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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura
.
ESTUDANDO RAÇA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL I: CONTRIBUÕES DE OBRAS DO PINTOR
CANDIDO PORTINARI.
Dissertação de Mestrado
Carla Maria de Albuquerque Santos
Orientadora
Profª. Dra.Maria da Graça Nicoletti Mizukami
São Paulo
março / 2010
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2
CARLA MARIA DE ALBUQUERQUE SANTOS
ESTUDANDO RAÇA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL I: CONTRIBUÕES DE OBRAS DO PINTOR
CANDIDO PORTINARI.
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada à Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito
parcial para a obtenção do Título de
Mestre em Educação, Arte e História da Cultura.
Orientadora: Profª. Drª.Maria da Graça Nicoletti
Mizukami
São Paulo
março/2010
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A848i Santos, Carla Maria de Albuquerque.
Estudando raça nos anos iniciais do ensino fundamental I:
contribuições de obras do pintor Candido Portinari / Carla Maria de
Albuquerque Santos -- 2010.
80 f. : il. ; 30 cm + CD-ROM
Dissertão (Mestrado em Educão, Arte e História da Cultura)
- Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010.
Bibliografia: f. 76-80.
Orientador: Maria da Graça Nicoletti Mizukami
1. Escola 2. Interdisciplinaridade. 3. Raça Negra. 4. Arte.
5. História. 6. Cultura. I. Título.
CDD 372.5
4
Banca Examinadora
Profª. Dra. Maria da Graça Nicoletti Mizukami
Profª. Dra. Ingrid Hötte Ambrogi
Profª. Dra. Maévi Anabel Nono
5
AGRADECIMENTOS
À Deus.
Aos meus pais, Carlos e Shirley, pela vida, amor e dedicação.
Ao meu marido Valdir e filha Victória pela compreensão e incentivo.
À minha orientadora, Maria da Graça Nicolleti Mizukami, pelas idéias e empenho no
desenvolvimento da dissertação.
À Universidade Presbiteriana Mackenzie e aos professores do curso de mestrado, que
forneceram o apoio necessário à realização desta pesquisa.
Aos meus colegas do curso de Pós-graduação, que contribuíram de forma direta e
indireta para a realização deste trabalho.
À CAPES, pelo apoio financeiro.
À todos os meus amigos e amigas e familiares que sempre estiveram presentes me
aconselhando e incentivando com carinho e dedicação.
À Professora Roberta, alunos da B e equipe técnica da EMEF Joaquim Candido, por
participarem desta pesquisa, pois sem eles nenhuma dessas páginas estaria completa.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução desta
dissertação de Mestrado.
6
“Ser negro no Brasil é, pois, com freqüência, ser objeto de um
olhar enviesado...
Milton Santos
7
SUMÁRIO
Resumo........................................................................... 08
Abstract........................................................................... 09
Introdução....................................................................... 10
1. Capítulo 1
1.1. Revisão da Literatura................................................ 20
2. Capítulo 2 A Pesquisa
2.1.Caracterização............................................................ 31
2.2.Intervenção e pesquisa............................................... 37
2.3.Procedimentos da Intervenção................................... 44
3. Capítulo 3
3.1. Algumas Considerações Finais................................ 65
4. Referências Bibliográficas........................................ 76
8
RESUMO
Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo analítico-descritivo de natureza qualitativa.
Trata-se, mais especificamente, de uma pesquisa intervenção por meio da qual se analisa
contribuições de obras do pintor Candido Portinari para a discussão do tema “raça negra” com
alunos da 2ª.série B, do ensino fundamental I de uma Escola Municipal em São Paulo. A
intervenção foi realizada por meio de um projeto interdisciplinar o qual, a partir de algumas
obras de arte do pintor Candido Portinari, possibilitou tratar do tema “raça negra”,
contemplando assim a Lei n 10639/2003, que visa incluir no currículo oficial de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. De acordo com a lei, 10.639
de 09 de janeiro de 2003, o presidente da república Luiz Inácio lula da Silva, alterou a lei
9394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira”. Apóia-se teoricamente em obras do pintor Candido
Portinari. As fontes de dados foram pesquisadas no site
www.portinari.org.br/candinho/abertura.htm. Considerando a cidadania como eixo, buscando o
conhecimento através de atividades que fizessem sentido para os alunos foi escolhido o site
“Viagem ao Mundo de Candinho” que serviu de suporte para a intervenção deste projeto de
pesquisa. Os resultados evidenciam alto envolvimento dos alunos com as obras e com a
temática. indicadores de que houve valorização da raça negra e interesse por conhecer a
Cultura Africana, após sentirem a raça negra valorizada e retratada nas obras de Candido
Portinari.
Palavras Chave: Escola; Interdisciplinar; Raça Negra; Arte; História e Cultura.
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ABSTRACT
This research is characterized by being a descriptive-analytical study of qualitative
nature. It is, more specifically, a research intervention through which we analyze
contributions of works by painter Candido Portinari to discuss the theme "black" with
students of the 2nd. Series B, the elementary school I of a municipal school in São
Paulo. The intervention was performed by an interdisciplinary project which, from some
works of art of the painter Candido Portinari, allowed to treat the issue of "black",
admiring the Law No. 10639/2003, which seeks to include in the official curriculum of
compulsory teaching of the theme "History and Afro-Brazilian Culture." According to
the law, 10,639 of 09 January 2003, the president of the republic Luiz Inacio Lula da
Silva, 9394 changed the law of 20 December 1996 laying down the guidelines and
bases for national education, to include in the official curriculum Network of education
the compulsory subject "History and Afro-Brazilian Culture." It is based on theoretically
works by painter Candido Portinari. The data sources were searched on the site
www.portinari.org.br / crucible / abertura.htm. Whereas citizenship as axis, seeking
knowledge through activities that make sense for students was chosen as the site of
Candinho Travel the World "that gave support for the intervention of this research
project. The results show high student involvement with the works and the theme. There
are indications that there was recovery of the black race and interest in knowing the
African culture, after the black race feel valued and depicted in works by Candido
Portinari.
Keywords: School, Interdisciplinary, Black Race, Art, History and Culture.
10
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa visa apresentar e discutir as questões raciais nas séries
iniciais do ensino fundamental I. Esta pesquisa tem como contexto a intervenção, a qual
através de algumas obras do Pintor Candido Portinari que retrata o negro, selecionadas pelos
alunos da 2ª.B na EMEF “Joaquim Candido de Azevedo Marques” no site “Viagem ao Mundo
de Candinho”, com a colaboração da professora da sala, houve um despertar de interesses por
parte dos alunos sobre história do povo negro.
Percorri vários caminhos até a Pedagogia. Escolhi Administração de Empresas como
minha primeira faculdade, obtive sucesso durante onze anos na área, fiz especialização em
Recursos Humanos, porém, senti que faltava algo, precisava haver mais sentido em lidar com
as pessoas. Quando minha filha nasceu, em 1994, resolvi realizar meu sonho e passei a
trabalhar com crianças, aluguei um espaço e tornei-me Autônoma, abri uma franquia do
método Kumon (ensino de matemática) e permaneci por dez anos nessa atividade. Nesse
período, retornei aos estudos e me formei em Matemática (Licenciatura Plena 1998);
Graduação em Pedagogia 2003; Especialização em Psicopedagogia 2003. Quanto mais
estudo, mais acredito que estou no caminho certo – Educação.
Quando estava cursando a faculdade de pedagogia, senti necessidade de praticar o que
aprendia em sala de aula e iniciei um trabalho voluntário numa escola da prefeitura. Havia na
escola uma sala de apoio pedagógico, onde uma professora atendia os alunos considerados
“grupo de alerta”. Recebi autorização da diretoria para trabalhar nesta sala com crianças que
apresentavam dificuldades em leitura e principalmente em escrita. Apresentei a proposta de
trabalho para as professoras em uma reunião, ressaltei que estava participando de um trabalho
11
voluntário, o qual era conhecido por “Amigos da Escola”, e atuaria com as crianças que
apresentavam dificuldades na alfabetização. O fator preponderante deste trabalho, era
resgatar a auto-estima do aluno, pois uma pessoa para aprender precisa se permitir aprender,
e o grau de insegurança destas crianças estava bem elevado segundo informações das
professoras. Usei como fonte de pesquisa o autor Jean Piaget, com esta leitura pude refletir e
entender que as capacidades intelectuais e motoras da criança precisam ser estimuladas em
determinadas fases do desenvolvimento para que o aprendizado seja mais efetivo, porém,
sempre se possível estimular os processos internos do desenvolvimento, os quais serão
transformados em aquisições individuais. Piaget não aponta respostas sobre o que e como
ensinar. É possível, no entanto, compreender, por suas obras, como a criança e o adolescente
aprendem, fornecendo um referencial para a identificação das possibilidades e limitações de
crianças e adolescentes. Desta maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito às
condições intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais
para poder trabalhar melhor com elas. (Piaget,J. e Greco, P., 1974,p.59).
