Download PDF
ads:
Ambiente de Informações para Apoio à Decisão dos Gestores do
Controle do Câncer de Mama”
por
Carlos Henrique Fernandes Martins
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre
Modalidade Profissional em Saúde Pública.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ilara Hammerli de Moraes
Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
Esta dissertação intitulada
“Ambiente de Informações para Apoio à Decisão dos Gestores do
Controle do Câncer de Mama
apresentada por
Carlos Henrique Fernandes Martins
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
_____________________________________________
Ilara Hammerli de Moraes/ ENSP
_____________________________________________
Marco Antonio Teixeira Porto/INCA
____________________________________________
Antonio Augusto Gonçalves/INCA
ads:
3
Catalogação na fonte
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica
Biblioteca de Saúde Pública
L711 Martins, Carlos Henrique Fernandes
Ambiente de informações para apoio à decisão dos gestores do
controle do câncer de mama. / Carlos Henrique Fernandes Martins. Rio
de Janeiro: s.n., 2009.
120 f., il., tab., graf.
Orientador: Moraes, Ilara Hammerli de
Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca, Rio de Janeiro, 2009
1.
Neoplasias da Mama-prevenção & controle. 2.
Sistemas de
Informação. 3.
Gestão do Conhecimento para a Pesquisa em Saúde.
4.
Sistema Único de Saúde. 5.
Gestão em Saúde. I. Título.
CDD - 22.ed. – 616.99449
4
RESUMO
O controle do Câncer em nosso país representa, atualmente, um dos grandes
desafios da Saúde Pública porque, além de ser a segunda causa de morte por doença,
demanda a realização de ações de variados níveis de complexidade e, em contrapartida à
dimensão de seus números, demonstra ter uma visibilidade inadequada pela sociedade
brasileira e mesmo por parte dos profissionais de saúde.
Com o objetivo de contribuir para o enfrentamento deste amplo desafio, a Gestão
da Informação e a Gestão do Conhecimento apresentam um conjunto de processos,
técnicas e ferramentas cuja aplicação pode representar um avanço na gestão das ações
de Saúde Pública.
Paradoxalmente em relação à profusão de dados, uma dificuldade do gestor
do SUS em obter informações relevantes para o processo de tomada de decisão, seja por
sua falta, insuficiência, redundância, inconsistência e, principalmente, pela sua
fragmentação. Esta foi à questão motivadora deste estudo e que conduziu à hipótese de
sugerir a organização de um ambiente de informação, inovador, criado no ciberespaço,
utilizando intensivamente tecnologias da informação, articulados com métodos de
modelagem estatística, modelagem matemática e à inteligência computacional
incorporando a perspectiva espacial e temporal e conceitos da Gestão da Informação e
Gestão do Conhecimento. O objetivo principal deste ambiente e, portanto, do presente
trabalho é a construção do modelo de um ambiente informacional que sirva como uma
ferramenta que auxilie o gestor do SUS na tomada de decisão para o controle do câncer
de mama no Brasil.
5
ABSTRACT
Cancer control in Brazil currently represents one of the greatest challenges of
Public Health. Despite cancer’s current position as second cause of death by illness, the
necessary effort to accomplish a variety of complex actions and, increase of cancer
incidence increase, there is however an inadequate visibility by Brazilian society and
health professionals.
In order to contribute to this broad challenging debate, Information Management
(IM) and Knowledge Management (KM) techniques and tools available could be applied to
Public Health management and hence allow improvement.
Contrastively to the profusion of Public Health data, it has been difficult for
managers of the Brazilian Health System (Sistema Único de Saúde - SUS) to have access
to decision making information, due to either unavailability, insufficiency, redundancy,
inconsistency and, mainly, fragmentation of the available information. These were
questions that motivated this study and lead to the hypothesis of organizing an information
environment that would be innovational, created in virtual space (Internet), intensive use of
information technologies, coupled by modeling statistics methods, mathematical modeling
and incorporation of spatial and time based computational intelligence and, lastly, inclusion
of IM and KM concepts. The main objective of this environment and, therefore, of the
present work is the construction of a information environment model that assists the SUS
manager to decision making for breast cancer control in Brazil.
6
Agradecimentos
Ao professor Miguel Murat (“in memoriam”), pela simpatia e simplicidade, os poucos
momentos em que mantive contato foram suficientes para perceber o seu carisma e a
alegria ao debater sobre a Saúde Pública.
Aos meus pais Henrique Ferreira Martins e Maria de Lourdes, pelo exemplo de vida, por
estarem sempre presentes, pelo apoio incondicional e o incentivo para o meu
desenvolvimento profissional e intelectual.
A minha esposa Camila, pela paciência e companheirismo durante a longa jornada.
A minha orientadora Dra. Ilara Hammerli de Moraes, pela sua orientação, incentivo e
confiança depositada.
Aos doutores Marco Antônio Teixeira Porto e Antonio Augusto Gonçalves que aceitaram o
convite de participar da banca examinadora. Ao Dr. Marco Porto um agradecimento
especial pela sua importante participação na construção desta dissertação, seus
conhecimentos no tema foram imperativos.
A professora Célia Leitão Ramos pelo carinho com que me acolheu e a assistência
providencial nos momentos críticos.
Ao professor José Maldonado pelo constante incentivo e puxões de orelha.
À Marluce da secretaria, pessoa meiga e carinhosa, sempre disposta a ajudar e resolver
os problemas de nossa turma de mestrado.
Ao colega Ronaldo Correa, pelas contribuições e experiência compartilhada.
7
Aos meus colegas do curso de mestrado, em especial a Maria Cecília Gomes, pela
amizade construída ao longo da nossa convivência, o estímulo, sugestões e orientações,
sempre pertinentes, sem ela a minha jornada seria muito mais tortuosa.
A todos os entrevistados, que gentilmente compartilharam suas experiências e permitiram
a realização deste trabalho.
A todas as pessoas que torceram por mim e que contribuíram de alguma forma para o
enriquecimento deste trabalho.
8
SUMÁRIO
1. CAPÍTULO I – Introdução
1.1. Introdução ......................................................................................................... 13
1.2. Justificativa ........................................................................................................ 14
1.3. Objetivos ............................................................................................................ 19
1.3.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 19
1.3.2. Objetivos Específicos ............................................................................. 19
1.4. Estrutura do Trabalho ....................................................................................... 19
2. CAPÍTULO 2 – Câncer de Mama e sua História no Brasil
2.1. Câncer de Mama ............................................................................................. 21
2.2. Breve Histórico da construção da Pol. Nac. de Controle do Câncer ..... 26
2.3. Política Nacional de Controle do Câncer .................................................... 27
3. CAPÍTULO 3 – Informação e Gestão da Informação
3.1. Informação (Conceitos e saberes orientadores) ......................................... 29
3.2. Informação em Saúde ..................................................................................... 32
3.3. Sistemas de Informação em Saúde ............................................................... 37
3.3.1. Sistemas de Bases Nacionais ................................................................ 39
3.3.1.1. Sist. de Inform. Hospitalar (SIH/SUS) ........................................... 39
3.3.1.2. Sist. de Inform. Ambulatorial ...................................................... 39
3.3.1.3. Sist. de Inform. da Atenção Básica (SIAB) ............................... 40
3.3.1.4. Sist. de Inform. sobre Mortalidade (SIM) .................................. 40
3.3.1.5. Sist. de Inform. de Nascidos Vivos (SINASC) ............................ 40
3.3.1.6. Cad. Nac. de Estabelecimentos de Saúde (CNES) ............... 41
3.3.1.7. Sist. de Inform. sobre Orçam. Público em Saúde (SIOPS) ..... 41
3.3.1.8. Sist. de Gerenciamento Financeiro (SGIF) ............................... 41
3.3.1.9. Sist. de Gerenciamento de Informações Locais (GIL) ........... 41
3.3.1.10. Sist. Integrado de Informatização de Amb. Hosp. (HOSPUB). 42
3.3.1.11. Sist. Inform. Sobre Câncer de Mama ....................................... 42
3.3.2. Registros de Câncer .............................................................................. 43
9
3.3.2.1. Registro Hospitalar de Câncer .................................................. 43
3.3.2.2. Registro de Câncer de Base Populacional ............................. 44
4. CAPÍTULO 4 – Gestão do Conhecimento na Saúde
4.1. Gestão do Conhecimento ............................................................................. 46
4.2. Gestão do Conhecimento na Saúde ........................................................... 50
5. CAPÍTULO 5 – Ambiente de Informação para Apoio a Decisão
5.1. Ambiente de Informação proposto por Vasconcellos et al. ..................... 52
6. CAPÍTULO 6 – Materiais e Métodos
6.1. Questões Éticas ................................................................................................ 58
6.2. Métodos ........................................................................................................... 58
6.2.1. Pesquisa Documental ........................................................................... 58
6.2.2. Pesquisa Bibliográfica .......................................................................... 59
6.2.3. Entrevistas ............................................................................................... 60
6.2.4. Questionário ........................................................................................... 60
7. CAPÍTULO 7 – Resultados e Discussões
7.1. Análise dos questionários ............................................................................... 65
7.2. Modelo Proposto .............................................................................................. 74
7.3. Considerações Finais ....................................................................................... 84
Referências Bibliográficas ........................................................................................... 86
Apêndice I – Questionário Aplicado ......................................................................... 92
Apêndice II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – v. Questionário ....101
Apêndice III – Roteiro de Entrevista .......................................................................... 105
Apêndice IV – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – v. Entrevista ...... 107
Apêndice V – Carta Convite ....................................................................................... 111
Anexo I – Política Nacional de Atenção Oncológica ............................................ 113
10
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Indicadores dos Programas
Tabela 2 – Tempo de Experiência como Gestor do Controle do Câncer de Mama
Tabela 3 – Sistemas utilizados para tomada de decisão
Tabela 4 – Sistemas para tomada de decisão
Tabela 5 – Fonte de dados
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Matriz do Controle do Câncer de Mama no Brasil
Figura 2 – Fluxo de Atendimento da Mulher
Figura 3 – Etapas da Gestão do Conhecimento
Figura 4 – Ambiente de Informação para Apoio a Decisão
Figura 5 – Desenho da Matriz de Câncer de Mama e Sistemas de Informação
Figura 6 – Modelo Proposto
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Modalidades de capacitação realizadas pelos Gestores
Gráfico 2 – Implementação dos Programas Viva Mulher, PAISM e ambos, nos estados
Gráfico 3 – Metas a serem alcançadas
11
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
AEM - Auto-exame das mamas
AMS – Pesquisa de Assistência Medica Sanitária
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ANS – Agência de Saúde Suplementar
APAC – Autorização de Procedimento de Alta Complexidade
BI-RADS – Breast Image Reporting and Data System
BPA – Boletim de Pagamento Ambulatorial
CACON – Centro de Alta Complexidade Oncológica
CBR - Colégio Brasileiro de Radiologia
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
DALY – Disability Adjusted Life Years
DATASUS – Departamento de Informática do SUS
ECM - Exame clínico das mamas
GIL – Sistema Gerenciamento de Informações Locais
HOSPUB – Sistema Integrado de Informações de Ambiente Hospitalar
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INCA – Instituto Nacional de Câncer
MS - Ministério da Saúde
N - Tamanho da amostra
OMS - Organização Mundial da Saúde
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde
PAAF – Punção Aspirativa por Agulha Fina
PAG – Punção por Agulha Grossa
PAISM – Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher
PCC – Programa de Controle do ncer
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PNAO – Política Nacional de Atenção Oncológica
PSF – Programa Saúde da Família
PYLL – Potential Year Lost Life
12
RAO – Rede de Atenção Oncológica
RCBP – Registro de Câncer de Base Populacional
RHC – Registro Hospitalar de Câncer
RIPSA - Rede Interagencial de Informações para Saúde
SAS - Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde
SGIF – Sistema de Gerenciamento Financeiro
SIA – Sistema de Informações Ambulatórias do SUS
SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica
SIH – Sistema de Informações Hospitalares
SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade
SINASC – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SIOPS – Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde
SIS – Sistema de Informação em Saúde
SISBASEPOP – Sistema de Câncer de Base Populacional
SISMAMA – Sistema de Informações sobre Câncer de Mama
SNC – Serviço Nacional de Câncer
SUS - Sistema Único de Saúde
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TIC – Tecnologia de Informação e Comunicação
TISS – Troca de Informação em Saúde Suplementar
VISA - Vigilância Sanitária
13
Capítulo 1
Introdução
1.1 Introdução
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o
mais comum entre as mulheres. A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer
em mulheres são de mama
1
.
Em 1996, o índice de mortalidade por neoplasia de mama no País era de 8,9 por
100.000 habitantes. Em 2005, esse valor alcançou a marca de 10,9, o que demonstra o
seu crescimento contínuo
2
.
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), órgão do
Ministério da Saúde (MS) responsável pela coordenação da Política Nacional de Atenção
Oncológica (PNAO), uma estimativa de incidência de neoplasia maligna da mama de
aproximadamente 50.000 novos casos para o ano de 2008, com um risco estimado de 51
casos para cada 100 mil mulheres
1
.
Atualmente, o controle do câncer em nosso país representa um dos grandes
desafios para a Saúde Pública brasileira. Além de ser a segunda causa de morte por
doença, o câncer requer uma infra-estrutura sistêmica muito efetiva, o que demanda a
realização de ações integradas, de variados níveis de complexidade. Devido à
diversidade na distribuição regional das neoplasias malignas necessidade de se
estruturar no Sistema Único de Saúde (SUS) uma rede de serviços regionalizada e
hierarquizada que garanta atenção integral à população. Outro ponto importante se refere
à necessidade de implementação do processo de regulação, avaliação e controle da
atenção oncológica nesta rede, acopladas à necessidade de recursos humanos oriundos
de diversas áreas do conhecimento, além da injeção constante e crescente de grande
quantidade de recursos financeiros.
14
A implementação de ações nacionais para o controle do câncer fundamenta-se
decisivamente na coleta, análise e troca de informações intra e inter instituições que
compõem a Rede de Atenção Oncológica (RAO), prevista na PNAO. Dentre os
componentes fundamentais da PNAO, destacam-se, no caso do câncer de mama, as
ações direcionadas à detecção precoce, por meio do rastreamento, do diagnóstico
precoce e o tratamento adequado. Segundo a OMS, para que essa política de certa é
necessária uma alta cobertura, exames de qualidade e garantia ao tratamento. Os
sistemas de informações em saúde podem configurar-se como um dos seus principais
pilares para o planejamento, monitoramento e avaliação dessas ações.
A vigilância, bem como a avaliação de seu desempenho, é um dos componentes
fundamentais para o planejamento e o monitoramento da efetividade de programas de
controle de câncer. “Um sistema de vigilância estruturado fornece informações sobre a
magnitude e o impacto do câncer, como também sobre o efeito das medidas de
prevenção, detecção precoce, tratamento e cuidados paliativos”.
1
Apesar dos avanços alcançados nos sistemas de informação em saúde nos
últimos anos pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e a colaboração da
Rede Interagencial de Informações para Saúde (RIPSA) na padronização das
informações em saúde, ainda existe um longo caminho a ser percorrido objetivando maior
sistematização dos dados e informações e maior utilização e integração das bases de
dados disponíveis para apoiar as ações do SUS.
Hoje o país ainda não dispõe de um sistema nacional de informação em saúde
eficaz, estruturado, no sentido de um sistema articulado, com base de dados que se
comuniquem e com responsabilidades definidas quanto à coleta, analise e disseminação
das informações. A mesma práxis informacional aplica-se para o controle do câncer,
aonde observa-se uma situação precária com relação aos sistemas de informações, que
mostram-se fragmentados, desestruturados, com insuficiência, redundância e baixa
qualidade das informações. Problemas esses que devem ser enfrentados para permitir
melhor gestão dos Programas de Controle do Câncer e auxilie o seu gestor no processo
15
de tomada de decisão. No caso do câncer de mama, somente agora em 2009, está sendo
implantado um sistema de informação para o seu controle, o Sistema de Informação
sobre Câncer de Mama (SISMAMA), desenvolvido pelo DATASUS em parceria com o
INCA, que brevemente produzirá informações que permitirão um melhor planejamento,
monitoramento e avaliação do Programa implantado.
Moraes e Gomez
3
apontam que a atual práxis informacional em saúde é uma
limitante à capacidade de resposta do estado frente à necessidade de melhoria da
situação de saúde. A afirmação das autoras é o espelho da realidade acima, em que o
modus operandi da organização das informações em saúde atual não consegue se
transformar em benefícios para população brasileira.
Dentro deste contexto, observa-se que as organizações de saúde do SUS têm
produzido grandes quantidades de dados oriundos dos vários sistemas de informação
hospitalar, sistemas de faturamento, sistemas administrativos, dentre outros. Entretanto,
parte desse esforço tem se mostrado aquém das necessidades da gestão, devido à falta
de integração das várias bases de dados, o que raramente permite que essas
informações sejam utilizadas efetivamente nas tomadas de decisões. Assim, a
implementação de um ambiente, que facilite a transformação de toda essa informação em
conhecimento, em conjunto com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
pode ser uma contribuição promissora.
As TICs vêem contribuindo para o crescimento de setores intensivos em
informação e conhecimento como é o caso da Saúde e, se bem implementadas, passam
a ser fundamentais como ferramentas de apoio à gestão pública do SUS.
Vasconcellos et al.
4
apontam a relevância do desenvolvimento e implementação
de um Ambiente de Informações para Apoio à Decisão em Saúde nas estruturas de
gestão do SUS, tendo como eixos orientadores: a utilização da potencialidade das
tecnologias da informação, a integração e a articulação de informações em saúde.
Esta pesquisa além de salientar a importância do conhecimento pertinente à
16
saúde, aborda a informação e a forma como ela pode subsidiar a produção de
conhecimento para o controle do câncer de mama, oferecendo aos gestores da RAO no
SUS, um modelo inovador de gestão, que poderá permitir um melhor aproveitamento do
conhecimento produzido na rede.
A construção de um ambiente de informação que facilite a estruturação, o acesso
e o compartilhamento das informações para subsidiar o gestor nos processos de tomada
de decisão, com ferramentas que permitam a produção de novos conhecimentos e o seu
compartilhamento, pode ser uma forma de contribuir para o enfrentamento do problema
exposto.
Partindo da afirmativa pode-se inferir dois questionamentos:
1. Nos moldes propostos por Vasconcellos et al.
4
, o desenvolvimento e a
implementação de um ambiente para apoio à decisão em saúde pode efetivamente
contribuir para enfrentar o problema da dispersão, insuficiência, redundância e baixa
qualidade das informações para controle do câncer de mama ?
2. Como e em que grau as práticas, saberes e tecnologias relacionadas à gestão
da informação e a gestão do conhecimento representam inovações para organização
deste ambiente de informações/conhecimento ?
Refletir sobre essas questões e propor um ambiente informacional para apoio à
decisão que subsidie os gestores no controle do câncer de mama é o escopo do presente
trabalho, pretendendo com isso contribuir para o debate em torno do processo de gestão
do câncer de mama na RAO com objetivos de melhoria dos serviços de saúde do SUS.
1.2 Justificativa
As últimas décadas se têm caracterizado pela intensidade e rapidez das
inovações tecnológicas, sobretudo no campo das Tecnologias da Informação e da
Comunicação. As TICs têm contribuído para o crescimento de setores intensivos em
17
informação e conhecimento, como é o caso da Saúde e, se implementadas corretamente
apresentam imenso potencial como ferramenta de apoio à gestão pública do SUS.
Para se manterem competitivas e inovadoras nesta era de incremento do
conhecimento, as organizações públicas de saúde devem analisar estrategicamente os
saberes gerados dentro e fora do SUS, que demonstrem potencial inovador. Assim, a
geração e o acesso ao conhecimento assumem um papel importante para as
organizações contemporâneas. Surgem novas abordagens que redefinem o padrão
hierárquico de organização Fordista/Taylorista, no sentido de uma organização inovadora,
que adicione valor e crie novas riquezas por meio do conhecimento.
Tensionadas pela sociedade e pela necessidade de gerar e absorver inovações,
as organizões públicas de saúde demonstram a conscientização da importância da
revisão dos seus modelos de gestão e organização de serviços, procurando alcançar
maior qualidade e melhor atendimento à população.
Em 2005, ao lançar o PNAO, o MS reconheceu a importância epidemiológica do
câncer e sua magnitude social. Foi proposto um modelo inovador de organização para
controle do câncer, a RAO, tendo como objetivos principais: a geração, disseminação,
articulação e implantação de políticas e ações de atenção oncológica.
Neste sentido a RAO tem como principal característica desenvolver um trabalho
cooperativo, em que os diferentes atores envolvidos compartilham informações,
conhecimento e recursos visando reduzir a incidência do ncer, a mortalidade por esta
doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Apesar dos seus esforços e dada a
abrangência e complexidade de seus encargos, a RAO ainda carece de estrutura e
articulação compatíveis com o desempenho eficaz de suas responsabilidades, o que tem
contribuído para a dispersão, insuficiência, redundância e baixa qualidade das
informações de câncer e, mais especificamente no caso deste estudo, o câncer de mama.
Como reflexo do quadro acima, os processos de implementação das ações
nacionais para controle do câncer de mama têm se mostrado fragmentados e
18
desarticulados, evidenciando as constatações de Moraes e Gomez
3
, quanto ao
esgotamento do atual modelo de organização das informações em saúde, que
pressionam para o desenvolvimento de inovações que ampliem a capacidade de resposta
do estado brasileiro, rompendo com a sua condução pica, fragmentada e reativa das
políticas sociais.
Para Stoner e Freeman
5
, somente com informações precisas os administradores
podem monitorar o progresso na direção de seus objetivos e transformar os planos em
realidade. Vasconcellos et al.
4
também apontam a necessidade de uma nova concepção
de organização das informações em saúde propondo a criação de um ambiente de
informação.
Os gestores do SUS que atuam no controle do câncer enfrentam dificuldades em
obter informações úteis que auxiliem em seus processos de decisão, são obrigados a
percorrer os diversos sistemas de informação em saúde existentes, como o SIA/SUS,
SIH, SIM, RHC, SISBASEPOP, entre outros e criar planilhas próprias. No caso do câncer
de mama a situação é ainda mais critica em função de apenas agora, em 2009, com a
implantação do SISMAMA, os gestores terem informações relevantes para o controle
desta doença. Hoje com os sistemas de informações em saúde disponíveis não é
possível, por exemplo, responder quantas mamografias são de diagnóstico e quantas são
de rastreamento, quem as realizou e quais são os seus resultados.
Tendo em vista a profusão de dados carentes de sistematização que lhes
transformem em informação estratégica e lhes confiram um caráter operacional para os
gestores do SUS responsáveis pelo controle do ncer de mama, o presente estudo
pretende apresentar um modelo de ambiente informacional fortemente apoiado nas novas
TICs, com um novo modelo de organização das informações em câncer, que disponibilize
em um único local, informações de diversas origens, referentes a toda a linha de cuidados
do câncer de mama, desde a detecção precoce, ao diagnóstico e tratamento, e até a seus
cuidados paliativos.
Tendo por referência o modelo proposto por Vasconcellos et al.
4
e conceitos da
19
Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento no âmbito do INCA, este ambiente
poderá subsidiar os gestores do SUS, das esferas Federal, Estadual e Municipal, com
informações relevantes, em tempo hábil, para apóia-los nos seus processos de tomada de
decisão. Ao oferecer aos gestores da Rede de Atenção Oncológica um modelo de gestão
da informação inovador, também poderá permitir o registro e sistematização dos saberes
empíricos produzidos na rede assistencial e induzir a produção de novos conhecimentos
para o controle do câncer de mama.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Formular um modelo de ambiente de informações para apoio à decisão que auxilie
os gestores das ações de controle do câncer de mama, tendo por referência o modelo
proposto por Vasconcellos et al.
4
e conceitos da Gestão da Informação e Gestão do
Conhecimento no âmbito do INCA.
1.3.2 Objetivos Específicos
1. Identificar e sistematizar informações que subsidiem os gestores no apoio à
tomada de decisão;
2. Definir indicadores para acompanhamento das ações nacionais de controle do
câncer de mama; e
3. Elaborar uma proposta de arquitetura de informações para apoio à decisão no
contexto do SUS.
1.4 Estrutura do trabalho
Este estudo envolve sete capítulos organizados da seguinte forma: no primeiro
capítulo, descrevem-se as dificuldades mais comuns no controle do câncer de mama no
Brasil e a falta de uma estrutura de informações em saúde que efetive e subsidie o gestor
20
no processo de tomada de decisão. Apresenta a Justificativa e os Objetivos do estudo; no
segundo, terceiro e quarto capítulos apresentam-se à contextualização dos aspectos que
envolvem o câncer de mama e a construção de uma Política Nacional de Controle do
Câncer de Mama no País e os conceitos de informação, gestão da informação, gestão do
conhecimento, entre outros pertinentes à discussão proposta.
O quinto capítulo apresenta o modelo conceitual de arquitetura de informação em saúde
proposto por Vasconcellos et. al.
4
, que embasa este estudo.
Nos capítulos seguintes descrevemos a metodologia utilizada e a apresentação final a
cerca dos resultados das pesquisas e suas conclusões.
21
Capítulo 2
Câncer de Mama e sua História no Brasil
2.1 Câncer de Mama
Tumor maligno que se desenvolve no tecido mamário, o câncer de mama no
Brasil é a neoplasia maligna mais comum e o que mais leva à morte de mulheres,
segundo o INCA. Trata-se de doença de difícil controle, pela concepção do seu adoecer,
tratamento e cura, além do forte fator emocional e psicológico para a população feminina.
“É provavelmente o mais temido pelas mulheres devido à sua alta frequência e
sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a
própria imagem pessoal”
6
.
Com relação ao desenvolvimento de estratégias nacionais de controle do câncer,
a Organização Mundial de Saúde (OMS) enfatiza que os países devem levar em
consideração as seguintes abordagens: prevenção primária, detecção precoce e
prevenção secundária, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos. Por se tratar de um
câncer no qual o conhecimento do mecanismo causal não é completo, a prevenção
primária dessa neoplasia não é totalmente possível devido à variação dos fatores de risco
e as características genéticas que estão envolvidas na sua etiologia. Alguns cuidados
com a saúde podem minimizar o risco deste tipo de câncer, como: atividade física regular,
controle do peso, amamentação prolongada, evitar o excesso de álcool, evitar o uso
prolongado de terapia hormonal exógena e evitar a exposição excessiva de radiação
7
.
A detecção precoce, segundo a OMS, envolve ações de diagnóstico precoce,
diagnóstico, tratamento e seguimento. O rastreamento por mamografia e o exame clínico
das mamas (ECM) são procedimentos adotados para detecção precoce do câncer de
mama.
22
As evidências científicas têm mostrado que a mamografia e o ECM feitos de
forma adequada podem ser úteis na redução da mortalidade por câncer de mama
8
; os
resultados dos programas de rastreamento têm se mostrados consistentes com os
resultados observados em ensaios clínicos randomizados
9
. Os oito ensaios clínicos
conduzidos em outros países até 2004 concordaram em que o rastreamento mamográfico
está associado a uma significante e substancial diminuição da mortalidade por câncer de
mama
10
.
Esses estudos evidenciam que ao se diagnosticar o câncer de mama
precocemente, se reduz a mortalidade. A detecção precoce associada a facilidades de
diagnóstico de qualidade e o acesso ao tratamento adequado são fatores determinantes
para queda do índice de mortalidade. Nos países desenvolvidos, a estratégia amplamente
utilizada para a redução da mortalidade por câncer da mama, é o rastreamento por
mamografia. Nos países onde ações organizadas de rastreamento mamográfico foram
implantadas, observa-se uma queda muito significativa nas taxas de mortalidade, em
torno de 30% nas mulheres acima dos 50 anos. Essa redução foi observada cerca de sete
a nove anos após o início das ações de controle
11
.
Porém para se obter o percentual de redução acima são necessárias algumas
premissas: cobrir pelo menos 70% da população alvo, garantir o acesso ao diagnóstico e
tratamento e ter qualidade nos exames de rastreamento. Sem esse leque não se alcança
o resultado esperado. Atualmente, a OMS recomenda o exame mamográfico como o
método mais eficaz e efetivo para detecção precoce do câncer de mama, recomendando-
o para mulheres com idade entre 50 e 69 anos.
No Brasil, o INCA/MS recomenda como principais estratégias de rastreamento
populacional o exame clínico das mamas anualmente, para mulheres de 40 a 49 anos e a
mamografia pelo menos a cada dois anos, para mulheres de 50 a 69 anos. Para mulheres
de grupos populacionais considerados de risco elevado (com história familiar de câncer
de mama em parentes de primeiro grau) recomenda-se o exame clínico da mama e a
mamografia, anualmente, a partir de 35 anos
12
.
23
No caso do câncer de mama a detecção precoce através do rastreamento, o
diagnóstico de qualidade e o tratamento adequado são hoje parte (mais) importante para
a solução do problema, permitindo a cura ou, pelo menos, a sobrevida mais longa e com
melhor qualidade.
F
ig. 1 - Matriz de controle do câncer de mama no Brasil (fonte apresentação INCA)
A figura 1 acima nos permite visualizar a linha de cuidados do câncer de mama e a sua
inserção nos níveis de atenção.
a)
Promoção da saúde e prevenção do ncer de mama
- procura incentivar a
mulher adotar hábitos saudáveis como: exercícios físicos regulares, boa
alimentação, controle do peso, evitar o álcool e tabagismo. Os principais fatores
de risco associados a esta doença são: o uso prolongado de anticoncepcional
hormonal oral; a idade; a menarca antes dos 12 anos; a menopausa após os 55
anos; a gravidez tardia (após 30 anos); a terapia de reposição hormonal e
principalmente mulheres com parentes de 1
o
. grau com diagnóstico de câncer de
mama. O aleitamento materno prolongado funciona como um fator de redução de
risco. A prevenção ocorre fortemente nos níveis de atenção básica, principalmente
24
através do agente comunitário e nas Unidades Básicas de Saúde;
b) Rastreamento as formas de rastreamento para o câncer de mama utilizados no
Brasil são o ECM e a mamografia, principalmente o último. Os ECM são realizados
nas Unidades Básicas que ao identificar algo direcionam aos Serviços de
Mamografia para realização do exame, os Hospitais Regionais ou Pólos
Secundários e os Hospitais Terciários também fazem exames de rastreamento;
c) Diagnóstico esta fase da linha de cuidados acontece nas unidades de média
complexidade (Pólos secundários ou Hospitais Regionais), onde realizam-se
exames de imagem complementares e biópsias;
d) Tratamento realizado em parte pelas unidades de média complexidade no caso
de necessidade de intervenção cirúrgica e nos Hospitais Terciários (alta
complexidade) quando exigem procedimentos oncológicos como a quimioterapia,
a radioterapia e as cirurgias oncológicas;
e) Cuidados Paliativos quando os procedimentos curativos não dão o resultado
esperado, são prestados serviços de assistência ao doente e seus familiares
visando a preservação da qualidade de vida do paciente. Essa fase é realizada em
quase todos os níveis de atenção, principalmente pelos agentes comunitários e
profissionais do Programa Saúde da Família (PSF).
A figura 2 abaixo mostra percurso da mulher no SUS, que começa na Unidade Básica,
aonde são realizadas consultas com generalistas, nos casos recomendados, essas
mulheres são encaminhadas aos Serviços de Mamografias, havendo necessidade são
direcionadas as Unidades Secundárias ou Terciárias dependendo da necessidade de
exames complementares ou no caso de iniciar o tratamento preconizado.
25
Figura 2 – Fluxo de Atendimento da Mulher
Fonte: elaboração própria
Serviço de Mamografia
Unidade Básica
Unidade Secundária
Unidade Terciária
Cirurgia
Radioterapia
Quimioterapia
Requisição de mamografia
Consulta Especializada
Exames (laboratoriais,
de imagem, biopsias,
entre outros)
Anamnese
ECM
26
2.2 Breve Histórico da Construção da Política Nacional de Controle do Câncer
Ao longo da História, o câncer foi visto de diversas formas, evoluindo da
concepção de doença do individual para problema coletivo de saúde blica. A partir do
início do século XX, acompanhando a tendência de aumento da incidência da doença na
Europa e nos Estados Unidos, os médicos brasileiros começaram a dedicar maior
atenção ao câncer.
13
Em 1920, a doença passou a ser objeto de uma inspetoria do
Departamento Nacional de Saúde Pública com o objetivo de atender uma demanda social
de aumento do escopo das ações governamentais.
O médico Mario Kroeff ficou na memória da História da Medicina brasileira como o
principal artífice na transformação do câncer em problema de saúde pública e na
implantação de ações para seu controle, pois atuou diretamente na criação de várias
instituições voltadas para a doença, entre elas o Centro de Cancerologia, embrião do
Instituto Nacional de Câncer. No período do governo Vargas (1930-1945), o Serviço
Nacional de Câncer (SNC) ampliou bastante sua atuação, principalmente no incentivo às
ligas e instituições locais. Campanhas de prevenção a nível nacional são postas em
prática, o então Instituto Nacional de ncer é ampliado e modernizado, enfatizando seu
papel na formulação de políticas públicas de câncer para o País.
Os anos 60 foram marcados por um período de turbulência política e
transformações para saúde pública brasileira, SNC e seu Instituto de Câncer. A política
pública de saúde voltava-se para a privatização dos serviços, através da compra de
serviços privados por meio de convênios com a Previdência Social, com a oposição dos
cancerologistas do SNC que consideravam ter esta doença ultrapassado os limites dos
hospitais, enfermarias e consultórios médicos, se constituindo efetivamente em uma
questão de saúde pública e como tal deveria ser enfrentado
13
.
A seguir, a política predominantemente voltada para o aspecto curativo, sofreu
mudanças, pois a prevenção, detecção, o diagnóstico, tratamento e a pesquisa
demandavam especialistas altamente treinados e equipamentos de alto custo. Em 1968 é
27
lançada a Campanha Nacional de Combate ao Câncer, que tinha como metas prioritárias:
a valorização da prevenção e detecção entre médicos e leigos; formação de especialistas
e técnicos em cancerologia, incentivar a instituição dos registros de câncer nas diversas
regiões do país e a elaboração do Plano Nacional de Combate ao Câncer.
A constituição de 1988 trás mudanças estruturais importantes para área da saúde
com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O Instituto Nacional de Câncer
consolidou então o seu papel de definição das estratégias e diretrizes das políticas
públicas para o controle do câncer.
2.3 Política Nacional de Controle do Câncer
A OMS define Política Pública como o “compromisso explícito do governo e seus
colaboradores que provêm objetivos para os programas de controle do câncer (PCC),
especificam a prioridade relativa de cada objetivo e indicam os recursos e medidas
necessárias para atingir estes objetivos”.
14
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer é o
órgão do Ministério da Saúde responsável pela coordenação da Política Nacional de
Atenção Oncológica: Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e
Cuidados Paliativos realizando, ao longo das últimas décadas, inúmeras ações de
controle do câncer.
15
Entre os programas desenvolvidos em âmbito nacional, o INCA lançou em 1997,
o Programa Viva Mulher, que no seu início priorizava o controle do câncer de colo do
útero. Em 1999, deu-se início à estruturação funcional e técnico-gerencial para o controle
do câncer de mama. O programa foi expandido a nível nacional com iniciativas voltadas
para a detecção precoce. Em 2000, o Programa Viva Mulher implantou a primeira fase
das ações voltadas para a detecção precoce do câncer de mama, com distribuição de
material para treinamento e o Projeto de Organização da Rede de Serviço, prevendo a
alocação de mamógrafos e pistolas para biópsia por agulha grossa (core biopsy) em pólos
de diagnóstico estaduais.
Em 2003, o INCA e a Área Técnica da Saúde da Mulher, com o apoio da
28
Sociedade Brasileira de Mastologia, realizaram a "Oficina de Trabalho para Elaboração de
Recomendações ao Programa Nacional de Controle do Câncer da Mama", que
desenvolveu o documento “Consenso para Controle do Câncer da Mama”
12
, publicado
em 2004. Este documento recomenda, como principais estratégias de rastreamento
populacional, um exame mamográfico pelo menos a cada dois anos, para mulheres de 50
a 69 anos de idade, e o exame clínico anual das mamas, para mulheres de 40 a 49 anos.
O ECM deve ser realizado em todas as mulheres que procuram o serviço de saúde,
independentemente da faixa etária, como parte do atendimento à saúde da mulher. Para
mulheres de grupos populacionais considerados de risco elevado (com história familiar de
câncer de mama em parentes de primeiro grau), recomenda-se o ECM e a mamografia,
anualmente, a partir de 35 anos de idade.
Em 2005, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção
Oncológica: Promoção, Preveão, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados
Paliativos, onde reconheceu a magnitude do câncer como problema de saúde pública.
15
Essa política procura englobar toda a linha de cuidados da doença, desde a promoção da
saúde a os cuidados paliativos, objetiva estruturar a nível nacional a Rede de Atenção
Oncológica, uma rede de serviços organizada de forma regionalizada e hierarquizada que
garanta atenção integral à população e o acesso a consultas e exames para o diagnóstico
do câncer.
A PNAO, estruturando-se em redes estaduais e regionais de atenção oncológica,
na lógica da linha de cuidados progressivos em saúde, busca romper com a organizão
"em pirâmide"
1
das iniciativas para o enfrentamento do problema do câncer.
16
A política
tem entre suas diretrizes o planejamento, monitoramento e o desenvolvimento de
mecanismos e parâmetros de avaliação do impacto em curto, médio e longo prazo das
ações e serviços prestados em todos os níveis de saúde. Prevê também o
desenvolvimento de um sistema de informação que possa oferecer ao gestor subsídios
para tomada de decisão no processo de planejamento, regulação, avaliação e controle e
promover a disseminação da informação.
15
1
Organização em pirâmide – sua estrutura tem forma piramidal (cúpula e base) e é fortemente hierarquizada.
29
Capítulo 3
Informação, Gestão de Informação
3.1 Informação: conceitos e saberes orientadores
Para o planejamento, a implantação, o monitoramento e a avaliação das ações de
controle do câncer de mama e para o processo de tomada de decisão dos gestores é
imprescindível a existência da “informação”. Antes de entrar propriamente na descrição
conceitual de informação, vamos definir o termo “dado”. Dado é qualquer elemento
quantitativo ou qualitativo, em forma bruta, que por si não conduz à compreensão de
determinado fato ou situação”
23
. Pode ser definido também como “uma descrição limitada
do real, desvinculada de um referencial explicativo e difícil de ser utilizada como
informação por ser ininteligível”.
24
Dado aqui é o substrato para produção da informação,
a sua transformação em informação se dá através de processos de processamento
tratamento, análise e armazenamento, que podem ser realizados manualmente ou
eletronicamente.
A “informação” é um dos conceitos que orienta este trabalho. Nos estudos teóricos
da ciência da informação, aparece como termo complexo, de múltiplas acepções, com
riqueza semântica e que teve seu significado ampliado ao longo do tempo.
Etimologicamente, informação vem do latim informatio ("delinear, conceber idéia"), e é
usado dentro de dois contextos: o ato de moldar a mente ou o ato de comunicar
conhecimento. Capurro e Hjorland
17
exploram as raízes latinas e gregas da palavra
“informatio” e sua utilização histórica desde Virgílio (70-19 A.C.) até o século XVIII, onde
aparecem referências dentro de contextos de teor biológico, educacional e moral. Na
transição da idade média para modernidade o conceito de informação de “dar forma a
algo” é abandonado, mas refeito sob premissas empíricas e epistemológicas para
“comunicar alguma coisa a alguém”.
17
O conceito de “informação é utilizado em quase todos os campos dos saberes
30
científicos, consequentemente apresenta uma variedade de definições, a depender do
enfoque (olhar do observador) que se queira lhe atribuir. Possui diferentes dimensões
explicativas e conceituais. Isso se justifica, principalmente, por causa do uso da palavra
“informação” em diferentes áreas do conhecimento. Mesmo em áreas próximas, a palavra
remete a conceitos com algumas variações. Podemos dizer que a “informação” na
atualidade tem um conceito interdisciplinar.
A Teoria da Informação de Shannon e Weaver
17
é um marco de mudança
conceitual, abstrai-se o significadodo conceito de informação. A informação” passa a
ser considerada uma medida apenas quantitativa de trocas comunicativas. Esta teoria
alterou o modo como os cientistas e técnicos passam a utilizar a palavra informação.
17
A
partir deste momento a palavra informação passa a ter o seu uso cada vez mais amplo e
impreciso.
Outra forma de conceituar informação é como um processo de comunicação que
envolve um emissor (origem), uma mensagem (canal) e um receptor (destino) dentro de
um determinado espaço (contexto) social, político e econômico. Aqui a informação
adquire valor se utilizada pelo receptor para dirimir seu grau de incerteza.
“informação é o que é informativo para uma determinada pessoa. O que é
informativo depende das necessidades interpretativas e habilidades do indivíduo (embora
estas sejam frequentemente compartilhadas com membros de uma mesma comunidade de
discurso)
17
Nas últimas décadas a informação vem cada vez mais assumindo um papel
importante, tornando-se senso comum na sociedade contemporânea, principalmente
alavancadas pelas novas “Tecnologias de Informação e Comunicação”.
Choo
18
, Barreto
19
e Moraes
20
revelam a importância do uso da informação nos
processos de tomada de decisão, na resolução de problemas e para produção da
informação em conhecimento. A informação adquire um status de “mercadoria” de valor
estratégico para os negócios e as organizações.
31
De acordo com CHOO
18
as organizações usam a informação para tomar
decisões, resolver problemas ou acumular conhecimento”.
Barreto
19
diz que
“a informação quando adequadamente assimilada, produz
conhecimento, modifica o estoque mental de informação do indivíduo e traz benefícios ao
seu desenvolvimento e ao desenvolvimento da sociedade em que ele vive”
.
Para Moraes
20
“a palavra 'informação' em si traz esta idéia de ordenação, de um
'processo que organiza a ação'; formatação de organização para dar a conhecer, tornar
público; alcançando assim significado”.
A informação tem um papel importante no processo de decisão, cujo resultado é
tão melhor quanto mais estruturado e sistematizado for. Neste processo, as TICs podem
ajudar nas atividades relacionadas à coleta, seleção, codificação, estruturação,
classificação e armazenamento da informação. É preciso encontrar a informação
“relevante”, avaliá-la segundo sua “importância” (para alguém), analisada (interpretação) e
posteriormente disponibilizada para decisão de forma sistemática
21
.
O surgimento de novas tecnologias da informação como o data warehouse, que
permite o armazenamento de grandes volumes, as técnicas de inteligência de negócios
(business intelligence) para subsidiar a tomada de decisão e as de comunicação, como a
Internet, para sua difusão e compartilhamento, são mostras do potencial a ser explorado
pela área da saúde.
A abordagem deste estudo é da informação enquanto pré-requisito para a
produção de conhecimento para a sociedade e requisito para tomada de decisão no
controle do câncer de mama, suportada pelas tecnologias da informação e comunicação.
32
3.2 Informações em Saúde
Para entendermos o contexto da organização das informações em saúde no país,
devemos nos remeter ao passado em busca de fatos que expliquem a atual práxis
informacional em saúde.
Moraes
22
em seu livro “Potica, Tecnologia e Informação em Saúde: A Utopia da
Emancipação” traça um olhar genealógico da racionalidade que vem norteando a
organização das informações em saúde no Brasil. Esse olhar pode nos ajudar a entender
a conformação atual dos sistemas de informação em saúde e sua forma fragmentada de
organização.
Segundo Moraes
22
, tendo o entendimento deste “olhar” sobre a organização das
informações em saúde será possível a transformação em um novo “modo de olhar”,
permitindo ampliar a capacidade de intervenção no mundo real, no cotidiano do setor
saúde no Brasil”.
Para essa autora, a atual práxis informacional reflete os saberes e práticas das
informações em saúde que surgiram no final do século XVIII e início do XIX, na
constituição de um novo tipo de prática médica, quando do nascimento da medicina
moderna centrada no pensamento anátomo-clínico e patológico e a mudança na forma de
lidar com a saúde/doença agora corporificada no indivíduo. Esse novo “olhar” do médico
sobre a coleção de sintomas trás uma nova abordagem, “que transforma o sintoma em
signo de uma doença, compondo, assim, o citado “dossiê individual” (prontuário clínico),
alicerce importante para a paulatina organização de bases informacionais em saúde”.
A mesma lógica é encontrada na definição descrita por Branco
23
, “A informação
em saúde é aquela produzida com o objetivo de identificar problemas individuais e
coletivos do quadro sanitário de uma população, propiciando elementos para a análise da
situação encontrada e subsidiando a busca de possíveis alternativas de encaminhamento.
Envolve tanto aquelas relativas ao processo saúde/doença, quanto as de caráter
administrativo, todas essenciais para a tomada de decisão”.
23
33
Moraes
22
aponta também o papel importante e estratégico da informação em
saúde e sua relação com o que ela chama de “biopoder” e “biosaber”, com objetivo de
controlar e vigiar. “Para compreender o significado da categoria informação em saúde nos
dias atuais é condição sine qua non imbrica-la à questão do poder, como um instrumento
de análise capaz de explicar a produção desses saberes que se formaram e se forma em
torno dela. O poder passa, assim, a ser a categoria-chave para se entender a produção
de saberes, historicamente determinados em sua dimensão política”. Essa abordagem
nos permite entender a construção da organização das informações em saúde em torno
de sistemas enquanto dispositivos do olhar do Estado sobre a sociedade.
“A organização das informações se de tal modo a permitir ligar o singular e o
múltiplo; a permitir recuperar a informação de tal modo que seja possível caracterizar o
indivíduo enquanto indivíduo e ao mesmo tempo inseri-lo em uma ordem, em uma série,
em um conjunto de uma multiplicidade dada.”
22
Essas características são encontradas
hoje nas principais bases informacionais em saúde do país.
A autora também chama a atenção para necessidade da ampliação do controle
social sobre a gestão da informação em saúde. Este olhar é importante pelo viés político
que tem a organização da práxis informacional em saúde. A sociedade deve possuir
mecanismos que permitam maior controle e, quem sabe, uma mudança no modelo
vigente.
Em um outro trabalho Moraes e Gómez
3
demonstram que a atual práxis
informacional em saúde não atende aos anseios da sociedade, que os sistemas de
informações em saúde são reflexos fragmentados dos registros do adoecer, onde o
indivíduo perde sua identidade integral. A gestão da saúde se insere no modo como o
Estado brasileiro implementa suas políticas sociais: de forma essencialmente tópica,
atomizadora, fragmentadora em suas respostas às demandas sociais e reativa a
situações com visibilidade na mídia que se tornam “crises” a merecerem ações”.
Os sistemas de informação sobre câncer espelham essa realidade fragmentadora
34
da organização dos sistemas de informação em saúde. Como exemplo, o Sistema de
Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) está voltado para coletar informações
para especificidade do câncer do colo do útero e o Sistema de Informação do Câncer de
Mama (SISMAMA) para o câncer de mama.
As informações em saúde têm seu valor estratégico na melhoria das condições de
saúde e são de extrema importância para o processo de decisão e devem ser vistas como
pré-requisito do conhecimento.
Para Branco
23
“a tomada de decisão refere-se à conversão das informações em
ação. Portanto, decisão é uma ação tomada com base na análise de informações. O valor
da decisão é inversamente proporcional ao tempo que se leva para tomá-la e diretamente
proporcional à qualidade das informações utilizadas”.
A autora afirma que os gestores (tomadores de decisão) devem ter a seu dispor
informações que permitam:
a identificação do problema;
a análise do problema;
o estabelecimento de soluções alternativas;
a análise e comparação das soluções alternativas, através do
levantamento das vantagens e desvantagens de cada alternativa, bem
como da avaliação de cada uma delas quanto ao grau de eficiência,
eficácia e efetividade no processo;
a implantação da alternativa selecionada, incluindo o devido
treinamento das pessoas envolvidas;
o controle e avaliação com base em critérios estabelecidos pela
instituição.
23
O gestor do controle de câncer deve ter a seu dispor informações de fácil acesso,
relevantes, de qualidade e dentro do tempo certo no seu processo de decisão. Este
processo está fortemente interligado aos sistemas de informação, dada a dificuldade de
35
se processar o grande volume de informações disponíveis manualmente. A lógica
fragmentadora de organização dos sistemas de informação em saúde dificulta o trabalho
do gestor, pois existe um grande volume de informações irrelevantes (dependendo do
olhar), dispersas e de qualidade duvidosa. Como afirma Moraes
3
os sistemas de
informação em saúde são estruturados de forma a responderem aos interesses
institucionais subordinados à determinada política do Estado.
A OMS
14
define as seguintes categorias de informação para análise inicial do
câncer:
a. Dados Demográficos
b. Dados de câncer e fatores de risco
c. Dados de outras doenças
d. Capacidade de avaliação
a. Dados Demográficos
A Demografia refere-se ao estudo das populações humanas e sua evolução
temporal no tocante a seu tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e suas
características gerais. É importante investigar de que modo cada um desses
componentes pode ser afetado por mudanças nos demais e como esses fenômenos se
relacionam entre si. Os dados demográficos são dados disponibilizados através de
censos nacionais. As principais variáveis demográficas são: tamanho da população;
distribuição por sexo, idade, estado conjugal; distribuição segundo região geográfica de
residência atual, anterior e de nascimento; natalidade, fecundidade e mortalidade. As
taxas de câncer variam por idade, sexo e em alguns países por raça.
b. Dados de câncer e fatores de risco
São dados epidemiológicos da ocorrência de câncer e dos fatores de riscos. Esses
dados são a base para determinar aonde concentrar esforços e recursos no controle do
câncer.
36
Segundo a OMS, um programa de monitoramento deve ser construído em torno
dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) que têm papel importante em
fornecer dados para justificar ou não, o estabelecimento de um programa nacional de
controle de câncer. De acordo com a Organização para uma avaliação mais abrangente é
desejável ter dados de incidência, sobrevida e mortalidade. Outros indicadores como
prevalência, PYLL (Potential Year Lost Life) e DALY (Disability Adjusted Life Years)
devem ser calculados. Essas informações são essenciais para definir prioridades em um
programa nacional de controle do câncer, incluindo o planejamento dos serviços de
atenção oncológica.
c. Dados de outras doenças
Dados de outras doenças são essenciais para demonstrar a importância do câncer
com relação às outras doenças. Segundo a OMS, um bom sistema de estatísticas vitais
pode fornecer os dados necessários. Na ausência destes podem ser usados dados
representativos como, admissão hospitalar por causa.
d. Avaliação de Capacidade
Avaliação de capacidade na área de câncer, segundo a OMS, envolve a coleta e a
análise de dados:
de “contexto geral” dados sobre condições econômicas, sociais, culturais
e políticas relacionadas direta ou indiretamente ao programa nacional de
controle do câncer;
da política e ambiente institucional dos sistemas de saúde existentes
relacionados direta ou indiretamente ao câncer;
de desempenho geral dos sistemas de saúde, políticas de saúde, leis,
regulação, finanças, organização e gestão dos níveis de serviços de saúde
e definição das responsabilidades dos setores público e privado;
dos programas e serviços existentes para prevenção, detecção precoce,
tratamento e cuidados paliativos, incluindo sua organização, facilidades,
pessoal, medicamentos e tecnologias, orçamento e sistemas de
37
informação e de avaliação;
dos indicadores de desempenho de qualidade, como, eficácia,
eficiência, apropriação, acesso e sustentabilidade;
existentes dos programas de educação e treinamento continuados, nas
áreas, técnica e de gestão.
A OMS
14
nesta publicação recomenda ainda :
o desenvolvimento de sistemas de informação em saúde para
monitorar os processos e indicadores. Na percepção dela um bom
sistema de informação deve identificar atrasos e pontos de
estrangulamento no sistema;
que os sistemas de informações devam ser ligados aos sistemas
de registro de câncer de base populacional nas localidades em que
eles existam, o que segundo ela permite saídas como incidência,
distribuição dos estágios e sobrevida;
Este sistema deve perpassar por todas as áreas que compõem a
matriz de controle do câncer: promoção e prevenção do câncer,
rastreamento, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos.
3.3 Sistemas de Informação em Saúde
Para o Escritório Regional da OMS, sistema de informações em saúde
“...é um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da
informação necessária para se organizar e operar os serviços de saúde e,
também para a investigação e o planejamento com vistas ao controle de
doenças... e cujo o propósito é selecionar dados pertinentes a esses serviços e
tranformá-los na informação necessária para o processo de decisões, próprio
das organizões e indivíduos que planejam, financiam, administram, provêem,
medem e avaliam os serviços de saúde.”
24
38
o Departamento de Serviços Técnicos Especiais da Organização Pan-
Americana de Saúde (OPAS) define como sendo,
“o conjunto de componentes (estruturas administrativas, departamento de
estatística de saúde, unidades de informação em saúde) que atuam de forma
integrada e que têm por finalidade produzir a informação necessária e oportuna
para implementar processos de decisões no sistema de serviços de saúde”.
24
Para Branco
23
, por sua vez,
“...é um instrumento para adquirir, organizar e analisar dados necessários
à definição de problemas e riscos para a saúde, avaliar a eficácia, eficiência e
influência que os serviços prestados possam ter no estado de saúde da
população, além de contribuir para a produção de conhecimento acerca da
saúde e dos assuntos a ela ligados. O objetivo do Sistema de Informação em
Saúde (SIS) deve ser o de informar ao público, a seus representantes políticos,
funcionários, administradores, gestores e prestadores de serviço sobre a
natureza e amplitude dos problemas de saúde, sobre o impacto de uma ampla
gama de influências na saúde individual e coletiva, bem como apoiar os
processos de tomada de decisão e de gestão para a resolução desses
problemas.”
Esta última definição conceitual acima engloba de forma ampla as várias
definições encontradas na bibliografia pesquisada, que relacionam sistema de
informação, ao processo de organizar, planejar, resolver problema, tomar decisão, avaliar
e com objetivo de informar os vários públicos distintos com a gramatura do individual ao
coletivo.
O Departamento de Informática do SUS (
DATASUS
), do Ministério da Saúde, é o
orgão responsável por manter o acervo das bases de dados nacionais indispensáveis aos
sistemas de informações em saúde e aos sistemas internos de gestão institucional.
39
Os seguintes sistemas de informações em saúde se relacionam com o controle do
câncer. Com objetivo de facilitar o entendimento os sistemas foram divididos em: sistemas
de bases nacionais, sistemas de bases locais, registros de câncer e inquéritos e
pesquisas.
3.3.1 Sistemas de Bases Nacionais
Sistemas de informação em saúde de abrangência nacional.
3.3.1.1 Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS)
O sistema de informação hospitalar tem suas origens na década de 1970. É
oriundo do INAMPS/MPAS, e se baseia nos dados coletados através das Autorizações de
Internação Hospitalar (AIH).
Em 1991, com vistas à implantação do SUS, este sistema, que anteriormente tinha
outra denominação, Sistema de Assistência Médico Hospitalar da Previdência Social-
(SAMHPS), foi renomeado para o atual Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS).
Este sistema foi desenvolvido tendo como principal objetivo organizar o processo
de remuneração das internações hospitalares financiadas pelo SUS. Possui uma grande
base de dados, abrangendo todas as atividades do setor, seja da rede hospitalar pública,
seja da rede privada ou filantrópica, conveniada com o SUS.
25
Os gestores do controle de
câncer podem obter informações sobre pacientes e procedimentos nessas bases.
3.3.1.2 Sistema de Informações Ambulatórias (SIA/SUS)
Este sistema oferece dados sobre controle orçamentário e produção de serviços
ambulatoriais, capacidade instalada e recursos financeiros orçados e repassados aos
municípios. Permite calcular o que foi produzido, mas não quem e quantos foram
atendidos. É um importante instrumento para controlar o repasse de recursos,
40
possibilitando identificar inconsistências entre a fatura apresentada e a capacidade
instalada. No nimo, permite avaliar se a produção de procedimentos é compatível com
a estrutura (física, recursos humanos e/ou equipamentos) de que o prestador dispõe,
possibilitando intervir sobre distorções mais grosseiras.
25
A Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC), é um dos
módulos do SIA, que permite a extração de informações importantes para o controle do
câncer de mama, entre elas pacientes e procedimentos.
3.3.1.3 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)
Este sistema foi criado com a finalidade de acompanhamento das ações e dos
resultados das atividades realizadas pelas equipes do Programa Saúde da Família
(PSF). O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sistemas Locais de
Saúde e incorporou em sua formulação conceitos como território, problema e
responsabilidade sanitária, completamente inserido no contexto de reorganização do SUS
no país.
27
3.3.1.4 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
Sistema desenvolvido pelo DATASUS para obtenção de dados sobre mortalidade
no País. Sua base permite a produção de estatísticas sobre o perfil de mortalidade nos
diferentes níveis do SUS, incluindo o câncer.
28
3.3.1.5 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)
Este sistema tem por objetivo reunir informações epidemiológicas referentes aos
nascimentos informados em todo território nacional. Sua implantação ocorreu de forma
lenta e gradual em todas as unidades da Federação. O acompanhamento da evolução
das séries históricas do SINASC permite a identificação de prioridades de intervenção
relacionadas à saúde da mulher e da criança para todos os níveis do SUS.
29
41
3.3.1.6 Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES)
Permite ao gestor obter informações das atuais condições de infra-estrutura de
funcionamento dos estabelecimentos de saúde nas esferas municipal, estadual e federal,
de forma qualitativa e quantitativa do ponto de vista de recursos humanos, equipamentos
e serviços ambulatoriais entre outros.
30
3.3.1.7 Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde (SIOPS)
Este sistema coleta informações sobre receita e despesa com ações e serviços de
saúde das três esferas de governo. O SIOPS faculta aos Conselhos de Saúde e a
sociedade em geral a transparência e a visibilidade sobre quanto cada unidade político-
administrativa do país tem aplicado no setor saúde.
31
3.3.1.8 Sistema de Gerenciamento Financeiro (SGIF)
O sistema SGIF foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde através de uma parceria
do Fundo Nacional de Saúde (FNS) com o DATASUS. Este sistema possibilita aos
gestores das esferas municipal, estadual e federal, o controle de pagamentos aos
prestadores de serviços que realizam procedimentos ambulatoriais e hospitalares em
determinado período, o que facilita o controle de todos os desembolsos referentes à
parcela do orçamento que visa financiar as ões e serviços em saúde (ambulatoriais e
hospitalares).
32
3.3.1.9 Sistema de Gerenciamento de Informações Locais (GIL)
O GIL é um sistema/aplicativo desenvolvido pelo Datasus e destina-se à
informatização da rede ambulatorial básica do SUS auxiliando na administração dos seus
processos e fornecendo informações sobre a morbidade da população atendida,
subsidiando os gestores nas tomadas de decisões. Permite o monitoramento e o
planejamento contínuo do sistema de saúde no Município.
42
O GIL utiliza o Cartão Nacional de Saúde como identificador, possibilita
agendamento dos atendimentos, acompanhamento da vacinação coletando todos os
dados para o Programa Nacional de Imunizações, coleta informações de gestantes para o
SisPreNatal, hipertensos para o sistema Hiperdia, agravos de notificação obrigatória,
atendimentos odontológicos, atendimentos do Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS) e do Programa de Saúde da Família (PSF) e faturamento do
Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS).
33
Existe a possibilidade deste sistema ser
integrado ao SISMAMA futuramente. Ele procurar minimizar as consequências da
fragmentação dos sistemas de informação em saúde, articulando-os na esfera municipal.
3.3.1.10 Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (HOSPUB)
O Hospub é um sistema/aplicativo de gestão hospitalar que tem por objetivo suprir
as necessidades operacionais dos diversos setores/serviços existentes em uma unidade
Hospitalar, para atendimento secundário e/ou terciário. Além disso, é uma ferramenta
eficaz para prestar informações que possam subsidiar os diferentes níveis hierárquicos
que compõem o SUS, seja no processo de planejamento, de operação ou de controle das
ações em saúde.
34
3.3.1.11 Sistema de Informações sobre Câncer de Mama – SISMAMA
O SISMAMA foi desenvolvido pelo Datasus em parceria com INCA, esta
ferramenta gerencial coleta dados sobre: a população examinada, os resultados dos
exames, o seguimento dos casos alterados, a qualidade dos serviços, dentre outras
informações necessárias ao acompanhamento do programa de controle do câncer de
mama. Com este sistema o gestor tem condições de avaliar os serviços de mamografia,
exames citopatológico e histopatológico, planejar as ações de controle, organizar a rede
de assistência para diagnóstico e tratamento, avaliar necessidade de capacitações e
acompanhar mulheres com exames alterados.
36
43
3.3.2 Registros de Câncer
O registro de câncer é um sistema projetado para coletar, administrar e analisar os
dados de pessoas com diagnóstico de câncer. Assim, a fonte básica das informações é o
prontuário do paciente. O registro de câncer pode ser classificado em dois tipos:
3.3.2.1 Registro Hospitalar de Câncer - RHC
Contém informações sobre aspectos pessoais dos pacientes, dos processos
diagnósticos, dos procedimentos terapêuticos e da evolução dos casos de câncer
atendidos nos hospitais especializados e gerais. Estas informações servem como fonte
para o planejamento e assistência ao paciente oncológico.
3.3.2.2 Registro de Câncer de Base Populacional - RCBP
Os Registros de Câncer Base Populacional (RCBP) registram dados sobre a
incidência de câncer em uma população bem definida com o objetivo de obter, além da
distribuição de casos por tipo de tumor, idade e sexo, as tendências temporais da
incidência de uma determinada região. Os RCBP auxiliam no planejamento e na
avaliação das atividades de controle do câncer, servem como fonte de dados para
estudos epidemiológicos e clínicos e, também, para o planejamento e execução de ações
de prevenção primária ou secundária.
35
3.3.3. Pesquisa e Inquéritos
As pesquisas e inquéritos são outra forma de coleta de dados importantes para
área da saúde.
3.3.3.1 Censo Populacional
O Censo é realizado pelo IBGE e tem por objetivo a contagem da população e dos
domicílios existentes no país, permite acompanhar o crescimento, a distribuição
geográfica e a evolução de outras características da população ao longo do tempo.
37
44
3.3.3.2 PNAD Saúde
A PNAD Saúde é um inquérito populacional voltado para o setor saúde, fruto do
convênio entre o IBGE e o Ministério da Saúde objetiva levantar informações
selecionadas sobre a auto-avaliação do estado de saúde das pessoas, restrição das
atividades habituais e doenças crônicas informadas, bem como sobre o acesso e
utilização dos serviços, tipos de cobertura dos planos de saúde e atendimento no SUS.
3.3.3.3 Pesquisa Assistência Médica Sanitária (AMS)
A pesquisa de Assistência Médica Sanitária (AMS), que é realizada pelo IBGE,
contém informações sobre a rede de estabelecimentos de saúde desde 1934, com alguns
anos de interrupção na década de 1990.
3.4 Indicadores
Um sistema de informação em saúde deve disponibilizar indicadores para que o
gestor possa planejar, analisar, monitorar e avaliar a situação da saúde da população e o
desempenho dos serviços de saúde no País.
“Um indicador é uma representação numérica ou não que, a partir da
‘preferência’ que damos a determinados eventos (atividades realizadas, ocorrência
de doenças) e considerando nossas referências e critérios, nos permite produzir
informações com vista a elaborar um conhecimento (quantitativo e/ou qualitativo)
sobre determinada situação, com o propósito de tomar decisões e agir para
transformar a realidade compreendida no espaço indicado”.
26
Os processos de tomada de decisão para o controle do câncer de mama e análise
e avaliação de suas ações, devem estar apoiados em dados válidos e confiáveis. Jordan
Filho apud Moraes
24
destaca as seguintes qualidades que um indicador deve possuir:
Simplicidade: deve ser fácil de ser calculado;
45
Validade: deve ser função da característica que se deseja medir;
Disponibilidade: deve usar dados habitualmente disponíveis ou de fácil
obtenção;
Robustez: pouco sensível às deficiências dos dados necessários a sua
construção;
Sinteticidade: deve refletir o efeito do maior número possível de fatores; e
Discriminatoriedade: deve possuir um alto poder discriminatório para vários
níveis de saúde e indicar alterações.
Para o controle do câncer de mama será utilizada a seguinte classificação
de indicadores:
- Indicadores demográficos são os indicadores que envolvem dados
populacionais, sócio-econômicos, mortalidade e morbidade, população total,
razão de sexos, esperança de vida aos 60 anos, nível de escolaridade, taxa de
analfabetismo, taxa de mortalidade, taxa de incidência de neoplasia maligna,
proporção de idosos, índice de envelhecimento, entre outros o exemplos desse
tipo de indicador;
- Indicadores de cobertura são indicadores que procuram medir, monitorar e
avaliar a cobertura dos serviços ofertados, como oferta de exames, quantidade de
exames, cobertura por faixa etária, entre outros;
- Indicadores de qualidade são indicadores que procuram medir, monitorar e
avaliar a qualidade dos serviços ofertados, engloba a tríade, qualidade do exame,
do equipamento e do profissional;
46
Capítulo 4
Gestão do Conhecimento na Saúde
4.1 Gestão do Conhecimento
Nos inúmeros conceitos considerados anteriormente, muito se falou da
“informação” e como ela pode ser útil aos gestores do controle do câncer de mama nos
seus processos de tomada de decisão. Muito se falou também a respeito de
conhecimento, como se fossem conceitos intercambiáveis, similares ou mesmo idênticos,
o que é um equívoco. Portanto, antes de entrarmos na conceituação de “Gestão do
Conhecimento” propriamente dito, devemos fazer uma breve diferenciação na
“caracterização” de “dado”, “informação” e “conhecimento”, apesar de termos
conceituado anteriormente “dado” e “informação”.
Usaremos algumas definições empregadas por autores deste campo do saber,
como Davenport e Prusak
38
, Nonaka e Takeuchi
39
e Santana e Santos
40
que realçam a
importância da diferenciação entre esses três conceitos.
Davenport e Prusak
38
descrevem “dado” como sendo registros estruturados de
transações, sem significado. Dado descreve apenas uma parte do que acontece, sem
julgamento ou interpretação, ele não permite dizer o que fazer, mas é importante para
organização por ser a matéria bruta para criação da informação.
Dados podem ser definidos também como um elemento básico, formado por um
signo ou um conjunto finito de signos que o contém, intrinsecamente, um componente
semântico, mas somente elementos sintáticos. (Santana e Santos apud Fialho et al,
2006).
Davenport e Prusak
38
definem “informação” como uma mensagem, normalmente
na forma de um documento ou comunicação audível ou visual e como qualquer
mensagem, envolve um emissor e um receptor. A informação significa mudar a maneira
47
como o receptor percebe algo no seu julgamento ou crença, ou seja, o receptor e não o
emissor decide se a mensagem realmente é uma informação para ele. Uma distinção
fundamental entre dado e informação é que o primeiro é puramente sintático e a segunda
contém necessariamente semântica, implícita na palavra um "significado" usada em sua
caracterização.
Informação é o conjunto de dados os quais, devidamente processados, se tornam
compreensíveis. Entretanto, para que possam ter significado, os dados devem conter
algum tipo de estrutura ou contexto associados a eles.
40
Para Nonaka e Takeuchi
39
o conceito de “informação” está ligado ao aspecto
semântico, concentrando-se no significado transmitido. Para eles o “conhecimento” está
associado a crenças e compromissos, está relacionado a ação (“com algum fim”) e diz
respeito ao significado(como a informação). É específico ao contexto e relacional. Para
eles conhecimento é “um processo humano dinâmico de justificar a crença pessoal com
relação à “verdade”. Para os autores informação é um fluxo de mensagens, enquanto o
conhecimento é criado por esse próprio fluxo de informação, ancorado nas crenças e
compromissos de seu detentor.
Davenport e Prusak
38
definem “conhecimento” como sendo algo intuitivo, existente
dentro das pessoas, fazendo parte da complexidade humana e difícil de ser capturado em
palavras ou completamente entendido em termos lógicos.
Os conceitos acima referentes a conhecimento associam ao ser humano, sua
experiência própria, seus insight. Fazemos aqui uma correlação do conhecimento com o
processo de aprendizado.
Por não ser objeto do presente trabalho e sem entrar na polêmica e proveitosa
discussão sobre marcos conceituais que está se dando em torno da "informação" e
“conhecimento” procuramos acima traçar um breve panorama sobre diferentes enfoques e
abordagens, ligados ao eixo de discussão deste estudo.
48
“Sociedade do conhecimento”, “trabalhadores do conhecimento”, “economia
baseada em conhecimento”, são expressões encontradas na literatura que anunciam a
chegada de uma “nova” economia ou sociedade. Informação e conhecimento passam a
ser recursos indispensáveis e valiosos nos dias atuais.
Nonaka e Takeuchi
39
e Davenport e Prusak
38
afirmam que o conhecimento não é
apenas mais um recurso, ao lado dos tradicionais fatores como o trabalho, capital e terra,
mais sim, o de maior relevância.
“A vantagem do Conhecimento é sustentável porque gera retornos
crescentes e vantagens continuas. Diferente dos recursos materiais que diminuem
conforme são utilizados, recursos do conhecimento aumentam com o uso: idéias
produzem novas idéias, e o conhecimento compartilhado fica com o emissor
enquanto enriquece o receptor.
2
38
A Gestão do Conhecimento é um campo que se expandiu rapidamente ao longo
das últimas décadas, portanto absorver todo o seu complexo conjunto de idéias constitui
um desafio. A Gestão do Conhecimento é um conjunto de práticas que criam, organizam
e socializam conhecimento. O conceito de Gestão do Conhecimento tem duas vertentes
principais, uma baseada fortemente na Tecnologia da Informação e suas ferramentas e
outra nas pessoas ou no “capital intelectual”.
Drucker
41
acrescenta que a principal premissa da Gestão do Conhecimento é o
reconhecimento do conhecimento como um ponto central no desenvolvimento
organizacional.
Para Nonaka e Takeuchi
39
entender a criação do conhecimento da organização
era o cerne da questão. A estratégia organizacional a ser adotada é o compartilhamento
de experiências de sucesso e melhores práticas em um ambiente de colaboração. Esses
2
The knowledge advantage is sustainable because it generates increasing returns and continuing
advantages. Unlike material assets, which decrease as they used, knowledge assets increase with
use: Ideas breed new ideas, and shared knowledge stays with the giver while it enriches the
receiver.
49
autores abordam a Gestão do Conhecimento utilizando duas dimensões: a ontológica e a
epistemológica. Pela dimensão ontológica, o conhecimento é criado por indivíduos,
enquanto a dimensão epistemológica baseia-se na distinção entre conhecimento tácito e
explícito (ou codificado na definição de alguns autores).
A distinção entre conhecimento tácito e conhecimento explícito foi introduzido por
Michael Polanyi apud Nonaka e Takeuchi
39
,
ao citar que o que sabemos é mais do que o
que conseguimos dizer ou descrever.
O conhecimento tácito é subjetivo, não estruturado, sendo utilizado para
armazenar idéias, experiências, valores e julgamentos individuais obtido através de
experiências pessoais, residindo na cabeça das pessoas. Este conhecimento é mais difícil
de identificar e, consequentemente, de administrar. Por sua vez, conhecimento explícito é
estruturado, fácil de armazenar, processar e transmitir. O conhecimento explícito pode ser
codificado na forma de manuais, procedimentos e gráficos, o que facilita seu
armazenamento e disseminação. Quase todas as atividades requerem alguma forma de
combinação de conhecimento tácito e explícito, portanto uma gestão efetiva do
conhecimento é aquela que captura, dentro da organização, ambos os tipos.
Codificação corresponde à conversão do conhecimento em mensagens que
podem ser então processadas como informação, fazendo da codificação e do
processamento da informação passos críticos na formação e na difusão de
conhecimentos
42
.
“Gestão de Conhecimento é um conceito que incluí esforços para gerenciar o
conhecimento organizacional através do processo de criação, estruturação, disseminação
e de sua aplicação para criar valor. A estratégia adotada é compartilhar experiências de
sucesso e melhores práticas em um ambiente de colaboração
39
.
Gestão de Conhecimento não envolve somente a produção da informação, mas
também sua captura, análise e transmissão
38
. Este processo deve ocorrer em todos os
níveis: individual, grupal e organizacional
43
.
50
4.2 Gestão do Conhecimento na Saúde
Na Introdução discutimos que o controle de câncer é um processo complexo que
envolve coleta, análise e troca de informações intra e inter instituições. Essas informações
são pré-requesitos para geração de novos conhecimentos na área do câncer. O potencial
da Gestão do Conhecimento aplicado em organizações de saúde ainda é pouco
explorado. O INCA, através da sua Divisão de Tecnologia da Informação, vem dando os
primeiros passos na utilização deste campo do saber na área de gestão do controle de
câncer.
A Gestão do Conhecimento envolve estratégias e processos para gerir os
conhecimentos individuais ou organizacionais e em conjunto com a potencialidade das
tecnologias da informação apontadas por Vasconcellos et al.
4
podem se tornar uma via de
apoio ao processo decisório dos gestores do controle do câncer.
A área de Saúde gera uma grande quantidade de dados armazenados em forma
de dados administrativos, dados clínicos, entre outros, que raramente são utilizados no
processo de tomada de decisão. Moraes
4
, em seu trabalho, aponta que apenas 10,7%
dos sistemas em saúde utilizam “a quase totalidade das variáveis coletadas”, parecendo
apontar segundo a autora “...para uma triste realidade brasileira: a existência um volume
alto de dados sem utilização efetiva.”
Fennessy e Burstein
44
apontam que se gasta muito tempo, esforço e investimento
procurando ou provendo informação que ajudem os profissionais da área de saúde no seu
processo de decisão, em função de ser da característica dos processos baseados em
evidências como é o caso da saúde. Para as autoras, a Gestão do Conhecimento neste
contexto pode ajudar na criação de um ambiente de aprendizagem e garantir a captura e
disseminação das “melhores práticas”.
A Gestão de Conhecimento, de acordo com O’Leary apud Barbosa et al.
45
, pode
ser entendida como uma junção de conceitos e técnicas que facilitam a criação,
51
identificação, aquisição, desenvolvimento, disseminação e utilização do capital intelectual
das organizações de saúde.
Barbosa et al.
45
, em seu estudo, propõem que a Gestão do Conhecimento ocorra
em quarto etapas: criação, estruturação, compartilhamento e aplicação, ilustradas na
figura a seguir.
Figura 3 –Etapas da gestão do conhecimento – Fonte Barbosa et al.
45
A etapa de criação inclui a aquisição de conhecimento que pode ser proveniente
de diferentes fontes tais como: melhores práticas, aprendizagens clínicas, inovações.
Para isto, processos formais de aquisição de conhecimento, tanto internos quanto
externos são fortemente dependentes dos profissionais da saúde. .
A de estruturação consiste em fazer o mapeamento do conhecimento existente
de modo a possibilitar sua classificação. Isto implica em definir, armazenar, indexar e
Aplicar
Sistema de Apoio à
Decisão
Informações
Epidemiológicas
Criar
Melhores Práticas
Análise de Processo
Estruturar
Protocolos
Guidelines
Compartilhar
Sistemas de
Colaboração
Portais
52
organizar documentos e imagens digitais. O armazenamento do conhecimento em
repositórios pode ser realizado utilizando-se o mesmo formato das páginas amarelas, ou
seja, a partir de sua indexação por palavras-chave, assuntos, melhores práticas entre
outros.
A etapa de compartilhamento envolve transferência e difusão das melhores
práticas, e se realiza através de diferentes meios, tais como: treinamento, intranet,
sistemas de colaboração, extranets, aprendizado, comunidades de prática e equipes
funcionais.
A de aplicação envolve a utilização do conhecimento no suporte a tomadas de
decisão, ações, soluções de problemas, desenvolvimento de competências, treinamento e
suporte a clientes e usuários.
Este modelo de arquitetura foi implantado no INCA através da sua Divisão de
Tecnologia da Informação na qual dois dos autores deste artigo
3
são membros.
3
Gonçalves AA e Leitão AR trabalham na Divisão de Tecnologia da Informação do Inca são autores em
conjunto com Barbosa JGP e Simonetti V, no artigo “A Proposed Architecture for Implementing a
Knowledge Management System in the Brazilian National Cancer Institute”.
53
Capítulo 5
Ambiente de Informações para apoio à decisão em
saúde
5.1 Ambiente de Informação proposto por Vasconcellos et al.
Vasconcellos et al.
4
, em seu artigo “Política de saúde e potencialidades de uso
das tecnologicas de informação”, abordam o papel estratégico da informação, seu valor
no processo decisório e as potencialidades da TI na otimização da gestão na saúde. Os
autores alertam para a defasagem existente entre o avanço tecnológico e sua apropriação
no processo de gestão em saúde no Brasil e constroem sua análise por meio de três
eixos orientadores: a utilização da potencialidade das tecnologias da informação, a
integração e a articulação de informações em saúde.
Os autores argumentam que a produção de informação em saúde expressa a
racionalidade do estado brasileiro de responder aos anseios da sociedade de forma
reativa, tópica e consequentemente fragmentadora da realidade. Em um outro estudo
Moraes
24
demonstra que as informações em saúde são pouco utilizadas no processo de
decisão. A gestão dos sistemas de informação, o monitoramento dos processos de
planejamento e gestão da saúde e o acompanhamento dos problemas e indicadores de
saúde estão desarticulados. Esta situação pode ser percebida com relação aos sistemas
de informação para controle do câncer, em estudo realizado por Girianelli et al.
46
: Em
2009, a qualidade dos dados de colposcopia e histopatologia foram considerados não
satisfatório devido ao seu escasso registro no sistema, o que nos leva a inferir que ou é
desnecessário ou não está sendo utilizado na produção de informação.
A palavra “ambiente” vem do latim ambiente. É composta do prefixo amb que
significa “ao redor” e do verbo ire “ir á volta”. Ambiente aqui tem o sentido de tudo o que
vai à volta ou envolver as coisas por todos os lados, um campo ou espaço físico ou virtual
onde acontece uma relação de troca. Davenport e Prusak
47
em seu livro Ecologia da
54
Informação utilizam a metáfora da ecologia para enfatizar um ambiente de informação em
sua totalidade, que para eles deve levar em conta:
- os valores e as crenças empresariais sobre informação(cultura);
- o modo como as pessoas realmente usam a informação e o que fazem com ela
(comportamento e processos de trabalho);
- as armadilhas que podem interferir no intercâmbio de informações (política);
- e quais sistemas de informação estão instalados apropriadamente
(tecnologia).
Tendo a visão acima de um ambiente de informação que expresse a totalidade
podemos traçar um paralelo com o que é proposto por Vasconcellos et al.
4
, um ambiente
informacional propício para produção, estruturação, compartilhamento e aplicação de
conhecimento coletivo. Esse ambiente tem por objetivo apoiar os gestores nos processos
decisórios referidas as ações/intervenções no campo da saúde e tem como eixos
orientadores: a utilização da potencialidade das tecnologias da informação, a integração e
a articulação de informações em saúde e a convergência de tecnologias.
A proposta apresentada pelos autores parte do princípio de que para ampliar o uso
das TICs implica, em criar “...uma nova concepção de organização das informações em
saúde, na qual sejam estruturados mecanismos e condições que criem um ambiente
propício para o estabelecimento de uma sinergia de competências, recursos e memórias,
frutos e matrizes do conhecimento sanitário, coletivamente produzido por seus sujeitos
históricos”.
“Esse ambiente de informações tem por objetivo apoiar decisões
referidas a ações/intervenções no campo da saúde, ao monitoramento e
avaliação dessas ações, estabelecendo mecanismos para acesso a
informações úteis e relevantes para o gestor sobre Problemas de Saúde
a serem enfrentados no cotidiano institucional, no desenho de cenários
futuros e análises prospectivas”.
4
55
A figura 4 apresenta o detalhamento esquemático da proposta do Ambiente
Informacional que, na visão dos autores, se materializa em sua plenitude no
espaço/tempo virtual.
Fig. 4 – Fonte – Vasconcellos et al. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v.26, n.61, p.230 maio/ago
2002
Este ambiente informacional tem a seguinte concepção:
ambiente se dá no ciberespaço (Internet);
Utiliza fortemente as Tecnologias de Informações e Comunicações;
Utiliza ferramentas de aquisição e integração de dados;
56
Utiliza métodos de modelagem estatísticas, modelagem matemática e à
inteligência computacional;
Incorpora a pesquisa espacial e temporal;
Esta organizada da seguinte forma:
1) Dados de entrada (localizado no lado direito da fig.4) ou fonte de dados
oriundos dos vários sistemas de informação em saúde, classificados da seguinte forma:
- Registro administrativos são utilizados para administração, monitoramente
e controle dos programas, ou seja, não são necessariamente estruturados para
fins estatísticos. O microdado deve ser disponibilizado para orgãos e
profissionais, potencializando o uso para fins clínicos e gerências. Para uso
estatístico, requer avaliação prévia da base conceitual, classificatória e
referência temporal”.
48
SIM, SIH, SIA e SINASC são alguns sistemas de
informações em saúde com registros administrativos;
-
Pesquisa e Inquéritos
dados produzidos fora do contexto do MS, são de
extrema importância para produção de informação estatítistica. O Censo e a
PNAD Saúde são alguns exemplos de fontes de dados para saúde;
- Dados Transacionais dados gerados a partir de transações eletrônicas.
Sistemas como o SISMAMA fornecem dados transacionais;
- Dados Cartográficos – os dados geográficos, cartográficos, geodésicos e
ambientais são utilizados na análise das condições de saúde ;
2) Métodos de tratamento e análise de dados (parte inferior da fig.4):
-
Unified Modeling Language (UML) Liguagem para modelagem de sistemas
de informação, esta ferramenta auxilia na integração dos diversos sistemas de
informação.
57
- Inteligência Computacional e Datamining – A Inteligência Computacional (IC) é
uma linha de pesquisa situada no contexto da Ciência da Computação e tem
como objetivo desenvolver, avaliar e aplicar técnicas na criação de sistemas
inteligentes. Mineração de Dados (Data Mining) é uma das técnicas da IC
focaliza a extração
de conhecimento a partir de grandes volumes de dados
usando computador;
- Modelagem Espacial, Modelagem Estatísticas e Modelagem Matemática – são
técnicas que permitem a descoberta de novos relacionamentos entre os dados,
utilizando modelos espaciais, estatísticos e matemáticos.
3) Data Warehouse - Conforme Harjinder [HAR96], Data Warehouse é um
processo que aglutina dados de fontes heterogêneas, incluindo dados históricos e dados
externos a empresa, usados para atender à necessidade de consultas estruturadas e ad-
hoc, relatórios analíticos e de suporte à decisão. (Harjinder, G. E Rao, P. C. The Officil
Guide to Data Warehousing, Que Corporation, 1996. “
4) Saídas os autores especificam os relatórios de alerta, gerenciais, de
monitoramento e avaliação, análise prospectiva, planejamento estratégico como
informações oriundas desse ambiente, que permitirão uma melhor Gestão da Saúde,
acompanhamento das Ações de Vigilância em Saúde e de sua Regulação.
Deve ser dada a devida atenção aos problemas relacionados à integração dos
sistemas de informação em saúde. Os autores relatam problemas nos sistemas
administrativos que são muitas vezes incompatíveis entre si e relatam também que os
sistemas clínicos possuem dificuldades de compatibilidade entre as diversas
especialidades. Num contexto menor podemos extrapolar para situação vivenciada nos
sistemas de informação do INCA anos atrás, quando algumas bases de dados eram
incompatíveis, replicadas entre especialidades diferentes, havia a necessidade da
convivência com os sistemas legado, sendo necessário um grande esforço e tempo para
compatibilizá-los. Transportando para o contexto da saúde essa complexidade aumenta
como um todo.
58
Capítulo 6
Materiais e Métodos
6.1 Questões Éticas
Esta pesquisa foi submetida aos Comitês de Ética da ENSP e do INCA e todas as
recomendações sugeridas foram acatadas pelo pesquisador principal. Nos Apêndice II e
IV encontram-se os Termo de Consentimento Livre e Esclarecido versão questionário e
versão entrevista, respectivamente. A pesquisa foi conduzida em conformidade com a
Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
As entrevistas foram gravadas em meio digital e armazenadas no computador
pessoal do pesquisador principal e protegida por senha. Antes do início de cada entrevista
foi lido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (
TCLE
) versão entrevista
(Apêndice IV) e as pessoas foram informadas que a mesma poderia ser interrompida a
qualquer momento e até mesmo encerrada se assim o entrevistado quisesse. Os
questionários (Apêndice I) foram encaminhados para 26 coordenadores estaduais, mais o
Distrito Federal, acompanhados de carta convite da Direção Geral do INCA (Apêndice V)
e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – versão questionário (Apêndice II)
6.2 Métodos
O método está associado a caminhos e técnicas para se atingir um determinado
fim. Com base nessa consideração, foram adotados a pesquisa documental, a pesquisa
bibliográfica, a entrevista semi-estruturada e o questionário como formas de construção
do conhecimento necessário para o desenvolvimento do estudo.
6.2.1 Pesquisa Documental
Considerando o lançamento do Programa Viva Mulher em 1997 como marco
inicial das ações de controle do câncer do colo de útero e de mama, foi realizada uma
59
pesquisa documental em documentos oficiais do INCA, atas, e-mails, manuais e relatórios
referente a este programa, no período de 1997 até 2007. A principal fonte foi o acervo do
Instituto Nacional de Câncer. A pesquisa teve o objetivo de identificar os atores envolvidos
na implantação do programa, os indicadores de câncer de mama utilizados, no período,
para monitoramento e avaliação do programa e as ações implementadas para controle do
câncer de mama durante esse período, bem como possíveis avaliações existentes. O
recorte temporal escolhido reflete o ano de lançamento do Programa Viva Mulher, 1997
até 2007, ano do lançamento das estimativas de câncer para o período de 2008-2009.
A pesquisa documental deu-se também em outros programas do Governo
Federal, como no Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher lançado em 1984, na
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher em 2004, no Pacto pela Saúde
(Pacto pela Vida) em 2006 e no Programa Mais Saúde em 2007. Esses programas foram
escolhidos por envolverem ações relacionadas à saúde da mulher e o objetivo dessa
análise foi identificar possíveis indicadores e ações implementadas para o monitoramento
e controle do câncer de mama, respectivamente.
6.2.2 Pesquisa Bibliográfica
Para o desenvolvimento do referencial teórico foi realizada pesquisa bibliográfica
com consultas nas bases de dados da BVS na área temática do controle de câncer
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/controle_cancer/pub_bases.php
, da Bireme
http://www.bireme.br/php/index.php
. As buscas foram realizadas utilizando-se os
descritores: informação em saúde/health information, “sistemas de informação em
saúde/health information system, informação em saúde tomadores de decisão/health
information maker decision, gestão da informação em saúde/health information
management e gestão do conhecimento em saúde/health knowledge management. Deste
processo foram selecionados artigos, teses e dissertações, mas, como o volume de
trabalhos era grande, alguns refinamentos foram utilizados como “câncer de mama”
(breast cancer). Após esta segunda análise, foram selecionados trabalhos para se
alcançar o embasamento necessário ao nosso referencial teórico, especialmente o de
Vasconcellos et al.
4
, que fundamentou a hipótese de que o modelo proposto por ele e
60
colaboradores pode ser aplicado para o controle do câncer de mama.
6.2.3 Entrevista
Com objetivo de aperfeiçoar o instrumento de coleta de dados e a obtenção de
uma visão mais geral sobre o problema do câncer de mama, foi realizada uma entrevista
semi-estruturada com um informante chave do INCA. Esta pessoa foi escolhida por ser a
responsável pela coleta e divulgação dos dados/informações de câncer e, além desse
profissional ser um especialista com vasta experiência no assunto, sua área foi a
responsável pela implantação do Programa Viva Mulher.
Para melhor compreender o cenário da temática da pesquisa foram realizadas,
também, duas entrevistas semi-estruturadas com especialistas na área de gestão do
câncer. Um deles com vivência na esfera federal e outro na municipal. Esses gestores
foram escolhidos tanto em função de trabalharem no Rio de Janeiro, o que facilitou o
contato, como também pela vasta experiência na Gestão do Controle do Câncer de
Mama, tanto na esfera federal quanto na municipal, o que contribuiu para enriquecer a
análise através dos diversos olhares da gestão.
6.2.4 Questionário
O questionário
ı
utilizou como base o levantamento preliminar realizado através
da pesquisa bibliográfica, da pesquisa documental e da entrevista semi-estruturada com o
Coordenador. Após pré-teste com um especialista do INCA na área de gestão do controle
de ncer foi dado como finalizado. Este instrumento foi enviado para 26 Gestores das
Coordenações de Controle do Câncer de Mama dos estados, mais um do Distrito Federal.
Os questionários foram enviados para esses gestores em função dos mesmos serem
responsáveis pelo acompanhamento e implantação das Políticas de Saúde na área do
câncer de mama em seus Estados.
ı
Agradeço à pesquisadora Célia Leitão do Depto. de Ciências Sociais , que discutiu longamente com este autor sobre a
utilização do instrumento aplicado e contribuiu para sua forma final.
61
O questionário (Apêndice I) contendo 20 questões for organizado em 3 módulos:
I - Módulo de Identificação – contendo cinco questões, procurou-se coletar
informações a respeito da experiência e capacitação do gestor, com objetivo de verificar
se estão compatíveis com o perfil de Gestor do Controle de Câncer.
II Módulo Situação contendo nove questões, buscou-se levantar informações
a respeito da existência/manutenção das políticas/programas para controle do câncer de
mama, implementadas ou não, e metas a serem alcançadas; confirmar se os gestores
trabalhavam com alguma ferramenta automatizada para acompanhamento dessas
políticas/programas e metas; e conhecer quais sistemas de informação em saúde
municiam esses gestores com informações para o seu processo de tomada de
decisão.
III – Módulo de Arquitetura do Modelo Idealcontendo seis questões, levantou-
se informações referentes a fontes de dados, relatórios gerenciais e de alerta, e
indicadores de monitoramento e avaliação do programa que auxiliarão na construção do
modelo de ambiente informacional para tomada de decisão a ser proposto.
A coleta de dados ocorreu no período de setembro a outubro de 2009, a partir do
envio dos 27 questionários por correio tradicional e por meio eletrônico (e-mail)
acompanhados por uma carta convite e o TCLE correspondente. Destes, quatro
retornaram tanto por correio tradicional quanto por meio eletrônico, isto é, ambas as
formas foram utilizadas. Dezoito (18) foram enviados por meio eletrônico, totalizando 22
questionários considerados válidos.
62
Capítulo 7
Resultados e Discussão
A análise documental do Programa Viva Mulher proporcionou algumas
informações a respeito das ações realizadas, os mecanismos de controle e indicadores
sugeridos para seu acompanhamento.
A primeira refere-se à criação do Boletim de Pagamento Ambulatorial (BPA)
Eletrônico no SIA/SUS, para os procedimentos diagnósticos do câncer de colo do útero e
de mama, cujo objetivo era rever os níveis de complexidade, preços e custos para o SUS
e obter informação dos exames realizados e do atendimento da mulher, por estado e
município, a partir da sua entrada no Programa.
Foi proposta a criação de um plano de vigilância e avaliação do câncer de colo do
útero e de mama, cujos objetivos eram aumentar a eficiência da rede de atenção ao
câncer de colo de útero e mama, reduzir a possibilidade de utilização e fraudes,
assegurar o controle de qualidade, monitorar e avaliar as etapas de implantação do
programa, acompanhar alterações no perfil da mulher e do profissional envolvido na
atenção ao câncer de mama (hábitos, crenças e costumes), melhorar as atividades de
comunicação social e, finalmente, estudar possíveis incorporações tecnológicas à rede do
SUS.
Outro fato relevante foi à elaboração de um sistema de informação SISCAM
(SISCOLO), a fim de permitir a emissão de relatório estatístico para acompanhamento e
avaliação do Programa, além da realizão do controle de qualidade dos procedimentos;
Os seguintes procedimentos de monitoramento, avaliação e indicadores do
programa foram encontrados:
- Monitorização do tempo decorrido entre o encaminhamento da mulher pela
unidade de saúde, até a realização da mamografia;
- Monitorização do tempo decorrido entre a realização do(s) exame(s) e a liberação
do(s) resultado(s) pelo laboratório ou unidade radiológica;
63
- Monitorização do tempo decorrido entre a liberação do(s) resultado(s) do(s)
exame(s) e a convocação da mulher para o recebimento do(s) resultado(s);
- a cobertura da população alvo;
- número de exames clínicos das mamas realizados;
- número de mamografias realizadas;
- número de mulheres que realizaram o exame pela primeira vez;
- número de exames mamográficos com categoria 3, 4 e 5;
- número de encaminhamentos às Unidades Secundárias de Saúde;
- número de profissionais de saúde, agentes de saúde e líderes comunitários
treinados pelo programa;
- número de palestras desenvolvidas pela unidade de saúde e em outros locais
divulgando e estimulando a prática do auto exame das mamas, a importância da
realização do exame citopatológico e do retorno para a busca do resultado e sobre
cuidados gerais de boa saúde;
- número de mulheres que participaram das palestras;
- número de visitas domiciliares efetuadas;
- Estimar a demanda e a distribuição geográfica do grupo alvo por estado e por
município;
- Avaliar a suficiência de unidades de saúde no estado/município(s) para atender à
demanda da realização do exame clínico das mamas (ECM);
- Avaliar a distribuição das unidades de saúde pelo Estado/Município(s) de acordo
com a distribuição geográfica do grupo alvo no estado/município(s);
- Avaliar o número de profissionais de saúde capacitados para realizar o ECM nas
unidades de saúde;
- Controlar a média do intervalo de tempo entre a marcação e a realização dos
exames;
Essas informações demonstram claramente que existia na época da implantação
do Programa a intenção de um acompanhamento e avaliação do mesmo, porém somente
o câncer do colo do útero teve seu acompanhamento realizado de forma sistêmica,
através do Sistema de Informação do Câncer na Mulher (SISCAM/SISCOLO) que
originariamente deveria acompanhar tanto o câncer do colo do útero como o de mama.
64
Somente agora em 2009, com a entrada do SISMAMA será possível fazer uma melhor
gestão das ações implementadas para seu controle.
Na análise documental dos demais programas verificamos a preocupação com o
crescimento dos índices de mortalidade e incidência do câncer de mama. Em todos esses
programas existiam ações voltadas para o aumento do número de exames de
mamografias (cobertura). Os seguintes indicadores de acompanhamento foram
encontrados (tabela 1):
Tabela 1 – Tabela de Indicadores dos Programas
INDICADOR
FÓRMULA DE
CÁLCULO
OBSERVAÇÃO FONTE
Taxa de Mortalidade para
câncer de mama
SIM
No. de cirurgias de
reconstrução mamária
realizadas pelo SUS
4
SIH
Proporção de punção de
mama dos casos
necessários
No. de punções realizadas
/ no. de punções
estimadas* 100
PAAF a) 40 a 49 anos
mulheres com BI-RADS 4 ou
5 (0,8%); b) 50 a 69 anos
mulheres com BI-RADS 4 ou
5 (2%).
PAG a) 40 a 49 anos BI-
RADS 4 ou 5 (0,95%); b) 50
a 69 anos BI-RADS 4 ou 5
(2,4%);
SISMAMA /
Parâmetros do INCA
Concentração de
mamografias em mulheres
No. de mamografias
realizada em mulheres de
a) mulheres de 40-49 anos:
toda a mulher c/ ECM
SIA/IBGE
Futuramente será
4
PAAF – Punção Aspirativa por Agulha Fina;
PAG – Punção por Agulha Grossa
BI-RADS (Breast Image Reporting and Data System) - é o nome de um sistema padronizado, criado nos
Estados Unidos, utilizado para uniformizar os relatos de radiologia quando se analisam as imagem de
mamografia
65
de 40 a 69 anos 40 a 69 anos X local X
período / No. de mulheres
de 40 a 69 anos
estimadas X local X
período * 100
alterado, ou seja, 16% desta
população; b) mulheres de
50 a 69 anos: 50% das
mulheres c) 6% das que
possuem ECM alterado;
calculado utilizando-
se dados do
SISMAMA/IBGE
7.1 Análise dos questionários
Módulo I - Caracterização dos Gestores
Os gestores entrevistados são Coordenadores do Controle de Câncer de Mama
em seus estados. Dos 22 entrevistados, um mero expressivo quase 70% (15) tem
pouca experiência na função de gestor do controle de câncer de mama, conforme pode
ser observado na tabela 2.
Tempo de Gestão Frequência %
Menos de 5 anos 15 68
Entre 5 e 10 anos 3 14
+ 10 anos 4 18
TOTAL 22 100
Tabela 2 – Tempo de experiência como Gestor do Controle do Câncer de Mama
Todos os gestores possuem nível superior, sendo a grande maioria com formação
em Medicina ou Enfermagem (90%). Quase todos têm algum tipo de especialização e/ou
pós-graduação na área da saúde, o que demonstra um alto nível de especialização
desses profissionais. Na área da gestão fizemos um recorte dos profissionais com algum
curso relacionado à Saúde Pública ou Gestão Pública, metade dos profissionais
participaram de um desses tipos de curso.
66
Um pouco mais da metade dos gestores (55%) tiveram algum tipo de capacitação
(Gráfico 1) sendo os Encontros (41%) a modalidade mais utilizada. Pela análise dos
dados acima podemos inferir que existe uma alta rotatividade na função e que a
capacitação não tem acontecido no momento da troca, o que pode prejudicar o processo
de gestão, muito provavelmente as mudanças ocorrem com a troca de governo.
Gráfico 1 – Modalidades de capacitação realizadas pelos Gestores
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
1
Curso
Seminário
Workshop
Congresso
Encontro
Conferência
Fórum
Oficina
Jornada
Simpósio
Outros
67
Módulo II - Situação Atual - 2009
Todos os estados entrevistados possuem algum tipo de política ou programa
voltado para o controle do câncer de mama. Sete (7) estados implementaram o Programa
Viva Mulher, cinco (5) o Programa Atenção Integral a Saúde da Mulher e dez (10) ambos
os programas (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Implementação dos Programas Viva Mulher, PAISM e ambos, nos estados
Programas Implementados
7
5
10
Viva Mulher
Atenção à Mulher
Ambos
68
A quase totalidade dos estados analisados possuem metas definidas em seus
programas. O gráfico 3 mostra a distribuição dessas metas, sendo sua grande maioria
relacionada a aumento de cobertura.
Gráfico 3 – Metas a serem alcançadas no ano de 2009 pelos estados
METAS
6
17
14
11
16
5
Aumentar realização de cirurgia de
reconstrução da mama
Aumentar no. de mamágrafos
Punção de mama em 100% dos casos
Aumentar credenciamento de
mamografos
Capacitar PSF no ECM
Outros
69
A segunda parte do questionário procurou buscar informações a respeito dos
sistemas de informação em saúde utilizados pelos gestores estaduais nos seus processos
de tomada de decisão. A Tabela 3 apresenta os sistemas ordenados do mais utilizado
para o menos utilizado, sendo apresentados os dez (10) principais sistemas utilizados
pelos gestores estaduais (tabela 3).
Tabela 3 – Sistemas utilizados para tomada de decisão
Nas questões 13 e 15 do questionário utilizamos o nome SISCAM (Sistema de
Informação do Câncer de Mulher). Como somente em junho de 2009 entrou em produção
o Sistema de Informação do Câncer de Mama (SISMAMA) e o SISCAM estava associado
ao Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO), alguns gestores não
selecionaram essa opção. Os questionários que fizeram menção ao SISMAMA foram
contabilizados como SISCAM. Ficou claro a importância do SISMAMA como um dos
principais sistemas, senão, o principal fornecedor de informação para apoio a decisão
para o controle do câncer de mama.
Comentários que consideramos pertinentes ao estudo, reportados a seguir,
mostram alguns dos problemas enfrentados pelos gestores. Perguntamos se os sistemas
de informação forneciam insumos suficientes para tomada de decisão no controle do
câncer de mama, abaixo alguns desses comentários:
Posição
Sistema Qtd. Estados % de Utilização Periodicidade
1 SIA/SUS 22 100% M (14) – A (5)
2 SIM 22 100% A (11) – M (7)
3 SIH 19 86% M (11) – A (5)
4 CENSO 19 86% A (12) – M (5)
5
SISCAM
19 86% D (10) – M (4)
6 CNES 14 64% M (7) – A (5)
7
RHC
13 59% A (7) – M (4)
8 SIAB 12 55% M (6) – A (4)
9 SINAN 9 41% M (4) – A (2)
10
RCBP
8 36% M (4) – A (4)
D – Diária; M – Mensal; e A - Anual
70
“Não. Os RHC e RCBP do estado estão inativos, o que tem prejudicado o
acesso a informações valiosas. A sistematização da informação representa um
ferramenta gerencial fundamental, portanto insuficiente para tomada de decisão,
uma vez que os sistemas não conseguem “captar” a realidade e a qualidade dos
dados é algo que precisa melhorar, além da subnotificação. O SISMAMA ainda
não está implantado.” (Entrevistado 1)
“Sim. Desde que seja bem alimentado.” (Entrevistado 5)
“Não. O SISMAMA será uma ferramenta para nossas decisões”.
(Entrevistado 6)
“Não. Acreditamos que o SISMAMA, futuramente, venha suprir a falta de
informações necessárias”. (Entrevistado 9)
“Não. São informações pertinentes a vários assuntos, que precisam ser
confrontados para ser produzida informação pensando em câncer de mama.”
(Entrevistado 11)
“Sim. No entanto é necessário sensibilizar os gestores que as informações
são um importante instrumento de planejamento para tomada de decisões
e de
investimento visando melhorar a infra-estrutura de saúde tanto em prevenção,
promoção e assistência”. (Entrevistado 14)
“Não. Consideramos as informações de extrema relevância para o
planejamento das ações, porém não suficientes uma vez que, no nosso estado
existe grande subnotificação dos dados.” (Entrevistado 15)
“Não. Os sistemas de saúde (banco de dados) não são bem alimentados”.
(Entrevistado 19)
“Não. A partir da implantação do SISMAMA, acreditamos que será
71
possível uma análise mais precisa em relação ao fluxo de exames diagnósticos e
seguimento. No momento está sendo incentivado o registro das informações RHC, o
que poderá nos subsidiar também. Não informações sobre controle de
qualidade das mamografias”. ( Entrevistado 21)
“Sim. O SISMAMA com atraso de 4 anos, mas chegou finalmente.... Este
sistema vai revolucionar as ações de controle do câncer de mama, permitindo o
acompanhamento do número de exames feitos em cada cidade do estado (mais de
centenas de municípios) e o acompanhamento das pacientes”. (Entrevistado 22)
Um percentual considerável de gestores consideram as informações
disponíveis nos sistemas de informação em saúde insuficientes para tomar decisão e
alguns dos que avaliaram como suficientes fazem ressalvas sobre sua qualidade,
conforme percebido nos comentários acima. Ficou claro também que existe uma
ausência de informações e que muitos acreditam que o SISMAMA poderá suprí-las.
Módulo III – Arquitetura do Modelo Ideal
Neste módulo do questionário solicitamos aos entrevistados que
selecionassem os sistemas de informação em saúde considerados fundamentais para
auxiliá-los nos processos decisórios do controle do câncer de mama. A Tabela 4
mostra os SIS escolhidos.
Tabela 4 – SIS para tomada de decisão
Posição
Sistema Qtd. Estados % de Utilização
1
SISCAM 22 100%
2 SIA/SUS 21 95%
3 SIM 21 95%
4 SIH 19 86%
5 CENSO 17 77%
6 CNES 16 73%
7
RHC 16 73%
8 SIAB 14 64%
9
RCBP 12 55%
10 CNRAC 7 32%
72
Como os RHC e RCBP não estão implantados ou em atividade em todos os
estados e a qualidade dos seus dados foi questionada por alguns entrevistados, talvez
explique a sua baixa indicação como fonte de informação para tomada de decisão,
apesar da relevância de seus dados para o controle do câncer de mama.
Solicitamos aos entrevistados que informassem quais os relatórios de alerta e
gerenciais que consideravam importantes para os seus processos de tomada de decisão.
Percebemos que não houve diferenciação pela maioria dos gestores entre os dois tipos,
tratando-os de forma igual, o que dificultou a análise, com base nessa consideração e
como se tratava de questões abertas, resolvemos adotar uma única classificação,
“relatórios de saída”, abaixo selecionamos por ordem os mais citados:
- Relatório de Seguimento da Mulher permite o seguimento das mulheres com
exames alterados e acesso ao microdado, como o nome e o endereço da mulher
a ser acompanhada;
- Relatórios de Cobertura informam a quantidade de exames realizados,
mamografia, punção, biópsia, entre outros, tipo de exame (diagnóstico ou
rastreamento), cirugias e internações;
- Relatórios de Mortimorbidade informações de mortalidade e incidência
relacionadas ao câncer de mama;
- Relatórios de Infra-estrutura e RH - informam a capacidade instalada, número de
profissionais;
- Relatórios de Qualidade permite avaliar a qualidade dos exames de
mamografia, dos profissionais e dos equipamentos;
Os relatórios de saída” acima foram agrupados de forma a facilitar a análise e o
entendimento, devido a grande variedade de saídas requisitadas pelos entrevistados.
Faixa etária, localidade, prestador e profissionais foram os extratos mais solicitados.
Os entrevistados opinaram também sobre quais indicadores são considerados os
mais importantes para monitorar o controle do câncer. Também tivemos algumas
dificuldades nessa questão, devido a diversidade de indicadores propostos. Para facilitar
73
a análise e o seu entendimento adotamos a classificação de indicadores da Ripsa para
agrupá-los. Apresentamos abaixo os cinco indicadores mais citados em ordem
decrescente.
1) Indicadores de Mortimorbidade taxa de mortalidade e incidência por
câncer de mama;
2) Indicadores de Cobertura Número de mamografias
diagnostica/rastreamento realizadas por faixa etária/localidade
3) Indicadores de Recursos Número de mamógrafos instalados por
localidade
4) Indicador de Qualidade – Percentual de mamografias BI-RADS 0 e 3
5) Indicador de Cobertura - Cobertura de PAAF e PAG
Apesar da grande variedade de relatórios e indicadores solicitados, na análise dos
questionários percebemos a preocupação dos gestores em acompanhar os índices de
mortalidade e incidência, a infra-estrutura existente não de equipamentos como
também de recursos humanos disponíveis, a qualidade dos procedimentos de
diagnóstico englobando o exame, o profissional e equipamento e o seguimento da mulher
com exame alterado.
74
7.2 Modelo Proposto
Formular um modelo de ambiente de informações para apoio à decisão que auxilie
os gestores das ações de controle do câncer de mama, tendo por referência o modelo
proposto por Vasconcellos et al.
4
e conceitos da Gestão da Informação e Gestão do
Conhecimento no âmbito do INCA é o objetivo final deste estudo. Nos capitulos anteriores
buscamos produzir instrumentos de análise que nos permitiram aprofundar os saberes
sobre o controle do câncer de mama, a organização das informações em saúde, bem
como, as referências conceituais que nos subsidiem na construção do modelo a ser
proposto.
A primeira etapa a ser atingida na construção deste modelo é a identificação e
sistematização das informações que podem subsidirar os gestores no apoio à tomada de
decisão. Sem informações sistematizadas, confiáveis e oportunas os tomadores de
decisão não identificam os problemas e as necessidades, como também não conseguem
planejar, monitorar e avaliar as ações implementadas para controle do câncer de mama,
como a prevenção, a detecção precoce, o diagnóstico, o tratamento e os cuidados
paliativos.
Como o foco deste ambiente é gerar informação para as instâncias tomadoras de
decisão, precisamos identificar os dados a serem capturados e que irão popular este
ambiente. Para identificar as fontes de dados utilizaremos inicialmente como referência
os relatórios e indicadores sugeridos pelos entrevistados, conforme tabela 5.
Tabela 5 – Tabela de Fonte de Dados
Relatórios e Indicadores Fonte de Dados
Mortalidade e Incidência SIM – CENSO - RCBP
Cobertura
SIA/SUS – SIH/SUS
SISMAMA
Infra-estrutura
CNES
75
Seguimento
SISMAMA
Qualidade SISMAMA e ???
Nesta análise identificamos as seguintes fontes: SIM, CENSO, RCBP, SIA/SUS,
SIH/SUS, CNES e SISMAMA. Alguns relatórios e indicadores de qualidade serão
atendimentos pelo SISMAMA, porém identificamos uma lacuna de informações. Não
existe hoje um sistema de informação que permita, monitorar a qualidade dos
mamógrafos, avaliar os profissionais que executam o procedimento da mamografia e a
qualidade do laudo emitido. O INCA em parceria com a Agência Nacional Vigilância
Sanitária (
ANVISA
) está desenvolvendo um sistema de informação que permitirá avaliar
a qualidade dos serviços de mamografia de forma a atender a Portaria 453/98 da Anvisa.
E com o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) um outro sistema de informação que
avaliará os profissionais que executam a mamografia e qualidade dos laudos emitidos,
procurando assim cobrir a lacuna hoje existente.
A OMS diz que um sistema de informação para o controle do câncer, para
fornecer informações que auxiliem no processo de tomada de decisão, deve perpassar
por todas as áreas que compõem a matriz do câncer, conforme descrito no capítulo 2.
Com objetivo de atender essa orientação, traçamos uma correlação entre as fases da
linha de cuidados do câncer de mama descritas na matriz do câncer, com os sistemas de
informação em saúde existentes, conforme demonstrado na figura 5. Identificamos outras
fontes de dados neste cruzamento, o Registro Hospitalar de Câncer, que são
encontrados em Centros de Alta Complexidade Oncológica (CACON) e Hospitais com
serviços oncológicos, além da PNAD Saúde.
76
Figura 5 – Desenho da Matriz do Câncer de Mama e sistemas de informação
Fonte: elaboração própria
A história natural do câncer de mama não permite hoje a prevenção efetiva desta
doença. A forma mais eficaz de reduzir a mortalidade é através da detecção precoce, que
envolve o rastreamento mamográfico. Para que esta estratégia dê certo é necessária
uma cobertura mínima de 70% da população alvo, acesso ao diagnóstico e tratamento e
exames de qualidade. A gestão do controle do câncer de mama deve concentrar esforços
nessas etapas, melhorando o acesso da mulher aos serviços de saúde, avaliando
sistematicamente os prestadores de serviços do SUS e a qualidade dos exames
ofertados. Até junho de 2009 os gestores tinham informações referentes a produção
77
dos serviços, como a quantidade de exames e os prestadores de serviço, através do
sistema de informação SIA/SUS. Com a implantação do SISMAMA o gestor passa a ter a
sua disposição informações úteis e relevantes. Será possível saber quem é essa mulher
que fez o exame mamográfico, aonde mora, qual o resultado do seu exame, aonde foi
realizado e por quem, cobrindo assim lacunas hoje existentes. Um outro ponto importante
com relação a entrada deste sistema é que ele padronizará a emissão dos laudos
mamográficos utilizando o padrão BI-RADS, universalmente aceito, permitindo assim
avaliar a qualidade dos resultados. Porém algumas lacunas relacionadas a avaliação da
qualidade dos serviços persistirão. Essas lacunas serão cobertas com a implantação
dos sistemas de informação ora em desenvolvimento pelo INCA em parceria com a
ANVISA e o CBR.
A segunda etapa de construção do modelo é a definição de indicadores para
acompanhamento das ações nacionais de controle do câncer de mama. Usaremos os
levantados na análise documental e os sugeridos pelos gestores na análise dos
resultados. Os seguintes indicadores foram propostos pela maioria dos gestores:
Indicador de Mortalidade
1- Taxa de Mortalidade Específica por Câncer de Mama
Conceituação
Número de óbitos por neoplasia maligna da mama, por 100 mil habitantes, na população
residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado.
Interpretação
Estima o risco de morte por neoplasias malignas de mama e dimensiona a sua magnitude
como problema de saúde
Fonte
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e base demográfica do IBGE.
78
Método de cálculo
Número de óbitos de residentes por neoplasia maligna de mama
____________________________________________________ x 100.000
População total residente ajustada ao meio do ano
Categorias sugeridas para análise
Unidade geográfica: Brasil, grandes regiões, estados, Distrito Federal, regiões
metropolitanas e municípios das capitais.
Sexo: masculino e feminino.Mortalidade
Faixa etária: 0 a 29, 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, 60 a 69, 70 a 79, 80 e mais anos de idade.
Indicador de Morbidade
2- Taxa de incidência de neoplasia maligna da mama
Conceituação
Número estimado de casos novos de neoplasias malignas da mama, por 100 mil
habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano
considerado. As taxas são calculadas para áreas cobertas por Registro de Câncer de
Base Populacional (RCBP) e, posteriormente, projetadas para o Brasil, grandes regiões,
estados e capitais.
Interpretação
Estima o risco da ocorrência de casos novos de neoplasias malignas de mama e
dimensiona sua magnitude como problema de saúde pública.
Fonte
Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP), do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e da base demográfica do IBGE.
79
Método de cálculo
As estimativas baseiam-se em metodologia adotada internacionalmente. Para cada
localidade com RCBP, obteve-se a razão entre o total de casos novos e o total de óbitos,
por sexo e para neoplasia maligna da mama, informados no período 1998-2002.
Assumindo essa razão, obtida a partir do conjunto dos dados dos RCBP existentes, como
válida para todo o país, multiplicou-se o seu valor pela taxa estimada de mortalidade de
neoplasia maligna de mama, segundo sexo, para 2008 (calculada por projeções da série
histórica), referente a cada estado e o respectivo município da capital. Os resultados
representam a incidência estimada expressa em valores absolutos e em taxas por 100
mil habitantes – para os estados e municípios das capitais Brasileiras. A incidência para o
Brasil e as grandes regiões foi obtida a partir do somatório dos valores absolutos por
estado.
Categorias sugeridas para análise
Unidade geográfica: Brasil, grandes regiões, estados, Distrito Federal e municípios das
capitais.
Sexo: masculino e feminino.
Indicador de Cobertura
3- Percentual de Mulheres que realizaram Mamografia de Rastreamento na faixa
etária preconizada (Proposto)
Conceituação
Percentual de mulheres que realizaram exame mamográfico de rastreamento na
população feminina na faixa etária indicada para realização do exame em determinado
espaço geográfico, no ano considerado.
Interpretação
Indica a possibilidade de acesso da população feminina em faixa etária de risco para
câncer de mama.
80
Fonte
Sistema de Informações de Câncer de Mama (SISMAMA) e base demográfica do
IBGE.
Método de cálculo
Número total de exames mamográficos de rastreamento na faixa etária de 50
69 anos, por município e estado
_________________________________________________________________ x 100
População Feminina na faixa etária de 50 a 69 anos, por município e estado
Categorias sugeridas para análise
Unidade geográfica: Brasil, estados, Distrito Federal, regiões metropolitanas e municípios.
Sexo: Feminino.Mortalidade
Faixa etária: 0 a 29, 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, 60 a 69, 70 a 79, 80 e mais anos de idade.
Indicador de Recursos
4- mero de Mamógrafos por região geográfica
Conceituação
Número de mamógrafos por região geográfica.
Interpretação
Permite quantificar o número de mamógrafos existente uma região geográfica.
Fonte
CNES e base de localidades do IBGE.
Método de cálculo
Total de mamógrafos por localidade
Categorias sugeridas para análise
Unidade geográfica: Brasil, estados, Distrito Federal, regiões metropolitanas e municípios.
81
Indicador de Qualidade
5- Percentual de Mamografias BI-RADS 0 e 3
Conceituação
Percentual das mamografias com laudo BI-RADS 0 e 3
Interpretação
Permite o acompanhamento da mamografias com laudo alterado
Fonte
Sistema de Informações de Câncer de Mama (SISMAMA)
Método de cálculo
Número de mamografias de rastreamento BI-RADS 0 e 3
_______________________________________________ x 100
Número de mamografis de rastreamento
Nas etapas 1 e 2 foram selecionadas as seguintes fontes de informação para
popular o ambiente informacional proposto:
- Registros Administrativos – SIA-SUS, SIH-SUS, SIM, CNES, RHC e RCBP;
- Pesquisas e Inquéritos – Dados Populacionais do IBGE e PNAD – Saúde;
- Dados Transacionais – SISMAMA;
- Dados Cartográficos Setores Censitários e Logradouros do IBGE.
Como discutido nos capítulos anteriores, a forma de organização dos sistemas
de informação em saúde e as tecnologias utilizadas não atendem à necessidade dos
gestores, estão ultrapassadas. Os novos SIS deveriam ser construídos baseados no
ciberespaço ou em uma terminologia mais popular, na Internet. As tecnologias da
Informação e Comunicação existentes no país permitem uma ousadia maior por parte do
82
Datasus. O ambiente informacional aqui proposto está organizado no ciberespaço,
visando assim permitir um acesso fácil aos vários atores envolvidos no controle do câncer
de mama.
Utiliza intensivamente as TICs, o seu núcleo é constituído por um “DATA
WAREHOUSE” ou ARMAZÉM DE DADOS” em câncer. Durante o processo de criação
deste armazém serão utilizadas ferramentas voltadas para aquisição e integração dos
dados oriundos dos sistemas de informação identificados nas etapas anteriores. Com
essas ferramentas será possível identificar e resolver problemas como falta de dados e
dados sem padronização, causados por versões de sistemas diferentes ou falhas de
preenchimento, organizar os dados de forma estruturada e validar sua integridade,
melhorando assim a qualidade da informação disponibilizada. Será possível articular
esses dados com métodos de modelagem estatística e georreferenciamento,
incorporando outras formas de visualizar as informações. A interação com as bibliotecas
virtuais em saúde é um ponto a ser destacado. Este ambiente permitia disseminação
da informação entre as esferas do governo, federal, estadual e municipal, pesquisadores,
profissionais de saúde e a sociedade, permitindo assim um maior controle por parte da
sociedade civil.
A figura 6 apresentada a seguir detalha esquematicamente o Ambiente de
Informação Proposto, que está focado na produção de informação para auxiliar os
gestores do controle do câncer de mama nos seus processos de tomada de decisão,
disponibilizando Relatórios de Alerta e Gerenciais, Indicadores para monitoramento e
avaliação das ações de controle do câncer de mama.
Algumas lacunas identificadas poderão ser preenchidas posteriormente, são elas:
informações que permitam avaliar os serviços que realizam exames mamográficos e os
profissionais que executam o procedimento. Uma outra lacuna é a falta de dados
coletados nos serviços prestados fora do SUS, na Saúde Suplementar. Com o padrão de
Troca de Informação em Saúde Suplementar (TISS) da Agência de Saúde Suplementar
(ANS) será possível superar essa falta.
83
PROPOSTA
Ambiente de Informação para Apoio à Decisão no Controle do Câncer de Mama
Figura 6 – Modelo Proposto
Fonte: elaboração própria
GESTÃO
DO CÂNCER
DE MAMA
Internet – Trocas
Eletrônicas
DATA WAREHOUSE
CÂNCER DE MAMA
Padrões de
Dados e
Informação
SIA, SIH, SIM,CNES
RHC, RCBP
Registros
Administrativos
CENSO, PNAD
Pesquisas e
Inquéritos
Atores Diretamente envolvidos
:
Gestor Federal
Gestor Estadual
Gestor Municipal
Profissionais em Saúde
Sociedade Civil
SISMAMA
Dados
Transacionais
Logradouros
Setores Censitários
Dados
Cartográficos
Tratamento e Análise dos Dados
UML
Modelagem Espacial, Modelagem
Estatísticas e Modelagem Matemática
Promoção da
Saúde e
Prevenção
do Câncer
Detecção
Precoce
Diagnóstico
Tratamento
Cuidados
Paliativos
- Relatórios de
Alerta
- Relatórios
Gerenciais
- Monitoramento
das ações de
controle
- Avaliação e
qualidade dos
serviços
- Planejamento
Estratégico
Bases Bibliográficas
84
7.3 Considerações Finais
O ambiente informacional proposto é inovador na sua forma de organização,
permite aos gestores, acesso as informações de qualquer lugar com conexão a Internet,
em tempo quase real, monitorar as ações de controle do câncer de mama. Sugerimos
que seja integrado a este ambiente os dados coletados através do SISCOLO, assim
como a de outras neoplasias malignas que venham a surgir, criando desta forma
realmente um ambiente informacional de câncer.
Um ponto que merece atenção é a arquitetura utilizada no sistema de informação
do câncer de mama, SISMAMA, com dois módulos. Na luta contra o câncer o fator tempo
é crucial para sobrevivência de uma pessoa. O seguimento da mulher com câncer de
mama é um exemplo dessa lógica perversa, a mulher que tem seu exame positivo,
espera que seus dados sejam encaminhados pelo Serviço de Mamografia para
Coordenação Municipal e esta para Coordenação Estadual. Este processo acarreta além
do atraso, em algumas situações perda de dados quando o é respeitado o fluxo e a
periodicidade acordada. Sugerimos a criação de um módulo Web para seguimento da
mulher que permita o acesso a informação em tempo real.
Outro desafio a ser vencido para integração dos sistemas de informação em
saúde é a implantação efetiva do Cartão Nacional de Saúde, que permitirá a identificação
do paciente e consequentemente o rastreamento de suas informações e a padronização
dessas informações, com ajuda da Ripsa, para que o processo obtenha a legitimidade
necessária a sua ampla utilização.
A rede de comunicação é um fator de sucesso para os ambientes de informação
na Internet, deste modo, a construção de uma malha de comunicação para área da
Saúde é altamente recomendável. A Rede Comunitária de Educação e Pesquisa
(Redecomep) é uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), coordenada
pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que tem como objetivo implementar
85
redes de alta velocidade nas regiões metropolitanas do país servidas pelos Pontos de
Presença da RNP, através de uma infra-estrutura de fibras ópticas própria. No Rio de
Janeiro encontra-se em fase de construção, com previsão de início das atividades para
meados de 2010. A RedeComep–RJ interligará várias instituições de C&T, entre elas,
INCA, Instituto Nacional de Cardiologia (INC), Instituto Nacional de Trauma-Ortopedia
(INTO) , Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e DATASUS-RJ, Hospitais Federais e
Municipais, entre outros e será interconectada com as Redes Comep das demais capitais
do País. Esta infra-estrutura permitirá a troca de informações em tempo real entre as
instituições participantes. Os Cacons, Unacons, Secretarias Estaduais e Municipais de
Saúde poderiam ser conectados a esta rede. Para esta construção, o MS poderia pleitear
a utilização de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
(Fust).
Um quarto ponto a ser abordado e talvez o mais importante é que a Gestão do
Controle do Câncer de Mama é conduzido por pessoas e como tal, deve ser dada
ênfase, na capacitação sistemática desses gestores conforme apontado nas entrevistas
realizadas, na valorização da troca de experiências e na difusão das melhores práticas. A
Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) poderia ser melhor explorada com essa
finalidade de produzir e socializar o conhecimento. Os Cacons e Unacons deveriam ser
incentivados a participar dessa rede e o INCA a criar o SIG Câncer de Mama, um Special
Interest Group (
SIG
) ou Grupo de Interesse Especial para o câncer de mama, com
objetivos de criar condições para discussão em grupo de casos relacionados à gestão e
assistência; divulgar a distância novos conhecimentos através da videoconferência; e
criar possibilidades de desenvolver grupos de pesquisa na área do câncer de mama.
Mais do que implantar um ambiente informacional que permita de maneira
inteligente tomar decisões gerenciais, utilizando as potencialidades da informação e das
TICs, a saúde no Brasil precisa “criar cultura” de utiliza-las. Essa cultura poderá modificar
de modo significativo as políticas de saúde tirando o foco de ações localizadas e de
escopo limitado para ações globais e de visão abrangente.
86
Referências Bibliográficas
1
Estimativas 2008: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2007.
2
Ministério da Saúde Sistema de Vigilância Sanitária www.datasus.gov.br . acessado
em 20/08/2008
3
Moraes I H, Gómez M N G. Informação e Informática em Saúde: Caleidoscópio
Contemporâneo da saúde. Ciência & Saúde Coletiva. 2007;12(3):553-565.
4
Vasconcellos M M, Moraes I H, Cavalcante M T L. Política de Saúde e Potencialidades
de uso das Tecnologias da Informação. Saúde em Debate. 2006; 26(61):219-235.
5
Stoner J A F, Freeman R E. Administração. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos, 1999.
6
Skaba MMVF. Compreendendo a Trajetória de Mulheres em Busca do Diagnóstico e
Tratamento do Câncer de Mama: Uma Perspectiva Sócio-Antropológica [Tese]. Rio de
Janeiro: Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ; 2003.
7
Guideline Implementation for Breast Healthcare in Low-Income and Middle-Income
Countries Overview of the Breast Health Global Initiative Global Summit 2007 Cancer
2008;113(8 suppl):2221–2243. Published 2008 by the American Cancer Society.
8
Vahabi M, Breast cancer screening methods: a review of the evidence. Health Care
Women Int. 2003; 49:773-93.
9
Gabe R, Duffy W. Evaluation of Service Screening Mammography I Practice: The Impact
on Breast Cancer Mortality. Annals Oncol. 2005 ;16:ii153-ii62.
10
Smith RA, Duffy SW, Gabe R, Tabar L, Yen AM, Chen TH. The Randomized Trials of
87
Breast Cancer Screening: What Have We Learned? Radiol Clin North Am. 2004; 42:793-
806.
11
Forrest APM, Anderson EDC. Breast Cancer Screening and Management. MJA. 1999;
171:479-84.
12
Controle do Câncer de Mama Documento de Consenso. INCA, Ministério da Saúde,
2004.
13
Teixeira LA, Fonseca CO. De doença desconhecida a problema de saúde pública: o
INCA e o controle do câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2007.
14
National Cancer Control Programmes – Policies and Managerial Guidelines. 2002.
WHO
15
Portaria no. 2439/GM de 8 de dezembro de 2005
16
Educação Permanente: Componente Estratégico para a Implementação da Política
Nacional de Atenção Oncológica – Rev. Bras. Canc. 2007; 53(1): 79-85
17
Capurro R, Hjornland B. Conceito de Informação. 2003. em Perspectiva em Ciência da
Informação. 2007; 12(1): 148-207.
18
CHOO CW. Towards an information model of organizations. In: AUSTER E, CHOO C
W. Managing information for the competitive edge. New York: Neal-Schuman. 1996: 7-40.
19
Barreto AA. A Questão da Informação. São Paulo em Perspectiva, São Paulo.
1994;8(4):03-08.
20
Moraes IH. Informações em saúde: Para Andarilhos e Argonautas de uma
Tecnodemocracia Emancipadora. 1998. Tese de Doutorado apresentada na Fiocruz.
88
21
Turban E, Mclean E, Wetherbe J. Tecnologia da Informação para Gestão. Porto Alegre:
Bookman; 2004.
22
Moraes I H. Política, Tecnologia e Informação em Saúde: A Utopia da Emancipação.
Salvador: Casa da Saúde; 2002.
23
Branco M A F. Informação em Saúde como Elemento Estratégico para a Gestão. In:
BRASIL. Ministério da Saúde. Gestão Municipal de Saúde: textos básicos. Rio de Janeiro.
2001:163-169.
24
Moraes I H. Informações em saúde: da prática fragmentada ao exercício da cidadania.
São Paulo:HUCITEC. 1994
25
Levcovitz E, Pereira T R C. SIH/SUS (Sistema AIH): uma análise do sistema público de
remuneração de internações hospitalares no Brasil. Série Estudos em Saúde Coletiva. Rio
de Janeiro: UERJ. 1993:57.
26
Ferreira S M G. Sistema de Informação em Saúde. In: BRASIL. Ministério da Saúde.
Gestão Municipal de Saúde: textos básicos. Rio de Janeiro. 2001:171-191.
27
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2009 out 26;
acesso em 2009 out 26]. SIM- Sistema de Informações de Mortalidade ;
[aproximadamente 2 telas]. Disponível em:
http://w3.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=040701.
28
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2005 dez 5;
acesso em 2009 out 26]. SIM- Sistema de Informações de Mortalidade ;
[aproximadamente 2 telas]. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/catalogo/sim.htm.
29
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2009 out 26;
89
acesso em 2009 out 26]. SINASC-Sistema de Informações de Nascidos Vivos;
[aproximadamente 2 telas]. Disponível em:
http://w3.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=040702.
30
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2009 out 26;
acesso em 2009 out 26]. CnesWeb - Cadastro de Estabelecimentos de Saúde;
[aproximadamente 2 telas]. Disponível em: http://cnes.datasus.gov.br/.
31
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2009 out 26;
acesso em 2009 out 26]. SIOPS - O Que é o SIOPS; [aproximadamente 1 tela].
Disponível em: http://siops.datasus.gov.br/siops.php.
32
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2009 out 26;
acesso em 2009 out 26]. SGIF - O Que é o SGIF; [aproximadamente 1 tela]. Disponível
em: http://sgif.datasus.gov.br/sgif.php.
33
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2009 out 26;
acesso em 2009 out 26]. Gil - Apresentação do Sistema; [aproximadamente 1 tela].
Disponível em: http://gil.datasus.gov.br/w3c/apresentacao.php.
34
Datasus [homepage na Internet]. Brasília:Datasus; c2008 [atualizada em 2009 out 26;
acesso em 2009 out 26]. Hospub; [aproximadamente 1 tela]. Disponível em:
http://dev-
hospub.datasus.gov.br/w3c/hp.php.
35
INCA [homepage na Internet]. Rio de Janeiro:INCA; c1996-2009 [atualizada em 2009
out 26; acesso em 2009 out 26]. Câncer no Brasil - Dados dos Registros de Base
Populacional; [aproximadamente 8 telas]. Disponível em:
http://www.inca.gov.br/regpop/2003/index.asp?link=conteudo_view.asp&ID=10.
36
INCA/MS; Coordenação de Prevenção e Vigilância do Câncer; Divisão de Gestão da
Rede Oncológica. Sistema de Informação do Controle do Câncer de Mama SISMAMA
90
Manual Gerencial. 2009 abr.
37
IBGE [homepage na Internet]. Rio de Janeiro:IBGE; [atualizada em 2009 out 26; acesso
em 2009 out 26]. Censo 2000; [aproximadamente 10 telas]. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/censo/importancia.shtm.
38
Davenport H, Prusak L. Working Knowledge: How Organizations Manage What They
Know. Boston: Havard Business School Press; 1998
39
Nonaka I, Takeuche H. Criação do Conhecimento na Empresa. Rio de Janeiro: Editora
Campus, cap 3. 1997.
40
Fialho FAP, Macedo M, Santos N, Mitidieri TC. Gestão do Conhecimento e
Aprendizagem As Estratégias Competitivas da Sociedade Pós-Industrial. Florianópolis:
Visual Books; 2006.
41
Drucker PF. The Coming of the New Organization. In: Harvard Bussiness Review on
Knowledge Management. Boston: Harvard Bussiness School Press; 1998.
42
Albagli S. Tecnologia da Informação, Inovação e Desenvolvimento. VII Cinform -
Encontro Nacional de Ciência da Informação. Salvador. 2007
43
Hedlund G. A model of knowledge management and the N-form corporation. Strategic
Management Journal. 1994; 15: 73-90.
44
Fennessy G, Brustein F. Role of Information Professionals as Intermediaries for
Knowledge Management in Evidence-Based Healthcare. In Healthcare Knowledge
Management Issues, Advances, and Successes. Health Informatics Series. UK: Bali
Dwivedi Editors; 2007.
91
45
Barbosa JGP, Gonçalves AA, Simonetti V, Leitão AR. A Proposed Architecture for
Implementing a Knowledge Management System in the Brazilian National Cancer Institute.
BAR. 2009 Jul/Sep; 6(3): 247-62.
46
Girianelli VR, Thulher LCS, Silva GA. Qualidade do Sistema de Informação do Câncer
do Colo do Útero. Rev. Saúde Publica. 2009; 43(4): 580-8.
47
Davenport TD, Prusak L. Ecologia da Informação: porque a tecnologia não basta
para o sucesso na era da informação; tradução Bernadete Siqueira Abrão. São Paulo:
Futura, 2002.
48
Zacharias MLB. Cadastros Estatísticos de Empresas construídos a partir de Registros
Administrativos. IBGE, Brasil. Segunda Reunião da Conferência de Estatística das
Américas da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe. Santiago, Chile. 2003.
92
APÊNDICE I
QUESTIONÁRIO
93
MESTRADO PROFISSIONAL POLÍTICA E GESTÃO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
INOVAÇÃO EM SAÚDE
Implementação de Ambiente de Informações
para Apoio à Decisão no Controle do Câncer de
Mama
Pesquisador Principal: Carlos Henrique F. Martins – cmartins@inca.gov.br -(21)3970-6161
Orientadora: Ilara Hammerli Sozzi de Morais – Pesquisadora Titular - ENSP-Fiocruz
Módulo I - Identificação
1. Nível de atuação do gestor
1.1
Gestor Estadual
1.2
Gestor Municipal
Cargo / Função: __________________________________________________________
2. Tempo na função de gestor do Controle de Câncer de seu estado/município
2.1
0 – 5 anos
2.2
5 – 10 anos
2.3
+ 10 anos
3. Nível de instrução
3.1
fundamental incompleto
3.2
fundamental
3.3
médio incompleto
3.4
médio
3.5
universitário incompleto
(especificar área) _________________________________________________________
94
3.6
universitário
(especificar área) _________________________________________________________
3.7
especialização
(especificar área) _________________________________________________________
3.8
pós-graduação incompleto
(especificar área) _________________________________________________________
3.9
pós-graduação
(especificar área) _________________________________________________________
4 Informar se recebeu capacitação em gestão para gerenciar o Programa de
Controle de Câncer do seu estado/município
4.1
NÃO
4.2
SIM
5. Em caso afirmativo, informar qual(is) modalidades:
5.1
Curso
5.2
Seminário
5.3
Workshop
5.4
Congresso
5.5
Encontro
5.6
Conferência
5.7
Fórum
5.8
Oficina
5.9
Jornada
5.10
Simpósio
5.11 Outros ___________________________________________
Comentários (opcional)
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
95
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Módulo II – Situação Atual
6. Informar se existe uma política ou programa definido que reflita o
compromisso com o controle de câncer de mama em seu estado / município
6.1
NÃO
6.2
SIM.
7. Em caso afirmativo, informar quais
:
7.1
Programa Viva Mulher
7.2
Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher
7.3
Outro(s) ________________________________________________
Comentários (opcional)
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8. Informar se as metas anuais para o seu estado/município estão definidas
nesta política ou programa de controle de mama
8.1
NÃO
8.2
SIM.
9. Em caso afirmativo, informar quais
:
9.1
Aumentar em ___ % a realização de cirurgias para reconstrução mama
9.2
Aumentar em ___ % o número de mamografias na população feminina
96
9.3
Realizar a punção de mama em 100% dos casos, conforme protocolo
9.4
Aumentar o número de credenciamento de mamógrafos
9.5
Capacitar ___ % dos profissionais do ESF no Exame Clinico das Mamas (ECM)
9.6
Outra(s) _________________________________________________
9.7 ___________________________________________________________
10. Informar se a Secretaria de seu estado / município utiliza algum sistema
informatizado para avaliação de desempenho ou estatísticas que permitam
monitorar as metas para controle do câncer de mama no seu estado/município
10.1
NÃO
10.2
SIM.
11. Em caso afirmativo, informar quais
:
11.1
SISPACTO (Aplicativo do Pacto pela Saúde – Datasus)
11.2
Próprio (informar o nome)
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
12. Informar se Você utiliza alguma informação oriunda de sistemas de
informações de saúde na tomada de decisão para controle do câncer de
mama
12.1
NÃO
nesse caso, siga para a questão 15 do módulo III
12.2
SIM.
13. Em caso afirmativo, informar quais e a periodicidade com que utiliza (marque
com x os que Você utiliza)
:
D - Diariamente S – Semanalmente M – Mensalmente A – Anualmente
Informação Consultada
Periodicidade
Sim
Não
D S M A
13.1
Sistema de Informações Hospitalares – SIH - SUS
13.2 Sistema de Informações Ambulatórias do SUS - SIA-SUS
13.3 Gerenciamento de Informações Locais - GIL
97
13.4 Sistema Integrado de Informatização de Amb. Hosp. -
HOSPUB
13.5 Sistema de Inform. sobre Orçamento Público em Saúde -
SIOPS
13.6 Sistema de Gerenciamento Financeiro - SISGERF
13.7 Sistema de Gestão de Informações Financeiras do SUS -
SGIF
13.8 Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB
13.9 Cartão Nacional de Saúde - CADSUS
13.10
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES
13.11
Censo – IBGE
13.12
Pesquisa Nac. por Amostra de Domicílios – PNAD Saúde
13.13
Registro Hospitalar de Câncer – RHC
13.14
Sistema de Base Populacional – SISBASEPOP
13.15
Sistema Informações do Câncer da Mulher – SISCAM
13.16
Sistema de Informação de Mortalidade – SIM
13.17
Sistema de Informação sobre Agravos Notificáveis – SINAN
13.18
Sistema de Informação de Nascidos Vivos – SINASC
13.19
Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade -
CNRAC
Outro(s) (informar o nome)
13.20
13.21
13.22
14. Informar se Você considera as informações disponibilizadas de forma
sistematizada (oriundas dos sistemas de informação em saúde) suficientes
para tomada de decisão no controle do câncer de mama
14.1
NÃO
14.2
SIM.
Comentários
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
98
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Módulo III – Arquitetura do Modelo Ideal
15. Informe as fontes de informação cujo acesso que Você considera
fundamental para seu processo decisório de controle do câncer de mama
Fontes de Informação
15.1
Sistema de Informações Hospitalares – SIH - SUS
15.2
Sistema de Informações Ambulatórias do SUS - SIA-SUS
15.3
Gerenciamento de Informações Locais - GIL
15.4 Sistema Integrado de Informatização de Amb. Hosp. - HOSPUB
15.5
Sistema de Inform. sobre Orçamento Público em Saúde - SIOPS
15.6
Sistema de Gerenciamento Financeiro - SISGERF
15.7
Sistema de Gestão de Informações Financeiras do SUS - SGIF
15.8 Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB
15.9 Cartão Nacional de Saúde - CADSUS
15.10
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES
15.11
Censo – IBGE
15.12
Pesquisa Nac. por Amostra de Domicílios – PNAD Saúde
15.13
Registro Hospitalar de Câncer – RHC
15.14
Sistema de Base Populacional – SISBASEPOP
15.15
Sistema Informações do Câncer da Mulher – SISCAM
15.16
Sistema de Informação de Mortalidade – SIM
15.17
Sistema de Informação sobre Agravos Notificáveis – SINAN
15.18
Sistema de Informação de Nascidos Vivos – SINASC
15.19
Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade - CNRAC
Outro(s) (informar o nome)
15.20
15.21
15.22
99
16. Informe se existe alguma demanda por informações que as bases de dados
acima não fornecem?
16.1
NÃO
16.2
SIM.
17. Em caso afirmativo, informar quais
:
17.1 ___________________
_________________________________________________
17.2
__________________________________________________________________
17.3
__________________________________________________________________
17.4
__________________________________________________________________
18. Informe quais saídas / relatórios de alerta você considera importante para
sua tomada de decisão?
18.1 ____________________________________________________________________
18.2 ____________________________________________________________________
18.3 ____________________________________________________________________
18.4 ____________________________________________________________________
19. Que relatórios gerenciais você considera importante para sua tomada de
decisão ?
19.1 ____________________________________________________________________
19.2 ____________________________________________________________________
19.3 ____________________________________________________________________
19.4 ____________________________________________________________________
20. Informe quais indicadores você considera importante para planejamento,
monitoramento e avaliação do programa de controle do câncer de mama
100
Indicadores
20.1
Proporção de idosos na população
20.2
Índice de envelhecimento da população feminina
20.3
Mortalidade proporcional por grupo de causa
20.4
Taxa de incidência de neoplasia maligna da mama
20.5 Taxa de Mortalidade específica por neoplasia maligna da mama
20.6 Cobertura de exames de mamografia
20.7
Tempo médio entre a data do diagnóstico e o tratamento
20.8 Quantidade de exames de mamografia por tipo (rastreamento x diagnóstico)
Outro(s) (informar o nome)
20.9
20.10
20.11
101
APÊNDICE II
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Versão Questionário
102
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ
Escola Nacional de Saúde Pública
Comitê de Ética em Pesquisa da ENSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar como voluntário do projeto de pesquisa cujo
tema é “Implementação de Ambiente de Informações para apoio à decisão dos gestores do
Controle do Câncer de Mama”. Tal projeto está sendo desenvolvido por Carlos Henrique
Fernandes Martins, profissional do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e aluno do
Mestrado Profissional em Política e Gestão de Ciência, Tecnologia & Inovação em Saúde,
da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz
(ENSP/FIOCRUZ).
Os objetivos principais do projeto são:
a) Implementar um ambiente de informações para apoio à decisão dos gestores
do SUS dentro da dimensão do controle do câncer de mama.
b) Identificar e sistematizar informações que subsidiem os gestores no processo
de tomada de decisão no controle do câncer de mama.
c) Definir indicadores para acompanhamento das ações de controle do câncer de
mama.
d) Gerar modelo de arquitetura do ambiente de informações para apoio à decisão.
A sua participação é voluntária e consistirá em responder a um questionário ao pesquisador
do projeto, que deverá levar em média 30 (trinta) minutos para ser respondido, serão
abordados os seguintes assuntos: processo de tomada de decisão, políticas de controle
do câncer de mama, indicadores e sistemas de informação. A sua seleção se deve à sua
atuação como gestor e ao papel desempenhado na Política Nacional para Controle do
Câncer de Mama. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu
consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o
pesquisador ou com a instituição.
A metodologia da pesquisa envolve uma série de estratégias metodológicas, incluindo
103
entrevistas, a aplicação de questionário, análise documental e de bases de dados. O
questionário com os Gestores do SUS desempenha um papel importante para a
compreensão das necessidades de informação e ajudar na modelagem da arquitetura do
ambiente de informações para apoio à decisão.
As informações obtidas por meio do questionário serão processadas pelo pesquisador
e analisadas em conjunto com todos os questionários e o material de outras fontes de
pesquisa. Será assegurado o sigilo dos dados confidenciais envolvidos no estudo e
citações diretas de falas serão evitadas. Os nomes dos entrevistados não serão citados
no trabalho, podendo ser identificados na Metodologia genericamente os seus cargos.
Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Destaque-se que os resultados da análise obtida serão usados exclusivamente para
pesquisa em questão e serão de responsabilidade do pesquisador. Os questionários
ficarão arquivados por cinco anos na Divisão de Tecnologia da Informação – INCA na
responsabilidade do pesquisador. Não estão previstos riscos em potenciais decorrentes
da participação no presente estudo.
Ressaltamos que a sua participação como entrevistado trará uma imensa contribuição para a
compreensão do processo de tomada de decisão, no que concerne à gestão do controle do
câncer de mama no SUS.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador
responsável pelo projeto, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação,
agora ou a qualquer momento.
______________________________
Carlos Henrique Fernandes Martins
Mestrando da ENSP/FIOCRUZ
Contato com o mestrando:
Tels: (0XX) 21-3970-6161 – trabalho
Endereço: Rua do Rezende, 195 – sala 301 - Área de Recursos Tecnológicos – DTI
Centro -Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20230-130
Contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da ENSP:
Tel e Fax - (0XX) 21- 25982863
http://www.ensp.fiocruz.br/etica
Endereço:Escola Nacional de Saúde Pública/ FIOCRUZ
104
Av. Leopoldo Bulhões, 1480 – 3º andar – sala 314
Manguinhos - Rio de Janeiro – RJ
CEP: 21041-210
Contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do INCA:
Tel – (0XX) 21 – 3233-1410 ou 3233-1353
Endereço: Rua André Cavalcanti 37
Centro – RJ – Rio de Janeiro
CEP: 20231-050
Declaro que entendi os objetivos e condições de minha participação na pesquisa e concordo
em participar.
_________________________________________
(Nome do entrevistado)
105
APÊNDICE III
Roteiro de Entrevista
106
Fase Inicial
O Gestor deve fazer uma breve explanação a respeito de sua experiência na área de
Gestão em Saúde e no Controle do Câncer de Mama
1. Fale de sua experiência na área da Gestão do Programa de Controle do Câncer
de Mama.
Situação Atual do Programa de Controle do Câncer de Mama
2. Por que você acha que a detecção do câncer de mama está ocorrendo na maioria
dos casos em uma fase adiantada de estadiamento ? Quais fatores que você
considera que levam a isso ?
3. Quais são as facilidade e dificuldades no seu município/estado para
implementação da política de controle do câncer de mama ?
4. Como você monitora e avalia o programa de controle do câncer de mama de seu
município/estado ? Existe algum sistema de informação que auxilie nesta tarefa ?
Sistema de Informação para auxílio a gestão do controle do câncer
5. Um sistema de vigilância do controle de câncer de mama, deve envolver toda linha
de cuidados, desde os fatores de risco, prevenção, diagnóstico, tratamento e
cuidados paliativos. Você concorda ?
(se sim complementar ) Que fontes de informações devem fazer parte desse sistema
para atender toda a linha de cuidados?
(se não complementar ) Que etapas devem fazer parte na opinião dele e quais seriam
as respectivas fontes de informação ?
6. Em termos de indicadores o que você considera básico para planejamento,
monitoramento e avaliação do programa de controle do câncer de mama
(indicadores de cobertura, qualidade, tratamento e gestão como referência)
107
APÊNDICE IV
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Versão Entrevista
108
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ
Escola Nacional de Saúde Pública
Comitê de Ética em Pesquisa da ENSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar como voluntário do projeto de pesquisa cujo
tema é “Implementação de Ambiente de Informações para apoio à decisão dos gestores do
Controle do Câncer de Mama”. Tal projeto está sendo desenvolvido por Carlos Henrique
Fernandes Martins, profissional do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e aluno do
Mestrado Profissional em Política e Gestão de Ciência, Tecnologia & Inovação em Saúde,
da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz
(ENSP/FIOCRUZ).
Os objetivos principais do projeto são:
e) Implementar um ambiente de informações para apoio à decisão dos gestores do
SUS dentro da dimensão do controle do câncer de mama.
f) Identificar e sistematizar informações que subsidiem os gestores no processo de
tomada de decisão no controle do câncer de mama.
g) Definir indicadores para acompanhamento das ações de controle do câncer de
mama.
h) Gerar modelo de arquitetura do ambiente de informações para apoio à decisão.
A sua participação é voluntária e consistirá em conceder uma entrevista ao pesquisador do
projeto, que deverá levar em média 1 (uma) hora, serão abordados os seguintes
assuntos: processo de tomada de decisão, políticas de controle do câncer de mama,
indicadores e sistemas de informação. A sua seleção se deve à sua atuação como gestor e
ao papel desempenhado na Política Nacional para Controle do Câncer de Mama. A
qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua
recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a
instituição.
109
Caso seja necessário para o projeto e você esteja de acordo, a entrevista poderá ser
gravada para transcrição posterior, visando facilitar o processamento do material.
Entretanto, você pode solicitar ao pesquisador que não grave ou que interrompa a
gravação a qualquer momento durante a realização da entrevista. As fitas transcritas
ficarão arquivadas por cinco anos na Divisão de Tecnologia da Informação – INCA na
responsabilidade do pesquisador.
A metodologia da pesquisa envolve uma série de estratégias metodológicas, incluindo as
entrevistas, aplicação de questionário, análise documental e de bases de dados. As
entrevistas com os Gestores do SUS desempenham um papel importante para a
compreensão das necessidades de informação e ajudar na modelagem da arquitetura do
ambiente de informações para apoio à decisão.
As informações obtidas por meio da entrevista serão processadas pelo pesquisador e
analisadas em conjunto com todos os questionários e o material de outras fontes de
pesquisa. Será assegurado o sigilo dos dados confidenciais envolvidos no estudo e
citações diretas de falas serão evitadas. Os nomes dos entrevistados não serão citados
no trabalho, podendo ser identificados na Metodologia genericamente os seus cargos
(Gestor SUS, Especialista INCA), no entanto existe um risco mínimo de identificação
diante de seus relatos e experiências únicos. Você não será identificado(a) em
nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Destaque-se que os resultados da análise obtida serão usados exclusivamente para
pesquisa em questão e serão de responsabilidade do pesquisador. As fitas transcritas
ficarão arquivadas por cinco anos na Divisão de Tecnologia da Informação – INCA na
responsabilidade do pesquisador. Não estão previstos riscos em potenciais decorrentes
da participação no presente estudo.
Ressaltamos que a sua participação como entrevistado trará uma imensa contribuição para a
compreensão do processo de tomada de decisão, no que concerne à gestão do controle do
câncer de mama no SUS.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador
responsável pelo projeto, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação,
agora ou a qualquer momento.
_____________________________
Carlos Henrique Fernandes Martins
Mestrando da ENSP/FIOCRUZ
Contato com o mestrando:
Tels: (0XX) 21-3970-6161 – trabalho
110
Endereço: Rua do Rezende, 195 – sala 301 - Área de Recursos Tecnológicos – DTI
Centro -Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20230-130
Contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da ENSP:
Tel e Fax - (0XX) 21- 25982863
http://www.ensp.fiocruz.br/etica
Endereço:Escola Nacional de Saúde Pública/ FIOCRUZ
Av. Leopoldo Bulhões, 1480 – 3º andar – sala 314
Manguinhos - Rio de Janeiro – RJ
CEP: 21041-210
Contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do INCA:
Tel – (0XX) 21 – 3233-1410 ou 3233-1353
Endereço: Rua André Cavalcanti 37
Centro – RJ – Rio de Janeiro
CEP: 20231-050
Declaro que entendi os objetivos e condições de minha participação na pesquisa e concordo
em participar.
_________________________________________
(Nome do entrevistado)
111
APÊNDICE V
CARTA CONVITE
112
Ofício-Circular nº 017/Gab.INCA Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2009
À Senhora
AAAAAA
Coordenação de Prevenção e Controle do Câncer
Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxx
Ass.: Convite Pesquisa “Implementação de Ambiente de Informações para Apoio a
Decisão dos Gestores de Controle do Câncer de Mama”.
Prezada Senhora,
O Mestrado Profissional em Política e Gestão em Ciência, Tecnologia e
Inovação em Saúde, promovido pela Escola Nacional de Saúde Pública ENSP, da
Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ em parceria com o Instituto Nacional de Câncer
INCA e Instituto Nacional de Trauma Ortopedia INTO, tem como objetivo capacitar
gestores dessas instituições de referência do sistema nacional de inovação em saúde,
segundo a perspectiva de sua contribuição para o desenvolvimento institucional e sua
capacidade para promover a geração e difusão do conhecimento e da inovação em saúde,
visando fortalecer o papel destas organizações no sistema de saúde brasileiro, bem como
gerar em alguns casos, a partir das pesquisas nelas realizadas, Projetos de Intervenção que
possam contribuir para melhoria da saúde.
Convido Vossa Senhoria, gestor do Programa de Controle do Câncer do seu
município/estado a participar da Pesquisa “Implementação de Ambiente de Informações
para Apoio a Decisão dos Gestores de Controle do Câncer de Mama”, do mestrando Carlos
Henrique F. Martins (INCA), orientado pela Dra. Ilara Hammerli (ENSP-Fiocruz), tem
como objetivo final à criação de um ambiente de informações para apoio a tomada de
decisão no controle do câncer de mama. Esse ambiente no futuro servirá como ferramenta
de apoio ao senhor gestor nos processos de planejamento, monitoração e avaliação do
controle do câncer de mama.
Atenciosamente,
Luiz Antonio Santini Rodrigues da Silva
Diretor Geral
Instituto Nacional de Câncer
113
ANEXO I
Política Nacional de Atenção Oncológica
114
PORTARIA Nº 2.439/GM DE 8 DE DEZEMBRO DE 2005.
Institui a Política Nacional de Atenção Oncológica: Promoção, Prevenção, Diagnóstico,
Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, a ser implantada em todas as unidades
federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão
.
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e
Considerando a Constituição Federal, na seção saúde, em seus arts. 196 a
200 e as Leis Orgânicas da Saúde nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e
nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990;
Considerando a importância epidemiológica do câncer no Brasil e sua
magnitude social;
Considerando o risco de câncer associado ao tabagismo, a ocupações, à
incidência de raios ultravioleta, a hábitos sociais e alimentares, e o impacto das
ações de promoção e prevenção sobre os índices de incidência e prevalência de
algumas neoplasias malignas;
Considerando a diversidade na distribuição regional das neoplasias
malignas, que requerem tipos diversos de ações e serviços de saúde;
Considerando os custos cada vez mais elevados na alta complexidade e a
necessidade de estudos que avaliem o custo-efetividade e a qualidade da
atenção oncológica;
Considerando as condições de acesso da população brasileira à atenção
oncológica e a necessidade de se estruturar uma rede de serviços regionalizada e
hierarquizada que garanta atenção integral à população, bem como o acesso a
consultas e exames para o diagnóstico do câncer;
115
Considerando a necessidade de instituir parâmetros para o planejamento e
de aprimorar os regulamentos técnicos e de gestão em relação à atenção
oncológica no País;
Considerando a necessidade da implementação do processo de regulação,
avaliação e controle da atenção oncológica, com vistas a qualificar a gestão
pública;
Considerando a responsabilidade do Ministério da Saúde de estabelecer
diretrizes nacionais para a atenção oncológica; e
Considerando a responsabilidade do Ministério da Saúde de estimular a
atenção integral e articular as diversas ações nos três níveis de gestão do SUS,
R E S O L V E:
Art. 1° Instituir a Política Nacional de Atenção Oncológica: Promoção,
Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, a ser
implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das
três esferas de gestão.
Art. 2° Estabelecer que a Política Nacional de Atenção Oncológica deve ser
organizada de forma articulada com o Ministério da Saúde e com as Secretarias
de Sde dos estados e dos municípios, permitindo:
I - desenvolver estratégias coerentes com a política nacional de promão
da saúde voltadas para a identificação dos determinantes e condicionantes das
principais neoplasias malignas e orientadas para o desenvolvimento de ações
intersetoriais de responsabilidade pública e da sociedade civil que promovam a
qualidade de vida e saúde, capazes de prevenir fatores de risco, reduzir danos e
proteger a vida de forma a garantir a equidade e a autonomia de indivíduos e
116
coletividades;
II - organizar uma linha de cuidados que perpasse todos os níveis de
atenção (atenção básica e atenção especializada de média e alta complexidades)
e de atendimento (promão, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
cuidados paliativos);
III - constituir Redes Estaduais ou Regionais de Atenção Oncológica,
formalizadas nos Planos Estaduais de Saúde, organizadas em níveis
hierarquizados, com estabelecimento de fluxos de referência e contra-referência,
garantindo acesso e atendimento integral;
IV - definir critérios técnicos adequados para o funcionamento e avaliação
dos serviços públicos e privados que atuam nos diversos níveis da atenção
oncológica, bem como os mecanismos de sua monitoração;
V - ampliar a cobertura do atendimento aos doentes de câncer, garantindo a
universalidade, a equidade, a integralidade, o controle social e o acesso à
assistência oncológica;
VI - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos de incorporação
tecnológica, mediante estudos de custo-efetividade, eficácia e qualidade e
avaliação tecnológica da atenção oncológica no Brasil;
VII - contribuir para o desenvolvimento de processos e métodos de coleta,
análise e organização dos resultados das ações decorrentes da Política Nacional
de Atenção Oncológica, permitindo o aprimoramento da gestão e a disseminação
das informões;
VIII - promover intercâmbio com outros subsistemas de informações
setoriais, implementando e aperfeiçoando permanentemente a produção de dados
e a democratização das informações com a perspectiva de usá-las para alimentar
117
estratégias promocionais da saúde;
IX - qualificar a assistência e promover a educação permanente dos
profissionais de saúde envolvidos com a implantação e a implementação da
Política de Atenção Oncológica, em acordo com os princípios da integralidade e
da humanização;
X - fomentar a formação e a especialização de recursos humanos para a
rede de atenção oncológica; e
XI - incentivar a pesquisa na atenção oncológica, de acordo com os
objetivos da Política Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde.
Art. 3° Definir que a Política Nacional de Atenção Oncológica seja
constituída a partir dos seguintes componentes fundamentais:
I - promoção e vigilância em saúde: elaborar políticas, estratégias e ações
que ampliem os modos de viver mais favoráveis à saúde e à qualidade de vida e
que superem a fragmentação das ações de saúde, mediante articulação
intersetorial em busca de uma maior efetividade e eficiência;
II - As ações de vigilância da saúde devem utilizar:
a) estratégias para estimular a alimentação saudável e a prática da atividade
física em consonância com a Estratégia Global proposta pela Organização
Mundial da Saúde;
b) proporcionar a redução e o controle de fatores de risco para as
neoplasias, como o tabagismo;
c) desencadear ações que propiciem a preservação do meio ambiente e a
promoção de entornos e ambientes mais seguros e saudáveis, incluindo o
ambiente de trabalho dos cidadãos e coletividades;
118
d) implantar estratégias de vigilância e monitoramento dos fatores de risco e
da morbimortalidade relativos ao câncer e às demais doenças e agravos não
transmissíveis; e
e) desenvolver mecanismos e parâmetros de avaliação do impacto em curto,
médio e longo prazos das ações e serviços prestados em todos os níveis da atenção à
saúde;
III - atenção básica: realizar, na Rede de Serviços Básicos de saúde
(Unidade Básicas de Saúde e Equipes da Saúde da Família), ações de caráter
individual e coletivo, voltadas para a promoção da saúde e prevenção do câncer,
bem como ao diagnóstico precoce e apoio à terapêutica de tumores, aos cuidados
paliativos e às ações clínicas para o seguimento de doentes tratados;
IV - média complexidade: realizar assistência diagnóstica e terapêutica
especializada, inclusive cuidados paliativos, garantida a partir do processo de
referência e contra-referência dos pacientes, ações essas que devem ser
organizadas segundo o planejamento de cada unidade federada e os princípios e
diretrizes de universalidade, equidade, regionalização, hierarquização e
integralidade da atenção à saúde;
V - alta complexidade: garantir o acesso dos doentes com diagnóstico
clínico ou com diagnóstico definitivo de câncer a esse nível de atenção,
determinar a extensão da neoplasia (estadiamento), tratar, cuidar e assegurar
qualidade de acordo com rotinas e condutas estabelecidas, assistência essa que
se dará por meio de Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia
e Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON);
VI - Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia: são
aqueles CACONs designados para exercer o papel auxiliar, de caráter técnico, ao
gestor do SUS nas políticas de atenção oncológica;
119
VII - Plano de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco do Câncer
do Colo do Útero e da Mama: deve fazer parte integrante dos Planos Municipais e
Estaduais de Saúde.
VIII - regulamentação suplementar e complementar por parte dos estados e
dos municípios, com o objetivo de regular a Atenção Oncológica;
IX - regulação, fiscalização, controle e avaliação das ações da Atenção
Oncológica de competência das três esferas de governo;
X - sistema de informação que possa oferecer ao gestor subsídios para
tomada de decisão no processo de planejamento, regulação, avaliação e controle
e promover a disseminação da informação;
XI - diretrizes nacionais para a atenção oncológica em todos os níveis de
atenção, que permitam o aprimoramento da atenção, regulação, avaliação e
controle;
XII - avaliação tecnológica: oferecer subsídios para tomada de decisão no
processo de incorporação de novas tecnologias, articulando as diversas esferas
do Ministério da Saúde;
XIII - educação permanente e capacitação das equipes de saúde em todos
os âmbitos da atenção, considerando o enfoque estratégico da promão e
envolvendo todos os profissionais de nível superior e os de nível técnico, de
acordo com as diretrizes do SUS e alicerçada nos Pólos de Educação
Permanente em Sde; e
XIV - pesquisa sobre o câncer: incentivar pesquisas nas diversas áreas da
atenção oncológica.
120
Art. Estabelecer que o Instituto Nacional de Câncer seja o Centro de Referência
de Alta Complexidade do Ministério da Saúde, em conformidade com a Portaria
nº 2.123/GM, de 7 de outubro de 2004, para auxiliar na formulação e na execução da
Política Nacional de Atenção Oncológica.
Art. 5° Determinar à Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente ou em
conjunto com outras Secretarias do Ministério da Saúde e a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, que adotem, no prazo de 12 (doze)
meses, todas as providências necessárias à plena estruturação da Política
Nacional de Atenção Oncológica instituída por esta Portaria.
Art. 6° Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
SARAIVA FELIPE
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo