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por
Fernanda Nascimento Magalhães Pinto
Aluna do Curso de Mestrado em Museologia e Patrimônio
Linha 02 – Museologia, Patrimônio Integral e Desenvolvimento
Dissertação de Mestrado apresentada à
Coordenação do Programa de Pós-Graduação
em Museologia e Patrimônio.
Orientador: Profª. Drª. Deusana Maria da Costa Machado
UNIRIO / MAST – RJ, Agosto de 2009.
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FOLHA DE APROVAÇÃO
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Dissertação de Mestrado submetida ao corpo docente do Programa de s-
Graduação em Museologia e Patrimônio, do Centro de Ciências Humanas e Sociais
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO e Museu de
Astronomia e Ciências Afins MAST/MCT, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em Museologia e Patrimônio.
Aprovada por:
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Dr.ª Deusana Maria da Costa Machado – Orientador
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
__________________________________________________
Drª. Rita de Cássia Tardin Cassab
Museu de Ciências da Terra / Departamento Nacional da Produção Mineral
DNPM/RJ
__________________________________________________
Drª. Moema de Rezende Vergara
Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST/MCT
__________________________________________________
Dr. Marcus Granato
Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST/MCT
__________________________________________________
Drª. Vera Maria Medina da Fonseca
Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Rio de janeiro, agosto de 2009.
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iii
Pinto, Fernanda Nascimento Magalhães.
P659 Coleção de paleontologia do Museu de Ciências da Terra / DNPM-RJ:
patrimônio da paleontologia brasileira / Fernanda Nascimento Magalhães
Pinto, 2009.
130f.
Orientador: Deusana Maria da Costa Machado.
Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio) – Universidade Fe-
deral do Estado do Rio de Janeiro; MAST, Rio de Janeiro, 2009.
1. Museu de Ciências da Terra. 2. Brasil. Departamento Nacional de
Produção Mineral. 3. Geociências – Brasil. 4. Patrimônio paleontológico.
I. Machado, Deusana Maria da Costa. II. Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (2003-). Centro de Ciências Humanas e Sociais. Mes-
trado em Museologia e Patrimônio. III. Museu de Astronomia e Ciências
Afins. IV. Título.
iv
“[...] há sem dúvidas quem ame o infinito, há sem dúvidas quem deseje o
possível, sem dúvidas quem não queira nada. Há três tipos de
idealistas, e eu, nenhum deles. Porque amo infinitamente o finito, porque
desejo impossivelmente o possível, porque quero tudo, ou um pouco
mais, se puder ser, ou até se não puder ser [...]”
Fernando Pessoa
v
Para a comunidade acadêmica, amigos e familiares.
vi
AGRADECIMENTOS
Dedico esta dissertação e meus sinceros agradecimentos:
À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
À Profª Drª Deusana Maria da Costa Machado, orientadora desta dissertação,
pelos 7 anos - de dedicação e confiança - em que atuamos juntas em pesquisas e
trabalhos.
A Drª Rita de Cássia Tardin Cassab, paleontóloga do Museu de Ciências da
Terra/DNPM-RJ, sem cujo auxílio, atenção e orientação esta dissertação não teria sido
realizada.
À equipe e amigos do Instituto Brasileiro de Museus pelo apoio: Alejandra
Saladino, Carmem Paiva, Claudia Storino, Gabriela Carvalho, Gustavo Racca, Jéssica
Santana, Joana Regattieri, Juraci Freitas dos Santos, Leonardo Martins, Lucas
Figueiredo Lopes, Márcio Rangel, Mário de Souza Chagas, Maximiliano de Souza,
Penélope Bosio Loponte, Rose Miranda, Tânia Faislon e Zenaide Fernandes de
Carvalho.
À Rose Moreira de Miranda, minha coordenadora no Cadastro Nacional de
Museus/IBRAM, pelo carinho, incentivo e compreensão em todos os momentos
necessários para a confecção desta dissertação.
Aos amigos museólogos pelo apoio e incentivo constantes: Aline Rocha de
Souza, Luciana Menezes de Carvalho, Luciene Pereira da Veiga, Diogo Jorge de Melo
e Gabriela Alevato.
vii
PINTO, Fernanda N. M. Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra/DNPM-RJ:
Patrimônio da Paleontologia Brasileira. 2009. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST, Rio de Janeiro, 2009. 130p.
Orientador: Deusana Maria da Costa Machado.
RESUMO
A origem da Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra/DNPM-
RJ remonta à criação, em 1907, do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil,
instituição que mudará todo o panorama brasileiro das Geociências no Brasil. Em
1933, o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil passou a ser subordinado ao
Departamento Nacional da Produção Mineral. Atualmente, a Coleção de Paleontologia
constitui-se de cinco sub-coleções: Invertebrados, Mamíferos, Paleobotânica, Répteis
e Peixes. A partir dos Livros de Tombo das sub-coleções, pôde se travar uma análise
detalhada de toda a coleção, englobando a movimentação de coletas de material
fossilífero e de serviços de entrada na coleção. Todas estas sub-coleções estão
relacionadas aos movimentos e atividades desenvolvidas pelo serviço geológico em
todo o território nacional, desde a busca do carvão para a indústria ao mapeamento
geológico. A Coleção de Paleontologia conta com fósseis de todas as regiões
brasileiras e hoje é reconhecida como uma das mais antigas e completas coleções
paleontológicas do Brasil. Portanto, esta dissertação se propõe à caracterização da
Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra/DNPM-RJ enquanto
patrimônio da Paleontologia brasileira, baseando-se no cenário das Geociências
vigentes do século XX. Desta forma, caracterizada como patrimônio, a Coleção de
Paleontologia é aqui discutida e entendida enquanto testemunho da história geológica
da Terra, da História - política, econômica e cultural -, das Geociências, da memória
do Serviço Geológico e Mineralógico Brasileiro e da instituição a que se vincula
atualmente.
viii
PINTO, Fernanda N. M. Paleontological Collection of the Earth Sciences Museum/DNPM-RJ:
Brazilian Paleontological Heritage. 2009. Dissertation (Master’s) - Programa de Pós-Graduação
em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST, Rio de Janeiro, 2009. 130p. Supervisor: Deusana
Maria da Costa Machado.
ABSTRACT
The origins of the Paleontological Collection of the Earth Sciences Museum, connected
to the National Department of Mineral Production may be traced back to the creation of
Brazil’s Geological and Mineralogical Service in 1907; an institution that changed the
whole scenery of Geosciences in Brazil. In 1933, Brazil’s Geological and Mineralogical
Service was linked to the National Department of Mineral Production. Nowadays, the
Paleontological Collection consists of five sub-collections: Invertebrates, Mammals,
Paleobotanics, Reptiles and Fish. The study of the sub-collections’ registry books,
made possible a detailed analysis of the whole collection, including the moving of fossil
materials and the services of entry to the collection. All of these sub-collections are
related to movements and activities developed by the geological service all over the
national territory, from searching coal for the industry to geological surveys. The
Paleontological Collection includes fossils from all Brazilian regions and is today
recognized as one of Brazil’s earliest and most complete collections. Therefore, this
paper’s objective of is to characterize the Paleontological Collection of the Earth
Sciences Museum as Brazilian paleontological heritage in relation to the twentieth
century’s geosciences scenery. Therefore, characterized as heritage, the
Paleontological Collection of the Earth Sciences Museum is discussed and understood
as testimony of the geological history of Earth, History - political, economic and cultural
-, Geosciences, Brazil’s Geological and Mineralogical Service’s memory and the
institution which is currently bound.
ix
LISTA DE SIGLAS
CNP – Conselho Nacional de Petróleo
CNE - Conselho Nacional de Energia
CENPES - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de
Mello
CPRM – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais
DGM – Divisão de Geologia e Mineralogia
DNPM – Departamento Nacional da produção Mineral
MCTer – Museu de Ciências da Terra
SEPALE – Setor de Paleontologia
SGMB – Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil
x
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO 01
CAPÍTULO I - Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da
Paleontologia brasileira 06
1. Coleções, técnicas, relatórios e trabalhos de campo 07
1.1. Musealização nos espaços geocientíficos 11
1.2. Definindo o patrimônio 13
1.2.1. Patrimônio: alguns olhares 15
1.2.2. Os fósseis e o patrimônio 17
1.3. Patrimônio para a Paleontologia 20
CAPÍTULO II - Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário
científico brasileiro 24
2. Da História Natural às Geociências: as coleções paleontológicas e o Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil 25
2.1. Introdução à Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da
Terra/MCTer 46
CAPÍTULO III - Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra -
MCTer/DNPM–RJ 50
3. Coleção científica: o levantamento de uma história através dos serviços
geopaleontológicos 51
3.1. Coleção científica: análise de sua estrutura, coletas e inserção de
material fossilífero 53
3.1.1. Campanhas: 1901 – 1910 53
3.1.2. Campanhas: 1911 – 1920 55
3.1.3. Campanhas: 1921 – 1930 56
3.1.4. Campanhas: 1931 – 1940 60
3.1.5. Campanhas: 1941 – 1950 65
3.1.6. Campanhas: 1951 – 1960 68
3.1.7. Campanhas: 1961 – 1970 73
3.1.8. Campanhas: 1971 – 1980 76
xi
3.1.9. Campanhas: 1981 – 1990 77
3.1.10. Campanhas: 1991 – 2000 78
3.1.11. Campanhas: 2000 – 2008 80
3.2. De 1900 a 2008: algumas considerações 81
CONSIDERAÇÕES FINAIS 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 91
Outras referências 101
ANEXOS 102
Dados de coleta e de entrada – SUB-COLEÇÃO RÉPTEIS 103
Dados de coleta e de entrada – SUB-COLEÇÃO PEIXES 107
Dados de coleta e de entrada – SUB-COLEÇÃO INVERTEBRADOS 111
Dados de coleta e de entrada – SUB-COLEÇÃO MAMÍFEROS 114
Dados de coleta e de entrada – SUB-COLEÇÃO PALEOBOTÂNICA 117
Exemplo do Livro de Tombo - SUB-COLEÇÃO RÉPTEIS 120
Exemplo do Livro de Tombo - SUB-COLEÇÃO PEIXES 122
Exemplo do Livro de Tombo - SUB-COLEÇÃO INVERTEBRADOS 124
Exemplo de Livro de tombo - SUB-COLEÇÃO MAMÍFEROS 126
Exemplo do Livro de Tombo - SUB-COLEÇÃO PALEOBOTÂNICA 128
INTRODUÇÃO
2
INTRODUÇÃO
A proposta de pesquisa desenvolvida para o Programa de Pós-Graduação em
Museologia e Patrimônio é de grande relevância para a produção acadêmica nas áreas
de Museologia e Patrimônio, permitindo a exploração do campo das Ciências Naturais e
das Geociências sob o olhar da perspectiva patrimonial.
A presente dissertação é intitulada Coleção de Paleontologia do Museu de
Ciências da Terra/DNPM-RJ: Patrimônio da Paleontologia brasileira, que discorrerá
acerca da coleção enquanto patrimônio da Paleontologia brasileira no cenário das
Geociências vigentes do século XX.
O enfoque na Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra teve como
perspectiva a atuação e contribuição do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil
(SGMB), do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) e da Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) nos levantamentos geológicos e mineralógicos
do solo brasileiro.
O tema escolhido baseia-se em toda uma experiência desenvolvida no campo das
Geociências - especificamente a Paleontologia -, tanto por meio de pesquisas e projetos,
quanto em trabalhos de campos, com levantamento de dados geopaleontológicos e coleta
de material fossilífero. Inúmeras fontes acerca da história da Paleontologia no Brasil e da
história da concepção das principais coleções paleontológicas brasileiras como, por
exemplo, a Coleção de Paleontologia do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista (UFRJ-
RJ) e a do Museu Emílio Goeldi - também contribuíram para a escolha do tema.
Com exceção da comunidade paleontológica, ou ainda da comunidade referente
às Geociências, muito pouco é conhecido acerca da Paleontologia no Brasil, sua história,
sua formação como ciência, sua importância para o meio científico e suas coleções. Os
fósseis e suas coleções ainda encontram-se restringidos a um único grupo acadêmico
os paleontólogos. Nem mesmo o campo da Museologia e do Patrimônio possui um
número significativo de produções que se relacionem com as Geociências. A partir disto,
optou-se por explorar o universo da Paleontologia, enquanto campo do conhecimento e
terreno para descobertas geopaleontológicas brasileiras, sob a ótica da Museologia e do
Patrimônio, bem como tecendo discussões acerca de seu desenvolvimento por meio de
órgãos institucionais e científicos ao longo do século XX.
Desta forma apresenta-se, como uma segunda instância no cenário científico e
com o intuito de reativar os estudos geopaleontológicos no país, o Serviço Geológico e
3
Mineralógico do Brasil (SGMB), criado em 1907 e chefiado por Orville Adelbert Derby,
enfocando o interesse nacional na busca e estudo dos recursos naturais e do carvão. Em
1933, o SGMB passou a ser um órgão subordinado ao Departamento Nacional da
Produção Mineral (DNPM) ao qual o Museu de Ciências da Terra é atualmente
subordinado -, que por sua vez deu prosseguimento aos estudos geológicos e
paleontológicos realizados ao longo das regiões brasileiras e permanece até hoje como
um centro de referência para pesquisas geológicas.
A Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra/DNPM – RJ, uma vez
representante das atividades paleontológicas que se desenrolaram no Brasil a partir do
século XX, será o objeto de estudo desta dissertação para aplicação dos conceitos
teóricos referentes ao campo da Museologia e do Patrimônio.
Considerando o campo do patrimônio, seus agentes e diversas faces, podemos
avaliar a coleção sob alguns prismas:
Enquanto patrimônio cultural, a Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências
da Terra traduz-se num acervo de conhecimento para a sociedade brasileira, e mais
especificamente à carioca, trazendo ao público (especialmente estudantes) toda uma
informação acerca das faunas pré-históricas e da história geológica da Terra.
Enquanto patrimônio natural, seu acervo paleontológico é espelho dos vários sítios
fossilíferos existentes pelo Brasil, representativos de vários eventos biológicos e
geológicos da História da Terra, que muitas das vezes são destruídos pela interferência
humana, nos fornecendo informações acerca da constituição dos mesmos até quando
não existem mais.
Enquanto patrimônio científico, fornece aos pesquisadores - e de forma direta os
paleontólogos - os meios necessários para o crescimento e legitimação do próprio campo
de conhecimento, as Geociências, através do fomento para pesquisas, produção e
divulgação do conhecimento. E considera-se aqui os fósseis e seus registros como dados
valiosos de produção para o campo, com os quais será possível a extensão do
conhecimento.
E, por fim, enquanto patrimônio histórico, guarda parte da história sobre as
Geociências no Brasil, traduzida na coleta de seu material fossilífero, remontando à
história do SGMB - desde sua criação por Orville Derby, em 1907, até sua transformação
em Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), em 1933 -, dos geólogos e
paleontólogos que trabalharam na instituição - incluindo os paleontólogos estrangeiros
que prestaram serviços ao SGMB e ao DNPM, estudando as remessas de fósseis
4
enviadas e contribuindo para o conhecimento da Paleontologia brasileira e da
comunidade científica voltada para as Geociências.
Não apenas a Coleção de Paleontologia, mas o Museu de Ciências da Terra
(MCTer), com todo seu acervo, constitui-se em patrimônio. O MCTer, além de abrigar um
acervo composto por coleções paleontológicas, mineralógicas e de meteoritos, mantém
um acervo de documentos históricos pertencentes ao SGMB e ao DNPM, incluindo
manuscritos, cadernetas de campo e anotações dos principais personagens da Geologia
e da Paleontologia não apenas do Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil e até mesmo
estrangeiros.
METODOLOGIA
Foi realizado todo um levantamento bibliográfico acerca do Serviço Geológico e
Mineralógico do Brasil. Como este assunto ainda não havia sido explorado pela literatura
em Geociências, as únicas fontes que puderam corresponder às expectativas desta
dissertação constituem a série de relatórios anuais publicada pela Divisão de Geologia e
Mineralogia do Departamento Nacional da Produção Mineral de 1919 a 1967: o Relatório
Anual do Diretor.
O Relatório Anual do Diretor, como se intitula este periódico, guarda todas as
atividades e planejamentos das divisões do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil,
sob a jurisdição do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM). Os dados
destes relatórios foram utilizados na análise gráfica (vide Capítulo III desta dissertação) da
construção e desenvolvimento da Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da
Terra no intuito de apontar a sua ligação com os movimentos externos e internos das
Geociências, bem como da política econômica no Brasil.
No decorrer da produção desta dissertação, foram realizadas a leitura, análise e
aproveitamento dos dados de todos os relatórios anuais existentes no Departamento
Nacional da Produção Mineral (DNPM), de forma a integrá-los à todas as informações
teóricas do campo das Geociências e dos registros da Coleção de Paleontologia.
A Coleção de Paleontologia, por sua vez, também pôde ser analisada através dos
livros de registros de entrada de material, os denominados Livros de Tombo, que
forneceram dados documentados nas seguintes categorias: coletores (profissionais ou
instância de coleta), idade geológica, data de coleta, data de entrada e localidade. Foi
confeccionada uma relação dos dados das categorias anteriormente mencionadas,
procedendo-se à contagem das datas de coleta e de entrada de material fossilífero na
5
coleção, bem como a verificação dos coletores e procedências destes mesmos materiais
para averiguação. De posse dos dados documentados dos livros de registros, travou-se
uma análise comparativa das informações advindas dos relatórios anuais, no intuito de
legitimá-las ou refutá-las.
No que concerne ao levantamento bibliográfico, diversas fontes foram utilizadas de
acordo com os temas centrais em discussão, tais como: formação das Geociências no
Brasil, Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra, Museologia e
Patrimônio.
Para a análise acerca das Geociências e seu desenvolvimento no Brasil, as fontes
escolhidas foram: EICHER (1969); FIGUEIROA (1997; 2001); FONSECA (2001);
GONSALVES (1951); GUALTIERI (2003); KURY & CAMENNIETZKI (1997); LEINZ
(1955); LOPES (1997); LOPES & MURRIELLO (2005); PARAIZO (2004); SCHWARCZ
(1993); SCHWARTZMAN (2001); VALENTE, CAZELLI & ALVES (2005); VALENTIM
(2005); ZARUR (1994).
Quanto às coleções científicas e, especificamente, na abordagem sobre o estudo
de caso – Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra – as fontes utilizadas
foram: AMORIM (2006); ALVIM (1946); Catálogos da Coleção de Paleontologia do Museu
de Ciências da Terra (Livros de Tombo); MENDES & PETRI (1971); Relatório Anual do
Diretor: Rio de Janeiro: DGM/DNPM (de 1919 a 1967); ROSSI (1992).
Por fim, na discussão acerca da Museologia e do Patrimônio, as seguintes fontes
foram adotadas: BELLAIGUE (1992); CHAGAS (1996); CHOAY (2006); EICHER (1969);
FONSECA (2005); GARCÍA CANCLINI (1998); LOUREIRO (2007); SCHEINER (1990;
1997; 1998; 2004); ROSSI (1992); VALENTIM (2005); ZANIRATO & RIBEIRO (2006).
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis...
patrimônios da Paleontologia brasileira
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
7
1. Coleções, técnicas, relatórios e trabalhos de campo
Difícil delimitar as fronteiras entre esses dois espaços públicos. O campo e o museu.
As coleções e seus catálogos estabelecem os ritos de passagem.
1
Muitas instituições, e suas coleções, tiveram origem e se consolidaram como
centros de pesquisas em Geociências com o desdobramento da História Natural e das
Ciências Naturais no território científico brasileiro.
Do século XVI até o movimento de Independência, as atividades científicas no
Brasil voltavam-se apenas para a descrição da natureza e de seus habitantes por
naturalistas estrangeiros, que por sua vez aumentavam na Europa o acúmulo de
informações sobre a história natural.
Nas palavras de Schwartzman
2
, até o século XIX, a ciência em voga no Brasil
não representava mais que uma “pálida imagem da ciência européia”. Portugal, que
não possuía uma tradição científica própria como outros países da Europa, acabou por
não contribuir na criação de um cenário científico no Novo Mundo.
Schwarcz
3
relata o período de especialização e valorização pelo qual as
ciências naturais - geologia, zoologia e botânica - passaram nas ultimas décadas do
século XIX. Valente et al
4
corrobora com a idéia, afirmando que no Brasil, o
movimento de criação dos museus de ciências não tem sido o foco de investigações
de historiadores da ciência, a despeito de estudos evidenciarem a rica contribuição
dos museus para a consolidação das ciências naturais no país.”
À consolidação das ciências naturais no país associa-se à implantação de
métodos científicos e suas técnicas para o desenvolvimento das áreas do
conhecimento, enquanto suporte ao pesquisador para a realização de pesquisas e
no entendimento do seu objeto de investigação
5
.
Valente et al
6
cita que foi na segunda metade do século XX que a relação
entre ciência e técnica e seus então impensados avanços tornaram-se uma questão
social, em particular depois da Segunda Guerra Mundial, quando se convivia com
modelos econômicos baseados em noções de desenvolvimento e progresso (...).”
1
LOPES, Maria Margaret. Viajando pelo campo e pelas coleções: aspectos de uma controvérsia
paleontológica. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro. 2008.
2
SCHWARTZMAN, S. Um espaço para a Ciência: A formação da Comunidade Científica no Brasil.
Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2001. p. 28.
3
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil
1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 29.
4
VALENTE, M. E., CAZELLI, S. e ALVES, F.: Museus, ciência e educação: novos desafios. História,
Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 12 (suplemento), 2005. p. 184.
5
VALENTIM, M. L. P. Construção de conhecimento científico. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). (Org.).
Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo: Polis, 2005, v., p. 17.
6
6
VALENTE, M. E., CAZELLI, S. e ALVES, F.: Museus, ciência e educação: novos desafios. História,
Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 12 (suplemento), 2005. p. 186.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
8
Os diferentes tipos e enfoques de pesquisa estão relacionados à forma de construção
de conhecimento de uma determinada área do conhecimento, estão relacionados
também à prática de pesquisa de uma determinada comunidade científica.
7
As coleções de História Natural inserem-se neste universo em transformação.
Do século XVI ao XVIII, as coleções naturais e artificiais - bens culturais feitos pelo
Homem - eram dispostas em conjunto, sem algum sistema de separação por
especialidades. Na segunda metade do século XVIII, com a substituição dos gabinetes
de curiosidades pelos museus científicos, observou-se a especialização das coleções.
Os museus com acervos científicos passaram a dispô-los mediante uma
ordenação, de acordo com novas concepções científicas e exigências metodológicas
na área das ciências naturais. Ocorreu uma ruptura das coleções de antiguidades com
o colecionismo natural, onde os objetos naturais eram incorporados a coleções
caso agregassem um valor que ultrapassasse o valor de uso imediato
8
.
Por um outro lado, ressaltava-se a figura do naturalista que, nas palavras de
Schwartzman
9
, ocupavam uma posição preeminente, com sua preocupação em
descrever e, na medida do possível, sistematizar os objetos encontrados na natureza
plantas, animais e minerais”. Schwartzman ainda lembra que foi Lineu o pioneiro na
tarefa de colocar os objetos naturais em um sistema classificatório geral que teria sido
bem sucedido na área de Botânica.
Ciências naturais, especialidades, desenvolvimento e transformação do
pensamento científico... e as coleções? Como pensá-las por si mesmas, independente
de sistemas e modelos classificatórios?
Pomian
10
define coleção como (...) qualquer conjunto de objetos naturais ou
artificiais, mantidos temporária ou definitivamente fora do circuito das atividades
econômicas, sujeitos a uma proteção especial num local fechado preparado para esse
fim, e expostos ao olhar do público”.
A idéia de coleção pode significar o ato de reunir objetos de qualquer natureza
para fins de preservação, educação e produção e divulgação de conhecimento. O
interesse nesta reunião abrange os mais diversos âmbitos, sejam sociais, políticos,
religiosos, históricos, artísticos ou científicos. Uma relação com o objeto que envolve
desde o afeto ao poder econômico.
7
VALENTIM, M. L. P. Construção de conhecimento científico. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). (Org.).
Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo: Polis, 2005, v., p. 19.
8
KURY, L. B.; CAMENNIETZKI, C. Z. "Ordem e natureza: coleções e cultura científica na Europa
Moderna" In: Anais do MHN, vol. 29/1997 pp. 57-86.
9
SCHWARTZMAN, S. Um espaço para a Ciência: A formação da Comunidade Científica no Brasil.
Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2001. p. 32.
10
POMIAN, K. Coleção. In: ENCICLOPÉDIA EINAUDI. Memória / História. Lisboa: Imprensa Nacional
Casa da Moeda, 2004. p.51-86. v.1.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
9
A atribuição de significado aos objetos das coleções científicas está sujeita aos
dados que podem oferecer à ciência. É estabelecida uma relação de troca. Em
coleções paleontológicas, vários aspectos relativos aos objetos - fósseis – podem
influenciar na atribuição de significado ou na valoração. Se determinados fósseis,
ainda que em estado não muito bom de preservação de suas características, forem
provenientes de algum sítio fossilífero de pouca abundância, sua valoração estará no
fato de serem os únicos registros que caracterizam estes locais.
O mesmo se pode aplicar aos fósseis oriundos de sítios em risco de destruição,
onde os exemplares coletados tornam-se os únicos registros de referência e
identidade. Seu formato físico ou até mesmo a falta de alguns caracteres que definem
a espécie não serão os fatores mais relevantes neste caso. Ou ainda, a valoração
pode estar atribuída ao espécime, se sua ocorrência se der apenas em uma única
região.
Segundo Loureiro
11
, coleção designa um conjunto ou reunião de objetos da
mesma natureza ou que têm qualquer relação entre si. Quanto ao termo acervo,
remete à idéia de quantidade e designa, de modo geral, o conjunto de bens que
integram um patrimônio.” Trabalhando a idéia de Loureiro quanto aos termos coleção
e acervo, formata-se um paralelo para o meio científico: coleção científica e acervo
científico.
Ao aplicar estes termos para as Geociências - no caso específico, a
Paleontologia -, obteremos como resultados a idéia de que uma coleção científica
pressupõe uma reunião de objetos que podem conferir à ciência em estudo a sua
identidade, enquanto a idéia de acervo pode nos direcionar para o questionamento do
patrimônio configurado para a Paleontologia.
Os pressupostos de uma coleção científica são delineados a partir da pesquisa
científica estabelecida para uma determinada área do conhecimento. Lopes
12
relata a
separação das coleções de pesquisa - aqui entendidas como as científicas -, das de
instrução do público leigo” - coleções didáticas -, e que a pesquisa científica e
educação constituíram de fato a articulação, na maioria das vezes contraditória, que
marcou o mundo dos museus de ciências naturais na transição para o século XX
(Sheets-Pyenson, 1988; Lopes, 2003).
A ligação entre as coleções, a pesquisa e a divulgação científica pode ser
visualizada à medida que se gere as bases para a consolidação e alimentação das
áreas do conhecimento.
11
LOUREIRO, M. L. M. Fragmentos, modelos, imagens: processos de musealização nos domínios da
ciência. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.8, n.2. 2007.
12
LOPES, M.M.; Murriello, S. E. Ciências e Educação em museus no final do século XIX. História,
Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 12, n. Supl, 2005. p. 21.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
10
Como aparatos informacionais, os museus produzem e processam informações a partir
dos itens de suas coleções - individualmente ou em conjunto - de modo a gerar novas
informações. Tais operações podem ser realizadas internamente, no âmbito de suas
atividades de rotina (particularmente a documentação e a exposição), ou
externamente, por estudiosos que invocam objetos como testemunhos ou recorrem aos
mesmos na qualidade de documentos.
13
Além das coleções, deparamo-nos com as técnicas e trabalhos de campo,
comuns nas Geociências. As técnicas utilizadas nas ciências constituem sempre uma
resposta prática do método científico adotado.
Valentim
14
descreve o método científico como o conjunto de técnicas e
instrumentos utilizados para o desenvolvimento de um determinado estudo; visa
subsidiar e apoiar o pesquisador nas atividades inerentes à realização da pesquisa,
delineando de maneira clara e objetiva todas as suas etapas e sistematizando a forma
do pesquisador compreender e descrever o objeto de investigação.” (pág. 17)
Não se trata apenas, a meu ver, de reconhecer o papel importante da Técnica como
fornecedora de aparelhos e instrumentos de que a Ciência se utiliza, ou de
verificadora, através de sua prática, das hipóteses científicas. Creio que é preciso ir
além e reconhecer a importância epistemológica da técnica como atividade prática
15
.
O trabalho de campo, por sua vez, pressupõe tanto a coleta de dados e
informações, quanto a aquisição de objetos para estudo posterior. Formulação de
hipóteses, observações, anotações pessoais, cada faceta deste trabalho delineia o
perfil científico da área.
A própria Paleontologia não teria estabelecido suas bases teóricas sem o
trabalho de campo. Assim como, em meados do século XIX e XX, a atuação de
equipes de cientistas estrangeiros e de serviços geológicos da parte do governo
brasileiro deu conta das coletas mais representativas da história das Geociências, a
prática seguiu continuidade através de equipes de institutos e de universidades. É
também no campo que, muitas das vezes, que se vêem resolvidas hipóteses
formuladas anteriormente. É a percepção do meio, o espaço e do objeto de estudo. As
observações obtidas em campo chegam a ter a mesma relevância - quando o a
ultrapassa - que a literatura científica.
O trabalho de campo também pode ser visto como um recurso de ensino e
aprendizagem, uma extensão das atividades curriculares e meio para a construção do
13
LOUREIRO, M. L. M. Fragmentos, modelos, imagens: processos de musealização nos domínios da
ciência. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.8, n.2. 2007.
14
VALENTIM, M. L. P. Construção de conhecimento científico. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). (Org.).
Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo: Polis, 2005, v., p. 17.
15
GAMA, R. Contribuição à História da Técnica no Brasil. In: FERRI, M. G. & MOTOYAMA, S. (coord.).
História das ciências no Brasil. São Paulo: EPU. Ed. Da Universidade de São Paulo, 1979-1981.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
11
conhecimento. Amorim
16
entende o trabalho de campo como uma proposta
metodológica, ou seja, o caminho por intermédio do qual articulamos conceitos e
componentes de uma teoria”.
Segundo Lopes
17
, os trabalhos de campo, as classificações das coleções e a
publicação de seus catálogos podem ser entendidos como “práticas culturais”, num
universo onde estas mesmas práticas teriam contribuído para a consolidação da
História Natural, nos séculos XVII e XVIII, e a delineação do seu cenário moderno,
tanto para as academias científicas quanto para os museus e suas coleções.
Por essas amplas redes de comunicação, as coleções, os catálogos, os
pesquisadores, os conceitos e as inovações viajavam cada vez mais rapidamente pelo
circuito dos museus. Passaram assim a integrar uma verdadeira tradição de viagens.
Seus catálogos começaram a classificar os próprios museus, a construir tipologias, a
comparar os próprios museus entre si em seus processos de cooperação e disputas
por hegemonias científicas, sociais, políticas de caráter nacional, regional e
internacional.
18
Neste ínterim, contextualizaremos os relatórios e catálogos, produções muito
comuns no universo das coleções, dos museus e dos trabalhos de campos. Em
Geociências, os relatórios ligados aos órgãos governamentais são documentos
fundamentais para o registro da produção científica em Paleontologia.
Para fins de exemplificação, cita-se o Relatório Anual do Diretor, publicação do
Departamento de Geologia e Mineralogia (DGM) do Departamento Nacional da
Produção Mineral (DNPM) que prestava contas ao Governo Federal de todas as
atividades de cunho geocientífico dessa instituição no Brasil, tornando-se, assim, um
documento valioso para coleta de informações e de resolução de hipóteses - para este
trabalho - quanto ao desenvolvimento das Geociências em pleno século XX. Da
mesma forma, temos os Arquivos do Museu Nacional, o periódico mais antigo do país
- publicado desde 1876 com publicações nas áreas de Arqueologia, Antropologia,
Botânica, Zoologia, Geologia e Paleontologia.
1.1. Musealização nos espaços geocientíficos
16
AMORIM, M. E. O Trabalho de campo como recurso de ensino em geografia, em unidades de
conservação ambiental: o Parque Estadual de Itapuã. Dissertação (Mestrado.em Geografia). UFRGS,
2006.
17
LOPES, Maria Margaret. Viajando pelo campo e pelas coleções: aspectos de uma controvérsia
paleontológica. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro, 2008.
18
LOPES, M.M.; Murriello, S. E. Ciências e Educação em museus no final do século XIX. História,
Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 12, n. Supl, 2005. p. 18.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
12
Segundo Loureiro
19
, o processo de musealização representa um marco na
trajetória de um objeto, cuja existência precede seu ingresso em uma coleção
museológica ou, ainda, conjunto de ações caracterizadas pela
separação/deslocamento do contexto original e privação das funções de uso de alguns
objetos, que passariam a desempenhar a função de documentos”. Chagas
20
entende a
musealização como a incorporação de um determinado bem cultural a determinado
espaço museológico e que também representa uma forma de preservação e de
projeção do bem musealizado no devir”.
No caso das Geociências - a Paleontologia, particularmente -, as coleções
científicas possuem o papel fundamental de garantir a preservação não dos
exemplares/espécimes fossilíferos, mas, através deles, de todo um conjunto de
informações geopaleontológicos: bacia sedimentar, formação geológica, estratigrafia,
sítio fossilífero de procedência. Assegurar os exemplares de uma coleção também
representa assegurar seus próprios espaços de proveniência.
Desta forma, Loureiro
21
aponta que “o museu é também capaz de - por meio de
suas coleções (fragmentos, imagens e modelos do mundo) e, particularmente, de suas
exposições (narrativas do mundo) - dar visibilidade a realidades dispersas no tempo
e/ou no espaço e, portanto, naturalmente invisíveis.” A autora ainda cita a questão de
que idéias e conceitos como “espécie”, “gênero” e “família”, por exemplo, não são
visíveis a não ser através da reunião artificial de espécimes vivos ou de seus
“fragmentos”, naturalmente dispersos.”
“Os testemunhos da cultura e do meio ambiente interessam à museologia como
suportes de informações, como representações de memória, é isto o que justifica a
preservação, a pesquisa e a exposição dos mesmos.”
22
De acordo com Loureiro
23
de que embora a realidade não possa ser
transportada em sua integridade para os museus, estes podem conferir visibilidade a
realidades naturalmente invisíveis (eventos, fenômenos, conceitos científicos...) que
podem ser “documentadas” ou “narradas” através de fragmentos, imagens e modelos”,
verificaremos que o mesmo ocorre nos processos de musealização dos materiais
fossilíferos coletados.
19
LOUREIRO, M. L. M. Fragmentos, modelos, imagens: processos de musealização nos domínios da
ciência. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.8, n.2. 2007.
20
CHAGAS, Mário. Museália. Rio de Janeiro: JC Editora, 1996.
21
LOUREIRO, M. L. M. Fragmentos, modelos, imagens: processos de musealização nos domínios da
ciência. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.8, n.2. 2007.
22
CHAGAS, Mário. Museália. Rio de Janeiro: JC Editora, 1996. p. 90.
23
LOUREIRO, M. L. M. Fragmentos, modelos, imagens: processos de musealização nos domínios da
ciência. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.8, n.2. 2007.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
13
Uma vez que os exemplares fósseis são retirados de seus locais de origem - os
sítios fossilíferos –, e que ali integram todo um sistema estratigráfico (camadas
geológicas) passível de análise in situ, sofrem alteração na leitura que se pode realizar
a partir deles. Retirado do seu “todo” estratigráfico, sua leitura é feita por outras vias e
passa a depender das informações (dados) obtidas do local de proveniência.
1.2. Definindo o patrimônio
Segundo a definição da UNESCO
24
, patrimônio é o legado que recebemos do
passado, vivemos no presente e transmitimos às futuras gerações. Nosso patrimônio
cultural e natural é fonte insubstituível de vida e inspiração, nossa pedra de toque,
nosso ponto de referência, nossa identidade”.
Quando se pensa no conceito de patrimônio, geralmente associa-se à idéia de
algum bem - histórico, artístico, estético, científico, etc. -, dotado de significado e de
valor para a sociedade. São diversas as dimensões que o patrimônio pode atingir:
local, regional, mundial, material, imaterial, entre outros.
Enquanto o patrimônio cultural está ligado ao processo de identidade e de
cultura de um grupo, povo, comunidade e/ou sociedade, o patrimônio histórico é
aquele de referência no tempo e no espaço. Os bens culturais seriam os agentes
mediadores desta relação da sociedade com a idéia de identidade e, a partir daí, se
construiria o processo patrimonial. No entanto, estas são apenas idéias preliminares
acerca do patrimônio e não podem dar conta da grandiosidade do seu conceito e da
sua categoria.
A palavra patrimônio possui diversas aplicações e sofre processos de
qualificação mediante o contexto de sua utilização, como discute Gonçalves
25
:
A palavra “patrimônio” está entre as que usamos com mais freqüência no cotidiano.
Falamos dos patrimônios econômicos, dos patrimônios imobiliários; referimo-nos ao
patrimônio econômico e financeiro de uma empresa, de um país, de uma família, de
um indivíduo; usamos também a noção de patrimônios culturais, arquitetônicos,
históricos, artísticos, etnográficos, ecológicos, genéticos; sem falar nos chamados
patrimônios intangíveis, de recente formulação. Não parece haver limite para o
processo de qualificação dessa palavra.
A palavra patrimônio também remonta as noções de reconhecimento,
valorização, pertencimento e apropriação. O reconhecimento demonstra a
24
Disponível em: <http://www.brasilia.unesco.org>. Acesso em: 12 jun. 2009.
25
GONÇALVES, R.Ressonância, materialidade e subjetividade: as culturas como patrimônio”. In:
Antropologia dos objetos: coleções, museus e patrimônios. Rio de Janeiro: IPHAN, 2007, pp. 63-80.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
14
excepcionalidade. A questão da valorização está ligada ao interesse, ao visual, ao
encanto, ao que é excepcional. A relação de pertencimento exprime a valorização e
até mesmo a afetividade pelo patrimônio em jogo. A apropriação, por fim, é a
conseqüência de reconhecer o patrimônio e nele se reconhecer, da identificação e do
valor atribuído.
Para Scheiner
26
, patrimônio associa-se às idéias de posse e preservação:
Aqui, a importância da idéia de patrimônio está vinculada à essência do seu
significado - a idéia de possuir (patrimônio é o que pertence a alguém, o que leva à
acumulação), e a idéia de preservação: preservar é evitar a morte, é influir no tempo, é
buscar, ainda que pelo artifício, uma forma de eternidade.
A relação com o patrimônio vai muito mais além do que o reconhecimento da
estruturação física do objeto: está no que ele representa e na leitura que dele se pode
realizar. Nas Geociências, pouco importa se o fóssil não preservou suas
características físicas se ele é o único registro que se tem de um sítio fossilífero
degradado ou destruído pela ação do homem; ou, ainda, se for o único exemplar
encontrado de uma espécie.
Da mesma forma, se o exemplar oriundo de uma região fossilífera abundante e
não se encontra bem preservado, seu descarte é uma possibilidade. Seu valor,
portanto, também é - e muito - aplicado ao contexto científico.
É interessante a colocação de Zarur
27
: (...) as formas de fixação de memória
na ciência, inicialmente através de publicações e posteriormente através de
mecanismos institucionalizados de reconhecimento (...) consistem na apropriação por
uma categoria de pesquisadores de nomes de cientistas ilustres e das idéias a eles
associados para ordenar o mundo em que vivem”. Se refletirmos na relação
estabelecida dos cientistas com o saber, as técnicas e, até mesmo, com as coleções,
identificaremos um processo claro de reconhecimento e de apropriação.
Caminhando mais além, pouco importa se há até mesmo o objeto... as práticas,
o saber, o conhecimento das ciências em jogo também são passíveis de apropriação e
de reconhecimento como patrimônio por eles mesmos. Relembrando Scheiner
28
: isto
significa estar sensível e atuar no sentido da identificação, da preservação e do uso de
conjuntos naturais e culturais, e não mais apenas de objetos, espécimes ou
fragmentos”.
26
SCHEINER, T.C.M. Imagens do não-lugar: Comunicação e o patrimônio do futuro. Tese (Doutorado em
Comunicação) programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura. Universidade Federal do Rio
de Janeiro/ECO, Rio de Janeiro, 2004. p. 33.
27
ZARUR, G. C. L. A Arena Científica. Campinas: Autores Associados, 1994. 196p.
28
SCHEINER, T. C. M. Museus e Patrimônio Natural: alternativas e limites de ação. Ciências Em Museus,
v. 1990, n. 2, p. 9-15, 1990.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
15
1.2.1. Patrimônio: alguns olhares
Françoise Choay, em seu livro A alegoria do patrimônio
29
, inicia sua narrativa
acerca da palavra patrimônio:
Patrimônio*. Esta bela e antiga palavra estava, na origem, ligada às estruturas
familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no espaço e
no tempo. Requalificada por diversos adjetivos (genético, natural, histórico, etc.) que
fizeram dela um conceito “nômade”, ela segue hoje uma trajetória diferente e
retumbante.
Neste momento, seguindo o raciocínio de Choay quanto à requalificação do
conceito de patrimônio, trataremos do patrimônio dentro da proposta deste trabalho.
Na visão deste trabalho, o conceito de patrimônio pode seguir por diversas vias e
nesta caminhada estão explícitas as requalificações que se propõe: patrimônio natural,
cultural e científico. Deixamos claro que a classificação e aplicação destes conceitos
aos casos citados neste trabalho não constituem uma idéia fechada e/ou retalhada de
patrimônio, mas apenas a intenção de apresentar diversas facetas de um único bem
patrimonial.
A UNESCO define que monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham
valor histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico,
constituem o patrimônio cultural.
Para Zanirato e Ribeiro
30
, nos últimos anos, o conceito de patrimônio cultural’
adquiriu um peso significativo no mundo ocidental”. Os autores justificam esta
afirmação no sentido de perceberem que o discurso do patrimônio evoluiu ao
desvincular-se do monumento - do ponto de vista estético ou histórico - para abranger
o universo dos conjuntos de bens culturais, representados pelas paisagens, tios
arqueológicos, gastronomia, arquitetura, tradições, expressões de arte e documentos.
No que se refere aos bens patrimoniais, a correlação entre cultura e natureza
deu-se em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
organizada em Estocolmo. O resultado desta conferência culminou na ampliação do
conceito de patrimônio cultural, que passou a englobar os valores, estéticos,
históricos, científicos, arqueológicos e etnológicos.
Retirando-se do universo que permeia o patrimônio unicamente cultural, e
abrindo espaço para as questões do patrimônio natural e científico, dá-se a este
29
CHOAY, Françoise. A Alegoria do patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade: Editora UNESP, 2001. p.
11.
30
ZANIRATO, S. H. ; RIBEIRO, W. C. Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não
renovável. Revista Brasileira de História, v. 26, 2006. p. 251.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
16
trabalho um novo rumo, endossando a afirmativa de queo patrimônio natural é
conservado à luz da ciência
31
.
Segundo Scheiner
32
faz parte da experiência museológica pensar o museu em
suas relações com o Homem enquanto criador de cultura. Essencialmente visto como
“lócus” do pensar e do fazer cultural, o museu é um espaço de memória do Homo
faber” e se apóia tradicionalmente no objeto para revelar às sociedades de hoje a
história da Humanidade. Mas o museu é também um espaço que reflete a memória do
Homem enquanto ser vivo sob o ponto de vista da evolução da vida na Terra e da
história mesma de nosso planeta”.
O patrimônio natural abrange os monumentos naturais de constituição física e
biológica, formações geológicas e fisiográficas que compreendam habitats de
espécimes vegetais e animais, e lugares e zonas naturais. Todos estes aspectos
salvaguardados por um valor excepcional do ponto de vista científico, de conservação
e beleza natural
33
. Neles, são reconhecidos os sítios geopaleontológicos ou
fossilíferos.
Ainda que desconhecidos pelo público e até mesmo para a maior parte das
autoridades científicas não pertencentes às Geociências, os sítios fossilíferos existem
em todas as regiões brasileiras, distribuídos em inúmeras bacias sedimentares. Am
da paisagem, da beleza cênica, apresenta caracteres únicos que registram eventos
geopaleontológicos do passado, e sua manutenção garante o conhecimento e
reconhecimento da história natural do país.
O desconhecimento em relação aos sítios não os desautoriza enquanto
patrimônio, no entanto sua divulgação e seu reconhecimento como tal poderia evitar e
impedir a sua destruição. Diversos casos de depredação de sítios paleontológicos têm
sido registrados ao longo dos anos e, em grande parte, por ação do homem. Outro
fator não menos relevante é o de tráfico de fósseis como, por exemplo, das regiões
da Chapada do Araripe, com sítios abundantes em fósseis calcários, normalmente
coletados pelo tráfico para venda no local e até na internet.
Se o patrimônio natural pode ser definido pela sua excepcionalidade do ponto
de vista da diversidade biológica, geológica e da paisagem, como refletir sobre os
exemplares de coleções que também representam esta diversidade?
31
ZANIRATO, S. H. ; RIBEIRO, W. C. Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não
renovável. Revista Brasileira de História, v. 26, 2006. p. 261.
32
SCHEINER, T. C. M. Museus e Patrimônio Natural: alternativas e limites de ação. Ciências Em Museus,
v. 1990, n. 2, p. 9-15, 1990.
33
ZANIRATO, S. H. ; RIBEIRO, W. C. Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não
renovável. Revista Brasileira de História, v. 26, 2006. p. 258.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
17
Scheiner
34
aponta que mesmo os museus que lidam especificamente com a
vida - jardins botânicos, zoológicos, aquários, parques naturais e outras áreas
preservadas - estão, na realidade, oferecendo aos olhos do mundo “fatias
selecionadas” de meio ambiente, cuidadosamente controladas por especialistas, e não
a natureza em si mesma”.
São frutos ou sementes secos, amostras de madeiras e de minerais, coleções de
conchas, de animais taxidermizados, fósseis de diversos tipos, ossadas animais e
humanas e uma infinidade de objetos de todas as formas, cores e tamanhos, produto
da atividade da natureza ou do fazer do Homem, ao longo da história da Terra
35
.
Os fósseis, por exemplo, ao adentrarem a coleção, oferecem aos expectadores
e aos próprios cientistas fragmentos de um universo estratigráfico e de biodiversidade
do qual foram retirados, mas dos quais ainda são representantes.
1.2.1. Os fósseis e o patrimônio
Por meio deles, a natureza não mais se contrapõe (em sua condição de reino imutável)
à história (o reino do devir e da mutação). A própria natureza tem história, e as
‘conchas’ são alguns entre os documentos dessa história.
36
A memória simbólica, expressa nos fósseis, nos remete a um passado histórico
da Terra, registrado na natureza pelos processos geopaleontológicos através do
tempo. Os fósseis - objeto de estudo da Paleontologia – podem ser analisados
segundo a ótica da representação.
Bellaigue
37
faz a seguinte afirmação: A Museologia tem o seu laboratório: o
Museu. O laboratório, por sua vez, tem seu material de experimentação: o real. Ora, o
real é representado, no museu, pelo objeto.”
O que se pode pensar da representação do real pelo fóssil?
Segundo Bellaigue
38
, o objeto “pode ser intérprete, símbolo, mensagem” e
possui um valor, uma significação, um potencial de ligações contextuais”.
34
SCHEINER, T. C. M. Museus e Patrimônio Natural: alternativas e limites de ação. Ciências Em Museus,
v. 1990, n. 2, p. 9-15, 1990.
35
IDEM.
36
ROSSI, Paolo. Os sinais do tempo: história da Terra e história das nações de Hooke a Vico. Trad. Júlia
Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
37
BELLAIGUE, M. O desafio museológico. Conferência apresentada durante o Fórum de Museologia
do Nordeste. Salvador, Brasil, nov. 1992.
38
IDEM.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
18
Schwartzman
39
aponta que “a observação dos objetos naturais levou inevitavelmente a
teorias sobre o desenvolvimento do planeta Terra”.
E não se pode pensar que o fóssil se enquadra exatamente sob este prisma?
Não poderíamos pensá-los como os efeitos nas substâncias naturais da
Terra
40
, representantes de eventos gerados pela própria natureza, bem como o elo
entre o sítio paleontológico (campo), as coleções científicas, os museus e os catálogos
(livros de tombo), locais específicos de produção de saberes, numa grande rede do
conhecimento em Geociências? Sim, poderíamos, sem dúvida.
É possível pensar a relação afetiva existente para o grupo acadêmico
paleontólogos – em um processo de serviço de coleta de material fossilífero, na ponte
seletamente construída entre pesquisa e escolha do objeto de estudo, em um
“delicado mecanismo onde a noção de valor é o parâmetro que define a ação”
41
.
Esta noção de valor é dada ao objeto coletado - o fóssil -, atribuída de acordo
com especificidades que este mesmo objeto possui, de caráter relevante para a
ciência. É a “experiência da memória coletiva”
42
, trazendo à tona a afetividade em um
processo de significação, compartilhado pelo grupo acadêmico em questão.
Travando uma associação às palavras de Chagas, os fósseis são os
testemunhos da cultura e do meio ambiente interessam à museologia como suportes
de informações, como representações de memória, é isto o que justifica a
preservação, a pesquisa e a exposição dos mesmos”.
43
E como se apresenta a proteção destes bens no Brasil?
O Decreto-Lei 25, de 30 de novembro de 1937
44
, que organizou a proteção
do patrimônio histórico e artístico nacional, expressa que os monumentos, paisagens e
sítios naturais equiparam-se aos bens do patrimônio histórico e artístico nacional e que
também eram passíveis de tombamento.
CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
39
SCHWARTZMAN, S. Um espaço para a Ciência: A formação da Comunidade Científica no Brasil.
Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2001. p. 32.
40
EICHER, Don. L. Tempo Geológico. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1969.
41
SCHEINER, T. C. M. Memória e Museu: expressões do passado, visões do futuro. In: VI ICOFOM LAM,
1997, Cuenca, Ecuador. Anais do VI ICOFOM LAM. Rio de Janeiro, RJ, 1997.
42
IDEM.
43
CHAGAS, Mário. Museália. Rio de Janeiro: JC Editora, 1996. p. 90.
44
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del0025.htm>. Acesso em 10 jun.
2009.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
19
Art. Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis
e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
§ Os bens a que se refere o presente artigo serão considerados parte integrante
do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a
tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelo natureza
ou agenciados pelo indústria humana.
Atualmente, os fósseis encontram-se sob a proteção da Constituição Federal
de 1988 e do Código de Mineração do Departamento Nacional da Produção Mineral.
Através do Decreto 62.934 de 2 de julho de 1968
45
, no Capítulo III, Art. 6º, do
Regulamento do Código de Mineração do DNPM, conceitua-se jazida como toda
massa individualizada, constituída de mineral ou fóssil, que tenha valor econômico e
que aflore à superfície ou que registre sua existência no interior da terra. No Art. 15, é
expresso que os espécimes minerais ou fósseis, destinados a museus,
estabelecimentos de ensino e outros fins científicos serão regidos por leis especiais.
No Capítulo III, Seção II, da Constituição Federal de 1988, o artigo 216 define
qual é o patrimônio cultural brasileiro e um dos itens inclui os sítios paleontológicos:
Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
45
Disponível em: <http://www.dnpm.gov.br/conteudo.asp?IDSecao=67&IDPagina=84&IDLegislacao=29>.
Acesso em 10 jun. 2009.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
20
1.3. Patrimônio para a Paleontologia
...Em que se fundamenta a idéia de Patrimônio? Na incessante busca humana da
permanência – senão no Ser, pelo menos através das coisas do mundo
46
.
Tornou-se necessidade para este trabalho os estudos patrimoniais. Poucos são
as produções científicas em Geociências cuja abordagem se volte para os estudos
patrimoniais e, geralmente, estas mesmas produções apresentam as questões
concernentes apenas ao patrimônio natural.
Adentrando universo do Patrimônio, é preciso identificar os elementos que os
institui e reconhecer a importância dos conceitos, práticas, técnicas e coleções da
Paleontologia para o grupo social ao qual se vincula - a área acadêmica.
Neste sentido... o que é patrimônio para a Paleontologia?
Os sítios paleontológicos - visualizados como museus in situ -, os trabalhos de
campo e suas técnicas, as coleções científicas e os fósseis... seriam estes
representações de um patrimônio? O que nos permite caracterizar o que é patrimônio
para a Paleontologia?
Os trabalhos de campo, bem como as técnicas, são instrumentos utilizados
para o desenvolvimento de estudos teóricos para o campo do conhecimento, o que
pode ser compreendido como método científico. Da mesma forma, constitui memória a
produção de conhecimento, a partir de diversos trabalhos produzidos em pesquisas
específicas. Ao fazer referência aos patrimônios que não estão assegurados pela
forma física, pelas paredes e pelos edifícios, esta discussão lança as bases do
patrimônio imaterial. Esta noção do imaterial, ou intangível, fica presente em cada
análise deste capítulo.
O Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), através do Decreto
3.551/2000
47
, institui em livros temáticos do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional
(IPHAN) o registro das manifestações do patrimônio imaterial como forma de proteção.
DECRETO Nº 3.551
DE 04 DE AGOSTO DE 2000
INSTITUI O REGISTRO DE BENS CULTURAIS DE NATUREZA IMATERIAL
QUE CONSTITUEM PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO, CRIA O PROGRAMA
NACIONAL DO PATRIMÔNIO IMATERIAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
46
SCHEINER, T. C. M. Imagens do não-lugar: comunicação e os novos patrimônios. 2004. 294f. Tese
(Doutorado em Comunicação) Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura. Universidade
Federal do Rio de Janeiro/ECO, Rio de Janeiro, 2004.
47
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/D3551.htm. Acesso em 12 jun. 2009.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
21
O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o Artigo 84, inciso IV,
e tendo em vista o disposto no Artigo 14 da Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998,
Decreta:
Artigo - Fica instituído o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que
constituem patrimônio cultural brasileiro.
§ 1º - Esse registro se fará em um dos seguintes livros:
I - Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e modos
de fazer enraizados no cotidiano das comunidades;
II - Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que
marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras
práticas da vida social;
III - Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas
manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
IV - Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos mercados, feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas
culturais coletivas.
A UNESCO
48
compreende como patrimônio imaterial as expressões de vida e
tradições que comunidade, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem
de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes. A UNESCO
argumenta que o patrimônio imaterial encontra-se em constante mutação e
multiplicação de quem o porta, o que o tornaria particularmente vulnerável. Defende,
ainda, que além dos registros, gravações e arquivos, a maneira mais eficaz para a sua
preservação é garantir que os portadores dêem prosseguimento à produção e
transmissão desta forma de patrimônio.
A Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura, realizada de 29 de setembro a 17 de outubro de 2003, aprovou a
Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial
49
. Esta Convenção tem
por finalidades:
I. Disposições gerais
Artigo 1: Finalidades da Convenção
A presente Convenção tem as seguintes finalidades:
a) a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial;
b) o respeito ao patrimônio cultural imaterial das comunidades, grupos e indivíduos
envolvidos;
48
Disponível em: http://www.brasilia.unesco.org/areas/cultura/areastematicas/patrimonioimaterial. Acesso
em: 12 jun. 2009.
49
Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001325/132540por.pdf. Acesso em 12 jun.
2009.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
22
c) a conscientização no plano local, nacional e internacional da importância do
patrimônio
cultural imaterial e de seu reconhecimento recíproco;
d) a cooperação e a assistência internacionais.
A Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial compreende
como patrimônio cultural imaterial as práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares
culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns
casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. O
patrimônio cultural imaterial se manifesta nos seguintes campos:
a) tradições e expressões orais, incluindo o idioma como veículo do patrimônio cultural
imaterial;
b) expressões artísticas;
c) práticas sociais, rituais e atos festivos;
d) conhecimentos e práticas relacionados à natureza e ao universo;
e) técnicas artesanais tradicionais.
Assim como os saberes, formas de expressão, festas, danças, música e outras
tradições e manifestações, as técnicas e modelos científicos aplicados no trabalho e
desenvolvimento da Ciência também são vistos como manifestações de um patrimônio
imaterial. E estes saberes em prol da Ciência também são transferidos de uma
geração (acadêmica) à outra, embora os processos de transmissão destes saberes
também estejam sujeitos a transformações e interferências - assim como nos
processos de âmbito sócio-cultural.
O patrimônio científico, desta forma, pode ser abarcado pela legislação e
protegido através de políticas de conservação e preservação se o enquadrarmos na
posição de patrimônio imaterial. Seus bens encontram-se em museus, universidades,
laboratórios, instituições de pesquisa e por eles salvaguardados. Entretanto, muitas
vezes, encontram-se sujeitos a riscos de perda e à arbitrariedades pelo seu
desconhecimento enquanto patrimônio.
E quanto as coleções? Nas palavras de Canclini
50
, se o patrimônio é
interpretado como repertório fixo de tradições, condensadas em objetos, ele precisa de
um palco-depósito que o contenha e o proteja, um palco-vitrine para exibi-lo.” Este
“palco-depósito” nada mais representa, senão, os museus e suas coleções. Trata-se
do patrimônio nos domínios do museu, assegurado pela coleção. Para o autor, o
50
GARCÍA CANCLINI, Nestor. O Porvir do passado. In: Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair
da Modernidade. Trad. Heloísa Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa. ed. São Paulo: EDUSP, 1998. p.
169.
Coleções, catálogos, relatórios e fósseis... patrimônios da Paleontologia brasileira
23
museu é a sede cerimonial do patrimônio”. Também se encontram as mesmas idéias
nas colocações de Lopes
51
:
Aprofundar a análise dos diferentes ‘sistemas museais’ através dos quais se
conformaram os museus do século XIX, incorporando considerações de ordem política,
ideológica, estrutural, científica, educacional, pressupõe também, acrescentamos nós,
refletir sobre as próprias coleções e as redes sociais que se conformaram em torno
delas. Isto porque as coleções museológicas acumuladas dão acesso às escolhas
feitas no passado, e suas exibições são formas privilegiadas de narrar publicamente
esse passado.
É no berço das coleções científicas que os objetos ou bens patrimoniais estão
assegurados quanto: a sua identidade; o seu caráter de excepcionalidade; a sua
valorização enquanto fonte de conhecimento e saber e produção científica. Além
disso, são testemunhos de eventos históricos, políticos ou científicos e ter sua
criação devida a um ou mais destes aspectos. E também representantes, seja de um
grupo ou de uma simples manifestação da natureza.
Em concordância com Fonseca
52
, é preciso “(...) ir além e questionar o
processo de produção desse universo que constitui um patrimônio, os critérios que
regem a seleção de bens e justificam sua proteção; identificar atores envolvidos nesse
processo e os objetivos que alegam para legitimar o seu trabalho (...)”.
A representação estabelecida, no âmbito da memória, para as Geociências e,
especificamente, para a Paleontologia, delineia-se através dos fatos históricos
registrados, seja na estruturação científica e da composição do perfil profissional da
área; da formação de coleções científicas através de material coletado em campanhas
governamentais e privadas; das metodologias importadas das ciências geológicas com
os geological surveys e, através delas, a consolidação das práticas nas pesquisas e
construção de conhecimento.
51
LOPES, M.M.; Murriello, S. E. Ciências e Educação em museus no final do século XIX. História,
Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 12, n. Supl. p. 16.
52
FONSECA, M. C. L. O Patrimônio em Processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil.
2ª ed. ver. ampl. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; MinC – Iphan, 2005.
Da História Natural às Geociências:
uma abordagem no cenário científico brasileiro
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
25
2. Da História Natural às Geociências: as coleções paleontológicas e o Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil
“A ciência geológica tem, por finalidade, elaborar um conhecimento acerca dos
processos formadores do nosso planeta e de sua evolução no tempo. Este planeta, que
apresenta forma similar a uma esfera, pode ser dividido, da sua parte mais interna à
mais externa, em núcleo, manto e crosta. Os processos a que nos referimos são,
portanto, internos e externos, e os únicos dados objetivos de que dispomos para
elaborar tal conhecimento são as exposições das rochas na superfície. Essas rochas
são os registros esparsos, no tempo e no espaço, de seus processos formadores, que
pretendemos conhecer e representam, analogamente, os indícios deixados pelo
criminoso na cena do crime. Trata-se de, a partir daí, contar a história do planeta.”
1
As primeiras coleções brasileiras de fósseis surgiram em meio a um contexto
de desenvolvimento das Ciências no Brasil do século XIX. Foram pensadas e
projetadas de acordo com os modelos científicos europeus e dotavam de atuação
bastante independente e isolada dos demais centros de pesquisas científicas
estabelecidos no Brasil, adotando como modelos as doutrinas evolucionistas e
darwinistas sociais.
Estudos recentes têm ampliado essas informações. O próprio trabalho de Schwarcz
(1995) revela a influência do darwinismo social nas atividades dos museus etnográficos
e de história natural, dos institutos históricos e geográficos, das faculdades de direito e
de medicina do Brasil. O Museu Nacional do Rio de Janeiro, o de São Paulo e o Goeldi
do Pará, por exemplo, tinham em seus quadros, desde o final do culo, cientistas
reconhecidos publicamente como evolucionistas (...).
2
Naturalistas advindos de toda parte do mundo, especialmente Europa e
Estados Unidos, já se dirigiam ao Brasil no intuito de promover coletas de materiais
para suas coleções, estudo e pesquisa de espécimes aqui encontrados,
estabelecendo os alicerces de um cenário científico nacional até então desconhecido
nos espaços de ciências. Naquele momento, ainda não se havia estabelecido uma
produção científica puramente nacional, o que efetivamente não refletia o objeto de
interesse das instâncias governamentais e de instituições voltadas para a produção de
saber.
1
PARAIZO, Paulo Lopes Brandão. A construção do conhecimento nas ciências geológicas
Contribuições do pensamento de Gaston Bachelard. 2004. Dissertação (Mestrado em Filosofia) -
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
2
GUALTIERI, Regina Cândida Ellero. 2003. O Evolucionismo na Produção Científica do Museu Nacional
do Rio de Janeiro (1876-1915). In: DOMINGUES et al (Org.). A recepção do Darwinismo no Brasil. Rio
de Janeiro: Editora Fiocruz.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
26
Deste modo, em um período onde a produção científica ainda não se
caracterizava como nacional, é possível observar alguns exemplos de instituições que
compuseram o quadro das ciências no Brasil até meados do século XIX.
A Imprensa Régia, a Biblioteca Nacional, o Real Horto e o Museu Real (mais
tarde, Museu Nacional) são frutos oriundos do processo de institucionalização do
ensino no Brasil, que acabaram por contribuir para o papel da colônia como um centro
produtor e reprodutor da cultura e memória da monarquia portuguesa, uma vez que o
Brasil vivia sob o reinado de D. João VI.
A criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no Rio de Janeiro, em
1838, está ligada ao processo de independência política do Brasil - com D. Pedro I - e
seu desenvolvimento se concretizou no Brasil Império, já com a atuação do Imperador
D. Pedro II. Como exemplo da crescente atuação dos institutos históricos e da aliança
entre a elite intelectual e econômica por eles promovida, o IHGB recebeu o encargo da
criação de uma história e de uma memória para a nação brasileira, a fim de provocar
de fato a separação ideológica entre colônia e metrópole
3
. (SCHWARCZ, 1993)
O Museu Nacional e o Museu Paraense de História Natural e Etnográfica (atual
Museu Paraense Emílio Goeldi) destacaram-se como importantes centros de
pesquisas no âmbito tanto dos estudos etnográficos quanto das Ciências Naturais,
num período compreendido entre 1870 a 1930. A partir deste período, o quadro da
produção científica no Brasil sofreu alterações com a inserção de novos modelos
científicos para o ensino e a pesquisa, tanto nos grandes centros de produção de
conhecimento quanto nos museus.
Os museus brasileiros do século XIX pautavam sua atuação através dos
modelos positivistas, evolucionistas e naturalistas, que acabaram por provocar uma
renovação nos museus e em outras instituições brasileiras a partir de 1870. Esta
mudança rompeu com a tradição naturalista, exclusiva nos meios científicos da época,
introduzindo estudos experimentais e propiciando o desenvolvimento de estudos
antropológicos baseados em teorias raciais. É igualmente notável a influência das
idéias evolucionistas nas atividades científicas do período compreendido entre as
décadas finais do século XIX e o início do século XX.
“Aprofundar a análise dos diferentes ‘sistemas museais’ através dos quais se
conformaram os museus do século XIX, incorporando considerações de ordem política,
ideológica, estrutural, científica, educacional, pressupõe também, acrescentamos nós,
refletir sobre as próprias coleções e as redes sociais que se conformaram em torno
delas. Isto porque as coleções museológicas acumuladas dão acesso às escolhas
3
SCHWARCZ, Lilia Moritz. 1993. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil
1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
27
feitas no passado, e suas exibições são formas privilegiadas de narrar publicamente
esse passado.”
Ao longo do século XX as atividades geopaleontológicas tomaram impulso,
consolidando-se em meio aos museus e instituições voltados para as Ciências
Naturais. no início do século XX, em 1902, surgiu o Museu Anchieta de História
Natural, em Curitiba, fundado por José Venâncio de Melo; em 1903, foi fundado o
Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, possuindo coleções de Etnografia e
História Natural (hoje abrigadas no Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais); em
1907, surgiu o Museu do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, no Rio de
Janeiro, e o Museu Rocha, no Ceará, fundado pelo farmacêutico Francisco Dias
Rocha e dirigido às Ciências Naturais e à Arqueologia. O Museu Nacional, o Museu
Paraense Emílio Goeldi, o Museu Paranaense e o Museu Paulista, atuando no cenário
das Ciências Naturais desde o século XIX, deram prosseguimento as suas atividades
científicas
4
.
Leinz (1955) estabelece três fases distintas para as ciências geológicas no
Brasil
5
. A primeira, pelo autor denominada como “época dos viajantes estrangeiros”,
compreendia um período entre 1810 e 1875; a segunda engloba um momento de
criação de comissões científicas orientadas por pesquisadores estrangeiros, voltadas
para a pesquisa sistemática, como reflexo das iniciativas; e, por fim, a fase moderna
que se inicia a partir de 1907, com desenvolvimento de pesquisas sistemáticas de
orientação nacional.
O Museu Nacional insere-se na primeira fase de transformação das ciências no
Brasil, bem como de novas teorias adotadas como paradigmas. O Museu Real (atual
Museu Nacional) foi criado através da promulgação de um decreto realizado por D.
João VI, em 06 de junho de 1818. Na justificativa de sua criação estava o intuito de
que a instituição tivesse uma atuação na propagação do conhecimento e na produção
das ciências naturais no Brasil.
Ocupando o primeiro cargo do museu até sua morte, em 1822, estava a figura
de Frei José da Costa Azevedo. Posteriormente, viriam a assumir o cargo o químico
João da Silveira Caldeira, de 1823 a 1827, e Frei Custódio Alves Serrão, do ano de
1828 a 1847. Seu patrimônio inicial reuniu o acervo da antiga Casa dos Pássaros,
extinta em 1812; objetos da antiguidade, quadros de machetaria e mosaicos, modelos
de máquinas, baixos-relevos alegóricos; doações de D. João VI; e o acervo
4
LOPES, Maria Margareth. O Brasil descobre a pesquisa científica: Os museus e as ciências naturais no
século XIX. São Paulo: HUCITEC, 1997
5
LEINZ, V. 1955. A Geologia e a Paleontologia no Brasil. In: Azevedo, F. A. – As Ciências no Brasil, vol.1.
Melhoramentos.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
28
mineralógico da Coleção Werner, o qual compunha parte principal
6
. (FIGUEIROA,
1997)
O Museu Nacional guardava suas coleções aos cuidados tanto de naturalistas
estrangeiros, quanto de brasileiros. No entanto, a política do museu previa a
obrigatoriedade da presença de naturalistas brasileiros em suas coleções. São citados
vários naturalistas, estrangeiros e nacionais, que visitavam as coleções do Museu
Nacional, à procura de informações científicas advindas das produções do museu.
Entre os nomes citados no Arquivo do Museu Nacional, Manuel F. da Câmara,
Sebastião Navarro de Andrade, Francisco Vieira Goulart, José V. Couto, João da Silva
Feijó, José Caetano de Barros, Auguste de Saint-Hilaire, Monlevade, Langsdorff,
Natterer, entre outros
7
. Esta expansão dos naturalistas europeus pelo mundo,
visitando e pesquisando principalmente nas terras do novo mundo, surge da
necessidade da Ciência ser utilizada como ferramenta para o jogo político-econômico
de grandes potências mundiais.
Desde o ano de 1843, o Museu Nacional e outras instituições de ensino no país
vinculavam-se à Seção de Instrução Pública do Ministério dos Negócios do Império.
Em 1868 ocorre uma transferência, onde o museu passa ser subordinado ao Ministério
da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. O que acabou motivando esta
transferência foi o fato de se ter criado em torno do museu uma expectativa sobre o
papel que poderia desempenhar acerca de certas atividades econômicas em vigor no
país, como a indústria têxtil - surto algodoeiro estimulado pela guerra civil americana -,
e os setores de produtos químicos, instrumentos óticos e náuticos estimulados pela
Guerra do Paraguai
8
. (LUZ, 1985 apud GUALTIERI, 2003)
Gualtieri
9
apontou o papel do Museu Nacional na missão civilizadora que se
encontrava em condições de cumprir. Apresenta as colocações do Ministro da
Agricultura, Cavalcanti Albuquerque, em relatório do ano de 1870, que se queixava
sobre o abandono do museu e seu contraste com o apreço dos povos civilizados por
instituições dessa natureza”, além de afirmar que o museu, por prestar auxílio no que
tange o estudo das ciências, acabava por influenciar no desenvolvimento industrial.
Explicita que a referida missão civilizadora desdobrar-se-ia em três. A primeira missão
traduziria as atividades de produção do conhecimento científico, abrangendo
inventário, classificação e coleção da fauna, flora e minerais brasileiros que se
6
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
7
FIGUEIROA, loc. cit.
8
GUALTIERI, Regina Cândida Ellero. O Evolucionismo na Produção Científica do Museu Nacional do Rio
de Janeiro (1876-1915). In: DOMINGUES et al (Org.). A recepção do Darwinismo no Brasil. Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz, 2003.
9
IDEM, p. 52.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
29
encontravam em acervos no museu; a segunda missão traçaria vínculos com as
funções pedagógicas desempenhadas no museu; já a terceira exploraria a atividade
de divulgação da produção científica brasileira, no intuito de construir uma nova
imagem brasileira perante o mundo científico.
Se contextualizarmos com o período histórico vigente, podemos relacionar esta
missão civilizadora das instituições científicas com o Imperialismo que começava a
atuar, por parte das grandes potências econômicas e políticas mundiais. Grande parte
dos chamados naturalistas - viajantes
10
que aportavam em terras brasileiras era
oriunda destas grandes potências - principalmente Estados Unidos, Inglaterra e
Alemanha. Aqui pesquisavam, coletavam dados de todas as naturezas e, na maioria
das vezes, enviavam imensas e importantes coleções aos seus países de origem.
(FIGUEIROA, 1997)
Ao mesmo tempo em que a comunidade científica brasileira procurava se
igualar ao desenvolvimento que a comunidade científica das grandes potências já
haviam atingido - importando vários modelos científicos europeus e norte-americanos -
, existia um sentimento à procura de uma identidade nacional, que surgia com a
consolidação do Império do Brasil. A vontade de construir uma identidade que fosse
exclusivamente nacional teve suas expressões mais marcantes nos campos da
ciência, influenciando pesquisadores e instituições, e da literatura com o movimento
romântico.
O Museu Nacional direcionou grandes produções que se voltavam para as
ciências naturais e reuniu duas importantes figuras, “homens de sciencia”, à frente de
sua administração Ladislau Netto (1875-1893) e João Batista de Lacerda (1895-
1915). Passou por um processo de reorganização para se enquadrar às novas normas
estabelecidas pelo Regulamento de 1888, tendo sofrido mudanças nas suas seções.
Esta reorganização estava diretamente ligada às rupturas e mudanças no quadro das
concepções científicas daquele momento. Fazem-se perceptíveis os campos da
antropologia, da paleontologia e da embriologia, novas especialidades que acabaram
penetrando o museu e que se relacionavam de modo direto com as teorias
darwinistas
11
. (GUALTIERI, 2003)
Na década de 80 do século XIX, Ladislau de Sousa Melo Neto era o diretor do
Museu Nacional e, segundo publicação do relatório de atividades desenvolvidas,
defendeu de forma sistemática a reforma do regimento do museu. Esta reforma tinha
10
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
11
GUALTIERI, Regina Cândida Ellero. O Evolucionismo na Produção Científica do Museu Nacional do
Rio de Janeiro (1876-1915). In: DOMINGUES et al (Org.). A recepção do Darwinismo no Brasil. Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz, 2003.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
30
por fim a sua modernização, para que o museu pudesse adequar-se ao novo contexto
científico desenvolvido no mundo no campo das ciências, principalmente no contexto
europeu (onde Ladislau Netto tinha visitado recentemente). Ladislau Neto tamm
frisou a importância de que o museu divulgasse as produções científicas de suas
seções através de cursos públicos, o que se efetivou com o Regulamento de 1876
12
.
(FIGUEIROA, 1997)
Como resultado da reforma efetuada em 1876, foi criada a revista Arquivos do
Museu Nacional, publicação que abrigou trabalhos pertinentes às atividades realizadas
no museu. Os trabalhos produzidos pertenciam tanto aos pesquisadores do museu,
quanto a pesquisadores de fora da instituição. Publicaram trabalhos no campo das
ciências geológicas os pesquisadores Orville A. Derby, com sete artigos; John M.
Clarke, com três artigos versando sobre os fósseis coletados pela Comissão
Geológica do Império do Brasil; Richard Rathbun, Israel C. White, John C. Branner,
Henri Gorceix, Leandro Dupré Jr. e Correia da Costa, com um artigo cada. Também
foram publicados cinco artigos na área da Paleontologia, cinco na Geologia
Econômica, quatro na Geologia Geral, um acerca dos meteoritos e um de cunho
bibliográfico
13
. (FIGUEIROA, 1997)
Posteriormente, a publicação da revista fora interrompida. Apenas em 1895, a
revista retornou à ativa, com a nova denominação de Revista do Museu Nacional.
SCHWARCZ (1993)
14
ao analisar os primeiros 24 anos dos Arquivos do Museu
Nacional (posteriormente Revista do Museu Nacional), num período compreendido
entre 1876 e 1930, ressalta as especificidades do seu desenvolvimento e as
preferências temáticas. Apresenta o predomínio de publicação de artigos referentes às
ciências naturais. Em primeiro lugar, encontram-se os ensaios de Zoologia, seguidos
pelos de Botânica, de Geologia e, por último, os de Antropologia e Arqueologia.
Corroborando para a segunda fase apontada por LEINZ (1955), a criação do
Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) em 25 de março de 1871 - regulamentado
pela Lei n.º 713 de 12 de abril de 1872, através da ação de Pedro Leão Veloso,
presidente da Província do Pará
15
- contribuiu para a formação de mais uma coleção
de importância nacional para as Geociências. O estado do Pará, por abranger parte da
Região Amazônica, já havia sido alvo de interesse de naturalistas estrangeiros e
12
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
13
IDEM.
14
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil
1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
15
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
31
nacionais, recebendo várias expedições científicas no decorrer do século XIX.
(FIGUEIROA, 1997)
Contando com a participação de Domingos Soares Ferreira Penna, Jonas
Montenegro e Ladislau Netto foi fundada a Associação Filomática Paraense, em 6 de
outubro de 1866, que deu origem ao museu. O interesse de criar um museu partiu da
proposta da associação de abrigar informações acerca da História Natural da região
paraense, além da arqueologia e etnografia. Ferreira Penna, após a transformação da
associação para museu, assumiu a frente e com eles vários representantes da
sociedade local. Criação de um museu na cidade de Belém daria legitimidade ao
grupo de pesquisadores, onde não existiam escolas de nível superior ou instituições
científicas. O grupo havia estabelecido que o objetivo do museu seria o estudo da flora
e fauna amazônica, bem como de sua constituição geológica, geografia e história
16
.
(SCHWARCZ, 1993)
O Museu Paraense Emílio Goeldi passou para a zona administrativa do
governo provinciano paraense em 1871. Pela falta de recursos e verbas, vários
pesquisadores pediram demissão na época. Nem ao menos os esforços dispensados
por Ferreira Penna fizeram mudar este quadro. O museu acabou transformando-se em
uma repartição pública nos últimos anos do Império e, posteriormente, extinto pelos
deputados da Assembléia Legislativa no ano de 1888.
Sua reinauguração se deu nos idos de 1891, incentivada pelo então
governador Dr. Justo Leite Chermont e por José Veríssimo de Mattos, diretor de
Instrução Pública. Neste momento, no estado do Pará, ocorria o fortalecimento
econômico e o “boom” da borracha. No entanto, o museu que acabava de ser
reinaugurado carecia de verbas, novos objetivos e pessoal qualificado.
Com a demissão do Dr. Emílio Goeldi - zoólogo suíço - do cargo de naturalista
do Museu Nacional, o governador Lauro Sodré decidiu contratá-lo para a direção do
museu. Elio Goeldi tomou a frente do museu em 9 de julho de 1893. Elaborou para
a instituição uma nova estrutura; organizou as seções do museu em Zoologia,
Botânica, Etnologia, Arqueologia, Geologia e Mineralogia; instalou uma biblioteca
especializada em antropologia e cncias naturais; e fundou jardins zoológicos e
botânicos
17
. (SCHWARCZ, 1993)
As publicações do museu iniciaram-se nesta época, e no período de dez anos -
compreendido entre 1894 e 1904 foram publicados 28 trabalhos sobre Geologia,
Paleontologia, Estratigrafia, Mineralogia, Geografia Física, Geologia Econômica e
16
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil
1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
17
IDEM.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
32
Hidrologia, Antropologia e Etnografia
18
. O Boletim do Museu Paraense e Memória do
Museu Paraense foram os dois periódicos lançados. Orville Derby, Charles Hartt e
Herbert Smith estão incluídos na autoria dos trabalhos publicados pelo museu, em
1898, resultantes da Comissão Geológica do Brasil, sobre geologia e geografia física
do Baixo Amazonas. Contratado para o museu em 1896, Frederic Katzer foi o autor da
maioria dos trabalhos, reunindo 23 artigos. Na chefia da Seção de Geologia, Katzer
deu prosseguimento aos trabalhos de geologia, paleontologia e mineração e
permaneceu no museu durante dois anos e meio, quando retornou à Europa em 1898
onde publicou um trabalho versando sobre a geologia do Pará e o primeiro mapa
geológico daquela região.
O museu tamm reuniu naturalistas europeus, quando Goeldi procurou fazer
da instituição um modelo no porte das instituições científicas européias. Neste
momento, observa-se que o papel e a importância do museu não estavam para uma
produção intelectual local, mas sim para uma lógica científica européia. O botânico
Jacques Hubert, o zoólogo Godofredo Hagman, o zoólogo e botânico Adolpho Ducke,
o taxidermista Joseph Schonnann, o etnólogo Curt Nimuendaju e o desenhista
litógrafo Ernest Lonse, são exemplos de naturalistas europeus trazidos ao museu
19
.
Após Katzer desligar-se do museu, foram contratados os pesquisadores Karl
von Kraatz-Koschlau e Max Kaech (em 1904). Ambos os pesquisadores faleceram
após assumir a direção do MPEG, vitimados pela febre amarela. Em seguida, o MPEG
entra num período onde as ciências geológicas quase se extinguiram, que perdura até
1955.
Um dos mais importantes setores do museu compreende a Área de
Geociências, que durante o século XX acompanhou as fases ativas e inativas do
museu. A partir de 1955, foram desenvolvidos projetos de suma importância nas áreas
Geologia/Paleontologia, por meio da colaboração advinda de geólogos e
paleontólogos do Museu Nacional e do Departamento Nacional da Produção Mineral
(DNPM). Estes pesquisadores desenvolveram estudos de algumas formações do
Devoniano, Carbonífero e Neógeno (Mioceno da Formação Pirabas)
20
.
Em um período compreendido entre 1962 até 1969, deu-se a intensificação das
explorações e estudos geológicos, mineralógicos e paleontológicos com a
concentração de vários especialistas. No sentido de contribuir com a ampliação do
patrimônio do museu, foram realizadas coletas de fósseis, rochas e minerais e
18
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
19
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil
1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
20
O Museu Paraense Emílio Goeldi. São Paulo: Banco Safra, 1986.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
33
publicação de trabalhos sobre os resultados obtidos dos estudos. Assim como em
outros momentos, a Geologia do museu entrou novamente em inatividade, vítima do
descaso por parte das administrações do museu, chegando ao ponto de quase
desaparecer. No entanto, em 1982, algumas atividades foram iniciadas no Setor de
Geociências sob a supervisão de José Seixas Lourenço e os objetivos de estudo deste
setor indicavam pesquisas em Paleontologia, Geologia Ambiental e Geofísica Aplicada
e Arqueologia.
Inaugurando a fase moderna (LEINZ, 1955), verifica-se a criação de uma
instituição que se dedicou ao estudo da geologia do Brasil e reunido vultos que fizeram
história no decorrer de suas atividades. O Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil
(SGMB), criado em 1907 e chefiado por Orville Adelbert Derby, enfocou o interesse
nacional na busca e estudo dos recursos naturais e do carvão.
Em 1905, Derby havia pedido demissão de seu cargo na Comissão Geográfica
e Geológica de São Paulo, devido ao confronto estabelecido com a elite e o poder
público. Em seguida, recebera o encargo de dirigir o Serviço de Terras e Minas, por
Miguel Calmon du Pin e Almeida, secretário de Agricultura da Bahia. No Governo
Afonso Pena, Miguel Calmon du Pin e Almeida tornou-se Ministro da Indústria, Viação
e Obras Públicas, dando a Derby a incumbência da criação do Serviço Geológico e
Mineralógico do Brasil (SGMB) em 1906. Neste contexto, tendo à frente a figura de
Orville Adelbert Derby, o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil SGMB é criado
em 10 de janeiro de 1907 pelo Decreto nº 6.323
21
. (FIGUEIROA, 1997)
O modelo adotado pela Comissão Geológica do Brasil foi também utilizado
tanto pela Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (1886), quanto pelo
Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil
22
. Orientando-se pelo modelo geral dos
geological surveys, o SGMB institui no Brasil a consolidação das pesquisas
sistemáticas
23
. Até 1935, quando finaliza-se a fase pioneira das ciências geológicas no
Brasil, as pesquisas geológicas realizadas no Brasil eram características apenas de
levantamentos gerais
24
. (SCHWARCZ, 1993; FIGUEIROA, 1997; LEINZ, 1955)
21
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
22
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil
1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
23
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
24
LEINZ, V. A Geologia e a Paleontologia no Brasil. In: Azevedo, F. A. As Ciências no Brasil, vol.1.
Melhoramentos, 1955.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
34
“Decreto n.º 6.323, de 10 de janeiro de 1907.
O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, usando das autoridades
constantes do n.º 1, aliena a, e o XXIV, 8º, do art. 35 e o n.º XI e XII, do art. 17, da Lei n.º
1.145, de 31 de dezembro de 1903, com a restrição do art. 17, da Lei n.º 1.453, de 30 de
dezembro de 1905, decreta:
Art. 1.º - Fica criado o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, de acôrdo com as
instruções que a êste acompanham, assinadas pelo Ministro de Estado da Indústria, Viação e
Obras Públicas.
Art. 2.º - Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1907, 19.º da República”.
a) Afonso Augusto Moreira Pena
a) Miguel Calmon du Pin e Almeida
Art. 1.º - O Serviço Geológico tem por fins principais:
1 - Fazer o estudo científico da estrutura geológica da mineralogia, meios e recursos
minerais do território da República, tendo sobretudo em vista o aproveitamento dos recursos
minerais e das águas superficiais e subterrâneas, e a coleta de informações sobre a natureza
geológica e fisiográfica do terreno, que possam servir de base à organização de projetos de
vias de comunicação e outras obras públicas, especialmente as de prevenção contra os efeitos
das secas.
2 - Manter um laboratório e museu de geologia e mineralogia e colecionar, classificar e
coordenar, para exposição no país e nos principais centros estrangeiros, as amostras
necessárias, acompanhadas de informações apropriadas, de modo a proporcionar aos
interessados o conhecimento, o mais completo possível da geologia, mineralogia e recursos
minerais do Brasil; e efetuar investigações químicas, paleontológicas e outras tendentes a
consecução dos fins principais do Serviço, etc.
3 - Preparar e fazer editar mapas, plantas, diagramas e desenhos ou fotografias,
convenientes para ilustração e elucidação de investigações; relatórios e outras publicações do
Serviço.
4 - Organizar, publicar estatísticas da produção mineral, da indústria mineira e
metalúrgica do País; estudar fatos relativos ao suprimento d’água, tanto para irrigação, como
para fins domésticos e industriais; proceder a estudos bre poços artesianos, ou outros, e
sôbre minas e instalações mineiras no País, e fazer, por todos os meios ao seu alcance,
propaganda sistemática das mesmas riquezas minerais.
5 - Fornecer dados e informações sôbre questões de propriedade de terras e minas,
bem como acêrca de todos os assuntos concernentes à indústria de mineração e aos demais
fins do Serviço, sempre que forem requisitados pelo Govêrno Federal, ou, com autorização
dêste, pelos Govêrnos dos Estados ou por particulares.
(GONSALVES, 1951, p. 19-21)
25
25
GONSALVES, Alfeu Diniz. Derby e o Serviço Geológico Mineralógico do Brasil. In: LAMEGO, Alberto
Ribeiro. Orville A. Derby: 1851 1951: Alguns aspectos de sua obra. Rio de Janeiro: DGM/DNPM,
1951. p.17-32.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
35
Os geological surveys (serviços geológicos) entram como um modelo
metodológico para as instituições voltadas para as ciências geológicas no mundo todo
a partir do século XIX, inclusive para o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.
Esta modalidade de serviço voltada para as ciências geológicas teve berço na Grã-
Bretanha em 1832, sendo posteriormente adotada pelo Canadá (1842), Irlanda (1845),
Portugal (1848), Áustria (1849), Espanha (1851), Índia (1851), Suécia (1858), França
(1868), Hungria (1869), Saxônia (1872), Prússia (1873), Japão (1878), EUA (1879),
Rússia (1882), Bélgica (1882), Finlândia (1886), China (1911)
26
. (GUNTEAU, 1988
apud FIGUEIROA, 2001).
Com o desenvolvimento das instituições no Brasil, e conseqüentemente do
crescimento dos estudos em ciências geológicas, fez-se necessária a adoção de um
modelo institucional. O modelo de surveys adotado no Brasil pelas instituições de
pesquisa fora importado do serviço desenvolvido nos Estados Unidos. Hartt, por sua
vez, acabou por convencer o governo brasileiro da importância na criação de um
survey geológico, justificando o papel da Comissão Geológica do Império e travando
um paralelo entre a sua atuação e os modelos de surveys norte-americanos
existentes. Hartt ainda destacou perante o governo a utilidade que o survey viria a ter
com seus serviços prestados ao Museu Nacional, com o fornecimento de material para
pesquisa e formação de coleções científicas. Os Geological Surveys, introduzidos no
país através de especialistas estrangeiros, promoveram o mapeamento das reservas
minerais brasileiras e as coletas em sítios paleontológicos, interferindo diretamente
nas políticas governamentais para exploração dos recursos naturais do país e
consolidando uma metodologia de coleta destes mesmos recursos.
Os objetivos almejados pelo SGMB eram praticamente os mesmos que
levaram à realização das atividades da CGB e da CGG. Abrangiam o levantamento
dos recursos minerais no território brasileiro, problemas com as secas na agricultura e
as vias de comunicação. Mais uma vez, observa-se a preocupação com as atividades
econômicas do país, que agora determinavam novas demandas.
Se considerarmos o contexto histórico vivido pelo Brasil naquele momento,
constataremos que o café ainda liderava o ranking da economia brasileira, apesar da
diferença notada ao comparar sua demanda na segunda metade do século XIX; o
processo de industrialização crescia, ganhando ainda mais espaço a indústria
doméstica, atraindo investimentos; em conseqüência do crescimento industrial,
aumenta-se a demanda energética, bem como levanta-se a questão da siderurgia de
alto-forno e do ferro.
26
FIGUEIRÔA, S. F. de M. A Comissão geológica do Império do Brasil. In: DANTES, Maria Amélia M.
(Org.). Espaços da Ciência no Brasil: 1800-1930. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
36
Todas estas questões tornaram-se alvo de preocupação por parte do Governo
Federal que, em 1904, criou uma comissão para o levantamento dos depósitos e
jazidas de carvão mineral na parte sul do Brasil: Comissão de Estudos das Minas de
Carvão de Pedra do Brasil. Esta preocupação também pôde ser observada quando da
criação da CGG, expressa nas suas atividades de levantamentos de rios paulistas.
Outro ponto a ser discutido seria a Constituição Republicana de 1891, que
modifica a regulamentação do direito de propriedade do solo e do subsolo. Com a
modificação estabelecida, as minas e os recursos minerais passaram à condição de
acessórios do solo e, a partir de então, a propriedade mineira estaria submetida à
superficial. Esta medida governamental acabou por provocar uma forte diminuição na
atividade extrativa mineral e o desinteresse na busca de novas jazidas
27
.
A preocupação com esse estado de coisas foi mencionada várias vezes nas
Mensagens Anuais endereçadas ao Congresso Nacional pelos presidentes da
República, e Afonso Pena, ao esclarecer os motivos que o levaram a criar o SGMB
diria que ao Serviço caberia “fazer propaganda sistemática das nossas riquezas
minerais; a falta de conhecimento exato das nossas jazidas constituiu sempre um dos
maiores estorvos à sua proveitosa exploração, e grande estímulo para os
especuladores que tanto nos prejudicam a esse respeito.
28
Duas questões foram debatidas e publicadas no Jornal do Comércio da época,
segundo FIGUEIROA (1997) acerca do SGMB. A primeira questão fora o cuidado tido
por parte do governo, que se encontrava preocupado com a possibilidade das
pesquisas tomarem um rumo sem aplicação prática ou fora do seu universo de
interesses. A segunda questão versava sobre a abertura do mercado de trabalho para
os técnicos nacionais, cessando a tradição histórica das instituições nacionais em
trazer pesquisadores estrangeiros. A autora ainda coloca que estas questões seriam o
resultado das pressões exercidas pelos engenheiros nacionais. Em outras palavras,
estavam em busca de consolidar seu espaço no mercado trabalhista nacional, uma
vez que disputavam espaço com os estrangeiros.
De parte desta situação, em 26 de janeiro de 1907, Derby enviou o primeiro
ofício emitido pelo SGMB ao Ministro Calmon. Nele indicava para os cargos de
primeiros-engenheiros Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Francisco de Paula Oliveira e
Luís Felipe Gonzaga de Campos; para os cargos de segundos-engenheiros, Carlos
Moreira e Cícero de Campos. E quando o SGMB incorporou os serviços da Comissão
de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil, Benedito José dos Santos e
Eusébio Paulo de Oliveira entram para os cargos técnicos oferecidos.
27
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
28
IDEM.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
37
Desta forma, Derby compôs o primeiro corpo técnico do SGMB, com os nomes
de Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Francisco de Paula Oliveira, Luís Felipe Gonzaga
de Campos, Carlos Moreira, Cícero de Campos, Benedito José dos Santos, Eusébio
Paulo de Oliveira e Horace Elbert Williams
29
. Luís Felipe Gonzaga de Campos, já
havia trabalhado com Derby nas atividades de reconhecimento geológico da CGG;
Horace Elbert Williams fora ajudante de Derby, em relação às atividades geodésicas
de São Paulo, pela CGG; Eusébio Paulo de Oliveira era conhecido de Derby e havia
prestado auxílio a Israel C. White, quando na Comissão do Carvão
30
.
Com o início das atividades do primeiro ano de criação do SGMB, Derby
preocupara-se com a questão das formações cristalinas dos arredores da Capital da
República. Dando continuidade no conhecimento da região carbonífera do sul do
Brasil, com estudos geológicos e levantamentos topográficos do estado do Paraná,
Derby contou com a atuação de Francisco de Paula Oliveira e de Euzébio Paulo de
Oliveira. Luis Felipe Gonzaga de Campos, Cícero de Campos e Benedicto José dos
Santos foram encarregados do preparo da base topográfica para os estudos de
jazidas de ferro, ouro e manganês, na parte central do estado de Minas Gerais
31
.
As viagens realizadas pelos geólogos ao longo do território brasileiro ainda
demonstravam a carência de infra-estrutura, uma vez que os pesquisadores ainda
viajavam a ou utilizando-se de cavalos e canoas. Os percursos das viagens eram
percorridos durante meses com bastante dificuldade e, ainda assim, os geólogos
brasileiros fizeram render ótimos trabalhos acerca dos estudos geológicos no país
32
.
Para efeitos de conhecimento, outras atividades visando o estudo e
levantamento da geologia do Brasil foram realizadas, além da criação de novas
instituições científicas. Ainda em 1907 foi criada a Comissão Schnoor, cujas
atribuições envolveram o traçado do prolongamento da Estrada de Ferro Noroeste do
Brasil. Com a importante participão de Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa primeiro-
engenheiro do SGMB -, esta comissão veio a contribuir para o conhecimento da
geologia tanto do oeste de São Paulo, quanto do sul de Mato Grosso.
Desde 1907, John Casper Branner e Roderic Crandall percorreram os sertões
da Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará e Piauí, patrocinados através da verba oriunda de
Obras contra os efeitos das Secas. Dirigido por Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, é
criado outro centro de pesquisas geológicas: Inspetoria Federal de Obras Contra as
29
Horace E. Williams é citado por TOSATTO (2001) como pertencente ao quadro técnico do SGMB.
30
TOSATTO, Pierluigi. Orville A. Derby: “O Pai da Geologia do Brasil”. Rio de Janeiro: CPRM; DNPM,
2001.
31
ALVIM, Gerson de Faria. O Serviço Geológico (a): (1907 a 1939). In: DNPM. 1946. Histórico do Serviço
Geológico e Mineralógico e Considerações sobre suas atividades. Boletim do Serviço Geológico e
Mineralógico. Brasil, 100, p. 9-36.
32
LEINZ, V. A Geologia e a Paleontologia no Brasil. In: Azevedo, F. A. As Ciências no Brasil, vol.1.
Melhoramentos, 1955. p. 243-263.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
38
Secas, em 1909. Vários trabalhos versando sobre a geologia do Nordeste são
publicados através da nova instituição, dos quais são autores os geólogos Roderic
Crandall - em 1910 -, Horace Small - em 1913 e 1914 -, Ralph Sopper - em 1913 - e
Luciano Jacques de Moraes – em 1924
33
.
Neste ínterim, o SGMB traçou um acordo com a Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas
; produz, a partir deste acordo, um estudo sobre o regime legal das
águas brasileiras e os trabalhos realizados apontaram informações legais,
climatológicas, hidrográficas e agrícolas; enfim, o SGMB chegava à conclusão de que
o levantamento meteorológico regular e a irrigação das regiões áridas e semi-áridas
do nordeste faziam-se necessárias
34
.
Então, a ação do SGMB voltou-se para o ataque contra as secas do Nordeste e
para a questão da irrigação. Em 1909, o governo em relação ao convite que recebera
para participação no 17º Congresso Nacional de Irrigação (17º National Irrigation
Congress, nos Estados Unidos), chegou a consultar o Serviço. Derby reafirmara a
importância da questão da irrigação, chegando a publicar nove artigos sobre o tema
das secas na Revista de Engenharia e no Jornal do Comércio, entre outros
periódicos
35
.
Derby procurou direcionar os passos do SGMB por uma diretriz efetivamente
científica, uma vez que as informações sobre a geologia brasileira eram poucas e as
publicações voltadas para os recursos minerais não contribuíam para o estudo da
geologia. Os primeiros cinco anos de atividades do SGMB demonstraram o empenho
de Derby, e dos demais integrantes técnicos, em traçar uma investigação sobre a
estratigrafia do território brasileiro e sobre a organização de uma coluna geológica. As
regiões nordeste e sul, além do estado de Minas Gerais, foram as selecionadas para
estudos geológicos, incluindo o estudo econômico dos recursos minerais, a aquisição
de documentação acerca da petrografia e paleontologia e classificação das formações
geológicas.
A partir do Decreto n.º 9.212 de 15 de dezembro de 1911, o Governo
estabeleceu um novo regulamento para o SGMB, onde todos os trabalhos publicados
pelo serviço receberiam o título Anais dos Serviços Geológico e Mineralógico do
Brasil. O periódico era distribuído gratuitamente, bem como publicado à parte das
Monografias, Memórias – trabalhos de maior destaque
36
.
33
MENDES, J. C. & PETRI, S. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1971.
34
FIGUEIROA, S. F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875-1934.
São Paulo: HUCITEC, 1997.
35
IDEM.
36
ALVIM, Gerson de Faria. O Serviço Geológico (a): (1907 a 1939). In: DNPM. 1946. Histórico do Serviço
Geológico e Mineralógico e Considerações sobre suas atividades. Boletim do Serviço Geológico e
Mineralógico. Brasil, 100, p. 9-36.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
39
Foi publicada em 1913 a primeira monografia do Serviço Geológico e
Mineralógico do Brasil - Monografia I Fósseis devonianos do Paraná” -, de autoria
do paleontólogo norte-americano John Mason Clarke. Vista como um marco, fora a
primeira publicação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, reunindo os
resultados de um estudo realizado por Clarke acerca da coleção de fósseis coletados
no estado do Paraná. Esta coleção havia sido enviada pelo Serviço à Clarke, nos
Estados Unidos, onde foram descritos e classificados, constituindo os primeiros
espécimes do Museu de Paleontologia do SGMB. A monografia de Clarke, de cunho
estritamente científico, tratou da correlação da fauna de invertebrados marinhos
devonianos da Bacia do Paraná (incluindo Brasil, Bolívia, Argentina, Ilhas Falklands e
África do Sul) com a fauna de invertebrados marinhos devonianos da Bacia do
Amazonas
37
.
Os trabalhos publicados pelo SGMB continuaram com o perfil científico. No
entanto, a cientificidade dos trabalhos começou a ser utilizada nas relações com os
outros departamentos do Serviço. Exemplos desta relação são manifestados nos
trabalhos publicados pela Comissão de Obras Contra os Efeitos da Seca, na
mineração das regiões central e sul do Brasil. O cunho científico dos trabalhos passou,
portanto, a ser utilizado nas investigações. A administração do Serviço almejava o
estudo direto e imediato dos recursos minerais, sob uma ótica econômica e não
puramente científica.
O decreto 11.448 de 20 de janeiro de 1915 baixa novas instruções neste
sentido, procurando determinar uma mudança na orientação científica da repartição. O
decreto determinava:
Evitar que a investigação se norteie por alvos exclusivamente científicos, tendo-se em
vista que, em país novo e em fase de investigação, aproveitamento e divulgação de
seus recursos, o lado econômico, utilitário, deve preponderar em todos os esforços, de
modo que êstes, seja qual for, sua natureza, tenham por escopo a mise en valeur dos
elementos de riqueza, quiçá existentes em nosso território
38
.
Importante ressaltar que pouco antes, o Congresso havia votado a lei que
regulava a exploração das minas brasileiras, sob o decreto n.º 2.933 de 06 de janeiro
de 1915. O ano de 1915 representou para o Serviço Geológico um período que
demandava recursos pessoal e material, exigidos por um programa de trabalhos
programados. No entanto, o quadro técnico sofrera uma redução em conseqüência do
novo regulamento, que fizera aumentar apenas o corpo burocrático.
37
ALVIM, Gerson de Faria. O Serviço Geológico (a): (1907 a 1939). In: DNPM. 1946. Histórico do Serviço
Geológico e Mineralógico e Considerações sobre suas atividades. Boletim do Serviço Geológico e
Mineralógico. Brasil, 100, p. 9-36.
38
IDEM.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
40
Fato relevante, o Serviço vivia o contexto de deflagração da Primeira Guerra
Mundial, iniciada em 1914, e que acabou por contribuir indiretamente numa
penetração mais apurada dos recursos econômicos brasileiros. Uma vez com as
dificuldades de importação de matéria-prima de outros países, a indústria brasileira
sofreu forte impacto.
Tendo substituído Derby na direção do SGMB, que falecera em 1915, Luís
Felipe Gonzaga de Campos reuniu esforços para a produção das atividades do
Serviço, mesmo com verbas reduzidas. O Serviço realizava investigações em
depósitos de carvão e em ocorrências de minerais de valor econômico, além de
direcionar o levantamento das principais fontes de energia hidráulica no país e traçar
perfis de quedas d’águas e regime dos rios.
No que se refere às fontes energéticas, Eusébio Paulo de Oliveira fora
encarregado de iniciar as investigações sobre a existência de petróleo em território
brasileiro, ainda sob a direção de Orville Derby. Através das investigações realizadas
até 1918, foi possível publicar os resultados adquiridos no primeiro número do Boletim
do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, em 1920
39
.
Em detrimento das dificuldades trazidas pela Primeira Guerra Mundial, a
necessidade de obtenção de combustível líquido cresceu o suficiente para a demanda
exigida pelo país. Ciente disto, Derby encarregara o geólogo Euzébio Paulo de
Oliveira para estudo e verificação da existência de petróleo em território nacional.
Em 1915, o SGMB ampliou suas áreas de pesquisa acerca do carvão de pedra.
Novos afloramentos foram descobertos ao norte do estado do Paraná e estudos foram
promovidos devido à possibilidade de existência de carvão de pedra no Vale do
Amazonas. A partir desta possibilidade, o Serviço iniciou uma operação na Região de
Maués – primeira sonda rotativa criada para investigar o subsolo.
O SGMB, em nome do Governo, havia sido autorizado a estudar as jazidas de
petróleo do estado de Alagoas e de outros estados, pela lei orçamentária de 1918. a
primeira sonda para a pesquisa de petróleo fora instalada, em 1919, no estado do
Paraná. Neste período, Euzébio Paulo de Oliveira estabelece orientações para a
pesquisa sobre o petróleo nos estado do Paraná, São Paulo e Bahia
40
.
Luiz Felipe Gonzaga de Campos, então diretor do SGMB, conseguiu despertar
o interesse da alta administração para os estudos de geologia e para as pesquisas
acerca do petróleo. Como conseqüência de sua influência nestas questões, as seções
do Serviço sofreram significativas ampliações, além de receberem todo o material de
39
ALVIM, Gerson de Faria. O Serviço Geológico (a): (1907 a 1939). In: DNPM. 1946. Histórico do Serviço
Geológico e Mineralógico e Considerações sobre suas atividades. Boletim do Serviço Geológico e
Mineralógico. Brasil, 100, p. 9-36.
40
IDEM.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
41
que necessitavam. Outras seções foram criadas e o SGMB passou a ser constituído
das seções de Geologia, Forças Hidráulicas, do Laboratório de Análises, de
Sondagem e da estação Experimental de Combustíveis e Minérios.
Publicado em 1920, o Relatório do SGMB referente ao ano de 1919, continha
um estudo aprofundado acerca da exploração e do aproveitamento do carvão de
pedra nacional. A siderurgia nacional também se transformou num grande ponto de
interesse do Serviço, publicando em 1922 o boletim n. 2, intitulado Informação sôbre
a Indústria Siderúrgica”, de autoria de Gonzaga de Campos
41
.
Em 1923, Gonzaga de Campos foi obrigado a se afastar da direção do Serviço.
Euzébio Paulo de Oliveira assume como substituto interino até 1925, quando se o
falecimento de Gonzaga de Campos. Ainda neste ano, Euzébio Paulo de Oliveira é
efetivado a diretor do SGMB. Com o novo diretor, o quadro técnico é enriquecido com
a entrada dos técnicos brasileiros: Annibal Alves Bastos, Paulino Franco de Carvalho,
Avelino Inácio de Oliveira, Luciano Jacques de Moraes, Luís Flores de Moraes Rego,
Alberto Ribeiro Lamego, Pedro de Moura, Djalma Guimarães, Othon Henry Leonardos,
Glycon de Paiva e Evaristo Pena Scorza
42
.
Na administração de Euzébio de Oliveira, as atividades do Serviço assumiram
um perfil efetivamente nacional, contextualizado ao patriotismo do novo diretor,
assinalando o período de maior grandiosidade para a instituição. Todos os setores
voltaram-se para o estudo da geologia brasileira, sob todas as suas óticas, e para a
investigação dos recursos do solo e subsolo nacionais.todas as atividades estavam
interligadas, então, à lógica de reservas econômicas para o progresso e grandeza do
país. Partindo deste ponto, fora promovida a estatística dos produtos minerais
existentes no país, do potencial hidráulico das quedas d’águas, da capacidade das
fontes de água subterrânea e das qualidades terapêuticas das águas minerais. Outra
preocupação traduziu-se na classificação geológica do solo de acordo com os
interesses agrícolas
43
.
Para que todas as finalidades fossem levadas adiante, era necessária a
realização de estudos geológicos, com a classificação dos diferentes tipos de terrenos
quanto a sua natureza, origem e disposição; estudos mineralógicos, com análise da
natureza dos elementos que constituem os terrenos brasileiros; e estudos
paleontológicos, para identificação das etapas sucessivas da formação dos terrenos.
41
ALVIM, Gerson de Faria. O Serviço Geológico (a): (1907 a 1939). In: DNPM. 1946. Histórico do Serviço
Geológico e Mineralógico e Considerações sobre suas atividades. Boletim do Serviço Geológico e
Mineralógico. Brasil, 100, p. 9-36.
42
MENDES, J. C. & PETRI, S. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1971.
43
ALVIM, Gerson de Faria. O Serviço Geológico (a): (1907 a 1939). In: DNPM. 1946. Histórico do Serviço
Geológico e Mineralógico e Considerações sobre suas atividades. Boletim do Serviço Geológico e
Mineralógico. Brasil, 100, p. 9-36.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
42
Ainda neste período diversas coleções de fósseis, adquiridas pelo Serviço,
foram enviadas para estudo a paleontólogos estrangeiros, como Carlota Joaquina
Maury - paleontóloga norte-americana, do Departamento de Geologia da Universidade
de Cornell - e F. R. Cowper Reed - paleontólogo inglês. Ambos que chegaram a
realizar diversas monografias para o Serviço, contribuindo para o conhecimento da
Paleontologia brasileira.
Quanto à produção nacional, destacam-se os geólogos Avelino Inácio de
Oliveira, com o estudo do Vale do Rio Erepecuru (Cuminá, PA) e da Bacia do Rio
Branco; Horace Williams, realizando observações na Chapada Diamantina (BA) e no
estado do Ceará; Glycon de Paiva, com pesquisas acerca do Vale do Rio Negro; e
Luciano Jacques de Moraes, trabalhando a geologia de Pernambuco
44
.
Em 1933, o SGMB passou a ser um órgão subordinado ao Departamento
Nacional da Produção Mineral (DNPM) do Ministério da Agricultura ao qual o Museu
de Cncias da Terra é atualmente subordinado -, que por sua vez deu
prosseguimento aos estudos geológicos e paleontológicos realizados ao longo das
regiões brasileiras e disponibilizando fomentos para as pesquisas geológicas
45
.
É fora de vida que a paleontologia foi, entre as ciências geológicas puras, a que
tomou maior impulso nos últimos anos, depois de uma ausência quase absoluta entre
nós. Até pouco tempo, a maior parte do material paleontológico era enviado para o
exterior, como bem patenteiam as excelentes monografias do Serviço Geológico
Federal. (...) Interessante é observar que núcleos de paleontologistas formaram-se
simultaneamente em várias cidades e instituições, tal como a Divisão de Geologia e
Mineralogia que, durante muitos anos, foi a única que conduziu pesquisas
paleontológicas. Aumentou muito suas atividades, tento em amplitude, como em
intensidade. Além dela também o Museu Nacional, a Universidade de São Paulo, o
Museu Paranaense e o Conselho Nacional de Petróleo dedicam-se a este assunto,
além de outros. As pesquisas cobrem os ramos dos vertebrados fósseis, invertebrados,
microfósseis e mesmo paleobotânica.
46
O Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM era constituído das
seções Serviço Geológico e Mineralógico, Serviço de Fomento da Produção Mineral,
Serviço de Águas e Laboratório Central. Como é possível observar, a primeira seção
citada do DNPM manteve a denominação do antigo Serviço Geológico, criado em
1907, pertencente à Divisão de Geologia e Mineralogia.
44
MENDES, J. C. & PETRI, S. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1971.
45
A Academia Brasileira de Ciências, fundada em 1916, constituía outra instituição com fins voltados
para o fomento das pesquisas e para o estímulo dos pesquisadores, posteriormente completada e
ampliada pela instituição oficial do Conselho Nacional de Pesquisas, fundado em 1950.
46
LEINZ, V. A Geologia e a Paleontologia no Brasil. In: Azevedo, F. A. As Ciências no Brasil, vol.1.
Melhoramentos, 1955. p. 243-263.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
43
Nomes de notáveis pesquisadores marcaram o percurso histórico das
atividades do DNPM, tais como Aristômenes Guimarães Duarte, Elias Dolianiti, Paulo
Erichsen de Oliveira, Karl Beurlen, Luiz Felipe Gonzaga Campos, George F. Rosier,
Viktor Leinz, Llewellyn Ivor Price, F. Sommer, Fernando F. Marques de Almeida,
Rubens da Silva Santos, Elisiário Távora Filho, José Raimundo de Andrade Ramos,
Wilhelm Kegel, Hanfrit Putzer, Heinz Ebert.
Discípulo de Orville. A. Derby e incorporando no Serviço Geológico e
Mineralógico do Brasil em 1910, Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo foi o primeiro
pesquisador brasileiro com interesse em pesquisas paleontológicas. Em outras
palavras, foi o primeiro paleontólogo brasileiro, e seu nome ficou marcado na história
do SGMB e do DNPM devido a sua atuação para o desenvolvimento das pesquisas
paleontológicas. Através de sua influência, Paulo Erichsen de Oliveira, Aristômenes
Guimarães Duarte e Elias Dolianiti, acabaram por ingressar nos estudos
paleontológicos. Paulo Erichsen e Aristômenes Guimarães Duarte promoviam estudos
acerca dos invertebrados fósseis, enquanto Elias Dolianiti dedicava-se à
Paleobotânica
47
.
O DNPM realizou sua maior contribuição para o país no sentido de
reconhecimento da estrutura do solo e dos recursos minerais. Não se pode deixar de
considerar que a instituição contava com um quadro relativamente reduzido de
técnicos para suas atribuições. No intuito de ampliar este quadro, novos técnicos
(tanto nacionais, quanto estrangeiros) foram adquiridos. Entre eles, Llewellyn Ivor
Price, Rubens da Silva Santos, Viktor Leinz, Paulo Erichsen de Oliveira, Friedrich
Wilhelm Sommer, Wilhelm Kegel, Karl Beurlen, Elisiário Távora Filho, José Raimundo
de Andrade Ramos, Hanfrit Putzer, Heinz Ebert e George F. Rosier
48
.
O DNPM assinalou desde seus momentos iniciais o intuito de preparar cartas
geológicas, e a primeira veio a ser publicada em 1938, a cores e numa escala de 1
para 7 milhões. Um Atlas geológico também fora confeccionado e publicado neste
mesmo período. Em 1942, é publicado o novo mapa geológico do Brasil, numa escala
de 1 para 5 milhões.
Na década de 1930, as pesquisas desenvolvidas pela Seção de Fomento da
Produção Mineral carregavam o interesse econômico do DNPM, envolvendo o estudo
dos depósitos diamantíferos, das jazidas de ferro, manganês, níquel, apatita e carvão,
e ainda o petróleo. As ocorrências constatadas de valor econômico de todo o Brasil
foram divulgadas no Boletim da Seção de Fomento da Produção Mineral, recebendo
as contribuições de Othon Henry Leonardos e Luciano Jacques de Moraes, entre
47
MENDES, J. C. & PETRI, S. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1971.
48
IDEM.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
44
outros geólogos. Ao estudo do carvão, dedicaram-se os geólogos Glycon de Paiva,
Eugênio Bourdot Dutra, Hanfrit Putzer e Gabriel Mauro de Araújo Oliveira
49
.
Até 1939, a Seção de Fomento da Produção Mineral esteve à frente da procura
de petróleo, realizando levantamentos de superfície e instalando sondagens. Desta
forma, conseguiram desvendar e levar a conhecimento a estrutura da Região
Amazônica, desde o estado do Pará ao Acre, contando com o trabalho dos geólogos
Avelino Inácio de Oliveira e Pedro de Moura.
O corpo técnico adquirido pela Divisão de Geologia e Mineralogia do SGMB era
distribuído entre as várias seções destinadas ao levantamento geológico do território
nacional, encarregando-se cada profissional técnico a uma região. Dentre os
profissionais, destacam-se os exemplos de José Lino de Melo Jr., travando
investigações para conhecimento geológico no estado da Bahia; Alberto Ildefonso
Erichsen nos estados de Goiás e Mato Grosso; Annibal Alves Bastos e Paulino Franco
de Carvalho nos estados da região sul do Brasil; Alberto Ribeiro Lamego na região da
Guanabara, estado do Rio de Janeiro, e Espírito Santo; Wilhelm Kegel voltou-se para
o estudo da Bacia do Parnaíba, para estudos nos estados da Bahia e de Pernambuco;
Ebert e Rosier dedicaram-se ao estudo dos terrenos silurianos, o primeiro nos
estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o segundo em Minas Gerais e na Região
Nordeste
50
.
Nos serviços internos do Setor de Petrologia, Guimarães (granitização) e
Scorza (petrografia geral) ganharam destaque. Registra-se igualmente a atuação de
Távora Filho em Mineralogia. Na área da Paleontologia, destacam-se os estudos
realizados por Elias Dolianiti acerca da flora gonduânica do Brasil meridional e da flora
eocarbonífera da Bacia do Parnaíba. Price, por sua vez, trabalhou com as
investigações sobre os répteis cretáceos oriundos do Triângulo Mineiro.
Foi na segunda metade do século XX que a relação entre ciência e técnica e seus
então impensados avanços tornaram-se uma questão social, em particular depois da Segunda
Guerra Mundial, quando se convivia com modelos econômicos baseados em noções de
desenvolvimento e progresso (...).
51
No contexto da Segunda Guerra Mundial, o DNPM contou com a cooperação
do Governo dos Estados Unidos, por meio do Geological Survey, para conhecimento
das reservas minerais, bem como de sua extração e industrialização. Cerca de cem
geólogos norte-americanos foram enviados ao Brasil, traçando reconhecimentos dos
49
MENDES, J. C. & PETRI, S. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1971.
50
IDEM.
51
VALENTE, M. E., CAZELLI, S. e ALVES, F.: Museus, ciência e educação: novos desafios. História,
Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 12 (suplemento), p. 183-203, 2005.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
45
minerais do Nordeste; realizando a exploração do quartzo e da mica, em Minas
Gerais; e estudando a jazida de manganês de Urucum, em Mato Grosso, e a
ocorrência de níquel, em Niquelândia (Goiás).
Na década de 1950, o DNPM promoveu a realização do Projeto Araguaia,
iniciado em 1954, no intuito de fazer o levantamento geológico de uma grande área
compreendida entre os rios Xingu e Tocantins, contratando os serviços da empresa
Prospec Levantamentos Prospecção e Aerofotogrametria S. A. este projeto também
contou com a ajuda dos técnicos do DNPM.
Em 1960, o DNPM passou a estar integrado ao Ministério de Minas e Energia
e, com ele, também passaram a fazer parte o Conselho Nacional de Minas e Energia,
o Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica, o Conselho Nacional de Petróleo e
o Conselho de Exportação de Materiais Estratégicos.
Segundo o regimento aprovado pelo Decreto 59.873 de 26/12/1966, o
DNPM é o órgão incumbido de promover o fomento da exploração mineral e
superintender as pesquisas geológicas, minerais e tecnológicas, bem como de
assegurar a execução do Código de Mineração e Leis subseqüentes”.
52
A Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais foi criada através do
Decreto-Lei 764 de 15/08/1969, com estatuto aprovado pelo Decreto no. 65.058 de
13 de janeiro de 1970.
Neste ínterim, a Divisão de Geologia e Mineralogia passou a ter a atribuição
de formular, supervisionar e fiscalizar os projetos de pesquisas geológicas a serem
executadas ou em execução pela CPRM, e coordenar as pesquisas geológicas no
Brasil, com o objetivo de obter cartas geológicas adequadas ao planejamento e
orientação de projetos específicos, bem como fornecer os elementos básicos
necessários para planos de pesquisa mineral a todos que se interessam em investir no
setor da mineração.”
53
Sempre esteve atrelado a esse departamento o Museu de Paleontologia do
antigo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil e suas coleções. A partir de 1992,
foi criado o Museu de Ciências da Terra com base em Portaria do Ministério de Minas
e Energia. O histórico do Museu mostrou um momento de estagnação com a
transferência da sede do DNPM para Brasília, e o acervo do museu ficou sem destino,
até sua reabertura em 1981, em dependências de propriedade da CPRM.
Durante a década de 1990 até os dias de hoje, o museu foi sofrendo com as
saídas e aposentadorias de seus servidores, bem como a não existência de uma área
52
Relatório Anual do Diretor. DGM. DNPM. Rio de Janeiro: Departamento Nacional da Produção Mineral.
Divisão de Geologia e Mineralogia, 1969. p. 5.
53
Relatório Anual do CPRM. Rio de Janeiro: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.
Departamento Nacional da Produção Mineral, 1971. p. 34.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
46
definitiva para sua real implantação. Nas palavras do presidente da Sociedade
Brasileira de Geologia em 2000, ainda é bastante atual onde mostra sua indignação
com os pronunciamentos de altos funcionários do DNPM e CPRM sob o estado do
MCTer.
“causam-nos profunda estranheza e legítima preocupação as manifestações recentes
de altos funcionários desse Setor, presenciada por empresários, executivos de
empresas de mineração e representantes de sociedades científicas, inclusive pelo
Presidente da SBG. Em recente evento na cidade de Belém, Pará, O Sr. Diretor Geral
do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), falando a respeito da
reestruturação do Setor, expressou que "ainda não sabia qual o destino a ser dado
ao Museu de Ciências da Terra", no que foi secundado pelo Sr. Presidente da
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, o Serviço Geológico do Brasil),
que afirmou que "nada temos a ver com museus, o nosso negócio não é museu"
(São Paulo, 15 de março de 2000 - Aroldo Misi - Presidente da Sociedade Brasileira de
Geologia)
Hoje, o DNPM continua atuando como uma instituição voltada para o
reconhecimento, estudo e exploração dos recursos minerais brasileiros, tendo
estabelecido como missão “... Gerir o Patrimônio Mineral Brasileiro de forma
sustentável, utilizando instrumentos de regulação em benefício da sociedade e a
Visão de ser reconhecido pela sociedade como uma instituição de excelência capaz
de gerir o patrimônio mineral de forma sustentável no interesse da nação.”
54
Em 1994, através da Lei nº 8.970, o CPRM passou a ser uma empresa pública.
Vinculou-se ao Ministério de Minas e Energia e possui a atribuição de Serviço
Geológico do Brasil, sustentando a missão de gerir e difundir o conhecimento
geológico e hidrológico básico necessário para o desenvolvimento sustentável do
Brasil"
55
.
2.1. Introdução à Coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra
“[...] constitue a mais completa e preciosa colleção de despojos fósseis ocorrentes no
solo brasileiro, compreendendo exemplares colletados desde o Rio Grande do Sul ao
Pará, Amazonas e Acre e da região costeira pelo hinterland a dentro até os confins do
Perú e Bolívia.”
56
Um dos mais importantes eventos do século XX foi a criação do Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil. Nessa entidade científica, nasceu uma das mais
importantes coleções paleontológicas do Brasil, a Coleção de Paleontologia do Museu
54
Disponível em: <http://www.dnpm.gov.br>. Acesso em 08 jun. 2009.
55
Disponível em: <http://www.cprm.gov.br>. Acesso em 08 jun. 2009.
56
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. Relatório Annual do Director: Anno de 1936. Rio de Janeiro: SGMB,
1936. 148 p.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
47
de Ciências da Terra (MCTer)/DNPM-RJ. É uma das mais importantes coleções
paleontológicas do Brasil. Este acervo é parte da contribuição legada por grandes
pesquisadores às gerações atuais, o que a caracteriza como patrimônio cultural,
histórico, científico e natural.
A coleção teve sua criação a partir das atividades do SGMB, em 1907,
abrigando todo o material advindo das expedições realizadas por inúmeros
pesquisadores do órgão ao longo das regiões brasileiras de interesse
geopaleontológico.
O Museu de Ciências da Terra, ligado ao Departamento Nacional da Produção
Mineral (DNPM), possui um acervo paleontológico com sub-coleções definidas em
Invertebrados, Paleobotânica, Mamíferos, Répteis, Peixes e Fósseis Estrangeiros.
Além disso, possui acervos de minérios, rochas e meteoritos.
O MCTer guarda um outro importante acervo de documentos históricos
pertencentes ao SGMB e ao DNPM, incluindo manuscritos, cadernetas de campo e
anotações dos principais personagens da Geologia e da Paleontologia não apenas do
Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil e até mesmo estrangeiros.
