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DANIELA FABIANA IZQUIERDO CAQUÍAS
Desenvolvimento e avaliação biomecânica da resistência à flexão de um
novo modelo de osteossíntese em fêmur: pinos intramedulares múltiplos
bloqueados
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica
Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de Mestre
em Ciências
Departamento:
Cirurgia
Área de concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientador:
Prof.Dr. Cássio Ricardo Auada Ferrigno
São Paulo
2010
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: CAQUIAS, Daniela Fabiana Izquierdo
Titulo: Desenvolvimento e avaliação biomecânica da resistência à flexão de um novo
modelo de osteossíntese em fêmur: pinos intramedulares múltiplos
bloqueados
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo para obtenção do título
de Mestre em Ciências
Data: _____ / _____ / ______
Banca Examinadora
Prof. Dr. ___________________________ Instituição: ___________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: __________________
Prof. Dr. ___________________________ Instituição: ___________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: __________________
Prof. Dr. ___________________________ Instituição: ___________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: __________________
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Dedicatória
“O saber é algo que está fora de nós, nunca vamos possuí-lo, mas temos de amá-lo
e buscá-lo sempre”
Sócrates
A batalha não foi fácil, mas a alegria da vitória é fascinante..........
Fernando Recena Grassi
Ao meus pais,
Ciriaco Washington Izquierdo Elizondo e
Estela Mary Caquías Vera
Por estarem sempre ao meu lado me
apoiando em cada decisão
A minha irmã,
Estela Araceli Izquierdo Caquías,
meu cunhado
Carlos Viar Gonzalez e
meus sobrinhos Michael Viar e Luciana Viar
Por acompanharem e aceitarem
minhas decisões
À
Daniel Marcio de Medeiros
Por ter me ensinado com seu amor,
paciência e carinho o que é compartilhar o
caminho da vida
À minhas amigas e irmãs da vida
Kelly Cristiane Ito e Paloma Paim
Por terem me dado a possibilidade de uma
segunda família e estarem sempre ao meu
lado nos momentos difíceis
Eternamente agradecida!!
Ao meu amigo
Olicies Da Cunha
Por ter transformado minhas idéias em
conceitos entendíveis
Aos meus colegas
Tatiana Casimiro Mariani, Marcos Ishimoto Della Nina, Vanessa Ferraz e
Leandro Romano
Pelo companheirismo e amizade, fazendo me sentir
como no meu País
A meu grande amigo
Enrique Cueto Rostom
Pela amizade e ajuda neste trabalho,
que não teria sido possível sem
sua colaboração
Ao Professor
Gabriel Gastón Semiglia Repetto
Por ter sempre alentado a continuar me
superando, e ter aberto o caminho para isso
Muito obrigada
Ao Professor
Cássio Ricardo Auada Ferrigno
Por ter me dado a oportunidade de fazer o mestrado e ter confiado em mim
Muito obrigada
Agradecimentos
Ao Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo
Ao Laboratório de Biomecânica, Instituto de Ensaio de Materiais, Faculdade de
Engenharia da Universidade da República Oriental do Uruguai, Eng. Blas Melissari,
Perito Eng. Eduardo Deri, Sofia Aguiar e Diego Maiuri.
A todos os colegas, funcionários e amigos da Faculdade de Veterinária da
Universidade da República Oriental do Uruguai, pelo apoio incondicional.
A Nadia Crosigniani pela ajuda incondicional e força transmitida em cada momento.
A Maria Juliana Soarez Maciel pela sua amizade e carinho.
As médicas veterinárias do Serviço de Cirurgia de Pequenos Animais do HOVET
FMVZ/USP, Viviane Sanches Galeazzi, Tatiana Soares da Silva, Patrícia Ferreira
de Castro, Sandra Aparecida Rosner e Andressa Gianotti Campos, pela
convivência e ajuda na rotina hospitalar.
Aos enfermeiros do Serviço de Cirurgia de Pequenos Animais do HOVET
FMVZ/USP, Cledson Lelis dos Santos, Jesus dos Anjos Vieira e Otávio
Rodrigues dos Santos pela dedicação, empenho e amizade.
Aos colegas pós-graduandos, residentes e estagiários do Departamento de Cirurgia
pelo companheirismo e cooperação.
A minhas amigas Laura Correa e Mariana Amoedo por sempre me alentar a seguir
em frente.
A Maria Emília Botelho, Mariana Paim de Abreu Farias, Erica Paim, Jaime
Rodriguez de Abreu Farias, por ter me incorporado dentro da sua família com o
maior carinho do mundo.
RESUMO
CAQUÍAS, D. F. I. Desenvolvimento e avaliação biomecânica da resistência à
flexão de um novo modelo de osteossíntese em fêmur: pinos intramedulares
múltiplos bloqueados. [Development and biomechanical evaluation of flexural
strength of a new type of osteosynthesis in femoral: multiple locked intramedullary
pins]. 2010. 97 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
Na atualidade, vários são os métodos de osteossíntese utilizados na reparação de
fraturas de fêmur em cães, porém alguns apresentam complicações na técnica, e
outros não encontram-se disponíveis na atividade profissional diária de alguns
médicos veterinários da América Latina. O presente trabalho teve como objetivo
desenvolver um novo modelo simples de osteossíntese, baseado na utilização de
pinos de Steinmann e Schanz denominado pinos intramedulares múltiplos
bloqueados (PIMB), e testar biomecanicamente a resistência as forças de flexão em
comparação com a técnica de pino intramedular único (PIU). Para tanto foram
utilizados fêmures bilaterais de oito cadáveres de cães com peso entre 15 a 25
quilos que foram divididos em dois grupos, o primeiro grupo composto por oito
fêmures utilizou os pinos intramedulares múltiplos bloqueados e o segundo grupo
composto por oito fêmures utilizou pino intramedular único, ocupando entre 40 - 42
% do canal medular como controle do Grupo 1. Os dois grupos de fêmures foram
submetidos a ensaios não destrutivos para avaliar a resistência as forças de flexão,
com forças entre 0 e 50 Kg, e velocidade de deslocamento de 5mm/minuto, num
dispositivo de quatro pontos. Os resultados encontrados nas condições
apresentadas neste estudo mostraram que a técnica de pinos intramedulares
múltiplos bloqueados apresenta uma menor resistência as forças de flexão
comparada com a técnica de pino intramedular único.
Palavras-chave: Ensaio Biomecânico. Cães. Fêmur. Fratura
ABSTRACT
CAQUÍAS, D. F. I. Development and biomechanical evaluation of flexural
strength of a new type of osteosynthesis in femoral: multiple locked
intramedullary pins. [Desenvolvimento e avaliação biomecânica da resistência à
flexão de um novo modelo de osteossíntese em fêmur: pinos intramedulares
múltiplos bloqueados]. 2010. 97 f.Dissertação (Mestrado em Ciências) Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
Currently, there are several methods of fixation used in the repair of femoral fractures
in dogs, but some show complications in the technique, and others are not available
daily in the professional activity of some veterinarians from Latin America. This study
aimed the development of a new, simple model for bone fixation, based on the use of
Steinmann and threaded pins, used as multiple locked intramedullary pins (MLIP),
and biomechanically test the implant’s resistance to bending forces. Therefore, we
used bilateral femurs of eight cadaveric dogs weighing between 15-25 kg, divided
into two groups; in the first group multiple locked intramedullary pins were used in
eight femurs, and in the second group, the control group, we used a single
intramedullary pin (SIP) occupying between 40-42% of the intramedullary canal, of
eight femurs. Both groups were subjected, in a four point device, to nondestructive
testing to evaluate the resistance to flexion forces, with forces varying between 0 and
50 kg, and a speed of 5mm/minute. The results under the conditions presented in
this study showed that technique locked multiple pins has a lower resistance to
bending forces compared with the technique of single intramedullary pin.
Key words: Biomechanical testing. Dogs. Fêmur. Fracture
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1
Desenho do desenvolvimento da técnica dos pinos
intramedulares múltiplos bloqueados. (A) - inserção do
primeiro pino de Schanz transversal à cortical do fêmur e sua
aparência no corte transversal. (B) - posterior colocação dos
pinos de Steinmann no segmento proximal. (C) - redução dos
segmentos ósseos na vista latero - lateral. (D) - vista final da
técnica na vista crânio – caudal.................................................
42
Figura 4.2
Imagens fotográficas da obtenção das peças. (A) - Incisão de
pele desde o trocânter maior até a articulação fêmoro-tíbio-
patelar, (B) - Incisão da fascia lata ao longo da margem cranial
do músculo bíceps, (C) - Bíceps femoral e vasto lateral
refletidos para exposição da diáfise femoral, (D) - Após a
retirada do fêmur, o periósteo foi removido................................
44
Figura 4.3
Imagem fotográfica do exame radiográfico do fêmur utilizado
para primeira avaliação das peças e mensuração dos
diâmetros do canal medular ......................................................
45
Figura 4.4
Aferições para escolha do diâmetro dos pinos de
Schanz
e
Steinmann
, com base nos diâmetros das secções transversais
dos corpos de prova. Linha vermelha corresponde ao eixo
anatômico. Linhas amarelas A e B correspondem a regiões
anatômicas tomadas de referência para obtenção do diâmetro
do corpo de prova. Linhas C, D e E correspondem a regiões
onde o diâmetro do fêmur foi aferido.........................................
47
Figura 4.5
Imágens fotográficas da seqüencia de colocação dos pinos de
Schanz e posterior ostetomia medial da diáfise femoral. (A) -
Linhas de referência A e B posicionadas para posterior
determinação da osteotomia medial da diáfise, linha D lugar da
osteotomía, C e E pontos de inserção dos pinos de
Schanz
;
(B) - e imagem do corpo de prova posterior a
osteotomia………………………………...................................
49
Figura 4.6
Imagem fotográfica da colocação dos pinos de
Steinmann
no
segmento proximal (A) e posterior redução dos fragmentos
femorais com a imagem da apariência final do corpo de prova
(B)…………………………………………………………………….
50
Figura 4.7
Imagens fotográficas dos estudos radiológicos dos corpos de
prova com a técnica do PIMB, (A) - vista crânio caudal, (B) -
vista latero - lateral.....................................................................
51
Figura 4.8
Imagem fotográfica do dispositivo de flexão inserido na
máquina universal de ensaios Instron, composto do suporte
para a colocação do corpo de prova, e braço de força,
formando o dispositivo de flexão a quatro
pontos.........................................................................................
53
Figura 4.9
Imagem fotográfica da máquina universal de ensaios (Instron,
Modelo 1011, serie 478, U.S.A), calibrada pelo LATU, utilizada
para realizar os ensaios biomecânicos, calibrada numa escala
de 50 Kg e deslocamento de 5mm/min......................................
56
Figura 5.1
Imagem do corpo de prova com a técnica de PIMB montado
em máquina de ensaios Instron, modelo 1011, serie 478,
U.S.A., mostrando a sua deformação de carga máxima............
66
Figura 5.2
Imagem do corpo de prova com a técnica do PIU montado em
máquina universal de ensaios Instron, modelo 1011, serie 478,
U.S.A., mostrando a sua deformação de carga máxima............
67
LISTA DE GRÁFICOS
Representação gráfica da carga expressada em Kilogramas
força em função do deslocamento para os dois corpos de
prova do ensaio piloto (PIMB e PIU)........................................
64
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1
Valores dos diâmetros do canal medular obtidos a partir da
imagem radiográfica dos fêmures realizados no Serviço de
Radiologia da Faculdade de Veterinária, Uruguai.................
