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“Análise Biomecânica Instrumental da Técnica de Judô
Morote Seoi Nage, Através de uma Metodologia de
Treinamento”
EDUARDO YOSHINORI NAGATA
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EDUARDO YOSHINORI NAGATA
ANÁLISE BIOMECÂNICA INSTRUMENTAL DA TÉCNICA
DE JUDÔ MOROTE SEOI NAGE, ATRAVÉS DE UMA
METODOLOGIA DE TREINAMENTO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista, para a
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Mecânica na área de Projetos e Materiais.
Orientador: Prof. Dr. Tamotsu Hirata
Guaratinguetá
2010
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N147a
Nagata, Eduardo Yoshinori
Análise biomecânica instrumental da técnica de judô
Morote Seoi Nage, através de uma metodologia de treinamento
/ Eduardo Yoshinori Nagata . – Guaratinguetá : [s.n.], 2010
80 f. : il.
Bibliografia: f. 73-78
Dissertação (mestrado) Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2010
Orientador: Prof. Dr. Tamotsu Hirata
1. Biomecânica I. Título
CDU 612.766
DADOS CURRICULARES
EDUARDO YOSHINORI NAGATA
NASCIMENTO
11.01.1976 – SÃO PAULO / SP
FILIAÇÃO
Mario Kuniyoshi Nagata
Keiko Nagata
2003/2006
Curso de Graduação
Escola Superior de Cruzeiro (ESC)
2007/2009
Curso de Especialização em Treinamento Desportivo
na Escola Superior de Cruzeiro e Fisiologia do
Exercício na Universidade Federal de São Paulo.
2008/2010
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica,
nível de Mestrado, na Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá da Universidade Estadual
Paulista.
de modo especial, aos meus pais, que foram grandes
incentivadores para que eu terminasse o curso, e aos meus
irmãos.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter conseguido terminar mais uma etapa
da vida acadêmica.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Tamotsu Hirata que jamais deixou de me
incentivar. Sem a sua orientação, dedicação e auxílio, o estudo aqui apresentado seria
praticamente impossível.
Aos meus professores Massao Shinohara e Luiz Juniti Shinohara que me deram
todo o ensinamento sobre judô.
Aos meus amigos Walter Tupinambá, Juan Galvarino, André Koji Fujimoto,
Daniele Coré, André Luiz Reis e Daniel Bortolazzi, pela colaboração na pesquisa.
Aos atletas Douglas Pimentel e Lucas Matsumoto pela participação na
experiência.
A toda equipe de judô da Unesp em especial a Felipe, Riul, Marcus, Hélber,
Gabriel. Denis, Kelwin, Leonardo, Hédelyn, Alisson, Saymon e Rafael, que
participaram das experiências e que proporcionaram a realização da pesquisa.
Aos professores doutores Victor Orlando Gamarra Rosado, João Alberto de
Oliveira, Araildo Lima da Silva e Luiz Fernando Costa Nascimento pela dedicação e
empenho nas aulas.
A professora Dorinha, ao Urbano, ao Eduardo, a Rose, a Ellen, pela colaboração.
Ao Mário e Ana da UNAMOS que gentilmente emprestaram a balança.
A todos os amigos da república pela paciência que tiveram e pela ajuda durante
todo o período estudantil.
Este trabalho contou com apoio da:
- CAPES – através da bolsa CAPES DS pelo programa de Demanda Social.
NAGATA, E. Y. Análise biomecânica instrumental da técnica de judô Morote
Seoi Nage, através de uma metodologia de treinamento. 2010. 80 f. Dissertação de
Mestrado (Mestrado em Engenharia Mecânica) Faculdade de Engenharia do Campus
de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2010.
RESUMO
O judô é um esporte muito praticado no mundo. Para o seu desenvolvimento necessita-
se de uma quantidade maior de pesquisas na área de biomecânica. Devido ao esporte
ser acíclico muita dificuldade de conseguir equipamentos que façam análise da
maneira mais próxima de uma situação real de luta. Este trabalho faz um estudo de
uma metodologia de treinamento, utilizando plataforma de força, eletromiógrafo e
técnicas de cinemetria, envolvendo a técnica de judô Morote Seoi Nage. O treinamento
de entrada e projeção de golpes foi dividido em três situações diferentes. A primeira
com o uke (atleta que recebe o golpe) estático, a segunda com o uke saltando e sendo
projetado no momento ascendente da impulsão e a terceira com o uke saltando e sendo
projetado no momento descendente da impulsão. Foram analisadas as atividades
elétricas dos músculos Reto Femoral e Gastrocnêmio Médio do tori (atleta que executa
o golpe) e a força de reação do solo do tori. Foram verificadas as diferenças do
treinamento nas três situações. Na fase ascendente a força foi 36% menor comparada à
fase descendente. Os resultados indicam que o método de treinamento proposto (fase
ascendente) exigiu menor esforço para aplicação do golpe, utilizando um dos
princípios definidos por Jigoro Kano, da máxima eficiência com menor esforço.
PALAVRAS-CHAVE: Judô. Biomecânica. Treinamento. Morote Seoi Nage.
NAGATA, E. Y. Instrumental biomechanical analysis of judo technique Morote
Seoi Nage, by a method of training. 2010. 80f. Dissertation (Master’s degree in
Mechanical Engineering) - Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2010.
ABSTRACT
Judo is a worldwide practiced sport. A larger amount of research in the biomechanics
field is needed for its development. Given the fact that this is a non-cyclic sport, there
is a lot of trouble in finding equipments that are able to perform evaluations closer
enough to a real combat situation. This work studies a training method, using a force
platform, electromyography, and image processing, involving the Morote Seoi Nage
judo technique. The training of entry and projection of strikes was divided in three
different situations. The first with a static uke (the athlete that is being stroken), the
second with a jumping uke being projected at the upwards impulsion instant and the
third with a jumping uke being projected at the downwards impulsion instant. The
electrical activities of the tori’s rectus femoris and the gastrocnemius muscles (tori is
the athlete that performs the strike) were analyzed as well as its ground reaction force.
The training differences between the three situations were analyzed. The results show
that the proposed training method (upward phase) required less effort when the strike
is performed, requiring 36% less effort compared to the downwards phase, using one
of the rudiments defined by Jigoro Kano, of the maximal efficiency with the minimum
effort.
KEYWORDS: Judo. Biomechanics. Training. Morote Seoi Nage.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Sequência de movimentos do Morote Seoi Nage .............................. 24
FIGURA 2 – Músculo Reto Femoral (RF)...............................................................29
FIGURA 3 – Músculo Gastrocnêmio Médio (GM) ................................................. 30
FIGURA 4 – Esquema representativo do sistema de aquisições dos dados ...........35
FIGURA 5 – Plataformas de força utilizadas ..........................................................36
FIGURA 6 – Eletromiógrafo EMG 611C de seis canais .........................................37
FIGURA 7 – Eletrodos de superfície utilizados: canal 3 (C3), canal 4 (C4) e o
eletrodo terra ............................................................................................................37
FIGURA 8 – Visão superior da posição das câmeras no local de medição ............ 38
FIGURA 9 – Local do ensaio ..................................................................................40
FIGURA 10 – Calibração das duas plataformas de força 1 e 2 ...............................41
FIGURA 11 – Fixação dos eletrodos ......................................................................42
FIGURA 12 – Posicionamentos dos atletas ............................................................43
FIGURA 13 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s1 ............................ 46
FIGURA 14 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s2 ............................. 47
FIGURA 15 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s3 ............................. 47
FIGURA 16 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s4 ............................. 47
FIGURA 17 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s5 ............................. 48
FIGURA 18 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s6 ............................. 48
FIGURA 19 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s7 ............................. 48
FIGURA 20 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s8 ............................. 49
FIGURA 21 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s9 ............................. 49
FIGURA 22 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s10 ........................... 49
FIGURA 23 – Gráfico do valor de pico da FRS na PF1 (3 situações) ....................50
FIGURA 24 – Gráfico da diferença percentual do valor de pico da FRS..................... 51
FIGURA 25 – Gráfico do valor médio da FRS na PF2 das 3 situações de s1......... 53
FIGURA 26 – Gráfico do sinal EMG RF – fase ascendente – s1............................ 54
FIGURA 27 – Gráfico do sinal EMG GM – fase estática – s1 ................................ 55
FIGURA 28 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s1... 56
FIGURA 29 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s2... 56
FIGURA 30 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s3... 56
FIGURA 31 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s4... 57
FIGURA 32 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s5... 57
FIGURA 33 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s6... 57
FIGURA 34 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s7... 58
FIGURA 35 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s8... 58
FIGURA 36 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s9... 58
FIGURA 37 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase ascendente(normalizado) – s10. 59
FIGURA 38 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s1. 59
FIGURA 39 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s2. 60
FIGURA 40 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s3. 60
FIGURA 41 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s4. 60
FIGURA 42– Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s5.. 61
FIGURA 43 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s6. 61
FIGURA 44 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s7. 61
FIGURA 45 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s8. 62
FIGURA 46 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado) – s9. 62
FIGURA 47 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase descendente(normalizado)
– s10..........................................................................................................................62
FIGURA 48 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s1 ........63
FIGURA 49 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s2 ........63
FIGURA 50 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s3 ........64
FIGURA 51 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s4 ........64
FIGURA 52 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s5 ........64
FIGURA 53 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s6 ........65
FIGURA 54 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s7 ........65
FIGURA 55 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s8 ........65
FIGURA 56 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s9 ........66
FIGURA 57 – Gráfico do sinal EMGxPF1 – fase estática(normalizado) – s10 ......66
FIGURA 58 – Gráfico Vrms médio GM (3 situações) ........................................... 69
FIGURA 59 – Gráfico Vrms médio RF (3 situações)..............................................70
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A
-
Ascendente
A / D
-
Analógico / Digital
CBJ
-
Confederação Brasileira de Judô
D
-
Descendente
DME
Departamento de Mecânica
E
-
Estático
EMG
-
Eletromiografia
EVA
-
Etil vinil acetato
FEG
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá
fps
-
Frames por segundo
FRS
-
Força de reação do solo
FRSpico
-
Valor de pico da força de reação do solo
GM
-
Gastrocnêmio Médio
IJF
-
International Judo Federation
ISEK
-
International Society Electrophysiology Kinesiology
PF
-
Plataforma de força
PF1
-
Plataforma de força 1
PF2
-
Plataforma de força 2
RF
-
Reto Femoral
SENIAM
-
Surface EMG for a Non-invasive Assesment of Muscle.