Atribuir enfoque para a sua importância histórica e científica no cenário
paleontológico brasileiro é o que nos possibilita seu estudo de caso como patrimônio
em suas diversas faces. Seus objetos de formação os fósseis são visualizados
enquanto elementos de memória
57
, bem como representações de comunidades
biológicas não mais existentes na terra e de parte da memória histórica de uma ciência
desenvolvida mais amplamente no território nacional do século XX.
Neste trabalho não trataremos da sub-coleção de Fósseis Estrangeiros,
visando apenas o conteúdo fossilífero brasileiro e o desenvolvimento científico
nacional na área geopaleontológica. A escolha desta coleção para estudo está
relacionada aos estudos realizados pela autora na Coleção de Paleontologia e pela
descoberta da sua importância como patrimônio para a Paleontologia brasileira.
Atualmente, segundo os Livros de Tombo que compõem a coleção científica,
encontram-se 6939 números de registro, o que pode representar até o triplo em
exemplares fósseis, uma vez que cada número de registro pode conter mais de um
exemplar.
A coleção conta com exemplares da Região Sul (Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná), da Região Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito
Santo), da Região Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso), da Região Nordeste (Sergipe,
57
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. Relatório Annual do Director: Anno de 1936. Rio de Janeiro: SGMB,
1936. 148 p.
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
48
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão e Ceará) e da Região Norte
(Acre, Amazonas e Pará).
Desta forma, é possível notar a diversidade do material fossilífero depositado
na coleção, oriundo de muitos estados brasileiros, e da quantidade de exemplares
adquiridos, mostrando sua importância para o meio científico. A coleção é fonte de
pesquisa para trabalhos de monografias, dissertações de mestrado e teses de
doutoramento, sendo procurada por diversos pesquisadores da área de Geociências.
Num período compreendido entre 1907 - 1919, o SGMB adquiriu suas
primeiras coletas de fósseis, que deram início à Coleção do Museu de Paleontologia
do SGMB (hoje do MCTer/DNPM). Todo o movimento histórico relatado anteriormente
veio a contribuir para a formação da coleção paleontológica desta instituição.
O período de 1818 a 1875 compreende a fase em que ocorreram as primeiras
aquisições e o início das atividades de pesquisa paleontológica, encerrando-se na fase
das expedições das comissões geológicas, como as empreendidas pela Comissão
Geológica do Império. O período após 1875 até o final do século XIX, foi marcado no
Brasil pelas comissões geológicas (Leinz, 1994) e, a primeira, a Comissão Geológica
do Império, dirigida por Charles Frederick Hartt, realizou excursões principalmente no
Norte e Nordeste do país entre 1875 e 1877. Da imensa quantidade de fósseis
coletados pela Comissão Geológica do Império, um número significativo ainda
permanece na coleção de Paleoinvertebrados do Museu de Ciências da Terra, com
1.705 registros e 35.423 exemplares.
Participaram destes primeiros anos de coleta os geólogos: Euzébio de Oliveira,
Francisco de Paula Oliveira e Francisco Bôa Nova (todos no estado do Paraná);
Francisco de Paula Oliveira (Pará); Euzébio Paulo de Oliveira (Paraná); Paulino
Franco de Carvalho e Hans Baumann (Pará); Eugênio Bourdot Dutra (Bahia); Roderic
Crandall (Rio Grande do Norte); Avelino Ignácio de Oliveira e Paulino Franco de
Carvalho, A. R. Vieira Júnior, Luiz Felipe Gonzaga de Campos no estado do
Amazonas; Odorico Rodrigues de Albuquerque (Amazonas e Pará); e Mathias
Gonçalves de Oliveira Roxo (Paraná).
Sempre esteve atrelado a esse departamento o Museu de Paleontologia do
antigo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil e suas coleções. O antigo Museu de
Paleontologia, criado pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGMB), e que
abrigava todo o material coletado tanto pelo SGMB quanto pelo DNPM, situava-se no
antigo Palácio dos Estados (atual Museu de Ciências da Terra), na Praia Vermelha,
Urca. Em 1992, o Museu de Paleontologia deu lugar ao Museu de Ciências da Terra
do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM).
Da História Natural às Geociências: uma abordagem no cenário científico brasileiro
49
A partir de 1992, foi criado o Museu de Ciências da Terra com base em
Portaria do ministro das Minas e Energia. O histórico do museu mostrou um momento
de estagnação com a transferência da sede do DNPM para Brasília, e o acervo do
museu ficou sem destino, até sua reabertura em 1981, em dependências de
propriedade da CPRM.
O prédio onde hoje o MCTer encontra-se instalado é tombado pela Prefeitura
do Rio de Janeiro desde 11 de outubro de 1994. O museu possui exposições
permanentes, promove exposições e mostras itinerantes, com uma freqüência
relativamente grande de estudantes e turistas. Ainda, prosseguimento à realização
de pesquisas científicas.
Desde a década de 1980, a coleção de Paleontologia tem sido mantida através
da atuação de Dea Regina Campos (década de 1980), da paleontóloga Dr.ª Rita de
Cássia Tardin Cassab (década de 1990 aos dias atuais), funcionárias do
Departamento Natural da Produção Mineral (DNPM), e do Diretor do MCTer/DNPM
Diógenes de Almeida Campos.
Durante a década de 1990 até os dias de hoje, o museu foi sofrendo com as
saídas e aposentadorias de seus servidores, bem como a não existência de uma área
definitiva para sua real implantação. Nas palavras do presidente da Sociedade
Brasileira de Geologia em 2000, ainda é bastante atual onde mostra sua indignação
com os pronunciamentos de altos funcionários do DNPM e CPRM sob o estado do
MCTer.
Atualmente existe uma preocupação sobre o destino e a condição do acervo do
museu, em virtude da postura de descaso demonstrada pela alta administração do
DNPM em relação ao museu.
Coleção de Paleontologia do
Museu de Ciências da Terra/DNPM - RJ
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
51
3. Coleção científica: o levantamento de uma história através dos serviços
geopaleontológicos
“[...] constitue a mais completa e preciosa colleção de despojos fósseis ocorrentes no
solo brasileiro, compreendendo exemplares colletados desde o Rio Grande do Sul ao
Pará, Amazonas e Acre e da região costeira pelo hinterland a dentro até os confins do
Perú e Bolívia.”
(Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo)
1
A partir das coletas realizadas pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil
(SGMB) em várias expedições pelas regiões brasileiras e dos serviços de
documentação (entrada de material na coleção) realizados pelos técnicos da
instituição, será traçada uma análise direta do desenvolvimento da Coleção de
Paleontologia do Museu de Ciências da Terra.
Em todas as décadas do século XX, o SGMB e o DNPM promoveram
campanhas de coleta, sejam de mapeamento e/ou coletas mineralógicas (para
levantamento dos recursos naturais do solo brasileiro) ou paleontológicas. Estudos
geológicos, sondagem para pesquisa de petróleo, serviço topográfico e pesquisa de
fósseis tornaram-se algumas das principais diretrizes de trabalho do SGMB.
Para a confecção deste capítulo, foram utilizadas todas as edições de que se
dispunha do Relatório Anual do Diretor, publicação interna do Departamento Nacional
da Produção Mineral - referente às atividades e publicações da Divisão de Geologia e
Mineralogia -, e todos os livros de tombo das sub-coleções que compõem a Coleção
de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra/DNPM.
Foi a partir destas publicações e dos livros de tombo que se pôde ter uma visão
mais ampliada acerca da dinâmica anual do DNPM e, consequentemente, da coleta e
remessa de material fossilífero para esta instituição. Estas fontes, na falta de outras
que atendam à demanda deste trabalho, tornaram-se no principal manancial de
consulta sobre a Coleção de Paleontologia.
A série de relatórios anuais do diretor teve início em 1919. No entanto, nota-se
que muitos materiais foram coletados nas décadas de 1900 e 1910 sem mencionar
os materiais coletados nas duas últimas décadas do século XIX, provenientes de
atividades anteriores à criação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Sendo
assim, tornou-se um tanto quanto complicada a obtenção de dados sobre a coleta e
proveniência destes materiais, cuja fonte mais direta encontra-se registrada nos livros
de tombo da Coleção de Paleontologia.
1
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório Annual do Director: Anno de 1936. Rio de Janeiro: SGMB,
148 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
52
O SGMB, depois DNPM, compunha-se inicialmente de 4 seções de gabinetes
técnicos, especificados em Paleovertebrados, Paleoinvertebrados, Paleobotânica e
Micropaleontologia. Posteriormente passou a ser Seção de Paleontologia.
A partir dos livros de tombo das cinco sub-coleções - Invertebrados, Répteis,
Mamíferos, Plantas e Peixes foram resgatados dados documentados, tais como
coletores (profissionais ou instância de coleta), idade geológica, data de coleta, data
de entrada e localidade. Tendo como embasamento tais categorias de dados, foi
possível averiguar os períodos onde ocorreram as maiores campanhas do
departamento na coleta de material fossilífero e na entrada deste mesmo material nas
coleções.
Por um outro lado, também foi possível identificar os períodos de maior
escassez nas campanhas e na entrada de material fossilífero nas coleções, bem como
os motivos que justificam esta escassez. As planilhas com os dados de todas as sub-
coleções se encontram em anexo.
As atividades e trabalhos realizados ficavam a cargo do corpo técnico da
Divisão de Geologia e Mineralogia. Na Seção de Paleontologia eram realizados
estudos baseados nos materiais coletados dos trabalhos de campo, bem como os
serviços de preparação (material fóssil), documentação nos livros de tombo e de
produção intelectual. O perfil deste corpo técnico era delineado por profissionais
outrora denominados “engenheiro de minas”, preparador de museu”, ou ainda por
geólogos e paleontólogos.
É de conhecimento que os trabalhos e pesquisas efetivados pelo Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil resultavam da motivação econômica nacional dos
bens minerais, que levou o SGMB a contribuir para o mapeamento e desenvolvimento
da geologia do país.
Trabalhando um pouco da sua trajetória ao longo das atividades do SGMB e do
DNPM, é possível ter conhecimento das regiões brasileiras onde ocorria a aquisição
de material fossilífero, além da atuação dos profissionais técnicos da instituição
encarregados destas atividades. Vários geólogos ficaram marcados na história de
ambas as instituições, pelo desempenho no curso dos trabalhos e por fazerem crescer
o patrimônio nacional geopaleontológico.
Todos os coletores ou pesquisadores que contribuíram com a Coleção de
Paleontologia foram citados nas análises, mesmo que muitos listados não fizessem
parte do quadro de técnicos do SGMB ou do DNPM e que acabaram depositando seu
material na coleção. Desta forma, é possível tomar conhecimento do quadro técnico
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
53
de geólogos e paleontólogos que contribuíram para a existência do acervo de
Paleontologia do MCTer/DNPM, bem como de sua diversidade.
3.1. Coleção científica: análise de sua estrutura, coletas e inserção de material
fossilífero
“A estratigrafia vinha aos poucos esclarecendo a geologia em torno, sem contudo, pode
fixar, definitivamente, os sedimentos do planalto na coluna geológica. Restava-nos a
paleontologia.”
2
Observa-se que ao longo do século XX inúmeras campanhas de coletas
geopaleontológicas foram planejadas pelo quadro técnico do Departamento Nacional
da Produção Mineral, sejam para mapeamento geológico do solo brasileiro ou para
estudo das bacias fossilíferas e de suas faunas correspondentes.
A coleção sofreu momentos intensos ou escassos de campanhas em coleta ou
de entrada de material nas atividades internas. Permeando estas questões, é possível
traçar uma análise do desenvolvimento da coleção e de seu contexto dentro do
Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil e do Departamento Nacional da Produção
Mineral, mostrando como estas atividades de coleta e de entrada seguem o
desenvolvimento das atividades geopaleontológicas do século XX de acordo com as
alterações do cenário político e científico nacional.
Para tanto, foi feito um levantamento de todos os dados de que se dispunha de
toda a Coleção de Paleontologia referentes às datas de coleta e de entrada de
material na coleção, num período compreendido entre 1907 e 2002. Para efeitos
metodológicos, optou-se por analisar tais questões em períodos compreendidos em
décadas. Cada década nos possibilitará ter uma visão mais detalhada dos
movimentos, campanhas e atividades voltados para às Geociências e,
consequentemente, dos efeitos destes agentes no DNPM.
3.1.1. Campanhas: 1901 – 1910
Não se tem muito conhecimento acerca dos serviços de campo nem do
trabalho interno do SGMB nesta primeira década, restando-nos a análise a partir das
informações obtidas dos livros de tombo da coleção. O primeiro relatório de atividades
do SGMB - Relatório Anual do Diretor - veio a ser publicado em 1920, mesmo que
seus técnicos já prestassem conta de seus trabalhos desde 1907, em uma espécie de
relatório interno que não mais existe.
2
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1937. Rio de Janeiro: SGMB, p. 56.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
54
Num período compreendido entre 1907 - 1919, o SGMB adquiriu oficialmente
as primeiras coletas de fósseis , que deram início à Coleção do Museu de
Paleontologia do SGMB. Participaram destes primeiros anos de coleta os geólogos:
Euzébio de Oliveira, Francisco de Paula Oliveira e Francisco Bôa Nova (todos no
estado do Paraná); Francisco de Paula Oliveira (Pará); Euzébio Paulo de Oliveira
(Paraná); Paulino Franco de Carvalho e Hans Baumann (Pará); Eugênio Bourdot Dutra
(Bahia); Roderic Crandall (Rio Grande do Norte); Avelino Ignácio de Oliveira e Paulino
Franco de Carvalho, A. R. Vieira Júnior, Luiz Felipe Gonzaga de Campos no estado do
Amazonas; Odorico Rodrigues de Albuquerque (Amazonas e Pará); e Mathias
Gonçalves de Oliveira Roxo (Paraná)
3
.
Nota-se aqui a presença de Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo, primeiro
paleontólogo brasileiro. Com sua atuação no SGMB, e depois no DNPM como técnico
e diretor, Oliveira Roxo rompeu com o sistema de estudos paleontológicos realizados
apenas por estrangeiros, passando a pesquisar e publicar estudos acerca da
Paleontologia brasileira. Sua contribuição para a Coleção de Paleontologia fora
valiosíssima, permanecendo para sua organização e estudos até o fim de sua vida.
Mesmo que as atividades de campo do SGMB tenham tido início apenas em
1907, as primeiras coletas registradas nos livros de tombo do MCTer constam da
década de 1860 a 1890 material supostamente proveniente das coletas promovidas
pela Comissão Geológica do Império e de outros serviços geológicos.
Como exemplo de campanhas realizadas antes da criação do SGMB,
apresenta-se a campanha feita por Francisco de Paula Oliveira, em 1903, por meio de
algumas investigações em excursões no estado do Pará e do Paraná, explorando
afloramentos de carvão e coletando material fossilífero. Mais tarde, em 1904, fora
nomeado primeiro-engenheiro da Comissão do Carvão, e em 1907, trabalhando
para o SGMB, acabou depositando este material coletado na Coleção de
Paleontologia do Museu de Ciências da Terra.
Os Livros de Tombo das sub-coleções registraram algumas coletas nesta
primeira década do século XX: sub-coleção de Invertebrados registrou 13 coletas e
nenhuma entrada; a sub-coleção de Paleobotânica registrou 8 coletas e nenhuma
entrada; a sub-coleção de Mamíferos registrou apenas 1 coleta e nenhuma entrada; a
Sub-coleção de pteis registrou 4 coletas e nenhuma entrada; e, por fim, a sub-
coleção de Peixes, com nenhum registro de coleta ou entrada.
Desta forma, nota-se que a primeira década de atividades do SGMB não se
caracterizou por atividades intensas de coleta (Gráfico 01), bem como o serviço de
3
Catálogo de invertebrados (Livro de Tombo) do Museu de Ciências da Terra/DNPM - RJ
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
55
entrada de material na coleção foi praticamente inexistente. O que se pode verificar é
que todo material que passou a fazer parte da Coleção de Paleontologia era oriundo
de outros serviços geológicos realizados anteriormente no Brasil.
Este fato pode estar relacionado a um período em que o SGMB se voltou
essencialmente para o levantamento de dados geopaleontológicos nas regiões
brasileiras de interesse, porém sem muito destaque para os serviços de campo. O
trabalho interno do museu (catalogação, preparação) não se traduziu na prioridade
dos técnicos do SGMB, sem mencionar o quadro técnico da instituição ainda reduzido.
3.1.2. Campanhas: 1911 – 1920
Destacam-se, principalmente, as campanhas realizadas nas décadas de 1910
e 1920, englobando o interesse no estudo sobre o carvão e sobre os recursos naturais
brasileiros. Também é um período de crescimento da indústria doméstica, em grande
parte atribuído às conseqüências geradas pela Primeira Guerra Mundial.
Nos anos de 1914 a 1916 não foram realizadas campanhas de coleta,
retomadas em 1917, no Amazonas, por Luiz Felipe Gonzaga de Campos; em 1918,
por Odorico Rodrigues de Albuquerque no Amazonas; em 1919, no Pará por Paulino
Franco de Carvalho, Odorico Rodrigues de Albuquerque e Avelino Inácio de Oliveira;
em 1920, Avelino Inácio de Oliveira e Paulino Franco de Carvalho no Pará e Lucas
Proença Sigaud no Rio Grande do Norte; em 1921, Euzébio Paulo de Oliveira na
Bahia e Paulino Franco de Carvalho no Pará.
1900
13
8
1
4
00 0 0 0 0
0
2
4
6
8
10
12
14
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos Répteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gráfico 01
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
56
Da mesma forma como na década anterior, os registros desta década só
puderam ser identificados através dos livros de tombo da Coleção de Paleontologia,
pois o primeiro relatório de atividades do SGMB foi publicado somente em 1919.
Antes deste ano, os registros da coleção mostram campanhas de coleta, porém,
difereciando-se da década anterior, foram identificadas as primeiras entradas na
Coleção de Paleontologia nos livros de tombo das sub-coleções de Invertebrados e
de Paleobotânica (Gráfico 02).
Apesar de todas as campanhas e coletas, a organização das sub-coleções
também se atrelava ao fato de pesquisadores se utilizarem do material para
pesquisas e publicações, como é o exemplo da Sub-coleção Invertebrados. Teve
início em 1913, ano da primeira data de entrada de material e (em 1913) relaciona-se
com a primeira monografia publicada pelo SGMB, de autoria de John M. Clarke. A
segunda data de entrada foi 1924, relacionando-se com a monografia de Carlota
Joaquina Maury; e a entrada subseqüente foi em 1926, certamente estando
referenciada nos trabalhos publicados pelos boletins do SGMB. Isso revelou o fato de
que as entradas registradas correlacionam-se aos estudos do material coletado e não
às campanhas realizadas.
3.1.3. Campanhas: 1921 - 1930
1910
22
20
0
7
0
2
1
0 0 0
0
5
10
15
20
25
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos pteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gráfico 0
2
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
57
Na década de 1920
4
, as campanhas prosseguem com Luiz Flores de Moraes
Rego em Sergipe; Odorico Rodrigues de Albuquerque em Minas Gerais; Avelino
Inácio de Oliveira e Pedro de Moura no Pará; Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo no
Rio Grande do Norte e no Pará; João Domingues dos Santos na Paraíba; Luciano
Jacques de Moraes em Pernambuco; Afonso Almeida Galeão na Bahia; Luciano
Jacques de Moraes no Espírito Santo; Francisco de Paula Boa Nova em Minas
Gerais; Avelino Inácio de Oliveira, Annibal Alves Bastos, Pedro de Moura e Euzébio
Paulo de Oliveira no Pará; Luciano Jacques de Moraes em Pernambuco; Annibal
Alves Bastos em Santa Catarina; e Horace Williams na Bahia.
Segundo o Relatório Anual do Diretor de 1921
5
, o Serviço Geológico e
Mineralógico realizou diversos reconhecimentos geológicos nas regiões dos estados
do Amazonas, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe,
Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso.
O geólogo Avelino Ignácio de Oliveira estudou a ligação geológica entre as
sondagens do município de Maués e o Vale do Tapajós, no estado do Amazonas
(material coletado em 1918
6
); o Engenheiro Bulhões Pedreira realizou
reconhecimento geológico no estado de Alagoas; o geólogo Euzébio Paulo de Oliveira
nos estados de Pernambuco, Sergipe, Bahia e Paraná; o geólogo Horace E. Williams
no estado da Bahia e do Rio de Janeiro; o Geólogo-ajudante Archibaldo de Mello
Campbell no estado de Minas Gerais; o Geólogo Guilherme Bastos Milward e o
geólogo-ajudante Alberto Ribeiro Lamego nos estados de São Paulo e Mato Grosso.
O geólogo-ajudante Paulino Franco de Carvalho fez reconhecimentos
geológicos no Vale do Tapajós - entre o município de Itaituba e a Cachoeira da
Montanha -, estado do Pará, encontrando no Igarapé Bom Jardim arenitos e fósseis
do carbonífero. Ainda realizou reconhecimento geológico ao norte do município de
Alenquer, no estado do Pará, coletando um folhelho escuro e betuminoso (situado
abaixo do calcário) da série carbonífera no Igarapé do Vento Fresco e analisando
camadas fossilíferas de folhelho escuro entre formações calcárias, descobertas por
meio da sonda no furo de Campina (Parauary).
O geólogo Luiz Flôres de Moraes Rego realizou uma excursão pela Ilha de São
Luiz, no estado do Maranhão, no intuito de reconhecimento geológico, percorrendo o
Rio Mearim até o município de Pedreiras, os municípios de Barra do Corda
estudando os folhelhos betuminosos -, de Grajahú (pela estrada da Sibéria)
4
CAMPOS, Luiz Felippe Gonzaga de. 1923. Relatório Annual do Director: Anno de 1920. Rio de Janeiro:
SGMB, 141 p.
5
CAMPOS, Luiz Felippe Gonzaga de. 1923. Relatório Annual do Director: Anno de 1921. Rio de Janeiro:
SGMB, 113 p.
6
Catálogo de Invertebrados (Livro de Tombo) do Museu de Ciências da Terra/DNPM
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
58
examinando as ocorrências de cobre -, e de Carolina margem do Rio Tocantins).
Estudou a localidade do Morro do Chapéu (abaixo do arenito vermelho) e as
formações que afloram, encontrando troncos de fetos, coníferas, frutos
(provavelmente de coníferas) e fósseis análogos descritos como permianos, como
fetos do gênero Psaronious.
As informações obtidas do Relatório Anual do Diretor de 1922
7
acerca da
geologia e paleontologia, apontam as coletas através das sondagens realizadas pelo
Serviço Geológico e Mineralógico nos estados do Amazonas, Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul, Alagoas, Bahia e São Paulo e também por meio do
reconhecimento geológico nos estados do Piauí, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro,
São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás.
Nos estados do Piauí e Maranhão foram realizados estudos de reconhecimento
geológico pelo Geólogo Luiz Flores de Moraes Rego, cujo itinerário da excursão
percorreu o município de Petrolina, seguindo pela estrada de ferro de Petrolina até
Terezina, atravessou a Serra Dois Irmãos (formada por rochas cristalinas) e estudou
as rochas do sistema permiano até o Rio Parnaíba (município de Amarante). Coletou
madeiras e peixes fósseis, além de estudar folhelhos betuminosos, numa excursão
realizada pelo município de Oeiras a Floriano. Já no estado da Bahia colecionou
minérios de ouro, cobre, manganês, ferro cromado, salitre e mica, além de fazer um
reconhecimento geológico na região da Chapada Diamantina. Ainda no estado da
Bahia, o Engenheiro Paulino Franco de Carvalho encarregou-se de promover estudos
acerca da região do Recôncavo da Bahia de São Salvador, bem como de aumentar a
coleção de fósseis da região de Marahú.
Apesar de intensos trabalhos de reconhecimento geológico, nas sub-coleções
de Invertebrados, Répteis e Mamíferos não aparecem coletas dos anos de 1922 e
1923.
O Relatório Anual do Diretor de 1924
8
aponta o interesse econômico nas
indústrias carboníferas e siderúrgicas, com o intuito de fornecer matéria prima nacional
para o seu suprimento. Desta forma, o SGMB investiu em sondagens de carvão de
pedra nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Relatório Anual do
Diretor de 1925 reporta os trabalhos para a construção da carta geológica do Brasil e a
determinação dos valores das jazidas minerais concernentes não somente às
indústrias siderúrgicas e carboníferas, mas também à indústria petrolífera. Pela
7
CAMPOS, Luiz Felippe Gonzaga de. 1924. Relatório Annual do Director: Anno de 1922. Rio de Janeiro:
SGMB, 149 p.
8
Relatório Anual do Diretor apresentado ao Exmo Sr Miguel Calmon du Pin Almeida, Ministro da
Agricultura, Indústria e Comercio ano de 1924. RELATÓRIOS DO SERVIÇO GEÓLOGICO E
MINERALÓGICO DO BRASIL, Rio de Janeiro: Typ. Revista dos Tribunais, p. Irreg, il + Mapas. 1925.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
59
primeira vez, neste mesmo ano, foi mencionado o preparo do catálogo das coleções
de Invertebrados
9
, composta por exemplares exclusivamente nacionais.
O Relatório Anual do Diretor de 1926
10
demonstra uma preocupação quanto
aos recursos que possibilitarão ao serviço de realizar suas funções de acordo com a
demanda exigida preocupação esta que se tornou mais acentuada nas décadas
seguintes.
“Sendo o Brasil um paiz de enorme extensão territorial, onde a geologia e a mineralogia
ainda o são devidamente cultivadas, fora dos domínios dos institutos officiaes
especializados, é preciso, por isso, que o Serviço Geológico esteja convenientemente
dotado com recursos orçamentários e apparelhado com vários gabinetes e
laboratórios, para poder satisfazer aos constantes pedidos de informações e estudos
dos interessados na especialidade da repartição e cumprir as funcções
regulamentares.”
11
Em 1927
12
, o SGMB investiu em sondagens para exploração de regiões
promissoras em petróleo: Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Pará. O relatório
referente ao material recebido pelo antigo Museu de Mineralogia, Petrographia e
Paleontologia” indica fósseis de diversos estados e contava, na época, com 3.628
fósseis. O material em duplicata era destinado à permuta, instituições de ensino
secundário e superior, museus comerciais e consulados.
No Relatório Anual do Diretor de 1928, Annibal Alves Bastos e Pedro de Moura
foram designados pelo então Diretor do Serviço Geológico do Brasil - Euzébio Paulo
de Oliveira - para realizarem reconhecimentos geológicos no Rio Maecurú, Região de
Monte Alegre, estado do Pará. Nesse ano, foi apresentada uma relação quantitativa da
Coleção de Paleontologia do Museu de Mineralogia, Petrografia e Paleontologia, onde
constavam 2.014 amostras de fósseis “tipo” de invertebrados, vertebrados e vegetais,
numeradas de 1 a 1.485 e descriminadas em invertebrados (1.533), vertebrados (343)
e vegetais (138). A Coleção de Paleontologia do SGMB não apresentava a mesma
organização da atual. Todos os grandes grupos faziam parte de uma única coleção
numerada de forma contínua. Não existiam as sub-coleções como conhecemos nos
dias de hoje.
9
Livro de Tombo da sub-coleção de Invertebrados. As coleções de Invertebrados, como são citadas no
relatório, referem-se aos fósseis de invertebrados coletados pelo SGMB provenientes de diversas bacias
fossilíferas brasileiras.
10
Relatório Anual do Diretor apresentado ao Exmo Sr. Dr. Geminiano de Lyra Castro, Ministro da
Agricultura, Indústria e Comercio ano de 1926. RELATÓRIOS DO SERVIÇO GEÓLOGICO E
MINERALÓGICO DO BRASIL, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, p. Irreg, il + Mapas. 1928.
11
IBIDEM.
12
Relatório Anual do Diretor apresentado ao Exmo Sr. Dr. Geminiano de Lyra Castro, Ministro da
Agricultura, Indústria e Comercio ano de 1927. RELATÓRIOS DO SERVIÇO GEÓLOGICO E
MINERALÓGICO DO BRASIL, Rio de Janeiro: Typ. do Serv. de Inf. do Ministério da Agricultura, p. Irreg, il
+ Mapas. 1929.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
60
3.1.4. Campanhas: 1931 – 1940
Nesta década, observamos o contexto da entrada de Getúlio Vargas no poder,
reacendendo de forma intensa as questões do nacionalismo. Em 1934, foi criado o
Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), e o SGMB passou à condição
de um de seus órgãos. Num governo de forte intervencionismo estatal com a política
do Estado Novo, levantou-se a discussão acerca da nacionalização dos recursos do
subsolo e do estudo das jazidas petrolíferas
13
.
Na década de 1930, ocorreram as seguintes campanhas: em 1930, com
Avelino Inácio de Oliveira no Pará; em 1931, com João Batista de Campos Paiva no
Rio Grande do Norte e Aristômenes Guimarães Duarte em Santa Catarina; em 1932,
com Paulo Erichsen de Oliveira e João Miranda em São Paulo; em 1933, com Alberto
Ribeiro Lamego no Rio de Janeiro; em 1934, com Annibal Alves Bastos em Santa
Catarina, Aristômenes Guimarães Duarte em Sergipe, Alberto Lavanere Wanderley no
Pará e Sergipe, Glycon de Paiva e José de Miranda no Piauí; em 1935, com
Aristômenes Guimarães Duarte em Sergipe, Alberto I. Erichsen e João Miranda em
Goiás, Alberto Lavanere Wanderley em Sergipe e no Acre, Josalfredo Borges no Pará,
Pdero de Moura e Victor Oppenheim no Amazonas, Horace Williams e José Lino de
Melo Júnior na Bahia, Estevam Alves Pinto em Santa Catarina; em 1936, com Abel
Paulo de Oliveira e Aristides Nogueira da Cunha no Paraná, Alberto Lavanere
Wanderley e Padre Felipe Galarani no Acre, Josalfredo Borges e Henrique Capper
13
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório Annual do Director: Anno de 1934. Rio de Janeiro:
SGMB, 75 p.
1920
27
5
8
31
3
17
3
0 0 0
0
5
10
15
20
25
30
35
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos pteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gráfico 0
3
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
61
Alves de Souza no Maranhão; em 1937, com Paulo Franco de Carvalho no Paraná,
Alberto Ribeiro Lamego no Rio de Janeiro, Josalfredo Borges e Paulo Erichsen de
Oliveira em Sergipe, Alderico Rodrigues de Paula no Acre; em 1938, com Paulo
Franco de Carvalho e Paulo de Araújo Alvim no Paraná, Alberto Lavanere Wanderley
no Acre, Othon Henry Leonardos em São Paulo, José Lino de Melo Júnior na Bahia;
em 1939, com Paulo Erichsen de Oliveira e Companhia Itatig de Petróleo e Asfalto em
Sergipe, Frederico Waldemar Lange no Paraná, José Lino de Melo Júnior na Bahia e
em Sergipe, Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo e Abel Paulo de Oliveira na Bahia.
