128
Assim, os limites da agricultura no Recôncavo, como a falta de investimento, a
carência de novas tecnologias, e uma prática rudimentar no lidar com o solo, e até
mesmo a concorrência com outros produtores e outras culturas, fez com que os velhos
latifundiários tivessem que recorrer cada vez mais aos comerciantes de Salvador para
empréstimos. Em meio a está situação, um grupo seleto de grandes proprietários, com
ligações estreita junto ao Imperador D. Pedro II, investiu-se na estratégia de se criar o
Imperial Instituto Baiano de Agricultura – IIBA, com o fim de gerenciar e organizar um
centro de ensino para formação de mão de obra qualificada.
Na carteira de sócios do
Instituto, se encontrava os mais importantes ―fazendeiros
‖ da Região do Recôncavo,
inclusive alguns ligados ao grande comércio. No entanto, entendemos que a criação do
Instituto (IIBA, 1859) e de sua escola (EAB,1877) tinha como tática reformar , criar e
reproduzir espaços privilegiados para que esse conjunto de agentes se constituíssem, se
organizassem organicamente em prol da reafirmação de seu projeto ideológico, já que
as tradicionais frações se encontravam em acentuada decadência.
Em contrapartida, com a expansão e complexificação da sociedade civil
brasileira ao final do Império, alguns grupos já não conseguem desenvolver e discernir
seus projetos – principalmente as frações tradicionais -, seja pela perda de organicidade,
empresários locais e com apoio de capital inglês. Sobrinho, 1988 Op. Cit., Silva, 1989 Op. Cit., Saes,
2010 Op. Cit.
TOURINHO, Op.Cit.
Livro da Inscrição dos sócios que compõem o Imperial Instituto Baiano, alguns nomes destacam-se
como Ignácio Borges de Barros, neto de Domingos Borges de Barros e filho de Alexandre Borges de
Barros, Luis Paulo de Araújo Bastos, Sancho Bittencourt de Berenguer César ou Antonio Calmon du Pin
e Almeida; famílias tradicionais da sociedade colonial baiana com os Muniz Barreto de Aragão com
Egas, Pedro e Salvador (Barão de Paraguaçu); os Rocha Pita e Argolo com Antonio e Francisco Antonio,
conde e Barão de Passé, respectivamente; com cinco membros a família Teive e Argolo com José, José
Joaquim, Manoel, Miguel e Miguel José Maria (Barão de Paramirim); da parte dos Viana Bandeira há
Custódio Pereira, bem como Francisco Ferreira e Pedro Ferreira; os Araújo Góis, representados pelo
Barão de Camaçari (Antonio Calmon de Araújo Góis), assim como por Joaquim Gomes e pelos
magistrados Francisco Marques e Inocêncio Marques; os Gonçalves Martins com Francisco Gonçalves
Martins, Barão de São Lourenço e seu filho Dionísio; os Pereira Marinho, todos negociantes nobilitados,
com o patriarca Joaquim Pereira Marinho (Visconde de Pereira Marinho) e seus filhos Antonio (Barão de
Pereira Marinho) e Joaquim Elísio (Barão de Guaí). Os Costa Pinto tiveram quatro membros com
passagem pelo IIBA (Antonio da Costa Pinto - Visconde de Sergimirim, Antonio da Costa Pinto Jr. –
visconde de Oliveira, Manuel Lopes - Visconde de Aramaré, e José Costa Pinto). Os Tostas também
associaram quatro dos seus membros – Carolino, Jerônimo, Umbelino e Francisco, Barão de Nagé (é
preciso mencionar a participação na diretoria de Joaquim Ignacio Tosta, filho de Francisco na fase final
do IIBA e que não consta na lista, mas nas atas das reuniões da Diretoria). Antonio de Araújo de Aragão
Bulcão, 3º Barão de S. Francisco e presidente do IIBA por quase um quarto de século, foi a culminância
da presença dos Bulcão com José de Araújo de Aragão Bulcão (1º Barão de S. Francisco), Joaquim
Ignácio (Barão de Matoim, também presidente do IIBA por cinco anos), de Baltazar e de Joaquim Ignacio
de Siqueira Bulcão. Ainda contando com a família Maurício Wanderley, chefiada pelo Barão de
Cotegipe. Para saber mais ver: Araújo, Nilton de Almeida. PIONEIRISMO E HEGEMONIA: a construção
da agronomia como campo científico na Bahia (1832-1911). Tese de Doutorado. UFF: Niterói, 2010.