Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
PRÓPOLIS NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE JUVENIS DE PACU
CRIADOS EM TANQUE REDE E ARRAÇOADOS COM BAIXA E ALTA
FREQUÊNCIA ALIMENTAR
LUCAS MIYABARA AGOSTINHO
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia
como parte das exigências para a
obtenção do título de mestre.
BOTUCATU - SP
Agosto de 2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
PRÓPOLIS NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE JUVENIS DE PACU
CRIADOS EM TANQUE REDE E ARRAÇOADOS COM BAIXA E ALTA
FREQUÊNCIA ALIMENTAR
LUCAS MIYABARA AGOSTINHO
ORIENTADOR: Prof. Dr. RICARDO DE OLIVEIRA ORSI
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia
como parte das exigências para a
obtenção do título de mestre.
BOTUCATU - SP
agosto de 2010
ads:
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA
- LAGEADO - BOTUCATU (SP)
Agostinho, Lucas Miyabara, 1984-
A275p Própolis no desempenho produtivo de juvenis de pacú
criados em tanque rede e arraçoados com baixa e alta
frequência alimentar / Lucas Miyabara Agostinho. Botucatu
: [s.n.], 2010
iii, 31 f. : tabs.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu,
2010
Orientador: Ricardo de Oliveira Orsi
Inclui bibliografia.
1. Pacú. 2. Própolis. 3. Frequência alimentar. I. Orsi,
Ricardo de Oliveira. II. Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu). Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia. III. tulo.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: Considerações Iniciais
1. O Pacu (Piaractus mesopotamicus)...................................................
02
2. Psicultura em tanque-rede..................................................................
02
3. Estresse e Imunoestimulantes............................................................
03
4. Própolis..............................................................................................
05
5. Freqüência alimentar..........................................................................
07
6. Referências Bibliográficas.................................................................
09
CAPÍTULO 2: Própolis no desempenho produtivo de juvenis de pacú (Piaractus
mesopotamicus)criados em tanque rede e arraçoados com baixa e com alta
freqüência alimentar.
Resumo...................................................................................................
15
Abstract...................................................................................................
16
Introdução...............................................................................................
17
Material e Métodos.................................................................................
18
Resultados...............................................................................................
20
Discussão................................................................................................
22
Referências.............................................................................................
24
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................
31
LISTA DE TABELAS
CAPITULO II: PRÓPOLIS NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE JUVENIS DE
PACU CRIADOS EM TANQUE REDE E ARRAÇOADOS COM BAIXA E
ALTA FREQUÊNCIA ALIMENTAR
Tabela 1- Níveis de garantia do fabricante da ração .............................. 19
Tabela 2.
Análise Bromatológica ........................................................... 19
Tabela 3- Peso inicial, final e ganho de peso médio (gramas) de pacus
alimentados com dieta contendo ou não a presença de própolis (1 e 10
gramas por quilo de ração), em baixa e alta frequência alimentar (4 ou 24
vezes ao dia). Os resultados representam a média e o respectivo desvio-
padrão...................................................................................................... 21
Tabela 3- Valores de atividade (µ/g muc) de sacarase e maltase em
função dos tratamentos com ausência ou presença de própolis (1 e 10g/kg
de ração) na dieta de pacus arraçoados com baixa ou alta frequência
alimentar (4 ou 24 vezes ao dia). Os dados representam a média e os
respectivos desvio-padrão ....................................................................... 22
CAPÍTULO 1
2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1. O Pacu (Piaractus mesopotamicus)
O Pacu, Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887 (Characifomes; Characidae),
representante da superordem Ostariophysi, é um peixe nativo das regiões neotropicais das
bacias dos rios Paraná e Paraguai. Alimenta-se principalmente de folhas, frutos e resíduos
vegetais, sobretudo na enchente e, raramente, de restos de peixes, crustáceos e/ou
moluscos na vazante, mostrando que se trata de uma espécie herbívora com preferência
frugívora (URBINATI; GONÇALVES, 2005).
Como a grande maioria das espécies fluviais brasileiras, o Pacu necessita de longas
migrações rumo às nascentes dos rios para se reproduzir, sendo esta migração chamada
“Piracema” (CASTAGNOLLI; CYRINO, 1986. Entretanto, por meio de reprodução induzida
pode-se obter grandes quantidades de larvas e, posteriormente, criá-las em laboratório com
altas taxas de sobrevivência até a fase de alevinos (BOCK; PADOVANI, 2000).
O Pacu se adapta facilmente à alimentação artificial e a piscicultura intensiva,
apresentando ganho de peso elevado e carne branca de excelente qualidade para
alimentação humana (CASTAGNOLLI; CYRINO, 1986; ABIMORAD et al., 2007). Devido a
essas características, se tornou o segundo peixe mais cultivado no Brasil, principalmente
nas regiões sul, sudeste e centro-oeste (INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE,
2008). Porém, seu cultivo intensivo o coloca em uma condição extremamente estressante
que predispõem os peixes à doenças bacterianas e parasitárias (URBINATI; CARNEIRO,
2004).
O sucesso na criação do Pacu depende da implantação de boas práticas de manejo
onde se destacam o controle da qualidade da água, a realização de quarentena na
aquisição de novos lotes, fornecimento de alimentação de qualidade e balanceada,
garantindo a saúde dos animais e, consequentemente, a prevenção de doenças.
2. O Tanque-rede
A piscicultura em tanque-rede oferece excelentes resultados em relação a
produtividade/unidade de espaço devido a estrutura dos tanques possibilitar alta taxa de
renovação de água que supre a elevada demanda por oxigênio e remove dejetos
produzidos. Também melhora o controle e monitoramento do processo de cultivo, facilita o
3
processo de despesca e tem menor custo de implantação em comparação com sistemas de
cultivo intensivo em viveiros escavados e Raceway (BEVERIDGE, 2004).
A despesca no tanque-rede é bastante simples e limpa, bastando levantá-lo até que
este permaneça com uma lâmina de água de 30 cm, recolhendo em seguida o pescado com
um puçá. O resultado é muito mais limpo e menos estressante para os peixes do que na
despesca em um tanque convencional.
Uma característica muito importante de se considerar nesse sistema quando se
estuda aspectos sanitários é que a utilização de águas da União, apesar de baratear o custo
de produção, deixa o sistema todo dependente de variáveis ambientais como variações de
temperatura, chuva, acúmulo de matéria orgânica, poluição provenientes da piscicultura e
de outras atividades humanas (SIMÕES, 2007).
3. Estresse e Imunoestimulantes
Apesar de apresentar vantagens quanto ao custo e produtividade, o cultivo em
tanques-rede pode expor os animais a agentes estressores, agudos (injurias física ou
manipulação dos animais) ou crônicos(qualidade da água e densidade de estocagem
inadequadas). A resposta ao estresse agudo é da ordem comportamental e fisiológica, e a
crônica ocorre em condições desfavoráveis e contínuas, o que acarreta a perda da
homeostase fisiológica, reduzindo a capacidade reprodutiva de crescimento e promovendo
quadro de imunodeficiência (URBINATI; CARNEIRO, 2004).
O estado de estresse fisiológico ser proveniente de varias fontes, como por exemplo,
a manipulação dos animais, o emprego de alta densidade de estocagem, o transporte,
interações biológicas, qualidade da água e manejo de alimentação (BARTON, 1988;
ADAMS, 1990; WEDEMEYER et al., 1990).
Durante o transporte de peixes entre propriedades, entre tanques ou em biometrias,
os peixes sofrem diversas injúrias que resultam em perda de escamas e muco e até mesmo
dano ao epitélio branquial devido à argila em suspensão, abrindo caminho para infecções
por bactérias e fungos (MOYLE; CECH, 1998).
As densidades de estocagem inadequadas podem induzir estresse aos animais,
devido principalmente à agressividade e perseguição social entre os peixes (BARCELLOS et
al., 1999). Em densidades elevadas ocorre rápida deterioração do meio ambiente aquático
por excesso de matéria orgânica, fósforo e nitrogênio que propiciam o desenvolvimento de
microorganismos patógenos (KUBITZA, 1999).
Contudo os corpos d’água mais adequados para a instalação de projetos de
piscicultura em tanque-rede são os lagos, as represas e as barragens e devido as suas
dimensões é impossível corrigir os parâmetros físico-químicos da água em caso de
4
deterioração do meio ambiente e torná-la mais adequada ao cultivo por meio de técnicas
como aeração, adubação ou calagem.
Esses estímulos adversos influenciam o estado fisiológico normal dos peixes e
geram respostas que dependendo do tipo, duração e severidade, podem ocorrer em três
fases. A primeira é a reação de alarme, percepção da situação e início das manifestações
orgânicas; a segunda é o estágio de adaptação e resistência aos efeitos negativos dos
estímulos estressores. Durante a segunda fase, que é a adaptativa, o organismo tende a
compensar as condições adversas aumentando a utilização de reservas energéticas (LIMA
et al., 2006). Efeitos adaptativos por períodos prolongados levam ao processo de exaustão
da capacidade adaptativa e iniciam-se os efeitos terciários ou de longo prazo.
