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Universidade Federal de Mato Grosso
ICET/FAET/FAMEV/IB/ICHS
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos
Wanderson Carvalho da Silva
Mapeamento geoambiental da bacia hidrográfica do Rio
Coxipó – MT, escala 1:100.000
Cuiabá – MT
Julho/2009
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1
WANDERSON CARVALHO DA SILVA
Mapeamento geoambiental da bacia hidrográfica do Rio
Coxipó – MT, escala 1:100.000
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Recursos Hídricos da Universidade
Federal de Mato Grosso, para obtenção do título
de Mestre em Recursos Hídricos.
Área de Concentração: Recursos Hídricos:
Manejo e Conservação
Orientador: Prof. Dr. Prudêncio Rodrigues de
Castro Júnior
Co-orientador: Prof. Dr. Fernando Ximenes de
Tavares Salomão
Cuiabá – MT
Julho/2009
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2
FICHA CATALOGRÁFICA
S586m Silva, Wanderson Carvalho da
Mapeamento geoambiental da bacia hidrográfica do
Rio Coxipó-MT, escala 1:100.000 / Wanderson Carvalho
da Silva. – 2009.
86f. : il. ; color. ; 30 cm.
“Orientador: Prof. Dr. Prudêncio Rodrigues de Castro
Júnior”.
“Co-orientador: Prof. Dr. Fernando Ximenes de
Tavares Salomão”.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Mato Grosso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra,
Pós-graduação em Recursos Hídricos, Área de
concentração: Recursos Hídricos: manejo e conservação,
2009.
Bibliografia: f. 81-85.
1. Recursos hídricos – Mato Grosso. 2. Bacia
hidrográfica - Mapeamento geoambiental. 3.
Geomorfologia. 4. Rio Coxipó – Mato Grosso. I. Título.
CDU – 504.4.064.2
Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn –
CRB-1/931
3
Wanderson Carvalho da Silva
Mapeamento Geoambiental da Bacia Hidrográfica do Rio
Coxipó – MT, escala 1:100.000
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Recursos Hídricos da Universidade
Federal de Mato Grosso, para obtenção do título
de Mestre em Recursos Hídricos.
Área de Concentração: Recursos Hídricos:
Manejo e Conservação
Aprovada em: 24/07/2009.
Banca Examinadora
________________________________________________________
Prof. Dr. Prudêncio Rodrigues de Castro Júnior
Departamento de Geologia Geral/UFMT – Orientador
________________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Brandt Vecchiato
Departamento de Geologia Geral/UFMT – Examinador Interno
_____________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Manoel dos Santos Oliveira
Centro Pós-graduação, Pesquisa e Extensão/ Universidade Guarulhos – Examinador Externo
________________________________________________________
Prof. Dra. Eliana F. G. C. Dores
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos
ICET/FAET/FAMEV/IB/ICHS
Av. Fernando Correa s/n – Cuiabá, MT – Brasil – Fone/Fax: (65) 3615 8764 – e-mail: [email protected]
4
A minha família,
Alderico, Paulina, Andréa e Janaina,
dedico por serem fontes inesgotáveis de inspiração e força.
5
AGRADECIMENTOS
Nos momentos que encerramos fases ou ciclos em nossas vidas é necessário que busquemos refletir
sobre os caminhos percorridos e as escolhas feitas durante o percurso. Através do exercício de reflexão feito
agora que finalizo minhas atividades acadêmicas junto ao Programa de Pós-Graduação em Recursos
Hídricos da Universidade Federal de Mato Grosso, vejo com clareza os acertos e erros que cometi, encontro
mais sentido nas situações e momentos difíceis pelos quais passei e, entendo que eles foram também frutos
das minhas próprias escolhas no transcorrer do curso.
Assim, quero aqui registrar meus mais sinceros e profundos agradecimentos.
A Deus, por tudo que me concede.
A minha família, pelo estímulo e apoio.
A Universidade Federal de Mato Grosso, através do Programa de Pós-Graduação em Recursos
Hídricos, por ter me oportunizado mais essa conquista.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso - FAPEMAT pelo auxílio
financeiro imprescindível para a realização do presente trabalho.
Ao professor Dr. Prudêncio Rodrigues de Castro Júnior, pela valiosa orientação, atenção e ajuda
durante o desenvolvimento deste trabalho.
Ao professor Dr. Fernando Ximenes de Tavares Salomão, pela Co-orientação, pelos grandes
ensinamento e auxílio na realização dos estudos.
Ao professor Dr. Antonio Manoel dos Santos Oliveira e ao professor Dr. Antonio Brandt
Vecchiato membros da banca examinadora, pela leitura, avaliação e importantes considerações feitas ao
trabalho.
A professora Dra. Ivaniza de Lourdes Lazzarotto Cabral pela leitura e importantes considerações.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de
Mato Grosso que participaram e colaboram com minha formação acadêmica. Em especial, a Professora Dra.
Eliana Dores e ao professor Dr. Antonio Brandt Vecchiato pelo apoio e incentivo.
Aos Geógrafos Msc. Emerson Soares dos Santos e Bruno de Deus pelo colaboração durante a
realização deste trabalho.
Ao Sr. Clóvis Joseti e a Sra. Zildinete S. Joseti, por sempre terem me recebido em sua casa com
grande atenção e carinho.
Aos amigos e colegas que fizeram parte da minha vida, estudando, conversando, rindo e chorando
durante esse dois anos. Especialmente ao Nilton César de Almeida, a Patrícia Christan, a Sibeli Ritter, ao
Isaltino Alves Barbosa, ao Valmir José da Silva, a Ângela Satsuki Matsubara, a Ana Rubia Bonilha Silva,
Etiene Belique, Célia Silva, Letícia Gomes dos Santos, Ana Gabriela Martins e Paula Miranda.
Muito obrigado!
6
O espaço geográfico, sendo contínuo e complexo, requer para sua compreensão,
conceituações que se operacionalizam através de procedimentos de abstração, generalização e aproximações”.
(Goodchild et all, 1992 apud Silva, 2004)
7
RESUMO
As transformações sociais e econômicas vividas pelos grupos humanos desde a
revolução industrial vêm causando impactos negativos a natureza. Os modelos
atuais de crescimento se demonstraram ineficientes em conciliar desenvolvimento
econômico e preservação ambiental. Cada vez é mais necessário ocupar o espaço
geográfico com cuidado e estudos que possibilitem uma ocupação territorial
planejada se tornam fundamentais. Assim, o presente estudo buscou analisar os
processos de dinâmica superficial, a vulnerabilidade e o risco para sua ocorrência na
bacia hidrográfica do Rio Coxipó. Os estudos utilizaram grande parte das
informações e mapas produzidos pelo Sistema Geoambiental de Cuiabá-Várzea
Grande e Entorno e foram desenvolvidos a luz da teoria dos geossistemas, fazendo
uso da metodologia empregada por Dantas et al (2001) durante o diagnóstico
geoambiental do estado do Rio de Janeiro. A metodologia e as analises empregados
possibilitaram o mapeamento de oito unidades geoambientais distribuídas em três
domínios geoambientais. Nas unidades geoambientais mapeadas foram descritas
suas características geológicas, geomorfológicas, pedológicas, o comportamento
hídrico, bem como a vulnerabilidade e o risco à ocorrência de processos de
dinâmica superficial.
Palavras Chave: Recursos hídricos, mapeamento geoambiental, geomorfologia,
Geografia
8
ABSTRACT
The social and economic transformations lived for human groups since the industrial
revolution on come causing negative impacts in the nature. The actual standards of
growth demonstrate yourself inefficient (cie) in conciliate economic development and
environment preservation. More and more the careful occupation of the geographic
spaces is indispensable and studies that allow a planning territorial occupation
became fundamental. In this manner, this application inquired to analyse the
superficial dynamics processes, the vulnerability and the scratch for yours
occurrence in the hydrographic basin of Coxipó river. The studies used great part of
the informations and maps produced for Geoambiental System of Cuiabá-Várzea
Grande and haughtiness and it was development taking into consideration of
geosystems theory, using the methodology employed for Dantas et al (2001) during
the geoambiental diagnostic of Rio de Janeiro state. The methodology and the
analyses employed make possible the mapping of eight geoambiental unities
distributed in three geoambiental domains. In the geoambiental unities mapped was
describes its geologic, geomorphologic, pedologics characteristics, the hydric
behavior, as well as the vulnerability and the scratch of occurrence of superficial
dynamics processes.
Key words: hydric resources, geoambiental mapping, geomorphology, geography.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Mapa de localização da área em estudo. .................................................. 25
Figura 2. Mapa de localização dos territórios do povo Bororo. ................................ 26
Figura 3. Prédio na sede da Fundação Buriti (em 1935) .......................................... 28
Figura 4. Prédio na sede da Fundação Buriti ........................................................... 28
Figura 5. Mapa de uso e ocupação dos solos da área em estudo .......................... 30
Figura 6. Mapa geológico da área em estudo ......................................................... 33
Figura 7. Mapa geológico da área em estudo ......................................................... 34
Figura 8. Veios de quartzo de até 1 metro de espessura. ........................................ 36
Figura 9. Área de recarga do Aqüífero Guarani localizada na área em estudo. ....... 39
Figura 10. Hierarquia das unidades geomorfológicas da área em estudo. .............. 41
Figura 11. Mapa geomorfológico da área em estudo. ............................................. 45
Figura 12. Mapa pedológico da área em estudo ...................................................... 48
Figura 13. Mapa pedológico da área em estudo. .................................................... 49
Figura 14. Esboço de uma definição teórica de geossistema. ................................. 53
Figura 15. Domínios geoambientais da área em estudo. ......................................... 60
Figura 16. Classes de declividade da área em estudo. ............................................ 62
Figura 17. Unidades geoambientais da área em estudo. ......................................... 63
Figura 18. Parte da unidade geoambiental da Chapada com predomínio de
Cambissolo Háplico, onde se localiza o SINDACTA. ................................................ 64
Figura 19. Vista parcial da unidade geoambiental Colinas Amplas com predomínio
de Latossolo. ............................................................................................................. 66
Figura 20. Em segundo plano, vista parcial da unidade geoambiental Escarpa
Erosiva. ..................................................................................................................... 67
Figura 21. Vista parcial da unidade geoambiental Morros e Morrotes com
predomínio de Cambissolo Háplico no Vale da Benção. ........................................... 69
Figura 22. Em segundo plano, vista parcial da unidade geoambiental Morros e
Morrotes com predomínio de Cambissolo Háplico no extremo noroeste da área. .... 69
Figura 23. Vista parcial da unidade geoambiental Morros e Morrotes com Cristas e
Encostas Ravinadas sobre o Grupo Cuiabá.............................................................. 71
Figura 24. Vista parcial da unidade geoambiental Rampas Coluvionadas com
predomínio de Neossolos Quartzarênicos ................................................................ 72
10
Figura 25. Vista parcial da unidade geoambiental Colinas Médias e Amplas Sobre o
Grupo Cuiabá. ........................................................................................................... 74
Figura 26. Vista parcial da unidade geoambiental Rampas Pediplanadas com
predomínio de Latossolo. .......................................................................................... 75
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características físicas das principais bacias hidrográficas da área
mapeada pelo SIG Cuiabá. ....................................................................................... 32
Tabela 2. Classes de declividade, solos e cobertura vegetal ................................... 56
Tabela 3. Classes de erodibilidade ........................................................................... 57
Tabela 4. Síntese das Informações .......................................................................... 77
12
LISTA DE ABREVIATUAS E SIGLAS
APA – Área de Proteção Ambiental da Chapada dos Guimarães
cm – Centímetro
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
DEGET – Departamento de Gestão Territorial
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAPEMAT – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso
FAET – Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia
FAMEV – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária
GATE – Programa de Informações para Gestão Territorial
IB – Instituto de Biologia
ICET – Instituto de Ciências Exatas e da Terra
ICHS – Instituto de Ciências Humanas e Sociais
km – quilometro
km² – quilometro quadrado
LIG – Laboratório de Estudos de Informações Georreferenciadas
m – metro
mm – milímetro
MNT – Modelo Numérico do Terreno
N – Norte
NE – Nordeste
PI – Plano de Informação
séc. – Século
SEPLAN – Secretaria de Estado de Planejamento e Controle Geral
SiBCS – Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
SIG Cuiabá – Sistema de informação Geoambiental de Cuiabá-Várzea Grande e
Entorno
SINDACTA – Sistema Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfico
SRTM – Shuttle Radar Topographic Mission
SW – Sudoeste
13
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 15
2.1 A evolução da representação cartográfica e o planejamento do território ........... 15
2.2 Risco: uma busca de conceito ............................................................................. 17
2.3 Do geossistema às unidades geoambientais ...................................................... 22
3 – ÁREA EM ESTUDO ............................................................................................ 24
3.1 Histórico da ocupação ......................................................................................... 25
3.2 Uso e ocupação do solo ...................................................................................... 29
3.3 Aspectos Ambientais ........................................................................................... 31
4 – METODOLOGIA ................................................................................................. 53
4.1 Bases conceituais ............................................................................................... 53
4.2 Procedimentos .................................................................................................... 57
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 60
5.1 Domínio geoambiental do Planalto dos Guimarães ............................................ 64
5.2 Domínio geoambiental da transição .................................................................... 70
5.3 Domínio geoambiental da Depressão Cuiabana ................................................. 73
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 81
APÊNDICE ................................................................................................................ 86
14
1 – INTRODUÇÃO
O espaço geográfico é constituído em sua parte física por uma série de
atributos (rochas, relevo, solos, etc) que possibilitam e interferem na vida humana.
Esse espaço fornece para as diferentes sociedades as bases para sua existência ao
passo que propicia a retirada de matérias-primas para suas diferentes atividades,
em suma, o espaço geográfico possibilita e favorece a própria organização social.
A forma de relação entre os grupos humanos e os ambientes que os cercam é
alvo de investigações há longo tempo. Todavia, com as inovações técnicas e o valor
atualmente dado ao consumo, muitas pessoas abandonaram hábitos ligados à terra
e à natureza, assim as relações estabelecidas por parte da sociedade para com o
ambiente cada vez mais aumentam o nível de exploração e retirada de recursos.
Nesse sentido, estudos que busquem demonstrar alternativas e possíveis
soluções para os problemas criados pela sociedade na natureza são cada vez mais
necessários. O presente estudo busca determinar processos da dinâmica superficial
nas unidades geoambientais verificadas na bacia hidrográfica do Rio Coxipó que
possam ser danosos à natureza e por conseqüência ao próprio homem.
Dessa forma, o trabalho teve por objetivo realizar um mapeamento
geoambiental na bacia hidrográfica do Rio Coxipó, com base nas características do
meio físico (substrato rochoso, relevo e solos), visando a estabelecer medidas
preventivas e corretivas quanto aos problemas ambientais deflagrados pelos
processos de dinâmica superficial de cada unidade.