60
Tabela 5.2
Diâmetros dos pinos de
Schanz
e Steinmann utilizados nos
corpos de prova para o estudo biomecânico, realizado na
Faculdade da Engenharia, Uruguai......................................
61
Tabela 5.3
Valores dos diâmetros do canal medular obtidos a partir da
imagem radiográfica para montar os corpos de prova do
ensaio piloto, Faculdade de Veterinária, Uruguai..................
63
Tabela 5.4
Diâmetro dos pinos de Steinmann e Schanz utilizados nos
corpos de prova do ensaio piloto, Faculdade de Veterinária,
Uruguai...................................................................................
63
Tabela 5.5
Valores obtidos da carga, medidos em Kilogramas força e
Newton, em função do deslocamento, medido em
milímetros, mostrando à resistência a carga do corpo de
prova do ensaio piloto, para a técnica do PIMB, Faculdade
de Engenharia, Uruguai.........................................................
63
Tabela 5.6
Valores obtidos da carga, medidos em Kilogramas força e
Newton, em função do deslocamento, medido em
milímetros, mostrando à resistência a carga do corpo de
prova do ensaio piloto, para a técnica do PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai..............................................................
64
Tabela 5.7
Valores da área preenchida do canal medular medial da
diáfise femoral, nos corpos de prova com a técnica do PIMB
e PIU......................................................................................
64
Tabela 5.8
Valores do braço de força e suporte utilizados nos ensaios
de resistência a flexão, baseado no comprimento dos
corpos de prova. Todos os valores encontram-se
representados em centímetros, Faculdade de Engenharia,
Uruguai...................................................................................
68
Tabela 5.9
Valores estatísticos de media, desvio padrão e P, para cada
momento de deslocamento, resultantes do teste de Student
com correção de Welch, FMVZ – USP .................................
68
Tabela 5.10
Valores máximos de resistência a carga das técnicas de
PIMB e PIU representadas em Kgf e N, para cada corpo de
prova, Faculdade de Engenharia, Uruguai............................
69
Tabela 5.11
Valores estatísticos dos valores máximos de resistência a
carga das técnicas de PIMB e PIU representadas em Kgf e
N. Analisados pelo teste de Student, FMVZ – USP...............
69
Tabela 5.12
Valores da área preenchida do canal medial da diáfise
femoral, nos corpos de prova com a técnica do PIMB e PIU.
69
Tabela 5.13
Valores estatísticos das áreas totais e porcentagem das
áreas preenchidas do canal medial da diáfise femoral, nos
corpos de prova com a técnica do PIMB e PIU, FMVZ -
USP........................................................................................
70
LISTA DE ABREVIATURAS
cm
Centímetro
Kg
Kilograma
KV
quilovoltajem
LATU
Laboratório tecnológico do Uruguai
mAs
miliamperagem
min
minuto
mm
milímetro
N
newton
NaCl
cloreto de sódio
PIMB
pinos intramedulares múltiplos bloqueados
PIU
pino intramedular único
LISTA DE SÍMBOLOS
%
porcentagem
°C
graus Celsius
=
igual
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................
26
2 REVISSÃO DE LITERATURA .........................................................................
28
2.1 Sistema ósseo ...............................................................................................
28
2.2 Biomecânica óssea .......................................................................................
29
2.3 Tratamento das fraturas ................................................................................
31
2.4 Fraturas de fêmur...........................................................................................
32
2.5 Pinos intramedulares .....................................................................................
32
2.6 Preparação, preservação e armazenamento ósseo .....................................
33
2.7 Teste de flexão ..............................................................................................
34
3 OBJETIVOS .....................................................................................................
37
3.1 Hipótese ........................................................................................................
37
3.2 Limitações .....................................................................................................
37
3.3 Significância clínica .......................................................................................
38
4 MATERIAL E METODO ...................................................................................
40
4.1 Desenvolvimento da técnica de PIMB ...........................................................
40
4.2 Estudo biomecânico ......................................................................................
42
4.2.1 Material biológico .......................................................................................
43
4.2.2 Avaliação radiográfica ................................................................................
45
4.2.3 Determinação do diâmetro dos pinos (PIMB e PIU) ..................................
46
4.2.4 Colocação do implante ...............................................................................
47
4.2.5 Dispositivo de flexão ..................................................................................
52
4.2.6 Ensaio piloto ...............................................................................................
54
4.2.7 Ensaio de resistência a flexão ....................................................................
54
4.3 Análise estatística .........................................................................................
57
5 RESULTADOS
.................................................................................................
59
5.1 Desenvolvimento da técnica .........................................................................
59
5.2 Testes biomecânicos .....................................................................................
61
5.2.1 Ensaio piloto ...............................................................................................
61
5.2.2 Ensaio de resistência .................................................................................
65
6 DISCUSSÃO
....................................................................................................
72
7 CONCLUSÕES
................................................................................................
82
REFÊRENCIAS
...............................................................................................
84
APÊNDICE
......................................................................................................
90
Introdução
26
1 INTRODUÇÃO
As fraturas de fêmur em cães e gatos são freqüentes, justificando as pesquisas por
novos métodos de estabilização. Na atualidade são utilizados pinos intramedulares
(simples ou múltiplos), haste intramedular bloqueada (
interlocking nail
), placas
(convencionais ou bloqueadas) e fixadores externos. Estes últimos apresentam uso
limitado devido à proximidade com a parede abdominal e a vasta musculatura
adjacente, sendo mais adequada a fixação interna para a grande maioria das
fraturas.
Em todos os casos o objetivo é manter redução anatômica rígida com aproximação
dos fragmentos ósseos e rápida recuperação da função do membro. Este objetivo
muitas vezes não é atingido por escolha inadequada do método, ou em outros
casos, pela dificuldade econômica de acesso a implantes modernos que os
cirurgiões veterinários de alguns países da América Latina encontram.
Baseado nisso foi desenvolvida nova técnica, simples e financeiramente acessível,
de colocação de pinos de acordo com as características anatômicas singulares do
fêmur do cão, que o torna um desafio no momento da escolha do método de fixação
e da realização de testes biomecânicos, dificultando a padronização dos ensaios.
Assim, levou-se em consideração pontos principais a serem atingidos pela fixação
interna como: estabilidade rígida, neutralização das forças atuantes sobre o osso
(flexão, torção, rotação), possibilidade de retirada uma vez consolidada a fratura e
respeito aos princípios da osteossíntese biológica na sua colocação.
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e avaliar em ensaio de
arqueamento uma nova técnica de fixação interna, baseado em testes de resistência
as forças de flexão.
Assim, utilizou-se pinos intramedulares de Steinmann múltiplos bloqueados com
pinos de Schanz, como alternativa para a correção de fraturas transversais e
oblíquas curtas em fêmures de cães.
Revisão de literatura
28
2 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão da literatura consultada encontra-se dividida como se segue:
2.1 Sistema ósseo
O osso é o elemento estrutural básico do corpo de qualquer mamífero, e é composto
de ossos individuais e tecido conectivo, sendo parte importante do organismo tanto
biomecanicamente quanto metabolicamente (JEE, 2001). É componente
fundamental do corpo e tem múltiplas funções. Atua como estrutura de suporte e
facilita o movimento cinemático de tendões e ligamentos. Confere proteção a tecidos
moles e órgãos internos, e serve como reserva de cálcio e fósforo. É estrutura
viscoelástica composta por componentes inorgânicos (hidroxiapatita) e orgânicos
(colágeno e células) (ROUSH, 2005).
O osso é tecido sólido, constantemente submetido a estresse que condicionam seu
desenvolvimento e arquitetura estrutural. Adapta-se aos estímulos mecânicos por
atrofia e hipertrofia, determinando assim a arquitetura do esqueleto através de leis
mecânicas (DINIZ et al., 2005). As cargas mecânicas induzem micro deformações
no osso que estimulam células oteoblásticas, conseqüentemente levam ao aumento
na formação óssea local. Portanto, o estímulo mecânico é necessário para
proporcionar a manutenção do remodelamento ósseo e a ausência de deformações
no osso torna-o menos denso e mineralizado (RODRIGUEZ LOPEZ et al., 2008).
O osso é considerado um tecido viscoelástico, pois demonstra características
subordinadas ao tempo (mudanças nas propriedades mecânicas com índices
alterados e duração das aplicações da carga) (DINIZ et al., 2005).
As forças fisiológicas são geradas pela carga do peso, contração muscular e
atividade física, e são transmitidas ao osso a traves das articulações e contração
muscular. Cinco são as forças que podem atuar sobre o osso: compressão, tensão,
cisalhamento, flexão e torção (HULSE; HYMAN, 2003).
29
Os ossos longos como o fêmur, apresentam três regiões bem definidas, uma central
denominada diáfise e duas extremas denominadas de epífises, ambas conectadas
pela metáfise. As regiões epifisárias e metafisárias em sua maioria estão compostas
por tecido ósseo esponjoso, suportam a cartilagem articular e são submetidas a
carga durante o apoio e deambulação do animal (JEE, 2001).
2.2 Biomecânica óssea
As propriedades biomecânicas do osso variam com a região anatômica e são
influenciadas pela idade e estado de saúde do paciente (TURNER; BURR, 2001).
Os ossos apresentam geometria complexa e são submetidos a grupos de forças
igualmente complexas, responsáveis pela geração de fatores de estresse e
deformação ao longo de toda a estrutura óssea (SHAHAR et al. 2003). A relação
entre estresse e deformação sofrida gera curva de resposta exponencial, que reflete
o comportamento mecânico da estrutura óssea (RADASCH, 1999).
Existem quatro forças fisiológicas primarias: compressão axial, tensão axial, flexão e
torção (HULSE; HYMAN, 2003). As forças mencionadas geram cargas de
compressão axial, torção e encurvamento. Ossos longos in vivo” estão sempre
sofrendo ação combinada das forças de compressão, encurvamento e rotação
(RADASCH, 1999). Como resultado desta ação combinada, cria-se forças de
compressão excêntrica, com maior estresse distribuído no lado contrario da
aplicação da força. No momento de fratura o osso é submetido à deformação
elástica e plástica (ROUSH, 2005).
Em estudo biomecânico de osso íntegro, foi demonstrado não haver diferença
estatística significativa entre os membros direito e esquerdo, quando comparadas
suas reações em relação às forças de atuação. Demonstraram também que a
energia absorvida por toda a diáfise do osso integro é maior que aquela absorvida
pela região média desta diáfise. Existe por tanto uma dissipação das forças ao longo
do eixo longitudinal do osso. A esta dissipação denomina-se braço de força
(MARKEL et al. 1994).
30
A resistência, rigidez e absorção de energia são afetados pelas propriedades
materiais do osso, tais como composição, morfologia e porosidade; por
componentes estruturais, como geometria, comprimento, e curvatura; e por outros
fatores, como a taxa, magnitude e orientação das forças durante o trauma (ROUSH,
2005).
As forças fisiológicas são geradas pela carga do peso, contração muscular e
atividade física. Estas são transmitidas ao osso pelas superfícies articulares e a
contração muscular. As forças fisiológicas são uniaxiais (tensão e compressão) mas
podem dar lugar a momentos de torção e flexão. Estas cargas geralmente não
excedem a resistência máxima do osso e não são responsáveis de fraturas ósseas
(HULSE; HYMAN, 2003).
As fraturas ocorrem depois de se aplicar forças externas e internas ao osso. Para
completo entendimento de reparação das fraturas é fundamental compreender as
forças que atuam sobre ele. Para tanto existem cinco forças que atuam sobre o osso
“in vivo”: flexão, compressão, cisalhamento, torção e tensão (RADASCH, 1999;
ROUSH, 2005).