t
-
tempo
tpico
-
Tempo de pico
Vrms
-
Tensão RMS ( root mean square)
UNESP
-
Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”
UNAMOS
-
Unidade de Serviço Médico do Câmpus da Unesp
LISTA DE SÍMBOLOS
l
comprimento
m
h
altura
m
dB
decibel
dB
d
diâmetro
mm
A
área
m
2
t
tempo
s
f
frequência
Hz
m
massa
kg
P
peso
N
FRS
Força de reação do solo
N
Vrms
Tensão rms
V
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................16
1.1 Objetivo .............................................................................................................. 17
1.2 Estrutura da dissertação...................................................................................... 17
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................18
2.1 Judô ....................................................................................................................18
2.1.1 Origem............................................................................................................. 18
2.1.2 Judô no Brasil .................................................................................................. 19
2.1.3 Os princípios do Judô ...................................................................................... 20
2.1.4 Fases do treino................................................................................................. 21
2.1.5 Descrição da técnica – Morote Seoi Nage.......................................................23
2.2 Biomecânica do esporte......................................................................................25
2.2.1 Biomecânica no Judô ......................................................................................25
2.2.1.1 Estudos sobre biomecânica no Judô ............................................................ 26
2.2.1.2 Músculos dos membros inferiores................................................................28
2.2.1.2.1 Músculo Reto Femoral .............................................................................. 28
2.2.1.2.2 Músculo Gastrocnêmio Médio .................................................................. 29
2.3 Instrumentação....................................................................................................30
2.3.1 Eletromiografia................................................................................................30
2.3.2 Dinamometria .................................................................................................. 32
2.3.3 Cinemetria .......................................................................................................33
3 METODOLOGIA................................................................................................34
3.1 Amostra ..............................................................................................................34
3.2 Instrumentos ....................................................................................................... 34
3.2.1 Plataforma de força..........................................................................................35
3.2.2 Eletromiógrafo.................................................................................................36
3.2.3 Câmera digital .................................................................................................38
3.2.4 Aparelho de sincronização das câmeras .......................................................... 39
3.2.5 Tatames............................................................................................................39
3.3 Procedimentos ....................................................................................................39
3.3.1 Calibrações estáticas das plataformas de força ...............................................40
3.3.2 Preparação dos atletas .....................................................................................41
3.3.3 Coletas de dados .............................................................................................. 43
3.3.4 Aquisição e tratamento dos dados ................................................................... 44
3.3.4.1 Dados da plataforma de força....................................................................... 44
3.3.4.2 Dados eletromiográficos...............................................................................44
3.3.4.3 Dados de cinemetria (imagens) .................................................................... 45
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 46
4.1 Força de reação no solo das plataformas de força nas três situações.................46
4.1.1 Força de reação no solo da plataforma de força 1 (PF1) nas três situações.... 46
4.1.2 Força de reação no solo da plataforma de força 2 (PF2) nas três situações.... 53
4.2 Sinais eletromiográficos nos músculos Reto Femoral e Gastrocnêmio
Médio e o sinal da plataforma de força 1. ................................................................ 54
4.2.1 Sinais eletromiográficos e sinais da plataforma de força 1 – fase ascendente 55
4.2.2 Sinais eletromiógraficos e sinais da plataforma de força 1 – fase
descendente...............................................................................................................59
4.2.3 Sinais eletromiógraficos e sinais da plataforma de força 1 – fase estática ..... 63
4.3 Análise de Vrms médio de GM e RF com a plataforma de força 1 ...................66
4.3.1 Análise de Vrms médio de GM e RF com PF1 para o uke no salto fase
ascendente.................................................................................................................66
4.3.2 Análise de Vrms médio de GM e RF com PF1 para o uke no salto fase
descendente...............................................................................................................67
4.3.3 Análise de Vrms médio de GM e RF com PF1 para o uke no salto fase
estática ...................................................................................................................... 68
4.4 Análise dos sinais eletromiográficos através do teste t ...................................... 68
4.4.1 Análise do músculo Gastrocnêmio Médio através do teste t...........................68
4.4.2 Análise do músculo Reto Femoral através do teste t.......................................69
5 CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS .................................................................. 71
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 73
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 77
ANEXO A – Modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................79
ANEXO B – Certificado Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos ........80
16
1 INTRODUÇÃO
O Judô é uma arte marcial criada no Japão por Jigoro Kano em 1882 (KANO,
2008). Ao longo dos anos disseminou-se no mundo todo. Atualmente o Judô é um
esporte com muitos praticantes no Brasil, tendo vários atletas de destaque no cenário
mundial (CBJ, 1999).
a necessidade de uma quantidade maior de pesquisas em biomecânica, que
promovam um melhoramento no treinamento dos atletas. Essa escassez de estudos se
deve ao esporte ser acíclico, acarretando em dificuldades para analisar
biomecanicamente em situações reais de luta.
O presente trabalho faz um estudo de uma metodologia de treinamento,
utilizando equipamentos disponibilizados pelo laboratório de Biomecânica do DME-
FEG da Unesp como plataforma de força para analisar a força de reação no solo do tori
(atleta que executa o golpe), eletromiógrafo para fazer a análise da atividade elétrica
dos músculos do Reto Femoral e Gastrocnêmio Médio do tori. Além disso, foram
utilizadas as técnicas de cinemetria para auxiliar no estudo da técnica de Judô Morote
Seoi Nage.
Utilizou-se o treinamento de entrada e a projeção de golpes que foi dividido em
três situações diferentes. A primeira com o uke (atleta que recebe o golpe) estático, a
segunda com o uke saltando e sendo projetado no momento ascendente da impulsão e
a terceira com o uke saltando e sendo projetado no momento descendente da impulsão.
Foram analisadas as atividades elétricas dos músculos do Reto Femoral e
Gastrocnêmio Médio do tori e a força de reação no solo do tori.
Assim, através de fundamentos biomecânicos foi analisado o movimento de
entrada da cnica Morote Seoi Nage. Através dos valores quantitativos, pode-se
verificar a melhor maneira de executar o golpe com eficácia mecânica e conseqüente
economia energética, utilizando um dos princípios definidos por Jigoro Kano, da
máxima eficiência com menor esforço.
17
1.1 Objetivo
Tem-se como objetivo, verificar as diferenças do treinamento nas três situações
diferentes, com o uke estático (treino tradicional), uke saltando e sendo projetado no
momento ascendente da impulsão e sendo projetado no momento descendente da
impulsão, utilizando métodos da dinamometria e eletromiografia.
1.2 Estrutura da dissertação
No capítulo 1 é elaborada uma introdução sobre o trabalho, com justificativa e
objetivo.
O capítulo 2 contém a revisão de literatura. São apresentados os conceitos dos
elementos abordados na dissertação como judô, biomecânica e instrumentação.
No capítulo 3 é abordada toda a metodologia do trabalho com a descrição da
amostra, instrumentos utilizados e procedimento da calibração das plataformas de
força, a realização do procedimento experimental e os métodos para análise dos dados.
No capítulo 4 é feita uma análise dos resultados obtidos no estudo associados à
discussão dos mesmos.
No capítulo 5 são descritas as conclusões e comentários obtidas no trabalho.
O trabalho foi finalizado com as referências da dissertação, a bibliografia
consultada e os anexos.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Judô
O judô foi criado por Jigoro Kano através de um aperfeiçoamento do antigo jiu-
jitsu, retirando as técnicas como socos e chutes e fundamentada em princípios
filosóficos (BARSOTTINI, 2006).
Segundo Sugai (2000), a grande diferença entre o Judô e o velho Jiu-Jitsu é a
elevação da arte marcial ao caminho de autoconhecimento. Esse foi o marco e uma
nova fase para as artes marciais. Kano definiu o Judô como a máxima eficiência do
uso da mente e do corpo para benefício e o bem estar mútuo.
2.1.1 Origem
Em fevereiro de 1882, no Japão, foi inaugurada a primeira escola de judô do
mundo, denominada Kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade). Jigoro Kano
inseriu princípios da física, como equilíbrio, gravidade, deslocamento e sistema de
alavancas, além de importantes ferramentas didático-pedagógicas de ensino para fazer
do Judô uma arte perfeita.
Segundo Kano (2008) foi criada uma sistematização das técnicas e a
fundamentação da prática em princípios filosóficos bem definidos, em que o objetivo
principal é o aperfeiçoamento do ser humano.
A palavra Judô é escrita com dois ideogramas chineses. Vem de “Ju” (suave) e
“do” (caminho ou princípio), ou seja, o judô é o caminho suave, caminho da gentileza,
no qual é preciso primeiro ceder, para obter a vitória. O Judô é mais que uma arte de
ataque e defesa. É um modo de vida.
Segundo Shinohara (1982), para o judoca perfeito é necessário cinco regras
básicas, visando o seu aperfeiçoamento como judoca e como ser humano: disciplina,
respeito, educação, desenvolvimento de força física e técnica.
19
Devido ao embasamento filosófico e aspecto educacional que o judô
proporcionava, passou a ser aceito pela população e adotado pelas escolas japonesas. E
através do próprio Kano, por meio de palestras e demonstrações práticas divulgou para
o mundo. Começou em 1889 a percorrer a Europa e Estados Unidos realizando
conferências.
Jigoro Kano morreu aos 77 anos, em 4 de maio de 1938, deixando não somente
um esporte, mas uma filosofia de vida. Após sua morte, surgiram as primeiras
federações em rios países. Em 1951, ocorreu o primeiro campeonato europeu, em
Paris, onde foi fundada a Federação Internacional de Judô (IJF).
Resultado dessa internacionalização é a realização do primeiro Campeonato
Mundial em 1956 e também a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos em 1964 em
Tóquio.
Segundo IJF (2007) atualmente existem 198 federações espalhadas no mundo (20
membros na Oceania, 48 na África, 50 na Europa, 39 na Ásia e 41 nas Américas) e
milhares de praticantes, tornando-se um dos esportes mais praticados no mundo.
2.1.2 Judô no Brasil
O Judô no Brasil chegou juntamente com a imigração japonesa. Os imigrantes
japoneses vieram atrás de novas oportunidades em plantações de café, e para que as
origens não fossem perdidas, passaram de geração para geração os seus costumes,
cultura, filosofia, incluindo o Judô.
Segundo Wilson (2008), a pessoa que pode ser considerada a precursora do Judô
no Brasil é o Conde Koma, cujo nome seria Mitsuyo Maeda ou Eisei Maeda. Apesar
de ter-se estabelecido depois da entrada dos imigrantes japoneses, Maeda veio como
divulgador oficial da Kodokan de Judô nas Américas.