A resposta terciária é marcada pela diminuição da resistência dos peixes às
doenças, pois ocorre uma diminuição no número de leucócitos, ocorrendo linfocitopenia e
neutrofilia. A redução do número de linfócitos é considerada como resposta de estresse,
visto que o cortisol atua como bloqueador da produção e secreção de interleucinas, que
estimulam a linfoproliferação (CHEN et al., 2002).
Representa efeitos terciários do estresse a diminuição do crescimento (WEIL et al.,
2001), resistência às doenças (ROBERTSON et al., 1987) e capacidade reprodutiva
(MORGAN et al., 1999). Quando a capacidade de regular os mecanismos homeostáticos se
esgota, pela duração dos estímulos, a saúde dos peixes pode estar comprometida (EDDY,
1981).
A diminuição da resistência à doenças nas espécies criadas em cativeiro,
principalmente as de origem infecciosa, têm considerável importância, pois limitam o
potencial produtivo e reprodutivo dos peixes e a rentabilidade comercial das empresas que
exploram o ramo. Os modos de infecção mais comuns são pela ingestão de bactérias,
através da pele por ferimentos provocados por traumas ou parasitos e brânquias
(PAVANELLI et al., 1998).
Para tratar infecções de agentes etiológicos bacterianos foram usados nos últimos 20
anos vários tipos de antibióticos como a penicilina, a cefalosporina e amoxilina. Entretanto, o
uso indiscriminado destes antimicrobianos promoveu a resistência de patógenos, como a
Aeromonas hydrophila que se tornou resistente a antibióticos β-lactamicos, principalmente a
amoxilina. Este quadro de resistência a fármacos é um problema para a piscicultura (AOKI,
1992). Uma alternativa aos antibióticos são os imunoestimulantes que aumentam a
resistência a doenças, principalmente pelo aumento dos mecanismos de defesa não
específicos (SAKAI, 1999).
Ultimamente, a aquicultura vem aumentando o interesse do uso de
imunoestimulantes para prevenir o aparecimento de doenças e melhorar o bem-estar
animal, principalmente, em sistemas intensivos de produção e nas fases iniciais do cultivo,
5
quando os peixes estão mais susceptíveis a doenças (SAKAI, 1999). O uso desses tem sido
demonstrado na aquicultura moderna, e pisciculturas utilizam imunoestimulantes de amplo
alcance, que podem ser purificados (quitina, glucanos, dentre outros) ou não
(microorganismos e produtos naturais) (SAKAI, 1999). Essa última categoria tem recebido
atenção especial, já que combina baixos custos com a capacidade de serem facilmente
incorporados na dieta e apresentarem baixo impacto ambiental.
Dentre os produtos naturais com atividade imunoestimulante, a própolis pode ser
importante ferramenta para a garantia do bem-estar de peixes criados em sistemas
intensivos de produção, como tanques-rede.
4. Própolis
Os produtos apícolas foram utilizados ao longo da historia da medicina pelas
civilizações greco-romana, chinesa, tibetana e egípcia e muitos destes produtos se mostram
efetivos até hoje para curar ou prevenir doenças em pessoas ou animais. Um destes
produtos de utilização milenar é a própolis (GHISALBERTI, 1979).
Hipócrates, pensador grego, por exemplo, se referia a própolis como cicatrizante
interno e externo. Plínio, historiador romano, utilizava a própolis como medicamento capaz
de reduzir inchaços e aliviar dores (IOIRISH, 1982).
No Brasil, o histórico de produção de trabalhos científicos se inicia em 1984 com
trabalho comparando a própolis e antibióticos na inibição de Staphylococcus aureus.
Atualmente, o Brasil se destaca na produção e comércio de própolis e possui importante
produção cientifica no assunto (PEREIRA et al., 2002).
A própolis é um material resinoso de consistência viscosa elaborado pelas abelhas
Apis Mellifera L., que coletam matéria-prima de diversas partes de plantas como brotos,
cascas e exsudatos de árvores, transformando-as dentro da colméia pela adição de
secreções salivares e cera (MARCUCCI, 1995). Sua coloração é dependente da sua
procedência e pode ser creme, verde, amarela, vermelha, marrom escura; algumas
amostras podem ter consistência friável e dura enquanto que outras são elásticas e
viscosas(GHISALBERTI, 1979).
As abelhas utilizam a própolis principalmente para selar aberturas na colméia, o que
dificulta a entrada de inimigos naturais além de contribuir com a manutenção da temperatura
(em torno de 35
o
C no interior do ninho). Outro local onde a própolis é encontrada é na
parede de cada célula hexagonal do favo, não apenas endurecendo, mas também atribuindo
um ambiente asséptico a esta. A própolis também é usada pelas abelhas para mumificar
carcaças de invasores que morrem dentro da colméia e são muito pesados para serem
6
retirados pelas abelhas, o que impede que esses putrefem no interior do ninho
(GHISALBERTI, 1979).
As técnicas de exploração da própolis seguem quase sempre o mesmo princípio, que
é o estimulo à produção por meio da abertura de frestas nas colméias. As aberturas alteram
o equilíbrio térmico no interior do ninho, comprometem o fluxo das informações químicas e
expõem as abelhas adultas, crias e alimento estocado em condições indesejadas. Desta
forma, as abelhas produzem própolis para normalizar as condições desejadas de
temperatura, comunicação e defesa.
A produção de própolis no Brasil é estimada em torno de 100 toneladas anuais,
sendo grande parte destinada à exportação, tanto na forma bruta como em produtos
manufaturados (TOLEDO, 1997). A própolis brasileira é uma das melhores em qualidade se
comparada aos demais países produtores, devido a diversidade da flora brasileira,
alcançando elevados preços no comércio exterior e representando importante fonte de
renda para o apicultor (BREYER, 1996).
Sua composição contém 50 - 60% de resinas e bálsamos, 30 - 40% de ceras, 5 -
10% de óleos essenciais, 5% de grão de pólen, além de microelementos como alumínio,
cálcio, estrôncio, ferro, cobre, manganês e pequenas quantidades de vitaminas B1, B2, B6,
C e E (BURDOCK, 1998; WOISKY et al., 1998; PARK et al., 2002; MENEZES 2005;
FUNARI e FERRO, 2006).
A determinação de sua composição química esta relacionada com a origem botânica,
condições climáticas e geográficas do local. Por exemplo, a própolis européia contém
principalmente ácidos fenólicos e flavonóides (BANKOVA et al., 2002). a própolis
brasileira contem 3-prenil-4-hidroxicinâmico e o 6-propenóico-2,2-dimetil- 2H-1-benzopirano
(BANSKOTA et al, 1998); porém, a diversidade de flora no Brasil é grande e a composição
varia entre as regiões.
Essa variedade de componentes químicos faz com que à própolis tenha várias
propriedades biológicas e terapêuticas. Estudos atuais indicam que a própolis apresenta
propriedades imunomoduladora (ORSI et al., 2000), antitumoral (ORSOLIC et al., 2003),
antioxidante (ISLA et al., 2001), antibacteriana (ORSI et al., 2005; ORSI et al., 2007;
MOHAMMADZADEH et al., 2007; PACKER; LUZ, 2007), entre outras.
Sua atividade antibacteriana é atribuída principalmente à flavonona pinocembrina, ao
flavonol galagina e ao éster feniletil do ácido caféico, com mecanismo de ação baseado
provavelmente na inibição do RNA-polimerase bacteriano (UZEL, 2005). Outros flavonóides,
como o ácido caféico, ácido benzóico, ácido cinâmico, agem na membrana ou parede
celular do microorganismo, causando danos funcionais e estruturais (SCAZZOCCHIO et al.,
2005).
7
A atividade antibacteriana da própolis é maior contra as bactérias Gram positivas,
devido aos flavonóides, ácidos e ésteres aromáticos presentes na resina, os quais atuariam
sobre a estrutura da parede celular desses microrganismos por um mecanismo de ação
ainda não elucidado (BANKOVA et al., 1999; MARCUCCI et al., 2001), As Gram-negativas
possuem parede celular quimicamente mais complexa e teor lipídico maior, o que pode
explicar essa maior resistência (VARGAS et al., 2004).
Sua atividade imunomodulatoria foi observada com o aumento da atividade da
celulas natural killer não aderentes do baço em ratos tratados com extrato de própolis
(SFORCIN et al., 2002), por induzir discreto aumento na liberação de H
2
O
2
por macrófagos
(ORSI et al., 2000), controle de crescimento tumoral em modelos experimentais com
derivados hidrossolúveis de própolis, ácido caféico, éster feniletil do ácido caféico e
quercetina (ORSOLIC et al., 2004). SY et al. (2006) demonstraram que o tratamento com
extrato de própolis atenua as inflamações das vias aéreas em ratos, provavelmente por sua
habilidade em modular a produção de citocina.