Os Relatórios Anuais do Diretor dos anos de 1933, 1934, 1935, 1936 e 1937
mostraram-se bem detalhado, permitindo relatar minuciosamente as campanhas do
SGMB e as atividades de coleta que ocorreram.
Segundo o Relatório Anual do Diretor
14
, o ano de 1933 é compreendido por
uma fase de reformas no Ministério da Agricultura e o Serviço Geológico foi uma das
suas repartições mais afetadas. O Serviço Geológico chegou a ter a sua denominação
alterada de serviço para instituto respondendo à reforma realizada. Esta denominação,
no entanto, perdurou por curto período, voltando à anterior serviço e obedecendo
ao critério de padronagem e uniformização das repartições do Ministério da
Agricultura, que, por sua vez era regido sob um novo regime de centralização militar.
Segundo o decreto 22.338, de 11 de janeiro de 1933, fora determinado que
o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil estaria subordinado a uma das Diretorias
Gerais do Ministério da Agricultura - Diretoria Geral de Pesquisas Científicas -, sob a
nova denominação de Instituto Geológico e Mineralógico do Brasil e constituído por
sete divisões técnicas de acordo com o decreto nº 22.508 de 27 de fevereiro de 1933.
Segundo o memorando do Diretor do Serviço, Euzébio de Oliveira, a distribuição das
sete divisões técnicas foi estabelecida em Divisão de Geologia, Divisão de Recursos
Minerais, Divisão de Águas, Divisão de Topografia, Divisão de Química e Física,
Divisão de Estatística e Publicidade e Divisão de Tecnologia. A Divisão de Geologia,
por sua vez, foi quem abrigou as seções de Geologia estratigráfica e estrutural,
Paleontologia, Petrografia e História da Evolução da Terra Brasileira.
Segundo o decreto nº 22.750, de 24 de maio de 1933, a Divisão de Tecnologia
foi desligada do Instituto, cuja duração sob esta organização perdurou até 28 de julho
de 1933, quando foi criada a Diretoria Geral da Produção Mineral pelo decreto
23.016 através da transformação das divisões do Instituto em diretorias. As e
divisões (Geologia e Topografia) constituíram o Serviço Geológico e Mineralógico; a
divisão (Recursos Minerais) passou a denominar-se Diretoria de Minas; a Divisão
14
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório do Director: 1933. Rio de Janeiro: SGMB, 152 p. 48 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
62
(Química) chamou-se Laboratório Central; a divisão (Estatística e Publicidade) fora
desligada e passou a constituir uma seção da Diretoria de Estatística da Produção,
subordinada à Secretaria de Estado; e a divisão (Águas) tornou-se Serviço de
Águas.
No primeiro trimestre de 1933, a então Divisão (Geologia) esteve sob a
responsabilidade de Luciano Jacques de Moraes, no cargo de assistente-chefe,
expondo as atividades realizadas neste período em conformidade com o relatório
apresentado ao Diretor do Serviço. No que se refere às atividades relacionadas à
Paleontologia, a produção correspondeu aos trabalhos realizados no período de
janeiro a julho de 1933 pelos assistentes-chefes Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo e
Paulino Franco de Carvalho e pelo assistente Aristomenes Guimarães Duarte.
Segundo o Relatório Anual do Diretor de 1934
15
, neste ano foram realizadas
diversas atividades. Tiveram prosseguimento os estudos geológicos da região do
Amapá; foram feitos levantamentos topográficos da Chapada do Araripe
(Pernambuco) e da folha de Bonfim (Bahia) e estudos geológicos do Rio Cotinguiba
(Sergipe), da bacia terciária de Quatis (Rio de Janeiro), no município de Curitiba
(Paraná) e na região de Santa Cruz (Rio Grande do Sul); estudo geológico e
levantamento topográfico do Rio Itajahi e região do Tayó (Santa Catarina); estudo
estrutural da formação gneissica [sic] e granítica do Distrito Federal; e levantamento
da folha do Patrocínio (Minas Gerais).
As primeiras notícias de catalogação e identificação dos exemplares fósseis da
coleção estão registradas no Relatório Anual do Diretor de 1934, tarefas realizadas
pelos assistentes Aristomenes Guimarães Duarte e Axel Löefgren. Neste mesmo ano,
o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil estabeleceu intercâmbio com as
sociedades científicas tanto nacionais quanto estrangeiras e a diretoria investiu na
orientação e aperfeiçoamento dos técnicos que compunham a repartição.
No ano de 1935
16
, o Serviço Geológico e Mineralógico realizou estudos e
levantamentos de dados geológicos e paleontológicos em diversas regiões do Brasil:
com o término dos trabalhos em Santa Cruz (Rio Grande do Sul); exploração de cunho
geográfico e geológico no Rio Ivahy, além de estudos geológicos no município de
Curitiba e no Vale do Ribeira (estado do Paraná); estudo da região fossilífera do Vale
do Itajahy (Santa Catarina); coleta de fósseis na E. F. Noroeste do Brasil (São Paulo);
estudos geológicos do município da nova capital do estado de Goiás e também de
outras regiões neste mesmo estado; estudos geológicos, bem como o levantamento
15
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório Annual do Director: Anno de 1934. Rio de Janeiro:
SGMB, 75 p.
16
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório Annual do Director: Anno de 1935. Rio de Janeiro:
SGMB, 187 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
63
topográfico, nos municípios de Patos, Patrocínio e Ouro Preto (Minas Gerais); estudos
geológicos no município de Bonfim e Recôncavo da Bahia de Todos os Santos, com
inclusão da Ilha de Itaparica (Bahia); estudo da geologia da zona da costa próxima a
Recife e à Chapada do Araripe (Pernambuco) e dos rios Cotinguiba e Sergipe
(Sergipe) - além da região fossilífera do município de Própria (Sergipe); estudos
geológicos e levantamento topográfico do Rio Gurupy, da zona fossilífera de Monte
Alegre (Pará); estudos geológicos no Alto Juruá (Acre); e estudos petrográficos e
tectônicos do complexo cristalino no Distrito Federal, estado do Rio de Janeiro e
estado de Minas Gerais.
Dando continuidade às atividades iniciadas no ano de 1935, o SGMB realizou
serviços de campo em diversas áreas do país no ano 1936: nas regiões do Território
do Acre, no intuito de determinação de pontos para localização de sondagens para
pesquisa de petróleo; nos estados do Piauí e Maranhão, para coleta de fósseis e
estudos voltados para a zona carbonífera dos arredores de Nova-York; levantamento
topográfico na Chapada do Araripe, estado de Pernambuco, bem como abertura de
galerias nas suas encostas; continuidade dos estudos geológicos e coleta de fósseis
na Chapa Diamantina (BA) e no estado de Sergipe; estudos estruturais das formações
arqueanas do estado do Rio Janeiro e Distrito Federal; estudos geológicos e
levantamento geográfico do Rio Tibagy, no estado do Paraná; estudos geológicos da
Bacia do Rio Itajahy, no estado de Santa Catarina; e, finalmente, levantamentos
topográficos e estudos geológicos relacionados à gênese do diamante no estado de
Minas Gerais.
De acordo com o relatório
17
, todos os exemplares coletados das excursões
realizadas nas regiões anteriormente relacionadas, foram inseridos nas seções
respectivas do Museu do SGMB, devidamente catalogados nos livros de tombo e
estudados.
Em relação à Seção de Paleontologia, temos as informações provenientes do
relatório deste mesmo ano apresentado pelo Assistente-chefe Mathias Gonçalves de
Oliveira Roxo. Havia uma grande quantidade de exemplares coletados em trabalhos
de campo, além de um número considerável de cópias de fósseis coletados nos anos
anteriores, à espera de estudos e de aparelhagem adequada para seu preparo.
Foi realizada a revisão de toda a coleção padrão de Paleontologia do SGMB,
que nas palavras de Oliveira Roxo (...) constitue [sic] a mais completa e preciosa
colleção [sic] de despojos fósseis ocorrentes no solo brasileiro, compreendendo
17
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório Annual do Director: Anno de 1936. Rio de Janeiro:
SGMB, 148 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
64
exemplares colletados [sic] desde o Rio Grande do Sul ao Pará, Amazonas e Acre e
da região costeira pelo hinterland a dentro até os confins do Perú [sic] e Bolívia.”
18
Paulo Erichsen de Oliveira foi encarregado de fazer uma revisão nos livros de
registro de exemplares fósseis da Coleção Padrão do SGMB por Mathias G. de
Oliveira Roxo, objetivando a correção de enganos e montar o balanço do número de
fósseis existentes no mostruário. Ainda que o inventário apontasse um mero de
3.519, verificou um total de 2.484 fósseis. Paulo E. de Oliveira informou que o primeiro
inventário dos fósseis do SGMB foi realizado em caráter provisório e num curto
período de tempo, o que acabou por ocasionar uma série de falhas nos livros de
registro.
Essa informação nos indica que a coleção de Paleontologia ainda abrangia
todos os grupos sem distinção.
Segundo o Relatório Anual do Diretor do ano de 1937
19
, a atividade do SGMB
esteve limitada devido aos poucos recursos destinados à repartição pelos
responsáveis da distribuição de verba do D.N.P.M, situação que vinha acontecendo
desde 1934.
Trabalharam na Seção de Paleontologia, a cargo de Mathias Gonçalves de
Oliveira Roxo, o engenheiro de minas Axel Löfgren e o ajudante técnico Paulo
Erichsen de Oliveira. A Seção também contou com a colaboração dos engenheiros de
minas Abel Paulo de Oliveira e Paulo de Araújo Alvim. Foi registrada a presença dos
técnicos Llewellyn Ivor Price e Th. White, especialistas em répteis, os quais se
encontravam no Brasil por terem sido comissionados pela Universidade de Harvard
(EUA), tendo realizado pesquisas no sul do Brasil e no Rio de Janeiro, no SGMB.
Foram estudados, na Seção de Paleontologia, os fósseis provenientes dos
estados do Amazonas, em comissão chefiada pelo engenheiro de minas Pedro de
Moura, e da Bahia, através da coleta realizada por José Lino de Mello Júnior. No
estado do Amazonas foram coletados invertebrados, estudados pelo atual Chefe da
Seção, Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo. Todo este material é proveniente das
coletas realizadas em 1936.
As informações conferem com as coletas realizadas em 1937 e registradas no
catálogo. Paulo E. de Oliveira, por sua vez, lançou no catálogo de fósseis, sob sua
responsabilidade, todos os exemplares destinados ao mostruário da coleção padrão,
além de revisar os livros de registro de fósseis e constatar um número de 2.867
exemplares. Outra evidência de uma única coleção na seção de Paleontologia.
18
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. 1936. Relatório Annual do Director: Anno de 1936. Rio de Janeiro:
SGMB.
19
OLIVEIRA, Euzébio Paulo de. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1937. Rio de Janeiro: SGMB, 112 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
65
Não se tem conhecimento dos relatórios anuais do diretor dos anos de 1938 e
1939.
Esta década caracteriza um período de atividades de coletas intenso,
principalmente para as sub-coleções de Invertebrados. Numa segunda instância, a
proporção de coletas para as sub-coleções de Paleobotânica, Répteis e Peixes
apresenta-se na mesma intensidade (Gráfico 04). O maior montante de coleta se deu
nos anos de 1934 e 1935 para Invertebrados; 1935 e 1936 para Paleobotânica; 1938
para Mamíferos (apesar de inexpressivo); 1933 a 1940 para Répteis e Peixes (sub-
coleções com maior período de coletas nesta década).
3.1.5. Campanhas: 1941 - 1950
Na década de 1940, foram registradas as campanhas de: 1940, com José Lino
de Melo Júnior na Bahia, Irnack do Amaral, Plínio de Leite e Henrique Capper Alves de
Souza em Pernambuco; 1941, com Frederico Waldemar Lange no Paraná, Avelino
Inácio de Oliveira, Pedro de Moura e Alberto Lavanere Wanderley em Sergipe,
Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo e Axel Löforen em São Paulo, Llewellyn Ivor Price
e Elias Dolianiti em Mato Grosso; 1942, Argemiro Martins Dias em São Paulo,
Frederico Waldemar Lange no Paraná, Raul Miranda na Bahia; 1943, com Frederico
Waldemar Lange no Paraná, Paulo Erichsen de Oliveira e Elias Dolianiti no Paraná,
Paulo Erichsen de Oliveira, Llewellyn Ivor Price e Sérgio Mezzalira no Rio de Janeiro,
João Miranda em Minas Gerais; 1944, com Frederico Waldemar Lange, Paulo
Erichsen de Oliveira e Sérgio Mezzalira no Paraná, João Lopes Leal em São Paulo,
1930
63
32
7
27
36
39
9
0 0 0
0
10
20
30
40
50
60
70
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos pteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gr
áfico 04
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
66
Alfredo José Porto Domingues no Rio de Janeiro; 1945, com Mathias Gonçalves de
Oliveira Roxo e Axel Löforen em São Paulo, Paulino Franco de Carvalho no Paraná,
Sérgio Mezzalira, Hernês de Lucca e Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo em São
Paulo, Conselho Nacional de Petróleo em Sergipe, Llewellyn Ivor Price no Piauí; 1946,
com Odorico Rodrigues de Albuquerque no Piauí, S. Guedes em Sergipe; 1947, com
Donald Campbell em Sergipe; 1948, Paulo Erichsen de Oliveira no Paraná, Fernando
Flávio de Almeida em Pernambuco, José Lino de Melo Júnior em Sergipe, Rubens da
Silva Santos, G. William e Alberto Lopa em São Paulo, Paulo José Duarte e Adalto da
Silva Teixeira em Pernambuco, Victor Dequech no Piauí, Rubens da Silva Santos e
Paula Couto no Rio de Janeiro; 1949, com Paulo Erichsen de Oliveira em
Pernambuco, Fernando Flávio de Almeida, Josué Camargo Mendes, Setembrino Petri,
José Carlos Rodrigues e Otávio Barbosa em São Paulo, Rubens da Silva Santos na
Bahia, Victor Dequech e M. Vasconcelos no Ceará, finalizando a segunda fase.
A Divisão encontrava-se quase desprovida de técnicos e de veículos para o
trabalho de campo. A carência de espaço para acondicionamento dos objetos no
museu também foi mencionada.
“Anda tudo empilhado e, a continuar no pé em que vem vindo, dentro em pouco ver-se-
á esta Diretoria obrigada a proibir a seus técnicos coletarem mais material científico.”
20
Segundo o Relatório Anual de 1946, a sub-coleção de Invertebrados foi
acrescida com novos exemplares. O Relatório Anual de 1947
21
aponta que os
trabalhos realizados durante este ano foram bastante limitados para as subseções de
Invertebrados e Paleobotânica. Tal informação pode ser comprovada através dos
livros de tombo, nos campos referentes à coleta e entrada de material nas sub-
coleções.
A coleção costumava receber doações de fósseis, tanto nacionais quanto
estrangeiros - como, por exemplo, do Museu Nacional de Washington e da Inglaterra.
Muitos proprietários de fazendas localizadas próximas ou nos próprios sítios
fossilíferos, realizavam doações de vários exemplares aos técnicos do SGMB.
Inúmeras coleções de natureza particular também foram doadas à Coleção de
Paleontologia, como se pode notar nas entradas da sub-coleção de Répteis. Também
foi mencionado o sistema de permuta de coleções travado pelo DNPM com
instituições dos Estados Unidos e Europa.
20
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1956. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1946. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, p. 9.
21
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1956. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1947. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, 11 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
67
A sub-seção de Vertebrados, desde que teve sua direção assumida pelo
paleontólogo Llewellyn Ivor Price na década de 1940, vêm realizando atividades
intensas em pesquisas, especialmente na sub-coleção de Répteis. Price dedicou igual
empenho nos serviços de campo para estudo das faunas paleontológicas em diversas
regiões do Brasil, destacando-se as investigações nos estados de Minas Gerais e Rio
Grande do Sul. Seus inúmeros trabalhos publicados através do DNPM, congressos
nacionais ou em meio acadêmico, contribuíram singularmente para o conhecimento da
paleontologia de vertebrados em âmbito nacional e internacional.
Verba escassa, falta de técnicos e de espaço apropriado para a instalação de
salas de exposição das coleções de fósseis e minerais: estas reclamações se
repetiram por vários relatórios anuais. Praticamente em todos os relatórios foram
identificadas queixas semelhantes. Desta forma, podemos até mesmo concluir que
muitos dos anos que foram detectados como infrutíferos em relação ao trabalho de
campo ou de coleção, podem ter suas causas nestas defasagens administrativas das
seções do DNPM. Para suprir a falta de funcionários, o DNPM passou a adotar por
vários anos a política de contratação de pessoal extra-corporativo para prestação de
serviços em trabalhos de campo ou atividade interna.
Em 1848, pesquisas estratigráficas e paleontológicas foram efetuadas nos
estados de São Paulo (Formação Bauru), Minas Gerais (Formação Bauru), Rio de
Janeiro (Bacia de Itaboraí) e Maranhão (Formação Codó e Pedra de Fogo)
22
.
Em 1949
23
, os serviços de campo focaram os estados de Pernambuco (fósseis
cretáceos e eocênicos da região costeira de Recife), Bahia (peixes cretáceos), Rio de
Janeiro (répteis, mamíferos e aves do Eoceno Inferior da Bacia de Itaboraí), Minas
Gerais (fósseis de répteis cretáceos da Formação Bauru) e Rio Grande do Sul (répteis
triássicos da Formação Santa Maria).
Em relação à Seção de Paleontologia do SGMB, os assistentes Aristomenes
Guimarães Duarte e Alex Löfgren prosseguiram os estudos para a catalogação e
identificação de fósseis. 161 exemplares fósseis foram anexados à coleção padrão do
SGMB, constando a coleção de 2.936 exemplares no total, aumentando 922
exemplares desde o ano de 1928, identificados por Euzébio de Oliveira, Mathias
Gonçalves de Oliveira Roxo, Aristomenes Guimarães Duarte e Carlotta Joaquina
Maury.
De acordo com o gráfico desta década, as coletas mais expressivas se deram
para as sub-coleções de Répteis e Invertebrados, enquanto as atividades de entrada
22
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1956. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1948. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, 57 p.
23
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1956. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1949. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, 55 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
68
na coleção foram mais evidentes para as sub-coleções de Paleobotânica e Peixes
(Gráfico 05). As demais sub-coleções também demonstram um número considerável
tanto de coletas quanto de entradas.
3.1.6. Campanhas: 1951 – 1960
A fase compreendida na década de 1950 é caracterizada pela volta de Getúlio
Vargas ao poder; pelo decreto do monopólio do Petróleo através das idéias geradas
no Departamento Nacional da Produção Mineral na década de 1930; e,
principalmente, pela criação da PETROBRAS em 1954 (primeira indústria petrolífera
do Brasil), com a retomada do acervo do Conselho Nacional de Petróleo e com
execução das atividades da indústria petrolífera em nome da União. Por um outro
lado, o DNPM ainda investia no interesse do país para a economia mineral.
“A mineração e a agricultura são as bases da civilização. Tudo o mais é conseqüência.
As próprias manifestações do pensamento seriam elementares sem a fabricação dos
prelos. Não haveria livro, isto é, toda a atividade científica, literária e artística, toda a
sublimação da inteligência não teria evolucionado sem o instrumento metálico, a
maquinaria metálica, os compostos químicos metálicos.”
24
Segundo as publicações do Relatório Anual do Diretor, nesta década atuaram:
Paulo Erichsen de Oliveira (Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba); J. R. de
Andrade Ramos (Pernambuco); F. W. Sommer (Rio de Janeiro); Júlio da Silva
24
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1952. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1951. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, p. 7.
1940
48
33
20
58
44
77
109
47
51
87
0
20
40
60
80
100
120
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos Répteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gr
áfico 05
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
69
Carvalho (Rio de Janeiro); Llewellyn Ivor Price (Rio Grande do Norte, Maranhão e
Acre); Karl Beurlen (Rio Grande do Sul, Paraná, Sergipe e Paraíba); Hanfrit Putzer
(Santa Catarina); José Raimundo de Andrade Ramos (Goiás e Pernambuco); Wilhelm
Kegel (Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco); O. R. de Albuquerque (Piauí);
Victor Dequech (Piauí); M. T. da Costa (Piauí); Fritz L. Ackermann (Pará); Aril de Lira
Tavares (Pernambuco); Francisco Moacyr Vasconcelos (Pernambuco); Francisco das
Chagas Pinto Coelho (Pernambuco); Fritz Bender (Sergipe); Vingt-um Rosado Maia
(Rio Grande do Norte); I. M. Tinoco (Rio Grande do Norte); Paula Couto (Rio de
Janeiro); Ignácio Machado Brito (Rio de Janeiro); Carlos A. C. de Andrade (Picos).
Em 1950, segundo o Relatório Anual do Diretor deste mesmo ano, foi realizada
uma grande coleta de fósseis de répteis do Triássico do Rio Grande do Sul pelo
paleontólogo L. I. Price, bem como a coleta de fósseis vegetais permianos dos estados
de São Paulo, Paraná e Santa Catarina e de invertebrados em São Paulo (arenito de
Botucatu). Foram coletados e estudados exemplares fósseis da bacia carbonífera do
Piauí, pelo geólogo Wilhelm Kegel, que vieram a elucidar várias questões referentes à
geologia da região
25
.
De acordo com os registros dos livros de tombo, o maior número de coletas se
concentra nas sub-coleções de Invertebrados, Répteis e Peixes. As sub-coleções de
Paleobotânica e Mamíferos se apresentam com um número mínimo de coletas para
esta década. Quanto ao número de entradas, as sub-coleções de Invertebrados e
Répteis (especialmente) representam o seu maior montante em relação às décadas
anteriores (Gráfico 06).
25
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1956. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1950. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, 35 p.
1950
53
9
5
37
28
59
7
11
67
12
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos Répteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gr
áfico 06
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
70
Os dados de registro nos livros de tombo corroboram em grande parte com as
informações coletadas nos relatórios e nos indicam as campanhas realizadas em
1950, com a Companhia de Cimento Portland Poty, J. R. de Andrade Ramos e Paulo
Erichsen de Oliveira em Pernambuco, Wilhelm Kegel, Odorico Rodrigues de
Albuquerque, Victor Dequech e M. T. da Costa no Piauí; em 1951, com Karl Beurlen
no Paraná, José Raimundo de Andrade Ramos em Pernambuco; em 1952, com Paulo
Erichsen de Oliveira em Pernambuco, Karl Beurlen no Paraná, Hanfrit Putzer em
Santa Catarina, Wilhelm Kegel no Piauí e em Pernambuco, Francisco das Chagas
Pinto Coelho em Pernambuco; em 1953, com Paulo Erichsen de Oliveira na Paraíba e
em Pernambuco, Karl Beurlen no Rio Grande do Sul, Wilhelm Kegel no Piauí, Aril de
Lira Tavares e Francisco Moacyr Vasconcelos em Pernambuco; em 1954, com
Llewellyn Ivor Price no Rio Grande do Norte, Karl Beurlen na Paraíba; em 1955, com
Llewellyn Ivor Price no Maranhão, F. Wilhelm Sommer e Júlio da Silva Carvalho no Rio
de Janeiro; em 1956, com Llewellyn Ivor Price no Acre, José Raimundo de Andrade
Ramos em Goiás, Wilhelm Kegel no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí, Fritz
L. Ackerman no Pará, Vingt-Um Rosado Maia, Paulo Erichsen de Oliveira e I. M.
Tinoco no Rio Grande do Norte; em 1957, com Wilhelm Kegel na Bahia, Fritz L.
Ackerman no Pará, Fritz Bender em Sergipe; em 1958, com Paulo Erichsen de Oliveira
em Pernambuco, José Raimundo de Andrade Ramos em Pernambuco; em 1959, com
C. Paula Couto e Inácio Machado Brito no Rio de Janeiro, Carlos A. C. de Andradeno
Piauí.
O Relatório Anual do Diretor de 1951
26
mostra que os serviços de campo não
foram iniciados devido à mudança de governo e à nova orientação ministerial e que foi
acelerada a execução das folhas da Carta Geológica do Brasil na seção de Geologia,
a partir da coleta de material realizada pelas outras seções. Vale ressaltar que nesta
década, o DNPM tinha na Carta Geológica do Brasil o seu principal encargo. A Carta
Geológica englobava uma série de trabalhos pautados diretamente em levantamentos
fotogeológicos, estratigráficos e paleontológicos, além de investigações geológicas e
confecção de mapas.
“A primitiva repartição fundada por Orville A. Derby foi a escola criadora de grande
número de geólogos brasileiros. Mas com a criação do D.N.P.M. e de outras
instituições como o Conselho Nacional de Petróleo, a maioria desses técnicos
desligou-se temporária ou permanentemente da antiga sede do S.G.M.B., hoje
26
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1952. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1951. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, 60 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
71
ocupada pela D.G.M., a qual tem encargos ltiplos, destacando-se como principal o
da execução da Carta Geológica do Brasil.”
27
Ainda neste ano, foi mencionada mais uma vez a situação precária da Divisão,
que sofria a falta de técnicos e de aparelhamentos.
“Não é possível que a técnica geológica se desenvolva sem que cientistas tão
especializados e com toda uma vida de contínuas viagens através do nosso imenso
território, não sejam bem remunerados.”
28
Encerrando o ano de 1951, foi registrada a coleta abundante de material
fossilífero no estado de Pernambuco (zona do Forno da Cal) por Paulo Erichsen de
Oliveira, que possibilitou o desenvolvimento de pesquisas paleontológicas das
formações Maria Farinha e Gramame. (pag. 49)
O relatório relativo ao ano de 1952 faz menção ao quadro escasso de técnicos
para o serviço de campo, que era comparativamente menor em relação ao ano
anterior, e a questão novamente será mencionada no ano seguinte, rendendo uma
queixa por parte da direção.
“No Brasil ainda não se compreende a importância do geólogo na economia
nacional.”
29
Em 1952, foram realizados estudos acerca dos invertebrados fósseis na Seção
de Paleontologia, bem como trabalhos voltados para a montagem de vertebrados
fósseis, no intuito de fornecer conhecimento ao público através da exposição. Na
Seção de Paleontologia, os trabalhos foram voltados para o estudo de fósseis das
formações Maria Farinha e Gramame e dos fósseis de Sergipe e Bahia. Estudos foram
realizados para o Conselho Nacional de Petróleo de fósseis derivados de sondagens
do estado de Sergipe.
Em 1953, foram estudados os exemplares fósseis provenientes da Bahia,
Sergipe, Paraíba e Pernambuco. Elias Dolianiti dedicou-se ao estudo da paleobotânica
brasileira, mais especificamente do estado de Santa Catarina, na localidade de
Bainha, município de Criciúma,cujos exemplares formavam a maior coleção em
depósito na Divisão em 1952.
27
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1953. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1952. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, p. 5.
28
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1953. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1952. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, p. 6.
29
ROXO, Mathias Gonçalves de Oliveira. 1953. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1952. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, p. 7.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
72
Os anos de 1954 e 1955, segundo os dados obtidos dos livros de tombo da
coleção, foram de coleta e entrada muito freqüentes de exemplares nas sub-coleções
de Invertebrados e Répteis. Em concordância com os livros de tombo, o Relatório
Anual do Diretor de 1955 aponta o trabalho de coleta de fósseis na Bacia de Itaboraí
(RJ) e descoberta de esqueletos de dinossauros em Peirópolis (MG).
Em 1954 são registrados nos relatórios um período de mudança de governo e
de crise financeira, além de atrasos na concessão de verbas para os serviços de
campo, retardando o andamento de trabalhos iniciados. A evolução econômica era
tida como meta na exploração, beneficiamento e a industrialização de minérios em
ampla escala. O próprio DNPM, neste sentido, voltou seu trabalho para o
planejamento e orientação dos serviços de campo
30
.
A partir deste ano, Júlio da Silva Carvalho (preparador de fósseis) foi a S. J. do
Itaboraí (RJ) para acompanhar os trabalhos de exploração da pedreira calcárea da Cia
Nacional de Cimento Portland, trazendo desse local o material fóssil coletado (restos
de mamíferos, répteis, anfíbios, etc.). Estes dados podem ser comprovados através
dos livros de tombo, especialmente nas sub-coleções de Invertebrados (em coleta) e
de Répteis (em entrada).
Em Relatório Anual do Diretor de 1956, Paulo Erichsen de Oliveira, chefe da
Seção de Paleontologia, entregou-se ao estudo dos fósseis de invertebrados,
anteriormente coletados por Llewellyn Ivor Price (em 1955, segundo o registro de
coletas), provenientes do estado do Maranhão; estudou amostras de calcário de Ponta
Grossa e cefalópodes do Rio Grande do Norte, coletados por Wilhelm Kegel, e
atribuídos às camadas calcárias do grupo Arapodi (informações não encontradas no
catálogo); fez reconhecimentos geológicos em Mossoró, Dix-Sept Rosado, Caraúbas,
Augusto Severo, Açu, Pendência e Macau onde podemos confirmar os registros
acerca dos municípios de Mossoró e Dix-Sept Rosado; deu prosseguimento ao estudo
dos fósseis dos estados de Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Bahia, além da
preparação do material fossilífero do Rio Grande do Norte; fez a catalogação de 68
exemplares de invertebrados fósseis do Carbonífero, Permiano e Cretáceo.
Neste mesmo ano, a Divisão de Geologia e Mineralogia, representada por
Alberto Ribeiro Lamego, reclamou a falta de técnicos, requisitando à alta
administração do DNPM um quadro de geólogos para os serviços de campo, por sua
vez prejudicados pela escassez relatada de técnicos.
30
LAMEGO, Alberto Ribeiro. 1955. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1954. Rio de Janeiro: DGM/DNPM,
119 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
73
3.1.7. Campanhas: 1961 – 1970
Neste cenário, são iniciadas as atividades micropaleontológicas na década de
1960, com a atuação da PETROBRAS e do Laboratório do Rio de Janeiro com o Setor
de Paleontologia, o SEPALE, incorporado ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento
Leopoldo A. Miguez de Mello CENPES. Também, destaca-se a criação da
Companhia de Pesquisas de Recurso Minerais (CPRM), com os estudos e pesquisas
hídricas e energéticas, além dos estudos geológicos e mineralógicos do Brasil.
