A cefaléia é efeito colateral freqüente com o uso da NTG, como em outros nitratos, decorrente da vasodilatação cerebral
dose-dependente. Sua regressão costuma ocorrer após alguns dias de uso, apesar da manutenção da terapia. Em alguns casos,
pode ser necessário o uso de analgésicos leves. A diminuição da dose pode ser eficaz. Raramente, o medicamento necessita
ser retirado.
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Cetin et al, usando NTG endovenosa em 55 gestantes , teve que usar analgésico em 8 (14,5%) por cefaléia
significativa.
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Grunewald et al, também usando NTG endovenosa, referiu 16,6% de cefaléia.
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Cacciatore et al, avaliando o uso da
NTG transdérmica em 17 gestantes com pré-eclampsia, comenta que todas tiveram algum grau de cefaléia no primeiro adesivo,
mais apenas duas (11,8%) necessitaram de analgésicos e, inclusive, tiveram que descontinuar o tratamento.
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Estranhamente,
um estudo randomizado e placebo controlado, com gestantes hipertensas, que iniciou em 1999, na Austrália, teve que ser
interrompido pois as primeiras sete gestantes randomizadas para o uso da NTG 10 mg tiveram cefaléia grave, tendo que retirar o
adesivo nas primeiras seis horas.
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Lees et al, em 20 gestantes sem pré-eclampsia, usando NTG em adesivos de 5mg, referiram
apenas 10% de cefaléia.
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Em nosso estudo, das 33 gestantes que iniciaram o uso do adesivo de 10 mg, 79% tiveram algum
grau de cefaléia inicial, contudo, em apenas dois casos (6%) o adesivo teve que ser retirado. Nos demais, a cefaléia
desapareceu gradativamente e/ou foi controlada com paracetamol oral. Estes dados sugerem que um grande estudo,
principalmente multicêntrico, necessita de uma estratégia para contornar a limitação da cefaléia inicial. Algumas possibilidades,
como associação inicial com um analgésico, início com baixas doses e aumento gradativo ou outras opções de doadores de
óxido nítrico devem ser consideradas.
A irritação cutânea, geralmente leve, que esteve presente em 9% de nossos casos, são referidos em outros estudos,
sendo que sua incidência é igual entre os grupos medicados e o uso do placebo,
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fazendo crer que é devido a sensibilidade ao
adesivo e não a medicação liberada.
PREVENÇÃO
Em gestantes de risco para pré-eclampsia, a infusão de NTG diminuiu o IP e a
incisura pós-sistólica, entre 24 a 26 semanas de gestação.
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Estudando fragmentos de placenta humana, coletados logo após o parto, e
submetidos a ciclos de oxigenação e hipóxia, Belkacemi et al demonstraram que a
nitroglicerina, em baixas concentrações, foi capaz de proteger o sinciciotrofoblasto de
alterações apoptóticas e necróticas.
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Estas recentes observações reforçam a
importância de novos estudos clínicos, atentos aos insucessos anteriores,
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com
drogas doadoras de óxido nítrico, visando a prevenção da pré-eclampsia, em grupos
de risco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Luzi G, Caserta G, Iammarino G, Clerici G, Di Renzo GC. Nitric oxide donors in
pregnancy: fetomaternal hemodynamic effects induced in mild pre-eclampsia
and threatened preterm labor. Ultrasound Obstet Gynecol. 1999 Aug;14(2):101-
9.
2. Kähler C, Schleubner E, Möller A, Seewald HJ. Nitric oxide donors: effects on
fetoplacental blood flow. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2004;115:10-14.
3. Grunewald C, Kublickas M, Carlström K, Lunell NO, Nisell H.Effects of
nitroglycerin on the uterine and umbilical circulation in severe preeclampsia.
Obstet Gynecol. 1995 Oct;86 (4Pt1):600-4.