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PAULA SILVA DE CARVALHO CHAGAS
EFEITOS DO USO DO ANDADOR INFANTIL NA AQUISIÇÃO DA
MARCHA INDEPENDENTE EM LACTENTES
COM DESENVOLVIMENTO NORMAL
Belo Horizonte
Universidade Federal de Minas Gerais
2010
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PAULA SILVA DE CARVALHO CHAGAS
EFEITOS DO USO DO ANDADOR INFANTIL NA AQUISIÇÃO DA
MARCHA INDEPENDENTE EM LACTENTES
COM DESENVOLVIMENTO NORMAL
Belo Horizonte
Universidade Federal de Minas Gerais
2010
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Reabilitação, da
Escola de Educação Física, Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (EEFFTO) da
Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), como requisito à obtenção do título
de Doutor em Ciências da Reabilitação.
Área de Concentração: Desempenho
Funcional Humano
Linha de pesquisa: Avaliação do
Desenvolvimento e Desempenho Infantil
Orientadora: Profª. Dra. Marisa Cotta Mancini
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C435e
2010
Chagas, Paula Silva de Carvalho
Efeitos do uso do andador infantil na aquisição da marcha independente em
lactentes com desenvolvimento normal. [manuscrito] / Paula Silva de Carvalho. – 2010.
167 f., enc.:il.
Orientadora: Marisa Cotta Mancini
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Bibliografia: f. 136-142
1. .Marcha - Teses. 2. Lactentes – Teses. 3. Percepção -Teses. 4. Crianças -
Desenvolvimento - Teses. I. Mancini, Marisa Cotta. II. Universidade Federal de Minas
Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. III.Título.
CDU: 612.76
Ficha catalográfica elaborada pela equipe de bibliotecários da Biblioteca da Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.
Ao meu marido, Octavio, por todo o seu apoio,
companheirismo, paciência, amor e dedicação
durante esses quatro anos de doutorado. A
batalha teria sido ainda mais dura sem você ao
meu lado. Amo você! Esse título é nosso!
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus pela força, pelos inúmeros momentos de inspiração e pela
certeza de que tudo daria certo no final.
Ao meu marido, alicerce da minha vida, por caminhar junto comigo durante essa
estrada sinuosa do doutorado. Obrigada por me conceder a oportunidade de ser
mãe, e gerar esse lindo Paulinho em meu ventre! Nossa família será ainda mais feliz
com a chegada do nosso anjinho.
À minha família: meus pais (minha raiz), Paulo e Solange, minha irmãs, Dri e Juju,
meus sogros, Octavio e Edna, minhas cunhadas e cunhados, Andréa, Mônica,
Carlos Henrique, Rolland e Rodrigo, meus sobrinhos e sobrinhas, Carol, Felipe, Bia,
Julia, Nick, e ao meu enteado, Tata – muito obrigada por entenderem nossa
distância, e nos apoiarem nessa jornada. Acabei afastando fisicamente meu marido
de vocês durante esse período também... Peço desculpas, mas agradeço
imensamente todo o carinho e torcida. Palavras são incapazes de relatar o imenso
amor que sinto por vocês! Esse título será um grande transformador em nossas
vidas!
À minha querida amiga e orientadora, Marisa Mancini, por todos os ensinamentos,
portas abertas, apoio, e carinho nesses oito anos de convivência. Tenho certeza de
que essa experiência só estreitou os laços que teremos por toda vida, caminhando
lado a lado na difícil tarefa de sermos pesquisadoras na área de reabilitação infantil
no Brasil. Tenho muito orgulho de ser sido orientada por você!
Ao professor Sérgio Fonseca, membro da minha banca, e eterno impulsionador da
nossa profissão! Obrigada por acreditar em mim, na nossa pesquisa, e nos apoiar
em todas as etapas do desenvolvimento desse estudo! Minha admiração por você
será eterna!
À Prof
a
Marcella Tirado, membro da minha banca, por toda a paciência, carinho e
ensinamentos durante o desenvolvimento do estudo qualitativo. Sem sua ajuda,
esse estudo não teria sido realizado! Considere um fruto seu e de todo o seu
empenho!
Aos professores Barela e Marília, membros da banca de defesa desse título pelas
valiosas sugestões dadas durante a argüição da tese.
À Prof
a
Dra. Rosana Sampaio pelos ensinamentos na difícil arte do estudo
qualitativo, valiosas sugestões durante a qualificação, e por me ensinar a entender a
diferença entre crenças e conhecimento.
À minhas queridas amigas e companheiras de sempre, Paula Lanna e Juliana
Ocarino (colega da primeira turma de Doutorado), pela amizade e companheirismo
desde o mestrado! Já são oito anos de amizade, respeito e admiração. Ainda iremos
trilhar muitas estradas juntas...
À minha querida amiga Jennifer Peixoto, pela amizade, carinho e parceria em todos
os momentos. Ainda temos muita estrada pela frente na arte da pesquisa em nossa
querida universidade, UFJF.
Às amigas Profª Daniela Vaz e Prof
a
Ana Paula Gontijo por toda a torcida e carinho
durante esses anos.
À Prof
a
Dra. Renata Kirkwood e todos os meus colegas do LAM: muito obrigada por
entenderem e apoiarem o desenvolvimento do meu estudo de doutorado. Sem o
apoio de vocês, eu não teria conseguido chegar ao fim das 260 coletas de dados...
Aos amigos Thales Souza, Tatiana Pinto e Ana Paula Melo pela ajuda e carinho em
várias etapas dessa trajetória.
Às outras duas colegas da primeira turma de Doutorado, Sheyla Furtado e Christina
Morais Faria, pela torcida constante. Desbravamos essa guerra!
Aos meus braços direito e esquerdo em todas as etapas da coleta e análise dos
dados, Brena, Bella, Manu, Pity, Karol, Paula e Nath pela indispensável ajuda,
torcida, carinho e apoio nesses 1 ano e 10 meses de laboratório. Não foi fácil, mas
nos divertimos! Vocês são demais!
As voluntárias Livia, Luisa e Marina pelo apoio nas coletas, mesmo quando não
tinha obrigação nenhuma de perder o sábado arrumando bolinhas! Muito obrigada!
Ao Prof. Luiz Megale, pediatra colaborador do estudo, por acreditar e comprar a
idéia de nosso estudo. Muito obrigada pelas indicações e apoio durante todo o
desenvolvimento do projeto.
Ao Departamento de Fisioterapia da UFJF e alunos do curso, hoje Faculdade de
Fisioterapia, o qual tenho orgulho de ser parte do corpo docente. Muito obrigada por
terem me liberado integralmente para me dedicar a esse importante título de minha
carreira profissional.
A minha amiga Renata Alvarenga Vieira, grande torcedora e amiga de todas as
horas. Muito obrigada pelo seu apoio.
Aos pais, responsáveis e às crianças que consentiram com a participação no estudo.
Sem vocês nada disso teria sido possível!
Aos professores dos Departamentos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional pelos
ensinamentos e pelo carinho com que sempre me trataram.
Aos funcionários do Departamento de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da
EEFFTO: Marilaine, Gilvânia, Antonio Sergio, Rose, Margareth, Rivamar e Richard,
por sempre terem me atendido com tanto carinho e dedicação.
Aprender é a única coisa de que a mente nunca
se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende
Leonardo da Vinci 1452-1519
RESUMO
Muitos profissionais da área da saúde condenam o uso do andador infantil no
período anterior a marcha independente por acreditarem que o seu uso prejudica o
desenvolvimento de componentes essenciais para emergência da marcha estável.
Porém, não há consenso sobre os efeitos do uso do andador no desenvolvimento da
marcha. O objetivo geral desta tese foi investigar os efeitos do uso do andador
infantil no processo de aquisição da marcha em lactentes e conhecer a percepção
dos pais durante esse processo. Para tal, os objetivos específicos foram comparar o
desempenho de lactentes que usaram o equipamento com lactentes que não
usaram, em relação à: 1) idade de início da marcha; 2) padrão cinemático da marcha
(i.e., variáveis temporo-espaciais e cinemática articular); 3) habilidade para subir
rampas; e 4) opinião e percepção dos pais sobre os efeitos e experiência de uso do
andador infantil. Para alcançar esses objetivos, foram realizados três estudos. No
primeiro e segundo estudos, de caráter longitudinal e exploratório, participaram 40
lactentes com desenvolvimento normal, selecionados por conveniência (20=grupo
andador infantil-AI; 20=grupo controle-C) e acompanhados mensalmente até seis
meses pós-aquisição da marcha. A escolha do uso ou não do andador infantil foi
determinada pelos pais. Foi feito contato telefônico semanal até o momento de
aquisição da marcha independente. No estudo 1, foi agendada uma análise
tridimensional da marcha com o software Qualisys Pro-reflex
®
, e os dados coletados
foram transformados em variáveis cinemáticas (temporo-espaciais e articulares). A
idade da aquisição da marcha dos 32 lactentes que concluíram o estudo não foi
diferente entre os grupos (p=0,231): AI=373,12 (DP=24,95) dias; e C=384,31
(DP=26,76) dias. Houve diferenças entre os grupos (p0,05) na cinemática articular
do joelho (GAI>extensão que GC), na velocidade da marcha (GC>GAI) e no tempo
da fase de balanço (GAI>GC). No estudo 2, a tarefa de subir rampas de diferentes
inclinações foi analisada de acordo com a percepção bem sucedida de subir rampa
(razão de sucessos-RS), pela inclinação máxima de ser subida (ângulos) e número
de vezes que o lactente tentou subir a rampa (razão de tentativas-RT). Os resultados
não demonstraram diferenças entre os grupos, e a RS e os ângulos de inclinação
mostraram evolução ao longo do tempo. Para o estudo 3, foi realizado um estudo
qualitativo, através de uma entrevista com questionário semiestruturado com 26
pais, 14 de lactentes que usaram e 12 dos que não usaram o equipamento, pré-
aquisição da marcha. Foi empregada análise de conteúdo, e identificadas nos
relatos dos pais as categorias: a) informações sobre o andador infantil; b)
dúvida/decisão em usar versus certeza de não usar; c) crenças sobre o uso do
andador infantil; e d) benefícios e malefícios sobre o uso. Os resultados desses
estudos demonstraram que o uso do andador infantil não influenciou na idade de
aquisição da marcha e não foram evidenciados efeitos negativos do uso desse
equipamento na cinemática da marcha entre lactentes usuários e não-usuários do
andador infantil. A habilidade de subir rampas de diferentes inclinações não foi
influenciada pelo uso desse equipamento, demonstrando que a experiência com a
prática da marcha independente parece contribuir para o melhor desempenho. As
crenças que permeiam a decisão de usar o andador ilustram racionalidades distintas
entre os pais sobre o significado desse equipamento para desenvolvimento da
marcha e ganho de autonomia da criança. Os resultados desse estudo contribuem
para mudanças na prática clínica em relação à opinião sobre os efeitos do uso do AI
na aquisição da marcha independente em lactentes, podendo contribuir para
mudanças na tomada de decisões clínicas quanto à indicação desse equipamento.
Palavras-chave: marcha, andador infantil, lactentes, percepção, crenças maternas.
ABSTRACT
Many health care professionals do not recommend the use of baby walkers in the
period before independent gait onset because they believe that their use hampers
the development of essential components for the emergence of stable gait. However,
there is no consensus about the effects of the use of baby walkers in the
development of gait. The aim of this thesis was to investigate the effects of the use of
baby walkers in the process of gait acquisition in toddlers and to understand the
perception of parents about this process. The specific objectives were to compare the
performance of toddlers that used the equipment with those that did not use it, in
relation to: 1) age of gait acquisition; 2) kinematic pattern of gait (time-distance
parameters and joint kinematics); 3) ability to climb slopes; and 4) opinion and
perception of parents about the effects and experience of the use of baby walkers.
To achieve these objectives, three studies were developed. In the first and second
longitudinal and exploratory studies, 40 normally developing toddlers selected by
convenience participated, (20=baby walker group-BWG; 20=control group-CG) and
were followed monthly until six months after gait onset. The choice to use or not the
baby walker was defined by the parents. Weekly telephone contact was made until
the moment of gait acquisition. In the first study, a tridimensional gait analysis was
scheduled with the software Qualisys Pro-reflex
®
, and the data collected were
transformed into kinematics variables (time-distance and joint movements). The age
of gait acquisition of the 32 toddlers that concluded the study was not different
between groups (p=0.231): BWG=373.12 (SD=24.95) days; and CG=384.31
(SD=26.76) days. Group differences (p0.05) were observed in joint kinematics of
the knee (BWG>extension than CG), in gait velocity (CG>BWG) and swing phase
duration (BWG>CG). In the second study, the task to climb slopes with different
inclinations were analyzed according to the perception of success to climb slopes
(success ratio-SR), by the maximal degree able to climb (degrees) and by the
number of trials that the toddler tried to climb (go ratio-GR). The results did not show
differences between groups, and the SR and degrees showed changes across time.
For the third study, a qualitative study was carried out, with an interview using a
semi-structured questionnaire with 26 parents, 14 of infants that used and 12 that
didn`t use the equipment, pre-acquisition of gait. Content analysis was used, and the
following categories were identified in the parents’ reports: a) information about baby-
walker; b) doubt/decision to use x sureness of not using; c) beliefs about the use of
baby-walker; and d) benefits and harm about the use. The results of these studies
showed that the baby walker did not influence the age of gait acquisition and that
there were no negative effects of the use of this equipment in gait kinematics
between toddlers that used and did not use the baby walker. The ability to climb
slopes of different angles was not influenced by the use of the equipment, showing
that the experience of walking seem to contribute to a better performance. The
beliefs that permeate the decision to use the baby-walker illustrate different rationale
between parents about the significance of this equipment for the development of gait
and gain of autonomy by the child. The results of this study contribute to changes in
clinical practice regarding the opinion about the effects of the use of baby walker in
the acquisition of independent gait by toddlers, possibly contributing to changes in
the clinical decision about the indication of this equipment.
Key-words: gait, baby walker, toddlers, perception, maternal beliefs.
SUMÁRIO
PREFÁCIO ................................................................................................ 14
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................... 15
1.1 - Objetivos dos estudos ....................................................................... 23
1.2 - Hipóteses dos estudos....................................................................... 25
Capítulo 2 - MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 – Estudo 1 e 2..................................................................................... 26
2.1.1 – Participantes.................................................................................. 26
2.1.2 – Instrumentação ............................................................................. 28
2.1.3 – Procedimentos .............................................................................. 33
2.1.4 – Transformação dos dados............................................................. 37
2.1.5 - Análise estatística .......................................................................... 39
2.2 – Estudo 3........................................................................................... 45
2.2.1 – Participantes.................................................................................. 45
2.2.2 – Procedimento................................................................................ 45
2.2.3 – Análise das entrevistas e análise estatística.................................. 47
Capítulo 3 - ARTIGOS .............................................................................
3.1 – Artigo 1: “Efeitos do uso do andador infantil na aquisição e
desenvolvimento da marcha em lactentes com desenvolvimento normal”
48
3.2 – Artigo 2: “Experiência prévia de locomoção com andador infantil
melhora desempenho de lactentes para subir rampas pós-aquisição da
marcha independente?”.............................................................................
78
3.3 – Artigo 3: “Crenças e evidências sobre o uso do andador infantil:..... 113
Capítulo 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................. 133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 136
APÊNDICES............................................................................................. 143
ANEXOS................................................................................................... 154
MINI-CURRICULUM VITAE....................................................................... 161
PREFÁCIO
A presente Tese de Doutorado foi elaborada de acordo com as normas
estabelecidas pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Reabilitação da EEFFTO da UFMG. A estrutura desta Tese compreende quatro
capítulos. O primeiro capítulo contém a introdução expandida que abrange a
problematização do tema, revisão da literatura, justificativa do estudo e objetivos dos
três trabalhos elaborados. No segundo capítulo encontra-se a descrição detalhada
dos métodos utilizados nos três trabalhos. O terceiro capítulo contém os três artigos
científicos, produtos finais da Tese. O primeiro artigo intitulado “Efeitos do uso do
andador infantil na aquisição e desenvolvimento da marcha em lactentes com
desenvolvimento normal” está formatado seguindo as normas de Vancouver,
adotadas pelo periódico Developmental Medicine and Child Neurology para o qual
este trabalho será posteriormente enviado para publicação. O segundo artigo
intitulado “Experiência prévia de locomoção com andador infantil não melhora
desempenho de lactentes para subir rampas pós-aquisição da marcha
independente” foi redigido e formatado de acordo com as normas da American
Psychological Association, adotadas pelo periódico Child Development para o qual
este trabalho será enviado para publicação. O terceiro e último artigo intitulado
“Crenças e evidências sobre o uso do andador infantil: um estudo qualiquantitativo”
foi formatado de acordo com as normas de Vancouver, adotadas pelo periódico
Jornal de Pediatra para o qual este trabalho foi enviado para publicação. No quarto
capítulo desta Tese são apresentadas as considerações finais relacionadas aos
resultados encontrados. Em seguida estão incluídos as referências bibliográficas, os
apêndices e anexos de acordo com as normas da ABNT, e mini-curriculum vitae.
15
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Um dos marcos do desenvolvimento mais importantes adquiridos no primeiro
ano de vida é a marcha
1,2
. Vários pesquisadores têm estudado a aquisição da
marcha em crianças com o objetivo de documentar como esse processo se
desenvolve em direção a um padrão de marcha considerado maduro, que ocorre em
torno dos quatro anos de idade
3
, e quais são as principais diferenças em relação à
marcha de adultos
3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28
.
Tradicionalmente, o foco predominante das investigações disponíveis na literatura
tem se voltado para as características intrínsecas das crianças, incluído postura e
equilíbrio
7,9,10
, mecanismos neuromusculares e atividade
eletromiográfica
11,14,21,22,23,24,25,3,26
, características antropométricas
4,5,6,8,11,12
,
características cinéticas e/ou cinemáticas da marcha
9,10,13,14,15,17,16,18,19,20,25,3,27,28
,
dentre outras. Evidências disponibilizadas por esses estudos informam sobre o
desenvolvimento das características biomecânicas da criança durante a aquisição
da marcha. Além do desenvolvimento neurológico e do crescimento músculo-
esquelético, as experiências adquiridas pela criança podem contribuir para o
desenvolvimento da marcha ao final do primeiro ano de vida
16
. Os primeiros meses
de experiência andando independentemente (entre quatro e seis meses) parecem
favorecer uma rápida mudança nos parâmetros da marcha de lactentes, contribuindo
para a emergência de um padrão mais próximo do maduro
16,17,29
.
A aquisição da marcha independente, no entanto, não se resume ao
desenvolvimento de estratégias motoras eficientes. Esta atividade requer também a
modulação dos padrões motores de acordo com as propriedades do ambiente (i.e.
diferentes tipos de piso, inclinações, buracos, corredores) e do corpo, que nesta fase
16
encontra-se em constante mudança. Portanto, a habilidade de se locomover de
forma independente envolve necessariamente a exploração dos recursos
neuromusculoesqueléticos disponíveis para adequação da capacidade da criança às
possibilidades de ação e demandas do contexto no qual esta atividade é
desenvolvida
30,31
.
Diversos estudos têm identificado ajustes nas estratégias motoras frente a
modificações induzidas nos recursos corporais das crianças e na estrutura do
terreno em que as crianças vão deambular durante a fase de aquisição da marcha.
Por exemplo, quando mochilas com pesos foram adicionadas ao corpo das crianças
Diversos estudos têm identificado ajustes nas estratégias motoras frente a
modificações induzidas nos recursos corporais das crianças e na estrutura do
terreno em que as crianças iram deambular durante a fase de aquisição da marcha.e
estas solicitadas a descer rampas de diferentes inclinações, observou-se que a
inclinação máxima que a criança tentava descer era significativamente menor
quando estava com a mochila
4,5,6
. Outros estudos investigaram os ajustes nas
estratégias motoras utilizadas por crianças durante a locomoção sobre rampas de
diferentes inclinações durante a aquisição da marcha independente. Quando a
criança julgava que a inclinação apresentada era maior do que a sua capacidade de
descer na postura de pé, a criança optava por outra forma de locomoção (i.e.
engatinhando, arrastando de bumbum) ou se recusava a realizar a tarefa
1,32,33
. Estes
estudos demonstraram que a marcha não se resume a uma atividade estritamente
motora. Ao contrário, a escolha por estratégias motoras alternativas frente a
situações de mudanças na estrutura corporal ou desníveis ambientais demonstram
que as crianças percebem que novas possibilidades de ação devam ser
implementadas. As mudanças na tarefa de andar independentemente, ilustrada por
17
esses estudos
4,5,6
, demonstra que existe um componente perceptual que permite ao
lactente adaptar suas ações locomotoras a um novo contexto.
Estudos têm demonstrado que a prática de atividades específicas durante o
desenvolvimento infantil pode facilitar a emergência precoce de padrões
locomotores
34,35,36,37
. Tais atividades permeiam as práticas maternas, que podem ser
definidas como comportamentos específicos, com objetivos dirigidos, por meio dos
quais as mães/cuidadores desempenham suas tarefas maternas relacionadas ao
cuidado da criança
38
. Por exemplo, mães africanas que acreditam na importância da
prática, ensinaram e treinaram seus filhos na aquisição de marcos do
desenvolvimento infantil, como sentar e andar, resultando na emergência precoce
dos mesmos, quando comparadas com lactentes americanos de mesma idade que
não recebem estimulação em casa
34
. Já bebês americanos que receberam prática
diária em posturas de pé (i.e.; stepping response), mantiveram esse padrão por mais
tempo
35,37
e andaram mais cedo quando comparadas com lactentes que não
receberam prática
35
. Adolph et al. (1998) em um estudo de acompanhamento
longitudinal sobre a evolução do engatinhar com 28 bebês, demonstraram que
praticar a mesma ação sobre mãos e pés, repetidas vezes, levou a uma melhora na
proficiência dos lactentes nessa postura
39
. Lactentes finlandeses com um ano de
idade foram colocados precocemente no pinico pelas suas mães para treinar o
controle esfincteriano, resultando na promoção da independência nas atividades de
banheiro
40
. Outro estudo observou que estímulos voltados para a permanência na
postura de quatro apoios no chão, influenciaram positivamente a aquisição de
habilidades motoras de lactentes com desenvolvimento normal a partir do nono mês
de vida
41
. Praticar uma atividade, repetidas vezes, pode resultar em melhor
18
proficiência
39
, manutenção das habilidades por mais tempo
35,37
, aquisição precoce
de marcos do desenvolvimento
35,40
, entre outros desfechos.
Durante o período anterior à aquisição da marcha, o andador infantil pode ser
utilizado como um equipamento para permitir a prática específica da atividade de
marcha. Alguns pais utilizam este equipamento com seus filhos por acreditarem que
irá ajudá-los a andar independentemente
42,43,44
, outros utilizam para manter os filhos
mais quietos e felizes
42
, e/ou para mantê-los seguros
42,45
. Até o momento, os
resultados dos estudos elaborados para avaliar os efeitos do uso desse
equipamento não disponibilizam evidências conclusivas
46,47,48,44,45,49,50,43,51
.
Em geral, a maioria dos autores condenam o uso do andador infantil, por
acreditarem que este é um dos maiores causadores de acidentes no início da
infância
52,53,54
ou são responsáveis por atraso na aquisição da locomoção
46,48,45,47
.
Esses resultados podem ser justificados pelo fato de que, em alguns estudos, o
início do uso do andador infantil foi em uma idade extremamente precoce (i.e. entre
quatro e seis meses de idade)
46,45
. Tipicamente, lactentes antes dos seis meses de
idade não apresentam habilidades motoras condizentes com a postura ortostática, o
que pode ter influenciado o atraso na locomoção na postura prona (i.e. aquisição do
engatinhar), encontrado no estudo de Crouchman
46
. Apesar da baixa idade de início
do uso do andador, no referido estudo a idade de aquisição da marcha independente
não foi diferente entre os grupos
46
. Além disso, nesses estudos que relatam atraso
na aquisição da locomoção, não foram realizados follow-up após a aquisição desse
desfecho
46,45,48
.
Em quase todos os estudos sobre os efeitos do uso do andador infantil no
desenvolvimento locomotor, não houve controle do tempo de exposição dos
lactentes a este equipamento
46,47,48,44,45
, sendo o tempo de exposição relatado pela
19
memória dos pais, o que representa uma ameaça a validade interna desses estudos.
Além disso, o fato de grande parte desses estudos apresentarem desenhos
metodológicos com características retrospectivas, não havendo, portanto, o
acompanhamento longitudinal do desenvolvimento da marcha dos
lactentes
43,46,47,48,45
, faz com que os resultados negativos sobre os efeitos do uso do
andador devam ser interpretados com cautela.
Os estudos de Kaufmann e Ridenour
44
e de Ridenour
49
, foram os únicos dois
ensaios clínicos encontrados, em que houve um acompanhamento longitudinal das
crianças até a idade de aquisição da marcha. Nestes estudos não foram observadas
diferenças na idade de aquisição desse marco motor
44,49
. Recentemente, Iwabe et
al.
50
investigaram a influência do andador infantil no desenvolvimento motor de 44
lactentes, dos 10 aos 15 meses de idade. A idade de aquisição da marcha e o
desempenho observado no teste Alberta Infant Motor Scale, ao longo dos seis
meses de acompanhamento, não foi diferente entre os grupos (p0,392), com o
tempo médio de uso do andador inferior a uma hora por dia
50
. Dessa forma, cerca de
metade dos estudos disponíveis até a presente data concluíram que o andador
infantil resulta em atraso na aquisição da marcha em crianças normais
47,45,48
, sem
que este efeito tenha sido investigado metodologicamente de forma adequada, e a
outra metade não encontrou efeitos significativos
44,49,46,50
.
Os efeitos do uso do andador infantil em lactentes, durante o processo de
aquisição da marcha, apresenta-se controverso, resultando em argumentos positivos
e negativos. No que se refere a argumentos positivos, o andador infantil pode servir
como um equipamento facilitador de prática para lactentes, anteriormente à
aquisição da marcha independente. Resultados de diversos estudos sugerem que
atividades realizadas na posição ortostática (antes da aquisição da marcha
20
independente) podem favorecer o ganho de habilidades percepto-motoras que se
traduzirão em uma adaptação mais rápida a variações do contexto durante a fase de
aquisição da marcha
39,32
. O uso do andador infantil pode promover a exploração do
ambiente na postura ortostática e, consequentemente, favorecer a diferenciação de
informações visuais para a regulação da marcha, durante um período no qual a
criança não seria capaz de se locomover nesta postura. Por permitir que o lactente
experimente a posição bípede precocemente, o uso do andador infantil pode resultar
em julgamentos perceptuais diferentes frente à mesma tarefa, comparado com a
criança que se desloca no ambiente através do engatinhar. Segundo Adolph e
Eppler (1998), a aprendizagem perceptual parece ser específica à tarefa e à forma
de locomoção utilizada para realizá-la
33,32
. O ganho de capacidade perceptual para
lidar com diferentes inclinações de rampas durante a locomoção em quatro apoios
não é necessariamente transferido para a locomoção bípede
39,32
.
Apesar das evidências inconclusivas a cerca dos efeitos negativos do uso do
andador infantil na aquisição da marcha independente, os profissionais da área da
saúde baseiam-se em pressupostos clínicos que admitem que o padrão de marcha
possa ser prejudicado pelo uso do andador infantil, levando ao deslocamento
anterior do centro de massa da criança e proporcionando o contato dos pés
principalmente em planti-flexão. Acredita-se que esse padrão modificado de marcha
altere o alinhamento biomecânico de MMII e do corpo da criança, dificultando o
desenvolvimento adequado de componentes neuromusculoesqueléticos que são
definidos como essenciais para a emergência de um padrão de marcha estável,
podendo conseqüentemente, levar a um atraso na aquisição desse marco do
desenvolvimento. Apesar desses argumentos positivos e negativos, até a presente
21
data, as justificativas que os fundamentam permanecem como hipóteses a serem
empiricamente testadas.
A escolha dos pais de permitirem que seus filhos usem ou não o andador
infantil, conhecido popularmente no estado de Minas Gerais como voador, pode
fundamentar-se em crenças culturais, mitos sociais e/ou interesses pessoais. Um
inquérito realizado nos Estados Unidos da América (EUA) revelou que 77% (n=118)
dos pais decidiram adquirir o andador infantil e, destes, 78% afirmaram que o
andador infantil foi benéfico e 72% que o uso do andador infantil facilitou a aquisição
da marcha
42
. Entre esses pais, poucos (22%) relataram que o uso do andador
infantil atrasou a aquisição da marcha ou pôde ser causa de acidentes
42
. Apesar da
Associação Americana de Pediatria desaconselhar o uso do dispositivo
52
, esse
inquérito evidenciou que alta porcentagem de pais opta por adotá-lo.
A literatura tem se preocupado em conhecer as crenças, valores e
compreensão dos pais sobre o desenvolvimento infantil, já que estas norteiam a
relação pais-filhos
55
. Sabe-se que as decisões dos pais são determinantes na
condução das práticas diárias com a criança
56
e que o desenvolvimento infantil é
influenciado pelo contexto socioeconômico e cultural em que ela vive
55,38
. As
escolhas e condutas dos pais em relação aos filhos parecem ser influenciadas de
forma mais marcante pelos valores e crenças que permeiam sua compreensão e
ação do que por orientações dos profissionais da saúde ou por evidências
científicas
57
. Até o momento, desconhecem-se os motivos que levam os pais a
optarem pelo uso ou não desse equipamento no Brasil, bem como as suas
percepções sobre seu uso e efeitos no desenvolvimento da marcha de seus filhos.
Com base nos argumentos expostos acima, este estudo objetivou investigar
os efeitos do uso do andador infantil no desenvolvimento e refinamento da marcha
22
em lactentes e conhecer a opinião e percepção dos pais ou cuidadores durante esse
processo.
23
1.1 - OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
ESTUDO 1: Efeitos do uso do andador infantil na aquisição e desenvolvimento
da marcha independente em lactentes normais
Objetivo Geral:
Investigar os efeitos do uso prévio do andador infantil ao desenvolvimento e
refinamento da marcha independente: no tempo de aquisição; nas variáveis
temporo-espaciais e cinemáticas articulares do padrão cinemático da marcha, em
lactentes com desenvolvimento normal desde a aquisição da marcha independente
até seis meses pós-aquisição.
Objetivos Específicos:
1. Comparar a idade de aquisição da marcha independente em lactentes que
usaram e que não usaram o andador infantil no período anterior à aquisição;
2. Comparar o padrão cinemático de marcha emergente nos dois grupos de
lactentes (expostos e não expostos ao andador infantil), em relação aos
parâmetros temporo-espaciais (i.e., velocidade, tamanho do ciclo da marcha,
tempo de apoio simples, tempo de apoio duplo) e cinemática articular (i.e.,
deslocamentos angulares das articulações da pelve, quadril, joelho e
tornozelo) durante a aquisição da marcha independente até seis meses após
a aquisição da marcha independente;
24
ESTUDO 2: Experiência prévia de locomoção com andador infantil melhora
desempenho de lactentes para subir rampas pós-aquisição da marcha
independente?
Objetivo Geral:
Investigar se lactentes na aquisição da marcha independente, que utilizaram o
andador infantil na fase pré-aquisição apresentariam melhor habilidade para subir
rampas, do que lactentes que não foram expostos a essa mesma condição.
Objetivo específico:
1. Comparar os comportamentos bem sucedidos (i.e., razão de sucessos), o
número de tentativas para subir a rampa (i.e., razão de tentativas) e a
amplitude máxima que foi subida andando sem apoio (i.e., ângulos) entre
lactentes que usaram o andador infantil e de lactentes que não usaram, na
aquisição da marcha independente, e prospectivamente durante o período de
seis meses pós-aquisição.
ESTUDO 3: Crenças e evidências sobre o uso do andador infantil
Objetivo Geral:
Conhecer a opinião dos pais sobre a escolha e os efeitos do uso do andador
infantil, assim como a idade de aquisição da marcha em lactentes com
desenvolvimento normal que usaram ou não o equipamento antes da aquisição da
marcha independente.
25
1.2 – HIPÓTESES
H1. O uso do andador infantil não retardará a idade de aquisição da marcha
independente em lactentes que usaram este equipamento durante o período pré-
aquisição da marcha, comparados com lactentes que não usaram o andador infantil;
H2. O uso do andador infantil não prejudicará o padrão cinemático da marcha
(variáveis temporo-espaciais e cinemática articular) ao longo dos seis meses pós-
aquisição da marcha independente, em lactentes que fizeram uso deste
equipamento, comparados com lactentes que não fizeram;
H3. Lactentes que usaram o andador infantil conseguirão subir rampas de maiores
inclinações, com sucesso, comparados com lactentes que não usaram o andador
infantil, no momento de aquisição da marcha independente e tal diferença
desaparecerá durante o período de seis meses pós-aquisição.