Outro importante precursor do Judô no Brasil foi Ryuzo Ogawa, que fundou a
Budokan, primeira academia de projeção nacional, com filiais em vários lugares,
chegando a mais de cem em todo o Brasil.
20
Com o crescimento do Judô em todo o Brasil foram fundadas novas academias,
aumentando o número de praticantes. E em 1951, foi realizado o primeiro campeonato
oficial de Judô no Brasil. E em março de 1969, foi fundada a Confederação Brasileira
de Judô (CBJ), sendo reconhecida por decreto em 1972 (CBJ, 1999).
A partir desse crescimento, vieram resultados expressivos em campeonatos
internacionais, como sulamericanos, panamericanos, mundiais e olimpíadas,
culminando na popularização do esporte.
Atualmente o Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial, inclusive
com a organização de uma das quatro etapas do Grand Slam (competição anual mais
importante do mundo).
Segundo a CBJ (1999), o judô é um esporte olímpico de grande prestígio e muito
disputado, e tem no Brasil um "celeiro" de bons lutadores, fazendo o país ser
reconhecido e admirado internacionalmente, inclusive no Japão. Por ser um esporte de
triunfos nacionais, tem "sua marca" associada ao sucesso.
Em decorrência, dessa popularidade e atraído pelo enfoque competitivo, um
número grande de professores e treinadores de Judô, desejando sempre melhorar a
parte técnica e desempenho de seus atletas em campeonatos.
2.1.3 Os princípios do Judô
Kano (2008) se inspirou em três princípios para idealizar o Judô: Seiryoku-zen-
yo, Jita-kyoei e Ju.
Seiryoku-zen-yo representa a máxima eficiência com mínimo esforço. Foi criado
não apenas para atender às expectativas na parte física abordada nos treinos, mas
também na parte espiritual, que caminhe junto com o corpo, para o seu
aprimoramento.
Jita-kyoei representa o princípio do bem estar e benefícios mútuos em que mostra
a importância da solidariedade humana no crescimento individual e universal, pois
Kano acreditava que a eficiência e o auxílio ao próximo criariam o um atleta
melhor, como ser humano mais completo.
21
Ju é o princípio da suavidade em que se prioriza o uso da técnica com o uso
adequado da força, economizando energia e proporcionando maior eficiência na
execução dos golpes.
Para Rocha (1967), podem ser considerados como básico quatro princípios
aplicáveis no judô.
1) Princípio do equilíbrio e do desequilíbrio;
2) Princípio do sistema de alavancas humanas;
3) Princípio do máximo contra o mínimo;
4) Princípio do momento.
Para Takeshita (1985), mais alguns princípios são colocados como:
1) Atacar com segurança e precisão
2) Abster-se de emprego desordenado da força bruta, pois todas as energias são
necessárias no decorrer da luta.
3) Basear os movimentos na agilidade do adversário e tirar-lhe, na medida do
possível, o tempo necessário para aplicações de golpes.
2.1.4 Fases do treino
Primeiramente, é feito alongamento e aquecimento com exercícios físicos
essenciais em qualquer atividade esportiva, que preparam o corpo para a parte
principal do treinamento.
Para Takeshita (1985), esta parte do treinamento é importante para desenvolver
três qualidades essenciais que a luta do judô exige. Força, agilidade e resistência.
Força para suportar ataques e poder atacar, agilidade para desvencilhar-se dos mesmos
e dominar o adversário com precisão e resistência para suportar os ataques durante
uma luta.
22
Segundo Shinohara (1982), o treinamento que segue deve ser de Ukemi
(amortecimento de quedas) pois, treiná-lo constantemente é proteger o próprio corpo.
Em seguida, é feito o treinamento de entrada de golpes chamado de Uchi-komi,
que é fundamental para o aprimoramento e melhora na eficácia do golpe.
Na seqüência é realizado o Nage-komi ou Nage-ai que é o treinamento de entrada
e projeção de golpes. É importante porque consiste no aprimoramento do golpe como
um todo até a fase de projeção.
O treinamento de Uchi-komi e Nage-komi envolve a repetição de gestos motores
com o objetivo de gerar a automação na execução de uma habilidade motora,
melhorando a potência e velocidade. Uma técnica mais rápida pode surpreender o
adversário com a entrada de uma técnica, dificultando sua tomada de decisão. E uma
técnica mais potente dificultaria a resistência do oponente à técnica executada
(FRANCHINI; DEL VECCHIO, 2008).
Depois do Nage-komi, segundo Shinohara (1982) realiza-se o Nê-waza, que é o
treinamento das técnicas de solo, onde se treinam imobilizações, chaves de braço e
técnicas de estrangulamentos.
Randori é a fase seguinte, em que as técnicas treinadas no uchi komi são testadas,
procurando aplicar o golpe de forma correta.
No fim é feito o Shiai, que é a competição onde se procura executar o que foi
treinado nas aulas (SHINOHARA, 1982).
As fases de treino descritas acima se referem a uma sessão de treino tradicional
nas academias de judô. Existem outras alternativas utilizando métodos para
diversificar o treinamento.
Um todo de treinamento alternativo é realizar o treino de nage-komi na forma
dinâmica, somente com o deslocamento vertical do uke. O uke realiza saltos verticais,
inicialmente com grandes impulsões para facilitar a entrada do tori, e acertar o tempo
de entrada do golpe. O tempo de entrada do golpe é no instante de subida do uke, neste
caso o tori utiliza menos esforço, devido ao fato de aproveitar o movimento de inércia
do uke.
23
Neste tipo de treinamento a técnica mais adequada para ser utilizada é o Morote
Seoi Nage, ou alguma outra técnica de tê-waza (técnica de braço), pelo movimento
representar uma situação real de luta (na fuga de uma técnica).
O tori tem um intervalo curto de tempo, para fazer a preparação e o encaixe do
golpe, que corresponde ao tempo de salto. Como exige maior destreza para executar o
golpe nesse tipo de treino, é necessário que o tori tenha grande domínio sobre o golpe.
Este método pode ser encaixado numa sessão de treino após o treino de uchi-
komi ou após o nage-komi tradicional, com o uke estático.
O trabalho visa comparar esse treinamento executado no instante certo, ou seja, o
golpe aplicado na fase ascendente do salto do uke, com o mesmo treinamento
executado no instante errado, ou seja, na fase descendente do salto do uke, além de
comparar com o treinamento tradicional que é executado com o uke estático.
2.1.5 Descrição da técnica – Morote Seoi Nage
Morote Seoi Nage é o arremesso pelo ombro e braço. É uma técnica de projeção
classificada como tê-waza, ou seja, técnica de braço.
Inicialmente, o tori (pessoa que executa o golpe) que fará a execução pela direita,
segurará com a mão direita na parte superior da gola esquerda do uke (pessoa que
recebe o golpe) e com a mão esquerda segurana parte inferior da manga, abaixo do
cotovelo do uke, como ilustrado na Figura 1a.
O tori primeiramente faz uma puxada com os dois braços para desequilibrar o
uke diretamente para frente ou para a diagonal direita do uke (Figura 1a).
Após o kuzushi (desequilíbrio) o tori coloca o direito na frente e paralelo ao
direito do uke e ao mesmo tempo puxa o uke sobre suas costas, usando seu braço
esquerdo, e colocando o braço direito com o cotovelo flexionado sob a axila direita do
uke (Figura 1b). O esquerdo do tori posiciona-se paralelamente ao seu direito.
Na execução do golpe o tori faz uma flexão do joelho em ambas as pernas (Figuras 1c,
1d).
24
No momento da extensão dos joelhos o uke estará sobre as costas do tori (Figuras
1e, 1f) e será projetado por cima de seu ombro caindo à frente do tori (Figura s 1g, 1h e
1i).
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
(g) (h) (i)
Figura 1 – Seqüência de movimentos do Morote Seoi Nage
A eficiência na execução dos golpes pode ser determinada pela aplicação correta
de força para o kuzushi do adversário, velocidade para fazer o encaixe do golpe e um
posicionamento adequado dos segmentos corporais para eficiente uso da força durante
o arremesso.
Foi escolhida essa técnica, por ser mais adequada para realização no método de
treinamento analisado, além de ser uma das principais cnicas de projeção do judô
contemporâneo, segundo IJF (2007).
25
2.2 Biomecânica do esporte
Segundo Hamill e Knutzen (1999), a biomecânica é o estudo da aplicação da
mecânica aos sistemas biológicos. Avalia o movimento de um organismo vivo e o
efeito da força, podendo ser analisado qualitativamente e quantitativamente.
A biomecânica é uma ciência que envolve várias disciplinas aplicadas
principalmente à solução de problemas humanos, que se preocupa com análises e
interpretações dos movimentos dos segmentos do corpo humano, através de conceitos
básicos de física, matemática, anatomia, fisiologia, etc. E como ferramenta de análise
contribui no âmbito da ortopedia, da educação física, da engenharia de reabilitação, da
fisioterapia, da ergonomia, etc (AMADIO, 2000).
Um dos estudos da biomecânica é focado no desempenho esportivo, nas diversas
modalidades, visando à melhoria da performance, com a aplicação correta do
movimento, tendo conhecimento da melhor maneira de utilizar as alavancas, centro de
gravidade, evitando falhas e exageros no treinamento. Promovendo além disso estudos
para minimizar o índice de lesões (HALL, 2003).
Para abordar as diversas formas de movimento são usados alguns métodos de
medição como a cinemetria, dinamometria, através da plataforma de força,
antropometria, eletromiografia, dinâmica inversa e modelamento.
2.2.1 Biomecânica no Judô
No estudo da biomecânica aplicada ao judô ou a qualquer outro esporte, é
importante ressaltar que ela é uma disciplina que se preocupa com análises físicas do
movimento do corpo humano e que esses movimentos são estudados por meio de leis e
padrões mecânicos, levando-se em consideração a técnica de execução do movimento
pré-estabelecido e as características anatômicas do executante (SANTOS; MELO,
2001).
Segundo Santos e Melo (2001), como a biomecânica é multidisciplinar, e além
disso uma diversidade de movimentos que compõem a prática de judô, é necessário
26
uma delimitação muito clara dos aspectos que serão analisados. Deve-se através desses
estudos verificar através de uma abordagem cinemática e cinética o melhor
aproveitamento dos princípios físicos de eficiência mecânica e economia energética.
Deve haver a preocupação com a saúde do praticante, preservando à integridade do
aparelho locomotor, do ponto de vista biomecânico, e adequar as características da
técnica aos parâmetros somatotipológicos dos judocas objetivando o real
aproveitamento de suas capacidades.
A seguir, tem-se alguns estudos envolvendo a biomecânica no judô.
