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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CONSCIÊNCIA CÓSMICA
EDUCAÇÃO TRANSDISCIPLINAR E ESTÉTICA BIOCÓSMICA
CONFIGURANDO A IMAGINAÇÃO SIMBÓLICA E O SER MULTIDIMENSIONAL
Porto Alegre, janeiro de 2010
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VALQUÍRIA PEZZI PARODE
CONSCIÊNCIA CÓSMICA
EDUCAÇÃO TRANSDISCIPLINAR E ESTÉTICA BIOCÓSMICA
CONFIGURANDO A IMAGINAÇÃO SIMBÓLICA E O SER MULTIDIMENSIONAL
Tese apresentada como requisito para
obtenção do Grau de Doutora pelo Programa de
Pós-Graduação da Faculdade de Educação da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul.
Orientadora:
Profª Drª Leda Lísia Franciosi Portal
Porto Alegre, Janeiro de 2010
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VALQUÍRIA PEZZI PARODE
CONSCIÊNCIA CÓSMICA
EDUCAÇÃO TRANSDISCIPLINAR E ESTÉTICA BIOCÓSMICA
CONFIGURANDO A IMAGINAÇÃO SIMBÓLICA E O SER
MULTIDIMENSIONAL
Tese apresentada como requisito para obtenção
do Grau de Doutora pelo Programa de Pós-
Graduação da Faculdade de Educação da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul.
Aprovada em 13 de janeiro de 2010
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Juan José Mouriño Mosquera - PUCRS
___________________________________
Profª Drª Graciela Rene Ormezano - UPF
__________________________________
Profª Drª Umbelina Barreto - UFRGS
________________________________
Porto Alegre, janeiro de 2010
4
Dedico aos meus queridos pais, Gentil e Adelina,
minha filha Gabriela e demais familiares pelo
carinho, incentivo e presença nessa caminhada.
5
AGRADECIMENTOS
À Consciência Cósmica, a energia do Amor e da Sabedoria que se fizeram presente, trazendo
muita luz e inspiração no processo de desenvolvimento dessa Tese.
A Profª Drª Leda Lísia Franciosi Portal, minha querida orientadora, pela paciência, empenho e
competência na orientação dessa pesquisa.
Aos queridos professores da banca Dr Juan Mosquera, Drª Graciela Ormezano e Drª
Umbelina Barreto
Aos queridos professores da Pós-Graduação e demais professores, colegas e funcionários pelo
carinho e atenção a mim dedicados.
Ao querido Aristóteles, que esteve presente o tempo todo, colaborando na execução desse
trabalho. Obrigado pelo apoio, paciência, compreensão e carinho a mim dedicados.
A minha querida filha Gabriela, pela presença, compreensão e paciência, mesmo nos muitos
momentos de ausência voltados à elaboração dessa pesquisa.
As queridas irmãs Daiane e Ligia; ao Fábio e demais irmãos; á Márcia, Júlia, Mariana e
Evelyn e demais sobrinhos. Aos queridos Tamay, Roni e todos os demais amigos, alunos e
consulentes, que estiveram presentes com sua compreensão e carinho nessa jornada.
6
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ 7
RESUMO................................................................................................................................ 9
ABSTRACT........................................................................................................................... 10
AS ONDULAÇÕES DA VIDA NA ROTA DA AMPLIAÇÃO
DA CONSCIÊNCIA............................................................................................................. 12
A CONSCIÊNCIA CÓSMICA............................................................................................ 40
AS VIBRAÇÕES DA CONSCIÊNCIA............................................................................... 94
CAMPOS VIBRACIONAIS............................................................................................... 115
CAMPOS HÍBRIDOS......................................................................................................... 122
A DANÇA CÓSMICA INSTITUINDO A METODOLOGIA......................................... 147
A ROTA DA AMPLIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA........................................................... 166
AS VIVÊNCIAS ESTÉTICAS CORPORAIS E SIMBÓLICAS.................................... 169
VIVÊNCIAS DE CONEXÃO E SINTONIZAÇÃO DA ENERGIA A
RESSONÂNCIA COM A FORMA.................................................................................... 177
VIVÊNCIAS DE ACOPLAMENTO E CIRCULAÇÃO DA ENERGIA....................... 194
OS DOZE SÍMBOLOS E AS IMAGENS DO CAMINHO.............................................. 215
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS...........................................................................................229
O SENTIDO MULTIDIMENSIONAL DA VIVENCIAS.................................................272
A EDUCAÇÃO TRANSDISCIPLINAR E ESTÉTICA BIOCÓSMICA........................324
O CAMPO ELETROMAGNÉTICO COMO PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO........378
NÍVEIS DE EXPRESSÃO DO PROCESSO......................................................................381
A RADIESTESIA COMO PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO........................................384
A ÁGUA COMO PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO.......................................................387
O PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO DOS ARQUÉTIPOS.............................................389
O SENTIDO DA JORNADA ARQUETIPICA..................................................................391
A COAGULAÇÃO DO MOVIMENTO NO MOMENTO...............................................402
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 409
GLOSSÁRIO........................................................................................................................ 418
7
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.............................................................................................................. 112
FIGURA 2.............................................................................................................. 118
FIGURA 3.............................................................................................................. 119
FIGURA 4.............................................................................................................. 121
FIGURA 5.............................................................................................................. 122
FIGURA 6.............................................................................................................. 124
FIGURA 7.............................................................................................................. 126
FIGURA 8.............................................................................................................. 129
FIGURA 9.............................................................................................................. 131
FIGURA 10.............................................................................................................. 133
FIGURA 11....................................................................................................................... 135
FIGURA 12...............................................................................................................138
FIGURA 13.............................................................................................................. 141
FIGURA 14.............................................................................................................. 144
FIGURA 15.............................................................................................................. 172
FIGURA 16.............................................................................................................. 174
FIGURA 17.............................................................................................................. 176
FIGURA 18...............................................................................................................291
FIGURA 19...............................................................................................................294
FIGURA 20..............................................................................................................296
FIGURA 21...............................................................................................................299
FIGURA 22...............................................................................................................301
FIGURA 23...............................................................................................................305
FIGURA 24...............................................................................................................307
FIGURA 25...............................................................................................................309
FIGURA 26...............................................................................................................313
FIGURA 27...............................................................................................................316
FIGURA 28...............................................................................................................319
FIGURA 29...............................................................................................................321
FIGURA 30...............................................................................................................335
FIGURA 31...............................................................................................................337
8
FIGURA 32...............................................................................................................340
FIGURA 33...............................................................................................................342
FIGURA 34...............................................................................................................345
FIGURA 35...............................................................................................................347
FIGURA 36...............................................................................................................348
FIGURA 37...............................................................................................................350
FIGURA 38...............................................................................................................354
FIGURA 39...............................................................................................................358
FIGURA 40...............................................................................................................363
FIGURA 41...............................................................................................................368
FIGURA 42...............................................................................................................370
FIGURA 43...............................................................................................................378
FIGURA 44...............................................................................................................381
FIGURA 45...............................................................................................................383
FIGURA 46...............................................................................................................384
FIGURA 47...............................................................................................................387
FIGURA 48...............................................................................................................390
9
LISTA DE SIMBOLOS
SIMBOLO I.......................................................................................................................... 215
SIMBOLO II........................................................................................................................ 216
SIMBOLO III....................................................................................................................... 217
SIMBOLO IV....................................................................................................................... 218
SIMBOLO V......................................................................................................................... 219
SIMBOLO VI....................................................................................................................... 220
SIMBOLO VII...................................................................................................................... 221
SIMBOLO VIII.................................................................................................................... 224
SIMBOLO IX....................................................................................................................... 225
SIMBOLO X......................................................................................................................... 226
SIMBOLO XI....................................................................................................................... 227
SIMBOLO XII...................................................................................................................... 228
10
RESUMO
A pesquisa movimenta-se no campo das teorias do conhecimento das Artes, sendo construída
pelo princípio da “Religação dos Saberes” (Morin, 2002), envolvendo distintas áreas do
conhecimento, indo da Física Quântica e da Neurociência, à Psicologia Transpessoal, da Filosofia
(Fenomenologia) à Semiótica. O trabalho foi desenvolvido na linha de pesquisa Ensino e Educação de
professores. O objetivo da pesquisa foi compreender como a Consciência Cósmica, se manifesta como
espectro eletromagnético a partir de diferentes freqüências vibratórias e, enquanto Inteligência
Espiritual que se constitui pela alma, como por meio da Educação Transdisciplinar e da Estética
Biocósmica, configura a Imaginação Simbólica e o Ser Multidimensional. A proposta vivencial do
Curso, instigado a partir da Arte Vibracional, desenvolveu-se por uma abordagem qualitativa de cunho
Transdisciplinar (Nicolescu, 2001, Morin, 2000 e Wilber, 1998) e pela Fenomenologia Hermenêutica
(Gadamer, 1998), que permite a interpretação da teoria com o processo empírico entendido aqui como
vivência. Sua proposta foi possibilitar Experiências Estéticas a partir da Arte, da Educação e da
Espiritualidade, caminhos que permeiam a transcendência pelo sensível, os quais a emergência do
sagrado passa a ser experimentado nas Vivências Estéticas, Corporais e Simbólicas (mitos e ritos). As
vivências, calcadas numa abordagem transdisciplinar e por procedimentos multidimensionais de
ampliação de consciência, visam à construção de um ser humano integral, ético, social e cósmico. A
referida abordagem pretende possibilitar a criação nos campos da Arte e da Educação, em que o
conhecimento seja um acontecimento dado na conexão do campo sensível com o inteligível, sendo o
corpo, em interação com o universo biocósmico, o mediador do processo. A metodologia empregada
visa, portanto, a ressaltar a importância do método, na construção de uma Educação e de uma Estética
enquanto formas essenciais de conhecimento. Aprofunda nossa relação com a vida, de forma que
permeia o imaginário e o mundo real, possibilitando por meio do processo multidimensional, a
ampliação da consciência para uma nova visão e abordagem da realidade. A pesquisa utilizou-se de
registros escritos, assim como, de fotos, imagens e filmagens dos Seminários Vivenciais realizados no
Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência, criado e desenvolvido pela
pesquisadora. Participam da investigação 12 alunos do nível I, selecionados aleatoriamente e que
tiveram seus materiais analisados, a partir de suas Vivências Estéticas, Corporais e Simbólicas
vivenciadas no Curso. A busca de compreensão e interpretação dos dados da pesquisa se constitui a
luz da filosofia hermenêutica de Gadamer (2002) e da semiótica de Greimas (2001). Ao considerar as
diferentes etapas do Curso se constata a seguinte tese: A Consciência Cósmica se constitui a partir de
várias vibrações e freqüências, se manifesta na alma como Inteligência Espiritual, possibilitando a
síntese das dualidades, a Unidade, e mediada pela Educação Transdisciplinar e a Estética Biocósmica
configura a Imaginação Simbólica, as Imagens e o Ser Multidimensional, instituindo o conhecimento
intuitivo e a criatividade.
11
ABSTRACT
This research is based on theories of Arts knowledge and made under the principle of “Religação dos
Saberes” (Morin), including several areas of knowledge from Quantum Physics, Neuroscience to Transpersonal
Psychology as Philosophy (Phenomenology) to Semiotics. The aim of this research was to understand how the
Cosmic Consciousness manifests itself as an electromagnetic spectrum from different vibratory frequencies and,
considering Spiritual Intelligence composed by the soul, through a Transdisciplinar Education as well as the
Biocosmic of Aesthetic, and how the Cosmic Consciousness sets the Symbolic Imagination and the
Multidimensional Being. The experienced proposal of the course was urged from the Vibrational Art and
developed through a qualitative as well as Transdisciplinar approach (Nicolescu, 2001, Morin, 2000 and Wilber,
1998). It was also urged the Hermeneutic Phenomenology (Gadamer, 1998), that brings the interpretation of the
theory as an empirical process understood in this paper as Experience (Vivência). Its proposal was to make
possible some Aesthetic Experiences (Vivências Estéticas) coming from the Art, Education and Spirituality
which are means for transcendence through the sensitiveness, ways in which the emergency of the sacred starts
to be experienced in the Aesthetic, through Body and Symbolic (myths and rites) Experiences. These
experiences under a Transdiciplinar and Multidimensional procedures of Counciousness Expansion seek for an
integral human being, ethic and cosmic. This approach intends to make possible the creation in the fields of Arts
and Education, in which, the knowledge can occur in connection with the sensitive and intelligible fields. Within
this biocosmic universe, the body, in interaction with it is a mediator in this process. Therefore, the methodology
used in this paper aims to highlight the method in order to create Education and Aesthetic as essential means of
knowledge. It also deepens our relationship towards life, in a way that the imaginary and real world pass through
the multidimensional process, making the Cousciouness Expansion possible for a new vision and perspective
towards life.
The research made use of written registers, photos, pictures as well as films of Experienced Seminars
(Seminários Vivenciais) taken in a Multidimensional Formation and Consciousness Expansion Course (Curso de
Formação Multidimensional and Ampliação da Consciência) created and developed by the researcher. Twelve
students from level I were chosen at random to take part of the investigation, they had their materials analyzed
from their Aesthetic Experiences, through body and Symbolic experienced in the course. The pursuit of
understanding and interpretation of the research data are based on Gadamer’s (2002) hermeneutic philosophy
and Greimas’ (2001) semiotics.
Taking into consideration the different levels of the Course, it can be stated the following thesis: The
Cosmic Consciousness is constituted by several vibrations and frequencies, it also manifests itself in the soul as
Spiritual Intelligence, making possible the duality synthesis, the Unit, and measure for Transdisciplinar
Education and Biocosmic of Aesthetic setting the Symbolic Imagination, the Images and the Multidimensional
Being, promoting intuitive knowledge and creativity.
12
AS ONDULAÇÕES DA VIDA NA ROTA DA AMPLIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
A humanidade do século XXI vive um momento de grandes desafios, o que requer
mudanças em todos os setores. O cotidiano se manifesta de maneira complexa gerando uma
realidade duvidosa, imprevisível e incerta. Transformações de cunho sociocultural,
educacional, tecnológico, político, econômico, ético-estético, psicológico e espiritual se
lançam como grandes desafios. Vivemos um tempo de incertezas, momento de transição
totalmente imprevisível, conforme Balandier (1997), tempo em que tudo se apresenta sob o
aspecto de movimento, de decomposição e recomposição aleatória, do desaparecimento e da
irrupção do novo.
Afirma o autor que nas atuais circunstâncias tudo se banaliza, a desordem, sob suas
diversas formas (violência, economia de crise, degradação das instituições e dos poderes, a
confusão das ações cotidianas, a deteriorização rápida dos saberes e das competências). O que
parecia um fenômeno que perturbaria por no máximo duas décadas se impõe como algo
permanente como um novo estado de coisas; movimento e agitação participam da natureza
das realidades sociais contemporâneas. Balandier (1997) diz que a modernidade é
essencialmente movimento, é movimento mais incerteza.
O momento traduz o movimento evolutivo da dança incessante do cosmos, que
manifesta ordem e desordem na qual tudo é efêmero e o que surge são ondas de
possibilidades. A educação nesse momento de complexidade, movimento e incerteza precisa
estar atenta às possibilidades que respondam suas necessidades se lançando aos desafios que
se apresentam; de um lado, a mobilidade de todo um contexto que torna mais evidente o
impossível, de outro, as portas que se abrem a inúmeros possíveis. A educação imbuída nessa
mobilidade e se articulando com possibilidades que são emergentes visa a instigar o
ressurgimento do ser humano, que se torna criador e não mais objeto do destino.
O grande desafio da educação do século XXI é articular caminhos para que o Ser
possa entender seu propósito, o sentido e o significado da vida neste planeta. A educação
necessita abrir espaço para a ampliação da consciência, para o entendimento a respeito do
começo de uma nova etapa da história, que se constitui pelo despertar de uma nova
consciência - Consciência Cósmica.
A educação precisa interagir com outras áreas de conhecimento e, ao mesmo tempo,
transcender as atuais fronteiras disciplinares e conceituais, de forma que, o conhecimento
fragmentado, imposto pela educação tradicional, seja substituído por outro capaz de apreender
13
os objetos em seu contexto, em seu conjunto. É muito importante trabalharmos com métodos
capazes de estabelecer relações mútuas entre as partes e o todo, num mundo complexo, que
possibilitem o reconhecimento da unidade e da complexidade humana, sendo esta, objeto
essencial de todo ensino (Morin, 2000).
Os movimentos de ordem e desordem que se reporta Balandier (2007) dados pela
modernidade nos levam a repensar nosso “Ser e Estar” no mundo, quanto a nossas relações
interpessoais, intrapessoais e a novas atitudes perante o planeta terra que é nossa casa. A
grande maioria das pessoas acabou “incorporando” a “desordem” e anestesiada, é arrastada
pelo movimento de “entropia” e sem se dar conta, mergulha profundamente no “caos”.
O papel da educação nesse momento é o de contribuir para a tomada de consciência
da mudança de conduta do homem. De acordo com Morin (2000), a educação deve priorizar a
ética na busca da compreensão planetária, que implica atitude solidária entre grupos e
sociedades o que asseguraria as futuras gerações um mundo melhor com mais beleza e
sustentabilidade. A prioridade agora é cultivar a ética, a estética, a solidariedade, a paz, a
amorosidade nas relações, nas trocas, na compreensão mútua que leve em conta a condição do
homem ser ao mesmo tempo indivíduo, sociedade e espécie (Morin, 2000).
Por isso é urgente e necessário, novas formas de “Ser e Estar” no planeta, além de
termos uma nova visão sobre o pensamento científico, tecnológico como também,
respeitarmos o ambiente que habitamos e priorizarmos a questão ambiental, o significado de
uma vida em equilíbrio com o planeta. Afinal, o destino planetário é outra realidade ignorada
pela educação e que é fundamental evidenciar, no que toca a identidade terrena, ao problema
da crise planetária que marca o século XX e se estende pelo século XXI.
Capra (2005) ao afirmar que a humanidade tem capacidade de atingir o
desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender as necessidades do presente, chama-nos a
atenção para o problema da crise que pode afetar as futuras gerações. Além disso, nos remete
a reflexão a respeito da sustentabilidade, nos lembrando de nossa responsabilidade de deixar
as futuras gerações um mundo com tantas oportunidades quanto aquele que herdamos.
Conforme Capra (2005, pag. 20):
A chave para entendermos na prática o que é uma sociedade sustentável é
reconhecer que não precisamos inventar as comunidades humanas
sustentáveis a partir do zero, mas podemos moldá-las de acordo com os
ecossistemas naturais, que são comunidades de plantas, animais e
microorganismos.
14
A definição de sustentabilidade implica compreensão das formas de manifestação da
natureza, dos princípios de organização que os ecossistemas desenvolveram para manter a teia
da vida. A natureza é parte desta teia, por isso mesmo, não deve ser objeto a explorar, a
dominarmos, nossa atitude deve ser de respeito e gratidão, interação e interconexão.
O mais importante no momento é a vida e o respeito à “Teia da Vida”, assim como,
ultrapassar a separação entre natureza e cultura dada pela epistemologia da modernidade, pois
a relação com o ambiente social está indissoluvelmente ligada à que remete ao ambiente
natural e à sustentabilidade da humanidade que daqui para frente estará cada vez mais atrelada
ao estreitamento destas relações.
A Educação Transdisciplinar junto com outras áreas de conhecimento não só pode
promover a síntese das dualidades por uma abordagem holística, como oportunizar ao sujeito
uma “outra consciência” que desperta para o respeito à vida em todas as dimensões. A
educação por essa via cumpre seu papel nos fazendo entender que a “Teia da Vida” não pode
ser desrespeitada, muito menos rompida.
O resgate da unidualidade do homem é outro fator relevante que requer urgência
máxima. Segundo Morin (2000), o paradigma do ocidente, disjuntor do sujeito e do objeto, da
alma e do corpo, da existência e da essência, precisa ser refutado para que tomemos outro
rumo. O momento é de reaprender a rejuntar a parte e o todo, o texto e o contexto, o global e
o planetário e enfrentar os paradoxos que o desenvolvimento tecnoeconômico trouxe consigo,
globalizando de um lado e excluindo de outro. O sistema tecnoeconômico e social,
supranacional da globalização só aceita o que serve a seus fins. Esse sistema atual afeta o
campo simbólico e segundo Canclini (1999, pag. 48-49):
Pensar no global exige ir mais além das duas posições seguintes: a que faz
da globalização um paradigma único e irreversível e a que diz que pouco
importa que ela não seja coerente nem que não integre todo mundo. Antes
parece necessário, metodologicamente, face às tendências que tornam
homogêneas partes dos mercados materiais e simbólicos, verificar o que
representa aquilo que a globalização exclui para se constituir.
O autor diz que se não contamos com uma teoria unitária da globalização, não é só
por causa das falhas no estado atual do conhecimento, mas, antes, porque o fragmentário é um
elemento estrutural dos processos de globalização. Afirma ainda, que a globalização se
apresenta como um conjunto de processos de homogeneização e, ao mesmo tempo, de
fragmentação articulada do mundo. Nesse sentido, a globalização reorganiza as diferenças e
as desigualdades sem suprimi-las.
15
O que se pode perceber é que este estado de coisas começa a ser reconhecido em
alguns discursos artísticos e científicos. O mundo globalizado se configura pela crescente
expansão das sociedades, o crescimento demográfico, as doenças, a violência, a miséria, a
desumanização, a evolução das tecnologias e a destruição da natureza, situação que tem se
tornado cada vez mais insustentável. Por isso, agora é muito importante estarmos abertos a
novas formas de conduzir não somente a educação, as artes e outras formas de conhecimento,
mas a vida em geral.
O nosso maior desafio é “reaprender a ser diferentes do que somos”, para poder agir
de outra maneira. O propósito é transcender o ego, a visão racional e materialista, baseada na
idéia de “ter, acumular bens e dominar”, para podermos vibrar num outro padrão, que nos
remeta à amorosidade, à solidariedade e ao compartilhamento.
A relevância dada à razão em detrimento da emoção produziu um racionalismo
científico que dissociou o homem da natureza, gerou uma abordagem de fragmentação e crise
de identidade. A ênfase no empirismo e no controle da natureza através do desenvolvimento e
do progresso tecnológico, assim como, modelos rígidos de estruturas sociais e padrões de
comportamento, incapacitaram e impediram o processo criativo de evolução cultural.
O modelo educacional moderno se distancia do sujeito, na medida em que, impõe
uma unidade de método e a acumulação de conhecimentos fragmentados, usando uma
linguagem que procura a formalização e o enquadramento, unidimensionalizando assim,
diferentes dimensões da realidade. É muito importante trabalharmos com métodos capazes de
estabelecer relações mútuas entre as partes e o todo, num mundo complexo e que possibilitem
o reconhecimento da unidade e da complexidade humana.
O grande propósito é estimular a unidade na diversidade, opostamente às tendências
equivocadas do pensamento único. Afirma Morin (2000), que daqui para frente cabe à
educação um esforço transdisciplinar, que possa rejuntar ciência e humanidade e romper com
a oposição homem/natureza. O pensamento transdisciplinar, holístico, é determinante não
somente para o presente, como para o futuro da humanidade, pois está baseado no
aparecimento de uma nova consciência que traz lucidez e ordem à entropia de um sistema que
ameaça a destruição de todos. Michel Camus (2000) afirma que o pensamento transdisciplinar
é uma ação concreta sobre nossa realidade, para nela inserir a visão de um real global e não
mais causal revelado pela nova física quântica, um real holístico, no qual todos os aspectos da
realidade podem ser considerados e respeitados, sejam eles científicos, materiais, afetivos ou
espirituais
.
16
O real apresenta-se em sua unidade e sua globalidade, em sua total unidade entre as
partes e o Todo, como uma dinâmica do próprio Todo, determinando constantemente a ordem
das partes. Camus (2000) diz que é dessa ordem que surge a complexidade do vivo e sua
heterogeneidade. Da energia do Todo se manifesta à matéria, uma matéria que é ela própria
pura energia. A partir dessa energia pura, os dois mundos microcósmico e macrocósmico são,
ao mesmo tempo, homogêneos e heterogêneos. A unidade exprime-se na diversidade.
A Educação Transdisciplinar surge da necessidade de responder aos desafios desse
mundo complexo, buscando uma nova abordagem do real que possibilite compreender a
dinâmica entre as partes e o Todo. A unidade que se exprime na diversidade e a diversidade
que compõe a unidade. A transdisciplinaridade propõe o paradigma holístico da unidade do
conhecimento, da integração dos saberes de várias direções e procedências.
De acordo com Nicolescu (2001), a abordagem transdisciplinar é a tendência de
reunir as disciplinas numa totalidade, ante os fenômenos naturais. Criar relações entre
disciplinas, num espaço comum de troca, diálogo e integração. Tal abordagem possibilita que
os fenômenos naturais possam ser vistos em diversas perspectivas diferentes ao mesmo
tempo, gerando uma visão holística desse fenômeno. Mas essa compreensão holística dos
fenômenos não se enquadra dentro de nenhuma disciplina, isto porque está entre, através e
além de qualquer disciplina.
Nesse sentido, a abordagem transdisciplinar propõe uma educação voltada para o
campo do sensível, que trabalhe o ser em todas suas dimensões; corpo, emoção, sentimento,
mente, espírito. É necessário nesse momento abrirmos caminho para a Educação
Transdisciplinar, isto é, darmos atenção a uma educação que contemple o sensível, que esteja
diretamente ligada à estética. Refiro-me aqui, a “Aisthesis”, que em grego indica a capacidade
primordial do Ser humano de sentir a si próprio e ao mundo num todo integrado, relacionado.
No seu sentido mais profundo, essa percepção é espiritual, pois promove a conexão
imediata com a Consciência Cósmica por meio da transcendência pelo sensível. Constitui o
campo de experiência do espírito de onde vem a espiritualidade. Boff (2005, pag. 36) assevera
que:
A espiritualidade é uma nova experiência do ser, o irromper de um novo
sonho, o vislumbrar de uma outra ordem, capaz de ordenar o caos que se
instalou. É uma experiência de sentido e não de um saber codificado. Tudo
que tem a ver com a experiência profunda do ser humano, com seu
mergulhar nas raízes últimas da realidade, antes que essa se organize em
ordem e sistema, em saber e instituição.
17
A espiritualidade se constitui pela manifestação do Espírito, pela Consciência
Cósmica, que se manifesta como Inteligência Espiritual. O Espírito é a força criadora e
ordenadora presente no ser humano, conforme Boff (2005) representa a capacidade de rasgar
sentidos novos a partir das virtualidades presentes na própria realidade. Afirma o autor, que é
dessa experiência espiritual que nascem os paradigmas civilizacionais capazes de fazer outra
história e suscitar esperança às comunidades humanas e às pessoas.
A espiritualidade enquanto uma das dimensões do ser ligada ao sentido, ao
significado da vida, nos remete à “Ampliação da Consciência”, onde passamos de uma visão
“Antropocêntrica” a uma visão “Biocósmica” - o que requer mudanças do ser interno (auto-
transformação) ao mundo externo. Da ótica de uma “Ecologia Rasa” (visão de mundo
alicerçada em valores antropocêntricos) à “Ecologia Profunda” Capra (1997).
Assim, quando me remeto a Estética Biocósmica me refiro à experiência espiritual
de que fala Boff (2005), e, a noção de Ecologia Profunda denominada por Capra (1997), que
tem a ver com a própria presença da Consciência Cósmica manifesta em nós; um guia de
nossa mente, coração, palavras e ações, que nos faz “sentir com” toda manifestação de vida
no cosmos, do plano mais sutil, ao mais denso - incluindo, portanto, a natureza em suas
diversas formas de manifestação. Mediada pelo movimento de transcendência e de imanência
se configura a ampliação da consciência, a imaginação, as imagens simbólicas e o Ser
Multidimensional. Essa visão de mundo instiga mudanças do ser interno (auto-transformação)
ao mundo externo.
A estética que é esse "sentir com", é concepção que vincula a corporalidade às
interações com o cosmos, com a natureza e a cultura, o que se constitui, também, como fator
de politização, além de componente ético de formação do indivíduo. Com relação à
concepção Kantiana a respeito da "Aisthesis" a ênfase é colocada menos sobre o objeto
artístico como tal, que sobre o processo que me faz admirar esse objeto.
De acordo com Kant (1929) a tarefa da estética não é mais a representação do ideal
da natureza, mas o auto - encontro do homem na natureza e no mundo humano histórico. Kant
afirma que a arte é mais do que uma "bela representação de alguma coisa". A arte é expressão
de idéias estéticas, isto é, de algo que vai além de todo o conceito. Ver além de um conceito
"não suspende a liberdade da força da imaginação"; a força da imaginação está em livre
concordância com a razão.
Duarte Jr.(2001), diz que a educação do sensível é a educação dos nossos sentidos
perante os estímulos da vida, não prescinde da arte, pelo contrário, mas deve atuar num nível
anterior ao da simbolização estética. É preciso educar o olhar, a audição, o tato, o paladar e o
18
olfato para que se perceba a realidade a nossa volta, e aquelas não acessíveis no cotidiano. A
educação deve dirigir sua atenção aquele saber primeiro que vem pelos sentidos, saber que
constitui parte integrante do corpo de quem o possui, pois se torna qualidade sua.
Capra (2005) afirma que não há praticamente nada mais eficaz que as artes (visuais,
música, dança, artes cênicas e outras) para desenvolver e refinar a capacidade natural dos
seres para que possam reconhecer e expressar padrões. A arte pode ser um instrumento
poderoso para ensinar o pensamento sistêmico, além de reforçar a dimensão emocional que
tem sido cada vez mais reconhecida como um componente essencial do processo de
aprendizagem.
O saber dado através dos sentidos e das múltiplas linguagens artísticas integra-se à
existência, a vivência do Ser. As vivências nascem de atividades desafiadoras, isso no plano
da ação artística, no qual a plasticidade meramente episódica passa a ser transcendida pela
Estesia compreendida na transdisciplinaridade.
De acordo com Nicolescu (1999),
a
transdisciplinaridade é complementar a
disciplinaridade, pois assim como a multi e a interdisciplinaridade, ela cria um espaço onde as
disciplinas se encontram e transcendem suas barreiras imaginárias. As fronteiras disciplinares
passam a ser transcendidas por meio das diversas linguagens, que trabalham diferentes
aspectos das múltiplas realidades interrelacionadas.
Assim, por meio da estética podemos entender a arte não como racionalidade
abstrata, mas fato existencial, conjunção total que apreende o objeto estético de corpo inteiro.
Dessa maneira, a arte não pode ser reduzida à produção artística, nem o ensino da arte
encerrado numa disciplina, pois, a partir de uma arte mais ampliada se pode compreender a
estética como faculdade de sentir em comum. A Experiência Estética assume um significado
cultural porque ultrapassa a idéia de arte enquanto disciplina, ou de uma arte vazia de sentido,
desconectada da realidade. Nessa abordagem que proponho, a arte se torna vida e a vida arte,
a arte se constitui como uma Arte Vibracional, sendo a forma criada na ação do sujeito no
campo vibracional.
As artes com suas múltiplas linguagens expressivas possibilitam vivências estéticas,
que passam a ser instrumentos preciosos para a educação, visto que, nos levam não apenas a
descobrir formas inusitadas de sentir e perceber o mundo, mas desenvolver nossos
sentimentos e percepções a cerca da realidade vivida. A arte permite a interação do sensível e
do inteligível, das reflexões e das ações a partir da percepção de conexões existentes entre os
conhecimentos, os saberes, as expressões culturais e as ações cotidianas.
19
As artes enquanto produtoras de conhecimento e estéticas, atravessadas por essa
dinâmica e inseridas dentro desse contexto histórico-cultural complexo, procuram formas de
expressão que potencializem humanamente o processo. A arte, a educação e a espiritualidade
tornam-se possibilidades de transcendência pelo sensível, no qual a emergência do sagrado
pelo reencantamento do viver passa a ser experimentado pelas vivências estéticas, corporais e
simbólicas (mitos e ritos).
As linguagens artísticas, enquanto modos singulares de refletirmos nosso estar no
mundo, nos mostram o mundo de modo sintético, por meio das expressões que extrapolam o
que é previsível e o que é conhecido, o que permite ampliar nosso repertório de significações.
A realização artística vai implicar, então, em algo bem maior que a simples racionalidade
abstrata, na medida em que, supõe um nível de compreensão “total” em que apreendemos o
signo estético com o corpo inteiro e não apenas com a razão conceitual. Desta maneira, a arte
pode consistir num precioso instrumento para a educação, a educação do sensível, levando-
nos não apenas a descobrir formas até então inusitadas de sentir e perceber o mundo, como
desenvolvendo nossos sentimentos e percepções a cerca da realidade vivida.
O mais importante agora são alternativas que permitam reduzir a dicotomia que a
modernidade estabelece entre a razão e o sensível. Partindo do pressuposto de que a
imaginação percorre tanto a instância epistemológica, quanto à poética, então não pode ser
negligenciada, pelo contrário, a educação deve abrir espaço para uma prática não-discursiva.
Em função disso, não se pode deixar de ressaltar a importância de um método e de uma
metodologia que possibilite um movimento de reversibilidade entre sensível e inteligível, um
equilíbrio entre conhecimento e sabedoria, entre compreender racionalmente e saber através
do corpo, isto é, do sensível. A idéia por essa via é de construir um entendimento mais amplo
do mundo, nos quais os dados sensíveis da realidade não sejam eliminados, mas incluídos. E é
dessa maneira, que ultrapassamos a noção do conhecimento fragmentado imposto pela
educação da modernidade.
A Educação Transdisciplinar e a Estética Biocósmica oportunizam a transcendência
pelo sensível, a interação do Campo de Energia Humano, com o Campo de Energia Cósmico.
Nesse momento, em que os elementos estão interrelacionados e ocorre um movimento de
reversibilidade entre sensível e inteligível, a Consciência Cósmica se manifesta, a Inteligência
Espiritual, que é inteligência da alma, configura a imaginação, as Imagens Simbólicas e o Ser
Multidimensional. É assim que o conhecimento intuitivo se revela e a partir daí, saberes são
acessados, conhecimentos são gerados e novas significações são dadas, pois vivemos a
Unidade, a Totalidade e a complexidade na inteireza de nosso ser.
20
Morin (2000) afirma que para conhecer a realidade é necessário conhecer a
complexidade das coisas, ver as coisas de outra forma, de forma complexa. Por outro lado,
"não basta saber, conhecer, tem que ser". O que nos remete a idéia de que para conhecer a
realidade não basta pensar complexo, mas incorporar (trazer ao corpo) a complexidade, viver
a complexidade na inteireza de nosso ser, em nossa existência.
A complexidade vivida na inteireza de nosso ser é a própria manifestação do sopro
de vida pulsante, que se manifesta como uma série de espirais dentro de espirais denominadas
de hólon. Como afirma Wilber (2003) cada ser é um hólon dentro de outros hólons em busca
de desenvolvimento integral; físico, emocional, mental e espiritual. A realidade passa a ser
conhecida, quando conhecemos a complexidade das coisas, o que ocorre através da
experiência das diversas vibrações da consciência, da totalidade da vida psíquica.
Dilthey (1987) em sua obra questionou a vida psíquica e criou o princípio de
“totalidade da vida psíquica”. Esse princípio unifica intuição e razão dando ao Ser e suas
manifestações psíquicas a unidade, negada e dissociada pela filosofia clássica de consciência.
O autor substitui o conceito de representação da vida psíquica pelo conceito de vivência que,
segundo ele, vem da expressão vida e vida significa o que há de mais conhecido e íntimo em
cada um e que, ao mesmo tempo, é obscuro e impenetrável.
Para Dilthey (1987) a vivência é o instante vivido, pleno de sentido é a experiência
de integração e unidade biológica, psicológica, histórica-social, cosmológica, que
significado a existência humana. Que o valor do conhecimento da oposição do eu e do objeto
não é também o de um fato transcendente, senão que o eu e o outro ou exterior são
precisamente nada além do que é contido e dado nas experiências da própria vida. Esta é toda
a realidade e a vivência é o “instante vivido de um mundo vivido”, que tem qualidades
imanentes-transcendentes; é corporal e limitada, mas também é fenômeno de totalização.
Assim, o que se vive no momento é único, algo que promove a síntese das
polaridades rumo à totalidade, algo individual-universal, que integra sagrado e profano e nos
permite a vivência da Consciência Cósmica. As implicações dos processos de elaboração das
vivências em experiências são alargamentos do campo da consciência, a mudança, a
criatividade, a autonomização, a responsabilização.
Essas implicações estão evidentemente inscritas nos processos de aprendizagem, de
conhecimento e de formação. Vivências podem tornar-se experiências, no momento em que o
sujeito faz uma reflexão a respeito do que aconteceu e sobre o que foi observado, percebido e
sentido. Para Josso (2004), a experiência implica a pessoa na sua globalidade de ser
21
psicossomático e sociocultural: isto é, ela comporta sempre as dimensões sensíveis, afetivas e
conscienciais
.
A respeito da experiência formadora, a autora afirma que esta se dá por uma
articulação conscientemente elaborada entre atividade, sensibilidade, afetividade e ideação.
Articulação que se objetiva numa representação e numa competência. Assim, por definição, a
formação é experiencial, ou então, não é formação, mas a sua incidência nas transformações
da nossa subjetividade e das nossas identidades pode ser mais ou menos significativas. É
partindo destas reflexões que podemos vislumbrar a importância da experiência de vida. Além
disso, entender o quanto algumas situações vivenciadas por nós são significativas na
construção do nosso conhecimento e na formação de outras pessoas.
Nos cursos de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência que venho
desenvolvendo, proponho uma jornada para a formação multidimensional em XII módulos
(no nível I) e X (no nível II) a partir da teoria da Estética Vibracional - Um Processo
Multidimensional de Ampliação de Consciência (Parode, 2007), a idéia é possibilitar o
autoconhecimento e o entendimento do mundo através da relação entre a teoria e a prática, ou
seja, o pensamento e a experiência.
O Curso de Formação Multidimensional enquanto proposta de conexão entre
Ciência e Espiritualidade baseia-se numa abordagem holística, viabilizada pela Psicologia
Transpessoal, Psicologia da Consciência ou Psicologia Sagrada, Educação Transdisciplinar;
educação voltada ao sensível, ao sentido da Estética, da Estética Biocósmica.
A Estética a que me refiro nos cursos é entendida como ”Estesia”, que rompe com a
anestesia do dia a dia, um modo de conhecer, sendo o autoconhecimento buscado na
Experiência Estética. É através da Transcendência pelo Sensível, que possibilitamos
experiências profundamente transformadoras, decorrentes de processos de “sintonização com
padrões de energia altamente sutis”. O termo transcendência pode vir a evidenciar-se como
uma descrição desse estado. Transcendência é, assim, um princípio que se evidencia pelo
processo evolutivo, que é, pois, imanente-transcendente, profundamente comprometido com o
aqui e o agora, logo com o sensível (Da Silva, 1997).
A Experiência Estética assume um significado cultural, na medida em que,
ultrapassa a idéia de arte enquanto disciplina calcada na mera manipulação de materiais. A
arte, nesta ótica, não é epistemologia nem linguagem que procura a formalização e o
enquadramento unidimensionalizando as diferentes dimensões da realidade, pelo contrário, se
distancia de uma arte vazia de sentido, enquanto espaço fechado em si mesmo e engajada com
a reprodutibilidade técnica. Neste patamar, a arte já não assume o papel de signo de distinção
22
social aceita e consagrada pelas instâncias hegemônicas do sistema globalizante, que a
considera como um valor mercantil, midiático a promover um consenso no nível simbólico.
Conforme Duarte Jr. (2001) o mundo antes de ser tomado como matéria inteligível,
surge a nós como objeto sensível, sendo o sensível o que pode ser percebido pelos sentidos. O
“sensível” é objeto próprio do conhecimento sensível, assim como o “inteligível” é o objeto
próprio do conhecimento inteligível. Segundo o autor, o importante é que o saber sensível e o
conhecimento intelectivo se complementem.
A respeito da relação entre racionalidade e sensibilidade, Duarte Jr.(2001) observa
que o sensível e o inteligível, maneiras complementares do saber que o projeto moderno
negou, enfatizando o esforço educacional em favor do segundo, furta-nos do prazer do
"saborear" enquanto componente do processo cognitivo humano. Tal negação dos sentidos
acabou por anestesiar nossa capacidade de perceber que o fruir a experiência é a maneira mais
básica que temos de saber.
Conforme o autor, educar primordialmente a sensibilidade constitui algo próximo a
uma revolução nas atuais condições do ensino. A “Educação Estésica” refere-se
primordialmente ao desenvolvimento dos sentidos de maneira mais acurada e refinada, de
forma que nos tornemos mais atentos e sensíveis aos acontecimentos a nossa volta, tomando
mais consciência deles, em decorrência, dotando-nos de maior oportunidade e capacidade
para sobre eles refletirmos e agirmos.
A educação nessa abordagem se volta ao sensível, ao sentido da estética, da
“Aisthesis”. A “aisthesis” de acordo com Duarte Jr. (2001) restitui o conhecimento intuitivo,
o conhecimento dado através da imaginação, das imagens simbólicas, os seus direitos, contra
o privilégio tradicionalmente concedido ao conhecimento conceitual. A “aisthesis” nos
permite resgatar o conhecimento dado pela imaginação simbólica, que até então ficou de lado
enquanto forma de conhecimento.
A Imaginação Simbólica é tema primordial para o estudo das significações
instauradas e desenvolvidas por meio das imagens. Entender a imagem não somente como
algo que está ali no objeto que lhe dá suporte físico, mas como "símbolo vivo", fenômeno que
nasce de vários processos interativos, materiais e imateriais.
Imaginária ou concretizada num objeto, num acontecimento, a imagem é um
fenômeno de passagem, uma entidade em fluxo, em movimento para alguém que a produz ou
reconhece. O mundo das imagens envolve as que são produzidas por meios materiais, como
as expressões as apresentações visuais e também um mundo imaterial, produzido como
imagens mentais, na forma de visões, de símbolos, cores, luzes, metáforas visuais.
23
Maffesoli (1996) nos coloca que a estética deve ser entendida como simbolismo e
lógica comunicacional, que pressupõe uma conjunção entre as partes até então separadas.
Numa perspectiva simbólica as relações inserem-se no enfoque ecológico, de
responsabilidade e interlocução, onde campos vibratórios e energéticos tomam parte nas
interações físicas, já que o ser humano é feito de matérias densas e sutis.
A estética enquanto simbolismo, lógica comunicacional, linguagem que assegura a
conjunção de elementos até então separados, mesmo na ordem epistemológica, repousa na
ultrapassagem da distinção; a razão vendo multiplicar seus efeitos pela imaginação. Conforme
Maffesoli (1996), a estética é um “imperativo vital”, torna-se uma realidade global, ao mesmo
tempo existencial e intelectual que ultrapassa as clássicas separações da modernidade, no que
toca a moral, a política, a física e a lógica. Uma conjunção crescente entre sonho e realidade
que constitui os seres e a sociedade, em que todos os elementos interagem uns com os outros.
Assim, a estética além de simbolismo é lógica comunicacional que nos faz “sentir
juntos”, vibrar, experimentar coletivamente, trocar com o outro, afetar e deixar-nos afetar.
Além disso, é permitir-se e dedicar-se ao desenvolvimento e refinamento dos sentidos, que
nos colocam diante do mundo, e nos possibilitam tanto receber quanto emanar vibrações.
De acordo com o autor a estética é um compartilhamento, um “imperativo vital” em
que mesmo na ordem epistemológica, a razão é invadida pela imaginação; assim, pensamento
e sentimentos atuam juntos. O inteligível e o sensível se complementam, e o que importa é o
“presente eterno”, o do mito e o do simbolismo - sinergia que aborda a realidade ou
surrealidade como símbolo vivo.
A estética pode ser entendida como a faculdade de sentir em comum, uma vez que
conforme Kant (1929) já não nos atemos ao objeto estético como tal, mas ao processo que
nos faz admirar, contemplar as coisas. Pela via da estética, podemos entender a arte não
apenas como uma racionalidade abstrata, mas um fato existencial, uma conjunção total que
apreende o objeto estético de corpo inteiro.
Entender a estética como “Estesia” é a própria possibilidade de reencantamento do
mundo, onde “A Arte penetra a Vida e a Vida a Arte” - nesse sentido a vida passa a ser uma
obra de arte. Além disso, esse “sentir com”, se constitui em fator de politização, além de
componente ético de formação do indivíduo; concepção que vincula a corporalidade e as
interações com a natureza e a cultura.
A estética aqui é entendida como Estética Biocósmica (Parode, 2007), nos remete a
ampliação da consciência para uma abordagem da realidade, onde se passa de uma visão
antropocêntrica a uma visão biocósmica. Uma visão da Ecologia Profunda (Capra, 1988) que
24
se institui através da sensibilidade para percebermos a Unidade básica do cosmos, isto é, a
Consciência Cósmica manifestando-se no micro e no macrocosmos. Essa abordagem é de
integração, pois reconhece que a vida no universo está em permanente movimento e expansão
e que ocorre uma interconexação e interinfluenciação entre ser e mundo.
À educação cabe transcender as atuais fronteiras disciplinares e conceituais, de
forma que, nenhuma teoria ou modelo seja mais importante do que outro, pois cada situação
pode requerer um método diferenciado e, ainda assim, todos eles podem ser compatíveis. A
educação vai pela via da transdisciplinaridade, pois está entre, através e para além de qualquer
disciplina, na busca do Ser Integral. Ao transcender as barreiras disciplinares se volta ao
sensível. O importante é ir além das distinções disciplinares convencionais, qualquer que seja
a linguagem adequada para descrever diferentes aspectos das múltiplas realidades inter-
relacionadas.
A Educação Transdisciplinar (Nicolescu, 2001), possibilita a integração do corpo,
dos sentimentos e da mente, pois se refere ao sensível, indo em busca da ampliação da
Consciência. E é na busca da inteireza do ser que propicia a liberação de potenciais, saúde e
qualidade de vida, um estado de equilibração interno que se reflete externamente. Sendo
assim, a Educação Transdisciplinar é processo que implica postura ética, pedagógica e
epistemológica de compromisso com a verdade do ser.
Conforme Capra(1988), reconhecendo a interdependência fundamental de todos os
fenômenos, o observador percebe a conexidade com o observado e com todo o cosmos, torna-
se evidente que esta percepção é espiritual em sua essência mais profunda. O reencontro com
o sagrado e o religar-se adquirem um estatuto liberto de dogmas teológicos tradicionais,
reduzindo-se as fronteiras das artes, da filosofia, da ciência e da tradição.
A abordagem multidimensional coloca que somos capazes de transcendência e
flexibilidade, que são poderes latentes. A palavra chave nessa abordagem, dentro da
concepção pedagógica, é “autoconhecimento” enquanto crença no potencial humano, na qual
a evolução é constante e permanente na busca da ampliação da consciência, que começa com
o processo de auto-transformação, trabalho sobre si, para a expressão fora de si, de maneira
que o amor seja a mola mestra da vida, pois amar é conhecer, não sendo possível conhecer
sem amar.
A aprendizagem e a educação ocorrem o tempo todo nas interações, na dialógica, na
amorosidade das relações, na compreensão mútua, na solidariedade, nas atitudes de afetar e
deixar-se afetar. De acordo com Maturana (1999), a educação vai ocorrer o tempo todo no
25
convívio com o outro; de maneira recíproca, ocorre uma transformação estrutural, contingente
com uma história no conviver e na troca afetiva.
A idéia é possibilitar Experiências Estéticas que gerem o autoconhecimento, a
liberação de condicionamentos e o acesso a novos conhecimentos, assim como, oportunizar
ambientes de interconexão, de interação, troca afetiva e aprendizagens. Ambientes, nos quais,
a transcendência pelo sensível e à emergência do sagrado seja experimentada por meio de
atividades que interrelacionam as dimensões corporais, estéticas e simbólicas do ser pessoal e
coletivo.
As Experiências Estéticas possibilitam o movimento de reversibilidade entre o
sensível e o inteligível promovendo a síntese das polaridades e o encontro com a Unidade,
com a Consciência Cósmica. A partir daí se entende que o mundo divino e humano passa a
ser um só e o reencantamento do viver se instaura por que se atribui mais sentido à vida.
Campbell (1990) coloca que o mundo divino e humano é na realidade um e que o
reino mítico transcende o espaço, o tempo e a realidade cotidiana, concentrando nos
arquétipos o potencial de transformação e desenvolvimento do Ser. O mito é o patrimônio
sagrado da humanidade, a via de comunicação e de união entre o homem e a realidade maior
do universo; ou, como diz Campbell, a ponte entre a consciência individual e o “Misterium
tremendum” e “fascinans” do universo. A mitologia é a linguagem por meio da qual a alma se
expressa em todos os tempos e lugares.
Houston (1993), baseada em uma experiência mística espontânea na infância, em
sua prática de meditação e no estudo dos sistemas místicos, dedicou-se à pesquisa daquilo que
chamou de “Conexão Cósmica”. Nesse processo, ela explorou o conhecimento das tradições
religiosas e tornou-se uma especialista no assunto. Houston delineou um método prático de
trabalho com os mitos, ao qual chamou “jornada de transformação”.
O mito sempre constata a existência de uma realidade superior, transcendente, que é
apreendida pela sensibilidade intuitiva. Quando o homem se distancia dessa dimensão, sente-
se isolado e solitário, na maioria das vezes vê a vida como absurda, destituída de significado,
de fé, de esperança e de alegria. É por meio da vivência com os mitos, que é possível o acesso
ao mundo divino, devolvendo à vida seu significado. Todo o mito traz codificado em sua
estrutura narrativa uma descrição das etapas e dificuldades do processo evolutivo da alma, o
que o torna a proposição de um caminho simbólico de transformação. Sendo o mito o
testemunho e a tradução de uma realidade superior, ele sempre conduz ao mundo divino, à
totalidade de onde o homem se originou.
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Como afirma Barthes (1987) o mito é uma fala, pode ser entendido também, como
um patrimônio universal que contém realidades veladas por símbolos. Sendo o mito a morada
dos arquétipos penetrar em seu território é experimentar a força de coesão arquetípica, que
pode ligar o espírito à natureza, a mente ao corpo e o eu ao universo. Viver o mito, seus
arquétipos e símbolos é uma das propostas básicas da Psicologia Sagrada, na tentativa de
promover a mudança e a ampliação da consciência e a cura da separação entre o mundo
humano e o mundo divino.
Além da vivência dos mitos e seus arquétipos, a Psicologia Sagrada propõe a
exploração do potencial transformador de certos símbolos, ligados a processos iniciáticos,
presentes em muitas tradições. Os símbolos possuem um sentido manifesto, sensível e visível,
que pode ser apreendido facilmente, e outro, oculto, que remete a uma realidade maior,
transcendente e espiritual, o qual, quando adequadamente experienciado e decifrado, amplia a
consciência. Por isso, os símbolos sempre revelam a essência e o fundamento da vida
espiritual, mesmo quando são degradados ou mutilados na sua forma exterior, pois uma das
suas funções é justamente manter a dimensão numinosa.
Tendo descoberto o valor terapêutico dos símbolos na sua experiência pessoal e na
sua prática clínica, Jung (1987) desenvolveu uma técnica para favorecer seu despertar e
vivência que chamou de “Imaginação Ativa”. A psicologia sagrada realiza o trabalho com
símbolos, em grupo e individualmente, por meio de visualizações, de mentalizações e da
“Imaginação Ativa” dirigida. A vivência de símbolos sagrados tem grande valor terapêutico
transformador e constitui em si mesma, uma simboloterapia que devolve ao Ser o contato com
a vida espiritual, a harmonia, a integridade e o poder criativo.
Com o objetivo primordial de restabelecer a conexão do domínio pessoal com os
níveis simbólicos arquetípicos e unificadores do Ser, a Psicologia Sagrada realiza
simbolicamente rituais de iniciação e de passagem originários das antigas tradições. Essa
abordagem que vê a iniciação como aprofundamento de si mesmo, a entrada no mundo
obscuro e desconhecido da alma, o caminhar para a ponte que liga o mundo humano da
multiplicidade e da manifestação ao mundo da totalidade arquetípica não-manifesta, ao
mundo de Deus, a Consciência Cósmica - propõe que o Ser se torne um iniciado.
O processo iniciático da Psicologia da Consciência, Sagrada ou Sagrado é um
caminhar em direção ao centro psíquico e espiritual, onde é possível a identificação com a
Consciência Cósmica, Una, numa experiência de ligação com o universo e de participação na
Totalidade. Nessas vivências, o indivíduo descobre que a Consciência não está nem dentro
27
nem fora, ou está tanto dentro quanto fora, isto é, ela está em tudo, pois, a consciência
individual é parte da Totalidade do universo e da Consciência Una.
Na Cabala e na Yoga, que são antigas Psicologias Sagradas, a moderna Psicologia
Sagrada também encontra fontes de conhecimento e técnicas que têm por finalidade promover
o desenvolvimento do aspecto transcendente da vida e a união com o imanente. A Cabala se
remete a chamada Árvore da Vida, que é a geradora da vida, simboliza as diversas formas de
manifestação cósmica, a vida, do plano sutil, invisível, a partir de energias de alta freqüência
de onde tudo emana e para onde tudo retorna, ao plano cósmico mais denso, do mundo
visível.
Por meio de atividades vivenciais se busca os atributos do Divino ou princípios
criativos encontrados no Ser e para além dele. A idéia é trazer à tona a consciência do
sagrado, a centelha divina que jaz no Ser. Despertar a Centelha de luz, que é ponto de
encontro entre o material e o espiritual e promover a interação dos Campos Vibracionais
Humano e Cósmico. Através dos vórtices energéticos se desperta a energia material e
espiritual dos vários níveis de consciência em sua hierarquização, do mais instintivo ao mais
transcendente.
Jung (1987) afirma que a experiência mística é a experiência com os arquétipos e
místico é aquele que tem a vivência intensa dos processos do Inconsciente Coletivo. Graças a
seus símbolos, o Inconsciente Coletivo é o lugar onde se abre possibilidade de reconexão com
a realidade maior do “Self”. A vivência com símbolos sagrados é um meio adequado de
ampliação da consciência. O símbolo é a porta de entrada para níveis cada vez mais sutis e
profundos de consciência, de Unidade e identidade com a Consciência Cósmica.
O encontro com o centro Divino traz a consciência de que somos a expressão de
tudo que existe, da Consciência Una. É esse encontro com Deus no interior de si mesmo, que
leva o Ser à superação da angústia da dualidade. A dualidade é uma característica do ego,
portanto, a não dualidade só pode ser encontrada na identidade com a Consciência Cósmica.
Tendo essa compreensão não há necessidade de alienação, nem mesmo de se buscar a
espiritualidade fora, porque ela se manifesta como Inteligência Espiritual, por meio da alma,
uma dimensão do Ser que deve ser vivida a partir de dentro.
A espiritualidade vivida a partir de dentro, pressupõe que a vida espiritual não entra
em conflito com a vida cotidiana. A espiritualidade nessa abordagem é vivência que gera a
integração do ser em todas as dimensões; física, emocional, mental e a fluidez desse “Ser
Integral” no campo social e cultural baseado em princípios éticos universais. Essa maneira de
ser e de se relacionar com o mundo é fruto do encontro com a Consciência Cósmica.
28
A prática da Arte, da Educação Transdisciplinar e da Psicologia Sagrada fornece
uma via de contato com as imagens arquetípicas e os símbolos sagrados. Ao mesmo tempo,
permite que estes penetrem no mundo tridimensional e, com sua energia, renovem a vida
cotidiana, conferindo maior significado à vida do Ser. A Psicologia Sagrada tem por função
promover oportunidades de vivências de níveis muito profundos do inconsciente, que podem
ser chamados de sagrados, com a finalidade principal de religação com a Consciência
Cósmica.
A Psicologia Sagrada junto com a Arte e a Educação Transdisciplinar, oportuniza
vivências profundas para que o Ser esteja conectado com sua Consciência Divina, algo
necessário para sua equilibração e ampliação da consciência. Ao me dar conta da riqueza que
seria interrelacionar essas áreas colocando-as em minhas próprias vivências e em práticas com
consulentes é que pude entender o verdadeiro sentido e propósito do trabalho a que me
proponho - a proposta de expansão da consciência - uma “jornada de transformação”,
envolvendo uma “Rota Arquetípica” a partir de doze símbolos trabalhados em vivências em
XII módulos. A partir desse momento, resolvi aprofundar conhecimentos e investir ainda mais
em minha formação.
Josso (2004) afirma que a formação descreve os processos que afetam as nossas
identidades e a nossa subjetividade. Ela indica, assim, um dos caminhos para que o sujeito
oriente com lucidez, as próprias aprendizagens e o seu processo de formação. Se
aprendizagem experiencial é um meio poderoso de elaboração e de integração do saber-fazer
e dos conhecimentos, o seu domínio pode tornar-se um suporte eficaz de transformações.
A experiência de anos de atendimento na área das Terapias Holísticas na abordagem
da Psicologia Sagrada e o trabalho com Arte e Educação Transdisciplinar, tendo como
propósito a Formação Multidimensional e a Ampliação da Consciência de educadores e de
outros profissionais, passa a ser o resultado de um percurso por várias vias de conhecimento
que constituem minha formação; em Arte, Educação, Ciências Humanas, Sociais e na
Espiritualidade.
O atendimento aos consulentes, o trabalho com educação de jovens e adultos de
nível médio, graduação e pós-graduação, a participação em projetos com oficinas de Arte-
Educação, oficinas interdisciplinares e os estudos no núcleo de pesquisa da UFRGS, assim
como, a organização de cursos, palestras, fóruns e seminários vivenciais, têm me levado não
somente a aprofundar teorias, mas, fazer articulações destas, com as práticas que estão em
andamento nos cursos de formação multidimensional por mim desenvolvidos. O intuito é de
legitimar tais práticas, tendo como caminho uma abordagem científica.
29
O trabalho se constitui a partir de uma abordagem inter, multi e transdisciplinar,
atualmente ultrapassa as fronteiras da Universidade em cursos livres, seminários-vivenciais,
atendimento em consultório, consultorias e palestras que se encaminham à Educação
Continuada; formação de Educadores, Terapeutas, profissionais da área das Artes, Saúde e
demais interessados no processo de ampliação da consciência.
Nos cursos de ampliação da consciência, venho desenvolvendo um trabalho baseado
na Psicologia da Consciência, além de vislumbrar a Arte na abordagem existencial, por uma
Estética Biocósmica e pela via da Educação Transdisciplinar. O propósito é desenvolver uma
Educação do Sensível, justamente a partir da relação de teorias com práticas vivenciais.
Inspirada em muitos pesquisadores que se dedicaram e se dedicam à causa da Conexão
Cósmica, proponho aos participantes do trabalho, uma iniciação, um renascimento por meio
de uma “Jornada Arquetípica”, uma “Rota para Ampliação da Consciência”, o que Houston
(1993) chama de “Jornada da Transformação”.
O trabalho começou por uma tentativa de compreender minhas próprias
experiências, tudo que ocorria com muita intensidade desde a infância; experiências
transpessoais, sonhos, visualizações de imagens, símbolos, luzes, cores, formas, seres e o
acesso a informações pela intuição. Experiências Estéticas que permanecem e se intensificam
a partir de práticas meditativas, orações e vivências Estéticas, Corporais e Simbólicas,
possibilitando o contato com o campo vibracional que está relacionado com o plano cósmico
material, a religação e a conexão com a Consciência Cósmica.
As experiências transpessoais dadas por meio do sensível e elaboradas pelo
inteligível e a necessidade de compreender o sentido dessa existência, o que se constitui no
universo visível e invisível, no micro e macrocosmos e a conexão entre ambos, que me
permite ver o mundo como um sistema dinâmico, auto-regulável e interconectado me levou a
um mergulho cada vez mais profundo no conhecimento.
As inquietações que sempre me assolaram a respeito das questões existenciais, da
busca do sentido de viver e aquelas que se referem ao próprio momento de crise planetária em
todos os setores, movem à energia necessária para que eu me predisponha a dar continuidade
a esta investigação científica, que estabelece junto com outras pesquisas os novos
“Paradigmas da Ciência”.
A pesquisa, ao estar pautada nos novos “Paradigmas da Ciência”, pressupõe uma
visão complexa, transdisciplinar, holística, multidimensional, multirreferencial, enfatizando a
responsabilidade de cada um sobre si e o meio ambiente no qual está inserido, assim como, a
importância da consciência na criação da realidade a partir do entorno vibratório no qual se
30
coloca, contribuindo significativamente com a Arte, a Educação, a Espiritualidade, a Saúde e
a qualidade de vida do Ser e do planeta.
Desde muito jovem era movida pelas artes: desenho, pintura, escultura, música e
dança. Na tentativa de aprofundar conhecimentos na área, na década de 80 ingressei no
Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, onde fiz o Curso Básico de Artes Plásticas. A
partir daí iniciei minha jornada de exposições, tanto na cidade, como fora dela. Ao terminar o
segundo grau, pretendia realizar meu grande sonho - cursar a Faculdade de Artes, porém, a
vida me encaminhou, por necessidades, para outra direção.
Comecei a trabalhar na área da informática e fui aprovada no vestibular para o curso
de Ciências Sociais da UFRGS. Na graduação em Ciências Sociais, aprofundei teorias
referentes à Sociologia, Filosofia, Antropologia, História, Geografia, Educação e Ciência
Política, o que resultou em trabalhos de formação política e no projeto de Socialização da
Arte.
Depois de estudar tantas teorias que em sua maioria estavam totalmente dissociadas
da realidade, e, exercendo um trabalho muito exaustivo, começaram a se manifestar o conflito
e o desapontamento com a situação vivenciada. Sendo assim, a cada dia me empenhava mais
no processo de mudança, na transformação daquela realidade. Enquanto simpatizante do
Partido dos Trabalhadores, aos poucos me engajava no movimento de luta pela transformação
social, política, econômica e cultural. Após cinco anos de trabalho no Serviço Federal de
Processamento de Dados, passei no concurso do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, onde
permaneci por 2 anos. Em 1986, engravidei e tive uma linda filha que hoje tem vinte e um
anos. Tais fatos me deram muito amadurecimento e determinação para importantes decisões
que certamente implicaram na minha formação.
Em 1992, ingressei na pós-graduação da Faculdade de Educação da UFRGS para
cursar uma Especialização em Educação de Jovens e Adultos na Perspectiva da Educação
Popular. Iniciava aí minha jornada no magistério, no Curso de Terminalidade Escolar para os
funcionários da Universidade, de um projeto de Educação Continuada do Programa de Pós -
Graduação - da Faculdade de Educação - da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do
Centro de Estudos Supletivos (CES).
Depois de dois anos de dedicação e muita realização por ministrar aulas nesse curso
do projeto da UFRGS, submeti-me ao concurso do magistério municipal, no qual fui
aprovada, não ingressei, pois a disciplina para a qual estava habilitada deixara de existir no
currículo do ensino médio por decreto do Ministério da Educação. Entrei em crise existencial,
pois junto a isso, após onze anos de casada, veio à separação. Nesse momento de tantas
31
mudanças, processo intenso e doloroso, restava adquirir forças para recomeçar. Foi a partir
daí, que aos trinta e um anos senti o despertar de minha consciência para um mergulho na
espiritualidade. A crise me levou em busca de autoconhecimento, o que só veio a contribuir
para novas descobertas fortalecendo-me e dando respaldo para o trabalho futuro.
Nas Artes, Filosofia, Educação, Psicologia, Antropologia, Religião e no
conhecimento da tradição, filosofia oriental, teosofia, ocultismo e esoterismo buscava as
respostas para as questões do momento e de experiências que passava desde a década de 70
(na infância), que ultrapassavam os limites físicos, intelectuais e vislumbravam a
multidimensionalidade.
A busca se dava no sentido de entender o que se passava comigo e compreender a
minha própria família: um pai militar que apesar de bastante rígido, a duras penas me ensinou
os limites, as normas e as regras da vida terrena; uma mãe muito sofrida e extremamente
conectada com a espiritualidade, que vivia e vive muitas experiências transpessoais; uma tia
quase mãe, mulher forte e poderosa que exerceu muita influência principalmente na minha
parte mística; meus sete irmãos e tantas outras pessoas com quem convivi.
Além das pessoas e das atitudes humanas, queria compreender o mundo no qual
estava inserida, que para mim era totalmente “estranho”. Sentia-me nessa dimensão como um
“estranha no ninho” ou quem sabe, como uma “extraterrestre” tentando aterrissar no planeta
terra. As perguntas filosóficas - “Quem somos, de onde viemos e para onde vamos”, não
calavam em meu Ser. Talvez fosse muita pretensão, mas, desde muito pequena queria saber
qual o sentido da vida e as relações do micro e macrocosmos, no que se referia aos aspectos
ontológico, antropológico, teológico e cosmológico.
A cada dia mergulhava ainda mais nas questões existenciais e, de certa forma, me
distanciava das questões materiais e terrenas. Naquele momento era como se eu estivesse na
contra mão do mundo, nadando contra a maré, ou seja, num movimento inverso da maioria
das pessoas, que só se preocupavam em correr atrás do dinheiro e adquirir bens materiais.
Assim, no misticismo, esoterismo, ocultismo e na teosofia aprofundei
conhecimentos que sanaram muitas inquietações daquele momento. Buscava respostas e
queria mais informações a respeito das energias vibracionais. Fiz alguns cursos na área das
Terapias Holísticas: biodança, tarô, astrologia, florais, cultivo de plantas, cromoterapia,
radiestesia, bioelétrografia, reiki, energias vibracionais. Terapias que têm como princípio, o
entendimento do Ser como um todo para a integração do corpo, da mente e dos sentimentos,
na busca do bem-estar, da educação, da saúde e da qualidade de vida.
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Nos cursos de formação holística, aprofundei conhecimentos que possibilitaram a
relação que já vinha estabelecendo entre a ciência do ocidente, com a ciência do oriente
(filosofia oriental). Mergulhei ainda, em práticas e teorias voltadas aos campos energéticos e
bioenergéticos, enquanto expressão, conteúdo e interinfluenciação entre ser humano, natureza
e cultura. Após muita pesquisa e práticas em meu laboratório pessoal, iniciei os atendimentos.
Os resultados colhidos me motivaram à profissionalização e a cada momento me via mais
envolvida, o que resultou na minha atuação como Terapeuta Multidimensional.
Ao mesmo tempo, sentia necessidade de avançar nos estudos, aprofundar
conhecimentos. A idéia era poder legitimar por meio de outras teorias desenvolvidas na
universidade, as práticas por mim vivenciadas e trabalhadas em oficinas, cursos de formação e
atendimentos. A partir daí, resolvi prestar novo vestibular e fui aprovada no bacharelado em
Artes Plásticas, ênfase - escultura.
Nas Artes Visuais, os conhecimentos se deram na área de Estética, História, Teoria e
Crítica da Arte, Poéticas Visuais e Arte-Educação. A ênfase em escultura me levou à
realização de muitos trabalhos e estudos em atelier, reflexões profundas a respeito da questão
da forma no espaço, incentivando a necessidade de me dedicar não somente à produção
artística, que resultava numa forma escultural tridimensional. Além do processo que constituía
a forma como tal, o que me importava naquele momento era compreender as relações desta
com o espaço ao qual se articulava - sua interação com o meio. Foi assim que surgiram as
instalações e as preocupações com a forma relacionada, interconectada ao campo vibracional.
As formas esculturais colocadas nas instalações expressavam o microcosmo e as
dualidades do plano terreno. Por outro lado, eram corpos andróginos que representavam o
micro e o macrocosmos, o Ser - matéria e energia, sagrado e profano, luz e sombra, razão e
emoção. A forma traduzia o próprio “Ser Cósmico”, que se manifesta pela síntese das
polaridades, das dualidades na plenitude da Unidade. No espaço, as formas esculturais
articuladas com elementos da natureza, significavam a síntese da relação homem - natureza -
cosmos.
Prossegui com as instalações mas, era como se faltasse algo e foi na procura desse
algo, que surgiram as performances. Na busca de compreensão da poética, na relação com a
estética é que surgiram muitas “revelações”, tais como, o corpo que entrava em cena através
das múltiplas linguagens artísticas na Performance e, de uma estética do objeto, que me
deslocava a uma estética do sujeito, a uma estética das múltiplas linguagens expressivas.
Dessa maneira, se constituiu o Projeto de Graduação em Artes Visuais no Instituto
de Artes Visuais da UFRGS - Instauração de um Campo Ritual Sagrado e Profano:
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Configuração, Matéria e Energia. O projeto foi à síntese da minha jornada de estudos e
experiências até então, nas Ciências Sociais, Artes e Educação, articuladas com as Terapias
Multidimensionais. Além das exposições que já haviam sido feitas antes do ingresso no curso,
outras mostras de instalações e performances foram realizadas.
Os investimentos seguriam para a cidade de Alvorada, onde implantei meu projeto
de Socialização da Arte. A princípio, a idéia era oferecer oficinas de arte e oficinas
interdisciplinares aos professores daquele município, mas, em seguida, a proposta se ampliou
para instalações, performances, seminários, fóruns e assessoria na área de formação política a
partir da Educação do Sensível na Secretaria de Cultura e Prefeitura da cidade. A partir deste
trabalho e com as Terapias Multidimensionais tive a oportunidade de mergulhar cada vez
mais em estudos e práticas voltadas aos campos energéticos e bioenergéticos, enquanto
expressão, conteúdo e interinfluenciação entre ser humano, natureza, cultura e cosmos.
A cada dia, a situação deixava-me mais certa da importância de novamente voltar à
academia, da necessidade de buscar na Universidade uma teoria que pudesse subsidiar essas
práticas. Com esse intuito e sempre no objetivo de compreender as experiências transpessoais,
agora não somente minhas, mas de outras pessoas e dar sentido ao conhecimento que se
instaurava pelo sensível (sonhos, visões e experiências transpessoais) é que me lancei ao
mestrado e foi assim que surgiu a teoria da Estética Vibracional.
O trabalho de mestrado - “Estética Vibracional - Um Processo Multidimensional de
Ampliação de Consciência”(Parode, 2007) me oportunizou aprofundar teorias que me levaram
a compreensão de questões da existência, entendida aqui, como significações constituídas no
campo do sensível, pela Imaginação Simbólica. A Estética Vibracional, com esta abordagem
que envolve o sensível, surge no ano de 2002, na linha de pesquisa Estudos Semióticos da
Natureza e da Cultura, no Programa de Pós - Graduação em Educação, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma temática integrada ao grupo Movimento pela
Transcendência através do Sensível do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Transdisciplinares
sobre Espiritualidade (NIETE).
Na abordagem da Estética Vibracional - Um Processo Multidimensional de
Ampliação de Consciência, a busca de entendimento do mundo, do universo visível e invisível
é assumido pela fenomenologia-hermenêutica, o que exige propor a relação entre o
pensamento e a experiência, mediante um movimento que envolve reversibilidade entre
sensível e inteligível. A preocupação com questões fundamentais do existir remeteu-me ao que
denominei na dissertação de mestrado - Estética do Acontecimento; estética na qual a arte
penetra a vida e a vida penetra a arte, isso num caráter singular e fenomenal, mas, também,
34
descontínuo, eventual, indeterminável. A compreensão da Estética Vibracional se dá por meio
da dimensão vibracional e simbólica.
A Estética Vibracional movimenta-se no campo das teorias do conhecimento das
Artes, sendo construída pelo princípio da “Religação dos Saberes” (Morin, 2001), envolvendo
distintas áreas do conhecimento, indo da Física Quântica e da Neurociência, à Psicologia
Transpessoal, da Filosofia (Fenomenologia) à Semiótica. Insere-se na proposta
epistemológica dos “Paradigmas Emergentes”, organizados a partir dos conceitos nucleares de
complexidade, complementaridade, partícula-onda, rede, estrutura-processo, estruturas
dissipativas, indissociabilidade espaço-tempo, possíveis devido aos avanços da Física
Quântica, da Neurociência, da Psicologia, da Biologia, da Química, das Ciências da
Linguagem entre outras.
A Estética Vibracional fundamenta-se a partir dos conceitos de Consciência,
Contínuo e Descontínuo, Experiência Estética e Imaginação Simbólica. Constitui-se, ainda, a
partir da compreensão dos Campos Vibracionais (Campos Sutis, Bioenergéticos) e dos
Campos Híbridos (Campo de Energia Humano em interação com o Campo de Energia
Cósmico).
Através da Arte, da Educação e da Espiritualidade, o trabalho promove a conexão
entre a Ciência e a Espiritualidade na relação do conhecimento do Ocidente com o Oriente.
Assim, a espiritualidade ocorre na abordagem da ciência e o que se busca é o que chamo de
Estética Biocósmica, por meio da Educação Transdisciplinar. O Sujeito Estésico (aquele que
sente) a partir da Experiência Estética, experimentada em Vivência Consciencial tem a
possibilidade de ultrapassar a dualidade, encontrar a Unidade, a Totalidade, tornando-se um
Ser Multidimensional (Cósmico, Integral).
O trabalho por mim proposto inicialmente se volta à formação de professores e parte
da Experiência Estética de dez pessoas integrantes do Seminário Vivencial l, onde me incluo
como facilitadora, e, ao mesmo tempo, como sujeito participante das vivências. O Seminário
Vivencial I foi realizado num período de três meses, na Faculdade de Educação da UFRGS.
Pela via da educação continuada e ultrapassando as fronteiras da universidade, o projeto se
encaminha à formação de terapeutas, profissionais da área da saúde, das artes e demais
interessados no processo de ampliação de consciência.
A Estética Vibracional tem por objetivo, portanto, proporcionar Experiências
Estéticas em vivências conscienciais nos espaços educacionais-culturais, de forma que as
vivências estejam baseadas numa abordagem inter e transdisciplinar, visando à ampliação da
consciência, um ser humano cósmico, multidimensional, social, e uma ética biocósmica. As
35
instituições educacionais-culturais; universidades, escolas e centros culturais,
interrelacionados como espaços de vivências e as múltiplas Experiências Estéticas, permeiam
o processo multidimensional de ampliação de consciência.
Assim, transcendendo a disciplina e se encaminhando as várias áreas do
conhecimento é que a Estética Vibracional passa a ser uma contribuição ao campo da Arte, da
Educação, da Espiritualidade e da Saúde. Sendo assim, para chegarmos ao que se pretende
investigar no doutorado, ou seja, nesse objeto de pesquisa é indispensável à compreensão da
perspectiva da “Religação dos Saberes” da pesquisa Estética Vibracional que compõe a
pesquisa de doutorado.
Na dissertação de mestrado “Estética Vibracional - Um Processo Multidimensional
de Ampliação de Consciência” - a “Religação dos Saberes” se deu da seguinte forma; da
física trabalhei com o conceito de energia e campo, dialogando, por sua vez, com a concepção
da neurociência sobre a indissociabilidade cérebro-mente-corpo, fundamentada por Damásio
(2000). A partir dessa indissociabilidade, propus Wilber (1998) e Goswami (1998) como
autores que trabalham com o conceito de consciência, pressupondo, em suas formulações
teóricas, a junção dos conhecimentos da física e da neurociência.
Em Capra (1997) encontrei respaldo teórico para entender a consciência no enfoque
da Ecologia Profunda, e poder assumir o Princípio Biocósmico (Parode, 2007). De Wilber e
Brennan assumi o entendimento do Corpo Vibracional (Parode, 2007), entendendo que os
significados do corpo são simbólicos e, de Greimas (1997), a compreensão da estética como
“Estesia”. Finalmente, as significações constituídas em vivências, gravadas, transcritas,
fotografadas e escritas foram interpretadas na perspectiva da Semiótica.
Seguindo a via da dissertação de mestrado, esta pesquisa de doutorado em sua
proposta, também parte da “Religação dos Saberes” e está centrada no processo de ampliação
de consciência, que se constitui a partir da dimensão vibracional e simbólica, tendo como
caminho a Estética Biocósmica e a Educação Transdisciplinar. Meu propósito nesta tese é
justamente ressaltar a importância da necessidade de construção de uma educação integral,
que reconheça as diferentes dimensões de realidade, os diferentes níveis de consciência.
O problema é que a educação tradicional mergulhada nesse contexto de crises e de
grandes desafios em todos os setores, não tem oportunizado aos sujeitos espaço para
ampliação da consciência, para compreensão a respeito de uma nova etapa da história da
humanidade, que se constitui pela complementaridade dos paradigmas de objetividade e de
subjetividade, pelo despertar de uma nova consciência - a Consciência Cósmica. Afinal, a
36
principal busca do ser humano consciente está associada ao sentido, ao significado da vida, a
algo que de fato lhe permita transcender as dualidades e encontrar a Unidade, a Totalidade.
Na tentativa de expandir o conhecimento e aprofundar no doutorado as
investigações lançadas no mestrado, é na Arte, Filosofia (Fenomenologia - Hermenêutica),
Neurociência, Física Quântica e Psicologia da Consciência que encontro respaldo para
compreender questões referentes à Consciência Cósmica e suas vibrações, tendo como ponto
de partida a seguinte tese:
A Consciência Cósmica se constitui a partir de várias vibrações e
freqüências, se manifesta na alma como Inteligência Espiritual,
possibilitando a síntese das dualidades, a Unidade, e mediada pela
Educação Transdisciplinar e a Estética Biocósmica configura a Imaginação
Simbólica, as imagens e o Ser Multidimensional, instituindo o conhecimento
intuitivo e a criatividade.
O objetivo geral desta pesquisa de doutorado é, portanto, compreender como a
Consciência Cósmica, Consciência Uma: a) se manifesta como espectro eletromagnético a
partir de diferentes freqüências vibratórias; b) enquanto Inteligência Espiritual que se
manifesta pela alma por meio da Educação Transdisciplinar e da Estética Biocósmica, como
configura a Imaginação Simbólica e o Ser Multidimensional, gerando a síntese das
dualidades, a ampliação da consciência, a Totalidade, o conhecimento intuitivo e a
criatividade. Com os objetivos específicos se propõem:
a) compreender o sentido da Imaginação Simbólica no processo de conhecimento e
na educação, considerando o sentido das Imagens Simbólicas, dos arquétipos, das "imagens
primordiais", serem de acordo com Duran (1997), ponto de junção entre o imaginário e os
processos racionais:
b) compreender qual o sentido das Imagens Simbólicas na evolução da consciência e
na transformação do ser humano, de seu Ser e Estar no mundo, questionando de que maneira
as imagens simbólicas surgem como potenciais energéticos de criação e de ampliação da
consciência por meio do conhecimento intuitivo;
c) verificar qual a importância do conhecimento intuitivo, das linguagens artísticas e
das vivências conscienciais na educação e na formação, na saúde, na cultura e na vida
cotidiana, tendo como entendimento que as múltiplas linguagens artísticas; artes visuais,
cênicas, música, dança e as vivências conscienciais possibilitam a configuração das Imagens
Simbólicas, gerando o saber, o conhecimento, energia como potência de transformação e
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movimento da consciência que se lança ao real, contribuindo para manifestação do Ser
Multidimensional.
A pesquisa se encaminha à formação de professores e demais profissionais a partir
da proposta de Experiências Estéticas em instituições educacionais-culturais: universidades,
escolas e centros culturais. Os Seminários Vivenciais estão baseados numa abordagem inter e
transdisciplinar visando a um ser humano multidimensional, social, cósmico e a uma ética
biocósmica.
Depois dos Seminários Vivenciais realizados no ano de 2002, no mestrado da
UFRGS, voltados à educação continuada, à formação de educadores do município e do
estado, à idéia foi estender esta proposta para além das fronteiras da universidade, o que de
fato aconteceu quando me propus a alugar um espaço para iniciar o trabalho.
Num primeiro momento, o trabalho foi realizado na Casa Verde - Espaço Cultural
de Terapias Holísticas, logo após, num centro de Yoga. A pesquisa foi feita a partir dos cursos
realizados nesses locais e no meu espaço atual de trabalho. A investigação partiu dos
Seminários Vivenciais, da experiência de 12 alunos, de várias turmas do nível I, do Curso de
Formação Multidimensional e Ampliação de Consciência, que iniciou no ano de 2005 e que
ainda está em andamento.
O propósito foi levar adiante a pesquisa podendo articular teorias, a uma prática que
já estava em andamento em alguns espaços educacionais - culturais há alguns anos. A tese de
doutorado se move a partir de concepções primordiais relacionadas à Arte, à Educação, à
Espiritualidade, à Saúde e à vida em geral. Concepções tratadas de uma forma abrangente na
dissertação de mestrado (Estética Vibracional um processo Multidimensional de Ampliação
de Consciência) e que, de acordo com Da Silva (1998), se inserem na proposta epistemológica
dos “paradigmas emergentes”, extremamente necessárias nesse momento de complexidade,
movimento e incerteza que assola a humanidade.
No doutorado, assim como, no mestrado, parti do “Princípio da Religação dos
Saberes” (Morin, 2002), no intuito de aprofundar o conhecimento a respeito do conceito de
Consciência já desenvolvido a partir de Wilber (1998) e Goswami (1998).
Da mesta forma, a idéia foi partir de Wilber (1998), Brennan (1987) e Dubro (2007)
para entender o “Corpo Vibracional” (Parode, 2007), em suas dimensões mais profundas, o
espectro eletromagnético da consciência e seus significados simbólicos, sendo o entendimento
da “Consciência” aprofundado a partir de Wilber (1998), Goswami (1998/2000) e Dubro
(2007) e sua manifestação como “Inteligência Espiritual”, alinhavado a partir das teorias de
Zohar e Marshall (2000).
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A “Imaginação Simbólica” foi trabalhada a partir das teorias de Bachelard (1988),
Duran (1988) e de Jung (1987), a abordagem a respeito das “Imagens Simbólicas” e dos
“Arquétipos” fundamentada a partir da Psicologia Transpessoal, da Consciência, Sagrada ou
do Sagrado. Em Capra (1996) aprofundei o entendimento a respeito da Consciência no
enfoque da “Ecologia Profunda”, o que denomino de “Estética Biocósmica”, que possibilita a
ampliação da consciência e a configuração do Ser Multidimensional.
Os fundamentos teóricos a respeito da Educação Transdisciplinar e da
Complexidade foram trabalhados a partir de Nicolescu (2001) e Morin (2000). A questão do
conhecimento, da criatividade e da intuição foi desenvolvida pela interação das teorias de
Dubro (2007), Bohm, Ostrower (1983) e de Goswami. Na “Biologia do Conhecer” de
Maturana (2001) procurei a relação da biologia humana, das emoções e da linguagem, e a
partir de Maffesoli (1994), a questão da Estética.
No primeiro capítulo, que intitulo - As Ondulações da Vida na Rota da Ampliação da
Consciência - contextualizo o tema a ser desenvolvido, coloco o problema, a tese e o objetivo
da pesquisa, assim como, a minha jornada nessa dimensão até chegar ao doutorado, a fim de
que as pessoas possam entender como surgiu o interesse pela temática tratada.
No segundo capítulo intitulado - Consciência Cósmica - faço um apanhado geral a
respeito das várias teorias desenvolvidas, que se referem à Consciência Cósmica nas diferentes
áreas de conhecimento. No terceiro capítulo, que denomino - A Consciência e suas Vibrações -
me reporto as questões referentes à Consciência e suas Vibrações, aos diversos níveis de
Consciência (do plano cósmico físico, ao plano cósmico espiritual), a partir da teoria da
Estética Vibracional - Um Processo Multidimensional de Ampliação de Consciência por mim
desenvolvida no mestrado.
No quarto capítulo que denominei - A Dança Cósmica Instituindo a Metodologia -
trato da metodologia da pesquisa (que está baseada na abordagem da fenomenologia -
hermenêutica), buscando um diálogo com alguns autores; Wilber (1998), Dilthey (1987),
Merleau-Ponty (2006), Maturana (2001), Nicolescu (2001), Morin (2002), Gadamer (1998) e
Greimas (1997).
Nesse capítulo, proponho também o que chamo - A Rota da Ampliação da
Consciência e as Imagens Simbólicas do Caminho - apresentando as atividades práticas, o
objetivo das Vivências Estéticas, Corporais e Simbólicas, que estão amparadas na teoria da
Estética Vibracional, na relação do conhecimento do ocidente com o oriente. As propostas de
vivências conscienciais que permitem as metamorfoses do Ser, entendidas na pesquisa como
“Jornada Arquetípica”, de “Transformação”, de “Ampliação da Consciência.”
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No sexto capítulo - As Vivências Estéticas, Corporais e Simbólicas - coloco todas as
etapas de desenvolvimento das vivências, as proposições práticas e suas etapas. No capítulo
sete - Pressupostos Teóricos - apresento as teorias que fundamentam a pesquisa. No oitavo
capítulo - A Educação Transdisciplinar e a Estética Biocósmica - desenvolvo questões
referentes à educação e a estética.
O nono capítulo - O Sentido Multidimensional das Vivências Estéticas, Corporais e
Simbólicas - trata da busca do processo de significação das vivências. O décimo capítulo - O
sentido da Jornada Arquetípica - aborda questões referentes à minha experiência no
desenvolvimento do Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência.
No décimo primeiro capítulo - A Coagulação do Momento - trato das considerações
finais da pesquisa, que se fundamenta na Ciência com Consciência, propondo a relação das
filosofias do ocidente com o oriente, para que o Ser alcance a Consciência Cósmica.
A pesquisa passa a operar a partir das questões identificadas, da interpretação dos fatos
observados e dos dados colhidos, acatando entendimento e sugestão dos membros do grupo
implicado. Os dados foram produzidos por meio de registros; textos verbais e imagens, em que
os participantes trouxeram a informação viva (tanto de forma fatual, como opinativa). Nesse
trabalho assumi o papel de facilitadora e, ao mesmo tempo, de participante dos Seminários
Teóricos Vivenciais.
A partir da metodologia vivencial fundamentada em Dilthey (1987) e do método da
“Fenomenologia da Criação” - por mim articulado a partir da junção das teorias de Dubro
(2007), Bohm (2008), Ostrower (2008) e Goswami, pude compreender o fenômeno investigado
e constatar a tese. Assim como, perceber que, no Curso de Formação Multidimensional de
Ampliação da Consciência, ocorreram transformações nos sujeitos implicados na pesquisa, por
meio dos Seminários Teóricos Vivenciais.
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A CONSCIÊNCIA CÓSMICA
O momento que vivemos traduz o movimento evolutivo da dança incessante do
cosmos, onde tudo é efêmero e o que surge são ondas de possibilidades. Por meio da
consciência criamos nossa realidade, ondas que se transformam em partículas, eventos e
objetos reais. Nesse movimento cósmico, ao criarmos a realidade no espaço tridimensional
nos deparamos com as dualidades. E, o que está em jogo é o eterno debate da ordem e da
desordem (Balandier,1997), que se estabelece no Ser, na natureza, nas sociedades e no
cosmos. Assim, o que nos resta é a conexão com a Unidade, com a Totalidade.
Balandier (1997) afirma que a coesão aparente da sociedade foi quebrada e os
valores invertidos. Outras referências justificam o cotidiano, a situação é de desordem, de
caos coletivo. A grande maioria dos seres desse planeta, sintonizados com padrões vibratórios
negativos, acabou incorporando (trazendo ao corpo) essa desordem. Nesse estado de
“anestesia” foi mergulhando nessa desordem deixando de lado a alegria e o sentido de viver, o
encanto pelo viver ficou diluído no mascaramento do mundo materialista.
O mundo atual se distanciou do sagrado, seja em relação à natureza ou ao próprio
cotidiano das pessoas. Cavalcanti (2000) afirma que, os ritos se tornaram automatizados,
mecanizados e o significado da espiritualidade como experiência interior se diluiu,
desapareceu da vida das pessoas. De fato, além das atitudes e dos ritos automatizados e
mecanizados, o que vemos nesse momento de dessacralização, são muitos templos, igrejas.
Espaços institucionalizados, que em sua maioria, nada tem a ver com o sagrado, com a
espiritualidade, pelo contrário, são lugares que instigam o fanatismo, o dogmatismo e nenhum
mais além. Mas, ainda assim, se esses espaços ditos sagrados existem é porque para muitos
são necessários. As pessoas buscam ali um conforto, um alívio para a alma, uma solução para
seus problemas, uma ordem para a desordem que jaz em si e fora de si.
Na tentativa de compreender esse momento, Cavalcanti (2000) nos propõe uma
jornada histórica. Inicia, afirmando que o contexto que se apresenta é muito diferente daquele
das culturas tradicionais mais antigas, principalmente do Oriente. A natureza era sagrada, o
Ser a respeitava, pois entendia ser parte dela. A natureza era a manifestação do Divino no
plano terreno. A interação homem - natureza - cosmos, era a síntese poderosa dessa
manifestação. O material e o espiritual eram partes integrantes da mesma totalidade. A
espiritualidade dava um sentido transcendente à realidade e a vida terrena era sagrada, porque
refletia o céu em suas múltiplas dimensões.
41
O caminho da fragmentação da consciência no Ocidente, essa forma dualista no
modo de pensar e sentir começou na Idade Média. Foi a Filosofia “atomista” que deu
sustentação a essa concepção, e exerceu grande influência sobre o pensamento Ocidental.
Mas, a Filosofia “animista” também influenciou as mentalidades da época. Durante a Idade
Média havia uma fluidez entre os conhecimentos da Antiguidade Clássica, o Cristianismo e o
paganismo popular. Mas, foram os valores espirituais dos ensinamentos de Cristo que
sustentaram, pelo menos por algum tempo, a interação entre o mundo Divino e o mundo
Humano e Natural, entre o Científico e o Espiritual.
Até o século XVII, a Idade Média foi fortemente permeada pela filosofia de
Aristóteles, que propunha unir física, metafísica e teologia. Suas idéias constituíam dogmas
religiosos que embasaram o pensamento dominante da época, representado pela
“Escolástica”, que proporcionava a união entre a razão e o espírito. A razão e o conhecimento
estavam unidos à experiência mística e ao êxtase. Assim, a ciência ocidental nasceu dentro do
campo espiritual mantendo com ele estreita relação, a partir de uma concepção “Teocêntrica”,
que possibilitava ao mundo humano um mundo cheio de sentido espiritual.
O Aristotelismo se manteve forte até o século XVII, porque respondia as
necessidades daquele momento. Foi muito importante porque promoveu a união entre a
Ciência e a Espiritualidade, mas, em função de seu caráter dogmático foi perdendo força.
Acabou tanto criando entraves para o desenvolvimento científico, quanto banindo
completamente o sagrado da vida humana. De acordo com Cavalcanti (2000), o maior
problema nessa visão de mundo, foi que o homem quis ocupar um lugar mais importante que
a natureza na obra da criação de Deus. O homem entendeu que o mundo foi criado apenas
para seu uso, que tudo girava em torno de si e que era o centro do universo.
Visão antropocêntrica, iniciada na Idade Média que tem trazido grandes prejuízos
não somente à natureza, mas conseqüências drásticas à humanidade. Baseado nesse
pensamento, sua relação com a natureza tem sido de destruição, dominação, controle, menos
de interação. Ao destruir a natureza, o homem destrói a si mesmo, pois é parte dela. Trata-se
de uma visão de mundo que contagiou a cultura Ocidental, que se tornou cada vez mais
materialista, egocêntrica e narcisista. Calcada neste pensamento, não se permite a uma
experiência espiritual interior transformadora. Cavalcanti se remete a Tillich quando trata
dessa questão em seu texto quando ele diz que, quando as pessoas deixam de vivenciar Deus
interiormente, elas passam a crer nele de forma racional.
Surge daí o que podemos entender como espiritualidade materialista, baseada no
racional. Na maioria dos espaços ditos espirituais prevalece o caráter dogmático e como diz
42
Tillich - (por Cavalcanti, 2000), essa postura instiga ainda mais o racionalismo, o
materialismo e o ateísmo. O que não podemos negar é que em muitos casos a religião pode
cumprir o seu papel - o de religar o “Ser ao Divino”. E, na fusão “Ser/Cosmos”, na busca da
Unidade, da Totalidade, possibilita o processo de auto-transformação e a “Inteireza do Ser”.
O Renascimento com sua efervescência intelectual e suas idéias humanistas fez
grande oposição à filosofia Aristotélico-tomista, a Escolástica, ao cristianismo dogmático o
que gerou movimentos de libertação, como é o caso da Reforma Luterana. Entretanto, foi a
revolução astronômica e geográfica que determinou uma nova visão de mundo, com a
redefinição do sistema planetário por Copérnico, e, a descoberta do novo continente por
Colombo. O idealismo científico manifesto pelo pensamento de Copérnico, Kepler e Galileu,
constituiu uma reação ao pensamento de Aristóteles adotado pela Igreja Católica.
A partir daí, a cisão entre ciência e religião ficou cada vez mais profunda, até
porque, a ciência na tentativa de constituir-se como saber teve que estar livre do controle
reacionário da Igreja. No mundo moderno, os laços entre a ciência e a religião estão desfeitos,
isso porque a espiritualidade está quase sempre associada a essa visão obscurantista da Igreja.
Assim, a ciência e outras instâncias da sociedade acabam por negá-la.
Outra mudança na cosmovisão, de acordo com Cavalcanti (2000), foi gerada pelo
descobrimento da América e as viagens marítimas, assim como, a grande contradição entre as
teses da Igreja Católica, e o que a ciência afirmava através da Astronomia e da cartografia.
Não havia como conciliar os dogmas com os descobrimentos. A Igreja, sem alternativa, se
abriu às novas idéias, isso porque tinha interesses econômicos e mercantilistas nas riquezas
das novas terras.
O Renascimento, enquanto período de grande desenvolvimento e de transformação
epistemológica tentou unir o conhecimento da época, ao misticismo, à espiritualidade, mas
com uma abordagem diferenciada daquela oferecida por Aristóteles. Nesta fase, ciência e
espiritualidade caminhavam juntas e o misticismo estava baseado em fontes cristãs e não-
cristãs. Conforme Cavalcanti (2000), o Renascimento conseguiu manter pelo menos por
algum tempo, o conhecimento das tradições ocultistas, que influenciaram a arte e essa por sua
vez, a ciência. Por outro lado, a idéia de antropocentrismo resulta no Renascimento, assim
como, o domínio do homem sobre a natureza, implicou na separação entre a ciência e a
espiritualidade. A partir daí, a vida sagrada tornou-se cada vez mais profana.
A respeito dos séculos XVI, XVII, e XVIII, afirma Cavalcanti, que foram marcados
respectivamente pela Reforma, pelo mecanicismo e o desenvolvimento industrial. A visão
escolástica aristotético-tomista - ainda que tenha permanecido fortemente de maneira
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dogmática até o século XVII, possibilitou a relação ciência e espiritualidade, mas a partir daí
essa relação se esvaiu. Acabou sendo substituída por uma visão racionalista, que superou os
dois setores. Os séculos XVI, XVII, e XVIII foram marcados por uma oposição entre a razão
científica e o ocultismo, que no Renascimento estavam articulados.
A abordagem racionalista da ciência colocou o misticismo num lugar
completamente desprivilegiado, conforme Cavalcanti (2000), como se esse fosse um campo
do mal anti-racional. O homem ao se distanciar da natureza impregnada de espiritualidade,
além de abrir espaço para atitudes de dominação e destruição desta, estimulou o processo de
dessacralização da vida. O racionalismo dos reformadores contribuiu para a dissociação entre
o sagrado e o profano, entre ciência e espiritualidade. A razão científica, baseada na ideologia
do progresso, e, do desenvolvimento, conseguiu manipular os povos com menos
conhecimento. A Reforma, mais que o Renascimento, foi responsável por um tipo de
consciência vinculada ao controle, ao domínio e ao poder do homem sobre a natureza. Teve,
portanto, um caráter tanto inovador, quanto conservador.
Cavalcanti (2000) continua seu relato histórico deixando claro, que a Reforma
expressou uma contestação do saber e do poder oficial da Igreja Católica, em favor do
desenvolvimento do pensamento científico. A autora diz que, o Luteranismo tirou Deus do
mundo e separou o espírito da matéria, transformou a relação do homem com Deus e com a
natureza, incentivou o utilitarismo e o positivismo. As idéias reformistas inundaram as mentes
e a revolução científica. Engendraram a exploração e a profanação da natureza como uma
necessidade para o bem-estar do homem. A separação da ciência e da religião se intensificou
e o conhecimento científico teve por finalidade sempre servir o homem, que deveria esforçar-
se para estabelecer o poder e o domínio da raça humana sobre o universo.
A ciência usou o conhecimento científico com o objetivo de dominação e de
controle, mas, esse controle não foi somente da natureza, a idéia de dominação e controle
permeou as conquistas européias do Novo Mundo, o que gerou o domínio violento dos
europeus sobre outros povos. Os povos nativos foram subjugados, escravizados e,
considerados profanos, já que cultuavam a natureza e esta era vista como superstição pagã. A
visão materialista da ciência substituiu definitivamente a concepção do “Cosmo Vivo”, pela
idéia do universo como máquina. Idéia que conforme Cavalcanti (2000) persiste na ciência e
está arraigada como hábito na mentalidade da sociedade até hoje. Os valores materialistas
moldam as relações e os comportamentos.
A idéia do utilitarismo foi transposta para a vida cotidiana, tudo está baseado em
interesses materiais imediatos, a questão subjetiva ficou de lado. Acima de qualquer coisa está
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o lucro, dado a partir daquilo que a humanidade entende como bem maior, o dinheiro, que
embute uma noção ilusória de segurança à vida das pessoas. Ao invés de compreensão,
solidariedade, compartilhamento na amorosidade das relações, o que prevalece é a
concorrência, a competição, a agressividade, as disputas de Ego. Tudo em prol do dinheiro, do
poder e da auto-afirmação.
A visão materialista de mundo se instaurou tanto no campo da ciência, como para
além dele. A história coloca que foi o filósofo Descartes (1640), que estabeleceu os alicerces
da visão mecanicista do mundo, que concebe o universo como uma máquina, assim como, o
corpo, como uma engrenagem que funciona de maneira mecânica, dentro da totalidade do
mundo material. Com a máxima “penso, logo existo”, seu pensamento cartesiano acentuou o
dualismo corpo-alma. No sistema de pensamento cartesiano de Descartes (1640), ainda que
não destituído do conceito de Deus, a matéria é a realidade última, e o mundo material
funciona de maneira mecânica. A percepção dos sentidos é a única fonte de conhecimento e
de verdade.
Descartes substituiu a visão dos gregos e da Idade Média - na qual o “Cosmo Vivo”,
cheio de inteligência e sentido, é movido pelo amor Divino em favor do homem, por outra em
que o cosmo é uma máquina desprovida de vida. Além de Descartes (1640) tivemos Newton
na formação da base filosófica do século XVII. Cavalcanti (2000) defende que as idéias aí
implícitas frutificaram também a semente do Iluminismo. Os princípios da mecânica de
Newton foram aplicados às ciências da natureza e à sociedade humana. A humanidade formou
sua base de conhecimento e conduta na teoria mecanicista da natureza, o que vem
contagiando todas as áreas de conhecimento até hoje. No entendimento de que o progresso
humano e natural da vida neste planeta fosse pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia,
acabou se gerando a crise pela qual passamos no momento, tudo em prol do progresso
econômico.
Segue Cavalcanti, afirmando que nessa visão de que a natureza, ou a matéria seria a
única responsável pela origem da vida e pelos movimentos evolutivos, surgiu o
evolucionismo, que afirma ser o homem provindo de um processo evolutivo ocasional da
matéria. Concepção materialista da vida e da morte, que são entendidas como obras do acaso.
Sendo assim, há uma negação da consciência, ou alma, após a morte do corpo físico. A morte
seria o fim total do Ser. Além disso, a teoria mecanicista afetou negativamente o psiquismo
humano, gerando a fragmentação corpo-mente-alma e a relação do homem com os outros
seres e com o planeta. A ausência de valores espirituais anteriormente atribuídos à natureza
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foi determinante na geração de ações predatórias na relação do homem com seu ambiente,
com seu próximo e com a vida como um todo.
Afirma Cavalcanti (2000), que os séculos XVII e XVIII foram o auge das teorias e
dos valores racionalistas, mecanicistas. Mas, com o próprio desenvolvimento da ciência,
elementos surgiram para contestação dessa visão mundo. No fim do século XVIII e icio do
XIX, houve uma reação a concepção mecanicista com a filosofia romântica, que concebia a
natureza como viva e espiritual, fato que já havia acontecido no século XVII com o vitalismo.
O argumento era de que a dessacralização gerou um mundo sem significado, sem sentido,
fortificando a dualidade, o materialismo e o mecanicismo.
No início do século XIX houve uma retomada da idéia do “Cosmo Vivo” e
espiritual. A arte exerceu forte influência na ciência, quanto ao movimento de revalorização e
de retorno à natureza. A ação humana predatória na natureza foi rejeitada, o homem deveria
preservar a natureza para seu bem. Surgiu daí, uma concepção cósmica, ecológica. Os
sentimentos ecológicos emanaram do entendimento de que o mundo é uma totalidade. Dessa
maneira não pode haver a separação entre o ser, a natureza e o cosmos. O contato com a
natureza passa a ser necessário para a regeneração da saúde física, psíquica e espiritual. A
dessacralização da natureza afeta a relação do homem com o cosmos e o espírito. A
espiritualidade passa a ter uma ligação direta com a ecologia, pois a espiritualidade é a
percepção profunda de nossa ligação com o cosmos, com o todo.
Apesar das teorias racionalistas mecanicistas estarem em alta desde o final do século
XVII, afirma a autora que ocorreu também um renascimento espiritual e que no século XIX,
os aspectos mágicos e espirituais voltaram a suscitar interesse na Europa. O Esoterismo foi
estudado de forma científica (a cabala, o tarô e outros...). Houve uma recuperação dos
documentos gnósticos, muitos destes foram incorporados no pensamento teosófico e exercem
influência em várias áreas de conhecimento até hoje. No início do século XX, artistas adeptos
à teosofia tentaram criar uma nova ordem baseados na sabedoria antiga, e que propunham em
suas obras, a recriação da harmonia universal.
Cavalcanti (2000) diz que o homem do século XX e XXI, impregnado pela visão
cartesiana, mecanicista, tem pago um preço muito alto pelo desenvolvimento científico,
tecnológico, industrial. Na medida em que, se distanciou da natureza, perdeu a conexão com o
cosmos, com a fonte de energia fundamental. A falta de sentido na vida está baseada nesta
desconexão, que o leva a mergulhar no caos, na desordem. O Ser da contemporaneidade está
totalmente fragmentado e a desordem em si se faz fora de si, sem passar pelo processo de
auto-transformação e ampliação da consciência está atrelado a um mundo dividido, onde cada
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área de conhecimento é colocada em compartimentos isolados chamados de especialidades. A
consciência ocidental ficou travada, impregnada pela idéia de oposição inconciliável entre as
polaridades e está baseada na concepção dualística da realidade.
A ciência ocidental influenciou esta visão de mundo, na medida em que, adotou uma
concepção racionalista e mecanicista. O Ser baseado nesta visão de mundo fragmentado,
fraciona a si mesmo. Não entende que ele próprio por seu modo de pensar condicionado é a
causa da fragmentação que parece estar além de sua vontade, ter existência independente. A
mente, o corpo e a alma nesta abordagem não têm relação entre si, são independentes. Essa
separação corpo - mente - alma e, conseqüentemente, o dualismo é a marca da consciência
ocidental.
O homem do Ocidente ao adotar o racionalismo baseado no modelo cartesiano como
única forma de pensar e agir têm estado doente. Stressado, desequilibrado, desarmonizado,
em depressão profunda, age de forma automatizada. Apostou no desenvolvimento do aspecto
cognitivo, racional, deixando de lado o afetivo, o sensível, o espiritual. Através da ciência
tentou controlar a natureza, os demais seres e o mundo e o que não conseguiu controlar com
uma explicação racional, resolveu negar. As questões subjetivas foram abolidas, as relações
afetivas substituídas por relações de interesses, em que só o que vale é ter e não ser. O homem
está deixando de lado os afetos, o compartilhar com o outro, a criatividade, o prazer de viver,
de relaxar, de parar por segundos, respirar fundo e sentir o que a vida tem de melhor.
Sua mente é como um turbilhão produzindo “n” coisas ao mesmo tempo. O
turbilhão mental, associado ao desequilíbrio emocional vai lhe abstendo da Consciência da
Unidade, da integração corpo, mente, alma que se dá na interação do Campo de Energia
Humana, com o Campo de Energia Cósmico. Somente superando a ilusão dos opostos, das
polaridades, é que o Ser pode alcançar a harmonia, a paz e a tranqüilidade. Somente com a
mente liberta das ilusões do Ego é que amplia sua consciência e recupera o sentido da vida e o
reencantamento do viver.
Muitos estudiosos da tradição afirmam que, no pensamento Oriental, a realidade é
não dual. Isto é, que a realidade está livre dos opostos, porque estes expressam aspectos de
uma única realidade subjacente. Idéia que faz parte da essência do Hinduísmo e do Budismo.
Sendo assim, quanto maior for o senso de separação da natureza, maior será a necessidade de
retornar à Unidade, à Totalidade. A natureza tem vários significados e inspira diferentes
tentativas de retorno. A principal característica da visão oriental é a concepção da Unidade e
da inter-relação de todas as coisas. O cosmos é visto como uma realidade indivisível, viva,
orgânica e espiritual, e, ao mesmo tempo, material e dinâmica. O paradigma holístico,
47
multidimensional, nos possibilita ficar atentos a esta concepção de Unidade e de inter-relação
de todas as coisas, conforme se compreende no oriente.
O mais importante é superar essa visão fragmentadora e dual Ocidente/Oriente o que
de acordo com Cavalcanti (2000) vai depender do esforço de se superar essa unilateralização
racionalista de consciência, com o enriquecimento de experiências perceptivas e o acréscimo
da visão intuitiva e espiritual. Assim, a idéia é travar relações entre concepções de culturas
que possam ajudar umas as outras já que estamos falando em superar dualidades, integrar
harmoniosamente em si a contribuição da outra cultura. Cavalcanti (2000) afirma que o
grande legado do Ocidente é o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. A contribuição do
Oriente é a visão de mundo profunda e complexa do seu sistema místico, cujas refinadas
técnicas de desenvolvimento e de ampliação da consciência promovem a auto-transformação
e a evolução.
A visão racionalista de mundo do Ocidente, certamente determinou um
comportamento voltado ao desenvolvimento e ao progresso da ciência e da tecnologia. A
cultura ocidental absorveu completamente a filosofia racionalista; impregnada pelo medo,
ansiedade e sensação de escassez se baseou na ilusão da busca de bens materiais, deixando de
lado qualquer outra forma de pensar e agir. Sendo assim, ficou tolhida, impedida de acessar
certos potenciais que instigam a Unidade, a Totalidade, a transformação e a evolução da
consciência.
As experiências subjetivas e perceptivas importantes da cultura ocidental, que
poderiam contribuir para a ampliação da consciência, em sua maioria foram negligenciadas
pela filosofia racionalista. Muitas questões místicas foram distorcidas, outras, abafadas.
Muitos foram os que sufocaram seus potenciais, ocultando seus conhecimentos intuitivos,
abafando sua imaginação, suas visões, experiências místico-espirituais, com medo de serem
confundidos com fanáticos, visionários ou loucos.
Mas, já é tempo dessa visão racionalista do Ocidente, que em si mesma é
fragmentadora, ser substituída pela abordagem intuitiva, espiritual e sintetizadora do
paradigma holístico. O paradigma holístico pode articular o sistema místico contemplativo do
Oriente, com o sistema de ação do Ocidente, possibilitando, a relação da ciência com a
espiritualidade. Isso, porque está baseado nos princípios Universais de Ética, Amor, Sabedoria
e Solidariedade, assim, pode gerar as possibilidades necessárias para promover a ampliação
da consciência, a evolução e a transformação do Ser, de seu ambiente, de sua cultura e de seu
planeta.
48
Mas, o mais importante é entender que as formas de ação e expressão criativas e
místicas do Ocidente, ainda que, um pouco anestesiadas pelo racionalismo, ou mascaradas
pelo Ego, nunca deixaram de existir, mesmo que, à margem da sociedade capitalista. No
processo evolutivo histórico mundial, seja no Oriente ou no Ocidente, sempre existiram os
guerreiros da paz, os trabalhadores da Luz, que conectados com as vibrações de alta
freqüência, compreenderam que a vida nesse plano só vale à pena e toma sentido, quando em
conformidade com os princípios das leis universais.
A meu ver, a visão de mundo profunda e complexa do Oriente, que é baseada nos
princípios universais deve ser tomada como exemplo pelos Ocidentais. Não como um modelo
único, a ser seguido, copiado, transferido de uma cultura para outra, perdendo seu significado
e propósito original, mas, como algo a ser ressignificado pela nossa cultura, e, em pleno
acordo com tudo de bom que ela oferece, a partir da fluidez natural de sua riqueza criativa e
mística.
A cultura do Ocidente aos poucos se liberta de suas amarras, a partir da disciplina, e,
da transdisciplinaridade, que transcende qualquer disciplina, na medida em que, se remete ao
sensível e promove a conexão com os princípios cósmicos. As possibilidades para que isso
ocorra, cada Ser deve criar, transcendendo suas limitações, partindo da ordem interna, que se
converte em ações externas. A liberação de potenciais intuitivos, sintetizadores, criativos e
espirituais da cultura ocidental, pode se dar pela via da Estética, pelas múltiplas linguagens
artísticas e pela Educação Transdisciplinar articuladas a outras áreas de conhecimento.
O paradigma holístico baseado numa abordagem de complexidade, de
transdisciplinaridade e de multidimensionalidade, propõe uma consciência espiritual voltada
para a valorização e o resgate do sagrado. Sendo assim, poderá possibilitar um
desenvolvimento harmonioso, unindo muitas polaridades que são complementares e tudo
aquilo que aparentemente está separado, desconectado, seja no Ser, na cultura, no planeta ou
no Cosmos.
Nesse movimento cósmico de ordem/desordem, a ordem, a Unidade pode se dar
pelo resgate dessa conexão tanto interna como externa, da ascensão do sagrado que promove
o movimento de equilíbrio do Ser e de seu meio. O Ser dissociado dos princípios universais
divinos, sagrados, tem a plena sensação de que nada vale à pena, ou de que tudo vale em prol
de seu bel prazer. Em meio à desordem, os valores são alterados, os princípios universais são
burlados. Atualmente, as religiões sintonizadas com a desordem acabam fazendo uma grande
distorção do sagrado, em sua maior parte não têm cumprido seu papel, pois misturam
perversão com cinismo político.
49
Mas, não importa a desordem que se estabelece nas instituições, sejam elas de cunho
religioso, ou não, pois o caminho do sagrado, também, pode ser buscado fora das instâncias
balizadas pelas religiões estabelecidas. Isso, no ato de
conexão direta com a “Consciência
Cósmica”, a cada instante, a cada momento, em pleno silêncio e contato consigo mesmo, com
sua Consciência Divina, através da inspiração da energia de luz, do sopro divino do espírito,
que vai se expandindo por todo nosso Ser.
O que importa é que cada um acesse dentro de si, o potencial da “Consciência
Cósmica” - Expandir a centelha de Luz, da Unidade, da Totalidade, através do movimento de
transcendência pelo sensível. Transcendência que também é imanência, na qual a consciência
se amplia e deixa irradiar a luz, a força criadora em todos os níveis de existência. É assim, que
a experiência interior pode se constituir em plena ordem da casa interna e externa,
substituindo o dogma pela realidade. A visão de totalidade pode curar esse processo de
fragmentação, dissociação psíquica e espiritual. Isso significa que a integridade, Unidade ou a
Totalidade é absolutamente necessária para que a vida valha a pena ser vivida.
A busca da Totalidade, da Unidade o da transcendência é a questão contemporânea
mais importante que está nesse movimento ordem/desordem - a síntese entre ciência e
espiritualidade, entre oriente e ocidente, entre o lado direito e o esquerdo do cérebro, o
masculino e o feminino, a luz e a sombra, enfim, a todos os tipos de polaridades. O que se
busca neste momento é a síntese das dualidades, que nos remete à Unidade. Várias áreas do
conhecimento discutem essa questão, entre elas a física, a neurologia, a psicologia, a filosofia,
as ciências da linguagem, a química entre outras. Mas, foi à física moderna que liderou a
construção de uma nova visão de mundo holística e totalizante.
Os físicos ao estudarem o átomo chegaram à conclusão a respeito da Totalidade, da
Unidade e da inter-relação de todas as coisas. Capra (1987), diz que a física passa das
limitações de uma ótica de mundo absoluta, mecanicista e revela-se com uma nova visão, na
qual o universo deixa de ser visto como uma máquina e se adota uma visão orgânica,
ecológica. A partir daí, o mundo não pôde mais ser percebido como uma coleção de objetos
físicos, mas sob a forma de uma complexa teia de relações entre as diferentes partes de uma
totalidade unificada.
A matéria-base para toda existência, o mundo material dado por objetos separados,
ganha um novo conceito não reducionista que se apresenta como um todo harmonioso e
indivisível como uma rede, um complexo integrado, uma teia de relações dinâmicas, no qual o
observador e sua consciência são incluídos de um modo indissociável. O novo paradigma que
surgiu da ciência reflete uma visão da totalidade indivisa do universo.
50
Durante dois séculos e meio, a física como a ciência exata esteve ligada à visão
mecanicista do mundo e alicerçou as suas idéias na matemática de Newton, na filosofia de
Descartes e na metodologia científica de Francis Bacon. Mas, sendo seu próprio objeto de
estudo a própria natureza, foi impossível à física manter-se afastada desta e continuar
ignorando que ela não se comporta segundo o desejo humano de controle e domínio
intelectual. Assim, a necessidade de uma visão não-fragmentada da realidade surgiu no
próprio meio científico, antes comprometido com a abordagem racionalista. E, como no
passado servira de modelo para as demais ciências, a física liderou também esse movimento
de retorno a uma visão unificada e sintetizadora.
No início do século, a física dedicou-se à investigação dos fenômenos atômicos e
viu-se diante de grandes paradoxos e contradições. Aproximando-se cada vez mais do nível
da observação microscópica, os físicos tiveram a oportunidade de perceber que a real natureza
das coisas transcendia os aspectos sensoriais da realidade. Eles descobriram que a física
newtoniana não tinha validade no mundo subatômico, pois predizia acontecimentos
observáveis no mundo cotidiano, no mundo sensorial, ao passo que os fenômenos
subatômicos - não podendo ser observados diretamente - só podiam ser previstos em termos
de probabilidades.
A física teve então de passar por uma grande transformação. Reformulando
radicalmente seus conceitos básicos sobre a realidade, deu ensejo ao desenvolvimento criativo
de seu pensamento, que culminou com o surgimento da “Nova Física”. A “Nova Física”-
Teoria Quântica, Mecânica Quântica, ou Teoria dos Campos - originou-se da teoria dos
“Quanta” de Max Planck (1900) e da “Teoria da Relatividade” de Einstein (1905) e
desenvolveu-se com Niels Bohr (1913), Heisenberg (1925) e outros físicos importantes, como
Schrödinger, Wolfgang Pauli, Louis de Broglie e Paul Dirac.