O Rio Coxipó tem suas nascentes localizadas no planalto dos Guimarães e
estende-se pela depressão Cuiabana, passando por uma grande diversidade de
ambientes naturais com diferentes características físicas até desaguar no Rio
Cuiabá já nas proximidades do Pantanal mato-grossense. Optou-se por analisar a
bacia hidrográfica do Rio Coxipó por sua importância histórica e cultural para a
população da “Baixada Cuiabana”, mas, sobretudo em função de sua relevância
ambiental, expressa por suas águas originárias do Aqüífero Guarani, pelos
remanescentes de vegetação ou ainda pelo relevo que compõe cenários de beleza
ímpar.
15
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A evolução da representação cartográfica e o planejamento do território
Ao longo da historia representações cartográficas sempre tiveram grande
importância para o homem. É possível encontrar registros dessa natureza em
diferentes sociedades que viveram em variados espaços e épocas. Gravuras com
essas características foram deixadas por homens pré-históricos e perpetuadas
através de suas pinturas rupestres (ZUQUETTE; GANDOLFI, 2004).
Martinelli (1991), diz que as representações gráficas “fazem parte do sistema
de sinais que o homem construiu para se comunicar com os outros. Compõem uma
linguagem gráfica, bidimensional, atemporal, destinada à vista. Tem supremacia
sobre as demais, pois demanda apenas um instante de percepção”.
O desenvolvimento de novas técnicas e o estabelecimento de normas para a
elaboração de mapas elevaram a qualidade desses produtos e aumentaram sua
utilização e finalidades. A cartografia incorporou técnicas de aquisição de informação
à distância (sensoriamento remoto) e técnicas ligadas ao tratamento e análise
dessas informações (geoprocessamento).
Esses avanços técnicos refletem-se em produtos cartográficos cada vez mais
eficientes e confiáveis que, por sua vez, possibilitam um gerenciamento mais
adequado do espaço geográfico, ou, de porções do mesmo.
A partir de produtos cartográficos específicos, como por exemplo: mapas de
clima, vegetação, geomorfológico e geológico, o poder público e o capital através de
seus gestores podem planejar suas ações referentes à ocupação e utilização de
certos espaços que possuem características físicas especiais.
Por meio desses instrumentos é possível evitar, condicionar ou controlar a
utilização de “áreas frágeis” ou “áreas vulneráveis” ou ainda, priorizar o uso de
porções de terras que forneçam condições favoráveis a implantação da atividade em
questão.
Os mapeamentos ambientais fornecem condições para a tomada de decisão
de gestores públicos ou privados e possibilitam ações que visem evitar ou amenizar
o impacto que a utilização dos recursos naturais podem ter para a própria sociedade
16
e para a natureza. No que tange a instância pública esses produtos cartográficos
constituem-se em fontes indispensáveis para a fiscalização do território.
É importante notar que mapeamentos tiveram grande importância no passado
e serviam para localizar e entender a distribuição de eventos e fenômenos no
espaço geográfico, mas atualmente os mapeamentos concentram-se no futuro, em
como irão ocorrer e em como prever eventos que possam perturbar o equilíbrio da
natureza (ARGENTO, 2005).
Assim, representações cartográficas podem buscar formas para prever
eventos e suas conseqüências para a sociedade e para a natureza, podendo dessa
maneira tentar minimizar os problemas decorrentes desses eventos.
Nesse sentido, o avanço tecnológico ao mesmo tempo em que tenciona
ainda mais a relação da sociedade com a natureza – com sensíveis prejuízos a
natureza – também proporciona surgimento de novas técnicas e metodologias para
o monitoramento, gerenciamento, controle e fiscalização do ambiente natural, como
é o caso das técnicas de geoprocessamento.
Para Pina (1998), “geoprocessamento é entendido como um conjunto de
tecnologias de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações
espaciais”. Já Moreira e Shimabukuro (2004), entendem “geoprocessamento como
sendo a utilização de técnicas matemáticas e computacionais para tratar dados
obtidos de objetos ou fenômenos geograficamente identificados ou extrair
informações desses objetos ou fenômenos, quando eles são observados por um
sistema sensor”.
O geoprocessamento é um valioso instrumento em análises geomorfológicas,
permite estudos individualizados ou integrados da atuação de diferentes processos
geomorfológicos no tempo e no espaço geográfico (XAVIER DA SILVA, 2005).
Pereira et al. (1998) acrescenta que “têm sido permanente os esforços no
sentido de registrar e resgatar informações relativas ao desenvolvimento regional em
várias partes do mundo, objetivando caracterizar o monitoramento do meio físico”.
O geoprocessamento e suas técnicas de manipulação e extração de
informações são de uso cada vez mais freqüente entre profissionais de diferentes
áreas do conhecimento, em especial aquelas ligadas à natureza.
Em síntese, as técnicas de geoprocessamento constituem-se em importante
ferramenta em análises espaciais, proporcionando ao usuário condições para a
17
realização de monitoramentos ambientais com baixos custos e resultados confiáveis.
Isso proporciona análises rápidas, facilitando a tomada de decisões.
Todavia, o conjunto composto por técnicas e tecnologias ligadas ao
geoprocessamento não são suficientes para respostas completas acerca de
problemas do meio físico, o conhecimento originário na observação da natureza é
fundamental para o pesquisador que faz uso dessas técnicas.
2.2 Risco: uma busca de conceito
Esse é um tema que tem feito parte das discussões relacionadas ao meio
ambiente e a forma com que o homem produz o espaço. O Dicionário da Língua
Portuguesa Barsa (1980, p.1082) define risco como ”possibilidade de perigo, incerto
mas previsível, que ameaça de dano a pessoa ou a coisa”, para Bordest (1992,
p.87), “entende-se por riscos ambientais a possibilidade de perigo para os seres
humanos e ao ecossistema”.
Ao que concerne à realização desse trabalho propõe-se que risco
geoambiental é a possibilidade de perigo ao homem e ao meio natural fomentada
por ações antrópicas, em geral, refletidas em fenômenos naturais. Esse perigo é
causado pelas ações humanas, uma vez, que desencadeiam processos de dinâmica
superficial de forma acelerada.
A combinação de fatores naturais e ações antrópicas geram o risco
geoambiental, dessa forma a observação e cruzamento desses fatores podem
possibilitar a verificação de locais mais ou menos vulneráveis à ocorrência desses
processos danosos ao meio, além de possibilitar a mensuração de sua intensidade.
Em certa medida o risco se transforma em probabilidade através da ocorrência de
alguns processos de dinâmica superficial.
Os processos de dinâmica superficial atuam na esculturação do relevo
terrestre. Esses processos agem de diferentes formas e com intensidade variada
impulsionados principalmente pela energia solar e gravitacional (INFANTI Jr.;
FORNASARI FILHO, 1998).
Os principais processos de dinâmica Superficial são: a erosão, os
movimentos de massa que se divide em rastejo, escorregamento e movimento de
bloco que, por sua vez, é subdividido em queda, tombamento, rolamento,
18
desplacamento, além das corridas, alagamentos/inundações e do assoreamento
(não abordado no trabalho).
A Erosão é um processo de dinâmica superficial muito comum, que pode
acarretar grandes prejuízos ao meio natural, patrimônio e integridade física das
pessoas. Para Salomão e Iwasa apud Infanti Jr. e Fornasari Filho (1998, p.134),
“define-se por erosão o processo de desagregação e remoção de partículas do solo
ou de fragmentos e partículas de rochas pela ação combinada da gravidade com a
água, vento, gelo e organismos (plantas e animais)”. Já Guerra (1972, p.153),
considera erosão a “destruição das saliências do relevo, tendendo a um nivelamento
ou colmatagem [processo de sedimentação de regiões deprimidas, gerado pelo
homem ou por agentes naturais], no caso dos litorais, de enseadas, de baías e
depressões”.
Os processos erosivos quando ocorrem em condições naturais recebem o
nome de erosão natural ou geológica, esse tipo de erosão “é realizada normalmente
pelos diversos agentes erosivos sem que haja a intervenção do homem, acelerando
o trabalho de destruição e construção feito por esses agentes” (GUERRA, 1972,
P.157). Quando o desenvolvimento dos processos erosivos ocorre ou são
acelerados pela interferência do homem são chamados de erosão acelerada ou
antrópica.
A água é o principal agente causador da erosão, o sol e o vento também
colaboram com o desenvolvimento de processos erosivos, contudo esses dois
agentes atuam de forma mais lenta e menos intensa que a água.
O processo erosivo geralmente tem inicio através da ação das águas
originarias de precipitação que facilitam a desagregação das partículas do solo; o
escoamento superficial dessas águas provoca a remoção e o transporte de
partículas do solo, gerando assim a erosão.
Dependendo da forma que se processa o escoamento superficial, ao
longo de uma encosta, pode-se desenvolver dois tipos de erosão: erosão
laminar, ou em lençol, causada pelo escoamento difuso das águas das
chuvas, resultando na remoção progressiva e uniforme dos horizontes
superficiais do solo, e a erosão linear, causada pela concentração das linhas
de fluxo das águas de escoamento superficial, resultando em pequenas
incisões na superfície do terreno, em forma de sulcos, que pode evoluir, por
aprofundamento para ravinas (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998,
P.134).
19
A erosão linear tem sua origem na concentração do escoamento superficial
das águas. A centralização do escoamento superficial em determinados pontos de
uma encosta, acarreta o surgimento de erosões que podem evoluir, dependendo da
profundidade dos entalhes, para sulcos e ravinas podendo chegar a boçorocas.
O surgimento de processos erosivos é influenciado por uma série de fatores
ligados às ações do homem e a condições naturais. Dentre os fatores antrópicos, os
que mais se destacam são: o desflorestamento e as diferentes formas de uso e
ocupação do solo, pois retiraram a vegetação e em geral concentram o fluxo de
escoamento das águas superficiais, dessa forma, favorecem o aumento do número
e proporção das erosões.
Fatores naturais como chuva, cobertura vegetal, relevo, solos e o substrato
rochoso, podem favorecer ou evitar o surgimento de processos erosivos. “A água da
chuva provoca erosão pelo impacto das gotas de água sobre a superfície dos solos,
caindo com velocidade e energia variáveis, e através do fluxo concentrado das
águas de escoamento superficial” (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998, P.135).
As águas de chuva podem levar a saturação do solo propiciando o surgimento de
erosões, além, de favorecer o surgimento de outros processos de dinâmica
superficial.
A cobertura vegetal exerce importante função na proteção dos solos contra os
processos erosivos, a vegetação abranda a força da água proveniente de chuva que
cai no solo, reduz a velocidade do escoamento superficial concentrado e diminui a
remoção das partículas do solo.
O relevo é a “diversidade de aspectos da superfície da crosta terrestre, ou
seja, o conjunto dos deslizamentos da superfície do globo” (GUERRA, 1972, P.356).
A contribuição do relevo é de impulsionar ou retardar os processos erosivos, uma
vez que os atributos morfométricos de uma vertente (comprimento de rampa e a
declividade) definem a velocidade do escoamento superficial na encosta ou vertente.
Os terrenos com maiores declividades e maiores comprimentos de
rampa apresentam maiores velocidades do escoamento superficial e,
conseqüentemente, maior capacidade erosiva, mas uma encosta com baixa
declividade e comprimento de rampa grande também pode ter alta
intensidade erosiva, desde que sujeita à grande vazão do escoamento das
águas superficiais (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998, P.135).
Os solos são extremamente importantes, pois eles sustentam a todo tipo de
vida vegetal e animal, em nosso planeta. “O solo forma como se fosse a pele do
20
planeta Terra, é a interseção da litosfera, biosfera, atmosfera e hidrosfera; é, de
certa forma, um fenômeno de superfície e, como tal, variável a pequenas distâncias”
(RESENDE ET AL, 2002, P.294).
A textura, estrutura e a permeabilidade são propriedades importantes, pois
definem a capacidade do solo de resistir à ação erosiva da água.
A textura do solo esta relacionada com a “proporção das partículas que
constituem o solo, por tamanho, isto é, argila, silte e areia. Cascalhos e calhaus
constituem a pedregosidade” (RESENDE ET AL, 2002, P.294).
A estrutura refere-se ao arranjo das partículas de solo. Essa característica
influi na capacidade de infiltração do solo, logo os solos mais arenosos permitem
uma maior infiltração, diminuindo o escoamento superficial, contudo se esses solos
ficarem saturados pode ocorrer erosões.
A permeabilidade também esta ligada à capacidade de infiltração das águas
no solo, em geral, solos arenosos permitem maior infiltração das águas que os solos
argilosos, isto ocorre devido à porosidade que nos solos arenosos é maior.
“Entretanto, em alguns casos, dependendo da estruturação do solo, solos argilosos
podem se apresentar altamente porosos e até mais permeáveis que solos arenosos”
(SALOMÃO; IWASA APUD INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998, P.136).
O substrato rochoso influi na formação de erosões através dos solos que dele
se originam. “As características litológicas do substrato rochoso, associadas à
intensidade do intemperismo e á natureza da alteração e grau de fraturamento,
condicionam a suscetibilidade do material a erosão” (INFANTI Jr.; FORNASARI
FILHO, 1998, P.136).
Os movimentos de massa são compreendidos por movimentos de solos,
rochas e/ou detritos, esses movimentos podem ser gerados por diferentes motivos,
ocorrendo de formas e velocidades variadas.
O Escorregamento é um movimento de massa é muito comum no Brasil,
acarretando grandes prejuízos à vida e ao patrimônio humano. “Os escorregamentos
consistem no movimento rápido de massas de solo ou rocha, geralmente bem
definidas quanto ao seu volume, cujo centro gravidade se deslocam para baixo e
para fora de um talude” (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998, P.137).
De acordo com sua geometria e seu material os escorregamentos podem ser
classificados em translacionais ou planares, circulares ou rotacionais e em cunha,
Os escorregamentos translacionais ou planares envolvem geralmente solos pouco
21
espessos. “Sendo condicionados por estruturas planares desfavoráveis à
estabilidade, relacionadas a feições geológicas diversas” (INFANTI Jr.; FORNASARI
FILHO, 1998, P.137).
Os escorregamentos circulares ou rotacionais possuem superfícies de
deslizamentos curvas, normalmente ocorre uma série de rupturas combinadas e
sucessivas, geralmente associados a aterros, solos espessos e rochas sedimentares
ou cristalinas fraturadas (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998).
Já “os escorregamentos em cunha estão associados a saprolitos e maciços
rochosos, nos quais a existência de duas estruturas planares, desfavoráveis a
estabilidade, condiciona o deslocamento de um prisma ao longo do eixo de
intersecção destes planos” (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998, P.138).
