só aos noventa anos, no meio de um ato de vida, sem sentir
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 33).
210
WW: She wanted to die at ninety, not before, in the middle of an act of tire, without feeling a thing
(LISPECTOR, [1976], 1989, p. 102).
FL no meio do => in the middle of the:
PC: Aos poucos sonhava com carneiros azuis, com ir a uma escola no meio do mato, com
gatos bebendo leite em pires de ouro (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 56).
NH: Little by little she dreamed of blue sheep, of going to school in the middle of the woods, of
cats drinking milk from golden saucers (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 42-43).
FL no meio do => amidst:
PC: Novamente, no meio do raciocínio inútil, veio-lhe um cansaço, um sentimento de
queda (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 97).
NH: Once more, amidst futile reasoning, he was overcome by weariness, a feeling of
despondency (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 77).
FL no meio do => in the midst of:
PC: Mas no meio do riso já estava achando um pouco de graça (LISPECTOR, [1944], 1990,
p. 125).
NH: But in the midst of her laughter she was already finding some amusement (LISPECTOR,
[1986], 1990, p. 101).
FL nesse momento => at this very moment:
PC: Sabia que mesmo nesse momento estava sozinha, que o homem acordaria distante
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 153).
NH: She knew that even at this very moment she was alone, that the man would awaken in some
remote place (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 126).
FL à beira da => on the border of:
LF: Perdera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o que esta já
perdera, não o que ganhara (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 86).
FT: She had lost her faith, but on the border of grace, she sought in the maid only what the latter
had already lost, not what she had gained (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 107).
FL à beira da => on the verge of the:
OE: Os que subiam estavam à beira da verdade (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 44).
WW: Those who were climbing were on the verge of the truth (LISPECTOR, [1976], 1989, p.
115).
FL à beira de => at the edge of:
OE: Eu estou à beira de meu corpo (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 71).
WW: I am at the edge of my body (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 147).
FL à beira de => on the brink of:
LF: Enquanto não chegou à porta do edifício, parecia à beira de um desastre (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 26).
FT: Until she reached the entrance of the building, she seemed to be on the brink of disaster
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 44).
FL à beira de => at... edge:
OE: À beira de eu estou mim (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 70).
WW: At my own edge is me (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 146).
211
FL à beira do => on the... edge:
LF: Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se
recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar (LISPECTOR, [1960], 1998,
p. 32).
FT: Once in a while, but ever more infrequently, she remembered how she had stood out against
the sky on the roof edge ready to cry (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 52).
FL à beira do => at the edge of the:
OE: Eu à beira do vento (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 71).
WW: I at the edge of the wind (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 147).
FL à beira do => at the edge of:
OE: E à beira do amor estamos nós (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 71).
WW: And at the edge of love there we stand (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 147).
FL à beira do => on the edge of the:
PC: Ouvir-se! prender a fugaz oportunidade que dançava com os s leves à beira do
abismo (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 219).
NH: To hear itself! to take the fleeting opportunity that danced with agile feet on the edge of the
abyss (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 182).
FL de vez em quando => now and then:
OE: De vez em quando ouvia-se um longo relincho e não se via cavalo nenhum
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 38).
WW: Now and then one would hear a long whinny, but there was no horse to be seen
(LISPECTOR, [1976], 1989, p. 123).
FL de vez em quando => sometimes:
HE: Quanto a ela, até mesmo de vez em quando ao receber o salário comprava uma rosa
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 48).
HS: As for the girl, she would sometimes buy a rose when the boss paid out her wages
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 32).
FL de vez em quando => very rarely:
HE: s éramos muito unidas e só de vez em quando eu me atracava com uma (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 92).
HS: We were a closely-knit community, and only very rarely did I fight with any of the other girls
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 73).
FL é claro => clearly:
HE: Se veracidade nela - e é claro que a história é verdadeira embora inventada - que cada um a
reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem
pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro - existe a quem falte
o delicado essencial (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 26).
HS: If there is any truth in it - and clearly the story is true even though invented - let everyone see
it reflected in himself for we are all one and the same person, and he who is not poor in terms
of money is poor in spirit or feeling for he lacks something more precious than gold - for there
are those who do not possess that essential essence (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 12).
FL é claro => obvioulsy:
HE: A história - determino com falso livre artrio - vai ter uns sete personagens e eu sou um dos
mais importantes deles, é claro (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 26-27).
212
HS: The story -I have decided with an illusion of free will - should have some seven characters,
and obviously I am one of the more important (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 13).
FL por assim dizer => in a manner of speaking:
LF: No entanto ele era muito mais parente que seu pai, que, por assim dizer, entrara na família
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 105).
FT: Yet he was much more of a relation to her than his father, who, in a manner of speaking, had
married into the family (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 126).
FL por assim dizer => virtually:
LF: Carlota ambiciosa e rindo com força: ela, Laura, um pouco lenta, e por assim dizer
cuidando em se manter sempre lenta; Carlota não vendo perigo em nada. E ela
cuidadosa (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 35-36).
FT: Carlota, ambitious and laughing heartily; Laura, a little slow, and virtually always taking care
to be slow. Carlota, seeing danger in nothing; and Laura ever cautious (LISPECTOR, [1972],
1995, p. 55).
FL por assim dizer => so to speak:
LF: E por assim dizer a festa estava terminada (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 59).
FT: And the party was over, so to speak (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 79).
FL por assim dizer => to all intents and purposes:
LF: E por assim dizer, de novo a festa estava terminada (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 63).
FT: And, to all intents and purposes, the party had finished once more (LISPECTOR, [1972],
1995, p. 82).
FL por assim dizer => does that mean to say:
PC: - Mas tendo a coisa mais alta, disse ela devagar, a gente por assim dizernão tem as
que estão abaixo? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 66).
NH: “But when you have the highest thing, she asked slowly, does that mean to say that
you don't have all the thing lower down? (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 50-51).
213
F - Outras ocorrências de FLs de menor frequência nos TTs para o inglês em relação aos
TOs, referente à Tabela 12, inseridas no contexto:
FL in fact => é que:
NH: The vision, in fact, consisted in surprising the symbol of things in the things themselves
(LISPECTOR, [1986], 1990, p. 41).
PC: É que a visão consistia em surpreender o símbolo das coisas nas próprias coisas
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 55).
FL in fact => aliás:
WW: In fact, her face had never shown anything but good breeding (LISPECTOR, [1976], 1989, p.
82).
OE: Aliás, seu rosto nunca exprimira senão boa educação (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 16).
FL in fact => mesmo:
WW: No one wished to die and, in fact, they didn't die (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 118).
OE: Ninguém queria morrer e não morria mesmo (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 46).
FL in fact => realmente:
FT: In the Central Congo he discovered, in fact, the smallest pygmies in the world (LISPECTOR,
[1972], 1995, p. 88).
