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tendência era subir a energia para cima e quando tentava levá-
la ”mais abaixo” me resultava difícil, cansado, pesado, havia
uma espécie de vaguería, de “jogar a toalha”, não ter vontade
de esforçar-me, e, inclusive, às vezes, muita vontade de
bocejar, de dormir, por que lutar tanto na vida? Sim, havia algo
de apatia, de abandono, para quê seguir lutando? Realmente,
vale a pena?
E quando tentava “sustentar-me” corporal e psiquicamente por
cima de minhas possibilidades, parecia que “me quebrava” por
dentro, algo parecia romper-se em mil pedaços e logo
costumava emergir um grande choro infinito, desconsolado,
desolado, era insuportável, mas, ao mesmo tempo, liberador.
Não posso mais! Basta! Não tenho força!
4. Antes, mencionei um exercício que o chamei de “X”,
ajoelhada, mãos no solo e lançando uma das pernas para trás,
alternando uma com a outra, e, ao mesmo tempo, subir o rosto
para frente, abrindo os olhos e emitindo um som, fazíamos nos
colocando com uma pessoa em frente, cara a cara, eu o
realizei com Mercedes, ao fazê-lo, eu ia sentindo que me
metia, me metia mais e me começou a surgir um som, creio
que do baixo ventre, que cada vez ia se alargando mais e mais,
sem dar-me conta, o som parece que “me ganhou” e se fez
imenso, extenso, extensíssimo, fechei os olhos e tive o impulso
de sair para trás em disparada, (mas, de verdade, que não sei
como o fiz), minha sensação é a de que a força do som me
levou para trás, percorri uns metros, de repente, me encontrei
sentada no chão, totalmente despistada do que me estava
acontecendo, sei que esta força me ganhou, não sei de onde
saiu, sei que liberei algo, talvez alguma coisa no rosto de
Mercedes, aos nos olharmos “cara a cara”, sem que ela tivesse
tido nenhum gesto de agressão nem de violência comigo, já
que ela simplesmente estava conectada fazendo seu trabalho,
me deve ter feito conectar com o rosto materno ou alguma
associação de vivência materna, algumas vezes pensei que
igual poderia ser uma “vivência fetal”, sei que minha mãe
tentou abortar-me, tomava ungüentos estranhos e saltava de
uma escada bruscamente para ver se provocava o aborto, não
sei se minha reação correspondia a uma vivência muito
ameaçadora ou de pura sobrevivência, mas isto me ocorreu e
foi assim.
Fiquei bastante “desconcertada”, mas não me impediu de
seguir realizando meu trabalho, sei que tu me pediste “como
está”, mas creio que não dei a importância que poderia ter
dado a este fato ocorrido. Depois, o trabalhei em minha terapia
individual.
Também me impactou um exercício que fizemos em grupo,
onde Lauro trabalhou, sacou a raiva do pai, golpeando de pé a
umas almofadas com a raquete, me impactou porque lhe
resultava muito difícil sacar realmente a raiva, tentava
despistar, falar não se concentrar, se escapava, mas o
conseguiu por tuas indicações insistentes e pôde, finalmente,
“fazer frente a ele”, à figura parental. Gostei muito de ver como