26
CAPÍTULO 2 - MATERIAIS E MÉTODO
2.1 - MATERIAIS E MÉTODO - ESTUDOS 1 e 2
2.1.1 - Participantes:
Nesse estudo longitudinal, exploratório, participaram 40 lactentes com
desenvolvimento normal, sendo 20 do grupo exposto ao andador infantil
(AI=Andador Infantil), e 20 do grupo não exposto (C=Controle). Lactentes cujos pais
ou cuidadores relataram estar fazendo uso do andador infantil no período anterior à
aquisição da marcha compuseram o grupo exposto e a partir daí, lactentes de
mesma faixa etária, mesmo sexo e nível sócio-econômico da família equivalentes,
que não estavam fazendo uso de andador infantil, compuseram o grupo controle.
Dessa forma, o uso de andador infantil não foi indicado para nenhum participante
nesse estudo. A figura 1 ilustra o tipo de andador utilizado pelos lactentes a
apresenta a foto de um lactente fazendo uso do equipamento.
Figura 1: Foto de um lactente fazendo uso do equipamento, e ilustração do tipo de
andador infantil mais utilizado pelas famílias.
27
O cálculo do tamanho da amostra foi estimado a partir da tabela de Cohen
58
(ANEXO A). Com base em evidências disponíveis na literatura, esperava-se que os
efeitos nas variáveis dependentes desse estudo apresentassem magnitude
moderada, variando entre 0,5 e 0,6
45
. Considerando-se uma análise não-direcional,
nível de significância α=0,05 e um power (poder estatístico) de 0,80, um efeito (f)
esperado de magnitude 0,5 necessitaria de uma amostra de n=17 em cada grupo, e
um efeito esperado de magnitude 0,6 requereria uma amostra de n=12 em cada
grupo. Considerando o longo período de acompanhamento e a possibilidade de
perdas experimentais, buscou-se um grupo amostral pouco maior que o estimado.
Os critérios de inclusão para participação nesse estudo foram nascimento a
termo (idade gestacional superior ou igual a 37 semanas), ausência de
complicações nos períodos pré, peri e pós-natais, peso ao nascimento superior a
2500 gramas e desenvolvimento motor adequado entre oito e 10 meses de idade
(caracterizado por pontuação igual ou superior ao percentil 10, na escala de
avaliação motora Alberta Infant Motor Scale-AIMS)
59
. Os lactentes não podiam usar
medicação sistematicamente, nem apresentar distúrbios sensoriais (visuais e/ou
auditivos) (APÊNDICE A). A avaliação das características sócio-econômicas das
famílias participantes deste estudo foi definida conforme Critério de Classificação
Econômica Brasil 2008 (ANEXO B), proposto pela Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisa – ABEP
60
. Este questionário permite a avaliação do grau de
instrução do chefe da família e da capacidade de aquisição de bens. Os itens
quantificados incluem: televisão em cores, videocassete e/ou DVD, rádios,
automóveis, máquinas de lavar, geladeira e freezer. Além disso, é questionado
sobre a existência de empregada mensalista e sobre o número de banheiros na
residência. A classificação sócio-econômica geral resultante deste critério reflete a
28
soma dos itens que varia de 0 a 46 pontos, compreendendo as categorias que
variam de A (indicando nível sócio-econômico elevado) a E (indicando nível sócio-
econômico muito baixo), com categorias intermediárias (B, C e D) indicando níveis
médio, médio-baixo e baixo.
Antes dos lactentes serem incluídos neste estudo, seus pais ou responsáveis
foram informados sobre os objetivos e procedimentos do mesmo e solicitados a
assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido para a participação de
seu(ua) filho(a) (APÊNDICE B). Estes estudos foram aprovados pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 24 de
março de 2008 (parecer ETIC nº 609 / 07) (ANEXO C).
2.1.2 - Instrumentação:
Avaliação do Desenvolvimento Motor Grosso
A Alberta Infant Motor Scale (AIMS) é uma escala observacional que
documenta a atividade motora grossa, baseada no repertório demonstrado pela
criança. Ela consiste de 58 itens que informam sobre a movimentação espontânea
da criança em quatro posturas: prono (21 itens), supino (9 itens), sentado (12 itens)
e de pé (16 itens). Os itens são apresentados em forma de desenhos dispostos em
uma ordem desenvolvimental em cada postura, e são acompanhados de critérios
específicos que levam em consideração componentes do desempenho motor tais
como distribuição de peso, posicionamento e movimentos anti-gravitacionais
apresentados pela criança; todos estes componentes devem ser considerados na
pontuação de cada item como observado (O) ou não-observado (NO), sendo
atribuído um ponto (1) para cada item observado e zero ponto (0) para os itens não-
observados. O escore bruto total e a idade do lactente são colocados em um gráfico
29
disponível na folha de teste, onde é possível identificar o percentil de desempenho
motor grosso do lactente
59
. Estudos que avaliaram as propriedades psicométricas do
teste AIMS informam que o teste é válido e confiável para avaliação das habilidades
motoras grossas na faixa etária estudada neste estudo
59,61
.
No presente estudo, a atividade motora dos lactentes foi avaliado com a AIMS
no momento de inclusão no estudo (entre oito e 10 meses de idade) e aqueles que
apresentaram um percentil de desempenho motor superior a 10% no teste AIMS
foram incluídos neste estudo. Lactentes que pontuassem abaixo deste percentil no
momento de inclusão no estudo seriam excluídos do estudo, por apresentarem
suspeita de atraso no desempenho motor
62,63
, porém não houve exclusão de
nenhum lactente por esse critério. Este critério visou garantir que os lactentes deste
estudo apresentassem desempenho motor esperado para a faixa etária, ao final do
1º ano de vida.
Análise do padrão cinemático de marcha emergente:
O sistema de análise de movimento Qualisys ProReflex MCU (QUALISYS
MEDICAL AB
®
, 411 12 Gothenburg, Suécia) foi utilizado para a obtenção dos
parâmetros cinemáticos (ângulos articulares e variáveis temporo-espaciais) da
marcha. O Qualisys ProReflex é um sistema de fotogrametria que permite a
reconstrução em três dimensões (3D) da posição de pontos localizados em
segmentos representados por marcas passivas refletoras. As câmeras emitem luz
infravermelha, por um grupo de diodos localizados em volta de cada uma das lentes.
Os marcadores passivos refletem luz infravermelha que é captada pelas câmeras.
Para análise dos parâmetros cinemáticos unilateral da marcha do membro inferior
direito foram utilizadas seis câmeras ProReflex 120 Hz, tripés, cabos e unidade de
30
calibração, um Computador, o software de aquisição de dados Qualisys Track
Manager 2.0 (QTM) e software Visual 3D
®
, em um espaço físico de
aproximadamente cinco metros de comprimento.
A calibração do sistema foi realizada antes do início de cada coleta dos dados
para determinar as coordenadas de referência global utilizando-se uma estrutura de
referência metálica em forma de “L”, que contém quatro marcadores refletivos. Dois
marcadores refletivos ficam fixados ao eixo mais curto “X”, que determina a direção
látero–medial de movimento. O eixo mais longo também possui dois marcadores
refletivos, que determinam a direção “Y”, ou ântero–posterior. Para os
procedimentos de calibração, essa estrutura metálica foi colocada sobre o centro do
local onde seria realizada a marcha independente. Uma batuta em forma de “T”,
contendo dois marcadores refletivos fixos na extremidade da haste superior, com
uma distância de 751 mm, foi usada para varredura do volume de interesse aonde
seria realizada a marcha. A batuta foi movida em todos os planos de movimento
dentro desse espaço delimitado, por 30 segundos, permitindo, assim, gerar os dados
que determinaram a localização e orientação das câmeras. Foram permitidos erros
de desvio-padrão menores que 10 mm, e a frequência de captação dos dados foi
estabelecida em 120 Hz. A figura 2 ilustra o laboratório preparado para a coleta de
dados, com a batuta de calibração colocada no centro da passarela onde a marcha
independente foi executada pelos lactentes.
31
Figura 2: Laboratório de análise de movimento
preparado para a coleta dos dados, com a batuta para
calibração no centro da passarela.
Para a captura do movimento, foi necessário definir o tamanho e a posição de
cada segmento do membro inferior do lactente. Para isso, o sistema Qualisys faz
uso de dois tipos de marcadores: os marcadores de referência ou anatômicos e os
marcadores de rastreamento. Os marcadores de referência são necessários para a
construção do modelo biomecânico a partir da identificação do comprimento dos
segmentos e a localização dos eixos articulares. Sendo assim, foi atribuído ao
modelo um sistema de coordenadas para cada segmento, de forma coerente com a
definição de planos e eixos anatômicos. Os marcadores de rastreamento tiveram
como objetivo rastrear a trajetória de cada segmento para definição posterior dos
ângulos articulares durante o movimento, sendo composto por no mínimo três
marcadores por segmento, posicionados de forma não-colinear.
Para este estudo, o Qualisys foi utilizado para determinar características do
padrão de marcha dos lactentes participantes deste estudo, de acordo com cada
grupo (AI ou C), em relação aos parâmetros cinemáticos (i.e., deslocamentos
angulares da pelve e do quadril nos planos frontal e sagital, e do joelho e tornozelo
no plano sagital, além de variáveis temporo-espaciais: velocidade, comprimento do
32
ciclo da marcha, tempo da fase de apoio, tempo da fase de balanço) durante a
aquisição da marcha independente até seis meses pós-aquisição.
Avaliação do desempenho para subir rampas de diferentes inclinações
Uma rampa de madeira adaptada com uma passarela foi construída para este
estudo com o objetivo de avaliar o desempenho dos lactentes dos dois grupos na
tarefa de deambulação para subir rampas de diferentes inclinações. A passarela tem
duas plataformas e uma rampa inclinável, conectadas por dobradiças (figura 3). A
altura da plataforma localizada no início da passarela poderia ser ajustada (de 75,3
cm até 27 cm), por meio de uma manivela, como utilizada em camas de hospitais, de
forma a produzir inclinações na rampa de 0º até 34º, com incrementos de 2º. Postes
de madeira nas quinas da plataforma proporcionaram possibilidade de suporte
manual para a criança antes e no final da travessia e redes de segurança esticadas
lateralmente na passarela asseguraram segurança. Toda a passarela foi forrada
com um carpete macio de EVA para promover tração e acolchoamento em caso de
quedas.
Figura 3: Rampa utilizada para avaliação do
desempenho dos lactentes na tarefa de subir rampas
de diferentes inclinações. A: 1ª plataforma; B: rampa
inclinável; C: 2ª plataforma
altura
máxima:
75,3 cm
altura mínima:
27 cm
A
B
C
0
o
34
o
33
2.1.3 - Procedimentos:
A partir da identificação dos lactentes que estavam em uso ou não do
andador infantil pelo pediatra participante desse estudo e pessoas conhecidas do
grupo de pesquisa, as famílias dos lactentes receberam uma visita domiciliar para
explicar os objetivos e procedimentos do estudo. Nesta visita foi realizada a
avaliação do lactente com o teste AIMS
59
e entregue aos pais do grupo AI uma ficha
para registro do tempo de uso diário do andador infantil e de possíveis comentários
a cerca desta prática infantil (i.e., atividades realizadas, satisfação do lactente,
possíveis quedas) (APÊNDICE C). Após essa visita, os pesquisadores responsáveis
fizeram contato semanal (i.e. por telefone) com os pais ou cuidadores para incentivá-
los a realizarem os registros no diário do andador (Grupo AI) e para determinação do
momento exato de início da marcha independente.
Após determinação do início da marcha independente, caracterizada pelo dia
em que a criança deu cinco passos sem apoio
10,59
, os pais compareceram com o
lactente aos Laboratórios de Atividade e Desenvolvimento Infantil (LADIN) e de
Análise de Movimento (LAM) localizado no primeiro andar do prédio de Fisioterapia
e de Terapia Ocupacional da EEFFTO - UFMG, em dia e horário previamente
combinados para se submeterem à primeira avaliação do estudo. Toda a roupa do
lactente foi retirada, deixando apenas a fralda, e uma camiseta nos dias mais frios.
As medidas antropométricas: massa corporal (em kilogramas), altura na posição
supina (em centímetros) e comprimento do membro inferior direito (distância entre o
trocânter maior e o maléolo lateral, em centímetros) de cada lactente foram
coletadas com o uso de régua pediátrica, balança digital de precisão e fita métrica,
segundo critérios definidos por Schneider et al
64
(APÊNDICE A).
34
As avaliações foram realizadas em sete momentos distintos, iniciando na
semana de aquisição da marcha independente (0=aquisição) seguidas de avaliações
mensais até o 6° mês pós-aquisição da marcha (meses 1, 2, 3, 4, 5 e 6), respeitando
o intervalo mínimo e máximo de uma semana da data de aniversário da aquisição da
marcha independente.
Primeiramente, foi realizada a coleta de dados para o estudo 2, utilizando
uma adaptação do protocolo descrito por Adolph
32
. O lactente foi colocado na
posição de pé no início da passarela (i.e. sobre a primeira plataforma), com a rampa
pré-definida em 0
o
de inclinação. A mãe da criança ou seu cuidador encontrava-se
no final da segunda plataforma, com brinquedos, e estimulava a criança a caminhar
em sua direção. Dois auxiliares de pesquisa ficavam ao lado da rampa para que,
caso o lactente desequilibrasse, os mesmos pudessem garantir sua segurança. A
figura 4 ilustra dois lactentes executando a tarefa de subir a rampa sem apoio.
Figura 4: Dois lactentes executando a tarefa de subir rampa inclinada andando sem apoio.
O desempenho dos lactentes na tarefa de subir rampas de diferentes
inclinações foi mensurado em três categorias que representavam sucesso (S),
recusa (R) ou falha (F). O desfecho principal foi documentado da seguinte forma: foi
atribuído S (sucesso) se a criança subiu a rampa andando sem apoio, R (recusa) foi
35
dado para a criança que se recusou a subir andando sem apoio, e F (falha) foi
atribuído para as crianças que tiveram queda ao tentar subir a rampa andando sem
apoio. Os lactentes de ambos os grupos (AI e C) foram avaliados no início da
marcha independente e ao longo dos seis meses pós-aquisição da marcha,
totalizando ao todo sete avaliações por lactente.
Em um primeiro momento, todas as crianças foram avaliadas com zero grau
de inclinação da rampa. Em seguida, a primeira inclinação de subida para todos os
lactentes foi estabelecida em 6º, tendo incrementos de 6º a cada sucesso. A cada
falha ou recusa na inclinação apresentada, a rampa retornava 4
o
para que uma
inclinação menor fosse experimentada. A definição da inclinação máxima possível
de ser atravessada com sucesso por cada lactente, a cada dia de coleta, foi definida
quando o mesmo apresentou uma falha ou recusa em inclinação de 2
o
acima da
inclinação máxima alcançada com êxito na tarefa de subir a rampa.
Uma filmadora DVD Sony
®
DCR-DVD405, colocada perpendicularmente a
rampa, documentou o tempo gasto, o limite máximo em graus alcançado por cada
lactente a cada mês de avaliação, bem como a adequação de sua ação (i.e. S, F ou
R). Além do registro com a filmadora, o desempenho dos lactentes durante a coleta
os dados foram anotados manualmente em uma folha de papel para posterior
análise (APÊNDICE D). Foi estabelecido um tempo máximo de 60 segundos para as
tentativas em cada inclinação da rampa. A coleta dos dados na rampa teve duração
de cerca de 20 minutos.
Após a avaliação do desempenho dos lactentes na rampa, foi realizada a
análise de marcha para o estudo 2. Em cada avaliação da análise de movimento, 11
marcas passivas refletoras de 10 mm de diâmetro, coladas em uma base de feltro,
foram fixadas com fita adesiva dupla-fase e com esparadrapo anti-alérgico na pele
36
dos lactentes sobre marcas anatômicas pré-definidas com o objetivo de delimitar os
ossos de referência. Essas proeminências ósseas foram: pelve (ponto mais alto da
crista ilíaca, bilateralmente), coxa (trocânter maior bilateral e epicôndilo lateral e
medial do fêmur direito), perna (maléolo lateral e medial direito) e pé (calcâneo e
espaço entre as cabeças do 1° e 2º metatarsos, e no 5° metatarso). Além disso,
clusters confeccionados em faixas de neoprene com um mínimo de três marcadores
em cada foram utilizados como marcadores de rastreamento e colocados na pelve,
coxa e perna do lactente.
Inicialmente, os lactentes tiveram que ficar na posição ortostática, com os pés
alinhados, no centro da passarela, para obtenção da posição de referência,
necessária para a identificação dos segmentos pelo sistema. A captação desse dado
foi realizada por dez segundos. Após esta coleta, as avaliações da marcha
independente de cada criança foram realizadas sobre um tapete plano e regular,
onde a criança foi estimulada a andar sem apoio por uma distância de
aproximadamente cinco metros de comprimento (figura 5). A marcha da criança
neste espaço foi filmada através de seis câmeras ProReflex 120 Hz, para criação da
imagem 3D e com uma câmera digital SONY
®
DVD-DCR405 para ilustração em
imagem. Em cada avaliação, a criança foi solicitada a andar pelo espaço definido no
mínimo três e no máximo 12 vezes, viabilizando a futura escolha de ciclos de
marcha ideais para análise dos dados. Um dos pesquisadores acompanhava o
lactente em toda a trajetória de marcha para garantir a sua segurança, estimulando
a criança a ir em direção aos seus pais. A coleta dos dados de marcha teve duração
de cerca de 20 minutos.
37
Figura 5: Dois lactentes no procedimento de avaliação da marcha independente, um
deambulando sem apoio, e o outro na postura ortostática para definição dos segmentos
corporais pelo sistema.
2.1.4 – Transformação dos dados
Definição dos ciclos de marcha e das variáveis cinemáticas para análise de marcha
Para o estudo 1, o programa Qualisys Track Manager 2.0 permitiu a definição
dos ciclos de marcha que foram processados pelo software Visual3D versão 3.99.
Cada trecho selecionado deveria conter um ciclo de marcha completo do membro
inferior direito do lactente. Um ciclo da marcha foi definido a partir do contato inicial
do pé direito, passando pela fase completa de apoio e de balanço, até que a perna
direita realizasse novamente o contato inicial
65
. Foram escolhidos um mínimo de três
e máximo de 10 ciclos de marcha durante cada dia de avaliação do lactente, onde
apenas passos regulares e estáveis (i.e. em linha reta, sem mudanças de
velocidade) foram usados para análise
10
, e as demais informações foram
descartadas. No programa Visual 3D, os eventos do ciclo da marcha foram definidos
visualmente pela trajetória dos marcadores do calcâneo e do marcador colocado
entre o 1º e 2º metatarsos
66
. Os gráficos representativos do deslocamento anterior
dos marcadores no eixo Y foram utilizados para garantir a identificação dos eventos
de forma correta, visualizando os marcadores pela vista sagital no programa, quadro
a quadro. Os eventos foram definidos da seguinte forma
66,67
: CI1 – contato inicial de
38
qualquer parte do pé direito ao solo, delimitando o início da fase de apoio; RD –
momento de retirada dos dedos do pé direito do solo, marcando o início da fase de
balanço; e CI2 – novo contato inicial de qualquer parte do pé direito ao solo,
delimitando o final da fase de balanço. Uma única pesquisadora realizou todas
essas análises, apresentando excelente confiabilidade teste-reteste (ICC0,996). O
teste de confiabilidade foi realizado com 10 ciclos de marcha, os quais foram
avaliados duas vezes com um intervalo de uma semana entre as medidas.
Os ângulos articulares foram calculados usando-se a sequência de Cardan,
que pode ser definida como a orientação do sistema de coordenadas de um
segmento relativo ao sistema de coordenadas do segmento de referência. Para a
normalização dos ângulos, o software calculou a orientação relativa do segmento e
do segmento de referência em relação à posição de referência (coleta ortostática) e
aplicou essa orientação relativa dos dois segmentos nas coletas dinâmicas. Os
dados foram filtrados com um filtro passa baixa (Butterworth) de quarta ordem, com
a frequência de corte de 6HZ antes do início do processamento dos dados.
As variáveis cinemáticas calculadas foram os deslocamentos angulares
mínimos, máximos e médios (em graus) das articulações nos seguintes planos de
movimento, com os seguintes sinais para interpretação: 1) Pelve - plano sagital:
anteversão (-) e retroversão (+), e no plano frontal: deslocamento lateral para
esquerda (-) e direita (+); 2) Quadril - plano sagital: flexão (+) e extensão (-), e no
plano frontal: abdução (-) e adução (+); 3) Joelho - plano sagital: flexão (-) e
extensão (+); e 4) Tornozelo - plano sagital: dorsi-flexão (+) e planti-flexão (-). Além
dessas, as variáveis temporo-espaciais velocidade da marcha (m/s), comprimento do
ciclo da marcha (m), tempo da fase de apoio (seg), e tempo da fase de balanço
(seg) foram calculadas com base nos eventos de marcha (i.e. CI1, RD e CI2). Os
39
dados processados de cada lactente, em cada avaliação, foram exportados para o
programa Excel for Windows
®
para criação das planilhas com os valores médios e
desvio padrão de cada grupo em cada mês de acompanhamento longitudinal
(ANEXO D).
Cálculo das razões percentuais utilizadas para avaliar o desempenho na rampa
Para permitir a comparação entre grupos no desempenho da tarefa de subir
rampas no estudo 2, foi realizado o cálculo de duas razões percentuais: razão de
tentativas e razão de sucessos. A razão de tentativas (RT), em cada dia de coleta,
foi obtida pela razão entre o número de sucessos (S), mais as falhas (F) pelo
número total de tentativas (RT=[(S+F)/(S+R+F)] x100) Já a razão de sucessos (RS),
estabelecida pelos comportamentos considerados como bem sucedidos, em um dia
de coleta, foi obtida pela soma de todos os sucessos (S) obtidos, mais as recusas
(R), pelo número total de tentativas (RS=[(S+R)/(S+R+F)] x100). Além desses
cálculos, a inclinação máxima em graus (ângulos) obtida por cada lactente a cada
dia de coleta também foi comparada entre grupos.
2.1.5 – Análise Estatística
As características descritivas da amostra foram analisadas com medidas de
tendência central e realizada a comparação entre grupos das características que
foram pareadas (idade de inclusão no estudo, escore total no teste AIMS, sexo e
nível socioeconômico). Para testar a equivalência entre grupos, as variáveis
numéricas foram analisadas com teste-t de Student, e o teste Qui-quadrado foi
utilizado para testar associação entre as variáveis categóricas. Uma vez confirmada
a normalidade dos dados pelo teste Shapiro-Wilk, as medidas antropométricas foram
40
comparadas entre grupos com o teste-t de Student para grupos independentes,
assim como a idade de aquisição da marcha independente. O tempo de uso do
andador infantil foi documentado de forma descritiva para caracterização do grupo
AI.
No estudo 1, com o objetivo de reduzir o número de variáveis dependentes
desse estudo e unificar a interpretação dos dados
68
, as variáveis cinemáticas dos
deslocamentos angulares mínimos, máximos e médios de cada articulação foram
agrupadas em componentes principais através de escores para extrair informações
sobre o perfil de mudanças das variáveis cinemáticas de marcha por articulação e
plano de movimento avaliado. Foram formados os seguintes escores: 1) Escore TS:
Tornozelo no plano sagital: máxima dorsi-flexão (MDF), máxima planti-flexão (MPF),
e valor médio da dorsi e planti-flexão (MDPF) do tornozelo; 2) Escore QF: Quadril no
plano frontal: máxima abdução (MAB), máxima adução (MAD), e valor médio da
abdução-adução do quadril (MABAD); 3) Escore QS: Quadril no plano sagital:
máxima flexão (MFQ), máxima extensão (MEQ), e valor médio da flexão e extensão
do quadril (MFEQ); 4) Escore JS: Joelho no plano sagital: máxima flexão (MFJ),
máxima extensão (MEJ) e valor médio da flexão e extensão do joelho (MFEJ); 5)
Escore PS: Pelve no plano sagital: máxima anteversão (MAP), máxima retroversão
(MRP) e valor médio da anteversão e retroversão da pelve (MARP); e 6) Escore PF:
Pelve no plano frontal: máximo deslocamento lateral para direita (MDLD) e máximo
deslocamento lateral para esquerda (MDLE). O primeiro componente principal (PC1)
de cada um dos seis escores foi responsável por mais de 80% da variância em cada
escore agrupado (figura 6), sendo esse primeiro componente utilizado para as
análises de regressão hierárquica que será apresentada a seguir. Além dessas, as
variáveis temporo-espaciais (TE): velocidade da marcha (VM), comprimento do ciclo
41
da marcha (CCM), tempo da fase de apoio (TFA), e tempo da fase de balanço (TFB)
foram analisadas separadamente.
Figura 6: Proporção de variância total para cada componente
principal (PC1, PC2, e PC3) para o conjunto dos seis escores
com o agrupamento das variáveis cinemáticas da marcha por
articulação e plano de movimento.
No estudo 2, para testar a normalidade dos dados e avaliar os efeitos nas
variáveis dependentes desse estudo (razão de tentativas, razão de sucessos e
ângulos) foi aplicado o teste Shapiro-Wilk. Como as variáveis não apresentaram
distribuição normal, optou-se por usar o teste de Mann-Whitney U para comparação
entre grupos independentes, nos diferentes meses de coletas de dados, e o teste de
Friedman para analisar as diferenças ao longo do tempo. No caso de resultados
significativos, a identificação das diferenças bivariadas foi testada com o teste de
Wilcoxon, com correções de Bonferroni para ajustar o nível de significância de
acordo como número de comparações realizadas. Ainda para análise deste estudo,
a diferença entre os valores médios de todos os lactentes na razão de sucessos
obtidos na última coleta (seis meses pós-aquisição) e na primeira (aquisição) foi
calculada, para caracterizar o ganho obtido nessa razão ao longo do tempo. O valor
42
obtido com esse cálculo, em cada grupo, foi comparado com o teste-t de Student
para grupos independentes.
Modelos de Regressão Hierárquica
69
(Multilevel Models ou Mixed Models)
foram utilizados para avaliar a partição de variância das variáveis em estudo, o que
permite quantificar a variância entre medidas (efeito tempo) e a variância entre
lactentes. Caso essa última seja significativa, este modelo possibilita testar se o
grupo (controle ou andador infantil) é responsável por parte significativa dessa
variabilidade. O uso desse modelo permitiu observarmos o perfil de mudanças ao
longo do tempo das variáveis cinemáticas investigadas nesse estudo, e se as
modificações poderiam ser atribuídas há diferenças entre grupos.
Os modelos de regressão foram especificados com dois níveis. O primeiro
nível refere-se ao desempenho de cada indivíduo nas suas observações (medidas
repetidas), e o segundo nível refere-se aos indivíduos, com suas características.
Dessa forma, o Nível I possibilita estimar a variabilidade intra-indivíduo (entre
medidas), enquanto que o Nível II, descrevendo o desvio de cada indivíduo em
relação à média geral, permite estimar a variabilidade inter-indivíduos (entre
crianças).
No presente estudo, foram especificados dois modelos de regressão para
análise dos dados. O primeiro modelo (MODELO NULO), por não incluir nenhuma
covariável (ou variável independente), tem como objetivo avaliar a partição da
variância, ou seja, definir o quanto da variabilidade total observada entre as medidas
realizadas é atribuído à variação intra-indivíduo, e o quanto é atribuído à variação
inter-indivíduos. Ele é assim definido:
Nível 1:
ij
e
iij
Y +=
0
β
43
Nível 2:
i
uG
i 0000
+=
β
onde:
Y
ij
é o valor do escore obtido pelo participante i no tempo j;
β
0i
é o intercepto do participante i, representativo das médias dos seus escores;
e
ij
é o resíduo associado ao participante i no tempo j, ou seja, é o desvio do escore
do participante i no tempo j em relação à sua reta predita pela equação do modelo;
G
00
é o intercepto geral do modelo, representativo das médias de todos os escores;
u
0i
é o resíduo associado ao participante i, ou seja, é o desvio do escore do indivíduo
i em relação ao escore médio geral.
A variabilidade total observada é dada por Var(e
ij
) + Var(u
0j
). O coeficiente de
correlação intra-classe avalia o quanto da variabilidade total é atribuída à variação
entre indivíduos, e é dado por:
(
)
() ()
ij
eVar
j
uVar
j
uVar
+
=
0
0
ρ
Na existência de variabilidade significativa entre indivíduos, um segundo
modelo de regressão hierárquica foi elaborado para verificar se o fator grupo era, em
parte, responsável pela variabilidade detectada. Também foi considerado o efeito
tempo, como explicitado nas equações abaixo:
Nível 1:
()
ij
e
ij
tempo
iij
Y ++=
10
β
β
Nível 2:
i
u
i
grupoGG
i 0
)(
01000
++=
β
44
onde:
Y
ij
é o valor do escore obtido pelo participante i no tempo j;
β
0i
é o intercepto do participante i, representativo das médias dos seus escores;
β
1
é a inclinação (slope) do modelo de nível 1, relacionada ao efeito do tempo;
e
ij
é o resíduo associado ao participante i no tempo j, ou seja, é o desvio do escore
do participante i no tempo j em relação à sua reta predita pela equação do modelo;
G
00
é o intercepto geral do modelo, representativo das médias de todos os escores;
G
01
é a inclinação (slope) do modelo de nível 2, relacionada ao efeito do grupo;
u
0i
é o resíduo associado ao participante i, ou seja, é o desvio do escore do indivíduo
i em relação ao escore médio geral.
Em todas as análises inferenciais foi considerado um nível de significância
α=0,05. As análises foram realizadas utilizando o pacote Statistical Package for
Social Sciences (SPSS), versão 15.0 (SPSS Inc., 2006) e o programa HLM versão
6.08 para Windows (2000).
45
2.2 – MATERIAIS E MÉTODO - ESTUDO 3
2.2.1 - Participantes:
Participaram deste estudo 26 pais de lactentes com desenvolvimento normal
da cidade de Belo Horizonte e municípios vizinhos, sendo que 14 faziam parte do
grupo que usou o andador infantil (GUAI - grupo usuário do andador infantil) e 12
faziam parte do grupo que não usou esse equipamento (GNUAI - grupo não-usuário
do andador infantil). Os participantes desta pesquisa foram selecionados
propositalmente. A decisão ou não pelo uso do andador infantil no período anterior à
aquisição da marcha foi uma escolha dos pais e a identificação dos que optaram
pelo uso ou não pelo seu uso foi feita em consulta pediátrica de rotina, por volta dos
oito meses de idade da criança. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (parecer ETIC nº 609/07)
(ANEXO C) e os pais que aceitaram participar assinaram termo de consentimento
livre e esclarecido (APÊNDICE E).
2.2.2 – Procedimento:
A partir da seleção dos lactentes que estavam ou não em uso do andador
infantil, suas famílias receberam visita domiciliar para explicar os objetivos e
procedimentos do estudo. Durante essa visita, foi realizada a avaliação motora dos
lactentes de ambos os grupos com o teste Alberta Infant Motor Scale (AIMS)
59
, para
caracterizar o desenvolvimento motor em relação à idade e controlar possível
presença de atraso nessa área. Para o GUAI, foi entregue aos pais um protocolo
desenvolvido especialmente para este estudo, para registro do tempo de uso diário
do andador infantil e comentários acerca dessa prática (i.e., atividades realizadas
46
durante o uso do andador, satisfação do lactente, possíveis quedas, entre outras)
(APÊNDICE C). Após a visita inicial, foi feito contato semanal com os pais ou
cuidadores de ambos os grupos para registrar a idade de aquisição da marcha
independente.
Após a aquisição da marcha, os pais ou cuidadores de ambos os grupos
foram entrevistados por uma pesquisadora que utilizou um questionário
semiestruturado
70
(APÊNDICE F) com as seguintes perguntas: como os pais
tomaram conhecimento do andador infantil e o que ouviram falar a respeito dele; em
qual momento eles decidiram usar ou não usar o andador; quais motivos os levaram
a tal decisão; e que informações foram dadas pelo pediatra sobre o equipamento.
Especificamente para o grupo que utilizou o andador infantil, foi acrescentada uma
pergunta sobre a percepção dos responsáveis em relação ao uso do andador (figura
7). Para registrar as informações, foi utilizado gravador digital de voz portátil
(Nakashi
®
), que possibilitou a gravação em formato mp3, para posterior transcrição
das entrevistas.
Figura 7: Foto ilustrativa da entrevista realizada com os pais.
Todas as entrevistas foram realizadas no primeiro mês após a aquisição da
marcha, em local de melhor conveniência para os pais, e tiveram duração média de
47
5,30 minutos (2,70 minutos GNUAI; e 7,95 minutos GUAI). Uma única pesquisadora
realizou todas as entrevistas e transcreveu-as para o programa Word for Windows
®
.
Após a transcrição, os pais receberam a entrevista para leitura e possíveis
alterações ou considerações, até que a versão final fosse aprovada.
2.2.3 – Análise das entrevistas e análise estatística
Foi empregada análise de conteúdo
71
e o software NVIVO 8 QRS
Internacional foi utilizado para organizar os relatos, identificar as categorias iniciais,
buscar similaridades e diferenças entre elas, selecionar trechos e organizar as
categorias finais para posterior interpretação dos resultados
72
. Os nomes que
apareceram ao longo das entrevistas foram substituídos por nomes fictícios e os
entrevistados foram identificados pela sua relação com o lactente (mãe, pai ou avó)
e pelo número de inclusão da criança no estudo.
