Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
1. Coleções, técnicas, relatórios e trabalhos de campo
Difícil delimitar as fronteiras entre esses dois espaços públicos. O campo e o museu.
As coleções e seus catálogos estabelecem os ritos de passagem.
1
Muitas instituições, e suas coleções, tiveram origem e se consolidaram como
centros de pesquisas em Geociências com o desdobramento da História Natural e das
Ciências Naturais no território científico brasileiro.
Do século XVI até o movimento de Independência, as atividades científicas no
Brasil voltavam-se apenas para a descrição da natureza e de seus habitantes por
naturalistas estrangeiros, que por sua vez aumentavam na Europa o acúmulo de
informações sobre a história natural.
Nas palavras de Schwartzman
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, até o século XIX, a ciência em voga no Brasil
não representava mais que uma “pálida imagem da ciência européia”. Portugal, que
não possuía uma tradição científica própria como outros países da Europa, acabou por
não contribuir na criação de um cenário científico no Novo Mundo.
Schwarcz
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relata o período de especialização e valorização pelo qual as
ciências naturais - geologia, zoologia e botânica - passaram nas ultimas décadas do
século XIX. Valente et al
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corrobora com a idéia, afirmando que “no Brasil, o
movimento de criação dos museus de ciências não tem sido o foco de investigações
de historiadores da ciência, a despeito de estudos evidenciarem a rica contribuição
dos museus para a consolidação das ciências naturais no país.”
À consolidação das ciências naturais no país associa-se à implantação de
métodos científicos e suas técnicas para o desenvolvimento das áreas do
conhecimento, enquanto dá suporte ao pesquisador para a realização de pesquisas e
no entendimento do seu objeto de investigação
5
.
Valente et al
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cita que “foi na segunda metade do século XX que a relação
entre ciência e técnica e seus então impensados avanços tornaram-se uma questão
social, em particular depois da Segunda Guerra Mundial, quando se convivia com
modelos econômicos baseados em noções de desenvolvimento e progresso (...).”
1
LOPES, Maria Margaret. Viajando pelo campo e pelas coleções: aspectos de uma controvérsia
paleontológica. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro. 2008.
2
SCHWARTZMAN, S. Um espaço para a Ciência: A formação da Comunidade Científica no Brasil.
Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2001. p. 28.
3
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil –
1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 29.
4
VALENTE, M. E., CAZELLI, S. e ALVES, F.: Museus, ciência e educação: novos desafios. História,
Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 12 (suplemento), 2005. p. 184.
5
VALENTIM, M. L. P. Construção de conhecimento científico. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). (Org.).
Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo: Polis, 2005, v., p. 17.
6
6
VALENTE, M. E., CAZELLI, S. e ALVES, F.: Museus, ciência e educação: novos desafios. História,
Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 12 (suplemento), 2005. p. 186.