Os movimentos de blocos consistem em deslocamentos de material
rochoso por gravidade, esses movimentos são classificados de acordo com suas
características e podem ser:
A Queda de Bloco engloba diversos tipos de materiais rochosos e possuem
volumes variados, realiza um movimento de encostas íngremes do tipo queda livre
(INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998).
O Tombamento de Bloco é um movimento de rotação realizado por um
bloco rochoso, condicionado por sua estrutura geológica, o movimento é do tipo
mergulho (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998).
O Rolamento de Bloco caracteriza-se por um movimento rolamento
realizado em encostas inclinadas. Em geral, esses blocos se encontram
parcialmente soterrados e rolam devido à perda de aderência com a encosta
(INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998).
O Desplacamento de Bloco é um movimento condicionado à estrutura
geológica, ocorre o desprendimento de placas rochosas de uma encosta, praticam
um movimento de queda livre ou deslizam por uma superfície inclinada (INFANTI Jr.;
FORNASARI FILHO, 1998).
A Corrida é um tipo de movimento de massa de grande poder destrutivo, uma
vez que são movimentos gravitacionais de massa de grandes dimensões, ocorrem
através de escorregamento rápido. Caracterizam-se pelo grande raio que possuem e
pela quantidade de material que envolvem.
As corridas recebem diferentes nomes, dependendo do tipo de material,
podem ser: corrida de lama quando o solo encontra-se encharcado, corrida de terra
22
quando o solo esta com um menor teor de água e corrida de detritos quando o
material envolvido é grosseiro (INFANTI Jr.; FORNASARI FILHO, 1998).
A Inundação é um processo que corresponde ao extravasamento das águas
de um curso d’água para as áreas marginais, isso ocorre quando a vazão a ser
drenada é maior que à capacidade de descarga da calha do curso d’água (INFANTI
Jr.; FORNASARI FILHO, 1998).
A ocorrência do processo inundação esta intimamente ligada ao processo de
assoreamento, uma vez que a deposição de detritos ao longo dos leitos dos cursos
d’água pode comprometer sua capacidade de escoamento e assim facilitar seu
transbordamento.
2.3 Do geossistema às unidades geoambientais
Grande parte dos estudos atualmente realizados considera a teoria do
geossistema, uma vez que essa forma de analisar a natureza e o homem presente e
inserido nela possibilita estabelecer as relações de dependência entre componentes
naturais e com o ser humano.
Para Bertrand (2004) geossistema é um sistema aberto composto por
elementos naturais que estabelecem dependência entre si e sofrem influência da
sociedade e, ocorrem em determinadas escalas.
Os elementos naturais elencados por Bertrand (2004) que compõem um
geossistema são divididos em aspectos físicos e biológicos e antrópicos. Os
aspectos físicos são o clima, a hidrografia e a geomorfologia; os aspectos biológicos
são o solo, a vegetação e a fauna; e os aspectos antrópicos são as formas de
intervenção humana no espaço geográfico.
Bertrand (2004) propôs diferentes escalas de abrangência para suas análises,
sendo em ordem decrescente, zona, domínio, região natural, geossistema, geofáceis
e geótopo.
Para Sotchava (1977) apud Sales (2004) geossistema é a resultante das
relações estabelecidas entre a os elementos naturais (litomassa, biomassa,
aeromassa e hidromassa) na superfície da Terra.
Dantas et al (2001, p.3) colocam que o
23
ecótono; ou unidade de paisagem; ou unidade geoambiental, é um
produto singular da combinação de elementos geobiofísicos em constante
dinâmica espacial e temporal. A delimitação de um mosaico de unidades de
paisagem entre os quais se estabelecem, fluxos ou trocas de energia e/ou
matéria (ciclos hidrológicos; ciclos erosivos; ciclos biogeoquímicos; etc),
indicando um certo grau de interdependência configura-se no
geoecossistema ou domínio geoambiental.
Assim, entende-se que o termo unidade de paisagem equivale, em escala de
abrangência, ao termo unidade geoambiental da mesma forma que geoecossistema
tem o mesmo nível de alcance que o termo domínio geoambiental.
Dantas et al (2001) adotou como táxon superior os domínios geoambientais,
identificados a partir de grandes compartimentos geológico-geomorfológicos e como
táxon inferior as unidades geoambientais definidas principalmente pelas unidades
pedológicas, por formações superficiais e pelas classes de uso e ocupação do solo.
24
3 – ÁREA EM ESTUDO
A área em estudo consiste na bacia hidrográfica do Rio Coxipó. A bacia
hidrográfica do Rio Coxipó localiza-se na mesorregião homogênea Centro-Sul Mato-
grossense e microrregião homogênea de Cuiabá, tendo uma parte de sua área no
município de Chapada dos Guimarães e outra parte no município de Cuiabá
(MIRANDA; AMORIM, 2000). A bacia hidrográfica do Rio Coxipó situa-se entre as
coordenadas 15°39’30” e 15°16’56” de latitude Sul e 56°02’03” e 55°45’00” de
longitude Oeste, conforme a Figura 1.
O Rio Coxipó nasce no Vale da Benção, no município de Chapada dos
Guimarães próximo a cidade, e estende-se por cerca de 78,58 km até alcançar o Rio
Cuiabá dentro do perímetro urbano da capital mato-grossense. A nascente do Rio
Coxipó possui uma altitude aproximada de 840 m, já na foz a altitude fica entorno de
150 m.
A bacia hidrográfica do Rio Coxipó possui uma área de drenagem de
aproximadamente 678 km² e pertence à bacia hidrográfica do Rio Cuiabá, que por
sua vez integra a Região Hidrográfica do Paraguai.
25
Figura 1. Mapa de localização da área em estudo.
Fonte: Adaptado de Sistema de Informação Geoambiental de Cuiabá, Várzea Grande e Entorno
(2006); Zoneamento Sócio Econômico Ecológico do Estado de Mato Grosso (2003).
3.1 Histórico da ocupação
A área em estudo, até a chegada de bandeirantes paulistas, era ocupada por
índios da nação Bororo, do tronco lingüístico Macro Jê. Na literatura esse grupo por
vezes recebe o nome de índios Coxiponés.
O grupo detinha até a chegada dos não índios (séc. XVIII) um território que se
estendia de região próxima a Vila Bela da Santíssima Trindade até a região de Barra
do Garças, conforme pode ser observado no mapa da Figura 2.
26
Figura 2. Mapa de localização dos territórios do povo Bororo.
Fonte: http://www.kidlink.org/portuguese/kidproj/indios/2000/bororo7nanacaroline.htm
Segundo Ferreira (2001) nesse período esse amplo território começou a viver
intensos movimentos de aventureiros, vindos de São Paulo, que buscavam a
lendária Mina dos Martírios onde se acreditava existir grande quantidade de ouro.
Os não-índios alcançaram a região organizados em bandeiras. As bandeiras
foram expedições organizadas por paulistas que buscavam encontrar riquezas no
interior do país e aprisionar índios para serem vendidos como escravos na então
Capitania de São Paulo (HIGA, 2005).
O primeiro bandeirante a alcançar a região foi Manoel de Campos Bicudo,
entre 1673 e 1682. Levantou as margens do Rio Cuiabá próximo a foz do Rio Coxipó
o arraial de São Gonçalo – atual São Gonçalo Beira Rio (CUIABÁ, 2007).
Entre 1717 e 1718 Antônio Pires de Campos (filho de Manoel de Campos
Bicudo) retorna a região onde encontrou aldeamento de índios Coxiponés (etnia
Bororo), os quais depois de conflitos foram capturados (SIQUEIRA, 1997; CUIABÁ,
2007).
Seguindo as indicações de Antônio Pires de Campos, a bandeira de Pascoal
Moreira Cabral chega ao arraial de São Gonçalo. Desse ponto a expedição subiu o
27
Rio Coxipó onde encontrou índios Coxiponés, mas no conflito os bandeirantes foram
derrotados e recuaram (CUIABÁ, 2007).
Posteriormente, nas proximidades de onde o Rio Mutuca deságua no Rio
Coxipó a expedição encontrou grande quantidade de ouro de aluvião. Esse fato,
somado a resistência dos índios Coxiponés mudou o objetivo inicial da bandeira, que
passou a dedicar-se ao garimpo (SIQUEIRA, 1997; CUIABÁ, 2007).
Os Bororos aparecem em vários relatórios dos presidentes da província de
Cuiabá (séc. XIX) como “bárbaros de vida errante”, “indomáveis”. Eram
considerados uma ameaça aos não-índios que estavam ocupando as áreas
próximas a Cuiabá (OLIVEIRA, 2005, p.104)
O ouro encontrado no próprio Rio Coxipó estimulou ainda mais o fluxo
migratório de paulistas para a área, esses migrantes subiram o Coxipó e seus
afluentes vindo a fixar-se no arraial denominado Forquilha – atual sede do Distrito do
Coxipó do Ouro (FERREIRA, 2001; CUIABÁ, 2007).
O arraial marca o inicio da divisão da nação Bororo em dois grupos: Bororos
Ocidentais e Bororos Orientais (Figura 2). O grupo ocidental foi pressionado no
sentido Leste-Oeste, já o grupo oriental sofreu pressão no sentido inverso, ou seja,
no sentido Oeste-Leste.
Forquilha também representou o inicio da posse portuguesa da região, então
pertencente ao reino de Espanha. Higa (2005, p.18) coloca que “gradativamente (os
bandeirantes), de acordo com os interesses da coroa, efetivaram sua ocupação,
definindo, ao longo do tempo, seus limites políticos e administrativos”.
Quando ocorreu a descoberta de ouro no Córrego da Prainha, o arraial de
Forquilha perdeu importância, uma vez que, a população mineira deslocou-se para a
nova mina (SIQUEIRA, 1997). Essa descoberta reforça também o fluxo de migrantes
paulistas para a região.
A ocupação inicial do espaço regional também esteve ligada a algumas
fazendas que produziam, em pequena escala, gêneros alimentícios para abastecer a
população de Cuiabá. Dentre essas propriedades destacou-se uma extensa
sesmaria denominada Buriti Monjolinho pertencente a Antonio de Almeida Lara, no
local atualmente existe a sede da Fundação Buriti (antiga Escola Evangélica Buriti),
Figura 3 e Figura 4 (FERREIRA, 2001).
28
Figura 3. Prédio na sede da Fundação Buriti (em
1935)
Fonte: Álbum de lembranças de Buriti
Figura 4. Prédio na sede da Fundação Buriti
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
As propriedades ligadas às atividades agropastoris foram gradativamente
ganhando força frente à mineração, esse quadro de ampliação da agricultura e da
pecuária manteve-se até o inicio do século XX. Em 1903 o Coxipó do Ouro passa
por forte exploração através das atividades da empresa The Transpacific Mining and
Exploration Company Limited, quando a mineração vive uma tentativa de
ressurgimento, dessa vez, fazendo uso de forte aparato tecnológico (SIQUEIRA,
1997).
“Esse fator determinará uma relação desarmoniosa com a natureza,
acarretando desequilíbrios ecológicos expressivos” (SIQUEIRA, 1997 P.111). Essas
atividades agravaram o quadro de agressão a natureza, em especial aos recursos
hídricos.
Por volta de 1950 à ocupação do espaço assemelhava-se a do início do
século, Siqueira (1997) cita trabalhos de Aroldo de Azevedo desenvolvidos em
Cuiabá para afirmar que o abastecimento de hortaliças para a cidade ainda eram
realizadas por fazendas situadas rio acima e rio abaixo.
A partir da década de 1950 o estado passou a receber fortes contingentes
migratórios. No censo de 1960 foram registradas 330.610 habitantes, significando
um aumento de 55,47% em relação a 1950. O censo de 1970 registrou 598.879
habitantes no estado, um aumento de 85,38% (MORENO; HIGA, 2005).
Esse significativo aumento da população foi impulsionado por uma série de
programas de colonização e cristalizou no estado um modelo econômico baseado
na agropecuária. Sendo que na área em estudo a pecuária teve maior destaque.
O quadro atual de uso e ocupação da bacia hidrográfica do Rio Coxipó foi
configurado pela evolução histórica de sua ocupação e pela criação do Parque
29
Nacional de Chapada dos Guimarães em 1989, que freou o avanço da pecuária e
possibilitou a conservação de importantes áreas de vegetação.
3.2 Uso e ocupação do solo
A bacia hidrográfica do Rio Coxipó não apresenta grande variação nas formas
de uso e ocupação de suas terras. As principais formas de intervenção humana
nessa porção do espaço geográfico ocorrem através da pratica da agricultura, da
pecuária e de áreas que conservam remanescentes da vegetação original
destacando-se o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e a Área de
Preservação Ambiental de Chapada dos Guimarães.
A Figura 5 traz as principais formas de uso e ocupação das terras verificadas
na área em estudo, sendo estas apresentadas de acordo com a forma de uso e
ocupação predominante.
A agricultura praticada é desenvolvida em áreas localizadas sobre o Planalto
dos Guimarães e apresenta características do sistema de plantation, ou seja, é
desenvolvida em grandes extensões de terra com predomínio de uma única cultura
que geralmente é destinada ao abastecimento de mercados externos.
A pecuária é desenvolvida em áreas de pastagem localizadas sobre a
Depressão Cuiabana. Essa atividade fornece carne aos frigoríficos da baixada
cuiabana que por sua vez abastecem a população da região e exportam para
mercados externos.
Na bacia verificam-se grandes áreas ainda vegetadas onde ocorrem Campo
Cerrado, Cerrado e Cerradão. Ao longo de alguns cursos d’água localizados na
porção Norte e em alguns localizados na porção Sul verifica-se a ocorrência de
Mata-Ciliar.
As porções da bacia hidrográfica do Rio Coxipó incorporadas pelo espaço
urbano das cidades de Chapada dos Guimarães e Cuiabá consideradas nas
análises são aquelas onde a cidade ainda não se materializou através dos
processos de urbanização, ou seja, essas porções guardam características do
espaço rural.
30
Figura 5. Mapa de uso e ocupação dos solos da área em estudo
Fonte: Adaptado do mapa de uso e ocupação das terras – Thomé Filho et al (2006)
31
Solo exposto é verificado em pequenas áreas não contínuas localizadas
sobre a Depressão Cuiabana, na parte central da bacia hidrográfica. Esse tipo de
uso ocorre, provavelmente, em função da retirada de material para aterros.
A bacia hidrográfica do Rio Coxipó também apresenta duas importantes
unidades de conservação. A Área de Preservação Ambiental de Chapada dos
Guimarães e o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, sendo que o Parque
Nacional de Chapada dos Guimarães tem sua área praticamente inteira dentro da
bacia hidrográfica do Rio Coxipó.
A Área de Proteção Ambiental da Chapada dos Guimarães – APA foi criada
pelo Decreto Estadual nº. 0537 de 21/11/95 e pela Lei Estadual n° 7804 de 05/12/02,
abrangendo uma área de 251.847,93 há situada nos municípios de Cuiabá,
Chapada dos Guimarães, Campo Verde e Santo Antôniode Leverger (SCISLEWSKI,
2006a).