O tempo de uso do andador infantil foi documentado de forma descritiva, com
medidas de tendência central para representação do GUAI, e a idade de aquisição
da marcha independente foi comparada entre grupos com o teste-t de Student para
grupos independentes. O software Statistical Package for Social Sciences (SPSS
®
,
v. 15.0) foi utilizado para as análises inferenciais, considerando-se o nível de
significância de α=0,05.
O método de triangulação foi usado para comparar os efeitos percebidos
pelos pais com a idade de aquisição de marcha dos lactentes dos dois grupos. O
objetivo do emprego dessa técnica foi ampliar a análise dos resultados, comparando
os resultados quantitativos com os relatos das entrevistas qualitativas, permitindo,
assim, mais ampla visão da questão investigada e a exploração de similaridades ou
divergências
73
.
48
CAPÍTULO 3 – ARTIGOS
3.1 – ARTIGO 1
A ser submetido para o periódico Developmental Medicine and Child Neurology:
EFEITOS DO USO DO ANDADOR INFANTIL NA AQUISIÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DA MARCHA EM LACTENTES COM DESENVOLVIMENTO
NORMAL
Effects of the use of baby-walker on the onset and development of gait by
typically developing toddlers
Chagas PSC (1), Mancini MC (2), Silva PL (3), Souza TR (4), Megale L (5),
Fonseca ST (3)
(1) Department of Physical Therapy, Faculty of Physical Therapy, Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), Brazil
(2) Department of Occupational Therapy, Universidade Federal de Minas Gerais
State (UFMG), Belo Horizonte, Brazil
(3) Department of Physical Therapy, Universidade Federal de Minas Gerais State
(UFMG), Belo Horizonte, Brazil
(4) Graduate student, Universidade Federal de Minas Gerais State (UFMG), Belo
Horizonte, Brazil
(5) Department of Pediatrics, Universidade Federal de Minas Gerais State (UFMG),
Belo Horizonte, Brazil
Corresponding Author: Marisa Cotta Mancini, Graduate Program in Rehabilitation
Sciences, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
Universidade Federal de Minas Gerais, Colegiado de Pós-Graduação em Ciências
da Reabilitação Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
Cep: 31270-901, Belo Horizonte – MG, BRASIL, Fone: 55 31 3409-4781. e-mail:
Original article
Short title: Effects of the use of baby-walker
Financial support: CNPq, CAPES and FAPEMIG
49
RESUMO
Objetivo: Comparar a idade de aquisição da marcha independente e os parâmetros
cinemáticos entre lactentes que usaram e não usaram o andador infantil. Métodos:
32 lactentes foram selecionados por conveniência (n=16, grupo andador infantil-GAI;
n=16, grupo controle-GC) e acompanhados mensalmente até seis meses pós-
aquisição da marcha. O uso do equipamento foi determinado por escolha dos pais e
foi feito contato telefônico semanal até a aquisição da marcha independente. Nesta
semana, foi agendada uma análise tridimensional da marcha com o software
Qualisys Pro-reflex
®
, e os dados coletados foram transformados em variáveis
cinemáticas (4-temporo-espaciais e 18-articulares). Análise de componentes
principais reduziram o número de variáveis e testes de comparação entre grupos, e
modelos de regressão hierárquica testaram os efeitos, considerando o nível de
significância de α=0,05. Resultados: A idade da aquisição da marcha não foi
diferente entre os grupos (p=0,231): GAI=373,12 (DP=24,95) dias; e GC=384,31
(DP=26,76) dias. Houve diferenças entre os grupos (p0,05) na cinemática articular
do joelho (GAI>extensão que GC), na velocidade da marcha (GC>GAI) e no tempo
da fase de balanço (GAI>GC). Interpretação: Não foram evidenciados efeitos
negativos do uso desse equipamento na cinemática da marcha e nem diferenças na
idade de aquisição da marcha entre lactentes usuários e não-usuários do andador
infantil, no período anterior a emergência desta habilidade locomotora. O que esse
artigo acrescenta? Os resultados desse estudo podem contribuir para fundamentar
a prática baseada em evidências entre os profissionais da área da saúde e nortear a
tomada de decisão clínica, guiando a orientação aos pais interessados neste
equipamento, sobre a indicação ou não do uso desse equipamento para lactentes
em fase pré-aquisição da marcha.
Palavras-chave: marcha, andador infantil, cinemática, lactentes.
50
ABSTRACT
Aims: To compare the age of independent gait acquisition and kinematics
parameters between toddlers that used and did not use the baby walker. Methods:
32 toddlers participated in this study (16=baby walker group-BWG; 16=control group-
CG) and were followed monthly until six months after gait onset, by convenience.
The choice to use the baby walker was defined by the parents, and weekly telephone
contact was made until the moment of gait acquisition. In this week, a tridimensional
gait analysis was scheduled with the software Qualisys Pro-reflex
®
, and the data
collected were transformed into kinematics variables (4-time-distance and 18-joint
angles). Principal component analysis were used to reduce the number of variables
and comparison tests between groups, and multilevel regression models tested the
effects, with a significance level of α=0.05. Results: The age of gait acquisition was
not different between groups (p=0.231): BWG=373.12 (SD=24.95) days; and
CG=384.31 (SD=26.76) days. Group differences (p0.05) were observed in joint
kinematics of the knee (BWG>extension than CG), in gait velocity (CG>BWG) and
swing phase duration (BWG>CG). Interpretation: There were no negative effects of
the use of this equipment in gait kinematics, nor differences in the age of gait
acquisition between toddlers that used and did not use the baby walker, in the period
before the emergence of this locomotor ability. What this paper adds? The results
of this study can contribute to evidence based practice between health care
professionals and direct clinical decision, guiding the parents interested in this
equipment, about the indication to use or not to use this equipment by toddlers in gait
acquisition period.
Key-words: gait, baby walker, kinematics, toddlers.
51
A marcha é um dos marcos do desenvolvimento mais importantes adquiridos
no primeiro ano de vida
1,2
. Vários pesquisadores têm estudado a aquisição da
marcha em crianças
3-20
. Os objetivos desses estudos foram documentar como esse
processo se desenvolve em direção a um padrão de marcha considerado maduro
3
(i.e. em torno dos quatro anos de idade), e quais são as principais diferenças em
relação à marcha de adultos
4-20
. Tradicionalmente, o foco predominante das
investigações disponíveis na literatura tem se voltado para as características das
crianças, tais como mecanismos neuromusculares e atividade
eletromiográfica
8,10,17,18
, postura e equilíbrio
6,7
, características antropométricas
4,5,8
,
características cinéticas e/ou cinemáticas da marcha
6,7,9-16,18-20
, dentre outras. Os
processos que suportam o desenvolvimento da marcha incluem a maturação do
sistema nervoso central e as experiências adquiridas pela criança durante o primeiro
ano de vida
12
. Os primeiros meses de experiência andando independentemente
(entre quatro e seis meses) parecem favorecer uma rápida mudança nos parâmetros
da marcha de lactentes, contribuindo para a emergência de um padrão mais próximo
do maduro
12,13,21
.
Estudos têm demonstrado que a prática de atividades específicas durante o
desenvolvimento infantil pode facilitar a emergência precoce de padrões
locomotores
22-25
. Tais atividades permeiam as práticas maternas, que podem ser
definidas como comportamentos específicos, com objetivos dirigidos, por meio dos
quais as mães/cuidadores desempenham suas tarefas maternas relacionadas ao
cuidado da criança
26
. Por exemplo, mães africanas que acreditam na importância da
prática, ensinaram e treinaram seus filhos na aquisição de marcos do
desenvolvimento infantil, como sentar e andar, resultando na emergência precoce
dos mesmos, quando comparadas com lactentes americanos de mesma idade que
não recebem estimulação em casa
22
. Por outro lado, bebês americanos que
receberam prática diária em posturas de pé (i.e.; stepping response), mantiveram
esse padrão por mais tempo
23,25
e andaram mais cedo, quando comparados com
lactentes que não receberam prática
23
.
Durante o período anterior à aquisição da marcha, o andador infantil pode ser
utilizado como um equipamento para permitir a prática específica da atividade de
marcha. Alguns pais utilizam este equipamento com seus filhos por acreditarem que
irá ajudá-los a andar independentemente
27-29
, outros utilizam para manter os filhos
mais quietos e felizes
27
, e/ou para mantê-los seguros
27,30
. Até o momento, os
52
resultados dos estudos elaborados para avaliar os efeitos do uso desse
equipamento não disponibilizam evidências conclusivas
28-36
.
Em geral, a maioria dos autores condenam o uso do andador infantil, por
acreditarem que este é um dos maiores causadores de acidentes no início da
infância
37-39
ou são responsáveis por atraso na aquisição da locomoção
30-33
. Esses
resultados podem ser justificados pelo fato de que, em alguns estudos, o início do
uso do andador infantil foi em uma idade extremamente precoce (i.e. entre quatro e
seis meses de idade)
30,31
. Tipicamente, lactentes antes dos seis meses de idade não
apresentam habilidades motoras condizentes com a postura ortostática, o que pode
ter influenciado o atraso na locomoção na postura prona (i.e. aquisição do
engatinhar), encontrado no estudo de Crouchman
31
. Apesar da baixa idade de início
do uso do andador, no referido estudo a idade de aquisição da marcha independente
não foi diferente entre os grupos
31
. Além disso, nesses estudos que relatam atraso
na aquisição da locomoção, não foram realizados follow-up após a aquisição desse
desfecho
30,31,33
.
Em quase todos os estudos, não houve controle do tempo de exposição dos
lactentes a este equipamento
29-33
, sendo o tempo de exposição relatado pela
memória dos pais, o que representa uma ameaça a validade interna desses estudos.
Além disso, o fato de grande parte desses estudos apresentarem desenhos
metodológicos com características retrospectivas, não havendo, portanto, o
acompanhamento longitudinal do desenvolvimento da marcha dos lactentes
28,30-33
,
faz com que os resultados negativos sobre os efeitos do uso do andador no
desenvolvimento locomotor devam ser interpretados com cautela.
Os estudos de Kaufmann e Ridenour
29
e de Ridenour
34
, foram os únicos dois
ensaios clínicos encontrados, em que houve um acompanhamento longitudinal das
crianças até a idade de aquisição da marcha. Nestes estudos não foram observadas
diferenças na idade de aquisição desse marco motor
29,34
. Recentemente, Iwabe et
al.
35
investigou a influência do andador infantil no desenvolvimento motor de 44
lactentes, dos 10 aos 15 meses de idade. A idade de aquisição da marcha e o
desempenho observado no teste Alberta Infant Motor Scale, ao longo dos seis
meses de acompanhamento, não foi diferente entre os grupos (p0,392), com o
tempo médio de uso do andador inferior a uma hora por dia
35
. Dessa forma, cerca de
metade dos estudos disponíveis até a presente data concluem que o andador infantil
resulta em atraso na aquisição da marcha em crianças normais
30,32,33
, sem que este
53
efeito tenha sido investigado metodologicamente de forma adequada, e a outra
metade não encontrou efeitos significativos
29,31,34,35
.
Com as evidências inconclusivas a cerca dos efeitos negativos do uso do
andador infantil na aquisição da marcha independente, os profissionais da área da
saúde baseiam-se em pressupostos clínicos que admitem que o padrão de marcha
possa ser prejudicado pelo uso do andador infantil, levando ao deslocamento
anterior do centro de massa da criança, aumentando a flexão de quadril e
proporcionando o contato dos pés principalmente em planti-flexão. Acredita-se que
esse padrão modificado de marcha altere o alinhamento biomecânico de MMII e do
corpo da criança, dificultando o desenvolvimento adequado de componentes
neuromusculoesqueléticos que são definidos como essenciais para a emergência de
um padrão de marcha estável, podendo conseqüentemente, levar a um atraso na
aquisição desse marco do desenvolvimento. Apesar desses argumentos, até a
presente data, as justificativas que os fundamentam permanecem como hipóteses a
serem empiricamente testadas.
O objetivo geral do presente estudo foi investigar os efeitos do uso do
andador infantil no desenvolvimento e refinamento da marcha em lactentes.
Especificamente, tais efeitos foram avaliados durante os primeiros seis meses de
desenvolvimento da marcha independente, em relação a: 1) idade de início da
marcha independente; e 2) padrão cinemático da marcha (i.e., nas variáveis
temporo-espaciais da marcha e na cinemática articular). As hipóteses científicas do
estudo são: H1. O uso do andador infantil não retardará a idade de aquisição da
marcha independente em lactentes que usaram este equipamento durante o período
pré-aquisição da marcha, comparados com lactentes que não usaram o andador
infantil; H2. O uso do andador infantil não prejudicará o padrão cinemático da
marcha (variáveis temporo-espaciais e cinemática articular) ao longo dos seis meses
pós-aquisição da marcha independente, em lactentes que fizeram uso do andador
infantil, comparados com lactentes que não fizeram uso deste equipamento.
Os resultados desse estudo auxiliam na fundamentação da prática baseada
em evidências entre os profissionais da área da saúde. Esse estudo contribui para
nortear a tomada de decisão clínica, orientando os pais quanto a indicação ou não
do uso desse equipamento para lactentes com desenvolvimento normal em fase pré-
aquisição da marcha.
54
METODOLOGIA:
Participantes:
Nesse estudo longitudinal, exploratório, participaram 32 lactentes com
desenvolvimento normal, sendo 16 do grupo exposto ao andador infantil
(AI=Andador Infantil), e 16 do grupo não exposto (C=Controle). Lactentes cujos pais
ou cuidadores relataram estar fazendo uso do andador infantil no período anterior à
aquisição da marcha compuseram o grupo exposto e a partir daí, lactentes de
mesma faixa etária, mesmo sexo e nível sócio-econômico da família equivalentes,
que não estavam fazendo uso de andador infantil, compuseram o grupo controle.
Dessa forma, não houve indicação do uso do andador infantil para nenhum lactente
participante desse estudo.
Os critérios de inclusão para participação nesse estudo foram nascimento a
termo (idade gestacional superior ou igual a 37 semanas), ausência de
complicações nos períodos pré, peri e pós-natais, peso ao nascimento superior a
2500 gramas e desenvolvimento motor adequado entre oito e 10 meses de idade
(caracterizado por pontuação igual ou superior ao percentil 10, na escala de
avaliação motora Alberta Infant Motor Scale-AIMS)
40
. Os lactentes não podiam usar
medicação sistematicamente, nem apresentar distúrbios sensoriais (visuais e/ou
auditivos). A avaliação das características sócio-econômicas das famílias
participantes deste estudo foi definida conforme Critério de Classificação Econômica
Brasil 2008, proposto pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa –
ABEP
41
.
Antes dos lactentes serem incluídos neste estudo, seus pais ou responsáveis
foram informados sobre os objetivos e procedimentos do mesmo e solicitados a
assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido para a participação de
seu(ua) filho(a). Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 24 de março de 2008 (parecer
ETIC nº 609 / 07).
Instrumentação:
Análise do padrão cinemático de marcha emergente:
O sistema de análise de movimento Qualisys ProReflex MCU (QUALISYS
MEDICAL AB
®
, 411 12 Gothenburg, Suécia) foi utilizado para a obtenção dos
parâmetros cinemáticos (ângulos articulares e variáveis temporo-espaciais) da
55
marcha. Para análise dos parâmetros cinemáticos unilateral da marcha do membro
inferior direito foram utilizadas seis câmeras ProReflex 120 Hz, tripés, cabos e
unidade de calibração, um Computador, o software de aquisição de dados Qualisys
Track Manager 2.0 (QTM), em um espaço físico de aproximadamente cinco metros
de comprimento.
Neste estudo, foi determinada as características do padrão de marcha dos
lactentes participantes, de acordo com cada grupo (AI ou C), em relação aos
parâmetros cinemáticos (i.e., deslocamentos angulares da pelve e do quadril nos
planos frontal e sagital, e do joelho e tornozelo no plano sagital, além de variáveis
temporo-espaciais: velocidade, comprimento do ciclo da marcha, tempo da fase de
apoio, tempo da fase de balanço) durante a aquisição da marcha independente até
seis meses pós-aquisição.
Procedimento:
A partir da identificação dos lactentes que estavam em uso ou não do
andador infantil pelo pediatra participante desse estudo e pessoas conhecidas do
grupo de pesquisa, as famílias dos lactentes receberam uma visita domiciliar para
explicar os objetivos e procedimentos do estudo. Nesta visita foi realizada a
avaliação do lactente com o teste AIMS
40
e entregue aos pais do grupo AI uma folha
para registro do tempo de uso diário do andador infantil e de possíveis comentários
a cerca desta prática infantil (i.e., atividades realizadas, satisfação do lactente,
possíveis quedas). Após essa visita, os pesquisadores responsáveis fizeram contato
semanal (i.e. por telefone) com os pais ou cuidadores para incentivá-los a realizarem
os registros no diário do andador (Grupo AI) e para determinação do momento exato
de início da marcha independente.
Após determinação do início da marcha independente, caracterizada pelo dia
em que a criança deu cinco passos sem apoio
7,40
, os pais compareceram com o
lactente ao Laboratório de Análise de Movimento (LAM) localizado no primeiro andar
do prédio de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional da EEFFTO - UFMG, em dia e
horário previamente combinados para se submeterem à primeira avaliação do
estudo. Toda a roupa do lactente foi retirada, deixando apenas a fralda, e uma
camiseta nos dias mais frios. As medidas antropométricas: massa corporal (em
kilogramas), altura na posição supina (em centímetros) e comprimento do membro
inferior direito (distância entre o trocânter maior e o maléolo lateral, em centímetros)
56
de cada lactente foram coletadas com o uso de régua pediátrica, balança digital de
precisão e fita métrica, segundo critérios definidos por Schneider et al
42
.
As avaliações foram realizadas em sete momentos distintos, iniciando na
semana de aquisição da marcha independente (0=aquisição) seguidas de avaliações
mensais até o 6° mês pós-aquisição da marcha (meses 1, 2, 3, 4, 5 e 6), respeitando
o intervalo máximo, anterior ou posterior, de uma semana da data de aniversário da
aquisição da marcha independente.
Em cada avaliação da análise de movimento, 11 marcas passivas refletoras
de 10 mm de diâmetro, coladas em uma base de feltro, foram fixadas com fita
adesiva dupla-fase e com esparadrapo anti-alérgico na pele dos lactentes sobre
marcas anatômicas pré-definidas com o objetivo de delimitar os ossos de referência.
Essas proeminências ósseas foram: pelve (ponto mais alto da crista ilíaca,
bilateralmente), coxa (trocânter maior bilateral e epicôndilo lateral e medial do fêmur
direito), perna (maléolo lateral e medial direito) e pé (calcâneo e espaço entre as
cabeças do 1° e 2º metatarsos, e no 5° metatarso). Além disso, clusters
confeccionados em faixas de neoprene com um mínimo de três marcadores em
cada foram utilizados como marcadores de rastreamento e colocados na pelve, coxa
e perna do lactente.
Inicialmente, os lactentes tiveram que ficar na posição ortostática, com os pés
alinhados, no centro da passarela, para obtenção da posição de referência,
necessária para a identificação dos segmentos pelo sistema. A captação desse dado
foi realizada por dez segundos. Após esta coleta, as avaliações da marcha
independente de cada criança foram realizadas sobre um tapete plano e regular,
onde a criança foi estimulada a andar sem apoio por uma distância de
aproximadamente cinco metros de comprimento. A marcha da criança neste espaço
foi filmada através de seis câmeras ProReflex 120 Hz, para criação da imagem 3D e
com uma câmera digital SONY
®
DVD-DCR405 para ilustração em imagem. Em cada
avaliação, a criança foi solicitada a andar pelo espaço definido no mínimo três e no
máximo 12 vezes, viabilizando a futura escolha de ciclos de marcha ideais para
análise dos dados. Um dos pesquisadores acompanhava o lactente em toda a
trajetória de marcha para garantir a sua segurança, estimulando a criança a ir em
direção aos seus pais. A coleta dos dados de marcha teve duração de cerca de 20
minutos.
57
Redução dos dados
Definição dos ciclos de marcha e das variáveis cinemáticas
O programa Qualisys Track Manager 2.0 permitiu a definição dos ciclos de
marcha que foram processados pelo software Visual3D versão 3.99. Cada trecho
selecionado deveria conter um ciclo de marcha completo do membro inferior direito
do lactente. Um ciclo da marcha foi definido a partir do contato inicial do pé direito,
passando pela fase completa de apoio e de balanço, até que a perna direita
realizasse novamente o contato inicial
43
. Foram escolhidos um mínimo de três e
máximo de 10 ciclos de marcha durante cada dia de avaliação do lactente, onde
apenas passos regulares e estáveis (i.e. em linha reta, sem mudanças de
velocidade) foram usados para análise
7
, e as demais informações foram
descartadas. No programa Visual 3D, os eventos do ciclo da marcha foram definidos
visualmente pela trajetória dos marcadores do calcâneo e do marcador colocado
entre o 1º e 2º metatarsos
44
. Os gráficos representativos do deslocamento anterior
dos marcadores no eixo Y foram utilizados para garantir a identificação dos eventos
de forma correta, visualizando os marcadores pela vista sagital no programa, quadro
a quadro. Os eventos foram definidos da seguinte forma
44,45
: CI1 – contato inicial de
qualquer parte do pé direito ao solo, delimitando o início da fase de apoio; RD –
momento de retirada dos dedos do pé direito do solo, marcando o início da fase de
balanço; e CI2 – novo contato inicial de qualquer parte do pé direito ao solo,
delimitando o final da fase de balanço. Uma única pesquisadora realizou todas
essas análises, apresentando excelente confiabilidade teste-reteste (ICC0,996).
Os ângulos articulares foram calculados usando-se a sequência de Cardan,
que pode ser definida como a orientação do sistema de coordenadas de um
segmento relativo ao sistema de coordenadas do segmento de referência. Para a
normalização dos ângulos, o software calculou a orientação relativa do segmento e
do segmento de referência em relação à posição de referência (coleta ortostática) e
aplicou essa orientação relativa dos dois segmentos nas coletas dinâmicas. Os
dados foram filtrados com um filtro passa baixa (Butterworth) de quarta ordem, com
a frequência de corte de 6HZ antes do início do processamento dos dados.
As variáveis cinemáticas calculadas foram os deslocamentos angulares
mínimos, máximos e médios (em graus) das articulações nos seguintes planos de
movimento, com os seguintes sinais para interpretação: 1) Pelve - plano sagital:
anteversão (-) e retroversão (+), e no plano frontal: deslocamento lateral para
58
esquerda (-) e direita (+); 2) Quadril - plano sagital: flexão (+) e extensão (-), e no
plano frontal: abdução (-) e adução (+); 3) Joelho - plano sagital: flexão (-) e
extensão (+); e 4) Tornozelo - plano sagital: dorsi-flexão (+) e planti-flexão (-). Além
dessas, as variáveis temporo-espaciais velocidade da marcha (m/s), comprimento do
ciclo da marcha (m), tempo da fase de apoio (seg), e tempo da fase de balanço
(seg) foram calculadas com base nos eventos de marcha (i.e. CI1, RD e CI2).
Análise estatística
As características descritivas da amostra foram analisadas com medidas de
tendência central e realizada a comparação entre grupos das características que
foram pareadas (idade de inclusão no estudo, escore total no teste AIMS, sexo e
nível socioeconômico). Uma vez confirmada a normalidade dos dados pelo teste
Shapiro-Wilk, as medidas antropométricas foram comparadas entre grupos com o
teste-t de Student para grupos independentes, assim como a idade de aquisição da
marcha independente. O tempo de uso do andador infantil foi documentado de forma
descritiva para caracterização do grupo AI.
As variáveis cinemáticas dos deslocamentos angulares mínimos, máximos e
médios de cada articulação foram agrupadas em componentes principais, através de
escores, para extrair informações sobre o perfil de mudanças das variáveis
cinemáticas de marcha por articulação e plano de movimento avaliado. Foram
formados os seguintes escores: 1) Escore TS: Tornozelo no plano sagital: máxima
dorsi-flexão (MDF), máxima planti-flexão (MPF), e valor médio da dorsi e planti-
flexão (MDPF) do tornozelo; 2) Escore QF: Quadril no plano frontal: máxima
abdução (MAB), máxima adução (MAD), e valor médio da abdução-adução do
quadril (MABAD); 3) Escore QS: Quadril no plano sagital: máxima flexão (MFQ),
máxima extensão (MEQ), e valor médio da flexão e extensão do quadril (MFEQ); 4)
Escore JS: Joelho no plano sagital: máxima flexão (MFJ), máxima extensão (MEJ) e
valor médio da flexão e extensão do joelho (MFEJ); 5) Escore PS: Pelve no plano
sagital: máxima anteversão (MAP), máxima retroversão (MRP) e valor médio da
anteversão e retroversão da pelve (MARP); e 6) Escore PF: Pelve no plano frontal:
máximo deslocamento lateral para direita (MDLD) e máximo deslocamento lateral
para esquerda (MDLE). O primeiro componente principal (PC1) de cada um dos seis
escores foi responsável por mais de 80% da variância em cada escore agrupado
(ver figura 1), sendo esse primeiro componente utilizado para as análises de
59
regressão hierárquica que será apresentada a seguir. Além dessas, as variáveis
temporo-espaciais (TE): velocidade da marcha (VM), comprimento do ciclo da
marcha (CCM), tempo da fase de apoio (TFA), e tempo da fase de balanço (TFB)
foram analisadas separadamente com o mesmo modelo apresentado abaixo.
Inserir figura 1
Modelos de regressão hierárquica para dados longitudinais foram utilizados
para analisar a partição de variância nos componentes intra-lactentes (entre
medidas) e entre lactentes, das seguintes variáveis dependentes do estudo: cada
um dos seis escores de componentes principais das variáveis articulares, e as
quatro variáveis temporo-espaciais. Uma vez identificados efeitos significativos da
partição de variância entre lactentes, um segundo modelo foi aplicado para verificar
se essas diferenças poderiam ser atribuídas a diferenças entre grupos (efeito grupo)
e para verificar se os efeitos observados intra-lactentes poderia ser atribuído a
mudanças ao longo do tempo (efeito tempo).
O software Statistical Package for Social Sciences (SPSS
®
Inc, v. 15.0, 2006)
e o programa HLM versão 6.08 para Windows (2000) foram utilizados para as
análises inferenciais, considerando-se o nível de significância de α=0,05.
RESULTADOS
Não foram encontradas diferenças entre grupos no momento de inclusão do
estudo, em relação à idade e escore bruto obtido no teste AIMS. Os grupos foram
equivalentemente distribuídos em relação ao sexo e ao nível sócio-econômico das
famílias. Também não foram encontradas diferenças entre os dois grupos nas
variáveis medidas antropométricas, tais como peso, altura e comprimento do
membro inferior direito (p0,157), nas sete medidas longitudinais. Os valores médios
das características descritivas e medidas antropométricas dos 32 participantes, nos
seus respectivos grupos, assim como os índices de significância de cada
comparação, estão apresentados nas tabelas 1 e 2, respectivamente.
Inserir tabela 1 e 2
A idade de aquisição da marcha independente não foi diferente entre os
grupos (p=0,231), tendo o grupo AI iniciado a marcha com 373,12 (DP=24,95) dias,
e o grupo C com 384,31 (DP=26,76) dias. O tempo médio de permanência no
andador infantil foi de 44,00 min/dia (DP=29,40).
60
Nas análises inferenciais da cinemática da marcha, três lactentes do grupo AI
e um do grupo C tiveram seus dados interpolados para garantir sua inclusão na
análise estatística, já que faltaram a uma das coletas agendadas. Dois lactentes
faltaram na semana de aquisição da marcha, e os dados obtidos na segunda análise
foram considerados como o desempenho no primeiro dia. Os outros dois lactentes
faltaram a um dia intermediário de coleta (AI=2º dia; C= 6º dia), sendo o seu
desempenho nesse dia definido pela média obtida nas avaliações anterior e do mês
seguinte.
A tabela 3 apresenta os valores da extração do primeiro componente principal
(PC1) das variáveis cinemáticas dos deslocamentos angulares (valores máximos,
mínimos e médios) por cada articulação analisada.
Inserir tabela 3
Na análise de regressão hierárquica, a partição de variância referente aos
componentes principais da cinemática da marcha demonstrou que a variância intra-
lactentes foi responsável por grande parte da variância total do modelo ( 70,24%).
Já a variância atribuída à variação entre lactentes foi de menor magnitude (
29,76%), sendo significativa (p<0,001) em praticamente todas as medidas, exceto no
escore da pelve no plano frontal (escore PF). No segundo modelo de regressão, foi
verificado que além das diferenças entre lactentes, foram encontradas diferenças
entre grupos (p=0,05) no escore de joelho no plano sagital (escore JS). Ao testarmos
as mudanças ao longo do tempo (efeito tempo) foram observadas diferenças
significativas (p<0,001) no escore do quadril no plano frontal (escore QF) e no
escore JS.
Na análise de regressão hierárquica das variáveis temporo-espaciais,
novamente a partição de variância intra-lactentes foi responsável pela maior parte da
variância total do modelo ( 74,70%). Já a variância atribuída à variação entre
lactentes foi menor ( 25,30%), sendo também significativa (p<0,05) em quase todas
as medidas, exceto no tempo da fase de apoio (TFA). Em um segundo momento da
análise, as variáveis velocidade da marcha (VM) e tempo da fase de balanço (TFB)
demonstraram diferenças entre grupos (p<0,05). Foi verificado efeito tempo
(p<0,001) nas variáveis VM, comprimento do ciclo da marcha (CCM) e TFA. Os
resultados da análise de regressão estão dispostos na tabela 4.
Inserir tabela 4
61
As figuras 2 e 3 ilustram graficamente os valores médios de cada variável
dependente do estudo, em cada grupo, ao longo dos seis meses de
acompanhamento.
Inserir figuras 2 e 3
DISCUSSÃO
Até a presente data, este é o primeiro estudo com acompanhamento
longitudinal sistematizado que avalia os efeitos do uso do andador infantil durante o
período pré-aquisição da marcha, nos parâmetros cinemáticos de lactentes na
emergência e desenvolvimento desse marco motor. Este estudo testou pressupostos
clínicos a cerca dos efeitos do uso desse equipamento, que permeiam a indicação
ou não do andador, por parte de pediatras e profissionais da saúde. Os resultados
desse estudo disponibilizam evidências científicas sobre os efeitos do uso do
andador infantil na aquisição da marcha em lactentes com desenvolvimento normal.
A estratégia utilizada para formação dos grupos de lactentes participantes
desse estudo permitiu a equivalência das características descritivas (i.e. idade de
início no estudo, caracterização do desenvolvimento motor, nível sócio-econômico),
garantindo a comparação entre grupos desde o início do estudo. A ausência de
diferenças entre grupos nas características antropométricas, a cada mês de
acompanhamento longitudinal, possibilitou a comparação das variáveis cinemáticas
da marcha, sem a necessidade de normalização dos dados.
A primeira hipótese do estudo foi confirmada pela ausência de diferenças
entre grupos na idade de aquisição da marcha independente. A idade de aquisição
desse marco motor, entre 12 e 13 meses de idade, corresponde à idade reportada
na literatura para aquisição dessa habilidade
8,40
. Além disso, essa ausência de
diferença na idade de início da marcha entre lactentes usuários e não-usuários do
andador corrobora com os resultados reportados por outros estudos que
investigaram esse desfecho
29,31,34,35
. Tal resultado não confirma um dos
pressupostos clínicos dos profissionais da área da saúde que acreditam que o uso
do andador atrasa a aquisição da marcha independente, e nem os estudos
anteriores que relataram atraso para aquisição desse marco motor
30,32,33
. Por outro
lado, o uso do andador no período pré-aquisição da marcha parece não acelerar a
emergência e o desenvolvimento da marcha, conforme expectativa de alguns pais
27
.
62
A análise de componentes principais revelou-se estratégia adequada para
agrupar as variáveis cinemáticas avaliadas nesse estudo
46
. O agrupamento dessas
variáveis em escores possibilitou uma análise coerente de acordo com o perfil de
mudanças da cinemática articular dos membros inferiores, uma vez que o primeiro
componente principal de cada grupo de variáveis foi responsável por 80% da
variância de cada escore. Na análise de regressão hierárquica não foram
observadas diferenças ao longo do tempo e entre grupos na maioria das variáveis
investigadas: escore TS, escore QS, escore PS, e escore PF (tabela 4). Mudanças
significativas ao longo do tempo foram evidenciadas no escore QF, sem diferenças
entre grupos. A direção deste efeito sugere que o quadril tendeu a evoluir para um
padrão menos abdutor em ambos os grupos. Geralmente uma menor abdução após
três meses de marcha corresponde à evolução para uma marcha mais madura, e
pode estar associada a uma diminuição da base de apoio
12,13
. As variáveis temporo-
espaciais, comprimento do ciclo da marcha (CCM) e tempo da fase de apoio (TFA),
também demonstraram efeito tempo e ausência de efeito grupo (tabela 4 e figura 3).
O CCM mostrou aumento ao longo do tempo, e o TFA apresentou diminuição
durante os seis meses de acompanhamento, ambos de forma similar nos dois
grupos, caracterizando evolução para um padrão mais maduro de marcha
12
. O
aumento do CCM está relacionado ao aumento do comprimento do passo, e a
diminuição do tempo da fase de apoio está associada a um aumento de velocidade
e de equilíbrio postural na marcha
7,12
.