2.2.1.1 Estudos sobre biomecânica no Judô
Detanico (2007) sugere que a fase de projeção de uma técnica no Judô de forma
eficaz, no aspecto biomecânico, é relacionada a três fatores: tipo de técnica koshi-
waza, ashi-waza ou -waza, estrutura corporal e encadeamento com a fase de
desequilíbrio. As técnicas de -waza são projeções que utilizam o braço como ponto
de apoio do sistema de alavancas para elevar e rotacionar no momento de projetar o
uke, sendo que, quanto menor o comprimento de membros inferiores do tori, maior
eficiência do movimento, ou seja, quanto mais baixo o centro de gravidade, maior a
estabilidade conseguida pelo Judô que executa o golpe.
Franchini (2003) realizou uma pesquisa em que verificou as técnicas utilizadas
no Judô de alto nível, analisando 3950 lutas dos Campeonatos Mundiais e Jogos
Olímpicos disputados entre 1995 e 2001, que culminaram com vitória por ippon. Nela
observou que o tê-waza (técnicas de braço), ou seja, do Morote Seoi Nage, ou de suas
variações, teve um percentual maior dependendo da categoria. No caso, as categorias
ligeiro e meio-leve que são as mais leves apresentaram maior percentual de ippon com
utilização dessa técnica em relação à categoria pesado. Essa diferença parece ser
conseqüência do fato de atletas com baixo centro de gravidade e maior força relativa,
aplicar melhor essas técnicas.
Imamura (2006) investigou três diferentes técnicas, técnica de braço (Morote
Seoi Nage, de perna (O Soto Gari) e de quadril (Harai Goshi), analisando em três fases
27
da projeção (kuzushi, tsukuri e kake). Utilizou para isso a cinemetria e concluiu que o
arremesso do Morote Seoi Nage foi menos potente do que as outras duas técnicas, que
é considerado mais técnico, e é uma técnica mais adequada para atletas de estatura
baixa e com boa agilidade fazerem. nas outras duas técnicas, o arremesso foi mais
potente, que é mais adequado para atletas maiores e mais fortes.
Hasegawa et al. (1993) investigaram a força de reação no solo do tori na
execução do Morote Seoi Nage utilizando uma plataforma de força. A posição do
centro de gravidade do corpo no instante de arremesso foi menor para os atletas de
maior habilidade. o houve diferença significativa do sinal da plataforma de força
para os atletas de maior e menor estatura. O tempo de aplicação, contudo foi menor
para os mais habilidosos. Os resultados indicaram que o movimento rápido e com o
centro de gravidade mais baixo pode ser útil para um arremesso eficaz.
Inokihara (1991) também estudou a técnica Morote Seoi Nage e concluiu através
de análises biomecânicas através dos ângulos dos segmentos corporais, que o fator
mais importante no golpe é a relação mútua entre a posição da ponta dos pés e do
joelho do tori e a posição do corpo do uke.
Blais, Trilles e Lacouture (2007), realizaram um estudo com o objetivo de
analisar as forças e os momentos de força das principais articulações em três
dimensões durante a execução da técnica de projeção Morote Seoi Nage, e determinar
a energia despendida durante o movimento. Os sujeitos executaram o golpe em um
ergômetro, onde simularam os movimentos de entrada. Utilizaram câmeras e
plataforma de força para coleta dos dados. As forças nas articulações, os momentos de
força e o gasto energético foram estimados por meio de equações. Observou-se que os
membros inferiores gastaram mais energia para executar a técnica quando comparados
aos membros superiores. E em relação às fases do golpe, o tsukuri (preparação) foi o
que mais consumiu energia. Assim, concluíram que as principais articulações
responsáveis pelos momentos gerados pelo movimento foram dos membros inferiores,
apesar do golpe ser uma técnica de braço.
Devido à exigência maior dos membros inferiores na execução da técnica Morote
Seoi Nage, realizou-se um estudo analisando os músculos Reto Femoral e
Gastrocnêmio Médio.
28
2.2.1.2 Músculos dos membros inferiores
Os músculos apresentam uma variedade grande de tamanho e formato, de acordo
com a sua disposição de local de origem e de inserção, que funcionam pela contração e
extensão das suas fibras e são os responsáveis pelos movimentos.
A musculatura dos membros inferiores analisados no experimento foi o Reto
Femoral e o Gastrocnêmio Médio. Foi escolhido o Reto Femoral devido à
característica da técnica de exigir a musculatura do Quadríceps Femoral, pela extensão
de joelhos necessária para executar o golpe. O Gastrocnêmio Médio também foi
escolhido pela grande solicitação do músculo no movimento.
2.2.1.2.1 Músculo Reto Femoral
O músculo Reto Femoral (Figura 2), músculo situado na face anterior da coxa,
faz parte do grupo muscular quadríceps. Possui fibras profundas que seguem em
trajetória retilínea pela coxa. A origem é na espinha ilíaca ântero-inferior e sulco
supra-acetabular. E a inserção na base da patela e, através do ligamento patelar, na
tuberosidade da tíbia (MIRANDA, 2004).
Segundo Palastanga, Field e Soames (2000), esse músculo é do tipo bipenado em
forma de fuso. O Quadríceps Femoral é responsável pela extensão do joelho, sendo um
dos músculos mais fortes do corpo. Como o Reto Femoral cruza anteriormente a
articulação do quadril, também flexiona a coxa. Ele tem forte solicitação na elevação
da perna reta ou no movimento combinado de flexão do quadril e extensão do joelho.
29
Figura 2 – Músculo Reto Femoral (RF) (BEEBLE´S FITNESS, 2006)
2.2.1.2.2 Músculo Gastrocnêmio Médio
O músculo Gastrocnêmio ilustrado na Figura 3 é um grande e poderoso músculo,
situado na região posterior da perna. Composto por duas cabeças: lateral e medial. O
músculo Gastrocnêmio atua sobre as articulações do joelho e tornozelo. A sua origem
é na face posterior dos côndilos femorais. A inserção é na face posterior do calcâneo,
através do tendão calcâneo (MIRANDA, 2004).
Segundo Palastanga, Field e Soames (2000), o Gastrocnêmio, e o Sóleo que
formam o Tríceps Sural, são os principais flexores plantares da articulação do
tornozelo. Ele fornece a força propulsora para locomoção. Como cruza a articulação
do joelho, o Gastrocnêmio é também seu flexor. Mas, ele não consegue exercer sua
força completa sobre ambas as articulações simultaneamente. Por exemplo, se o joelho
for flexionado, o Gastrocnêmio não é capaz de exercer força máxima na articulação do
tornozelo e vice-versa.
A potência do músculo está assim, relacionada com a posição e o grau de flexão
do joelho: se o joelho estiver muito flexionado, eles estão relaxados, diminuindo sua
ação mecânica (MIRANDA, 2004).
30
Figura 3 – Músculo Gastrocnêmio Médio (GM) (MYFOOTSHOP, 1999).
2.3 Instrumentação
A instrumentação aplicada à biomecânica é utilizada para diversas aplicações, no
caso da área de educação física utiliza-se principalmente na avaliação,
condicionamento e aprimoramento do desempenho em atletas. São equipamentos que
fazem medições e registram dados que analisados propiciam um melhor entendimento
dos fenômenos biomecânicos.
2.3.1 Eletromiografia
Eletromiografia é uma técnica que faz monitoramento da atividade elétrica das
membranas excitáveis, representando a medida dos potenciais de ação do sarcolema,
como efeito de voltagem em função do tempo. O sinal eletromiográfico é a somatória
de todos os sinais detectados em uma certa área, podendo ser afetado por propriedades
musculares, anatômicas e fisiológicas, assim como pelo controle do sistema nervoso
periférico e a instrumentação utilizada para a aquisição dos sinais (ENOKA, 2000).
31
A eletromiografia apresenta inúmeras aplicações, notadamente na clínica médica
para diagnóstico de doenças musculares, na reabilitação, na anatomia, com o intuito de
revelar a ação muscular em determinados movimentos. (AMADIO; DUARTE, 1998).
Segundo Amadio (2000), há dois tipos de eletrodos utilizados em eletromiografia
que são de agulha e superfície. A eletromiografia de superfície permite ao paciente ser
avaliado dinamicamente de forma indolor e não invasiva, o que auxilia na naturalidade
do movimento. Normalmente é utilizado apenas para verificar a presença ou não de
atividade elétrica muscular, pois como o eletrodo de captação não está diretamente em
contato com o músculo, existe a dificuldade para detectar ou isolar o potencial de ação
de um único músculo pelas interferências dos músculos adjacentes.
Os eletrodos superficiais são aderidos à pele, constituindo uma superfície de
detecção que capta a corrente na pele através da interface pele-eletrodo. São
geralmente compostos por um sistema Ag-AgCl associado a um gel condutor
(eletrólito) (DE LUCA, 1997).
O que o eletrodo faz é servir como antena e pode ser de forma monopolar ou
bipolar. O monopolar é um eletrodo colocado sobre o músculo e compara com o outro
distante (terra). No bipolar, o sinal é registrado com o uso de dois eletrodos, e o
resultado é a diferença entre os dois (CARPENTER, 2005).
Segundo Carpenter (2005), após os eletrodos captarem os sinais, é conduzido
pelos cabos de condução até o aparelho, em que amplifica o sinal, passando por um
filtro para retirar os ruídos e depois para um conversor A/D.
É de interesse da comunidade científica, que trabalha com eletromiografia de
superfície, que padrões sejam propostos a fim de proporcionar a comparação mais
fidedigna entre estudos semelhantes. A Sociedade Internacional de Cinesiologia e
Eletrofisiologia (ISEK), estabelece a padronização conceitual e protocolos para
avaliações eletromiográficas que são estabelecidas como referências a serem seguidas.
O projeto SENIAM (Surface EMG for a Non-invasive Assesment of Muscle) tem
apresentado recomendações de configuração e posicionamento de eletrodos, com bases
em estudos feitos internacionalmente (AMADIO; SERRÃO, 2007).
Pode ser usado para verificar função muscular em diferentes tipos de movimento
e postura, verificar a atividade muscular nos gestos desportivos, profissionais e de
32
reabilitação, avaliar métodos de treinamento, fazer estudos sobre a fadiga, fazer
estudos ergonômicos e estudar a coordenação muscular.
Segundo Amadio (2000), há duas formas principais de influenciar a fidelidade do
sinal EMG. A primeira é a relação sinal / ruído, onde a energia do ruído é incorporada
ao sinal que não faz parte do sinal desejado. A segunda é a distorção do sinal devido
ao próprio processamento pelo eletromiógrafo, conversor A/D e o computador. As
causas do ruído podem ser de várias fontes, como componentes eletrônicos, ruído
ambiental, por fontes de radiação eletromagnética, como lâmpadas fluorescentes, rádio
e televisão, pode ser por movimento do cabo que conecta o eletrodo ao amplificador.
2.3.2 Dinamometria
Segundo Amadio e Serrão (2007), a dinamometria engloba todos os tipos de
medidas de pressão e força. As forças de reação do solo transmitidas na fase de apoio
em atividades quasi-estáticas e dinâmicas. Juntamente, com a constante peso corporal,
essas forças de reação do solo são geralmente a causa de qualquer alteração do
movimento do centro do corpo. O instrumento básico em dinamometria é a plataforma
de força, que mede fundamentalmente a força de reação do solo, seus momentos e o
ponto de aplicação desta força.
A força de reação do solo é a força proporcionada pela superfície onde a pessoa
está se movendo, que é uma aplicação direta da terceira lei de Newton dos
movimentos. Deve-se também salientar que a força de reação do solo muda em
magnitude, direção e ponto de aplicação durante o período que o indivíduo está em
contato com a superfície (KURAMOTO, 2005).
A medição da força de reação do solo (FRS) é realizada através de plataformas
de força que fornecem um sinal elétrico proporcional à força aplicada. Existem vários
tipos de sensores para esse tipo de medição, sobressaindo-se os extensômetros (strain
gages), piezo-elétricos, piezo-resistivos e capacitivos, dentre outros. Os extensômetros
são compostos por uma placa metálica contendo transdutores, que ao sofrer uma
pequena deformação que causa alterações nas resistências elétricas dos sensores,
33
ligados em um circuito elétrico na configuração de ponte de Wheatstone. Essas pontes
são conectadas a transdutores da plataforma de força. O sinal obtido pela plataforma
de força é amplificado por circuitos eletrônicos, passam por um conversor A / D e
enviado ao computador (AMADIO, 2000).
A calibração da plataforma é determinada pela sensibilidade de cada canal em
relação a todas as cargas aplicadas. As cargas são aplicadas em vários pontos da
plataforma de força.
2.3.3 Cinemetria
Segundo Carpenter (2005), a cinemetria é um conjunto de todos que busca
medir os parâmetros cinemáticos do movimento. Assim, a cinemetria se preocupa em
descrever o movimento de um corpo, sem se preocupar com as causas. As análises
podem ser bidimensionais ou tridimensionais e são obtidos através de fotografias,
filmes ou vídeos.
O processamento das imagens é feito através de digitalização dos pontos
previamente marcados, como os marcadores reflexivos colocados em pontos
anatômicos que determinam os eixos internos dos segmentos considerados. Com a
digitalização, o sistema identifica os pontos no espaço calibrado e determina o
movimento das articulações. Para a análise cinemática, colocar os marcadores de
forma correta é muito importante para gerar um sistema de coordenadas reprodutível.
A calibração mal feita pode prejudicar a reconstrução tridimensional e alterar os
resultados (AMADIO, 2000).
Entre os principais objetivos da utilização da cinemetria são: avaliaç ão da técnica
para competição, desenvolvimento de cnicas de treinamento, monitoramento de
atletas e indicadores preditivos de comportamento de talentos esportivos, entre outros
(AMADIO; BAUMANN, 1990).
34
3 METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa do tipo exploratória, descritiva,
quantitativa, experimental, com amostragem sistemática.
3.1 Amostra
Utilizou-se uma amostra de dez atletas, como tori e dois atletas como uke. A
experiência foi feita em dois dias. O grupo foi dividido em cinco toris para cada dia e
um uke diferente para cada dia. Todos os atletas têm experiência de pelo menos três
anos praticando Judô. A idade do grupo foi de (23 ± 3) anos, com massa de (78,24 ±
13,38) kg e altura de (1,72 ± 0,06) m.
Teve-se o cuidado na seleção dos ukes, tendo como características principais
serem experientes e leves. Necessitou de atletas com experiência de pelo menos cinco
anos, devido ao maior grau de dificuldades das quedas. E necessitou de atletas leves
como uke, devido à dificuldade do tori executar o movimento em uma das situações. O
primeiro uke tinha graduação de faixa marrom, com 58,6kg e 1,62m e o segundo uke
tinha graduação de faixa roxa, com 69,2kg e 1,72m.
3.2 Instrumentos
Os instrumentos utilizados foram duas plataformas de força; um eletromiógrafo
da EMG System do Brasil, modelo EMG611C com seis canais; duas meras digitais
da marca Sony DSC-W120, Cyber-shot de 7.2 megapixels, 30fps (frames por segundo
ou “quadros por segundo”); um aparelho para poder sincronizar as câmeras. Além
disso, foram utilizadas vinte e oito placas de tatame de encaixe de E.V.A., de 1m
2
e
4cm de altura.
35
Figura 4 – Esquema representativo do sistema de aquisições dos dados
A Figura 4 apresenta um esquema do sistema utilizado para aquisições dos dados
do eletromiógrafo, da cinemetria e da plataforma de força. O computador é conectado
ao eletromiógrafo, e este às duas plataformas de força através do canal 1 (c1) e canal 2
(c2). O eletromiógrafo também é ligado ao tori pelo canal 3 (c3), canal 4 (c4) e
eletrodo terra.
também um acionador que fica próximo ao computador para o avaliador
manipular o sinal do aparelho para sincronizar as câmeras.
3.2.1 Plataforma de força
A Figura 5 ilustra as duas plataformas de força utilizadas no experimento que
foram posicionadas adequadamente em paralelo e fixadas no chão. A dimensão da
plataforma de força 1 é de 0,5m x 0,5m x 0,16m (comprimento x largura x altura) e a
plataforma de força 2 de 0,45m x 0,45m x 0,16m. Cada plataforma de força contém
36
quatro anéis octogonais em cada canto e para cada anel foram instalados quatro
extensômetros na forma de ponte completa de Wheatstone, para analisar as forças
verticais de reação no solo. Os cabos foram conectados a entrada do eletromiógrafo,
para amplificação e codificação dos sinais.
Figura 5 – Plataformas de força utilizadas
3.2.2 Eletromiógrafo
Utilizou-se um eletromiógrafo com conversor A / D (analógico / digital) de 16
bits de resolução e com faixa de entrada de -5V a +5V. A freqüência de amostragem
de 2000 Hz, com amplificação de 2000. O filtro foi ajustado na faixa de 10Hz a 500
Hz, de quarta ordem, com tempo de análise de 10 segundos. Para a captação do EMG
foram utilizados sensores ativos bipolares diferenciais, pré-amplificados (ganho de 20
vezes) e com uma taxa de rejeição de modo comum maior que 100 dB.
Foi utilizada uma bateria LI-PO de 11,1V e 1,8A/h, modelo BTD110203/11, para
que não houvesse interferência dos sinais da rede elétrica. A Figura 6 mostra o
eletromiógrafo utilizado no ensaio.
37
Figura 6 – Eletromiógrafo EMG 611C de seis canais.
Foram utilizados ao todo, quatro canais sendo dois canais conectados as
plataformas de força e os outros dois canais conectados aos cabos dos sinais do
eletrodo para analisar o músculo Reto Femoral (canal 3) e o Gastrocnêmio Médio
(canal 4), e utilizou-se um eletrodo terra que foi posicionado no maléolo lateral. Pode-
se observar os dois canais e o eletrodo terra (canal da esquerda) na Figura 7.
Foram utilizados eletrodos de superfície com base em Ag-AgCl (prata-cloreto de
prata), com geometria circular de 10mm de diâmetro. As faces dos eletrodos foram
recobertas por gel condutor para aumento da condutividade elétrica.
Figura 7 – Eletrodos de superfície utilizados: canal 3 (C3), canal 4 (C4) e o eletrodo terra.
38
Os cabos da plataforma de força têm comprimento de 6m para poder conectar ao
eletromiógrafo colocado a 4m do espaço filmado. Os cabos do eletromiógrafo também
têm o mesmo comprimento, e foram fixados com fitas adesivas no tatame e no chão
para minimizar os sinais de ruído, devido aos deslocamentos dos mesmos.
3.2.3 Câmera digital
Para registrar as imagens foram utilizadas duas meras digitais comuns de
mesmo modelo, que foram posicionadas uma à direita e outra à esquerda de forma a
capturar. Na Figura 8 pode-se verificar a visão superior do posicionamento das
câmeras 1 e 2. Ambas as câmeras foram fixadas em suportes metálicos presos nas
paredes.
A cinemetria foi utilizada para auxiliar na aquisição e análise dos dados
eletromiográficos e de força de reação no solo.
Figura 8 – Visão superior da posição das câmeras no local de medição
39
3.2.4 Aparelho de sincronização das câmeras
O aparelho sincronizador das câmeras ficou posicionado do lado direito das duas
plataformas de forças, conforme ilustra a Figura 9. Ele funciona por bateria e consiste
num dispositivo com uma lâmpada e um acionador para manipulação do avaliador.
3.2.5 Tatames
Os tatames foram dispostos em torno das duas plataformas de força, com quatro
camadas para ficar na mesma altura das plataformas de força de 16 cm, e com isso
fornecer maior segurança para os toris e para as quedas dos ukes. A área total montada
de tatames foi de 7m
2
, ilustrada na Figura 8.
3.3 Procedimentos
A experiência foi realizada no Laboratório de Biomecânica do Departamento de
Engenharia Mecânica da Unesp do mpus de Guaratinguetá. O local foi preparado
com o fundo escuro e os equipamentos ficaram dispostos como observado na Figura 9.
Plataforma de força (PF1) localiza-se à direita e a plataforma de força (PF2) à
esquerda, o aparelho de sincronização das câmeras (haste metálica vertical), foi
colocada à direita no fundo.
Por segurança os equipamentos como o microcomputador, eletromiógrafo,
ficaram a uma distância de 4 metros da plataforma de força.
40
Figura 9 – Local do ensaio
3.3.1 Calibrações estáticas das plataformas de força
Foram realizadas as calibrações das duas plataformas de força apresentando a
linearidade no carregamento e no descarregamento de anilhas de 0N a 1168N. Foram
verificados 18 valores diferentes na forma ascendente começando com 0N e
acrescentando sucessivamente valores aproximados de 74N até o valor de 1168N,
repetindo-se o procedimento para forma descendente, de 1168N decrescendo
sucessivamente valores aproximados de 74N até o valor zero, com erro máximo de ±
8N para as 2 plataformas de força, como observado na Figura 10.
Observou-se entre as duas curvas obtidas pelas plataformas de força, uma forte
correlação (R
2
) com valores para a plataforma de força 1 de R
2
= 1e plataforma de
força 2 de R
2
= 0,9991.
41
Calibração das plataformas
y1 = 661,8907x - 9,3564
R1
2
= 1,0000
y2 = 762,9891x + 13,7894
R2
2
= 0,9991
0
200
400
600
800
1000
1200
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00
V(V)
F(N)
Plat1
Plat2
Figura 10 - Calibração das duas plataformas de força 1 e 2
3.3.2 Preparação dos atletas
Todos os atletas estavam de acordo com o procedimento e assinaram
voluntariamente o termo de consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê
de Ética em pesquisa com seres humanos da Faculdade de Odontologia de São José
dos Campos–Unesp sob o protocolo 085/2009-PH/CEP. O termo de consentimento
utilizado e a carta de aprovação do Comitê de Ética, se encontram respectivamente,
nos anexos A e B.
Antes do experimento, verificou-se a altura e peso de todos os atletas tori e uke,
através de uma balança analógica com estadiômetro modelo Filizola, com precisão de
50g e 0,5cm, devidamente aferida, disponibilizada pela UNAMOS (Unidade de
Serviço Médico do Campus da Unesp).
Para a colocação dos eletrodos foram feitas tricotomia e assepsia local na pele da
perna direita dos toris com algodão, álcool e gel. Os eletrodos bipolares de superfície
foram posicionados na musculatura do Reto Femoral e do Gastrocnêmio Médio para
coleta dos sinais eletromiógrafos, seguindo o protocolo SENIAM (2006). Na Figura 11
observa-se a fixação dos eletrodos no músculo reto femoral. Os eletrodos foram
42
colocados somente na perna direita, devido ao fato de ocasionar maior movimentação
dos cabos se colocado na perna esquerda comprometendo o sinal com ruídos, para
realizar o gesto motor escolhido. Outros fatores considerados foram à segurança dos
atletas, evitar acidentes e não comprometer a execução do golpe. Por esses motivos
não se utilizou maior quantidades de cabos e não foi feita em membros superiores.
Figura 11 – Fixação dos eletrodos
O uke estava trajado com kimono branco (vestimenta típica da prática de Judô),
posicionado de frente para as câmeras, com os dois pés em cima da plataforma de
força PF2. o tori estava somente com um calção. O tori posicionou-se à frente do
uke, com o direito e esquerdo colocado em volta da plataforma de força PF1,
conforme ilustrado na Figura 12.
Todos foram instruídos sobre todos os procedimentos, familiarizando sobre a
seqüência e os instrumentos a serem utilizados, bem como o objeto de estudo e a sua
relevância. Os atletas fizeram um aquecimento prévio, e uma simulação dos
movimentos, antes do início da aquisição dos dados.
43
Figura 12 – Posicionamentos dos atletas
3.3.3 Coletas de dados
O avaliador inicialmente emite um sinal sonoro para que os dois operadores
acionem as duas meras e logo em seguida aciona-se simultaneamente o aparelho
sincronizador das câmeras e o programa para aquisição dos dados do eletromiógrafo e
da plataforma de força. Em seguida é dado outro sinal sonoro para que o tori execute o
golpe.
Inicialmente, o tori posicionou-se conforme descrito anteriormente (Figura 12),
segurando com a mão direita na parte superior da gola esquerda do kimono do uke e a
mão esquerda do tori segurando na parte inferior da manga direita do uke. Após o sinal
o tori posiciona os dois pés sobre a plataforma de força (PF1) executando a técnica
Morote Seoi Nage. Esse mesmo procedimento foi adotado nas três situações
sucessivamente.
Cada tori executou o experimento em três situações. Cada situação consistiu em
cinco eventos. A primeira etapa foi com o tori aplicando a técnica de Judô Morote Seoi
Nage com o uke estático. A segunda etapa realizou-se com o uke saltando sobre a
plataforma de força PF2, e o tori executando o Morote Seoi Nage na fase ascendente
do salto do uke. na terceira etapa realizou-se com o uke saltando sobre a plataforma
de força, mas o tori executa o Morote Seoi Nage na fase descendente do salto do uke.
44
3.3.4 Aquisição e tratamento dos dados
3.3.4.1 Dados da plataforma de força
A planilha do Microsoft Excel 2002 foi utilizada para obter os gráficos das duas
plataformas de força, observando as forças de reação do solo FRS (N) em relação ao
tempo (s), e dos sinais eletromiográficos Vrms dos músculos Reto Femoral e
Gastrocnêmio Médio.
Para fazer a comparação dos dados da dinamometria e os dados
eletromiográficos, foram necessários normalizar todos os dados com os valores de
pico.
3.3.4.2 Dados eletromiográficos
Utilizou-se para o tratamento dos dados, o próprio eletromiógrafo, os quais foram
previamente filtrados, através do filtro Butterworth, para obtenção dos gráficos Vrms
(tensão rms – root mean square) da atividade elétrica muscular em relação ao tempo.
Todo o procedimento de aquisição e análise do sinal eletromiográfico, foram
baseados na recomendação da International Society Electrophysiology Kinesiology
(ISEK, 1999).
Os gráficos de Vrms foram obtidos através de dez intervalos de tempo
selecionados, tendo como referencial o instante inicial do sinal da plataforma de força
1, em que o tori executa o golpe.
O primeiro intervalo foi de 1s a 0,5s anterior ao sinal da plataforma, o segundo
intervalo de 0,5s a 0s anterior ao sinal da plataforma, o terceiro intervalo de 0s a 0,5s
após o sinal, e assim sucessivamente, até obter os 10 intervalos. A cada intervalo
selecionado, obtém-se através do software, um valor específico Vrms. Com os 10
valores específicos Vrms obtidos, plotou-se gráficos em função do tempo, no Excel
2002. Este procedimento foi realizado para cada evento, para todos os atletas, nas três
45
situações (fase estática, fase ascendente do salto, fase descendente do salto). Foram
feitas as médias das 5 curvas de cada situação, para cada atleta.
Os dados eletromiográficos foram normalizados, a partir do Vrms máximo para
dez intervalos de 0,5s.
3.3.4.3 Dados de cinemetria (imagens)
A cinemetria foi utilizada com a finalidade de relacionar as fases dos
movimentos dos uke e dos toris, com as respectivas intensidades de forças (N)
(dinamometria) e de tensões (mV) dos músculos (eletromiografia).
O programa VirtualDub 1.9.9 de domínio público, foi utilizado para fragmentar
as imagens. Através do VirtualDub foi possível obter os vídeos de cada evento e de
cada câmera em vários quadros, além de obter os tempos dos golpes.
O trecho analisado corresponde ao instante em que ocorre o primeiro sinal da
plataforma de força que coincide com o toque do direito do tori sobre a mesma até
o instante em que o uke é projetado.
46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Força de reação no solo das plataformas de força nas três situações
As curvas representadas nos gráficos foram obtidas através da média de cinco
eventos realizados com o mesmo procedimento. Como o instante de início da
execução do golpe teve variação, foi calculada a média do instante inicial do sinal das
plataformas de força. E a partir desse instante calculado, foi determinado o início do
sinal da plataforma de força de todos os cinco eventos.
4.1.1 Força de reação no solo da plataforma de força 1 (PF1) nas três situações
Os gráficos das três situações na plataforma de força 1 para os dez toris, o
apresentados nas Figuras 13 a 22, respectivamente sujeito 1 (s1) a sujeito 10 (s10)
onde o eixo vertical indicando as variações de forças de reação no solo “FRS” e o eixo
horizontal o tempo “t”, sendo que as legendas dos gráficos “PF1a” representa situação
ascendente, “PF1d” situação descendente e “PF1e” situação estática.
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s1
0
600
1200
1800
2400
3000
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 13 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 1
47
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s2
0
450
900
1350
1800
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 14 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 2
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s3
0
450
900
1350
1800
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 15 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 3
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s4
0
500
1000
1500
2000
2500
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 16 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 4
48
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s5
0
500
1000
1500
2000
2500
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 17 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 5
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s6
0
400
800
1200
1600
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 18 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 6
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s7
0
300
600
900
1200
1500
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 19 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 7
49
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s8
0
450
900
1350
1800
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 20 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 8
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s9
0
500
1000
1500
2000
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 21 Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) s 9
Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) - s10
0
500
1000
1500
2000
0 2 4 6 8 10
t (s)
FRS (N)
PF1 a
PF1 d
PF1 e
Figura 22 – Gráfico da FRS média na PF1 (3 situações) – s 10.
50
Com base nas Figuras 13 a 22, obtém-se os gráficos das Figuras 23 e 24 através
dos valores de pico médio e a diferença percentual, respectivamente de cada sujeito em
cada situação.
Pode-se verificar através dos dados obtidos (Figura 23), que o valor de pico da
força de reação do solo da situação em que o tori executa o golpe na fase descendente
da impulsão do uke foi maior que as outras duas situações (fase estática e fase
ascendente) em todos os sujeitos.
Em termos de comparação de três situações, os valores de pico apresentaram
ordem decrescente: ascendente estático descendente, para todos os sujeitos. Os
resultados indicam que a situação descendente que foram adotados no treino pode ser
prejudicial para o treinamento uma vez que necessita de maior resistência no membro
inferior.
Gráfico do valor de pico da FRS na PF1 (3 situações)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
sujeitos
FRS (N)
a
e
d
Figura 23 – Gráfico do valor de pico da FRS na PF1 (3 situações)
Através do teste t verificou-se que para a relação entre ascendente e estático, a
variável de teste (t
9
= - 2,19), para a relação entre ascendente e descendente, a variável
de teste (t
9
= - 5,61) e para a relação entre descendente e estático a variável de teste (t
9
= - 3,42). Concluiu-se que para a relação ascendente e descendente e para a relação
descendente e estático a variável de teste foi menor que o valor crítico (t
crítico
= -2,262)
para o nível de significância de 5%. Na relação ascendente e estático, a variável de
51
teste (t
9
= - 2,19), foi maior que o valor crítico (t
crítico
= -2,262), mas com valor bem
próximo. Através desses resultados tem-se que as duas situações apresentam o mesmo
perfil de comportamento dinâmico e no caso da relação ascendente e estático valor
bem próximo do perfil de comportamento dinâmico.
Gráfico da diferença percentual do valor de pico da FRS
(3 situações)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
sujeitos
(%)
a - e
a - d
e - d
Figura 24 – Gráfico da diferença percentual do valor de pico da FRS.
Pode-se observar na Figura 24, que a relação entre a fase ascendente e a fase
descendente, tem os maiores percentuais de diferenças entre os sujeitos. É a
comparação do treinamento da execução do golpe de forma perfeita, realizado no
instante certo (ascendente), com o treinamento da execução do golpe realizado no
instante errado (descendente). Verifica-se a grande diferença de força que é necessária,
se não for feito da maneira certa, aproveitando o movimento do uke em benefício do
golpe aplicado.
Os sujeitos 1 e 3 obtiveram valores maiores na relação ascendente – descendente.
O sujeito 1 executou o golpe com maior energia por exigir uma força para mudar
a trajetória da fase descendente do salto do uke. Exatamente no instante em que o uke
está na iminência de apoiar os pés na plataforma, exigindo uma força média de 2250N
que corresponde a aproximadamente três vezes o peso de seu corpo.
52
O sujeito 3 executou o golpe na fase ascendente no instante certo, necessitando
de menos força. A execução do golpe foi no instante em que o uke inicia o salto. Foi
exigida uma força de 860N, somente 130N a mais em relação ao seu peso.
Observando a média da diferença da relação ascendente descendente, verifica-
se que uma grande diferença entre as duas de 36%, ou seja, é muito importante
fazer na forma ascendente no treinamento e conseqüentemente na luta, devido ao
menor esforço, economizando energia.
a relação ascendente estática, que é o foco da pesquisa, teve uma diferença
média de 17,22%. Ou seja, é necessária uma força 17,22% maior da estática em
relação a ascendente. Isto é explicado pelos conceitos de inércia da física. Movimentar
um corpo estático, na posição de equilíbrio é muito mais difícil do que um corpo em
movimento no sentido favorável a trajetória desejada. Segundo Carpenter (2005), a
primeira lei de Newton descreve que nada muda de posição até que uma força maior
modifique este estado, ou seja, vença a inércia. No caso do ascendente uma
somatória de forças, que culmina numa força resultante menor do que a estática.
Para a relação descendente – estática, a diferença média foi de 16%.
Os dados obtidos da plataforma de força 1 da fase estática ocorreram bem antes
que nas outras duas situações. Com o uke estático o movimento é bem mais simples.
As outras situações com graus de dificuldade maior, envolvendo interações com o uke,
precisaram ser executados no instante certo para ser validado o evento, na fase
ascendente do salto e na fase descendente do salto.
A diferença de tempo observado entre o estático e o dinâmico se deve aos saltos
realizados pelo uke, que foram em média três saltos para que o tori pudesse,
sincronizar o movimento de entrada do golpe com a impulsão do uke.
Pode-se observar que os cinco primeiros sujeitos (s1 s5) apresentaram valores
de picos maiores nas três situações, do que os outros sujeitos (s6 s10). Isto ocorre
porque o uke foi diferente. O uke dos cinco primeiros toris tinha massa maior do que o
uke dos outros toris.
O intervalo estabelecido foi definido no instante inicial do sinal da plataforma de
força até o ponto em que a curva de força de reação no solo estabilizou-se em uma
faixa de valores onde o golpe efetivamente se encerra. Os sinais após esse ponto que
53
apresentaram intervalos de tempo diferentes, não tiveram importância no estudo. Esse
intervalo é o maior ou menor tempo que o tori esteve sobre a plataforma de força após
a execução do golpe.
Observa-se também que o intervalo de tempo entre o instante inicial do sinal da
PF1 e o valor de pico é maior na fase estática em todos os sujeitos. Fato que foi
previsto por orientação do avaliador, por não necessitar de velocidade na entrada do
golpe, ao contrário das outras situações que exigiam velocidade para sincronia do
movimento. Ou seja, a fase estática foi mais lenta do que a fase dinâmica (ascendente
e descendente).
4.1.2 Força de reação no solo da plataforma de força 2 (PF2) nas três situações
A seguir tem-se o gráfico da plataforma de força 2 (Figura 25)
Gráfico da FRS média na PF2 (3 situações) - s1
0
700
1400
2100
2800
3500
0 2 4 6 8
t (s)
FRS (N)
PF2 a
PF2 d
PF2 e
Figura 25 – Gráfico do valor médio da FRS na PF2 das 3 situações de s 1
A plataforma de força 2, serviu apenas para auxiliar no tratamento dos dados.
Pois a análise principal está na plataforma de força 1, onde o tori executa o golpe. Os
sinais obtidos na plataforma de força 2 foram dos ukes. Por isso, colocou-se os dados
somente de um sujeito que representa a mesma configuração de todos, apenas
diferenciando na quantidade de valores de picos que representam a quantidade de
saltos realizados na PF2.
54
Pode-se observar no gráfico que cada curva representa a média de cinco eventos.
No caso do sujeito 1 foram seis saltos completos na situação ascendente com
pico médio de FRS de 2174N e seis na situação descendente com pico médio de FRS
de 2265N. Entre as curvas, a FRS é zero, que representa o momento da fase aérea do
salto, ou seja, o tori executa o golpe no momento da fase aérea ascendente do sétimo
salto e na fase aérea descendente do sétimo salto. Na fase descendente houve após os
seis sinais, um pequeno sinal de 218N, que representa o leve toque dos pés do uke na
aterrissagem do sétimo salto, que não foi completada devido ao tori executar o golpe
neste instante.
O sinal da plataforma de força 2 da fase estática inicia-se em torno de 740N
(peso do uke) e mantém por aproximadamente 1,15s. No instante de 1,45s uma
queda acentuada da curva até 1,75s onde zera o sinal, que corresponde à saída do uke
da plataforma de força.
4.2 Sinais eletromiográficos dos músculos Reto Femoral e Gastrocnêmio Médio e o
sinal da plataforma de força 1
A Figura 26 representa um dos diversos sinais eletromiográficos (EMG) do
músculo Reto Femoral obtidos nos ensaios realizados, com duração de 10 segundos. O
sinal de maior intensidade representa o intervalo analisado onde o golpe foi executado ,
aproximadamente entre 3 a 7s.
Gráfico do sinal EMG Reto Femoral - s1
-1500
-1000
-500
0
500
1000
1500
0 2 4 6 8 10
t (s)
V(mV)
Figura 26 – Gráfico do sinal EMG RF – fase ascendente –s 1
55
Através dos dados eletromiográficos, obteve-se os gráficos para o músculo
Gastrocnêmio Médio (GM). A Figura 27, representa um dos diversos sinais
eletromiográficos obtidos nos ensaios realizados, com duração de 10 segundos. O sinal
de maior intensidade representa o intervalo analisado onde o golpe está sendo
executado, aproximadamente de 2 a 6s.
Gráfico do sinal EMG Gastrocnêmio Médio - s1
-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
0 2 4 6 8 10
t (s)
V (mV)
Figura 27 – Gráfico do sinal EMG GM – fase estática –s 1
4.2.1 Sinais eletromiográficos e sinais da plataforma de força 1 – fase ascendente
Através dos dados eletromiográficos (EMG), obteve-se os gráficos da variação
de Vrms médio normalizado na fase ascendente nos intervalos de maior atividades
mioelétricas do músculo analisado Reto Femoral (N VRFa) e Gastrocnêmio Médio (N
VGMa). Foi obtida também a curva da plataforma de força 1 normalizada (N PF1a),
conforme representada nas Figuras 28 a 37, respectivamente para sujeito1 (s1) ao
sujeito 10 (s10).
56
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s1
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 28 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 1
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 29 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 2
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s3
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1 2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 30 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 3
57
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s4
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 31 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 4
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s5
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 32 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 5
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2 3 4 5 6 7
t (s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 33 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 6
58
Gráfico EMG x PF1- fase ascendente
(normalizado) - s7
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 34 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 7
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 35 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 8
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s9
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 36 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 9
59
Gráfico EMG x PF1 - fase ascendente
(normalizado) - s10
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG(N) e PF1(N)
N VRFa
N VGMa
N PF1a
Figura 37 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase ascendente (normalizado) –s 10
4.2.2 Sinais eletromiográficos e sinais da plataforma de força 1 – fase descendente
Através dos dados eletromiográficos (EMG), obteve-se os gráficos da variação
de Vrms médio normalizado na fase descendente nos intervalos de maior atividades
mioelétricas do músculo analisado Reto Femoral (N VRFd) e Gastrocnêmio Médio (N
VGMd). Foi obtida também a curva da plataforma de força 1 normalizada (N PF1d),
conforme representado nas Figuras 38 a 47, respectivamente para sujeito1 (s1) ao
sujeito 10 (s10).
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s1
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2 3 4 5 6 7 8
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 38 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 1
60
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 39 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 2
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s3
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 40 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 3
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s4
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 41 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 4
61
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s5
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRF d
N VGM d
N PF1d
Figura 42 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 5
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 43 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 6
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s7
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2 3 4 5 6 7 8
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
NVRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 44 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 7
62
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6 7
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 45 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 8
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s9
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0 2 4 6 8
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 46 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 9
Gráfico EMG x PF1 - fase descendente
(normalizado) - s10
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFd
N VGMd
N PF1d
Figura 47 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase descendente (normalizado) –s 10
63
4.2.3 Sinais eletromiográficos e sinais da plataforma de força 1 – fase estática
Através dos dados eletromiográficos (EMG), obteve-se os gráficos da variação
de Vrms médio normalizado na fase estática nos intervalos de maior atividades
mioelétricas do músculo analisado Reto Femoral (N VRFe) e Gastrocnêmio Médio (N
VGMe). Foi obtida também a curva da plataforma de força 1 normalizada (N PF1e),
conforme representado nas Figuras 48 a 57, respectivamente para sujeito1 (s1) ao
sujeito 10 (s10).
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s1
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGMe
N PF1e
Figura 48 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 1
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGMe
N PF1e
Figura 49 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 2
64
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s3
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGMe
N PF1e
Figura 50 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 3
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s4
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGM e
N PF1e
Figura 51 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 4
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s5
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRF e
N VGM e
N PF1e
Figura 52 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 5
65
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGMe
N PF1e
Figura 53 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 6
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s7
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGMe
N PF1e
Figura 54 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 7
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGMe
N PF1e
Figura 55 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 8
66
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s9
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRF e
N VGMe
N PF1e
Figura 56 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 9
Gráfico EMG x PF1 - fase estática
(normalizado) - s10
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 1 2 3 4 5 6
t(s)
EMG (N) e PF1(N)
N VRFe
N VGMe
N PF1e
Figura 57 – Gráfico do sinal EMG x PF1 – fase estática (normalizado) –s 10
4.3 Análise de Vrms médio de GM e RF com a plataforma de força 1
4.3.1 Análise de Vrms médio de GM e RF com PF1 para o uke no salto fase
ascendente
Pode-se observar que o sinal do valor máximo da plataforma de força 1 ocorreu
depois do sinal do valor de pico do Vrms médio do músculo Gastrocnêmio Médio e do
Reto Femoral. Somente para o sujeito 5 os valores de pico coincidiram.
Os sinais eletromiográficos de pico dos dois músculos ocorreram antes devido ao
fato de exigir no instante em que o tori iniciou o movimento, uma grande ativação
elétrica muscular. No instante inicial o tori necessitou de uma força de reação no solo
67
de grande intensidade para sair da posição estática, e poder executar a técnica com
velocidade. Essa força de reação inicial foi feita fora da plataforma de força 1.
O sujeito 5 antecipou o movimento de entrada executando a técnica em instante
errado, por isso os dados de valor máximo entre a eletromiografia e a dinamometria
coincidiram.
Em alguns casos ocorreram oscilações com sinais eletromiográficos de grande
atividade elétrica muscular após o sinal de pico da plataforma de força 1. Isto ocorreu
devido a dificuldade de execução e possível desequilíbrio do tori na execução do
movimento.
4.3.2 Análise de Vrms médio de GM e RF com PF1 para o uke no salto fase
descendente
Foi observado que o sinal do valor máximo da plataforma de força 1 ocorreu
depois ou no mesmo instante do sinal do valor de pico do Vrms médio do músculo
Gastrocnêmio Médio e do Reto Femoral.
Os sinais eletromiográficos para a fase descendente apresentaram curvas com
dois pontos de Vrms com valores altos para os dois músculos. O primeiro ponto se
deve ao fato de exigir no instante em que o tori inicia o movimento, uma grande
ativação elétrica muscular. No instante inicial o tori necessitou de uma força de reação
no solo de grande intensidade para sair da posição estática, e poder executar a técnica
com velocidade. Essa força de reação inicial foi feita fora da plataforma de força 1.
o segundo ponto se deve a exigência da situação em que foi necessária uma força
maior, comparada a fase ascendente, para mudar a direção do movimento de descida
do salto do uke. Este segundo ponto ximo ocorreu após o sinal de pico da
plataforma de força 1, devido ao fato da projeção ser um pouco mais lenta, comparada
a situação de salto do uke na fase ascendente.
Em alguns casos ocorreram outras oscilações com sinais eletromiográficos de
grande atividade elétrica muscular após o sinal de pico da plataforma de força 1,
devido a dificuldade de execução e possível desequilíbrio do tori na execução do
movimento.
68
4.3.3 Análise de Vrms médio de GM e RF com PF1 para o uke no salto fase estática
Pode-se observar que o sinal do valor máximo da plataforma de força 1 ocorreu
depois do sinal do valor de pico do Vrms médio do músculo Gastrocnêmio Médio e do
Reto Femoral. Para os sujeitos 8, 9 e 10, o sinal eletromiográfico do músculo Reto
Femoral ocorreu após o sinal da plataforma de força 1, devido ao movimento ser
executado de forma mais lenta e assim o instante de maior atividade muscular ocorrer
na extensão do Reto Femoral que corresponde a fase final do movimento de entrada.
Em alguns casos ocorreram outras oscilações com sinais eletromiográficos de
grande atividade elétrica muscular após o sinal de pico da plataforma de força 1,
devido ao possível desequilíbrio do tori na execução do movimento.
4.4 Análise dos sinais eletromiográficos através do teste t
4.4.1 Análise do músculo Gastrocnêmio Médio através do teste t
O comportamento do Vrms foi bem diferente para todos os indivíduos. Com
valores de pico do Vrms maiores na fase descendente para s4, maiores na fase
ascendente para s3, s5 e s6 e maiores na fase estática para s1, s2, s7, s8 e s10.
As curvas decresceram de forma abrupta porém, de forma uniforme após atingir
o valor de pico para, s1, s2, s6, s7, s8 e s9. para s4 e s10 os valores decresceram de
forma bastante irregular, com ondulações após o valor de pico, ou seja, nos dois
últimos casos, houve uma atividade elétrica muscular depois do pico máximo que pode
corresponder a um esforço para se equilibrar após a execução da cnica. No caso do
s3 e s5, as curvas tiveram comportamento diferente, com ondas irregulares ao longo do
sinal analisado, que pode corresponder à má execução do golpe e conseqüente ativação
muscular em momentos desnecessários.
69
Gráfico Vrms médio GM (3 situações)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
sujeitos
Vrms (mV)
a
e
d
Figura 58– Gráfico Vrms médio GM (3 situações)
Através dos valores de pico médio de cada situação no músculo Gastrocnêmio
Médio, obteve-se o gráfico da Figura 58. Verificou-se através do teste t que na relação
ascendente e descendente, o valor de teste foi de 1,984. Já para a relação descendente e
estático, o valor de teste foi de 2,108 e para a relação ascendente e estático, o valor de
teste foi de -0,311. Para as três relações no nível de significância de 5%, os valores de
teste foram maiores que o valor crítico de -2,262. Ou seja, não houve padrão no
comportamento dinâmico comparando-se as situações para os dez sujeitos.
4.4.2 Análise do músculo Reto Femoral através do teste t
Através dos valores de pico médio de cada situação no músculo Reto Femoral,
obteve-se o gráfico da Figura 59. O sinal de pico da fase ascendente, ocorreu antes da
fase descendente para s2, s5, s6, s7 , s8, s9 e s10. No caso de s1 ocorreu praticamente
no mesmo instante. Para s1, s2, s3, s6, s7, s8 e s10 o sinal descendente de pico foi
maior que o sinal ascendente.
70
Gráfico de Vrms médio RF (3 situações)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
sujeitos
Vrms (mV)
a
d
e
Figura 59 – Gráfico Vrms médio RF (3 situações)
Através do teste t verificou-se que na relação ascendente e descendente, o valor
de teste foi de 0,321. para a relação descendente e estático, o valor de teste foi de -
0,580 e para a relação ascendente e estático, o valor de teste foi de 0,644. Para as três
relações no nível de significância de 5%, os valores de teste foram maiores que o valor
crítico de -2,262. Ou seja, não houve padrão no comportamento dinâmico
comparando-se as situações para os dez sujeitos.
71
5 CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS
O estudo utilizou fundamentos biomecânicos para analisar o movimento de
entrada da cnica Morote Seoi Nage. Através dos valores quantitativos, pode-se
verificar a melhor maneira de executar o golpe com eficácia mecânica e conseqüente
economia energética. Assim, utilizou-se um dos princípios definidos por Jigoro Kano,
da máxima eficiência com menor esforço.
Pode-se através da dinamometria e eletromiografia, verificar a diferença das três
situações de treinamento. Foi comparado o método de treinamento proposto (fase
ascendente), treinamento proposto executando o golpe em instante errado (fase
descendente) e o treinamento tradicional (fase estática).
Através dos dados, comprovou-se que a fase ascendente exigiu menos força
devido ao fato de ser executado aproveitando o movimento de impulsão do uke para
executar o golpe. a fase descendente, foi à situação que exigiu mais força. Entre a
situação ascendente e descendente houve uma diferença de 36%. a relação
ascendente estática, teve uma diferença média de 17,22%. Ou seja, é necessária uma
força 17,22% maior da estática em relação a ascendente.
Pode-se observar também que alguns sujeitos tiveram dificuldade para executar
os golpes, devido à complexidade do movimento, pois exige grande habilidade na
realização do golpe com saltos do uke, além de velocidade. Outros fatores que
influenciaram na execução foram: o ambiente diferente, aparatos conectados no
corpo, e ter que executar no espaço reduzido. Com isso, obteve-se curvas com
comportamento bem diferentes entre sujeitos nos sinais eletromiográficos.
Pode-se também observar possíveis erros do tori, em comparação com os demais.
Além do método proposto ser uma outra alternativa de treinamento, que
proporciona um aprimoramento da técnica, com maior percepção, melhora da
velocidade. Pode também fazer com que o atleta consiga utilizar a movimentação e
força do adversário (movimento do uke), em benefício próprio na execução do golpe.
Essa pesquisa pode ser estendida, acrescentando análises da cinemetria,
verificando o ângulo do joelho e do tornozelo.
72
É necessário, mais estudos biomecânicos para que profissionais da área tenham
mais recursos e ferramentas para melhora da performance de seus atletas. Com isso,
pode-se desenvolver o esporte de forma consistente e eficaz.
73
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79
ANEXO A
MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Caro(a) Senhor(a)
Eu, EDUARDO YOSHINORI NAGATA, Aluno de Mestrado do Programa de Pós
Graduação Área de Projetos Semiologia na Unesp - Campus de Guaratinguetá, portador do CPF
261786738-25, estabelecido à Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333 - Pedregulho, na cidade de
Guaratinguetá-SP, telefone para contacto 012-3125-6848, vou coordenar uma pesquisa cujo título
é Análise biomecânica instrumental da técnica Morote Seoi Nage através de uma metodologia de
treinamento.
O objetivo deste estudo é obter um protocolo para avaliação na execução da cnica de
judô Morote Seoi Nage, através de uma metodologia de treinamento, para melhora da performance.
O Sr(a) tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de
eventuais dúvidas e sobre o andamento do trabalho, que terá a supervisão do Professor Doutor
Tamotsu Hirata, do Departamento de Engenharia Mecânica da UNESP-CAMPUS DE
GUARATINGUETÁ.
Se tiver alguma consideração ou vida sobre a ética da pesquisa, entre em contacto
com o Comitê de Ética (CEP) da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos-UNESP,
situada na Av. Engº Francisco José Longo, 777 CEP 12245000, em São José dos Campos-SP,
fone 012-3947-9076, e-mail [email protected] e comunique-se com a Coordenadora
Profa.Adjunto JANETE DIAS ALMEIDA. Informo que será garantida a liberdade da retirada do
consentimento a qualquer momento e assim deixar de participar do estudo. Também não haverá
custo nem pagamento pela Colaboração.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Acredito ter sido esclarecido(a) a respeito das informações que leram para mim,
descrevendo o estudo a ser realizado e concordo em realizar o experimento no Laboratório de
Biomecânica da Unesp-Campus de Guaratinguetá, declaro conhecer quais os propósitos do estudo,
os procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes, e que minha participação não implicará em nenhuma despesa.
NOME/RESPONSÁVEL________________________________
RG___________________________CPF___________________
Endereço completo:- __________________________________
__________________________ _______________________
Assinat.Resp Assinat.Pesquisador
80
ANEXO B
CERTIFICADO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS
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