Max Planck (1858-1947), considerado o pai da Mecânica Quântica, em 1900,
provou que toda a energia é irradiada em pacotes individuais chamados “quanta” e não em
correntes de fluxo contínuo. Planck afirmou que a natureza não era contínua, mas expressava-
se em termos de pacotes de energia ou “quanta”. O quantum é uma partícula muito pequena
de energia física. Um quantum significava uma porção de energia, fosse de um fóton, fosse de
um elétron.
Planck descobriu que “a energia de um quantum de luz aumenta com a freqüência”.
A energia é proporcional à freqüência, e a constante de Planck é a constante da
proporcionalidade entre elas. A relação entre freqüência e energia é importantíssima, é o
51
ponto central da física quântica; quanto mais alta a freqüência, maior a energia, quanto mais
baixa a freqüência, mais baixa a energia.
Albert Einstein (1879-1955) revolucionou a física com a Teoria da Relatividade,
publicou trabalhos científicos, dos quais, três foram fundamentais para o desenvolvimento da
física e para as mudanças conceituais do pensamento ocidental. O primeiro deles era uma
teoria que descrevia a natureza quântica da luz. Nessa teoria constatou que a luz se compunha
de gotas de energia, pequenas partículas chamadas fótons, que a velocidade da luz era
constante e que, para a luz, não existia tempo. Com base em tal teoria a crença newtoniana em
um tempo absoluto e universal teve de ser abolida. No segundo trabalho, que descrevia o
movimento browniano, Einstein estabeleceu a existência dos átomos. O terceiro consistia na
teoria da relatividade, em que demonstrou que matéria e energia são dois conceitos
equivalentes, complementares e necessários à definição de um todo.
O princípio da relatividade de Einstein estabelecia que as leis da física fossem as
mesmas em diferentes sistemas de referência que se movessem com velocidade relativa
constante, o qual chamou de “sistemas inerciais”. A teoria da relatividade diz que as visões
dos acontecimentos físicos são relativas. Por meio da Equação, E=mc2, Einstein provou que
matéria e energia são duas manifestações diferentes da mesma substância universal. Essa
substância universal é a energia ou vibração básica, da qual todos nós somos constituídos.
A teoria da relatividade afirma-nos que a massa nada mais é que uma forma de
energia. A energia não só pode assumir as diversas formas conhecidas na física clássica como
pode, igualmente, ser aprisionada na massa de um objeto. Uma vez encerrada como uma
forma de energia, a massa já não é mais indestrutível, mas pode ser transformada em outras
modalidades de energia. Assim, a energia pode ser percebida sob forma de partícula – matéria
densa, massa, luz congelada - ou sob a forma de ondas que se movimentam no campo com
determinadas freqüências e amplitudes. A energia se transforma em matéria e a matéria em
energia, tudo vai depender da forma de movimentação do “campo fundamental”, da dança
incessante do cosmos.
Einstein complementou sua teoria, com o postulado segundo o qual a luz se propaga
através do “espaço vazio”. O “vazio” a que Einstein se referia, era o “vácuo físico”, que não
deve ser entendido como um simples nada, mas, como o Campo de Energia Cósmica (Parode,
2007), campo fundamental, que existe em mais de três dimensões e constrói todas as formas
do universo.
A teoria geral da relatividade provocou uma revolução nos conceitos de espaço e
tempo. Vendo-os como conceitos relativos, interligados, que formavam um continuum
52
quadrimensional chamado “espaço-tempo”, Einstein demonstrou que o espaço não é
tridimensional e que o tempo não constitui uma entidade isolada, ele trata o tempo apenas
como uma quarta dimensão. A teoria geral da relatividade, diz que a matéria informa ao
espaço-tempo como distorcer-se e o espaço-tempo, distorcido, informa à matéria como
mover-se.
Além dos elementos que fornecia para descrever o universo como um todo, à teoria
da relatividade conduzia a conclusão de que as partículas materiais poderiam ser criadas pela
energia pura, assim como, poderiam tornar-se pura energia num processo reverso. De acordo
com nossas concepções, parece impossível que “algo” possa surgir do “espaço vazio”, isto é,
que as partículas materiais possam ser criadas pela energia pura, ou campo fundamental,
Consciência Divina, que denomino de Consciência Vibracional (Parode, 2007) e que num
processo reverso, a matéria se transforme em pura energia, retornando ao campo de energia
cósmico.
No nível subatômico, porém, isto acontece o tempo todo, conforme demonstra
Zukav (1989), através do Diagrama de Feynman, também chamado de “Diagrama de Vácuo”.
Os “Diagramas de Vácuo” são representações de transformações de “alguma coisa” em
“nada” e de “nada” em “alguma coisa”. Tudo se dá a partir de uma realidade subjacente única
do campo fundamental, “Vácuo Físico”, ou “Espaço Vazio”, como é denominado na teoria do
Campo, que contém a potencialidade para todas as formas do mundo das partículas.
Einstein entendia que a ordem da natureza é derivada de uma ordem superior, do Ser
Cósmico, denominado pela humanidade, de Deus. Einstein se declara religioso porque
acredita nessa sabedoria maior. Diz que a mais bela emoção de que somos capazes é a
mística, ela é à força de toda a arte e ciência verdadeiras. Na concepção de Einstein, ciência e
espiritualidade deveriam estar unidas, porque a ciência não só purifica o impulso religioso dos
entulhos antropomórficos, como contribui para uma espiritualização da compreensão da vida.
Além disso, porque quanto mais avança na espiritualidade, mais a humanidade perde o medo
da vida, da morte e a fé cega, pois seu maior propósito é a busca de conhecimento.
De fato, o que podemos perceber é que a ordem da natureza está para além dos
desígnios humanos, isso porque se articula a partir do processo de uma lei maior, ou seja, da
ordem de uma consciência cósmica, universal. A visão mística, que é estética, nos permite
vislumbrar a plenitude dessa ordem, na qual passamos a compreender o grau de importância
da vida, a nossa responsabilidade sob a mesma e o seu grande propósito. No propósito da
vida, que pode ser viver plenamente e celebrar cada instante, nossas atitudes articuladas a essa
53
ordem maior, transcendem a dualidade do ego, que se revela pelo medo da vida, da morte,
pela dúvida, ansiedade, fanatismo, ganância e violência.
Alinhados a essa ordem maior, também podemos entender que a emoção mística,
como coloca Einstein, é à força de toda a arte e ciência verdadeira, isso por que movimenta o
fluxo energético da criatividade, da responsabilidade, do amor e da sabedoria oriunda dessa
fonte primordial. Emoção que acende a centelha divina que jaz em nós e em todo o universo,
nos colocando no movimento de equilíbrio da ordem do cosmos, em conformidade com a
consciência da unidade, da totalidade.
Cavalcanti (2000) afirma que as especulações cosmológicas de Einstein, quanto ao
sentido da totalidade cósmica passaram a fazer parte da ciência oficial. Outros cientistas
passaram a se interessar pelo assunto e buscaram através da teoria quântica algumas respostas.
Niels Bohr (1913) foi um dos principais construtores da teoria quântica. Descreveu um
modelo simples de átomo, no qual demonstrou que os elétrons se encontram a uma distância
específica do núcleo, ocupam diferentes camadas de energia ou órbitas e nunca são
encontrados entre essas órbitas. Sua teoria mostrou por que cada átomo possui um padrão
específico de raias espectrais que o define.
Em seguida, Bohr demonstrou que os elétrons passam de um estado energético a
outro, saltam de uma órbita para a outra, por meio de saltos quânticos descontínuos, cuja
magnitude depende da energia que tiverem absorvido ou irradiado. Essa descrição do
movimento dos elétrons como uma série de saltos descontínuos provocou uma mudança
conceitual importante. O mundo do “Quantum” desafiava o senso comum, assim, Bohr
compreendeu que o que é verdade no mundo cotidiano, macrocósmico, pode não ser, ou
mesmo estar errado, no mundo quântico.
Em 1924, ele chegou à conclusão de que as ondas quânticas eram ondas de
probabilidades. Essas ondas diziam respeito a algo que, de alguma forma, já estava
acontecendo, mas ainda não havia sido atualizado; “Referia-se a uma tendência para
acontecer, uma tendência que em forma indefinida existia em si mesma, porém sem nunca
chegar a converter-se num acontecimento”. Em 1927, introduziu na física a noção de
complementaridade, pondo fim à aparente incongruência entre as observações das unidades
subatômicas - as quais, dependendo do modo como eram observadas, ora apresentavam-se
como partículas, ora como ondas.
A primeira vista, os fenômenos quânticos são de natureza dualística. Os “quanta” se
comportam de duas maneiras, algumas vezes como partículas, outras como ondas. Uma
partícula é algo localizável no espaço e no tempo; uma onda com determinada freqüência e
54
amplitude estende-se, de forma não localizada, sobre amplas regiões do espaço e do tempo. A
teoria quântica afirma que uma coisa às vezes se transforma em seu oposto.
A imagem da partícula e a imagem da onda são duas descrições complementares da
mesma realidade atômica. Ambas são necessárias à descrição completa dessa realidade, pois a
onda e a partícula são as formas pela qual a matéria se manifesta e, juntas, as duas constituem
a matéria. Nenhuma das duas descrições tem precisão real quando isolada - tanto o aspecto
”onda” quanto o aspecto “partícula” devem ser levados em conta quando se procura
compreender a natureza das coisas. Foi esse fato que levou os físicos a aceitar novas formas
de percepção da realidade física.
Bohr acabou estendendo o conceito de complementaridade à psicologia, quando
estudou o determinismo e o livre-arbítrio e mostrou que a complementaridade maior está entre
sujeito e objeto. O princípio da complementaridade pode ser estendido a outras áreas do
conhecimento, pois parece governar não só os fenômenos físicos, mas tudo o que constitui a
consciência, já que esta se projeta a partir dos pares de opostos. Ele possibilita uma descrição
mais fiel da realidade, pois permite ver o universo de maneira holística, além dos opostos
aparentes, e compreender a unidade subjacente a tudo.
A partir da contribuição de Bohr, a física começa aceitar a visão da antiga tradição,
da unidade subjacente a tudo. Além disso, compreender que na vida somos ao mesmo tempo
autores e espectadores e que a consciência e o observador são necessários. O observador
converte as ondas de possibilidades, os objetos quânticos em eventos e objetos reais
(Goswami, 1998).
A nossa consciência escolhe as possibilidades do campo através do livre arbítrio e as
transformam em fatos, situações, eventos reais. Por outro lado, somos espectadores e
sofremos influência do campo fundamental, da Consciência Cósmica, que é a centelha de luz
do universo e de cada um de nós. Os dois movimentos estão articulados, tudo isso, para que a
vida de cada ser e o processo evolutivo da humanidade possa cumprir seu propósito.
Interagindo com o cosmos através da consciência criamos a realidade. A partir das
freqüências cerebrais e do desejo do coração as vibrações emanam, se criam, se formam e se
condensam a partir do “Campo Fundamental”.
Broglie (1924) apresentou a teoria ondulatória da matéria, que associava os dois
fenômenos mais revolucionários da física: a natureza quântica da energia e a dualidade onda-
partícula. Para ele, as partículas têm propriedades semelhantes às das ondas, como as ondas
têm propriedades semelhantes às das partículas. Broglie dizia que a matéria possui ondas que
lhe correspondem. Incentivado pela teoria ondulatória da matéria de Broglie, o físico Erwin
55
Schrödinger formulou a hipótese de que os elétrons não são objetos esféricos, mas sim
modelos de ondas estacionárias.
Schrödinger desenvolveu uma equação que descrevia o movimento dos “quanta” em
termos de mecânica ondulatória. A sua mecânica ondulatória enfatiza a continuidade dos
processos físicos e as propriedades de ondas dos elétrons. Ele representava os elétrons como
se estivessem realmente se expandindo sobre seus modelos ondulatórios em forma de uma
tênue nuvem. Em um de seus ensaios filosóficos afirma que o Eu mais intenso corresponde ao
Eu Universal ou Deus.
A pesquisa de Einstein, Bohr, Broglie e Schrödinger junto com as demais teorias de
outros pesquisadores e sua afirmativa a respeito de que o Eu mais intenso corresponde à
Consciência Cósmica, ou Deus, certamente leva a uma aproximação cada vez maior entre a
ciência e a espiritualidade. Pouco depois da descoberta de Schrödinger, Wolfgang Pauli
descobriu que em um átomo não pode haver dois elétrons exatamente iguais, com números
quânticos idênticos. Sua descoberta tornou-se conhecida como o princípio da exclusão: “O
princípio da exclusão de Pauli afirma que uma vez que um modelo particular de onda se
forma em um átomo, exclui todos os demais de sua superfície”. Essa teoria implica que,
mesmo que todos os elétrons do universo sejam os mesmos, eles não são idênticos.
Paul Dirac, fundador da Teoria Quântica dos Campos, formulou uma equação
relativística que descrevia o comportamento das partículas. Ele dizia que a contínua criação e
aniquilação de partículas no nível subatômico é o resultado de uma contínua interação entre
diferentes campos. A sua teoria foi extremamente útil na explicação dos pequenos detalhes da
estrutura atômica e na revelação da simetria fundamental entre matéria e antimatéria. A física
moderna desviou nosso olhar daquilo que é visível, a partícula, para o campo.
Capra (1988) baseado na Teoria dos Campos, afirma que o campo é visto como a
base de todas as partículas e de suas interações mútuas. O campo existe sempre e por toda a
parte, jamais pode ser removido. É o portador de todos os fenômenos materiais. A existência e
o desaparecimento das partículas não passam de formas de movimentação do campo.
De acordo com Zukav (1989), na teoria quântica dos campos, o contraste clássico
entre as partículas sólidas e o espaço circunvizinho é superado. O campo quantizado é
concebido como entidade física fundamental, um meio contínuo que está presente em todos os
pontos do espaço. Assim, as partículas não passam de condensações locais do campo,
concentrações de energia que vão e vêm, perdendo seu caráter individual, se dissolvendo em
campos subjacentes.
56
A Teoria Quântica dos Campos, segundo Zukav (1989), se baseia na premissa de
que a realidade física é essencialmente insubstancial. De acordo com a Teoria dos Campos,
unicamente os Campos são reais. Eles são a substâncias do universo e não a “matéria”. A
matéria (partícula) é simplesmente uma manifestação momentânea da interação dos campos,
os quais, intangíveis e insubstanciais como são, constituem as únicas coisas reais do universo.
Cavalcanti diz que Dirac previu a existência de um antielétron com a mesma massa
do elétron, mas com carga oposta. Esta partícula positivamente carregada, agora denominada
pósitron, foi realmente descoberta dois anos depois de Dirac ter predito a sua existência. A
simetria entre matéria e antimatéria implica fato de que para cada partícula existe uma
antipartícula, portadora de igual massa e carga oposta. Uma antipartícula é, ao mesmo tempo,
uma partícula. Algumas partículas têm outras partículas como antipartículas. O universo é
formado de partículas e antipartículas.
De acordo com essa teoria, todas as interações entre os componentes da matéria se
dão por meio da criação e destruição de partículas virtuais, o que vai depender da forma de
movimentação do Campo de Energia Cósmica. Um fóton de luz de alta energia (Raio
Cósmico), de acordo com Gerber (1997), num campo eletromagnético move-se em espiral e
em sentidos opostos, converte-se num par partícula/antipartícula. A energia, literalmente,
transforma-se em matéria, isto é o inverso do que acontece quando matéria e antimatéria se
encontram e se aniquilam mutuamente liberando uma grande quantidade de energia.
A interconversibilidade da luz em matéria e vice-versa, conforme Gerber (1997) é
algo muito impressionante. É um acontecimento que determina mudanças de estado de
alguma substância cósmica básica, do Campo Fundamental, que se transforma em duas
partículas. No momento da conversão da energia em partícula, o fóton (quantum de luz, ou
energia eletromagnética) reduz sua velocidade para transformar-se numa partícula. Ao fazê-
lo, ele passa a ter algumas propriedades atribuíveis a matéria, ou seja, adquire massa, e, não
obstante, ainda conserva algumas de suas propriedades ondulatórias.
As diminutas partículas que efetivamente preenchem o “Espaço Vazio”, ou, “Campo
Fundamental” são na verdade pacotes de luz congelados, o que nos leva a afirmação de que
toda matéria é luz condensada. No processo inverso, isto é, quando matéria se transforma em
energia, a massa se desfaz e a energia retorna a fonte primordial.
A Física Quântica, a partir das pesquisas de Einstein, a respeito da
interconversibilidade da luz em matéria, e vice-versa, pode nos levar a uma reflexão
diferenciada a respeito do processo da vida nesse plano, do nascimento, à morte. Este
processo pode ser visto de uma maneira completamente diferente daquilo que nossa cultura
57
muitas vezes nos coloca tudo porque nos mostra que o nascimento da matéria, da onda que se
condensa em partícula nesse, ou em outro plano, se constitui a partir da energia e não ao
contrário.
Um fóton de alta energia (Raio Cósmico), no “Campo Fundamental” movimenta-se
em espiral, transformando-se em elétron e pósitron, a partir daí, se dissipa tomando sentidos
opostos até alcançar níveis de freqüência e densidades mais baixas no plano tridimensional.
Assim, a matéria se constitui como uma forma de energia nesse plano, ou seja, a vida se
manifesta no mundo material a partir do “Campo Fundamental”, da Consciência Vibracional,
ou Divina. Através da concepção, a vida do Ser se instaura nesse plano, e, pelo nascimento
deve cumprir seu propósito.
O nascimento nessa dimensão cumpre propósitos que transcendem o Ser individual,
tais propósitos estão relacionados ao “Campo Fundamental”. No plano material se institui às
dualidades, o que se constata pelas polaridades; positivo e negativo, matéria e espírito, luz e
sombra enfim... Nossa sensação é de desejo, de um eterno retorno à fonte, à unidade, à
totalidade, à Consciência Vibracional. Mesmo assim, temos que cumprir “nosso tempo” neste
plano. O mais importante é buscar a síntese das polaridades viver o aqui e o agora, nos
alinhando ao nosso propósito de vida. Isso é o que nos facilita a caminhada, nossa travessia
fica mais leve e a nossa vida começa a ter mais sentido. O propósito cumprido possibilita ao
ser o retorno à fonte.
A conversão de matéria em energia, ou seja, da transformação do corpo físico-
material em pura energia, entendida por muitos como a morte definitiva do ser ou como o fim
da vida, passa a ser entendida de outra maneira. Isto é, se compreende que a única morte é a
da matéria densa, do corpo físico, da consciência racional. A consciência vibracional por estar
além do corpo físico - biológico, segue em frente, retorna para outras dimensões, para fonte
de onde emanou, o “Campo Fundamental”. O que quer dizer que a vida continua no plano
multidimensional.
Cavalcanti (2000) afirma que Heisenberg, considerado um dos fundadores da física
quântica, verificou que os paradoxos da física nuclear surgiram quando os cientistas tentavam
descrever os fenômenos atômicos com a linguagem da física clássica e, dessa forma, propôs
uma grande mudança no arcabouço conceitual, que implicava rejeição dos conceitos clássicos.
Influenciados por ele os físicos se viram diante da necessidade de expandir a consciência.
Heisenberg expressou as limitações dos conceitos clássicos de uma forma
matematicamente precisa hoje conhecida como “Princípio da Indeterminação ou da
Incerteza”, que consiste numa série de relações matemáticas que determinam até que ponto os
58
conceitos clássicos podem ser aplicados aos fenômenos atômicos, estabelecendo assim os
limites da imaginação humana no mundo subatômico. Heisenberg provou que há limites
fundamentais às mensurações impostas pela natureza. Não tem como medir com exatidão os
processos da natureza. Além disso, não é possível conhecer simultaneamente e com precisão
ilimitada, todos os parâmetros físicos de um sistema quântico.
À medida que o físico se aprofunda no mundo subatômico, uma parte ou outra da
natureza torna-se obscura, e não há forma de torná-la clara sem que outra parte se torne
escura. O princípio da indeterminação mede o grau de influência do cientista sobre as
propriedades do objeto observado no próprio processo de mensuração. Heisenberg não só
estava ciente dos paralelos entre a física quântica e o pensamento oriental, como também,
admitiu que sua obra científica sofresse influência da filosofia hindu. Percebeu que vários dos
conceitos da física - como a relatividade, o inter-relacionamento de todas as coisas e a não-
permanência - eram a própria base das tradições espirituais indianas.
Em 1927, vários físicos que trabalhavam com a nova física reuniram-se em Bruxelas
e Bélgica, para discutir as questões que a nova abordagem levantava. As conclusões desse
encontro ficaram conhecidas como a “Interpretação de Copenhague da Mecânica Quântica” -
em homenagem a Niels Bohr. Essas conclusões estabeleciam a nova física como um meio
consistente de visão de mundo porque tentava compreender a realidade levando em conta as
limitações do pensamento racional. Depois das conclusões da Interpretação de Copenhague, a
visão quântica da natureza baseia-se principalmente, no princípio da complementaridade de
Bohr e no princípio da incerteza de Heisenberg.
A “Interpretação de Copenhague” apontava as limitações do conhecimento
científico e já antecipava as da percepção. Mais tarde, as pesquisas neurológicas
demonstraram que a percepção é limitada quando se usa unilateralmente um dos hemisférios.
Cada hemisfério cerebral apreende uma parte da realidade; o esquerdo percebe o mundo de
forma linear, racional, analítica e lógica. O direito o percebe de forma abstrata, sensível,
sintética e intuitiva.
O mais importante agora é tentarmos apreender a realidade através dos dois
hemisférios cerebrais; direito e esquerdo, pois é no movimento de equilíbrio e reversibilidade
entre sensível e inteligível, que se estabelece a alquimia do Ser. A partir daí, se abre um portal
para outro tipo de conhecimento - o intuitivo, que se instaura a partir da Consciência
Vibracional, promovendo uma percepção multidimensional.
A ciência moderna baseada na visão racional, linear e disciplinar tem apreendido a
realidade de forma limitada, desconectada. Através de uma percepção unilateral,
59
unidimensional, desconsidera outras formas de percepção da realidade, o que gera entraves à
própria evolução da ciência, do ser, das sociedades, enfim... da humanidade. Além disso,
reforçando essa visão, consolida ainda mais, as fragmentações do Ser, da natureza e da
cultura, desfazendo definitivamente a possibilidade de interação plena deste com o seu
habitat.
Mas, a Mecânica Quântica provocou uma mudança fundamental na percepção, no
pensamento, no sentimento e nos valores que levou a uma nova compreensão da realidade e a
uma nova atitude com relação ao mundo: “O universo deixa de ser visto como uma máquina,
composta de uma infinidade de objetos, para ser descrito como um todo dinâmico, indivisível,
cujas partes estão essencialmente interrelacionadas e só podem ser entendidas como modelos
de um processo cósmico”.
Tanto a teoria da relatividade quanto a teoria quântica concebem o universo como
um todo indiviso, do qual todas as partes - inclusive o observador e seus instrumentos - se
fundem e se unem em uma totalidade. O que é real é a totalidade das relações. Dessa forma, a
nova física transformou a rede epistemológica que afirmava que os objetos existiam separados
dos eventos e influenciou intensamente a maneira de perceber o mundo e a nós mesmos.
Ao se aproximar da visão oriental de mundo, a nova física influenciou o pensamento
contemporâneo no sentido de superar o dualismo e as divisões ilusórias - mente e corpo,
sujeito e objeto, espaço e tempo, energia e matéria, onda e partícula etc. O novo universo que
se abriu para os físicos os fez entrar em contato com questões referentes ao tempo e à origem
e finalidade da vida, que são, em última análise, questões espirituais. Muitos deles mostraram
em suas reflexões e em suas teorias uma visão claramente espiritual e a crença na existência
de algum tipo de princípio transcendente.
A “Nova Física” substituiu a noção de que o mundo é constituído de objetos ou
“blocos de construção fundamentais” pela visão do mundo como um “fluxo universal de
eventos e processos” - e ainda afirma que esse fluxo é, em certo sentido, anterior ao das
coisas, que podem ser vistas formando-se e dissolvendo-se nele. Os “quanta” não são átomos
rígidos nem partículas individuais; mas, vibrações de energia movendo-se no tempo, para
frente e para trás no espaço. Einstein (in Parode) afirma que matéria e energia são aspectos
equivalentes e intercambiáveis de uma realidade subjacente única de um campo fundamental,
“vácuo físico”, ou Campo de Energia Cósmica.
A partir dessa afirmação, pressupõe-se que tudo é energia em vários estados de
vibração e movimento, que ocorre a partir dessa realidade subjacente única do “Campo
Fundamental”. Assim, o novo paradigma que surgiu da ciência é o da visão da totalidade
60
indivisa no nível físico. Aceitar a unidade subjacente aos processos físicos implicava aceitar
também a complementaridade dos opostos. Isso tudo levou à compreensão de que o universo
é total. A teoria quântica conduz à visão holística do universo e a fundamenta cientificamente,
possibilitando a construção de uma síntese entre ciência, espiritualidade e todas as demais
áreas do conhecimento.
As descobertas da física moderna provocaram mudanças radicais nos conceitos de
espaço, tempo, matéria, objeto, causa e efeito. Heisenberg afirma que as pesquisas levaram os
físicos a uma mudança de conceitos e a uma ampliação da consciência. A partir dessa
mudança foi possível emergir uma visão de mundo inteiramente nova e radicalmente
diferente, a qual ainda está em processo de construção. Assim, a mecânica quântica é uma
nova forma de olhar a realidade.
As ciências consideradas exatas, no nível subatômico, deixaram de sê-lo e a
distinção entre a objetividade e subjetividade desapareceu. Ao transcender a divisão
cartesiana, a física moderna não só invalidou o ideal clássico de uma descrição científica
objetiva da natureza, mas também desafiou o mito da ciência isenta de valores. Heisenberg,
diz que o que observamos não é a natureza em si, mas a natureza exposta ao nosso método de
indagação. De acordo com a física quântica, a objetividade não existe e não é possível
observar a realidade sem modificá-la.
Partindo dessa visão da física quântica, podemos perceber a importância da
consciência e do observador que está criando, influenciando e modificando a realidade.
Laskow (1997), afirma que a intenção da consciência determina a percepção que forma e
também inicia a transformação da energia. O que significa dizer que nossa intenção
consciente ou inconsciente, ou seja, nossos pensamentos e sentimentos nos permitem entrar
em ressonância com o que queremos criar, influenciar ou modificar. Nesse caso, não podemos
assumir uma postura de isenção, neutralidade, pois, de uma maneira ou de outra, somos
responsáveis pela realidade criada.
Esta mudança de visão com relação à objetividade e a criação da realidade, dada
pela consciência de um observador influenciou as outras ciências e a relação do homem com o
mundo e consigo mesmo. A nova visão da Mecânica Quântica abalou não só a questão da
objetividade científica, mas também a da previsibilidade, ao afirmar que só podemos fazer
previsões em termos de probabilidades. A física quântica vê as partículas subatômicas como
virtuais ou tendências a existir, nesse caso tudo é possibilidade no campo de energia cósmico.
O que no plano subatômico é realidade pode vir a atualizar-se ou não.
61
O campo de energia cria formas, isto é, o sujeito atua no campo e ao atuar neste,
produz formas que, então, se estruturam de maneira ressonante como matéria. Uma vez
estruturado, o campo tem condições de auto organizar-se, movimentando-se do infinito ao
finito, do invisível ao visível, do contínuo ao descontínuo, em todos esses casos numa relação
de reversibilidade. As possibilidades se apresentam no campo. O sujeito faz sua escolha
através do livre-arbítrio, mas, ainda assim, há uma consonância com o movimento cósmico. O
Campo de Energia Cósmico determina que as possibilidades se condensem em forma, em
eventos, em fatos reais no plano material.
A teoria quântica elimina a categoria da exclusão do pensamento racional e lógico -
“ou, ou” - quando admite que algo possa ser isto, ou aquilo ao mesmo tempo (onda ou
partícula). As coisas podem conter na sua totalidade qualidades aparentemente contraditórias.
E, assim, admite, também, que embora superficialmente excludentes ambas as premissas são
necessárias para que se chegue a uma descrição mais completa e profunda. Assim, a nova
física se aproxima cada vez mais da psicologia e vice-versa.
As décadas de 20 e 30 foram de profundas mudanças não só na área científica, mas
também na filosofia. A teoria da relatividade e a teoria quântica geraram uma grande mudança
na forma de perceber e conceber o mundo. A reflexão filosófica passou a ser gerada pela
ciência, o que trouxe um nível de unificação cada vez maior ao conhecimento das diversas
áreas do saber humano.
O físico David Bohm, numa preocupação com a visão fragmentada do mundo
propôs uma abordagem que ajudava a superá-la. Partiu da noção de “totalidade intacta”
estabelecendo como meta científica a exploração da ordem que acreditava ser inerente à teia
cósmica de relações num nível profundo e não-manifesto. Em seu trabalho científico-
filosófico buscou compreender a natureza da realidade, em geral, e da consciência, em
particular, como um todo coerente, o qual nunca é estático ou completo, mas um processo
infindável de movimento e desdobramento.
Tudo isso levou a uma visão mais ecológica e holística, e a aproxima do
conhecimento dos místicos e da sabedoria espiritual do oriente. Portanto, constituída por uma
rede de relações significativas e por uma ordem interna, a visão de mundo que surgiu a partir
da física moderna é mais harmoniosa que a concepção mecanicista cartesiana. De acordo com
Cavalcanti, a física certamente pode fornecer embasamento científico para as mudanças de
valores e atitudes que a humanidade necessita. Isto, se junto com outras ciências estiver
apoiada num pensamento científico não necessariamente reducionista, mecanicista. Sendo
62
assim, poderá aos poucos ir incorporando as concepções holísticas e ecológicas legitimando-
as cientificamente.
Geoffrey Chew, atualmente é considerado o físico que deu o terceiro passo
revolucionário mais importante na ciência. No início dos anos 60, juntamente com outros
colegas, elaborou a teoria da matriz S para unir a mecânica quântica e a teoria da relatividade
numa teoria mais ampla - que abrangesse, além dos aspectos quânticos e relativistas da
matéria subatômica em sua totalidade, uma filosofia geral da natureza - a qual ficou conhecida
como teoria “Bootstrap”.
De acordo com a Filosofia “Bootstrap”, a natureza não pode ser reduzida a entidades
fundamentais, como elementos da matéria, mas tem de ser inteiramente entendida por meio da
autocoerência. Nessa teoria, o universo é concebido de forma global e dinâmica, como uma
teia infinita de eventos inter-relacionados. Nenhuma das propriedades de qualquer parte desta
teia é fundamental, pois todas decorrem das propriedades das outras partes do todo, e a
coerência total de suas inter-relações determina a estrutura da teia.
Com a teoria “Bootstrap” de Chew, a ciência se aproxima da superação definitiva da
visão compartimentada da realidade, e o universo pode ser visto como uma totalidade não-
fragmentável e dependente de relações dinâmicas. Através dela, conceitos diferentes, mas
mutuamente coerentes, podem ser usados para descrever diferentes aspectos e níveis de
realidade, sem que seja necessário reduzir os fenômenos de qualquer nível ao de outro.
A superação do pensamento cartesiano e a criação de uma visão de mundo holística,
multi e transdisciplinar pode ser um processo lento, mas certamente possível. A abordagem
transdisciplinar conforme Random (1996) ultrapassa a complexidade exponencial das
disciplinas e das estruturas alienantes de nosso tempo, o que nos leva a uma nova tomada de
consciência da modernidade e de sua complexidade.
Capra (1988) afirma que a física moderna leva-nos a uma visão de mundo mística,
bastante similar às visões adotadas pelos místicos de todas as épocas e tradições, que vem
ajudando a superar a fragmentação que marcou o pensamento ocidental durante três séculos.
Acredita que a ciência do século XX, superando a concepção mecanicista do mundo da qual
se originou está retornando à idéia de unidade presente na Grécia antiga e nas filosofias
orientais.
Leloup (1996) afirma que paradoxalmente, a pós-moderna visão holística da
realidade encontra-se na base da tradição ocidental, greco-judaico-cristã. Do lado grego, os
pré-socráticos, videntes do Logos, de forma transdisciplinar abordavam o conceito de Physis,
que abrangia a totalidade de tudo o que é. Os antigos gregos, apaixonados pela busca da
63
essência, falam-nos de uma contemplação da Unidade, respaldada na comunhão da ciência
com a arte, a filosofia e a mística. Para os antigos gregos o Múltiplo e o Uno, são aspectos de
uma mesma e única realidade, a pluralidade é a Unidade.
Isso corresponde de certa forma, a um retorno às origens, à filosofia grega do século
VI a.C. um momento em que a filosofia, a ciência e a religião ainda não estavam separadas. A
visão de totalidade que a ciência vem adotando está presente também nas antigas tradições
místicas do Oriente. A imagem do universo como uma teia cósmica interligada construída
pela física atômica moderna é a mesma usada no Oriente para expressar a experiência mística
da natureza.
Assim, o que fazemos é reconduzir o novo ao antigo, ao conhecimento que caminha
para a unificação das várias disciplinas e para a concepção espiritual da vida. Nicolescu
(2002) afirma que a transdisciplinaridade não é uma contestação das disciplinas, já que sem
disciplinas, não existe transdisciplinaridade. Porém todo o problema é o excesso de
especializações que faz com que já não se compreenda nada.
Ressalta Nicolescu (2002) que são os seres individuais que, no interior das
instituições, podem transformá-las com um retorno à origem, quer dizer, com o estudo do
universal. O que hoje é universal é a complexidade e a transdisciplinaridade, que requer regra,
ordem, disciplina, ao mesmo tempo, está entre, através e para além de qualquer disciplina. A
transdisciplinaridade também é o universal é o voltar-se para o Um, para a Unidade, para a
totalidade, é o transcender pelo sensível. Quéau (2000) coloca que o mais importante é nos
aglutinarmos ao redor dessa intuição do Um, sendo que essa intuição do Um é
suficientemente rica para trazer a mutação.
A física juntamente com outras ciências têm contribuído muito para a superação da
visão fragmentada, que muda inteiramente a consciência, os valores e a relação do homem
com a vida. Bohm parte da mecânica quântica para sugerir que o mundo não seja analisado
em partes que existam separada e independentemente, mas no conjunto, porque cada parte, de
certa forma, envolve todas as outras, contendo-as ou desdobrando-as dentro de si. Assim,
entende que esfera ordinária da vida material, e a esfera da experiência mística partilham da
mesma ordem e que isso permitirá um relacionamento proveitoso entre elas.
De fato, é muito importante compreender que a vida material e a experiência mística
partem de uma mesma ordem. Entrar no movimento, no fluxo das vibrações dessa ordem que
é cósmica modifica a relação do ser com a vida. Conforme Brennan (1987), O Campo de
Energia Universal existe em mais de três dimensões, é sinergia e está sempre a criar mais
energia e a construir formas. Campo multidimensional que se desdobra, onde matéria se
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transforma em energia e energia em matéria. A relação entre a vida material e a esfera da
experiência mística dada por essa ordem, do Campo de Energia Cósmico, possibilita a
diminuição da entropia. Isso, porque o campo está sempre a criar sintropia, assim, nessa
conexão com a consciência cósmica se adquire mais equilíbrio e energia para levar o dia a dia.
Charon afirma que a física moderna, ainda tímida, não assumiu inteiramente a
questão espiritual, mística, pois não admite a presença do “espírito” nas suas descrições
científicas do universo. Mas, para Charon, o que chamamos de espírito é indissociável de
todos os fenômenos que vemos no universo, sejam físicos, sejam psíquicos. Charon elaborou
uma teoria - fundamentada em Einstein, Teilhard de Chardin e Jung - que chamou de “Teoria
da Relatividade Complexa”, a qual pretende unificar o conhecimento. A seu ver a humanidade
caminharia para uma visão unificada do universo, onde não haveria mais conflito entre a
ciência e a religião, nem entre a visão do Ocidente e a do Oriente.
Charon entendeu que o espírito é indissociável de todos os fenômenos. Muitos
pesquisadores da física moderna, não têm essa compreensão, porque provavelmente não
tenham atingido um nível de consciência para tal. Não atingiram uma consciência ampliada,
para compreender que o espírito é o núcleo cósmico, o sopro vital, a vida presente em tudo e
em todos. Consciência de luz, que se desdobra do plano tridimensional, ao multidimensional e
do multidimensional ao tridimensional. A humanidade caminhando para essa visão unificada
do universo, baseada na complexidade, transdisciplinaridade, e abordagem holística,
certamente conseguirá ultrapassar os conflitos que vem lhe assolando.
Cavalcanti coloca que ainda que se saiba que a transformação da consciência exige
tempo, o mundo deixou de ser o mesmo, a partir das importantes mudanças conceituais
promovidas pela física e outras ciências. Por meio da física moderna estamos recuperando
uma visão holística da vida, conforme a qual a realidade só pode ser considerada na união dos
opostos. Até por que os opostos são aspectos complementares de uma mesma e única
realidade.
A teoria quântica despertou nos físicos a curiosidade científica sobre a origem e a
natureza da consciência, pois conduzia como afirmou Planck, ao limiar do ego. Os físicos
mais importantes da nossa época, afirma Cavalcanti, perceberam a consciência como o
conteúdo básico, o fundamento subjacente da natureza. Na nova área de investigação e de
pesquisa na física chamada de “Física da Consciência”, qualquer sistema de conhecimento
que busque a compreensão do universo deve envolver necessariamente a consciência.
De acordo com Cavalcanti (2000), esses físicos defendem a tese de que há uma
consciência que é total, constituindo o âmago do ser e que está sempre presente, fora do
65
espaço, do tempo, do corpo físico ou mesmo da mente. Assim acreditam na existência de
uma consciência indivisa, presente em todos os indivíduos, que constitui o pano de fundo da
consciência individual. Concebida como o fundamento do ser, inclui o corpo e a mente,
embora não esteja a eles limitada. Uma vez que o “pano de fundo” de uma consciência
individual é o mesmo em todas as pessoas, a consciência individual deve ser universal. De
onde se conclui que o universo, a consciência individual e a consciência universal são totais,
os três são também idênticos. De outro modo não seriam totais.
Wilber (1998) afirma que a consciência está para além do corpo físico-biológico,
consciência que se expande muito além dos limites restritos da mente e do corpo. A
consciência sem fronteiras dada por Wilber ultrapassa a idéia de que de um lado existe o Eu
(sujeito), o que pensa, sente e vê, e do outro está tudo que não sou eu, o mundo dos objetos lá
fora, o meio ambiente, estranho e separado de mim. A noção do Eu expande-se e inclui sem
omissões tudo o que foi considerado fora do Ser. A idéia que a pessoa tem de identidade
transfere-se para o universo inteiro, para todas as dimensões e mundos, manifestos e não
manifestados, sagrados e profanos. Por isso podemos dizer que a consciência é total.
Wilber (1998) afirma que no universo não existem limites, que estes são ilusões,
produtos não da realidade, mas do modo como o mapeamos e o organizamos. Não se trata
apenas da inexistência de limites entre opostos, mas num sentido mais amplo, não existem
limites divisórios entre quaisquer coisas, de situações em lugar algum do cosmos. Cada limite
que construímos em nossa experiência resulta numa limitação de nossa consciência, ou seja,
nossas criações mentais são confundidas com a própria realidade, dessa forma o mundo real
aparece como algo fragmentado, desconjuntado.
A Consciência da Unidade é a Consciência sem Limites, o mundo real sem limites é
a Consciência da Unidade, que é o verdadeiro território sem limites. Certamente, todos e
quaisquer limites são obstáculos à Consciência da Unidade, à Consciência de Deus, que
denomino de Consciência Vibracional (Parode, 2007), ou seja, a Consciência Cósmica. O que
sinto ser o mundo lá fora é a mesma coisa que sinto ser o eu subjetivo aqui dentro. A
separação entre a pessoa que vivencia e o mundo das vivências não existe, portanto, não pode
ser encontrada.
Wilber (1998) diz que “viver na Consciência da Unidade é viver dentro do momento
atemporal e como momento atemporal, pois nada como a mácula do tempo oculta de forma
tão completa a Luz Divina”. Nas palavras de Meister Eckhart, o tempo é o que impede a luz
de chegar até nós. O maior obstáculo no caminho que leva a Deus, Consciência da Unidade, é
66
o tempo e não apenas o tempo, mas as temporalidades, não apenas as coisas temporais, mas os
afetos temporais.
O momento presente é um momento atemporal, é um momento eterno - momento
sem passado nem futuro, antes nem depois, ontem nem amanhã, o que não quer dizer ignorar
o passado e o futuro, até porque constituem o presente, mas entender que não existe passado e
futuro. De acordo com Wilber (1998) passado e futuro são produtos ilusórios de um limite
simbólico sobreposto ao agora, limite simbólico que divide a eternidade em ontem e amanhã,
antes e depois, o que passou e o que está por vir. Logo, o tempo é uma ilusão que, antes de
tudo o mais, não existe.
A Consciência da Unidade conforme Wilber é o estado natural do ser, seu único Eu
verdadeiro. Uma consciência que transcende o indivíduo e revela a pessoa, algo que vai muito
além dela mesma. A consciência profunda que a pessoa tem de si mesma, pode elevá-la para
fora de si até o mundo do sutil e do transpessoal. Wilber diz que a pessoa possui nos recessos
mais profundos de seu ser, um Eu transpessoal, ou um Eu que transcende sua individualidade
e o une a um mundo situado além do espaço e do tempo convencionais.
Goswami (1998), assim como Wilber (1998), se remete à consciência como algo que
se expande muito além dos limites da mente e do corpo biológico pressupondo uma
consciência não local, ou seja, uma Consciência Cósmica, total. Goswami (1998) afirma que a
consciência é algo transcendental fora do espaço-tempo não local, algo que está em tudo.
Embora seja a única realidade, só podemos vislumbrá-la através de ação que cria os aspectos
materiais e mentais de nossos processos de observação.
Afirma Goswami (1998), que a potência causal do sistema quântico do cérebro-
mente tem origem na consciência não local, que produz o colapso da função de onda da mente
e que experencia o resultado de tal colapso. O experimentador, o sujeito, é não local e unitivo,
só há um único sujeito da experiência. Os objetos surgem procedentes de um domínio de
possibilidades transcendentes e descem para o domínio da manifestação, quando a
consciência não-local unitiva produz o colapso de suas ondas. Mas, argumenta também, que o
colapso tem que ocorrer na presença da percepção de um cérebro-mente, a fim de que a
medição seja completada.
Na medida em que, ultrapassamos os limites podemos nos sentir “todos em um e um
em todos”, o que não significa negar as diferenças e as individualidades, mas entender a
realidade como uma rede não dual de padrões. Além disso, termos consciência da unidade e
interrelação de todas as coisas e eventos, a experiência de todos os fenômenos do mundo
como manifestações de uma unidade, de uma realidade básica.
67
Esta consciência total que está além da mente consciente e é seu fundamento, aquilo
do qual surge e no qual está baseada. De acordo com Kafatos e Kafatau (1994), o núcleo mais
profundo do que chamam de metamente é o Eu (Self). Por definição a metamente e seu núcleo
central nunca podem ser compreendidos pela mente, pois aquela constitui o fundamento desta.
De acordo com esses físicos, o núcleo da metamente é o agente, a testemunha suprema e
primordial, o irredutível pano de fundo de nós mesmos, que é desconhecido como objeto de
percepção, mas pode ser vivenciado.
Para Kafatos e Kafatau a idéia que mais pode contribuir é a de que tudo é
Consciência Universal. Nessa cosmovisão, “a consciência individual é idêntica a Consciência
Universal, e tudo no universo está inter-relacionado na sempre mutante dança ou
desenvolvimento da consciência”. A definição de consciência que vem do Oriente sugere que
ela representa o fator subjacente que promove a união de tudo no universo.
Dana Zohar (1994) afirma que a física hoje está no centro de nossas ocupações e o
problema da consciência dentro da física é um dos mais centrais. As pesquisas científicas
demonstram que existe um vínculo entre o cérebro e a consciência, ainda que não se saiba
como ocorre essa ligação, o que se sabe é que a consciência não é idêntica às funções
cerebrais. Mas, ainda que exista esse vínculo entre cérebro e consciência, certamente que a
consciência não é idêntica às funções cerebrais. Isto, porque está para além de um corpo
físico-biológico, nesse caso se constitui em vários níveis, planos, ou vibrações que se
desdobram no campo multidimensional.
Zohar (1994) propõe um modelo mecânico-quântico da consciência que compreende
a totalidade da vida mental, em que a consciência e a matéria estão fortemente
interrelacionadas. Modelo que permite não apenas ver a consciência como um fenômeno de
onda quântico, mas também buscar sua origem na física das partículas. Desse modo, a
dualidade mente-corpo poderia ser compreendida como um reflexo da dualidade onda-
partícula, que é subjacente a tudo que existe.
A teoria quântica é uma via para a compreensão do universo que, segundo
Cavalcanti, ao permitir a união de áreas de conhecimento aparentemente opostas - como a
ciência e a arte, a física e a metafísica - permite, em última instância, a união das polaridades
racional e irracional. Ela mostrou a necessidade de ver o mundo como um todo indiviso, cujas
partes se unem numa totalidade. Os conceitos de totalidade, união de opostos,
complementaridade e indeterminação são os pilares da concepção quântica do mundo.
O século XX foi marcado pelo desenvolvimento da nova física, e pela transformação
da consciência daqueles que se envolveram nela. A teoria da complementaridade de Niels
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Bohr, o princípio da incerteza de Heisenberg, a teoria quântica dos campos de Paul Dirac, a
teoria ondulatória da matéria de Louis de Broglie, o princípio da exclusão de Wolfgang Pauli,
a ordem implicada de David Bohm, a teoria Bootstrap de G. F. Chew e a Interpretação de
Copenhague da Mecânica Quântica trouxeram um conhecimento das filosofias e sistemas
místicos orientais. Esses cientistas perceberam que seu pensamento científico era bastante
compatível com a espiritualidade e a visão de mundo dos grandes místicos.
Transcendendo as dicotomias Ocidente e Oriente, ciência e espiritualidade, matéria e
espírito, mente e corpo, interior e exterior, cultura e natureza, sujeito e objeto, a cosmovisão,
que se originou da física quântica, influenciou, de maneira profunda, todas as outras áreas do
conhecimento. Os diversos ramos do conhecimento humano, paralelamente à física ou
influenciados por esta, já há bastante tempo, discutem a necessidade de uma visão mais ampla
e totalizante, que reúna a ciência à espiritualidade. Embora historicamente essa seja uma
preocupação antiga, pois já aparece no início do século com alguns pensadores de vanguarda,
assume atualmente a forma de uma verdadeira revolução cultural.
O início do século foi particularmente abundante em idéias que propunham uma
nova compreensão do real. A Física Quântica derrubou muitas teorias da Física Newtoniana e
demonstrou o inter-relacionamento dinâmico de todas as coisas. A psicologia mostrou que a
vida tem um significado subjacente e que a consciência humana só consegue captar uma
pequena parcela da realidade - que, por sua vez, além de factual, é simbólica. Além disso,
surgiram teorias em diversas áreas do conhecimento humano que foram muito importantes na
reformulação da visão de mundo prevalecente.
Todos esses fatos contribuíram para a construção de uma nova mentalidade. Existe,
atualmente, uma consciência profunda dos prejuízos ocasionados para humanidade pela
estreita e incompleta visão mecanicista da realidade, geradora de atitudes irresponsáveis,
oportunistas, predatórias e antiéticas. A nova física contestou e mesmo invalidou a visão
cartesiana do universo como um sistema mecânico, a crença de que o método objetivo-
científico é a única forma válida de conhecimento, a concepção da vida como uma guerra
competitiva pela existência e a convicção de que a única finalidade da vida é o progresso
material, econômico e tecnológico.
Atualmente, é possível perceber com maior clareza a urgência de uma mudança de
postura e de uma síntese do conhecimento que inclua a visão espiritual. Incluir essa visão é
possibilitar que se busque o sentido da vida, seu significado e propósito, como algo natural e
urgentemente necessário para o pleno desenvolvimento do Ser e para uma relação
diferenciada deste com seu meio. Ao se voltar ao sentido e ao significado da vida, a
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espiritualidade é como um portal que se abre, para que a humanidade possa superar a crise e a
desesperança que a assola nesse momento de complexidade.
É nesse movimento cósmico ordem/desordem que tudo acontece, o caos vai dando
lugar à ordem. Na busca da ordem, a consciência vai se ampliando. A espiritualidade se
configura abrindo espaço para que o ser humano tome consciência da vida, tendo clareza de
seu propósito. Além disso, possibilita que o Ser descubra seu poder de realização, através da
consciência em interação com os elementos do entorno vibratório onde se coloca, a partir de
diferentes estados de ser, como é o caso do corpo vibracional, dos vórtices energéticos, até o
corpo mais denso (o físico).
A espiritualidade nos remete a ampliação da consciência, para uma abordagem da
realidade, em que passamos de uma visão “Antropocêntrica” a uma visão “Biocósmica”. O
que requer mudanças do ser interno (auto-transformação) ao mundo externo. A espiritualidade
possibilita o autoconhecimento, e, a compreensão de situações que estão para além de nosso
ser e estar. A ampliação da consciência envolve os fatos da mente, que são de natureza
energética. Nesse caso, envolvem intuição, sensações, percepções, sentimentos e pensamentos
em interconexão com o universo.
A partir da expansão desses campos energéticos, tomamos consciência da
interconexão com o universo e da responsabilidade de nossos pensamentos, sentimentos,
nossas escolhas e atos. Cada ação, ou, não ação, implicará reação desencadeada pela força de
atração do campo vibracional. Sendo assim, todas as vibrações de pensamentos, sentimentos
de nossas escolhas e atos, afetam não somente a nós mesmos, mas, certamente, nosso
ambiente, a natureza, a cultura, a sociedade, a humanidade. Nosso planeta e os demais, nosso
sistema solar e os demais sistemas, todos os seres e todas as consciências do universo.
Assim, a espiritualidade nos traz à luz da consciência, nosso compromisso ético,
social, cultural, planetário e cósmico, nos impulsiona ainda, à articulação de ações
transformadoras. A perspectiva social e cultural surge como responsabilidade pelo ambiente
do qual fazemos parte, junto com os demais seres do universo em permanente processo de
interinfluenciação.
A espiritualidade nos remete ainda, a multidimensionalidade, que evoca uma
dimensão energética de ordem vibracional, de natureza contínua e sutil, enquanto sua
manifestação é da ordem do plano das formas materiais, logo descontínua e fragmentada.
Mas, junto ao descontínuo está o contínuo, por isso, holográfico, ou multidimensional.
Manifesta-se como descontínuo, mas sua apreensão é através do resgate da onda que todo
70
descontínuo manifesta. Logo, envolve ainda, instâncias de realidade que vão dos níveis mais
sutis, como a mente, o espírito e a consciência.
Os avanços de muitas disciplinas diminuíram as lacunas que separam a ciência e a
espiritualidade, possibilitando ao conhecimento aproximar-se cada vez mais da unificação.
Cavalcanti afirma que entre o final do século passado e o início deste, o psiquiatra Richard
Bucke já escrevia sobre experiências transpessoais e procurava unir e relacionar entre si várias
áreas do conhecimento, inclusive à ciência e a espiritualidade.
Na concepção de Bucke (1969) a natureza moral humana teria dois lados, um
positivo e um negativo. O lado positivo é o amor e a fé; o negativo é o ódio e o temor. Mas o
ponto fundamental de suas conclusões é que o ser humano estaria evoluindo moral e
espiritualmente do temor e do ódio para o amor e a fé - em direção ao sentimento de que
“Deus é amor” - conforme atestado pela história das religiões.
Podemos fazer uma relação desses dois lados da natureza humana, positivo e
negativo, a que Bucke se remete, com a manifestação da matéria que ocorre a partir da
energia. Quando o ser ganha a vida nesse plano, através de um fóton de luz que irradia do
“Campo Fundamental”, de uma dimensão energética de ordem vibracional, de natureza
contínua e sutil, a energia se condensa em massa, onda, em partícula. Sua manifestação é da
ordem das formas materiais, logo descontínua e fragmentada, mas junto ao descontínuo está o
contínuo, o multidimensional o que quer dizer, que nosso Ser nesse mundo material, contém o
contínuo, o Divino em si.
A partícula ao condensar-se toma rumos opostos, se divide com uma carga positiva e
outra negativa. Surgem as dualidades, mas ambas se complementam, pois fazem parte da
mesma fonte, do contínuo no descontínuo. A dualidade que se manifesta no Ser é para que se
cumpra o processo evolutivo, o grande propósito da vida neste plano. Assim, acessar o
positivo e evoluir espiritualmente no plano das formas materiais, é buscar o contínuo no
descontínuo, que nada mais é do que acessar o Divino em nós, Deus - Amor, Fé, poder e
sabedoria.
O que pode ocorrer pelo auto-conhecimento, que possibilita a transmutação da
energia, a harmonização e o reencantamento do viver. Isso porque libera o medo, o ódio e
qualquer tipo de condicionamento que gere desequilíbrio energético, a fragmentação do ser,
conseqüentemente a doença. Somente a Luz, o Amor Crístico, a Fé, a centelha divina acesa
em cada um de nós, nos faz encontrar o caminho da libertação - a sensação de estar de volta
para casa, para a fonte, para vida, para a unidade, totalidade.
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Bucke numa experiência mística relata um profundo e emocionante sentimento de
ligação com a vida, que é, em última análise, a experiência central de todas as religiões e de
todos os místicos. Descreve a percepção de que o cosmos não é matéria morta, que a alma é
imortal, que o universo é construído e ordenado, que, para o bem de cada um e de todos, as
coisas trabalham juntas e que o princípio da fundação do mundo é aquilo que chamamos de
Amor.
Depois de vivenciar tal fato, Bucke dedicou-se ao estudo científico do fenômeno da
iluminação na experiência humana, descrevendo-o, do ponto de vista da psicologia, como um
estado psicológico raro e extraordinário mencionado por todas as culturas místico-religiosas.
A esse estado chamou “Consciência Cósmica”, explicando-o como um estado de consciência
intuitiva, altamente intensificada, que transcende os limites da consciência individual.
A experiência mística vivenciada por Bucke e por muitos de nós leva a essa ligação
com a vida, com o Todo, porque expande a consciência além das limitações usuais do ego, do
tempo e espaço, o que nos traz a sensação de plenitude, inteireza e amor incondicional. Grof
(1994) afirma que no estado de consciência “normal”, ou “usual”, o indivíduo passa pela
experiência de existir dentro dos limites de seu corpo físico (imagem corpórea), e sua
percepção do meio ambiente é limitada.
De fato, tanto a sua percepção interna quanto sua percepção do meio ambiente estão
confinadas dentro das limitações de espaço e tempo usuais. Mas, nas experiências místicas
essas limitações são transcendidas, porque a consciência do sujeito parece incluir elementos
que não possuem nenhuma continuidade com a sua identidade do ego usual. Por isso mesmo,
que não podem ser consideradas como simples situações oriundas de suas experiências no
mundo tridimensional, porque incluem a Consciência Cósmica, a Consciência Vibracional.
Bucke diz que além da consciência perceptiva, receptiva e conceitual, existe a
consciência intuitiva ou cósmica, capaz de perceber a alma como imortal e o cosmos como
uma presença vivente. Essa consciência mostra que o cosmos não consiste de uma matéria
morta, governada por uma lei inconsciente, rígida e desumana; pelo contrário, ela o mostra
como uma entidade, inteiramente viva, espiritual e imaterial, mostra que a morte é um
absurdo e que tudo e todos possuem uma vida eterna; que o universo é Deus e que Deus é o
universo.
Na filosofia, a necessidade de uma visão que incluísse o lado espiritual da existência
fez surgir reflexões importantes sobre o tema das experiências transcendentes. William James
(1910) deu sua contribuição não somente à filosofia, mas também à psicologia. Ele foi um dos
fundadores da psicologia científica e o mestre da psicologia fenomenológica ou introspectiva.
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Ao contrário de seus sucessores comportamentalistas americanos e russos, James concebia a
consciência como o fluxo de um rio e a psicologia como a descrição dos estados de
consciência como tais.
A princípio, construiu uma teoria das emoções que, embora se aproximasse da visão
comportamentalista, não reduzia a consciência a um epifenômeno do cérebro, pois distinguia
vários aspectos no eu pessoal; o material ou corporal, o social e o espiritual, que considerava
como o próprio centro e núcleo do Eu, o verdadeiro santuário de cada um. Nesse caso, sua
compreensão já era de uma consciência para além do corpo físico biológico.
A religião é encarada por ele como uma vivência pessoal, e não como a crença
institucionalizada na experiência alheia. O que ele enfoca é a experiência individual direta
com o Divino, que chamou de “Religião Pessoal” e a distinguiu das instituições religiosas e
das teologias sistematizadas. A religião sobre a qual James fez a sua reflexão é a dos
sentimentos, atos e experiência de indivíduos em sua solidão, na medida em que se sintam
relacionados com o que possam considerar Divino.
O termo religião tem duas acepções distintas. De acordo com Trigueirinho (1994),
significa em primeiro lugar reverência e acatamento às coisas sagradas, busca de
transcendência da condição humana e de união com a essência da vida. Nesse sentido é o ato
de religar-se, para o ser humano a retomada dos vínculos com sua origem cósmica, a
harmonia com leis que estão além da sua concepção pessoal e individual.
A religião assim compreendida é o que desperta o Ser para o significado da vida, da
existência terrena, e, ao mesmo tempo, o conscientiza de ser ele bem mais do que tudo que
implica essa existência. É essa visão de religião que James se refere, que pode ser entendida
como vivência pessoal, como ato de religar-se ao Divino nos momentos de recolhimento.
Visão que possibilita autoconhecimento, liberação dos condicionamentos, a educação dos
sentimentos e dos atos dos indivíduos, nessa relação com o todo e que transcende a
abordagem doutrinária.
Para James, a religiosidade era a crença na existência de uma ordem invisível,
espiritual, da qual o mundo visível é parte. O bem supremo residia no ajustamento
harmonioso com o universo superior, do qual provinha a significação. A oração funcionava
como a comunhão com o espírito desse universo, que produziria efeitos psicológicos e
materiais dentro do mundo fenomênico.
Realmente, o bem supremo surge no ajustamento harmonioso entre o Ser e o
Cosmos, o que pode ocorrer através de conexões com dimensões conscienciais de alto padrão
vibratório (energias sutis). A oração possibilita a comunhão com o espírito, com a
73
Consciência Divina, Vibracional. É em atos de oração, que a comunhão com o Divino se
estabelece, através da natureza emotiva e sensível do ser, gerando a purificação de sua alma.
Assim como, a criação da forma e a transmutação da mesma, ou seja, do que está dado,
instaurado no plano tridimensional.
Para James, a essência da experiência religiosa consistia em a pessoa identificar o
seu Eu real “com a parte embrionária superior de si mesma” e, além de conscientizar-se da
presença dessa parte superior que estava acima dos limites pessoais do universo, com ela
manter um contato efetivo. A “parte embrionária superior” descrita por James corresponde à
noção de Self - a divindade interior - de Jung.
James (1995) faz uma crítica ao materialismo reducionista e grosseiro da medicina,
que nega Deus e a alma e circunscreve as experiências místicas e religiosas à doença. Mesmo
depois de tantos anos e algumas modificações importantes na visão médica, à concepção da
experiência espiritual como um tipo de patologia ainda permanece na medicina, juntamente
com a redução do afetivo e do emocional ao somático e a negação da realidade da dimensão
psíquica do inconsciente.
A medicina que se refere James, que continua sendo praticada atualmente, baseia-se
no modelo newtoniano da realidade, que considera o mundo como um mecanismo complexo e
o corpo como uma máquina controlada pelo cérebro e pelo sistema nervoso autônomo, de
acordo com Gerber (1988), o supremo computador biológico. Essa visão linear e materialista
da medicina vem trazendo muito sofrimento e prejuízo à humanidade, porque perdeu de vista
a totalidade do ser humano.
Dahlke (2000), afirma que se pensarmos na indubitável polêmica e nos movimentos
da medicina, nos chama a atenção o fato de como a discussão se limita aos diferentes métodos
e sua eficácia. Pouco se fala sobre a teoria, ou seja, sobre a filosofia da medicina. Tudo bem
que a medicina viva em grande parte de medidas concretas e práticas; no entanto, cada
intervenção expressa - consciente ou inconscientemente - a filosofia em que se baseia.
A medicina moderna não falha exatamente em suas possibilidades de ação, mas na
visão de homem e de vida em que se fundamenta de forma muitas vezes silenciosa e
irrefletida. Diz Dahlke que a medicina naufraga devido à sua filosofia - ou, melhor, à carência
de uma filosofia. Os procedimentos médicos, até agora, orientam-se unicamente pela
funcionalidade e pela eficácia; a falta de “uma alma interior” é que por fim acarretou-lhe a
crítica de desumana por que está baseada na visão newtoniana.
A visão newtoniana e mecanicista da vida é apenas uma aproximação da realidade.
Gerber diz que as abordagens farmacológica e cirúrgica são incompletas porque ignoram as
74
forças vitais que animam os sistemas vivos e insuflam-lhe a vida. O princípio fundamental
numa máquina é o de que a função do todo pode ser prevista pela soma das partes. Ao
contrário das máquinas, porém, os seres humanos são mais do que a soma de um conjunto de
substâncias químicas ligadas umas as outras. Todos os organismos dependem de uma força
vital, energia sutil que cria uma sinergia entre os componentes moleculares. Por causa dessa
sinergia um organismo vivo é maior do que a soma de suas partes.
A força vital, de acordo com Gerber (1997), organiza os sistemas vivos e
constantemente renova e reconstrói os seus veículos celulares de expressão. Quando a força
vital abandona o corpo, por ocasião da morte física, o mecanismo do corpo vai lentamente se
decompondo até transformar-se num conjunto desorganizado de substâncias químicas, isto é,
até os átomos e moléculas se desagregarem e a consciência retornar a fonte primordial. O
problema da medicina é que ela ainda não compreendeu, ou reluta em reconhecer um aspecto
da fisiologia humana - a conexão invisível entre o corpo físico e as forças sutis do espírito,
que detém a chave para a compreensão dos relacionamentos internos entre matéria e energia.
De acordo com James (1995), o pensamento racionalista, não poderia e não deveria
tentar explicar as experiências da consciência em um nível profundo da natureza psíquica,
porque a sua abordagem se limita ao sensorial e ao visível. De fato, a abordagem mecanicista
tem uma visão limitada a respeito do corpo e das experiências da consciência. Tudo se reduz
apenas a idéia de um corpo físico-biológico, se desconsiderando, assim, o Corpo Vibracional
(Parode, 2007), onde a consciência se desdobra podendo instituir as experiências místicas,
espirituais.
Apenas em um corpo a iluminação pode ser alcançada, em um corpo físico e
vibracional. Em um corpo podemos despertar para o “Vazio” que está igualmente presente em
todos os outros seres sensitivos. O corpo humano é entre muitas outras coisas, o produto da
evolução. O corpo é o veículo do Espírito. Conforme Wilber (1997), o Espírito está envolvido
com e como este mundo, e este mundo evolui com e como Espírito, até o ponto em que esse
Espírito supraconscientemente percebe sua Face Original. A possibilidade dessa realização é
um produto do próprio desdobramento evolutivo do Espírito, e, nesse sentido essa realização
tem um espectro de desenvolvimento bem forte.
Mas, a evolução ocorre no mundo do tempo, e, saindo completamente do círculo do
tempo e da evolução (ou cessando de contrair-se nele). Em outras palavras, Wilber diz que é
necessário haver uma certa quantidade de evolução antes que se possa sair da evolução, sair
do tempo e entrar na própria eternidade - no conhecimento de seu Eu Verdadeiro, o Eu que
existia antes da Grande explosão, completamente anterior ao mundo temporal, eternamente
75
brilhante neste e em todo momento, intocado pelos estragos do tempo e do movimento do
espaço. A sua própria percepção primordial é o “vazio” irradiando em todas as direções, pleno
além do que tempo e espaço poderiam ser, ainda assim abrangendo todo o tempo e todo o
espaço pela simples razão de que a eternidade está enamorada das produções do tempo, e o
infinito, das produções do espaço.
As tradições não-dualistas afirmam que existe apenas Espírito, existe apenas Deus,
existe apenas o “Vazio”, em toda a sua maravilha radiante. Essa compreensão, afirma Wilber,
desfaz a grande busca, que é a essência da noção do eu separado. O eu separado é, no fundo,
apenas uma sensação de busca. Em sua forma mais elevada, essa sensação se reveste da forma
da grande busca pelo Espírito. Queremos passar de nosso estado o-iluminado (de pecado ou
engano, ou dualidade) para um estado iluminado, ou mais espiritual. Queremos passar de
onde o Espírito não está para onde o Espírito está. Mas não há lugar algum onde o Espírito
não está. Cada lugar do cosmos inteiro é igual e completamente Espírito.
Wilber diz que qualquer movimento de busca e conquista; tudo é inútil. A grande
busca apenas reforça a suposição errônea de que existe algum lugar em que o Espírito não
está, e que é preciso sair desse espaço onde há falta, pois existe apenas um espaço onde há
plenitude. Mas não existe espaço onde há falta, e não existe espaço pleno. Existe apenas
Espírito. A grande busca pelo Espírito é apenas aquele impulso, o impulso final, que impede a
realização presente do Espírito, e que o faz por sua razão muito simples; a grande busca
presume uma perda de Deus.
A grande busca reforça a crença errônea de que Deus não está presente, e, assim,
obscurece totalmente a realidade da Presença sempre presente de Deus. A grande busca, que
pretende amar a Deus, é, de fato, o próprio amanhã o que existe apenas no eterno agora; o
mecanismo de observar o futuro com tanto fervor, que o presente sempre passa despercebido -
bem rápido - e, com ele, Deus.
Se o Espírito não pode ser encontrado como um futuro produto da Grande Busca,
então o Espírito deve ser total, completa e inteiramente presente agora mesmo - e devemos
estar total, completa e inteiramente consciente dele agora mesmo. Não adianta dizer que o
Espírito está presente, mas não sentir e perceber isso. Assim, como coloca Wilber, temos que
entender isso, de que o puro Eu, ou o observador transpessoal, é uma consciência sempre
presente, mesmo quando ainda duvidamos de sua presença. O observador em si, que observa
todas as coisas, que é o visionário da verdade, esse observador puro que está bem no âmago
do que sou é o próprio Espírito, é a própria mente iluminada, Deus em sua inteireza.
76
Entrar em contato com o Espírito, com a mente iluminada ou com Deus não é algo
tão difícil de se conseguir. Porque isso é a própria percepção observadora do Ser neste exato
momento, percepção observadora sempre presente, agora mesmo em pleno funcionamento. O
caso é que se deve descansar naquilo que se pensa impossível, assim reconhecemos a natureza
da mente, de Deus. A busca do Espírito externamente ou apenas internamente afasta a
possibilidade do contato do Ser com o mesmo. O caso é deixar-se levar diretamente para
dentro dessa mente que está atenta dentro e fora e isso é a percepção do Espírito sempre
presente.
A realidade é então esta mente sempre presente. O observador não é um objeto,
nenhuma coisa vista, mas o observador sempre presente de todas as coisas, que é o Eu do
Espírito, o “Olho do Espírito”, a abertura que é Deus, a iluminação que é o puro “Vazio”.
Quando paramos de nos identificar com certas situações e objetos e descansamos no Espírito
adquirimos liberdade, porque entendemos que somos puramente observadores de objetos e
situações, nesse caso somos consciência total.
A liberdade conquistada a partir daí não é algo que possamos ver, mas, é algo que
somos; observadores de sentimentos, de pensamentos e não estamos amarrados, atrelados aos
mesmos. Quando descansamos como simples observadores não estamos presos ao mundo do
tempo, existimos somente no eterno presente porque somente o presente é real. Se pensarmos
no passado podemos entender que o passado existe agora mesmo no presente, o mesmo
acontece com o futuro que é uma percepção sempre presente.
O Espírito está no “Ser Livre”, no “Vazio” e não nos objetos limitados,
aprisionados, mortais e finitos que passam pelo mundo do tempo. Dessa maneira, afirma
Wilber, podemos descansar nessa percepção sempre presente, nesse amplo “Vazio” e nessa
Liberdade, em que todas as coisas surgem. Quando descasamos na pura e simples observação,
entendemos que essa percepção não é uma experiência. Ela está consciente das experiências,
mas não é uma experiência.
Assim, quando descasamos na pura e simples observação, não estamos mais presos à
busca de experiências, sejam de corpo, de alma, de mente. Quando tudo surge em nós, somos
todas as coisas. Assim, quando descanso como Observador, todas as coisas surgem em mim,
de maneira que sou todas as coisas, sou Um com o Universo. Nesse caso quando não sou
objeto, mas estou em fusão com o Cosmos, sou plenamente Luz, Espírito que habita meu ser.
Casa vez que fico consciente da Observação sempre presente, rompo a Grande
Busca e desfaço o Eu separado, porque reconheço a existência do Espírito que nunca está
ausente é uma experiência constante em nossas experiências mutáveis. Wilber afirma que,
77
quando descansamos na percepção simples, clara, sempre presente, estamos descansando no
Espírito intrínseco, nesse caso, somos na verdade nada além do próprio Espírito observador.
Não nos tornamos Espírito, apenas reconhecemos o Espírito que somos desde sempre.
Quando descanso na percepção simples, clara, sempre presente, sou o Observador
do mundo, Sou como coloca Wilber, o “Olho do Espírito”. Vejo o mundo como Deus o vê.
Como o “Espírito Santo” vê; cada objeto, um objeto de Beleza, cada coisa e cada
acontecimento um gesto da Grande Perfeição, cada processo um reflexo em meu eterno Ser,
que não é separado, mas um observador inteiro com tudo que surge dentro de mim.
Wilber diz que o Cosmos inteiro surge no “Olho do Espírito”, no Eu que é o Olho do
Espírito, no Eu do Espírito, na minha própria consciência intrínseca, esse estado simples e
sempre presente, e eu apenas sou ele. Quando a Grande Busca e a noção do Eu separado se
desfaz começamos a existir como Eu inteiro, como veículo do Espírito. Dessa maneira, o
corpo, a alma e a mente estão livres para atuar em seu potencial mais elevado. Isso sem
distorções, interferências ou repressões, tanto impostas, como auto impostas, do plano visível
ou invisível. O Ser baseado na percepção sempre presente, na presença do Espírito como algo
consciente, fundamento constante de sua vida, consegue transmutar o que está em forma, em
seu corpo físico e vibracional. Dessa forma renasce em torno do Espírito intrínseco.
A teoria da relatividade, com a introdução de novas concepções de realidade traz
também a idéia de que um corpo, enquanto matéria densa (massa, agregado de átomos), não
pode continuar desempenhando o papel determinante na ciência, já que existem conexões. O
corpo é a mediação do Ser no mundo, ou seja, o ser se manifesta no mundo através do corpo;
há que se considerar, portanto, a manifestação deste como energia que pulsa, se manifesta,
surge como presença, expressão, num universo de relações. Esta maneira de perceber e sentir
o corpo determina o grau de consciência que o Ser consegue imprimir nas atividades que
desempenha, interligando-se com o micro e o macrocosmo.
O corpo não é somente uma construção social resultante de um processo histórico,
de condicionamentos pessoais, sociais e culturais aos quais está imerso, mas revela a unidade
complexa que é o humano, o qual sofre influências de várias instâncias e dimensões. O olhar
aqui proposto é certamente o de pensarmos o corpo para além de um amontoado de átomos,
de uma matéria densa, pois é massa que tal como a luz, vibra numa determinada freqüência,
ou freqüências, porque também é energia que se manifesta como presença, como expressão e
é este corpo que chamo de Corpo Vibracional.
Certamente que James entendia o corpo do Ser Humano como energia, que se
manifesta em diferentes vibrações de consciência. William James, de acordo com Cavalcanti,
78
viu o inconsciente como o portal para a realidade espiritual, para um outro tipo de
consciência. Para ele, a consciência normal do homem - a consciência racional, como é
denominada - é apenas um tipo especial de consciência dentre várias outras formas potenciais
inteiramente diferentes, de cuja existência o homem comum não poderia suspeitar jamais.
Rudolf Steiner (1982) influenciado pela teosofia de Blavatsky e Annie Besant
procurou fazer a ligação entre a ciência e a espiritualidade, criando um método científico para
o estudo da natureza espiritual do homem e da terra que chamou de “Antroposofia”.
Acreditava que o esoterismo deveria ter um sentido prático na vida das pessoas, assim,
desenvolveu uma base filosófica para o desenvolvimento de atividades, uma linha de conduta
para o treinamento espiritual, em que afirma a importância do pensamento claro e consciente
como o primeiro passo em direção à compreensão do mundo supra-sensível.
Ouspensky e seu discípulo Gurdjieff, afirmavam que o árduo caminho do
autoconhecimento passava pela busca espiritual - viam no homem um ser fragmentado e
aprisionado entre vários falsos “Eus”. Assim, fragmentado, sem a unidade num Eu
verdadeiro, o ser humano vive naquele estado de sono acordado chamado de personalidade ou
“Persona”. Dessa forma, escondido atrás dessa personalidade, o Eu verdadeiro fica impedido
de expressar-se. Esse Eu descrito por Ouspensky e Gurdjieff é o Eu Unificador, ou Eu
permanente, que muitos teóricos se remetem, que corresponde ao “Self” Junguiano e só pode
ser alcançado por intermédio de árduo trabalho interno.
De fato, o autoconhecimento é um caminho árduo que passa pelo trabalho
psicológico e se articula à busca espiritual. Caminho que leva ao equilíbrio, em que o Ser se
despoja de suas máscaras e encontra seu verdadeiro Eu, a Consciência Vibracional. Essa
árdua caminhada lhe tira do estado de anestesia, o que Ouspensky chama de estado de sono
acordado. Após muito trabalho interno, quando o Eu verdadeiro consegue expressar-se, o Ser
encontra sua plenitude no plano terreno. Em estado de “Estesia”, passa a ser pleno consigo e
com todas as consciências do universo.
A busca do Eu permanente, e a crença de que a possibilidade de evolução psíquica e
espiritual está ao alcance do homem aproxima Gurdjieff de Jung, embora seus métodos sejam
muito diferentes. Segundo Cavalcanti (2000), algumas das idéias de Ouspensky e de Gurdjieff
influenciaram, mais tarde, a psicologia transpessoal e a psicologia sagrada, em especial por
intermédio de Naranjo e Houston, respectivamente.
Rudolf Otto (1992), afirma que a vivência do aspecto “Irracional” da alma seria uma
poderosa fonte de conhecimento, que os elementos irracionais da nossa categoria do sagrado
conduzem-nos a algo mais profundo ainda do que a “Razão Pura” tomada no seu sentido
79
habitual, ao que o misticismo chamou com razão, ao fundo da alma. A seu ver, o sagrado
aparece como princípio vivo em todas as religiões e implica idéia do bem e do bom absolutos
do judaísmo e do cristianismo.
O termo numinoso cunhado por Jung, extraído da palavra grega nóumeno (essência)
define a experiência do mistério, do sagrado, do essencial. As idéias do numinoso e os
sentimentos correspondentes são, assim como os elementos racionais, idéias e sentimentos
absolutamente puros. Para Otto, o numinoso - possuindo a qualidade de mistério tremendo,
ou, mistério fascinante, de poder, de superioridade, de majestade, de esplendor, de estranheza,
de fascínio e de oculto - é onde se manifesta a perfeita plenitude do Ser. Assim, define o
numinoso como uma ordem radical e totalmente diferente das outras realidades. No entanto, é
um sentimento comum, presente em todas as experiências místicas.
Assevera Cavalcanti (2000), que misticismo é o mesmo em todas as épocas e
lugares. Esta experiência atemporal e independente da história sempre foi idêntica. Otto
refere-se à experiência mística como uma experiência importante, plena do significado que
brota da mais profunda fonte de conhecimento que há na alma humana. Essa fonte de
conhecimento existe em estado latente e gera convicções e sentimentos que diferem, por sua
natureza, de tudo que a percepção sensível pode dar.
O misticismo, segundo Trigueirinho (1994), possibilita a aproximação do “Eu
consciente”, parcela do ser humano que guarda o sentido de autoconsciência, à alma. A
princípio, restringe-se ao ego; porém, vai se ampliando à medida que o indivíduo evolui. No
começo destacada da totalidade, passa da identificação com o corpo físico e seus instintos, ao
desenvolvimento dos sentimentos e do raciocínio, até ver-se absorvida na universalidade,
característica da alma. Em fases mais avançadas, abarca o nível espiritual e outros níveis de
consciência.
O Eu Consciente constitui o conjunto de energias que atuam de maneira direta na
vida manifestada pelo ser humano. Amplia-se gradualmente dentro de faixas vibratórias
específicas; porém, quando é preciso romper os limites dessas faixas, ocorre o que podemos
chamar de salto quântico. A expansão do Eu consciente pode ser representada como uma série
de evoluções sucessivas e cada vez mais abrangentes dadas a partir desses saltos.
O misticismo possibilita que a alma assuma controle sobre a personalidade, e é
justamente aí que o processo ascencional passa por grandes mudanças. O Eu Consciente, é
absorvido na alma e a energia do espírito começa a fazer-se presente de maneira mais clara.
Essa unificação interna está destinada a todos os seres humanos, por isso, pode-se dizer que,
potencialmente, todos somos místicos. Os frutos do trabalho interno não são retidos pelo Ser,
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mas, partilhado tanto visível, como invisivel, com toda a vida planetária, por que nesse caso o
ser é Uno com o Todo.
O filósofo Jan Christian Smuts, de acordo com Cavalcanti, foi o precursor do
paradigma holístico atual. A palavra holismo - derivada do grego “Hólos”, totalidade - foi
concebida por Smuts como a atividade sintética, organizadora e reguladora do universo, que
explica todos os agrupamentos e sínteses estruturais nele existentes, desde o átomo e as
estruturas físico-químicas até a personalidade humana passando pelas células, pelos
organismos e pela mente dos animais. Smuts procurou definir a natureza da evolução com
base na existência de um princípio subjacente - ou tendência holística integradora -
fundamental no universo.
O impulso de síntese da natureza é dinâmico, evolucionário e criativo e progride no
sentido da complexidade, de uma integração e um aprofundamento espiritual cada vez maior.
Para o filósofo, a totalidade está presente em toda a natureza, e esta é hierárquica. Cada parte
se insere em um todo maior que, por sua vez, é parte de um todo ainda mais amplo. O
universo tende a produzir totalidades de nível cada vez maior, mais abrangente e mais
organizado.
O universo é composto por várias hierarquias, conforme Trigueirinho, planetária,
solar, galática ou cósmica. As hierarquias habitam o cosmos inteiro e compõem uma rede
magnética transmissora de impulsos evolutivos para os vários mundos e planos. A hierarquia
leva em conta tudo e todos, pois cada chispa vivente é de importância para a existência
cósmica. Conjunto de consciências que transcenderam a evolução material e se integraram ao
Todo, a “Consciência Fundamental” e estão a seu serviço em seu sentido cósmico e
abrangente. As hierarquias diferem-se pelo grau evolutivo, pelas vibrações e leis que
exprimem e pelas tarefas que desempenham. As hierarquias são energias que mais que um
ente individualizado expressa uma linha de luz que engloba consciências em distintos
patamares.
A totalidade engloba todas as ondas vibratórias de existência, das mais sutis as mais
densas, assim a realidade é composta de todos/partes, isto é, de hólons. As entidades
fundamentais, consciências de todos os níveis, são hólons. Conforme Koestler (2006) uma
hierarquia de crescimento é, na verdade, uma holarquia, pois é composta de hólons (tais como
átomos, moléculas, células e organismos). Esse é o motivo pelo qual a hierarquia é a única
forma de se chegar ao holismo e é também a razão por que aqueles que negam todas as
hierarquias têm, na verdade, somente amontoados, em vez de todos.
81
Segundo Smuts, o holismo mostra que o sentido profundo e a própria direção do
universo se encontram no impulso para a totalidade, que leva há conjuntos cada vez maiores e
mais perfeitos. O seu conceito de mente, de acordo com Cavalcanti, vai além da mente
subjetiva individual, pois esta é somente um aspecto da mente universal. Mas a mente
individual e a universal se enriquecem e se complementam mutuamente - o que, no nível da
personalidade, resulta na criação de um novo mundo de liberdade espiritual. Para ele, a mente
é um tipo de estrutura de natureza imaterial ou espiritual. A personalidade humana - o grau
mais alto do processo evolutivo - é constituída de um conjunto, cujo agente criador é o
holismo, que integra corpo e mente.
Smuts (1973) acreditava que o universo se tornava cada vez mais consciente. Para
ele, na própria mente haveria um princípio de complementaridade; da mesma forma que
matéria viva, também a mente evoluiria para níveis cada vez mais elevados porque ela é
inerente à matéria. O objetivo da personalidade é a auto-realização, mas no sentido de uma
ordem holística universal e não somente pessoal.
A personalidade está no plano terreno para cumprir seu propósito evolutivo, mas é
na conexão com a Consciência Cósmica, inerente à matéria densa, que alcança a auto-
realização. Inteligência que quando acionada pelo eu individual, gera vibrações e freqüências
cada vez mais altas ampliando a consciência do Ser. A personalidade se desdobra a patamares
mais sutis e vibra não apenas de acordo com seus próprios valores morais, individuais, mas, a
partir de princípios, de uma ordem cósmica universal.
A personalidade afinada com esta ordem cósmica, através de pensamentos e
sentimentos positivos, como uma antena sintonizada atrai para seu campo energético,
freqüências de alto padrão vibratório, que geram equilíbrio, saúde e qualidade de vida. Este
estado de harmonia do Ser se desdobra em atos conscientes nas relações, na natureza e na
cultura. Essa é uma busca incessante, um desafio constante na vida do Ser que se dá nesse
movimento fluídico universal de ordem desordem; sutilizar e utilizar a energia para alcançar
patamares cada vez mais ordenados dentro e fora de si, da imperfeição à perfeição, da
individualidade a totalidade.
Chardin (1988) preocupado com a visão fragmentada do homem ocidental elaborou
uma grande síntese científico-teológico-filosófica na tentativa de fornecer uma visão mais
completa do mundo e do homem. Chardin tinha consciência do sentido da totalidade e da
evolução, o que fica muito claro na afirmativa - “Ser mais é unir-se cada vez mais”. Ele via a
evolução humana como a consciência em ascensão, num processo que conduzia a uma
82
integração e a um ser mais completo. A noosfera era para ele uma invisível teia planetária de
consciência em evolução.
A evolução no homem e auto-evolução, um processo em que cada etapa evolutiva
constitui um aumento de consciência, uma criação de “mais-ser”, um enriquecimento
ontológico - quanto mais o homem se tornar Homem, menos aceitará movimentar-se a não ser
na direção do interminavelmente e do indestrutivelmente novo. Algum absoluto se encontra
implicado no próprio jogo de sua operação. A humanidade assim iria evoluindo por meio do
Ser e de cada um dos Seres.
Chardin (1988) elaborou uma nova concepção da realidade, a visão “Hiperfísica”,
segundo a qual tudo, das partículas atômicas às galáxias, passando pelas plantas, pelos
animais e pelo homem, é um só todo dinâmico, um processo que se vai orientando e
evoluindo ao longo do espaço-tempo e que culminará na pura espiritualidade. O cosmos,
como um todo, caminha para uma evolução desde o menor até o maior, a qual terminará no
Ponto Ômega. Tudo, inclusive o processo evolutivo, é atraído para o Ponto Ômega. Essa
culminância não é o fim, mas o auge do processo.
O Ponto Ômega ao qual Chardin se refere é o “Campo sem Limites”, “Campo
Fundamental”, a “Consciência Cósmica”, de onde tudo emana e para onde tudo retorna. A
vida para Chardin é um processo evolutivo que se encaminha dinamicamente para uma
consciência maior. Consciência que identifica com o Cristo Cósmico. Sugere que
identifiquemos o Cristo Cósmico da fé com o Ponto Ômega da ciência. Assim, tudo fica
clarificado e ampliado recaindo em harmonia. Chardin faz uma descrição da totalidade
cósmica, na qual afirma que, com a consciência, o homem traz a maior contribuição à
fenomenologia do cósmico.
Do ponto de vista da evolução cósmica, o Cristo Cósmico que se refere Chardin é a
própria consciência que exprime a essência das leis universais. A vida crística é a aplicação e
a vivência correta dessas leis. Como consciência, expressa a realização divina que um dia a
humanidade inteira pode atingir. Cristo é energia cósmica de unificação, Amor, Poder e
Sabedoria - que está em todos e exprime-se com liberdade nos que prenunciam etapas futuras
de aperfeiçoamento do gênero humano.
É a síntese da vibração do “Campo Fundamental”, vibração espiritual de natureza
atrativa que contribui para reconduzir à Origem o universo criado. Todos podem personificar
em si essa energia imaterial e sublime, pois ela existe no Ser, em potencial. A expressão
autêntica da “Energia Crística”, o “Amor-Sabedoria” nos níveis concretos do planeta,
significa um avanço do cosmos inteiro. Contudo, inúmeros dos seus aspectos são ainda
83
desconhecidos da humanidade terrena, isso se deve em parte a que poucos indivíduos se
relacionam com ela de modo impessoal.
A “Energia Crística” sintetiza as demais, está presente em todo o seu âmbito e é a
via de realização dos seres, porém há que ser despertada, dinamizada e irradiada. Quanto mais
o ser humano se aproxima do próprio núcleo interno, mais penetra nessa energia e mais é por
ela utilizado como canal de expressão. A “Energia Crística” não é, portanto, exclusividade de
seitas ou religiões e tampouco pode ser explicada, nesse caso, deve ser sentida, através da
experiência mística. Para conhecê-la, o Ser tem de trilhar a senda da entrega à Consciência
Vibracional, ao Eu Supremo e deixar-se permear por sua essência de amor.
A verdadeira transformação da consciência é consumada por essa energia - tudo o
que o indivíduo tem de fazer é estar aberto à sua atuação, não se deixar levar por padrões de
baixa freqüência vibratória, que o desviam do caminho, pelo contrário, facilitá-la com o
cultivo do despojamento, do desapego, da humildade, da solidariedade, pois ela opera no
sentido de libertá-lo das ilusões do mundo material, já que é o caminho, a verdade e a vida. A
“Energia Crística” auxilia o Ser a transcender o Ego e leva-o a estados mais ampliados de
consciência.
Chardin (1988) afirma que tanto os materialistas - com sua visão mecanicista, que
reduz os fenômenos da natureza a processos mecânicos - quanto os espiritualistas - que
opõem a matéria ao corpo e o consideram mero servo espiritual - colocando-se em posições
extremas, difíceis de encontrar, não viam senão metade do problema. Essa dificuldade
aumentava quando se tratava de definir o que fosse a energia. Falava a respeito das
dificuldades em que ainda estamos para agrupar espírito e matéria numa mesma perspectiva
racional. Assim como, da urgência de lançar uma ponte entre as duas margens, física e moral,
de nossa existência, se quisermos que se anime mutuamente as faces espiritual e material de
nossa atividade.
Acreditava Chardin que essas duas posições poderiam ser sintetizadas numa espécie
de fenomenologia ou física generalizada em que, tanto quanto a face externa do mundo, a
interna também seria levada em consideração. Ele via a religião e a ciência como as duas
faces ou fases conjugadas de um mesmo ato completo de conhecimento, o único que pode
abarcar, para contemplá-los, medi-los e consumá-los, o passado e o futuro da evolução.
Chardin profetizou uma conspiração - que mais tarde seria confirmada por Marilyn
Ferguson, na qual homens e mulheres de todas as camadas sociais desencadeariam uma
mudança crítica e significativa na visão de mundo. Ele acreditava que foi a intuição mística da
unicidade presente nos vários fenômenos do mundo, que deu origem à busca da substância
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subjacente que formou o cosmos e que foi essa busca que deu início ao desenvolvimento da
ciência.
Whitehead (1929) descreve a realidade como um fluxo cujo contexto é a mente, em
vez de algo tangível e objetivo. Ele descreve a natureza como um grande nexo de
acontecimentos em expansão, que não é limitada pela percepção dos sentidos. Seguidor de
William James, Whitehead contribuiu teoricamente para a formação de uma visão unitária e
orgânica da vida. Além disso, elaborou as noções de “Organismo” e “Existência Vibratória”,
segundo a qual todos os elementos fundamentais são, em sua essência, vibratórios.
Conforme essa noção, todas as coisas e acontecimentos geralmente considerados
inconciliáveis - tais como causa e efeito, sujeito e objeto, espírito e matéria, objetivo e
subjetivo - são, na verdade, aspectos de uma mesma onda, de uma mesma e única vibração,
pois a realidade sempre está na unidade e inter-relação dos opostos. Whiteread afirmou que
cada elemento do universo é fluxo e refluxo das vibrações de uma atividade ou energia
subjacente. Seu pensamento estava perfeitamente inserido na corrente de pensamento
contemporânea, que vê a totalidade subjacente das coisas e rejeita a visão dualista e
fragmentária do mundo.
Todos esses pensadores possuíam uma visão em que, além de implícita a integração
entre ciência e espiritualidade, naturalmente estava presente a idéia da totalidade e da inter-
relação de todas as coisas. O novo universo conceitual que se estava construindo facilitou a
aplicação e a experimentação de suas idéias no nível concreto e prático.
Em 1947, Dennis Gabor descreveu uma fotografia tridimensional potencial, a
holografia. No ano seguinte, propôs a teoria holográfica, que só veio a ser confirmada na
década de 60, quando a descoberta do “Laser” tornou possível a construção do primeiro
holograma. A holografia conforme Gabor é um método de fotografia sem lentes, no qual o
campo de ondas da luz espalhada sobre um objeto é registrado numa chapa sob forma de um
padrão de interferência.
Quando o registro fotográfico - o holograma - é exposto a um feixe de luz coerente,
como um Laser, o padrão ondulatório original é regenerado. Uma imagem tridimensional
aparece. E se o holograma for partido, qualquer pedaço dele reconstruirá a imagem inteira e
assim indefinidamente. Essa era a confirmação prática da teoria holográfica da totalidade e do
inter-relacionamento de tudo que existe. A parte está contida no todo e o todo, na parte.
Karl Pribam após décadas de pesquisa, aplicando a teoria holográfica ao estudo dos
processos cerebrais, chegou à conclusão de que a “estrutura profunda do cérebro” é
essencialmente holográfica. Cavalcanti afirma que mais tarde Pribam descobriu que o físico
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David Bohm também comparava o universo a um grande holograma, pois sua organização era
holográfica. Esse era um ponto de partida importante para uma nova descrição da realidade, a
ordem implicada ou dobrada.
Depois do encontro com Bohm, Pribam propôs o modelo holográfico para o
funcionamento cerebral, unindo a pesquisa do cérebro à física teórica. Segundo esse modelo,
a memória se distribui por todo o cérebro e qualquer parte dele contém a informação total. O
modelo holográfico também procura fazer a síntese entre ciência e espiritualidade, pois “leva
em conta a percepção normal e, ao mesmo tempo, transfere as experiências paranormais e
transcedentais para fora do campo do sobrenatural, explicando-as como parte da natureza e
dos processos históricos e culturais”.
Os estudos de Karl Pribam e David Bohm levaram a compreensão de que nossos
cérebros constroem matematicamente a realidade “concreta” interpretando freqüências
provenientes de outras dimensões, um domínio da realidade primária, significativa e
padronizada, que transcende tempo e espaço. O cérebro é um holograma interpretando um
universo holográfico.
Segundo a teoria holográfica, o cérebro pode apreender, simultaneamente,
percepções normais, transcendentais e paranormais. Para Pribam, a experiência mística não é
mais estranha que outros fenômenos da natureza e pode permitir acesso ocasional à realidade
quântica descrita pelos físicos; não é que o mundo das aparências esteja errado e os objetos
não existam em um nível de realidade, mas ao se observar o mundo por meio de um sistema
holográfico, chega-se a uma realidade diferente, capaz de explicar coisas que até então
permaneciam inexplicadas pela ciência. Porém, como disse o próprio cientista, ainda será
preciso algum tempo para que as pessoas aceitem naturalmente a idéia de que há uma outra
ordem de realidade que não a do mundo das aparências.
Koestler também pode ser considerado um dos precursores da visão holística. Em
1967, desenvolveu o conceito de hólon, que focaliza a dinâmica do todo e de suas partes. O
hólon apresenta duas tendências, aparentemente opostas, mas complementares: a tendência
integrativa, que une a parte ao todo maior, e a tendência auto-afirmativa, que preserva a
autonomia individual da parte. Todas as coisas, das mais simples às mais complexas das
moléculas ao seres humanos, podem ser consideradas como todo porque são estruturas
integradas e, ao mesmo tempo, partes de um todo pertencente a um nível maior de
complexidade.
Cada hólon afirma a sua individualidade para manter a ordem estratificada do
sistema, mas também está sujeito às necessidades do todo. O pensamento fragmentador que
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tanto permeou a civilização ocidental nega justamente essa funcionalidade integrada e, com
isso, gera atitudes também fragmentadoras. Mas, graças ao surgimento de conceitos como o
de hólon, que culminaram com a construção e o desenvolvimento do paradigma holístico, ele
está sendo finalmente superado.
Embora venha sendo gestada há algum tempo nas diversas áreas do conhecimento,
essa nova forma de ver e abordar a realidade só foi nomeada pela primeira vez em 1980, pela
psicóloga francesa Monique Thoenig, fundadora da Universidade Holística de Paris, pioneira
e divulgadora da formação em psicologia transpessoal.
A abordagem Holística é uma reação à tendência para a separação e para o
reducionismo que impede o homem de perceber a vida como um todo inter-relacionado,
coerente e harmonioso. O paradigma holístico representa uma revolução científica e
epistemológica que emerge como resposta a perigosa e alienante tendência fragmentária e
reducionista do antigo paradigma. Segundo esse paradigma, todo o universo se acha
interligado e organizado hierarquicamente.
A visão holística da realidade, conforme Weil (1991) vem sendo adotada há algum
tempo por teóricos de várias áreas do conhecimento. Ela propõe uma nova forma de ver e
compreender o mundo, baseada no inter-relacionamento dinâmico de ciência, arte, filosofia e
tradições espirituais e representa uma tentativa de síntese do conhecimento do Oriente e do
Ocidente. Naturalmente, ela se contrapõe à visão dualista, mecanicista, compartimentada e
fragmentadora que levou o homem à dissociação da percepção. A visão holística faz parte de
uma tendência revolucionária de mudança radical da consciência, que vinha sendo
engendrada há algum tempo e agora começa a provocar transformações visíveis.
Marilyn Ferguson (1994) refere-se a uma mudança definitiva e abaladora na
mentalidade que está ocorrendo em todo o mundo. Seus membros romperam com alguns
elementos-chave do pensamento ocidental. Uma rede poderosa, embora sem liderança, está
trabalhando no sentido de provocar uma mudança radical no mundo. Essa rede é a
Conspiração Aquariana - uma conspiração sem doutrina política, sem manifesto, com
conspiradores que buscam o poder apenas para difundi-la e, cujas estratégias são pragmáticas,
até cientificas, mas cujas perspectivas parecem tão misteriosas que eles hesitam em discuti-
las.
Ferguson diz que essa conspiração está a favor de uma nova ordem, de uma nova
mentalidade, de uma nova consciência e de uma nova visão de mundo que reúnam a
vanguarda da ciência e as visões dos mais antigos pensamentos registrados. A necessidade de
adoção da visão holística - mais totalizante, orgânica, sistêmica, harmoniosa e dinâmica -
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tornou-se imperativa. Como diz Weil (1991), a visão holística busca dissolver toda espécie de
reducionismo: o científico, o religioso, o niilista, o materialista ou substancialista, o
racionalista, o mecanicista e o antropocêntrico, entre outros. O homem caminha, cada vez
mais, para uma grande síntese, que se expressa tanto na visão de mundo quanto no desejo de
auto desenvolvimento integral.
A nova concepção da realidade que está sendo construída é não-fragmentada, porque
é holística e, assim sendo, une a ciência à espiritualidade, a matéria ao espírito, o corpo à
mente, o Oriente ao Ocidente, o lado direito ao lado esquerdo do cérebro. Ela reinveste a
natureza de seu aspecto sagrado, vê o cosmos como vivo e o mundo como um todo unificado
e interdependente. Como podemos perceber é uma minoria criativa voltando-se para o mundo
interior da psique, concebendo a visão de um novo tipo de vida para nossa conturbada
civilização, no qual é significativa a influência espiritual do Oriente sobre o Ocidente.
Nesse novo paradigma, a consciência da realidade que emerge é espiritual,
ecológica, artística e ética, pois levam em conta os prejuízos que pode acarretar uma visão de
mundo que dessacralize a natureza e separe a matéria do espírito, o imanente do
transcendente. Cavalcanti coloca que é a noção de unidade e de inter-relação que pode
conscientizar o homem de sua responsabilidade, pois qualquer ato afeta a totalidade. Essa
abordagem é revolucionária porque pressupõe uma mudança na consciência coletiva e conduz
a uma nova cosmovisão, uma nova epistemologia, uma nova ciência.
Como a visão holística pode ser aplicada as mais diversas áreas do conhecimento, o
movimento holístico por uma nova compreensão da realidade, vem ganhando a adesão de
muitos cientistas e teóricos. Em consonância com a teoria holística, o cientista inglês James
Lovelock, propôs a hipótese Gaia, segundo a qual a própria vida cria e mantém condições
ambientais precisas e favoráveis para continuar existindo. A Terra é um organismo vivo que é
sustentado e regulado pela vida que existe em sua superfície. O ambiente geológico não é
apenas produto, nem as sobras da vida já decorrida, mas, a criação de coisas vivas. Nesse
caso, vida cria vida, nada se perde tudo se transforma.
Para Lovelock (1999), os organismos vivos se renovam continuamente e regulam o
equilíbrio químico do ar, dos mares e do solo, de modo a assegurar o prosseguimento de sua
existência. Portanto, ele vê Gaia como um organismo vivo, formado pela associação entre
partes vivas e não-vivas que afetam umas às outras e se auto-estabilizam, de modo a manter a
temperatura da Terra relativamente constante e o equilíbrio químico dentro de limites
favoráveis à vida.
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O autor diz que Gaia não é uma mãe que, excessivamente amorosa, seja tolerante em
face da má conduta, nem é frágil e delicada donzela em perigo frente à brutal humanidade.
Ela é dura e severa, sempre mantendo o mundo aquecido e confortável para aqueles que
obedecem às regras, mas implacável em sua destruição daqueles que as transgridem.
Para o cientista, Gaia, como os gregos chamavam a Terra, é um ser planetário total,
formado pela biosfera, a parte da terra onde os seres vivos habitam, pelo conjunto dos
organismos vivos existentes em sua superfície, que constitui a chamada biota, e pelo tempo -
o passado, que remonta à origem da vida, e o futuro, enquanto a vida persistir. A evolução da
vida diz respeito à Gaia como um todo, e não aos organismos e ambientes separados.
Renée Weber (1988), também adota a visão holística, busca o sentido da unidade
das coisas com a firme convicção de que os opostos podem ser reconciliados. Ela, que nunca
aceitou essa separação, dedicou-se a buscar a unidade como uma verdadeira odisséia
espiritual, interrogando cientistas e sábios do Ocidente e do Oriente. Considerando que a
filosofia deixara de se preocupar com as questões maiores da vida - a Verdade, Deus, a Alma,
o Destino, a Iluminação, o Universo, a Imanência e a Transcendência - não quis empreender a
sua busca por meio da filosofia.
A autora persegue a unidade e a integração da filosofia à ciência e à espiritualidade.
Na sua busca, ela se dedicou ao estudo da física, da química e da biologia, ao mesmo tempo
em que estudava o misticismo oriental que pregava a presença de um princípio único na
natureza. Ela diz que foi atraída pela ciência porque procura compreender os fenômenos da
natureza em todos os seus pormenores tentando unificá-los numa única equação abrangente.
A tendência para a unificação é mais um liame entre os objetivos da ciência e do misticismo.
Para a filósofa, o misticismo é a experiência de unidade com a realidade; assim, ciência e
misticismo são duas abordagens válidas da natureza.
Weber, diz que Albert Einstein e David Bohm são exemplos de cientistas que
compreenderam profundamente a relação entre a ciência e a espiritualidade - especialmente
Bohm, que, segundo ela, constitui uma rara combinação de cientista e místico numa só
pessoa. Weber busca a integração entre ciência e misticismo porque, ao contrário do que
aprendeu, não são excludentes - ela acredita que podem ser unificados enriquecer-se
mutuamente, pois são perspectivas insubstituíveis da realidade que não podem passar uma
sem a outra.
O místico pode dar a sua contribuição à ciência, mostrando que a natureza não é um
amontoado simples de dados sensoriais, mas uma realidade única, cuja grandiosidade e beleza
podem ser experimentadas em múltiplos níveis. E o cientista pode restaurar o interesse do
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místico pelo mundo cotidiano e fazê-lo ver que a busca do conhecimento é uma só, que o
finito faz parte do infinito e o visível do invisível.
Renné Weber acredita que, apesar das diferenças entre ciência e espiritualidade,
existe algo que as liga fortemente; a busca do conhecimento e da unidade, que é, em si
mesma, uma senda espiritual. E sua meta é justamente alcançar essa unidade, promover a
junção entre as duas possibilidades de abordagem do universo, a ciência e a espiritualidade: -
“A percepção da unidade e da interligação de todos os seres leva - se é consistente - a uma
empatia para com próximo. Se expressa como reverência à vida, compaixão, sentimento de
fraternidade com a humanidade sofredora e uma tendência para curar nosso planeta ferido e
os seus habitantes”.
A visão holística influenciou e se estendeu a todas as áreas da ciência. Illya
Prigogine (1977) lançou a teoria das “Estruturas Dissipadoras”, expressão que ele empregou
para denominar os sistemas abertos, mostrando que quanto mais complexa ou coesa é uma
estrutura, maior a instabilidade e maior a quantidade de energia que terá de ser despendida
para manter a complexidade de todas as conexões envolvidas.
Como essas conexões só podem ser mantidas por um fluxo de energia, o sistema se
encontra sempre fluindo. O fluxo de energia deixa o sistema altamente instável, sujeito a
súbitas mudanças e grandes flutuações internas, possibilitando que a instabilidade leve à
transformação. O que se pode entender é que no movimento de desordem é que surge a
ordem, ou seja, no desequilíbrio a reequilibração, em saltos quânticos, num eterno
“continuum”, num eterno vir a ser.
A vida tem a potencialidade de criar novas formas a partir do abalo de velhas
formas. A dissipação de energia cria o potencial para a reorganização súbita não-linear. Os
elementos do velho padrão entram em contato uns com os outros de novas maneiras e
estabelecem novas conexões. As partes se reorganizam em um novo todo. O sistema passa a
uma ordem superior.
Conforme Prigogine, as estruturas dissipativas formam sistemas de reações químicas
auto-renovadoras. O autor também mostrou que existe um princípio ordenador subjacente a
elas, o qual chamou de “Ordem por meio de flutuação”. Prigogine declarou que a sua visão do
vir a ser tem uma semelhança com a concepção filosófica de Bérgson e Whitehead e com a
visão mística da filosofia oriental.
No campo da bioquímica, Albert Szent-Gyorgyi, com base no conceito de sintropia,
oposto ao de entropia, sugere que o impulso no sentido de uma ordem maior pode ser um dos
princípios fundamentais da natureza. Como Teilhard Chardin, ele acredita que existe na
90
matéria viva um impulso inerente de evolução e aperfeiçoamento e, por isso, rejeita a idéia
darwiniana de que as mutações genéticas acidentais, seguidas por uma seleção natural, sejam
responsáveis pelas transformações evolutivas da matéria viva.
Na matemática, Ralph Abraham se destaca, é o líder da nova teoria do caos, afirma
que a forma nasce do caos. Há dois princípios; um formativo, que são os campos, e um
energético. A energia é o princípio da mudança e a mudança pura seria o caos. Mas existe
também uma ordem oculta no caos, que é revelada graças a um novo modo de olhar. Para
Abraham, a repressão do caos resulta numa inibição da criatividade e, desse modo, numa
resistência à imaginação.
Certamente que a vibração energética é o princípio da transformação e que a
mudança pura, conforme coloca Abraham, seria o caos, mas nenhuma mudança ocorre sem
passar pela desordem, isso é inevitável e ao mesmo tempo necessário. Em se tratando do Ser
humano, ao captar freqüências energéticas sutis, seu corpo físico e vibracional pode ser
transformado, assim como, sua consciência expandida.
O que está em forma se transforma, mas é necessário que o sujeito passe pela noite
escura da alma. Para liberar seus condicionamentos e ampliar sua consciência passa pela dor
da catarse - que é o desequilíbrio, a purificação do corpo, da alma e da mente, para que
alcance a reequilibração, a ordem interna oculta na entropia. E, é assim que criamos uma nova
forma, transmutando, transcendendo a anterior, e isto é o verdadeiro salto quântico.
Quando nos remetemos às transformações do contexto externo, isto é, do meio em
que vivemos no plano tridimensional, a situação não é muito diferente. Isto porque envolve
um movimento de evolução cósmica, nesse caso os padrões energéticos que provocaram
mudanças internas, se refletem no espaço externo criando uma nova ordem social, cultural,
planetária e cósmica.
Segundo o matemático, a imaginação, o mais rico legado humano, é o que liga o
homem ao divino: “É nossa capacidade poética, de entrar em ressonância com uma noção de
beleza ideal e de criar, sob a forma de arte, aquilo que transcende a nossa própria
compreensão”. Para ele, a imaginação é uma emanação vinda de cima, o argumento a favor da
presença de uma centelha divina no ser. Assim, o ser humano ao contatar sua centelha divina,
libera seus condicionamentos, conseqüentemente sua criatividade e imaginação.
A teoria do caos envolve três níveis: o matemático, que é o espaço dos modelos, das
metáforas e imagens criadas pela mente; o nível da realidade física, que inclui o mundo da
matéria e da energia; e o mundo mental. Mas, intercalado entre os dois, existe um terceiro
91
nível, que surgiu recentemente com a revolução do computador, o qual parece mais real que o
nível matemático, mas menos real que a realidade física.
Na biologia, Rupert Sheldrake (1993), biólogo e filósofo da natureza, atualmente é
considerado o pensador mais radical por sua teoria dos “Campos Morfogenéticos e da
Ressonância Mórfica”. Em 1981, Sheldrake desafiou a biologia mecanicista ao defender a
hipótese da Ressonância Mórfica, que afirma que há uma memória inerente na natureza, e
relacioná-la à teoria da ordem implicada, de David Bohm. Ele sabia que a idéia de uma
memória coletiva, transmitida por meio de um tipo de ressonância não-material, não tinha
muitas possibilidades de ser aceita. Apesar disso, defende a existência de uma espécie de
memória inerente a cada organismo, a qual chama de “Campo Morfogenético” ou “Mórfico”.
Segundo ele, a forma, o desenvolvimento e o comportamento dos organismos são
moldados e mantidos pelos campos morfogenéticos, os quais guardam além da informação
contida no código genético, a informação sobre a estrutura dos organismos biológicos. Ele
considera a existência de campos que transcendem o espaço e o tempo e funcionam como
mensageiros de informações entre organismos da mesma espécie. Com o passar do tempo,
cada tipo de organismo cria um gênero específico de memória coletiva cumulativa. Uma
memória cumulativa irá sendo construída na medida em que o padrão for se tornando cada
vez mais habitual. Sua teoria se assemelha à dos arquétipos e do inconsciente coletivo de
Jung.
A teoria dos campos morfogenéticos propõe a existência de um campo, ou estrutura
espacial, que é responsável pelo desenvolvimento da forma. E, de acordo com ela, os
organismos herdam não somente genes, mas também campos mórficos; Segundo Sheldrake,
Os campos mórficos são herdados, não materialmente, mas por ressonância mórfica, não
apenas de ancestrais diretos, mas também de outros membros da espécie. O organismo em
desenvolvimento sintoniza os campos mórficos de sua espécie e, desse modo, tem a sua
disposição uma memória coletiva ou de grupo onde colhe informações para esse
desenvolvimento.
O que podemos entender, então, é que o campo ao determinar a forma possibilita
que a mesma traga além da herança genética, toda a memória da coletividade. A forma ao se
constituir no espaço tridimensional, ou multidimensional, recebe todas as informações do
campo fundamental. O ser humano ao adquirir uma forma física, que é matéria e energia,
neste plano, além da bagagem genética dada pelo (DNA), traz em si uma bagagem energética.
Isto é, o DNA que se constitui no corpo físico, contém as informações do campo a respeito da
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espécie e com ele um gen energético, que contém as informações e todos os registros de
experiências no Campo de Energia Cósmico.
A ressonância mórfica, de acordo com Sheldrake (1993), implica existência de um
processo auto-seletivo automático. Esse tipo de ressonância depende da similaridade da
forma; formas semelhantes influenciarão outras formas semelhantes. Sheldrake fala da
dimensão da realidade que denomina de “realidade transcendente”, que seria a causa e o
propósito do universo. A totalidade do universo é um reflexo da unidade transcendente, da
qual o universo depende e da qual se originou.
Para ele, a criação depende de alguma realidade não-física ou transfísica de natureza
espiritual. O universo como um todo poderia possuir uma causa e um propósito que o
transcendem. Ao contrário deste universo, esta consciência transcendente poderia não apenas
estar se desenvolvendo em direção a um objetivo; ela também poderia ser este objetivo. Não
estaria se encaminhando para uma forma final; estaria completa em si mesma.
Sheldrake(1993) faz parte do movimento científico conhecido como “Gnose de
Princeton”. Trata-se de um grupo de cientistas - físicos, químicos, biólogos, astrônomos,
matemáticos etc. - que, rejeitando o mecanicismo, procura promover a união entre a ciência e
a espiritualidade por meio da retomada da busca de Deus e do conhecimento essencial.
Todas essas figuras da ciência buscam o conhecimento verdadeiro, além do mundo
das aparências, não com o objetivo da utilidade imediata, mas como meio de realização de
suas existências, pois é isso que entendem como conhecimento propriamente dito (Gnosis).
Eles se denominam gnósticos porque crêem que o objetivo maior da vida humana deve ser
perseguir o conhecimento das verdades essenciais, não só por meio da ciência, mas,
sobretudo, da intuição.
Esse grupo de cientistas é representativo na mudança de valores que se está
delineando no mundo. Para eles, a gnose é o conhecimento da realidade supra-sensível,
“invisivelmente visível num eterno mistério”. O supra-sensível constitui, dentro do mundo
sensível e além deste, a energia motora de toda a forma de existência. A tese fundamental da
nova Gnose é a de toda Gnose: o mundo é dominado pelo Espírito, feito pelo Espírito, ou por
Espíritos delegados.
O Espírito encontra (ou antes, cria para si mesmo) uma resistência, uma oposição; a
Matéria. O homem, por intermédio da ciência, mas de uma ciência superior, transposta ou
espiritualizada, pode chegar ao Espírito - ou Mente Cósmica - e, se for sábio e ao mesmo
tempo inteligente, nela encontra a salvação.
93
Os neognósticos procuram explicar Deus segundo uma concepção científica da
natureza e de suas inter-relações. Deus é a origem do universo e do homem. Para eles, Deus é
a natureza que se cria. Os novos gnósticos são os maiores defensores do paradigma holístico.
Esse novo paradigma é o modelo de abordagem científica que oferece a
possibilidade de junção de todo o conhecimento - científico e espiritual, moderno e antigo - e
que faz parte da totalidade da experiência humana, pois pressupõe que o todo está contido em
cada parte. Assim, é possível apreender a totalidade por meio das partes e as partes por meio
do todo.
94
AS VIBRAÇÕES DA CONSCIÊNCIA
Nas últimas três décadas a comunidade científica mundial avança em direção a uma
crítica à ciência moderna. A chamada tendência pós-estruturalista de acordo com Da Silva
(1997), problematiza o conhecimento científico, que se orienta pela preocupação de se
constituir como sistema formal, a crítica que ao assim fazer, a ciência trata a natureza, a
sociedade e a cultura como fenômenos regulares e universais. Surge assim, um novo modelo
de interpretação da realidade.
Os estudos em Física e em Neurologia, conforme Goswami (1998) e Damásio
(2000), através de David Bohm e Karl Pribam, da Universidade de Londres e Stanford,
respectivamente, antecedidos pela contribuição da Física Quântica e da Teoria da
Relatividade, abarcam na ciência, temáticas consideradas não científicas, até então, bem
como, à inserção de novos métodos de pesquisa e de novos instrumentos de medida, que
possibilitam, numa abordagem experimental, experiências paranormais como temas de
pesquisa. Caso, por exemplo, da transcomunicação que se utiliza da Engenharia Eletrônica e
da Bioeletrografia, em fase de reconhecimento, que usa a máquina Kirlian como instrumento
de aferição de campos bioenergéticos.
O sobrenatural pode aparecer, agora, como parte da natureza e dos processos
históricos e culturais. Entre os novos temas científicos, os fenômenos paranormais, incluídos
na temática da ampliação da consciência, passam a ser entendidos como fenômenos normais.
Wilber (1992) afirma que nossos cérebros constroem matematicamente a realidade concreta,
interpretando freqüências provenientes de outras dimensões, um domínio de realidade
primária, significativa, que transcende o tempo e o espaço. O que surge é uma mudança de
mentalidade que abarca toda a ciência.
De maneira especial, conforme Da Silva (1997), esses autores afirmam que a
paranormalidade é ignorada porque fere as bases do conhecimento hegemônico. A nova
mentalidade compromete a ciência com a qualidade de vida de todo o universo. A
indissociabilidade sujeito-objeto e a relação complementar partícula-onda permitem ver o
mundo como um sistema dinâmico, auto-regulável e interconectado.
Esta nova visão de mundo acaba por instaurar a crise da fragmentação e da
neutralidade. A idéia passa a ser de uma ecologia profunda, sendo que tudo no cosmos está
relacionado e toda a ação provoca uma reação. Logo, na indissociabilidade partícula-onda e
95
tempo-espaço, o que fizermos a qualquer elemento do universo estaremos fazendo a nós
mesmos. Reduz-se, assim, a perspectiva analítica todo-partes e surge a perspectiva “Holon” -
o todo está nas partes e as partes estão no todo.
No que diz respeito à transformação pessoal, experiências profundamente
transformadoras podem ser decorrentes de processos de sintonização com padrões de energia
altamente “sutis”. O momento planetário em que vivemos nos dá oportunidade de entrarmos
em contato com todo universo de informações, oriundas de diversas fontes indicando
caminhos, fazendo aflorar significados muitas vezes não produzidos ainda pela consciência,
ou quem sabe anestesiados pela cotidianidade.
O processo de transformação pelo qual passa nossa civilização tem sua
complexidade compreendida, também, pela globalização (técnica, econômica enquanto
prática desigual e segregacionista). Nesse momento é importante o resgate da
multidimensionalidade do ser humano, assim como, estabelecer novos parâmetros, criar novas
perspectivas de vida, perceber de modo mais amplo a realidade, partindo da compreensão da
complexidade que cerca o universo biocósmico.
Essa visão mais complexa de realidade consiste em ultrapassar toda dualidade
mediante uma vivência multidimensional. Para tanto, pressupõe-se uma perspectiva
holográfica entre o local e o universal, perspectiva fundamentada na expressão – o todo está
nas partes e as partes estão no todo. Isso implica que todos os seres estejam em estado de
interconexão, interinfluenciação, concepção que certamente não se confunde com o processo
desagregador de globalização pelo qual passa nossa civilização.
A realidade dada por uma abordagem multidimensional de ser humano, de natureza,
de cultura e de ciência, é dinâmica, compreendida como um sistema em que a relação, do
sujeito com o mundo é de totalidade. Nesta perspectiva, o indivíduo existe num inter-
relacionamento e interdependência dentre todos os componentes do sistema, porém, a
propriedade de tal sistema não é igual à soma de seus componentes. O observador vai
influenciar o objeto observado, e o objeto influenciar o observador, vai existir, portanto, uma
inter-relação e interdependência de todos os fenômenos: físicos, biológicos, psicológicos,
sociais e culturais.
Capra (1983), diz que a física passa das limitações de uma ótica de mundo absoluta,
mecanicista e revela-se com uma nova visão, em que o universo deixa de ser visto como uma
máquina e se adota uma visão orgânica, ecológica. A matéria-base para toda existência, o
mundo material dado por objetos separados, ganha um novo conceito não reducionista que se
apresenta como um todo harmonioso e indivisível como uma rede, um complexo interado,
96
uma teia de relações dinâmicas, no qual o observador e sua consciência são incluídos de um
modo indissociável.
Assim, a física quântica e a teoria da relatividade revelam à física moderna que não
existe e nem pode existir a objetividade “pura”, que o pensamento científico não tem que ser
necessariamente reducionista e mecanicista e que as concepções multidimensionais e
multirelacionais, logo, ecológicas, são também, cientificamente válidas.
As concepções multidimensionais e multirelacionais se constituem como holísticas.
Estão baseadas numa visão integral que tenta incluir o momento de verdade de cada
abordagem despindo-as de suas alegações de que esses são os únicos tipos de verdade
existente, ou seja, a visão integral as liberta de suas contradições e as coloca como diz Wilber
(2000) numa coalizão multicor.
Estudos integrais tratam de uma visão holística do Ser, preocupam-se com o ser
humano na sua inteireza e o reflexo de seu comportamento no todo. É a partir dessa
concepção de ser e mundo que ancora e se desenvolve esta pesquisa. Por ora podemos dizer
que a maioria dos estudos realizados não estão baseados numa abordagem integral, pelo
contrário, acabam reforçando o próprio padrão científico-cultural que se instituiu até então,
baseado numa visão dualística. Mas a tendência é que com o tempo esse padrão venha a se
diluir.
A humanidade, em sua maioria, na sua jornada terrena está baseada no hemisfério
cerebral esquerdo, responde por uma mente extremamente racional, por um pensamento
linear, lógico, analítico, material. Deixou de lado justamente o mais importante, a
preocupação com a vida, a subjetividade, os sentimentos genuínos, o seu espaço interno, o
local da própria consciência em si.
Atualmente, muitos cientistas e da área da saúde, estão trabalhando exaustivamente
no “Projeto do Genoma Humano”, na tentativa de mapear todos os genes da seqüência
completa do DNA. Projeto que pode revolucionar as idéias a respeito do crescimento e
desenvolvimento humano, das vibrações da consciência, assim como, de doenças e
tratamentos médicos, o que significará um dos maiores avanços do conhecimento e da ciência.
Outro importante projeto é o “Projeto da Consciência Humana” que também está
sendo desenvolvido por muitos pesquisadores, envolve centenas de estudiosos do mundo
todo; neurocientistas, físicos, matemáticos e outros tantos. Wilber (2000) afirma que esse
projeto reúne uma série de abordagens multidisciplinares, multiculturais e multimodais que,
juntas prometem fazer um mapeamento exaustivo do alcance total da consciência, com a
seqüência completa dos genes da percepção, por assim dizer. Essas tentativas, afirma Wilber
97
(2000), estão convergindo rapidamente para um “gabarito mestre” dos diversos estágios,
estruturas e estados da consciência.
Embora muitos aspectos específicos ainda estejam sendo pesquisados na tentativa de
evidência, a existência desse espectro é muito significativa, das diferentes vibrações da
consciência que vai da mais instintiva e egóica, a mais espiritual, da experiência pré-pessoal, à
pessoal e à transpessoal, dos estados subconscientes aos autoconscientes e aos
supraconscientes, do corpo para mente e para o espírito em si.
O campo que mais têm aprofundado conhecimento a respeito do espectro da
consciência é a Psicologia Transpessoal. Wilber (2000) afirma que a Psicologia Transpessoal
é algumas vezes chamada de a “quarta força”, depois das primeiras três, a escola behaviorista,
a psicanalítica e a humanista. A própria palavra “transpessoal” significa apenas “mais
pessoal”. Isto é, a abordagem transpessoal inclui todas as facetas da psicologia e da psiquiatria
pessoais, e agrega aspectos mais profundos e elevados da experiência humana, que
transcendem o comum e o médio - experiências que são em outras palavras, “transpessoais”,
ou “mais do que pessoais”, ou mais pessoais. Desse modo, na tentativa de refletir todo alcance
da experiência humana com maior precisão e completude, a psicologia e a psiquiatria
transpessoais tomam como ponto de partida, o espectro total da consciência.
A abordagem integral reconhece e respeita esse espectro abrangente da consciência,
mas não pára aí, pois caso o espectro total da consciência seja reconhecido e levado em
consideração, diz Wilber (2000), que isso vai alterar muitas disciplinas – da antropologia à
ecologia, da filosofia à arte, da ética à sociologia, da psicologia à política. Por isso se diz que
os estudos integrais se dedicam a uma visão de “todos os níveis” da consciência e do
comportamento humano, os diversos campos e dimensões e o espectro total dos níveis nos
aspectos intencional, comportamental, cultural e social dos seres humanos.
Esses campos que se constituem em dimensões vibracionais é a Grande Corrente de
que fala Arthur Koestler - A Holarquia - Uma série de círculos ou ninhos concêntricos, cada
nível mais elevado transcendendo, mas incluindo os demais. Wilber (2000) diz que isso é uma
graduação, certamente, mas uma graduação de crescente inclusão e alcance, em que cada
nível mais elevado inclui mais e mais do mundo e seus habitantes, de modo que os alcances
superiores, ou espirituais, da consciência incluem e abrangem tudo.
Os diversos níveis de consciência interior têm correlações em dimensões externas ao
ser. Assim, os seres humanos têm diversos níveis como o corpo, a mente, a alma, o espírito, e
cada um desses níveis têm aspectos intencionais, comportamentais, culturais e sociais. E essa
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abordagem multidimensional é que vem a ser o cerne dos estudos integrais, nesse caso, o
próprio cerne dessa pesquisa.
Desse modo, os estudos integrais podem traçar o espectro da consciência não apenas
em suas manifestações intencionais, mas em suas manifestações comportamentais, sociais e
culturais, enfatizando assim a importância de uma abordagem multidimensional, para uma
visão geral da consciência e do comportamento humano. Ken Wilber (2000) em seus estudos
dá uma visão de “todos os níveis e todos os quadrantes”. Estudos integrais que incluem a
psicologia integral, a antropologia integral, a filosofia integral, a arte integral e a teoria
literária integral, o feminismo integral e a espiritualidade integral.
A teoria aqui desenvolvida para compreensão do desenvolvimento da Consciência
Humana e da Consciência Cósmica, parte da filosofia oriental, mas, não se fixa apenas nesta.
A tentativa é de justamente buscar uma cosmologia a fim de mapear diferentes ondas,
vibrações, campos, planos de consciência que se desdobram da consciência humana ao plano
da Consciência Cósmica, consciência universal. Nesse sentido proponho a articulação de
abordagens filosóficas do oriente e do ocidente, a conexão destas para compreensão de outras
instâncias de realidade, que ainda não tenham sido contempladas por pesquisas científicas que
envolvam essa temática da Consciência.
Nesse capítulo, meu propósito é dar uma visão geral a respeito das vibrações da
consciência nos vários níveis de existência - níveis do ser e do conhecer - que se estendem da
matéria para o corpo, do corpo para a mente, da mente para a alma e da alma para o espírito.
Vibrações de consciência que se constituem a partir do campo eletromagnético humano e
alcançam o Campo de Energia Cósmico, do eu pessoal ao transpessoal, da parte ao Todo.
Cada dimensão maior transcende, porém, inclui suas dimensões menores; concepção de
totalidades dentro de totalidades, do plano mais denso ao mais sutil até a Divindade.
Num movimento constante de expansão, de ordem e desordem, onde totalidades se
constituem dentro de outras totalidades, as dimensões se interrelacionam e mesmo com a
desordem, a vida acaba criando ordem em todo o lugar. A nova e revolucionária idéia
expressa nas teorias do “caos” e da “complexidade” afirma que o universo físico tem uma
tendência inerente para criar ordem.
A vida se reorganiza como uma série de espirais, que cria ordem a partir do caos a
cada volta, e conforme Wilber (2000) essas estruturas novas e mais bem organizadas são
mantidas por vários processos de seleção, que operam em todos os níveis, desde o físico até o
cultural. Nesse sentido, podemos entender que essas estruturas abrangem a dimensão de tudo.
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No início dos anos 80 e final dos 90, o mundo da física se aprofunda na busca de
“uma teoria de tudo” - um modelo que poderia unificar as leis conhecidas do universo numa
teoria abrangente, que explicaria literalmente tudo o que existe. Essa teoria é chamada de
“Teoria das Cordas” ou, teoria M, teoria que promete unificar todos os modelos conhecidos
da física - incluindo o eletromagnetismo, a energia atômica e a gravidade num modelo todo
abrangente. As unidades fundamentais desse supermodelo são conhecidas como “cordas”, ou
fios vibratórios unidimensionais; e, dos vários tipos de “nota” que essas cordas fundamentais
emitem, podem derivar todas as partículas e forças conhecidas no Cosmos.
A teoria M, segundo muitos cientistas, é a “Mãe de todas as teorias” - significa tudo,
M de Matriz, Membrana ou Mistério. Pode ser uma das maiores descobertas de todos os
tempos, um supermodelo revolucionário que fez muitos intelectuais pensarem de modo
diferente porque explica muitas coisas até então inexplicáveis.
No interior dos “quarks”, supostamente existem cordas vibrantes e essas cordas seria
a unidade fundamental de tudo. Mas, as cordas fazem parte de um mundo mais amplo, do qual
são peças importantes, o Cosmos, o Todo de toda existência, a realidade suprema incluído os
reinos, físico, emocional, mental e espiritual, todas juntas. Não apenas a matéria inerte e
inanimada, mas, a Totalidade viva de matéria, corpo, mente, alma e espírito, enfim, tudo, o
Todo, o Cosmos. Wilber (2000, pág. 10) afirma que:
“uma visão integral” - ou uma verdadeira Teoria de Tudo - procura levar em
conta a matéria, o corpo, a mente, a alma e o espírito, assim como
aparecem no ser, na cultura e na natureza. È uma visão que procura ser
abrangente, equilibrada e completa. Portanto, é uma visão que abarca a
ciência, a arte e a moral; que inclui disciplinas como a física, a
espiritualidade, a biologia, a estética, a sociologia, a meditação e a oração
contemplativa; que se apresenta na forma de uma política integral, uma
medicina integral, uma economia integral, uma espiritualidade integral...
O mais importante é entendermos que a visão integral se constitui por uma grande
busca, uma busca constante, que passa por vários processos que inclui a ampliação da
consciência. Pode ser entendida por muitos como um ideal a ser alcançado, por outros tantos,
como utopia, algo impossível, mera ilusão, ou mesmo, loucura de quem possa acreditar que
isso seja possível. Bem, isso não importa!
Como diz Wilber (2000) um pouco de totalidade é melhor do que nada, e, uma visão
integral oferece bem mais totalidade do que as que fragmentam a realidade. Assim, pensarmos
e agirmos baseados numa visão integral nos possibilita sermos um pouco menos
100
fragmentados, e, quem sabe, um pouco mais completos e realizados em nosso cotidiano, em
todas as áreas de nossa vida. O que se procura é o caminho alternativo do holísmo, da
integração de tudo e de todos, para outro mundo mais humano e feliz, que se entende possível.
Quando nos referimos a “integral” queremos dizer ligação, conexão, integração,
reconciliação, junção das partes, união, algo que abarca o Todo. Mas, essa palavra não tem o
sentido de uniformidade e muito menos relação com a tentativa de eliminar as diferenças. É
justamente a idéia de unidade na diversidade, de compartilharmos o que temos de comum e,
ao mesmo tempo, respeitarmos nossas diferenças. Sendo assim, quando falamos em visão
mais integral podemos nos referir a uma visão mais abrangente do Cosmos, onde todas as
coisas estão imbricadas, mas, não se suprime as diferenças.
Na proposta de expansão da consciência está implícita a idéia de ancorarmos as
vibrações do Todo na nossa vida cotidiana, vislumbrarmos do “Poder do Agora”. A partir da
fluidez com o Todo nos colocamos no movimento da vida aceitando as diferenças e sem
resistências, nos despimos desse modo de ser egocêntrico, incorporando uma visão mais
estética, ética, respeitosa e amorosa com a toda vida no cosmos, em todos os níveis de
consciência. Nesse sentido, a fluidez com as vibrações do Todo possibilita a inteireza do ser e
a ampliação da consciência, para essa visão mais abrangente do cosmos.
Buscando essa visão integral do ser e mais abrangente do cosmos, querendo
pretensiosamente entender o sentido dessa existência, me aprofundei em práticas que me
remeteram a teoria da Estética Vibracional. Como o próprio nome já diz teoria que propõe
uma visão estética, com relação a todos os níveis de consciência do universo em diferentes
vibrações. Visão transdisciplinar e multidimensional que se dá a partir da própria conexão
com o Todo. Conexão que se constitui no ato de viver cada instante amorosamente, em
plenitude e fluidez com a Consciência Cósmica no “aqui e agora”.
Na tentativa de dar prosseguimento a pesquisa do doutorado, que está pautada nessa
visão integral do ser e abrangente do Cosmos, se faz necessário alçarmos vôo pelos
pressupostos teóricos que fundamentam a teoria da Estética Vibracional – Um Processo
Multidimensional de Ampliação da Consciência. Teoria desenvolvida no mestrado, que parte
do sensível ao inteligível, do movimento de reversibilidade entre ambos, que conduz à
percepção de relações, do belo em relação a mim, belo percebido, ao belo fora de mim, belo
real a fim de que possamos encontrar a unidade e compreender as vibrações da consciência
em diversos níveis de existência.
Diderot (1968 e 1981) já falava do “belo fora de mim, belo real” e do “belo em relação
a mim, belo percebido”... O que constitui a dimensão universal da estética, sob o caráter
101
variável e fluído da beleza, é a existência de um fundo cultural que conduz à percepção de
relações (...). Situada de beleza na percepção de relações, tem-se a história de seus progressos
no correr dos tempos. Jimenez (1992, 55-6) vai afirmar que, o caráter relativo do belo fica,
assim, enlaçado no desenrolar evolutivo de uma qualidade universal da natureza humana: a
capacidade de perceber relações.
A capacidade de perceber relações faz parte dos fenômenos estéticos, em que a rigor o
domínio de tais fenômenos não está circunscrito pela arte, embora encontre nesta a sua
manifestação mais adequada. Sob esse prisma, o domínio do estético abrange o da arte.
Em busca de entendimento do processo histórico-artístico não podemos deixar de nos
remeter ao esteticismo, traço marcante da sociedade contemporânea que coloca a arte por toda
parte... Conforme Coelho (1985) tudo começa no final do século XIX, quando se tenta
associar arte e indústria, arte e máquina, arte e técnica.
À medida que o século avança tudo - da publicidade à moda, do projeto de máquinas ao
trato corporal - vai incorporando se não pelo processo da arte, pelo menos as aparências
formais da arte. E a vampirização não se faz apenas sobre as formas de arte, mas, também,
sobre seus termos e conceitos, nas q,uais tudo é manipulado do exterior, num discurso sem
conteúdo e sem referente.
Num segundo momento, definiu-se uma estética de publicidade em que a arte ou algo
parecido a isso, começou a seguir as propostas dessa outra “arte” - a publicidade. Coelho
(1985) diz que o
projeto da modernidade implicou o afastamento entre o produtor cultural e
seu público, gerou uma estética de massa, uma estética industrializada, aquilo que a
modernidade chama desdenhosamente esteticismo, onde ocorre uma predominância da
representação sobre o real. Cria-se toda uma ‘cultura de representação’ e apresenta-se essa
cultura como se fosse a cultura. De forma que para unir a arte à vida, se toma a representação
pelo real, ou seja, se cria uma cultura da representação, e não uma cultura do real, da
existência
.
O momento atual, certamente levanta muitos problemas quanto às ligações da arte
com o real, quanto a sua neutralização pelo nivelamento de tudo e pela aceitação (aparente ao
menos) de qualquer coisa. O que podemos perceber é que a arte acaba reforçando certas
condições sócio-políticas, sem conduzir a nenhum mais além, “tudo se equivale” e tudo
“coexiste”, produzem-se objetos que servem aos fins de uma classe social, de um regime
político ou do novo sistema econômico e social supranacional da globalização (que não
aceita, senão o que serve a seus fins) esse sistema atual afeta o campo simbólico.
102
Mas, voltando à questão da estética, que abrange a arte, podemos perceber que a partir
de Kant esta ficou inserida num contexto quase totalmente diferencial revestida de sentidos
originais, que vieram se constituir nas idéias-chave a partir das quais as concepções estéticas
da era moderna se desenvolveram. Para Baumgarten, a estética repousava sobre princípios
intuitivos últimos, sua estética inspirou-se, sobretudo, na idéia de que a Beleza e seu reflexo
nas artes representam uma espécie de conhecimento proporcional à nossa sensibilidade,
confuso e inferior ao conhecimento racional, dotado de clareza e que tende para a verdade.
Kant não aprovava os pressupostos da estética racionalista, também discordava dos
princípios empiricistas. Nem racionalista, nem empiricista, mas filiada a essas duas vertentes
do iluminismo, a estética Kantiana criou uma via intermediária, a idealista, trazendo uma
nova interpretação para a secular relação da estética com o belo e o prazer. Nunes (1989, pág.
13) diz que:
A questão do Belo converter-se-ia, depois de Kant, na questão da
Experiência Estética, diferentemente interpretada pelas diversas tendências
ou correntes do século XIX. A Experiência Estética, em parte sensível e em
parte espiritual, tem caráter valorativo, unindo o subjetivo e o objetivo, o seu
sentido está na consciência dos valores específicos a que nos dá acesso e
que não podemos isolar das formas perceptivas concretas.
A arte enquanto ato, fenômeno social e cultural, relacionada com a totalidade da
existência humana deve estar comprometida com a penetração na vida e com as metamorfoses
do real - arte que chamo aqui de Arte Vibracional. Coube à Fenomenologia, corrente
filosófica de suma importância na atualidade, que se originou das investigações de Husserl
(1938), o papel de introduzir na Estética o critério de que devemos recorrer antes de qualquer
pressuposição acerca da natureza do Belo ou da Arte, à intuição dos fenômenos que se
apresentam a nós, de modo imediato, na Experiência Estética. Tomando a palavra fenômeno
no seu significado grego originário de “phainomenon” (o que aparece ou se manifesta à
consciência).
A estética fenomenológica procura descrever os objetos e os valores de que temos
imediata consciência e em função da vivência, nos possibilitar intuir a essência do poético, do
pictórico, do trágico, do cômico, do sublime e mais... O sentir segundo Merleau-Ponty (1971)
é comunhão e coexistência, nesse enfoque se toma o sensível como condição que precede as
determinações perceptivas, as sínteses conceituais nas quais e pelas quais se constitui o
teórico. A estética fenomenológica nos remete à questão dos fenômenos que aparecem ou se
103
manifestam à consciência na Experiência Estética. Nessa dimensão de estética, a capacidade
de perceber relações se dá em função da vivência, na qual emoção e razão estão imbricadas no
processo de conhecimento e não existe separação entre ser e mundo, mas interação entre
ambos.
A Estética Vibracional está calcada na estética fenomenológica e vai se constituir a
partir dos seguintes conceitos: Consciência, Contínuo e Descontínuo, Experiência Estética e
Imaginação Simbólica. A Consciência é dada pela neurociência e pela junção da neurociência
com a física, o Contínuo e o Descontínuo pela filosofia da física e semiótica, a Experiência
Estética e a Imaginação Simbólica pela semiótica. Esses conceitos a que me referi são
sintetizados como significações constituídas como Campos Vibracionais e Campos Híbridos.
A Estética Vibracional toma sentido assim, a partir da compreensão dos Campos Vibracionais
e dos Campos Híbridos como Significação.
O primeiro conceito que fundamenta a Estética Vibracional é o conceito de consciência,
mas, para entendê-lo é necessário partir do caminho da fragmentação da consciência, ou seja,
a abordagem racionalista. Um aspecto importante da concepção racionalista é o de que para
alcançar os melhores resultados, as emoções têm de ficar de fora, a razão deve “falar mais
alto”. Descartes (1650) é o símbolo que representa um conjunto de idéias acerca do corpo, do
cérebro e da mente que, de uma maneira ou outra, continuam a influenciar as ciências e as
humanidades no mundo ocidental.
A preocupação é dirigida tanto a noção dualista com a qual Descartes separa a mente do
cérebro e do corpo, como o sentido que se dá a essa noção: por exemplo, a idéia de que mente
e cérebro estão relacionados mas, apenas no sentido de o primeiro não conseguir sobreviver
sem a manutenção que o segundo lhe oferece.
Segundo Descartes (1650) a mente e o cérebro estão relacionados, mas, apenas no
sentido de a mente ser o programa que corre numa parte do cérebro, a mente é um fenômeno
cerebral. A afirmação de Descartes “Penso, logo existo”, sugere que pensar e ter consciência
de pensar são os verdadeiros substratos de existir. E como sabemos Descartes via o ato de
pensar como uma atividade separada do corpo, essa afirmação reafirma a separação da mente,
a “coisa pensante”, do corpo não pensante.
O erro de Descartes é a separação que coloca entre o corpo e a mente, o pensar e o
sentir, entre a substância corporal, divisível, com dimensões e com um funcionamento
mecânico de um lado, e a substância mental, indivisível, sem dimensões e intangível de outro;
também a afirmação de que o raciocínio, o juízo moral e o sofrimento proveniente de dor
física ou agitação emocional poderiam existir independentes do corpo. Mais especificamente,
104
sua afirmação cria um abismo entre corpo e a mente, a separação das operações refinadas da
mente, de um lado, e da estrutura e funcionamento do organismo biológico, de outro.
A explicação cartesiana é de que a mente pode ser explicada em termos de fenômenos
cerebrais, deixando de lado o resto do organismo e o meio ambiente físico e social - e, por
conseguinte, excluindo o fato de parte do próprio meio ambiente ser também um produto das
ações anteriores do organismo. A mente segundo Damásio (1996) está diretamente
relacionada com a atividade cerebral, mas certamente esta formulação é restritiva, incompleta
e insatisfatória em termos humanos. Damásio (1996, pág. 282) afirma que:
a compreensão da mente humana requer a adoção de uma perspectiva do
organismo; que não só a mente tem de passar de um ‘cogitum’ não físico
para o domínio do tecido biológico, como deve também ser relacionada com
todo o organismo que possui cérebro e corpo integrados e que se encontra
plenamente interativo com um meio ambiente físico e social.
A mente incorporada que Damásio concebe não renuncia aos seus níveis mais refinados
de funcionamento, aqueles que constituem sua alma e seu espírito. Para Damásio (1996) o que
se passa é que a alma e o espírito, em toda a sua dimensão humana, são os estados complexos
e únicos de um organismo, opostamente a afirmação dualista de Descartes, busca as relações
entre razão, sentimentos, emoções e comportamento social.
Na visão de Damásio, sentimentos e emoções são percepções diretas de nossos estados
corporais e constituem um elo essencial entre o corpo e a consciência. Afirma que os
sentimentos exercem uma forte influência sobre a razão, que os sistemas cerebrais necessários
aos primeiros, se encontram enredados nos sistemas necessários à razão e que esses sistemas
específicos estão interligados com os que regulam o corpo. Para ele, os sentimentos parecem
depender de um delicado sistema com múltiplos comportamentos, que é indissociável de
regulação biológica e a razão parece na verdade, depender de sistemas cerebrais específicos,
alguns dos quais processam sentimentos. Assim, pode existir um elo de ligação entre razão e
sentimentos e entre esses e o corpo.
Damásio nos leva a crer que uma pessoa incapaz de sentir pode até ter o conhecimento
racional de alguma coisa, mas será incapaz de formar decisões com base nessa racionalidade,
dessa forma pensar e sentir, estão imbricados no processo de conhecimento que se opõe à
visão cartesiana, tirando o espírito do seu pedestal, para colocá-lo dentro de um organismo
que possui cérebro e corpo totalmente integrados, chamando a atenção para a complexidade,
finitude e singularidade que caracterizam o sentimento.
105
Existir e sentir, logo pensar, esse é o propósito de sua racionalidade, de forma que o
processo de viver uma emoção não é uma qualidade mental ilusória associada a um objeto,
mas sim a percepção direta de uma paisagem específica: a paisagem do corpo. E no momento
em que juntamos pensamento e sentimento, já temos um tipo de multidimensionalidade, em
função de que esta abarca instâncias de realidade de níveis mais sutis, como a mente, o
espírito, a consciência, até o corpo mais denso, como o corpo físico.
Damásio (1999) afirma que a consciência vai de seus níveis elementares aos mais
complexos, é o padrão mental unificado que reúne o objeto e o “self”, porém elucida o
problema do “self” de uma perspectiva biológica. A consciência é colocada em termos
mentais, sua constituição é no cérebro humano. A consciência é um fenômeno privado que
ocorre na mente ainda que, a consciência e a mente estejam vinculadas a comportamentos
externos que possam ser observados por outras pessoas.
Segundo Damásio (1999, pág. 44), a consciência introduz a possibilidade de construir
na mente algum equivalente das especificações reguladoras ocultas no ‘núcleo do cérebro’,
um novo modo de o ímpeto de viver impor suas demandas e de o organismo agir com base
nelas
A idéia de consciência abordada por Damásio, quanto à visão biológica e cérebro-
cêntrica é agora ampliada por Wilber (1998) que coloca a consciência para além do corpo
biológico, uma consciência sem fronteiras, que se expande muito além dos limites restritos da
mente e do corpo. A consciência sem fronteiras dada em Wilber ultrapassa a idéia de que de
um lado existe o eu (sujeito), o que pensa, sente e vê, e do outro está tudo que não sou eu, o
mundo dos objetos lá fora, o meio ambiente, estranho e separado de mim. A noção do eu
expande-se e inclui sem omissões tudo o que foi considerado fora do ser. A noção que a
pessoa tem de identidade transfere-se para o universo inteiro, para todas as dimensões e
mundos, manifestos e não manifestados, sagrados e profanos.
Wilber (1998) afirma que no universo não existem limites, que estes são ilusões,
produtos não da realidade, mas do modo como o mapeamos e o organizamos. Não se trata
apenas da inexistência de limites entre opostos, mas num sentido mais amplo, não existem
limites divisórios entre quaisquer coisas, de situações em lugar algum do cosmos. Cada limite
que construímos em nossa experiência resulta numa limitação de nossa consciência, ou seja,
nossas criações mentais são confundidas com a própria realidade, dessa forma o mundo real
aparece como algo fragmentado, desconjuntado.
O autor ressalta ainda, que a consciência da unidade é a simples consciência do
verdadeiro território sem limites. Se a realidade é uma condição sem limites, então a
106
consciência da unidade é o estado natural da consciência que reconhece essa realidade. Em
resumo, a consciência da unidade é a consciência sem limites.
O mundo real sem limites é a consciência da unidade, que é o verdadeiro território sem
limites. Certamente, todos e quaisquer limites são obstáculos à consciência da unidade. O que
sinto ser o mundo objetivo lá fora é a mesma coisa que sinto ser o eu subjetivo aqui dentro. A
separação entre a pessoa que vivencia e o mundo das vivências não existe, e, portanto, não
pode ser encontrada.
Wilber (1998, pág. 84) diz que:
viver na consciência da unidade é viver dentro do momento atemporal e
como momento atemporal, pois nada como a mácula do tempo oculta de
forma tão completa a ‘luz divina.’ Nas palavras de Meister Eckhart, o tempo
é o que impede a luz de chegar até nós. O maior obstáculo no caminho que
leva a Deus (consciência da unidade) é o tempo e não apenas o tempo,
mas as temporalidades; não apenas as coisas temporais, mas os afetos
temporais e, além destes, a própria cor e o odor do tempo.
O momento presente é um momento atemporal, é um momento eterno - um momento
sem passado nem futuro, antes nem depois, ontem nem amanhã, o que não quer dizer ignorar
o passado e o futuro, mas entender que não existe passado e futuro. Passado e futuro são
produtos ilusórios de um limite simbólico sobreposto ao agora, limite simbólico que divide a
eternidade em ontem e amanhã, antes e depois, o que passou e o que está por vir. Logo, o
tempo é uma ilusão que, antes de tudo o mais, não existe.
Wilber diz, também, que a consciência da unidade é o estado natural do ser, seu único
eu verdadeiro. Uma consciência que transcende o indivíduo e revela a pessoa, algo que vai
muito além dela mesma. A consciência profunda que a pessoa tem de si mesma, pode elevá-la
para fora de si até o mundo do sutil e do transpessoal. Wilber diz que a pessoa possui nos
recessos mais profundos de seu ser, um eu transpessoal, ou um eu que transcende sua
individualidade e o une a um mundo situado além do espaço e do tempo convencionais. Jung
(1979) também explorou aspectos significativos do domínio transpessoal da consciência
humana, reconheceu inteiramente esses níveis mais elevados.
Segundo Jung no fundo do ser de cada pessoa encontra-se a mitologia da transcendência
- imagens primordiais ou arquétipos, que não pertencem a um único indivíduo, mas são
coletivas, transcendentes. Jung afirma que o cérebro de cada pessoa pode conter formas
simbólicas universais essencialmente idênticas àquelas de todos os outros cérebros humanos
107
normais. O cérebro desenvolveu certos métodos básicos (e nesse sentido “mitológicos”) de
perceber e compreender a realidade. Esses métodos básicos (imaginativos e mitológicos) de
compreender a realidade são os arquétipos. Toda a pessoa pode abrigar dentro de si os
mesmos arquétipos mitológicos básicos. Jung chamou esse nível profundo da psique de
inconsciente coletivo.
Wilber (1998, pág. 158) ressalta que, viver a vida mitológicamente significa começar a
compreender o transcendente, vê-lo vivo na própria pessoa, na própria vida, no trabalho, nos
amigos e no meio ambiente. A mitologia nos abre exatamente para esse mundo de
transcendência.
Assim, para Wilber o mundo real sem limites à linguagem é a imagética da mitologia
estão muito mais próximos dessa realidade do que o pensamento linear, lógico e abstrato. A
mitologia começa a transcender os limites - limites de espaço e tempo e os opostos em geral -
e, apenas por essa razão, a consciência mitológica está a um passo mais próximo do mundo
real. Dessa maneira, viver mitológicamente significa começar a abrir-se para um mundo
expansivo de ausência de limites, o que não significa abandonar o mundo convencional dos
limites e nos atirar em fantasias míticas, mas nos abrir para a transcendência mitológica e
trazer essa consciência para o mundo convencional, revitalizando a existência ao uni-la
novamente a uma origem mais profunda do que ela mesma.
Goswami (1998), assim como Wilber, se remete à consciência como algo que se
expande muito além dos limites da mente e do corpo biológico pressupondo uma consciência
não local, seja, uma "consciência cósmica." Para Goswami (1998, pág. 16), a consciência é
algo transcendental fora do espaço tempo, não local, e que está em tudo. Embora seja a única
realidade, só podemos vislumbrá-la através de ação que cria os aspectos material e mental de
nossos processos de observação.
Afirma Goswami (1998) que a potência causal do sistema quântico do cérebro-mente
tem origem na consciência não local, que produz o colapso da função de onda da mente e que
experencia o resultado de tal colapso. O experimentador - o sujeito - é não local e unitivo, só
há um único sujeito da experiência. Objetos surgem procedentes de um domínio de
possibilidades transcendentes e descem para o domínio da manifestação, quando a
consciência não-local unitiva produz o colapso de suas ondas, mas argumenta também que o
colapso tem que ocorrer na presença da percepção de um cérebro-mente, a fim de que a
medição seja completada.
Na medida em que ultrapassamos os limites podemos nos sentir "todos em um e um em
todos", (o que não significa negar as diferenças e as individualidades), mas entender a
108
realidade como uma rede não dual de padrões, e termos consciência da unidade e da inter-
relação de todas as coisas e eventos, a experiência de todos os fenômenos do mundo como
manifestações de uma unidade básica.
Segundo Capra (1983, pág. 103), todas as coisas são encaradas como partes
independentes e inseparáveis do todo cósmico, como manifestações diversas da mesma
realidade última. Capra afirma que a unidade básica do universo é uma das mais importantes
revelações da física moderna. Essa unidade torna-se evidente no nível do átomo e se
manifesta com crescente intensidade à medida que penetramos mais fundo na matéria rumo ao
reino das partículas subatômicas. Capra e outros físicos afirmam que a natureza se apresenta
da seguinte forma: uma partícula elementar não é uma entidade não-analisável e portadora de
existência independente. É, em essência, um conjunto de relações que se voltam para fora em
direção a outras coisas.
A teoria quântica revela assim um estado de interconexão essencial do universo. Ela
mostra que não podemos decompor o mundo em suas menores unidades capazes de existir
independentemente. No nível quântico das partículas subatômicas, toda matéria é constituída
literalmente por campos de energias particularizadas e condensadas, (luz congelada).
Complexos agregados de matéria (isto é, moléculas) são na verdade campos de energias
especializadas. As unidades subatômicas da matéria são entidades extremamente abstratas e
dotadas de um aspecto dual. Dependendo da forma pela qual as abordam aparecem às vezes
como partículas, às vezes como ondas. No nível subatômico os objetos materiais sólidos
dissolvem-se em padrões de probabilidade semelhante a ondas, esses padrões em última
instância não representam probabilidades de coisas, mas, sim, probabilidade de interconexões.
Capra (1983, pág. 112) assinala que:
A teoria quântica aboliu a noção de objetos fundamentalmente separados e
começa a incluir a consciência humana em sua descrição de mundo. Ela foi
levada a ver o universo como uma teia interligada de relações físicas e
mentais cujas partes só podem ser definidas através de suas vinculações
com o todo.
As fundamentações teóricas de Wilber, Goswami e Capra nos levam a crer que a
consciência não é um fenômeno, ao invés disso, tudo o mais é fenômeno na consciência. A
consciência deve ser experenciada para ser compreendida. O conceito de consciência é o
primeiro argumento deste trabalho que estou chamando de Estética Vibracional. Assumo o
conceito de consciência fundamentado nas teorias de Wilber e Goswami.
109
A consciência a que me refiro na teoria da Estética Vibracional é a "Consciência
Cósmica” ou “Vibracional", que trabalha a idéia da existência de campos sutis - como forma
de extensão da anatomia humana, em que o arranjo molecular do corpo físico é na verdade
uma complexa rede de campos de energia entrelaçados e em interconexão com os campos de
energia cósmica. O universo é cheio de campos criadores de forças, que interagem uns com os
outros, no que matéria e energia são intercambiáveis, e energia transforma-se em matéria e
matéria em energia. Portanto, ao me referir à Consciência Cósmica, me remeto à idéia de
campo e de energia.
O reconhecimento de que toda matéria é energia constitui, portanto, a base para
compreendermos por que os seres humanos podem ser considerados sistemas energéticos
dinâmicos. Por meio da equação E=mc
2
Albert Einstein provou que energia e matéria são duas
manifestações diferentes da mesma substância universal. Essa substância universal é a energia
ou vibração básica, da qual todos nós somos constituídos.
E=mc
2
a teoria da relatividade afirma-nos que a massa nada mais é que uma forma
de energia. A energia não só pode assumir as diversas formas conhecidas
na física clássica como pode, igualmente, ser aprisionada na massa de um
objeto. A quantidade de energia contida, por exemplo, uma partícula é igual
à massa da partícula, m, multiplicada por c
2
, o quadrado de velocidade de
luz. Uma vez encerrada como uma forma de energia deixa-se de exigir da
massa que seja indestrutível; ela pode, agora, ser transformada em outras
modalidades de energia.
Gerber (1988) diz que a rede energética, que representa a estrutura física-celular, é
organizada e sustentada pelos sistemas energéticos “sutis”, os quais coordenam o
relacionamento entre a “força vital” e o corpo. Afirma o autor, que há uma hierarquia de
sistemas energéticos sutis que coordenam tanto as funções eletrofisiológica e hormonal, como
a estrutura celular do corpo físico. Esses singulares sistemas de energia são intensamente
afetados tanto pelas nossas emoções quanto pelo equilíbrio espiritual, como por fatores
nutricionais e ambientais.
A matéria tal como a luz, vibra numa determinada freqüência ou freqüências. Quanto
maior for à freqüência de vibração da onda, menos densa ou mais sutil ela será. O “corpo
etérico”
é constituído de matéria que vibra numa freqüência mais elevada que a do corpo
físico e que é chamada matéria sutil. O movimento da força vital para dentro dos sistemas
fisiológico-celular é controlado não apenas por padrões de interferência sutis, existente no
110
interior do corpo etérico, como também pela entrada de energia de freqüências mais elevadas
- do Campo de Energia Cósmica, no sistema energético humano.
Gerber (1988), afirma ainda que a conexão invisível entre o corpo físico e as forças sutis
do espírito detém a chave para compreensão dos relacionamentos internos entre matéria e
energia. Os modelos através dos quais as energias se cristalizam em matéria dependem das
formas sutis de expressão que já existem em níveis etérico e superior do universo
multidimensional. A consciência expandida é uma importante ferramenta para a exploração
do universo holográfico e do ser humano multidimensional.
A Estética Vibracional ao conceber o ser humano como um organismo
multidimensional, constituído de sistemas físico-celulares em interação dinâmica com
complexos campos energéticos sutis busca, também, significações quanto à questão do
sensível para o corpo vibracional. Trabalhar a idéia de corpo nesse sentido é afirmar que o
sensível para o multidimensional é o próprio efeito, a “Estesia”, a imagem simbólica do
contínuo. Segundo Greimas (1997 pág. 14-15):
apenas a existência homogênea, tornada tal pela mediação do ‘corpo que
sente’ permite que o mundo enquanto ‘estado de coisas’ seja “rebaixado” ao
‘estado do sujeito’. A homogeneização institui uma equivalência formal entre
‘os estados de coisas’ e os ‘estados de alma’ do sujeito.
O mundo enquanto “estado de coisas” segundo Greimas (1997) vê-se transferido ao
“estado do sujeito” isto é, o mundo é reintegrado no espaço interior uniforme do sujeito,
ocorre uma existência homogênea entre o estado de coisas, transformado ou transformável, e
o estado de alma do sujeito através de uma mediação somática e “sensibilizante” como uma
ondulação contínua, capturável entre outras, sob a forma de variações de intensidade e de
emaranhados de processos, sendo as ondulações, simples “efeitos de sentido.” O sujeito está
no mundo como um ser que percebe e como um ser que sente apropriando-se e metaforizando
não apenas o mundo, mas também a existência. Greimas (1997) em seu livro De La
Imperfeccion vai afirmar que:
A experiência estética é um evento extraordinário enquadrado pela
cotidianidade (p. 19), é uma surrealidade englobada pela realidade (p. 32).
Nela o tempo pára, o espaço fixa-se (p. 15-16) e ocorre um sincretismo
entre o sujeito e objeto (p. 31), que estão disjuntos na temporalidade de
todos os dias. Rasga-se o parecer imperfeito, ‘condição do homem’ (p.9) e
111
aparece a ‘nostalgia da perfeição’, oculta pela tela da ‘imperfeição’, que
constitui a realidade cotidiana (p.17).
Todo o objeto é digno de consideração, é um mundo em si. No plano físico em nível de
pura sensação - as partículas de matéria resplandecem em cores e se introduzem nos olhos - aí
se realiza a conjunção do objeto e do sujeito, em que o sujeito é absorvido pelo espaço em
expansão que, onipresente, lhe absorve por completo. Aqui estamos em presença de uma
estesia que chega aos limites máximos da consciência do sujeito que se dissolve no universo,
por sentir-se pleno e inteiro com este.
Greimas (1997) diz que o efeito de sentido produzido é a instalação de um significante
“purificado” apropriado para convocar um novo sentido; porém também é a detenção do
tempo, característica da captura estética. A estesia gera uma fusão momentânea do homem e
do mundo que reúne ao mesmo tempo, a paixão da alma e do corpo. A captura estética pode
ser interpretada, portanto, como uma conjunção do sujeito com o mundo, neste momento
todas as sinestesias são possíveis.
Greimas (1997) deixa isso claro quando afirma que a trama da cotidianidade, a espera, a
ruptura de isotopia que é uma fratura, o transtorno do sujeito, o estatuto particular do objeto, a
relação sensorial entre ambos, a unicidade da experiência, a espera de uma total conjunção
por vir: eis aqui alguns elementos constitutivos da captura estética.
A fusão do sujeito com o objeto dado na fratura da cotidianidade leva a outra dimensão,
em que se alteram a espacialidade e a temporalidade do cotidiano. O sujeito deixa a realidade
da existência, para viver durante o “Catarse
, o sujeito descarrega o peso da realidade
cotidiana. Aristóteles transportou para o universo estético o sentido medicinal e religioso do
termo. A Catarse é a libertação daquilo que gera o desequilíbrio, com vistas à reequilibração.
A realidade oculta vem sobre o sujeito e o imaginário aparece como uma potencialidade
construtora do objeto, e as novas significações são dadas na conjunção íntima, absorvente,
com o sagrado, carnal e espiritual ao mesmo tempo. As imagens adquirem significados ao
manifestarem-se através da estesia, na interação dos campos de energia humanos e universais.
A Consciência Cósmica vai se manifestar assim, pela inteligência da alma, pela imaginação
criadora gerando imagens simbólicas que se configuram no nível da matéria por um tipo de
texto característico de substância vibracional, que se expressa através de cores e formas
contínuas como a Mandala, com formas geométricas: pontos, linhas, círculos, triângulos,
quadrados, losangos.
112
A imaginação dinâmica, segundo Bachelard (1988), ultrapassa a imaginação formal
permitindo conceber os símbolos enquanto “símbolos motores” que recuperam os
“arquétipos” de Jung, mas, de uma maneira dinâmica, nos permitindo falar numa
polissignificação do símbolo, no qual os elementos aparecem como um “sistema de
virtualidades múltiplas”. O “irreal” e o “real” não surgem como fuga, mas se constituem
como um “dinamismo do espírito” que não tem como finalidade privar o homem da sua
função do real, mas estabelecer um equilíbrio fecundo a fim de que se chegue a uma
“ontologia da imaginação”.
A imaginação não é secundária em relação à percepção, neste sentido a imagem é um
campo privilegiado para manifestação de um “sentido em estado nascente”, é manifestação
ativa. A imaginação começa por que instaura e inaugura, e a razão assim recomeça
incessantemente. As imagens nascem da aproximação de duas realidades separadas, e quanto
mais essas realidades aproximadas forem distantes do sentido habitual, mais a imagem se
torna intensa, com mais potência emotiva, torna-se realidade poética.
A imagem abaixo surgiu no meu imaginário pela aproximação de duas realidades
separadas após uma meditação, uma conexão com dimensões sutis, imagem que se configura
num losango em cores rosa, violeta e verde limão. Na tentativa de que essa imagem dada por
uma realidade poética se tornasse conhecimento revelado, tentei compreender seu sentido, que
num primeiro momento foi constatado num livro de misticismo.
Figura 1 - CONFIGURAÇÃO DE UMA IMAGEM SIMBÓLICA
113
Segundo tal livro a imagem simbólica trata da “Árvore da Vida”, da Cabala, da
Alquimia, da criação da realidade do plano mais sutil o mais denso, da dança incessante do
cosmos. No dia seguinte, estudando física quântica pude constatar a semelhança dessa
imagem simbólica com o diagrama de Feynman (que representa uma dança do “vazio”
tornando-se forma e a forma tornando-se “vazio”), e poder estabelecer relação entre as
figuras.
A imaginação imediatamente surgiu como movimento da consciência no seu sentido
mais profundo, no momento de relacionar as duas figuras eu constatava que a teoria da
Estética vibracional - Um Processo Multidimensional de Ampliação da Consciência deveria
estar baseada na relação da ciência com a espiritualidade, a partir da conexão da filosofia
ocidental com a oriental.
Assim, podemos constatar que a imaginação vai aparecer como uma força e como um
movimento da consciência que vai ao mundo, provocando-o para nomeá-lo e recriá-lo.
Bachelard (1988) afirma que existe uma imaginação das formas e das matérias e uma
imaginação das forças e do movimento. A imaginação das formas e matérias corresponde a
uma imaginação dos movimentos e das forças, ou seja, a imaginação é dinâmica por natureza,
em um sentido; por outro lado, ela o é por seu objeto.
A imaginação é dinâmica, uma potência de transformação, por ser um movimento da
consciência que se “lança ao real”. Na realidade a imaginação é um devir, de maneira que as
imagens no encontro com o sensível surgem numa instância diferente das idéias. O
dinamismo do objeto imaginado depende do dinamismo da imaginação que anima o
elemento.
As imagens “energéticas” não se reduzem a uma imaginação formal, pois são os termos
da imaginação pura, de uma imaginação que vai ao real. A imagem ressalta o dinamismo da
imaginação e pode ser interpretada como símbolo que não se reduz a sua significação
conceitual e aparece como multiplicadora do real. A imagem é símbolo provido de uma
unidade indissociável - enquanto a imagem é um dado imediato da consciência, o corpo
inteiro também colabora na constituição da imagem. A imaginação só passa a merecer esse
nome na medida em que atende a uma realidade superior, ou “surrealidade”, domínio do
desconhecido, mas realidade de direito, pois, imaginando-a não se faz senão reconhecer sua
existência.
A ordenação das imagens se dá segundo regras de analogia, inversão, contradição e
elevação ao nível cósmico. A imaginação participa da vida do universo e em troca, o universo
participa da vida da imaginação, os dois se fundem. À vontade de viver encontra seu
114
cumprimento em uma vontade de imaginar, e esta não é senão uma vontade de viver além da
natureza, isto é, da natureza imaginária que se realiza a unidade da natureza. O símbolo vai
constituir-se como um modo de conhecimento, como mensagem imanente do invisível, jamais
explícito. Bachelard (1988, p.103) enfatiza o potencial de criatividade da imaginação ao
afirmar que: a imaginação produz espontaneamente suas imagens sem a segurança da
memória e da percepção ou do resíduo de experiência anterior.
Após discorrer sobre a questão da Consciência, do Contínuo, Descontínuo e da
Experiência Estética, passo a me referir à Imaginação Simbólica, como é por mim
compreendida na tentativa de trazer os pressupostos teóricos que fundamentam a Estética
Vibracional. A Estética Vibracional se constitui ainda, a partir da compreensão dos Campos
Vibracionais e dos Campos Híbridos como significação que serão tratados a seguir.
115
CAMPOS VIBRACIONAIS
O acesso a novos fenômenos físicos que não podiam ser mais descritos pela física de
Newton, e a investigação de fenômenos eletromagnéticos levaram ao conceito de campo. Tal
conceito introduzido por Faraday e Maxwell era definido como condição de espaço capaz de
produzir uma força sobre qualquer outra carga nesse espaço. A antiga mecânica newtoniana
interpretava a interação das “partículas” carregadas positiva e negativamente, como prótons e
elétrons, dizendo que os dois tipos de partículas se atraem como duas massas. Entretanto os
físicos entenderam que seria mais apropriado usar o conceito de campo e dizer que cada carga
cria uma “perturbação” ou “condição” no espaço à sua volta, de modo que a outra carga,
quando presente sente uma força. Segundo Zukav (1989) nasceu assim, o conceito de um
universo cheio de campos criadores de forças que interagem umas com as outras.
Capra (1983) afirma que a unidade e a inter-relação entre um objeto material e seu
meio, manifestada em escala macroscópica na teoria geral da relatividade, aparece ainda mais
notáveis em nível subatômico. Neste nível, as idéias da teoria clássica do campo são
combinadas com as da teoria quântica, de modo a descrever as interações entre as partículas
subatômicas. Diz Capra que a outra teoria clássica do campo, a Eletrodinâmica, foi fundida à
teoria quântica, na chamada teoria “Eletrodinâmica Quântica” que descreve interações
eletromagnéticas entre as partículas subatômicas. Essa teoria incorpora tanto a teoria quântica
quanto à da relatividade.
Segundo Capra, a nova característica da eletrodinâmica quântica deriva da combinação
de dois conceitos, ou seja, o do campo eletromagnético e dos ”fótons” como manifestações,
sob a forma de partículas, das “ondas eletromagnéticas”. Uma vez que os fótons também são
ondas eletromagnéticas, e uma vez que essas ondas são campos vibratórios, os fótons devem
ser manifestações de campos eletromagnéticos. Resulta daí o conceito de um “campo
quantizado”, isto é, de um campo que pode assumir a forma de “Quanta” ou de partículas.
Trata-se, de fato, de um conceito que foi ampliado de modo a descrever todas as partículas
subatômicas e suas interações sendo que cada tipo de partíula corresponde a um campo
diferente.
Zukav (1989) diz que nessas “teorias quânticas dos campos”, o contraste clássico entre
as partículas sólidas e o espaço circunvizinho é superado. O campo quantizado é concebido
como entidade física fundamental, um meio contínuo que está presente em todos os pontos do
espaço. Assim, as partículas não passam de condensações locais do campo, concentrações de
116
energia que vêm e vão, perdendo desse modo seu caráter individual e se dissolvendo em
campos subjacentes.
A Teoria Quântica dos campos segundo Zukav (1989, pág. 204):
Baseia-se na premissa de que a realidade física é essencialmente
insubstancial. De acordo com a Teoria dos campos, unicamente os Campos
são reais. Eles são a substância do universo e não a ‘matéria’. A matéria
(partículas) é simplesmente uma manifestação momentânea da interação
dos campos, os quais, intangíveis e insubstanciais como são, constituem as
únicas coisas reais do universo. Suas interações se assemelham às
partículas porque os campos interagem entre si de maneira muito abrupta e
em regiões do espaço extremamente pequenas.
O conceito de campo quântico se revela então como um paradoxo, na medida em que
nos remete a algo que não é mais isto ou aquilo, mas ambas as coisas. Einstein (1915)
afirmava que se pode considerar a matéria como constituída por regiões do espaço na qual o
campo é extremamente intenso, de modo que não há lugar para campo e matéria, pois o
campo é a única realidade. Capra (1988) diz que posteriormente ao aparecimento do conceito
de Campo, os físicos tentaram unificar os diversos campos num único campo fundamental
que incorporaria todos os fenômenos físicos. Einsten, em particular, passou os últimos anos
de sua vida na busca desse campo unificado. Campo que pode ser encarado como campo
unificado fundamental do qual emergem não apenas os fenômenos estudados na física, como
também todos os outros fenômenos.
A realidade subjacente a todos os fenômenos está além de todas as formas e desafia
qualquer descrição e especificação. Por isso freqüentemente se diz que ela é sem forma, vazio
ou “vácuo”. Mas essa vacuidade não deve ser encarada como simples nada, ao contrário, ela é
essência de todas as formas e a fonte de toda vida. O vácuo possui um potencial criativo
infinito que gera todas as formas do mundo dos fenômenos. Capra (1988) afirma que o campo
quântico da Física Subatômica, origina uma variedade de formas, que mantém e,
eventualmente, reabsorve.
O autor diz que as manifestações fenomênicas do vácuo, à semelhança das partículas
subatômicas, não são estáticas e permanentes, mas dinâmicas e transitórias, surgindo e
desaparecendo numa dança incessante de movimento e energia. O conceito de campo
quantizado na física moderna é concebido, portanto, como uma forma tênue e não perceptível
de matéria presente em todo espaço e que pode condensar-se em objetos materiais sólidos. O
campo se condensa e se dispersa ritmicamente gerando todas as formas que, eventualmente se
117
dissolvem no vácuo. Na teoria quântica dos campos, o campo não é apenas a essência
subjacente a todos os objetos materiais, como igualmente, transporta suas interações mútuas
sob a forma de ondas.
O autor diz que, as manifestações fenomênicas do vácuo, à semelhança das partículas
subatômicas, não são estáticas e permanentes, mas dinâmicas e transitórias, surgindo e
desaparecendo numa dança incessante de movimento e energia. O conceito de campo
quantizado na física moderna é concebido, portanto, como uma forma tênue e não perceptível
de matéria presente em todo espaço e que pode condensar-se em objetos materiais sólidos. O
campo se condensa e se dispersa ritmicamente gerando todas as formas que, eventualmente se
dissolvem no vácuo. Na teoria quântica dos campos, o campo não é apenas a essência
subjacente a todos os objetos materiais, como igualmente, transporta suas interações mútuas
sob a forma de ondas.
A física moderna desviou nosso olhar do que é visível - as partículas - para o campo. A
presença da matéria é simplesmente uma perturbação do estado perfeito do campo nesse
lugar; algo acidental. Assim para a física quântica, não existem leis simples que descrevam as
forças entre as partículas elementares. Capra (1988, pág. 163) diz que com o conceito de
campo quantizado, a física moderna encontrou uma resposta para a questão da matéria, que
consisti em átomos indivisíveis ou num “continuum” subjacente: o campo é um continuum
que está presente em todos os pontos do espaço e, contudo, em seu aspecto de partícula,
apresenta uma estrutura ‘granular’, descontínua.
Os conceitos aparentemente contraditórios são unificados e vistos como aspectos
diferentes da mesma realidade. Capra (1988) afirma que numa teoria relativística, a unificação
dos dois conceitos opostos ocorre de forma dinâmica; os dois aspectos da matéria se
transformam incessantemente um no outro. As teorias de campo da física moderna levaram-
nos não só a uma nova visão das partículas subatômicas, mas, também modificaram, e de
forma decisiva, nossas noções acerca das forças entre essas partículas. O conceito de campo
estava vinculado ao conceito de força; mesmo na teoria quântica dos campos, está ainda
associado às forças entre partículas.
Diz o autor (1988), que o conceito de força deixa de ser útil na física subatômica, pois,
no mundo subatômico não existem tais forças, mas apenas interações entre partículas,
mediadas através de campos, isto é, através de outras partículas. Assim se fala em interações
em vez de forças e segundo a teoria quântica dos campos, todas as interações ocorrem através
da troca de partículas e as forças entre essas aparecem como propriedades intrínsecas das
mesmas. Admite-se agora que força e matéria, os dois conceitos separados no atomismo grego
118
e newtoniano, possuem uma origem comum nos padrões dinâmicos a que chamamos
partículas. As forças dessa forma representam a harmonia do movimento dentro das coisas,
sendo adequadas à teoria quântica dos campos em que se considera que as forças entre as
partículas refletem padrões inerentes a essas partículas.
As teorias de campo da física moderna nos levam a abandonar a distinção clássica entre
as partículas materiais e o vácuo. A teoria de campo da gravidade, de Einstein, e a teoria
quântica dos campos mostram que as partículas não podem ser separadas do espaço que as
circunda. Por outro lado, determinam a estrutura daquele espaço, ao passo que não podem ser
encaradas como entidades isoladas, mas em vez disso, como condensações de um campo
contínuo que se acha presente por todo espaço. Na teoria quântica dos campos, o campo é
visto como a base de todas as partículas e de suas interações mútuas. o campo existe sempre e
por toda parte; jamais pode ser removido. É o portador de todos os fenômenos materiais. A
existência e o desaparecimento das partículas não passam de formas de movimento do campo.
A distinção entre matéria e espaço vazio teve finalmente de ser abandonada quando se
tornou evidente que as partículas virtuais podem passar a existir espontaneamente a partir do
vácuo e desaparecem novamente neste último, sem que esteja presente qualquer partícula que
interaja fortemente. O “vácuo físico” como é denominado na teoria de campo - não é um
estado de um simples nada, mas contém a potencialidade para todas as formas do mundo das
partículas.
Figura 2 - DIAGRAMA DE FEYNMAN DE UMA INTERAÇÃO DE TRÊS PARTÍCULAS
Neste diagrama nenhuma linha de universo conduz à interação e nenhuma linha de
universo afasta-se dela. Apenas acontece, sem proceder de nenhuma parte, por nenhuma razão
aparente e sem causa aparente. Onde não havia “nada”, subitamente, há três partículas que se
desvanecem sem deixar rasto. Este tipo de diagrama de Feynman, segundo Zukav, é chamado
119
de “diagrama de vácuo.” Isto se deve a que a interação acontece em um vácuo. Um vácuo,
como normalmente o representamos, é um espaço inteiramente vazio. Os diagramas de vácuo
demonstram graficamente que não existe tal coisa. Do “espaço vazio” chega algo, e depois
esse algo desaparece novamente no “espaço vazio”.
No mundo subatômico, um vácuo não é obviamente vazio. No mundo real não existe
algo que seja um “espaço vazio.” Isso é uma construção mental, uma idealizção que tomamos
como verdadeira. “Vazio” e “Cheio” são “falsas distinções” criadas por nós como a distinção
entre “alguma coisa” e “nada”. São abstrações da experiência que temos confundido com a
própria experiência. É impossível, de acordo com as nossas concepções, que “algo” possa
surgir do “espaço vazio”, porém em nível subatômico, isto acontece e é o que ilustram os
diagramas de vácuo. Em outras palavras, não existe o “espaço vazio” (ou o “nada”) a não ser
como um conceito em nossas mentes.
Figura 3 - DIAGRAMA QUE REPRESENTA UMA DANÇA DO VÁZIOTORNANDO-SE
FORMA E A FORMA TORNANDO-SE VAZIO
Os diagramas de vácuo são representações de transformações de “alguma coisa” em
“nada” e de “nada” em “alguma coisa”. Essas transformações ocorrem continuamente no
mundo subatômico.
Einstein postulava que matéria e energia são aspectos equivalentes e intercambiáveis de
uma realidade subjacente única de um campo fundamental, “vácuo físico”, ou campo de
120
energia cósmica, pressupondo-se assim, que tudo é energia em vários estados de vibração e
movimento.
Brennan (1987, pág. 66) também se remete ao campo de energia do universo ou “vácuo
físico”, que existe em mais de três dimensões e que constrói formas:
O Campo de Energia Universal existe em mais de três dimensões, o que
significa que ele é sinergia e constrói formas. Isso contraria a segunda lei da
termodinâmica, segundo a qual a entropia está sempre aumentando, o que
quer dizer que no universo a desordem está sempre aumentando, e que
não podemos tirar de alguma coisa mais energia do que a que nela
colocamos. Sempre obtemos de alguma coisa um pouco menos de energia
do que a que colocamos nela. Não é esse o caso do Campo de Energia
Universal. Dir-se-ia que ele continua sempre a criar mais energia.
Além do campo de energia universal Brennan (1987, pág. 67) fala do campo de energia
humana:
O Campo de Energia Humana é a manifestação da Energia Universal
intimamente envolvida na vida humana. Pode ser descrito como um corpo
luminoso que cerca o corpo físico e o penetra, emite sua radiação
característica própria e é habitualmente denominado ‘aura’. A aura ou o
Campo de Energia Humana é a parte do Campo de Energia Universal
associada ao corpo humano. Esses campos de energia humanos são
divididos em diversas camadas. Essas camadas às vezes, chamadas
corpos ou campos sutis, se interpenetram e cercam uma às outras em
camadas sucessivas. Cada corpo se compõe de substâncias mais finas e
vibrações’ mais altas à medida que se afasta do corpo físico. Pela
interpenetração do campo de energia eletromagnética física, os campos
sutis possibilitam a interação da consciência com o corpo.
121
Figura 4 - CONFIGURAÇÃO DO CAMPO DE ENERGIA HUMANA
Milhomens (1994), assim como Brennan, reconhece a existência do halo energético
luminoso conhecido como Aura, Corpo Sutil ou Corpo Energético; que varia de cor, tamanho,
formato e aspecto, conforme variações emocionais e os estados de saúde das pessoas.
Segundo ele, as doenças e as predisposições emocionais manifestam-se primeiro na Aura para
depois se apresentarem no corpo físico ou material. Milhomens (1994) afirma que a esse tipo
de halo luminoso que pode ser detectado através das máquinas Kirlian damos o nome
genérico de ”Efeito Kirlian.”.
Para explicar o efeito kirlian, Milhomens parte da seguinte premissa: todos os átomos
possuem um núcleo composto de prótons e neutrons circundando esse núcleo, está a
eletrosfera composta por elétrons que circundam o núcleo com velocidades próximas da
velocidade da luz (300.000km/s.). Os prótons possuem cargas elétricas positivas e os elétrons
cargas elétricas negativas. Os elétrons, além de possuírem carga elétrica negativa, ao girarem
em torno de seus próprios eixos, geram energia magnética. Esse fato segundo Milhomens
revela que todos os átomos possuem Campos Eletromagnéticos a circundá-los. Como nosso
corpo é composto de átomos está, portanto, circundado por um campo eletromagnético gerado
pelos átomos que o compõem.
122
CAMPOS HÍBRIDOS COMO SIGNIFICAÇÃO
A significação vai se dá como produto que resulta da efetiva presença do mundo para o
sujeito, assim como da recíproca presença do sujeito para o mundo, não da simples colocação
do sujeito no mundo, mas da interação, da fusão de ambos. Um mundo indissociavelmente
inteligível e sensível, no qual o cognitivo não se opõe ao sensitivo, mas nasce nele.
A Experiência Estética que repousa sobre o prazer constitutivo do corpo, prazer de
corpo e alma, nos remete à estética Greimasiana incorporada na aisthesis, na sensação, de
maneira que a sensibilidade estética da alma apresenta-se inteiramente solidária com sua
inserção no corpo. Landowski (1996) afirma que as qualidades dos corpos se tornam sensíveis
e nos implicam “corpo e alma” enquanto configurações dinâmicas. Segundo ele, a matéria
tem sentido porque tem orientação, ou seja, ela indica transformações potenciais. Somente
pela mediação da matéria, do significante e, finalmente, de seu corpo, que o sujeito constrói
suas relações com o mundo circundante enquanto universo de valores e presença de sentido.
A produção de sentido, a interpretação de significados não se dá apenas em nível intelectual,
cognitivo, ou cerebral, mas é o corpo, esse laço de nossas sensibilidades que significa, que
interpreta, esse corpo em vida, laço de forças vitais. A Experiência Estética é o evento que
fratura, que rompe a continuidade da realidade, evento estético que metamorfoseia a
experiência em significação.
Figura 5 – CONFIGURAÇÃO DA FRATURA
123
O corpo que se apresenta na Experiência Estética é um corpo de energia, corpo vivido,
cheio de vida, que cria vida, que vive um momento extraordinário, único, que estabelece um
novo estado de coisas no momento de fratura da cotidianidade, descontinuidade na
continuidade da realidade. Silva (1996, pág. 16 -17) afirma que:
A fratura consiste numa espécie de cintilação, de reverberação, onde
cindida a tela do parecer os humores do sujeito reencontram a imanência do
sensível. A fratura como que nos lança de volta às fontes imemoriais do ser,
a uma origem vagamente sentida, a um ponto em que se apagaria o tempo;
já orientada para o lado da espera e da esperança, a fratura lança-nos em
direção a um além-sentido ou sentido além, em que ocorreria uma espécie
de fusão total, na qual o que mais pesaria seria o apagamento do espaço.
Greimas (1997) acentua que ocorre aí, na fratura dada pela Experiência Estética, evento
extraordinário, único, o estabelecimento de um novo estado de coisas, ou seja, a
transformação fundamental da relação sujeito-objeto. Segundo Silva (1996) a fratura na
direção da memória caminha no sentido do desadensamento, a fratura que avança na direção
da espera tem como possibilidade mais comum o adensamento que representa a convocação
das mais diferentes ordens sensoriais para um estado de fusão, em que se apagaria a distância
sujeito-objeto.
A presença do corpo na Experiência Estética é dada pela sensorialidade, sensitividade,
mas também pela espiritualidade, aqui entendida como a ampliação da consciência para uma
visão biocósmica. A Experiência Estética experimentada promove o momento essencial do
prazer vivido pelos corpos ali presentes, momento de sublimação, de condensação, de uma
conjunção total com o cosmos. O prazer é vivido como presença do presente, em que passado
e futuro estão representados num único momento, o presente, em atos de implosão e explosão
como fenômeno constitutivo e acontecimento, como permanência e plenitude através do
corpo em sua multidimensionalidade.
O corpo que se expressa na Experiência Estética é o Corpo Vibracional, que não é só
desejo, sensação, emoção, mas amor, criação, intuição e percepção espiritual, corpo, em
permanente movimento com o fluxo da vida, que celebra a sintonia com o universo do qual
faz parte. Corpo multidimensional que está em interação e interinfluenciação com os Campos
de Energia Cósmica.
O Corpo Vibracional é constituído por muitos campos de energia sutil e interativa,
sendo a massa do corpo físico, simplesmente a energia que recebeu uma forma específica.
124
Nesse sistema energético a que chamamos corpo humano, diz Gerber (1988) que existem
vários subsistemas, entre esses se incluem os sistemas; linfático, circulatório, nervoso, ósseo-
muscular, imunológico, digestivo e endócrino, todos trabalhando interativamente. Cada um
reage a energias sutis que tem origem tanto dentro como fora do corpo. Afirma ainda que os
corpos sutis são campos de energia associados à dimensão física, mas não são gerados pelos
nossos corpos físicos. Nas palavras de Gerber (1988, pág. 131): são os campos energéticos
que dão origem à matéria física e não o contrário.
Segundo Gerber, existem campos que são independentes, mas interconectados no corpo
físico, com funções vitais e específicas e que através desses campos de energia, do corpo sutil
luminoso, chamado também de “Aura” é que mantemos contato com a vida, pois a parte
psíquica se manifesta nela. Os vórtices de energia mais conhecidos como “chácras” estão
localizados no “corpo astral” e possuem correspondência de manifestação no corpo físico.
Figura 6 - CONFIGURAÇÃO DO CORPO VIBRACIONAL
Gerber afirma que esses vórtices de energia situam-se junto dos centros do corpo e
próximo dos principais plexos; são locais específicos por onde penetra a energia cósmica no
corpo físico. As diferentes energias captadas pelos vórtices no corpo astral passam para os
centros são metabolizadas e ativam o sistema nervoso e glandular, depois seguem pela
corrente sangüínea e penetram todas as células do organismo. Cada um dos sete centros está
associado a uma cor e um som característico de uma determinada freqüência. Brennan (1987)
125
coloca que os vórtices de energia, que denomina de chácras, recebem energia do universo por
meio de dimensões superiores e condensam através dos plexos para os centros, distribuindo-
as pelo corpo inteiro e transformando-as em energia emocional, motora, instintiva e sexual.
As áreas específicas do corpo são vitalizadas e vivificadas pelos chácras a eles
associados. Os vórtices se expandem e contraem continuamente, refletindo nossas
experiências, sentimentos e emoções diárias. Os vórtices rodopiantes assimilam, transmitem e
distribuem energia sutil e podem ser comparados a uma antena dirigida que pode ser
sintonizada à informação contida no espaço multidimensional. A ativação das energias sutis
faz com que o corpo fique vitalizado e impregnado de amor e de consciência. A energia
vibracional palpita em cada célula, molécula, em todo universo. Essa grande fonte de energia
cósmica chega até nós, carregada de vibrações, pelos vórtices de energia. Os campos de
energia se entremesclam cada um afetando os demais, movendo-se juntos como uma enorme
onda de energia, uma teia universal, uma corrente em interação.
As vivências estéticas, corporais e simbólicas possibilitam ativar ainda mais esses
centros promovendo uma renovação de energia e uma expansão de percepção consciente, isto
é, a ampliação da consciência. Wilber (1998) nos remete à questão da consciência ampliada
quando traz a idéia de uma consciência sem fronteiras, sem limites, onde ser e mundo estão
interados. Assim não existem limites divisórios entre quaisquer coisas, ou situações em lugar
algum do cosmos. Termos consciência de uma realidade sem limites é, também, estarmos
conscientes da consciência da unidade, sendo que a separação entre a pessoa que vivencia e o
mundo das vivências não existe.
A consciência da unidade é a própria consciência sem limites, Consciência do
“vácuo” físico, do campo fundamental, o que chamo de Campo de Energia Cósmica. Viver na
consciência da unidade é, portanto viver dentro do momento atemporal e como momento
atemporal, isto é, viver o momento presente, momento eterno, no qual passado e futuro não
existem, mas, são produtos ilusórios de um limite simbólico sobreposto ao agora.
Wilber diz que a pessoa possui nas profundezas de seu ser um eu transpessoal, um eu
que transcende sua individualidade e o une a um mundo além do espaço e tempo
convencionais. A consciência ampliada na vivência remete o ser até o mundo do sutil e do
transpessoal, em função da elevação do nível de freqüência vibratória a patamares mais sutis.
Isto é possível na medida em que o indivíduo, através da transcendência pelo sensível, acessa
o eu transpessoal nos recessos mais profundos do seu ser.
O momento atemporal de fusão da parte no todo e do todo na parte, dado pela
Experiência Estética, na fratura da cotidianidade, colapso de onda onde o descontínuo surge
126
no contínuo da realidade, proporciona a interação dos Campos de Energia Cósmica com os
Campos de Energia Humana. Além disso, a formação de campos de energia de freqüência
muito superiores, que revitalizam, reestruturam átomos, moléculas e células, geram tanto
metamorfoses no ser, quanto à criação de realidades.
Figura 7 - CONFIGURAÇÃO DA INTERAÇÃO DO CAMPO DE ENERGIA
HUMANA COM O CAMPO DE ENERGIA CÓSMICA
Zukav (1989) coloca que cada célula do corpo humano pode transmitir ondas de
radiação eletromagnética, as quais são mensuráveis como a luz perto da faixa ultravioleta e a
luz na faixa infravermelha. Essas ondas de radiação transmitem informações tanto dentro
como fora da célula para comunicar dados a outras células, dados esses relativos aos
processos vitais da célula emissora. Percebe-se assim, o corpo como um conjunto de campos
entrecruzados de energia, que transmitem ondas de radiação, sendo nossos pensamentos e
emoções, padrões de energia que criam realidades tanto positivas, como negativa, que afetam
tanto nosso ser como outros seres do universo.
Planck (1900) descobriu que a energia de um “quantum” de luz aumenta com a
freqüência. Quanto mais alta é a freqüência, mais alta, maior a energia; quanto mais baixa a
freqüência, mais baixa a energia. Assim, uma consciência ampliada pressupõe padrões de
energia de alta freqüência possibilitando a criação de realidades positivas ao ser e ao universo.
127
Capra (1988) afirma que a observação de um evento muda esse evento; na física
quântica isto é conhecido como efeito do observador, que nada mais é do que um atributo da
consciência, ocorrendo tanto no nível consciente como inconsciente, sendo que os processos
inconscientes podem ser alterados pela intenção consciente. Laskow (1997), diz que além do
espectro eletromagnético existe uma energia emitida por nós seres humanos que pode ativar a
liberação de elétrons. Sendo assim, essa energia sutil pode transmitir informação, se for
dirigida pela mente e focalizada pela intenção, atenção, imagens mentais, formas,
pensamento.
Segundo Zukav (1989), no nível subatômico em termos de permuta de fótons, quando
um átomo libera um fóton de luz de um elétron, esse átomo perde energia, quando um átomo
absorve um fóton, ele ganha energia. A liberação ou absorção de energia de um fóton por um
átomo pode ser influenciada pela energia fundamental, unificadora - conhecida como energia
do vazio ou do vácuo físico, que chamo de Campo de Energia Cósmica, que é essência de
todas as formas e fonte de toda vida. As manifestações fenomênicas do vácuo físico surgem e
desaparecem numa dança incessante de movimento e energia Zukav (1989) diz ainda, que o
campo quantizado é uma forma tênue e não perceptível de matéria presente em todo espaço e
que pode condensar-se em objetos materiais sólidos.
Quando o campo se condensa, sua visibilidade torna-se evidente de modo que existem,
então, as formas (das coisas individuais). Quando se dispersa, sua visibilidade não é mais
evidente e não há mais formas. Assim, podemos entender que o campo se condensa e se
dispersa ritmicamente, gerando todas as formas que eventualmente se dissolvem no vácuo. O
campo é a essência subjacente a todos os objetos materiais e igualmente transporta suas
interações mútuas sob a forma de onda.
A física quântica nos coloca que a energia pode ser percebida existindo em forma de
onda ou sob a forma de partículas, dependendo de como é medida. No nível atômico as
distinções entre energia, forma e campo não existem mais, se empregam esses termos apenas
para compreender e visualizar os modos pelos quais a energia assume forma. A consciência
prevê a matriz pela qual matéria e energia se desdobram e se manifestam na nossa realidade
tridimensional como uma função da nossa percepção.
Laskow (1997) afirma que: a intenção da consciência determina a percepção que forma
e também inicia a transformação da energia. A intenção consciente ou inconsciente, que
converte “matéria” (em forma de partículas) na forma de onda, e que transforma a forma de
onda em “matéria.” Convertendo matéria (em forma de partículas) na sua forma de onda, a
intenção consciente ou inconsciente nos permite entrar em ressonância (ou misturar) com o
128
que queremos influenciar. Nesse sentido, a consciência é como um campo fundamental - isto
é, um oceano primordial que dá origem a ondas vibratórias, a partir das quais se formam
movimentos circulares localizados de energia chamados “matéria”. Assim, o Campo de
Energia cria formas, isto é, o sujeito atua no campo e ao atuar no campo ele produz formas,
que então se estruturam de maneira ressonante como matéria. Uma vez estruturado, o campo
tem condições de auto-organizar-se, movimentando-se do infinito ao finito, do invisível ao
visível, do contínuo ao descontínuo, em todos esses casos numa relação de reversibilidade.
A consciência informa as energias sutis que influenciam o espectro eletromagnético de
forma que, segundo Laskow (1997), todos os elétrons são cercados por um campo
eletrostático, isto é, um campo que afeta outras partículas carregadas. Quando os elétrons
aumentam ou diminuem o seu coeficiente de movimento, produzem campos
eletromagnéticos, que por sua vez influenciam as partículas carregadas. Tem se assim a forma
de carga uma partícula, afetando o campo e também o campo afetando a forma.
Os campos que circundam o nosso corpo (não restritos ao espectro eletromagnético)
refletem e representam nossos estados emocionais e mentais e as condições do nosso corpo
físico. Portanto, mudanças no campo de energia podem afetar a forma física. Com o propósito
de manter a sua estrutura altamente organizada, a forma física do corpo e sua forma
energética (campo) levam a ter compatibilidade de ressonância, ou seja, há necessidade de um
equilíbrio ressonante entre corpo e mente. Tanto a forma como o campo (corpo e mente)
contribui para a criação de ondas estacionárias holográficas. Essas ondas são as evidências de
um equilíbrio ressonante entre forma e campo. Existe um equilíbrio entre campo e forma e
entre os nossos estados físico, emocional e mental refletindo a relação do sujeito consigo
mesmo.
Existe, também, um equilíbrio entre esses estados e o nosso meio ambiente, refletindo o
relacionamento do eu com tudo que não seja ele. Outro nível de equilíbrio é o que existe entre
os estados físico, emocional e mental e o estado espiritual, refletindo o equilíbrio entre o ser e
seus aspectos espirituais superiores. É no nível espiritual que temos um sentido de propósito e
significado, mesmo antes que recebam forma ou expressão.
Laskow (1997) diz ainda, que somos organizados por uma consciência de função. Cada
célula, cada órgão, na verdade, o corpo inteiro tem uma consciência da sua função, embora
não estejam todos conscientes do propósito maior do organismo assim mesmo as diferentes
funções se integram de acordo com um propósito superior. Considerando a natureza física
como organizada em termos de espaço tridimensional, a consciência da função pode ser
concebida como uma quarta dimensão.
129
Ainda em Laskow, a consciência de propósito pode ser considerada uma quinta
dimensão, visto que o propósito organiza a função e lhe dá sentido. O propósito, então,
precede a ordem e a função e dá a ambos o seu valor. O alinhamento desarmônico com o
propósito cria a desordem e a disfunção (ou doença). É fundamental harmonizar a refunção
com o propósito superior, porque é a intenção da consciência que inicia a transformação da
energia em matéria. Assim, é importante observar o propósito da vida. O propósito é algo que
não apenas deve ser descoberto, mas deve ser criado; assim podemos dar sentido à vida. O
amor, a sabedoria, a alegria, a paz ajudam-nos a criar nossos propósitos e servem para orientar
nossas ações. O desejo básico é o sentimento que está em contato com o nosso espírito.
Purificar os desejos através de pensamentos, purificar e expandir os pensamentos
configurando-os numa visão, numa imagem como cores e formas.
Bachelard (1998) fala da imaginação como uma força, como movimento da consciência
que vai ao mundo. A idéia é utilizarmos, trabalharmos na vivência a imaginação criadora, a
imaginação simbólica, que é força e movimento da consciência, que cria realidades nas quais
as imagens surgem no encontro com o sensível. Então mantemos o foco nessa imagem, nesta
visão, pensamentos e desejos, de acordo com o nosso propósito, enquanto alinhados com o
nosso eu transpessoal. É isto que nos permite criar o que queremos manifestar no espaço
visível, o que até então era invisível.
A figura abaixo visualizada por mim constitui-se numa imagem simbólica que se
configura pelo movimento da consciência. Após uma vivência Estética, a energia cósmica se
manifesta em vibrações e formas, o que até então estava oculto e invisível em forma de ondas
de energia, se torna visível.
Figura 8 – CONFIGURAÇÃO DE IMAGENS SIMBÓLICAS
130
A energia cósmica, segundo Brennan (1987) associada à quarta dimensão se apresenta
através dos principais elementos; do éter, do ar, do fogo, da terra e da água. No éter está o
embasamento vital de todos os seres vivos. As diferentes condensações destes elementos
tornam nosso planeta habitável sendo que o éter, pelas diversas modificações que sofre, dá
lugar ao equilíbrio de todos os fenômenos do universo, desde campos invisíveis a campos
visíveis. Brennan diz também que o Campo de Energia Cósmica impregna todo o espaço, os
objetos animados e inanimados, liga uns aos outros, flui de um objeto para o outro, e sua
densidade varia na razão inversa da distância de sua origem.
As observações visuais nos revelam que o campo está organizado numa série de pontos
geométricos, pontos de luz pulsantes isolados, teias de linhas, faíscas, cores e nuvens. Pulsa e
pode ser sentido pelo toque, pelo gosto, pelo cheiro e pelo som e luminosidade perceptíveis
aos sentidos mais elevados. O Campo de Energia Cósmica é basicamente sinérgico, o que
supõe a ação simultânea de agências separadas que, juntas, tem um efeito total maior do que a
soma dos efeitos individuais.
Esse campo, segundo Brennan (1987) é o oposto de entropia - o Centro de Energia
Cósmica além de existir em mais de três dimensões e construir formas, tem um efeito
organizador. Quaisquer mudanças que ocorram no mundo material são precedidas de
mudanças nesse campo. O Campo Energético Cósmico está sempre associado a alguma forma
de consciência, que vai desde a mais desenvolvida, até a mais primitiva. A consciência
altamente desenvolvida se associa às “vibrações mais altas” e aos níveis de energia mais sutis.
A ampliação da consciência para uma nova visão e abordagem da realidade, parte da
compreensão da complexidade do universo biocósmico e do amor universal, cósmico. A
Experiência Estética através da vivência consciencial possibilita a elevação da freqüência da
vibração da matéria a patamares mais sutis, para a ampliação da consciência em que se rompe
com a forma fragmentária e dual de pensar, a troca amorosa se dá no relacionamento, no que
o amor é incondicional, seja, universal, cósmico. Na interação podemos conscientizar-nos das
relações e aprendizagens com o outro, assim como, experimentar e sentir amor como um
impulso na direção da unidade, podendo expressá-lo através de nossas ações.
As vivências estéticas, corporais e simbólicas possibilitam interação dos Campos
Vibracionais Humanos com os Campos de Energia Cósmica. No momento em que os campos
vibracionais se tornam híbridos, se utiliza à energia do todo, ou a energia cósmica para
materializar no plano tridimensional. O processo a que chamo “Cosmoenergia” tem por
princípios orientadores o saber, que localiza e ilumina o que queremos, o amor que nos une ao
que queremos, o querer pelo qual agimos sobre o que queremos. O sentir e o saber que
131
encaminham a consciência para o foco desejado possibilitam assim, a condensação de energia
de dimensões superiores de campos energéticos cósmicos tomarem forma no espaço
tridimensional.
SABER
QUERER AMAR
AGIR
SER
Figura 9 - CONFIGURAÇÃO MANDÁLICA DA COSMOENERGIA
A idéia é utilizar em vivências estéticas, em sua natureza corporal e simbólica, a
energia, a intenção, as imagens mentais simbólicas e a percepção intuitiva para dirigir-nos às
dimensões: física, emocional, mental e espiritual da vida humana. As energias de vitalidade,
de harmonização e de transmutação são utilizadas de acordo com o propósito de cada um,
sendo que para “trans-formar” ou “transmutar”, se começa identificando e localizando o que
no momento está “em forma”, se libera essa forma “despojando-a de forma”, sendo que a
etapa seguinte é “re-formar” a energia para harmonização e vitalização no sentido de alcançar
uma consciência ampliada.
A possibilidade de alcançar uma consciência ampliada passa pela vivência de cada nível
em sua plenitude. Após transitar pelos pressupostos teóricos da Estética Vibracional, que se
constitui como um processo multidimensional apontando caminhos para expansão da
consciência, o que fica cada vez mais em evidência é a necessidade de se ir além do que já
está colocado nesta teoria. Assim, o que me faz penetrar em novos horizontes do saber é o
desejo de aprofundar conhecimentos sobre o sentido da vida, a busca de compreensão dessa
existência, do que está implícito e oculto, mas, que a qualquer momento pode se revelar ou
desvelar - a Consciência Cósmica.
132
O sentido da vida que pulsa através do sopro divino e se manifesta desde o plano
mais sutil, ao mais denso, em diferentes freqüências e vibrações. É partindo dos conceitos de
Consciência, Experiência Estética, Contínuo e Descontínuo e Imaginação Simbólica, que
podemos entender que a existência é constituída de vários níveis, que a Consciência Cósmica
se apresenta em diferentes graus de vibração.
Trigueirinho (1994) afirma que cada nível responde a leis específicas, exprime uma
conjuntura peculiar de energia, é qualificado de modo predominante por uma energia de Raio
Cósmico, luz com uma determinada freqüência e, por sua vez, divide-se em subníveis. Um
nível assume a polaridade feminina em relação aos que lhe são superiores, e a masculina no
que se refere aos inferiores. Isso significa que sua energia tem poder de influência sobre os
mais densos e é “fecundado”, no sentido oculto do termo, pela energia dos mais sutis.
Do ponto de vista deste sistema solar no seu atual grande ciclo de manifestação, o
nível físico cósmico tem sete subdivisões principais, o astral cósmico - cinco e o mental
cósmico - três. A expressão da energia, a estruturação da substância e o modo como esses
níveis se subdividem variam no decorrer dos ciclos de evolução. Além disso, ordenações
diversas podem ser percebidas, a depender da ótica com que o assunto é enfocado.
133
OS NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA
Figura 10
134
Em cada universo (planetário, solar, galáctico ou outro) há níveis de consciência
latentes, que vão sendo ativados no transcurso da evolução (vide Evolução Universal), à
medida que o universo ascende por meio das inúmeras partículas e seres que o compõem. A
interface entre níveis de consciência é uma “zona neutra”, em que atuam leis que não
pertencem exatamente a nenhum deles. É uma porta de comunicação com energias do
universo-antimatéria (vide Antimatéria e Leis da Antimatéria). Por isso os cinco Princípios,
ramificações do regente espiritual na vida imaterial habitam a interface entre o nível físico
cósmico e o astral cósmico (vide Cinco Princípios e Regente Monádico).
O desenvolvimento da consciência não acontece numa escala linear, mas, de
maneira fluídica e harmoniosa, em diferentes freqüências, vibrações, correntes e ondas de
energia que se interrelacionam. O desenvolvimento humano ocorre, na medida em que, o Ser
também se lança a uma busca constante de expansão da sua consciência.
135
A CONSCIÊNCIA DO SER EM EXPANSÃO
Figura 11
136
Cada campo de consciência pressupõe um modo de olhar, ser e estar no mundo, um
modo de pensar, sentir e agir mediante as circunstâncias que se apresentam. Conforme Wilber
(2000, pág.19):
Cada estágio, onda ou nível sucessivo de existência é um estado pelo qual
os indivíduos passam, no seu caminho rumo a outros estados de ser.
Quando o ser humano está centralizado num certo estado de existência, ele
tem uma psicologia que é própria desse estado. Na caminhada evolutiva
cada nível não consegue valorizar plenamente a existência dos outros,
justamente porque cada estágio de consciência tem uma psicologia própria.
Assim, o que podemos entender é que o ser num certo nível de consciência
alcança aquele estágio que está vibrando no momento, não se dando conta dos demais. Como
as vibrações se constituem em potenciais de energia, cada circunstância da vida pode requerer
que se ative e reative cada onda, cada campo de existência.
O mais importante é compreendermos que a consciência se amplia na proporção da
diminuição do egocentrismo. Isto é, cada onda de desenvolvimento no ser representa uma
diminuição do seu ego e da sua máscara. A neutralização do ego e da máscara gera a
expansão da Consciência Cósmica. A Inteligência espiritual começa a se manifestar pela alma
quanto mais nos distanciamos do ego, e, é a partir daí, que esta consciência ilumina nosso ser
nos tornando mais amorosos, intuitivos e criativos.
No final do século xx, muitas pesquisas científicas foram realizadas constatando a
existência de um terceiro tipo de inteligência. Conforme Dana Zohar (2000), além do “QI” -
Quociente intelectual e do “QE” - Quociente Emocional, temos um terceiro “Q”, ou “QS” -
Quociente Espiritual, ou seja, uma “Inteligência Espiritual” que pode ser a descrição total da
inteligência humana. A Inteligência Espiritual é a inteligência da alma que paira sobre o Eu
mais profundo do ser e transcende o Ego, a mente racional. Inteligência com a qual nos
curamos e nos tornamos um todo, um Ser Cósmico (Parode, 2007).
Afirma Zohar (2000) que no começo da década de 90 a pesquisa realizada pelo
neuropsicólogo Persinger e, em 1997, pelo neurologista Ramachandran e sua equipe, constata
a existência de um “Ponto Divino” no cérebro humano. O trabalho de Ramachandran foi o
primeiro a demonstrar que o centro em causa está ativo em pessoas normais, e, que o “Ponto
Deus” não prova a existência de Deus, mas, de fato, demonstra que o cérebro evolui para ter e
usar sensibilidade a sentido e a valores mais amplos. Ainda na década de 90, o neurologista
Singer em seu trabalho sobre “o problema da aglutinação”, mostra que há um processo neural
137
no cérebro dedicado a unificar e conferir sentido às nossas experiências - um processo neural
que literalmente as aglutina.
Conforme Zohar, antes do trabalho de Singer sobre oscilações neurais sincronizadas
através de todo o cérebro, neurologistas e cientistas cognitivos só conheciam duas formas de
organização neural do cérebro. Uma delas, as conexões neurais seriais, que constitui a base de
nosso QI. As conexões neurais seriais permitem que o cérebro siga regras, pense lógica e
racionalmente, dê um passo após o outro.
Na segunda forma, a organização neural em rede, feixes de neurônios são
conectados de forma acidental a outros cachos maciços. Essas redes constituem a base do QE,
a inteligência ativada pela emoção, reconhecedora de padrões, formadora de hábitos. O
trabalho de Singer, de acordo com Zohar, na unificação de oscilações neurais oferece o
primeiro indício de um terceiro tipo de pensamento, o pensamento unitivo e, um concomitante
modo de inteligência, o QS.
A Inteligência Espiritual, conforme Zohar é anterior a qualquer cultura determinada
e a todos os valores específicos. Assim como, a qualquer forma de expressão que a religião
possa assumir. Torna possível e até mesmo necessário o religioso, mas independe de religião.
É a inteligência que independe da cultura ou de valores, nos conecta com a sabedoria e nos
faz reconhecer não só valores existentes, mas criativamente nos possibilita a descoberta de
novos valores. Essa inteligência a qual Dana se refere é a própria revelação do Espírito.
O Espírito é o princípio animador, ou vital. O sopro de vida, que nos remete às
questões existenciais de sentido, valor e propósito da vida. Além disso, nos instiga maior
criatividade, sabedoria e a descoberta do grau de poder de realização que todos temos. Nesse
caso, nos remete a um contexto mais amplo que está para além de nosso Eu pessoal (Ego), e,
de nosso Eu emocional.
O princípio animador que se constitui pela própria manifestação do Espírito, da
Consciência Cósmica no Ser possibilita a alquimia. As vibrações da energia do centro
cardíaco perpassam todos os corpos e níveis de consciência, nesse momento, o Ser transcende
a noção de separação e encontra a Unidade.
A figura abaixo representa o movimento de reversibilidade entre sensível e
inteligível. A movimentação da energia dos hemisférios cerebrais, que gera a equilibração das
polaridades feminino e masculino, conseqüentemente, a alquimia do Ser.
138
A ALQUIMIA DO SER E A MANIFESTAÇÃO DA
INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL
Figura 12
139
A “Inteligência Espiritual” possibilita o pleno funcionamento de nossa inteligência
racional e sensível. No movimento de reversibilidade entre sensível e inteligível, nos permite
a síntese das polaridades, das dualidades e a vivência da Unidade, da Totalidade na inteireza
de nosso Ser, pois é consciência total.
A consciência total, que é a própria manifestação da “Inteligência Espiritual” pela
alma, gera um equilíbrio entre campo e forma e um equilíbrio entre os estados físico,
emocional, mental e o espiritual, refletindo o equilíbrio entre o ser e seus aspectos espirituais
superiores.
É através da vibração do Espírito que temos um sentido de propósito e significado,
mesmo antes que recebam forma e expressão. O corpo e a mente (forma e campo) contribuem
para a formação de ondas holográficas. Essas ondas estacionárias constatam a evidência de
um equilíbrio ressonante entre matéria e energia.
A necessidade de sentido gerou a “Imaginação Simbólica”. Segundo Bachelard
(1998) a imaginação é um movimento da consciência que vai ao mundo para recriá-lo. A
imaginação dinâmica ultrapassa a imaginação formal, permitindo conceber os símbolos como
vibrações que recuperam os “arquétipos” de Jung, mas, de uma maneira dinâmica, nos
permitindo falar de uma polissignificação do símbolo, onde os elementos aparecem como um
“sistema de virtualidades múltiplas”. O “irreal” e o “real” não surgem como fuga, mas se
constituem num “dinamismo do Espírito” que não tem como finalidade privar o homem da
sua função do real, mas estabelecer um equilíbrio fecundo a fim de que se chegue a uma
“ontologia da imaginação”.
O neurologista e antropólogo Deacon demonstrou que a linguagem, exclusivamente
humana e simbólica, é uma atividade centralizada em sentido que evoluiu juntamente com o
rápido desenvolvimento dos lobos frontais do cérebro. A evolução da imaginação simbólica e
seu conseqüente papel no cérebro e na evolução social, de acordo com Deacon (in Zohar), dão
sustento a inteligência Espiritual, ao aparecimento da linguagem e ao crescimento do cérebro
humano. Nem a inteligência racional, nem a emocional dão conta da complexidade da
inteligência e da imaginação do ser. Isso, por que estão dentro dos limites do corpo físico-
biológico, nesse caso, fazem parte de um processo finito.
Mas, a expansão do Espírito iluminador, “Inteligência Espiritual” em nosso ser, nos
faz interagir e compartilhar do processo infinito do cosmos, porque diferentemente das outras
duas inteligências, transcende os limites da personalidade. A “Inteligência Espiritual” é a
centelha de luz, Consciência Cósmica ou Vibracional manifesta no ser, o Espírito Divino que
se constitui no “Ponto Deus” de que fala Zohar.
140
A Consciência Cósmica, que é a “Consciência da Unidade” nos permite ser, ao
mesmo tempo, racionais, emocionais e espirituais, pois é o dínamo propulsor da vibração
necessária para que todas as inteligências funcionem juntas e se apóiem mutuamente,
possibilitando a equilibração do ser neste plano em plena conformidade com os princípios
cósmicos.
A Consciência Cósmica que se manifesta em cada átomo, molécula, partícula, como
uma grande onda, vibração, freqüência de luz expandida, possibilita o controle de padrões
mentais, emocionais e instintivos que se instituem pelo ego. Na medida em que, a consciência
se amplia, o ego se dilui, os padrões de energia que se constituem no campo universal entram
em movimento, a partir daí ocorre à verdadeira alquimia - o Ser se dilui no Todo. E, é dessa
maneira, que a matéria passa a ser o veículo da evolução da consciência e impregnada da
centelha de luz se rende ao Espírito.
141
A TRANSCENDÊNCIA DO EGO E A EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA
Figura 13
142
Assim o que se pode perceber é que o movimento cósmico ordem/desordem esta
permeado por essa Consciência, centelha iluminadora que encaminha para a ordem, para a
equilibração, em conformidade com as leis da balança universal.
À consciência tem suas raízes em que classificações não existem e a unidade
absoluta prevalece. De acordo com Trigueirinho (1994, pag. 80)
Consciência Cósmica é um termo de ampla acepção; em geral, aplica-se ao
estado de consciência alcançado a partir do nível espiritual, ou seja, nos
mais elevados estratos do plano físico cósmico, no plano astral cósmico e,
em outros, ainda mais sublime. Esses referenciais, porém, são sempre
relativos, pois o mundo manifestado, com tudo o que o compõe, é parte da
Consciência Cósmica, pois esta é única.
A consciência se constitui na interação de duas polaridades: o pólo da energia
criadora e a receptividade da matriz universal, que é chamada de Filho, em linguagem mística.
Seu surgimento pode ser comparado com o salto de uma centelha quando a tensão elétrica
entre dois pólos atinge determinado grau. Para manifestar-se, a consciência projeta-se de
plano em plano, vibração em vibração, numa sucessão de imagens, até encapsular-se na idéia
do eu - imagem-instrumento que utiliza para revelar-se.
No decorrer desse processo, o que para a consciência pode ser instrumento de
aprendizado, também pode transformar-se em prisão, tão logo o ser desperte para realidades
maiores. Feita à semelhança do Criador, a consciência tem em seu centro o cosmos inteiro.
Enquanto os dois pólos, o impulso criador ou vontade divina e a matriz universal estiverem
eletrizados, essa centelha existirá. Por isso se diz, simbolicamente, que o cosmos é sustentado
pela Vontade Suprema e, se por um instante essa Vontade se retirasse, todos os universos
deixariam de existir.
A consciência está presente tanto no substrato da manifestação quanto no sopro de
vida que a anima. É o caminho e o caminhante; está dentro e fora de todas as coisas; mostra-
se múltipla, sem, todavia, perder a integridade. Sua totalidade pode ainda ser desconhecida
pelo homem, mas a ele é facultado penetrá-la. O sentido de individualidade originado no
espírito, projetado no espelho da alma e refletido no ego humano é o fundamento de todas as
suas ilusões.
A consciência não é corpo nem a energia por ele expressa; é uma realidade
essencial, indestrutível, que pode polarizar-se em níveis mais densos ou mais sutis, a depender
do que a atrai. Essa atração determina o corpo que atuará como seu principal veículo de
143
manifestação. Os corpos são passíveis de ser destruídos, dissipados ou fundidos; já a
consciência pode elevar-se ou decair, mas sua integridade interna jamais pode ser tocada.
A consciência passa por vários níveis de transição para levá-la mais próximo à
Fonte. Ao longo de sua evolução a consciência eleva-se de nível em nível, deixa aqueles em
que a separatividade do ego prevalece e ingressa nos de vida anímica, grupal, e depois em
outros mais sutis, até alcançar o espiritual e o divino.
Mesmo enquanto percorre o arco descendente da evolução, ou seja, ao se projetar
em planos cada vez mais densos, a consciência encontra-se, em sentido bastante amplo, a
caminho da Origem. Tal processo é análogo ao de um raio de luz que, partindo do sol é
reabsorvido como vibração.
144
O OVO CÓSMICO
O NASCIMENTO DA MATERIA A PARTIR DA ENERGIA
Figura 14
145
A interação da consciência do homem com vibrações imateriais ativa nele
faculdades latentes. Essas faculdades podem regular o relacionamento da humanidade com o
universo e podem ser hoje despertadas em certo grau. Como se expressam por leis
supranaturais, não necessita esperar para revelarem-se.
Um nível é um mundo, com seus habitantes, sua vida, suas leis de evolução e suas
metas. O ser interage com esses mundos por meio de corpos ou veículos de expressão
constituídos, cada um, da substância do nível em que existe. O desenvolvimento interno do
ser ou o serviço que deve prestar determinam o nível em que se polariza.
O mais importante é que em seu processo evolutivo o ser consiga integrar em si as
polaridades - masculina e feminina - fundindo assim, amor, poder, força, sabedoria, justiça e
compaixão, que se expande do eu para o nós e deste para todos. Aqui o sentido é o mesmo da
espiral da compaixão de Wilber (2000) que propõe um abraço integral ao cosmos.
O que não significa que o desenvolvimento seja um mar de rosas, e se institua de
uma forma linear e numa visão de progresso. Cada estágio de desenvolvimento implica
abertura de novas possibilidades, despertando novos potenciais, mas, também, pode gerar
muitas rupturas e frustrações. As transformações que se estabelecem de um nível para outro
geralmente são intensas, geram muitas vezes, sofrimento, dor e catarses violentas. Mas são
necessárias para o aprendizado e o crescimento do ser, para que este possa expandir sua
consciência e cumprir sua trajetória evolutiva.
O processo se dá num movimento de desequilíbrio e de reequilibração, de ordem e
de desordem, num movimento de reversibilidade, o que acontece como a própria
movimentação e interação das energias que vibram no campo universal. Mas o principal é que
cada vibração de desenvolvimento da consciência traz novas possibilidades ao ser, que o
remetem a mais amor, sabedoria, compaixão, justiça e misericórdia colocando-o na rota da
integração com o Todo.
Pela interpenetração do campo de energia eletromagnética física, os campos sutis ou
níveis, ondas, estágios, planos de consciência possibilitam a interação da consciência com o
corpo. Os campos sutis que compõem o que chamo de Corpo Vibracional se interpenetram em
camadas sucessivas, sendo cada campo composto de substâncias mais finas e vibrações mais
altas à medida que se afasta do corpo físico.
O Movimento de transcendência pelo sensível, que se constitui através da Arte
Vibracional, pautada na Estética Vibracional encara o desenvolvimento humano como um
processo composto de oito estágios gerais, ondas fluídicas de energias entrelaçadas que
resultam em malhas e redes de desenvolvimento da consciência. Cada onda de existência
146
transcende e inclui a precedente, e, ao mesmo tempo, é constituinte de todas as ondas
subseqüentes.
147
A DANÇA CÓSMICA INSTITUINDO A METODOLOGIA
Neste capítulo trato da abordagem metodológica, buscando um diálogo com alguns
teóricos como Wilber, Dilthey, Merleau-Ponty, Maturana, Nicolescu, Morin, Gadamer e
Greimas. A metodologia vai se constituindo como uma “Dança Cósmica”, conforme o próprio
movimento de evolução universal e do grupo a ser trabalhado, assim como, do meu próprio
movimento que interage com o ritmo dos demais.
A presente pesquisa não tem como característica a mera aplicação da teoria sobre as
vivências, pois, a própria atividade de interpretação passa a ser uma vivência, e, é assim que
método e teoria se fundem na criação. Como não existe separação entre o sujeito que observa
e o sujeito que é observado, entre o que observa e o que vive, ocorre um diálogo fluídico entre
teoria e método, sendo a vivência e a interpretação um ato de criação. De acordo com Wilber
(2005, pag.115)
“O observador” significa a bagagem cultural inteira, sem a qual o significado
nem existiria, nem poderia existir, para começo de conversa. Essa grande
bagagem intersubjetiva, essa bagagem cultural, oferece o oceano de
contextos no qual tanto arte quanto o artista e o observador devem
necessariamente flutuar.
A vivência possibilita a criação de sentido para aquele que a experimenta, sendo
assim, não haveria outro caminho senão partir do conceito de vivência. Dilthey (1987) afirma
que a vivência é o instante vivido, pleno de sentido, de um mundo vivido, que tem qualidades
imanentes/transcendentes; é corporal e limitada, mas, também, é fenômeno de totalização.
Assim, o que se vive no momento, é único, algo que junta sagrado e profano, individual e
universal.
Segundo o autor, vivência vem da expressão vida e vida significa o que há de mais
conhecido e íntimo em cada um e que, ao mesmo tempo, é obscuro e impenetrável. A
vivência possibilita integração e unidade biológica, psicológica, histórica-social, cosmológica,
que dá significado a existência humana.
Dilthey (1987) diz que os pressupostos fundamentais do conhecimento estão dados
na vida e o pensamento não pode conceber por de trás deles. Podemos entender, então, que a
vivência deve expressar a totalidade da relação com a realidade, na qual os fatos de nossa
148
consciência nela são dados. Fatos da consciência não se reduzem a uma esfera de imagens
desconectadas das relações concretas com o mundo exterior.
É dentro dessa linha de pensamento, que a vivência é categoria epistemológica
fundamental que transcende a idéia de representação o que significa dizer que para Dilthey, a
vivência contém em si categorias teóricas do conhecimento, enquanto formas de realidade
objetiva.
Assim, nesse trabalho não há separatividade entre método e teoria e o que se ressalta
é a existência humana, o viver, a vivência do “Sentir e do Saber” para “Ser e Criar”, do
“Amar para Aprender a Conhecer e a Conviver”. A vida e seu sentido é dada a partir de uma
Estética do Acontecimento (Parode, 2007) e pela Arte Vibracional.
Para Dilthey, existe uma continuidade entre natureza e história, homem e mundo,
experiência humana e vida e é nessa continuidade, que além de conduzir essa pesquisa
participo de algumas de suas vivências. Não fui mera observadora, lançando algumas
propostas vivenciais aos alunos, mas estive plenamente inserida e mergulhada no ato de
criação e de compartilhamento com o grupo.
Na articulação e no compartilhamento das atividades vivenciais enfatizo a expressão
dos níveis de consciência por meio do corpo físico, que é o veículo de evolução da
consciência. Ressalto a importância do sensível, que na interrelação com a educação, facilita
percepções mais sutis. Refiro-me aqui aos “níveis” estudados por Wilber (2001, 2004, 2005)
que vão “desde o ego isolado e individual”, de um lado, até os estados de “consciência da
união” e de “união espiritual”, de outro. A idéia é, portanto, trabalhar o “Espectro da
Consciência” (Wilber, 1998) partindo do nível existencial ao espiritual, do plano mais denso
ao mais sutil, perpassando as diferentes vibrações da consciência.
Nesse estudo, a arte se constitui como caminho, uma via, uma possibilidade, que se
abre como um portal para favorecer a vivência da expansão da consciência do grupo
implicado e, o processo muito importante, bem como a forma criada a partir da ação e da
interação do sujeito no Campo Vibracional. Denomino “Arte Vibracional” ao conjunto de
atividades expressivas, linguagens visuais e vibracionais - do qual me utilizo no curso
analisado para acessar níveis mais sutis de percepção, seguindo a concepção de que há um
“Espectro da Consciência” (1998) com vibrações e freqüências diferenciadas a serem
alcançadas pelo sujeito que vivencia a proposta da “Rota de Ampliação da Consciência”.
A Arte Vibracional se propõe a atuar, além dos cinco sentidos, a partir de diferentes
linguagens (imagens visuais, palavras, símbolos, música, som, dança, expressão corporal,
respiração, movimento, silêncio, meditação, relaxamento, oração). Tendo como objeto
149
acentuar a sensibilização e o encantamento do viver dos sujeitos implicados nas vivências
estéticas, corporais e simbólicas propiciada no Curso em análise.
Enquanto professora de arte, tenho clareza de que esta área de estudo, focada no
paradigma do sensível abrange conteúdos específicos de conhecimento. A arte com sua
linguagem própria, a artística, é tão importante quanto outras áreas de conhecimento (Não
necessita servir de meio, uma abordagem dada ainda hoje à arte na educação) e, possibilita a
aprendizagem no “Fazer” e no “Sentir”, sendo pelo “Sentir” que o ser humano se expressa e
amplia sua visão de mundo; amplia sua consciência, a grande busca dessa pesquisa.
A proposta vivencial do Curso, instigado a partir da Arte Vibracional, desenvolveu-
se por uma abordagem qualitativa de cunho transdisciplinar (Nicolescu, 2001, Morin, 2000 e
Wilber, 1998) e pela Fenomenologia Hermenêutica (Gadamer, 1998), que permite
interpretação da teoria com o processo empírico entendido aqui como vivência.
Sua proposta foi possibilitar Experiências Estéticas a partir da arte, da educação e da
espiritualidade. Caminhos que permeiam a transcendência pelo sensível, os quais a
emergência do sagrado passa a ser experimentado nas vivências estéticas, corporais e
simbólicas (mitos e ritos).
As vivências, calcadas numa abordagem transdisciplinar e por procedimentos
multidimensionais de ampliação de consciência, visam à construção de um ser humano
integral, ético, social e cósmico. A referida abordagem pretende possibilitar a criação nos
campos da arte e da educação, em que o conhecimento seja um acontecimento dado na
conexão do campo sensível com o inteligível, sendo o corpo, em interação com o universo
biocósmico, o mediador do processo.
Conforme Merleau-Ponty (2006, pag.14), “o mundo não é aquilo que eu penso, mas
aquilo que eu vivo; eu estou aberto ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele, mas
não o possuo, ele é inesgotável”. O autor nos diz que o mundo não é uma soma de objetos
determinados, mas, horizonte latente de nossas experiências. O mundo é o que eu vivo, é algo
inesgotável, sendo o corpo, meio de com ele se comunicar, assim como, ser o mediador do
processo de conhecimento.
Nesse mundo inesgotável de que fala Merleau-Ponty, não podemos deixar de
evidenciar os procedimentos multidimensionais, que pressupõem que somos
transdisciplinares, capazes de transcendência e de flexibilidade, e esses são poderes latentes.
A palavra chave nessa abordagem, dentro da concepção pedagógica é
“autoconhecimento” enquanto crença no potencial humano, em que a evolução é constante e
150
permanente na busca de ampliação da consciência, que começa com o processo de
autotransformação, trabalho sobre si, para expressão fora de si.
Pretende-se assumir para essa autotransformação, que o amor seja a mola mestra da
vida, pois amar é conhecer, não sendo possível conhecer sem amar. A aprendizagem e a
educação ocorrem o tempo todo nas interações, na dialógica, na amorosidade das relações, na
compreensão mútua, na solidariedade, nas atitudes de afetar e de deixar se afetar.
De acordo com Maturana (1999 - pág. 29): A educação vai ocorrer todo tempo no
"convívio com o outro”, de maneira recíproca, ocorre uma transformação estrutural,
contingente com uma história no conviver e na "troca afetiva".
A educação no momento contemporâneo pressupõe, portanto, consciência em
expansão, consciência em que o cérebro atuaria como afloração dessa consciência, e, é a
consciência de estar consciente que torna o homem fenomenologicamente um criador. A
educação tem, então, prioridade de fazer com que se tenha sempre presente não apenas o
“que” das coisas, mas, principalmente, o seu “para que” existencial. Segundo Maturana (1999,
pág. 46) existe uma realidade transcendente que valida nosso conhecer e nosso explicar, e que
a universalidade do conhecimento se funda em tal objetividade.
A presente pesquisa pressupõe assim, uma concepção de educação com um enfoque
epistemológico em função da indissociabilidade existência - conhecimento, e outro
existencial, enquanto uma das dimensões do sensível. Algumas idéias como a consciência em
expansão, a multidimensionalidade e a ecologia profunda fundamentam a concepção de
educação.
A consciência em expansão - significa que os fatos da mente são de natureza
energética, envolvendo intuições, sensações, percepções, sentimentos e pensamentos em
interconexão com o universo. A perspectiva social e cultural surge como responsabilidade
pelo ambiente do qual fazemos parte junto com os demais seres do universo, em permanente
processo de interinfluenciação.
A multidimensionalidade - nos remete a uma dimensão energética de ordem
vibracional, de natureza contínua e sutil, enquanto sua manifestação é da ordem do plano das
formas materiais, logo descontínua e fragmentada, mas junto a esse descontínuo está o
contínuo, por isso, holográfico ou multidimensional. Manifesta-se como descontínuo, mas,
sua apreensão é por meio do resgate da onda que todo descontínuo manifesta, logo envolve
ainda, instâncias de realidade que vão dos níveis mais sutis, como a mente, o espírito e a
consciência.
151
A criação da mente com os elementos do entorno vibratório em que se coloca se dá a
partir de diferentes estados de ser, como é o caso dos corpos sutis, até o corpo mais denso,
como o corpo físico. A multidimensionalidade tem a ver, também, com a idéia de “Ecologia
Profunda” a qual se remete Capra (1997) e outros autores, desdobrada em ecologia interior,
social e planetária, que denomino Estética Biocósmica - enfoque que se desloca de uma
concepção antropocêntrica, para uma concepção cósmica.
A pesquisa tenta assim viabilizar uma “Educação Transdisciplinar” (Nicolescu,
2001), capaz de desenvolver reflexões profundas não somente a respeito do Ser, enquanto Ser
que "deve ser" e "saber fazer", mas um Ser "que é", Ser pertencente e em permanente
interação com seu meio. Pressupõe ainda, uma educação que procura constantemente ampliar
a compreensão da realidade no sentido de apreendê-la na sua totalidade, na sua complexidade
e transcendência.
Segundo Morin (2001), para conhecer a realidade é necessário conhecer a
complexidade das coisas, ver a realidade de outra forma, de forma complexa e transcende-la.
Por outro lado, "não basta saber, conhecer, tem que ser", e isso nos remete a idéia de que para
conhecermos a realidade não basta pensar complexo, mas viver a complexidade na inteireza
de nosso ser, em nossa existência.
Dilthey (1987) em sua obra questionou a vida psíquica e criou o princípio de
“totalidade da vida psíquica”. Princípio que unifica intuição e razão dando ao ser e as suas
manifestações psíquicas a unidade, negada e dissociada pela filosofia clássica de consciência.
O autor, ainda, substitui o conceito de representação da vida psíquica pelo conceito de
vivência.
Afirma o autor, que na “filosofia da vida”, “filosofia da experiência” ou “filosofia da
realidade”, os fatos da consciência não resultam de operações intelectuais, de representações
que não podem nos oferecer a realidade plena e total, procedente apenas do cumprimento das
exigências vitais, impostas ao nosso conhecimento por nosso psiquismo.
O autor afirma que o valor do conhecimento da oposição do eu e do objeto não é
também o de um fato transcendente, senão que o eu e o outro ou exterior são precisamente
nada além do que é contido e dado nas experiências da própria vida. O que podemos perceber,
é que a realidade vai confundir-se com a vivência, pois o que é real é vivenciado, assim como,
o que é vivenciado é realidade.
A metodologia empregada visa, portanto, a ressaltar a importância do método, na
construção de uma estética e de uma educação enquanto formas essenciais de conhecimento.
Aprofunda nossa relação com a vida, de forma que permeia o imaginário e o mundo real,
152
possibilitando por meio do processo multidimensional, a ampliação da consciência para uma
nova visão e abordagem da realidade.
Essa pesquisa de doutorado - Consciência Cósmica - Educação Transdisciplinar e
Estética Biocósmica configurando a Imaginação simbólica e o Ser Multidimensional utilizou-
se de entrevistas, registros escritos, assim como, de fotos, imagens e filmagens dos seminários
vivenciais realizados no Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência,
criado e desenvolvido pela pesquisadora.
Participam da investigação 12 alunos do nível I, selecionados aleatoriamente e que
tiveram seus materiais analisados, a partir de suas vivências estéticas, corporais e simbólicas
vivenciadas no Curso. A busca de compreensão e interpretação dos dados da pesquisa se
constitui à luz da filosofia hermenêutica de Gadamer (2002) e da semiótica de Greimas
(2001).
A experiência da arte, de acordo com Gadamer (2002), garante a verdadeira
amplidão do fenômeno de compreender. Todo aquele que vive uma Experiência Estética
acolhe em si à plenitude dessa experiência, acolhe-a no todo de sua autocompreensão, sendo o
resultado do processo da experiência algo que significa para o Ser. Nesse sentido, o que se
pode entender é que a experiência da arte implica tanto na autoformação, na formação, quanto
na ampliação da consciência.
Assim na experiência da arte busco compreender às diferentes dimensões de
consciência do Ser, a manifestação da Consciência Cósmica a partir das vivências estéticas,
corporais e simbólicas. A hermenêutica passa a englobar a Experiência Estética encontrando
legitimidade na experiência de constituição de sentido. Nessa pesquisa, o sentido é construído
a partir da Arte Vibracional, que possibilita promover uma “Jornada Arquetípica” de
transformação ao sujeito por uma “Rota de Ampliação da Consciência”.
O conceito de “hermenêutica” empregado aqui designa a mobilidade fundamental da
“pré-sença”, a qual perfaz sua finitude e historicidade, abrangendo assim o todo da
experiência de mundo. Conforme Gadamer (2002, pág.16):
A mobilidade fundamental da “pré-sença” o fato de o movimento da
compreensão ser abrangente e universal não é arbitrariedade nem
extrapolação construtiva de um aspecto unilateral; reside na natureza da
própria coisa.
153
O autor afirma que a realização efetiva da compreensão que abarca, desse modo,
também, a experiência da obra de arte, ultrapassa todo historicismo no âmbito da Experiência
Estética e o caráter originário da significação vital passa para a experiência reflexiva da
significação, da formação pelo conceito da não-diferenciação estética.
Mesmo em outros contextos, a universidade do aspecto hermenêutico não se deixa
restringir ou podar pela arbitrariedade. Gadamer diz que não foi um mero artifício de
composição partir da experiência da arte para garantir a verdadeira amplidão do fenômeno do
compreender.
Assim, a compreensão jamais é um comportamento subjetivo frente a um “objeto”
dado, mas pertence à história efeitual e isto significa que pertence ao ser daquilo que é
compreendido, sendo a compreensão que se dá na leitura de um texto, interpretação. De
acordo com Gadamer (2002.) toda re-produção já é interpretação desde o início e quer ser
correta enquanto tal. Nesse sentido, também ela é “compreensão”.
Compreender e interpretar textos não é alguma coisa reservada apenas à ciência, mas
pertence ao todo da experiência do Ser no mundo. O que Gadamer apresenta como a
universalidade do aspecto hermenêutico, e, sobretudo o que expõe a respeito do caráter
próprio da linguagem como a forma de realização do compreender, abarca tanto a consciência
“pré-hermenêutica” quanto todas as formas de uma consciência hermenêutica.
Mesmo uma apropriação ingênua da tradição acaba sendo um “passar adiante o dito”,
embora não possa ser descrita como “fusão de horizontes”. O que podemos entender é que o
fenômeno da compreensão impregna não somente todas as referências humanas ao mundo,
mas apresenta uma validade própria também no terreno da ciência, resistindo à tentativa de
ser transformado em método da ciência.
O conceito de hermenêutica, de acordo com Gadamer (2002), não tem o sentido de
uma doutrina de método, mas é colocado como uma teoria da experiência real, que é o
pensamento, suas análises do jogo ou da linguagem são pensadas de forma puramente
fenomenológica. Para o autor o jogo não surge na consciência do jogador, e enquanto tal é
mais do que um comportamento subjetivo. “É justamente isso que pode ser descrito como
uma experiência do sujeito e não tem nada a ver com ‘mitologia’ ou mistificação”.
A hermenêutica se coloca contra a pretensão de universalidade de metodologia
científica, seu propósito é rastrear por toda a parte a experiência da verdade, que ultrapassa o
campo de controle da metodologia científica, e indagar por sua própria legitimação onde quer
que se encontre. É assim que as ciências do espírito acabam confluindo com as formas de
experiência da filosofia, com a experiência da arte e com a experiência da própria história.
154
São modos de experiência nos quais, se manifesta uma verdade que não pode ser verificada
com os meios metodológicos da ciência.
Gadamer afirma que os estudos sobre hermenêutica que partem da experiência da arte
e da tradição histórica procuram demonstrar o fenômeno da hermenêutica em toda a sua
envergadura. Importa reconhecer nele uma experiência de verdade, que não só deverá ser
justificada filosoficamente, mas que é ela mesma, uma forma de filosofar.
Ao se tomar a compreensão como objeto de reflexão, o propósito é rastrear por toda
parte a experiência da verdade, que ultrapassa o campo de controle da metodologia cientifica.
A idéia é focar naquilo que se transforma o tempo todo, no processo que envolve as
transformações do Ser, e essa é a uma lei geral da nossa vida espiritual.
Mas as perspectivas que resultam da experiência da mudança do Ser e histórica
estão sempre correndo o risco de ser distorcidas, por esquecerem a ocultação do permanente.
Gadamer afirma que vivemos numa constante superexcitação de nossa consciência histórica.
Conforme coloca não é só porque a tradição histórica e a ordenação natural da vida
constituam a unidade do mundo em que os homens vivem; o modo como experimentamos uns
aos outros, como experimentamos as tradições históricas, as ocorrências naturais de nossa
existência e de nosso mundo, é isso que forma um universo verdadeiramente hermenêutico.
Nele não estamos encerrados como entre barreiras intransponíveis; ao contrário, estamos
sempre abertos para o mundo.
Uma reflexão sobre o que é a verdade nas ciências do espírito não pode querer, pela
reflexão, subtrair-se à tradição, cuja vinculabilidade descobriu. Por isso, o Ser deverá exigir
que sua própria forma de trabalho adquira tanta autotransparência histórica quanto lhe for
possível. Gadamer afirma que esforçando-se para entender o universo da compreensão melhor
do que parece possível sob o conceito de conhecimento da ciência moderna, a reflexão deverá
encontrar um novo relacionamento também com os conceitos que ela mesma utiliza.
Deverá conscientizar-se de que sua própria compreensão e interpretação não é uma
construção a partir de princípios, mas o aperfeiçoamento de um acontecimento que já vem de
longe. Assim, os conceitos que utiliza não poderão ser apropriados acriticamente, mas deverá
adotar o que lhe foi legado do conteúdo significativo original de seus conceitos.
Afirma Gadamer que, ao contrário, a conceptualidade em que se desenvolve o
filosofar já sempre nos possui, da mesma forma em que nos vemos determinados pela
linguagem em que vivemos. Assim, conscientizar-se desse pressuposto pertence à honestidade
do pensamento. É uma nova consciência crítica que a partir daí deve acompanhar todo o
filosofar responsável, colocando os costumes de linguagem e de pensamento que se formam
155
para o indivíduo na comunicação com o seu mundo circundante diante do fórum da tradição
histórica das quais todos nós fazemos parte.
As ciências do espírito estão longe de se sentirem simplesmente inferiores às
ciências da natureza. De acordo com Gadamer (2002) na herança espiritual do classicismo
alemão elas desenvolveram, antes, a consciência de orgulho de serem o verdadeiro suporte do
humanismo. A época do classicismo alemão não trouxe consigo apenas à renovação da
literatura e da crítica estética, que superou o ideal de gosto barroco e racionalista, mas deu
também um conteúdo fundamentalmente novo ao conceito de humanidade, esse ideal da razão
esclarecida. Assim surge o ideal de uma “formação para o humano”, preparando o terreno
sobre o qual se desenvolveu, no século XIX, as ciências do espírito históricas.
O “conceito de formação”, que naqueles tempos avançou um valor predominante,
foi, sem dúvida, o mais alto pensamento do século XVIII, e esse conceito caracteriza o
elemento em que vivem as ciências do espírito do século XIX, mesmo que não saibam
justificar isso epistemológicamente.
Assim como o conceito de formação, Gadamer diz que conceitos como “arte”,
“história”, “criatividade”, “cosmovisão”, “vivência”, “gênio”, “mundo exterior”,
“interioridade”, “expressão”, “estilo”, “símbolo”, guardam em si um grande potencial de
desvelamento histórico.
Se voltarmos nossa atenção ao conceito de formação, cuja importância para as
ciências do espírito já se ressaltou podemos ter uma boa perspectiva da história dessa palavra.
De acordo com Gadamer (2002) ela se origina na mística da idade média, sobrevive no
barroco e sofre uma espiritualização com bases religiosas no “messias” de “klopstock”, que
abrange toda sua época, e, finalmente, é colocada como “formação que eleva à humanidade”.
A religião formativa do século XIX guardou a profunda dimensão dessa palavra, e nosso
conceito de formação foi determinado a partir daí.
Hoje, a formação está estreitamente ligada ao conceito de cultura e designa, antes de
tudo, de acordo com Gadamer (2002), a maneira especificamente humana de aperfeiçoar suas
aptidões e faculdades. A “formação” a que se refere é algo mais elevado e mais íntimo, ou
seja, o modo de perceber que vem do conhecimento e do sentimento do conjunto do empenho
espiritual e moral, e que se expande harmoniosamente na sensibilidade e no caráter.
O que significa que formação é mais que cultura, ou seja, aperfeiçoamento de
faculdades e de talentos. A ascensão da palavra “formação” conforme o autor desperta, antes,
a antiga tradição mística, que afirma que o homem traz em sua alma a imagem de Deus,
segundo a qual foi criado, e que deve reconstruir em si mesmo.
156
Gadamer afirma que o equivalente latino para formação é “formatio” e em outros
idiomas, as correspondentes derivações do conceito de “forma”. Desde o aristotelismo da
renascença, “forma” vem sendo inteiramente desvinculada de seu significado técnico e
interpretada de maneira puramente dinâmica e natural. Também, que o triunfo da palavra
“formação” sobre “forma” não parece só acaso, pois no conceito “formação” encontra-se a
palavra “imagem”. Porém, o conceito de forma está aquém da misteriosa duplicidade da
palavra “imagem”.
Gadamer diz que o fato de a formação designar mais o resultado desse processo de
devir, do que o próprio processo corresponde a uma freqüente transferência do devir para o
ser. Aqui a transferência é bastante evidente, pois o resultado da formação não se produz na
forma de uma finalidade técnica, mas nasce do processo interior de formulação e formação
permanecendo em constante evolução e aperfeiçoamento.
Assim como a natureza, a formação não conhece nada exterior ás suas metas
estabelecidas. No fundo, formação não pode ser um objetivo, não pode ser desejada, a não ser
na temática reflexiva do educador. É justamente nisso que o conceito de formação supera o
mero cultivo de aptidões pré-existentes, do qual deriva.
Gadamer coloca que o cultivo de uma aptidão é o desenvolvimento de algo dado, de
modo que seu exercício e cultivo são um mero meio para o fim. Assim, o material de ensino
de um manual de linguagem, por exemplo, é um meio e não um fim. Sua apropriação serve
apenas para o domínio da linguagem.
Na formação, ao contrário, é possível apropriar-se totalmente daquilo em que é
através do que alguém é instruído. Nesse sentido, tudo que o Ser assimila integra-se nele, mas
na formação aquilo que foi assimilado não é como um meio que perdeu sua função, pois tudo
passa pelo corpo que sente e ressignifica.
Na formação adquirida nada desaparece tudo é preservado. O autor diz que a
formação é um conceito genuinamente histórico, e é justamente o caráter histórico da
“conservação” o que importa para a compreensão das ciências do espírito. O Ser do espírito
está essencialmente vinculado com a idéia da formação, sendo que para alcançar a dimensão
do espírito há que se investir na formação da alma.
O ser humano se caracteriza pela ruptura com o imediato e o natural, vocação que lhe
é atribuída pelo aspecto espiritual e racional de sua natureza. Segundo esse aspecto, ele não é
por natureza o que “deve ser”, razão pela qual tem necessidade de formação. A natureza
formal da formação repousa na sua universalidade, no conceito de uma elevação à
universalidade. Conforme Gadamer, a elevação à universalidade não se reduz à formação
157
teórica, nem significa apenas um comportamento teórico em oposição a um prático, mas cobre
o conjunto da determinação essencial da racionalidade humana.
A essência universal da formação humana é tornar-se um ser espiritual, no sentido
universal. Quem se entrega à particularidade sem medida nem postura, no fundo, carece de
poder de abstração: não consegue abstrair de si e ter em vista um sentido universal, pelo qual
paute sua particularidade com medida e postura, pois, está vibrando na mente racional, no
ego.
A formação como elevação à universalidade é uma tarefa humana que exige um
sacrifício do que é particular em favor do universal. Nesse sentido, se pode entender a
importância da formação multidimensional, que possibilita ao Ser passar pela vivência de
todos os níveis de consciência, para que possa se despojar de questões individuais e se
remeter as questões universais.
Num primeiro momento, a formação como elevação ressalta a necessidade de se
trabalhar a alma, a cura da mesma; liberando mazelas do passado, informações que ficaram
retidas no campo gerando desequilíbrios energéticos e doenças, assim como, ansiedades com
relação ao futuro. Além disso, a importância de se estar atento à mente, ao padrão de
pensamento que estabelece a realidade pela intenção, assim como, a consciência do corpo
entendendo-o como espaço sagrado que abriga o Divino.
A alma na busca da imagem de Deus alcança a dimensão do espírito, a Consciência
Cósmica. A Consciência Crística de puro “Amor Incondicional” expandida estabelece a
universalidade e já não é mais nenhum sacrifício sair da individualidade, pois o padrão
vibratório é acelerado e o Ser amplia sua consciência se projetando no “agora”, no “eterno
presente”.
A prática caminha com a teoria, e, a teoria se faz na prática, pelo caminho da “cruz”.
A interseção da linha horizontal significa a caminhada terrena do Ser, o tempo cronológico,
do nascimento a morte física, com a linha vertical, que significa os diferentes níveis de
consciência a serem vivenciados e alcançados, pois essa linha registra o “tempo eterno”, em
que a matéria e o ego se rendem ao espírito. Para tanto, a alma se deixa fluir no cruzamento
das linhas, que a leva a muitas dimensões e esferas de luz onde habita a “plenitude”, as
radiações de “amor”, “poder” e “sabedoria”.
A formação da alma vai sendo alcançada na transcendência e na imanência das
energias mais densas com as sutis, no que denomino casamento dos “triângulos” o de fogo,
que significa o espírito, o fogo renovador, com o de água, que significa a alma em sua jornada
terrena plenamente entregue, sem resistências, entregue a fluidez da vida e a Consciência
158
Cósmica, que ilumina sua mente, coração, palavras e ações. Os triângulos se unem e formam
o símbolo do losango, a união da parte com o Todo, do céu com a terra. No centro a cruz, que
estabelece a equilibração das energias de polaridades e bem no centro da cruz o “Ponto de
Luz”, a “Consciência Crística”.
No Curso de Formação Multidimensional e Ampliação de Consciência por mim
realizado, nos doze módulos a partir dos seminários vivenciais, que estabelece conexão da
teoria com a prática, os sujeitos passam a compreender que é no que denomino “casamento da
alma com o espírito”, do feminino com o masculino, que a equilibração acontece. O “Ponto
de Luz” se expande e o Ser encontra a Unidade, Totalidade.
A formação passa pelo autoconhecimento, autotransformação e a autoformação, a
alma acaba reconhecendo o que está em forma pelo autoconhecimento e o que necessita
destituir de forma, transforma, sendo assim, gera uma nova forma a partir da expansão do
“Ponto de Luz” que é o próprio Espírito, Consciência Cósmica na plenitude de sua
manifestação e assim o Ser forma-se a si mesmo.
Na “fenomenologia do espírito se desenvolve a gênese de uma autoconsciência livre
‘em si e para si’ e mostra que a essência do trabalho é formar a coisa, e não deformá-la”. Ao
formar o objeto, portanto, enquanto age ignorando a si e dando lugar a um sentido universal, a
consciência que trabalha eleva-se acima do imediatismo de sua existência rumo à
universalidade, visto que, ao formar a coisa, forma-se a si mesmo.
O que quer dizer que o Ser enquanto está adquirindo “poder”, uma habilidade, ganha
com isso um sentido próprio. O que parecia ter-lhe sido negado no abandonar-se ao serviço,
na medida em que se submeteu totalmente a um sentido que lhe era estranho, volta em seu
proveito, enquanto ele é uma consciência livre e laboriosa. Como tal, encontra em si mesmo
um sentido próprio, sendo assim, pode-se dizer que o trabalho forma. O sentimento próprio da
consciência laboriosa contém todos os momentos daquilo que constitui uma formação prática:
distanciamento da imediatez da cobiça, das necessidades pessoais e do interesse privado e a
exigência de um sentido universal.
A formação prática é posta à prova no fato de preenchermos as exigências de nossa
profissão e em todas as suas facetas. Isso implica superar o que se torna estranho para a
particularidade que se é e apropriar-se totalmente dele entregar-se ao sentido universal da
profissão é, pois, ao mesmo tempo, “saber limitar-se, ou seja, fazer de sua profissão uma
questão inteiramente sua. Nesse caso, ela não será nenhuma limitação para o Ser”.
Nessa formação prática afirma Gadamer (2002) que se reconhece a determinação
fundamental do espírito; reconciliar-se com si mesmo no ser-outro. Essa determinação se
159
torna ainda mais clara na idéia da formação teórica, pois comportar-se teoricamente já é,
como tal, um alheamento, ou seja, uma exigência “de se ocupar com um não-imediato, como
algo da reminiscência, que pertence à memória e ao pensamento”.
A formação teórica conduz, assim, além do que o Ser sabe e vivencia de imediato,
possibilitando ao mesmo encontrar pontos de vista universais, a fim de apreender a coisa, isto
é, “o que há de objetivo na sua liberdade”. A liberdade do espírito é alcançada pelos vôos da
imaginação, e do reencontro de si mesmo, segundo a essência verdadeiramente universal do
espírito. Retornar a si para reencontrar o outro. Gadamer afirma que reconhecer no estranho o
que é próprio, familiarizar-se com ele, eis o movimento fundamental do espírito, cujo Ser é
apenas o retorno a si mesmo a partir do ser-outro. Nesse sentido, toda formação teórica é a
mera continuação de um processo de formação. Cada indivíduo particular que se eleva de seu
ser natural a um ser espiritual encontra no idioma, no costume, nas instituições de seu povo
uma substância prévia de que deve se apropriar, como o aprender a falar
.
Assim, cada indivíduo já está sempre a caminho da formação e da superação de sua
naturalidade, na medida em que, o mundo em que está crescendo é formado humanamente em
linguagem e costumes. Nesse seu mundo o povo trabalha a partir de si mesmo e extrai de si o
que é em si mesmo.
Gadamer diz que com isso fica claro que o que perfaz a essência da formação não é o
alheamento como tal, mas o retorno a si, que pressupõe naturalmente o alheamento. Nesse
caso, a formação não deve ser entendida apenas como o processo que realiza a elevação
histórica do espírito ao sentido universal, mas é também o elemento onde se move àquele que
se formou.
Sendo assim, a formação é um elemento do espírito, um ideal necessário, e a forma de
trabalhar das ciências do espírito, senso artístico e tato, pressupõe, na verdade, esse elemento
da formação, no interior do qual se permite ao espírito uma modalidade especialmente livre,
“predisposição pelas quais as mais diversas experiências devem fluir”.
Gadamer afirma que na verdade, esse tato ou esse senso não será compreendido
corretamente se for pensado como uma capacidade anímica adicional, que se serve de uma
boa memória, chegando assim a conhecimentos que não são rigorosamente evidentes. O que
possibilita essa função do tato, o que conduz à sua aquisição e posse, não é só uma mera
dotação psíquica favorável ao conhecimento das ciências do espírito.
Conforme o autor, reter, esquecer e voltar a lembrar faz parte da constituição histórica
do Ser, de sua história e formação. A memória precisa ser formada, pois a memória não é
memória em geral e para tudo. Para algumas coisas temos memória, outras temos que banir.
160
Gadamer diz que estaria na hora de libertar o fenômeno da memória de seu nivelamento
capacitativo que a psicologia lhe impôs e de reconhecê-lo como um traço essencial do ser
histórico e limitado do homem. Desde há muito tempo que não levamos suficientemente em
consideração que o esquecimento pertence à relação entre reter e lembrar.
Não se trata simplesmente de omissão ou carência, mas, trata-se de uma condição de
vida do espírito. É só pelo esquecimento que o espírito pode renovar-se totalmente e ser capaz
de ver tudo com olhos novos, de modo que o que é velho e familiar se funde com o recém-
visto em uma unidade de várias estratificações, “reter” é, pois, ambíguo. Enquanto memória
(mneme), ela contém a relação com a lembrança (anamnesis).
Gadamer diz que o mesmo vale também para o conceito do “tato”. Por “tato”,
entendemos uma determinada sensibilidade e capacidade de percepção de situações, assim
como, o comportamento que temos nessas situações quando não possuímos nenhum saber
baseado em princípios universais. Por isso, o tato é essencialmente inexpresso e inesprimível.
Pode-se dizer alguma coisa com tato. Mas isso sempre irá significar que, com tato,
contornarmos algo e não o dizemos, e que não temos tato quando buscamos exprimir o que só
pode ser contornado. Contornar, porém, não significa desviar a vista de algo, mas atentar para
não esbarrar nele e poder passar ao lado. É por isso que o tato ajuda a manter a distância.
Evita o impacto, a proximidade demasiada e a invasão da esfera íntima da pessoa.
Gadamer afirma que o tato não é simplesmente idêntico com esse fenômeno ético e do
trato com os outros. Há, no entanto, algo que é essencialmente comum, pois também o tato
que atua nas ciências do espírito não se esgota num sentimento inconsciente. É, também, uma
forma de conhecimento e uma forma de ser.
O tato inclui a formação, e é função da formação tanto estética como histórica. Se
quisermos poder confiar em nosso próprio tato para o trabalho com as ciências do espírito,
devemos possuir ou ter formado um sentimento tanto estético quanto histórico. Assim, quem
possui sentido estético sabe discernir o belo e o feio, a boa e a má qualidade, e, quem possui
sentido histórico sabe o que é possível e o que não é possível para uma época, e tem sentido
para distinguir o passado do presente.
Se tudo isso implica formação, significa que não se trata de uma questão de
procedimento ou de comportamento, mas no fato do Ser no seu processo buscar a ampliação
da sua consciência, transcendendo questões individuais, para chegar à dimensão do espírito. O
que requer que esteja receptivo ao novo, ao inusitado, totalmente focado no aqui e agora, na
Consciência Cósmica, que lhe possibilita abertura para pontos de vistas mais universais.
161
Gadamer salienta como uma característica universal da formação: o manter-se aberto
para o diferente, para outros pontos de vista mais universais. Sentido universal para a medida
e para a distância com relação a si mesmo, levando a ultrapassar a si mesmo e alcançar a
universalidade. Ver a si mesmo e seus fins privados com certo distanciamento significa vê-los
como os outros os vêem, ou seja, se colocar no lugar do outro para compreender sua lógica.
De certo, essa universalidade não é uma universalidade do conceito ou da compreensão.
Não se determina algo particular a partir de algo universal, não se pode comprovar
nada por conclusão. Os pontos de vista universais para os quais a pessoa formada se mantém
aberta não é padrão fixo de validade, mas se apresentam apenas como pontos de vista de
possíveis outros. Assim, conforme o autor, a consciência formada tem o caráter de um
sentido, pois todo sentido já é universal enquanto abrange sua esfera, abre-se para um campo
e, no âmbito daquilo que lhe está aberto, percebe as diferenças.
A consciência formada suplanta cada um dos sentidos naturais somente na medida em
que cada um está restrito a uma determinada esfera. Ela mesma opera em todas as direções. É
um sentido universal, que é comunitário... Gadamer afirma que esta é, de fato, uma
formulação para a essência da formação, em que ressoa um amplo contexto histórico. O que
faz das ciências do espírito ciências pode ser compreendido bem melhor a partir da tradição
do conceito de formação do que da idéia de método da ciência moderna.
A sabedoria dos sujeitos é algo a ser considerada, ninguém poderá dispensar a
sabedoria dos antigos, o cultivo da prudência e da eloquência. O tema da educação também
seria outro: a formação do senso comum que não se alimenta do verdadeiro, mas do
verossímil.
O senso comum, para o autor, não significa somente aquela capacidade universal que
existe em todos os homens, mas é também o sentido que institui comunidade. O que dá
diretriz à vontade humana não é a universalidade abstrata da razão, mas a universalidade
concreta representada pela comunidade de um grupo, de um povo, de uma nação, do conjunto
da espécie humana. O desenvolvimento desse senso comum é, por isso, de decisiva
importância para a vida.
Entre saber prático e saber teórico, um antagonismo que não se deixa reduzir à
oposição entre verdadeiro e verossímil. O saber prático é uma forma de saber distinta. Em
princípio significa que está orientado para a situação concreta. Terá de abranger então as
circunstancias em sua infinita variedade.
É claro que com isso ele só tem em mente subtrair o saber ao conceito racional do
saber... Que o antagonismo entre saber baseado em princípios universais e um ver o concreto,
162
também não significa a capacidade de subsunção do particular pelo universal, que se
denomina “capacidade de juizo”.
O que atua aí é, antes, um motivo ético, positivo, acolher e dominar eticamente uma
situação concreta exige essa subsunção do dado sob o universal, ou seja, sob o fim que se
persegue: que daí resulte o correto. Pressupõe, portanto, um direcionamento da vontade, isto
é, um Ser ético, nesse sentido, o saber prático é uma “virtude espiritual”. Não é uma mera
faculdade, mas uma determinação do Ser ético.
Virtude que não é simplesmente uma inteligência prática e uma engenhosidade
universal. Sua distinção entre o factível e o infactível abrange também a distinção entre o
conveniente e o inconveniente e, assim, pressupõe uma atitude ética, que, por sua vez,
aperfeiçoa essa mesma virtude.
O senso comum, conforme Gadamer é um sentido para a justiça e o bem comum, que
vive em todos os seres, e mais, um sentido que é adquirido através da vida em comum e
determinado pelas ordenações e fins desta. Seu direito próprio repousa no fato de as paixões
humanas não poderem ser regidas pelas prescrições genéricas da razão.
Por fim, sabe-se que as possibilidades da comprovação e do ensino que desenvolve o
racional não esgotam todo o campo do conhecimento. Ao contrário, precisamos abrir o
caminho de regresso à tradição e ao conhecimento que se constitui pelo sensível, apontando as
dificuldades que resultam da aplicação do conceito moderno de método às ciências do
espírito.
Os humanistas compreendiam por senso comum o sentido para o bem comum, mas
também “amor à comunidade ou à sociedade, afeição natural, humanidade, cortesia”.
Pensavam numa virtude mais de coração do que da cabeça. O senso comum implica na
verdade um embasamento moral e até mesmo metafísico. A virtude espiritual e social da
simpatia, sobre a qual edificou não somente a moral, mas toda uma metafísica estética.
Gadamer afirma que as abstrações da ciência da natureza, bem como as da linguagem
e do pensamento jurídico, seu tempestuoso apelo a “energia interior de uma inteligência, que,
a todo o momento, se reconquista sobre si mesma, eliminando as idéias feitas para deixar
espaço livre para as idéias que se fazem”, tudo isso pode ser batizado sob o nome de bom
senso.
A determinação desse conceito continha como é natural, uma referência aos sentidos,
mas é evidente que, diferentemente dos sentidos, o bom senso se refere ao social. Enquanto os
outros sentidos nos colocam em relação com coisas, o bom senso preside nossas relações para
com pessoas.
163
É uma espécie de gênio para a vida prática, mas menos um dom do que a permanente
tarefa de “ajustamento sempre novo de situações sempre novas”, uma espécie de adaptação
dos princípios gerais à realidade, pela qual se realiza a justiça, um “tanto evita o erro dos
dogmáticos científicos, que estão à busca de leis sociais, quanto o dos utopistas metafísicos. O
autor afirma que talvez não exista mais método, mas, antes, um certo modo de fazer e está
voltado em sua hermenêutica ao sentido autônomo do bom senso para a vida.
Gadamer coloca que o conceito de senso comum continua designando ainda hoje não
apenas um lema crítico, mas uma qualidade geral do cidadão e passou-se a entender apenas
uma faculdade teórica, ou seja, o juízo teórico figurando ao lado da consciência ética e do
gosto. Dessa maneira, acabou sendo classificado numa escolástica das forças fundamentais.
Senso Comum é traduzido inclusive por “coração” e é descrito da seguinte forma: “o senso
comum está às voltas com coisas simples que os homens vêem diante de si cotidianamente,
coisas que mantêm unida toda uma sociedade, que dizem respeito tanto a verdades e a
enunciados quanto a instituições e formas de compreender os enunciados...”.
Não importa somente a clareza dos conceitos; ela “não é suficiente para um
conhecimento vivo”. São necessários também “certos sentimentos prévios e certas
inclinações”. O amor não faz demonstrações, mas arrasta o coração, muitas vezes, contra a
razão. Gadamer coloca que o apelo ao senso comum contra o racionalismo da “escola” é
especialmente interessante porque nele o encontramos expressa a aplicação hermenêutica.
O verdadeiro fundamento do senso comum encontra-se no conceito da vida. Frente à
violenta retaliação da natureza, ele entende o desenvolvimento natural do simples ao
complexo como a lei universal do crescimento da criação divina e, com isso, também do
espírito humano.
Da linguagem, que lhe serve para a confirmação do verdadeiro mistério da vida. O
mistério divino da vida é sua simplicidade. Embora a tenha perdido por causa do pecado
original, o homem poderá ainda reencontrar a unidade e a simplicidade através do desígnio da
graça de Deus, a presença de Deus está na própria vida, nesse “sentido comum” que
diferencia tudo o que é vivo do que é morto.
No Ser atua a mesma força de Deus como instinto e estímulo interior, para que ele
perceba os sinais de Deus e reconheça aquilo que mais se parece com a felicidade e a vida
humana. Distingue expressamente a receptividade para as verdades comuns, que são úteis aos
seres em todos os tempos e lugares; enquanto verdades “dos sentidos”, das verdades racionais.
O sentido, um efeito da presença de Deus.
164
Aqui, os instintos não devem ser compreendidos como afetos, isto é, como confusa
representação, porque não são efêmeros, mas tendências enraizadas e dotadas de um poder
ditatorial, divino e irresistível. O senso comum, que se apóia neles é de especial significação
para o nosso conhecimento, justamente porque é uma dádiva de Deus.
A razão refere-se por leis e muitas vezes até mesmo sem Deus, mas o sentido sempre
se rege com Deus. Assim como a natureza se distingue da arte, também o sentido se distingue
da razão. Através da natureza Deus procede a um progresso simultâneo de crescimento, que
se expande regularmente pelo todo; a arte, ao contrário, inicia-se com uma parte
determinada... “O sentido imita a natureza, a razão imita a arte.”
Gadamer afirma que mais importante do que todas as regras hermenêuticas, é que a
pessoa esteja num senso pleno. Embora seja um extermo espiritualista, essa tese possui seu
fundamento lógico no conceito da vida, ou seja, do senso comum. Existe uma ligação entre
“senso comum e juízo”. A “sã compreensão humana chamada de “compreensão comum” é, de
fato, caracterizada decisivamente pelo juízo”. A introdução da palavra “juízo” no século
XVIII quer, portanto, reproduzir adequadamente o conceito de “iudicium”, que deve ser
considerado como uma virtude espiritual fundamental.
A sã razão, o senso comum, aparece principalmente nos seus julgamentos sobre justo e
injusto, factível e infactível, que possui um juízo são não está apto, como tal, a julgar o
particular a partir de pontos de vista universais, mas sabe o que é que realmente importa, isto
é, vê as coisas com base em pontos de vista corretos, justos e sadios.
Para kant (in Gadamer, 2002) o verdadeiro sentido comum é o “gosto”. O mais
animalesco e o mais íntimo dos nossos sentidos, já contém o gérmem da distinção que se
realiza no julgamento espiritual das coisas. A distinção sensível do gosto, como recepção ou
recusa em virtude do desfrute mais imediato, não é, pois, um mero instinto, mas já se encontra
a meio caminho entre o instinto sensorial e a liberdade espiritual.
Gadamer afirma que o que caracteriza o gosto é justamente o fato de ele ganhar a
distância da escolha e do julgamento frente às necessidades mais prementes da vida. Assim,
no gosto já se vê uma “espiritualização da animalidade”. O gosto não é somente o ideal que
apresenta uma nova sociedade, mas sob o signo do “bom gosto” forma-se aquilo que, desde
então, se denomina “boa sociedade”.
O autor coloca que sob o conceito de gosto pensa-se, sem dúvida, uma “forma de
conhecimento”. É sinal de bom gosto ser capaz de manter distância de si próprio e das
preferências particulares. Segundo sua natureza mais própria, o gosto não é algo privado, mas
um fenômeno social de primeira categoria.
165
O gosto é, pois, algo como um sentido, não dispõe de um saber prévio baseado em
razões. Por outro lado, o fenômeno do gosto deve ser definido como uma capacidade de
discernimento espiritual. O que perfaz a amplitude originária do conceito de gosto é
justamente o fato de que com ele se está designando uma forma própria de conhecimento. Ele
pertence ao âmbito daquilo que, sob o modo do juízo reflexivo, engloba no individual o
universal, sob o qual deve ser subsumido. Dessa forma, tanto o gosto quanto o juízo são
julgamentos do individual com vistas a um todo.
A fundamentação da estética Kantiana, de acordo com Gadamer, sobre o juízo do
gosto faz justiça a ambos os aspectos do fenômeno, sua não universalidade empírica e sua
pretensão apriorística à universalidade. Conforme Kant é o jogo livre da imaginação e da
compreensão, uma relação subjetiva idônea para o conhecimento, que apresenta o fundamento
do prazer no objeto. Idealmente, essa relação subjetiva é igual para todos, é passível de ser
transmitida universalmente e fundamenta assim a pretensão da validade universal do juízo do
gosto. E, esse é o princípio que descobre no juízo estético.
Quando Kant denomina o gosto de verdadeiro “senso comum” coloca que esse
momento reúne dois conceitos: o primeiro é o de universalidade que diz respeito ao gosto
como jogo livre de todas as nossas forças de conhecimento, que não está limitado a um campo
específico como se fosse um sentido exterior; segundo, que o gosto contém um caráter
comunitário e institui comunidade e sociabilidade.
A arte pode ser compreendida como uma linguagem mais imediata na expressão da
estética e da ética, muito importante na formação do Ser. Na sua acepção espiritual e
evolutiva, esse termo significa a expressão da beleza, da harmonia e do equilíbrio. De acordo
com Trigueirinho (1994) o ser humano distanciou-se desse sentido, e suas criações deixaram
de lado a elevação da vida. Desconectado dos níveis internos da consciência, apenas remaneja
técnicas, forças e energias, e erroneamente dá ao resultado da sua experiência o nome de arte.
A arte genuína pode ser expressa principalmente quando o Ser ingressa em uma etapa
de consciência mais sutil, quando entra em contato com a Consciência Cósmica. O
reaparecimento da arte nessa perspectiva está intimamente ligado ao de um novo observador,
que gera formas a partir de sua intenção na interação com o campo vibracional, e que pode
instituir comunidade e sociabilidade estabelecendo espaço de afetividade e trocas no grupo.
Mas, sem a percepção interna estar despertada, possibilitando ao Ser captar de níveis
profundos à energia da harmonia e da beleza, a verdadeira arte permanece ocultada, e
prevalecem os vícios da mente e dos sentidos.
166
A ROTA DA AMPLIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
Após o grande desafio de desenvolver a dissertação de mestrado, Estética
Vibracional - Um Processo Multidimensional de Ampliação de Consciência, na Faculdade de
Educação da UFRGS, onde foi possível sintetizar mais de vinte cinco anos de estudos e
práticas, realmente não descansaria enquanto não cumprisse meu propósito: levar essa
pesquisa, baseada na nova ciência, que implica ciência com consciência, a espaços além das
fronteiras da universidade.
Esse momento traduz-se como uma nova oportunidade, isto é, esta pesquisa de
doutorado se coloca como desafio, o desvelar de novos horizontes do saber. Mas é importante
que se perceba que a concepção de mundo aqui colocada, não desconsidera outras formas de
abordagens e de realidades, assim como, não pretende esgotar-se em si, até porque traz uma
visão de mundo que ainda está se estabelecendo.
A “Rota da Ampliação da Consciência” em que a pesquisa está baseada se constitui
a partir da teoria estudada no mestrado - Estética Vibracional um Processo Multidimensional
de Ampliação da Consciência, e, de atividades propostas nos Seminários Vivenciais já
realizados e nos que estão em andamento nos Cursos de Formação Multidimensional de
Ampliação da Consciência por mim criados e desenvolvidos.
A partir da teoria da Estética Vibracional a prática é desenvolvida e a partir dela
novas significações são geradas. Teoria e método se fundem na criação e o conhecimento é
dado a partir do Movimento de Transcendência pelo Sensível, num processo de
reversibilidade entre sensível e inteligível, em que o inteligível brota no sensível.
A partir dos Seminários Vivenciais em que se articula teoria e prática em doze
módulos no nível I e dez no nível II, nesta pesquisa me detive apenas nos módulos do nível I,
do Curso de Formação Multidimensional de Ampliação da Consciência, deixando o estudo do
nível II possivelmente para o pós-doutorado.
Nas atividades vivenciais enfatizo a expressão dos níveis de consciência por meio do
corpo físico e da Experiência Estética. Daí a importância do sensível explorado nesse estudo,
que se dá por meio da expressão do corpo e da interação, desse, com os demais corpos e
dimensões do campo vibracional, em interação, nos diversos níveis de consciência, criando
forma no espaço bidimensional, tridimensional e multidimensional.
167
Segundo Cauquelin
(2005, pág. 98)
:
A hermenêutica passa então a englobar a experiência estética e encontra
legitimidade na experiência de constituição do sentido - constituição
desenvolvida na confrontação permanente de si e do outro, do ser e do
tempo, revelada pelas análises fenomenológicas e ilustrada de maneira
exemplar pela experiência do jogo da arte.
A experiência do jogo da arte possibilita promover o sujeito que vivencia uma
“Jornada de Transmutação”, oportunizada em cada módulo do curso, no qual, proponho
vivências estéticas, corporais e simbólicas, tendo como caminho, a Arte Vibracional. Cada
módulo trabalha um símbolo que sintetiza as vivências propostas; cada símbolo é um portal
aberto à iniciação, um processo de ampliação de consciência o que pode significar a
transmutação da energia que está em forma, à reprogramação de um novo padrão de
informação, à transformação e ao renascimento do Ser para uma nova etapa do viver.
Cada símbolo é uma energia em potencial que evoca freqüências de ondas
vibratórias, e que se constitui em forma e se destitui de forma, emana da Consciência Cósmica
e a ela retorna. O símbolo transcende os limites da matéria densa e pode ser considerado como
uma “Rota Arquetípica” - uma linguagem sintética de princípios universais a serem
traduzidos.
A conexão com o símbolo implica revelação do que está no “subconsciente”, ou
“inconsciente” para o “consciente”, do oculto para o manifesto. Sendo assim, é um caminho
de ampliação da consciência. O símbolo se torna conhecimento revelado, manifesto, por meio
da percepção intuitiva, quando os Campos de Energia Humanos e Cósmicos se tornam
híbridos (Parode, 2007).
A “Rota de Ampliação da consciência“ se traduz por vinte e dois símbolos por mim
criados para uma “Jornada Arquetípica” a ser vivenciada pelo sujeito, a fim de que esse possa
compreender o seu momento, o grau de importância da vida, seu poder de realização e aonde
pode chegar percorrendo essa “Rota”.
A referida Rota possibilita ao sujeito uma jornada de autoconhecimento, que implica
conhecimento da vida e uma nova postura mediante ela. Propõe e permite ao sujeito
transcender o “ego”, conectar a Consciência Cósmica, e ir além das dualidades para encontrar
a Unidade, a Totalidade.
168
Assim, o desenvolvimento da consciência do Ser, que implica processo de
conhecimento, envolve a abertura para uma cosmovisão. Nessa busca, o sujeito segue pela
vivência dos vinte e dois arquétipos, que se constituem em XXII símbolos. Mas nesta
pesquisa me atenho apenas aos XII símbolos, desenvolvidos durante o percurso dos XII
módulos do nível I, do Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência.
Os XII símbolos e as imagens do caminho revelam que o desenvolvimento
simbólico da consciência passa por ciclos arquetípicos, que possibilitam a mudança pessoal e
o crescimento coletivo. A proposta de uma “Rota Arquetípica” dada a partir de cada símbolo
supõe o trânsito por todos os níveis de consciência, do eu pessoal ao transpessoal, implicando
jornada de transformação individual e coletiva. As transformações são movimentos de um
nível para outro, movimentos de transmutações internas que geram transformações externas.
A jornada inicia pelo autoconhecimento, que possibilita compreender o propósito da
vida, o grau de importância da existência nessa dimensão e o poder de realização de cada ser.
O autoconhecimento gera alteração de conduta do sujeito, que ao confrontar - se com sua
sombra reconhece o que já não serve mais em sua vida. No processo de busca de sabedoria,
transcende as dualidades, a individualidade, e se lança à Totalidade. A partir dessa
metamorfose do Ser, os condicionamentos são vencidos e se estabelece a materialização de
uma nova forma e de um novo padrão, que leva à ampliação da sua consciência.
O desenvolvimento da consciência, pela “Rota Arquetípica” dos doze símbolos
permite ao sujeito transcender o ego, a máscara e a sombra para encontrar a Consciência
Cósmica. O padrão de relação eu - comigo, eu - outro, outro - outro e nós- todos - juntos
expressa a plenitude simbólica na inter-relação das polaridades, na superação dos dualismos
tendo como ponto de partida o sensível que conduz o inteligível no processo de expansão da
consciência.
Nessa “Jornada de Transformação” está implícita a supressão da idéia de
unilateralidade da objetividade no processo de conhecimento, da ditadura da razão sobre o
sensível e da linguagem verbal sobre as demais linguagens. A ênfase na objetividade em
detrimento da subjetividade no processo de conhecimento ocorre basicamente em uma
dissociação da Consciência Cósmica, da Centelha Divina, que se manifesta no sujeito como
Inteligência Espiritual. A meta suprema do conhecimento é a Consciência Cósmica, origem
de todas as coisas.
169
AS VIVÊNCIAS ESTÉTICAS CORPORAIS E SIMBÓLICAS
O processo de busca de compreensão do mundo, do que se constitui como universo
visível e invisível é assumido nesse trabalho pela fenomenologia hermenêutica. O que exige
propor uma relação direta entre pensamento e experiência, pensar, e, ao mesmo tempo, sentir
para conhecer. Assim, nessa proposta metodológica se parte do sensível ao inteligível, sendo
o inteligível manifestado pelo sensível.
A pesquisa parte de uma abordagem de Educação Transdisciplinar; educação do
sensível em que as vivências estéticas, corporais e simbólicas possibilitam a transcendência
pelo sensível, denominada a “Inteireza do Ser”. Experiências Estéticas, que geram
conhecimentos, desenvolvimento de uma ética, uma ecologia pessoal, social, planetária e
cósmica.
O trabalho por uma abordagem transdisciplinar e uma metodologia vivencial,
propõe ao sujeito momentos plenos de sentido, para que possa sair da sombra, da anestesia do
dia a dia e perceber que ser mais sensível e atento à vida é encontrar a luz e a Estesia. Tal
fluidez com as vibrações de luz gera o reencantamento do viver, a compreensão do propósito
da vida, que começa pelo reconhecimento de si mesmo, e o respeito e valor a todo tipo de
vida no universo, em todos os níveis de consciência, o que se constitui no que chamo de
Estética Biocósmica.
Assim, o sujeito para saber e conhecer tem que saber viver e aprender a amar a si e
aos demais seres, para ser e conviver. O Sujeito Estésico, aquele que sente, a partir da
Experiência Estética experimentada em vivência consciencial, tem a possibilidade de
ultrapassar dualidades e encontrar a Unidade, tornar-se um Ser Integral, Multidimensional. É
por meio do corpo que sente na vivência, que o ser passa a conhecer e ressignificar muitas
experiências, pelo Corpo Vibracional (Parode, 2007).
Corpo que pulsa e surge como presença e expressão num mundo de relações e
interconexões. Corpo que está para além de uma matéria densa, pois é massa que tal como a
luz vibra numa determinada freqüência, ou freqüências, porque, também é energia que se
manifesta como um campo em interação com outros campos.
O corpo enquanto mediação do ser no mundo se manifesta por meio das múltiplas
linguagens expressivas, sendo que todo ato de interação com a linguagem é um ato de
significação. Assim, as linguagens oportunizadas pela metodologia vivencial servem para
170
articular as diversas formas de inteligências, cognitiva, emocional e espiritual, o que auxilia
no processo de autoconhecimento.
As vivências possibilitam o movimento de reversibilidade das energias dos
hemisférios cerebrais direito (que rege o sensível, o intuitivo e o criativo) e do esquerdo (o
inteligível, racional, lógico, analítico). Nesse processo alquímico o sujeito tem a possibilidade
de conhecer a si mesmo, o outro e o mundo, pois a Inteligência Espiritual se constitui,
possibilitando a expansão da Consciência.
Propondo uma Rota Arquetípica, conforme já explicitado, se oportuniza aos sujeitos,
por meio de vivências estéticas, corporais e simbólicas, a manifestação da Consciência
Cósmica e sua expansão, com o intuito de perpassar todos os níveis de consciência - do eu
pessoal, ao transpessoal - consequentemente, exaltar a Inteligência Espiritual e buscar o
conhecimento que é dado na inteireza do Ser.
As vivências estéticas, corporais e simbólicas procuram trabalhar o sujeito em sua
inteireza, na relação da matéria que tem estreita relação com o corpo físico e suas percepções,
da mente com a razão e os pensamentos, da alma com a emoção e os sentimentos, do espírito
com a Consciência Cósmica, o imaginário, o intuitivo e o simbólico.
As propostas vivenciais se voltam tanto ao campo físico, quanto ao energético,
sexual, emocional, mental, espiritual, cósmico, e divino. O sujeito entra em conexão com
todos os níveis de consciência, para movimentar tanto padrões existentes, como gerar novos
padrões, significações e formas, através da fluidez com a Consciência Cósmica.
Nas vivências se ressalta a importância do imaginário, como dimensão do ser que
permite pensar que tudo pode acontecer e que tudo é possível, inclusive acessar campos
informacionais, para gerar significações que voltarão a esses campos enriquecendo-os e
transformando-os. Assim como, reconhecer a dimensão do valor do conhecimento intuitivo,
da criatividade e da utopia, sem os quais nossos horizontes ficariam ofuscados, fechados.
Sendo assim, todos os módulos envolvem propostas vivenciais que tentam articular
ao mesmo tempo, as dimensões do corpo físico, do corpo vibracional e do multidimensional.
Isto é, no mesmo módulo se trabalha todas as dimensões do ser, com vivências que envolvem
um determinado nível de consciência relacionado ao corpo, à mente, à alma e ao espírito.
A idéia é ressaltar enfoques específicos de cada nível de consciência, e,
imediatamente, propor vivências para a conexão de todos os níveis ao mesmo tempo, a fim de
possibilitar ao sujeito a vitalidade e a saúde do corpo, a equilibração das energias e a
purificação da alma e da mente e a sintonização com o espírito, com a Consciência Cósmica
para ampliação da consciência.
171
Todos os níveis trabalhados individualmente e depois conectados possibilitam
acesso a níveis de consciência mais elevados, que certamente envolvem o plano cósmico
divino e tudo que diz respeito a ele; o conhecimento intuitivo, o imaginário, a dimensão
arquetípica e simbólica.
O processo se dá na relação do objetivo da vivência com a proposta da “Rota da
ampliação da Consciência”, com o propósito de cada símbolo em cada módulo – do módulo I
ao XII. Assim, em cada módulo se trabalha no mínimo, com duas vivências de conexão e
sintonização, duas de acoplamento e circulação da energia e outra de coagulação e
materialização da forma. Esta última se refere ao símbolo, que fecha o trabalho e sintetiza
todas as demais vivências, abrindo o campo para a vibração da energia até o próximo módulo,
movimentando a energia do símbolo seguinte.
O propósito das vivências nessa relação é justamente possibilitar ao sujeito o
encontro consigo mesmo, para o desenvolvimento do autoconhecimento e ampliação de sua
consciência, à consciência do que está fora de si, do espaço tridimensional ao
multidimensional. Tudo começa pelo reconhecimento de si, do outro, e, dos diversos campos
de consciência, que incluem o individual e o transpessoal, a conexão consigo e o cosmos que
possibilita a criação de novas formas e padrões.
Na proposta da “Rota da Ampliação da Consciência”, que se constitui por uma “Rota
Arquetípica”, as vivências estéticas, corporais e simbólicas são trabalhadas em dois
movimentos e sentidos: anti-horário e horário, do plano mais sutil ao mais denso e do mais
denso ao mais sutil, da vertical a horizontal e vice-versa, a partir do que denomino “Rede de
Energia Cósmica”. A partir do ”Fio Condutor da Vibração Cósmica”, oriundo dessa rede a
que estamos ligado, o campo de energia humano e cósmico se tornam híbridos e a parte se
dilui no Todo e o Todo na parte.
172
REDE DE ENERGIA CÓSMICA
Figura 15
173
Nesse movimento que tenta estabelecer a mudança de sentido da vibração, para que
a mudança realmente tenha sentido, ou seja, para que o sentido da mudança seja a mudança de
sentido da vibração, que vai envolver alterações físicas, energéticas, emocionais mentais e
espirituais, as vivências são propostas em três momentos: o primeiro de conexão, o segundo
de acoplamento, o terceiro, o simbólico, de coagulação da energia, que é a síntese dos dois
anteriores.
174
O PROCESSO ALQUÍMICO
O SENTIDO DA MUDANÇA É A MUDANÇA DE SENTIDO
Figura 16
175
A “Conexão e a Sintonização” da energia ocorrem com a proposta de nove
vivências, a “C irculação e o Acoplamento” por meio de doze vivências e a “Coagulação” da
energia pelos doze simbolos, a partir do “Fio Condutor da Vibração Cósmica”. Todas as
vivências possibilitam o acesso à energia cósmica universal, que denomino “Cosmoenergia” -
energia de puro amor incondicional, que gera transformações no padrão vibratório do ser e,
conseqüentemente, a ampliação de sua consciência.
A “Cosmoenergia” é a própria manifestação da Consciência Cósmica, vibração de
puro amor e luz que se movimenta a partir do vórtice cardíaco. Energia que se expande e atua
no ser para que este vivencie as quatro faixas de consciência, que envolvem diretamente o
campo de personalidade, ou seja, o eu pessoal - o corpo físico, energético, emocional e o
mental, assim como, aquilo que se constitui em níveis de consciente e inconsciente.
A vibração dessa energia de alta freqüência no campo do sujeito, que se manifesta
como supraconsciência, movimenta o saber, o querer, o agir e o calar, que implicará tanto
diluição do que está em forma, quanto, coagulação de uma nova forma. Na liberação de todo
padrão de informação retido na memória das células, na transmutação daquilo que não serve
mais, para que se constitua um novo padrão, uma nova realidade se apresenta na vida do Ser:
uma nova forma de ser e estar no mundo.
A vivência dos doze símbolos sintetiza e relaciona o propósito das vivências de
“Conexão e Sintonização”, “Acoplamento e Circulação” da energia por meio do “Fio
Condutor da Vibração Cósmica”, a fim de que se possa entrar em ressonância com todos os
níveis de consciência, do eu pessoal ao transpessoal, assim como, movimentar a energia do
consciente, do inconsciente e do supraconsciente. A idéia é que por uma “Rota Arquetípica” o
Ser transcenda as dualidades e encontre a Unidade, o Todo na parte e a parte no Todo, o que
possibilita a ampliação de sua consciência.
176
NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA DO SER
DO EU PESSOAL AO TRANSPESSOAL
Figura 17
177
VIVÊNCIAS DE CONEXÃO E SINTONIZAÇÃO DA ENERGIA
A RESSONÂNCIA COM A FORMA
VIVÊNCIA I
ALONGAMENTO - INTERAÇÃO - MOVIMENTO - RESPIRAÇÃO
OBJETIVO: Consciência do corpo, por meio de alongamento, caminhada, movimento e
respiração. Liberação de tensões e energias acumuladas, busca de vitalidade, despertar do
corpo como veículo de expansão da consciência e espaço sagrado que abriga o Divino em
cada um de nós. Descontração, troca com o grupo, interação e interconexão das partes com o
Todo formando um grande elo energético elevando a consciência para níveis mais sutis; o
reconhecimento de si, do outro e do Todo.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa:
Alongamento e movimento do corpo inteiro.
Movimento das articulações, da cabeça aos pés, a fim de desintoxicar o corpo, banhar a
corrente sanguinea de endorfina e liberar tensões musculares e energias acumuladas no corpo
físico e vibracional.
Movimentos giratórios da cabeça, para frente e para trás, depois no sentido horário e anti-
horário, alongando o pescoço, os ombros, as articulações dos braços, ante-braços, pulsos,
mãos e dedos. Abrir e fechar as mãos e os dedos primeiro lentamente, em seguida ir
acelerando o movimento.
Logo após, focar na respiração, inspirando e expirando, associando-a aos movimentos do
corpo, depois ao movimento de abrir e fechar das mãos.
178
Imediatamente repetir o processo ao ritmo do som, da música, o que possibilita entrar em
conexão com o campo sutil rapidamente e expandir a energia para níveis de consciência mais
sutis.
Segunda etapa:
Interação do grupo, assim como, movimento de alteração do padrão vibratório de todos ali
presentes, inicia com a proposta de se formar um círculo.
Imediatamente, entro no círculo com uma bolinha de tênis na mão.
Peço que todos observem meus movimentos e gestos, pois vamos entrar num jogo de
movimento, alegria e interação a fim de que possamos nos conhecer e reconhecer.
Mantenho a bolinha na mão direita, dou um salto levantando as mãos para o alto dizendo meu
nome e com alegria atiro a bolinha com força no chão.
O primeiro que pega entra no círculo se apresenta aos demais
dizendo seu nome, as atividades que exerce e seu propósito no curso.
Os colegas o saúdam dizendo bem-vindo “O nome da pessoa”.
Esse agradece, atirando a bolinha com força no chão.
O próximo que pegar a bolinha entra na roda e o que estava no centro do círculo volta para
seu lugar.
O processo segue até que todos entrem na roda e se apresentem.
Terceira etapa:
O grupo une-se num círculo criando um elo energético.
De mãos dadas, mão esquerda recebe energia, sendo assim, a palma da mão fica voltada para
cima; a direita doa energia, nesse caso, a palma da mão fica voltada para baixo.
Imediatamente, inicia-se o movimento da roda, no sentido anti-horário para conexão com as
energias sutis de alta vibração do universo e sintonização da energia cósmica no campo de
energia humano.
De mãos dadas, ainda em círculo, o movimento se intensifica, de passos à caminhada e a uma
corrida intensa.
179
A energia vai fluindo de um campo a outro, quando aos poucos vai se diminuindo o
movimento da roda até a parada total.
Fechando os olhos e sentindo a vibração da energia no corpo é o momento de sentir a
respiração: inspirando e expirando e acalmando a respiração até o ritmo natural de se respirar.
O processo é repetido, mas, agora, o sentido do movimento da roda é horário para a
sintonização da energia cósmica no campo de energia humano.
Os movimentos num primeiro momento são realizados sem música, em seguida repete-se o
processo com música.
VIVÊNCIA II
RESPIRAÇÃO-RELAXAMENTO-EQUILIBRAÇÃO-RADIESTESIA
OBJETIVOS: Respiração e relaxamento, para que o Ser entre em contato consigo mesmo,
perceba e sinta o corpo e, ao mesmo tempo, acalme a mente e as emoções, encontrando seu
centro e a equilibração. Imediatamente, relaxa o corpo físico e acessa outras dimensões de seu
ser - do nível inconsciente, subconsciente ao supraconsciente. Movimento de padrões de
informação existentes e pela conexão com a Consciência Cósmica, transcender as dualidades,
os condicionamentos, liberar o conhecimento intuitivo, aflorar a Inteligência Espiritual. A
conexão com a rede de energia cósmica possibilita o auto-conhecimento e a ampliação da
consciência
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Relaxar e se colocar numa posição confortável.
180
Inspirar lentamente e de maneira gradual, ir dilatando o abdomen. A inspiração deve ser lenta,
profunda e confortável. Não inspirar nem dilatar o abdomen em demasia (senão a respiração
será irregular).
Segurar o ar nos pulmões por um ou dois segundos antes de expirar.
Expirar vagarosamente e, de maneira gradual, ir contraindo o abdomem. A expiração deve ser
lenta, profunda e confortável. Não expirar nem contrair o abdomem em demasia.
Segurar o ar nos pulmões por um ou dois segundos antes de respirar.
Repetir o processo por cinco minutos e aumentar, gradualmente, o tempo que for possívelder.
Ao fazer a respiração da energia cósmica profunda permiti-se que a diminuição do ritmo de
respiração se manifeste gradualmente, sem muito esforço para que o fluxo desordenado dos
pensamentos diminua gradualmente e surja a sensação de paz, tranqüilidade, harmonia e
serenidade.
Segunda Etapa
Todos sentados formando um grande círculo.
Peço que alguém se coloque no centro, para captação da energia do campo eletromagnético
com as varetas de cobre.
Ressalto que o momento é de permanecer em silêncio, observando o colega que está no meio
da roda, para perceber o que acontece quando passo as varetas a uns dez centímetros de
distância do seu corpo físico.
Logo após, peço que todos se acomodem de maneira que, sentados, novamente formem um
círculo e, somente um, entre no centro e deite no colchonete que ali está soltando bem o corpo
no chão.
O silêncio é muito importante nesse momento em que conduzo ao relaxamento o sujeito que
está no centro. Faço a captação da energia de cada vórtice com o pêndulo radiestésico, a fim
de localizar as áreas de bloqueios energéticos. O trabalho se completa quando é feita a
captação do campo eletromagnético de todos os alunos.
181
VIVÊNCIA III
INTERAÇÃO-TROCA E INTERCONEXÃO
OBJETIVO: Contato do sujeito consigo, interação com o outro, troca e interconexão, para
gerar o amor próprio, a auto-estima, o reconhecimento de si, a alegria de viver, o lúdico, o
respeito ao outro, ao grupo e aos demais seres do universo. Despertar a sensibilidade, a
criatividade e o conhecimento que surgem na interação, no movimento de afetar e deixar-se
afetar pelo grupo e por todo o cosmos, a conexão com o Todo que gera a imaginação e a
ampliação da consciência.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Caminhar e movimentar-se pelo ambiente, circulando em todos os espaços.
Preencher os espaços vazios. Interferir na caminhada de alguém e em seguida criar
movimentos expressivos com o corpo.
Interagir no movimento de um colega, depois no movimento de outros colegas.
Em seguida, formar um círculo e como se estivesse com um giz na mão criar formas no
espaço a sua volta.
Criar formas com o movimento do corpo no espaço.
Fazer movimentos pelo ambiente, onde o corpo é colocado em expressão gerando pontos,
linhas retas, curvas, zigue-zague.
Interagir com os colegas criando formas geométricas no espaço a sua volta.
Formar um círculo, escolher duas pessoas, tentando formar um triângulo.
Escolher três pessoas, tentando formar um quadrado.
Escolher quatro pessoas, tentando formar um losango.
Escolher cinco pessoas, tentando formar um círculo.
Nesse círculo, cada um entra, gera um movimento expressivo e em seguida, retorna a seu
lugar para que o próximo entre.
182
VIVÊNCIA IV
FORMA DO ESPAÇO BIDIMENSIONAL AO MULTIDIMENSIONAL
OBJETIVO: Reconhecimento de si como um ser multidimensional, uma forma interconectada
com diferentes formas, que gera outras formas, no espaço bi, tri e multidimensional. Tal
reconhecimento implica autoconhecimento, reencantamento do viver, alegria, afetividade,
amorosidade, vitalidade que se dá pela transcendência das dualidades, na conexão do espaço
interno com o campo de energia cósmico, o que significa a imanência da energia Cósmica no
Campo de Energia Humano, para criação de novos padrões, que geram novas formas e
ampliação da consciência.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Iniciar caminhando aleatoriamente. Elevar os braços e sacudi-los.
Movimentar a cabeça, o pescoço e todas as articulações possíveis. Novamente fazer os
mesmos movimentos, seguindo o ritmo da música.
Parar e gerar movimentos, cada um com seu próprio movimento. Caminhar e gerar
movimentos de descontração.
Caminhar lentamente, caminhar rápido, parar e não se ater a nada, somente sentir o corpo, a
sua forma e seus movimentos no espaço.
Prestar atenção em sua respiração, em seu ritmo de respirar, na inspiração e na expiração.
Caminhar preenchendo espaços em todas as direções sem nenhum foco.
Parar e olhar o espaço a sua volta, focar em algum ponto do espaço, observando cada detalhe.
Relacionar esse ponto observado com expressões corporais.
Aos poucos, parar e focar no seu corpo e percebê-lo por alguns instantes. Fechar os olhos e
respirar profundamente por alguns instantes e sentir cada partícula de seu corpo.
Inspirar e reter o ar no abdomem, acelerar a respiração. Inspirar e soltar o ar e aos poucos,
voltar ao ritmo natural de respirar.
Novamente sentir o corpo e tomar consciência do mesmo. Abrir os olhos e novamente
movimentar-se pela sala, agora atento ao espaço a sua volta.
Circular pelo ambiente e perceber seus colegas, tentar seguir seus movimentos.
183
Olhar nos seus olhos profundamente. Sentir afetar e se deixar afetar pelo olhar dos colegas.
Novamente respirar: inspirar e expirar. Deixar-se levar pela sua intuição, imaginação,
criatividade e com gestos e expressões doar energia amorosa a seus colegas.
Segunda Etapa
Colocar o centro motor em atividade e descansar o intelectual, diminuindo o cansaço, o stress,
ativando a sexualidade e a vitalidade.
Ficar de pé e abrir os braços em forma de cruz.
Movimentar as pernas lentamente e aos poucos acelerar o movimento como uma corrida.
Movimentar os braços, acompanhando como se estivesse batento palmas.
Por ultimo, movimentar a cabeça para um lado e para o outro.
Formar um círculo e um por vez, de olhos fechados e ao ritmo do som, entrar na roda com os
braços abertos, girando o corpo em torno de seu próprio eixo, no sentido anti-horário e depois
no sentido-horário.
Ao terminar os giros, o sujeito estará em algum outro lugar do círculo.
O próximo que ali está entra e segue o processo.
VIVÊNCIA V
ESPAÇO TRIDIMENSIONAL - MULTIDIMENSIONAL E
VISUALIZAÇÃO DA FORMA
OBJETIVO: Contato do sujeito consigo, com seu ser interor, com sua alma e com o espaço a
sua volta. Compreensão a respeito da importância da percepção do espaço tridimensional,
tendo como caminho o sensível, a visualização da forma para tomada de consciência do que
está em forma em si e para além de si. Liberação de padrões de condicionamento como medo,
angústia, ansiedade, falta de fé e confiança. Transcendência de informações do passado e
vivência na plenitude da consciência, no agora, criando uma nova forma geradora de um novo
padrão alquímico do ser e entendimento da vida a vida como arte e acontecimento.
184
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa:
Vamos nos imaginar num lugar da natureza, sozinhos e deitados. Visualizar o relaxamento de
cada parte do seu corpo, dos pés à cabeça, até se sentir totalmente relaxado e flutuando no
oceano infinito de paz. (Não precisa mexer o corpo, só visualizar... mas se sentir vontade de
mexer, ok).
Os “desconfortos” da meditação fazem parte do processo, e não são impedimentos para sua
prática. Legitime, aceite, acolha sem julgar o que sente os insights que surgirem; as imagens,
os símbolos, as formas, as cores, os sons, os odores.
Ao mesmo tempo, eleve sua mente repetindo para você mesmo o seguinte: Eu me perdôo e
perdôo a todos que me ofenderam. Me liberto de toda a magoa, tristeza e culpa, de todo o
medo, dor e sofrimento, de todos os pensamentos, emoções e ações negativas. De Tudo que
está na memória das minhas células, no meu campo gerando, desequilíbrios físicos, mentais e
emocionais e condicionando meu ser... Toda informação que trago no meu DNA de gerações
passadas, como energias negativas que impedem meu crescimento como “Ser Humano” e
meu processo evolutivo, pois “Eu Sou a Consciência Cósmica, o Oceano Infinito de Paz,
Amor e Sabedoria”. Nesse lugar lindo em que estamos agora vamos criar uma nova forma
para nossa vida, vibrando em “Amor, Alegria, Paz, Harmonia, Fé, Beleza, Poder, Sabedoria,
Saúde e Abundância”.
Segunda Etapa:
Sentar sobre os joelhos, braços estendidos ao longo do corpo - concentrar quatro dedos abaixo
do umbigo. Inspirar, sobre os dois braços expirar ao longo do corpo - concentrar quatro dedos
abaixo do umbigo. Inspirar, sobre os dois braços para cima da cabeça. Encontrar palma com
palma da mão. Se sentir vontade de soltar o ar, abaixe o tronco e tente sempre manter os
braços perto das orelhas, se não conseguir, apóie os braços no chão antes, para apoiar a
descida do corpo. Fique sem ar lá embaixo, apóie os braços no chão, para depois apoiar a
descida do corpo. Fique sem ar lá embaixo, relaxadamente. Se sentir vontade de inspirar sobre
o tronco mantendo os braços perto das orelhas. Solte o ar, abaixe os braços lateralmente para
que voltem a ficar ao longo do tronco. Recomeçar, repetindo o exercício oito vezes.
185
Terceira Etapa:
Ficar de barriga para baixo (fazer oito vezes). Mãos apoiadas no chão, com o cotovelo bem
perto do tronco. Nariz e testa no chão. Concentrar no meio do peito. Soltar o ar com o rosto
ainda no chão, ao inspirar vá subindo a cabeça, depois o tronco até o umbigo e olhar o
máximo que puder para trás. Manter o maxilar fechado e levantar os cotovelos um pouco do
chão. Prender o ar e ficar o tempo que for confortável. Se sentir vontade de expirar o ar desça
o tronco e relaxe um pouco ou emendaedireto na próxima repetição - Repetir quatro vezes e
relaxar entre elas.
VIVÊNCIA VI
ESPAÇO TRIDIMENSIONAL, MULTIDIMENSIONAL
VISUALIZAÇÃO e VERBALIZAÇÃO DA FORMA
OBJETIVO: Contato do sujeito consigo, com seu corpo, sua alma e espírito. Descoberta do si
mesmo, da autoestima para uma boa relação com o outro e o espaço a sua volta, do plano
tridimensional ao multidimensional. Compreensão e respeito da importância do sensível para
manifestação da Inteligência Espiritual o que possibilita a conexão imediata com a
Consciência Cósmica, o conhecimento intuitivo, o acesso a imagens e formas, gerando a
criatividade e o processo de ampliação da consciência.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa:
Entrar em contato com a respiração.
Aos pouquinhos e gentilmente trazer o ar para o abdomen. Deitar e ficar em silêncio por
alguns instantes, procurar não pensar em nada.
186
Relaxar, soltando o corpo no chão, de barriga para cima, entrando em contato com seu corpo.
Perceber e sentir como cada parte toca no chão e como está em relação a outra parte dele
mesmo. Acalmar a mente e as emoções e ficar atento, apenas, à respiração e ao que perceber
acontecer no seu corpo. Levantar pelo lado direito.
Segunda Etapa:
Deixar a respiração comandar os movimentos.
Fazer o máximo que conseguir na postura, mas evitar forçar.
Sentar e cruzar as pernas, direita na frente. Mão direita pega punho esquerdo. Concentrar
quatro dedos abaixo do umbigo. Inspirar em cima, descer expirando, ficar sem ar o tempo que
for confortável, mas se sentir vontade de inspirar, contrair o períneo e ir subindo o tronco, a
partir do quadril, enquanto inspira. Se der ao chegar lá em cima, soltar o ar devagar e abaixar
o tronco novamente (repita a seqüência oito vezes). Se não der para fazer direto, respire
normalmente entre as posturas, quando estiver com o tronco na vertical.
Deitar pelo lado direito depois de barriga para cima e soltar bem o corpo no chão. Sentir o
efeito da postura.
Visualizar-se num lugar da natureza que lhe traga muita paz, onde esteja sozinho e sentado.
Por alguns instantes entre em ressonância com o que está em forma em sua vida... apenas
observar seus pensamentos, emoções, como se eles estivessem fora, projetados numa tela de
cinema. Você os tem, mas não são eles. E repita para si, eu sou a Consciência Cósmica. Não
sou as emoções, não sou a mente. Não sou minha profissão, nem minha família, nem minha
história de vida, não sou meu nome; tudo isso faz parte de mim, pertence a minha
personalidade, mas não sou eu... Eu sou aquele “Eu“ infinito de paz, aquele “Eu”, “Eu Sou”,
“A Consciência Cósmica”.... Vá sentindo seu corpo, sua mente e seus sentimentos, os
problemas se diluindo, a natureza que é você mesmo se dissolvendo num Oceano Infinito de
Paz... Você, com tudo que tem, a natureza e o Oceano Infinito são apenas “Um”... um ponto...
ou um Ponto de Luz no meio do seu coração, ou entre suas sobrancelhas. Um ponto no meio
deste Oceano e que é este Oceano Infinito, por onde o ar entra e sai, por onde o Oceano
Infinito se manifesta e volta para o não manifesto. E, neste ritmo, repita só pra você, quando o
ar entrar: “Eu”, e repita “Sou”, quando sair o ar, imaginando que você é este Oceano Infinito
de Paz.
Verbalizar as seguintes palavras:
187
EU SOU LUZ, EU SOU PAZ, EU SOU AMOR, EU SOU ALEGRIA, EU SOU FELICIDADE, EU SOU
HARMONIA, EU SOU SAÚDE, EU SOU ABUNDÂNCIA, EU SOU SABEDORIA, EU SOU LUZ...
Lembrem-se, essas afirmações têm como objetivo lhe tornar um consigo mesmo e com o
“Todo”. Nesse processo o importante é cada átomo, molécula e partícula de seu ser absorva,
retenha essa informação. Para que sinta que em cada átomo do seu ser pulsa a vibração da
Consciência Cósmica e que tudo e todos são apenas “Um”.
Um Oceano Infinito de “Amor”, que legitima “Tudo” e “Todos”. “Um” no “Todo” e “Todo”
no “Um”.
VIVÊNCIA VII
ORAÇÃO, MEDITAÇÃO E SILÊNCIO
OBJETIVO: Atingir as esferas de luz, a equilibração, o contato com a Consciência Cósmica e
com as redes energéticas do plano cósmico divino, pela respiração, oração, meditação e o
silêncio pleno. O sujeito consigo, focado no seu centro, na sua alma, busca a transcendência e
a imanência, o autoconhecimento e a conexão com níveis de consciência mais sutis, que
possibilita o movimento de hibridez das energias, do campo tridimensional ao
multidimensional. Os Campos Híbridos (Parode, 2007) movimentam o sopro divino do
espírito, a Consciência Cósmica que se expande por meio da respiração, atingindo todos os
níveis de consciência. A oração vai purificando a alma e a meditação elevando a mente para
níveis de consciência mais ampliados, que transcendem o ego.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Formar um círculo e dar as mãos, a direita recebe energia e a esquerda doa.
Concentrar na respiração (inspirando e expirando).
Focar a mente no centro do peito, no vórtice do cardíaco. Visualizar uma luz Rubi-Dourado
irradiando do centro do peito.
188
A luz se expandindo lentamente por todo seu ser, da cabeça aos pés. Perpassando cada átomo,
molécula, partícula do corpo físico ao vibracional.
A luz que irradia em todo nosso ser agora é focada mais uma vez no centro do peito e do
centro do peito circula pelo nosso braço direito até a palma da mão.
Da palma da mão direita é irradiada numa tonalidade verde para o colega ao lado.
Sentir a vibração de cada ser ali presente pela energia que circula por toda a corrente
mediante o elo formado por (cada ser ali presente.)
Focar a mente no centro do círculo e, imediatamente, num ponto infinito do espaço.
Visualizar uma luz violeta irradiar desse ponto e ancorar no centro do círculo.
Aos poucos, a luz do centro do círculo é focada no topo da cabeça, irradiando e penetrando
cada ser da corrente que a expande para todos os seres do universo.
Focar mais uma vez no topo da cabeça, visualizando uma pirâmide de luz azul celeste com
branco cristalino. Repetir a oração do Pai Nosso.
Visualizar essa luz da “Síntese Divina”: Pai-Filho e Espírito-Santo irradiar da cabeça aos pés
e, então, prossegue-se com outras orações e a repetição dos salmos 91 e 23 e 21 da Bíblia
Sagrada.
SALMO 91
Aquele que habita o esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi
do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Porque ele te
livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas, e
debaixo das suas asas estarás seguros; a sua verdade será o teu escudo e broquel. Não temerás
espanto noturno, nem seta que voe de dia, nem peste que ande na escuridão, nem da
mortandade que assole ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não
serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás o castigo dos ímpios. Porque
tú, ó Senhor, és meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação. Nenhum mal te sucederá,
nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para
te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos para que não
tropeces com o teu pé em pedra. Pisarás o leão e o áspide; calcarás o filho do leão e da
serpente. Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro
alto, porque conheceu o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na
189
angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a
minha salvação.
SALMO 23
O Senhor é o meu pastor e nada me faltará, deitar-me faz em verdes pastos, guia-me
mansamente a águas tranqüilas e refrigera a minha alma. O eterno me dá novas forças; e me
guia no caminho certo. Ainda que eu caminhe por um vale escuro como à própria morte, não
temerei. Pois Deus está comigo, Tu me proteges e me diriges. Preparás um banquete para
mim onde meus inimigos possam ver, Sou teu convidado de honra e enches meu copo até a
borda. Sei que a tua bondade e o teu perdão ficarão comigo enquanto eu viver. E todos os
dias da minha vida morarei na tua casa.
SALMO 21
Na tua força, ó Senhor, o rei se alegra; e na tua salvação quão grandemente se
regozija!Concedeste-lhe o desejo do seu coração, e não lhe negaste a petição dos seus lábios.
Pois o proveste de bênçãos excelentes; puseste-lhe na cabeça uma coroa de ouro fino.
Vida te pediu, e lhe deste, longura de dias para sempre e eternamente. Grande é a sua glória
pelo teu socorro; de honra e de majestade o revestes.
Sim, tu o fazes para sempre abençoado; tu o enches de gozo na tua presença. Pois o rei confia
no Senhor; e pela bondade do Altíssimo permanecerá inabalável.
A tua mão alcançará todos os teus inimigos, a tua destra alcançará todos os que te odeiam.
Tu os farás qual fornalha ardente quando vieres; o Senhor os consumirá na sua indignação, e
o fogo os devorará.
A sua prole destruirás da terra, e a sua descendência dentre os filhos dos homens.
Pois intentaram o mal contra ti; maquinaram um ardil, mas não prevalecerão.
Porque tu os porás em fuga; contra os seus rostos assestarás o teu arco. Exalta-te, Senhor, na
tua força; então cantaremos e louvaremos o teu poder.
190
Segunda Etapa:
Deitar sobre o colchonete e relaxar bem o corpo.
Procurar não pensar em nada e sentir apenas o som da música que aos poucos vai penetrando
o corpo que é o veículo da evolução da consciência.
Vamos nos deixar levar pelo som que vai acalmando a mente e a alma e relaxando o corpo.
A partir daí focar no centro do peito, na Consciência Cósmica, no Divino Espírito que habita
nosso ser e na respiração (inspirando e expirando) em ritmo natural.
Inspirar e levar o ar ao abdomem, reter. Visualizar uma pirâmide de luz azul-celeste com
branco-cristalino no topo da cabeça e no centro do peito, um triângulo de luz rosa e dourada.
Soltar o ar lentamente. Visualizar a radiação de luz da Síntese Divina, ou seja, do triângulo de
luz, se deslocar em espiral num sentido anti-horário, do peito (vórtice do cardíaco) à cabeça
(vórtice coronário) e da cabeça ao peito. Do peito à base da coluna (vórtice do campo básico e
sexual) e da coluna ao peito. Em seguida, focar no topo da cabeça e projetar uma luz dourada
com branco e o símbolo do infinito na horizontal. Deixar essa luz circular pelo tubo de luz
(eixo da coluna vertebral) da cabeça aos pés no sentido vertical. Visualizar essa luz perpassar
todos os vórtices energéticos da cabeça até a base da coluna, num movimento giratório no
sentido horário. Novamente visualizar o símbolo do infinito da cabeça aos pés na vertical e
irradiar a luz dourada e branca da cabeça aos pés no movimento do símbolo. Projetar o
símbolo do infinito na horizontal abaixo dos pés trazê-lo ao centro do peito.
VIVÊNCIA VIII
MOVIMENTO E DANÇA - VIBRAÇÃO, LUZ, COR E SOM - DO ESPAÇO
MULTIDIMENSIONAL AO TRIDIMENSIONAL E DO TRIDIMENSIONAL AO
MULTIDIMENSIONAL
OBJETIVO: O contato do sujeito consigo, com o outro e com o campo de energia que vibra
em si e a sua volta, para a transcendência e imanência. Alinhamento das polaridades e o
movimento de reversibilidade entre sensível e inteligível, a partir da vibração da energia que
perpassa o corpo físico, da luz, que atinge a alma e o som, as esferas do espírito, para a
ampliação da consciência. Ancoragem da energia no campo, no corpo físico e vibracional, no
ambiente e no movimento da vida. Canalização de energias sutis por meio de movimentos que
se constituem em expressão corporal e dança, para conexão consigo, com os outros e o plano
191
cósmico divino. Conexão da energia do plano multidimensional ao tridimensional e do
tridimensional ao multidimensional, pela canalização de luzes que vibram em cores, símbolos
e formas geométricas, gerando uma nova forma e um novo padrão.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa:
Todos de pé e em círculo, fechando os olhos e focando no centro do peito. Imediatamente
inspirando e expirando (cinco vezes). Logo após, colocar o dedo indicador direito sob a narina
direita, pressionando-a para trancar a passagem do ar sob essa narina. Inspirar profunda e
lentamente pela narina esquerda levando o ar ao abdomem. Reter o ar o máximo que puder.
Retirar o dedo da narina direita e colocar na esquerda, soltar o ar pela narina direita. Inverter o
processo, inspirar lenta e profundamente pela narina direita, reter no abdomem e retirar o
dedo da narina esquerda e colocar na direita, soltar o ar pela narina esquerda.
Segunda Etapa:
Todos de pé e em círculo com as pernas entre-abertas e os braços elevados na altura dos
ombros dobrando o antebraço e abrindo as mãos.
Fechar os olhos e sentir a vibração do som. Acompanhar o ritmo da música. Com os braços
em posição de cálice ir movimentando o corpo lentamente, para a esquerda e para a direita.
Associar o movimento ao ritmo da música e a respiração, inspirando e expirando. Lentamente
conectados com o som e o ritmo gerar movimentos muito lentos com o corpo. Logo após,
retornar ao ponto inicial e ir diminuindo os movimentos até ficar totalmente parado.
Retomar os movimentos do corpo e de um lado ao outro sentir o som e o ritmo se deixando
levar pela música, dançando e interagindo no campo. Imediatamente, formar o símbolo do
infinito, do oito na horizontal, que no movimento e em plena vibração deve perpassar todo
ser, da cabeça aos pés, em todos os vórtices e em todas as direções, norte, sul, leste, oeste e
em todos os sentidos, horário e anti-horário. Aos poucos, ir diminuindo os movimentos e
voltar à posição inicial até parar totalmente, acalmando a respiração e voltando ao ritmo
normal. Deitar sobre o colchonete e novamente sentir a respiração que aos poucos vai
acalmando e não pensar em nada, somente focar no centro do peito. Projetar uma luz azul-
192
branco-rosa e dourada do centro do peito a todo corpo físico e vibracional. Permanecer em
silêncio e prestar atenção a tudo que está acontecendo em seu ser naquele momento.
VIVÊNCIA IX
SOCIALIZAÇÃO-COMPARTILHAMENTO-INTERCONEXÃO
OBJETIVO: Autoconhecimento e conhecimento que é dado no compartilhamento, no ato de
afetar e deixar-se afetar por meio do sensível, na amorosidade das relações nas quais as trocas
e as aprendizagens se estabelecem pela interconexão do sujeito consigo, com o outro, com os
outros e com o cosmos. No ato de interagir e socializar o sujeito pode ressignificar sua
vivência, que se transforma em experiência. A imaginação simbólica flui e o conhecimento
intuitivo desperta. A natureza criativa de cada ser se elabora em um contexto ampliado, em
que todos aprendem e podem expandir suas consciências,
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Em círculo e de mãos dadas todos girando no sentido anti-horário e depois, no sentido horário
e aos poucos diminuindo o movimento até parar totalmente. Depois, se deixar afetar pelo
embalo da música e pelo olhar dos colegas. Em seguida, todos sentam para compartilhar sua
experiência com o companheiro ao lado.
Enquanto isso, meus pensamentos e intenção de puro amor incondicional manifesto pela
Consciência Cósmica são colocados sobre as moléculas da água. A imantação, isto é, a
energização da mesma é feita pela irradiação de luz canalizada em meu campo.
Imediatamente passo um cálice para que todos bebam da água fluidificada, abençoada,
impregnada de Energia Cósmica Divina.
193
Segunda Etapa
Todos sentados formando um círculo, para em silêncio refletir sobre a vivência proposta.
A partir da vivência peço que estabeleçam relações com suas experiências presentes e
passadas, para que tomem consciência de outras situações que até então não estavam
identificadas, já que estavam em nível inconsciente ou não estavam reveladas à consciência.
Num segundo momento, peço a cada um compartilhar suas vivências com o grupo. Colocar o
que sentiu, pensou, vislumbrou em cada proposta vivencial e como percebeu a energia atuar
no seu campo e para além dele.
A partir desse momento no qual cada um pode escutar seu ser interno e externo, olhar e ver,
sentir e perceber a si e aos outros, buscar o sentido da vivência proposta naquele momento
com sua vida. Tentar ressignificar a vivência.
Após cada um trocar e compartilhar com o grupo é o momento de afetar e afetar-se, criar,
criar-se e recriar-se. A partir de cada troca e compartilhamento no grupo, buscar uma relação
de sua vivência com a dos demais colegas, para poder transformar sua vivência em
experiência e conhecimento.
194
VIVÊNCIAS DE ACOPLAMENTO E CIRCULAÇÃO DA ENERGIA
A TRANSMUTAÇÃO DA FORMA
VIVÊNCIA I
A DANÇA CÓSMICA E O MERGULHO NO UNO
OBJETIVO
O ser tomando consciência e acoplando no seu campo a energia do Todo, da Unidade, da
Consciência Cósmica. A partir do mergulho no Uno, a constatação da transmutação do que
está em forma no campo eletromagnético do ser pela bioeletrografia.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Sentar para verificação do campo eletromagnético antes das vivências.
Deitar no chão em fileiras e respirar profundamente, rolar pelo ambiente. Sentir o corpo e a
energia que perpassa o mesmo.
Levantar e formar um círculo, girar em torno de seu próprio eixo. Girar por todo ambiente.
Girar em espiral no sentido horário e anti-horário levantando e abaixando o corpo.
Parar e criar um som, soltar para o universo. Entrar no silêncio e no som do universo, repetir o
mantra OM.
Sentar e relaxar, silenciar totalmente.
Acalmando a mente, as emoções e entrar em contato com sua Consciência Cósmica, para
verificação do campo eletromagnético.
Perceber que foi possível alterar no campo ao entrarmos em contato com a Consciência
Cósmica.
195
Segunda Etapa
Formar um círculo e imaginar que estamos dentro de uma bolha e que essa bolha represente
nossos condicionamentos.
Entrar na roda, lenta e expressivamente, criar espaço com seus movimentos, romper espaço
como se tivesse rompendo a bolha, que significa os condicionamentos.
Retornar ao grande círculo e novamente um a um entrará na roda, para gerar movimento no
espaço com sua própria dança.
Depois de todos criarem um elo com o cosmos pelo Fio Condutor da Energia, realizar um
movimento de conexão pela manifestação de sua própria dança no centro do círculo.
Entrar alguém no centro do círculo gerando, novos movimentos, iniciando lentamente uma
dança, deixando-se levar pelo ritmo da música e impregnar-se por sua vibração.
Depois entra mais um no espaço de centro, para compor com os outros dois que já estavam no
meio da roda.
E assim vai sucessivamente entrando outro no centro do círculo, para compor com a pessoa
que já estava ali, gerando sua dança.
Seguindo o processo, focar no olhar do companheiro e criar movimentos de interação com
este.
O olhar é imprecindível e o foco é muito importante, tanto no olhar, como na sincronicidade
dos movimentos gerados por todos ali presentes. Centrar na energia do olhar, tentando tanto
doar como receber algo de bom do companheiro, a energia amorosa que se manifesta pelo
espelho da alma.
Ir trocando de pessoas no centro da roda, trocando de duplas e trios até que num determinado
momento todos possam interagir no grande grupo.
Ir saindo aos poucos do grande grupo e formar uma roda novamente dando as mãos.
Levantar as mãos para os céus, soltá-las e sacudi-lás, sentindo a vibração da música e da
energia de luz que penetra pela ponta dos dedos.
Baixar os braços e finalizar com todos trocando abraços.
VIVÊNCIA II
A ALMA, O FEMININO - A SUBSTÂNCIA METAFÍSICA E O EU
OBJETIVO:
196
O ser trabalhando a alma, o feminino, seu hemisfério cerebral direito para transcender suas
dualidades e encontrar a Unidade.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Caminhar pelo espaço aleatoriamente e ir alongando, ao mesmo tempo, ir tomando
consciência da respiração.
Movimentar o corpo para as laterais (esquerda e direita) e depois para a frente e para trás.
Sentir o som e entrar no ritmo da música.
Saltar, pular e sentir a vibração da energia, depois parar e formar duplas. Em seguida, cada
dupla se dá as mãos firmemente e joga o corpo para trás. Sente a respiração e foca no centro
do peito, depois respira novamente e foca no centro da testa (no terceiro olho).
Iniciar movimentos giratórios com as mãos dadas e o corpo bem atirado para trás. Primeiro no
sentido anti-horário, depois no sentido horário.
Desfazer as duplas e formar um círculo. Todos de mãos dadas juntos saltando para direita, e
depois para a esquerda, trabalhando as lateralidades.
Parar e sentar, acalmar a respiração. De olhos fechados inspirar e reter o ar no abdomem,
sentindo a energia circular da cabeça aos pés e vice-versa.
Soltar o ar, inspirar novamente e canalizar a energia do universo acoplando-a ao campo.
Iniciar com a canalização das freqüências de luz violeta e prateado no topo da cabeça e ir
descendo pelos vórtices, com azul - anil e azul - celeste.
Focar depois no centro do peito com o verde e rosa, em seguida, com o amarelo e o laranja e
na base da coluna com o vermelho e o dourado.
Segunda Etapa
Abrir os olhos e olhar para o centro do círculo. Escolher algumas cores para fazer três
desenhos.
O primeiro é um desenho aleatório, o segundo e o terceiro, um desenho “cego”, isto é, de
olhos fechados para trabalhar o hemisfério cerebral direito, nosso lado feminino, sensível,
intuitivo.
197
Após escolher as cores para desenhar sentir a música e deixar-se tocar por ela. Imediatamente,
fazer uma reflexão a respeito do momento vivido; quanto ao que tem consciência do que mais
lhe causa medo, angústia, dor, culpa, sofrimento, ansiedade, raiva e tristeza.
Expressar estes padrões que já não servem mais, enfim, desenhar aquilo que tem consciência
que o condiciona partindo de pontos, linhas, cores, formas, texturas, movimento e ritmo de
linhas, jogo de luz e sombra.
Iniciar de olhos fechados o desenho “cego” deixando fluir o que está no in consciente sob a
superfície da folha, partindo de um ponto bem no centro, gerando linhas e formas por meio de
gestos expressivos. Num primeiro momento, desenhar sem pensar e sem se preocupar com
nada, deixando se levar, seguindo apenas os movimentos da mão e o ritmo da música,
expressando o que sente no momento. (Primeiro desenho “cego”).
Imediatamente, buscar uma outra forma, algo que gostaría muito de vivenciar agora e que lhe
dá felicidade, paz e alegria de viver. (Segundo desenho “cego”).
VIVÊNCIA III
A SEMENTE LANÇADA DA MATRIZ GERADORA
GERMINANDO A FORMA
OBJETIVO:
O ser trabalhando a auto-estima, para descobrir o sentido do viver, a Unidade e como uma
semente ancorada nesse plano, desenvolver sua criatividade e gerar belas formas em todas as
dimensões.
PROPOSIÇÔES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Todos deitados focados no centro do peito e na respiração.
Iniciar a respiração lentamente e ir acelerando cada vez mais.
Perceber tudo que se passa em seu ser nesse momento.
198
Retornar tomando consciência do espaço a sua volta.
Sentar em posição de lótus e projetar sobre a cabeça as luzes dourado e branco cristalino.
Respirar profundamente, ancorando a irradiação da luz do topo da cabeça a base da coluna.
Pegar uma folha e escrever tudo aquilo que sentiu e percebeu na vivência.
Tentar ressignificar a vivência traçando paralelos com seu momento de vida.
Segunda Etapa:
Formar um círculo e entrar um de cada vez no centro, os demais ficam sentados observando o
colega.
O sujeito que entra fica de olhos fechados, de joelhos sobre a almofada e todo corpo inclinado
sobre os joelhos até a cabeça e os ombros encostarem no chão, os braços e as mãos ficam
voltados ao centro do peito (Em posição de feto).
Ficar assim por alguns instantes sentindo a música e aos poucos ir pensando em sua vida,
entrando em ressonância com sua alma, com o que está acontecendo naquele momento.
Quando se sentir pronto deixar para trás tudo que já não serve mais, se lançar suave e
lentamente, e, aos poucos, ir levantando e criando movimentos e gestos que significam a
libertação do velho para o encontro com novo. Como uma semente que se lança para o
universo, germinando e crescendo até ficar uma grande árvore.
Cada expressão corporal implica deixar aquilo que já não serve mais, para materializar um
novo padrão. Aos poucos vai elevando a cabeça, os braços, erguendo o tronco até por-se de pé
e em movimento. Em seguida, já de olhos abertos, gerar um movimento maior de saída do
ponto inicial e, de corpo inteiro, articula-se por todo o espaço a sua volta, interagindo com os
colegas. É como uma semente que vai germinando e configurando uma nova forma de ser e
estar no mundo, em pleno movimento de fluidez com o universo até se tornar uma bela árvore
que pode dar bons frutos onde se coloca.
VIVÊNCIA IV
O ESPÍRITO E O MASCULINO - A MATERIALIZAÇÃO DA FORMA
199
OBJETIVO
O ser trabalhando o espírito, o masculino, para encontrar a Unidade e descobrir o poder sobre
si mesmo e sua competência de materializar formas por meio de suas ações e intervenções nos
diferentes planos e níveis de consciência.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Focar no centro do peito no vórtice do cardíaco e irradiar a luz rubi-dourado por todo campo.
Colocar as mãos no peito e inspirar, levando o ar ao abdomem, retendo-o o máximo que
puder.
Soltar lentamente e ir acelerando a respiração e, ao mesmo, tempo abrir os braços do centro
do peito ás laterais. Todos os movimentos devem ter um engajamento com as ações do grupo.
Inspirar, colocando as mãos no peito e expirar, estendendo os braços à altura dos ombros num
movimento ritmado com a respiração. Acelerar cada vez mais.
Associar o ritmo da respiração e dos movimentos com a voz. Em seguida, associar os
movimentos dos braços com o das pernas, como uma marcha e com o ritmo da respiração,
depois com a voz.
Soltar a voz a cada movimento de abertura do peito para fora. Aos poucos ir diminuindo o
ritmo da respiração e dos movimentos até parar totalmente.
Segunda Etapa
Inspirar e expirar com todos de pé e em fileira, conectados com sua Divina Presença.
Segurar uma moeda de cobre com a mão esquerda e pensar em sua vida (no passado e no
presente). Inspirar e reter o ar no abdomem, projetando toda forma de pensamento sobre a
moeda, toda energia de medo, tristeza, raiva, mágoa, culpa, ansiedade que se apresenta em seu
ser a partir de situações passadas ou presentes.
Lançar mão de tudo que tem consciência e mesmo daquilo que não tem. Tudo que está em
forma em seu ser e que compreendem que já não serve mais... Projetar a mente, a intenção,
200
conectando sua Consciência Cósmica para saída de energias negativas de seu campo. Soltar o
ar aos poucos e liberar essa forma de pensamento, o que lhe causa condicionamentos no
momento, pensando que tudo está indo para essa moeda.
Trocar a moeda para a mão direita, mais uma vez focar no centro do peito e irradiar a energia
da Divina Presença para a moeda. Inspirar e expirar acelerando o ritmo da respiração e
projetar essa energia na moeda.
Soltar a moeda dentro de um copo com água, a fim de que essa energia seja neutralizada,
purificada, transmutada e liberada. Iniciar em seguida, uma marcha com o ritmo da música e a
cada batida de pé gerar a energia para materializar uma nova forma. Aos poucos ir
diminuindo a marcha e o ritmo da respiração até parar totalmente.
Sentar, pensar e imaginar essa nova forma.
Pegar cada um pedaço de barro de dentro do pote e pensar na forma que gostariam de criar
para suas vidas. Modelar o barro, gerando essa forma.
Colocar essa forma sobre o chão e compartilhar a experiência com os companheiros.
VIVÊNCIA V
A ALQUIMIA DO SER A ARTE E A MAGIA DO VIVER
OBJETIVO:
O ser encontrando a Unidade em si e para além de si, pelos princípios metafísicos, transcende
as projeções e o que está fora de si. Entrega-se à vida e a seu processo sem medo. Encontra a
harmonia, a alquimia de seu ser e a magia, a arte do bem viver.
Primeira Etapa
Iniciar com um relaxamento profundo.
Sentir a música e se deixar levar por ela.
Sentar e pegar uma folha.
Escrever alguma coisa a respeito do que lhe tocou da vivência.
201
- Como percebe seu momento, o que gostaria de deixar para trás.
- O que gostaria de modificar nesse momento.
- Como seria esse novo momento.
Desenhar e pintar esse momento, usando cores e formas.
Segunda Etapa
Formar pares e sentir a música que está sendo tocada. Uma pessoa fica de olhos abertos (o
guia) e a outra de olhos vendados (a que será guiada).
O guia gira algumas vezes, no sentido horário e anti-horário e o sujeito que está de olhos
vendados, se deixa levar completamente pelo som e sua vibração.
Solicitar ao que está sendo guiado que inicie uma caminhada pelo espaço, tentando observar
por meio do tato e de seus outros sentidos o ambiente.
Acelerar o ritmo da caminhada e ir tomando várias direções no espaço a sua volta e ir
percebendo o que sente naquele momento. O guia deve estar sempre junto de seu colega,
atento e de prontidão as suas ações e movimentos. Depois o sujeito que está sendo guiada
deve ir diminuindo os movimentos até parar. Em seguida o guia leva o sujeito até alguém que
está sem vendas nos olhos e pede que ele toque nessa pessoa e sinta, principalmente, as suas
mãos.
Aquele que está sem vendas nos olhos deve ser vendado e o processo se repete. Por último,
todos devem compartilhar a experiência e tentar identificar a pessoa que tocou quando estava
com os olhos vendados.
Formar um círculo e dar as mãos (esquerda recebe energia, direita doa). Alguém vai entrando
no centro do círculo e seus olhos vão sendo vendados.
Todos os demais devem ficar a sua volta, de prontidão e em estado de alerta, interagindo com
suas ações com foco e engajamento do corpo.
De olhos vendados o sujeito vai se deixando levar pela música, pelo seu ritmo e vibração se
entregando completamente à vivência.
Aos poucos, o grupo vai jogando o sujeito de um lado para outro, em todos os sentidos do
círculo. Quem está no centro de olhos vendados vai se movimentando no balanço da roda sem
tirar os pés do chão, isso acontece de acordo com a intensidade de energia emitida individual
emitida pelos companheiros que estão a sua volta. Aos poucos acalmar os movimentos da
202
roda, que geram movimentos no sujeito até parar totalmente. A venda é tirada de seus olhos, e
o próximo entra no círculo até que todos realizem o processo.
VIVÊNCIA VI
A MANDALA E A BUSCA DO CENTRO - O EU E O OUTRO
OBJETIVO:
O ser pelo seu livre arbítrio, buscando o seu centro, a Unidade em si e pelo acoplamento da
energia do triângulo ascendente com o triângulo descendente, transcende as forças de
turbilhão, para se relacionar bem com todos os seres e seu meio.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Procurar relaxar, acalmar a mente e as emoções.
Iniciar com um relaxamento profundo focando no centro do peito e na respiração.
Fechar os olhos e focar a atenção no seu eu interior.
Perceber possíveis imagens, luzes, formas, cores e configurações diante dos olhos da alma e
do olho do espírito.
Selecionar imediatamente uma cor, forma ou sentimento como ponto de partida para a criação
da “Mandala”. (Se nada ocorrer tudo bem, abrir os olhos e sintir-se sensibilizado por uma
cor). Pegar essa cor e, ao mesmo tempo, sintir o som e suas vibrações.
Não pensar em nada, só sentir.
Desenhar um círculo, começando pelo centro da folha ou bem ao redor da borda.
Preencher o círculo com pontos, linhas, cores e formas.
Continuar trabalhando até concluí-lo.
203
Girar o desenho em todos os ângulos e ver qual a posição apropriada da “Mandala”.
(Desconsiderar a borda do desenho e considerá-lo como um todo).
Segunda Etapa
Fechar os olhos e inspirar profundamente.
Sentir a vibração do som que toca nosso corpo, alma e espírito.
Então vamos dando vida a essa mandala. Sintam-se nela.
Percebam o que existe nela.
Depois vamos imaginar a Mandala bem grande a ponto de poder entrar nela.
Fazer de conta que estamos caminhando pela Mandala no plano bidimensional sentindo sua
energia por todo nosso ser.
Depois criar movimentos com o corpo no espaço, gerando linhas, formas e visualizando as
cores da Mandala penetrando em todo nosso ser.
Em seguida acalmando os movimentos e ir focando no centro da Mandala.
Inspirar profundamente e irradiar toda energia do centro da Mandala para o centro do peito.
Dar nome a Mandala e trocar a experiência com o grupo.
VIVÊNCIA VII
A MÁSCARA E A DILUIÇÃO DO EGO – A MUDANÇA DE SENTIDO É O
SENTIDO DA MUDANÇA
OBJETIVO
O ser encontrando a Unidade, transcendendo o ego, se destitui de suas máscaras, de valores e
padrões mentais, emocionais e instintivos que não servem mais.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Alongar e fazer um aquecimento corporal.
Girar no sentido horário e ir parando aos poucos.
Todos sentados em círculo ao redor das máscaras.
204
Em silêncio ficar observando as máscaras expostas no chão.
Escolher uma máscara, aquela que mais lhe toca e colocar no rosto.
Num primeiro momento deixe que a máscara determine o que você vai fazer.
Comprometa-se com sua máscara e consigo mesmo.
Depois andar pelo ambiente observando os demais colegas.
Observar o que sente ao olhar profundamente nos olhos dos colegas.
Interagir com os outros por meio de movimentos, gestos e expressões corporais.
Em seguida parar e prestar atenção nos colegas em seus movimentos e depois ouvir a música
que começa a tocar e se movimentar conforme a mesma, seu ritmo.
Segunda Etapa
Parar novamente, congelar seus movimentos, fechar os olhos relaxar e então tirar a máscara.
Sintam-se novamente.
Girar no sentido anti-horário, horário, anti-horário e ir parando aos poucos.
Colocar a máscara usada no chão e pegar outra. Repetir o processo. Fechando os olhos e
saindo da máscara, sinta que é você novamente... Colocar a máscara no chão e retornar ao
círculo.
Cada aluno colocará qual foi a sua experiência com a máscara.
Sentiu-se diferente de seu eu habitual.
Sentiu-se que a máscara tinha uma personalidade própria.
Se quando retirou a máscara sentiu como se estivesse retornando ao seu verdadeiro eu.
Enfim qual a diferença da vivência com e sem a máscara.
VIVÊNCIA VIII
A EQUILIBRAÇÃO COM A REDE CÓSMICA E A ANDROGINIA
OBJETIVO
205
O ser encontrando a Unidade, vencendo as dualidades, domina sua mente, emoções e
instintos. Alinhando a polaridade feminina e masculino encontra o estado de androgenia, para
viver a inteireza de seu ser em equilibração com a Rede Cósmica Universal.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Iniciar caminhando e depois parar flexionando o corpo e o jogando de um lado para outro.
Imediatamente, os braços e as pernas de um lado para outro.
Girar em torno do próprio eixo em dois movimentos e sentidos, horário e anti-horário.
Conectar a respiração acelerando seu ritmo.
Projetar, imaginar o símbolo do infinito na região da cabeça.
Sentir a vibração da energia fluir de um hemisfério cerebral ao outro (do direito para o
esquerdo e vice-versa).
Focar na região do terceiro olho (no centro das sobrancelhas) imaginando uma luz azul anil se
expandindo dali por todo o campo.
Elevar os braços e sacudir as mãos, movimentar a cabeça e todo o corpo em espiral para um
lado e para outro.
Acalmar a respiração e os movimentos até parar completamente.
Elevar os braços novamente unindo as mãos. Reiniciar os movimentos, seguindo para direita
e esquerda formando o símbolo do infinito (oito deitados).
Iniciando com os braços, depois a cabeça e todo o corpo.
Os movimentos do corpo articulados pelos sujeitos seguem a direção da rosa dos ventos
(norte, sul, leste, oeste). Respirar profundamente canalizando a energia do universo de
radiação rubi-dourada, que perpassa todos os campos e níveis de consciência.
Aos poucos ir diminuindo os movimentos e sentir a energia ancorando no peito e dali se
expandindo por todo ser.
Sentir o ritmo da música e se deixar levar pela vibração do som.
Começar os movimentos novamente, mas somente da cintura para baixo, ou seja, movimentar
a pélvis, para um lado depois para outro.
Diminuir os movimentos até parar.
206
Segunda Etapa
Formar um círculo e dar as mãos.
Todos em silêncio, e, no mesmo ritmo, começar uma marcha de aceleração e acoplamento da
energia. Aos poucos diminuir a marcha até parar totalmente.
Terminar olhando olhos nos olhos e com um abraço afetuoso.
Sorrir aos companheiros e agradecer a cada um e aos céus, aquele momento/oportunizado.
Sentar e acalmar a respiração.
Fazer uma reflexão a respeito de seu momento.
Tentar tomar consciência do mesmo.
Em que polaridade está mais focada sua caminhada evolutiva (no seu lado mais sensível, ou
racional).
Como poderia trabalhar a polaridade menos desenvolvida em seu ser para entrar em estado de
equilibração com o Todo.
VIVÊNCIA IX
O SÁBIO TRANSCENDENDO A SOMBRA - DA CURA AO CURADOR
OBJETIVO
O ser encontrando a Unidade, mergulhando no inconsciente se destitui de padrões do passado,
como medos, mágoas, culpas, raivas, tristezas. Enfim, se destitui do que está na sombra e que
o condiciona, para encontrar a luz e tomar consciência da plenitude do agora. A partir daí, a
Consciência Cósmica ilumina sua jornada terrena, que passa a ser de iniciação no caminho da
espiritualidade.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Iniciar com alongamento, caminhada e respiração.
207
Em duplas se colocar um de frente para o outro.
Friccionar as duas mãos polarizando energia para a palma da mão.
Colocar as mãos em contato com as mãos do colega sentindo e trocando energia.
Depois determinar quem será o primeiro a receber energia.
Os dois respiram profundamente e se conectam com sua Consciência Cósmica.
O sujeito que recebe relaxa e não pensa em mais nada, apenas recebe energia.
O que doa foca na sua Consciência Divina e pede iluminação.
Depois pede permissão a Consciência Divina que habita o campo de seu colega para irradiar
energia ao mesmo.
Inicia o processo de irradiação pelo pensamento e o desejo de seu coração. Emitindo todas as
coisas boas a seu companheiro.
Paz, saúde, abundância, amor.
Inverter o processo e aquele que recebeu passa a doar energia a seu colega.
Segunda Etapa
Os dois colegas novamente interagindo.
Um deitado e outro sentado.
O que ficou deitado relaxar e se conectar com sua Divina Presença, procurando não pensar em
nada.
Apenas receber a energia emitida por seu parceiro.
O que ficou sentado polariza a energia para a palma da mão friccionando uma mão na outra.
Então começa a respirar profundamente e entrar em contato com sua Consciência Cósmica
pedindo iluminação.
Em seguida pede permissão a Consciência Divina de seu colega para penetrar no seu campo.
Começa o trabalho sentindo a energia do colega, passando a mão direita da base da coluna até
a cabeça e da cabeça a base da coluna.
Vai sentindo a energia de cada vórtice e depois focando no abdômen do companheiro.
Mais uma vez vai respirando fundo.
E então vai irradiando luz violeta no plexo solar do parceiro, no sentido horário.
Do centro do abdômen a luz vai se expandindo em espiral por todo campo.
Aos poucos despertando o colega e depois terminar com um abraço e inverter o processo, o
que doou energia recebe.
208
VIVÊNCIA X
A ÁRVORE DA VIDA E O GRANDE ARCANO METAFÍSICO
OBJETIVO:
O ser encontrando a Unidade, entrando em ressonância com o Todo, para viver o presente em
plenitude, a fluidez que se abre a partir de um campo de possibilidades, compreender e
respeitar todas as formas de manifestação da vida, que acontece a partir da energia, da
Consciência Cósmica, desde o plano da emanação, a criação, a formação, a materialização da
forma nessa dimensão.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Todos deitados com a cabeça voltada para o centro do círculo.
Relaxando o corpo, silenciando a mente, acalmando as emoções.
Focando apenas na respiração e no centro do peito.
Ritmar a respiração em oito pulsações e depois em dez.
Acelerar a respiração chegando a um ritmo muito intenso.
Diminuindo aos poucos e acalmando até o ritmo natural.
Imediatamente ir se projetando num campo de luz.
Atravessar o portal que nesse momento irradia todas as cores do arco-íris.
Visualizar uma cor de cada vez que vai penetrando todo seu ser pelo topo da cabeça.
Iniciando pela cor violeta e finalizando com a vermelha.
Perceber tudo que acontece nesse campo o que sentimos, percebemos e visualizamos.
Agradecer a Consciência Cósmica por esse momento.
Aos poucos retornando das esferas de luz, atravessando o portal e retornando ao espaço aqui e
agora, nessa dimensão.
Sentir o que se passa em nosso ser e em todo o nosso campo.
Lentamente ir abrindo os olhos e olhar a sua volta, perceber os seus colegas e o campo a sua
volta.
Permanecer em silêncio focado na sua Consciência Crística.
209
Segunda Etapa
Formar duplas se colocando de frente para o colega.
Depois dar as mãos e olhar profundamente para o colega sem deixar que seus olhos se
percam.
Somente com a ponta dos dedos entrelaçados, aos poucos ir girando no sentido anti-horário,
depois no sentido horário.
Parar os movimentos giratórios e buscar uma aproximação com o corpo do colega ficar com a
testa encostada um no outro e de olhos fechados por alguns momentos.
Ainda com a ponta dos dedos entrelaçados se jogar para traz e iniciar o giro que deve aos
poucos ir aumentando, num sentido e no outro.
As duplas se desfazem para formar um círculo.
Todos de mãos dadas encostando as laterais (braços com braços) tentando ficar o mais
próximo possível um do outro e no centro do círculo.
Todos de olhos fechados sempre de mãos dadas e com a cabeça totalmente solta, voltada para
frente, o queixo encostando no pescoço.
Concentrar no centro do peito e aos poucos ir levantando a cabeça.
Projetar uma imagem, uma forma-pensamento no campo de possibilidades, num ponto do
espaço ou bem no centro do círculo (alguma coisa que desejamos de coração, mas que não
seja prejudicial e nem interfira no campo de outros seres do universo).
Depois com a cabeça jogada para trás, inspirar projetando essa forma para dentro do próprio
campo, reter o ar no abdomem e ficar assim o máximo que puder.
Baixando a cabeça novamente, soltando o ar pela boca e aos poucos ir se projetando no
campo fundamental.
Para ir emanando, criando e materializando a forma-pensamento.
A partir daí, se lançando como uma árvore ao vento, se movimentando e captando as
vibrações do campo fundamental.
Ao mesmo tempo, entrando em ressonância com a Consciência Cósmica e com todas as
coisas boas que o universo pode possibilitar; paz, amor, força, alegria, felicidade, saúde,
abundância, harmonia.
Sinta-se como essa árvore ao vento.
Em pleno movimento de dança sincronizada com o cosmos vá canalizando as energias
positivas do universo.
210
Nesse momento sinta-se como uma árvore que dá bons frutos e imediatamente vá projetando
todas essas coisas boas aos colegas que compõem a roda.
Agora vá além, desejando que essa energia irradiante de luz perpasse todos os seres em todos
os reinos e níveis de consciência. Nesse planeta e sistema solar e para além desse, para todos
os seres do universo.
Sinta essa energia em você, seja Um com o universo.
A partir de agora, todos os dias de sua vida canalize essa energia, para você e para todos os
seres do universo visível e invisível.
VIVÊNCIA XI
A FORÇA DOS PRINCÌPIOS METAFÍSICOS
E A FORÇA - CORRENTE
OBJETIVO:
O ser encontrando a Unidade, a Consciência Cósmica, para guiar sua mente, seu coração, suas
palavras e ações e viver a plenitude do agora, adquirindo força, alegria, reencantamento e
sentido do viver que se dá na conexão ser-natureza-cosmos. A partir da descoberta da força
divina, humana e da natureza, se institui a egrégora da corrente e a força dos princípios
metafísicos na dimensão terrena. Princípios que devem ser articulados numa força-corrente,
ou seja, compartilhados no grupo e levados à cultura e à educação dos seres.
PROPOSIÇÕES PRÁTICAS
Primeira Etapa
Todos de mãos dadas formando um círculo e reconhecendo pelo olhar cada componente da
roda.
Girando lentamente e ir acelerando o movimento no sentido anti-horário e depois horário.
211
Ir cessando os movimentos da roda.
Cada um começa a fazer um giro nos dois sentidos, em torno de seu próprio eixo.
Sentir o ritmo e a vibração da música.
Ir abrindo e fechando a roda nesse mesmo ritmo, de uma maneira cada vez mais intensa, para
que possa fluir em cada sujeito a partir desses movimentos as energias de ação e não-ação, de
introspecção, contração, retensão, e de expansão.
Associar os movimentos a respiração.
Iniciando no centro da roda inspirando, quando o círculo se abre retendo o ar e voltando ao
centro soltando o ar (expirando pela boca).
Assim a energia do campo do sujeito vai entrando no mesmo compasso, sincronia e
equilibração com a rede universal, com o movimento do universo, do Todo, gerando
reencantamento, alegria de viver e poder compartilhar.
Segunda Etapa
Parar os movimentos e ainda de mãos dadas (mão direita recebendo e esquerda doando) sentir
a vibração da energia que circula na força-corrente.
Todos juntos de mãos dadas levantando os braços.
Soltando e sacudindo as mãos canalizando a energia do campo, para todo o corpo físico e
vibracional.
Novamente dar as mãos e concentrar no centro do peito (no cardíaco) e no centro do círculo
por onde irradiam as luzes do portal.
Visualizar as luzes do espectro eletromagnético (do ultra-violeta ao infra-vermelho).
A cada emanação de luz visualizada inspirar, reter e soltar o ar do abdomem. Canalizar uma
por uma do centro do círculo ao centro do peito.
Emanar essa energia ao colega.
Irradiar do centro do peito para a palma da mão direita.
VIVÊNCIA XII
A ÁRVORE E SEUS FRUTOS - A ASCENSÃO DO ESPÍRITO
212
OBJETIVO:
O ser encontrando a Unidade, a Totalidade, para não medir sacrifícios em prol da vida, da
humanidade e dos seres em todos os reinos e níveis de consciência. A partir de sua fé,
coragem, persistência, determinação, misericórdia, amor e sabedoria, o ser vence os
obstáculos, as dificuldades do plano terreno, que fazem parte de sua caminhada evolutiva,
principalmente seus medos e condicionamentos. Por um movimento de transcendência e
imanência, a matéria se rende ao espírito sem negar o corpo, e, o ser como uma árvore,
começa a gerar bons frutos nesse plano. A partir daí, se entrega ao plano espiritual, e em plena
fluidez com a Consciência Cósmica, sua jornada na terra se constitui pelo seu plano divino.
Primeira Etapa
Circular pelo espaço observando os colegas.
Depois parar quando ouvirem o toque do sino.
A partir daí ficar de cócoras e aos poucos ir levantando como se fosse uma árvore em
crescimento.
Ir criando movimentos que expressem a árvore da vida.
Movimentos que iniciam muito lentos, expressões corporais que aos poucos vão gerando
formas no espaço multidimensional.
É importante que cada um fique focado em seu movimento e preserve sua expressão pelo
ritmo da música.
A árvore cresce, cresce muito e então começa a compartilhar seus frutos interagindo com as
demais árvores do planeta.
Todos interagindo com muitos movimentos de dança e expressão corporal.
Segunda Etapa
Sentar em círculo e sentir a música se deixando tocar por ela.
Pegar a argila do centro do círculo.
Criar uma forma qualquer.
Pensar e sentir o momento que está sendo vivenciado.
Vamos imaginar que essa argila é esse momento.
Agora criando uma outra forma com essa argila pensando nesse momento.
Deixar essas duas formas criadas no centro do círculo e retornar aos seus lugares.
213
Vendar os olhos (um tapa o olho do outro).
Levar um por um até o centro da roda para que sintam as formas ali colocadas.
Escolham e depois peguem uma forma.
Alterem a forma escolhida.
Observar bem essa forma, cada detalhe.
Quando todos terminarem retirar a venda dos olhos e colocar as formas alteradas no centro da
roda.
Procurar identificar suas formas.
Todos de pé novamente sentindo a música.
Vamos tentar trabalhar essas formas identificadas.
Gerando movimentos com o corpo.
Vamos criar essa forma e todas as coisas boas que ela nos remete, interagindo com o campo
vibracional por meio de nossos pensamentos e sentimentos.
Segunda Etapa
Escolher algumas cores que estão postas no centro do círculo.
Vamos criar uma mandala em conjunto.
Vamos fechar os olhos e respirar profundamente.
Entrando em contato com nossa Consciência Cósmica e Inteligência Espiritual, vamos nos
permitir apenas a sentir, somente sentir, não vamos pensar em nada.
Deixando a partir de agora nossa intuição se revelar.
Vamos colocar traços, pontos, linhas, cores, formas, palavras, enfim o que estivermos
sentindo no papel.
Cada um iniciando em sua própria folha e depois passando para o colega ir interferindo em
sua mandala até que a folha seja completamente preenchida.
Terceira Etapa
Todos sentados em círculo.
Sentindo a música e se deixando afetar por ela.
Fechando os olhos e focando no seu centro divino.
Criando a segunda mandala em conjunto.
214
Numa mesma folha grande todos desenham e escrevem o que pensam e sentem, usando
muitas cores e formas sem se prender a detalhes, focando no todo.
Ir interfirindo na mandala com figuras, formas, cores e palavras, completando o que já está
posto pelos colegas, até que sintam que a mandala do grupo está terminada.
Quarta Etapa
Com movimentos do corpo, expressões corporais, gerar no campo vibracional as formas,
cores, linhas, pontos, criando no plano multidimensional a mandala feita pelo grupo no plano
bi e tri dimensional.
Depois de criada a forma no campo vibracional incluindo a mesma as vibrações de luzes.
Comentar a respeito da vivência com os colegas.
215
OS DOZE SÍMBOLOS E AS IMAGENS DO CAMINHO
SÍMBOLO I
O ser que procura autoconhecimento cria ciência com consciência.
216
SÍMBOLO II
O ser com autoconhecimento vence suas dualidades torna-se intuitivo e produtivo.
217
SÍMBOLO III
O ser encontra a unidade no plano cósmico físico torna-se criativo e gera formas.
218
SÍMBOLO IV
O ser encontra poder e autoridade, com ação, amor e sabedoria, materializa formas.
219
SÍMBOLO V
O ser entra em conexão consigo e com o macrocosmo e
Assim acontece a equilibração e a alquimia.
220
SÌMBOLO VI
O ser vence as forças de turbilhão e fica atento
as possibilidades que surgem no caminho.
221
SÍMBOLO VII
O ser vence o ego e as forças de turbilhão,
escolhe o caminho que lhe torna um vencedor
222
Todo caminho percorrido envolve um movimento de reversibilidade entre sensível e
inteligível - da Unidade à dualidade e da dualidade à Unidade. Da relação de síntese do
feminino e do masculino em si e para além de si, da purificação do espaço interno, liberação
das máscaras e saída do ego à Consciência Cósmica. Até aqui, temos a primeira fase, ou seja,
da formação da personalidade no campo das idéias. Essa fase envolve reflexões a respeito de
“Quem Somos”, “Onde Estamos”, “O que podemos fazer” e “Onde podemos chegar”.
Toda jornada a ser percorrida se mostra como um caminho de conhecimento, que
possibilita a transmutação da forma que já está dada e a transformação do ser, que a qualquer
momento pode acontecer. Nesse sentido, aquele que busca auto-conhecimento é o que de fato
cria ciência, uma ciência com consciência em função da relação sujeito-objeto e dos objetos
entre si, ainda que variem esses dois parâmetros e as epistemologias. Conforme Byington
(1991) a ciência no estudo da relação das coisas entre si, excluindo a subjetividade é
mutiladora do funcionamento da consciência.
É por isso mesmo, que o ser, tomando a ciência com consciência, pode tornar-se um
ser produtivo, criativo e ético levando uma vida plena de sentido. E, essa é a grande busca, a
idéia do sétimo símbolo, que propõe “a limpeza da casa interna”, a organização do espaço
interior, que passa pela transcendência do ego ao encontro com a “Consciência Cósmica”.
A partir daí, da mudança de foco do ego para Consciência Cósmica, mudança de
sentido, que é o sentido da mudança, que o ser toma a ciência com consciência e torna-se de
fato ético, amoroso, criativo, produtivo e realizado nessa dimensão, pois passa de uma visão
antropocêntrica para uma visão biocósmica. Com o oitavo símbolo, a ampliação da
consciência segue para o segundo ciclo, que implica auto-educação, auto-transformação no
campo das formas.
Nesse sentido, o processo propõe que o indivíduo desperte todas suas
potencialidades de níveis “conscientes” e “subconscientes” ou “inconscientes” e se eduque
como um todo. Compreenda sua complexidade e a do mundo, busque sua inteireza e a
conexão com o Todo, tornando-se um Ser Cósmico, multidimensional (Parode, 2007) para
poder se manifestar com consciência tanto em seu núcleo familiar, social, cultural, quanto
mediante a natureza e ao cosmos.
O processo que propõe o despertar das potencialidades e de criatividade do ser
implica, também, responsabilidade que esse tem sobre sua vida e a realidade que está criando
por meio de pensamentos, emoções e instintos, escolhas e atos. Isto é, a tomada de
consciência gerada pelo autoconhecimento, possibilitará ações diferenciadas na vida
223
cotidiana, instituindo a ética e a estética no ambiente em que o ser deverá atuar o que
implicará criação de uma nova realidade em sua vida
224
SÍMBOLO VIII
O ser em equilibração com o Todo, com a lei universal, transcende a mente racional, age com
fluidez nos diversos planos, buscando a ordem no caos, age com amor e sabedoria,
misericórdia e firmeza, paciência e prudência, persistência e coragem. É dessa maneira que
assegura um ambiente ético e estético.
225
SÍMBOLO IX
O ser em fluidez com o Todo olha a sombra e se destitui de máscaras, de muitos padrões e
valores do passado e pela aspiração e seus esforços de aperfeiçoamento, sua auto-estima é
trabalhada para poder não somente se reconhecer e conhecer, como criar e compartilhar.
226
SÍMBOLO X
O ser a partir da auto-estima e da conexão com o plano multidimensional toma ciência do
sentido do viver, consciência da importância da vida nas diferentes esferas e de seu poder de
realização dentro do campo de possibilidades nos distintos planos.
227
SÍMBOLO XI
O ser adquire força e poder sobre si mesmo, passa a dominar seus pensamentos, emoções e
instintos. Compreende e respeita os princípios da lei universal, assim como, compartilha do
que tem de melhor com os todos os seres, em todos os reinos e níveis de consciência.
228
SÍMBOLO XII
O ser numa atitude de plena entrega, no movimento da vida se coloca na fluidez da lei
universal. Descobre o plano divino no plano terreno, a inseparabilidade e a diluição da parte
no Todo e do Todo como manifestação da centelha divina na parte. O sentido da vida, o que
se constitui na própria consciência do agora, que revela a Consciência Cósmica, Totalidade. O
ser agora caminha em prol da humanidade, a partir das vibrações da força-corrente gerada no
XI símbolo.
229
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
A ampliação da consciência tem a ver com a busca de autoconhecimento, que inicia
muitas vezes, por um questionamento de nosso senso de realidade. Para compreendermos os
assuntos da dimensão terrena, e, de nossa realidade, precisamos conhecer a história e os
eventos reais ao nosso redor.
Nossa busca se constitui na compreensão da verdade em nossa realidade, do
tridimensional ao multidimensional. Queremos estar cientes de muitas coisas, tanto ao que se
refere ao visível, quanto ao invisível e intangível. De acordo com Lapierre e Dubro (2007,
pág. 30):
A evolução humana é caracterizada pela “descoberta” da existência de
“novas” dimensões e de circuitos harmoniosos dentro de nossa dinâmica
energética. Essas dimensões existem como elementos de criação e são
acessíveis a partir de nossa própria configuração multidimensional. A
expansão da consciência engloba a compreensão de que podemos
conscientemente alterar nossa dinâmica arquitetônica interna. Ao fazer isso,
expandimos nossa visão angular exterior para abarcar uma fatia maior
dessa criação.
O Campo Energético Humano e o Campo de Energia Cósmico existem fora de nosso
senso de realidade. À medida que nossa consciência se amplia, podemos esperar que nosso
conceito de realidade se estenda para além das percepções que temos de ser humano.
O que agora consideramos paranormal lá na frente deixará de ser, na medida em que,
conforme Dubro (2007) aprendermos a explorar e a desenvolver nossas hiperfunções
cerebrais e a experimentar a transformação celular em todos os níveis de nosso ser.
A física quântica em suas pesquisas tem revelado a importância da mente e da
intenção na criação da realidade. Dubro, Lapierre e outros pesquisadores consideram a
intenção como uma força real, metafísica (que está além da física ortodoxa). Dubro (2007,
pág. 31) afirma que:
Dentro do contexto de uma realidade que se baseia em padrões
organizacionais invisíveis, dentro de dimensões invisíveis, a INTENÇÂO é a
força que serve para alterar; escolher, dar forma, modificar e organizar
esses padrões primários. Quando ocorre qualquer uma dessas influências,
230
os campos informativos, que modelam o mundo material, são alterados.
Essa mudança precipita a mudança física. Ao estendermos nossa noção
para visão limitante de como um “observador” afeta o resultado de um
experimento da física das partículas entramos no domínio da co-criação de
nossa realidade.
Podemos compreender que por meio da consciência e da intenção co-criamos a
realidade na roda da vida interagindo com o universo multidimensional, o que fica muito claro
no livro de Goswami (1998) quando coloca como a Consciência Cria o Mundo Material.
Dubro diz que a consciência interage com o “projeto de vida” por meio do qual o projeto cria
a geometria do campo vital. Isso se relaciona com a força que movimenta as correntes das
fontes de campo através do corpo.
Essa matriz também pode ser programada na consciência ou no cérebro por ângulos
de calibração (do Cosmos) relacionados a um local específico do corpo. A autora afirma
ainda, que todos esses termos - matriz, projeto, grade, padrão - estão relacionados à forma
geométrica. A Geometria é a base para o desenvolvimento de todas as formas de vida, mas
isso não é visível para o olho causal.
Assim o que não é aparente ao olho visível é oriundo da “ordem implicada”, termo
usado por David Bohm (2008) para explicar como nossa realidade é uma manifestação
“revelada” de um potencial organizador e uma inteligência que não é imediatamente visível a
nós. Segundo o pesquisador, o que acontece no espaço-tempo é, não obstante, determinado
pelo que acontece em uma realidade não-local além do espaço-tempo.
A teoria quântica e da relatividade concordam no ponto em que ambas indicam a
necessidade de se ver o mundo como uma “Totalidade Indivisível”, que todas as partes do
Universo incluindo o observador e os seus instrumentos, se fundem e se unem a uma
totalidade. Nessa totalidade, a forma atomista da visão é uma simplificação e, uma abstração,
válida apenas em algum contexto limitado.
Bohm (2008) diz que essa forma de visão pode talvez ser chamada de “Totalidade
Indivisível em Movimento Fluindo”. Essa visão sugere que, de algum modo, o fluxo vem
antes das “coisas” que podem ser vistas como se formando ou se dissolvendo nesse fluxo.
Podemos ilustrar o que isso significa ao considerarmos o fluxo da consciência. Afirma Bohm
que esse fluxo não é definível com precisão e, ainda assim, vem evidentemente antes das
formas definíveis de pensamentos e idéias que podem ser vistas formando-se e dissolvendo-se
no fluxo, como ondulações, ondas e vórtices, semelhante ao fluxo de um rio.
231
Na percepção inteligente, o cérebro e o sistema nervoso reagem diretamente a uma
ordem em um fluxo universal e desconhecido que não pode ser reduzido a qualquer coisa que
possa ser definida em termos de estruturas conhecíveis. Bohm afirma que o pensamento é um
tipo de “dança da mente” que funciona de forma indicativa e que, quando desempenhada
adequadamente, flui e se funde em um tipo harmonioso e ordenado de processo que gera a
vida como um todo. Essa compreensão da totalidade não representa uma correspondência
reflexiva entre o “pensamento e a realidade como um todo”.
Ao contrário, deve ser considerada conforme Bohm (2008), como uma forma de
arte, que pode nos induzir à ordem e à harmonia na “dança da mente” no geral (e,
consequentemente, no funcionamento geral do cérebro e do sistema nervoso). O que é
necessário é um ato de compreensão no qual possamos ver a totalidade como um processo
real que, quando executado corretamente, tende a gerar uma ação harmoniosa e ordeira de um
modo geral, incorporando o pensamento como o que é pensado sobre um único movimento,
no qual a análise das partes separadas (isto é, pensamento e coisa ou pensamento e realidade)
não tenha significado algum.
Na medicina, Chopra (1989) é o mais recente e fiel representante da concepção
holística, pois tanto aceita a ligação entre mente e corpo como utiliza simultaneamente, o
conhecimento da medicina ocidental e o antigo saber oriental. É por isso que a sua abordagem
integrativa da doença e da cura representa o novo pensamento holístico na área da saúde.
Chopra mostra em seu trabalho a importância da mente, da consciência, da compreensão e da
inteligência na superação da doença e no estabelecimento da condição de sanidade. Para ele, a
mente influencia o corpo e pode levar tanto à doença quanto à saúde.
A intenção da consciência determina a percepção que forma e também inicia a
transformação da energia. Conforme Laskow (1997), a intenção consciente ou inconsciente,
converte “matéria” (em forma de partículas) na forma de onda, e transforma a forma de onda
em matéria. Convertendo matéria (em forma de partículas) na sua forma de onda, a intenção
consciente ou inconsciente nos permite entrar em ressonância com padrões (ou misturar) com
o que queremos influenciar.
A consciência informa as energias sutis que influenciam o espectro eletromagnético,
de maneira que, segundo Laskow (1997), todos os elétrons são cercados por um campo
eletrostático, isto é, um campo que afeta outras partículas carregadas. Quando os elétrons
aumentam ou diminuem o seu coeficiente de movimento, produzem campos
eletromagnéticos, que por sua vez influenciam as partículas carregadas. Tem-se assim, a
forma de carga uma partícula afetando o campo e, também, o campo afetando a forma.
232
Os campos que circundam o nosso corpo (não restritos ao espectro eletromagnético)
refletem e expressam nossos estados emocionais e mentais e as condições do nosso corpo
físico. Portanto, mudanças no campo de energia podem afetar a forma física do corpo e sua
forma energética (campo) levam a ter compatibilidade de ressonância, ou seja, há a
necessidade de um equilíbrio ressonante entre corpo e mente. Tanto a forma como o campo
(corpo e mente) contribuem para a criação de ondas estacionárias holográficas. Essas ondas
constatam a evidência de um equilíbrio entre os nossos estados físico, emocional e mental,
refletindo a relação do sujeito consigo mesmo.
Existe também um equilíbrio entre esses estados e o meio ambiente, refletindo o
relacionamento do eu com o que não seja ele. Laskow (1997) diz ainda, que existe outro nível
de equilíbrio entre os estados físico, emocional, mental e o espiritual, refletindo a harmonia
entre o ser e seus aspectos espirituais superiores. É no nível espiritual que temos um sentido
de propósito e significado, mesmo antes que recebam forma ou expressão.
Somos organizados por uma consciência de função. Cada célula, cada órgão, na
verdade o corpo inteiro tem uma consciência da sua função, embora não estejam todos
conscientes do propósito maior do organismo, mas assim mesmo as diferentes funções se
integram de acordo com um propósito superior. O propósito, então, precede a ordem e a
função e dá a ambos o seu valor. O alinhamento desarmônico com o propósito cria a
desordem e a disfunção (ou doença). É fundamental harmonizar a refunção com o propósito
superior, porque é a intenção da consciência que inicia a transformação da energia em
matéria.
Assim, é muito importante observarmos o propósito da vida, o grau de importância
de nossa existência e de nosso poder de realização. O propósito de acordo com Laskow
(1997) deve ser criado, assim podemos dar sentido à vida. O amor, a sabedoria, a alegria, a
paz ajudam-nos e servem para orientar nossas ações. O desejo básico é o sentimento que está
em contato com o nosso espírito, com nosso propósito de vida. Devemos então, purificar os
desejos através de bons sentimentos e pensamentos, expandi-los positivamente para criarmos
uma realidade com saúde, harmonia e felicidade.
Essa conexão causal, no entanto, continua negligenciada pela medicina tradicional,
embora as últimas descobertas da neurobiologia demonstrem a inter-relação da mente e do
corpo. Chopra (1989) mostra que a consciência profunda é capaz de promover um salto
quântico no mecanismo de cura e que essa capacidade deveria ser valorizada pela medicina.
Afirma o autor que a cura “envolve um número incrível de processos perfeitamente
sincronizados, dos quais a medicina conhece apenas os principais, e de modo imperfeito”.
233
Chopra elaborou um método - que se fundamenta tanto na moderna ciência ocidental
quanto na ancestral sabedoria oriental do Ayurveda e da meditação transcendental - que
chamou de “Cura Quântica”. Para ele, a cura quântica se afasta dos métodos da alta tecnologia
e penetra nos meandros mais profundos do sistema mente-corpo. É aí, nesse núcleo, que
reside o processo de cura e, para atingi-lo, é necessário atravessar todos os níveis mais densos
do corpo - cérebro, tecidos, órgãos e sistemas - até atingir o ponto de união entre a mente e a
matéria, ponto no qual ele acredita poder a consciência exercer um efeito.
Como afirma Chopra, o processo de cura realmente reside na consciência, nesse
núcleo sutil do Ser. A imaginação criadora é o movimento da consciência, esse núcleo sutil
que cria realidades. Bachelard (1998) fala da imaginação como uma força e movimento da
consciência que vai ao mundo para nomeá-lo e recriá-lo. Através da imaginação, de desejos e
pensamentos alinhados com a Consciência Cósmica, podemos manifestar no espaço visível o
que até então era invisível. Nesse caso, pode ocorrer a cura em todas as dimensões; física,
emocional, mental e espiritual da vida humana. A energia, a intenção, as imagens mentais
simbólicas e a percepção intuitiva devem ser dirigidas a essas instâncias de realidade.
No momento em que os campos vibracionais se tornam híbridos (Parode, 2007), se
utiliza a energia do todo, ou a energia cósmica para materializar no plano tridimensional. Para
“trans-formar”, ou “transmutar”, se começa identificando e localizando o que está “em
forma”, se libera essa forma “despojando-a de forma”, sendo que a etapa seguinte é “re-
formar” a energia para a harmonização, alinhamento energético, conseqüentemente a cura, a
vitalização e equilibração.
O processo de cura a que chamo “Cosmoenergia” tem por princípios orientadores o
saber, que localiza e ilumina o que necessitamos e queremos, o amor que nos une ao que
queremos, o querer pelo qual agimos sobre o que queremos. O sentir e o saber que
encaminham a consciência para o foco desejado possibilitando assim, a condensação de
energia de dimensões superiores de campos energéticos cósmicos tomarem forma no espaço
tridimensional.
Chopra afirma que o corpo humano é comandado por uma rede de inteligência que,
determinando o estado de sanidade e de harmonia com a natureza, é capaz de combater todas
as doenças, mesmo doenças como câncer. Segundo ele, essa inteligência - uma energia muito
poderosa que se orienta basicamente para o processo de cura - está presente em todas as partes
do corpo e é mais importante do que qualquer outra e, inclusive, do que a própria matéria do
corpo.
234
Segundo Chopra, embora seja imaterial, a mente desenvolveu uma forma de
trabalhar em parceria com os neurotransmissores e neuropeptídeos, as moléculas
comunicadoras ou transmissoras. A descoberta dessas moléculas ampliou o conceito da
inteligência do corpo. O know-how transportado pelos neurotransmissores e neuropeptídeos
representava algo muito diferente; a alada e fugaz inteligência da mente. A maravilha é que
essas substâncias químicas ‘inteligentes’ não estão apenas no cérebro, cuja função é pensar,
mas no sistema imunológico, cujo papel principal é nos defender das doenças.
Do ponto de vista de um químico do cérebro, essa súbita expansão das moléculas
mensageiras torna seu trabalho mais complexo. Mas, para nós, a descoberta de uma
inteligência fluente confirma o modelo do corpo comparado a um rio. Precisávamos de um
material básico para afirmar que essa inteligência flui por todo o nosso corpo e agora o temos.
Chopra diz que os pensamentos desencadeiam a liberação de substâncias químicas
para o corpo. A mente e as moléculas mensageiras combinam-se de modo automático e
perfeito. Então, em alguma parte do corpo-mente, duas coisas se aliam: uma partícula de
informação e uma partícula de matéria. Eventos como um pensamento e uma reação do corpo,
que pareciam não ter nenhuma ligação, mostram-se interligados. O papel dos
neurotransmissores é combinar-se a um pensamento. O neuropeptídio não é um pensamento,
mas movimenta-se como ele e é sua expressão química.
A transformação de um pensamento numa substância química representa
transformação da não-matéria em matéria. Sempre que um evento mental precisa encontrar
uma contrapartida física, trabalha por meio do mecanismo quântico do corpo humano. Esse é
o segredo da forma como se associam sem erro os dois universos: o da mente e o da matéria.
Baseado na compreensão do mecanismo quântico do corpo, Chopra explica como
um pensamento, que não tem existência material, é transformado pelos mensageiros químicos
numa partícula de matéria perfeitamente afinada ao pensamento e comunicada a todo o corpo.
Dessa forma, ele mostra como duas coisas que parecem totalmente diferentes podem se
transformar uma na outra, num nível mais profundo da natureza. É essa compreensão que
possibilita a cura quântica.
Unindo o conhecimento da ciência ocidental ao antigo conhecimento oriental, o Dr.
Chopra utiliza as técnicas mentais da medicina ayurvédica com a finalidade de controlar os
padrões invisíveis que regem o corpo. Segundo essa tradição, tudo se origina na mente e,
portanto, é nela que deve atuar o médico. Um médico védico está mais interessado em saber
quem é o seu paciente do que em descobrir qual a sua doença, pois o que faz uma pessoa
saudável ou doente são as suas experiências, pensamentos, sentimentos e emoções - enfim, a
235
sua relação com a vida. Essas experiências se acumulam durante anos e podem irromper com
uma doença.
De acordo com Chopra, a medicina moderna ainda é dominada pela noção de que a
doença é causada por agentes objetivos. Uma análise sofisticada mostra que isso é apenas em
parte verdadeiro. Uma doença não pode se instalar sem que exista um hospedeiro para aceitá-
la, daí as tentativas atuais de se compreender nosso sistema imunológico.
Baseado na concepção védica de que a consciência cria o corpo, o Dr. Chopra leva
os pacientes a compreender que é a sua própria percepção que controla e altera seu corpo. E, é
por essa via e possibilitando uma Jornada Arquetípica por meio de vivências estéticas,
corporais e simbólicas que tento mostrar aos sujeitos no Curso, o quanto a consciência pode
determinar a saúde e a cura.
Para Chopra, os principais instrumentos de cura quântica são as técnicas da
meditação, da bem-aventurança e do som primordial, técnicas em que me baseio nas
vivências. A técnica da bem-aventurança propicia ao sujeito a experiência de si mesmo, como
o oceano de bem-estar que é a essência do nosso ser mais profundo.
A técnica do som primordial baseia-se na antiga tradição védica, segundo a qual o
universo é feito de sons. Os primeiros sons criadores são os sons primordiais. Essa técnica
utiliza o “OM” como o som primordial, colocando-o de volta no corpo para fazê-lo sintonizar-
se com a energia primordial criadora.
O corpo pode sintonizar-se com a energia primordial de diversas maneiras, por meio
de orações e meditações, canalização e radiações de luzes etc. A oração mais o altruísmo
disciplinado produz o místico. Mas, além da oração que é fonte do desejo do coração, porque
flui da natureza emotiva e sensível do homem, um dos principais meios de cura é a meditação,
conforme atesta Chopra e outros sábios e cientistas.
A experiência nos diz que a meditação faz avançar o trabalho da oração para o plano
mental. O desejo dá lugar ao trabalho prático de preparação para o conhecimento divino. A
meditação possibilita o domínio da natureza psíquica e o controle da substância mental.
Orienta a mente, conduzindo a realizações e reconhecimentos que se tornam imediatamente,
conhecimento formulado.
A condição adequada para esse trabalho de meditação está no fato de
compreendermos que não somos a mente, mas temos uma mente universal, uma Consciência
Cósmica, Deus que é consciência de nosso ser. Portanto, a mente deve ser acalmada e servir a
nossos propósitos, que devem estar articulados, alinhados a essa consciência de luz.
236
Assim, tudo em nossa vida começa a fluir quando compreendemos a natureza da
mente; tanto no sentido de sua convergência, o Divino em nós, como de sua transcendência,
para além de nós. Esse entendimento a respeito da natureza do sagrado (Consciência Divina
dentro e fora) pode desfazer a questão da separação da visão ocidente/oriente.
Além da oração, da meditação, da energia de bem-aventurança e do uso de sons,
podemos, também, nos utilizar nas vivências estéticas, corporais e simbólicas de outros
instrumentos para o trabalho de cura. Os caminhos são muitos, podendo citar como exemplo
as múltiplas linguagens artísticas; a dança, a música a linguagem visual, a expressão corporal,
bem como, as técnicas de alongamento, relaxamento, visualização e vivências com imagens
simbólicas, e o trabalho com energias vibracionais, multidimensionais.
O mais importante é estarmos abertos, desejarmos profundamente e focalizarmos a
mente para a cura. Chopra afirma que a cura quântica é a capacidade de um modo de
consciência (o corpo). Nesse caso, o que se pode entender é que o corpo, enquanto
consciência pode produzir a cura quando sintoniza com a fonte primordial, o campo de
energia cósmico.
A necessidade de adoção de uma visão de mundo que inclua todas as partes do todo
- observada em todas as áreas do conhecimento e reconhecida por muitos cientistas – tem
caráter revolucionário e representa a maior transformação do século XX.
A física hoje admite que a teoria quântica ainda não desvendou completamente a
questão do tempo e que isso só será possível quando a consciência for incluída no processo,
uma vez que a consciência e a realidade temporal são questões complementares,
intrinsicamente relacionadas. A necessidade de compreensão da origem da consciência tem
levado os físicos a aproximar-se cada vez mais da psicologia e do misticismo oriental, isso
porque a ciência contemporânea tem pouco a dizer sobre o assunto.
Carl Gustav Jung (1982) contribuiu muito para o avanço da psicologia e levou à
união do pensamento científico com o espiritual. Jung distinguia no inconsciente dois
substratos; um que continha o material pessoal, o inconsciente pessoal e outro, o material
coletivo, o inconsciente coletivo. Na sua concepção do inconsciente, além dos conteúdos
reprimidos, que constituíam o inconsciente pessoal e que podiam ser sexuais ou não, e dos
conteúdos esquecidos, não necessariamente reprimidos, havia o material arcaico de toda a
humanidade, a experiência acumulada do processo evolutivo e cultural, os arquétipos que
pertenciam ao inconsciente coletivo.
Na concepção de Jung, o inconsciente pessoal incluía o inconsciente freudiano e a sede
dos conteúdos reprimidos e desconhecidos para a consciência, os quais ele chama de “sombra”.
237
O inconsciente coletivo contém a universalidade do homem, suas raízes cósmicas coletivas, sua
ligação com a totalidade da vida e o seu processo evolutivo, desde a sua origem animal até a
espiritual.
O inconsciente coletivo contém tanto o passado da humanidade como o seu futuro, a
sua evolução. O inconsciente coletivo é o arquivo da experiência da humanidade, como um
todo, codificada nos arquétipos. Por isso, Jung mostrou a necessidade de se manter um contato
com essa fonte interior de conhecimento.
De acordo com Jung (1982), os arquétipos são forças psíquicas fundamentais que
têm um significado e um objetivo transcendentes e que se expressam por meio de imagens.
Para ele era importante distinguir o conceito de arquétipo do conceito de imagem arquetípica.
O arquétipo em si é um fator psicóide, pertencente à parte ultravioleta do espectro
psíquico, é não-visível e potencialmente existente. A imagem arquetípica é a parte visível do
arquétipo que se exterioriza e manifesta à consciência. Para formular o conceito de arquétipo,
Jung se inspirou tanto em Platão, quanto em Filo de Alexandria, que descrevia o Logos como
a manifestação arquetípica de Deus.
O arquétipo pode ser compreendido também, como uma energia de síntese, criada
pela mente universal para atuar como polarizador da manifestação de estruturas e padrões que
conduzam a existência à meta última a ela reservada. Cada forma no mundo tangível está
ligada a um arquétipo, e sua trajetória evolutiva nada mais é que a aproximação aos padrões
emanados desse arquétipo.
A imaginação dinâmica, enquanto potência de transformação é um movimento da
consciência que se lança ao real. Na realidade a imaginação é um devir, de maneira que as
imagens no encontro com o sensível surgem numa instância diferente das idéias. O
dinamismo do objeto imaginado depende do dinamismo da imaginação que anima o
elemento.
As imagens “energéticas”, ou como dizia Jung, arquetípicas, não se reduzem a uma
imaginação formal, pois são os termos da imaginação pura, de uma imaginação que vai ao
real. A imagem ressalta o dinamismo da imaginação e pode ser interpretada como símbolo
que não se reduz a sua significação conceitual e aparece como multiplicadora do real.
A noção de inconsciente de Jung se aprofunda em relação à noção concebida, até
então, pela psicanálise. Para ele, o inconsciente é tudo aquilo que está fora do campo da
consciência e que esta não pode apreender, por sua limitação. O inconsciente junguiano é a
totalidade subjacente a tudo, assim tanto se encontra abaixo como acima da consciência
pessoal.
238
A concepção do inconsciente de Jung aproxima-se da visão oriental da Consciência,
ou Mente Universal, como a totalidade que subjaz a tudo, totalidade que se expressa de forma
diferente na mente de cada indivíduo, e por intermédio dos indivíduos, é a soma de todas as
mentes.
Jung (1982) chama essa Mente ou Consciência de “Inconsciente Coletivo”, porque
não é apreendida pela consciência do ego. Porém, ele ainda estava preso à concepção da
psicologia ocidental que identifica a consciência com a percepção do ego e a subordina ao
cérebro. Nas concepções das tradições orientais, a consciência é entendida como vivenciada
em muitos níveis Os níveis de consciência se desdobram desde o nível da sobrevivência, a
sexualidade, afetividade, criatividade, transcendência e a consciência do ego é apenas um
deles.
Cavalcanti (2000) diz que embora a terminologia seja inadequada, o inconsciente
Junguiano tem o mesmo significado da Consciência Universal das antigas tradições, como a
totalidade presente em tudo como o próprio fundamento do Ser. Aproxima-se também, da
visão da física quântica, que afirma a existência do inter-relacionamento de tudo num nível
profundo que foi chamado pelo físico David Bohm de ordem implicada ou implícita.
O inconsciente, concebido como a totalidade subjacente a tudo, tem uma relação de
complementaridade dinâmica e criativa com a consciência. O inconsciente exerce a função
complementar, ajudando a consciência a alargar o seu campo perceptivo por meio dos sonhos,
da fantasia, da imaginação e da produção de símbolos. A função de complementação aparece
principalmente nos sonhos. Para Jung, os sonhos são expressões simbólicas naturais do
inconsciente, a linguagem da função religiosa e transcendente do Self.
O inconsciente se expressa por meio de uma linguagem simbólica, que é sua própria
interpretação. Jung percebeu que o inconsciente possui a capacidade dinâmica de criar
símbolos e por esse meio estabelecia a comunicação com a consciência. Os símbolos para
Jung, sempre atuam com o objetivo da cura, da auto-regulação, da complementação e da
ampliação da consciência. Para ele as experiências simbólicas são sempre numinosas,
poderosas, fascinantes, enriquecedoras e misteriosas.
Além da função de complementaridade, o inconsciente, na visão Junguiana, tem
também uma função transcendente, criativa, transformadora, religiosa e espiritual. Ele é
repositório das futuras potencialidades, do vir a ser, que impulsiona o homem para a evolução.
Jung vê a totalidade da cultura humana como mitos, arte, música etc., como manifestações do
espírito.
239
Essa visão do inconsciente leva também a um modo de compreensão mais complexo
e profundo do homem, pois admite a dimensão criativa e espiritual como uma parte importante
e fundamental da vida. O inconsciente, para Jung (1982), tem uma função espiritual, mas essa
pode estar reprimida ou inconsciente, o que compromete ou impede a busca espiritual do
homem.
Para Jung (1982), o racionalismo e o materialismo levaram o homem ocidental a uma
unilaterização da consciência e à negação do elemento transcendente, alienando-o das suas
raízes mais profundas. Ele dizia que o Ocidente enfatizou a ciência e a razão num grau
extremo, o que resultou num grande progresso científico e tecnológico, mas, por outro lado, o
homem ocidental negligenciou o cultivo de sua alma. Para Jung, o desenvolvimento é a
realização evolutiva do indivíduo como um processo crescente de encontro com a realidade
espiritual da vida.
A concepção de inconsciente de Jung transcende a idéia da psicoterapia centrada na
psicopatologia, visto que seu objetivo terapêutico era ajudar o ser humano a se libertar de suas
neuroses, sofrimentos e inibições que impediam seu crescimento. Além disso, levar as pessoas
a conhecerem o seu potencial criativo e a realizarem-se criativamente como indivíduos,
liberando e atualizando riquezas interiores bloqueadas. E, acima de tudo, levar o indivíduo a
reconhecer um poder maior interior, o Self, que é Divino e ao qual o ego deveria se subordinar
e estar a serviço.
Para Jung, o desenvolvimento psicológico leva progressivamente para além do ego,
para o Self. O objetivo da sua psicoterapia era não só a cura dos sintomas e a adaptação da
personalidade, mas a cura da alma e a abordagem do numinoso. A finalidade era a
transformação espiritual, a auto-realização e a experiência da plenitude do lado transcendente
da vida.
A meta terapêutica de Jung era levar o indivíduo a refazer a conexão com o Self e,
desse modo, religar-se à sua função espiritual e a comprometer-se com a busca do
desenvolvimento espiritual. Para ele o homem é o portal, o elo entre o macro e o microcosmo.
Ao lançar os sujeitos a uma Jornada Arquetípica de tranformação e renascimento estou na
mesma busca de Jung, no que se refere a sua meta terapêutica e a relevância a questão da
imaginação ativa.
Jung desenvolveu um método, que chamou de imaginação ativa, para criar um
diálogo maior entre a consciência e o inconsciente, entre o ego e o Self. Ele acreditava que a
transformação da personalidade acontece no intercâmbio entre a consciência e o inconsciente e
com o contato com as imagens arquetípicas sagradas e a experiência direta com o numinoso.
240
Jung acreditava que as imagens sagradas, presentes nas mais diversas mitologias,
constituem o patrimônio da humanidade e estão armazenadas no inconsciente coletivo, para
ele essas imagens fazem parte da alma do homem e possuem um grande poder transformador e
renovador.
Segundo Jung (1982), o próprio homem é um teurgo, isto é, possui a capacidade de
criar imagens de Deus para si mesmo, por meio da imaginação. A Teurgia é a área da magia
que nos possibilita criar a realidade por meio da mente, dos pensamentos e do desejo do
coração e da imaginação, sem necessidade de utilizar formas ou objetos materiais. O indivíduo
que aprende a usar o poder da imaginação pode participar da vida das imagens como uma
vivência interior de grande significado, a experiência do Divino dentro de si mesmo.
Ao contrário de Freud, Jung não superestimou a importância do ego, que concebia
como oriundo do Self sendo a ele subordinado tendo como função principal a realização do
mesmo. Ele via o Self e o inconsciente como um ente a priori, a partir do qual o ego se
desenvolve. O ego para Jung era a expressão do Self manifestado no tempo e no espaço.
Assim, chegou mesmo a desafiar a concepção freudiana do ego e da consciência do ego, como
o centro da psique.
Jung entendeu que o ego tem, inerentemente, necessidades muito fortes de
segurança, de estabilidade, de auto-afirmação, etc., provenientes dos sentimentos de
fragilidade e de inferioridade, e isso leva a pessoa a buscar de forma neurótica a satisfação
dessas necessidades. Mas, segundo ele, não se trata de fortalecer o ego, para curar a
insegurança, a fragilidade, e a busca das satisfações neuróticas, como pensava Freud.
O ego, na realidade, só supera esses sentimentos quando percebe que faz parte de
uma realidade maior, quando se identifica com o Self. Para isso o ego deve tomar consciência
da sua alienação do Self e de suas necessidades espirituais profundas. Quando isso ocorre,
surge naturalmente o sentimento de valor e auto-estima e todas as necessidades do Self que é a
auto-evolução espiritual. A vida adquire também um maior significado e finalidade.
Freud conseguiu identificar com precisão muitas das causas do sofrimento humano,
oferecendo meios e métodos eficientes para a cura. Mas ele centrou esse processo no ego, cuja
característica inerente é a dualidade. Jung ampliou a compreensão do processo de cura quando
percebeu a necessidade de transferir a identificação do ego para o Self. Quando isso ocorre, o
Self emerge como o novo centro da personalidade e as necessidades e as tendências neuróticas
e egocêntricas do ego diminuem e, finalmente, acabam.
As propostas vivenciais apresentadas nesse trabalho, também visam transferir a
identificação do ego do sujeito para o seu Self. Isto é, para sua Consciência Cósmica, como o
241
próprio objetivo da terapia Junguiana que segundo muitos pesquisadores Junguianos, propõe a
dissolução da falsa visão do ego, de suas identificações e de seus falsos objetivos para que o
indivíduo possa identificar-se com o Self. Segundo Jung (1982), o ego, cheio de auto-imagens
distorcidas e de projeções, constitui um obstáculo para a emergência do Self. A tarefa é a
redenção do Self, do Deus preso na matéria, no ego. O ego deve ser sacrificado para que possa
surgir o Self.
E, só assim, o Ser pode curar-se do sentimento de ser dividido e separado dos
comportamentos neuróticos auto-afirmativos. O budismo afirma que a raiz de todos os
problemas e sofrimentos está na visão distorcida do Ego, que o leva, também, a perseguir
objetivos inúteis. O Ego acredita ser uma entidade separada de todos os outros fenômenos. O
que traz um sentimento de divisão e desamparo quanto constitui um entrave para o contato
com si mesmo, com o Self e com todas as outras coisas.
A terapia Junguiana propõe que se ultrapasse essa visão limitante e limitadora do
Ego, substituindo-a pela consciência de que o ser humano é maior do que acredita ser. Ocorre
à mudança de identidade do Ego para o Self, o Ego pode abandonar a sua aspiração de ser o
centro da personalidade e começa a reconhecer a existência de outro centro do qual faz parte e
ao qual deve subordinar-se.
Começa aí o reconhecimento da divindade, como uma realidade psicológica ou
existencial de importância para a saúde da alma, já que Deus está na alma. Na concepção
Junguiana o Self é o princípio numinoso, transcendente e imutável, presente em todas as
coisas. Para Jung, as antigas tradições sagradas são repositórios dos segredos da alma, e este
inigualável conhecimento manifesta-se em grandes imagens simbólicas. Nos seus escritos,
Jung via Cristo como um símbolo do Self, que reconcilia os pares de opostos, divino/humano,
espírito/corpo.
Ele sempre atribuiu um grande valor psicológico e espiritual ao símbolo de Cristo
como a expressão unificadora e curadora do Self. Reconheceu no Cristo o maior e último
representante simbólico do arquétipo do Self e viu na redenção a expressão religiosa da
individuação.
Jung concebe o Self como a quintessência dos arquétipos, o princípio organizador e
diretor interior, a representação da divindade interior que guia todo o desenvolvimento do Ego,
pois contém as sementes, os potenciais do destino do indivíduo. Segundo Jung o Self é o
potencial para a integração da personalidade inteira, sendo o Self individual a centelha do Self
universal ou Deus e corresponde à verdadeira individualidade, da qual a individualidade do
ego seria um reflexo.
242
O self é a totalidade numinosa da psique, o verdadeiro centro da psique, e o regente
da função transcendente e espiritual do homem. A religiosidade do homem na visão de Jung é
a função inerente à natureza humana, mobilizada pelo Self e que podia estar consciente ou
reprimida. O impulso espiritual era a expressão da psique humana e do seu anseio pelo
encontro com a Fonte do Ser. A potencialidade espiritual humana contém um impulso inerente
para a plenitude e se expressa por meio de símbolos.
Os símbolos se originam no Self e aparecem, principalmente, em sonhos, visões e
estados alterados de consciência, mostrando um caminho de desenvolvimento espiritual ou
psicológico. Para Jung (1982), o desenvolvimento da espiritualidade tinha grande importância
no processo evolutivo e na autotransformação, assim, a necessidade do autoconhecimento era
espiritual. Mostrou que o desenvolvimento espiritual e o desenvolvimento psicológico são a
mesma coisa e fazem parte do mesmo processo.
Não existe desenvolvimento espiritual sem desenvolvimento psicológico e os dois
caminhos levam ao desenvolvimento do sentido ético da vida. E, esse é o propósito de todas as
vivências neste trabalho oportunizadas, desenvolver no Ser seus aspectos psicológicos e
espirituais conjuntamente.
Jung estudou profundamente os sistemas místicos tanto do Oriente como do
Ocidente e descobriu que todos eles descrevem o caminho do autoconhecimento como o que
leva do material ao espiritual. O processo psicológico conduz ao espiritual, é a sua via de
acesso, e os dois domínios estão interligados sendo que o autoconhecimento e a espiritualidade
caminham juntos.
Jung via o chamado “mal do século”, a depressão, a infelicidade, o embotamento, a
automatização e a alienação da natureza e da vida, como a perda do significado espiritual que
ligava o homem a uma realidade maior transcendente. Afirmou que o materialismo e o
racionalismo contribuíram para a negação do lado transcendente da psique e a alienação de
suas raízes mais profundas.
Por isso Jung incluiu na sua meta terapêutica o resgate do sentido espiritual perdido,
pois só assim seria possível a busca do sentimento de plenitude, de totalidade e de pertencer a
uma realidade transcendente que só a ligação com o Self pode possibilitar - a experiência do
processo de individuação.
Jung foi o primeiro psicólogo que viu a importância dos conceitos da nova física para
a psicologia. Percebeu que existia um terreno comum entre os conceitos da física e a sua
psicologia. Afirmava que cedo ou tarde, a física nuclear e a psicologia iriam convergir, pois
ambas, independentemente uma da outra e provenientes de direções opostas, abriam caminho
243
em um território transcendental, uma com o conceito de átomo e a outra com o conceito de
arquétipo.
Dizia Jung (1982), que o que torna a psicologia diferente das outras ciências e
semelhante à física é a participação do observador no fenômeno observado, porque ele
também é parte desse fenômeno. Os fatos podem ser simultaneamente observados como fatos
e como símbolos, como partículas ou como ondas, dependendo da forma como são vistos,
assim se revelam.
Para Wolfgang Pauli, a psicologia com seus conceitos de arquétipos e a física com a
lei das probabilidades estão expandindo, cada uma por seu lado, a noção de determinismo e
causalidade a uma forma mais ampla de conexões na natureza. Ele vê a sincronicidade como
um problema psicofísico.
Jung foi o precursor da abordagem holística na psicologia. Na sua compreensão da
realidade, ele procurou vincular o psíquico ao comportamento, ao aspecto biológico e
espiritual, buscando sempre uma visão unitária do mundo. Perseguindo esse objetivo, ele foi
buscar a sabedoria tanto do Oriente quanto do Ocidente, na ciência racional e no conhecimento
intuitivo das diversas tradições. Essa visão está presente na sua concepção do processo de
individuação, como a integração dos opostos que leva ao desenvolvimento do ser humano e a
sua interação criativa com o seu ambiente.
Cavalcanti (2000) afirma que nessa época de dessacralização, Jung mostrou o
caminho para a restauração da espiritualidade por intermédio da reapropriação da tradição
antiga da qual o homem moderno se alienou. Afirmava ele que, à medida que, os indivíduos
conseguissem alcançar a totalidade dentro de si mesmo, a cultura seria influenciada nesse
sentido e se encaminharia para o equilíbrio, a junção dos opostos e para a Totalidade.
Depois da psicanálise freudiana e da psicologia junguiana, a psicologia humanista é
considerada a terceira força. Ela surgiu como uma reação à abordagem mecanicista e à
psicanálise. Abraham Maslow (1968) é considerado o fundador da abordagem humanista e seu
principal representante.
Maslow estava mais interessado nos indivíduos considerados saudáveis e nos
aspectos positivos do comportamento humano. Realizou um estudo de pessoas que
apresentavam experiências transcendentes espontâneas e encorajou os terapeutas a se
afastarem do modelo biomédico. A psicologia humanista ficou conhecida como o Movimento
do Potencial Humano, pois privilegiava e dava ênfase à auto-realização e às potencialidades de
mudança e de crescimento do ser humano.
244
Nos anos 60, nos Estados Unidos, vários psicólogos humanistas começaram a se
interessar pela dimensão espiritual da vida; o êxtase, as experiências místicas, a consciência
cósmica etc. A essa nova área da pesquisa foi dado o nome de Transpessoal, além do pessoal.
A Psicologia Transpessoal é um desenvolvimento da psicologia humanista, mas diferencia-se
desta por dar ênfase à dimensão espiritual do indivíduo que a vê como uma das finalidades do
desenvolvimento humano.
Stanislav Grof (1994) é considerado um dos principais representantes dessa
abordagem que enfoca o estudo da consciência e o reconhecimento dos significados das
dimensões espirituais da psique. De acordo com Grof, o desenvolvimento espiritual é uma
capacidade evolutiva inata a todos os homens. É um movimento rumo à integridade, à
descoberta do verdadeiro potencial individual.
A Psicologia Transpessoal considera que se o espírito é constitutivo do ser, as
necessidades espirituais são tão importantes quanto às outras necessidades e que elas devem
ser preenchidas e vividas para se atingir um desenvolvimento sadio, pleno e completo.
O reconhecimento da existência do nível transpessoal da consciência e das
experiências ligadas a esse nível, entendidas como aspectos intrínsecos da natureza humana, e
não como doença ou processos de alienação, foi o ponto fundamental postulado pela
Psicologia Transpessoal que também defendia o direito do indivíduo de escolher ou de
modificar o seu caminho para atingir os objetivos transpessoais.
A Psicologia Transpessoal, conforme Tabone (1987) preocupa-se com os aspectos
transcendentes e místicos do indivíduo no seu caminho para a auto-realização. Dá ênfase à
espiritualidade e ao potencial do Ser para a transcendência, considerando-o como inerente ao
mesmo. Assim, procura possibilitar, por meio do trabalho terapêutico, que o indivíduo possa
vir a experimentar a consciência como fundamento de tudo. A psicologia transpessoal logo foi
considerada a quarta força em psicologia, depois do behaviorismo, da psicanálise e da
psicologia humanista.
Maslow (1968) é considerado o pai filosófico da psicologia humanística e
transpessoal. Procura unir a psicologia humanística à educação, à religião e à empresa.
Maslow relata experiências de estados elevados de consciência, que ele chamou de
experiências culminantes, definindo-as como experiências de paz, felicidade, amor ou de
realização criativa suprema.
Grof (1994) a partir de experiências com LSD concebeu a consciência como
estratificada em vários níveis e elaborou uma cartografia da consciência que mostra que cada
nível corresponde a um determinado tipo de experiência. Segundo Grof, o inconsciente
245
apresenta os seguintes níveis; nível abstrato e estético, nível psicodinâmico, nível perinatal,
início das experiências transpessoais e nível transpessoal.
Grof (1994) como tantos outros pesquisadores e místicos, acredita que existe uma
inteligência criativa, intangível, impenetrável, autoconsciente que está presente em todos os
campos da realidade. Seu pensamento o aproxima das concepções de David Bohm (1992),
para quem a totalidade abrangente, a ordem implícita ou envolvente, está presente em tudo e é
a fonte e matriz geradora.
Como Jung (1982), Grof vê o desenvolvimento espiritual como um movimento em
direção à integridade, à descoberta do verdadeiro potencial individual e como uma parte
integral de nossa existência. Ele afirma que o desenvolvimento espiritual é uma capacidade
evolutiva inata a todos os seres humanos e que hoje é evidente a ânsia pela transcendência e a
necessidade de desenvolvimento interior, esses são aspectos básicos e normais da natureza
humana. Estados místicos podem curar profundamente e ter um impacto positivo importante
na vida da pessoa.
Mas no mundo moderno os valores e a busca espiritual são ignorados ou substituídos
por anseios de status, segurança e de posses materiais. Grof (1994) diz que o estado
harmonioso e sadio ideal é quando o indivíduo integra o aspecto hilotrópico (orientado
materialmente), com o aspecto holotrópico orientado em direção à totalidade. A pessoa
orientada exclusivamente no nível hilotrópico da consciência, sente-se insegura e preocupa-se
somente com a aquisição de bens materiais e com os aspectos de sobrevivência imediata e
prática da vida.
Por outro lado, a pessoa unilateralmente orientada no nível holotrópico, tem
dificuldade de integração à realidade da vida diária e sofre com isso. A harmonia estaria na
integração dos dois aspectos; enfrentar a realidade cotidiana sem ansiedade, com
responsabilidade, sabendo ao mesmo tempo, que essa tem um valor relativo; e estar consciente
e relacionado com uma dimensão espiritual cheia de significado.
Influenciada pelo conhecimento espiritual do Oriente, a Psicologia Transpessoal
sentiu a necessidade de estabelecer um mapeamento da psique mais abrangente, que inclusive
os vários níveis de consciência que se interpenetram. A maioria das tradições afirma que existe
um amplo espectro dos estados de consciência. O hinduísmo concebe a vida psíquica como
uma totalidade dinâmica formada por vários níveis, os quais se irradiam a partir de um único
centro, o Self.
Em cada nível da consciência, podem ser percebidos aspectos da realidade
correspondentes ao estado de consciência. A consciência está estratificada em níveis e é
246
pluridimensional, ou seja, multidimensional. Essa compreensão incentiva o movimento
progressivo e evolutivo da consciência em direção aos estados superiores e transcendentes, até
a experiência da consciência, como o fundamento de si mesma e do mundo.
Ken Wilber (2000), assim como Grof (1987) é um dos principais teóricos da
Psicologia Transpessoal. Ele concebe a consciência como estruturada em vários níveis, que
refletem infinitas possibilidades e, portanto, têm de ser abordadas pelo processo terapêutico
apropriado, que abrange desde a psicanálise até as técnicas místicas orientais. Aconselha que,
na pesquisa sobre a consciência, deve-se tentar juntar não só os conhecimentos ocidentais,
sobretudo os orientais, pois estes possuem conhecimentos mais amplos, já que admitem uma
gama muito maior de estados de consciência.
Ken Wilber desenvolveu um modelo teórico de consciência, formulou um espectro
da consciência, mas adverte que cada nível do espectro é, ao mesmo tempo, uma restrição ou
limitação da consciência da unidade, que nos impomos. Wilber diz que os diferentes níveis do
espectro são semelhantes às várias ondas do oceano; cada onda é diferente de todas as outras,
ao mesmo tempo, faz parte da totalidade do oceano. Diz que não há limite, nem diferença,
nem separação entre a água e qualquer uma das ondas. Isto é, a água está igualmente presente
em todas as ondas. Os níveis do espectro são; nível da persona, nível do ego, nível existencial,
nível transpessoal, nível da mente unidade.
Esses estados de consciência se alinham ao longo de um espectro e representam os
diferentes níveis de manifestação da consciência. Wilber acredita que a tendência da
consciência é se diferenciar para uma ascensão cada vez maior e mais rápida até a forma mais
transcendente. Mas, esclarece que o desenvolvimento do ego é uma das etapas do
desenvolvimento da consciência e que não pode ser transcendido e ultrapassado antes de
plenamente vivenciado. Segundo ele o terapeuta deve estar preparado para criar as condições
que propiciem o desenvolvimento do indivíduo em direção a níveis cada vez mais elevados de
consciência.
Os psicólogos, terapeutas, educadores, arte-educadores e muitos outros profissionais,
principalmente da área da educação e da saúde só estarão preparados para criar condições que
propiciem a ampliação da consciência do indivíduo (seu paciente, consulente ou aluno),
quando estiverem efetivamente trabalhando com um enfoque que ressalte a questão do ser
humano integral.
Mas, tudo deve começar por seu próprio processo de busca de inteireza, através do
autoconhecimento e do alinhamento com a Consciência Cósmica. Processo que certamente
passa pela vivência de desenvolvimento do ego, mas, também, pela sua transcendência, pois
247
todas as faixas vibratórias da consciência devem ser alcançadas o que implica cada uma ser
experimentada e desenvolvida através de um movimento de fluidez energético, que permite a
interação entre ambas.
A Psicologia Transpessoal, conforme Tabone (1987), admite que existe um amplo
espectro de estados alterados de consciência; que alguns desses estados são potencialmente
úteis e funcionalmente específicos (isto é, possuem algumas funções não-disponíveis no
estado normal, mas carecem de outras) e que alguns deles são verdadeiros estados superiores.
O objetivo principal da terapia transpessoal, em que também está baseado este
trabalho, na medida em que, por meio de vivências propõe uma Jornada de Transformação e
renascimento, é incentivar as possibilidades de ampliação da consciência, em direção ao
estado superior cada vez mais elevado, até atingir o estado último de consciência suprema e
espiritual.
Para a abordagem transpessoal, a transcendência do ego é um ponto importante a ser
desenvolvido, para que se torne possível à verdadeira transformação e integração do indivíduo
em outros níveis de experiência. A Psicologia Transpessoal, de acordo com Tabone (1987),
acrescenta às técnicas terapêuticas tradicionais outras técnicas.
As vivências oportunizadas no Curso de Formação Multidimensional baseadas na
Psicologia Transpessoal têm muito a oferecer aos sujeitos, partem de técnicas das tradições
místicas do Oriente e do Ocidente, com a finalidade de promover a alteração da consciência.
Os psicólogos e terapeutas transpessoais vêm utilizando e pesquisando a meditação com o
intuito de criar um elo que beneficie tanto as disciplinas de meditação, quanto as técnicas
experimentais da ciência. Hoje é comprovado que a meditação pode provocar um grande
número de efeitos físicos e psíquicos benéficos.
A Psicologia Transpessoal define as experiências espirituais como aquelas que têm
uma qualidade numinosa, sagrada e totalmente fora do comum. A espiritualidade é algo que
caracteriza o relacionamento entre a pessoa e o universo e não requer, necessariamente, uma
estrutura formal, um ritual coletivo ou a mediação feita por um sacerdote. Por outro lado, a
religião é uma forma de atividade grupal que pode ou não conter a verdadeira espiritualidade.
Atualmente, o termo usado para definir as experiências espirituais é transpessoal, que
significa transcender o modo comum de perceber e estar no mundo. E o que interessa à
psicologia transpessoal são conseqüências práticas e terapêuticas das experiências espirituais,
pois acredita que estas podem provocar uma influência transformadora e benéfica de larga
extensão. Tanto a Psicologia Analítica de Jung, quanto a Psicologia Transpessoal consideram
a experiência do sagrado como intrinsecamente terapêutica e integradora.
248
A importância da Psicologia Transpessoal, está em fazer a síntese entre as várias
abordagens terapêuticas e a união entre a ciência da psicologia e a tradição mística do Oriente
e do Ocidente. Os teóricos da abordagem transpessoal estão particularmente interessados na
contribuição da física moderna para renovar e ampliar a concepção de mundo, imagem do
homem, inter-relacionamento homem/cosmos, correlações entre a natureza da realidade e sua
percepção nos estados de consciência em geral.
A Psicologia Transpessoal, de acordo com Tabone (1987) adquire a máxima
relevância científica dentro do movimento holístico. Os seus conceitos e atuação terapêutica
estão fundamentados na visão holística do mundo. Ela concebe o homem como uma
totalidade, em que os níveis físico, emocional, mental, existencial e espiritual estão
profundamente interligados e são interdependentes.
A Psicologia Transpessoal compreende o homem como uma totalidade constituída
por diversos níveis. Assim, vê a doença como um desequilíbrio em um desses níveis e a saúde
como o funcionamento harmonioso e integrado do ser em sua totalidade. Essa concepção de
homem elimina, definitivamente, a visão fragmentada, reducionista e mecanicista. E redefine
os conceitos de saúde, doença e cura.
Grof (1987) afirma que um enfoque ateu, mecanicista e materialista do mundo e da
existência reflete uma profunda alienação do núcleo do próprio ser do homem, que é
espiritual. Grof chama essa visão truncada e unilateral da existência humana de hilotrópica e,
assim, cunha uma nova categoria de patologia mental que está disseminada no mundo; a
negação da espiritualidade, que é autodestrutiva, pois nega a possibilidade de completude e
plenitude do indivíduo e é determinante de sentimentos e comportamentos de caráter ansioso e
destrutivo.
Embora a psicopatologia continue a ser o principal interesse das psicoterapias no
Ocidente, existe um reconhecimento cada vez maior de que a saúde psíquica não se reduz a
simplesmente ”não estar doente”. Ser saudável é ter um nível de motivação amplo, de
desenvolvimento intelectual, moral, afetivo, criativo e espiritual, além daquilo que
tradicionalmente se considerava normal, ou seja, atingir os limites superiores da maturidade
psicológica.
Tabone (1987) diz que a Psicologia Transpessoal teve maior repercussão e
desenvolvimento nos Estados Unidos. Mas, na Europa, alguns teóricos importantes também
adotaram essa abordagem e deram a sua contribuição teórica e prática. Na Itália, Roberto
Assagioli, inicialmente muito influenciado pelo pensamento de Jung, também se preocupou
com o processo de expansão da consciência e elaborou uma técnica de exploração do eu que
249
chamou de “Psicossíntese”. Esta tem a finalidade de integrar várias técnicas psicológicas,
dentro de uma abordagem que é única para cada indivíduo.
A sua teoria holística inclui o inconsciente coletivo de Jung, e eu consciente ou ego e
o Eu Superior. O modelo da Psique de Assagioli compreende Inconsciente inferior, médio,
superior ou superconsciente, Campo da consciência, Eu consciente ou Eu, Eu superior,
Inconsciente coletivo. A Psicossíntese trabalha a reconstrução consciente da personalidade
com a finalidade de alcançar o Eu superior, mas enfatiza, sobretudo, a necessidade de
desenvolvimento da dimensão espiritual. Assagioli afirma que existe uma repressão do
sublime, ou do aspecto espiritual do homem, da mesma forma que existe a repressão sexual.
O Colégio Internacional dos Terapeutas (CIT), fundado por Leloup (1998) na
França, cuja finalidade é cuidar do ser humano como um todo, na sua totalidade, incluindo a
dimensão espiritual, considerada necessária ao pleno desenvolvimento e a saúde do homem,
congrega terapeutas de diversas formações que compartilham de uma antropologia ética e
prática holística que têm como enfoque central a inteireza do Ser.
Leloup (1998) afirma que o doente é uma pessoa que se fechou num único nível de
interpretação simbólica. Os terapeutas terão de abrir, sem cessar, essa interpretação, para
evitar a identificação. Ele diz que é necessário criar a Ordem dos Terapeutas, que mostraria as
exigências de um enfoque multidimensional do ser humano e favoreceria uma prática menos
fragmentada.
Leloup se inspirou na tradição dos Terapeutas de Alexandria que, no início da era
cristã, já se baseavam numa filosofia holística, aplicada à saúde integral. Segundo ele, a tarefa
considerada primordial para os Terapeutas era cuidar, antes de tudo, do que não é doente em
nós, do Ser, do Sopro que nos habita e inspira Sopro que nada mais é do que o Espírito.
Alexandria foi, no passado, o ponto de encontro do Oriente com o Ocidente. Para Leloup, o
tempo que vivemos pode ser metaforizado como uma nova Alexandria, onde o diálogo e a
sinergia entre as múltiplas cosmovisões e culturas assume uma dimensão planetária.
Além de influenciar a psicologia na Europa, a abordagem transpessoal chegou à
América Latina com grande força. Aqui um dos seus principais representantes é Cláudio
Naranjo, do Chile, que tem se dedicado a estabelecer correlações entre as teorias
psicoterápicas e as disciplinas espirituais. Associa a psicoterapia ocidental com técnicas de
meditação.
No Brasil, Pierre Weil (1990) é o principal representante da abordagem holística e da
Psicologia Transpessoal. Weil estabeleceu dois conceitos importantes, a Holologia e a
Holopráxis. A Holologia se refere ao enfoque experimental e especulativo da Holística. E a
250
Holopráxis, segundo ele, “abrange o conjunto dos métodos experienciais de vivência direta do
real pelo ser humano, além de qualquer conceito”.
Inspiradas no espírito da visão holística e transpessoal e no movimento de retorno do
sagrado, outras importantes correntes de psicologia vêm-se desenvolvendo na atualidade,
como a Terapia Iniciática, de Karlfried Graf Dürckheim, a Psicologia Sagrada, de Jean
Houston e Robert May, e a Psicologia da Alma ou Monádica, de Joshua David Stone.
A abordagem da Psicologia Transpessoal e da Psicologia Sagrada, conforme Tabone
(1987) ocupa atualmente, ao lado da física, a liderança do exercício no mundo da cosmovisão
que, no início do século, surgiu com a física. A psicologia, por intermédio do processo
evolutivo de suas idéias, em que cada um dos teóricos contribui para o próximo passo
evolutivo, ocupa no mundo atual um papel da maior importância no que se refere à construção
de uma nova concepção de homem e de seu papel espiritual no universo.
Hoeller (1993) afirma que os novos símbolos da espiritualidade, estão surgindo da
teoria psicológica, como o autoconhecimento, a integração, autenticidade, crescimento
espiritual, totalidade. É por tudo isso que a psicologia é atualmente uma das mais poderosas
forças transformadoras da cultura da nossa época. A psicologia hoje adota a proposta de uma
apreensão mais global da realidade e busca fazer a síntese entre as conclusões da filosofia
perene, da nova física e das várias abordagens da psicologia.
Fiel à concepção holística do conhecimento e do homem, que revaloriza a dimensão
espiritual e a alia à científica, a psicologia está se aproximando da física quântica no que se
refere à aceitação de princípios como o da complementaridade, o da totalidade, o da unidade, o
do inter-relacionamento de todas as coisas e o da Consciência Una como fundamento da
existência.
Além disso, recorrendo às técnicas de expansão da consciência das antigas tradições
do Oriente e do Ocidente, a psicologia também está descobrindo as similaridades de suas
percepções e conclusões. Com o aprofundamento dessa investigação, ela oferece ao homem a
possibilidade de vivenciar, por meio da experiência direta, o equilíbrio e a expansão da
consciência.
Ao derrubar o dualismo das categorias observador-observado e sujeito-objeto e
propor o processo de observação como parte da realidade objetiva, os físicos admitiram a
interferência da consciência em todo o processo de conhecimento. Dessa forma, por sua
inclusão na totalidade das coisas e sua relação intrínseca com a questão do tempo, tiveram de
voltar-se para seu estudo.
251
A física abriu o caminho para a construção de uma visão de mundo unificada, em
que a consciência e a realidade não estão separadas uma da outra. O ser humano é parte do
todo, do universo, mesmo que de uma forma limitada no espaço e no tempo. Mas, ainda assim,
nesse plano, o ser humano em sua individualidade através de sua percepção, de seus
pensamentos e sentimentos, vivencia seu processo como algo separado desse todo.
O que ocorre é uma espécie de ilusão de sua consciência, que o torna prisioneiro de
si mesmo e dos outros. A partir dessa ilusão de separação, o ser acaba vivendo preso à suas
amarras, seus condicionamentos, sua vida está sempre projetada no passado, ou no futuro,
menos no presente. O mais importante agora é o salto quântico para a libertação, no qual se
possa transmutar, através do processo de ampliação da consciência, tudo aquilo que nos
condiciona. O que certamente fará a diferença no processo evolutivo tanto desse plano, como
nos demais.
Mesmo com a necessidade de inclusão da consciência no paradigma científico, a
física quântica não chegou a uma conclusão definitiva sobre a consciência. A ciência
contemporânea ainda não tem uma definição a respeito de seus estudos. Nesse caso, os
cientistas se voltaram para as filosofias orientais que tem mais a dizer sobre a questão da
consciência, não apenas sobre a consciência humana, como também, a respeito da consciência
cósmica.
Os físicos que lideravam esse movimento de vanguarda observaram que na
metafísica oriental, como em outras metafísicas, se fala de uma Consciência que existe a
priori, tanto no espaço quanto no tempo, e que constitui, conforme eles denominaram “o pano
de fundo” da consciência individual. A essa consciência além do espaço e do tempo, da
mesma forma que os sábios do Oriente e do Ocidente, muitos físicos se referem como a
Realidade ou a Mente que é Una. Schrödinger afirmou que o mundo externo e a Consciência
são a mesma coisa. A multiplicidade das mentes individuais é apenas aparente, pois na
verdade só existe uma Mente indivisa, idêntica em todos os indivíduos.
A partir da física, conforme Cavalcanti (2000), os diversos ramos da ciência
finalmente chegaram a um consenso sobre vários aspectos; a unidade subjacente da natureza, a
importância da consciência na construção do mundo das aparências, o cérebro como intérprete
dos padrões que emergem da realidade primária, a transcendência do tempo e do espaço, o
impulso de evolução e o ordenamento dos sistemas de vida em níveis evolutivos crescentes.
Os físicos perceberam a necessidade de união entre mente e matéria para o estudo da
consciência, assim, concluíram que a psicologia representa uma fonte ideal de subsídios.
Existe hoje uma área na física chamada de física da consciência, que une metafísica e
252
psicologia, possibilitando reflexão sobre a tendência contemporânea de junção do
conhecimento científico com a espiritualidade.
Algumas idéias filosóficas encontradas em todas as culturas, principalmente as que
dizem respeito à Consciência Una, que hoje a física e a psicologia estudam e discutem,
constituem a base de um profundo, completo e unitário conhecimento interior, a “Filosofia
Perene”. Huxley (1991) diz que a Filosofia Perene se preocupa, antes de qualquer coisa, com a
Realidade Una, Divina, substancial do mundo ltiplo das coisas, das vidas e das mentes. A
filosofia perene buscando compreensão a respeito tanto da natureza da Consciência Universal,
como individual, sempre mostrou que o sujeito, o objeto e o próprio processo de conhecimento
estão inter-relacionados porque o universo, a Consciência e o ato de conhecer constituem uma
totalidade.
A Filosofia Perene abarca os sistemas tradicionais de conhecimento, as religiões e os
mitos de todos os povos e se constitui nas reflexões dos grandes filósofos. Idéias que tratam
dos princípios universais, das verdades metafísicas fundamentais, eternas e indestrutíveis
presentes em todas as religiões. Geralmente essas idéias são expressas de uma maneira muito
simples, as experiências às quais elas se referem são vivenciadas direta e intuitivamente.
A humanidade introjetou em sua consciência essas verdades que se referem à
realidade Una como fundamento de todo o cosmos. Verdades que sustentam o processo
transcendental das grandes religiões estabelecidas, cujo saber é transmitido em seus livros
sagrados, ou permanece como tradição secreta. Esses textos sagrados tratam da existência de
um Real, um Absoluto, inacessível ao pensamento e à linguagem, que está em todas as coisas
e também dentro delas. O absoluto se revela a si mesmo por meio da multiplicidade dos
fenômenos relativos, contingentes e transitórios, da mesma forma que a luz só pode revelar-se
como tal quando incide em corpos opacos.
Os gregos pré-socráticos falam da Unidade, que pode ser contemplada e aprendida
pela comunhão entre a ciência, a arte, a filosofia e a mística. No cristianismo se fala do Deus
sem forma, do Uno puro e absoluto. A Cabala fala do Ain, o Nada ou o Ponto de Cima. Os
Upanishades falam da Realidade Única ou Brahma. Nos sistemas tradicionais, o conhecimento
do universo e da natureza não estava dissociado do autoconhecimento.
O autoconhecimento pressupõe o reconhecimento da dimensão espiritual e divina
presente em cada um; do contrário é ilusório. Através de um profundo processo de
interiorização, os antigos sábios das diversas tradições descobriram verdades sobre o homem e
sobre a relação deste com o cosmos, com o Divino e consigo mesmo.
253
Na busca de autoconhecimento muitos estudiosos ao voltarem-se para dentro de si
mesmos, descobriram princípios que também se aplicam ao universo. Isso porque o verdadeiro
conhecimento não pode ser transmitido por experiência alheia, mas sim, pelo contato com seu
próprio Ser interno, o que lhe possibilita sua transformação e do que está em forma para além
de seu campo de energia.
As tradições tanto orientais, como ocidentais, construíram uma estrutura de
conhecimento que reunia numa síntese a física, a filosofia, a psicologia e a espiritualidade.
Segundo Eckhart, o conhecedor e o conhecido são um só. O que significa dizer, que Deus e eu
somos um só conhecimento, quanto mais está fora, tanto mais está dentro, quanto mais está em
todas as coisas, tanto mais está fora delas. Isso tudo nos leva a compreender que Deus está
tanto dentro quanto fora do Ser, em seu campo energético e para além dele, isto é, no campo
de energia universal.
As antigas tradições colocavam que o conhecimento do universo está ligado ao
autoconhecimento e ao desenvolvimento e expansão da consciência. Sendo assim,
conhecimento do mundo, autoconhecimento, ampliação da consciência e crescimento
psicológico fazem parte de um mesmo processo interligado e contínuo. Nesse caso, tudo está
ligado a tudo, isto é, tudo está interconectado formando uma grande teia cósmica. Podemos
entender então, que a verdadeira essência do Divino se manifesta em cada onda e partícula do
universo, em cima e em baixo, no céu e na terra, nos diversos planetas, galáxias e dimensões.
Nada existe fora dela, nenhuma folha se move sem ela.
A consciência da totalidade indivisa torna o homem espiritualizado, pois o liga ao
universo e a Deus, mostrando que o autoconhecimento leva ao conhecimento do universo e de
Deus. O ser alinhado aos princípios universais passa a ter equilíbrio interno, isso gera o
conhecimento que leva à plenitude, pois é conhecimento total. Conhecimento da consciência
de luz, que só pode ser obtido pela experiência direta. Essa forma de conhecimento leva à
superação do abismo que pode existir entre a percepção racional e a intuitiva. Esta relação de
fluidez entre um pólo e outro, leva à junção do conhecimento científico com o espiritual.
A espiritualidade enquanto dimensão do ser é processo que possibilita a ampliação
da consciência e a conexão com a Totalidade, Unidade. A divina inspiração que se instaura
através da espiritualidade, promove a ligação do ser com Deus, com a Consciência Cósmica.
A centelha de luz se ascende ofuscando a sombra, as dualidades entram em
equilíbrio, as polaridades são sintetizadas para que se alcance a verdadeira alquimia. A síntese
das polaridades promove a liberação daquilo que está em forma, nesse caso, os
254
condicionamentos são transcendidos, porque a consciência se amplia e ilumina todo o ser. A
partir daí, cria-se uma nova forma de ser, estar e se relacionar com o outro e o mundo.
Na experiência sagrada de cada ser é que a transmutação pode acontecer. O Sopro
Divino do Espírito instaura uma verdadeira ligação entre as partes até então separadas, a
Unidade acontece promovendo a equilibração. O ser inteiro, de corpo, mente e alma, não se
permite a entrar na anestesia do dia a dia, leva a vida com arte e a arte com a vida. Este estado
de plena Estesia faz com que o Ser possa dar mais sentido a sua vida, porque está mais ligado,
conectado com seu propósito neste plano, ou seja, com o seu plano Divino.
A Estética Biocósmica (Parode, 2007) que é esse sentir com, inteiro e pleno com o
movimento cósmico, desde o visível ao invisível possibilita a fluidez da vibração da
consciência sensível a inteligível, a reversibilidade de uma a outra. O processo criativo do ser
se dá nesse movimento fluídico - cósmico e humano - em que a consciência se constitui, a
partir das multidimensões e se desdobra no entorno vibratório no qual se coloca para criar
algo.
Na infinitude do desconhecido a consciência é a totalidade do conhecido. Quando
algo é conhecido podemos dizer que é real e a isso chamar de verdade. Então, conhecer e ser o
próprio Eu é ser auto-realizado, isto é, ser inteiro, de corpo, mente e alma e isso é encontrar a
Unidade. Assim, para se conhecer tem que viver, porque a vivência é o momento vivido pleno
de sentido é a experiência de integração e unidade.
O processo criativo baseado na Unidade, na fusão ser e cosmos permite superar o
abismo entre as formas de conhecimento dadas pelo aspecto racional e sensível. Isso porque
possibilita uma apreensão global em termos formais, lógicos, mas, também, sensível, intuitivo,
que se constitui em imagens, sentimentos e o uso poético das múltiplas linguagens
expressivas.
Após o movimento de união do conhecimento espiritual ao científico liderado pela
física à psicologia, baseada em Jung passou a ver no desenvolvimento da dimensão espiritual
um aspecto importante para a ampliação da consciência, à saúde e à plena realização do Ser.
Jung definiu a vivência da dimensão espiritual por meio da reconexão com o aspecto sagrado
do Self como uma das prioridades do processo terapêutico. Podemos fazer uma analogia entre
seu conceito de crescimento e evolução e o das tradições iniciáticas.
Jung (1982) afirmava que a orientação materialista e racionalista da vida moderna
agravara a utilização unilateral da consciência e a negação do aspecto espiritual da psique e
levara o homem à alienação do Self e de suas raízes mais profundas. Assim, via a função da
psicoterapia como a reconexão com essa realidade interior divina. A finalidade espiritual e
255
iniciática do trabalho de Jung acabaram sendo compreendidas, aceita e desenvolvida pela
Psicologia Transpessoal.
Como as vertentes junguiana e transpessoal, a Psicologia Sagrada (de acordo com
Tabone, 1987) situa-se entre as abordagens holísticas que vêem na dimensão do sagrado e do
espírito o aspecto mais importante da natureza humana. Seus representantes posicionam-se a
favor do resgate dessa dimensão, pois acreditam que a repressão da identidade espiritual aliena
o homem da sua essência mais profunda.
Aceitando a concepção junguiana da psique como receptáculo do divino no humano,
a psicologia sagrada compreende que a revelação do sagrado deve ser vivenciada
interiormente. Com essa finalidade, propõe, por meio de elaborados exercícios, a experiência
pessoal direta da dimensão sagrada.
A psicologia finalmente chegou à conclusão de que o despertar do aspecto sagrado
da vida é necessário à emergência da espiritualidade no homem. É pela vivência espiritual que
se abre a possibilidade da Consciência da Unidade, da Totalidade e da identidade mais
profunda com a Consciência Cósmica.
A partir daí, se instiga a vivência que, terapêutica em si mesma, é capaz de curar as
carências e tristezas. Pelas orientações junguiana, transpessoal e sagrada, a psicologia,
segundo Tabone (1987), atualmente assume a liderança na reunião do conhecimento da ciência
ao da espiritualidade.
Essas abordagens psicológicas são as representantes da tendência contemporânea de
busca de síntese e totalidade. No mundo dessacralizado e desespiritualizado em que vivemos,
conforme Cavalcanti (2000), esse objetivo é fundamental para a construção de uma nova
concepção de homem, de uma nova ética e de uma nova consciência humanista e espiritual.
Atualmente, a psicologia de acordo com Tabone (1987), adota a proposta de uma
apreensão mais global da realidade e busca fazer a síntese entre as conclusões da filosofia
perene, da nova física e das várias abordagens da psicologia. Fiel à concepção holística do
conhecimento do ser, que revaloriza a dimensão espiritual e a alia à científica, a psicologia
está se aproximando da física quântica no que se refere à aceitação de princípios como o da
complementaridade, o da totalidade, o da unidade, o do inter-relacionamento de todas as
coisas e o da Consciência Una como fundamento da existência.
Além disso, recorrendo às técnicas de expansão da consciência das antigas tradições
do Oriente e do Ocidente, a psicologia também está descobrindo as similaridades de suas
percepções e conclusões. Com o aprofundamento dessa investigação, ela oferece ao Ser a
possibilidade de vivenciar, por meio da experiência direta, o equilíbrio e a expansão da
256
consciência. Todas as tradições espirituais sempre afirmaram o potencial criativo e revelador
da alma. A psicologia sagrada está buscando na antiga ciência sagrada esse valioso
conhecimento do Ser e do Cosmos.
Wilber (2000) afirma que assim como a Filosofia Perene, existe a Psicologia Perene -
uma concepção universal da natureza da consciência humana que exprime o mesmo
conhecimento da filosofia perene, mas numa linguagem mais psicológica. A principal noção
da Psicologia Perene é a de que a consciência mais recôndita do ser é idêntica à realidade
última e absoluta do cosmos conhecida como Mente, Consciência Cósmica, Deus, etc. A
identidade entre o Eu Universal e o Eu particular possibilita ao ser o conhecimento de Deus.
De acordo com a tradição da Psicologia Perene, a Mente Una, se refere a tudo o que
existe como ilimitado e, portanto, infinito, atemporal e eterno, fora do qual nada pode existir.
O mundo manifesto deve sua causa, sua ordem e suas formas à estabilidade da Mente Divina.
Cavalcanti (2000) afirma que, é essa Consciência Eterna ou Mente que é descrita pelos
místicos e que perpetuamente cria e sustenta o mundo temporal. O termo “místico” se refere a
indivíduos que tiveram uma vivência profunda da Unidade - ou viveram do coração ardente de
Deus - e alcançaram com essa experiência uma compreensão ampliada da vida e do cosmos.
Os sábios das mais diferentes tradições afirmaram que a consciência é Una e que o
dualismo que divide o mundo em sujeito e objeto é apenas aparente e ilusório. A psicologia
perene não considera o dualismo propriamente irreal, mas ilusório. A divisão do mundo entre
sujeito que vê e objeto visto só o divide em termos aparentes, pois o mundo nunca se distingue
de si mesmo. O dualismo é, pois, ilusão; parece existir, mas é desprovido de realidade. Essa
concepção da psicologia perene é hoje plenamente aceita pelos físicos em seu estudo da
consciência e pelos psicólogos transpessoais e sagrados.
Wilber (2000) afirma que esse dualismo cria o espaço. O processo crescente de
separação assola o sujeito que passa a identificar-se exclusivamente com seu corpo. A partir
daí surge à questão da temporalidade que está relacionada com a vida e a morte neste plano. O
indivíduo cria o tempo, e, ao criar o tempo, se separa da intemporalidade, da eternidade, da
Consciência Eterna, e se transforma num Ser finito, um Ser do tempo e do espaço. Esse Ser se
vê separado da consciência Una, de Deus. Assim, o tempo, as temporalidades e as nossas
amarrações temporais são que impedem a Centelha de Luz, a Consciência Divina de se
manifestar em nós.
Ao nos separarmos da Consciência Divina, criamos a consciência de uma
personalidade individualizada e separada (ego), que procura o tempo todo auto afirmar-se por
meio da satisfação de seus desejos, instintos e caprichos. A dualidade é angustiante porque faz
257
o ego oscilar sempre entre alternativas opostas e contraditórias. O ego é ilusório porque
acredita ser o verdadeiro Eu, por outro lado, também é um veículo da própria evolução do ser
neste plano. De qualquer maneira, transcender o ego é ir além da separação, do tempo e do
espaço. É permitir-se a mergulhar, entrar na eternidade.
Freud (1976) já dizia que o ego é incapaz de aceitar a realidade, particularmente a
realidade da morte e que sua característica é separar a imagem mental idealizada do corpo
físico mortal. O ego sendo um ser do tempo e do espaço é um ser para a finitude, para a
limitação e para a morte. Quanto mais o ego se pauta em idealizações, mais gera dualismos e
oposições e, assim, como afirma Jung, cria a Persona, a parte aceitável do ego, e a sombra, a
inaceitável. Os dualismos produzem a fragmentação do ser e seu distanciamento de Deus. Por
isso mesmo, o que se busca neste momento, é a transcendência dos dualismos, a síntese das
polaridades, o que certamente nos encaminha à superação das angústias e à libertação do medo
da morte.
Para superar o dualismo é necessário superar a angústia dos opostos, da separação e
da morte. No plano da Consciência de Luz, não existe dualidades, pois as polaridades estão
unificadas e nem temporalidade, pois a eternidade é o real absoluto. Mas esse plano só pode
ser alcançado através do Amor, da Sabedoria e da compreensão, características da Consciência
Vibracional - Consciência Cósmica. O mundo da dualidade está baseado na consciência do
ego, no aspecto racional e o mundo da Consciência Una, na Consciência Vibracional, no
aspecto sensível da alma, no sopro divino do espírito e na realidade cósmica espiritual divina
onisciente, onipresente e onipotente.
No processo evolutivo do ser a alma está sempre nessa caminhada dual,
identificando-se com o ego, ou com a Consciência Cósmica. O ser humano encontra a
Consciência Una, quando deixa de identificar-se com o ego. Nesse caso, se torna mais
tranqüilo, já nem se revolta e nem se sente ameaçado pelo mundo exterior. Substitui a
hostilidade, a revolta e a raiva, pela compaixão, solidariedade e pelo sentimento de respeito e
unidade com todas as coisas.
A Psicologia Sagrada, conforme Tabone (1987) o mais novo paradigma da
psicologia, tem como principal proposta à cura da divisão pela consciência Una. Ela vai além
do conceito de individuação de Jung (1982) quando busca a vivência da totalidade não só na
união dos opostos, mas na própria eliminação do conceito de opostos, que é ilusório, pois é
característica do ego. Para Jung (1982), o jogo dos opostos promovia a energia que levava ao
desenvolvimento.
258
Através de exercícios estruturados, a Psicologia Sagrada propicia a oportunidade de
vivência da Totalidade e, finalmente, a superação da divisão. Assim, o indivíduo pode alcançar
graus cada vez mais altos de desenvolvimento psíquico e de expansão da consciência,
atingindo um senso de responsabilidade maior com o próprio processo evolutivo. A Psicologia
Sagrada também se inspira na Psicologia Perene presente nas diversas tradições, pois acredita
que ela pode fornecer uma prática para a cura dessa divisão.
A superação da dualidade se dá no alinhamento do ego com a Consciência Cósmica,
nessa equilibração. O reconhecimento da identidade do ser com sua Consciência Vibracional,
Consciência Cósmica, possibilita a auto-estima e a liberação da necessidade de auto-
afirmação, porque começa a compreender a sua natureza Divina e a que transcende seu ser
individual, isto é, a natureza de Deus no Cosmos.
Cavalcanti (2000) coloca que esse é um processo muitas vezes difícil porque, por
excesso de identificação da consciência individual com o ego, existe o temor da destruição na
identificação com o Self. Jung diz que a experiência do Self sempre se constitui numa derrota
para o ego. Por isso, a interiorização pode ser sentida como uma grande ameaça de destruição.
A consciência, então, prefere manter o estado de separação, mesmo que tenha que pagar com o
preço da angustia.
A consciência dividida remete o ser sempre ao passado, ou ao futuro, nesse caso,
nunca consegue vislumbrar intensamente o presente, por isso mesmo, é difícil a paz e a
tranqüilidade, porque não consegue gozar nem das coisas boas deste mundo, muito menos das
coisas maravilhosas do plano multidimensional.
A falta de reconhecimento da Unidade, de que fazemos parte do Todo, através da
identificação com a Consciência Cósmica, gera comportamentos neuróticos como medos,
ansiedades, angústias, obsessões e depressões. Superar a paranóia do dualismo nos liberta
dessas manifestações do ego. O mais importante é a equilibração das polaridades, síntese das
dualidades, que se apresentam como condição humana. Equilibração do corpo que se
manifesta pelo ego nesse plano terreno espacial e temporal e do espírito, sopro divino,
consciência de luz, que é intemporal e se manifesta pela Mente Divina, e, da alma, que faz a
ponte entre um e outro, isto é, do corpo e do espírito.
Tanto o Oriente como o Ocidente possuem, na tradição da Psicologia Perene,
importantes técnicas de exploração e desenvolvimento da consciência que têm como meta
transcender a dualidade para alcançar a Unidade. Tradições orientais como a yoga, o vedanta,
o budismo e o taoísmo se utilizam de exercícios respiratórios para o contato com a experiência
da Totalidade e reconexão com a Consciência Cósmica, que é a via para a cura da dualidade.
259
As tradições ocidentais como o Gnosticismo, a Cabala e a Alquimia, também,
possuem técnicas de ampliação de consciência que levam à superação do dualismo na busca
da Unidade. Essas tradições não separam o desenvolvimento psicológico do espiritual, pois o
vêem como parte do mesmo processo. Como buscam principalmente a ampliação e a
transformação da consciência, desenvolvem instrumentos refinados e sutis de aumento da
percepção consciente que envolve a autoconscientização e a percepção da realidade unitária do
cosmos.
A Psicologia Sagrada encontrou na Cabala, na Alquimia e nos Mitos valiosas fontes
de conhecimento e de práticas que levam o ser a restabelecer a ligação com seu processo
evolutivo psicológico, desde a superação da consciência dual, baseada na construção dos
opostos, até o desenvolvimento da consciência unitária, que traz o sentimento espiritual de
pertencer à totalidade. Indo por essa via, a Psicologia Sagrada incorpora aos atuais paradigmas
o conhecimento psicológico antigo do Oriente e do Ocidente, para o desenvolvimento e
ampliação da consciência propiciando, assim, experiências de encontro com a realidade mais
profunda da alma e com os estados superiores da consciência, superando os dualismos
ilusórios e possibilitando a vivência dos estados de unificação e de totalidade.
O que se pode compreender é que a Psicologia Sagrada procura criar pontes que
liguem à vida profana à vida sagrada, pelo restabelecimento da conexão entre o ego e o Self. A
meta é colocar o ser em contato direto com Deus, para que tenha essa experiência sagrada no
seu dia a dia, o que pode lhe trazer a plena realização, um sentido para sua vida. A psicologia
sagrada pressupõe que o anseio inerente a cada alma humana é de vivenciar a união com essa
realidade suprema no cotidiano.
No processo de deslocamento de identificação do ego para o Self, a Psicologia
Sagrada promove a vivência de experiências direta com este, por meio da qual o sujeito pode
reconhecer a realidade divina dentro de si mesmo. Assim, a Psicologia Sagrada possui tanto a
base teórica, quanto técnica e o método para atender a duas necessidades fundamentais do
homem contemporâneo; a cura da dor da separação e a religação com o aspecto sagrado da
vida.
Jean Houston (1997) afirma que o terreno do sagrado se define por experiências
indescritíveis, que estão além do cotidiano ordinário, gerando introvisão, isto é, uma
compreensão profunda sobre determinado assunto, em função da alteração da percepção do
espaço e do tempo. As experiências sagradas levam ao sentimento de Totalidade, ou seja,
percepção da Unidade, interligação e sentido de todas as coisas; estado de harmonia, paz
interior, sentimento de amor por si mesmo, pelo outro e pela vida.
260
Essa abordagem caracteriza-se pela proposta de vivência interior e direta do sagrado
por meio de exercícios elaborados que constituem o seu instrumental. De acordo com Houston
(1997), “A Psicologia Sagrada é uma prática e um modo de perceber e de vivenciar a realidade
que somente pode ser internalizada por meio da experiência”.
A concepção de mundo em que está baseada a Psicologia Sagrada emerge da
Psicologia Junguiana; pois admite a existência do inconsciente coletivo e de seus arquétipos,
privilegia o trabalho nessa dimensão mítica da consciência, concebe o impulso espiritual
humano como uma expressão da psique e afirma que a plena realização do indivíduo está no
encontro com a Fonte do Ser.
Tabone afirma (1987) que além da Psicologia Junguiana a Psicologia Sagrada
desenvolveu-se, também, da Psicologia Transpessoal, pois concentra sua interferência em
vários níveis de consciência que vão do pessoal ao transpessoal. Além disso, fundamenta e
amplia os seus conceitos sobre a consciência e sua expansão com base no conhecimento das
antigas tradições sagradas. Dessa forma, aceita e compartilha plenamente a concepção
espiritual de homem presente nessas tradições.
Na interação da consciência individual com o Self, a Psicologia Sagrada procura
despertar na alma seus potenciais ilimitados, ajudando o indivíduo a identificar-se com essa
fonte interior e a superar a sua noção de limite e limitações. Houston (1997) utiliza-se de um
método de desenvolvimento da consciência, que permite a alma libertar-se das amarras que a
tolhem de sua plena realização criativa por meio do contato com o Self, com o Insconsciente
Coletivo, com a Consciência Cósmica.
O que essa abordagem propõe é um renascimento, o nascimento de um ser criativo e
espiritual, a partir da liberação do potencial contido na Consciência Cósmica e no Inconsciente
Coletivo. Nessa nova performance o ser supera as resistências, os medos e defesas do ego. A
resistência do ego ao encontro com o Self provém do medo de perder a identidade e de ser
absorvido por uma realidade maior. Perder esse medo corresponde à visão de um mundo novo
- a um segundo nascimento.
A Psicologia Sagrada inclui nas suas práticas terapêuticas a ritualização do segundo
nascimento, ou renascimento, pois acredita que é essa nova visão que realmente liberta o
homem para uma vida mais plena, criativa e feliz. E, é assim, por meio de um caminho
ritualístico, que as vivências estéticas, corporais e simbólicas baseadas na Psicologia Sagrada
propõem aos sujeitos uma Jornada Arquetípica de iniciação, uma Rota de Ampliação da
Consciência que possibilita o renascimento do Ser.
261
A partir da Jornada de Iniciação o sujeito renasce, pois entra em processo de fluidez
com o universo pela interação dos campos vibracionais humanos e cósmicos. Em seguida
consegue acessar informações do campo vibracional, entrar em ressonância com o que está
em forma em sua vida e transmutá-la gerando uma nova forma.
Na conexão dos campos vibracionais a forma é determinada, configurada, o campo
fundamental possibilita que a mesma traga além da herança genética, toda a memória e
bagagem energética, informações de antepassados, assim como, da coletividade. A forma ao
se constituir no espaço tridimensional, ou multidimensional, recebe todas as informações do
campo fundamental, de onde tudo emana e para onde tudo retorna.
O ser humano neste plano ao adquirir uma forma física, que é matéria e energia,
além da bagagem genética dada pelo (DNA), traz em si uma bagagem energética. Isto é, o
DNA que se constitui no corpo físico, contém as informações do campo a respeito da espécie
e com ele um gen energético, que contém as informações e todos os registros de experiências
no Campo de Energia Cósmico.
A ressonância mórfica, de acordo com Sheldrake, implica existência de um processo
auto-seletivo automático. Esse tipo de ressonância depende da similaridade da forma; formas
semelhantes influenciarão outras formas semelhantes. Sheldrake fala da dimensão da
realidade que denomina de “Realidade Transcendente”, que seria a causa e o propósito do
universo. A totalidade do universo é um reflexo da unidade transcendente, da qual o universo
depende e da qual se originou.
Para ele, a criação depende de alguma realidade não-física ou transfísica de natureza
espiritual. O universo como um todo poderia possuir uma causa e um propósito que o
transcendem. Ao contrário deste universo, esta consciência transcendente poderia não apenas
estar se desenvolvendo em direção a um objetivo, ela também poderia ser este objetivo. Não
estaria se encaminhando para uma forma final, estaria completa em si mesma.
Sheldrake faz parte do movimento científico conhecido como “Gnose de Princeton”.
Trata-se de um grupo de cientistas - físicos, químicos, biólogos, astrônomos, matemáticos etc.
- que, rejeitando o mecanicismo, procura promover a união entre a ciência e a espiritualidade
por meio da retomada da busca de Deus e do conhecimento essencial.
Todas essas figuras da ciência buscam o conhecimento verdadeiro, além do mundo
das aparências, não com o objetivo da utilidade imediata, mas como meio de realização de
suas existências, pois é isso que entendem como conhecimento propriamente dito (Gnosis).
Eles crêem que o objetivo maior da vida humana deve ser perseguir o conhecimento das
verdades essenciais, não só por meio da ciência, mas, sobretudo, da intuição.
262
Esse grupo de cientistas é representativo na mudança de valores que se está
delineando no mundo. Para eles, a gnose é o conhecimento da realidade supra-sensível,
“invisivelmente visível num eterno mistério”. O supra-sensível constitui, dentro do mundo
sensível e além deste, a energia motora de toda a forma de existência. A tese fundamental da
nova Gnose é a de toda Gnose; o mundo é dominado pelo Espírito, feito pelo Espírito.
O Espírito encontra (ou antes, cria para si mesmo) uma resistência, uma oposição; a
Matéria. O ser, por intermédio da ciência, de uma ciência com consciência, de uma Ciência
espiritualizada, pode chegar ao Espírito - Mente Cósmica ou Consciência Cósmica, e, se for
sábio e ao mesmo tempo inteligente, nela encontra possibilidades de transcender a oposição e
entrar em equilibração.
Os neognósticos procuram explicar Deus segundo uma concepção científica da
natureza e de suas inter-relações. Deus é a origem do universo e do homem. Para eles, Deus é
a natureza que se cria. Os novos gnósticos são os maiores defensores do paradigma holístico.
Esse novo paradigma é o modelo de abordagem científica que oferece a possibilidade de
junção de todo o conhecimento - científico, espiritual, moderno e antigo - e que faz parte da
totalidade da experiência humana, pois pressupõe que o todo está contido em cada parte.
Assim é possível apreender a Totalidade por meio das partes e as partes por meio do
Todo. Compartilhando das idéias desses pesquisadores que estão expraidos pelo mundo,
entendo que o cientista enquanto parte do universo adquire o conhecimento das verdades
essenciais pela intuição, no mergulho no Todo, como meio de realização de sua existência.
Transcendendo a visão linear, podemos entender que enquanto parte do Todo
acessamos informações por meio da Inteligência Espiritual. As informações a que me refiro é
o que Laszlo (2008) denomina de “in - formação”. A in-formação transportada no “vácuo” e
através dele pode responder pelas enigmáticas formas de coerência que encontramos nos
vários domínios da natureza. A maneira como esse processo acontece pode ser reconstruída
com base em teorias apresentadas na linha de frente da nova física. De acordo com Laszlo
(2008, pág. 73):
A informação é uma conexão sutil, quase instantânea, não-evanescente,
entre coisas em diferentes locais do espaço e eventos em diferentes
instantes do tempo. Tais conexões são denominadas “não-locais” nas
ciências naturais e “transpessoais” nas pesquisas sobre consciência. A in-
formação liga coisas (partículas, átomos, moléculas, organismos, ecologias,
sistemas solares, galáxias inteiras, assim como a mente e a consciência
associadas com algumas dessas coisas) independentemente de quão longe
elas estejam umas das outras e de quanto tempo se passou desde que se
criaram conexões entre elas.
263
Nessa perspectiva podemos compreender que as informações e o conhecimento se
apresentam aos nossos sentidos pelas pulsações cósmicas, e o concreto passa a ser a síntese de
múltiplas determinações e interconexões com o Todo. Assim nas interconexões “a pulsação
do mundo passa a ser a pulsação da gente e a pulsação da gente a do mundo”. Quando
abrimos o coração sentimos a energia que pulsa no universo, que faz parte de cada um de nós
e de “nossos” atos criativos, sendo o simbólico, processo de conhecimento que se manifesta
pelo sensível e por meio da Imaginação Simbólica a partir de um campo sutil.
Segundo Steiner (1982) o caminho para a aquisição de conhecimentos de dimensões
sutis, ou seja, de conhecimento dos mundos supra-sensíveis pode denominar-se de “caminho
direto do conhecimento”. De acordo com Steiner entregando-se a alma durante certo tempo a
um sentimento, este se transforma num conhecimento, numa visão imaginativa e se por muito
tempo a alma se preencher de sentimento de humildade transformar-se-á numa visão.
Podemos considerar o símbolo como caminho direto do conhecimento, que revela
uma cosmovisão e permite a junção subjetivo-objetivo. A “Rota da Ampliação da
Consciência” propõe essa interação, o que Byington (1991) coloca como Ciência Simbólica,
que relaciona significativamente o conhecimento objetivo e esotérico. O que podemos
entender como uma Ciência com Consciência, pautada na prática de uma pedagogia simbólica
a partir da relação da filosofia ocidental com a oriental.
A idéia é transcender a dissociação, para que à luz da interação, os símbolos possam
ser reelaborados, resignificados, resgatando muito do saber não compreendido devido ao
emprego dissociado das polaridades subjetivo-objetivo, que tanto impede a elaboração
simbólica plena, como dificulta a compreensão dos símbolos da Totalidade e do processo
existencial do ciclo cósmico, que prepara a consciência para transcender o ego como vivência
de transformação.
O resgate dessa dissociação é dado nesse estudo pela proposta de vivência da
“Jornada Arquetípica” baseada na Educação Transdisciplinar, na Estética Biocósmica e na
Psicologia Transpessoal (Sagrada, da Consciência ou do Sagrado) que possibilita transcender
a idéia de individuo e permite revelar o “Ser” nos diversos níveis de consciência. A
consciência é dada a partir do inconsciente, que por sua vez é formado por matrizes criativas
de símbolos.
O símbolo conforme Durand (1988) é primeiramente e em si mesmo figura e, como
tal, fonte de idéias, entre outras coisas. Pois a característica do símbolo é ser centrípeto, além
do caráter centrifugo da figura alegoria em relação a sensação. O símbolo, assim como a
264
alegoria, é a recondução do sensível, do figurado, ao significado, mas, além disso, pela
própria natureza do significado é inacessível.
É epifania, ou seja, o simbolismo se constitui em formas - inconsciente, metafísica,
sobrenatural e supra-real, nessas “coisas ausentes ou impossíveis de se perceber” que por
definição acabam sendo, de maneira privilegiada, os próprios assuntos da metafísica, da arte,
da religião, da magia: causa primeira, fim último, “finalidade sem fim”, alma, espírito, Deus,
etc.
Todo símbolo autêntico segundo Durand possui três dimensões concretas: ele é, ao
mesmo tempo, “cósmico”, ou seja, retira toda a sua figuração do mundo visível que nos
rodeia; “onírico” (enraíza-se nas lembranças, nos gestos que emergem em nossos sonhos e
constituem, a massa concreta de nossa biografia mais intima); e, finalmente, “poético”, ou
seja, o símbolo também apela para a linguagem, e a linguagem mais impetuosa, portanto, a
mais concreta.
Mas a outra metade do símbolo, essa parte indivisível e indizível que faz dele um
mundo de representações indiretas, de signos, também constitui uma espécie lógica à parte.
Na imaginação simbólica marca especificamente o signo simbólico e constitui a
“flexibilidade” do símbolo. Afirma Duran (1998) que tanto o imperialismo do significante
que, ao se repetir, chega a integrar numa única figura as qualidades mais contraditórias, como
o imperialismo do significado, que consegue transbordar sobre todo o universo sensível para
se manifestar, repetindo incansavelmente o ato “epifânico”, possue o caráter comum da
redundância.
Mas essa repetição não é tautológica; ela é aperfeiçoadora através de aproximações
acumuladas. Nisso, é comparável a uma espiral, ou melhor, um solenóide, que a cada
repetição circunda sempre o seu foco, o seu centro. Não que um único símbolo não seja tão
significativo como todos os outros, mas o conjunto de todos os símbolos sobre um tema
esclarece os símbolos, uns através dos outros, acrescenta-lhes um “poder” simbólico
suplementar. O autor diz que o Símbolo enquanto signo remete a um indizível e invisível
significado, sendo assim obrigado a encarnar concretamente essa adequação que lhe escapa,
pelo jogo das redundâncias míticas, rituais, iconográficas que corrigem e completam
inesgotavelmente a inadequação.
Já se vê, de imediato, que esse modo de conhecimento, jamais adequado e
“objetivo”, nunca atingiu um objeto e se deseja sempre essencial, pois basta a si mesmo e
carrega consigo, escandalosamente, a imagem imanente de uma transcendência, jamais
265
explicita, mas sempre ambígua e frequentemente redundante. No curso da historia, são
numerosas as opções religiosas ou filosóficas, que se colocam contra o símbolo.
Diz Durand que o cartesianismo assegura o triunfo do iconoclasmo, o triunfo do
“signo” sobre o “símbolo”, que à primeira vista, o conhecimento simbólico, definido
triplamente como pensamento para sempre indireto, presença figurada da transcendência e
compreensão epifânica, aparece como antípoda à pedagogia do saber.
A imaginação, como, aliás, a sensação é violentamente anatematizada e rejeitada
pelos cartesianos e considerada como um pecado contra o espírito, assim como, a senhora do
erro.
Ao oportunizar uma “Rota de Ampliação da Consciência”, uma jornada arquetípica
de autoconhecimento e transformação, a idéia é de transcender a visão cartesiana, que
estabelece a concepção “semiológica” do mundo colocando somente a exploração científica
como detentora do conhecimento. A partir das vivências estéticas, corporais e simbólicas
dadas pela Arte Vibracional, os símbolos se constituem em forma de conhecimento por uma
pedagogia do amar, do ser, aprender, saber e conviver.
A busca da experiência simbólica tão emergencial e significativa se dá na articulação
da ciência com a tradição, a partir das filosofias ocidental e oriental, sendo o movimento
criativo para gerar as vivências, colocado pela Arte Vibracional. As vivências nos levam a
repensar nosso modo de ser e estar no universo, às informações, os valores e os padrões que
recebemos. A cultura, o ensino, a educação, assim como, o conjunto das estruturas da
sociedade que estamos inseridos. Nesse sentido nos possibilitam abertura, criatividade,
mudança de valores e postura frente o mundo.
Vivências que nos colocam diante do desafio de aprender a aprender, ao invés de
acumular e dominar, o importante é reciclar, transmutar o que está em forma para que o
padrão de equilibração ser-consigo-com o outro-natureza-cosmos se estabeleça. A partir de
minha experiência de vida e de uma mobilização interior, as vivências se configuraram com
muita paixão, como uma necessidade, um desejo de libertação e ação, por meio da
criatividade em amplitude sensível e inteligível.
Ostrower (2008) afirma que a criatividade é potencial inerente ao Ser, sendo sua
realização uma de suas necessidades. Mas o criar só pode ser visto num sentido global, como
um agir integrado em um viver humano, assim criar e viver se interligam. Outra idéia é que
criar corresponde a um formar, um dar forma a alguma coisa. Sejam quais os modos e os
meios, ao se criar algo, sempre se ordena e se configura. Em qualquer tipo de realização são
266
envolvidos princípios de forma, que não se restringe à imagem visual. O fator cultural
valorativo atua sobre as configurações individuais e preestabelece certos significados.
A autora diz que a imagem de um espaço expressivo pode revelar, através de sua
forma final, as experiências do artista e a sua visão de vida. Nesse processo, os elementos são
percebidos como componentes ativos da composição, destacando-se em nossa percepção
como se contivessem um potencial energético maior.
As formas de expressão nos permitem avaliar as novas dimensões em que o espaço
foi articulado pelo Ser, a fim da imagem tornar-se portadora das qualidades da experiência
vivida. No ato da criação cada um há de se lembrar apenas daquilo de que interiormente
necessita. O resto cairá no esquecimento; palavras, idéias, definições, não importa. Cada um
de nós aprende o essencial exatamente desta maneira; selecionando aquilo de que precisa.
As vivências apresentadas possibilitam despertar a sensibilidade de cada um, a
paixão pela vida, e é a partir da mobilização interior que se realiza a Experiência Estética por
meio de sínteses. A síntese abrange a análise e a ultrapassa. Ostrower diz que são sínteses
todos os atos de compreensão, ou mesmo os atos comuns, aparentemente corriqueiros, da
percepção.
A síntese dos conhecimentos é realizada com todo nosso Ser, não é só um registro
de informações. O conhecimento que ganhamos é mais do que intelectual, é um conhecimento
global das coisas. Interiorizamos de pronto, num relance, vários ângulos de relevância e de
coerência de um fenômeno.
No ato de compreender, tudo o que temos em termos afetivos, intelectuais,
conscientes e inconscientes, associações, emoções, pensamentos, tudo isso se integra num
conjunto de noções que se qualificam mutuamente, sem que a pessoa tenha que se dar conta
disso. É sempre um novo conhecimento nosso, também, sobre nós e o mundo.
A intuição se manifesta no ato de conhecer e compreender. Afirma Ostrower (1993)
que tanto a análise, quanto a síntese representam diferentes níveis de conscientização. Porém,
a intuição não está focada na análise de dados informativos, mas na síntese do entendimento.
Nas vivências se busca o entendimento com formas expressivas, por meio de pontos,
luz, cores, superfície, volume, linhas; retas, diagonais, curvas e contracurvas, símbolos a
configurarem o movimento, em fluxos e refluxos, ritmos e tensões, expansão e retensão. Pelos
movimentos do corpo, caminhadas e paradas, gestos, olhares, som, ritmo, música, dança,
silêncio, palavras, respiração e tantas outras maneiras de compreender intuitivamente que tudo
é arte e pura vibração.
267
O Ser atua no espaço e no campo vibracional gerando formas por meio do
pensamento e da intenção, por um desejo do coração, a compreensão, cada um faz por si. É
indispensável sentir o impacto direto da forma expressiva, nos exatos termos em que foi
concebida pelo ser e articulada dentro do espaço e do campo vibracional. A partir daí
compreendemos como é possível que a ordenação da imagem, junto ás outras imagens e
formas se transforme num universo grandioso, numa visão de espaços e tempos cósmicos a
uma só vez carregados da plenitude do ser.
As formas expressivas se constituem de experiência real de vida, de áreas de
conhecimento e de sínteses de conexões cósmicas. Elas repercutem imediatamente em tudo o
que já sabíamos, ocorre uma requalificação em novas dimensões iluminando o que venhamos,
a saber, daí para frente. Captamos alguma coisa que é do universo, mas que já existia em nós,
alguma coisa que, por breve que seja o instante, torna-se uma revelação.
Nas vivências a revelação se manifesta pelos “Portais de Luz”, a partir da conexão
do Ser com seu “Centro Divino”, Consciência Cósmica e o “Fio Condutor da Energia da Rede
Magnética Universal”. A partir dessa conexão ocorre a equilibração dos hemisférios cerebrais,
a síntese das polaridades feminino e masculino e o movimento de reversibilidade entre
sensível e inteligível. O Ser toma consciência do que até então estava no seu inconsciente,
desperta a sabedoria se constitui como uma revelação.
A revelação transforma e mobiliza o Ser, gerando formas pensamento que se tornam
formas concretas, a partir de uma imagem visual se chega a um evento real da vida. Daí em
diante essas formas pensamentos e imagens visuais podem ser assumidas por nós como que
nos pertencendo. Por isso, o nosso sentimento diante de atos expressivos e criativos não é só o
de admiração, mas, também, um sentimento de profunda gratidão ao universo. O
conhecimento que ganhamos entreabre novas possibilidades nossas, revelando-nos
potencialidades de nós mesmos, compreendemos o que ainda não compreendíamos.
Assim nas vivências não há a menor necessidade de encontrarmos palavras para este
tipo de compreensão e não há palavras que possam explicar a vivência. Sabemos que algo se
acrescentou e se desdobrou em nós. Nós crescemos e nos enriquecemos compreendendo
dentro de nós mesmos.
Ostrower (1983) afirma que a arte possibilita dizer coisas que muitas vezes as
pessoas não sabem que já as sabem. Mas se já sabem das coisas é porque foram intuídas.
Nesse caso é importante compreendermos que por meio da Arte Vibracional, arte conectada
com a espiritualidade, podemos facilmente acessar a sabedoria interna, o conhecimento
esotérico que se revela a consciência pela intuição.
268
Nesse caso, a intuição desempenha papel importante em nosso saber. A intuição é
uma faculdade misteriosa. Conforme a autora em depoimentos de artistas e cientistas sobre o
ato de criar, todos são unânimes em afirmar o mesmo; as idéias ou as noções decisivas lhes
vieram intuitivamente. Todos sentiam, às vezes em momentos dos mais imprevistos, que
estavam se aproximando de uma solução certa, mas não podiam explicar qual fora o
raciocínio que os guiou.
Podemos compreender que nos atos de criação esta vinculada a intuição - forma de
conhecimento que não pode ser confundida com os processos instintivos. Mas os caminhos
intuitivos jamais dispensam a razão, não são inteiramente racionais, nem tampouco
irracionais, pois, em todos os momentos do conhecimento o ser humano continua um ser
consciente.
Os processos intuitivos nas vivências estéticas corporais e simbólicas informam o
próprio modo de conhecer, pois interligam a experiência afetiva do sujeito às suas indagações
intelectuais. O que vamos reencontrar na intuição diz Ostrower (1983) é o caráter formal, não-
verbal, de um processo de avaliação. Ao intuir as coisas, relacionando-as e procurando
reconhecer certos significados, não fazemos uso de palavras e sim de configurações. Por isso,
talvez, muitos cientistas não souberam explicar como chegaram às suas descobertas. Indaga-
se através de formas.
Embora as linguagens sejam outras e os problemas também, sempre específicos de
acordo com a matéria examinada e suas próprias vias de desdobramento, as ciências e as artes
se unem, pois os caminhos de descoberta e criação - intuitivos são essencialmente caminhos
de ordenação de formas. Há artistas que o que têm a dizer, dizem em suas obras, em seus
feitos e ações e que não saberiam falar caso tivessem que se colocar por uma linguagem
verbal.
Ostrower (1983) afirma que a imagem é sempre uma forma estruturada, nela se
condensa toda uma gama de informações, pensamentos, emoções e valores. Entretanto, por
parte do Ser que os formula, esses valores e pensamentos raramente ocorrem verbalizados,
isto é, o Ser sequer precisa trazê-los primeiro ao nível de palavras, para em seguida traduzi-los
ao nível da forma. Ele pensa diretamente nos termos de sua linguagem visual, ou seja, ele
pensa em cores, linhas, ritmos, proporções, movimentos. Nem ele precisaria lembrar-se de
regras que aprendeu.
Ao contrário, quase se diria que, a fim de poder criar espontaneamente, o Ser teria
que “poder esquecer” todas as regras. É claro que ele não vai esquecer nenhum conhecimento
real que tenha, nem quaisquer das experiências que constituam sua bagagem de vida. Mas, ele
269
teria que permitir que todas essas noções, as informações, os conhecimentos e as experiências,
se sedimentassem no íntimo de seu ser em alguma região profunda, onde então se
entrelaçariam com seu potencial de afetividade e com seus valores. Lá, em regiões não-
verbais, se fundem num sentimento de vida. E de lá retira livremente, espontaneamente,
portanto intuitivamente, aquilo de que necessita para seu trabalho.
Por isso os processos intuitivos não devem ser confundidos com processos instintivos,
geneticamente determinados e fixados a certas situações ambientais do organismo. Ostrower
(1983) afirma que num depoimento, Einstein declara que as palavras, ou a língua escrita ou
falada parecem não ter função alguma no mecanismo do seu pensamento. As entidades
psíquicas, servindo como elementos do seu pensamento, são certos signos e imagens mais ou
menos claras, que podem ser reproduzidas e combinadas intencionalmente.
Ostrower diz há certa conexão entre tais elementos e conceitos lógicos relevantes. É
claro, também, que o desejo de alcançar conceitos logicamente interligados constitui a base
emocional desse jogo bastante livre com os elementos acima mencionados. Contudo, do ponto
de vista psicológico, esses jogos combinatórios parecem constituir o aspecto essencial do seu
pensamento produtivo - antes que surja alguma ligação com construções lógicas verbais, ou
outra espécie de signos que possam ser comunicados a outros.
A ordenação intuitiva também se estende às palavras. Seria o caso da poesia, literatura,
filosofia, de pesquisas semânticas ou outras que lidem com palavras e pensamentos. Sempre,
porém, as palavras e os pensamentos teriam que ser formados, interligados, relacionados e
ordenados de determinada maneira, a fim de poderem surgir como forma expressiva de um
conhecimento.
Então o Ser poderá criar sua obra não apenas em alguns momentos extraordinários, da
chamada inspiração. Suas formas serão expressivas para sua visão interior, que determinará
para ele aquilo que estará certo ou errado, pois o Ser dispõe de uma bússola, a sensibilidade
que é mobilizada pela Consciência Cósmica. Obviamente, a bússola é ele mesmo, o “Si
Mesmo”, a Consciência Cósmica manifesta em seu Ser.
É todo o seu Ser em todas as dimensões, a sua personalidade, seu modo de ser e sentir a
vida, seu Ser pessoal e transpessoal. As avaliações que então for capaz de formular serão
sínteses, integrando todos os seus conhecimentos e suas experiências. São atos de
compreensão que faz cada um dentro de si e com sua própria bússola, de acordo com sua
personalidade.
O fazer e o configurar são atuações de caráter simbólico, sendo que toda forma é forma
de comunicação, expressão, um texto a ser lido, ao mesmo tempo, que forma de realização.
270
De acordo com Ostrower (1983) ela corresponde ainda, a aspectos expressivos de um
desenvolvimento interior no Ser, refletindo processos de crescimento e de maturação cujos
níveis integrativos são indispensáveis para a realização das potencialidades criativas.
Os processos criativos e a criação da forma estão ligados ao campo vibracional e
emanados do mesmo a partir da lei da atração universal. O Ser entra em ressonância com o
Campo de Energia Cósmico, por meio de pensamentos e sentimentos, pela emissão de
freqüências cerebrais e intenções lançadas no campo cósmico. O sujeito atua no campo, por
meio da consciência e de suas intenções acaba gerando formas. Segundo Goswami (2008),
nossas idéias criativas são resultados do jogo da consciência, que é o único jogo real. Para o
autor no mundo quântico, abre-se uma janela de oportunidade para a verdadeira criatividade,
para o que é realmente novo quando a matéria e a mente juntam-se à consciência em seus
aspectos quânticos, a criatividade torna-se possível.
Goswami (2008, pág.31) afirma que em seus aspectos quânticos, o cérebro e a mente
consistem em possibilidades com as quais a consciência pode criar o eterno novo. Quando os
aspectos quânticos do cérebro e da mente são reprimidos, prevalece o comportamento
condicionado.
Sendo assim, a criatividade é uma das raras instâncias em que vislumbramos a totalidade
da consciência. A criatividade durante sonhos, devaneios, momentos de relaxamento ou
espera passiva, segundo o autor, é a melhor prova de que existe, realmente, um processamento
e uma descontinuidade inconscientes no fluxo de consciência - que de resto é contínuo -
durante o processo criativo.
O processo criativo acontece na conexão do ego e da Consciência Cósmica. De acordo
com Goswami (2008) é o encontro do ego e do self quântico, que ocorre em diversos estágios:
preparação, processamento inconsciente, insight repentino e manifestação. De acordo com
autor esses estágios não são lineares e todos eles envolvem um encontro do ego com o eu
quântico e nesse encontro a revelação e, por fim, a expressão num produto.
Na criatividade exterior o produto é a arte e nas artes procuramos exprimir um novo
sentido nos contextos do amor, da justiça e de outros temas arquetípicos. Na ciência novas leis
físicas, novos contextos a que a dinâmica de nossos diversos corpos está sujeita. O produto da
criatividade interior é mais sutil; uma auto-renovação, um modo de vida mais feliz e
completo, uma transformação dos contextos em que vivemos e uma descoberta de outro nos
quais possamos ser permanentemente felizes.
Goswami (1996) afirma que expressar o sentido do amor numa história requer
criatividade exterior, mas amar, em nossa própria vida, é criatividade interior. Ciência,
271
portanto, para o autor, é criatividade exterior - descoberta dos contextos objetivos de
movimento com os quais a consciência cria o mundo manifesto. Espiritualidade é criatividade
interior - descoberta de níveis cada vez mais profundos de nosso ser, para além do ego.
O ponto em comum é que nos dois tipos de criatividade, nos elevamos acima do
pensamento, além da continuidade, mas, em ambos se reconhece os limites do pensamento
racional. Para vislumbrar novas leis da vida precisamos ir além do pensamento, ao encontro
da revelação.
Goswami diz que normalmente admitem-se três modos de conhecer; percepção,
concepção e emoção. Nós vemos uma coisa, com nosso aparato sensorial e conhecemos.
Concebemos por meio do intelecto e dos pensamentos e obtemos um conhecimento racional.
Nos emocionamos ou sentimos e mais uma vez conhecemos. A revelação criativa atrai a
nossa atenção para um quarto modo de conhecer - conhecer pelo ser transcendente, ou seja,
multidimensional.
Na criatividade exterior, na ciência, conforme o autor, o ser criativo volta com uma
revelação, um novo contexto, e o expressa no pensamento, numa nova lei. Por isso se diz que
a criatividade exterior é um salto quântico dos velhos contextos para um novo sentido.
Goswami (2008, pág.162) afirma que, na criatividade interior, a revelação é o objetivo. Então,
quando “retornamos”, somos estimulados para alterar nosso padrão de vida de modo que ele
seja mais propício à revelação, que é felicidade; assim quanto mais a vida for propícia à
revelação mais felizes nós seremos.
