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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
“ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA INCLINAÇÃO DO
ASSENTO ARTICULADO NA DISTRIBUIÇÃO DE PESO”
MARIANA RIBEIRO VOLPINI
Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 2010.
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II
Mariana Ribeiro Volpini
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA INCLINAÇÃO DO
ASSENTO ARTICULADO NA DISTRIBUIÇÃO DE PESO”
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais,
como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Mecânica.
Área de concentração: Bioengenharia
Orientador: Prof. Dr. Marcos Pinotti Barbosa
Departamento de Engenharia Mecânica UFMG
Belo Horizonte
Escola de Engenharia Mecânica da UFMG
2010
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III
A Deus, ao meu amado marido, aos meus queridos pais e aos meus
estimados irmãos.
IV
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Marcos Pinotti pela oportunidade de integrar o grupo Labbio e de desenvolver
este trabalho.
Ao Prof. Dr. João Marcos, que gentilmente cedeu um espaço em seu laboratório para que a
coleta de dados pudesse ser realizada.
À Profa. Dra. Renata Kirkwood pelo auxílio prestado na etapa final deste projeto.
Ao Paul e ao Paulo que, em muitos momentos, se dedicaram a este trabalho como se deles
fosse.
Ao meu pai, que, posso dizer, completou um mestrado “extra-acadêmico”, me auxiliando
sempre que foi preciso.
Aos amigos do DEMEC, em especial aos do Labbio, pela paciência e prestatividade.
Ao CETEC pelo auxílio prestado na calibração do sistema.
Ao Denis Henrique Bianchi Scaldaferri do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia
Nuclear (CNEN/CDTN) por ter disponibilizado os pesos para a calibração do tipo peso-
padrão.
Aos professores e funcionários do Departamento de Engenharia Mecânica − DEMEC.
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pelo auxílio financeiro.
V
“Inventar é imaginar o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou;
é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é
transcender.”
Alberto Santos Dumont
VI
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. VIII
LISTA DE QUADROS E TABELAS ........................................................................... XII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................. XIV
NOMENCLATURA .................................................................................................... XVI
RESUMO ................................................................................................................... XVII
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1.1. Paralisia Cerebral ............................................................................................................. 1
1.2. A cadeira de Rodas como recurso terapêutico ................................................................. 2
2 OBJETIVOS.............................................................................................................. 5
2.1. Objetivo geral .................................................................................................................. 5
2.2. Objetivos específicos ....................................................................................................... 5
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 6
3.1. Histórico da Cadeira de rodas .......................................................................................... 6
3.2. Biomecânica e alterações da postura sentada .................................................................. 7
3.3. Aspectos relevantes para a adaptação adequada da cadeira de rodas e as adaptações
mais comumente disponíveis ................................................................................................ 13
3.4. Modelos disponíveis de cadeira de rodas na atualidade ................................................ 22
4 MATERIAL E MÉTODO ....................................................................................... 36
4.1. Sistema de medição ....................................................................................................... 36
4.1.1. O assento articulado ................................................................................................ 36
4.1.2. Sistema de aquisição de dados e software de captura ............................................. 40
4.2. Metodologia de calibração ............................................................................................. 46
4.3. Metodologia Clínica ...................................................................................................... 48
4.3.1. Medidas de avaliação e procedimento .................................................................... 49
4.4. Análise estatística .......................................................................................................... 51
VII
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 53
5.1. Descrição da Amostra .................................................................................................... 53
5.2. Calibração dos sensores ................................................................................................. 55
5.3. Confiabilidade dos sensores ........................................................................................... 57
5.4. Análise preliminar dos dados transformados de massa ................................................. 60
5.5. Agrupamento das medidas por sensores por massa ....................................................... 61
5.6. Avaliação das diferenças de massa por posição ............................................................ 62
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 70
7 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................... 71
ABSTRACT ................................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 73
ANEXOS ........................................................................................................................ 83
ANEXO A ............................................................................................................................. 83
ANEXO B ............................................................................................................................. 85
ANEXO C ............................................................................................................................. 96
ANEXO E ........................................................................................................................... 102
VIII
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3.1: Posição neutra: tronco ereto com preservação das curvas fisiológicas da coluna
vertebral, pelve em neutro, peso sob as tuberosidades isquiáticas, pés repousando sobre a
superfície .................................................................................................................................... 8
FIGURA 3.2: (a) criança com retroversão pélvica e (b) correção da retroversão pélvica com
inclinação anterior do assento (cunha anterior) .......................................................................... 9
FIGURA 3.3: (a) paciente com anteversão pélvica e (b) paciente com posicionamento
adequado da pelve após colocação da cunha posterior............................................................... 9
FIGURA 3.4: Indivíduo com instabilidade lateral e inclinação pélvica causando distribuição
desigual de peso ........................................................................................................................ 10
FIGURA 3.5: (a) sacro, onde indivíduos com disfunções neuromotoras descarregam pesam
erroneamente quando a pelve está retrovertida e (b) tuberosidades isquiáticas, onde indivíduos
sem disfunções neuromotoras descarregam peso. .................................................................... 11
FIGURA 3.6: Movimento de anteversão pélvica no plano sagital demosntrado pela seta;
movimento de retroversão, não demonstrado, é o oposto no plano sagital .............................. 11
FIGURA 3.7: (a) indivíduo com disfunção neuromotora sentado em cadeira de rodas sem
adaptação, mas com ângulo entre o encosto e o assento igual a 90°, o que não significa,
necessariamente, que a articulação do quadril esteja posicionada em 90° ou que o alinhamento
vertical da pelve seja o mesmo daquele do encosto, (b) para obter um ângulo de flexão
anatômico do quadril (AAFQ) de 90°, na posição sentada, o ângulo entre o encosto e o
assento deveria ser posicionado em aproximadamente 85° para os pacientes espásticos leves,
63° para os moderados e 58° para os graves, o que é inviável do ponto de vista funcional e
estético ...................................................................................................................................... 12
FIGURA 3.8: (a) assento adaptado com abdutor, indicado pela seta, e em cunha anterior para
retroversão pélvica e (b) assento adaptado com abdutor e em cunha posterior para anteversão
pélvica ....................................................................................................................................... 16
FIGURA 3.9: Assento adaptado com abdutor e calço na região posterior à esquerda, indicado
pela seta, utilizado para desvios posturais laterais, neste caso, curva da coluna vertebral com
concavidade à direita ................................................................................................................ 16
FIGURA 3.10.: Espumas do assento adaptado: assento escavado com espuma tipo caixa de
ovo na região escavada e as espumas laterais preenchendo o “excesso” da largura da cadeira
de rodas, ambos indicados por setas ......................................................................................... 17
IX
FIGURA 3.11: (a) e (b) indivíduo com deformidade fixa na coluna vertebral e (c) encosto
adaptado escavado para acomodar deformidade fixa causada pela cifoescoliose .................... 19
FIGURA 3.12: (a) suportes com mesmas alturas, (b) suportes com alturas diferentes e (c)
suportes laterais (setas vermelhas) com regulagens para frente/trás, medial/lateral e mais
alto/mais baixo (setas pretas) e possibilidade de remoção dos mesmos................................... 20
FIGURA 3.13: (a) cinto pélvico na cadeira adaptada, (b) cinto pélvico sendo utilizado por um
paciente, impedindo que o mesmo escorregue no assento ....................................................... 21
FIGURA 3.14: (a) cadeira adaptada com cinto colete, (b) cadeirante utilizando o cinto colete
.................................................................................................................................................. 21
FIGURA 3.15: (a) cadeira de rodas padrão Everest & Jennings com fechamento em X e
material flexível tipo lona no assento e encosto. (b) cadeira de rodas padrão Quickie-
Wheelchair, em alumínio, com fechamento X e lona no assento e encosto. ............................ 23
FIGURA 3.16: (a) cadeira de rodas em X fechada. (b) braço articulado duplo X, conferindo
maior resistência à estrutura da cadeira de rodas ..................................................................... 24
FIGURA 3.17: Cadeira de rodas monobloco com sistema quick-release ................................ 25
FIGURA 3.18 Cadeira de rodas reclinável modelo Tuffy 497E .............................................. 26
FIGURA 3.19: (a) cadeira de rodas da Ortobrás com sistema de tilt no espaço, destacado pelo
círculo vermelho o sistema e (b) cadeira com tilt da Reateam ................................................. 27
FIGURA 3.20: Cadeira adaptada proposta por Van Geffen, com sistema de paralelogramo .. 28
FIGURA 3.21: Protótipo do assento articulado para estudos em bancada ............................... 28
FIGURA 3.22: (a) vista lateral da pelve, (b) vista frontal da pelve, (c) vista posterior da pelve;
setas vermelhas espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS); setas amarelas − espinhas ilíacas
póstero-superiores (EIPS); seta azul crista ilíaca .................................................................. 30
FIGURA 3.23: Cadeira de rodas motorizada Hummel que pode ser comprada atualmente por
cerca de R$8.000,00 ................................................................................................................. 32
FIGURA 3.24: Stand-up wheelchair ........................................................................................ 33
FIGURA 4.1: Assento articulado vista frontal ......................................................................... 39
FIGURA 4.2: Assento articulado vista inclinada, com 27 sensores dispostos em sua superfície
.................................................................................................................................................. 39
FIGURA 4.3: Assento articulado visto em corte ...................................................................... 40
FIGURA 4.4: Disposição dos 27 sensores utilizados para leitura de distribuição de peso ...... 40
FIGURA 4.5: Diagrama de blocos ilustrando o condicionamento de sinais ............................ 41
X
FIGURA 4.6: Circuito para o condicionamento de sinais ........................................................ 41
FIGURA 4.7: Amplificador operacional isolando o Circuito de condicionamento de sinais do
Medidor de Tensão ................................................................................................................... 42
FIGURA 4.8: Modelo representativo do Multiplexador .......................................................... 43
FIGURA 4.9: O NI 6009 da National Instruments .................................................................. 43
FIGURA 4.10: Exibição dos resultados pelas Curvas de Intensidade e de Superfície ............ 44
FIGURA 4.11: Diagrama de blocos representando o sistema de aquisição com sensores FSR
.................................................................................................................................................. 45
FIGURA 4.12: Parte do sistema de aquisição com sensores FSR, onde (1) é a fonte de 5 V,
(2) notebook com o software de aquisição de dados feito na plataforma LabView, (3) NI 6009
da National Intruments, (4) circuito eletrônico contendo as resistências fixas, os
amplificadores operacionais, e conectores para ligação dos sensores, dos multiplexadores, do
NI6009 e da fonte (itens externos à placa) e (5) multiplexadores. ........................................... 45
FIGURA 4.13: Sensores FSR ................................................................................................... 46
FIGURA 4.14: Máquina universal de ensaios aplicando força compressiva no sensor,
sinalizado pela seta ................................................................................................................... 47
FIGURA 4.15: (a) os 27 sensores dispostos na superfície da cadeira de rodas, (b) vista lateral
da cadeira de rodas e sem a espuma do assento, (c) vista lateral da cadeira de rodas com a
espuma D60 sob os sensores .................................................................................................... 50
FIGURA 5.1: Percentual da amostra por sexo ......................................................................... 54
FIGURA 5.2: Posição dos sensores na assento da cadeira de rodas ........................................ 57
FIGURA 5.3: Posição dos sensores e fatores encontrados ....................................................... 61
FIGURA 5.4: Fatores com efeito significativo para alteração da distribuição de peso nas cinco
posições diferentes .................................................................................................................... 64
FIGURA 5.5: mapas de intensidade da participante das fotos da figura 4.6, onde 1 -
corresponde às cinco medições com o assento inclinado 15° para a direita, 2 - às cinco
medições com o assento inclinado 15° para a esquerda, 3 - às cinco medições com o assento
inclinado 15° para frente, 4 - às cinco medições com o assento inclinado 15° para trás e 5 - às
cinco medições com o assento plano, ou seja, sem inclinação. ................................................ 68
FIGURA B1: Distribuição de massa média para F .................................................................. 93
FIGURA B2: Distribuição de massa média para F2 ................................................................ 93
FIGURA B3: Distribuição de massa média para F3 ................................................................ 94
XI
FIGURA B4: Distribuição de massa média para F4 ................................................................ 94
FIGURA B5: Distribuição de massa média para F5 ................................................................ 95
FIGURA B6: Distribuição de massa média para F6 ................................................................ 95
FIGURA C1: relação inversa força X resistência .................................................................... 96
FIGURA C2 Desenho esquemático do sensor FSR ................................................................. 97
FIGURA D1: (a) apoio de pé padrão, basculável para facilitar transferências, (b) apoio de pé e
de perna permitindo elevação da mesma para extensão dos joelhos, (c) apoio de para
indivíduos com paralisia cerebral, com velcros adaptados....................................................... 99
FIGURA D2: Utilização da mesa acoplada à cadeira de rodas, facilitando realização de
atividade de vida diária, bem como a inclusão escolar........................................................... 100
XII
LISTA DE QUADROS E TABELAS
QUADRO 3.1: Resumo dos diferentes tipos de adaptações disponíveis para posicionamento
dos cadeirantes .......................................................................................................................... 34
QUADRO 3.2: Resumo dos modelos de cadeira de rodas para auxiliar o posicionamento e o
conforto de usuários ................................................................................................................. 35
TABELA 4.1 ............................................................................................................................ 48
Valores de massa utilizados para montar a curva de calibração............................................... 48
TABELA 5.1 ............................................................................................................................ 53
Perfil da amostra ....................................................................................................................... 53
TABELA 5.2 ............................................................................................................................ 54
Percentual da amostra por sexo ................................................................................................ 54
TABELA 5.3 ............................................................................................................................ 56
Ajuste do modelo de regressão não linear de calibração dos sensores ..................................... 56
TABELA 5.4 ............................................................................................................................ 59
ICC das medições dos sensores ................................................................................................ 59
TABELA 5.5 ............................................................................................................................ 65
Média de massa estimada para cada Fator, com o peso dos participantes ajustado para o peso
médio de 58 Kg ........................................................................................................................ 65
TABELA B1 ............................................................................................................................. 85
Padrão da Matriz de cargas fatoriais......................................................................................... 85
TABELA B2 ............................................................................................................................. 86
Testes Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e Bartlett.......................................................................... 86
TABELA B3 ............................................................................................................................. 86
Teste de Esfericidade de Mauchly ............................................................................................ 86
TABELA B4 ............................................................................................................................. 87
Testes Multivariados das diferenças entre as posições P ......................................................... 87
XIII
TABELA B5 ............................................................................................................................. 87
Testes Multivariados intra-sujeitos ........................................................................................... 87
TABELA B6 ............................................................................................................................. 88
Testes Univariados ................................................................................................................... 88
TABELA B7 ............................................................................................................................. 89
Comparação aos pares .............................................................................................................. 89
XIV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AFE Análise Fatorial Exploratória
AVD Atividade de Vida Diária
CETEC Centro Tecnológico do Estado de Minas Gerais
CP Centro de pressão
DEMEC Departamento de Engenharia Mecânica
DLC Dor lombar crônica
EIAS Espinha ilíaca ântero-superior
EIPS Espinha ilíaca póstero-superior
HF Huynh-Feldt
ICC Indice de correlação intraclasse
KMO Kaisser-Meyer-Olkin
Labbio Laboratório de Bioengenharia
PC Paralisia Cerebral
SNC Sistema Nervoso Central
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
FSR Force Sensing Resistor
N Newton
cm centímetro
mm milímetro
XV
Kg Kilograma
R
2
Coeficiente de determinação
° Grau
Ω Ohm
s segundos
V Volt
XVI
NOMENCLATURA
Letras latinas
m Massa [Kg]
V volt
Letras gregas
Ω Ohm
π 3,1416 − pi (proporção numérica)
τ constante de tempo [s]
Sobrescritos
2 Quadrado da função
XVII
RESUMO
O presente estudo propõe um novo projeto específico para o assento da cadeira de rodas,
sugerindo que, através das propriedades de um assento móvel nos três planos, a pelve de
indivíduos com disfunções neuromotoras possa se posicionar adequadamente, proporcionando
um efeito em cadeia, com inúmeros benefícios aos cadeirantes. Apesar dos inúmeros modelos
disponíveis de cadeiras de rodas no mercado Brasileiro e no exterior, nenhum apresenta
propriedades similares ao assento articulado, possibilitando o alinhamento pélvico, que é
crucial para a adoção de uma postura adequada. A propriedade do assento articulado, em
alterar a distribuição de peso, foi testada em 34 indivíduos típicos, sem lesão neurológica, por
meio de um sistema de medição composto por 27 sensores. A significância do modelo
estatístico proposto determinou que o assento articulado é capaz de alterar a distribuição de
peso em diversas posições e situações, mesmo quando o peso é controlado. Pode-se dizer que
os objetivos gerais e específicos desta pesquisa foram alcançados e dentre os objetivos a que
este projeto mecânico se propõe, nem todos foram ainda avaliados. O assento móvel nos três
planos parece ser capaz de proporcionar inúmeros benefícios.
Palavras-chave: Bioengenharia; caderia de rodas; alinhamento pélvico; paralisia cerebral
1 INTRODUÇÃO
1.1. Paralisia Cerebral
A Paralisia cerebral (PC) é definida como “uma desordem do movimento e da postura devido
a um defeito ou lesão no cérebro imaturo” (BIALIK e GIVON, 2009). A lesão cerebral não é
progressiva e provoca debilitação variável na coordenação da ação muscular, com resultante
incapacidade da criança em manter posturas e realizar movimentos normais (PALISANO et
al., 2003). O dano ao SNC resulta numa coordenação anormal da ação dos músculos, e não na
paralisia deles, e, embora a lesão cerebral não seja progressiva, as deficiências e as disfunções
podem ser (GÜNEL, 2009). Esta deficiência motora central está freqüentemente associada a
problemas na comunicação, visão e audição, com vários tipos de distúrbios da percepção e um
certo grau de retardo mental ( BIALIK e GIVON, 2009; BOBATH, 1990).
Durante o crescimento e a maturação de uma criança ocorrem grandes alterações no
desenvolvimento motor. A criança com paralisia cerebral também se desenvolve, mas num
ritmo mais vagaroso. Além do atraso em seu desenvolvimento, ele segue um curso anormal,
sendo desordenado e prejudicado, como resultado da lesão cerebral (BOBATH e BOBATH,
1980). A severidade do comprometimento neuromuscular e músculo-esquelético na paralisia
cerebral é extremamente variável, enquanto algumas crianças podem andar e desempenhar
diversas habilidades, outras apresentam completa dependência da assistência de um cuidador
para os autocuidados e para a mobilidade (LEITE e PRADO, 2004). Entre as crianças
incapazes de deambular, algumas são carregadas e transportadas pelos cuidadores, enquanto
outras adquirem a independência através da utilização de cadeira de rodas manual ou
motorizada (PALISANO, 2003). Essas crianças são afetadas pela espasticidade e pelos
reflexos tônicos persistentes (MYHR e WENDT, 1991).
As anormalidades do tônus são um componente integrante da paralisia cerebral e são
comumente classificadas em hipertonia ou hipotonia, de acordo com o tônus muscular
anormal de base (SANGER et al., 2003). Em contraste à hipertonia de membros, existe
freqüentemente uma hipotonia do tronco (MYHR e WENDT, 1991; SHUMWAY, 1986).
2
Os reflexos tônicos têm um significado funcional importante na manutenção da postura contra
a gravidade. Eles são reflexos primitivos que se iniciam já a partir da 25ª semana de gestação,
estão totalmente presentes ao nascimento de bebês a termo, e com a maturação do SNC torna-
se cada vez mais difícil de eliciá-los após os primeiros seis meses de vida (ZAFEIRIOU,
2004). Estes reflexos podem ser observados no indivíduo pico, apesar deles serem
modificados para padrões motores diferenciados mais complexos. Nos indivíduos com lesões
do sistema nervoso central, liberação desses reflexos, levando ao seu aparecimento numa
forma exacerbada (BOBATH, 1978). A liberação dos reflexos tônicos tem um grave efeito no
comportamento motor dos pacientes. Se os reflexos são fortes e ocorrem facilmente, eles
dominam a criança tornando-a incapaz de manter a cabeça na linha média, seguir com os
olhos o movimento de um objeto e de aproximar suas mãos até ela, segurar um objeto, trazer
o objeto à boca, sugar seus dedos ou chupetas. Eles ainda levam a perda brusca de equilíbrio,
quedas e posturas assimétricas. (BOBATH, 1978)
O alinhamento postural é uma questão crucial no tratamento de crianças com paralisia
cerebral, que estão propensas a deformidades na coluna vertebral e o mau alinhamento da
pelve (LUNDY et al., 2009; SAMUELSOON et al., 2004; VEKERDY, 2006). Pesquisas
sugerem uma forte relação entre postura e função fisiológica (HÄGGLUND e WAGNER,
2008). A postura influencia a função cardiorrespiratória, a distribuição de pontos de pressão, o
desempenho do trato digestivo, o sono e a dor (VEKERDY, 2006).