Para minha surpresa no decorrer da atividade, a qual fui para colaborar descobri a
contribuição do lúdico na aprendizagem das crianças, pois apesar dos professores verem a
sala de apoio pedagógico como sala de reforço”, a professora que coordenava as atividades
era uma psicopedagoga apaixonada por sua profissão e pelas crianças, ao invés de utilizar
como único recurso de aprendizagem a leitura e a escrita, o que confesso que também
acreditava que era o único meio de uma criança aprender, apresentava desafios como: jogos,
músicas, arte e diálogo. Descobri a partir deste trabalho voluntário que minha vocação era a
educação e resolvi matricular-me no curso de pós-graduação Lato Sensu de Psicopedagogia.
Trabalhei como Psicopedagoga voluntária em uma Instituição filantrópica por um ano, onde
pude comprovar a importância do lúdico na educação.
12
No ano de 2004 prestei concurso para o cargo de Professora de desenvolvimento
Infantil na prefeitura de São Paulo (passei) e no ano de 2005, prestei concurso para trabalhar
na Rede Estadual de ensino de São Paulo-SP para o cargo de Professora do Ensino
fundamental I, (passei).
Durante as reuniões, palestras ou congressos que participava, sempre a mesma discussão
“dificuldade no que tange a aprendizagem das crianças”. Inúmeros o os fatores que
contribuem para isso, no entanto, o que fazer para solucionar? Que medidas propor para
amenizar o cotidiano escolar destas crianças.
Em meados do s de agosto de 2007, trabalhando sempre em busca destas respostas e
da possibilidade de contribuir para uma formação cidadã, por meio de um trabalho em equipe
na escola. Tendo em vista que cabe ao educador buscar o saber através da pesquisa
acadêmica. Senti dificuldades em encontrar literatura infantil brasileira com personagens
negros, percebi então que estava diante de um dilema, mudar o conteúdo a ser estudado ou
partir para a pesquisa.
“O silêncio do professor sobre as questões raciais facilita novas ocorrências,
reforçando inadvertidamente a legitimidade de procedimentos preconceituosos e
discriminatórios no espaço escolar e, a partir dele, para outros âmbitos sociais.
Confirma dessa forma o direito de crianças brancas e não-brancas a exercerem
discriminação contra crianças negras” (CAVALLEIRO, 2006, p.227).
De imediato parti para a pesquisa na própria escola com as colegas, com a seguinte
questão: quais livros infantis com personagens negros conheciam para trabalharmos o Dia dos
Pais e o dia Nacional da Consciência Negra - 20 de novembro,” nesta data em 1695, foi
assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares.” Estava latente a
necessidade de ressaltar mais as contribuições dos negros tanto nas aulas de história e
13
principalmente na literatura. Contemplando assim, a lei de 10.639 de 09 de janeiro de 2003,
onde o presidente da República Luiz Inácio Lula Da Silva, alterou a lei de 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-
Brasileira”.
“O problema racial é, portanto, a linguagem pela qual se torna possível apreender as
desigualdades observadas, ou mesmo uma certa singularidade nacional. (...)”
(Schwarcz, 2008,p.239).
Mesmo com a promulgação da lei 10639/2003 que alterou a Lei 9394/96, determinando a
obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nos sistemas de
ensino formal, o tema é pouco explorado entre os professores. A principal razão apontada é a
de que trabalhar essas questões, requer mais literatura disponível no mercado literário.
O conhecimento da existência da lei, bem como a importância atribuída à
aprendizagem da história e cultura afro-brasileira e africana, são sinais muito positivos,
ainda que por si sós não assegurem a efetiva implementação da lei na prática.(...) Outra
dimensão considerada estratégica para a implementação da lei diz respeito à produção
e à distribuição de material didático voltado à diversidade racial e cultural na escola,
adequando-se à perspectiva que assinala a Lei federal 10639/2003”. (Souza e Crosso,
2007, p.36).
No decorrer do ano letivo de 2007, lecionava para a rie do ensino fundamental I, em
uma Escola Estadual de São Paulo - SP com as contribuições da cultura africana para o Brasil
enfocando desde o período da escravidão até os dias atuais onde o cidadão afro-descendente
ainda precisa de cotas políticas para se inserir em determinados mercados, sejam eles
educacionais, de trabalho ou novas comunidades que não sejam a do esporte.
14
As cotas raciais representam uma das estragias de ação afirmativa e, ao serem
implantadas, revelam a existência de um processo histórico e estrutural de
discriminação que assola determinados grupos sociais e ético/raciais da sociedade.
Talvez por isso elas incomodem tanto a sociedade brasileira, uma vez que desvelam a
crença de que somos uma “democracia racial” (que todas as raças e etnias convivem
harmoniosamente e participam democraticamente de todas as oportunidades sociais em
nosso país) e que se resolvermos a questão socioeconômica resolveremos a racial”.
(Munanga, 2006, p.192).
Ao planejar as aulas buscava várias fontes de pesquisa, detectei uma ausência na literatura
infantil brasileira de livros com personagens bem sucedidos negros. Utilizava recursos da
disciplina de Artes e História para enriquecer o repertório dos alunos, os quais em grupo
organizavam cartazes, maquetes, exposições, confecção de livros para expressarem seus
conhecimentos. Porém, no mês de agosto do ano (2007), ao iniciar uma leitura para a classe,
onde abordaríamos a figura do Pai na família, me surpreendi com um comentário de um aluno
ao ver uma figura do livro escolhido "Tanto, Tanto!"¹,
Figura 1 capa livro
¹ CooKe, Trish. Tanto, Tanto! São Paulo. Ática: 1994.
Livro que relata a história de uma família negra. Durante a leitura um aluno comentou "-Olha
um macaco!", solicitei que mostrasse onde viu um macaco no livro, levantou e mostrou, porém,
15
era o personagem do bebê da família, percebi então, que meu trabalho estava precisando ir
além da sala de aula e comecei a pesquisar como falar de assuntos tão carregados de
preconceitos em uma sociedade complexa onde o ser humano deve ser respeitado no seu todo
(físico, psíquico e social).
Figura 2 g. Imagem menino
CooKe, Trish. Tanto, Tanto! São Paulo. Ática: 1994.
Para se fazer uma alise de uma imagem é preciso identificar os principais elementos da
composição. E tratar a imagem não como a semiótica, o que faz a análise da ligação com o
significado das partes que a compõem, mas sim do ponto de vista da percepção do olho
humano, do modo de estruturar naturalmente os seus elementos gráficos em nossa mente. Foi
justamente para estudar essa percepção que se desenvolveu a Teoria da Gestalt a qual propõe
que o cérebro humano tende automaticamente a desmembrar a imagem em diferentes partes,
organizá-las de acordo com semelhanças de forma, tamanho, cor, textura, etc. As quais serão
reagrupadas de novo num conjunto gráfico que possibilita a compreensão do significado
exposto.
16
Fotos aflitivas não perdem necessariamente seu poder de choque. Mas não ajudam
grande coisa, se o propósito é compreender. Narrativas podem nos levar a
compreender. Fotos fazem outra coisa nos perseguem... A imagem conta tudo o que é
preciso saber. Mas é claro que ela não nos conta tudo o ques precisamos saber”.
(Sontag, Susan. Diante da dor dos Outros. Cap.5 pág.76)
Trocando a palavra fotos” por imagem, a frase representa exatamente o choque que senti
naquela manhã de agosto de 2007 em sala de aula. Porém, a partir daquela angústia,
transformei em sentimento de mudança, a qual me impulsionou a iniciar esta pesquisa.
“...O caminho é cheio de asperezas, mas não obstante fadigas e humilhações, eu
tenho ainda um sonho....Com esta fé, poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, ir juntos
à prisão, certos de que um dia seremos livres. Quando isso acontecer, todos filhos de
Deus, brancos e negros, judeus e pagãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as
mãos uns aos outros, e cantar aquele velho hino dos escravos: Finalmente livres!
Finalmente Livres. Graças a Deus onipotente, nós somos finalmente livres!...”
Martin Luther king - senhoradapaz.sites.uol.com.br/Martin.htm
Até hoje este sonho de igualdade continua inspirando milhares de pessoas que acreditam
na justiça e no amor entre os homens e eu sou uma destas pessoas.
Importante esclarecer a dificuldade que a sociedade brasileira, tem para aceitar a temática
étnico-racial, e as crianças pequenas o também fruto desse meio preconceituoso. Podemos
atribuir essas dificuldades a alguns fatores mencionados: o processo de miscigenação e
tentativa de branqueamento da sociedade e a não aceitação do “preconceito”. A palavra
“Negro”, foi e ainda é entendida como ofensa.
Segundo Schwarcz (2008), o Brasil é ainda reconhecido como um país interessante no
exterior, diferente porque é composto de uma população mista e ainda a imagem da
convivência racial pacífica, cunhada por Freyre... É essa representação mestiça do país que de
negativa se transforma em exótica, de científica se modifica em espetáculo...Se o futuro do
17
país é alvo de outros tipos de apreensão, persiste certa representação racial da nação,
herdeira das primeiras discussões do século passado. Buscando suprir essas falhas, propostas
e ações tem sido implementadas, vale ressaltar: suprir as bibliotecas das escolas públicas e
privadas com Livros infantis com temática afro onde os personagens representam com
dignidade sua cultura.