Para Scislewski (2006a) o objetivo principal da Área de Proteção Ambiental da
Chapada dos Guimarães é o de preservar as escarpas, a vegetação, as nascentes,
as cavernas, os sítios arqueopaleontológicos e a fauna.
Já o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães foi criado pelo Decreto
n°97.656 de 12/04/89, ocupa uma área de 33.000 ha no município de Chapada dos
Guimarães (SCISLEWSKI, 2006a).
O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães tem como objetivo principal
proteger e preservar o ecossistema e os sítios arqueológicos existente na área,
possibilitando usos restritos ao público (SCISLEWSKI, 2006a).
3.3 Aspectos Ambientais
Melo e Cunha (2006) colocam a área de drenagem e o perímetro como as
principais características físicas de uma bacia hidrográfica. Os demais têm
dependência do valor da área de drenagem em relações matemáticas.
A Tabela 1 traz os valores das características físicas das principais bacias
hidrográficas presentes na área mapeada por Thomé Filho et al (2006), dentre elas a
bacia hidrográfica do Rio Coxipó.
32
Tabela 1. Características físicas das principais bacias hidrográficas da área
mapeada pelo SIG Cuiabá.
Rio
Área
(km²)
Perímetro
(km)
Coeficiente de
compacidade
Fator de
Forma
Densidade
de
drenagem
(km/km²)
Extensão
média do
escoamento
superficial
(km)
Declividade
do curso
principal
(m/m)
Comprimento
da vazão
superficial
(km)
Cocaes 490 108 1,36 0,286 0,657 0,380 0,004 55,7
Pari 753 168 1,72 0,069 0,824 0,303 0,003 112
Esmeril 335 86,7 1,33 0,233 0,599 0,417 0,003 40,0
Aricá-açu 1686 241 1,64 0,141 0,565 0,442 0,006 194
Coxipó 676 169 1,82 0,087 0,784 0,319 0,008 115
Banderira 337 88,7 1,35 0,212 0,619 0,404 0,005 40,5
Fonte: MELO; CUNHA, 2006.
A bacia hidrográfica do Rio Coxipó possui uma área 676km², tendo um
perímetro 169km. Possui uma forma alongada e de acordo com o coeficiente de
compacidade de 1,82 e o fator de forma de 0,08 (ambos atributos ligados a forma da
bacia) a bacia possui um baixo risco de enchente (MELO; CUNHA, 2006).
A geologia da área em estudo possui uma importante localização, uma vez
que, esta no encontro de diferentes formações. No mapeamento geológico realizado
pelo projeto RADAMBRASIL (1982), foram verificadas na área em estudo a
ocorrência de cinco unidades geológicas: Grupo Cuiabá, Aluviões Atuais, Formação
Botucatu, Formação Furnas e Formação Ponta Grossa, as quais são apresentadas
na Figura 6.
No mapeamento geológico realizado por Scislewski (2006b), foram
constatadas um número maior de unidades que as verificadas pelo projeto
RADAMBRASIL (1982), esse fato talvez seja explicado pela escala de maior detalhe
empregada nos trabalhos de Scislewski (2006b).
Na porção Sul, a bacia hidrográfica do Rio Coxipó é sustentada por uma
pequena área da Formação Pantanal, bem como por rochas do Grupo Cuiabá. Já na
porção Norte da bacia verifica-se rochas da Formação Botucatu do Grupo São
Bento, da Formação Furnas e da Formação Ponta Grossa, ambas pertencentes ao
Grupo Paraná, além de uma pequena área de Coberturas Detrito-Lateríticas
presentes sobre a Formação Furnas no extremo Leste da área em estudo. A Figura
7 traz as unidades geológicas verificadas por Scislewski (2006b).
33
Figura 6. Mapa geológico da área em estudo
Fonte: Adaptado do mapa geológico da carta SD 21 – RADAMBRASIL (1982)
34
Figura 7. Mapa geológico da área em estudo
Fonte: Adaptado do mapa geológico – Scislewski (2006b).
35
A Formação Pantanal compõe a área de estudo com uma faixa estreita.
Oliveira e Leonardos (1943) apud Scislewski (2006b, P.43) “denominaram de
Formação Pantanal os sedimentos que ocorrem ao longo de toda a área
denominada Pantanal Matogrossense”. Sendo composto principalmente por
depósitos de areais e argilas recentes (BARROS et al, 1982, P.144)
A Formação Pantanal é formada principalmente por sedimentos arenosos
semi-consolidados, de cor cinza-claro a amarelados, de granulação fina a média e
com grãos bem arredondados e polidos. São comuns intercalações de canga
limonítica onde predominam fragmentos de quartzo, quartzito, metarenito e
metarcóseos com cimento ferruginoso (SCISLEWSKI, 2006b, P.44).
O Grupo Cuiabá tem suas primeiras referências na literatura atribuídas ao
Conde Francis de Castelnau e remontam o ano de 1850. No ano de 1894 Evans
denominou as ardósias que afloram na Baixada Cuiabana de “Cuyaba Slates”
(BARROS et al, 1982, p.67; SCISLEWSKI, 2006b, P.31)
Oliveira e Leonardos em 1943 chamaram os filitos e metaconglomerados das
proximidades de Cuiabá de “Série Cuiabá”. Tal nomenclatura foi aceita e seguida
por autores como Almeida e Vieira até a substituição do termo “Série Cuiabá” por
“Grupo Cuiabá” feita por Hennies em 1966. Luz et al, em 1980, a partir de critérios
lito-estratigráficos dividem o grupo em oito subunidades, que foram adotadas nos
trabalhos geológicos (SCISLEWSKI, 2006b, P.31).
Na subunidade 5 ocorrem rochas muito alteradas na superfície que dão
origem a depósitos de cascalho provenientes da desagregação dos veios de
quartzo.
Nessa subunidade predominam filitos e filitos sericíticos ocorrendo
subordinadamente intercalações de metarcóseos, metarenitos, quartzitos e mais
raramente metamicroconglomerados (SCISLEWSKI, 2006b, P.34).
Os filitos e filitos sericíticos inalterados possuem cores que variam do cinza-
prateado ao cinza-escuro e os alterados possuem cores avermelhadas e
amarronzadas. Apresentam granulação que varia de muito fina a fina, textura
granolepidoblástica, estrutura foliada, com a foliação S
2
bastante proeminente
(SCISLEWSKI, 2006b, P.34).
Os metarcóseos e metarenitos inalterados possuem cor que varia de cinza-
esverdeado a cinza-claro, sendo que os alterados vão de avermelhados a
36
amarronzados. A granulação varia de fina a grosseira gradando localmente para
metamicroconglomerados (SCISLEWSKI, 2006b, P.34).
Nessa subunidade é verificada a maior ocorrência de veios de quartzo com
espessura de pode chegar a um metro, conforme a Figura 8.
A subunidade 6 apresenta relevo mais acentuado e acidentado. Essa
subunidade apresenta filitos conglomeráticos com intercalações de metarenitos e
mais raramente de quartzitos (SCISLEWSKI, 2006b, P.35).
Os filitos apresentam cor que varia de cinza-claro a esverdeado, tornando-se
avermelhados ou amarronzados quando alterados. Normalmente são de granulação
fina, matriz filitosa, englobando fragmentos de quartzo, quartzito e filitos
subarredondados a angulosos, variando de grânulos a calhaus (SCISLEWSKI,
2006b, P.35).
Figura 8. Veios de quartzo de até 1 metro de espessura.
Fonte: Geologia – Scislewski (2006b).
Os metarenitos formam pequenos corpos alongados na direção NE – SW,
sobressaindo no relevo devido a maior resistência a erosão. Apresentam quando
inalterados cor que varia do cinza-claro a esverdeado, quando alterados ganham
37
uma cor mais avermelhada. Apresentam textura granoblástica, granulação fina a
média e são friáveis e formados por grãos de quartzo subarredondados a angulosos,
sericita e algum feldspato (SCISLEWSKI, 2006b, P.36).
Os quartzitos são semelhantes aos metarenitos apenas mais compactados e
com grãos de quartzo recristalizados. Os veios de quartzo de segregação são
comuns (SCISLEWSKI, 2006b, P.36).
A subunidade 7 possui o relevo mais acidentado com cotas altimétricas de até
750 metros, nas proximidades da transição para rochas da Formação Furnas.
Litológicamente essa subunidade do Grupo Cuiabá é constituída por
metaparaconglomerados petromíticos (diamictitos), com raríssimas intercalações de
filitos e metarenitos.
Os metaparaconglomerados possuem cor cinza-claro a cinza-esverdeado e
matriz silto-arenosa, na qual encontram-se dispersos fragmentos angulosos a
subarredondados de tamanho variando de grânulos até matacões de quartzo,
quartzito, filito, granitos, metacalcáreos e rochasbásicas (SCISLEWSKI, 2006b,
P.36).
A Formação Botucatu (Grupo São Bento) inicialmente teve seus arenitos de
tons vermelhos denominada de grés de Botucatu (GONZAGA CAMPOS, 1889 apud
SCISLEWSKI, 2006b, P.41).
A unidade é composta por arenitos que variam de finos a médios, bimodais,
vermelhos, com grãos de quartzo arredondados, com boa esfericidade, com
superfície fosca e recobertos por uma película ferruginosa, sendo comum cimento
silicoso ou ferruginoso. (SCISLEWSKI, 2006b, P.41).
A Formação Furnas (Grupo Paraná) teve suas primeiras observações
realizadas por Derby (1878). O autor descreveu os arenitos das escarpas da
Serrinha situada a Oeste de Curitiba-PR (BARROS et al, 1982, P.111). Oliveira
(1912) denominou os arenitos presentes nas escarpas da Serrinha e na Serra de
Furnas de grés de Furnas (BARROS et al, P.111; SCISLEWSKI, 2006b, P.39). O
termo formação foi apresentado por Petri em 1948 (SCISLEWSKI, 2006b, P.39).
As rochas são compostas por arenitos conglomeráticos que passam para
arenitos puros, de cor branca a amarelada. A granulação geralmente apresenta-se
de média a grossa com grãos de quartzo subangulosos a subarredondados friáveis
(SCISLEWSKI, 2006b, P.40).
38
Nas rochas da Formação Furnas ocorrem estratificações cruzada tabular,
tangencial na base e plano-paralela.
A Formação Ponta Grossa (Grupo Paraná), como a Formação Furnas
também foi inicialmente observada por Derby em 1878 (BARROS et al, 1982, P.114)
e denominada por Oliveira (1912) como Schistos Ponta Grossa (BARROS et al,
1982, P.114; SCISLEWSKI, 2006b, P.40).
No extremo Leste da área em estudo ainda é verificada a ocorrência de
Cobertura Detrítico-Laterítica. Esse material tem origem em resíduos de arenitos
da Formação Botucatu e da Formação Furnas e está sobreposto a rochas da
Formação Ponta Grossa.
Migliorini (2007a) define águas subterrâneas como as águas armazenadas
no subsolo que ocupam os espaços vazios entre os solos, sedimentos e rochas. Os
diferentes tipos de rochas possuem capacidade de armazenamento distinta, as
rochas sedimentares apresentam maior capacidade de armazenamento e circulação
de água subterrânea em função de sua maior porosidade.
“Uma formação geológica (rocha) que tenha capacidade de armazenar e
transmitir quantidades significativas de água subterrânea recebe o nome de
aqüífero” (MIGLIORINI, 2007a P.27). Rochas com essas características são
encontradas no Planalto dos Guimarães, na Depressão Cuiabana, em função das
características de suas rochas, se verifica apenas a ocorrência de zonas aqüíferas.
A área em estudo tem grande importância para estudos ligados a águas
subterrâneas em Mato Grosso, essa relevância advém de na bacia hidrográfica do
Rio Coxipó ocorrer parte da área de reabastecimento do Aqüífero Guarani e também
nela estar presente parte do Aqüífero Furnas.
O Aqüífero Guarani configura-se como um grande reservatório de água
subterrânea. Possui uma extensão de 1.196.500 km², desse total 70,2% (839.800
km²) estão localizados no Brasil, 18,9% (225.500 km²) estão na Argentina, 6%
(71.700 km²) estão no Paraguai e 4,9% (58.500 km²) estão no território do Uruguai.
(MIGLIORINI, 2007b).
Em Mato Grosso o Aqüífero Guarani divide-se em duas áreas não continuas,
conforme a Figura 9. A área 1 esta situada no centro-sul do estado abrangendo
parte dos municípios de Chapada dos Guimarães Campo Verde, Nova Brasilândia,
Poxoréo, Primavera do Leste Dom Aquino, Guiratinga e Tesouro. E, a área 2
39
localiza-se no extremo sudeste de Mato Grosso abrangendo parte dos municípios de
Itiquira, Alto Araguaia, Alto Garças e Alto Taquari (CASTRO Jr, 2007).
Figura 9. Área de recarga do Aqüífero Guarani localizada na área em estudo.
Fonte: http://www.sg-guarani.org/sistema-aquifero-guarani/mapa-1/mapa-esquematico-tamanho-a4,
acesso em 17 de junho de 2009.
40
Parte da área 1 esta localizada na bacia hidrográfica do Rio Coxipó, onde
ocorre a transição do Planalto dos Guimarães para a Depressão Cuiabana. A porção
localizada sobre o Planalto dos Guimarães é sustentada por arenitos da Formação
Botucatu, os poros do arenito possibilitam a infiltração das águas que ao encontrar
as rochas mais impermeáveis do Grupo Cuiabá dão origem, na base da Escarpa
Erosiva, a uma série de nascentes d’água (CASTRO Jr, 2007). Essas áreas são
áreas de descarga natural do aqüífero.
A zona do Aqüífero Guarani, acima descrita, como as demais áreas
localizadas no estado são áreas de recarga e possuem grande fragilidade natural.
O Aqüífero Furnas, de idade devoniana, é constituído por arenitos,
predominantemente de granulação grossa, poroso, variando de livre a confinado, a
depender da ocorrência de estratos sobrepostos.
Tem área de recarga estimada em 24.894 km², distribuída nos estados de
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e São Paulo, com espessura
média de 200 m. A sua disponibilidade hídrica (reserva explotável) é estimada em
28,6 m³/s (ANA, 2005).
Quanto à geomorfologia, a área divide-se sobre duas unidades
morfoestruturais: a faixa de dobramentos Paraguai-Araguaia e a Bacia Sedimentar
do Paraná. Sobre a faixa de dobramentos Paraguai-Araguaia verifica-se a unidade
morfoescultural Depressão Cuiabana e situado sobre a Bacia Sedimentar do Paraná
verifica-se o Planalto dos Guimarães (ROSS, 2001)
A Depressão Cuiabana pode ser subdividida em Depressão Dissecada e
Depressão Pediplanada (uma porção restrita, próxima a área urbana de Cuiabá). O
Planalto dos Guimarães por sua vez pode ser subdividido em Planalto Conservado e
Planalto Dissecado (BORDEST, 1992, 2007; CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST,
2006). A Figura 10 exemplifica a hierarquia existente entre os níveis
geomorfológicos.
