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A narrativa compreende os significados atribuídos, por quem relembra, das
experiências marcantes e suas representações que o construíram no decorrer de
sua evolução. Isto posto, por fazer emergir o que foi vivenciado e que pode se
transformar, ou já ter se transformado em conhecimento, é compreensível que tais
referências poderão servir como força mobilizadora a outros acontecimentos,
presentes ou vindouros.
Tal como enfatiza Connelly e Clandinin (citado por MONTERO, 2005, p.177)
O estudo da narrativa é o estudo da forma como os seres humanos
experimentam o mundo. Esta noção geral transfere-se para a concepção da
educação como construção e reconstrução de histórias pessoais e sociais;
professores e alunos são narradores e personagens das suas próprias
histórias e das histórias dos outros.
A profissão professor, como bem destaca Portal (2001), diante do desafio
desse novo paradigma, incita um novo modo de pensar a trajetória vital, o qual
emerge da necessidade de reconhecer outro perfil e postura diferentes.
O profissional professor, acima de tudo, como ser espiritualizado pela
ampliação de sua consciência, revela sensibilidade com as oportunidades de
crescimento e atitudes colaborativas, ao longo do próprio desenvolvimento pessoal e
profissional, por mais simples que sejam como exemplifica Girassol:
E como que eu vivencio isso, na minha família, hoje, no meu pessoal? Bom,
todos os dias, a gente reza. E as nossas rezas é conversar com Deus; na
minha casa, a gente não sai de casa sem rezar, sem agradecer, sem pedir e
os meus filhos, da mesma forma, quando se quer alguma resposta, pra vida
da gente. Como vejo isso, no meu profissional? Na educação, na parte de
ser professor, eu peço, digo para eles rezarem, mas que a reza deles seja
conversar com Deus. Eu sempre digo que a Mãe, Nossa Senhora, tem um
braço desocupado porque ali cabem todos nós e, no outro, está Jesus. Eu
tenho isso muito forte, com eles. Espiritualidade, em sala de aula, é tu
passares a mão num aluno, se tu estás conversando. Às vezes, tu fazes
isso, porque tu gostas de fazer, porque és acolhedora e eles dizem:
“Professora, que coisa boa quando a senhora me toca!”. Entende? E daí, eu
digo: “Então, vem cá e vamos nos abraçar, para começarmos a aula!” Que
coisa mais abençoada, né? Recepcionar os colegas, de manhã cedo, com
um abraço, isso é muito bom, é muito lindo! Quando eles chegam, entram
na sala, eles não passam em branco, e isso é super importante. Às vezes,
eu digo: “Ai que bom, eu estava sentindo a tua falta! Que bom, que tu
vieste”. Isso, também, é espiritualidade! Acolher, o acolhimento, os vínculos
em que a gente se mantém.