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pensamento simbólico e o lógico, poderão estimular a sensibilidade, a percepção ativando
novas experiências para uma autorreflexão crítica e coerente do papel do professor e da sua
relação com os alunos.
Na trilha de Morin, um de nossos interlocutores, “a missão do ensino educativo é transmitir
não o mero saber, mas uma cultura que permita compreender nossa condição humana e nos
ajude a viver, e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre” (2008, p.
11). Toda a proposta de Morin diz respeito ao pensamento complexo – Homo complexus que
é ao mesmo tempo Homo sapiens e Homo demens, isto é, há uma junção, integração do que se
pensa estar separado, mas que na realidade fazem parte da mesma essência de ser. Assim ele
se manifesta:
Há relação manifesta ou subterrânea entre o psiquismo, a afetividade, a magia, o
mito, a religião. Existe ao mesmo tempo unidade e dualidade entre Homo faber,
Homo ludens, Homo sapiens, sapiens e Homo demens. E, no ser humano, o
desenvolvimento do conhecimento racional-empírico-técnico jamais anulou o
conhecimento simbólico, mítico, mágico ou poético [...]
O ser humano é um ser racional e irracional, capaz de medida e desmedida; sujeito
de afetividade intensa e instável. Sorri, ri, chora, mas sabe também conhecer com
objetividade [...] (MORIN, 2000, p. 59).
A contribuição e o lugar das ciências humanas tornam-se significativos dentro da nova
proposta de ensino para o século XXI. O Mito e a Arte podem ganhar um espaço de
significação maior, oferecendo possibilidades para, neste momento, “podermos participar de
maneira mais integrada em um dos grandes saltos do espírito humano, para o conhecimento,
não só da natureza exterior, mas também do nosso próprio e profundo mistério interior”
(CAMPBELL, 1990, p. XIII).
Brandão vem corroborar tal idéia quando afirma:
Na medida em que pretende explicar o mundo e o homem, isto é, a complexidade do
real, o mito não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional. Abre-se como uma
janela a todos os ventos; presta-se a todas as interpretações. Decifrar o mito é, pois,
decifrar-se. E, como afirma Roland Barthes, ‘o mito não pode, conseqüentemente,
ser um objeto, um conceito ou uma idéia; ele é um modo de significação, uma
forma’. Assim, não se há de definir o mito ‘pelo objeto de sua mensagem, mas pelo
modo como a profere’ (1999, vol.1, p. 36).
O pensamento de Jung também foi trazido para fazer parte dessa pesquisa. Em seus estudos,
ele dizia que o autoconhecimento e a adaptação ao mundo são os dois pólos em torno dos