Indivíduos com paralisia cerebral assentam com a pelve mais inclinada para trás (retroversão)
e com o tronco caído para frente (flexionado) como mecanismo de inibição de alguns reflexos
tônicos, mas esta postura impede a contração efetiva dos músculos estabilizadores da coluna,
resultando em instabilidade e colapso do tronco (VEKERDY, 2006; HATTA et al, 2007).
As crianças com paralisia cerebral utilizam com freqüência cadeiras com adaptações
especiais, com o objetivo de melhorar a postura e auxiliar a prevenção de deformidades. Além
disso, elas promovem funcionalidade e maximizam o conforto do paciente (HATTA, et al.,
2007).
1.2. A cadeira de Rodas como recurso terapêutico
A cadeira de rodas é um dos aparelhos terapêuticos mais importantes na reabilitação, utilizada
por um número significativo de indivíduos, merecendo, por isto, atenção especial (BATAVIA
3
et al., 2001; ARAÚJO, 2009).
Este aparato não é simplesmente um assento que permite
mobilidade e conforto ao indivíduo, uma vez que pode substituir um membro incapaz
(BATAVIA et al., 2001; HUNDERTMARK, 1985). A cadeira de rodas é, portanto, um
substituto mecânico para a perda ou incapacidade de realizar as funções deambulatórias, por
isso é importante que ofereça o máximo de suporte postural e manuseabilidade (HASTINGS
et al., 2003; KENWARD, 1971). No entanto, das cadeiras de rodas prescritas, poucas são
confeccionadas sob medidas individuais. A maioria é construída dentro de um modelo padrão,
com adaptações para acessórios adicionais, que o envolvem alterações na base estrutural
(BATAVIA et al., 2001; KENWARD, 1971). Isto é insatisfatório para um grande número de
usuários de cadeira de rodas, que, em virtude de sua comprometida simetria, têm medidas
desproporcionais e, por isso, muitas vezes, não permanecem adequadamente acomodados
(BATAVIA et al., 2001; KENWARD, 1971; COOK e HUSSEY, 2002).
O assento adaptado deve ser o aparelho mais importante e disponível para qualquer indivíduo
que não possa se assentar confortável, seguro e de forma funcional em uma cadeira de rodas
comercialmente disponível (BATAVIA et al., 2001; HASTINGS et al., 2003; KIRBY et al.,
1995).
Partindo do pressuposto de que a configuração da cadeira de rodas pode modificar o
alinhamento da coluna vertebral, então está diretamente relacionada com a mobilidade
funcional de indivíduos com disfunções neuromusculares (HASTINGS et al., 2003;
JANSSEN-POTTEN, 2001; MYHR e WENDT, 1991). Investigadores acreditam, após
realizarem experiência empírica, que a configuração personalizada da cadeira de rodas
melhora o alinhamento da coluna vertebral do usuário no plano sagital (HASTINGS et al.,
2003; JANSSEN-POTTEN et al., 2000). Estudos anteriores demonstraram que as
especificações da cadeira de rodas também influenciam a estabilidade (BATAVIA et al.,
2001).
A cadeira de rodas adaptada deve ser “terapeuticamente” projetada para melhorar a função
global do paciente (BATAVIA et al., 2001; HASTINGS et al., 2003). A fim de atingir este
objetivo, deve-se visar ao aprimoramento da mobilidade, da postura, do tônus muscular, da
habilidade para comer, digerir e respirar, da interação com o ambiente, a partir da postura
sentada e do desenvolvimento psicossocial e cognitivo (MAJAESS et al., 1993; MAURER e
SPRIGLE, 2004; MAY et al., 2004; MYHR e WENDT, 1991). Através desses benefícios, é
4
possível prevenir úlceras dérmicas, deformidades, dores musculares, dentre outros
(BATAVIA et al., 2001; DABNEY et al., 2003).
Geralmente os pacientes que requerem assentos altamente especializados têm espasticidade
extensora severa e muitos desenvolvem acentuada escoliose com rotação de vértebras
(DABNEY, 2003; HOLMES et al., 2003; KALEN et al., 1992). Pacientes com disfunções
neurológicas, que apresentam hipertonia de moderada a grave, têm fixações e contraturas (S-F
et al., 2003). Estas condições repercutem na adaptação de permanecerem sentados em cadeias
de rodas sem acomodações personalizadas (HOLMES et al., 2003).
Diversas pesquisas continuam a investigar os aspectos positivos e negativos das adaptações
individualizadas e dos modelos de cadeira de rodas disponíveis no mercado para auxiliar o
posicionamento dos usuários de cadeira de rodas. Além disso, novos modelos são
freqüentemente propostos, mas poucos têm enfatizado o posicionamento pélvico. Uma vez
que o alinhamento pélvico é crucial para a adoção de uma postura sentada adequada (VAN
GEFFEN, 2008b), são necessários projetos de assentos mais cautelosos e criativos e de
componentes para suporte lvico, com o objetivo de se obter um posicionamento pélvico
otimizado.
5
2 OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
O objetivo geral deste estudo é:
Propor um novo projeto específico para assento de cadeira de rodas, com vistas a obter um
melhor alinhamento pélvico.
2.2. Objetivos específicos
Os objetivos específicos são:
Confeccionar o assento móvel nos três planos e o sistema de medição;
analisar, por meio de um sensor sensível à pressão, a influência do novo projeto específico
para assento de cadeira de rodas, na distribuição de peso de 34 indivíduos sem disfunções
neuromusculares;
avaliar a eficácia do assento articulado em alterar a distribuição de peso na posição
assentada.
Hipótese a testar:
O novo projeto de assento de cadeira de rodas é capaz de alterar o centro de massa do
indivíduo, alterando a distribuição de peso na posição assentada?
6
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Histórico da Cadeira de rodas
A mobilidade é necessária para permitir a realização de todas as atividades de vida diária e a
inclusão social, apresentando um grande impacto na qualidade de vida do indivíduo. Para a
criança, a mobilidade é um pré-requisito para o desenvolvimento cognitivo e social. Quando a
mobilidade é difícil ou impossível, devido a limitações motoras, a cadeira de rodas pode
permiti-la, bem como tornar atividades e a participação nas mesmas possíveis
(SAMUELSSON et al., 2009).
A cadeira de rodas em seu formato atual começou a ser desenvolvida no início do culo
XVIII. Nesta época a cadeira de rodas era de madeira, pesada e de difícil dirigibilidade,
promovendo pouca independência para o usuário. A primeira Guerra Mundial deixou uma
legião de jovens com incapacidades e muitos tornaram cadeirantes, mas, embora a cadeira de
rodas já tivesse rodas de aço, ela não permitia independência na mobilidade (KARP, 1998).
Em 1932, Herbert Everest, que havia se tornado paraplégico em um acidente em mineração, e
seu amigo engenheiro, Jarry Jennings fabricaram a primeira cadeira de rodas dobrável de
alumínio e com braços removíveis, sendo uma inovação e tanto para a época, resultando na
fundação da Everest & Jennings Company, que por muitos anos monopolizou o mercado de
cadeira de rodas. A E&J Company permanece fabricando cadeiras de rodas e ela representou
o surgimento da cadeira de rodas moderna (COOPER, 1998; KARP, 1998).
A segunda Guerra Mundial liderou avanços nos equipamentos terapêuticos, mas ainda
permanecia o conceito one size fits all, ou seja, um único tamanho serviria para qualquer
usuário, ao invés de uma configuração personalizada (COOPER, 2006). Logo após a Segunda
Guerra Mundial surgiram as cadeiras de rodas esportivas como uma ferramenta de
reabilitação (ARDIGO et al., 2005; COOPER, 1998). O movimento esportivo tornou-se tão
efetivo que pesquisas sobre a interação entre o cadeirante e a sua cadeira foram realizadas e,
então, desempenho, durabilidade, conforto e aparência tornaram fatores importantes nos
projetos de cadeira de rodas (ARDIGO et al., 2005).
Existe uma estreita relação entre a cadeira de rodas e o usuário, permitindo que ele expresse a
sua personalidade e seu estilo de vida, e não a sua deficiência (WOUDE et al., 2005).
7
Por volta de 1970 e 1980, a atividade física e o forte desejo por inclusão levaram os usuários a
adaptarem as suas próprias cadeiras para melhor atender às suas necessidades. As cadeiras
manuais se tornaram mais leves, mais acessíveis aos diferentes ambientes e mais funcionais
(COOPER, 1998).
A última década pode ser caracterizada como a década das cadeiras de rodas motorizadas,
devido ao avanço tecnológico. Elas permitem maior independência na mobilidade para
indivíduos com disfunções motoras mais severas. (ATTALI e PELISSE, 2001).
As cadeiras de rodas aperfeiçoaram substancialmente desde sua criação, no entanto, muitos
indivíduos por todo o mundo permanecem imóveis ou dependentes de serem carregados, por
restrições na aquisição desta tecnologia (AMATUZZI e GREVE, 2007).
3.2. Biomecânica e alterações da postura sentada
A posição na qual um indivíduo está com um bom alinhamento corporal é chamada postura
neutra. Nela o indivíduo permanece mais descansado, uma vez que seus músculos não
precisam de muito esforço para mantê-la, no entanto, ela não é uma postura inativa, uma vez
que neste estado a pessoa está pronta para agir. Ela é o ponto de retorno entre extremos de
mudanças posturais (ZOLLARS, 1996).
A posição neutra é uma referência para terapeutas que adaptam cadeiras de rodas e espera-se
que nesta postura o indivíduo esteja com a pelve em neutro (discreta ante-versão) e peso sobre
as tuberosidades isquiáticas, o tronco ereto, mas com as curvas fisiológicas preservadas,
quadril e pernas separados cerca de 5-8° da linha média, articulações dos joelhos e dos
tornozelos com ângulos de 90° e pés repousando na superfície de apoio (BERGER et al.,
1990). Além disso, a cabeça deve estar ereta, na linha média, permitindo o olhar para o
ambiente, os ombros relaxados e os braços livres para movimentar e realizar funções
(BERGER et al., 1990).
8
FIGURA 3.1: Posição neutra: tronco ereto com preservação das curvas fisiológicas da coluna vertebral, pelve em
neutro, peso sob as tuberosidades isquiáticas, pés repousando sobre a superfície
FONTE: Berger et al., 1990.
Indivíduos com disfunções neuromotoras são estimulados a realizar atividades de vida diária
(AVD´S) enquanto permanecem a maior parte do tempo em vários tipos de assento
(MAJAESS et al., 1993; MAY et al., 2004; MYHR e WENDT, 1991). Isto requer que as
cadeiras de posicionamento sejam estruturadas para assegurar uma postura sentada funcional
e otimizada, de modo que o indivíduo possa obter o grau máximo de independência funcional
quando move seus braços e mãos (JANSSEN-POTTEN et al., 2001; MYHR e WENDT,
1991).
A posição da pelve é capaz de dizer sobre o grau e a distribuição do tônus muscular do
indivíduo. (HOLMES et al., 2003). A maioria dos indivíduos espásticos apresenta uma
retroversão pélvica quando sentados, indicando, normalmente, uma excessiva ativação dos
músculos extensores do quadril, ao contrário, uma anteversão pélvica usualmente indica um
tônus bem baixo (HOLMES et al., 2003).
Observando uma pessoa com retroversão pélvica, por exemplo, pode-se constatar facilmente a
influência que a pelve tem sobre o posicionamento de todo o corpo. Os membros inferiores
tenderão à adução e rotação interna com uma concomitante extensão de joelhos e flexão
plantar, como padrão extensor que iniciou no quadril (BERGER e COLANGELO, 1982).
Essa retroversão da pelve também fornece ao indivíduo uma sensação de estar “para trás” no
espaço, descarregando peso sobre o sacro, e por isso ele tenta trazer seu corpo para frente,
9
inclinando seu tronco, com cifose, e hiperestendendo o pescoço para compensar a cifose
torácica (BERGER e COLANGELO, 1982).
(a) (b)
FIGURA 3.2: (a) criança com retroversão pélvica e (b) correção da retroversão pélvica com inclinação anterior
do assento (cunha anterior)
FONTE: Arquivo pessoal da autora
Da mesma forma, quando a pelve é ântero-vertida, reações de equilíbrio e endireitamento
devem resultar em extensão da cabeça e tronco (cabeça e tronco para trás) e flexão do quadril
e joelho (CHOLEWICKI et al., 2000; S-F et al., 2003).
(a) (b)
FIGURA 3.3: (a) paciente com anteversão pélvica e (b) paciente com posicionamento adequado da pelve após
colocação da cunha posterior
FONTE: 2° Simpósio Brasileiro de Adequação Postural, 2008.
10
Corrigindo o alinhamento pélvico, altera-se todo o posicionamento corporal, resultando em
melhora da função manual. Por isto é essencial que toda avaliação na postura sentada se inicie
pela pelve e que toda intervenção se inicie pela sua correção (BERGER e COLANGELO,
1982).
A estabilidade lateral da pelve deve ser avaliada com atenção à distribuição desigual do peso
(CHOLEWICKI et al., 2000; S-F et al., 2003). Os movimentos laterais podem estar
severamente restritos nos indivíduos com escoliose e freqüentemente a cintura pélvica e a
costela mais baixa estão bem próximas uma da outra (DABNEY et al., 2003; HOLMES et al.,
2003; KALEN et al., 1992). Com o objetivo de distribuir o peso do indivíduo o máximo
possível, mudanças na postura devem ser observadas quando o peso é deslocado mais sobre
os dois ísquios (MYHR e WENDT, 1991; CHOLEWICKI et al., 2000; S-F et al., 2003).
FIGURA 3.4: Indivíduo com instabilidade lateral e inclinação pélvica causando distribuição desigual de peso
FONTE: 2° Simpósio Brasileiro de Adequação Postura, 2008.
Finalmente, deve-se observar a função das extremidades superiores quando a posição da
cabeça, do tronco e da pelve é alterada (CHOLEWICKI et al., 2000; JANSSEN-POTTEN et
al., 2001; MYHR e WENDT, 1991; S-F et al., 2003; O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1994).
Alguns pacientes provavelmente necessitam de correções cirúrgicas antes de serem trazidos
para a postura sentada ereta (DABNEY et al., 2003; KALEN et al., 1992; MYHR e WENDT,
1991).
Durante o sentar a posição ótima da pelve é uma discreta ântero-versão, por isso deve
aproximar o máximo possível à inclinação anterior (BATAVIA et al., 2001; JANSSEN-
11
POTTEN et al., 2001; KERR e ENG, 2002; MAURER e SPRIGLE, 2004; MYHR e
WENDT, 1991; NWAOBI et al., 1988; S-F et al., 2003).
Quando um indivíduo se encontra na posição sentada, a lordose lombar desaparece e o peso
do corpo está, na maioria das vezes, sobre as tuberosidades isquiáticas e ao redor de tecidos
moles adjacentes (KERR e ENG, 2002; MORIOKA, 1999). Numa postura sentada ereta, a
linha da gravidade está acima das tuberosidades isquiáticas que atuam como um fulcro, sendo
que o local da linha de gravidade em relação a elas é um fator importante na avaliação da
ativação muscular necessária para manter o equilíbrio (JANSSEN-POTTEN et al., 2001;
MORIOKA, 1999).
FIGURA 3.5: (a) sacro, onde indivíduos com disfunções neuromotoras descarregam pesam erroneamente
quando a pelve está retrovertida e (b) tuberosidades isquiáticas, onde indivíduos sem disfunções neuromotoras
descarregam peso.
FONTE: Zollars, 1996.
FIGURA 3.6: Movimento de anteversão pélvica no plano sagital demosntrado pela seta; movimento de
retroversão, não demonstrado, é o oposto no plano sagital
FONTE: Zollars, 1996.
Resultados de estudos mostraram que, para obter um ângulo de 90°, ângulo de flexão
anatômico do quadril (AAFQ), na posição sentada, o ângulo entre o encosto e o assento
12
deveria ser posicionado em aproximadamente 85° para os pacientes espásticos leves, 63° para
os moderados e 58° para os graves (NWAOBI et al., 1988)
.
Uma vez que o posicionamento do encosto a 63° e a 58° é provavelmente inapropriado do
ponto de vista funcional e estético, o estudo sugere que são necessários projetos de assentos
mais cautelosos e criativos ou projetos específicos de encosto e de componentes para suporte
pélvico, com o objetivo de se obter um posicionamento pélvico otimizado (NWAOBI et al.,
1988).
(a) (b)
FIGURA 3.7: (a) indivíduo com disfunção neuromotora sentado em cadeira de rodas sem adaptação, mas com
ângulo entre o encosto e o assento igual a 90°, o que não significa, necessariamente, que a articulação do quadril
esteja posicionada em 90° ou que o alinhamento vertical da pelve seja o mesmo daquele do encosto, (b) para
obter um ângulo de flexão anatômico do quadril (AAFQ) de 90°, na posição sentada, o ângulo entre o encosto e
o assento deveria ser posicionado em aproximadamente 85° para os pacientes espásticos leves, 63° para os
moderados e 58° para os graves, o que é inviável do ponto de vista funcional e estético
FONTE: (a): Batavia, 2001 e Nwaobi, 1988 e (b): Nwaobi et al., 1988.
Quando um indivíduo senta com ântero-versão e com a linha da gravidade localizada
anteriormente às tuberosidades isquiáticas, os músculos posteriores do tronco se contraem
para conter o efeito da gravidade (KERR e ENG, 2002; MORIOKA, 1999; NWAOBI et al.,
1988; S-F et al., 2003).
Inclinando-se o assento para frente, facilita-se, portanto, a ântero-
versão (KIRB et al., 1995; MORIOKA, 1999; NWAOBI et al., 1988).
Uma postura sentada
ereta é obtida pela discreta ântero-versão, que pode ser proporcionada inclinando o assento
para frente. Assim, a coluna lombar é modificada em relação à lordose, posicionando a linha
13
da gravidade anteriormente às tuberosidades isquiáticas (KIRB et al., 1995; MORIOKA,
1999; NWAOBI et al., 1988).
A inclinação do assento para frente pode ser potencialmente benéfica para os pacientes que
apresentam fadiga após um longo período sentados (JANSSEN-POTTEN et al., 2000;
JANSSEN-POTTEN et al., 2001). A inclinação pélvica e o alinhamento da coluna são
também fatores importantes na prevenção de dor na coluna lombar, causada pelo sentar
prolongado (S-F et al., 2003).
A discussão de uma postura sentada ideal para usuários de cadeira de rodas, sobretudo para
aqueles que realizam a propulsão de sua própria cadeira, ainda não está bem esclarecida, visto
que sentar não é uma posição normal para locomoção (S-F et al., 2003; WEI et al., 2003) Essa
postura é normalmente utilizada por indivíduos sem incapacidade física como uma fase de
transição ou uma posição de descanso, além de adotarem várias outras posições para
realizarem atividades específicas (NWAOBI et al., 1988). Esse paradigma está centrado no
conforto e especificamente em um posicionamento sentado adequado, que promova
alinhamento postural e estabilidade, a fim de melhorar o desempenho funcional dos pacientes
quando estão sentados, prevenir úlceras dérmicas, deformidades, contraturas, dores lombares,
disfunções por esforço repetitivo nas extremidades superiores e cirurgias (UNDY;
LUMSDEN; FAIRHURST, 2009).
A revisão que se segue, dos itens 3.3 e 3.4, descreve os métodos propostos para melhorar o
alinhamento postural de pacientes com disfunções neuromotoras, seja pela adaptação do
sistema de assento ou pela escolha de um modelo específico de cadeira de rodas. Embora
existam diversos recursos para auxiliar o posicionamento dos cadeirantes, poucos são
específicos para a pelve, por isso muitos são ineficazes e outros paleativos.
3.3. Aspectos relevantes para a adaptação adequada da cadeira de rodas e as
adaptações mais comumente disponíveis
Muitos indivíduos com disfunções neuromotoras necessitam de mais suporte postural do que
as cadeiras ou cadeiras de rodas comercialmente disponíveis podem promover. Ambas, a
14
cadeira ou a cadeira de rodas podem ser adaptadas e um Sistema de assento pode ser
especialmente desenvolvido para esta pessoa (ZOLLARS, 1996).
Um Sistema de assento consiste de uma espuma para o assento, de encosto e de componentes
adicionais capazes de promover mais suporte postural para o indivíduo (CONGRAVE e
ROSE, 2003). Um Sistema de mobilidade é a base que permite ao indivíduo mover-se de um
lugar a outro, como, por exemplo, os carrinhos motorizados e a cadeira de rodas. Ele deve ser
uma forma eficiente de locomoção em ambientes internos e externos (CONGRAVE e ROSE,
2003).
As cadeiras de rodas com assentos especiais podem ser a chave para a independência de
pessoas com disfunções, pois um indivíduo incapaz de andar permanece a maior parte do
tempo sentado, portanto, o sistema de assento deve promover-lhe conforto e suporte
(ZOLLARDS, 1996).
Investigadores acreditam, após realizarem experiência empírica, que a configuração
personalizada da cadeira de rodas melhora o alinhamento da coluna vertebral no plano sagital,
a funcionalidade e a estabilidade do usuário (HASTINGS et al., 2003; JANSSEN-POTTEN et
al., 2000).
Para se obter uma adequada prescrição deste equipamento é relevante que se conheçam e
analisem alguns aspectos sobre os cadeirantes, que deve incluir sua faixa etária, o tipo de
seqüela da deficiência, tempo de deficiência, atividades diárias e expectativa de uso. Sugere-
se que o processo de prescrição seja cauteloso e com máxima participação do usuário, ou, se
não for possível, de sua família ou cuidador (AMATUZZI e GREVE, 2007; SÖDERBACK,
2009).
Os sistemas de assento incluem aqueles componentes que suportam o usuário na base móvel e
têm sido revistos até hoje (BATAVIA et al, 2001; LUSARDI e NIELSEN, 2000). Nele, duas
variáveis são bastante importantes: o assento (material e densidade, medidas) e o ângulo entre
assento e encosto (BATAVIA et al., 2001). A escolha por um tipo ou outro de material e
densidade do assento podem resultar em úlcera dérmica, se aquele escolhido não estiver
distribuindo adequadamente a pressão (PIPKIN e SPRINGLE, 2008). Muitos tipos de
almofadas foram desenvolvidas nos últimos anos combinando materiais e formatos diferentes.
A indicação é bastante personalizada, pois cada indivíduo tem uma forma de sentar e a
almofada deve priorizar as necessidades posturais e dermatológicas de cada cadeirante. A
15
altura da almofada pode afetar o acesso aos ambientes, a densidade influencia o equilíbrio e o
posicionamento dos membros inferiores sob o apoio de e o peso interfere na propulsão,
manuseabilidade, portabilidade e facilidade do cuidador de empurrar e puxar a cadeira
(FISCHER, 2007). O contorno e o formato das almofadas devem reduzir ao máximo o
excesso de pressão sobre proeminências ósseas e sobre outras áreas em risco de desenvolver
úlceras dérmicas (FISCHER, 2007).
As almofadas também devem ser conformadas para se adequar às assimetrias, deformidades,
instabilidades posturais (FISCHER, 2007). As almofadas de espuma foram aprimoradas
durante os anos, pois são facilmente escavadas para acomodar deformidades e moldadas para
gerar contornos; além disso, são populares e apresentam baixo custo (APATSIDIS et al.,
2002). Os géis de polímeros, gel fluído e as câmaras de ar também são materiais usados para
confeccionar almofadas e já é possível encontrar no mercado brasileiro todas as grandes
marcas de sistemas de assento disponíveis no mercado internacional. No entanto, uma
carência de profissionais que dominam a técnica para prescrição individualizada desses
produtos e, além disso, existem poucos clientes dispostos a fazer frente aos altos custos
(AMATUZZI e GREVE, 2007). Dentre os formatos das almofadas de espumas mais
utilizados na prática clínica encontram-se: os de espuma com corte em cunha anterior ou
posterior, espuma escavada, espuma reta com calço de borracha, como podem ser vistas nas
figuras 3.8a, 3.8b e 3.9, respectivamente. Seguindo a ordem: espuma com corte em cunha
anterior ou posterior, espuma escavada e espuma reta com calço de borracha, elas têm por
objetivo diminuir a retroversão pélvica, diminuir a anteversão pélvica, proporcionar flexão de
quadril em indivíduos com forte tônus extensor e alinhar desvios pélvicos no plano frontal,
respectivamente (BERGER et al.,1990; BERGER e COLANGELO, 1982; ZOLLARS, 1996).
Pode-se ainda utilizar o cinto pélvico ou cinto calção para evitar que o paciente deslize para
frente ou para auxiliar o alinhamento pélvico no plano transverso (ZOLLARS, 1996).
16
(a) (b)
FIGURA 3.8: (a) assento adaptado com abdutor, indicado pela seta, e em cunha anterior para retroversão pélvica
e (b) assento adaptado com abdutor e em cunha posterior para anteversão pélvica
FONTE: Arquivo pessoal da autora
FIGURA 3.9: Assento adaptado com abdutor e calço na região posterior à esquerda, indicado pela seta, utilizado
para desvios posturais laterais, neste caso, curva da coluna vertebral com concavidade à direita
FONTE: Arquivo pessoal da autora
A largura do assento deve ser determinada pela largura do quadril do usuário, bem como pelo
posicionamento correto dos braços, ao impulsionar as rodas traseiras, pelo espaço corporal
para movimentação, adequando às dimensões externas da cadeira de rodas em relação ao
meio físico, e pelo equilíbrio e posicionamento adequados (BATAVIA et al., 2001 e
BENNETT et al., 2009). Muitos usuários, a maioria lesados medulares, que realizam a
propulsão da própria cadeira preferem que elas sejam estreitas, adicionando apenas 2 cm a sua
largura, pois desta forma melhor acesso aos diversos ambientes e mais facilidade nas
manobras em pequenos espaços (COOPER, 1998). O mesmo não ocorre com as cadeiras de
rodas confeccionadas sob medida ou compradas com medidas padronizadas, para as crianças
com paralisia cerebral, uma vez que estão em fase de crescimento. Para elas, a cadeira de
rodas é cerca de 5 cm maior do que a largura do quadril delas e este espaço é preenchido com
espumas laterais, que geram conforto e suporte corporal (BATAVIA et al., 2001;
KENWARD, 1971).
17
FIGURA 3.10.: Espumas do assento adaptado: assento escavado com espuma tipo caixa de ovo na região
escavada e as espumas laterais preenchendo o “excesso” da largura da cadeira de rodas, ambos indicados por
setas
FONTE: Arquivo pessoal da autora
O comprimento ou a profundidade do assento é a distância entre o encosto e o término do
assento e deve ter a mesma medida do comprimento da coxa na posição sentada (distância do
glúteo à fossa poplítea) para permitir o máximo contato entre sua superfície e a perna do
usuário (COOPER, 1998). Desta maneira distribui melhor o peso e previne úlceras dérmicas.
Se o assento é muito curto, pouco peso será distribuído nas coxas, aumentando descarga sob
as proeminências ósseas, no entanto, é necessário que exista uma folga de dois a três dedos
entre o término do assento e a fossa poplítea, evitando compressão nervosa e/ou vascular
(HAMANAMI e TOKUHIRO, 2004; ROSENTHAL, 1996).
Geralmente os pacientes que requerem assentos altamente especializados têm espasticidade
extensora severa e muitos desenvolvem acentuada escoliose com rotação de vértebras
(DABNEY, 2003; HOLMES et al., 2003; KALEN et al., 1992). Pacientes com disfunções
neurológicas, que apresentam hipertonia de moderada a grave, têm fixações e contraturas (S-F
et al., 2003). Estas condições repercutem na adaptação de permanecerem sentados em cadeias
de rodas sem acomodações personalizadas (HOLMES et al., 2003).
As cadeiras de rodas confeccionadas para crianças com paralisia cerebral que apresentam
apenas o objetivo de posicionamento têm um ângulo entre assento e encosto entre 90 e 100°,
sendo que o assento está paralelo ao chão e o encosto inclinado 10° para trás (S.M. et al.,
2007). Já as cadeiras de rodas utilizadas por indivíduos que realizam sua própria propulsão
apresentam uma inclinação do assento para trás de 10° (DESROCHES et al., 2006). A
18
inclinação do assento é importante para a fixação e estabilidade do usuário à cadeira e
influencia no alinhamento corporal, além de favorecer a propulsão das rodas e evitar que o
usuário escorregue para frente no assento. Ela é vista freqüentemente nas cadeiras de rodas
denominadas Monobloco (BERTOCCI, et al., 2003; JANSSEN-POTTEN et al., 2001; WEI et
al., 2003).
Aissaoui et al.(2002) demonstrou que a inclinação do assento para trás de 10°
aumenta significativamente a efetividade da força de propulsão (componente tangencial), em
um grupo de usuários de cadeira de rodas.
A altura do encosto é determinada entre o assento e o término do encosto (LUSARDI e
NIELSEN, 2000). Esta medida é ponderada de acordo com as capacidades do paciente. Em
alguns casos, o inadequado controle de cabeça exige um apoio de cabeça associado a um
encosto mais alto, enquanto que um inadequado controle de tronco exige apenas um encosto
mais alto, mas, sempre que possível, o encosto deve ter altura abaixo da escápula, permitindo
ampla mobilidade e equilíbrio do usuário (HASTINGS, et al., 2003; MAY, et al., 2004).
A inclinação do encosto varia de acordo com os modelos disponíveis no mercado, sendo o
mais utilizado a inclinação de 10 graus (MAY, et al., 2004). Um encosto com uma espuma de
alta densidade, mais firme, deve ser sempre utilizado quando o usuário apresenta paralisia
cerebral e antes da espuma um compensado de madeira é utilizado para que o encosto não
sele, resultando em cifose indesejada (BERGER e COLANGELO, 1982). O encosto pode
ainda ser escavado para acomodar deformidades fixas, prevenindo que elas se transformem
em pontos de pressão que geram as úlceras dérmicas, ou pode ser adaptado, de forma a
auxiliar no alinhamento do tronco não deformado (ZOLLARS, 1996).
19
(a) (b) (c)
FIGURA 3.11: (a) e (b) indivíduo com deformidade fixa na coluna vertebral e (c) encosto adaptado escavado
para acomodar deformidade fixa causada pela cifoescoliose
FONTE: 2° Simpósio Brasileiro de Adequação Postural, 2008.
Os componentes adicionais capazes de promover mais suporte postural para o cadeirante
também fazem parte do Sistema de assento (CONGRAVE e ROSE, 2003).
Dentre estes componentes a serem considerados para a prescrição de CR serão descritos, neste
tópico, os suportes laterais do tronco (ou hastes laterais), o abdutor, o cinto pélvico (cinto
calção) e o cinto torácico (cinto colete), por apresentarem maior relação com os recursos
disponíveis para auxiliar o posicionamento de pacientes com disfunções neuromotoras,
embora nem todos sejam abordados diretamente pela pelve. Os demais componentes, como a
altura e o ângulo do apoio de pé, o comprimento e a altura do descanso de braço, a mesa, o
sistema de freio e a estética encontram-se descritos no Anexo E.
Os suportes laterais do tronco, quando posicionados dos dois lados na mesma altura,
promovem uma orientação para o paciente sobre o alinhamento postural adequado e
estabilidade para o tronco, sendo que sua altura dependerá da quantidade de controle postural
e estabilidade requerida (ZOLLARS, 1996). Segundo Zollars (1996), os suportes podem ser
posicionados próximos à caixa torácica, limitando movimento ou colocados um pouco
afastados da caixa torácica, permitindo movimento discreto de um lado para o outro. Eles
também podem estender do encosto até a parte anterior do tronco para maior suporte ou
podem ser curtos se menos suporte é necessário. Se os suportes laterais são necessários apenas
para algumas atividades, eles devem ser removíveis quando necessário (ZOLLARS, 1996). Se
o indivíduo apresenta uma curva flexível com inclinação do tronco para o lado e necessita de
20
mais apoio para prevenir deformidades nesta postura, então os suportes laterais do tronco
podem ser posicionados com alturas diferentes, alinhando o tronco: um suporte ficará do lado
côncavo, no limite superior da curva e o outro do lado convexo, no limite inferior da curva.
(BERGER et al.,1990). Se a inclinação do tronco para o lado é uma deformidade fixa, então a
adaptação será realizada de forma que os suportes de tronco apóiem a curva prevenindo sua
progressão, mas sem a intenção de corrigi-la (BERGER et al.,1990).
(a) (b) (c)
FIGURA 3.12: (a) suportes com mesmas alturas, (b) suportes com alturas diferentes e (c) suportes laterais (setas
vermelhas) com regulagens para frente/trás, medial/lateral e mais alto/mais baixo (setas pretas) e possibilidade
de remoção dos mesmos
FONTE: Arquivo pessoal da autora
O abdutor é utilizado quando ambas as pernas movem em direção à linha média (adução). A
intenção é que este dispositivo seja um suporte limitando o movimento de adução e mantendo
as pernas separadas na posição neutra (pernas nem abduzidas abertas nem aduzidas
fechadas) (ZOLLARS, 1996).
Inicialmente, os cintos eram colocados nas cadeiras de rodas para atuarem apenas como um
dispositivo de segurança, impedindo que o usuário caísse para fora delas, mas atualmente os
cintos também apresentam fins terapêuticos de posicionamento (BERGER et al., 1990). O
cinto pélvico tem por objetivo estabilizar a pelve impedindo que o paciente escorregue no
assento e, desta forma, auxiliar no posicionamento mantendo a postura adequada do usuário
da cadeira (BERGER et al., 1990). Ele pode ainda ser regulado com forças de magnitudes
diferentes nos lados esquerdo e direito, objetivando corrigir desvio pélvico no plano
transverso (rotação) (ZOLLARS, 1996). O cinto colete promove estabilidade anterior para o
tronco auxiliando na manutenção da postura ereta e na segurança do cadeirante
21
(O´SULLIVAN e SCHMITZ, 1994). Ele deve gerar segurança e conforte, sem limitar a
respiração ou causar irritações na pele (O´SULLIVAN e SCHMITZ, 1994).
(a) (b)
FIGURA 3.13: (a) cinto pélvico na cadeira adaptada, (b) cinto pélvico sendo utilizado por um paciente,
impedindo que o mesmo escorregue no assento
FONTE: Arquivo pessoal da autora
(a) (b)
FIGURA 3.14: (a) cadeira adaptada com cinto colete, (b) cadeirante utilizando o cinto colete
FONTE: Arquivo pessoal da autora
A base de mobilidade deve suportar o sistema de assento e deve ser uma estrutura segura e
estável sob a qual o indivíduo possa se locomover (BERGER et al., 1990). De acordo com
Berger (1990), a mobilidade pode ser: 1) dependente (propulsão gerada por alguém que está
empurrando a cadeira de rodas), 2) manual independente (cadeirante realiza a propulsão), 3)
motorizada independente (propulsão ativada atrás de joystick, da voz ou de interruptor). A
base de mobilidade, estrutura e armação não deve apenas promover suporte estrutural, mas
também servir para uma adequada dirigibilidade e locomoção (BATAVIA et al., 2001). Se a
base de suporte for pesada ou pobremente manuseável, o usuário provavelmente ficará
22
insatisfeito com a cadeira de rodas (BATAVIA et al., 2001). As dimensões da base de
mobilidade da cadeira de rodas irão determinar também a facilidade ou dificuldade de
atravessá-la em locais com dimensões restritas, portanto, deve manter o acesso do usuário ao
seu ambiente (BATAVIA et al., 2001 e KENWARD, 1971).
Se a prescrição da cadeira de rodas visa à otimização da funcionalidade, então é interessante
enfocar a transdisciplinaridade, aumentando a visão crítica dos profissionais envolvidos, em
outras disciplinas, sem que os mesmos limitem seus conhecimentos às suas áreas específicas.
A posição neutra é uma referência para terapeutas que adaptam cadeiras de rodas porque ela
permite uma base de suporte estável, deixa o corpo em um estado otimizado para agir,
favorece a exploração visual do ambiente e otimiza a função dos braços e mãos (BERGER e
COLANGELO, 1982).
Nesta revisão, observou-se que das adaptações disponíveis muitas estão direcionadas para o
conforto e para a funcionalidade do paciente. Sabe-se que o conforto e a funcionalidade do
cadeirante são aspectos importantes e que devem ser considerados, no entanto, uma vez que o
posicionamento pélvico é priorizado, estes aspectos podem ser atingidos mais facilmente.
Dentre aqueles recursos direcionados para o alinhamento pélvico como, por exemplo, as
espumas em cunha e com calço, percebe-se que são extremamente artesanais e, muitas vezes,
realizados de forma empírica, por isso terapeutas e pacientes podem se beneficiar por um
projeto específico de assento que permite ajustes de acordo com as necessidades do indivíduo
com lesão neurológica, promovendo, desta forma, um posicionamento lvico otimizado e
conseqüentemente os benefícios deste alinhamento.
3.4. Modelos disponíveis de cadeira de rodas na atualidade
Vimos anteriormente que existem três categorias gerais de necessidades de mobilidade sobre
rodas: mobilidade dependente, manual independente e motorizada independente. Dentro
dessas três categorias, existem centenas de estilos e opções disponíveis, portanto serão
abordadas, em sua maioria, aquelas comumente encontradas e disponíveis no mercado
brasileiro.
23
O modelo mais convencional, modelo padrão, muitas vezes também denominado como
cadeira de rodas genérica, apresenta as seguintes características: assento e encosto de lona
suspensos por uma estrutura tubular (ferro ou alumínio) na horizontal e na vertical
respectivamente, dobrável em X, com rodinhas dianteiras aro 8”, rodas traseiras aro 24” e aro
de propulsão de 22”. Este modelo de cadeira de rodas é, de longe, o mais prescrito em todo o
mundo, devido à simplicidade do design e conseqüentemente economia de investimento
(BRUBAKER, 1986).
(a) (b)
FIGURA 3.15: (a) cadeira de rodas padrão Everest & Jennings com fechamento em X e material flexível tipo
lona no assento e encosto. (b) cadeira de rodas padrão Quickie-Wheelchair, em alumínio, com fechamento X e
lona no assento e encosto.
FONTE: www.quickie-wheelchair.com
As cadeiras de rodas convencionais dobráveis em X apresentam uma estrutura e um
mecanismo de fechamento bastante simples, mas muitas vezes são volumosas e pesadas e a
maioria dos usuários não consegue posicioná-las em um veículo sem ajuda de terceiros. Os
braços articulados em X, ver figura 3.16b, podem ser únicos ou duplos, sendo que os duplos
conferem maior resistência à estrutura da cadeira de rodas (COOPER, 1998). Essas cadeiras
não apresentam qualquer tipo de regulagem de posicionamento dos ângulos do assento ou do
ângulo entre assento e encosto.
24
(a) (b)
FIGURA 3.16: (a) cadeira de rodas em X fechada. (b) braço articulado duplo X, conferindo maior resistência à
estrutura da cadeira de rodas
FONTE: (a) arquivo pessoal da autora e (b) Catálogo de produtos da Tok-leve, 2009.
Outro modelo de cadeira de rodas bastante comum e facilmente encontrado em
estabelecimentos comerciais são as cadeiras de rodas monobloco, também conhecidas como
cadeiras de rodas com fechamento em “L”. O mecanismo de fechamento em “L”, muito
utilizado nas cadeiras bastante leves (conhecidas como cadeiras ultralight), se resume ao
rebaixamento do encosto sobre o assento e à retirada das rodas traseiras pelo mecanismo
quick-release (COOPER, 1998). Isso as torna compactas e fáceis de serem transportadas. O
mecanismo quick-release, como o próprio nome diz, é a retirada rápida de componentes do
equipamento, através apenas da liberação de uma trava, sendo que a mesma facilidade é
encontrada para montá-la novamente. Esse modelo, freqüentemente apresenta uma inclinação
do assento para trás de 10° favorecendo a estabilidade do usuário à cadeira e a propulsão das
rodas sem que o usuário escorregue para frente (BERTOCCI, et al., 2003; DESROCHES et
al., 2006; JANSSEN-POTTEN et al., 2001; WEI et al., 2003).
Embora este modelo tenha essa praticidade para desmontagem e remontagem, as cadeiras
monobloco, assim como aquelas dobráveis em X, também não apresentam regulagens para
variar posicionamentos.
25
FIGURA 3.17: Cadeira de rodas monobloco com sistema quick-release
FONTE: Catálogo italiano de produtos Otto Bock
As cadeiras de rodas recliner ou reclináveis (Fig. 3.18) apresentam ajustagens no ângulo do
encosto que podem ser realizados enquanto o cadeirante está assentado sob o equipamento
(BERGER et al., 1990). Deve-se observar atentamente o que ocorre com a posição das
almofadas de posicionamento enquanto o encosto é inclinado. Os apoios de cabeça e suportes
de tronco podem causar incômodos e acidentes, caso fiquem inadequadamente posicionados
(DING et al., 2008) . O apoio de braço também tende a ficar mais distante do membro
superior enquanto o encosto é inclinado. Estudos demonstraram que os usuários de cadeira de
rodas utilizam o encosto reclinado quando querem descansar e obter maior conforto, mas o
objetivo terapêutico desta inclinação é também o de variar a distribuição de pressão (DING et
al., 2008). Deve-se ter cautela ao prescrever uma cadeira recliner quando o cadeirante
apresenta espasticidade extensora. A espasticidade extensora é um evento no qual grande
parte dos músculos do corpo se contrae simultaneamente causando extensão de cabeça,
tronco, quadril, joelho e tornozelo (HONG et al., 2006). Quando o encosto é reclinado, esta
nova posição gera uma extensão de tronco, associada a uma diminuição do ângulo de flexão
do quadril, favorecendo então a ocorrência da espasticidade extensora por efeito em cadeia
(HASTINGS et al., 2003). No momento da prescrição do modelo da cadeira de rodas, é
importante ter em mente que as reações de endireitamento sempre irão influenciar a postura se
a coluna do indivíduo estiver reclinada, considerando-se o ângulo do quadril, ou seja, uma
cadeira tipo recliner irá influenciar a postura de diversos segmentos corporais (KERR e ENG,
2002; S-F et al., 2003). Aproximadamente a de posição reclinada, o indivíduo tende a
flexionar a cabeça ligeiramente para frente, a exemplo de como fazemos no assento do carro.
26
(CHOLEWICKI et al., 2000). A partir de 15°, o indivíduo que apresenta respostas de
endireitamento provavelmente começa a curvar o tronco em flexão. (CHOLEWICKI et al.,
2000). As cadeiras de rodas reclináveis têm a opção de variar a angulação do encosto, sem
alterar o posicionamento do assento, portanto, ela parece ser capaz de diminuir o incômodo
gerado pela manutenção da postura sentada pro tempo prolongado, mas, por outro lado,
demonstra ser ineficiente para promover um alinhamento postural mais adequado (HONG et
al., 2006).
FIGURA 3.18 Cadeira de rodas reclinável modelo Tuffy 497E
FONTE: www.browardmedicalsupply.com
As cadeiras de rodas com tilt, também conhecidas como cadeiras com tilt no espaço,
permitem que sejam anguladas para trás como um todo, enquanto a postura sentada dos
cadeirantes permanece inalterada, uma vez que não variação do ângulo entre o encosto e o
assento (MACDONALD et al., 2009). Tradicionalmente, é um dos métodos sugeridos para
prevenir úlceras de pressão em usuários de cadeiras de rodas (MACDONALD et al., 2009). O
mecanismo de tilt é capaz de modificar o efeito da gravidade sobre a cabeça e pescoço,
principalmente, assumindo-se que o cadeirante está com apoio adequado do tronco, da pelve e
das pernas; por isso, o tilt para trás pode auxiliar na manutenção da cabeça ereta e no
relaxamento muscular (ZOLLARS, 1996). Este mecanismo pode ser observado na figura
3.19.
Pesquisadores observaram que a combinação dos modelos tilt no espaço e recliner é mais
eficiente para reduzir úlceras de pressão do que um ou outro modelo atuando isoladamente e,
27
atualmente, essas cadeiras com estes dois dispositivos estão disponíveis para usuários em
cadeira de rodas (DING et al., 2008).
(a) (b)
FIGURA 3.19: (a) cadeira de rodas da Ortobrás com sistema de tilt no espaço, destacado pelo círculo vermelho o
sistema e (b) cadeira com tilt da Reateam
FONTE: (a) catálogo de produtos Ortobrás, 2008 e (b) catalógo de produtos Reateam, 2008
Van Geffen (2008a) propôs um sistema para dissociar os segmentos corporais, no plano
sagital, na postura assentada. Desta forma, através de um sistema de quatro barras, um
paralelogramo, a pelve pode ser rotacionada no plano sagital de forma independente do
encosto, como pode ser visto na figura 3.20 (VAN GEFFEN, 2008b). Van Geffen (2008b)
testou este sistema de quatro barras em 15 indivíduos hígidos do sexo masculino e concluiu
que a combinação entre uma rotação pélvica e uma inclinação do assento, independentes, no
plano sagital, é eficaz para regular as forças de cisalhamento e os focos de pressão na região
sacral. Porém, o sistema demonstrou ser incapaz de regular os focos de pressão na região das
tuberosidades isquiáticas. Após estes resultados, o pesquisador espera modernizar seu
dispositivo, estendendo o ajuste da pelve no plano frontal. Dentre os diversos modelos de
cadeira de rodas, descritos, este é o primeiro que prevê algum posicionamento pélvico,
porém, ainda limitado à apenas um plano de movimento, o plano sagital.
28
FIGURA 3.20: Cadeira adaptada proposta por Van Geffen, com sistema de paralelogramo
FONTE: Van Geffen, 2008
Volpini e Pinotti (2008) previram a necessidade de um assento articulado, que auxiliasse o
posicionamento da pelve e, nesta data, o primeiro protótipo havia sido desenvolvido, como
pode ser visto na figura 3.21. Segundo Volpini et al.(2009), além do auxílio na aquisição de
um adequado posicionamento dos cadeirantes, o assento articulado também permite
mobilidade pélvica destes indivíduos nos três planos, diminuindo o risco de úlceras dérmicas
por meio da redução do tempo de permanência em uma postura sentada estática.
FIGURA 3.21: Protótipo do assento articulado para estudos em bancada
FONTE: Volpini e Pinotti, 2008
Diferentes tarefas, configurações corporais e ambientes, requerem diferentes padrões de
resposta muscular e modificação do papel de cada sistema sensorial (BUCHANAN e
HORAK, 2003; DICKSTEIN et al., 2004; LANZETTA et al., 2004). É importante salientar
que alterações na postura e no equilíbrio, na posição sentada, afetam a habilidade para realizar
29
as atividades de vida diária e que existe uma grande variabilidade nas respostas de
endireitamento do corpo e de equilíbrio (LANZETTA et al, 2004).
Através do assento móvel será possível facilitar as reações de equilíbrio e endireitamento,
deixando os batentes livres para que o assento realize o movimento de precessão ou limitando,
através deles, o plano e o grau de movimento desejado para trabalhar o equilíbrio, que está
diretamente relacionado à estabilidade dinâmica.
A teoria do Controle Motor, considerada a estabilidade dinâmica como sendo a habilidade de
transferir peso sobre a base de suporte e o controle de movimentos intencionais do Centro de
Massa depende da habilidade de mover os segmentos corporais para a posição desejada
(BLACKBURN et al., 2003; BUCHANAN e HORAK, 2003; COOK e WOOLLACOTT,
2003; LANZETTA et al., 2004). Portanto, o deslocamento do tronco sem perda de equilíbrio
é imprescindível para o desempenho de atividades funcionais (BUCHANAN e HORAK,
2003; CLOLEWICKI et al., 2000; DICKSTEIN et al., 2004; LANZETTA et al., 2004).
Estudos de desenvolvimento de crianças com disfunções neuromotoras têm documentado,
consistentemente, atraso na aquisição de habilidades motoras,
sugerindo, inclusive, que
muitos desses atrasos, tais como na independência postural e na deambulação, se devem ao
pobre equilíbrio e controle postural (BERTENTHAL e HOFSTEN, 1998; BURTNER, P.A.;
QUALLS, C., WOOLLACOTT, 1998).Uma das dificuldades de se encontrarem estudos sobre
a dor nesses pacientes é a falta de comunicação e as limitações cognitivas freqüentemente
vistas neles (ENGEL et al., 2003).
Usuários de cadeira de rodas estão acostumados a manter uma postura sentada estática por
longo período, muitas assimétricas, e a realizar quase todas suas Atividades de Vida Diária
(AVD´S) nesta mesma posição (WHITE; KIRBY, 2003). Esta postura estática e assimétrica
contribui não para o aparecimento de dor lombar crônica (DLC), mas também para
deformidades ósseas, como escoliose, encurtamentos musculares e surgimento de úlceras
dérmicas (ENGEL et al., 2003; WHITE; KIRBY, 2003). Uma das dificuldades de se
encontrarem estudos sobre a dor nesses pacientes é a falta de comunicação e as limitações
cognitivas freqüentemente vistas neles (ENGEL et al., 2003; ENGEL; JENSEN;
SCHWARTZ, 1999).
O assento móvel permitirá mobilidade da pelve nos três planos, diminuindo o seu tempo de
permanência em uma postura estática e prevenindo a ocorrência de DLC. Além disso, pode-
30
se mover o assento de forma que se obtenha o alinhamento pélvico adequado e,
conseqüentemente, o da coluna vertebral, proporcionando um bom posicionamento sentado e
prevenindo deformidades como escoliose.
A pelve está neutra quando as proeminências ósseas, denominadas espinhas ilíacas ântero-
superiores (EIAS), estão discretamente abaixo das proeminências ósseas no topo e atrás da
pelve, espinhas Ilíacas póstero-superiores (EIPS) (ver Fig. 5.6) (KNOX, 2002; GILSDORF,
1990). Se a pelve está fixa em certa posição, o resto do corpo também ficará fixo em uma
determinada postura, ao passo que, se a pelve for capaz de atingir a postura neutra, o resto do
corpo te uma maior chance de alcançar também a posição neutra (KNOX, 2002). Isso
acarreta ao paciente menor gasto energético, uma base de suporte estável, ampliação da visão,
melhor função dos braços e mãos, além de prevenir problemas secundários citados
anteriormente (BERTENTHAL; HOFSTEN, 1998; KNOX, 2002).
(a) (b) (c)
FIGURA 3.22: (a) vista lateral da pelve, (b) vista frontal da pelve, (c) vista posterior da pelve; setas vermelhas −
espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS); setas amarelas − espinhas ilíacas póstero-superiores (EIPS); seta azul
crista ilíaca
FONTE: Zollars, 1996.
A maioria dos indivíduos com disfunções neuromusculares apresenta uma pelve em
retroversão ou fixa (ENGEL; JENSEN; SCHWARTZ, 1999; KNOX, 2002).
Através do assento móvel será possível mobilizar a pelve no plano sagital e posteriormente
angular o assento de forma que a mesma permaneça numa postura o mais próximo possível de
31
neutro, para que a função dos braços e mãos seja otimizada, proporcionando ao indivíduo
melhor desempenho de suas atividades.
Outra conseqüência comum do mau alinhamento pélvico que resulta em assimetria é a
descarga desigual de peso (ROSENTHAL et al., 2003) Quando o peso não é distribuído
adequadamente sob as tuberosidades isquiáticas, a pressão excessiva é aplicada à pele,
geralmente sob uma proeminência óssea; no caso dos usuários de cadeira de rodas, que
permanecem sentados por período de tempo prolongado, o fator extrínseco mais importante
para o surgimento de úlceras dérmicas torna-se presente (BRIENZA, et al., 2001;
ROSENTHAL et al., 2003). Tendo em vista que o assento móvel é capaz de realizar
deslocamento de peso através do movimento de precessão ou auxiliar no alinhamento
postural, distribuindo o peso nas tuberosidades isquiáticas, ao angulá-lo de acordo com o
plano(s) para o qual se deseja que o peso seja descarregado, pode-se então prevenir úlceras
dérmicas, uma vez que o peso foi deslocado igualmente para ambos os lados.
As cadeiras de rodas motorizadas (Fig. 3.22) podem ser prescritas para uma infinidade de
disfunções motoras e elas mudam significantemente a vida física e psíquica de seus usuários
através da inclusão social (EVANS et al., 2005). Embora elas pareçam práticas, alguns
cadeirantes apresentam dificuldades de adaptação e utilização deste equipamento. É
necessário treino para aprender a guiá-la, a realizar mudanças de direção com destreza e a
utilizar o sistema de freio corretamente a tempo. Além disso, terrenos irregulares e áreas com
grande número de pedestres dificultam a sua utilização. Apesar de existirem recursos
tecnológicos, como as cadeiras motorizadas, disponíveis, capazes de melhorar a qualidade de
vida de muitos indivíduos, a utilização dos mesmos no Brasil ainda é bastante limitada
(AMATUZZI e GREVE, 2007). Há ausência de recursos financeiros na aquisição dos
dispositivos e do custeio do serviço por parte dos órgãos públicos de saúde e pelas empresas
privadas de saúde, por isso, na maioria dos casos, os usuários de equipamentos terapêuticos
no Brasil precisam financiar a si mesmos, tornando a utilização desta tecnologia proibitiva,
pelo seu alto custo (AMATUZZI e GREVE, 2007).
32
FIGURA 3.23: Cadeira de rodas motorizada Hummel que pode ser comprada atualmente por cerca de
R$8.000,00
FONTE: www.viverenet.com
Muitas das necessidades das pessoas podem ser satisfeitas por uma cadeira manual tradicional
ou por uma cadeira motorizada, mas uma parte deste grupo de indivíduos com disfunções
neuromotoras apresenta dificuldade ou impossibilidade de usar independentemente um desses
dois modelos de equipamento (SIMPSON, 2008). Esta população inclui pessoas com
deficiência visual, espasticidade, tremores e déficits cognitivos (SIMPSON, 2008). Para
atender a esta população, pesquisadores desenvolveram um equipamento robótico de
mobilidade denominado Smart wheelchair. Uma Smart wheelchair é uma cadeira de rodas
motorizada padrão conectada a um computador e a vários sensores ou pode-se dizer também
que ela é a base de um robô móvel no qual anexou-se um assento (SIMPSON, 2005). A Smart
wheelchair foi desenvolvida para promover assistência de navegação ao usuário de muitas
formas diferentes, como, por exemplo, impedir colisões, auxiliando na execução de tarefas
específicas (SIMPSON, 2005).
Algumas Smart wheelchair apresentam a possibilidade de alternar a postura sentada,
permitindo ao usuário permanecer na posição de (ATTALI e PELISSE, 2001;
CHURCHWARD, 1985). Estas cadeiras se chamam Stand-up Wheelchair (Fig. 3.23) e elas
não necessariamente são uma smart wheelchair.
33
FIGURA 3.24: Stand-up wheelchair
FONTE:www.planetmobility.com
Dentre os modelos de cadeira de rodas descritos nesta revisão da literatura, pode-se observar
que não há disponível no mercado, nenhum com ajuste pélvico. Dentre os modelos discutidos
anteriormente, além de Volpini (2008), o modelo de Van Geffen (2008a) é o único que
também propõe regulagem no assento da cadeira de rodas. Embora este tipo de ajuste tenha
sido proposto por Van Geffen (2008a), é interessante ressaltar que essa tecnologia está ainda
sendo testada em pesquisas científicas. Será possível observar, após a leitura do capítulo 4,
que o assento proposto no presente estudo supera os diversos modelos discutidos nesta
revisão, por sua capacidade de promover inúmeros ajustes e benefícios e pelo seu audacioso
projeto mecânico. Embora muitas das tecnologias descritas acima estejam disponíveis no
mercado, e pareçam oferecer benefícios aos cadeirantes, elas ainda não são bem difundidas
em nosso país.
34
QUADRO 3.1: Resumo dos diferentes tipos de adaptações disponíveis para posicionamento dos cadeirantes
MÉTODO
VANTAGEM
DESVANTAGEM
Adaptações
com
influência
direta sob o
posicioname
nto pélvico
Cunha anterior
Diminui a retroversão pélvica (BERGER et al.,
1990; BERGER e COLANGELO, 1982;
ZOLLARS, 1996)
Permite posicionamento
da pelve apenas no plano
sagital
Cunha
posterior
Diminuir a anteversão pélvica (BERGER et al.,
1990; BERGER e COLANGELO, 1982;
ZOLLARS, 1996)
Permite o
posicionamento da pelve
apenas no plano sagital
Inclinação do
Assento 10°
para trás
Aumenta a efetividade da força de propulsão
(Aissaoui et al., 2002; DESROCHES et al.
2006); impede que o paciente caia para frente
(BERTOCCI et al., 2003; JANSSEN-POTTEN
et al., 2002; WEI et al., 2003)
O aumento da flexão do
quadril pode gerar
encurtamento muscular
Assento
escavado
Proporciona flexão de quadril em pacientes com
tônus extensor (BERGER et al., 1990;
BERGER e COLANGELO, 1982; ZOLLARS,
1996)
Posiciona a pelve apenas
no plano sagital; a flexão
do quadril pode gerar
encurtamento muscular
Calço
Auxilia o posicionamento de desvios posturais,
principalmente no plano frontal (BERGER et
al., 1990; BERGER e COLANGELO, 1982;
ZOLLARS, 1996)
Subjetivo e empírico;
posiciona apenas um
plano de movimento
(frontal)
Cinto pélvico
(calção)
Auxilia o posicionamento pélvico no plano
transverso; impede que o paciente escorregue
para frente (ZOLLARS, 1996)
Mantém o paciente na
cadeira, mas não corrige
desalinhamento pélvico
em todos os planos
Adaptações
sem
influência
direta sob o
posicioname
nto pélvico
Abdutor
Diminuir a adução excessiva indesejada
(ZOLLARS, 1996)
Se usado isoladamente,
não auxilia o
posicionamento da pelve
Suportes
laterais de
tronco
Auxiliam no posicionamento do tronco
(BERGER et al., 1990; ZOLLARS, 1996)
Se usados isoladamente,
não auxiliam o
posicionamento da pelve
Cinto colete
Auxilia o posicionamento torácico e diminui o
risco de queda da cadeira de rodas
(O’SULIVAN e SCHMITZ, 1994)
Se usado isoladamente,
não auxilia o
posicionamento da pelve
35
QUADRO 3.2: Resumo dos modelos de cadeira de rodas para auxiliar o posicionamento e o conforto de usuários
MODELO
VANTAGEM
DESVANTAGEM
Dobrável em X
Economia de investimento e fechamento simples
(BRUBAKER, 1986)
Sem regulagem do ângulo do
assento, e do ângulo entre assento
e encosto (BRUBAKER, 1986)
Monobloco
Compactas, fáceis de serem transportadas (COOPER, 1998);
apresentam inclinação de 10° do assento para trás que
aumenta a efetividade da força de propulsão (AISSAOUI et
al., 2002; DESROCHES et al. 2006) e impede que o paciente
caia para frente (BERTOCCI et al., 2003; JANSSEN-
POTTEN et al., 2002; WEI et al., 2003)
Não apresenta regulagens para
variar posicionamentos.
Reclinável
(Recliner)
Apresenta ajustes no ângulo do encosto (BERGER et al.,
1990); diminui incômodo pela manutenção da postura sentada
por tempo prolongado (HONG et al., 2006)
Apoio de cabeça e suportes de
tronco podem causar incômodos
e acidentes (BERGER et al.,
1990); favorece o tônus extensor
(HASTINGS et al., 2003; HONG
et al., 2006); é ineficiente para
promover alinhamento postural
mais adequado (HONG et al.,
2006)
Tilt no espaço
Diminuem o risco de desenvolvimento de úlceras de pressão
e auxiliam no posicionamento da cabeça (MACDONALD et
al., 2009)
Não promove posicionamento
pélvico (MACDONALD et al.,
2009).
Combinação tilt
e reclinável
Mais eficiente para reduzir úlceras de pressão do que um ou
outro modelo atuando isoladamente (DING et al., 2008).
Não corrige desalinhamentos
pélvicos nos diversos planos.
Modelo de van
Geffen
Permite o basculamento pélvico no plano (VAN GEFFEN,
2008b)
Indisponível no mercado;
posicionamento pélvico apenas
no plano sagital
Cadeiras
motorizadas
Possibilitam maior inclusão social dos cadeirantes (EVANS
et al., 2005)
Não apresenta regulagens para
posicionamento e alinhamento
biomecânico; alto custo
SMART
WHEELCHAIR
Assistência de navegação (SIMPSON, 2008)
Alto custo (AMATUZZI e
GREVE, 2007); não apresentam
regulagens para variar posturas e
posicionamentos
STAND-UP
WHEELCHAIR
Possibilidade de posicionamento em pé
Alto custo; falta de
disponibilidade no mercado
brasileiro
Assento
articulado nos
três planos
Possibilita variedade de posicionamentos sentados e
regulagens nos três planos de movimento; posicionamento
diretamente na pelve; é removível da cadeira permitindo que
a mesma feche facilitando o transporte; pode ser acoplado em
diferentes modelos de cadeira
(VOLPINI e PINOTTI, 2008; VOLPINI et al., 2009)
Não está disponível no mercado
36
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1. Sistema de medição
O sistema de medição é composto pelo assento articulado, pelos 27 sensores FSR (Force
Sensing Resistor) dispostos ao longo da superfície (340 x 340 mm) do assento e pelo sistema
de aquisição de dados associado ao software de processamento e visualização dos resultados.
4.1.1. O assento articulado
O assento foi montado sobre uma rótula. Esta articulação é composta por dois componentes,
sendo um convexo e o outro côncavo. A parte côncava está fixada na plataforma móvel onde
os sensores FSR estão dispostos e a parte convexa está fixada na estrutura da cadeira de rodas.
Este dispositivo instalado de forma central possibilitará o movimento nos três planos (sagital,
frontal e transverso) isoladamente, ou de forma combinada (precessão).
O projeto proposto incluiu a quatro limitadores mecânicos reguláveis, responsáveis por
determinar o ângulo máximo de basculamento ântero-posterior e látero-lateral,
independentemente, assim como controlar a rotação e a precessão, de forma que o movimento
seja compatível com aquele almejado. Há, ainda, uma mola circundando cada limitador
mecânico, garantindo que os movimentos do assento sejam suaves. Este projeto teve a patente
requerida com o número de registro PI0504703-0 (VOLPINI et al., 2007).
O novo assento foi projetado buscando alcançar os seguintes objetivos:
Promover mobilidade ântero-posterior, látero-lateral e rotacional da pelve e conseqüente
movimento do tronco. Ser capaz de promover o movimento tridimensional denominado
precessão.
Promover uma diversidade de posições sentadas confortáveis e um posicionamento pélvico
variado, o que não pode ser alcançado nos assentos atualmente disponíveis.
Permitir treinar as reações de equilíbrio e endireitamento por meio de movimentos
programados de acordo com a necessidade clínica do cadeirante.
37
Prevenir úlceras dérmicas a partir de movimentos e posicionamentos que possibilitam
alterar os pontos de pressão.