A partir de 1960, dos cursos de graduação e das pesquisas universitárias
acerca da Geologia e da Paleontologia desenvolvem-se em diversas instituições no
país.
De posse dos resultados apresentados pelo gráfico, o montante de coletas
desta década diminui consideravelmente em relação à décadas anteriores, bem como
o número de entradas. Destacam-se apenas as entradas realizadas na sub-coleção de
Peixes, em um período compreendido entre 1966 e 1970. O ano de 1966 apresentou o
maior número de entradas da década.
De acordo com o Gráfico 07, esta década nos adianta, através do
decréscimo observado de coletas nesta década em relação às anteriores, que a
tendência das atividades do DNPM foi buscar mais o serviço burocrático da instituição
e estudar o material adquirido em campo para desenvolvimento das pesquisas
geopaleontológicas.
1960
22
12
22
40
53
38
7 7
13
111
0
20
40
60
80
100
120
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos Répteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gr
áfico 07
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
74
Mais uma vez foi mencionada a falta de verbas e de quadro técnico para os
trabalhos da Divisão, não permitindo o andamento eficaz das tarefas e serviços
idealizados para o presente ano, como os serviços de campo.
A preocupação da Divisão de Geologia e Mineralogia quanto à falta de técnicos
também se baseia em toda uma reflexão acerca da participação no fortalecimento da
estrutura econômica do país, uma vez que o conhecimento dos bens minerais levaria
à formulação de uma autêntica política geo-econômica adequada. O fato de dinamizar
o quadro da economia brasileira de minérios e do desenvolvimento industrial, era visto
com considerável urgência.
“Além dos largos reflexos sociais e econômicos que a mineração proporciona como
indústria de base, condiciona, também, as tendências e harmonia do complexo
industrial de um País, pela dependência estreita do suprimento de matéria prima
mineral e de sua tecnologia.”
31
Os estudos geológicos ainda eram pautados no interesse em pesquisa mineral
e motivavam os trabalhos de busca em novas regiões brasileiras, representadas pelos
estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande
do Norte, Bahia e, ainda, Brasília. Foi lançado um programa para mapeamento
geológico do Brasil, no intuito de se transformar no planejamento básico para
quaisquer atividades geológicas realizadas quanto ao levantamento de minerais.
Ficou registrada na Seção de Paleontologia a coleta de fósseis provenientes
dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais (formação Bauru,
Peirópolis e bacias terciárias do Fonseca e Gandarela), Rio de Janeiro (coletas
esporádicas em Itaboraí), São Paulo (coletas paleobotânicas nas formações
paleozóicas) e Santa Catarina (coletas paleobotânicas nas formações gondwânicas
em Lauro Müller e arredores).
Fica clara a intenção desta seção em complementar a coleções
paleontológicas já existentes na divisão, a fim de estudo e pesquisa da posição
estratigráfica, datação e correlação das faunas e floras registradas em diversas
camadas geológicas. Neste mesmo ano, uma nova localidade fossilífera foi
encontrada no estado do Rio Grande do Norte, proporcionando aos técnicos um novo
campo de pesquisas.
Desta forma, as campanhas foram realizadas por J. Carvalho (Rio de Janeiro);
F. W. Sommer (Rio de Janeiro e Goiás); Francisco M. B. Cunha (Acre); Ignácio
Machado Brito (Rio de Janeiro e Sergipe); J. I. Fonseca (Bahia); Llewellyn Ivor Price
31
VASCONCELLOS, Francisco Moacyr. 1962. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1961. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, p. 11.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
75
(Acre); Wilhelm Kegel (Piauí); Rubens da Silva Santos (Minas Gerais); Otávio Barbosa
(Pernambuco); Mário Jorge Costa (Pernambuco); H. D. Piazza (Piauí); E. Maingué
(Piauí); Loczy (Santa Catarina); W. Canpanha (Pernambuco); J. Rolim (Pernambuco);
Maria Eugênia C. M. Santos (Rio de Janeiro e Pará); Fernando Pires (Piauí).
O Relatório Anual de 1961
32
menciona a criação do Ministério das Minas e
Energias, o que causaria a re-estruturação da divisão, e a pressa na aquisição de um
quadro técnico ampliado para a Seção de Paleontologia para dar cabo do enorme
volume de trabalho, com o risco de retornar à situação - muito vivida em décadas
anteriores - de submissão dos fósseis ao estudo de especialistas estrangeiros.
Em 1962, as coletas na pedreira de São José de Itaboraí foram prosseguidas
no intuito de melhor conhecer a fauna da região e complementar as coleções da
divisão com vertebrados e invertebrados paleocênicos. Am da produção habitual de
pesquisas por parte dos técnicos da divisão, trabalhos também eram realizados a fim
de serem submetidos - a exemplificar - às edições Congresso Brasileiro de Geologia,
ou ainda atendendo a demandas de órgãos como a Petrobrás e o Conselho Nacional
de Pesquisas estudos sobre paleontologia com aplicação estratigráfica e
paleogeográfica
33
.
Em 1963, foram registradas na Seção de Paleontologia as pesquisas
realizadas em torno dos vertebrados mesozóicos dos estados de Minas Gerais e São
Paulo, as coletas sistemáticas de fósseis no Rio de Janeiro (na Bacia de Itaboraí) e a
descoberta de fósseis no município de Petrolândia (Pernambuco)
34
.
Em meados da década de 1960, o DNPM engrenou em uma série de projetos
de trabalho de geologia de campo, no intuito de promover a cobertura fotográfica das
bacias brasileiras para a atividade de fotointerpretação das camadas geológicas. Entre
eles, o “Projeto Vale do Rio Doce, “Projeto Cuiabá”, “Projeto Bahia”, “Projeto Brasília”,
“Projeto Araguaia” e “Projeto Alto Araguaia”.
Quanto aos dados paleontológicos, foram coletados exemplares dos estados
do Rio de Janeiro (depósitos espeleológicos e microfauna recente da orla marítima),
São Paulo (regiões gonduânicas de Itu, Rio Claro e Piracicaba), Santa Catarina
(vegetais gonduânicos), Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e na Bacia Piauí-Maranhão
(Devoniano de Picos e Oeiras e folhelhos da Formação Motuca em Piauí).
A Seção de Paleontologia mais contribuiu, em números, com publicações no
ano de 1965. No entanto, se analisarmos as tabelas verificaremos que o número de
32
VASCONCELLOS, Francisco Moacyr. 1962. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1961. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, 119 p.
33
VASCONCELLOS, Francisco Moacyr. 1967. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1962. Rio de Janeiro:
DGM/DNPM, 52 p.
34
VASCONCELLOS, Francisco Moacyr. 1967. Relatórios Anuais do Diretor: 1963-1964-1965. Rio de
Janeiro: DGM/DNPM, 43 p.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
76
entrada de material na coleção foi praticamente escasso, o que nos leva a crer que as
publicações foram pautadas em exemplares existentes. Isso demonstra uma
situação adversa das primeiras décadas, onde as publicações dependiam da entrada
e estudo dos exemplares encontrados através do SGMB.
O Relatório Anual do Diretor, da Divisão de geologia e Mineralogia foi publicado
até 1965, dando lugar ao Relatório Anual do DNPM com publicações de 1969 a 1980.
No entanto, o Relatório Anual do DNPM não dá conta do andamento da coleção, o que
nos privou de traçar uma análise mais detalhada quanto às atividades da instituição
que contribuíram para o aumento da coleção.
Em 1969, através do Decreto-Lei nº 764 de 15/08/1969, foi criada a Companhia
de Pesquisa de Recursos Minerais, trazendo novas perspectivas ao quadro técnico do
DNPM – apontado como crítico nos últimos tempos.
A criação do CPRM veio contribuir no sentido de reparação de deficiências do
antigo departamento, ainda que os resultados dos trabalhos realizados nos últimos
anos tenham obtido progresso. Estas deficiências eram entendidas na inadequação
dos meios de que dispunha o Governo brasileiro para a realização dos serviços de
mapeamento básico e geologia geral e na carência de recursos financeiros no tocante
aos mineradores nacionais.
3.1.8. Campanhas: 1971 – 1980
Na década de 1970, surge a maioria das universidades federais brasileiras, os
cursos de geologia e, consequentemente, as pesquisas geopaleontológicas tomaram
impulso.
O CPRM iniciou suas atividades, de modo a contribuir para o serviço geológico
desempenhado anteriormente pelo DNPM, investindo no Projeto Mapeamento
Geológico Sistemático do Brasil, em levantamentos aerogeofísicos, na construção da
Usina de Patos de Minas (MG), descobertas de jazidas em Patos de Minas (MG) e Rio
Capim (PA), no estudo do carvão brasileiro e na operação e manutenção da rede
hidrometeorológica brasileira.
Outro marco na década de 1970 foi a implantação do Projeto RADAMBRASIL
(1970 1985) para a realização de mapeamentos geológicos para o conhecimento do
território brasileiro. Suas atividades foram financiadas pelo Departamento Nacional da
Produção Mineral, executadas pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais e
cobriu diversas regiões brasileiras - em especial a Amazônia.
Em 1978 e 1979, não são registradas coletas em nenhuma das coleções. Nos
demais anos foram registradas coletas não tão expressivas quanto nas décadas
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
77
anteriores. A sub-coleção de Répteis recebeu o maior número de coletas da década,
em 1974, e também demonstrou maior número de entradas nos anos de 1975 e 1976.
A sub-coleção com menor expressividade foi a de Invertebrados, com apenas 3
campanhas de coleta e 4 registros de entradas de material em toda a década.
Em 1974, há a campanha de coleta com Langerton Neves da Cunha em Minas
Gerais e no Pará; em 1977, com Peter Begtson em Sergipe; em 1978, com o Projeto
Chapada do Araripe no Ceará.
3.1.9. Campanhas: 1981 - 1990
A partir da década de 1980 foi caracterizado um período de estagnação
econômica e crise em diversas áreas. Ainda assim, observamos o desenvolvimento
dos setores relacionados à Geologia (Geofísica, Aerofotogeologia, Geoquímica, etc.)
com a criação de novos cursos de Geologia nas universidades e de seus setores de
pesquisa.
A demanda de formandos da área de Geologia era contratada pela
PETROBRAS, pelo Conselho Nacional de Energia (CNE) ou até mesmo absorvidos
pelas universidades e empresas particulares que desenvolviam trabalhos ligados às
Geociências.
Nesta década, o CPRM dedicou-se a descobertas de jazidas de estanho (AM),
níquel (GO), cobre (BA), calcário (PA), nióbio (AM) e ouro (SP). Outras atividades
envolveram o Projeto Especial Ouro, Projeto Mapas Metalogenéticos e de Previsão de
Recursos Minerais e implantação de redes telemétricas, do Programa Levantamento
1970
3 3
29
90
5
4
14
42
135
7
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos Répteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gráfico 0
8
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
78
Geológico Básico do Brasil e do SIGA - Sistema de Informações Geológicas do Brasil.
No entanto, foram reduzidas as atividades de geologia básica.
A primeira campanha desta fase ocorre em 1982, com Maria H. Ribeiro Hessel
em Sergipe e José Henrique de Melo em Mato Grosso; em 1983, com Maria H. Ribeiro
Hessel em Sergipe; em 1984, com a Equipe Projeto Petrobrás no Ceará; em 1986,
com H. Alvarenga em São Paulo, José Henrique de Melo e A. J. Boucot no Pará; em
1989, com a Equipe Projeto Petrobrás na Antártida, Peter Bengtson e Maria H. Ribeiro
Hessel em Sergipe.
Como previsto anteriormente, o Gráfico 09 aponta a menor produção do DNPM
em todo o século XX no tocante às atividades de coletas e de entradas, ainda que o
percentual de entradas ultrapasse o de coletas. Ainda que em pequeno número, as
maiores coletas contribuíram para as sub-coleções de Invertebrados e Répteis. O
número de entradas na sub-coleção de Peixes atingiu o maior montante da década,
seguido por Répteis e Invertebrados.
3.1.10. Campanhas: 1991 - 2000
A década de 1990 teve pouquíssimas realizações de coletas, igualmente
distribuídas para Invertebrados, Paleobotânica e Répteis. A sub-coleção de Peixes
contou com o maior número de coletas (ainda que pouco, comparado às décadas
anteriores) e na de Mamíferos não foi registrada nenhuma coleta. Quanto às entradas,
o ápice foi registrado na sub-coleção de Répteis. A sub-coleção de Mamíferos também
1980
10
2
9
3
5
18
7
12
29
53
0
10
20
30
40
50
60
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos pteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gráfico 0
9
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
79
apresentou um número considerável em relação à década em análise, e as de
Paleobotânica e Peixes possuem a mesma média.
A partir de 1990, o CPRM transformou-se em entidade supervisionada pelo
Tesouro Nacional, uma vez que passou a ser empresa pública e vinculada ao
Ministério de Minas e Energia em 1994. Seu estatuto foi aprovado em 1995, através
do Decreto 1.524, designando o órgão com funções de Serviço Geológico do Brasil.
O CPRM apostou em inúmeros projetos, tais como: Programa Nacional de
Prospecção de Ouro, Programa Águas Subterrâneas para a Região Nordeste,
Programa Insumos Minerais para a Agricultura, Programa Emergencial de Frentes
Produtivas, Zoneamento Ecológico-Econômico realizado nas regiões fronteiriças da
Venezuela, Colômbia e Peru e Gestão de recursos hídricos em bacias hidrográficas.
A Expedição Orville Derby, promovida pela PETROBRAS/CENPES em 1986,
veio contribuir com a inserção de material na coleção. O material adquirido nas
expedições foi depositado principalmente nas coleções de Paleontologia do Museu
Nacional e também do Museu de Ciências da Terra.
Se observarmos o número de coletas realizadas nesta fase, perceberemos que
todas estiveram relacionadas à aquisição de material para pesquisa e produção de
dissertações e teses de pesquisadores (especialmente paleontólogos), que realizavam
coletas de seu interesse e depositavam o material na Coleção de Paleontologia do
MCTer.
Os maiores serviços de entradas de material na coleção foram realizados na
sub-coleção de Répteis (Gráfico 10). As sub-coleções de Mamíferos, Paleobotânica e
Peixes também foram acrescidas de material, enquanto a de Invertebrados contou
apenas com 1 entrada. As coletas, reduzidas drasticamente, mantiveram uma média
para quase todas as sub-coleções, com exceção da de Mamíferos que não contou
com coletas.
1990
3 3
0
3
5
1
9
14
35
8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos Répteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gr
áfico 10
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
80
3.1.11. Campanhas: 2000 – 2008
A partir de 2000, verificou-se que as atividades de coleta foram totalmente
paralisadas pelo DNPM (Gráfico 11). Nenhuma sub-coleção registra a coleta de algum
material fossilífero, apontando apenas os serviços de acréscimo de material. As sub-
coleções de Répteis e Peixes foram as mais trabalhadas em relação às entradas. A
sub-coleção de Mamíferos não recebeu nenhum material e a de Paleobotânica conta
com somente uma única entrada.
Quanto às atividades do CPRM, foi Inaugurado o Banco de Dados de
Exploração e Produção de Petróleo, o Banco de Dados Geológicos e de Recursos
Minerais e o SIAGAS - Sistema de Informações de Águas Subterrâneas. No intuito de
subsidiar a saúde pública em todo território brasileiro, foi implantado o Programa
Nacional de Pesquisa em Geoquímica Ambiental e Geologia Médica – PGAGEM.
2000
0 0 0 0 0
4
1
0
10
7
0
2
4
6
8
10
12
Invertebrados Paleobotânica Mamíferos pteis Peixes
COLETA ENTRADA
Gr
áfico 11
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
81
3.2. De 1900 a 2008: algumas considerações
Através da análise do gráfico (Gráfico 12) relacionado aos dados de coletas e
de entrada de material fossilífero em toda a Coleção de Paleontologia, foi possível
atribuir à década de 1940 como a mais representativa, uma vez que acumula o maior
montante de coletas e entradas do DNPM em um momento em que o interesse sobre
o petróleo ganha impulso mediante um governo de cunho extremamente nacionalista.
Em um segundo plano, esta representatividade pode ser notada em um
período compreendido entre 1930 a 1970, no qual a média de coletas permanece
equivalente. No entanto, a média de entradas não se configura da mesma forma, uma
vez que os dados apontam o ápice na década de 1940 e uma média entre 1950 e
1970.
Se analisarmos os gráficos referentes as sub-coleções separadamente,
observaremos que cada uma atinge seu ápice de coleta e/ou entrada, bem como a
falta de serviço, em décadas diferentes. Enquanto as sub-coleções de Invertebrados,
Mamíferos e Paleobotânica atingem o topo de entradas na década de 1940, a sub-
coleção de Peixes atinge somente em 1960 e a de Répteis em 1970. Quanto às
coletas, as sub-coleções de Invertebrados e Paleobotânica têm seu maior mero na
década de 1930, enquanto as outras sub-coleções apresentam seus montantes de
coletas décadas mais tarde.
A abordagem aplicada a todas as décadas permitiu uma observação analítica
do desenvolvimento da coleção, indicando períodos de serviços intensos ou escassos
de coleta ou de entrada de material e de suas relações com momentos de relevantes
acontecimentos para a área de Geociências.
O Relatório Anual do Diretor, publicação existente desde 1919, como uma das
principais fontes na análise das coletas e entradas, também possibilitou o
reconhecimento das atividades do SGMB e do DNPM, detalhando a cada ano as
campanhas e trabalhos realizados pelo seu quadro técnico, seja sem serviço de
campo ou em serviço interno da instituição.
Com os relatórios anuais, foi possível traçar um paralelo entre as suas
informações publicadas e os registros que constam nos Livros de Tombos do MCTer.
Constatou-se que, em grande proporção, as informações obtidas dos anos de
atividades, entre ambas as fontes, correspondiam em seus resultados.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
82
Dados de coleta e de entrada
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM
COLEÇÃO DE PALEONTOLOGIA
Décadas Coleta Entrada
1900
26
0
1910
53
3
1920
74
20
1930
165
48
1940
203
371
1950
132
156
1960
149
176
1970
130
202
1980
29
119
1990
14
67
2000
0
22
26
53
74
165
203
132
149
130
29
14
00
3
20
48
371
156
176
202
119
67
22
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Coleta Entrada
Gr
áfico 12
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
83
O inventário dos fósseis do SGMB não fora realizado de forma homogênea e
de conformidade com os serviços de coleta. Em diversas décadas, o serviço de
entrada de material na coleção foi realizado em caráter provisório e num curto período
de tempo, correspondendo ao quadro técnico de que a instituição dispunha para seus
serviços. O fato, esperado, acabou por ocasionar algumas de falhas nos livros de
registro quanto à procedência e autoria das coletas. No entanto, isso não constitui
efeito grave para obtenção de dados sobre a coleção.
Sem dúvida, as atividades de coleta e de entrada do SGMB e do DNPM
seguiram o desenvolvimento das atividades geopaleontológicas do século XX,
envolvendo um corpo de técnicos e cientistas, de metodologias próprias da área e de
instituições que também compõem o quadro patrimonial paleontológico.
Desta forma, a análise da formação e de desenvolvimento da Coleção de
Paleontologia do McTer/DNPM nos permitiu caracterizar a atuação do Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil e do Departamento Nacional da Produção Mineral,
remontando à história dos serviços de coleta de material fossilífero em todo o território
nacional e desvendando inúmeras facetas do patrimônio para o campo da
Paleontologia.
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
84
Dados de coleta e de entrada
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM
Sub-coleção: MAMÍFEROS
Sub-coleção: PALEOBOTÂNICA
1
0 0 0
8
0
7
0
20
47
5
11
22
7
29
42
9
12
0
14
0 0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
Coleta Entrada
Gr
áfico 13
8
20
5
32
33
9
12
3
2
3
00
1
3
9
109
7 7
14
7
9
1
0
20
40
60
80
100
120
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
Coleta Entrada
Gr
áfico 14
Coleção de Paleontologia do MCTer/DNPM - RJ
85
Sub-coleção: INVERTEBRADOS
Sub-coleção: RÉPTEIS
Sub-coleção: PEIXES
13
22
27
63
48
53
22
3
10
3
00
2
17
39
77
59
38
4
18
1
4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
Coleta Entrada
Gr
áfico 15
4
7
31
27
58
37
40
90
3 3
00 0 0 0
51
67
13
135
29
35
10
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
Coleta Entrada
Gr
áfico 16
0
4
3
36
44
28
53
5 5 5
00 0 0 0
87
12
111
7
53
8
7
0
20
40
60
80
100
120
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
Coleta Entrada
Gr
áfico 17
Considerações finais
86
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações finais
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil em 1907 veio a
transformar-se num marco: tanto para a economia do país, quanto para as
Geociências.
No Brasil recém-saído do século XIX, o SGMB conseguiu romper com antigas
dependências técnico-científicas - européias e norte-americanas -, estabelecendo um
serviço geológico em território nacional. Incentivou a formação de técnicos, geólogos e
paleontólogos no Brasil e confeccionou um quadro técnico como nenhum outro serviço
ou comissão geológica havia feito anteriormente.
Naquele momento, foi traçado que o SGMB teria, principalmente, a duas
missões a executar. A primeira engloba estudar cientificamente a estrutura geológica
da mineralogia, levantar os meios e recursos minerais do território da República, e do
aproveitamento dos recursos minerais e das águas superficiais e subterrâneas. A
segunda, criar e manter um laboratório e um Museu de Geologia e Mineralogia, no
intuito de colecionar, classificar e coordenar o material fossilífero coletado para
exposição em todo o país e tamm nas principais instituições estrangeiras,
proporcionando um conhecimento mais abrangível possível da geologia, mineralogia e
recursos minerais do Brasil para os interessados.
Todo este desenvolvimento observado ao longo dos séculos XIX e XX nos
remete aos eventos históricos de cunho científico ou de interesse político-econômico,
envolvendo, ao mesmo tempo, duas questões: (1) a necessidade do Brasil em se
afirmar cientificamente perante à Europa e (2) a exploração dos terrenos brasileiros
em busca de recursos minerais de interesse da emergente indústria nacional.
Em concomitância, assistiu-se a formação de uma coleção que acompanharia
todos os passos dados pelo serviço geológico ao longo do século XX, sejam estes
eventos de intervenção interna ou externa.
Os eventos de intervenção interna correspondem à própria dinâmica funcional
da instituição, envolvendo o quadro técnico com suas respectivas atividades e
funções. O SGMB promoveu, pela primeira vez nas Geociências no Brasil, a criação
de um quadro de pesquisadores efetivamente nacional quadro este composto por
geólogos, engenheiros de minas e paleontólogos, formados nas primeiras escolas de
geologia e mineralogia do Brasil. Ao mesmo tempo desta conquista, muitas vezes foi
registrado pelo próprio serviço a carência de técnicos para o andamento das
atividades elaboradas anualmente na instituição. Esta queixa perdurou por quase duas
décadas e mostrou as dificuldades sofridas pelo serviço público. Estes profissionais,
muito bem preparados e qualificados - relato constante nos relatórios da Divisão de
Considerações finais
88
Geologia e Mineralogia eram mal remunerados e contratados por períodos
determinados. No entanto, ainda assim, legaram sua contribuição para as gerações
seguintes.
Por sua vez, os eventos de intervenção externa, compreendem todos os fatos
históricos e econômicos pelo qual o cenário científico e industrial brasileiro sofreu
durante décadas. O crescente processo industrial, nas primeiras décadas do século
XX; a busca, mapeamento e extração do carvão mineral para alimentação da
economia industrial a partir da década de 1920; o interesse pelo petróleo, a partir da
década de 1930, juntamente com o Governo Vargas caracterizadamente nacionalista,
iniciando uma nova fase na economia nacional que perduraria em ascensão até a
década de 1950, com a criação do Conselho Nacional de Petróleo; a partir de 1950,
assiste-se ao retorno de Getúlio Vargas à presidência, à a criação da Petrobrás e ao
decreto do monopólio do Petróleo; a partir da década de 1960, cresceu a atuação da
Petrobrás, o DNPM passou a subordinar-se à recém-criada Companhia de Pesquisas
de Recursos Minerais e surgiram os cursos de graduação em Geologia e as pesquisas
universitárias; na década de 1970 foram criadas a maior parte das universidades
brasileiras, os cursos de graduação em geologia tomam impulso, e o Projeto
RADAMBRASIL veio a contribuir de forma efetiva para o mapeamento geológico do
Brasil; as duas últimas décadas foram marcadas pela crise e estagnação da economia
brasileira (década de 1980), pela atuação da Petrobrás e do Conselho Nacional de
Energia (CNE) e da CPRM, neste momento tendo se tornado uma empresa pública e
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, e que prossegue com sua missão até os
dias atuais.
Recuperando as informações oriundas de seus catálogos e, a partir da
montagem dos gráficos comparativos, fica claro o fato da Coleção de Paleontologia
acompanhar os eventos geopaleontológicos do século XX. Seja no surgimento de
grandes instituições - como a Petrobrás, o Conselho Nacional de Petróleo, a
Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais, etc. -, ou seguindo a própria rotina dos
serviços do Departamento Nacional da Produção Mineral, é evidente em todos os
momentos este acompanhamento.
De forma geral, a análise de cada uma das cinco sub-coleções nos permitiu
visualizar esta movimentão, que se caracterizou do mesmo modo em todas. Todos
os ápices e quedas nas atividades do serviço geológico refletiam nas estatísticas de
entrada e de coleta de material fossilífero na Coleção de Paleontologia, como previsto
no ultimo capítulo desta dissertação. O período de maior intensidade de entrada se
deu a partir da década de 1940 até 1960, logo após as entradas declinam. o
Considerações finais
89
período de coletas é compreendido entre 1930 e 1960. Algumas variações podem ser
notadas entre as sub-coleções.
O Relatório Anual do Diretor, como uma outra instância na análise das coletas
e entradas, permitiu o reconhecimento das atividades do serviço geológico desde a
década de 1920 até a década de 1960, com análise descritiva de todas as campanhas
e trabalhos planejados pela instituição para as atividades de coleta ou nos serviços
internos de catalogação da coleção. Portanto, foi possível cruzar os dados das
informações publicadas e os registros que constam nos Livros de Tombo do museu.
Os relatórios internos também divulgam as etapas pelas quais a coleção era
submetida no seu processo de musealização: coleção de fósseis, preparação,
catalogação, classificação, conservação, etc. De acordo com os relatórios, algumas
coleções eram preparadas no intuito de divulgação cultural
1
. Isso demonstra que os
técnicos atuantes se preocupavam com a divulgação dos exemplares e não somente
com a coleção científica para pesquisas geopaleontológicas internas. Nota-se,
também, a preocupação com alguns aspectos de âmbito museológico e museográfico.
Ao mesmo tempo, fica igualmente implícita a postura dos técnicos, com referência à
organização dos antigos gabinetes de naturalistas que não pretendiam ser ‘teatros do
mundo’ ou microcosmos da criação, e sim ‘teatros da natureza’ (...)
2
”.
Os fósseis tanto vertebrados, como invertebrados ou plantas, à medida que vão sendo
preparados são catalogados e acondicionados em armários-depósitos onde aguardam
o estudo dos cnicos. Os exemplares mais interessantes e curiosos, dignos de serem
apreciados pelo público, são montados e postos em exposição no Museu da D.G.M.
3
Este trabalho da parte dos técnicos era constante - apesar de mais expressivo
em algumas décadas que em outras -, e dava conta de toda a preparação e
destinação do material que chegada das coletas de campo do SGMB. A maior parte
do material era destinada à coleção científica, enquanto outros eram levados à
exposição do museu e, ainda, reunidos em coleções didáticas para instituições de
interesse.
Insistir na importância do aprimoramento constante do Museu de minerais, rochas e
fósseis, seria ocioso, entretanto lembramos que, além da sua função científica,
representam elas elemento sico para aperfeiçoamento cultural, inestimável
1
VASCONCELLOS, Francisco Moacyr. 1967. Relatórios Anuais do Diretor: 1963-1964-1965. Rio de
Janeiro: DGM/DNPM, p. 20.
2
KURY, L. B.; CAMENNIETZKI, C. Z. "Ordem e natureza: coleções e cultura científica na Europa
Moderna" In: Anais do MHN, vol. 29/1997. pp. 57-86.
3
Relatório Anual do Diretor. DGM. DNPM. Rio de Janeiro: Departamento Nacional da Produção Mineral.
Divisão de Geologia e Mineralogia, 1953. Ano 1952, p. 71-72.
Considerações finais
90
orientação para a correlação paleogeográfica, além de servir como documentação das
atividades da Divisão através dos tempos
4
.
E o patrimônio para a Paleontologia?
O mais interessante é concluir sobre a visão que se forma acerca da Coleção
de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra: a de testemunho. Testemunho do
passado, da história geológica da Terra, da História - política, econômica e cultural -,
das Geociências, da memória do Serviço Geológico e Mineralógico Brasileiro e, em
continuidade, da instituição a que se vincula atualmente.
Mesmo assim, essas histórias das ciências tradicionalmente negligenciadas não
deixaram de ser contadas, e nelas, embora com discrição, têm convivido temas que,
hoje, novos olhares trouxeram para a ordem do dia: a localidade do fazer científico; o
campo e o colecionismo; coletores, desenhistas anônimos, comerciantes de produtos
naturais, os museus, a amplitude espacial e temporal que os catálogos adicionam às
coleções; a importância das ilustrações etc.
5
E o patrimônio está expresso, anunciado, presente em cada objeto, em cada
prática, em cada técnica. A valorização, a qualificação e excepcionalidade
transcendem o plano material. Vai além, remontando e evocando a memória, e destes
patrimônios fazendo releituras nos relatos, nas anotações, nas pesquisas, etc. Os
valores são atribuídos pela comunidade geocientífica e, a partir de então, o universo
simbólico de manifestações destas ciências faz-se presente, vivo, revivido dia - a - dia,
na produção e divulgação do conhecimento. Também estão expressos os múltiplos
olhares acerca destes patrimônios, olhares estes qualificativos, definidos segundo
diversas óticas – material ou imaterial, natural e/ou cultural, histórico e/ou científico.
E dá-se, por fim, a apreensão do patrimônio... é o “tomar para si” referente à
comunidade científica de tudo aquilo que o caracteriza, com ele identificando-se. É
reconhecer-se nas instâncias patrimoniais, enquanto ciência, pesquisa, produção,
colecionismo e práticas, travando uma relação identitária e de mediação entre ciência,
cultura, história e natureza.
4
BASTOS, Annibal Alves. 1944. Relatório Anual do Diretor: Ano de 1942. Rio de Janeiro: DGM/DNPM, p.
12.
5
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ANEXOS
103
DADOS DE COLETA E DE ENTRADA
SUB-COLEÇÃO - RÉPTEIS
DÉCADA DE 1860 COLETA ENTRADA
1861 1
1862
1863
1864
1865
1866
1867
1868 1
1869 1
1870
DÉCADA DE 1860 COLETA ENTRADA
1871 1
1872
1873
1874
1875
1876
1877
1878
1879 1
1880
DÉCADA DE 1890 COLETA ENTRADA
1891 1
1892
1893
1894
1895
1896
1897 1
1898
1899
1900
DÉCADA DE 1900 COLETA ENTRADA
1901
1902 1
1903
1904
1905 2
1906
1907 1
104
1908
1909
1910
DÉCADA DE 1910 COLETA ENTRADA
1911 2
1912 1
1913
1914
1915
1916 1
1917 1
1918
1919 1
1920 1
DÉCADA DE 1920 COLETA ENTRADA
1921
1922 1
1923 2
1924 2
1925 2
1926 2
1927 3
1928 8
1929 10
1930 1
DÉCADA DE 1930 COLETA ENTRADA
1931
1932
1933 4
1934 4
1935 7
1936 3
1937 2
1938 4
1939
1940 3
DÉCADA DE 1940 COLETA ENTRADA
1941 5
1942 10 17
1943 16
105
1944 4
1945 7 3
1946 5 2
1947 1 1
1948 7 2
1949 21 5
1950 2 1
DÉCADA DE 1950 COLETA ENTRADA
1951 8
1952 6 2
1953 3 16
1954 2 16
1955 1 13
1956 1 2
1957 3 6
1958 7 11
1959 5
1960 1 1
DÉCADA DE 1960 COLETA ENTRADA
1961 2
1962 3
1963 1
1964 2
1965 5
1966 2 2
1967 6
1968 5 10
1969 10
1970 5
DÉCADA DE 1970 COLETA ENTRADA
1971 4 7
1972 2 12
1973 2 21
1974 78 12
1975 43
1976 37
1977 1
1978 3 1
1979
1980 2
106
DÉCADA DE 1980 COLETA ENTRADA
1981 1 2
1982 2
1983 1 2
1984
1985 3
1986 9
1987 4
1988 1
1989 2
1990 1 4
DÉCADA DE 1990 COLETA ENTRADA
1991 2
1992 5
1993 3
1994 1
1995 6
1996 3
1997
1998
1999
2000 18
DÉCADA DE 2000 COLETA ENTRADA
2001 5
2002
2003 1
2004
2005
2006 4
2007
2008
107
DADOS DE COLETA E DE ENTRADA
SUB-COLEÇÃO - PEIXES
DÉCADA DE 1890 COLETA ENTRADA
1891
1892
1893
1894
1895
1896
1897
1898
1899 1
1900
DÉCADA DE 1900 COLETA ENTRADA
1901
1902
1903
1904
1905
1906
1907
1908
1909
1910
DÉCADA DE 1910 COLETA ENTRADA
1911
1912
1913
1914
1915 1
1916
1917
1918 2
1919 1
1920
DÉCADA DE 1920 COLETA ENTRADA
1921
1922
1923
1924
1925
1926
108
1927
1928
1929 1
1930 2
DÉCADA DE 1930 COLETA ENTRADA
1931
1932
1933 3
1934 3
1935 5
1936 3
1937 1
1938 6
1939 2
1940 13
DÉCADA DE 1940 COLETA ENTRADA
1941 14
1942 8
1943 42
1944 4
1945 5 9
1946 8 2
1947 3 3
1948 9 12
1949 3 6
1950 2 1
DÉCADA DE 1950 COLETA ENTRADA
1951 6
1952 1
1953 4 2
1954 6 2
1955 1
1956 4 4
1957 1
1958
1959 2
1960 4 3
DÉCADA DE 1960 COLETA ENTRADA
1961 18 2
109
1962 2
1963 2
1964 14
1965 2
1966 9 71
1967 3 19
1968 4
1969 2 10
1970 1 5
DÉCADA DE 1970 COLETA ENTRADA
1971 2
1972 1
1973
1974
1975
1976
1977
1978 1 1
1979 1
1980 1 5
DÉCADA DE 1980 COLETA ENTRADA
1981
1982 7
1983 2
1984 19
1985 1 3
1986 2
1987 4
1988 2 5
1989 2 9
1990 2
DÉCADA DE 1990 COLETA ENTRADA
1991 2
1992 1 2
1993 3
1994
1995 1
1996
1997 2
1998 1
1999 1
2000
110
DÉCADA DE 2000 COLETA ENTRADA
2001 1
2002
2003 3
2004
2005
2006 1
2007 2
2008
111
DADOS DE COLETA E DE ENTRADA
SUB-COLEÇÃO - INVERTEBRADOS
DÉCADA DE 1900 COLETA ENTRADA
1901
1902
1903 1
1904
1905
1906
1907 3
1908 4
1909 1
1910 4
DÉCADA DE 1910 COLETA ENTRADA
1911 3
1912
1913 1 2
1914
1915
1916
1917 2
1918 5
1919 6
1920 5
DÉCADA DE 1920 COLETA ENTRADA
1921 4
1922
1923
1924 2 5
1925 3
1926 3 4
1927 2
1928 6 1
1929 5 2
1930 2 5
DÉCADA DE 1930 COLETA ENTRADA
1931 2 1
1932 1 1
1933 1
1934 12 2
1935 18 10
1936 6 3
1937 6 9
112
1938 4 3
1939 7 3
1940 6 7
DÉCADA DE 1940 COLETA ENTRADA
1941 5 2
1942 3 20
1943 5 21
1944 5 12
1945 7 1
1946 2 5
1947 1 1
1948 9 1
1949 6 7
1950 5 7
DÉCADA DE 1950 COLETA ENTRADA
1951 3 5
1952 7 2
1953 11 16
1954 5
1955 2
1956 11 5
1957 7 4
1958 2 14
1959 4 8
1960 1 5
DÉCADA DE 1960 COLETA ENTRADA
1961 2
1962 7
1963 4
1964 2
1965 1 3
1966 2 11
1967 2 20
1968 1 2
1969 1
1970 2
DÉCADA DE 1970 COLETA ENTRADA
1971
1972 1
113
1973
1974 1 1
1975
1976 2
1977 1
1978 1
1979
1980
DÉCADA DE 1980 COLETA ENTRADA
1981
1982 2 6
1983 1 4
1984 1
1985 1
1986 3 1
1987
1988 1
1989 3 4
1990 1
DÉCADA DE 1990 COLETA ENTRADA
1991 1
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999 2
2000 1
DÉCADA DE 2000 COLETA ENTRADA
2001 1
2002 3
2003
2004
2005
2006
2007
2008
114
DADOS DE COLETA E DE ENTRADA
SUB-COLEÇÃO - MAMÍFEROS
DÉCADA DE 1900 COLETA ENTRADA
1901
1902 1
1903
1904
1905
1906
1907
1908
1909
1910
DÉCADA DE 1910 COLETA ENTRADA
1911
1912
1913
1914
1915
1916
1917
1918
1919
1920
DÉCADA DE 1920 COLETA ENTRADA
1921 1
1922
1923
1924 1
1925
1926
1927 2
1928 3
1929
1930 1
DÉCADA DE 1930 COLETA ENTRADA
1931
1932
1933
1934
1935 1
1936 1
115
1937
1938 3
1939 1
1940 1
DÉCADA DE 1940 COLETA ENTRADA
1941 1
1942 1 2
1943 32
1944 11 12
1945 1 1
1946 1
1947
1948
1949 5
1950
DÉCADA DE 1950 COLETA ENTRADA
1951
1952 1
1953 3
1954 8
1955 1
1956
1957 1
1958 1 1
1959
1960
DÉCADA DE 1960 COLETA ENTRADA
1961 4
1962 3
1963
1964 1
1965 1
1966 1
1967 2
1968 8
1969 4
1970 1 4
DÉCADA DE 1970 COLETA ENTRADA
1971 1
116
1972 1 4
1973 3
1974 27 2
1975 13
1976 15
1977 4
1978 1
1979
1980
DÉCADA DE 1980 COLETA ENTRADA
1981
1982
1983 1
1984
1985 5
1986 4 11
1987
1988
1989
1990
DÉCADA DE 1990 COLETA ENTRADA
1991
1992 14
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
DÉCADA DE 2000 COLETA ENTRADA
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
117
DADOS DE COLETA E DE ENTRADA
SUB-COLEÇÃO - PALEOBOTÃNICA
DÉCADA DE 1900 COLETA ENTRADA
1901
1902
1903
1904
1905
1906
1907 3
1908 3
1909 1
1910 1
DÉCADA DE 1910 COLETA ENTRADA
1911 6
1912
1913 3
1914 1
1915 2
1916 1
1917
1918 4
1919
1920 4 1
DÉCADA DE 1920 COLETA ENTRADA
1921
1922 1
1923 2 1
1924 1
1925
1926 1
1927 1
1928
1929
1930 1
DÉCADA DE 1930 COLETA ENTRADA
1931
1932
1933
1934 4
118
1935 9
1936 11 1
1937 3 3
1938 5 3
1939 2
1940
DÉCADA DE 1940 COLETA ENTRADA
1941
1942 5 28
1943 5 41
1944 6 10
1945 3 5
1946 7 10
1947 2 2
1948 3 5
1949 2 7
1950 1
DÉCADA DE 1950 COLETA ENTRADA
1951 1
1952 1
1953 1 3
1954
1955 2
1956 1 3
1957 3
1958 1
1959
1960
DÉCADA DE 1960 COLETA ENTRADA
1961 1
1962 3 2
1963
1964
1965 1
1966
1967 1 2
1968 3 2
1969
1970 3 1
DÉCADA DE 1970 COLETA ENTRADA
119
1971
1972 2 3
1973
1974
1975
1976 3
1977
1978 1 1
1979 5
1980 2
DÉCADA DE 1980 COLETA ENTRADA
1981
1982 1
1983
1984 1
1985 1
1986 1 3
1987 1
1988
1989 1
1990
DÉCADA DE 1990 COLETA ENTRADA
1991
1992 3 7
1993 2
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
DÉCADA DE 2000 COLETA ENTRADA
2001
2002
2003
2004
2005
2006 1
2007
2008
120
Expedições de coleta: catálogo de coletores ao longo do século XX
SUB-COLEÇÃO DE RÉPTEIS
Coletor: A. Loefgren
Idade: Triássico Superior
Data de coleta: 1928 -1929 Data de entrada: não consta
Procedência: “Allemoa” – Santa Maria (RS)
Coletor: Palino F. de Carvalho
Idade: Permiano
Data de coleta: 1934 Data de entrada: não consta
Procedência: Iraty (PR)
Coletor: Carlos Moreira
Idade: Permiano
Data de coleta: 1905 Data de entrada: não consta
Procedência: Iraty (PR)
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: não consta
Procedência: Iraty (PR)
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: 28/11/1911 Data de entrada: não consta
Procedência: Vida Nova, 30 Km N de Caeté, município de S. Jeronymo Rio das Pedras (PR). Fig.
PG 76. MON VI. SGM.
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: 30/11/1911 Data de entrada: não consta
Procedência: Vida Nova, 30 Km N de Caeté, município de S. Jeronymo Rio das Pedras (PR). Fig.
PG 76. MON VI. SGM.
Coletor: Estevam Pinto
Idade: Permiano
Data de coleta: 20/08/1934 Data de entrada: não consta
Procedência: Siqueira Campos – Município de Siqueira Campos – Ramal de Jacaresinho – Corte E.F.
Km 101 (PR)
Coletor: Alberto Erichsen
Idade: Permiano
Data de coleta: 1930 Data de entrada: não consta
Procedência: Siqueira Campos, Km 102 (Pé da Serra) do Ramal do Paranapanema Município de
Siqueira Campos (PR)
Coletor: Annibal A. Bastos
Idade: Permiano
Data de coleta: 09/08/1936 Data de entrada: não consta
Procedência: Rio Tibagy Entre a Barra do Mucoca e Cachoeira do Estreito, pouco a montante do
Salto Mauá – Município de Tibagy (PR)
Coletor: José Alves
Idade: não consta
Data de coleta: 1933 Data de entrada: não consta
Procedência: Serrinha do Alvim – Município de Lages (SC)
Coletor: Euzébio de Oliveira
121
Idade: Permiano
Data de coleta: 07/1907 Data de entrada: não consta
Procedência: Arroio dos Pardos Afluente do Canoinhas Canoinhas Município de Ouro Verde
(SC)
Coletor: Annibal A. Bastos
Idade: Permiano
Data de coleta:22/04/1934 Data de entrada: não consta
Procedência: Salto Rib. da Vargem – Taió – Município de Blumenau (SC)
Coletor: Annibal A. Bastos
Idade: Permiano
Data de coleta: 21/04/1929 Data de entrada: não consta
Procedência: Estrada do Padre – Taiosinho a Rio do Campo – Est. 50 – Município de Blumenau (SC)
Coletor: C. F. Hartt
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: não consta
Procedência: Piracicaba – Município de Piracicaba (SP)
Coletor: Moraes Rego
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: não consta
Procedência: Fazenda do Sr. Benedito Fogaça Leite – Município de Porangaba (SP)
Coletor: Bourdot Dutra
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: não consta
Procedência: Piracicaba – Município de Piracicaba (SP)
Coletor: Martins Levy
Idade: Permiano
Data de coleta: 25/01/1924 Data de entrada: não consta
Procedência: Limeira – Município de Limeira (SP)
Coletor: Gonzaga de Campos
Idade: Permiano
Data de coleta: 09/1916 Data de entrada: não consta
Procedência:
- Estância do Talhaço – Sanga da Areia – Município de São Gabriel (RS)
- Gabriel Teixeira – Município de São Gabriel (RS)
- Fazenda do Leão (RS)
- Passo de São Borja – Município de São Gabriel (RS)
Coletor: A. Erichsen e J. Miranda
Idade: Permiano
Data de coleta: 1935 Data de entrada: não consta
Procedência: Fazenda Gruvinel – Córrego da Matteira – Município de Rio Verde (GO)
Coletor: A. Loefgren
Idade: Triássico Superior
Data de coleta: 1928 - 1929 Data de entrada: nãoconsta
Procedência: Oeste de Chiniqua – Município de São Pedro (RS)
Coletor: E. P. Scorza
Idade: Triássico Superior
Data de coleta: 1933 Data de entrada: não consta
Procedência: Município de Candelária, divisa com o município do Rio Pardo (RS)
122
Expedições de coleta: catálogo de coletores ao longo do século XX
SUB-COLEÇÃO DE PEIXES
Coletor: Paulo E. Oliveira / Hermês de Lucas
Idade: Plioceno
Data de coleta: 12/1941 Data de entrada: 25/08/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Paulo E. Oliveira / Hermês de Lucas
Idade: Plioceno
Data de coleta: 12/1941 Data de entrada: 08/09/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Plioceno
Data de coleta: não consta Data de entrada: 25/08/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Plioceno
Data de coleta: não consta Data de entrada: 08/09/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Oferta a D.G.M. da Cia Panal
Idade: não consta
Data de coleta: 12/1941 Data de entrada: 25/08/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Oferta a D.G.M. da Cia Panal
Idade: não consta
Data de coleta: 12/1941 Data de entrada: 08/09/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Mathias O. Roxo / L. I. Price
Idade: Plioceno
Data de coleta: não consta Data de entrada: 08/09/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Mathias O. Roxo / L. I. Price
Idade: Plioceno
Data de coleta: não consta Data de entrada: 10/12/1942
Procedência: Mina Nossa Senhora da Guia, Tremembé, município de Tremembé (SP).
Coletor: Josalfredo Borges
Idade: Terciário Inferior - Eoceno
Data de coleta: Abril e junho de 1936 Data de entrada: 18/01/1943
Procedência: Nova York – margem esquerda do Rio Parnahyba, município de Nova York (MA)
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: 03/02/1943
Procedência:
- Serrinha – município de Mallet (PR)
- Serrinha (próximo do Rio Braço do Putinga), município de Mallet (PR)
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: 03/02/1943
123
Procedência: Teixeira Soares – município de Teixeira Soares (PR)
Coletor: Aníbal Alves Bastos
Idade: Carbonífero Superior
Data de coleta: 1934 Data de entrada: 03/02/1943
Procedência: Tayó – Km 3 da estrada Ribeirão da Vargem – município de Rio do Sul (SC)
Coletor: João Domingues dos Santos
Idade: Maestrichtiano
Data de coleta: 1899 Data de entrada: 08/02/1943
Procedência: Fazenda do Congo margem direita do Rio Gramame Município de João Pessoa
(PB)
Coletor: Capper de Souza
Idade: Maestrichtiano
Data de coleta: 01/1940 Data de entrada: 15/02/1943
Procedência:
- São João – Ilha de Itamaracá – Município de Garanhuns (PE)
- Massaranduba – Pedra do Meio (próximo ao Porto do Mamão) - PE
- Amparo – Ilha de Itamaracá
Coletor: Paulio de Carvalho
Idade: Terciário – Mioceno Inferior – Formação Pirabas
Data de coleta: 1918 Data de entrada: 15/02/1943
Procedência: Castelo – Rio Pirabas – Ilha de Fortaleza – Município de Salinópolis (PA)
Coletor: Pedro de Moura
Idade: Plioceno
Data de coleta: não consta Data de entrada: 15/02/1943
Procedência:
- Oriente – Alto Juruá – Município de Cruzeiro do Sul (AC)
- Aquidaban, Rio Juruá – Município de Carauari (AM)
Coletor: Capper de Souza
Idade: Maestrichtiano
Data de coleta: 01/1940 Data de entrada: 22/02/1943
Procedência:
- São João – Ilha de Itamaracá, município de Garanhuns (PE)
- Caieira (PE)
Coletor: Adauto Teixeira
Idade: não consta
Data de coleta: 10/1938 Data de entrada: 25/02/1943
Procedência: Caieira (PE)
Coletor: Aristomenes Duarte
Idade: Maestrichtiano
Data de coleta: 1935 Data de entrada: 25/02/1943
Procedência: Rio Calumbi (Km 438, EFFLB) – Município de Socorro (SE)
Coletor: Aristomenes Duarte
Idade: Maestrichtiano
Data de coleta: 1935 Data de entrada: 26/02/1943
Procedência: Rio Calumbi (Km 438, EFFLB) – Município de Socorro (SE)
Coletor: Paulo E. de Oliveira
Idade: Maestrichtiano
Data de coleta: 12/1939 Data de entrada: 26/02/1943
Procedência: Rio Calumbi (Km 438, EFFLB) – Município de Socorro (SE)
124
Expedições de coleta: catálogo de coletores ao longo do século XX
SUB-COLEÇÃO DE INVERTEBRADOS
Coletor: Euzébio de Oliveira / Francisco de Paula Oliveira / Francisco Bôa Nova
Data de coleta: 1907-1908 Data de entrada: 1913
Procedência:
1) Ponta Grossa – Município de Ponta Grossa, estado do Paraná (Folhelhos Ponta Grossa)
2) Jaguariahyva – Município de Jaguariahyva – Paraná
3) Tibagy – Município de Município
4) Santa Cruz (Fazenda) – Município de Palmeira - Paraná
5) Lago – Município de Palmeira - Paraná
Coletor: Francisco de Paula Oliveira
Data de coleta: novembro de 1903 Data de entrada: 1913
Procedência:
1) Ererê – Município de Monte Alegre - Pará
Coletor: Euzébio Paulo de Oliveira
Data de coleta: 1908 Data de entrada: 1930
Idade: Carbonífero Superior – Grupo Itararé
Procedência:
1) (Sondagem) Passinho – entre Fernando Pinheiro e Imbituva – Município de Imbituva - Paraná
2) Teixeira Soares (na quebrada de leste) – Município de Teixeira Soares – PR
Data de coleta: 1907-1908 Data de entrada: janeiro de 1942
Procedência:
1) Ponta Grossa – Município de Ponta Grossa – PR
Data de coleta: 1907-1908 Data de entrada: março de 1942
Procedência
1) Tibagi – Município de Tibagi - PR
Data de coleta: 1910 Data de entrada: agosto / 1943
Idade: Permiano ou Carbonífero Superior (Grupo Itararé)
Procedência:
1) Teixeira Soares – Município de Teixeira Soares - PR
Data de coleta: 1911 Data de entrada: 20/12/1943
Idade: Devoniano Inferior
Procedência:
125
1) Ponta Grossa – Município de Ponta Grossa – PR
2) Tibagi – Município de Tibagi – PR
Data de coleta: 1911 Data de entrada: 20/03/1952
Idade: Carbonífero - Série Tubarão
Procedência:
1) Teixeira Soares – Município de Teixeira Soares - PR
Data de coleta: Julho/1913 Data de entrada: Abril de 1942
Procedência:
1) Jaguariaíva – Município de Jaguariaíva - PR
2) Santa Cruz (Fazenda) – Município de Palmeira – PR
3) Rio Caniú – Afloramento do Rio Tibagi – Município de Palmeira – PR
4) Piriquitos – Município de Ponta Grossa – PR
5) Rio Pinheiro Seco – Afloramento margem esquerda do Rio Tibagi – Município de Tibagi – PR
6) Colônia Taquari – Município de Ponta Grossa - PR
7) Ponta Grossa – Município de Ponta Grossa – PR
Coletor: Paulino Franco de Carvalho / Hans Baumann
Data de coleta: 1909 – Hans Baumann / 1919 - Paulino Franco de Carvalho
Data de entrada: 1924
Procedência:
1) Ponta de Pirabas, Ilha Fortaleza – Município de Salinas – estado do Pará
Coletor: Eugênio Bourdot Dutra
Data de Coleta: 1918 Data de entrada: 1924
Procedência:
1) Perto do Algodões - Município de Maraú - Baía
Coletor: Hans Baumann
Data de coleta: 1919 Data de entrada: 14/08/1972
Idade: Mioceno Inferior
Procedência:
1) Castelo, Ilha de Fortaleza – Município de Primavera – PA
126
Expedições de coleta: catálogo de coletores ao longo do século XX
SUB-COLEÇÃO DE MAMÍFEROS
Coletor: Horace Williams
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: 01/1927 Data de entrada: 23/10/1942
Procedência: Ceará
Coletor: Expedição Price - 1942
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: 04/1942 Data de entrada: 25/10/1942
Procedência: 22 Km Sul da cidade de Rio Pardo Fazenda do Sr. Oscar Borba Município de Rio
Pardo (RS)
Coletor: Paulino Franco de Carvalho
Idade: Não consta
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 03/02/1943
Procedência: Ponta de Pirabas – Ilha Fortaleza – Município de Salinas (PA)
Coletor: Mario de Moura Barbosa
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 03/02/1943
Procedência: Rumo – Município de Chique-Chique (BA)
Coletor: Oferta do Sr. Homero Lopes
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 05/02/1943
Procedência: Passo das Pederneiras – Fazenda Dr. Homero Lopes – Município de Rio Pardo (RS)
Coletor: Carlos P. Couto
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: 1940 Data de entrada: 05/02/1943
Procedência: São Gabriel – Município de São Gabriel (Distrito de Águas Claras) - RS
Coletor: Pedro de Moura
Idade: Não consta
Data de coleta: 10/1935 Data de entrada: 05/02/1943
Procedência:
- Alto Juruá, Aquidaban (AM)
- Aquidaban – Rio Juruá – Município de Carauarí (AM)
- Gastão – Rio Juruá – Município de Cruzeiro do Sul (AC)
- Oriente – Rio Juruá – Município de Cruzeiro do Sul (AC)
- Rio Juruá (AC)
Coletor: Estevão Alves Correia
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 16/02/1943
Procedência: Rio Miranda – Município de Miranda (MT)
Coletor: J. F. de Andrade Jr.
Idade: Não consta
Data de coleta: 04/1938 Data de entrada: 16/02/1943
Procedência: Araxá – Município de Araxá (MG)
Coletor: Victor Oppenheim
Idade: Não consta
Data de coleta: 04/1936 Data de entrada: 16/02/1943
Procedência: Aquidaban – Rio Juruá – Município de Carauarí (AM)
127
Coletor: Dioclesio Duarte
Idade: Não consta
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 16/02/1943
Procedência: Parelhas – Município de Parelhas (RN)
Coletor: Affonso Cassano Alvim
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 19/02/1943
Procedência: Não consta
Coletor: Horace Williams
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 19/02/1943
Procedência: Patos – Município de Patos (MG)
Coletor: Horace Williams
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: 01/1927 Data de entrada: 22/02/1943
Procedência: Ceará
Coletor: Gal. Rondon
Idade: Não consta
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 22/02/1943
Procedência: Capim Branco (MT)
Coletor: Horace Williams ?
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 22/02/1943
Procedência: Lagoa S. Pedro – Município de Maria Pereira (CE)
Coletor: J. Miranda
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 10/03/1943
Procedência: Aquidaban – Município de Aquidaban (SE)
Coletor: Gerson Alvim
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 10/03/1943
Procedência: Sítio Lage Grande – Pesqueira – Município de Pesqueira (PE)
Coletor: ?
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 10/03/1943
Procedência:
- Ceará
- Monte Alto – Município de Monte Alto (BA)
- Jatobá – Município de Madre Deus (PE)
Coletor: José Lino
Idade: Pleistoceno
Data de coleta: Não consta Data de entrada: 10/03/1943
Procedência: Buraco D’Água – Estrada do Rio Salitre – Município de Campo Formoso (BA)
Coletor: Gonzaga de Campos
Idade: Não consta
Data de coleta: 02/1921 Data de entrada: 10/03/1943
Procedência: Rio Salitre (BA)
128
Expedições de coleta: catálogo de coletores ao longo do século XX
SUB-COLEÇÃO DE PALEOBOTÂNICA
Coletor: Pedro de Moura
Idade: Plioceno
Data de coleta: 1935 Data de entrada: 10/1937
Procedência:
- Rio Juruá – Montante de Porto Peter – Município de Cruzeiro do Sul (AC)
- Corredeiras Mississipi e Pedreiras – Vale do Juruá – Município de Cruzeiro do Sul (AC)
- Igarapé Água Quente Afloramento margem esquerda Alto Moa Município de Cruzeiro do Sul
(AC)
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: 1908 Data de entrada: 1927
Procedência:
- Rio das Pedras – Cambuí – Município de São Jerônimo (PR)
- Rio Carvãozinho – Município de Tomazina (PR)
- Teixeira Soares – Município de Teixeira Soares (PR)
- Igarapé do Inferno – Codó – Município de Codó (MA)
Coletor: Fiúza da Rocha e Axel Loefgren
Idade: Permiano
Data de coleta: 1920 Data de entrada: 1920
Procedência: Rio Ferreiro – Nova Treviso – Município de Urussanga (SC)
Coletor: Fiuza da Rocha e Evaristo Scorza
Idade: Permiano
Data de coleta: 1938 Data de entrada: 1939
Procedência: Rio Ferreiro – Nova Treviso – Município de Urussanga (SC)
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: não consta
Procedência: Teresina, margem direita do Rio Ivaí – Município de Reserva (PR)
Coletor: Carlos Moreira
Idade: Permiano
Data de coleta: não consta Data de entrada: 08/01/1938
Procedência: Lauro Muller – Afloramento Joaquim Branco – Município de Orleans (SC)
Coletor: Francisco de Paula Boa Nova
Idade: Triássico
Data de coleta: 1907 Data de entrada: 1923
Procedência:
- Mallet – Município de Mallet (PR)
- Serrinha – Rio Braço do Putinga – Mallet – Município de Mallet (PR)
Coletor: Archibaldo Mello Campbell
Idade: Plioceno
Data de coleta: 1918 Data de entrada: não consta
Procedência: Fonseca – Município de Alvinópolis (MG)
Coletor: Roderic Crandall
Idade: Cretáceo
Data de coleta: 1910 Data de entrada: 1924
Procedência: Baixa Verde – Município de Baixa Verde (PR)
129
Coletor: José Lino de Mello Junior
Idade: Plioceno
Data de coleta: 16/03/1938 Data de entrada: 25/05/1939
Procedência: Ouriçanguinhas – EFLB – Km 153 – Município de Irará (BA)
Coletor: Josalfredo Borges
Idade: Cretáceo
Data de coleta: 08/1935 Data de entrada: 03/1942
Procedência: Serra do Paituna – Monte Alegre – Município de Monte Alegre (PA)
Coletor: Josalfredo Borges
Idade: Plioceno
Data de coleta: 06/1936 Data de entrada: 03/1942
Procedência: Nova York – Margem do Parnaíba – Município de Nova York (MA)
Coletor: José Miranda
Idade: Plioceno
Data de coleta: 1935 Data de entrada: 1936
Procedência: Nova York – Margem do Parnaíba – Município de Nova York (MA)
Coletor: Roderic Crandall
Idade: Plioceno
Data de coleta: 1907 Data de entrada: 06/1942
Procedência: Mocambo – Município de Irará (BA)
Coletor: Euzébio de Oliveira e Francisco de Paula Boa Nova
Idade: Permiano
Data de coleta: 1911 Data de entrada: 06/1942
Procedência: Teixeira Soares – Município de Teixeira Soares (PR), no grotão a oeste da estação.
Coletor: Euzébio de Oliveira
Idade: Permiano
Data de coleta: 1911 Data de entrada: 06/1942
Procedência: Teixeira Soares – Município de Teixeira Soares (PR), no grotão a oeste da estação.
Coletor: Paulo Araújo Alvim
Idade: Permiano
Data de coleta: 1938 Data de entrada: 10/07/1938
Procedência: Estrada de Rodagem Mafra-Itaiópolis – Município de Mafra (SC)
Coletor: João Miranda
Idade: Permiano
Data de coleta: 1938 Data de entrada: 10/07/1938
Procedência: Estrada Mafra – Engelho Velho, 7 Km de Mafra – Município de Mafra (SC)
Coletor: Josalfredo Borges
Idade: Permiano
Data de coleta: 09/07/1936 Data de entrada: 07/1942
Procedência:
- Riacho da Pindoba – Porto Franco – Município de Porto Seguro (PI)
- Riacho Rosadinho – Porto Franco - – Município de Porto Seguro (PI)
Coletor: Aristides Nogueira da Cunha
Idade: Triássico
Data de coleta: não consta Data de entrada: 07/1942
Procedência: Estrada Cândido de Abreu – Teresina – Município de Reserva (PR)
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