LF: No Congo Central descobriu realmente os menores pigmeus do mundo (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 68).
FL in fact => na realidade:
FT: In fact, the outing was only ruined at the beginning (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 130).
LF: Na realidade o cinema só esteve estragado no começo (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
109).
FL in fact => já:
WW: She still would have liked to say something and in fact was preparing a sociable nod of the
head, full of studied grace (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 89).
OE: Ainda quereria dizer qualquer coisa e preparava um gesto social de cabeça, cheio de
graça prévia (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 23).
FL in fact => e:
WW: As for "Our Lady," don't even mention it; the mother of Jesus has no peace. In fact, since
she's from the north, she lives with "Virgin Marys" coming from her mouth at every little fright
(LISPECTOR, [1976], 1989, p. 144).
OE: De "Nossa Senhora" nem se fala; a mãe de Jesus não tem sossego. E, como vem do
norte, vive dizendo: Virgem Maria! a cada espanto (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 68).
FL in fact => sim:
HS: In fact, I sometimes think that I am not me. I seem to belong to a remote planet, I am such a
stranger unto myself (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 36).
HE: Sim, é verdade, às vezes também penso que eu não sou eu, pareço pertencer a uma galáxia
longínqua de tão estranho que sou de mim (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 52).
FL at this moment => nesse instante:
FT: It was at this moment that she became deaf: one of her senses was missing (LISPECTOR,
[1972], 1995, p. 35).
214
LF: Foi nesse instante que ficou surda: faltou-lhe um sentido (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
17).
FL at this moment => neste instante:
NH: And she loved him at this moment (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 117).
PC: E amava-o neste instante (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 143).
FL at this moment => naquele instante:
NH: She remembered them and felt certain that they would find Otavio ugly at this moment
(LISPECTOR, [1986], 1990, p. 117).
PC: Lembrava-se delas e sabia que haveriam de achar Otávio feio naquele instante
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 143).
FL at this moment => agora:
NH: Such is the world, I am me, it's raining in the world, it's a lie, I'm someone who works with my
intellect, Joana is asleep in the bedroom, someone must be waking up at this moment, Joana
would say: another is dying, another is listening to music, someone has gone into the
bathroom, such is the world. I intend to arouse the feelings of everyone, to call upon them to
share my compassion (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 111-112).
PC: Isso é o mundo, eu sou eu, está chovendo no mundo, é mentira, eu sou um trabalhador
intelectual, Joana dorme no quarto, alguém deve estar acordando agora, Joana diria:
outro morrendo, outro ouvindo música, alguém entrou num banheiro, isto é o mundo.
Vou comover todos, chamá-los para se enternecerem comigo (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 136).
FL at that moment => nesse instante:
FT: At that moment, Little Flower scratched herself where one never scratches oneself
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 90).
LF: Nesse instante Pequena Flor coçou, se onde uma pessoa não se coça (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 70).
FL at that moment => neste instante:
FT: It was at that moment that the explorer, for the first time since he had known, her - instead of
experiencing curiosity, enthusiasm, a sense of triumph, or the excitement of discovery - felt
distinctly ill at ease (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 93).
LF: Foi neste instante que o explorador, pela primeira vez desde que a conhecera, em vez
de sentir curiosidade ou exaltação ou vitória ou espírito científico, o explorador sentiu
mal-estar (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 73).
FL at that moment <= na mesma hora:
WW: At that moment, some were lying in bed asleep, others already awake (LISPECTOR, [1976],
1989, p. 125).
OE: Na mesma hora estavam ora deitados na cama a dormir, ora já despertos
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 52).
FL at that moment => no momento:
NH: At that moment when he had finally kissed her, he had felt himself to be suddenly free,
pardoned beyond what he knew of himself, pardoned in what lay beneath everything, he
was... (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 88).
PC: No momento em que finalmente a beijara sentira-se ele próprio de repente livre,
perdoado além do que ele sabia de si mesmo, perdoado no que estava sob tudo o que
ele era... (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 110).
215
FL at that moment => então:
NH: At that moment there was a horse running free through the silent countryside, the movement
of its legs barely visible (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 179).
PC: Havia então um cavalo solto na campina quieta, a mobilidade de suas pernas apenas
adivinhada (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 216).
FL at that moment => :
HS: At that moment, Olímpico had an intuition, that came dose to being an act of kindness: he
asked Macaa if she was laughing because she felt nervous (LISPECTOR, [1986], 1992, p.
58).
HE: ele teve uma intuição que finalmente era uma delicadeza: perguntou-lhe se ela estava rindo
de nervoso (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 78).
FL at the same time => na mesma hora:
WW: And she lamented with a mirthless smile-since the days went by so full of news in the papers
and with so little for her-that events had been distributed so badly that a monkey and a near
disaster should occur at the same time (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 158-159).
OE: E lamentou com um sorriso sem graça que - sendo os dias que correm tão cheios de
notícias nos jornais e com tão poucas para ela - tivessem os acontecimentos se
distribuído tão mal a ponto de um saguim e um quase desastre sucederem na mesma
hora (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 81).
FL at the same time => simultaneamente:
NH: He observed that there was a brittle, crystalline quality about her that attracted and repelled
him at the same time (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 83).
PC: Nela havia uma qualidade cristalina e dura que o atraía e repugnava-lhe
simultaneamente, notou ele (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 105).
FL at the same time => na hora mesma:
HS: Just as I am writing at the same time as I am being read (LISPECTOR, [1986], 1992, p. 12).
HE: Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
26).
FL from time to time => de vez em quando:
FT: The father, from time to time, still remembered. "And to think that I made her run in that
state!" (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 51).
LF: O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele
estado!" (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 32).
FL from time to time => às vezes:
NH: From time to time he would swallow a mouthful of wine (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 23).
PC: Às vezes bebia um grande gole de vinho (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 33).
FL from time to time => a intervalos:
NH: The humid reflections of the lamps over the mirrors, the ladies' brooches and the buckles on
the gentlemen's belts communicating from time to time with the chandelier, through subtle
rays of light (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 98).
PC: Os reflexos úmidos das lâmpadas sobre os espelhos, os broches das damas e as fivelas
dos cintos dos homens comunicando-se a intervalos com o lustre, por delgados raios
de luz (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 120).
FL from time to time => uma vez ou outra:
216
NH: But added - softening her tone, concealing her eagerness - would you mind if I called from
time to time to have a chat? (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 68).
PC: Mas - adoçou as palavras, escondeu a avidez - posso visitá-la uma vez ou outra para
conversarmos? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 86).
FL from time to time => uma vez por outra:
HS: From time to time, the girl was lucky enough to hear a cockerel welcome the dawn
(LISPECTOR, [1986], 1992, p. 30).
HE: Uma vez por outra tinha a sorte de ouvir de madrugada um galo cantar a vida e ela se l
embrava nostálgica do sertão (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 46).
FL of course => é claro:
NH: Of course it is: mortality as distinct and reasoning soul, the clear impossibility of the pure form
attributed to the angels by St Thomas Aquinas (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 113-114).
PC: É claro: mortalidade como alma distinta e raciocinante, impossibilidade clara da
forma pura dos anjos de S. Tomaz (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 138).
FL of course => aliás:
WW: Of course he has no reason to (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 132).
OE: Aliás ele não tem circunstâncias (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 58).
FL of course => bem:
WW: I understand, of course, that I will have to stop, not for lack of words, but because such
things, and above all those things I've only thought and not written down, usually don't make it
into print (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 167).
OE: Bem sei que terei de parar, não por causa de falta de palavras, mas porque essas
coisas, e sobretudo as que eu pensei e não escrevi, não se usam publicar em jornais
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 93).
FL of course => claro:
HS: Of course, it is! Just look at this paunch! It comes from eating big helpings of spaghetti and
drinking lots of beer. Forget the beer. You had better avoid alcohol.” (LISPECTOR, [1986],
1992, p. 68).
HE: - Claro que é! Olhe só a minha barriga! Isso é resultado de boas macarronadas e muita
cerveja. Dispense a cerveja, é melhor não beber álcool (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
86).
FL in the middle of the => em pleno:
WW: In the middle of the day it is night, and this thing I still don't want to define is a peaceful light
inside me, you might call it gladness, gentle gladness (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 160).
OE: Em pleno dia era noite, e essa coisa que não quero ainda definir é uma luz tranquila
dentro de mim, e a ela chamariam de alegria, alegria mansa (LISPECTOR, [1974], 1999,
p. 86).
FL in the middle of => em plena:
FT: And when above the roundness of her low-cut dress-right in the middle of Tiradentes Square!
She thought, shaking her head incredulously that fly had settled on her bale bosom
(LISPECTOR, [1972], 1995, p. 36).
LF: E quando no seu decote redondo - em plena Praça Tiradentes!, pensou ela a abanar a
cabeça incrédula - a mosca se lhe pousara na pele nua? (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
17).
217
FL in the middle of => em pleno:
WW: There she was, imprisoned by desire, out of season, just like that summer day in the middle
of winter (LISPECTOR, [1976], 1989, p. 84).
OE: Ali estava, presa ao desejo fora de estação assim como o dia de verão em pleno
inverno (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 18).
FL in the middle of => no centro da:
NH: She tried to derive some amusement from the impression that in the middle of her forehead
there was now a gaping hole where they had extracted the notion of whatever she had gone to
look for (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 98).
PC: Procurou achar engraçada aquela impreso de que no centro da testa existia agora
um buraco no lugar de onde tinham extrdo a ideia do que fora buscar (LISPECTOR,
[1944], 1990, p. 121).
FL on the edge of the => no bordo da:
NH: The man himself sat on the edge of the narrow bed which was covered with a crumpled
sheet (LISPECTOR, [1986], 1990, p. 149).
PC: Ele mesmo sentou-se no bordo da cama estreita, coberta com um lençol amarrotado
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 180).
FL on the edge of the => no bordo de sua:
FT: But finally, the difficulty of arriving home disappeared; she now bestirred herself amidst the
familiar reality of her room, now seated on the edge of the bed, a slipper dangling from one
foot (LISPECTOR, [1972], 1995, p. 34).
LF: Mas finalmente a dificuldade de chegar em casa desapareceu: remexia-se agora dentro
da realidade familiar de seu quarto, agora sentada no bordo de sua cama com a
chinela a se balançar no (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 15-16).
FL on the edge of the => o bordo da:
FT: He passed his broad hand through his grey hair, smoothing it down with authority. Then he
stood up, steadying himself on the edge of the table with his vigorous hands (LISPECTOR,
[1972], 1995, p. 101).
LF: Passou a mão quadrada pelos cabelos brancos, alisando-os com poder, levantou-se
segurando o bordo da mesa com as mãos vigorosas (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 80).
FL on the edge of <= na orla da:
WW: To live on the edge of death and of the stars is, vibration too tense for our veins to endure
(LISPECTOR, [1976], 1989, p. 152).
OE: Viver na orla da morte e das estrelas é vibração mais tensa do que as veias podem
suportar (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 75).
218
G - Outras ocorrências de FLs de menor frequência nos TOs em relação aos TTs para o
italiano, referente à Tabela 14, inseridas no contexto:
FL na verdade => in verità:
PC: Na verdade estou ajoelhada, nua como um animal, junto à cama, minha alma se
desesperando como só o corpo de uma virgem pode se desesperar (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 79).
Vc: In verità sono inginocchiata, nuda come un animale, vicino al letto, mentre la mia anima si
dispera come si può disperare solo il corpo di una vergine (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 64).
FL na verdade => proprio:
LF: Passara a ferro as camisas de Armando, fizera listas metódicas para o dia seguinte,
calculara minuciosamente o que gastara de manhã na feira, não parara na verdade um
instante sequer (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 37).
Lf: Aveva stirato le camicie di Armando, aveva compilato minuziosi elenchi per il giorno dopo,
aveva meticolosamente calcolato quanto aveva speso quel mattino al mercato, non si era
proprio fermata un attimo (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 9).
FL na verdade => veramente:
HE: Macabéa era na verdade - uma figura medieval enquanto Olímpico de Jesus se julgava peça-
chave, dessas que abrem qualquer porta (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 63).
OS: Macabéa era veramente una figura medievale, mentre Olimpico de Jesus si riteneva un
elemento chiave, in grado di aprire qualsiasi porta (LISPECTOR, 1989, p. 50).
FL na verdade => davvero:
LF: "E como cheiravas as ruas!", pensou o homem rindo um pouco, "na verdade não
deixaste pedra por cheirar... (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 122).
Lf: "E come annusavi le strade!" pensò l'uomo abbozzando un sorriso, "davvero non hai
trascurato neppure un sasso... (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 17).
FL na verdade => a onor del vero:
OE: A Sra. Xavier tinha dúvida de que essas pessoas fossem o grupo com quem devia se
encontrar antes da conferência, e na verdade já perdera de vista o motivo pelo qual
caminhava sem nunca mais parar (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 10).
DS: La signora Xavier si domandava se potessero essere le persone, con le
quali si sarebbe dovuta incontrare prima della conferenza ma, a onor del vero, aveva
ormai perso di vista il motivo per cui aveva così a lungo camminato (LISPECTOR, 1994, p. 1).
FL na verdade => nella verità:
PC: Mente-se e cai-se na verdade (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 28).
Vc: Si mente e si cade nella verità (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 21).