Compreender as características mecânicas e estruturais do osso normal, permite a
compreensão de como diferentes forças podem agir sobre os ossos, criando
padrões de fraturas previsíveis, e o porquê algumas fraturas têm predisposição
anatômica específica. O conhecimento prático das forças que causam fraturas, bem
como os princípios da mecânica utilizada para estabilizar fraturas durante a
cicatrização óssea permite escolher o implante adequado para o tratamento. Além
disso, esta informação permite que o cirurgião veterinário analise de forma racional e
científica os novos sistemas de implantes (RADASCH, 1999).
O fêmur do cão anatomicamente tem desvio caudal em sua parte mais distal. Esta
característica faz com que os ensaios biomecânicos possuam maior complexidade
na padronização devido à dificuldade em determinar o eixo central do fêmur
(SHAHAR et al. 2003; DELLA NINA, 2008).
31
2.3 Tratamento das fraturas
Fraturas ocorrem quando a carga aplicada sobre determinada região do osso supera
a sua capacidade de resistência (HULSE; HYMAN, 2003). Fraturas de ossos longos
são, sem dúvida, a maior casuística em ortopedia na medicina veterinária.
O objetivo do tratamento das fraturas é neutralizar as forças de deslocamento que
provocam instabilidade no foco e que impedem a cicatrização óssea. A redução é o
procedimento onde os fragmentos deslocados são alinhados em posição anatômica,
por técnica fechada ou aberta. Na primeira, os fragmentos são coaptados sem
abertura cirúrgica mediante aplicação de tração e compressão. A redução aberta é o
método de eleição para grande número de fraturas. Os fragmentos são reduzidos
mediante visibilização direta do foco de fratura e na maioria das vezes usa-se
fixação interna para manter os fragmentos em posição (ROE, 2003).
As técnicas utilizadas para correção das fraturas de fêmur incluem pinos
intramedulares (simples o múltiplos), haste intramedular bloqueada (
interlocking
nail
), placas (convencionais ou bloqueadas), e fixadores esqueléticos externos que
são freqüentemente utilizados em combinação com pinos intramedulares. O objetivo
é manter redução anatômica rígida com aproximação dos fragmentos ósseos e
rápida recuperação da função do membro (BEALE, 2004; ROUSH, 2005; SIMPSON;
LEWIS, 2006; SARRAU et al. 2007). Várias técnicas promovem redução e
estabilidade adequadas a expensas de danos vasculares, musculares, tendíneos e
nervosos, que podem comprometer a capacidade biológica de reparo do osso
(PIERMATTEI et al. 2006).
Com a melhor compreensão dos mecanismos de cicatrização óssea, as técnicas
mais recentes procuram manter fixação rígida com mínima interferência nos
processos naturais de consolidação (REMEDIOS, 1999), assim, a osteossíntese
biológica procura preservar o aporte vascular ao osso fraturado e diminuir os danos
aos tecidos moles adjacentes (BOLHOFNER et al. 1996; PALMER, 1999; PERREN,
2002), isso é atingido com abordagens minimamente invasivas (REMÉDIOS, 1999;
POZZI; LEWIS, 2009).
32
2.4 Fraturas de fêmur
As fraturas de fêmur são freqüentes em cães e gatos (WHITEHAIR; VASSEUR,
1992; BRADEN et al.,1995), representando de 20 a 25% de todas as fraturas e 45%
das fraturas dos ossos longos (UNGER et al., 1990). O local mais freqüente de
fratura é a diáfise, representando 56% do total (BRADEN et al. 1995).
A carga excêntrica exercida sobre o fêmur durante o apoio exige conhecimento das
forças de tensão/compressão e seus efeitos sobre os implantes. (PIERMATTEI et al.
2006).
Os métodos de fixação externa tem uso limitado nas fraturas de fêmur devido a
grande musculatura que o envolve (WHITEHAIR; VASSEUR, 1992; BEALE, 2004).
Baseado nesta limitação e levando em consideração que o fêmur é o osso que
apresenta a maior freqüência de osteomielite e não união, é que na maioria das
vezes, é exigida e escolhida redução aberta e fixação interna da fratura
(OLMSTEAD, 1984; WHITEHAIR; VASSEUR, 1992; ROE, 2003). Dentro destes os
mais utilizados são placas (simples, bloqueadas ou em conjunto com pinos
intramedulares) e haste bloqueada (
interlocking nail
) (DUELAND, et al. 1999;
BEALE, 2004; SARRAU et al. 2007) . Deve também levar-se em consideração na
colocação dos implantes o cuidado das partes moles que participam nos processos
de cicatrização óssea (OLMSTEAD, 1984, PALMER, 1999).
2.5 Pinos intramedulares
As primeiras tentativas de fixação óssea com pino intramedular valiam-se de
materias manufaturados com madeira, osso heterólogo e marfim. Até o advento de
métodos de esterilização, ligas metálicas inertes e técnicas pouco invasivas, os
resultados eram insatisfatórios (RUDY, 1981). O uso de pinos intramedulares tornou
se técnica simples e versátil, porem, as falhas biomecânicas eram freqüentes,
notavelmente a instabilidade rotacional, migração do pino e colapso do foco em
fraturas cominutivas (SIMPSON; LEWIS, 2006). Com o objetivo de evitar estas
33
falhas iniciou o uso de pinos intramedulares múltiplos (GIBSON; VANEE, 1991) e
por último a haste intramedular bloqueada (interlocking nail) (VASSEUR et al. 1984;
DALMAN; MARTIN, 1990; MCLAUGHLIN, 1999).
A técnica dos pinos intramedulares múltiplos consiste em preencher grande parte do
canal medular com vários pinos de Steinmann de diferentes diâmetros com objetivo
de evitar rotação. Tem como vantagem a simplicidade do método, necessidade de
poucos instrumentos e possibilidade de remoção dos implantes após a cicatrização
óssea. A principal desvantagem da técnica é a migração dos pinos (KAGAN, 1983;
DEAN,1990).
Quando se bloqueia o pino intramedular a técnica é chamada de haste bloqueada ou
interlocking nail”, conhecida internacionalmente, e resiste melhor a força de torção
que os pinos intramedulares simples (BROWNER, 1998). A técnica consiste em
inserção de um único pino no canal medular. Este pino contém orifícios para serem
bloqueados com parafusos transversais transcorticais, distal e proximal à fratura. A
técnica necessita equipamentos específicos para que os orifícios dos pinos sejam
bloqueados corretamente. A desvantagem do método refere-se à necessidade de
fresar o canal medular que destrói completamente a medula e o endósteo, limitando
a capacidade osteogênica. O dispositivo não é extraído após a consolidação óssea
(DURAL; DIAZ, 1996).
Ainda existem outros tipos de implantes, como placas e fixadores externos, porém
estes não são o escopo do trabalho.
2.6 Preparação, preservação e armazenamento ósseo
As propriedades biomecânicas do osso variam com a região anatômica, idade e
estado geral do doador. A preparação e armazenamento dos espécimes podem
afetar as propriedades mecânicas dos tecidos. Fatores como hidratação e
temperatura (principalmente congelamento) influem na preservação da peça
(TURNER; BURR, 2001).
Se as peças são mantidas a temperatura ambiente, são produzidas rapidamente
enzimas líticas ocasionando autólise das células, alterando a matriz orgânica do
34
osso. Os dois métodos de conservação que evitam este processo são a fixação
química e o congelamento.É improvável que no osso congelado a –20ºC nas
condições que garantam a umidade da peça, aconteçam mudanças significativas
nas propriedades mecânicas do osso cortical e esponjoso (MARTIN; SHARKEY,
2001).
Segundo MARTIN; SHARKEY (2001) a correta escolha do método de
armazenamento é um fator importante para preservar as características da peça
coletada.
Diversos trabalhos relatam diferentes técnicas de armazenamento como o
congelamento do tecido ósseo em associação com solução salina, envolto em gazes
umedecidas e descongelamento utilizando a mesma metodologia, comparando-as
com técnicas de congelamento do material ósseo isolado e descongelamento ao ar
ambiente. Os autores não encontraram diferenças estatisticamente significantes
entre elas na grande maioria dos parâmetros avaliados (GRIFFON et al. 1995;
HUSS et al. 1995; HAMER et al. 1996).
2.7 Teste de flexão
A flexão é produzida quando aplicada uma carga no eixo longitudinal do osso
(RADASCH, 1999). Durante a flexão existe uma combinação de forças de tensão e
compressão, a máxima tensão é produzida na superfície convexa do osso e a
máxima compressão na superfície côncava (HULSE; HYMANN, 2003), a causa
disso nos testes biomecânicos o corpo de prova fica mais susceptível a falha no lado
oposto onde a força está sendo aplicada segundo REILLY; BURSTEIN
1
(1975 apud
COWIN, 2001, p.7-12).
Testes de flexão são úteis para mensurar propriedades mecânicas de ossos longos.
Para ossos muito pequenos é difícil calibrar testes em aparelho de compressão e
extensão. No teste de flexão é aplicada uma força em todo o osso até o mesmo se
deformar e romper. Essas tensões devido à flexão podem ser calculadas mediante a
1
Reilly, D.T; Burstein, A.H. The elastic and ultimate properties of compact bone
tissue. Journal of Biomechanics, v.8, n.6, p.393-405, 1975.
35
utilização de diferentes fórmulas segundo a simetria da secção transversal do osso.
No caso da tíbia a seção transversal é assimétrica e, portanto a dedução da sua
respectiva equação é mais complexa (LEVENSTON, 1995).
O teste de flexão causa compressão do lado onde a força está sendo aplicada e
extensão no lado oposto. Por tanto A flexão pode ser aplicada no corpo de prova
utilizando-se força em três ou quatro pontos de apoio. A vantagem da força aplicada
em três pontos é a simplicidade do método, mas a desvantagem é o surgimento de
uma força de cisalhamento ou força de corte, perto do meio do osso. Portanto, a
flexão em três pontos é usada geralmente para medir propriedades mecânicas de
ossos grandes, onde a razão entre o comprimento e a largura deve ser no mínimo
de 20:1 para garantir que o cisalhamento induzido pelo deslocamento seja
desprezível segundo o relatado por SPATZ et al.
2
(1996 apud COWIN, 2001, p.7-
13). Segundo dados publicados por Turner a tensão de cisalhamento causa de 15 a
20% de deformação em testes de flexão em um osso inteiro de um roedor.
na carga aplicada em quatro pontos produz-se genuína flexão, garantindo que a
tensão de corte transversal (efeito de cisalhamento), seja nula. Este dispositivo é
eficiente e simples para ossos simétricos (COWIN, 2001).
A análise biomecânica é de grande importância na obtenção de dados necessários
para compreender melhor como as forças atuam em determinadas estruturas ou
implantes (BERNADÉ et al. 2002; SUBER, 2008; GOH et al. 2009)
2 Spatz, H.Ch.; O’Leary, E.J.; VINCENT, J.F.V. Young’s moduli and shear moduli in
cortical bone. Proc.R.Soc.Lond.B.Biol.Sci., 263, p.287-294, 1996.
Objetivos
37
3 OBJETIVOS
O objetivo do presente estudo foi desenvolver e avaliar biomecanicamente um novo
modelo de ostessíntese nomeado como pinos intramedulares múltiplos bloqueados
(PIMB). A avaliação foi realizada in vitro em fêmures de cadáveres caninos com
osteotomia transversa do terço médio da diáfise, quando submetidos a forças de
flexão mimetizando parte do cenário das forças que atuam na reparação da fratura.
3.1 Hipótese
Desenvolver uma nova técnica de pinos intramedulares múltiplos bloqueados que
tenha a mesma resistência as forças de flexão que a técnica tradicional de pino
intramedular único (PIU).
