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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
ANTONIO ONIAS MESQUITA VÉRAS
SECAGEM DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA (Capsicum baccatum var.
pendulum) EM SECADOR CONVECTIVO HORIZONTAL
SÃO CARLOS
2010
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SECAGEM DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA (Capsicum baccatum var.
pendulum) EM SECADOR CONVECTIVO HORIZONTAL
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
ANTONIO ONIAS MESQUITA VÉRAS
SECAGEM DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA (Capsicum baccatum var.
pendulum) EM SECADOR CONVECTIVO HORIZONTAL
Dissertação de Mestrado apresentada
como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do título de Mestre em
Engenharia Química, área de
concentração em Pesquisa e
Desenvolvimento de Processos
Químicos
Orientador: Prof. Dr. José Teixeira Freire
SÃO CARLOS
2010
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
V476sp
Véras, Antonio Onias Mesquita.
Secagem de pimenta dedo-de-moça (Capsicum baccatum
var. pendulum) em secador convectivo horizontal / Antonio
Onias Mesquita Véras. -- São Carlos : UFSCar, 2010.
79 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2010.
1. Secagem. 2. Pimenta dedo-de-moça. 3. Liofilização. 4.
Reidratação. 5. Germinação. I. Título.
CDD: 660.28426 (20
a
)
A Deus Jeová e seu filho Jesus,
aos meus pais Sudá e Onísia, à
minha irmã maravilhosa Sudanísia e
à minha amada e preciosa Abigail.
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo que tenho e o que sou.
Aos meus pais pelo apoio, amor e carinho incondicionais e incomparáveis.
Tudo foi e está sendo possível graças a vocês.
À minha querida irmã pelo carinho, afeto e saudade que só ela tem.
Aos meus familiares por toda a torcida.
À minha noiva, sempre presente nos momentos alegres e também nos mais
difíceis, apoiando em tudo sem medir esforços. Sem ela teria sido bem difícil.
Ao meu amigo Edmundo Elenio pela ajuda, apoio e incentivo antes mesmo
de saber da aprovação no mestrado.
Ao Professor José Teixeira Freire pela excelente orientação, pelo apoio a
mim demonstrado desde o nosso primeiro contato e pela oportunidade de aprender
mais do que FT.
À professora Ana Maria da Silveira que foi de ajuda inestimável ao longo do
curso com suas dicas e conselhos fundamentais para o andamento do trabalho.
Ao professor Dermeval José Mazzini Sartori pela amizade e consideração.
Aos demais professores do DEQ/UFSCar, em especial aos do Centro de
Secagem que sempre deram contribuições importantes para o projeto.
Aos técnicos Oscar e Adilson por toda a ajuda nos momentos complicados
devido a equipamentos com defeitos além dos momentos de descontração.
Ao Edilson e a Juliana pelo carinho e amizade que construímos ao longo do
curso.
Aos amigos Victor, Maritiza, Samy, Andressa e Wagner, Maribel, Thiago,
Diana, Wagner Pedrotti, Lana, Amanda e muitos que preencheriam toda uma
dissertação.
A todos os amigos que deixei em minha terra natal e aos novos que me
acolheram em seus corações como a Adriana e sua família.
Ao Centro de Secagem pela honra de ter feito parte desse grupo de
excelência.
A CAPES pela concessão do apoio financeiro.
i
RESUMO
A cultura da pimenta está bem difundida no Brasil desde a sua
colonização. Esse vegetal, além de ser muito apreciado na culinária possui efeitos
farmacológicos comprovados como o de redutor do colesterol, inibidor do apetite e a
presença de substâncias antioxidantes como o ácido ascórbico e o beta-caroteno. É
um produto cuja demanda aumenta a cada ano, mas que a forma como é produzido
continua, em sua maioria, artesanal diminuindo a capacidade dos produtores de
atender às necessidades do comércio. Visando contribuir para o melhoramento da
produção da pimenta dedo-de-moça, verificou-se o comportamento desse vegetal na
secagem analisando a influência do processo na composição nutricional e
qualidades físicas no produto seco. Para isso, foram obtidas as cinéticas de
secagem e a determinação das propriedades estruturais (densidade aparente,
densidade real e porosidade) em função do teor de umidade durante a secagem. A
avaliação da qualidade do produto final foi realizada pela quantificação de ácido
ascórbico e estudo da reidratação. A secagem convectiva foi comparada com a
secagem em liofilizador com relação a parâmetros de qualidade do produto como
encolhimento, propriedades estruturais, retenção de vitamina C e características de
reidratação. Para descrever a cinética de secagem e de reidratação foram utilizados
modelos empíricos e semi-empíricos. A caracterização do processo de reidratação
foi realizada a partir dos índices que levam em conta a capacidade de absorção de
água e a perda de solutos. Avaliou-se também o aproveitamento das sementes
resultantes do processamento para obtenção de novas mudas através da verificação
da capacidade germinativa por meio de testes padronizados. As amostras obtidas da
secagem por convecção a 60
o
C tiveram os melhores resultados em termos de
qualidade nutricional, características de reidratação e propriedades estruturais,
comparando-se com aquelas obtidas da liofilização. Na avaliação do uso das
sementes após o processamento das pimentas para obtenção de novas mudas, a
temperatura mais adequada foi de 40
o
C por causar menos prejuízo a capacidade
germinativa.
Palavras-Chave: Pimenta dedo-de-moça. Secagem convectiva. Liofilização.
Reidratação. Ácido ascórbico. Germinação.
ii
ABSTRACT
The cultivation of pepper is widespread in Brazil since its colonization.
This plant, besides being much appreciated in the cuisine has proven
pharmacological effects such as lowering cholesterol, inhibiting appetite and the
presence of antioxidants such as ascorbic acid and beta-carotene. It is a product
whose demand increases every year, but generally still produced handmade diminish
the ability of producers to meet the needs of commerce. To contribute to improving
the production of pepper dedo-de-moça, it was the behavior of this plant in analyzing
the influence of drying process on the nutritional composition and physical qualities of
the dried product. For this, drying kinetics were obtained and certain structural
properties (apparent density, real density and porosity) as a function of moisture
content during drying. Assessing the quality of the final product was performed by
quantification of ascorbic acid and study of rehydration. The convective drying and
freeze-drying was compared with respect to product quality parameters such as
shrinkage, structural properties, vitamin C retention and rehydration characteristics.
To describe the kinetics of drying and rehydration were used empirical and semi-
empirical equations. The characterization of the rehydration process was carried out
from the indices that take account of the capacity of water absorption and loss of
solutes. The use of seed from the drying of peppers to obtain seedlings was studied
by checking the germination through standardized tests. The samples of convective
drying at 60 ºC had the best results in terms of nutritional quality, rehydration
characteristics and structural properties, comparing with those obtained from freeze-
drying. In assessing the use of seeds of peppers after processing to obtain new
seedlings, the most suitable temperature was 40
o
C to cause less damage to
germination.
Keywords: Pepper dedo-de-moça. Convective drying. Freeze drying. Rehydration.
Ascorbic acid. Germination.
iii
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................
i
ABSTRACT.............................................................................................................
ii
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................
v
LISTA DE QUADROS E TABELAS........................................................................
vii
NOMENCLATURA..................................................................................................
viii
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................
1
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................
4
2.1 Pimenta.............................................................................................................
4
2.2 Secagem...........................................................................................................
6
2.2.1 Secagem da Pimenta......................................................................
7
2.2.2 Cinética de Secagem.......................................................................
9
2.2.3 Secadores........................................................................................
12
2.3 Propriedades estruturais...................................................................................
17
2.3.1 Densidade Aparente........................................................................
17
2.3.2 Densidade Real...............................................................................
18
2.3.3 Porosidade.......................................................................................
19
2.3.4 Encolhimento...................................................................................
20
2.4 Avaliação da qualidade do produto..................................................................
21
2.4.1 Ácido Ascórbico (Vitamina C)..........................................................
21
2.4.2 Reidratação.....................................................................................
22
2.4.3 Germinação.....................................................................................
25
CAPÍTULO 3 - MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................
28
3.1 Material.............................................................................................................
28
3.2 Equipamentos...................................................................................................
29
3.2.1 Secador Convectivo.........................................................................
29
3.2.2 Liofilizador........................................................................................
30
3.3 Procedimentos Experimentais..........................................................................
31
3.3.1 Secagem..........................................................................................
31
3.3.2 Propriedades Estruturais.................................................................
32
3.3.3 Avaliação da Qualidade do Produto................................................
35
3.4 Procedimento de Cálculo..................................................................................
37
iv
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................
39
4.1 Secagem..........................................................................................................
39
4.2 Propriedades Estruturais..................................................................................
49
4.3 Avaliação da Qualidade do Produto................................................................
57
CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES...................................................
67
5.1 Conclusões......................................................................................................
67
5.2 Sugestões........................................................................................................
69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................
70
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1:
Foto da pimenta dedo-de-moça em corte longitudinal exibindo
suas sementes e as demais estruturas morfológicas......................
5
Figura 3.1:
Pimenta e amostra em forma de placa 4,0x1,0 cm ........................
28
Figura 3.2:
Unidade de secagem convectiva: 1) soprador; 2) aquecedor
elétrico; 3) controlador de temperatura; 4) sistema de
homogeneização do ar e 5) câmara de secagem............................
29
Figura 3.3:
Fotografia do liofilizador utilizado nos experimentos.......................
30
Figura 3.4:
Aparato utilizado no congelamento com nitrogênio líquido: 1)
recipiente adiabático; 2) recipiente com nitrogênio líquido e 3)
material isolante...............................................................................
32
Figura 3.5:
Foto da solução de pimenta antes (a) e depois (b) da titulação......
35
Figura 4.1:
MR em função do tempo para a secagem de pimenta em secador
convectivo nas velocidades de a) 1,5m/s; b) 2,0m/s e c) 2,5m/s
parametrizados na temperatura do ar..............................................
40
Figura 4.2:
MR em função do tempo na secagem de pimenta nas
temperaturas de a) 50°C; b) 60°C e c) 70°C parametrizados na
velocidade do ar...............................................................................
41
Figura 4.3:
Taxa de secagem em função do teor de umidade (b.s) nas
velocidades de a) 1,5m/s; b) 2,0m/s e c) 2,5m/s parametrizados
na temperatura.................................................................................
43
Figura 4.4:
Taxa de secagem em função do teor de umidade (b.s) nas
temperaturas de a) 50
o
C; b) 60
o
C e c) 70
o
C parametrizados na
velocidade do ar...............................................................................
44
Figura 4.5:
Parâmetro n em função da velocidade do ar na secagem..............
48
Figura 4.6:
Densidade aparente em função do teor de umidade (b.s)...............
51
Figura 4.7:
Densidade real em função do teor de umidade (b.s).......................
53
Figura 4.8:
Porosidade em função da umidade (b.s) das amostras
desidratadas por convecção............................................................
54
Figura 4.9:
Encolhimento da pimenta em função de MR durante a secagem
convectiva nas velocidades a) 1,5m/s; b) 2,0m/s e c) 2,5m/s
parametrizados na temperatura do ar..............................................
55
vi
Figura 4.10:
Deformações de uma amostra durante a secagem convectiva a
1,5 m/s e 50
o
C e o tempo de permanência desta no equipamento.
56
Figura 4.11:
Razão de reidratação em função do tempo para as amostras
secas nas velocidades de a) 1,5m/s; b) 2,0m/s e c) 2,5m/s
parametrizadas na temperatura do ar..............................................
60
vii
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 2.1:
Principais trabalhos com secagem do gênero Capsicum..............
8
Quadro 2.2:
Equações para cinética de secagem.............................................
12
Quadro 2.3:
Equações mais utilizadas para cinética de reidratação.................
23
Tabela 4.1:
Critérios estatísticos dos ajustes às equações em 1,5m/s............
46
Tabela 4.2:
Critérios estatísticos dos ajustes às equações em 2,0m/s............
46
Tabela 4.3:
Critérios estatísticos dos ajustes às equações em 2,5m/s............
46
Tabela 4.4:
Parâmetros ajustados com as equações de secagem para
1,5m/s............................................................................................
47
Tabela 4.5:
Parâmetros ajustados com as equações de secagem para
2,0m/s............................................................................................
47
Tabela 4.6:
Parâmetros ajustados com as equações de secagem para
2,5m/s............................................................................................
47
Tabela 4.7:
Parâmetros das equações de ajustes das amostras
liofilizadas......................................................................................
49
Tabela 4.8:
Densidades aparentes das amostras em estudo..........................
50
Tabela 4.9:
Densidades reais das amostras em estudo...................................
52
Tabela 4.10:
Teor de vitamina C nas amostras in natura em cada
experimento...................................................................................
57
Tabela 4.11:
Conteúdo de vitamina C nas amostras secas...............................
58
Tabela 4.12:
Parâmetros da equação Exponencial e critérios estatísticos........
61
Tabela 4.13:
Parâmetros da equação de Peleg e critérios estatísticos..............
61
Tabela 4.14:
Parâmetros da equação de Weibull e critérios estatísticos...........
62
Tabela 4.15:
Índices de reidratação das amostras secas de pimenta................
63
Tabela 4.16:
Resultados do teste de germinação. ...........................................
65
viii
NOMENCLATURA
SÍMBOLOS GREGOS
a, b, k, n
parâmetros relativos às equações de cinética de secagem
dimensionais ou adimensionais dependendo da equação
I
radiação incidente superficial
[MT
-3
]
k
1,
k
2
parâmetros relativos às equações de reidratação
dimensionais ou adimensionais dependendo da equação
m
massa
[M]
MR
=

0

, umidade adimensional
[-]
N
número de pontos experimentais
P
pressão
[ML
-1
T
-2
]
R
2
coeficiente de determinação
RR
e
parâmetro relativo às equações de reidratação
dimensional ou adimensional dependendo da equação
RR
razão de reidratação
[-]
S
teor de sólido seco
[-]
t
tempo
[T]
T
temperatura
[θ]
T
f
temperatura do fluido
[θ]
T
g
temperatura de transição vítrea
[θ]
U
bs
umidade em base seca
[-]
U
bu
umidade em base úmida
[-]
v
velocidade do fluido
[LT
-1
]
V
volume
[L
3
]
V
a
volume da câmera da amostra
[L
3
]
V
A
volume da alíquota
[L
3
]
V
e
volume da câmara de expansão
[L
3
]
V
T
volume de titulação
[L
3
]
X
teor de umidade em base seca
[-]
ε
porosidade da amostra
[-]
ix
SUBSCRITOS
0
estado inicial
AF
aferido
ap
aparente
ar
ar
bs
base seca
bu
base úmida
cr
crítica
e
equilíbrio
exp
experimental
hex
hexano
pim
pimenta
pic
picnômetro
pred
predito
r
real
re
reidratação
s
matéria seca
t
total
tit
titulado na padronização da solução indicadora
ABREVIAÇÕES
Aa
ácido ascórbico
b.s
base seca
CAA
capacidade de absorção de água
CLAE
cromatografia líquida de alta eficiência
CR
capacidade reidratação
CRS
capacidade de retenção da matéria seca
EMQ
erro médio quadrático
EP
entre papel
ρ
densidade
[ML
-3
]
β, α
parâmetros relativos às equações de reidratação dimensionais
ou adimensionais dependendo da equação
x
RAS
regras para análise de sementes
RR
razão de reidratação
SA
sobre areia
SQR
soma dos quadrados dos resíduos
SP
sobre o papel
TPG
teste padrão de germinação
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Atualmente, as lavouras de pimenta apresentam-se como um dos
melhores exemplos de cultura familiar e integração do pequeno agricultor com a
agroindústria no Brasil. A crescente demanda do mercado, estimado em 80 milhões
de reais ao ano, tem impulsionado o aumento da área cultivada e o estabelecimento
de agroindústrias, tornando o agronegócio de pimentas um dos mais importantes do
país (EMBRAPA, 2009).
Além do aspecto comercial, há um grande interesse por seus efeitos
farmacológicos benéficos ao ser humano. A pimenta possui ação vasodilatadora e
estimula a produção de endorfina no cérebro, hormônio que produz a sensação de
bem-estar. A ação antioxidante também foi comprovada e é atribuída à presença
de ácido ascórbico (vitamina C) e beta caroteno (RIETJENS et al., 2002; ALVES,
2002; ZÚÑIGA; JIMÉNES; GORDILLO, 2005;).
A vitamina C é conhecida como uma vitamina termolábil, que perde sua
atividade devido a um número de fatores incluindo pH, umidade, oxigênio,
temperatura e catalisadores de íons metálicos (UDDIN et al., 2002). Um dos maiores
interesses da indústria de alimentos é garantir a máxima retenção dos nutrientes
durante o processamento e estocagem e, segundo Gregory (1996), o ácido
ascórbico pode servir como um índice de qualidade nutricional dos alimentos.
Os vegetais, como um todo, apresentam-se como um meio propício para
o desenvolvimento de microorganismos e a ação de enzimas deteriorantes pelo seu
elevado grau de umidade no momento da colheita. A redução dessa umidade, que
pode ser feita pela aplicação do processo de secagem, limita o teor de água
presente no alimento aumentando o tempo de vida de prateleira dos produtos.
A secagem convencional com ar é um dos processos mais usados na
desidratação de alimentos (KROKIDA; KARATHANOS; MAROULIS, 1998). Quando
ar quente escoa sobre um material úmido, calor é transferido para a superfície,
evaporando a água. O vapor de água difunde-se através de uma camada limite,
sendo levado pela corrente de ar. Com isso, cria-se uma região de baixa pressão de
vapor de água na superfície do material e uma diferença de pressão de vapor de
2
Introdução
água é estabelecida entre o interior úmido do material e o ar seco (FELLOWS,
2000).
Outro processo de secagem é a liofilização, onde a água contida no
produto é retirada por sublimação (MUJUMDAR, 1987; PITOMBO, 1989). Devido às
baixas temperaturas e a inexistência de ar, a liofilização é indicada para substâncias
termolábeis, materiais biológicos e farmacêuticos (LOMBRAÑA; IZKARA, 1996).