Assim, nas atividades vivenciais propostas neste trabalho, por meio de uma Rota
Arquetípica, o que se busca justamente é a revelação, que pode surgir a qualquer momento em
que o sujeito se permite a uma Experiência Estética. No momento da in - formação (Lazlo,
2008) a revelação pode se manifestar à consciência do sujeito, a partir daí, seu padrão
vibratório modifica e, então, jamais poderá ser o mesmo.
272
O SENTIDO MULTIDIMENSIONAL DAS VIVÊNCIAS
Na busca de entendimento do processo de significação das vivências, que possibilitam a
“sensibilização” e a “transcendência pelo sensível”, por uma abordagem de Educação
Transdisciplinar e Estética Biocósmica, utilizo a teoria semiótica para dar conta do sensível,
do que aparece como “Estésico” no trabalho. A idéia é verificar pela leitura de textos verbais
e imagens, os “estados de coisas” e os “estados de alma” que se manifestam na Experiência
Estética, por meio das vivências estéticas, corporais e simbólicas.
Meu propósito neste capítulo é, num primeiro momento, interpretar as falas dos sujeitos,
logo após, ler as imagens, isso, para: compreender questões referentes à Consciência Cósmica
e suas diferentes freqüências vibratórias; Analisar como a Consciência Cósmica se manifesta
na alma enquanto Inteligência Espiritual, configurando a Imaginação Simbólica e o Ser
Multidimensional, gerando a síntese das dualidades, a Unidade, e a Totalidade. Verificar
ainda, o que resulta como sentido para os sujeitos, e como as vivências podem significar
aprendizagens ético-estético-educacionais-culturais possibilitando a ampliação da
consciência, o conhecimento intuitivo e a criatividade.
Greimas (2001) afirma que no discurso ou na vida captada como discurso, se considera
o sujeito do fazer. O estado do sujeito se manifesta por meio da competência considerada
como potencialidade do fazer e esse estado é uma forma do seu “ser”, forma atualizada
anterior à realização. O autor fala a respeito do reconhecimento de uma dimensão autônoma e
homogênea, de um modo de existência semiótico, no qual se situam as formas semióticas, que
se podem hierarquizar distinguindo diferentes “estases”: o “potencial”, o “virtual”, o “atual” e
o “realizado” que constituiriam as condições necessárias da semiose.
O reconhecimento da homogeneidade do modo de existência das formas semióticas nos
remete a uma questão paradoxal, pois permite que o objeto semiótico seja “fenomenal”, ao
mesmo tempo, imaginário e “real”. Diz o autor que a existência semiótica das formas é da
ordem do “manifestado” e o manifestante, é o “ser”; sendo as formas semióticas imanentes e
suscetíveis de manifestação por ocasião da semiose.
Conceber a teoria semiótica como estudo das formas manifestadas consiste em
apreender o “escoamento coagulante do sentido”, como espessamento contínuo partindo da
imprecisão “potencial”, para chegar por meio de sua “virtualização” e de uma “atualização”, à
fase de “realização”.
273
Neste trabalho a enunciação é muito importante. Segundo Greimas (2001), a enunciação
é uma verdadeira práxis, lugar de circulação entre figuras convocáveis e integráveis onde se
operam as intensidades, lugar também que vai da modelização a convocação dos universais
semióticos utilizados em discurso. As realizações dos sujeitos passam a ser o lugar de
mediação entre a instância epistemológica e discursiva. Por meio da enunciação passamos das
pré-condições epistemológicas às manifestações discursivas. Greimas (2001,p.13) é pontual
quando diz que: Apenas a afirmação de uma existência semiótica homogênea tornada tal pela
mediação do ‘corpo que sente’ permite que o mundo enquanto ‘estado de coisas’ seja
rebaixado ao ‘estado do sujeito’, isto é, reintegrado no espaço interior uniforme do sujeito.
Em função dessa existência semiótica homogênea ocorre uma equivalência formal entre
“os estados de coisas” e os “estados de alma” do sujeito, e tudo se dá por essa mediação
somática e sensibilizante.
Mediada pelo corpo que percebe, o mundo transforma-se em sentido, mas é através da
sensibilização do corpo que sente que as figuras do mundo fazem sentido. Diz Greimas que a
homogeneização da existência semiótica, pela mediação do corpo que sente, acrescenta
categorias que “patemizam” o universo de formas cognitivas. Assim, o sujeito epistemológico
da construção teórica não pode ser puramente “racional”, visto que encontra em seu percurso,
que conduz à significação e à sua manifestação discursiva, uma fase de “sensibilização”.
A teoria semiótica no intuito de examinar mais atentamente o discurso introduz o
conceito de “estado modal”, dando origem a imagem de uma “ondulação” contínua,
capturável entre outras, sob a forma de emaranhados de processo que se pode considerar
como sua aspectualização. Esses emaranhados e essa ondulação pode ser explicada como
simples “efeitos de sentido”.
De acordo com a teoria Greimasiana o conceito de tensividade é inseparável do
desenvolvimento do discurso, pode transcender a instância da enunciação discursiva e surgir
por conta do imaginário epistemológico, em que ele encontra outras formulações filosóficas
ou científicas já conhecidas. Pode surgir assim, como “simulacro tensivo”.
A sensibilização para Greimas é fator de heterogeneidade, surge como uma “quebra” do
discurso, uma espécie de transe do sujeito, que o transforma em outro sujeito. Assim surge a
paixão, negação do racional e do cognitivo em que o “sentir” transborda o “perceber”.
Na percepção, portanto, o corpo enquanto o mediador do Ser no mundo instaura um
espaço semiótico tensivo, mas homogêneo. Já aqui o que acontece é um verdadeiro desatino,
como se uma “força”, uma “energia” muito intensa tomasse o sujeito por inteiro. Dessa
maneira o que se pode dizer é que o sentir transborda o ser.
274
Então, o mundo natural já não vem em direção ao sujeito como acontecia na
tensividade, mas o sujeito é que organiza figurativamente o mundo a seu modo. O sujeito é
tomado por um entusiasmo extasiante que lhe captura para além das fronteiras do mundo
cotidiano. Esse entusiasmo é o que Greimas (2001) chama de “foria”.
Greimas afirma que apenas as situações extremas e paradoxais evidenciam a
especificidade e a irredutibilidade do fenômeno e concebem uma diminuição das distâncias
entre o que há de tensivo e fórico na ondulação do discurso.
O ser é concebido assim, nessa tensividade fórica, na qual se manifesta seus transes,
num desdobramento do sujeito: em sujeito que percebe e em sujeito que sente. O “simulacro
fórico” se inscreve no horizonte “ôntico”. As paixões evidenciam essas situações extremas e
enquanto propriedade do discurso inteiro se projeta sobre os sujeitos, os objetos, e sua junção,
reduzindo a distância entre o “conhecer” e o “sentir”.
A significação surge pela modalização do estado do sujeito que só é concebível
passando pela do objeto, que se transforma em “valor”, que se impõe ao sujeito. Além disso, o
“parecer do ser” é dado sob forma de simulacros, na qualonde o mundo humano é visto como
“tensividade fórica” em conjunção com um universo justificado pela necessidade tensiva com
a foria introduzida pelo acidente, pela fratura e a intervenção do sujeito.
A tensão para unidade é dada no movimento da “estese” em que onde o sujeito estético
mergulhado na foria instaura-se tanto como objeto, quanto como sujeito. Na captura estética,
na trama e na fratura da cotidianidade e na espera, onde ocorre o transtorno do sujeito, a fusão
com o objeto, a relação sensorial entre ambos. Nas representações figurativas, pode ocorrer do
objeto estético transformar-se em sujeito de um fazer estético, e o sujeito da emoção passar a
ser o objeto.
Quando Greimas (2001) se refere a essa tensão para unidade, dada na estese, assinala
duas possibilidades; a concepção da estese como “ressentir” do estado-limite e espera do
retorno à fusão, repousando sobre a fidúcia, que permite prever, no nível discursivo, a
existência de uma dimensão estética.
A dimensão passional, construída sobre a foria, como sua pré-condição e visando sua
manifestação, teria como contrapartida à dimensão estética, a qual repousaria na
eventualidade - expectativa ou nostalgia - de retorno a protensividade fórica, ao universo
indiferenciado postulado como pré-condição de toda a significação. O sentir oscila assim,
nesse jogo da foria, entre fusão, cisão e reunião, em que a inquietude manifesta-se como
forma de instabilidade constitutiva.
275
As relações do sujeito com os valores podem ser modificadas por determinações
modais. Do mesmo modo, a relação do sujeito com seu fazer sofre qualificações modais.
Assim na primeira fala:
Entendendo o que me acontece e quem sou, poderei ser uma pessoa
melhor.
“Entendendo o que me acontece e quem sou”, manifesta o querer do sujeito que se
esforça para alcançar algo. Em “poderei ser uma pessoa melhor”, manifesta-se o poder desse
sujeito que, por meio de um querer, consegue criar situações que ainda não aconteceram, mas
podem vir a acontecer. Então, podemos afirmar que, basta querer com um determinado foco,
que o poder se manifesta como um gerador de realidades.
Assim essas modulações aparecem como algo desejável e possível, nos mostra que o
saber possibilita que o sujeito atinja patamares de compreensão, que até então não estavam a
seu alcance. O saber possibilita assim, a ampliação da consciência para compreensão de novas
realidades, isto é, realidades que o sujeito ainda não capturou, ou não tomou consciência que
passam a ser captadas e conseqüentemente esclarecidas para que se torne uma pessoa melhor.
Barros (1988), diz que na modalização do fazer distinguem-se dois aspectos: o fazer-
fazer, isto é, o fazer do destinador que comunica valores modais ao destinatário-sujeito, para
que ele faça e o ser-fazer, ou seja, a organização modal da competência do sujeito.
Na organização modal da competência do sujeito operador, combinam-se dois tipos de
modalidades, as virtualizantes, que instauram o sujeito, e as atualizantes, que o qualificam
para a ação. O dever-fazer e o querer-fazer são modalidades virtualizantes, enquanto o saber-
fazer e o poder - fazer são modalidades atualizantes.
Na fala, “Entendendo o que me acontece e quem eu sou”, o querer-fazer qualifica-a
para a ação, em função do saber-fazer dado em, “poderei ser uma pessoa melhor”. O sujeito
pelo autoconhecimento pode entender o que acontece consigo e quem ele é, a partir daí,
acredita saber como agir para que possa ser uma pessoa melhor. Aqui os dois tipos de
modalidades necessárias à realização do fazer transformador estão presentes. Ocorre o mesmo
nessa outra fala:
Estou me sentindo mais realizada, mais completa, por estar conseguindo
manter contato com as luzes coloridas verde e violeta.
276
“Estou me sentindo mais realizada, mais completa”, o querer-fazer, “por estar
conseguindo manter contato com as luzes coloridas”, o saber-fazer. O sujeito aqui só se
sentiu realizado e completo, isto é, querendo fazer algo, quando de fato conseguiu manter
contato com as luzes coloridas verde e violeta e deixou-se afetar pela sua radiação. A
realização do sujeito se coloca em plenitude ao canalizar as luzes do plano espiritual no seu
campo, o que lhe deixa confiante o bastante para ação. Amparado, realizado e mais completo,
se sente seguro, sabe como fazer, sendo assim, seu querer passa a uma entrega total ao fazer.
Barros (1988), afirma que se estabelece ainda, um jogo de compatibilidades e de
incompatibilidades de modalidades, na organização da competência. Nesta terceira fala:
Sinto uma confusão nas escolhas uma vontade de acertar, e, ao mesmo
tempo, uma busca incessante pela espiritualidade, como meio, caminho de
uma vida melhor.
“Sinto uma confusão nas escolhas, uma vontade de acertar”, nos mostra
incompatibilidade entre o querer e o saber, ou o poder, ou seja, o sujeito quer fazer, mas, não
pode, ou não sabe como. Aí faltam esses elementos de competência e sendo assim, o sujeito
não se realiza pela ação. Não atinge os valores desejados pela falta do saber. Ao mesmo
tempo, se conserva como sujeito virtual, que quer, mas se vê tomado por uma condição de
impotência que está para além de seu querer.
“Ao mesmo tempo uma busca incessante pela espiritualidade, como meio, caminho de
uma vida melhor” revela o sujeito que a princípio se sentia condicionado e não conseguia agir
embora tivesse vontade, porque isso fugia a seu controle. Na busca incessante pela
espiritualidade, encontra um caminho para uma vida melhor. Nesse caso, o querer gera uma
ação de liberação dos condicionamentos, em que o saber se dá na entrega total ao plano
espiritual.
Na modalização do ser, Barros (1988), afirma que existem dois ângulos que devem ser
examinados; O da modalização veridictória, que determina a relação do sujeito com o objeto,
dizendo verdadeira ou falsa, mentirosa ou secreta. O da modalização do querer, dever, poder e
saber, que incide especificamente sobre os valores investidos nos objetos.
Com a modalização veridictória substitui-se a questão da verdade pela veridicção ou do
dizer verdadeiro: Parte-se do parecer ou do não parecer da manifestação e infere-se o ser ou
não ser da imanência.
277
A modalização veridictória relaciona-se ao fazer interpretativo, diz respeito também à
modalização do ser, a determinação pelas modalidades do querer, saber, dever e poder da
relação do sujeito com os valores. Esse tipo de modalização altera a existência modal do
sujeito. A modalização do Ser produz efeitos de sentido “afetivos” ou “passionais”:
Sem a máscara quem está fazendo consegue passar mais emoção, mas ao
mesmo tempo quando tu vais fazer a vivência, tu ficas um pouco
encabulada de estar com a cara limpa.
Ao afirmar que - “sem a máscara quem está fazendo consegue passar mais emoção” - o
sujeito mostra um querer, um poder, um saber que gera um fazer. Essas modalizações do ser
produzem também efeitos de sentido. “Consegue passar mais emoção”, evidencia o quanto
aflora no sujeito um estado de sensibilidade, na medida em que se permite vivenciar sem a
máscara.
“Mas ao mesmo tempo quando tu vais fazer a vivência, tu ficas um pouco encabulada
de estar com a cara limpa” - manifesta-se o parecer do ser e surgem os efeitos de sentido;
medo, segurança e inibição no momento de vivência sem a máscara.
Numa narrativa, o sujeito segue um percurso, ou seja, ocupa diferentes posições
passionais, saltando de estados de tensão e de disforia para estados de relaxamento e de
euforia e vice-versa.
As paixões, do ponto de vista da semiótica, entendem-se como efeitos de sentido de
qualificações modais que modificam o sujeito de estado.
Nessa fala:
A máscara nos dá a possibilidade de soltar e deixar o corpo ir e a voz falar o
que tiver vontade. Quando a gente está com a cara limpa como disse a
colega, é mais difícil, acho que o racional trabalha mais, isto porque está
todo mundo te vendo, vendo que é tu mesmo.
O sujeito se abre ao mundo sem um porque. Os gestos abrem cada vez mais o canal dos
sentidos, deixando fluir a energia física e vibracional, na interação com o Campo
Fundamental. Dizendo que - “a máscara nos dá a possibilidade de soltar, de pirar e deixar o
corpo ir, e a voz falar o que tiver vontade” - revela a sensação de liberdade e de euforia, nesse
rompimento com a vida estática. Assim, se entrega de corpo e alma ao processo. Sem
278
nenhuma pretensão de certeza, ou verdade, a linguagem verbal é apenas um dos recursos de
comunicação que brota de suas entranhas, no movimento de reversibilidade do sensível ao
inteligível.
Enquanto o estado de euforia do sujeito se mostra como algo positivo, a retenção é
disfórica, se mostra como negativa. “Quando a gente está com a cara limpa, como disse a
colega é mais difícil, acho que o racional trabalha mais”. Aqui percebemos que o sujeito se
vê inibido, condicionado, retido, não se sente à vontade para um fazer. Estando com a cara
limpa, isto é, sem máscara acha difícil, não sabe como agir. Também relacionada às vivências
de máscara, a fala:
Não faz muita diferença, com máscara, ou sem máscara porque a gente se
conhece e está fazendo um trabalho junto. Mas imagina num público maior.
É mais fácil estar com a máscara, bem mais fácil.
“Não faz muita diferença com máscara ou sem máscara” - demonstra a neutralidade e a
indiferença do sujeito perante o uso ou não, da máscara. O fato de usar ou não a máscara, não
interfere em sua ação, porque de uma maneira ou de outra, sabe como agir. Mas ainda assim -
“porque a gente se conhece e está fazendo um trabalho junto” - mostra que o mais
importante não é o objeto em questão, mas a confiança no grupo. O fato de conhecer o outro
legitimando-o no grupo, assim como, ser legitimado pelo mesmo torna-o mais confiante.
Além disso, percebemos nessa fala a importância da troca que se dá nas interações, que
permite gerar aprendizagens, tornando o sujeito do saber confiante o suficiente para um
determinado agir.
“Mas imagina num público maior, é mais fácil estar com a máscara, bem mais fácil”.
Aqui percebemos o medo, a insegurança e a retenção de uma ação ainda que haja um saber.
Apenas em se imaginar não usando a máscara, num lugar desconhecido e num público maior,
o sujeito se retrai e condiciona sua ação à utilização da máscara, isso como uma possibilidade
de relaxamento e de liberação de suas ações.
O que eu senti com a máscara é que na medida em que ela te dá uma
expressão que não muda, tu tens a possibilidade de ficar mais livre para
observar os outros, já que a tua reação aos outros fica escondida atrás da
máscara.
279
Tal fala nos possibilita afirmar que estamos diante de uma modalização veridictória, que
se relaciona ao fazer interpretativo. “O que eu senti com a máscara é que na medida em que
ela te dá uma expressão que não muda, tu tens a possibilidade de ficar mais livre para
observar os outros” - mostra que sujeito por meio de um querer e de um saber chega à ação.
Sendo assim, percebe que com a máscara, a sua expressão é sempre a mesma. Por outro lado,
sua sensação é de liberdade, euforia e relaxamento, pois quando usa a máscara passa a
observar os outros, sem que os outros percebam suas reações. Ocorre aqui um distanciamento
entre o sujeito que observa que se esconde atrás da máscara, e o grupo. Não há interação entre
ambos, nem mesmo reações perceptíveis, que possam estabelecer interações. As reações estão
escondidas atrás da máscara.
Greimas (1997) afirma que a vivência é concebida como uma relação particular
estabelecida no “quadro actancial” entre o sujeito e o objeto de valor. A condição dessa
relação é a suspensão do tempo e a paralisação do espaço. A fala a seguir, dada pelo relato
desse acontecimento abaixo, permite reconhecer as principais articulações da seqüência
discursiva destinadas a narrar uma captura estética.
Quando elevo minha mente, nos momentos de meditação sinto-me em
estado de sintonia com as energias mais sutis e elevadas, meu físico torna-
se um corpo de luz, em estado de paz e harmonia.
Conforme Greimas (1997), o detimento do tempo é marcado figurativamente pelo
silêncio que bruscamente sucede o tempo cotidiano, representado como um ruído ritmado. A
este silêncio corresponde um detimento súbito de todo movimento no espaço. Na fala do
sujeito - “Quando elevo minha mente, nos momentos de meditação, sinto-me em estado de
sintonia com as energias mais sutis e elevadas” - percebemos a suspensão do tempo e a
paralisação do espaço em seu ato de elevação da mente e a conexão com as energias mais
elevadas. Na meditação, o sujeito inspira e segura a respiração, em seguida libera o ar do
abdômen, canalizando as energias mais elevadas do universo. A respiração é, portanto, essa
manifestação do ritmo vital, que manifesta o primeiro contato do sujeito com o objeto, com o
mundo que está fora de seu corpo.
Essa fratura, ruptura na vida cotidiana, dada por essa detenção do tempo na Experiência
Estética, remete o sujeito a um novo estado de coisas. “Sinto-me em estado de sintonia com
as energias mais sutis e elevadas, meu físico torna-se um corpo de luz, em estado de paz e
harmonia”, aqui o sujeito se vê como que embriagado, em êxtase. Segundo Greimas (1997)
280
este estado de coisas que se manifesta como uma força que vem do exterior é o
deslumbramento, é o efeito, o estado em que à vista é golpeada pela luz. A imaginação é
ativada e se pode observar que flui em - o corpo todo torna-se luz em estado de paz e
harmonia”. Em princípio, a cor não intervem aqui, mas a luz que atinge a vista do sujeito
transforma sua visão.
Para Greimas (1997), a luz é o estágio mais profundo da visualidade. Assim, para além
das cores que a vista capta está à luz. A espera precede figurativamente o acontecimento, o
que fica evidente em - “Quando elevo minha mente nos estados de meditação”. Então, a vista
do sujeito lhe absorve dando-lhe uma sensação de deslumbramento; um estado eufórico e uma
força tomam conta de seu ser de maneira que se dilui no Todo. O sujeito funde-se ao objeto
para depois se separar dele...
A breve passagem estética se encontra duplamente enquadrada como momentânea
imobilização do sujeito entre os deslocamentos ordinários, porém também como um
englobamento da visão pelo referente contextual. Apenas explicitado, tal referente devolve a
cotidianidade dos seres e das coisas, em Greimas (1997).
As falas que seguem referem-se à criação da mandala pessoal. Além da modalização do
ser é notável nessas falas, a modalização veridictória, pois os sujeitos interpretam seu fazer.
Desde o dia em que eu desenhei a mandala até hoje, várias coisas
aconteceram. Não sei se tem a ver ou não, mas, consegui lidar melhor com
minhas provações, mais do que imaginava, quando lembrava da mandala.
O tempo da revelação, da estesia, chega como “desde o dia em que eu desenhei a
mandala até hoje, várias coisas aconteceram”, e o oculto, e o suspeito se instauram como
condição de verdade, realidade oculta que se revela. O rapto estético se mostra aqui, como
esse momento radiante de energia, culminante, que permite que o sujeito tenha conseguido
lidar com suas dificuldades e condicionamentos, o que se percebe na fala “não sei se tem a
ver ou não, mas, consegui lidar melhor com minhas provações”. O sujeito aqui entra em
momento de conjunção com o objeto mandala. Tal conjunção toca o sujeito de modo
acidental. O objeto nesse momento revela a intimidade do ser, que mostra estar com as
emoções em processo de organização.
O espaço em expansão absorve o sujeito por completo e a estesia chega ao limite
máximo da consciência. Quando coloca que “várias coisas aconteceram” demonstra tanto
estado de euforia ao tomar consciência que conseguiu lidar melhor com seus problemas
281
cotidianos, quanto, disforia, ao reconhecer a sombra que lhe assombra, ainda que consiga lidar
melhor com as coisas, mais do que imaginava.
Esse se dissolver num mundo excessivo se manifesta muitas vezes como repúdio,
segundo Greimas (1997), repúdio de algo pleno e ao mesmo tempo próximo seja, algo
transcendente e imanente. O que ele coloca como repúdio inconsciente, reflexo de auto
defesa, ante o insuportável - Seria horror ao sagrado? Ou quem sabe medo? Nessa fala:
Acredito que ainda não estou “pronta” ou “aberta” o suficiente, mas sinto
que muitos dos meus sentimentos foram modificados em prol do meu
crescimento interior
A estesia toma conta do sujeito e o suspeito, o enigmático, revelados nessa fala:
“acredito que ainda não estou “pronta” ou “aberta” o suficiente” aparecem como condição de
verdade, o que gera a disforia. O fato de não estar “pronta” ou “aberta” remete o sujeito à
obscuridade, entendida como aglomeração de corpúsculos, energia condensada no
inconsciente que produz a matéria negra. O preto é associado à sombra, às emoções de medo,
tristeza, angústia, mágoa, raiva, enfim à escuridão, este estado angustiante do ser que se revela
pela a noite escura da alma.
No momento da estesia, em que o sujeito transcende a realidade cotidiana, os Campos
Vibracionais Humanos, num movimento de interação com os Campos Vibracionais
Cósmicos, transmutam essas emoções, o que fica evidente na fala “mas sinto que muito dos
meus sentimentos foram modificados em prol do meu crescimento interior”. Crescimento
interior que acontece porque o sujeito se propõe a essa conexão com os campos mais sutis de
energia, sendo assim, todo padrão de energia negativa gerada por essas emoções é eliminado e
a consciência expandida.
A consciência expandida cria realidades por meio da imaginação simbólica. As imagens
exercem influências sobre o Ser e o objeto que está aí, no mundo radiante de energia, tocando
o sujeito de forma acidental.
Fiquei muito surpresa com o desenho, com a figura que se revelou de olhos
abertos; um triângulo amarelo com chamas alaranjadas a sua volta
elevando-o.
282
As imagens se manifestam pela Inteligência Espiritual da alma, por meio da visão do
sujeito, em forma de triângulo e com a cor amarelo com chamas alaranjadas, quando esse se
conecta com sua Consciência Cósmica. As três falas seguintes se referem às vivências de
criatividade.
Apesar de que esse desenho tenha sido feito por todos nós achei que tem
muita integração, cada fundo, cada traço, cada cor, tudo tem uma ligação,
ele não está solto, nem quebrado possui personalidade única.
Está presente nessa fala, tanto a modalização do ser quanto a veridictória, pois o sujeito
interpreta seu fazer. “Apesar de que esse desenho tenha sido feito por todos nós” - aí ele
demonstra que o fazer não é apenas individual e que neste fazer existe um acordo, uma
conciliação, uma conjugação dos múltiplos fazeres, o saber de cada um é somado ao do outro,
e o saber de cada um na troca, na interação, na cooperação gera o saber e o fazer de todos.
Os sujeitos da vivência são absorvidos pela conjunção de seus fazeres por meio da
composição integrada, expressa no desenho por - “cada fundo, cada traço, cada cor”. O
desenho - “não está solto, nem quebrado” - apesar de não ter sido feito por um único sujeito,
“possui personalidade única” e muita integração.
Na expressão plástica cada objeto é um mundo em si, mas, considerado em suas multi-
relações, pois - “tudo tem uma ligação”. Da mesma forma, ocorre no universo, no qual cada
corpúsculo é independente e ao mesmo tempo, cada partícula da matéria contém em potência
todas as formas e energias que se constituem na superfície. Assim, o todo contém as partes e
as partes, o todo - o todo é uno e o uno é todo.
A sintonia foi se construindo, na medida em que, alguém fez o primeiro
traço e foi dando a linha do desenho. Mas, assim, olhando o desenho é
interessante que as formas colocadas formam quase uma paisagem,
expressando o que a gente sente não individualmente, mas, no conjunto.
Aparece nessa fala a modalização do ser e do fazer interpretativo. O objeto estético, o
desenho, transforma-se em sujeito do fazer estético, e o sujeito da emoção passa a ser o
objeto, ou seja, passa a ser o que está no desenho expressando o que sente.
283
Nesse desenho a gente estava no centro, se sentiu uma pessoa e uma
força como o sol, onde era observador e, ao mesmo tempo, via as outras
pessoas, seus olhares e gestos que geravam as linhas, as formas e as
cores e a gente enxergava outra coisa, outra coisa maior.
Nessa captura estética de total conjunção do sujeito com o objeto, surge o excesso que
invade e absorve o sujeito, e um passa a ser o outro. O que percebemos é que quando o sujeito
afirma que - “se sentiu uma pessoa, uma força como o sol” - já não existe mais distinção
entre um e outro, o sujeito é o sol, que é pura força radiante de luz e energia e o sol é o
sujeito. Assim, se pode deduzir que a Experiência Estética dá conta do objeto introduzindo-o
no universo das formas comparáveis fazendo uso da linguagem metafórica.
O desenho mostra que o fato de o sujeito estar no centro lhe faz sentir mais forte, com
muita “força” e “energia” como o sol; de fato uma pessoa, uma individualidade, interagindo
com a totalidade. Nessa fala:
Senti o meu renascimento, com muita luz, deixando o passado abrindo
novos horizontes, com a consciência tranqüila e abundância na nova
caminhada.
Retrata o sensível que invade o espaço da percepção. Momento de fratura na vida
cotidiana em que todas as sinestesias são possíveis e que, segundo o sujeito - “senti o meu
renascimento, com muita luz, deixando o passado e abrindo novos horizontes” à sensação de
euforia toma conta de seu ser e quanto mais se expressa por um querer, mais chega a um fazer
de corpo e alma. Na transcendência pelo sensível, o corpo em interação com o cosmos gera a
imaginação simbólica. As múltiplas linguagens expressivas dada pela Arte Vibracional
possibilitam que por meio do símbolo ocorra tanto a transformação cognitiva, quanto à
transmutação passional.
Ao dizer “Com muita luz, deixando o passado e abrindo novos horizontes” - o sujeito
revela que ocorre um instantâneo estabelecimento de um novo estado de coisas. A
obscuridade é transformada em claridade, a luz trás o dissernimento que lhe abre novos
horizontes. Pela expressão “muita luz” se pode perceber que o sujeito penetra na zona do
arco-íris, da luz, das cores. A energia pesada, do passado que o deixa em estado disfórico, se
dissipa em luz e cores que se diluem no ar.
284
O sujeito diz que - “deixando o passado” e o pavor que essa realidade oculta,
enigmática, de turbilhão lhe causa, alcança a luz, revelada em cores, que permite que o sujeito
entre em estado de euforia ao se projetar apenas no agora, sendo assim, alcança um outro
estado de alma “a consciência tranqüila”, a plenitude que se revela como abundância em todos
os sentidos de sua vida.
Quando eu cheguei aqui já percebi o efeito da energia, eu estava quente.
Na hora do desenho fiquei pensando, mas depois me entreguei sem pensar
em nada e quando acabei de fazer percebi uma coisa saindo de mim.
Tal fala demonstra que o sujeito chega ao local para as atividades vivenciais e já
percebe “o efeito da energia”, assim se vê tomado por grande euforia a ponto de se sentir
quente. A euforia ocorre mediante o acontecimento estético, uma mudança de estado, que se
insere no discurso da cotidianidade do sujeito, como um relâmpago passageiro que permeia
todo seu ser. Energia intensa que lhe deixa “quente” e que de imediato, progressivamente
desaparece assim como uma coisa extraordinária. Conforme Greimas (1997), o efeito desse
acontecimento é a própria nostalgia da perfeição, oculta pela tela da imperfeição.
Na hora do desenho o sujeito ficou pensando, momento de espera e hesitação, também
de parada no tempo em que o querer não atingiu o fazer. Mas logo em seguida a euforia se
revela pela entrega total ao momento, assim começa a desenhar e quanto mais se entrega
àquela forma de expressão, percebe que alguma coisa sai de si. Alguma coisa como uma
energia, algo que estava retido, e que de repente, para além de seu ser alça vôo livre pelo
universo afora.
O imaginário enquanto potencialidade constrói o objeto. O sujeito por meio do querer,
do saber e do poder chega à realização do desenho, o que lhe faz entrar em estado de euforia,
relaxamento e um grande alívio ao perceber uma coisa saindo de si.
Na representação figurativa, o objeto estético transforma-se no sujeito do fazer estético
e o sujeito da emoção passa a ser o objeto. Assim, o que o sujeito expressa no desenho em
cores, linhas e formas é a energia que se desprende dele, é o próprio sujeito do fazer e o
sujeito que sente, passa a ser livre, e isso acontece em função de sua entrega ao momento da
Experiência Estética.
Nessa fala, fica evidente a captura estética, o súbito do acontecimento...
285
A luz dourada e muitos pontos coloridos (como elétrons e nêutrons)
dançando, movimentando-se. Foi aparecendo os vórtices partindo do
centro, como se alimentando do centro e emanando para as bordas. Fiquei
feliz em ver a mandala elaborada e também de produzi-la, pois, sempre tive
vontade e nunca tive determinação, coragem de realizar esta ação (parece
que não ia conseguir construir).
De acordo com Greimas (1997), sobre a dimensão sensorial se reconhece uma
hierarquia de sensações. O “estrato eidético” é considerado como o mais superficial, seguido
do cromático, de onde a luz recolhe o nível mais profundo deste gênero de percepção estética.
A “isotopia visual” é prolongada pela tatilidade, que se situa entre as ordens sensoriais mais
profundas que manifesta sobre o plano cognitivo à vontade de uma conjunção total.
“A luz dourada” de que fala o sujeito, expressa o que ele tem de mais profundo em sua
percepção estética. Os “pontos coloridos” revelam o nível cromático e a captação do
movimento incessante desses pontos em minúsculos tamanhos, indicando o estrato eidético. A
isotopia visual é prolongada aqui pela tatilidade, quando o sujeito expressa que: “foi
aparecendo os vórtices partindo do centro, como se alimentando do centro e emanando para
as bordas.” O objeto vai penetrando, invadindo o sujeito tão intensamente que surge o desejo
de uma conjunção total.
“Fiquei feliz em ver a mandala elaborada e também de produzi-la” - mostra a euforia
do sujeito que por meio do querer, do saber e do poder realiza uma ação que o satisfaz.
Quando diz que - “sempre teve vontade e nunca teve determinação” - percebemos a
modalização virtualizante instaurando o sujeito, já que ele demonstra a vontade de realizar, ou
seja, ele quer, mas, não se determina a fazer por não se sentir capaz, o que se observa em -
“parece que não ia conseguir construir...” O mesmo ocorre na próxima fala:
No centro do círculo, bem forte e pequena, a estrela é o brilho interior e a
cor representa o equilíbrio, a transmutação. Ao redor, o amarelo está no
interior e no exterior, união do eu interior com o todo, parece representar
vida. As cores verde, vermelho, lilás, azul representam as diversas camadas
de energia do ser.
Ocorre que a sensação primeira se dá pelo nível eidético; mas também algo “bem forte”
pode aparecer como emoção viva, manifesta na fala - “No centro do círculo, bem forte e
pequena, a estrela é o brilho interior e a cor representa o equilíbrio, a transmutação” - aqui
passamos ao nível cromático e - “Ao redor, o amarelo está no interior e no exterior, união do
286
eu interior com o todo, parece representar vida.” Isso mostra o sujeito que em seguida é
capturado e remetido à outra espacialidade e temporalidade num movimento interior e
exterior. E, então, nessa captura estética, mais uma vez surge à forma visualizada - “As cores
verde, lilás, azul, representam as diversas camadas de energia do ser”- em que a visão não é
outra coisa senão “realidade”, isotopia que engloba a sobre-realidade, seja isotopia estética. A
fala seguinte se refere à minha Experiência Estética:
Inspiro... retenho o ar no abdômen e solto, diluo-me no universo, o silêncio
entra pelos ouvidos. A paz e o amor transbordam meu ser, agradeço a vida
por me oportunizar aquele momento. Olho para os céus e vejo algo que do
centro irradia luz prateada. Emana o violeta para as bordas movimenta-se
numa velocidade intensa e pulsa muito rápido. As vibrações dessa luz me
invadem, vão e voltam. É muito brilho! É como um raio. Meu corpo se
estremece. As imagens surgem e vão embora, pontos, linhas, cores, muitas
cores que pulsam e se misturam. Sinto-me contemplada por algo que não
sei bem o que é. Estou em êxtase. Bolas de cores; violeta, verde, e
vermelho se movimentam. Pontinhos de luz correm como numa dança
incessante de um lado para outro. Círculos com bolinhas pretas no centro
correm de cima para baixo. Um cheiro maravilhoso de flores, um perfume
intenso me invade, assim como, o espaço ao meu redor. Olho e já não vejo
mais nada...
A troca de isotopia conforme Greimas (1997) se afirma como uma fratura, um desvio na
continuidade do mundo, ao mesmo tempo, um relâmpago que consagra a superação da
fronteira.
Esse momento de fratura me remete há um outro tempo e a um outro espaço quando
afirmo - “inspiro... retenho o ar no abdômen e solto, diluo-me no universo” - sou capturada
para outro lugar até que retorno à vida cotidiana, quando - “sinto um perfume intenso, um
cheiro de flores e então olho e já não vejo mais nada”.
A emoção viva em - “a paz e o amor transbordam meu ser” e a sensação inesperada -
“meu corpo se estremece” - correspondem às minhas próprias reações patêmicas e sensoriais.
O estremecimento e a estesia, se distribuem em meu ser e nos objetos do mundo. Tal
acontecimento marca o sincretismo de estado dos actantes, numa fusão momentânea do
homem e do cosmo que reúne ao mesmo tempo, a paixão da alma e do corpo.
As sensações passam pelo corpo, sou tocada por inteiro; tato, olfato, audição, por fim
pela visão em que aparecem os níveis eidético, cromático e a luz. A estesia possibilita a
ativação da imaginação simbólica. Assim, por meio da transcendência pelo sensível e na
interação dos campos vibracionais surgem às imagens, os símbolos enquanto potenciais de
energia.
287
O símbolo se traduz como forma de conhecimento; é algo energético, vivo, e mediado
pela consciência se manifesta na realidade. As imagens enquanto potenciais energéticos
surgem como luz, pontos, linhas, cores, em múltiplas formas. Por meioda estesia é que - “um
cheiro maravilhoso” se manifesta na realidade tridimensional, inundando todo espaço, o que
se dá como quebra da anestesia cotidiana.
O olfato é um sentido profundo, segundo Greimas (1997) - é a comunicação com o
sagrado. “Um cheiro de flores, um perfume intenso” - manifestam essa comunicação com o
sagrado. O sagrado vem para subjugar o cotidiano narrativizado ou narrativizável para
quebrar o ritmo “natural” de duas maneiras; transcendendo-o e subentendendo-o e se dá nessa
conjunção íntima, absorvente, carnal e espiritual.
Quando - “olho e já não vejo mais nada” - é evidente o momento da cisão, instante em
que a felicidade termina, e o olhar se imobiliza, é o retorno à superfície visual, à
cotidianidade. A separação do sujeito e do objeto, a ruptura da isotopia estética e o retorno à
realidade se consumam.
A partir daí pode-se afirmar que a suspensão do tempo na Experiência Estética me leva
a reencontrar a mais profunda continuidade passional com o outro eu mesma; Isto é, com
minha própria pessoa.
Após traduzir algumas das falas dos sujeitos do estudopara interpretar o sentido
multidimensional das vivências estéticas, corporais e simbólicas propiciadas no Curso, passo
à leitura semiótica das imagens. Para tal leitura foram selecionadas doze imagens referentes às
vivências do quadro síntese, que se pode observar na página seguinte:
288
X, XI, XII
COAGULAÇÃO E
MATERIALIZ AÇÃO DA FORMA
E VIVÊNCIAS DOS SÍM BOLOS
QUADRO SINTESE DAS VIVENCIAS ESTETICAS CORPORAIS E SIMBOLICAS
TÍTULO VIVÊNCIAS OBJETIVO
INTERPRETÃO
A CONSCIÊNCIA
CÓSMICA NA FORMA
E O SER NA
CONSCIÊNCIA
A CONSCIÊNCIA
CÓSMICA E A
ALQUIMIA INTERIOR
A CONSCIÊNCIA
CÓSMICA
DESVELANDO AS
MÁSCARAS
A CONSC NC IA
CÓSMICA DE ALFA A
ÔMEGA REVELANDO
O SER
MULTIDIMENSIONAL
I, II, III
CONEXÃO E SINTONIZAÇÃO DA
ENERGIA
A RESSONÂNCIA CO M A FORMA
I, II, III
ACOPLAMENTO E CIRCULAÇÃO
DA ENER GIA
A TRANSMUTÃO DA FORMA
IV, V, VI
CONEXÃO E SINTONIZAÇÃO DA
ENERGIA
A RESSONÂNCIA CO M A FORMA
IV, V, VI
ACOPLAMENTO E CIRCULAÇÃO
DA ENERGIA
A TRANSMUTÃO DA FORMA
VII, VIII, IX
CONEXÃO E SINTONIZAÇÃO DA
ENERGIA
A RESSONÂNCIA CO M FORMA
VII, VIII, IX
ACOPLAMENTO E CIRCULAÇÃO
DA ENER GIA
A TRANSMUTÃO DA FORMA
A consciência do corpo e o corpo na consciência; eu comigo mesmo, o
despertar do corpo como veículo de expansão da consciência e espaço
sagrado que abriga o Divino.
A vitalidade, o prazer, a sensação, a força, a ação, a determinação, o
ânimo, a realização e a alegria de viver.
A alma na consciência e a consciência na alma; eu comigo e o outro, o
despertar da consciência cósmica pela alma para a alquimia interior. A
alma tomando consciência de si, o amor-próprio, o auto-conhecimento, a
auto-cura e a auto-transformação. A transcendência pelo sensível, a
afetividade, a equilibração, a harmonia, a vontade, o desejo, o amor e a
sabedoria. A vida como arte, a criatividade, a imaginação simbólica e a
Inteligência Espiritual.
A mente na consciência e a consciência na mente; eu o outro, a natureza e
a cultura, a mente gerando formas e padrões a partir da consciência
smica. Do inteligível ao sensível, o mergulho no inconsciente, na
sombra, a transcendência do ego e das dualidades, a síntese das
polaridades. O conhecimento intuitivo, a intenção, o verbo a expressão, o
poder, a verdade, a ética e a ordem.
A consciência do espírito e a consciência cósmica em plenitude; eu o
outro, a natureza, a cultura e o universo. A fluidez, o sentido e o
reencantamento do viver, a vida em plenitude e como acontecimento, o
eterno presente o aqui e agora, a transcendência e a imanência. O amor
incondicional, a abundância, a prosperidade, a felicidade, a realização, a
paz, a tranilidade, a solidariedade e o compartilhamento. A unidade, a
totalidade, o ser multidimensional.
Merleau-Ponty, Maturana,
Dilthey, Epicuro
Plotino, Mafesoli, Gadamer,
Bachelard, Durand,
Ostrover, Dubro, Bohn, Jung
Laskov,Wilber, Goswami,
Stone, Zohar e Marshal
289
As vivências propõem ativação do núcleo energético em nível corporal e psíquico,
assim como, arquetípico para consciência do poder de concretização da alma, como fazendo
parte de uma incursão profunda da consciência em sua própria natureza criativa e intencional.
As primeiras três imagens interpretadas referem-se às vivências denominadas - A
Consciência Cósmica na Forma e o Ser na Consciência - tem como objativo relacionar as
dimensões do corpo: a consciência do corpo e o corpo na consciência; o Ser, consigo mesmo,
sentindo o corpo não apenas como matéria densa, mas como um corpo vibracional, veículo de
expansão da consciência e espaço sagrado que abriga o Divino. Despertando para a vida o Ser
manifesta vitalidade, prazer, sensação, ânimo, força, determinação, ação, realização e alegria
de viver podendo compartilhar com os demais seres do universo.
A quarta, a quinta e a sexta imagens referem-se às vivências denominadas - A
Consciência Cósmica e a Alquimia Interior - têm como objetivo as dimensões da alma; a alma
na consciência e a consciência na alma. A alma tomando consciência de si, despertando a
Consciência Cósmica para a Alquimia Interior.
O Ser pelo auto-conhecimento descobre seu amor-próprio, a auto-cura, a auto-
transformação e passa a estar inteiro consigo e com o outro, transbordando na transcendência
pelo sensível, afetividade, equilibração, harmonia, vontade, desejo, amor, criatividade e
sabedoria. A vida é levada como arte e “acontecimento” e sua Imaginação Simbólica flui em
função da inteligência Espiritual.
A sétima, a oitava e a nona imagens referem-se às vivências denominadas - A Consciência
Cósmica Desvelando as Máscaras - têm como objetivo relacionar as dimensões da mente; a
mente na consciência e a consciência na mente. O Ser consigo, com o outro, com a natureza e
a cultura, transcendendo a sombra e o ego, gerando formas e padrões a partir da consciência
cósmica, que se manifesta na transcendência pelo sensível e do sensível ao inteligível. O
conhecimento intuitivo aflora, assim como a expressão, o poder com sabedoria, a verdade, a
ética e a ordem que transcende o caos. A intenção da mente é manifesta com responsabilidade
em todo o ato de criação, a partir do entorno vibratório em que se coloca para materializar as
formas.
A décima, a décima primeira e a décima segunda imagens referem-se às vivências que
denominei - A Consciência Cósmica de Alfa a Ômega Revelando o Ser Multidimensional -
têm como objetivo relacionar as dimensões do espírito; a consciência do espírito e a
Consciência Cósmica em plenitude. O eu e o outro, a natureza, a cultura e o universo. O Ser
multidimensional irradiando amor incondicional, abundância, prosperidade, saúde, paz,
felicidade, tranqüilidade e solidariedade. A vida em plenitude, o Ser em fluidez com o
290
universo, resgatando o sentido do viver, a transcendência e a imanência, a Unidade e a
Totalidade.
A semiótica considera antes de tudo a imagem como um enunciado. Segundo Pillar
(1992) ler uma imagem é compreendê-la, interpretá-la, descrevê-la decompô-la e recompô-la
para apreendê-la como objeto a conhecer. A imagem propicia uma infinidade de leituras
devido às relações que seus elementos sugerem. Para Oliveira (1995) cada imagem se vivifica
em cada ato de olhá-la o que a faz ser e agir como um sujeito que a capta. Por esse mundo que
ela faz existir nos limites de seu suporte, cada imagem é presentificação de algo para alguém.
O propósito agora é fazer uma leitura das imagens registradas nas Experiências
Estéticas, enquanto fenômenos que nascem de vários processos interativos, materiais e
imateriais, do visível ao invisível, entendendo a imagem como processo de relação, como um
sistema de elementos em interação, uma experiência energética de interinfluenciação.
Segundo Silva (2001), as imagens são portadoras de um campo vibratório e de
interinfluenciação, e o que articulam afeta a relação do sujeito consigo mesmo e com
domínios de espiritualidade e de sensibilidade que permitem correspondências afetivas,
vinculares e de participação criativa entre as pessoas, já que mobilizam lógicas polifônicas,
polimorfas e plurienergéticas.
291
Figura 18
Na imagem acima (Figura 18) vemos um grupo de pessoas em círculo, cada Ser focado
em si mesmo, tomando consciência de seu corpo físico, movimentando as articulações
iniciando pelo giro da cabeça em sentido horário e anti-horário, para frente e para trás, os
braços estendidos sobre o corpo, às pernas entre - abertas.
A respiração vai acompanhando os movimentos do próprio corpo, para o sujeito
perceber, também, os movimentos de expansão e retensão da energia, que se manifesta no
próprio ato de inspirar, reter e soltar o ar do abdômen e novamente buscar a energia vital do
universo que penetra pela respiração. O ar que entra pelas narinas promove a oxigenação de
cada átomo, molécula e partícula do sujeito, para que tome consciência de seu corpo físico e
vibracional e da Consciência Cósmica em si e para além de si, assim como,do universo que o
cerca.
O sujeito ao tomar consciência de seu corpo passa a compreendê-lo como veículo de
expansão da consciência. De acordo com Merleau-Ponty (2006), o corpo é o mediador do
processo de conhecimento é expressão do Ser no mundo. Assim cada ato, gesto, movimento
292
de braços, pernas, tronco, cabeça, abrir e fechar de olhos, permite que o sujeito pelo corpo,
interaja com a Consciência Cósmica em si e para além de si.
O corpo está como que construído em torno da percepção que se patenteia através
dele: por todo seu arranjo interno, por seus circuitos sensorio-motores, pelas vidas de retorno
que controlam e relançam os movimentos, ele se prepara, por assim dizer, para uma percepção
de si, mesmo se nunca é ele que ele próprio percebe ou ele quem o percebe. O autor afirma
que a ciência do corpo - que implica relação com o outrem - ensina que a percepção não nasce
em qualquer lugar, mas emerge no recesso de um corpo.
As coisas verdadeiras e os corpos que percebem não se situam na relação ambígua que
há entre as coisas próprias do Ser e em seu corpo. Uns e outros, próximos ou afastados, estão,
em todo caso, justapostos no mundo, e a percepção, que talvez não esteja “na cabeça”, não
está em parte alguma a não ser no corpo como coisa do mundo.
Tomando as coisas emprestadas do sistema do mundo, os sujeitos constroem o
universo da verdade e do pensamento pelo corpo que sente e percebe pela Experiência
Estética dada na vivência. A coisa passa a ser real quando o Ser vivencia, assim ocorre a fusão
entre ele, o observador e o observado. A percepção não é a ação do objeto físico observado
sobre o corpo humano nem o percebido, o resultado ”interior” dessa ação. Merleau-Ponty
(1999, pág. 36) afirma que:
Os estímulos da percepção não são as causas do mundo percebido, mas
que são eles que as revelam ou desencadeiam, não queremos dizer que se
possa perceber sem corpo, mas, ao contrário, que é preciso reexaminar a
definição de corpo como puro objeto para compreendermos como pode ser
nosso vínculo vivo com a natureza.
A nossa visão alcança às próprias coisas e habitamos o mundo pelo próprio corpo,
pois somos corpo e natureza, natureza e corpo, uma única coisa. A idéia de corpo de que se
fala aqui é de um corpo vibracional que está no mundo para uma jornada evolutiva. O mundo
é o prolongamento do corpo e o corpo o prolongamento do mundo, não há separação entre
ambos. O corpo é feito da substância do mundo, tal substância é participada pelo mundo, pela
natureza na conexão do visível com o invisível, nas multidimensões.
O autor afirma que o sentido é invisível, mas o invisível não é o contraditório do
visível: o visível possui, ele próprio, uma membrura de invisível, e o in-visível é a
contrapartida secreta do visível, não aparece senão nele, é o que me é apresentado como tal no
293
mundo - não se pode vê-lo aí, e todo o esforço para aí vê-lo o faz desaparecer, mas ele está na
linha do vísível, inscreve-se nele.
O Ser é esta estranha imbricação que faz com que meu visível, se bem que não seja
intransponível ao outro, abra para ele, e que ambos abram para o mesmo mundo sensível. E, é
a mesma imbricação, a mesma junção à distância que faz com que as mensagens dos meus
órgãos (que Merleau-Ponty denomina de imagens monoculares) se conjugam numa só
existência vertical e num só mundo.
No mundo o Ser, encontra a natureza, a beleza que gera estesia e prazer, sentido de
viver. Gadamer (2002) diz que a natureza nos dá um “sinal” de que somos realmente o fim
último, o objetivo final da criação. Na imagem mostrada podemos ver os sujeitos
completamente entregues ao processo vivencial, numa relação profunda com a natureza. A
natureza possibilita aos seres ali presentes o encontro consigo mesmo numa realidade não
intencional, onde o Campo de Energia Humano se funde com o Campo de Energia Cósmico,
do visível ao invisível, do plano bidimensional ao multidimensional.
294
Figura 19
Nessa outra imagem (Figura 19), vemos quatro pessoas; duas à esquerda e à direita, ou
duas à frente e atrás, que circulam pelo ambiente, levadas pelo ritmo contagiante da música,
deixando-se impregnar pela vibração do som que penetra as esferas do corpo e que permite a
295
cada uma focar em seu espaço interno, no seu próprio corpo, ao mesmo tempo, que focam na
sua Consciência Divina.
As duas de trás iniciam os movimentos elevando os braços até a altura do peito, focando
no centro cardíaco, que significa espaço de revelação e expansão da Consciência Cósmica no
corpo. As outras duas da frente, tanto a da esquerda, quanto a da direita, elevam seus braços
aos céus ao campo universal, canalizando a energia cósmica, buscando a “Divina Presença”
na fonte irradiadora de luz, no “Campo Fundamental” de onde tudo emana e para onde tudo
retorna.
Os olhos se fecham e o movimento das mãos se intensifica, parece que elas irão alçar
vôo ao se diluírem no Todo. A consciência se desdobra, a radiação da luz penetra em cada
uma pela ponta dos dedos. O sensível se manifesta pelo corpo, pelos sentidos e na presença do
mundo para cada Ser ali presente e do Ser para o mundo, na fusão de ambos.
Merleau-Ponty afirma que o mundo não é a soma de objetos determinados, mas
horizonte latente de nossas experiências. Sendo que, a Experiência Estética remete os sujeitos
há um outro tempo e a outra espacialidade (Greimas, 2000). Mas, é muito importante saber o
sentido de ser no mundo a partir do corpo que sente, da percepção da própria coisa e não de
uma representação.
A percepção é entendida aqui como sistema relativo, espaço primordial topológico, isto
é, talhado numa voluminosidade total que envolve o Ser, e o que está a sua frente, atrás, acima
e abaixo engloba-o. O mundo estético, conforme Merleau-Ponty deve ser descrito como
espaço de transcendência, espaço de incompossibilidades, de eclosão, de deiscência, e não
como espaço objetivo-imanente.
E, a seguir, surge o pensamento e o sujeito, deve ser descrito igualmente como situação
espacial, acompanhada pela sua “localidade”. Sendo que cada “sentido” é um “mundo”
incomunicável para os outros sentidos, e, no entanto, constrói um algo que, pela sua estrutura,
de imediato se abre para o mundo dos outros sentidos e com eles constitui um único Ser. O
autor diz que a sensorialidade é tocada pela cor.
Podemos ver na imagem, o amarelo do chão e o tom branco no fundo da sala; assim
como, as cores das roupas das pessoas ali presentes. A cor ultrapassa-se a si mesma: desde
que se torna uma cor iluminante, cor dominante do campo, cessa de ser determinada cor, tem,
por conseguinte, uma função ontológica, torna-se apta a representar todas as coisas e num
único movimento, impõe-se como particular e cessa de ser visível como particular.
O “mundo” é esse conjunto onde cada “parte”, quando a tomamos por si mesma, abre
dimensões ilimitadas - torna-se parte total. Assim, os sujeitos ali colocados estão como partes
296
dessa totalidade. A particularidade da cor, do amarelo do chão onde pisam com o branco de
fundo, essa universalidade, não está em contradição, são conjuntamente a própria
sensorialidade: é pelo mesmo motivo que a cor, se dá, ao mesmo tempo, como certo ser
possível.
Conforme Merleau-Ponty é próprio do sensível (como da linguagem) ser
representativo do todo, não através da relação signo-significação ou por imanência das partes
umas nas outras e no todo, mas por que cada parte vem a coincidir lentamente com o todo. É
assim que as partes se recobrem e que o presente não se detém nos limites do visível.
O corpo sente e se coloca no único momento, o “eterno presente” que possibilita a
fusão das energias do sujeito com o universo, o mergulho no Uno pela transcendência e
imanência. De corpo e alma, o Ser se rende ao espírito que se manifesta pela vitalidade, força,
realização, êxtase, prazer de viver e deixar a vida fluir pelo corpo que sente.
Figura 20
297
Nessa imagem (Figura 20) os sujeitos estão colocados de pé e em círculo de mãos
dadas, a mão direita doa energia e a esquerda recebe. Os braços em união pelas mãos parecem
formar ondas, que se estabelecem dentro e fora do Ser como as ondas de energia do universo.
O corpo é tomado pelo movimento dessa onda de energia e da roda. O sentido horário é o
movimento do corpo que interage com a vida terrena, numa caminhada na horizontal, no
sentido anti-horário, em que o corpo se lança ao movimento do universo pela vertical. Os dois
movimentos geram ao Ser a conexão com diversas dimensões e a vivência de todos os níveis
de consciência.
Nessa vivência, as pessoas que ali estão se olham e sorriem com prazer e alegria, e
pela sensação e percepção do corpo que sente, se revela em cada Ser o reencantamento do
viver. A percepção é algo que abre o mundo ao Ser e os olhos, à janela da alma que possibilita
enxergar o mundo. Numa relação singular com os olhos o que está diante do Ser passa pelo
corpo, pela visão, e pelo olhar.
Assim, os objetos que se vê lá fora mantém uma relação singular com os olhos e o
corpo daquele que vê. E, é o corpo das coisas quem nos fala de nosso corpo e do de outrem,
sendo o olhar um dos dados do sensível, do que passa pelo corpo. Merleau-Ponty (1999,
pág.16) afirma que o mundo é o que vemos, contudo precisamos aprender a vê-lo.
No sentido de que, em primeiro lugar, é necessário nos igualarmos pelo saber, a essa
visão, tomar posse dela, dizer o que é nós e o que é ver, fazer, como se nada soubéssemos,
como se a esse respeito tivéssemos que aprender tudo, visto que estamos aprendendo o tempo
todo. No horizonte de todas essas visões ou quase-visões afirma o autor que está o próprio
mundo em que habitamos, o mundo natural e o histórico, com todos os vestígios humanos de
que é feito.
As imagens monoculares não intervêm quando os dois olhos operam em sinergia,
assim, também, a deslocação da “aparência” não quebra a evidência da coisa. A percepção
binocular não é feita de duas percepções monoculares sobrepostas, é de outra ordem. As
imagens monoculares não são, no mesmo sentido em que é a coisa percebida pelos dois olhos.
Na (pág. 19) o autor assevera que as imagens são fantasmas, e ela é o real, são pré-coisas e ela
é a própria coisa, desaparecem quando passamos à visão normal, voltam para dentro da coisa
como para sua verdade meridiana.
As imagens monoculares, conforme o autor, não podem ser comparadas à percepção
sinérgica; não se pode colocá-las lado a lado, escolhendo entre a coisa e as pré-coisas
flutuantes. Pode-se efetuar a passagem, olhando ativamente, despertando para o mundo, mas,
não se pode assistir a ela como espectador. Não é síntese, mas metamorfose pela qual, as
298
aparências são instantaneamente destituídas de um valor que possuíam unicamente em virtude
da ausência de uma percepção verdadeira.
Assim, a percepção nos faz assistir a este milagre de uma totalidade que ultrapassa o
que se acredita ser suas condições ou suas partes, e as domina de longe, como se existissem
apenas em seu limiar, estando destinadas a nela se perderem.
Mas para deslocá-las é preciso que a percepção guarde, no fundo de si, todas as suas
relevâncias corporais: é olhando, é ainda com os olhos que se chega à coisa verdadeira, esses
mesmos olhos que há pouco davam imagens monoculares, simplesmente, funcionam agora
em conjunto.
Assim, a relação entre as coisas e o corpo é decididamente singular. Merleau-Ponty
diz que, é ela a responsável pelas vezes que se permaneça na aparência e outras se atinja as
próprias coisas; ela produz o zumbir das aparências, é ainda ela quem o emudece e o lança em
pleno mundo. Tudo se passa como se o poder de ter acesso ao mundo e o de entrincheirar-se
nos fantasmas não existissem um sem o outro.
De fato, a imbricação de ambos é necessária para o conhecimento do mundo, e o acesso
ao mundo ocorre pelo corpo que percebe e sente por meio da vivência, que é a genuína
realidade da consciência, uma conexão produtiva que implica vinculação à totalidade, à
infinitude. Gadamer (2002, pág. 106) diz que: Algo se transforma em vivência na medida em
que não somente foi vivenciado, mas, que o seu ser - vivenciado teve um efeito especial, que
lhe empresta um significado permanente. O que se torna uma “vivência” desse modo ganha
um status de ser totalmente novo na expressão da arte.
Os dados primários a que retrocede a interpretação dos objetos históricos não são dados
de experimentação e de medição, mas unidades de significado. É isso o que quer dizer o
conceito de vivência para Gadamer: as configurações de sentido que nos vêm ao encontro nas
ciências do espírito, mesmo parecendo muito estranhas e incompreensíveis, podem ser
reconduzidas a unidades últimas do dado na consciência, unidades que já não contêm nada de
estranho, objetivo, nem carecem de interpretação. Trata-se das unidades vivenciais, que são
em si mesmas unidades de sentido.
Conforme Dilthey (1997), o significado pertence à vida, isto é, à própria consciência
humana da vida, portanto, a esse nexo original parte-todo ou todo-parte, símbolo da unidade
ideal sempre energicamente atuante, embora com absoluta independência, na diversidade real.
Isto quer dizer que esse nexo ou essa unidade pairam soberanamente para além e por trás dos
condicionamentos históricos reais que, por sua vez, só conquistam significado à medida que
299
deixam entrever, que espelham, manifestam, desvelam, por trás de sua condicionalidade, a
força da energia total.
Se a categoria do significado nasce na vida e, representa um tipo especial de relação das
partes com o todo, então vida é igual a todo, mas, também, vida é igual à parte. Esta é, aliás, a
fórmula que, na opinião de Dilthey (1987), apreende com todo o rigor a hermenêutica da vida,
sustentáculo da construção sistemática da “filosofia da vida”.
Na imagem a seguir, (Figura 21) podemos ver cinco pessoas dispostas de pé com o
corpo ereto, as pernas entre abertas, os braços em flexão, os olhos fechados, cabeça em
movimento, ora para cima, ora para baixo, sentindo o ritmo do som que toca profundamente a
alma. Quase sempre o belo é percebido com os olhos, mas, com o ouvido, a alma também
pode perceber a combinação de palavras, ritmos e sons, melodias que são belas que a elevam
a um plano superior.
Figura 21
300
Ainda a apreensão tátil nos faz experimentar sem mediação os poderes dinâmicos e
transformadores dos corpos. Ao “corpo” (aos sentidos) pertence o domínio todo - mas, o
domínio do sensitivo pertence a “alma” à parte do sujeito que funciona supostamente “além
dos sentidos” e só a ela cabe mexer com o cognitivo.
As pessoas da imagem estão focadas, num primeiro momento, em si mesmas, no
ponto de junção entre o corpo e o espírito, em sua própria alma, intermediária entre a vida do
espírito e a vida externa. De acordo com Plotino (2002, pág. 27), a alma tem a função de
organizar e governar o mundo sensível. A alma está em relação ao intelecto assim como este
está em relação ao Uno, a Deus.
A Alma organiza o mundo sensível, sendo que na base de tudo está à contemplação. O
autor coloca que a beleza vem da alma e que os corpos, às vezes nos parecem belos e outras
não, como se ser corpo fosse coisa diferente de ser belo. Mas a beleza está além do visível,
tem uma relação direta com a alma, e a beleza da alma num sentido real é a virtude.
O corpo se apresenta e se faz perceptível, integra-se a alma que busca purificar-se na
Divina presença, Consciência Cósmica, que o autor chama de Uno, de onde vem o belo e tudo
que constitui o domínio da realidade, e, a beleza oculta refugia-se, em cada movimento, no
corpo do Ser.
Nesse movimento, alguns sujeitos da imagem se apresentam de braços abertos, e na
composição do corpo todo se observa a configuração de uma cruz, que possibilita a alma, a
entrada em outras dimensões ao se render ao espírito. Outros sujeitos direcionam os braços
flexionados ao centro do peito, a Consciência Cósmica que ilumina a alma. O belo da alma
manifesta também, o bem, a bondade, a virtude, a prudência que a eleva para cima.
Conforme Plotino, desse bem, a inteligência tira imediatamente sua beleza, e a alma é
bela pela inteligência: as outras belezas, a das ações e ocupações, provêm de que a alma lhes
imprime sua forma. Essa faz também tudo que chamamos os corpos; sendo algo divino, e
como uma parte da beleza, faz belas todas às coisas que toca enquanto lhes é possível
participar da beleza.
Assim, os sujeitos da imagem experimentam várias sensações por meio dos sentidos,
da alma que está entregue à beleza de todas as coisas que se apresentam no mundo visível e
invisível, depois esses dados sensoriais são reelaborados e interpretados, isto é, das simples
sensações passa-se ao nível da percepção.
Antes de passar ao nível da percepção, podemos ver nessa outra imagem (figura 22)
que as seis pessoas estão abraçadas, criando um elo energético de afetividade, que possibilita
301
transcender as dualidades e as diferenças. As pessoas ali presentes tomam consciência de si
mesmas, ao mesmo tempo, que se afetam e se deixam afetar.
A experiência vivenciada pelos sujeitos engloba processos “intersemióticos”
complexos, isto é, de caráter estésico, que envolvem a sensibilidade dos parceiros, pois se
sentem mutuamente. Os corpos dos sujeitos nessa vivência se configuram em círculo; os
braços se entrelaçam, o afeto e a entrega são visíveis. O tato se apresenta como uma das mais
profundas ordens sensoriais (Greimas, 2001). Identificação psicossomática de caráter
totalizante - “corpo a corpo”, que se impõe sem mediação.
A roda se configura pelos corpos entrelaçados formando um só corpo, que se constitui
das partes que compõe o todo e são compostas por ele. A interação do grupo na roda, como
um só corpo, gera um movimento e uma vibração de interconexão com o universo - a força
corrente. Os seres em círculo buscam consolidar a união do grupo, gerando força e alta
vibração, que no movimento da roda os encaminha a um retorno à Unidade.
Figura 22
302
A mente, ao mesmo tempo, que está ali, alcança outras dimensões e tudo vai
acontecendo no embalo, na sinergia e energia que circula na roda e no campo infinito do
universo. Assim, o conhecimento e a aprendizagem vão se dando, a partir dessa interação e
troca, na entrega dos sujeitos à vivência de corpo e alma. Essa vivência permite que o sujeito
sintonize com o que se passa consigo, assim como, com os outros seres e com o planeta todo.
Está atento ao viver e à vida em todos os sentidos, no si-mesmo e nos demais, da horizontal a
vertical, nessa dimensão e nas outras dimensões, que quer queira ou não, afetam sua
existência.
O viver que mobiliza a inteireza do Ser e sua fluidez com o universo possibilita o
conhecimento. Nesse caso, para falarmos com pertinência sobre o conhecimento é necessário
voltarmos à atenção para o viver. Conforme Maturana (1997, pág. 21), “conhecer é viver, e
viver é conhecer”.
O conhecimento ocorre no viver, mas, a aceitação de si mesmo e o auto-respeito são
muito importantes, não se dão se os afazeres do Ser não são adequados ao seu viver. O
fundamento básico do emocionar-se torna possível o viver, e a convivência pela aceitação e
respeito pelo outro, a partir da aceitação e respeito por si mesmo. A emoção que torna
possível essa convivência é o amor que brota na alma, pela Consciência Cósmica.
O autor coloca que é o amor, o domínio de ações que constituem o outro como
legítimo outro na convivência, e o educar se constitui no processo em que o Ser convive com
o outro. O educar ocorre o tempo todo e de maneira recíproca, como uma transformação
estrutural contingente com uma história no conviver.
O viver e o conviver se estabelecem pela autoconsciência que pertence ao espaço
relacional que se constitui na linguagem, pelas diversas formas de linguagem, sendo o amor o
elo da convivência e a mola mestra da vida, que fundamenta as relações e permite que os
sujeitos se transformem e transformem seu modo de viver, por meio da troca, da interação, da
amorosidade nas relações.
As características do modo de viver nos processos de desenvolvimento se tornam,
então, conforme Maturana (1997) parte do modo mesmo de ser, da ontogenia humana e o
peculiar do humano não está na manipulação, mas na linguagem e no seu entrelaçamento com
o emocionar.
Sendo assim, segundo o autor, somos seres dependentes de um viver no qual essas
condições se dêem - tanto do ponto de vista das relações, como da fisiologia. De acordo com
Maturana temos uma fisiologia dependente do amor.
303
Assim podemos perceber que a falta de amor gera problemas psicológicos e
fisiológicos, neuroses, alterações psicomotoras, distúrbios de convivência, que podem ser
corrigidos com o reestabelecimento do amor que pode curar a alma e estabelecer a harmonia e
a alquimia do Ser.
A alma entendida como o núcleo do Ser intermediário entre a vida do espírito e a vida
externa, movida pelo amor, à medida que evolui, revela ao eu consciente a vontade espiritual,
o amor-sabedoria e a inteligência ativa, Inteligência Espiritual - a própria manifestação dos
aspectos divinos cujas energias irradiam na proporção que se dinamiza em si mesma.
A alma guiada pela Inteligência Espiritual tem como meta básica servir em
conformidade com o princípio universal; incumbe-se da integração da personalidade na
corrente evolutiva superior e traz ao indivíduo as condições necessárias para que se reconheça
como parte de um todo maior e se incorpore ao grupo a que pertence, alcance um estado
receptivo aos impulsos superiores, estado em que à agressividade é superada e a dedicação ao
bem universal é a meta.
Quando a alma consegue controlar seus maus pensamentos, impulsos emocionais e
instintivos, isto é, seu ego e absorvê-lo em si mesma, ascende a um nível superior, assim
prepara-se nova mudança de polarização da consciência; a primeira do ego para alma, a
segunda da alma para o corpo de luz.
A imagem acima (figura 22) mostra o quanto os sujeitos ao entregarem-se de corpo e
alma a Experiência Estética, ainda que inconscientemente, buscam uma mudança de
polarização da consciência, do ego para alma, da alma para o corpo de luz. Ao fecharem os
olhos possibilitam um tipo de visão sensível que interage com outros sentidos, e, pela estesia,
na interação dos campos de energia humanos e cósmicos, a imaginação simbólica é ativada e
outras formas de conhecimento são possíveis.
Isso ocorre em função da manifestação da luz, dos níveis cromáticos e eidético. A
realidade oculta vem sobre o sujeito e o imaginário aparece como potencialidade construtora
do objeto, e as novas significações são dadas na conjunção íntima, absorvente, com o sagrado
- carnal e espiritual ao mesmo tempo.
A Consciência Cósmica passa a atuar assim, pela Inteligência Espiritual - que extrai
sentido, contextualiza e transforma, permite um tipo de pensamento criativo, intuitivo, capaz
de “insigts”. Zohar e Marshal (2000) descrevem a Inteligência Espiritual como a capacidade
de reformular ou recontextualizar a experiência e, portanto, a capacidade de transformar a
maneira como a entendemos.
304
A Inteligência Espiritual se manifesta no Ser na transcendência pelo sensível, gerando
um tipo de pensamento unitivo e a ativação da Imaginação Simbólica. Bachelard (1998)
afirma que a imaginação é dinâmica, uma potência de transformação, por ser um movimento
da consciência que “se lança ao real”. A Consciência Cósmica se expande e ativa a
imaginação criadora gerando imagens simbólicas que se manifestam na matéria por um tipo
de texto característico de substância vibracional que se expressa por meio de luzes, cores e
formas.
A vida é energia em diversas freqüências e vibrações, e as cores constituem uma
escala sensível e elevada dessas vibrações; elas modificam e influenciam profundamente as
energias vitais e as emoções. Capra (1988) diz que na física atômica, situações paradoxais
estão ligadas à natureza da luz. De acordo com o autor, a ação da luz situa-se num nível
vibratório que qualifica de subatômico; nível no qual a partícula menor parece não ser nada
mais do que uma roda do universo, um complemento do “Todo”.
As manifestações expressivas nos levam a devaneios, transportando a imaginação a
lugares em que o corpo vibracional entra em estado de conjunção com o objeto, se funde com
o universo, com o Todo. A leitura dessa imagem surge como ato semiótico dado pelo vôo da
imaginação que mergulha no Todo para capturar o sentido, e não da interpretação dos sujeitos
que fizeram o desenho.
A imagem (Figura 23) se refere à construção de um desenho feito em conjunto, em
cores verde, vermelho, preto, roxo, amarelo, azul, rosa e laranja, linhas curvas, sinuosas, retas
e truncadas, formas circulares e outras. Segundo a fala de uma das pessoas - “apesar do
desenho ter sido feito por todos, têm integração, cada fundo e cada cor tem uma ligação. O
desenho não está solto, nem fragmentado, mas unificado.” O gesto de cada sujeito é retratado
pela expressão de cada cor, traço e forma colocada na imagem sendo que as partes integradas
constituem o todo.
305
Figura 23
No fazer da arte, a plasticidade se configura a partir dos elementos que são materiais e
imateriais. Assim, cada gesto dado em cada linha, cor e forma apresentam uma qualidade
sensorial, que torna visíveis as idéias, os sentimentos e os pensamentos. Surge assim, uma
paisagem, paisagem que expressa a fusão do Ser com o mundo, a interação do Ser, da
natureza e do cosmos.
Nas configurações, o objeto estético transforma-se em sujeito do fazer estético, e o
sujeito da emoção passa a ser o objeto. No desenho, os sujeitos expressam o que sentem e
observam os demais companheiros na Experiência Estética, e quando observam colocam
protagonistas. Protagonistas, que aparecem no desenho, e que são os próprios sujeitos do fazer
estético; sujeitos que sentem ao observarem, e que passam a ser o objeto.
As linguagens artísticas possibilitam a criatividade que acontece no movimento de
reversibilidade do sensível com o inteligível, são modos singulares de se refletir o ser e o estar
no mundo, por meio das expressões, que extrapolam o que é previsível e conhecido,
permitindo ao Ser ampliar o repertório de significações.
Ostrower (1983) afirma que os processos criativos ocorrem na interligação dos dois
níveis de existência humana: o individual e o cultural. Mas, para além desses dois níveis está
o cósmico. Sendo assim, criar corresponde a um formar, a um dar forma a alguma coisa por
meio da intenção, a partir da relação com todos os níveis de consciência, quando nos sentimos
306
em unidade com o Todo e os Campos de Energia Humano e Cósmicos estão em processo de
interconexão.
A criatividade interior pode começar também com uma experiência espontânea da
felicidade de ser um só com o Universo a partir dessa interconexão. Cada alma que se propõe
a conexão interior com a Consciência Cósmica encontra a felicidade, na medida em que,
transcende o ego, o que acontece por diversos caminhos espirituais como o do conhecimento,
da devoção e da ação. Goswami (2000, pág. 165) afirma que:
A criatividade interior começa, em seu modo mais comum, com uma
pergunta urgente, que surge de uma insatisfação geral com o conflito
interior na identidade-ego. Somente fazendo perguntas adequadas e
enfrentando os nossos conflitos é que nós nos transformamos e transitamos
da escravidão do ego à identificação com o eu quântico criativo
.
A maioria das pessoas busca a felicidade no mundo exterior dos estímulos sensoriais.
Mas a fonte da felicidade encontra-se dentro, conforme Goswami, com o “eu quântico”, e
além - a consciência em si mesma. A criatividade interior também pode começar com a
intuição de que existe mais no Ser além do ego. Isso leva a um desejo intenso de conhecer o
eu, cuja natureza é a própria consciência, o que estimula a pergunta “quem sou eu ?”.
Assim os caminhos espirituais que possibilitam uma jornada para além do ego podem
ser descritos, de acordo com o autor, nos termos da nova ciência que possibilita superar o ego,
que implica superar dois obstáculos: o condicionamento e a hierarquia simples.
O caminho do conhecimento ou da sabedoria leva a alma, a busca de conhecimento do
eu por meio de revelações criativas e a busca da verdade, por meio da criatividade mental que
supera hábitos condicionados de pensamento. O uso da meditação que possibilita a alma
transcender os hábitos condicionados de cognição, e a oração que permite ao Ser a purificação
das emoções e a elevação do seu padrão vibratório.
Outros caminhos são importantes para transcender o ego e encontrar a Consciência
Cósmica. Goswami (2000) coloca a prática da hierarquia entrelaçada no relacionamento
pessoal, para ir além da hierarquia simples e dos limites estreitos do ego, e a ação da alma que
se concentra em perceber justamente pela ação, que a causa de todas as ações provém de um
nível transcendente.
307
Figura 24
Nessa imagem (Figura 24) podemos ver cinco pessoas de máscaras, todas focadas no
mesmo ponto, como se todas buscassem a unidade, o todo que se constitui de cada parte e que
é constituída por ele. A máscara, segundo Buchbinder (1996), é a cristalização corporal da
estrutura do sujeito, como o mais “externo”, o que se mostra para fora, reflete o mais
“interno”. A máscara aparece como órgão de superfície, como a cristalização no nível da
superfície do mapa fantasmático corporal, expressa o interior do sujeito.
Da esquerda para direita, vemos que a primeira figura está de máscara prateada, a
segunda de máscara dourada, se configuram como a própria lua e o sol no céu; a lua, o
feminino, à noite e o inconsciente, energia de introspecção, de não ação, o sol, o masculino, o
dia e o consciente, energia de expansão e de ação.
A figura do centro está com uma máscara de duas cores; de um lado, amarelo, cor
quente como o sol que brilha na natureza, que se manifesta pela energia masculina do fogo
renovador do espírito e ilumina o Ser. De outro, azul, das águas profundas dos rios e mares,
assim como, das emoções, que se manifestam pela energia feminina e a sensibilidade da alma.
308
O amarelo que está colocado de um lado, também pode representar o hemisfério
cerebral esquerdo, que rege no Ser, a visão linear, analítica, material, racional e pessoal, e o
azul colocado do outro, o hemisfério cerebral direito, que implica a visão criativa, intuitiva,
sintética, sensível, holística e transpessoal, energia receptiva e introspectiva que movimenta a
imaginação simbólica. A máscara que podemos ver com as duas cores, pressupõe assim, a
conexão das mesmas, isto é, na mistura do azul com o amarelo surge o verde, que se constitui
na cor da equilibração e da cura.
A radiação de luz verde se expande pelo ponto de centro, ponto de luz, Consciência
Cósmica que possibilita o alinhamento da energia e a síntese das polaridades; masculino,
feminino, luz, sombra, consciente, inconsciente, inteligível, sensível, objetivo, subjetivo. A
quarta figura está de máscara rosa plenamente entregue as radiações das energias do amor,
que irradia na síntese das dualidades e se expande pela Consciência Cósmica.
O último sujeito está com uma máscara de diversas cores; verde, azul e rosa
sintetizando todas as irradiações e vibrações de energia que permite ao Ser, na vivência de
todos os níveis de consciência, do mais denso ao mais sutil, transcender as máscaras e o Ego,
pelo mergulho na sombra e no inconsciente para encontrar a luz, o espaço de centro, a
Consciência Cósmica.
O inconsciente, concebido como a totalidade subjacente a tudo, tem uma relação de
complementaridade dinâmica e criativa com a Consciência Cósmica. De acordo com Jung
(1982) o inconsciente exerce a função complementar, ajudando a consciência a alargar o seu
campo perceptivo por meio dos sonhos, da fantasia, da imaginação e da produção de
símbolos. A função de complementação aparece principalmente nos sonhos, sendo esses,
expressões simbólicas naturais do inconsciente, linguagem da função religiosa e transcendente
do “Self”.
O mergulho no inconsciente permite ao Ser transcender a mente racional e pelo sensível
conectar-se com a Consciência Cósmica. Nessa outra imagem (Figura 25) podemos perceber a
condensação arquetípica, a interioridade do sujeito revelada. Muitas pessoas dispostas em
círculo, deitadas com o corpo em estado de relaxamento, acalmando a mente tendo acesso em
níveis mais profundos da alma e o contato com o espírito a partir da respiração profunda.
309
Figura 25
No centro do círculo formado pelos corpos das pessoas, o símbolo da estrela de cinco
pontas, o pentagrama, que pressupõe a conexão do sujeito, microcosmo, com o universo
macro, a partir do espaço de centro, Consciência Cósmica. A energia sutil emana da
Consciência Cósmica que habita o Ser e da fonte, do universo, pelo portal de luz, energia em
potencial que em contato com o Ser gera a alquimia. Porém, antes da alquimia, que envolve a
síntese das polaridades para a unidade, o sujeito se confronta com a sombra, muitas vezes com
sofrimento e dor, pois, ocorre um movimento intenso de energias.
A partir da respiração - inspiração e expiração - ocorre à oxigenação de átomos,
moléculas e partículas do Ser, o corpo físico e vibracional é movimentado. A energia vital é
articulada pelo sistema nervoso, endócrino, sanguíneo e imunológico e o espírito é acessado.
Estabelece-se assim, um grande movimento; a luz da Consciência Cósmica vai se expandindo,
gerando pulsações, articulação das polaridades, fluxos de energia que mobilizam informações
contidas no campo, envolvendo tanto o que está no consciente como no inconsciente.
Aquilo que está na sombra do Ser e vem à tona por meio desse movimento, se manifesta
em forma de turbilhão, gerando desequilíbrios em suas vidas, que são necessários, para o
crescimento, catarses profundas que se constituem no corpo, na mente e na alma. A catarse,
310
segundo o termo grego “Kátharsis”, significa a libertação, que gera desequilíbrio com vistas à
reequilibração; manifesta-se como alívio da alma, purgação, para a purificação de todos os
níveis de consciência que possam estar bloqueados, gerando desequilíbrios energéticos e,
consequentemente, doenças do corpo, da alma e da mente.
A partir da expansão da luz da Consciência Cósmica no campo do Ser, o padrão
vibratório é acelerado e modificado. Num primeiro momento, se estabelece a desordem, um
desequilíbrio, em seguida, a reorganização e a ordem, que não tem a ver com certezas, apegos
ou resistências, mas, com uma reequilibração, que possibilita ao Ser a harmonia, a alquimia, o
bem viver, pois, o corpo, a alma e a mente entram em sintonia com a Consciência Cósmica. A
vida passa a ser compreendida como arte e acontecimento, sendo cada momento vivido em
sua plenitude, intensamente no aqui e agora, o que denomino de Estética do Acontecimento
(Parode, 2004).
Existe uma associação entre a ordem e a desordem, sendo o mesmo acontecimento, sob
um aspecto, determinado e, sob outro, aleatório. A teoria dos jogos de acordo com Morin
(2001) é uma grande teoria porque consegue integrar a eventualidade na determinação das
escolhas e das decisões, sem reabsorvê-la.
Segundo o autor, o pensamento científico visa a combinações até a dialógica, entre
ordem e desordem, acaso e necessidade. O interessante é que essa combinação, essa dialógica,
constitui a própria complexidade. “Complexus”, o que é “tecido” junto. O universo de
fenômenos é inseparavelmente tecido de ordem, de desordem e de organização.
A ordem, a desordem e a organização se desenvolvem junto, conflitual e
cooperativamente, e de qualquer modo, inseparavelmente. Não podemos eliminar nenhum
desses termos, diz Morin, que para conceber o mundo dos fenômenos, precisamos sempre
conceber um jogo combinatório entre ordem/desordem/interações/organização... e que essas
são noções transdisciplinares.
Entretanto os tipos de ordem, de desordem e organização são diferentes, do físico para o
biológico, do biológico para o antropossocial e, no campo antropossocial de sociedade para
sociedade. Morin (2001, pág.218) afirma que existe unidade (transdisciplinar) e diversidade,
portanto existe multiplicidade (de acordo com cada campo disciplinar) dos níveis e problemas
de ordem, de desordem e de organização.
Acontece que, para aqueles que vivem sob a influência da simplificação mental, isto é,
do absoluto antagonismo entre o um e o múltiplo, é muito difícil conceber a um só tempo,
unidade e multiplicidade. Nesse sentido, a mente ainda está focada no Ego, na máscara, nas
dualidades, em níveis de consciência mais densos, que não compreende que o que
311
aparentemente causa degradação e desordem para desintegração, pode determinar o processo
de contra ataque que reorganiza de uma nova maneira, pois institui uma nova forma.
E quanto mais complexificação evolutiva, maior a aptidão para tolerar, integrar e
combater a desordem, visto que, o Ser já alcançou outros níveis de consciência mais elevados,
o que quer dizer, que está em ressonância com o Espírito Divino, a Consciência Cósmica.
Assim, transcendendo a simplificação mental, que ultrapassa uma lógica binária, e se
colocando em busca de uma complexificação evolutiva, é que o Ser entra na fluidez da vida.
Ordem, desordem e organização passam a ser noções transdisciplinares, que tomam um
sentido próprio e não redutível nos processos humanos. Conforme Nicolescu (2000, pág. 24),
nenhum processo binário existe no real. Todos os processos são ternários: uma força se
manifesta determinando o dinamismo próprio ao conjunto.
A complexidade é inerente aos sistemas e se constitui pela manifestação de forças
contraditórias. O dinamismo do conjunto é dado de uma maneira complexa, sendo que, as
dualidades se complementam num eterno movimento. As forças contraditórias acabam
criando tensões para que a vida exista e não caia somente na entropia.
E essa é a incessante busca do Ser, um ponto de equilibração, ou neutralidade dessas
tensões, que se constituem num equilíbrio contraditório e antagônico. Assim, o que se pode
entender é que na natureza não existe estrutura dual, toda estrutura é potencializada por um
“neutro”. Nesse sentido, de acordo com Lupasco (2000), a idéia de consciência é importante
porque no sistema neuro-psíquico aparece a “consciência da consciência” ou o “conhecimento
do conhecimento”.
Os sujeitos que aparecem na imagem acima (Figura 24) estão nessa busca incessante, se
permitem a vivência que mobíliza a energia necessária para mente estar na consciência e a
consciência na mente. Essa experiência possibilita a neutralidade das tensões e dualidades e o
encontro com a Consciência Cósmica.
A partir daí, o conhecimento se manifesta intuitivamente pela Inteligência Espiritual,
sendo que a intuição não está separada da razão, conforme Ostrower (1983), ambas
mobilizam a uma só vez todo manancial de inteligência e sensibilidade dos seres, seu
potencial de associações e imaginação e suas necessidades interiores.
O processo intuitivo se manifesta nas vivências, como um caminho de conhecimento
que permite ao sujeito questionar, indagar, apreender e avaliar o real das coisas intuitivamente
e perceber a importância de poder compreender certas coisas, detectar certos padrões que já
não servem mais, entrar em ressonância com o que está em forma para destituí-la de forma,
para compreender de outra maneira e materializar outra forma.
312
O caminho criativo representa um modo dinâmico, um contínuo sair de si em busca de
conteúdos significativos a partir de determinadas intenções para poder agir. A intenção liga-
nos conscientemente aos nossos mecanismos hiperespaciais. Conforme Dubro (2007, pág.68):
A intenção cria uma ondulação no tempo e no espaço por meio da qual o
movimento ocorre. Ao estimular a abertura do vórtice da criação, a intenção
serve como guia e dirige as energias pelos portais interdimensionais. A
intenção sustentada cria a onda de energia que altera o espaço-tempo,
enviando novos eventos para a realidade de nossas vidas.
O processo interdimensional permite a transferência ou o cruzamento de padrões de
energia entre as dimensões. Tais padrões, ligados a Consciência Cósmica, contém o elemento
de mudança necessário dentro do domínio físico da vibração humana. São esses padrões que
criam à mudança e a transformação. Assim a mente, a alma e o corpo, são iluminados pela
Consciência Cósmica.
As vibrações do Todo articulam um movimento em cada parte do Ser, gerando mudança
de padrão, que possibilita ao mesmo, um pensamento transdisciplinar e holístico. Da energia
do Todo se manifesta a matéria que é pura energia, a criação da realidade, e a transmutação do
que está em forma para que se configure uma nova forma.
A transmutação se dá a partir de ondas de radiação de energia, no momento em que os
campos se tornam híbridos; o momento atemporal se revela e o resultado é a renovação da
energia, a expansão da percepção consciente, o reencantamento do viver, a vitalidade, a
purificação mental e emocional. No momento atemporal, momento presente conforme Wilber
(1998) é possível revitalizar, reestruturar átomos, moléculas e células. A partir desse momento
é que ocorrem as metamorfoses no Ser, assim como, a criação de realidades.
A partir da energia do Todo os dois mundos, micro e macrocósmico, são, ao mesmo
tempo, homogêneos e heterogêneos. De acordo com Nicolescu (2000), ocorre uma simetria
cósmica na qual é revelada a dinâmica criadora do “Terceiro incluído”.
O real apresenta-se, segundo o autor, em sua unidade e sua globalidade, em sua total
unidade entre as partes e o Todo, como uma dinâmica do próprio Todo, determinando
constantemente a ordem das partes. A unidade exprime-se na diversidade. Todas as coisas
sendo, ao mesmo tempo, unas e únicas na multiplicidade: unicidade de cada parte, de cada
grão de areia, gota dágua, de cada Ser. A complexidade do vivo decorre, portanto, conforme
Nicolescu (2000), dessa unicidade e das relações invisíveis que a ligam ao Todo.
313
A imagem abaixo (figura 26) é de uma mandala onde os elementos plásticos; linhas,
formas, cores e o jogo de claro e escuro retratam interações entre formas simples e abstratas,
símbolos imagéticos que expressam sensações primordiais e a relação do todo com as partes.
Figura 26
A mandala segundo Chevalier (1990), em suas combinações variadas de círculos e de
outras formas, manifesta o universo espiral material, assim como, a dinâmica das relações de
união do plano tríplice; cósmico, divino e antropológico.
A mandala expressa a unidade de princípio, o sistema do mundo, à descrição do
cosmos. Imagem do mundo ao mesmo tempo sintética e dinamogênica, que tende a superar as
oposições do múltiplo e do uno, do decomposto e do integrado, do diferenciado e do
indiferenciado, do exterior e do interior, do difuso e do concentrado, do visível aparente ao
invisível real, do espaço temporal ao intemporal e extra-espacial.
As relações entre as formas expressas na mandala, mostram as relações entre o céu e a
terra, entre o transcendente e o imanente, exprime uma totalidade entre o homem e o universo.
De acordo com Jung (1973), as imagens da mandala são utilizadas para consolidar o ser
interior ou favorecer a meditação. A contemplação de uma mandala inspira a serenidade, o
sentimento de que a vida reencontrou seu sentido e sua ordem. A mandala, além de ser a
314
expressão e a atualização de potências divinas, é uma imagem psicológica própria para
conduzir à iluminação quem a contempla.
O mundo interior, o imaginário, se externa por meio da imagem que se revela através
das cores em movimento, que se misturam criando formas. O azul escuro no fundo, a volta do
amarelo que contém a estrela de cinco pontas, revela a sutileza da energia celeste em relação à
energia terrestre. Azul do céu, onde a estrela se revela; a Azul do mar, assim, céu e terra se
fundem num espaço ilimitado.
A estrela cor de rosa no centro do desenho simboliza o “self” o “si mesmo”, o Ser, o
microcosmo diluído no macrocosmo, o sujeito, que está de coração aberto, totalmente
entregue ao processo de busca da alquimia interior. A cor rosa se expressa em equilíbrio e
transmutação do que está em forma em si, o que fica evidente no relato do sujeito:
A estrela é o brilho interior e a cor representa o equilíbrio, a transmutação.
O sujeito retoma o brilho interior, o equilíbrio, quando o seu verdadeiro “eu” desperta
para a vida. A partir da alma, a Consciência Cósmica se manifesta e muitas informações do
campo do sujeito que já não servem, são transmutadas, pois se colocam como manifestação
do ego; valores, padrões energéticos, mentais, emocionais e comportamentais.
O amarelo a volta da estrela rosa se manifesta como energia da Consciência Cósmica,
de dentro para fora e em expansão até circular as demais cores em toda a borda da mandala.
Energia que traz o equilíbrio e a clareza da mente do Ser, que em interação com a natureza e a
cultura não se fecha em copas, mas se abre ao universo.
Na fusão do Ser com o cosmos, que ocorre na transcendência pelo sensível, as
possibilidades são dadas a partir do “Self” do Ser que se manifestam pela imagem do centro; a
estrela rosa que brilha e pressupõe a Consciência Cósmica em expansão, de dentro para fora e
de fora para dentro em movimentos vibratórios circulares de interação do Campo de Energia
Humana e Cósmica.
Na física moderna, as cores representam uma porção do espectro das radiações
eletromagnéticas, sendo o espectro da luz visível, do infra - vermelho ao ultra - violeta,
apenas uma pequena parte da fonte de energia. A luz solar reúne de forma equilibrada, todos
os matizes existentes na natureza e a decomposição do raio solar, é composto de uma mistura
de radiações coloridas de comprimento de ondas diferentes.
315
A imagem expressa as cores do arco-íris, que circulam e pulsam girando ao redor da
figura do centro, a estrela flamejante que ilumina a alma. Assim, as cores são vibrações que
emanam do Campo Fundamental; isso, como ondas de luz, fluídos coloridos em constante
movimento. As demais cores da mandala: o violeta, o laranja e o verde, manifestam a
expansão da consciência do Ser que se dilui no todo.
O tom amarelo-dourado surge como a energia espiritual que atua no intelecto e se
manifesta como saber dado pela ampliação da consciência. O laranja, a energia espiritual e
sexual no corpo físico, o vigor, a vitalidade do querer para materializar.
O verde, a energia do equilíbrio, a vibração harmonizadora entre razão e emoção,
fortificante e denominador comum da natureza que simboliza o amor universal, a presença da
Consciência Cósmica no Ser. As linhas circulares formadas pelas cores; verde, laranja, violeta
e azul, unem componentes diferenciados do espaço pictórico, expressando uma plenitude
necessária à representação de entidades existentes no imaginário.
Os fluídos coloridos, segundo Brennan (1987), correm através da forma criada por
ondas permanentes de luz. As cores surgem como os campos vibracionais do sujeito que, em
estesia, entra em interação com os Campos Vibracionais Cósmicos na Experiência Estética
dada através das vivências conscienciais.
Na Experiência Estética, evento que metamorfoseia experiência em significação e gera
fratura na cotidianidade, os Campos Vibracionais Humanos e Cósmicos se tornam híbridos.
Por meio da interação dos campos é que o sujeito na Consciência Cósmica, alcança
harmonização interna, o que se expressa no ambiente externo, no mundo no qual se insere e se
interrelaciona.
Na imagem abaixo (Figura 27), oito pessoas estão dispostas em círculo, de mãos dadas
formam um elo energético e a Consciência Cósmica se constitui de alfa a ômega. Num
primeiro momento, as pessoas focadas em seu ponto de centro, no coração, acessam a
Consciência Cósmica, buscam harmonização consigo, imediatamente, uma interação com os
outros, a natureza e o cosmos.
316
Figura 27
Afirma Lapierre e Dubro (2007), que as interações são conceitos do “espaço superior”
e que para compreendermos nossas interações com os outros, como seres eletromagnéticos,
precisamos dirigir nossa atenção para o hiperespaço, assim como, necessitamos de uma
linguagem conceitual básica. Isto, porque os fenômenos eletromagnéticos e o magnetismo
humano originam-se no espaço superior. Conforme os autores, o eletromagnetismo, como a
luz, é uma onda ou vibração da “Quinta Dimensão” ligada à distorção da geometria do espaço
superior.
Assim, é dentro das dimensões superiores que a alquimia ocorre, entre o Espírito e a
grande quantidade de elementos cooperativos em jogo para criar a natureza, “Tudo o que é”, e
mudar nossas vidas. O diálogo com o Espírito se desenvolve pelo uso consciente dos circuitos
superiores. O cérebro entra em ressonância acústica e magnética, é como uma antena
captando os sinais do campo multidimensional. Em razão de sua estrutura o cérebro, também,
é, de acordo com Lapierre e Dubro, um “prisma” biocristalino que recebe e amplifica sinais
cósmicos.
317
Como um prisma, separa a luz em suas sete cores/freqüências. Essas energias luminosas
estão presentes em graus variados nos sete circuitos cerebrais. À medida que a luz penetra
nesses circuitos, por meio da Experiência Estética, as funções e capacidades dos circuitos
superiores chegam ao Ser, expandindo sua Consciência. Quando se conecta mais
intensamente com sua natureza multidimensional pelos circuitos, liga-se ao Espírito, a
Consciência Cósmica.
O diálogo com o Espírito se desenvolve pelo uso consciente desses circuitos superiores
e é acelerado pela integração e sintonia do complexo DNA/cérebro-Coração/Mente, ou seja,
equilibração das polaridades feminino e masculino, inteligível e sensível. Essa sintonia pode
ser afetada pelo Campo de Energia Humano. O equilíbrio do Campo de Energia Humano
afeta a sintonia do complexo cérebro-sistema nervoso, simultaneamente, os caminhos são
abertos e formados, ativando os circuitos cerebrais e dando passagem à energia luminosa pelo
“tubo de luz” que permeia todos os canais, ou vórtices do Ser, da cabeça a base da coluna
vertebral.
Nessa conexão com as Redes de Energia Cósmica o Ser ativa seu “Eu Divino” a
Consciência Cósmica manifesta em si, à consciência de “si mesmo”, seu Eu Transpessoal.
Assim se religa com sua dimensão multidimensional. Mas, para isso, passa pelo processo
interno de evolução que envolve a manifestação do Espírito na matéria densa.
O processo evolutivo vai acontecendo, quando graus de consciência maiores podem ser
alcançados, o que significa à obtenção de uma complexidade maior dentro dos sistemas.
Quanto maior o número de interações com o universo, tridimensional e multidimensional,
mais se pode adquirir conhecimento e usá-lo com sabedoria. Quanto mais informação se
conseguir obter no universo externo, que envolvem trocas e interações nas diversas
dimensões, maior a complexidade interna.
Laszlo (2008) diz que a informação é uma conexão sutil, quase instantânea, não
evanescente, entre coisas em diferentes locais do espaço e eventos em diferentes instantes do
tempo. Tiller (1997) entende as informações como estruturas organizacionais, que podem ser
neurais em um nível, mas de natureza sutil em outros, que por necessidade fornecem um
arcabouço para a substância do Espírito.
Na medida em que, as pessoas se enxergam como seres multidimensionais, conseguem
compreender que o processo evolutivo implica vivência simultânea de todas as camadas
estruturais de seu Ser, ou seja, de todos os níveis de consciência, do mais denso ao mais sutil,
do corpo físico ao vibracional. Constatam que a negação da vivência de algum desses níveis
318
gera bloqueios de energia, desequilíbrios energéticos, consequentemente, doenças no campo
físico, mental, emocional e espiritual.
Na fluidez com o universo, que implica vivência de todos os níveis de consciência, em
todas as dimensões, os seres descobrem que a evolução humana, que se dá pela ampliação da
consciência é caracterizada pela “descoberta” da existência de “novas” dimensões e circuitos
sintonizáveis dentro de sua própria dinâmica energética. E, é assim, que se tornam
autoconscientes, inteiros, multidimensionais, o que depende do grau de interligação do
equilíbrio e da coerência existentes dentro de sua organização dos sistemas.
As dimensões existem como elementos de criação e tornam-se acessíveis a partir da
própria configuração multidimensional do Ser. Lapierre e Dubro (2007) afirmam que a
consciência em expansão engloba a compreensão de que se pode conscientemente alterar a
dinâmica arquitetural interna. Ao fazer isso o Ser expande a visão angular externa, de modo a
abranger uma fatia maior da criação.
Nessa outra imagem (Figura 28) vemos muitas pessoas em círculo e de mãos dadas,
braços elevados aos céus, buscando a energia Divina irradiada do “Campo fundamental”, de
onde tudo emana e para onde tudo retorna. Cada sujeito está focado em si mesmo, em sua
Divina Presença, assim como, na Consciência Cósmica, em si, e para além de si. Os sujeitos
estão totalmente inteirados entre eles, com a natureza e o cosmos. De olhos fechados na força-
corrente, trocando energia com o grupo, a natureza e o universo, expressam a plenitude, o
arrebatamento, o êxtase e o reencantamento do viver, que acontece quando entram na
dimensão do Espírito.
319
Figura 28
Abaixo dos pés dos sujeitos, um símbolo com as cores violeta, vermelho e verde, evoca
a radiação de luz em cores, com diferentes freqüências e comprimentos de ondas, que
emanam da Rede de Energia Cósmica, da Consciência Cósmica que ilumina o Ser
Multidimensional.
O símbolo para Gadamer (2002), significa a coincidência do fenômeno sensível com o
significado supra-sensível. O símbolo não anula a tensão entre o mundo das idéias e o mundo
dos sentidos. Mas, por causa dessa tensão, é possível a coincidência momentânea e total do
fenômeno com o infinito, o que pressupõe uma pertença íntima do finito com o infinito, a
reunificação da dualidade, que preenche de significado o símbolo.
O símbolo é de um círculo, e dentro deste, um quadrado vermelho e um losango verde.
O círculo manifesta a luz violeta transmutadora do que está em forma para que se constitua
uma nova forma. O círculo pode girar no sentido horário, como um relógio que cronometra o
tempo, mas, num tempo sem tempo. Quando gira para o sentido anti-horário, se manifesta
como um portal onírico que nos convida a penetrar as entranhas do primordial.
320
O quadrado vermelho dentro do círculo pode se configurar, como uma aglomeração de
corpúsculo; uma energia condensada, como um limite que não permite a passagem de um
espaço a outro, algo que paralisa e muitas vezes, gera medo pelo mistério que lhe advém. O
vermelho manifesta, também, a energia de ação, vitalidade, força e de determinação do Ser, a
materialização da forma, do “Campo Fundamental” ao espaço tridimensional.
No plano textual, da manifestação, o vermelho pode expressar o corpo físico, ou a
energia coagulada nesse, circulada pelo Corpo Vibracional em cores; laranja, amarelo, verde,
azul, índigo e violeta - campos energéticos - que quanto mais se afastam do vermelho, mais se
sutilizam.
Na interação do violeta e do vermelho, surge o losango verde, mas é a partir da radiação
do vermelho, que emana e plasma energia, que as cores giram como campos vibracionais,
parte da energia cósmica associada à energia humana, aparece em sucessivas camadas que se
interpenetram cercando uma às, outras revelando o corpo vibracional do Ser
Multidimensional.
De acordo com Brennan (1987) cada camada é composta de vibrações mais altas na
medida em que se afasta do corpo físico aqui representado pela cor vermelho. As cores
manifestam também, as vibrações dos “vórtices rodopiantes”; antenas captadoras e emissoras
de energia que sintonizam informações contidas no espaço multidimensional.
Por outro lado, como forma de conteúdo, o verde pode significar um portal que
possibilita a passagem de uma dimensão à outra, radiação de luz que se constitui como ponto
de referência, do espaço oculto de onde todas as coisas emanam e para onde retornam. O
losango verde no centro da imagem é o símbolo que surge para manifestar a energia de puro
Amor da Consciência Cósmica, que emana do sujeito e do “Campo Fundamental”. Configura-
se como um campo que irradia a energia para equilibração, harmonização e cura do Ser.
De acordo com Capra (1988), o campo é um “continuum” que está presente em todos os
pontos do espaço. Portador de todos os fenômenos materiais, seu movimento possibilita a
materialização da forma. A movimentação do campo, do espaço de centro, como está colocada
a figura do losango verde, expressa a harmonização no campo do corpo, da mente, das emoções
e do espírito e assim se manifesta o Ser Integral, que chamo de multidimensional.
É na fusão dos Campos Vibracionais Humanos e Cósmicos, a partir do sensível, que o
campo passa a ser o centro processador da cura, harmonizador e transmutador da dor e da
forma; isso ocorre pela própria manifestação da Consciência Cósmica ao transmutar
pensamentos e sentimentos, que são padrões de energia que criam realidades pela intenção.
321
A energia se manifesta em forma de ondas. Nesse caso, ondas oriundas da alma, ondas
de intenção da consciência que determina a percepção que forma e também produz a
transformação da energia. Assim, a intenção consciente ou inconsciente converte matéria, em
forma de partículas, na forma de “onda” e transforma a forma de onda em “matéria”. Na sua
forma de onda, a intenção consciente ou inconsciente permite que se entre em ressonância
com o que se quer influenciar.
A Inteligência Espiritual se manifesta pela alma, e é ativada pela Consciência Cósmica
possibilitando essa interinfluenciação. Nesse caso, a elevação da frequência vibratória do
pensamento e do sentimento é muito importante, pois gera a materialização de realidades em
que o sujeito entra na fluidez com o universo. Seu corpo de luz é expandido, ao mesmo tempo,
que irradia essa freqüência vibratória luminosa de seu campo ao meio onde está inserido.
Figura 29
Na imagem acima, (Figura 29), doze pessoas estão sentadas em posição de ”lótus”. Em
círculo, compartilham e socializam suas experiências com felicidade, buscam uma maneira de
322
desfrutar junto de um “presente eterno”. Esse momento que ressalta a importância de cada
minuto vivido possibilita aos sujeitos reencontrar uma amplitude que tinham perdido, ou que
tinha sido relativizada. Se transmuda, de acordo com Maffesoli (1995), em misticismo, isto é,
algo partilhado que favorece uma união misteriosa, ou comunhão.
Os sujeitos se tornam atentos à globalidade das coisas, à reversibilidade dos diversos
elementos dessa globalidade, e a conjunção do material com o imaterial. O importante é estar
junto feliz e amorosamente. Mas a felicidade não é uma felicidade egoísta, mas compartilhada
no grupo, é a felicidade que se pode ter em comum, no lar, no trabalho, na comunidade, em
todos os lugares onde se estiver. Felicidade que toma sentido quando alcança o coletivo.
O grande objetivo dos seres ali presentes não está voltado para o devir, mas para as
manifestações do agora, que iniciam pelo “cuidado de si”, “o encontro com o outro” para
partilhar com ele algumas emoções e sentimentos comuns e a comunhão com a natureza a
cultura e o Cosmos. O maior propósito é a religação, a união para uma felicidade sem fim, que
inicia na conexão com a Consciência Cósmica.
Os sujeitos compartilham com o grupo o que sentem na Experiência Estética, quando o
corpo em sua multidimensionalidade, pelo sensível, entra em interação com o universo, com a
Consciência Cósmica. O Corpo Vibracional interage com os Campos Vibracionais Cósmicos
e o sujeito se dilui no mundo “incorporando-o”, isto é, trazendo o mundo a seu corpo; logo, o
mundo é o sujeito e o sujeito o mundo. Dessa maneira, a individualidade é transcendida e se
manifesta o que Wilber (1998) chama de - “Eu Transpessoal” - Eu que une o sujeito a um
mundo além do espaço e tempo convencionais.
Wilber (1998) coloca que a consciência sem fronteiras se expande muito além dos
limites da mente e do corpo biológico. A consciência sem fronteiras dada por Wilber ultrapassa
a idéia de que de um lado existe o eu (sujeito), e de outro está tudo que não sou eu, o mundo
dos objetos, o meio ambiente, estranho e separado de mim.
A noção do eu expande-se e inclui sem omissões tudo que foi considerado fora do Ser.
Assim, quando a consciência se desloca, a noção de identidade transfere-se para o universo
inteiro, para todas as dimensões e mundos, manifestos e não manifestados, sagrados e profanos
e todos somos Um na Consciência Cósmica.
A Consciência Cósmica ativa a Imaginação Simbólica, que se configura por meio das
imagens simbólicas, sendo a imagem, um enriquecimento, uma maneira de fazer funcionar
todas as potencialidades do espírito. A intuição e a criatividade são reveladas na conexão da
alma com o espírito.
323
A imagem acima revela ainda, um dos símbolos, o pentagrama, proposto na vivência da
jornada de transformação, que denominei “Rota de Ampliação da Consciência”. O símbolo de
acordo com Durand (1988) é inversamente sujeito a muito menos de arbitrário, a muito menos
de “convenção”.
Dado que a re-(a)presentação simbólica jamais pode ser confirmada pela apresentação
pura e simples daquilo que ela significa, o símbolo, em última análise, tem valor apenas por si
próprio. Não podendo figurar a infigurável transcendência, a imagem simbólica é
transfiguração de uma representação concreta através de um sentido para sempre abstrato. O
símbolo é, portanto, uma representação que faz aparecer um sentido secreto; ele é a epifania de
um mistério.
324
A EDUCAÇÃO TRANSDISCIPLINAR E A ESTÉTICA BIOCÓSMICA
A física quântica nos leva a compreender que a abstração não é um simples
intermediário entre nós e a natureza, uma ferramenta para descrever a realidade, mas uma das
partes integrantes, constitutivas da natureza, sendo o maior impacto cultural da revolução
quântica, conforme Nicolescu (1999), o de colocar em questão o dogma filosófico
contemporâneo da existência de um único nível de Realidade.
O autor afirma que os níveis de realidade são radicalmente diferentes dos níveis de
organização, tais como foram definidos nas abordagens sistêmicas. Os níveis de organização
não pressupõem uma ruptura dos conceitos fundamentais: vários níveis de organização
pertencem a um único e mesmo nível de Realidade. Os níveis de organização correspondem a
estruturações diferentes das mesmas leis fundamentais.
Para Nicolescu, o surgimento de níveis de Realidade diferentes no estudo dos sistemas
naturais é um acontecimento de capital importância na história do conhecimento, que pode nos
levar a repensar nossa vida individual e social, assim como, fazer uma nova leitura dos
conhecimentos antigos e explorar de outro modo o conhecimento de nós mesmos aqui e agora.
A “Jornada Arquetípica” proposta no Curso de Formação Multidimensional de
Ampliação de Consciência caminhou nesse sentido, numa conexão com vários níveis de
realidade, para que os sujeitos pelas vivências Estéticas, corporais e simbólicas, pudessem se
colocar no aqui e agora, buscando conhecer a si, mas, também, ao outro, a natureza, a cultura e
o cosmos.
Nessa “Jornada de Transformação”, o corpo físico e vibracional estava colocado como
veículo de ampliação da consciência, possibilitando que cada Ser reencontrasse o seu lugar e
sua verticalidade na realidade multidimensional, a partir da caminhada horizontal e
multireferencial.
Assim as Experiências Estéticas dadas por uma abordagem de Educação
Transdisciplinar, Estética Biocósmica e Psicologia Transpessoal, implicaram vivência de
diferentes níveis de consciência, sendo que, de corpo, mente, alma e espírito, os sujeitos
puderam interagir com os diferentes níveis de Realidade.
Para compreendermos o sentido das vivências, que se tornaram experiências para os
sujeitos, possibilitando a interação com os diferentes níveis de realidade, não se pode deixar de
ressaltar a importância da Complexidade (Morin, 2001), que permite o conhecimento de si
325
mesmo, do outro, da natureza, do cosmos, assim como, a configuração das Imagens simbólicas
e do Ser Multidimensional.
Além de diferentes níveis de Realidade, que implica “Realidade Multidimensional”, e,
das novas lógicas, entre elas a do “Terceiro Incluído” (Nicolescu,1999) no estudo dos sistemas
naturais, a “Complexidade” foi outro fator que se somou para transcendência da visão clássica
do mundo.
Ao longo do século XX, a Complexidade instala-se por toda a parte como um desafio à
nossa própria existência e ao seu sentido. Afirma Morin (2001), que a Complexidade suscita
mal-entendidos e que o primeiro consiste em conceber a Complexidade como receita, como
resposta, em vez de considerá-la como desafio e como motivação para pensar.
O autor considera que a complexidade deve ser um substituto eficaz da simplificação,
mas, que, como a simplificação, vai permitir programar e esclarecer. O autor coloca que o
problema da Complexidade é, antes de tudo, o esforço para conceber um incontornável desafio
que o Real coloca a nossa mente.
O segundo mal-entendido consiste em confundir a complexidade com a completude.
Acontece que o problema da Complexidade não é o da completude, mas o da incompletude do
conhecimento. Num sentido o pensamento complexo tenta dar conta daquilo que o tipo de
pensamento mutilante se desfaz. A Complexidade luta não contra a incompletude, mas contra a
mutilação e a descriminação.
O que fica evidente é que a ambição da complexidade é prestar contas das articulações
despedaçadas pelos cortes entre as disciplinas, entre categorias cognitivas e entre tipos de
conhecimento. De fato, a aspiração à complexidade tende para o conhecimento
multidimensional, que não visa dar todas as informações sobre um fenômeno estudado, mas
respeitar suas diversas dimensões.
Ao aspirar a multidimensionalidade, o pensamento complexo comporta em seu interior
um princípio de incompletude e de incerteza, surge como dificuldade a ser superada a cada
instante, na incessante busca do Ser e não como clareza e resposta.
No campo da complexidade não se pode deixar de considerar o princípio hologramático.
O “Holograma” segundo pesquisadores é a imagem física cujas qualidades de relevo, de cor, e
de presença são devidas ao fato de cada um dos seus pontos incluírem quase toda a informação
do conjunto que ele representa.
Por isso, se constata que não só a parte está no todo, mas também, que o todo está na
parte, sendo que “o todo é maior que a soma de suas partes”. Sendo assim, não se pode
considerar um sistema complexo por uma visão reducionista (que quer compreender o todo
326
partindo somente das qualidades das partes), muito menos, simplista (que pode negligenciar as
partes para compreender unicamente o todo).
Assim é importante compreender que a complicação, a desordem, a contradição, a
dificuldade lógica, os problemas da organização e outros formam o tecido da Complexidade.
Morin (2001, pág. 188) coloca que “Complexus”:
É o que está junto; é o tecido formado por diferentes fios que se
transformaram numa só coisa. Isto é, tudo isso se entrecruza, tudo se
entrelaça para formar a unidade da complexidade; porém, a unidade do
complexus não destrói a variedade e a diversidade das complexidades que
o teceram.
Estar aberto ao diálogo com a contradição, também nos faz fluir na caminhada
evolutiva, a cada dia tecendo a caminhada na teia da vida, buscando a unidade na diversidade.
Desse modo, se possibilita estabelecer uma relação contraditória - complementar entre as
noções fundamentais que nos são necessárias para conceber o universo e a vida que nele se
constitui.
Diferentes faces de uma mesma realidade são aspectos que, evidentemente, precisam se
distinguir e ser tratados como tais, na sua dimensão individual, mas não se pode isolá-los e
torná-los incomunicáveis. Assim as diferentes lógicas podem se unir sem que a dualidade se
perca nessa unidade (isso é o que Morin chama de Unidualidade).
O desafio da Complexidade nos encoraja a prosseguir buscando o conhecimento que se
dá no diálogo, na interação com o Cosmos. O que acontece pelo jogo de luz e sombra, do claro
e escuro que se estabelece pela própria Complexidade, nos permitindo estar na busca incessante
da Unidade, da Totalidade, que se constitui na vivência do “Agora”, quando nos colocamos no
“momento presente”. Conforme o autor, a complexidade não tem metodologia, mas pode ter
seu método.
Sendo assim, podemos compreender que o método da complexidade nos possibilita
pensar nos conceitos sem dá-los por concluídos, uma abertura que rompe com as esferas
fechadas, para restabelecer articulações entre o que foi separado, para que se possa fluir na
“Multidimensionalidade”, e pensarmos na singularidade com a localidade e a temporalidade,
sem esquecermos jamais as totalidades integradoras.
A Complexidade nutre-se da explosão da pesquisa disciplinar e, por sua vez, a
Complexidade determina a aceleração da multiplicação das disciplinas. A cada dia ocorre a
expansão do universo disciplinar. De maneira inevitável, o campo de cada disciplina torna-se
327
cada vez mais estreito, fazendo com que a comunicação entre elas se torne mais difícil, quase
impossível.
Nicolescu (1999) afirma que a necessidade indispensável de laços entre as diferentes
disciplinas traduziu-se pelo surgimento, na metade do século XX, da pluridisciplinaridade e da
inter-disciplinaridade. A pluridisciplinaridade diz respeito ao estudo de um objeto de uma
mesma e única disciplina por varias disciplinas ao mesmo tempo.
A abordagem pluridisciplinar ultrapassa as disciplimas, mas sua finalidade continua
inscrita na estrutura da pesquisa disciplinar. A interdisciplinaridade tem uma ambição diferente
daquela da pluridisciplinaridade. Afirma o autor, que ela diz respeito à transferência de
métodos de uma disciplina para outra.
Como a pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade ultrapassa as disciplinas, mas sua
finalidade também permanece inscrita na pesquisa disciplinar. Pelo seu terceiro grau, a
interdisciplinaridade chega a contribuir para o big-bang disciplinar.
A transdisciplinaridade, como o prefixo “trans” indica, diz respeito aquilo que está, ao
mesmo tempo, entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e, além, de qualquer
disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é
a unidade do conhecimento.
Diante de vários níveis de Realidade, o espaço entre as disciplinas e além delas está
cheio, como o vazio quântico está cheio de todas as potencialidades: da partícula quântica as
galáxias, do quark aos elementos pesados que condicionam o aparecimento da vida no
universo.