41
Figura 10. Hierarquia das unidades geomorfológicas da área em estudo.
Fonte: Adaptado do mapa geomorfológico – Castro Jr; Salomão; Bordest (2006).
42
A Bacia Sedimentar do Paraná é composta por camadas de rochas de
origem sedimentar que chegam a ultrapassar 5 km de espessura. Sua formação é
posterior ao Pré-cambriano, unidades como essa ocupam 75% das terras emersas
do globo. (ROSS, 2001).
O planalto dos Guimarães estende-se pela porção noroeste da bacia
sedimentar do Paraná, apresenta-se de forma continua e alongada, abriga as
Unidades Morfológicas denominadas por Bordest (1992) de Planalto Conservado e
Planalto Dissecado.
Segundo Guerra (1972, p.328) planalto é a “extensão de terrenos
sedimentares mais ou menos plano, situados em altitudes variáveis. Em
geomorfologia usa-se às vezes, este termo como sinônimo de superfície pouco
acidentada, para designar grandes massas de relevo arrasadas pela erosão”.
Tomando-se a folha SD-21 Cuiabá do Projeto RADAMBRASIL (1982) como
base, o Planalto dos Guimarães:
estende-se pela extremidade noroeste da Bacia Sedimentar do Paraná e
corresponde, na área mapeada, a um trecho dos setor dos planaltos divisores
entre as bacias do Prata e Amazonas. A unidade abrange todo o setor
sudeste da Folha. Adentra para o sul e leste respectivamente nas folhas SE-
21 Corumbá e SD-22 Goiás. A oeste, noroeste e norte é contornada pela
superfície rebaixada da Depressão Cuiabana. O contato entre as unidades, a
oeste, é feito através de forte escarpamento. A noroeste, a ligação se faz por
intermédio de um patamar mais rebaixado, enquanto a norte o limite é
demarcado por escarpas abrandadas pela atividade erosiva e pelas cristas
assimétricas da Província Serrana (ROSS; SANTOS, 1982, P.211).
O Planalto Conservado corresponde a um relevo de topo aplanado,
provavelmente testemunho de superfície antiga limitado por escarpas erosivas.
Possui nas bordas encostas íngremes. Posiciona-se aproximadamente entre 600 e
700 m de altitude, localizando-se na porção principalmente setentrional da área. O
fraco grau de inclinação topográfico observado neste compartimento favorece a
predominância de processos de infiltração em relação aos processos de
escoamento superficial, ou seja, possui fraca dissecação horizontal e baixa
declividade (BORDEST, 1992, 2007).
O Planalto Dissecado constitui um relevo dissecado pelo Rio Coxipó e seus
afluentes localizados no Norte e em uma porção no Leste da área em estudo.
Compreende relevos de topo plano, com interflúvios médios e vales
43
predominantemente encaixados, soerguidos às cotas de 600 a 850m por processos
neotectônicos. Uma grande quantidade de canais pluviais associa-se a outros sulcos
erosivos. A ação da erosão regressiva acarreta o recuo das cabeceiras de drenagem
nas vertentes, e dos canais pluviais que evoluem em ravinas e voçorocas
(BORDEST, 1992, 2007).
A Faixa de Dobramentos Paraguai – Araguaia assim como os demais
cinturões orogênicos existentes no Brasil é muito antiga. Todos os cinturões
orogênicos presentes no território brasileiro se encontram muito desgastados por
várias fases de erosão, contudo ainda apresentam características serranas em
alguns trechos. (ROSS, 2001).
Ross (2001, p.49) coloca que “essas faixas de dobramentos foram no
passado bacias geossinclinais estreitas e alongadas que margeavam a borda das
plataformas” e os sedimentos que as formavam foram dobrados diversas vezes
devido à movimentação da crosta terrestre.
A Faixa de Dobramentos Paraguai-Araguaia estende-se do Norte de Goiás e
Tocantins até Mato Grosso, nas proximidades de Cuiabá, reaparece ao Sul do
Pantanal na Serra da Bodoquena. Como os demais, esse cinturão se encontra
bastante erodido, porém, a Noroeste e Oeste de Cuiabá na província Serrana de
Mato Grosso conserva características originais (ROSS, 2001).
A Depressão Cuiabana primeiramente foi chamada de Baixada Cuiabana
(ALMEIDA apud CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST, 2006). Posteriormente, foi
apresentada por Ross e Santos (1982) como subunidade da Depressão do Rio
Paraguai. Esta “subunidade” compreende uma área rebaixada localizada entre as
escarpas do Planalto dos Guimarães e a Província Serrana, ao Sul limita-se com o
Pantanal Mato-Grossense.
Em geral, possui topografia rampeada apresentando inclinação de norte para
sul, no limite sul onde ocorre o encontro com o Pantanal apresenta altitude média
em torno de 200 m e atinge os 450 m no alto vale dos rios Cuiabá e Manso. A
dissecação do relevo é composta predominantemente por formas tabulares (t31, t32
e t41), a oeste ocorrem formas aguçadas, no vale do rio Manso ocorrem formas
convexas, na extremidade sudeste aparecem pequenas áreas de relevo plano
(ROSS; SANTOS, 1982).
A Depressão Dissecada é a unidade morfológica de maior extensão em toda
área mapeada por Castro Jr; Salomão; Bordest (2006), bem como da bacia
44
hidrográfica do Rio Coxipó. Essa unidade morfológica ocupa uma área que se
estende do médio Norte até o extremo Sul da área em estudo. Abrange formas de
relevo com dissecação média a forte, amplitude pequena a média, declividade média
a alta, formando colinas médias, morrotes e morros, com presença freqüente de
lineamentos e cristas de quartzitos na direção SW-NE (CASTRO JR; SALOMÃO;
BORDEST, 2006).
A Depressão Pediplanada apresenta relevo plano, apresentado rampas
constituídas por sedimentos, pouco espessos, predominantemente areno-argilosos
com cascalhos de quartzo e laterita, nível freático elevado, e presença de
embaciados. Esses sedimentos são produtos da pediplanação ocorrida em
paleoclima semi-árido, provavelmente do inicio da era Quaternária, na época
Pleistocênica (CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST, 2006).
Nas unidades morfológicas estão presentes diferentes formas de relevo que
foram classificadas no mapeamento geomorfológico de Castro Jr; Salomão; Bordest
(2006), conforme sua amplitude e gradiente. O mapa representado na Figura 11
mostras as formas de relevo identificadas nesse trabalho que ocorrem na bacia
hidrográfica do Rio Coxipó.
45
Figura 11. Mapa geomorfológico da área em estudo.
Fonte: Adaptado do mapa
geomorfológico – Castro Jr; Salomão; Bordest (2006).
46
As Chapadas ocorrem em cotas altimétricas de 800 a 840m, representam
superfícies conservadas do Planalto dos Guimarães. Tem por característica as
formas tabulares e suave dissecação, ocupam posição de cimeira, possuem
pequena amplitude e baixa declividade, interflúvios extensos e planos e vertentes
com perfil retilíneo (CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST, 2006).
As Colinas Amplas ocupam cotas de 720 a 800m de altitude no Planalto dos
Guimarães. Possuem suave dissecação com pequena amplitude e baixa
declividade, os vales são abertos e as vertentes apresentam perfis que variam entre
retilíneos e convexos (CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST, 2006).
As Colinas Médias são as formas de relevo de maior ocorrência na área em
estudo. Ocupam altitudes que variam de 200 a 240m, apresentam pequena
amplitude, dissecação e declividade média com topos extensos e arredondados,
perfis das vertentes convexos a retilíneos (CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST,
2006).
As Colinas Médias e Amplas localizam-se em cotas altimétricas de 680 a
720m, chegando a 800m próximo a unidade Morros e Morrotes Alongados. As
formas de relevo possuem dissecação e declividade média, os topos são extensos
e aplanados. As vertentes apresentam perfis de retilíneos a convexos (CASTRO JR;
SALOMÃO; BORDEST, 2006).
A Escarpa Erosiva constitui uma faixa estreita, alongada e sinuosa localizada
no extremo norte da área, esta em cotas altimétricas que variam de 320 a 680m. A
escarpa erosiva é sustentada por arenitos de origem eólica da Formação Botucatu,
com aspecto festonado devido às feições ruiniformes no topo e nas bordas do
Planalto, aos depósitos de tálus na base da forma. Possui grande amplitude e alta
declividade (CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST, 2006).
Os Morros com Cristas e Encostas Ravinadas ocorrem em cotas situados
entre 360 e 760m de altitude. Essa unidade esta localizada na transição do Planalto
dos Guimarães para a Depressão Cuiabana. Apresenta formas de relevo com forte
dissecação e vertentes ravinadas com perfil retilíneo, amplitude média e alta
declividade, as formas tem topos restritos e angulosos formando cristas (CASTRO
JR; SALOMÃO; BORDEST, 2006).
Os Morros e Morrotes Alinhados ocupam, na bacia hidrográfica em estudo,
uma pequena área na porção Noroeste, com cotas de 280 a 400m de altitude. Essas
formas de relevo apresentam seus cumes alinhados na direção SW–N. As formas de
47
relevo desta unidade sofrem controle estrutural da faixa de dobramentos,
apresentam forte dissecação, amplitude média, alta declividade, vertentes com perfil
retilíneo e topos restritos, convexos, ligeiramente arredondados (CASTRO JR;
SALOMÃO; BORDEST, 2006).
Os Morros e Morrotes Alongados estão em cotas de aproximadamente
800m, onde estão localizadas as nascentes do Rio Coxipó. Apresenta forte
dissecação, amplitude que varia de média a elevada, as vertentes possuem alta
declividade com perfis retilíneos e convexos (CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST,
2006).
A estreita faixa de Morrotes verificados na bacia hidrográfica do Rio Coxipó
ocupa cotas de 200 a 240m de altitude. Apresentam-se alinhados na direção SW–
NE com a ocorrência de veios de quartzo, dissecação e declividade média,
amplitude que varia de pequena a média, topos restritos e arredondados e as
vertentes possuem perfil convexo a retilíneo (CASTRO JR; SALOMÃO; BORDEST,
2006).
As Rampas Coluvionadas estão presentes no extremo norte da área, com
cotas de 320 a 360m de altitude. Esta forma de relevo compreende o espaço entre a
base da Escarpa e as Colinas Médias. Essa unidade faz a transição entre o Planalto
dos Guimarães e a Depressão Cuiabana. Esta forma de relevo apresenta rampas
com suave dissecação, pequena amplitude e baixa declividade (CASTRO JR;
SALOMÃO; BORDEST, 2006).
As Rampas Pediplanadas são a forma de relevo que ocupa a menor área
dentro da bacia do Rio Coxipó. Ocorrem em duas pequenas manchas no médio Sul
da área. Essa unidade ocupa cotas de 160 a 200m de altitude, apresenta suave
dissecação, pequena amplitude, baixa declividade, topos extensos e aplanados e
suas vertentes possuem perfil retilíneo a convexo (CASTRO JR; SALOMÃO;
BORDEST, 2006).
A cobertura pedológica da área em estudo, adotando-se para analise o
mapeamento pedológico realizado pelo projeto RADAMBRASIL (1982), apresenta
quatro classes de solos: Areias Quartzosas álicas, Solos Litólicos distróficos,
Latossolo Vermelho-Escuro distrófico e Solos Concrecionários distróficos, conforme
a Figura 12.
Já no mapeamento de solos realizado por Shinzato; Teixeira; Martins (2006)
foram verificadas sete classes de solos (Figura 13). Como no mapeamento
48
geológico esse maior número de unidades pode ser explicado pela escala utilizada
ser de maior detalhe.
Figura 12. Mapa pedológico da área em estudo
Fonte: Adaptado do mapa exploratório de solos da carta SD 21 – RADAMBRASIL (1982)
49
Figura 13. Mapa pedológico da área em estudo.
Fonte: Adaptado do mapa pedológico – Shinzato; Teixeira; Martins (2006)
50
Outro fato que pode explicar o maior número de classes de solo verificadas
por Shinzato; Teixeira; Martins (2006) é em decorrência da mudança na
classificação de solos implementada pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – EMBRAPA no fim da década de 1990.
As classes de solos denominadas de Solos Litólicos e Areias Quartzosas
passaram a integrar, com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos – SiBCS, a
classe dos Neossolos. Já os Solos croncrecionários migraram para a classe dos
Plintossolos. Os Latossolos Vermelho-Escuro foram tranpostos para a classe dos
Latossolos Vermelho-Amarelos (EMBRAPA, 2006).
As classes dos Argissolos e Cambissolos no mapeamento realizado pelo
projeto RADAMBRASIL não são verificados na área em estudo. Em seguida é feita
uma descrição sumária das classes de solos verificadas por Shinzato; Teixeira;
Martins (2006) na bacia hidrográfica do Rio Coxipó.
Os Argissolos Vermelho-Amarelos estão dentro da classe dos Argissolos,
que são solos com presença de material mineral, apresentam B textural e baixa
atividade da fração argila abaixo do horizonte A ou E (EMBRAPA, 2006).
Na área em estudo os Argissolos Vermelho-Amarelos apresentam
predominância de cores de matiz 5YR ou mais amarelas do que 2,5YR nos
primeiros 100 cm do horizonte B. Praticamente não tem limitações ao uso agrícola,
exceto pelos locais onde ocorre em relevo com maior declividade. Devido a baixa a
soma de bases trocáveis, faz-se necessária correção de ordem química. Na maior
parte são solos pouco profundos (entre 50 e 100cm) e profundos (entre 100 e
200cm) (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
Os Cambissolos Háplicos pertencem à classe dos cambissolos. Esses solos
possuem material mineral com horizonte B incipiente abaixo de qualquer tipo de
horizonte superficial (exceto hístico com 40cm ou mais de espessura) e baixa
atividade na fração argila (EMBRAPA, 2006).
Os Cambissolos Háplicos variam de profundos a rasos, sofrem grande
influência do material de origem e tem suas principais limitações associadas à
pequena profundidade, a baixa fertilidade natural, a presença de cascalhos e de
pedregosidade e a elevada suscetibilidade aos processos erosivos especialmente
em áreas de maior declividade (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
Os Latossolos Vermelho-Amarelos pertencem à classe dos Latossolos. Os
latossolos são solos minerais com horizonte B latossólico abaixo de qualquer tipo de
51
horizonte A (EMBRAPA, 2006). Esses solos são profundos em geral tem
profundidade superior a 200cm, apresentam intenso processo de intemperização,
elevada permeabilidade e porosidade (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
Na bacia hidrográfica do Rio Coxipó os Latossolos Vermelho-Amarelos
apresentam matiz 5YR ou mais vermelhos e mais amarelos que 2,5YR na maior
parte dos primeiros 100cm do horizonte B, inclusive BA. Demonstram textura
argilosa e média, espessura do solum (A+B) geralmente superior a dois metros.