Praticamente todas as variáveis analisadas demonstraram efeito entre
lactentes (sete de um total de 10 variáveis dependentes), ilustrando uma grande
variabilidade entre indivíduos. Apenas o escore PF e o tempo da fase de balanço
(TFB) não demonstraram variância significativa entre lactentes. Essa alta
variabilidade, associada a diferenças entre lactentes, reflete diferentes estratégias
individuais para escolha de um padrão de marcha mais eficiente, evoluindo para
uma marcha mais madura. Espera-se que com o passar do tempo, e prática
andando, a marcha evolua para um padrão mais estável, e essa variabilidade
diminua
3,7
. Parte dessa variabilidade pode ser explicada pelo efeito grupo, porém
diferenças significativas entre grupos só foram observadas em três dessas variáveis.
Não foram encontradas diferenças entre grupos na articulação do tornozelo,
não observando padrão de pé em eqüino, principal argumentação dos profissionais
de saúde para sustentar a hipótese de efeito negativo do uso do andador infantil.
63
Além disso, no plano sagital, o quadril dos lactentes do grupo andador não
apresentou maior flexão do que os do grupo controle, o que poderia contribuir para
uma projeção anterior do centro de massa, dificultando o equilíbrio na postura
ortostática para execução de uma marcha eficiente. Os pressupostos clínicos
desses profissionais não podem ser confirmados com os resultados do presente
estudo.
Apesar de não ser um efeito esperado, foram observadas diferenças
significativas entre grupos e ao longo do tempo no escore JS. Espera-se que com a
maturação da marcha, o padrão flexor de joelho diminua com o tempo
13
. A
diminuição da flexão do joelho está associada a um maior equilíbrio, adquirido com o
ganho de estabilidade no padrão de marcha, ao longo de sua maturação
12,20
. O
grupo AI parece ter tido uma evolução mais estável, tendendo a manter o joelho em
uma postura mais estendida do que o grupo controle, ao longo do tempo. Pode ser
que a prática com o andador tenha contribuído para o fortalecimento da musculatura
anterior da coxa, mantendo essa articulação mais estável ao longo do tempo,
evoluindo mais rapidamente para um padrão de marcha considerado maduro. Já o
grupo controle evoluiu para um padrão mais flexor no final do período de
acompanhamento, principalmente depois de três meses de marcha independente A
análise visual do gráfico de comportamento cinemático da articulação do joelho após
seis meses de marcha independente, em um ciclo da marcha (0 a 100%), nos dois
grupos (ver figura 4), demonstra que, apesar dessas diferenças, ambos os grupos
mostraram um padrão de comportamento dessa articulação similar, evoluindo para
uma marcha considerada mais madura. No início da marcha independente, os
lactentes apresentam diminuição da amplitude dessas curvas
12
, mas espera-se que
o passar dos meses de prática andando sem apoio, a curva cinemática do joelho
demonstre dois picos de flexão
3
: uma menor logo após o contato inicial,
caracterizando a sub-fase de recepção da carga, seguida de extensão na sub-fase
do médio apoio; e uma segunda curva no início da fase de balanço, demonstrando o
pico máximo de flexão do joelho (em torno de 69º no lactente, com menos de seis
meses de experiência andando; e 62º no adulto)
13
. Possivelmente, tais diferenças
entre grupos possam apenas demonstrar uma evolução mais rápida do grupo AI,
sem representar efeitos negativos do uso desse equipamento para essa articulação.
Inserir figura 4
64
A velocidade da marcha (VM) também apresentou efeito tempo e diferença
significativa entre grupos. Ambos os grupos demonstraram um aumento da
velocidade da marcha conforme esperado na evolução dessa variável com o
amadurecimento do padrão de marcha
7,12
. Para caracterizarmos uma marcha mais
madura, associa-se o aumento da velocidade da marcha, ao aumento do
comprimento do passo, aumento do tempo de apoio simples e diminuição do tempo
de apoio duplo e da base de suporte
18,47
. Além disso, conforme a velocidade
aumenta, observa-se uma diminuição da cadência
3,7,18
. Apesar de ambos os grupos
aumentarem a VM com o tempo, o grupo controle apresentou uma maior velocidade
da marcha do que o grupo AI principalmente depois de três meses de marcha
independente. Como o aumento do comprimento do ciclo da marcha não foi
diferente entre grupos, fica difícil afirmar que o aumento da velocidade no grupo C é
indicativo de uma marcha mais madura desse grupo, uma vez que o grupo AI
também apresentou aumento da velocidade e do comprimento do ciclo da
marcha.Possivelmente, as diferenças entre grupos pode ter sido atribuída a
dificuldade de controle da velocidade da marcha, em lactentes em fase de aquisição
dessa habilidade, já que a mesma pode ter sido influenciada por motivações
diferentes para cada lactente. Diferentemente dos resultados anteriores, o tempo da
fase de balanço (TFB) demonstrou efeito grupo, mas não efeito tempo. Espera-se
que com a evolução da marcha, o TFB aumente com o tempo
12
. Esse
comportamento pode ser observado visualmente na curva do grupo AI (figura 2),
contribuindo para caracterização de um padrão mais maduro de marcha nesse
grupo. Pode-se associar o aumento da fase de balanço de uma perna, nesse estudo
representando o membro inferior direito, a um aumento do tempo de apoio simples
da perna contra-lateral, conforme esperado com os meses de prática andando,
demonstrando maior estabilidade da marcha e um padrão mais maduro
7,18
. Já o
grupo C, manteve esse tempo mais constante, não demonstrando mudanças
significativas ao longo do tempo. A segunda hipótese do estudo foi negada, porém
as diferenças entre grupos encontrados nas variáveis cinemáticas da marcha
analisadas nesse estudo não caracterizam efeitos negativos na marcha do grupo AI.
Importante ressaltar que o tempo de acompanhamento do estudo não permite
a caracterização de um padrão de marcha considerado maduro, geralmente
apresentado aos quatro anos de idade
3
. Porém, os primeiros seis meses pós-
aquisição da marcha parecem refletir uma fase de rápida evolução nos parâmetros
65
cinemáticos da marcha
12,13,21
, confirmada e evidenciada pelas mudanças
observadas em algumas das variáveis investigadas nesse estudo.
Uma característica, e possível limitação, desse estudo foi o tempo de uso do
andador inferior à uma hora por dia, conforme relato dos pais nos diários entregues
para registro. Esse tempo tem sido relatado na literatura como pouco tempo de
uso
31,34,35
, porém correspondeu à opção dos pais participantes desse estudo, em
sua maioria de classe sócio-econômica média-alta, sobre a forma de utilização
desse equipamento de acordo com sua disponibilidade e interesse. Recentemente,
esse foi o mesmo período de tempo usado em outro estudo publicado no Brasil
35
,
possivelmente ilustrando a forma de utilização desse equipamento na rotina diária
nesse país. Não podemos generalizar os resultados encontrados para casos em que
o andador é utilizado por períodos maiores do dia, e para práticas com o uso desse
equipamento em famílias de nível sócio-econômico baixo. Outra informação obtida
pelo registro dos diários e ligações semanais foi a ocorrência de quedas com três
lactentes participantes do estudo. Nenhum dos acidentes foi grave, e os pais
admitem que ocorreu por descuido/falta de atenção, não modificando a opinião deles
em continuar usando o equipamento. No início do estudo e nessa ocasião, os pais
foram orientados a redobrarem a atenção com o uso do andador. A ocorrência de
quedas no grupo controle não foi documentada.
Os resultados desse estudo demonstram que não há atraso na idade de
aquisição da marcha e nem efeitos negativos nas variáveis cinemáticas
investigadas, por um período de seis meses após a aquisição desse marco motor.
As diferenças entre grupos encontradas não parecem representar ausência de
maturação do padrão de marcha. Apesar de ser um equipamento frequentemente
condenado por profissionais da área da saúde, os resultados desse estudo não dão
suporte às afirmações disponibilizadas por profissionais da área da saúde sobre os
efeitos do uso do andador infantil na aquisição da marcha independente em
lactentes com desenvolvimento normal. Esses resultados podem contribuir para
mudanças na tomada de decisões clínicas quanto à indicação do uso desse
equipamento. Os pais que optarem por usar esse equipamento com seus filhos
devem ser informados sobre a ausência de efeitos negativos do uso do andador na
marcha, quando esse uso acontece por períodos inferiores a uma hora por dia.
66
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG) pelo financiamento do Projeto “Efeitos do uso do voador na aquisição de
marcha em lactentes com desenvolvimento normal”, o qual originou o presente
estudo (Edital Universal 15/2007 processo nº 473788/2007-1 e CDS – Programa
Pesquisador Mineiro processo nº 00185-08). Agradecemos os pais e lactentes
participantes do estudo por colaborarem com todas as coletas de dados agendadas.
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47. Angulo-Barroso RM, Wu J, Ulrich DA. Long-term effect of different treadmill
interventions on gait development in new walkers with Down syndrome. Gait
Posture. 2008 Feb;27(2):231-8.
70
Tabela 1: Características descritivas os participantes do estudo, em relação à idade
e escore bruto obtido no teste Alberta Infant Motor Scale (AIMS) no momento de
inclusão do estudo, sexo e nível sócio-econômico (NSE), segundo a ABEP
.
Grupos Controle Andador Infantil valor p***
Idade na inclusão do
estudo (dias)*
299,43 (45,57) 284,81 (29,85) 0,291
Escore AIMS* 43,80 (6,61) 42,73 (6,81) 0,702
Sexo** Feminino 7 8 0,723
Masculino 9 8
NSE** A1 1 2 0,577
A2 11 7
B1 2 4
B2 2 2
C1 0 1
Legenda: * Os números indicam valor médio obtido e entre parênteses, desvio padrão; ** Os números
indicam a frequência de participantes em cada classificação obtida. *** p0,05.
ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa.
71
Tabela 2: Medidas antropométricas dos participantes do estudo, em cada grupo (Andador Infantil = AI, e Controle = C), ao longo
das sete avaliações longitudinais.
GRUPOS
PESO (kg) ALTURA (cm) MEMBRO INFERIOR DIREITO (cm)
AI C p* AI C p AI C p
M
E
S
E
S
0 10,07 (1,45) 10,04 (1,00) 0,955 75,55 (3,00) 75,50 (2,58) 0,960 33,50 (1,77) 33,16 (1,21) 0,526
1 9,99 (1,21) 10,20 (1,31) 0,647
76,35 (2,91) 76,56 (2,59)
0,828 33,67 (1,85)
33,88 (1,19)
0,710
2 10,80 (1,69)
10,48 (1,28)
0,549
78,03 (3,15) 77,84 (2,84)
0,861
34,94 (1,83) 34,56 (1,40)
0,521
3 10,90 (1,70)
10,74 (1,30)
0,751 79,20 (3,05)
79,25 (2,90)
0,962
35,53 (1,61) 35,56 (1,44)
0,954
4 11,33 (1,73) 10,89 (1,38) 0,442 80,49 (3,81) 80,19 (2,96) 0,809 36,28 (1,76) 36,23 (1,45) 0,330
5 11,54 (1,79) 11,27 (1,19) 0,621 81,66 (3,87) 81,38 (2,94) 0,819 37,34 (1,90) 36,88 (1,49) 0,444
6 11,73 (1,73) 11,50 (1,42) 0,679 82,88 (3,65) 82,22 (2,92) 0,579 38,06 (1,64) 37,22 (1,64) 0,157
: Os valores apresentados referem-se a média aritmética bruta de cada variável nas sete avaliações. Entre parênteses estão descritos os desvios padrões
de cada variável em cada semana. *nível de significância: p0,05.
72
Tabela 3: Valores da extração do primeiro componente principal (PC1) das variáveis cinemáticas dos deslocamentos angulares
(valores máximos, mínimos e médios) por cada articulação e plano de movimento analisado.
Primeiro Componente Principal (PC1)
Escore TS Escore HF Escore HS Escore KS Escore PS Escore PF
variáveis PC1 variáveis PC1 variáveis PC1 variáveis PC1 variáveis PC1 variáveis PC1
MDF 0,966 MAB 0,914 MFQ 0,948 MFJ 0,885 MAP 0,984 MDLD 0,996
MPF 0,951 MAD 0,915 MEQ 0,953 MEJ 0,834 MRP 0,982 MDLE 0,996
MDPF 0,993 MABAD 0,996 MFEQ 0,994 MFEJ 0,984 MARP 0,955
Legenda: máxima dorsi-flexão (MDF); máxima planti-flexão (MPF); valor médio da dorsi e planti-flexão (MDPF); máxima abdução (MAB); máxima adução
(MAD); valor médio da abdução-adução do quadril (MABAD); máxima flexão de quadril (MFQ); máxima extensão de quadril (MEQ); valor médio da flexão e
extensão do quadril (MFEQ); máxima flexão de joelho (MFJ); máxima extensão de joelho (MEJ); valor médio da flexão e extensão do joelho (MFEJ); máxima
anteversão (MAP); máxima retroversão (MRP); valor médio da ante e retroversão da pelve (MARP); máximo deslocamento lateral para direita (MDLD);
máximo deslocamento lateral para esquerda (MDLE).
73
Tabela 4: Resultados encontrados na análise de regressão hierárquica dos componentes principais dos escores agrupados dos
deslocamentos angulares (valores máximos, mínimos e médios) das variáveis cinemáticas, e das variáveis temporo-espaciais.
Variáveis
dependentes
1º modelo
MODELO NULO (partição da variância)
2º modelo
EFEITO GRUPO e TEMPO
Variância
entre lactentes
Variância
entre medidas
Variância
total
Efeito
entre lactentes
Efeito
medidas
Valor p*
(entre lactentes)
Valor p
(grupo)
Valor p
(tempo)
Escore TS 0,305 0,720 1,025 29,76% 70,24% < 0,001 0,589 0,582
Escore QF 0,196 0,869 1,065 18,40% 81,60% < 0,001 0,937 0,001*
Escore QS 0,146 0,845 0,991 14,73% 85,27% < 0,001 0,176 0,712
Escore JS 0,168 0,835 1,003 16,75% 83,25% < 0,001 0,051* 0,001*
Escore PS 0,184 0,815 0,999 18,42% 81,58% < 0,001 0,376 0,631
Escore PF 0,018 0,973 0,991 1,82% 98,18% 0,285 - 0,106
VM 0,004 0,057 0,061 6,56% 93,44% 0,028 0,009* < 0,001*
CCM 0,00070 0,01003 0,01073 6,52% 93,48% 0,041 0,179 < 0,001*
TFA 0,00057 0,01550 0,01607 3,55% 96,45% 0,157 - < 0,001*
TFB 0,00021 0,00062 0,00083 25,30% 74,70% 0,000 0,023* 0,241
Legenda: var=variância; A=amplitude; P=pelve; Q= quadril; J=joelho; T=tornozelo; S=sagital; F=frontal; velocidade da marcha (VM), comprimento do ciclo da
marcha (CCM), tempo da fase de apoio (TFA), e tempo da fase de balanço (TFB); * p<0,05, nível de significância.
74
Figura 1: Proporção de variância total para cada componente principal (PC1, PC2, e
PC3) para o conjunto dos seis escores com o agrupamento das variáveis
cinemáticas da marcha por articulação e plano de movimento.
* Legenda: P=pelve; Q= quadril; J=joelho; T=tornozelo; S=sagital; F=frontal.
75
a) b)
c)
d)
e) f)
Figura 2: Gráficos ilustrativos das mudanças ao longo dos seis meses de acompanhamento dos
escores agrupados dos deslocamentos angulares das variáveis cinemáticas de marcha: a) Escore
TS: sem efeito grupo e tempo (p>0,05); b) Escore QF: sem efeito grupo (p=0,937) e efeito tempo
(p<0,001); c) Escore QS: sem efeito grupo e tempo (p>0,05); d) Escore JS: efeito grupo (p=0,051) e
efeito tempo (p<0,001); e) Escore PS: sem efeito grupo e tempo (p>0,05); e f) Escore PF: sem efeito
tempo.
76
a) b)
c)
d)
Figura 3: Gráficos ilustrativos das mudanças ao longo dos seis meses de acompanhamento das
variáveis temporo-espaciais da marcha: a) Velocidade da marcha: efeito grupo e tempo (p<0,05); b)
Comprimento do ciclo da marcha: sem efeito grupo (p=0,179) e efeito tempo (p<0,001); c) Tempo
fase de apoio: efeito tempo (p<0,001); e d) Tempo da fase de balanço: efeito grupo (p=0,023) e sem
efeito tempo (p>0,05).
77
Figura 4: Gráfico ilustrativo da curva cinemática do joelho, após seis meses de
marcha independente. A linha contínua representa a curva do grupo controle (C), e a
linha tracejada representa a curva do grupo andador infantil (AI). Linhas verticais
ilustram a primeira e segunda curvas de flexão máximas do joelho. Na segunda
curva, os valores médios máximos (DP) de flexão encontrados em cada um dos
grupos.
78
3.2 – ARTIGO 2
Artigo a ser submetido para o periódico Child Development
Experiência prévia de locomoção com andador infantil melhora desempenho
de lactentes para subir rampas pós-aquisição da marcha independente?
Previous experience in locomotion with baby walker improve de performance
of toddlers to climb slopes after independent gait onset?
Chagas PSC (1), Mancini MC (2), Silva PLP (3), Ocarino JM (4), Fonseca ST (3)
(1) Department of Physical Therapy, Faculty of Physical Therapy, Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), Brazil
(2) Department of Occupational Therapy, Universidade Federal de Minas Gerais
State (UFMG), Belo Horizonte, Brazil
(3) Department of Physical Therapy, Universidade Federal de Minas Gerais State
(UFMG), Belo Horizonte, Brazil
(4) Centro Universitário de Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais
Corresponding Author: Marisa Cotta Mancini, Graduate Program in Rehabilitation
Sciences, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
Universidade Federal de Minas Gerais, Colegiado de Pós-Graduação em Ciências
da Reabilitação Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
Cep: 31270-901, Belo Horizonte – MG, BRASIL, Fone: 55 31 3409-4781. e-mail:
Original article
Financial support: CNPq, CAPES and FAPEMIG
79
RESUMO
O objetivo do estudo foi investigar se lactentes em fase de aquisição da marcha
independente, que praticaram atividades com o uso do andador infantil na fase pré-
aquisição, apresentam melhor habilidade para subir rampas, comparados com
lactentes que não foram expostos a essa experiência. Uma amostra de 32 lactentes
concluíram esse estudo (16=grupo andador infantil; 16=grupo controle). A tarefa de
subir rampas de diferentes inclinações foi realizada na semana de início da marcha,
e mensalmente até seis meses pós-aquisição. Os dados foram analisados de acordo
com a percepção considerada bem sucedida de subir a rampa (razão de sucessos-
RS), pela inclinação máxima de subida (ângulos) e pelo número de vezes que o
lactente tentou subir a rampa (razão de tentativas-RT). Os resultados demonstraram
que não houve diferenças entre os grupos, e os participantes apresentaram
evolução ao longo do tempo (efeito tempo) na RS e nos ângulos. Esse estudo
reforça a especificidade do desenvolvimento de habilidades locomotoras,
demonstrando que a experiência com a prática da marcha independente parece
contribuir para o melhor desempenho na tarefa de subir rampas de diferentes
inclinações.
Palavras-chave: marcha, andador infantil, percepção, rampas, prática, lactentes.
80
ABSTRACT
The aim of this study was to investigate if practical experience with the use of baby
walker previous to gait acquisition, proportionate to toddlers better ability to climb
slopes, compared to toddlers that were not exposed to this experience. 32 toddlers
concluded this study (16=baby walker group; 16=control group). The task to climb
slopes with different angles was performed at the week of gait acquisition and
monthly until six months after gait onset. The data was analyzed according to the
perception of success to climb slopes (success ratio-SR), by the maximal degree
able to climb (angles) and by the number of trials that the toddler tried to climb (go
ratio-GR). The results did not show differences between groups, and the participants
showed changes across time (time effect) in the SR and degrees. This study
supports the specificity of the development of locomotor abilities, showing that the
experience of independent walking seem to be an important factor that contributes to
a better performance in the task to climb slopes of different angles.
Key-words: gait, baby walker, perception, slopes, practice, toddlers.
81
INTRODUÇÃO
A aquisição da marcha independente é um dos marcos percepto-motores
mais almejados pelos pais e talvez o acontecimento mais marcante dos primeiros
anos de vida (Gibson & Pick, 2000). Além disso, é uma das habilidades motoras da
infância mais estudadas na literatura científica (Adolph, Vereijken, & Shrout, 2003;
Hallemans, De, & Aerts, 2006; Ivanenko, Dominici, & Lacquaniti, 2007). A postura de
pé e a marcha possibilitam inúmeras vantagens, incluindo uma visão mais elevada e
ampliada do ambiente e liberação dos membros superiores para manipulação de
objetos (Ivanenko et al., 2007). A marcha independente é imprescindível para que a
criança possa explorar a estrutura arquitetônica do ambiente, descobrir suas
possibilidades de ação e conhecer sobre a estrutura do ambiente ao seu redor
(Gibson & Pick, 2000).
Enquanto a marcha apresenta-se como atividade relativamente simples para
adultos, lactentes buscam com dificuldade soluções eficazes para coordenar essa
atividade extremamente complexa, com todos os inúmeros componentes motores e
perceptuais envolvidos na tarefa de manter-se de pé, e ao mesmo tempo se
deslocar de algum local para outro no ambiente (Clark & Phillips, 1993). Durante o
período de aquisição da marcha, lactentes exploram diversas estratégias motoras
para (1) realizar a propulsão anterior do centro de massa enquanto o corpo é
sustentado por apenas um dos membros inferiores, e (2) manter o corpo em
equilíbrio, especialmente durante o apoio unipodal (Clark & Phillips, 1993). Os
parâmetros da marcha se modificam sistematicamente até os quatro anos de idade
(Sutherland, 1997), quando a criança aproxima-se do padrão de marcha
considerado maduro. As mudanças no padrão e nos mecanismos que suportam uma
82
marcha estável parecem ser mais marcantes nos primeiros seis meses pós-
aquisição da marcha independente (Ivanenko et al., 2007).
A aquisição da marcha independente, no entanto, não se resume ao
desenvolvimento de estratégias motoras eficientes. Esta atividade requer também a
modulação dos padrões motores de acordo com as propriedades do ambiente (i.e.
diferentes tipos de piso, inclinações, buracos, corredores) e do corpo, que nesta fase
encontra-se em constante mudança. Portanto, a habilidade de se locomover de
forma independente envolve necessariamente a exploração dos recursos
neuromusculoesqueléticos disponíveis para adequação da capacidade da criança às
possibilidades de ação e demandas do contexto no qual esta atividade é
desenvolvida (Thelen, 1983; Adolph, Eppler, & Gibson, 1993).
Diversos estudos têm identificado ajustes nas estratégias motoras frente a
modificações induzidas nos recursos corporais das crianças e na estrutura do
terreno em que as crianças iram deambular durante a fase de aquisição da marcha.
Por exemplo, quando mochilas com pesos foram adicionadas ao corpo das crianças
e estas solicitadas a descer rampas de diferentes inclinações, observou-se que a
inclinação máxima que a criança tentava descer era significativamente menor
quando estava com a mochila (Adolph & Avolio, 2000; Adolph & Eppler, 2002;
Adolph et al., 2003). Outros estudos investigaram os ajustes nas estratégias motoras
utilizadas por crianças durante a locomoção sobre rampas de diferentes inclinações
durante a aquisição da marcha independente. Quando a criança julgava que a
inclinação apresentada era maior do que a sua capacidade de descer na postura de
pé, a criança optava por outra forma de locomoção (i.e. engatinhando, arrastando de
bumbum) ou se recusava a realizar a tarefa (Adolph, Eppler, & Gibson, 1993;
Adolph, 1997; Adolph & Eppler, 1998). Estes estudos demonstraram que a marcha
83
não se resume a uma atividade estritamente motora. Ao contrário, a escolha por
estratégias motoras alternativas frente a situações de mudanças na estrutura
corporal ou desníveis ambientais demonstram que as crianças percebem que novas
possibilidades de ação devam ser implementadas. As mudanças na tarefa de andar
independentemente, ilustrada por esses estudos (Adolph & Avolio, 2000; Adolph &
Eppler, 2002; Adolph et al., 2003), demonstram que existe um componente
perceptual que permite ao lactente adaptar suas ações locomotoras a um novo
contexto.
A literatura aponta para três fatores que parecem interferir no desempenho da
marcha. Alguns autores sugerem que a maturação neural que ocorre nos primeiros
dois anos de vida pode levar ao refinamento de estratégias motoras por aumentarem
a eficiência e a velocidade com que a informação perceptual e sinais motores são
integrados (Adolph et al., 2003; Zelazo, 1998). Outro fator são as mudanças nas
estruturas musculoesqueléticas que ocorrem com o crescimento (Adolph et al.,
2003). Particularmente relevantes neste contexto são as mudanças na razão massa
muscular/gordura corporal, que podem afetar a capacidade de propulsão dos
membros inferiores e de suporte do peso corporal contra a gravidade, permitindo
ajustes mais eficientes às demandas do contexto (Adolph et al., 2003; Thelen &
Fisher, 1982). De fato, estudos sugerem que quanto maior esta razão, melhor o
desempenho na marcha (Adolph & Avolio, 2000; Schmuckler, 1993).
Além da maturação neural e do crescimento, a experiência com o andar
parece afetar diretamente o ritmo de aquisição e a proficiência da criança nesta
atividade. Por exemplo, mães africanas ensinaram e treinaram seus filhos na
aquisição de marcos do desenvolvimento infantil, como sentar e andar, resultando
na emergência precoce dos mesmos, quando comparadas com lactentes
84
americanos de mesma idade que não recebem estimulação em casa (Super, 1976).
Bebês americanos que receberam prática diária em posturas de pé (i.e.; stepping
response), mantiveram esse padrão motor por mais tempo (Zelazo, Zelazo, & Kolb,
1972; Zelazo, Zelazo, Cohen, & Zelazo, 1993) e andaram mais cedo quando
comparadas com lactentes que não receberam prática (Zelazo et al., 1972). Um
estudo que avaliou 210 lactentes em fase de aquisição da marcha, sendo 45
lactentes acompanhados longitudinalmente, demonstrou que após controlar os
efeitos das mudanças antropométricas e da idade, a experiência/prática de andar
explicou um adicional de 19 a 26% da variância na melhora da habilidade da marcha
independente (Adolph et al., 2003). Além disso, os efeitos da maturação neural e do
crescimento corporal deixaram de ser significativos, após ser considerado o efeito da
experiência com esta atividade. Este estudo sugere que a otimização dos recursos
neuromusculares via maturação e crescimento corporal não é suficiente para
explicar os ganhos no desempenho da marcha observados no desenvolvimento
(Adolph et al., 2003). Parece que a prática é necessária para viabilizar a utilização
destes recursos de maneira condizente com as demandas da locomoção.
O papel central da experiência na aquisição da marcha independente é
consistente com abordagens teóricas que enfocam a relevância da informação
ambiental para a emergência de habilidades motoras (Gibson & Pick, 2000; Gibson
& Schmuckler, 1989; Adolph et al., 1993). De acordo com Eleanor Gibson (Gibson &
Pick, 2000), a sensibilização da criança às informações necessárias para a
regulação da ação não é uma simples função da maturação neural. Ao contrário, a
criança, através de atividades exploratórias, aprende a extrair do ambiente as
informações relevantes para a organização das estratégias motoras que suportam
suas atividades (Gibson & Pick, 2000).
85
No desenvolvimento da marcha independente, a informação visual suporta
minimamente duas funções centrais: (1) localização dos recursos ambientais
disponíveis para serem explorados e locomoção em direção a estes recursos, e (2)
manutenção do equilíbrio (Gibson & Schmuckler, 1989). Existem evidências de que
o fluxo de estimulação visual (fluxo óptico) gerado pelos movimentos corporais
contém informação para suportar ambas as funções (Stoffregen, 1985; Stoffregen,
Schmuckler, & Gibson, 1987) e que crianças em desenvolvimento aprendem a
extrair esta informação. Especificamente, a direção para a qual uma criança caminha
é especificada pelo foco do fluxo óptico radial (i.e. centro do campo visual) gerado
por esta atividade. Por outro lado, deformações do fluxo óptico na periferia do campo
visual especificam modificações na postura ou perda de equilíbrio (Gibson &
Schmuckler, 1989).
Estudos que manipularam o fluxo óptico em uma sala com paredes móveis
disponibilizaram evidências de que, com o desenvolvimento, crianças aprendem a
diferenciar a utilidade do fluxo central (induzido por oscilações da parede anterior) e
periférico (induzido por oscilações das paredes laterais) no controle de suas ações
(Stoffregen, 1985; Stoffregen et al., 1987; Barela, Jeka, & Clark, 2003; Godoi &
Barela, 2008).Lactentes até os dois anos de idade fazem ajustes posturais em
resposta a modificações no fluxo óptico central, tanto durante a manutenção da
postura ortostática quanto durante a marcha. Por outro lado, os ajustes posturais de
crianças com mais de dois anos e de adultos são primariamente afetados pelas
características estruturais do fluxo periférico para manutenção do equilíbrio na
postura de pé (Stoffregen, 1985; Stoffregen et al., 1987). Estudos indicam que essas
mudanças na percepção dos fluxos óticos centrais e periféricos são dependentes da
idade (Godoi & Barela, 2008) e que crianças com seis anos de idade parecem já ter
86
desenvolvido adequadamente a integração entre os ajustes posturais e a informação
percebida pela movimentação da sala (Barela et al., 2003). Portanto, a prática do
andar durante os primeiros meses de marcha independente parece resultar em
acoplamentos mais refinados entre informação ambiental e estratégias motoras que
possivelmente resultam em ganhos no desempenho (Gibson & Schmuckler, 1989).
A aprendizagem perceptual parece ser específica à tarefa e à forma de
locomoção utilizada para realizá-la (Adolph & Eppler, 1998; Adolph, 1997). O ganho
de capacidade perceptual relevante para lidar com diferentes inclinações de rampas
durante a locomoção em quatro apoios não é necessariamente transferido para a
locomoção bípede (Adolph, Vereijken, & Denny, 1998; Adolph, 1997). Adolph (1997)
acompanhou 15 lactentes, a cada três semanas, desde a aquisição do engatinhar
até 13 semanas após a aquisição da marcha independente. A tarefa proposta para
os lactentes era a de subir e descer diferentes inclinações de uma rampa, e avaliar
como os lactentes lidavam com variações nesta demanda ambiental: se as crianças
decidiam ou não executar a tarefa, e a forma como a tarefa era executada. Os
resultados do estudo demonstraram que o ganho de habilidade perceptual na
postura de gato não é transferido para a postura ortostática. Em outras palavras, a
maior capacidade das crianças para adequar suas ações à altura da rampa durante
a locomoção em quatro apoios não foi automaticamente transformada em maior
capacidade para regulação da locomoção bípede frente ao mesmo desafio
ambiental (Adolph, 1997). Estes resultados sugerem que atividades realizadas na
posição ortostática (antes da aquisição da marcha independente) podem favorecer o
ganho de habilidades percepto-motoras que se traduzirão em uma adaptação mais
rápida a variações do contexto durante a fase de aquisição da marcha. Esta
possibilidade será investigada no presente estudo.
87
A prática precoce da locomoção na posição de pé pode ser realizada através
do uso do andador infantil, equipamento frequentemente utilizado no período
anterior a aquisição da marcha independente (Bar-on ME, Boyle, & Endriss, 1998;
Dogan, Bilici, Yilmaz, Catal, & Keles, 2009). O uso do andador infantil pode
promover a exploração do ambiente na postura ortostática e, consequentemente,
favorecer a diferenciação de informações no fluxo óptico para a regulação da
marcha, durante um período no qual a criança não seria capaz de se locomover
nesta postura. Apesar disso, a especificidade do ganho de habilidades percepto-
motores pode estar associado ao tipo de demanda imposta pela locomoção em pé,
que pode ser distinta a presença de apoio ou não para execução da tarefa de andar
independente. O objetivo do presente estudo foi investigar se lactentes em fase de
aquisição da marcha independente, que utilizaram o andador infantil na fase pré-
aquisição apresentariam melhor habilidade para subir rampas, do que lactentes que
não foram expostos a essa mesma condição.
Com base no objetivo indicado acima, a hipótese científica do estudo foi que
lactentes que usaram o andador infantil conseguiriam subir rampas de maiores
inclinações e com maior sucesso, comparados com lactentes que não usaram o
andador infantil, no momento de aquisição da marcha independente e tal diferença
desapareceria durante o período de seis meses pós-aquisição
METODOLOGIA:
Participantes:
Nesse estudo longitudinal exploratório, participaram 32 lactentes, sendo 16 do
grupo exposto ao andador infantil (AI=andador infantil) e 16 do grupo não-exposto
(C=controle). Os pais, que na visita de rotina ao pediatra, optaram por usar o
88
andador infantil no período anterior à aquisição da marcha ou relataram estar
fazendo uso do equipamento, foram convidados a participar do estudo, e seus filhos
foram alocados no grupo AI. Lactentes de mesma faixa etária, mesmo sexo e nível
sócio-econômico da família equivalentes, cujos pais manifestaram que não usariam
o andador infantil, foram alocados no grupo C. Dessa forma, a seleção e alocação
foram por conveniência e não houve indicação quanto ao uso ou não do andador
infantil para nenhum lactente participante desse estudo.