Importante esclarecer que a oralidade é um traço marcante dos povos africanos, esta
oralidade manteve viva a tradição africana. Não se contam histórias para apenas aprender,
mas sim para manter um diálogo, onde você aprende e ensina concomitantemente. E esse ato
se dá de forma coletiva; há uma maior socialização da prática neste caso, o que difere de uma
simples leitura, onde se estabelece apenas um diálogo entre autor e leitor. (Padilha,1995)
[...] na África em geral, dada sua condição cultural eminentemente não letrado,
este gozo (do texto) se deslocava, e em certa medida ainda se desloca do espaço
estático do papel (= livro) para o mundo em mutação da voz. É ela a condutora
do gozo e é por ela que o contador de estórias libera a força do seu imaginário e
a do seu grupo, fazendo do processo de recepção um ato coletivo, ao contrário
do homem branco ocidental que, a partir de um certo momento da história, fez
de seu processo de recepção pela leitura na essência um ato solitário, um
prazer de voyeur. (PADILHA,1995 apud KOPERNICK, 1999, p. 88)
Projeto Candido Portinari - “Candinho”
Enquanto professores que somos, estamos sempre buscando novidades para tornar nossas
aulas mais atraentes e atualizadas. Com o fenômeno da internet observamos uma reviravolta
no ensino, nossos alunos exigem aulas mais interativas e dinâmicas, assim a necessidade
constante de atualização dos professores.
18
Ao estudar raça negra” por meio de uma pesquisa-intervenção, oferecendo aos alunos
oportunidades de aprendizagem que contribuíram para seu desenvolvimento como cidadão.
Segundo Lee Shulman (1999), tudo o que fazemos tem que estar sujeito à investigação.
Defende que é necessário retirar o ensino da esfera do individual e criar espaços de
desenvolvimento profissional do ensino com quatro características:
investigação; pública ; crítica e avaliação construída sobre trabalho anterior e partilhada.
Estes espaços de desenvolvimento profissional devem de diversas formas, por exemplo,
através do método de estudo de casos, de experiências comparativas de diferentes
abordagens e da avaliação, propiciar um melhor aprendizado.
Seguindo sugestão da banca de qualificação, voltei ao campo “a escola” para pesquisar nos
anos iniciais do ensino fundamental, qual a visão das crianças sobre a raça negra, por meio de
algumas obras do pintor brasileiro Candido Portinari.
“Vim da terra vermelha e do cafezal. As almas penadas, os brejos e as
matas virgens acompanham-me como o espantalho, que é o meu auto-retrato.Todas as
coisas frágeis e pobres se parecem comigo”.
Candido Portinari
Portinari, pintor ilustre fez parte de uma fase de grande mudança no conceito estético e
cultural do Brasil. Pintou cerca de cinco mil obras. Entre quadros relacionados à infância,
diversas brincadeiras infantis, crianças.
Vale ressaltar nas pinturas de Portinari a presença de negros, o que lhe causava muitos
problemas.
19
No ano de 1940, reconhecido internacionalmente fez a exposição Portinari of Brazil”, no
MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova York). Convidou dez negros para a inauguração, mas
não os deixaram entrar. Quando lhe perguntaram se os negros do Brasil eram mais felizes que
os negros americanos, respondeu: “Sim, porque, apesar de pobres, são tão livres e iguais aos
brancos”.
20
CAPÍTULO 1
1.1. Revisão da Literatura
Este trabalho consolidou-se por meio de referências teóricas, as quais apresento neste
capítulo.
De acordo com a lei, 10.639 de 09 de janeiro de 2003, o presidente da República Luiz
Inácio Lula da Silva, alterou a lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.
Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade
da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e da outras providencias.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos
seguintes arts. 26-A, 79-A e 79 - B:
"Art. 26- A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental edio, oficiais e particulares,
torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da
História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e
o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas
áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira seo ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de
Literatura e História Brasileiras.
§ 3º (VETADO)"
21
"Art. 79 -A. (VETADO)"
"Art. 79 -B. O calendário escolar inclui o dia 20 de novembro como 'Dia Nacional da
Consciência Negra'."
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 9 de janeiro de 2003; 18 da Indepenncia e 115º da Reblica.
LUIZ ICIO LULA DA SILVA
Segundo Adami (2007) em março de 2005 foram apresentados alguns pontos relacionados
à implementação efetiva da lei, tais como: formação de professores e de outros profissionais da
Educação. Porém, os professores que em sua formação não receberam preparo especial para
o ensino da cultura africana e suas reais influências para a formação da identidade do nosso
país, entram em conflito quanto à melhor maneira de trabalhar essa temática na escola. Assim,
este ponto pode ser um dos obstáculos estabelecidos com a lei. O objetivo principal para a
inserção da Lei é o de divulgar e produzir conhecimentos, bem como atitudes, posturas
comuns que garantam respeito aos direitos legais e valorização de identidade cultural brasileira
e africana.
Sendo que foi incluído no calendário escolar o dia 20 de novembro como Dia Nacional da
Consciência Negra. Além dos conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serem
Ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística
e de Literatura e História Brasileira. Incluindo a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo
negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil. Tema relevante,
pois vivemos num mundo globalizado onde o preconceito racial existe.
22
“(...) Durante muito tempo, quando se realizava alguma comemoração sobre a questão
do negro no Brasil, somente a data do dia 13 de maio, dia da assinatura da Lei Áurea,
em 1888, abolindo a escravatura no Brasil era lembrada (...) Os movimentos negros
atribuem, atualmente, um significado político ao 13 de maio, vendo-o como o dia
Nacional de Luta contra o Racismo. (Munanga, 2006, p.130).
Esta pesquisa recebeu, contribuições dos livros infantis com personagens negros: Tanto,
Tanto!; As tranças de Bintou; Que mundo Maravilhoso!; Menina bonita do laço de fita; Irmãos
Zulus; O Rei Zumbi; Gosto de África; Bichos da África, Lendas e Fábulas; Lendas Negras.
Porém, destaco o livro Tanto,Tanto! O qual retrata a história de uma família negra durante uma
festa de aniversário do Pai.
A partir da experiência em sala de aula com o livro Tanto,Tanto! a pesquisa com livros
paradidáticos infantis – literatura brasileira, com personagens negros, bem-sucedidos, não
somente no esporte, culinária, mas nas artes, tecnologia, política, educação, efetivou-se. E a
importância deste recurso em sala de aula para desenvolver uma consciência cidadã desde a
mais tenra idade. Pensando sempre no professor como um formador de consciências.
Sendo a educação um dos principais mecanismos de introdução dos valores e idéias que
compõem o padrão considerado “normal” da sociedade, visando o consenso em relação à
ordem vigente. Ou seja, é um privilegiado instrumento formador da consciência social, que
pauta os relacionamentos e o tipo de compreensão que se tem da realidade. E essa
consciência social formada passa a ser divulgada e reproduzida, quando internaliza conteúdos
previamente definidos, impondo concepções de mundo e de existência que passam a ser
vistas como verdades absolutas, inquestionáveis. Formam-se indivíduos que darão
continuidade a esse processo socializador, através de uma contínua reprodução de valores
apreendidos.
23
(...) O negro está procurando, por vias político-ideológicas explicitadas, construir
uma identidade positiva do grupo, com forte inspiração em uma classe média
emergente, à busca da conquista de espaços sociais que até então lhe tem sido
vedados, isto é, o negro quer ir além dos espaços que historicamente a sociedade
brasileira lhe tem reservado: futebol, carnaval, música, escola de samba, terreiros
religiosos etc.(...)”. (Pereira,2002,p.69).
Convivendo quase que diariamente com comentários preconceituosos sobre racismo, tanto
de alunos, quanto de professores. Questionando, se este comportamento na escola é reflexo
da formação moral do professor ou de sua formação acadêmica? Iniciei um trabalho
informativo na sala de aula onde atuava, através das aulas de história levantava temas sobre
Racismo; Etnia; Preconceito.
24
Racismo
A letra da música de Gabriel o Pensador, Lavagem Cerebral, (Rio de Janeiro,1993), exprime
bem esse comportamento.
“O racismo é burrice
Mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fosse o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Qualquer tipo de racismo não se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma
herança cultural....”
Segundo Munanga (2006, p.179), o racismo é um comportamento, uma ação resultante da
aversão, por vezes do ódio, em relação às pessoas que possuem um pertencimento racial
observável por meio de sinais, tais como: “cor de pele, tipo de cabelo, formato de olho...”.
25
ETNIA RAÇA
Munanga (2006) enfatiza que muitos intelectuais e educadores rejeitam o conceito raça e
preferem o termo “etnia” para se referir ao segmento negro da população brasileira. O conceito
etnia não carrega o sentido biológico, atribuído à raça, o que colabora para superação da idéia
de que a humanidade se divide em raças superiores e inferiores.
Segundo Vesentini (1998), o conceito de raça é biológico e não deve ser confundido com
nações culturais, sociais ou psicológicos. No ser humano, ao contrário dos outros animais, não
existem temperamentos próprios de raças. Não se deve empregar o termo raça” como
sinônimo de povo, nação ou grupo lingüístico, como às vezes ocorre... Tendo em vista a
dificuldade em empregar o termo raça” à espécie humana, vários cientistas resolveram
substituí-lo por “etnia”. Assim, quando observamos a população de certos países, notamos que
ali existem vários grupos que possuem traços comuns (físicos e culturais) e um sentimento de
identificação de pertencer ao mesmo grupo.
PRECONCEITO
Julgamento negativo e prévio que os membros de uma raça, de uma etnia, de um
grupo, de uma religião constroem em relação ao outro. Julgamentos estes com característica
principal: inflexibilidade. (Munanga, 2006, p. 181).
“(...) Ninguém nasce com preconceitos: eles são aprendidos socialmente, no convívio
com outras pessoas. Todos nós cumprimos uma longa trajetória de socialização que se
inicia na falia, vizinhança, escola, igreja, círculo de amizades e até na inserção em
instituições enquanto profissionais ou atuando em comunidades e movimentos sociais
e políticos(...)” (Munanga, 2006, 182).
26
Podemos concluir que esses termos estão enraizados em nossa sociedade, urgente se faz
mudanças de atitudes, a partir de reflexões permanentes de cidadãos da política, educação,
meio artístico, familiar.
Em 2007, houve uma pesquisa na escola estadual na qual lecionava. Cada família indicava
qual a raça da criança (branca, parda, negra ou amarela). Porém, as crianças levaram os
formulários com marcas de borracha ou corretivo na raça branca, então, perguntei: - Por que
seus pais resolveram mudar no papel a raça para parda? A maioria dos alunos respondeu que
a professora explicou que algumas pessoas tem a cor de pele diferente por herança genética
de seus pais, avós, tataravós. Principalmente no Brasil que houve escravidão e desde este
período começou haver miscigenação entre os povos de origem européia, africana e os índios
que se encontravam no Brasil. O mais interessante foi o comentário de um aluno que falou
para os pais: Sou da cor da professora Carla, a qual contou que também tem descendência
africana e indígena por isso ela é parda”. Ao comentar este fato na sala dos professores,
novamente surpresa! Alguns professores, falaram que não poderiam fazer este comentário em
sala, pois sua descendência era européia. Justamente esta professora era parda, porém,
se considerava branca. Então, como abordar este preconceito em sala de aula se o próprio
professor possui uma auto-imagem distorcida?
Analisando as Diretrizes traçadas para a formação docente e as características
organizacionais das escolas brasileiras, notamos a predominância de programas
formativos episódios e focados em temas específicos, desenvolvidos desconsiderando o
contexto da escola, o que dificulta ainda mais a constituição e a manutenção das
comunidades intelectuais. Consideramos, em contraponto, que seria importante investir
também na melhoria das condições seu campo de ão e sua inflncia, contribuindo,
assim, para melhorar significativamente a qualidade do ensino no Brasil. Essa é
claramente uma opção política, que depende dos órgãos oficiais, mas também de cada
um de nós que militamos na área educacional”. (Abramowicz e Arroyo (Org.) - Mizukami
Reali,2009,p.85)
27
Segundo Arroyo/Abramowicz (2009), estamos vivenciando um novo pensar e intervir na
relação política, que pode ajudar a ressituar uma preocupação que toca tão de perto os
educadores dos coletivos populares e que condiciona o direito à educação de tantos milhões
de crianças, adolescentes, jovens e adultos pobres, negros, das periferias e dos campos. As
vítimas reagem a mais essa inferiorização.
Ao considerar que podemos ajudar a rever conceitos, faz-se necessário que o professor
também possa ter oportunidade de buscar novos conhecimentos.
Charlot (2009, p.21, in Arroyo/Abramowicz), nos esclarece que a Sociologia da Educação
levanta a questão da desigualdade social diante da escola, mas negligencia a do saber,
tampouco se interessa pelas práticas pedagógicas dos professores que acolhem as crianças
desfavorecidas.
Como se vê, essas discussões fomentam que ter êxito na escola supõe de certa forma
relacionar-se com o mundo. O que leva a aprendizagem é a atividade Intelectual do aluno
“achar sentido nela”. Educar-se a si mesmo.
Gatti (2009, p.45, in Arroyo/Abramowicz), destaca que desigualdade racial no Brasil não se
reduz a um acontecimento estritamente econômico.
Desigualdade racial neste trabalho é entendida como aspectos que devem ser foco de
preocupações no que se refere à progressão escolar, evidenciando que ações amplas sem
penetração no seio das relações sociais e escolares podem redundar em mudanças
situacionais superficiais e de pouca eficácia. (Gatti, 2009).
28
Destaca ainda, o referido autor, que prover Educação escolar sem perspectivas
sociofilosóficas claras sem metas torna-se um amontoado de fazeres sem um pensamento que
articule modos de se realizar.
Vale comentar a desigualdade social, regional e racial, herdada do Apartheid nas escolas
Sul-Africanas. Desde 1994 o maior objetivo da política Sul-Africana foi o de reduzir todo tipo de
desigualdade no país, onde o sistema educacional é seletivo e com baixo desempenho. Uma
abordagem sistêmica que enxerga no sucesso ou no fracasso escolar um ponto de articulação
de um conjunto de variáveis tanto, socioambientais (características sociais do público) e quanto
internas ao estabelecimento, qualificação dos professores e tipo de governança. Permite
assim, ver a questão da aprovação escolar como um verdadeiro problema social e não apenas
como um Avatar Individual. (Carpentier, 2009, in Arroyo/Abramowicz).
Voltando às escolas brasileiras, podemos estabelecer comparativos quanto à desigualdade
social, regional e racial.
Torna-se urgente pesquisar por que e como as boas intenções de avaliar para integrar os
coletivos excluídos terminam enrolados nos velhos mecanismos de reforçar a imagem
inferiorizada dos setores populares. (Arroyo, 2009, p.139).
Tal entendimento requer repolitizar o direito à educação e retirá-lo do campo da
colaboração, da boa vontade das políticas, das instituições e dos profissionais, retirá-lo dos
condicionantes de resultados de avaliações de desempenhos para colocá-lo no campo legítimo
de todo direito, o campo da justiça, do dever justo. Qualquer direito que fique à mercê do
parecer de sistemas ou de coletivos de avaliação, sentenciadores de quem tem ou não tem
direito a um percurso de formação digno deixa de ser direito. Daí ser urgente avançarmos em
mecanismos de justiça.
29
Estimular os educandos, as famílias e os movimentos sociais a apelar à justiça quando
condicionado, negado ou interrompido o direito à educação. Avançar em medidas mais
compulsórias, sem as quais os direitos ficam à mercê da boa vontade e do compromisso de
bons mestres. (Arroyo, 2009, p.154).
Como vemos, se faz necessário repensar em estratégias para promover um ensino que
favoreça a aprendizagem dos alunos e o aperfeiçoamento docente.
Nos termos de aprendizagem e desigualdade, cabe citar que a escola habita o social, lugar
de intervenção e de governo, e por esta via, procura responder às complexas questões que se
referem à relação entre sociedade e economia. (Abramowicz, Rodrigues e Cruz, 2009, p. 121,
in Arroyo/Abramowicz).
Segundo Abramowicz, Rodrigues e Cruz, com base no vetor raça, o debate entre igualdade
e desigualdade, diferença e diversidade se refaz esse complexifica. Quando todos de uma
escola são pobres, os negros aparecem subalternizados.
Cabe, ressaltar sobre algumas ações realizadas pelo Programa de Apoio aos Educadores.
Espaço de desenvolvimento profissional (Reali e Tancredi, 2003). Trata-se de um portal na
internet que tem como um de seus objetivos principais fomentar o desenvolvimento profissional
de professores da educação básica, com auxílio de profissionais experientes da rede pública e
da própria Universidade Federal de São Carlos. O programa é desenvolvido exclusivamente via
Internet. Uma das tarefas fundamentais de comunidades profissionais de professores
corresponde à negociação da Tensão Essencial: O entendimento de que a aprendizagem dos
alunos se relaciona estreitamente com a aprendizagem profissional da docência; Estar pautado
no trabalho da escola outro fator para a sobrevivência de uma comunidade de professores; As
raízes das práticas reflexivas podem ser localizadas nos trabalhos de Dewey, o qual pautou-se
30
nas idéias de: Platão; Aristóteles e Confúcio; Aprender com o outro e a relação estabelecida é
multifacetada e não hierarquizada; Professores iniciantes precisam assumir papéis
profissionais. (Mizukami e Reali, 2009, p.93, in Arroyo/Abramowicz).
31
CAPÍTULO 2 A pesquisa
2.1. Caracterização
Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo analítico-descritivo de natureza qualitativa.
Trata-se, mais especificamente, de uma pesquisa intervenção por meio da qual se analisa
contribuições de obras do pintor Candido Portinari para a discussão do tema “raça negra” com
alunos da 2ª. Série do ensino fundamental I.
Foi desenvolvida em uma sala de aula da 2ª série B do ensino fundamental, com 22 alunos,
da escola Municipal Joaquim Candido de Azevedo Marques – “Jocan”, de São Paulo/SP.