3.2 Limitações
Limitar o teste só as forças de resistência a flexão
Não conseguir mimetizar as condições in vivo, já que os testes são feitos em
fêmures de cadáveres, tendo que eliminar todos os tecidos moles que recobrem o
fêmur e ajudam na estabilidade do implante.
Mecanismo de leitura dos resultados manual, que é inferior ao método
informatizado.
Na avaliação dos resultados foram desconsideradas outras forças que podem ter
estado agindo junto as forças de flexão.
38
3.3 Significância clínica
Verificar experimentalmente que o novo método de pinos intramedulares múltiplos
bloqueados pode ser considerado como técnica alternativa à utilização de pino
intramedular único na osteossíntese de fêmur em cães.
Material e Método
40
4 MATERIAL(E(MÉTODO(
Nesta seção apresentam-se os matérias e métodos utilizados para o
desenvolvimento da técnica de pinos intramedulares múltiplos bloqueados e sua
posterior avaliação biomecânica à resistência as forças de flexão.
4.1 Desenvolvimento da técnica de PIMB
Na primeira etapa de planejamento padronizou-se uma técnica de osteossíntese em
fêmur com pinos para atingir estabilidade e resistência no foco da fratura sem a
necessidade de preencher totalmente o canal medular, a exemplo dos pinos
intramedulares múltiplos e da haste bloqueada (interlocking nail). Para atingir este
objetivo, inseriu-se dois pinos de Schanz nas corticais do osso de forma transversal
ao eixo anatômico, e eles foram acompanhados de pinos de Steinmann colocados
de forma intramedular e preenchendo ao máximo o canal medular somente nos
pontos de inserção dos pinos de Schanz.
A próxima etapa baseou-se em determinar a quantidade adequada de pinos de
Steinmann para proporcionar adequada resistência aos fragmentos ósseos.
Padronizou-se usar três pinos intramedulares, tendo um dos pinos com o maior
diâmetro e os outros dois preenchendo o restante do canal medular.
Na seguinte etapa determinou-se o diâmetro dos pinos (Schanz e Steinmann). O
pino de Schanz ocupa um terço do canal medular, sendo assim, inserido
transversalmente ao osso de forma a dividir o canal medular em duas partes iguais
(cranial e caudal).
Um dos pinos de Steinmann ocupa o diâmetro do terço cranial, e a somatória dos
diâmetros dos dois pinos de Steinmann restantes, ocupam o diâmetro do terço
caudal. Houve dificuldade em adequar perfeitamente os diâmetros dos pinos
intramedulares devido ao formato anatômico do canal medular femoral do cão e a
grande variabilidade de angulações existentes na espécie. Desta forma, optou-se
41
por colocar um dos dois pinos do terço caudal com diâmetro de 1,5 ou 2 mm com a
finalidade de se curvar e proporcionar uma melhor adequação ao canal medular.
Na etapa seguinte padronizou-se a seqüência de colocação dos pinos. No primeiro
momento foram colocados os três pinos de
Steinmann
intramedulares no segmento
proximal e na seqüência o pino de Schanz. Desta forma o pino de Schanz
transversal muitas vezes saía pela cortical medial fraturando o osso ou não era
possível sua colocação pela limitação mecânica dos pinos de
Steinmann
. Assim,
optou-se por inserir primeiro os dois pinos de Schanz transversais à cortical do
fêmur e posteriormente os pinos de
Steinmann
.
Desta forma os implantes definitivos foram compostos de dois pinos de Schanz
inseridos transversalmente ao fêmur (proximal e distal) e na seqüência três pinos
intramedulares de Steinmann colocados de forma retrógrada, sendo um deles (o de
menor diâmetro) de 1,5 ou 2 mm de diâmetro, para uma melhor adequação ao canal
medular (Figura 4.1).
42
Figura 4.1 – Desenho do desenvolvimento da técnica dos pinos intramedulares
múltiplos bloqueados. (A) - inserção do primeiro pino de Schanz
transversal à cortical do fêmur e sua aparência no corte transversal.
(B) - posterior colocação dos pinos de Steinmann no segmento
proximal. (C) - redução dos segmentos ósseos na vista latero - lateral.
(D) - vista final da técnica na vista crânio – caudal
4.2 Estudo biomecânico
Estudo-se
a resistência as forças de flexão em comparação com pino intramedular
único, num modelo onde os fêmures foram osteotomizados no terço médio da diáfise
simulando uma fratura estável, transversa, simples e sem perda de tecido ósseo.
Para tanto foram realizadas cargas entre 0 e 50 Kg a uma velocidade constante de 5
mm/minuto, utilizando-se dois grupos: Grupo 1 composto por oito fêmures com a
técnica de PIMB e Grupo 2 composto por oito fêmures com a técnica do PIU.
43
4.2.1
Material biológico
Para os testes biomecânicos foram utilizados 16 fêmures de oito cadáveres de cães
machos e fêmeas, de diversas raças, com pesos entre 15 a 25 Kg e idade entre dois
e sete anos. Todos os animais foram obtidos na Faculdade de Veterinária da
Universidade da República Oriental do Uruguai. A causa de morte não teve relação
com a inclusão do animal neste estudo.
Todo material biológico foi obtido dentro de duas horas após a morte ou eutanásia
do animal e conservados em freezer convencional, com temperatura de -24ºC.
As peças foram obtidas por dissecção romba do local, com o auxílio de lâmina e
cabo de bisturi, tesoura de Mayo e pinças dente de rato. Foi realizada incisão de
pele desde o trocânter maior até a articulação fêmoro-tíbio-patelar seguida de
incisão da fascia lata ao longo da margem cranial do músculo bíceps. O bíceps
femoral e vasto lateral foram refletidos para exposição da diáfise femoral. Todos os
tecidos moles adjacentes aos ossos foram retirados e o fêmur liberado de suas
inserções articulares. Após a retirada do fêmur, o periósteo foi removido (Figura 4.2).
As peças foram armazenadas em freezer convencional, com temperatura de –24ºC,
em embalagens plásticas com dimensões de 30 cm de altura por 20 cm de largura.
Cada embalagem continha um par de fêmures do mesmo animal identificada com
canetas de marcação permanente resistente a água. As informações contidas em
cada embalagem plástica identificava o número do animal, peso e raça.
Todas as peças foram radiografadas para descartar a presença de doença óssea ou
nutricional, que foi critério de exclusão para o trabalho.
44
Figura 4.2 Imagens fotográficas da obtenção das peças. (A) - Incisão de pele
desde o trocânter maior até a articulação fêmoro-tíbio-patelar, (B) -
Incisão da fascia lata ao longo da margem cranial do músculo bíceps,
(C) - Bíceps femoral e vasto lateral refletidos para exposição da diáfise
femoral, (D) - Após a retirada do fêmur, o periósteo foi removido
45
4.2.2 Avaliação radiográfica
Após a coleta, os 16 fêmures foram radiografados no Serviço de Radiologia da
Faculdade de Veterinária da Universidade da República Oriental do Uruguai, com o
objetivo de descartar fragilidade óssea (fraturas, neoplasias) (Figura 4.3).
Este estudo também foi utilizado para determinar o diâmetro do canal medular e
assim, calcular o diâmetro dos pinos de
Schanz
e
Steinmann
a serem utilizados.
Todos os exames foram realizados utilizando o aparelho radiográfico Vetter-Rems,
150 mAs/105 Kv (Argentina) com técnica radiográfica 40 Kv, 2 mAs com 1 metro de
distância do foco. As medições foram realizadas com régua tradicional.
Figura 4.3 – Imagem fotográfica do exame radiográfico do fêmur utilizado para
primeira avaliação das peças e mensuração dos diâmetros do canal
medular
46
4.2.3 Determinação do diâmetro dos pinos (PIMB e PIU)
Os pinos de Steinmann e pinos de Schanz foram escolhidos a partir das medidas do
diâmetro do canal medular nos estudos radiográficos do fêmur. Na incidência crânio-
caudal foi traçado o eixo anatômico, de acordo com as mensurações sugeridas por
PETAZZONI e JAEGER (2008) a seguir foram traçadas duas linhas perpendiculares
ao eixo anatômico, sendo a primeira margeando a borda distal do trocânter menor
(linha A) e a segunda tangenciando o final da diáfise e começo da metáfise (linha B).
A distancia entre os pontos A e B foi dividida em quatro partes para obter desta
forma o diâmetro do canal medular proximal, médio e distal (linhas C, D e E) (Figura
4.4). Nestes pontos aferiu-se o diâmetro do canal medular.
A partir do diâmetro proximal, calculou-se o diâmetro do pino de
Schanz
como um
terço do canal medular, o diâmetro do outro terço proporcionou o diâmetro do pino
de
Steinmann
de maior diâmetro, e o diâmetro do terço restante foi completado com
os outros dois pinos de
Steinmann
, sendo que um deles tinha um diâmetro de 1,5 ou
2 mm. O diâmetro do pino utilizado no grupo controle foi calculado baseado no
diâmetro do canal medular medial, como 40 a 42% da mensuração.
47
Figura 4.4 Aferições para escolha do diâmetro dos pinos de
Schanz
e
Steinmann
,
com base nos diâmetros das secções transversais dos corpos de prova.
Linha vermelha corresponde ao eixo anatômico. Linhas amarelas A e B
correspondem a regiões anatômicas tomadas de referência para
obtenção do diâmetro do corpo de prova. Linhas C, D e E correspondem
a regiões onde o diâmetro do fêmur foi aferido
4.2.4 Colocação do implante
No fêmur, descongelado a temperatura ambiente e envolvidos em gaze umedecida
com solução fisiológica, inseriu-se com furadeira, um pino de Schanz no ponto C
(previamente calculado) em sentido latero-medial de tal forma a dividir o canal
medular em um terço cranial e um terço caudal. Após procedeu-se à colocação do
segundo pino de
Schanz
no ponto E, e na seqüencia, osteotomia medial da diáfise
femoral (ponto D) com serra de mão para não produzir esmagamento do tecido
ósseo (Figura 4.5). Posteriormente foram inseridos no canal medular os três pinos
de Steinmann pelo método retrógrado. Em primeiro lugar foi colocado o pino de
48
maior diâmetro no terço cranial e após foram colocados os dois pinos restantes no
terço caudal. Os fragmentos foram reduzidos e os pinos de Steinmann foram
inseridos no fragmento distal, na mesma ordem que no segmento proximal, até obter
resistência (Figura 4.6). O excedente dos três pinos de Steinmann foram
seccionados com alicate.
Uma vez prontos os corpos de prova, foram radiografados para verificar a colocação
dos pinos (Figura 4.7).
A técnica de PIU foi realizada nos fêmures contralaterais esquerdos, osteotomizados
com o mesmo padrão usado para a técnica de PIMB. O pino de
Steinmann
foi
inserido de forma retrógrada e uma vez coaptados os segmentos o pino foi cortado
junto ao trocânter maior.
Todos os pinos de aço cirúrgico 316 L utilizados na preparação dos corpos de prova
foram fornecido pela mesma empresa KONA S.A, e apresentaram diâmetros de: 1,5;
2; 2,5; 3; 3,5 e 4 mm.