Possuem ótimas condições físicas que somadas às características do relevo
suavemente ondulado facilitam sua exploração agrícola, desde que corrigida sua
acidez e fertilidade natural (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
Os Neossolos Litólicos e os Neossolos Quatzarênicos estão inclusos na
classe dos Neossolos, que são solos pouco evoluídos com presença de material
mineral ou orgânico e ausência de qualquer tipo de horizonte B diagnóstico
(EMBRAPA, 2006).
Nos Neossolos Litólicos o solo tem pequena espessura, normalmente verifica-
se a ocorrência de cascalhos e fragmentos de rocha em seu perfil. As limitações
comuns são a presença de pedregosidade e rochosidade, a elevada suscetibilidade
à erosão principalmente nas áreas de declividade mais acentuada. Pouco
favoráveis a atividades agrícolas, uma vez que a pouca profundidade do solo
dificulta o desenvolvimento radicular das plantas (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS,
2006).
Os Neossolo Quatzarênicos são solos de bem a fortemente drenados,
normalmente são profundos ou muito profundos, essencialmente quartzosos,
virtualmente destituídos de minerais primários pouco resistentes ao intemperismo.
Apresentam textura nas classes areia e areia franca até pelo menos 200cm de
profundidade e geralmente são muito pobres, com baixa capacidade de troca de
cátions e saturação de bases (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
Sua textura muito arenosa condiciona uma baixa retenção de umidade, bem
como de elementos nutrientes aplicados. Caracteriza-se por uma forte limitação ao
seu aproveitamento agrícola e susceptíveis à erosão em profundidade, em razão de
sua constituição arenosa com grãos soltos, fato que facilita a desagregação das
partículas (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
O Plintossolos Argilúvicos e o Plintossolos Pétricos pertencem à classe
dos Plintossolos. São solos constituídos por material mineral, apresentam horizonte
52
plíntico ou litoplíntico iniciando-se dentro de 40cm ou dentro de 200cm caso ocorram
quando logo abaixo do horizonte A ou E. (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
Na área em estudo os Plintossolos Argilúvicos ocorrem em uma porção
extremamente restrita localizada na foz do Rio Coxipó, em função da escala sua
representação quase não foi possível.
Esses solos apresentam horizonte B textural coincidindo com horizonte
plíntico e com baixa saturação por bases (V <50%) na maior parte dos primeiros
100cm do horizonte B ou C. Geralmente ocorrem em terço inferior de vertente e
planícies, em posições que impliquem em escoamento lento, alagamento temporário
ou movimento interno da água no solo (SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
Os Plintossolos Pétricos com exceção do horizonte petroplíntico presente,
compreendem solos com grande diversificação morfológica e analítica, dificultando
bastante sua caracterização morfológica, física, química ou mesmo mineralógica
(SHINZATO; TEIXEIRA; MARTINS, 2006).
O horizonte superficial mais comum é moderado e apresenta estruturas
granulares com grau moderado e forte e de tamanhos pequenos e médios, com
texturas média e argilosa. A pequena espessura desse solo aliada a baixa
permeabilidade propicia o escoamento superficial o que favorece a ocorrência de
processos erosivos mesmo em relevos de baixa declividade (SHINZATO; TEIXEIRA;
MARTINS, 2006).
53
4 – METODOLOGIA
4.1 Bases conceituais
O desenvolvimento dos trabalhos foi baseado na busca de uma abordagem
geossistêmica que permitisse o melhor entendimento das relações dos elementos
presentes na bacia hidrográfica do Rio Coxipó. Monteiro (2001) traz uma série de
ensinamentos acerca da evolução dos estudos sobre a teoria dos geossistemas e da
integralidade dos sistemas naturais, bem como da sua interdependência.
Monteiro (2001, p.30) estima que o artigo paisagem e geografia física
global de Georges Bertrand, publicado em Toulouse no ano de 1968, teria sido a
“primeira revelação do conceito geossistema” para os autores brasileiros. Outro
artigo que impactou com igual importância a comunidade acadêmica brasileira foi o
estudo dos geossistemas de autoria de Vitor Sotchava, publicado em 1977.
Bertrand (2004) define geossistema como um sistema natural aberto, com
hierarquia determinada e diferentes escalas de abordagem, que, combina fatores
físicos (clima, hidrografia e geomorfologia), biológicos (vegetação, solo e fauna) e
antrópicos. As diferentes escalas de abordagem são, em ordem decrescente, zona,
domínio, região natural, geossistema, geofáceis e geótopo.
Assim, o geossistema se concretiza das relações estabelecidas entre o
potencial ecológico, a exploração biológica e ação antrópica, conforme o esboço da
definição teórica de geossistema (Figura 14), proposta por Bertrand (2004).
Figura 14. Esboço de uma definição teórica de geossistema.
Fonte: Bertrand (2004).
54
Para Sales (2004, p.130) o geossistema é “um tipo particular de sistema
físico, dinâmico e aberto”. Para Sotchava (1977) apud Sales (2004, p.130) é
caracterizado “como a expressão dos fenômenos naturais resultantes da interação,
na superfície da Terra, da litomassa com a biomassa, aeromassa e hidromassa.
Monteiro (2001) coloca que a publicação do artigo de Vitor Sotchava, pelas
diferenças com o trabalho de Georges Bertrand gerou, entre a maioria dos
acadêmicos, certa confusão, motivada não necessariamente por causa da noção de
geossistema, mas, pela classificação divergente proposta por Vitor Sotchava.
Para Sotchava (1977) apud Sales (2004, p.130),
em termos espaciais, os geossistemas foram divididos, em escala local ou
topológica, escala regional e escala planetária. Em termos de hierarquia de
funcionamento, as categorias definidas, em ordem decrescente, foram
geossistemas (correspondendo a paisagens ou ao ambiente natural),
geócoros (classe de geossistemas de estrutura heterogênea) geômeros
(classes de geossistemas com estrutura homogênea) e geotopos
(geossistemas associados a unidades morfológicas ou setores fisionômicos
homogêneos)
Segundo Sales (2004), a maior parte dos estudos dos geógrafos na área
ambiental são feitos sob a óptica dos geossistemas, mas isso não elimina a
necessidade de estabelecer procedimentos metodológicos necessários para
caracterizar as variáveis que se deve considerar, ou seja, é preciso definir quais os
elementos do relevo, do clima, do solo e da vegetação são necessários , bem como,
qual sua relevância para a dinâmica do meio.
Parcela considerável da produção dita geoambiental não considera,
no entanto, nenhum desses preceitos teóricos e conceituais, parecendo ser o
uso da terminologia relação sociedade x natureza ou meio ambiente
suficiente para eximir os pesquisadores da necessidade de definições teórico-
metodológicas, próprias da pesquisa científica (SALES 2004, P.131).
Assim, percebendo e aceitando essa deficiência na produção geoambiental a
metodologia utilizada para a realização do mapeamento geoambiental da bacia
hidrográfica do Rio Coxipó considerou os preceitos do geossistema e a proposta
metodológica utilizada por Dantas et al (2001) durante a realização do diagnóstico
geoambiental do estado do Rio de Janeiro. Essa metodologia tem um caráter
aplicado e propõe formas de análises que busquem integrar elementos da paisagem
geográfica como geologia, geomorfologia e solos.
55
Dantas et al (2001), coloca que essa forma de trabalho, foi utilizada
inicialmente por Corrêa e Ramos no ano de 1995 para o zoneamento ambiental do
município de Morro do Chapéu e, posteriormente, o Departamento de Gestão
territorial – DEGET do Serviço Geológico do Brasil – CPRM através do Programa de
Informações para Gestão Territorial – GATE vem realizando vários diagnósticos
geambientais com essa metodologia.
No diagnóstico geoambiental do estado do Rio de Janeiro, Dantas et al (2001)
adotaram como táxon superior os domínios geoambientais e como táxon inferior as
unidades geoambientais e identificaram 6 domínios geoambientais e 17 unidades
geoambientais. Por fim, apresentaram um mapa geoambiental e uma legenda onde
foi descrita, para cada unidade, a estrutura da paisagem, as limitações e fragilidades
a diferentes tipos de uso, as potencialidades e recomendações genéricas de acordo
com o verificado em cada unidade.
Ferraz et al (2003), no diagnóstico do meio físico da bacia hidrográfica do Rio
do Imbé – RJ e Mansur et al (2004) ao realizar o diagnóstico do meio físico da bacia
hidrográfica do Rio Doce/Canal Quitingute – RJ também utilizaram metodologia
ligada a integração do clima, dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, da
geologia, da geomorfologia, da pedologia e aspectos do uso e ocupação das terras.
Esses trabalhos possuem grande semelhança metodológica com os
realizados por Dantas et al (2001), buscam uma interpretação baseada na
integração de temas. Mas, Ferraz et al (2003) e Mansur et al (2004), não adotam a
nomenclatura unidade geambiental, propuseram para as unidades verificadas em
seus trabalhos o uso do termo zona agroecológica.
Ferraz et al (2003), identificaram 6 zonas agroecológicas na bacia
hidrográfica do Rio do Imbé – RJ e Mansur et al (2004) individualizaram 3 zonas
agroecológicas na bacia hidrográfica do Rio Doce/Canal Quitingute – RJ.
Seguindo a concepção dos trabalhos de Dantas et al (2001), Ferraz et al
(2003) e Mansur et al (2004), o presente estudo busca analisar os diferentes
agentes presentes nas paisagens, bem como suas relações. Em alguns momentos
sendo enfatizada a relação entre geologia e geomorfologia e, em outros momentos,
sendo ressaltada a relação entre geomorfologia e solos. A nomenclatura adotada
para os táxons foi a utilizada por Dantas et al (2001).
56
As analises acerca da suscetibilidade dos ambientes, em especial a
processos erosivos (processo de dinâmica superficial mais comum da área), utilizou-
se proposta de Ross (1994), de Salomão (1999) e de Ribeiro e Salomão(2003).
Ross (1994), realiza um levantamento com os principais pontos dos trabalhos
de alguns autores que desenvolvem estudos ligados a fragilidade de ambientes
naturais e antropizados. Relaciona fragilidade com classes de declividade e com
classes de solos e relaciona graus de proteção com tipos de cobertura vegetal
(Tabela 2).
Tabela 2. Classes de declividade, solos e cobertura vegetal
Declividade Solos Cobertura Vegetal
Classes de
fragilidade
Declividade
(em %)
Classes de
fragilidade
Tipos de solos
Classes
de
Proteção
Tipos de Cobertura
Vegetal
Muito Fraca 0 a 6 Muito Baixa
Latossolo roxo, Latossolo
escuro e Vermelho
Amarelo textura argilosa
Muito
Fraca
Solo exposto por arado e
gradeação. Cultura de ciclo
curto sem práticas
conservacionistas.
Fraca 6 a 12 Baixa
Latossolo Amarelo e
vermelho Amarelo textura
média/argilosa
Fraca
Cultura de ciclo curto com
práticas conservacionistas.
Média 12 a 20 Média
Latossolo Vermelho
Amarelo, Terra Roxa,
Terra Bruna, Podzólico
Vermelho Amarelo
textura/média argilosa
Média
Cultivo de ciclo longo com
práticas conservacionistas.
Forte 20 a 30 Forte
Podzólico Vermelho
Amarelo textura
média/arenosa,
Cambissolos
Alto
Formações arbustivas
naturais com estrato
herbáceo denso,
formações arbustivas
densas (mata secundaria,
Cerrado denso, Capoeira
Densa) Mata Homogênea
de Pinus Densa
Muito Forte Acima de 30 Muito Forte
Podzolizados com
cascalho, Litólicos, Areias
Quartzosas
Muito Alto
Florestas/matas naturais,
florestas cultivadas com
biodiversidade
Fonte: Adaptado de Ross (1994).
Salomão (1999), traz uma forte contribuição a estudos de suscetibilidade a
processos erosivos e propõe graus de vulnerabilidade de acordo com a relação
erodibilidade x declividade. A tabela 3 traz as classes de erodibilidade para os
principais solos do estado de São Paulo, que também são muito comuns em Mato
Grosso.
57
Tabela 3. Classes de erodibilidade
Classes de
erodibilidade
Unidades pedológicas
1-Muito Alta
Cambissolos, Neossolos Liticos, Plintossolos, Chernossolos, Argissolos, Nitossolos,
Vertissolos, Planossolos (abruptos, textura arenosa/média)
2-Alta
Argissolos, Alissolos, Luvisolos (não abruptos, textura média/argilosa e textura média
3-Média
Argissolos, Alissolos (de textura argilosa)
4-Baixa
Latossolos (de textura média)
Latossolos (de textura argilosa)
5-Nula
Gleissolos, Organossolos, Plintossolos, Chernossolos, Espodossolos (em relevo plano)
Fonte: Salomão (1999).
Ribeiro e Salomão (2003), em trabalho em área próxima a bacia hidrográfica
do Rio Coxipó aplicaram e adaptaram a metodologia de Salomão (1999) e inferiram
graus de vulnerabilidade a erosão laminar e linear para 5 compartimentos
morfopedológicos por eles identificados.
4.2 Procedimentos
Os trabalhos desenvolvidos durante a realização da pesquisa podem ser
divididos basicamente em três fases: revisão bibliográfica, tratamento do material
cartográfico em laboratório e trabalhos de campo.
A revisão bibliográfica possibilitou a escolha da melhor linha de trabalho,
forneceu subsídios teóricos durante a realização da pesquisa e fundamentou as
atividades que se seguiram.
Inicialmente foi definida a realização de um mapeamento geoambiental que
fosse pautado nos processos do meio físico, em especial na interação entre
geologia, geomorfologia e pedologia.
Posteriormente, foi realizada a escolha da área para a realização do estudo.
Sendo a escolha fundamentada na soma da importância ambiental da bacia
hidrográfica do Rio Coxipó com a existência de materiais bibliográficos já produzidos
acerca da área.
Logo após, ainda fundamentado em revisão bibliográfica foram definidos os
processos de dinâmica superficial – erosão, movimentos de massa e alagamentos –
que teriam sua ocorrência observada nas unidades
Nessa fase também foi definido e adquirido o material cartográfico que seria
necessário para a realização do mapeamento, sendo os mapas geológico,
58
geomorfológico, pedológico e de uso e ocupação das terras obtidos junto a Thomé
Filho et al (2006), na escala 1:100.000, em meios digitais e também no formato
“.shp”, formato compatível para o uso do programa ArcView 3.2. Ao mesmo tempo
foram adquiridos os mapas geológico e pedológico da Folha SD 21 Cuiabá do
projeto RADAMBRASIL, na escala 1:1.000.000.