Os critérios de inclusão para participação nesse estudo incluíram nascimento
a termo (idade gestacional superior ou igual a 37 semanas), sem complicações nos
períodos pré, peri e pós-natais, peso ao nascimento superior a 2500 gramas e
desenvolvimento motor adequado entre oito e 10 meses de idade. O
desenvolvimento motor foi considerado normal quando uma pontuação igual ou
superior ao percentil 10 foi obtida na escala de avaliação motora Alberta Infant Motor
Scale - AIMS (Piper & Darrah, 1994). Os lactentes não podiam estar fazendo uso
sistemático de medicação, nem podiam apresentar distúrbios sensoriais (visuais
e/ou auditivos). O nível sócio-econômico das famílias foi definido pelo Critério de
Classificação Econômica Brasil 2008, proposto pela Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisa – ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa,
2008).
Antes dos lactentes serem incluídos neste estudo, seus pais ou responsáveis
foram informados sobre os objetivos e procedimentos do mesmo e solicitados a
assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido para a participação
voluntária de seu(ua) filho(a). Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 24 de março de
2008 (parecer ETIC nº 609/07).
89
Instrumentação:
Avaliação do desempenho para subir rampas de diferentes inclinações
Uma rampa de madeira adaptada com uma passarela foi construída para este
estudo com o objetivo de avaliar o desempenho dos lactentes dos dois grupos na
tarefa de deambulação para subir rampas de diferentes inclinações. A passarela tem
duas plataformas e uma rampa inclinável, conectadas por dobradiças (figura 1). A
altura da plataforma localizada no início da passarela poderia ser ajustada (de 75,3
cm até 27 cm), por meio de uma manivela, como utilizada em camas de hospitais, de
forma a produzir inclinações na rampa de 0º até 34º, com incrementos de 2º. Postes
de madeira nas quinas da plataforma proporcionaram possibilidade de suporte
manual para a criança antes e no final da travessia e redes de segurança esticadas
lateralmente na passarela asseguraram segurança. Toda a passarela foi forrada com
um carpete macio de EVA para promover tração e acolchoamento em caso de
quedas.
Inserir figura 1
Procedimento:
As avaliações dos lactentes na tarefa de subir rampas foram realizadas no
Laboratório de Atividade e Desenvolvimento Infantil (LADIN), da Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG.
A partir da identificação dos lactentes que estavam em uso ou não do
andador infantil, as famílias receberam uma visita domiciliar para explicar os
objetivos e procedimentos do estudo. Nesta visita, os pais assinaram o termo de
consentimento e foi realizada a avaliação do lactente com o teste AIMS (Piper &
Darrah, 1994), para identificar se o desenvolvimento motor estava adequado para a
90
idade. Foi entregue aos pais do grupo AI uma ficha para registro do tempo de uso
diário do andador infantil, bem como registros de informações ou comentários a
cerca desta prática (i.e., atividades realizadas, satisfação do lactente, possíveis
quedas). Após essa visita foi mantido contato semanal com os pais ou cuidadores
para determinação do momento exato de início da marcha independente,
caracterizada pela habilidade de dar cinco passos de forma independente (Okamoto
& Okamoto, 2001; Piper & Darrah, 1994).
Na semana de aquisição da marcha independente, uma visita ao laboratório
foi agendada. Para a coleta de dados foi utilizada uma adaptação do protocolo
descrito por Adolph (Adolph, 1997). O lactente foi colocado na posição de pé no
início da passarela (i.e. sobre a primeira plataforma), com a rampa pré-definida em
0
o
de inclinação. A mãe da criança ou seu cuidador encontrava-se no final da
segunda plataforma, com brinquedos, e estimulava a criança a caminhar em sua
direção. Dois auxiliares de pesquisa ficavam ao lado da rampa para que, caso o
lactente caísse, os mesmos pudessem garantir sua segurança.
O desempenho dos lactentes na tarefa de subir rampas de diferentes
inclinações foi mensurado em três categorias que representavam sucesso (S),
recusa (R) ou falha (F). O desfecho principal foi documentado da seguinte forma: foi
atribuído S (sucesso) se a criança subiu a rampa andando sem apoio, R (recusa) foi
dado para a criança que se recusou a subir andando sem apoio, e F (falha) foi
atribuído para as crianças que tiveram queda ao tentar subir a rampa andando sem
apoio. Os lactentes de ambos os grupos (AI e C) foram avaliados no início da
marcha independente e ao longo dos seis meses pós-aquisição da marcha,
totalizando ao todo sete avaliações por lactente.
91
Inicialmente, todas as crianças foram avaliadas com zero grau de inclinação
da rampa. Em seguida, a primeira inclinação de subida para todos os lactentes foi
estabelecida em 6º, tendo incrementos de 6º a cada sucesso. A cada falha ou
recusa na inclinação apresentada, a rampa retornava 4
o
para que uma inclinação
menor fosse experimentada. A definição da inclinação máxima possível de ser
atravessada com sucesso por cada lactente, a cada dia de coleta, foi definida
quando o mesmo apresentou uma falha ou recusa em inclinação de 2
o
acima da
inclinação máxima alcançada com êxito na tarefa de subir a rampa.
Uma filmadora DVD Sony
®
DCR-DVD405, colocada perpendicularmente a
rampa, documentou o tempo gasto, o limite máximo em graus alcançado por cada
lactente a cada mês de avaliação, bem como a adequação de sua ação (i.e. S, F ou
R). Além do registro com a filmadora, o desempenho dos lactentes durante a coleta
os dados foram anotados manualmente em uma folha de papel para posterior
análise. Foi estabelecido um tempo máximo de 60 segundos para as tentativas em
cada inclinação da rampa. A coleta dos dados na rampa teve duração de cerca de
20 minutos.
Transformação e análise dos dados
A amostra foi descrita de acordo com as variáveis: idade de inclusão no
estudo, escore total no teste AIMS, sexo e nível socioeconômico. Para testar a
equivalência entre grupos, as variáveis numéricas foram analisadas com teste-t de
Student, e o teste Qui-quadrado foi utilizado para testar associação entre as
variáveis categóricas. O tempo de uso do andador infantil foi descrito com medidas
de tendência central para caracterização do tempo de prática de locomoção na
postura de pé com apoio vivenciado pelos lactentes do grupo AI.
92
Para permitir a comparação entre grupos no desempenho da tarefa de subir
rampas, foi realizado o cálculo de duas razões percentuais: razão de tentativas e
razão de sucessos. A razão de tentativas (RT), em cada dia de coleta, foi obtida pela
razão entre o número de sucessos (S), mais as falhas (F) pelo número total de
tentativas (RT=[(S+F)/(S+R+F)] x100) Já a razão de sucessos (RS), estabelecida
pelos comportamentos considerados como bem sucedidos, em um dia de coleta, foi
obtida pela soma de todos os sucessos (S) obtidos, mais as recusas (R), pelo
número total de tentativas (RS=[(S+R)/(S+R+F)] x100). Além desses cálculos, a
inclinação máxima em graus (ângulos) obtida por cada lactente a cada dia de coleta
também foi comparada entre grupos.
Para testar a normalidade dos dados, foi aplicado o teste Shapiro-Wilk. Como
os dados não apresentaram distribuição normal, optou-se por usar o teste de Mann-
Whitney U para comparação entre grupos independentes, nos diferentes meses de
coletas de dados, e o teste de Friedman para analisar as diferenças ao longo do
tempo. No caso de resultados significativos, a identificação das diferenças bivariadas
foi testada com o teste de Wilcoxon, com correções de Bonferroni para ajustar o
nível de significância de acordo como número de comparações realizadas. Estes
testes foram utilizados para avaliar os efeitos nas variáveis dependentes: razão de
tentativas, razão de sucessos e ângulos.
Um modelo de regressão hierárquica para dados longitudinais foi utilizado
para analisar a partição de variância nos componentes intra-lactentes (entre
medidas) e entre lactentes, das variáveis dependentes do estudo. Uma vez
identificados efeitos significativos da partição de variância entre lactentes, um
segundo modelo foi aplicado para verificar se essas diferenças poderiam ser
atribuídas a diferenças entre grupos (efeito grupo) e para verificar se os efeitos
93
observados intra-lactentes poderiam ser atribuídos a mudanças ao longo do tempo
(efeito tempo).
Na variável razão de sucessos, a diferença entre os valores médios de todos
os lactentes obtidos na última coleta (seis meses pós-aquisição) e na primeira
(aquisição) foi calculada, para caracterizar o ganho obtido nessa razão ao longo do
tempo. O valor obtido com esse cálculo, em cada grupo, foi comparado com o teste-t
de Student para grupos independentes.
Em todas as análises inferenciais foi considerado um nível de significância
α=0,05. As análises foram realizadas utilizando o pacote Statistical Package for
Social Sciences (SPSS), versão 15.0 (SPSS Inc., 2006) e o programa HLM versão
6.08 para Windows (2000).
RESULTADOS
Os grupos não apresentaram diferença no momento de inclusão do estudo,
em relação à idade, escore bruto obtido no teste AIMS, distribuição de sexo e nível
sócio-econômico. As características descritivas dos 32 participantes, nos seus
respectivos grupos, estão apresentadas na tabela 1.
Inserir tabela 1
Para as análises inferenciais, dois lactentes do grupo AI e um do grupo C
tiveram seus dados interpolados para garantir sua inclusão na análise estatística, já
que faltaram a uma das coletas agendadas. Um lactente faltou na semana de
aquisição da marcha, e os dados obtidos na segunda análise foram considerados
como o desempenho no primeiro dia. Os outros dois lactentes faltaram a um dia
intermediário de coleta (AI=2º dia; C= 6º dia), sendo o seu desempenho nesse dia
definido pela média obtida na coleta anterior e na subsequente. Com base nos
94
diários dos pais, o tempo médio de prática de locomoção na postura de pé com o
uso do andador infantil foi de 44,00 min/dia (DP=29,40).
Não foram observadas diferenças entre grupos nos ângulos (p0,099), nem
na RS (p0,266). Entretanto, ambos os grupos aumentaram significativamente os
valores dessas variáveis durante o tempo de acompanhamento (ângulos: χ
2
=75,596;
p<0,001; χ
2
=70,008; p<0,001; nos grupos C e AI, respectivamente; RS: χ
2
=63,827;
p<0,001; χ
2
=49,399; p<0,001; nos grupos C e AI, respectivamente). Na análise da
RT, não foram observadas diferença entre grupos (p0,176) e nem no efeito tempo
(χ
2
=10,394; p<0,109; χ
2
=3,424; p<0,754; nos grupos C e AI, respectivamente). Os
valores médios, desvio padrão e os valores de p das variáveis dependentes
(ângulos, RT e RS) obtidos ao longo das sete medidas mensais, entre os grupos,
encontram-se na tabela 2. A figura 2 ilustra o comportamento destas variáveis ao
longo do tempo.
Inserir tabela 2 e figura 2
Na comparação bivariada ao longo do tempo, pelo teste de Wilcoxon, com
ajuste do nível de significância (correção de Bonferroni) em 21 vezes, o valor de
significância adotado passou a ser p0,0023. As mudanças significativas observadas
em cada grupo ao longo do tempo nas variáveis ângulos e razão de sucessos estão
demonstradas nas tabelas 3 e 4, respectivamente.
Inserir tabelas 3 e 4
No modelo de regressão hierárquica, foi observado que a partição de
variância obtidas na RT entre medidas (intra-lactentes) foi de 75,64%. A variância
entre lactentes foi significativa (24,36%, p<0,0001), porém não podendo ser atribuída
a diferenças entre grupos (p=0,470). Não foi observado efeito tempo (p=0,739). A
variância entre as medidas (intra-lactentes) obtidas na RS e nos ângulos foi
95
responsável por quase a totalidade da variância na aplicação do 1º modelo (99,92%
e 99,85%, respectivamente). Essa variância pode ser atribuída ao efeito tempo
(p<0,001). Já a variância entre lactentes foi de pequena magnitude e não
significativa (0,08% e 0,15%; respectivamente; p>0,500). Neste caso, não foi
aplicado o 2º modelo para verificar diferenças entre grupos. Estes resultados estão
dispostos na tabela 5.
Inserir tabela 5
A análise dos ganhos obtidos na razão de sucessos (diferença entre o 6º mês
de coleta dos dados e a primeira semana de aquisição de marcha), o resultado do
teste-t não demonstrou diferenças significativas entre os dois grupos (t=1,33;
p=0,193), indicando que não existiu diferenças no ganho de comportamentos bem
sucedidos entre os dois grupos.
DISCUSSÃO
Este estudo acrescenta informações sobre os efeitos do uso do andador
infantil antes a aquisição da marcha independente como meio de disponibilizar
prática de locomoção na postura de pé. Diferentemente do que foi hipotetizado,
lactentes que vivenciaram prática se locomovendo na postura bípede no andador no
período pré-aquisição da marcha, não apresentaram melhor desempenho percepto-
motor na habilidade de subir rampas quando comparados com lactentes que não
foram expostos ao uso do andador. Tais resultados reforçam a importância da
especificidade da prática para promoção de ganho de habilidades percepto-motoras.
As medidas propostas para investigar os efeitos da prática na aquisição da
habilidade de subir rampas mostraram-se adequadas para testar os objetivos
estabelecidos. A razão de sucessos e a medida dos ângulos de inclinação máximos
96
alcançados a cada mês de coleta de dados capturaram a evolução percepto-motora
esperada com o ganho de habilidade para subir rampas andando
independentemente. Os resultados do presente estudo confirmam, portanto, a
pertinência e adequação de tais medidas para avaliar o desfecho de habilidade para
subir rampas, como utilizado por estudos anteriores que testaram o desenvolvimento
dessa mesma habilidade em lactentes em fase de aquisição da locomoção
independente (Adolph et al., 1993; Adolph, 1997; Adolph & Eppler, 1998).
A razão de sucessos utilizada nesse estudo foi uma adaptação do índice
utilizado por Adolph (1997). Enquanto no referido estudo, o índice informava sobre o
número total de sucessos divididos pelo número total de tentativas (Adolph, 1997),
no presente estudo foi considerado como numeradores nessa razão, o número de
vezes que os lactentes subiram com sucesso mais o número de vezes que se
recusaram a subir. Desta forma, no presente estudo, a recusa do lactente em subir a
rampa foi considerada como uma estratégia adequada quando o mesmo percebia
que não conseguiria executar a tarefa de subir a rampa sem apoio ou sem queda.
Dessa forma, a razão de sucessos foi capaz de refletir mais diretamente as
habilidades presentes no repertório do lactente, informando a respeito da percepção
do mesmo sobre a adequação de seu repertório para lidar com os desafios
apresentados pelas diferentes inclinações da rampa. Os ganhos na habilidade para
subir a rampa de pé e sem apoio refletiu em mudanças na razão de sucessos
principalmente nos primeiros três meses de experiência andando
independentemente (tabelas 2 e 4, figura 2). Depois de três meses de prática pós-
aquisição da marcha, os lactentes de ambos os grupos não apresentaram mais
mudanças significativas ao longo do tempo, demonstrando que parecem já serem
capazes de estabelecer com sucesso suas possibilidades de ação frente ao desafio
97
ambiental apresentado. Provavelmente, depois desse período inicial de prática, os
lactentes já conseguem extrair informações do fluxo óptico que permitem a eles
perceberem inclinações possíveis de serem subidas na postura de pé de forma
segura. O aprendizado perceptual em lactentes em fase inicial de prática andando
sem apoio pode levar o lactente a novas integrações da informação óptica e de suas
ações conforme novas possibilidades de ação são aprendidas para o controle
postural e locomoção no ambiente (Gibson & Schmuckler, 1989).
Os mesmos resultados foram encontrados nas medidas da inclinação máxima
(ângulos – tabelas 2 e 3) alcançadas a cada mês de acompanhamento longitudinal,
e corroboram com os resultados de outros estudos (Adolph et al., 1998; Adolph &
Eppler, 1998; Adolph, 1997; Adolph et al., 1993). Os ganhos na habilidade de subir
inclinações cada vez maiores, principalmente nos primeiros três meses de prática
andando independente, demonstraram que conforme o lactente desenvolve a
marcha independente, mudanças percepto-motoras consequentes das experiências
exploratórias que são características dessa fase do desenvolvimento parecem
preparar a criança para lidar com as diferentes demandas do contexto (i.e. subir
rampas cada vez mais íngremes). O período inicial da aquisição da marcha
independente parece representar um período crítico no qual são observadas as
maiores mudanças e ajustes nos mecanismos de percepção-ação, de tal forma a
contribuir para que o novo marco motor (marcha independente) possa viabilizar
novas formas de exploração do ambiente e possibilitar ao lactente lidar com novos
desafios (Berger & Adolph, 2007; Clark & Phillips, 1993; Ivanenko et al., 2007).
A ausência de diferenças entre lactentes e entre grupos na razão de sucessos
e nos ângulos, observada em nossos resultados, demonstram que a prática em pé
com o uso do andador anteriormente a aquisição da marcha independente não
98
garante um melhor desempenho na habilidade de subir rampas, como antecipado na
hipótese do estudo. Possivelmente, a experiência de se deslocar no meio com o uso
do andador infantil não facilitou a subida de rampas com maiores inclinações do que
o grupo controle. Esses resultados reforçam a especificidade da prática no processo
de desenvolvimento de habilidades para subir rampas sem apoio. A prática da tarefa
de subir a rampa sem apoio, após a aquisição da marcha independente, parece ser
a responsável pelas mudanças nos ajustes e mecanismos usados pelos lactentes ao
longo do tempo. Resultados similares foram encontrados em estudos que não
demonstraram transferência das habilidades desenvolvidas na postura de gatas
pelos mesmos lactentes quando aptos a executar a mesma tarefa na postura
ortostática (Adolph et al., 1993; Adolph, 1997).
O estudo da Adolph (1997) estabeleceu um razão de tentativas (GO RATIO)
com o objetivo de documentar a acurácia dos julgamentos a cada dia de teste. Esse
índice reflete o número de tentativas, independente de ser sucesso ou falha, nos
quais o lactente tentou usar seu método habitual de locomoção para subir as rampas
de diferentes inclinações (Adolph, 1997). No presente estudo, esse índice foi
adequado para demonstrar que desde a primeira semana de aquisição de marcha
independente, os lactentes tentaram subir a rampa, acertando ou falhando,
independente do grupo ao qual pertenciam. Apesar de parecer contraditório aos
resultados reportados pelas mudanças ao longo do tempo na razão de sucessos e
na medida dos ângulos, a ausência de mudanças na razão de tentativas
complementa tais resultados. Como o índice razão de tentativas não mudou ao
longo do tempo, pode-se argumentar que o ganho de habilidades observado nos
dois grupos parece não ter sido influenciado por menor número de tentativas. Esses
resultados demonstram que a tarefa foi apropriada para testar a hipótese do estudo,
99
conforme sugerido anteriormente, sendo explorada por meio de tentativas e/ou de
erros pelos lactentes em todos os meses de acompanhamento. Os resultados da
partição de variância da análise de regressão hierárquica (tabela 5) revelaram
diferenças significativas neste índice entre os lactentes, independente do grupo.
Esse resultado reforça que a exploração do ambiente é influenciada pelas
possibilidades de ação que são exploradas de forma individualizada e não pelo
grupo ao qual o lactente pertencia.
A prática precoce da locomoção modificada na posição bípede, possibilitada
com o uso do andador infantil anteriormente a aquisição da marcha independente,
não influenciou o desempenho na tarefa de subir rampas, depois que o lactente
aprendeu a andar sem apoio. Em estudo realizado por Rader et al. (1980), lactentes
que engatinhavam, ao serem colocados frente a um declive visual, se negaram a
transpô-lo, entretanto esses mesmos lactentes quando colocados na mesma
situação ambiental em um andador infantil optaram por transpor o declive (Rader,
Bausano, & Richards, 1980). Considerando os resultados obtidos por Rader et al.
(1980) e os resultados do presente estudo, parece que o uso do andador pré-
aquisição da marcha pode disponibilizar experiências distintas, mas não prepara o
lactente de forma diferenciada para lidar com os desafios do ambiente comparados
com lactentes que não fizeram uso do andador. As habilidades necessárias para
manter-se de pé e locomover-se no ambiente parecem ser adquiridas com a prática
real da tarefa quando o lactente tem que lidar com o desequilíbrio postural, os
ajustes do foco do fluxo óptico, e as possibilidades de ação que o ambiente oferece
(Gibson & Schmuckler, 1989). Dessa forma, os resultados reforçam o argumento de
que o aprendizado perceptual é específico da tarefa, e na marcha independente, o
lactente tem que aprender a lidar com a instabilidade postural, coordenar o sistema
100
musculoesquelético e ainda se impulsionar para frente (Clark & Phillips, 1993). A
experiência proporcionada pelo andador pré-aquisição da marcha não preparou os
lactentes para as demandas da tarefa de subir rampas sem apoio. Uma tarefa que
não foi testada no presente estudo, foi a exploração de rampas com diferentes
inclinações ainda no período que o lactente estava usando o andador infantil.
Segundo relato dos pais, os lactentes desse estudo não haviam sido apresentados a
superfícies com desníveis até a idade de aquisição da marcha independente,
quando a primeira avaliação foi agendada. Não se pode afirmar que o desempenho
após a aquisição da marcha teria sido o mesmo, caso esse treino tivesse
acontecido. Será que os ganhos na habilidade de subir rampas poderiam ser
diferentes caso os lactentes fossem apresentados a rampas de diferentes
inclinações ainda com o uso do andador infantil? Questões de segurança não
permitiram testar tal hipótese, a qual permanece para ser empiricamente testada.
Uma característica desse estudo que pode ter limitado a não demonstração
de diferenças entre grupos nos efeitos testados pode ser a alta variabilidade
observada nas variáveis dependentes nos primeiros meses de marcha
independente. A alta variabilidade pode ilustrar a flexibilidade do sistema percepto-
motor em se adaptar as diferentes possibilidades de estratégias inerentes ao
processo da aquisição de habilidades (Adolph & Eppler, 2002), podendo representar
uma característica dessa fase do desenvolvimento infantil. Outra possível limitação
desse estudo foi a falta de manipulação do tempo diário de prática com o andador
infantil. Apesar desta variável ter sido controlada com o uso do diário para registro
do uso do equipamento, o tempo de uso do andador não foi padronizado por
questões éticas, de tal forma que todos os lactentes do grupo AI tivessem o mesmo
tempo de uso diário. Por não ter sido um estudo experimental, os pais tinham
101
liberdade para usar o andador infantil conforme seus objetivos e disponibilidade. Não
se pode garantir que a prática manteve-se constante e diariamente. Além disso, não
podemos garantir que o grupo controle não foi exposto a nenhuma outra forma de
prática na postura de pé (i.e., marcha com apoio segurando nos pais, empurrando
cadeiras), no período anterior a aquisição da marcha independente. Estudos futuros
poderiam considerar a possibilidade de manipular e controlar o tempo de uso do
andador infantil por períodos semelhantes entre os participantes de tal forma a
investigar se o tempo de uso pode apresentar-se como variável que influencia os
desfechos avaliados no presente estudo.
Em conclusão, no presente estudo, os lactentes que foram expostos a prática
com o uso do andador infantil não apresentaram melhor desempenho na tarefa de
subir rampas, quando comparados com lactentes que não tiveram essa mesma
experiência. O período de três meses após a aquisição da marcha independente
parece corresponder à fase de maiores mudanças no desenvolvimento da habilidade
de subir rampas, em um período de seis meses de acompanhamento. Esse estudo
sugere que experiências adquiridas na fase de desenvolvimento da marcha parecem
contribuir para uma melhora no desempenho na tarefa de subir rampas de diferentes
inclinações, em ambos os grupos.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG) pelo financiamento do Projeto “Efeitos do uso do voador na aquisição de
marcha em lactentes com desenvolvimento normal”, o qual originou o presente
estudo (Edital Universal 15/2007 processo nº 473788/2007-1 e CDS – Programa
102
Pesquisador Mineiro processo nº 00185-08). Agradecemos os pais e lactentes
participantes do estudo por colaborarem com todas as coletas de dados agendadas.
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106
Figura 1: Rampa utilizada para avaliação do desempenho dos lactentes na tarefa de
subir rampas de diferentes inclinações, adaptada do estudo da Adolph (1997). A: 1ª
plataforma; B: rampa inclinável; C: 2ª plataforma
107
a)
b)
c)
Figura 2: Evolução do longo do tempo das variáveis dependentes do estudo obtidos
pelos dois grupos (AI e C), nas sete avaliações longitudinais: a) ângulos médios (em
graus); b) razão de tentativas; e c) razão de sucessos (em percentual); *: p0,05.
*
*
108
Tabela 1: Características descritivas os participantes do estudo, em relação à idade
e escore bruto obtido no teste Alberta Infant Motor Scale (AIMS) no momento de
inclusão do estudo, sexo e nível sócio-econômico (NSE), segundo a ABEP.
Grupos Controle Andador Infantil valor p***
Idade de inclusão no
estudo (dias)*
299.43 (45.57) 284.81 (29.85) 0.291
Escore AIMS* 43.80 (6.61) 42.73 (6.81) 0.702
Sexo** Feminino 7 8 0.723
Masculino 9 8
NSE** A1 1 2 0.577
A2 11 7
B1 2 4
B2 2 2
C1 0 1
Legenda: * Os números indicam valor médio obtido e entre parênteses, desvio padrão; ** Os números
indicam a frequência de participantes em cada classificação obtida. *** p0,05
ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
109
Tabela 2: Valores médios (desvio padrão) da angulação da rampa (ângulos - em graus) e dos índices obtidos pela razão de
tentativas e pela razão de sucessos (em valores percentuais) obtidos pelos lactentes nas sete avaliações longitudinais.
GRUPOS ÂNGULOS (
o
) RAZÃO DE TENTATIVAS (%) RAZÃO DE SUCESSOS (%)
AI C p* AI C p AI C p
M
E
S
E
S
0 10,12
(4,52) 9,87 (4,41) 0,954 90,44 (14,99) 92,89 (18,77) 0,176 52,18 (20,84) 44,01 (12,91) 0,305
1 13,68 (5,26) 14,87 (3,09) 0,717 89,58 (21,19) 92,79 (12,71) 0,962 59,70 (26,52) 58,54 (19,75) 0,985
2 19,25 (3,85) 20,25 (5,65) 0,834 91,65 (16,59) 86,90 (18,50) 0,386 79,00 (9,34) 76,34 (17,48) 0,569
3 22,37 (3,59) 24,00 (5,65) 0,135 85,53 (18,47) 85,42 (18,08) 0,921 86,50 (14,10) 86,09 (12,86) 0,891
4 23,62 (4,14) 25,75 (4,12) 0,198 84,96 (18,51) 92,29 (16,97) 0,257 90,19 (10,60) 89,59 (13,65) 0,936
5 24,62 (3,70) 27,25 (3,85) 0,099 86,04 (20,99) 94,65 (11,61) 0,208 92,26 (10,08) 87,55 (12,72) 0,266
6 25,87 (4,75) 28,62 (3,24) 0,114 93,42 (13,81) 94,53 (15,12) 0,455 94,47 (8,84) 95,53 (10,05) 0,552
: Os valores apresentados referem-se a média aritmética bruta de cada variável nas sete avaliações. Entre parênteses estão descritos os desvios padrões
de cada variável em cada semana. *p<0,05
110
Tabela 3: Evolução dos ângulos médios (em graus) obtidos em cada grupo, e valores de p encontrados na comparação entre os
meses nas sete avaliações longitudinais.
Índices
Médios
GRUPO ANDADOR INFANTIL GRUPO CONTROLE
MESES MESES
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
Ângulo
(
o
)
10,12
(4,52)
13,68
(5,26)
19,25
(3,85)
22,37
(3,59)
23,62
(4,14)
24,62
(3,70)
25,87
(4,75)
9,87
(4,41)
14,87
(3,09)
20,25
(5,65)
24,00
(5,65)
25,75
(4,12)
27,25
(3,85)
28,62
(3,24)
M
E
S
E
S
0
0,0040 0,0010* 0,0001* 0,0001* 0,0001* 0,0001*
0,0110 0,0001* 0,0001* 0,0001* 0,0001* 0,0001*
1
0,0010* 0,0010* 0,0010* 0,0001* 0,0001*
0,0020* 0,0001* 0,0010* 0,0001* 0,0001*
2
0,0090 0,0020* 0,0010* 0,0010*
0,0060 0,0140 0,0030 0,0030
3
0,0180 0,0090 0,0020*
0,2720 0,0610 0,0230
4
0,0690 0,0130
0,3390 0,0280
5
0,1450
0,0850
* p0,0023: resultados significativos na análise post-hoc.
Entre parênteses estão descritos os desvios padrões da variável em cada semana. Os valores
apresentados referem-se a média aritmética bruta da variável nas sete avaliações.
111
Tabela 4: Evolução dos valores médios obtidos pela razão de sucessos (RS – em valores percentuais) em cada grupo, e valores
de p encontrados na comparação entre os meses nas sete avaliações longitudinais.
Índices
Médios
GRUPO ANDADOR INFANTIL GRUPO CONTROLE
MESES MESES
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
RS (%)
52,18
(20,84)
59,70
(26,52)
79,00
(9,34)
86,50
(14,10)
90,19
(10,60)
92,26
(10,08)
94,47
(8,84)
44,01
(12,91)
58,54
(19,75)
76,34
(17,48)
86,09
(12,86)
89,59
(13,65)
87,55
(12,72)
95,53
(10,05)
M
E
S
E
S
0
0.2787 0.0013* 0.0006* 0.0009* 0.0006* 0.0006* 0.0082 0.0009* 0.0004* 0.0004* 0.0004* 0.0004*
1
0.0044 0.0034 0.0021* 0.0018* 0.0023* 0.0060 0.0009* 0.0006* 0.0004* 0.0006*
2
0.1000 0.0173 0.0037 0.0057 0.0690 0.0477 0.0568 0.0028
3
0.5824 0.1669 0.1148 0.5521 0.5044 0.0747
4
0.7962 0.2856 0.6887 0.1533
5
0.7198 0.0171
* p0,0023: resultados significativos na análise post-hoc.
Entre parênteses estão descritos os desvios padrões da variável em cada semana. Os valores
apresentados referem-se a média aritmética bruta da variável nas sete avaliações.
112
Tabela 5: Resultados encontrados na análise de regressão hierárquica das variáveis dependentes – ângulos, razão de sucessos e
razão de tentativas.
Variáveis
dependentes
1º modelo
MODELO NULO (partição da variância)
2º modelo
EFEITO GRUPO e TEMPO
Variância
entre lactentes
Variância
entre medidas
Variância
total
Efeito
entre lactentes
Efeito
medidas
Valor p*
(entre lactentes)
Valor p
(grupo)
Valor p
(tempo)
Ângulos 0,08 54,03 54,11 0,15%
99,85%
>0,500
-
<0,001
Razão de sucessos 0,38 489,64 490,02 0,08% 99,92% >0,500 - <0,001
Razão de tentativas 70,58 219,17 289,75 24,36% 75,64% <0,001 0,470 0,739
* p<0,05
113
3.3 – ARTIGO 3
Artigo submetido para o periódico Jornal de Pediatria
CRENÇAS E EVIDÊNCIAS SOBRE O USO DO ANDADOR INFANTIL
Título abreviado: Crenças e evidências sobre o andador infantil
Paula S. de C. Chagas
1
Marisa C. Mancini
2
Marcella G. A. Tirado
3
Luiz Megale
4
Rosana F. Sampaio
5
1
Doutoranda, Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação, Escola de
Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Bolsista PICDT da CAPES,
Professora Assistente, Faculdade de Fisioterapia, Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG. E-mail: [email protected]
2
Pós-doutora, Professora Titular, Departamento de Terapia Ocupacional, EEFFTO,
UFMG, Belo Horizonte, MG. E-mail: [email protected]
3
Doutora, Professora Associada, Departamento de Terapia Ocupacional, EEFFTO,
UFMG, Belo Horizonte, MG. E-mail: [email protected]r
4
Doutorando, Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde - Saúde da
Criança e do Adolescente, Professor Assistente, Departamento de Pediatria,
Faculdade de Medicina, UFMG, Belo Horizonte, MG. E-mail:
5
Pós-Doutora, Professora Associada, Departamento de Fisioterapia EEFFTO,
UFMG, Belo Horizonte, MG. E-mail: [email protected]
Curriculum Lattes: Todos os autores possuem curriculum cadastrado na plataforma
LATTES.
Contribuição específica de cada autor: Paula S. de C. Chagas e Marisa C.
Mancini participaram de todas as etapas de elaboração e desenvolvimento deste
114
trabalho, incluindo o desenvolvimento da ideia, análise, discussão e interpretação
dos resultados, redação, leitura e aprovação da versão final. Marcella G. A. Tirado,
Luiz Megale e Rosana F. Sampaio participaram da discussão e interpretação dos
resultados, redação, leitura e aprovação da versão final.