FL na verdade => infatti:
HE: Na verdade por pior a infância é sempre encantada, que susto (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
50).
OS: Infatti, per quanto orrenda, l'infanzia è immancabilmente allettante, mio Dio! (LISPECTOR,
1989, p. 36).
FL na verdade => nella realtà:
HE: Na verdade saía do escritório sombrio, defrontava o ar lá de fora, crepuscular, e constatava
então que todos os dias à mesma hora fazia exatamente a mesma hora (LISPECTOR, [1977],
1993, p. 57).
219
OS: Nella realtà, usciva dal buio ufficio, affrontava l'aria esterna, crepuscolare, e constatava allora
che tutti i giorni alla stessa ora era esattamente la stessa ora (LISPECTOR, 1989, p. 43).
FL na verdade => quasi:
HE: Na verdade ela parecia ter nascido de uma ideia vaga qualquer dos pais famintos
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 75).
OS: Sembrava quasi nata da una vaga idea degli affamati genitori (LISPECTOR, 1989, p. 62).
FL ao mesmo tempo => nello stesso tempo:
LF: Ao mesmo tempo, que sensibilidade! mas que sensibilidade! quando olhava o quadro
tão bem pintado do restaurante ficava logo com sensibilidade artística (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 80).
Lf: E nello stesso tempo, che sensibilità!, che sensibilità! Guardando il quadro così ben dipinto
del ristorante sentiva immediatamente la sua sensibilità artistica (LISPECTOR, [1986], 1994,
p. 2).
FL ao mesmo tempo => allo stesso tempo:
PC: Mas ao mesmo tempo ela gostava de pensar alto, de desenvolver um raciocínio sem
plano, seguindo-se apenas (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 108).
Vc: Ma allo stesso tempo le piaceva pensare ad alta voce, sviluppare un ragionamento senza un
piano, limitandosi a seguire se stessa (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 90).
FL ao mesmo tempo => al contempo:
LF: Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos porque a visita significava ao
mesmo tempo um passeio a Copacabana (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 54).
Lf: Quelli che venivano da Olaria erano assai ben vestiti, dato che per loro la visita costituiva al
contempo una gita a Copacabana (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 15).
FL ao mesmo tempo => contemporaneamente:
PC: Ter muito ao mesmo tempo, sentir de várias maneiras, reconhecer a vida em
diversas fontes... (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 157).
Vc: Avere molto, contemporaneamente, sentire in varie maniere, riconoscere la vita in diverse
fonti... (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 134).
FL ao mesmo tempo => mentre:
LF: O embaraçante é que o médico parecia contradizer-se quando, ao mesmo tempo que
recomendava uma ordem precisa que ela queria seguir com o zelo de uma convertida,
dissera também: "Abandone-se, tente tudo suavemente, não se esforce por conseguir -
esqueça completamente o que aconteceu e tudo voltará com naturalidade"
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 36).
Lf: Ciò che la metteva a disagio era che il medico sembrava contraddirsi quando, mentre le dava
un ordine preciso che lei intendeva eseguire con zelo di neofita, aveva aggiunto: "Si rilassi,
tenti di fare le cose con leggerezza, non si sforzi di riuscire - dimentichi completamente quanto
è accaduto e tutto si ristabilirà con naturalezza." (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 9).
FL ao mesmo tempo => nel medesimo tempo:
LF: E ao mesmo tempo se livraria delas (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 45-46).
Lf: E nel medesimo tempo si sarebbe liberata di loro (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 12).
FL ao mesmo tempo => insieme:
PC: E ser ao mesmo tempo tão boa... secamente boa (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 36).
Vc: Ed essere insieme tanto buono... aspramente buono (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 28).
220
FL ao mesmo tempo => alla volta:
PC: Otávio continuava no Direito Público, demorando-se em alguma linha e depois
impaciente mordendo a unha e voltando rápido várias páginas ao mesmo tempo
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 121).
Vc: Otàvio era concentrato sul Diritto Pubblico, indugiava su qualche riga e poi si mordeva
impaziente l'unghia e girava varie pagine alla volta (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 103).
FL ao mesmo tempo => nello stesso momento:
PC: Fazer milagres, para um Deus humanizado das religiões, é ser injusto - milhares de
pessoas precisam igualmente e ao mesmo tempo desse milagre - ou reconhecer um
erro, corrigindo-o - o que, mais do que uma bondade ou "prova de caráter", significa
ter errado (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 139).
Vc: Fare miracoli, per un Dio umanizzato dalle religioni, è essere ingiusto - migliaia di persone
nello stesso momento hanno altrettanto bisogno di quel miracolo - oppure riconoscere uno
sbaglio, correggendolo - il che, più che un atto di bontà o una " prova di carattere ", significa
aver sbagliato (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 118).
FL ao mesmo tempo => così come:
HE: Ao mesmo tempo que quero também alcançar o trombone mais grosso e baixo, grave e terra,
tão a troco de nada que por nervosismo de escrever eu tivesse um acesso incontrolável de riso
vindo do peito (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 34).
OS: Così come voglio rendere la voce del trombone più grosso e basso, grave e terrestre e, per
puro nervosismo, essere infine colto da un irrefrenabile accesso di riso (LISPECTOR, 1989,
p. 19).
FL no meio da => in mezzo al:
LF: Até esse instante mantivera-se quieta, de no meio da calçada. Então, como se
houvesse várias etapas da mesma imobilidade, ficou parada. Daí a pouco suspirou
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 91).
Lf: Fino a quel momento si era mantenuta calma, in piedi in mezzo al marciapiede; in seguito,
come se esistessero diverse tappe della stessa immobilità, si fermò e dopo un po' sospirò
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 27).
FL no meio da => in mezzo alla:
LF: No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela (LISPECTOR, [1960], 1998,
p. 87).
Lf: Nell'aria buia, non in cielo ma proprio in mezzo alla strada, c'era una stella (LISPECTOR,
[1986], 1994, p. 26).
FL no meio da => tra il:
LF: Mamãe, disse Catarina porque um longo apito se ouvira e no meio da fumaça as
rodas já se moviam (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 98).
Lf: "Mamma," disse Catarina, poiché si era udito un fischio prolungato e tra il fumo le ruote erano
già in movimento (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 29).
FL no meio da => nel cuore della:
LF: Parecia ter saltado no meio da noite (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 24).
Lf: Le sembrava di essere piombata nel cuore della notte (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 35).
FL no meio da => al centro della:
OE: E se no meio da ronda selvagem aparecia um potro branco - era um assombro no
escuro (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 40).
221
DS: E, se al centro della ronda selvaggia, appariva un puledro bianco - era un portento nel buio
(LISPECTOR, 1994, p. 1).