Para a delimitação da intervenção foi realizada inicialmente - com a colaboração da professora
Roberta e alunos - um levantamento prévio a partir das seguintes questões:
- Quem conhece mais de cinco livros infantis com personagens negros?
R. Dos 22 alunos, nenhum lembrou no ato de livros com personagens negros. Começaram
a falar de personagens conhecidos como: Cinderela; Bela Adormecida.
- Quem já ouviu falar ou viu alguma obra do pintor Candido Portinari?
R. Dos 22 alunos, nenhum ouviu. Uma aluna associou o nome Candido com o nome da
escola onde estudam “Emef. Joaquim CANDIDO de Azevedo Marques”.
- O que sabem sobre o feriado da Consciência negra?
R. Uma aluna comentou que foi o dia que libertaram os escravos. Os outros desconheciam
esse feriado.
Como educadora, percebi a responsabilidade em trabalhar este assunto de grande
relevância, o qual contribui para aplicar em sala de aula a Lei 10639/2003, lei que torna
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas públicas e privadas,
32
além de promover um resgate das contribuições da cultura africana e da luta dos negros no
Brasil nas áreas social, econômica e política. Porém, é um tema que extrapola a sala de aula,
e muito relevante para ser comentado apenas em um dia especial o feriado de 20 de
novembro. Por isso, se fez necessário desenvolver um projeto que abordasse as áreas de
História; Arte e Cultura Africana.
Nesse contexto, a questão de pesquisa dessa dissertação é assim formulada:
Quais contribuições as obras do pintor Candido Portinari oferecem para o estudo do tema
“raça negra” nos anos iniciais do ensino fundamental I?
Por meio de algumas obras de Candido Portinari com personagens negros, “selecionadas
pelos alunos da sala de aula –.B”, pesquisadas na galeria virtual do site “Candinho Portinari”,
objetivou-se estudar a raça negra, analisando como as crianças interpretam e concebem o
negro na sociedade atual, preconceito, racismo e até mesmo como se identificam em relação à
própria cor de pele.
Como pesquisar um tema envolto em preconceitos por meio de uma pesquisa-intervenção
que possa propiciar vínculo positivo com as crianças por meio de uma proposta lúdica de
ensino da cultura africana?
Necessário se fez desenvolver um projeto Interdisciplinar para aplicar em sala de aula,
trabalhando com o tema transversal Ética”, uma vez que os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o ensino fundamental destinam-se a todos os brasileiros e objetivam alcançar e
fortalecer a meta maior que é a formação do cidadão.
33
OBJETIVOS
Sabe-se que é grande a diversidade das pessoas que compõem a população brasileira:
diversas etnias, diversas culturas de origem, profissões, religiões, opiniões. Esta diversidade
freqüentemente é alvo de preconceitos e discriminações, o que resulta em conflitos e violência.
Contribuir com informações que fortaleça a auto-estima das crianças e estimule o professor
em sua tarefa de ensinar e pesquisar assuntos sobre preconceito racial.
Estimular o aluno a SER um cidadão consciente de seus direitos e deveres dez na vida” e
conseqüentemente um bom aluno.
A Ética não estabelece regras de conduta. Faz bem mais do que isso. Questiona as regras
em uso, perguntando-se se realmente elas eso fazendo o melhor pelas pessoas.
“O desenvolvimento das pesquisas sobre o negro no Brasil tem momentos bem
marcantes. (...) No início da década de 30, Gilberto Freyre revoluciona o pensamento
social brasileiro com sua tese de doutoramento, que recupera positivamente a
contribuição africana à cultura brasileira. As conclusões de Freyre são um elogio à
miscigenação(...)”. (Oliveira,2006,p.217).
Dentro deste contexto, esta pesquisa-intervenção foi desenvolvida no 2º semestre de 2009,
numa escola pública EMEF”, em uma sala de aula da série do ensino fundamental I,
envolvendo na pesquisa de primeiro momento uma sala de aula, porém, contagiou
positivamente os professores de outras séries e alunos da escola (quando passavam pela
sala de informática, perguntavam se podiam participar, explicava que era um projeto para a
B). Focando sempre a cidadania, buscando o conhecimento através de atividades que
fizessem sentido para os alunos. Através da arte, música e espaços virtuais como o site do
34
Portinari que serviu de suporte para todo este projeto, o caminho para o aprendizado tornou-
se mais prazeroso e eficaz.
Semente do Aman
Ontem, um menino que brincava, me falou
Que o hoje é semente do amanhã.
Para não ter medo que esse tempo vai passar.
Não se desespere e nem pare de sonhar.
Nunca se entregue.
Nasça sempre com as manhãs.
Deixe a luz do sol
Brilhar no céu do seu olhar.
na vida, fé no homem,
fé no que virá.
Nós podemos tudo, nós podemos mais.
Vamos lá fazer o que será.
JR., Gonzaga.
Visando compreender como as crianças vêem a raça negra por meio de obras de Candido
Portinari, selecionadas pela classe B através do site “Viagem ao mundo de Candinho”,
site escolhido partindo da premissa que os estímulos despertam o interesse em aprender.
http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/abertura.htm
Vygotsky (1987), a zona de desenvolvimento proximal representa o espaço entre o nível de
desenvolvimento real, ou seja, aquele momento, onde a criança é apta a resolver um
35
problema sozinha, e o nível de desenvolvimento potencial, a criança o faz com colaboração de
um adulto ou um companheiro.
A referência da zona de desenvolvimento proximal implica na compreensão de outras
Idéias que completam a idéia central, tais como: - O que a criança consegue hoje com a
colaboração de uma pessoa mais especializada, mais tarde poderá realizar sozinha na
resolução do problema, através da assistência e auxílio do adulto, ou por outra criança mais
velha, formando desta forma uma construção dinâmica entre aprendizagem e
desenvolvimento.
Segundo Vygotsky (1987), a aprendizagem acelera processos superiores internos os quais
são capazes de atuar quando a criança encontra interagida com o meio ambiente e com
outras pessoas. O autor ressalta a importância de que esses processos sejam internalizados
pela criança.
Vygotsky colocou que “as funções mentais superiores são produto do desenvolvimento
sócio-histórico da espécie, sendo que a linguagem funciona como mediador”. Lima (1990), por
isso que a sua teoria ficou conhecida como sócio-interacionista.
Não se pode ignorar o papel desempenhado pelas crianças ao se relacionarem e
interagirem com outras pessoas, que sejam professores, pais e outras crianças mais velhas e
mais experientes. A mediação é a forma de conceber o percurso transcorrido pela pessoa no
seu processo de aprender. Quando o professor, utiliza da mediação, consegue chegar a zona
de desenvolvimento proximal, através dos “por quês?” e do “como”, ele pode atingir maneiras
através das quais a instrução será mais útil para a criança. Desta forma, o professor terá
condições de não utilizar meios concretos, visuais e reais, mas, com maior propriedade,
36
fazer uso de recursos que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando à criança a superar
suas capacidades.
O projeto efetivou-se a partir da autorização da coordenadora da escola e da professora da
sala para utilizarmos a sala de informática às sextas-feiras das 16:05 às 18:05, horário de aula
de informática da 2ª B, porém, a escola estava sem professor de informática naquele período
“2º semestre”.
Ao apresentar a proposta de pesquisa para a professora e depois para os alunos, surgiu um
interesse mútuo em participar do processo de pesquisa o qual duraria dois meses, sendo
quinze encontros divididos durante a semana da seguinte forma: às segundas-feiras na sala de
aula das 16:50 às 18:05 e às sextas-feiras na sala de informática das 16:05 às 18:05.
Visando contribuir para o fortalecimento da identidade das crianças à respeito da raça negra
e fortalecer o relacionamento entre as crianças brancas e negras, a escolha de embasar a
pesquisar em algumas obras do pintor Candido Portinari, vislumbrou apresentar o tema “raça
negra” através de um viés positivo o qual é a obra de arte.
A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a
fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim habitar” as coisas (FEITOSA,
2004, p.12.)
37
2.2. Intervenção e Pesquisa
A intervenção é o contexto desta pesquisa. - A intervenção foi realizada utilizando-se o site
http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/abertura.htm
Figura 3 - Página inicial do site Viagem ao Mundo de Candinho
Para iniciar um trabalho de pesquisa necessário se faz um planejamento preliminar além de
muita reflexão.
Segundo Padilha (2002, p. 30), planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios
e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições,
setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é
sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de
38
necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos)
disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas,
a partir dos resultados das avaliações. Em sentido amplo, é um processo que "visa a dar
respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de
modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo”.