Quando é usada na secagem de alimentos, resulta em produtos com grande valor
agregado, pois conforme Krokida, Karathanos e Maroulis (1998), os alimentos
liofilizados costumam apresentar propriedades de alta qualidade, tais como baixa
densidade aparente, alta porosidade, sabor apreciável, retenção de aromas e
excelente capacidade de reidratação quando comparados com produtos obtidos por
outros processos de secagem.
Durante a secagem, as propriedades osmóticas das paredes celulares
dos alimentos podem ser reduzidas (KAYMAK-ERTEKIN, 2002) e para medir esses
danos, bem como a perda de integridade e a redução das propriedades hidrofílicas
verifica-se a capacidade de reidratação. Durante a reidratação, a água é absorvida
rapidamente nos estágios iniciais, e depois a taxa de absorção diminui gradualmente
até o teor de umidade de equilíbrio, quando a água preencheu todos os poros e o
alimento atingiu um teor de umidade próximo ao do original (MARQUES; PRADO;
FREIRE, 2009).
Um dos grandes desafios para os produtores rurais é minimizar as perdas
no processamento da sua produção. No caso da cultura da pimenta, Peter et al.,
(2005) comentaram que, apesar da crescente demanda pelo produto, as formas de
processamento continuavam artesanais. Geralmente, a produção é espalhada em
terreiros para secar sob a ação do sol resultando em grandes perdas e
contaminação.
Assim como em qualquer outra cultura agrícola, a da pimenta necessita
ter sua lavoura renovada com o plantio de novas mudas. Para isso, é necessário o
uso de sementes de qualidade que, geralmente, possuem preços elevados. Devido
a essa necessidade, é crescente o interesse de produtores rurais de aproveitar parte
de suas sementes para o plantio.
Para avaliar a qualidade das sementes utiliza-se o teste padrão de
germinação (TPG). No caso da pimenta podem ser usados substratos de papel ou
areia. As sementes junto com o substrato escolhido são acondicionadas em estufa
3
Introdução
climatizada por até 14 dias e então, contabilizadas as que se desenvolveram. Esse
teste visa mostrar se a semente possui um embrião apto a gerar uma planta
saudável sob condições ambientais favoráveis (BRASIL, 2009).
Apesar da popularidade da pimenta dedo-de-moça, os trabalhos sobre
sua secagem são escassos. Os dois trabalhos presentes na literatura mais
direcionados ao tema secagem são os de Chaves (2009) e Peter et al., (2005). No
primeiro, foram avaliadas as características de reidratação e cinética de secagem
em liofilizador e o segundo, verificou a cinética de amostras secas por ar aquecido
com gás GLP.
Sob esse contexto, o presente trabalho tem como objetivos fornecer
informações sobre a cinética de secagem da pimenta dedo-de-moça em secador
convectivo, a influência desse tratamento no conteúdo de vitamina C e na
reidratação, confrontar os resultados obtidos desse secador com os resultantes do
processo de liofilização e verificar a viabilidade do uso das sementes como
subproduto da secagem. Para alcançar tal objetivo, foram seguidas as seguintes
etapas:
- estudo da cinética de secagem em secador convectivo em função de
variáveis como temperatura e velocidade do ar;
- avaliação das propriedades estruturais como densidade, porosidade e
encolhimento com relação ao processo de secagem;
- avaliação da qualidade do produto seco pela verificação do seu
conteúdo de vitamina C e seu comportamento durante a reidratação;
- estudo da cinética de secagem em liofilizador a fim de comparar com
os resultados obtidos na secagem convectiva que o processo de liofilização é
considerado padrão e
- verificar por meio de testes padrões a viabilidade do aproveitamento
das sementes após a secagem do fruto.
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo apresenta-se uma revisão dos principais trabalhos
encontrados na literatura com relação à matéria-prima, processo de secagem,
propriedades estruturais e a avaliação da qualidade do produto seco dando
embasamento ao que foi proposto.
2.1 Pimenta
As pimentas constituem um grupo de espécies botânicas com
características próprias, que produzem frutos geralmente com sabor picante, embora
também existam pimentas doces (REIFSCHNEIDER, 2000). A planta é arbustiva,
atingindo 120 cm de altura, com ampla formação de ramificações laterais e
possibilidade de tornar-se perene. Normalmente é autopolinizada, todavia a
polinização cruzada pode ocorrer (CAMARGO, 1984).
O gênero Capsicum possui cerca de 25 espécies, sendo apenas cinco
domesticadas: C. annuum L. var. annuum (pimentão), C. baccatum L. var. pendulum
(pimenta dedo-de-moça), C. chinense Jacq. (pimenta-de-cheiro), C. frutescens L.
(pimenta malagueta) e C. pubescens (pimenta rocoto). As demais espécies são
semidomesticadas e silvestres (REIIFSCHNEIDER, 2000; HUNZIKER, 1979)
As pimentas, assim como os pimentões, pertencem à família Solanaceae,
gênero Capsicum spp. e são originárias das Américas. O Brasil se destaca como o
país possuidor de maior número de espécies silvestres do gênero, pois a sua
distribuição natural, além da zona andina (Argentina-Venezuela) que vai até América
Central, predomina também na zona litorânea brasileira mas sua origem exata é
controversa: alguns pesquisadores acreditam que elas surgiram na Bacia
Amazônica, enquanto outros afirmam que se originaram na América Central ou
ainda no México (BONTEMPO, 2007; BIANCHETTI, 1996).
O cultivo de pimentas era uma característica de tribos indígenas
brasileiras quando do descobrimento do Brasil. Com a imensa variabilidade de
pimentas nativas, diversas tribos cultivavam e colhiam pimentas; e o plantio por
5
Revisão Bibliográfica
tribos indígenas continua até hoje, como entre os índios mundurucus, da bacia do rio
Tapajós (EMBRAPA, 2009).
As pimentas conquistaram o mundo e o comércio das especiarias com o
seu colorido, ardor e beleza. As variedades do gênero Capsicum são presença
obrigatória na culinária de quase todos os povos (LINGUANOTTO NETO, 2004). No
Brasil, são produzidas algumas dezenas de variedades dessas pimentas. Apesar do
cultivo ainda ser feito de maneira rústica, é um mercado que movimenta em torno de
80 milhões de reais por ano, incluindo o consumo interno e as exportações. Apenas
a comercialização de sementes é responsável por um mercado de mais de três
milhões de reais anuais. As pimentas vermelhas respondem pelo terceiro lugar em
produção e consumo de hortaliças para tempero no Brasil, ficando atrás apenas do
alho e da cebola (REIFSCHNEIDER, 2000).
A pimenta da espécie Capsicum baccatum é conhecida popularmente
como dedo-de-moça, pimenta caiena ou chifre-de-veado. Essa espécie apresenta-se
na cor vermelha quando madura e mede cerca de 7,0 cm de comprimento.
Atualmente é uma pimenta que está presente nas especiarias dos países da
América latina, nos Estados Unidos e no Japão. É consumida in natura ou na forma
de molhos, pastas e desidratada com as sementes que é popularmente denominada
de calabresa (EMBRAPA, 2009). A Figura 2.1 apresenta a foto de um fruto de
pimenta dedo-de-moça em corte longitudinal exibindo suas sementes e as demais
estruturas morfológicas.
Figura 2.1: Foto da pimenta dedo-de-moça em corte longitudinal exibindo suas sementes e as demais
estruturas morfológicas.
6
Revisão Bibliográfica
Segundo Bontempo (2007) o principal produtor dessa pimenta no Brasil é
o município de Turuçu no estado do Rio Grande do Sul. O método de secagem mais
empregado nesse local é o natural. As pimentas, após a colheita, são espalhadas
em terreiros a céu aberto e retiradas quando estão secas. A duração do processo de
secagem varia com a intensidade solar e dos ventos (PETER et al., 2005).
Todo esse processo além de ser muito demorado, não garante a
qualidade e a higiene do produto, pois toda a produção fica sujeita a contaminação
de diversas fontes. Além disso, qualquer mudança inesperada no clima pode destruir
tudo o que foi colhido. Assim, é mais do que necessário pesquisar meios de
aperfeiçoar o processamento desse tipo de produto.
2.2. Secagem
A secagem é um dos processos mais difundidos de transferência de calor
e massa, com aplicações em diversas áreas da engenharia. Além de ser um dos
métodos mais usados na preservação dos alimentos, Garcia et al., (2004)
comentaram que a operação de secagem é fundamental no sistema de produção,
por que além de reduzir a umidade, para permitir a conservação de sua qualidade
fisiológica no armazenamento, possibilita a antecipação da colheita evitando perdas
de natureza diversa.
Muitas vezes o processo de secagem é utilizado visando o fator
econômico do frete e do manuseio e em outras situações, o material é seco para
depois sofrer um processo de reidratação a níveis desejáveis. Nos produtos
agrícolas e alimentícios a secagem é utilizada para preservação, permitindo que o
transporte seja realizado sem necessidade de refrigeração (KEEY, 1972).
O processo de secagem de produtos como a pimenta pode ser realizado
pelo método natural ou artificial. No método natural, ainda muito utilizado pelos
agricultores, a umidade do material é removida pela incidência da radiação solar na
superfície do vegetal que se encontra em campos ou em grandes terreiros. A fim de
acelerar o processo e homogeneizar o produto, o mesmo é revolvido, o que justifica
a necessidade de grande mão de obra. Embora apresente baixo custo, tanto na
instalação como no consumo de energia, este método não é recomendado pelo fato
do material ficar exposto às ações climáticas, muitas vezes não favoráveis ao
processo (EL-SEBAII et al., 2002; PETER et al., 2005; NASCIMENTO, 2009).
7
Revisão Bibliográfica
Na secagem dita artificial, o processo convencional de secagem por ar
quente, em secadores do tipo bandeja, túnel ou esteira, ainda é muito difundido para
a secagem de alimentos, devido a sua simplicidade e flexibilidade (LUNA;
MARTINEZ, 1997). Sabe-se que, nesses tipos de equipamentos, o período final do
processo é especialmente importante. Isso porque, nessa fase, as partes externas
do material estão secas e sua temperatura, que no início do processo era
aproximadamente igual à temperatura de bulbo úmido do ar de secagem, sofre uma
elevação, tendendo a igualar-se à temperatura de bulbo seco do ar. Dessa maneira,
os atributos físicos, sensoriais e nutricionais do produto podem ser prejudicados
(SILVA, 2007).
Com o objetivo de preservar a maior quantidade possível de nutrientes
em frutas e em outros alimentos, tem-se utilizado o processo de liofilização
(PITOMBO, 1989; RIGHETTO, 2003; MARQUES, 2008; CHAVES, 2009). Essa
técnica de secagem retira a umidade contida no material através do congelamento
da parte líquida e posterior sublimação do gelo. Por trabalhar com baixas
temperaturas e, geralmente sob vácuo é um processo recomendado para materiais
termossensíveis, alimentos e produtos farmacêuticos gerando produtos de qualidade
superior quando comparado às outras cnicas de secagem (PITOMBO, 1989;
RATTI, 2001).
Uma abordagem mais detalhada sobre a secagem da pimenta será
mostrada a seguir. Mais adiante será feita uma revisão sobre os dois métodos de
secagem utilizados no presente trabalho.
2.2.1 Secagem da pimenta
A pimenta, assim como outros alimentos, começou a ser desidratada pelo
método de secagem natural e, no Brasil os primeiros a usar este produto na forma
seca foram os índios (NASCIMENTO FILHO; BARBOSA; LUZ, 2007). Os frutos de
pimentas são comercializados inteiros, em flocos com as sementes (pimenta
calabresa) e em pó (páprica) (EMBRAPA, 2009).
No Quadro 2.1 encontram-se agrupados os principais trabalhos sobre
secagem do gênero Capsicum de forma a obter uma visão geral dos avanços nas
pesquisas que tratam da secagem deste material.
8
Revisão Bibliográfica
Observa-se a partir do quadro que a maioria dos trabalhos refere-se à
secagem da espécie Capsicum annum L. que é conhecido no Brasil como pimentão
(EMBRAPA, 2009).
Quadro 2.1: Principais trabalhos com secagem do gênero Capsicum.
Referências
Método/tipo de
secador
Espécie de
pimenta
Avaliação da
Qualidade
Condições
Operacionais
TURHAN e
TURHAN, 1997.
Secador tipo túnel.
C. annum L.
Cinética.
v= 2,0 m/s; T= 50;
60; 70 e 80ºC.
GUPTA et al., 2002.
Estufa.
C. annum L.
Cor.
55; 60; 65 e 70ºC.
KAYMAK-ERTEKIN,
2002.
Leito fluidizado.
C. annum L.
Reidratação.
v= 0,5; 1,8; 2,5; 4,1
e 4,5 m/s e 60°C.
TUNDE-
AKINTUNDE;
AFOLABI e
AKINTUNDE, 2005.
Método natural e
convectivo.
C. annum L.
Cinética.
v= não especificado
T= 45 e 60ºC.
ERGÜNEŞ e
TARHAN, 2006.
Natural e estufa.
C. annum L.
Retenção da cor.
Pré-tratamentos, v e
T não
especificados.
KIM et al., 2006.
Estufa.
C. annum L.
Atividade
antioxidante.
Ácido ascórbico
e cor
70°C por 6h e 80ºC
por 5h seguidos de
60°C por 18h.
KOOLI et al., 2007.
Natural e
convectivo(com
radiação).
C. annuum
cv. Baklouti.
Validação de
modelo.
I= 0; 380; 520 e 800
W/m
2
T= 32; 42 e 49ºC
v=0,5; 1,0 e 1,5m/s.
VEGA et al., 2007.
Convectivo.
C. annum L.
Ajustes.
T=50; 60; 70 e 80ºC
v=2,5m/s.
VEGA-GÁLVEZ et
al., 2008.
Convectivo.
C. annum L.
Reidratação, cor,
firmeza, vitamina
C e integridade
estrutural.
T=50; 60; 70 e 80
v=2,5
Reidratação a 30
0
C/
24h.
SCALA e
CRAPISTE, 2008.
Secador de fluxo
cruzado.
C. annum L.
Vitamina C e
Carotenóides
totais.
T=50; 60 e 70
0
C
v=0,2 e 1,2m/s.
PETER et al., 2005.
Natural e secador
de leito móvel.
C. baccatum
Cor.
T=40 e 80
0
C
v=3,0 m/s.
CHAVES, 2009.
Liofilizador.
C. baccatum.
Reidratação.
Na comparação da secagem natural com a artificial, a maioria dos autores
verificou que o método artificial produziu amostras com qualidade superior em
relação à cor e ao teor nutricional que são atributos comercialmente atraentes.
(TUNDE-AKINTUNDE; AFOLABI; AKINTUNDE, 2005; PETER et al., 2005;
ERGÜNEŞ; TARHAN, 2006).
9
Revisão Bibliográfica
Com relação à retenção da cor, inúmeros tipos de pré-tratamentos já
foram testados. Ergüneş e Tarhan (2006), por exemplo, examinaram seis
formulações que envolviam oleato de etila, hidróxido de sódio e carbonato de
potássio em diferentes concentrações. No entanto, nenhum desses pré-tratamentos
forneceu um produto com a característica desejada de uma cor vermelha forte.
Vega-Gálvez et al., (2008) verificaram que as amostras que passaram pelo pré-
tratamento de imersão por 10 minutos em solução contendo 20% (m/m) de NaCl,
1,0% (m/m) de CaCl
2
e 0,3% (m/m) de Na
2
S
2
O
5
, antes da secagem, conservaram a
cor vermelha em 76% contra 18% das que ficaram sem pré-tratamento.
Com relação a pimenta dedo-de-moça, Peter et al., (2005) verificaram que
a secagem artificial ou convectiva se sobrepusera à natural com relação ao tempo
exigido para se atingir a umidade desejada 10%(b.s). Além disso, os autores
concluíram que aspectos sensoriais como cor também tiveram melhores resultados
na secagem por convecção.
Chaves (2009) analisando a secagem de Capisicum baccatum em
liofilizador, estudou a influência do tipo de congelamento (freezer convencional e
nitrogênio líquido) da amostra na cinética de secagem e verificou a capacidade de
reidratação do produto seco. O método usado no congelamento não influenciou de
forma significativa o tempo de secagem e no processo de reidratação a pimenta
liofilizada chegou a re-absorver cerca de 90% do teor de umidade inicial.
2.2.2 Cinética de Secagem
Com o objetivo de buscar melhorias à secagem da pimenta dedo-de-
moça, torna-se necessário conhecer os fenômenos simultâneos de transferência de
calor e massa entre a fase sólida e fluida envolvidos no processo.
Para isso, a compreensão desses fenômenos depende de investigações a
partir de estudos específicos frente à cinética de secagem que permitam, através de
dados da umidade do material em função do tempo, conhecer os mecanismos
predominantes na transferência de massa do material para o fluido. Além disso,
possibilita estabelecer as equações da umidade em função do tempo para diferentes
períodos de taxa de secagem que deve ser relacionada a um determinado produto e
uma determinada operação.
10
Revisão Bibliográfica
A evolução das transferências simultâneas de calor e de massa, no curso
da operação de secagem, faz com que esta seja dividida em três períodos: período
0 ou período em que se entra em regime operacional; período 1 ou período de
secagem à taxa constante e período 2 ou de secagem à taxa decrescente (PRADO;
ALONSO; PARK, 2000).
A duração do período de taxa constante depende dos coeficientes de
transferências de calor e massa, área exposta, geometria, diferenças de
temperaturas, velocidades e umidades entre o fluido de secagem e a superfície do
sólido, além da constituição do próprio material a ser seco.
O término deste período é alcançado, quando a migração interna de água
para a superfície não consegue mais suprir a taxa de evaporação da água livre da
superfície, sendo o valor de umidade deste estado denominado de umidade crítica
(X
cr
) (FORTES; OKOS, 1980). A partir deste ponto, a velocidade de migração da
umidade do interior para a superfície do material diminui em função do tempo de
secagem; causando um desequilíbrio entre a transferência de calor e a transferência
de massa. Conseqüentemente, a temperatura da superfície do material se eleva e a
taxa de secagem decresce rapidamente, ficando a taxa de secagem dependente das
condições internas do material. Denomina-se esta etapa de período de taxa
decrescente.