Declaração de conflito de interesse: nada a declarar
Contato pré-publicação e autora para correspondência: Marisa Cotta Mancini,
Programa de pós-graduação strictu-sensu em Ciências da Reabilitação, Escola de
Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de
Minas Gerais, Colegiado de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação Escola de
Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, CEP: 31270-901, Belo
Horizonte – MG, BRASIL, Tel/fax: 55 31 3409-4781. e-mail: [email protected]
Categoria do trabalho: artigo qualitativo
Apoio financeiro: CNPq, CAPES e FAPEMIG
Número total de palavras no texto: 4.949
Número total de palavras no resumo: 247
Número total de figuras: 1
Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas.
115
RESUMO
Objetivo: conhecer a opinião dos pais sobre o uso do andador infantil e comparar a
idade de aquisição da marcha independente entre lactentes que usaram e que não
usaram o andador. Material e métodos: neste estudo qualitativo, realizou-se
entrevista com questionário semiestruturado com 26 pais, 14 de lactentes que
usaram (GUAI) e 12 dos que não usaram o equipamento (GNUAI), pré-aquisição da
marcha. Foi empregada análise de conteúdo, a partir da qual, após extensa leitura,
emergiram-se as categorias para interpretação dos resultados. Para triangulação
dos dados, a idade de aquisição de marcha foi documentada por contato telefônico
semanal e para comparação entre grupos foi usado o teste-t de Student, nível de
significância α=0,05. Resultados: foram identificadas nos relatos dos pais as
categorias: a) informações sobre o andador infantil; b) dúvida/decisão em usar
versus certeza de não usar; c) crenças sobre o uso do andador infantil; e d)
benefícios e malefícios sobre o uso. A idade de aquisição da marcha independente
não foi diferente entre os grupos (p=0,837): GUAI iniciou a marcha com 376,17
(DP=32,62) dias; e GNUAI com 378,75 (DP= 27,99) dias. Conclusão: as crenças e
sentimentos que permeiam a decisão de usar o andador ilustram racionalidades
distintas entre os pais sobre o significado desse equipamento para desenvolvimento
da marcha e ganho de autonomia da criança. O uso do andador infantil não
influenciou na idade de aquisição da marcha. Os resultados ampliam o entendimento
das escolhas que podem influenciar as práticas maternas, no período pré-aquisição
da marcha.
Palavras-chave: andador infantil, lactentes, crenças maternas.
ABSTRACT
Aims: to understand the opinion of the parents about the baby-walker and compare
the age of gait acquisition between infants that used and didn’t use the walker.
Methods: in this qualitative study, an interview using a semi-structured questionnaire
was carried out with 26 parents, 14 of infants that used (GUBW) and 12 that didn`t
use the equipment (GNUBW), pre-acquisition of gait. Content analysis was used,
where, after extensive reading, emerged the categories used for interpretation of the
results. For data triangulation, the age of gait acquisition was documented by weekly
telephone contact, and comparison between groups was done with Student t-test,
with significance level α=0.05. Results: the following categories were identified in the
parents’ reports: a) information about baby-walker; b) doubt/decision to use x
sureness of not using; c) beliefs about the use of baby-walker; and d) benefits and
harm about the use. The age of independent gait acquisition wasn’t different between
groups (p=0.837): GUBW initiated gait with 376.17 (SD=32.62) days; and GNUBW
with 378.75 (SD=27.99) days. Conclusion: the beliefs and feelings that permeate the
decision to use the baby-walker illustrate different rationale between parents about
the significance of this equipment for the development of gait and gain of autonomy
by the child. The use of baby-walker didn’t influence the age of gait acquisition. The
results broaden the knowledge of the choices that can influence child-rearing
practices, during the period pre-acquisition of gait.
Key-words: baby-walker, infants, maternal beliefs.
116
Introdução
O processo de desenvolvimento infantil é caracterizado pelas interações entre
a criança e os contextos físico, social e atitudinal em que ela vive
1
. Os pais têm
noções ou ideias sobre como tratar seus filhos e agem em função de sentimentos e
crenças adquiridas ao longo de suas vidas, permeadas pelas vivências e
experiências sociais e culturais
2
.
A crença pode ser definida como um ato de fé de origem inconsciente
3
.
Constitui uma forma de assentimento que se dá às verdades do que se tem
convicção, não sendo necessariamente motivada por evidência empírica, mas por
escolha voluntária, levando-nos a admitir uma ideia, uma opinião, uma explicação,
uma doutrina
3
. Coloquialmente, se dissermos que acreditamos em algo, queremos
dizer que o tomamos como verdadeiro, mas que aceitamos a possibilidade de que
possa não ser real
4
. As crenças são aceitas com fé e se forem confirmadas pela
observação e pela experiência, transformam-se em conhecimento
3
. Crenças são
noções sobre a natureza da realidade, que moldam nossas percepções de nós
mesmos, dos outros e do nosso ambiente
5
. Diversos autores têm buscado conhecer
as crenças, mitos e valores dos pais sobre o desenvolvimento infantil, os quais
norteiam práticas e relações pais-filhos
2,6-12
.
Garcia et al.
12
investigaram as crenças de mães africanas acerca do
desenvolvimento da linguagem de seus filhos, que apresentavam atraso na
aquisição verbal. Os resultados revelaram que as mães, predominantemente de
nível socioeconômico mais baixo, não estimulavam a comunicação oral dos filhos
nem percebiam atraso de linguagem, já que acreditavam que eles não falariam e
não compreenderiam ordens antes dos três anos de idade
12
. Um estudo sobre as
influências culturais na prática do aleitamento materno referiu que esse ato é
fortemente influenciado por crenças e tabus, que são passados de geração para
geração
9
. Já Rapoport e Piccinini
10
, ao investigarem sobre as escolhas dos pais por
um cuidado alternativo para seus filhos, como, por exemplo, colocá-los em creche,
citam que tal decisão envolve vários fatores como as crenças parentais sobre a
educação dos seus filhos, salientando-se a convicção de ter que introduzi-los desde
cedo em atividades educacionais para estimular o aprendizado.
A escolha dos pais de permitirem que seus filhos usem ou não o andador
infantil, conhecido popularmente no estado de Minas Gerais como voador, também
pode fundamentar-se em crenças culturais, mitos sociais e/ou interesses pessoais.
117
Um inquérito realizado nos Estados Unidos da América (EUA) revelou que 77%
(n=118) dos pais decidiram adquirir o andador infantil e, destes, 78% afirmaram que
o andador infantil foi benéfico e 72% que o uso do andador infantil facilitou a
aquisição da marcha
13
. Entre esses pais, poucos (22%) relataram que o uso do
andador infantil atrasou a aquisição da marcha ou pôde ser causa de acidentes
13
.
Apesar da Associação Americana de Pediatria desaconselhar o uso do dispositivo
14
,
esse inquérito evidenciou que alta porcentagem de pais opta por adotá-lo.
Sabe-se que as decisões dos pais são determinantes na condução das
práticas diárias com a criança
15
. Suas escolhas e condutas em relação aos filhos
parecem ser influenciadas de forma mais marcante pelos valores e crenças que
permeiam sua compreensão e ação do que por orientações dos profissionais da
saúde ou por evidências científicas
11
. Até o momento, desconhecem-se os motivos
que levam os pais a optarem pelo uso ou não desse equipamento no Brasil, bem
como as suas percepções sobre seu uso e efeitos no desenvolvimento da marcha de
seus filhos.
O objetivo deste estudo foi conhecer a opinião dos pais sobre a escolha e os
efeitos do uso do andador infantil, assim como a idade de aquisição da marcha em
lactentes com desenvolvimento normal que usaram ou não o equipamento antes da
aquisição da marcha independente.
Métodos
Participaram deste estudo 26 pais de lactentes com desenvolvimento normal
da cidade de Belo Horizonte e municípios vizinhos, sendo que 14 faziam parte do
grupo que usou o andador infantil (GUAI - grupo usuário do andador infantil) e 12
faziam parte do grupo que não usou esse equipamento (GNUAI - grupo não-usuário
do andador infantil). Os participantes desta pesquisa foram selecionados
propositalmente e compuseram a amostra de uma tese de doutorado que investiga
os efeitos do uso do andador infantil na aquisição da marcha independente de
lactentes com desenvolvimento normal
16
. A decisão ou não pelo uso do andador
infantil no período anterior à aquisição da marcha foi uma escolha dos pais e a
identificação dos que optaram pelo uso ou não pelo seu uso foi feita em consulta
pediátrica de rotina, por volta dos oito meses de idade da criança. Este estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais
118
(parecer ETIC nº 609/07) e os pais que aceitaram participar assinaram termo de
consentimento livre e esclarecido.
A partir da seleção dos lactentes que estavam ou não em uso do andador
infantil, suas famílias receberam visita domiciliar para explicar os objetivos e
procedimentos do estudo. Durante essa visita, foi realizada a avaliação motora dos
lactentes de ambos os grupos com o teste Alberta Infant Motor Scale (AIMS)
17
, para
caracterizar o desenvolvimento motor em relação à idade e controlar possível
presença de atraso nessa área. Para o GUAI, foi entregue aos pais um protocolo
desenvolvido especialmente para este estudo, para registro do tempo de uso diário
do andador infantil e comentários acerca dessa prática (i.e., atividades realizadas
durante o uso do andador, satisfação do lactente, possíveis quedas, entre outras).
Após a visita inicial, foi feito contato semanal com os pais ou cuidadores de ambos
os grupos para registrar a idade de aquisição da marcha independente.
Após a aquisição da marcha, os pais ou cuidadores de ambos os grupos
foram entrevistados por uma pesquisadora que utilizou um questionário
semiestruturado
18
com as seguintes perguntas: como os pais tomaram
conhecimento do andador infantil e o que ouviram falar a respeito dele; em qual
momento eles decidiram usar ou não usar o andador; quais motivos os levaram a tal
decisão; e que informações foram dadas pelo pediatra sobre o equipamento.
Especificamente para o grupo que utilizou o andador infantil, foi acrescentada uma
pergunta sobre a percepção dos responsáveis em relação ao uso do andador. Para
registrar as informações, foi utilizado gravador digital de voz portátil (Nakashi
®
), que
possibilitou a gravação em formato mp3, para posterior transcrição das entrevistas.
Todas as entrevistas foram realizadas no primeiro mês após a aquisição da
marcha, em local de melhor conveniência para os pais, e tiveram duração média de
5,30 minutos (2,70 minutos GNUAI; e 7,95 minutos GUAI). Uma única pesquisadora
realizou todas as entrevistas e transcreveu-as para o programa Word for Windows
®
.
Após a transcrição, os pais receberam a entrevista para leitura e possíveis
alterações ou considerações, até que a versão final fosse aprovada.
Foi empregada análise de conteúdo
19
e o software NVIVO 8 QRS
Internacional foi utilizado para organizar os relatos, identificar as categorias iniciais,
buscar similaridades e diferenças entre elas, selecionar trechos e organizar as
categorias finais para posterior interpretação dos resultados
20
. Os nomes que
apareceram ao longo das entrevistas foram substituídos por nomes fictícios e os
119
entrevistados foram identificados pela sua relação com o lactente (mãe, pai ou avó)
e pelo número de inclusão da criança no estudo.
O tempo de uso do andador infantil foi documentado de forma descritiva, com
medidas de tendência central para representação do GUAI, e a idade de aquisição
da marcha independente foi comparada entre grupos com o teste-t de Student para
grupos independentes. O software Statistical Package for Social Sciences (SPSS
®
,
v. 15.0) foi utilizado para as análises inferenciais, considerando-se o nível de
significância de α=0,05.
O método de triangulação foi usado para comparar os efeitos percebidos
pelos pais com a idade de aquisição de marcha dos lactentes dos dois grupos. O
objetivo do emprego dessa técnica foi ampliar a análise dos resultados, comparando
os resultados quantitativos com os relatos das entrevistas qualitativas, permitindo,
assim, mais ampla visão da questão investigada e a exploração de similaridades ou
divergências
21
.
Resultados e discussão
Fizeram parte do GUAI 14 cuidadores, nos quais 12 eram as mães. Uma das
entrevistas foi realizada conjuntamente com a mãe e o pai da criança e em outra a
avó (59 anos) foi entrevistada separadamente, por ter sido ela quem decidiu usar o
andador e por se dedicar aos cuidados diários da criança. No GNUAI, 12 mães
foram entrevistadas. No que se refere às características sociodemográficas da
amostra, 20 cuidadores entrevistados tinham ensino superior completo, 18 tinham
entre 31 e 40 anos, eram de classe alta (A1 ou A2 – 16)
22
e 19 lactentes referidos
eram primogênitos. Nove mães eram profissionais da área da saúde, cinco
advogadas e as demais engenheiras (duas), administradoras (duas), dona de casa
(uma), cabeleireira (uma), química (uma), recepcionista (uma), professora (uma) e
uma estudante de ensino superior (uma). A avó era dona de casa e o pai
entrevistado, administrador de empresas.
O software NVIVO8 permitiu a identificação dos núcleos de sentido comuns
aos dois grupos, que foram estruturados em forma de árvore (FIG. 1) e serão
apresentados e discutidos a seguir.
[Inserir Figura 1]
120
Informações sobre o andador infantil
As informações obtidas sobre o uso do andador infantil tiveram origem em
diversas fontes, incluindo família, cotidiano, atividade acadêmica/universitária e
pediatra. Mães de ambos os grupos escutaram opiniões positivas sobre o andador
infantil, estimulando o seu uso:
E diz ela [avó da criança] que nós andamos até mais rápido.
Com um ano e um mês, mais ou menos, com a ajuda do
voador (mãe GNUAI07); ouvia que era uma forma que a
criança brincava e ao mesmo tempo acelerava para a criança
andar, para fazer a criança ficar com a perninha mais forte
(mãe GUAI10); e aí, quando eu fui ter meu primeiro filho, a
minha cunhada usou [...] E ela “ah, foi uma beleza, dá um
descanso, eu deixava aí e a menina ficava o dia inteiro no
andador, uma beleza”. E aí ela me passou o andador dela.
Então, por eu ter, aí eu falei vou usar, é um descanso, né,
assim para o colo, essas coisas, menino é muito pesado (mãe
GUAI07).
Algumas mães do grupo andador infantil obtiveram informações inconclusivas
e contraditórias em relação ao equipamento:
Ah, eu achei muito interessante, porque parecia assim: que uns
amavam e outros odiavam. Porque algumas amigas minhas
diziam assim: “Ai, é uma maravilha, ele vai adorar, coloca que
ele vai ficar muito feliz” e por outro lado, outras pessoas falam
assim: “Ai, não, não coloca. É muito perigoso, ele vai cair. Não
coloca”. Então, assim, eu achei muito estranho isso, porque
não tinha um meio termo: ou as pessoas achavam ótimo ou as
pessoas detestavam (mãe GUAI02); mas, não escutei nada
objetivo, assim sério: é bom por isso ou faz mal por isso (mãe
GUAI06).
Quando questionadas sobre o que ouviram falar a respeito do andador
infantil, as mães do GNUAI relataram, em sua maioria, informações negativas e
pouco favoráveis à adoção do dispositivo:
E, que, acidentes terríveis aconteciam com criança que
começava a correr com o voador e, de repente, tropeçava em
algum lugar; e até casos de traumatismo craniano [fala
pausada] usando o voador eu já escutei (mãe GNUAI05); [...]
na minha época de faculdade então era nesse sentido que era
colocado, que ele [o voador] não seria recomendado, quando
121
as mães perguntarem, se você orienta ou não o uso do voador,
que não seria recomendado porque altera o padrão de marcha
da criança (mãe GNUAI06); ouvi falar mal! Que era ruim, que
era ruim para a coordenação motora, que era ruim para o
fortalecimento dos músculos. Não era aconselhável o uso (mãe
GNUAI01).
Segundo relatos dos pais, a opinião dos pediatras parece salientar possíveis
efeitos negativos do andador infantil e, desta forma, influenciou os pais do GNUAI a
não adotarem o andador infantil para seus filhos, como evidenciado nos seguintes
relatos:
Conversou assim... E ele também sempre fala que o voador
prejudicava o andamento da criança... Ele foi o meu pediatra e
da minha irmã. E desde a época da minha irmã, que eu lembro
dele já falar para minha mãe não usar o voador (mãe
GNUAI12); [...] a Adriana já teve duas pediatras: a primeira,
que começou o tratamento com ela, me falou que não era
indicado devido mesmo a criança ainda não estar preparada
para andar, para ter equilíbrio, e isso prejudicaria futuramente
quando a criança fosse andar sem o voador. Então ela não
teria equilíbrio, não teria força muscular necessária para andar.
E aí, essa outra pediatra também me falou a mesma coisa, só
que ela acrescentou que prejudicaria também, que ela já leu
artigos, que prejudicaria na coordenação motora fina dela
futuramente (mãe GNUAII11).
Para as mães do GUAI, a decisão de usar o andador infantil foi tomada
independentemente da opinião dos pediatras, já que muitas delas perguntaram a
opinião dos médicos e, mesmo recebendo informações que sugerem o não-uso do
andador infantil, elas optaram por usá-lo em seus filhos:
Conversou. É a mesma do meu primeiro filho também e falou
as mesmas coisas. Cuidado com os acidentes, né, que é
grande o índice, é traumatismo craniano, puxa as coisas, cai na
cabeça, enfim. E escada também, acidentes. Basicamente
acidentes, assim. E ela é contra (mãe GUAI07).
As opiniões negativas sobre o andador infantil versam sobre a alta ocorrência
de acidentes que o uso desse equipamento pode ocasionar nessa fase da infância e
sobre a crença de que ele prejudica a aquisição e/ou altera o padrão de marcha da
criança. Estudos sobre acidentes na primeira infância demonstraram que o uso do
andador infantil é um dos causadores frequentes de acidentes nessa faixa etária e
122
que a atenção dos pais deve ser redobrada ao escolherem comprar e usar esse
equipamento em seus filhos
14
. Porém, em relação a essa constatação, vale a pena
um questionamento: será que o andador infantil é o causador de acidentes em
lactentes ou seria a negligência dos pais que não supervisionam adequadamente
seus filhos quando colocados nesse equipamento? Estudos que investiguem a
conduta dos pais ao usarem o andador e a frequência de acidentes são necessários
para elucidar essa questão
23
.
Apesar de muitos pediatras serem contra o uso do andador infantil, a opinião
desses profissionais parece impactar diferentemente a decisão dos pais. Um estudo
realizado na Inglaterra em 2003 demonstrou que os pediatras têm conhecimento dos
riscos que esse equipamento oferece na primeira infância, porém 89% argumentam
que as evidências não são suficientes para que eles possam influenciar na escolha
final dos pais
24
. De uma amostra de 222 pediatras, 74% recomendam com
frequência que os pais não deveriam usar o andador infantil em seus filhos, porém
apenas 34% acreditavam que suas orientações interferiam na decisão final da
família. No presente estudo, os pais demonstraram conhecimento acerca dos riscos
que o andador infantil oferece, porém os motivos que orientam as decisões em
relação ao uso parecem ultrapassar o potencial de risco oferecido por esse
equipamento.
Dúvida/decisão em usar o andador infantil versus certeza de não usar
Nos relatos dos cuidadores do GUAI, fica clara a dúvida dos pais em tomar a
decisão de usar ou não o andador infantil em seus filhos. Muitas vezes, a dúvida
veio pautada nas diversas opiniões negativas que esses pais receberam antes da
definição de usar, como pode ser constatado nos relatos a seguir:
Não, certeza na verdade eu não tive não. Mas, é... tinha uma
possibilidade porque minha casa não tem desnível, então
assim, não fiquei muito preocupada com isso, nem tinha muito
aonde ele machucar. E, também, é lógico que ia colocar ele e
ia ficar do lado, vendo o que ele ia fazer. Então eu decidi
colocar para ver, se ele ia... como que ia ser a reação dele, se
ele ia gostar ou não. E foi por isso que coloquei (mãe GUAI02).
123
Outras mães desse grupo, que decidiram adotar o andador infantil, relataram
que sempre gostaram do equipamento ou que sentiram necessidade de usá-lo
quando a criança estava com mais de sete meses de idade:
Eu sempre disse que eu usaria, nunca tive nada contra o
voador, né. Sempre achei que fosse uma forma da criança se
distrair um pouco, porque como ela não consegue engatinhar
sempre, por que às vezes dói o joelho, então, coloca no
voador. Desde que eu engravidei que eu comprei, inclusive o
primeiro presente dele que o pai deu foi o voador (mãe
GUAI10); [...] Ela sempre gostou muito de colo e não
engatinhava e não desenvolvia no chão e eu não aguentava
ficar com ela no colo. Aí, quando ela tava com 8-9 meses: ai,
não dou conta mais de pegar a Liliane no colo o dia inteiro. Aí a
gente resolveu conseguir um voador emprestado para
experimentar e aí ela adorou e a gente resolveu colocar (mãe
GUAI06).
Entre as mães do GNUAI, parte não teve dúvidas, e sim certeza, de que não
permitiriam o equipamento em seus filhos. Essa certeza, em algumas mães, veio a
partir do momento em que ela vivenciou a experiência da maternidade:
Ai, desde [risos] que eu me entendo por mãe, eu nunca pensei
na possibilidade de usar o voador. Nunca passou pela minha
cabeça de usar. Na verdade, pelo que eu vejo do uso com
outras crianças, eu, na minha concepção, há sim uma alteração
no padrão de marcha e eu acho que a marcha pode, ele vai
adquirir este padrão de marcha independente do uso do voador
ou não. [...] E... desde que eu me entendo por mãe, não era
isso. Eu me preocupava mais com brinquedos que
estimulariam o desenvolvimento dele, e para mim, na minha
concepção, o voador não é um instrumento que estimula o
desenvolvimento motor da criança! (mãe GNUAI06).
Os motivos que embasaram as decisões de cada grupo foram determinantes
das respectivas condutas maternas e têm relação com suas crenças sobre os efeitos
do uso do andador infantil. Estudos realizados nos EUA e na Inglaterra
comprovaram que, mesmo tendo conhecimento sobre os riscos de acidentes, os
pais optaram pelo equipamento para seus filhos por acreditarem que tal uso poderia
entreter a criança e proporcionar-lhe bem-estar
13,24-26
.
124
Crenças sobre o uso do andador infantil
Os relatos das mães do GUAI que escolheram usar o andador infantil ilustram
crenças sobre os efeitos desse uso no desenvolvimento da criança e na aquisição
de marcha, tais como: “supre a falta de locomoção quando a criança não engatinha”
(mães GUAI01, GUAI06); “dá liberdade/independência para a criança” (mães
GUAI06, GUAI02, GUAI04); “cria confiança para a criança se locomover sozinha
(mãe GUAI10);facilita a marcha(avó GUAI08); “acelera a aquisição da marcha
(anda mais rápido)” (mãe GUAI03; mãe GUAI10); “fortalece a perna” (mãe GUAI10,
pai GUAI05); “é um brinquedo para a criança” (mãe GUAI10); e “ajuda a desenvolver
a criança(mães GUAI12, GUAI11). Algumas mães ainda ressaltaram que o uso do
equipamento as liberava para realizarem outras atividades, garantindo-lhes um
descanso, uma vez que, quando no andador, a criança não ficava mais no colo
(mães GUAI07, GUAI09): “[...] eu podia fazer as coisas e eu sabia que ele ficava ali”
(mãe GUAI09).
Já as mães do GNUAI, em sua maioria, acreditam que o andador: “prejudica
e/ou atrasa a aquisição da marcha independente” (mães GNUAI06, GNUAI07,
GNUAI12); “retarda ou altera o desenvolvimento do equilíbrio e da coordenação
motora” (mães GNUAI05, GNUAI01); “leva a criança a pular etapas no
desenvolvimento” (mãe GNUAI09); “prejudica o fortalecimento da perna” (mãe
GNUAI01); e “causa acidentes, quedas e traumatismos crânio-encefálicos” (mães
GNUAI02, GNUAI03, GNUAI05). Ainda para este grupo de mães, a criança que faz
uso do andador infantil: “não aprende a andar e sim a correr” (mãe GNUAI09); e “fica
preguiçosa e insegura para andar” (mãe GNUAI03). Além disso, segundo relato das
mães de ambos os grupos, a maioria dos profissionais da área da saúde
contraindica o seu uso, por acreditarem que: “atrasa a aquisição da marcha” (mãe
GUAI01); “altera o padrão de marcha” (mãe GNUAI06); “causa pé equino” (mãe
GUAI07); “entorta a perna” (mães GNUAI11, GNUAI03); e “prejudica a coordenação
motora fina(mãe GNUAI11).
Essas crenças descritas interferiram na decisão dos pais de usar ou não o
andador infantil. Um estudo realizado nos Estados Unidos
25
salientou que o principal
motivo (79% dos casos) que levaram as mães a não usar o andador infantil estava
relacionado ao risco de acidentes. No estudo de Dilillo et al.
25
, apesar da informação
de que o andador pode causar acidentes (38,2% dos casos), os motivos citados
pelas mães que optaram por usá-lo foram muito semelhantes aos encontrados neste
125
estudo, incluindo: era uma diversão para a criança, facilitava o desenvolvimento
infantil, o fato de terem ganhado o andador de presente resultou na escolha pelo
uso, expectativa de que o uso ajudaria a criança a andar, percepção de que o
ambiente domiciliar dessas famílias era seguro para o uso desse equipamento
25
.
Apesar das crenças nortearem a decisão sobre o uso e os pais acreditarem
que o andador infantil facilita (GUAI) ou atrasa (GNUAI) a aquisição da marcha
independente, no presente trabalho a idade de aquisição da marcha independente
não foi diferente entre os grupos (p=0,837), tendo o GUAI iniciado a marcha com
376,17 (DP=32,62) dias e o GNUAI com 378,75 (DP=27,99) dias. O tempo médio de
permanência no andador infantil foi de 51,72 min/dia (DP=29,13), sendo o período
entre oito e 11 meses de idade relatado como o mais longo tempo de permanência
do lactente no equipamento.
Nessa fase, apesar dos lactentes manifestarem interesse em se deslocarem
no ambiente, geralmente eles ainda não apresentam as habilidades necessárias
para a marcha independente. Desta forma, para as crianças do grupo que usou o
andador infantil, os comentários sugerem que esse equipamento possibilitou uma
experiência distinta de deslocamento no ambiente na posição ortostática, a qual foi
vivenciada com satisfação pelas crianças. Após esse período, o tempo de
permanência diária no andador foi mais curto, de acordo com declarações nos
diários e nas entrevistas. Nessa fase, geralmente a criança demonstrava
insatisfação ou intolerância em permanecer por muito tempo no equipamento. Tal
manifestação pode ser atribuída ao fato de que, na etapa de pré-aquisição da
marcha independente, o repertório de habilidades motoras da criança incluía
capacidades tais como ficar de pé sem apoio, marcha lateral com apenas uma mão
de apoio, marcha com apoio de terceiros, o que possibilitava explorar o meio
ambiente sem a necessidade do andador infantil.
Os resultados quantitativos revelaram que a idade de aquisição da marcha
não foi diferente entre os grupos usuários e não-usuários do andador infantil e que o
tempo de uso do equipamento pelos lactentes deste estudo foi inferior a uma hora
por dia. Este resultado corrobora os achados de dois ensaios clínicos randomizados,
que também não registraram diferenças na idade de aquisição da marcha em par de
lactentes gêmeos, sendo que um usou o equipamento e o outro não
27,28
. Até o
momento, a maioria dos autores que investigaram o desenvolvimento motor em
lactentes que usaram o andador infantil não pôde concluir sobre efeitos negativos
126
resultantes desse uso
23,29
. As evidências científicas disponíveis informam que o uso
do andador infantil não atrasa a idade de aquisição da marcha independente da
criança. Demais argumentações referentes ao uso desse equipamento permanecem
como hipóteses e necessitam ser empiricamente testadas
25
.
Benefícios versus malefícios sobre o uso do andador infantil
As mães que optaram pelo uso do andador infantil para seus filhos
perceberam benefícios, que foram diferentes das expectativas nas crenças sobre os
efeitos do equipamento. É como se o conteúdo das crenças tivesse sido modificado
pela própria experiência de uso do andador infantil pelos filhos. Tal argumento
reforça a característica dinâmica das crenças, ou seja, com o passar do tempo e
com a aquisição de novas informações, elas podem ser modificadas para se
transformarem em uma nova realidade
30
:
[...] Eu achei que dessa forma, assim, ajudou, porque... ajudou
não no sentido de criar força na perna, que era o que todo
mundo falava, mas mais assim para criar mais confiança para
se locomover sozinho, para ele começar sozinho, mesmo
dentro do voador, para tentar ficar equilibrando, para ficar em
pé, entendeu? Mas não no sentido na força, que o voador
fosse dar mais força na perna, mas no sentido mesmo de
encorajar mesmo essa marcha, que talvez sem o apoio ele não
iria (mãe GUAI10); Eu achei que foi bom para o Paulo. Até
porque, não sei se eu sei falar, mas eu não vi no Paulo nada
diferente, na perninha, na coxinha, ah, vai ficar cambota, vai
ficar diferente, a perninha diferente... Ele tá muito bem, acho
que ele ficou mais ativo e tal, mas independente, sabe, ele
ficou. Se eu coloco alguma coisa ali, mesmo ele engatinhando
e o andador possibilitava isso assim para ele. Ele podia ir lá e
pegar a coisa. E aí, saiu do andador e agora tá andando, tá
mais ativo (mãe GUAI04).
Embora as expectativas das mães estivessem centradas em efeitos
relacionados a componentes físicos e características músculo-esqueléticas dos
membros inferiores da criança, os efeitos observados por elas incluem outros
aspectos do desenvolvimento infantil, como o senso de autoeficácia e atitude mais
independente e pró-ativa da criança no ambiente de casa. Em síntese, as mães que
perceberam benefícios por terem usado o andador para os filhos consideraram que
essa atitude proporcionou:
127
1) Estímulo para o desenvolvimento e independência: Uai, eu
achei legal. Porque, como eu falei, ela sempre foi uma criança
que nunca gostou de ficar quieta. [...] eu acho que ela achou o
máximo, porque ela se sentiu, ah, tô podendo agora [risos].
Posso ir de um lugar para o outro, consigo alcançar as coisas,
né, que eu quero. [...] Eu acho que para ela foi divertido. Foi
uma forma de ajudar a explorar as coisas, mesmo (mãe
GUAI06).
2) Liberdade para a mãe: ótimo! Para mim, em termos, assim,
tranquilidade para poder me envolver com outras coisas, mexer
com outras coisas, que ela era mais tranquilinha, mas assim,
eu queria trabalhar também. Me ajudou bastante! (mãe
GUAI03).
3) Satisfação dos lactentes: [...] eu achei que foi ótimo para ele,
assim... ah, e eu achei outra coisa também: não sei se
cientificamente foi muito bom ou não é, mas a sensação de
felicidade dele, sabe? De alegria a hora que ele tava ali
brincando [...] ele ficava tão feliz, que eu pensava: ah, nada
deve ser tão ruim [risos] que não compense essa felicidade
dele (mãe GUAI02).
Os benefícios percebidos pelas mães brasileiras são muito semelhantes aos
relatados em estudos realizados em outros países
13,25,31
.
Apesar das mães perceberem benefícios com o uso, duas não gostaram de
usar o andador infantil em seus filhos. Uma delas achou que o equipamento
ofereceu riscos, pois facilitou o acesso a locais e objetos perigosos antes da criança
ter capacidade motora de alcançá-los sozinha: “E realmente é perigo, é perigo! E
outra coisa, ele realmente puxa as coisas [...] Mas o andador foi, fez isso antecipar,
né, mesmo, fez isso antecipar. E, realmente, puxa mesmo, pega as coisas mesmo,
cai! O andador cai!” (mãe GUAI07).
Ainda segundo essa mãe, a criança não gostou de usar o equipamento e, por
isso, demonstrava-se extremamente incomodada em ter que permanecer no mesmo,
enquanto a mãe realizava suas tarefas domésticas. Esse relato reflete a opinião das
mães do GNUAI e a recomendação dos pediatras referente ao uso desse
equipamento. Essas crenças reforçam positivamente a campanha da Associação
Americana de Pediatria para acabar com a venda de andadores infantis para essa
população
14,24
.
A outra mãe que não gostou de usar o andador infantil percebeu malefícios
para o desenvolvimento da criança. Ela argumentou que a criança permaneceu
128
muito tempo no equipamento, enquanto a babá se distraía ao celular. Na análise da
mãe, a criança pulou etapas do desenvolvimento, sendo colocada para andar
quando ainda estava muito “mole” para tal (mãe GUAI05). O pai, que também
participou desta entrevista, teve percepção semelhante à da mãe, porém,
argumentou que o andador pode ser positivo para o desenvolvimento motor da
criança, desde que usado na dose e na hora certa e de forma a não servir como um
descanso para quem está cuidando da criança. Os depoimentos obtidos nesta
entrevista trazem uma nova opinião acerca dos malefícios percebidos com o uso do
andador e questionam aspectos relevantes em relação ao tempo de uso diário e
momento de indicação para início do uso do equipamento, que devem ser melhor
investigados.