Pesquisas feitas sobre a adição de extrato de própolis na dieta indicaram que este
melhorou a resposta imune não especifica dos peixes e reduziu a mortalidade de
Myxocyprinus asiaticus infectados com Aeromonas hydrophila em 35% em relação ao
grupo controle (ZHANG et al., 2009). O extrato de própolis também se mostrou eficiente
quanto à melhora de desempenho de ganho de peso e conversão alimentar em
Oreochromis niloticus (ABD-EL-RHMA, 2009), quando comparado a dietas sem a adição do
extrato.
Cuesta et al. (2005) estudaram os efeitos imunomoduladores da própolis em Sparus
auratus e encontraram ligeiro aumento da resposta imune ao nível de fagocitose e
citotoxicidade. Quando utilizada como adjuvante em vacinas contra Aeromonas hydrophila,
em carpas (Carassius auratus gibelio), mostrou-se capaz de melhorar a atividade fagocítica
em aproximadamente 15% e a sobrevivência em 17%, quando expostas ao patógeno, em
relação a carpas inoculadas com vacinas sem própolis (CHU, 2006).
Também foi observado efeito positivo do extrato alcoólico de própolis no ganho de
peso e no ciclo da metamorfose de girinos de touro, Rana catesbeiana. O grupo
leucocitário mais influenciado pela própolis nesse experimento foram os monócitos
(ARAUCO et al., 2007).
5. Frequência Alimentar
A frequência do fornecimento do alimento é fator importante dentro do manejo
alimentar por estimular o peixe a procurar pelo alimento em momentos pré-determinados,
podendo contribuir para melhorar a conversão alimentar e o ganho de peso (SOUSA et al.,
8
2006). O numero adequado de tratos contribui ainda para a redução do desperdício de
alimento, garantindo a qualidade da água e reduzindo os custos de produção.
Um dos fatores que determinam a frequência alimentar dos peixes é o estágio de
desenvolvimento dos animais, sendo que peixes jovens (pós larvas e alevinos) apresentam
maior atividade metabólica e necessitam de maiores frequências de arraçoamento em
relação aos animais adultos (MURAI; ANDREWS,1976).
Outro fator determinante é a espécie dos peixes e suas características morfológicas
e hábitos alimentares. Os onívoros com estômago pequeno como a tilápia, procuram o
alimento mais frequentemente por apresentarem limitação na capacidade de
armazenamento de alimento. Outra característica das tilápias que deve ser considerada é o
fato delas se alimentarem a noite, fator que se explorado pode levar a taxa de crescimento
ainda melhor (SOUSA et al., 2006).
as espécies carnívoras e algumas onívoras possuem estomago grande e podem
ingerir grande quantidade de alimentos em um único momento, mantendo-se saciados por
um longo período (TUCKER; ROBINSON, 1991). O efeito da frequência alimentar no
crescimento e consumo do peixe pode variar de espécie para espécie. No salmão do
atlântico (Salmo salar) houve aumento no consumo de alimento e melhor crescimento
associado ao aumento na frequência alimentar (THOMASSEN; FJAERA,1996). Entretanto,
em juvenis de jundiá, Rhamdia quelen, foi comparado o fornecimento automático e continuo
de alimento com o fornecimento manual duas vezes por dia e não foi observado diferenças
no crescimento de ambos os tratamentos (CARNEIRO; MIKOS, 2005).
A frequência de arraçoamento adequada pode levar também a menor variação no
tamanho entre os peixes, diminuindo perdas que seriam gastas com a triagem (TUCKER;
ROBINSON, 1991), processo este, estressante para o animal levando a morte de muitos,
além de ser um dos processos mais trabalhosos em um piscicultura de tanque-rede.
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho é observar a interação entre a
própolis e diferentes frequências alimentares no desempenho zootécnico e nas enzimas
digestivas de juvenis de Pacu criados em tanque-rede
Como normas do curso de pós-graduação em Zootecnia, a presente dissertação será
dividida em capítulos, sendo:
Capítulo II:
Própolis no desempenho produtivo de juvenis de pacu criados em tanque
rede e arraçoados com baixa e alta frequência alimentar
. O artigo será publicado na
revista Acta Scientarium Animal Sciences, de acordo com suas normas de publicação.
9
REFERÊNCIAS
ABD-EL-RHMA, A. M. M. Antagonism of Aeromonas hydrophila by propolis and its effect
on the performance of Nile tilapia, Oreochromis niloticus Fish & Shellfish. Immunology, v.
27, n. 3, p. 454-459, Sept. 2009.
ABIMORAD, E. G.; CARNEIRO, D. J.; URBINATI, E. C. Growth and metabolism of Pacu
(Piaractus mesopotamicus) juveniles fed diets containing different protein, lipid, and
carbohydrate levels. Aquaculture Research, v. 38, n. 1, p. 36-44, 2007.
ADAMS, S. Status and use of biological indicators for evaluating the effects of stress on fish.
In: ADAMS S. M. (Ed.). Biological indicators of stress in fish. Bethesda: American
Fisheries Society, 1990. p. 1-8. (American fisheries symposium, 8).
AOKI, T. Chemotherapy and drug resitence in fish farms in Japan. In: SHARIFF, M.;
SUBSIGHE, R. P.; ARTHUR, J. R. (Eds.). Diseases in Asian aquaculture: fish health
section. Manila: Asian Fisheries Society, 1992. v. 1, p. 519-529.
ARAUCO, L.; STÉFANI, M.; NAKAGHI, L. Efeito do extrato hidroalcoólico de própolis
no desempenho e na composição leucocitária do sangue de girinos de rã-touro (Rana
catesbeiana). Acta Scientiarum: animal sciences, Maringá, v. 29, n. 2, p. 227-234, 2007.
BANKOVA, V.; CHRISTOV, R.; POPOV, S.; MARCUCCI, M.C.; TSVETKOVA, I.;
KUJUMGIEV, A.; Antibacterial activity of essential oils from Brazilian propolis.
Fitoterapia, v. 70, p. 190-193, 1999.
BANKOVA, V.; POPOVA, M.; BOGDANOV, S.; SABATINI, A.G.; Chemical composition
of European propolis: expected and unexpected results. Z Naturforsch, v. 57, p. 530-533,
2002.
BANSKOTA, A. H , TEZUKA, Y.; PRASAIN, J.K.; MATSUSHIGE, K.; SAIKI, I.;
KADOTA, S. Chemical constituents of Brazilian propolis and their cytotoxic activity.
Journal of Natural Products, v. 61, p. 896-900, 1998.
BARCELLOS, L. J. G.; NICOLAIEWSKY, S.; SOUZA, S.M.G.; LULHIER, F. The effects
of stocking density and social interaction on acute stress response in Nile tilapia Oreochromis
niloticus (L.) fingerlings. Aquaculture Research, Oxford, v. 30, p. 887-892, 1999.
BARTON, B. A. Endocrine and metabolic responses of fish to stress.
International.
Association of Aquatic Animal Medicine Proceedings, v. 19, p. 41-55, 1988.
BEVERIDGE, M. C. M. Cage aquaculture. 3rd ed.: Blackwell, 2004. 307 p.
BOCK, C. L.; PADOVANI, C. R.; Considerações sobre a reprodução artificial e alevinagem
de pacu (Piaractus mesopotamicus, Holmberg, 1887) em viveiros. Acta Scientiarum,
Maringá, v. 22, p. 495-501, 2000.
BREYER, H. F. E. Própolis produção com Apis mellifera L. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE APICULTURA, 11., 1996, Teresina, Piauí. Anais... Teresina, 1996.
10
BURDOCK, G. A. Review of the biological properties and toxicity of bee propolis (propolis).
Food and Chemical Toxicology, v. 36, p. 347-363, 1998.
CARNEIRO, P. F. C.; MIKOS, J. D. Frequência alimentar e crescimento de alevinos de
jundiá Rhamdia quelen. Ciência Rural, Santa Maria, v. 35, n. 1, p. 187-191, jan./fev. 2005.
CASTAGNOLLI, N.; CYRINO, J. E. P. Piscicultura nos trópicos. São Paulo: Manole, 1986.
154 p.
CHEN, W. H. SUN, L.T.; TSAI, C.L.; SONG, Y.L.; CHANG, C.F. Cold-stress induced the
modulation of catecholamines, cortisol, immunoglobulin M, and leukocyte Phagocytosis in
tilapia. General and Comparative Endocrinology, v. 126, p. 90-100, 2002.
CHU, W. H. Ajuvant effect of propolis on immunization by inactivated Aeromonas
Hydrophila in carp (Carassius auratus gibelio). Fish and Shellfish Immunology, v. 21, p.