49
Figura 4.5 – Imágens fotográficas da seqüencia de colocação dos pinos de Schanz e
posterior ostetomia medial da diáfise femoral. (A) - Linhas de referência
A e B posicionadas para posterior determinação da osteotomia medial
da diáfise, linha D lugar da osteotomía, C e E pontos de inserção dos
pinos de
Schanz
; (B) - e imagem do corpo de prova posterior a
osteotomia
A
B
50
Figura 4.6 Imagem fotográfica da colocação dos pinos de
Steinmann
no segmento
proximal (A) e posterior redução dos fragmentos femorais com a imagem
da apariência final do corpo de prova (B)
A
B
51
Figura 4.7 – Imagens fotográficas dos estudos radiológicos dos corpos de prova com
a técnica do PIMB, (A) - vista crânio – caudal, (B) - vista latero - lateral
52
4.2.5 Dispositivo de flexão
Foi fabricado para este estudo um dispositivo de aço de carbono composto de duas
peças, uma de suporte para o osso e uma segunda com função de braço de força
(Figura 4.8).
A base do suporte possuía comprimento de 29,5 cm, largura de 5,0 cm e espessura
de 1,5 cm. Acima da base, encontrava-se estrutura regulável para se adaptar aos
diferentes tamanhos dos fêmures em forma de L de 5,0 cm de comprimento, 5,0 cm
de largura e 1,5 cm de espessura, com uma fenda em formato de V para manter o
fêmur em posição.
O braço de força encaixava-se na parte superior da prensa e tinha 29,5 cm, largura
de 5,0 cm e espessura de 1,5 cm, possuía duas barras reguláveis de 8,5 cm de
comprimento e 7 mm de espessura que atuavam como pontos de força.
Tanto o suporte quanto o braço de força estavam colocados na máquina de forma tal
que seus centros ficassem numa linha reta. Portanto o sistema montado era um
dispositivo de flexão com quatro pontos (dois na base do suporte e dois no braço de
força).
53
Figura 4.8 Imagem fotográfica do dispositivo de flexão inserido na máquina
universal de ensaios Instron, composto do suporte para colocação do
corpo de prova, e braço de força, formando o dispositivo de flexão a
quatro pontos
54
4.2.6 Ensaio piloto
Foram utilizados dois corpos de prova, um montado com a técnica de PIMB, e outro
montado com a técnica de PIU, segundo foi descrito anteriormente. Foi avaliado o
dispositivo de flexão e o mecanismo da maquina universal de ensaios (Instron 1011),
para determinar a forma que iam ser tomadas as medições.
Ao inicio do teste avaliou-se o intervalo de deslocamento do braço de força que foi
padronizada em 5 mm/minuto. E determinou-se a marcação dos valores de força a
cada 0,5 mm para obter uma maior qualidade de dados.
Para aumentar a sensibilidade foi estabelecida uma carga máxima de 50 Kg, por
tanto o ensaio foi estabelecido como ensaio não destrutivo.
Percebeu-se a necessidade de mudar a abertura do suporte e o braço de forca para
cada corpo de prova, devido aos diferentes tamanhos de fêmures, o que
influenciaria nos resultados da resistência a carga.
Foi avaliado o braço de força para não ter interferência com os côndilos femorais ou
a região trocantérica no momento da flexão e deformação do fêmur.
Os ensaios foram realizados com ambas as técnicas para a certificação de que
obter-se-ia uma quantidade de dados suficientes para cada deformação para um
determinado estudo estatístico.
4.2.7 Ensaio de resistência a flexão
No momento da utilização, os fêmures foram descongelados a temperatura
ambiente com auxílio de compressas de gazes embebidas em NaCl 0,9%. Após o
período de descongelamento os fêmures foram utilizados para a realização dos
testes biomecânicos de resistência as forças de flexão.
Foi utilizada máquina universal de ensaios (Instron, Modelo 1011, serie 478, U.S.A),
calibrada pelo LATU numa escala de 50 Kg (Figura 4.9).
Dada a disparidade dos tamanhos dos corpos de prova, decidiu-se fazer medições
proporcionais entre o braço de força e o tamanho do fêmur.
55
Uma vez posicionados os corpos de prova, o braço de força foi posicionado a uma
distancia aproximada de 0,5 cm, neste momento começava-se a se movimentar o
braço lentamente até que os braços de força tocassem o osso, neste momento a
Prensa era calibrada para começar a realizar as cargas em Kilogramas a velocidade
de 5 mm/min.
Um operador, de forma manual, observava os dados na prensa e, o outro, anotava-
os em uma planilha previamente elaborada.
No momento de carga máxima parava-se o mecanismo, e voltava-se o braço de
força à posição zero.
O mesmo procedimento realizado para os corpos de prova submetidos à técnica de
PIMB foi utilizado para aqueles submetidos à técnica do PIU.
Os resultados dos testes mencionados foram registrados para sua posterior
avaliação.
56
Figura 4.9 - Imagem fotográfica da máquina universal de ensaios (Instron, Modelo
1011, serie 478, U.S.A), calibrada pelo LATU, utilizada para realizar os
ensaios biomecânicos, calibrada numa escala de 50 Kg e deslocamento
de 5mm/min.
57
4.3 Análise estatística
Os resultados foram analisados através de programa computacional Instat, versão
3.0.1 (1998), a normalidade verificada dos pelo Teste de Kolmogorov e Smirnov,
todos os valores passaram pelo teste de normalidade dentro de uma distribuição
normal. Pela análise dos dados coletados determinou-se utilização de teste
paramétrico de Student com correção de Welch e de Student. O intervalo de
confiança utilizado foi de 95%, e a sensibilidade de 0,05.
Resultados
59
5 RESULTADOS
Os resultados serão apresentados em duas partes. A primeira abrange os resultados
do desenvolvimento da técnica e a segunda, os resultados dos testes biomecânicos
de resistência as forças de flexão.
5.1 Desenvolvimento da técnica
Foram montados 17 corpos de prova para a realização dos ensaios piloto e
biomecânico. Os valores dos diâmetros do canal medular foram conferidos para a
escolha dos pinos de Schanz e Steinmann (Tabela 5.1). Os diâmetros dos pinos de
Schanz e Steinmann a ser utilizados em ambas técnicas foram conferidos para cada
ponto de inserção (Tabela 5.2).
A padronização na colocação dos pinos desenvolvida em matérias e métodos não
apresentou maiores dificuldades seguindo os passos de colocação dos pinos, salvo
alguns corpos de prova onde na colocação dos pinos de Steinmann no segmento
distal apresentou leve dificuldade, batendo os pinos de Steinmann no pino de
Schanz, obrigando a reposicioná-lo, até conseguir a passagem.
Dessa forma ficaram prontos os corpos de prova para dar começo aos ensaios.
60
Tabela 5.1 Valores dos diâmetros do canal medular obtidos a partir da imagem
radiográfica dos fêmures realizados no Serviço de Radiologia da
Faculdade de Veterinária, Uruguai
Animal
Membro
direito
Diâmetro
proximal
(mm)
Membro
direito
Diâmetro
distal
(mm)
Membro
direito
Diâmetro
médio
(mm)
Membro
esquerdo
Diâmetro
proximal
(mm)
Membro
esquerdo
Diâmetro
distal
(mm)
Membro
esquerdo
Diâmetro
médio
(mm)
1
8
10,5
8
8
9
7,5
2
9
11
9,5
8
11
8
3
8,5
10
8,8
9
10
8
4
7,5
8,5
7,5
7,5
8,5
7,5
5
7,5
8
7
7,8
7
8
6
7,5
8
7
7,5
7
8
7
8,3
10
8
8,5
10
8
8
9
11
9,5
8
11
8
61
Tabela 5.2 - Diâmetros dos pinos de
Schanz
e Steinmann utilizados nos corpos de
prova para o estudo biomecânico, realizado na Faculdade da
Engenharia, Uruguai
Corpo de prova
PIMB
PIU
Steinmann
Schanz
1
2,5 mm
2 mm
2 mm
2,5 mm
3 mm
3 mm
2
3 mm
2,5 mm
2 mm
3 mm
3,5 mm
3,5 mm
3
2,5 mm
2 mm
1,5 mm
2,5 mm
3 mm
3,5 mm
4
2,5 mm
2 mm
1,5 mm
2,5 mm
3 mm
3 mm
5
2,5 mm
2 mm
1,5 mm
2,5 mm
2,5 mm
3 mm
6
2,5 mm
2 mm
1,5 mm
2,5 mm
2,5 mm
3 mm
7
2,5 mm
2 mm
1,5 mm
2,5 mm
3 mm
3 mm
8
3 mm
2,5 mm
2 mm
3 mm
3,5
3,5 mm
5.2 Testes biomecânicos
5.2.1 Ensaio piloto
O ensaio piloto foi feito com dois corpos de prova, um montado com a técnica de
PIMB e o outro com a técnica de PIU. A medição do canal medular assim como a
determinação do diâmetro dos pinos de Schanz e Steinmann, foi realizado segundo
a descrição citada em materiais e métodos (Tabelas 5.3 e 5.4).
62
Os primeiros valores de deslocamento registrados pela máquina demonstraram um
valor constante de carga de 3,3 Kg, para descobrir o fator atuante foram realizados
testes com diferentes matérias (pinos de aço, tubos de polipropileno e osso) e
detectou-se que esses valores repetiam-se em cada teste permitindo descobrir que
eles deviam-se a uma folga de 1mm no mecanismo de adequação do sistema de
encaixe entre a célula de carga e a máquina de ensaio universal.
Após os ensaios avaliaram-se de forma detalhada os corpos de prova, observando-
se que em nenhum deles aconteceram fraturas ou fissuras, assim como rotação ou
deslocamento no suporte.
Nas tabelas obtidas da tomada de dados observou-se que o método de PIU atingiu a
carga máxima de 50 Kg com um deslocamento menor que a técnica de PIMB, pelo
qual decidiu-se para os futuros ensaios tomar o último valor de deslocamento da
força máxima do PIU, como ultimo valor do teste para a técnica do PIMB (Tabelas
5.5 e 5.6). Com os valores obtidos foi possível construir o gráfico permitindo assim
comparar as respostas as forças de flexão das duas técnicas (Gráfico 5.1).
A área preenchida no segmento medial da diáfise femoral foi de 21,94 mm² para os
corpos de prova com a técnica de PIMB e de 18,37 mm² para os corpos de prova
com a técnica do PIU (Tabela 5.7).
63
Tabela 5.3 - Valores dos diâmetros do canal medular obtidos a partir da imagem
radiográfica para montar os corpos de prova do ensaio piloto,
Faculdade de Veterinária, Uruguai
Membro
direito
Diâmetro
proximal
(mm)
Membro
direito
Diâmetro
distal
(mm)
Membro
direito
Diâmetro
médio
(mm)
Membro
esquerdo
Diâmetro
proximal
(mm)
Membro
esquerdo
Diâmetro
distal
(mm)
Membro
esquerdo
Diâmetro
médio
(mm)
7,5
8,0
7,0
7,8
7,0
8,0
Tabela 5.4 Diâmetro dos pinos de Steinmann e Schanz utilizados nos corpos de
prova do ensaio piloto, Faculdade de Veterinária, Uruguai
PIMB
PIU
Steinmann
Schanz
2,5 mm
1,5 mm
1,5 mm
2,5 mm
3 mm
3 mm
Tabela 5.5 - Valores obtidos da carga, medidos em Kilogramas força e Newton, em
função do deslocamento, medido em milímetros, mostrando à
resistência a carga do corpo de prova do ensaio piloto, para a técnica
do PIMB, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
0
3,2
31,4
0,5
3,5
34,3
1
7,6
74,5
1,5
11,4
111,7
2
14,3
140,1
2,5
17,8
174,4
3
21,2
207,8
3,5
24,9
244,0
4
29,2
286,2
4,5
32,3
316,5
5
35,8
350,8
5,5
39,2
384,2
6
42,8
419,4
6,5
44,8
439,0
7
46,9
459,6
64
Tabela 5.6 - Valores obtidos da carga, medidos em Kilogramas força e Newton, em
função do deslocamento, medido em milímetros, mostrando à
resistência a carga do corpo de prova do ensaio piloto, para a técnica
do PIU, Faculdade de Engenharia, Uruguai
.