O presente estudo acrescenta informações à literatura existente sobre uso do
andador infantil com lactentes normais, por ser o primeiro qualitativo realizado com
mães brasileiras para conhecer as opiniões acerca dos efeitos do uso do andador
infantil no período anterior à aquisição da marcha independente. Uma limitação
desta investigação deve-se à característica da amostra, composta, em sua maioria,
de famílias provenientes da classe social média alta e ter incluído cuidadores com
nível superior completo, sendo que várias mães (n=6) do GNUAI eram profissionais
da área da saúde. Considerando as crenças e percepções negativas dos
profissionais da saúde sobre os efeitos do andador infantil, tais características
poderiam ter restringido o número de mães do grupo que optou por usar o andador
em seus filhos. Entretanto, tal expectativa não foi confirmada neste grupo amostral.
Recente pesquisa realizada na Turquia enfatizou que 75,4% de um total de
495 crianças daquele país usaram o andador infantil na primeira infância
31
. Apesar
de culturas diferentes, as crenças e motivos que levaram as mães a usar o
equipamento são muito semelhantes às encontradas no presente trabalho. Estudos
que testem empiricamente os efeitos do uso do andador infantil poderão
acrescentar-se às crenças identificadas, subsidiando as decisões de mães e pais
sobre suas condutas e estilo de criação dos filhos.
As crenças que influenciaram a decisão sobre o uso do andador ilustram
racionalidades distintas entre as mães sobre os efeitos desse equipamento para o
desenvolvimento da marcha e consequente ganho de autonomia da criança. Os
resultados presentes ampliaram o entendimento das escolhas que podem influenciar
nas práticas maternas no período que antecede a aquisição da marcha.
129
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento do Projeto “Efeitos do uso do voador na
aquisição de marcha em lactentes com desenvolvimento normal”, o qual originou o
presente estudo (Edital Universal 15/2007 processo nº 473788/2007-1 e CDS –
Programa Pesquisador Mineiro processo nº 00185-08). Agradecemos aos
entrevistados pela participação no presente estudo.
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132
Figura 1: Estrutura final das categorias com base na análise de conteúdo das entrevistas, construída com auxílio do software
NVIVO8 QRS Internacional. Em formato arredondado, as categorias numeradas utilizadas para interpretação dos resultados, e em
formato retangular, o resumo das informações encontradas nos relatos que influenciaram a formação das categorias.
4) Benefícios e malefícios sobre o uso do
andador infantil
3) Crenças sobre o uso do
andador infantil
1) Informações sobre o
andador infantil
2) Dúvida/ decisão em usar o
andador infantil x
Certeza de não usar
Diferentes fontes de informação (família,
cotidiano, acadêmica, pediatria)
Opiniões positivas e/ou negativas
sobre o andador infantil
133
CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo 1 caracteriza o primeiro estudo com acompanhamento longitudinal
sistematizado dos parâmetros cinemáticos da marcha em lactentes que usaram o
andador infantil. A metodologia utilizada mostrou-se adequada para testar os
pressupostos clínicos a cerca do uso desse equipamento na fase pré-aquisição da
marcha independente. Os resultados desse estudo contribuem para fundamentar
recomendações baseadas em evidências sobre uso do andador infantil e seus
efeitos na aquisição da marcha em lactentes com desenvolvimento normal.
A primeira hipótese dessa tese (H1) foi confirmada pela ausência de
diferenças entre grupos na idade de aquisição da marcha independente,
corroborando com os achados reportados por outros estudos que investigaram esse
desfecho
44,49,46,50
. Esse resultado não dá suporte a um dos pressupostos clínicos
dos profissionais da área da saúde que acreditam que o uso do andador atrasa a
aquisição da marcha independente, conforme relatado por um dos estudos
retrospectivos que investigou os efeitos do uso do andador na idade de aquisição de
marcos do desenvolvimento motor
48
. Ao mesmo tempo em que não houve atraso na
aquisição desse marco motor, também não acelerou o processo, conforme muitos
pais acreditam
42
, e conforme foi demonstrado por outros estudos que treinaram a
marcha com apoio no período anterior e anteciparam a idade de aquisição
34,37,35,36
.
Não foram encontradas diferenças entre grupos na articulação do tornozelo,
não observando padrão de pé em eqüino, principal argumentação dos profissionais
de saúde para alegar efeito negativo do uso do andador infantil. Além disso, o
quadril no plano sagital do grupo andador não apresentou maior flexão do que o
grupo controle, o que poderia contribuir para uma projeção anterior do centro de
134
massa, dificultando o equilíbrio na postura ortostática para execução de uma marcha
eficiente. Os pressupostos clínicos desses profissionais não foram confirmados com
os resultados do presente estudo. As diferenças observadas entre grupos na
cinemática articular do joelho, na velocidade da marcha, e no tempo da fase de
balanço, parecem demonstrar uma evolução mais rápida do grupo AI em direção ao
um padrão de marcha considerado maduro
3,16
. A segunda hipótese dessa tese (H2)
foi negada, porém as diferenças entre grupos nas variáveis cinemáticas da marcha
não caracterizam efeitos negativos na marcha do grupo AI.
O estudo 2 acrescenta informações importantes ao corpo de conhecimento
disponível sobre os efeitos do uso do andador infantil anteriormente a aquisição da
marcha independente como meio de disponibilizar prática de locomoção na postura
de pé. Diferentemente do que foi hipotetizado (H3), lactentes que vivenciaram
prática se locomovendo na postura bípede no andador no período pré-aquisição da
marcha, não apresentaram melhor desempenho percepto-motor na habilidade de
subir rampas quando comparados com lactentes que não foram expostos ao uso do
andador. O período de três meses após a aquisição da marcha independente parece
corresponder à fase de maiores mudanças no desenvolvimento da habilidade de
subir rampas, em um período de seis meses de acompanhamento. Esse estudo
sugere que experiências adquiridas na fase de desenvolvimento da marcha parecem
contribuir para uma melhora no desempenho na tarefa de subir rampas de diferentes
inclinações, em ambos os grupos.
Por fim, o estudo 3 acrescenta informações à literatura existente sobre uso
do andador infantil com lactentes normais, por ser o primeiro qualitativo realizado
com mães brasileiras para conhecer as opiniões acerca dos efeitos e experiências
sobre o uso do andador infantil no período anterior à aquisição da marcha
135
independente. As crenças que influenciaram a decisão sobre o uso do andador
ilustram racionalidades distintas entre as mães acerca dos efeitos desse
equipamento para o desenvolvimento da marcha e consequente ganho de
autonomia da criança. Os resultados apresentados ampliaram o entendimento das
escolhas que podem influenciar nas práticas maternas no período que antecede a
aquisição da marcha.
Os resultados dos três estudos contribuem para nortear a opinião sobre os
efeitos do uso do andador infantil na aquisição da marcha independente em
lactentes com desenvolvimento normal, com evidências científicas. Apesar de ser
um equipamento frequentemente condenado por profissionais da área da saúde, a
ausência de efeitos negativos ou positivos na idade de aquisição da marcha, nas
variáveis cinemáticas e na habilidade de subir rampas investigadas nesse estudo,
por um período de seis meses após a aquisição desse marco motor, podem
contribuir para mudanças na tomada de decisão clínica quanto à indicação do uso
desse equipamento. Os pais que optarem por usar esse equipamento com seus
filhos devem ser informados sobre a ausência de efeitos negativos ou positivos do
uso do andador, quando o uso acontece por períodos inferiores a uma hora por dia.
136
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
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143
APÊNDICE A – Folha de inclusão e acompanhamento no estudo
EFEITOS DO USO DO ANDADOR INFANTIL NA AQUISIÇÃO DA MARCHA
INDEPENDENTE EM LACTENTES COM DESENVOLVIMENTO NORMAL
Paula Silva de Carvalho Chagas
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Marisa Cotta Mancini
* Número de Identificação: ____________ Data: _____________________
Nome da Criança: ___________________________________________________
Sexo: ( ) F ( ) M yData de nascimento: ________________
Nome da Mãe: ______________________________________________________
Nome do Pai:_______________________________________________________
Endereço:__________________________________________________________
__________________________________________________________
Tel: ______________________________________________________________
e-mail: ____________________________________________________________
* Critérios de Inclusão:
1. Peso ao nascimento (>2500 gramas): __________________
2. Altura ao nascimento: ________________
3. Idade gestacional (> 37 semanas): ___________________
4. Usa medicação regularmente: ( ) SIM ( ) NÃO
* Critérios de controle
:
5. Critério de Classificação Econômica Brasil: ( ) A1 ( ) A2 ( ) B1 ( ) B2
( ) C1 ( ) C2 ( ) D ( ) E
6. Primeiro(a) filho(a): ( ) SIM ( ) NÃO ________________
7. Raça da criança: ________________________
8. Quem é o principal cuidador da criança (quem passa mais tempo cuidando da criança em
casa?):
( ) mãe ( ) pai ( ) vó ( ) vô ( ) outros parentes
9. O principal cuidador trabalha? ( ) SIM ( ) NÃO
Aonde: _______________________________________________________________
Quantas horas por dia: __________________________________________________
144
Avaliação no momento da inclusão – AIMS
Data: ____________________ Local:_______________________________ Examinador: _________________________________________
Pontuação: ____________________________ Percentil: ( ) < 5 % ( ) 10% ( ) 25% ( ) 50% ( ) 75% ( ) 90%
Observações: ________________________________________________________________________________________________________
Medidas antropométricas realizadas:
Idade Data Peso (kg) Altura (cm) Comprimento
do MID (cm)
Obs:
(A)
Mãe:
M + Cç:
Cça:
(B) Mãe:
M + C:
Cça:
(C)
Mãe:
M + C:
Cça:
(D)
Mãe:
M + C:
Cça:
(E) Mãe:
M + C:
Cça:
(F) Mãe:
M + C:
Cça:
(G) Mãe:
M + C:
Cça:
145
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação no
estudo quantitativo
Título do Estudo:
EFEITOS DO USO DO VOADOR NA AQUISIÇÃO DA MARCHA INDEPENDENTE
E NA PERCEPÇÃO VISUAL EM LACTENTES COM DESENVOLVIMENTO
NORMAL
Prezados pais ou responsáveis:
Obrigado pelo interesse neste estudo. O objetivo deste estudo é acompanhar ao longo do
tempo os efeitos do uso ou não do voador na aquisição do caminhar sozinho e na percepção visual,
em crianças com desenvolvimento normal. Para tanto, este estudo irá avaliar as mudanças no
desenvolvimento motor, na maneira de caminhar, na ativação dos músculos da perna de crianças, e
no desenvolvimento da percepção visual observadas com a melhora na qualidade da função de
andar.
Procedimento:
Todas as crianças que participarem deste estudo serão avaliados no Laboratório de
Análise de Movimento (LAM) do Departamento de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), localizado no 1º andar do Prédio de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional, Campus Universitário, Pampulha (entrada na frente da USIMINAS). Será
dada ajuda para custear transporte por nós, não sendo necessário que você arque com nenhum
gasto extra em seu orçamento financeiro. As avaliações serão marcadas com antecedência e
vocês serão contatados por telefone 2 dias antes, para confirmar a presença e o horário.
O estudo constará de 2 partes: (1) avaliação do desenvolvimento motor, da maneira de
caminhar e da atividade de grupos musculares específicos da perna direita de seu(ua) filho(a),
durante a atividade de andar; e (2) avaliação da percepção visual durante a tarefa de se mover
sobre uma rampa.
Parte 1
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Seu(ua) filho(a) será avaliado por um teste infantil padronizado chamado AIMS (Alberta
Infant Motor Scale), que tem como objetivo documentar a movimentação do bebê enquanto brinca,
em crianças de idade entre 0 e 18 meses de vida, sendo realizada na presença de vocês. O teste é
aplicado enquanto vocês, pais, estimulam a criança a brincar e se movimentar em quatro posturas:
deitado de barriga para cima, deitado de barriga para baixo, sentado, e de pé. Seu(ua) filho(a) será
colocado em cada uma destas posturas, sobre um colchonete colocado no chão e posicionado
próximo a vocês. A duração máxima deste teste se de 30 minutos. Esta avaliação será realizada
em uma visita à casa de vocês, no momento que o(a) seu(ua) filho(a) iniciar a participação no estudo
e em todas as visitas que vocês fizerem ao LAM para análise do caminhar e eletromiográfica. Esta
avaliação será realizada por uma única fisioterapeuta experiente na área infantil, que foi previamente
treinada na aplicação desta avaliação e tem prática com a mesma.
No dia da visita domiciliar, vocês, pais das crianças que escolheram fazer uso do voador,
serão orientados sobre cuidados que devem ter quando seu(ua) filho(a) fizer uso do voador, conforme
vem especificado na caixa do produto. Além disso, lhe será entregue uma folha para registro do
tempo de uso diário do voador e de possíveis comentários a cerca do uso deste equipamento. Se
possível, gostaríamos de tirar uma foto do voador e de seu(ua) filho(a) fazendo uso do mesmo. O(a)
seu(ua) filho(a) não será identificado em momento nenhum. O objetivo da foto é apenas de ilustrar o
uso do voador em casa. Vocês pais, que decidiram não usar o voador também serão visitados,
somente para avaliação pelo teste AIMS.
AVALIAÇÃO DO CAMINHAR
Seu(ua) filho(a) deverá vir ao laboratório da UFMG, na semana que ele(a) der 5 passos
sozinho, sem ajuda de ninguém, para a avaliação eletromiográfica e da maneira de caminhar, em
data e horário a ser combinado previamente, considerando a disponibilidade de vocês para trazê-lo.
Os retornos subseqüentes serão mensais até o sexto mês pós-aquisição, totalizando sete visitas à
UFMG. Em cada um destes retornos, a maneira de caminhar e a atividade muscular dos músculos de
uma das pernas do(a) seu(ua) filho(a) será mensurada por meio de eletromiografia e da filmagem da
146
marcha. Este procedimento visa quantificar através de um sinal elétrico, a contração dos músculos da
região do bumbum, da coxa e da perna, durante o caminhar independente, além de documentar a
maneira utilizada para andar. Cada avaliação da maneira de caminhar, da atividade muscular e da
movimentação do(a) seu(ua) filho(a) terá duração de cerca de 60 minutos.
A Eletromiografia (EMG) e Análise do caminhar incluem os seguintes procedimentos:
1- Retirada de parte da roupa do(a) seu(ua) filho(a) (calça, saia ou short, sapatos) para início do
preparo da pele.
2- Limpeza da pele com álcool para eliminar oleosidade da pele e facilitar a colocação de
eletrodos e dos marcadores. É importante que o(a) seu(ua) filho(a) não use nenhum tipo de
hidratante ou óleo pós-banho no dia do teste e venha para as avaliações com a pele limpa e
seca.
3- Serão colocados eletrodos na perna direita do(a) seu(ua) filho(a), superficialmente sobre a
pele, com uma fita adesiva de dupla-face para acoplamento do eletrodo na pele. Cada
eletrodo será fixado na pele com um esparadrapo anti-alérgico. Ao todo, 7 canais de
eletrodos de EMG serão fixados na perna direita de seu(ua) filho(a) nos seguintes locais: 1 no
músculo da região do bumbum, 2 na parte da frente da coxa, 1 na parte de trás da coxa, 1 na
batata da perna, 1 na frente da perna e 1 numa extremidade óssea palpável logo abaixo do
joelho.
4- Além dos eletrodos, 12 marcadores para a análise da maneira de caminhar serão colocados
nas proeminências ósseas do lado direito do corpo com uma fita adesiva de dupla-face: no
ombro (1), bacia (2), coxa (4), perna (2) e pé (3), além de 3 faixas de neoprene com 3
marcadores colados nelas: (1) na pelve; (2) na coxa; e (3) na batata da perna.
5- O(a) seu(ua) filho(a) ficará com alguns fios que ligam os eletrodos colocados na perna, a um
aparelho de eletromiografia. Os fios não dão choque e os marcadores da análise do caminhar
não têm fio.
6- Será realizada uma filmagem do(a) seu(ua) filho(a) durante todas as testagens, com sete
câmeras filmadoras, colocada em torno do(a) seu(ua) filho(a). A avaliação do caminhar será
realizada sobre um tapete em um espaço de aproximadamente 5 metros, em uma superfície
plana regular. Vocês ficarão de pé no final deste espaço e estimularão seu(sua) filho(a) a
andar sozinho em sua direção.
7- Após estes procedimentos para coleta de dados todos os eletrodos e marcadores serão
cuidadosamente retirados de sua pele e a fita adesiva e o esparadrapo serão retirados com
algodão e álcool.
Além destes procedimentos indicados acima, o(a) seu(ua) filho(a) será pesado e será medido
para documentar sua altura. Além destas mensurações, uma fita métrica será utilizada para medir o
tamanho e a largura do braço, antebraço, coxa e da perna do(a) seu(ua) filho(a), em cada avaliação.
Parte 2:
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO VISUAL
Após o término desta parte, seu(ua) filho(a) será colocado no topo de uma rampa de altura
máxima de 71 cm, acolchoada e protegida com redes de segurança, e será estimulado por vocês, a
andar sobre a rampa em diferentes inclinações. Vocês deverão ficar ao final da rampa, dando
estímulos verbais e com brinquedos de agrado do(a) seu(ua) filho(a) para que o mesmo possa ir em
direção aos estímulos da forma como ele achar mais confortável (andando sobre a rampa,
engatinhando, de bumbum). Um dos pesquisadores participantes desse estudo ficará ao lado da
rampa para que, caso a criança caia, o mesmo possa garantir sua segurança. As inclinações serão
modificadas a cada vez que a criança conseguir descer e subir a rampa. Este procedimento terá
duração máxima de 60 minutos.
Riscos e Desconfortos:
A realização desta pesquisa oferece riscos considerados mínimos. Na avaliação da
movimentação do bebê, é importante que o(a) seu(ua) filho(a) esteja à vontade e a presença de
vocês é necessária para que o seu(ua) filho(a) não se sinta incomodado ou intimidado com o
examinador. O teste pode ser parado a qualquer instante se o(a) seu(ua) filho(a) chorar ou ficar
incomodado com a situação, podendo vocês pegarem ele(a) no colo neste momento. Para minimizar
os riscos de quedas espontâneas, o(a) seu(ua) filho(a) será acompanhado de perto pelo examinador
e por vocês. Além disso, sua movimentação será observada sobre um colchonete macio, colocado
sobre o chão.
147
Para a avaliação da maneira de caminhar e da ativação muscular da perna pela
eletromiografia, a pele do(a) seu(ua) filho(a) deverá ser limpa com álcool, podendo apresentar algum
sinal de vermelhidão logo após a limpeza, dependendo da sensibilidade da pele do(a) seu(ua)
filho(a). Os eletrodos e marcadores serão colocados sobre a pele, não machucando e nem
apresentando nenhum risco de choque ou queimadura. Os eletrodos serão fixados com esparadrapo
anti-alérgico, podendo apresentar algum sinal de vermelhidão logo após a retirada do mesmo, no final
da avaliação.
Seu(ua) filho(a) será filmado durante a avaliação eletromiográfica, ao andar sozinho sobre
uma superfície plana. As imagens gravadas não serão disponibilizadas a ninguém sem o prévio
consentimento dos pais e serão realizadas unicamente para fornecer maiores informações sobre a
maneira de caminhar sozinho apresentado pelo(a) seu(ua) filho(a). Vocês poderão se manter próximo
a ele para que ele se sinta mais seguro, porém pode ser que o(a) seu(ua) filho(a) caia em alguma das
situações de teste, já que ele(a) ainda está aprendendo a andar. Caso isso ocorra, vocês podem
pegá-lo(a) no colo até que ele(a) acalme. A queda durante o processo de aquisição do caminhar faz
parte do desenvolvimento motor normal geralmente resultando em poucos riscos para o(a) seu(ua)
filho(a). Caso seu(ua) filho(a) manifeste cansaço durante esta atividade, será dada oportunidade para
ele(a) descansar por alguns minutos. Na tarefa de descer e subir a rampa, os mesmos cuidados
anteriores serão tomados.
Para assegurar o anonimato e confidencialidade das informações obtidas, seu(ua) filho(a)
receberá um número de identificação ao entrar no estudo e o nome dele(a) nunca será revelado em
nenhuma situação. Se a informação coletada vir a ser publicada em revista ou evento científico,
seu(ua) filho(a) não será identificado(a), uma vez que será representado(a) com um número e os
dados informarão sobre os comportamentos do caminhar e da percepção visual do grupo e não de
uma única criança.
Benefícios:
As informações coletadas neste estudo poderão beneficiar seu(ua) filho(a), diretamente, já
que iremos avaliar a movimentação motora dele(a) e também as características apresentadas pelo(a)
seu(ua) filho(a) quando ele(a) começar a andar.
Além dessa vantagem, este estudo ajudará profissionais da área de desenvolvimento infantil
a compreender melhor quais são os padrões de ativação dos grupos musculares testados, e como é
a maneira de caminhar durante a fase inicial de aquisição do andar em crianças que usaram o voador
e crianças que não usaram o voador. Ainda, este estudo irá nos mostrar quais os efeitos do uso do
voador na aquisição do andar sozinho e no desenvolvimento da percepção visual. Estas informações
poderão beneficiar profissionais que trabalhem com crianças para orientação quanto ao uso ou não
do voador.
Recusa ou Abandono:
A participação de seu(ua) filho(a) neste estudo é inteiramente voluntária e você(s) é(são)
livre(s) para participar ou abandonar o estudo a qualquer momento. Depois de ter lido as informações
acima, se for de sua vontade permitir que seu(ua) filho(a) participe, por favor, preencha o
consentimento abaixo.
CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA
Declaro que li e entendi as informações contidas acima. Todas as minhas dúvidas foram
esclarecidas e recebi uma cópia deste formulário de consentimento. Dou a minha permissão para que
meu(inha) filho(a) participe deste estudo.
_________________________________________________________________________
Assinatura do pai ou responsável Data
_________________________________________________________________________
Testemunha Pesquisadora responsável
148
CONSENTIMENTO PARA FILMAGEM E FOTOGRAFIA
Declaro que li e entendi as informações contidas acima. Todas as minhas dúvidas foram
esclarecidas e recebi uma cópia deste formulário de consentimento. Dou a minha permissão para que
meu(inha) filho(a) seja filmado(a) e fotografado(a) durante a realização da pesquisa, exclusivamente
para este fim.
_________________________________________________________________________
Assinatura do pai ou responsável Data
_________________________________________________________________________
Testemunha Pesquisadora responsável
Coordenadores do Projeto:
Profa. Dra. Marisa C. Mancini, Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG, fone: 3409-
4790;
Profa. Ms. Paula Silva de Carvalho Chagas, Departamento de Fisioterapia da Universidade
Federal de Juiz de Fora, Doutoranda em Ciências da Reabilitação – EEFFTO - UFMG, fone:
9284-6198 e (32) 8852-8033
Prof. Ms. Luiz Megale, Pediatra colaborador, Departamento de Pediatra da UFMG, fone:
9953-2201;
Aluna de Iniciação Científica: Karolina, estudante de Terapia Ocupacional da UFMG, fone:
9203-2448.
Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG - fone: (31) 3409-4592; Fax: (31) 3409-4516
Avenida Presidente Antonio Carlos 6627, Unidade Administrativa II, 2º andar – sala 2005,
CEP: 31270-901, BH - MG. E-mail: [email protected]
149
APÊNDICE C – Folha para registro diário do uso do andador infantil
Criança: ___________________________________________________________
Idade de início do uso: __________________________ DN: _________________
DIA HORA DO DIA TEMPO DE USO COMENTÁRIO
150
APÊNDICE D - Tabela para análise do desempenho para subir rampas de diferentes inclinações
* Número de Identificação: ____________ * Data: _________________________ * Semana: início ( ) 1ª ( ) 2ª ( ) 3ª ( ) 4ª ( ) 5ª ( ) 6ª ( )
Graus
Tentativas
S
U
B
I
D
A
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 OBS:
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
151
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação no
estudo qualitativo
Título do Estudo:
PERCEPÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS SOBRE O USO E OS EFEITOS DO USO DO
VOADOR PARA O LACTENTE
Prezados pais ou responsáveis:
Obrigado pelo interesse neste estudo. Esse estudo visa analisar a percepção de vocês sobre
os efeitos do uso ou do não uso do voador antes do início do caminhar sozinho de seus(uas) filhos
(as).
Procedimentos:
Caso vocês concordem em participar da pesquisa, vocês irão conceder uma entrevista à
pesquisadora Paula Silva de Carvalho Chagas.
Esta entrevista será gravada e posteriormente registrada em papel. O local e o horário da
entrevista será definido de acordo com a disponibilidade de vocês. Será dada ajuda para custear
transporte por nós, não sendo necessário que você arque com nenhum gasto extra em seu
orçamento financeiro. A entrevista será marcada com antecedência e vocês serão contatados por
telefone 2 dias antes, para confirmar a presença e o horário.
A entrevista escrita será revisada por vocês, podendo vocês fazerem as modificações que
julgarem necessárias. Após esta revisão, vocês assinarão a entrevista e devolverão o material à
pesquisadora.
Durante a entrevista será respeitado o direito de vocês não responderem as perguntas que
desejarem, podendo a entrevista ser interrompida a qualquer momento sem nenhum prejuízo para
vocês.
As entrevistas serão usadas nas análises e na apresentação final da pesquisa, sem
identificação de vocês, mantendo, assim, o sigilo exigido neste tipo de estudo. A pesquisadora Paula
Silva de Carvalho Chagas ficará responsável por guardar o material gravado e as entrevistas escritas.
Em nenhuma hipótese este material será difundido para outros fins que não o da pesquisa. O
material, ao final do estudo, será destruído.
Riscos:
A realização desta pesquisa oferece riscos considerados mínimos. As questões são simples e
não induzem constrangimento e, em nenhuma situação, vocês serão pressionados a responder as
perguntas, evitando, assim, possíveis comprometimentos psicológicos. Vocês não receberão
compensação financeira ou terão qualquer tipo de despesa participando do estudo.
Benefícios:
Os resultados desse estudo visam facilitar a compreensão dos profissionais da área da saúde
sobre os motivos pelos quais vocês, pais, decidem usar ou não o voador antes do início do caminhar
sozinho de seus(uas) filhos(as), a forma como ele é utilizado, a idade de início do uso e a percepção
de vocês a cerca do uso deste equipamento. Estas informações poderão beneficiar profissionais que
trabalhem com crianças para orientação quanto ao uso ou não do voador
.
Recusa ou Abandono:
A sua participação neste estudo é inteiramente voluntária e você é livre para participar ou
abandonar o estudo a qualquer momento.
Depois de ter lido as informações acima, se for de sua vontade participar, por favor, preencha
o consentimento abaixo.
152
CONSENTIMENTO
Declaro que li e entendi as informações contidas acima. Todas as minhas dúvidas foram
esclarecidas e recebi uma cópia deste formulário de consentimento.
_________________________________________________________________________
Assinatura Data
_________________________________________________________________________
Testemunha Pesquisadora responsável
Coordenadores do Projeto:
Profa. Dra. Marisa C. Mancini, Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG, fone: 3409-
4790;
Profa. Ms. Paula Silva de Carvalho Chagas, Departamento de Fisioterapia da Universidade
Federal de Juiz de Fora, Doutoranda em Ciências da Reabilitação – EEFFTO - UFMG, fone:
9284-6198 e (32) 8852-8033
Prof. Ms. Luiz Megale, Pediatra colaborador, Departamento de Pediatra da UFMG, fone:
9953-2201;
Aluna de Iniciação Científica: Karolina, estudante de Terapia Ocupacional da UFMG, fone:
9203-2448.
Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG - fone: (31) 3409-4592; Fax: (31) 3409-4516
Avenida Presidente Antonio Carlos 6627, Unidade Administrativa II, 2º andar – sala 2005,
CEP: 31270-901, BH - MG. E-mail: [email protected]
153
APÊNDICE F – Questionário semi-estruturado para entrevista com os pais
* Número de Identificação
: ____________ Data da entrevista: __________________
Nome da Criança: __________________________________________________
Data de nascimento: ________________________________________________
Nome do Entrevistado: ______________________________________________
Contato: _________________________________________________________
Médico responsável: ________________________________________________
* Perguntas para o grupo Andador infantil (voador):
1. Quando você ouviu falar do voador? O que ouviu falar? (comentário-orientação–
relato)
2. Em que momento você decidiu que usaria o voador com seu(ua) filho(a)?
3. Qual motivo te levou a usar o voador com seu(ua) filho(a)?
4. O pediatra do seu(ua) filho(a) já conversou com você sobre o uso do voador?
a) Caso sim: O que ele lhe falou sobre o voador?
5. Como você conseguiu o voador? Qual é o seu voador?
6. Com qual idade estava o seu(ua) filho(a) quando começou a usar o voador?
7. Quanto tempo por dia, em média, ele(a) ficava no voador?
8. O que ele(a) fazia enquanto estava no voador?
9. O que você fazia enquanto seu(ua) filho(a) estava no voador?
10. O que você achou de usar o voador com o(a) seu(ua) filho(a)?
11. Tem mais alguma questão que você gostaria de falar?
* Perguntas para o grupo Controle:
1. Quando você ouviu falar do voador? O que ouviu falar? (comentário-orientação-
relato)
2. Em que momento você decidiu que não usaria o voador com seu(ua) filho(a)?
3. Qual motivo te levou a não usar o voador com seu(ua) filho(a)?
4. O pediatra do seu(ua) filho(a) já conversou com você sobre o uso do voador?
a) Caso sim: O que ele lhe falou sobre o voador?
5. Tem mais alguma questão que você gostaria de falar?
154
ANEXO A – Tabela utilizada para o cálculo amostral
155
ANEXO B: Critério de Classificação Econômica Brasil 2008 (ABEP)
EFEITOS DO USO ANDADOR INFANTIL NA AQUISIÇÃO DA MARCHA
INDEPENDENTE EM LACTENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Paula Silva de Carvalho Chagas
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Marisa Cotta Mancini
* Número de Identificação: ____________
Nome da Criança: _____________________________________________
Responsável: _________________________________________________
Data: ________________
Resultado da Classificação Econômica: ___________________
Posse de itens
Não
tem
Tem
1 2 3 4
Televisores em cores 0 1 2 3 4
Videocassete/ DVD 0 2 2 2 2
Rádios 0 1 2 3 4
Banheiros 0 4 5 6 7
Automóveis 0 4 7 9 9
Empregadas mensalistas 0 3 4 4 4
Máquinas de lavar 0 2 2 2 2
Geladeira 0 4 4 4 4
Freezer (* independente ou 2ª porta da
geladeira)
0 2 2 2 2
Grau de instrução do chefe da família
Nomenclatura antiga / atual Pontos
Analfabeto/ Primário incompleto / até 3ª série fundamental 0
Primário completo / 4ª série fundamental 1
Ginasial completo / fundamental completo 2
Colegial completo / médio completo 4
Superior completo 8
Ponto de corte das classes /
Classificação final
Classe A1 42 a 46 pontos
Classe A2 35 a 41 pontos
Classe B1 29 a 34 pontos
Classe B2 23 a 28 pontos
Classe C1 18 a 22 pontos
Classe C2 14 a 17 pontos
Classe D 8 a 13 pontos
Classe E 0 a 7 pontos
156
ANEXO C – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – UFMG
157
ANEXO D – Valores médios (desvio padrão) das variáveis cinemáticas analisadas
no estudo 1
VARIÁVEIS
DEPENDENTES
TEMPO GRUPOS
AI C
MDF (°) AQUISIÇAO 5,05 (8,29) 5,53 (4,72)
1 MÊS 2,51 (7,01) 3,76 (5,07)
2 MESES 3,45 (7,22) 5,74 (6,40)
3 MESES 3,11 (7,67) 4,49 (10,18)
4 MESES 3,74 (5,40) 2,92 (5,96)
5 MESES 4,77 (5,52) 4,82 (5,55)
6 MESES 3,44 (4,90) 3,68 (4,67)
MPF (°) AQUISIÇAO -17,61 (9,47) -15,56 (6,24)
1 MÊS -18,25 (8,17) -16,61 (7,68)
2 MESES -18,54 (6,81) -15,74 (7,21)
3 MESES -18,58 (8,44) -17,67 (11,87)
4 MESES -17,61 (6,76) -20,75 (9,06)
5 MESES -19,30 (6,31) -18,75 (6,86)
6 MESES -17,15 (5,32) -20,18 (7,19)
MDPF (°) AQUISIÇAO -4,56 (8,35) -3,46 (4,75)
1 MÊS -6,46 (6,80) -4,70 (5,51)
2 MESES -5,44 (5,60) -3,56 (6,12)
3 MESES -5,92 (7,66) -5,04 (9,84)
4 MESES -5,41 (5,53) -6,44 (6,31)
5 MESES -5,16 (4,87) -4,63 (5,08)
6 MESES -4,99 (4,31) -5,78 (5,08)
MAB (°) AQUISIÇAO -19,26 (6,94) -17,89 (4,56)
1 MÊS -20,41 (6,86) -18,88 (8,04)
2 MESES -15,76 (5,30) -16,62 (5,24)
3 MESES -14,28 (3,69) -14,35 (4,01)
4 MESES -10,62 (5,54) -12,65 (3,09)
5 MESES -12,10 (5,59) -11,17 (4,89)
6 MESES -11,73 (3,16) -11,36 (7,13)
MAD (°) AQUISIÇAO 1,98 (4,98) 2,43 (4,53)
1 MÊS 0,33 (5,05) 1,85 (5,27)
2 MESES 5,31 (4,68) 0,62 (4,08)
3 MESES 4,16 (2,68) 4,65 (5,40)
4 MESES 6,02 (4,35) 4,47 (3,59)
5 MESES 5,14 (3,86) 6,28 (4,68)
6 MESES 5,54 (2,87) 6,27 (6,22)
158
MABAD (°) AQUISIÇAO -6,88 (5,23) -6,47 (3,88)
1 MÊS -9,10 (5,67) -7,03 (5,27)
2 MESES -4,22 (4,63) -7,01 (3,75)
3 MESES -4,06 (2,33) -3,93 (3,51)
4 MESES -1,74 (4,44) -3,50 (2,67)
5 MESES -2,88 (4,09) -1,82 (3,95)
6 MESES -2,45 (2,79) -2,00 (6,12)
MFQ (°) AQUISIÇAO 37,34 (11,38) 41,93 (11,52)
1 MÊS 37,52 (10,32) 43,34 (11,06)
2 MESES 35,18 (6,24) 35,49 (12,37)
3 MESES 35,72 (13,91) 33,31 (11,15)
4 MESES 36,62 (12,30) 38,58 (14,69)
5 MESES 38,72 (10,77) 40,91 (10,23)
6 MESES 32,24 (8,27) 42,41 (10,00)
MEQ (°) AQUISIÇAO -5,05 (7,82) -3,40 (9,08)
1 MÊS -7,01 (8,77) -1,76 (9,34)
2 MESES -10,47 (5,92) -7,44 (8,42)
3 MESES -7,67 (13,08) -11,23 (9,10)
4 MESES -4,83 (13,41) -6,08 (11,71)
5 MESES -4,39 (9,48) -4,51 (8,46)
6 MESES -11,42 (8,38) -3,63 (7,41)
MFEQ (°) AQUISIÇAO 12,54 (8,09) 16,10 (9,62)
1 MÊS 12,62 (8,41) 18,65 (9,10)
2 MESES 10,64 (4,71) 12,39 (9,78)
3 MESES 13,03 (13,16) 9,55 (9,05)
4 MESES 15,31 (12,94) 15,64 (12,57)
5 MESES 16,36 (8,75) 17,03 (8,75)
6 MESES 9,62 (8,24) 18,31 (8,13)
MFJ (°) AQUISIÇAO -66, 29 (10,67) -70,88 (9,52)
1 MÊS -69,14 (8,52) -73,88 (9,45)
2 MESES -70,18 (5,80) -74,70 (11,32)
3 MESES -71,41 (11,56) -73,35 (6,40)
4 MESES -71,86 (9,19) -75,54 (6,27)
5 MESES -73,75 (7,28) -78,81 (6,48)
6 MESES -70,47 (6,88) -78,91 (6,79)
MEJ (°) AQUISIÇAO -1,88 (10,25) -2,30 (5,97)
1 MÊS -1,07 (6,86) -3,30 (10,19)
2 MESES -1,91 (6,92) -4,49 (9,67)
3 MESES -4,71 (10,44) -0,78 (7,11)
4 MESES -5,22 (8,78) -3,19 (5,45)
159
5 MESES -3,28 (7,89) -5,02 (7,56)
6 MESES -2,70 (6,05) -4,79 (5,73)
MFEJ (°) AQUISIÇAO -21,96 (9,99) -25,32 (5,27)
1 MÊS -23,67 (6,13) -28,10 (8,51)
2 MESES -24,99 (5,74) -28,22 (10,13)
3 MESES -27,00 (9,86) -25,93 (5,96)
4 MESES -27,70 (7,36) -28,73 (6,30)
5 MESES -27,64 (6,92) -31,76 (7,21)
6 MESES -25,77 (5,64) -31,79 (5,75)
MAP (°) AQUISIÇAO -11,66 (7,85) -10,65 (6,37)
1 MÊS -9,41 (6,68) -13,78 (7,29)
2 MESES -9,12 (4,70) -7,44 (6,84)
3 MESES -9,46 (7,70) -6,73 (7,66)
4 MESES -9,35 (10,12) -12,15 (9,96)
5 MESES -12,30 (6,48) -12,84 (5,20)
6 MESES -7,52 (5,59) -13,57 (8,40)
MRP (°) AQUISIÇAO -3,60 (6,86) -2,47 (6,17)
1 MÊS -2,44 (6,90) -6,18 (7,24)
2 MESES -0,81 (4,54) 0,30 (6,29)
3 MESES -1,63 (7,84) 0,91 (7,17)
4 MESES -1,61 (10,18) -4,09 (9,28)
5 MESES -4,56 (7,14) -4,19 (5,60)
6 MESES 0,39 (5,92) -4,61 (7,91)
MARP (°) AQUISIÇAO -7,82 (7,27) -14,70 (11,42)
1 MÊS -6,23 (6,72) -10,13 (7,22)
2 MESES -5,26 (4,82) -3,73 (6,58)
3 MESES -5,65 (7,78) -3,04 (7,41)
4 MESES -5,51 (10,09) -8,32 (9,61)
5 MESES -8,61 (6,67) -8,65 (5,37)
6 MESES -3,64 (5,71) -9,16 (8,22)
MDLD (°) AQUISIÇAO -0,36 (0,09) -0,27 (0,09)
1 MÊS -0,27 (0,08) -0,29 (0,06)
2 MESES -0,29 (0,05) -0,29 (0,08)
3 MESES -0,26 (0,08) -0,30 (0,08)
4 MESES -0,27 (0,08) -0,28 (0,06)
5 MESES -0,24 (0,08) -0,27 (0,08)
6 MESES -0,31 (0,06) -0,27 (0,05)
MDLE (°) AQUISIÇAO -0,42 (0,09) -0,34 (0,10)
1 MÊS -0,32 (0,08) -0,35 (0,06)
2 MESES -0,35 (0,05) -0,35 (0,08)
160
3 MESES -0,32 (0,08) -0,35 (0,08)
4 MESES -0,33 (0,08) -0,34 (0,06)
5 MESES -0,30 (0,08) -0,33 (0,08)
6 MESES -0,37 (0,06) -0,33 (0,06)
VM (m/s) AQUISIÇAO 0,39 (0,13) 0,42 (0,15)
1 MÊS 0,50 (0,10) 0,63 (0,13)
2 MESES 0,70 (0,17) 0,61 (0,13)
3 MESES 0,61 (0,15) 0,75 (0,21)
4 MESES 0,65 (0,22) 0,84 (0,27)
5 MESES 0,71 (0,20) 0,88 (0,22)
6 MESES 0,77 (0,27) 0,94 (0,26)
CCM (m) AQUISIÇAO 0,32 (0,09) 0,32 (0,10)
1 MÊS 0,38 (0,05) 0,42 (0,07)
2 MESES 0,45 (0,07) 0,42 (0,06)
3 MESES 0,44 (0,06) 0,47 (0,07)
4 MESES 0,46 (0,06) 0,51 (0,09)
5 MESES 0,49 (0,07) 0,53 (0,07)
6 MESES 0,52 (0,07) 0,56 (0,07)
TFA (seg) AQUISIÇAO 0,58 (0,16) 0,59 (0,25)
1 MÊS 0,51 (0,07) 0,42 (0,04)
2 MESES 0,42 (0,06) 0,45 (0,07)
3 MESES 0,47 (0,06) 0,41 (0,08)
4 MESES 0,48 (0,10) 0,39 (0,09)
5 MESES 0,46 (0,09) 0,37 (0,08)
6 MESES 0,45 (0,11) 0,38 (0,09)
TFB (seg) AQUISIÇAO 0,26 (0,03) 0,25 (0,02)
1 MÊS 0,26 (0,02) 0,25 (0,02)
2 MESES 0,26 (0,02) 0,26 (0,02)
3 MESES 0,27 (0,02) 0,25 (0,02)
4 MESES 0,28 (0,03) 0,26 (0,02)
5 MESES 0,26 (0,03) 0,25 (0,01)
6 MESES 0,27 (0,03) 0,25 (0,02)
Legenda: Tornozelo no plano sagital: máxima dorsi-flexão (MDF), máxima planti-flexão (MPF), e valor
médio da dorsi e planti-flexão (MDPF) do tornozelo; Quadril no plano frontal: máxima abdução (MAB),
máxima adução (MAD), e valor médio da abdução-adução do quadril (MABAD); Quadril no plano
sagital: máxima flexão (MFQ), máxima extensão (MEQ), e valor médio da flexão e extensão do
quadril (MFEQ); Joelho no plano sagital: máxima flexão (MFJ), máxima extensão (MEJ) e valor médio
da flexão e extensão do joelho (MFEJ); Pelve no plano sagital: máxima anteversão (MAP), máxima
retroversão (MRP) e valor médio da anteversão e retroversão da pelve (MARP); Pelve no plano
frontal: máximo deslocamento lateral para direita (MDLD) e máximo deslocamento lateral para
esquerda (MDLE); Variáveis temporo-espaciais: velocidade da marcha (VM), comprimento do ciclo da
marcha (CCM), tempo da fase de apoio (TFA), e tempo da fase de balanço (TFB).
161
MINI CURRICULUM VITAE
Nome:
Paula Silva de Carvalho Chagas
Nascimento:
14/10/1975
Link para Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6390215585850045
Endereço:
Rua Tom Fagundes 80/402, Cascatinha, Juiz de Fora, MG, Cep: 36033-300.
Formação
Acadêmica
(últimos 5 anos):
Doutoranda em Ciências da Reabilitação (Conceito CAPES 5) .
Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil.
Título: Efeitos do Uso do Andador Infantil na Aquisição da Marcha em
Lactentes com Desenvolvimento Normal,
Orientador: Marisa Cotta Mancini.
Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior, CAPES, Brasil.
Publicações
(últimos 5 anos):
Artigos
publicados
GUERZONI, V. P. D. ; BARBOSA, A.P. ; BORGES, A. C. C. ; CHAGAS, P. S.
C. ; GONTIJO, A.P.B. ; ETEROVICK, F. ; MANCINI, M.C. Análise das
intervenções de Terapia Ocupacional no desempenho das atividades de vida
diária em crianças com Paralisia Cerebral: uma revisão sistemática da
literatura. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 8, p. 17-25, 2008.
CHAGAS, P. S. C. ; DEFILIPPO, E. C. ; LEMOS, R. A. ; MANCINI, M.C. ;
FRÔNIO, J. S. ; CARVALHO, R. M. . Classificação da função motora e do
desempenho funcional de crianças com paralisia cerebral. Revista Brasileira
de Fisioterapia, v. 12, p. 409-416, 2008.
GONTIJO, A ; MANCINI, M ; SILVA, P ; CHAGAS, P. S. C. ; SAMPAIO, R ;
LUZ, R ; FONSECA, S . Changes in lower limb cocontraction and stiffness by
toddlers with Down syndrome and toddlers with typical development during
the acquisition of independent gait. Human Movement Science , v. 27, p. 610-
621, 2008.
VICENTE, E. J. D. ; RODRIGUES, A. C. ; VICENTE, P. C. ; MÁRMORA, C.
H. C. ; CHAGAS, P. S. C. ; SANTOS, S. M. R. Regeneração de nervo
periférico por meio da coaptação com cola de fibrina. HU Revista (Juiz de
Fora), v. 33, p. 53-56, 2007.
CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. ; FONSECA, S. T. ; SOARES, T.B.C. ;
GOMES, V.P.G. ; SAMPAIO, R.F. . Neuromuscular mechanisms and
anthropometric modifications in the initial stages of independent gait. Gait &
Posture (Oxford) , Estados Unidos, v. 24, p. 375-381, 2006.
CHAGAS, P. S. C. ; SOARES, T.B.C. ; MANCINI, M.C. ; FONSECA, S. T. ;
VAZ, D.V. ; GONTIJO, A.P.B. Mudanças antropométricas e nível de
habilidade motora em crianças no inicio da marcha independente. Revista
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 13, p. 43-49, 2006.
162
Artigos aceitos
para publicação
ALVIM, F. C. ; PEIXOTO, J. G. ; VICENTE, E. J. D. ; CHAGAS, P. S. C. ;
FONSECA, D. S. . Influência da porção extensora do músculo glúteo máximo
sobre a inclinação da pelve antes e depois da realização de um protocolo de
fadiga. Revista Brasileira de Fisioterapia, 2010.
CHAGAS, P. S. C. ; CRUZ, D. T. ; FERREIRA, J. A. ; FRÔNIO, J. S. ;
GONTIJO, A.P.B. ; FURTADO, S. R. C. ; MANCINI, M.C. . O USO DA
ESTEIRA ERGOMÉTRICA PARA A MELHORA DA MARCHA EM
CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
DA LITERATURA. Temas sobre Desenvolvimento, 2009.
Capítulos de
livros publicados
CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. . Instrumentos de Classificação e de
Avaliação para Uso em Crianças com Paralisia Cerebral. In: Fonseca, L.F.;
Lima, C.L.A.. (Org.). Paralisia Cerebral - Neurologia, Ortopedia e
Reabilitação. 2a ed. Rio de Janeira: Medbook - Editora Científica LTDA,
2008, p. 459-499.
Demais tipos de
produção
bibliográfica
CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. ; AMARAL, M. F. ; VAZ, D.V. . Tradução
para a lingua Portuguesa-Brasil do Gross Motor Function Classification
System Family Report Questionnaire - faixas etárias 2-4, 4-6, e 6 a 12 anos.
Ontario, Canada: CanChild – McMaster University, 2009 (Tradução do
GMFCS Family Report Questionnaire - www.canchild.ca).
Resumos
publicados em
anais de
congressos
CURY, V. C. R. ; CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. . PROGNÓSTICO DA
FUNÇÃO MOTORA GROSSA EM UMA CRIANÇA COM PARALISIA
CEREBRAL. In: XX Congresso Nacional da ABENEPI, 2009. XX Congresso
Nacional da ABENEPI, 2009.
NOGUEIRA, S. F. ; MANCINI, M.C. ; FIGUEIREDO, E. M. ; GONCALVES, R.
V. ; ROCHA, R. F. ; PINHO, B. A. S. ; CHAGAS, P. S. C. . RELAÇÃO ENTRE
O DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO MANUAL E O DESENVOLVIMENTO
DA ATIVIDADE MOTORA GROSSA EM CRIANÇAS NASCIDAS A TERMO,
NA FAIXA ETÁRIA DE QUATRO A OITO MESES. In: XX Congresso
Nacional da ABENEPI, 2009, Campinas. XX Congresso Nacional da
ABENEPI, 2009.
MANCINI, M.C. ; ALVES, C. O. ; CHAGAS, P. S. C. ; ALBUQUERQUE, K. A.
; ALVARENGA, R. F. ; MORAES, M. P. ; SIMOES, P. C. M. ; DRUMMOND,
A. F. ; SAMPAIO, R.F. . A ORGANIZAÇÃO DO USO DO TEMPO DAS MÃES
DE CRIANÇAS COM O DESENVOLVIMENTO NORMAL E DE CRIANÇAS
COM PARALISIA CEREBRAL: DADOS PRELIMINARES. In: XX Congresso
Nacional da ABENEPI, 2009, Campinas. XX Congresso Nacional da
ABENEPI, 2009.
MANCINI, M.C. ; CAPUZZO, C. A. ; CHAGAS, P. S. C. ; PEREIRA, M. F. M. ;
SAMPAIO, R.F. . DESCRIÇÃO DAS BARREIRAS E FACILITADORES PARA
PARTICIPAÇÃO EM ESCOLA DE CRIANÇAS COM PARALISIA
CEREBRAL. In: XX Congresso Nacional da ABENEPI, 2009, Campinas. XX
Congresso Nacional da ABENEPI, 2009.
MANCINI, M.C. ; PINTO, A. D. ; BRANDAO, M. B. ; CHAGAS, P. S. C.;
DRUMMOND, A. F. ; TIRADO, M. G. A. ; SAMPAIO, R.F. EFEITOS DA
TERAPIA DE MOVIMENTO INDUZIDO POR RESTRIÇÃO EM CRIANÇS
COM PARALISIA CEREBRAL: UM ESTUDO QUALITATIVO. In: XX
Congresso Nacional da ABENEPI, 2009, Campinas. XX Congresso Nacional
da ABENEPI, 2009.
163
FRÔNIO, J. S. ; MELATO, J. G. ; OLIVEIRA, L. L. ; CHAGAS, P. S. C. ;
RIBEIRO, L. C. . EFEITOS DE UM MODELO DE TERAPIA DE MOVIMENTO
INDUZIDO POR RESTRIÇÃO (CIMT) EM CRIANÇAS COM HEMIPLÉGICA
ESPÁSTICA. In: XX Congresso Nacional da ABENEPI, 2009, Campinas. XX
Congresso Nacional da ABENEPI, 2009.
PINTO, T. P. S.; MANCINI, M.C. ; FONSECA, S. T. ; SOUZA, T. R. ;
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VOLUNTÁRIA MÁXIMA EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL. In:
XVIII Congresso Brasileiro de Fisioterapia, 2009, Rio de Janeiro. Revista
Fisioterapia e Pesquisa, 2009. v. 16supl.
RODRIGUEZ, E. B. ; PINTO, T. P. S. ; MANCINI, M.C. ; FONSECA, S. T.;
KIRKWOOD, R. N. ; CHAGAS, P. S. C. . PARÂMETROS TÊMPORO-
ESPACIAIS DA MARCHA DE CRIANÇAS COM HEMIPLEGIA ESPÁSTICA.
In: XVIII Congresso Brasileiro de Fisioterapia, 2009, Rio de Janeiro. Revista
Fisioterapia e Pesquisa, 2009. v. 16supl.
BRANDAO, M. B. ; MANCINI, M.C. ; PINTO, A. D. ; CHAGAS, P. S. C. ;
TIRADO, M. G. A. ; DRUMMOND, A. F. ; SAMPAIO, R.F. Efeitos da terapia
de movimento induzido por restrição em crianças com paralisia cerebral: um
estudo qualitativo. In: XI Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, 2009,
Fortaleza. Anais do XI Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, 2009.
AMARAL, M. F.; CHAGAS, P. S. C.; VAZ, D.V.; MANCINI, M.C. TRADUÇÃO
DO QUESTIONÁRIO DE RELATO FAMILIAR DO SISTEMA DE
CLASSIFICAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA GROSSA DE CRIANÇAS COM
PARALISIA CEREBRAL. In: XI Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional,
2009, Fortaleza. Anais do XI Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional,
2009.
CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. ; ALBUQUERQUE, K. A. ; ALVARENGA,
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normal e de mães de crianças com paralisia cerebral: dados preliminares. In:
IV Congresso Brasileiro de Comportamento Motor, 2008, São Paulo. Brazilian
Journal of Motor Behavior. Porto Alegre, 2008. v. 3suppl. p. 21-22.
CHAGAS, P. S. C. ; DEFILIPPO, E. C. ; LEMOS, R. A. ; MANCINI, M.C. ;
FRÔNIO, J. S. ; CARVALHO, R. M. . Classificação da função motora e do
desempenho funcional de crianças com paralisia cerebral. In: IV Congresso
Brasileiro de Comportamento Motor, 2008, São Paulo. Brazilian Journal of
Motor Behavior. Porto Alegre, 2008. v. 3suppl. p. 22-22.
LEMOS, R. A. ; DEFILIPPO, E. C. ; CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. ;
FRÔNIO, J. S. ; CARVALHO, R. M. . Classificação da função motora e do
desempenho funcional de crianças com Paralisia Cerebral. In: V Congresso
de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008, Juiz de Fora.
V Congresso de Fisioterapia da UFJF. Juiz de Fora : Gráfica Santa Rita
LTDA, 2008. v. 4. p. 16-16
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Gontijo, A.P.B. ; FURTADO, S. R. C. ; MANCINI, M.C. . O uso da esteira
ergométrica para a melhora ou promoção da marcha em crianças com
Paralisia Cerebral: uma revisão sistemática da literatura. In: V Congresso de
Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008, Juiz de Fora. V
Congresso de Fisioterapia da UFJF. Juiz de Fora : Gráfica Santa Rita LTDA,
2008. v. 4. p. 33-33.
164
ALBUQUERQUE, K. A. ; CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. ; ALVARENGA,
R. F. ; MORAES, M. P. ; DRUMMOND, A. F. ; COELHO, Z. A. C. .
Organização do uso do tempo de mães de crianças com desenvolvimento
normal e de mães de crianças com Paralisia Cerebral: dados preliminares. In:
V Congresso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008,
Juiz de Fora. V Congresso de Fisioterapia da UFJF. Juiz de Fora : Gráfica
Santa Rita LTDA, 2008. v. 4. p. 34-34.
CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. ; GONTIJO, A.P.B. ; FONSECA, S. T. ;
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gravitational torque in the initial stages of indepedent gait in typically
developing children. In: Progress in Motor Control IV, 2007, Santos - SP.
Motor Control, 2007. v. 11supp. p. S174-S175.
GONTIJO, A.P.B. ; MANCINI, M.C. ; FONSECA, S. T. ; SILVA, P. L. ;
CHAGAS, P. S. C. . Use of neuromotor strategies by typically developing
children and children with Down syndrome during the development of
independent gait. In: Progress in Motor Control IV, 2007, Santos - SP. Motor
Control, 2007. v. 11supp. p. S176-S177.
OLIVEIRA, P. M. N. ; LIMA, P. M. ; SOUZA, R. M. ; ALVES, A. C. C. ;
CHAGAS, P. S. C. . Fisioterapia Neuropediátrica baseada em evidência: uma
revisão dos diversos tipos de abordagens terapêuticas em crianças com
paralisia cerebral. In: IV Congresso de Fisioterapia da Universidade Federal
de Juiz de Fora, 2006, Juiz de Fora/ MG. IV Congresso de Fisioterapia da
Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2006. v. 3. p. 16-16.
CHAGAS, P. S. C. ; MANCINI, M.C. ; FONSECA, S. T. ; GONTIJO, A.P.B. ;
LUZ, R. E. ; MAMBRINI, J. Variabilidade dos mecanismos neuromusculares e
do torque gravitacional nos estágios iniciais da marcha em crianças típicas.
In: III Congresso Brasileiro de Comportamento Motor, 2006, Rio Claro/ SP. III
Congresso Brasileiro de Comportamento Motor, 2006.
MANCINI, M.C. ; CHAGAS, P. S. C. ; FONSECA, S. T. ; SOARES, T.B.C. ;
SAMPAIO, R.F. Neuromuscular mechanisms and anthropometric changes in
the early stages of independent locomotion in typically developing children.
Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 12, n. 4, p. S122-S123, 2005.
Publicações
referentes à
tese/dissertação:
A
rtigo Publicado em site online:
CHAGAS, P. S. C., CUNHA, R. S. M., MANCINI, M. C., MAGALHÃES, L. C.
There is no evidence to support or refute the effect of baby walkers on motor
development in typically developing children [Critically Appraised Topic].
University of Sydney, Sidney, Austrália, 2007 [Critically Appraised Topic
disponível no site: www.otcats.com].
Resumos publicados em anais de eventos Internacionais:
MANCINI, M. C., CHAGAS, P. S. C., FONSECA, S. T., SOUZA, T. R.,
OCARINO, J. M. The use of baby walker by typically developing infants prior
to locomotion onset: preliminary results. In: 7th Edition of progress in motor
control, 2009, Marseille, França. Anais da 7th edition of progress in motor
control, 2009.
165
CUNHA, R. S. M., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., MAGALHÃES, L. C.
What is the effect of the use of baby walker on motor development of typically
developing children? Motor Control. Champaign, IL, USA, 2007. v. 11. p. 177-
178.
Resumos publicados em anais de eventos Nacionais
XVIII Semana de Iniciação Científica (Belo Horizonte, Minas Gerais,
outubro, 2009):
CAETANO, L. C. G , MEGALE, L., CHAGAS, P. S. C., SIMÕES, P. C. M.,
FIGUEIREDO, P. R. P., FONSECA, S. T., MANCINI, M. C. Idade de
aquisição da marcha em lactentes que usaram ou não o andador infantil. In:
XVIII Semana de Iniciação Científica, 2009, Belo Horizonte, MG. Anais da
XVIII Semana de Iniciação Científica, 2009 - Premiação recebida na
categoria Relevância Acadêmica, XVIII Semana de Iniciação
Científica/UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
MG, em 23 de outubro de 2009.
SIMÕES, P. C. M., RODRIGUES, E. B., MAGALHAES, L. C., CHAGAS, P. S.
C., KIRKWOOD, R. N., FONSECA, S. T., MANCINI, M. C., Variáveis
têmporo-espaciais da marcha em lactentes que usaram andador infantil. In:
XVIII Semana de Iniciação Científica, 2009, Belo Horizonte, MG. Anais da
XVIII Semana de Iniciação Científica, 2009.
RODRIGUES, E. B., MEGALE, L., MORAES, M. P., CHAGAS, P. S. C.,
FONSECA, S. T., MANCINI, M. C. Percepção para subir rampa em lactentes
que usaram andador infantil. In: XVIII Semana de Iniciação Científica, 2009,
Belo Horizonte, MG. Anais da XVIII Semana de Iniciação Científica, 2009.
FIGUEIREDO, P. R. P., PINHO, B. A. S., CHAGAS, P. S. C., FONSECA, S.
T., SOUZA, T. R., MANCINI, M. C. Parâmetros cinemáticos da marcha em
lactentes que usaram andador infantil. In: XVIII Semana de Iniciação
Científica, 2009, Belo Horizonte, MG. Anais da XVIII Semana de Iniciação
Científica, 2009.
NASCIMENTO, I. O., CHAGAS, P. S. C., ALBUQUERQUE, K. A., TIRADO,
M. G. A., SAMPAIO, R. F., MANCINI, M. C. Percepção das mães sobre o uso
do andador infantil em lactentes. In: XVIII Semana de Iniciação Científica,
2009, Belo Horizonte, MG. Anais da XVIII Semana de Iniciação Científica,
2009.
XVIII Congresso Brasileiro de Fisioterapia (Rio de Janeiro, outubro, 2009):
RODRIGUES, E. B., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., FONSECA, S. T.,
MORAES, M. P., MEGALE, L . Percepção para subir rampa em lactentes que
usaram andador infantil. In: XVIII Congresso Brasileiro de Fisioterapia, 2009,
Rio de Janeiro. Fisioterapia e Pesquisa, 2009. v. 16.
PINHO, B. A. S., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., SOUZA, T. R,
FIGUEIREDO, P. R. P., FONSECA, S. T. Parâmetros cinemáticos da marcha
em lactentes que usaram andador infantil. In: XVIII Congresso Brasileiro de
Fisioterapia, 2009, Rio de Janeiro. Fisioterapia e Pesquisa, 2009. v. 16.
RODRIGUES, E. B., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., SIMÕES, P. C. M.,
FONSECA, S. T., KIRKWOOD, R. N. Variáveis temporo-espaciais da marcha
em lactentes que usaram andador infantil. In: XVIII Congresso Brasileiro de
Fisioterapia, 2009, Rio de Janeiro. Fisioterapia e Pesquisa, 2009. v. 16.
166
NASCIMENTO, I. O., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., ALBUQUERQUE,
K. A., TIRADO, M. G. A., SAMPAIO, R. F. Percepção das mães sobre o uso
do andador infantil em lactentes. In: XVIII Congresso Brasileiro de
Fisioterapia, 2009, Rio de Janeiro. Fisioterapia e Pesquisa, 2009. v. 16.
CAETANO, L. C. G, SIMÕES, P. C. M., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C.,
FONSECA, S. T., MEGALE, L. Idade de aquisição da marcha em lactentes
que usaram ou não o andador infantil. In: XVIII Congresso Brasileiro de
Fisioterapia, 2009, Rio de Janeiro. Fisioterapia e Pesquisa, 2009. v. 16.
- XI Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional (Fortaleza, Ceará,
outubro, 2009)
MELO, A. P. P., ALBUQUERQUE, K. A., CHAGAS, P. S. C., SIMÕES, P. C.
M., MANCINI, M. C. Comparação dos estímulos ambientais em lactentes com
desenvolvimento normal que usam e não usam andador infantil. In: XI
Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, 2009, Fortaleza. Anais do XI
Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, 2009.
- I Jornada Acadêmica de Fisioterapia da UFMG (Belo Horizonte, Minas
Gerais, agosto, 2009)
PINHO, B. A. S., ALBUQUERQUE, K. A., SIMÕES, P. C. M., CHAGAS, P. S.
C., MANCINI, M. C. Comparação dos estímulos ambientais em lactentes com
desenvolvimento normal que usam e não usam andador infantil. In: I Jornada
Acadêmica de Fisioterapia da UFMG, 2009, Belo Horizonte- MG. Anais da I
Jornada Acadêmica de Fisioterapia da UFMG, 2009.
FIGUEIREDO, P. R. P., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., SOUZA, T. R,,
FONSECA, S. T. Parâmetros cinemáticos da marcha independente em
lactentes que usaram ou não o andador infantil: resultados preliminares. In: I
Jornada Acadêmica de Fisioterapia da UFMG, 2009, Belo Horizonte- MG.
Anais da I Jornada Acadêmica de Fisioterapia, 2009.
NASCIMENTO, I. O., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., TIRADO, M. G. A.,
SAMPAIO, R. F. Percepção das mães sobre o uso do andador infantil em
lactentes. In: I Jornada Acadêmica de Fisioterapia da UFMG, 2009, Belo
Horizonte- MG. Anais da I Jornada Acadêmica de Fisioterapia, 2009.
RODRIGUES, E. B., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., FONSECA, S. T.,
MEGALE, L . Percepção sobre a possibilidade de subir rampa com diferentes
inclinações entre lactentes que usaram e que não usaram o andador infantil:
resultados preliminares. In: I Jornada Acadêmica de Fisioterapia da UFMG,
2009, Belo Horizonte- MG. Anais da I Jornada Acadêmica de Fisioterapia da
UFMG, 2009.
CAETANO, L.C.G, CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., FONSECA, S. T.,
MEGALE, L Idade de aquisição da marcha independente em lactentes que
usaram ou não o andador infantil. In: I Jornada Acadêmica de Fisioterapia da
UFMG, 2009, Belo Horizonte- MG. Anais da I Jornada Acadêmica de
Fisioterapia, 2009.
167
- XX Congresso Nacional da ABENEPI (Campinas, São Paulo, junho,
2009).
CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., TIRADO, M. G. A., SAMPAIO, R. F.,
ALBUQUERQUE, K. A., PINHO, B. A. S., SIMOES, P. C. M., NASCIMENTO,
I. O., RODRIGUES, E. B., MEGALE, L. Percepção das mães sobre o uso do
andador infantil em lactentes. In: XX Congresso Nacional da ABENEPI, 2009,
Campinas. Anais do XX Congresso Nacional da ABENEPI, 2009.
CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., ALBUQUERQUE, K. A., PINHO, B. A.
S., SIMÕES, P. C. M., NASCIMENTO, I. O., RODRIGUES, E. B., PINTO, T.
P. S., FONSECA, S. T., MEGALE, L. Idade de aquisição da marcha
independente em lactentes que usaram ou não o andador infantil. In: XX
Congresso Nacional da ABENEPI, 2009, Campinas, SP. Anais do XX
Congresso Nacional da ABENEPI, 2009.
ALBUQUERQUE, K. A., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., SIMÕES, P. C.
M. ; PINHO, B. A. S. ; MEGALE, L . Comparação dos estímulos ambientais
em lactentes com desenvolvimento normal que usam e não usam andador
infantil. In: XX Congresso Nacional da ABENEPI, 2009, Campinas, SP. Anais
do XX Congresso Nacional da ABENEPI, 2009.
- V Congresso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora
(Juiz de Fora, Minas Gerais, novembro, 2008)
ALBUQUERQUE, K. A., CHAGAS, P. S. C., MANCINI, M. C., MEGALE, L.,
PINHO, B. A. S. Comparação dos estímulos ambientais em lactentes com
desenvolvimento normal que usam e não usam andador infantil. In: V
Congresso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008,
Juiz de Fora - MG. Anais do V Congresso de Fisioterapia da Universidade
Federal de Juiz de Fora, 2008. v. 5. p. 29-29.
- XVII Semana de Iniciação Científica da Universidade Federal de Minas
Gerais (Belo Horizonte, Minas Gerais, outubro, 2008)
SIMÕES, P. C. M., CHAGAS, P. S. C., ALBUQUERQUE, K. A., PINHO, B. A.
S., MEGALE, L, MANCINI, M. C. Idade de aquisição da marcha independente
em lactentes que usaram o andador infantil: dados preliminares. In: XVII
Semana de Iniciação Cientifica da UFMG, 2008, Belo Horizonte, MG. Anais
da XVII Semana de Iniciação Científica da UFMG, 2008.
ALBUQUERQUE, K. A., CHAGAS, P. S. C., MEGALE, L., PINHO, B. A. S.,
MANCINI, M. C. Comparação dos estímulos ambientais em lactentes com
desenvolvimento normal que usaram e não usaram andador infantil: dados
preliminares. In: XVII Semana de Iniciação Cientifica da UFMG, 2008, Belo
Horizonte, MG. Anais da XVII Semana de Iniciação Científica da UFMG,
2008.
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