113-117, 2006.
CUESTA, A.; RODRÍGUEZ, A.; ESTEBAN, M. A.A.; MESEGUER, J. In vivo effects
of propolis, a honeybee product, on gilthead seabream innate immune responses Fish and
Shellfish Immunology, v. 18, n. 1, p. 71-80, Jan. 2005.
EDDY, F. B. Effects of stress on osmotic and ionic regulation in fish. In: PICKERING, A. D.
(Ed.). Stress and fish. London: Academic Press, 1981. p. 77-102.
FABBRI, E.; CAPUZZO, A.; MOON, T. W. The role of circulating catecholamines in the
regulation of fish metabolism: An overview Comparative Biochemistry and Physiology, v.
120, p. 177-192, 1998.
FUNARI C. S.; FERRO V. O. Análise de própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.
26, p. 171-178, 2006.
GATESOUPE, F. J. The use of probiotics in aquaculture. Aquaculture, v. 180, p. 147-165,
1999.
GHISALBERTI, E. L. Propolis: a review. Bee World, v. 60, n. 2, p. 59-84, 1979.
INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE. Estatística da pesca 2006 Brasil:
grandes regiões e unidades da federação. Brasília, DF, 2008. 174 p.
IOIRISH, N. As abelhas: farmacêuticas com asas. Moscou: Mir, 1982. 228 p.
ISLA , M. I ;
MORENO, M.I.N.; SAMPIETRO, A.R. Antioxidant activity of Argentine
propolis extracts. Journal of Ethnopharmacology, v. 76, p. 165-170, 2001.
JOMORI, R. K.; CARNEIRO, D.J.; MALHEIROS, E.B.; PORTELLA, M.C.; Growth and
survival of Pacu Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887) juveniles reared in ponds or at
different initial larviculture periods indoors. Aquaculture, v. 221, n. 2, p. 277-287, 2003.
11
KUBITZA, F. Tanques-rede, rações e impacto ambiental. Panorama da Aqüicultura, v. 9, n.
51, p. 44-50, 1999.
LIMA, L. C.; RIBEIRO, L. P.; LEITE, R. C.; MELO, D. C.;,Estresse em peixes. Revista
Brasileira Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 30, n. 3/4, p. 113-117, 2006.
MARCUCCI, M.C., FERRERES, F., GARCÍA-VIGUERA, C., BANKOVA, V.S., DE
CASTRO, S.L., DANTAS, A.P., VALENTE, P.H.M., PAULINO, N. Phenolics compounds
from Brazilian propolis with pharmacological activities. Journal Ethnopharmacology, v. 74,
p. 105-112, 2001.
MARCUCCI, M. C. Propolis: chemical composition, biological properties and therapeutic
activity. Apidologie, v. 26, p. 83-99, 1995.
MENEZES, H. Própolis: uma revisão dos recentes estudos de suas propriedades
farmacológicas. Arquivos do Instituto Biológico, v. 72, p. 405-411, 2005.
MOHAMMADZADEH, S.; SHARIATPANAHI, M.; HAMEDI, M.; AHMADKHANIHA,
R.;. SAMADI, N.; OSTAD, S.N.. Chemical composition, oral toxicity and antimicrobial
activity of Iranian propolis, Food Chemistry, v. 103, p. 1097-1103, 2007.
MORGAN, J. D.; IWAMA, G. K. Cortisol induces changes in oxygen consumption and ionic
regulation in coastal cutthroat trout (Oncorhynchus clarki clarki) parr. Fish Physiology and
Biochemistry, v.15, p. 385-94, 1996.
MOYLE, P. B.; CECH, J. J. Jr. Fishes: an introduction to ichthyology. 2nd ed. Englewood
Cliffs: Prentice Hall, 1998. 559 p.
MURAI, T.; ANDREWS, J. W. Effect of feeding on growth and food conversion of channel
catfish fry. Bulletin of Japanese Society on Science of Fisheries, v. 42, p. 159-161, 1976.
ORSI, R. O.; SFORCIN J. M.; FUNARI S. R. C.; FERNANDES-JR. A.; RODRIGUES P.;
BANKOVA V. Effects of propolis from Brazil and Bulgaria on Salmonella serovars.
Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v. 13, n. 4, p. 748-
757, 2007.
ORSI, R. O.; FUNARI, S.R.C.; SOARES, A.M.V.C.; CALVI, S.A.; OLIVEIRA, S.L.;
SFORCIN, J.M.; BANKOVA, V. Immunomodulatory action of propolis on macrophage
activation. Journal of Venomous Animals and Toxins, v. 6, n. 2, p. 205-219, 2000.
ORSI, R. O.; SFORCIN, J.M.; FUNARI, S.R.; BANKOVA, V
.
Susceptibility profile
of Salmonella against the antibacterial activity of propolis produced in two regions of Brazil.
Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v. 11, n. 2, p. 109-
116, 2005.
ORSOLIC, N.; KNEZEVI, A.H.; SVER, L.; TERZI, S.; BASIC, I
.
Immunomodulatory and
antimetastatic action of propolis and related polyphenolic compounds. Journal of
Ethnopharmacology, v. 94, p. 307-315, 2004.
12
ORSOLIC, N.; BASIC, I.; Immunomodulation by water-soluble derivative of propolis: a
factor of antitumor reactivity. Journal of Ethnopharmacology, v. 84, p. 265-273, 2003.
PACKER, J. F.; LUZ, M. M. S. Método para avaliação e pesquisa da atividade
antimicrobiana de produtos de origem natural. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17,
p. 102-107, 2007.
PAVANELLI, G. C.; EIRAS, J. C.; TAKEMOTO, R. M. Doenças de peixes: profilaxia,
diagnóstico e tratamento. Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá; Brasília,
DF: CNPq, 1998. 264 p.
PARK, Y.K.; ALENCAR, S.M.; SCAMPARINI, A.R.P.; AGUIAR, C.L. Própolis produzida
no sul do Brasil, Argentina e Uruguai: evidências fitoquímicas de sua origem vegetal. Ciência
Rural, v. 2, p. 997-1003, 2002.
PEREIRA, A. S.; SEIXAS, F. R. M. S.; AQUINO NETO, F. R. Própolis: 100 anos de
pesquisa e suas perspectivas futuras. Química Nova, São Paulo, v. 25, n. 2, May 2002.
PILLAY, T. V. R.; KUTTY, M. N. Aquaculture: principles and pratices. 2nd ed.: Fishing
News Books, 2005. 624 p.
PORTZ, L. Recentes avanços na imuno-nutrição de peixes. In: SILVA-SOUZA, A. T.
Sanidade de organismos aquáticos. Maringá: ABRAPOA, 2006. p. 229-236.
ROBERTSON, L.; THOMAS, P.; ARNOLD, C. R.; TRANT, J. M. Plasma cortisol and
secondary stress responses of red drum to handling, transport, rearing density, and desease
outbreak. Progressive Fish Culturist, v. 49, p. 1-12, 1987.
SAKAI, M. Current research status of fish immunostimulants. Aquaculture, v. 172, p. 63-92,
1999.
SCAZZOCCHIO, F.; D'AURIA,F.D.;ALESSANDRINI,D.;PANTANELLA,F. Multifactorial
aspects of antimicrobial activity of propolis. Research in Microbiology, v. 4, p. 327-333,
2005.
SFORCIN, J. M.; KANENO, R.; FUNARI, S. R. C. Absence of seasonal effect on the
immunomodulatory action of brazilian propolis on natural killer activity. Journal
of Venomous Animals and Toxins, Botucatu, v. 8, n. 1, p.19-p.29, 2002.
SIMÕES, F. S.; YABE, M. J. S.; MOREIRA, A. B.; BISINOTI, M. C. Avaliação do efeito da
piscicultura em sistemas aquáticos em Assis e Cândido Mota, São Paulo, por indicador de
qualidade da água e análise estatítica multivariada. Química Nova, São Paulo, v. 30, n. 8,
p.1835-p.1841, 2007.
SOUSA, R .M. R.; AGOSTINHO, C.A.; OLIVEIRA, F.A.; ARGENTIM, D. Frequência
alimentar e alimentação noturna de tilápias. Revista Panorama da Aqüicultura, v. 16, n. 95,
p.49-51, 2006.
13
SY, L.B.; WU, Y.; CHIANG, B.; WANG, Y.; WU, W.
Propolis extracts exhibit an
immunoregulatory activity in an OVA-sensitized airway inflammatory animal
model. International Immunopharmacology, v. 6, p. 1053-1060, 2006.
THOMASSEN, J. M.; FJAERA, S. O. Studies of feeding frequency for atlantic salmon
(Salmo salar). Aquacultural Engineering, v. 15, p. 149-157, 1996.
TOLEDO, J. Extrato saudável. Globo Rural, p. 34-38, jun. 1997.