A estrutura descontínua dos níveis de realidade determina a estrutura descontinua do
espaço transdisciplinar, que, por sua vez, explica porque a pesquisa transdisciplinar é
radicalmente distinta da pesquisa disciplinar, mesmo sendo complementar a esta. A pesquisa
disciplinar diz respeito, no máximo, a um único e mesmo nível de realidade; aliás, na maioria
dos casos, ela só diz respeito a fragmentos de um único e mesmo nível de realidade.
Por outro lado, coloca Nicolescu (1999), que a “Transdisciplinaridade” se interessa pela
dinâmica gerada pela ação de vários níveis de realidade ao mesmo tempo. A descoberta desta
dinâmica passa necessariamente pelo conhecimento disciplinar. Embora a
“Transdisciplinaridade” não seja uma nova disciplina, nem uma nova hiperdisciplina, alimenta-
se da pesquisa disciplinar que, por sua vez, é iluminada de maneira nova e fecunda pelo
conhecimento transdisciplinar.
Neste sentido, as pesquisas disciplinares e transdisciplinares não são antagonistas, mas
complementares, sendo os três pilares da transdiscilinaridade – os níveis de realidade, a lógica
328
do terceiro incluído e a complexidade, que determinam a metodologia da pesquisa
transdisciplinar.
Da mesma forma, a maior ou menor satisfação dos três pilares metodológicos da
pesquisa transdisciplinar gera diferentes graus de transdisciplinaridade. A pesquisa
transdisciplinar, de acordo com Nicolescu, correspondente a um certo grau de
“Transdisciplinaridade”, que se aproximará mais da multidisciplinaridade (como no caso da
ética); num outro grau, se aproximará mais da interdisciplinaridade (como no caso da
epistemologia); e ainda num outro grau, se aproximará mais da disciplinaridade.
O autor coloca ainda, que a disciplinaridade, a pluridisciplinaridade, a
interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são as quatro flechas de um único e mesmo arco:
o do conhecimento. Como no caso da disciplinaridade, a pesquisa transdisciplinar não é
antagonista, mas complementar à pesquisa pluri e interdisciplinar.
A Transdisciplinaridade é, no entanto, radicalmente distinta da pluri e da
interdisciplinaridade, por sua finalidade: a compreensão do mundo presente, impossível de ser
inscrita na pesquisa disciplinar. A finalidade da pluri e da interdisciplinaridade sempre é a
pesquisa disciplinar.
Diz Nicolescu, que se a transdisciplinaridade é tão frequentemente confundida com a
inter e a pluridisciplinaridade (como, aliás, a interdisciplinaridade é tão frequentemente
confundida com a pluridisciplinaridade), isto se explica em grande parte pelo fato de que todas
as três ultrapassam as disciplinas. Esta confusão é muito prejudicial, na medida em que,
esconde as diferentes finalidades destas três novas abordagens.
Embora reconhecendo o caráter radicalmente distinto da transdisciplinaridade em
relação à disciplinaridade, à pluridisciplinaridade, Nicolescu coloca que seria extremamente
perigoso absolutizar esta distinção, pois neste caso a transdisciplinaridade seria esvaziada de
todo seu conteúdo e sua eficácia na ação reduzida a nada.
A unidade que liga todos os níveis de realidade, se existir, deve necessariamente ser
uma unidade aberta; é preciso considerar que o conjunto dos níveis de realidade prolongue-se
para uma zona de não-resistência às nossas experiências, representações, descrições, imagens
ou formalizações matemáticas.
Esta zona de não-resistência corresponde, em nosso modelo de realidade, conforme o
autor, ao “real velado”. O nível mais ‘alto’ e o nível mais ‘baixo’ do conjunto dos níveis de
Realidade unem-se através de uma zona de transparência absoluta mostra-se como um véu, do
ponto de vista de nossas experiências, representações, descrições, imagens ou formalizações
matemáticas. De fato, a unidade aberta do mundo implica que aquilo que está ‘embaixo’ é
329
como o que está em ‘cima’. O isomorfismo entre o ‘alto’ e o ‘baixo’ é restabelecido pela zona
de não-resistência.
Assevera Nicolescu, que a não-resistência desta zona de transparência absoluta deve-se,
simplesmente, aos limites de nosso corpo e de nossos órgãos dos sentidos, quaisquer que sejam
os instrumentos de medida que prolonguem estes órgãos. Se afirmamos o limite de nosso corpo
e de nossos órgãos dos sentidos, a afirmação de um conhecimento humano infinito (que exclua
qualquer zona de não-resistência), parece-nos uma mágica lingüística.
A zona de não-resistência corresponde ao sagrado, isto é, áquilo que não se submete a
nenhuma racionalização. A proclamação da existência de um único nível de realidade elimina o
sagrado, as custas da autodestruição desse mesmo nível.
O conjunto dos níveis de realidade e sua zona complementar de não-resistência
constituem o objeto transdisciplinar. Na visão transdisciplinar, a pluralidade complexa e a
unidade aberta são duas facetas de uma única e mesma realidade.
Um novo Princípio de Realidade emerge da co-existência entre a pluralidade complexa
e a unidade aberta: nenhum nível de Realidade constitui um lugar privilegiado de onde
possamos compreender todos os outros níveis de Realidade. Um nível de realidade é aquilo que
é porque todos os outros níveis existem ao mesmo tempo.
Este Princípio de Relatividade dá origem a uma nova abordagem a religião, a política, e
arte, a educação, a vida social. E quando nossa visão de mundo muda, o mundo muda.
Nicolescu (1999) afirma que, na visão transdisicplinar, a Realidade não é apenas
multidimensional é também multireferencial.
Os diferentes níveis de Realidade são acessíveis ao conhecimento humano graças à
existência de diferentes níveis de percepção, que se acham em correspondência biunívoca com
os níveis de Realidade. Estes níveis de percepção permitem uma visão cada vez mais geral,
unificante, englobante da Realidade, sem jamais esgotá-la completamente.
A coerência dos níveis de percepção pressupõe, como no caso dos níveis de Realidade,
uma zona de não-resistência à percepção. O conjunto dos níveis de percepção e sua zona
complementar de não-resistência constituem o Sujeito transdisciplinar, que chamo de
Multidimensional.
As duas zonas de não-resistência do Objeto e do Sujeito transdisciplinares devem ser
idênticas para que o Sujeito transdisciplinar possa se comunicar com o Objeto transdisciplinar.
Ao fluxo de informação que atravessa de maneira coerente os diferentes níveis de realidade
corresponde um fluxo de consciência, atravessando de maneira coerente os diferentes níveis de
percepção.
330
O autor coloca que os dois fluxos estão numa relação de isomorfismo graças à
existência de uma única e mesma zona de não-resistência. O conhecimento não é nem exterior
nem interior: é, ao mesmo tempo, exterior e interior. O estudo do Universo e o estudo do ser
humano sustentam-se mutuamente.
A zona de não-resistência desempenha o papel do terceiro secretamente incluído, que
conforme Nicolescu permite a unificação, em suas diferenças, do Sujeito transdisciplinar e do
Objeto transdisciplinar.
Assim, podemos entender que o papel do terceiro termo explícita ou secretamente
incluído, no novo modelo transdisciplinar de Realidade, não é tão surpreendente, pois por meio
da unificação de opostos presentes em nossa consciência, retornaremos ao nosso estado original
de unidade.
As palavras “três” e “trans” têm a mesma raiz etimológica: ‘três’ significa ‘a
transgressão do dois, o que vai além do dois’. O três pode ser entendido como o dois em um - A
síntese - que é o paradoxo de unidade versus singularidade, unidade versus dualidade,
polaridade. Esse é o grande mistério de nossa natureza espiritual, e, ir além do dois é a grande
busca do Ser.
O “trans”, transgride, vai mais além, transita, transmuta e permite transcender as
dualidades, as polaridades, para encontrar a unidade, totalidade. Na visão mística, espiritual,
podemos entender que o terceiro se constitui na própria “Tríade Divina”, Pai, Filho e Espírito
Santo.
No casamento do Espírito, do Pai, o masculino, o criador, o “Sopro Divino”, com a
Alma, a Mãe, o feminino, se estabelece à vida. A síntese e a unificação das polaridades das
energias do Pai e da Mãe se traduzem no Filho - O Cristo Redentor e salvador. O Espírito Santo
é o “consolador”, energia Divina de puro amor. Assim a síntese das dualidades masculino/
feminino - Pai e Espírito Santo gera um terceiro elemento, o Filho, energia de unificação que
permite a fusão alquímica de todos os opostos que guardamos em nosso Ser
No Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência, a vivência de
cada módulo implica “Jornada Arquetípica” de “Transformação”, pela mediação da Educação
Transdisciplinar e da Estética Biocósmica, a Arte Vibracional coloca o sujeito em contato com
essa energia de unificação que permite a fusão alquímica, pela transgressão das dualidades.
A Transdisciplinaridade, de acordo com Nicolescu, é a transgressão da dualidade que
opõe os pares binários masculino/feminino, sujeito/objeto, subjetividade/objetividade,
matéria/consciência, natureza/divino, simplicidade/complexidade, reducionismo/holismo,
331
diversidade/unidade. Esta dualidade é transgredida pela unidade aberta que engloba tanto o
Universo como o ser humano.
Nesse caso, a unidade aberta que Nicolescu se refere pode ser compreendida, também,
na tríade Ser/Natureza /Cosmos, na conexão do Ser com a natureza e o cosmos, na idéia de não
separação entre ambos, o que não deixa de ser a vivência do Ser em todos os níveis de
consciência e de Realidade que lhe remete a Unidade.
Para o autor, o modelo “Transdisciplinar de Realidade”, tem conseqüências
particularmente importantes no estudo da complexidade. A complexidade, sem seu pólo
contraditório, a simplicidade - aparece como uma distância cada vez maior entre o ser humano
e a Realidade, introduzindo uma alienação autodestrutiva do ser humano, mergulhado no
absurdo de seu destino.
À Complexidade infinita do Objeto Transdisciplinar responde a simplicidade infinita do
Sujeito transdisciplinar, da mesma forma que a complexidade terrificante de um único nível de
Realidade pode significar a simplicidade harmoniosa de um outro nível de Realidade.
A unidade aberta entre o Objeto transdisciplinar e o Sujeito transdisciplinar se traduz
pela orientação coerente do fluxo de informação que atravessa os níveis de Realidade e pelo
fluxo de consciência que atravessa os níveis de percepção. Esta orientação coerente dá um novo
sentido à verticalidade do ser humano no mundo.
Em lugar da postura ereta sobre esta terra devida à lei de gravidade universal, a visão
transdisciplinar propõe a verticalidade consciente e cósmica da passagem por meio de
diferentes níveis de Realidade. De acordo com Nicolescu, é esta verticalidade que constitui na
visão transdisciplinar, o fundamento de todo projeto social viável.
A visão do “Ser Multidimensional” é transdisciplinar e se dá a partir da verticalidade.
Mas é no cruzamento da verticalidade com a horizontalidade, que se coloca no mundo focado
na criação de unidade e de igualdade entre masculino e feminino e todos os opostos que se
manifestam em seu interior, e esse é o caminho de transformação.
Sua mente desperta tem a habilidade de ver a unidade e ainda assim viver na
diversidade da vida. Na verticalidade se fortalece para andar em sintonia com a ordem cósmica
e colocá-la em sua plenitude na jornada horizontal, em sua vida cotidiana, vencendo tanto os
desafios da mente, das emoções e dos instintos, quanto, a complexidade das estruturas
alienantes de seu tempo e, também, das disciplinas.
Para enfrentar os desafios que se apresentam; o ritmo acelerado da vida, com uma
aceleração, também, de todos os meios de informação e do saber, cria um caminho de conexão
com as diversas dimensões de Realidade.
332
Na verticalidade é que o Ser Multidimensional consegue manter a lucidez e agir sobre o
próprio saber, tomando consciência da vida e de seu poder de realização. No movimento de
seus pensamentos, idéias e ações o Ser busca caminhos para alterar a ordem das coisas.
O alcance de novos níveis de consciência pelo Ser se transforma em novas ações, que
certamente lhe permite alterar a ordem das coisas. Mas, para essa alteração, há que ter primeiro
regra, disciplina, assim como, em transdisciplinaridade. Por outro lado, não se pode deixar de
considerar o “trans”, o que vai mais além, além da disciplina. O que transcende a regra, a
convenção permitindo um reequilíbrio entre o ser interno e o saber.
No ritmo extremamente acelerado da vida transcender a regra é, também, dispor de
tempo não só para o “negócio”, mas, para o “ócio”, o lazer e o prazer, a criação, a
contemplação, a oração e a meditação. Assim, é na conexão com a verticalidade, na fluidez
com as diferentes Realidades que conseguimos ser “Trans”, nunca deixando de lado o sonho, a
viagem da mente e da consciência, as flutuações da nossa imaginação.
O sonho e o pensamento estão estreitamente ligados, sobretudo nos momentos em que
as sociedades sonham-se a si mesmas. É importante, pois, saber acompanhar esses sonhos,
tanto mais que sua negação é, em geral, uma constante de todas as ditaduras. Maffesoli (1995,
pág. 11) afirma:
Que estas não possuem mais a face brutal que foi a sua, durante toda a
modernidade. Elas tomam o aspecto aprazível e bastante asséptico da
felicidade tarifada ao menor preço. A ditadura contemporânea não consiste
mais no fato, salvo exceções notáveis, de indivíduos sanguinários e cruéis,
ela é anônima, doce, dissimulada. Ela é, sobretudo, não-consciente do que
é, ou do que faz, e se empenha, em total boa fé, em promover o
sacrossanto principio de realidade utilitarista. E desse modo extirpa, de fato,
a faculdade onírica. Nesse sentido, ela não exprime senão uma constante
da historia humana: os poderes dormem em paz, enquanto ninguém pode
mais, não sabe mais ou não mais ousa sonhar.
Por isso mesmo, o momento requer que estejamos plenamente atentos, prestando
atenção não só ao que acontece lá fora, mas, principalmente, dentro de cada um de nós. Ousar
sonhar faz parte desse momento de complexidade que se vive. A vivência no presente nos
coloca na plenitude da consciência, e o poder da consciência manifesto no “Agora” instiga a
faculdade onírica, a imaginação.
Nesse sentido, não há ditadura ou outro tipo de sistema, mesmo que se diga
“democrático”, que nos faça abrir mão de sonhos que podem ser compartilhados na vida
333
quotidiana com emoção e pura vibração nos possibilitando o reencantamento do viver. Até
porque o ideal dito “democrático” está saturado.
Conforme Maffesoli (1995), o ideal democrático, societário está em vias de ser
substituído por aquilo que podemos chamar de ideal comunitário. O que nos possibilita uma
conjunção total, em que não estamos apenas “girando em torno de nosso umbigo”, atentos
apenas a nós mesmos, mas à globalidade das coisas, à reversibilidade dos diversos elementos
dessa globalidade e à conjunção do material com o imaterial.
A Estética Biocósmica tende a favorecer esta conjunção, um estar junto de corpo e
alma, que não está voltado para o devir, mas empenha-se na vivência prazerosa do “Agora”. O
Ser, a partir de uma caminhada na vertical, transcende as barreiras do tempo e do espaço, e
transitando as diversas Realidades com fluidez, vai partilhando sentimentos comuns com todos
os seres em todos os níveis de consciência e encontrando a si mesmo, a natureza, a cultura e o
cosmos.
Nessa conjunção total em que estamos atentos, a dinâmica paradoxal da vida, por uma
percepção global que não desconsidera as dualidades, pois entende que estas se conjugam numa
sinergia criadora, se ressalta a importância da expansão da consciência que possibilita
transcender as dualidades e integrar as dimensões estéticas (oníricas, lúdicas e simbólicas).
No desenvolvimento do Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da
Consciência, a partir das propostas de vivências estéticas, corporais e simbólicas, dadas pela
Arte Vibracional, se constata que as dualidades são transcendidas e as dimensões estéticas se
manifestam por meio da Imaginação Simbólica e de Imagens que se revelam ao sujeito. Para
Maffesoli (1995, pág. 103) a imagem é uma espécie de “mesocosmo”, um mundo do meio entre
o macro e microcosmo, entre o universal e o concreto, entre a espécie e o individuo, entre o
geral e o particular. Donde sua eficácia própria é aquilo que ela representa.
A imagem se traduz numa cosmovisão que possibilita uma espécie de concepção global
do mundo. Além das diversas separações do pensamento distintivo, enfatiza a organicidade do
todo e a complementaridade dos diversos elementos desse todo.
A imagem permite, além ou aquém das mediações, aceder a uma espécie de
conhecimento direto, conhecimento vindo da partilha, da colocação em comum das idéias, mas,
também, das experiências, dos modos de vida e das maneiras de ser. A imagem é uma energia
que faz funcionar todas as potencialidades do espírito.
O conceito de símbolo é antigo nas ciências, tanto físicas quanto humanas, mas,
Byington (1991) afirma que, a partir dos estudos da formação e de transformação da
consciência pertencente a uma realidade psíquica não alienada do mundo, percebemos que
334
antes das polaridades se formarem na consciência, mesmo as polaridades subjetivo-objetivo e
eu-outro estão reunidas dentro do símbolo.
A partir dessa perspectiva, o símbolo se torna o conceito central da psicologia, pois
passa a operar como intermediador simultâneo entre os processos conscientes e inconscientes,
entre o individual e o cultural e entre o subjetivo e o objetivo. Nessas funções, o símbolo se
torna o grande transformador da energia psíquica é o ponto de união entre subjetivo e objetivo.
A consciência funciona por meio de polaridades e ao descobrirmos que os símbolos
contêm as polaridades, também podemos entender que eles podem ser considerados a fonte de
formação e de transformação da consciência. Byngton (1991), afirma que é o símbolo que dá
origem à formação da polaridade do ego-outro na consciência, seja este outro natureza, corpo,
sociedade ou até mesmo idéias e emoções.
A vivência dos símbolos que sintetiza todas as vivências realizadas em cada módulo
gerou tanto, formação, quanto, transformação da consciência dos sujeitos desta pesquisa. Pela
mediação da Educação Transdisciplinar e da Estética Biocósmica, a Consciência Cósmica
manifesta na alma, configurou as Imagens, a Imaginação Simbólica e o Ser Multidimensional,
instituindo o conhecimento intuitivo e a criatividade.
A “Jornada Arquetípica” proporcionada pela vivência de cada símbolo, nos doze
módulos do Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência, certamente
implicou “Jornada de Transformação” e de “formação”, o que se constata pelos relatos dos
alunos nas atividades propostas no transcorrer dos módulos, e, por meio de algumas Imagens
Simbólicas que foram selecionadas.
Um dos alunos afirmou: “cada encontro do curso foi uma aventura onde vivenciava o
conteúdo estudado, e que cada momento foi uma descoberta em que foi possível se perceber no
´agora`, experimentar outras dimensões, sentir como se relacionava consigo mesmo e com os
outros. Era muito interessante sentir que os conteúdos vivenciados em cada módulo estavam
conectados com o momento pessoal de cada participante.
O sentido é dado a partir da própria Experiência Estética dos sujeitos nas vivências
estéticas, corporais, simbólicas e no caráter reflexivo da significação. O registro dos textos e
das imagens mostra o que sentiram durante o processo da Experiência Estética e o que resulta
como sentido para eles.
A própria fala e as imagens colocadas pelos sujeitos garantem a amplidão do fenômeno
de compreender, que de acordo com Gadamer(2002), pertence ao Ser daquilo que é
compreendido. O Ser interpreta sua própria vivência e compreende o que necessita
335
compreender e isso se constitui no que o autor chama de consciência hermenêutica, que é dada
a partir de uma experiência real. Outro participante do curso coloca o seguinte:
Cada encontro era um mergulho dentro de nós mesmos, o que nos fazia
perceber as fragilidades, apegos, medos, pontos fortes e tudo mais...
quantos questionamentos, quantas informações, o que fazer... fomos aos
poucos aprendendo a lidar com tudo isso...e, então, em outro momento,
recebi símbolos que me auxiliavam no meu centramento, em estar mais
presente em cada momento...a partir daí, foi possível perceber que tudo
está interligado.
A seguir temos as imagens simbólicas visualizadas pelo sujeito acima. Nesta primeira
imagem podemos ver um ponto central de cor vermelho intenso, vivo, cor de sangue, com
focos de tonalidade, branco e a volta o dourado, muitos raios de luz dourado e prateado
irradiando do centro. Bem no fundo de onde esse ponto central emana, um tom de vermelho
mais escuro, que, também, irradia luz prateada e dourada. Num determinado ponto da figura as
duas cores se tornam híbridas.
Figura 30
336
No centro da imagem o ponto central aparece como um olho vermelho flutuante, olho
do sujeito que mergulha em si mesmo, o que fica evidente na fala “cada encontro era um
mergulho dentro de nós mesmos”, e estar na via da vida, transitando entre a noite e o dia,
captando a energia do sol e da lua, do consciente e do inconsciente, vivendo momentos de
claridade e de sombra. Ao mesmo tempo, a imagem se instaura como um sol vermelho
intenso, que irradia luz e força para o sujeito gerando a Unidade, quando este se entrega a esse
mergulho interior.
A luz se manifesta como espelho da alma, que reflete a transcendência e nos remete a
imagens primordiais, aos arquétipos. Segundo Jung (1987) no fundo do ser de cada pessoa
encontra-se a mitologia da transcendência - imagens primordiais ou arquétipos, que são
coletivas, transcendentes. Os métodos básicos (imaginativos e mitológicos) de compreender a
realidade são os arquétipos.
A vida como sabemos é energia, vibração, que nos permite compreender a realidade
pelos arquétipos. As cores constituem uma escala sensível e elevada dessas vibrações; elas
modificam e influenciam profundamente nossas energias vitais e nossas emoções.
Capra (1988) diz que na física atômica, situações paradoxais estão ligadas à natureza da
luz. De acordo com o autor, a ação da luz situa-se num nível vibratório que qualifica de
subatômico; nível no qual a partícula menor parece não ser nada mais do que uma roda do
universo, um complemento que depende do “Todo”.
O sol vermelho pode ser visto como a Unidade, uma manifestação Divina, a
Consciência Cósmica, a fonte de luz, de calor, a energia e a vida. Segundo Chevalier e
Gheerbrant (2002), os raios do sol emanam energias vitais que propiciam o despertar e o
ascender da luz interior. No texto o sujeito ao colocar “recebi símbolos que me auxiliavam no
meu centramento, em estar mais presente em cada momento” demonstra estar na busca da
Unidade que tem a ver com o despertar de sua luz interior. Assim fica evidente que o símbolo
atua não somente no processo de equilibração do sujeito, como coloca na presença do
“agora”.
Mas a imagem como tal não é um símbolo, de acordo com Gadamer (2002), não
somente porque os símbolos não precisam ser imagens; eles realizam sua função de fazer às
vezes de outro através de sua pura presença e do seu mostrar-se, mas a partir de si mesmos
não dizem nada sobre o simbolizado.
A imagem, também representa, mas, por meio de si mesma e do incremento de
significado que proporciona. Isso significa que na imagem, o representado - o “original” - está
mais presente, de modo mais autêntico, como é verdadeiramente.
337
O símbolo remonta à sua instituição (função do símbolo), pois, conforme Gadamer é só
esta que lhe confere o caráter representativo. Assim o que lhe atribui seu significado não é o
seu próprio conteúdo ontológico, mas justamente uma instituição, uma investidura, uma
consagração; ela dá significado ao que em si não tem significado.
Figura 31
O que se pode perceber nesta segunda imagem simbólica é justamente essa consagração
do símbolo que não diz nada sobre o simbolizado, mas fala por si mesmo. A seguir o sujeito
coloca que:
Foi uma ampliação de consciência me perceber de maneira ampliada e
conectada com todas as partes, sabendo da importância de fazer novas
escolhas para materializar realidades saudáveis, alegres. sentir claramente
a responsabilidade sobre minhas escolhas.
338
Assim, podemos visualizar nessa imagem simbólica, realizada pelo sujeito acima, após
a vivência de alguns módulos, pontos em comum com a figura anterior: uma forma circular
no centro e quase as mesmas cores da outra imagem. Uma cruz dourada, parecendo, também,
filamentos do sistema nervoso, cortando uma forma meio ovóide prateada em quatro partes
iguais.
Nas extremidades dessa cruz ou filamento, que se coloca na linha vertical, podemos ver
uma figura geométrica, um losango vermelho, em cima - que irradia raios de luz vermelho
para cima - e outro, em baixo - que irradia luz para baixo. No centro da figura, uma bola azul
com branco cristalino.
De acordo com Nise da Silveira (2001) as imagens circulares são ordenadoras,
simbolizam esforços instintivos para individuação, indicam possibilidades de reestruturação
da personalidade em novas bases. O que se pode perceber na seguinte fala “sabendo da
importância de fazer novas escolhas para materializar realidades saudáveis, alegres... sentir
claramente a responsabilidade sobre minhas escolhas”.
Todo o texto iconográfico desse sujeito está permeado pela busca de maior inteireza e
sentido para a sua existência, levando-o a consciência ampliada. Mas isso implica que vença
suas fragilidades, supere suas limitações e medos, além disso, transcenda as emoções e os
pensamentos negativos. Dessa maneira, “sabendo da importância de fazer novas escolhas”
poderá materializar realidades saudáveis, alegres.
Na figura acima, a linha vertical é cruzada por uma linha horizontal formando uma cruz.
Na cruz o sujeito encontra a “salvação”, o corpo se rendendo ao espírito, expande a
consciência e encontra o “Espírito Divino”, a Consciência sem limites, a Unidade, Totalidade.
Na linha horizontal, na dimensão terrena coloca o “Saber” adquirido no Todo, “Saber” que
não pode ser separado do “Ser”.
Assim, ancora nessa dimensão, toda energia luminosa, energia vital, de força, irradiada
no cruzamento das linhas, quando a matéria se rende ao espírito, e essa luminosidade se faz
presente nos losangos vermelhos de cima e de baixo, e, então, o “Saber” do sujeito passa a ser
seu “Ser”.
Nos quatro pólos expressados pela cor prateada da forma ovóide, a energia circula por
meio dos filetes dourados, das linhas horizontais e verticais, como no próprio sistema
nervoso, endócrino, sanguíneo e imunológico, podendo gerar a equilibração, e, cada vez mais,
a ampliação da consciência do Ser. A cor prateada da forma ovóide, o inconsciente que vem à
consciência, a sombra que vem à luz, quando a Inteligência Espiritual é ativada e a energia
luminosa da Consciência Cósmica se expande pelos filetes dourados.
339
A figura no meio, no cruzamento das linhas verticais e horizontais douradas é como um
“Sol central que irradia luzou um “Olho Divino Azul”, “Olho da Consciência” que reflete
no sujeito à própria força de sua mente e do seu coração. O que lhe faz sentir a
responsabilidade sobre suas escolhas, como ele mesmo afirma “sentir responsabilidade sobre
minhas escolhas”.
O movimento de reversibilidade do coração e da mente pode gerar novas formas de
“Ser e Estar” no mundo, pela superação da fragmentação, das dualidades - o Ser encontra à
Consciência Cósmica, a Unidade na dimensão terrena. O que fica evidente na colocação do
sujeito - “foi uma ampliação de consciência me perceber de maneira ampliada e conectada
com todas as partes”.
“O Sol central” ou o “Olho Divino azul”, exercem uma função semelhante, a da
Consciência Cósmica. De acordo com Durand (1997), o sol significa, antes de tudo, luz, e luz
suprema. Na tradição medieval, Cristo é constantemente comparado ao sol. O olho, assim
como, o sol, é o símbolo central, o qual se refere ao corpo da sabedoria e da transcendência.
Conforme Chevalier e Gheerbrant (2002), o Olho Divino que tudo vê é representado
pelo sol, é o olho do mundo. O olho é o buraco no alto, porta do sol; o olhar divino que abraça
o cosmos, mas, igualmente é a passagem obrigatória para saída do cosmos.
Além das imagens simbólicas acima apresento outros trabalhos desenvolvidos pelos
alunos a partir das propostas vivenciais. Selecionei imagens e alguns textos que estarão
representando os demais na interpretação hermenêutica. Gadamer (2002) coloca que a
hermenêutica engloba a Experiência Estética e se legitima a partir da experiência de
constituição de sentido.
Os dois desenhos a seguir foram realizados depois de uma prática em grupo, no módulo
II, na proposta de vivências de acoplamento e circulação da energia – se referem à vivência II
- A alma, o feminino - a substância metafísica e o eu. A primeira atividade proposta se refere
a um desenho que tem a ver com o momento de vida do sujeito.
De acordo com Ormezzano (1996), desenhar não é simplesmente copiar a natureza, mas
implica conhecer e apropriar-se do mundo, expressar o conhecimento e os sentimentos
implicados com o mundo interior e exterior.
Nesta primeira figura podemos observar o desenho de uma forma ovóide muito
colorida, com predominância das cores laranja, branco e vermelho na parte central, à volta, o
amarelo. Irradiando do centro e sobre o amarelo, linhas azuis e vermelhas. No desenho o
sujeito expressa os padrões de energia que tem consciência que lhe condicionam.
340
Figura 32
Ao colocar as cores, linhas e formas, o sujeito constata: o desenho é o meu campo
energético ativado pela prática e a minha percepção”. A forma ovóide tem uma relação
direta com a criação, o poder criador da luz. Conforme Chevalier e Gheerbrant (2002, pág.
672): O ovo, considerado como aquele que contém o germe e a partir do qual se desenvolverá
a manifestação, é um símbolo universal e explica-se por si mesmo. O ovo é uma realidade
primordial e uma imagem do mundo e da perfeição.
O desenho nesta forma ovóide revela o quanto o sujeito tem consciência de que o
contato com a realidade primordial, com o Todo, com a Consciência Cósmica, lhe possibilita
olhar para a sombra e se destituir de suas máscaras, de padrões mentais e emocionais que lhe
condicionam. Ao reconhecer as imperfeições que fazem parte do humano, ativa a aspiração e
os esforços de aperfeiçoamento de sua alma, indo em busca de autotransformação e formação.
A cor laranja na figura é a própria energia de criação do sujeito, que está sendo
mobilizada para a manifestação de uma nova forma e de um novo padrão de “Ser e Estar” no
mundo. O vermelho, energia de materialização, vitalidade, força e o querer para transcender a
mente racional e as polaridades. O amarelo se manifesta como a sabedoria, à energia que traz
341
a clareza da mente. O branco a iluminação, a fé, a confiança, o discernimento, a paz e a
tranqüilidade, a luz que ilumina o sujeito para que se deixe fluir pela realidade primordial.
Se deixar fluir por essa realidade é permitir-se ativar diariamente o campo energético, o
corpo físico e vibracional. Fazer conexões com as dimensões mais sutis por meio de orações,
meditações, relaxamento e oxigenação com irradiação de luzes e cores. Assim a Consciência
Cósmica se manifesta e a Inteligência Espiritual e a Imaginação Simbólica são ativadas; a
percepção, o sentimento, a intuição, a criatividade e a consciência ampliadas. A partir daí,
novos conhecimentos são gerados, pois o Ser Multidimensional se constitui, sendo o germe da
criação e materialização da nova forma e do novo padrão a energia vital.
A energia vital, energia primordial, Consciência Cósmica ativada no campo do sujeito,
além de formar um padrão, estimula todas as funções fisiológicas do corpo. De acordo com
Siegel (1999, pág. 9), trata-se de um padrão em movimento ou fluxo de energia que confere
ao mesmo tempo estrututura e função. O padrão de energia é sempre anterior à estrutura
física, ou seja, a estrutura física sempre reflete a energia. Sendo assim, o poder criador da luz,
manifesto no corpo humano, irradiado em cores altera a estrutura física e vibracional. As
cores são vibrações que emanam do campo; isso como ondas de luz, fluídos coloridos em
constante movimento.
O texto se reveste de características inusitadas, o que se percebe quando o sujeito diz
que - “procurou trabalhar com as cores como se elas fossem se dissipando, assim como, a
energia que estava”. O objeto estético é o sujeito da emoção que, se manifesta como uma
energia, uma luz que contém o arco-íris em seu campo energético; assim, cada tom de cor
expressa uma onda etérica da luz, que com determinada vibração transmuta a energia do
sujeito, isso ocorre no mundo subatômico.
O desenho a seguir (Figura 33) é a segunda proposta da vivência II, desenho realizado
com os olhos fechados, que nos mostra um emaranhado de linhas azuis interligadas gerando
várias formas. Em que as linhas se cruzam o azul fica mais intenso formando um espaço de
centro, como um ponto gerador das demais linhas que fluem desse círculo.
342
Figura 33
Os olhos permanecendo fechados á visão interna vai se expandindo, pelo “O olho da
Alma e do Espírito” e a criatividade fluindo, a Imaginação Simbólica e os outros sentidos
ativados. As sensações passam pelo corpo físico e vibracional, o sujeito vai transcendendo a
mente racional e sendo tocado por inteiro; tato, olfato, audição, gustação, visão.
Ao fechar os olhos a alma se manifesta e acessa um tipo de visão sensível, o hemisfério
cerebral direito é ativado e interage com todos os sentidos. Por meio da estesia, na interação
dos Campos de Energia Humanos e Cósmicos a Imaginação Simbólica se institui e outras
formas de conhecimento são possíveis. De acordo com Greimas (2002), isso ocorre em função
da manifestação da luz, dos níveis cromático e eidético.
A realidade oculta vem sobre o sujeito e o imaginário aparece como potencialidade
construtora do objeto, e as novas significações são dadas na conjunção íntima, absorvente,
com o sagrado - carnal e espiritual ao mesmo tempo, na transcendência e imanência.
Bachelard (1988) afirma que a imaginação é dinâmica, uma potência de transformação,
por ser um movimento da consciência que se “lança ao real”. A consciência vibracional passa
a funcionar assim, pela imaginação criadora gerando Imagens Simbólicas que se manifestam
no nível da matéria por um tipo de texto característico de substância vibracional que se
expressa através de cores e formas.
As cores e formas colocadas no desenho revelam o estado de alma do sujeito, o que está
em nível consciente e inconsciente. As linhas azuis retas, ondulares e circulares, às vezes com
343
tons mais intensos, se colocam como o fluxo das águas, do rio, ou do mar, por vezes tranqüilas,
por outras turbulentas, assim como, as próprias emoções do sujeito.
O espaço de centro se configura pelo movimento turbulento das águas, das emoções,
aparece como um redemoinho, um repuxo, que mexe com as emoções conturbadas pela própria
resistência da mente racional do sujeito.
O foco central de linhas gera um círculo e nesse aparece em formas brancas, foco que
pode ser um buraco de passagem, sem começo nem fim, como o campo quantizado. De acordo
com Capra (1998), o campo é um “continuum” que está presente em todos os pontos do espaço.
Campo Fundamental de onde tudo emana e para onde tudo retorna.
A movimentação do campo, e a expansão da energia vital, que aparece em formas
brancas em meio as linhas azuis, do espaço de centro, que tem a ver com a Consciência
Cósmica mobiliza a transmutação das emoções e dos pensamentos conturbados. O sujeito
revela no texto a seguir que:
Cada vez que olhava para o desenho parecia que as linhas se moviam, se
comunicavam, era muito diferente... era um emaranhado de linhas que se
moviam e contavam muita coisa em relação ao momento de minha vida.
Fica evidente em sua fala “era um emaranhado de linhas que se moviam e contavam
muita coisa em relação ao momento de minha vida” seu envolvimento em questões que
provavelmente não estava conseguindo lidar, sofrimentos dados por conflitos, o confronto do
ego com o “self”. Por outro lado, as linhas azuis podem ser compreendidas como linhas
geradoras de acontecimentos intensos, interconectados, que se movimentavam dentro de um
campo de informações e interações, gerando a energia necessária para que o sujeito desse um
salto de consciência, ainda que fosse pela dor.
Podemos entender que esse campo de informações e interações é o portador de todos os
fenômenos materiais, seu movimento possibilita a transmutação e a materialização de formas.
A movimentação do campo (do espaço de centro), no desenho manifesto por um círculo central
gerado por formas brancas mescladas com as linhas azuis, gera o alinhamento das polaridades
sensível e inteligível, a alquimia do Ser, conforme o sujeito, “o despertar da consciência
adormecida que lhe possibilita buscar a conexão com a vida”.
A expansão da Consciência Cósmica que acontece por meio do sensível, no movimento
de reversibilidade entre sensível e inteligível, promove a fusão dos Campos Vibracionais
Humanos e Cósmicos. A cor branca manifesta na figura pode ser entendida como a fonte
344
iluminadora, que desperta o sujeito, sua Consciência Cósmica adormecida. O que lhe
possibilita maior conexão com a vida, nessa e em todas as dimensões.
A consciência Cósmica é o centro processador da cura e transmutador da dor. Mas, a
movimentação do espaço de centro muitas vezes gera “catarse”. Segundo o termo grego,
“Kátharsis” significa purgação, purificação; manifesta-se como alívio da alma e sua libertação,
seu renascimento que passa pela dor e sofrimento, desequilíbrio com vistas à reequilibração.
O sujeito após passar pela turbulência da “catarse” provocada pelo centro processador
da cura, dá saltos de consciência e reorganiza suas emoções e pensamentos. A partir daí, segue
o fluxo natural da vida sem resistências, como as linhas azuis das águas em movimento. Linhas
azuis ondulares, circulares, ou retas, todas interconectadas, como caminhos voltados para um
centro, são como a busca do sujeito para chegar, à Consciência Cósmica. Pela vivência de todos
os níveis de consciência, o caminhante vai... Caminhando na transcendência e na imanência é
que faz o caminho, o caminho da iluminação, da expansão da consciência.
Os três desenhos a seguir foram realizados pela mesma pessoa, a partir da proposta da
Vincia III - A semente lançada da matriz geradora germinando a forma. Nesse primeiro
desenho podemos ver uma figura arredondada formada por pontos pretos mais intensamente
acumulados do lado esquerdo, ondas que colapsadas formam partículas de matéria. A união de
partículas agregadas se constitui como sementes que germinam a forma. Do lado direito, pontos
pretos mais claros, que com os demais pontos fecham um círculo, e, dentro deste, o vermelho
sangue que se expande para fora do círculo.
O amarelo no fundo se mescla com alguns pontos brancos, se manifesta como raios de
luz que emanam do Campo Fundamental, campo gerador da forma, o “Cosmo Vivo” em
perpétua regeneração e articulação das formas materiais.
345
Figura 34
Nessa imagem, o sujeito expressa o que sentiu na vivência “me senti como uma semente
lançada do universo criador, plenamente entregue, germinando uma nova forma, ganhando vida
e renascendo”. Podemos perceber pela fala do sujeito, que está buscando uma nova forma de
“Ser e Estar” no mundo, por isso, se rende ao momento e se entrega de corpo e alma ao
universo criador. Como a própria figura que se constitui, também, numa explosão de vida no
universo, o sujeito se coloca em busca de um grande movimento de libertação, para encontrar a
vida em sua plenitude.
A libertação acontece, também, pela liberação de energias que afetam sua vida, sua
alma-mente e corpo, que envolvem padrões mentais, emocionais e comportamentais. Assim
para ganhar vida, renascer como pessoa e gerar uma nova forma de “Ser e Estar” no mundo, o
sujeito compreende que é necessário estar plenamente entregue, para encontrar o sentido do
viver, a Unidade, a Consciência Cósmica.
A luz emitida pela Consciência Cósmica, na figura expressa pela imagem circular
central, é projetada pelo espírito do sujeito, que como uma lente a focaliza no nível causal.
Devido a sua grande intensidade e potência, no começo essa luz não pode chegar diretamente
em níveis mais concretos, por isso usa a alma como filtro, e, essa é o núcleo do sujeito,
intermediária entre a vida do espírito e a vida externa, a que faz a ligação entre o corpo e o
espírito.
346
À medida que evolui a alma traz à consciência à vontade espiritual, o amor-sabedoria e
a Inteligência Espiritual - aspectos divinos cujas energias irradia na proporção que as dinamiza
em si mesma.
A alma plenamente entregue, como é o caso do sujeito acima, tem como meta básica
fluir na vida em conformidade com os princípios universais; incumbe-se da integração da
personalidade na corrente evolutiva superior, encontrando as condições necessárias para se
reconhecer como parte de um todo maior e se incorporar nos grupos afins. Conforme
Trigueirinho (1994, pág.400), no início do processo evolutivo do ser no reino humano, a alma
possui uma certa opacidade e, assim, a imagem formada pela projeção da luz no mundo
concreto é difusa. Com o decorrer da evolução, a alma vai-se tornando translúcida, e a imagem
clara e luminosa.
Na medida em que isso acontece, criatividade é ampliada e o sujeito acaba gerando
muitas formas em todas as dimensões, expressando-a não somente com palavras, mas,
colocando-a por meio do desenho, ou seja, da arte, sua Experiência Estética.
Assim, a arte exerce influência nos diversos níveis de consciência do planeta, não só
nos externos, nas quais pode manifestar-se com obras inspiradas por intermédio do Ser, por
isso, os que são canais para sua exteriorização sintonizam-se com as energias sutis, de alta
freqüência, com o elevado grau de perfeição e ordem do universo que devem refletir.
O observador transforma a arte e a arte o observador. O indivíduo é o canal de
manifestação, sua Consciência Cósmica é o regente da obra. A fonte de inspiração para o
novo e genuíno é contatada internamente e esse deve projetar-se no mundo visível. A
interação da realidade com a obra que a espelha é como um caleidoscópio, que seguindo o
ritmo da fonte criadora, está em contínua transformação. Participar desse processo significa
estar receptivo, sem nada reter, sem se fixar em coisa alguma, apenas aberto a fluidez da vida
como a “grande obra”.
O que se pode ver neste segundo desenho, em que o sujeito é a própria figura e a
figura, o próprio sujeito, é uma semente que germinou e que é agora um botão a ponto de
abrir-se e colocar-se no mundo, abrir-se para vida e fluir com a “grande obra”.
347
Figura 35
Quando essa interação se consuma a ponto de o próprio Ser tornar-se reflexo da
realidade interna, a nova arte surge - arte que denomino Arte Vibracional. A expressão do Ser
será arte; a arte estará nele e a sua vida se terá unificado. Afirma Trigueirinho (1994) que as
transformações requeridas para o aparecimento de uma nova arte não dizem tanto respeito ao
meio pelo qual ela se apresentará, mas, sim, à capacidade de quem a exprime e a observa. O
nível de contato e de focalização da consciência do Ser precisa expandir-se, e disso decorrerá
a forma que esse tipo de arte tomará nos níveis concretos.
Nessa outra figura, podemos ver uma flor aberta de cor azul com pontas vermelhas,
que desabrocha do caule plantado no chão, na terra marrom. À volta capins verdes, que se
transformam em folhas de tonalidade marrom claro e se elevam ao amarelo irradiante, na
parte de cima do desenho, como se fosse o próprio sujeito em busca de luz.
348
Figura 36
Na entrega de corpo e alma, o sujeito, como a flor, desabrocha, ganha vida e renasce. A
flor, de acordo com Chevalier e Gheerbrant (2002, pág.437), é o símbolo do princípio passivo.
O cálice da flor, tal como a taça é o receptáculo da atividade celeste. A flor é a imagem das
virtudes da alma, e, do ramalhete que as reúne, a imagem da perfeição espiritual.
Kant (in Gadamer,2002) ressalta a importância do belo natural frente ao belo artístico,
para o juízo estético puro, a de tornar claro que o belo repousa na finalidade da coisa
representada para nossa capacidade de compreensão como tal.
Isso se torna muito claro no belo natural porque não possui nenhum significado de
conteúdo que mostre o juízo de gosto em sua pureza não intelectualizada. Possui uma
vantagem de conteúdo. A bela natureza consegue despertar um interesse imediato, ou seja,
moral. Gadamer afirma que o achar belas as belas formas da natureza nos leva a pensar que a
349
“natureza produziu aquela beleza”. E, esse pensamento desperta um interesse, pode-se falar de
um cultivo do sentimento ético.
Diz o autor, que na natureza não encontramos fins em si e, mesmo, assim,
encontramos beleza, isto é, algo útil para nosso prazer, à natureza nos dá um “sinal” de que
somos realmente o fim último, o objetivo final da criação. A natureza tem algo a nos dizer e
enquanto natureza ganha uma linguagem que a conduz a nós, por isso, mesmo, o Princípio
Biocósmico (Parode, 2007) respeitado, que envolve a estética e a ética nos eleva e nos faz
tomar consciência de que também somos natureza. Assim, ao cuidar e preservar a natureza o
Ser cuida de si mesmo.
A arte na abordagem da Estética Vibracional, também propõe o encontro com o belo
da natureza, assim como, repousa no fato de interpelar o sujeito, visto que o coloca diante de
si mesmo em sua existência, chama a atenção para o cuidado de si, do outro e da natureza. O
que se pode constatar nessa poesia intitulada - A magia que combina - realizada por um dos
sujeitos após uma Experiência Estética. Analisa “a ciência ilumina”, e que “a passos largos,
avança a tecnologia”, por outro lado, revela sua preocupação com a natureza em que: “o lixo
contaminado me deixou preocupado”.
350
Figura 37
Gadamer (2002) afirma que a linguagem da arte é exigente e interpeladora, a arte não
se oferece livre e indeterminada à interpretação que vêm da disposição de ânimo, mas nos
interpela com significados bem determinados, o que se constata na quinta estrofe quando o
sujeito coloca:
351
O determinismo achatou meu espírito atrofiado
Tudo assim tão fragmentado
E eu ficando assim tão bitolado...
A ciência baseada numa visão determinista, linear e fragmentada, atrofia o
desenvolvimento do Ser Humano, o que se constata na fala: “O determinismo achatou meu
espírito atrofiado” o que vai deixando o sujeito cada vez mais bitolado, conforme coloca em
“e eu ficando assim tão bitolado”.
Ao desenvolver níveis de consciência focados apenas no eu pessoal, a ciência não
possibilita a inteireza do Ser, assim, tudo fica fragmentado, pois a parte está dissociada do
Todo. A dimensão do espírito não é considerada enquanto parte constitutiva do Ser. E, é dessa
maneira, que sente o sujeito, quando se deixa levar pelo determinismo e por esse processo de
fragmentação que afeta a humanidade; com o espírito achatado e atrofiado. Na estrofe
seguinte:
Mas onde foi parar a descoberta da magia?
Havia algo faltando naquela mente que reduzia
Tudo é tão mais complexo do que antes parecia
O sujeito passa a idéia de que sem a magia, a mente se torna redutora, bitolada. O que
se pode constatar em “Mas onde foi parar a descoberta da magia?” e, em “havia algo faltando
naquela mente que reduzia”. O sujeito passa a idéia de que sem magia a mente se torna
redutora, bitolada, o que se pode constatar em “Mas onde foi parar a descoberta da magia?”.
A magia está associada à arte do encantamento. O mago é aquele que usa a
criatividade, a sabedoria, o conhecimento com responsabilidade, e, que, pode atuar por meio
do coração e da intenção no processo de alquimia, que não deixa de ser a arte aplicada à vida.
Conforme Chevalier e Gheerbrant (2002, pág. 583), o simbolismo do mago convida-
nos a ir além das aparências, pois, no plano do Espírito ele manifesta o mistério da Unidade.
Quando coloca “havia algo faltando naquela mente que reduzia” se pode entender que a
mente baseada nas polaridades, nas dualidades, é uma mente fragmentada e que o processo de
fragmentação do Ser destitui o sujeito dessa visão mais complexa e, de sua criatividade.
352
Conforme Goswami (1999), a criatividade é a busca do desenvolvimento criativo do
potencial humano total. A Inteligência Espiritual não desenvolvida no sujeito gera essa
sensação de falta e incompletude, mas, se for ativada, ao contrário, a plenitude, a Unidade.
O desenvolvimento do Ser em sua totalidade, multidimensionalidade; alma - mente -
corpo e espírito implica criatividade e ampliação da consciência, o que faz com que o sujeito
veja a vida de maneira diferente O que se constata na fala:“tudo é tão mais complexo do que
antes parecia”. Assim, a complexidade tem uma relação direta com o processo de ampliação
de consciência.
Quando o sujeito coloca na próxima estrofe que “não vai fazer sentido se não for
interligado” se refere ao sentido e ao reencantamento do viver, que têm a ver com a Unidade,
ressaltando a importância da conexão da parte com o Todo, com a Consciência Cósmica. Se
não estiver interligado o sentido do viver é perdido, ou seja, nada faz sentido.
O texto acima, intitulado “magia que ilumina” tem a ver com a Consciência Cósmica,
que ativa a Inteligência Espiritual da alma e faz fluir a criatividade, o que se pode constatar
em “é me emocionando com a criatividade que serei libertado”. Exemplificdo quando o
sujeito afirma a seguir:
Pois primeiro é humano para ser cientificado
Tudo está sempre inter-relacionado
Que limitado insistir no separado
O autor tem consciência que “tudo está sempre inter-relacionado” e “insistir no
separado”, é algo limitado. A ciência ao enfatizar a razão em prol do sensível, não permite a
fluidez do conhecimento em sua totalidade; a razão, o desenvolvimento cognitivo é colocado,
em primeiro lugar; a emoção, o humano, não considerados, o que gera a limitação e a
fragmentação do Ser e do conhecimento.
O sujeito ao salientar em sua fala “primeiro é humano para ser cientificado” nos faz
refletir a respeito da questão humana. Morin (2001) coloca que a ciência se baseou na exclusão
do sujeito, ignorando que as teorias científicas não são o puro e simples reflexo das realidades
objetivas, mas os co-produtos das estruturas do espírito humano e das condições socioculturais
do conhecimento. Nesse sentido, podemos entender a emergência de uma ciência que considere
o Ser na sua multidimensionalidade, ou seja, de uma “ciência com consciência”.
353
No texto “é me emocionando com a criatividade que serei libertado”, se pode
constatar que o desenvolvimento do sensível é muito importante nos processos criativos e de
libertação da alma. Assim, a “magia que combina” tem a ver com a Consciência Cósmica que
ilumina, e ativa a Inteligência Espiritual da alma fazendo fluir a intuição, a criatividade e o
conhecimento, quando a seguir afirma:
Com a arte, fica tudo reanimado
E o nosso trabalho, muito mais amado!
Levo, então, ao laboratório, meu espírito fascinado!
Fica evidente que a arte gera a fluidez da criatividade, da intuição, do conhecimento, o
que possibilita um estado de êxtase, fascínio, reavivamento e reencantamento. Quando o sujeito
afirma: “Com arte, fica tudo reanimado” a libertação do Ser fica evidente. De acordo com
Gadamer (2002), o que há de maravilhoso e misterioso na arte, é que ela abre o espaço de jogo
da liberdade lúdica de nossa capacidade de conhecimento.
Sendo assim, a teia do conhecimento pode ser tecida na junção da arte com a ciência, a
filosofia e a tradição, permeando os diversos níveis de consciência e realidade, o que faz com
que se tenha mais dedicação e amor pelo trabalho, que passa a ser um espaço de “jogo da
liberdade lúdica” e não de “fardo”. O que se constata na fala do sujeito: “e o nosso trabalho
muito mais amado”.
O cientista, o pesquisador, engajado no jogo da liberdade lúdica amplia sua capacidade
de conhecimento e criatividade, já que, o lampejo criativo, o “insight”, é literalmente, conforme
Goswami (2008), um salto quântico sobre os mecanismos do cérebro e da mente.
Esse salto, ainda que, processado inconscientemente, complementa a preparação
consciente e o esforço em direção a inventividade, isso oxigena o pensamento do pesquisador,
o que faz com que ele fique encantado. Isso fica evidente na fala do sujeito, pesquisador:
“Levo, então, ao laboratório meu Espírito fascinado”.
De acordo com Goswami, a realidade consiste no transcendente (potentia) e no
imanente (manifestação). A criatividade humana tenta expressar o absoluto transcendente na
relatividade do imanente; tenta encapsular o infinito no finito, e, assim, a ciência pode ser feita,
com consciência, para que o pesquisador encontre esse “Espírito fascinado” de que fala o
sujeito.
354
Na relação entre transcendência e imanência a Experiência Estética mobiliza todas as
dimensões de consciência do Ser; corpo, alma, mente e espírito, e, acolhe em si, à plenitude
dessa experiência e, o dito “Espírito fascinado”, é cada vez mais exaltado e o sujeito expressa
arte, criatividade.
Segundo Kant (in Gadamer, 2002) a arte deveria “ser vista como a natureza”, agradar
sem denunciar coerções regulatórias. Na arte não estamos interessados na coincidência
intencional do que é representado com uma realidade já conhecida, nem procuramos saber
com que se parece.
Não medimos o sentido de suas pretensões segundo um padrão já conhecido; antes
esse padrão, o “conceito”, será “ampliado esteticamente” de uma forma ilimitada, pois a arte
se completa com a leitura do espectador.
Os dois desenhos a seguir foram realizados pela mesma pessoa, a partir da Vivência V
- A Alquimia do Ser, a Arte e a Magia do Viver.
Figura 38
Nesse desenho acima (Figura 38), podemos observar no plano horizontal, uma forma
numa tonalidade vermelha, a sua volta, no plano vertical, muitas cores, da esquerda para
direita; azul, amarelo, vermelho, violeta azul e verde. Do lado direito, na vertical, podemos ver
três formas, seres de cor violeta, na parte mais central, em seguida, azul e verde.
355
Abaixo e a volta da figura, na horizontal, muito verde. A cor é vibração e tem uma
relação direta com a luz. As cores podem ser descritas como luzes com certo comprimento de
onda, que podem nos levar à Unidade. Assim, o que se pode compreender é que a luz tem uma
afinidade instantânea com a cor.
Conforme Goethe (1993), toda a luz é cor, assim como, a sensibilidade não é somente
receptividade, mas, também, impulsividade. Assim também as cores devem ser interpretadas
tanto como “paixão”, quanto como “ação” da luz. É através de sua ação ou efeitos que podemos
ter uma imagem ou uma história dos seus efeitos, que por sua vez nos aproxima da essência da
própria cor.
Goethe (1993) afirma que o olho é “solar”, o que significa que é o olho que deve sua
existência à luz, e não ao contrário: “o olho constitui-se na luz e para a luz”. A luz não somente
está dentro, como acaba se identificando com o próprio sujeito. Nesse caso, sujeito e objeto
fazem parte de uma mesma construção do absoluto, a luz é manifestação da Unidade, da
Consciência Cósmica e quando o sujeito interage com a luz forma-se uma totalidade
harmônica.
Na vivência estética, corporal e simbólica, o sujeito tem acesso a informações por meio
do “Olho do corpo”, e da “Alma” captando o conhecimento pelos sentidos do corpo e da alma,
pelo “Olho da mente”, da razão, do inteligível, e, pelo “Olho do Espírito” que acessa a
realidade transcendente, a Consciência Cósmica, a Unidade, Totalidade. O sujeito diz que
tentou desenhar o que sentiu na experiência de Totalidade:
Quando comecei a inspirar e expirar todo corpo adormeceu com a energia
que fluía e me senti diluída no universo. Visualizei luzes de várias cores a
minha volta e do meu lado esquerdo, três formas, seres que me passaram
algumas informões. Em seguida, relaxei totalmente e não vi mais nada.
O sujeito após acalmar a mente e as emoções ao som da música entra em estado de
relaxamento profundo, em contato com o Todo, o que se constata em: ”Quando comecei a
inspirar e a expirar todo o corpo adormeceu com a energia que fluía e me senti diluída no
universo”. Quando o sujeito inspira e expira, provocando a aceleração da respiração, o que
Grof (1994) chama de “hiperventilação”, ocorre à oxigenação das células. O corpo todo
adormece e acessa níveis de consciência mais profundos que transcendem o ego, a ponto de se
diluir na Totalidade.
356
A intensificação energética por meio da oxigenação, da energia vital que se expande,
atua em todos os níveis de consciência, perpassa todo o campo estimulando o indivíduo a
efetuar as transformações necessárias a partir do ponto em que se encontra em seu
desenvolvimento, seus bloqueios, resistências e também necessidades de realização.
Algumas mudanças de atitude em relação à vida podem ocorrer de maneira espontânea.
Os processos de desidentificação e desapego, por exemplo, podem se concretizar quando a
pessoa se percebe “longe” de alguns problemas e preocupações que considerava parte de si
mesma. Bertolucci (1991, pág. 148) coloca que:
Quando isso acontece, quebra-se o encanto da identificação e a pessoa se
percebe como sendo independente, autônoma, livre ou diferente de alguns
elementos que podem ter marcado sua existência durante anos. Esse tipo
de vivência traz um alívio muito grande e aumenta o espaço psicológico,
sem o qual nenhuma modificação pode se realizar.
O estado de diluição na totalidade ocorre quando o sujeito entra na dimensão do
“vazio”. O vazio existencial é, portanto, de acordo com Bertolucci, o “primeiro vazio” a ser
experimentado pelo sujeito; a partir disso, a disponibilidade e entrega psíquica necessárias para
essas vivências permitem que uma porta se abra, e, assim, o indivíduo experencia revelações
acerca da fonte real da própria vida, da Consciência Cósmica; “insights” profundos, vivências
de amor que transcendem os objetos, sentimentos de equanimidade, etc... O importante é que
uma centelha dessas experiências impulsiona o sujeito para a transformação.
A alquimia do ser, a arte e a magia do viver acontecem nesse encontro com a
Consciência Cósmica, Unidade, Totalidade. Assim, as imagens revelam a continuidade
existente entre mundo interno e externo, entre parte e Todo, por isso, mesmo, o processo de ver
uma imagem é um “continuum”; podemos ver com o “Olho do Corpo”, da “Mente”, da “Alma”
e do “Espírito”.
Ver é um engajamento interconectado com a criatividade, que está ligada ao pensar e ao
sentir, a imagem, a mediadora entre a matéria e o espírito. O corpo a fonte das imagens, por
isso, a relação do Ser com a imagem é incorporada e simbólica, liga todos que se reconhecem
nela.
Sheldrake (1994) afirma que nossa imaginação, nossa faculdade de fazer imagens é
autoluminosa e que a visão está relacionada com a luz, o que se pode entender é que na
interação dos Campos de Energia Humano e Cósmico as imagens se manifestam e podemos
357
visualizá-las imagens coloridas e iluminadas, pois entramos em ressonância com energias e
freqüências vibratórias de diferentes dimensões.
As imagens, as luzes e as cores se ligam à consciência e aos fenômenos bioquímicos e
biofísicos. Conforme Farhi e Smadja (1996) estes fenômenos fazem com que os campos
eletromagnéticos estejam presentes em todas as ações vitais. A condutividade elétrica das
células nervosas está associada aos fenômenos de recebimento, tratamento e envio de
informações, por meio de sinais.
O neurônio recebe sinais (fotônicos, elétricos e mecânicos), os integram, se excitam
para produzir influxos nervosos com a finalidade de transmitir adiante os sinais. Sinais
eletromagnéticos estão associados às informações que se propagam no nosso organismo e
regulam o seu funcionamento, assim como, a constituição de suas estruturas (formas). O
cérebro como uma antena entra em ressonância com os sinais cósmicos.
A partir da interação dos campos humanos e cósmicos, de olhos fechados, no escuro, de
olhos abertos ou na claridade, as Imagens Simbólicas podem se revelar ao sujeito, por meio de
diferentes freqüências mentais; alfa, beta, teta, ou delta. Em alfa o sujeito atinge o estado de
relaxamento, em beta, o estado de vigília, em teta, relaxamento profundo, ou sono, em delta, o
estado de coma.
A experiência de Consciência Cósmica, de Totalidade, certamente provê importantes
“insights” para aprofundamento do conhecimento das mais altas formas de criatividade, a partir
desses diferentes estados de freqüências mentais. A inspiração artística, científica, filosófica e
religiosa é proveniente de uma fonte transpessoal e ocorre em estados não comuns de
consciência.
Assim, quando o sujeito afirma: “Visualizei luzes de várias cores e do meu lado
esquerdo, três formas, seres, que me passaram algumas informações”, deixa explícito que a
interação, a conexão com a Totalidade, possibilita a visualização de luzes e cores, assim como,
o acesso a formas, o contato com seres e informações de múltiplas dimensões.
Uma descoberta surpreendente da Física Quântica é a propriedade da não-localidade. De
acordo com Dubro (2007), quando duas partículas interagem, essa propriedade é descrita pelo
fenômeno no qual elas continuam a influenciar e a transferir informação mútua e
instantaneamente, não importando quão distantes estejam uma da outra.
Não importa se as partículas ou eventos físicos estão separados por bilhões de milhas,
ou bilhões de anos-luz ou cada um (a) em uma extremidade do universo, pois, continua a existir
uma comunicação instantânea, ou transferência de influência, ou informação entre os sistemas.
A pesquisadora afirma que tudo acontece em algum nível subquântico, invisível de realidade.
358
A descoberta da não localidade ou não-separação revela que há uma realidade invisível
- aquela que conecta todos os eventos físicos do universo. Essa realidade está relacionada com
uma totalidade indivisa existente em um nível fundamental da realidade física.
Neste outro desenho realizado após um relaxamento para preparação da vivência da
Mandala, no módulo VI, podemos visualizar uma pessoa deitada com á cabeça suspensa,
muitas luzes coloridas; amarelo, dourado, branco - azulado, vermelho, verde e marrom
penetrando seu campo, sendo o foco central de luz, irradiado ao centro do peito, no coração.
Figura 39
O sujeito relata que “a energia entrava no centro do peito em movimento, e, em espiral,
também, pela cabeça, que sentia mexer, nos pés e nas mãos, parecia que ia me levantar, eu
sentia o corpo todo vibrar”. Essa experiência Estética nos mostra que em Estesia o sujeito
entra em interação com o todo indiviso, que se encontra em fluxo dinâmico perpétuo. Luzes
de diversas freqüências e amplitudes, do violeta ao vermelho, emanam do Campo
Fundamental, do “vazio”, ou “vácuo” atuando no corpo físico e vibracional, no campo
eletromagnético do sujeito.
359
A entrega do sujeito à vivência permite a entrada no “vácuo” ou “hiperespaço”. O
“vácuo” não é “vazio”, é considerado pelos físicos, pleno de energia, pano de fundo a partir
do qual matéria, tempo e espaço emergem como propriedades dimensionais. Sendo que tais
propriedades nos dão uma visão linear de nossa realidade, dada como que em camadas, mas
dentro do mundo vitual (invisível).
As partículas elementares conforme Dubro (2007) consistem de partículas ilusórias
ainda menores... cada uma se originando de sua própria respectiva camada ou dimensão de
existência, bem distante dela. Contudo, conforme tais partículas ou energias “descem” para
nossa existência, transportando com elas informações, conhecimento.
O distanciamento do sujeito de sua mente e de suas emoções pelo relaxamento pode
criar o vazio necessário, abertura para o gradual vir-a-ser dos processos de autoconhecimento.
A partir dele, o nível psíquico pode se abrir, aumentando à capacidade de “insights”, a
capacidade criativa, a ocorrência da espontaneidade, a capacidade de percepção, enfim, como
diz Bertolucci (1991), aumentando o desenvolvimento das capacidades psíquicas de
complexidade superior.
Quando o sujeito diz que “a energia entrava no centro do peito, em movimento e em
espiral”, de fato sentia a radiação da luz no vórtice cardíaco, para a ampliação da consciência.
O trabalho com o “vórtice cardíaco” tem especial importância nos momentos de
intensificação da expansão da consciência, pois está nele á base, o suporte para que as
emoções possam mudar suas qualidades, aumentando as ligações positivas do indivíduo com
o mundo e com a Consciência Cósmica.
De acordo com Dubro (2007) a atividade emocional tem impacto no desempenho do
sistema inteiro, pensamentos e emoções se refletem no sistema elétrico cardíaco. O coração é
o gerador de campo eletromagnético mais forte do corpo e este campo se estende por vários
centímetros ao redor do corpo. Sendo assim, o que se percebe é que a energia mobilizada pelo
centro cardíaco é transmudadora de muitos padrões que envolvem o ego.
É possível sair do isolamento egóico à medida que se perde o medo e se experencia com
mais intensidade a capacidade de entrega e de amar. Grande parte das pessoas são capazes de
amar até o limite de sua identidade egóica, não permitindo que os interesses do ego sejam
abalados, só conhecendo, portanto, o egoísmo, a possessividade, o controle do outro.
Desse ponto de vista, um amor maior e mais profundo representa uma ameaça para o
ego, pois vai exigir uma dissolução ainda que parcial de seus limites; e a perda dos limites é,
para o ego, a perda de sua solidez, e, portanto, sua morte, que nesse nível é evitada á todo o
custo. Com a dissolução do que está no ego, e, em forma, acontece o renascimento do sujeito.
360
A luz por possuir uma essência multidimensional interage com as partículas
elementares, essa interação de luz e matéria contribui para a nossa perspectiva linear e, ao
mesmo tempo, quando penetra na matéria mais densa, gera no corpo físico e vibracional a
transformação do que está em forma, assim como, uma reação catártica. O que se constata na
fala do sujeito “pela cabeça que sentia mexer, nos pés e nas mãos, parecia que ia me levantar
eu sentia o corpo todo vibrar,”
A luz, conforme Dubro (2007) é um composto de radiação eletromagnética (no espaço
físico), radiação magnetoelétrica (no espaço etérico) e radiação deltrônica (do domínio sutil
superior). O fóton existe além do espaço-tempo e é uma ponte para um espaço dimensional
superior e para o campo mental de consciência. As células do corpo humano se comunicam
por meio da emissão e absorção de biofótons. O DNA é o receptor, transmissor, tradutor e
centro de armazenagem de energia fotônica.
Segundo Kaku (in Dubro,2007), afirma que o espaço superior é realmente bastante
simples e geométrico. A chave para compreender o espaço dimensional superior (sem
considerar a física e a matemática dimensionais superiores) é a percepção de que o “espaço
superior” nos coloca em uma posição privilegiada, que nos fornece uma perspectiva global,
universal e holística.
Dessa posição, a distinção entre observador e observado desaparece, tornamo-nos
ambos observador e observado, a parte no Todo e o Todo na parte, e é isso que acontece com
o sujeito na vivência acima. Quando afirma “a energia entrava no centro do peito em
movimento, e, em espiral, também, pela cabeça, que sentia mexer.” Podemos perceber que a
radiação da luz é muito intensa no centro cardíaco, mas, também, no cérebro a ponto de
movimentar, mexer e levantar a cabeça do sujeito.
Dubro diz que o cérebro exibe propriedades semelhantes a essa analogia ele pode se
focalizar em detalhes (uma capacidade do espaço inferior) ou pode ver o quadro todo (uma
capacidade do espaço inferior) ou pode ver o quadro todo (uma capacidade do espaço
superior, hiperespacial, multidimensional), nenhum dos dois aspectos é mais desejável do que
o outro.
A chave para a boa função cerebral é que ambos os aspectos funcionem em harmonia,
para que possamos conscientemente experimentar nosso potencial maior, ou seja, que os
hemisférios cerebrais, esquerdo e direito estejam em conjunção, em equilibração, o que
provavelmente evitaria as ditas “bipolaridades” hoje tão presentes na vida dos indivíduos.
A autora afirma que aquilo que observamos como atividade eletromagnética do cérebro
(tal como a atividade medida por um eletroencefalógrafo) é apenas uma onda e um reflexo da
361
função cerebral relativa ao espaço superior invisível. O eletromagnetismo é um reflexo da
atividade na Quinta Dimensão. Essa atividade invisível não pode ser medida nem quantificada
pelos meios convencionais.
A partir do espaço dimensional superior, poderíamos observar como as mudanças,
dentro de variáveis acessíveis ali existentes, resultariam em mudança na realidade
dimensional inferior. De fato, compreenderíamos que precisamos ter acesso ao espaço
superior para causar mudança de qualquer tipo em nosso sistema de realidade – aquele
definido pelas quatro dimensões.
Assim, o sentido último de toda a vivência é a criação do vazio, a abertura do espaço
para o desenvolvimento da consciência, o encontro com a Consciência Cósmica. É um estado
que pode ser cada vez mais expandido, trazendo latente a possibilidade de tornar-se o estado
‘normal’ do sujeito no seu cotidiano.
Quanto à criatividade e intencionalidade que brotam pela Consciência Cósmica, se
observa que à medida que a pessoa se abre para vivenciar os vários elementos de uma
situação, ou seja, abre-se para ‘fora’, há também uma abertura proporcional para ‘dentro’,
onde a consciência é capaz de acompanhar a formação e conforme Bertolucci (1991), a
gênese dos atos mentais.
É nesse nível de consciência que a energia psíquica adquire uma forma e a pessoa
participa conscientemente da criação da sua própria vida, por meio da capacidade de
direcionar sua energia, intencionalmente, para o alvo que considerar mais favorável.
Bertolucci coloca que as vivências energéticas no nível corporal, psíquico, ativam o núcleo
energético dos arquétipos, sendo que, a consciência do poder de concretização da psique
ocorre todas nesse nível. Trata-se de uma incursão profunda da consciência em sua própria
natureza criativa e intencional.
Dubro (2007) afirma que os pensamentos e a intenção fazem com que “potencias”
sejam armazenadas nos pontos nodais da malha universal. Esses potenciais formam padrões
que existem que o “Espírito ou Eu Divino” interaja com os padrões de freqüência, para que
eles se tornem eventos de nossas vidas. O raio primário de projeção origina-se do nível do
“Espírito” ou “Eu Divino”.
A visão de Tiller (in Dubro,2007) é que o raio primário proveniente do Espírito
funciona de maneira semelhante aquela do raio de projeção de um holograma - ele interage
com os padrões de freqüência estabelecidos pelo nível mental para projetá-los na realidade
física. Alterar os padrões e potenciais nas junções nodais mudará os eventos projetados em
362
nossas vidas. O Espírito fornece o raio de energia de referência, semelhante aquele do
processo de reconstrução holográfica.
O evento em nossa vida é um tipo de projeção holográfica que se origina de uma
realidade hiperespacial (Dubro, 2007). O processo tem duas ramificações: pensamentos e
intenção formam os padrões, com o Espírito cooperando no processo de atualização. Dubro
coloca que os padrões e potenciais nas junções nodais podem ser programados e alterados
pela Intenção. Isso altera os eventos projetados em nossas vidas.
Em nossa visão, nossos pensamentos e intenções estabelecem padrões e potenciais
diretamente de dentro do que a autora chama, Malha de Calibração Universal (“UCL”), que
denomino “Rede de Energia Cósmica”. Dubro afirma que A UCL serve para amplificar e
projetar esses padrões e estabelecer uma ressonância com o universo externo. Todo processo é
guiado pela Consciência e a Intenção.
O desenho a seguir (Figura 40) foi realizado a partir de uma proposta de relaxamento
que se refere ao Módulo X. Nessa figura podemos ver muitas cores, de cima para baixo;
violeta, amarelo, azul, verde e vermelho. As cores do arco-íris que representam o espectro
eletromagnético captadas pela nossa visão, do ultra-violeta ao infra-vermelho. A figura de
centro é de um triângulo e, ao mesmo tempo, de um sólido geométrico. A volta da figura uma
espiral de luz.
363
Figura 40
Segundo Chevalier (1990), o triângulo revela a própria harmonia do universo, a unidade
que buscamos. Quando dividido em dois, se transforma em triângulo retângulo. A divisão
expressa a dualidade, que também é inerente ao ser humano e consequentemente, a perda da
harmonia e o desejo de retorno à Unidade, à Consciência Cósmica.
O retorno à Unidade, pela expansão da consciência lhe permite visualizar, sentir
cheiros, ouvir e etc... O som audível ocorre dentro de uma determinada faixa, a visão ocorre
dentro de comprimentos de onda visíveis da luz, mas esses sistemas de sintonia têm
limitações, pois, a realidade é muito mais do que é registrada pelos órgãos dos sentidos
físicos.
De certa maneira, conforme Dubro (2007) pode-se dizer que os órgãos dos sentidos
limitam nosso conhecimento da miríade de dimensões ao nosso redor. Essas dimensões
364
existem como elementos de criação e podemos ter acesso a elas a partir de nossa própria
configuração multidimensional, somente assim, por essa configuração, todos os sentidos são
expandidos e a percepção ampliada a ponto de um dos sujeitos dizer o seguinte:
“Vi um triângulo, que formava uma estrela de seis pontas, ao mesmo tempo,
era uma forma geométrica, uma pirâmide, uma forma de cristal, que girava
em todas as direções, fazia um som e irradiava luz. Muitas cores a volta da
figura, e uma espiral que se movimentava no sentido anti-horário e horário,
que também girava e irradiava luz”.
A consciência em expansão possibilita que o sujeito acesse múltiplas dimensões,
assim quanto mais conexões com o Campo de Energia Cósmico, maior a possibilidade de
compreensão de que podemos conscientemente expandir a consciência e alterar nossa
dinâmica arquitetural interna. Ao fazer isso, expandimos nossa visão angular, para abarcar
uma fatia maior da “Criação Divina”.
As dimensões são compostas por hierarquias, que também podem ser compreendidas
como holarquias (Wilber,2002). A hierarquia é estruturada como se houvesse uma série de
“camadas”, exceto que os estados sucessivamente refinados do processo de colocação em
camadas não se situam no topo, mas estão realmente dentro das camadas daquela realidade. A
cada estado único em camada chamamos de dimensão. Existe uma interconexão formando
cordas, que permeiam os estados separados, criando a coesão característica da totalidade.
Os estados dimensionais de acordo com Dubro (2007) são caracterizados por
propriedades distintas, estados únicos de vibrações invisíveis. Embora as dimensões possam
simplesmente diferir pela vibração ou freqüência, as distinções são tipicamente mais
complexas.
As leis ou regras que governam as características ou fenômenos dentro de uma
dimensão específica também variam, ao mesmo tempo, segundo os padrões únicos da
geometria que governa aquele aspecto específico da realidade. A expressão única desses
padrões, que são subjacentes e diferenciam a possível experiência que podemos encontrar,
conforme viajamos para esses domínios, é que está além de nosso universo familiar.
Tiller (in Dubro2007), afirma que o universo está baseado em um sistema em malha,
essa matriz em malha tem o caráter de padrões hexagonais. Tais padrões criam uma geometria
de redes harmônicas, que preenchem tudo o que chamamos de espaço - o “vácuo e o
hiperespaço”. E dentro do “vácuo” do espaço, que Tiller prevê a existência de energias sutis.
365
Os físicos modelam o “vácuo” do espaço como algum superfluído, que é mantido em
estabilidade dinâmica por uma malha geométrica. Assim, formas do espaço tridimensional,
tais como o icosaedro e o tetraedro, realmente representam projeções de formas originais mais
complexas do espaço superior.
E, é exatamente isso que acontece na vivência, uma projeção da energia do espaço
superior, “Campo Unificado” ao campo eletromagnético do sujeito, o que se constata em sua
fala: “Vi um triângulo, que formava uma estrela de seis pontas, ao mesmo tempo, era uma
forma geométrica, uma pirâmide, uma forma de cristal que girava em todas as direções”.
Dubro (2007) diz que a consciência navega e permeia essas camadas geométricas de
toda a existência e que a malha é uma estrutura de campo multidimensional. Na base dessa
organização, encontram-se padrões de luz que formam as várias linhas da rede geométrica do
espaço. Essas redes codificadas com luz definem os padrões necessários para a revelação das
estrelas e galáxias.
Essa malha existe fora do espaço-tempo, sem o constrangimento da perspectiva de
causa e efeito. O tempo - passado, presente e futuro - tornam-se conectados por canais ou
conectores. Os “pontos nodais interdimensionais” permitem que energias e informação
circulem entre as dimensões.
As qualidades necessárias para se ter acesso a esses canais de comunicação são a
sintonia e a coerência do sistema como um todo. Existe uma geometria harmônica e única
entre as camadas em malha. As ondas que viajam através da malha são ondas de informação,
que se relacionam com a Consciência, a malha interliga toda a realidade!
De acordo com Tiller (in Dubro,2007), mapas de potencial são armazenados nos
pontos nodais e neles há uma conversão de consciência para energia. Esses pontos nodais se
tornam o foco de nossos pensamentos, de nossas intenções. São os sítios da rede nodal da
mente. A energia do pensamento dispara o vasto potencial de energia estocada dentro do
nosso “Mar Cósmico”.
A partir dos potenciais ali armazenados, formam-se padrões modulados de
pensamento. Esses padrões são projetados como eventos em nossas vidas, de forma
semelhante aquela dos princípios holográficos. Por meio desses padrões de energia,
estabelece-se uma comunicação para a interação da substancia física com a sutil. Dubro
(2007) afirma que uma espécie de “feedbach” é, então, gerada, porque nossa resposta a esses
eventos é lançada de volta para a rede, na qual se forma um novo conjunto de potenciais e
padrões. Como conseqüência, revelam-se novos eventos.
366
Tiller (in Dubro, 2007), também desenvolveu um modelo da dinâmica humana.
Afirma que o quadro do drama humano desenrola-se em um conjunto interativo de 11
dimensões. Como seres que aqui estão para aprender a aplicar a ‘Intenção e o Amor’, atuamos
em cooperação com o Espírito (o processo de co-criação), para colocar em movimento o
grande drama.
A estrutura geométrica é ressonante com as dimensões, a luz e o som superiores.
Nossa natureza eletromagnética origina-se nos espaços superiores de geometrias complexas.
A luz é um reflexo da Quinta Dimensão e o campo mental da consciência interage com o
campo de torção, o “Campo Fundamental”, “Campo Unificado” procurado por Einstein. O
campo de torção, então, torna-se um conector para a realidade física por meio do campo
eletromagnético. E, assim, o sujeito, na vivência, por meio da Experiência Estética se conecta
com as informações do Campo de Energia Cósmico.
Dubro (2007) diz que parece que os campos de torção são os resultados das
características do “spin”. A rotação, ou spin, é uma característica de todos os objetos - desde
átomos até estrelas e galáxias. Objetos giratórios criam perturbações dentro do vácuo do
espaço - o tecido do próprio espaço-tempo. Essas perturbações viajam em velocidades
superluminais, transportando informação e que se pode constatar na própria fala do sujeito:
“vi uma pirâmide, uma forma de cristal, que girava em todas as direções”.
Para um objeto, os padrões de spin coletivo de todas as partículas individuais se
sobrepõem ou se somam. As perturbações coletivas criam padrões de interferência únicos ao
redor desse objeto. Esses padrões são realmente campos de informação extremamente
detalhados, que contem tudo sobre o objeto. Qualquer parte do campo poderia ser usada para
revelar informação sobre o objeto inteiro. O campo é holográfico - qualquer parte dele contém
informação sobre o todo.
Ligados ao spin ou à rotação estão os vórtices - padrões de giro espiralantes - que
seriam vistos dentro do pano de fundo que chamamos de vácuo.
A informação (ou campos de torção) está sujeita a interação. Interagir com esse campo
pode alterar as características físicas do objeto e do corpo e é isso que pode acontecer na
vivência quando o sujeito entra em conexão com o campo. A aura ao redor do corpo humano
é chamada de campo de torção pelos pesquisadores russos. Bearden ( in Dubro, 2007) chama
a aura de aura escalar, porque é realmente criada por padrões de interferência de ondas
escalares.
Os campos de torção são conhecidos por interagirem, isto é, por trocarem informação.
Dubro (2007) coloca que o intrigante nisso é que a interação ocorre hiperespacialmente - fora
367
de nossa noção comum de espaço-tempo, uma nova visão da função cerebral é que ela é uma
transceptora (receptora-emissora) de ondas de torção.
O campo de torção é conhecido por transmitir padrões de informação sem a
transferência de energia. Afirma a autora que está se tornando bem evidente que o campo de
torção nos auxiliará a entender como interagimos na conexão humano-com-humano. O campo
de torção também nos ajudará a compreender como podemos alterar nossa realidade física
para nosso beneficio e o de toda a humanidade.
A forma tetraédrica da figura é encontrada dentro da estrutura auto-semelhante - um
fractal. A escala dessa figura dentro da estrutura do microscópico ao macroscópico. A
ressonância dentro dessa estrutura equaciona o alinhamento da geometria interdimensional.
Ao criar a simetria interna perfeita, a comunicação e a troca de informação tornam-se
possíveis entre células. No vácuo, uma estrutura semelhante representa estabilidade, simetria
e equilíbrio.
No campo de energia humano, essa estrutura também representa equilíbrio. A malha
formada pode ser descrita como uma “coleção geométrica de formas-ondas de luz guiadas
pela inteligência”. Conforme Dubro (2007) a sintonia é o processo de criação de ressonância
entre a geometria e as células geométricas. Luz e som permeiam a malha. Geometria, luz e
som estão todos harmonicamente relacionados!
Na imagem a seguir, podemos ver uma pessoa meditando, buscando uma conexão com
a Rede de Energia Cósmica. A meditação, assim como, a oração, eram realizadas
praticamente no início e no final de cada módulo. Na imagem de meditação, quanto na de
oração, podemos ver o sujeito de olhos fechados em contato com sua Consciência Cósmica,
com o corpo relaxado, com os braços suspensos sobre as pernas cruzadas em posição de
“lotus”.
368
Figura 41 - MEDITAÇÃO
Na oração o sujeito busca a purificação de sua alma elevando o padrão vibratório da
mente às esferas de luz, à Consciência Cósmica. Logo após a oração, na meditação – o sujeito
afirma: “depois de segurar a respiração, senti uma luz branca, com riscos azulados muito
forte e entontecedora (muito agradável) sensação de muita luz e força que se esparramava”.
Em relação à figura, após segurar a respiração o sujeito se funde com a Consciência
Cósmica, então, se estabelece uma outra espacialidade e uma outra temporalidade, na qual o
sujeito transcende a anestesia e as preocupações do dia-a-dia. A “luz branca, com riscos
azulados muito forte e entontecedora (muito agradável)” que emana como vibração,
possibilita um “insight” da consciência, em direção a um ponto em que o sujeito é elevado
para fora de si, até o mundo do sutil, do transpessoal.
Na meditação, os estados interiores permeiam a consciência externa do Ser e lhe
permitem contatar a vibração do nível da alma e de todos os outros níveis de consciência.
Nessa ampliação interior, a união com o infinito e com a Consciência Cósmica está dada, a
serenidade emerge, a partir dessa, a intuição, as imagens simbólicas e a criatividade.
369
A claridade da luz oriunda do cosmos se manifesta por meio do espírito, que como uma
lente a focaliza na mente do Ser. Devido a grande intensidade e potência, essa luz não chega
diretamente em níveis mais concretos por isso, usa a alma como filtro. A alma, em princípio
possui certa opacidade e assim, a imagem formada pela projeção da luz no mundo concreto é
difusa, mas, à medida que, a consciência evolui, a alma vai tornando-se translúcida. A
imagem manifesta-se clara e luminosa, com - “riscos azulados, muito forte e entontecedora”.
A personalidade é absorvida pela alma e transfigurada.
O sujeito está sentado sobre uma mandala formada por um círculo violeta, que nos
remete a energia cósmica, que em interação com a energia humana, por meio do sensível pode
transmutar o que está em forma. Dentro do círculo, um quadrado vermelho que se refere à
energia de materialização da forma, e o triângulo verde, no centro do quadrado, a energia de
harmonização da alma. A configuração mandálica sugere a integração do ser, corpo-mente e
alma com o cosmos, do ego com a Consciência Cósmica.
A mandala segundo Chevalier (1990), em suas combinações variadas de círculo,
quadrado e triângulo, manifesta o universo espiritual material, assim como, a dinâmica das
relações, expressa a unidade de princípio, o sistema do mundo. As relações entre quadrado,
círculo e triângulo, mostram as relações entre o céu e a terra, entre o transcendente e o
imanente, exprime uma totalidade entre o homem e o universo.
Meira (1999), diz que a imagem consegue provocar nos sujeitos correspondências com
diferentes funções mentais e com situações típicas, interativas, daí seu poder ontológico e
social. Tendo acesso a esse simbolismo podemos fazer essa imagem viver a vida que se quis
dar a ela, tanto espiritual como materialmente.
O círculo indica movimento, revela que o todo gera as partes e as impregna. O todo não
existe separado das partes, nem é anterior a elas, se manifesta em função delas. O ato mental
da imaginação liga-se ao intelecto pela intuição, ambos atuam sobre o saber, o fazer e o sentir.
A forma sai do caos indiferenciado e assume um corpo, o da imagem a ser vista, num tempo e
num espaço inseparáveis.
O que interessa não é o que aparece como verdade, mas o que parece, o sentido
provisório que uma coisa assume ao se manifestar. A verdade contingente assume uma forma,
uma imagem que assim como aparece, pode transfigurar-se em outra coisa, outra imagem.
370
Figura 42 - INSTAURAÇÃO DE UM CAMPO RITUAL:
CONFIGURAÇÃO, MATÉRIA E ENERGIA
A imagem acima (Figura 42) mostra a Instauração de um Campo Ritual - sagrado e
profano, em que ocorre a relação matéria e energia, a partir da configuração mandálica.
Podemos ver nessa imagem a parte externa repleta de branco, com muitas máscaras que
formam um espaço de centro, e, dentro do círculo, elementos da natureza.
A figura refere-se ao último módulo do curso (Módulo XII), realizado na natureza, que
possibilita a junção de várias atividades vivenciais desenvolvidas nos diferentes módulos.
Nesse módulo, os sujeitos também podem propor atividades vivenciais para interagir com o
grupo, a partir seus potenciais criativos desenvolvidos na “Jornada Arquetípica” e em sua
própria caminhada evolutiva.
Nas vivências, no momento em que é retirado de seu cotidiano, o sujeito, por meio da
Experiência Estética, passa a fazer parte do Campo Ritual, no que é gerado um “centro” que
se deixa iluminar por energias oriundas de todas as dimensões. Esse espaço de “centro” se
identifica com o “cosmos”, com o Campo de Energia Cósmica. O Campo Ritual - Sagrado e
Profano possibilita a fusão do Campo de Energia Humano com o Campo de Energia Cósmico,
o acesso a Consciência Cósmica.
371
A matéria e a energia são implícitas ao Campo Ritual, em que a natureza é a evocação
poética da expressão na tríade; homem-natureza-cosmos. Pressupõe-se assim, a interação de
um campo físico/material - enquanto energia mais densa e um campo energético vibracional -
enquanto energia mais sutil na configuração do campo, ou seja, a interação do sagrado com o
profano.
O Campo Ritual que se apresenta - Campo Ritual: Sagrado e Profano - é para ser
experimentado, vivenciado, aberto as múltiplas manifestações, possui um caráter ativo,
irradiado, dinâmico no qual os sujeitos propõem várias atividades que envolvem arte -
educação - espiritualidade.
A Experiência Estética no Campo Ritual gera estesia possibilitando significações
àqueles que ali se fazem presentes, no momento de fratura da cotidianidade, descontinuidade
na continuidade da realidade. A sensibilidade além de ser uma interação entre mente e corpo,
é interação entre os indivíduos, a natureza e o cosmos.
O mais importante, são as conexões, os processos atuantes a cada instante, que ocorrem
por meio da transcendência pelo sensível, possibilitando a interação dos vários níveis de
consciência; corpo-alma-mente e espírito e, entre os indivíduos, a natureza e o cosmos.
Assim, o que interessa na Configuração do Campo Ritual Sagrado e Profano, são as
significações geradas na interação do Campo de Energia Humano com o Campo de Energia
Cósmico.
As conexões que implicam ampliação de consciência dos sujeitos, para uma nova forma
de “Ser e Estar” no mundo, porque a partir daí se estabelece á coagulação de um novo padrão
na vida dos sujeitos, pela transmutação do que está em forma em seus campos
eletromagnéticos.
A experiência vivida nesse campo pelos sujeitos engloba processos “intersemióticos”
complexos, isto é, de caráter estésico, que envolvem a sensibilidade; todos sentem a si
mesmos, se sentem mutuamente e sentem as vibrações do Campo Fundamental, de onde tudo
emana e para onde tudo retorna. Os corpos presentes nas diferentes vivências, num primeiro
momento, se configuram em abraços afetuosos, que expressam amor, carinho e entrega para
vivência.
O tato é trabalhado como uma das mais profundas ordens sensoriais (Greimas,2001).
Identificação psicossomática de caráter totalizante - “corpo a corpo”, que se impõe sem
mediação. Ainda a apreensão tátil nos faz experimentar sem mediação os poderes dinâmicos e
transformadores dos corpos. Ao “corpo” (aos sentidos) pertence o domínio todo - mas, o
372
domínio do sensitivo pertence a “alma” à parte do sujeito que funciona supostamente “além
dos sentidos” e só a ela cabe mexer com o cognitivo.
Assim, os sujeitos nesse Campo Ritual Sagrado e Profano experimentam várias
sensações por meio dos sentidos, depois esses dados sensoriais são reelaborados,
ressignificados e interpretados, isto é, das simples sensações, passa-se ao nível da percepção.
Uma das pessoas que entrou no centro do círculo mandálico diz que - “se entregou à vivência
porque se sentiu acolhida pelo grupo”. O estado de euforia se revelou pelo sorriso estampado
em seu rosto.
A alegria é imensa a cada olhar e a cada gesto trocado no grupo. Percebe-se aí que o
sujeito afeta e se deixa afetar e que a aprendizagem vai se dando a partir dessa interação,
dessa troca, na entrega, na qual em uma das vivências muitas pessoas se colocam em círculo,
girando à volta de um sujeito - como os planetas à volta do sol no movimento de translação.
Uma figura posicionada no meio da mandala é como o sol central, é a Consciência
Cósmica que ilumina o universo, as demais são partes desse sol. Um dos sujeitos nessa
vivência se colocou como figura de centro; como corpo humano, físico e vibracional, que em
manifestação no espaço telúrico oscila na roda viva da vida como um pêndulo, de um lado
para outro. Ao mesmo tempo, gira em torno de seu próprio eixo, no sentido horário, como o
próprio movimento de rotação da terra em torno do sol.
Os pés estão no chão, em contato com a mandala de sal. O sal segundo Chevalier (1990)
é o elemento purificador. Manifesta-se como transmutador de energias, potencializador que
unifica corpo, alma e espírito. A cabeça, ao mesmo tempo, que está ali, está em outro lugar, e
tudo vai acontecendo no embalo, na sinergia da roda, no círculo infinito do universo.
Os corpos dos sujeitos nessa vivência se inclinam e giram num movimento único de
interação com o grupo e com o fluxo da vida e da Consciência Cósmica. A energia que circula
no campo se dá ora em forma de partícula, ora em forma de onda, de cima para baixo, de
baixo para cima, em espiral e em todos os sentidos. É algo que se faz imanente e
transcendente, do espaço sagrado ao profano e do profano ao sagrado, por meio do
movimento de reversibilidade entre sensível e inteligível.
Nessa fluidez de energia se configura a “Árvore da Vida” que dará muitos frutos pela
“ascensão do espírito” de cada Ser ali presente. A física quântica nos coloca que a energia
pode ser percebida existindo em forma de partículas ou sob a forma de ondas, dependendo de
como é medida. Laskow (1997) afirma que é a intenção da consciência que determina a
percepção que forma e também inicia a transformação da energia.
373
A Intenção consciente ou inconsciente é que converte matéria (em forma de partículas)
na forma de onda, e que transforma a forma de onda em “matéria”. Assim, o Campo de
Energia cria formas, isto é, o sujeito atua no campo e ao atuar no campo ele produz formas,
que então se estruturam de maneira ressonante como “matéria”.
Em outra vivência na mandala, os sujeitos de mãos dadas formam um pentágono, o
estrelado universal, o micro e o macrocosmo. O ser humano microcósmico conectado com o
universo por meio de seus sentidos, as cinco partes do corpo que interagem entre si e com o
universo maior buscando a “alquimia”.
A primeira figura se coloca como a ponta da estrela, a cabeça, o animus, que se revela
pelo espírito, por meio da consciência. A figura no espaço de centro manifesta a alma, que
está com os pés descalços sobre o branco do sal. A alma é a figura de centro, a ligação do
corpo com o espírito, mediadora dessa dualidade; a anima, elo de ligação, entre o criador e
sua forma, fator sensível na própria substância, energia atrativa, harmonizadora, de coesão,
sensibilidade, vivacidade e conscientização que liga corpo e espírito.
O corpo é o mediador do Ser no mundo que, por meio da transcendência pelo sensível,
no momento de estesia, interage com o campo de energia cósmica. O sensível se manifesta
pelos sentidos e na efetiva presença do mundo para o sujeito e do sujeito para o mundo, da
fusão entre ambos. O momento de fratura na cotidianidade remete os sujeitos á um outro
tempo e a outra espacialidade, por meio da Experiência Estética que é possibilitada por meio
de gestos.
Greimas (1993) afirma que as configurações gestuais instauram relatos cuja
modalização é responsável pelo aparecimento de significados passionais. A dimensão tímica
aflora cada vez que o sentido liberta as energias pulsionais.
Em uma das vivências no Campo Ritual Sagrado e Profano, alguns rostos são visíveis,
outros velados, porque estão de máscaras. E, assim, a dualidade se faz presente; é como um
pêndulo oscilante no campo, e na vida de um lado para outro, nos coloca entre a cruz e a
espada, nos remete da luz à sombra, do visível ao invisível, do sensível ao inteligível. Mas,
essa relação dual se dá tanto pela separação, como pela superação do limite, da fronteira entre
as mesmas, já que se complementam.
Nessa mesma vivência, as figuras interagem com um dos sujeitos que se coloca no
centro, formando um só corpo na roda. Todos unidos retratam a interação das partes que estão
isoladas, a individualidade do sujeito, a comunhão com a universalidade, com o Todo, com a
Unidade, a Consciência Cósmica.
374
A roda se configura pelos corpos interconectados que formam a “Força-Corrente”, que
se constitui das partes que compõe o todo e são compostas por ele. Surge como o círculo
infinito que pressupõe o retorno à Unidade. As mãos dadas formam o círculo, criam um elo
entre os sujeitos e uma corrente de energia, uma “egrégora” que transcende as dualidades e as
diferenças. Retrata a união que gera força e que conforme Maturana (1999), por meio da
troca, da interação, da amorosidade nas relações faz do outro, legítimo outro na convivência.
Numa outra vivência com máscaras, um dos sujeitos diz que - “a máscara dá uma
expressão que não muda, sendo assim, se tem a possibilidade de ficar mais livre para observar
os outros, já que a reação aos outros fica escondida atrás da máscara”. Segundo Buchbinder
(1996) a máscara é a cristalização corporal da estrutura do sujeito, que reflete o mais
“interno”, expressa o interior do sujeito. Manifesta as múltiplas personalidades assumidas
pelo sujeito, ás dualidades, e, ao mesmo tempo, o profano e o sagrado que se revelam no
sujeito, constituindo duas modalidades de ser e estar no mundo, que são opostas e ao mesmo
tempo complementares.
De acordo com Elíade (1994), o limiar é, ao mesmo tempo, o limite, a baliza, a fronteira
que distingue e opõe os dois mundos - lugar paradoxal onde esses dois mundos se
comunicam, onde se pode efetuar a passagem do mundo profano para o mundo sagrado. O
branco da mandala aparece como a manifestação da energia divina condensada - que se faz
presente por meio do aspecto receptivo da alma na passagem do mundo profano para o
sagrado.
Ainda na mesma vivência de máscaras as pessoas olham para além da figura do centro,
olham para o “vazio” sem fronteiras, “vácuo físico”, que não é um simples nada, mas contém
a potencialidade para todas as formas do mundo das partículas. Os sujeitos olham como se
esperassem que desse espaço, algo se manifestasse intensamente, o que de fato se faz
possível.
Capra (1988), afirma que a observação de um evento muda esse evento; o que nada
mais é do que um atributo da consciência, que ocorre tanto no nível consciente como
inconsciente, sendo que os processos inconscientes podem ser alterados pela intenção
consciente.
Laskow (1997) afirma que existe uma energia sutil emitida por nós que pode transmitir
informação se dirigida pela mente e focalizada pela intenção. A liberação ou absorção de
energia pode ser influenciada pela energia do “vácuo” ou Campo de Energia Cósmico. O
Campo de Energia Cósmico pode condensar-se em objetos materiais sólidos. Quando o
375
campo se condensa a visibilidade das formas torna-se evidente, quando se dispersa não há
mais formas.
Assim, outras vivências acontecem, sendo que, na fluidez da música, os corpos se
moldam à expressão do gesto, à linguagem das mãos, dos olhos, do rosto. O olhar se remete
acima, mais uma vez, como que buscando mais luz, mais força - se lança ao Campo de
Energia Cósmico.
A energia emana do campo movimentando-se do infinito ao finito, do invisível ao
visível, do contínuo ao descontínuo, em todos esses casos num movimento de reversibilidade.
Penetra no sujeito, através dos “vórtices rodopiantes” e pelo “tubo de Luz” perpassa todo Ser,
desde o Corpo Vibracional ao corpo físico retornando a fonte.
Numa outra vivência no Campo Ritual, a energia que emana de cima, é canalizada pelo
coração e pelas mãos do sujeito que está no centro e se direciona a todos os demais. Na
interação dos campos energéticos, a energia já transmutada retorna a fonte no movimento do
campo fundamental, numa dança onde vazio transforma-se em forma e forma em vazio,
partículas se transformam em ondas e ondas em partículas.
A forma faz parte do corpo, e, ao mesmo tempo, parece estar fora dele. A imagem e a
forma surgem na batida do coração, e, a partir dela, pelas vibrações que se elevam do coração
a mente dos sujeitos. O coração dos sujeitos da vivência, à flor da pele, retrata a pulsação do
cosmos, que se manifesta como o coração do Ser, e o coração do cosmos, a pulsação do Ser.
A experiência de se atribuir sentido à imagem alia o virtual ao atual percebido, pelas
vibrações que afetam a alma, o corpo, a mente e o espírito. Segundo Meira (1999), sensações
e imagens aparecem sempre num horizonte de sentido, ou seja, num horizonte hermenêutico
cultural. Mas, o campo perceptivo é feito de coisas e de “vazio” entre essas coisas, sendo que
o “vazio” é pleno de energia e sentido.
A autora diz que a percepção dá um corpo sensível ao caos da ação imaginativa. Ela
constrói-se com estados de consciência, onde atenção e juízo se aliam. O corpo não é um
mero veículo de transmissão de estímulos, pois desde o primeiro momento da sensação,
realizam-se relações entre funções mentais e o corpo. Assim podemos entender que corpo-
mente-alma e espírito caminham juntos no ato da criação e das imagens simbólicas.
Na vivência de máscaras a partir da Instauração do Campo Ritual Sagrado e Profano,
um dos sujeitos diz que - “a máscara dá a possibilidade de soltar e deixar o corpo ir e a voz
falar o que tiver vontade”. Percebemos aí um sujeito se liberando de seus condicionamentos
através da expressão corporal, vivendo apenas o momento atemporal; em que o presente,
passado e futuro se fundem.
376
De acordo com Wilber (1998), o momento presente é um momento atemporal, eterno,
um momento sem passado nem futuro, antes nem depois, ontem nem amanhã; o tempo é uma
ilusão, que, antes de tudo o mais, não existe. Dessa maneira, viver dentro do momento
atemporal e como momento atemporal é viver na Consciência da Unidade; Consciência
Cósmica, que transcende o indivíduo e revela à pessoa, algo que vai muito além dela mesma.
As relações entre as funções mentais e emocionais são dadas pelo Corpo vibracional
(Parode, 2007) por meio dos gestos, que criam formas do espaço tridimensional a outras
dimensões. No espaço tridimensional, pelas linhas do corpo; mãos, braços, cabeça, tronco, e
pernas interagem criando formas no processo vivencial. Cada forma compõe o todo e é
composta por ele, e, assim se manifesta a grande malha, rede, teia universal.
Brennan (1987) afirma que o Campo de Energia Universal existe em mais de três
dimensões, o que significa que ele é sinergia, constrói formas e continua sempre a criar mais
energia. As formas se constituem assim, através do campo de energia, campo invisível, mas
atuante que está sempre gerando formas.
Em outra vivência, muitas pessoas circulam aleatoriamente a volta da mandala, abrem
os braços, como pássaros que querem se lançar no fluxo do ar, como se preparassem para
alçar vôo e entrar em plena comunhão com a Consciência Cósmica. Ao mesmo tempo, parece
que correm devagar porque elas não têm pressa de chegar, chegar ao fim da estrada, quem
sabe, porque esse fim não seja nada e a estrada seja o encontro com o Todo, com a Unidade.
A fala de uma das pessoas revela que - “achou muito boa a experiência, mas não
conseguia parar de rir, parecia uma brincadeira, mas, o que achou legal mesmo, foi á
entrega total”. Na entrega total à vivência os humores dos sujeitos reencontram a imanência
do sensível, o reencantamento do viver.
O sorriso é pleno em função do prazer vivido pelos corpos ali presentes, que permitem
que o lúdico se instaure como espaço de verdade naquele momento único, onde a pureza da
“criança interior”, do arquétipo do “louco”, permite que a inocência, a pureza, seja revelada
sem “máscaras” a todo o grupo, o que pode trazer aos sujeitos a alegria, a saúde da alma, da
mente e do corpo.
Outro sujeito diz que - “naquele dia passei por várias emoções, desde que acordei até
chegar ali e que essas emoções iam se transformando, na medida em que ia se expressando.
A sensação que tinha era como se estivesse dentro de um furacão, daí conseguia me liberar
daquela energia com as brincadeiras, com as vivências”.
Depois de passar por várias emoções, por meio da expressão, da entrega aos momentos
lúdicos, possibilitados pelas vivências, o sujeito consegue sair do turbilhão, “de dentro do
377
furacão”. E, assim, na transcendência pelo sensível oportunizada na vivência, na interação dos
campos vibracionais humanos e cósmicos, se estabelece à comunicação do céu com a terra, e
da terra com o céu.
Nesse momento, se torna possível à passagem de uma região cósmica a outra, ou de
uma dimensão a outra, o que faz com que o sujeito consiga atingir um novo estado de “Ser e
Estar” no mundo. Dessa maneira, o corpo cósmico expressa o mundo não mais no sentido de
turbilhão, mas, o sujeito faz de seu corpo o mundo num movimento com o fluxo da vida,
celebrando a sintonia com o universo do qual faz parte.
378
O CAMPO ELETROMAGNÉTICO COMO PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO
A imagem a seguir é de uma Bioelétrografia, se refere ao halo energético anteriormente
conhecido como Efeito Kirlian, é a aura humana, campo eletromagnético o corpo sutil ou
energético que denomino de Corpo Vibracional.
Figura 43 - CORPO VIBRACIONAL
A aura varia de cor, tamanho, formato e aspecto, conforme variações emocionais,
mentais e até de acordo com o estado de saúde das pessoas, pois as doenças, assim como, as
predisposições emocionais e mentais manifestam-se primeiro no campo eletromagnético, para
depois se apresentarem no corpo físico ou material.
379
Manifesta-se como uma forma oval e se constitui nas cores azul, rosa, vermelho, branco
e um tom de verde no fundo preto. Cores que se referem ao Corpo Vibracional constituído por
muitos campos de energia sutil e interativa. O preto com laranja, aparece como a massa do
corpo físico, a energia que recebeu uma forma específica.
O Efeito Kirlian conforme Milhomens (1994) ocorre porque todos os átomos possuem
campos eletromagnéticos a circundá-los. Como o corpo humano é composto de átomos está,
portanto, circundado por um campo eletromagnético gerado pelos átomos que o compõe.
Assim a aura retrata o âmbito de irradiação da energia a partir de um ponto.
O fenômeno da aura está ao mesmo tempo dentro e fora do tempo linear e do espaço
tridimensional, faz parte da teia dinâmica de padrões inseparáveis de energia. De acordo com
Dubro (2007): O corpo físico encontra-se envolto por hipercampos no espaço dimensional
superior. O toróide, um vórtice interdimensional, é formado por múltiplas camadas, como as
de uma cebola. Esses campos de energias têm propriedades hiperespaciais dos campos de
torção. Ao longo da estrutura inteira há um fluxo de energia. O sistema físico encontra-se em
constante troca de energia com o vácuo.
A autora se refere ao campo eletromagnético, que é uma região de influência
organizada, que manifesta um verdadeiro “Show de Luz”. O “Fóton de Luz” é conhecido
pelos físicos como o “mensageiro” do campo eletromagnético, que conforme Dubro, ondula,
entregando e trocando informação com elétrons dentro do campo. Os físicos chamam a luz de
reflexo da Quinta Dimensão, porque a luz se origina do espaço dimensional superior.
O corpo humano, de acordo com Dubro (2007), emite “fótons” -“biofótons” - a partir do
DNA. Quanto mais altamente carregado for o campo eletromagnético, mais ativa é a troca de
informação. A informação derivada de nossas estruturas eletromagnéticas em evolução
possibilita a expansão da consciência. É o campo eletromagnético que fornece a organização -
a estrutura e a forma - da substância que chamamos de matéria.
Dubro afirma que sem o campo eletromagnético, não haveria materialização ou
manifestação de objetos sólidos. Assim a luz transporta os padrões impressos pela
consciência. Imagine que, por meio da estrutura do hipercampo da entidade multidimensional
que chamamos de luz, verificamos que a luz está conectada com o campo da mente do ser
humano. Mas a exibição de inteligência não é tudo. Os físicos estão agora indicando que as
partículas elementares têm sentimento.
A natureza dessas partículas está sendo considerada como possuidora de aspectos
emocionais, mentais e etéricos. Mas, quando as inconsistências e as anomalias não são
resolvidas dentro de um certo paradigma, é preciso que, eventualmente, alteremos a maneira
380
pela qual pensamos, avaliamos, percebemos e medimos nossa realidade. Conforme Dubro
(2007), ao integrar novos conhecimentos e consciência em nossa visão expansiva da
realidade, precisamos transformar aquelas antigas teorias, que já não nos servem mais. Tais
teorias servem para confinar-nos em problemas insolúveis. É preciso, então, encontrar um
novo paradigma que nos permita olhar esses problemas sob numa nova perspectiva, uma que
consiga resolver os problemas insolúveis do paradigma anterior.
A introdução de um novo paradigma está, então, associada a uma “revolução” na
Ciência. Talvez algumas das visões apresentadas aqui terminem por fazer parte dessa
revolução, que já está ocorrendo na Ciência e em nossa compreensão da realidade. Assim, a
Bioelétrografia instiga essa revolução, não somente, constatando a existência dos campos
eletromagnéticos, mas, mostrando o quanto pode ser modificado com irradiação de luz.
A atuação da luz no corpo vibracional, ou campo eletromagnético humano gera
mudanças na vida do sujeito. Os desequilíbrios precisam ser corrigidos a partir de uma
hierarquia superior de influência. Os campos de energia sutil são necessários para que sejam
efetuadas mudanças no nível eletromagnético.
Conforme Tiller (in Dubro,2007), quando há desequilíbrios em nível biológico, para
que a homeostase seja reestabelecida, é preciso fazer ajustes nos desequilíbrios químicos em
nível eletromagnético. Os desequilíbrios em nível magnético exigem ajustes em nível etérico;
desequiíbrios em nível etérico exigem ajustes em nível emocional; desequilíbrios em nível
emocional exigem ajustes em nível mental; desequilíbrios em nível mental exigem ajustes em
nível espiritual. Nesse modelo, a organização em um nível de realidade é influenciada e
determinada pelo nível superior de realidade.
Para Dubro (2007), definir o significado do termo multidimensional é mais do que um
desafio, pois há um significado diferente para cada diferente perspectiva. Por exemplo, neste
contexto, o termo é usado para descrever a possível existência de vidas múltiplas simultâneas,
dentro de sistemas de coordenadas espaço-tempo diferentes e separadas.
Isso equivale a dizer que, se visualizarmos o tempo - o passado, o presente e o futuro
como existindo todos ao mesmo tempo - nossas experiências de vida estão ocorrendo em
realidades paralelas ao mesmo tempo. A separação dessas vidas ocorre apenas dentro do
nosso conceito de tempo e dos limites de nossa consciência.
Experiências de vida estão ocorrendo apenas dentro do nosso conceito de tempo e dos
limites de nossa consciência. Experiências de “vida” separadas permanecem de algum modo,
conectadas, por meio de uma corda que nos liga e conecta ao núcleo central de nossa essência
- que é o ser espiritual, que chamo de cósmico ou Ser Multidimensional.
381
NÍVEIS DE EXPRESSÃO DO PROCESSO
A foto a seguir retrata o estado emocional, psíquico do sujeito no exato momento em que foi
tirada, portanto, variações de padrões energéticos, que envolvem estados emocionais e
mentais que geram instantaneamente alteração nas imagens.
FIGURA 44 - CORPO VIBRACIONAL
CAMPO ELETROMAGNÉTICO
No momento em que a foto foi tirada o sujeito encontrava-se com um relativo
equilíbrio emocional e orgânico, e, das energias de polaridades, que no oriente chama - se
382
(Yang=ativo e Yin=passivo), ou seja, energias que envolvem o masculino e o feminino, o
sensível e o inteligível, a razão e a emoção, a ação-expansão e a introspecção - recolhimento.
Na imagem muitas cores; o rosa e o azul expressam as energias de polaridades. No
centro da foto, que parece um ovo, podemos visualizar a cor laranja, com extremidades
escuras. Pela imagem se constata que o sujeito possui um potencial de energia classificado
pelos parapsicólogos de “Psigama Forte” (alto grau de “paranormalidade”).
A imagem revela que existem alguns conflitos internos dados por padrões e valores
que trazem do passado, informações que geram medos, culpas, tristezas, que estão em plena
atuação no seu campo na vida presente. Ansiedades com relação ao futuro, que, também,
assim como, informações do passado, retidas no campo, implicam e condicionamentos.
O sujeito caracteriza-se por ser intuitivo, criativo, artístico e inovador, com grande
potencial de curador, mas tem dificuldade de auto-aceitação e adaptação em seu ambiente
familiar, cultural e social. Os conflitos que envolvem o presente têm a ver com essa situação,
outros estão em nível inconsciente e podem gerar o desequilíbrio das polaridades.
O registro do campo eletromagnético abaixo, foi realizado no primeiro módulo do
curso, a fim de verificar as transformações do Campo de Energia Humano após as vivências
estéticas, corporais e simbólicas. Selecionei duas fotos de um dos sujeitos tiradas “antes” da
Vivência I - que se refere ao “Acoplamento e Circulação da Energia a Transmutação da
Forma” e “depois” da vivência, que estarão representando as demais na análise da imagem.
A imagem a seguir mostra que houve uma alteração dos padrões energéticos do
sujeito; nos níveis de consciência após as vivências estéticas, corporais e simbólicas.
383
Figura 45
384
A RADIESTESIA COMO PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO
A Radiestesia assim como a Bioelétrografia capta informações do Campo
Eletromagnético. A Radiestesia, também conhecida como Radiônica é um método energético
de diagnóstico que pode possibilitar a cura. A Radiestesia capta as vibrações nefastas de alta
intensidade, estabelecidas no Ser, no campo eletromagnético e no ambiente. Na imagem a
seguir podemos ver a utilização da Radiestesia para a captação do campo eletromagnético do
sujeito, na primeira etapa da Vivência I - A Dança Cósmica e o Mergulho no Uno.
Figura 46
A Radiestesia por meio do “Pêndulo Radiestésico” pode captar os desequilíbrios, os
bloqueios energéticos e corrigir as vibrações de pessoas, animais, ambientes domésticos e
empresariais públicos e privados, objetos, etc. As diversas formas existentes, que percebemos
ao nosso redor, emitem informações vibratórias, as quais, em Radiestesia, chamamos de
385
ondas de forma. A qualidade e a intensidade vibratória das ondas emitidas dependem da
qualidade do suporte vibratório que as emite.
O bioquímico e radiestesista Guillé (1983, 1994) afirma que o ser humano é um
suporte vibratório que recebe e emite energias vibratórias. É um sistema aberto, que está em
troca constante com o meio, e, portanto, também, com energias vindas da terra e do cosmos.
Conforme o lugar, o momento e o nosso estado, entramos em ressonância vibratória com
energias vibratórias diferentes. Além de trocarmos energias com o meio, também trocamos
matéria e informação, transformando-nos durante esse processo e transformando nossa
informação genética.
Chopra (2005) considera que nosso espírito está relacionado com o campo quântico
subjacente, que ele denomina de virtual, por ser não-local e eterno. A alma se relaciona com o
nosso eu, que seria uma emanação local do espírito. A alma está atrelada às atribulações do
mundo físico, enquanto a instância do espírito é livre disso.
Assim, se conseguíssemos viver a vida a partir da perspectiva do espírito, não
sofreríamos tanta angústia, ansiedade, medo e raiva. A alma parece ser desconfiada que a vida
não flua a seu favor, tem uma tendência a se reporatar ao passado ou futuro, enquanto o
espírito é confiante, porque colocar na plenitude do “Agora” e conhece a natureza criativa
potencial das coisas na duração, isto é, no tempo que tem que ser.
A alma perturbada fica vulnerável e, a partir daí, as vibrações da alma também são
perturbadas, porque entra em sintonia com as influências de energias nefastas de alta
intensidade, que produzem aflição, medos, raivas, comportamentos desarmônicos, situações
desfavoráveis, hostilidade, confusão, adversidade, perdas desnecessárias. Assim, conflitos
internos ou externos afetam nossa percepção e comportamento.
A terapia pela Radiestesia possibilita a diminuição da tensão interna e externa
anulando impregnações de energias negativas (de ódio, inveja, desrespeito, cobiça e outras)
proporcionando alívio e maior clareza para decisões. Por exemplo, quando alguém denigre o
outro está maculando tanto sua alma, quanto à do outro de ondas nocivas de maldade,
podendo ter o mesmo feito daquilo que se costuma chamar de magia negra.
Além das ondas nocivas telúricas e cósmicas, há, portanto ondas nocivas psicológicas
e espirituais que podem causar danos ao corpo-alma-espírito, tanto para quem as emite, como
para quem as sintoniza e absorve, as vezes irreparáveis. A maldade conduz as pessoas para o
“inferno” em vida, e é este “inferno” que precisa ser exorcizado com vibrações de mansidão,
amor, respeito e bondade.
386
Segundo Guillé (1990), a maior parte da humanidade não possui suporte vibratório
(condições do corpo físico) para se adaptar energeticamente a era atual, assim, propõe o uso
de linguagens vibratórias específicas e um caminho alquímico para fazer esta adaptação.
A qualidade das vibrações que recebemos, transmitimos e emitimos, constitui a base
da alquimia da vida. A matéria que constitui nosso corpo é um suporte vibratório de uma
energia vibratória que nos anima. O estresse psicofísico e espiritual afeta o funcionamento e a
estrutura das moléculas, podendo ativar doenças, pois o DNA é suscetível de receber e
transmitir, á distância, sinais vibratórios e, portanto, pode se reestruturar no sentido da doença
ou da saúde, conforme o teor vibratório das forças que agem sobre ele. Ou seja, os sinais
vibratórios do meio ambiente e de certas energias cósmicas afetam os ritmos bioquímicos.