Nesse período a migração da umidade começa a controlar o processo de
secagem, podendo ser constituído por duas ou mais fases, nas quais são propostos
vários mecanismos para descrever a transferência de umidade em produtos
capilares e porosos, entre as quais se tem: o escoamento capilar do líquido, difusão
do vapor devido à diferença de concentração, difusão térmica do vapor e movimento
do líquido e vapor devido à diferença de pressão total (PINTO, 1996; SENADEERA
et al., 2003).
Segundo Villar (1999), as curvas de secagem à taxa decrescente podem
ser côncavas, convexas ou aproximar-se de uma linha reta. Podem apresentar um
ponto de inflexão, quando ocorre uma mudança na forma física do material, como
contração ou ruptura, ou quando há formação de uma película na superfície do
mesmo parcialmente seco.
Na secagem de produtos agrícolas, o período de taxa decrescente é
quase sempre o predominante (OLIVEIRA; OLIVEIRA; PARK, 2006; RODRIGUES et
al., 2002; GUPTA et al., 2002). Os trabalhos encontrados sobre a secagem de
11
Revisão Bibliográfica
pimentas mostraram que para este tipo de material também não período de taxa
constante (TURHAN; TURHAN, 1997; KAYMAK-ERTEKIN, 2002; TUNDE-
AKINTUNDE; AFOLABI; AKINTUNDE, 2005; ERGÜNEŞ; TARHAN, 2006; SCALA;
CRAPISTE, 2008). Esse comportamento na secagem da pimenta ocorre,
provavelmente, devido a sua composição coloidal e hidrofílica (KAYMAK-ERTEKIN,
2002). Dessa maneira, mesmo havendo umidade superficial livre, a água pode estar
na forma de suspensão de células e de solução (açúcares e outras moléculas),
apresentando uma pressão de vapor inferior à da água pura.
A taxa de secagem pode ser acelerada com o aumento da temperatura do
ar de secagem e, ou, com o aumento do fluxo de ar que passa pelo produto por
unidade de tempo. A quantidade de ar utilizada para a secagem depende de vários
fatores, entre eles: umidade inicial do produto e espessura da camada.
Diversos autores (FEMENIA, 2000; GUPTA et al., 2002; KROKIDA;
MARINOS-KOURIS, 2003) analisando a cinética de secagem de frutas e legumes,
consideraram a temperatura do ar como o parâmetro de maior influência na taxa de
secagem. Concluíram ainda que a velocidade do ar de secagem não alterou de
maneira significativa o processo.
A fim de tentar descrever a curva característica da cinética de secagem
de produtos agrícolas, a literatura disponibiliza várias equações empíricas e semi-
empíricas. Geralmente, os estudos têm como objetivo a busca da representação da
cinética de secagem que melhor se ajuste aos dados experimentais e, assim, obter
as equações de taxa de secagem para a utilização na modelagem do problema
(MASSARANI; TELLES, 1992).
O Quadro 2.2 apresenta as equações de secagem semi-empíricas mais
utilizadas na secagem de frutas, legumes e hortaliças.
A Equação 2.1, foi proposta por Lewis (1921) em analogia à lei do
resfriamento de Newton a qual estabelece uma proporcionalidade entre a taxa de
secagem e o teor de água livre contida na partícula. As Equações 2.2 a 2.4 são
oriundas das modificações empíricas da equação de Lewis (1921), sendo k e n
parâmetros ajustáveis.
12
Revisão Bibliográfica
Quadro 2.2: Equações para cinética de secagem.
Equação
Referências
MR = exp(-k.t) (2.1)
k= a.exp(-b/T
f
)
Lewis (1921) apud Barrozo et al., 2004
MR=exp(-k.t
n
) (2.2)
onde k= a.exp(-b/T
f
)
Page (1949) apud Barrozo et al., 2004.
MR=a.exp(-k.t) (2.3)
k= a.exp(-b/T
f
)
Brooker et al., (1974) apud Barrozo et al.,
2004
MR=exp[-(k.t)
n
]
k= exp(a+b/T
f
) (2.4)
Overhults et al., (1973) apud Nascimento
(2009)
Sendo que,
(2.5)
onde X é a umidade em um determinado tempo do processo, X
e
é a umidade de
equilíbrio e X
0
é a umidade da amostra inicial. T
f
é a temperatura do fluido, t é o
tempo de secagem e a, b, c e k são constantes.
O parâmetro k, denominado constante de secagem varia com a
temperatura segundo uma função do tipo Arrhenius. Os parâmetros reunidos no
Quadro 2.2 apresentam forte dependência com as variáveis operacionais para os
quais foram estimados.
A equação de Page (1949), Equação 2.2, é, provavelmente, a mais usada
para representar as curvas de secagem por convecção forçada de materiais
orgânicos como batatas (AKPINAR; BICER; YILDIZ, 2003), arroz (IGUAZ et al.,
2003), vagem, ervilha (SENADEERA et al., 2003) e pimentões (KAYMAK-ERTEKIN,
2002; TURHAN; TURHAN, 1997).
2.2.3 Secadores
Neste subitem será feita uma abordagem sobre a secagem convectiva e a
liofilização, pois foram estes os métodos usados neste trabalho para a obtenção da
pimenta na forma seca.
e
e
XX
XX
MR
0
13
Revisão Bibliográfica
Secagem Convectiva
Os secadores convectivos têm sido muito usados na desidratação de
frutas e legumes por serem mais simples para se construir e econômicos (em temos
de manutenção) quando comparados a outros modelos (ALVES; SILVEIRA, 2002;
MACHADO et al., 2008).
A secagem convectiva é considerada como um processo simultâneo de
transferência de massa e calor, onde a água é transferida por difusão do interior do
material para sua superfície e desta para a corrente de ar por convecção.
Assim, parte do calor que é transferido ao produto é utilizada para
vaporizar a água (calor latente de vaporização), ou seja, a quantidade de calor que
causa mudança de estado físico, mas não de temperatura. A outra parte da energia
em movimento é utilizada para elevar a temperatura do material (calor sensível) isto
é, a quantidade de calor que não causa mudança de estado físico, apenas aumenta
a temperatura. Durante este processo, para determinadas unidades do fluido e
sólido, os fatores que influenciam a taxa de secagem são: velocidade do ar de
secagem, temperatura do ar de secagem e a geometria da amostra, assim como as
propriedades físicas do material (FORTES; OKOS 1980).
Diante disso foi feita uma busca de informações na literatura com o
enfoque na secagem de pimentas e frutas em geral, quanto à influência da
velocidade e da temperatura do ar de secagem, bem como, dos efeitos da forma
geométrica das amostras na redução de umidade do produto.
- Influência da velocidade
A velocidade é uma variável que, geralmente, influencia nos valores de
taxa de secagem no período de taxa constante, aumentando de valor à medida que
a velocidade do ar também aumenta (ÜRETIR; ÖZILGEM; KATN, 1996). Para o
período de taxa de secagem decrescente, no qual predominância do mecanismo
difusivo, o efeito da velocidade do ar de secagem praticamente não é notado sobre a
constante da taxa de secagem.
No caso da pimenta e de outros alimentos como frutas e hortaliças, a
velocidade é um fator que, na maioria das vezes, não causa influência perceptível na
taxa de secagem. Para pimentões, Scala e Crapiste (2008), relataram que a taxa de
secagem desse material em secador convectivo não sofreu influência da velocidade
14
Revisão Bibliográfica
do ar. A mesma observação foi feita para o quiabo, kiwi e figo (DOYMAZ, 2004;
SIMAL et al., 2005; BABALIS; BELESSIOTIS, 2004) em que os autores afirmaram
que a evaporação da água na superfície do material se torna menos significativa à
medida que o mecanismo difusivo passa a governar o processo. Assim, a influência
da temperatura é de fundamental importância no período de taxa decrescente.
- Influência da temperatura
A temperatura é a variável que apresenta um efeito mais pronunciado no
processo de secagem da maioria das frutas, legumes e vegetais. Ela está
relacionada com a quantidade de calor fornecido externamente e determina a
pressão parcial de vapor do sólido e a pressão de vapor de saturação do ar
ambiente nas condições usuais de operação de secadores convectivos.
As constantes de secagem das equações apresentadas no Quadro 2.2
sofrem grande influência da variável temperatura. Como comentado no sub-item
2.2.2, a dependência das constantes de secagem em relação a temperatura é
geralmente expressa pela equação de Arrhenius:
=
0
. exp

.
(2.6)
onde k é a constante da taxa de secagem à temperatura do experimento, k
0
é a
constante da taxa de secagem à temperatura do experimento padrão a 25
o
C, E
a
é a
energia de ativação, R é a constante dos gases ideais, e T
f
é a temperatura do ar na
secagem.
Maroulis, Kiranoudis e Marinos-Kouris (1995), comentaram que esta
relação possibilita avaliar a força motriz necessária para a transferência de massa
durante a secagem de alimentos.
O valor da energia de ativação pode ser relacionado com a forma do
material a ser seco ou com a presença de barreiras físicas como a pele ou casca.
Senadeera et al., (2003) estudaram a secagem de feijões, ervilhas e batatas e
verificaram que os menores valores de E
a
foram para as batatas sem casca e com o
formato de um paralelepípedo de 1:1. O resultado obtido foi atribuído à falta da
barreira física natural do produto (casca) e a forma geométrica utilizada que
forneceu maior superfície de contato.
15
Revisão Bibliográfica
No caso das pimentas e pimentões os trabalhos encontrados utilizaram
pré-tratamentos com soluções químicas a fim de diminuir a impermeabilidade natural
do produto. Pimentões vermelhos (Capsicum annum L.) que sofreram pré-tratamento
com soluções de cloreto de cálcio (CaCl
2
) e metabissulfito de sódio (Na
2
S
2
O
5
)
apresentaram maiores valores de E
a
comparados aos que não tiveram pré-
tratamento (VEGA-GÁLVEZ et al., 2008).
Liofilização
A técnica de secagem chamada de liofilização retira a água contida no
produto através de congelamento da parte líquida e posterior sublimação
(MUJUMDAR, 1987; PITOMBO, 1989).
Devido às baixas temperaturas e à inexistência de ar, esse tipo de
secagem é indicado para substâncias termolábeis, materiais biológicos e
farmacêuticos (LOMBRAÑA; IZKARA, 1996). Quando é usada na secagem de
alimentos, resulta em produtos com grande valor agregado. Conforme Krokida,
Karathanos e Maroulis, (1998), os alimentos liofilizados são caracterizados por
apresentarem propriedades de alta qualidade, tais como pequena densidade
aparente, alta porosidade, sabor apreciável, retenção de aromas e excelente
reidratação, comparados com produtos obtidos por outros processos de secagem.
As vantagens da liofilização em comparação com outros métodos são:
- redução de reações oxidativas, desnaturação e outros processos
degradantes que geralmente ocorrem na secagem de alimentos (MUJUMDAR,
1995);
- o produto seco pode ser reconstituído com grande facilidade, pois
apresenta estrutura porosa com integridade suficiente para tornar o produto
permeável;
- as propriedades físicas e químicas do material são preservadas e
- o encolhimento é mínimo, não ocorrem camadas duras e impermeáveis
e não há migração de sólidos solúveis para a superfície durante a secagem.
O processo de liofilização se divide em três etapas principais:
congelamento, sublimação e dessorção.
Primeiramente, o produto é refrigerado para, a seguir, sofrer um
congelamento rápido auma temperatura bem reduzida que, normalmente, está na
16
Revisão Bibliográfica
faixa de -30
o
C a -50
o
C. Esta etapa é muito importante, uma vez que vai definir a
forma, o tamanho e a distribuição dos poros na camada seca formada durante a
sublimação influenciando, conseqüentemente, os parâmetros que caracterizam a
transferência de massa e de calor no produto seco durante a secagem primária e
secundária. Por outro lado, se os cristais de gelo formados forem pequenos e
descontínuos então a taxa de transferência de massa de vapor de água pode ser
limitada. Por outro lado, se o tamanho dos cristais de gelo estiver formado de
maneira apropriada e homogênea, a taxa de transferência de massa de vapor de
água na camada seca pode ser elevada e o produto pode secar mais rapidamente
(LIAPIS; PIKAL; BRUTINI, 1996).
A liofilização, propriamente dita, se pela sublimação da umidade em
câmara especial. Também chamada de secagem primária, é um fenômeno
essencialmente endotérmico e, por esse motivo, deve ser fornecido calor ao sistema
durante todo o processo que pode ser feito de diversas maneiras: mecanismos de
condução, radiação ou combinados (convecção/radiação, condução/radiação). Se
esta umidade for formada por água pura congelada, então a sublimação ocorrerá à
pressão absoluta de 4,58 mmHg ou 6,1 mbar. A secagem nessas condições, além
de ser feita numa temperatura na qual os processos biológicos cessam, evita a
transferência de substâncias solúveis para a periferia da amostra. O final da
secagem primária e o início da secagem secundária acontecem quando não mais
existir camada congelada, ou seja, quando não existir a interface de sublimação.
A dessorção, ou secagem secundária, consiste na retirada da água não
“congelável” (ligada a estrutura do material). Esta etapa ocorre também sob vácuo,
em velocidade menor do que na sublimação e com temperatura superior a 0
o
C. O
tipo de fornecimento de calor é o mesmo que na sublimação e a temperatura não
deve exceder 30 ou 50
o
C, dependendo do material (LUCCAS, 1998). Essa etapa
acontece até que a umidade residual seja o pequena quanto a que o material
necessite para manter sua estabilidade e qualidade por longo tempo.
A aplicação desse procedimento visa melhorar a estabilidade de frutas e
produtos farmacêuticos através da diminuição da atividade de água, minimizando
reações químicas e físicas durante a armazenagem e agregando valor ao produto.
Nesse sentido, Chaves (2009) verificou elevada porosidade (0,93) e boa reidratação
da pimenta dedo-de-moça liofilizada.
17
Revisão Bibliográfica
2.3 Propriedades estruturais
Os processos de secagem envolvem a transferência simultânea de calor
e massa, bem como alguns fenômenos termodinâmicos e modificações significativas
para as propriedades físicas dos produtos alimentícios como a densidade, a
porosidade e o encolhimento.
2.3.1 Densidade Aparente (
ap
)
Em um material úmido, como uma amostra vegetal, pode-se assumir que
sua massa total é formada por sólidos secos, água e ar como mostra a equação a
seguir:
m
t
= m
s
+ m
água
(2.6)
onde m
t
, m
s
e m
água
são a massa total, do sólido seco e da água respectivamente.
Nesse caso a massa do ar é desprezada. Já o volume total da amostra é descrito da
seguinte maneira:
V
t
= V
s
+ V
água
+ V
ar
(2.7)
onde V
t
, V
s
, V
água
e V
ar
são o volume total, do lido, da água e do ar
respectivamente. O volume do ar refere-se apenas ao que está nos poros.
Assim, a densidade aparente (ρ
ap
) é definida como a razão entre a massa
e o volume total ocupado pela amostra incluindo os poros e calculada através da
seguinte equação:
t
t
ap
V
m
(2.8)
A densidade aparente varia entre a densidade da água e a densidade do
material totalmente seco. Em altos teores de umidade, seu valor se aproxima da
densidade da água enquanto que, em baixos teores de umidade ela tende para o
18
Revisão Bibliográfica
valor da densidade do material seco e quando se trata de material granulado
costuma-se denominá-la de densidade bulk (KROKIDA; MAROULIS, 2000).
Na determinação dessa propriedade adota-se comumente como padrão a
água pura que, a 4ºC, possui densidade de 1,0 g/cm
3
. No entanto, dependendo do
material a ser analisado o líquido deverá ser mudado. No caso de amostras
orgânicas como vegetais, a água presente em seu interior pode interagir com a água
usada como padrão causando erro na medida. Nesse caso, procura-se utilizar
solventes hidrofóbicos ou apolares como hexano, heptano ou tolueno.
Guiné (2006) encontrou diferença de 2% entre o uso de tolueno e água na
determinação da densidade aparente de pêras. Chaves (2009) utilizou hexano na
determinação dessa propriedade na pimenta dedo-de-moça in natura e liofilizada
cujos valores encontrados foram 0,623g/cm
3
e 0,180g/cm
3
respectivamente.
2.3.2 Densidade Real (
r
)
A densidade real é obtida pela relação entre a massa total do material, m
t
,
e o volume real, V
r
, a partir da seguinte equação:
r
t
r
V
m
(2.9)
onde V
r
= V
água
+ V
s
Nesse caso, o volume dos poros, sejam eles abertos ou fechados, não é levado em
conta.
A medida desse volume (V
s
) pode ser determinada através de um
aparelho que usa o princípio de Archimedes do deslocamento de fluidos e pela lei de
Boyle para determinar o volume. O deslocamento do fluido é realizado com um gás
que pode penetrar até os poros mais finos e, com isso, adquirir maior precisão na
medida. Por esta razão, o gás hélio é o mais usado devido seu raio atômico medir
aproximadamente 3Ǻ. Valor este que é menor do que muitos poros em amostras
orgânicas ou inorgânicas (MOURA; FIGUEIREDO, 2002).
19
Revisão Bibliográfica
2.3.3 Porosidade (ε)
A porosidade (ε) do material expressa a razão de espaços vazios do
material em relação ao volume total do mesmo. É um termo quantitativo de
identificação da estrutura porosa que pode ser determinada a partir dos valores
obtidos para densidade aparente e real pela seguinte equação:
= 1

(2.10)
A previsão de formação de poros em alimentos durante o processamento
é necessária para o desenvolvimento de projetos, para a estimativa de outras
propriedades físicas, e a caracterização da qualidade do produto (RAHMAN, 2001).