TUCKER, C. S.; ROBINSON, E. H. Feeds and feeding practices. In: TUCKER, C. S.;
ROBINSON, E. H. Channel catfish farming handbook. New York: AVI Book, 1991.
chap.10, p. 292-315.
URBINATI, E. C.; CARNEIRO, P. C. F. Práticas de manejo e estresse dos peixes em
piscicultura. In: CYRINO, E. J. P. (Ed.). Tópicos especiais de piscicultura de água doce
tropical intensiva. São: TecARt, 2004. cap. 6, p. 171-94.
URBINATI, E. C.; GONÇALVES, F. D. Pacu (Piaractus mesopotamicus). In:
BALDISSEROTO, B.; GOMES, L. C. (Ed.) Espécies nativas para piscicultura no Brasil. 1
ed. Santa Maria: Editora da UFSM, 2005. p. 225-256.
UZEL, A. Chemical compositions and antimicrobial activities of four different Anatolian
propolis samples. Microbiology Research, v. 160, p. 189-195, 2005.
VARGAS, A. C.; LOGUERCIO, A, P.; WITT, N. M.;. COSTA M. M.; SILVA, M. S.;
VIANA, L. R
.
Atividade antimicrobiana “in vitro” de extrato alcóolico de própolis. Ciencia
Rural, Santa Maria, v. 34, n. 1, p.159-163, Feb. 2004.
WEDEMEYER, G. A.; BARTON, B.; McLEAY, D. Stress and acclimation. In: SCHERECK,
C.; MOYLE, P. (Eds.). Methods for fish biology. Bethesda: American Fisheries Society,
1990. p. 451-489.
WEIL, L. S.; BARRY, T. P.; MALISON, J. A. Fast growth in rainbow trout is correlated with
a rapid decrease in post-stress cortisol concentrations. Aquaculture, v. 193, p. 373-80, 2001.
WOISKY, R. G.; SALATINO, A. Analysis of propolis: some parameters and procedures for
chemical quality control. Journal of Apiculture Research, v. 37, p. 99-105, 1998.
ZHANG, G.; GONG, S.; YU, D.; YUAN, H.. Propolis and Herba Epimedii extracts enhance
the non-specific immune response and disease resistance of Chinese sucker Myxocyprinus
asiaticus. Fish & Shellfish Immunology, v. 26, n. 3, p. 467-472, Mar. 2009.
14
CAPÍTULO 2
15
PRÓPOLIS NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE JUVENIS DE PACU CRIADOS
EM TANQUE-REDE E ARRAÇOADOS COM BAIXA E COM ALTA FREQUÊNCIA
ALIMENTAR
RESUMO: O cultivo intensivo de peixes em tanque-rede pode induzir ao estresse fisiológico,
promovendo queda de desempenho do animal e da imunocompetencia. A utilização de
imunoestimulantes, como a própolis, pode melhorar a imunidade inata dos animais e fornecer
resistência a patogenos durante períodos de estresse elevado. Os objetivos deste trabalho
foram avaliar o efeito da própolis em juvenis de pacu, criados em tanques-rede e arraçoados
com baixas e altas frequências alimentares, por meio do desempenho produtivo e das enzimas
intestinais. Foram utilizados juvenis de pacu (Piaractus mesopotamicus), distribuídos em 18
tanques-rede com estocagem de 90 alevinos/m
3
com peso médio inicial de 27,57±7,21 g.
Foram utilizados três níveis de própolis incorporada na ração comercial, nos seguintes
tratamentos: 0,0; 1,0 e 10,0 g de própolis/kg de ração, fornecidas em duas frequências
alimentares: quatro e 24 vezes ao dia em um delineamento fatorial (3x2) e com taxa de
alimentação de 7,0%. Os resultados foram analisados por ANOVA, seguida do teste de Tukey
para comparação de médias. A suplementação de própolis na dieta melhorou o ganho de peso
dos animais, na frequência alimentar de 24 vezes ao dia. Entretanto, quando a frequência
alimentar foi menor os níveis de própolis não melhoraram o ganho de peso.
Palavras-chave
: Pacu, própolis, frequência alimentar
16
PRODUCTIVE PERFORMANCE OF PROPOLIS IN JUVENILES OF PACU
REARED IN NET CAGES AND FED WITH HIGH AND LOW FEEDING
FREQUENCIES
ABSTRACT: Intensive fish farming in net cages can lead to physiological stress, thus
impairing animal performance and resistance to diseases. The use of immunostimulants, such
as propolis, can bring benefits mainly in the initial phases of the culture. This work aimed at
evaluating the effect of propolis in juveniles of Pacu, reared in net cages and fed high and low
feeding frequencies, by analyzing their performance and digestive enzmes. Pacus were
distributed in 18 cages with 90 fish/m
3
and 27.57±7.21 g. Three levels of propolis were added
in fish diet (0.0; 1.0 and 10.0g/kg) supplied in two feeding frequencies (four and 24/day) in a
factorial arrangement (3x2) and a feeding rate corresponding to 7% of fish weight. Results
were analyzed by ANOVA and Tukey test comparison of averages.Fish diet with propolis
with a feeding frequency of 24 times a day resulted in improved weight gain.
Key-words: Pacu, propolis, feeding frequency
17
INTRODUÇÃO
Na aquicultura, o estresse fisiológico é um fator que contribui para a queda de
resistência imunológica dos peixes e, consequente, incidência de doenças e mortalidade. Esse
estresse fisiológico esta relacionado a altas densidades de peixes no tanque, baixa qualidade
da água (pouco oxigênio dissolvido, poluentes, matéria orgânica em excesso, pH ou
temperatura inadequados), manejo excessivo ou incorreto (captura, transporte e biometrias) e
nutrição inadequada (BARTON, 1988; WEDEMEYER et al., 1990; URBINATI;
CARNEIRO, 2004; ADAMANTE et al., 2008;).
As doenças nas espécies criadas em cativeiro, principalmente as de origem infecciosa,
têm considerável importância, pois limitam o potencial produtivo e reprodutivo dos peixes e a
rentabilidade comercial das empresas aquícolas. Os modos de infecção mais comuns são pela
ingestão de bactérias, por meio de ferimentos na pele provocados por traumas ou parasitos e
brânquias (PAVANELLI et al., 1998).
A utilização de imunoestimulantes, que aumentem a resistência a doenças infecciosas
por meio de mecanismos não específicos de defesa, tem sido estudada (SAKAI, 1999).
A própolis, produto natural com conhecida atividade imunoestimulante (ORSI et al.,
2000), pode ser importante ferramenta para a garantia do bem-estar de peixes criados em
sistemas intensivos de produção, como tanque redes. A composição química da própolis está
diretamente relacionada com a origem botânica, condições climáticas e geográficas do local
de coleta da resina pelas abelhas (MARCUCCI, 1995; NAGAOKA et al., 2003, SEIDEL et
al., 2008).
Estudos realizados identificaram mais de trezentas substâncias na própolis, com
predominância de flavonóides (flavonas, flavonóis, flavanonas), os quais destacam-se:
galangina, crisina, tectocrisina, pinocembrina, campferol e quercetina, bem como aldeídos
aromáticos (vanilina e isovanilina), cumarinas, ácidos fenólicos (ácido caféico, ferúlico,
cinâmico e cumárico), ácidos orgânicos (ácido benzóico) e alguns oligoelementos, como:
alumínio, vanádio, ferro, cálcio, silício, manganês, estrôncio, e vitaminas B1 e C
(BANKOVA et al., 2000; MARCUCCI et al., 2001, GECKIL et al., 2005).
Outra alternativa para melhorar a saúde dos peixes é o manejo adequado da frequência
alimentar que melhora a uniformidade do lote diminuindo o estresse com triagens (TUCKER;
ROBINSON, 1991), as relações de dominância diminuindo disputas por alimento (JOBLING,
1983; WANG et al., 2006 ), as taxas de crescimento (KAYANO et al., 1993; RUOHONEN et
al., 1998, LEE et al., 2000; DWYER et al., 2002), a conversão alimentar (DWYER et al.,
18
2002) e diminui desperdícios de ração o que melhora a qualidade da água (DWYER et al.,
2002; TUCKER et al.,2006).
Alguns fatores podem influenciar a digestibilidade dos alimentos nos peixes, e
consequente o desempenho zootécnico destes, com destaque para: espécie, idade, condições
fisiológicas, temperatura na água, salinidade, composição do alimento, quantidade de
alimento ingerido e tamanho da partícula (HEPHER, 1988). Zhou et al. (2003) submeteram
peixes a tratamentos com 2, 3, 4, 12, e 24 refeições diárias e observaram que fornecendo a
ração em 24 refeições diárias, a digestibilidade aparente da proteína bruta e energia foram
maiores.
Desta forma, os objetivos deste trabalho foram avaliar o efeito da própolis no
desempenho produtivo de juvenis de pacú criados em tanque rede e arraçoados com baixas e
com altas frequências alimentares.
MATERIAL E MÉTODOS
Esse estudo foi conduzido na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
Campus de Botucatu, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de
Produção Animal no laboratório de Produção de Aquicultura período de setembro a outubro
de 2008.
A própolis foi produzida por abelhas Apis mellifera africanizadas, alojadas em
colméias modelo Langstroth, por meio da técnica do coletor de própolis inteligente (CPI), que
consiste na colocação de sarrafos móveis nas laterais de uma melgueira. A própolis coletada
foi armazenada em freezer até o inicio dos experimentos. A coleta foi realizada no período de
maio a agosto de 2007, no apiário da Área de Produção de Apicultura da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Câmpus de Botucatu, Estado de São Paulo.
Foram utilizados juvenis de pacu, com peso médio inicial de
27,57 ± 7,21
g, distribuídos
em 18 tanques-rede submersos a um metro de profundidade num viveiro de 2.000 m
2
de
espelho d`água, com profundidade máxima de 3,0m. A densidade de estocagem foi de 90
alevinos/m
3
. O reservatório apresentou taxa de renovação de 120 litros/min. Os peixes foram
alimentados com ração comercial (Tabela 1), na qual foi realizada a analise
bromatologica(Tabela 2) e o alimento foi ofertado aos peixes por meio de alimentadores
automáticos (AGOSTINHO et al., 2004), com temporizadores individuais, que possibilitam
definir previamente a quantidade e o horário de fornecimento de ração.
19
Tabela 1. Níveis de garantia (%) do fabricante da ração
NUTRIENTES (%) NÍVEIS DE GARANTIA
Umidade (Max) 10%
Proteína Bruta (Min) 40%
Extrato Etéreo (Min) 10%
Matéria Fibrosa (Max) 6,0%
Matéria Mineral (Max) 13%
Fósforo (Min) 0,8%
Cálcio (Max) 3,5%
Tabela 2.
Análise Bromatológica (%) das rações utilizadas no experimento.
NUTRIENTES NIVEIS NA RAÇÂO
Matéria Seca (Max) 8,21%
Proteína Bruta (Min) 41,09%
Extrato Etéreo (Min) 10,87%
Matéria Fibrosa (Max) 3,04%
Matéria Mineral (Max) 8,44%
Resultados expressos em 100% da matéria seca
O experimento consistiu em criar juvenis de pacu, com taxa de alimentação de
7,0%PV, em um delineamento fatorial (3x2) com três níveis de própolis na ração comercial,
nos seguintes tratamentos ( ração sem própolis, suplementada com 1,0 g de própolis por quilo
e com 10,0 g de própolis por quilo). As rações foram fornecidas em duas frequências
alimentares: quatro e vinte quatro vezes ao dia.
Para a própolis ser incorporada na ração foi triturada e misturada em óleo de soja para
ser aspergida com o auxilio de um compressor de ar; após, esta foi espalhada em uma
superfície coberta com plástico para secagem, a temperatura ambiente. Todos os tratamentos
tiveram 1,0 litro de óleo de soja incorporada, contendo ou não a própolis, para cada 25,0 kg de
ração.
O ajuste na quantidade de alimento fornecido foi baseado no peso vivo dos peixes
inicial e a taxa de crescimento esperada para que não ocorresse estresse devido a biometrias.
O experimento teve duração de 45 dias, correspondentes a fase juvenil (20-100g). Ao
término do experimento, todos os peixes foram pesados individualmente em balança digital de
0,1g da marca Instruterm para a determinação do ganho de peso.
20
Três peixes de cada tratamento foram colocados em aquarios de 30L com benzocaina
na concentração de 5mg/L, após atingirem estado de anestesia em que não respondiam a
estimulos externos os peixes foram eutanasiados por seccção cervical, e o intestino delgado
coletado, lavado em solução fisiológica, acondicionado em frascos previamente identificados
e estocado em nitrogênio líquido. Para a determinação das enzimas intestinais o intestino foi
descongelado e a mucosa do intestino delgado raspada e homogeneizada após a adição de
quatro partes de água destilada. Alíquotas do homogeneizado foram incubadas com substratos
apropriados (sacarose ou maltose). A glicose liberada durante a reação foi determinada pelo
método de glicose-oxidase. A atividade foi expressa em gramas de mucosa (DAHLQUIST,
1964).
A analise estatística foi realizada utilizando-se o Sistema para Analises Estatísticas e
Genéticas (EUCLYDES, 2005)- SAEG, por meio de um modelo que considera o efeito da
frequência alimentar, a concentração de própolis na ração e a interação entre a frequência e a
própolis. Para se comparar as médias utilizou-se o teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
RESULTADOS
As médias de peso corpóreo inicial e final e ganho de peso obtidas para os diversos
tratamentos encontram-se expressas na tabela 3. Durante o período experimental a
temperatura média foi em torno de 24,7± 1,52°C.
A análise de variância mostrou interação entre a frequência de arraçoamento e
suplementação de própolis para ganho de peso (P<0,05). Observou-se que o aumento na
frequência de arraçoamento de pacus, sem a adição de própolis, piorou significativamente o
ganho de peso dos animais, diminuindo de 90,97±30,56g (quatro vezes ao dia) para
60,55±21,04g (vinte e quatro vezes ao dia).
Nos animais que foram alimentados com dietas suplementadas com própolis na
frequência de 4 vezes ao dia, o ganho de peso foi reduzido (P<0,05) de 90,97±30,56g para
59,22±24,71g e 73,24±32,95 com a inclusão de 1 e 10 gramas de própolis/kg de ração,
respectivamente.
Entretanto, na frequência de 24 vezes ao dia o ganho de peso aumentou, de forma
significativa, com a inclusão de 10 gramas de própolis/kg de ração (69,08±30,18g), em
21
comparação com o controle sem própolis (60,55±21,04g). A inclusão de 1 grama de
própolis/kg de ração não foi significativamente diferente (P<0,05) dos demais tratamentos.
Os dados referentes às enzimas intestinas sacarase e maltase encontram-se expressos
na Tabela 4. Com relação a enzima intestinal sacarase, observou-se que não houve diferença
significativa de frequência de arraçoamento, quando os peixes foram alimentados, sem a
inclusão de própolis, 4 ou 24 vezes ao dia.
Na frequência de 4 vezes ao dia houve aumento significativo no valor de sacarase
quando se adicionou 1 grama de própolis/kg de ração (0,74±0,1 µg/g), em comparação com o
controle sem própolis (0,56±0,2 µg/g). Por outro lado, não foram observadas diferenças
significativas com a adição de 10 gramas de própolis/kg de ração, em comparação com os
demais tratamentos.
Quando se alimentou os peixes 24 vezes ao dia, observou-se redução significativa nos
índices de sacarase com a inclusão de 10 gramas de própolis/kg de ração (0,23±0,1 µg/g),
quando comparados com o tratamento sem adição de própolis (0,57±0,1 µg/g) e 1 grama de
própolis/kg de ração (0,65±0,2 µg/g).
Não foram detectadas diferenças para a atividade da maltase, independente da
frequência alimentar e da suplementação de própolis (P>0,05).
Tabela 3. Peso inicial, final e ganho de peso médio (gramas) de pacus alimentados com dieta
contendo ou não a presença de própolis (1 e 10 gramas por quilo de ração), em
baixa e alta frequência alimentar (4 ou 24 vezes ao dia). Os resultados representam
a média e o respectivo desvio-padrão.
Peso inicial
Peso final
Ganho de Peso Médio
4x 24x 4x 24x 4x 24x
P 0
26,94±4,42 27,37±4,16 117,66±31,72 87,86± 21,08 90,97±30,56Aa 60,55±21,04Bb
P 1
27,10±4,31 27,68±4,35 89,29±19,74 96,54±25,29 59,22±24,71Cb 66,93±26,56ABa
P10
27,96±14,55 28,36±5,03 101,55±28,18 98,93±27,27 73,24±32,95Ba 69,08±30,18Aa
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra maiúscula nas colunas e, minúscula nas linhas, não diferem
entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. (P0= Ração sem própolis, P1, P10= 1 e 10g
propolis/kg de ração)
22
TABELA 4. Valores de atividade (µ/g muc) de sacarase e maltase em função dos tratamentos
com ausência ou presença de própolis (1 e 10g/kg de ração) na dieta de pacus
arraçoados com baixa ou alta frequência alimentar (4 ou 24 vezes ao dia). Os
dados representam a média e os respectivos desvio-padrão.
Sacarase Maltase
4x 24x 4x 24x
P 0
0,56±0,2Ba 0,57±0,1Aa 0,49±0,2Aa 0,59±0,1Aa
P 1
0,74±0,1Aa 0,65±0,2Aa 0,62±0,1Aa 0,55±0,1Aa
P10
0,68±0,1ABa 0,23±0,1Bb 0,58±0,1Aa 0,56±0,1Aa
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra maiúscula nas colunas e, minuscula nas linhas,
não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. (P0= Ração sem própolis, P1, P10= 1
e 10g propolis/kg de ração).
DISCUSSÃO
Quando se compara as frequências alimentares observa-se que as diferenças entre o
ganho de peso, observadas nas condições deste trabalho, podem ser atribuídas à velocidade de
trânsito dos alimentos no trato gastrointestinal dos peixes.
A velocidade de trânsito é um dos fatores que regula a transformação dos alimentos
dentro do tubo digestivo e a absorção dos nutrientes (DIAS- KOBERSTEIN et al., 2005). O
tempo de retenção dos alimentos também ocorre em função da temperatura de aclimatação
dos peixes influenciando igualmente na quantidade de alimento consumido espontaneamente
pelos peixes (POSSOMPES et al. 1973).
Essa velocidade de trânsito pode ser menor em animais que passam por períodos de
jejum ou até mesmo por restrição alimentar, o que promove maior tempo para o processo de
digestão e absorção dos nutrientes. Portanto, a taxa de passagem mais lenta pode melhorar a
digestibilidade e, conseqüentemente, a eficiência de utilização dos alimentos, levando ao
maior ganho de peso (GIACHETTO, 1998), conforme o observado neste trabalho.
Outros autores verificaram que o aumento na frequência alimentar promove um
aumento na velocidade do esvaziamento gástrico (GROVE et al., 1978; HAYWARD;
BUSHMANN, 1994; RICHE et al., 2004). Verbeeten et al. (1999) indicaram que os peixes
23
Lepomis cyanellus e Rhombosolea tapirina tem preferência especifica por intervalos maiores
entre os tratos e que o aumento da frequência alimentar e a consequente diminuição desses
intervalos tem influencia negativa no ganho de peso. Sabe-se que em algumas espécies de
peixes, como o Morone saxitilis, quando o intervalo entre tratos é curto, o alimento passa pelo
do trato digestório rapidamente, resultando em pior digestão (LIU; LIAO, 1999).
Pode-se sugerir que nos animais que recebem a ração com frequência maior (24 vezes
ao dia) ocorreu aumento da velocidade de trânsito, o que diminuiu o tempo de exposição do
alimento aos processos digestivos e fez com que a digestão e degradação efetiva diminuíssem.
Este fato promoveu redução do ganho de peso e conseqüente desempenho dos animais.
Entretanto, em outros trabalhos foi verificado aumento de ganho de peso em resposta
ao aumento da frequência de arraçoamento (KAYANO et al., 1993; RUOHONEN et al.,
1998; LEE et al., 2000; DWYER et al., 2002).
Dados da literatura mostram que dietas suplementadas com própolis, levam ao menor
consumo de ração, em decorrência da baixa palatabilidade da dieta. Ito et al. (2009),
verificaram que a adição de 0,4% de própolis na dieta de leitões na fase de creche, promoveu
uma diminuição do consumo em relação ao grupo controle, sugerindo efeito da própolis na
palatabilidade nos animais.
Entretanto, Santos et al. (2003), trabalhando com aves, verificaram que o aumento da
inclusão de resíduo de própolis não afetou a palatabilidade da ração, embora esta tenha
recebido a inclusão de óleo, o que pode ter contribuído para a melhora da palatabilidade. Da
mesma forma, Freitas et al. (2009), com o propósito de verificar o efeito da adição do extrato
etanólico de própolis, na alimentação de vacas da raça Holandesa, sobre a produção de leite,
misturaram o extrato etanóico de própolis com fubá de milho (200 gramas/animal/dia) para
não provocar alterações na palatabilidade da ração.
A adição de extrato alcoólico de própolis na dieta de Myxocyprinus asiaticus
promoveu melhora na resposta imune não especifica dos peixes e reduziu a mortalidade dos
mesmos infectados com Aeromonas hydrophila (ZHANG, 2009). Desta forma, se mostrou
eficiente quanto a melhora de ganho de peso e conversão alimentar de tilápias, Oreochromis
niloticus (ABD-EL-RHMA, 2009), e teve efeito positivo no ganho de peso e no ciclo da
metamorfose de girinos de rã touro, Rana catesbeiana (ARAUCO, 2007).
Entretanto, somente o aumento da atividade de enzimas digestivas não é fator
determinante para promover ganho de peso nos animais, uma vez que o aproveitamento dos
nutrientes digeridos é completo se a absorção do mesmo ocorrer. O processo de absorção
de nutrientes é totalmente dependente da presença de transportadores de membranas.
24
Os carboidratos, por exemplo, são absorvidas sob a forma de monossacarídeos,
essencialmente glicoses, em um processo sódio dependente e que utiliza transportadores de
membrana. Essa absorção de nutrientes, entretanto, é regulada pela dieta e pela concentração
de substratos no lúmen (FERRARIS; DIAMOND, 1989; DROZDOWSKI et al., 2006).
Portanto, pode-se sugerir que os animais que tiveram maior ganho de peso e menor atividade
da enzima, poderiam apresentar mudanças na densidade do transportador, levando a uma
maior absorção dos nutrientes (FERRARIS; DIAMOND, 1989; PACHA, 2000).
O presente trabalho mostrou que a suplementação de própolis na dieta é capaz de
melhorar o ganho de peso dos animais, quando a frequência alimentar de 24 vezes ao dia é
aplicada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABD-EL-RHMA, A. M. M. Antagonism of Aeromonas hydrophila by propolis and its effect
on the performance of Nile tilapia, Oreochromis niloticus. Fish & Shellfish Immunology, v.
27, n. 3, p. 454-459, Sept. 2009.
ADAMANTE, W. B.; NUÑER, A.P.O.; BARCELLOS, L.J.G.; SOSO, A.B.; FINCO, J.A.;
Stress in Salminus brasiliensis fingerlings due to different densities and times of
transportation. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo
Horizonte, v. 60, n. 3, June 2008.
AGOSTINHO, C. A.; LIMA, S. L.; FORTES, J. V. Dispensador automático de ração.
Patente de Invento n
o
0403612-3, 2004.
ARAUCO, L.; STÉFANI, M.; NAKAGHI, L. Efeito do extrato hidroalcoólico de própolis no
desempenho e na composição leucocitária do sangue de girinos de rã-touro (Rana
catesbeiana). Acta Scientiarum: animal sciences, Maringá, v. 29, n. 2, p. 227-234, 2007.
BANKOVA, V. S.; CASTRO, S. L.; MARCUCCI, M. C. Propolis: recent advances in
chemistry and plant origin. Apidologie, v. 31, p. 3-15, 2000.
BARTON, B. A. Endocrine and metabolic responses of fish to stress. International.
Association of Aquatic Animal Medicine Proceedings, v. 19, p. 41-55, 1988.
25
DAHLQUIST, A. Method for assay of intestinal disaccharidases. Analytical Biochemistry,
v. 7, p. 447-54, 1964.
DIAS-KOBERSTEIN, T. C. R.; CARNEIRO, D. J.; URBINATI, E. C. Tempo de trânsito
gastrintestinal e esvaziamento gástrico do pacu (Piaractus mesopotamicus) em diferentes
temperaturas de cultivo. Acta Scientiarum: animal science, Maringá, v. 27, p. 413-417, 2005.
DROZDOWSKI, L. A.; THOMSON, A. B. R. Intestinal sugar transport. World Journal
Gastroenterology, v. 12, p. 1657-1670, 2006.
DWYER, K. S.; BROWN, J.A.; PARRISH, C.; LALL, S.P. Feeding frequency affects food
consumption, feeding pattern and growth of juvenile yellowtail flounder (Limanda
ferruginea), Aquaculture, v. 213, p. 279-292, 2002.
EUCLYDES, R. SAEG: sistema para analises estatísticas e genéticas. Viçosa: Universidade
Federal de Viçosa, 2005. v. 9.
FERRARIS, R.; DIAMOND, J. Specific regulation of intestinal nutrient transporters by their
dietary substrates. Annual Review Physiology, v. 51, p. 125-141, 1989.
FREITAS, J. A.; ANTONANGELO, R. P.; RIBEIRO, J. L.; JOSLIN, M., NOGUEIRA,
S.R.P.; SOUZA, J. C.; Extrato etanóico de própolis na alimentação de vacas leiteiras, Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 10, n. 2, p. 333-343, abr./jun. 2009.
GECKIL, H.; ATES, B.; DURMAZ, G.; ERDOGAN, S.; YILMAZ, I.; Antioxidant, free
radical scavenging and metal chelating characteristics of propolis, American Journal of
Biochemistry and Biotechnology V.1 , pp. 27–31, 2005
GIACHETTO, P.F. Mecanismos hormonais do ganho compensatório e composição de
carcaça em frangos de corte submetidos a restrição alimentar com diferentes níveis
energéticos. Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, 1998. 98p. Dissertação (Mestrado
em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, 1998.
GROVE, D. J.; LOIZIDES, L. G.; NOTT, J. Satiation amount, frequency of feeding and
gastric emptying rate in Salmo gairdneri. Journal of Fish Biology, v. 12, p. 507-516, 1978.
26
HAYWARD, R. S.; BUSHMANN, M. E. Gastric evacuation rates for juvenile Largemouth
bass. Transactions of the American Fisheries Society, Edmonton, v. 123, p. 88-93, 1994.
HEPHER, B. Nutrition of pond fishes. Cambridge, Inglaterra : Cambridge University Press,
1988. 406 p
.
ISLA , M. I ;
MORENO, M.I.N.; SAMPIETRO, A.R. Antioxidant activity of Argentine
propolis extracts. Journal of Ethnopharmacology, v. 76, p. 165-170, 2001.
ITO, E. H.; SILVA, N. V. P.; ORSI, R. O. Uso da própolis em ração de leitões desmamados.
PUBVET, Londrina, v. 3, n. 4, Fev. 2009. Artigo 498.
JOBLING, M. Effect of feeding frequency on food intake and growth of Arctic
charr, Salvelinus alpinus L. Journal of Fish Biology, v. 23, p. 177-185, 1983.
KAYANO, Y., YAO, S., YAMAMOTO, S. AND NAKAGAWA, H. Effects of
feeding frequency on the growth and body constituents of young red-spotted grouper,
Epinephelus akaara, Aquaculture, v. 110, p. 271-278, 1993.
LEE, S. M.; HWANG, U. G.; CHO, S. H. Effects of feeding frequency and dietary moisture
content on growth, body composition and gastric evacuation of juvenile Korean rockfish
(Sebastes schlegeli), Aquaculture, v. 187, p. 399-409, 2000.
LIU, F. G.; LIAO, C. I. Effect of feeding regimen on the food consumption, growth and body
composition in hybrid striped bass Morone saxitilis×M. chrysops. Fisheries Science, v. 64, p.
513-519, 1999.
NAGAOKA, T.; BANSKOTA, A.H.; TEZUKA, Y.; MIDORIKAWA, K.; MATSUSHIGE,
K.; KADOTA, S.; Caffeic Acid phenethyl ester (CAPE) analogues: Potent nitric oxide
inhibitors from the Netherlands propolis, Biological and Pharmaceutical Bulletin v.26 , pp.
487–491, 2003
27
MARCUCCI, M.C., FERRERES, F., GARCÍA-VIGUERA, C., BANKOVA, V.S., DE
CASTRO, S.L., DANTAS, A.P., VALENTE, P.H.M., PAULINO, N. Phenolics compounds
from Brazilian propolis with pharmacological activities. Journal Ethnopharmacology, v. 74,
p. 105-112, 2001.
MARCUCCI, M. C. Propolis: chemical composition, biological properties and therapeutic
activity. Apidologie, v. 26, p. 83-99, 1995.
MULI, E. M.; MAINGI, J. M. Antibacterial activity of Apis mellifera L. propolis collected in
three regions of Kenya. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical
Diseases, Botucatu, v. 13, n. 3, p.655-663, 2007.
ORSI, R. O.; FUNARI, S.R.C.; SOARES, A.M.V.C.; CALVI, S.A.; OLIVEIRA, S.L.;
SFORCIN, J.M.; BANKOVA, V. Immunomodulatory action of propolis on macrophage
activation. Journal of Venomous Animals and Toxins, v. 6, n. 2, p. 205-219, 2000.
ORSOLIC, N.; BASIC, I. Immunomodulation by water-soluble derivative of propolis: a
factor of antitumor reactivity. Journal of Ethnopharmacology, v. 84, p. 265-273, 2003.
PACHA, J. Development of intestinal transport function in mammals. Physiology. Review, v.
80, p. 1633-1667, 2000.
PAVANELLI, G. C.; EIRAS, J. C.; TAKEMOTO, R. M. Doenças de peixes: profilaxia,
diagnóstico e tratamento. Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá; Brasília,
DF: CNPq, 1998. 264 p.
POSSOMPES, B.D.; BERGOT, P. et LUQUET, P. Mise au point d'une méthode d'étude du
transit gastro-intestinal chez la truite ar-en-ciel Salmo gairdneri Richardson: Influence du
nombre de repas, des quantités ingérées et de La température d'acclimatation. Ann.
Hydrobiology, v.6, n.2, p.131-143, 1973.
RICHE, N.; HALEY, D.I.; OETKER, M.; GARBRECHT, S. GARLING, D.L.; Effect
of feeding frequency on gastric evacuation and the return of appetite in tilapia Oreochromis
niloticus (L.). Aquaculture, v. 234, p. 657-673, 2004.
28
RUOHONEN, K.; VIELMA, J.; GROVE, D. J. Effects of feeding frequency on growth and
food utilization of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) fed low-fat herring or dry
pellets, Aquaculture, v. 165, p. 111-121, 1998.
SAKAI, M. Current research status of fish immunostimulants. Aquaculture, v. 172, p. 63-92,
1999.
SANTOS, A. V.; TEIXEIRA, A. S.; RODRIGUES, P. B.; FREITAS, R. T. F.; A.
M.. GUIMARÃES.; GIACOMETTI, R. A. Valor nutritivo do resíduo de própolis para
frangos de corte Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 27, n. 5, p. 1152-1159, set./out. 2003.
SEIDEL, V.; PEYFOON, E.; WATSON, D.G.; FEARNLEY, J.; Comparative study of the
antibacterial activity of propolis from different geographical and climatic zone,
Phytotherapy Research v.22, pp. 1256–1263, jun. 2008.
SHIAU, S. Y.; HSU, C. Y. Vitamin E sparing effect by dietary vitamin C in juvenile hybrid
tilapia, Oreochromis niloticus x O. aureus. Aquaculture, v. 210, p. 335-342, 2002.
TUCKER, B. J.; BOOTH, M.A.; ALLAN, G.L.; BOOTH, D.; FIELDER, D.S
.
Effects of
photoperiod and feeding frequency on performance of newly weaned Australian
snapper Pagrus auratus. Aquaculture, v. 258, p. 514-520, 2006.
TUCKER, C. S.; ROBINSON, E. H. Feeds and feeding practices. In: TUCKER, C. S.;
ROBINSON, E. H. Channel catfish farming handbook. New York: AVI Book, 1991.
chap.10, p. 292-315.
URBINATI, E. C.; CARNEIRO, P. C. F. Práticas de manejo e estresse dos peixes em
piscicultura.. In: CYRINO, E. J. P. (Ed.). Tópicos especiais de piscicultura de água doce
tropical intensiva. São: TecARt, 2004. cap. 6, p. 171-94.
VARGAS, A. C.; LOGUERCIO, A, P.; WITT, N. M.;. COSTA M. M.; SILVA, M. S.;
VIANA, L. R
.
. Atividade antimicrobiana “in vitro” de extrato alcóolico de própolis. Ciencia
Rural, Santa Maria, v. 34, n. 1, p.159-163, Feb. 2004
29
VERBEETEN, B. E.; CARTER, C. G.; PURSER, G. J. The combined effect of feeding time
and ration on growth performance and nitrogen metabolism of greenback flounder. Journal
of Fish Biology, v. 55, p. 1328-1343, 1999.
WANG, Y; GUO, J.; LI, K.; BUREAU, D.P. Effects of dietary protein and energy levels on
growth, feed utilization and body composition of cuneate drum, Nibea miichthioides.
Aquaculture, v. 252, p. 476-483, 2006.
WEDEMEYER, G. A.; BARTON, B.; McLEAY, D. Stress and acclimation. In: SCHERECK,
C.; MOYLE, P. (Eds.). Methods for fish biology. Bethesda: American Fisheries Society,
1990. p. 451-489.
ZHANG, G.; GONG, S.; YU, D.; YUAN, H.. Propolis and Herba Epimedii extracts enhance
the non-specific immune response and disease resistance of Chinese sucker Myxocyprinus
asiaticus. Fish & Shellfish Immunology, v. 26, n. 3, p. 467-472, Mar. 2009.
ZHOU, Z. et al. Effect of feeding frequency on growth, feed utilization, and size variation of
juvenile gibel carp (Carassius auratus gibelio) Journal of Applied Ichthyology, v.19, p.244-
249, 2003
30
CONSIDERAÇÕES FINAIS
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. Implicações
É necessário o desenvolvimento de futuros ensaios, testando níveis intermediários de
própolis, entre 1 e 10g de propolis/kg de ração para observação de seu efeito no desempenho
zootécnico, bem como a realização de uma análise econômica para observar se viabilidade
do seu uso na piscicultura comercial.Outros estudos com maior tempo de duração podem
possibilitar um melhor entendimento e importância desse imunoestimulante na alimentação
de juvenis de pacu.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo