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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO REGIONAL PRODERE
ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL PARA A COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS
SÓLIDOS NO ENSINO MÉDIO NA CIDADE DE MANAUS.
WILLER JOSÉ DOS SANTOS ABDALA
Orientador: Dr. Francisco Mendes Rodrigues
Co-orientador : Dr. João Bosco Ladislau de Andrade
MANAUS
2008
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Ficha elaborada pela bibliotecária Maria Augusta Abtibol Brito CRB 11/420
WILLER JOSÉ DOS SANTOS ABDALA
A135a Abdala, Willer José dos Santos
Análise da contribuição da educação ambiental para a coleta
seletiva de resíduos sólidos nas redes pública e privada de ensino
médio na cidade de Manaus / Willer José dos Santos Abdala.
2008.
194 f. ; 27 cm.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional)
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2008.
Orientador: Prof. Francisco Mendes Rodrigues, Dr.
1. Coleta seletiva. 2. Educação ambiental. 3. Resíduo. I.
Título.
CDD
372.357
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ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA
A COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO ENSINO MÉDIO
NA CIDADE DE MANAUS
.
Dissertação apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional da
Universidade Federal do Amazonas UFAM,
como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Desenvolvimento Regional.
Aprovada em 16 de dezembro de 2008
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Francisco Mendes Rodrigues - Presidente
Prof. Dr. Sylvio Mario Puga Ferreira - Membro
Prof. Dra. Elizabeth da Conceição Santos - Membro
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Como é confortante ter a certeza de encontrar
um porto seguro nos momentos de dúvidas,
inseguranças.
Como é bom saber que temos pessoas
verdadeiras nos momentos de vitórias...
Dedicamos este trabalho aos meus pais e
irmão pela compreensão, colaboração, amor e
carinho que servem como fonte inspiratória
para minhas conquistas nas horas mais áridas,
incentivo no desânimo, força propulsora no
cansaço.
Aos homens de Deus que nos fortalecem com
suas orações de interseção e vitórias.
Aos seres humanos que conhecem a distância,
a ausência, sonhos, derrotas, vitórias e sabem
ser amigos e cúmplices nos inspirando na
busca de mudanças
.
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“Regozijai-vos sempre
Orai sem cessar.
Em tudo daí graças, porque esta é a vontade
de Deus em Cristo Jesus...”
(I Ts 5:16-18)
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AGRADECIMENTOS
Ao nosso Deus, pois sem Ele a vida não teria sentido, a quem rendemos toda a
graça e louvor, por nos ter estendido as mãos nos momentos de dúvida e cansaço ao longo da
caminhada.
Aos meus pais e irmão que souberam compreender horas, dias e meses de
ausências.
Aos professores do Mestrado em Desenvolvimento Regional da UFAM pelos
esclarecimentos, ensinamentos, atenção, paciência e apoio durante o desenvolvimento do
curso.
Aos professores Dr. Francisco Mendes Rodrigues e Dr. João Bosco Ladislau de
Andrade, Orientador e Co-orientador respectivamente, pela imprescindível orientação,
paciência, dedicação, força, sabedoria, pleno e total apoio dedicado nos diversos momentos de
construção deste trabalho, servindo de verdadeiros mestres e conselheiros.
Aos nossos amigos e amigas que, direta e indiretamente, contribuíram com este
trabalho
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RESUMO
O estudo teve como objetivo analisar se programas de Educação Ambiental com foco na
coleta seletiva de resíduos sólidos, desenvolvidos nas escolas das redes pública e privada de
ensino médio na cidade de Manaus, capazes de efetivar uma real mudança comportamental
nos alunos em relação às suas atitudes com o meio ambiente bem como no tratamento dos
resíduos sólidos, corroborando na construção de atitudes pro - ativas na sociedade, gerando
melhoria da qualidade de vida e preservação do meio ambiente. Na fundamentação teórica
apresentamos conceitos e importância a respeito da educação ambiental dentro de uma ótica
do desenvolvimento socialmente e ambientalmente sustentável para o sucesso das economias
modernas em benefício das sociedades atuais e futuras, caracterizando a necessidade da
formação de uma consciência ambiental nas pessoas e comunidades, além da importância da
presença e do papel da escola como instituição motivadora e transformadora da uma mudança
comportamental nos cidadãos. Em seguida foram realizados estudos a respeito dos resíduos
sólidos, (conceitos, problemas, importância, causas e conseqüências) e as temáticas da
Educação Ambiental para a minimização e solução destes problemas, além dos seus efeitos
negativos para a economia e para o meio ambiente. Após uma análise dos dados coletados por
meio dos questionários aplicados e com base na fundamentação teórica abordada, concluímos
que os programas de EA desenvolvidos nas escolas em Manaus não apresentam eficácia em
efetivar uma mudança comportamental nas pessoas em relação ao seu comportamento em
defesa do meio ambiente, muito menos sobre a coleta seletiva de lixo, uma vez que não são
desenvolvidos dentro de uma metodologia inter, trans e multidisciplinar, assim como pela
baixa periodicidade anual e a falta de continuidade nas ações e atividades que envolvem
programas e projetos dos alunos com o meio ambiente e a coleta seletiva de resíduos sólidos.
Palavras-chave: Educação ambiental. Coleta seletiva. Resíduos sólidos. Sustentabilidade.
Comunidade. Escola. Meio ambiente. Qualidade de vida.
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ABSTRACT
The study aimed at analyzing if there are programs of environmental education
focusing on the selective collection of solid waste, developed in public and private high
schools in the city of Manaus, able to accomplish a real behavioral change in students
regarding their attitudes with environment as well as in the treatment of solid waste,
reinforcing with the construction of proactive attitudes in the society, generating improvement
in life quality and environment preservation. In the theoretical basis we present concepts and
the importance in relation to environmental education according to a view of the socially and
environmentally sustainable development to the success of modern economies for current and
future societies’ benefit, characterizing the need of formation of environmental conscience in
people and communities, rather than the importance of the school is present and its role as a
motivational and transforming institution of the citizens’ behavioral change. Then studies
were made related to solid waste, (concepts, problems, importance, causes and consequences)
and the themes of environmental education to reduction and solution of these problems,
besides their negative effects to economy and environment. After an analysis of collected data
by means of questionnaires used and based on the theoretical basis approached, we concluded
that the programs of Environmental Education developed in schools in Manaus do not
demonstrate efficiency in accomplishing a behavioral change in people in regard to their
behavior in defending the environment, specially about selective collection of waste, once
they are not developed according to an inter, trans and multidisciplinary methodology, as well
as the low yearly periodicity and the lack of continuity of actions and activities that involve
the students’ programs and projects with the environment and the selective collection of solid
waste.
Keywords: environmental education; selective collection; solid waste; sustainability;
community; school; environment; life quality.
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LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
Figura 1 – Sistema produtivo em funcionamento e ativo. 41
Figura 2 – Locais de coleta seletiva porta a porta e PEV 89
Figura 3 – Teatro - Educação Ambiental 90
Figura 4 – Orientação educação ambiental na Feira da Panair 90
Figura 5 – Orientação coleta seletiva porta-porta em Manaus 91
Figura 6 – Orientação coleta seletiva nos Rip Rap em Manaus 91
Figura 7 – Ponto de Entrega Voluntária (PEV) na Praça de alimentação do
Conjunto Habitacional Dom Pedro I. 92
Quadro 1 – Períodos estimados de degradação por material 80
Tabela 1 – Venda de material reciclável e renda per capita – 2005 a 2008 143
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LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1 – Temas transversais em relação à educação ambiental 96
Gráfico 2 – Relação entre o conhecimento sistemático e o meio ambiente 97
Gráfico 3 – Projetos relacionados ao meio ambiente desenvolvidos na escola 97
Gráfico 4 - Programas de E.A. voltados para a coleta seletiva na escola 98
Gráfico 5 – Utilização de meios para despertar consciência ambiental nos alunos 99
Gráfico 6 – Consciência ambiental associada a qualidade de vida 99
Gráfico 7 – Conhece a Lei Federal nº 9795 de 27/04/1999 100
Gráfico 8 - Desenvolvimento de projetos ambientais dentro da escola 101
Gráfico 9 – Orientação sobre os resíduos sólidos na escola 101
Gráfico 10 - Programas de coleta seletiva dentro da escola 102
Gráfico 11 - Subsídios teóricos e práticos para gestão dos resíduos sólidos 102
Gráfico 12 - Disponibilização de contêineres para a coleta seletiva na escola 103
Gráfico 13 - Contêineres efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários 104
Gráfico 14 – Programas de visitas, seminários, workshops 104
Gráfico 15 – Conhece as vantagens socioeconômicas com a coleta seletiva 105
Gráfico 16 - Responsabilidade social e ambiental como cidadão 106
Gráfico 17 - Conhece os dias e horários do carro coletor de resíduos seletivos 106
Gráfico 18 - Conhece e concorda com a filosofia dos 3 Rs 107
Gráfico 19 - Concorda em reduzir seu comportamento de consumo e produção 108
Gráfico 20 - Vivemos em uma economia voltada o consumo 108
Gráfico 21 - Utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos 109
Gráfico 22 - Separa de forma corriqueira e adequadamente seu lixo 110
Gráfico 23 - Acredita na coleta seletiva como alternativa sustentável para geração
de emprego e renda 110
Gráfico 24 - Acredita na coleta seletiva como alternativa sustentável para minimizar
os efeitos danosos do lixo na natureza 111
Gráfico 25 – Acredita na coleta seletiva como alternativa sustentável para
melhoria da qualidade de vida e preservação dos recursos naturais 112
Gráfico 26 – Trabalha com tema transversais em relação a educação ambiental 113
Gráfico 27 - Relação entre conhecimento sistemático e as questões da vida real 113
Gráfico 28 - Desenvolvem esses programas 114
Gráfico 29 – Programas de Educação Ambiental são desenvolvidos 115
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Gráfico 30- Programas de E.A. e desenvolvimento de projetos ambientais 115
Gráfico 31 - Programas de coleta seletiva conforme a Lei Federal 9.795 116
Gráfico 32 - Programas de treinamento anual em relação ao meio ambiente 117
Gráfico 33- Utiliza meios para despertar/ estimular a consciência ambiental 117
Gráfico 34 - Considera consciência ambiental associada a qualidade de vida 118
Gráfico 35 - Atividades extra-classes com os alunos para o meio ambiente 119
Gráfico 36 - Orientação sobre gerenciamento dos resíduos sólidos na escola 119
Gráfico 37 - Programas de coleta seletiva dentro da escola 120
Gráfico 38 - Subsídios teóricos e práticos para trabalhar os resíduos sólidos 121
Gráfico 39 - Contêineres para a coleta seletiva de lixo na escola 121
Gráfico 40- Contêineres efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários 122
Gráfico 41- Treinamento para funcionários a respeito dos processos e vantagens
da coleta seletiva 123
Gráfico 42 - Programas de visitas, seminários, workshops 123
Gráfico 43 - Vantagens ao meio ambiente e comunidades com a coleta seletiva 124
Gráfico 44 - Responsabilidade social com o meio ambiente e coleta seletiva 125
Gráfico 45 - Conhece os dias e horários de passagens do carro coletor no bairro 125
Gráfico 46 - Conhece a filosofia dos 3 Rs 126
Gráfico 47 – Concorda em reduzir o consumo e produção de lixo 127
Gráfico 48 - Economia voltada para o consumo de materiais descartáveis 127
Gráfico 49 - Utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos 128
Gráfico 50 – Separa corriqueira e adequada o lixo para a coleta seletiva 129
Gráfico 51 - Coleta seletiva uma alternativa sustentável na geração de emprego e renda 129
Gráfico 52 - Coleta seletiva uma alternativa sustentável para minimizar os
efeitos de lixo na natureza 130
Gráfico 53 – Coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para
melhoria da qualidade de vida 131
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
D S: Desenvolvimento Sustentável
NED: Nova Economia de Desenvolvimento
U-E: Universidade Empresa
EMNs: Empresas Multinacionais
ONU: Organização das Nações Unidas
EUA: Estados Unidos da América
ONGs: Organizações não Governamentais
AEM: Avaliação Ecossistêmica do Milênio
SISNAM: Sistema Nacional do Meio Ambiente
EA: Educação Ambiental
ProNEA: Programa Nacional de Educação Ambiental
SEMA: Secretaria Especial de Meio Ambiente
MEC: Ministério da Educação e Cultura
SEMULSP: Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos de Manaus
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................14
1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO..........................................................................................................................24
1.1 Crescimento versus desenvolvimento econômico..............................................................24
1.2 Desenvolvimento na visão schumpeteriana........................................................................25
1.3 A Universidade e as demandas empresariais para a corrente shumpeteriana.....................29
1.4 O desenvolvimento sustentável ..........................................................................................33
1.5 Desenvolvimento ambientalmente sustentável...................................................................39
1.6 Desenvolvimento socialmente sustentável .........................................................................42
2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE.............................................46
2.1 A crise ambiental no século XX.........................................................................................46
2.2 A crise ambiental da atualidade..........................................................................................49
2.3 A educação ambiental para a sustentabilidade ...................................................................54
2.4 Educação ambiental e cidadania.........................................................................................59
2.5 O que é Educação Ambiental .............................................................................................63
2.5.1 A escola e a Educação Ambiental ...............................................................................66
2.5.2 A Educação Ambiental e a legislação brasileira .........................................................67
3 OS RESÍDUOS SÓLIDOS....................................................................................................72
3.1 A coleta seletiva dos resíduos sólidos ................................................................................78
3.2 Aspectos sociais e econômicos da coleta seletiva ..............................................................82
3.3 Exemplos de sucesso da reciclagem no Brasil e no mundo ...............................................86
3.4 A coleta seletiva em Manaus..............................................................................................89
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...............................................................93
4.1 Elaboração e aplicação do questionário.............................................................................93
4.2 Fatores e dificuldades encontrados....................................................................................94
4.3 Análises dos dados ............................................................................................................95
4.3.1 Análises dos dados aplicados aos alunos....................................................................95
4.3.2 Análises dos dados aplicados aos professores..........................................................112
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES................................................................................132
13
13
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................137
ANEXOS................................................................................................................................142
APENDICES ..........................................................................................................................152
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INTRODUÇÃO
Nos últimos anos temos observado diversos flagrantes de depredação ambiental, bem
como estudos e relatórios científicos no mundo todo, apontando que o meio ambiente
demonstra profundos e crescentes danos de esgotamento de seus recursos naturais, com
conseqüências ambientais preocupantes para a sustentabilidade econômica, assim como para a
qualidade de vida da sociedade presente e futura. Dentro deste contexto verifica-se que, com o
crescente desenvolvimento econômico, responsável por mudanças comportamentais e
culturais ocorridas nas sociedades globalizadas, faz-se necessário que o processo educativo
aconteça no sentido de acessar os valores ambientais da sociedade. Nesta perespectiva, a
educação funcionaria como “uma prática interpretativa que desvela e produz sentidos,
contribui para a organização do horizonte compreensivo das relações sociedade-natureza e
para a invenção de um sujeito ecológico” (CARVALHO: 2001, p.35).
Todas as pessoas, em qualquer estágio da sua vida, independentemente de raça,
religião, nacionalidade, nível social e cultural, têm que tomar decisões. Nem sempre é fácil e
agradável ter que decidir sobre alguém ou alguma coisa. Decidir pode trazer as conseqüências
mais inesperadas e as implicações mais perigosas. No entanto, por mais difícil e desagradável
que seja, tomar decisões é uma das tarefas mais cotidianas tendo por parte das pessoas quanto
por sociedades e comunidades, individuais ou coletivas. A tomada de decisões é a escolha
consciente de uma linha de ação entre duas ou mais alternativas. Os dirigentes dos governos
ou das instituições normalmente envolvem múltiplos critérios ou objetivos, muitos dos quais
são intangíveis ou sujeitos a algum risco, com uma variedade de propósitos ou funções.
Sabemos que mudança é o processo pelo qual o futuro invade as vidas, e é
importante examiná-la bem de perto, não apenas a partir das perspectivas históricas, mas
também do ponto de vista dos seres vivos que a vivenciam. Sabemos também que estas
mudanças e decisões ocorrem naturalmente, ninguém poderá fugir delas. Além de
acompanhá-las, deve-se estar preparado para quando as mudanças chegarem não pegarem as
pessoas desprevenidas. Como toda decisão, normalmente, acarreta mudanças, estas são
atacadas por barreiras institucionais atreladas às culturas organizacionais tradicionalistas e
preconceituosas, as quais devem ser politicamente superadas através de exaustivas discussões
15
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direcionadas a um convencimento perto de uma unanimidade. Esse necessário convencimento
virá de uma maneira muito mais natural caso seja calcado em estudos e pesquisas, onde todos
os fatores e hipóteses existentes serão devidamente analisados técnica e cientificamente.
Para Snowden (2003, p. 101), “Existe um descompasso entre a forma como se
tomam as decisões e como se diz que elas foram tomadas. As decisões são tomadas com base
em padrões anteriores”. A sociedade está, contudo, em permanente transformação, exigindo,
para sua sobrevivência e expansão racional, que seus dirigentes percebam essa realidade
mutável com consciência e inteligência adaptativa, corretiva e inovadora.
O mundo passa por um momento de transição globalizada cultural, tecnológica,
social, econômica e ecológica. Os cenários econômicos, político e social envolvem um ritmo
tão acelerado de mudanças que fontes de vantagens competitivas precisam ser descobertas a
cada instante, como forma de preservação da sobrevivência das organizações. O caminho para
se alcançar ao objetivo apresenta-se repleto de desafios, que atingem, indistintamente, países
em desenvolvimento e países economicamente mais desenvolvidos. E, como em qualquer
desafio, um quadro conjuntural contendo um misto de oportunidades e riscos são
apresentados, demandando dos gestores, tanto do setor privado quanto do setor público,
iniciativas para explorá-lo, conhecê-lo e aproveitá-lo.
As características desse novo mundo passam a exigir transformações culturais,
aquisição de novos valores, maneiras inusitadas de percepção do ambiente e do meio
ambiente, novas formas de trabalho e, conseqüentemente, a adoção de um modelo de gestão
que permita lidar com múltiplos e complexos fatores. Diante desse cenário e com o despertar
da consciência organizacional e ambiental, as organizações perceberam a necessidade do
desenvolvimento de habilidades e competências, com responsabilidade social e ambiental,
que as façam capazes de desbravar a teia de problemas oriunda de um panorama ainda não
vivenciado. Assim, o empreededorismo e a criatividade assumem um elevado grau de
importância na alavancagem e sustentação do processo emergente dessa mudança. A criação
de novas idéias, com responsabilidades sociais e ambientais presentes e futuras, e a conversão
do conhecimento e do meio ambiente em vantagem competitiva passaram a ser fundamentais
na geração de diferenciais entre as instituições.
O presente trabalho propõe-se discutir a viabilidade da minimização de resíduos,
através da Educação Ambiental voltada para coleta seletiva de lixo, contribuindo para
construção de sociedades sustentáveis, para a conservação do meio ambiente com a
conseqüente melhoria de qualidade de vida, através de uma mudança na concepção das
pessoas em relação à gestão de resíduos e coleta seletiva. Assim, verifica-se através da
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Educação Ambiental, a possibilidade de uma transformação nos paradigmas cultural-
educacional da sociedade moderna, em relação aos padrões de produção e consumo, da
revisão de valores, comportamento e hábitos pessoais. Portanto, pretende-se sensibilizar a
sociedade que, por meio da Educação Ambiental nas escolas, é viável uma mudança
comportamental de forma continuada e sustentável, gerando a melhoria da qualidade de vida e
preservação do meio ambiente.
Verificamos de forma cada vez mais urgente, a necessidade do equilíbrio entre
sociedade e meio ambiente, por meio de modelos de gestão dos recursos naturais com efetiva
participação da sociedade através de estudos e diálogos, do compromisso, do empoderamento
na causa ambiental de todos os envolvidos, enfim, da constituição de comunidades de
aprendizagem empreendidas por processo educacional engajados na Educação Ambiental.
Conforme apreciado até aqui, estamos vivendo momentos de intenso crescimento
tecnológico e demandas mercadológicas globalizadas entre as diversas comunidades, contudo
carente de uma visão que seja sustentável em harmonia com o meio ambiente permitindo
desenvolvimento com uma melhor qualidade de vida sem prejudicar a natureza e com melhor
equidade social. Assim, dentro de uma postura de integração com cidadania, através de
metodologias multidisciplinares e interdisciplinares, verificar-se-á a aplicação dos programas
de Educação Ambiental para a coleta seletiva dos resíduos sólidos existentes nas escolas das
redes pública e privada de ensino médio na cidade de Manaus, avaliando a contribuição nas
atitudes dos alunos junto às comunidades que freqüentam referentes à mudança
comportamental no tratamento destes resíduos.
Dentro de nossa problemática, a história evidencia que o desenvolvimento do
progresso industrial e da atividade econômica tem se associado à degradação do meio
ambiente em razão da forma como esse progresso econômico vem se desencadeando, em
constante desarmonia com a natureza e usando-a de forma predatória (ALMEIDA, 2002).
Neste foco, em oposição à visão isolada da filosofia do crescimento econômico,
surgem o conceito e metodologias de desenvolvimento sustentável (DS) que buscam,
resumidamente, a conciliação do desenvolvimento econômico agregado a preservação
ambiental, observando-se três pilares fundamentais e básicos: ser socialmente aceito, viável
economicamente e ecologicamente correto.
Estudiosos no mundo inteiro estão debatendo e divulgando a necessidade do
envolvimento e participação da população no debate ambiental, como forma de garantir a
adoção de mecanismo que viabilize uma mudança comportamental nas pessoas, referentes ao
17
17
uso dos recursos naturais de forma racional e sustentável, sem o prejuízo da natureza e da
qualidade de vida do planeta e da sociedade presente e futura.
A busca de um desenvolvimento sustentável, portanto, deve ser entendida como a
busca de um desenvolvimento econômico, social, científico e cultural das sociedades
garantindo saúde, conforto e conhecimento, sem exaurir os recursos naturais do planeta. Isso
induz que as relações do homem com a natureza sejam desenvolvidas com o menor dano
possível ao meio ambiente, onde as políticas públicas, os sistemas de produção, o comércio,
os serviços e o consumo possam coexistir preservando e conservando a biodiversidade
planetária.
A Educação Ambiental pode proporcionar essa mudança comportamental na
população. A meta principal deve ser a construção de sociedades sustentáveis, através de
ações voltadas à minimização de resíduos, da conservação do meio ambiente, da melhoria de
qualidade de vida e da formação de recursos humanos comprometidos com a sustentabilidade
da economia e dos recursos naturais do planeta.
Segundo Reigota (1998, p 47), “A escola tem sido historicamente o espaço indicado
para a discussão e o aproveitamento de vários temas urgentes e de atualidade, como resultado
de sua importância na formação dos cidadãos”. Portanto, por meio da Educação Ambiental
nas escolas, é possível forjar uma mudança comportamental de forma continuada e
sustentável em relação aos paradigmas culturais e educacionais da sociedade moderna, bem
como nos padrões de produção e consumo, na revisão de valores, hábitos pessoais e coletivos
da sociedade.
Sendo assim, a Educação Ambiental com o foco na coleta seletiva, propõe-se em
motivar as pessoas a serem responsáveis pela primeira triagem dos resíduos desenvolvendo
uma consciência coletiva e ambiental, orientando-as para contribuírem com a geração de
emprego e renda para os catadores, bem como para sua efetiva colaboração para a preservação
do meio ambiente.
Isto posto, o problema colocado pela pesquisa é: programas de Educação
Ambiental desenvolvidos nas escolas das redes pública e privada na cidade de Manaus
capazes de efetivar uma real mudança comportamental nos alunos em relação às suas
atitudes com o meio ambiente bem como no tratamento dos resíduos sólidos?
Nos dias atuais, apreciando hipóteses para o nosso estudo, a preservação da
biodiversidade e o respeito ao meio ambiente representam grandes oportunidades para as
empresas (públicas e privadas) modernas com pensamento no futuro. Isto também vale para
as instituições de ensino em todos os níveis educacionais. A busca constante em estimular a
18
18
interação com a sociedade assim como em agregar valor às atividades ambientais com
programas de responsabilidade social e corporativos, aproximam as pessoas das comunidades
e fomentam parcerias em defesa do meio ambiente.
Estas características forjam e lapidam o desenvolvimento sustentável na economia de
maneira eficiente, efetiva e eficaz, capacitando uma real melhoria na qualidade de vida das
sociedades em perfeita harmonia com a natureza e a biodiversidade. Neste contexto, a
Educação Ambiental cumpre importante papel, notadamente quando se volta para delicadas
questões ambientais como, por exemplo, a dos resíduos sólidos.
Assim sendo, ao problema formulado neste projeto é de esperar que ao mesmo caiba
a seguinte hipótese: os programas de Educação Ambiental desenvolvidos pelas escolas
das redes blica e privada de ensino médio em Manaus, voltados para a coleta seletiva
de lixo, contribuem para uma atitude pro - ativa da sociedade, gerando melhoria da
qualidade de vida e preservação do meio ambiente.
Assim, justificamos nossos estudos sabendo que a sociedade está passando por
mudanças que afetam sua maneira de produzir, consumir e interagir com a natureza e os
demais seres vivos no planeta. O desenvolvimento de técnicas de conservação,
monitoramento e gerenciamento da biodiversidade para preservação dos ecossistemas e do
meio ambiente, constituem, atualmente, um diferencial para empresas, instituições e escolas
com responsabilidades sociais, preocupadas com a sustentabilidade e o uso racional dos
recursos naturais disponíveis na natureza (ALMEIDA, 2002).
Através da educação devemos fomentar e lapidar a mudança comportamental na
sociedade, respeitando as prioridades dos ecossistemas e da biodiversidade local, bem como
as regulamentações em prol de uma política de desenvolvimento sustentável, com a
conseqüente melhoria da qualidade de vida das comunidades e preservação do meio ambiente
em que estão inseridas, direta ou indiretamente (SORRENTINO, 2002).
A sociedade, na atualidade, é extremamente organizada e competitiva, e funciona
como determinante de comportamentos, impossibilitando o indivíduo social de alterar,
sozinho, processos já existentes, o que gera tensões emocionais, conflitos e agressões ao meio
ambiente (REIGOTA, 1998).
Neste contexto, o interesse pela coleta seletiva e reciclagem é muito importante,
juntamente com dois outros itens igualmente importantes nessa cadeia, que são a Educação
Ambiental e a disposição final dos resíduos sólidos. A reciclagem dos resíduos é melhor
alcançada, quando existem sistemas de separação de cada tipo de material, popularmente
19
19
conhecidos como Coleta Seletiva de Lixo (resíduos sólidos). As principais vantagens do
processo de reciclagem, de acordo com GUARNIERI (2002) são:
melhoria da qualidade dos materiais, evitando-se a mistura de componentes diferentes
no lixo que podem tornar muitos materiais potencialmente recicláveis inúteis;
facilita o controle de impactos ambientais;
causa uma menor geração de rejeitos;
necessita de uma menor área de instalação das usinas;
menor gasto com esta instalação e com os equipamentos de separação, lavagem e
secagem.;
aumento da vida útil das lixeiras municipais.
Verificamos, de forma cada vez mais urgente, a necessidade do equilíbrio entre
sociedade e meio ambiente, por meio de modelos de gestão dos recursos naturais com efetiva
participação da sociedade através de estudos e diálogos, do compromisso, do empoderamento
na causa ambiental de todos os envolvidos. Enfim, da constituição de comunidades de
aprendizagem empreendida por processo educacional engajados na Educação Ambiental
(SORRENTINO, 2002).
A Educação Ambiental pode proporcionar essa mudança comportamental na
população. A meta principal deve ser a construção de sociedades sustentáveis, mediante ações
voltadas à minimização de resíduos, à conservação do meio ambiente, à melhoria de
qualidade de vida e à formação de recursos humanos comprometidos com a sustentabilidade
da economia e recursos naturais do planeta.
Segundo Reigota (1998), a Educação Ambiental e o sistema de coleta seletiva podem
ser implantados em uma escola, uma empresa, uma instituição ou um bairro. Como se pode
ver coleta seletiva é bem mais que colocar lixeiras coloridas no local e deve ser encarada
como uma corrente de três elos (coleta seletiva, disposição final e Educação Ambiental), pois
se um deles não for planejado a tendência é o programa de coleta seletiva não prosperar.
Assim, considerando que em Manaus uma devida logística e destinação para a coleta
seletiva, torna-se necessário investir mais na fase da Educação Ambiental, a fim de promover
uma mudança comportamental na sociedade manauense.
Com base nos argumentos expostos, nosso objetivo buscará analisar programas de
Educação Ambiental com foco na coleta seletiva de resíduos sólidos, desenvolvidos nas
escolas das redes pública e privada de ensino médio na cidade de Manaus.
20
20
Assim, com foco mais específicos em nossos objetivos buscaremos:
Identificar o perfil dos programas de Educação Ambiental para coleta seletiva do lixo
nas redes pública e privada de ensino médio em Manaus, averiguando se estão sendo
desenvolvidos numa perspectiva interdisciplinar, contribuindo para que os alunos sejam
capazes de intervir na realidade que os cercam, reconhecendo a necessidade e as
oportunidades de atuarem de forma preventiva e proativa, bem como na conscientização e na
multiplicação de informações sobre as diferentes formas de coleta e destino dos resíduos
sólidos na escola, em casa e nos demais logradouros
Sugerir estratégias que venham a contribuir para a elevação da eficácia desses
programas.
Verificar a contribuição desses programas em termos ambientais e socioeconômicos.
Propor, na Educação Ambiental para a coleta seletiva, uma alternativa
ecologicamente correta e sustentável para os resíduos sólidos que poderiam ser reciclados, ao
invés de sua disposição final em aterros sanitários ou lixões.
Conforme o desenvolvimento de nossos procedimentos metodológicos, o método
utilizado será o indutivo, que parte de registros mais particulares para enunciados gerais.
Segundo Silva (2003), a mente humana tira conclusões generalizadas a partir da observação
ou constatação de alguns fatos particulares. Segundo o mesmo autor, a indução se baseia na
observação de fenômenos, objetivando-se chegar às suas causas, assim como à descoberta das
relações que existem entre esses fenômenos e a generalização das relações, a partir das
semelhanças.
Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, segundo Gil (1991), a pesquisa
enquadra-se como pesquisa bibliográfica, uma vez que desenvolvemos através de material
elaborado em livros, monografias e artigos científicos. Portanto, a mesma foi elaborada a
partir de publicações científicas em bibliotecas, livros, revistas, periódicos, monografias, sites
na internet e outros. Assim sendo, de acordo com Lakatos (2001), a pesquisa em livros e
materiais publicados sobre o assunto se efetivou ainda na fase da escolha do tema, quando
além de se optar por um tema que respondesse inquietação, analisou-se a existência de obras
pertinentes ao objeto de estudo. Em seguida, vieram as fases de identificação e da localização
dos textos que interessaram à pesquisa para, em uma fase posterior, direcionarem-se à
compilação e ao fichamento das idéias que são analisadas e interpretadas no texto desta
dissertação.
21
21
A presente pesquisa, quanto aos seus objetivos, classifica-se como exploratória, de
acordo com Gil (1991), pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com
vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Sob o seu aspecto qualitativo a
pesquisa realizou-se por meio da aplicação de questionário, do tipo fechado, aos alunos do
último ano do ensino médio de estabelecimentos de ensino da rede pública estadual e
particular, todos localizados na cidade de Manaus. De acordo com Minayo (2003) a pesquisa
qualitativa trabalha com o universo dos significados, crenças, princípios e valores, sendo
difícil quantificá-los. Entretanto, os dados quantitativos não se opõem aos qualitativos, mas
complementa-os.
Também foi realizada uma pesquisa quantitativa, mediante dados estatísticos dos
órgãos públicos, institutos de pesquisas e internet, voltados para a coleta seletiva de lixo em
Manaus e em outros estados da federação, assim como sobre os investimentos em Educação
Ambiental, coleta seletiva de lixo e disposição final de resíduos sólidos.
Os dados levantados, uma vez tabulados e analisados, subsidiaram a conclusão e
sugestões da pesquisa.
Dessa forma, a população e sujeitos escolhidos em nossa pesquisa compreendem a
cidade de Manaus que possuía 135 escolas públicas e 45 escolas privadas de ensino médio no
ano de 2007, segundo informações da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas
(SEDUC/AM, 2008).
Buscamos um universo de pesquisa heterogêneo entre os atores envolvidos na
pesquisa (professores e alunos do ensino médio) com o propósito de mensurar
qualitativamente de forma mais independente os resultados. Assim procuramos abordar uma
população heterogênea neste universo no que diz respeito a localização e classe social. Desta
forma, a amostra do estudo constitui-se dos seguintes estabelecimentos de ensino: Colégio
Militar da Polícia Militar do Amazonas por localizar-se na zona centro-sul da cidade de
Manaus e por constituir-se de um público residente nas varias zonas da cidade e
representantes de diversas classes sociais em um mesmo estabelecimento; uma escola pública
da rede estadual por representar pessoas de uma classe social, em sua maioria menos
favorecida, e residente de uma mesma área geográfica dentro da cidade; e em uma escola
particular representando pessoas de classe social, em sua maioria mais favorecida, e residente
em áreas diversas na cidade de Manaus.
Os sujeitos pesquisados foram os alunos do último ano do ensino médio dos referidos
estabelecimentos de ensino na cidade de Manaus, por acreditarmos que tenham passado por
diversos processos e metodologias de estudo e ensino nas mais variadas disciplinas, e estarem
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aptos a responderem aos questionamentos da pesquisa inerentes a cultura, metodologias e
programas e processos educacionais em relação à educação ambiental e sua formação como
cidadãos responsáveis com o desenvolvimento do país e a preservação do planeta.
Os procedimentos para coleta de dados na afirmação de Minayo (1994, p. 25-26):
Diferentemente da arte e da poesia que se concebem na inspiração, a pesquisa é um
labor artesanal, que se não prescinde da criatividade, se realiza fundamentalmente
por uma linguagem fundada em conceitos, proposições, métodos e técnicas,
linguagem esta que se constrói com um ritmo próprio e particular.
Assim, o processo da pesquisa de campo teve base nas afirmações de Minayo (1994,
p. 53), que diz: “Concebemos campo de pesquisa como o recorte que o pesquisador faz em
termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das
concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação”.
Dessa forma, o trabalho foi composto das seguintes fases:
a) aprofundamento da fundamentação teórica;
b) entrevistas com os alunos do último ano do ensino médio das escolas citadas na
população deste trabalho;
c) entrevistas com os professores e diretores destas citadas escolas.
A importância da coleta desses dados permitiu após uma primeira análise, buscar
informações que permitiram compreender as questões de estudo levantadas no bojo deste
trabalho.
Em relação a análise dos dados, como esta pesquisa se caracteriza como uma
pesquisa qualitativa, a análise foi feita com base nos conteúdos das respostas dos sujeitos
respondentes durante o processo de investigação. Essa análise foi antecedida de categorização
das respostas, de acordo com o referencial teórico estudado, fundamentado nas questões de
estudo, o que permitiu uma melhor definição das categorias analíticas mais relevantes. De
acordo com Minayo (2003), a análise dos dados da pesquisa apresenta três objetivos:
estabelecer comparações, confirmar ou negar a questão investigada e ampliar o conhecimento
pesquisado.
O trabalho está estruturado nas seguintes partes:
Na primeira parte, sintetizamos os fundamentos teóricos, conceitos e importância
sobre a Educação Ambiental, contextualizando com a importância e a problemática da
temática sobre o desenvolvimento socialmente sustentável e do desenvolvimento
ambientalmente sustentável.
23
23
Na segunda parte abordamos a Educação Ambiental e a sustentabilidade, enfatizando
assuntos inerentes à crise ambiental no século XX e a Educação Ambiental para a
sustentabilidade da economia e da sociedade atual e futura. Foram apresentados também
estudos inerentes a importância da Educação Ambiental e a cidadania, com a formação de
uma consciência ambiental na sociedade, além da importância da presença e do papel da
escola como instituição motivadora e transformadora para esta Educação Ambiental nos
cidadãos.
Na terceira parte apresentamos estudos a respeito dos resíduos sólidos, (conceitos,
problemas, importância, causas e conseqüências) e as temáticas da Educação Ambiental para
a minimização e solução destes problemas, além dos seus efeitos negativos para a economia e
para o meio ambiente.
Em seguida foi realizada uma análise dos dados coletados junto às escolas da
população e sujeitos escolhidos, representativamente, através da apresentação e análise dos
dados obtidos por meio dos questionários aplicados. Por fim, com base nos levantamentos dos
questionários e na fundamentação teórica abordados, apresentamos as considerações finais e
recomendações relativas à importância da Educação Ambiental nos dias atuais para coleta
seletiva do lixo, analisando-se a contribuição da Educação Ambiental para a coleta seletiva de
resíduos sólidos nas redes públicas e privadas de ensino médio na cidade de Manaus, com
base nos fundamentos e resultados gerais da pesquisa.
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24
1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Neste capítulo iremos caracterizar e conceituar o crescimento econômico, o
desenvolvimento econômico e o desenvolvimento sustentável, para então, nos capítulos
seguintes, nos concentrarmos na Educação Ambiental, uma vez que esta é parte de um
processo que busca a conscientização e participação das pessoas em prol de uma mudança
comportamental em relação aos métodos e modelos de desenvolvimento atuais buscando a
preservação do meio ambiente, para que este progresso possa ser contínuo e satisfatório às
gerações presentes e futuras das comunidades, sem agredir os ecossistemas e a biodiversidade
do planeta.
Dentre os vários modelos e correntes de desenvolvimento econômico nos
concentraremos apenas no modelo shumpeteriano por entendermos ser o mais adequado aos
objetivos da Educação Ambiental, uma vez que agrega em sua metodologia a sustentabilidade
do desenvolvimento econômico com o surgimento das inovações tecnológicas, juntamente
com o suporte técnico da necessidade da educação aplicado nas empresas, nas universidades,
nos governos e nas comunidades para a adequação e efetivação dessas inovações no processo
de desenvolvimento econômico.
1.1 Crescimento versus desenvolvimento econômico
Por crescimento econômico entende-se ser um conceito mais estrito em relação ao
conceito de desenvolvimento econômico. O crescimento econômico é inerente ao aumento da
capacidade produtiva da economia, ou seja, da produção de bens e serviços de um
determinado setor na economia ou da economia como um todo, não se preocupando com a
qualidade de vida ou justiça social entre os povos, restringindo-se apenas ao acumulo de
riquezas que se faz nas mãos de alguns indivíduos ou grupos da população. O conceito de
desenvolvimento econômico considera os fatores de crescimento econômicos e geração de
riquezas, com o objetivo de distribuí-las acompanhados da melhoria dos padrões de qualidade
de vida de uma população além de considerar a qualidade ambiental do planeta, ou seja, o
nível de bem estar social medido pelas repercussões sociais, pela capacidade de posse de bens
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25
materiais e o aumento da capacidade de consumo da população, respeitando a preservação e
conservação do meio ambiente.
A urbanização acelerada e as mudanças tecnológicas verificadas nas últimas décadas
estão produzindo uma nova geografia de poder no mundo, com centros metropolitanos e
regiões assumindo crescente importância na economia e política globais. Ao contrário do que
se pensava vinte anos, as grandes metrópoles não deixarão de serem pontos estratégicos de
poder. Transformadas em plataformas da globalização contemporânea, elas reúnem, em si, as
potencialidades e as mazelas típicas de nossa era.
O atual modelo de crescimento econômico gerou no nosso planeta enormes
desequilíbrios e distorções socioeconômicas, desenvolvendo por um lado riqueza e fartura e,
por outro lado, miséria, degradação ambiental e poluição. Assim a idéia central do
desenvolvimento sustentável busca uma conciliação entre o desenvolvimento econômico, a
preservação ambiental e o fim da pobreza no mundo.
Isto pode ficar bem explícito em uma frase escrita na conhecida Agenda 21: “a
humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto
é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras
gerações em encontrar suas próprias necessidades”, ou seja, um desenvolvimento em perfeita
harmonia com as limitações ecológicas do planeta preservando o meio ambiente e os
ecossistemas como um todo para uma continuidade dos recursos naturais e melhoria presente
e futura da qualidade de vida dos seres vivos, buscando um real equilíbrio entre a tecnologia e
o meio ambiente para uma efetiva equidade e justiça social entre as nações. Para se alcançar
níveis agradáveis de desenvolvimento sustentável temos a Educação Ambiental como uma
forma direta e funcional de se alcanças as metas, mudar culturas e motivar a participação da
população neste processo.
1.2 Desenvolvimento na visão schumpeteriana
A economia schumpeteriana move-se, através de uma trajetória cíclica. O surgimento
de inovações, de crédito e de empresário inovadores, não é linear provocando o crescimento
econômico em ritmo superior a tendência histórica, limitada aos estoques de recursos e
técnicas tradicionais. Os ciclos alternados de crescimento apresentam quatros fases: ascensão
ou boom, recessão, depressão, recuperação.
26
26
No modelo de Schumpeter (1982), o lucro é o objetivo principal do empresário
inovador. Desenvolve-se a chamada teoria do desenvolvimento derivado, onde o país gera sua
própria tecnologia em razão da existência de um estoque de conhecimentos na sociedade à
disposição dos empresários. As invenções de todo o tipo são aplicadas nas empresas, gerando
novos produtos e processos de produção mais eficientes. Já nos países em desenvolvimento as
inovações adotadas correspondem a um processo de assimilação de cnicas modernas, que
são utilizadas com sucesso em outros países. Nesse desenvolvimento derivado (de inovações
realizadas no exterior), um nível maior de consumo passa a ser o objetivo primordial, a
abordagem shumpeteriana deixa de centrar-se exclusivamente na função de produção, para
receber maiores considerações do lado da demanda.
De acordo com Schumpeter (1982), a ação do Estado apresenta-se importante, não
apenas para promover a aplicação de técnicas conhecidas no exterior, como também para
captar recursos para investimentos, como faz o banqueiro shumpeteriano
1
. Além dos bancos
internacionais de fomento, a maioria dos países em desenvolvimento criou seus bancos para
financiar projetos em longo prazo.
O desenvolvimento econômico segundo Schumpeter (1982) traduz-se por mudanças
quantitativas das variáveis econômicas do fluxo circular, alterando sua estrutura e as
condições do equilíbrio original. Aumenta a disponibilidade de bens per capita, em razão da
maior taxa de crescimento da produção em relação à população. Melhora a qualidade de
produtos e serviços, assim como a renda média dos indivíduos. Isso ocorre pela expansão do
volume dos negócios, pelas inovações e pela disputa por fatores de produção por parte dos
empresários. A teoria schumpeteriana enfatiza fundamentalmente o lado da oferta, como os
clássicos. Na visão schumpeteriana, o deslocamento da função da produção e a oferta de
novos produtos, por constituir novidade, sempre encontram demanda. Os consumidores
exercem um papel passivo e são induzidos a demandar novos produtos, principalmente
através das campanhas publicitárias.
Possas (2002) aponta que sob o rótulo neo-schumpeteriano situam-se contribuições
de volume e importância crescente que procuram focalizar, com inspiração nos trabalhos de
Schumpeter, a dinâmica capitalista e o processo de transformação econômica e institucional
1
Na visão da teoria Shupeteriana, a figura do banqueiro shumpeteriano é caracterizada pela
a ação importante em promover e aplicar técnicas conhecidas no exterior, como também para
captar recursos para investimentos em bancos internacionais de fomento para financiar projetos a
longo prazo.
27
27
que, periodicamente, têm lugar na economia, em diferentes graus de intensidade e
abrangência, sob o impacto de inovações tecnológicas.
O ponto de partida das análises neo-schumpeteriana foi, de acordo com Alban
(1999), o trabalho de Freeman, Clark e Soete, de 1982, onde apontam que a chamada Teoria
do Bunchs de inovações proposto por Mensch, enquanto elemento explicativo do ciclo
econômico é insuficiente. Obviamente, enquanto neo-schumpeteriano, a idéia de bunchs de
inovações é o elemento fundamental para análise desses autores. A discordância fundamental
entre as interpretações situa-se na análise das inovações incrementais e do “mecanismo de
aceleração”, proposto por Mensch, segundo Alban (1999, p. 60/61):
Esses autores, embora reconhecendo o pioneirismo do trabalho de Mensch,
desmontam com base em estatísticas mais completas e atualizadas a consistência do
seu principal argumento, qual seja, a ocorrência do “mecanismo acelerador” de
inovações durante a crises (...) Uma inovação em si, ou mesmo um conjunto delas,
não provoca nenhum ciclo econômico. Como percebera Schumpeter, o que
provoca o ciclo é a difusão conjunta das inovações, gerando um grande investimento
agregado com desdobramentos macroeconômicos em todo o sistema. (...) Os autores
consideram que o processo de difusão não se dá pela mera cópia carbono das
inovações, mas sim pelo desenvolvimento das mesmas. Este desenvolvimento, por
sua vez, não ocorre ao acaso, mas sim seguindo determinadas trajetórias
tecnológicas, que consistem em formas padrões de se enfrentar os problemas e os
potenciais técnico-organizacionais que surgem no espraiamento das inovações.
Deste modo, como as trajetórias não são exclusivas de um único produto, e muitas
vezes exigem concomitância de vários produtos, engendra-se em determinados
momentos a criação de sistemas tecnológicos, que levam ao surgimento e
desenvolvimento conjunto de clusters de inovações.
No entendimento de Dosi (1988), em 1982 o conceito de paradigma tecnológico
define a oportunidade tecnológica para novas inovações e os procedimentos básicos de como
explorá-las. Nesse sentido, os paradigmas definem as oportunidades tecnológicas para as
inovações posteriores, e ao mesmo tempo, os procedimentos básicos que vão permitir a
exploração dessas novidades. Dessa forma, são os paradigmas tecnológicos que vão guiar os
esforços de pesquisa em determinadas direções. De acordo com Alban (1999), essas direções
definirão as trajetórias tecnológicas, ou a estruturação e o desenvolvimento dos clusters de
inovações básicas em um dado sistema tecnológico.
Em suma, a abordagem dos neo-schumpeterianos compõem uma interpretação para
ciclos longos, os quais são caracterizados por um fator chave ou um paradigma tecnico-
econômico que explica todo o seu encadeamento. Na visão de Jetin (1996, p. 13):
A idéia é que através da diversidade aparente das técnicas que caracterizam cada
ciclo de crescimento, existe um conjunto de princípios específicos, que vão ser
aceitos enquanto common sense pelos empresários e engenheiros. (...) Esses
princípios estruturam as inovações, a organização da firma, a organização de cada
ramo industrial, as inovações a nível de um país e as inovações de um país para o
outro. As inovações, em todos os níveis, vão progressivamente, difundir-se pela
sociedade inteira e vão gerar ganhos de produtividade muito importantes na fase
28
28
ascendente do ciclo Kondratieff. Depois desse período de difusão geral, os ganhos
de produtividade vão decrescer por causa da mudança da atividade tecnológica de
uma fase de aplicação das inovações radicais a uma fase de aplicação das inovações
implementares; os ganhos de produtividade, que foram inicialmente importantes,
vão ser menores ao longo da fase descendente do ciclo de Kondratieff
2
.
De acordo com Jetin (1996), a diminuição dos ganhos de produtividade gerará,
necessariamente, um processo de reestruturação, inclusive com novas inovações tecnológicas
onde as empresas mais fortes tendem a se fortalecerem ainda mais (compra de ações de
empresas mais fracas, fusões etc.), caracterizando um verdadeiro processo de centralização de
capital nas firmas sobreviventes. Essas empresas são consideradas sobreviventes porque o
processo de reestruturação, latu senso, as tornaram capazes de sobreviver aos obstáculos
impostos pelo antigo paradigma, transformando-as, assim, como modelos vitoriosos a serem
imitados.
Com efeito, de acordo com o arcabouço teórico em discussão, segundo Jetin (1996),
essas empresas não teriam lugar no antigo paradigma tecnico-econômico, fazendo-se
necessário uma nova adequação da estrutura sócio-institucional. E é esse novo processo de
adaptação que faz com que um novo ciclo seja retomado. Ou seja, ocorrendo uma inovação
radical, num primeiro momento as estruturas sócio-institucionais agem como “amarras” para
o desenvolvimento de inovações incrementais. Contudo, num segundo momento, com a
sobrevivência e reestruturação de determinadas empresas, a despeito dessas “amarras” sócio-
insitucionais, as inovações incrementais passam a ser realizadas dando início a um novo
processo de crescimento paulatinamente à criação e/ou adequação de novos mecanismos
institucionais, sendo entre esses dois momentos que se instala a chamada crise de transição
entre paradigmas técnico-econômicos.
Do exposto, podemos notar que sob a abordagem neo-shumpeteriana existe um
conteúdo acentuado de determinismo tecnológico. É a inovação radical que será responsável
tanto pela fase de decadência (tensão entre a inovação e as estruturas cio-institucionais) e
2
Ciclos Econômicos. Estudos estatísticos que remontam ao século XIX revelaram a existência de relativa
periodicidade na variação de certos fatos econômicos, variações essas geralmente designadas por "ciclos" porque
no passado foram aproximadamente repetitivos ou recorrentes, ou porque se espera que o continuem a ser no
futuro. Esses ciclos podem ser puramente financeiros, como os índices de cotação na bolsa. O ciclo longo ou de
Kondratieff (período de 50 a 60 anos) é de todos o que tem merecido mais atenção e é considerado o mais
importante do ponto de vista econômico.
No quadro conceptual de Schumpeter, o ciclo longo é caracterizado pela confluência ou agregação de inovações
que desencadearam a fase inicial de prosperidade; cada ciclo tem uma identidade própria e o sistema econômico
no fim de um dado ciclo é qualitativamente diferente do que era no fim do ciclo que o antecedeu. Não se trata
pois de um processo repetitivo. O próprio Schumpeter identificou três ciclos longos: a revolução industrial
(1787-1842, algodão, têxteis, ferro e máquina a vapor), o ciclo burgês (1842-1897, caminhos de ferro, vapores
marítimos) e o ciclo neo-mercantilista (1897-1950, indústrias químicas, eletrificação, veículos automóveis).
29
29
ascensão (adequação entre as inovações e as estruturas sócio-institucionais) das longas ondas
de desenvolvimento, sobre tudo no que diz respeito aos seus efeitos de dio e longo prazo,
do ambiente econômico e social.
1.3 A Universidade e as demandas empresariais para a corrente shumpeteriana
O desenvolvimento de uma nova comunidade de pesquisa em economia, composta
por neo-schumpeterianos (em sua corrente evolucionária) vêm tentando construir novas
referências teóricas consideradas mais adequadas à análise do desenvolvimento econômico no
período recente e em um contexto de alta volatilidade tecnológica, gerada pelo cenário de
inovações vis-à-vis a corrente mais ortodoxa do mainstream econômico (POSSAS, 2002).
Esta nova comunidade diferencia-se ligeiramente dos postulados teóricos da chamada Nova
Economia de Desenvolvimento (NED).
As mutações recentes do capitalismo (após a Segunda Guerra Mundial e,
especialmente, após as sucessivas crises a partir da década de 1970) juntamente com o rápido
e forte desenvolvimento dos Tigres Asiáticos (Hong Kong, Cingapura, Coréia do Sul, Taiwan,
Indonésia, Malásia e Tailândia) vêm sendo alvo de pesquisas que tentam compreender os
condicionantes de tal desenvolvimento. Observa-se que novos termos e conceitos passam a
ser estudados e empregados adicionando-se à nova teoria econômica do desenvolvimento,
como por exemplo: aprendizado tecnológico empresarial e capacidade tecnológica nacional.
Os conceitos disseminados são motivadores da forte competição pautada na
constante busca pela liderança de mercado e traduzida pela preferência do cliente (se possível
sua fidelização). Como afirma Lall (2005, p.49):
O crescimento sustentado requer uma ascensão permanente pelos degraus da
tecnologia, além do desenvolvimento de um sistema para o aprendizado coletivo (...)
num mundo em rápida mudança tecnológica, tornam-se decisivas a profundidade e a
flexibilidade do sistema: a capacidade de lidar com a mudança técnica enquanto
processo.
Ressalta-se no pensamento em tela a dimensão temporal na nova análise do
desenvolvimento tecnológico e, portanto, a busca por modelos de desenvolvimento
econômico é fundamental. O tempo perdido pode significar a liderança ou uma grande
oportunidade perdidas. Neste contexto a noção de equilíbrio econômico neoclássico deixa de
fazer sentido, pois rapidamente, devido à atuação do “empresário schumpeteriano” novas
condições e novos arranjos tecnológicos têm o poder de mudar padrões de produção e de
consumo. O conceito de sobrevivência da empresa neste cenário de forte competição passa a
ser adotado.
30
30
Conforme explica Souza (1997, p.325): “Para sobreviverem, as empresas precisam
adaptar-se continuamente ao meio socioeconômico, em função das inovações tecnológicas
adotadas pelas empresas líderes”. Criam-se, portanto, pequenos momentos nos quais aquelas
empresas detentoras de um padrão diferencial de tecnologia podem usufruir lucros
extraordinários, enquanto um grupo de empresas seguidoras tenta imitar tal tecnologia.
A idéia subjacente à explicação anterior reside no âmago da concepção
schumpeteriana de desenvolvimento, assim exposta por Schumpeter (1982, p.47): “O
desenvolvimento, no sentido em que o tomamos, é um fenômeno distinto, inteiramente
estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio”.
Schumpeter deixa claro que mudanças espontâneas surgem na esfera da indústria e do
comércio e não nascem das necessidades dos consumidores, o que causaria a constante fuga
do equilíbrio. Este é um ponto nevrálgico no tema da inovação. A demanda por algum
produto passa a ser real depois da tomada de consciência de sua existência (o telefone
celular, por exemplo). Na visão de Drucker (2003), este é o conceito de demanda efetiva, o
qual dá suporte à forma como a inovação é entendida no contexto ora analisado.
De acordo com Souza (1997), nem toda inovação produz, necessariamente, um novo
produto. Neste caso existe outro tipo de inovação, aquela baseada no melhoramento de
produtos e processos já existentes. O que os dois tipos de inovação têm em comum é o fato de
provocarem uma “crise” que força a reorganização da produção, o aumento da eficiência e a
redução de custos. A construção do arcabouço teórico schumpeteriano está baseada na teoria
evolucionária do desenvolvimento econômico, caracterizado pelo processo da “destruição
criadora” através das ações do empresário que busca inovar constantemente, gerando um
processo de seleção natural, com a sobrevivência dos mais eficientes. Sendo assim, de acordo
com Possas (2002, p.126):
O “empresário schumpeterianoestá sempre tentando romper o equilíbrio (do ponto
de vista da economia clássica) e, é devido a isto que (...) à diferença dos
pressupostos adotados nos modelos da NED, os pressupostos correspondentes nos
enfoques tanto evolucionário/neoschumpeteriano quanto (neo e pós-) keynesiano
não assumem o equilíbrio como norma; ao contrário, extraem implicações dinâmicas
relevantes da presença de desequilíbrios.
Tanto Lall (2005) quanto Drucker (2003) evidenciam que a economia tradicional não
é capaz de explicar o desenvolvimento baseado em inovações e em atitudes empreendedoras,
sendo que ambos abordam a educação no contexto de suas análises. O ponto de contato com
esta área se evidencia em uma passagem no texto de Lall (2005, p.28): “Com o ritmo
acelerado da mudança tecnológica e dos fluxos de comércio e investimento, a capacidade de
31
31
aprendizado nacional está se tornando cada vez mais importante”. Este trecho retoma a
dimensão temporal discutida anteriormente e a conecta com a capacidade de gerar um
“estoque de conhecimento” que, a priori, é dito empresarial, o qual pode ser traduzido na
necessidade de pessoas qualificadas ocupando posições nas empresas líderes do modelo em
questão. Esta parte intangível da tecnologia se dividiria, conforme evidencia Lall (2005), em
diversos graus de profundidade, sendo o primeiro o know-how, definido como a obtenção de
um vel nimo de aptidões operacionais e, portanto, fundamental para a transferência de
uma tecnologia de um país para outro; um segundo grau mais aprofundado é o know-why,
definido como a capacidade de entender os princípios da tecnologia. O último conceito
envolveria um aprofundamento no conhecimento da tecnologia ao ponto de ser possível
adaptá-la de forma ajustada às necessidades locais, inclusive aperfeiçoando-a
(desenvolvimento de “aptidões inovadoras autônomas”).
Entre as fontes de conhecimento e inovação são citadas outras empresas, consultores,
fornecedores de bens de capital ou instituições de pesquisa tecnológica e as universidades. A
ponte de ligação entre inovação e universidade, está nas entrelinhas da obra de Peter Drucker.
Ao abordar as peculiaridades do empreendedorismo, com exemplos históricos, trata da
inovação e assim a conceitua como algo que possa mudar o rendimento dos recursos. Aponta
a importância da inovação justamente do lado da demanda e não da oferta adotando,
portanto, o conceito da demanda efetiva. Ao se tratar da prática da inovação podemos
aproveitar as afirmações de Drucker (2003, p.44) a respeito da importância das invenções e
das pesquisas para a economia, onde relata que, “ao redor de 1914, quando estourou a
Primeira Guerra Mundial, a “invenção” tornou-se “pesquisa”, uma atividade sistematizada,
com um propósito determinado, planejada e organizada (...)”. Fica implícita a idéia de que
inovação, no sentido de invenção, passa a ser objeto da ciência, portanto praticada em
universidades.
Ao discutir a base de capital humano, Lall (2005, p.63) explicita a forma de
relacionamento entre a educação e o desenvolvimento da capacidade tecnológica de um país:
“A educação não é equivalente às aptidões, mas proporciona a base para a ocorrência do
aprendizado. Sem a experiência e o direcionamento específicos em relação à tecnologia, as
qualificações formais do ensino não produzem know-how nem know-why”. A concepção
schumpeteriana suporte a este raciocínio onde o foco de tal assertiva é o “direcionamento”
que deve haver na educação para os fins do desenvolvimento tecnológico
Aproveitando-se tal concepção educacional, segundo Lall (2005) pode-se relacionar
os tipos de política econômica e educacional, em razão do ponto de distanciamento da Nova
32
32
Economia de Desenvolvimento (NED) em relação à orientação neoclássica, e situando o locus
atual em parte dos pressupostos teóricos expostos, enfatizando a necessidade de políticas
coordenadas e, portanto, do tipo intervencionista por parte do governo. Sendo assim, defende
o direcionamento das políticas educacional, comercial, industrial, e internacional. De acordo
com Pack (2005, p.109): “Na ausência de uma rápida mudança tecnológica, a maior parte da
produção torna-se rotineira, e a educação dada às pessoas para lidar com a mudança
proporciona um benefício marginal limitado”.
A seletividade de aspecto evolucionário/schumpeteriano fica evidente quando o autor
alerta sobre a necessidade de promover uma feroz competição entre as grandes empresas (na
política industrial doméstica), direcionando o tipo de educação mais adequado para cada
arranjo industrial nos países, como ilustra Lall (2005, p.45): “Enquanto os sistemas
educacionais e de treinamento não conseguirem antecipar-se à essas carências e preparar o
pessoal necessário para as mesmas, haverá uma necessidade de intervenções seletivas por
parte do governo”.
Sendo assim, na relação Universidade Empresa (U-E) no contexto da inovação
como forma de competitividade, Lall (2005) aponta os países em desenvolvimento como
sendo imitadores e importadores de tecnologias de países avançados, devendo aqueles países
adotarem esta postura como ação estratégica e criar condições de atração de investimentos
externos, particularmente para a instalação de empresas multinacionais (EMNs)
tecnologicamente avançadas. Assim, a condição sine qua non do desenvolvimento
tecnológico dos países em desenvolvimento teria sua base na capacidade de aprendizado
empresarial alicerçado sobre aptidões e habilidades, de certa forma, expropriados das EMNs.
Desde o chão-de-fábrica até os níveis hierárquicos mais altos uma necessidade de
formação educacional que capacite os indivíduos a aumentarem sua produtividade marginal
do trabalho. Contudo, a assertiva seguinte de Lall (2005, p.44) supervaloriza a educação de
nível superior destacando que “(...) as políticas para a promoção do capital humano para o
desenvolvimento tecnológico talvez necessitem ser razoavelmente seletivas nos níveis mais
altos”.
Segundo Lall (2005), a imitação citada no contexto tecnológico deve ser entendida
não como simples cópia, mas no sentido do Benchmarking e que se traduz em contratos entre
empresas e universidades objetivando atividades conjuntas. As motivações das empresas
seriam a diluição dos custos, o compartilhamento dos riscos e incertezas do ambiente de
pesquisa pré-competitiva, a redução dos lead times entre o momento de realização de uma
pesquisa e sua implementação prática (produção e comercialização). as motivações da
33
33
universidade seriam distintas: primeiramente, viabilizar, através de tais contratos, fundos de
financiamento para pesquisas, independente dos, cada vez mais escassos, recursos públicos.
Verifica-se, portanto, a convocação das universidades públicas (além das universidades
privadas) para este “novo contrato social”; o segundo ponto de motivação reside na
legitimação do trabalho científico junto à sociedade.
Portanto, conforme explica Dagnino (2003), a “Segunda Revolução Acadêmica”,
assim nomeada por Henry Etzkowitz, é marcada pelo forte sinergismo entre instituições
acadêmicas e empresas no sentido de funcionarem como indutoras da formação das Políticas
de Ciência e Tecnologia de países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos. A
segunda corrente, apresentada por Dagnino (2003), considera a empresa como o locus
privilegiado da inovação e o empresário sendo o agente direto do progresso técnico. Esta
corrente fundamenta-se no caráter tácito, dificilmente transferível e apropriável do
conhecimento tecnológico, assim como exposto por Lall (2005) na discussão sobre o know-
how e know-why.
1.4 O desenvolvimento sustentável
O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios. Se por um
lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação
ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surge a idéia do
Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a
preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo. De acordo com o Relatório de
Brundtland, mais conhecido como “Nosso Futuro Comum”, a sustentabilidade deve
desenvolver-se em um novo padrão de desenvolvimento e crescimento econômico,
enfatizando a necessidade de um novo modelo de processo produtivo mundial, além de um
desenvolvimento racional dos recursos naturais e a valorização social de forma igualitária
O Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais
reafirmam uma visão critica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países
industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do
uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas,
apontantando para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de
produção e consumo vigentes. O documento intitulado “Nosso Futuro Comum”, publicado
em 1987, no qual desenvolvimento sustentável é concebido como “o desenvolvimento que
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satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
suprir suas próprias necessidades”.
Os pontos fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Relatório de
Brundtland, segundo Costa (2004, p. 50) são:
1. Um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no
processo decisório;
2. Um sistema econômico capaz de gerar excedentes de know how técnico em bases
confiáveis e constantes;
3. Um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um
desenvolvimento não-equilibrado;
4. Um sistema de produção que respeita a obrigação de preservar a base ecológica
do desenvolvimento;
5. Um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções;
6. Um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e
financiamento;
7. Um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se.
Segundo o Relatório da Comissão Brundtland (Costa, 2004), uma série de medidas
devem ser adotadas pelos países para promover o desenvolvimento sustentável, entre elas: a
limitação do crescimento populacional; a garantia de recursos básicos (água, alimentos,
energia) a longo prazo; a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; a diminuição do
consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas
renováveis; o aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em
tecnologias ecologicamente adaptadas; o controle da urbanização desordenada e integração
entre campo e cidades menores; o atendimento das necessidades básicas como saúde, escola,
moradia.
Em âmbito internacional, as metas propostas são: a adoção da estratégia de
desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições
internacionais de financiamento); a proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a
Antártica, oceanos etc, pela comunidade internacional; o banimento das guerras; a
implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações
Unidas (COSTA, 2004).
O relatório indica ainda outras medidas para a implantação de um programa
adequado de desenvolvimento sustentável, que deve ser assimilado pelas lideranças de
empresas como uma nova forma de produzir sem degradar o meio ambiente, estendendo essa
cultura a todos os níveis da organização, orientando para: o uso de novos materiais na
construção; a reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais; o
aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a
geotérmica; a reciclagem de materiais reaproveitáveis; o consumo racional de água e de
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alimentos; a redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de
alimentos (COSTA, 2004).
Toda essa temática deve ir além das ações de reciclar, reaproveitar ou reduzir o
desperdício dos recursos naturais com o propósito econômico e cultural de se evitar a escassez
dos recursos naturais disponíveis fazendo-se da Educação Ambiental uma ação estratégica
para ajudar na solução do problema, em razão da crescente demanda global quantitativa das
sociedades, dado aos atuais modelos de produção e crescimento econômico, com base no
consumo de larga escala, minimizando dessa forma a conhecida crise ecológica atual e global.
Outra preocupação atual está na necessidade de garantir a qualidade de vida do planeta para
gerações presentes e futuras, fomentando uma real mudança com transformação social e
cultural na atual sociedade de consumo global.
Dessa forma devemos entender a sustentabilidade como o uso dos recursos
renováveis de forma qualitativamente adequada e em quantidades compatíveis com a sua
capacidade de renovação, com o emprego de soluções economicamente viáveis ao suprimento
das necessidades humanas, respeitando as limitações da natureza que permitam melhoria da
qualidade de vida para todos.
Nesta temática atual da demanda para urbanização de forma predatória, acelerada
pelo consumismo global de produtos e do uso constante dos recursos naturais para produção
em massa, emerge a necessidade de se implantar uma cultura para o desenvolvimento
sustentável no mundo moderno, procurando educar e reeducar a sociedade para viver e
conviver em harmonia com a natureza, buscando a solidariedade, a igualdade e o respeito às
diferenças com formas democráticas de atuação, no sentido de que não existe mais suporte
no planeta para que continuemos a agir como egoístas em relação ao futuro das nações e das
próximas gerações de pessoas, assim como da fauna e da flora ambiental, ou seja, precisamos
construir uma consciência responsável de que não somos a última geração de humanos que
estivéssemos no planeta.
Entendemos que a terra pode nos dar de tudo o que necessitamos, contudo, devemos
ter o devido cuidado em não exaurir os atuais recursos naturais disponíveis com o uso
irracional e desenfreado extrapolando aos limites deste uso. Deve-se procurar desenvolver
métodos e técnicas modernas, adequadas e equilibradas para os recursos finitos disponíveis de
forma que o tornem economicamente viáveis, socialmente aceitos e ecologicamente
sustentáveis. Em outras palavras, é permitir que as gerações atuais possam conquistar sua
qualidade de vida desejada, sem comprometer a capacidade e necessidade das gerações
futuras em suprirem e criarem suas próprias necessidades. É sermos capazes de focar na
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criação e construção de uma sociedade sustentável, destacando: repensar hábitos, modificar
valores, readequar comportamentos, exercitar cidadania com responsabilidade atual e futura,
com o objetivo de se criar novas atitudes e comportamentos éticos, morais e sociais. Assim,
em face ao consumismo da sociedade atual, procura-se estimular para a mudança nos hábitos
do cotidiano e dos valores individuais e coletivos, utilizando-se da máxima na Educação
Ambiental que destaca: pensar e agir local e globalmente.
O desenvolvimento econômico e o bem estar do homem dependem dos recursos da
terra e do uso racional desses recursos disponíveis de forma eficiente, eficaz e efetiva
(continuada). Ou seja, o desenvolvimento sustentável (efetivo e contínuo) é simplesmente
impossível se for permitido que a degradação do meio ambiente continue. O desenvolvimento
econômico e o cuidado com o meio ambiente são compatíveis, independentes e necessários
para se tornarem eficientes e efetivos para as sociedades presentes e futuras. A alta
produtividade, associada ao emprego de modernas tecnologias de produção e pesquisa, deve
ser auxiliar dos processos de desenvolvimento para poderem coexistir com um meio ambiente
saudável. O tema é instigante porque conduz em se repensar nos modos e finalidades de
desenvolvimento econômico, verificando as conseqüências da intervenção das sociedades na
natureza com o propósito de rever e até de reverter processos de depredação a fim de evitar
problemas futuros sócio-econômico-ambientais.
A chave para o desenvolvimento sustentável indicada por estudiosos no assunto é a
participação, a organização, a educação e o fortalecimento das pessoas em temas a respeito de
desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente para melhor se entender o
desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável não deve ser centrado somente
na produção e sim nas pessoas, precisando ser apropriado e fortalecido não apenas nos
recursos e ao meio ambiente, mas também na cultura, na história e nos sistemas sociais onde
ocorre com o propósito de fortalecer e estimular a participação destas sociedades no processo
de desenvolvimento sustentável. É necessário o entendimento de que nenhum sistema social
possa ser mantido por longo período quando a distribuição dos benefícios e dos custos se faz
de forma extremamente injusta, mantendo parte da população submetida a um crônico e
permanente estado de pobreza.
Precisamos ser humildes para aceitar que não entendemos completamente como o
mundo funciona e que desse modo, tomamos decisões em cima de constantes incertezas.
Necessitamos de mais ponderação e paciência para em duvidas a respeito de resultados
desastrosos e irreversíveis, avaliarmos melhor e mais cuidadosamente as conseqüências dos
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riscos para não prejudicarmos na qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente, presente
e futuro.
Sabemos que o uso desequilibrado e irracional dos recursos naturais prejudica ao
meio ambiente, a preservação da biodiversidade e a qualidade de vida das comunidades
(presentes e futuras). Atualmente, cientistas e a comunidade em geral do nosso planeta se
alarmam com as conseqüências e os efeitos indesejáveis do crescimento e do
desenvolvimento econômico nas economias e no meio ambiente, destacando-se: o
esgotamento dos recursos de matérias primas naturais e de energia; o crescimento
demográfico mundial e a escassez de alimentação; o crescente nível mundial de poluição; a
depredação do meio ambiente, dos ecossistemas e da biodiversidade; a deterioração da
qualidade do ar e escassez mundial da água potável; o crescimento e acumulo dos resíduos
sólidos; o aparecimento de chuvas ácidas, desequilíbrios climáticos, aquecimento global e
desgelo polar decorrente da destruição da camada de ozônio atmosférico causando o aumento
do efeito estufa no planeta, entre outros.
Nos últimos anos diversas questões socioeconômicas estão sendo discutidas
mundialmente, sendo consideradas inclusive como fatores de ameaça à Segurança Mundial,
voltadas para esta escassez de comida, energia, recursos naturais, crescente interdependência
das economias, necessidade de cooperação internacional, a vulnerabilidade das economias em
desenvolvimento, a qualidade de vida e do meio ambiente presente e futura. O importante não
é frear ou impedir o crescimento ou o desenvolvimento econômico dos países, mas sim
conciliá-los com a preservação e a qualidade ambiental mundial dos recursos naturais e da
biodiversidade do planeta, bem como com uma melhor distribuição dos benefícios do
desenvolvimento para a população mundial.
As idéias iniciais a respeito de desenvolvimento sustentável são creditadas a um
engenheiro florestal dos EUA conhecido como Gifford Pinchot ainda no século XIX, que se
manifestava contra a cultura do desenvolvimento a qualquer custo, defendendo o uso dos
recursos naturais por gerações presentes, preocupando-se com a prevenção do desperdício e
com o uso dos recursos naturais para muitos e não para poucos cidadãos. Desde então até os
dias atuais podemos verificar um real crescimento na sensibilidade ecológica pelas pessoas
em todo o planeta com um aumento da percepção e preocupação em relação à questão
ambiental através de diversas Organizações não Governamentais (ONGs), veículos de
comunicação, das escolas, das comunidades e associações, empresas publicas e privadas, do
próprio governo e outros setores da sociedade organizada (SOUZA,1997).
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Os primeiros debates e conferências oficiais a respeito do desenvolvimento
sustentável surgem na Suécia nos anos 70, na Conferência da Organização das Nações Unidas
para o Meio Ambiente, mais conhecida como Conferência de Estocolmo. Desde então, novos
conceitos sobre os temas de desenvolvimento e sustentabilidade foram sendo criados e
desenvolvidos. Em 1973 é apresentado ao mundo o termo Ecodesenvolvimento por Maurice
Strong, visando apresentar uma concepção alternativa de desenvolvimento nas áreas rurais
dos países subdesenvolvidos. Este conceito posteriormente foi ampliado às áreas urbanas com
um enfoque de planejamento de estratégias plurais adequando-se ao crescimento econômico e
a gestão racional do meio ambiente. Em 1980 a União Internacional para a Conservação da
Natureza formula o documento que ficou conhecido como “Estratégia Mundial para
Conservação” buscando a elaboração de políticas de desenvolvimento sustentável com três
grandes objetivos: a manutenção dos processos ecológicos e dos sistemas vitais para a
humanidade, a preservação da biodiversidade e a garantia do uso sustentável das espécies e
dos ecossistemas. Em 1987, com a publicação do Relatório de Brundtland conhecido como
“Nosso Futuro Comum”, da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU para a
primeira ministra da Noruega, a idéia de desenvolvimento sustentável finalmente ganhou
reconhecimento efetivo, onde foram formuladas 109 recomendações com propostas buscando
harmonizar desenvolvimento econômico e fontes naturais de recursos. (SOUZA,1997).
Destacamos nos dias atuais o surgimento de um novo conceito em desenvolvimento
sustentável conhecido como desenvolvimento socialmente sustentável. O desenvolvimento
sustentável caracteriza-se pela capacidade das sociedades sustentarem-se de forma autônoma,
gerando riquezas e bem estar a partir de seus próprios recursos e potencialidades, afastando-se
do principio utópico de haver um crescimento econômico de forma rápida para
posteriormente repartir a riqueza social, a distribuição da renda e a expansão do bem estar
geral. O desenvolvimento socialmente sustentável refere-se à garantia do progresso material e
do bem estar social resguardando os recursos e o patrimônio natural dos diferentes povos e
países, fazendo-se um exame critico das necessidades dos padrões de consumo atuais,
revendo-se as finalidades da produção econômica e os valores sociais atuais predominantes,
evolvendo também as atitudes individuais de cada cidadão, fortalecendo a idéia de se
consumir menos e melhor, e criando-se entendimentos do que vem a ser o atendimento as
necessidades reais e necessidades supérfluas, individuais e coletivas, para os padrões de
produção e consumo nas sociedades modernas, mesmo havendo a interferência no livre
arbítrio das pessoas em razão da propaganda e de certos padrões de consumo e
comportamento, entre outros fatores psicológicos e tecnológicos (SOUZA,1997).
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Outro fator importante em desenvolvimento sustentável na economia é a criação de
excedentes de know-how técnico em bases confiáveis e constantes com uma estrutura
produtiva que respeite a preservação dos recursos naturais escassos na economia e no meio
ambiente, respeitando os seus limites através de uma gestão racional com novas tecnologias
para não esgotá-los. Surgem então as chamadas tecnologias limpas visando garantir a
continuidade dos processos produtivos (novos materiais, componentes e processos de
produção; redução do uso de metais pesados; uso de produtos biodegradáveis; reciclagem de
materiais e controle do desperdício). Merece destaque, também, o surgimento da certificação
ISO 14.000 na administração e controle de impactos ambientais gerados pelas empresas, com
a emissão de certificado internacional aceitos no mercado mundial que são expedidos para
empresas que reduzem gastos com energia, previnem a poluição e desenvolvem a fabricação
de produtos verdes, ou seja, não agressivos ao meio ambiente.
Portanto, segundo as afirmativas até aqui apresentadas, o conceito de
desenvolvimento sustentável deve possuir um conteúdo político, norteador de uma nova
relação entre povos e países, que deva resultar na diminuição gradativa dos índices de
crescimento econômico dos países ricos para poder possibilitar que outros povos e países
alcancem plenas condições de vida, direitos, cidadania e melhoria da qualidade de vida
individual e coletiva das sociedades presentes e futuras, com a preservação do meio ambiente
e da biodiversidade do planeta.
1.5 Desenvolvimento ambientalmente sustentável
Existem diversas correntes na literatura econômica a respeito da riqueza e de como a
atividade econômica pode ocorrer e se desenvolver: para muitos estudiosos a riqueza vem da
terra; para Marx o trabalho humano gera riqueza; para os capitalistas o capital é que permite a
produção; muitos outros estudiosos defendem que a energia é a base de todo o valor e riqueza.
Atualmente com o desenvolvimento das atividades produtivas e da tecnologia em
razão da globalização das atividades e dos mercados entre as nações no campo político,
econômico, financeiro, social e cultural, para que um sistema produtivo possa se desenvolver
continuadamente de forma efetiva e eficaz é necessário que haja um agregado harmônico e
sinérgico de todos os fatores de produção, ou seja, terra, trabalho, capital, energia, tecnologia,
crédito, habilidade, matéria prima, água, gerenciamento, conhecimento, natureza, meio
ambiente e reciclagem ambiental (CUNHA, 2005).
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Segundo Herman Daly, citado por Cunha (2005), para um sistema produtivo em
funcionamento estar ativo devemos compreendê-lo como uma pirâmide (Figura 1), onde os
recursos da terra correspondem a base e os objetivos humanos fundamentais fazem o topo da
pirâmide, divididos em: meios fundamentais, meios intermediários, fins intermediários e fins
fundamentais, respectivamente de baixo para cima.
Os meios fundamentais que estão na base da pirâmide compreendem toda a matéria
prima extraída do meio ambiente além da energia do planeta, que podem ser consumidos
diretamente ou transformados em recursos de produção ou meios intermediários com o
auxilio da ciência e da tecnologia, portando não podendo ser destruídos ou depredados, e
correspondem ao sol, a água, aos minerais, aos solos, aos combustíveis fósseis, as florestas,
aos ecossistemas e a biodiversidade no planeta, a todos os seres vivos da cadeia alimentar.
Na parte subseqüente da pirâmide aparecem os bens intermediários que são
produzidos a partir dos meios fundamentais, sendo processados, lapidados e transformados
através do conhecimento com o auxilio da ciência e da tecnologia, gerando: equipamentos,
instrumentos e máquinas produtivas; matéria prima processada; formas de energias derivadas
e aproveitáveis; trabalho humano; recursos e bens de capitais.
O próximo nível superior da pirâmide são os fins intermediários, ou seja, aqueles que
devem ser administrados pelos sistemas políticos e econômicos dos governos para que a
sociedade possa utilizá-los e avaliá-los como produtos e aquisições de bens de consumo para
melhoria da qualidade de vida. Correspondem a saúde, riqueza, educação, transporte,
comunicação, produto nacional bruto etc. No topo da pirâmide estão os chamados fins
fundamentais dos objetivos e metas humanas, transformados a partir dos fins intermediários
por intermédio de preceitos e percepções filosóficos, ético, morais, religiosos e culturais.
Compreendem sensações de sentimentos de felicidade, realização, amor, harmonia,
identidade, comunidade, qualidade de vida, cidadania, etc.
A metodologia e funcionamento dos componentes e partes desta pirâmide precisam
ocorrer de forma harmônica e sinérgica para ser efetiva, eficiente e eficaz no alcance dos
resultados satisfatórios de cada etapa do referido processo, uma vez que estão em constante
interdependência, preservando-se os meios de produção que são oriundos do meio ambiente, o
que permiti um desenvolvimento sustentável das atividades nos processo e meios aqui
citados. Este raciocínio está contextualizado por Cunha (2005, p. 73):
Atingir os fins fundamentais depende de cada parte da pirâmide e de processos
efetivos a cada passo. Possuir uma profusão de bens materiais, saúde e educação
não é bom, se não se sabe como transformá-los em felicidade e realização. Terra,
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trabalho, capital e abundancia de energia não ajudam se os sistemas político e
econômico usam-nos com desperdício ou injustamente. Ter uma terra farta não é
suficiente se não houver uma tecnologia efetiva para colher os frutos dessa
abundancia e, naturalmente, dispor de tecnologia, política, economia e ética, tudo
isso funcionando adequadamente, não ajuda se a fundação da pirâmide, o material,
a energia e os sistemas biológicos da terra não forem saudáveis.
Figura 1: Sistema produtivo em funcionamento e ativo.
Fonte: Cunha (2005, p. 71).
Sabemos que os recursos naturais não são infinitos e tornam-se a cada ano mais
escassos aos meios produtivos. Energia, água potável, solos, alimentos precisam ser
administrados com sabedoria e gerenciados com eficiência para serem distribuídos
equitativamente entre a população, evitando-se o desperdício e a depredação dos recursos e do
meio ambiente, permitindo a satisfação das necessidades de todos, atual e futura.
MEIOS FUNDAMENTAIS
(energia, matéria, diversidade genética)
Ciência e tecnologia
MEIOS INTERMEDIÁRIOS
(capital, trabalho, energia processada e materiais)
Economia/Política
FINS INTERMEDIÁRIOS
(saúde, riqueza, educação, comunicação, transporte)
Ética, Filosofia e Religião
FINS FUNDAMENTAIS
(felicidade, realização, qualidade de vida)
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Como podemos observar, o desenvolvimento econômico e a defesa do ambiente são
compatíveis, interdependentes e necessários para a sustentabilidade da economia e não devem
ser entendidos como fatores conflitantes e concorrente, inimigos e separados para ocorrerem
sob a ótica equivocada de ter que se sacrificar um para preservar o outro. Defender a natureza
com decisões ecologicamente conscientes é cuidar para que a economia e o desenvolvimento
possam ocorrer continuamente de forma sustentável.
1.6 Desenvolvimento socialmente sustentável
A chave para o desenvolvimento socialmente sustentável é a participação, a
organização, a educação e o aumento do poder das pessoas. Um exemplo de superação
econômica é o Japão e países da Europa após a Segunda Guerra Mundial onde, mesmo com
poucos recursos naturais, pouco capital, destruição política e social e sem infra-estrutura
alcançaram atualmente níveis de desenvolvimento econômico superiores a todos os paises do
Terceiro Mundo, em razão de uma cultura de educação, motivação e organização das pessoas
em beneficio de um bem maior e coletivo.
Segundo Schumacher, citado no Cunha (2005, p. 84):
O desenvolvimento econômico é algo muito mais amplo e profundo do que a
economia. Suas raízes encontram-se fora da esfera econômica, na disciplina e, mais
do que isso, na independência política e numa consciência nacional de
autoconfiança.
E isso não pode ser produzido através de engenhosas operações de transplante,
realizadas por técnicos estrangeiros ou por uma elite nacional que tenha perdido o
contato com as pessoas comuns. Pode acontecer somente se for levado enquanto um
movimento amplo, popular, com ênfase básica na plena utilização da força motriz,
do entusiasmo inteligente e força de trabalho de cada um.
O desenvolvimento sustentável não é centrado na produção, mas nas pessoas tendo
como objetivo fundamental o bem estar material e espiritual melhorando a capacidade das
comunidades em resolverem seus próprios problemas, sem o desperdício ou depredação dos
recursos escassos e ambientais. Preocupa-se com o crédito e o maquinário disponível, com as
exportações e as importações de bens e serviços, com o nível de competição entre os
mercados no mundo, contudo, crítica e questiona os fins, os meios e as conseqüências não
apenas mensurando o resultado econômico do produto final, mas importando-se com quem
paga os custos, quais os recursos ambientais foram degradados, quem participou da produção,
se realmente servem aos objetivos e necessidades humanas e por quanto tempo o fluxo de
produção pode ser mantido para que este desenvolvimento possa ser ecologicamente
sustentável, socialmente justo e aceito, e economicamente viável e contínuo.
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Para que projetos não sejam mal sucedidos ou inadequados, quando transferidos de
um lugar para o outro (por influencia precipitada de idéias, tecnologias e processos que
tiveram sucesso em algum lugar) , o desenvolvimento deve ser adequado não somente ao
ambiente e aos recursos como também à cultura, história, ao ecossistema, as pessoas, aos
recursos naturais nativos e aos sistemas sociais do lugar onde ele ocorre para, por fim, poder
adaptar-se ao novo local.
Projetos bem sucedidos geralmente são forjados em algumas características comuns
baseados na compreensão das necessidades e dos recursos locais, como: baseia-se em recursos
naturais locais e renováveis; mantêm e ampliam o rendimento dos recursos naturais em longo
prazo, ao invés de serem exploratórios e depredatórios em curto prazo; produzem alimentos e
bens para a população; respeitam e estimulam a variedade e produtividade local.
É necessário que o desenvolvimento seja eqüitativo para que um sistema social e
econômico sejam sustentáveis em longo prazo, com uma distribuição dos benefícios e
prejuízos de forma justa entre as pessoas e comunidades, minimizando a pobreza crônica de
parte da população. Um ditado popular traduz muito bem o atual funcionamento dos sistemas
sociais vigente: “o rico fica mais rico e o pobre fica cada vez mais pobre”.
Assim como a ciência e a tecnologia, os mecanismos de equidade social precisam ser
adaptados à cultura e história das pessoas, sem humilhação dos necessitados e evitando-se o
surgimento de instabilidades sociais e violência. Assim, algumas práticas sociais modernas de
redistribuição, no sentido de interromper e conter o crescimento do ciclo vicioso na
acumulação de riqueza e pobreza deve ser estimulados e ampliados, entre eles: educação
universal, taxas de impostos progressivos sobre os ricos, subsídios públicos para necessidades
básicas como saúde e transporte, leis anti-truste, eleições democráticas etc.
O desenvolvimento envolve o equilíbrio constante dos opostos com a quebra de
preconceitos e barreiras culturais entre liberdade e ordem, grupos e indivíduos, trabalho e
lazer, povoamento e natureza. Nesse sentido a convivência social requer o ordenamento
comunitário sem necessariamente a quebra da liberdade; o trabalho não pode ser confundido
com castigo, punição ou limitação de lazer; o povoamento não pode ser entendido como
inimigo da natureza uma vez que em um ecossistema o homem faz parte da natureza devendo
desenvolvê-la e preservá-la, planejando as cidades sem exclusão do meio ambiente. Portanto
precisamos mudar a cultura de fazer as escolhas (entre os opostos) e nos concentrarmos em
como atingir ao equilíbrio adequado nessas divergências de forma continuamente reajustado,
pois no mundo moderno em constante evolução social, cultural, política e econômica, uma
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resposta final dificilmente é correta eternamente em razão de que a sociedade esta em
constante mudança nos seus próprios conceitos e circunstâncias.
Sobre tomada de decisão, Drucker (1998, p. 489) afirma que esta é sempre feita
mediante o envolvimento de riscos e a capacidade de julgamentos em busca da solução ideal
para compreensão e solução de problemas, sintetizando: “O principal é compreender o
problema. Decidir não é um exercício mental. Exige visão das coisas, energias e recursos da
organização”. Precisamos compreender que muitas decisões são tomadas em situações de
incertezas e com possibilidades de resultados irreversíveis, onde são necessárias a
administração e mensuração dos riscos com ponderação e cuidado, acompanhados de uma
constante e real avaliação dos resultados de cada experiência e, principalmente, com
disposição, humildade, coragem e determinação para modificar estratégias, quando
necessário.
É indiscutível que desenvolvimento sustentável exige assumir perspectivas de longo
prazo com o foco em integrar os efeitos locais e regionais das mudanças mundiais no processo
de desenvolvimento, de forma que possam utilizar os melhores conhecimentos científicos e
tradicionais disponíveis, avaliando-se processos de desenvolvimento constantemente à luz dos
resultados de pesquisas científicas, a fim de que seja possível assegurar o conhecimento e a
utilização de recursos com impactos reduzidos da capacidade de sustentação do meio
ambiente e dos processos que podem prejudicar ou estimular sua capacidade de sustentar a
vida no planeta.
Sabemos que os processos sociais estão sujeitos a múltiplas variações no tempo e no
espaço, regiões e culturas, da mesma forma como influem e são afetados pelas mudanças das
condições ambientais. O meio ambiente mundial está apresentando mudanças ambientais
significativas em todo o mundo. Ao mesmo tempo, o consumo humano de energia, água e
outros recursos não renováveis estão aumentando, tanto per capita como no total, com
tendências de apresentar grandes déficits em muitas partes do mundo, mesmo se as condições
ambientais permanecerem inalteradas.
Tendo em vista o papel crescente do conhecimento científico nas questões de meio
ambiente e desenvolvimento, o fortalecimento da capacidade científica de todos os países
(inclusive dos países em desenvolvimento), permite uma participação plena na geração e
aplicação dos resultados nas atividades de pesquisa e desenvolvimento científicos relativas ao
desenvolvimento sustentável. Isso possibilita aos países em desenvolvimento a estudarem
suas próprias bases de recursos e seus sistemas ecológicos para melhor gerenciá-los, com o
objetivo de enfrentar os problemas nacionais, regionais e mundiais. Portanto, em razão da
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complexidade dos problemas ambientais no plano mundial, é evidente a necessidade de contar
com mais especialistas em diversas disciplinas, aproveitando a fundo os conhecimentos
tradicionais do meio ambiente local.
As ciências devem continuar desempenhando seu papel descobrindo novas formas
para o aumento da eficiência e do aproveitamento dos recursos com novas práticas e
alternativas de desenvolvimento. Isso possibilita uma melhor compreensão da terra, dos
oceanos, da atmosfera e da interdependência de seus ciclos hidrológicos, nutritivos e de suas
trocas de energia, reavaliando e promovendo constantemente tendências menos intensivas de
utilização de recursos, menos energia na indústria, agricultura e transporte. Esses estudos
permitem estimar, de maneira mais precisa, a capacidade de sustentação do planeta e suas
possibilidades de recuperação face às numerosas tensões causadas pelas atividades humanas.
Assim, as ciências tonam-se indispensáveis na busca de formas exeqüíveis para alcançar o
desenvolvimento sustentável, permitindo a aplicação dos conhecimentos científicos para
articular e apoiar às metas de sustentabilidade por meio da avaliação científica da situação
atual e das perspectivas futuras, permitindo seu uso nos processos de tomada de decisões,
assim como nos processos de interação entre as ciências, a sociedade e a formulação de
políticas de governo para o desenvolvimento sustentável, mantendo a biosfera em um estado
saudável e diminuindo as perdas em biodiversidade.
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2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE
O Relatório Brundtland faz referência ao atendimento das necessidades essenciais
dos pobres no mundo, contudo, o grande desafio está em como definir em termos atuais essas
necessidades diferenciando o que vem a serem as necessidades reais e supérfluas. Assim a
grande dificuldade se concentra em construir uma cultura na sociedade moderna com a idéia
de se consumir menos e melhor, desenvolvendo nas pessoas um vel do consumo de forma
mais consciente ambiental e socialmente, sem imposição de uma privação das liberdades
individuais. Precisamos educar as sociedades modernas de forma realista e critica para que
tenham capacidade de desenvolverem condições em definir livremente suas necessidades, sem
a interferência dos padrões de consumo e comportamento impostos pelo mercado, pelo
modismo, pelas propagandas.
Estamos muito longe de nos preocuparmos apenas com o comer, o vestir e ter onde
morar embora milhões de indivíduos nem isso tenham assegurado. A expansão do modelo de
consumo mundial reforça a pressão sobre os recursos naturais em uma produção voltada cada
vez mais para o consumo verticalizado de bens disponíveis, principalmente visando atender
aos segmentos de média e alta renda, como: microeletrônica, televisores, computadores,
automóveis etc.
2.1 A crise ambiental no século XX
A humanidade não sabe como o mundo é realmente na sua totalidade, não
compreendemos totalmente como o mundo funciona e nem sabemos o quanto não
conhecemos a respeito. Não sabemos o que são nossas mentes ou como funcionam e nem o
quanto não sabemos a respeito da vida e do mundo. O crescimento e desenvolvimento
tecnológico na última década foi espantoso em todas as áreas do conhecimento (saúde,
educação, ciência, robótica, etc), no entanto, quanto mais as ciências descobrem do mundo e
da vida, mais mistérios e questionamentos são formulados e descobrimos que somos
notavelmente esclarecidos e profundamente ignorantes. Assim, parafraseando o filósofo
Sócrates “só sei que nada sei”, ou seja, necessitamos ter orgulhos pelas nossas conquistas e
humildade para aceitar novos desafios.
A incompreensão humana sobre o mundo costuma ser um problema primeiramente
para os seres humanos, individualmente, pois sofrem perdas a partir dos seus enganos.
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Entretanto, na medida em que o número de pessoas cresce e os poderes destas crescem
também, mais e mais seres humanos, a natureza e basicamente toda a biosfera passam a correr
perigo, devido aos enganos, excessos e mal entendidos de muitos.
Constantemente tomamos decisões em estado de grande incerteza sem administrar
adequadamente os riscos, mesmo quando os resultados podem ser irreversíveis. Entre
diversos outros exemplos e temas a respeito, sabemos que as indústrias mundiais criam
centenas de novos produtos químicos anualmente em enormes quantidades e nós não sabemos
os efeitos desses produtos sobre o corpo humano ou sobre outras espécies em médio e longo
prazo, nem tão pouco se isso pode comprometer os sistemas interconectados e equilibrados da
biosfera. Estamos assumindo riscos que podem afetar a sobrevivência das civilizações atuais e
futuras da humanidade e de todo ecossistema do planeta, por não avaliarmos, de forma
cuidadosa e constante, os resultados e os experimentos, com coragem e disposição para
mudarmos de estratégias. Vivemos em um mundo forjado em modelo de lideres com políticas
decisivas e ousadas, em que estes não podem admitir não terem respostas mesmo quando a
incerteza e o risco tornam-se perigosos sua aplicação.
É necessário o emprego e efetivação constante de padrões de avaliação e
experimentação com linhas de aprendizagem através do emprego de métodos formais de
custo-benefício na aplicação de empreendimentos econômicos e sociais, com
acompanhamento de médio e longo prazo, viabilizando a antecipação dos problemas e
projeções de técnicas para maximizar benefícios e minimizar custos. A aprendizagem
depende de pequenos passos experimentais e da avaliação contínua com a ocorrência de
enganos pequenos e corrigíveis, sendo esta a melhor via através da experiência vivida passo a
passo, construindo-se assim o conhecido método cientifico. Contudo, não devemos esquecer
ou desmerecer que é possível complementar a analise racional (técnica e científica) com uma
não racional através da intuição, da percepção, do respeito ao conhecimento tácito vivido (não
testado cientificamente). Ambos (análise racional e não racional) precisam ser colocadas em
harmonia para melhor serem compreendidas e aplicadas social, econômica, política e
moralmente.
Encontramos em diversas obras espirituais, religiosas e científicas conhecimentos e
ensinamentos de todas as disciplinas acadêmicas e assim, podemos concluir que o
conhecimento pode e deve ser construído de forma integrada, aproveitando-se também da
sabedoria das antigas tradições, dos costumes dos povos, do senso comum e valores presentes
na cultura dos seres humanos.
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Os pressupostos da Educação Ambiental exigem o respeito e a reconciliação entre
opostos, em razão da interdependência e conexão existente na própria essência da natureza. O
conhecimento humano e nossa ignorância a respeito do mundo, em particular ao meio
ambiente e de seu uso sustentável, precisam ser amplamente estudados e continuamente
analisados com o propósito de efetivamente não degradarem ao meio ambiente, promovendo
o bem estar geral das comunidades sem agredir a biosfera planetária. Assim a Educação
Ambiental procura extrair conceitos e comportamentos a partir das leis básicas do planeta
sobre diferentes pontos de vistas: economia, engenharia, ciência, religião, tradições, culturas,
etc.
Atualmente, para convivermos em sociedade e proporcionarmos uma efetiva
continuidade do desenvolvimento econômico de forma sustentável, precisamos construir
novos conceitos socioeconômicos e culturais. Cabe a Educação Ambiental parte dessa missão
na sociedade corrigindo concepções errôneas a respeito do assunto e encorajando as pessoas a
viverem suas vidas individualmente e planejarem suas sociedades de forma mais justa para
todos no planeta. Segundo Morin (1997, 45), entre estes novos conceitos e desafios, temos
que:
entender que os seres humanos e as nações estão dependentes e conectados
precisando evoluir juntos;
saber que não podemos agredir ao meio ambiente sem agredir a nós mesmos;
aceitar que os recursos naturais são finitos;
compreender que não fossa ou lixão infinito e distante eternamente o
suficiente para atirar nossos resíduos indiscriminadamente;
respeitar que nossa existência e sustentabilidade econômica dependem dos
processos de sustentação do planeta;
meditar que as necessidades matérias não são as únicas que possuímos e
precisamos satisfazer.
Portanto, precisamos entender que o desenvolvimento econômico é indissociável da
conservação dos recursos naturais com um compartilhar eqüitativo destes recursos, e dessa
forma, devemos aprender a utilizar racionalmente os recursos de hoje para que haja
suficientemente para todos, inclusive assegurando as necessidades no futuro. Assim, a
Educação Ambiental torna-se uma ferramenta fundamental à serviço do desenvolvimento
sustentável como uma estratégia importante para transformar os modos de produção e
consumo da sociedade através de uma visão integrada de preocupações com a economia, o
social, a política, o ecológico em uma perspectiva de sustentabilidade.
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2.2 A crise ambiental da atualidade
Observamos a cada dia o surgimento e popularização de uma crise ambiental no
planeta denunciada e criticada com uma freqüência cada vez maior nos principais jornais,
periódicos especializados, pesquisas cientificas e livros no mundo. Diversos fatos e
acontecimentos na natureza e no cotidiano das comunidades estão se desencadeando nos dias
atuais. Um dos fatos mais globalmente denunciado e estudado desta crise ambiental atual são
as alterações climáticas no mundo, em razão das alterações decorrentes do efeito estufa e da
destruição da camada de ozônio na atmosfera, em razão do acumulo de gases liberados na
queima de combustíveis fósseis pelas indústrias e pelos motores dos veículos, além da
destruição das florestas no planeta, entre outros fatores.
Freqüentemente são também costumas noticiários sobre a destruição de ecossistemas
vegetais nativos e oceânicos, florestas tropicais, plataformas continentais e biomas,
acelerando o desequilíbrio atmosférico em relação à absorção do gás carbônico e produção do
oxigênio, além do empobrecimento da biodiversidade planetária, ocasionando conseqüências
atuais na redução do nível de qualidade de vida e de condições indispensáveis para a vida no
planeta, inclusive a humana, com o aumento da poluição do ar, dos solos, da água e dos
alimentos. Sabe-se que uma rica biodiversidade é responsável pelo bom funcionamento dos
processos vitais e pela saúde dos ecossistemas.
Outro fato amplamente preocupante é o crescente uso e a disponibilidade de
materiais radioativos em centrais nucleares e equipamentos médicos, além de outras
substâncias tóxicas produzidas em unidades industriais que representam risco potencial à vida
no planeta a exemplo da Chernobil e de Goiânia, bem como ocorrências com vazamento de
óleos em refinarias e petroleiros, entre outros.
A atual crise é classificada com sendo antrópica, por ser derivada de atividades
humanas, principalmente do modelo capitalista de governo caracterizado pelo utilitarismo e
pela revolução tecnológica ocorrida no final do século XVIII, disseminando uma exploração
ilimitada dos recursos, em razão do crescimento econômico, modificando atitudes culturais,
políticas, sociais e econômicas na sociedade atingindo um alcance global.
Todas essas manifestações da natureza ocorridas nos dias atuais são observadas por
Sorrentino (2002, p. 48), onde classifica a crise ambiental com sendo ocorrências de uma
conjuntura ambiental:
Assim como uma série de manifestações ou de acontecimentos aparentemente
desconexos forma uma grande conjuntura econômica, social, política ou cultural,
podemos dizer que uma série de eventos ambientais forma uma conjuntura
ambiental. Se um determinado conjunto de manifestações pode revelar, num nível
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de abstração, uma conjuntura de expansão ou de retração, de crescimento ou de
crise, da mesma forma pode-se entender que o esburacamento da camada de ozônio,
o aquecimento global, a incidência crescente de chuva ácida, a contaminação das
plataformas continentais, a destruição das florestas tropicais, as várias formas de
poluição, a extinção massiva de espécies, os acidentes industriais e rodoviários, a
desvitalização dos alimentos, etc. não são manifestações fortuitas, mas constituem
uma conjuntura – e uma conjuntura de crise – na estrutura ambiental do planeta.
Sabemos que mudanças de paradigma requerem mudanças de atitudes. Dentre as
diversas correntes de pensadores e estudiosos em relação ao meio ambiente e o homem,
destacamos a visão dos ambientalistas por não se limitarem apenas em criticar ou condenar as
relações entre o homem e a natureza. Estes procuram instituir um sistema filosófico
construtivista permitindo uma transformação nos planos tecnológicos, econômicos, sociais,
políticos, culturais entre as diversas culturas no mundo, que envolva as relações internacionais
dentro de movimentos de defesa do meio ambiente, buscando por em pratica projetos que
desenvolvam novas tecnologias, um novo sistema econômico, uma nova ordem social, uma
nova concepção de política e de cultura nas comunidades. Procuram por fim redimensionar as
relações entre sociedade humana e meio ambiente para que deixem de ser opostos e passem a
ser complementares, em busca de se construir um mundo melhor agora e para o futuro.
Precisamos de novas formas de exercício da cidadania que possam incorporar,
redimensionar e respeitar o meio ambiente no nosso planeta e as demais espécies de vida na
biosfera. Dessa forma, segundo Gould (1993, p. 49):
Sugiro que travemos um pacto (...) com nosso planeta, a Terra. Ela tem todas as
cartas na mão e detém um imenso poder sobre nós tanto que a aliança do que falo,
uma aliança de que necessitamos desesperadamente, ao contrário dela em sua
própria escala de tempo, seria uma nção para nós e, para ela, apenas uma
indulgência. Devemos nos apressar em assinar os papéis e fechar negócio enquanto
ela ainda se mostra disposta ao acordo. Se a tratarmos com decência, ela continuará
a nos sustentar por algum tempo. Se nós a ferirmos, ela vai sangrar um pouco, livrar-
se de nós, curar-se e depois seguir cuidando de sua vida em sua própria escala.
O homem, julgando-se acima de tudo e de todos, amparado pelo racionalismo e pelas
descobertas da ciência, depositou seus principais desejos e aspirações na busca do sucesso
econômico, pela vontade de ter, acumular cada vez mais riquezas, e, por conseguinte, mais
poder sobre seus iguais, esquecendo-se assim da sua real condição de ser humano em
comunidade com o seu próximo, bem como em harmonia com a natureza. Os valores que
guiaram o processo civilizatório dos últimos séculos que se tornaram elementos essenciais da
formação econômica e social foram: a individualização, a competição, a dominação e
exploração dos homens sobre os homens e sobre a natureza.
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Tornou-se banal o uso e a exploração da natureza e do semelhante em prol do
"progresso econômico" com o propósito de gerar felicidade para todos, o que lhe garantirá
sucesso social. Assim torna-se também muito simples usar a natureza como depósito de lixo
ou explorá-la até a exaustão. O que importa é o agora, o presente sem ensinamentos do
passado nem previsões para o futuro. Segundo Henrrera (1984), a miséria é um fenômeno
social, político e econômico (não sendo um fenômeno natural) podendo o homem, com sua
capacidade científica e tecnológica, satisfazer as necessidades básicas da humanidade através
de uma melhor distribuição da produção, em detrimento à concentração de renda crescente.
Para Herrera (1984, p. 57):
(...) o elemento de unidade histórica, fora dos períodos de transição, é a permanência
de uma determinada "visão de mundo" entre gerações. Hoje ocorre que as novas
gerações estão começando a ter uma visão de mundo bastante distinta da que
tínhamos até agora. Não se utilizam de informações detalhadas sobre o passado, não
tentam aprofundar muito a busca de novos modelos e têm uma percepção das coisas
diferente das anteriores.
A crise ambiental da atualidade é resultado de um processo social ligado
intimamente ao modo de produção capitalista de desenvolvimento econômico promovido pela
Revolução Industrial, baseado em um conjunto de fatores sinérgicos. Entre os mais
conhecidos e amplamente divulgados, destacam-se: processo de urbanização acelerado;
aumento incontrolável da população mundial; expansão do uso de energia nuclear; processos
industriais que têm como base o uso de energias não renováveis, que dependem do uso de
matérias-primas também não renováveis; o aumento da produtividade agrícola que tem levado
a novos desequilíbrios ambientais; os fenômenos crescentes de perda e desertificação do solo;
a contaminação tóxica dos recursos naturais; o desflorestamento; a redução da biodiversidade
e da diversidade cultural; poluição térmica; a geração do efeito estufa e a redução da camada
de ozônio e suas implicações sobre o equilíbrio climático global.
Sob a lógica da dinâmica capitalista, em seu estágio inicial a natureza assumiu
funções bem específicas entendida como recursos, com o objetivo de gerar e provisionar
todos os materiais utilizados no processo produtivo, além de ter como segunda função, a de
absorver os resíduos que retornam ao ecossistema em forma de contaminantes, de poluição.
Esta lógica de crescimento econômico, porém, encontra seus limites na medida em que
compromete o bem-estar das gerações futuras ao levar ao esgotamento de recursos relevantes
(por exemplo, recursos energéticos fósseis) exigindo dos ecossistemas um vel acima de sua
capacidade de regeneração e assimilação que provoca, em um horizonte mais amplo, o
aquecimento global da atmosfera.
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A crise que vivemos hoje não é apenas ambiental, mas também é social, moral e
econômica. É resultante da irresponsabilidade da humanidade perante si mesma, pela sua
incapacidade de olhar o passado e de olhar-se no presente, ficando cega para o que pode vir
depois como conseqüência de seus atos, ou pela falta deles. Ao longo do século XX, a
humanidade colocou-se em uma posição ilusória de comando no mundo, sentindo-se soberana
diante da vida, da natureza, distanciando-se assim de sua origem, de seu estado natural,
administrando um modelo de dominação social excludente, predatório e explorador.
A crise ambiental em que vivemos é também uma crise de percepção que coloca em
dúvida todo o processo de progresso, crescimento e desenvolvimento econômico vivido até
aqui. A materialização de necessidades e desejos não significou a felicidade pretendida para
todos, mas sim um movimento cada vez mais forte de exclusão e miséria de escala planetária,
que se faz sentir em uma parcela cada vez maior da população.
A sociedade precisa se posicionar corajosamente entre a "moda" da proteção
ambiental (que gera negócios e melhora a imagem de grupos, de políticos, de empresários e
de governos), e a real consciência ambiental e social, para a valorização do meio ambiente e
do próprio homem, levando este a despertar para sua real condição na natureza e não acima e
fora dela. Outro desafio está em libertar-se do jogo de interesses que tem comandado as ações
humanas, e lutar para provar que é possível se alcançar um processo de desenvolvimento
saudável, sustentável e solidário sem, necessariamente, promover a exploração do ser humano
e a degradação ambiental, encontrando soluções de desenvolvimento que levem em conta
práticas sustentáveis de produção e, principalmente, definindo mecanismos para a reversão da
miséria, por meio de um melhor processo de distribuição das riquezas.
A situação de insustentabilidade ambiental e socioeconômica verificada em vários
locais com a comunicação em níveis globais tem trazido para o cotidiano a percepção de que
tais questões devem ser abordadas de forma coordenada, tornando-se cada vez mais
indispensáveis objetos de reflexão e ação. Sabemos que o problema atual de degradação
ambiental é fruto da forma de exploração da natureza nos últimos séculos que produziram
seqüelas de um crescimento obtido às custas de uma não observância da possibilidade de
escassez de recursos ou incapacidade de assimilação dos dejetos, e se tornaram visíveis nas
últimas décadas. O esforço (em nível internacional) a partir desta constatação fez com que
fossem adaptadas tecnologias que permitem a verificação, na maior parte dos casos, de um
crescimento decrescente nas formas de emissão de poluentes e utilização de recursos; ainda
assim, isso parece insuficiente para a resolução dos problemas ambientais da atualidade, dada
sua magnitude. Nesse sentido, o desenvolvimento de tecnologias mais apropriadas é uma
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necessidade para a obtenção de melhores índices ambientais, sendo fundamental agregar
estudos que busquem alternativas para questões ambientais, não apenas sob seus aspectos
ambientais, mas também éticos, políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e
culturais.
Para Leff (2002) a relação entre crise, problemática ambiental e problemas do
conhecimento é evidente no contexto que envolve a atual crise ambiental, sendo a degradação
ambiental um dos problemas fundamentais, além da explosão demográfica e da globalização
da economia. Na visão do autor faz-se necessário a compreensão de que sem um
conhecimento integrado do todo com um pensamento sistêmico, o ser humano não percebe e
não respeita as relações de equilíbrio da natureza, agindo sobre o ambiente de modo
imprudente, o que acarreta uma desarmonia ambiental.
A crise ambiental é a primeira crise do mundo real produzida pelo desconhecimento
do conhecimento; da concepção do mundo e do domínio da natureza (...). Os
problemas ambientais são fundamentalmente problemas de conhecimento (...). A
crise ambiental constitui um chamado à reconstrução social do mundo para
apreender a complexidade ambiental. LEFF (2002, p. 207-218).
No período de 2001 a 2005 foi desenvolvida a "Avaliação Ecossistêmica do Milênio"
(AEM), encomendada em 2000 pelo secretário geral da ONU, Kofi Annan, sendo considerada
pela comunidade científica como o maior e mais importante programa de diagnósticos dos
ecossistemas do planeta e seus reflexos ao bem-estar da humanidade. Em seu resultado,
advertem os especialistas que cerca de 60% de todos os ecossistemas do planeta têm sido
degradados, incluindo água pura, pesca de captura, purificação do ar e da água, regulação
climática local e regional, com o surgimento de ameaças naturais e epidemias, citando como
exemplos: entre 10% e 30% do mundo animal estão em perigo de extinção, 20% dos corais e
recifes foram perdidos nas últimas décadas e outros 20% estão em perigo devido à utilização
que o homem fez dos ecossistemas (LEFF, 2002).
Convém refletir que a educação e as pesquisas são importantes, mas isoladas não
conseguem resolver os problemas ambientais da humanidade, sendo indispensável a
elaboração de estratégias dos deres políticos com a formulação de políticas públicas, bem
como a colaboração da sociedade. Assim, acredita-se que a Educação Ambiental pode e deve
promover o desenvolvimento de uma compreensão integrada do ambiente ao considerá-lo em
sua totalidade, levando em conta a interdependência entre o meio natural, cultural e o
socioeconômico, sob o enfoque da sustentabilidade.
A crise ambiental é chamada por Leff (2002) de crise do pensamento ocidental,
questionando o conhecimento do mundo em relação ao risco ecológico atual e futuro,
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afirmando que devemos considerar a complexidade da problemática ambiental como um
desafio, uma motivação para a comunidade científica experimentar novas formas de pensar e
produzir ciência.
Portanto, os estudos e análises dos complexos problemas ambientais precisam
reconhecer que a solução destes implicam na reflexão sobre mudanças profundas na
organização do conhecimento (ensino e pesquisa), que incluam a noção de totalidade,
fundamental para a compreensão e para a ação equilibrada no ambiente, que é inteiro e não
fragmentado, procurando-se soluções para um futuro sustentável. Em outras palavras, “negar
totalmente a crise ambiental, seria trair não apenas nosso melhor julgamento, mas também a
capacidade essencial da percepção humana” (HUTCHISON, 2000, p.22).
2.3 A educação ambiental para a sustentabilidade
O educador ambiental trabalha com um conceito muito especial em sua filosofia e
metodologia: a vida focada na construção e na transformação da sociedade. Com este conceito
procura reeducar a sociedade para conviver em harmonia com a natureza, conquistando
qualidade de vida no presente sem comprometer o futuro dessa sociedade em suprir suas
próprias necessidades, ajudando na formação de cidadãos responsáveis, respeitadores e
cuidadosos com as demais comunidades de seres vivos no planeta. Dessa forma, a Educação
Ambiental deve estar inserida nas ações do cotidiano das pessoas, desenvolvendo posturas
propícias a repensar de forma critica e analítica os seus hábitos, modificando seus valores e
readequando comportamentos que possam ser predatórios, exploratórios e prejudiciais para a
sustentabilidade do meio ambiente, pensando globalmente e preparado para agir localmente,
preocupado com o nível da qualidade de vida no planeta em relação ao homem, ao
desenvolvimento, ao meio ambiente.
A questão ambiental está cada vez mais presente no cotidiano da população em razão
do desafio atual com foco na preservação da qualidade de vida do planeta. A Educação
Ambiental apresenta-se como uma estratégia para viabilizar maior acesso de informação, com
resultados a médio e longo prazo, na formação de novos valores dentro da sociedade
orientando-se no sentido de defesa do interesse geral, representando uma real possibilidade
em motivar e sensibilizar as pessoas no processo de serem efetivamente participativas neste
processo em defesa da qualidade de vida do planeta e dos seres vivos em relação ao
desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente.
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As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização da
crise ambiental demandam de novos enfoques, que possam sinalizar para uma Educação
Ambiental de forma crítica e inovadora, na busca de ações sinérgicas e complexas que
relacionem o homem, a natureza e o universo, tendo como referência o fato de que os recursos
naturais são finitos e que o homem é o principal responsável pela degradação do meio
ambiente.
As metodologias para aplicação da Educação Ambiental com foco na
sustentabilidade da natureza e da economia devem primar por comportamentos que estimulem
na solidariedade, na igualdade e respeito às diferenças, nas formas democráticas de atuação,
com o objetivo de se criar na atual sociedade de consumo novos valores, atitudes e
comportamentos, individuais e coletivos, e que sejam local e global.
Segundo Cunha (2005, p. 100):
A natureza do problema está, portanto, no atual modelo de sociedade, fragmentária,
reducionista, individualista, consumista, concentradora de riquezas, exploratória,
que se volta para a degradação, antagônico às características de uma natureza que é
complexa, coletiva, sistêmica, sinergética, que recicla, que se volta para a vida.
Além disso, a Educação Ambiental para a sustentabilidade deve também focar-se na
quebra de estereótipos, onde as responsabilidades são unicamente dos governos, ficando as
pessoas tuteladas e passivas em relação aos seus deveres e obrigações com o meio ambiente.
Deve-se preocupar com a inclusão de práticas voltadas em incrementar a co-responsabilidade
nas pessoas, em todas as faixas etárias e grupos sociais, formando cidadãos comprometidos
com a defesa da vida e do meio ambiente, estimulando a construção de uma consciência
ambiental no verdadeiro exercício de cidadania. Da mesma forma, a Educação Ambiental
deve fomentar a reformulação de valores éticos e morais, individuais e coletivos, locais e
globais, orientado para o desenvolvimento sustentável, viabilizando e estimulando a
participação democrática das comunidades na gestão dos seus recursos, atuais e potenciais,
sob a ótica da sustentabilidade ambiental e da eqüidade social.
Vivemos em meio a uma sociedade cada vez mais complexa, baseada em paradigmas
fragmentários, individualista, simplificadores e antagônicos da realidade, que caminha e
facilita na degradação da qualidade de vida humana e do planeta. Sabemos que as mudanças e
transformações sociais sempre são de difíceis aceitações, acompanhadas de conflitos sociais e
traumas nos processos de transição que ensejam na quebra das estruturas sociais cotidianas e
confortáveis, ao passo que as evoluções progressivas são mais harmônicas por não afetarem
aos paradigmas da cultura vigente.
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Segundo Morin (1997), citado por Cunha (2005), para a construção e compreensão
de uma nova realidade complexa e sustentável, baseada em novos paradigmas, é preciso que
haja um equilíbrio dinâmico e solidário, que se faz através de movimentos permanentes,
realistas e que tenham uma visão do todo da situação. De acordo com Morin, citado por
Cunha (2005, p. 98), as sociedades não podem conviver e sobreviver com excesso de
autonomia e falta de solidariedade:
Uma sociedade em que indivíduos e grupos m muita autonomia e que,
evidentemente, há desordens e liberdades, no limite ela se destrói, pois os indivíduos
e grupos não m mais relações entre si. Pode-se manter a coesão da sociedade por
meio de medidas autoritárias, mas a única maneira de salvaguardar a liberdade é que
haja o sentimento vivido de comunidade e solidariedade, no interior de cada
membro, e é isso que uma realidade de existência a uma sociedade complexa.
Portanto, a solidariedade é constituinte dessa sociedade. MORIN (1997, p.22).
A Educação Ambiental para a sustentabilidade procura por meio da
interdisciplinaridade a construção de um conhecimento complexo que se propõe à
sustentabilidade da vida no planeta. Busca despertar a consciência ambiental como sendo o
principio e o fim da metodologia em se criar uma consciência ambiental nas pessoas,
embasada na critica e percepção das relações de dominação e exploração, que desestruturam e
causam rompimentos nos laços entre o homem, a natureza e o desenvolvimento, procurando
desenvolver e promover sentimentos de solidariedade e integração entre estes atores, em
relação à preservação do meio ambiente.
As estratégias de Educação Ambiental com foco na sustentabilidade devem procurar
demonstrar a realidade socioambiental, ensejadas dentro de um aspecto de conjunto e total da
realidade, devendo inter-relacionar de forma interdependente o que esta fora e dentro da
escola, em uma realidade local e global, interconectando a escola e o meio ambiente,
proporcionando uma nova visão do mundo, permitindo uma visão que seja aberta ao novo,
buscando romper paradigmas, mostrando a realidade da sociedade contemporânea
responsável e produtora dos graves problemas ambientais da atualidade.
Segundo Guimarães (2000) citado por Cunha (2005, p. 99):
Na vivência de um processo interdisciplinar em sua integralidade, em que novos
conhecimentos vão sendo construídos e que novos valores e atitudes podem ser
gerados, resultando em práticas sociais diferenciadas, essas possibilidades de
transformação são propícias ao processo educativo que objetiva a formação da
cidadania, mas uma cidadania em que seu exercício seja resultado de práticas
críticas e criativas de sujeitos aptos a atuarem nessa sociedade mundializada. O atual
cidadão necessita dessa compreensão de totalidade para se situar e ser
eminentemente um agente social nesse mundo globalizado e complexificado.
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A Educação Ambiental com foco na sustentabilidade deve transpor os conceitos e
práticas da conhecida educação tradicional eminentemente teórica e desenvolvida dentro de
uma sala de aula, onde o professor figura como um transmissor de conhecimentos e o aluno
como um mero receptor de verdades absolutas e inquestionáveis. Segundo denuncia Paulo
Freire, trata-se de uma educação bancária e conservadora, pouco apta as transformações
sociais. Neste sentido, Paulo Freire (1996, p.28) afirma que:
Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez
velho e se “dispõe” a ser ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão
fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e
aptos à produção do conhecimento ainda não existente.
O sentido de se educar ambientalmente para uma sociedade sustentável nos dias
atuais, deve ir além da capacidade de conscientizar e sensibilizar a população a respeito dos
problemas e conseqüências de se depredar o meio ambiente, prejudicando as sociedades
presentes e futuras. É necessário fomentar o sentimento de amor, prazer, integração e doação
em relação ao homem com o meio ambiente, em um contexto local e global, incorporando
razão e emoção no cotidiano de nossas ações como cultura e prioridade, ensejando em uma
completa mudança de atitudes (individual e coletiva) que preze por uma relação de equilíbrio
com o meio ambiente de forma consciente e solidária, na busca de uma efetiva justiça social e
na real construção de uma sociedade ambientalmente sustentável.
E preciso que se estabeleça uma consciência ambiental em sentido amplo que
compreenda, investigue, pesquise, de forma intensa, nos campos formais e informais da
educação, as melhores condições para sua prática de ensino. Portanto, precisamos ter firmeza
para renunciar e a coragem para inovar na perspectiva de se construir um mundo melhor e
realmente sustentável onde o professor precisa ser persistente e constantemente um
problematizador. Segundo Freire (1994, p. 35):
O educador problematizador refaz, constantemente, seu ato cognoscente, na
cognoscitividade dos educandos. Estes, em lugar de serem recipientes dóceis de
depósitos, são agora investigadores críticos, em diálogo com o educador,
investigador critico, também.
A idéia de Educação Ambiental para a sustentabilidade deve ser entendida como um
senso profundamente ético, de igualdade e justiça social, de preservação da diversidade
cultural, de autodeterminação das comunidades e de integridade ambiental. A sustentabilidade
nos e o seguinte desafio: a nossa questão fundamental nos dias atuais não é mais viver
melhor amanhã, mas viver de modo diferente hoje, aqui e agora. Para que isso aconteça é
necessário que nas sociedades presentes ocorram profundas mudanças na forma de pensar,
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viver, produzir e consumir. Portanto, a Educação Ambiental pode se constituir num espaço
revigorado da vida escolar e da prática pedagógica, reavivando o debate dentro e fora da
escola, permitindo uma maior conexão com a realidade dos educandos e dos educadores em
relação a conservação do meio ambiente, possibilitando uma ação consciente e
transformadora das posturas em relação ao mundo e aos semelhantes.
O trabalho no campo da Educação Ambiental de forma sustentável aponta a questão
da mudança ideológica e cultural, da prática interdisciplinar, da alteração dos padrões díspares
de consumo e desperdício, e da busca de alternativas no campo da produção, forjando
cidadãos capazes de compreenderem o mundo, para que, com suas ações possam construir as
mudanças desejadas, engendrando uma formação permanente, alicerçada num processo de
ação e reflexão, em uma ótica da sustentabilidade socioambiental.
A postura de dependência e de desresponsabilização da população decorre
principalmente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um déficit de
práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos, que
proponham uma nova cultura de direitos baseada na motivação e na co-participação da gestão
ambiental. Existe, portanto, a necessidade de incrementar os meios de informação e o acesso a
eles, bem como o papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais, como
caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental. Trata-se de
promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a possibilidade da população
participar em um nível mais alto no processo decisório, como uma forma de fortalecer sua co-
responsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental.
Nesse contexto, segundo Reigota (1998), a Educação Ambiental aponta para
propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento,
desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos,
proporcionando o aumento de conhecimentos, a mudança de valores e aperfeiçoamento de
habilidades, assim como condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos
indivíduos com o meio ambiente
Para Sorrentino (2002), os grandes desafios para os educadores ambientais são, de
um lado, o resgate e o desenvolvimento de valores e comportamentos (confiança, respeito
mútuo, responsabilidade, compromisso, solidariedade e iniciativa) e de outro, o estímulo a
uma visão global e crítica das questões ambientais e a promoção de um enfoque
interdisciplinar que resgate e construa saberes.
A Educação Ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre um estimulante espaço
para repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e transmissores de
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um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base adequada de
compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos problemas e
soluções, assim como a importância da responsabilidade de cada um para construir uma
sociedade planetária mais eqüitativa e ambientalmente sustentável.
2.4 Educação ambiental e cidadania
A Educação Ambiental com seu foco na cidadania tem a ver com a identidade e o
pertencimento a uma coletividade, com a formação e exercício de uma cultura socioambiental
preocupada com qualidade de vida e a conservação do meio ambiente. Deve ser vista como
uma nova forma de encarar a relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética,
que pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de ver o mundo, o meio ambiente
e os homens, sendo desenvolvida como um processo de permanente aprendizagem que
valoriza as diversas formas de conhecimento, fomentando cidadãos com consciência local e
planetária, atual e futura.
A Educação Ambiental precisa ser desenvolvida em todos os âmbitos da sociedade,
nas escolas públicas e privadas, nas diversas instâncias governamentais, nas empresas e pelas
ONGs, nas associações de moradores e pelos partidos políticos. Deve-se focar no exercício da
cidadania plena das pessoas, em todas as faixas etárias, buscando uma co-participação ativa e
responsável de todos em defesa do meio ambiente e da sustentabilidade da economia, para as
comunidades presentes e futuras, preservando-se os recursos naturais e a vida do ecossistema
no planeta.
A relação entre o homem, o meio ambiente, o desenvolvimento econômico, a
Educação Ambiental e a cidadania assumem nos dias atuais um papel cada vez mais
desafiador e importante neste processo de sustentabilidade do crescimento econômico, da
preservação do meio ambiente e da justiça social, demandando a emergência de novos saberes
para aprender, ensinar e fomentar novos processos e culturas socioambientais nas
comunidades, em razão dos riscos ambientais que se intensificam por todo o mundo,
principalmente no que se refere à preservação e melhoria da qualidade de vida atual e sua
expectativa futura.
Os principais problemas ambientais em nossas cidades são oriundos da dinâmica de
urbanização e consumismo predatórios intensificados na cultura popular nos últimos anos e
avolumando-se a passos gigantescos em níveis locais e globais. Os mais urgentes e
amplamente denunciados por estudiosos e pelos diversos veículos de comunicação de massa
60
60
em todo o mundo, são: a contaminação das fontes de água potável; o aumento das ocorrências
de enchentes e furacões; a dificuldade na gestão dos resíduos sólidos e redução da vida útil
dos lixões municipais; a poluição do ar; o desgelo polar; a falta de alimentos; a extinção de
espécies animais e vegetais; o desflorestamento; o consumo demasiado de fontes de energias
não renováveis; o aumento da temperatura mundial causado pelo efeito estufa.
Nos dias atuais, onde a informação e o conhecimento assumem um papel cada vez
mais importante e presente no cotidiano das pessoas, a educação para a cidadania representa a
possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para uma real e efetiva transformação no
comportamento individual e coletivo (atualmente predatório, exploratório, egocêntrico),
desenvolvendo diversas formas de participação em defesa da qualidade de vida,
potencializando as mudanças comportamentais necessárias nas pessoas para agirem e
cobrarem ações de interesse coletivo, atual e futuro, além de fomentar um efetivo e real
exercício de uma democracia participativa e plural nas comunidades.
A Educação Ambiental voltada para a cidadania deve ser uma metodologia voltada
para a transformação social nos estados e nas pessoas, envolvendo responsabilidades para os
indivíduos, as comunidades, os governos, os políticos, as empresas, as escolas, as igrejas, as
associações, as ONGs etc., na perspectiva de ações sinérgicas e complexas que envolvam o
homem, a natureza e o meio ambiente em relação ao desenvolvimento econômico e a
conservação do meio ambiente e seus recursos naturais finitos, com o desenvolvimento de
programas educativos relacionados com a conscientização da crise ambiental atual e suas
tendências e conseqüências futuras (local e mundial). Deve-se desenvolver práticas
comunitárias baseadas na participação, responsabilização e no envolvimento de todos os
atores citados (individuais e coletivos), propondo uma nova cultura de cidadania, de direito,
de deveres e obrigações baseados na constante motivação, na co-participação, na
solidariedade, na igualdade, no respeito às diferenças, estimulando e reformulando finalmente
a criação de novas atitudes e valores com focos locais e mundiais, além da mudança de
valores éticos e morais, individuais e coletivos em relação ao homem e o meio ambiente,
consolidando novos paradigmas educativos e de participação democrática da sociedade na
gestão dos seus recursos atuais e potenciais, numa perspectiva orientada para o
desenvolvimento sustentável com qualidade de vida, preservação ambiental e equidade social,
Outro grave desafio a ser enfrentado pela Educação Ambiental na formação de uma
nova cultura de cidadania nas comunidades para mudança comportamental, são os atuais
padrões de consumo e produção que provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios
socioambientais agravando-se o atual quadro de exclusão social e miséria em todo o mundo.
61
61
Infelizmente, a cultura do uso irresponsável, exploratório e irracional dos recursos naturais
finitos da natureza é inversamente proporcional ao seu valor econômico, ou seja, quanto
maior a sua escassez maior o seu valor. Além disso, o crescimento do emprego da publicidade
gerando o desejo de se possuir mais e mais bens e serviços faz com que se compre o que não
se necessita aumentando e gerando aumento no desperdício de matéria prima. A publicidade
ajuda na criação de uma necessidade e uma falsa idéia de possibilidade real de ascensão moral
e social através da forte influência que possui no seu público alvo. Nesse sentido, a tecnologia
não existe para atender às reais necessidades do consumidor, uma vez que as necessidades são
criadas para atender a crescente produção dos bens de consumo no mercado globalizado.
Para analisarmos a real relação entre consumo e meio ambiente, suas conseqüências
atuais e futuras para o mercado (em relação à qualidade de vida das pessoas e preservação da
natureza), precisamos ser conscientes e corajosos para aceitar e entender que vivemos em um
mundo contemporâneo globalizado. Sabe-se que através da publicidade em um mundo
globalizado as informações a respeito do consumo e do desperdício aparecem confusas no
imaginário das pessoas, camuflando suas reais conseqüências com os impactos negativos ao
meio ambiente, gerando o crescimento da desigualdade social no mundo. Nesse sentido
observamos o aumento da transformação e do consumo de produtos naturais por poucos,
tendo a contramão da via, onde todos pagarão pelo seu custo ambiental. Ou seja, vivemos em
uma grade sociedade global de massas com a produção e distribuição em série de produtos e
serviços, estando à natureza como mero instrumento para viabilizar recursos na produção de
objetos a serem consumidos, onde o consumidor não relaciona o seu ato de comprar com as
agressões e conseqüências que ocorrem no meio ambiente, nem tão pouco com sua real e
efetiva ação de desperdício ou necessidade de consumir.
Hoje, não há dúvida que no sistema capitalista, o mercado do “verde” está em grande
expansão, e podemos mensurar que os negócios envolvendo “produtos ecológicos
movimentam anualmente quatrocentos e cinqüenta bilhões de dólares, mais do que a indústria
bélica de todos os países do mundo” (MORAES, 1995, p.27). A Educação Ambiental,
inserida em um processo de forjar a cidadania nas pessoas para as questões dos problemas
com o meio ambiente, precisa melhor contextualizar as formas e necessidades de consumo,
fazendo com que a sociedade possa repensar o consumo a partir dos efeitos que os produtos e
seus processos de fabricação causam ao meio ambiente. Da mesma forma, precisa-se
encorajar as pessoas no questionamento à produção dos resíduos e aos desperdícios que o
cercam, refletindo ainda a respeito das causas das desigualdades sociais e o papel individual
62
62
dos consumidores na possibilidade de mudança no atual quadro de consumo, necessidade e
degradação ambiental.
Outro não menos importante problema de cidadania e ser enfrentado pela Educação
Ambiental são as crescentes formações e acumulações dos resíduos sólidos nas cidades, o
lixo. As previsões de estudiosos, amplamente denunciadas em diversos periódicos e através
dos mais variados veículos de comunicação no mundo, indicam que a população mundial vai
dobrar nos próximos cinqüenta anos, assim como, que a quantidade de lixo vai quintuplicar se
os nossos hábitos de consumo e desperdício não forem modificados, com a grave
conseqüência de falta de espaço para se dispor o lixo produzido com segurança para a saúde
pública. Neste sentido, faz-se necessário também, a adoção de uma política governamental e
industrial que estimule o uso de novos designs de produtos e embalagens com matéria prima
que possa ser reciclada, reaproveitada e reduzida, minimizando o desperdício da matéria
prima oriunda dos recursos naturais. É nesse sentido que o protocolo da Agenda 21
estabeleceu no seu capítulo 4, item 4.7, os objetivos amplos a serem perseguidos pelas nações:
a) promover padrões de consumo e produção que reduzam as pressões ambientais e
atendam às necessidades básicas da humanidade;
b)
desenvolver uma melhor compreensão do papel do consumo e da forma de se
implementar padrões de consumo mais sustentáveis.
Entendemos que a educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e
sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação de todos os atores
envolvidos com o meio ambiente na defesa da qualidade de vida, assumindo cada vez mais
uma função transformadora, na qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se um
objetivo essencial para promover o desenvolvimento sustentável. Ao educador cabe a função
de mediador na construção de referenciais ambientais utilizados como instrumentos para o
desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito de natureza, dentro de um quadro
socioambiental contemporâneo revelando as conseqüências das ações dos humanos sobre o
meio ambiente, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, sendo capaz de ajudar na
construção de uma noção de sustentabilidade com base na constante inter-relação entre a
justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de
desenvolvimento exploratório e consumista.
A educação insere-se na própria teia da aprendizagem e assume um papel estratégico
nesse processo. Segundo Reigota (1998), o desafio configura-se na educação como elemento
determinante para constituição e fortalecimento de sujeitos cidadãos que, portadores de
direitos e deveres, assumam caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de
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uma proposta de sociabilidade baseada na educação e na abertura de novos espaços de
participação e de ampliação do controle social da coisa pública, criando as condições para a
ruptura com a política educacional dominante em beneficio de uma nova proposta envolvendo
a cidadania, o meio ambiente e a educação com a participação ativa e efetiva de todos. De
acordo com o autor:
A Educação Ambiental na escola ou fora dela continuará a ser uma concepção
radical de educação, não porque prefere ser a tendência rebelde do pensamento
educacional contemporâneo, mas sim porque nossa época e nossa herança histórica e
ecológica exigem alternativas radicais, justas e pacíficas. REIGOTA (1998, p.43)
Portanto, o papel dos professores aparece como mediadores e construtores de
conhecimentos necessários para que os alunos adquiram uma base adequada de compreensão
do meio ambiente global e local, onde a Educação Ambiental com seu foco na cidadania deve
compreender em um estimulante espaço para se repensar práticas sociais, com a
interdependência dos problemas e soluções, além da conscientização individual em relação à
importância da responsabilidade de cada um para a construção de uma sociedade planetária
mais eqüitativa e ambientalmente sustentável para todos.
2.5 O que é Educação Ambiental
Um dos principais objetivos e princípios internacionais da Educação Ambiental foca
na integração e co-participação da sociedade nas ações individuais e coletivas sobres uso e
gestão ambiental, através de uma consciência ambiental que deve ser desenvolvida pelo
constante e contínuo processo de conhecimento e identificação da realidade ambiental (local e
global) de forma critica e consciente, lapidando nas pessoas uma consciência ambiental
possibilitando uma efetiva e eficaz mudança comportamental em defesa do meio ambiente.
Esta postura educativa esta refletida nas palavras de Freire (2001, p. 39) “a consciência se
reflete e vai para o mundo que conhece: é o processo de adaptação. A consciência é
temporalizada. O homem é consciente e, na medida em que conhece, tende a se comprometer
com a própria realidade”.
Segundo a Lei Federal nº. 9.795/99 de 27 de abril de 1999, que instituiu no Brasil a
Política Nacional de Educação Ambiental, no seu artigo I e II, Capítulo I, a Educação
Ambiental é conceituada e desenvolvida, como:
Art. 1o Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
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64
Art. 2o A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Observamos que com o passar dos tempos o homem foi dia a dia se distanciando da
natureza e encarando-a, não mais como um todo em equilíbrio junto consigo no meio
ambiente, mas como uma oportunidade de recursos disponíveis para serem transformados em
bens consumíveis. Sem perceber ao longo da passagem dos tempos, esse modelo exploratório
e consumista não poderia continuar sendo sustentável, uma vez que os recursos naturais o
finitos e insuficientes para atender a crescente demanda das sociedades de consumo. Outro
grave problema desse modelo que o homem adotou, é a concentração das riquezas e dos bens
em poder de uma pequena parcela da população, marginalizando a maioria da sociedade a
ficar aleijada do progresso, bem como sobreviver com as mazelas dos problemas ambientais
oriundos do sistema econômico vigente, ou seja, um intenso desperdício e mal uso dos
recursos por poucos, enquanto que as necessidades básicas de muitos não são satisfeitas.
Portanto, faz-se urgente a implantação e exercício de uma efetiva Educação Ambiental a fim
de se viabilizar uma mudança comportamental na sociedade como um todo, através do
emprego de modelos de desenvolvimento econômicos sustentáveis com relacionamentos
harmônicos, em razão da natureza e aos demais seres vivos do planeta, com a adoção de
novos paradigmas educacionais, valores éticos e morais de vida, desenvolvendo e difundindo
informação na busca de um total engajamento, compreensão e equidade social em relação ao
homem e o meio ambiente.
A Educação Ambiental deve ser desenvolvida dentro de uma ótica complexa,
holística
3
e sinérgica
4
, integrando de forma interdisciplinar a educação formal e não formal,
fomentando a participação continua e efetiva das pessoas em relação à preservação da
natureza e ao uso dos seus recursos potenciais e futuros, com co-responsabilidade na
produção, distribuição e uso dos sucessos e dos insucessos do desenvolvimento, propagando
uma melhor justiça e equidade social. Precisa ser entendida como a preparação das pessoas
para uma vida em harmonia e solidariedade com os seus semelhantes e com os demais
membros da biosfera do planeta, compreendendo e apreciando os sistemas ambientais na sua
totalidade, respeitando nas sociedades e no meio ambiente os fatos referentes a história,
3. Holístico: relativo ao holismo; 1. Tendência, que se supõe seja própria do universo, a sintetizar unidades em
totalidades organizadas. 2. Teoria segundo o qual o homem é um todo indivisível e que não pode ser explicado
pelos seus distintos componentes considerados separadamente.
4. Sinergia: cooperação. 1. Ato ou esforço coordenado de vários órgãos na realização de uma função; 2.
Associação simultânea de vários fatores que contribuem para uma ação coordenada.
65
65
valores, percepções, fatores, limites econômicos e tecnológicos, lapidando um modelo de
desenvolvimento e de vida de modo integrado e sustentável com novas tecnologias para o
aumento da produtividade sem causar danos ambientais, além de minimizar os danos
existentes, atuais e futuros, locais e globais.
O homem precisa entender que faz parte de um todo complexo envolvendo o meio
ambiente em equilíbrio e harmonia. Esse raciocínio não pode ser desenvolvido de forma
fragmentado sem levar em consideração todas as partes dos diversos saberes e ciências para
ser total e inteiramente compreendido na assimilação do equilíbrio dinâmico do meio
ambiente. É necessário que o homem abandone sua atual postura antropocêntrica de querer
ser o centro do universo e de dominação das demais partes do mundo ao seu dispor, aceitando
e respeitando as diversas relações de interdependência neste contexto de vida e natureza.
Segundo Gonçalves (1984), citado por Guimarães (1995, p. 12):
O mundo é superpovoado e as cidades subsistem com seus atrativos artificiais a
beleza natural, e o homem corre risco de sufocar-se em seu próprio lixo. Os lagos e
o mar, inevitavelmente poluídos. O ar está irrespirável em muitas cidades e o lixo
urbano e industrial acumula-se por toda a parte. As pragas ceifam os campus
agrícolas e os agrotóxicos utilizados para impedir sua proliferação concorrem para o
aumento da poluição das águas e o envenenamento das populações.
Destacamos ainda na obra de Gonçalves (1984), citado por Guimarães (1995, p. 27),
a importância que se deve antenar para o aspecto da sensibilização das pessoas em relação às
questões ambientais para que se possa internalizar, de forma gradual e continua, novos
conceitos e valores individuais e coletivos nas pessoas, citando Educação Ambiental como um
processo onde:
1. Procura aclarar conceitos e fomentar valores éticos, de forma a desenvolver
atitudes racionais, responsáveis, solidárias entre os homens;
2. Visa instrumentalizar os indivíduos, dotando-os de competência para agir
consciente e responsavelmente sobre o meio ambiente, através da interpretação
correta da complexidade que encerra a temática ambiental e da inter-relação
existente entre essa temática e os fatores políticos, econômicos e sociais.
Dentre os muitos conceitos a respeito da Educação Ambiental (seus princípios,
planos de ações e diretrizes), faz-se importante referenciar o texto contido na introdução do
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
produzido durante o evento do Fórum Global Rio 92, em 1992, citado por Guimarães (1995,
p. 28), uma vez que sintetiza a necessidade da Educação Ambiental no processo educacional
em uma dimensão nacional e internacional.
Consideramos que a Educação Ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um
processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de
vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação
66
66
humana e social e para a preservação ecológica. Estimula ainda a formação de
sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si
relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e
coletiva em níveis local, nacional e planetário.
2.5.1 A escola e a Educação Ambiental
Nos últimos anos com o crescente e acelerado desenvolvimento econômico
ocasionando mudanças comportamentais e culturais ocorridas nas sociedades globalizadas, é
necessário que o processo educativo aconteça no sentido de acessar os valores ambientais da
sociedade. Assim, a educação funcionaria como “uma prática interpretativa que desvela e
produz sentidos, contribui para a organização do horizonte compreensivo das relações
sociedade-natureza e para a invenção de um sujeito ecológico” (CARVALHO, 2001, p35)
De acordo com a Lei Federal nº. 9.795/99 de 27 de abril de 1999 (que estabelece a
Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil), em seu artigo e incisos, a Educação
Ambiental, no âmbito do ensino formal, deve ser desenvolvida nas escolas públicas e privadas
em todos os níveis (educação básica infantil, fundamental e médio -, educação superior,
educação especial, educação profissional e educação de jovens e adultos), através da “prática
educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino
formal” (Lei 9.795/99, artigo 10º). Ainda, conforme a referida legislação federal, em seu
artigo 13º trata da Educação Ambiental não formal entendendo-se como sendo “ações e
práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à
organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente”.
Neste foco, em oposição à visão isolada da filosofia do crescimento econômico,
surgem conceitos e metodologias de desenvolvimento sustentável (DS) que buscam,
resumidamente, a conciliação do desenvolvimento econômico agregado à conservação
ambiental, observando-se três pilares fundamentais e básicos: ser socialmente aceito, viável
economicamente e ecologicamente correto.
Segundo Reigota (1998, p 47), “A escola tem sido historicamente o espaço indicado
para a discussão e o aproveitamento de vários temas urgentes e de atualidade, como resultado
de sua importância na formação dos cidadãos”. Portanto, por meio da Educação Ambiental
nas escolas, é possível forjar uma mudança comportamental de forma continuada e
sustentável em relação aos paradigmas culturais e educacionais da sociedade moderna, bem
como nos padrões de produção e consumo, na revisão de valores, hábitos pessoais e coletivos
da sociedade.
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67
Nos dias atuais, a conservação da biodiversidade e o respeito ao meio ambiente
representam grandes oportunidades para as empresas (públicas e privadas) modernas com
pensamento no futuro. Isto também vale para as instituições de ensino em todos os níveis
educacionais. A busca constante em estimular a interação com a sociedade assim como em
agregar valor às atividades ambientais com programas de responsabilidade social e
corporativos, aproximam as pessoas das comunidades e fomentam parcerias em defesa do
meio ambiente.
Estas características promovem e lapidam o desenvolvimento sustentável na conomia
de maneira eficiente, efetiva e eficaz, capacitando uma real melhoria na qualidade de vida das
sociedades em perfeita harmonia com a natureza e a biodiversidade. Neste contexto, a
Educação Ambiental cumpre importante papel, notadamente, quando se volta para delicadas
questões ambientais como, por exemplo, a dos resíduos sólidos.
2.5.2 A Educação Ambiental e a legislação brasileira
A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu Título VIII, Capítulo VI define o
meio ambiente como um bem comum de toda a população e atribui ao Estado e à sociedade
responsabilidades, conforme seu artigo 225, onde:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
A Educação Ambiental apresenta-se como um importante e fundamental instrumento
estratégico para a promoção da consciência ambiental de forma eficaz, na sustentabilidade de
ações voltadas para a integração sociedade/natureza, contribuindo com os educadores na
formação de cidadãos conscientes e aptos para decidirem e atuarem na gestão da realidade
socioambiental de modo comprometido com a vida, assim como com o bem estar da
sociedade e da natureza que integram. O Brasil possui uma Política Nacional para Educação
Ambiental instituída pela Lei Federal nº. 9.795/99 de 27 de abril de 1999, regulando-se
conceitos, responsabilidades, direitos, objetivos, princípios, competências, bem como
atribuições aos diversos Estados Federados, empresas públicas e privadas, entidades
governamentais e não governamentais, e a sociedade em geral, com diretrizes para a execução
do ensino formal e não formal no país.
O acesso à informação ambiental precisa ser um direito básico sendo garantido pela
legislação brasileira através da Lei nº. 10.650, de 2003, que dispõe sobre o acesso público aos
68
68
dados e informações ambientais existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, instituído pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de
1981. A garantia de direito fundamental do cidadão, como pressuposto da gestão democrática
dos recursos ambientais e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e saudável
(conforme o artigo 225 da Constituição Brasileira), orienta que as informações detidas pelos
organismos com responsabilidades públicas devem servir para promover sua transparência e a
ampla divulgação das questões de interesse público e privado, na tomada de decisão para que
seja de forma eficaz, na medida em que se tem informação pertinente sobre aquilo que se
decide.
O grande desafio na Educação Ambiental está em tratar o assunto através de uma
abordagem complexa com tratamento inter e transdisciplinar dos diversos conteúdos a ser
considerado nos projetos ambientais das escolas com analises contextualizadas de forma local
e global, junto com a integração dos esforços da comunidade escolar (diretores, professores,
pais, alunos, comunidade vizinha) em ações educativas formais e não formais (dentro e fora
da escola) envolvendo diversos setores sociais como parceiros diretos e indiretos, realizando
atividades como: pesquisas e diagnósticos; elaboração e aquisição de recursos didáticos
(guias, cartilhas, vídeos, cartazes, etc) nas questões ambientais; criação e execução de cursos e
oficinas diversas em Educação Ambiental; planejamento e promoção de encontros e
seminários temáticos com foco na Educação Ambiental e nas temáticas dos problemas
ambientais da atualidade para intercambiar experiências, criar e difundir diretrizes nos
diversos temas das áreas de meio ambiente, saúde e educação em relação à realidade local,
regional e global em que as escolas estão inseridas (poluição do ar, saúde pública, resíduos
sólidos e consumismo, políticas públicas ambientais, desenvolvimento sustentável,
ecoturismo, esgoto sanitário, água potável, aquecimento global, crescimento demográfico e a
fome mundial, etc.).
Segundo a Lei Federal nº. 9.795/99 de 27 de abril de 1999, os princípios que devem
regular a Educação Ambiental, são:
Art. 4o São princípios básicos da Educação Ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o
enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter,
multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,
nacionais e globais;
69
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VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual
e cultural.
No momento em que se discute o desenvolvimento sustentável como estratégia de
sobrevivência do planeta e da melhoria da qualidade de vida, fica definido ser a educação um
dos aspectos mais importantes para a necessidade de mudança pretendida no comportamento
do caráter ético no Estado, na sociedade civil e nos mercados, sendo a Educação Ambiental
um componente imprescindível na participação comunitária para a construção da cidadania
brasileira com o foco no desenvolvimento sustentável.
Atualmente, é necessário que haja um compromisso real do poder público federal,
estadual e municipal no cumprimento e complementação da legislação e das políticas para
Educação Ambiental (EA). Segundo o artigo 16 da Lei 9.975/99, cabe aos estados federados e
municípios definirem diretrizes, normas e critérios para a Educação Ambiental conforme os
parâmetros da citada legislação, no âmbito de suas competências e jurisdições. Dessa forma,
busca-se uma efetiva articulação dos vários programas e iniciativas governamentais em EA,
através do estabelecimento de diretrizes complementares aos documentos existentes sobre,
bem como com o estabelecimento de políticas específicas formuladas para a aplicação da EA
nas escolas públicas e privadas, em todos os níveis de ensino.
De acordo com a Lei Federal nº. 9.795/99 de 27 de abril de 1999, os objetivos
fundamentais que devem regular a Educação Ambiental, são:
Art. 5o São objetivos fundamentais da Educação Ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em
suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos,
psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e
éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a
defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da
cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis
micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade
ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade,
solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
Para o sucesso destes objetivos precisa-se que sejam estabelecidos grupos e fórum
permanentes de trabalho que definam procedimentos para diagnóstico das especificidades
existentes no país e mecanismos de atuação face às questões ambientais, fomentando as
70
70
discussões acerca da inserção da EA no Ensino Fundamental, Médio e Superior, formal e não
formal, devido à sua importância no processo de transformação social junto às diversas
comunidades. Além disso, é necessário que haja estímulo concreto à pesquisa, formação de
recursos humanos, criação de bancos de dados e divulgação destes, bem como aos projetos de
extensão integrados às comunidades, para que sejam incentivados os convênios
interinstitucionais nacionais e internacionais viabilizando recursos para a EA. Em
complemento precisa-se de metodologias e programas que estimulem o apoio efetivo a
realização de programas, presenciais e à distância, de capacitação e fixação de recursos
humanos, de reformulação e criação de novos currículos e programas de ensino, bem como
elaboração de material instrucional voltado para a interdisciplinaridade da Educação
Ambiental no contexto de integração e cidadania com o desenvolvimento sustentável da
economia em defesa do meio ambiente.
Segundo Dias (1998) a Educação Ambiental deve incluir seu foco na
interdisciplinaridade dentro de seus princípios sicos aproveitando o conteúdo específico de
cada disciplina para que se adquira uma perspectiva global e equilibrada a respeito do meio
ambiente e as demais disciplinas dentro de um caráter formal e não formal (intra e extra
escolar), envolvendo ao público em geral (jovem e adulto). Este enfoque é reforçado pelo
Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), elaborado durante o Fórum Global da
Rio-92 cujos objetivos “estão em consonância com os objetivos fundamentais da Educação
Ambiental contidos na Lei nº. 9.795/99” – tem como um de seus princípios a transversalidade,
construída a partir de uma perspectiva inter e transdiciplinar, desenvolvendo o pluralismo de
idéias e concepções pedagógicas nos currículos, dentro e fora da escola, a partir da
recontextualização dos diversos saberes que circulam na sociedade. Atualmente os temas
educacionais voltados aos assuntos inerentes a disciplinaridade, a multidisciplinaridade, a
interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são inerentes a um único foco: o conhecimento
de forma holístico, complexo e sinérgico para a compreensão do mundo.
Segundo o Dicionário Interativo da Educação Brasileira, através da Agência Educa
Brasil, na multidisciplinaridade recorremos a informações de várias matérias para estudar um
determinado elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas entre si; diz respeito ao
estudo de um tópico de pesquisa não apenas em uma disciplina, mas em várias ao mesmo
tempo.
Multidisciplinaridade: Conjunto de disciplinas a serem trabalhadas simultaneamente,
sem fazer aparecer as relações que possam existir entre elas, destinando-se a um
sistema de um nível e de objetivos únicos, sem nenhuma cooperação. A
multidisciplinaridade corresponde à estrutura tradicional de currículo nas escolas, o
qual encontra-se fragmentado em várias disciplinas.
71
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Na interdisciplinaridade, estabelecemos uma interação entre duas ou mais disciplinas
proporcionando uma aprendizagem muito mais estruturada e rica, pois os conceitos estão
organizados em torno de unidades mais globais, de estruturas conceituais e metodológicas
compartilhadas por várias disciplinas. Ela diz respeito à transferência de métodos de uma
disciplina à outra. Assim, de acordo com o Dicionário Interativo da Educação Brasileira,
interdisciplinaridade diz respeito a:
Perspectiva de articulação interativa entre as diversas disciplinas no sentido de
enriquecê-las através de relações dialógicas entre os métodos e conteúdos que as
constituem. A interdisciplinaridade parte da idéia de que a especialização sem
limites das disciplinas científicas culminou numa fragmentação crescente do
conhecimento. Dessa forma, pela interdisciplinaridade um movimento constante
que inclui a integração entre as disciplinas, mas a ultrapassa - o grupo é mais que a
simples soma de seus membros. Supõe troca de experiências e reciprocidade entre
disciplinas e áreas do conhecimento.
A interdisciplinaridade abre as portas para a contextualização, ou seja, ao pensar um
problema sob vários pontos de vista, a escola libera professores e alunos para que
selecionem conteúdos que tenham relação com as questões ligadas às suas vidas e à
vida das suas comunidades. Com essa proposta, para que haja aprendizagem
significativa, o aluno tem que se identificar com o que lhe é proposto e, com isso,
poder intervir na realidade.
Na transdisciplinaridade, a cooperação entre as várias matérias é tanta, que não
para separá-las: acaba surgindo uma nova "macrodisciplina". Um exemplo de
transdisciplinaridade são as grandes teorias explicativas do funcionamento das sociedades. A
transdisciplinaridade diz respeito ao que está, ao mesmo tempo, entre as disciplinas, através
das diferentes disciplinas e além de todas as disciplinas. Seu objetivo é a compreensão do
mundo presente, e um dos imperativos para isso é a unidade do conhecimento. De acordo com
o Dicionário Interativo da Educação Brasileira, transdisciplinaridade é:
Princípio teórico que busca uma intercomunicação entre as disciplinas, tratando
efetivamente de um tema comum (transversal). Ou seja, na transdisciplinaridade não
existem fronteiras entre as disciplinas. A idéia de transdiciplinaridade surgiu para
superar o conceito de disciplina, que configura-se pela departamentalização do saber
em diversas matérias. Ou seja, considera que as práticas educativas foram centradas
num paradigma em que cada disciplina é abordada de modo fragmentado e isolada
das demais. Isto resultaria também na fragmentação das mentalidades, das
consciências e das posturas que perdem assim a compreensão do ser, da vida, da
cultura, em suas relações e inter-relações.
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72
3 OS RESÍDUOS SÓLIDOS
Segundo Figueiredo (1994, p. 47), analisando-se o meio físico e as comunidades que
nele habitam de forma inter-relacionada, resíduos em uma ótica ampla consistem “um
descontrole entre os fluxos de certos elementos em um dado sistema ecológico, implicando na
instabilidade do próprio sistema”. Ao longo dos anos, mediante sua capacidade evolutiva em
relação aos demais organismos vivos, o homem usa, explora e apropria-se de forma
irresponsável do ambiente natural, causando os desequilíbrios ambientais em benefício local e
momentâneo do seu desenvolvimento.
O meio ambiente sofre constantemente com alterações causadas pelo homem: pela
forma exploratória dos recursos naturais e, pelo abandono dos restos desta exploração na
própria natureza em forma de subprodutos que superam a capacidade de renovação e absorção
pela própria natureza e seus ciclos de vida. Também são identificadas alterações provindas de
fluxos de elementos artificiais na busca pelo aumento da produtividade: materiais tóxicos e
nocivos à biosfera que são depositados diariamente nos subsistemas naturais do planeta
causando poluição, radiação, contaminação de alimentos, chuvas ácidas, efeito estufa,
destruição da camada de ozônio e outras alterações que agravam a atual crise ambiental na
vida planetária.
Figueiredo (1994, p. 49) destaca que “a idéia usual de resíduo, lixo ou “o que sobra”,
decorre da agregação aleatória de elementos bem definidos que, quando agrupados, se
transformam em uma massa sem valor comercial e com um potencial de agressão ambiental
variável segundo sua composição”, impossibilitando a reintegração destes elementos ao seu
meio natural. Essa temática é agravada por razões culturais, conjunturais, econômicas e
tecnológicas, em níveis globais e locais referentes à responsabilidade socioambiental em
relação aos sistemas produtivos, quando a sociedade responsabiliza apenas ao setor público
pelo ônus de se tratar os materiais não atrativos economicamente e que podem agredir ao
meio ambiente em razão de exigirem-se tecnologias complexas e dispendiosas.
Na visão de Figueiredo (1994, p. 51), dentre diversas definições no Brasil e em
outros países destaca-se a definição de resíduos sólidos japonesa, sendo: “refugo de pequeno e
grande porte, cinza, lama, excreções humanas, resíduos de óleo, resíduos alcalinos e ácidos,
carcaças e outras asquerosas e desnecessárias matérias que sejam no estado sólido ou líquido”
(excluindo os resíduos radioativos). Dentre as mais diversas origens destes resíduos
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destacamos: práticas de incineração de resíduos pelos setores públicos e privados da
sociedade; o crescimento excessivo de materiais artificiais e sintéticos produzidos pela
indústria e inseridos na rotina da vida das pessoas dentro dos processos industriais e no
consumo do comércio em geral; o uso de elementos radioativos crescentes e intensamente nos
diversos setores de produção, ciência e tecnologia.
Sabemos que os avanços nos processos de produtividade mundial interferem nos
padrões e nas formas de consumo das sociedades, afetando também as relações com o meio
ambiente como fonte de recursos para produção. Segundo Mészáros (1989) citado por
Figueiredo (1994, p. 55), o crescimento da produtividade no capitalismo define períodos de
tempo maiores para produção de bens duráveis (reutilizáveis) em relação a produção de bens
de consumo rápido (alimentos). Contudo, com o desenvolvimento e crescimento dos produtos
descartáveis esta concepção de validade do produto torna-se mais complexa, até porque é:
(...) extremamente problemático que a sociedade descartável encontre o equilíbrio
entre a produção e o consumo necessário para a sua contínua reprodução, somente a
partir do consumo artificial em grande velocidade (isto é: descartar
prematuramente), de grandes quantidades de mercadorias, que anteriormente
pertenciam à categoria de bens relativamente duráveis. Desse modo, ela se mantém
como sistema produtivo manipulados até mesmo a aquisição dos chamados bens de
consumo duráveis, de tal sorte que estes necessariamente tenham que ser lançados
ao lixo (ou enviados a gigantescos cemitérios de automóveis como ferro velho etc)
muito antes de esgotada sua vida útil. FIGUEIREDO (1994, p. 55)
De acordo com Mészáros (1989), classifica-se de capitalismo avançado a atitude de
se limitar ao máximo a vida útil dos produtos, reduzindo assim a necessidade de tempo de uso
do consumo real em favor dos produtos de rápido consumo e dos descartáveis, bem como da
exploração dos recursos de forma irracional e irresponsável com as limitações das forças
produtivas humanas e naturais, criando-se taxas de usos decrescentes na cadeia produtiva
industrial. Critica-se então, a falta de uma cultura voltada para produção de produtos de longa
duração e vida útil das mercadorias, assim como da possibilidade de ser reaproveitado ou
reciclado como insumo para o mesmo ou novos produtos, minimizando-se os descartes e
depreciação dos produtos a baixas taxas para se preservar uma maior longevidade dos
recursos naturais que são finitos na natureza.
Outro grave problema que assola a cultura do consumismo e do desperdício nas
sociedades está ligado ao pensamento econômico, social e cultural contemporâneo do
imediatismo (onde no ditado popular “tempo é dinheiro”). Assim, criam-se valores
desconexos com a realidade do meio ambiente em relação ao desenvolvimento e crescimento
sustentável, uma vez que, segundo Teizzi (1998), mede-se o progresso com a velocidade que
se transforma a natureza economizando-se tempo. Essa cultura é inversamente proporcional a
74
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realidade da vida útil dos recursos naturais e energias disponíveis, reduzindo-se o tempo de
disposição, exploração e sobrevivência destes recursos produtivos. Segundo Tiezzi (1988)
citado por Figueiredo (1994, p. 59): “o tempo tecnológico é inversamente proporcional ao
tempo entrópico; o tempo econômico é inversamente proporcional ao tempo biológico”.
Outra grave temática amplamente discutida nos dias atuais refere-se à capacidade de
reaproveitamento dos resíduos junto à cadeia cíclica dos recursos naturais do planeta. Estes
fatores passam por aspectos conjunturais e estruturais que vão desde a escolha dos insumos,
nos setores produtivos, até a utilização destes pelos mercados e pelas sociedades. É necessário
haver relações de associações do consumo com o tempo de vida útil dos produtos, evitando-se
assim o desperdício e os descartes desnecessários dos produtos e de energias humanas, assim
como dos recursos naturais. Segundo Figueiredo (1994, p. 59):
Uma questão importante está ligada ao tempo necessário para que os resíduos
gerados possam ser neutralizados, quando a sua toxidade e potencial de degradação
ambiental, ou ainda, de uma forma mais ampla, possam ser novamente incorporados
à dinâmica cíclica do planeta. A crescente geração de resíduos com alto potencial de
risco ao ambiente natural, com uma estabilidade cada vez maior, implica na
manutenção de sua integridade e, portanto, de seu potencial de degradação ambiental
por períodos de tempo cada vez maiores. Como exemplos clássicos desses resíduos,
poderiam ser mencionados os plásticos e os rejeitos oriundos das tecnologias
nucleares, tendo os primeiros como características principais a neutralidade e
estabilidade, e os últimos o alto risco à saúde e ao meio ambiente, e períodos para
neutralização compatíveis a períodos geológicos do planeta.
A temática dos resíduos precisa ser tratada com verdadeira e contínua seriedade por
parte de todos os atores públicos e privados, uma vez que envolvem toda uma complexidade
dentro de uma ampla rede de inter-relações abrangentes focadas em aspectos sociais,
políticos, culturais, tecnológicos, econômicos, geográficos, regionais, climáticos, ambientais,
a fim de se conhecer e minimizar aos problemas ocorridos principalmente nos últimos anos.
Verifica-se a necessidade de uma eficaz e efetiva gestão de resíduos para a administração das
diversas variáveis inerentes à cultura e ao crescimento tecnológico das sociedades,
principalmente no que diz respeito ao aumento do consumo mundial e à produção de
materiais descartáveis, apontando diretrizes e metas que agreguem soluções aos problemas
relacionados com o crescimento dos resíduos e à falta de políticas para o efetivo tratamento,
processamento, intensidade de geração, transporte, limitações de reaproveitamento e
disposição final. Estes fatores representam, efetivamente, uma ameaça real ao meio ambiente
e ao homem nos dias atuais.
O crescimento populacional com uma maior estabilidade econômica, juntamente
com o desenvolvimento tecnológico diversificando, aumentando os tipos de resíduos com
matérias complexos (na maioria não degradáveis em curto período de tempo) em relação à sua
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composição e concentração, a exemplo dos metais radioativos e metais pesados, promovem
diariamente alterações no ambiente natural, tanto pela extração dos meios como pela
deposição dos descartes em forma de resíduos. Dessa forma, além da necessidade de se
melhor administrar a origem e as causas dos resíduos, a ausência de uma política de
tratamento dos resíduos é responsável por danos potenciais e futuros ao meio ambiente e ao
homem. Figueiredo (1994) aponta diversas formas inadequadas que, nos dias atuais, são
empregadas como forma de deposição final dos resíduos, citando algumas implicações como
conseqüências destas práticas errôneas e equivocadas no tratamento e destinação final no
meio ambiente que afetam diretamente a saúde do homem e do planeta, em razão de uma
visão estreita e segmentada do assunto, através de abordagens estanques e ineficientes, na
busca de métodos e técnicas para o reaproveitamento parcial e destinação dos resíduos.
Quanto a destinação final, devido a fatores como negligência das autoridades
responsáveis, custos elevados, problemas tecnológicos e outros, os resíduos são
freqüentemente processados de forma inadequada, como no caso de incineradores
que, em geral, apenas transferem a poluição para o ar, ou vão terminar em aterros
sanitários e industriais, que, sem elaboração criteriosa, põem em risco o lençol
freático e, desta forma, o próprio abastecimento de água ao homem. Mais grave
ainda é o emprego de técnicas de processamento e deposição absolutamente
condenáveis, como é o caso da disposição a céu aberto, tão difundidas nos países do
Terceiro Mundo, com suas sérias implicações sociais e de saúde pública, ou ainda o
despejo dos resíduos não tratados na rede fluvial, isto sem contar os depósitos
permanentes de resíduos perigosos e rejeitos radioativos, através dos quais deixamos
um legado “de grego” aos nossos descendentes e sociedades futuras.
(FIGUEIREDO: 1994, p. 75
)
.
Na visão de Figueiredo (1994), soluções focadas apenas em questões inerentes a
reintegração parcial dos resíduos para reutilização como insumos e reaproveitamento
energético ajudam na minimização do problema com o meio ambiente, reduzindo na
deposição e na extração dos recursos naturais desnecessariamente. Contudo, necessita-se
trabalhar soluções voltadas aos valores sociais e econômicos contemporâneos, modificando-se
culturas e políticas de mercado e consumo, afetando o contexto estrutural e conjuntural do
chamado capitalismo predatório, voltado para o crescente incentivo ao consumo, com ênfase
em produtos não renováveis e descartáveis. A sociedade carece ser inserida neste tema
ambiental e de desenvolvimento sustentável, numa visão sistêmica em relação ao homem e à
natureza, sendo esta um bem limitado e finito, além de indispensável para a preservação dos
ciclos de vida, por estarem, todos, inter-relacionados e interdependentes. Segundo Figueiredo
(1994, p. 76):
(...) Portanto, muito antes da discussão tecnológica, a questão deve ser analisada a
partir de suas raízes, discutindo-se os estilos de desenvolvimento e as estruturas de
consumo das sociedades, a distribuição espacial das populações, as limitações
materiais e a sustentabilidade do planeta, as desigualdades sociais entre os povos e
76
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as suas implicações na exportação de processos produtivos residuosos, a visão
utilitária do meio ambiente, entre outros.
Outro fator importante na busca destas soluções para o problema ambiental e dos
resíduos é a capacidade de se fazer análises qualitativas e quantitativas das diversas variáveis
por meio de parâmetros objetivos e subjetivos dentro desta visão sistêmica das questões, que
ajudem a nortear as tomadas de decisões globais e locais nas políticas de desenvolvimento
econômico e sustentável, bem como na melhoria do consumo e do uso limitado dos recursos
naturais.
Sabemos que o processo de desenvolvimento industrial tem suas bases nos
investimentos em fontes de energias e matérias-primas, além do uso de máquinas e
equipamentos modernos que precisam ser norteados através de projetos políticos e com a
disponibilidade financeira. O grande problema é quando esses projetos deixam o lado
nacional e buscam o benefício pessoal ou de pequenos grupos dominantes em função do
poder econômico. Esse poder econômico faz emergir na sociedade um consumo ideológico
como representatividade de status no meio em que se vive. Certas mercadorias neste mundo
de consumismo chegam inclusive a ter vida e personalidade própria, atendendo a um
verdadeiro encantamento sobre as pessoas, que sentem-se globalizadas e desenvolvidas ao
consumir certos produtos e serviços importados e descartáveis, em razão da satisfação
psicológica que cria no consumidor. A questão fundamental é que nos dias atuais, os bens de
consumo e serviços (além dos produtos básicos) estão mais fáceis e acessíveis a todas as
classes sociais (roupas, calçados, móveis, alimentos, educação, saúde, eletroeletrônicos, bens
de informática, geladeiras, carros, habitação, segurança etc.) ainda que, em razão do grande
aumento demográfico e da concentração da renda, estes produtos e serviços não estejam
proporcionalmente à disposição de todos.
Nos dias atuais observamos existir um sério dilema envolvendo o capitalismo
contemporâneo: a existência de uma contradição entre a maximização do lucro e a
racionalização da produção, em relação à produtividade virtualmente limitada e às
necessidades de vender os produtos, ou seja, a liberdade de escolha e soberania do
consumidor sobre os produtos é uma ilusão criada pelo próprio sistema econômico e pelas
forças de mercado. Há um forte e crescente fomento ao consumo das mercadorias, onde as
necessidades constituem um verdadeiro fruto de produção do mercado e das indústrias
gerando demandas artificiais nos consumidores, nem sempre racionais ou essenciais. O
incremento ao consumo constitui-se num poderoso elemento de dominação social e num
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verdadeiro código de linguagens e sistemas de valores, entre os diversos grupos sociais,
morais, religiosos, científicos, políticos, econômicos.
A liberdade de escolha do consumidor para adquirir os produtos ou serviços das
empresas apresenta-se afetada ou induzida sob o ponto de vista da atual cultura do
consumismo no capitalismo moderno, onde os empresários passam a criar necessidades de
consumo de produtos, principalmente por meio das diversas ferramentas de comunicação de
massa. Assim, não é a tecnologia que atende às necessidades dos consumidores, pois essas
necessidades, atualmente, são criadas para atender à crescente produção industrial cada vez
mais diversificada em bens e produtos novos que são desenvolvidos e lançados no mercado, e
que precisam ser consumidos.
É através do sentimento da satisfação das necessidades, da identificação dessas
necessidades, ou da criação destas necessidades, que as pessoas buscam sua aceitação social,
realização pessoal, conforto físico, respeito individual e coletivo. O sucesso deste indicador e
indutor ao consumismo está diretamente vinculado as atividades de propaganda no mundo.
A indústria da publicidade foi uma das que apresentou grandes crescimentos no final
do século XX, e representa orçamentos extraordinários para as empresas nos dias atuais.
Segundo Toscani (2003), o relatório oficial publicado pela AACC (Associação das Agências
de Consultoria em Comunicação Sindicato profissional francês) publicado em janeiro de
1994, informa que a publicidade representa orçamentos de 330 bilhões e meio de francos
investidos nos veículos de comunicação pelas empresas européias, além de 406,7 bilhões nos
Estados Unidos e 172 bilhões no Japão.
Ainda para expressar a força de indução ao consumismo através da publicidade, de
acordo com Toscani (2003, p. 23):
“segundo a revista americana Média Internacional (julho de 1994) e o relatório da
LNA\Roma (Leading National Advertiseres\Rome reports), a Peugeot gastou 790
milhões de dólares em publicidade no mundo inteiro em 1992, 770 milhões de
francos na França, em 1993, isso levando em conta somente os grandes meios de
comunicação.
Renault, 593 milhões de lares mundiais em 1993, e 868 milhões de francos na
França.
(...)
Quem financia todas essas campanhas, todos esses filmes parecidos entre si,
apresentando sempre as mesmas imagens?
Exatamente nós, os consumidores!
O colossal investimento da publicidade fica embutido no preço da mercadoria”.
Atualmente, a condição humana, o mercado e a economia são inseparáveis do
consumo, onde a sociedade é impulsionada pelo mercado da publicidade que informa, educa,
emociona, orienta, induz, seduz, encanta, criando valores, comportamentos, desejos,
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78
costumes, necessidades e impondo ou alterando os modos de vida e de consumismo das
comunidades em favor do mercado. De acordo com Jacques Séguéla, citado por Toscani
(2003, p. 30) “A missão da publicidade é acompanhar o consumidor em suas expectativas
secretas. Trazendo-as a tona, ela cria a cobiça, o único motor de nossa sociedade de consumo
à deriva”.
O grande problema nesta temática é que a atual sociedade do consumo está
gradualmente degradando e destruindo o nosso planeta através da exploração irracional dos
recursos naturais, bem como pela produção excessiva de lixo que, irresponsavelmente, é
depositado na natureza sem o devido tratamento, prejudicando ao meio ambiente e a própria
qualidade de vida dos seres vivos no planeta atual e, principalmente, às gerações futuras.
3.1 A coleta seletiva dos resíduos sólidos
No planeta Terra possuímos um espaço físico finito, portanto, os recursos naturais
nele contidos também o são. Esta consciência tem ficado cada vez mais evidente nas últimas
décadas, quando se percebe uma crise ambiental em evolução, pois o crescimento acelerado
da população mundial, aliado a mudança de hábitos, exige cada vez mais matérias-primas que
a estrutura de consumo transforma em resíduos de maneira cada vez mais rápida e sofisticada.
Podemos perceber, a partir da crise energética, que a disponibilidade de energia é finita, assim
como dos recursos naturais.
A geração e a destinação do lixo tornaram-se uma das principais preocupações
mundiais: em razão ao crescimento do consumo dos produtos industrializados aliados a
elevada utilização de produtos descartáveis; e por causa do aumento populacional dos países
em desenvolvimento, que se refletem no aumento do volume dos resíduos gerados. Torna-se
imperativo nos dias atuais uma mudança comportamental na sociedade, na economia e na
indústria, no sentido de se formar indivíduos com visão crítica e a elaboração de políticas
participativas no que concerne às questões ambientais, estimulando a conscientização e a
sensibilização de toda a comunidade quanto à temática dos resíduos sólidos, da coleta seletiva
e da reciclagem, bem como da importância do reaproveitamento dos materiais utilizáveis.
Os programas de reciclagem são importantes por ajudarem na conservação do meio
ambiente diminuindo a quantidade de material enterrado ou jogado a céu aberto, além de
ajudar na redução do custo de produção de outros materiais quando comparados com os
produzidos diretamente com matéria-prima virgem. Outra grande vantagem dos programas de
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79
reciclagem é a geração de empregos através da comercialização dos renováveis e dos
orgânicos.
A parte fundamental no processo de reciclagem de lixo é a coleta seletiva. Os
materiais recicláveis (plásticos, papéis, metais e vidros) ficam difíceis de serem
reaproveitados e perdem seu valor comercial quando são misturados no lixo com os
orgânicos, higiênicos e tóxicos, por ocorrer uma “contaminação” dos resíduos.
A coleta seletiva de lixo também é um processo educacional, social e ambiental que
está baseado no recolhimento de materiais recicláveis, orgânicos e higiênicos que devem ser
separados na origem. Os materiais recicláveis devem ser separados em: papéis, plásticos,
vidros e metais, que após o seu beneficiamento-enfardamento e acúmulo serão vendidos para
as empresas recicladoras, que as transformarão em novos materiais.
A coleta seletiva permite separar os recicláveis em sua origem e posteriormente serão
levados para a reciclagem. É importante salientar que os processos de coleta seletiva devem
contemplar três vertentes de forma sistêmicas, sendo: como deve ser realizada a coleta, a
separação e a reciclagem do material; como a informação deve ser repassada para motivar o
público alvo; qual será o destino final do material recuperado (vendido, doado ou reutilizado).
É importante salientar que a coleta seletiva de lixo carece ser analisada por variáveis
qualitativas e quantitativas em seus resultados diretos e indiretos, presentes e futuros em
benefício da qualidade de vida das comunidades e do meio ambiente. Não deve ser encarada
como uma atividade lucrativa do ponto de vista de retorno financeiro imediato, mas é
fundamental quando consideramos os aspectos ambientais e sociais de médio e longo prazo.
Para melhor otimização da reciclagem é necessário o envolvimento de toda a comunidade
com a coleta seletiva de lixo, devendo ser implantado em todos os setores da sociedade
organizada, assim como nos bairros (estabelecimentos de ensino, prédios administrativos,
bibliotecas, junto às pessoas da limpeza, clubes, condomínios, empresas, igrejas, e outros
locais que facilitem a coleta de materiais recicláveis e orgânicos).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) / Pesquisa Nacional
de Saneamento Básico (PNSB)- 2000 - www.ibge.gov.br, o Brasil produz diariamente,
125.281 toneladas de lixo, sendo:

68% dos resíduos sólidos gerados pelas grandes cidades brasileiras são jogadas
em lixões ou alagados;
existem 24.340 catadores nos lixões do Brasil, sendo que 22% têm menos de 14
anos de idade. Nada menos que 7.264 deles residem nesses mesmos locais;
dos 5.507 municípios brasileiros, apenas 451 mantêm programas de coleta
seletiva;
dos 3.466 municípios que coletam lixo hospitalar, 1.193 não fazem nenhum tipo
de tratamento.
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80
As mais importantes vantagens em se ter uma coleta seletiva de resíduos sólidos
estão em se prolongar a vida útil dos aterros sanitários, diminuição do desperdício,
diminuição do depósito de lixo em lugares clandestinos, e geração de empregos com a
comercialização dos recicláveis. De acordo com o CEMPRE (1995) - Compromisso
Empresarial para Reciclagem, (www.cempre.org.br), a reciclagem gera uma real economia
para cada material viabilizado pela coleta seletiva (entre papéis, vidros, metais e plásticos).
Ademais:
50 kg papel reciclado poupa o corte de uma árvore de eucalipto de seis anos de
idade e economiza 70% de energia, se comparado ao gasto na produção a partir
da matéria-prima virgem;
praticamente não produz resíduos;
evita a retirada de 5 toneladas de bauxita para fabricar 1 tonelada de alumínio;
Para fazer frente aos problemas ambientais atuais é indispensável uma Educação
Ambiental, que não sensibilize, mas também modifique as atitudes das pessoas e propicie
novos conhecimentos, proporcionando-lhes uma nova postura, a partir da reflexão e ação de
cada ser humano. Por meio da educação devemos destacar neste contexto de Educação
Ambiental, a reciclagem e a coleta seletiva de resíduos, para a devida preservação do meio
ambiente. É importante também a real informação a respeito do tempo de degradação dos
materiais que são despejados no meio ambiente, causando o aumento da poluição e o
crescimento dos atuais problemas ambientais que assolam o mundo. A combinação de fatores
tais como: temperatura, teor de unidade, PH do meio, luminosidade, pressão atmosférica,
disponibilidade de oxigênio, e outras mais, influenciam sensivelmente nos tempos de
degradação dos materiais despejados no meio ambiente. Segundo dados do CEMPRE (1995),
apesar de não serem comprovados cientificamente, verificam-se alguns períodos estimados de
degradação por material conforme o quadro 1:
Jornais: 2 a 6 semanas
Casca de frutas: 3 meses
Embalagens de papel: 1 a 4 meses
Guardanapos de papel: 3 meses
Pontas de cigarro: 2 anos Fósforo: 2 anos
Chicletes: 5 anos Nylon: 30 a 40 anos
Sacos e copos plásticos: 200 a 450
anos
Latas de alumínio: 100 a 500
anos
Tampas de garrafas: 100 a 500 anos Pilhas: 100 a 500 anos
Garrafas e frascos de vidro ou plásticos: Indeterminado
Quadro 1: Períodos estimados de degradação por material
Fonte: Manual de gerenciamento integrado do lixo municipal. CEMPRE, 1995.
81
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A relevância de uma atividade dessa natureza é a possibilidade da construção de uma
visão sistêmica por parte de políticos, empresários, igrejas, ONGs, alunos, funcionários e
professores - onde o ambiente possa ser percebido integralmente, viabilizando a formação de
profissionais conscientes e aptos a enfrentar, num futuro próximo, o desafio de trabalhar de
forma inter-relacionados e interdisciplinarmente, tratando-se de um processo longo e contínuo
de aprendizagem, de uma filosofia de trabalho participativo, em que todos, família, escola e
comunidade devem estar envolvidos.
A participação da comunidade é imprescindível em todo o processo, uma vez que sua
conscientização sobre conservação e uso racional dos recursos disponíveis, proporcionará
uma consistente visão do problema do lixo. A escola deve cumprir o seu papel de difusora de
conhecimento e formadora de cidadãos críticos e participativos, desenvolvendo métodos e
criando estratégias de ações que visem soluções para questões relevantes como a problemática
ambiental e o desenvolvimento econômico.
Na cultura popular o lixo, também chamado de rejeito, passa por um processo de
exclusão: ele é “posto fora de casa”. Para o cidadão comum o lixo representa a produção de
um conjunto heterogêneo de elementos desprezados durante um dado processo e, pela forma
como é tratado, assume um caráter depreciativo, sendo associado à sujeira, repugnância,
pobreza, falta de educação e outras conotações negativas. Então, por questões de saúde
pública as pessoas aceitam que o lixo não pode ser deixado em qualquer lugar, devevendo ser
acondicionado em sacos e latas de lixo, havendo horários estabelecidos para o seu
recolhimento.
É necessário que a população tenha conhecimento e valorize que a reciclagem é um
sistema de recuperação de recursos projetado para recuperar e reutilizar resíduos,
transformando-os novamente em substâncias e materiais úteis à sociedade, que podem ser
denominados de matéria secundária. Reciclagem é, na sua essência, uma forma de educar e
fortalecer nas pessoas o vínculo afetivo com o meio ambiente, despertando o sentimento do
poder de cada um para modificar o meio em que vivem, ajudando na melhoria da qualidade de
vida dos seres vivos do planeta atuais e futuros conservando os recursos naturais
(CALDERONI, 1996).
Os resíduos domiciliares possuem um potencial muito grande para a reciclagem, pois
contêm em sua composição muita matéria orgânica compostável, além de substâncias que
possuem mercado comprador, tais como: papel e papelão, metais ferrosos e não ferrosos,
plásticos e vidros. Os resíduos oriundos do comércio, geralmente são reciclados pela ação dos
catadores ou “carrinheiros”, que os recolhem e comercializam junto ao mercado informal dos
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sucateiros, principalmente embalagens de papel, plásticos, metal e vidros. O grande problema
é que essa ação raramente é organizada pelo poder público, ou mesmo, pela iniciativa privada
(estes catadores geralmente são discriminados e marginalizados em razão “de catarem lixo”),
podendo em muito ser ampliada, racionalizada e efetivamente otimizada ecologicamente e
economicamente.
Coleta seletiva é o reaproveitamento de resíduos que normalmente chamamos de lixo
e deve sempre fazer parte de um sistema de gerenciamento integrado de lixo. Nas cidades, a
coleta seletiva é um instrumento concreto de incentivo a redução, a reutilização e a separação
do material para a reciclagem, buscando uma mudança de comportamento, principalmente em
relação aos desperdícios inerentes à sociedade de consumo. Dessa forma, compreende-se que
é preciso minimizar a produção de rejeitos e maximizar a reutilização, além de diminuir os
impactos ambientais negativos decorrentes da geração de resíduos sólidos.
3.2 Aspectos sociais e econômicos da coleta seletiva
Os fatores que tornam a reciclagem do lixo economicamente viável convergem,
todos eles, para a proteção ambiental e a sustentabilidade do desenvolvimento, pois se referem
à economia de energia, matérias-primas, água e a redução da poluição do solo, subsolo, água e
do ar. Também convergem para a promoção de uma forma de desenvolvimento econômico e
socialmente sustentável, pois envolve ganhos para a sociedade como um todo.
Segundo Calderoni (1996), o mercado de recicláveis pode render cerca de 135
dólares por tonelada, valor com o qual podem ser remunerados todos os sucateiros,
carrinheiros e catadores, sendo também cobertos todos os gastos com transporte,
armazenagem e processamento dos recicláveis. Outra faceta importante de um programa de
coleta seletiva é a ressocialização, ou seja, a reincorporação de um segmento social como o
dos catadores de lixo, até então marginalizados, a uma estrutura digna de trabalho, em
unidades especialmente preparadas para triagem, classificação e prensagem de lixo. A renda
média mensal destes catadores que trabalham nas usinas varia de 2 a 3 salários mínimos.
A cidade de Ribeirão Preto (SP) se destaca nos programas de coleta seletiva, com o
recolhimento de cinco toneladas diárias adotando dois sistemas, o de PEVs (Postos de Entrega
Voluntária) e a Coleta Porta-a-Porta, como em Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). O
material recolhido também tem como destino a usina de triagem e a verba arrecadada é
repassada ao Fundo Social de Ribeirão Preto, responsável por destinar recursos a instituições
assistenciais do município.
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Em Uberlândia (MG), a coleta seletiva é feita no sistema de PEVs que estão
localizados em pontos estratégicos da cidade. A prefeitura coleta também o lixo reciclado em
escolas que participam de um programa de conscientização para a coleta seletiva, com a ajuda
de gincanas e palestras.
A promoção de parcerias com a sociedade civil, prioritariamente com os catadores de
papel, na triagem e comercialização dos resíduos, pode ser um instrumento para a geração de
empregos e renda e ainda melhorar a limpeza das cidades com reflexos positivos sobre a
qualidade de vida da população. Em Porto Alegre, a coleta atingiu 62 toneladas diárias,
comercializando aproximadamente 1.130 toneladas de lixo reciclável por mês, atendendo
90% da população, com um custo de 43,2 dólares por tonelada coletada, um dos menores do
país (CEMPRE, 1995). Todo o lixo seco recolhido através da Coleta Seletiva de Lixo é
encaminhado para unidades de triagem, onde os catadores, agora chamados de separadores,
são responsáveis pela recepção, triagem, enfardamento, e pré-beneficiamento.
Um projeto de coleta seletiva, pela suas especificidades, apresenta no seu
desenvolvimento uma rie de dificuldades, exigindo-se iniciativas de órgãos gerenciadores
da limpeza urbana e a participação ativa da população. Entre as diversas dificuldades
destacamos: dificuldades na comercialização, inexistência de infra-estrutura para estocagem,
armazenamento inadequado dos materiais recicláveis dependência dos catadores da estrutura
operacional da prefeitura, dificuldade de capitalização da cooperativa para comprar
equipamentos.
De acordo com o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
Ministério da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República
(2008), em seu capítulo intitulado o Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, esta
gestão deve ocorrer por meio da:
Atuação de subsistemas específicos que demandam instalações, equipamentos,
pessoal e tecnologia, não somente disponíveis na prefeitura, mas oferecidos pelos
demais agentes envolvidos na gestão, entre os quais se enquadram:
* a própria população, empenhada na separação e acondicionamento diferenciado
dos materiais recicláveis em casa;
* os grandes geradores, responsáveis pelos próprios rejeitos;
* os catadores, organizados em cooperativas, capazes de atender à coleta de
recicláveis oferecidos pela população e comercializá-los junto às fontes de
beneficiamento;
* os estabelecimentos que tratam da saúde, tornando-os inertes ou oferecidos à
coleta diferenciada, quando isso for imprescindível;
* a prefeitura, através de seus agentes, instituições e empresas contratadas, que por
meio de acordos, convênios e parcerias exerce, é claro, papel protagonista no
gerenciamento integrado de todo o sistema (CEMPRE, 1995, pag. 22).
84
84
Sabemos que a coleta seletiva do lixo é um caminho extremamente promissor para a
preservação ambiental, para a promoção social, para a devida educação e mudança
comportamental das comunidades em relação ao meio ambiente, e para o desenvolvimento
sustentável de uma nação. Entretanto, para que isto se torne uma realidade é necessário o
implemento eficaz e efetivo de diversas medidas conjunturais e estruturais por parte dos
governos, entre as quais destacamos algumas que são implícitamente observadas no texto do
Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos em seus capítulos intitulados: da
gestão dos resíduos sólidos no Brasil; do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos; da
legislação e licenciamento ambiental. Estas (CEMPRE, 1995) são:
sensibilizar os prefeitos das cidades para a importância do gerenciamento
integrado dos resíduos sólidos, sem o qual não é possível entender a coleta
seletiva de lixo;
valorizar o trabalho dos catadores e investir na assessoria para sua organização;
responsabilizar as empresas produtoras de resíduos;
criar instrumentos econômicos de incentivo à reciclagem e ao uso de matéria-
prima reciclada;
criar agências governamentais para assessorar os municípios na implantação de
seus programas de gerenciamento de resíduos sólidos;
desenvolver amplo programa de resíduos sólidos;
implementar uma Política Nacional de Resíduos Sólidos descentralizada para os
municípios, com capacitação técnica e recursos financeiros para apoiar a
implementação de modelos exemplares de gestão integrada de resíduos sólidos e
de coleta seletiva de lixo.
A educação socioambiental constitui-se em um fator-chave para a viabilização do
sistema de coleta seletiva. Mediante a ampla compreensão dos benefícios sociais e ambientais
da reciclagem de materiais pós-consumo (os recicláveis) pode-se estimular uma mudança de
valores, de práticas e de atitudes e, portanto, a participação permanente da população nos
processos de descartes dos resíduos, bem como nas mudanças comportamentais nas atitudes
de consumo, principalmente dos descartáveis, ponderando-se sempre sua relação com a defesa
do meio ambiente de forma crítica e realista com o desenvolvimento econômico e sustentável,
na defesa da melhoria da qualidade de vida do planeta para as gerações presentes e futuras.
A educação socioambiental deve envolver a informação, a formação e a
sensibilização das pessoas, dos múltiplos interlocutores interessados no processo educativo,
com vistas a promover novas atitudes, condutas e procedimentos que gerem uma cultura de
sustentabilidade social, ambiental e econômica. O desafio é, por um lado, romper com o
preconceito e com a discriminação em relação aos catadores e catadoras de rua e, por outro,
perceber a importância ambiental de não se desperdiçar materiais, dando-lhes outro destino,
sempre que possível, que não seja o aterro sanitário.
85
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O benefício que os catadores de rua desenvolvem para as comunidades e para a
natureza é fundamental em termos qualitativos, contudo, passa despercebido em razão da
discriminação e falta de informação das pessoas. Por exemplo, eles coletam os recicláveis
antes do caminhão da prefeitura passar reduzindo os gastos com a limpeza pública,
encaminhando esses resíduos diretamente para as indústrias de reciclagem gerando emprego e
renda, além de poupar os recursos naturais. A organização desses catadores ajuda em
racionalizar a coleta seletiva e a triagem dos materiais, reduzindo custos e aumentando o fluxo
de materiais reciclados, e por isso, a atividade deve ser incentivada pelos órgãos públicos para
a sua devida organização e formação de cooperativas ou de catadores.
Através de pressupostos filosóficos éticos, sociais e ambientais, é fundamental que se
fomente a participação social ampliando os espaços de democracia no interior das
associações, das cooperativas, das organizações sociais, das universidades, das instituições
públicas e privadas em relação ao tema. Portanto, deve-se sensibilizar a sociedade para a
ampla dimensão ambiental, que envolve os 3Rs - redução, reutilização e reciclagem -, a
sustentabilidade e a co-responsabilidade local e global, funcionando como uma ferramenta
poderosa para a mudança de paradigma em relação à geração e à destinação de resíduos
sólidos, sem a qual corremos o risco de perpetuar valores e atitudes predatórios e prejudiciais
ao meio ambiente, insustentáveis em médio e longo prazo.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada em 2000 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produz diariamente cerca de
125 mil toneladas de lixo, onde, deste total, 41,7 % é destinado a aterros sanitários, 22,3 % é
encaminhado a aterros controlados e 30,5% é depositado em lixões. Deste percentual,
registra-se como destino final das prefeituras para os resíduos sólidos, o seguinte: 63,6% dos
municípios brasileiros utilizam-se dos lixões como disposição final dos resíduos sólidos;
18,4% usam aterros controlados; 13,8% dispõem de aterros sanitários; e 5% não informaram
para onde são transportados os seus resíduos.
Entretanto a reciclagem não deve ser entendida como a principal ou única solução
para a problemática do lixo nas cidades, e sim como uma atividade econômica dentro de um
conjunto de soluções integradas no gerenciamento dos resíduos sólidos, principalmente, por
que nem todos os materiais são técnica ou economicamente recicláveis. Sabe-se que a devida
separação dos resíduos aumenta sua oferta, contudo é necessário que haja a devida demanda
por parte da sociedade por produtos reciclados (governo, empresas públicas e privadas etc)
para que o processo de escoagem dos materiais reciclados não fiquem empilhados em
depósitos e tornem-se inviáveis economicamente, sendo enterrados ou incinerados como
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86
rejeitos. Os principais benefícios da reciclagem são: diminuição da quantidade de lixo a ser
aterrado; aumento da vida útil dos aterros sanitários; preservação dos recursos naturais;
economia de energia; diminuição da poluição da água e do ar; geração de empregos.
A Educação Ambiental é uma estratégia fundamental nos programas de coleta
seletiva e reciclagem de resíduos sólidos uma vez que visa ensinar aos cidadãos o seu papel
como fonte geradora de lixo, devendo obrigatoriamente ser desenvolvida nas escolas e
podendo ser dinamizada nos diversos logradouros onde as pessoas geram lixo, tais como:
repartições públicas, nos bairros, nos condomínios, nos escritórios, nas fábricas, nas lojas, etc.
A preservação dos recursos naturais é a mais qualitativa e significativa das contribuições
sócio econômicas e ambientais das atividades de reciclagem, por intermédio da valorização da
vida útil das reservas naturais, da fauna e da flora, quando são produzidos novos materiais a
partir de resíduos.
3.3 Exemplos de sucesso da reciclagem no Brasil e no mundo
É de conhecimento público por meio das diversas reportagens sobre os problemas
ambientais que atualmente assolam nosso planeta, que a quantidade de lixo gerado em todo o
mundo tem aumentado substancialmente ano a ano. Além disso, projetos de coleta seletiva
justificam-se ainda sobre um aspecto atual de nossa economia, que é o desemprego. A coleta
seletiva pode ser utilizada na geração de postos de trabalho, absorvendo os “catadores de lixo”
dentro de uma atividade mais rentável e com condições de salubridade controlada.
Nos últimos anos a coleta seletiva teve um considerável desenvolvimento em vários
países. Os Estados Unidos, a Europa e, sobretudo, o Japão assumiram a vanguarda das
iniciativas no campo da reciclagem, numa ação direta dos governos, atuação freqüente das
empresas, das instituições, da sociedade civil e da população como um todo. Na Europa a
coleta seletiva propriamente dita, iniciou-se na Itália, em 1941, em decorrência das
dificuldades acentuadas pela guerra (CEMPRE, 1995).
Como ocorreu em grande número de países, também no Brasil, a coleta seletiva
ganhou considerável desenvolvimento, em função da crescente consciência da necessidade da
reciclagem. No Brasil, a coleta seletiva foi iniciada na cidade de Niterói, no bairro de São
Francisco, em abril de 1985, como o primeiro projeto sistemático e documentado. A partir
daí, um número cada vez maior de municípios passou a praticá-la, tendo sido identificados 82
programas de coleta seletiva em 1994, iniciados, de um modo geral a partir de 1990
(CEMPRE, 1995).
87
87
Em países onde o custo da mão-de-obra se constitui um fator considerável nas
planilhas de custos das empresas de limpeza urbana, investe-se cada vez mais em tecnologia
na busca de soluções econômicas e eficientes, que garantam a qualidade dos serviços de
coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos sólidos. Neste aspecto, a escolha
da solução tecnológica mais adequada passa necessariamente pela colaboração efetiva de toda
uma população atendida pelo sistema.
No Brasil, a coleta porta a porta tem sido o sistema mais utilizado tanto na coleta do
lixo domiciliar misturado, como na coleta seletiva. Em Florianópolis o programa de coleta
seletiva, que objetivou a Educação Ambiental e a participação comunitária, foi implantado
desde 1990 em bairros de classe média. A coleta do material reciclável é feita duas vezes por
semana, utilizando o sistema porta a porta, e o apelo à reciclagem tem como mola propulsora
alcançar a convivência baseada nos valores ecológicos. A boa receita obtida é revertida para a
entidade comunitária que administra o programa junto com a COMCAP Cooperativa
Municipal de Catadores de Papel.
O envolvimento da população com a coleta seletiva na maioria dos países
desenvolvidos se faz presente no cuidado com a segregação dos resíduos na própria
residência, o que leva à necessidade de acondicionamento em lixeiras separadas. Na Suíça,
Alemanha, Canadá e no Japão é fato comum, homens de terno e gravata saírem de casa para
seus compromissos, carregando uma pasta de executivo em uma mão e um saco de lixo na
outra, o qual depositam tranqüilamente dentro de um container. Senhoras bem vestidas
também saem de seus domicílios carregando sacos de lixo que irão depositar perto de suas
residências. Não há vergonha neste simples ato, que já é considerado como parte integrante do
cotidiano em qualquer país civilizado. Assim, o sistema de coleta seletiva é encarado com a
naturalidade e seriedade de quem sabe de sua importância para a economia de recursos e a
política de preservação ambiental. A devida mudança comportamental foi alcançada nesses
países que já passaram por sua fase de depredação e que agora dão o devido valor aos
recursos que a natureza lhes concedeu.
Não importa se estas condições de civilidade foram alicerçardas na real
conscientização da comunidade por meio de programas maciços de educação sanitária e
ambiental, ou se foram criadas na base das velhas políticas de repressão pelas autoridades
públicas. O que está em foco é a forma como a população participa do sistema. Nestas
sociedades, o lixo não é considerado algo incômodo que deva simplesmente ser jogado para
fora da casa, e ser levado embora pela empresa responsável pela limpeza pública. Cada um
tem uma parcela de responsabilidade. Seja colocando o lixo nos lugares certos, seja não
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88
jogando lixo nos logradouros e demais áreas públicas, seja participando ativamente das
políticas públicas do setor de resíduos sólidos.
O Brasil tem tido números satisfatórios de reciclagem nos últimos anos. Esses
números permitem comemorar os resultados preventivos e de redução dos resíduos jogados
nos aterros, rios e córregos. São toneladas de materiais que além de serem novamente
utilizadas, geraram renda para uma parcela da população.
De acordo com o site reciclagem e coleta seletiva
(www.setorreciclagem.com.br,2007), um dos produtos recicláveis mais comuns são as
latinhas de alumínio. De acordo com a Associação Brasileira de Alumínio, em 2004 o Brasil
reciclou 9 bilhões de latinhas, o equivalente a 121 mil toneladas que correspondem a 95,7%
da produção nacional. Outra importante marca de sucesso para a coleta seletiva destaca o
Brasil com a reciclagem de 173 mil toneladas de garrafas plásticas de refrigerante tipo PET,
em 2004, com o equivalente a 48% da produção nacional. No caso do vidro, o Brasil produz,
em média, 890 mil toneladas por ano, onde 45 % são reaproveitados pela indústria.
Segundo o artigo com título “A educação que vem do lixo”, publicado no periódico
Extra Classe (www.sinpro-rs.org.br/extra,2007), na cidade de Curitiba (PR) a coleta seletiva
surgiu em 1989 com o programa “Lixo que não é lixo” implantado, inicialmente em bairros
da periferia. Atualmente os recolhimentos dos resíduos recicláveis atingem toda a cidade.
Outro importante destaque da cidade é o chamado Câmbio Verde, um projeto realizado em 55
comunidades de bairros que trocam materiais reciclados por hortigranjeiros, cadernos e
brinquedos. Há também o Projeto Compra do Lixo, que consiste na troca de resíduos
orgânicos em 45 áreas periféricas de difícil acesso aos caminhões coletores.
O Portal da Prefeitura Municipal de Campinas (SP) - Programa de coleta seletiva
municipal (www.campinas.sp.gov.br,2007) informa que Campinas também vive o drama da
produção de 800 toneladas de lixo por dia (segundo o Departamento de Lixo Urbano daquele
município), pois todo o lixo (reciclável e não-reciclável) destina-se ao aterro municipal. Este
apresenta sua capacidade para compactar os resíduos por mais cinco anos, não havendo na
cidade outras áreas aptas para o recolhimento do lixo municipal. Assim, são destacados pela
Prefeitura Municipal, os trabalhos das Cooperativas de Reciclagem que atuam na
minimização da situação caótica dos resíduos na região, viabilizando o destino
ambientalmente correto dos mesmos, além de gerar emprego e renda para a população.
89
89
3.4 A coleta seletiva em Manaus
Segundo a Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos de Manaus
(SEMULSP) as atividades de coleta seletiva na cidade de Manaus existem oficialmente desde
2001. Contudo, pesquisas mostram registros igualmente oficiais (Relatório das atividades
anuais 1990\SEMULP Secretaria Municipal de Limpeza Pública de autoria de Andrade e
Rego Neto (1990), onde atestam que esta modalidade de coleta é bem mais antiga, datando de
1990, com o PROJETO PROGRAMA LIXO ENCHE O SACO, implementado com
regularidade no bairro Parque 10 de Novembro e Dom Pedro. Assim, em decorrência, em
2001 já eram desenvolvidos 30 pontos de coleta, em poucos bairros da nossa capital. Em
fevereiro de 2005 iniciou-se a reestruturação do programa de coleta seletiva na cidade de
Manaus onde, atualmente, conta-se com mais de 150 pontos de coleta (Figura 2) atendidos
porta-a-porta pelo caminhão da coleta seletiva, com freqüência semanal nestes locais, além da
implementação de um projeto de inclusão social aos catadores que vivam naquela época no
aterro municipal.
LOCAIS DE COLETA SELETIVA PORTA A PORTA E PEV
Conjuntos e condomínios 97 Escolas 28
Órgãos Públicos 14 Estabelecimentos 7
Figura 2: Locais de coleta seletiva porta a porta e PEV
90
90
Dentre os principais sucessos obtidos com o atual programa de reestruturação do
programa de coleta seletiva em Manaus, segundo a SEMULSP, destacamos o cadastramento
de mais de 60 famílias beneficiadas diretamente pela arrecadação e venda do resíduo
reciclável coletado nas rotas e nos pontos de coleta (Figura 2). Segundo dados de janeiro de
2007 da SEMULSP, o programa de inclusão social e renda dos catadores, registra atualmente
uma renda de R$ 530,00 reais per capita, representando um aumento de 230% em relação ao
que era obtido dentro do lixão em 2005 (Anexo A Tabela 1). Estes dados representam
diretamente uma redução significativa na dependência de programas de assistência social do
governo federal e, principalmente, gerando aumento da qualidade de vida e inclusão social
destas pessoas.
Outra importante ação da SEMULSP diz respeito à integração das atividades de
educação e informação socioambiental com foco na sensibilização sobre a coleta seletiva
como vetor de conservação ambiental e inclusão social (Figura 3 e 4). São desenvolvidas
informações sobre a destinação dos resíduos sólidos domiciliares, priorizando a participação
da comunidade por intermédio das escolas e equipes de orientação de porta em porta nos
bairros, mediante de atividades que motivem e mobilizem a sociedade para assumir um
caráter mais pro - ativo em relação ao meio ambiente, focada em políticas pautadas pelo
binômio sustentabilidade e desenvolvimento econômico, com a inclusão social e
responsabilidade ambiental.
Figura 3: Teatro - Educação Ambiental Figura 4: Orientação Educação Ambiental na
Feira da Panair
91
91
A coleta seletiva porta-a-porta é desenvolvida com a implantação de rotas semanais,
bem como com a orientação (porta-a-porta) de moradores e empresas para a correta
segregação dos resíduos potencialmente recicláveis (Figura 5 e 6).
Figura 5: Orientação porta-a- porta sobre
a coleta seletiva em Manaus
Figura 6: Orientação sobre a coleta
seletiva nos Rip Raps
Todo resíduo coletado nas rotas semanais de coleta seletiva são destinados para
núcleos de catadores, gerando renda e estimulando a inclusão social dos indivíduos
envolvidos (os catadores de resíduos recicláveis). Por meio de um processo de racionalidade
econômica, que compartilha sentimentos de solidariedade, mutualismo, cooperação e
responsabilidade socioambiental, estes catadores são motivados pelo envolvimento e
participação social, tornando-se agentes de transformação social, assim como os trabalhadores
autônomos são estimulados a participarem das tomadas de decisões fortalecendo o
associativismo como vetor da mudança social, com o surgimento de novos empreendimentos
para o beneficiamento de materiais com pouco ou nenhum mercado para reciclagem, como no
caso do plástico e do isopor.
A SEMULSP desenvolve ainda atividades de educação ambiental com foco em dar
sustentabilidade no programa, ressaltando a co-responsabilidade da população nas tomadas de
decisões sobre coleta seletiva. As atuações em educação ambiental priorizam a consolidação
de ações que surjam como vontade explícita das instituições que buscam parcerias por
intermédio de uma metodologia baseada em três fases distintas, mas complementares entre si:
orientação para inclusão nos projetos de educação ambiental de tópicos que
promovam a implantação da coleta seletiva de maneira relevante e funcional,
priorizando a redução de custos em todas as fases de implantação e sugerindo
ações que validem a destinação final dos resíduos arrecadados;
92
92
informação para correta separação dos resíduos recicláveis na geração,
tipificando os padrões de consumo e introduzindo o conceito dos 3R´s (reduzir,
reutilizar, reciclar), de acordo com a especificidade de cada setor envolvido;
consolidação das informações com palestras motivacionais e apresentações
artísticas de cunho pedagógico (teatro e música) com mensagens de
sensibilização para estimulo a participação dos atores envolvidos.
Para descentralizar as atividades da coleta seletiva e motivar a participação das
comunidades, estimulando a redução dos custos ambientais e a mobilização social, foram
criados na cidade de Manaus alguns Ponto de Entrega Voluntária de Recicláveis (PEVs). O
primeiro PEV está localizado na Praça de Alimentação do Conjunto Habitacional D. Pedro I
(Figura 7). Juntamente com a implantação do PEV, em torno destes, foram desenvolvidas
junto às comunidades ações de incremento na participação em educação ambiental com a
realização de atividades orientadas para sensibilização e motivação destas comunidades. Isto
visando a compreensão dos problemas ambientais atuais, situando o debate sobre coleta
seletiva e reciclagem em um amplo contexto que extrapola as ações do poder público
municipal e co-responsabiliza a população para as decisões que contemplem as mudanças
comportamentais no consumo inerentes a redução, reutilização e reciclagem dos resíduos
sólidos.
Figura 7: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) na Praça de Alimentação do Conjunto
Habitacional Dom Pedro I.
93
93
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo faremos a sistematização dos conteúdos produzidos a partir dos
questionários aplicados juntos aos alunos do último ano do Ensino Médio em sete escolas,
sendo quatro escolas da rede pública, no Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas, na
Academia de Oficiais da Polícia Militar do Amazonas e em uma escola particular, todos na
cidade de Manaus, alcançando-se um universo amostral de 566 alunos e 24 professores.
Apesar de se propor em nossa qualificação a aplicação do questionário em apenas
três escolas, sendo uma escola da rede pública, uma da rede privada e junto ao Colégio Militar
da Polícia Militar do Amazonas (conforme item 1.7.2 População e sujeitos), resolvemos
estender a pesquisa à outras escolas sendo, uma de cada zona da cidade (Norte, Sul, Leste e
Oeste), assim como junto à Academia de Oficiais da Polícia Militar do Amazonas, por nesta
última seus alunos serem universitários e terem passado por todo o Ensino Fundamental e
Médio, tanto em Manaus como em outros estados da Federação, o que de certo modo ampliou
nosso universo de pesquisa de forma qualitativa e quantitativa para discussão e apreciação das
respostas.
4.1 Elaboração e aplicação do questionário
Sendo nosso objetivo geral, apresentado nesta pesquisa, o de “Analisar programas de
Educação Ambiental com foco na coleta seletiva de resíduos sólidos, desenvolvidos nas
escolas das redes pública e privada de Ensino Médio na cidade de Manaus”, elaborou-se um
questionário compreendendo duas linhas de pesquisa, onde a primeira buscou aferir junto aos
pesquisados o conhecimento a respeito da Educação Ambiental, enquanto que a segunda linha
de pesquisa teve foco na coleta seletiva, especificando-se esta distinção no questionário pelo
título: Grupo A (Educação Ambiental) e Grupo B (Coleta Seletiva). Foram desenvolvidos
questionários específicos a serem aplicados aos professores e aos alunos. Aos professores
buscamos identificar o conhecimento e a possibilidade de aplicação da educação ambiental e
de coleta seletiva em suas diversas disciplinas, enquanto que junto aos alunos procuramos
verificar o nível de absorção dos conhecimentos referentes à temática, conforme é possível
observar nos apêndices.
Neste mesmo contexto procuramos verificar a metodologia aplicada aos temas com
foco na EA e resíduos sólidos, assim como a respectiva periodicidade, ou seja, procuramos
94
94
observar se as orientações eram desenvolvidas dentro de uma perspectiva interdisciplinar,
transdisciplinar e multidisciplinar, assim como em seus níveis formais e não formais da
educação e, ainda, se os temas eram abordados durante todo o ano ou apenas em algum
momento do período escolar, conforme determina a Lei n 9. 795/99, devidamente abordada
no Capítulo 2.
Apesar de não ser objetivo deste trabalho avaliar nenhuma escola pesquisada nem tão
pouco as pessoas (professores ou alunos), a maioria dos questionários estão devidamente
identificados por nome e instituição de ensino para materializar uma maior credibilidade nas
respostas e na avaliação dos resultados aqui descritos.
Durante a aplicação dos questionários aos alunos, feitos “in loco” pelo pesquisador,
sempre com a presença de um professor da escola, no interior da sala de aula, verificamos o
interesse dos alunos e a curiosidade em relação às perguntas elaboradas, havendo inclusive
conversas paralelas para o preenchimento dos vinte e cinco itens constantes dos referido
questionário. Identificamos também bastante motivação em se querer entender mais sobre a
temática da EA e da coleta de resíduos sólidos.
4.2 Fatores e dificuldades encontrados
Inicialmente houve uma grande dificuldade para se conseguir autorização junto a
Secretaria Estadual de Educação, mesmo após protocolizado o projeto de pesquisa, onde foi
necessária uma entrevista com funcionários de alguns departamentos da Secretaria, a fim de
explicar a aplicação do referido projeto de pesquisa e seus objetivos.
Quanto a aplicação do questionário junto as escolas pesquisadas, a dificuldade foi em
agendar um dia e horário, a fim de não prejudicar as atividades escolares corriqueiras dos
alunos, permitindo a presença do pesquisador durante a pesquisa.
Outra dificuldade foi referente aos questionários dos professores, uma vez que estes
não estavam todos disponíveis no dia da aplicação dos mesmos, e estes tiveram que ficar com
alguém (pedagoga ou diretora) responsável para fazer a distribuição e depois o recolhimento.
Infelizmente, diversos professores das escolas pesquisadas não responderam nem devolveram
o questionário entregue, prejudicando assim o universo amostral da avaliação de tal sujeito.
No que se refere às escolas privadas, observamos bastante entrave em várias escolas
procuradas, com exigências burocráticas das mais diversas (Conselho de Ética, encaminhar
carta para autorização dos pais, reunião com conselhos diversos, autorização dos próprios
alunos para responderem ao questionário, encaminhamento do projeto para a matriz em outro
95
95
estado, outros), o que também prejudicou o universo amostral da referida pesquisa. Contudo,
conforme proposto na qualificação, foi realizada a pesquisa em uma escola privada em
Manaus, concluindo-se assim mais esta etapa do trabalho.
4.3 Análises dos dados
Inicialmente faremos a análise do questionário aplicado aos alunos. Da primeira a
oitava questão as perguntas pertencem ao Grupo A - Educação Ambiental; da nona a vigésima
quinta questão as perguntas pertencem ao Grupo B – Coleta Seletiva. O questionário aplicado
aos professores obedeceu a mesma metodologia onde: da primeira a décima questão as
perguntas pertencem ao Grupa A - Educação Ambiental; da décima primeira a trigésima
questão as perguntas pertencem ao Grupo B – Coleta Seletiva.
Foram entrevistados 24 (vinte e quatro) professores em todas as escolas pesquisadas.
Também foram entrevistados um total de 566 (quinhentos e sessenta e seis) alunos nas
diversas escolas, sendo: 102 (cento e dois) alunos do Colégio Militar da Polícia Militar do
Amazonas, 58 (cinqüenta e oito) alunos da Academia de Oficiais da Polícia Militar do
Amazonas, 78 (setenta e oito) alunos da Escola Estadual Tiradentes (Zona Sul), 111 (cento e
onze) alunos da Escola Estadual Dom Milton (Zona Norte), 81 (oitenta e um) alunos da
Escola Estadual Bernadeth Socorro Trindade (Zona Leste), 66 (sessenta e seis) alunos da
Escola Estadual Maia da Luz (Zona Oeste) e 38 (trinta e oito) alunos da Escola Adventista
Poll Bernard, além de 32 (trinta e dois) questionário não identificados por nome ou escola em
seu cabeçalho.
4.3.1 Análises dos questionários aplicados aos alunos
Conforme definido em nosso objetivo geral, as questões constantes no questionário
aplicado procuram identificar o nível de conhecimento dos pesquisados no tocante a EA e aos
resíduos sólidos, referente às metodologias e métodos de exposição dos conteúdos, tais como:
se as abordagens aos temas são realizadas de forma transdisciplinar, multidisciplinar e
interdisciplinar, em relação a vida real; qual a periodicidade em que a EA é abordada; se
existe algum programa de EA ou de coleta seletiva; se projetos extra-classes motivando
aos alunos a conhecerem e vivenciarem a EA com a vida real; se os alunos consideram a
qualidade de vida associada a consciência ambiental, entre outras.
Assim, da análise dos dados dos questionários aplicados aos alunos, após tabulados
as perguntas feitas e que se apresentam adiante, verificamos o que se segue:
96
96
1. Os seus professores trabalham com os temas transversais em relação à educação ambiental
relacionando suas disciplinas à questão do meio ambiente e sua importância?
Observamos no resultado do gráfico 1 que 70% dos entrevistados reconhecem ter
havido transversalidade das disciplinas em relação à EA e o meio ambiente, enquanto que
30% dos entrevistados afirmam não ter havido. A transversalidade é importante pela
intercomunicação e cooperação entre as várias matérias disciplinares que tratam do mesmo
tema comum quebrando as fronteiras entre os assuntos, evitando-se a fragmentação do saber e
do conhecimento.
70
30
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 1 – Temas transversais em relação à educação ambiental - Questão 1
Fonte: Pesquisa de Campo
2. Os seus professores estabelecem relação entre o conhecimento sistemático e as questões da
vida real com o meio ambiente trabalhando a interdisciplinaridade no seu cotidiano?
Observamos no resultado do gráfico 2 novamente uma divisão entre os entrevistados,
no que 64% dos reconhecem ter havido relação entre o conhecimento sistemático e as
questões da vida real com o meio ambiente trabalhando a interdisciplinaridade no seu
cotidiano, enquanto que 36% dos entrevistados afirmam não ter havido. Na
interdisciplinaridade buscamos a troca de experiências e reciprocidade entre as disciplinas
procurando agregar relações, métodos, experiências e conceitos comuns permitindo, inclusive,
a transferência de métodos de uma disciplina para outra.
97
97
64
36
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 2 – Relação entre o conhecimento sistemático e o meio ambiente - Questão 2
Fonte: Pesquisa de campo
3. Quantas vezes ao ano os projetos relacionados com o meio ambiente são desenvolvidos na
sua escola?
Dado que 75% dos entrevistados relatam haver apenas uma vez por ano atividades
com projetos relacionados ao meio ambiente nas escolas, verificamos a baixa periodicidade
do tema como metodologia de trabalho e ensino, o que dificulta na formação consciente de
um cidadão com cultura e educação ambiental para sua vida pessoal e coletiva, conforme está
preconizado na Lei Federal 9. 795, definido como princípios básicos da EA a garantia da
continuidade e da permanência do processo educativo com uma avaliação critica sob o
enfoque da sustentabilidade. Esta pouca iniciativa reflete as respostas das duas perguntas
anteriores, onde metade dos entrevistados reconhecem a transversalidade e sistematização do
conhecimento das diversas disciplinas com o meio ambiente e metade dos entrevistados não
reconhecem.
75
15
10
0
10
20
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100
UMA VEZ POR ANO UMA VEZ POR
SEMESTRE
DURANTE TODO O
ANO
RESPOSTAS
Gráfico 3 – Projetos relacionados ao meio ambiente desenvolvidos na escola Questão 3
Fonte: Pesquisa de Campo
98
98
4. programas de educação ambiental voltados para a coleta seletiva de resíduos sólidos na
sua escola?
O resultado acima do gráfico 4 espelha a falta de uma cultura educacional por parte
dos gestores das escolas e do governo em gerenciarem metodologias e práticas focadas com o
meio ambiente e a educação ambiental, assim como com a coleta seletiva de resíduos. Ou
seja, enquanto o governo e as escolas não despertaram para o tema da EA e a coleta seletiva,
dificulta para que os alunos que estão em período de formação possam sentir-se motivados a
identificarem, conhecerem, assimilarem e respeitarem o desconhecido e a complexidade que
envolve cidadania, coletividade e meio ambiente. Segundo o Manual Integrado de Resíduos
Sólidos é necessário a sensibilização dos prefeitos para a importância do tema sem o qual não
é possível entender a complexidade do tema envolvendo em sinergia todas as ferramentas
possíveis disponíveis nos estados.
20
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0
10
20
30
40
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70
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90
100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 4 - Programas de E.A. voltados para a coleta seletiva na escola - Questão 4
Fonte: Pesquisa de campo
5. Os professores utilizam meios para despertar/ estimular a consciência ambiental nos seus
alunos?
Apesar do resultado demonstrar que 59% dos entrevistados reconhecerem haver
estímulos para se despertar a consciência ambiental, é importante salientar que atualmente,
em razão da pressão dos veículos de comunicação em relação a depredação do meio ambiente,
é notório que as pessoas estejam mais envolvidas com o assunto mesmo que não estejam
praticando ações preventivas, educativas ou mesmo de mudança pessoal e comportamental,
permitindo e facilitando a existência de debates envolvendo as pessoas e o que está ocorrendo
com o mundo que nos rodeia em relação ao meio ambiente e ao futuro do planeta, da
economia e das civilizações.
99
99
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59
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 5 – Utilização de meios para despertar consciência ambiental nos alunos - Questão 5
Fonte: Pesquisa de campo
6. O (a) senhor (a) considera ter uma consciência ambiental associada a qualidade de vida?
O resultado de 91% positivo e 9% negativo mostra-se animador em razão de que os
entrevistados afirmam de forma destacadamente favorável a importância da consciência
ambiental em relação a qualidade de vida, ou seja, os pesquisados afirmam que se
devidamente orientados e estimulados motivação e pré-disposição para se aprender,
entender e respeitar o meio ambiente sobre a importância do tema para a vida e a economia
das gerações presentes e futuras. Conforme Leff (2002) os problemas ambientais que
prejudicam o nível da qualidade de vida são inerentes a falta de conhecimento das pessoas
sobre o assunto referentes a complexidade ambiental, suas causas e conseqüências atuais e
futuras.
91
9
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 6 – Consciência ambiental associada a qualidade de vida - Questão 6
Fonte: Pesquisa de campo
100
100
7. O (a) senhor (a) conhece a Lei Federal nº 9795 de 27/04/1999?
Em face da importância da referida legislação, verifica-se a falta de cultura do
governo brasileiro e das pessoas em conhecer, divulgar, fiscalizar e cobrar a existência,
eficiência, eficácia e efetividade das legislações em vigor. Esta reflexão pode atestar também
o não comprometimento dos gestores de escolas e do próprio governo com os seus próprios
objetivos e metas, bem como em efetivamente proporcionar melhoria da qualidade de vida
para as suas comunidades. Conforme o artigo 225 da Constituição Federal do Brasil de 1988 é
dever do poder público e da coletividade defender e preservar o meio ambiente equilibrado
para as sociedades presentes e futuras.
9
91
0
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 7 – Conhece a Lei Federal nº 9795 de 27/04/1999 - Questão 7
Fonte: Pesquisa de campo
8. desenvolvimento de projetos ambientais dentro da escola com emprego de atividades
extra-classes com os alunos voltados para o meio ambiente?
O resultado de 22% positivo e 78% negativo reforça as respostas acima onde ficou
claro que não há cultura de desenvolvimento por parte dos gestores educacionais e do governo
em desenvolverem de forma corriqueira e continuada projetos, programas e metodologias
enfocando o meio ambiente e a EA. A cultura metodológica escolar contemporânea da
chamada “educação bancária” na visão de Freire (1996), dificulta a produção e assimilação do
novo conhecimento assim como em estarmos disponíveis ao conhecimento ainda não
existente.
101
101
22
78
0
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico – 8 - Desenvolvimento de projetos ambientais dentro da escola - Questão 8
Fonte: Pesquisa de campo
9. Há orientação sobre os resíduos sólidos na escola?
Da mesma forma que o quesito anterior o resultado expresso de 25% positivo e 75%
negativo demonstram que não cultura para o desenvolvimento de atividades educacionais
com foco na coleta seletiva de resíduos sólidos nas escolas. Conforme Figueiredo (1994) apud
Mészáros (1989) é necessário que a sociedade dos descartáveis encontre um equilíbrio entre a
produção e o consumo dos bens descartáveis e duráveis, evitando-se o despejo desnecessário
e antecipado assim como o depósito e neutralização em lixeiras inadequadas.
25
75
0
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20
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 9 – Orientação sobre os resíduos sólidos na escola - Questão 9
Fonte: Pesquisa de campo
102
102
10. Há programas de coleta seletiva dentro da escola?
O que se pode observar no resultado de 19% positivo e 81% negativo é que além da
falta de programas para orientarem e motivarem uma cultura com foco na coleta seletiva, falta
também ações que estimulem a prática destas ações por parte das pessoas, principalmente no
meio escolar que é a base da formação dos cidadãos. Sabemos que a implantação e
manutenção de programas de coleta seletiva exigem de seus responsáveis diversas iniciativas
em face de algumas necessidades como a comercialização, a estocagem, o armazenamento, o
pessoal qualificado, equipamentos etc. Contudo, algumas ações mais simples e educativas
podem ser operacionalizadas com continuidade como palestras, competições, trabalhos de
campo, feiras, gincanas e outras.
19
81
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10
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 10 - Programas de coleta seletiva dentro da escola - Questão 10
Fonte: Pesquisa de campo
11. Há subsídios teóricos e práticos para o educador trabalhar a questão da gestão dos
resíduos sólidos de forma interdisciplinar na escola com distribuição de material didático
referente a educação ambiental e a coleta seletiva?
A falta de programas e projetos com foco na EA e a coleta seletiva refletem a
resposta acima do gráfico de 11% positivo e 89% negativo, uma vez que mesmo havendo os
subsídios e materiais a serem distribuídos por parte de algumas secretarias dos governos, estes
não são do conhecimento das pessoas ou dos professores por não haver uma devida parceria e
sinergia nas ações, restringindo-se apenas para poucas e isoladas iniciativas de algumas
pessoas individualmente.
103
103
11
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10
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 11 - Subsídios teóricos e práticos para gestão dos resíduos sólidos - Questão 11
Fonte: Pesquisa de campo
12. Há disponibilização de contêineres para a coleta seletiva de lixo na escola?
Observando o resultado do gráfico 12 em 28% positivo e 72% negativo, verificamos
que a falta de uma cultura nas unidades escolares focada para a educação ambiental e para a
coleta seletiva dos resíduos sólidos fica bem refletida na ausência dos recipientes apropriados
para o descarte seletivos do lixo produzido nas escolas, o que espelha a pouco motivação e
desenvolvimento de atividades extra classes para desenvolverem nos alunos a consciência
ambiental e o reflexo natural em se exercitar uma coleta seletiva. Sabemos que a coleta
seletiva é parte fundamental no processo de reciclagem para os resíduos serem devidamente
reaproveitadas principalmente sem perder ou diminuir o seu valor comercial ao serem
misturados, havendo a “contaminação” dos resíduos.
28
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 12 - Disponibilização de contêineres para a coleta seletiva na escola - Questão 12
Fonte: Pesquisa de campo
104
104
13. Esses contêineres são efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários?
A resposta de 17% positivo e 83% negativo serve para certificar o resultado do
questionamento acima onde, além de não haver recipientes apropriados para motivarem e
exercitarem a coleta seletiva, quando existem não a devida orientação e estímulo para que
estes possam serem usados. Sabemos que o exercício da coleta seletiva deve ser desenvolvido
em torno de uma ótica dentro de um processo educacional, social, cultural, histórico, de
inclusão social e de cidadania entre as pessoas.
17
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 13 - Contêineres efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários - Questão 13
Fonte: Pesquisa de campo
14. Há programas de visitas, seminários, workshops, envolvendo alunos da escola como
outras escolas ou projetos de educação ambiental e/ou coleta seletiva?
Observamos que ao longo das respostas do quesito 14, sendo 22% positivo e 78%
negativo, que não o desenvolvimento de programas ou projetos com foco na EA ou na
coleta seletiva de resíduos, que sejam operacionalizados sob a ótica de uma atividade inserida
no contexto da escola para a formação dos alunos em relação ao tema. Assim, a ausência
destas atividades acima citadas na pergunta reforça a veracidade das respostas dos
pesquisados em relação ao desenvolvimento do tema.
22
78
0
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 14 – Programas de visitas, seminários, workshops - Questão14
Fonte: Pesquisa de campo
105
105
15. O (a) senhor (a) sabe das vantagens socioeconômicas para o meio ambiente e para as
comunidades em se operacionalizar uma coleta seletiva?
Aqui verificamos conforme o resultado do gráfico 15, de 62% positivo e 38%
negativo, haver uma boa oportunidade para os gestores das escolas e para os governantes em
intensificarem e motivarem projetos e programas focados na EA e na coleta seletiva dos
resíduos sólidos, uma vez que já existe uma boa aceitação conceitual e social dos pesquisados
em relação ao conhecimento da importância do tema para a vida do planeta e das pessoas,
como indivíduos e comunidade. Entre as principais vantagens destacamos: o prolongamento
dos aterros sanitários, a diminuição do desperdício e dos depósitos de lixo clandestino, a
geração de emprego e renda, a comercialização dos recicláveis minimizando o uso de mataria
prima virgem extraída na natureza de forma predatória, exploratória e sem sustentabilidade.
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 15 – Conhece as vantagens socioeconômicas com a coleta seletiva - Questão 15
Fonte: Pesquisa de campo
16. O (a) senhor (a) concorda que tem responsabilidade social e ambiental como cidadão, com
o meio ambiente e a coleta seletiva?
Da mesma forma, nos 91% positivo e 9% negativo do gráfico 16, observamos uma
importante aceitação e reconhecimento dos pesquisados em estarem dispostos favoravelmente
para conhecerem e se responsabilizarem, de forma solidaria e voluntaria, com temas voltados
para a defesa do meio ambiente e com a coleta seletiva. Segundo Figueiredo (1994) a
problemática do lixo deve ser analisada na raiz do problema verificando estilos de
desenvolvimento, formas de consumo, uso de tecnologias modernas e focadas em não poluir,
o crescimento populacional, a limitação da matéria prima, a preservação do meio ambiente e a
sustentabilidade econômica.
106
106
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 16 - Responsabilidade social e ambiental como cidadão - Questão 16
Fonte: Pesquisa de campo
17. O (a) senhor (a) conhece os dias e horários de passagens do carro coletor de resíduos
seletivos em seu bairro e os postos de coleta seletiva em Manaus?
Nesta questão conforme o resultado observado do gráfico 17, de 56% positivo e 44%
negativo, verificamos que uma demanda reprimida em relação às pessoas e a oportunidade
de melhor participar do processo de coleta seletiva em relação à disponibilização dos lixos
para o carro coletor, por falta de conhecimento dos dias e horários da passagem do carro
coletor para coleta seletiva nos bairros, principalmente, uma vez que os pesquisados
concordam em ter responsabilidade social e ambiental como cidadãos em relação ao meio
ambiente e a coleta seletiva, conforme verificamos nas respostas acima.
56
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0
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 17 - Conhece os dias e horários do carro coletor de resíduos seletivos Questão 17
Fonte: Pesquisa de campo
107
107
18. O (a) senhor (a) conhece e concorda com a filosofia dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e
reciclar)?
Como 81% dos pesquisados afirmam terem conhecimento da filosofia, dado as
diversas interferências da mídia e em razão de algumas orientações sazonais dentro da própria
escola (segundo entrevista individual verbal feita por este pesquisador com alguns alunos, por
telefone ou mesmo na própria sala da aula no momento da aplicação do questionário), assim
como os pesquisados concordam em ter responsabilidade social e ambiental como cidadãos,
podemos concluir que há realmente uma boa disposição e voluntariedade dos pesquisados em
melhorarem seus comportamentos em defesa do meio ambiente e em aprenderem mais sobre
EA e coleta seletiva de resíduos.
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 18 - Conhece e concorda com a filosofia dos 3 Rs - Questão 18
Fonte: Pesquisa de campo
19. O (a) senhor (a) concorda em reduzir o seu comportamento de consumo e produção de
lixo em defesa do meio ambiente?
Segundo os dados do gráfico 19, em 92% positivo e 8% negativo, verificamos haver
uma excelente voluntariedade e consciência dos pesquisados em colaborarem com o meio
ambiente e em aprenderem mais sobre EA e sobre a coleta seletiva de resíduos em defesa do
meio ambiente para melhoria da qualidade de vida atual e futura das nossas gerações.
Precisamos saber conviver com uma natureza complexa, coletiva, sistemática e que necessita
se reciclar harmoniosamente, para então podermos estar dispostos a quebrar nossos
paradigmas atuais em relação ao modo de produção e consumo exploratório dos meios de
produção disponíveis na natureza.
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108
92
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 19 - Concorda em reduzir o seu comportamento de consumo e produção - Questão 19
Fonte: Pesquisa de campo
20. O (a) senhor (a) concorda que vivemos em uma economia voltada para o constante
estímulo ao consumo, principalmente de materiais descartáveis?
O resultado em 83% positivo e 17% negativo demonstra a existência de uma
consciência atual, realista e critica dos pesquisados em relação às causas e conseqüências dos
problemas ambientais que estamos vivenciando no mundo moderno. Na obra A Questão
Ambiental” (2005) o problema é apontado por vivermos em um modelo de sociedade
fragmentada, individualista, consumista e exploratória da natureza em beneficio da tecnologia
e do crescimento econômico sem a devida sustentabilidade.
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 20 - Vivemos em uma economia voltada o consumo - Questão 20
Fonte: Pesquisa de campo
109
109
21. O (a) senhor (a) utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos?
Segundo o resultado de 49% positivo e 51% negativo, podemos identificar a falta de
cultura em consumir produtos reciclados sem levarmos em consideração aos motivos.
Contudo, o importante a se analisar neste questionamento é que, apesar dos pesquisados terem
consciência critica e realista dos problemas ambientais que estão prejudicando nosso planeta,
é importante relatar a falta de cultura na formação pessoal e escolar para motivar e estimular a
racionalização, o desperdício e redução do consumismo, o que se faz com que não se tenha
também hábitos em utilizar produtos reciclados. Isto pode ser bem verificado inclusive nas
repartições públicas assim como na própria escola que não tem a prática corriqueira em fazer
uso de materiais de consumo e de expediente oriundos de produtos reciclados, ou seja, o
próprio governo não faz o dever de casa muito menos estimula que a iniciativa privada o faça.
49
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10
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 21 - Utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos - Questão 21
Fonte: Pesquisa de campo
22. O (a) senhor (a) separa de forma corriqueira e adequadamente seu lixo para ajudar na
coleta seletiva?
Por não haver cultura na formação escolar (...), por não se conhecer os horários e dias
de passagem do carro coletor da coleta seletiva (...), por não se haver estímulos dos governos
para se praticar a coleta seletiva (...), infelizmente, apesar de haver intenção em se ter
consciência socioambiental por parte dos pesquisados, falta cultura para se efetivarem ações
diárias e corriqueiras no comportamento individual e coletivo para a coleta seletiva.
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110
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0
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 22 - Separa de forma corriqueira e adequadamente seu lixo -Questão 22
Fonte: Pesquisa de campo
23. O (a) senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável
para geração de emprego e renda nas cidades?
A resposta favorável dos pesquisados em 90% positivo e 10% negativo refletem a
boa intenção e oportunidade dos governos e iniciativas privadas em estimularem as pessoas a
colaborarem e tornarem-se mais eficazes, efetivos e eficientes na prática da coleta seletiva,
colaborando como cidadãos com co-responsabilidade sócio ambiental, individual e coletiva,
de forma sustentável e viável economicamente para a cidade e o meio ambiente.
90
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SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 23 - Acredita na coleta seletiva como alternativa sustentável para geração de emprego
e renda - Questão 23
Fonte: Pesquisa de campo
111
111
24. O (a) senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável
para minimizar os efeitos danosos do descartes de lixo na natureza, produzidos nas cidades?
Nos dados tabulados de 92% positivo e 8% negativo verificamos mais uma vez a boa
intenção e consciência dos pesquisados em relação a temática da EA e dos resíduos sólidos
para a real defesa do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida do planeta e das gerações
presentes e futuras. Segundo o IBGE o Brasil produz diariamente 125. 181 toneladas de lixo,
onde 68% deste são jogados pelas grandes cidades em lixões ou alagados. Ainda segundo o
referido Instituto, dos 5.507 municípios brasileiros somente 451 possuem programas de coleta
seletiva instalados e funcionando.
92
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 24 - Acredita na coleta seletiva como alternativa sustentável para minimizar os efeitos
danosos do lixo na natureza - Questão 24
Fonte: Pesquisa de campo
25. O (a) senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável
para melhoria da qualidade de vida e preservação dos recursos naturais do planeta?
Novamente, com base nas respostas acima de 97% positivo e 3% negativo,
observamos a veracidade nas intenções das respostas e consciência dos pesquisados em
relação a temática da EA e dos resíduos sólidos, por estarem voluntariamente dispostos em
defesa do meio ambiente e da melhoria da qualidade de vida do planeta e das gerações
presentes e futuras. É importante salientar o período de degradação de alguns tipos de
resíduos quando jogados indevidamente na natureza, sendo: cinco anos para os chicletes; 200
a 400 anos para os sacos e copos plásticos; 100 a 500 anos para tampas de garrafas, pilhas e
latas de alumínio; além de garrafas de vidro ou plásticos que não possuem tempo estimado
para sua assimilação na natureza.
112
112
97
3
0
10
20
30
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100
SIM NÃO
RESPOSTAS
Gráfico 25 Acredita na coleta seletiva como alternativa sustentável para melhoria da
qualidade de vida e preservação dos recursos naturais - Questão 25
Fonte: Pesquisa de campo
4.3.2 Análises dos dados aplicados aos professores
Conforme definido em nosso objetivo geral, as questões constantes questionário
aplicado, procuram identificar o nível de conhecimento dos pesquisados no tocante a EA e aos
resíduos sólidos, referente ao conhecimento e emprego das metodologias e métodos de
exposição e apresentação dos conteúdos, ou seja: se as abordagens aos temas são realizadas de
forma transdisciplinar, multidisciplinar e interdisciplinar, em relação a vida real; qual a
periodicidade em que a EA é abordada; se existe algum programa de EA ou de coleta seletiva;
se projetos extra-classes motivando aos alunos a conhecerem e vivenciarem a EA com a
vida real; se os professores consideram a qualidade de vida associada a consciência ambiental,
entre outras.
Da análise dos dados dos questionários aplicados aos professores, após tabulados,
verificamos que:
1. O (a) senhor (a) trabalha com os tema transversais em relação a educação ambiental
relacionando em sua disciplina a questão do meio ambiente e sua importância?
Verificamos neste percentual de respostas sendo 96% positivo e 4% negativo uma
real integração dos conhecimentos dos professores com a forma e a metodologia de como
desenvolver aos assuntos relacionados com a EA e o meio ambiente. Conforme Carvalho
113
113
(2001) essa prática contribui para a compreensão das relações sociedade e natureza, assim
como na invenção do chamado sujeito ecológico
96
4
0
10
20
30
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90
100
SIM NÃO
Respostas
% de entrevistados
Gráfico 26 – Trabalha com os tema transversais em relação a educação ambiental - Questão 1
Fonte: Pesquisa de campo
2. O (a) senhor (a) estabelece alguma relação entre o conhecimento sistemático e as questões
da vida real trabalhando a interdisciplinaridade inserida no cotidiano das aulas e dos alunos?
Mais uma vez conforme o resultado de 100% positivo verificamos uma intenção e
contextualização das disciplinas com a vida real dos alunos em comunidade, materializando
uma melhor interpretação dos conteúdos e formação de uma consciência crítica e realista
sobre os diversos temas abordados nas disciplinas. Conforme Reigota (1998) por meio da
educação ambiental nas escolas é possível a quebra de paradigmas culturais e educacionais,
fomentando uma real e efetiva mudança comportamental nas pessoas, inclusive em seus
padrões de comportamento e consumo através do estimulo a revisão dos valores e hábitos
pessoais e coletivos na sociedade.
100
0
0
10
20
30
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SIM NÃO
Respostas
% de entrevistados
Gráfico 27 - Relação entre o conhecimento sistemático e as questões da vida real - Questão 2
Fonte: Pesquisa de campo
114
114
3. Quantas vezes ao ano desenvolvem esses programas com seus alunos:
Em razão da baixa expressão dos percentuais de respostas observamos estar fraca a
cultura na rotina dos professores em serem mais práticos e dinâmicos em exercícios, ainda
dentro de uma metodologia engessada na sala de aula, ou como afirma Paulo Freire (1994),
uma educação bancária. De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil
através da Lei Federal 9. 795/99, esta definido como princípios básicos da EA a garantia da
continuidade e permanência do processo educativo, com permanente avaliação crítica, sob o
enfoque da sustentabilidade.
21
33
46
0
10
20
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100
UMA VEZ POR ANO UMA VEZ POR
SEMESTRE
DURANTE TODO O
ANO
Respostas
% de entrevistados
Gráfico 28 - Desenvolvem esses programas - Questão 3
Fonte: Pesquisa de campo
4. Os programas de Educação Ambiental são desenvolvidos conforme a Política Nacional de
Educação Ambiental:
Apesar de haver uma grande representatividade das respostas em afirmar que são
desenvolvidos programas de forma interdisciplinar, causa-nos dúvidas na realidade desta
aplicabilidade, uma vez que analisando a resposta do quesito acima, a periodicidade da
aplicação dos programas desenvolvidos pelos professore, 54% dos pesquisados desenvolvem
apenas uma vez por semestre ou por ano, apenas. Um fator importante a se destacar está na
ausência de programas transdisciplinar e multidisciplinar, bem como na continuidade e
permanência do processo educativo (art 4, III e IV da Lei 9.975/99).
115
115
4
63
17 17
0
10
20
30
40
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70
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100
TRANSDISCIPLINAR INTERDISCIPLINAR M ULTIDISCIPLINAR O SÃO
DESENVOLVIDOS
Respostas
% de entrevistados
Gráfico 29 – Programas de Educação Ambiental são desenvolvidos - Questão 4
Fonte: Pesquisa de campo
5. programas de educação ambiental e desenvolvimento de projetos ambientais na sua
escola?
Conforme o resultado acima de 54% positivo, mesmo com baixa periodicidade e
efetividade da aplicação dos programas de EA nas escolas, conforme verificado nas respostas
da questão de número 03, ainda assim, como agravante, verificamos que 46% dos
entrevistados afirmam não haver sequer programas de EA ou projetos ambientais
desenvolvidos nas escolas. É importante salientar que a EA deve ser um processo de
aprendizagem permanente para haver uma real sustentabilidade nas ações pessoais e coletivas,
e que possa estimular a formação de uma sociedade mais justa socialmente e ecologicamente
equilibrada.
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% de entrevistados
Gráfico 30- Programas de E.A. e desenvolvimento de projetos ambientais - Questão 5
Fonte: Pesquisa de campo
116
116
6. Os programas para coleta seletiva de resíduos sólidos são desenvolvidos conforme a Lei
Federal 9.795 de 27/04/1999:
Podemos observar neste gráfico 31, total desrespeito a aplicabilidade de uma Lei que
tem a maior importância na melhoria da qualidade de vida das pessoas e como o meio
ambiente. Aqui não nos interessa buscar saber o motivo dos descasos dos autores (governo,
gestores escolares, professore, alunos, pais, comunidades, políticos, etc), mais sim interpretar
que mais uma vez as Leis no nosso país são criadas apenas para ficarem no papel sem haver
uma real, efetiva e eficaz aplicabilidade em benefício da sociedade, sem a devida fiscalização,
controle, avaliação e correção das atitudes equivocadas no emprego das ações para aplicação
da legislação, ou ainda, muito menos, são criados e viabilizados os mecanismos e ferramentas
necessárias para que possa haver a devida eficácia, eficiência e efetividade nas ações
propostas e necessárias.
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TRANSDISCIPLINAR INTERDISCIPLINAR M ULTIDISCIPLINAR O SÃO
DESENVOLVIDOS
Respostas
% de entrevistados
Gráfico 31 - Programas de coleta seletiva conforme a Lei Federal 9.795 - Questão 6
Fonte: Pesquisa de campo
7. Há programas de treinamento e atualização anual em relação ao meio ambiente e as
diversas disciplinas escolares com foco na interdisciplinaridade e transdisciplinaridade?
Sendo o resultado representado em 4% positivo e 96% negativo, ou seja, se não
treinamento e atualização do treinamento, como pode um professor educar o que não tem o
devido conhecimento e equipamento para emprego. Conforme os objetivos fundamentais da
EA (Lei 9.795/99), o entendimento do meio ambiente em suas múltiplas e complexas
relações, devem ser desenvolvidos através da compreensão integrada do todo envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais
e éticos.
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SIM NÃO
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% de entrevistados
Gráfico 32 - Programas de treinamento anual em relação ao meio ambiente - Questão 7
Fonte: Pesquisa de campo
8. Como educador utiliza meios para despertar/ estimular a consciência ambiental em seus
alunos?
Verificamos segundo os resultados de 92% positivo e 8% negativo haver boa
intenção dos professores com responsabilidade social e moral em bem orientar e educar seus
alunos na formação de cidadão mais conscientes para o mundo que os cerca. Esta postura está
em acordo com a garantia da democratização das informações ambientais com o estímulo ao
fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, através da
participação individual e coletiva, permanente e responsável na preservação e equilíbrio do
meio ambiente, deve estar presente no dia a dia dos processos educacionais conforme
determina o artigo 5 da lei 9,795/99.
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SIM NÃO
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% de entrevistados
Gráfico 33- Utiliza meios para despertar/ estimular a consciência ambiental - Questão 8
Fonte: Pesquisa de campo
118
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9. O (a) senhor (a) considera ter uma consciência ambiental associada a qualidade de vida?
Notamos segundo os dados de 92% positivo e 8% negativo, que a consciência
individual com o tema esta devidamente absorvida, o que representa uma excelente
oportunidade de ser externado em forma de conhecimento aos seus educandos, através da
construção de valores sociais, habilidades e atitudes voltadas para a preservação do meio
ambiente como bem de uso comum da comunidade, indispensável uma qualidade de vida
sadia e sustentável.
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SIM NÃO
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% de entrevistados
Gráfico 34 - Considera consciência ambiental associada a qualidade de vida - Questão 9
Fonte: Pesquisa de campo
10. Há atividades extra-classes com os alunos voltados para o meio ambiente?
Os dados afirmam que 54% e 46% responderam positiva e negativamente,
respectivamente, contudo, de acordo com entrevista verbal junto a alguns dos professores,
estas atividades são geralmente desenvolvidas na semana no meio ambiente, somente. Mesmo
assim, observamos haver pouca iniciativa na realização destas atividades para massificar o
conhecimento com a praticidade e vivencia na realidade dos fatos nas comunidades em que
estão inseridos. É importante destacarmos que está inerente aos princípios básicos da EA (art
4 da lei 9.795/99) o enfoque democrático e participativo, a vinculação entre a ética, a
educação, o trabalho e as práticas sociais, além do reconhecimento e respeito à pluralidade e a
diversidade individual e cultural.
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SIM NÃO
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% de entrevistados
Gráfico 35 - Atividades extra-classes com os alunos para o meio ambiente - Questão 10
Fonte: Pesquisa de campo
11. Há orientação sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos dentro da escola?
Segundo o resultado de 17% positivo e 83% negativo, esta é uma afirmativa que
consideramos ser lamentável, principalmente por que mesmos os professores pouco tem
informações a respeito do tema. O mais desconfortante é a falta de ações por parte dos
governos em unirem esforços das diversas secretarias para trabalharem em sintonia, sinergia e
integração em suas atividades distintas e específicas, como no caso das Secretarias de
Educação e as Secretarias de Meio Ambiente, entre outras. Verificamos aqui a falta de cultura
nas ações educativas específicas ao tema gerenciamento dos resíduos, contudo, através de
diálogos com os pesquisados, observamos também que não debates acerca das causas para
a produção e crescimento dos resíduos na sociedade contemporânea em face do capitalismo
avançado com foco no imediatismo e na produção cada vez maior de bens duráveis e com
vida útil reduzida, além do consumo dos descartáveis (Mészáros, 1989).
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% de entrevistados
Gráfico 36 - Orientação sobre gerenciamento dos resíduos sólidos na escola - Questão 11
Fonte: Pesquisa de campo
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12. Há programas de coleta seletiva dentro da escola?
Conforme o resultado de 21% positivo e 79% negativo apresentado no resultado do
gráfico 37, ou seja, se a escola e o governo na fazem o dever de casa devidamente; se não
na formação dos estudantes o devido estímulo e motivação; se não se a oportunidade de
saber, desenvolver e exercitar um conhecimento, como que os alunos vão adquirir uma
postura ou comportamento proativo e modificado em relação ao meio ambiente? Por outro
lado, deve ser o espaço ideal para discussões de temas urgentes e atuais na formação dos
cidadãos (Reigota, 1998).
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SIM NÃO
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% de entrevistados
Gráfico 37 - Programas de coleta seletiva dentro da escola - Questão 12
Fonte: Pesquisa de campo
13. Há subsídios teóricos e práticos para o educador trabalhar a questão da gestão dos
resíduos sólidos de forma interdisciplinar na escola, com distribuição de material didático
para educadores, alunos e demais funcionários da escola referente a educação ambiental e a
coleta seletiva?
Da mesma forma que na análise anterior, com 4% das respostas positivas e 96%
negativas, verificamos a falta de cultura e determinação dos gestores, professores, governos
em viabilizarem as ferramentas necessárias para o desenvolvimento das ações necessárias,
uma vez que existem materiais disponíveis para serem empregados dentro do próprio
governo, faltando apenas a devida alocação e parceria para sua efetivação. Devemos encarar e
considerar o assunto como um desafio, uma motivação para experimentar novas formas de
pensar, agir, produzir e respeitar o meio ambiente para entendermos a complexidade e
problemática ambiental (Leff, 2002)
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% de entrevistados
Gráfico 38 - Subsídios teóricos e práticos para trabalhar os resíduos sólidos - Questão 13
Fonte: Pesquisa de campo
14. Há disponibilização de contêineres para a coleta seletiva de lixo na escola?
Mais uma vez conforme a resposta do gráfico 39, em 4% positivo e 96% negativo,
observamos haver falta de comunicação, integração, parceria e disposição dos responsáveis ou
individual em procurarem, instruírem, motivarem e permitirem a disposição e utilização dos
recursos necessários. A coleta seletiva precisa ser encarada como um efetivo processo
educacional, social e ambiental baseado e estimulado no reconhecimento e na separação desde
a sua origem em relação aos materiais recicláveis.
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% de entrevistados
Gráfico 39 - Contêineres para a coleta seletiva de lixo na escola - Questão 14
Fonte: Pesquisa de campo
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15. Esses contêineres são efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários?
Conforme o resultado do gráfico 40, em 4% positivo e 96% negativo, tão agravante
como não haver os devidos recipientes para viabilizarem a efetiva coleta seletiva dos resíduos,
é existirem os recipientes para os depósitos de forma seletiva, contudo não haver a orientação
e motivação para o real uso de forma individual e espontânea. É necessário que os recicláveis
sejam efetivamente separados para minimizar sua “contaminação” o otimizar o seu
reaproveitamento econômico, ou seja, o seu beneficiamento e encaminhamento a empresas
recicladoras que as transformarão em novos materiais com valor comercial
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% de entrevistados
Gráfico 40- Contêineres efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários - Questão 15
Fonte: Pesquisa de campo
16. treinamento para funcionários (limpeza, secretaria, cantina, administração, professores
e alunos) com a finalidade de motivar e esclarecer dúvidas a respeito dos processos e
vantagens da coleta seletiva?
Sendo o resultado do gráfico 41, 100% negativo, como na análise da questão
anterior, essa realidade demonstra o total descaso e falta de responsabilidade social e moral
com o tema, uma vez que representa o desperdício da oportunidade de mudar e fazer mudar. É
fundamental além do treinamento, haver a conscientização das pessoas a respeito da
importância destes programas de reciclagem para a preservação do meio ambiente, ou seja,
diminuindo a quantidade de material jogado a céu aberto, na redução dos custos de produção
e na minimização do uso de mataria prima virgem. É fundamental a contribuição das pessoas
na participação deste processo de coleta seletiva para o sucesso dos programas de reciclagem
e para a melhoria da qualidade de vida no planeta.
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% de entrevistados
Gráfico 41- Treinamento para funcionários a respeito dos processos e vantagens da coleta
seletiva - Questão 16
Fonte: Pesquisa de campo
17. programas de visitas, seminários, workshops, envolvendo professores da escola como
outras escolas ou projetos de educação ambiental e/ou coleta seletiva?
De acordo com a resposta do gráfico 42, em 4% positivo e 96% negativo,
verificamos uma real falta de interesse e responsabilidade ou conformismo com o que está
acontecendo na rotina das pessoas, ou seja, quebrar paradigmas ou mudar procedimentos é
desgastante, sendo mais confortável se deixar como está ou seja: “eu não sou responsável por
isso sozinho e sozinho não posso mudar o mundo”. Conforme o artigo 5 da Lei Federal 9,795,
é necessário o fomento de práticas que estimulem o desenvolvimento da compreensão das
múltiplas e complexas relações que envolvem o meio ambiente com os seus aspectos
ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, científicos, culturais e éticos.
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% de entrevistados
Gráfico 42 - Programas de visitas, seminários, workshops - Questão 17
Fonte: Pesquisa de campo
124
124
18. O (a) senhor (a) sabe das vantagens sócio-econômicas para o meio ambiente e para as
comunidades em se operacionalizar uma coleta seletiva?
Verificamos no resultado do gráfico 43, de 71% positivo e 29% negativo, que os
professores tem conhecimento das vantagens sócio econômicas, individuais e coletivas,
contudo, em razão das respostas aqui desenvolvidas, observamos haver pouca iniciativa para
o desenvolvimento de posturas que viabilizem uma mudança comportamental a ser inserida e
motivada nos alunos. As principais vantagens deste processo são o prolongamento da vida útil
dos aterros sanitários, a redução do desperdício e da exploração desnecessária dos meios de
produção na natureza, a diminuição do despelo de lixo em lugares clandestinos e a geração de
emprego e renda com a comercialização dos materiais recicláveis.
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% de entrevistados
Gráfico 43 - Vantagens ao meio ambiente e comunidades com a coleta seletiva - Questão 18
Fonte: Pesquisa de campo
19. O (a) senhor (a) concorda que tem responsabilidade social e ambiental como cidadão, com
o meio ambiente e a coleta seletiva?
Verificamos nos dados acima de 79% positivo e 21% negativo que esta afirmativa
pode refletir uma oportunidade para que seja desenvolvido nos professores métodos e
procedimento de motivação e estímulos para que estes possam realmente procederem como
agentes formadores de opiniões e multiplicadores de conhecimento da EA e coleta seletiva. O
respeito ao meio ambiente e a biodiversidade local para a melhoria da qualidade de vida pode
ser lapidado através da educação a fim de se forjar uma real mudança comportamental nas
comunidades (SORENTINO, 2002).
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% de entrevistados
Gráfico 44 - Responsabilidade social com o meio ambiente e coleta seletiva - Questão 19
Fonte: Pesquisa de campo
20. O (a) senhor (a) conhece os dias e horários de passagens do carro coletor de resíduos
seletivos em seu bairro?
De acordo com o resultado de 50% positivo e negativo, notamos aqui a falta de
informação oriunda da ausência de divulgação por parte dos governos. De acordo com a
SEMULSP, atualmente existem em Manaus mais de 150 pontos de coleta atendidos porta a
porta pelo caminhão de coleta seletiva semanalmente, além de dois pontos de entrega
voluntária de recicláveis sendo, um no bairro de Dom Pedro (na praça de alimentação) e outro
no Bairro Adrianópolis (junto ao fórum Enock Reis).
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% de entrevistados
Gráfico 45 - Conhece os dias e horários de passagens do carro coletor no bairro - Questão 20
Fonte: Pesquisa de campo
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21. O (a) senhor (a) conhece e concorda com a filosofia dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e
reciclar)?
Verificamos no resultado de 92% positivo e 8% negativo que a consciência
ambiental nas pessoas está a cada dia mais difundida e com senso de co-responsabilidade,
uma vez que o assunto ganha a cada dia uma maior temática nos mais diversos campos da
ciência em todo o mundo. Percebemos aqui uma tendência e disposição na melhor
compreensão no papel individual de consumo, assim como uma boa aceitação na
implementação de padrões de consumo mais sustentáveis (conforme está previsto no
protocolo da Agenda 21 estabelecido no capítulo 4).
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% de entrevistados
Gráfico 46 - Conhece a filosofia dos 3 Rs - Questão 21
Fonte: Pesquisa de campo
22. O (a) senhor (a) concorda em reduzir o seu comportamento de consumo e produção de
lixo em defesa do meio ambiente?
Segundo o resultado de 100% positivo observamos haver uma total disposição em se
querer mudar de postura e adquirir novos hábitos em defesa do meio ambiente. Da mesma
forma esta pode ser a oportunidade em se motivar aos professores em serem reais agentes
formadores de opinião com seus alunos, pois um fator fundamental que é saber e acreditar na
importância do assunto, existe no conceito e opinião dos entrevistados. interesse na
promoção de padrões de consumo e produção que reduzam as pressões ambientais e atendam
as necessidades básicas das comunidades (Capítulo 4 da Agenda 21)
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% de entrevistados
Gráfico 47 – Concorda em reduzir o consumo e produção de lixo - Questão 22
Fonte: Pesquisa de campo
23. O (a) senhor (a) concorda que vivemos em uma economia voltada para o constante
estímulo ao consumo, principalmente de materiais descartáveis?
Na resposta do gráfico 48, representada em 83% positivo e 17% negativo, aqui
verificamos outro fator positivo que é o reconhecimento de uma causa do problema o que
pode significar uma excelente iniciativa para estímulo e motivação de mudanças individuais e
coletivas, além da formação de agentes multiplicadores envolvidos e comprometidos com a
temática que estão orientando. Com o crescente crescimento tecnológico e cultural para
produtos com pouca vida útil ou de descartáveis, motivados pela força da publicidade ao
consumismo, identificamos que o tempo tecnológico é cada vez mais inversamente
proporcional ao tempo entrópico, assim como o tempo econômico tornou-se inversamente
proporcional ao tempo biológico(Tiézzi, 1988, citado por Figueiredo, 1994), o que agrava a
chamada crise ambiental, a sustentabilidade econômica dos insumos de produção e a
estabilidade do meio ambiente.
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% de entrevistados
Gráfico 48 - Economia voltada para o consumo de materiais descartáveis - Questão 23
Fonte: Pesquisa de campo
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24. O (a) senhor (a) utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos?
Na resposta do gráfico 49, representada em 92% positiva e 8% negativa, percebemos
que a aceitação do material serve de exemplificar o cotidiano para massificar posturas
individuais e coletivas junto aos alunos. É necessário se valorizar que a reciclagem diz
respeito à recuperação dos recursos que são transformados novamente em substancias e
materiais úteis a sociedade, além de fortalecer um vínculo efetivo com o meio ambiente para a
melhoria da qualidade de vida e sustentabilidade econômica (Calderoni, 1996).
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% de entrevistados
Gráfico 49 - Utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos - Questão 24
Fonte: Pesquisa de campo
25. O (a) senhor (a) separa de forma corriqueira e adequada seu lixo para ajudar na coleta
seletiva?
Com base nos dados do gráfico 50, de 37,5% positivo e 62,5% negativo, infelizmente
observamos que mesmo em razão das respostas favoráveis dos pesquisados em razão ao meio
ambiente, 62% dos pesquisados não efetivam suas condutas em ações no seu cotidiano, ou
seja, não se tem cultura proativa com relação às atividades do dia a dia e a EA bem como
exercício da coleta seletiva. O lixo precisa deixar de ser entendido como sendo material
excluído, que é posto para fora e rejeitado, de forma depreciativa pelas pessoas, sendo
associado a sujeira e pobreza.
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% de entrevistados
Gráfico 50 – Separa corriqueira e adequada o lixo para a coleta seletiva - Questão 25
Fonte: Pesquisa de campo
26. O (a) senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável
para geração de emprego e renda nas cidades?
Segundo CALDERONI (1996), o mercado de recicláveis rende cerca de 135 mil
dólares por tonelada, além de ressocializar o segmento social dos catadores de lixo, gerando
uma renda média mensal de 3 salários mínimos. Em Manaus, de acordo com a SEMULSP,
estão cadastrados mais de sessenta famílias no programa de inclusão social e renda dos
catadores onde estes recebem em média uma renda mensal de R$ 530 reais “per capta”.
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% de entrevistados
Gráfico 51 - Coleta seletiva uma alternativa sustentável na geração de emprego e renda -
Questão 26
Fonte: Pesquisa de campo
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27. O (a) senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável
para minimizar os efeitos danosos do descartes de lixo na natureza, produzidos nas cidades?
Lembramos que, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística/Pesquisa Nacional de Saneamento Básico) o Brasil produz diariamente 125.281
toneladas de lixo, onde 68% dos resíduos sólidos gerados pelas grandes cidades brasileiras
são jogados em lixões ou alagados a céu aberto; outro dado importante a se ressaltar é o
período estimado de degradação de alguns materiais no meio ambiente, como: de 100 a 500
anos para pilhas, tampas de garrafas e latas de alumínio; tempo indeterminado para garrafas e
frascos de vidros.
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% de entrevistados
Gráfico 52 - Coleta seletiva uma alternativa sustentável para minimizar os efeitos de lixo na
natureza - Questão 27
Fonte: Pesquisa de campo
28. O (a) senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável
para melhoria da qualidade de vida e preservação dos recursos naturais do planeta?
Nas questões de número 26, 27 e 28, percebemos mais uma vez haver uma boa
intenção e consciência social e cidadã por parte dos pesquisados quando o tema envolve a
necessidade de proatividade e mudança comportamental em relação ao meio ambiente. É
importante haver uma real atenção para a problemática dos resíduos, analisando-se suas
diversas variáveis culturais, tecnológicas, o aumento do consumo mundial e da produção dos
descartáveis, bem como o emprego de políticas que efetivem uma verdadeira, efetiva e correta
emprego de ações para tratamento, coleta, processamento, transporte, reaproveitamento,
comercialização e disposição final dos resíduos.
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% de entrevistados
Gráfico 53 Coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para melhoria da
qualidade de vida - Questão 28
Fonte: Pesquisa de campo
132
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CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
O crescente desenvolvimento econômico, responsável por mudanças
comportamentais e culturais ocorridas nas sociedades globalizadas, encontra-se carente de um
processo educativo com valores ambientais na sociedade. Diante desse cenário e com o
despertar da consciência organizacional e ambiental, as organizações perceberam a
necessidade do desenvolvimento de habilidades e competências, com responsabilidade social
e ecológica como diferencial de competitividade no mercado.
Por meio da Educação Ambiental, principalmente através das escolas, entendemos
ser possível uma mudança comportamental de forma continuada e sustentável, gerando a
melhoria da qualidade de vida e preservação do meio ambiente, formatando uma real
transformação nos paradigmas cultural-educacional da sociedade moderna, em relação aos
padrões de produção e consumo, da revisão de valores, comportamentos e hábitos pessoais.
A presente pesquisa propôs-se em discutir importância da Educação Ambiental com
foco na coleta seletiva de lixo como alternativa econômica e sustentável para minimização da
produção dos resíduos sólidos nas comunidades, através de uma mudança na concepção das
pessoas em relação à gestão de resíduos e do advento da coleta seletiva, contribuindo para a
melhoria de qualidade de vida, assim como na geração de emprego e renda
Com base nos resultados da pesquisa de campo aplicada observamos, em síntese, que
os projetos escolares relacionados ao meio ambiente são desenvolvidos, em sua maioria,
apenas uma vez ao ano, faltando uma continuidade nas ações de forma efetiva e eficaz, assim
como não são focados para coleta seletiva, havendo ainda uma grande carência de subsídios
teóricos, práticos e materiais didáticos para que os temas inerentes a EA e coleta seletiva
possam ser desenvolvidos dentro de uma metodologia trans, inter e multidisciplinar junto aos
alunos. Alem disso também identificamos a falta de atividades extra classes como visitas,
seminários, workshops, palestras etc.
Apesar disto, como fator positivo dentro de nossa pesquisa, destacamos que a
maioria dos pesquisados concordam que possuem responsabilidade social e ambiental, assim
como em reduzir o seu comportamento de consumo individual e coletivo para diminuir a
produção de lixo; que os pesquisados admitem que vivemos em uma sociedade focada no
estímulos ao consumo principalmente de materiais descartáveis. Principalmente destacamos
que todos os pesquisados estão dispostos a iniciarem uma mudança comportamental em
133
133
beneficio da preservação do meio ambiente, pois, acreditam na coleta seletiva e na Educação
Ambiental como alternativa sustentável para: geração de emprego e renda; minimizar os
efeitos negativos dos descartes de lixo na natureza; e para a melhoria da qualidade de vida e a
preservação dos recursos naturais do planeta.
Sabemos que a prática de um desenvolvimento sustentável, deve ser entendida como
a busca de um desenvolvimento econômico, social, científico e cultural das sociedades
garantindo saúde, conforto e conhecimento, sem exaurir os recursos naturais do planeta
observando-se três pilares fundamentais e básicos: ser socialmente aceito, viável
economicamente e ecologicamente correto. Contudo, historicamente o desenvolvimento do
progresso industrial e da atividade econômica tem se associado à degradação do meio
ambiente em razão da forma como esse progresso econômico vem se desencadeando, em
constante desarmonia com a natureza e usando-a de forma predatória (ALMEIDA, 2002).
A Educação Ambiental pode proporcionar essa mudança comportamental na
população de forma continuada e sustentável em relação aos paradigmas culturais e
educacionais da sociedade moderna, bem como nos padrões de produção e consumo, na
revisão de valores, hábitos pessoais e coletivos da sociedade. Devemos nos empenhar na
construção de sociedades sustentáveis, através de ações voltadas à minimização de resíduos,
da conservação do meio ambiente, da melhoria de qualidade de vida e da formação de
recursos humanos comprometidos com a sustentabilidade da economia e dos recursos naturais
do planeta, motivando as pessoas a serem responsáveis pela primeira triagem dos resíduos
desenvolvendo uma consciência coletiva e ecológica, orientando-as para contribuírem com a
geração de emprego e renda aos catadores, bem como para sua efetiva colaboração para a
preservação do meio ambiente.
Sabemos da importância de atividades que procuram estimular a interação com a
sociedade assim como em agregar valor às atividades ambientais com programas de
responsabilidade social e corporativos, aproximam as pessoas das comunidades e fomentam
parcerias em defesa do meio ambiente. Entretanto, verificamos por meio da aplicação de uma
pesquisa de campo junto às unidades escolares, a ausência de programas de educação
ambiental ou de coleta seletiva dos resíduos sólidos nas escolas das redes pública e privada de
ensino médio na cidade de Manaus assim como, de metodologias multidisciplinares,
transdisciplinares e interdisciplinares que possam contribuir para uma efetiva reflexão nas
atitudes dos alunos junto às comunidades que freqüentam.
Segundo Reigota (1998), a educação ambiental e o sistema de coleta seletiva podem
ser implantados em uma escola, uma empresa, uma instituição ou um bairro. Contudo,
134
134
conforme ficou registrado em nossa pesquisa de campo, a falta de programas de educação
ambiental para coleta seletiva do lixo nas redes pública e privada de ensino médio em
Manaus, dificulta na conscientização dos alunos em serem capazes de intervir na realidade
que os cercam, de agirem preventiva e proativa em defesa do meio ambiente, bem como na
multiplicação de informações sobre as diferentes formas de coleta e destino dos resíduos
sólidos na escola, em casa e nos demais logradouros.
Diante do exposto, a principal conclusão do trabalho é podermos afirmar que
não programas de educação ambiental que estejam sendo desenvolvidos nas escolas
da rede blica e privada na cidade de Manaus, que sejam capazes de efetivar uma real
mudança comportamental nos alunos em relação as suas atitudes com o meio ambiente.
Apesar disto é importante destacarmos que a principal contribuição desta pesquisa
está em termos identificado que todos os pesquisados possuem noção a respeito dos temas
ambientais e de coleta seletiva, além de que estão dispostos a aprender mais sobre a
problemática ambiental e dos resíduos sólidos. Outro fato importante a ser ressaltado é que os
pesquisados estão conscientes da necessidade de terem mudança comportamental e que esta
mudança pode ser efetivada por meio da educação nas escolas como veículo motivador e
critico para quebra de paradigmas dos costumes em nossa sociedade, atual e futura, para uma
efetiva e eficaz defesa e preservação do meio ambiente, da sustentabilidade econômica com a
melhoria da qualidade de vida das comunidades.
Ao longo de nosso estudo foram descritas e caracterizadas diversas contribuições que
os programas de Educação Ambiental e de coleta seletiva proporcionam para as comunidades,
para os governos, para as empresas e para o meio ambiente em termos ambientais e
socioeconômicos, como uma alternativa ecologicamente correta e sustentável para a
economia, assim como a importância destes terem seu nascedouro dentro dos bancos
escolares quando o cidadão ainda está em formação cultural, social, política, econômica,
religiosa, comunitária e ambiental.
Os maiores beneficiados com o desenvolvimento de programas de Educação
Ambiental e pela implantação da coleta seletiva a ser iniciado nas escolas são o meio
ambiente e a saúde da população e a sustentabilidade econômica. A reciclagem de papéis,
vidro, plástico e metais reduzem a utilização dos aterros sanitários prolongando sua vida útil.
Além disso, a reciclagem implica na redução significativa dos níveis de poluição ambiental e
com os desperdícios de recursos naturais, através de economia de energia e matéria-prima.
Outro viés importante para se implantar estes programas está na contribuição positiva para a
135
135
imagem do governo e das empresas públicas e privadas, uma vez que a coleta seletiva exige
um papel de cidadania motivando a aproximação entre o poder público e a população.
O objetivo da coleta seletiva não é gerar lucro, mas reduzir o volume de lixo gerando
ganhos ambientais, representando um investimento no meio ambiental e na qualidade de vida
em ganhos qualitativos ao futuro do planeta e das comunidades nos diversos setores de
atividades ambientais, sociais e econômicos para a coletividade. Pode-se ainda melhorar a
visão institucional de empresas públicas e privadas, deixando-as mais competitivas e
conceituadas no mercado. Além disso, a coleta seletiva evita desperdícios de materiais, reduz
o consumo de energia e diminui o custo da produção com o aproveitamento de recicláveis
pelas indústrias, bem como tem sido uma opção para geração de novos postos de trabalho
para a população carente.
Devemos, portanto, estimular os empreendimentos públicos e privados que
favoreçam a criação de cooperativas, associações, grupos organizados, além da participação
social coletiva, que através destes, terão o reconhecimento e organização do seu trabalho,
incentivo da arrecadação, geração de trabalho e renda, assim como o desenvolvimento de
pesquisas para o uso racional e não exploratório dos diversos recursos naturais renováveis,
através do emprego de tecnologias mais adequadas a sustentabilidade do meio ambiente, com
a redução do desperdício e do custo de produção.
Portanto, com base nos resultados de nosso questionário aplicado em nossa pesquisa
de campo, destacamos e recomendamos algumas estratégias que podem ser desenvolvidas
para melhorar a eficácia dos programas de EA e de coleta seletiva junto às escolas e/ou
qualquer outro empreendimento público ou privado, sendo:
1. criar um espírito de cooperação entre as escolas envolvidas em torno de preocupações
ambientais com o desenvolvimento de uma cidadania ambiental através do
intercambio de idéias, projetos e estratégias, em parcerias com instituições públicas e
privadas, no âmbito do Ensino Formal e não formal, contemplando o ensino regular,
fundamental e médio e o supletivo, a graduação e a pós-graduação em nível do
terceiro grau, além de produzir estudos, pesquisas, material didático e informações
sistematizadas sobre a educação ambiental e coleta seletiva, estimulando uma visão
critica das questões ambientais com a perspectiva de sua integração no contexto
nacional e global.
2. desenvolver um enfoque interdisciplinar, transdisciplinar e multidisciplinar,
resgatando saberes e possibilitando um conhecimento interativo por meio de debates e
discussões, por meio de reuniões, cursos, palestras, oficinas, atividades lúdicas e
136
136
práticas de campo, parcerias, cooperação, solidariedade, pautando-se pelo
reconhecimento da pluralidade e diversidade cultural, respeitando as singularidades e
resgatando as experiências locais em educação ambiental, desenvolvendo o espírito
crítico quanto às alternativas locais de desenvolvimento sustentável, na busca de um
ambiente saudável e ecologicamente equilibrado para as gerações presentes e futuras.
3. integrar os projetos e ações de EA em consonância com o Programa Nacional de
Educação Ambiental PRONEA, com o Sistema Nacional de Educação Ambiental,
com os diversos projetos das rias Universidades públicas e privadas, envolvendo a
participação de forma direta e indireta dos órgãos que atuam em Educação e Meio
Ambiente, em articulação com entidades da sociedade civil, empresariado e outras
instituições parceiras.
4. incentivar experiências locais de construção do desenvolvimento socialmente
sustentável, pautadas no combate à pobreza, na equidade e justiça social, na
sustentabilidade ecológica, política e cultural das comunidades, resgatando os laços
afetivos das pessoas com o lugar de moradia, como motivação para a aprendizagem e
incorporação de comportamentos voltados para a preservação e conservação do
patrimônio natural, histórico, cultural e social.
5. reconhecer a escola como fator de transformação, sendo um espaço capaz de promover
a conscientização necessária à construção de uma sociedade justa para gerações
presentes e futuras, promovendo a capacitação de agentes multiplicadores nos diversos
temas da educação ambiental e da coleta seletiva, dentro e fora da escola, de forma a
estender o programa a todos os setores da sociedade, visando à adoção de práticas
ambientais mais adequadas à realidade estadual com vistas à preservação do meio
ambiente e melhoria da qualidade de vida.
6. implantar um projeto piloto de coleta seletiva em uma escola municipal e estadual,
envolvendo as comunidades do entorno, dotando de infra-estrutura, programas de
sensibilização, estímulo, premiação com resultados definidos em metas. Sugerir o
Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas por haver uma pequena iniciativa
em educação ambiental e cultura para coleta seletiva necessitando ser melhor
trabalhada e desenvolvida, além da metodologia de ensino e disciplina oferecida pela
referida escola na cultura dos alunos, professores, funcionários e pais.
137
137
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142
ANEXOS
143
143
ANEXO A – TABELA 1
Vendas de material reciclável realizado pelos catadores e renda per capita - Jan 2005 a Abr 2008
Venda ( em reais)
Mês/Ano
Nucleos Semulsp PEV Centro Eventos Total
Taxa de
Recuperação
(%)
Custos da Coleta
Seletiva porta
a porta (R$)
Renda por
catador dos
Núcleos
FEV/05 2.483,15
2.483,15
0,040 2.273,290 112,870
MAR/05 4.511,89
4.511,89
0,060 5.312,190 205,086
ABR/05 2.686,60
2.686,60
0,060 4.754,300 122,118
MAI/05 2.176,94
2.176,94
0,040 2.908,730 98,952
JUN/05 332,02
332,02
0,080 5.016,370 15,092
JUL/05 2.690,65
2.690,65
0,070 5.145,020 122,302
AGO/05 5.311,22
5.311,22
0,090 5.531,690 241,419
SET05 6.277,14
6.277,14
0,070 5.463,690 285,325
OUT/05 5.246,97
5.246,97
0,090 7.200,040 238,499
NOV/05 6.017,27
6.017,27
0,110 7.923,350 273,512
DEZ/05 7.372,33
7.372,33
0,100 8.725,140 335,106
JAN/06 5.813,68
5.813,68
0,130 8.880,870 264,258
FEV/06 6.061,91
6.061,91
0,120 7.804,640 275,541
MAR/06 8.106,21
8.106,21
0,120 8.238,890 368,464
ABR06 5.803,65
5.803,65
0,120 7.297,940 263,802
MAIO06 7.229,07
7.229,07
0,120 8.602,620 328,594
JUN/06 7.053,85
7.053,85
0,110 7.661,700 320,630
JUL/06 8.393,37
8.393,37
0,130 19.200,200 381,517
AGO/06 8.458,15 1.739,25
0,00
10.197,40
0,100 20.154,560 384,461
SET/06 13.951,62 997,75
14.949,37
0,090 18.606,020 634,165
OUT/06 11.725,25
637,31
248,52
3.475,64
16.086,72
0,140 18.458,480 532,966
NOV/06 8.857,52
511,54
1.169,00
4.026,40
14.564,46
0,150 20.302,100 402,615
DEZ/06 12.672,58
981,04
944,20
4.491,78
120,50
19.210,10
0,150 21.743,090 576,026
JAN/07 11.657,33
4.628,68
16.286,01
0,140 21.137,740 529,879
FEV/07 8.093,30
5.459,44
13.552,74
0,180 19.749,140 367,877
MAR/07 10.257,55
6.764,52
17.022,07
0,140 19.589,200 466,252
ABR/07 10.014,87
6.649,02
16.663,89
0,150 16.777,900 455,221
MAI/07 10.334,18
7.725,90
18.060,08
0,170 19.158,980 469,735
144
144
JUN/07 9.173,04
5.618,06
14.791,10
0,150 21.744,320 416,956
Venda ( em reais)
Mês/Ano
Nucleos Semulsp PEV Centro Eventos Total
Taxa de
Recuperação
(%)
Custos da Coleta
Seletiva porta
a porta (R$)
Renda por
catador dos
Núcleos
JUL/07 10.280,95
7.621,88
17.902,83
0,160 19.980,220 467,316
AGO/07
10.321,19
9.686,60
20.007,79
0,170 18.536,780 469,145
SET/07
8.412,78
8.901,48
17.314,26
0,190 18.248,280 382,399
OUT/07
9.190,48
8.097,04
17.287,52
0,190 18.953,920 417,749
NOV07
11.488,69
6.913,76
18.402,45
0,150 17.254,140 522,213
DEZ/07
11.740,97
6.495,86
18.236,83
0,160 18.216,120 533,680
JÀN/08
10.993,03
7.398,16
18.391,19
0,180 18.536,780 499,683
FEV/08
11.957,77
5.238,24
17.196,01
0,160 17.510,480 543,535
MAR/08 10.136,32 5.722,22
15.858,54
0,130 17.189,820 460,742
ABR/08 9.267,23 5.441,10
14.708,33
0,110 18.216,120 421,238
TOTAL
312.552,720
4.866,890 2.361,720 120.355,780
120,500 440.257,610
0,130 528.004,860
Tabela 1: Venda de material reciclável e renda per capita – 2005 a 2008
Fonte: Gerência de planejamento/SEMULSP
145
145
ANEXO B - GRAFICOS
Composão Gravitrica da Cidade de Manaus
1982-1992-2001-2006
51,12
58,69
45,2
35,84
29,01
18,94
18,9
21,18
2,83
8,62
18,5
29,34
6,78
4,31
3,6
3,47
2,14
2,93
3,6
1,44
4,67
3,42
6,6
3,87
3,45
3,09
3,6
4,87
0
10
20
30
40
50
60
70
1982 1992 2001 2006
%
Material orgânico Papel e Papelão Plásticos Metais Madeira Vidro, terra e pedra Pano, couro e borracha
Gráfico 54: Composição gravimétrica em Manaus
Fonte: Gerencia de planejamento/SEMULSP, 2008
146
146
semulsp@pmm.am.gov.br
Gráfico 55: Coleta de lixo em Manaus – 2005/ 2006 / 2007
Fonte: Gerencia de planejamento/SEMULSP, 2008
147
147
Taxa de Recuperação de Materiais Recicveis
Fev 2005 a Jan 2007
0,04%
0,15%
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
FE
V/
0
5
M AR
/
0
5
AB
R /
0
5
M
A
I/05
J UN /
0
5
J
U
L /05
A
G O/
0
5
SE T0 5
O U T
/
0
5
N O V
/
05
D EZ/0 5
JAN/06
FE
V
/0 6
M
A
R
/06
ABR
06
M AIO0 6
J
UN
/0
6
JU
L
/
0
6
AG O/06
SET
/
0 6
O U T
/
0
6
N O V
/
0
6
D EZ
/
0
6
JA
N/
0
7
P
o
r
c
e
n
t
u
a
l
FEV/05
25 Toneladas / R$ 2.000
R$ 105,00 = PESSOAS
JAN/07
110 Toneladas / R$ 15.000
R$ 681,00 = 22 PESSOAS
Gráfico 56 : Taxa de recuperação de matérias recicláveis – 2005 / 2007
Fonte: Gerencia de planejamento/SEMULSP, 2008
148
148
Gráfico 57: Coleta de lixo por serviços em Manaus – 2005 / 2007.
Fonte: Gerencia de planejamento/SEMULSP, 2008.
semulsp@pmm.am.gov.
semulsp@pmm.am.gov.
149
149
ORIGENS DAS COLETAS DOS RESÍDUOS EM MANAUS
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
Residencias Manauaras Centro PEV Dom Pedro PEV Enoch Reis Doaçoes, Eventos , outros
pontos da cidade
Gráfico 58: Origens das coletas de resíduos em Manaus
Fonte: Gerencia de planejamento/SEMULSP, 2008.
150
150
Gráfico 59: Coleta de lixo per capita Manaus – 2005 / 2007
Fonte: Gerencia de planejamento/SEMULSP, 2008.
semulsp@pmm.am.gov.
semulsp@pmm.am.gov.
151
151
Gráfico 60: Distribuição e venda de material reciclável em Manaus – 2005/2007
Fonte: Gerencia de planejamento/SEMULSP, 2008
REFUGO/ARMAZENADO
Distribuído:1.672,336t
Vendido:1.081,078t (64,64%)
Arrecadado: R$ 183.278,50
Distribuição x Venda de Material Reciclável
Fev 2005 a Jan 2007
0
20
40
60
80
100
120
140
F E
V/
0 5
M A R/ 05
AB R /
0
5
M A I/05
J UN /0 5
J UL /05
AG O/
05
SE
T
0 5
O U T/
0
5
N O V/05
D EZ
/
05
J
A
N /
0
6
F E
V/
0 6
M A R/ 06
AB R 0
6
M A I
O0
6
J U
N /
0 6
J UL /06
AG O/
06
SE T/0
6
O U T/06
N O V/06
D EZ
/
06
J A
N /
0
7
Coletado Vendido
152
152
APÊNDICES
153
153
APÊNDICE 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS
PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PRODERE
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Manaus,,,,,, de maio de 2008
Prezados Senhores (as)
Visando consubstanciar pesquisa relativa ao Trabalho Científico\Dissertação
desenvolvida pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com o intuito de alimentar
subsídios para minha pesquisa científica cujo o tema é “Análise da Contribuição da Educação
Ambiental para a Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos nas Redes Pública e Privada de Ensino
Médio na Cidade de Manaus”, solicito a V. Sª. o especial obséquio de responder ao
questionário anexo, marcando apenas uma opção.
Considerando a limitação de prazo para conclusão e tabulação da citada pesquisa,
solicito-vos que as respostas sejam encaminhadas, até o dia 30 de maio de 2008, para um dos
endereços abaixo:
Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Amazonas na Assessoria de
Comunicação Social, localizado na Rua Benjamim Constant s\n bairro de Petrópolis,
telefones 92 – 3214 9428 ou 3214 9429;
92 – 8127 0410 ou 99865100.
Sua resposta será de importância vital na elaboração de nosso documento científico.
Respeitosamente
Willer José dos Santos Abdala.
Quem sou!
Mestrando em Desenvolvimento Regional; Especialista em Marketing Empresarial, Projeto de
Comunicação Publicitária e Gestão de Segurança Pública; Graduado em Ciências Econômicas
e em Segurança Pública; Major da Polícia Militar do Amazonas e Professor do Centro
Universitário Nilton Lins
Aos Senhores alunos do último ano do ensino médio do Colégio Militar da Polícia Militar do
Amazonas.
154
154
APÊNDICE 2
Dados de Identificação:
Nome: ______________________________________________________________
Escola______________________________________________________________
Data: Telefone: E mail:
Marque somente uma resposta do questionário abaixo:
GRUPO A – DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1. Os seus professores trabalham com os Temas Transversais em relação a Educação
Ambiental relacionando suas disciplinas à questão do Meio Ambiente e sua importância??
( ) Sim ( ) Não
2. Os seus professores estabelecem relação entre o conhecimento sistemático e as questões da
vida real com o meio ambiente trabalhando a interdisciplinaridade no seu cotidiano?
( ) Sim ( ) Não
3. Quantas vezes ao ano os projetos relacionados com o Meio Ambiente são desenvolvidos na
sua escola?
( ) uma vez por ano ( ) uma vez por semestre ( ) durante todo o ano
4. programas de educação ambiental voltados para a coleta seletiva de resíduos sólidos na
sua escola?
( ) sim ( ) não
5. Os professores utilizam meios para despertar/ estimular a Consciência Ambiental nos seus
alunos?
( ) sim ( ) não
Quais?
6. O senhor (a) considera ter uma Consciência Ambiental associada a Qualidade de Vida?
( ) sim ( ) não
7. O senhor (a) conhece a Lei Federal nº 9795 de 27/04/1999?
( ) sim ( ) não
8. desenvolvimento de projetos ambientais dentro da escola com emprego de atividades
extra-classes com os alunos voltados para o meio ambiente?
( ) sim ( ) não
GRUPO B – DA COLETA SELETIVA
9. Há orientação sobre os resíduos sólidos na escola?
( ) sim ( ) não
155
155
10. Há programas de coleta seletiva dentro da escola?
( ) sim ( ) não
11. Há subsídios teóricos e práticos para o educador trabalhar a questão da gestão dos
resíduos sólidos de forma interdisciplinar na escola com distribuição de material didático
referente a educação ambiental e a coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
Quais?
12. Há disponibilização de contêineres para a coleta seletiva de lixo na escola?
( ) sim ( ) não
13. Esses contêineres são efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários?
( ) sim ( ) não
14. Há programas de visitas, seminários, workshops, envolvendo alunos da escola como
outras escolas ou projetos de educação ambiental e/ou coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
15. O senhor (a) sabe das vantagens sócio-econômicas para o meio ambiente e para as
comunidades em se operacionalizar uma coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
16. O senhor (a) concorda que tem responsabilidade social e ambiental como cidadão, com o
meio ambiente e a coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
17. O senhor (a) conhece os dias e horários de passagens do carro coletor de resíduos seletivos
em seu bairro e os postos de coleta seletiva em Manaus?
( ) sim ( ) não
18. O senhor (a) conhece e concorda com a filosofia dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar)?
( ) sim ( ) não
19. O senhor (a) concorda em reduzir o seu comportamento de consumo e produção de lixo
em defesa do meio ambiente?
( ) sim ( ) não
20. O senhor (a) concorda que vivemos em uma economia voltada para o constante estímulo
ao consumo, principalmente de materiais descartáveis?
( ) sim ( ) não
21. O senhor (a) utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos?
( ) sim ( ) não
22. O senhor (a) separa de forma corriqueira e adequadamente seu lixo para ajudar na coleta
seletiva?
156
156
( ) sim ( ) não
23. O senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para
geração de emprego e renda nas cidades?
( ) sim ( ) não
24. O senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para
minimizar os efeitos danosos do descartes de lixo na natureza, produzidos nas cidades?
( ) sim ( ) não
25. O senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para
melhoria da qualidade de vida e preservação dos recursos naturais do planeta?
( ) sim ( ) não
157
157
APÊNDICE 3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS
PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PRODERE
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Manaus, ,,,,, de maio de 2008
Prezados Senhores (as)
Visando consubstanciar pesquisa relativa ao Trabalho Científico\Dissertação
desenvolvida pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com o intuito de alimentar
subsídios para minha pesquisa científica cujo o tema é “Análise da Contribuição da Educação
Ambiental para a Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos nas Redes Pública e Privada de Ensino
Médio na Cidade de Manaus”, solicito a V. Sª. o especial obséquio de responder ao
questionário anexo, marcando apenas uma opção.
Considerando a limitação de prazo para conclusão e tabulação da citada pesquisa,
solicito-vos que as respostas sejam encaminhadas, até o dia 30 de maio de 2008, para um dos
endereços abaixo:
Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Amazonas na Assessoria de
Comunicação Social, localizado na Rua Benjamim Constant s\n bairro de Petrópolis,
telefones 92 – 3214 9428 ou 3214 9429;
92 – 8127 0410 ou 99865100.
Sua resposta será de importância vital na elaboração de nosso documento científico.
Respeitosamente
Willer José dos Santos Abdala.
Quem sou!
Mestrando em Desenvolvimento Regional; Especialista em Marketing Empresarial, Projeto de
Comunicação Publicitária e Gestão de Segurança Pública; Graduado em Ciências Econômicas
e em Segurança Pública; Major da Polícia Militar do Amazonas e Professor do Centro
Universitário Nilton Lins
Aos Senhores Diretores e Professores do Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas.
158
158
APÊNDICE 4
Dados de Identificação:
Nome: _________________________________________________________
Escola:_________________________________________________________
Disciplina:______________________________________________________
Data: Telefone: E mail:
Marque somente uma resposta do questionário abaixo:
GRUPO A – DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1. O senhor (a) trabalha com os Tema Transversais em relação a Educação Ambiental
relacionando em sua disciplina a questão do Meio Ambiente e sua importância?
( ) Sim ( ) Não
2. O senhor estabelece alguma relação entre o conhecimento sistemático e as questões da vida
real trabalhando a interdisciplinaridade inserida no cotidiano das aulas e dos alunos?
( ) Sim ( ) Não
3. Quantas vezes ao ano desenvolve esses programas com seus alunos:
( ) uma vez por ano ( ) uma vez por semestre ( ) durante todo o ano
4. Os programas de Educação Ambiental são desenvolvidos conforme a Política Nacional de
Educação Ambiental:
( ) transdisciplinar ( ) interdisciplinar ( ) multidisciplinar ( ) não são desenvolvidos
5. programas de educação ambiental e desenvolvimento de projetos ambientais na sua
escola?
( ) sim ( ) não
159
159
6. Os programas para coleta seletiva de resíduos sólidos são desenvolvidos conforme a Lei
Federal 9795 de 27/04/1999:
( ) transdisciplinar ( ) interdisciplinar ( ) multidisciplinar ( ) não são desenvolvidos
7. Há programas de treinamento e atualização anual em relação ao meio ambiente e as
diversas disciplinas escolares com foco na interdisciplinaridade e transdisciplinaridade?
( ) sim ( ) não
8. Como educador utiliza meios para despertar/ estimular a Consciência Ambiental em seus
alunos?
( ) sim ( ) não
Quais?
9. O senhor (a) considera ter uma Consciência Ambiental associada a Qualidade de Vida?
( ) sim ( ) não
10. Há atividades extra-classes com os alunos voltados para o meio ambiente?
( ) sim ( ) não
GRUPO B – DA COLETA SELETIVA
11. Há orientação sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos dentro da escola?
( ) sim ( ) não
12. Há programas de coleta seletiva dentro da escola?
( ) sim ( ) não
13. Há subsídios teóricos e práticos para o educador trabalhar a questão da gestão dos
resíduos sólidos de forma interdisciplinar na escola, com distribuição de material didático
160
160
para educadores, alunos e demais funcionários da escola referente a educação ambiental e a
coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
Quais?
14. Há disponibilização de contêineres para a coleta seletiva de lixo na escola?
( ) sim ( ) não
15. Esses contêineres são efetivamente utilizados pelos alunos e funcionários?
( ) sim ( ) não
16. treinamento para funcionários (limpeza, secretaria, cantina, administração, professores
e alunos) com a finalidade de motivar e esclarecer dúvidas a respeito dos processos e
vantagens da coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
17. programas de visitas, seminários, workshops, envolvendo professores da escola como
outras escolas ou projetos de educação ambiental e/ou coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
18. O senhor (a) sabe das vantagens sócio-econômicas para o meio ambiente e para as
comunidades em se operacionalizar uma coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
19. O senhor (a) concorda que tem responsabilidade social e ambiental como cidadão, com o
meio ambiente e a coleta seletiva?
( ) sim ( ) não
20. O senhor (a) conhece os dias e horários de passagens do carro coletor de resíduos seletivos
em seu bairro?
( ) sim ( ) não
161
161
21. O senhor (a) conhece e concorda com a filosofia dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar)?
( ) sim ( ) não
22. O senhor (a) concorda em reduzir o seu comportamento de consumo e produção de lixo
em defesa do meio ambiente?
( ) sim ( ) não
23. O senhor (a) concorda que vivemos em uma economia voltada para o constante estímulo
ao consumo, principalmente de materiais descartáveis?
( ) sim ( ) não
24. O senhor (a) utiliza produtos oriundos de reciclagem de resíduos sólidos?
( ) sim ( ) não
25. O senhor (a) separa de forma corriqueira e adequada seu lixo para ajudar na coleta
seletiva?
( ) sim ( ) não
26. O senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para
geração de emprego e renda nas cidades?
( ) sim ( ) não
27. O senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para
minimizar os efeitos danosos do descartes de lixo na natureza, produzidos nas cidades?
( ) sim ( ) não
28. O senhor (a) acredita na coleta seletiva de resíduos como uma alternativa sustentável para
melhoria da qualidade de vida e preservação dos recursos naturais do planeta?
( ) sim ( ) não
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