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organizações deverão competir não mais apenas mediante produtos, mas por meio
de competências, buscando atrair e desenvolver pessoas com combinações de
capacidades complexas, para atender às suas core competences. As observações
deste autor merecem ser registradas, porquanto, alinhadas com as observações de
autores europeus, propiciarão a fundamentação para a elaboração de nosso modelo
de análise.
Mesmo com a evolução no uso do conceito de competências na gestão de pessoas, a
partir da segunda metade da década de 90 e das abordagens mais amplas do conceito,
adotadas por diversos autores, o estudo de Dutra (2006) mostrou que, na prática, a percepção
de competências, no Brasil, ainda se concentra, na qualificação da pessoa em relação à
posição ou cargo que ocupa na empresa. Mostrando que, a gestão de pessoas ainda tem um
grande vínculo com o referencial taylorista/fordista refletindo uma visão estática da relação
entre a empresa e as pessoas.
Porém, essa visão tende a mudar face às forças de mercado e segundo novas propostas,
conforme apresentado por Dutra (2006, p.3):
Graças aos trabalhos desenvolvidos por Le Boterf (1994), Zarifian (1996) e Fleury
(1995), foi possível contestar a definição de competência associada às qualificações
necessárias para um determinado cargo e procurar associar competência às
realizações das pessoas e ao que elas provêm, produzem e/ou entregam ao meio
onde se inserem (FLEURY, 2000 e 2002, RUAS, 2002 e 2005 e DUTRA, 2001 e
2004). Para Le Boterf (1994, 2000 e 2001), por exemplo, a competência não é um
estado ou um conhecimento que se tem, nem é resultado de treinamento, na verdade,
competência é mobilizar conhecimentos e experiências para atender as demandas e
exigências de um determinado contexto, marcado geralmente pelas relações de
trabalho, cultura da empresa, imprevistos, limitações de tempo e de recursos etc.
2.1.2 Conceitos de competências organizacionais
A partir dos anos 90 o conceito de competências ganhou destaque na área da gestão
organizacional com a proposta do conceito de Core Competence (competências essenciais)
formulado por Prahalad e Hamel (1990). Nessa linha e segundo os autores as competências
organizacionais seriam como um conjunto de recursos na forma de conhecimentos,
habilidades, tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores que a organização possui,
possibilitando que a organização tenha a capacidade de combinar, misturar e integrar
recursos, produtos e serviços, de maneira a ser colocar de forma competitiva ante ao mercado,
através do que eles chamaram de Core Competence (competências essenciais).
Estas competências se tornam difíceis de serem imitadas pelos concorrentes, ou seja,
são competências inerentes à organização como se fossem a alma desta e que criam vantagens
competitivas, adjetivando qualitativamente e agregando valores, percebidos pelos Clientes,
aos produtos e serviços da organização. As competências essenciais, normalmente, são
aquelas que proporcionam vantagem competitiva. Agregam valor que é percebido pelos
clientes e que são difíceis de serem copiados pela concorrência. A “Core competence”
envolve a comunicação transparente e sem distorções por todos os níveis da organização, o
envolvimento dos empregados, entorno de um mesmo objetivo, comprometimento com o
trabalho além das fronteiras organizacionais, passando por vários níveis de pessoas e funções,
requisição, avaliação e aceitação compromissada das novas idéias que surjam, na
organização, como colaboração ao negócio da empresa.
Nesse enfoque, o sucesso de uma organização está atrelado às estratégias empresariais
sustentadas pelas competências essenciais e não somente em unidades estratégicas de
negócios (Prahalad e Hamel, 1990); a inter-relação entre elas determina a competitividade de