FL no meio da => a mezzo della:
PC: Quando haviam soada três horas, repentinamente agitara-se, parara no meio da frase e,
os gestos medidos, o rosto ávido e grave, contara vinte gotas dum frasco para um
cálice de água (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 128-129).
Vc: Al tocco delle tre, improvvisamente, si era messo in agitazione, si era fermato a mezzo della
frase e, con gesti misurati, il viso avido e serio, aveva contato venti gocce da una boccetta in
un bicchiere d'acqua (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 109-110).
FL no meio da => nella:
PC: A princípio perceber água corrompida, frases tontas, mas depois no meio da confusão
o fio de água pura tremulando sobre a parede áspera (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 219).
Vc: Percepire dapprima acqua corrotta, frasi sconnesse, ma poi, nella confusione, il filo d'acqua
pura che tremolava sulla parete ruvida (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 189).
FL no meio da => sotto una:
HE: Sua exclamação talvez tivesse sido um prenúncio do que ia acontecer no final da tarde desse
mesmo dia: no meio da chuva abundante encontrou (explosão) a primeira espécie de
namorado de sua vida, o coração batendo como se ela tivesse englutido um passarinho
esvoaçante e preso (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 59).
OS: La sua esclamazione preludeva forse a quello che sarebbe avvenuto quel giorno stesso, sul
far della sera: sotto una pioggia scrosciante lei tro(esplosione) la prima sorta di fidanzato
della sua vita, il cuore le batteva come se avesse inghiottito un uccellino svolazzante e
prigioniero (LISPECTOR, 1989, p. 45-46).
FL no meio da => fonda:
PC: Na fazenda do tio acordara no meio da noite (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 216).
Vc: Nella fattoria dello zio si era svegliata a notte fonda (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 186).
FL no meio das => in mezzo ai:
OE: Pois quando menos se espera pode-se reconhecê-lo de repente. Ao atravessar a
rua no meio das buzinas dos carros (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 76).
DS: Poiché, quando meno ce lo si aspetta, è possibile riconoscerlo - all'improvviso,
nell'attraversare la strada in mezzo ai clacson delle automobili (LISPECTOR, 1994, p. 26).
FL no meio de => mentre:
LF: Perturbada pela umidade cheirosa, deitou-se prometendo-se para o dia seguinte uma
atitude inteiramente nova que abalasse os jacintos e fizesse as frutas estremecerem nos
ramos - no meio de sua meditação adormeceu (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 113).
Lf: Turbata dall'umidità odorosa si cori proponendosi di adottare, il giorno seguente, un
contegno interamente nuovo, che scuotesse i giacinti e facesse fremere i frutti sui rami -
mentre pensava queste cose si addormentò (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 34).
FL no meio de => nel mezzo della:
LF: E quando o silêncio piscava nos vaga-lumes - as crianças penduradas no sono, a a
ruminando um sonho difícil, os pais cansados, a mocinha adormecida no meio de sua
meditação - abriu-se a casa de uma esquina e dela saíram três mascarados
(LISPECTOR, [1960], 1998, p. 113).
Lf: E quando il silenzio della notte era solo interrotto dall'ammiccare delle lucciole - i bambini
appesi nel sonno, la nonna che ruminava un sogno difficoltoso, i genitori stremati, la ragazza
222
addormentata nel mezzo della sua meditazione - all'angolo di una strada la porta di una casa
si aprì e ne uscirono tre uomini mascherati (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 34).
FL no meio de => in mezzo alla:
LF: Contrita como no dia em que no meio de todo o mundo tudo o que tinha na bolsa caíra
no chão e tudo o que tivera valor enquanto secreto na bolsa, ao ser exposto na poeira
da rua, revelara a mesquinharia de uma vida íntima de precauções: pó-de-arroz, recibo,
caneta-tinteiro, ela recolhendo do meio-fio os andaimes de sua vida (LISPECTOR,
[1960], 1998, p. 129-130).
Lf: Si sentiva mortificata come il giorno in cui in mezzo alla gente l'intero contenuto della sua
borsa era caduto a terra e tutto ciò che aveva avuto valore finché chiuso e segreto, esposto
fra la polvere della strada aveva rivelato la meschinità di una vita intima fatta di precauzioni: la
cipria, alcune ricevute e una penna stilografica. Con lei che raccattava lungo il marciapiede le
impalcature che reggevano la sua vita (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 40).
FL no meio de => nel bel mezzo di:
OE: Queria morrer aos noventa anos, no meio de um ato de vida, sem sentir
(LISPECTOR, [1974], 1999, p. 33).
DS: Avrebbe voluto morire solo a novant'anni, nel bel mezzo di un atto di vita, senza
accorgersene (LISPECTOR, 1994, p. 10).
FL no meio do => in mezzo alla:
PC: Aos poucos sonhava com carneiros azuis, com ir a uma escola no meio do mato, com
gatos bebendo leite em pires de ouro (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 56).
Vc: A poco a poco aveva cominciato a sognare montoni azzurri, andare a una scuola in mezzo
alla foresta, gatti che bevevano latte in piattini d'oro (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 46).
FL no meio do => nel mezzo del:
PC: Neles pensando, sentia o ar fresco circular dentro de si próprio como saído de alguma
gruta oculta, úmida e fresca no meio do deserto (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 94).
Vc: Pensando a loro sentiva l'aria fresca circolarle dentro come se fosse uscita da qualche grotta
occulta, umida e fresca nel mezzo del deserto (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 78).
FL no meio do => in mezzo a:
PC: Novamente, no meio do raciocínio inútil, veio-lhe um cansaço, um sentimento de
queda (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 97).
Vc: Di nuovo, in mezzo a quel ragionamento inutile, gli venne una stanchezza, un sentimento di
caduta (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 80).
FL no meio do => mentre:
PC: Mas no meio do riso estava achando um pouco de graça (LISPECTOR, [1944], 1990,
p. 125).
Vc: Ma mentre rideva stava già trovando qualcosa di divertente (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
106).
FL nesse momento => in questo momento:
PC: Nesse momento minha inspiração doi em todo o meu corpo (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 78-79).
Vc: In questo momento la mia ispirazione mi fa male in tutto il corpo (LISPECTOR, [1977],
1993, p. 64).
FL nesse momento => adesso:
223
PC: Que importa que em aparência eu continue nesse momento no dormitório, as outras
moças mortas sobre as camas, o corpo imóvel? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 79).
Vc: Che importa se adesso continuo a essere nel dormitorio, in apparenza, le altre ragazze morte
sui loro letti, il corpo immobile? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 64).
FL neste momento => in quel momento:
LF: Estava muito bonita neste momento, tão elegante; integrada na sua época e na cidade
onde nascera como se a tivesse escolhido (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 98).
Lf: In quel momento era proprio bella, così elegante; in armonia con la propria epoca e con la
città dov'era nata, come se l'avesse scelta (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 30).
FL naquele momento => nel momento:
PC: De súbito recordou-se: ainda agora pensara-o, talvez antes de encostar o braço no de
Otávio, talvez naquele momento em que tivera vontade de gritar... (LISPECTOR,
[1944], 1990, p. 154).
Vc: D'improvviso si ricordò: l'aveva pensato or ora, fors'anche prima di avvicinare il braccio a
quello di Otàvio, forse nel momento in cui le era venuta voglia di gridare... (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 131).
FL à beira da => sulla soglia della:
LF: Perdera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o que esta já
perdera, não o que ganhara (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 86).
Lf: Aveva perso la fede, ma, sulla soglia della grazia, cercava nella domestica soltanto ciò che
questa aveva ormai perduto, non ciò che aveva avuto (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 25).
FL à beira de => sull’orlo del:
OE: Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? (LISPECTOR, [1974], 1999, p.
71).
DS: Oh, cane, dovla tua anima? È sull'orlo del tuo corpo? (LISPECTOR, 1994, p. 25).
FL à beira de => sull’orlo di:
LF: Enquanto não chegou à porta do edifício, parecia à beira de um desastre
(LISPECTOR,[1960], 1998, p. 26).
Lf: Finché non arrivò al portone di casa, era come se pencolasse sull'orlo di una catastrofe
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 6).
FL à beira do => sull’orlo dell’:
PC: Ouvir-se! prender a fugaz oportunidade que dançava com os s leves à beira do
abismo (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 219).
Vc: Ascoltarsi! Cogliere l'opportunità fugace che, con piedi leggeri, danzava sull'orlo
dell'abisso (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 189).
FL à beira do => sull’orlo del:
LF: Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se
recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar (LISPECTOR, [1960], 1998,
p. 32).
Lf: Di quando in quando, sempre più di rado, si ricordava ancora della gallina che si era
stagliata nell'aria sull'orlo del tetto come per annunciare qualcosa (LISPECTOR, [1986],
1994, p. 8).
FL à beira do = all’orlo del:
OE: Eu à beira do vento (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 71).
224
DS: Io all'orlo del vento (LISPECTOR, 1994, p. 24).
FL de vez em quando => di quando in quando:
LF: De vez em quando eles diziam a mesma coisa (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 41).
Lf: Di quando in quando ripetevano la medesima cosa (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 10).
FL é claro => ovvio:
HE: Quando eu era mulher-dama ia juntando meu dinheirinho, dando porcentagem à chefa, é
claro (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 93).
OS: Quando facevo la puttana già allora mettevo da parte il mio gruzzolo dando, ovvio, alla
padrona la percentuale che le toccava (LISPECTOR, 1989, p. 82).
FL é claro => ovviamente:
LF: E, é claro, não as levaria... (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 47).
Lf: E, ovviamente non le avrebbe portate... (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 13).
FL é claro => é ovvio:
OE: A essa altura um Bastos muito mirrado e, é claro, surdo para sempre, logo ele que não
perdoara defeito sico (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 84).
DS: A quel tempo un Bastos male in arnese e, è ovvio, definitivamente sordo, proprio lui che non
aveva perdonato i difetti fisici (LISPECTOR, 1994, p. 29).
FL é claro => nessuna meraviglia:
HE: É claro que, como todo escritor, tenho a tentação de usar termos suculentos: conheço
adjetivos esplendorosos, carnudos substantivos e verbos o esguios que atravessam agudos o
ar em vias de ação, já que palavra é ação, concordais? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 29).
OS: Nessuna meraviglia se, come ogni altro scrittore, sono tentato di usare termini succulenti:
conosco aggettivi sfolgoranti, sostantivi carnosi e verbi così affilati da attraversare acuti l'aria
nel loro processo di azione. La parola infatti è azione, no? (LISPECTOR, 1983, p. 13).
225
H - Outras ocorrências de FLs de menor frequência nos TTs para o italiano em relação aos
TOs, referente à Tabela 16, inseridas no contexto:
FL in quel momento => enquanto isso:
Lf: Proprio in quel momento, in Africa, la cosa rara aveva in seno - chissà se anch'esso nero,
visto che di una natura che ha già sbagliato una volta non ci si può più fidare -, proprio in quel
momento la cosa rara aveva in seno qualcosa di ancora più raro, come il segreto del suo
stesso segreto: un figlio minimo (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 21).
LF: Enquanto isso, na África, a própria coisa rara tinha no coração - quem sabe se negro
tamm, pois numa Natureza que errou uma vez já não se pode mais confiar enquanto
isso a própria coisa rara tinha no coração algo mais raro ainda, assim como o segredo
do próprio segredo: um filho mínimo (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 73).
FL in quel momento => nesse instante:
Vc: In quel momento più sveglia, con un po' più di volontà e di abbandono, Joana avrebbe potuto
rivivere tutta la sua infanzia... (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 23).
PC: Nesse instante mais desperta, se quisesse, com um pouco mais de abandono,
Joana poderia reviver toda a infância. . . (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 31).
FL in quel momento => mas eis que:
Lf: In quel momento lui fece un gesto (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 21).
LF: Mas eis que ele faz um gesto (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 79).
FL in quel momento => agora:
Lf: Non era tipo da andare in cerca di conversazione, ma se qualcuno gli domandava, come in
quel momento: "Giovanotto, dov'è la chiesa?" si rallegrava dolcemente, chinava il lungo collo,
dal momento che tutti erano più bassi di lui, e con piacere dava l'informazione, come se in
quell'atto ci fossero uno scambio di cordiali e nuove occasioni per la sua curiosità
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 32).
LF: Mas com um interesse cil. Não era uma pessoa que procurasse conversas, mas se
alguém lhe perguntava como agora: "menino, de que lado fica a igreja?", ele se
animava com suavidade, inclinava o longo pescoço, pois todos eram mais baixos que
ele; e informava atrdo, como se nisso houvesse uma troca de cordialidades e um
campo aberto à curiosidade (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 107).
FL in quel momento => neste mesmo instante:
Lf: Di fronte alla difficoltà l'uomo si fece una concessione. Non era necessario seppellirlo al
centro, anche l'altro l'avrebbe seppellito, diciamo, proprio dove in quel momento si sarebbe
venuto a trovare in piedi (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 36).
LF: Diante da dificuldade o homem concedeu: "não era necessário enterrar no centro, eu
tamm enterraria o outro, digamos, bem onde eu estivesse neste mesmo instante em
pé" (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 120).
FL in quel momento => agora mesmo:
Lf: Il cane vero che in quel momento stava probabilmente vagando perplesso per le vie di un
altro quartiere, annusando quella nuova città, dove non aveva più padrone (LISPECTOR,
[1986], 1994, p. 37).
LF: O verdadeiro cão que agora mesmo devia vagar perplexo pelas ruas do outro
município, farejando aquela cidade onde ele não tinha mais dono (LISPECTOR, [1960],
226
1998, p. 121).
FL in quel momento => :
Lf: In quel momento stavo mangiando piano, leggermente nauseato senza sapere perché,
sentendomi partecipe di qualcosa di cui non conoscevo il significato (LISPECTOR, [1986],
1994, p. 23).
LF: Eu é que comia devagar, um pouco nauseado sem saber por quê, participando
tamm não sabia de quê (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 77).
FL in quel momento => neste instante:
Vc: E lei in quel momento lo amava (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 121).
PC: E amava-o neste instante (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 143).
FL in quel momento => naquele instante:
Vc: " Bene... In quel momento non le ho giudicate semplici, le tue parole. Ho provato persino
rabbia, immagino..." (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 172).
PC: — Bem... Naquele instante não julguei simples suas palavras. Tive até raiva,
suponho... (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 201).
FL in questo momento => nesta hora:
DS: "Dio," pensò Angela, "se esisti, mostrati! Perché è arrivato il momento. È in questo
momento, è in questo minuto, in questo secondo" (LISPECTOR, 1994, p. 11).
OE: Deus, pensou Angela, se você existe, se mostre! Porque chegou a hora. É nesta hora,
é neste minuto e neste segundo (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 34).
FL in questo momento => neste instante:
OS: Scrivo in questo momento con un certo previo disagio poiché sto per invadervi con una
vicenda così esterna ed esplicita, dalla quale potrà tuttavia scorrere un sangue ansimante di
vita e immediatamente coagularsi in cubi di tremula gelatina (LISPECTOR, 1989, p. 10).
HE: Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal
narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de
vida poderá quem sabe escorrer e logo se coagular em cubos de geleia trêmula
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 26).
FL in questo momento => agora:
OS: Aveva in sé, lo scopro in questo momento, la dura semente del male, amava vendicarsi. La
vendetta era il suo sommo piacere, gli dava la forza di vivere (LISPECTOR, 1989, p. 51).
HE: Tinha, descobri agora, dentro de si a dura semente do mal, gostava de se vingar, este
era o seu grande prazer e o que lhe dava força de vida (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
64).
FL in questo momento => por enquanto:
OS: Pregate per lei, e ciascuno di voi interrompa quanto sta facendo per alitarle vita, poiché
Macabéa è in questo momento svincolata nel caso, esattamente come una porta che oscilla
al vento nell'infinito (LISPECTOR, 1989, p. 91).
HE: Rezem por ela e que todos interrompam o que estão fazendo para soprar-lhe vida, pois
Macabéa está por enquanto solta no acaso como a porta balançando ao vento no
infinito (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 102).
FL in questo momento => neste instante mesmo:
227
OS: Tutto questo per mettermi al livello della nordestina, consapevole tuttavia che dovrei
presentarmi in modo più convincente alla società che tanto esige da chi sta, in questo
momento, scrivendo a macchina (LISPECTOR, 1989, p. 19).
HE: Tudo isso para me pôr no nível da nordestina. Sabendo no entanto que talvez eu
tivesse que me apresentar de modo mais convincente às sociedades que muito
reclamam de quem está neste instante mesmo batendo à máquina (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 34).
FL in quale momento => em que momento:
Lf: "Catarina," pensò, "Catarina, questo bambino è ancora innocente!" In quale momento mai
una madre, stringendo il suo bambino, gli dava quella prigione d'amore che si sarebbe per
sempre abbattuta sul futuro uomo? (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 30).
LF: “Catarina”, pensou, Catarina, esta criança ainda é inocente!Em que momento é que
a mãe, apertando uma criança, dava-lhe esta prisão de amor que se abateria para
sempre sobre o futuro homem (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 101).
FL in mezzo al => a:
Lf: Scalze, le due donne stavano in piedi nella cucina, in mezzo al fumo della stufa
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 25).
LF: As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
86).
FL in mezzo alle => entre os:
Lf: Separata da tutti sembrava seduta in una chiesa, gli occhi abbassati fissavano il terreno in
mezzo alle rotaie, il terreno dove semplicernente per amore - amore, amore, sempre amore! -
, dove per puro amore nascevano in mezzo alle rotaie erbe di un verde sbiadito così scialbo
da farle distogliere lo sguardo con il supplizio della tentazione (LISPECTOR, [1986], 1994, p.
39).
LF: Separada de todos no seu banco parecia estar sentada numa Igreja. Os olhos baixos
viam o chão entre os trilhos. O chão onde simplesmente por amor - amor, amor, não o
amor! - onde por puro amor nasciam entre os trilhos ervas de um verde leve tão tonto
que a fez desviar os olhos em suplício de tentação (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 128-
129).
FL in mezzo alle => entre:
Lf: È pui vero che molte volte il piccolo non godrà a lungo di quella liberta in mezzo alle fiere, ma,
perlomeno, non dov lamentarsi, nella sua breve vita, di aver dovuto lavorare troppo a lungo
(LISPECTOR, [1986], 1994, p. 20).
LF: É verdade que muitas vezes a criança não usufruirá por muito tempo dessa liberdade
entre feras. Mas é verdade que, pelo menos, não se lamentará que, para tão curta vida,
longo tenha sido o trabalho (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 69).
FL in mezzo alle => entre as:
Lf: Passava in mezzo alle ali dei compagni facendosi alta, e loro non sapevano cosa pensare né
come giudicarla (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 25).
LF: Passava entre as alas dos colegas crescendo, e eles não sabiam o que pensar nem
como comentá-la (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 84).
FL in mezzo alla => de dentro do:
Lf: Strizzando gli occhi per l'incredulità lontano, in fondo alla strada, in mezzo alla nebbia, vide
228
due uomini (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 26).
LF: Com os olhos franzidos pela incredulidade no fim longínquo de sua rua, de dentro do
vapor, viu dois homens (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 87).
FL in mezzo alla => no centro da:
Vc: Cercò di trovar divertente quell'impressione che adesso in mezzo alla fronte ci fosse un buco
proprio nel punto da cui avevano estratto l'idea di quello che era andata a cercare
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 103).
PC: Procurou achar engraçada aquela impreso de que no centro da testa existia agora
um buraco no lugar de onde tinham extrdo a ideia do que fora buscar (LISPECTOR,
[1944], 1990, p. 121).
FL in mezzo a => entre:
DS: Ma uno di loro batteva con lo zoccolo - e quel breve colpo spezzava la vigilia: fustigati, si
muovevano di colpo alacri, incrociandosi senza mai scontrarsi, e il cavallo bianco si perdeva
in mezzo a loro (LISPECTOR, 1994, p. 13).
OE: Mas um deles batia o casco - e a breve pancada quebrava a vigília: fustigados moviam-
se de súbito álacres, entrecruzando-se sem jamais se esbarrarem e entre eles se perdia
o cavalo branco (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 40).
FL in mezzo a => a:
Lf: Attraversava l'interminabile corridoio come in mezzo a un silenzio di trincea, e sul suo viso
c'era qualcosa di così feroce - e superbo insieme, a causa della sua ombra - che nessuno le
rivolgeva la parola (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 25).
LF: Atravessava o corredor interminável como a um silêncio de trincheira, e no seu rosto
havia algo tão feroz - e soberbo também, por causa de sua sombra - que ninguém lhe
dizia nada (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 84-85).
FL in mezzo a => em:
OS: E inoltre mi domando come potrò tenermi in equilibrio in mezzo a tanti fatti (LISPECTOR,
1989, p. 22).
HE: Pergunto-me também como é que eu vou cair de quatro em fatos e fatos (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 37).
FL in mezzo a => naquelas:
OS: Dove poteva trovare posto un gallo a far chicchi-ricchi in quei luoghi, squallidi, in mezzo a
cataste di merci da importare ed esportare? (LISPECTOR, 1989, p. 31).
HE: Onde caberia um galo a cocoricar naquelas paragens ressequidas de artigos por
atacado de exportação e importação? (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 46).
FL in mezzo ai => no centro dos:
Lf: Il toro lo seguì con difficoltà. Il terzo, sebbene esitante, con un solo balzo si trovò proprio in
mezzo ai giacinti, con un tonfo sordo che li lasciò sbigottiti: trattenendo il respiro, il gallo, il
toro e il cavaliere demoniaco scrutarono le tenebre (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 35).
LF: O touro seguiu-o com dificuldade. O terceiro, apesar de hesitante, num pulo achou-
se no próprio centro dos jacintos, com um baque amortecido que fez os três aguar-
darem assustados: sem respirar, o galo, o touro e o cavalheiro do diabo perscrutaram o
escuro (LISPECTOR, [1960], 1998, p. 114).
FL in mezzo ai => entre:
229
DS: Se è pensiero questo momento in mezzo ai latrati (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 13).
OE: Se é pensamento esta hora entre latidos (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 41).
FL in mezzo agli => entre os:
Lf: Ma non avrebbe sparato nel petto ma in mezzo agli occhi, in mezzo a quegli occhi che la
guardavano senza muovere le palpebre (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 39).
LF: Mas não era no peito que ela mataria, era entre os olhos do macaco que ela mataria,
era entre aqueles olhos que a olhavam sem pestanejar (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
127).
FL in realtà => realmente:
Vc: " No, in realtà non so che consigli potrei darti " diceva il professore. " Prima di tutto, dimmi:
che cos'è bene e che cos'è male? " (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 52).
PC: - Não, realmente não sei que conselhos eu lhe daria, dizia o professor. Diga antes de
tudo: o que é bom e o que é mau? (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 63).
FL in realtà => na realidade:
Lf: In realtà la pellicola era in cattive condizioni solo all'inizio (LISPECTOR, [1986], 1994, p. 33).
LF: Na realidade o cinema esteve estragado no começo (LISPECTOR, [1960], 1998, p.
109).
FL in realtà => em realidade:
DS: È vero che ci fu una pausa nel corso delle cose, una tregua che ci diede più speranze di
quante in realtà ne contenesse (LISPECTOR, 1994, p. 13).
OE: É verdade que houve uma pausa no curso das coisas, uma trégua que nos deu mais
esperanças do que em realidade caberia (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 79).
FL ogni tanto => uma vez ou outra:
Vc: Ogni tanto un pensiero, come un appunto per pensarci dopo (LISPECTOR, [1977], 1993, p.
27).
PC: Uma vez ou outra um pensamento, como um lembrete para pensar mais tarde
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 35).
FL ogni tanto => às vezes:
Vc: Ogni tanto beveva una gran sorsata di vino (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 25).
PC: Às vezes bebia um grande gole de vinho (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 33).
FL ogni tanto => uma vez por outra:
DS: Eduardo, ogni tanto, impacciato come chi è forzato a compiere una funzione - le regalava un
gelido diamante (LISPECTOR, 1994, p. 10).
OE: Eduardo, uma vez por outra, sem jeito como quem é forçado a cumprir uma função -
dava-lhe de presente umlido diamante (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 33).
FL ogni tanto => aqui e ali:
Vc: Poi, al pomeriggio, seduta a osservarla mentre cuce, mi piacerebbe darle ogni tanto un
piccolo aiuto, la forbice, il filo, in attesa dell'ora del bagno e della cena, sarebbe bello, sarebbe
riposante e fresco (LISPECTOR, [1977], 1993, p. 141).
PC: Depois de tarde, sentada e olhando-a coser, dando-lhe aqui e ali uma pequena ajuda, a
tesoura, a linha, à espera da hora do banho e do lanche, seria bom, seria largo e fresco
(LISPECTOR, [1944], 1990, p. 165).
230
FL sull’orlo del => quase:
DS: Jubileu era proprietario de Al mandolino d'oro, negozio di strumenti musicali sull'orlo del
fallimento, e aveva una autentica passione per i valzer di Strauss (LISPECTOR, [1986],
1994, p. 17).
OE: Jubileu era dono do "Ao Bandolim de Ouro", loja de instrumentos musicais quase falida, e era
tarado por valsas de Strauss (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 52).
FL all’orlo dell => na orla da:
DS: Vivere all'orlo della morte e delle stelle è una vibrazione più intensa di quanto le vene
possano sopportare (LISPECTOR, 1994, p. 26).
OE: Viver na orla da morte e das estrelas é vibração mais tensa do que as veias podem
suportar (LISPECTOR, [1974], 1999, p. 75-76).
FL al tempo stesso => a um tempo:
Vc: Le palme si contorcevano disperate e il chiarore, violento e velato al tempo stesso, si
rifletteva sul litorale e nel cielo, senza che il sole si fosse ancora fatto vedere (LISPECTOR,
[1977], 1993, p. 36).
PC: Os coqueiros se retorciam desesperados e a claridade a um tempo velada e violenta se
refletia no areai e no céu, sem que o sol se tivesse mostrado ainda (LISPECTOR, [1944],
1990, p. 45).
FL al tempo stesso => simultaneamente:
Vc: C'era in lei una qualità cristallina e dura che lo traeva e disgustava al tempo stesso, notò
(LISPECTOR, [1977], 1993, p. 87).
PC: Nela havia uma qualidade cristalina e dura que o atraía e repugnava-lhe
simultaneamente, notou ele (LISPECTOR, [1944], 1990, p. 105).
231
Autorizo a reprodução deste trabalho.
São José do Rio Preto, 02 de julho de 2010
EMILIANA FERNANDES BONALUMI
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo