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FERNANDO DE SOUZA BASTOS
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ALISE CONJUNTA DE FATORES BASEADA EM ESCOLHAS:
ESTIMAC¸
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AO E INFER
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ENCIAS
Disserta¸ao apresentada `a Universi-
dade Federal de Vi¸cosa, como parte
das exigˆencias do Programa de os-
Gradua¸ao em Estat´ıstica Aplicada e
Biometria, para obten¸ao do t´ıtulo de
Magister Scientiae.
VIC¸ OSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2010
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FERNANDO DE SOUZA BASTOS
AN
´
ALISE CONJUNTA DE FATORES
BASEADA EM ESCOLHAS: ESTIMAC¸
˜
AO E
INFER
ˆ
ENCIAS
Disserta¸ao apresentada `a Universidade Fe-
deral de Vi¸cosa, como parte das exigˆencias do
Programa de os-gradua¸ao em Estat´ıstica
Aplicada e Biometria, para obten¸ao do
t´ıtulo de Magister Scientiae”.
APROVADA:
Paulo Roberto Cecon Jos´e Ivo Ribeiro J´unior
Co-Orientador Co-Orientador
Rodrigo Gava Sidney Martins Caetano
Carlos Henrique Os´orio Silva
Orientador
ads:
Aos meus pais Adalberto de Aguiar Bastos e
Maria Jos´e de Souza Bastos.
ii
Agradecimentos
Agrade¸co primeiro `a Deus, por sempre estar presente me minha vida e estar
sempre me aben¸coando!
Agrade¸co a minha ae e a meu pai, pois nunca mediram esfor¸cos para ajudar
a mim e a meu irm˜ao, em especial a minha ae, mesmo que a palavra “obri-
gado”signifique tanto, ao expressar´a por inteiro o quanto voe fez por mim,
te amo muito.
`
A minha fam´ılia, agrade¸co todo o amor, carinho, compreens˜ao e respeito. Em
especial a minha tia Tereza, sem a sua for¸ca e sua dedica¸ao ao poderia chegar
onde cheguei, do fundo do cora¸ao o meu muito obrigado!
Ao Professor Carlos Henrique, meu orientador, por sua paciˆencia, dedica¸ao e
amizade.
Aos Professores Jos´e Ivo e Paulo Cecon, meus coorientadores, por dedicarem
um tempo para me ajudar sempre que precisei, muito obrigado!
A Lucy Tiemi Takahashi, pela amizade, for¸ca e carinho!
A meus cumpadres, Bruno Benjamin e Diogo da Silva Machado, pela amizade
e companheirismo!
A minha namorada Elizete, por fazer parte da minha vida, por me escutar,
me dar carinho, me aturar e estar sempre presente desde nosso primeiro baile.
Ao meu irm˜ao Renato Luiz, pelo companheirismo e amizade.
`
A Vi¸cosa, por ter sido a cidade que me acolheu em seu ber¸co.
iii
iv
Aos amigos da UFV e de Vi¸cosa, que me “aturam”durante 7 anos, amigos
da matem´atica e estat´ıstica, alunos e professores. Muitas das pessoas que
passaram e passam pelo que eu passei e passo: ficar longe da fam´ılia em
busca de um ideal comum. Tenho muito a agradecer e a muitas pessoas. ao
cito nomes para ao ser injusto com pessoas que me auxiliaram at´e onde a
cheguei...
A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a concretiza¸ao deste
sonho, o meu muito obrigado.
Sum´ario
Lista de Tabelas viii
Resumo x
Abstract xii
Introdu¸ao 1
1 Hist´orico da Modelagem nos Estudos da Preferˆencia do Consumi-
dor 4
2 An´alise Conjunta de Fatores (Conjoint Analysis) 8
2.1 Importˆancia da An´alise Conjunta de Fatores . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Conceitua¸ao de Alguns Termos ecnicos . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Etapas para Elabora¸ao de uma Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.1 Exemplos de Utiliza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 Modelo para a Utilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.4.1 Exemplo de Aplica¸ao da ANCF. . . . . . . . . . . . . . . . . 20
v
vi
2.4.2 Dificuldades na Implementa¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3 An´alise Conjunta de Fatores Baseada em Escolhas (Choice Based
Conjoint Analysis) 30
3.1 Modelos de Escolha Discreta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 Modelos ao-Ordenados de Escolha M´ultipla . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2.1 O Modelo Logit Multinomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2.2 Raz˜ao de Escolhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3 Fun¸ao de Verossimilhan¸ca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.1 Fun¸ao de axima Verossimilhan¸ca pelo Algoritmo de Newton-
Raphson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.2 Exemplo de Aplica¸ao da ANCFE e de como Estimar os Parˆametros
da Fun¸ao de axima Verossimilhan¸ca . . . . . . . . . . . . . 43
4 Compara¸ao entre os Resultados da ANCF e da ANCFE (Simula-
¸ao) 52
5 Considera¸oes Finais 60
Referˆencias Bibliogr´aficas 62
Apˆendices 70
A 70
vii
Comandos do SAS (vers˜ao 9.1) utilizados para gerar dados correspondentes
as notas de aceita¸ao ou de inten¸ao de compra atribu´ıdas por 200
consumidores para 8 alternativas de um produto hipot´etico (trata-
mento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
B 75
Comandos do SAS (vers˜ao 9.1) utilizados para implementar o exemplo da
ANCFE apresentado no cap´ıtulo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
C 78
Comandos do MAPLE 12, vers˜ao de avalia¸ao, utilizados para implementar
o algoritmo de Newton-Raphson e determinar os valores dos betas no
exemplo de aplica¸ao da ANCFE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Lista de Tabelas
2.1 N´ıveis do fator “Pre¸co”, “Cor”e “Marca”utilizados no estudo por sim-
ula¸ao de dados para a exemplifica¸ao da ANCF . . . . . . . . . . . . 20
2.2 Valores do componente determin´ıstico associados aos oito tratamen-
tos antes da simula¸ao do erro aleat´orio . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3 Notas atribuidas pelo consumidor 1 aos oito tratamentos . . . . . . . 22
2.4 Estimativas dos coeficientes da preferˆencia dos n´ıveis dos fatores e
importˆancias relativas (%) dos fatores. . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1 N´ıveis do fator “Franquia”e “Tip os de Cobertura”utilizados para a
exemplificar a aplica¸ao da ANCFE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.1 Notas atribu´ıdas aos oito tratamentos e respectivas escolhas, apresen-
tados somente para os consumidores 1 e 2, do estudo por simula¸ao
para comparar os resultados obtidos com a ANCF e ANCFE. . . . . 53
4.2 Coeficientes da Preferˆencia (CP) dos n´ıveis dos fatores e Importˆancias
Relativas (IR) (%) dos fatores obtidos na an´alise agregada dos dados
simulados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.3 Sa´ıda do SAS confirmando a convergˆencia do modelo . . . . . . . . . 55
viii
ix
4.4 Medidas referentes ao ajuste do modelo dadas pelo Log de verossim-
ilhan¸ca, pelo Crit´erio Bayesiano de Schwarz (SBC) e pelo Crit´erio de
Informa¸ao de Akaike (AIC). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.5 Testes Likelihood Ratio, Score e Wald para testar a hip´otese de nuli-
dade β
1
= β
2
= β
3
= 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.6 Estimativas dos parˆametros e das raz˜oes de escolha de tratamentos
que se obt´em na mudan¸ca dos n´ıveis de um fator mantendo os outros
fixados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.7 Probabilidades estimadas e observadas (frequˆencia de escolha), asso-
ciadas `as diversas alternativas dos tratamentos. . . . . . . . . . . . . 58
Resumo
BASTOS, Fernando de Souza M.Sc., Universidade Federal de Vi¸cosa, abril de 2010.
An´alise conjunta de fatores baseada em escolhas: Estima¸ao e inferˆencias.
Orientador: Carlos Henrique Os´orio Silva. Coorientadores: Paulo Roberto Cecon,
Jos´e Ivo Ribeiro J´unior.
Qualquer empresa orientada para o mercado consumidor tem por objetivo ofere-
cer um produto ou servi¸co, melhor do que seus concorrentes, para que o consumidor
venha a prefer´ı-lo e at´e mesmo pagar um pre¸co maior por ele. Portanto ´e de in-
teresse conhecer etodos de an´alise estat´ıstica que possam auxiliar nas pesquisas
que visem estudar a preferˆencia do consumidor. Uma das metodologias de maior
difus˜ao para a an´alise do mercado consumidor utilizada atualmente ´e a conjoint
analysis traduzida como An´alise Conjunta de Fatores (ANCF), conforme proposto
por Minim et al. (2006). Apesar da literatura sobre a utiliza¸ao desta metodologia
em pesquisas de mercado ser extensa, ainda existem muitas oportunidades para o
estudo de sua utiliza¸ao, principalmente, relacionadas `a an´alise per si, tais como a
inclus˜ao de intera¸oes entre fatores no modelo e testes de significˆancia para as im-
portˆancias relativas dos fatores. Quando utilizada para avaliar muitos atributos ou
atributos com muitos n´ıveis, a ANCF na sua forma tradicional ao ´e indicada. Uma
x
xi
alternativa ´e apresentar todos os tratamentos ao consumidor e este escolhe o(s) de
sua preferˆencia ao inv´es de atribuir notas ou rank a todos, o que na pr´atica ´e mais
representativo do ambiente real de compra. Essa metodologia ´e denominada, Choice
Based Conjoint Analysis, traduzida como An´alise Conjunta de Fatores Baseada em
Escolhas (ANCFE). Na presente disserta¸ao descreve-se o modelo da ANCF e suas
pressuposi¸oes, al´em de mostrar como ´e feito a estima¸ao dos parˆametros do mod-
elo, apresenta-se algumas das principais vantagens e desvantagens do modelo e um
exemplo de aplica¸ao. Descreve-se tamb´em detalhadamente o desenvolvimento do
modelo da ANCFE, a estima¸ao dos parˆamtros por axima verossimilhan¸ca, com
exemplos de aplica¸ao, al´em de apresentar um estudo por simula¸ao de dados para
ilustrar uma compara¸ao entre as metodologias ANCF e ANCFE. Neste estudo
foram simuladas notas de aceita¸ao ou inten¸ao de compra atribu´ıdas por 200 con-
sumidores para 8 alternativas de um produto hipot´etico. Na an´alise dos resultados
da simula¸ao ´e possivel notar que em termos de interpreta¸ao as duas metodolo-
gias se complementam, dificultando a escolha de uma delas. Por´em, a metodologia
ANCFE tem a vantagem de ser mais pr´oximo do ambiente real de compra.
Abstract
BASTOS, Fernando de Souza M.Sc., Universidade Federal de Vi¸cosa, april, 2010.
Choice based conjoint analysis: estimation e inference. Adviser: Carlos
Henrique Os´orio Silva. Co-advisers: Paulo Roberto Cecon, Jos´e Ivo Ribeiro J´unior.
In order to achieve consumer preference and higher sell prices, enterprises nowa-
days must develop products and services that are better than thoses offered by the
competitors. Better in the sense that they meet consumers desires or needs be-
cause they were developed from research work that evaluated consumer preferences.
Conjoint analysis (CA) is a statistical methodology very useful in such studies. Al-
though the literature on CA applied to marketing research is vast, there still exists
plenty of topics for important research work such as inclusion of interaction among
attributes (or factors) in the regression model and significance test for the relative
importance of attributes estimated from CA. When there exists many important
attributes, for example five or more, the usual CA should not be used because re-
quires consumer to evaluate many alternatives of a product or service (treatments).
An alternative is to use choice based conjoint analysis (CBCA) in which the set of
treatments is presented and the consumer is required only to choose one or more of
its preference, ratter than to evaluted each one as in the usual CA. Hence, CBCA
xii
xiii
even presents a more realistic scenario than CA. In this text we present a review on
consumer preference studies, including its origins and examples of applications, a re-
view on conjoint analysis (CA) with modelling details, interpretation of results and
examples. We present in details this alternative to CA named choice based conjoint
analysis (CBCA). Details of the model development and estimation by maximum
likelihood are presented as well as an example of application, a simulation study to
compare both techniques, CA and CBCA, involving preference rates given by 200
consumers to eight alternatives of an hypothetical product. From this simulation
study we concluded that both techniques give important informations and should be
considered complementary to each other rather than competitive ones. References
and appendix with SAS and Maple programs complement are text.
Introdu¸ao
O mundo est´a se transformando muito rapidamente e aproximando pessoas e
mercados, com isso, surgem novas oportunidades a partir da mudan¸ca de vida das
pessoas, o consumidor, neste contexto, torna-se cada vez mais exigente. Logo, como
todo empreendimento tem como objetivo final a aceita¸ao e a satisfa¸ao de um
consumidor, as empresas para competirem com sucesso, devem entender e estar
cada vez mais pr´oximas dos clientes, ou seja, ´e de fundamental importˆancia que a
empresa conhe¸ca e compreenda o seu consumidor e o comportamento dele.
Nesse contexto, para lan¸car um novo produto, melhorar um a existente, desco-
brir e testar novos mercados, saber como um produto a existente est´a posicionado
num mercado-alvo e qual o impacto da mudan¸ca de uma ou mais caracter´ısticas,
as empresas necessitam da mensura¸ao da estrutura de preferˆencia do consumidor.
Uma das metodologias mais empregadas atualmente para mensurar essa estrutura
´e a an´alise conjunta de fatores (ANCF) outra metodologia que pode ser empregada,
por´em ´e pouco conhecida no Brasil ´e a An´alise Conjunta de Fatores Baseada em
Escolhas (ANCFE) a qual vamos apresentar nesta disserta¸ao.
Objetivos
Fazer uma revis˜ao bibliogr´afica sobre a estrutura de preferˆencias do consumi-
dor;
Mostrar detalhadamente como ´e feito uma an´alise com a ANCF;
Mostrar em detalhes como foi desenvolvido o modelo estat´ıstico empregado na
ANCFE;
Mostrar como o modelo da ANCFE pode ser ajustado pelo algoritmo de
Newton-Raphson;
Desenvolver um exemplo por simula¸ao de dados, para realizar ambas as
an´alises, ANCF e ANCFE, de modo que se possa comparar os resultados
obtidos (inferˆencias estat´ısticas) a partir das duas metodologias.
Estrutura do Trabalho
No Cap´ıtulo I ´e apresentado um hist´orico dos estudos da preferˆencia do con-
sumidor, suas origens, aplica¸oes, exemplos de utiliza¸ao e as dificuldades de imple-
menta¸ao.
O Cap´ıtulo II aborda o problema da mensura¸ao da estrutura de preferˆencias do
consumidor utilizando a An´alise Conjunta de Fatores (ANCF). Descrevem-se o mod-
elo da ANCF e suas pressuposi¸oes, al´em de mostrar como ´e feito a estima¸ao dos
parˆametros do modelo, apresenta-se algumas das pricipais vantagens e desvantagens
do modelo e um exemplo de aplica¸ao.
O Cap´ıtulo I II aborda a mensura¸ao da estrutura de preferˆencias do consum-
idor utilizando a An´alise Conjunta de Fatores Baseada em Escolhas (ANCFE).
Descreve-se detalhadamente o desenvolvimento do modelo da ANCFE, a estima¸ao
dos parˆamtros por axima verossimilhan¸ca, com exemplos de aplica¸ao.
O Cap´ıtulo IV apresenta um estudo por simula¸ao de dados para ilustrar uma
compara¸ao entre as metodologias ANCF e ANCFE. Neste estudo foram simuladas
notas de aceita¸ao ou inten¸ao de compra atribu´ıdas por 200 consumidores para 8
alternativas de um produto hipot´etico.
Para finalizar, o cap´ıtulo V apresenta um resumo onde ao ressaltadas as princi-
pais contribui¸oes e limita¸oes da tese, juntamente com recomenda¸oes para futuros
2
trabalhos. Uma se¸ao de referˆencias bibliogr´aficas e de apˆendices com programas
SAS e Maple complementa o texto.
3
Cap´ıtulo 1
Hist´orico da Modelagem nos
Estudos da Preferˆencia do
Consumidor
A estrutura de preferˆencias do consumidor pode ser entendida como as atividades
diretamente relacionadas a o comportamento de escolha, decis˜ao de compra e de
consumo de bens e/ou servi¸cos, incluindo os processos de decis˜ao que antecedem e
sucedem estas oes. Definir os fatores que influenciam esta estrutura e mensur´a-los
corretamente ´e uma necessidade vital ao apenas para as empresas, mas para toda
a organiza¸ao que se assuma como orientada para o mercado.
Segundo Da Silva (2004) as origens das t´ecnicas hoje utilizadas para o estudo e
an´alise das preferˆencias e escolha dos consumidores surgiram na primeira metade do
s´eculo passado e em origem nos modelos probabil´ısticos utilizados em experiˆencias
biol´ogicas de escolha bin´aria.
A primeira aplica¸ao na ´area econˆomica, foi denominada Conjoint Measurement
(Lucey e Tukey, 1964), sendo os autores, respectivamente, um psic´ologo matem´atico
e um estat´ıstico. Ap´os a publica¸ao deste trabalho houve uma grande evolu¸ao das
t´ecnicas, principalmente, com o estudo de pesquisadores da ´area de marketing, os
quais estavam interessados em modelos e ecnicas que enfatizassem a transforma¸ao
de respostas subjetivas aos est´ımulos objetivos em parˆametros estimados. As formas
funcionais propostas pela teoria de Conjoint Measurement forneceram a base te´orica
para relacionar a utilidade do produto aos valores dos fatores do produto e, adotou-se
o nome de Conjoint Analysis para ressaltar esta distin¸ao.
Atualmente, o termo conjoint analysis traduzido como An´alise Conjunta de Fa-
tores (ANCF), conforme proposto por Minim et al.(2006) ´e muitas vezes confundido
com o de Preferˆencia Declarada (PD), mas na verdade ´e um dos etodos que fazem
parte das t´ecnicas empregadas na PD (Brito, 2007).
A t´ecnica de PD refere-se a uma fam´ılia de ecnicas, que utiliza declara¸oes de in-
div´ıduos sobre suas preferˆencias, dentro de um conjunto de alternativas hipot´eticas,
objetivando definir fun¸oes utilidade e estimar os parˆametros destas fun¸oes (Kroes
e Sheldon, 1988). Foi originada na ecada de 70 na ´area de Marketing, na busca
de solu¸oes para os problemas comumente encontrados nas pesquisas de Preferˆencia
Revelada (PR). A PR segundo Dutra et al.(2002), ao ecnicas baseadas em escolhas
reais dos indiv´ıduos para an´alise de preferˆencia e previs˜ao de comportamento. Lobo
(2003) afirma que, para alguns tipos de an´alises, como mudan¸cas e implanta¸oes de
novos servi¸cos oferecidos, a PR ´e uma ecnica pouco eficaz. Portanto, as t´ecnicas
de PD ao uma alternativa para suprir as deficiˆencias apresentadas pela PR.
Desde o primeiro artigo sobre a aplica¸ao da metodologia conjunta ao estudo da
conduta do consumidor, os etodos baseados em PD tˆem se tornado a metodologia
mais amplamente aplicada para medir e analisar preferˆencias do consumidor. Abaixo
cita-se alguns trabalhos que utilizaram a PD.
Kocur et al; Guide to Forecasting Travel Demand with Direct Utility Assess-
ment, 1982.
Kroes e Sheldon; Stated Preference Methods: An Introduction, 1988.
Permain et al; Stated Preference Techniques: A Guide to Practice, 1991.
Hensher; Stated Preference Analysis of Travel Choice: The State of Practice,
5
1994.
Souza; Delineamento Experimental em Ensaios Fatoriais Utilizados em Pre-
ferˆencia Declarada, 1999.
Louviere et al; Stated Choice Methods: Analysis and Application, 2000.
Train; Discrete Choice Methods with Simulation, 2003.
No ano de 1990, Green e Srinivasan propuseram uma taxonomia das diferentes
abordagens de PD:
Abordagem Composicional: Modelos Autoexplicativos;
Abordagem Decomposicional: Modelos Conjuntos (Preferˆencias ou Escol-
has);
Abordagem Composicional Decomposicional: Modelos H´ıbridos.
Na abordagem composicional, o consumidor avalia os n´ıveis de cada fator em
forma sequencial e isolada dos outros fatores. Partindo-se das avalia¸oes em separado
dos fatores e seus n´ıveis, deseja-se conhecer a preferˆencia global por um tratamento
(produto/ servi¸co/ conceito).
A abordagem decomposicional objetiva estimar a importˆancia de cada fator (util-
idades dos n´ıveis dos fatores) a partir da avalia¸ao do efeito conjunto do tratamento.
Desta forma, mediante a avalia¸ao de combina¸oes de n´ıveis, quer-se conhecer a con-
tribui¸ao de cada fator na forma¸ao da preferˆencia do consumidor.
A abordagem h´ıbrida, formada pela uni˜ao dos modelos de preferˆencia composi-
cionais e decomposicionais, envolve duas tarefas: uma que submete o entrevistado
`a avalia¸ao de fatores independentemente dos outros e outra, posterior, onde este
desenvolve um exerc´ıcio conjunto (C´ordova, 2002).
Na abordagem decomposicional, dois m´etodos principais em sido sugeridos: uma
abordagem baseada em preferˆencias, a qual requer que o entrevistado classifique
6
cada alternativa numa escala m´etrica (rating) e outra, baseada em escolha, em
que o entrevistado escolhe uma entre diferentes alternativas. Ambos os etodos
operacionalizam a mensura¸ao das preferˆencias a partir do princ´ıpio comportamental
denominado “maximiza¸ao da utilidade”(Ben-Akiva e Lerman, 1985).
A an´alise conjunta de fatores (conjoint analysis)(ANCF) ´e um exemplo de mod-
elagem empregada na abordagem baseada em preferˆencias; e a an´alise conjunta de
fatores baseada em escolhas (Choice Based Conjoint Analysis)(ANCFE) na mode-
lagem baseada em escolha.
Existe, no Brasil, uma grande quantidade de trabalhos que utilizam a ANCF,
como ser´a visto no pr´oximo cap´ıtulo. Entretanto, poucos trabalhos abordam a
ANCFE.
7
Cap´ıtulo 2
An´alise Conjunta de Fatores
(Conjoint Analysis)
A Conjoint Analysis, a qual se traduz como An´alise Conjunta de Fatores (ANCF),
´e uma metodologia que permite interpretar preferˆencias com base em modelos ajus-
tados aos dados obtidos em estudos planejados para este prop´osito. Deseja-se, em
geral, estimar a importˆancia de fatores pr´e-estabelecidos na forma¸ao da preferˆencia
do consumidor por diferentes vers˜oes de um produto, servi¸co ou situa¸ao hipot´etica.
De acordo com Green e Rao (1971), esta ´e uma ecnica utilizada para estu-
dar o efeito conjunto de duas ou mais vari´aveis independentes sobre a ordena¸ao
de uma vari´avel dependente. O objetivo ´e estudar a influˆencia que cada vari´avel
independente exerce na vari´avel dependente.
Para Hair Junior (1998), a ANCF ´e uma ecnica que baseia-se na premissa de
que os consumidores avaliam o valor ou a utilidade de um produto ou servi¸co por
meio da combina¸ao do valor ou utilidade de cada fator que o comp˜oe.
De acordo com Siqueira (2000), a an´alise conjunta de fatores ´e um m´etodo es-
tat´ıstico utilizado para analisar dados prim´arios obtidos por experimenta¸ao e ´e um
m´etodo que auxilia na compreens˜ao da preferˆencia dos consumidores por produtos
ou servi¸cos que possuam os mesmos fatores.
8
Kotler (2000) define a ANCF como uma t´ecnica estat´ıstica por meio da qual as
preferˆencias por diferentes produtos ao decompostas, para determinar o valor e a
importˆancia relativa atribu´ıda, pelos mesmos, a cada fator do produto.
Pode-se entender ent˜ao que, a hip´otese fundamental da ANCF quando aplicada
`as pesquisas de mercado, ´e que a avalia¸ao de diferentes alternativas ´e baseada em
valores subjetivos etricos de utilidade alocados a cada n´ıvel dos fatores que se
combinam para formar a alternativa. O conceito de utilidade ´e oriundo da Teoria
do Consumidor
e representa o benef´ıcio ou a satisfa¸ao percebida por um consum-
idor (Varian, 1999). Atualmente esse conceito ´e muito empregado nos estudos de
preferˆencia declarada.
2.1 Importˆancia da An´alise Conjunta de Fatores
Desde o surgimento das primeiras contribui¸oes `as teorias sobre as quais a an´alise
conjunta se sustenta at´e as formas mais modernas do m´etodo, grande evolu¸ao tem
ocorrido no sentido de aumentar a confiabilidade e o poder de predi¸ao do m´etodo
sobre a preferˆencia dos consumidores na hora da aquisi¸ao de um novo produto.
Alguns trabalhos apresentam revis˜oes detalhadas dos desenvolvimentos relacionados
aos opicos envolvidos com o m´etodo de an´alise conjunta como, por exemplo: Green
e Srinivasan (1990), Wittink et al. (1994) e Carroll e Green (1995).
O fato desta metodologia possuir a capacidade de responder a uma gama de
quest˜oes de marketing, faz com que esta teoria continue a ser estudada e gere uma
quantidade crescente de aplica¸oes pr´aticas. Gerentes de marketing se defrontam
A Teoria do consumidor, ou Teoria da escolha, ´e uma teoria microeconˆomica, que busca descr-
ever como os consumidores tomam decis˜oes. De acordo com esta teoria os fatores que influˆenciam
as escolhas dos consumidores est˜ao basicamente ligados a sua restri¸ao or¸cament´aria, suas escolhas
e a suas preferˆencias.
9
com in´umeras dificuldades quando avaliam lucros futuros, vendas e participa¸ao de
mercado para novos produtos ou para modifica¸oes de produtos existentes ou para
diferentes estrat´egias de marketing. Esta t´ecnica pode auxiliar no progn´ostico de
muitas quest˜oes, tais como:
A lucratividade e/ou a participa¸ao de mercado para um novo produto dada a
oferta atual dos concorrentes. Deve o novo produto ser introduzido? Em caso
positivo, qual a configura¸ao ´otima para este?
O impacto de novos produtos dos concorrentes sobre o lucro ou a participa¸ao
de mercado se a empresa ao efetuar mudan¸cas na sua posi¸ao competitiva.
Quais as poss´ıveis rea¸oes competitivas? Deve-se modificar o pre¸co ou outro
fator dos produtos da empresa em resposta `a competi¸ao?
Deslocamentos de consumidores ou dos produtos atuais da empresa para novos
produtos oferecidos por esta ou de produtos dos concorrentes para o novo
produto da empresa.
Resposta aos itens anteriores de forma diferenciada, em termos de segmentos
de mercado.
Rea¸oes competitivas `as estrat´egias da empresa de introdu¸ao de novos pro-
dutos.
Respostas dos segmentos perante planos alternativos de marketing.
Para um melhor entendimento da terminologia empregada em estudos que uti-
lizam a ANCF, a conceitua¸ao de alguns termos t´ecnicos ´e apresentada a seguir.
10
2.2 Conceitua¸ao de Alguns Termos T´ecnicos
Consumidor, Respondente ou Julgador - Correspondem `as pessoas que
participam da avalia¸ao dos tratamentos, respondem question´arios, etc. Em
geral, trata-se de uma amostra aleat´oria de consumidores.
Fator ou Atributo - Os fatores ou atributos ao caracter´ısticas, que comp˜oem
o tratamento (produto ou servi¸co), objeto de estudo da an´alise conjunta.
Tamb´em ao denominados fatores control´aveis, vari´aveis independentes ou
atributos e, geralmente, ao representados por letras mai´usculas.
N´ıvel de fator - ao desmembramentos ou alternativas dos fatores que servem
para qualific´a-los ou quantific´a-los.
Tratamentos - Os tratamentos ao as combina¸oes de n´ıveis de fatores que
ser˜ao apresentadas aos consumidores.
Est´ımulos -
´
E o conjunto de tratamentos aos quais o consumidor ´e apresen-
tado para avaliar, julgar, atribuir uma nota, responder perguntas a respeito e
etc. Pode ser uma instru¸ao, um question´ario, um objeto real a ser pesquisado.
Ortogonalidade -
´
E uma restri¸ao matem´atica que exige que os efeitos dos
fatores sejam estimados de forma independente uns dos outros. Dessa forma,
o alculo de um efeito ao ´e alterado por varia¸oes dos outros efeitos.
M´etodo do perfil completo ou fatorial completo (full-profile) - M´etodo
de forma¸ao dos tratamentos, que consiste na completa descri¸ao do trata-
mento pela combina¸ao de um n´ıvel de cada fator.
Planejamento fatorial fracionado - Planejamentos empregados para re-
duzir o n´umero de tratamentos a serem avaliados com a abordagem do perfil
completo.
11
An´alise conjunta tradicional - Metodologia que emprega os princ´ıpios
“cl´assicos”de an´alise conjunta, usando um modelo aditivo de preferˆencia do
consumidor.
Utilidade parcial -
´
E a estimativa de an´alise conjunta para as preferˆencias
ou utilidades associadas a cada n´ıvel dos fatores. Conhecida tamb´em como
coeficiente da preferˆencia (CP) do modelo da ANCF tradicional.
Efeitos principais - ao os efeitos que cada fator tem individualmente sobre
a preferˆencia dos consumidores.
Utilidade total - Se refere ao valor atribu´ıdo pelo consumidor ao tratamento.
Em an´alise conjunta ´e assumido que a utilidade ´e formada pela combina¸ao das
utilidades parciais de um espec´ıfico conjunto de n´ıveis de fatores (tratamento).
Modelo de composi¸ao - Classe de modelos multivariados que relaciona
as vari´aveis dependentes e independentes.
´
E o modelo estat´ıstico adotado na
ANCF. Pode ou ao incluir intera¸oes entre os fatores. A escolha do modelo
para a ANCF depende dos objetivos e restri¸oes do estudo. Para a estima¸ao
dos parˆametros do modelo existem muitas alternativas (Artes, 1991).
12
2.3 Etapas para Elabora¸ao de uma Pesquisa
Para conduzir uma pesquisa utilizando a an´alise conjunta, Della Lucia (2008)
aconselha seguir os seguintes passos: sele¸ao de fatores, determina¸ao dos n´ıveis
do fator, escolha do modelo para a an´alise, sele¸ao do m´etodo de coleta de da-
dos, defini¸ao do arranjo de tratamentos e da forma de apresenta¸ao, avalia¸ao dos
tratamentos, an´alise dos dados e a interpreta¸ao dos resultados, como descritos a
seguir:
1. Sele¸ao dos fatores - Esse passo exige conhecimento t´ecnico do produto,
pois todos os fatores do produto que possam afetar o processo de decis˜ao
dos consumidores devem ser identificados. Nesta etapa, pode-se realizar um
question´ario aberto com um pequeno n´umero de consumidores para identificar
os fatores relevantes. Os pesquisadores podem incluir ainda fatores que eles
julgam importantes pelo hist´orico de reclama¸oes ou por contatos pr´evios com
os consumidores.
2. Determinar os n´ıveis de cada fator - Os n´ıveis dos fatores devem ser signi-
ficativos, informativos e realistas. Devem capturar a forma como os indiv´ıduos
respons´aveis pela decis˜ao de compra pensam. A escolha dos n´ıveis de fatores
adequados influenciam diretamente na validade do julgamento de preferˆencia
dos consumidores.
3. Escolha do modelo para a an´alise - O modelo define a forma de com-
bina¸ao entre os fatores para que os mesmos expliquem a preferˆencia do con-
sumidor. O mais comum ´e o modelo aditivo ou de efeitos principais, em que
as contribui¸oes dos fatores ao somadas para gerar a preferˆencia global pelo
tratamento.
4. Sele¸ao do m´etodo de coleta de dados - Os principais procedimentos
de coleta de dados na ANCF ao os etodos trade-off e o de perfil com-
13
pleto definido na agina anterior. No m´eto do trade-off, os tratamentos ao
apresentados aos consumidores, de modo que os fatores em avalia¸ao sejam
comparados dois a dois por vez. Os consumidores dever˜ao ordenar to dos os
tratamentos em termos de sua preferˆencia. Nesse m´etodo, o n´umero de fatores
ao deve ser muito grande, devido a uma poss´ıvel sobrecarga de informa¸ao
para os consumidores.
5. Planejamento experimental: Defini¸ao do arranjo de tratamentos e da
forma de apresenta¸ao - O delineamento do experimento inclui a defini¸ao
da ordem de apresenta¸ao dos tratamentos e do n´umero de consumidores. A
escolha do delineamento ´e precedida pela defini¸ao dos tratamentos, originados
pela combina¸ao de n´ıveis de fatores por meio de um arranjo fatorial. Quando
o n´umero de fatores e n´ıveis ´e pequeno, pode-se adotar um fatorial completo
no experimento. Contudo, ao se aumentar o n´umero de fatores e n´ıveis, poder´a
ocorrer um grande aumento no n´umero de tratamentos, o que leva `a fadiga do
consumidor, tornando invi´avel a utiliza¸ao do fatorial completo, dando lugar
ao uso de fatoriais fracionados.
6. Avalia¸ao dos tratamentos - Os tratamentos ao avaliados pelos consumi-
dores de maneira global quanto `a inten¸ao de compra, aceita¸ao ou preferˆencia.
7. An´alise dos dados - Os dados da avalia¸ao dos consumidores podem ser
submetidos `a an´alise individual, agregada ou por segmentos.
(a) An´alise individual - Os CP’s e as IR’s ao estimadas para cada consum-
idor, ou seja, para cada consumidor ´e definida uma fun¸ao para predizer
sua preferˆencia.
(b) An´alise agregada - Um ´unico modelo ´e ajustado para todos os consum-
idores.
(c) An´alise por segmentos - Inicialmente, estimam-se os CP’s ind´ıviduais
dos participantes; posteriormente, agrupam-se os consumidores que ap-
resentaram comportamento semelhante, com base nestes valores de CP’s.
Em seguida, realiza-se a an´alise agregada, sendo estimados os CP’s para
14
cada n´ıvel de cada fator em um mesmo segmento ou grupo. Alternati-
vamente, podem-se agrupar os consumidores com base em question´arios
demogr´aficos (sexo, renda, profiss˜ao etc.) e analisar cada grupo. A se-
gunda alternativa permite identificar grupos de interesse primeiro e depois
proceder `a an´alise agregada para cada grupo.
8. Interpreta¸ao dos resultados - Os resultados ao avaliados em termos da
contribui¸ao de cada n´ıvel de cada fator (representada pelos valores de CP’s) e
quanto `a importˆancia relativa dos fatores na inten¸ao de compra ou preferˆencia
dos consumidores.
15
2.3.1 Exemplos de Utiliza¸c˜ao
a in´umeros estudos que se valeram da ANCF. Abaixo ao apresentados alguns
trabalhos brasileiros atuais:
Dantas (2001) utilizou a ANCF para avaliar o impacto de fatores da embalagem
de couve minimamente processada. A informa¸ao, o tipo de produ¸ao, a cor do
otulo e o pre¸co foram fatores que afetaram significativamente a inten¸ao de compra
de tal produto, enquanto a visibilidade fornecida pela embalagem ao proporcionou
altera¸oes no julgamento.
Carneiro (2002) utilizou a ANCF para estudar o impacto da embalagem de ´oleo
de soja na inten¸ao de compra, com a avalia¸ao dos fatores marca, pre¸co, informa¸ao
nutricional e sobre o tipo de soja. Quatro grupos de consumidores foram identifica-
dos; para os grupos 1 e 2, a informa¸ao sobre o tipo de soja e o pre¸co foram fatores
importantes, respectivamente; para o grupo 3, os quatro fatores tiveram a mesma
importˆancia e, para o grupo 4, o pre¸co foi o mais importante.
Abadio (2003) utilizou a ecnica para avaliar o efeito de diferentes fatores de
informa¸ao da embalagem de suco de abacaxi na inten¸ao de compra do consumidor.
Foram avaliados cinco fatores: (1) Marca (trˆes n´ıveis) que apresentou
IR = 24%, (2)
Defini¸ao do Produto (dois n´ıveis) com
IR = 1,4%, (3) Informa¸ao sobre tecnologia
(trˆes n´ıveis) com
IR = 10,6%, (4) Tipo de produ¸ao (dois n´ıveis) com
IR = 9,5% e
(5) Pre¸co (dois n´ıveis) com
IR = 25,9%. Neste estudo tamb´em foi aplicado o teste
t para inferir quanto `as diferen¸cas significativas entre os coeficientes de preferˆencia.
Castro (2006) aplicou a ANCF na Ind´ustria Hoteleira para avaliar os pacotes
de servi¸cos preferidos pelos clientes de um hotel na cidade de ao Paulo. Foram
avaliados cinco fatores: (1) Equipamentos (com trˆes n´ıveis) que resultou em uma
IR = 27,60%, (2) Apartamentos (com trˆes n´ıveis) com
IR = 32,39%, (3) Servi¸cos
de quarto (com trˆes n´ıveis) e
IR = 17,15%, (4) Caf´e da Manh˜a (dois n´ıveis) e
IR
16
= 12,77% e (5) Conforto do Banheiro (dois n´ıveis) com
IR = 10,19% .
Della Lucia (2008) aplicou a ANCF na avalia¸ao da inten¸ao de compra e da
escolha do iogurte light sabor morango. Ela estimou a
IR de trˆes fatores, todos
com dois n´ıveis cada um e obteve os seguintes resultados: (1) Informa¸ao sobre o
conte´udo de c´ucar,
IR = 60,2%, (2) Informa¸ao sobre o conte´udo de gordura,
IR
= 10,6% e (3) Informa¸ao sobre o conte´udo de prote´ına,
IR = 29,2% .
2.4 Modelo para a Utilidade
Considere um experimento com r fatores, cada um com m
r
n´ıveis. Assim, ´e
poss´ıvel definir J =
r
s=1
m
s
tratamentos distintos. Seja U
nj
a utilidade do jesimo
tratamento para o nesimo consumidor. Considere o seguinte modelo de efeitos
aditivos entre os fatores (sem intera¸oes entre eles),
U
nj
= β
0
+
r
s=1
m
r
i=1
X
j
si
β
si
+ ε
nj
, (2.1)
em que,
1. β
0
+
r
s=1
m
r
i=1
X
j
si
β
si
´e o componente determin´ıstico, obtido pela combina¸ao
de um vetor de incidˆencias, 1 × (1 +
r
s=1
m
r
), que define quais n´ıveis dos fa-
tores comp˜oem o tratamento e, um vetor (1 +
r
s=1
m
r
) × 1, ao observ´avel de
utilidades parciais,
β = (β
0
, β
11
, ..., β
1m
1
, β
21
, ..., β
2m
2
, ..., β
r1
, ..., β
rm
r
)
.
X
j
si
= 1 quando o i-´esimo n´ıvel do sesimo fator est´a presente no j-´esimo
17
tratamento e X
j
si
= 0 caso contr´ario. β
0
´e o intercepto
ou constante do
modelo e corresponde `a nota edia de todos os tratamentos, β
si
´e o coeficiente
de preferˆencia (CP) associado ao iesimo n´ıvel do sesimo fator (denominados
part-worths) para s = 1, 2, ..., r fatores cada um com m
s
n´ıveis.
2. e ε
nj
´e o erro aleat´orio, ao observ´avel que inclui o efeito de todas as outras
vari´aveis ao contempladas pelo modelo tais como, diferen¸cas de preferˆencias
entre os indiv´ıduos, erros de medi¸ao na execu¸ao do experimento e/ou na
coleta e digita¸ao dos dados, dentre outras.
Considerando-se um estudo com n = 1, 2, 3, ..., N, consumidores, onde cada um
avalia todos os j = 1, 2, 3, ..., J, tratamentos, ou, J
< J tratamentos conveniente-
mente selecionados (fatorial fracionado); defini-se o vetor
Y = (U
11
...U
1J
U
21
···U
2J
··· U
N1
···U
NJ
)
e a matriz
X = (X
1
X
2
··· X
N
)
,
onde,
Pode-se trabalhar com as utilidades centradas na edia. Neste caso, na an´alise dos dados por
consumidor (an´alise individual) U
nj
= Y
nj
¯
Y
n
e, na an´alise dos dados de todos os consumidores
(an´alise agregada) U
nj
= Y
nj
¯
Y ou seja, Y
nj
´e a nota do consumidor,
¯
Y
n
´e a edia do consumidor
e
¯
Y ´e a edia geral. Ao centrar o valor das notas, o objetivo ´e tornar o intercepto do modelo ou
constante do modelo de regress˜ao (β
0
) igual a zero.
18
X
n
=
1 X
1
11
X
1
12
··· X
1
1m
1
··· X
1
r1
X
1
r2
··· X
1
rm
r
1 X
2
11
X
2
12
··· X
2
1m
1
··· X
2
r1
X
2
r2
··· X
2
rm
r
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
. ···
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
1 X
J
11
X
J
12
··· X
J
1m
1
··· X
J
r1
X
J
r2
··· X
J
rm
r
(2.2)
´e a mesma matriz para n = 1, 2 , ··· , N e,
β = (β
0
, β
11
, ..., β
1m
1
, β
21
, ..., β
2m
2
, ..., β
r1
, ..., β
rm
r
)
,
de onde obt´em-se o sistema,
Y = Xβ + ε.
O objetivo da ANCF ´e estimar o vetor β e a diversas metodologias dispon´ıveis
(Artes, 1991). Uma alternativa ´e pelo etodo dos m´ınimos quadrados ordin´arios, o
que requer a solu¸ao do sistema de equa¸oes normais X
X
β = X
Y . Na ANCF,
para facilitar a interpreta¸ao das estimativas
β
si
imp˜oe-se as restri¸oes
m
i
i=1
β
si
= 0,
para todo fator s. Estas restri¸oes completam o posto da matriz X, de modo que o
sistema de equa¸oes normais passa a ter solu¸ao ´unica e, adicionalmente, permitam
interpreta¸oes importantes para as estimativas dos
β
si
.
β
si
< 0 significam efeito desfavor´avel, ou seja, que diminuem a nota de pre-
ferˆencia pelo produto, enquanto;
β
si
> 0 significam efeito favor´avel na preferˆencia do consumidor.
19
Com os valores
β
si
, pode-se estimar a Importˆancia de um fator s, que ´e dado
por,
I
s
= max(
β
s
) min(
β
s
)
A Importˆancia Relativa (IR) de cada fator ´e estimada como:
IR
s
(%) =
I
s
r
s=1
I
s
· 100 (2.3)
A importˆancia relativa pode ser interpretada como o “impacto”, ou o efeito que
o fator tem sobre a preferˆencia do produto pelo consumidor.
Considere o seguinte exemplo de aplica¸ao da ANCF:
2.4.1 Exemplo de Aplica¸c˜ao da ANCF.
Realizou-se um pequeno estudo por simula¸ao de dados a fim de exemplificar
a ANCF. Considera-se 3 (trˆes) fatores com 2 (dois) n´ıveis cada de acordo com a
Tabela (2.1),
Tabela 2.1: N´ıveis do fator “Pre¸co”, “Cor”e “Marca”utilizados no estudo por sim-
ula¸ao de dados para a exemplifica¸ao da ANCF
Pre¸co Cor Marca
Baixo Alto Preto Branco X
1
X
2
0 1 0 1 0 1
Quer-se mostrar como mensurar a importˆancia dos fatores sobre a inten¸ao de
compra de 200 consumidores. O que vamos fazer ent˜ao ´e obter utilidades atribu´ıdas
pelos 200 consumidores aos 8 (oito) tratamentos que se obt´em pela combina¸ao em
20
um fatorial completo. Para isso, fixamos primeiro os valores da parte detemin´ıstica
dados na Tabela 2.2.
Tabela 2.2: Valores do componente determin´ıstico associados aos oito tratamentos
antes da simula¸ao do erro aleat´orio
Tratamentos
A B C D E F G H
Componente Determin´ıstico 7 6,5 6 5,5 5 4,5 4 3
Posteriormente, no software SAS, vers˜ao 9.1, licenciado para a Universidade
Federal de Vi¸cosa (veja apˆendice 1), simulamos n´umeros com distribui¸ao normal,
m´edia 0 e variˆancia 1 e tomamos a parte inteira desses n´umeros para formar a parte
aleat´oria do modelo (ε
nj
). Para obter as utilidades atribu´ıdas aos tratamentos con-
sideramos o valor absoluto da soma entre a parte determin´ıstica (tabela (2 .3)) e os
valores ε
nj
simulados. Isso foi feito de forma que as utilidades associadas a cada
tratamento pelos 200 consumidores hipot´eticos fossem n´umeros no intervalo de 1 a
10. Sendo nota 1 para a menor inten¸ao e nota 10 para a maior inten¸ao. Comu-
mente em tais estudos na ´area de Ciˆencia e Tecnologia de Alimentos (Della Lucia,
2008) notas 1 e 10 correspondem a definitivamente ao compraria e definitivamente
compraria, respectivamente.
A fun¸ao utilidade para a an´alise desse exemplo ´e:
U
nj
= (β
11
X
j
11
+ β
12
X
j
12
) + (β
21
X
j
21
+ β
22
X
j
22
) + (β
31
X
j
31
+ β
32
X
j
32
) + ε
nj
,
para n = 1, 2, ..., 200 e j = 1, 2, ..., 8.
21
Para um melhor entendimento do exemplo vamos mostrar como ´e feita a an´alise
indiv´ıdual dos dados e no final mostraremos o resultado da an´alise agregada.
Na Tabela 2.3 est˜ao apresentados os dados simulados do consumidor 1.
Tabela 2.3: Notas atribuidas pelo consumidor 1 aos oito tratamentos
Tratamentos (N´ıveis dos Fatores)
Fatores A B C D E F G H
Pre¸co 0 0 0 0 1 1 1 1
Cor 0 0 1 1 0 0 1 1
Marca 0 1 0 1 0 1 0 1
Notas (Y
1j
) 8 4 6 5 4 5 4 3
Centradas (U
1j
) 3,125 -0,875 1,125 0,125 -0,875 0,125 -0,875 -1,875
Na tabela (2.3), tem-se que U
1j
= Y
1j
Y
1
, em que Y
1j
´e a nota de preferˆencia
do consumidor 1 e
Y
1
=
8 + 4 + 6 + 5 + 4 + 5 + 4 + 3
8
= 4, 875
a nota m´edia do consumidor 1.
O modelo, para o consumidor 1, pode ser representado compactamente sob a
forma matricial como U
1j
= Xβ
+ ε
1j
,
22
3, 125
0, 875
1, 125
0, 125
0, 875
0, 125
0, 875
1, 875
=
1 1 0 1 0 1 0
1 1 0 1 0 0 1
1 1 0 0 1 1 0
1 1 0 0 1 0 1
1 0 1 1 0 1 0
1 0 1 1 0 0 1
1 0 1 0 1 1 0
1 0 1 0 1 0 1
.
β
0
β
11
β
12
β
21
β
22
β
31
β
32
+
ε
11
ε
12
ε
13
ε
14
ε
15
ε
16
ε
17
ε
18
Para a an´alise dos dados simulados do consumidor 1, o sistema de equa¸oes
normais que fornece uma solu¸ao ´e:
X
Xβ
= X
U
1j
,
ou seja,
8 4 4 4 4 4 4
4 4 0 2 2 2 2
4 0 4 2 2 2 2
4 2 2 4 0 2 2
4 2 2 0 4 2 2
4 2 2 2 2 4 0
4 2 2 2 2 0 4
.
β
0
β
11
β
12
β
21
β
22
β
31
β
32
=
0
3, 5
3, 5
1, 5
1, 5
2, 5
2, 5
23
As restri¸oes nos parˆametros, ao as seguintes:
2
i=1
β
1i
=
2
i=1
β
2i
=
2
i=1
β
3i
= 0.
Essas restri¸oes na forma matricial, B
β = ao,
0 1 1 0 0 0 0
0 0 0 1 1 0 0
0 0 0 0 0 1 1
.
β
0
β
11
β
12
β
21
β
22
β
31
β
32
=
0
0
0
O sistema de equa¸oes normais com restri¸oes nos parˆametros, ´e dado por:
X
X B
B
.
β
l
=
X
U
1j
isto ´e,
24
8 4 4 4 4 4 4 0 0 0
4 4 0 2 2 2 2 1 0 0
4 0 4 2 2 2 2 1 0 0
4 2 2 4 0 2 2 0 1 0
4 2 2 0 4 2 2 0 1 0
4 2 2 2 2 4 0 0 0 1
4 2 2 2 2 0 4 0 0 1
0 1 1 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 1 1 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 1 1 0 0 0
.
β
0
β
11
β
12
β
21
β
22
β
31
β
32
l
1
l
2
l
3
=
0
3, 5
3, 5
1, 5
1, 5
2, 5
2, 5
0
0
0
Resolvendo o sistema de equa¸oes normais com restri¸oes nos parˆametros, em-se
a solu¸ao ´unica que fornece as estimativas desejadas:
β.
β
l
=
X
X B
B
1
.
X
U
1j
,
dadas por,
25
β
0
β
11
β
12
β
21
β
22
β
31
β
32
l
1
l
2
l
3
=
1/8 0 0 0 0 0 0 1/2 1/2 1/2
0 1/8 1/8 0 0 0 0 1/2 0 0
0 1/8 1/8 0 0 0 0 1/2 0 0
0 0 0 1/8 1/8 0 0 0 1/2 0
0 0 0 1/8 1/8 0 0 0 1/2 0
0 0 0 0 0 1/8 1/8 0 0 1/2
0 0 0 0 0 1/8 1/8 0 0 1/2
1/2 1/2 1/2 0 0 0 0 0 0 0
1/2 0 0 1/2 1/2 0 0 0 0 0
1/2 0 0 0 0 1/2 1/2 0 0 0
0
3, 5
3, 5
1, 5
1, 5
2, 5
2, 5
0
0
0
ou,
β =
β
0
β
11
β
12
β
21
β
22
β
31
β
32
=
0
0, 875
0, 875
0, 375
0, 375
0, 625
0, 625
Note que
β
0
= 0 por que se utilizou as notas centradas na nota edia.
26
As importˆancias dos fatores ao,
I
1
= [0, 875 (0, 875)] = 1, 750
I
2
= [0, 375 (0, 375)] = 0, 750
I
3
= [0, 625 (0, 625)] = 1, 250
E as importˆancias relativas ao,
IR
1
=
1, 750
3, 75
.100 = 46, 67%
IR
2
=
0, 750
3, 75
.100 = 20%
IR
3
=
1, 250
3, 75
.100 = 33, 33%
Notemos que o pre¸co do produto hipot´etico ´e o fator que apresenta maior impacto
na inten¸ao de compra do consumidor 1, com importˆancia relativa (
IR ) de 46, 67%.
Observa-se que o consumidor estudado prefere um produto com pre¸co baixo,
de cor preta e da marca X
1
. A estimativa da nota de inten¸ao de compra desse
tratamento pode ser obtida somando-se os CPs dos seus n´ıveis:
Y
11
= 0, 875 + 0, 375 + 0, 625 = 1, 875
O mesmo consumidor apresentou menor inten¸ao de compra para o produto com
pre¸co alto, cor branca e marca X
2
, cuja estimativa de inten¸ao de compra ´e:
27
Tabela 2.4: Estimativas dos coeficientes da preferˆencia dos n´ıveis dos fatores e im-
portˆancias relativas (%) dos fatores.
Fatores N´ıveis Coeficientes Importˆancias
da preferˆencia Relativas (%)
Pre¸co Baixo 0,875 46,67
Alto -0,875
Cor Preto 0,375 20
Branco -0,375
Marca X
1
0,625 33,33
X
2
-0,625
Y
18
= 0, 875 0, 375 0, 625 = 1, 875
2.4.2 Dificuldades na Implementa¸ao
Quando se utiliza a ANCF, o consumidor ´e solicitado a avaliar tratamentos em
geral hipot´eticos, realizando, obrigatoriamente, um “trade-off”, que ´e uma avalia¸ao
considerando-se rela¸oes de custo e benef´ıcio na qual ele expressa sua preferˆencia de
modo comparativo entre os fatores.
O consumidor, por´em, ao avaliar ou informar a preferˆencia por um determi-
nado tratamento, ao avalia cada fator separadamente, mas o conjunto de fatores
simultˆaneos que o tratamento cont´em, o que torna a decis˜ao muitas vezes ao con-
sciente e dif´ıcil de ser manifestada com exatid˜ao. Al´em disso, se um produto, por
exemplo, for definido pela combina¸ao de n´ıveis de dez fatores determinantes de
decis˜ao, com dois n´ıveis cada, enao podem ser teoricamente definidos 2
10
= 1024
alternativas para o produto.
Como a metodologia de an´alise estat´ıstica empregada no estudo deve ter por
28
objetivo diminuir o esfor¸co do consumidor, e replicar a situa¸ao real de compra `a
situa¸ao de pesquisa, a alguns problemas decorrentes da avalia¸ao simultˆanea de
muitos atributos na ANCF, por exemplo, escolha ao honesta devido ao tempo, o
alto custo envolvido, al´em de certa complexidade que pode ocorrer na implementa¸ao
da metodologia.
Logo nas situa¸oes em que um grande n´umero de alternativas de tratamentos
precisam ser submetidos `a avalia¸ao pelos consumidores, ao ´e um bom procedi-
mento requerer que cada consumidor avalie todas as alternativas, como na ANCF.
Uma poss´ıvel solu¸ao ´e apresentar os tratamentos a cada indiv´ıduo e ele escolher´a
uma, nenhuma ou mais de uma alternativa. Esse etodo de an´alise ´e denominado
Choice Based Conjoint Analysis(ANCFE) (veja por exemplo Toubia et al. (2003) e
Train (1993)) e ´e o objeto de estudo desta disserta¸ao.
29
Cap´ıtulo 3
An´alise Conjunta de Fatores
Baseada em Escolhas (Choice
Based Conjoint Analysis)
3.1 Modelos de Escolha Discreta
Na modelagem da decis˜ao de escolha e compra do consumidor surgem os de-
nominados Modelos de Escolha Discreta. O termo escolha discreta (discrete choice)
refere-se `a situa¸oes em que a vari´avel resposta do modelo ´e do tipo discreta e es-
pecifica a decis˜ao de escolha do consumidor. Em especial, na ANCFE, o modelo
Logit Multinomial (Multinomial Logit Models) ´e utilizado para modelar a complexa
decis˜ao de escolha. Portanto, ´e importante que se entenda as etapas do desenvolvi-
mento deste modelo bem como a estima¸ao dos seus parˆametros na ANCFE.
Segundo Ben-Akiva e Lerman (1985), o problema asico abordado pela an´alise
de escolha discreta ´e a modelagem da escolha de um conjunto de alternativas mu-
tuamente exclusivas e coletivamente exaustivas. O modelo consiste de fun¸oes
parametrizadas de utilidade em termos de vari´aveis independentes observ´aveis e
parˆametros desconhecidos, e seus valores ao estimados a partir de uma amostra
30
observada de escolhas feitas pelos consumidores.
Um dos principais objetivos dos modelos de escolha discreta ´e justamente medir
a preferˆencia do consumidor sobre produtos e servi¸cos competitivos, expressando
matematicamente a importˆancia dos diferentes fatores de escolha. A ecnica ´e con-
stru´ıda com base no pressuposto de que consumidores tomam decis˜oes complexas
baseadas ao apenas em cada fator isoladamente, mas na combina¸ao de diver-
sos fatores. Neste processo de escolha, decis˜oes de compra ao tomadas ao o
com base em fatores racionais, mas tamb´em ao influenciadas por fatores subjetivos
que o consumidor ao consegue verbalizar diretamente. Esta subjetividade estaria
relacionada aos valores associados `as caracter´ısticas dos fatores que comp˜oem um
produto, como, por exemplo, sua Marca.
Os produtos ou servi¸cos pesquisados ao descritos por meio de “configura¸oes”.
Cada configura¸ao ´e uma combina¸ao de “n´ıveis”de diferentes “fatores”. Por exem-
plo, o produto “Arroz”pode ser descrito pelos fatores “Marca”, “Pre¸co”e “Tipo”. O
fator “Tipo”pode ter dois n´ıveis: “Tipo 1”e “Tipo 2”. A combina¸ao dos n´ıveis de
cada fator constr´oi uma configura¸ao, como por exemplo: “Arroz: Marca X, Tipo
1, R$10,00”.
Diversas configura¸oes de um produto ao apresentadas ao consumidor, que por
sua vez escolhe uma, nenhuma ou mais de uma configura¸ao. O objetivo do modelo
´e conseguir captar a subjetividade do processo de escolha do consumidor. Emb-
ora ao declare sua preferˆencia por esta ou aquela marca ou n´ıvel de pre¸co, estas
informa¸oes estar˜ao representadas pelas suas escolhas, e ser˜ao captadas pelo mod-
elo estat´ıstico. Na pr´atica, no entanto, ´e frequente que indiv´ıduos aparentemente
similares efetuem diferentes escolhas quando se deparam com um conjunto de alter-
nativas. De fato, um indiv´ıduo poderia fazer diferentes escolhas quando defrontado
com as mesmas alternativas em ocasi˜oes diferentes. Portanto, existem in´umeras
dificuldades de modelagem.
Existem na literatura dois tipos de modelos matem´aticos para explicar o com-
portamento de escolha do consumidor: os modelos determin´ısticos e os modelos
probabil´ısticos (tamb´em denominados estoasticos). Ambos ao focados no resul-
31
tado e sempre respondem a alguma pergunta espec´ıfica, como por exemplo: “Que
marca ser´a escolhida?”, “Qual a probabilidade desta marca ser a escolhida?”, “Qual
a probabilidade de se escolher o produto com pre¸co mais alto?”, etc.
Os modelos determin´ısticos propostos na literatura nunca tiveram importˆancia
pr´atica em estudos de preferˆencia do consumidor.
Nos modelos probabil´ısticos as utilidades das alternativas ao vari´aveis aleat´orias,
logo o modelo ´e utilizado para estimar a probabilidade de uma alternativa ter a
axima utilidade e, por conseguinte, a probabilidade com a qual ser´a escolhida
(Louviere, 1984).
Dentre os modelos probabil´ısticos de escolha discreta podemos citar os modelos
baseados na maximiza¸ao da utilidade (Meyer e Kahn, 1991); o modelo de Markov
(Bronson, 1985); e o modelo de aprendizado linear (Lilien, Kotler e Moorthy, 1992).
Outros modelos probabil´ısticos encontrados ao fundamentalmente extens˜oes ou ca-
sos particulares desses modelos citados (Goldstein, 1997).
Os modelos probabil´ısticos de escolha discreta baseados na maximiza¸ao da util-
idade ao classificados em duas categorias: Modelos de Escolha bin´aria (duas alter-
nativas para escolha) e Modelos de Escolha m´ultipla (mais de duas alternativas).
Adicionalmente, os modelos de escolha m´ultipla abrangem modelos ao-ordenados
no qual o entrevistado efetua uma ´unica escolha do conjunto de alternativas e orde-
nados no qual o entrevistado efetua uma ordena¸ao total ou parcial do conjunto de
escolha.
Nesta disserta¸ao, abordaremos somente os modelos de escolha discreta baseados
na maximiza¸ao da utilidade, pois estes ao os empregados na metodologia denom-
inada an´alise conjunta de fatores baseada em escolhas (ANCFE) ou choice based
conjoint analysis.
Muito utilizado para previs˜ao de participa¸ao de mercado por ser bastante simples e eficaz.
32
3.2 Modelos ao-Ordenados de Escolha M´ultipla
A base te´orica para a formula¸ao dos modelos de escolha discreta ´e dada pela
teoria da utilidade aleat´oria que tem como premissa fundamental que um indiv´ıduo,
em um processo de escolha, analise as vari´aveis envolvidas e tome suas decis˜oes
considerando todas estas, de forma a maximizar seu benef´ıcio ou utilidade, ou seja,
o indiv´ıduo seleciona j , se e somente se:
U
nj
> U
nk
, j = k, j, k {1, 2, ..., J},
Em (2.4) apresentamos uma alternativa para o modelo da utilidade U
nj
. Na
ANCFE ao realizadas algumas modifica¸oes essenciais. Considere r fatores pre-
sentes no experimento, cada um com m
r
n´ıveis, assim podemos definir J =
r
s=1
m
s
tratamentos distintos. Define-se,
U
nj
= X
j
β + ε
nj
, (3.1)
em que,
X
j
=
x
j
1
, x
j
2
, ··· , x
j
r
´e o vetor cujas entradas ao os odigos dos n´ıveis dos
r fatores presentes no tratamento j, ou seja, X
j
i
representa o n´ıvel do fator i
presente no tratamento j i = 1, 2, ··· , r e j {1, 2, ··· , J};
β = [β
1
, β
2
, ··· , β
r
] ´e o vetor de parˆametros a serem estimados, sendo que na
ANCFE apenas um parˆametro ´e estimado por fator.
Considere que a probabilidade P do n-´esimo consumidor escolher a j-´esima al-
ternativa ser´a dada por:
33
P (Y
n
= j|X) = P (U
nj
> U
nk
), j = k {1, 2, ..., J}
= P (X
j
β + ε
nj
> X
k
β + ε
nk
)
= P (ε
nk
< ε
nj
+ X
j
β X
k
β)
= P (ε
n1
<
j1
, ε
n2
<
j2
, ..., ε
nJ
<
jJ
), j = k (3.2)
onde:
U
nj
´e a fun¸ao utilidade do tratamento j definida no estudo.
Y
n
´e a vari´avel resposta correspondente `a escolha do consumidor n.
ε
nj
, ´e o erro aleat´orio associado a mensura¸ao da escolha do tratamento j pelo
consumidor n.
X = [X
1
, X
2
, ··· , X
J
]
J×r
´e a matriz cujas linhas ao os vetores de incidˆencias
correspondentes aos n´ıveis de fatores de cada tratamento.
jk
= ε
nj
+ X
j
β X
k
β
A express˜ao (3.2) recebe a denomina¸ao de modelo de utilidade estoastico e
requer que se estabele¸ca uma distribui¸ao para o termo aleat´orio, ε
nk
. Neste con-
texto dois modelos multinomiais denominados logit e probit, tˆem sido comumente
considerados.
No modelo probit assume-se que o erro aleat´orio comporta-se segundo uma dis-
tribui¸ao normal,
34
F (ε
ij
) = Φ(ε
ij
) =
ε
ij
−∞
1
2π
e
1
2
t
2
dt (3.3)
No modelo logit, o erro comporta-se segundo uma distribui¸ao de Gumbel (Ben-
Akiva; Lerman, 1985),
F (ε
ij
) = e
e
ε
ij
(3.4)
Devido `a necessidade de se avaliar integrais m´ultiplas da distribui¸ao normal, o
modelo probit tem tido uso limitado neste contexto. O modelo logit, pelo contr´ario,
tem sido amplamente utilizado em muitos campos, tais como, economia, em pesquisas
de mercado, engenharia, transporte, etc (Greene, 2002).
3.2.1 O Modelo Logit Multinomial
Assumindo-se que os termos aleat´orios da fun¸ao de utilidade ao independentes
(ind.) em rela¸ao `as alternativas de escolha e identicamente distribu´ıdos (i.d.) com
distribui¸ao Gumbel (logit), tem-se,
35
P (Y
n
= j|X) = P (ε
n1
<
j1
, ε
n2
<
j2
, ..., ε
nJ
<
jJ
)
ind
= P (ε
n1
<
j1
)P (ε
n2
<
j2
). ··· .P (ε
nJ
<
jJ
), j = k
=
J
k=1
k=j
P (ε
nk
<
jk
) (3.5)
a que para duas vari´aveis aleat´orias W e L, tem-se,
P (W L) = E
L
[P
W
(W l|l)]
=
−∞
f
L
(t)P
W
(W t)dt
=
−∞
f
L
(t)F
W
(t)dt
Considerando que
jk
= ε
nj
+ X
j
β X
k
β, temos a partir da express˜ao (3.5),
36
P (Y
n
= j|X) = E
J
k=1
k=j
P (ε
nk
< ε
nj
+ X
j
β X
k
β|ε
nj
)
=
−∞
f(ε
nj
) ·
J
k=1
k=j
F
ε
nk
(ε
nj
+ X
j
β X
k
β)
nj
i.d.
=
−∞
e
ε
nj
· e
e
ε
nj
·
J
k=1
k=j
e
e
ε
nj
+X
j
βX
k
β
«
nj
=
−∞
e
ε
nj
·
J
k=1
e
e
ε
nj
+X
j
βX
k
β
«
nj
=
−∞
e
ε
nj
· exp(
J
k=1
e
(
ε
nj
+X
j
βX
k
β
)
nj
=
−∞
e
ε
nj
· exp
e
ε
nj
J
k=1
e
(X
j
βX
k
β)
nj
Fazendo t = e
ε
nj
tem-se que dt = e
ε
nj
nj
. Notemos que se ε
nj
ent˜ao
t 0 e se ε
nj
−∞ enao t , logo,
37
P (Y
n
= j|X) =
−∞
e
ε
nj
· exp
e
ε
nj
J
k=1
e
(X
j
βX
k
β)
nj
=
0
exp
t
J
k=1
e
(X
j
βX
k
β)
dt
=
0
exp
t
J
k=1
e
(X
j
βX
k
β)
dt
=
exp
t
J
k=1
e
(X
j
βX
k
β)
J
k=1
e
(X
j
βX
k
β)
|
0
=
1
J
k=1
e
(X
j
βX
k
β)
=
e
(X
j
β)
J
k=1
e
(X
k
β)
Portanto obt´em-se o modelo para a escolha utilizado na ANCFE,
P (Y
n
= j|X) =
e
(X
j
β)
J
k=1
e
(X
k
β)
, j = 1, 2, ..., J (3.6)
O modelo (3.6) ´e denominado modelo logit multinomial (MLM) e representa a
probabilidade de escolha da j-´esima alternativa (dentre J poss´ıveis) para o nesimo
consumidor. A rigor P (Y
n
= j|X) ´e uma probabilidade de escolha condicional, dado
o conjunto de fatores (X) que comp˜oem todos os tratamentos.
38
3.2.2 Raz˜ao de Escolhas
A ANCFE fornece um resultado inferencial de particular interesse, que ´e a
raz˜ao entre a probabilidade de escolha do tratamento p e a probabilidade de es-
colha do tratamento q, onde q ´e obtido de p fixando r 1 n´ıveis dos r fatores
presentes nesses tratamentos e alterando o n´ıvel de apenas 1 fator, ou seja, se
X
p
= [x
p
1
, x
p
2
, ··· , x
p
k
, ··· , x
p
r
] ´e o vetor dos n´ıveis dos fatores presentes no trata-
mento p e, X
q
= [x
q
1
, x
q
2
, ··· , x
q
k
, ··· , x
q
r
] ´e o vetor dos n´ıveis dos fatores presentes
no tratamento q, ent˜ao x
p
i
= x
q
i
para um ´unico i {1, 2, ··· , r}.
Sem perda de generalidade, consideremos x
p
k
= x
q
k
e x
p
i
= x
j
i
, i {1, 2, ··· , k
1, k + 1, ··· , r}. A raz˜ao considerada ser´a denominada como raz˜ao de escolhas e
denotada por,
RE
k
(X
p
, X
q
) =
P (Y
n
= p|X)
P (Y
n
= q|X)
= e
(x
p
k
x
q
k
)β
k
. (3.7)
Se RE
k
(X
p
, X
q
) > 1, ent˜ao a probabilidade de se escolher o produto p ´e maior
do que a probabilidade de se escolher o produto q, que ´e obtido de p pela troca
do n´ıvel do fator k.
Se RE
k
(X
p
, X
q
) < 1, ent˜ao a probabilidade de se escolher o produto p ´e menor
do que a probabilidade de se escolher o produto q.
Outra interpreta¸ao importante da raz˜ao de escolhas ´e que a rela¸ao entre a pro-
babilidade de escolha dos tratamentos p e q depende exclusivamente de seus com-
ponentes observ´aveis sendo, por isso, poss´ıvel incluir ou retirar outros tratamentos
ao modelo sem que a rela¸ao entre p e q se altere.
39
3.3 Fun¸c˜ao de Verossimilhan¸ca
Definido o modelo (3.6) para a ANCFE e dada uma amostra aleat´oria das es-
colhas de N consumidores, (Y
1
= i, Y
2
= j, Y
3
= k, ..., Y
N
= l), i, j, k, . . . , l
{1, 2, ..., J}, define-se como fun¸ao de verossimilhan¸ca a probabilidade conjunta
desta amostra. Os estimadores de axima verossimilhan¸ca fornecem as estimativas
dos parˆametros (β
1
, β
2
, . . . , β
r
) que maximizam a probabilidade da amostra (ap´os
conhecidas as escolhas). Portanto, ajustar o modelo por axima verossimilhan¸ca
consiste em estimar o vetor β que maximiza a fun¸ao de verossimilhan¸ca definida
como L(β) = P (Y
1
= i, Y
2
= j, Y
3
= k, ..., Y
N
= l ) para i, j, k, . . . , l {1, 2, ..., J}.
Sob a pressuposi¸ao de independˆencia entre as decis˜oes de escolha dos consumidores,
tem-se,
L
n
(β) =
J
j=1
P (Y
n
= j|X)
I
n
j
,
onde I
n
j
´e a indicadora da escolha da jesima alternativa pelo indiv´ıduo n.
Assim, a fun¸ao de verossimilhan¸ca pode ser escrita como:
L(β) =
N
n=1
L
n
(β) =
N
n=1
J
j=1
e
(X
j
β)
J
k=1
e
(X
k
β)
n
j
, (3.8)
onde n
j
representa o n´umero de vezes que o tratamento j foi escolhido.
3.3.1 Fun¸c˜ao de axima Verossimilhan¸ca pelo Algoritmo
de Newton-Raphson
Como L(β) ´e uma fun¸ao ao linear em β, a maximiza¸ao, isto ´e, a solu¸ao
β
que maximiza L(β) ´e por m´etodos num´ericos iterativos. O etodo conhecido como
40
Newton-Raphson (Gallant, 1984) o qual escreveremos a seguir, ´e uma alternativa
para solucionar este problema.
Resumidamente, o etodo consiste em sugerir “valores iniciais”para as estima-
tivas dos parˆametros e, a partir destes valores a-se in´ıcio a um processo iterativo o
qual termina segundo algum crit´erio de paragem.
O algoritmo
Considere a fun¸ao de verossimilhan¸ca (3.8), a qual define uma fun¸ao ao linear
de r parˆametros (β
1
, β
2
, . . . , β
r
), queremos encontrar o ponto
β = (
β
1
,
β
2
, . . . ,
β
r
) de
aximo dessa fun¸ao, isto ´e, o ponto onde sua derivada ´e nula. Considere o vetor g
β
0
de derivadas parciais (vetor gradiente) avaliado no ponto β
0
= (β
10
, β
20
, . . . , β
r0
),
g
β
0
=
g
10
g
20
.
.
.
g
r0
, em que g
i0
=
L(β)
β
i
|
β
0
, i = 1, 2, ··· , r
O ponto β
0
´e tomado como uma aproxima¸ao inicial para a solu¸ao
β = (
β
1
,
β
2
, . . . ,
β
r
),
que satisfaz g
b
β
0.
Considere a aproxima¸ao de Taylor de primeira ordem de g
b
β
, pelo ponto β
0
dada
41
por,
g
b
β
g
β
0
+ H
β
0
(
β β
0
) = 0
logo,
β = β
0
H
1
β
0
g
β
0
(3.9)
onde H
β
0
=
g
β
|
β
0
´e a matriz hessiana calculada no ponto β
0
, ou seja,
H
β
0
=
g
β
=
g
10
β
1
g
10
β
2
...
g
10
β
r
g
20
β
1
g
20
β
2
...
g
20
β
r
... ... ... ...
g
r0
β
1
g
r0
β
2
...
g
r0
β
r
|
β
0
,
e H
1
β
0
´e a sua inversa.
Na pr´atica o algoritmo do etodo de Newton-Raphson para fun¸oes de r vari´aveis
consiste nos seguintes passos:
1. Determinar o gradiente de L(β) no ponto β
0
e a matriz Hessiana;
2. Determinar o incremento H
1
β
0
g
β
0
;
3. Encontrar a seguinte aproxima¸ao,
β
1
= β
0
+ H
1
β
0
g
β
0
;
4. Verificar se β
1
cumpre um determinado crit´erio de paragem. Caso contr´ario
voltar ao passo 1, tomando como aproxima¸ao inicial o valor de β
1
.
42
O crit´erio de paragem pode ser um (ou a combina¸ao) destes crit´erios:
||β
1
β
0
|| <
1
- Tolerˆancia absoluta;
||β
1
β
0
||
||β
1
||
<
2
- Tolerˆancia relativa;
Impor um n´umero aximo de itera¸oes.
Gallant (1987, p.39) faz o seguinte alerta com respeito `a determina¸ao dos
parˆametros:
“O sucesso em termos de convergˆencia para
β ao ´e garantido por qualquer
m´etodo. A experiˆencia indica que a falha no processo de convergˆencia depende da
distˆancia do valor inicial a resposta correta e do grau de parametriza¸ao da fun¸ao
resposta relativamente ao conjunto de dados utilizado. Estes problemas est˜ao in-
terrelacionados no sentido de que fun¸oes respostas mais apropriadas conduzem a
uma amplitude maior do raio de convergˆencia. Quando a convergˆencia ao ocorre,
deve-se tentar encontrar valores iniciais melhores (mais pr´oximos de
β) ou utilizar
uma fun¸ao resposta mais parcimoniosa (com menos fatores na ANCFE). Uma
boa maneira de verificar a precis˜ao da solu¸ao num´erica ´e provocando dist´urbios
nas condi¸oes iniciais e verificando se os novos valores iniciais conduzem `a mesma
solu¸ao.”
Vejamos agora um exemplo de como estimar os parˆametros na ANCFE.
3.3.2 Exemplo de Aplica¸ao da ANCFE e de como Estimar
os Parˆametros da Fun¸ao de axima Verossimilhan¸ca
Para ilustrar a estima¸ao dos parˆametros no modelo da ANCFE considere um ex-
emplo hipot´etico no qual os tratamentos ao quatro planos de sa´ude (J = 4) e que
estes sejam definidos pela combina¸ao de dois fatores (r = 2). Os fatores utilizados
43
para compor o plano de sa´ude ao franquia e Tipos de cobertura cada um com dois
n´ıveis de acordo com a Tabela (3.1) ,
Tabela 3.1: N´ıveis do fator “Franquia”e “Tipos de Cobertura”utilizados para a
exemplificar a aplica¸ao da ANCFE
Franquia Cobertura
baixa Alta pequena total
0 1 0 1
Assim temos a matriz dos planos de sa´ude dada por:
X =
X
A
X
B
X
C
X
D
=
x
A
1
x
A
2
x
B
1
x
B
2
x
C
1
x
C
2
x
D
1
x
D
2
=
0 0
1 0
0 1
1 1
,
em que A, B, C e D ao os tratamentos (planos de sa´ude) submetidos `a escolha.
Considere que tenha sido realizada uma pesquisa com uma amostra aleat´oria de
30 funcion´arios, e que n
A
= 5, n
B
= 8, n
C
= 7 e n
D
= 10, onde, n
j
, j = A, B, C, D
´e o n´umero de vezes que o plano de sa´ude j foi escolhido. Considere tamb´em,
β =
β
1
β
2
,
44
o vetor de parˆametros a ser determinado. Dessa forma podemos definir as fun¸oes
utilidade, para o n´esimo funcion´ario, n = 1, 2, ..., 30, da seguinte forma:
U
nj
= X
j
β
+ ε
nj
, j = A, B, C, D
Como queremos somente ilustrar como ´e feita a estima¸ao dos parˆametros, iremos
considerar ε
nj
= 0 e assim, determin´a-los matematicamente. A utilidade que o
n´esimo funcion´ario associa ao plano j ´e dada, ent˜ao, por:
U
nA
U
nB
U
nC
U
nD
=
β
1
x
A
1
+ β
2
x
A
2
β
1
x
B
1
+ β
2
x
B
2
β
1
x
C
1
+ β
2
x
C
2
β
1
x
D
1
+ β
2
x
D
2
=
0
β
1
β
2
β
1
+ β
2
, j = A, B, C , D
A partir da fun¸ao utilidade acima podemos definir a probabilidade de escolha
do j´esimo plano de sa´ude pelo n´esimo funcion´ario, pelo modelo (3.6), ou seja,
P (Y
n
= A|X) =
1
1 + exp(β
1
) + exp(β
2
) + exp(β
1
+ β
2
)
;
P (Y
n
= B|X) =
exp(β
1
)
1 + exp(β
1
) + exp(β
2
) + exp(β
1
+ β
2
)
;
45
P (Y
n
= C|X) =
exp(β
2
)
1 + exp(β
1
) + exp(β
2
) + exp(β
1
+ β
2
)
;
P (Y
n
= D|X) =
exp(β
1
+ β
2
)
1 + exp(β
1
) + exp(β
2
) + exp(β
1
+ β
2
)
.
Para determinar os parˆametros, considere a fun¸ao de axima verossimilhan¸ca
para cada funcion´ario, dada por:
L(β) = (P (Y
n
= j|X))
I
n
j
j = A, B, C, D, n = 1, 2, ..., 30,
onde I
n
j
´e a indicadora da escolha do tratamento j pelo indiv´ıduo n.
46
Logo, considerando a amostra completa, podemos escrever L(β), como:
L(β) =
30
i=1
D
j=A
(P (Y
i
= j|X))
n
j
´
E comum utilizar a fun¸ao log de verossimilhan¸ca, obtida ap´os a aplica¸ao do
logaritmo natural em ambos os lados da express˜ao acima, assumindo a forma:
L(β) =
30
i=1
D
j=A
n
j
l n(P (Y
i
= j|X)) (3.10)
O gr´afico da fun¸ao (3.10) ´e apresentado na figura (3 .1), no qual se verifica que
ela possui um ponto de aximo.
A partir dessa fun¸ao obtemos o vetor gradiente,
g
β
=
L(β)
β
1
L(β)
β
2
[β
1t
2t
]
,
47
–4
–2
0
2
4
beta[1]
–4
–2
0
2
4
beta[2]
–160
–140
–120
–100
–80
–60
–40
Figura 3.1: log de verossimilhan¸ca
e sua matriz Hessiana,
H
β
=
2
L(β)
β
2
1
2
L(β)
β
1
β
2
2
L(β)
β
2
β
1
2
L(β)
β
2
2
[β
1t
2t
]
,
48
Aplicando-se o resultado (3.9) o etodo iterativo de Newton-Raphson ´e dado
por:
β
1,t+1
β
2,t+2
=
β
1,t
β
2,t
+ ( (H
β
)
1
) · g
β
, t = 0, 1, ...
Por inspao ao gr´afico da fun¸ao log de verossimilhan¸ca supomos os valores
iniciais de β,
β
0
=
β
11
β
21
=
1
1
O etodo iterativo foi implementado no software Maple 12, vers˜ao de avalia¸ao.
Como crit´erio de paragem foi estabelecido o n´umero aximo de 10 itera¸oes, cujos
resultados ao apresentados a seguir,
β
1
=
β
11
β
21
=
0, 3334149328
0, 1638762253
, β
2
=
β
12
β
22
=
0, 4050081140
0, 2677265572
β
3
=
β
13
β
23
=
0, 4054650864
0, 2682639673
, β
4
=
β
14
β
24
=
0, 4054651065
0, 2682639863
49
β
5
=
β
15
β
25
=
0, 4054651078
0, 2682639863
, β
6
=
β
16
β
256
=
0, 4054651091
0, 2682639883
β
7
=
β
17
β
27
=
0, 4054651071
0, 2682639857
, β
8
=
β
18
β
28
=
0, 4054651084
0, 2682639857
β
9
=
β
19
β
29
=
0, 4054651097
0, 2682639877
, β
10
=
β
110
β
210
=
0, 4054651097
0, 2682639870
com esses dois ´ultimos valores, temos para todo n = 1, 2, ··· , N,
P (Y
n
= A|X) = 0, 1733
P (Y
n
= B|X) = 0, 2600
P (Y
n
= C|X) = 0, 2267
P (Y
n
= D|X) = 0, 3400
Note, que como esperado,
D
j=A
P (Y
n
= j|X) = 1.
50
De acordo com os resultados, podemos concluir que o nesimo consumidor tem
maior probabilidade de escolher o plano D e menor probabilidade de escolha do
plano A.
As raz˜oes de escolhas ao:
Fixando os n´ıveis do fator franquia e variando os n´ıveis do fator cobertura:
RE
2
(C, A) =
P (Y
n
= C|X)
P (Y
n
= A|X)
= 1, 308
Que mostra que a probabilidade de escolher o plano C ´e 1, 308 vezes maior do
que a probabilidade de escolher o plano A. Observe que se tivessemos calculado
a raz˜ao de escolhas entre o produto D e B o valor encontrado seria o mesmo,
mostrando que o plano D ´e preferido em rela¸ao ao plano B.
Fixando os n´ıveis do fator cobertura e variando os n´ıveis do fator franquia:
RE
1
(B, A) =
P (Y
n
= B|X)
P (Y
n
= A|X)
= 1, 5
Que mostra que a probabilidade de escolher o plano B ´e 1, 5 vezes maior do
que a probabilidade de escolher o plano A. Observe que se tivessemos calculado
a raz˜ao de escolhas entre o produto D e C o valor encontrado seria o mesmo,
mostrando que o plano D ´e preferido em rela¸ao ao plano C.
51
Cap´ıtulo 4
Compara¸ao entre os Resultados
da ANCF e da ANCFE
(Simula¸ao)
Simulou-se utilidades atribu´ıdas por 200 consumidores a oito alternativas de
um produto hipot´etico (tratamentos). Os oito tratamentos foram definidos pela
combina¸ao em um fatorial completo de 3 (trˆes) atributos com 2 (dois) n´ıveis cada
identificado de acordo com a Tabela 2.1. Na implementa¸ao das an´alises no soft-
ware SAS, vers˜ao 9.1, licenciado para a UFV, as notas simuladas foram utilizadas
diretamente na ANCF, e as escolhas (correspondentes `as notas aximas) foram uti-
lizadas na ANCFE, conforme os dados apresentados na Tabela (4.1) , apenas para
os consumidores 1 e 2.
52
Tabela 4.1: Notas atribu´ıdas aos oito tratamentos e respectivas escolhas, apresen-
tados somente para os consumidores 1 e 2, do estudo por simula¸ao para comparar
os resultados obtidos com a ANCF e ANCFE.
Tratamentos (N´ıveis dos Fatores)
Fatores A B C D E F G H
Pre¸co 0 0 0 0 1 1 1 1
Cor 0 0 1 1 0 0 1 1
Marca 0 1 0 1 0 1 0 1
Consumidor 1
Notas 8 4 4 5 4 5 4 3
Escolhas 1 0 0 0 0 0 0 0
Consumidor 2
Notas 7 4 5 6 6 2 4 2
Escolhas 1 0 0 0 0 0 0 0
A partir das notas simuladas dos 200 consumidores foi poss´ıvel implementar
a ANCF e proceder a an´alise agregada para determinar a importˆancia relativa dos
fatores e a utilidade que os consumidores associam aos n´ıveis dos fatores (Coeficientes
da preferˆencia). Um resumo dos resultados ´e apresentado:
53
Tabela 4.2: Coeficientes da Preferˆencia (CP) dos n´ıveis dos fatores e Importˆancias
Relativas (IR) (%) dos fatores obtidos na an´alise agregada dos dados simulados.
Fatores N´ıveis CP IR
Intercepto 4,4881
Pre¸co Baixo 0,9506 48,672%
Alto -0,9506
Cor Preto 0,5119 26,208%
Branco -0,5119
Marca X
1
0,4906 25,120%
X
2
-0,4906
Esses resultados permitem concluir que o atributo pre¸co ´e o de maior impacto
na opini˜ao dos consumidores uma vez que possue uma estimativa de IR=48,672% e
que o tratamento obtido com a combina¸ao pre¸co baixo, cor preta e marca X
1
´e o
preferido pelos consumidores.
Ap´os a aplica¸ao da ANCF as escolhas (correspondentes `as notas aximas)
foram utilizadas para implementar a ANCFE no software SAS, vers˜ao 9.1, licenciado
para a UFV (Veja apˆendice 1). Segue os resultados obtidos com o SAS e algumas
inferˆencias de interesse.
Antes de interpretar os resultados do modelo ´e importante analisar se o modelo
´e adequado, o primeiro indicador ´e o crit´erio de convergˆencia apresentado na tabela
(4.3)
Se o modelo ao converge os resultados ao ao confi´aveis.
Na tabela (4.4) apresenta-se a estimativa 2LogL, o Crit´erio de informa¸ao de
54
Tabela 4.3: Sa´ıda do SAS confirmando a convergˆencia do modelo
Convergence Status
Convergence criterion (GCONV = 1E 8) satisfied.
Akaike (AIC) (Akaike, 1974; Akaike, 1987) e o Crit´erio Bayesiano de Schwarz (SBC)
(Schwarz, 1978; Sclove 1987) que ao crit´erios para selecionar o melhor modelo entre
os modelos candidatos. O modelo que produz o menor valor tanto de AIC quanto
de SBC ´e considerado o melhor. Esta tabela mostra as estimativas de 2LogL, de
AIC e de SBC do modelo sem covari´aveis, ou seja, somente com β
0
e do modelo
com covari´aveis e mostra que as covari´aveis ao importantes para o modelo pois as
estimativas dos testes apresentaram menor valor para este modelo com covari´aveis.
Tabela 4.4: Medidas referentes ao ajuste do modelo dadas pelo Log de verossimil-
han¸ca, pelo Crit´erio Bayesiano de Schwarz (SBC) e pelo Crit´erio de Informa¸ao de
Akaike (AIC).
Model Fit Statistics
Criterion Without With
Covariates Covariates
-2Log L 1280,936 872,291
AIC 1280,936 878,291
SBC 1280,936 889,481
A pr´oxima tabela apresenta os testes de Verossimilhan¸ca, Score e Wald. Como
a tabela (4.4) mostrou que as covari´aveis ao importantes para o modelo aplica-se
os testes Likelihood Ratio, Score e Wald os quais testam a hip´otese nula de que os
trˆes coeficientes de interesse ao simultaneamente iguais a zero. Como interpreta¸ao
do p-valor (p valor < 0, 0001), rejeitamos a hip´otese nula, ou seja, pelo menos um
55
β
i
, i = 1, 2, 3 difere de zero.
Tabela 4.5: Testes Likelihood Ratio, Score e Wald para testar a hip´otese de nulidade
β
1
= β
2
= β
3
= 0.
Testing Global Null Hypothesis: β = 0 (H
0
= β
1
= β
2
= β
3
= 0)
Testing Chi-square DF Pr>ChiSq
Likelihood Ratio 408,645 3 < .0001
Score 361,039 3 < .0001
Wald 258,129 3 < .0001
Na tabela (4.6) vemos que os trˆes coeficientes influˆenciam na escolha do consum-
idor (p valor < 0, 0001).
Tabela 4.6: Estimativas dos parˆametros e das raz˜oes de escolha de tratamentos que
se obt´em na mudan¸ca dos n´ıveis de um fator mantendo os outros fixados.
Analysis of Maximum Likelihood Estimates
Fator DF Parameter Standard Raz˜ao
Estimate Error Chi-Square Pr>ChiSq de Escolhas
Pre¸co 1 -2,565 0,221 134,400 < .0001 0,077
Cor 1 -1,047 0,130 64,958 < .0001 0,351
Marca 1 -0,980 0,128 58,771 < .0001 0,375
As raz˜oes de escolhas apresentadas na tabela (4.6) ao calculadas e interpretadas
da seguinte forma:
RE
1
(E, A) =
0, 0385
0, 4999
= 0, 077, para facilitar a interpreta¸ao podemos fazer,
RE
1
(A, E) =
1
RE
1
(E, A)
= 12, 98 de onde concluimos que, a probabilidade de
56
escolher o produto A ´e quase 13 (treze) vezes maior do que a probabilidade de
escolher o produto E.
RE
2
(B, D) =
1
RE
2
(D, B)
= 2, 84, logo, a probabilidade de escolher o produto
B ´e quase 3 (trˆes) vezes maior do que a probabilidade de escolher o produto
D e;
RE
3
(A, B) =
1
RE
3
(B, A)
= 2, 66, logo, a probabilidade de escolher o produto
A ´e quase 3 (trˆes) vezes maior do que a probabilidade de escolher o produto
B.
Da mesma forma como podemos concluir baseado na tabela (4.2) que o produto A
com a combina¸ao pre¸co baixo, cor preta e marca X
1
´e o preferido pelos consumidores
´e poss´ıvel visualizar baseado na tabela (4.6) que este tamb´em ´e o mais escolhido pelos
consumidores na simula¸ao.
57
Na tabela (4.7) apresenta-se as estimativas da probabilidade de escolha dos trata-
mentos em estudo.
Tabela 4.7: Probabilidades estimadas e observadas (frequˆencia de escolha), associ-
adas `as diversas alternativas dos tratamentos.
Preco Cor Marca Prob. Est. Prob. Obser.
baixo preto X
1
0,4999 0,74
baixo preto X
2
0,1875 0,31
baixo branco X
1
0,1754 0,29
baixo branco X
2
0,0658 0,09
alto preto X
1
0,0385 0,07
alto preto X
2
0,0144 0,02
alto branco X
1
0,0135 0,02
alto branco X
2
0,0051 0
Conforme esperado observa-se que a maior probabilidade de escolha est´a associ-
ada ao produto que tamb´em teve maior preferˆencia como visto na ANCF, visto que
as maiores notas foram atribuidas escolhas.
As probabilidades observadas apresentadas na Tabela 4.7 correspondem `as frequˆencias
de escolhas observadas e est˜ao sujeitas a fatores aleat´orios ao controlados na pesquisa.
Com o objetivo priorit´ario de compreender o processo de tomada de decis˜ao do
consumidor a ANCF considera que a tarefa de julgamento baseada em ordena¸ao
captura as escolhas do consumidor. Entretanto, pesquisadores argumentam que
essa ao ´e a forma mais realista de descrever um processo de decis˜ao real e outros
apontam para a falta de teoria formal que conecte esses julgamentos com escolha.
58
A ANCFE surgiu com a finalidade de suprir esses problemas, pois todos concordam
que a ANCFE ´e mais representativo do real pro cesso de selecionar um produto a
partir de um conjunto de produtos competitivos. Al´em disso, a ANCFE oferece
a op¸ao de ao escolher qualquer um dos est´ımulos apresentados o que permite a
contra¸ao do mercado se todas as alternativas em um conjunto ao sem atrativos
ao contr´ario da ANCF que considera que as preferˆencias dos consumidores sempre
ser˜ao alocadas ao conjunto de est´ımulos.
59
Cap´ıtulo 5
Considera¸oes Finais
A personaliza¸ao de produtos e servi¸cos exigem altos custos e por isso as orga-
niza¸oes orientadas para o mercado ao em condi¸oes de atender individualmente
cada consumidor. No entanto, observa-se uma tendˆencia crescente dessas orga-
niza¸oes em focalizar seus esfor¸cos em segmentos cada vez menores de consumidores
que respondem, ou poderiam responder, positivamente `as ofertas das organiza¸oes
e, portanto, a a necessidade de modelos que permitam, antes do comprometimento
de recursos das organiza¸oes, caracterizar as preferˆencias do consumidor de forma
mais precisa e aproveitar este conhecimento na identifica¸ao de oes lucrativas fo-
calizadas neste.
No texto desta disserta¸ao mostraram-se em detalhes como foi desenvolvido e
como pode ser ajustado o modelo utilizado na An´alise Conjunta de Fatores Baseada
em Escolhas (Choice Based Conjoint Analysis)(ANCFE), que ´e uma alternativa
da An´alise Conjunta de Fatores (Conjoint Analysis)(ANCF), para a qual a uma
carˆencia de publica¸oes, principalmente na literatura Brasileira.
Ap´os a apresenta¸ao e compara¸ao das metodologias ANCF e ANCFE, o estudo
pode auxiliar as organiza¸oes na identifica¸ao de oportunidades de mercado e na for-
mula¸ao e avalia¸ao de estrat´egias alternativas de marketing para melhor aproveitar
as oportunidades que possam surgir.
60
Algumas sugest˜oes para a complementa¸ao deste trabalho,
1. Em rela¸ao `a modelagem, sugere-se o estudo dos modelos ordinais no qual o
respondente informa uma ordena¸ao de suas preferˆencias.
2. Ainda em rela¸ao a modelagem, a inferˆencia Bayesiana possui a caracter´ıstica
de p ossibilitar a incorpora¸ao de conhecimento pr´evio do pesquisador em
rela¸ao ao problema abordado. Nesse sentido sugere-se o estudo do mod-
elo e a estima¸ao utilizando a inferˆencia Bayesiana, que poder´a flexibilizar
a modelagem por possibilitar que se incorpore mais parˆametros ao modelo,
para contemplar outros efeitos tais como a intera¸ao entre fatores ou ainda
caracter´ısticas demogr´aficas do respondente.
61
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69
Apˆendice A
Comandos do SAS (vers˜ao 9.1) utilizados para gerar dados correspon-
dentes as notas de aceita¸ao ou de inten¸ao de compra atribu´ıdas por
200 consumidores para 8 alternativas de um produto hipot´etico (trata-
mento)
options ls=78 ps=60 NODATE PAGENO=1; title ’Escolha de um produto
hipot´etico’;
/* Defini¸c~ao dos fatores e seus ıveis */
proc format; value Preco 0 = ’baixo’ 1=’ alto ’; value Cor 0 =
’preto’ 1=’branco’; value Marca 0 = X 1=’ Y ’; run;
/* Gerando os tratamentos, que s~ao combina¸c~oes dos ıveis dos
fatores e a quantidade de consumidores que far~ao parte do estudo */
data teste; format Preco Preco. Cor Cor. Marca Marca.; do cons = 1
to 200; do Preco = 0 to 1; do Cor = 0 to 1; do Marca = 0 to 1; if
(Preco=0) and (Cor=0) and(Marca=0) then trat=’A’; if (Preco=0) and
70
(Cor=0) and(Marca=1) then trat=’B’; if (Preco=0) and (Cor=1)
and(Marca=0) then trat=’C’; if (Preco=0) and (Cor=1) and(Marca=1)
then trat=’D’; if (Preco=1) and (Cor=0) and(Marca=0) then trat=’E’;
if (Preco=1) and (Cor=0) and(Marca=1) then trat=’F’; if (Preco=1)
and (Cor=1) and(Marca=0) then trat=’G’; if (Preco=1) and (Cor=1)
and(Marca=1) then trat=’H’; output; end; end; end; end; run;
/* Nesta simula¸c~ao ao inv´es de se fixar valores beta (CP) optou-se
por estabelecer valores para o componente determin´ıstico de cada
tratamento, geramos valores com distribui¸c~ao normal edia 0 e
vari^ancia 1, consideramos como erro aleat´orio a parte inteira dos
valores gerados e definimos a utilidade como sendo o valor absoluto
da soma da parte determin´ıstica com o erro aleat´orio*/
data a; set teste; IA=(trat=’A’); IB=(trat=’B’);IC=(trat=’C’);
ID=(trat=’D’); IE=(trat=’E’); IF=(trat=’F’);IG=(trat=’G’);
IH=(trat=’H’); UA=7; UB=6.5; UC=6; UD=5.5; UE=5; UF=4.5; UG=4; UH=3;
e =normal(1239); e1=floor(e); DU = IA*UA + IB*UB + IC*UC + ID*UD +
IE*UE + IF*UF + IG*UG + IH*UH; U = int(DU + e1); run;
/* Escolhendo o valor maximo da utilidade atribuido por todos os
consumidores do estudo a cada tratamento*/
proc means data=a nway noprint max;
class cons ;
var U;
output out=outmn(drop=_TYPE_ _FREQ_) max=mx_U;
run;
proc sort data=a;
by cons ;
run;
71
proc sort data=outmn;
by cons ;
run;
/* Transformando o valor aximo na escolha do consumidor*/
data join;
merge a(in=a) outmn(in=b);
by cons ;
escolha=(U-mx_U)=0; t = 2 - escolha; run;
proc print data=join; var cons trat U mx_U escolha; run;
proc sort data=join; by trat cons; run;
proc freq data=join; tables trat*escolha; run;
proc means data=join; var escolha; by trat; run;
/*Simula¸c~ao da ANCF*/
proc transreg data=join maxiter=50 utilities short; * data=a;
ods select ConvergenceStatus FitStatistics Utilities;
model linear(U) =
class(Preco Cor Marca / zero=sum);
output ireplace predicted;
run;
/* Simula¸c~ao da ANCFE*/
72
proc phreg data=join outest=betas;
strata cons;
model t * escolha(0) = Preco Cor Marca;
run;
proc print data=betas;
run;
data p; set join;
retain sum 0;
set a end=eof;
if _n_ = 1 then
set betas(rename=(Preco=b1 Cor=b2 Marca=b3));
keep Preco Cor Marca p;
array x[3] Preco Cor Marca;
array b[3] b1-b3;
* criar x * b para cada combina¸c~ao;
p = 0;
do j = 1 to 3;
p = p + x[j] * b[j];
end;
* Exponenciar x * b e depois somar;
p = exp(p);
sum = sum + p;
* Output a soma exp(x * b);
if eof then call symput(’sum’,put(sum,best12.));
run;
* Dividir cada exp(x * b) pela soma exp(x * b);
data p;
73
set p;
p = p / (&sum);
format Preco Preco. Cor Cor. Marca Marca.;
run;
proc sort; * ordenar p do maior pro menor;
by descending p;
run;
proc print;
run;
74
Apˆendice B
Comandos do SAS (vers˜ao 9.1) utilizados para implementar o exemplo
da ANCFE apresentado no cap´ıtulo 3
data a; input trat$ franquia cobertura; cards; A 0 0 B 1 0 C 0 1 D 1
1 ; run;
data c; do cons = 1 to 30;
do trat = ’A’, ’B’, ’C’,’D’; * 5A, 8B, 7C, 10D;
if (cons =1) or (cons =2) or (cons =3) or (cons =4) or (cons=5)
then escolha=(trat in (’A’)); if (cons =6) or (cons =7) or (cons
=8) or (cons =9) or (cons=10) or (cons =11) or (cons =12) or (cons
=13) then escolha=(trat in (’B’)); if (cons =14) or (cons =15) or
(cons =16) or (cons =17) or (cons =18) or (cons=19) or (cons =20)
then escolha=(trat in (’C’)); if (cons =21) or (cons =22) or (cons
=23) or (cons =24) or (cons =25) or (cons=26) or (cons =27) or
(cons =28) or (cons =29) or (cons =30) then escolha=(trat in
(’D’)); output;end; end; run; proc print data=c; run;
75
proc sort data=a; by trat; run; proc sort data=c; by trat cons; run;
data dados; merge a c; by trat; run;
proc print data=dados; var cons trat franquia cobertura escolha;
run;
proc freq data=dados; tables trat*escolha; run;
data dados; set dados; escolha2=2-escolha; run; proc phreg
data=dados nosummary outest=betas; model escolha2 = franquia
cobertura/ ties = discrete; strata cons; title choice based
conjoint analysis ’; title2 exemplo tese MS’; run;
data p;
retain sum 0;
set a end=eof;
if _n_ = 1 then
set betas(rename=(franquia=b1 cobertura=b2));
*keep trat sens rad price p; *OU;
keep trat franquia cobertura p;
array x[2] franquia cobertura;
array b[2] b1-b2;
* criar x * b para cada combina¸c~ao;
p = 0;
do j = 1 to 2;
p = p + x[j] * b[j];
end;
* calcular Exp(x * b) e somar ;
76
p = exp(p);
sum = sum + p;
* Output sum exp(x * b);
if eof then call symput(’sum’,put(sum,best12.));
run;
*proc print data=p; * neste ponto tem-se p=exp(xb);
run;
proc format;
value franqf 0 = ’baixa’ 1 = ’alta’ ;
value coberf 0 = ’pequena’ 1 = ’total’ ;
run;
* Dividir cada exp(x * b) por sum exp(x * b);
data p;
set p;
p = p / (&sum);
format franquia franqf. cobertura coberf. ;
run;
* ordenar do maior pro menor valor de p;
proc sort;
by descending p;
run;
proc print data=p;
run;
77
Apˆendice C
Comandos do MAPLE 12, vers˜ao de avalia¸ao, utilizados para implemen-
tar o algoritmo de Newton-Raphson e determinar os valores dos betas no
exemplo de aplica¸ao da ANCFE..
> #Iniciamos o programa com restart para apagar tudo que est´a na mem´oria do Maple;
> restart;
> #Pacotes para trabalhar com ´algebra linear;
> with(linalg):
> with(LinearAlgebra):
> #n[i]=N´umero de pessoas que escolheram o tratamento i=1,2,3,4.
> n[1]:=5:n[2]:=8:n[3]:=7:n[4]:=10:
> #Definindo o vetor formado pelas escolhas de todos os tratamentos;
> v := Vector([n[1],n[2],n[3],n[4]]):
> #Total de consumidores que participaram da pesquisa;
> S:=(sum(’v[k]’,k=1..4));
> #N´ıveis dos fatores;
> x[11]:=0;x[12]:=1;x[21]:=0;x[22]:=1;
> #Matriz dos tratamentos;
> m:=Matrix([[x[11],x[21]],[x[12],x[21]],[x[11],x[22]],[x[12],x[22]]]);
78
> #Matriz dos par^ametros;
> mbet:=Matrix([[beta[1],beta[2]]]);
> #Transposta da matriz dos par^ametros;
> transmbet:=Transpose(mbet);
> #Produto da matriz dos tratamentos com a matriz dos par^ametros;
> M:=MatrixMatrixMultiply(m, transmbet);
> X[1]:=M[1,1]:
> X[2]:=M[2,1]:
> X[3]:=M[3,1]:
> X[4]:=M[4,1]:
> v1 := Vector([exp(X[1]),exp(X[2]),exp(X[3]),exp(X[4])]);
> Soma[X[j]]:=(sum(’v1[k]’,k=1..4));
> #Probabilidades de escolha de cada tratamento;
> P[1]:=exp(X[1])/Soma[X[j]];
> P[2]:=exp(X[2])/Soma[X[j]];
> P[3]:=exp(X[3])/Soma[X[j]];
> P[4]:=exp(X[4])/Soma[X[j]];
> #Definindo a fun¸c~ao de Max´ıma Verossimilhan¸ca;
> L:=(P[1]^n[1])*(P[2]^n[2])*(P[3]^n[3])*(P[4]^n[4]);
> #Fun¸c~ao log de verossimilhan¸ca;
> LogL:=ln(L);
> #Gr´afico 3d da fun¸c~ao log de verossimilhan¸ca;
> smartplot3d[beta[1], beta[2]]( LogL );
> #Estimativas dos par^ametros;
> R := Optimization[Maximize]( LogL );
> #Pacote para trabalhar com matriz Hessiana;
> with(VectorCalculus):
> #Definindo a matriz Hessiana;
>
> H:=Hessian( LogL, [beta[1],beta[2]] );
> whattype(H);
> G:=Jacobian( [LogL], [beta[1],beta[2]] );
79
> whattype(G);
> Hinv:=(-1)*MatrixInverse(<<H(1,1),H(1,2)>|<H(2,1),H(2,2)>>);
> dif(L1c1):=Hinv[1,1];
> dif(L1c2):=Hinv[1,2];
> #dif(L1c3):=Hinv[1,3]:
> dif(L2c1):=Hinv[2,1];
> dif(L2c2):=Hinv[2,2];
> P1:=dif(L1c1)*diff(LogL,beta[1])+dif(L1c2)*diff(LogL,beta[2]):
> P2:=dif(L2c1)*diff(LogL,beta[1])+dif(L2c2)*diff(LogL,beta[2]):
> #Aproxima¸c~ao de Taylor de primeira ordem da fun¸c~ao gradiente;
> F1:=beta[1]+P1:
> F2:=beta[2]+P2:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> #Chute inicial para determinar os par^ametros dos modelos e
> #as 10 primeiras aproxima¸c~oes para estes;
> x[0] := 1.0:
> y[0] := 1.0:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[a1],F22=beta[a2]});
>
> x[0] := 0.3334149328:
> y[0] := 0.1638762253:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[b1],F22=beta[b2]});
>
> x[0] := 0.4050081140:
> y[0] := 0.2677265572:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
80
> solve( {F11=beta[c1],F22=beta[c2]});
>
> x[0] := 0.4054650864:
> y[0] := 0.2682639673:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[d1],F22=beta[d2]});
> x[0] := 0.4054651065:
> y[0] := 0.2682639863:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[e1],F22=beta[e2]});
> x[0] := 0.4054651078:
> y[0] := 0.2682639863:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[f1],F22=beta[f2]});
> x[0] := 0.4054651091:
> y[0] := 0.2682639883:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[g1],F22=beta[g2]});
> x[0] := 0.4054651071:
> y[0] := 0.2682639857:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[h1],F22=beta[h2]});
> x[0] := 0.4054651084:
> y[0] := 0.2682639857:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[i1],F22=beta[i2]});
81
> x[0] := 0.4054651097:
> y[0] := 0.2682639877:
> F11:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F1):
> F22:=subs(beta[1]=x[0],beta[2]=y[0],F2):
> solve( {F11=beta[j1],F22=beta[j2]});
> restart;
> with(linalg):
> with(LinearAlgebra):
>
> a:=beta[1]=0.4054651097;b:=beta[2]=0.2682639870;
> P[1] := 1/(1+exp(beta[1])+exp(beta[2])+exp(beta[1]+beta[2]));
> P[2] := exp(beta[1])/(1+exp(beta[1])+exp(beta[2])+exp(beta[1]+beta[2]));
> P[3] := exp(beta[2])/(1+exp(beta[1])+exp(beta[2])+exp(beta[1]+beta[2]));
> P[4] := exp(beta[1]+beta[2])/(1+exp(beta[1])+exp(beta[2])+exp(beta[1]+beta[2]));
>
> #Probabilidades de escolhas associadas a cada tratamento;
> w1:=subs(a,b,P[1]):
> evalf(%);
> w2:=subs(a,b, P[2] ):
> evalf(%);
> w3:=subs(a,b, P[3] ):
> evalf(%);
> w4:=subs(a,b, P[4] ):
> evalf(%);
>
> v2 := Vector([w1,w2,w3,w4]);
> Soma[w[j]]:=(sum(’v2[k]’,k=1..4));
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