Com a oportunidade de utilizar a sala de informática, nada melhor que apresentar aos
alunos uma pesquisa realizada numa galeria “virtual”, Um dos mais conhecidos autores a tratar
do tema é Pierre Lévy, francês. Em seu livro "O que é o virtual?", define:
"O virtualo se opõe ao real, mas sim ao actual. Contrariamente ao posvel, estático e
já constituído, o virtual é como o complexo probletico, o nó de tendências ou de foas
que acompanha uma situação, um acontecimento, um objecto ou uma entidade qualquer,
e que chama um processo de resolução: a actualização". (LÉVY, 1996, p.16)
Para que esta pesquisa se desenvolvesse, foi necessário eleger algumas obras do Pintor
Candido Portinari que retratasse o negro. Ao planejar as aulas o fator preponderante a
considerar era desenvolver nas crianças além de autonomia para trabalhar durante a pesquisa
atitude de reflexão, então, ao invés de apresentar as obras do autor definidas, permitir e
incentivar os alunos a pesquisar no site “Candinho Portinari”, a página Galeria”, para
vislumbrar e apreciar as obras. Porém, antes de acessar a página do site , foram passadas as
seguintes informações: Observar obras com figuras humanas; Escolher a que mais gostou;
Desenhar no caderno a obra (cada aluno recebeu um caderno de desenho).
39
Figura 4 Galeria
Nenhum outro pintor pintou mais um país do que Portinari pintou o seu
Israel Pedrosa, 1983
Se as palavras expressassem o olhar das crianças ao navegarem pelo site Candinho
Portinari, esta página se iluminaria. Além da facilidade de navegar pelo site, a gina “galeria”,
os convidava a viajar por um museu virtual. Ao clicar em cada quadro, surgiam as informações
da obra.
Vale comentar o conhecimento prévio dos alunos quanto ao uso do computador. Durante o
projeto “Candido Portinari”.
(...) os computadores permitem que cada sala de aula se torne " um centro de
comunicação, uma casa de edição, um centro de arte multimídia e um centro de
pesquisas, onde o aluno pode se valer dos recursos da Livraria”
Herbert Kohl (www.baixakijogos.com.br/fórum/tópico.php?topicos)
40
Sabemos que nenhum recurso tecnológico tem o poder mágico de aprimorar o desempenho
de um aluno se ele e o professor não souberem o que estão buscando ao utilizá-lo. Diferentes
estudos revelam que ter objetivos claros ao adotar tecnologia educacional é o elemento mais
importante para obter resultados favoráveis junto aos alunos.
(Schacter, J. 1999 e Cradler et alii, 2002).
Ao promover pesquisas e trabalhos que utilizem as ferramentas da internet, aconselhável
sugerir sites seguros, onde os temas pesquisados sejam trabalhados por especialistas,
garantidos por um árduo trabalho de composição e coleta de dados, como é, por exemplo, o
caso do site “Viagem ao mundo de Candinho”.
Durante o desenvolvimento da atividade os alunos perguntavam se poderiam pesquisar
algum joguinho. Informava que durante todo o projeto poderia utilizar tudo a respeito do site
Candinho Portinari, assim o jogo escolhido pela sala foi “o baú escondido”.
41
Figura 5 – O Baú Escondido
Necessário se fez trabalhar teoria com os alunos, aulas que poderiam torna-se enfadonhas
ficaram interessantes e lúdicas, pois os alunos através do site “Viagem ao mundo de Candinho”
tiveram a possibilidade de visualizar as informações transmitidas pela professora, além de
desenvolver a leitura e a escrita.
42
Figura 6 - Histórias de Menino
Cabe destacar que a presença dos computadores na educação, com os inúmeros jogos
educacionais e demais softwares disponíveis para esse processo são recursos a serem
integrados como mediadores do ensino aprendizagem. Acrescentam-se também a educação
formal possibilidades não presenciais.
Oliveira (2001) afirma que o ato de ensinar e aprender ganha novo suporte com o uso de
diferentes tipos de softwares educacionais, de pesquisas na Internet e de outras formas de
trabalhos com o computador. Acrescenta que o computador com seus inúmeros softwares
pode ser uma ferramenta muito importante na mediação do processo da construção do
conhecimento, capaz de favorecer a reflexão do aluno, viabilizando a sua interação ativa com
determinado conteúdo de uma ou mais disciplinas e não só, um recurso auxiliar ao aluno na
aquisição de informações na internet, em enciclopédias eletrônicas e nas produções e
apresentações mais elaboradas de trabalhos escolares.
43
Figura 7 – Guia do Professor
Vale ressaltar que a sala de informática da EMEF onde foi desenvolvida esta pesquisa, está
bem equipada, com vinte computadores marca “Positivo” novos, a sala possui refrigeração
ambiente “ar condicionado”. Porém, no início da pesquisa dez computadores estavam com
defeito, assim fez-se necessário que os alunos sentassem em duplas, mesmo assim foi
possível desenvolver bem a atividade. Em meados de novembro os computadores foram
arrumados.
44
2.3. Procedimentos da Intervenção
Dia/Mês/Ano
Atividades Desenvolvidas .
22/09/09
Entrevista com Coordenadora da EMEF
23/09/09
Confirmação para realizar pesquisa na Escola
25/09/09
Reunião com Professora Roberta, sala de Intervenção 2ª. Série B
28/09/09
Início Pesquisa em sala de aula. Apresentei-me para os alunos. Leitura do livro
Tanto, Tanto! “Família negra”
02/10/09
Primeiro dia na Sala de Informática. Apresentação do Site Candido Portinari e
pesquisa das obras.
05/10/09
Sala de Aula. Distribuição dos cadernos de desenho para registrar as atividades
Releitura da obra mais marcante de Candido Portinari.
09/10/09
Sala de Informática, confrontar releitura realizada em sala de aula com obra,
analisar e em outra folha copiar observando detalhes.
12/10/09
Não houve aula – Feriado
16/10/09
Não houve aula – Gincana na Escola – Comemorar Semana das crianças.
19/10/09
Sala de Informática. Tarefa dirigida, pesquisar nas obras de Candido Portinari
pinturas com pessoas da raça negra e escolher uma. “Menina Sentada”.
23/10/09
Sala de Informática.Fazer releitura da obra “Menina Sentada”. Após fazer uma
pesquisa na galeria de quadros e registrar títulos com personagens negros.
26/10/09
Sala de Aula Registro escrito sobre obra Menina Sentada” Imaginar qual a
estória dela. Tarefa para casa desenhar ou copiar de fotos momentos felizes
desde a data do nascimento. Entreguei caderno com Linha do Tempo. “Todos
temos uma estória”.
30/10/09
Não houve aula – Feriado Funcionário Público
02/11/09
Não houve aula – Feriado Finados
06/11/09
Sala de Informática. Feedback com os alunos sobre o registro escrito sobre qual
a estória da obra “Menina Sentada”.
09/11/09
Sala de aula. Feedback da tarefa “Eu também tenho uma estória”, linha do
tempo.
13/11/09
Sala de Informática. Pesquisa sobre raças, utilizando You tube. Debate sobre
45
preconceito no Brasil; Qual a minha raça, maioria respondeu Morena”.
Conversamos, sobre miscigenação.
16/11/09
Sala de Aula. Semana da Consciência Negra. Organização com colaboração da
Professora Roberta de cartazes sobre a raça negra, utilizando pinturas de
Candido Portinari. Cartaz foi exposto no pátio da Escola.
20/11/09
Não houve aula – Feriado Consciência Negra
27/11/09
Sala de Informática – Livro infantil “Crianças Famosas – Portinari Editora
Callis”. Cada aluno recebeu um, foi realizada uma leitura em grupo. Depois
realizamos um debate reflexivo em sala de aula. Sorteio dos cartazes utilizados
na exposição da semana da Consciência Negra.
04/12/09
Sala de Informática CD-DVD sobre o projeto Candido Portinari, cada aluno
recebeu um, registro das atividades realizadas. Finalizamos o projeto com
sucesso, haja vista os comentários realizados durante as aulas “- Devemos nos
respeitar; Sou moreno, não sou misturado, o sou mestiço, ah! não sou branco
nem preto, então...?. Enfim, o início de reflexões à respeito de um tema ainda
tão polêmico como raça.
Quadro 1 Programação da Intervenção
Essas atividades de intervenção na EMEF Jocan, desenvolvidas com os alunos da 2ª. Série
B, despertaram interesses sobre o tema raça tendo como contribuição obras do ilustre pintor
brasileiro, Candido Portinari, a pesquisa tornou-se mais cativante com a utilização do site
“Viagem ao Mundo de Candinho”.
46
A sala de informática
Foto 1 - Micro computador marca Positivo
Foto 2 - Sala de Informática
“Estamos gostando das aulas na sala de informática é muito melhor aprender utilizando o
computador. Gostamos de conhecer Candido Portinari...” (Alunos 2ªB).
47
Foto 3 - Trabalho em grupo.
Foto 4 - Pesquisa da obraMenina Sentada”
48
Foto 5 Aluna analisando próprio desenho
Confrontando desenho realizado em sala com imagem da obra, acessada a partir do site
“Viagem ao Mundo de Candinho”.
49
Foto 6 - Pesquisa na páginagaleria”
Foto 7 - Pesquisa obra “Menina com laço” óleo / tela 55 x 45 - 1955
50
Foto 8 - Pesquisa
A obra Menina com laço agradou o grupo, principalmente após a pesquisa no You tube
(consta no CD-DVD que os alunos receberam no final da pesquisa).
Foto 9 Alunos com professora Roberta
Elaboração dos cartazes para a semana da Consciência Negra. Contamos com a
colaboração da Professora Roberta e dos alunos da 2ª. Série B.
51
Cartaz tema Consciência Negra: Contribuições de obras de Candido Portinari
Foto 10 Aluna.B, assinando cartaz
Ao final da atividade para a semana da Consciência Negra, os alunos prepararam um mural
com os cartazes confeccionados com fotos de obras do pintor Candido Portinari e assinado por
todos os alunos, a professora Roberta e a pesquisadora Carla.
Elaborar o mural para a semana da Consciência negra, proporcionou o resgate da hisria
da África, valorizando sua Cultura. Articulando com as obras de Candido Portinari, os alunos
compreenderam a grande contribuição para o desenvolvimento do Brasil que Homens e
mulheres da raça negra proporcionaram. Os trabalhos de Candido Portinari retratam o homem
forte ( pés grandes e mãos fortes) , fato que os alunos comentaram: “- Candido Portinari gosta
de pintar só pessoas bonitas!”
52
Cartazes com imagens de obras de Candido Portinari, escolhidas e decoradas pelos alunos.
Foto 11 Mural Consciência Negra com obras de Candido Portinari.
Ao concluir esta atividade os alunos da 2ª. Série B, fizeram uma análise sobre o processo
da pesquisa realizado com as obras de Candido Portinari, através do site Viagem ao Mundo
de Candinho”.
53
Foto 12 - Cartaz elaborado por alunos 2ª.B - João Candido Portinari 30/12/1903 06/02/1962
Nasceu em Brodósqui SP, começou a pintar desde criança, seu primeiro desenho
conhecido é um retrato do compositor Carlos Gomes (copiou de um maço de cigarros), aos 10
anos.
54
Foto 13 - Futebol, 1935 óleo/tela 97 X 130 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do Mercosul.
Rio de Janeiro: Finambras, 1997.
Este quadro foi o preferido dos garotos, vale comentar a observação de alguns alunos sobre
haver crianças brancas e negras brincando juntas. Após este comentário outro aluno disse: “-
mas no futebol tem mesmo mais preto do que branco”.
(...) Apesar de ter uma perna mais curta que a outra, Candinho era bom no futebol... Os
meninos tentavam imitar o drible de Candinho, que os enganava com sua perna mais
curta, mas nunca conseguiam.
Às vezes jogavam com bola de meia, feita com tiras de papel de embrulho
amassado, amarrado com cordão e enfiado em uma meia velha. Às vezes jogavam com
bola de bexiga de boi, mas todos tinham de mostrar as unhas do ...
(Trzmielina.Página 7 e 8, 1997).
55
Foto 14 - A falia, 1935 óleo /tela 60 X 73 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do
Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.
Esta imagem trouxe à tona o cerne da questão racial, a maioria dos alunos da sala
comentaram que o quadro era estranho, mesmo perguntando por quê? Não respondiam,
apenas olhavam e falavam que era diferente. Após, confeccionar o cartaz sobre a Consciência
Negra, onde utilizamos esta imagem, foi realizado na sala um sorteio de todos os cartazes que
estavam no mural. Os alunos reagiram com euforia quando foram avisados sobre o sorteio,
porém, quando foi realizado o sorteio desta imagem, um aluno disse que este cartaz ele não
queria, outra aluna ganhou, mas, largou o cartaz na mesa (achou feio).
Cabe ao professor observar as reações dos alunos, assim informei que teriam 5 minutos
para trocar os cartazes. Vale comentar que apenas uma aluna “branca” aceitou trocar a
imagem que tinha (Meninos com Pipas) pela imagem da Família. Após a troca, comentei sobre
a beleza desta obra de Portinari, a qual foi muito premiada, após esse comentário dois alunos
quiseram trocar seus cartazes, porém, a aluna não trocou.
Pode-se constatar a importância de ressaltar os pontos positivos no que diz respeito à
aprendizagem.
56
Atividade: Eleger na página galeria (site Candinho), o quadro mais bonito.
Foto 15 - Caba de Menina 1955 - desenho em crayon 47 x 30 cm, fonte. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto
Cultural Artistas do Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.
História do quadro “Primeiro amor, a mais amiga se parecia com artista de cinema íamos
a toda parte juntos”. (site, Candinho Portinari).
Desenho realizado no próximo encontro, atividade desenvolvida em sala de aula, sem
visualizar a imagem, necessário lembrar .
57
Vale comentar o porque da preferência da maioria da sala por este quadro, as meninas se
identificaram com a beleza da menina, algumas afalavam: “- Parece comigo, aa franjinha
é igual!”
Desenho 1 Cópia desenho, “Cabeça de Menina”
No próximo encontro, na sala de informática, as crianças confrontaram seus desenhos com
a imagem real (site), analisaram o que conseguiram lembrar e o que modificaram. Depois
Copiaram em outra folha, observando os detalhes.
Desenho 2 - Cópia desenho, “Cabeça de Menina”
58
Foto 16 - Menina sentada, 1943 óleo/Tela 74 x 60 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do
Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.
A obra “Menina Sentada”, foi a escolhida entre outras obras pesquisadas para
desenvolvermos questões relacionadas ao racismo. Os alunos identificaram-se com esta
pintura a partir do momento que a professora solicitou que escolhessem entre as obras com
personagens negros uma que mais gostassem. Assim, focaram a atenção para esta obra e
durante todo o projeto era falar em Candido Portinari para os alunos associarem ao pintor
Candido Portinari.
59
Atividade: releitura da obra “Menina Sentada”
Vale comentar que alguns alunos não pintaram a “menina” com lápis marrom ou preto,
deixaram com a cor clara, mesmo durante a atividade ser solicitado, observar todos os
detalhes que o pintor usou.
60
Desenhos dos alunos – 2ª.B
Podemos concluir com mais esta atividade, que é real a dificuldade que as crianças
apresentam em lidar com questões raciais, tanto quanto os adultos.
61
Atividade: Imaginar qual poderia ser a estória desta menina e escrever.
Texto 1 Escrever sobre a obra “Menina Sentada” Aluna Estela
Vale ressaltar neste registro a aluna escreveu “cabelo todo bagunçado e ela também estava
suja”. Reportando a Gestalt, termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura,
forma, aparência. Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo
através das partes, e sim as partes por meio do conjunto.
62
Texto 2 - Escrever sobre a obra “Menina Sentada” Aluna Alice
Em contrapartida neste registro a aluna cita a raça negra e ainda usa o adjetivo “linda”. Vale
comentar que esta aluna é branca. Última aluna a entregar, no começo da atividade disse que
não sabia o que escrever, procurei incentivá-la e disse para imaginar que ela era o pintor e
precisava criar uma estória para seu novo quadro. Pensou e depois escreveu poucas palavras
porém, podemos destacar neste registro a palavra chave: raça negra.
63
Atividade: Pesquisa no site Candinho, na página “galeria”, quadros com pessoas da raça
negra.
Texto 3 Alunos pesquisaram site “Candinho” obras de Candido Portinari com personagens negros.
Este estudo foi realizado com sucesso, pois durante o processo os alunos foram
relembrando as atividades anteriores, demonstraram ter aprendido além da facilidade de
alguns alunos (tem computador em casa), para utilizar o computador, os encontros eram
aguardados com curiosidade e alegria, haja vista quando chegava na sala de aula, era
recebida com beijos e abraços. Muito bom poder contribuir para o aprendizado com alegria.
64
Livro infantil distribuído para todos os alunos da 2ª. Série B
Ao concluir o cronograma de atividades na sala de informática, cada aluno recebeu o livro
“Crianças famosas Portinari”. Li o livro para os alunos e depois comentamos. Relembramos
toda a trajetória que pesquisamos no site “Candinho”, foi um momento de reflexão.
Foto 17 - “ Livro: Crianças famosas Portinari Editora Callis”
Foto 18 - Sala de aula da 2ªB Dia que receberam o livro “Crianças famosas Portinari Editora Callis”
65
Capítulo 3
3.1. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Provocar mudanças é o objetivo de uma pesquisa. Mudanças de comportamento e de
pensamento. Mudanças essas que permitem tanto aos alunos quanto aos professores
aprender através de vivências conjuntas, novas ferramentas de trabalho, por exemplo nesta
pesquisa ao decidir desenvolver a pesquisa utilizando o site:
http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/abertura.htm , o caminho do aprendizado
tornou-se mais prazeroso, tanto para os alunos quanto para o professor. O interesse da sala
em participar foi real, alunos questionando, observando, refletindo em grupo. Apesar da tenra
idade (8 anos à 11 anos), a sala em foco demonstrou um bom grau de maturidade e interesse
para com um assunto ainda considerado polêmico. Estudar a raça negra com a contribuição
de obras de Candido Portinari, só fortaleceu o aprendizado.
Vivemos numa sociedade onde o preconceito existe, é velado. Observamos o efeito
negativo da mídia sobre as crianças, haja vista os apelidos utilizados entre as crianças e a
vontade de embranquecer, através de mudanças no cabelo(alisar), cor dos olhos (lentes).
Durante a pesquisa os alunos não conseguiram achar definição para sua cor de pele ou raça.
Somente um aluno da sala considerou-se da raça negra, o restante ficou na dúvida se eram
morenos ou mestiços. Vale ressaltar que inconscientemente sabem que algo a ser
esclarecido, são informações que vem modificadas de família, onde todos se consideram
brancos, mas as crianças recebem novas informações na escola e começam a se questionar,
qual é a minha cor / raça.
A Lei 10639/2003, só contribuirá positivamente para estabelecer novos conceitos em
nossa sociedade.
66
Este trabalho de pesquisa realizado em uma escola da prefeitura de São Paulo com alunos
da 2ª rie B do ensino fundamental, contribuiu com metodologias de trabalho, fornecendo
subsídios teóricos que possibilitaram uma maior compreensão dos processos de construção
da identidade dos mesmos. Neste processo acredito que o papel da Universidade é
fundamental “formação de professores” e esta não deve distanciar-se do seu tripé de
sustentação: ensino, pesquisa e extensão.
Durante todo o projeto de pesquisa com as contribuições de algumas obras do pintor
Candido Portinari, discutimos temas como preconceito; etnia; raça. Ao aproximar a semana da
Consciência Negra 20 de novembro, organizamos uma pesquisa “internet You tube
Consciência Negra”, através de vídeos musicais, bem coloridos, com rias opções onde as
crianças tiveram um momento de reflexão sobre a importância desta data. Ao findar a
pesquisa sobre preconceito racial, conversamos sobre a importância da Lei 10639/2003 que
obriga a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura
afro-brasileira. Nesta data devemos comemorar principalmente na escola, nos espaços
através de cartazes, mostras culturais (dança, teatro, feira de artesanato, alimentação...).
Elaboração de cartaz com conteúdo da temática afro, escolhidas pelos alunos. Foram
selecionadas 7 pinturas de Candido Portinari, para constar no cartaz: Meninos com pipas
1947; Espantalho 1957; Menina Sentada 1943; Futebol 1940; Meninos com carneiro
1959; Família 1959 e a imagem de Candido Portinari”.
Após selecionar pinturas de Candido Portinari, iniciou a pesquisa de imagens sobre a temática
para ilustrar a semana da Consciência Negra, pesquisa realizada também nos vídeos do You
tube, foram momentos de muita reflexão e emoção.
67
Comentários de alunos, durante a elaboração da atividade Cartaz para a semana da
Consciência Negra:
ALUNO
OBRA / - ILUSTRAÇÃO
COMENTÁRIO
Aluno “A”
Menina Sentada
- Obra que mais gostei!
Aluno “B”
Futebol
- Olha, tem meninos negros também!
Aluno “C”
Família
- Não gostei deste quadro...
Aluno “D”
Zumbi
dos Palmares -
ilustração
- Que nome estranho...herói de quê?
Aluno “E”
Cândido Portinari
- Quero esta, meu Candido Portinari!
Classe
Cartaz
- Vamos colocar no pátio para todo
mundo ver!
Quadro 2 - Comentários alunos 2ª.B, sobre cartaz Consciência Negra.
Estas falas representam o quanto as crianças participaram e se envolveram no projeto.
Assim, concluímos que a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da
África e a cultura afro-brasileira nas escolas se faz necessário.
Pesquisar atividades lúdicas para desenvolver aulas, onde os alunos possam vivenciar o
aprendizado, relacionando-o com seu cotidiano é fundamental para que se efetive o
aprendizado.
68
Muitas pesquisas são realizadas visando contribuir para que a Educação torne-se uma
tarefa que contemple não as leis mas, também melhore sobremaneira a tarefa do
Educador, haja vista que o professor transforma e mobiliza conhecimentos. Em contrapartida
o aluno é aquele que também traz conhecimentos e merece ser estimulado em sua
curiosidade natural.
Direitos do Magistério:
No Estado de São Paulo ...Os deveres dos professores estão consubstanciados na Lei
Complementar No.444, de 27/12/85...Art. 63 O integrante do quadro do magistério tem o dever
constante de considerar a relevância social de suas atribuições mantendo conduta moral e funcional
adequada à dignidade profissional...deverá IX respeitar o aluno como sujeito do processo
educativo e comprometer-se com a eficácia de seu aprendizado...”
(Muller, 2006. p. 85)
O foco deste trabalho de pesquisa foi disponibilizar o máximo de informações à respeito
dos trabalhos de Candido Portinari, para verificar qual a visão destes alunos à respeito da
raça negra. Porém, durante os encontros questões são trazidas à tona, como por exemplo, ao
solicitar que os alunos escrevessem sobre “Por que Portinari pintou a Menina Sentada?
Quem era a Menina Sentada? Por que Portinari pintava negros tão bonitos? Enfim, as
tantos questionamentos, fez-se necessário acrescentar à pesquisa, uma atividade que
focasse o próprio aluno.
Nesta perspectiva de oferecer ao aluno oportunidade de aulas reflexivas, necessário
também refletir sobre a própria vida, pois ao tratar de um tema carregado de tanto preconceito
“Raça Negra”, necessário rever: quem somos? quem o nossos familiares, será que somos
formados só por uma raça?
69
A partir desta idéia, foi solicitado aos alunos para realizarem uma pesquisa em sobre os
primeiros anos de suas vidas, uma linha do tempo. Foi entregue para cada aluno o material
preparado no caderno de desenho, contendo entre 7 a 11 folhas, dependia da idade da
criança a seguinte questão:
Desenho 4 Realizado por uma aluna a partir dapia da foto com papel vegetal.
Vale ressaltar, que as crianças precisaram consultar seus familiares, onde receberam
valiosas informações, sobre suas infâncias. Entretanto, após o prazo de 15 dias para realizar
esta tarefa, 16 alunos dos 22 fizeram a atividade. Cabe ressaltar, o comentário de uma aluna
que não realizou a atividade “- minha mãe e meu pai falaram que não lembram nada da minha
infância...”.
A partir deste comentário, verificamos a importância do trabalho do professor, às vezes
para realizar uma atividade, necessário uma pesquisa sobre o conhecimento prévio do aluno.
70
No caso do comentário acima citado por uma aluna, a qual após uma frase sobre o
racismo, o qual não acontece somente a respeito da raça negra, mas foi uma crueldade
também com os judeus, levou a aluna a articular as informações que havia recebido e no
final da aula, contou que era judia e que seus pais sempre falam à respeito deste “sofrimento”.
Dentro desta perspectiva, continuamos a refletir sobre raça , tendo como base a obra
escolhida de Candido Portinari “Menina Sentada”, foi a escolhida da classe para ser realizada
uma releitura e imaginar qual seria a estória desta menina. Assim, foi solicitado aos alunos
que escrevessem sobre a “Menina Sentada”, dos 15 alunos destaco 3 que comentaram sobre
as características raciais, os outros contaram estórias sem citar uma palavra à respeito da cor
de pele, cabelo.
Foto 19 - Alunos da 2ª série B EMEF “Jocan- Profª. Carla
71
Objetivos foram alcançados através deste projeto de pesquisa. Apresentar aos alunos a
arte de Candido Portinari, foi uma atividade tão atraente quanto o uso da tecnologia. Estar na
sala de informática para os alunos os fez sentir-se importantes e conectados com novas
possibilidades de aprendizagem e realmente é um fato a considerar, o ambiente favorece o
aprendizado.
Ainda, a título de algumas considerações finais, é importante mencionar o envolvimento dos
alunos em relação ao “Dia da Consciência Negra”, por meio de suas produções.
São apresentadas, a seguir, imagens selecionadas pelos alunos para representar o
sentimento de reflexão no Dia da Consciência negra, sentimento que deve prevalecer em
todos os dias do ano.
72
Colagem figuras para representar Dia da Consciência Negra 20 de Novembro
Herói, Zumbi dos Palmares, também foi novidade para a sala haver um herói negro no
Brasil. O nome também foi motivo de surpresa, um aluno comentou: - Zumbi, conheço marca
de álcool”.
73
Foto 20- Reprodução de Zumbi dos Palmares ( Annio Parreiras, 1917. Óleo sobre tela,113x86cm)
Importante destacar que aula de história e geografia, atrai muita atenção com a utilização de
mapas, pois as crianças estão numa fase lúdica e concreta.
74
Foto 21 - Reprodução Mapa da África
Após apresentar o mapa da África para os alunos, um comentário interessante: “- Parece o
mapa do Brasil”. Expliquei que Brasil e África muito tempo atrás foi unido em território,
fato que nos mantém mais próximos.
O assunto tornou-se interessante e os alunos passaram a participar mais das atividades.
Conhecer novas culturas gera além de curiosidade inicial um patriotismo comum, quando os
75
alunos entendem o dinamismo que há nos fatos da história, despertam para um desejo de
aprender que estava latente.
Concluindo, esta pesquisa mostrou o quanto se fazem necessários trabalhos que valorizem
culturas diferentes. Podemos afirmar que neste grupo existem preconceitos formados a
respeito da raça negra. Em contrapartida, a pesquisa desenvolvida revela que há indicadores
mencionados ao longo do texto, de que o grupo está disposto a aprender novos conceitos.
76
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