Promover otimização da função dos membros superiores, por meio do alinhamento postural
e pélvico, adquirido por meio do ajuste do assento específico e adequado para cada indivíduo.
Ser de fácil operacionalidade para terapeutas, pais e/ou responsáveis e cuidadores.
Manter a segurança da cadeira de rodas para o ocupante, sem colocá-lo em risco de queda
ou ferimento.
Ter limitador mecânico do ângulo de bascular a pelve, para controlar as inclinações ântero-
posterior e látero-lateral.
Ter possibilidade de pré-tensionar as molas conforme a necessidade para opor ou programar
movimentos, visando estimular o cadeirante de acordo com a necessidade de reabilitação.
Ter limitador mecânico para os movimentos de rotação e precessão.
Manter a capacidade da cadeira de rodas de fechar em X para transportá-la
Ter um peso adequado de forma que seja fácil guiá-la e mudá-la de direção
A parte mecânica do sistema é composta basicamente por dez componentes. Alguns dos
mesmos estão numerados de acordo com o número que os representa nas figuras 4.1, 4.2 e
4.3. São eles:
1) Rótula esférica:
45 mm de diâmetro, de material plástico (lubrificável).
2) Flange de fixação da parte fêmea, côncava (2.1) e da parte macho, convexa (2.2) da rótula:
3) Plataforma que suporta o compensado de madeira dos sensores, onde está fixada a parte
côncava da rótula:
chapa de aço, com 3 mm (1/8”) de espessura.
4) Parafuso oco que regula a pré-tensão da mola:
M20 × 60 (externo) e M10 (diâmetro interno onde é transpassado pelo parafuso, que é o
limitador mecânico)
5) Mola: para este estudo, especificamente, não se utilizaram as molas, visto que as posições
avaliadas foram apenas posturas estáticas dos indivíduos, mas os cálculos e as dimensões das
mesmas, supondo-se que uma criança pesando entre 15 e 30 Kg sentaria na cadeira, estão
descritos abaixo:
diâmetro externo: 15,5 mm
diâmetro interno: 11,5 mm
38
passo: 5 mm
espessura do arame: 2,0 mm
altura: 60 mm
A mola helicoidal cilíndrica de seção circular fica distante 12 cm do centro da rótula. O
material da mola é SAE 1070. Para efeito de cálculo, consideraram-se angulações em torno de
10°; a mola sofreria uma compressão de 25 mm. Vamos considerar uma mola de 60 mm de
altura com uma pré-carga de 10 mm para estabilizar o assento. Arbitrou-se como suficiente
um raio de 7,5 mm e diâmetro do arame de 2,0 mm para verificar se estes valores irão atender.
Os cálculos da capacidade da mola e do número de espirais da mesma estão detalhados
abaixo:
Segundo Provenza (1991), o cálculo da capacidade de carga de molas helicoidais cilíndricas
de seção circular segue modelo abaixo
Cálculo da capacidade de carga da mola:
P = (π
3
τ
t
) ∕ 16r
P = [π (2,0)
3
50] ∕ 16 × 7,5
P = 10,47 Kgf
Onde:
P é a capacidade de carga da mola, d é a espessura do arame, τ
t
é a tensão tangencial e r é o
raio da mola.
Cálculo do número de espirais:
Sendo a flecha de 25 mm, então o número de espirais pode ser calculado por meio da fórmula
abaixo:
n = (f × d × G) ∕ 4πr
2
τ
t
n = (25 × 2 × 8250) ∕ 4π (7,5) × (50)
n = 11,67 12,0 espiras
Onde:
f é a flecha, d é a espessura do arame, G é o módulo de elasticidade tangencial (G =
8250 Kgf/mm
2
), r é o raio da mola e τ
t
é a tensão tangencial (40Kgf/mm
2
).
Então, 25 mm é a deflexão total desejada da mola, quando submetida a uma carga de
10,47 kgf para produzir um ângulo de 10°, estando distante 12 cm do centro da rótula.
6) “Copo” de suporte da mola:
diâmetro externo: 34 mm
39
diâmetro interno: 26 mm
altura: 50 mm
7) Assento:
madeira compensada de 10 mm de espessura
8) Parafuso que regula o batente:
parafuso cabeça sextavada M12 × 120
9) Montagem da caixa de mola com o parafuso de regulagem da pré- tensão da mola e com o
parafuso de regulagem do batente
O assento pode ser melhor compreendido por meio da observação das figuras 4.1, 4.2 e 4.3.
FIGURA 4.1: Assento articulado vista frontal
FIGURA 4.2: Assento articulado vista inclinada, com 27 sensores dispostos em sua superfície
2.1
2.2
3
5
8
40
FIGURA 4.3: Assento articulado visto em corte
4.1.2. Sistema de aquisição de dados e software de captura
O sistema de aquisição de dados tem por objetivo fazer a leitura do valor de uma tensão
elétrica, proveniente de um divisor de tensão composto por uma resistência elétrica fixa e uma
resistência variável, o sensor Force Sensing Resistor (FSR), e converter estes sinais em
valores equivalentes à força e enviar o resultado para o software de análise.
Force Sensing Resistor (FSR) é um dispositivo compacto, que apresenta um decréscimo na
resistência com um aumento da força aplicada para ativar a superfície (resistência é
inversamente proporcional à força). No total 27 sensores FSR foram distribuídos ao longo da
superfície do assento (340 x 340 mm), conforme mostrado na figura 4.4.
FIGURA 4.4: Disposição dos 27 sensores utilizados para leitura de distribuição de peso
6
4
9
41
A resistência elétrica é variável de acordo com a força aplicada sobre a superfície do sensor.
Para realizar a leitura do valor da resistência elétrica variável, o sensor FSR utiliza um divisor
de tensão. Este divisor de tensão é um circuito elétrico composto por um sensor de resistência
variável conectado em série à resistência escolhida. Ambas as resistências estão submetidas a
uma diferença de potencial de 5 V, fornecida por uma fonte de computador. Quando não há
força aplicada, estes sensores apresentam uma resistência muito grande, em torno de 20 M,
e quando aplicada uma força de cerca de 30-40 N sua resistência cai para um valor a cerca de
200 Ω. Sua variação da resistência, conforme a força aplicada, segue uma curva exponencial.
Neste sistema de aquisição a variável proveniente do sensor (Resistência Elétrica Variável) é
convertida em um sinal de tensão variável para que ele possa ser manipulado de maneira mais
eficiente e lido por um voltímetro, para tanto, faz-se necessário o condicionamento de sinais.
A figura 4.4 ilustra este procedimento.
SENSOR FSR Condicionamento de Sinais V
Medidor de
Tensão
Força Aplicada:
0 N à 40N
Resposta do Sensor:
Resistência Elétrica:
2MΩ a 200
Resposta do Condicionador à
variação de resistência:
Sinal de Tensão:
0 a 5V
FIGURA 4.5: Diagrama de blocos ilustrando o condicionamento de sinais
Abaixo, na figura 4.6, é possível observar o circuito para o condicionamento de sinais, que se
trata, na verdade, de um simples divisor de tensão.
FIGURA 4.6: Circuito para o condicionamento de sinais
42
Pode-se ver que a entrada do condicionador é o sensor FSR e a saída é tomada como a tensão
da resistência fixa R, cujo valor estipulado é 1 k (1000 Ω). Quando não houver força
aplicada no sensor sua resistência será muito maior que a resistência fixa R. Assim, a tensão
da fonte de 5 V se distribuirá quase que totalmente entre os terminais do sensor FSR e
portando a tensão nos terminais da resistência R será 0 V. No outro extremo, se uma força de
40 N for aplicada ao sensor, sua resistência será em torno de 200 e, de acordo com a regra
do divisor de tensão, a tensão nos terminais de R, segundo a Equação 1, será:
𝑉
𝑅
=
5𝑉×1000Ω
200Ω+1000Ω
𝑉
𝑅
= 4,17𝑉 (1)
Assim, para uma variação em torno de 0 a 40 N, temos, a partir do sensor FSR, uma
resistência elétrica de 2 MΩ a 200 e uma tensão de saída do condicionador de
aproximadamente de 0 a 4,2 V.
O circuito de condicionamento de sinais foi isolado do medidor de tensão através de um
amplificador operacional, na configuração Seguidor de tensão ou buffer, como mostrado na
figura 4.6. Este isolamento tem por objetivo impedir interferências do medidor nos resultados.
FIGURA 4.7: Amplificador operacional isolando o Circuito de condicionamento de sinais do Medidor de Tensão
Neste sistema de aquisição com FSR foram utilizados dois multiplexadores de 16 canais ou
entradas. Cada multiplexador está representado pelo modelo da figura 4.8, sendo que cada um
apresenta 16 entradas, E
1
a E
16,
e quatro entradas de seleção A
0
a A
3
, e uma saída S.
43
FIGURA 4.8: Modelo representativo do Multiplexador
As entradas do multiplexador são ligadas à saída do condicionador de sinais; assim cada
multiplexador comporta 16 sensores FSR,com um total 32 sensores. As saídas dos dois
multiplexadores são inseridas em medidores de tensão, que, neste sistema, são duas entradas
analógicas do NI6009 da National Instruments. As entradas de seleção têm a finalidade de
selecionar uma das 16 entradas de cada multiplexador e conectá-la à saída. O multiplexador
seleciona as entradas E
1
a E
16
de acordo com o sinal de tensão das entradas de seleção A
0
a A
3.
O uso de multiplexadores traz o benefício da economia de entradas analógicas para comportar
os 32 sensores, com a desvantagem de que o período de amostragem é aumentado.
O NI 6009 da National Instruments é um módulo multifunção USB para geração e aquisição
de dados da National Instruments e pode ser visualizada na figura 4.9. Ele possui entradas e
saídas analógicas e entradas e saídas digitais. O NI 6009 é facilmente controlado por
softwares da plataforma LabView. Neste Sistema com FSR foram utilizadas seis saídas
digitais para controlar ambos os multiplexadores e duas entradas analógicas para a leitura
proveniente das saídas dos dois multiplexadores.
FIGURA 4.9: O NI 6009 da National Instruments
44
Por meio do software LabView é possível, além de controlar o módulo NI6009 e o
multiplexador, utilizar várias formas de condicionamento do sinal lido e sua exibição. Foram
implementados filtros para melhorar a qualidade do sinal lido. Para a leitura dos 32 sensores
realizam-se os seguintes passos: seleciona-se um canal pelas saídas digitais, por exemplo, o
canal 1, lê-se o canal selecionado e armazena o valor lido; em seguida, seleciona-se o segundo
canal pelas saídas digitais, -se o canal selecionado, armazena-se o valor e assim
sucessivamente.
Para exibição dos resultados foram utilizadas a curva de intensidade e a curva de superfície,
como mostrado na figura 4.10. Para a exibição dos mesmos foram utilizadas rotinas de
interpolação.
FIGURA 4.10: Exibição dos resultados pelas Curvas de Intensidade e de Superfície
45
Resumindo, todo o sistema de aquisição com sensores FSR pode ser representado pelo
diagrama de blocos as figura 4.11 e pelas fotografias das figuras 4.12 e 4.13.
Condicionamento/
Isolação de dados
Multiplexador 02
SOFTWARE
LABVIEW
Multiplexador 01
NI 6009
Sensor 01
Sensor ...
Sensor 16
Sensor 17
Sensor ...
Sensor 32
AQUISIÇÃO
(Entradas
Analógicas)
Saídas Digitais
FIGURA 4.11: Diagrama de blocos representando o sistema de aquisição com sensores FSR
FIGURA 4.12: Parte do sistema de aquisição com sensores FSR, onde (1) é a fonte de 5 V, (2) notebook com o
software de aquisição de dados feito na plataforma LabView, (3) NI 6009 da National Intruments, (4) circuito
eletrônico contendo as resistências fixas, os amplificadores operacionais, e conectores para ligação dos sensores,
dos multiplexadores, do NI6009 e da fonte (itens externos à placa) e (5) multiplexadores.
1
2
4
3
5
46
FIGURA 4.13: Sensores FSR
4.2. Metodologia de calibração
A calibração do Sistema de Medição contou com o apoio do Setor de testes Físicos da
Fundação Centro Tecnológico CETEC de Minas Gerais. O laboratório Robert Hooke do
CETEC foi responsável por calibrar os sensores de número 1, 16, 17 e 32, num total de quatro
sensores. Todos os sensores do sistema de medição são da marca Interlink Eletronics, modelo
FSR408, com faixa nominal de 10 kgf (5 mV). Para a calibração utilizou-se uma
instrumentação eletrônica associada, composta por um notebook com software LabView,
versão 8.6, com indicação digital e faixa nominal de 3 dígitos e resolução de 1 ponto.
Esta calibração verifica o comportamento à compressão dos sensores, segundo a norma NBR
8197:2002, itens 7 e 8 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A norma NBR
8197:2002 estabelece o método para calibração de instrumentos de medição de força de uso
geral com sistema de indicação direta em unidade de força.
No ensaio de calibração do CETEC utilizou-se como equipamento uma Máquina Universal de
ensaios, tipo eletromecânica, marca INSTRON, modelo 5869, série 5869 P8823 e um
transdutor de força STF 100.03, marca INSTRON, modelo 2525-817, série 61780, faixa
nominal: 50 N, incerteza expandida: ±0,10% (95%; k=2), rastreabilidade: INSTRON.
O ensaio foi realizado com a aplicação de forças crescentes à compressão, com retorno a zero
entre as séries, que foram três no total. As forças foram aplicadas sobre o sensor posicionado
entre a base da máquina de ensaio universal e um disco de borracha com espessura de 5 mm e
47
dureza de 70 SHORE A, conforme visualizado na FIG. 4.14. O cabo de acoplamento do
sensor era de 1500 mm.
FIGURA 4.14: Máquina universal de ensaios aplicando força compressiva no sensor, sinalizado pela seta
Foram selecionados sete valores de cargas para montar a curva de calibração: 0N, 7,0N,
14,0 N, 21,0 N, 28,0 N, 35,0 N, 42,0 N. Durante o ensaio a temperatura do laboratório era de
25,0°C.
A calibração dos demais sensores, realizada no Labbio-UFMG foi a calibração por peso-
morto. A calibração por peso-morto consiste na utilização de diversos pesos-padrão com
pesos e formato bem definidos. Neste estudo foram utilizadas três massas com valores de 1 kg
e quatro massas com valores de 300 g, devidamente numeradas e pesadas, numa balança
calibrada e confiável do Laboratório de Tratamento de Minérios da Escola de Engenharia de
Minas da UFMG. Os pesos-padrão têm formato cilíndrico, com baixa altura, de forma que
possam ser empilhados sobre o sensor sem alterar a estabilidade do sistema como um todo.
As medições foram feitas utilizando o mesmo atuador de borracha usado para a calibração no
CETEC sobre o sensor, com o objetivo de distribuir a força-peso dos pesos-padrão. O sensor
foi fixado em uma superfície rígida e plana.
Foi tomado o cuidado para que a posição do atuador e sensores não sofresse nenhuma
alteração e os pesos-padrão fossem colocados sempre numa mesma ordem e de maneira que
em nenhum momento comprometesse a estabilidade do sistema.
48
Desta forma, com os pesos de 1 kg e os de 300 g, foram feitas medições de tensão referentes
aos pesos das massas, como pode ser visualizada na tabela 4.1.
TABELA 4.1
Valores de massa utilizados para montar a curva de calibração
MASSA (Kg)
0,3
0,6
1,0
1,6
2,0
2,6
3,0
3,6
3,9
4,2
Foram feitas aquisições em três séries, sempre em ordem crescente de peso para cada um dos
28 sensores calibrados no Labbio, devidamente numerados.
O sistema é idêntico ao da calibração no CETEC, de forma que a única alteração foi a forma
de aplicação da força nos sensores.
4.3. Metodologia Clínica
Neste trabalho, houve a participação de 34 indivíduos adultos típicos, ou seja, sem disfunções
neuromotoras, com idade entre 20 e 50 anos, do sexo feminino e masculino, pesando entre 50
e 70 Kg. Essa população foi selecionada de forma arbitrária, por conveniência, por meio de
divulgação da pesquisa em salas de aula no Departamento de Fisioterapia, Terapia
Ocupacional e Educação Física. A participação dos mesmos teve como objetivo avaliar a
49
capacidade do novo assento articulado de redistribuir o peso na postura assentada, quando
devidamente ajustado. Os critérios de inclusão e exclusão estão citados abaixo.
Critérios de inclusão:
indivíduos que concordem em participar da pesquisa e assinar o Termo de consentimento
livre e esclarecido;
indivíduos típicos, sem disfunção neuromotora (lesão neurológica) ou desvios das
curvaturas da coluna vertebral que altere os resultados das medições (escoliose, cifose,
hiperlordose).
Critérios de exclusão:
Indivíduos com massa inferior a 50 kg e superior a 70 kg;
indivíduos com condição clínica que contra-indique a prática do teste do protótipo;
indivíduos que não desejam participação da pesquisa ou que não tenham assinado o
consentimento livre esclarecido.
Os participantes foram avaliados através de inspeção postural estática, nos três planos, para
verificar a ausência de desvios das curvaturas da coluna vertebral.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Minas
Gerais (COEP-UFMG n°383/09) e o Termo de Consentimento livre e Esclarecido (ANEXO
A) foi assinado por cada participante, conforme Resolução 196/96, do Conselho Nacional
de Saúde.
4.3.1. Medidas de avaliação e procedimento
Antes dos procedimentos clínicos, foram realizados, após a construção do assento e do
sistema eletrônico, testes de bancada e calibração do sistema de medição.
Primeiramente, todo o procedimento da pesquisa foi explicado para os participantes e após a
explicação a coleta de dados foi realizada, sempre pela mesma pesquisadora, auxiliada por
outros dois pesquisadores.
Um protocolo foi estabelecido para garantir uma padronização da pesquisa. Solicitou-se que
os participantes sentassem com as mãos sob as coxas, olhando para frente. O apoio dos pés
era ajustado de forma que os ângulos formados entre o tronco e a coxa e entre a coxa e a
50
perna fossem iguais a 90°. A coleta consistiu na aquisição de dados da distribuição de peso
dos participantes em cinco posições diferentes do assento. Sob o sistema de medição estava
localizada uma espuma de 340 x 340 mm, com densidade D60, com 5 cm de espessura, na
qual os participantes assentavam e permitia que a leitura dos sensores fosse realizada
adequadamente (Fig. 4.15a, 4.15b e 4.15c).
(a) (b) (c)
FIGURA 4.15: (a) os 27 sensores dispostos na superfície da cadeira de rodas, (b) vista lateral da cadeira de rodas
e sem a espuma do assento, (c) vista lateral da cadeira de rodas com a espuma D60 sob os sensores
Foram realizadas cinco medidas em cada uma das cinco posições (ajuste) do assento
(CALING e LEE, 2001; DEFLOOR e GRYPDONCK, 1999; HOBSON, 1992). São elas: 1)
assento sem inclinação; 2) assento inclinado 15° para frente; 3) assento inclinado 15° para
trás; 4) assento inclinado 15° para a direita; 5) assento inclinado 15° para esquerda. A partir
de 15° de inclinação pélvica, os indivíduos que apresentam respostas de endireitamento
iniciam a flexão de tronco e, desta forma, o movimento deixa de ser apenas pélvico para
tornar também da coluna vertebral (CHOLEWICKI et al., 2000). Por isto, a angulação
máxima de ajuste do assento articulado em todos os planos foi definida em 15°, para, desta
forma, garantir que o alinhamento fosse apenas pélvico. Algumas dessas angulações podem
ser observadas na figura 4.16. Todos os ajustes do assento foram aferidos por um
Angulômetro, polegadas, da Dasco Pro Inc., e por um Nível de madeira de 14”, marca
Famastil, com duas bolhas calibradas.
51
FIGURA 4.16 (a) cadeira de rodas sem inclinação, (b) cadeira de rodas inclinada no plano sagital 15° para trás,
(c) cadeira de rodas inclinada no plano frontal 15° para a esquerda
Segundo Gutierrez (2004), três segundos é o tempo necessário para que ocorra acomodação
na postura assentada. Cada uma das cinco medidas foram coletas após três segundos, para que
este tempo de acomodação fosse respeitado.
As variações na posição do assento têm por objetivo, no paciente neurológico, promover um
melhor alinhamento postural e, conseqüentemente, melhor distribuição do peso e maior
funcionalidade.
As diferenças na distribuição de peso nas cinco diferentes posições do assento foram
comparada com a da posição inicial, através da análise da distribuição de peso detectada pelos
sensores a ele acoplados. Os sensores convertem sinais em valores equivalentes à força de
distribuição de peso sobre a superfície do assento e enviam o resultado para o software de
análise.
4.4. Análise estatística
Um estudo estatístico descritivo dos participantes foi realizado com o intuito de se
caracterizar a amostra desta pesquisa. Além disto, os resultados obtidos durante o
procedimento de calibração foram analisados através da técnica de regressão, sendo o
52
Coeficiente de Determinação (R
2
), o parâmetro considerado para a verificação da exatidão da
técnica.
O Índice de Correlação Intra Classe (ICC) foi calculado para cada sensor, a fim de se
determinar a confiabilidade dos mesmos. Valores acima de 0,75 para o ICC mostram valores
de congruência, sendo que valores até 0,60 são consideráveis aceitáveis (SHROUT e FLEISH,
1979).
Uma análise Fatorial Exploratória foi realizada para identificar o agrupamento de sensores em
grupos de Fatores. Esse agrupamento teve como objetivo facilitar a análise dos resultados.
Por fim, empregaram-se a ANOVA medidas repetidas para analisar as diferenças entre as
massas medidas em cada parte do assento da cadeira de rodas.
53
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Descrição da Amostra
O tamanho de amostra é igual a 34 e foi definido por permitir a aproximação da anormalidade
da distribuição das médias, pelo teorema central do limite (HUAL et al., 2005). Observa-se
que este tamanho obteve elevado poder de efeito (para os efeitos significativos superior a 80%
na análise de variância), valor considerado bom. Entretanto, para algumas posições do assento
o poder foi mais baixo, sugerindo que outros estudos busquem uma maior amostra em seu
planejamento a fim de verificar diferenças entre as medições.
O perfil da amostra dos participantes do estudo pode ser visualizado na tabela 5.1 e o
percentual da amostra por sexo nas tabelas 5.2 e 5.3.
TABELA 5.1
Perfil da amostra
ESTATÍSTICA
PESO
ALTURA
IDADE
IMC
N
Válidos
34
34
34
34
Excluídos
0
0
0
0
Média
58,8
1,66
24,2
21,4
Desvio
5,5
,06
2,6
1,9
54
TABELA 5.2
Percentual da amostra por sexo
SEXO
Freqüência
Percentual
Percentual
Válido
lido
Masculino
6
17,6
17,6
Feminino
28
82,4
82,4
Total
34
100,0
100,0
FIGURA 5.1: Percentual da amostra por sexo
82,35%
17,65%
Feminino
Masculino
SEXO
55
5.2. Calibração dos sensores
Os sensores foram calibrados por meio do procedimento de regressão não linear do SPSS
15.0. O formato geral do modelo de regressão está representado abaixo, pela Equação 2
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 𝐴 + 𝐵
ln(𝑃𝑅𝐸𝑆𝑆Ã𝑂) + 𝐶
𝐸𝑋𝑃 (𝑃𝑅𝐸𝑆𝑆Ã𝑂/𝐷) (2)
Como desejamos expressar os resultados deste estudo em força, usaremos a equação 3 para
expressar o domínio em força:
𝑃𝑅𝐸𝑆𝑆Ã𝑂 =
𝐹𝑂𝑅Ç𝐴
Á𝑅𝐸𝐴
(3)
É importante ressaltar que a área dos sensores não varia e é igual a 1600mm
2
.
𝐷𝑜𝑚í𝑛𝑖𝑜 𝜖 [0,1 𝐾𝑔, 10 𝐾𝑔]
Onde A, B, C, D são constantes estimadas para cada sensor em um modelo de regressão não
linear e pressão é a leitura numérica dos sensores.
O modelo mostrou bom valor médio do R
2
. Os valores do ajuste e estimativas das constantes
de cada um dos 32 sensores podem ser vistos na tabela 5.3. É importante ressaltar que o
sistema eletrônico é composto por 27 sensores, mas no total 32 sensores foram calibrados,
caso houvesse necessidade de substituição de algum deles.
56
TABELA 5.3
Ajuste do modelo de regressão não linear de calibração dos sensores
SENSORES
R2
A
B
C
D
1
99,648
-419,80842
1006,88335
0,01531
-0,37078
2
99,092
-234,62126
810,89052
0,12132
-0,43440
3
99,807
-317,37842
847,86131
0,02882
-0,38530
4
99,517
-216,78756
777,51510
0,05983
-0,41750
5
99,854
-277,95085
863,41370
0,14357
-0,44537
6
99,620
-252,81377
875,04233
0,06228
-0,41211
7
99,647
-278,64272
942,64783
0,06223
-0,39443
8
99,741
-194,94944
790,61038
0,11119
-0,43606
9
99,838
-278,32981
828,45393
0,04712
-0,41253
10
99,799
-364,10874
1001,14370
0,03667
-0,39638
11
99,788
-340,77932
923,43759
0,02485
-0,38732
12
99,715
-259,10405
857,01790
0,07141
-0,42036
13
99,591
-288,22245
926,17148
0,05218
-0,40451
14
99,577
-345,93796
928,87352
0,02211
-0,37605
15
99,669
-435,14644
1035,66874
0,02631
-0,38424
16
99,769
-274,78276
934,03630
0,06328
-0,41579
17
99,791
-305,26184
914,20363
0,15487
-0,44885
18
99,556
-200,25184
807,75700
0,13483
-0,44541
19
99,545
-331,41653
1003,48773
0,01760
-0,37622
20
99,666
-300,50061
951,09945
0,05683
-0,41227
21
99,866
-236,77005
801,29274
0,12536
-0,44508
22
99,796
-234,46733
828,37284
0,13552
-0,44772
23
99,714
-305,61735
901,51087
0,10677
-0,43783
24
99,607
-286,26213
943,42974
0,06443
-0,41575
25
99,790
-179,72291
766,71992
0,09550
-0,42797
26
99,708
-84,84161
766,90931
0,12763
-0,44100
27
99,643
-269,15069
911,05249
0,03995
-0,40388
28
99,879
-195,50311
791,53660
0,11056
-0,43849
29
99,788
-147,28582
710,40838
0,18762
-0,46131
30
99,748
-282,93949
930,61279
0,03387
-0,39562
31
99,682
-229,85862
878,54553
0,14854
-0,44634
32
99,766
-331,31005
958,11385
0,02531
-0,38941
57
A disposição dos sensores no assento está descrita na figura 5.2. Observar que os sensores 2,
1, 27, 29 e 28 estão na região posterior do assento (onde fica o apoio provável dos glúteos dos
participantes) e os sensores 14 e 17 na região anterior (onde fica o apoio provável da coxa dos
participantes).
2
1
27
29
28
5
3
4
26
25
8
6
7
24
23
11
9
10
22
21
13/31
12
18
20
19
---
14
---
17
---
FIGURA 5.2: Posição dos sensores na assento da cadeira de rodas
Obtiveram-se medições de 34 indivíduos, cinco repetições (MED=5) de cada uma das cinco
posições (P=5), para um total de 27 sensores utilizados. Assim, o total de valores observados
foi igual a 22950 medições. A partir do 10° participante, o sensor de número 13 foi
substituído pelo sensor de número 31, por ter sido danificado.
5.3. Confiabilidade dos sensores
Para cada uma das cinco posições e para cada um dos 32 sensores os dados foram ordenados
do menor ao maior valor. Os dados com o maior e com o menor valor (posições um e cinco)
foram excluídos da análise para evitar que os valores fossem afetados por medições extremas
de cada paciente (BARROSO, 2006).
O Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC do inglês Intraclass correlation coeficient) ou
coeficiente de reprodutibilidade (R) é uma estimativa da fracção da variabilidade total de
medidas devido à variações entre os indivíduos.Com base nas três medições remanescentes,
as três medições centrais, foram calculados os índices de Correlação Intra Classe (ICC), para
58
medir o grau de congruência entre medições repetidas. O ICC utilizado foi do tipo Two Way
Mixed, pois considera-se que os efeitos dos indivíduos são aleatórios, enquanto os efeitos dos
sensores são fixos, uma vez que o mesmo instrumento de medida (sensores) é utilizado em
todas as medições repetidas, mas cada participante do estudo representa uma amostra de todos
os participantes possíveis da população.
Quando o ICC é igual a 0 o estudo não é reprodutível (ou seja, uma grande variabilidade
intra-observador mas não variabilidade inter-observador), quando o ICC é igual a 1, o
estudo é reprodutível ao máximo (ou seja, não variabilidade intra-observador mas uma
grande variabilidade inter-observador) (SHROUT e FLEISS, 1979). A interpretação dos
valores do ICC pode ser entendida como: 0,4 ICC < 0,75 representa uma
reprodutibilidade satisfatória do estudo; ICC < 0,4 significa reprodutibilidade pobre; ─ ICC
0,75 diz que a reprodutibilidade do estudo é excelente. (SHROUT e FLEISS, 1979). Uma
medida de concordância total do ICC foi aplicada, pois assume-se que cada medição deveria
produzir os mesmos resultados a cada medida. Como neste estudo foi utilizada a média das
três medidas centrais para calcular a massa, empregou-se o ICC estimado para a média das
variáveis (average measures). Considerando a existência de cinco posições e 27 sensores,
foram calculados o ICC para 120 medidas. Os resultados se encontram na tabela 5.4.
59
TABELA 5.4
ICC das medições dos sensores
SENSOR
15°Direita
15°Esquerda
15°Frente
15°Trás
Plano
ICC de cada
sensor
1
0,94
0,98
0,69
0,90
0,55
0,81
2
0,97
0,92
0,77
0,90
0,90
0,89
3
0,45
0,57
-0,49
-0,33
-0,86
-0,13
4
0,18
0,95
0,38
-0,09
0,28
0,34
5
0,95
0,94
0,44
0,69
0,48
0,70
6
0,42
0,55
-0,70
0,04
0,21
0,10
7
0,79
0,95
0,96
0,32
0,72
0,75
8
0,93
0,87
0,92
0,40
0,98
0,82
9
0,85
0,97
0,98
0,23
0,80
0,77
10
0,98
0,95
0,98
0,95
0,98
0,97
11
0,93
0,97
0,96
0,58
0,93
0,88
12
0,96
0,99
0,95
0,46
0,96
0,86
13
0,98
0,99
0,74
0,98
0,98
0,93
14
0,98
0,99
0,80
0,95
0,96
0,94
15
16
17
0,93
0,94
0,96
0,32
0,97
0,83
18
0,98
0,96
0,83
0,97
0,77
0,90
19
0,97
0,97
0,72
0,36
0,98
0,80
20
0,98
0,94
0,97
0,10
0,81
0,76
21
0,94
0,96
0,98
0,95
0,92
0,95
22
0,23
0,58
0,98
0,96
-1,98
0,15
23
0,84
0,87
0,99
-0,07
0,96
0,72
24
0,58
0,20
0,49
0,06
0,20
0,30
25
0,97
0,83
0,51
0,95
0,33
0,72
26
0,73
0,52
0,97
0,90
0,37
0,70
27
0,87
0,70
0,33
0,95
0,20
0,61
28
0,90
0,96
0,81
0,79
0,91
0,87
29
0,97
0,92
0,73
0,97
0,88
0,89
30
31
0,95
0,87
0,96
0,56
0,99
0,87
32
ICC de cada posição
0,83
0,85
0,70
0,56
0,58
0,70
ICC (Exclusão)
0,93
0,91
0,82
0,66
0,80
0,82
60
A tabela 5.4 demonstra que grande parte dos sensores atingiu níveis de confiabilidade
aceitável, ou seja, > 0,60. Entretanto os sensores 3, 4, 6, 22 e 24 mostraram baixa
confiabilidade. A coluna ICC (exclusão) demonstra qual seria a confiabilidade de cada
posição, caso estes sensores fossem excluídos, atingindo uma confiabilidade aceitável para
cada medição. Isto não significa que os sensores não estejam calibrados, mas sim que tais
sensores, possivelmente devido à natureza variável do objeto de estudo, pessoas, apresentam
resultados diferenciados. A média das três medições centrais de cada sensor confiável foi
calculada e a medida de pressão foi transformada em uma medida de massa, conforme a
equação de calibração ajustada previamente. No entanto, optou-se por não excluir os sensores
de baixa confiabilidade, pois, na Análise Fatorial Exploratória (AFE), que será explicada na
seção 5.5, eles demonstraram se agrupar adequadamente. Deste modo, formou-se um banco
de dados com as medidas de massa medida em cada posição e sensor (banco de dados com 34
elementos, cinco posições e 27 sensores válidos).
5.4. Análise preliminar dos dados transformados de massa
Foi realizada a avaliação dos outliers nestas medições, aplicando-se a padronização Z a cada
medida de massa. Foram encontrados 70 valores fora dos limites de 3,29 desvios em relação à
média para a massa (ocorrência inferior a 0,1%) (TABACHNIK e FIDELLI, 2001). Nestes
casos foram estimados modelos de regressão para prever a massa média de cada sensor e
posição, considerando como variáveis preditivas a idade, peso, altura, IMC e sexo. Como
esperado, a melhor variável preditiva da massa de cada sensor foi o peso. Deste modo,
procedeu-se à substituição dos valores ofensivos por outros valores válidos, mais prováveis,
para a massa média por cada sensor, evitando a perda de casos para análise. Para evitar que o
peso obtivesse uma elevada correlação com tais medidas (aumentando a relação entre o peso e
a massa que seria encontrada no estudo), para cada valor reposto adicionou-se um erro
aleatório com variância igual ao quadrado do erro padrão da previsão da massa pelo peso.
O erro padrão da previsão é o desvio-padrão do erro da regressão.
61
5.5. Agrupamento das medidas por sensores por massa
Em seqüência buscou-se agrupar os dados, a fim de facilitar a interpretação dos resultados do
estudo. Tendo em vista que qualquer procedimento de agrupamento levaria a uma decisão
arbitrária sobre quais sensores deveriam ser unidos, optou-se por aplicar a Análise Fatorial
Exploratória (AFE) para identificar quais sensores se agrupam em grupos de variáveis
(fatores). Para garantir a independência das observações, os valores de cada medição foram
centralizados como em um modelo de painel de efeitos aleatórios (random effects model),
analisando os desvios da média de cada participante do estudo, e não seus valores originais. O
programa SPSS calcula uma matriz anti-imagem de covariâncias e correlações. Todos os
elementos na diagonal dessa matriz devem ser maiores que 0,5, se a amostra é adequada
(CAMPOS, 2000). A matriz formada pode ser vista na Tabela B1 do Anexo B. Com base
nestas condições foi obtida uma solução com cinco Fatores, descrita na figura 5.3. Os
resultados mostram uma boa correlação entre os fatores e as variáveis selecionadas.
FATORES: REGIÃO DO ASSENTO:
2
1
27
29
28
FATOR1
REGIÃO ANTERIOR À
ESQUERDA
5
3
4
26
25
FATOR2
REGIÃO POSTERIOR À
ESQUERDA
8
6
7
24
23
FATOR3
REGIÃO POSTERIOR
À DIREITA
11
9
10
22
21
FATOR4
REGIÃO CENTRAL DO
ASSENTO
13
12
18
20
19
FATOR5
REGIÃO ANTERIOR
À DIREITA
---
14
---
17
---
FATOR 6 (não agrupados)
REGIÃO POSTERIOR
FIGURA 5.3: Posição dos sensores e fatores encontrados
Mostra-se que os sensores posicionados em cada posição tendem a produzir resultados
coerentes entre si o que resulta na configuração da análise obtida da AFE. A AFE apresenta
também boas condições de aplicação com Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling (KMO),
62
valor igual a 0,872, próximo ao valor considerado excelente de 0,900 (TABELA B2, ANEXO
B). É interessante ressaltar que o teste KMO é utilizado para verificar se a amostra é grande o
suficiente para produzir resultados confiáveis, Ela é considerada adequada quando o valor de
KMO é maior do que 0,5 (CAMPOS, 2000). Aqueles sensores que não se agruparam
formaram o Fator 6 e o sensor 18 foi excluído da análise, por não se agrupar a nenhum dos
demais.
Com base nos resultados da AFE foi calculada a “massa média” medida em cada um dos seis
Fatores descritos anteriormente.
É interessante observar que o resultado da AFE gerou uma distribuição dos sensores em
Fatores, que coincide com a distribuição física do segmento corporal analisado através do
sistema de medição, ou seja, com o glúteo e com as coxas dos participantes. Pode-se observar
também que além dessa correlação, existe uma outra que diz respeito à simetria corporal, em
lados direito e esquerdo. Esses resultados reforçam a coerência e a eficiência da AFE
5.6. Avaliação das diferenças de massa por posição
Para verificar se existem diferenças entre a massa medida em cada um dos seis Fatores da
cadeira, para cada uma das cinco posições estabelecidas no estudo empregou-se a ANOVA de
medidas repetidas. Os resultados de testes de normalidade (K-S) e a análise gráfica
(diagramas Q-Q) mostram que os dados seguem aproximadamente uma distribuição normal.
Inicialmente, aplicou-se um modelo em que todas as medições foram controladas por todas as
variáveis individuais, mas a única variável que apresentou efeito sobre a massa foi o peso.
Portanto, somente um modelo que controlou o efeito da massa pelo peso foi aplicado.
O resultado do teste mostrou que o pressuposto de esfericidade não foi atendido (Teste de
Mauchly significativo e valores de Huynh-Feldt (HF) bem próximos ao limite de 0,75),
disponível no Anexo B, Tabela B3, e por isto aplicou-se a opção do teste de HF para verificar
a significância do modelo.
O primeiro resultado global deste estudo foi obtido através do modelo multivariado. Este
modelo demonstrou que apenas duas variáveis influenciam no resultado do valor da massa
que será medida nos diferentes Fatores. Estas variáveis são: o fator intra-sujeito que é a
posição (P) do assento e o Fator entre-sujeitos que é o peso dos indivíduos. Os resultados
63
do modelo multivariado mostraram diferenças globais entre as posições (P) para os fatores
considerados (p = 0,010). Isto demonstra que cada posição tende a concentrar a massa em
diferentes partes da cadeira de rodas, ou seja, nos diferentes Fatores encontrados na AFE
(TABELA B4, ANEXO B). Além disto, o efeito multivariado do PESO foi significativo,
demonstrando que os valores deveriam sim ser ajustados por esta variável para se extraírem as
conclusões do estudo.
Outra interpretação interessante da Tabela B4 quando se observa o fator entre-sujeitos (peso)
é que existe 0% de chance do peso dos indivíduos não interferir no valor medido. Analisando-
se também o fator intra-sujeitos (posição P), na Tabela B4, pode-se. dizer que existe apenas
1% de chance de se encontrar pesos iguais nas diferentes posições do assento ou 94% de
chance de se encontrar peso diferentes nas diversas posições.
Para verificar o efeito intra-sujeitos, ou seja, das diferenças entre as cinco posições (direita,
esquerda, frente, trás e plano), analisaram-se as diferenças globais para a massa medida. Os
resultados demonstram que existe um efeito significativo da posição (ANEXO B,
TABELA B5) e também uma interação com o peso, ou seja, a massa em cada região da
cadeira de rodas depende tanto da posição (ajuste da cadeira) quanto do peso do participante.
se sabia, através do teste multivariado que a chance de encontrar diferenças de peso nas
diferentes posições do assento era enorme (94%), mas onde essas diferenças apareciam? Em
quais Fatores? Para analisar onde ocorreram tais diferenças partiu-se para a análise dos testes
univariados (ANEXO B, TABELA B6).
Os resultados anteriores mostram que com 5% de significância (10% no caso da medida F2)
existem diferenças entre os valores medidos em cada posição da cadeira de rodas e que este
efeito tende a ser afetado pelo peso do paciente. Esquematicamente, pode-se dizer que o efeito
foi significativo nas áreas ou Fatores da cadeira de rodas, destacadas em vermelho, na figura
5.4.
64
FATORES: REGIÃO DO ASSENTO:
2
1
27
29
28
FATOR1
REGIÃO ANTERIOR À
ESQUERDA
5
3
4
26
25
FATOR2
REGIÃO POSTERIOR À
ESQUERDA
8
6
7
24
23
FATOR3
REGIÃO POSTERIOR À
DIREITA
11
9
10
22
21
FATOR4
REGIÃO CENTRAL DO
ASSENTO
13
12
18
20
19
FATOR5
REGIÃO ANTERIOR À
DIREITA
---
14
---
17
---
FATOR 6 (não agrupados)
REGIÃO POSTERIOR
FIGURA 5.4: Fatores com efeito significativo para alteração da distribuição de peso nas cinco posições
diferentes
Portanto, as diferenças ocorreram somente nos Fatores 1, 2 e 5 (marcados em vermelho).
Considerando as posições (P) onde, 1 corresponde ao assento inclinado 15° para a direita,
2 corresponde ao assento inclinado 15° para a esquerda, 3 corresponde ao assento
inclinado 15° para frente, 4 corresponde ao assento inclinado 15° para trás e 5
corresponde ao assento sem inclinação, plano e os Fatores supracitados, pode-se estimar a
média de massa dos Fatores quando controlado pela diferença de peso dos participantes do
estudo, ou seja, com os pesos ajustados no peso médio de 58 Kg, como mostrado no
tabela 5.5.
65
TABELA 5.5
Aprofundando-se ainda mais nos resultados, uma vez que se sabia que o peso se alterava e
em quais Fatores se alterava significativamente, restava saber em quais posições do assento
essa alteração era significativa. Isso é interessante porque um Fator considerado não
significativo para alterar o peso pode ter significância em uma ou outra determinada posição
P, em outras palavras, o fato dele não ser significante para alterar o peso, não determina que
623,988
a
32,153
558,495
689,480
265,823
a
33,249
198,097
333,549
37,304
a
10,652
15,607
59,001
986,726
a
12,611
961,039
1012,414
485,762
a
29,961
424,733
546,791
636,667
a
37,365
560,556
712,777
629,180
a
47,666
532,089
726,272
831,099
a
25,548
779,058
883,139
548,726
a
11,106
526,103
571,349
788,187
a
28,608
729,915
846,459
485,467
a
60,638
361,952
608,981
483,384
a
37,852
406,282
560,486
783,069
a
32,121
717,640
848,497
586,535
a
25,927
533,724
639,346
747,639
a
22,727
701,347
793,932
620,360
a
32,078
555,020
685,700
568,184
a
22,059
523,250
613,117
387,143
a
26,905
332,340
441,947
805,140
a
21,466
761,416
848,864
533,340
a
17,597
497,496
569,183
126,243
a
21,371
82,712
169,775
522,133
a
21,097
479,161
565,106
10,190
a
4,364
1,301
19,078
899,400
a
21,243
856,129
942,671
303,624
a
34,604
233,138
374,110
848,048
a
28,794
789,396
906,700
928,486
a
22,490
882,676
974,296
1394,701
a
98,099
1194,879
1594,523
442,962
a
17,310
407,702
478,223
1003,569
a
27,002
948,569
1058,570
P
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
Medidas
F1
F2
F3
F4
F5
F6
Signicância
Erro padrão
Limite Inf..
Limite Sup.
95% Intervalo de confiança
Covariáveis constantes do modelo avaliadas no seguinte valor:
PESO = 58,8532.
a.
Média de massa estimada para cada Fator, com o peso dos participantes ajustado para o peso médio de 58 Kg
66
este Fator não apresenta significância para nenhuma das cinco posições. Então, para avaliar
em quais posições emergem diferenças entre os pesos, aplicou-se o teste t com correção de
Bonferroni, comparando as diferenças de cada Fator nas cinco posições.
Para cada média com diferenças significativas é apresentado na tabela B7 do Anexo B, um (*)
em cada fator. Por exemplo, para o Fator 1 (F1) todas as diferenças entre posições têm massa
significativamente diferente com 5% de significância (corrigida pelo número de testes). Os
gráficos B1, B2, B3, B4, B5 e B6 do Anexo B, mostram a distribuição da massa média em
cada uma das cinco posições, quando o peso é controlado. Não seria prudente analisar
diferenças entre fatores que não apresentaram resultados significativos nas tabelas
precedentes. Salienta-se que não houve outliers, conforme análise dos resíduos dos modelos,
já que os mesmos haviam sido previamente tratados, por isto tal conclusão já seria esperada.
Portanto, pode-se dizer que a mudança na posição do assento por meio do ajuste da cadeira de
rodas foi capaz de redistribuir o peso dos participantes do estudo nas diversas áreas do
assento, mesmo quando se controla o peso destes pacientes.
Os dados obtidos pela calibração do sistema de medição mostram que o menor valor
apresentado entre as curvas de regressão foi de 99,1 %. Embora estes valores tenham sido
bastante satisfatórios, os sensores 3, 4, 6, 22 e 24 mostraram baixa confiabilidade,
possivelmente devido à natureza variável do objeto de estudo, que são pessoas, apresentando,
portanto, respostas variáveis. No entanto, estes sensores não foram excluídos, uma vez que na
Análise Fatorial Exploratória (AFE), que teve por objetivo agrupá-los em Fatores, facilitando
a análise dos dados, eles produziram resultados coerentes, entre si, agrupando-se
adequadamente.
Existiram diferenças entre os valores medidos em cada posição da cadeira de rodas, mas este
efeito foi significativo para os Fatores F1, F2 e F5. É interessante observar que dois dos
três fatores que não apresentaram significância contém pelo menos um sensor considerado de
baixa confiabilidade. Por exemplo: no Fator F3 todos os sensores têm alta confiabilidade,
porém, o Fator F4 contém o sensor 22 de baixa confiabilidade e o Fator F6 contém os
sensores 3, 4, 6 e 24 de baixa confiabilidade, além de ser o grupo de sensores que não
responderam satisfatoriamente na AFE. Estes sensores com baixa confiabilidade podem ser
um dos fatores que tenham influenciado na significância de seus respectivos Fatores.
67
É importante ressaltar que a significância apenas dos Fatores F1, F2 e F5 determinam que o
assento articulado é capaz de alterar a distribuição de peso em diversas posições e situações,
mesmo quando se controla o peso, portanto este equipamento redistribui o peso.
Ao ajustar o assento, observou-se que cada indivíduo possui uma forma de “corrigir” o
deslocamento de peso, de acordo com suas próprias informações provenientes de seus
diversos sistemas, compensando, desta forma, com reações de equilíbrio de tronco com
intensidades diferentes. É interessante observar nos mapas de intensidade disponíveis na
figura 5.5, correspondente a participante da figura 4.16 (restante disponível no Anexo E), que
a distribuição de peso geralmente aumentou para o lado contrário à inclinação, por exemplo:
se assento foi inclinado para a esquerda, a maior intensidade de descarga de peso permanecia
do lado direito. Isto possivelmente ocorreu por dois motivos: primeiro porque ocorria maior
contato entre o segmento corporal e o assento do lado mais alto da inclinação, ou seja, do lado
direito e, segundo, porque os indivíduos corrigiam o deslocamento de peso com a estratégia
de equilíbrio do tronco, que consiste em incliná-lo para a direita.
68
PARTICIPANTE CMR
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
FIGURA 5.5: mapas de intensidade da participante das fotos da figura 4.6, onde 1 - corresponde às cinco
medições com o assento inclinado 15° para a direita, 2 - às cinco medições com o assento inclinado 15° para a
esquerda, 3 - às cinco medições com o assento inclinado 15° para frente, 4 - às cinco medições com o assento
inclinado 15° para trás e 5 - às cinco medições com o assento plano, ou seja, sem inclinação.
Tomando o plano horizontal (assento sem inclinação P-5) da figura 5.5 como referência
para analisar as distribuições de peso nas outras quatro posições do assento, é possível fazer
algumas observações interessantes. Primeiramente, pode-se observar que os mapas de
intensidade da posição do assento sem inclinação (P-5) não são totalmente simétricos para a
distribuição de peso. Isto ocorre porque nenhum indivíduo é simétrico, com um lado igual ao
outro, eles são apenas similares (BUCHANAN e HORAK, 2003; LANZETTA et al., 2004).
Analisando-se também as posições 1- e 2- da figura 5.5, constata-se novamente que as
compensações para os lados direito e esquerdo, resultante da inclinação do assento em 15°,
são diferentes, demonstrando que o padrão de correção postural para um lado não é igual ao
outro, em um mesmo indivíduo.
69
É interessante correlacionar estas observações com os resultados de significância dos Fatores.
Observou-se nos resultados uma falta de simetria dos mesmos, uma vez que o F2 (região
posterior à esquerda) da figura 5.4 demonstrou significância para alterar a distribuição de peso
e seu Fator simetricamente oposto, o F3 (região posterior à direita), não demonstrou essa
mesma significância.
Observou-se que, apesar dos inúmeros modelos disponíveis de cadeiras de rodas no mercado
Brasileiro e no exterior, nenhum apresenta as amplas propriedades similares ao assento
articulado, pois o alinhamento pélvico é crucial para a adoção de uma postura adequada
(VAN GEFFENb, 2008). O assento articulado foi desenvolvido para pacientes com diferentes
tipos de disfunções neuromotoras, que precisam de auxílio para um adequado
posicionamento, mas devido à complexidade dos comprometimentos encontrados na paralisia
cerebral, ênfase foi dada a ela.
Pode-se dizer que os objetivos gerais e específicos desta pesquisa foram alcançados e dentre
os objetivos a que este projeto mecânico se propõe, nem todos foram ainda avaliados, destaca-
se, por exemplo, os movimentos de rotação e de precessão do assento que podem ser
potencialmente benéficos para os cadeirantes. Neste estudo foram analisados apenas os
deslocamentos de peso com angulações do assento no plano frontal e sagital em posturas
estáticas dos participantes. Outros estudos podem ser realizados, testando-se pequenos
ângulos de inclinação do assento, a fim de fornecer mais subsídios para uma análise mais
criteriosa a respeito das reações de endireitamento, das reações de equilíbrio e do padrão de
redistribuição de peso dos participantes.
O assento móvel nos três planos parece ser capaz de proporcionar inúmeros benefícios, mas
novos estudos serão necessários para avaliar todas as suas propriedades.
70
6 CONCLUSÃO
O presente estudo desenvolveu um novo projeto específico para o assento da cadeira de rodas,
possibilitando sua inclinação nos três planos ortogonais cartesianos.
Os testes realizados com os 34 participantes demonstraram que o assento articulado é capaz
de redistribuir o peso da superfície de apoio, no entanto, foram detectados possíveis
aperfeiçoamentos nos projetos mecânico e eletrônico.
O sistema de medição pode ser aprimorado com o intuito de garantir a confiabilidade de todos
os sensores envolvidos na coleta dos dados. Uma vez que todos os sensores sejam
considerados confiáveis, uma nova análise sobre os efeitos significativos dos seis Fatores para
redistribuição de peso deverá ser realizada, fornecendo mais subsídios para analisar as
propriedades do assento. No presente estudo, cinco sensores foram considerados com baixa
confiabilidade e três dos seis Fatores obtiveram significância para redistribuir o peso dos
participantes.
O projeto mecânico também deve ser modernizado, colocando motores para substituir os
ajustes manuais dos limitares mecânicos, responsáveis por angular o assento na posição
desejada.
71
7 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
O desdobramento natural deste estudo será analisar as propriedades do assento articulado em
pacientes com disfunções neuromotoras. Para tanto, melhorias no projeto se fazem
necessárias. Com o objetivo de facilitar e agilizar a angulação do assento nos diversos planos,
motores podem ser incluídos no projeto, evitando desta forma, que os limitadores mecânicos
sejam ajustados manualmente. Um acelerômetro, que já estava previsto, mas infelizmente não
pôde ser acoplado neste primeiro estudo, também enriquecerá o sistema de medição, uma vez
que fará a leitura do valor angulado do assento nos diversos planos. O sistema de medição
também pode ser aprimorado com o intuito de garantir a confiabilidade de todos os sensores
envolvidos na coleta dos dados e, conseqüentemente, aumentar o número de Fator com efeito
significativo para redistribuição de peso.
As demais propriedades do assento articulado também devem ser testadas e são elas:
capacidade para promover mobilidade rotacional da pelve
capacidade de promover o movimento tridimensional denominado precessão.
capacidade de treinar as reações de equilíbrio e endireitamento através de movimentos
programados de acordo com a necessidade clínica do cadeirante.
capacidade para prevenir úlceras dérmicas a partir de movimentos e posicionamentos que
possibilita alterar os pontos de pressão.
capacidade para otimização da função dos membros superiores, através do alinhamento
postural e pélvico, adquirido através do ajuste do assento específico e adequado para cada
indivíduo.
capacidade de estimular o cadeirante em sua reabilitação, pré-tensiando as molas conforme
a necessidade para opor ou programar movimentos
72
ABSTRACT
The present study proposes a new scientific project for the seat of a wheelchair, suggesting
that, through the properties of a three plan mobile seat, the pelvis of the individuals with
neuromotor dysfunctions may position themselves adequately, allowing a chain effect, with
innumerable benefits to the users. In spite of innumerable wheelchair models available in the
Brazilian market and abroad, none presents the ample properties resembling the articulated
seat, allowing the pelvic alignment that is crucial for the adoption of an adequate posture. The
property of the articulated seat, to change the weight distribution, was tested on 34 typical
individuals, without neurological injury, through a measurement system composed by 27
sensors. The significance of the statistic model proposed determined that the articulated seat
was capable of altering the weight distribution in several positions and situations, even when
one controls it’s weight. Therefore, this equipment is capable of redistribute the weight. One
can say that the general and specific objectives of this research were met and among the
objectives that this mechanical project proposes, not all have yet been evaluated. The three
plane mobile seat seems to be able to provide innumerable benefits.
Key-words: Bioengineering; wheelchair, pelvic alignment, cerebral palsy
73
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83
ANEXOS
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do trabalho: “Desenvolvimento de um assento de cadeira de rodas articulado nos
três planos, para auxiliar no alinhamento postural de pacientes neurológicos”.
Autora: Mariana Ribeiro Volpini (Mestranda da Escola de Engenharia Mecânica da UFMG)
Orientador: Prof. Dr. Marcos Pinotti Barbosa
Você está convidado(a) a participar de um estudo que tem como objetivo analisar por
meio de um sensor sensível à pressão, a influência do novo projeto específico para assento de
cadeira de rodas, na distribuição de peso.
Esperamos com este estudo determinar a eficácia do assento articulado, para gerar
melhor distribuição do peso, resultando na aquisição de um novo e promissor equipamento de
tecnologia assistiva, para pacientes neurológicos, com assimetrias posturais. Garantimos que o
anonimato, bem como o sigilo e a privacidade serão mantidos e que os resultados serão
utilizados somente para a finalidade proposta.
Aos participantes fica reservado o direito de interromper sua participação na pesquisa,
a qualquer momento, sem nenhum prejuízo pessoal ou profissional.
A coleta de dados deverá ser realizada em um ou no máximo dois encontros, e serão
conduzidas pela pesquisadora e fisioterapeuta Mariana Ribeiro Volpini.
84
Entendimento por parte do participante:
Foi-me oferecida à oportunidade de fazer perguntas relacionadas ao objetivo e a todos os
procedimentos relacionados ao estudo, sendo que a pesquisadora estava sempre apta a
respondê-la.
Consentimento:
Com base no exposto acima, dou meu consentimento para participar voluntariamente da
pesquisa, estando ciente que os resultados deste estudo serão publicados após a sua análise.
Belo Horizonte, de de 200 .
___________________________________________________
Assinatura do participante
Declaro que é possível a qualquer momento revogar o meu consentimento.
Revogo o consentimento prestado no dia .................................. e afirmo que não desejo
prosseguir na pesquisa e tratamento que me foi proposto, que dou como finalizado nesta data.
Belo Horizonte, de de 200 .
______________________________________________________
Assinatura do participante
Mariana Ribeiro Volpini Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG
Endereço: R. Dr. Helvécio Arantes, 101/202 Av. Antônio Carlos, 6627
Bairro: LuxemburgoBelo Horizonte, MG Unidade Administrativa II (pdio da Fundep)
Cep: 30.380-465 Tel: (31) 3024-2062 2°andar sala 2005 Tel: 3409-4592
Campos Pampulha Belo Horizonte, MG
85
ANEXO B
TABELA B1
Padrão da Matriz de cargas fatoriais
Componente
1
2
3
4
5
trans17
,932
trans20
,868
trans19
,804
trans21
,695
trans14
,958
trans13
,848
trans12
,730
trans11
,639
,413
trans22
,878
trans7
,878
trans9
,631
trans10
,420
trans5
,859
trans8
,525
trans2
,432
trans25
,783
trans23
,411
,661
trans28
,540
Método de Extração: Componente Principal da Análise.
Método de Rotação: Promax com Normalização Kaiser.
uma Rotação convergiu com 7 iterações.
86
TABELA B2
Testes Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e Bartlett
KMO Medida de adequação da amostra
,872
Teste de esfericidade
de Bartlett
Aprox. Chi-Square
1212,530
df
153
Sig.
,000
TABELA B3
Teste de Esfericidade de Mauchly
Epsilon
a
Efeito Média Mauchly Qui- dp Sig. Greenhouse- Huynh-Feldt Limite
Intra-sujeito Quadrado Geisser Inf.
Mauchly's Test of Sphericity
b
,303
36,298
9
,000
,738
,847
,250
,271
39,754
9
,000
,612
,687
,250
,130
62,127
9
,000
,481
,527
,250
,308
35,836
9
,000
,642
,725
,250
,474
22,730
9
,007
,720
,824
,250
,009
142,989
9
,000
,314
,331
,250
Measure
F1
F2
F3
F4
F5
F6
Within Subjects Effect
P
Mauchly's W
Approx.
Chi-Square
df
Sig.
Greenhouse-
Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Epsilon
a
Tests the null hypothesis that the error covariance matrix of the orthonormalized transformed dependent variables is proportional to an
identity matrix.
May be used to adjust the degrees of freedom for the averaged tests of significance. Corrected tests are displayed in the Tests of
Within-Subjects Effects table.
a.
Design: Intercept+PESO
Within Subjects Design: P
b.
87
TABELA B4
Testes Multivariados das diferenças entre as posições P
Efeito Valor F dp Sig.
TABELA B5
Testes Multivariados intra-sujeitos
Efeito Intra-sujeitos Valor F dp erro dp Sig.
Multivariate Tests
c
,176
,962
b
6,000
27,000
,469
,176
5,773
,312
,824
,962
b
6,000
27,000
,469
,176
5,773
,312
,214
,962
b
6,000
27,000
,469
,176
5,773
,312
,214
,962
b
6,000
27,000
,469
,176
5,773
,312
,720
11,576
b
6,000
27,000
,000
,720
69,459
1,000
,280
11,576
b
6,000
27,000
,000
,720
69,459
1,000
2,573
11,576
b
6,000
27,000
,000
,720
69,459
1,000
2,573
11,576
b
6,000
27,000
,000
,720
69,459
1,000
,926
4,698
b
24,000
9,000
,010
,926
112,741
,944
,074
4,698
b
24,000
9,000
,010
,926
112,741
,944
12,527
4,698
b
24,000
9,000
,010
,926
112,741
,944
12,527
4,698
b
24,000
9,000
,010
,926
112,741
,944
,791
1,423
b
24,000
9,000
,300
,791
34,145
,412
,209
1,423
b
24,000
9,000
,300
,791
34,145
,412
3,794
1,423
b
24,000
9,000
,300
,791
34,145
,412
3,794
1,423
b
24,000
9,000
,300
,791
34,145
,412
Pillai's Trace
Wilks' Lambda
Hotelling's Trace
Roy's Largest Root
Pillai's Trace
Wilks' Lambda
Hotelling's Trace
Roy's Largest Root
Pillai's Trace
Wilks' Lambda
Hotelling's Trace
Roy's Largest Root
Pillai's Trace
Wilks' Lambda
Hotelling's Trace
Roy's Largest Root
Ef fect
Intercept
PESO
Between
Subjects
P
P * PESO
Within Subjects
Value
F
Hypothesis df
Error df
Sig.
Partial Eta
Squared
Noncent.
Parameter
Observed
Power
a
Computed using alpha = ,05
a.
Exact statistic
b.
Design: Intercept+PESO
Within Subjects Design: P
c.
Multivariate
c,d
,281
1,584
24,000
504,000
,040
,070
38,013
,973
,739
1,622
24,000
430,306
,033
,073
33,763
,947
,326
1,653
24,000
486,000
,027
,075
39,668
,979
,217
4,565
b
6,000
126,000
,000
,179
27,389
,984
,319
1,819
24,000
504,000
,011
,080
43,648
,989
,711
1,844
24,000
430,306
,009
,082
38,352
,973
,367
1,856
24,000
486,000
,009
,084
44,546
,991
,177
3,718
b
6,000
126,000
,002
,150
22,306
,954
Pillai's Trace
Wilks' Lambda
Hotelling's Trace
Roy's Largest Root
Pillai's Trace
Wilks' Lambda
Hotelling's Trace
Roy's Largest Root
Within Subjects Eff ect
P
P * PESO
Value
F
Hypothesis df
Error df
Sig.
Partial Eta
Squared
Noncent.
Parameter
Observed
Power
a
Computed using alpha = ,05
a.
The statistic is an upper bound on F that yields a lower bound on the significance lev el.
b.
Design: Intercept+PESO
Within Subjects Design: P
c.
Tests are based on averaged variables.
d.
Entre-
sujeito
Intra-
sujeito
88
TABELA B6
Testes Univariados
Fonte Medida Soma dos dp Média do F Sig.
Quadrados Quadrado
tipo III
Univariate Tests
192730,057
4
48182,514
3,034
,020
,087
12,136
,791
192730,057
2,953
65276,434
3,034
,034
,087
8,958
,692
192730,057
3,387
56901,776
3,034
,027
,087
10,276
,737
192730,057
1,000
192730,057
3,034
,091
,087
3,034
,394
337708,845
4
84427,211
2,360
,057
,069
9,441
,669
337708,845
2,447
138016,254
2,360
,090
,069
5,775
,515
337708,845
2,747
122920,067
2,360
,082
,069
6,484
,549
337708,845
1,000
337708,845
2,360
,134
,069
2,360
,320
224611,122
4
56152,780
1,282
,280
,039
5,130
,392
224611,122
1,923
116795,771
1,282
,284
,039
2,466
,263
224611,122
2,107
106579,237
1,282
,285
,039
2,703
,276
224611,122
1,000
224611,122
1,282
,266
,039
1,282
,196
8939,754
4
2234,938
,186
,945
,006
,745
,089
8939,754
2,568
3481,220
,186
,879
,006
,478
,081
8939,754
2,899
3084,155
,186
,900
,006
,540
,083
8939,754
1,000
8939,754
,186
,669
,006
,186
,070
181720,847
4
45430,212
3,822
,006
,107
15,287
,885
181720,847
2,880
63090,970
3,822
,014
,107
11,008
,792
181720,847
3,294
55161,555
3,822
,010
,107
12,590
,832
181720,847
1,000
181720,847
3,822
,059
,107
3,822
,475
100289,698
4
25072,424
,382
,822
,012
1,526
,136
100289,698
1,255
79936,138
,382
,588
,012
,479
,097
100289,698
1,322
75840,111
,382
,599
,012
,505
,098
100289,698
1,000
100289,698
,382
,541
,012
,382
,092
225923,234
4
56480,808
3,556
,009
,100
14,226
,858
225923,234
2,953
76518,750
3,556
,018
,100
10,501
,767
225923,234
3,387
66701,756
3,556
,013
,100
12,046
,810
225923,234
1,000
225923,234
3,556
,068
,100
3,556
,448
400522,354
4
100130,588
2,799
,029
,080
11,197
,753
400522,354
2,447
163687,140
2,799
,056
,080
6,849
,593
400522,354
2,747
145783,077
2,799
,049
,080
7,691
,629
400522,354
1,000
400522,354
2,799
,104
,080
2,799
,368
217219,472
4
54304,868
1,240
,297
,037
4,961
,380
217219,472
1,923
112952,180
1,240
,295
,037
2,385
,256
217219,472
2,107
103071,858
1,240
,297
,037
2,614
,268
217219,472
1,000
217219,472
1,240
,274
,037
1,240
,191
18410,422
4
4602,605
,384
,820
,012
1,534
,136
18410,422
2,568
7169,183
,384
,734
,012
,985
,117
18410,422
2,899
6351,473
,384
,758
,012
1,112
,122
18410,422
1,000
18410,422
,384
,540
,012
,384
,092
180882,369
4
45220,592
3,804
,006
,106
15,217
,883
180882,369
2,880
62799,862
3,804
,014
,106
10,957
,790
180882,369
3,294
54907,034
3,804
,010
,106
12,532
,830
180882,369
1,000
180882,369
3,804
,060
,106
3,804
,473
10992,605
4
2748,151
,042
,997
,001
,167
,058
10992,605
1,255
8761,682
,042
,888
,001
,052
,055
10992,605
1,322
8312,722
,042
,898
,001
,055
,055
10992,605
1,000
10992,605
,042
,839
,001
,042
,055
2032776,109
128
15881,063
2032776,109
94,481
21515,257
2032776,109
108,386
18754,951
2032776,109
32,000
63524,253
4578640,780
128
35770,631
4578640,780
78,300
58475,561
4578640,780
87,916
52079,517
4578640,780
32,000
143082,524
5604643,772
128
43786,279
5604643,772
61,540
91073,892
5604643,772
67,439
83107,341
5604643,772
32,000
175145,118
1535895,663
128
11999,185
1535895,663
82,176
18690,359
1535895,663
92,755
16558,555
1535895,663
32,000
47996,739
1521560,236
128
11887,189
1521560,236
92,170
16508,272
1521560,236
105,419
14433,475
1521560,236
32,000
47548,757
8411226,858
128
65712,710
8411226,858
40,148
209505,876
8411226,858
42,316
198770,536
8411226,858
32,000
262850,839
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Sphericity Assumed
Greenhouse-Geisser
Huynh-Feldt
Lower-bound
Measure
F1
F2
F3
F4
F5
F6
F1
F2
F3
F4
F5
F6
F1
F2
F3
F4
F5
F6
Source
P
P * PESO
Error(P)
Type III Sum
of Squares
df
Mean Square
F
Sig.
Partial Eta
Squared
Noncent.
Parameter
Observed
Power
a
Computed using alpha = ,05
a.
89
TABELA B7
Comparação aos pares
Medida
(I) P
(J) P
Diferença
Média (I-J)
Erro Padrão
Sig.(a)
95% Intervalo de Confiança
para a Diferença
Limite
inferior
Limite
superior
F1
1
1
2
358,165(*)
39,429
,000
239,288
477,041
3
586,683(*)
30,887
,000
493,562
679,805
4
-362,739(*)
28,232
,000
-447,858
-277,620
5
138,226(*)
38,417
,011
22,401
254,050
2
1
-358,165(*)
39,429
,000
-477,041
-239,288
2
3
228,519(*)
32,547
,000
130,390
326,647
4
-720,904(*)
27,839
,000
-804,838
-636,969
5
-219,939(*)
31,592
,000
-315,188
-124,690
3
1
-586,683(*)
30,887
,000
-679,805
-493,562
2
-228,519(*)
32,547
,000
-326,647
-130,390
3
4
-949,422(*)
14,190
,000
-992,206
-906,639
5
-448,458(*)
29,656
,000
-537,869
-359,047
4
1
362,739(*)
28,232
,000
277,620
447,858
2
720,904(*)
27,839
,000
636,969
804,838
3
949,422(*)
14,190
,000
906,639
992,206
4
5
500,965(*)
25,436
,000
424,276
577,653
5
1
-138,226(*)
38,417
,011
-254,050
-22,401
2
219,939(*)
31,592
,000
124,690
315,188
3
448,458(*)
29,656
,000
359,047
537,869
4
-500,965(*)
25,436
,000
-577,653
-424,276
5
F2
1
1
2
7,486
68,688
1,000
-199,604
214,576
3
-194,432(*)
41,723
,001
-320,224
-68,639
4
87,941
37,565
,256
-25,316
201,197
5
-151,520(*)
46,042
,024
-290,335
-12,706
2
1
-7,486
68,688
1,000
-214,576
199,604
2
3
-201,918(*)
51,504
,004
-357,200
-46,636
4
80,455
50,912
1,000
-73,043
233,952
5
-159,007
53,547
,056
-320,448
2,435
3
1
194,432(*)
41,723
,001
68,639
320,224
2
201,918(*)
51,504
,004
46,636
357,200
3
4
282,373(*)
28,087
,000
197,692
367,053
90
5
42,911
37,967
1,000
-71,556
157,379
4
1
-87,941
37,565
,256
-201,197
25,316
2
-80,455
50,912
1,000
-233,952
73,043
3
-282,373(*)
28,087
,000
-367,053
-197,692
4
5
-239,461(*)
26,634
,000
-319,761
-159,161
5
1
151,520(*)
46,042
,024
12,706
290,335
2
159,007
53,547
,056
-2,435
320,448
3
-42,911
37,967
1,000
-157,379
71,556
4
239,461(*)
26,634
,000
159,161
319,761
5
F3
1
1
2
2,083
82,219
1,000
-245,804
249,970
3
-297,602(*)
59,848
,000
-478,041
-117,162
4
-101,068
63,816
1,000
-293,469
91,333
5
-262,172(*)
52,556
,000
-420,627
-103,718
2
1
-2,083
82,219
1,000
-249,970
245,804
2
3
-299,685(*)
47,050
,000
-441,539
-157,830
4
-103,151
39,418
,134
-221,996
15,693
5
-264,255(*)
38,953
,000
-381,696
-146,815
3
1
297,602(*)
59,848
,000
117,162
478,041
2
299,685(*)
47,050
,000
157,830
441,539
3
4
196,534(*)
37,041
,000
84,855
308,212
5
35,429
33,793
1,000
-66,456
137,314
4
1
101,068
63,816
1,000
-91,333
293,469
2
103,151
39,418
,134
-15,693
221,996
3
-196,534(*)
37,041
,000
-308,212
-84,855
4
5
-161,104(*)
27,952
,000
-245,377
-76,831
5
1
262,172(*)
52,556
,000
103,718
420,627
2
264,255(*)
38,953
,000
146,815
381,696
3
-35,429
33,793
1,000
-137,314
66,456
4
161,104(*)
27,952
,000
76,831
245,377
5
F4
1
1
2
52,176
18,753
,090
-4,364
108,716
3
233,217(*)
38,344
,000
117,613
348,821
4
-184,780(*)
27,253
,000
-266,945
-102,615
5
87,020(*)
26,115
,022
8,284
165,757
2
1
-52,176
18,753
,090
-108,716
4,364
2
3
181,041(*)
29,248
,000
92,861
269,221
4
-236,956(*)
21,961
,000
-303,167
-170,746
5
34,844
17,092
,498
-16,687
86,375
3
1
-233,217(*)
38,344
,000
-348,821
-117,613
2
-181,041(*)
29,248
,000
-269,221
-92,861
91
3
4
-417,997(*)
32,492
,000
-515,958
-320,036
5
-146,197(*)
26,977
,000
-227,532
-64,861
4
1
184,780(*)
27,253
,000
102,615
266,945
2
236,956(*)
21,961
,000
170,746
303,167
3
417,997(*)
32,492
,000
320,036
515,958
4
5
271,800(*)
19,960
,000
211,623
331,978
5
1
-87,020(*)
26,115
,022
-165,757
-8,284
2
-34,844
17,092
,498
-86,375
16,687
3
146,197(*)
26,977
,000
64,861
227,532
4
-271,800(*)
19,960
,000
-331,978
-211,623
5
F5
1
1
2
-395,890(*)
27,109
,000
-477,622
-314,158
3
116,053(*)
21,213
,000
52,098
180,009
4
-773,157(*)
22,595
,000
-841,280
-705,034
5
-177,381(*)
29,516
,000
-266,371
-88,391
2
1
395,890(*)
27,109
,000
314,158
477,622
2
3
511,943(*)
20,784
,000
449,279
574,607
4
-377,267(*)
24,245
,000
-450,363
-304,171
5
218,509(*)
34,397
,000
114,805
322,213
3
1
-116,053(*)
21,213
,000
-180,009
-52,098
2
-511,943(*)
20,784
,000
-574,607
-449,279
3
4
-889,210(*)
20,476
,000
-950,944
-827,476
5
-293,434(*)
33,773
,000
-395,258
-191,610
4
1
773,157(*)
22,595
,000
705,034
841,280
2
377,267(*)
24,245
,000
304,171
450,363
3
889,210(*)
20,476
,000
827,476
950,944
4
5
595,776(*)
25,750
,000
518,142
673,410
5
1
177,381(*)
29,516
,000
88,391
266,371
2
-218,509(*)
34,397
,000
-322,213
-114,805
3
293,434(*)
33,773
,000
191,610
395,258
4
-595,776(*)
25,750
,000
-673,410
-518,142
5
F6
1
1
2
-80,438(*)
21,286
,006
-144,614
-16,262
3
-546,653(*)
94,220
,000
-830,722
-262,584
4
405,085(*)
25,572
,000
327,988
482,183
5
-155,522(*)
28,782
,000
-242,298
-68,745
2
1
80,438(*)
21,286
,006
16,262
144,614
2
3
-466,215(*)
91,761
,000
-742,869
-189,561
4
485,524(*)
21,013
,000
422,171
548,876
5
-75,083(*)
22,172
,019
-141,931
-8,236
92
3
1
546,653(*)
94,220
,000
262,584
830,722
2
466,215(*)
91,761
,000
189,561
742,869
3
4
951,739(*)
93,444
,000
670,011
1233,466
5
391,132(*)
95,935
,003
101,892
680,371
4
1
-405,085(*)
25,572
,000
-482,183
-327,988
2
-485,524(*)
21,013
,000
-548,876
-422,171
3
-951,739(*)
93,444
,000
-1233,466
-670,011
4
5
-560,607(*)
23,521
,000
-631,522
-489,692
5
1
155,522(*)
28,782
,000
68,745
242,298
2
75,083(*)
22,172
,019
8,236
141,931
3
-391,132(*)
95,935
,003
-680,371
-101,892
4
560,607(*)
23,521
,000
489,692
631,522
5
Baseado nas estimativas das médias marginais
* A diferença média é significativa no nível ,05.
a Ajuste para comparações múltiplas: Bonferroni.
93
Médias estimadas para F1
Posições
FIGURA B1: Distribuição de massa média para F
Médias estimadas para F2
Posições
FIGURA B2: Distribuição de massa média para F2
P
54321
Estimated Marginal Means
1.000
800
600
400
200
0
Estimated Marginal Means of F1
P
54321
Estimated Marginal Means
900
800
700
600
500
Estimated Marginal Means of F2
Médias estimadas
Médias estimadas
94
Médias estimadas para F3
Posições
FIGURA B3: Distribuição de massa média para F3
Médias estimadas para F4
Posições
FIGURA B4: Distribuição de massa média para F4
P
54321
Estimated Marginal Means
800
700
600
500
400
Estimated Marginal Means of F3
P
54321
Estimated Marginal Means
1.000
800
600
400
200
Estimated Marginal Means of F4
Médias estimadas
Médias estimadas
95
Médias estimadas para F5
Posições
FIGURA B5: Distribuição de massa média para F5
Médias estimadas para F6
Posições
FIGURA B6: Distribuição de massa média para F6
P
54321
Estimated Marginal Means
1.000
800
600
400
200
0
Estimated Marginal Means of F5
P
54321
Estimated Marginal Means
1.400
1.200
1.000
800
600
400
Estimated Marginal Means of F6
Médias estimadas
Médias estimadas
96
ANEXO C
O sensor FSR (force sensing resistor)
Force Sensing Resistor (FSR) é um dispositivo compacto, o qual apresenta um decréscimo na
resistência com um aumento da força aplicada para ativar a superfície (resistência é
inversamente proporcional à força). Sua sensibilidade à força é otimizada para o uso de
controle do toque humano em aparelhos eletrônicos. FRS não é uma célula de carga ou um
strain gage, embora tenham propriedades similares. Ele também é conhecido como “pressure
sensing”, uma vez que sua resistência modifica com a aplicação de uma força ou pressão. O
gráfico abaixo mostra a relação inversa força X resistência:
Força (g)
FIGURA C1: relação inversa força X resistência
A característica da relação força X resistência apresentada no gráfico acima fornece uma
visão geral do comportamento pico de resposta do FRS. Por conveniência o gráfico foi
plotado no formato log-log.
O FRS apresenta tamanhos e formas geométricas variadas, neste estudo o sensor utilizado
apresenta forma geométrica quadrada e suas dimensões estão descriminadas através do
desenho abaixo:
Resistência (KΩ)
97
FIGURA C2 Desenho esquemático do sensor FSR
1)Área ativa: 1.5” [38.1] x 1.5” [38.1]
2)Espessura nominal: 0.018” [0.46 mm]
Um FRS é um polímero condutor piezoelétrico, que modifica a resistência de forma previsível
de acordo com a força aplicada à sua superfície. Como uma lâmina de polímero, é equipado
por uma película sensitiva aplicada por seritipia (prensado). Aplicando-se uma força à
superfície da película sensitiva, as partículas condutoras tocam os eletrodos condutores,
modificando a resistência da mesma. Com toda uma base eletrônica nos sensores, o sensor
FSR requer uma interface relativamente simples e pode operar satisfatoriamente em
ambientes hostis. A figura abaixo demonstra a estrutura física de um FSR básico:
A parte operacional do FSR é dependente de sua deformação, tendo melhor funcionamento
quando fixado em uma superfície firme, plana e estável. Instalado à uma superfície curva, a
Película resistiva
98
amplitude de mensuração e a velocidade da corrente são reduzidas. O FSR é uma categoria de
soluções de baixo custo para quem quer uma solução econômica para suas necessidades em
avaliar carga/force. Além disso, o FRS apresenta grande flexibilidade, elevadas linearidade e
precisão, ampla amplitude de força e o output do sensor não é uma função da área que
receberá a carga.
99
ANEXO D
A altura do apoio de é determinada para uma postura sentada adequada
e estabelece o
posicionamento correto da perna, favorecendo o máximo contato entre a perna do usuário e o
assento (KENWARD, 1971; LUSARDI e NIELSEN, 2000).
A maioria das cadeiras de rodas
apresenta altura do apoio de regulável, primeiro porque cada indivíduo tem um
comprimento de perna e segundo, porque muitas possibilidades de tipo e de espessura das
almofadas do assento, mas idealmente a altura do apoio de pé deve permitir um ângulo entre o
tronco e a coxa, ângulo de flexão do quadril, igual a 90° (BERGER et al., 1990). Segundo
Cooper (1998) é desejável que o ângulo entre a superfície plana do assento e a perna do
cadeirante também seja igual a 90°, porém ângulos menores e maiores que 90° são comuns
devido a condições ortopédicas, como encurtamento muscular, ou a preferências dos usuários.
Ângulos menores que 90° tornam a cadeira de rodas menor, mais curta, favorecendo
manobras em espaços restritos, enquanto que ângulos maiores que 9geram maior base de
suporte, facilitando a superão de obstáculos (COOPER, 1998). Os apoios para os pés
apresentam tamanhos e formatos variados e a escolha do modelo dependerá do tamanho do pé
e da flexibilidade da articulação do tornozelo do cadeirante (COOPER, 1998). Em alguns
casos, eles apresentam um prolongamento até a perna e podem ser elevados com o argumento
de auxiliar o retorno venoso, reduzindo o edema, ou para fixar a perna em extensão, por
imobilização cirúrgica, por deformidade ou por hipertonia dos músculos extensores do joelho
(ver fig.D1) (AISSAOUI, 2000).
(a) (b) (c)
FIGURA D1: (a) apoio de pé padrão, basculável para facilitar transferências, (b) apoio de pé e de perna
permitindo elevação da mesma para extensão dos joelhos, (c) apoio de pé para indivíduos com paralisia cerebral,
com velcros adaptados
FONTE: (a) e (b) www.quickie-wheelchair.com; (c) arquivo pessoal da autora
100
O encosto dos braços pode ser removível, a fim de facilitar as transferências do usuário para
dentro ou para fora da cadeira (LUSARDI e NIELSEN, 2000). O comprimento e a altura do
apoio de braço podem interferir na função dos membros superiores, bem como na habilidade
do cadeirante de aproximar de balcões e de mesas (COOPER, 1998). Para Cooper (1998), o
apoio de braço deve ser comprido e alto o bastante para permitir apoio dos braços de forma
confortável, sem elevação dos ombros, e ao mesmo tempo deve ser curto o bastante para que
não interfira nas atividades do usuário.
A mesa acoplada à cadeira de rodas permite posicionamento de ambos os membros
superiores, bem como alívio de peso para os ombros. Ela também promove uma superfície
adequada para atividades funcionais e de vida diária auxiliando a inclusão social (BERGER et
al., 1990).
FIGURA D2: Utilização da mesa acoplada à cadeira de rodas, facilitando realização de atividade de vida diária,
bem como a inclusão escolar.
FONTE: Foto do acervo da Associação Mineira de Reabilitação, 2009.
O sistema de freio é essencial em qualquer cadeira de rodas motorizada, podendo operar de
maneira diferente e ter impacto na habilidade do usuário para utilizar o freio de uma maneira
segura e efetiva. (BATAVIA et al., 2001 e KENWARD, 1971). Tendo em vista esse
paradigma, a modificação de um tipo de freio para outro requer ajustes e adaptações por parte
do usuário (BATAVIA et al., 2001).
101
A estética não é vista como um fator funcional, mas deve ser considerada, uma vez que os
usuários que detestam a aparência de suas cadeiras podem eventualmente abandoná-las
(BATAVIA et al., 2001).
102
ANEXO E
Gráficos de Intensidade dos 34 participantes, onde 1 - corresponde às cinco medições com o assento inclinado 15° para a direita, 2 - às cinco
medições com o assento inclinado 15° para a esquerda, 3 - às cinco medições com o assento inclinado 15° para frente, 4 - às cinco medições com
o assento inclinado 15° para trás e 5 - às cinco medições com o assento plano, ou seja, sem inclinação.
103
PARTICIPANTE ACRL
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
104
PARTICIPANTE BDCP
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
105
PARTICIPANTE CMR
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
106
PARTICIPANTE LAP
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
107
PARTICIPANTE MCOP
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
108
PARTICIPANTE ACAS
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
109
PARTICIPANTE MAP
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
110
PARTICIPANTE MMM
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
111
PARTICIPANTE DML
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
112
PARTICIPANTE CV
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
113
PARTICIPANTE CMS
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
114
PARTICIPANTE CMMFT
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
115
PARTICIPANTE CFW
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
116
PARTICIPANTE ACCF
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
117
PARTICIPANTE TAM
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
118
PARTICIPANTE VGC
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
119
PARTICIPANTE RPAC
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
120
PARTICIPANTE PSG
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
121
PARTICIPANTE PRC
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
122
ARTICIPANTE PCRR
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
123
PARTICIPANTE NSE
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
124
PARTICIPANTE KAR
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
125
PARTICIPANTE LCF
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
126
PARTICIPANTE LFC
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
127
PARTICIPANTE LMC
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
128
PARTICIPANTE LSF
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
129
PARTICIPANTE PHPM
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
130
PARTICIPANTE FELS
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
131
PARTICIPANTE FSN
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
132
PARTICIPANTE GAM
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
133
PARTICIPANTE GFV
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
134
PARTICIPANTE IDC
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
135
PARTICIPANTE JAA
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
136
PARTICIPANTE MRV
1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
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