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0
3,2
31,4
0,5
3,5
34,3
1
4,3
42,1
1,5
6,2
60,8
2
9,2
90,2
2,5
20,7
202,9
3
29,9
293,0
3,5
44,5
436,1
Tabela 5.7 – Valores da área preenchida do canal medular medial da diáfise femoral,
nos corpos de prova com a técnica do PIMB e PIU
Área Total do Canal
medular medial
MPD (mm²)
Área Total do Canal
Medular Medial
MPE(mm²)
%
Preenchida
PIMB
%
Preenchida
PIU
38,47
38,47
21,94
18,37
Gráfico 5.1 – Representação gráfica da carga expressada em Kilogramas força em
função do deslocamento para os dois corpos de prova do ensaio piloto
(PIMB e PIU)
65
5.2.2 Ensaio de resistência
As provas de resistência às forças de flexão foram realizados em maquina universal
de ensaios (Instron, modelo 1011, serie 478, U.S.A), com velocidade de 5mm/minuto
e valor de carga máxima de 50 Kg. Os valores de carga foram registrados a cada 0,5
mm de deslocamento.
Uma vez colocados no suporte os corpos de prova com média de comprimento de
10,7 cm, regulou-se o braço de força; no caso dos corpos de prova com a técnica do
PIMB foi calculado em base à metade da distância entre a osteotomia e o lugar da
inserção do pino de Schanz, o mesmo braço de força foi utilizado para o corpo de
prova contralateral com a técnica de PIU (Tabela 5.8).
O ensaio começo nas condições supracitadas com a aplicação da carga em sentido
caudo-cranial do fêmur. A captação dos dados foi realizada de forma manual por um
operador enquanto outro realizava as anotações numa planilha previamente
desenhada. Desta forma foram coletados os dados da resistência de cada implante
para cada variação de deslocamento (Apêndice A à H) e os valores plotados
(Apêndice I à P).
Apos a realização das medidas e finalizados os ensaios todos os corpos de prova
apresentaram deformação como resposta as cargas exercidas, mas não foram
observadas fissuras ou fraturas, assim como também rotação o deslocamentos no
suporte (Figura 5.1 e 5.2).
Todos os valores foram submetidos ao teste de normalidade de Kolmogorov e
Smirnov, para conhecer se tratavam-se de valores homogêneos. Posteriormente foi
aplicado o teste paramétrico de Student com correção de Welch, com intervalo de
confiança de 95%, obtendo os resultados de medias e desvio padrão (Tabela 5.9).
Para o ultimo valor de deslocamento foi realizado gráfico de media e desvio padrão
(Gráfico 5.2).
Os valores finais de carga e deslocamento para cada grupo foram resumidos numa
tabela para sua melhor interpretação (Tabela 5.10) e analisados pelo teste de
Student (Tabela 5.11).
Em base as medições dos diâmetros dos pinos de Steinmann foram calculadas as
porcentagens de preenchimento do canal medular para cada grupo (Tabela 5.12).
66
Os valores das áreas do canal medular para os fêmures direito e esquerdo foram
analisados pelo teste de Student com correção de Welch; e os valores da
porcentagens preenchida pelas duas técnicas analisados pelo teste de Student
(Tabela 5.13).
Figura 5.1 - Imagem do corpo de prova com a técnica de PIMB montado em
máquina de ensaios Instron, modelo 1011, serie 478, U.S.A.,
mostrando a sua deformação de carga máxima
67
Figura 5.2 - Imagem do corpo de prova com a técnica do PIU montado em máquina
universal de ensaios Instron, modelo 1011, serie 478, U.S.A., mostrando
a sua deformação de carga máxima
68
Tabela 5.8 Valores do braço de força e suporte utilizados nos ensaios de
resistência a flexão, baseado no comprimento dos corpos de prova.
Todos os valores encontram-se representados em centímetros,
Faculdade de Engenharia, Uruguai
Corpo de prova
Comprimento do
fêmur (cm)
Distancia do braço
de força (cm)
Distancia da base
de apoio (cm)
1
13
3,866
9,132
2
11,5
2,602
7,408
3
13,0
3,866
9,132
4
10,5
2,366
7,372
5
7,5
1,830
6,100
6
9,0
2,200
6,404
7
8,0
2,00
6,404
8
13,0
3,866
9,132
Tabela 5.9 Valores estatísticos de media, desvio padrão e P, para cada momento
de deslocamento, resultantes do teste de Student com correção de
Welch, FMVZ - USP
Momento de
deslocamento
(mm)
Media
(Kgf)
Desvio padrão
Valores de P
PIMB
PIU
PIMB
PIU
0
3,250
3,238
0,05345
0,05175
0,6425
0,5
4,913
5,088
1,209
0,7376
0,7333
1
6,813
7,675
1,823
0,6777
0,2452
1,5
8,613
10,288
2,168
1,883
0,1229
2
10,800
14,388
3,185
3,040
0,0383
2,5
12,400
18,525
3,173
3,631
0,0033
3
14,225
22,738
3,193
4,181
0,0005
3,5
15,813
27,425
3,417
4,376
< 0,0001
4
17,213
32,275
3,919
4,532
< 0,0001
4,5
18,588
36.574
4,417
5,084
< 0,0001
5
20,075
40,325
5,144
5,995
< 0,0001
5,5
19,117
39,317
4,138
4,081
< 0,0001
6
19,180
40,720
4,527
4,333
0,0001
69
Tabela 5.10 – Valores máximos de resistência a carga das técnicas de PIMB e PIU
representadas em Kgf e N, para cada corpo de prova, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
Corpo de
prova
Momento do
deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N)
PIU
1
5
26,3
257,7
45,6
446,9
7
5
15,5
151,9
48,7
477,3
8
5
27,1
265,6
46,8
458,6
2
5,5
24,7
242,1
45,9
449,8
3
6
27,2
266,6
44,3
434,1
5
6
16,5
161,7
34,2
335,2
4
7
18,9
185,2
46,9
459,6
6
7,5
21,9
214,6
40,2
394,0
Tabela 5.11 – Valores estatísticos dos valores máximos de resistência a carga das
técnicas de PIMB e PIU representadas em Kgf e N. Analisados pelo
teste de Student, FMVZ - USP
Media da
Força (Kgf)
PIMB
Media da
Força (Kgf)
PIU
Desvio Padrão
da Força (Kgf)
PIMB
Desvio Padrão
da Força (Kgf)
PIU
Valor de P
22,263
44,075
4,787
4,706
< 0,0001
Tabela 5.12 -Valores da área preenchida do canal medial da diáfise femoral, nos
corpos de prova com a técnica do PIMB e PIU
Corpo de
Prova
Área Total Canal
Medular Medial
MPD (mm²)
Área Total Canal
Medular Medial
MPE(mm²)
%
Preenchida
PIMB
%
Preenchida
PIU
1
50,24
44,16
22,27
16,00
2
70,85
50,24
21,33
19,14
3
60,79
50,24
16,14
19,14
4
44,16
44,16
22,22
16,00
5
38,47
50,24
25,51
14,06
6
38,47
50,24
25,51
14,06
7
50,24
50,24
19,53
14,06
8
70,85
50,24
21,33
19,14
70
5.13 - Valores estatísticos das áreas totais e porcentagem das áreas preenchidas do
canal medial da diáfise femoral, nos corpos de prova com a técnica do PIMB e
PIU, FMVZ - USP
Área Total Canal
Medular Medial
MPD (mm²)
Área Total Canal
Medular Medial
MPE(mm²)
%
Preenchida
PIMB
%
Preenchida
PIU
Media
53,009
48,720
21,730
16,450
Desvio
Padrão
13,167
2,814
3,059
2,368
Valor de P
0,3976
0,0017
Gráfico 5.2 – Representação gráfica da media e o desvio padrão para o momento de
deslocamento de 6mm para a técnica do PIMB e a técnica de PIU
Discussão
72
6 DISCUSSÃO
A cirurgia ortopédica tem experimentado grande avanço nos últimos anos com
novas técnicas de osteossíntese cada vez mais eficientes em manter a estabilidade
no foco da fratura e facilitar o processo de cicatrização óssea. Varias técnicas para a
correção de fraturas são mencionadas por Dean (1990); Whitehair (1992); Dural e
Diaz (1996); Dueland et al. (1999); McLaughlin (1999); Beale (2004); Roush (2005);
Roe (2006) e Sarrau (2007), assim como cuidados para melhorar o processo de
cicatrização óssea mencionados por Olmstead (1984); Bolhofner (1996); PALMER
(1999); Remedios (1999); Perren (2002); Simpson e Lewis (2006) e Pozzi e Lewis
(2009). Às vezes, estas técnicas têm como conseqüência aumento dos custos
tornando-as financeiramente proibitivas em algumas regiões, sobretudo em países
da America Latina. Isso leva a utilização de técnicas ou métodos não tão eficientes
na redução e estabilização da fratura, como pinos intramedulares simples ou
múltiplos, técnicas relatadas vários anos por Rudy (1981) e Kagan (1983).
Trabalhos retrospectivos como o de Gibson e Vanee (1991), relatam complicações
maiores que 50% com as técnicas de pinos simples e múltiplos. De acordo com
estes resultados, decidiu-se desenvolver um novo método de osteossíntese com
pinos de Steinmann e Schanz, denominada de pinos intramedulares múltiplos
bloqueados. O método objetiva atingir custos baixos e reduzir as complicações
inerentes às técnicas de pinos simples e múltiplos.
Como foi mencionado por Unger (1990) e Braden (1995), entre todas as fraturas que
acometem cães e gatos, as de terço médio de fêmur ocorrem com maior freqüência,
motivando o desenvolvimento da nova técnica e ensaios biomecânicos em fêmures
de cadáveres de cães.
Os ossos apresentam geometria complexa e são submetidos a grupos de forças
igualmente complexas, responsáveis pela geração de fatores de estresse e
deformação ao longo de toda a estrutura óssea segundo descrito por Radasch
(1999); Jee (2001) e Shahar et al. (2003). Concordamos com Bernardé et al. (2002)
que citam que a análise biomecânica é importante na obtenção de dados para
entender o comportamento dos implantes quando submetidos a estas forças e
baseado nesses resultados viabilizar ou não sua aplicação
in vivo
.
73
Segundo Hulse e Hymann (2003) o fêmur, devido a curvatura anatômica, está
carregado excentricamente e predisposto a grande flexão; o conceito é apoiado por
análise de esforço in vivo, demonstrando que 85 a 89% da pressão interna
fisiológica que predomina na maior parte do osso é a flexão. Assim, nosso trabalho
incluiu testes biomecânicos para avaliar o comportamento de resistência as forças
de flexão da técnica do PIMB.
Dentro dos nossos objetivos, usufruímos do conceito de Roe (2003), que afirma que
a razão primária para escolha do método de fixação interna é a rigidez dos
fragmentos ósseos e o rápido retorno à função do membro. Assim, concordamos
que estes detalhes são plenamente relevantes na escolha do método de fixação. De
acordo com os resultados de trabalhos realizados por Kagan (1983); Vasseur et al.
(1984); e Dallman et al. (1990), os pinos múltiplos tem resistência maior a força
rotacional em comparação com pinos simples, mas essa diferença não é
significativa, por isso nossa técnica foi planejada com intuito de suprir esta
desvantagem dos pinos múltiplos. Isto teve que ser atingido sem perder o conceito
de rigidez, e pretendeu-se atingir a estabilidade uma vez que os dois pinos de
Schanz, inseridos transversalmente, proximal e distal ao canal medular,
preencheram quase a totalidade do canal junto aos pinos de Steinmann nestes dois
pontos.
Compartilhamos com Della Nina (2008) de que o fêmur é um dos ossos mais
desafiadores na pesquisa, pela dificuldade de padronizar os ensaios e a
complexidade de achar seu eixo central. Para padronizar o tamanho dos fêmures
seria preciso escolher cães da mesma raça, como no trabalho de Markel et al.
(1994), entretanto em nosso caso foi totalmente inviável, desta forma escolhemos
cães de diferentes raças e pesos corporais. Outros autores que utilizaram fêmures
para seus ensaios, tais como Vasseur et al. (1984); Dallman et al. (1990); Dallabrida
et al. (2005); Súber e Basinger (2008) e Goh et al. (2009), não comentaram estas
particularidades. Em nosso caso com a falta da padronização do tamanho e
comprimento do corpo de prova, padronizou-se a distância do suporte baseado no
tamanho do fêmur, e o braço de força baseado na osteotomia femoral.
Utilizar segmentos ósseos para permitir padronizar os tamanhos dos fêmures, como
realizado por Della Nina (2008) não foi possível porque impossibilitaria a colocação e
estabilidade dos pinos na técnica de PIMB. O uso de outros materias como tubos de
74
polipropileno ou madeira utilizados por Egger (1983); Ramos et al. (1999) e Tomanik
et al. (2008), não foi possível no nosso trabalho, já que um dos objetivos era
padronizar a colocação dos pinos da nova técnica (PIMB) no fêmur.
De acordo com o conceito de que as propriedades biomecânicas do osso variam
com a região anatômica e são influenciadas pela idade e estado de saúde do
paciente segundo o descrito por Turner e Burr (2001), foram escolhidos animais
sadios com idades entre dois e sete anos, e os fêmures foram radiografados para
descartar qualquer doença óssea.
A técnica de conservação foi ponto importante no trabalho, assim, o método
escolhido não apresentou alterações na estrutura óssea e durante os ensaios não
foram observadas fissuras ou fraturas dos corpos de prova. Dessa forma
concordamos com Martin e Sharkey (2001) de que a escolha do método de
armazenamento é um fator importante para preservar as características da peça
coletada e que o método de congelamento cumpre com esse objetivo. Segundo
Griffon et al. (1995); Huss et al. (1995) e Hamer et al. (1996), não existem diferenças
estatísticas no descongelamento do material ósseo utilizando gazes umedecidas
com solução salina comparando-as com técnicas de descongelamento ao ar
ambiente, por tanto em nosso trabalho escolheu-se a técnica de descongelamento
mediante a utilização de gaze umedecida com solução salina.
Cada grupo de trabalho para a realização de testes possuía oito corpos de prova
(fêmures), o mesmo número utilizado por Bernardé et al. (2002); Súber e Basinger
(2008) e Goh et al. (2009).
O fato de ter escolhido o fêmur contralateral para o grupo controle baseou-se nos
resultados do estudo biomecânico de Markel et al. (1994) que demonstraram não
haver diferença estatística significativa entre os membros direito e esquerdo, quando
comparadas suas reações em relação às forças de atuação.
Trabalho similar realizado por Súber e Basinger (2008) com teste de flexão além da
osteotomia transversal deixa um afastamento entre os segmentos para simular
fratura com perda de tecido ósseo in vivo. O objetivo do nosso trabalho foi avaliar
fratura transversa, simples e sem perda de tecido ósseo, assim, não foi necessário
afastar os segmentos após a redução.
A escolha do pino intramedular de Steinmann único como grupo controle foi baseado
em seu uso na atualidade junto ao outros métodos de fixação. É mencionado por
75
Piermattei et al. (2006) que os pinos intramedulares devem ocupar 75 a 80% do
canal medular, e outros autores como Roe (2006) recomendam 70% quando
utilizados como único método de fixação. Segundo Roe (2003) esta porcentagem
diminui quando utilizado com outro métodos como fixadores externos e placas.
Desta forma padronizou-se que o pino ocupasse 40% do diâmetro canal medular.
Reconhecemos que é uma porcentagem baixa e fora do padrão normalmente
utilizado, mas não era o escopo de nosso trabalho padronizar um diâmetro de pino
intramedular único.
Segundo o referido por Spatz et al.
3
(Apud. Cowin, 2001, p. 7-13). a flexão pode ser
aplicada no corpo de prova utilizando-se força em três ou quatro pontos de apoio. A
vantagem da força aplicada em três pontos é a simplicidade do método, mas a
desvantagem é o surgimento de uma força de cisalhamento ou força de corte, perto
do meio do osso; portanto, a flexão em três pontos é usada geralmente para medir
propriedades mecânicas de ossos grandes, para garantir que o cisalhamento
induzido pelo deslocamento seja desprezível. Como relatado por Cowin (2001) a
carga aplicada em quatro pontos produz-se genuína flexão, garantindo que a tensão
de corte transversal (efeito de cisalhamento), seja nula, sendo este dispositivo
eficiente e simples para ossos simétricos. Baseado nestas duas referências foi
escolhido o suporte em quatro pontos.
O ensaio piloto foi realizado com intuito de verificar o comportamento da máquina
universal de ensaios e os corpos de prova. No referente à máquina universal de
ensaios, detectou-se uma falha no mecanismo de encaixe com o braço de força
provocando valores de deslocamentos irreais. Parao corrigir o erro padronizou-se
para o momento 0 de deslocamento o valor de carga 3,3 Kgf.
Os corpos de prova permaneceram no suporte sem apresentar deslocamento ou
rotação, pelo qual pode-se afirmar que o formato do suporte foi adequado para
manter estáveis os corpos de prova durante o ensaio. Trabalhos de ensaio
biomecânico apresentados por Bernardé et al. (2002); Shahar et al. (2003); Suber;
Basinger (2007); Goh et al. (2009) utilizam métodos informatizados para processar
os valores mensurados nos ensaios, o que confere facilidade e precisão nas
mensurações. Utilizar técnica manual para coleta e processamento dos dados foi
3
Spatz, H.Ch.; O’Leary, E.J.; VINCENT, J.F.V. Young’s moduli and shear moduli in
cortical bone. Proc.R.Soc.Lond.B.Biol.Sci., 263, p.287-294, 1996.
76
ponto crítico em nosso trabalho. Para diminuir as variáveis, os valores foram
tomados pelo mesmo observador familiarizado com a máquina universal de ensaios
e com a técnica manual de coleta de dados.
A partir do ensaio piloto pode-se constatar que o corpo de prova com a técnica de
PIMB necessitou de um deslocamento maior do braço de força que a técnica do PIU
para resistir os valores de carga máxima de 50 Kg, por tanto, dado que o escopo de
nosso trabalho foi comparar as diferenças na resistência às forças de flexão das
duas técnicas, foi padronizado o ponto final de deslocamento a ser avaliado,
baseando-se no último ponto de deslocamento para a carga máxima da técnica do
PIU. A unidade de medida dos ensaios é proporcionada pela máquina universal de
ensaios Instron em Kgf, mas para uma padronização no sistema internacional que
facilite a comparação e discussão com outros trabalhos foi convertido também em
Newton.
Ao levar em consideração que o deslocamento é diretamente proporcional à
deformação, como observado no Gráfico 5.1 (originado a partir dos valores de carga
em função do deslocamento), podemos observar que os corpos de prova com a
técnica do PIMB têm que se deformar mais que os corpos de prova com a técnica do
PIU para substituir a falta de resistência à força aplicada. Segundo Radasch (1999),
o estresse e deformação sofridos, geram curva de resposta exponencial, que reflete
o comportamento mecânico da estrutura óssea. Desta forma a técnica do PIU se
aproxima com o que acontece com o osso normal, não acontecendo o mesmo com a
técnica do PIMB.
Para melhor discussão dos resultados, a área do canal medular medial preenchida
pelos pinos nas duas técnicas foi levada em consideração. Tanto para os resultados
da carga em função do deslocamento como da porcentagem das áreas preenchidas,
não é possível fazer uma discussão estatística no ensaio piloto devido a
impossibilidade de aplicar um teste de normalidade com um grupo pequeno. Este
assunto será discutido junto com os ensaios biomecânicos.
O ensaio biomecânico em maquina universal de ensaios permitiu padronizar a célula
de carga em 50 Kg (490 N) como valor máximo para aumentar a sensibilidade do
ensaio, e proporcionar um valor constante de deslocamento de 5 mm/minuto, este
último também foi utilizado em ensaios similares por Súber e Basinger (2008) e Goh
et al. (2009).
77
Todos os valores obtidos de carga em função do deslocamento passaram no teste
de normalidade de Kolmogorov e Smirnov, podendo-se confirmar que trata-se de
valores homogêneos. Com base nisso continuou-se a interpretação dos dados pelo
teste paramétrico de Student com correção de Welch, com intervalo de confiança de
95%. Pode se observar que os valores de ambos grupos não apresentam diferenças
significativas até momento 1,5, posteriormente a diferencia tournou-se significativa
até chegar no ponto 6, onde ela é extremamente significativa, como demonstrado no
Gráfico 5.5. A partir do valor 6,5 mm de deslocamento o "n" do estudo foi
considerado muito pequeno para passar pelo teste de normalidade, por tanto os
valores posteriores a 6,5 foram desconsiderados para à análise.
A análise estatística para os valores máximos de resistência à carga das técnicas do
PIMB e PIU analisadas pelo teste de Student mostraram uma diferença
extremadamente significativa; portanto, a partir dos resultados proporcionados pelos
testes feitos neste trabalho, pode se afirmar que os corpos de prova com a técnica
de PIMB apresentaram resistência significativamente menor às forças de flexão que
os corpos de prova da técnica de PIU.
Ao considerar os valores das áreas dos canais medulares direitos e esquerdos,
estes passaram pelo teste de normalidade e foram analisados pelo teste de Student
com correção de Welch, mostrando diferença não significativa entre ambos,
pudendo afirmar que não existem diferenças significativas entre o membro pélvico
esquerdo e direito. Analisando os valores das porcentagens da área preenchida
pelos pinos de Steinmann na região medial do canal medular, todos passaram pelo
teste de normalidade e foram avaliados por teste de Student, mostrando diferença
muito significante, podendo-se afirmar que a área preenchida pela técnica dos PIMB
é maior que a área preenchida pelo PIU. Estes dados não correspondem aos
resultados de resistência encontrados entre as duas técnicas. A explicação para
este fenômeno é o fato de que o pino de
Schanz
produz um afastamento dos pinos
de
Steinmann
na região onde o braço de força foi aplicado. Desta forma eles se
comportam como unidades independentes quando submetidos a forças de flexão,
tendo que suportar a carga aplicada de forma individual no percurso do
deslocamento, diminuindo a resistência as cargas.
Observando os gráficos, para cada corpo de prova de carga em função do
deslocamento, podemos observar que os corpos de prova com a técnica do PIMB,
78
para substituir a falta de resistência à força aplicada, têm que se deformar mais que
os corpos de prova com a técnica do PIU, fato respaldado por Kisner e Colby
4
(Apud. Diniz et al. 2005, p.1364), que define que a distensão é a quantidade de
deformação que ocorre quando é aplicada uma carga, e que a distensão é
diretamente proporcional á capacidade do material de resistir a força. Cálculos de
deformação não foram incluídos em nosso trabalho baseados no relatado por Cowin
(2001), que afirma que o cálculo indireto da deformação é impreciso se vários
fatores não são levados em consideração. Dado que nossos análises foram
manuais, os valores teriam apresentado um alto erro.
Os resultados obtidos não corroboraram a nossa hipótese inicial, pois conforme aos
resultados obtidos e sua análise estatística, constatamos que a técnica de PIU
oferece uma resistência maior as forças de flexão que a técnica de PIMB. Baseados
nestes resultados podemos afirmar que a técnica do PIMB não é tão eficiente em
quanto a técnica do PIU em resistir as forças de flexão, mas não podemos descartar
a técnica ou qualificá-la como ineficiente.
Temos que levar em consideração o mencionado por Turner e Burr (2001) que in
vivo existem outras forças e parâmetros que caracterizam a integridade do osso.
Ressalta-se que neste estudo o sistema de fixação funcionou como único
estabilizador do corpo de prova, uma vez que não existiu a presença de partes
moles, que em situação anatômica normal funcionariam como estabilizadores
coadjuvantes adicionais, fato que foi ressaltado por Dallman (1990) e concordamos
plenamente. Além disso devem-se destacar vários pontos como o fato de que a
rigidez total no foco da fratura não é saudável para o tecido ósseo que como o
mencionado por Rodriguez López et.al. (2008), as cargas mecânicas induzem micro
deformações no osso que estimulam células oteoblásticas, conseqüentemente
levando ao aumento na formação óssea local. Portanto, o estímulo mecânico é
necessário para proporcionar a manutenção do remodelamento ósseo e a ausência
de deformações no osso torna-o menos denso e mineralizado. Segundo afirmado
por Rodriguez López et al. (2008), quanto maior a deformação aplicada, maior a
ativação do osteoblastos. Deve-se levar em consideração que em nosso trabalho as
forças de carga são geradas em dois pontos da diáfise femoral, sendo isto uma
4
Kisner, E.; Colby, L.A. Exercícios Terapêuticos, Fundamentos e Técnicas, Terceira
edição, Manolo, São Paulo, p.141-161, 1998.
79
situação que não acontece
in vivo
que as forças são aplicadas ao longo da diáfise
femoral e distribuídas ao longo desta como mencionado por Shahar (2003). Futuros
testes com aumento do braço de força serão necessários para conseguir melhor
distribuição de forças e avaliar novamente a resistência da técnica.
Poucos são os trabalhos que mencionam qual é a força de flexão normal que um
osso tem que suportar durante o apoio. Este fato dificulta a avaliação, já que a força
resultante do apoio causa forças de compressão, flexão e torção, no sistema
esquelético. Relatos de Hulse e Hyman (2003) afirmam que nos cães, durante a
caminhada lenta, a força de reação gerada pelo apoio equivale a um 20% do peso
corporal para cada membro pélvico, mas devido à aceleração a força pode aumentar
até 5 vezes em uma corrida ou durante o impacto pós salto. A força de reação causa
compressão axial, flexão e torção no osso, que devem equilibrar-se com a contração
muscular para controlar o movimento e manter o equilibro. Por tanto em uma
situação normal de transmissão de cargas um cão de 15 Kg não supera valores de
força de 147 N. Baseados nestes comentários, o fato de que os corpos de prova
com a técnica do PIMB apresentarem deformação maior com resistência menor as
forças de flexão nas condições que o ensaio foi realizado, não permite descartá-lo
como método de fixação, até complementar o estudo com outros ensaios.
Outro ponto importante a ser atingido antes de realizar novos ensaios é baseados
nos resultados do desenvolvimento da técnica de PIMB. Percebeu-se que além das
radiografias em projeção crânio-caudal, necessidade de radiografar o fêmur em
posição látero-medial para obter imagens mais próximas do formato tridimensional,
que o canal medular femoral, em vários segmentos da diáfise, é oval e não
circular, concordando com o expressado por Suber (2008). Também há necessidade
de padronizar a inserção transversal do pino de Schanz de forma a dividir o fêmur
em duas metades iguais, que é ponto fundamental na posterior colocação dos
pinos de Steinmann, uma possibilidade é utilizar paquímetro no momento da
inserção para orientar o posicionamento.
A utilização do eixo anatômico como mencionado por Petazzoni e Jaeger (2008) foi
de muita ajuda para a confecção das linhas de referência para a mensuração dos
diâmetros do canal medular, mas outra possibilidade de padronizar o diâmetro dos
pinos de Schanz e Steinmann na técnica do PIMB é basear-se na área do canal
medular e não no diâmetro.
80
A forma como os cientistas esperam fazer progressos é mediante a ampliação
gradual de suas hipóteses para que abranjam cada vez mais fatos. Por isso,
futuramente serão necessários testes de compressão e rotação para avaliar o
comportamento da técnica do PIMB frente a estas forças.
Conclusões
82
7 CONCLUSÕES(
A análise dos dados e as observações obtidas nas condições em que o estudo foi
conduzido permitem concluir que:
existe diferença significativa entre a resistência às forças de flexão para as
técnicas de PIMB e PIU;
a técnica de PIMB, a mesmo deslocamento, tem resistência menor as forças
de flexão que a técnica tradicional de pino intramedular único;
são necessários ensaios complementares para continuar avaliando o
comportamento da técnica dos pinos intramedulares múltiplos bloqueados as
diferentes forças
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84
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Apêndice
90
APÊNDICE A
Tabela 1 - Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
1, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,3
32,3
3,3
32,3
0,5
5,6
54,9
4,9
48,0
1,0
7,1
69,6
6,9
67,6
1,5
8,6
84,3
8,7
85,3
2,0
10,8
105,8
10,3
100,9
2,5
12,7
124,5
14,3
140,1
3,0
16,6
162,7
18,3
179,3
3,5
18,7
183,3
24,8
243,0
4,0
21,6
211,7
31,8
311,6
4,5
24,2
237,2
38,9
381,2
5,0
26,3
257,7
45,6
446,9
APÊNDICE B
Tabela 1 - Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
2, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,3
32,3
3,2
31,4
0,5
6,5
63,7
4,5
44,1
1,0
9,1
89,2
7,2
70,6
1,5
11,6
113,7
9,2
90,2
2,0
16,6
162,7
13,5
132,3
2,5
17,9
175,4
17,2
168,6
3,0
18,6
182,3
19,9
195,0
3,5
19,9
195,0
24,6
241,1
4,0
20,7
202,9
29,5
289,1
4,5
22,2
217,6
34,5
338,1
5,0
23,6
231,3
39,9
391,0
5,5
24,7
242,1
45,9
449,8
91
APÊNDICE C
Tabela 1 -Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
3, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,2
31,4
3,3
32,3
0,5
3,9
38,2
5,5
53,9
1,0
6,3
61,7
7,5
73,5
1,5
8,5
83,3
8,9
87,2
2,0
10,4
101,9
11,3
110,7
2,5
11,8
115,6
14,4
141,1
3,0
13,8
135,2
18,2
178,4
3,5
15,9
155,8
21,9
214,6
4,0
17,6
172,5
26,8
262,6
4,5
19,3
189,1
31,8
311,6
5,0
21,4
209,7
36,3
355,7
5,5
24,1
236,2
40,6
397,9
6,0
27,2
266,6
44,3
434,1
APÊNDICE D
Tabela 1 - Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
4, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,3
32,3
3,2
31,4
0,5
3,7
36,3
4,9
48,0
1,0
5,2
51,0
6,9
67,6
1,5
6,7
65,7
8,7
85,3
2,0
8,4
82,3
12,9
126,4
2,5
9,8
96,0
16,4
160,7
3,0
11,3
110,7
20,4
199,9
3,5
12,9
126,4
24,2
237,2
4,0
14,1
138,2
28,7
281,3
4,5
15,2
149,0
32,4
317,5
5,0
16,2
158,8
35,6
348,9
5,5
17,1
167,6
39,1
383,2
6,0
17,8
174,4
41,9
410,6
6,5
18,4
180,3
44,5
436,1
7,0
18,9
185,2
46,9
459,6
92
APÊNDICE E
Tabela 1 - Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
5, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,2
31,4
3,2
31,4
0,5
4,2
41,2
5,7
55,9
1,0
5,9
57,8
8,3
81,3
1,5
7,7
75,5
11,5
112,7
2,0
9,3
91,1
16,7
163,7
2,5
11,3
110,7
21,7
212,7
3,0
12,9
126,4
25,7
251,9
3,5
13,9
136,2
28,3
277,3
4,0
14,7
144,1
29,8
292,0
4,5
15,3
149,9
31,2
305,8
5,0
15,7
153,9
32,3
316,5
5,5
16,1
157,8
33,3
326,3
6,0
16,5
161,7
34,2
335,2
APÊNDICE F
Tabela 1 - Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
6, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deformação
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,2
31,4
3,2
31,4
0,5
3,9
38,2
5,6
54,9
1,0
4,7
46,1
8,5
83,3
1,5
5,7
55,9
12,6
123,5
2,0
7,2
70,6
18,1
177,4
2,5
8,7
85,3
21,3
208,7
3,0
10,2
100,0
25,2
247,0
3,5
11,5
112,7
29,6
290,1
4,0
12,7
124,5
35,1
344,0
4,5
13,8
135,2
36,6
358,7
5,0
14,8
145,0
37,4
366,5
5,5
15,6
152,9
37,9
371,4
6,0
16,6
162,7
38,7
379,3
6,5
17,6
172,5
39,4
386,1
7,0
19,9
195,0
39,9
391,0
7,5
21,9
214,6
40,2
394,0
93
APÊNDICE G
Tabela 1 - Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
7, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deslocamento
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,2
31,4
3,2
31,4
0,5
4,8
47,0
3,7
36,3
1,0
6,3
61,7
8,5
83,3
1,5
8,2
80,4
13,3
130,3
2,0
9,2
90,2
18,4
180,3
2,5
10,7
104,9
24,3
238,1
3,0
12,2
119,6
29,9
293,0
3,5
13,4
131,3
35,3
345,9
4,0
13,8
135,2
40,2
394,0
4,5
14,6
143,1
44,9
440,0
5,0
15,5
151,9
48,7
477,3
APÊNDICE H
Tabela 1 - Valores de força medidos em Kilogramas e Newtons, em função do
deslocamento, mostrando a resistência a carga do corpo de prova número
8, Faculdade de Engenharia, Uruguai
Deformação
(mm)
Força (Kgf)
PIMB
Força (N)
PIMB
Força (Kgf)
PIU
Força (N) PIU
0,0
3,3
32,3
3,3
32,3
0,5
6,7
65,7
5,9
57,8
1,0
9,9
97,0
7,6
74,5
1,5
11,9
116,6
9,4
92,1
2,0
14,5
142,1
13,9
136,2
2,5
16,3
159,7
18,6
182,3
3,0
18,2
178,4
24,3
238,1
3,5
20,3
198,9
30,7
300,9
4,0
22,5
220,5
36,3
355,7
4,5
24,1
236,2
42,3
414,5
5,0
27,1
265,6
46,8
458,6
94
APÊNDICE I
Gráfico 1 Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 1, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
APÊNDICE J
Gráfico 1 Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 2, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
95
APÊNDICE K
Gráfico 1 Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 3, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
APÊNDICE L
Gráfico 1 Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 4, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
96
APÊNDICE M
Gráfico 1 Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 5, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
APÊNDICE N
Gráfico 1 – Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 6, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
97
APÊNDICE O
Gráfico 1 Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 7, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
APÊNDICE P
Gráfico 1 – Representação da carga (Kgf) em função do deslocamento do corpo de
prova número 8, para as técnicas de PIMB e PIU, Faculdade de
Engenharia, Uruguai
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