Para Guillé a vida resultaria de um equilíbrio dinâmico entre ondas recebidas e ondas
emitidas; e o suporte vibratório - o corpo - vibra em função de energias recebidas, o que
significa que a qualidade de vida depende da qualidade da nossa interação energética com o
meio ambiente, e a preservação da vida e da saúde depende do cuidado que temos com nossa
energia.
Guillé (1983) afirma que a Radiestesia pode medir e corrigir as vibrações do
organismo, através de técnicas específicas, assim como pode prever a evolução potencial
dessas vibrações, o que significa que temos de ter consciência da necessidade de um
acompanhamento vibratório, visando preservar a qualidade da energia interna e externa, assim
como, a da interação energética que temos com o meio ambiente.
Trabalha-se basicamente a energia do DNA e a consciência com vários recursos
alquímicos e espirituais, visando aumentar a freqüência vibratória no sentido de proteger o
paciente contra energias nefastas. Assim a radiestesista leva em conta o estado vibratório de
vários de nossos corpos: o físico, o etéreo, o astral, o mental, o causal, o espiritual e o divino.
Guillé (1983) tem uma abordagem quântica e espiritual, fundamentada em estudos
profundos de química, biologia, física, alquimia, civilizações antigas e espiritualidade.
Segundo ele, todo ser, objeto, forma, imagem, emite uma freqüência vibratória, amplitude
vibratória e direção que podem ser medidos com o pêndulo e equilibradas segundo técnicas
bem precisas.
387
A ÁGUA COMO PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO
Masaru Emoto (2007) em sua pesquisa sobre a água, trata do que chama - “O
Verdadeiro Poder da Água” - que tem a ver com a Cura e a descoberta do Si mesmo,
revelando a nossa profunda ligação com a água - o nosso recurso mais precioso. O estudo de
Emoto nos possibilita uma compreensão mais ampla de como podemos nos relacionar melhor
com a água no cotidiano, e nos mostra que podemos ter esparança de que a água do mundo
todo se recupere num futuro próximo.
Afirma Emoto (2007, pág. 24) que a qualidade da água aumenta ou deteriora de
acordo com a informação que ela recebe. Os seres humanos são afetados pelas informações
que absorvem, pois 70% do corpo de um adulto é constituído de água. No momento da
concepção, o óulo fertilizado é 96% água. Ao nascer, o bebê é 80% água. À medida que a
criança cresce, essa porcentagem vai caindo e se estabiliza em torno dos 70%, quando ela
chega à idade adulta. Em outras palavras, a vida inteira nós somos, mais do que qualquer
outra coisa, água. A essência do ser humano é água. Para Emoto esse processo simboliza a
preciosidade da vida, reflete a própria vida. Na imagem a seguir podemos ver uma taça com
água.
Figura 47
A água é sensível a uma forma sutil de energia, que Emoto chama de “hado”, ou
“flutuação ondulatória”. É essa forma de energia que afeta a qualidade da água e o formato
388
que o cristal de água adquire. Como tudo que existe é vibração, ou “hado”, essa energia
emitida pode ser positiva ou negativa e ser transmitida facilmente para tudo o mais.
A pesquisa de Emoto (2007) constata que a qualidade da água aumenta ou deteriora de
acordo com a informação que ela recebe. Isso lhe fez acreditar que os seres humanos são
afetados pelas informações que absorvem, já que setenta por cento do corpo de um adulto é
constituído de água.
Emoto (2007) afirma que temos de demonstrar respeito pela água, sentir amor e
gratidão e receber vibrações com uma atitude positiva. Assim a água se transforma e todos se
transformam. E, foi com esse intuito, que antes de iniciar cada módulo por meio da intenção
irradiava na água, vibrações positivas tais como: paz, amor, saúde, sabedoria, abundância...
Assim, durante os doze módulos do Curso, após a última vivência de cada módulo, a água
energizada era colocada à disposição, para que os sujeitos ao tomar à água pudessem captar
suas vibrações.
389
O PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO DOS ARQUÉTIPOS
Jung (1964) estabeleceu a existência de um dos maiores e significativos paradoxos: o
inconsciente e o consciente existem num estado profundo de interdependência recíproca e o
bem estar de um é impossível sem o bem estar de outro. Se a conexão entre esses dois estados
de ser for diminuída, o indivíduo entrará em desequilíbrio, ficará doente e despojado de
significação; se o fluxo entre um e outro for interrompido por muito tempo, a alma mergulha
no caos.
Jung (1964) afirma que os arquétipos produzem um enorme impacto no indivíduo,
determinando suas emoções e perspectivas éticas e mentais, influenciando o seu
relacionamento com as outras pessoas e afetando assim, toda a sua vida. O autor coloca que,
os símbolos arquetípicos combinam-se no indivíduo seguindo uma estrutura de totalidade, e
que é possível que uma compreensão adequada destes símbolos tenha efeito terapêutico.
Jung entendia a importância de um trabalho continuado para aumentar a consciência,
para ele, esse era o caminho que levaria o Ser a encontrar maior sentido na vida, mas a
consciência só poderia ser renovada e ampliada, na medida em que, a vida exigisse que ela
fosse renovada e ampliada, pela manutenção de suas linhas não - racionais de comunicação
com o inconsciente coletivo.
Ele reconheceu de pronto que o “Tarô” tinha sua origem e antecipação em padrões
profundos do inconsciente coletivo, com acesso a potenciais de maior percepção à disposição
desses padrões. O “Tarô” seria a ponte não-racional sobre o aparente divisor de águas entre o
inconsciente e a consciência, para acessar o que deve ser o crescente fluxo de movimento
entre a luz e a sombra.
Em alguns módulos do curso, entre uma vivência e outra, abríamos as cartas de Tarô,
conforme imagem a seguir, para que cada sujeito fizesse um mergulho dentro de si mesmo.
390
Figura 48
A atividade se dava na tentativa de criar essa ponte entre consciente e inconsciente, na
busca de fluidez entre ambos, e, a fim de que o sujeito percebesse seu processo. Assim, os
sujeitos mergulhavam na imensa gama de possibilidades que emergiam do “Campo
Unificado”, e as imagens arquetípicas se apresentavam para que os sujeitos tivessem um
encontro consigo mesmo, com o “self”, com a Consciência Cósmica. Na imagem a seguir
podemos verificar o grupo nessa atividade.
391
O SENTIDO DA JORNADA ARQUETÍPICA
Nesse capítulo faço algumas considerações relevantes a respeito do Curso de Formação
Multidimensional e Ampliação da Consciência, buscando sentido para o meu processo junto
com os alunos na “Jornada Arquetípica”. Por meio do que os sentidos puderam captar nas
Experiências Estéticas, através do corpo, da mente, da alma e do espírito, a partir da conexão
com o micro e o macrocosmo.
Abordo questões referentes ao desenvolvimento dos Seminários Teóricos Vivenciais
perpassando os doze módulos do curso, vivências que se tornaram Experiências e que
certamente tiveram sentido na minha autoformação, formação, transformação e ampliação da
consciência, assim como, na dos meus alunos.
Experiências realmente enriquecedoras que me oportunizaram crescimento não só no
ato de criar e propor, mas, de vivenciar, tanto individualmente, quanto em grupo, uma “Jornada
Arquetípica” de “Transformação” que, em cada módulo, foi partilhada com outros sujeitos que
se colocaram como alunos e, ao mesmo tempo, como meus colegas.
Em suas colocações era evidente que muitas coisas que sentiam tinham a ver com o que
eu sentia desde a infância, que me gerava uma sensação de sofrimento, isolamento e dor, um
estado de estranheza profundo. O momento do encontro com cada um foi muito especial, como
que um encontro de almas afins, um encontro dos “iguais”, sendo cada experiência vivida, uma
troca de afetividade que nenhuma palavra poderia traduzir.
Por isso mesmo, no período de um ano, o curso que deveria ser realizado em quatro
horas mensais acabava se estendendo para quase cinco horas por módulo. Os sujeitos
afirmavam que não tinham vontade de sair daquele ambiente e que estavam totalmente envolto
numa energia numinosa. Sentiam vontade de permanecer ali e de terem mais encontros, mesmo
que fossem fora dali, o que possibilitaria mais interações e uma aceleração dos saltos de
consciência.
A partir daí, se criou o que denominei de “Força-Corrente”, encontros mensais de
alunos de todas as turmas e consulentes para manter a “Egrégora” do trabalho, o vínculo entre
os diferentes grupos e a realização de atividades que envolvessem pesquisa científica, a respeito
da ciência e da espiritualidade nas diversas áreas de conhecimento, assim como, atividades
vivenciais.
Os encontros da força-corrente se realizavam todo mês, assim como, a continuidade de
cada módulo. O mais difícil no curso foi compartilhar com os alunos das atividades vivenciais;
392
ao mesmo tempo, que sentia em meu ser a radiação da luz que emanava da Consciência
Cósmica e me elevava a dimensões mais sutis, me deixando com um padrão vibratório
diferente (em plena estesia) deveria estar atenta a cada sujeito ali presente, que a qualquer
momento poderia vir a ter uma reação catártica.
Mas, desde o começo do curso, também havia deixado claro que em estado de estesia,
quando ocorre a fusão do sujeito com a Consciência Cósmica, é quase impossível não
manifestar as sensações que passam pelo corpo; dores, espasmos, contrações, prazer, êxtase,
emoções e sentimentos, ou não se ter reações catárticas, visto que, quando a luz penetra e se
expande no Campo de Energia Humano, as informações do campo são modificadas, velhos
padrões de energia são retirados e o novo se estabelece.
No início das vivências, os sujeitos eram estimulados a observar, não interferir e deixar
fluir as sensações, as imagens, pensamentos e sentimentos, procurando permitir que seguissem
seu curso, e, se possível, seguissem mantendo essa atitude durante todo o processo vivencial.
Para Bertolucci (1991) as experiências de vida parecem ter a forma de “ondas” e os
bloqueios da alma podem ser compreendidos como a tentativa de contenção dessas “ondas”.
Assim, meu papel, na medida do possível, era auxiliar para que o desbloqueio pudesse
acontecer permitindo a emergência do fluxo energético e facilitar ao sujeito o acesso à
Consciência Cósmica.
Bertolucci (1991) diz que muitas pessoas vivem dois momentos bem diferenciados entre
si; o primeiro é a vivência do bloqueio, dos impedimentos, a ocorrência de espasmos, tremores,
sensações de frio e calor no corpo, a psique e o corpo como um campo de lutas entre forças
antagônicas. Depois, num segundo momento, a vivência para uma abertura ao desconhecido, à
cessação da luta e à entrada para um campo psíquico onde não só a amplitude aumenta, mas a
qualidade é completamente diferente das experiências de contrição e luta interna.
Enquanto essas últimas são desagradáveis, angustiantes, paralisantes, fóbicas, e vêm
acompanhadas muitas vezes de raiva e medo, entre outras emoções e sensações que costumam
ser evitadas, as experiências de abertura são geralmente agradáveis e apresentam qualidade
positiva: calma, tranqüilidade, paz, amor, etc... Uma vez que a amplitude da consciência é
alcançada, apresenta qualidades mais positivas, afirma Bertolucci (1991, pág. 149) para quem:
O movimento da evolução da consciência não é arbitrário, mas segue um
sentido positivo, ético, onde as qualidades da consciência mudam
sensivelmente para melhor. Felizmente estamos diante de um critério
científico, preciso, que afasta toda especulação de caráter moral: a
consciência possui em seu caminho evolutivo, um caráter paulatinamente
mais positivo que não precisa ser imposto de fora, mas que existe por sua
393
própria natureza, onde está livre dos impulsos, pulsões, conflitos,
frustrações, lutas e polaridades.
Na interação do Campo de Energia Cósmico com o Campo de Energia Humano, quando
a luz é irradiada em movimentos anti-horário e horário, se expandindo intensamente no campo
do sujeito, ocorre uma “varredura”, ou seja, uma limpeza, uma purificação dos “vórtices
rodopiantes” e do Campo Eletromagnético, que envolve todos os níveis de consciência. É o
desbloqueio de energias e a abertura do “Tubo de Luz” que dá passagem à energia sutil e
promove o encontro com a Consciência Cósmica.
As experiências que caracterizam o que chamo de Consciência Cósmica, são
experiências positivas, que dissolvem todos os conflitos e cujo caráter é extremamente
transformador. Conforme Bertolucci (1991) é o único caminho concreto para a libertação. Esse
caminho é o que tentei possibilitar aos sujeitos na “Jornada Arquetípica”, uma jornada de
transformação e libertação, que nada mais é do que a busca da iluminação, da expansão da
consciência para o encontro com a Consciência Cósmica.
A Consciência Cósmica expandida busca reorganizar as fragmentações do Ser, mas,
antes, ocorre um processo de desorganização das informações contidas no campo, na memória
das células; um movimento no próprio DNA e, em todo campo eletromagnético do sujeito, o
que gera catarses.
De acordo com Dubro (2007), o campo organizado no nível superior de realidade
sempre transportará os padrões necessários que servem para transformações no plano
tridimensional, no nível da matéria física. Tal organização é guiada pelo campo
eletromagnético, e, sem esse campo não haveria um projeto ou plano e, consequentemente,
nenhuma construção de realidade tridimensional. A alteração dos padrões dentro do campo
eletromagnético cria uma expressão alterada da realidade física.
Em relação à nossa estrutura física, o campo eletromagnético, conforme Dubro, é o
primeiro hipercampo. O campo eletromagnético codifica dentro de si mesmo os padrões e a
informação dos hipercampos de dimensões ainda mais elevadas. Dubro (2007, pág. 73) diz que
é dessa maneira que dizemos que a luz e os campos eletromagnéticos são reflexos e vibrações
da Quinta Dimensão. Ambos os fenômenos (de características similares) são portadores da
codificação de informação dimensional superior.
Ambos afetam e influenciam a expressão e organização da matéria na realidade física.
Por meio de nossa natureza multidimensional, somos capazes de construir nossa própria
realidade, pela impressão consciente de padrões dentro de hipercampos do espaço superior. Por
394
meio das camadas dimensionais, coloca Dubro, existe o potencial de introjetar “filtros ou
lentes”, que verdadeiramente individualizam a expressão de vida individual.
Atualmente, pesquisadores da física, da neurociência e da biologia têm documentado
uma transformação evolutiva genética potencial nas crianças e em alguns adultos. Dubro diz
que uma terceira fita de DNA está, agora, tornando-se uma realidade evolutiva. Tal
transformação é o resultado da Consciência/Espírito escolher alterar a natureza dos filtros que
intermedeiam a manifestação do indivíduo enquanto ser físico.
O potencial de expressão da perfeição sempre existe que é o da Consciência Cósmica.
Como a alma necessita evoluir e exige um veículo melhorado para sua expressão física, essa
evolução se torna possível pela transmutação da matéria. É a cooperação deliberada dos
elementos espirituais conscientes, que constrói os padrões energéticos necessários para criar
mudança e transformação nos níveis físicos. Essa compreensão nos capacita a co-criar
ativamente um novo amanhã e nos liberta da limitação.
Assim as reações emocionais intensas que se apresentam nas vivências, assim como,
todos os padrões de reações mentais e emocionais inconscientes fazem parte da mente, que não
está apenas baseada no pensamento. Tolle (2002) assevera que a emoção emerge no ponto de
junção da mente e do corpo, é uma reação do corpo à mente ou reflexo da mente no corpo.
Durante o curso era importante ressaltar aos sujeitos, que é necessário se libertar da
escravidão da mente, entrar no estado iluminado de consciência e manter esse estado na vida
cotidiana. Essa profunda transformação da consciência humana não é uma possibilidade
distante no futuro, mas está disponível agora. Esse estado é o estado de iluminação.
Conforme Tolle (2002) a palavra iluminação transmite a idéia de uma conquista sobre-
humana - e isso agrada ao ego -, mas é simplesmente o estado natural de sentir-se em unidade
com o Ser. É um estado de conexão com algo imensurável e indestrutível. Pode parecer um
paradoxo, mas esse “algo” é essencialmente o indivíduo, ao mesmo tempo, é muito maior do
que o indivíduo.
A iluminação consiste em encontrar a verdadeira natureza por trás do nome e da forma.
A incapacidade de sentir essa conexão dá origem a uma ilusão de separação, tanto de si mesmo
quanto do mundo ao redor. Quando o sujeito se percebe, consciente ou inconscientemente,
como um fragmento isolado, o medo e os conflitos internos e externos tomam conta da sua
vida.
Por isso mesmo, prevenia os alunos quanto a qualquer reação que poderia ebulir como
manifestação intensa pelo campo emocional, mental, enfim, por meio do corpo, que é o veículo
395
de evolução da consciência. Todo processo fazia parte da busca de retorno à Unidade, à busca
de iluminação e ao encontro com a Consciência Cósmica.
Assim, os padrões de resistência mental e os desequilíbrios emocionais, estados de
“bipolaridade” surgiam como um estado de “purgação” e “purificação” da alma, o que
acontecia em forma de desequilíbrio do campo, para sua imediata reequilibração. Muitos se
assustavam, mas, depois compreendiam o processo.
Após a “purificação”, os sentimentos se manifestavam pela alma e, assim, a revelação
do Espírito se constituía em cada Ser. A iluminação era alcançada quando se chegava em um
nível acima do pensamento, da mente, do eu pessoal. Tolle (2002, pág. 19) coloca que:
A iluminação é um estado de plenitude, de estar “em unidade”, e, portanto,
em paz em unidade tanto com o universo quanto com o eu interior mais
profundo, ou seja, o SER. A iluminação é o fim não só do sofrimento e dos
conflitos internos e externos permanentes, mas também da aterrorizante
escravidão do pensamento.
Se nos identificarmos com a mente, criamos uma tela opaca de conceitos, rótulos,
imagens, palavras, julgamentos e definições que bloqueia todas as relações verdadeiras. Essa
tela se situa entre você e o seu eu interior, entre você e o próximo, entre você e a natureza, entre
você e Deus. É essa tela de pensamentos que cria uma ilusão de separação, conforme o autor,
uma ilusão de que existe você e um “outro” totalmente à parte.
Esquecemos o fato essencial de que, debaixo do nível das aparências físicas, formamos
uma unidade com tudo aquilo que é. Por “esquecermos” quero dizer que não sentimos mais
essa unidade como uma realidade evidente por si só. Podemos até acreditar que isso seja uma
verdade, mas não mais a reconhecemos como verdade. Acreditar pode até trazer conforto.
No entanto, a libertação só poderia acontecer pela vivência pessoal, assim, por meio das
vivências, se institui o encontro com outras realidades e dimensões, com a Consciência
Cósmica, Consciência sem limites, a própria Consciência da Unidade que se expande em
energia de puro amor incondicional.
Durante os doze módulos do curso muitos foram os momentos que sentia em minha
alma a radiação e a vibração da Consciência Divina, energia de “Puro Amor”, tão intensa, que
quando penetrava no meu centro cardíaco, não conseguia conter as lágrimas. Colocava aos
alunos que o choro não era de tristeza, nem uma reação de descontrole emocional, mas, de
plenitude e êxtase, sentimento de unidade com a Consciência Cósmica. Energia que se
396
expandia por todo meu ser e, também, por todo o ambiente, tocando os seres ali presentes e
aqueles em que estivéssemos focados.
Conforme Dubro (2007), a expressão de sentimentos de apreciação, cuidado e amor
incondicional, focalizada no coração, dispara efeitos fisiológicos benéficos no corpo humano.
O espectro de energia irradiada do coração aumenta e várias funções fisiológicas, incluindo
ondas cerebrais, respiração e taxa cardíaca podem ser afetadas de maneira dramática pelas
emoções. Cada pensamento que temos e cada emoção que alimentamos se refletem nos
sistemas elétricos do coração, que afetam o corpo todo.
O coração está intimamente ligado à função cerebral, de acordo com a autora, o coração
e o cérebro estão ligados por meio dos sistemas simpático, parassimpático e de barorreceptores.
A comunicação de mão dupla pode resultar em emoção do coração e melhora ou piora da
função cerebral superior. Mas, a energia do coração é o foco para alinhar e capacitar todos os
outros centros, ou níveis de consciência. O coração é capaz de produzir radiação de freqüência
coerente e a chave para tal coerência está nas emoções de amor e contemplação.
Assim, como eu que em algumas vivências me derramava em lágrimas, expressando
emoções de amor, os sujeitos tinham reações que envolviam o campo emocional, manifestando
a energia do coração. De qualquer maneira, deveria era estar tranqüila para lidar com todas as
situações inusitadas, ou seja, àquelas que geravam não somente a expressão dessa energia de
amor, mas, sofrimento profundo no sujeito. Ancorávamos pela “Força-corrente” a energia de
“Puro Amor”, energia Divina, “Cristíca”, energia da Consciência Cósmica para o amparo
daquele sujeito que apresentasse alguma reação catártica mais intensa.
Por outro lado, por estar participando do processo da “Jornada Arquetípica” nos doze
módulos perdi muitos registros das experiências dos alunos. Mas, ainda assim, entendo que o
mais importante para a pesquisa foi registrado. Além disso, conseguir estar atenta às conexões
entre o micro e macrocosmo, ou seja, ao Campo de Energia Cósmico, que entrava em hibridez
com o Campo de Energia Humano, gerando um movimento de transformação do que estava em
forma nos diversos níveis de consciência dos sujeitos era tudo o que precisava.
À atenção aos sujeitos e às suas reações às propostas vivenciais era crucial, assim
como, canalizar as radiações de luz e ancorá-las no ambiente, irradiá-las para o campo dos
sujeitos, a fim de mobilizar um movimento em cada nível de consciência a ser trabalhado -
corpo, alma, mente e espírito - para que se instituísse uma nova forma, um novo padrão de
energia implicados pelo trabalho com cada símbolo.
Mas, acontece que o trabalho não parava no curso, na vivência de cada módulo, quando
a energia era mobilizada a fim de gerar um movimento de transformação e ampliação de
397
consciência do sujeito. O que já era previsto, e, em alguns casos a situação era bastante
complicada; pelo nível de consciência que estavam não conseguiam lidar com as reações da
energia trabalhando no campo durante os trinta dias, até que chegasse o próximo módulo, que
envolveria outro símbolo, mobilizando outro padrão de energia.
As reações eram cada vez mais intensas às vezes no corpo físico, outras no emocional,
no mental, no espiritual e em situações diversas da vida cotidiana. Assim, o tempo todo eu
tinha que estar atenta, não só as reações dos sujeitos no curso, mas aquelas que poderiam surgir
para além daquele momento, o “olho do espírito” haveria de estar sempre em alerta.
Ainda que as informações tivessem sido trocadas na seqüência dos primeiros módulos
da “Jornada Arquetípica”, para que eles pudessem estabilizar seus campos e o que estivesse à
sua volta caso acontecesse algo no seu percurso diário, eram momentos difíceis. O mais
importante era que obtivessem força para lidar em caso de catarses (em que a “sombra” se
manifestava para purgação e purificação), mas, na maioria das vezes isso não acontecia.
Nos primeiros cinco módulos sentia que ainda estavam inseguros para qualquer tomada
de decisão, o que era muito natural, projetavam em mim muitas questões que envolviam a
resolução dos seus problemas, pois me viam como a “bruxa”, a “mestre espiritual”, e, isso, se
por um lado era lisonjeante, por outro, era problemático. O tempo todo dizia que buscassem na
sua “Divina Presença”, na Consciência Cósmica, em sua centelha de luz, as respostas para
iluminação do caminho.
Todos esses acontecimentos me deixavam em estado de alerta, atenta não só aos alunos,
mas, a mim mesma; as minhas reações mediante as circunstâncias, buscando diariamente um
estado meditativo, orando e vigiando para transcender o ego, alimentar o meu espírito e, a partir
daí, a alma, a mente e o corpo. Então acabei entendendo que tudo era uma questão de tempo,
para que saltos de consciência acontecessem com os sujeitos gerando modificação em suas
condutas.
Mesmo assim, não poderia me deixar levar pela mente, nem pelas emoções, muito
menos pelos meus instintos, somente estar em ressonância com a Consciência Cósmica, e, esse,
era meu maior desafio. Então, buscava a purificação do meu campo, do corpo físico e
vibracional e me fortalecia várias vezes por dia, como acontece ainda hoje (de vinte minutos à
uma hora pela manhã, antes de sair de casa para o trabalho, durante o percurso do dia no
consultório, e, à noite, ao chegar em casa).
Esta foi à parte mais difícil da caminhada, pois os alunos ligavam (além dos consulentes
que já atendia), deixavam mensagens no celular relatando suas experiências e, também, me
pedindo auxílio, ajuda para sair do momento que se encontravam. Sentia que o trabalho ainda
398
teria muito que andar para possibilitar aos sujeitos mais saltos de consciência, para que
encontrassem maior “autonomia” na “dependência” (Morin,2002) e entendessem que o
caminho da iluminação se dá a partir de dentro de cada um,somente na expansão da luz interior.
Com tanto movimento acontecendo na minha vida, achei melhor organizar um horário
para agendar consultas, e, também, para atender o telefone, pois a privacidade começou a ser
afetada. O caso é que já não conseguia parar, por isso mesmo, não importando o dia ou à hora,
jamais poderia deixar de estar plenamente focada na Consciência Divina, caso contrário,
baixaria minha freqüência vibratória e não daria conta das dificuldades que se apresentavam ao
longo do processo.
Mas com o tempo, as coisas foram se organizando e como me propunha, desde o início
do curso, não deixava de retornar as mensagens e as ligações. Quando os alunos ou consulentes
não conseguiam resolver sozinhos o que lhes afligia, pedia que eles se recolhessem onde
estivessem para que a Consciência Cósmica atuasse reequilibrando a energia do campo, para
alívio do sofrimento, que em alguns casos eram muito intensos.
Caso fosse de dia estariam recebendo a energia quando eu estivesse no consultório
atendendo outros pacientes (no momento em que terminasse o atendimento fazia o
desdobramento da consciência irradiando luz pelo portal) se fosse à noite, eu tinha que me
retirar do ambiente em que estava para me energizar por meio de conexões (orações,
meditações e canalizações de luzes) entrando em contato com a Consciência Cósmica e toda a
hierarquia de assistência do trabalho.
O desdobramento da Consciência acontecia, a fim de que, a energia chegasse onde
aquele sujeito estivesse aliviando as manifestações catárticas. Geralmente dava um tempo de
quinze minutos para realização do trabalho à distância, logo em seguida, pedia que me ligassem
e dessem o retorno de como se sentiam.
Nos “pontos nodais” de acordo com Dubro (2007), há uma conversão de consciência
para energia. Esses pontos nodais se tornam o foco de nossos pensamentos e intenções. A
energia do pensamento dispara o vasto potencial de energia estocada na Consciência Cósmica.
Por meio de padrões de pensamento, que são padrões de energia, repletos de intenção e amor
estabelece-se uma comunicação para a interação da substância física com a sutil.
Assim, na tentativa de atuar em cooperação com o Espírito (o processo de co-criação), a
intenção e a energia de amor passa a ser direcionada ao sujeito. A consciência fornece ondas de
informação que viajam pela Rede Cósmica, afetando padrões de energia e influenciando
partículas que interagem com a substância física e etérica.
399
A partir daí, comecei a me surpreender com os resultados, pois, os efeitos eram os
mesmos que de um trabalho presencial, o que me deixou muito gratificada, pois todas as
situações acabavam sempre sendo contornadas e as pessoas se sentiam melhores. Mas, embora
os resultados fossem positivos e me deixassem feliz, durante o desenvolvimento do curso esse
era um momento que me exigia muito.
Além disso, sentia que a teoria desenvolvida nos Seminários Vivenciais baseada na
dissertação de mestrado Estética Vibracional - Um Processo Multidimensional de Ampliação
da consciência, que envolve Arte-Educação-Espiritualialide e parte de uma abordagem de
“Religação dos Saberes” (Morin,2002), envolvendo Física Quântica, Neurociência, Psicologia
Transpessoal e Semiótica é que mobilizava muitos sujeitos para o grupo.
O movimento de pessoas a procura do curso (que iniciou em 2004), e dos atendimentos
que já aconteciam a mais de quinze anos, se intensificou, assim como, o convite a palestras,
entrevistas e formação em outros lugares, principalmente quando dois anos depois estourou no
cinema o filme “Quem somos Nós” (2004), direção de Betsy Chasse, Mark Vicente e William
Arntz.
Procurei não me deslumbrar com o que estava acontecendo e focar somente no trabalho
e no desenvolvimento da tese e do curso em que a tese estaria baseada. A formação dos alunos
que buscavam o curso era interessante, em sua maioria, graduados e pós-graduados, alguns com
doutorado, que nem eu mesma tinha, muitos professores universitários, outros haviam sido
meus professores na universidade.
Enfim, foi uma grande surpresa, quando o curso que estava voltado para educação
continuada de professores, terapeutas, profissionais da área das artes foi procurado por muitos
profissionais das ciências exatas; engenheiros, físicos, administradores, advogados e outros
tantos, da área da saúde, como médicos e psicólogos.
Muitos se diziam céticos e extremamente racionais, por isso mesmo, estavam ali; para
desenvolver seu lado mais sensível e espiritual, a partir de uma perspectiva científica que
parecia interessante, como a teoria da Estética Vibracional, que relaciona ciência e
espiritualidade na junção das filosofias do ocidente com o oriente.
Entendia, naquele momento, que, embora o conhecimento colocado por essa teoria
estivesse baseado intensamente no processo criativo e intuitivo, mediante as circunstâncias, e, o
tipo de aluno que se apresentou no curso, não poderia deixar de ser exigente comigo mesma.
Tentava partir de uma linguagem extremamente científica e acadêmica, exigência da minha
própria mente condicionada, que achava que essa era a única forma de interagir com aquele
400
tipo de público, podendo dar conta de um assunto tão delicado como a espiritualidade sem
maiores problemas.
No desenvolvimento do processo as coisas foram mudando, até porque, a teoria era
bastante difícil, o tema era “novo” mesmo para aqueles que possuíam muitos títulos e achavam
que poderiam deter todo o conhecimento, imaginem para os que se diziam ter mais
dificuldades. Mas, também, deixava claro a todos que o mais importante aconteceria quando
em cada módulo a teoria estaria plenamente conectada com as vivências de cada um.
O tempo foi passando e com o meu próprio processo de crescimento, já não estava mais
preocupada com aquela maneira de interagir com meus alunos, mas, trabalhar a partir de uma
abordagem que envolvesse intensamente a criatividade e o conhecimento intuitivo. A partir daí,
meu processo de fluidez com o universo se constituía em plenitude, deixava fluir o
conhecimento intuitivo.
Na interação com os alunos as aprendizagens foram intensas, pois, conseguia colocar
para eles a teoria da Estética Vibracional sem uma linguagem tão rígida e hermética. O quadro
já não era feito de textos, mas, repleto de desenhos, imagens e mbolos, e, assim, mesmo, com
algumas dificuldades de compreensão, a maioria tinha alcance do que era a teoria colocada na
prática, na vida cotidiana, a partir das próprias vivências do curso.
A partir do quinto módulo sentia que a situação começava a mudar, o grupo ficava mais
integrado e confiante, já se percebia grandes saltos de consciência. A maior parte compreendia
que eu não estava ali num papel de mestre, mas, de facilitadora do encontro de cada um com
sua Consciência Cósmica, um Ser aberto a interações e aprendizagens. A cada módulo
vivenciado a sintonia com o grupo era maior, a teoria e a prática juntas estabeleciam o
conhecimento e o crescimento pessoal de todos.
Embora alguns alunos não tenham alcançado saltos de consciência significativos, do
sétimo ao décimo segundo módulo do curso, percebia-se o quanto a “Jornada Arquetípica”
estava cumprindo o seu papel; a cada encontro o ego se rendia à Consciência Cósmica e era
evidente a transformação da maioria dos sujeitos ali presentes.
Os alunos já compreendiam que o processo alquímico, a cura, a expansão da
consciência, e, consequentemente, a fluidez com a vida iniciava pela ampliação da consciência.
O mais importante é que já se davam conta que a mudança interior aos poucos vinha
acontecendo, e, que, cada um tinha seu tempo, por estarem em níveis de consciência diferentes,
o que não fazia com que um fosse melhor do que o outro.
E, se para alguns a ampliação da consciência não tinha acontecido ainda, a qualquer
momento poderia acontecer, a partir do encontro com a Consciência Cósmica. No processo de
401
autotransformação, a consciência se ampliaria, a partir do curso ou em qualquer momento de
suas vidas.
Assim a partir das vivências do curso, alguns alunos se tornaram consulentes, e,
consulentes, alunos. Embora quisesse diminuir os atendimentos, estes se intensificaram ainda
mais (de seis a oito pessoas por dia, num tempo de uma, à uma hora e meia por pessoa, às vezes
até duas). Além disso, era quase impossível deixar de lado as palestras, assessorias e cursos de
formação em diferentes locais, aulas como professora voluntária, orientações de TCC e
mestrado, desenvolvimento de projetos de pesquisa na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (Ufrgs) e em outras Universidades.
Mesmo assim, as dificuldades que se apresentavam no cotidiano acabavam sendo
pequenas e eram transcendidas a cada momento, pois, a satisfação com os resultados da
“Jornada Arquetípica” era bem maior. A tese ia se constatando em cada módulo do curso e a
partir de cada símbolo vivenciado, sendo tecida na própria vivência da “jornada de
transformação”.
Nessa jornada estava entregue a fluidez do universo, como todos os demais sujeitos
buscando a transcendência do ego e me colocando na presença da Consciência Cósmica. Dessa
maneira é que conseguia compreender que “tudo ia acontecer como tivesse que ser”. Sentia que
o que possibilitava a libertação do corpo do cansaço, pelo acúmulo de atividades, e de minha
alma de todas as ansiedades e preocupações que envolviam o processo, era a vivência do
presente em sua plenitude - ato intenso de fortalecimento na luz - um acontecimento buscado
na verticalidade, na Consciência Cósmica e implantado na horizontalidade em todos os dias da
minha caminhada no movimento da vida.
402
A COAGULAÇÃO DO MOVIMENTO NO MOMENTO
O tempo enquanto projeção de uma realidade multidimensional é uma seqüência de
momentos. Projeção que pode ser descrita como criativa em vez de mecânica. De acordo com
Bohm (2008, pág. 216), a criatividade significa apenas um começo de um novo conteúdo que
se desdobra em uma seqüência de momentos, que não é totalmente derivável daquilo que veio
antes na seqüência ou no grupo de sequências.
O que o autor coloca é que o movimento é, de certo modo, basicamente um começo
criativo do novo conteúdo, à medida que é projetado da base multidimensional. Em contraste o
que é mecânico não passa de uma subtotalidade relativamente autônoma, que pode ser abstraída
daquilo que é basicamente um movimento criativo de desdobramento.
O movimento na base multidimensional é compreendido em termos de uma série de
elementos que se misturam e se interpenetram em diferentes graus de envolvimento “todos
juntos e presentes” numa grande sinergia configurando a “Teia da Vida”.
A atividade desse movimento é o resultado de toda essa ordem envolvida, todas as
dimensões da grande “Rede Cósmica”, da grande “Teia da Vida” interagindo para fazer
acontecer o que tem que ser. Movimento que é determinado pelas relações dos elementos co-
presentes, em vez de sê-lo pelas relações dos elementos que existem com outros que deixaram
de existir.
A possibilidade de um movimento indiviso que flui da experiência imediata para o
pensamento lógico, do sensível ao inteligível e que retorna e, em seguida, finaliza qualquer tipo
de fragmentação nos fazendo entender que o que é, é movimento. Bohm coloca que o
movimento é uma relação de certas fases “do que é” com outras fases do que é que estão em
etapas diferentes do envolvimento.
Essa noção implica que a realidade como um todo é a relação entre as várias fases em
diferentes etapas de envolvimento e que o envolvimento real envolve, além da sensação
intuitiva imediata de fluxo indiviso, que é o nosso modo de experimentar diretamente a
multidimensionalidade, a presença de vital sensação de fluxo, que geralmente implica que, no
próximo instante, a situação irá mudar, ou seja, será diferente.
A partir de muitas idéias e noções diferentes, uma nova noção emerge, criando de
alguma maneira tudo isso junto em uma totalidade concreta e indivisível. Mas, o apego ao
403
passado, o medo e a ansiedade com o futuro pode gerar a estagnação desse movimento e da
fluidez do Ser com a vida, que está em permanente movimento.
O estado do movimento em algum momento se desdobra por meio de uma força interna
de necessidade para gerar um novo estado no próximo instante, e, o que nos resta é considerar o
tempo como uma projeção da realidade multidimensional em uma seqüência de momentos.
Assim estarmos atentos ao presente, isto é ao “Agora”, é o que possibilita o movimento
do Espírito, constitutivo do Ser, que irradia força gerando as mudanças necessárias para o
processo evolutivo, a luz da Consciência Cósmica expandida, que institui o novo momento
repleto de plenitude e, a cada instante, a configuração de uma nova forma e um novo padrão.
De acordo com Bohm (2008), pode-se dizer que muitas ordens de tempo inter-
relacionadas podem ser derivadas de grupos diferentes de sequências de momentos,
correspondendo a sistemas materiais que viajam em velocidades diferentes. Entretanto, tudo
isso depende de uma realidade multidimensional, que não pode ser totalmente compreendida
em termos de qualquer ordem. Mas, pode se projetar em muitas outras ordens de seqüências de
momentos na consciência.
Esse movimento indiviso que emana da experiência imediata para o pensamento lógico,
me impulsionou ao desenvolvimento dessa tese, se manifestou como o começo criativo do tema
tratado. A entrega a Consciência Cósmica e ao fluxo da vida me possibilitou desenvolver esse
estudo, ao mesmo tempo, que me fez compreender que é preciso à coagulação do movimento
de criação no momento.
Outros saltos de consciência serão necessários para possibilitar idéias, para que novas
noções emerjam, a partir da minha própria configuração multimensional em interação com a
configuração de outros seres e com o Campo de Energia Cósmico, com todos que fazem parte
da grande “Teia da Vida”. Afirma Dubro (2007, pág. 33) que:
Conforme formos elevando nossa consciência, chegará o dia em que
apreciaremos totalmente não apenas a existência de nossos campos
energéticos pessoais e nossas capacidades paranormais, mas também as
facetas multidimensionais e a natureza de nosso ser. Também
compreenderemos nossa conexão com o Universo e uns com os outros e a
natureza profunda da conexão humano-com-humano.
Nessa idéia de consciência ampliada e na vivência de todos os níveis de consciência
podemos entender que somos parte de um “holomovimento”(Bohm, 2008) e que a noção de
404
separação é verdadeiramente uma ilusão, somos todos fundamental e totalmente ligados -
apesar da ilusão que temos de sermos separados.
De acordo com Bohm, essa ligação abrange uma vasta extensão de aspectos invisíveis
de uma complexa, porém graciosa, estrutura de nosso universo visível. Pois, no pano de fundo
desse universo, há uma teia que gira por inumeráveis dimensões. Essa teia une o tecido
multidimensional, como se ele fosse uma corrente sem fim, pulsando com a força vital de toda
a existência.
Somos reflexo do infinito, parte do Todo, que percebemos externamente, como
Universo. Contudo, limitações e obstáculos aos nossos sistemas convencionais de percepção
realmente nos levam a acreditar que somos separados. Não apenas separados dos outros seres
humanos, mas também nos vemos como separados e distintos de todas as outras formas de
vida.
Mantemos a idéia de que o tempo e o espaço em que vivemos são as únicas coordenadas
dentro do que podemos chamar de existência. Porém, não fosse por causa dessa ilusão de
espaço e tempo, talvez não fossemos capazes de manter a noção de eu (indivíduo) nesse
mundo, e, a partir daí termos a oportunidade de crescermos e evoluirmos.
Assim, o que fica em evidência nesta pesquisa, é que como seres humanos não somos
apenas seres multidimensionais, mas também ativamente funcionamos como seres
multidimensionais em todas as nossas interações, em particular aquelas pertencentes à nossa
essência enquanto seres eletromagnéticos.
Os físicos procuram compreender as leis da natureza. Teorias contemporâneas estão
tentando unificar a compreensão de como se interrelacionam as leis já conhecidas. A busca por
uma teoria unificadora deriva da crença de que a natureza se revela de maneira harmoniosa e
elegante. A teoria das cordas aborda respostas plausíveis para tais questões.
Dubro (2007) diz que a grande unificação da teoria das cordas ocorre em um espaço de
dez dimensões. A teoria da supercorda considera 26 dimensões, na visão mística 72 dimensões.
A partir daí, as leis conhecidas do nosso universo buscam um ponto unificado inicial de
definição. Embora um espaço de 26 dimensões seja muito complexo para se imaginar, é a partir
dele que, paradoxalmente, se torna mais simples a definição e a explicação das leis da natureza
A autora coloca que a teoria passa a ser completa quando se integra a ela à Consciência.
A partir do espaço dimensional superior podemos observar mudanças, que resultam em
transformações na realidade dimensional inferior. Como seres multidimensionais, há elementos
de nossa essência que reside nesse “espaço superior”. Tais elementos fornecem mecanismos de
orientação que ajudam na mudança de nossas vidas.
405
Como seres humanos físicos, estamos equipados com ferramentas eletromagnéticas de
acesso ao espaço superior - o hiperespaço. Para termos acesso a essas ferramentas, precisamos,
de maneira mais consciente, funcionar como seres multidimensionais, dando forma à nossa
realidade. Ao expandirmos a consciência nos damos conta que temos habilidades hiperespaciais
inatas, sendo que todas essas funções ocorrem tipicamente dentro de nosso inconsciente.
A intenção, de acordo com Dubro (2007) liga-nos conscientemente aos nossos
mecanismos hiperespaciais, cria uma ondulação no tempo e no espaço por meio do qual o
movimento ocorre. Ao estimular a abertura do vórtice da criação, a intenção serve como guia e
dirige as energias pelos portais interdimensionais. A intenção sustentada cria onda cósmica que
altera o espaço-tempo, enviando novos eventos para realidade de nossas vidas.
A chave para conectar elementos dimensionais diferentes é encontrar ou estabelecer os
elos, os caminhos, os circuitos, as pontes ou os portais que naturalmente ligam as geometrias
harmoniosamente - em ressonância. A consciência flutua por e permeia essas camadas
geométricas de toda à existência, caminhos que são as freqüências naturais, vitais.
O Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência, no percurso de
seus doze módulos, ao propor uma “Jornada Arquetipica”, de transformação, por meio das
vivências estéticas, corporais e simbólicas, buscou estabelecer um processo interdimensional,
possibilitando que se criasse integração dentro de padrões geométricos por toda a natureza
multidimensional dos sujeitos.
Afirma Dubro (2007) que um processo interdimensional permite a transferência ou o
cruzamento de padrões de energia entre as dimensões. Tais padrões ligados ao Espírito, contêm
o elemento de mutabilidade necessário dentro do domínio físico de vibração humana. São esses
padrões que criam à mudança e a transformação! Uma ferramenta evolutiva é aquela que
estimula o crescimento pessoal e a transformação.
À medida que crescemos em consciência, nossa habilidade de interagir com os sistemas
de energia aumenta. O mesmo se dá com nossa habilidade de organizar e influenciar matéria e
energias. E, ainda, conforme crescemos como seres energéticos, compreendemos que não
utilizamos nossas próprias energias pessoais para realizar essa influência externa. Nossa
“Intenção” consciente age por meio do campo mental de pensamento para produzir ondas de
energia, que realmente influenciam o mundo material.
À medida que aumentamos nosso nível de consciência, multiplicamos o potencial e o
efeito que isso cria em nossas vidas. A “Lei da Atração”, o Universo permite que semelhante
atraia semelhante e não o que se coloca no senso comum - que os opostos se atraem. Dubro
(2007, pág. 100) coloca que pela Lei Universal, aquela pela qual colocamos o pensamento
406
focalizado, se tivermos uma resolução determinada, chegaremos à manifestação em nossas
vidas. Essa intenção flui a partir do coração e é mais poderosa quando alinhada ao Eu Superior.
A Consciência Cósmica fluindo pelo coração permite que o “Princípio ou Lei
Universal” atue em nossas vidas, sem impor qualquer restrição sobre como os eventos surgirão.
A ação da Lei Universal em nossas vidas traz sua própria contribuição de equilíbrio, à medida
que, nos sintonizamos com o fluxo universal de energias consistentes com essa Lei.
A partir desse ponto de equilíbrio, podemos funcionar com consciência desperta e
aberta em nosso “Agora” - o espaço-tempo no qual vivemos momento a momento, em que cada
instante é precioso. A consciência nos dá o conhecimento pelo qual se ganha a sabedoria pela
experiência da vida.
Na aplicação do “Princípio Universal”, estabelecemos não apenas ressonância com o
Cosmos, mas com nossa meta evolutiva conseguindo compreender melhor “Quem Somos” de
“Onde Viemos”, “O que estamos fazendo nessa dimensão”, “Como viver melhor nesse planeta”
e para “Onde Vamos”.
A proposta de uma “Jornada Arquetípica” partindo da conexão com a “Rede de Energia
Cósmica” (REC) no Curso de Formação Multidimensional e Ampliação da Consciência,
possibilitou aos participantes, ressonância com as virtudes do Princípio Universal. A cada
vivência na conexão com a Consciência Cósmica, os sujeitos mudaram muitos de seus padrões
e valores, compreendendo melhor a si mesmos, os outros e o universo que os cerca. Nos seus
doze módulos certamente constituiu-se como uma ferramenta evolutiva. Estimulou o
crescimento e a fluidez da energia do coração como manifestação da Consciência Cósmica,
para transformação e formação dos sujeitos.
A partir de uma proposta educativa que relacionou teoria e prática baseada na Estética
Vibracional (Parode, 2007), o Curso possibilitou o que denominei de “Educação da
Consciência Cósmica”. Educação pautada na Transdisciplinaridade (Nicolescu, 2001), na
Complexidade (Morin, 2000) e na Estética Biocósmica (Parode, 2007).
Educação que implica “Iniciação” por meio de uma “Jornada Arquetípica”, para
autotransformação, ampliação da consciência e a inteireza do Ser no ato de interação com todas
as dimensões e vivência de todos os níveis de consciência, do mais denso ao mais sutil.
A pesquisa que possibilitou uma “Jornada Arquetípica”, de transformação e formação
dada por uma “Rota de Ampliação da Consciência”, pelas vivências estéticas, corporais e
simbólicas constata a Tese a seguir:
407
A Consciência Cósmica se constitui a partir de várias vibrações e
freqüências, se manifesta na alma como Inteligência Espiritual,
possibilitando a síntese das dualidades, a Unidade, e mediada pela
Educação Transdisciplinar e a Estética Biocósmica configura a Imaginação
Simbólica, as Imagens e o Ser Multidimensional, instituindo o conhecimento
Intuitivo e a Criatividade.
Assim, a partir das vivências estéticas, corporais e simbólicas dos doze sujeitos na
“Jornada Arquetípica”, e da relação dessas, com as teorias dos vários autores, o objetivo da
pesquisa foi alcançado - o de compreender como a Consciência Cósmica se manifesta como
espectro eletromagnético em suas diferentes vibrações e enquanto Inteligência Espiritual que se
manifesta pela alma por meio da Educação Transdisciplinar e da Estética Biocósmica, como
configura a Imaginação Simbólica e o Ser Multidimensional, gerando a ampliação da
consciência, a síntese das dualidades, a Unidade, Totalidade, o conhecimento intuitivo e a
criatividade.
No primeiro capítulo intitulado - As Ondulações da Vida na Rota da Ampliação da
Consciência - contextualizo o tema a ser desenvolvido, coloco o problema, a tese e o objetivo
da pesquisa, assim como, a minha jornada nessa dimensão, a fim de que as pessoas possam
entender como surgiu o interesse pela temática tratada;
No segundo capítulo intitulado - Consciência Cósmica - faço um apanhado geral a
respeito das várias teorias desenvolvidas, que se referem à Consciência Cósmica nas diferentes
áreas de conhecimento;
No terceiro capítulo - A Consciência e suas Vibrações - abordo questões referentes à
Consciência e a seus níveis, a partir da teoria da Estética Vibracional - Um Processo
Multidimensional de Ampliação de Consciência por mim desenvolvida no mestrado;
No quarto capítulo que denominei - A Dança Cósmica Instituindo a Metodologia - trato
da abordagem metodológica da pesquisa buscando um diálogo com alguns autores;
O quinto capítulo - A Rota da Ampliação da Consciência e as Imagens do Caminho - se
constitui pela relação da teoria estudada no mestrado - Estética Vibracional - e de atividades
desenvolvidas nos Seminários Teóricos Vivenciais.
No sexto capítulo - As Vivências Estéticas, Corporais e Simbólicas - coloco todas as
etapas de desenvolvimento das vivências;
No capítulo sete - Pressupostos Teóricos - apresento as teorias que fundamentam a
pesquisa;
408
No oitavo capítulo - A Educação Transdisciplinar e a Estética Biocósmica - desenvolvo
questões referentes à educação e a estética;
O nono capítulo - O Sentido Multidimensional das Vivências Estéticas, Corporais e
Simbólicas - trata da busca do processo de significação das vivências;
O décimo capítulo - O sentido da Jornada Arquetípica - aborda questões referentes à
minha experiência no desenvolvimento do Curso de Formação Multidimensional e Ampliação
da Consciência.
No décimo primeiro capítulo - A Coagulação do Momento - trato das considerações
finais a respeito da pesquisa, que se fundamenta na Ciência com Consciência, propondo a
relação das filosofias do ocidente com o oriente, para que o Ser alcance a Consciência
Cósmica. E, assim emergiram e se estabeleceram as “novas” noções dessa pesquisa.
Na conexão de várias dimensões de Realidade, a partir da Consciência Cósmica e dos
novos paradigmas da ciência, em que, a multidimensionalidade, a transdisciplinaridade e a
complexidade têm papel predominante, noções que se coagulam no momento, constituindo um
chamado para uma “Ciência com Consciência”, na relação da ciência com a espiritualidade.
O despertar da Consciência Cósmica institui a dimensão visionária dos sonhos e da
criação, a materialização de uma forma que um dia foi pensada, ao mesmo tempo, instiga a
busca do artista, do Ser criativo que jaz em cada um de nós. O que provavelmente seja
necessário para a leitura desse texto elaborado como um ato de co-criação com o Cosmos.
A arte segundo Kandinsky (1997) tem uma função profética e o profeta é inspirado por
excelência, porque é habitado pelo Espírito Santo, por isso, recebe revelações e chama seus
contemporâneos ao Amor Divino. O artista está no vértice do triângulo espiritual e tem a tarefa
de preceder o movimento de evolução da humanidade.
Assim, o artista que não deixa de ser um profeta é um visionário, é como o mago um ser
inspirado por natureza. O artista desperto em cada um de nós pode ser um alquimista, que
transcende as dificuldades do dia a dia, um arquiteto que constrói a vida na relação da parte
com o Todo, buscando a cada momento o despertar de sua Consciência.
Na arte a obra se completa com a leitura do espectador, espero que todos os leitores se
coloquem como artistas e espectadores, abertos de “corpo e alma” e sintonizados com a
Consciência Cósmica para que a obra se complete. A partir de seu próprio nível de consciência,
que cada um possa ressignificar o que amorosamente nesse texto foi colocado e que nesse
instante acaba de se coagular...
409
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GLOSSÁRIO
Ação a Distância: A existência de uma correlação causal entre uma fonte/causa distante
e um efeito local, resultando na ocorrência de uma ação em um local do espaço
tridimensional. Não existe, ou não é detectada, nenhuma causa local no espaço tridimensional.
Ação de Retorno: Um termo introduzido por Sarfatti que descreve a influencia mútuo
entre o mundo material e os campos. (Ver Auto-referência.)
Acendimento: Um termo usado por Bearden para descrever a reunião e a condensação de
energias sutis em fótons virtuais ou matéria. Esta ação acopla padrões de onda escalar a um
sistema ou objeto vivo. Ativado pelo campo mental, o processo de acendimento é um
processo integrador cumulativo. Quando um padrão do estado virtual é integrado (energia
acumulada), ele finalmente rompe o limiar quântico e torna-se um evento físico real
observável.
Afinidade: Em sintonia ou em harmonia com outro sistema. (Ver Harmonia.)
Aisthesis: Em grego, a palavra “Aisthesis”, de onde derivou estética, significa o que é
sensível ou o que se relaciona com a sensibilidade.
Alma: Anima mundi, vibração sutil, fator sensível na própria substância, energia atrativa,
coesão, sensibilidade, vivacidade, conscientização, ou consciência, qualidade que toda forma
manifesta. A alma, macroscópica e microscópica, universal e humana, é aquela entidade que é
trazida à existência quando o aspecto espírito e o aspecto matéria se relacionam
reciprocamente. A alma é a relação entre o espírito e a matéria. É o mediador entre essa
dualidade; é o princípio médio, o elo entre Deus e sua forma. A alma é o aspecto construtor da
forma e é fator atrativo em toda forma no universo.
Anti-Particula: Uma partícula de anti-matéria com carga elétrica oposta à sua contra-
parte material. Cada partícula elementar de nosso mundo material possui uma contraparte no
mundo anti-material.
Arrastamento: “Entrar em sincronia”, fazer com que sistemas diferentes pulsem juntos.
Estes poderiam ser ondas cerebrais, batimentos cardíacos, etc. Causar a ressonância ou
vibração em determinada freqüência. Um exemplo clássico disso é aquele de uma parede
cheia de relógios pendulares. Mesmo que o balanço dos pêndulos esteja ocorrendo ao acaso,
com o tempo todos eles passam a balançar juntos - em sincronia. Nem todo arrastamento é
positivo para o sistema humano. Por exemplo: se a freqüência de um telefone celular arrasta a
freqüência do cérebro ou do DNA na freqüência do celular, ela reduz a capacidade do cérebro
420
(e do DNA) de funcionar em seu potencial mais elevado dentro de seu ritmo natural (Ver
Ressonância e Vibração Afim).
Aura: O invólucro de energia que envolve e permeia o corpo físico, o mesmo que Corpo
Vibracional. A aura é constituída por todos os diferentes envoltórios da energia que compõem
os aspectos; físico-energético, emocional, mental, intuitivo, espiritual, espiritual superior e
divino da forma multidimensional humana. Ver também Campo Eletromagnético.
Auto-organização: Uma capacidade de todas as coisas vivas. O surgimento espontâneo
de ordem dentro de um sistema. Quanto maior o grau de complexidade ou de consciência das
coisas vivas, maior a capacidade de se auto-organizar. Coisas vivas são sistemas abertos em
constante interação com seu ambiente externo. A auto-organização é uma manifestação de
uma ordem oculta, seja ela modos e estados vibratórios ressonantes, níveis virtuais de
realidade, uma ordem implicada, um biocampo, campos sutis ou morfogenéticos, ressonância
mórfica, fluxo contínuo de energia “inteligente”, a existência de condições sintrópicas, uma
atração caótica, a geometria da vida, campos de informação quânticos, ação de retorno, a
interação entre mente e matéria, loops de auto-referência embutidos, ondas de informação Q-
bit, um campo de consciência interligado, relações harmônicas entre formas geométricas, som
e luz, a interação do campo mental em níveis subquânticos de realidade ou a intervenção
direta da consciência.
Auto-referência: Comunicação, intercâmbio, troca entre a fonte e o receptor. Um
processo de duplo fluxo que é fundamental a toda interação. Um intercâmbio entre a onda
quântica e sua imagem refletida no espaço-tempo. A auto-referência é uma interação do eu
com sua imagem, um processo que é a base da auto-organização. Visualmente, esse conceito é
descrito pelo símbolo do infinito, um loop em forma de oito.
Biocampo: Um hipercampo de um sistema vivo. Possui os padrões ou projetos que
guiam a organização fundamental na formação dos sistemas biológicos físicos. É tecido por
luz. O biocampo é um campo primário e é a base dos processos de auto-organização nos
sistemas vivos. (Ver também em Campo Morfogenético.)
Biofóton: Uma partícula de luz gerada e emitida por um sistema vivo. Nesse tipo de
sistema, os biofótons estão associados ao DNA. Também são aspectos do campo de energia
humano. O fóton é quantum básico do campo eletromagnético. Motoyama determinou que,
quanto mais ativo e equilibrado for um chacra, mais ele emite fótons.
Calibração: Um processo de estabelecimento de um mínimo, ou limiar, de simetrias
dentro de um sistema, trazendo-o para o alinhamento e a harmonia com seu eixo central. Tal
processo pode ocorrer por meio do equilíbrio interno ou externo simétrico dos chacras ou
421
centros de energia. Durante o processo de calibração, certos padrões tornam-se estabilizados
dentro dos centros, trazendo um relacionamento harmonioso ou alinhamento entre todos os
aspectos das energias mentais, emocionais, psíquicas, sutis e espirituais. O estabelecimento de
simetrias harmônicas resulta em ajustes internos nos centros, que ativam seu potencial latente
ou subdesenvolvido. Esse é o processo de “florescimento”. O objetivo da calibração é buscar
e estabelecer alinhamento com o eixo de consciência do ser total. Esse é o processo de
crescimento e expansão da consciência; e a fusão do potencial espiritual com a biologia. A
obtenção de estados estáveis e equilibrados é necessária em cada nível do processo de
calibração. Estamos ligados a correntes do sistema mente/corpo crescendo em alinhamento,
calibração e relação sincrônica com o eixo de consciência do “ser total” principal. Um sistema
“calibrado” indica que a “sintonia” necessária aconteceu e que há uma harmonia estabelecida
entre os padrões inter-relacionados. O equilíbrio, então, torna-se uma conseqüência natural.
Campo Eletromagnético (CEM): (1) A estrutura externa de uma realidade organizada
que se origina no espaço superior definida por potenciais escalares e subestruturas
padronizadas. Um constructo organizado formado pela interferência de dois ou mais
potenciais escalares. Um campo é uma região organizada de influencia. É tipicamente um
local para armazenamento de energia. Os sistemas eletromagnéticos são sistemas abertos, em
troca e comunicação com o fluxo de partículas virtuais do vácuo. Os campos eletromagnéticos
são caracterizados por vetores elétricos e magnéticos. O campo eletromagnético é o primeiro
ipercampo. (2) Em termos gerais, padrões de energia vibratória emitidos por, ou circundantes
de, fontes de energia elétrica. Há uma ampla variedade de campos eletromagnéticos,
abrangendo todo o espectro eletromagnético. (Ver também espectro eletromagnético).
Campo Mórfico e Morfogenético: Um conceito amplamente aceito pelos biólogos
desenvolvimentistas de que um campo de forma ou padrão é o mecanismo-guia dos processos
organizados da vida. O próprio campo é o campo primário. É o campo mórfico que contem os
projetos ou padrões exigidos para que uma forma física passe a existir. O campo interliga
matéria e energia. Mesmo a estrutura molecular e o crescimento dos cristais são guiados pelo
campo mórfico. Esse conceito de campo é amplamente popular nos dias atuais, em virtude do
trabalho de Rupert Sheldrak. Tais campos existem fora das noções de espaço-tempo - são
hiperespaciais. A informação neles contida é acessível aos processos de vida biológica, fora e
através da limitação do tempo. A ressonância mórfica permite que a informação contida
dentro da estrutura do campo se torne um fator influente na organização corrente. Há um
campo mórfico para cada nível de existência - desde átomos até galáxias! Como tal, há uma
estrutura hierárquica ou em camadas para a realidade física.
422
Campo/Ondas de Torção: Além dos campos clássicos convencionais conhecidos do
eletromagnetismo e da gravidade, existe um terceiro campo que possui efeitos de longo
alcance. O campo de torção é a conseqüência da propriedade do spin ou rotação angular. Os
spins coletivos de um objeto superpõem-se (adicionam-se) para criar padrões de interferência
únicos ao redor deles, que são os campos de informação holográfica Hiperespacial (fora do
espaço-tempo) e mais rápido que os fenômenos luminosos, um campo de torção transfere
informação sem transferência de energia. Campos de torção são interativos com outros
campos de torção, trocando informação. A aura é descrita na literatura científica russa como
um campo de torção. Também se diz que o campo de torção está relacionado com o Campo
Unificado de Einstein. O termo campo de torção é amplamente usado na literatura russa. No
mundo ocidental, o termo usado por Bearden, os campos/ondas escalares, parece ter um
significado análogo. Ainda há muito a ser pesquisado e compreendido a respeito do campo de
torção no mundo ocidental. O cérebro interage com o vácuo - portanto o cérebro pode ser
chamado de transceptor (emissor/receptor) de campo de torção, da mesma forma que o
cérebro tem sido chamado de interferômetro escalar. Os sistemas de energia formam
interferência de padrões de onda que estão na base da criação dos campos de informação
holográficos. O campo de torção pode ser compreendido como um campo desse tipo.
Considere o campo de torção como um campo conector - por exemplo, a conexão entre
eletromagnetismo e gravidade, ou um conector para o campo eletromagnético.
Campo Unificado: Campo sem Limites, Campo Fundamental. Um estado no qual, todas
as energias de um sistema se encontram em estado de unificação matemática, geométrica e
harmônica, Campo sem limites, Campo fundamental.
Catarse: o termo vem do grego ‘Kátharsis’, que significa no sentido médico: purgação;
No sentido moral: alívio da alma pela satisfação de uma necessidade moral; No sentido
religioso: cerimônia de purificação a que eram submetidos os candidatos à iniciação. A
catarse aqui inclui o sentido médico, moral e religioso. É um processo de libertação daquilo
que gera desequilíbrio com vistas à reequilibração. O processo catártico gera o desequilíbrio,
a desconstrução do que está em forma. A movimentação de um padrão vibratório
desequilibrante para que se constitua uma nova forma, ou seja, de equilíbrio pleno; Do Ser
consigo mesmo, e com os padrões vibratórios da lei cósmica, universal. Assim, para encontrar
o equilíbrio é necessário passar pelo desequilíbrio, liberar um padrão para instituir outro. O
processo muitas vezes gera o medo e a dor, pois requer que se passe pela sombra, pela noite
escura da alma.
423
Chácras: Centro energético corporal, vórtice energético que atua como um
transformador redutor para as energias sutis de freqüências superiores. Os chácras ou vórtices
processam as energias sutis e as convertem em alterações orgânicas químicas, hormonais e
celulares.
Força Vital: Fluxo de energia de vida potencial. Também conhecido por outros nomes
em inúmeras culturas diferentes - chi (china) qi, ki (Japão); orgone (Alemanha); prana (índia);
bioenergia, mana, energia vital, oki (índios norteamericanos); Ntu (bantu); Orenda (iroquois),
biomagnetismo, energia sutil, sila (Inuit); Tane(Havai); Ankh (antigo Egito); wakan (lakota);
Ton (Dakota); Manitou (Algonquin), etc.
Colapso da função de onda: Ação sobre um sistema quântico de todas as probabilidades
quânticas que determinam a escolha de um resultado provável e definido. Esse resultado se
manifesta na realidade física. A consciência desempenha o papel importante na escolha final e
específica. A consciência é o agente que colapsa a função de onda para materializar um
evento em nosso mundo físico.
Complexidade: (Ver em MORIN, E. - Ciência com Consciência, Bertrand, R.J. Brasil,
1998, e outros).
Consciência: Ligada às correntes do sistema mente/corpo crescendo em alinhamento,
calibração e relação sincrônica com o eixo de Consciência do ser total. Crescer em
consciência é crescer interiormente e expandir esse relacionamento. O individuo pode
considerar que há alinhamentos configurados mínimos e estados equilibrados que permitem o
progresso e o “despertar” continuado de níveis superior de consciência. (Ver Calibração e
Consciência Cósmica)
Consciência Cósmica: o mesmo que Consciência Vibracional, Consciência da Unidade,
Consciência de Deus, Consciência sem limites, onisciente, onipresente e onipotente.
Consciência do “Vácuo Físico”, do “Campo Fundamental”, do Campo de Energia Cósmica de
onde tudo emana e para onde tudo retorna.
Corda: A entidade filamento mais fundamental, irredutível, unidimensional. A corda é á
base da teoria das cordas. As cordas assumem uma variedade de formas, padrões e vibrações.
Elas determinam a natureza das forças que se manifestam em nosso mundo tridimensional.
Corpo Astral: Também conhecido como Corpo Emocional, Campo Emocional.
Instrumento de contato dos seres com o nível do mesmo nome. Dele emanam os sentimentos,
desejos, paixões e aspirações, cuja vibração, mais ou menos elevada, depende do grau
evolutivo da consciência que o habita. Termo referente à oitava de energia/matéria ou faixa de
freqüência situada depois do nível etérico.
424
Corpo Etérico: Corpo Sutil que existe em oitavas de freqüências superiores situadas
além do corpo físico.
Corpo Vibracional: O corpo sutil que envolve e permeia o corpo físico, também
conhecido como Aura, Campo Eletromagnético. Campo de Energia vibracional de diversas
freqüências e amplitudes que envolvem o corpo físico. O Corpo Vibracional é constituído por
campos energéticos sutis e por energias magnéticas e eletromagnéticas geradas por células
vivas.
Cura: Para o restabelecimento da integridade original. Harmonizar a vibração. Para
eliminar estados de separação e medo dentro do ser de uma pessoa.
Dimensão: Um sistema arbitrário de coordenadas usado para definir qualquer conjunto
de propriedades de um plano vibratório. Essas propriedades podem ser escalares, vetores,
simolos, tensores ou o fluxo ou troca de energia. As dimensões existem fora do que
conhecemos como espaço e tempo. A Teoria da Supercorda da Física dos dias atuais chega a
incorporar 26 dimensoes. Freqüência, fase e amplitude são características que definem as
dimensões dentro do hiperespaço.
DNA: (Ácido Desoxirribonucléico) Material orgânico do interior da célula, muito bem
conhecido atualmente como o portador do material genético e hereditário do organismo vivo.
Uma estrutura helicoidal, com contrapartes semelhantes encontradas no biocampo,
possibilitando a comunicação. O DNA interage com a luz, tanto armazenando a energia
derivada dos fótons (quanta de luz) como emitindo biofótons. A pesquisa confirmou que a
emissão de chi (energia universal do ser humano), o som (voz humana e música), o som
modulado, onda de luz (laser), sinais de radio (por exemplo, a freqüência do telefone celular -
não é boa), a EMOÇÃO e a INTENÇÃO conscientes (Energia em Movimento) podem alterar
ou modificar as propriedades e funções do DNA. O DNA possui freqüências ressonantes ou
naturais. A combinação dessas freqüências pode ativar, ou disparar, suas funções inatas (isto
é, criar uma troca de informação). Toque a corda musical apropriada e o DNA cantará de
volta para você. Isso libera os padrões de geometria ou forma especificas. De modo geral, o
DNA está sendo agora considerado como um elo para decodificar ou traduzir a informação de
vários “campos” universais, que existem fora do espaço-tempo (por exemplo, campo
morfogenético, biocampo, campo sutil, cósmico, etc., mudança dos campos primários e da
realidade física). Isso faz do DNA uma ponte interdimensional hiperespacial entre a realidade
tridimensional normal e a realidade invisível. Na troca de luz, entrando e saindo da célula,
uma linguagem universal própria estaria em ação - uma linguagem baseada na luz. O DNA,
consequentemente, possui o “alfabeto” interno (códigos de símbolos), que traduz ou
425
decodifica a informação externa, para um propósito interno cheio de significado. O DNA é
considerado como um supercondutor (permitindo o fluxo sem resistência) - fluindo
essencialmente luz -. Fornecendo uma fonte de “eletricidade”. Essa propriedade pode ser
melhorar com a presença de certos elementos atômicos naturais (ORME) dentro da célula e
maximizada com a ausência de substâncias “tóxicas” que degradam a função celular.
Observa-se que apenas 5% do DNA está ativo. Os restantes 95% podem estar ligados a
hiperfunções mais evoluídas do cérebro e à exibição de capacidades incomuns. A
configuração geométrica do DNA tem sido considerada como ressonantemente equivalente à
geometria do campo de energia humano global e à geometria dos vários campos
eletromagnéticos e hiperespaciais que circundam a Terra. Em tal caso, uma ressonância - ou
troca de informação -, uma comunicação existe entre o DNA, o campo de energia humano e o
planeta. Existe uma conexão holográfica, fractal ou auto-semelhante nessas configurações.
Considere isso como sendo relações harmônicas entre luz, som e geometria. A alteração de
qualquer um desses aspectos de uma das partes afeta o todo. Uma mudança do todo reflete-se
em cada uma das partes. As interações do campo de energia humano consituem um dos meios
de se alterar o todo e suas partes.
Doença: Vibração fora de harmonia com o Todo. Um estado de separação e medo.
Doença/dor: Vibração fora de harmonia com o Todo.
Ecologia Profunda: Conforme Capra (1997) é o reconhecimento da interdependência
fundamental de todos os fenômenos, de maneira que o observador percebe a conexidade com
o observado e com todo o cosmos. Percepção espiritual na sua essência mais profunda.
Ecologia Rasa: Visão de mundo alicerçada em valores antropocêntricos. (ver em
CAPRA, F. - A Teia da Vida - Uma nova compreensão dos Sistemas Vivos. S.P. Cultrix).
Educação Transdisciplinar: Educação que trabalha o ser em todas suas dimensões;
corpo, alma, mente.(Ver em NICOLESCU, B. O Manifesto da Transdisciplinaridade. São
Paulo, Trion.2001).
Efeito Kirlian: Segundo Kuhn (1987), quando mudam os paradigmas, mudam com eles
o próprio mundo. Guiados por um novo paradigma, a ciência adota também novos métodos e
instrumentos orientando seu olhar em novas direções. Para melhor entendimento dos
processos vivênciais, onde ocorre a interação do Campo de Energia Humana com o Campo de
Energia Cósmico, e maior aprofundamento da pesquisa, utilizo-me do equipamento
construído pelo engenheiro Kirlian (1939) que detecta o Campo Eletromagnético Humano
(efeito Kirlian). Em 1939, na cidade russa de Krashodar, o engenheiro Semyon Davidovitch
Kirlian construiu uma máquina que produzia um campo eletromagnético oscilatório de alta
426
tensão e de alta freqüência. Quando um objeto qualquer era colocado em contato com esse
campo, em torno desse objeto surgia uma espécie de halo luminoso de coloração variada, com
predominância das cores branca, azul, vermelha, violeta, amarela e algumas vezes verde.
Após vários anos de pesquisas, Kirlian chegou à conclusão de que esse halo luminoso possuía
características próprias, as quais não obedeciam rigorosamente às leis do eletromagnetismo.
Kirlian verificou que, com objetos inanimados (minerais e substâncias orgânicas inertes, não
vivas) o halo formado em torno do objeto não variava, embora pudesse apresentar colorações
variadas.
Eletromagnética de 1ª ordem: O componente real das ondas eletromagnéticas viajando
à velocidade da luz e produzindo sinais observáveis do espaço físico.
Eletromagnética de 2ª ordem: Componentes de onda eletromagnética hiperespacial ou
“imaginários” que não refletem os sinais observáveis no espaço tridimensional. São as ondas
escalares longitudinais viajando a velocidades superluminais. Pode haver efeitos psicoativos
decorrentes dessas ondas.
Eletromagnética de 3ª ordem: Potencial hiperespacial que afeta simultaneamente todo o
continuum espaço-tempo. Esse potencial viaja a velocidade infinita. Sólitons, ondas
neutrínicas, bem como ondas de táquions entram nessa categoria. Os táquions respondem à
cosnciencia. Pode haver efeitos psicoativos decorrentes dessas ondas.
EMF Balancing Technique
®
: Um processo de sintonia ressonante da Universal
Calibration Lattice [Malha de Calibração Universal(pessoal)} - UCL - por meio da conexão
humano-com-humano. A EMF Balancing Techinique
®
foi criada e desenvolvida por Peggy
Phoenix Dubro. É um novo sistema energético que acelera a integração entre Espírito e
Biologia eque chamo, nesse trabalho, de Rede de Energia Cósmica (REC).
Energia: Os físicos sabem muito sobre energia. Mas o que a energia realmente é
ainda é
uma ilusão. Será que a energia é puro potencial? O pensamento exige energia. Será a energia
uma manifestação de consciência em varias formas? Em geral, a energia é concebida como
uma “capacidade de realizar trabalho” ou produzir carga. A energia é compreendida como
uma manifestação do principio da ação.
Ação é energia vezes o tempo (energia X tempo) e é
mediada pela interação do fóton com a matéria. (Ver luz e fóton.)
Energia Autodirigida: Durante a EMF Balancing Techinique
®
, a energia da Universal
Calibration Lattice [Malha de Calibração Universal] pode ser sentida fluindo e auto-
organizando o campo, conforme é guiada pelo processo dimensional superior. Assim, nenhum
trabalho de adivinhação, análise e julgamento é necessário por parte do praticante. Ao
simplesmente seguir o procedimenso, o resultado mais benéfico é co-criado para o consulente.
427
Energia Potencial: Energia armazenada disponível para ser usada ou convertida em
alguma outra forma.
Energia de Campo Unificado: Energia que se origina em um plano de alta vibração.
Essa energia está unida tanto à consciência quanto à emoção. Pode estar contida em uma
cavidade ou estrutura de configuração matemática, harmônica e geométrica precisa. É infinita
e não pode ser exaurida porque se origina da Fonte. Quando não esta em movimento, a
Energia de Campo Unificado é puro Potencial. Ao movimentar-se, a Energia de Campo
Unificado é um fluxo do continuum de táquions. Esse fluxo pode ser ativado pela
Consciência. Os seres humanos são arquitetos e manipuladores do Campo de Energia
Unificado.
Energia do Ponto Zero do Vácuo: Considera-se que o vácuo é composto por uma
quantidade extremamente densa de energia virtual (invisível). Esse estado de energia existe
mesmo em temperaturas de zero absoluto, quando teoricamente existem estados de energia
mínimos. A energia do vácuo não está relacionada à temperatura. Estima-se que a energia
contida em um centímetro de espaço vazio é maior do que a energia total de toda a matéria do
universo conhecido. Nenhum sistema pode ter energia zero. (Ver vácuo.)
Energias Sutis: todas as energias existentes no Universo conhecidas ou não pela ciência
ortodoxa. O termo sutil foi introduzido primeiramente por Einstein, ao descrever energias não
diretamente mensuráveis pela ciência.
Enredamento: A fase bloqueadora de duas ou mais partículas, que produz correlações
fora do que é normalmente esperado pela localidade.
Entropia: A medida da quantidade de desordem ou perda de informação dentro de um
sistema. Em geral ligada ao conceito de deterioração da estabilidade de um sistema. Em um
contexto convencional, acreditou-se por longo tempo que a entropia sempre aumenta dentro
dos sistemas e não pode ser revertida. Nos últimos anos, esse conceito tem provado ser
impreciso. A entropia reversa ou fenômenos sintrópicos [neguentrópicos] foram claramente
demonstrados em estados inteligentes, desde agrupamentos de elétrons até sistemas
biológicos complexos.
Equilíbrio: (1) A noção de equilíbrio é mais bem compreendida ao perguntar-se o que é
o “estado” de equilíbrio. A resposta é: muitas coisas. Por um lado, é um estado; por outro, os
sistemas que transformam energia sutil em energia eletromagnética e os sistemas que
codificam e decodificam instruções para a manifestação física operando em nível ótimo. A
interrelação dos vários “componentes” de uma estrutura energética que se movem para um
estado de harmonia; assim, se os sons forem ouvidos, a musica das esferas estará em
428
verdadeira harmonia. As energias vitais fluem, experimentando um estado ótimo de saúde e a
alegrias da realização. Mais especificamente, o equilíbrio esta ligado ás correntes do sistema
mente/corpo, que se encontram em alinhamento e calibração e em relação sincrônica com o
eixo de consciência do ser total. (2) A condição de equilíbrio, em termos de energia, significa
que os campos e centros de energia do campo estão abertos para o fluxo ótimo de energias de
todo o sistema, quando o individuo interage com outras pessoas e com o seu ambiente. Estar
fora de equilíbrio é uma condição na qual as energias do corpo estão fora de fase a um ponto
em que seu fluxo natural é impedido. A doença é o resultado de uma condição desequilibrada.
A doença pode manifestar-se como um problema físico, quando se permite que o
desequilíbrio continue por algum tempo [Greenia, Energy Dinamics].
Equilibrar: O trabalho com as fibras e campos de energia do corpo, de modo a trazer o
organismo a um estado de saúde, equilíbrio e fluxo de energia ótimos.
Espaço tempo: A fusão ou união de espaço e tempo, que cria o tecido a partir do qual o
Universo é construído. Os eventos dentro de nosso espaço tridimensional revelam-se a partir
do espaço-tempo, que possui quatro dimensões. Creditamos a Einstein o acréscimo do tempo
como a quarta dimensão. Bearden associa o espaço-tempo com geometria dinâmica, potencial
[energia captada], vácuo, fluxo de partículas virtuais e fluxo de onda oculto.
Espectro Eletromagnético: Uma ordenação ou arranjo de luz ou ondas
eletromagnéticas, de acordo com suas propriedades de freqüência, comprimento de onda,
energia ou qualquer outra propriedade. O espectro abrange uma ampla faixa de freqüências,
desde as extremamente baixas até as extremamente altas. Isso inclui ondas de radio e luz
visível, microondas, raios X, raios gama, ultravioleta e infravermelho.
Estado Virtual: Aquela parte da realidade que consiste de mudanças não-observáveis e
indetectáveis, que estão além da menor mudança quântica. Eventos não-observáveis
individualmente. Os estados virtuais consistem de múltiplos níveis internos, ocultos e
aninhados. Cada um desses níveis é realmente uma dimensão superior, mais sutil. Os
pensamentos são eventos virtuais. A carga de uma partícula origina-se de eventos virtuais na
troca da carga ou partícula.
Estesia: Sensibilidade, faculdade de sentir de corpo inteiro, saber sensível relacionado à
estética. (Ver em OLIVEIRA, A.C. A estesia como condição do Estético. IN: OLIVEIRA,
A.C; LANDOWSKI, E.(eds). Do inteligível ao sensível: em torno da obra de A. J. Greimas.
São Paulo: EDUC, 1995.p.227-236
Estética do Acontecimento: A partir da idéia de acontecimento em Morin (1998) e
relacionando com a construção da teoria - Estética Vibracional proponho o termo Estética do
429
Acontecimento, onde a Arte penetra a vida e a vida penetra a Arte num caráter singular e
fenomenal, mas também descontínuo, eventual, indeterminável, improvável, uma atualização,
sendo que o traço fenomenal é, simultaneamente, elemento constitutivo e acontecimento. Na
dissertação Estética Vibracional, a Estética do Acontecimento se dá a partir da dimensão
vibracional e simbólica.
Estética Biocósmica: A Estética Biocósmica está fundamentada nos seguintes aspectos;
A unidade básica do cosmos manifestando-se no microcosmo (o que se refere ao subatômico,
as partículas, os átomos, enfim, tudo que é invisível) e no macrocosmos (o universo maior
estudado pela teoria da relatividade, tudo que se manifesta como matéria, portanto, tudo que é
visível). A vida no universo em permanente movimento e expansão, onde todas as coisas
estão em interação e interinfluenciação. O ser humano permanece em movimento com o fluxo
da vida e celebra a vida em sintonia com o universo.
Estética Vibracional: Teoria fundamentada a partir dos seguintes conceitos;
Consciência, Contínuo e Descontínuo, Experiência Estética e Imaginação Simbólica (Parode,
2007).
Estruturas Cristalinas: Formas geométricas que podem tornar-se ordenadas ou
alinhadas para criar malhas. As formas geométricas podem assumir formatos variados. As
principais são o tetraedro, o octaedro, o icosaedro e o dodecaedro. Muitas formas de vida
oceânicas primitivas são pura forma geométrica. Os vírus são configurações geométricas com
configurações de onda de luz relacionadas que poderiam ser usadas para destruí-los e, assim,
eliminar a doença. O campo da energia humana consiste de uma multidão de estruturas
cristalinas formando malhas. Diz-se que certas formas geométricas estão diretamente ligadas
à consciência humana. Níveis de consciência relacionam-se com configurações geométricas
alternadas ou em evolução. A estrutura cristalina descreve uma estrutura de forma geométrica
que se desenvolve em busca da perfeição. As propriedades cristalinas (dos cristais) incluem
forma externa, ordenamento interno, cor, luminescência, fluorescencia, fosforescência, bem
como propriedades elétricas de piezeletricidade, pireletricidade e magnetismo.
Experiência Estética: Ver (Parode, 2007) ou Tese de Doutorado-Tomo I (Parode, 2010).
Fenômenos Sintrópicos: Causadores de reversão da entropia [neguentropia] ou o retorno
à ordem em um estado desordenado. Processos que não “obedecem” à segunda Lei da
Termodinâmica. Um processo sintrópico pode reduzir a entropia [desordem] de um sistema.
Condições sintrópicas podem ser catalisadas por uma variedade de fatores a um sistema;
fornecimento de condições externas de um campo magnético que estabelece correntes
sintrópicas; estabelecimento de coerência a um estado quântico; uma sintonia, uma entrada
430
em fase ou ressonância entre os estados externos e os internos. Processos sintrópicos não
existem necessariamente acréscimo de energia.
Física: O estudo da matéria e da energia e das inter-relações entre ambas, a mais antiga
ciência pura e a mais básica. Conhecida como Filosofia Natural até o final do século XIX.
Hoje a Física evoluiu e dividiu-se em muitos campos e disciplinas especializadas.
Física Quântica: Ramo da Física que nos mostrou queuma relação fundamental entre
nossos pensamentos sobre o mundo e a maneira como que o mundo aparece para nós.
Segundo uma das teorias subjacentes à Física Quântica, é impossível medir simultaneamente
e com igual precisão a posição e o momento de uma partícula. Não há evidencia de que uma
partícula possua qualquer propriedade bem definida, quando não está sendo medida. Somos
parte do mundo que observamos e não podemos dizer que somos observadores objetivos e
independentes dele.
Fluxo de Energia: A passagem de qualquer forma de energia por meio de qualquer
unidade definida de área em todas as direções. Essa definição também está relacionada à
comunicação, ao transporte e à tradução de energia.
Fluxo Virtual de Fótons: Para os fenômenos eletromagnéticos, o vácuo pode ser
modeldo como um fluxo de fótons virtuais.
Força Vital: Princípio animador do corpo e de toda a natureza.
Fóton: O transportador de energia. Unidades de luz ou quanta de energia existe nas sete
cores ou freqüências básicas. O fóton compreende uma subestrutura de derivadas
dimensionais “superiores”, tais como a onda neutrínica. Os fótons são os quanto do campo
eletromagnético, bem como a partícula mensageira da força eletromagnética. O tempo está
ligado à interação do fóton com a matéria. O fóton é o menor pacote de luz - uma peça da
radiação eletromagnética. Bearden descreve o fóton como tendo aspectos que existem tanto
no tempo positivo quanto no negativo. Um campo fotônico entra em colapso para formar
vórtices atômicos.
Freqüência: O número de ciclos completos sofridos por uma onda em um segundo. É a
primeira dimensão do hiperespaço. Observe como, virtualmente, um número infinito de
freqüências eletromagnéticas (rádio, televisão, telefone celular, etc.) ocupa o mesmo espaço.
A informação é transportada por cada comprimento de onda individual e é distinta de
qualquer outro transportador. A sintonia em determinada freqüência cria a separação da
informação. O espaço vazio em que ocorre a difusão é o hiperespaço. O campo
eletromagnético é o primeiro hipercampo.
431
Função de onda/Função de Onda quântica: Uma fase pré-matéria ligada à
probabilidade de ocorrência de um evento. Isso é mais rápido do que o movimento da onda de
luz para dentro e para fora do tempo. Ela liga nossa mente com o mundo físico.
Globalização: Neste texto me refiro à globalização técnica - econômica enquanto prática
desigual e segregacionista, e não à globalização na qual se esboça uma consciência de
pertença a uma pátria terrestre, que prepara uma cidadania planetária.
Harmonia: Dois ou mais sistemas que sofrem vibrações simultâneas, os harmônicos das
vibrações não produzem qualquer discordância. Há completa concordância. Quanto maior a
harmonia, menor a energia necessária para produzir vibrações afins - em uníssono.
Harmônico: Em termos mais simples, o harmônico é definido como um múltiplo de uma
freqüência fundamental. Em música, são os chamados sons harmônicos. Na música e na voz,
é a mistura de harmônicos. Na musica e na voz, é a mistura de harmônicos que cria a
distinção ou o estilo de um determinado instrumento ou voz. A freqüência básica ou
fundamental sustenta uma forma de ressonância de onda estacionária. Teoricamente, há um
número infinito de harmônicos relacionados a qualquer freqüência fundamental. Na
geometria, uma forma específica pode ter uma relação harmônica com outras formas
geométricas. Freqüências harmônicas podem se sobrepor para formar novas estruturas
geométricas. Os harmônicos existem em todo lugar, desde átomos até sistemas planetários.
Dada uma estrutura única de harmônicos ou cordas nas vibrações de cada individuo, podemos
dizer que cada pessoa tem seu próprio tom único.
Hipercampo: Uma estrutura ou padrão de perturbação no hiperespaço. Bearden descreve
o campo eletromagnético como o primeiro hipercampo. O próximo é o campo neutrínico,
seguido pelo campo mental. Os hipercampos representam níveis superiores de estados virtuais
aninhados.
Hiperespaço: As dimensões que estão alem do espaço e do tempo tridimensionais
comuns. No hiperespaço não há tempo ou espaço - todas as ações ou atividades são
instantâneas. Matematicamente, o hiperespaço é um espaço que pode conter dois ou mais
volumes tridimensionais no mesmo lugar e no mesmo tempo. Freqüência, fase e amplitude
estão entre as características que definem as dimensões dentro do hiperespaço.
Hiperfunção: Está relacionada a, ou manifesta capacidades de, ou possui atributos de
interagir com o hiperespaço. Capaz de fazer a ponte entre o mundo visível e o invisível.
Capacidade que estão fora do espaço e do tempo normais. Uma capacidade dimensional
superior.
432
Holograma: um constructo codificado dentro do qual qualquer parte contém a
informação do todo. Um constructo que codifica todas as propriedades dos padrões de
interferência que criam o holograma. Cada parte tem a mesma importância do todo. Em uma
visão alternativa, é uma estrutura dentro da qual cada ponto está em contato com cada um dos
outros pontos. Os fenômenos hiperespaciais têm propriedades do holograma: refletem padrões
do todo. O campo de energia humano é um holograma. Vivemos em um holograma cósmico.
Observe como um raio de luz no Universo, não importa quão pequeno ele seja, contem toda a
informação do Universo. Imagine capturar essa luz com uma câmera com a menor abertura
possível, continuando, contudo a obter a mesma informação! Mesmo um fóton de luz contém
a informação do Universo inteiro!
Holomovimento: Um termo introduzido por Bohm para descrever a revelação
progressiva do mundo externo a partir de sua fonte dentro da ordem oculta implicada
invisível. A ordem implicada é uma realidade dimensional superior. Bohm compreendeu que
o mundo físico é uma projeção holográfica viva, em movimento, da ordem implicada. A
natureza holográfica de nossa realidade interliga todas as coisas: as vivas e as não vivas.
Homeopatia: A arte de cura aplicada que se baseia nos princípios dos potenciais
dimensionados, que as maquinas de vácuo contêm. Transferência de padrões sem resíduo
químico.
Informação Ativa: Informação disponível em todo lugar (como na não-localidade) ou
em cada parte de um sistema. Contudo, ela age ou é relevante apenas onde tem significado.
Esse conceito implica uma relação entre o doador e o receptor. Informação deriva da palavra
in-form - significando literalmente “expresso pela forma”. Uma resposta ressonante é uma
resposta à informação ativa.
Intenção: A intenção é considerada como uma força metafísica real - uma força que está
além da física ortodoxa mensurável. A intenção age para influenciar, alterar, dar forma,
modificar ou criar os padrões e campos de informação, que organizam e modelam nossa
realidade.
Intencionalidade: Adaptamos a perspectiva de Tiller na descrição da intencionalidade
aplicada como um processo que se inicia com a colocação de um desejo em nível do
“Espírito”. Esse desejo, impresso no Espírito, cria padrões dentro dos planos vibratórios
sucessivos, para que as ações finalmente se materializem no nível físico. O individuo é um
jogador ativo no processo e é o observador/participante dos resultados finais.
Interações do Campo de Energia Humano: Um meio de acelerar a transformação e a
evolução do individuo, bem como da coletividade.
433
Localidade: A noção de que a comunicação e as interações entre objetos ou coisas vivas
ocorrem por intermédio de um mecanismo de campos ou sinais, que se propagam por meio do
espaço-tempo. A propagação obedece a uma limitação de velocidade da luz. As interações
locais deixam traços ou sinais observáveis ou mensuráveis no espaço tridimensional.
Luz: Uma ondulação da 5ª dimensão. Liga a matéria ao espaço dimensional superior,
pois a matéria está em interação contínua com fótons (Ver Relação Fóton/Matéria). Uma
oscilação tanto para dentro quanto para fora do tempo. Em geral, a luz visível é a radiação
eletromagnética na faixa de 400 (violeta) até cerca de 800 (vermelho) manômetros. Nem
todos os fótons de luz são visíveis. O fóton de luz é o mensageiro do campo eletromagnético -
o transportado e o transportador de informação. A luz possui uma subestrutura hiperespacial -
fora do espaço e do tempo. Exibe a dualidade onda e partícula porque se estende
simultaneamente sobre as dimensões físicas e hiperespaciais. O transportador de bioenergia
dos organismos vivos. O cérebro e o sistema nervoso comunicam-se por meio de um sistema
baseado na luz os seres biológicos pelo biofótons. Um componente é hiperespacial – viaja
fora do espaço-tempo. O “tecido” das teias criam os campos de energia humanos, formando
uma malha de espaço-tempo. A luz relaciona-se harmonicamente com o som e com a forma
geométrica e é elemento constituinte da matéria. É a transportadora de ondas neutrínicas (Ver
onda neutrínica). A luz possui todas as cores e transporta a informação holográfica codificada
do Universo inteiro.
Malha do vácuo: Uma organização dentro do éter ou estado de vácuo. O pensamento
contemporâneo entre os físicos professa que o vácuo possui uma malha própria. As formas
estruturais geométricas do vácuo incluem agregados de tetraedos (como o fractal de
sierpinski), octógonos e hexágonos (Tiller). A estrutura icosaédrica é projetada por Erol
Torun. A desestabilização das grades geométricas a simetria e resulta em extração de energia.
Massa: ver matéria.
Matéria: Luz congelada ou Luz coagulada - energia reduzida. Ressonância de onda
escalar estacionaria. Estado de vácuo diluído. A energia da matéria deriva do vácuo, mas a
sua densidade é significativamente menor do que aquela do estado de vácuo (ver vácuo). A
matéria está em interação continua com os fótons (luz). Há absorção e emissão continua de
fótons. Consequentemente, a matéria está continuamente ligando-se e desligando-se da 4ª
dimensão do tempo. Contudo, a própria luz é uma ondulação da 5ª dimensão. A luz liga a
matéria ao espaço dimensional superior. A matéria se move através do tempo em virtude de
pulsos quantizados ou interações com o fóton.
434
Matéria Densa: Massa. As partículas que se agregam e se condensam em forma, no
plano tridimensional. Agregado de átomos que compõem o Corpo Físico.
Mudança de Paradigma: Uma mudança fundamental dos cpossui simultaneamente
propriedade ou características de mais de um plano vibratório ou sistema de coordenadas. A
idéia de que há dimensões fora de nosso mundo tridimensional normal é agora uma afirmação
básica de nossas teorias avançadas em Físicaonceitos e do trabalho cientifico que governam a
visão mundial.
Multidimensional: Termo referente ao aspecto total das energias humanas, ou seja; o
nível físico - energético, emocional, mental, intuitivo, espiritual, espiritual superior, divino. O
termo inclui e ao mesmo tempo transcende o plano tridimensional, nos remetendo a uma
dimensão energética de ordem vibracional, de natureza contínua e sutil, enquanto que sua
manifestação é da ordem do plano das formas materiais, logo descontínua e fragmentada.
Mas, junto ao descontínuo está o contínuo, por isso, o holográfico, ou multidimensional.
Possui simultaneamente propriedade ou características de mais de um plano vibratório ou
sistema de coordenadas. A idéia de que há dimensões fora de nosso mundo tridimensional
normal é agora uma afirmação básica de nossas teorias avançadas em Física.
Multiverson: A noção de que nosso Universo é apenas um de uma multidão de
Universos distintos e separados.
Não-localidade: A propriedade estabelecida do Universo na qual existem correções entre
e evento distintos, sem considerar a separação espacial. Tais correlações ou comunicação
ocorrem instantaneamente, em “não-tempo”. Essa propriedade foi demonstrada em condições
de laboratório ara partículas (experimentos de Aspect e de Gisin), bem como entre seres
humanos, por meio de sinais cerebrais (experimento de Gringerg-Zylberbaum). A não-
localidade ou não-separação é um fato da natureza e um aspecto dinâmico da vida do
Universo. A influência ou comunicação instantânea a distância ocorre sem qualquer troca de
sinais no espaço-tempo. A totalidade inquebrantável ou não-separação que a não-localidade
representa transcende o próprio espaço-tempo.
Natureza Não-Local do Sistema Mente/Cérebro: Estabelecida pelo neurofisiologista
mexicano Griungerg-Zylberbaum em um experimento de referencia, que demonstrou a
conexão não-local (fora do espaço 3-D) entre dois sistemas mente/cérebro humanos.
Neutrino: Uma partícula elementar ou subatômica, sem massa (massa zero),
eletricamente neutra. (Um membro da família lepton. Lepton significa “coisa-luz”, O elétron é
um membro da família lepton). Na abordagem feita por Bearden, o neutrino consiste de um
fluxo de partículas menores dentro de sua subestrutura. As partículas menores são chamadas
435
de “neutrinos nus”. Os neutrinos são muito abundantes. De fato, são o objeto mais comum do
Universo. Segundo Tiller, a população de netrinos excede a de prótons e elétrons, na
proporção de aproximadamente um bilhão para um. (Ver onda neutrínica.)
Ondas Eletromagnéticas: É uma tendência para acontecer, uma tendência que em forma
indefinida existe em si mesma, porém sem nunca chegar a converter-se num acontecimento.
De acordo com Heisenberg é uma tendência para algo, uma versão quantitativa do antigo
conceito de “Potentia” na filosofia aristotélica. Introduzia algo que se erguia no centro, entre a
idéia de um acontecimento e o acontecimento real, uma espécie estranha de realidade física,
exatamente no centro, entre possibilidade e realidade. No espaço tridimensional, a
perturbação do tipo onda caracterizada por um vetor elétrico e um magnético, em ângulo reto
em relação um ao outro - ambos com 90 graus em relação à direção de propagação. Ondas
eletromagnéticas possuem subestruturas ocultas que ocupam outro espaço dimensional. A
subestrutura pode ser padronizada e programada com informação oculta ou não revelada,
ondas eletromagnéticas formam estruturas de onda esféricas tridimensionais e uma quantidade
infinita dessas estruturas pode ajustar-se em um mesmo espaço e em um mesmo tempo do
hiperespaço. (Ver Hiperespaço).
Onda Escalar: Oscilações de energia de tensão do vácuo. Tais oscilações contem
subestrutura padronizada virtual. São as ondas de pressão longitudinal do espaço-tempo. A
onda escalar é capaz de movimentar-se em quatro ou mais dimensões. Pode mover-se apenas
no tempo, alterando o fluxo de tempo, a gravidade ou propriedade de um objeto. Pode mover-
se no espaço apenas se o tempo permanecer estável, ou mover-se em combinação desses dois
modos descritos. Outras referencias às ondas escalares são a onda de Tesla, a onda
gravitacional, as ondas sonoras eletromagnéticas e a onda eletrogravitacional. Ondas
vibratórias, que podem ser pequenas para romper o limiar quântico, são, contudo, reais e são
ondas escalares. As ondas escalares não são limitadas pela velocidade da luz. São
hiperespaciais e superluminais. Bearden encara a onda escalar como a unificação de
eletromagnetismo e gravidade.
Onda Hertziana: Um termo usado para a radiação eletromagnética caracterizada por
uma forma de onda cíclica, sinusoidal. Nem todas as ondas eletromagnéticas são de natureza
hertziana.
Onda Neutrínica: Consiste de neutrinos (ver neutrino) que se comportam mais como
uma onda do que cimo partículas. Essas ondas “retornarão” à onda elegromagnetica
convencional ou fóton de luz em velocidade superluminal (considerada como a velocidade da
luz ao quadrado). A onda eletromagnética comum é o verdadeiro transportador dessa onda
436
superluminal, de modo que ela é observada apenas viajando à velocidade da luz. A onda
neutrínica é, assim, uma subestrutura do fóton de luz, movendo-se em um plano que é
perpendicular à direção da viagem da luz. Equiparada à onda de spin que circula ao redor do
fóton, é também categorizada como uma onda escalar longitudinal.
Ondas Hipersônicas: Ondas sonoras no hiperespaço.
Ordem: Em algum nível, uma medida de informação dentro de um sistema.
Ordem Explicitada: Um termo introduzido por David Bohm, físico, para caracterizar o
Universo externo, visível. O Universo externo revela-se a partir da totalidade e da conexão
com a ordem implicada. A ordem explicitada está em troca e interação constantes com a
ordem implicada. Bohm usou o termo “holomovimento” para descrever o processo interativo
da ordem explicitada revelando-se a partir da ordem implicada. O Universo externo revela-se
a partir da totalidade e da conexão que é característica da ordem implicada.
Consequentemente, as propriedades da totalidade e da conexão são inerentes à ordem
explicitada ou Universo externo.
Ordem Implicada: Um termo introduzido por David Bohm para caracterizar a ordem
oculta, ou não revelada, de uma realidade superior. O Universo externo revela-se a partir da
totalidade e da conexão, que são características da ordem implicada. A ordem implicada é um
estado sub-quântico.
Paradigma: Do grego “Paradeiknyai”, que significa mostrar lado a lado. Um paradigma
é um padrão estabelecido de padrão estabelecido de pensamento ou modo de olhar as coisas.
Partícula: A física clássica considerava as partículas como entidades indivisíveis que
serviam de edificação para toda matéria. Segundo a definição clássica, partícula é alguma
coisa que está confinada em algum lugar no espaço. Tanto pode estar aqui como ali, mas não
pode estar em ambos os lugares ao mesmo tempo. A física moderna afirma que uma partícula
elementar não é um ente com existência independente, não analisável. É, em essência, um
conjunto de relações que se voltam para o exterior em direção a outras coisas. As partículas
subatômicas são, portanto, correlações. Na física moderna as partículas são padrões, processos
dinâmicos, que envolvem uma determinada quantidade de energia que se manifesta a nós
como sua massa. São condensações locais do campo, concentrações de energia que vão e
vem. Um evento do espaço-tempo que transporta informação. Uma manifestação recíproca de
energia que existe em estados simultâneos de realidade.
Padrão de Interferência: Ondas de origem distinta que se entrelaçam e se sobrepõem
para formar padrões únicos. O padrão resulta no reforço de alguns lugares e no cancelamento
437
de outros, por causa da sobreposição de duas ou mais ondas. Padrões de interferência criam
nova forma e nova geometria, que transcendem camadas múltiplas da realidade.
Padrão Vibratório: Um numero preciso de picos e concavidades de uma amplitude
definida. Também a geometria e a forma de um perfil de interferência, que pode ser uma
forma-onda multidimensional.
Partícula Elementar: Qualquer bloco construtor constituinte das partículas subatômicas,
tais como o elétron, o próton ou o nêutron. Partículas elementares tem realidades virtuais
internas ou de dimensão superior.
Partículas Virtuais: Partículas que aparecem ou irrompem brevemente do vácuo e,
então, rapidamente se aniquilam. Isso ocorre tão rapidamente que não se consegue observa-
las. Porem, as partículas virtuais interagem com massa ou carga para criar efeitos observáveis
muito reais.
Plasma: Partículas com massa, altamente carregadas eletricamente ou ionizadas.
Ponte de Einstein-Rosen: Uma região do espaço, ou túnel, caracterizada pela forma de
um tubo com extemidade semelhante à de um trompete, que liga uma região de realidade a
outra. Essas regiões podem estar em realidades dimensionais distintas ou em pontos distintos
do espaço-tempo. Uma ponte de Einstein-Rosen pode existir tanto em escala macroscópica
quanto microscópica. Um chacra pode ser caracterizado como ponte de Einstein-Rosen.
Ponto Nodal Interdimensional: Sinônimo dos termos janela mágica e hipercanal.
Bearden descreve esse ponto como dependente da freqüência e a freqüência naturalmente
sintonizada de um hipercanal. Na freqüência natural de um hipercanal, energias de onda
escalar podem “conversar” ou comunicar-se facilmente com outra estrutura separada do
hiperespaço. Segundo Bearden, essas freqüências representam canais melhorados, ligando os
estados virtuais e os estados observáveis [entre os estados subquânticos e os quânticos]
algumas dessas freqüências observadas são a do infravermelho e as próximas do ultravioleta
[frequência da energia vital]. O ultravioleta é realmente o primeiro harmônico do
infravermelho. Outras freqüências dos hipercanais são: 38-40kHz, 150-160kHz, 1,1-1,3MHz,
1,057GHz(alteração de lamb).
Potencial: De maneira geral, é o conceito de energia ou trabalho que está bloqueado em
um determinado ponto. Potenciais artificiais podem ser criados para polarizar o vácuo e
colocar um padrão especifico dentro dele.
Potencial Artificial: Uma polarização do vácuo local que coloca padrões de onda
específicos dentro dele.
438
Potencial de Tensor: A acumulação de energia em uma cavidade precisamente contida -
caracterizado pelo acumulo de energia sem qualquer fluxo de energia.
Potencial Eletrostático: O potencial escalar que é a força condutora de fenômenos
puramente elétricos. O potencial é um ordenamento dentro do vácuo.
Potencial Escalar: Em sua visão da partícula, Bearden define o potencial como sendo o
fluxo de partículas virtuais. Construir o potencial é construir a própria geometria do espaço-
tempo. Os potenciais podem ser expressos como potenciais dentro de potenciais – resultando
em ordens ocultas da dimensão dentro do potencial. Cada potencial sucessivo envolvido
representa uma ordem dimensional superior - por exemplo, 5ª, 6ª, 7ª, etc. dimensão do
hiperespaço. Bearden chama de dimensionamento a construção do potencial interno. O
potencial escalar contem subestruturas n-dimensionais, cada uma sendo uma região mais
delicada e mais sutil do hiperspaço. Os potenciais representam distorções ou curvaturas no
vácuo ou no espaço-tempo. Potenciais artificiais podem ser criados para polarizar o vácuo e
colocar um padrão específico dentro dele.
Potencial Evocado: Uma resposta eletrofisiológica mensurável produzida no cérebro,
devido a algum estimulo sensorial ou parasensorial.
Potencial Quântico: Um termo introduzido pelo físico David Bohm, definindo um
campo de informação que interpenetra, liga e informa o mundo quântico. Por exemplo; os
elétrons recebem informações de seu ambiente por meio das ondas que emanam desse campo
de informação ou potencial quântico. O potencial quântico é um constructo não-local, ou seja,
está fora do espaço e do tempo.
Praticante: Na EMF Balancing Techinique
®
, o praticante é aquele que realiza o processo
de equilíbrio. A pessoa que recebe esse tratamento é geralmente chamada de “consulente”.
Preparação do Corpo Energético: Na realização da EMF Balancing Techinique
®
, o
processo de preparação preliminar é chamado de Preparação do Corpo Energético. Ela
envolve uma serie de movimentos e intenções oferecidas pelo praticanete e inicia uma grande
circulação de energia por meio da UCL. Em um certo sentido, o praticante estabelece uma
ressonância com os movimentos do procedimento e consequentemente o cliente responde em
nível eletromagnético. Com a energia movimentando-se mais livremente por meio UCL, o
praticante prossegue com a sessão, realizando a fase mais apropriada para o cliente naquela
hora.
Princípio Biocósmico: Visão de mundo que reconhece e valoriza toda vida no Cosmos,
suas diversas formas de manifestação em diferentes níveis de consciência.
439
Principio da Separação: A idéia de que as coisas não estão mais em contato, conexão ou
comunicação uma com a outra e que não podem mais afetar uma à outra. A não-localidade do
mundo quântico e o cérebro humano demonstraram o contrario.
Prisma Biofotônico: Um termo introduzido neste texto para descrever uma malha
multidimensional, que capta, armazena ou acumula, traduz ou emite luz. Tal estrutura interage
com o sistema vivo, bem como com o Universo externo. O processo evolutivo leva a
modificações e aumenta a traduzida e codificada dentro de sua estrutura. Ao sintonizarem os
pontos nodais interdimensionais de tais estruturas, as energias podem comunicar-se
facilmente pelos planos vibratórios. Elas interagem e se relacionam com suas contrapartes
físicas.
Psicoativo: Relacionado à mente, aos processos mentais,ao humor ou que influencia a
estabilidade emocional.
Psicocinese: Como descrito por Bearden, esse é o efeito dos padrões de onda escalar,
que são projetados pelos dois hemisférios cerebrais. É semelhante à ação de um
interferômetro escalar.
Quanta: Pacotes de energia.
Quantum: (Planck) “teve que fazer uma suposição radical e aparentemente absurda,
porquanto, de acordo com as leis clássicas bem como de senso comum, presumia-se que um
oscilador eletrônico, uma vez posto em movimento por um empuxo, radiava sua energia suave
e gradualmente, enquanto seu movimento oscilatório diminuía até parar. Planck teve que
supor que o oscilador emitia sua radiação em jatos súbitos, baixando a menores amplitudes de
oscilação após cada jato. Ele teve que postular que a energia do movimento de cada oscilador
não pode aumentar nem diminuir suave e gradualmente, mas unicamente por saltos
repentinos. Em uma situação na qual a energia estava sendo transferida (de um lado para
outro) entre os osciladores e ondas de luz, os osciladores não somente deviam emitir como
também absorver energia radiante em discretos “pacotes”... Ele cunhou o nome “quanta” para
os pacotes de energia e falou dos osciladores como estando ‘quantificados’. Foi dessa forma
que o incisivo conceito do quantum entrou na ciência física.” Do latim, significa quantidade
(plural: quanta). Um quantum é a menor unidade de uma coisa que pode ser dividida. Por
exemplo: os fótons, que são o menor pacote de luz, sã os quanta do campo eletromagnético.
Quiral, Quiralidade: Consiste das versões direita ou esquerda de uma imagem, em que
uma delas não é a imagem espelhada da outra.
Quociente de Luz: Uma medida da capacdiade de interagir com processar e utilizar a
luz.
440
Radiação Eletromagnética: A energia associada a transportada por uma onda
eletromagnética.
Radiação Infravermelha: Abaixo do vermelho (comprimento de onda mais longo) - luz
de freqüência menor do que a luz visível. Relacionada com a porção infravermelha do
espectro eletromagnético. Radiação (luz) invisível de comprimentos de onda variando entre os
750 nanômetros (próximo do vermelho visivel) e um milímetro (microondas).
Radiação Ultravioleta: Relacionada à radiação UV do espectro eletromagnético.
Radiação invisível de comprimentos de onda na faixa entre os 380 nanômetros (fronteira do
violeta) a quatro nanômetros (fronteira dos raios X).
UCL: Ver Malha de Calibração Univerdal. Rede de Energia Cósmica.
Relação Fóton/Matéria: Uma onda eletrônica em fase com sua onda positrônica
(antimatéria) cria um fóton de luz. [Conceito de colisão matéria/antimatéria.] Um fóton pode
retornar à matéria e à antimatéria novamente, no nível de energia apropriado.
Realidade: 0(1) É tudo, incluindo tanto os aspectos locais quanto os não-locais do
Universo. (2) Uma visão composta da existência mantida por um individuo, baseada no
sistema de crenças, eventos co-criados, objetos e entidades.
Relação de Fase: Uma medida da relação rítmica que uma onda tem com outras ondas.
Uma medida da diferença no ângulo entre duas ondas. Também, matematicamente, é o 2º eixo
do hiperespaço. Duas ondas em fase criam uma onda que tem quatro vezes a força da onda
original única, etc.
Relações Harmônicas: Os sistemas favorecem as relações harmônicas. Tais relações
podem existir entre formas geométricas, bem como entre padrões de freqüência e forma. Por
exemplo: existe uma relação harmônica entre a freqüência da luz, o som e a geometria. O que
pode aparecer como entidades desiguais, pode conter relações harmônicas. Relações
harmônicas acrescentam a si mesmas sintonia e ressonância.
Religação dos Saberes: Sobre esse assunto, ver o livro; Morin, E. A Religação dos
Saberes - o desafio do séc. XXI. 2ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002).
Realidade: Tudo o que existe, incluindo o local e o não local, o imanente e o
transcendente; em contraste, o universo do espaço-tempo refere-se ao aspecto local imanente
de realidade.
Reprodutibilidade Técnica: ver em Walter Benjamim - Magia e Técnica, Arte e Política
- São Paulo: Ed. Brasiliense - 1996. Pág. 165 a 196.
Resposta Não linear: Em geral, a resposta a uma influencia externa que não é
proporcional à magnitude do agente causador. Por exemplo: alguns materiais ou sistemas
441
possuem propriedades ópticas com respostas que variam com a intensidade da luz. Quando
iluminado com uma única freqüência luminosa, o sistema pode criar ou emitir uma freqüência
fundamental junto com os harmônicos adicionais dessa freqüência. Bearden sugere que tais
materiais ou sistemas não lineares também produzem um sinal de tempo reverso, que traça um
caminho de volta à fonte do sinal, sem considerar a distancia para tal fonte!
Ressonância: Estar em sintonia ou em harmonia - vibrar como um. Um estado existente
entre duas entidades ou sistemas de propriedades ou características semelhantes, que permite
a ocorrência de uma troca de informação (comunicação). Um ritmo, uma vibração, uma
oscilação ou freqüência natural de um sistema que se relaciona a um padrão ou forma.
Quando uma influencia periódica externa, cuja freqüência é igual a oscilação livre natural do
sistema, age sobre o sistema, a amplitude de oscilação aumenta. Diz-se que o sistema está em
estado de ressonância. Em ressonância, ocorre uma troca de informação ou energia. Os
sistemas podem ser sintonizados em suas propriedades ressonantes, naquele ponto em que a
vibração ou reverberação ocorre dentro do sistema. A matéria é uma manifestação de
ressonância escalar ou de ondas estacionarias. Se você encontrar a “campainha” apropriada de
um sistema e acionar sua freqüência ressonante, ele “cantará” uma canção de volta a você,
essa canção refletida pode dar a você a informação previamente bloqueada dentro da estrutura
do sistema. A discussão da ressonância introduz a noção de vibração afim - aquela que
especificamente se relaciona à condução de um sistema em sua própria freqüência ressonante
por meio da energia de um sistema externo que está vibrando na mesma freqüência. A
transferência de energia ocorre pelas vibrações afines. Quando os sistemas estão em sintonia
um com o outro, os padrões de energia que surgem em um sistema induzem padrões similares
no segundo sistema. Quanto maior o grau de sintonia ou afinidade entre dois sistemas, maior
a facilidade de isso ocorrer. A sintonia entre dois sistemas significa que existem cordas
harmoniosas - a concordância. A afinidade ou harmonia perfeita entre dois sistemas depende
não apenas das freqüências fundamentais serem coincidentes. A coincidência precisa ser
obtida nos níveis de todos os componentes vibratórios - incluindo os harmônicos e os
harmônicos parciais. Quando essa situação ocorre, os sistemas inteiros funcionam mais
suavemente, com um mínimo de resistência e discordância - criando finalmente circuitos e
sistemas livres de resistência. Esses são sistemas da maior eficiência e capacidade. A
ressonância estabelecida entre objetos e sistemas dá inicio a ondas estacionarias entre os dois
sistemas.
Ser Cósmico: Ser Integral. Ser inteiro, de corpo mente e alma. O Ser Cósmico é o Ser
que está em sintonia com o cosmos, em plena interação com a natureza e a cultura. No
442
movimento de ordem e desordem do universo celebra o fluxo da vida permanecendo em
harmonia com os princípios da lei cósmica.
Sistemas Energéticos Sutis: referente aos sistemas que existem em oitavas de
freqüências superiores, ou seja, que freqüentemente existem fora da estrutura espaço-tempo
comum positivo, no (espaço-tempo negativo: universo físico constituído por energia e matéria
que vibram em velocidades maiores que a da luz).
Símbolo: O símbolo é algo que tem força, vida, é energia em potencial, é uma vibração
de energia que se constitui em forma e emana da Consciência Vibracional, do Campo
Fundamental. O símbolo contém significados inaparentes, com os quais se relaciona pela
analogia. O símbolo é uma linguagem sintética. O que revela o sentido de um símbolo é a
percepção intuitiva, que é uma forma de conhecimento que se dá no movimento de
reversibilidade entre o sensível e o inteligível. A revelação do símbolo é dada por esse
conhecimento direto, não-racional, ao qual se chega pelo silêncio, por processos meditativos.
Um símbolo é um concentrado de energia que atua mesmo que seu significado não seja
captado pela consciência racional. Os símbolos sintetizam verdades intemporais; estão além
das leis e dos limites da matéria, isto é, transcendem o espaço tridimensional, se constituem
nas multidimensões. (Ver Cap. A Estética Vibracional e seus fundamentos conceituais).
Simbólicos: Os símbolos se referem ao dinâmico, ao energético. Ver símbolo.
Sujeito Estésico: Sujeito sensível, que sente, que afeta e se deixa afetar. (Ver Cap. A
Estética Vibracional e seus fundamentos conceituais e O Sentido Multidimensional das
Vivências Estéticas).
Vácuo: Campo de Energia Cósmica, Campo Fundamental, essência de todas as formas e
fonte de toda vida.
Vivência Consciencial: Vivência em que os fenômenos se manifestam à consciência
através do corpo em suas multidimensões, possibilitando novas significações ao sujeito. (Ver
Cap. O Sentido Multidimensional das Vivências Estéticas).
443
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CIP )
Ficha Catalográfica elaborada por
Vanessa Pinent
CRB 10/1297
P257c Parode, Valquiria Pezzi
Consciência cósmica : educação transdisciplinar e
estética biocósmica configurando a imaginação simbólica e
o ser multidimensional / Valquíria Pezzi Parode. – Porto
Alegre, 2010.
442 f. : il.
Tese (Doutorado em Educação) – Fac. De Educação
PUCRS.
Orientação: Profª. Drª Leda Lísia Francioli Portal.
1. Educação Transdisciplinar. 2. Estética Biocósmica.
3, Inteligência Espiritual. 4. Psicologia Transpessoal.
5. Consciência Cósmica. 6. Artes. 7. Filosofia. I. Portal,
Leda Lísia Franciosi. II. Título.
CDD 370.15
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