A variação na porosidade, o tamanho e a distribuição dos poros tem efeito
na textura característica dos materiais secos (HUANG; CLAYTON, 1990) e é
especialmente importante na sua reconstituição, controlando efetivamente a
velocidade de reidratação.
A estrutura porosa dos materiais afeta propriedades de transporte como a
difusividade de gases e líquidos nos alimentos. A difusividade na fase gasosa em
um sólido poroso é proporcional à porosidade do material e inversamente
proporcional à tortuosidade (MCMINN; MAGEE, 1997). em materiais
higroscópicos como frutas e vegetais aumenta durante o processo de secagem
dependendo do teor de umidade inicial, composição e tamanho, assim como do
método de secagem (MAROUSIS; SARAVACOS, 1990).
Krokida e Maroulis (2001) verificaram que o tipo de secagem não
modificou a relação da porosidade em função da umidade. Ou seja, os quatro
vegetais analisados (maçã, banana, cenoura e batata) aumentaram suas
porosidades à medida que o conteúdo de água era retirado nos cinco processos
usados (secagem convectiva, estufa a vácuo, microondas, liofilização e desidratação
osmótica).
Essa relação entre a porosidade e o conteúdo de umidade foi verificada
também para a pimenta dedo-de-moça (CHAVES, 2009), abacaxi, acerola, goiaba,
manga e papaya liofilizados (MARQUES, 2008).
20
Revisão Bibliográfica
2.3.4 Encolhimento
Uma das mudanças físicas mais importantes e visíveis que ocorrem com
os alimentos durante a secagem é a redução do seu volume externo. A perda de
água e o aquecimento causam estresse na estrutura celular levando a alterações na
forma e causando a diminuição das dimensões desses materiais.
Os consumidores usam como primeiro parâmetro de escolha o aspecto
visual dos alimentos. Conforme Mayor e Sereno (2004), o encolhimento tem uma
conseqüência negativa sobre a qualidade de alguns produtos desidratados, pois
mudanças na forma, perda de volume e aumento da rigidez podem provocar a
rejeição do consumidor. Há, por outro lado alguns produtos secos que têm,
tradicionalmente, um aspecto encolhido como as passas e ameixas secas, por
exemplo. Para esses produtos, o encolhimento é um atrativo comercial.
Na literatura são encontradas diferentes abordagens para esse fenômeno
que vão desde as teóricas envolvendo leis mecânicas, onde são consideradas as
tensões e as deformações do material durante a secagem, até as experimentais,
onde os estudos visam quantificar a dependência do volume dos materiais em
função do seu teor de umidade.
Lozano, Rotstein e Urbicain (1983), desenvolveram um modelo geral para
correlacionar a propriedade do encolhimento de frutas e vegetais com a diminuição
do conteúdo de umidade. O encolhimento foi correlacionado com o grau de umidade
de forma linear (AL-MUHTASEB; MCMINN; MAGEE, 2004; HERNANDEZ; LOBO;
GONZÁLEZ, 2006; MCMINN; MAGEE, 1997). Hatamipour e Mowla (2002) relataram
uma correlação linear de mudança de volume e relação empírica para a contração
axial de cenouras durante a secagem em leito fluidizado.
Marques (2008) verificou que em frutas tropicais como abacaxi e mamão,
a liofilização produziu um encolhimento de 6% a 17% enquanto que na secagem
convectiva foi, em média, de 87,5%.
Dos poucos trabalhos com relação à secagem da pimenta da espécie
Capsicum baccatum (CHAVES, 2009; PETER et al., 2005), nenhum analisou o
fenômeno do encolhimento. Assim, surge a necessidade de se fazer essa análise
juntamente com a verificação do teor de vitamina C e da reidratação para avaliar a
qualidade do produto seco.
21
Revisão Bibliográfica
2.4 Avaliação da qualidade do produto
2.4.1 Ácido Ascórbico (Vitamina C)
A vitamina C é uma das vitaminas mais importantes que podem ser
encontradas em frutas e vegetais em geral. Seu principal composto, biologicamente
ativo, é o ácido L-ascórbico (AA), além do seu produto de oxidação inicial ácido L-
dehidroascórbico (DHA) que também possui atividade biológica (FORNARO;
COICHEV, 1998).
Esse composto é fundamental para o bom funcionamento do corpo
humano, pois é parte fundamental para a produção e manutenção do colágeno;
responsável pela cicatrização de feridas, fraturas, contusões e sangramentos
gengivais; reduz a suscetibilidade à infecção, desempenha papel importante na
formação dos dentes e ossos, aumenta a absorção de ferro e previne o escorbuto
(MAIA et al., 2007).
Como a vitamina C não pode ser sintetizada pelo corpo humano
(HERNÁNDEZ; LOBO; GONZÁLEZ, 2006), é imprescindível sua inclusão na dieta
diária. As principais fontes são frutas cítricas e a maioria das frutas tropicais como
laranja, acerola e abacaxi. O teor de vitamina C em frutas e vegetais pode ser
influenciado por vários fatores, entre os quais, grau de maturação, tratos culturais,
condições de plantio, manuseio, pré e pós-colheita e estocagem (RIGHETTO, 2003).
A administração da temperatura na pós-colheita é o fator mais importante
para manter o teor de vitamina C nas frutas e vegetais. As perdas desse nutriente
aumentam devido aos longos períodos de estocagens, elevadas temperaturas, baixa
umidade relativa, danos físicos e resfriamento. Isto acontece porque o ácido
ascórbico é facilmente oxidado, especialmente em soluções aquosas, e
grandemente favorecido na presença de O
2
, de íons metálicos pesados como Cu
2+
,
Ag
+
e Fe
3+
e em pH alcalino (LEE; KADER, 2000).
Existem numerosos procedimentos analíticos para detectar o ácido
ascórbico, mas nenhum é totalmente satisfatório, seja por falta de estabilidade ou
devido à maioria dos alimentos possuírem numerosas substâncias interferentes
(MARQUES, 2008).
Para a quantificação do ácido ascórbico, é necessário, primeiramente,
extraí-lo dos tecidos com soluções ácidas para prevenir a oxidação do AA. Entre as
22
Revisão Bibliográfica
soluções extratoras utilizadas, estão as de ácido metafosfórico, oxálico, acético,
tricloroacético e suas combinações, ou ainda, estas mesmas soluções mais o ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA). A maioria dos métodos de determinação química
do ácido ascórbico é baseada na sua eficiência como agente redutor, embora esta
não seja a única propriedade do ácido ascórbico em sistemas alimentares
(RIGHETTO, 2003).
Vega-Gálvez et al., (2008) estudaram a cinética de degradação da
vitamina C do pimentão vermelho em secador convectivo verificando que o aumento
da temperatura e da atividade de água acelera a degradação dessa vitamina.
Resultados semelhantes foram obtidos por Pitombo (1990) para o suco de laranja
liofilizado e por Pitombo e Cantelmo (2000) para suco de acerola liofilizada. Karel e
Nickerson (1964) apud Rückold, Grobecker e Isengard (2001) sugeriram que o teor
de umidade do produto desejado deve ser o menor possível para prevenir a perda
de ácido ascórbico.
2.4.2 Reidratação
Na medida em que os processos de secagem se desenvolvem, aumenta
cada vez mais a preocupação quanto à qualidade do produto que resulta dessa
operação. Muitos alimentos são comercializados na forma seca, mas consumidos
após a reidratação como sopas instantâneas, por exemplo. E nesse, como em
outros casos, o consumidor espera que o alimento recomposto possua não só o
sabor, mas os mesmos nutrientes do material de origem.
A reidratação é um processo complexo onde ocorre a absorção de água
pelo produto seco quando posto em contato com a água e, ao mesmo tempo, a
saída de compostos solúveis como vitaminas e sais minerais. Tratamentos pré-
secagem, a própria secagem e posterior reidratação induzem muitas mudanças na
estrutura e composição do tecido vegetal (LEWICKI, 1998), que podem prejudicar as
propriedades de reconstituição. Assim, a reidratação pode ser considerada como
uma medida dos danos causados ao material pela secagem ou por tratamentos
anteriores a este.
Teoricamente, a reidratação é o processo inverso da secagem. Porém, o
produto obtido como resultado dessa operação é incapaz de absorver tal quantidade
de água que foi perdida (STEPIEN, 2008). Isso se deve ao fato de que durante o
23
Revisão Bibliográfica
processo de secagem há a ruptura celular irreversível que resulta na perda de
integridade celular com formação de uma estrutura densa e colapsada, além do
encolhimento dos capilares com redução das propriedades hidrofílicas (KAYMAK-
ERTEKIN, 2002).
Durante a reidratação, a absorção de água nos primeiros estágios do
processo é bastante rápida, depois a taxa diminui gradualmente até atingir um
equilíbrio onde, provavelmente todos os poros disponíveis foram preenchidos; e o
volume do material se recompõe de uma porcentagem considerável do seu volume
original (LEE; KADER, 2000).
Vários fatores podem influenciar no processo de reidratação. A grande
maioria dos trabalhos encontrados na literatura sempre faz comparação entre as
temperaturas da água usada nesse processo (STEPIEN, 2008; SANJUÁN, et al.,
1999; FEMENIA, et al., 2000; GARCÍA-PASCUAL, et al., 2006). Outros mostram a
influência da composição química (FEMENIA et al., 1997) ou a influência de
diferentes métodos de secagem na cinética de reidratação (GIRI; PRASAD, 2007).
Para tentar descrever a cinética de absorção de água podem ser usados
modelos teóricos, semi-empíricos e empíricos. Os modelos baseados na teoria da
difusão são os mais encontrados na literatura para representar o processo de
reidratação de materiais secos (KAYMAK-ERTEKIN, 2002; FEMENIA, et al., 2000;
GARCÍA-PASCUAL, et al., 2006).
No Quadro 2.3 são apresentadas as principais equações utilizadas para
representar a cinética de reidratação.
A equação exponencial (2.11), representativa de uma cinética de primeira
ordem e desenvolvida com base no truncamento da solução do modelo difusivo no
primeiro termo, foi utilizada com sucesso para representar a cinética de
reidratação de frutas como maçã e banana e vegetais como cenoura, batata e
brócolis (KROKIDA; MARINOS-KOURIS, 2003; SANJUÁN et al., 1999).
Quadro 2.3: Equações mais utilizadas para cinética de reidratação.
Nome
Equação
Referência
Exponencial
RR = RR
e
(RR
e
1)exp(-k.t) (2.11)
Krokida e Marinos-kouris (2003)
Peleg
RR = (RR
e
1/k
2
) + t/(k
1
+ k
2
.t) (2.12)
Peleg (1988); Sanjuán et al., (2003)
Weibull
RR = RR
e
+ (1 + RR
e
)exp(- t/β)
α
(2.13)
Marabi et al., (2003); Marques (2008)
RR: razão de reidratação; RR
e
: razão de reidratação na saturação
24
Revisão Bibliográfica
Peleg (1988) propôs um modelo semi-empírico constituído por uma
equação não exponencial com dois parâmetros k
1
e k
2
. O primeiro é a constante
cinética, enquanto que o segundo é o parâmetro relacionado, por alguns autores
(GARCÍA-PASCUAL et al., 2006; MARQUES, 2008), à capacidade máxima de
reidratação.
A Equação 2.13 é o modelo probabilístico de Weibull que é de grande
interesse devido ao significado físico de seus parâmetros e pode fornecer uma base
para comparar suas características de ganho de água, incluindo informações sobre
a taxa de reidratação e a razão de reidratação (MARQUES; PRADO; FREIRE, 2009)
O parâmetro α é o parâmetro de forma (adimensional) que mede a
velocidade de absorção de água no início do processo de reidratação, quando
capilares e cavidades próximas à superfície são preenchidas. Quanto menor o seu
valor, maior a taxa de reidratação no período inicial. β é o parâmetro de escala que
pode ser comparado com o inverso do coeficiente de difusão efetivo por representar
a constante cinética da equação de Weibull.
Análise das propriedades de reidratação
Durante a reidratação ocorrem perdas de sólidos solúveis como
vitaminas, açúcares e minerais. Como a razão de reidratação não fornece
informação sobre a influência dos fluxos de água absorvida e solutos lixiviados sobre
o aumento de massa do material, utiliza-se os índices propostos por Lewick (1998).
Estes índices são a capacidade de absorção de água (CAA), capacidade de
retenção de matéria seca (CRS) e capacidade de reidratação (CR).
O índice CAA fornece informações sobre a capacidade do material seco
absorver água e é calculado pela razão entre a massa de água absorvida na
reidratação e a massa de água que foi removida na secagem da forma:
)100()100(
)100()100(
00 ss
ssrere
smsm
smsm
CAA
(2.14)
onde m é a massa da amostra, s o teor de sólido seco (g/g base seca) e os índices
re, s e o referem-se a amostra reidratada, seca e inicial, respectivamente. O índice
25
Revisão Bibliográfica
CAA varia de 0 a 1 e indica o quanto a secagem reduziu a capacidade do produto de
absorver água.
O índice CRS fornece informações sobre a capacidade do material de
reter sólidos solúveis, bem como sobre os danos aos tecidos e a sua permeabilidade
ao soluto. Este índice varia de 0 a 1 e é calculado pela seguinte equação:
ss
rere
sm
sm
CRS
(2.15)
Os danos causados pelo processo de secagem e reidratação, assim
como a capacidade do produto seco de se reidratar é calculado pelo índice CR
usando os dois índices anteriores da forma:
CRSCAACR
(2.16)
Os valores de CR vão de 0 a 1 e quanto menor o índice, maior o dano causado ao
tecido vegetal.
2.4.3 Germinação
O teste padrão de germinação (TPG) é o mais conhecido para determinar a
qualidade de sementes. Nele é avaliada a capacidade que uma semente tem de
germinar e produzir plântulas normais em condições de luminosidade, temperatura e
umidade ideais (MARCOS FILHO; CÍCERO; SILVA, 1987).
Esta avaliação visa obter informações sobre o valor das sementes para fins
de semeadura e fornecer dados que possam ser usados para comparar o valor de
diferentes lotes de sementes de uma mesma espécie e variedade. São utilizados
métodos de análises em laboratório que fornecem às sementes as condições
favoráveis para que a germinação ocorra (BRASIL, 2009).
A avaliação da germinação em condições de campo, geralmente, não é
satisfatória, pois dada a variação das condições ambientais, os resultados nem
sempre podem ser fielmente reproduzidos e utilizados para efeito de comparação
26
Revisão Bibliográfica
entre os produtos fornecidos mediante os diferentes tipos de secadores
(Nascimento, 2009).
Métodos de análise em laboratório, efetuados em condições controladas, de
alguns ou de todos os fatores externos, m sido estudados e desenvolvidos de
maneira a permitir uma germinação mais regular, rápida e completa das amostras de
sementes de uma determinada espécie. Estas condições, consideradas ótimas, são
padronizadas para que os resultados dos testes de germinação possam ser
reproduzidos e comparados, dentro de limites tolerados pelas Regras de Análises de
Sementes RAS (BRASIL, 2009).
As regras para o TPG, encontradas em Brasil (2009), sugerem que o
número de sementes para o teste seja de 400 divididas em repetições de 4x100; de
8x50 ou de 16x25. Estas sementes devem ser colocadas para germinar em
substrato próprio, previamente umedecido. Para as sementes do gênero Capsicum,
os substratos recomendados são: sobre papel (SP), entre papel (EP) ou sobre areia
(SA). O papel usado para o teste pode ser papel-toalha, de filtro ou específico como
GEMILAB
®
e GEMITEST
®
. No substrato SP, as sementes são colocadas para
germinar sobre duas ou mais folhas de papel. Para o substrato EP, as sementes são
colocadas entre duas ou mais folhas de papel. Os dois substratos podem ser
colocados diretamente nas bandejas do germinador, em placas de Petri ou caixas de
plástico, incolor e transparente. no substrato AS, as sementes são colocadas
sobre uma camada uniforme de areia umedecida e comprimidas contra a superfície
da mesma. A temperatura da câmara de germinação deve estar entre 20 e 30
o
C
durante todo o teste. As sementes ficam nessas condições durante o período total
de 14 dias, sendo que, no sétimo dia procede-se a primeira contagem das plântulas
germinadas e infeccionadas. As sementes que não germinaram (exceto as doentes)
são colocadas de volta na câmara até o 14
o
dia.
Uma das dificuldades que podem ser encontradas durante o TPG é a
dormência. As sementes dormentes são aparentemente viáveis, mas que não
germinam mesmo quando colocadas nas condições específicas para a espécie em
teste. Essas sementes são capazes de absorver água e intumecer, mas o
germinam nem apodrecem até o final do teste. No caso das sementes de pimenta
dedo-de-moça é sugerido o uso de luz ou solução de nitrato de potássio (KNO
3
)
(BRASIL, 2009).
27
Revisão Bibliográfica
Para Floriano (2004), a dormência impede a germinação, mas é uma
adaptação para a sobrevivência das espécies a longo prazo, pois geralmente faz
com que as sementes mantenham-se viáveis por maior período de tempo.
Para as sementes da espécie Capsicum baccatum, não foram encontrados
trabalhos tratando da germinação. Outros trabalhos tratam das sementes de
pimentão (Capsicum annum L.) e de algumas pimentas como a pimenta-de-macaco
(Xylopia aromática (Lam.) Mart.) e da pimenta malagueta (Capsicum frutescens L.)
encontrados, respectivamente, em Posse et al., (2001), Matteucci; Guimarães;
Tiveron Filho (1997); Dias et al., (2008).
Diante do contexto apresentado nesta revisão da literatura, constata-se que
apesar da secagem constituir uma operação de fundamental importância no
processo de obtenção de produtos à base da pimenta, as informações sobre a
secagem convectiva desse material são escassas. Além disso, a falta de
informações sobre as alterações ocorridas durante e após o processamento nas
propriedades físicas e do reaproveitamento das sementes mostra a necessidade de
conduzir estudos sobre a secagem da pimenta para contribuir com o
desenvolvimento científico deste processo e, também fornecer ao mercado,
alternativas para se obter um produto de melhor qualidade.
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
Este capítulo aborda a matéria-prima descrevendo sua obtenção e
formas de preparação para os experimentos, equipamentos e reagentes. Também
serão apresentados os procedimentos para a determinação das propriedades físicas
e avaliação da qualidade do produto, bem como os métodos de tratamento de
dados.
3.1 Material
Pimenta
A matéria-prima constou de frutos de pimenta dedo-de-moça (Capsicum
baccattum var. Pendulum), obtidos no comércio da cidade de São Carlos-SP.
Procurou-se selecionar os frutos que tivessem as mesmas características visuais de
grau de maturação, cor e forma, além de obtê-los sempre no mesmo local de venda.
O produto foi lavado, para a remoção de partículas indesejadas e armazenado em
refrigerador a 5,0
o
C. Uma hora antes da secagem, retirava-se o material para
equilibrar sua temperatura com a temperatura ambiente e cortavam-se as placas
com dimensões de 1,0 x 4,0 cm. A Figura 3.1 apresenta a amostra na forma de
placa que era obtida a partir da pimenta inteira com uso de estilete.
Figura 3.1: Pimenta e amostra em forma de placa 4,0x1,0cm.
29
Materiais e Métodos
3.2 Equipamentos
3.2.1 Secador Convectivo
Para avaliar a secagem convectiva utilizou-se um secador horizontal com
convecção forçada de ar. O equipamento foi desenvolvido no Centro de Secagem do
DEQ/UFSCar (SINGULANI, 1998), de acordo com o esquema mostrado na Figura
3.2 que detalha o equipamento.
Figura 3.2: Unidade de secagem convectiva: 1) soprador; 2) aquecedor elétrico; 3) controlador de
temperatura; 4) sistema de homogeneização do ar e 5) câmara de secagem.
O aparelho é constituído por três partes: sistema de alimentação do ar,
sistema de aquecimento do ar e compartimento de secagem.
No sistema de alimentação do ar, o escoamento do mesmo é fornecido
por um soprador (1) fabricado pela IBRAM, modelo VC 3560, 3460 rpm e potência 4
CV que é conectado a uma válvula gaveta para ajuste manual da vazão. As
tubulações por onde passa o ar são de ferro galvanizado com 4” de diâmetro.
O aquecimento do ar (2) é realizado por um sistema composto de
resistências elétricas ligadas a um controlador de temperatura digital (3).
O compartimento de secagem contém duas partes: sistema de
homogeneização do ar (4) e a mara de secagem (5). O sistema de
homogeneização do ar é formado por placas perfuradas logo após a tubulação. Os
furos das placas não estão alinhados, evitando canais preferenciais, o que melhora
a homogeneização da temperatura do fluido e seu escoamento.
30
Materiais e Métodos
Na câmara de secagem, as amostras foram colocadas em duas bandejas
de aço inoxidável feitas de telas perfuradas, de tamanho 17x17cm, espaçadas 5,5
cm uma da outra. As dimensões do compartimento de secagem são 115x40x20 cm
e a parte da câmara adaptada para realizar a secagem do material tem 50x20x20
cm.
As medidas de umidade relativa e temperatura do meio ambiente e do ar
de secagem foram obtidas com um higrômetro e um anemômetro presentes no Kit
Trisense da Cole Parmer Instruments Company (modelo 37000-90). A velocidade do
ar foi medida no centro da câmara de secagem através de perfurações presentes na
lateral do equipamento. Esse posicionamento para a medida foi escolhido após
testes para verificar homogeneidade da velocidade do ar e da temperatura na
câmara de secagem.
Para medir a temperatura ambiente e da câmara de secagem foram
usados termopares tipo K ligados a um registrador de temperatura da marca Digi-
Sense Scannig Thermocouple Thermometer (modelo 92800-15) fabricado pela Cole
Parmer Instruments Company.
3.2.2 Liofilizador
O liofilizador utilizado é de escala laboratorial da marca LABCONCO
(modelo 77535). Tal equipamento é composto basicamente por: painel de controle,
câmaras de secagem, câmara de condensação do vapor, compressor, sistema de
vácuo e trocador de calor. A Figura 3.3 mostra uma foto do equipamento.
Figura 3.3: Fotografia do liofilizador utilizado nos experimentos.
31
Materiais e Métodos
3.3 Procedimento Experimental
3.3.1 Secagem
Secagem Convectiva
No secador convectivo as temperaturas usadas foram de 50, 60 e 70ºC e
as velocidades do ar foram de 1,5; 2,0 e 2,5m/s, sendo estes valores definidos após
testes iniciais.
As amostras (Figura 3.1) foram dispostas sobre bandejas com a casca
(epicarpo) voltada para baixo. Assim, o ar escoava apenas na parte que
originalmente era a parte interna do fruto.
A variação da massa foi verificada, por meio de balança analítica, a cada
5min na primeira hora e depois em intervalos o periódicos amassa constante.
Após alguns testes, ficou claro que não havia necessidade de fixar tempo para medir
a perda de massa, pois o houve diferenças nas curvas de cinética. A massa seca
das amostras foi determinada pelo método da estufa a 105 ±3,0
o
C por 24h. Essa
escolha foi realizada após teste em estufa a vácuo a 70ºC, verificando-se que não
havia diferença significativa no resultado.
Liofilização
Na secagem realizada em liofilizador, as formas das amostras utilizadas
foram as mesmas da secagem convectiva (Figura 3.1). Para congelar as amostras
antes de colocar no equipamento foi usado o aparato mostrado na Figura 3.4,
composto de um recipiente onde foi colocado nitrogênio líquido - N
2(
l
)
. As amostras,
dentro dos frascos do próprio liofilizador, foram colocadas no mesmo recipiente do
nitrogênio de maneira que entrassem em contato apenas com o seu vapor - N
2(v)
.
Após 15 minutos, as amostras estavam congeladas o suficiente para
serem postas no liofilizador. Para a obtenção das curvas de secagem, as amostras
foram retiradas do secador em intervalos de 30 minutos e a massa, verificada em
balança analítica.
32
Materiais e Métodos
Nos dois modos de secagem (convectivo e liofilização), a massa do sólido
seco foi determinada via método direto da estufa a 105,0±3,0ºC por 24h ao final de
cada experimento.
Figura 3.4: Aparato utilizado no congelamento com nitrogênio líquido: 1) recipiente adiabático; 2)
recipiente com nitrogênio líquido e 3) material isolante.
3.3.2 Propriedades Estruturais
Densidade aparente (ρ
ap
)
A densidade das amostras in natura e das amostras secas foi
determinada pelo método da picnometria líquida com hexano. Conhecendo-se a
temperatura e a densidade do líquido no experimento, assim como o volume
deslocado pela amostra, foi possível determinar a sua densidade.
O primeiro procedimento foi obter as massas da vidraria (m
pic
), da vidraria
com a amostra (m
pic + pim
) e destes com o hexano (m
pic + pim + hex
).
O próximo passo foi verificar o volume ocupado pelo quido no
picnômetro. No entanto, não dados de densidade do hexano na faixa de
temperatura na qual os experimentos foram realizados. Por isso, utilizou-se água
destilada.
Sabendo-se a temperatura da água durante o experimento, encontrou-se
a sua densidade em tabelas na literatura (PERRY; GREEN, 1992). Com isso, foi
possível encontrar o volume do picnômetro pela equação a seguir:

=
 


á
(3.1)
33
Materiais e Métodos
onde m
pic
é a massa do picnômetro, m
pic+água
é a massa do picnômetro mais a água
e ρ
água
é a densidade da água.
Após esse procedimento obteve-se a massa da vidraria com o hexano
(m
pic+hex
). Esse valor mais o que foi encontrado para V
pic
e m
pic
foram usados no
cálculo da densidade do hexano pela equação a seguir:
=
 +



(3.2)
Esse dado junto a massa da amostra que foi utilizada forneceu o volume
de hexano deslocado. Com isso, foi possível encontrar a densidade da amostra
(ρ
pim
) pela equação a seguir:

=
 +
+


(3.3)
onde ρ
pim
é a densidade aparente da pimenta em g/cm
3
.
Densidade real (ρ
r
)
As amostras utilizadas neste teste foram as secas tanto em secador
convectivo como em liofilizador. A medida do volume do sólido seco, V
s
, foi
determinada através de um picnômetro a gás, modelo Ultrapycnometer 1000 da
Quantachrome Instruments. Este instrumento usa o método do deslocamento de gás
que é capaz de penetrar todos os poros abertos, desde que estes tenham no mínimo
o mesmo tamanho da molécula do gás. O restante da amostra, no qual o gás não
penetra, é considerado como volume de sólido.
Colocou-se a amostra em uma câmara e depois que todo o sistema foi
levado à pressão atmosférica, isolou-se a câmara de expansão, fechando a válvula
de expansão e pressurizando-se a câmara que continha a amostra até uma pressão
P
1
. Seguidamente, a válvula de expansão foi aberta e, em conseqüência, ocorreu
um abaixamento de pressão para P
2
. Admitindo comportamento ideal do gás, o
volume do sólido pôde ser calculado a partir da seguinte equação:
1
=
2
(
+
) (3.4)
34
Materiais e Métodos
onde,
1
2
1
P
P
V
VV
e
as
(3.5)
em que:
V
a
volume da câmara da amostra;
V
e
volume da câmara de expansão;
V
s
- volume do sólido seco.
A densidade foi calculada pelo equipamento, através da relação entre a
massa do sólido (introduzida como dado de entrada) e o volume (V
s
) derivado da
Equação 3.5.
Porosidade
A porosidade das amostras liofilizadas e secas por convecção foi
calculada a partir da determinação das densidades real e aparente usando a
Equação 2.10.
Encolhimento
O encolhimento foi medido diretamente na amostra com uso de um
paquímetro digital. Optou-se por esse método devido à mudança pela qual as
amostras apresentavam ao longo da secagem, impossibilitando o uso da cnica de
análise de imagens. Apenas a espessura foi mensurada, pois testes preliminares
mostraram que o encolhimento nas outras dimensões era pequeno a ponto de não
poder ser mensurado com os equipamentos existentes no laboratório.
Foram realizadas três medidas de espessura ao longo da amostra a fim
de encontrar uma média representativa da placa de pimenta. As medições
aconteceram do início ao fim do processo de secagem a cada intervalo de pesagem
das amostras.
35
Materiais e Métodos
3.3.3 Avaliação da Qualidade do Produto
Acido ascórbico
A quantificação de ácido ascórbico foi realizada com as amostras ainda in
natura, após a secagem e depois da reidratação para que pudessem ser
quantificadas as perdas relacionadas ao processo.
O método consistiu na titulação com o reagente 2,6-dicloro-indofenol e o
teor de vitamina C expresso em mg de ácido ascórbico / 100g de amostra seca.
Para a preparação do indicador, foram dissolvidos 50,0 mg de 2,6
diclorofenol-indofenol (I) em aproximadamente 150ml de água destilada a 70
o
C,
contendo 42,0mg de bicarbonato de sódio. Resfriou-se e diluiu-se com água
destilada até completar 200ml. Guardou-se em refrigerador e padronizou-se antes
de cada experimento.
Para a padronização, o reagente (I) foi titulado com uma solução
contendo 5,0ml de ácido ascórbico (100 mg/l) mais 5ml de ácido oxálico(H
2
C
2
O
4
) a
2%, até aparecer a cor rosa persistente.
Um grama de pimenta triturada foi adicionada a 50 ml de uma solução de
ácido oxálico(H
2
C
2
O
4
) a 2% e filtrado. Retirou-se uma alíquota de 10 ml para titular
com a solução indicadora (reagente I) até aparecer a coloração rosa persistente.
Devido à cor avermelhada da amostra, a solução extraída com ácido
oxálico teve que ser diluída para 100 ml. Foi preparada uma solução na mesma
concentração com a pimenta in natura que serviu como um branco. assim, foi
possível determinar o final da titulação pela cor rósea. A Figura 3.5 mostra a foto da
solução antes (a) e depois (b) da titulação onde é possível visualizar a diferença na
coloração.
Figura 3.5: Foto da solução de pimenta antes (a) e depois (b) da titulação.
36
Materiais e Métodos
Dessa maneira, a quantidade de ácido ascórbico pode ser calculada
como mostra a equação a seguir:
mV
VVV
Aa
A
AFtT
.
100.)./5,0.(
(3.6)
onde:
A
a
= ácido ascórbico (mg/100g)
V
T
= volume de titulação (ml)
V
tit
= volume titulado na padronização da solução indicadora (ml)
V
AF
= volume aferido (ml)
V
A
= volume da alíquota (ml)
m = massa da pimenta (g)
Reidratação
Após a secagem, as amostras foram hidratadas por imersão em água
destilada à temperatura ambiente (25ºC). Em diferentes tempos, a amostra era
retirada e seca em papel toalha antes de ser colocada na balança analítica. O final
da reidratação foi determinado quando a variação da massa passou a ser menor que
0,0002 g. O experimento foi realizado em triplicata e a massa seca, determinada
pelo método da estufa.
Os dados obtidos a partir desse procedimento possibilitaram a construção
de gráficos da razão de reidratação (RR) em função do tempo. O valor de RR foi
definido com base na relação entre a massa total da amostra após determinado
tempo de reidratação e a massa inicial da amostra seca.
Germinação
A qualidade das sementes de C. baccatum foi determinada em termos de
índice de germinação após o processo de secagem. A germinação foi avaliada
mediante o Teste Padrão de Germinação (TPG) seguindo o que é sugerido nas
Regras para Análise de Sementes RAS em Brasil (2009).
37
Materiais e Métodos
As sementes usadas neste teste foram obtidas da secagem de pimentas
inteiras em secador convectivo nas temperaturas de 50 e 70ºC e velocidade do ar de
1,5m/s. Experimentos a 40°C foram realizados em estufa comum devido a
instabilidade do secador convectivo nesta temperatura. A escolha desses valores de
temperatura teve como objetivo principal englobar as prováveis condições de
secagem da pimenta que possam estar sendo usadas pelos agricultores.
O experimento foi desenvolvido com 400 sementes separadas em 16
placas de Petri com 25 sementes cada uma. As sementes foram colocadas para
germinar entre o substrato formado de papel próprio para germinação da marca
GERMITEST
®
. O conjunto (sementes+substrato) foi periodicamente borrifado com
água destilada e ficou acondicionado dentro de placas tampadas de forma a garantir
aproximadamente 100% de umidade relativa. Os recipientes foram colocados em
uma câmara germinadora da marca FAUVEL CIENTÍFICA LTDA, com temperatura
controlada variando entre 21,0 ºC e 28,0 ºC.
No presente trabalho, testes preliminares mostraram a necessidade do
fornecimento de luz, sugerido pela RAS como tratamento especial para a quebra da
dormência. A luz era ligada durante 8 horas diariamente.
A primeira contagem foi realizada no dia e a última no 14º. Na primeira
verificação foram retiradas as plântulas desenvolvidas e as sementes
contaminadas. Na última contagem (14 dias) foram contabilizadas todas as plântulas
que vingaram e classificadas como normais ou anormais. Como sugerido pelas
Regras para Análise de Sementes, o experimento prosseguiu por mais 2 dias para
que algumas sementes tivessem sua germinação completada.
O índice de germinação foi calculado como a razão entre as sementes
que produziram plântulas normais e o total de sementes do experimento.
3.4 Procedimento de Cálculo
Cinética de Secagem
A partir dos resultados de umidade (b.s) e tempo obtidos ao longo de
cada experimento, foram traçadas as curvas de cinética de secagem da umidade
adimensional (MR) em função do tempo de secagem.
38
Materiais e Métodos
Para encontrar uma equação que pudesse representar esses dados de
cinética foram testadas as equações (2.1), (2.2) e (2.3) apresentadas no Quadro 2.2
da revisão bibliográfica.
O ajuste das equações de secagem aos dados experimentais foi feito
mediante a regressão não linear por meio do software STATISTICA
®
7.0, com os
parâmetros das equações estimados pelo método dos mínimos quadrados.
O critério de avaliação do melhor ajuste foi realizado com base nos
valores do coeficiente de correlação (R
2
) apresentado, da soma de quadrados dos
resíduos (SQR) e do erro médio quadrático (EMQ). As equações que representam
SQR e EMQ são:
N
i
pred
MRMR
N
SQR
1
2
exp
1
(3.7)
5,0
1
2
exp
1
N
i
pred
MRMR
N
EMQ
(3.8)
onde N é o número de pontos experimentais e MR
pred
e MR
exp
é a umidade
adimensional predita pelo modelo e a obtida experimentalmente
respectivamente.
Cinética de Reidratação
A fim de descrever a cinética de reidratação das amostras secas, utilizou-
se as equações 2.11 a 2.13 que foram apresentadas no Quadro 2.3. Para a
obtenção dos parâmetros destas equações, utilizou-se o programa STATISTICA
®
7.0 fazendo-se uso de regressão não-linear através do método dos mínimos
quadrados em uma série de passos iterativos. Para avaliar a qualidade do ajuste
foram usados três critérios estatísticos: R
2
, SQR e EMQ.
Para expressar as características de reidratação do produto seco. Foram
usados índices propostos por Lewick (1998) calculados por meio das Equações 2.14
a 2.16.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos a
partir da cinética de secagem por convecção forçada e a discriminação das
equações de secagem incluindo dados obtidos em liofilizador. Também é
apresentado o estudo feito com relação às propriedades estruturais, análise da
qualidade da pimenta seca, assim como da capacidade germinativa das sementes
após o processamento.
4.1 Secagem
Visando obter informações sobre a cinética de secagem das placas de
pimenta em secador convectivo, foram construídas curvas do adimensional de
umidade em função do tempo nas diferentes condições operacionais utilizadas.
A Figura 4.1 apresenta os resultados típicos do adimensional de umidade
em função do tempo de secagem, parametrizados na temperatura do ar. Observa-se
que a temperatura apresentou influência no processo em todas as velocidades
utilizadas com exceção de 2,5m/s nas temperaturas de 50 e 60ºC. Com o aumento
da temperatura do ar de secagem, a umidade da amostra atingiu o seu valor mínimo
em menos tempo.
As curvas mostradas na Figura 4.1 (a) e na 4.1(b) indicam claramente o
efeito causado pelo aumento da temperatura do ar na cinética. Na Figura 4.1(c)
nota-se que a diferença foi pequena entre as temperaturas de 50 e 60
0
C onde as
curvas ficaram quase sobrepostas. Mesmo assim, ainda houve uma redução de 25%
no tempo requerido para se atingir o equilíbrio na temperatura de 60
o
C com relação
a 50
o
C.
A influência do parâmetro T(
o
C) na Figura 4.1(c) também foi verificada por
meio do cálculo da área sob as curvas através do software Origin Lab
®
8.0. Assim,
mesmo as curvas estando quase sobrepostas, com o aumento da temperatura de 50
para 60
o
C, houve uma redução de 9,6% referente a área.
40
Resultados e Discussão
a) 1,5m/s b) 2,0m/s
c) 2,5 m/s
Figura 4.1: MR em função do tempo para a secagem de pimenta em secador convectivo nas
velocidades de a) 1,5m/s; b) 2,0m/s e c) 2,5m/s parametrizados na temperatura do ar.
Na Figura 4.1 (a), a redução na área abaixo das curvas foi de 39,3%
quando a temperatura passou de 50 para 60
o
C e de 30,6% quando aumentou para
70
o
C. na Figura 4.1 (b), houve redução de 46,8% no intervalo de 50 para 60
o
C e
de 35,4% de 60 para 70
o
C. Por esses resultados observa-se que houve maior
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 100 200 300 400
MR
t(min)
70°C
60°C
50°C
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 100 200 300 400
MR
t(min)
70°C
60°C
50°C
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 100 200 300 400
MR
t(min)
70°C
60°C
50°C
41
Resultados e Discussão
transferência de energia entre o ar de secagem e as amostras facilitando a
evaporação da água do material ou transferência de massa em todas as condições
operacionais mostradas na figura.
A influência da velocidade do ar sobre o processo de secagem da
pimenta dedo-de-moça foi analisada e os resultados podem ser vistos através da
Figura 4.2 onde se tem MR em função do tempo
a) 50
0
C b) 60
0
C
c) 70
0
C
Figura 4.2: MR em função do tempo na secagem de pimenta nas temperaturas de a) 50°C; b) 60°C e
c) 70°C parametrizados na velocidade do ar.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 100 200 300
MR
t(min)
1,5 m/s
2,0 m/s
2,5 m/s
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 100 200 300
MR
t(min)
1,5 m/s
2,0 m/s
2,5 m/s
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 100 200 300
MR
t(min)
1,5 m/s
2,0 m/s
2,5 m/s
42
Resultados e Discussão
Diferente do que foi observado para a temperatura, o aumento da
velocidade do ar não teve influência direta sobre a secagem da pimenta. Nas
Figuras 4.2(a) e 4.2(c), as curvas que mostram o aumento de 1,5 para 2,0 m/s
ficaram praticamente sobrepostas. nas curvas que representam a maior
velocidade utilizada (2,5m/s), houve uma redução no tempo do processo de 32,0% e
35,0% nos experimentos realizadas a 50 e 70
o
C, respectivamente. No entanto,
observando a Figura 4.2(b), verifica-se que o aumento da velocidade do ar não foi
vantajoso no processo de secagem, pois as amostras atingiram o equilíbrio dinâmico
praticamente ao mesmo tempo.
Tais resultados mostram que, nas condições experimentais em que foram
realizados estes testes, o gasto de energia com o aumento da velocidade não foi
vantajoso.
Estes resultados podem ser comparados com outros encontrados na
literatura, os quais analisaram a cinética de produtos alimentícios como pimentão,
acerola e cenoura (DOYMAZ; PALA, 2002; ALMEIDA et al., 2006; ZIELINSKA;
MARKOWSKI, 2009). Nesses trabalhos, dentre muitos, foram feitas afirmações de
que o mecanismo difusivo controlava o processo de secagem apenas analisando as
curvas de secagem. No entanto, no presente trabalho, analisou-se também a taxa
de secagem do material a fim de confirmar se as curvas apresentadas na Figura 4.1
representam a predominância do efeito difusivo sobre a secagem da pimenta.
Para tal objetivo, foram construídas curvas da taxa de secagem (g de
água/min) em função da umidade do material (b.s) parametrizadas na temperatura
do ar e velocidade apresentados, respectivamente, nas Figuras 4.3 e 4.4.
A partir da Figura 4.3, observa-se que a temperatura foi um fator
importante na taxa de secagem, pois com o aumento desta variável houve também
um aumento na velocidade com que umidade se difundia do interior do produto para
a sua superfície. Isso se deve ao fato do aumento da temperatura elevar a
quantidade de energia a ser transferida entre o ar de secagem e a amostra,
facilitando assim a transferência de massa do material para o ar de secagem. Esta
análise engloba toda a faixa de velocidade usada nos experimentos.
43
Resultados e Discussão
a) 1,5m/s b) 2,0m/s
c)2,5m/s
Figura 4.3: Taxa de secagem em função do teor de umidade (b.s) nas velocidades do ar de a) 1,5
m/s; b) 2,0m/s e c) 2,5m/s parametrizados na temperatura.
na Figura 4.4 observa-se que a velocidade do ar não influenciou de
forma significativa a taxa de secagem. Na Figura 4.4 (c), apesar do aumento desse
parâmetro sugerir uma tendência a elevar a taxa de secagem, tal aumento é
notado no inicio do processo de secagem. Depois, as três velocidades proporcionam
taxas praticamente iguais.
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,0 6,0 12,0 18,0
Taxa
Ubs
70°C
60°C
50°C
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,0 6,0 12,0 18,0
Taxa
Ubs
70°C
60°C
50°C
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,0 6,0 12,0 18,0
Taxa
Ubs
70°C
60°C
50°C
44
Resultados e Discussão
a) 50
o
C b) 60
o
C
c) 70
o
C
Figura 4.4: Taxa de secagem em função do teor de umidade (b.s) nas temperaturas de a) 50
o
C; b)
60
o
C e c) 70
o
C parametrizados na velocidade do ar.
Estas figuras também mostram que a pimenta, assim como a maioria dos
materiais biológicos, não apresentou período de taxa constante havendo somente o
período de taxa decrescente.
Dessa maneira, é possível afirmar que as resistências de transferências
de massa encontram-se essencialmente no interior do produto, fazendo com que a
taxa de evaporação da superfície para o ambiente seja bem superior a taxa de
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,0 6,0 12,0 18,0
Taxa
Ubs
2,5m/s
2,0m/s
1,5m/s
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,0 6,0 12,0 18,0
Taxa
Ubs
2,5m/s
2,0m/s
1,5m/s
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,0 6,0 12,0 18,0
Taxa
Ubs
2,5m/s
2,0m/s
1,5m/s
45
Resultados e Discussão
reposição de umidade do interior até a superfície do material. Diante disto, pode-se
afirmar que o mecanismo que governa o processo de secagem convectiva da
pimenta dedo-de-moça é o difusivo. Desta forma, não se justifica gasto energético
com o aumento da velocidade do ar para a secagem desse material.
Na literatura encontram-se outros trabalhos que tratam da secagem de
alimentos e que obtiveram resultados semelhantes para a secagem de uvas sem
sementes, maçãs, cebolas, pimentões vermelhos e cenouras (KAYA; AYDIN;
DEMIRTAS, 2007; PANKAJ; SHARMA, 2006; SCHULTZ et al., 2007; VEGA et al.,
2007; BENNAMOUN; BELHAMRI, 2006; ZIELINSKA; MARKOWSKI, 2009).
Discriminação das equações de secagem
Com base nos resultados obtidos foram realizados tratamentos de dados
através do programa STATISTICA 7
®
visando obter uma equação para representar a
cinética do material estudado.
Os ajustes dos dados de cinética de secagem foram realizados com as
Equações 2.1, 2.2 e 2.3 apresentadas na revisão bibliográfica e denominadas,
respectivamente, de Lewis, Page e Brooker.
A escolha da equação que melhor representasse a cinética de secagem
foi realizada com base nos parâmetros estatísticos R
2
, SQR e EMQ, previamente
descritos no capítulo de materiais e métodos. Os valores desses critérios estatísticos
estão apresentados nas Tabelas 4.1, 4.2 e 4.3 para as velocidades de 1,5; 2,0 e
2,5m/s, respectivamente e parametrizadas nas temperaturas de 50; 60 e 70
o
C. A
partir desses dados observa-se que, para as condições de secagem utilizadas neste
trabalho, as equações utilizadas mostraram-se adequadas para representar os
dados da cinética de secagem da pimenta dedo-de-moça. Tal escolha foi realizada
com base nos baixos valores de EMQ e SQR, bem como de R
2
próximos a unidade.
Alguns autores (AKPINAR; BICER; YILDZ, 2003; DOYMAZ, 2004) que
testaram as mesmas equações no ajuste dos dados de secagem de alimentos
julgaram como melhor equação a de Page. No entanto, a diferença entre os valores
encontrados para os critérios estatísticos foi pequena ao ponto de não se poder
escolher apenas uma equação como no presente trabalho.
46
Resultados e Discussão
Tabela 4.1: Critérios estatísticos dos ajustes às equações em 1,5m/s.
T(
o
C)
LEWIS (2.1)
PAGE (2.2)
BROOKER (2.3)
R
2
SQR
EMQ
R
2
SQR
EMQ
R
2
SQR
EMQ
50
0,995
4,3x10
-4
2,1x10
-2
0,999
1,0x10
-4
1,0x10
-2
0,996
3,4x10
-4
1,8x10
-2
60
0,999
1,3x10
-4
1,2x10
-2
0,999
1,3x10
-4
1,1x10
-2
0,999
1,2x10
-4
1,1x10
-2
70
0,998
2,2x10
-4
1,5x10
-2
0,998
1,4x10
-4
1,2x10
-2
0,998
1,9x10
-4
1,4x10
-2
Tabela 4.2: Critérios estatísticos dos ajustes às equações em 2,0m/s.
T(
o
C)
LEWIS (2.1)
PAGE (2.2)
BROOKER (2.3)
R
2
SQR
EMQ
R
2
SQR
EMQ
R
2
SQR
EMQ
50
0,998
2,1x10
-4
1,4x10
-2
0,999
0,8x10
-4
0,9x10
-2
0,999
1,2x10
-4
1,1x10
-2
60
0,990
9,7x10
-4
3,1x10
-2
0,997
3,1x10
-4
1,8x10
-2
0,991
8,3x10
-4
2,9x10
-2
70
0,998
2,2x10
-4
1,5x10
-2
0,998
1,4x10
-4
1,2x10
-2
0,998
1,9x10
-4
1,4x10
-2
Tabela 4.3: Critérios estatísticos dos ajustes às equações em 2,5m/s.
T(
o
C)
LEWIS (2.1)
PAGE (2.2)
BROOKER (2.3)
R
2
SQR
EMQ
R
2
SQR
EMQ
R
2
SQR
EMQ
50
0,995
4,9x10
-4
2,2x10
-2
0,995
4,9x10
-4
2,2x10
-2
0,995
4,3x10
-4
2,1x10
-2
60
0,996
4,0x10
-4
2,0x10
-2
0,996
4,0x10
-4
2,0x10
-2
0,996
3,6x10
-4
1,9x10
-2
70
0,998
1,1x10
-4
1,1x10
-2
0,998
0,6x10
-4
0,8x10
-2
0,999
1,0x10
-4
0,1x10
-2
Cada equação apresenta um ou mais parâmetros e os valores desses
para as velocidades 1,5; 2,0 e 2,5m/s, parametrizados na temperatura do ar de
secagem estão reunidos nas Tabelas 4.4, 4.5 e 4.6.
Os valores encontrados para o parâmetro k seguem uma tendência de
aumento com a temperatura em todas as equações. Esses resultados reforçam o
que foi discutido sobre a predominância do processo difusivo na secagem da
pimenta, pois esse parâmetro, pelo menos nas Equações 2.1 e 2.2, é a constante de
secagem que depende da temperatura segundo uma função do tipo Arrhenius.
47
Resultados e Discussão
Tabela 4.4: Parâmetros ajustados com as equações de secagem para 1,5m/s.
T(
o
C)
LEWIS (2.1)
PAGE (2.2)
BROOKER (2.3)
k
k
n
k
a
50
1,3x10
-2
(±0,4x10
-3
)
1,8x10
-2
( ± 0,8x10
-3
)
0,918
(± 15,0x10
-3
)
1,2x10
-2
(± 0,5x10
-3
)
0,963
(± 0,5x10
-3
)
60
2,2x10
-2
0,4x10
-3
)
2,4x10
-2
(± 2,3x10
-3
)
0,976
(± 19,0x10
-3
)
2,1x10
-2
(± 0,5x10
-3
)
0,990
(± 8,3x10
-3
)
70
3,0x10
-2
0,5x10
-3
)
2,7x10
-2
(± 2,8x10
-3
)
1,032
(± 18,0x10
-3
)
3,0x10
-2
( ± 0,7x10
-3
)
0,997
(± 11x10
-3
)
Tabela 4.5: Parâmetros ajustados com as equações de secagem para 2,0m/s.
T(
o
C)
LEWIS (2.1)
PAGE (2.2)
BROOKER (2.3)
k
k
n
k
a
50
1,1x10
-2
(±0,4x10
-3
)
1,5x10
-2
( ± 0,2x10
-3
)
0,936
(± 95,0x10
-3
)
1,1x10
-2
(± 0,7x10
-3
)
0,975
(± 0,5x10
-3
)
60
2,0x10
-2
0,02x10
-3
)
1,0x10
-2
(± 3,3x10
-3
)
1,180
(± 9,0x10
-3
)
2,1x10
-2
(± 0,3x10
-3
)
1,036
(± 1,3x10
-3
)
70
3,4x10
-2
(± 0,1x10
-3
)
4,3x10
-2
(± 5,6x10
-3
)
0,935
(± 58,0x10
-3
)
3,3x10
-2
( ± 0,4x10
-3
)
0,981
(± 91,0x10
-3
)
Além disso, tais resultados concordam com o que foi reportado na
literatura por alguns trabalhos (VEGA et al., 2007; AZZOUZ; JOMAA; BELGHITH,
1998). Vega et al., (2007), analisando a secagem de pimentões vermelhos,
obtiveram valores de k, ajustados a equação de Page, variando de 0,73x10
-2
a
Tabela 4.6: Parâmetro ajustado com as equações de secagem para 2,5m/s.
T(
o
C)
LEWIS (2.1)
PAGE (2.2)
BROOKER (2.3)
k
k
n
k
a
50
1,6x10
-2
(±0,3x10
-3
)
1,6x10
-2
( ± 0,5x10
-3
)
0,997
(± 65,0x10
-3
)
1,5x10
-2
(± 0,1x10
-3
)
0,980
(± 0,2x10
-3
)
60
1,8x10
-2
0,8x10
-3
)
1,8x10
-2
(± 3,8x10
-3
)
0,997
(± 29,0x10
-3
)
1,8x10
-2
(± 0,5x10
-3
)
0,984
(± 4,9x10
-3
)
70
5,3x10
-2
(± 0,5x10
-3
)
4,5x10
-2
(± 1,9x10
-3
)
1,053
(± 11,0x10
-3
)
5,3x10
-2
(± 0,8x10
-3
)
1,012
(± 41,0x10
-3
)
48
Resultados e Discussão
1,36x10
-2
min
-1
nas temperaturas de 50 a 70
o
C, afirmando que esse parâmetro
aumentou com a temperatura utilizada.
Analisando o parâmetro n, verificou-se que o mesmo aumentou com a
velocidade do ar de secagem, mas de maneira moderada como pode ser visto na
Figura 4.5. Na realidade há a necessidade de mais pontos para se fazer uma análise
consistente. Esses resultados reforçam a pouca influência da velocidade do ar na
secagem convectiva de Capsicum baccatum.
Figura 4.5: Parâmetro n em função da velocidade do ar na secagem.
A variação desse parâmetro na secagem pode estar relacionada à forma
do material e à formação de uma camada externa no produto seco. Essa camada
pode impermeabilizar o produto causando maior resistência à transferência de
massa, que será maior ou menor dependendo de tipo de material e da espessura da
camada formada (KARATHANOS; BELESSIOTIS, 1999).
No caso da pimenta dedo-de-moça deste trabalho, formou-se uma
camada externa no produto seco, a qual pode ter contribuído para a pequena
variação nos valores obtidos para n e, conseqüentemente, a transferência de massa
durante o processo. Com relação a influência da forma não se pode fazer uma
análise apurada, pois a pimenta foi processada sempre no mesmo formato (placa).
Babalis e Belessiotis (2004) obtiveram resultados semelhantes na
secagem de figos, onde o parâmetro n aumentou de forma linear com o aumento da
velocidade do ar.
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,3 1,5 1,7 1,9 2,1 2,3 2,5
parâmetro n
v(m/s)
49
Resultados e Discussão
Os dados obtidos durante a secagem em liofilizador também foram
ajustados às equações citadas e os resultados estão resumidos na Tabela 4.7
onde estão tanto os valores obtidos para cada parâmetro como os valores dos
critérios estatísticos.
Tabela 4.7: Parâmetros das equações de ajustes das amostras liofilizadas.
Parâmetros
Liofilização
LEWIS (2.1)
PAGE (2.2)
BROOKER (2.3)
k
1,26x10
-2
±7,0x10
-4
2,0x10
-3
± 2,0x10
-4
1,33x10
-2
± 8,0x10
-4
a
1,058 ± 0,0379
n
1,408±1,8x10
-2
R
2
0,981
0,999
0,985
SQR
1,9x10
-3
2,0x10
-5
1,6x10
-3
EMQ
4,3x10
-2
5,3x10
-3
3,9x10
-2
Neste caso, a Equação 2.2 foi a que melhor representou os dados da
cinética de secagem em liofilizador, pois obteve maior valor de coeficiente de
correlação e os menores valores de SQR e EMQ em relação às outras duas
equações. Marques (2008), trabalhando com liofilização de frutas tropicais,
comparou os valores de n para diferentes tipos de congelamento encontrando o
valor de 1,311 nas amostras congeladas com vapor de nitrogênio. Valor este que
ficou próximo ao encontrado para a pimenta dedo-de-moça liofilizada (Tabela 4.7)
que também foi congelada no N
2(v)
.
4.2 Propriedades Estruturais
Densidade Aparente
Na Tabela 4.8 observam-se os valores das densidades aparentes para as
amostras secas em secador convectivo e liofilizador.
As diferenças entre as densidades mostradas na tabela refletem o tipo de
processamento que as amostras sofreram. O ar aquecido usado na secagem por
50
Resultados e Discussão
convecção forçada provoca mudanças estruturais durante o processo como, por
exemplo, o colapso celular gerando um produto com maior densidade aparente.
Tabela 4.8 Densidades aparentes das amostras em estudo.
v
T(
o
C)
ρ
ap
(g/cm
3
)
1,5 m/s
50
1,30
60
1,93
70
1,10
2,0 m/s
50
1,56
60
1,69
70
1,42
2,5 m/s
50
1,30
60
1,66
70
1,80
Liofilizada
0,19
Para a amostra in natura, ρ
ap
foi de 0,969 g/cm
3
ficando próximo ao
encontrado na literatura para outros vegetais como abacaxi (0,961 g/cm
3
), acerola
(0,971 g/cm
3
) e manga (0,983 g/cm
3
) analisados por Marques (2008). Porém, difere
do verificado por Chaves (2009) que foi de 0,623 g/cm
3
. Esta discrepância deve-se
ao formato que foi usado em seus experimentos, pois Chaves (2009) utilizou a
pimenta inteira ao invés de placas. Essa fruta na forma inteira possui uma cavidade
que se mantém preenchida por ar cuja densidade é de 1,2.10
-3
g/cm
3
e que é
contabilizado no volume aparente da amostra.
A amostra liofilizada foi a de menor densidade aparente dentre as
apresentadas na Tabela 4.8. Segundo Krokida e Maroulis (2000), essa propriedade
estrutural (ρ
ap
) é fortemente modificada pelo processo de secagem que é utilizado
(vácuo, secagem convectiva, liofilização, desidratação osmótica e microondas) e as
amostras desidratadas por meio de liofilização sempre resultam em produtos com as
menores densidades aparentes.
Trabalhando com liofilização de frutas e legumes, Krokida e Maroulis
(2001) encontraram valores de 0,12; 0,26; 0,14 e 0,18 g/cm
3
referentes a densidade
aparente de maçã, banana, cenoura e batata, respectivamente. Chaves (2009)
encontrou 0,18 g/cm
3
para amostra de pimenta Capsicum baccatum liofilizada.
Na Figura 4.6 é mostrada relação da densidade aparente em função da
umidade em base seca (X
bs
) durante a secagem por convecção forçada.
51
Resultados e Discussão
Nota-se que ρ
ap
aumentou à medida que o conteúdo de água foi
removido. Na liofilização do mesmo material, Chaves (2009) verificou efeito contrário
assim como Marques (2008) estudando a mudança nas propriedades estruturais de
frutas tropicais liofilizadas.
Figura 4.6: Densidade aparente em função do teor de umidade (b.s).
Esta diferença, com relação secagem convectiva e a liofilização, foi
demonstrada por Krokida e Maroulis (2001), com a batata, a banana e a cenoura.
Esses vegetais, ao serem secos por convecção forçada, tinham suas densidades
aparentes aumentadas à medida que perdiam umidade, semelhante a este trabalho.
Porém, ao serem secos em liofilizador, ocorria o efeito contrário.
A diferença entre os dois processos é que na liofilização o volume
macroscópico do material permanece quase constante durante toda a secagem e o
encolhimento é desprezível (ACHANTA; OKOS, 2000) de maneira que a diminuição
da densidade aparente se dá devido à remoção de água porque o volume do
material pode ser considerado constante durante a secagem. Assim, o local ocupado
por água passa a ser ocupado por ar. na secagem por convecção o processo se
desenvolve tanto com a redução da umidade como do volume do material.
Densidade Real
Na Tabela 4.9 estão reunidos os valores obtidos para a densidade real
das amostras para os experimentos realizados em cada condição de secagem.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
ρ
ap
(g/cm
3
)
g de água/g(b.s)
2,5m/s
2,0m/s
1,5m/s
52
Resultados e Discussão
Semelhante ao que foi verificado para a densidade aparente, ρ
real
não
sofreu influência direta da temperatura utilizada no procedimento. Em média, esta
propriedade foi de 2,26 g/cm
3
para as amostras secas por convecção forçada sendo
que aquelas processadas a 60
o
C alcançaram os maiores valores. no processo
onde se utilizou liofilização, o valor encontrado para ρ
real
ficou próximo a média das
amostras secas por convecção.
Tabela 4.9 Densidades reais das amostras em estudo.
v
T (
o
C)
ρ
real
(g/cm
3
)
1,5 m/s
50
1,77
60
2,87
70
1,31
2,0 m/s
50
2,42
60
2,99
70
2,00
2,5 m/s
50
2,33
60
2,89
70
1,80
Liofilizada
2,11
Na literatura, alguns autores reportaram que o tipo de secagem não
influenciou na densidade real das amostras. Por exemplo, Krokida e Maroulis (2001)
compararam as mudanças nas propriedades físicas de maçãs, batatas, cenouras e
bananas com relação a diferentes métodos de secagem (microondas, secagem
convectiva, estufa a vácuo, liofilização e desidratação osmótica) e concluíram que o
único método que causou diferenças significativas na densidade real foi a
desidratação osmótica. Isso ocorre devido à transferência de massa característica
desse procedimento que faz com que a perda de água e o ganho de sólidos
aproximem a densidade do material à densidade do agente desidratante utilizado.
A Figura 4.7 apresenta mudança na densidade real da pimenta durante o
processo de secagem convectiva com relação a mudança no conteúdo de umidade
das amostras.
Verifica-se que em todos os experimentos a densidade real aumentou à
medida que a umidade diminuiu. Com a remoção da umidade, a densidade se
aproxima cada vez mais da densidade do material.
53
Resultados e Discussão
Figura 4.7: Densidade real em função do teor de umidade (b.s).
O mesmo comportamento foi encontrado por Krokida e Maroulis (2001)
para cenouras, maçãs, bananas e batatas e por Chaves (2009) na liofilização da
pimenta dedo-de-moça.
A semelhança com os resultados obtidos por Chaves (2009) na
liofilização sugere que o tipo de secagem não influencia na densidade real da
pimenta. No entanto, com os dados obtidos no presente estudo não é possível
afirmar se houve ou não influência do tipo de processamento na ρ
real
da pimenta,
pois se trata um material muito heterogêneo quanto a forma e composição
(concentração de constituintes). Além disso, cada amostra apresenta
comportamento diferente durante a secagem, deformando-se com diferentes
intensidades, evidenciando a não uniformidade mesmo em sua estrutura interna que
será visto mais a frente. Em trabalhos futuros, faz-se necessário um estudo com
uma amostragem maior.
Porosidade
A Figura 4.8 apresenta a relação entre a porosidade da pimenta dedo-de-
moça em função da umidade perdida durante a secagem por convecção forçada.
A figura mostra que a porosidade seguiu uma tendência de aumento com
a redução da umidade. Comportamento este semelhante ao encontrado por Chaves
(2009) para pimenta (Capsicum baccatum) liofilizada. Isso sugere que esta
propriedade física (ε) também não é afetada pelo método de secagem. Krokida e
0,0
0,7
1,4
2,1
2,8
3,5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
ρ
real
(g/cm
3
)
g de água/g(b.s)
2,5m/s
2,0m/s
1,5m/s
54
Resultados e Discussão
Maroulis (2001) demonstraram que alguns legumes e frutas (cenouras, maçãs,
bananas e batatas) apresentaram esse mesmo comportamento mostrado na Figura
4.8 tanto na liofilização como na secagem convectiva.
Figura 4.8: Porosidade em função da umidade (b.s) das amostras desidratadas por convecção.
As amostras resultantes da secagem convectiva apresentaram
porosidade variando entre 0,16 a 0,43 onde o menor valor foi para as amostras
submetidas a temperatura de 70ºC e velocidade de 1,5m/s cuja umidade de
equilíbrio foi de 0,6 (b.s). as amostras secas a 60
o
C e 2,0m/s foram as que
atingiram o maior valor (0,43) e sua umidade de equilíbrio média foi de 0,34 (b.s).
Nos experimentos realizados em liofilizador a ε, em média, foi de 0,91; semelhante
ao relatado por Chaves (2009) para o mesmo material e sob a mesma técnica de
secagem.
A alta porosidade encontrada para as amostras liofilizadas é resultado do
próprio processo onde se utiliza vácuo e baixa temperatura para secar o material.
Em contrapartida, os poros produzidos na secagem convectiva devem-se as tensões
celulares provocadas pelo uso de altas temperaturas que acabam por romper as
estruturas biológicas dos alimentos como as paredes celulares (ZOGZAS;
MAROULIS; MARINOS-KOURIS, 1994) deixando a estrutura mais porosa.
Encolhimento
O fenômeno do encolhimento foi investigado, após a secagem da
pimenta, com base na redução da espessura. Neste trabalho, considerou-se que o
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
ε(-)
g de água/g(b.s)
2,5m/s
2,0m/s
1,5m/s
55
Resultados e Discussão
encolhimento foi unidimensional, analisando-se apenas a espessura da placa
(Figura 3.1). A Figura 4.9 apresenta a relação entre o encolhimento sofrido pela
amostra e sua umidade durante o processo de secagem convectiva, parametrizados
na temperatura do ar.
a) 1,5 m/s b) 2,0 m/s
c) 2,5 m/s
Figura 4.9: Encolhimento da pimenta em função de MR durante a secagem convectiva nas
velocidades a) 1,5m/s; b) 2,0m/s e c) 2,5m/s, parametrizados na temperatura do ar.
A figura mostra que a redução da espessura foi praticamente proporcional
a perda de umidade. Não houve relação direta entre o encolhimento da amostra e a
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
espessura (cm)
MR
70°C
60°C
50°C
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
espessura (cm)
MR
70⁰C
60⁰C
50⁰C
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
espessura (cm)
MR
70⁰C
60⁰C
50⁰C
56
Resultados e Discussão
temperatura aplicada o que pode ser visto, principalmente, na Figura 4.9-b, onde as
amostras secas a 50 °C encolheram mais rapidamente do que as demais.
Em todas as condições estudadas, as amostras secas a 60°C
apresentaram maior dificuldade na redução de sua espessura pelo menos em um
momento da secagem. Conforme Madiouli et al., (2007) comentaram, este
acontecimento mostra que o produto que secou nessa temperatura apresentou
maior porosidade. Isto se confirma, pois as secagens a 60°C produziram amostras
com maior valor de ε.
Madiouli et al., (2007) comentaram ainda que o método de secagem é um
fator muito importante na avaliação do encolhimento. Krokida e Maroulis (1997)
haviam confirmado esse fato ao verificar que os alimentos secos por convecção
apresentaram sempre pequena porosidade e grande encolhimento, enquanto que na
liofilização ocorria o inverso.
Na secagem da pimenta, neste trabalho, ocorreu o mesmo fenômeno. As
amostras liofilizadas tiveram encolhimento em torno de 5,6 % e porosidade de 0,91,
enquanto que nas amostras secas por convecção forçada, a redução da espessura
variou entre 82,0 a 93,0 % e as porosidades, entre 0,16 a 0,43. Além do
encolhimento, o método convectivo provocou outras alterações nas amostras. A
Figura 4.10 apresenta o comportamento das placas de pimenta ao longo da
secagem convectiva a 1,5m/s e 50 °C.
a) inicial
b) 1 h
c) 3 h
d) 5 h
Figura 4.10: Deformações de uma amostra durante a secagem convectiva a 1,5 m/s e 50 °C e o
tempo de permanência desta no equipamento.
57
Resultados e Discussão
A mudança na forma da pimenta, como mostrada na figura, ocorreu em
todas as condições estabelecidas para a secagem convectiva. Durante o processo,
as amostras adquiriram o formato contorcido conforme ilustrado devido à remoção
da umidade e conseqüente diminuição das dimensões internas do material.
Segundo Arrieche e Sartori (2009), durante a secagem de materiais por
convecção forçada, os fenômenos de interação entre o fluido e a amostra podem
causar alterações nos coeficientes de transferência de calor e de massa por
convecção e, conseqüentemente, uma secagem e encolhimento não uniformes, com
uma distribuição interna de tensões que leva a uma alteração também na qualidade
estrutural do produto. Em alguns experimentos observou-se também que as
amostras quebraram. Mayor e Sereno (2004) comentaram que isso se deve as
alterações estruturais durante o processo.
Na liofilização, as amostras não sofreram deformações perceptíveis o que
pode ser atribuído aos mecanismos de remoção de umidade usados nesse tipo de
secagem (baixas temperaturas e vácuo). Outra conseqüência dessas alterações
estruturais pode ser observada no próximo item quanto à qualidade do produto.
4.3 Avaliação da Qualidade do Produto
Vitamina C
Na Tabela 4.10 são apresentados os valores encontrados para o teor de
vitamina C presente nas amostras in natura.
Tabela 4.10: Teor de vitamina C nas amostras in natura em cada experimento.
Experimento
Teor de vitamina C (g/100g b.s)
Liofilização
576,2 ± 21,7
1,5 m/s
576,2 ± 21,7
2,0 m/s
195,7 ± 27,4
2,5 m/s
235,0 ± 19,5
Para cada grupo de experimentos foi utilizado o mesmo lote de pimentas.
Apesar das amostras terem sido obtidas no mesmo ponto comercial, houve grande
diferença na concentração de vitamina C entres os lotes adquiridos. Essa mudança
58
Resultados e Discussão
no teor de ácido ascórbico de um lote para o outro está relacionada com a época da
colheita, o modo como as pimentas foram transportadas e armazenadas e até das
condições do plantio (RIGHETTO, 2003).
Na literatura, muitos trabalhos apresentam divergências com relação ao
teor de vitamina C de alimentos. Vega-lvez et al., (2008), trabalhando com
secagem de pimentões (Capsicum annum L.), encontraram a concentração de
vitamina C de 1,60g/100 g nas amostras in natura em 2008. No ano seguinte, o
mesmo grupo de pesquisadores trabalhou com amostras in natura cuja
concentração foi de 188,2 mg/100 g (VEGA-LVEZ et al., 2009). Essa variação no
teor de ácido ascórbico pode ser alterada até mesmo pela posição do fruto na árvore
(FITTING e MILLER, 1958 apud MARQUES, 2008).
No presente trabalho, a quantificação do ácido ascórbico (AA) foi
verificada nas amostras após o processo de secagem. A metodologia utilizada está
descrita no Capítulo 3 e os resultados para as pimentas secas por convecção são
apresentados na Tabela 4.11.
Verifica-se nessa tabela que o conteúdo de ácido ascórbico diminuiu com
o aumento da temperatura do ar e que a temperatura que causou menor degradação
de AA foi a de 50 °C. Esse fenômeno pode estar relacionado com os processos
oxidativos irreversíveis durante a secagem ocasionados principalmente pelo uso do
ar quente (SIGGE; HANSMANN; JOURBERT, 2001; VEGA-GÁLVEZ et al., 2008).
Na liofilização, o conteúdo de vitamina C retido foi maior (324,5 ± 8,53
g/100 g), o que significou uma perda de 43,7 % com relação à amostra in natura.
Marques (2008) relatou que a redução dessa vitamina na goiaba após a liofilização
Tabela 4.11: Conteúdo de vitamina C nas amostras secas.
1,5 m/s
2,0 m/s
2,5 m/s
T (
o
C)
mg/100 g
Perda (%)
mg/100 g
Perda (%)
mg/100 g
Perda (%)
70
80,5
(± 34,29)
86,0
45,6
(±4,23)
76,7
63,4
(±8,95)
73,0
60
113,1
(± 10,12)
80,0
69,0
(±9,34)
64,74
72,8
(±5,03)
69,0
50
178,2
(± 6,57)
69,1
73,0
(±12,07)
62,7
82,3
(±9,22)
65,0
59
Resultados e Discussão
chegou a 37,3 %. Esses resultados, de melhor qualidade do que os da secagem
convectiva podem ser atribuídos ao processo térmico empregado na liofilização,
bem como do baixo teor de umidade residual no fruto liofilizado que dificulta a
ocorrência de reações degradativas do ácido ascórbico (KAREL; NICKERSON, 1964
apud OLIVA, 1995). Segundo Marques, Prado e Freire (2009), apesar da liofilização
produzir um produto final de boa qualidade, deve-se tomar cuidado com o
armazenamento do produto final devido à elevada porosidade prevenindo-se perdas
adicionais de vitamina C.
Propriedade de Reidratação
A razão de reidratação (RR), definida como a relação entre a massa da
amostra reidratada e a massa da amostra seca, foi obtida do valor dio de uma
triplicata e usada na construção de um gráfico de RR em função do tempo para
avaliar a cinética de reidratação. A Figura 4.11 apresenta as curvas de reidratação
da pimenta nas condições estudadas sob a forma de razão de reidratação (RR) em
função do tempo (t).
Em todas as condições mostradas na Figura 4.11 nota-se que um
rápido aumento de RR no início do processo até atingir um equilíbrio. Essa
tendência foi relatada também na reidratação de frutas tropicais como abacaxi,
mamão, manga e acerola (MARQUES et al., 2009), assim como em cenouras
(AMAMI et al., 2007), tomates e cebola (KROKIDA; MARINOS-KOURIS, 2003).
A reconstituição da massa do produto variou de 78 a 90% com relação à
massa que a amostra possuía antes da secagem. Esse resultado sofreu bastante
influência da temperatura sendo que as amostras que se aproximaram da massa
original (antes da secagem) foram as que secaram a 50 °C.
A dificuldade que as amostras secas tiveram para reabsorver o conteúdo
inicial de umidade é explicada pelos possíveis danos estruturais e celulares
causados pela secagem. Danos esses que podem diminuir a quantidade de espaços
intercelulares ocupáveis pela água como comentam Krokida e Marinos-Kouris (2003)
e Vega-Gálvez et al., (2008) que o processo de secagem pode provocar danos às
estruturas celulares e a retração do material diminuindo a capacidade de
reidratação.
60
Resultados e Discussão
a) 1,5 m/s b) 2,0 m/s
c) 2,5 m/s
Figura 4.11: Razão de reidratação em função do tempo para as amostras secas nas velocidades de
a) 1,5m/s; b) 2,0 m/s e c) 2,5m/s parametrizadas na temperatura do ar.
As Tabelas 4.12, 4.13 e 4.14 apresentam os resultados obtidos a partir
dos ajustes dos dados da cinética de reidratação feitos com as equações
Exponencial (2.11), Peleg (2.12) e Weibull (2.13), assim como dos critérios
estatísticos usados para escolher a melhor equação.
Os dados obtidos da cinética de reidratação das amostras secas a 50°C
foram bem representados pelas três equações conforme análise dos critérios
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
0 200 400 600 800
RR
t(min)
70°C
60°C
50°C
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
0 200 400 600 800
RR
t(min)
70°C
60°C
50°C
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
0 200 400 600 800
RR
t(min)
70°C
60°C
50°C
61
Resultados e Discussão
estatísticos utilizados. Os valores do coeficiente de correlação variaram entre 0,990
e 0,998, os de SQR entre 0,012 a 0,065 e os de EMQ entre 0,111 a 0,254.
A três equações testadas mostraram-se adequada para representar a
reidratação das amostras secas por ter apresentado valores de R
2
próximos a
unidade e SQR e EMQ elevados. Como a equação de Weibull apresenta parâmetros
físicos interessantes ao entendimento do processo de reidratação, tem-se a seguir
uma análise dos resultados encontrados.
Tabela 4.12: Parâmetros da equação Exponencial e critérios estatísticos.
Parâmetros da equação
Critérios estatísticos
v (m/s)
T(
o
C)
RR
e
(-)
k
1
(min
-1
)
R
2
SQR
EMQ
1,5
50
8,128
0,013
0,991
0,065
0,254
60
7,451
0,013
0,974
0,149
0,385
70
6,155
0,035
0,985
0,044
0,209
2,0
50
9,030
0,012
0,996
0,032
0,179
60
8,074
0,008
0,985
0,095
0,308
70
5,765
0,029
0,981
0,045
0,212
2,5
50
6,202
0,024
0,996
0,013
0,112
60
7,189
0,011
0,984
0,087
0,295
70
5,699
0,024
0,990
0,027
0,165
Tabela 4.13: Parâmetros da equação de Peleg e critérios estatísticos.
Parâmetros da equação
Critérios estatísticos
v (m/s)
T(
o
C)
RR
e
(-)
k
1
(min)
k
2
(-)
R
2
SQR
EMQ
1,5
50
9,459
8,846
0,121
0,996
0,033
0,182
60
8,782
11,091
0,136
0,994
0,034
0,185
70
6,726
3,871
0,173
0,998
0,005
0,071
2,0
50
10,415
0,107
8,182
0,992
0,064
0,254
60
10,278
18,020
0,112
0,996
0,028
0,168
70
6,413
5,453
0,186
0,992
0,018
0,135
2,5
50
7,104
5,699
0,161
0,990
0,034
0,183
60
8,541
12,803
0,139
0,995
0,026
0,163
70
6,444
6,358
0,180
0,995
0,014
0,116
62
Resultados e Discussão
Tabela 4.14: Parâmetros da equação de Weibull e critérios estatísticos.
Parâmetros da equação
Critérios estatísticos
v(m/s)
T(
o
C)
RR
e
(-)
α(-)
β (min)
R
2
SQR
EMQ
1,5
50
8,461
0,786
87,850
0,997
0,025
0,157
60
8,502
0,624
123,750
0,996
0,021
0,144
70
6,383
0,771
34,416
0,998
0,006
0,078
2,0
50
9,151
0,908
88,114
0,997
0,020
0,143
60
9,516
0,704
213,541
0,995
0,033
0,181
70
5,951
0,778
40,442
0,992
0,018
0,135
2,5
50
6,217
0,982
41,675
0,996
0,012
0,111
60
7,864
0,696
118,154
0,996
0,023
0,150
70
5,825
0,859
46,659
0,993
0,018
0,135
O menor valor de α foi encontrado para as temperaturas de 60°C nas três
velocidades usadas. Conforme visto na revisão bibliográfica, quanto menor o valor
desse parâmetro maior a taxa de reidratação no período inicial. Isso pode ser
visualizado na Figura 4.10-c, pois é a que apresenta a maior diferença com relação
a esse parâmetro.
Os maiores valores de β foram obtidos na temperatura de 70°C exceto na
velocidade de 2,5m/s. O inverso desse parâmetro pode ser comparado com o
coeficiente de difusão. Então, quanto menor seu valor, mais rapidamente a amostra
irá absorver a água. Esse fato pode ser visualizado nas Figuras 4.10-a e 4.10-b
onde nota-se que as amostras que foram secas nas outras temperaturas
apresentaram maior dificuldade em se reidratar ao longo do processo. A amostra
seca a 70°C rapidamente atingiu o ponto de estabilização.
Os valores da razão de reidratação (RR
e
) da equação de Weibull foram
maiores para as amostras secas a 60°C, seguidos de 50°C e 70°C. Conforme
verificado no item Propriedades estruturais, as propriedades físicas variaram
bastante durante o processo de secagem. A justificativa dos altos valores de RR
e
para 60°C pode estar no fato de que suas porosidades foram as maiores. Dessa
forma, enquanto as outras amostras estão com as suas reidratações
estabilizadas, a obtida com 60°C ainda possui poros não completamente
preenchidos. O aumento de RR
e
com o aumento da porosidade foi relatado pelos
63
Resultados e Discussão
seguints pesquisadores (MARQUES, PRADO; FREIRE, 2009; MCMINN; MAGEE,
1997; KROKIDA; MARINOS-KOURIS, 2003) entre outros.
No entanto, o parâmetro RR
e
não fornece nenhuma informação a respeito
da capacidade da matriz em absorver água com relação a quantidade de água
perdida durante a secagem. Logo não deve ser usado sozinho para explicar as
características de reidratação apresentadas pelas amostras em estudo.
Análise das propriedades de reidratação
A Tabela 4.15 apresenta os valores dios dos índices utilizados para
avaliar a capacidade de reidratação da pimenta Capsicum baccatum. Esses índices
foram propostos por Lewick (1998) e levam em conta não o ganho de água, mas
também a perda de sólidos solúveis como vitaminas e sais.
Tabela 4.15: Índices de reidratação das amostras secas de pimenta.
v(m/s)
T(
o
C)
CAA
CRS
RR
1,5
50
0,920
0,371
0,356
60
0,859
0,373
0,320
70
0,877
0,098
0,086
2,0
50
0,822
0,244
0,201
60
0,846
0,527
0,446
70
0,852
0,155
0,132
2,5
50
0,877
0,169
0,148
60
0,804
0,614
0,494
70
0,918
0,155
0,142
Liofilizada
0,825
0,625
0,516
O índice CAA dessa tabela mostra que todas as amostras restauraram
mais do que 80% da quantidade de água perdida. Apesar da liofilização proteger a
estrutura do material com o mínimo de colapso durante o processo, não obteve
resultado superior às amostras secas por convecção.
As amostras secas a 60
o
C tiveram os piores resultados dentre as
amostras secas por convecção no conjunto de dados de 1,5 e 2,5 m/s. Tais
resultados não eram esperados que foram as amostras que adquiriram maior
porosidade após a secagem. No entanto, como comentado, as amostras obtidas
de secagem convencional apresentaram uma camada externa que, segundo
64
Resultados e Discussão
Karathanos e Belessiotis (1999), dificultam a transferência de massa e,
conseqüentemente, a perda de sólidos solúveis. Dessa forma, pode-se afirmar que o
bom resultado apresentado de CRS para as amostras secas a 60°C está atrelado a
dificuldade na transferência de massa ao longo do processo. Ou seja, a resistência à
transferência de massa dificultou a absorção de água, no entanto, proporcionou um
produto que manteve grande parte de suas características nutricionais mesmo após
a reidratação, pois diminuiu o processo de lixiviação.
Ao multiplicar os dois índices (CAA e CRS), obtendo-se os efeitos
combinados dos processos de secagem e de reidratação sobre a qualidade do
produto, verifica-se que as amostras secas por convecção a 60
o
C apresentaram
bons resultados para as duas velocidades (2,0m/s e 2,5m/s). Tal resultado mostra
que a baixa lixiviação, quantificada pelo índice CRS, tem influência significativa
sobre a capacidade de reidratação (CR) das amostras secas.
As amostras liofilizadas apresentaram os melhores resultados nesse
quesito, confirmando que o processo de liofilização gera um material com grande
capacidade de reconstituir a água perdida durante a secagem e reter seus nutrientes
durante a reidratação (MARQUES; PRADO; FREIRE, 2009; CHAVES, 2009). Ainda
quanto aos resultados obtidos da liofilização, estes se apresentaram semelhantes ao
encontrado por Chaves (2009) que obteve para os índices CAA, CRS e CR,
respectivamente 0,835; 0,493 e 0,412.
Germinação
Dentre as principais características classificadas como atributos de
qualidade das sementes, como teor de umidade próprio para o armazenamento e
comercialização, o poder germinativo pode ser relacionado com a redução da
umidade. Diante disso, foram conduzidos experimentos para a busca de informação
sobre o desenvolvimento de uma nova plântula a partir de sementes provenientes do
processamento da pimenta em secador convectivo.
Os primeiros testes de germinação, conduzidos com as sementes in
natura e com as que foram processadas, mostraram a necessidade de tratamentos
para quebrar a dormência. O fornecimento de luz por períodos de 8h foi eficiente e,
pela praticidade, foi o método escolhido nos demais testes (EMBRAPA, 2009;
BRASIL, 2009).
65
Resultados e Discussão
Na Tabela 4.16 estão reunidos os resultados obtidos pelo todo direto
de observação da germinação das sementes de pimenta in natura e das que foram
submetidas à secagem convectiva em três temperaturas.
Tabela 4.16 Resultados do teste de Germinação.
Sementes
Germinação %
in natura
98,0
40
o
C
66,0
50ºC
46,0
70ºC
5,0
Observa-se nessa tabela que a germinação foi prejudicada pelo aumento
da temperatura tendo como melhor resultado no TPG as sementes provenientes da
secagem a 40°C. A temperatura de 70°C praticamente eliminou a capacidade
germinativa das amostras. Segundo Embrapa (2009), a secagem das sementes de
Capsicum baccatum, deve ser feita a 38°C por até 48 horas. Ultrapassar esses
parâmetros significa comprometer o sistema de membranas das lulas
embrionárias. No entanto, esta recomendação refere-se às sementes extraídas do
fruto. No trabalho atual, elas permaneceram intactas dentro da pimenta. Ou seja,
envolvidas pela proteção natural (epicarpo) durante todo o processo.
Dessa forma, os processos envolvidos na transferência de massa das
sementes para a superfície foram dificultados. Isso foi verificado visualmente no
momento da extração das sementes, pois as mesmas apresentavam-se “molhadas”
mesmo após o longo período de secagem (3 a 5 dias). Assim, no interior da pimenta
formou-se um ambiente propício para a degradação enzimática e conseqüente
apodrecimento do embrião devido ao excesso de umidade aliado a temperatura do
processo (HARRINGTON, 1972).
Não foram encontrados dados referentes ao índice de germinação das
sementes de Capsicum baccatum var. Pendulum. Tampouco existem estudos para
avaliar a germinação de sementes oriundas da secagem dos frutos do gênero
Capsicum. A sementes de pimenta do reino (Pipper nigrum L.) apresentaram
germinação de 56% (GARCIA et al., 2000) e as de pimentão (Capsicum annum L.),
variou de 52 a 90% (VIDIGAL et al., 2009). Com relação a secagem de sementes
dentro dos frutos, tem-se trabalhos referentes ao quiabo (Abelmoschus esculentus L.
66
Resultados e Discussão
Moench) em que suas sementes dentro dos frutos apresentaram índice de
germinação de 96,5% contra 91,5% para as que foram secas fora dos frutos
(SETUBAL; ZANIN; NAKAGAWA, 1996).
Diante disso pode-se afirmar que o índice de germinação das sementes
obtidas do processamento a 40
o
C foram bons. Para a confirmação desse
julgamento, fazem-se necessários outros tipos de avaliações presentes nas regras
de análises de sementes como índice de fissura, vigor e emergência dentre outros
que visam uma análise completa da qualidade das sementes.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1 Conclusões
A partir da análise dos resultados obtidos sobre a secagem da pimenta têm-
se, para as condições operacionais utilizadas, as conclusões que estão descritas a
seguir.
As curvas de secagem apresentaram somente o período de taxa
decrescente que foi confirmado pelas curvas de taxa de secagem em função da
umidade, verificando-se assim que a temperatura da secagem foi o parâmetro que
definiu a taxa de secagem da pimenta. Assim, a difusão interna foi a etapa
controladora do processo de secagem da pimenta.
A partir da discriminação das principais equações de secagem, verificou-se
que as equações de LEWIS (2.1), PAGE (2.2) e BROOKER (2.3) representaram os
dados de cinética de forma satisfatória. Nesse caso a equação indicada é a (2.1)
pelo bom ajuste e por possuir apenas um parâmetro.
As propriedades físicas estruturais tiveram concordância com o que se
encontra na literatura com relação à secagem de alimentos, sendo que a densidade
aparente e a real aproximaram-se da densidade do produto totalmente seco à
medida que perdiam umidade. Na obtenção dos dados de porosidade verificou-se
também uma relação direta com a perda de umidade.
Com relação ao conteúdo nutricional, verificado pela quantificação do ácido
ascórbico, as amostras processadas em secador convectivo tiveram valores
inferiores às secas em liofilizador. na comparação dentro do mesmo método de
secagem, quanto menor a temperatura a ser utilizada menor a degradação dos
nutrientes como a vitamina C.
Baseado nos critérios estatísticos verificou-se que as três equações
utilizadas no ajuste dos dados de cinética de reidratação foram adequadas para as
condições usadas no presente trabalho. As amostras que apresentaram maior taxa
de reidratação e RR
e
foram as processadas a 60°C devido a porosidade obtida após
o processo de secagem que variou entre 0,33 e 0,43.
68
Conclusões
Os índices, que levam em conta a perda de solutos e o ganho de água
absorvida em relação a que foi perdida durante a secagem, contribuíram para um
melhor entendimento do processo de reidratação. A partir dos índices de reidratação
verificou-se que as amostras secas na temperatura de 60
o
C apresentaram menor
capacidade de absorção de água, mas elevada capacidade de reter seus nutrientes.
Apesar de não poder ser quantificado ou mensurado, a formação de uma camada
externa impermeabilizante (comum na secagem convencional) pode ter influenciado
nos valores encontrados nesses índices.
Em geral, as amostras liofilizadas apresentaram-se com qualidade superior
às amostras processadas no secador convectivo. O processo de liofilização forneceu
produtos com alta porosidade e ótimas características como retenção dos nutrientes.
Os resultados dos testes de germinação mostraram que o aumento da
temperatura do ar de secagem prejudicou o desenvolvimento de plântulas a partir
das sementes provenientes das pimentas processadas. O melhor resultado foi
obtido com a temperatura de 40º C ficando com índice de germinação próximo ao
relatado na literatura para espécies semelhantes.
O estudo realizado possibilitou a caracterização da pimenta dedo-de-moça,
quanto ao seu comportamento durante a secagem e reidratação. Permitiu comparar
duas técnicas de secagem bastante diferentes em termos tecnológicos para analisar
a secagem da pimenta sob os aspectos qualitativos. Também foi possível
compreender melhor as características fisiológicas das sementes de Capsicum
baccatum var. Pendulum frente ao processo de secagem a convecção forçada, bem
como verificar se as mesmas poderiam ser usadas como subproduto da secagem da
pimenta. Assim, esse estudo contribuiu para o melhoramento da qualidade do
processamento da pimenta dedo-de-moça e o uso de suas sementes que, por
ventura, seriam descartadas.
69
Sugestões
5.2 Sugestões
Algumas sugestões para trabalhos futuros sobre a secagem de pimenta
dedo-de-moça são descritas a seguir:
estudar a secagem da pimenta em outros secadores como leito rotativo e leito
fluidizado;
determinar o teor de vitamina C e carotenóides por meio de cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE);
estudar a cinética de degradação do ácido ascórbico;
estudar a temperatura de transição vítrea (Tg) para verificar a influência desta
propriedade no comportamento do material durante a secagem e reidratação;
determinar o calor específico, condutividade térmica e difusividade térmica em
função do teor de umidade na secagem;
avaliar o uso de pré-tratamentos na qualidade da secagem, como o
branqueamento ou o uso de substâncias químicas, tal como o oleato de etila que
removam parte da proteção externa da pimenta;
verificar a influência da desidratação osmótica na secagem da pimenta,
utilizando diferentes agentes osmóticos como sacarose, cloreto de sódio ou glicerol;
utilizar outros fluidos para a reidratação como álcool comercial ou vinagre;
estudar o efeito da temperatura da água durante o processo de reidratação;
avaliar a qualidade fisiológica das sementes com relação ao vigor,
emergência, fissura e envelhecimento;
verificar a influência do estádio de maturação (verde ou vermelho) dos frutos
de pimenta na qualidade de germinação de suas sementes;
analisar outros tipos de substratos no teste de germinação e
utilizar outros critérios estatísticos para avaliar o melhor modelo na
determinação da cinética de secagem.
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