Junto à Secretaria de Estado de Planejamento e Controle Geral - SEPLAN foi
obtido o Plano de Informação – PI de escala 1:100.000 da malha viária e da
hidrografia do estado. Um PI funciona como um mapa digital possível de ser
manipulado em softwares de geoprocessamento, como o ArcView 3.2.
Um Modelo Numérico do Terreno – MNT que abrangesse a área em estudo
foi adquirido no site: <http://seamless.usgs.gov>. O MNT é proveniente da missão
“Shuttle Radar Topographic Mission-SRTM” e possui resolução horizontal de 90m, e
foi utilizado em escala 1:100.000.
O tratamento do material cartográfico anteriormente adquirido e a
delimitação da área em estudo foi, posteriormente, efetuado no Laboratório de
Estudos de Informações Georreferenciadas do Departamento de Geografia – LIG.
A delimitação da bacia hidrográfica do Rio Coxipó foi realizada já em meio
digital através de divisores topográficos obtidos a partir de um PI (mapa) de
declividade que por sua vez foi confeccionado tendo por base um Modelo Numérico
do Terreno – MNT. Na derivação do PI de declividade foi utilizado o módulo padrão
do ArcView 3.2 (Derive slope), sendo adotadas as classes de declividade descritas
por Ross (1994) apresentadas na Tabela 2.
Todo o material cartográfico “adquirido” junto a Thomé Filho et al (2006) foi
“recortado” tendo como base o limite da área em estudo, sendo feito isso através da
função GeoProcessing Wizard do software ArcView 3.2. O mapa pedológico e o
mapa de uso e ocupação das terras tiveram suas classes agrupadas tendo por base
a tipologia predominante.
A partir disso foi confeccionado o mapa base, em escala 1:100.000, para o
mapeamento geoambiental da bacia hidrográfica do Rio Coxipó, contendo a divisão
política, as principais estradas, a hidrografia e o limite da bacia hidrográfica do Rio
Coxipó.
Com o mapa base elaborado e o material cartográfico já tratado passou-se a
verificação de áreas homogêneas nos mapas geológico, geomorfológico e
59
pedológico que possuíssem um comportamento hídrico semelhante, permitindo
assim, seu agrupamento em uma mesma unidade geoambiental.
O reconhecimento geral em campo teve como base o mapa geoambiental
“embrionário” obtido a partir da interação dos mapas geológico, geomorfológico e
pedológico de Thomé Filho et al (2006) já tratados. O reconhecimento geral em
campo que buscou verificar in loco as unidades presentes na representação
cartográfica, ou seja, esse primeiro mapa passou por um processo de verificação e
validação em campo.
Nas atividades em campo também buscou-se analisar quais os processos de
dinâmica superficial de possível ocorrência nas unidades, bem como a
vulnerabilidade e os riscos presentes em cada unidade.
Por fim, de posse das informações coletadas em campo somadas aos dados
secundários já obtidos procedeu-se no Laboratório de Estudos de Informações
Georreferenciadas do Departamento de Geografia – LIG as adequações necessárias
verificadas em campo com posterior fechamento do mapeamento geoambiental.
Nesse momento também foi elaborado uma quadro com a síntese das informações
alcançadas.
A finalização do mapeamento foi realizada considerando a hierarquia
existente entre os domínios geoambientais e as unidades geoambientais descrita
por Dantas et al (2001). Sendo as unidades geoambientais mapeadas submetidas
aos domínios geoambientais do Planalto do Guimarães, da Depressão Cuiabana e
ao de transição.
60
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
As unidades geoambientais verificadas na área em estudo estão situadas
sobre os domínios geoambientais do Planalto dos Guimarães, da Depressão
Cuiabana e de um domínio de transição entre os dois (Figura 15).
Figura 15. Domínios geoambientais da área em estudo.
Fonte: Adaptado do de Shuttle Radar Topographic Mission – SRTM.
61
No domínio geoambiental do Planalto dos Guimarães estão situadas as
unidades geoambientais denominadas Chapada com predomínio de Cambissolo
Háplico, Colinas Amplas com predomínio de Latossolo, Escarpa Erosiva e parte da
unidade Morros e Morrotes e com predomínio de Cambissolo Háplico.
Essas unidades possuem as cotas altimétricas mais elevadas da área em
estudo, conforme a Figura 16 e declividades que, predominantemente, são
inferiores a 6%, mas, nas partes mais elevadas da porção da unidade Morros e com
predomínio de Cambissolo Háplico variam de 6,1% a 12% e na unidade
geoambiental da Escarpa Erosiva atingem valores superiores a 30%, como pode ser
observado na Figura 16.
No domínio geoambiental da Transição encontra-se as unidades
geoambientais dos Morros e Morrotes com Cristas e Encostas Ravinadas Sobre o
Grupo Cuiabá, e as Rampas Coluvionadas em Neossolos Quartzarênicos.
A unidade geoambiental dos Morros e Morrotes com Cristas e Encostas
Ravinadas Sobre o Grupo Cuiabá apresenta cotas próximas as verificadas nas
unidades situadas sobre o domínio geoambiental do Planalto dos Guimarães, já a
segunda unidade tem cotas altimétricas pouco superiores as verificadas no domínio
geoambiental da Depressão Cuiabana (Figura 16).
A primeira unidade apresenta declividades, predominantemente acima de
30%, mas, em partes menores têm declividades que se situam entre 0 e 6%, e, 6,1%
a 12%. A segunda unidade, exceto por áreas restritas próximas a Escarpa Erosiva
onde as declividades chegam próximas de 20%, possui declividade inferiores a 6%,
como mostra a Figura 16.
No domínio geoambiental da Depressão Cuiabana verifica-se as unidades
das Colinas Médias e Amplas sobre o Grupo Cuiabá, as Rampas Pediplanadas com
predomínio de Latossolo e a outra parte da unidade Morros e Morrotes e com
predomínio de Cambissolo Háplico.
Essas unidades geoambientais apresentam as menores cotas altimétricas
verificadas nas unidades mapeadas, exceto pela porção da unidade Morros e com
predomínio de Cambissolo Háplico que tem cotas semelhantes às verificadas nas
Rampas Coluvionadas no domínio geoambiental da Transição (Figura 16).
As unidades presentes nesse domínio geoambiental possuem, em sua maior
parte, declividades entre 0 e 6%, mas próximo a transição para unidade
geoambiental dos Morros e Morrotes com Cristas e Encostas Ravinadas Sobre o
62
Grupo Cuiabá (ao norte dessa unidade) o domínio geoambiental da Depressão
Cuiabana apresenta declividade entre 6,1% e 12%, tendo pequenas faixas com
declividade entre 12,1% e 20%, como se observa na Figura 16.
Figura 16. Classes de declividade da área em estudo.
Fonte: Adaptado do de Shuttle Radar Topographic Mission – SRTM.
63
As unidades geoambientais propostas com a realização dos trabalhos são
apresentadas na Figura 17 e descritas em seguida.
Figura 17. Unidades geoambientais da área em estudo.
Fonte: Adaptado dos mapas geológico, geomorfológico e pedológico – Thomé Filho et al (2006)
64
5.1 Domínio geoambiental do Planalto dos Guimarães
A unidade geoambiental da Chapada com predomínio de Cambissolo
Háplico ocorre em duas áreas, uma onde se situa a cidade de Chapada dos
Guimarães e outra onde está implantada a sede do Sistema Integrado de Defesa
Aérea e Controle de Tráfico – SINDACTA (órgão do Ministério da Aeronáutica). Essa
unidade esta localizada em cotas altimétricas que variam de 800 a 840m.
Essa unidade apresenta na parte localizada sobre a Formação Furnas
litologia composta por arenitos. Já na porção onde ocorrem Coberturas detrito-
lateríticas verifica-se cascalho detrito-laterítico.
O relevo é constituído por Chapadas, forma de relevo de superfície plana com
pequena amplitude, baixa declividade (inferior a 6%), interflúvios extensos e
aplanados, conforme a Figura 18.
Figura 18. Parte da unidade geoambiental da Chapada com predomínio de Cambissolo Háplico,
onde se localiza o SINDACTA.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
65
O solo predominante na unidade é o Cambissolo Háplico, mas em uma
pequena área, onde esta a cidade de Chapada dos Guimarães, ocorre uma mancha
de Latossolo Vermelho-Amarelo.
Na parte composta por Latossolos a água de chuva infiltra no solo com
facilidade, alcançando o freático que se situa a grande profundidade. Mas, na maior
parte da unidade onde ocorre o Cambissolo Háplico, solo jovem, a infiltração da
água proveniente de precipitação apresenta maior dificuldade para acontecer, assim
a tendência é que escoe de forma superficial.
Na parte de Latossolo a facilidade de infiltração confere a unidade baixa
suscetibilidade à erosão laminar e linear e na parte de Cambissolos Háplicos a
dificuldade de infiltração leva a ocorrência de escoamento superficial, tendo assim
essa porção da unidade suscetibilidade muito alta aos processos de erosão linear e
laminar.
Essa unidade geoambiental foi individualiza a partir do comportamento hídrico
semelhante, imposto fundamentalmente pela relação do tipo de solo com a forma do
relevo. Nesse caso, a água tem dificuldades de infiltrar no Cambissolo Háplico e
tende a escoar na superfície da Chapada.
Considerando o Cambissolo Háplico, solo jovem e pouco permeável, a
cobertura vegetal relativamente preservada composta por campo cerrado e cerrado
e a baixa declividade inferiores a 6%, a unidade, em sua maior parte, apresenta
média vulnerabilidade e baixo a médio risco a erosão laminar e linear.
Nas bordas da unidade existem áreas degradadas pela ocorrência de
processos erosivos. Esses processos são prejudiciais ao homem e à natureza como
um todo, mas trazem problemas especialmente para os recursos hídricos.
A unidade geoambiental Colinas Amplas com predomínio de Latossolo
ocupa uma faixa localizada na porção Norte da área em estudo que se estende para
Sudeste. A unidade apresenta cotas que variam de 680 a 720m de altitude.
A unidade é sustentada por rochas da Formação Botucatu, da Formação
Furnas e da Formação Ponta Grossa todas pertencentes ao Grupo Paraná. A
Formação Botucatu e a Formação Furnas são constituídas essencialmente de
arenitos e a Formação Ponta Grossa, por sua vez, é constituída de siltitos e argilitos.
O Relevo apresenta uma área com Colinas Amplas e outra com Colinas
Médias e Amplas. As formas de relevo possuem topos extensos e planos, pequena
66
amplitude, dissecação e declividade que variam de suave a média (de 0 a 12%) a e
ampla distância interfluvial (Figura 19).
Figura 19. Vista parcial da unidade geoambiental Colinas Amplas com predomínio de Latossolo.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
Na unidade verificam-se duas manchas de solos, os Argissolo Vermelho-
Amarelo e os Latossolo Vermelho-Amarelo, sendo o segundo predominante. A área
apresenta comportamento hídrico semelhante, a água não apresenta dificuldades
para infiltrar.
A unidade geoambiental foi particulariza tendo por base a relação entre o
padrão de infiltração das superficiais no solo como o relevo plano das colinas
Na porção da unidade onde ocorrem os Latossolos, a boa condição de
infiltração dessa classe de solo atribui à unidade baixa suscetibilidade à erosão
laminar e linear. Na área de ocorrência dos Argissolos Vermelho-Amarelo a
diferença de textura entre os horizontes superficiais e subsuperficiais descrita por
Shinzato, Teixeira e Martins (2006) confere a unidade alta suscetibilidade a erosão
laminar e linear.
67
Nas áreas onde ocorre Latossolos, a unidade apresenta baixa a média
vulnerabilidade e médio risco a processos erosivos. Porém, nas partes da unidade
onde ocorrem Argissolos a vulnerabilidade e o risco a ocorrência de processos
erosivos é alta.
Essa unidade geoambiental é de grande importância para os recursos
hídricos, uma vez que, nela se localizam zonas de recarga do Aqüífero Guarani e do
Aqüífero Furnas. Esses Aqüíferos dão origem a várias nascentes que abastecem
diversos cursos d’água que deságuam no Rio Coxipó.
A unidade geoambiental Escarpa Erosiva constitui-se em uma estreita faixa
localizada no extremo Norte da área em estudo. A unidade possui cotas altimétricas
entre 320 e 680m.
A unidade possui substrato rochoso pertencente à Formação Botucatu onde
se verifica arenitos.
O relevo da unidade é marcado pela descontinuidade topográfica abrupta da
Escarpa que se estende ate os depósitos de tálus. A Escarpa é uma forma de relevo
que possui um formato estreito, alongado e sinuoso, como pode ser visto na Figura
20. A Escarpa apresenta os topos estreitos e angulosos, grande amplitude, alta
declividade (superior a 30%) e baixa densidade de drenagem.
Figura 20. Em segundo plano, vista parcial da unidade geoambiental Escarpa Erosiva.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
68
Na unidade os solos verificados são unicamente os Neossolo Litólico, solos
rasos pertencentes à classe dos Neossolo. As águas de chuva encontram grande
dificuldade para se infiltrar, escoando de forma superficial com grande energia.
Essas águas são armazenadas em fraturas abertas dos arenitos expostos, e nos
depósitos de tálus localizados no sopé da Escarpa.
Essa unidade geoambiental foi individualiza a partir do comportamento hídrico
por ela apresentado junto às rochas da formação Botucatú, ou seja, nessa unidade a
relação entre relevo e geologia foi à principal para seu mapeamento.
A alta declividade somada aos Neossolos Litólicos, aos afloramentos
rochosos, aos depósitos de tálus conferem a unidade vulnerabilidade e risco muito
alto a ocorrência de processos erosivos lineares e a movimentos de massa através
de escorregamentos e queda e tombamento de blocos em cunha e circular.
Essa unidade tem o importante papel de fornecer água às rampas
coluvionadas. Sua posição estrutural produz escoamento de águas na base da
escarpa que se dirigem para reservatórios localizados na unidade geoambietal das
Rampas Coluvionadas com predomínio de Neossolos Quartzarênicos.
A unidade geoambiental Morros e Morrotes com predomínio de
Cambissolo Háplico ocupa áreas descontinuas na bacia hidrográfica do Rio
Coxipó. Uma parte fica a Leste, nessa porção da unidade fica o Vale da Benção
onde se situa a nascente do Rio Coxipó em uma altitude de aproximadamente
800m (Figura 21). Outra parte esta localizada a Oeste da área em estudo, sendo
uma faixa descontinua que se estende do Norte ao Sul, essa parte da unidade esta
localizada em cotas altimétricas que variam de 200 a 400m (Figura 22).
A parte a Leste da unidade esta localizada sobre arenitos da formação
Furnas. Já a parte localizada a Oeste é sustentada por rochas do Grupo Cuiabá,
subunidades 5, 6 e 7 onde ocorre filitos, filitos conglomeráticos,
metarenitos,metaparaconglomerados petromiticos e quartzitos.
O relevo da unidade varia de suave ondulado a fortemente ondulado. As
formas de relevo possuem topos restritos arredondados e convexos, amplitude
pequena a elevada, declividade média a alta (predominante de 12,1% a 20% e em
pequena escala 20,1% a 30%), vertentes com perfil variando de retilíneos a
convexos, interflúvios médios.
69
Figura 21. Vista parcial da unidade geoambiental Morros e Morrotes com predomínio de Cambissolo
Háplico no Vale da Benção.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
Figura 22. Em segundo plano, vista parcial da unidade geoambiental Morros e Morrotes com
predomínio de Cambissolo Háplico no extremo noroeste da área.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
70
Na unidade o solo predominante é o cambissolo Háplico, mas também
verifica-se a ocorrência de Argissolo Vermelho-Amarelo e Plintossolo Pétrico.
A unidade, apesar de não continua, apresenta relevo e solos semelhantes
(rasos) que acarretam dificuldades para a infiltração das águas, favorecendo o
escoamento superficial que ocorre com grande energia. Assim o padrão de seu
comportamento hídrico é parecido e permitiu que as áreas descontinuas fossem
agrupadas na mesma unidade geoambiental.
A unidade apresenta alta vulnerabilidade e risco médio a alto para a
ocorrência de processos erosivos de forma laminar e linear por sulcos e ravinas. Nas
cabeceiras e nos fundos de vales onde ocorrem surgências d’água podem
acontecer boçorocas, uma vez, que o freático encontra-se a pouca profundidade. A
unidade também apresenta média a alta vulnerabilidade e risco à ocorrência de
movimento de massa do tipo escorregamento.
5.2 Domínio geoambiental da transição
A unidade geoambiental Morros e Morrotes com Cristas e Encostas
Ravinadas sobre o Grupo Cuiabá esta localizada na porção Norte da bacia
hidrográfica do Rio Coxipó. Possui cotas altimétricas entre 360 e 760m.
A unidade é sustentada pelo Grupo Cuiabá, são verificados
Metaconglomerados e filitos.
A unidade apresenta o relevo fortemente ondulado. As formas de relevo
possuem os topos restritos e em cristas, amplitude média, alta declividade
(predominantemente acima de 30%), vertentes retilíneas e côncavas com a
presença de ravinamentos e média distância interfluvial, conforme a Figura 23. Em
algumas encostas possuem anfiteatros, áreas côncavas com mais umidade e mais
vegetação onde ocorrem nascentes.
Os solos da unidade são rasos e pouco espessos pertencentes ao Neossolos
Litólicos. Esses solos impõem barreiras à infiltração das águas, facilitando o
escoamento superficial que ocorre com grande energia em função da média
amplitude e alta declividade. Nas áreas onde ocorrem filitos a água infiltra ainda
menos, ocorrendo assim mais ravinas. Essas condições de infiltração somadas ao
71
relevo único na bacia hidrográfica do Rio Coxipó levaram a individualização da
unidade.
Figura 23. Vista parcial da unidade geoambiental Morros e Morrotes com Cristas e Encostas
Ravinadas sobre o Grupo Cuiabá.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
Na unidade verifica-se alta vulnerabilidade e médio a alto risco a ocorrência
de erosão linear por sulcos que chegam ao máximo a ravinas. A unidade também
demonstra alta suscetibilidade à ocorrência de movimentos de massa, sendo mais
comum o escorregamento planar e em cunha, caso haja encontro de fraturas.
A unidade geoambiental Rampas Coluvionadas com predomínio de
Neossolos Quartzarênicos esta localizada a Norte da área em estudo. Possui
altitude variando entre 320 e 360m.
A unidade é sustentada por rochas da Formação Furnas onde se verifica a
ocorrência de arenitos e na parte superficial ocorre uma cobertura de resíduos de
arenitos da Formação Botucatú e Furnas.
72
O relevo varia de plano na extremidade Oeste a suave ondulado e ondulado
na extremidade Leste da unidade. As formas de relevo têm topos extensos e
aplanados, pequena amplitude, baixa declividade (predominantemente inferior a
6%), vertentes com perfil retilíneo (Figura 24).
Figura 24. Vista parcial da unidade geoambiental Rampas Coluvionadas com predomínio de
Neossolos Quartzarênicos
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
A cobertura pedológica apresenta dois tipos de solos, os Cambissolo
Háplico.e os Neossolo Quartzarênico que são predominantes. Nos Cambissolo
Háplico as águas superficiais encontram dificuldades para infiltrarem tendendo ao
escoamento superficial.
Essa unidade foi individualizada em função das características de infiltração
do solo predominante que é similar em praticamente toda a unidade morfológica das
Rampas Coluvionadas. Ou seja, o relevo e o solo fundamentaram a individualização
da unidade.
Nessa unidade, próximo aos depósitos de tálus, por vezes o freático é
encontrado a pouca profundidade sendo comum a ocorrência de veredas.
73
As veredas são ambientes com alta suscetibilidade a ocorrência de erosão
por boçorocamento, o nível d’água esta localizado muito próximo a superfície, assim
processos erosivos ao interceptarem o freático propiciam à ocorrência de piping
(erosão interna).
O alto nível do freático verificado nas veredas também confere a esses
ambientes alta vulnerabilidade e médio a alto risco a ocorrência de alagamentos.
Na unidade as água infiltram com facilidade, mas a pouca coesão das
partículas do solo possibilita a instalação de processos erosivos. A unidade
apresenta média vulnerabilidade à ocorrência de processos erosivos laminares e
lineares por sulcos e ravinas, em virtude da baixa declividade que aliada ao solo
poroso facilita a infiltração.
A unidade funciona como um reservatório de água, as rampas recebem água
proveniente do Planalto dos Guimarães e a fornece as nascestes e rios formadores
do Rio Coxipó, como o Rio dos Peixes, Ribeirão Claro, Córrego Salgadeira e outros.
5.3 Domínio geoambiental da Depressão Cuiabana
A unidade geoambiental Colinas Médias e Amplas Sobre o Grupo Cuiabá
estende-se desde a porção Norte da área ate o extremo Sul sendo a que ocupa a
maior porção da bacia hidrográfica do Rio Coxipó. A unidade possui altitude entre
200 e 240m.
A unidade é sustentada pelas subunidades 5, 6 e 7 do Grupo Cuiabá. As
rochas predominantes nas subunidades do Grupo Cuiabá verificadas na bacia
hidrográfica do Rio Coxipó são filitos, filitos conglomeráticos,
metarenitos,metaparaconglomerados petromiticos e quartzitos.
O relevo varia de suave ondulado para forte ondulado na direção Norte. As
Colinas Amplas são subordinadas por Colinas Médias de ocorrência freqüente. As
colinas apresentam topos extensos e arredondados, pequena amplitude, média
declividade (predominantemente inferior a 6%, mas na parte norte ocorre
declividades entre 6,1% e 12%), perfis das vertentes convexos a retilíneos e
interflúvios médios (Figura 25). Na unidade são verificados Campos Úmidos,
ambientes que possuem comportamento hídrico semelhantes às veredas.
74
Figura 25. Vista parcial da unidade geoambiental Colinas Médias e Amplas Sobre o Grupo Cuiabá.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2008.
A cobertura pedológica é composta por Cambissolo Háplico e Plintossolo
Pétrico. Esses solos são pouco espessos o que dificulta a infiltração das águas e
favorece seu escoamento superficial.
A unidade apresenta média a alta vulnerabilidade e baixo a médio risco à
ocorrência de processos erosivos em condições naturais e em virtude das
declividades medianas que suas formas de relevo possuem. Todavia, se ocorrer à
retirada da vegetação a área passa a ter alto a muito alto risco de ocorrência de
erosão laminar e linear por sulcos e ravinas, sendo estas pouco profundas em
função das características geológicas.
A unidade geoambiental Rampas Pediplanadas com predomínio de
Latossolo esta localizada no extremo Sul da área em estudo. A unidade possui
cotas altimétricas entre 160 e 200m.
A unidade está situada sobre rochas do Grupo Cuiabá, subunidade 5 e sobre
rochas da formação pantanal. No Grupo Cuiabá verifica-se filitos e metarenitos e a
Formação Pantanal por sua vez apresenta areias e laterita.
75
O relevo apresenta-se plano com suaves ondulações. As formas de relevo
apresentam topos extensos e aplanados, pequena amplitude, baixa declividade
(inferior a 6%) e vertentes com perfil retilíneo a convexo, conforme a Figura 26.
A cobertura pedológica é composta por Latossolo Vermelho-Amarelo e por
pequenas porções de Cambissolo Háplico e Plintossolo Pétrico. As águas
superficiais infiltram com facilidade nas áreas de ocorrência de Latossolo Vermelho-
Amarelo, já nas áreas onde ocorrem Cambissolo Háplico e Plintossolo Pétrico os
solos são rasos e dificultam a infiltração das águas que tendem a escoar de forma
superficial. A relação entre o solo predominante e o relevo possibilitou a
individualização da unidade.
Figura 26. Vista parcial da unidade geoambiental Rampas Pediplanadas com predomínio de
Latossolo.
Fonte: Wanderson Carvalho da Silva, 2009.
Nas pequenas partes, onde existem remanescentes de vegetação, a unidade
apresenta baixa a média vulnerabilidade e risco à ocorrência de erosão laminar e
linear. Mas, caso haja a retirada da vegetação, como ocorre na maior parte da
76
unidade o risco a ocorrência de processos erosivos se torna alto. A unidade também
apresenta baixa a média vulnerabilidade e risco a ocorrência de alagamentos.
A tabela 4 traz uma síntese das informações anteriormente descritas, que são
apresentadas no mapa geoambiental no apêndice.
78
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
As analises realizadas considerando a integralidade dos sistemas descrita por
Monteiro (2001) e Bertrand (2004) e a hierarquia taxonômica proposta por Dantas et
al (2001), bem como a inferência dos graus de vulnerabilidade e risco baseados em
Ross (1994), Salomão (1999) e Ribeiro e Salomão(2003) permitiram o entendimento
do meio físico existente na área em estudo, e assim, sua divisão em domínios e
unidades geoambientais com a inferência a vulnerabilidade e ao risco da a
ocorrência de processos erosivos, movimentos de massa e alagamentos.
Com a finalização da pesquisa observa-se que a metodologia utilizada foi
eficiente no proposto, permitindo a realização do mapeamento geoambiental da
bacia hidrográfica do Rio Coxipó de forma satisfatória, sendo delimitadas oito
unidades geoambientais nos três domínios geoambientais verificados na área.
Foram descritas nas unidades geoambientais suas principais características
físicas, o comportamento hídrico e os processos de dinâmica superficial potenciais.
E tendo em vista a importância natural e a complexidade para a gestão territorial
dessas áreas propõe-se algumas medidas que, espera-se, possam colaborar no
controle, ordenamento e preservação ambiental.
Para a unidade geoambiental da Chapada com predomínio de
Cambissolo Háplico, na parte onde se localiza o SINDACTA sugere-se rigoroso
controle e preservação da mata ciliar e do remanescente de cerradão. Para a
porção, onde esta localizada a cidade de Chapada dos Guimarães propõe-se aos
gestores públicos e privados, que concomitante à implementação de uma maior
fiscalização sobre as formas de uso e ocupação dessas áreas busquem a
recuperação das porções já degradadas pelos processos de erosão mecânica dos
solos, a fim de evitar o agravamento da situação.
Para a unidade geoambiental Colinas Amplas com predomínio de
Latossolo recomenda-se a preservação das matas ciliares, dos remanescentes de
cerradão e campo cerrado, e rigoroso controle ao ecoturismo nas áreas localizadas
no interior do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, em especial nas
proximidades da escarpa, a fim de evitar o inicio e/ou aceleração de processos
erosivos.
79
As formas de uso e ocupação do solo devem prever medidas para evitar a
contaminação das águas subterrâneas por agrotóxicos e efluentes domésticos e de
pequenas indústrias, uma vez que essa área é uma zona de recarga de aqüífero.
A unidade geoambiental Escarpa Erosiva demanda especial atenção, em
função da vulnerabilidade muito alta a ocorrência de processos erosivos e de
movimentos de massa. Deve-se buscar a preservação do campo cerrado que
acompanha a escarpa em quase sua totalidade e, como na unidade geoambiental
Colinas Amplas com predomínio de Latosssolo, deve-se ter rigoroso controle sobre a
atividade turística. Deve-se respeitar a legislação que determina as bordas dos
planaltos como Área de Preservação Permanente.
A unidade geoambiental Morros e Morrotes com predomínio de
Cambissolo Háplico em meio a seus remanescentes de cerradão e suas matas
ciliares guarda as nascentes do Rio Coxipó. Essa unidade é altamente suscetível à
erosão, assim recomenda-se que essas a áreas tenham sua vegetação nativa
preservada e seja ampliada a fiscalização e controle sobre os desmatamentos para
uso em pastagem e também para incorporação imobiliária, fruto do processo de
urbanização de Chapada dos Guimarães. Do mesmo modo sugere-se fiscalização e
controle sobre as atividades ligadas ao turismo de aventura.
Para a unidade geoambiental Morros e Morrotes com Cristas e Encostas
Ravinadas sobre o Grupo Cuiabá é recomendada a preservação de seus campos
cerrados e cerrados para minimizarem os processos erosivos e os movimentos de
massa a preservação de suas pequenas ilhas de cerradão, onde possivelmente
existam nascentes e rígido controle sobre as atividades turisticas.
A unidade geoambiental Rampas Coluvionadas com predomínio de
Neossolos Quartzarênicos guarda veredas de grande importância natural e alta
vulnerabilidade, recomenda-se a proteção de sua vegetação e rígido controle sobre
as atividades turísticas.
Na unidade geoambiental Colinas Médias e Amplas Sobre o Grupo
Cuiabá é verificada média suscetibilidade a ocorrência de processos erosivos, assim
propõe-se a manutenção de sua vegetação e controle sobre as áreas de pastagens
que avançam sobre os campos cerrados e cerrados da unidade.
A unidade geoambiental Rampas Pediplanadas com predomínio de
Latossolo esta situada em quase sua totalidade no perímetro urbano de Cuiabá,
80
assim sugere-se preservação das pequenas áreas com vegetação nativa e a
recuperação das já degradadas. A recomposição da vegetação pode minimizar os
processos erosivos e alagamentos aos quais a unidade é suscetível.
Por fim, recomenda-se o aprofundamento e detalhamento dos estudos.
81
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