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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA – NPGQ
MESTRADO EM QUÍMICA
DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO PARA
DETERMINAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS EM
SUCOS DE FRUTAS UTILIZANDO ELETROFORESE
CAPILAR DE ZONA (ECZ)
JOSÉ MARCOS VALENTIM DE CARVALHO
Dissertação apresentada ao
Núcleo de Pós-Graduação em
Química da Universidade Federal
de Sergipe como um dos
requisitos para obtenção do tulo
de Mestre em Química.
Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula Gebelein Gervasio
SÃO CRISTOVÃO/SE
2010
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DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO PARA
DETERMINAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS EM
SUCOS DE FRUTAS UTILIZANDO ELETROFORESE
CAPILAR DE ZONA (ECZ)
JOSÉ MARCOS VALENTIM DE CARVALHO
Dissertação apresentada ao
Núcleo de Pós-Graduação em
Química da Universidade Federal
de Sergipe como um dos
requisitos para obtenção do tulo
de Mestre em Química.
Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula Gebelein Gervasio
SÃO CRISTOVÃO/SE
2010
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
C331d
Carvalho, José Marcos Valentim de
Desenvolvimento de um método para determinação de ácidos
orgânicos em sucos de frutas utilizando eletroforese capilar de
zona (ecz) / José Marcos Valentim de Carvalho. São Cristóvão,
2010.
107 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Química) Programa de Pós-
Graduação em Química, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e
Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2010.
Orientador: Prof. Dra. Ana Paula Gebelein Gervasio
1. Ácidos orgânicos. 2. Sucos Produtos industrializados. 3.
Eletroforese capilar de zona. I. Título.
CDU543.2:635.077
Este trabalho é dedicado aos meus pais.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida;
A professora Ana Paula pela orientação, pelo aprendizado, pela
perseverança e companheirismo. Você foi essencial nessa conquista;
Aos meus pais por estarem sempre presentes e terem me dado muita
força em todos os momentos;
A Neneta, Lucia, Valdirene, Naiane, Junior e Edu, que mesmo sem
perceber me deram coragem para continuar em frente, buscando
sempre o melhor caminho;
Aos professores Sandro e Péricles pelas observações pertinentes no
exame de qualificação;
A todos os professores que contribuíram na minha formação;
A my teacher (Evicelma Vieira), pelo companheirismo e ajuda na
tradução dos artigos;
A Moisés Menezes e Angélica, pelo companheirismo e dedicação;
A minha “irmã” Aparecida Fontes, e a Eli pela força e carinho;
A todos os meus amigos do Campus de São Cristóvão, e do Campus
de Itabaiana (Roberta, Geisiane, Leidiane) que sempre estiveram
dispostos a me ajudar;
Aos meus amigos que diretamente ou indiretamente contribuíram
muito na concretização desse trabalho (Thiago, Marcinha, Rogério, e
amigos de trabalho).
Sem vocês teria sido muito difícil a concretização dessa conquista
Muito obrigado
SUMÀRIO
LISTA DE FIGURAS i
LISTA DE TABELAS v
LISTA DE ABREVIATURAS vii
RESUMO ix
ABSTRACT x
1. INTRODUÇÃO 1
2. OBJETIVOS 4
2.1. OBJETIVO GERAL 4
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 4
3. JUSTIFICATIVA 5
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8
4.1. ÁCIDOS ORGÂNICOS (OXÁLICO, TARTÁRICO, CÍTRICO,
GÁLICO e o L – aa) EM AMOSTRAS DE SUCOS DE FRUTAS
8
4.2. ASPECTOS GERAIS DA ELETROFORESE CAPILAR 11
4.2.1. TIPOS DE ELETROFORESE CAPILAR 11
4.2.2. INSTRUMENTAÇÃO 13
4.2.3. ELETROFORESE CAPILAR DE ZONA 14
4.2.4. INTRODUÇÃO DA AMOSTRA 15
4.2.5. SOLUÇÃO TAMPÃO 17
4.2.6. ADITIVOS 18
4.2.7. DETECTORES 18
4.2.8. CAPILARES 20
4.2.9. AGENTES MODIFICADORES DA SUPERFÍCIE CAPILAR 20
4.2.10. FLUXO ELETROOSMÓTICO (FEO) 21
4.2.11. INVERSÃO DO FLUXO ELETROOSMÓTICO 22
4.3. ASPECTOS CINÉTICOS E TERMODINÂMICOS DA CE 24
4.3.1. MOBILIDADE IÔNICA 24
4.3.2. EFEITO DOS PARÂMETROS ELETROFORÉTICOS SOBRE
OS PARÂMETROS DE SEPARAÇÃO
25
4.3.2.1. TEMPO DE MIGRAÇÃO 25
4.3.2.2. RESOLUÇÃO E EFICIÊNCIA 27
4.3.3. TEMPERATURA 28
4.3.4. FLUXO ELETROOSMÓTICO 29
4.3.5. VOLUME INJETADO DA AMOSTRA E COMPRIMENTO DE
ZONA
30
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 32
6. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 51
6.1. MATERIAIS E MÉTODOS 51
6.2. SOLUÇÕES E REAGENTES 52
6.3. ESTUDO DAS AMOSTRAS 53
6.3.1. AQUISIÇÃO DAS AMOSTRAS 53
6.3.2. PREPARAÇÃO, DILUIÇÃO, TEMPO, TEMPERATURA DE
ESTOCAGEM DAS AMOSTRAS E NÚMERO DE ANÁLISE
53
6.4. CONDIÇÕES ELETROFORÉTICAS 55
6.4.1. METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE ÁCIDOS
ORGÂNICOS POR ELETROFORESE CAPILAR DE ZONA
55
6.4.2. AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DO ELETRÓLITO DE
SEPARAÇÃO
56
6.4.3. INFLUÊNCIA DO pH DO ELETRÓLITO DE SEPARAÇÃO NO
PERFIL DO PICO
56
6.4.4. INFLUÊNCIA DO TEMPO DE INJEÇÃO SOBRE O PERFIL DO
PICO
57
6.4.5. USO DE METANOL NA SOLUÇÃO DE SEPARAÇÃO 57
6.4.6. IDENTIFICAÇÃO DOS PICOS DOS ÁCIDOS ORGÂNICOS
ESTUDADOS
57
6.4.7. CURVAS ANALÍTICAS DOS ÁCIDOS ESTUDADOS E
CARACTERÍSTICAS DO MÉTODO PROPOSTO
58
6.4.8. VALIDAÇÃO 58
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO 61
7.1. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DO ELETRÓLITO DE
SEPARAÇÃO
61
7.2. INFLUÊNCIA DO pH DO ELETRÓLITO DE SEPARAÇÃO NO
PERFIL DOS PICOS
63
7.3. INFLUÊNCIA DO TEMPO DE INJEÇÃO SOBRE O PERFIL DO
PICO
66
7.4. USO DE METANOL NA SOLUÇÃO DE SEPARAÇÃO 67
7.5. IDENTIFICAÇÃO DOS ÁCIDOS ORGÂNICOS 69
7.6. CURVAS ANALÍTICAS 71
7.7. APLICAÇÃO DO MÉTODO 76
7.7.1. TEMPO DE ESTUDO E CONCENTRAÇÕES OBTIDAS 76
7.8. VALIDAÇÃO DO MÉTODO 87
7.8.1. LINEARIDADE E FAIXA DE TRABALHO 87
7.8.2. SENSIBILIDADE 88
7.8.3. PRECISÃO 88
7.8.4. ENSAIOS DE RECUPERAÇÃO 89
7.8.5. LIMITES DE DETECÇÃO (LD) E QUANTIFICAÇÃO (LQ) 91
7.8.6. REPETIBILIDADE 92
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 94
9. PERSPECTIVAS FUTURAS 96
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97
11. ANEXOS 104
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura química dos ácidos orgânicos estudados: oxálico,
tartárico, cítrico, gálico e L – aa.
10
Figura 2 – Sistema eletroforético caseiro. 14
Figura 3 Sistema CE. A e B recipientes contendo solução
eletrolítica, onde se encontram os eletrodos de platina (PL), (F) – fonte
de potência (V) fonte de radiação, (D) detector acoplado a um
computador (C), (EF) fluxo eletroforético, (EOF) fluxo
eletroosmótico, (E) eletroferograma. Os círculos brancos
representam os íons, os sinais negativos e positivos indicam as
cargas.
15
Figura 4 Diagrama do sistema de injeção hidrodinâmico por
gravidade: A cubo de isopor; B e C suporte de madeira; D e E frascos
contendo a solução eletrolítica.
16
Figura 5 Influência do pH da solução tampão sobre a mobilidade do
fluxo eletroosmótico.
17
Figura 6 – Capilar de sílica após a remoção de poliimida. 19
Figura 7 – Formação do fluxo eletroosmótico. 21
Figura 8 Esquema ilustrando as diferenças entre o perfil do fluxo
pressurizado e o eletroosmótico.
22
Figura 9 Representação esquemática da adsorção de surfactantes
sobre a superfície interna de capilares de sílica fundida.
24
Figura 10 – Lei de Ohm. Variação da voltagem e da corrente do
sistema em função do aumento da concentração da solução.
Condições experimentais: H
3
BO
3
pH= 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB.
61
i
Figura 11 Eletroferogramas obtidos na avaliação da concentração
da solução de H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB. Voltagem de 8 kV,
15 s de injeção, λ = 214 nm. A- 100 mmol/L, B- 150 mmol/L e C- 200
mmol/L. Ácido cítrico 0,3 g/100mL.
63
Figura 12 Eletroferogramas para os ácidos orgânicos em diferentes
valores de pH: A ácido oxálico, B ácido tartárico, C ácido cítrico.
Condições experimentais: 100 mmol/L H
3
BO
3
+ 0,5 mmol/L CTAB, 8
kV, 15 s de injeção, λ = 214 nm.
65
Figura 12.1 Eletroferogramas para os ácidos orgânicos em
diferentes valores de pH: D ácido gálico, E L aa. Condições
experimentais: 100 mmol/L H
3
BO
3
+ 0,5 mmol/L CTAB, 8 kV, 15 s de
injeção, λ = 214 nm.
66
Figura 13 Eletroferogramas tempo de injeção hidrodinâmica por
gravidade na separação das 5 espécies estudadas. 100 mmol/L
H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, 8 kV, λ = 214 nm. ácido oxálico
(1), ácido tartárico (2), ácido cítrico (3), ácido gálico (4), L – aa (5).
67
Figura 14 Eletroferogramas obtidos no estudo da concentração de
metanol no eletrólito de separação dos ácidos orgânicos. 100 mmol/L
H
3
BO
3
+ 0,5 mmol/L CTAB pH 10,0, 15 s de injeção (4,5 cm de altura),
8 kV, λ= 214 nm, 0,0150 g/100mL ácido oxálico (1) e L aa (5),
0,0250 g/100mL ácido tartárico (2) e cítrico (3), 0,0100 g/100mL ácido
gálico (4).
68
Figura 15 Eletroferogramas obtidos na identificação dos picos: (1) e
(5) 0,0150 g/100mL, (2) e (3) 0,0250 g/100mL, (4) 0,0060 g/100mL, (1)
ácido oxálico, (2) ácido tartárico, (3) ácido cítrico, (4) ácido gálico, (5)
L aa 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, 15 s de
injeção hidrodinâmica, 8 kV, λ=214 nm, A=mistura inicial, B=mistura 1,
C=mistura 2, D=mistura 3, E=mistura 4, F=mistura 5.
71
Figura 16 Curva analítica para o ácido oxálico na presença do ácido
tartárico, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de
8 kV, 15 s injeção, λ = 214 nm.
72
ii
Figura 17 – Curva analítica para o ácido tartárico na presença do
ácido oxálico, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB,
voltagem de 8 kV, 15 s injeção, λ = 214 nm.
73
Figura 18 Curva analítica para o ácido tartárico, 100 mmol/L H
3
BO
3
,
pH 10,0, 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s injeção a 4,5 cm
por gravidade λ = 214 nm.
73
Figura 19 Curva analítica para o ácido cítrico, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH
10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s injeção, λ=214nm.
74
Figura 20 Curva analítica para o ácido cítrico na presença do L – aa,
100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15
s, λ = 214 nm.
74
Figura 21 Curva analítica para o L aa na presença de ácido cítrico,
100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15
s injeção, λ = 214 nm.
75
Figura 22 Curva analítica para o L aa, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0
+ 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s, λ = 214 nm.
75
Figura 23 – Variações das concentrações obtidas no suco fresco
durante o período do estudo. (Escala: 0-1 equivale a 5,62 dias; 45
dias).
78
Figura 24 Variações das concentrações obtidas nos sucos frescos
durante o período do estudo. (Escala: 0-1 equivale a 6 dias; 45 dias).
78
Figura 25 Variações das concentrações obtidas nos sucos frescos
durante o período do estudo. (Escala: 0-1 equivale a 6,5 dias; 33
dias).
79
Figura 26 Variações das concentrações obtidas dos ácidos oxálico
(1) e tartárico (2) avaliadas nos sucos frescos no período do estudo.
(Escala: 0-1 equivale a 5,5 dias; 28 dias).
79
Figura 27 Variações das concentrações obtidas nos sucos
industrializados durante o período do estudo. A = misto de acerola,
laranja enriquecido com L aa, B = misto de maçã, laranja, tangerina
e limão, C = misto de laranja, limão e tangerina D = goiaba, E = misto
de maçã, limão e uva, (Escala: 0-1 equivale a 16 dias, 56 dias).
82
iii
Figura 28 Variações das concentrações nos sucos industrializados
durante o período do estudo. A = misto de acerola, laranja enriquecido
com L aa, B = misto de maçã, laranja, tangerina e limão. (Escala: 0-
1 equivale a 16 dias, 56 dias).
82
Figura 29 Eletroferogramas dos ácidos orgânicos na amostras dos
sucos frescos: A de uva, B morango, C caju, D acerola, E
carambola, F de limão, G umbu-cajá, H laranja; (1) ácido oxálico
(2) ácido tartárico (3) ácido cítrico (5) L – aa.
83
Figura 30 Eletroferogramas dos ácidos orgânicos na amostras dos
sucos industrializados. A = Suco misto de acerola, laranja enriquecido
com L aa, B = suco misto de maçã, laranja, tangerina e limão, C =
suco misto de laranja, limão e tangerina D = suco de goiaba, E = suco
misto de maçã, limão e uva (3) ácido cítrico (5) L – aa.
84
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Mobilidade eletroforética e número de grupamentos ácidos
(NG) e de átomos (NA) dos ácidos estudados.
10
Tabela 2 Aditivos de eletrólitos comumente empregados em
eletroforese capilar. FONTE: TAVARES M FM, 1997.
107
Tabela 3 Estudos para a determinação dos principais ácidos
orgânicos em sucos de frutas e gêneros alimentícios utilizando
eletroforese capilar de zona BGE – Eletrólito de separação.
48
Tabela 4 Estudos para a determinação dos principais ácidos
orgânicos em sucos de frutas e gêneros alimentícios utilizando
cromatografia líquida de alta eficiência.
50
Tabela 5 Diluição, condições e tempo de armazenamento das
amostras de sucos de frutas frescos.
54
Tabela 6 Diluição, condições e tempo de armazenamento das
amostras de sucos industrializados.
54
Tabela 7 Identificação dos picos dos ácidos, oxálico, tartárico,
cítrico, gálico e L – aa.
70
Tabela 8 Resultados das concentrações dos ácidos orgânicos
(g/100mL) dos sucos de frutas frescos durante o período do estudo.
77
Tabela 9 Resultados das concentrações (g/100mL) dos ácidos
orgânicos nos sucos industrializados durante o período do estudo.
81
Tabela 10 Médias dos resultados dos ácidos orgânicos (g/100mL)
nas amostras dos sucos frescos.
85
Tabela 11 Médias dos resultados dos ácidos orgânicos (g/100mL)
nas amostras dos sucos industrializados.
86
v
Tabela 12 Comparando os resultados dos ácidos orgânicos deste
trabalho com outros. Dados: ácidos 1-oxálico, 2-tartárico, 3-cítrico, 5-L
– aa.
86
Tabela 13 Linearidade para os ácidos oxálico, tartárico, cítrico,
gálico e L – aa, na faixa de concentração de 0,0040 a 0,0450.
87
Tabela 14 – Faixa de trabalho dos ácidos orgânicos. 88
Tabela 15 Coeficientes de variação (CV) para os ácidos orgânicos
nos níveis de concentração de 0,0100, 0,0150 e 0,0200 g/100mL.
89
Tabela 16 Recuperação dos ácidos orgânicos (g/100mL) nos sucos
de frutas frescos.
90
Tabela 17 Recuperação dos ácidos orgânicos (g/100mL) nos sucos
de frutas industrializados.
91
Tabela 18 Limite de Detecção e Quantificação (g/100mL), para os
ácidos orgânicos estudados.
92
Tabela 19 Concentrações obtidas para o ácido cítrico e o L aa no
limão e na laranja no mesmo dia e entre-dias.
93
vi
LISTA DE ABREVIATURAS
CE – Capillary Electrophoresis (CE – Eletroforese Capilar)
CZE – Capillary Zone Electrophoresis (ECZ – Eletroforese Capilar de Zona)
FSCE – Free-solution Capillary Electrophoresis (ECSL – Eletroforese Capilar
em Solução Livre)
MECC Micellar Electrokinetic Capillary Cromatography (ECM
Eletrocromatografia Micelar)
MEKC – Micellar Electrokinetic Chromatography (CECM – Cromatografia
Eletrocinética Micelar)
CGE – Capillary Gel Electrophoresis (ECG – Eletroforese Capilar em Gel)
CIEF – Capillary Isoelectric Focusing (FIC – Focalização Isoelétrica Capilar)
CITP – Capillary Isotachophoresis (IC – Isotacoforese Capilar)
HPLC High-performance Liquid Chromatography (CLAE Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência)
GC – Gas Chromatography (CG – Cromatografia gasosa)
DNP – 2,4-dinitrophenylhydrazine (DFH – 2,4-dinitrofenilhidrazina)
CTAB Cetyltrimethylammonium Bromide (BCTA Brometo de
Cetiltrimetilamônio)
TTAB Tetradecyltrimethylammonium Bromide (BTTA Brometo de
tetradeciltrimetilamônio)
TTAOH Tetradecyltrimethylammonium Hidroxide (HOTTA Hidróxido de
Tetradeciltrimetilamônio)
TMA – Trimetylic Acid (ATM – Ácido Trimetílico)
TMA 1,2,4,5-Tetracarboxylicbenzoic Acid (ATA Ácido 1,2,4,5-
tetracarboxílicobenzoico)
vii
BTA 1,3,5-benzenetricarboxylic acid (Ácido 1,3,5-benzenotricarboxilico
ABT)
TEPA – Tetraethylenepentamine (TEPA – Tetraetilenopentamino)
EDTA Ethylenidiaminetetraacetic acid (AEDT Ácido
Etilenodiaminotetraacético)
PDC – 2,6- Pirideinedycarboxylic Acid (APC – Ácido 2,6-piridinocarboxílico)
MTAB Myristyltrimethylammonium Bromide (BMTA Brometo de
Miristiltrimetilamônio)
DNB – 3,5-Dinitrebenzoic (DNB – 3,5-Dinitrobenzóico)
GARP Associação Nacional dos Especialistas em Resíduos,
Contaminantes e Poluentes
CMC – Critical Micellar Concentration (CMC – Concentração Micelar Critica)
d.i. – Diâmetro interno
d.e. – Diâmetro externo
L – aa – L – ascorbic acid (L – aa – L – ácido ascórbico)
UV/Vis – Ultravioleta/visível
CV – Coeficiente de variação
RSD – Relative Standard Deviation (DPR – Desvio Padrão Relativo)
LD – Limite de detecção
LQ – Limite de quantificação
viii
RESUMO
Uma metodologia eletroforética com detecção no UV foi desenvolvida
para determinação dos ácidos orgânicos contidos em sucos de frutas frescos
e em sucos de frutas industrializados produzidos em Sergipe/Brasil e
comercializados nos mercados e supermercados de Lagarto, Itabaiana e
Aracaju. Os ácidos orgânicos: oxálico, tartárico, cítrico e o ácido ascórbico (L
aa) foram separados e quantificados em amostras de sucos frescos de
uva, laranja, limão, carambola, umbu-cajá, acerola, caju, morango e em
amostras de sucos industrializados (misto de acerola, laranja fortificado com
L aa; misto de maçã, laranja, tangerina e limão; misto de laranja, limão e
tangerina; suco de goiaba e misto de maçã, limão e uva). As análises foram
realizadas empregando uma solução tampão contendo 100 mmol/L de
tampão borato pH 10,0 e 0,5 mmol/L de brometo de cetiltrimetilamônio
(CTAB) como inversor do fluxo eletroosmótico, um capilar de lica fundida
de 59 cm de comprimento (23,7cm efetivo, 75 µm de d.i.) e detecção a λ=
214nm. A injeção da amostra foi feita no modo hidrodinâmico (altura de 4,5
cm) por 15 s. O método mostrou-se linear numa faixa de 0,0040 a 0,0450
g/100 mL, as curvas de calibração foram preparadas com adição de padrão
externo, com coeficiente de correlação de 0,9912 a 0,9995, a precisão variou
de 1,48 a 11,46% (n = 3), o limite de detecção variou de 0,0005 - 0,0155
g/100mL e o de quantificação 0,0016 - 0,0517 g/100 mL. As recuperações
dos ácidos nas amostras de sucos frescos variaram de 83,60 a 117,5% (n =
50), e de 83,60 a 108,7% (n=11) para os ácidos nas amostras de sucos
industrializados. Os ácidos, oxálico, tartárico, cítrico e L aa foram
separados e quantificados nas amostras de sucos frescos, enquanto que os
ácidos, cítrico e L aa, nas amostras de sucos industrializados, sendo que
houve redução na concentração do ácido ascórbico de 18,90%, 28,20% e
36,00% nos sucos frescos de acerola, laranja e caju respectivamente, e de
100,0% no suco industrializado misto de maça, laranja, tangerina, limão e
99,40% no suco industrializado misto de acerola, laranja enriquecido com L
aa, houve também redução na concentração do ácido cítrico em duas
amostras de sucos industrializados, 15,20% e 56,90% nos sucos, misto de
maçã, laranja, tangerina, limão, e no de goiaba. O método desenvolvido foi
rápido, sensível e adequado para análise de ácidos orgânicos em amostras
de sucos de frutas.
Palavras chaves: ácidos orgânicos, sucos de frutas frescos, sucos de frutas
industrializados, ECZ.
ix
ABSTRACT
An electrophoretic methodology with UV detection was developed for
determinations the main organic acids contained in fresh fruit juice and
industrialized fruits juices produced in Sergipe/Brazil and sold in markets and
supermarkets of Lagarto, Itabaiana and Aracaju. Oxalic, tartaric, citric, gallic
and ascorbic (L aa) organic acids were separate and quantified in grape,
orange, lemon, carambola, umbu-caja, acerola, cashew, strawberry samples
of fresh juices and samples of mixed juice industrialized (mixed acerola,
orange, fortified whit L aa; mixed apple, orange, tangerine and lemon;
mixed orange, lemon and tangerine; guava juice and mixed apple, lemon and
grape). The analyses were made employing BGE containing 100 mmol/L
borate buffer pH 10.0 and 0.5 mmol/L cetyl trimethyl ammonium bromide
(CTAB) as EOF-modifier, a fused silica capillary of 59 cm of length (23.7 cm
effective, 75 mm of i.d.) λ = 214 nm. The sample injection
was made in
hydrodynamic mode (height 4.5 cm) for 15 s,
the method was linear within
0.0040 to 0.0450 g/100mL. The calibration curves were prepared with the
addition of external standard, with correlation coefficient from 0.9912 to
0.9995, the precision ranged of 1.48 to 11.46% (n= 3). The limit of detection
varied from 0.0005 to 0.0155 g/100mL and the limit of quantification varied
from 0.0016 to 0.0517 g/100mL. The recoveries in samples of fresh juices
were 83.6 to 117.5% (n = 50) and from 83.60 to 108.7% (n=11) for the acids
in fruits juices industrialized samples. The oxalic, tartaric, citric, and L aa
were separated and quantified in samples of fresh juices while citric and L
aa acid in samples of industrialized juices there was reduction in the
concentration of 18.90%, 28.20% and 36.00% L - aa of juices of fresh
acerola, orange and cashew respectively and of 100.0%, 99.40% in samples
of mixed juice industrialized, mixed apple, orange, tangerine and lemon,
mixed acerola, orange, fortified whit L aa respectively, was also reduction
the concentration of citric acid in two samples juice industrialized 15,20% in
mixed apple juice, orange, tangerine, lemon and 56,9% in guava juice. The
proposed method is rapid and sensitive and can be used to analysis of
organic acids in juice fruit samples.
Key words: Organic acids, fresh fruit juice, industrialized fruit juice, CZE.
x
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento industrial no século 18, especificamente no ano de
1729, acabou destacando a necessidade das indústrias proporem métodos
analíticos que apresentassem resultados rápidos e satisfatórios. Isso
estimulou o desenvolvimento novos métodos analíticos, dentre eles, a
titulação. Em meados do século 20, diante da grande necessidade, e
precisão nas análises, surgiram técnicas eficientes e mais precisas para
análise de ânions ou cátions. Além disso, também era possível a análise de
vários compostos a partir de uma mesma corrida, diferentemente das
técnicas existentes até então. Os primeiros informes sobre estas técnicas
deram-se na década de 50 com o surgimento da cromatografia gasosa (GC),
na década de 70 pelo aperfeiçoamento da cromatografia líquida de alta
eficiência (HPLC). A partir da década de 80, surge a eletroforese capilar
(CE), com alto poder de resolução, e capacidade de analisar ânions de
forma individual (TAVARES et al.,1997). Paralelamente ao desenvolvimento
de novas metodologias, exigências quanto ao fornecimento de alimentos
também eram elaboradas na forma de leis, nesse caso, surgiam as
regulamentações quanto ao teor de aditivos, agrotóxicos, metais, entre
outros.
A composição química das frutas e dos sucos industrializados é uma
indicação importante para agregar valor aos seus produtos comercializados,
compor normas, e identificar a sua origem geográfica (LUYKX et al., 2008),
além disso, a produção dos sucos industrializados requer diluição com água,
adição de aditivos e conservantes, o que pode tornar difícil a determinação
dos ácidos orgânicos naturais (CASTIÑEIRA et al., 2000; ARELLANO et al.,
1997, SAAVEDRA et al., 2000; YANG et al., 2000, MATO et al., 2007).
Dependendo do tipo de análise química, várias metodologias
analíticas são utilizadas para definir a composição química de um alimento,
dentre elas podem-se citar: as espectrofotométricas, enzimáticas,
cromatográficas ou eletroforéticas (MATO et al., 2005).
A eletroforese capilar, principalmente a modalidade de zona, é
discutida com ênfase nessas duas últimas décadas devido a eficiência na
separação e quantificação de ácidos orgânicos em frutas, gêneros
alimentícios e em plantas, sobressaindo-se em relação a outros métodos
analíticos como a HPLC (HERNÁNDEZ et al., 2006; SCHERER et al., 2008;
VIGNOLI et al., 2007; SUÁREZ et al., 2008; QUIRÓS et al., 2009;
HERNÁNDEZ et al., 2009), uma vez que o volume dos reagentes e da
amostra são na ordem de nanolitros, menor tempo de análise, facilidade de
operação instrumental, e baixo impacto ambiental, com pouca geração de
resíduos (WU et al., 1995; SCHIEWE et al., 1995; TREVASKIS et al., 1995;
ARELLANO et al., 1997; CHOI et al., 1997; FUKUSHI et al., 1997; HORIE et
al., 1998; SOGA et al., 1999; SAAVEDRA et al., 2000; CASTIÑEIRA et al.,
2000; FUNG et al., 2001; CASTIÑEIRA et al., 2002; XU et al., 2002; FUNG
et al., 2003; GALLI et al., 2004; VICKERS et al., 2007; MATO. et al., 2007,
TANG. et al., 2007; PERES et al., 2009).
Considerando os inúmeros benefícios em relação ao consumo de
ácidos orgânicos, sua determinação em sucos de frutas frescos e
industrializados é importante para avaliar a relação entre consumo e saúde
humana, importante também na padronização e monitoramento dos sucos
industrializados, obtidos a partir de polpas de frutas in natura. Os ácidos
orgânicos são os responsáveis pelas propriedades organolépticas dos sucos
de frutas frescos e industrializados, dando sabor e aroma, característicos de
cada um.
A partir do que foi apresentado, quanto a importância dos ácidos
orgânicos presentes nos sucos de frutas e nos sucos industrializados, e
considerando que pouco se sabe sobre a composição química de algumas
frutas, especialmente aquelas produzidas e comercializadas no Nordeste,
assim o objetivo desse trabalho foi desenvolver um método eletroforético
para determinação de ácido oxálico, tartárico, cítrico, gálico e L aa em
2
sucos de frutas frescos de uva, laranja, limão, carambola, morango, umbu
cajá, caju, e em sucos industrializados tais como, misto de acerola, laranja
enriquecido com L aa, misto de maçã, laranja, tangerina e limão, misto de
laranja, tangerina e limão, misto de maça, limão e uva, e suco de goiaba,
todos comercializados nos mercados e supermercados das cidades de
Lagarto, Itabaiana e Aracaju/SE.
3
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Desenvolver um método para determinar ácido oxálico, tartárico,
cítrico, gálico e L aa em sucos de frutas frescos e em sucos de frutas
industrializados empregando a eletroforese capilar de zona.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
2.2.1 Estabelecer as condições adequadas para análise dos ácidos
oxálico, tartárico, cítrico, gálico e L – aa, por eletroforese capilar de zona;
2.2.2 – Desenvolver o procedimento analítico;
2.2.3 – Validar o método, com técnicas univariadas;
2.2.4 Avaliar a estabilidade dos ácidos orgânicos nos sucos, considerando
o tempo e as condições de armazenamento;
2.2.5 Aplicar o método desenvolvido para análise de suco de fruta fresco e
industrializado;
2.2.6 – Colaborar significativamente com informações sobre a distribuição de
ácidos orgânicos em sucos de frutas produzidos em Sergipe.
4
3. JUSTIFICATIVA
Como todos os sistemas vivos, os seres humanos precisam de um
fluxo contínuo de energia e provisão de nutrientes essências na sua dieta,
estes devem ser obtidos em quantidades e proporções apropriadas, pois
excesso ou deficiência de nutrientes pode provocar enfermidades
(MONTGOMER et al., 1994). Desde as grandes navegações, quando os
piratas passavam dias em navios sem uma alimentação balanceada em
vitaminas, tinham problemas freqüentes com doenças em função da
alimentação, uma delas, por exemplo, conhecida como escorbuto, a qual
ocorria pela carência de vitamina C (LEHNINGER, 2004), a qual bloquea o
processo da oxidação, ou seja, as enzimas que removem as espécies
reativas ao oxigênio (ANGELO et al., 2007). Além do ácido ascórbico,
outros ácidos orgânicos com inúmeros benefícios, e estes podem ser
encontrados facilmente em frutas e alimentos diversos, os quais fazem parte
da constituição das vitaminas, agindo de forma específica na formação,
crescimento e regulação hormonal. Atuam também na estabilidade
microbiana, permitindo o monitoramento de sucos industrializados além de
possibilitar sabores e aromas agradáveis característicos de cada fruta
(RIVASSEAU et al., 2006).
A indústria de frutas tem-se expandido bastante nos últimos anos,
notadamente no nordeste brasileiro. As unidades fabris se compõem, em
sua maioria, de pequenos produtores que utilizam plantios artesanais. Além
da comercialização das frutas como frutos, também a comercialização da
polpa de frutas congeladas, a qual vem ganhando grande popularidade, não
entre as donas de casa, mas também em restaurantes, hotéis,
lanchonetes, hospitais, etc, nos quais são utilizadas, principalmente, na
5
elaboração de sucos, devido a alta praticidade e facilidade de preparação e
consumo (SCHERER et al., 2008).
As frutas são consideradas fonte nutricional de vitaminas, as quais
possuem altos percentuais de ácidos orgânicos, minerais e carboidratos
solúveis, sendo que algumas possuem teor mais elevado de um ou de outro
nutriente como, por exemplo, a acerola que apresenta elevada quantidade
de vitamina C (CHOI et al., 1997)
.
Além do ácido L aa, outros ácidos
orgânicos estão extensamente distribuídos nas frutas e nos vegetais, tais
como, ácido tartárico, cítrico, gálico e L – aa, onde suas concentrações
dependem de fatores como espécie, solo e circunstâncias de estresse
submetidas. Em todos os países, os levantamentos estatísticos revelam
números crescentes de consumo de frutas, tanto per capita quanto global,
esses valores são mais expressivos quando se referem às cultivadas em
meio orgânico, pelo fato do mesmo evitar o uso de agrotóxicos, os quais
prejudicam o organismo humano, trazendo doenças, e formação
hormonal (TAPIA, 2000).
Os ácidos orgânicos são também largamente utilizados como
acidulantes na fabricação de bebidas à base de frutas e vegetais, sendo os
principais utilizados para realçar sabores como o cítrico e o tartárico. Além
disso, o cítrico é muito utilizado como acidulante em sucos de frutas, porque
o pH dos ácidos naturais não é suficiente para assegurar a estabilidade
microbiana a longo prazo. O ácido ascórbico é amplamente utilizado como
antioxidante em sucos, entretanto, por causa de sua natureza, é oxidado
durante o período de estocagem. A literatura apresenta alguns relatos sobre
a estabilidade do L aa em sucos de frutas (RONCADA et al., 1977; CHOI
et al., 1997; TAVARES et al., 2000; SILVA et al.,2004; HERNÁNDEZ et al.,
2006; WU et al., 2007; SCHERER et al., 2008) e há pouco material sobre a
estabilidade dos ácidos oxálico, tartárico, cítrico e gálico nos sucos de frutas.
Diante da facilidade de se encontrar frutas ricas em ácidos
orgânicos na região Nordeste, mais especificamente no Estado de Sergipe,
nas cidades de Lagarto, Itabaiana e Aracaju, e com o objetivo de se avaliar a
estabilidade durante o tempo de estocagem da fruta em temperaturas
distintas, e dos sucos industrializados, neste trabalho, é utilizado um sistema
6
eletroforético capilar de zona (CZE) simples, de facil manuseio, preciso, de
baixo custo, com pouca geração de resíduos, para a análise de ácidos
orgânicos em sucos, sendo que a princinpal vantagem desta técnica de
separação em relação às outras é a maior eficiência e resolução obtidas em
um tempo menor de análise e com a utilização de volumes pequenos da
amostra (1 a 10 nL por injeção) e do eletrólito de trabalho (10 a 100 mL
diários) (JARGER et al., 2001). O sistema empregado neste trabalho é
considerado caseiro, pois foi montado no laboratório de pesquisa do
Campus de Itabaiana. As otimizações dos parâmetros eletroforéticos, tais
como: voltagem requerida, tempo de injeção, concentração, pH e o uso de
solvente orgânico na solução de separação, foram fundamentais para o
sucesso do método proposto. Como os analitos são ácidos orgânicos, e que
formam complexos aniônicos com ácido bórico, empregou-se a estratégia de
inverter o fluxo eletroosmótico utilizando um inversor de fluxo na solução de
separação, como descritos nos seguintes trabalhos propostos (SCHIEWE et
al., 1995; WU et al., 1995; TREVASKIS et al., 1995; FUKUSHI et al., 1997;
CHOI et al., 1997; ARELLANO et al., 1997; HORIE et al., 1998; SOGA et al.,
1999; DAVEY et al., 1999; SAAVEDRA et al., 2000; CASTIÑEIRA et al.,
2000; YANG et al., 2000; FUNG et al., 2001; CASTIÑEIRA et al., 2002; XU
et al., 2002; FUNG et al., 2003; WANG et al., 2003; Galli et al., 2004;
RIVASSEAU et al., 2006; VICKERS et al., 2007; WU et al., 2007; TANG Y. et
al., 2007; MATO et al., 2007; PERES et al., 2009).
7
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1. ÁCIDOS ORGÂNICOS (OXÁLICO, TARTÁRICO, CÍTRICO, GÁLICO e
o L – aa) EM AMOSTRAS DE SUCOS DE FRUTAS
Os ácidos orgânicos são compostos orgânicos que apresentam um
ou mais grupos carboxílicos em sua estrutura, e podem ser facilmente
encontrados em frutas onde participam de suas propriedades
organolépticas, dando cor, aroma e sabor, além de possibilitar que uma
determinada fruta possa ser caracterizada como sendo de uma região. Os
ácidos em estudo são não aromáticos com exceção do ácido gálico, e com
pequena cadeia molecular. O ácido oxálico é um dicarboxílico de nome
oficial ácido etanodióico, descoberto em 1960 por J.C. Wiegleb, de fórmula
H
2
C
2
O
4
, encontrado em frutas como a carambola, o qual pode ser utilizado
em consultórios dentários (tratamento contra o tártaro). Na indústria, como
eliminador de ferrugem em mármores, metais e pedras, obtenção de
corantes e fixação em tecidos, fabricação de tintas, branqueamento de
têxteis, papeis, curtiça, palha, curtição industrial de couros, e fabricação de
oxalatos. No que se refere ao seu consumo, tóxico se ingerido puro, porém,
em frutas o percentual existente é baixo, não representando danos a saúde.
O grande consumo deste ácido pode trazer algumas patologias, como por
exemplo: geração de cisteína, doença conhecida como pedras nos rins,
além de descalcificação óssea.
Ácido tartárico é um ácido orgânico de função mista, álcool e ácido
carboxílico, descoberto em 1770 por C.W. Scheele, de nome oficial ácido
dihidroxi-butanodióico, de fórmula H
6
C
4
O
6
, encontrado principalmente em
frutas como: uva, tamarindo, abacaxi e amora. Pode ser utilizado como
8
acidulante em vinhos, ou na fabricação de tinturas, xampus anti-cálvice, uma
vez que estimula a corrente sanguínea no local da aplicação.
Ácido cítrico é um tricarboxílico com a presença de uma hidroxila,
de nome usual, ácido 2-hidroxi-1,2,3-propanotricarboxílico, de fórmula
H
8
C
6
O
7
, descoberto em 1784 por C.W. Scheele, encontrado principalmente
em frutas cítricas, dentre elas, o limão, laranja e umbu. Possui elevado poder
complexante, auxilia na formação óssea, fixando cátions como cálcio, ferro,
potássio e magnésio. Também atua como agente tamponante participando
da estabilização do pH de meios aquosos, além de ser o principal agente de
alcalinização do metabolismo humano; participa da respiração celular e
geração da energia humana iniciais do Ciclo de Krebs. Quando ingerido,
transforma-se em sal alcalino (formando citratos de cálcio, magnésio, ferro e
potássio) neutralizando a acidez do estômago. Também é conhecido como
um bactericida seguro e natural contra fermentações no estômago e
intestinos, também é utilizado nas desintoxicações em geral, inclusive nas
causadas por ingestão de soda ou potassa cáustica, serve como acidulante
e participa da defesa imunológica do organismo humano (TAPIA, 2000).
Ácido gálico é um ácido orgânico aromático de nome oficial 3,4,5-
triidroxibenzóico, de fórmula H
6
C
7
O
5
descoberto em 1786 por C.W. Scheele,
encontrado em frutas como goiaba e amora e considerado um antioxidante.
Ácido ascórbico (L aa) é o enantiômero mais ativo biologicamente
da vitamina C (EVANGELISTA, 2006), de nome oficial R-3,4-dihidroxi-5-(S)-
1,2-dihidroxietilfurano-um-2(5H) de fórmula H
8
C
6
O
6
, isolado primeiramente
em forma cristalina pura, a partir do suco de laranja, pelos bioquímicos norte
americanos C.G. King e W.A. Waugh, em 1932 (LENHNINGER, 2004). Pode
ser encontrado em frutas como acerola, morango, mamão, laranja e kiwi. É
um ácido orgânico altamente oxidante que transforma os radicais livres de
oxigênio em formas inertes, protegendo do envelhecimento e da
degeneração de todas as células e tecidos, rege as funções da medula
óssea, participando do metabolismo de formação do sangue e desempenho
das glândulas endócrinas. Auxilia na formação dos tecidos fibrosos, dos
dentes, dos ossos, das cartilagens, da pele e até dos cabelos, favorece a
reconstituição de ossos e cartilagens como também na cicatrização dos
9
cortes e feridas, eficaz no tratamento e prevenção do escorbuto, anemia,
reconstituição de tecidos, fortalecimento do sistema imunológico, agindo
também de forma eficaz em problemas digestivos e circulatórios
(LENHNINGER, 2004).
A Figura 1 e a Tabela 1 mostram algumas características físico-
químicas dos ácidos orgânicos estudados neste trabalho. Os dados
mostrados na Tabela 1 foram extraídos de Cheng et al., 2006 e Olsson et al.
1998.
Figura 1 Estrutura química dos ácidos orgânicos estudados: oxálico,
tartárico, cítrico, gálico e L – aa.
Tabela 1 Mobilidade eletroforética e número de grupamentos ácidos (NG)
e de átomos (NA) dos ácidos estudados.
ÁCIDO NG NA Massa
molecular (g)
Mobilidade
eletroforética
(×10
−5
cm
2
s
−1
V
−1
)
Oxálico 2 8 90 74,6
Tartárico 2 16 150 60,5
Cítrico 3 21 192 70,8
Gálico 1 18 170 34,4
Ascórbico 1 20 176 2,41x10
-
8
(1)
(1) Olsson et.al. 1998.
10
De acordo com Cheng et al., 2006, a mobilidade eletroforética (µ
ef
)
aumenta com o aumento do número de grupos ácidos e diminui com o
aumento do número de átomos e massa do ácido. Dentre os ácidos
estudados, a ordem de migração é: ácido oxálico, cítrico, tartárico, gálico e
ascórbico.
4.2. ASPECTOS GERAIS DA ELETROFORESE CAPILAR
4.2.1. TIPOS DE ELETROFORESE CAPILAR
Podem ser encontradas na literatura 6 técnicas eletroforéticas,
eletroforese capilar de zona (ECZ), conhecida também como eletroforese
capilar em solução livre (ECSL), eletrocromatografia micelar (EM) ou
cromatografia eletrocinética micelar (CEM), eletroforese capilar em gel
(ECG), focalização isoelétrica capilar (FIC), isotacoforese capilar (IC) e
eletroforese por fronteira móvel. Dentre elas destaca-se a ECZ por ser de
fácil operação, envolvendo somente um único eletrólito de separação, onde
os analitos presentes numa mistura são separados em função de suas
mobilidades individuais, e a mobilidade do meio em que se encontram.
Todas essas técnicas empregam um campo elétrico, que possibilita a
formação de um fluxo eletroosmótico, promovendo a migração dos analitos
até o detector. A migração é diferenciada por alguns aspectos, dentre eles, a
forma de interação dos analitos, com os constituintes das soluções tampão
dentro do capilar.
A técnica de fronteira móvel diferencia-se da ECZ devido a separação
completa de todos os componentes nunca ser atingida, apenas os
componentes de maior mobilidade são parcialmente purificados, enquanto
que as outras bandas sofrem diversos graus de sobreposição. A ECZ
também é uma técnica eletroforética por fronteira móvel, porém, quando o
potencial elétrico é estabelecido, os componentes migram em zonas com
velocidades constantes, mas diferenciadas, características de suas próprias
mobilidades, e da mobilidade das moléculas que constituem a solução
tampão.
11
Em ECZ, uma solução altamente básica é utilizada para preparar o
capilar. Essa solução dissocia os grupos silanóis, constituinte da parede
interna do capilar de sílica fundida, em seguida, adiciona-se uma solução
tampão, contento o eletrólito de separação e, se necessário, inversores de
fluxo para análise de ânions. Desta forma, obtêm-se dois movimentos
simultâneos, a migração eletroforética dos íons e a eletroosmose, ou seja,
fluxo de solução induzido pelo campo elétrico, o qual possibilita uma alta
eficiência da técnica (GALLI et al., 2004).
Em EM e ECG, as mobilidades eletroforéticas são semelhantes a
mobilidade eletroforética da ECZ, porém, diferenciam-se pelo modo de como
foi preparado o interior do capilar. Em EM, é adicionado dentro do capilar um
aditivo que possibilita a formação de uma fase secundária, esta pode
adsorver certa quantidade de analito, não reproduzindo no seu tempo de
migração, porém, é eficaz tanto na análise de íons como na de neutros, o
qual não se observa com a ECZ, que não é eficaz na separação de
compostos neutros. Em ECG, faz-se um pré-tratamento do capilar com o
reagente como, por exemplo, o 3-metacriloxi-propil-trimetoxi-silano, o qual
elimina o fluxo eletroosmótico através de uma ligação covalente com os
grupos silanos da superfície capilar e evita a extrusão do gel durante a
operação do sistema adicionando em seguida um gel, o qual possibilita a
dissipação do efeito joule, porém, o uso dessa modalidade eletroforética
pode reter analitos ou parte deles, não reproduzindo nos seus tempos de
migração (TAVARES, 1997).
Em IC, utiliza-se uma solução tampão, contendo dois eletrólitos de
separação, sendo que um deles é chamado de eletrólito líder e o outro
terminador, eficiente tanto na análise de ânions como na de cátions, porém,
para análise de ânions, o eletrólito líder deverá conter um ânion de maior
mobilidade em relação ao ânion do analito, e o eletrólito terminador deverá
conter um ânion de menor mobilidade em relação ao ânion do analito. Para a
análise de cátion, o eletrólito principal deverá conter um cátion de maior
mobilidade em relação ao cátion do analito, enquanto que o cátion do
eletrólito terminador deverá conter uma menor mobilidade em relação ao
cátion do analito.
1
2
A análise por FIC envolve a separação de solutos anfotéricos em um
gradiente de pH, sob a influência de um campo elétrico, um soluto
negativamente carregado migra em direção ao ânodo. Durante esse
percurso, o soluto experimenta regiões de pH progressivamente menor,
tornando assim, uma fração cada vez maior do soluto protonado, alterando a
carga efetiva durante a migração. Eventualmente, a carga total do soluto
torna-se zero, e sua migração é interrompida. Cada componente da amostra
migra para uma região de pH igual ao seu ponto isoelétrico, e permanecerá
nesta posição enquanto o campo elétrico for operante (LINDEBERG, 1996).
4.2.2. INSTRUMENTAÇÃO
Um aspecto bastante importante da eletroforese capilar é a
simplicidade da instrumentação. Na Figura 2 está uma ilustração mostrando
os componentes de um sistema caseiro para implementar a eletroforese
capilar de zona, o qual consiste de uma fonte de alta tensão, um capilar
geralmente de sílica fundida, eletrodos, geralmente de platina, e um detector
apropriado por absorção molecular na região do ultravioleta/visível. Uma
fonte regulada de alta tensão é usada para estabelecer o campo elétrico ao
longo do capilar. Tais fontes podem em geral ser operadas a voltagem
constante e/ou corrente constante, com valores típicos de voltagem no
intervalo de 0 30 kV e corrente, de 0 200 µA (TAVARES, 1997). A fonte
de alta tensão é conectada por meio de eletrodos de platina a dois
reservatórios contendo uma solução de eletrólito conveniente.
O tubo capilar de sílica fundida preenchido com a solução eletrolítica
serve como canal de migração para os analitos. Logo após a introdução da
amostra dentro do capilar, as extremidades do capilar são imersas nos
reservatórios da solução tampão para fechar o circuito elétrico.
Normalmente, a temperatura é mantida constante durante a análise química,
para manutenção da termoestabilização.
13
Figura 2 – Sistema eletroforético caseiro.
4.2.3. ELETROFORESE CAPILAR DE ZONA
Na eletroforese capilar de zona, o processo de separação ocorre em
uma coluna capilar de diâmetro interno entre 25 e 100 µm, e comprimento
entre 30 e 100 cm, normalmente de sílica fundida e recoberta com um
material inerte que é removido para a confecção de uma janela de
observação. O capilar é preenchido com uma solução tampão que é
eletrolítica, a qual conduz a corrente elétrica que passa pelo sistema, e
contém um eletrólito de separação, onde os analitos são separados. Aqui é
importante enfatizar que no modo eletroforético capilar de zona, a migração
dos analitos ocorrerá em blocos e a formação desses blocos dependerá da
mobilidade eletroforética dos cátions e ânions, enquanto que os neutros
migrarão todos em um único bloco, não sendo, separados e detectados
individualmente (BECKERS et al., 2001). A evolução da separação ocorre da
seguinte forma: No momento em que os íons são introduzidos no capilar, os
cátions tendem a migrar para o pólo negativo, e os ânions para o pólo
1
4
positivo, porém, sob efeito de um campo elétrico, obtido com voltagem ou
corrente constante, ocorre a formação de um fluxo eletroosmótico no sentido
do pólo negativo em direção ao pólo positivo, representado por (EF+EOF),
como mostrado na Figura 3. Isto ocorre devido a dissociação da sílica que
atrai cargas positivas para a sua superfície (BAKER, 1995).
Fatores como pH da solução tampão, inversão de fluxo
eletroosmótico, adição de agentes complexantes e voltagem afetam a
velocidade de migração dos íons (CRASTON et al., 1998).
Figura 3 Sistema CE. A e B recipientes contendo solução eletrolítica,
onde se encontram os eletrodos de platina (PL), (F) – fonte de potência (V) –
fonte de radiação, (D) detector acoplado a um computador (C), (EF)
fluxo eletroforético, (EOF) fluxo eletroosmótico, (E) eletroferograma. Os
círculos brancos representam os íons, os sinais negativos e positivos
indicam as cargas.
4.2.4. INTRODUÇÃO DA AMOSTRA
A forma de introdução da amostra no capilar tem implicações
significativas na análise instrumentação, pois afeta a repetibilidade da área
ou da altura do pico, os quais refletem a precisão da técnica de injeção. Em
eletroforese capilar de zona, a amostra pode ser introduzida no capilar por
dois métodos distintos, eletrocinético ou hidrodinâmico.
1
5
Na injeção hidrodinâmica a amostra é introduzida no capilar por um
gradiente de pressão, no qual pode ser estabelecido por diferentes
mecanismos de pressurização ou vácuo em um dos reservatórios de
solução, ou por gravidade, onde um dos reservatórios é elevado em relação
ao outro. Neste trabalho, a amostra foi introduzida no capilar elevando a
extremidade catódica a 4,5 cm, tal como pode ser visto na Figura 4. Na
injeção eletrocinética, a solução é inserida no capilar com auxílio de um
gradiente de potencial, o qual é estabelecido por todo comprimento do
capilar num período de tempo conhecido.
A injeção hidrodinâmica introduz no capilar uma alíquota
representativa da composição do soluto na amostra, no qual o volume
injetado (nL) depende do tempo de injeção (t), e da altura de sua aplicação
(h), quando a injeção for feita por diferença de altura entre os dois fracos que
contém as soluções eletrolíticas. Este tipo de injeção é usualmente mais
precisa que a eletrocinética porque é baseada estritamente na transferência
de volume, (GALLI et al., 2003) diferentemente da injeção eletrocinética uma
vez que o volume aplicado é diretamente proporcional a voltagem aplicada
(V), a concentração da amostra (C), ao tempo de injeção (t), ao raio interno
do capilar (r), a mobilidade aparente (µ
ap
) e a mobilidade eletroforética (µ
eof
),
e inversamente proporcional ao comprimento total da coluna (L) (ALTRIA,
1996).
Figura 4 Diagrama do sistema de injeção hidrodinâmico por gravidade: A
cubo de isopor; B e C suporte de madeira; D e E frascos contendo a solução
eletrolítica.
1
6
4.2.5. SOLUÇÃO TAMPÃO
Para uma boa separação dos analitos em CZE, os parâmetros
eletroforéticos devem ser avaliados, principalmente em relação à solução
tampão, associado com o tipo de capilar utilizado. Para capilares de sílica
fundida, o pH da solução tampão deverá estar entre 2,0 e 11,0, uma vez que
em pH abaixo de 2,0, os grupos silanóis estarão totalmente protonados, em
pH 10,0 o número máximo de dissociação dos grupos silanóis e, a partir
do pH 11,0, a formação do fluxo eletroosmótico será constante, Figura 5. O
tampão terá boas respostas na separação quando o seu pH for
correspondente ao pKa do eletrólito de separação, com variação de ± uma
unidade. A concentração do eletrólito deverá estar numa faixa que varie de 5
a 200 mmol/L, uma vez que, ao utilizar uma concentração eletrolítica muito
baixa, pequenas quantidades de analitos podem ser adsorvidas pela coluna,
não reproduzindo seus tempos de migração, e utilizando altas
concentrações do eletrólito, poderá ocorrer um super aquecimento no interior
da coluna, denominado efeito Joule, o qual prejudica na separação dos
analitos (LANDERS, 1997).
Figura 5 Influência do pH da solução tampão sobre a mobilidade do fluxo
eletroosmótico.
1
7
4.2.6. ADITIVOS
O uso de eletrólitos aditivados é bastante comum em CZE, uma vez
que o aditivo altera a mobilidade eletroforética do soluto; modifica o fluxo
eletroosmótico; solubiliza soluto ou composto na matriz da amostra, e reduz
a interação de certos solutos com a parede interna do capilar, minimizando a
adsorção. Na Tabela 2, ANEXO B, estão relacionados os principais aditivos
eletrolíticos empregados em CE.
4.2.7. DETECTORES
Os detectores podem ser classificados em dois tipos: universais e
específicos. Os detectores universais medem a diferença entre alguma
propriedade do soluto em relação à solução. Assim, o sinal não depende das
propriedades dos solutos, mas das propriedades do soluto e solução. Nesta
classe, estão incluídos os detectores de índice de refração e condutividade,
entre outros que empregam métodos indiretos. Apesar de universais, esses
detectores apresentam menor sensibilidade e intervalo dinâmico. Os
detectores específicos medem uma propriedade específica do soluto, a
detecção é limitada aos solutos que possuem a referida propriedade. Nesta
classe, estão incluídos os fotodetectores baseados na absorção na região do
UV/VIS, na fluorescência ou no espalhamento Raman, os espectrômetros de
massa, os detectores amperométricos e os radiométricos. (TAVARES, 1996,
KLAMPFL,. et al., 2000).
O uso dos detectores específicos é bastante vantajoso quando a
matriz da amostra é complexa e em situações nas quais é desejável
minimizar interferências de radiação de fundo. Este tipo de detector é
geralmente mais sensível do que os detectores universais e fornecem
intervalos mais amplos de resposta linear. Além disso, a relação sinal/ruído é
melhor. Consequentemente os detectores específicos encontram maior uso
que os universais.
Os principais métodos de detecção são:
1
8
Métodos ópticos - absorção de luz na região do ultravioleta-visível ou
infravermelho, fluorescência, índice de refração, Raman, absorbância termo-
óptica e quimiluminescência. Métodos eletroquímicos - amperométricos,
voltamétricos, condutométricos e potenciométricos. Outros métodos e
métodos acoplados - ressonância magnética nuclear, radiométricos,
espectrometria de massas e de emissão óptica com plasma indutivamente
acoplado (ICP-OES) (SILVA, 2003).
Os detectores são acoplados aos capilares eletroforéticos, que
geralmente são constituídos de uma camada externa de poliimida. Para o
acoplamento do capilar com o detector faz-se uma remoção de uma
pequena parte de camada da poliimida, onde realiza o acoplamento, e este
pode ocorrer de três maneiras distintas: quando o detector se posiciona
numa parte que não seja a extremidade do capilar, este é conhecido como
on column, se o detector encontra-se na extremidade de saída da coluna,
tem-se um acoplamento off column, porém, se a separação dos analitos
ocorrer por CE, e a injeção da porção separada ocorrer em outro detector,
esta é conhecida como end column. Neste trabalho empregou-se o modo on
column, conforme Figura 6.
O desenvolvimento de novos sistemas de detecção em eletroforese
capilar tem sido uma área de intensa pesquisa desde a implementação da
técnica (MIRANDA et al., 2002). Alguns detectores, de uso geral para
cromatografia líquida, são adaptados para eletroforese capilar. Além disso, a
diversidade de moléculas que se beneficiam do uso de métodos
eletroforéticos tem contribuído para a implementação de uma variedade de
princípios de detecção.
Figura 6 – Capilar de sílica após a remoção de poliimida.
1
9
4.2.8. CAPILARES
Os capilares mais usados possuem tamanho que variam de 30 a 100
cm de comprimento, com diâmetro interno que varia de 25 a 75 µm, e
diâmetro externo até 375 µm, são de sílica fundida, uma forma pura de
dióxido de silício amorfo, o qual lhe confere muitas propriedades
importantes, como dimensões precisas, alta constante dielétrica, baixa
condutividade elétrica, alta condutividade térmica, resistência mecânica e
particularmente, alta transmissão óptica para um intervalo apreciável do
espectro (190 a 900 nm). Quimicamente, os capilares de lica são
caracterizados pela presença de vários grupos silanos (SiOH). (BAKER,
1995).
O uso de tubos com dimensões capilares minimiza as limitações
relativas ao efeito joule, que a geometria do capilar (elevada área
superficial interna relativa ao volume) favorece a dissipação do calor gerado
pela passagem da corrente elétrica. Com isso, obtêm-se campos elétricos
elevados, resultando em maior eficiência e redução do tempo de análise
(BONATO et al., 2005). A poliimida, na parte externa da coluna, auxilia na
movimentação do capilar e, consequentemente evita a sua ruptura.
4.2.9. AGENTES MODIFICADORES DA SUPERFÍCIE CAPILAR
Vários procedimentos são utilizados para o controle da densidade de
carga na parede do capilar, visando tanto o controle do fluxo eletroosmótico
quanto a eliminação da interação soluto-capilar. O uso de capilares
revestidos internamente é uma prática comum, nestes capilares, os grupos
silanóis são bloqueados quimicamente pela reação com ligantes polares do
tipo organosilanos (trimetilclorosilano, y-metacriloxipropiltrimetoxisilano),
entre outros. Este tipo de revestimento tem-se mostrado efetivo por um
período de tempo limitado, devido à hidrólise reversível do oxigênio ligado ao
silício, particularmente em valores altos de pH (CAMILLERI, 1993).
Uma forma de manipulação da carga superficial do capilar é a
desativação dinâmica que decorre da adsorção física de agentes tensoativos
20
catiônicos, tais como os alquil derivados dos sais quaternários de amônio, a
escolha adequada do tamanho da cadeia do tensoativo, como sua
concentração, permite o controle direto da magnitude do fluxo eletroosmótico
e mesmo a sua inversão (COLOMBARA et al., 1997).
4.2.10. FLUXO ELETROOSMÓTICO (FEO)
Para a formação do fluxo eletroosmótico (FEO), utiliza-se geralmente
uma solução altamente básica, normalmente de hidróxido de sódio, e uma
solução tampão contendo um eletrólito de separação, da seguinte forma: A
solução básica, ao passar pela cavidade interna do capilar, dissocia os
grupos silanos presentes na parede interna do capilar, em seguida, íons da
solução tampão são atraídos para a parede do capilar e formam uma
camada carregada positivamente, denominada de camada fixa. Como essa
camada não é suficiente para neutralizar todas as cargas da parede, uma
segunda camada carregada também positivamente é formada. Esta última é
denominada de camada móvel. Entre essas duas camadas forma-se um
potencial denominado potencial zeta (ζ), o qual possibilita a migração da
camada móvel em direção ao cátodo (-). As moléculas de água que
solvatam o analito também contribuem para o deslocamento desta camada
móvel ao longo do capilar, esta força, responsável pelo transporte das
espécies nicas ao longo do capilar é denominada de fluxo eletroosmótico
(FEO), (Figura 7).
Figura 7 – Formação do fluxo eletroosmótico.
21
O FEO depende diretamente do pH do eletrólito de separação, pois a
carga do capilar (C) é governada pela ionização dos grupos silanóis. Com o
incremento de pH de dois até oito, o fluxo eletroosmótico pode ser
aumentado até 10 vezes, em valores de pH menores que dois não fluxo
eletroosmótico, pois a maior parte dos grupos de silanóis está protonado
(TAVARES, 1996). Outro fator fundamental no controle do FEO é o tipo de
revestimento interno da parede do capilar (HSIEH et al., 1998).
A alta concentração de eletrólitos no tampão, quando a temperatura é
controlada, leva a um decréscimo do FEO, pois elimina o potencial zeta. A
adição de modificadores como solventes orgânicos m efeito variável, pois
afetará a viscosidade, constante dielétrica e potencial zeta, a influência deste
dependerá também da quantidade adicionada; por exemplo, adicionar
metanol à água aumenta a viscosidade da solução até a concentração de
50% (v/v) diminuindo desta forma a mobilidade da solução eletrolítica.
(SARMINI et al., 1997).
O perfil do fluxo eletroosmótico é do tipo radial, o que implica dizer
que as moléculas se movimentam em velocidades muito próximas,
diferentemente do fluxo pressurizado, o qual apresenta um perfil de
velocidade parabólico, como pode ser visto na Figura 8, isto significa uma
vantagem do fluxo eletroosmótico, uma vez que permite uma maior
eficiência na separação dos picos.
Figura 8 Esquema ilustrando as diferenças entre o perfil do fluxo
pressurizado e o eletroosmótico.
4.2.11. INVERSÃO DO FLUXO ELETROOSMÓTICO
Agentes surfactantes são utilizados em CE, para modificação do meio
interno do capilar, dentre eles, a inversão do fluxo eletroosmótico, o uso teve
início com o trabalho pioneiro de D. W. Fuerstenau, que estudou o efeito de
22
sais quaternários de alquilamônio na magnitude do potencial zeta de esferas
de quartzo (COLOMBARA et al.; 1997).
O modelo atualmente aceito para inversão do fluxo está baseado na
formação de uma camada de semi-micelas na superfície interna do capilar.
(Figura 9). A estrutura (A
0
) representa a situação para o fluxo eletroosmótico
normal, no qual a superfície está negativamente carregada e os cátions, na
proximidade da superfície, estão arranjados de acordo com uma dupla
camada elétrica. Com a adição do surfactante catiônico ao eletrólito
condutor, uma pequena quantidade de monômeros do surfactante desloca
os cátions da dupla camada e são adsorvidos na superfície, as forças que
governam a adsorção, nesta etapa, são de caráter coulômbica, e atuam
entre os sítios de carga negativa da superfície e as cabeças dos
monômeros, carregadas positivamente. Quando a concentração do
surfactante adicionado ao eletrólito condutor aumenta, a adsorção de
monômeros prossegue, e eventualmente, alcança um ponto que todos os
sítios de carga da superfície são completamente neutralizados. Este estágio
caracteriza a formação de uma monocamada, na qual a cabeça dos
monômeros está firmemente ligada à superfície e a cauda voltada para a
solução. Desde que, com este arranjo não carga efetiva na superfície, o
fluxo eletroosmótico é suprimido (A
1
). Um aumento da concentração do
surfactante na solução aumenta a possibilidade de interações coesivas entre
as caudas, possibilitando a formação de uma bicamada (A
2
), a adsorção das
semi-micelas é tal, que uma das cabeças é firmemente ligada à superfície,
enquanto que a cabeça diametralmente oposta está voltada para a solução.
Uma dupla camada composta de ânions é então organizada na solução
interfacial e, sob ação de um campo elétrico, o fluxo eletroosmótico é
invertido, ou seja, migra em direção ao anodo (+) (COLOMBARA et al.,
1997).
A compreensão do mecanismo de reversão do fluxo e das variáveis
que o afetam é necessária, para que a importância relativa de cada um
destes fatores seja determinada e levada em consideração, quando a busca
de condições apropriadas para otimização da separação de uma
determinada mistura se fizer necessário.
23
Figura 9 – Representação esquemática da adsorção de surfactantes sobre a
superfície interna de capilares de sílica fundida.
4.3. ASPECTOS CINÉTICOS E TERMODINÂMICOS DA CE
4.3.1. MOBILIDADE IÔNICA
A mobilidade iônica ) de um determinado analito é fundamental em
ECZ, uma vez que esta indicará o tempo de migração do analito em
presença de determinada solução tampão. Cada solução tampão,
proporciona um tipo de dissociação específica do analito, possibilitando uma
maior ou menor mobilidade iônica, e esta pode ser calculada seguindo a
equação 1. Onde a mobilidade é diretamente proporcional a velocidade
limite de cada analito (ν
i
), o qual depende da razão entre a sua carga e o
tamanho do raio atômico, sendo que, quanto menor o tamanho do átomo e
maior a sua carga, maior a velocidade limite, e inversamente proporcional ao
campo elétrico aplicado (E). As equações descritas a seguir foram retiradas
das referências bibliográficas (CAMILLERI, 1993; BAKER, 1995; TAVARES,
M.F.M. et al., 1997; TAVARES, M.F.M. et al., 1995).
24
E
v
i
i
=
µ
(1)
A velocidade limite de um analito (ν
I
) pode ser calculada,
considerando a distância percorrida por um íon, num determinado capilar
que possuirá comprimento total (L), sobre uma unidade de tempo (t
i
), como
descrito na equação 2.
i
i
t
L
v =
(2)
4.3.2. EFEITO DOS PARÂMETROS ELETROFORÉTICOS SOBRE OS
PARÂMETROS DE SEPARAÇÃO
Os parâmetros que influenciam de forma significativa nas separações
dos analitos em eletroforese capilar são: tempo de migração, resolução e
eficiência.
4.3.2.1. TEMPO DE MIGRAÇÃO
Em eletroforese capilar, o tempo de migração (tm) de um analito,
dependerá do comprimento efetivo da capilar (l) e da velocidade observada
(ν
obs
) como mostrado na equação 3.
obs
v
l
tm =
(3)
Para o cálculo da velocidade observada (ν
obs
), deve-se considerar a
intensidade do campo elétrico aplicado (E) e a mobilidade observada
obs
),
como demonstrado na equação 4.
Ev
obsobs
µ
=
(4)
25
A mobilidade observada
obs
) é a soma da mobilidade aparente
ap
),
que representa na verdade a mobilidade do analito com a mobilidade
eletroosmótica,
feo
), formada a partir do fluxo eletroosmótico, como
demonstrado na equação 5.
feoapobs
µ
µ
µ
+
=
(5)
A intensidade do campo elétrico é expressa pelo valor máximo do
gradiente de potencial (V) por unidade de comprimento (L), como descrito na
equação 6.
L
V
E
=
(6)
Logo, substituindo a equação 4 na equação 3, temos a equação 7, a
qual relaciona o tempo de migração com a intensidade do campo elétrico e a
mobilidade do fluxo eletroosmótico.
E
l
tm
feo
µ
=
(7)
Por fim, ao substituir a equação 6 na equação 7, vemos que o tempo
de migração (tm) é diretamente proporcional ao comprimento efetivo (l) e ao
comprimento total (L) do capilar , e inversamente proporcional a mobilidade
observada (µ
feo
) e a voltagem aplicada (V) (equação 8), dessa forma é
vantajoso o uso de capilares que possuam pequenos comprimentos efetivos
(l) e total (L).
V
lL
tm
feo
µ
=
(8)
26
Ainda podemos expressar o tempo de migração dos analitos em
função da mobilidade aparente
ap
) com a mobilidade efetiva (µ
feo
), ao
substituirmos a equação 5 na equação 8, como mostrado na equação 9.
( )
V
lL
tm
feoap
µµ
+
=
(9)
4.3.2.2. RESOLUÇÃO E EFICIÊNCIA
As equações tradicionais que descrevem resolução e eficiência em
CZE incorporam o fenômeno de difusão como única causa de alargamento
das zonas, e podem ser escritas, como as representadas pelas equações 10
e 11.
( )
( )
2
1
11,
24
1
+
=
++
feomédia
apiapiii
D
V
Rs
µµ
µµ
(10)
(
)
LD
l
N
feoef
2
V
µµ
+
=
(11)
Onde:
api
) e
api+1
) são as mobilidades aparentes de dois solutos
eluindo em posições adjacentes, (µ
média
) é a mobilidade média dos solutos,
(µ
ef
) é a mobilidade eletroforética do soluto i, (µ
feo
) é a mobilidade do fluxo
eletroosmótico, (V) é a diferença de potencial aplicada, (D) é a média dos
coeficientes de difusão dos dois solutos, (L) é o comprimento do capilar e (l)
é a distancia do ponto de injeção à posição do detector (comprimento
efetivo).
As equações 10 e 11 indicam que o uso de voltagens elevadas é
vantajoso, pois implica em um ganho de resolução e eficiência. Outra
observação pertinente é que, em separação difícil, a resolução de pares de
solutos migrando muito próximos pode ser melhorada pelo ajuste da
magnitude do fluxo eletroosmótico. Quando a mobilidade eletroosmótica for
27
aproximadamente igual, mas de sinal oposto à mobilidade dos solutos, um
ganho de resolução é alcançado (equação 10), com perda de eficiência
(equação 11). (TAVARES, 1997).
4.3.3. TEMPERATURA
As separações dos analitos em CZE são influenciadas pela variação
da temperatura, uma vez que esta altera a eficiência, o tempo de migração,
o volume de amostra injetado e a resposta do detector. (BAKER, 1995).
Os principais parâmetros considerados no controle da temperatura
são:
1 Voltagem (V) aplicada nas separações, a qual pode ser calculada
com auxílio da equação 12. Em CZE existe uma relação linear de voltagem e
corrente até um ponto máximo, esse ponto é o ponto que nos permite saber
qual voltagem a ser utilizada nas analises, a partir desse ponto não temos
mais uma linearidade observada, o qual não possibilitará resultados
repetitivos.
LiRV
=
(12)
Onde (L) é o comprimento total da capilar, (i) é a corrente aplicada e (R)
resistência.
Ao Aumentar progressivamente a voltagem do sistema, pode-se ter
um superaquecimento interno da solução, ocasionando o efeito joule. De
acordo com a equação abaixo, quanto menor diâmetro interno do capilar
menor é o
t no interior da coluna. A variação da temperatura entre a parede
interna do capilar e o seu centro pode ser calculada com auxílio da equação
13.
K
Qr
t
4
239,0
2
=
(13)
28
Onde: (t) é a variação de temperatura (ºC), (Q) é a densidade de potência
W/m
3
, (r) raio interno do capilar cm e (K) é a condutividade térmica em
W/cm.(ºC).
4.3.4. FLUXO ELETROOSMÓTICO
Para entender o desenvolvimento do fluxo eletroosmótico é preciso
examinar as forças que atuam na proximidade da superfície do capilar,
quando um campo elétrico tangencial é estabelecido. A solução dentro do
capilar é dividida em camadas concêntricas, onde cada camada possui uma
distribuição de íons do tipo Boltzmann, e espessura infinitesimal (dx). As
forças atuantes são de natureza elétrica e de atrito, no qual a força elétrica
atua em todos os íons presentes no seguimento da solução, sendo
proporcional à magnitude do campo elétrico (E) e à densidade da solução
(p). (TAVARES, 1996). Portanto pode-se calcular esta força seguindo a
equação 14.
dxpEFF
elétrica
'
1
==
(14)
Outro fator fundamental na formação do fluxo eletroosmótico, é o
potencial zeta (ζ), formado a partir da criação de duas camadas difusas
positivas, possibilitando que uma delas se mova em direção ao cátodo (-).
Pode ser calculado considerando a equação (15), onde: (σ) é a espessura
da dupla camada difusa, (e) carga por unidade de área, e (k) é a constante
dielétrica do tampão.
κ
πσ
ζ
e
4
=
(15)
A velocidade (vfeo) e a mobilidade do fluxo eletroosmótico feo) são
diretamente proporcionais ao potencial zeta (ζ), e podem ser calculados
seguindo a equação 16, e a equação 17 respectivamente.
29
n
Ek
veof
π
ζ
4
=
(16)
n
k
feo
π
ζ
µ
4
=
(17)
Onde: (k) é a constante dielétrica do tampão, (E) é o campo elétrico
(volts/cm) e n é a viscosidade da solução tampão.
4.3.5. VOLUME INJETADO DA AMOSTRA E COMPRIMENTO DE ZONA
Para avaliar o comprimento inicial da zona, e o volume de
amostra injetada no capilar, o modo de injeção precisa ser considerado. Na
introdução hidrodinâmica, a amostra é injetada no capilar por uma pressão
criada pela diferença de gravidade ou por vácuo em uma das extremidades
do capilar, durante um pequeno intervalo de tempo. Sob condições de fluxo
laminar, o comprimento da zona, é então determinado pela equação de
Hagen-Poiseuille, representada pela equação 18, e o volume injetado, cerca
de nL, pela equação 19.
injhdinj
t
L
rP
H
8
2
,
η
=
(18)
L
htdx
vi
48
1084,2
=
(19)
Onde: H
inj, hd
é o comprimento de zona da injeção hidrodinâmica, (t
inj
)
é o tempo de injeção, η é a viscosidade da solução e (P) é a diferença de
pressão estabelecida entre as extremidades do capilar, (r) raio interno do
capilar e (L) comprimento total do capilar, (
ν
i) é o volume de amostra
injetado (nL), (h) altura da injeção, (t) tempo de injeção e (d) é o diâmetro
interno do capilar. Quando a injeção hidrodinâmica é feita por aplicação de
pressão na entrada do capilar, ou vácuo na saída do capilar, a diferença de
30
pressão é conhecida. Quando a injeção é feita através de sifonagem, a
diferença de pressão pode ser calculada ela equação 20.
hgP
=
ρ
(20)
Onde: (h) é a diferença de altura entre o nível de solução nos dois
reservatórios, (р) é a densidade da solução e (g) é a aceleração da
gravidade.
Na introdução eletrocinética de amostra, um gradiente de
potencial (V) é estabelecido no capilar, por um breve período. O
comprimento da zona injetada (H
inj,ec
) é determinado pela mobilidade
aparente (µ
ap
) do componente de maior mobilidade na amostra, e da
mobilidade eletroosmótica (µ
feo
) e do tempo de injeção (t
inj
), considerando o
comprimento total do capilar (L) como pode ser visto na equação 21, e o
volume de injetado (
ν
i) nesta modalidade pode ser analisado com a equação
22.
(
)
injepfeoinj
t
L
V
H
µµ
ec ,
=
(21)
(
)
L
ctrV
vi
feoap
µµ
+Π
=
2
(22)
Onde: (V) é a voltagem aplicada, (c) a concentração da amostra,
(t) é o tempo de injeção, (r) é o raio interno do capilar,
ap
) é a mobilidade
aparente,
feo
) e a mobilidade do fluxo eletroosmótico, e (L) é o
comprimento total da coluna.
31
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta etapa do trabalho, faz-se necessário discutir o emprego da
técnica da eletroforese capilar de zona, que está sendo utilizada com muita
ênfase para a determinação de ácidos orgânicos em matrizes como
amostras de sucos de frutas e gêneros alimentícios. Para isso, encontram-se
a seguir alguns trabalhos publicados que mostram a aplicabilidade da CZE
bem como a sua importância para as determinações de ácidos orgânicos em
amostras de sucos de frutas e em gêneros alimentícios (WU et al., 1995;
SCHIEWE et al., 1995; TREVASKIS et al., 1995; ARELLANO et al., 1997;
CHOI et al., 1997; FUKUSHI et al., 1997; HORIE et al., 1998; SOGA et al.,
1999; SAAVEDRA et al., 2000; CASTIÑEIRA et al., 2000; FUNG et al., 2001;
CASTIÑEIRA et al., 2002; XU et al., 2002; FUNG et al., 2003; GALLI et al.,
2004; VICKERS et al., 2007; MATO et al., 2007, TANG et al., 2007;
SANTALAD et al., 2007 PERES et al., 2009).
Em 1995, SCHIEWE et al. propuseram um sistema CZE para análise
de L aa em menos de 8 min em amostras de sucos cítricos tal como
laranja e tangerina e em formulação de fármacos. Os autores utilizaram um
capilar de sílica fundida, com 515 mm de comprimento efetivo x 0,05 mm d.i.
e detecção UV on-column em 200 nm. As amostras foram filtradas num
papel de filtro e diluídas quando necessárias, sendo fundamental a adição
da L–cisteína, como antioxidante. O sistema proposto permitiu a avaliação
da redução do ácido ascórbico nas amostras estudadas com e sem adição
da L–cisteína, num período de 6 horas. Assim, após 6 horas, foi possível
avaliar que houve uma redução de 80% de sua concentração inicial. Foram
encontrados 508-516 µg/mL 5 µg/mL) nas amostras dos sucos de
32
tangerina e 143-164 µg/mL (±2 µg/mL) nas amostras de sucos de
laranja, com limite de detecção entre 1-4 µg/mL.
WU et al., 1995 discutiram a importância da combinação de eletrólitos
de separação com inversores de fluxo eletroosmótico,. a fim de se saber
qual deles teria uma maior absorção considerando uma faixa de
comprimento de onda (200 a 350 nm). Dessa forma, os autores constataram
que a mistura do ácido trimetílico (TMA) como eletrólito de separação e
brometo de tetradeciltrimetilamônio (TTAB) como inversor de fluxo
eletroosmótico possibilitou o máximo de absorção em um comprimento de
onda de 220 nm. Outro aspecto muito importante discutido neste trabalho foi
em relação a mobilidade dos analitos em diferentes concentrações do TTAB,
para isto estudou-se a mobilidade dos analitos em concentrações de 0,5 a 5
mmol/L do TTAB. A partir desse estudo, verificou-se que o uso do inversor
acima de 2 mmol/L, ocasionava problemas de co-migração entre os ácidos
tartárico, málico e succínico, portanto os melhores resultados foram obtidos
utilizando 1 mmol/L do inversor. Outro ponto discutido foi para a escolha do
pH, o qual foi testado com duas soluções tampão, uma com pH 5,5 e a outra
com pH 9,0. A simetria no perfil do pico foi melhor quando usaram solução
tampão com pH 9,0. Outro aspecto relevante, no que se refere a oxidação
de ácidos orgânicos, é a facilidade que o L aa tem de se oxidar, para
avaliar a oxidação do L – aa, os autores prepararam uma solução padrão de
L aa a 0,1 mmol/L, e fizeram as seguintes observações: Após 48 horas de
estocado no escuro houve uma redução de 45% no conteúdo do L aa
presentes na solução, após 3 horas de exposição da solução a luz a
oxidação do L aa foi de 80%. Diante das observações realizadas com os
experimentos, a solução tampão continha 5 mmol/L de ácido trimetílico, 1
mmol/L do TTAB, pH 9,0, 20 kV, 20 µA, injeção hidrodinâmica por 3 s, 25 ºC.
Dois capilares de sílica fundida foram utilizados, um com 43 cm de
comprimento total x 75 µm d.i x 365 µm diâmetro externo (36 cm efetivo)
para a escolha da solução tampão, o outro para a separação dos analitos
continha 70 cm de comprimento total x 75 µm d.i x 365 µm d.e. (63 cm
efetivo) Os ácidos oxálico, cítrico, tartárico, acético, málico, succínico,
láctico, carbônico, aspártico, glutâmico e ascórbico, foram identificados e
33
quantificados em amostras de bebidas, sucos industrializados e chás em
menos de 10 min. As amostras foram preparadas a partir de uma simples
filtração (0,2 µm) com posterior diluição.
A CZE também foi empregada por TREVASKIS et al., 1995, que
separaram e quantificaram ácido oxálico, em amostras de beterraba,
brócolis, cenoura e aipo. O ácido oxálico foi extraído com uma solução
contendo 0,1 mol/L de ácido clorídrico a 60 ºC ou com uma solução
contendo 1,0 mol/L ácido clorídrico a 90 ºC por 30 min. Os resultados foram
comparados com outros dois métodos, a cromatografia líquida de alta
eficiência e um método enzimático. Para o desenvolvimento deste método,
utilizou-se um capilar de sílica fundida 75 µm diâmetro interno e 75 cm de
comprimento total, sendo 50 cm efetivo, e detecção UV em 254 nm. As
amostras foram injetadas no capilar a 20 KPa/s, com voltagem de 20 kV e 28
ºC. A solução tampão continha 10% de metanol, 10 mmol/L tetrahidrato
cromato de sódio e 4 mmol/L modificador de fluxo eletroosmótico. Os
autores relataram que o uso do metanol foi fundamental na separação do
ácido oxálico em presença do ânion nitrato. O coeficiente de variação foi de
2,7 a 4,9%, além disso, o método demonstrou boa linearidade dentro das
faixas de trabalho consideradas, com coeficiente de correlação de 0,9994.
Comparando-se os resultados obtidos, entre CZE e os outros dois métodos
propostos, todos demonstraram semelhanças nos resultados, para
realização das analises por CZE houve menor consumo de reagentes,
menor custo e tempo de análise.
ARELLANO et al., 1996, determinaram ácidos orgânicos tais como o
oxálico, tartárico e cítrico em amostras de vinhos branco, vermelho e em
sucos maçã, por meio da eletroforese capilar de zona. Após otimização, o
sistema empregou solução eletrolítica com 3 mmol/L 1,2,4,5-ácido
tetracarboxílicobenzoico (PMA), 3 mmol/L ácido etilenodiaminotetracético
(EDTA), pH= 7,5. Utilizou-se um capilar de lica fundida de 45 cm de
comprimento, sendo 7 cm de comprimento efetivo x 75 µm de diâmetro
interno, detecção a 220 nm, voltagem de separação de 20 kV (7,4 µA). Os
autores relataram que todos os ânions tiveram um menor tempo de análise
ao utilizar 3 mmol/L de PMA, 20 kV, e temperatura constante em 30 ºC. Para
34
condicionamento do capilar, utilizou-se hidróxido de sódio (NaOH) a 0,1
mol/L por 1 min, água 1 min, solução tampão por 2 min, a injeção foi
hidrodinâmica por 2 s. O ácido tartárico foi encontrado somente nas
amostras de vinho branco e vermelho. Para validação do método, avaliou-se
a precisão que foi <0,54% (n=18), limite de detecção de 0,006 a 1,072 mg/L,
limite de quantificação de 0,020 a 3,574 mg/L, o método foi linear de 0,1 a
100 mg/L, para os ânions em estudo, com coeficientes de correlação maior
do que 0,99.
CHOI et al., 1997, analisaram o L – aa presente em chocolates,
doces, biscoitos, alimentos balanceados, em vegetais, e sucos de frutas,
como o suco de laranja, kiwi e maçã. Posteriormente, compararam os
resultados com os resultados obtidos por cromatográfica líquida de alta
eficiência (HPLC) e por um método enzimático empregando o reagente 2,4-
dinitrofenilhidrazina (DNP). As condições eletroforéticas utilizadas foram:
capilar de sílica fundida de 37 cm de comprimento total e 57 µm de d.i., com
tampão borato de sódio pH 8,0, comprimento de onda de 245 nm e campo
elétrico de 556 V/cm. O tempo de análise foi de 2 min, com o coeficiente de
variação que variou de 0,5 a 1,2%, e coeficiente de correlação de 0,9930 e
recuperação entre 95 a 98,6%. A partir dos resultados obtidos, constatou-se
que a CZE apresentou menor tempo de análise, cerca de 2 min enquanto
que a HPLC gastou 15 min e o método enzimático (DNP) apresentou o
maior tempo, cerca de 360 min. Concluiu-se que a CZE apresentou
vantagens significativas em relação ao tempo necessário para a análise
química, maior precisão em relação ao método enzimático DNP, e
principalmente um menor custo por análise.
FUKUSHI et al., 1997 determinaram L –aa em amostras de vegetais
tais como espinafre, nabo e salsa, utilizando eletroforese capilar de zona, em
menos de 9 min, com detecção na região do UV (λ = 270 nm), 25 °C. Um
volume de 12 nL de amostra foi injetada por 3 s, o capilar foi de sílica
fundida com 72 cm de comprimento (50 cm efetivo) e 20 kV, 50 µm d.i.x 375
d.e. Para a escolha do tamanho do capilar e da voltagem aplicada, analisou-
se a eficiência do método, medidos em pratos teóricos de duas condições.
Primeira: 15 kV, comprimento do capilar 54 cm (25 cm efetivo), segunda: 20
35
kV, comprimento do capilar 70 cm (50 cm efetivo). A segunda condição foi
escolhida por apresentar um maior número de pratos teóricos (96000) em
relação a primeira (83000). A solução tampão continha 20 mmol/L de
tetraborato de sódio como eletrólito de separação, pH 9,2. Para a extração
do L – aa, 2 gramas do vegetal em estudo foram homogeneizados com 4 mL
de triuréia a 2%, e em seguida adicionaram-se 14 mL de ácido hidroclórico a
10 mmol/L, ficando em repouso por 15 min, homogenizou-se a mistura e a
centrifugou (3000 rpm) por 5 min. A suspensão era filtrada (0,45 µm) e
injetada em seguida. O método proposto demonstrou ótimos valores de
recuperação (97 a 104%).
O trabalho discutido por HORIE et al., 1998, determinou e quantificou
os ácidos oxálico, cítrico, fluorídrico, málico, aspártico, glutâmico e cínico em
chá verde e em chá preto, utilizando eletroforese capilar de zona,em menos
de 6 min, com detecção no UV (λ = 254 nm) temperatura de 20 ºC. Para
preparação das amostras a serem analisadas, 3 gramas da folha foram
fervidos com água (180 mL) por 3 min, e posterior filtração. Logo após,
foram adicionados 0,25 mmol/L do ácido etilenodiaminotetraacético
dissódico, para reduzir a influência de algum metal. O capilar foi de sílica
fundida, com 57 cm de comprimento (360 µm diâmetro externo- x 75 µm d.i),
as amostras eram injetadas por pressão durante 5 s e a voltagem de 20 kV.
O pré-condicionamento do capilar era feito com a passagem constante de
ácido hidroclórico a 0,1 mol/L, hidróxido de sódio a 0,1 mol/L e a solução
tampão que continha 10 mmol/L de cromato, como eletrólito de separação,
0,5 mmol/L brometo de tetradeciltrimetilamônio como inversor do fluxo
eletroosmótico. Validou-se o método analisando o coeficiente de variação, o
qual ficou entre 0,40 a 0,83% para o tempo de migração, e de 0,93 a 3,53%
para a área do pico, o método foi linear na faixa de trabalho correspondente
(0,2-1000 mg/L). A recuperação variou de 97 a 105% para o chá verde, e de
97 a 102% para o chá preto.
SOGA et al., 1999, demonstraram a separação simultânea de ácidos
orgânicos, oxálico, fumárico, tartárico, málico, cítrico, acético e láctico, e de
metais utilizando EDTA como agente complexante. O fluxo eletroosmótico foi
invertido e empregou 2,6-ácido piridinodicarboxílico (PDC) como solução de
36
separação. Os ácidos e os complexos foram detectados por UV em
amostras de banho de chaparia. Neste estudo, foram utilizados dois
eletrólitos de separação, um contendo PDC com adição de EDTA, e outro
contendo ftalato. Usando a primeira solução tampão, houve separação
completa dos ácidos orgânicos em 15 min. Os melhores resultados, em
termos de tempo de análise e perfil do pico, foram obtidos quando utilizou-se
solução contendo 20 mmol/L de PDC com 0,5 mmol/L (CTAB) como inversor
do fluxo eletroosmótico. A separação dos ácidos orgânicos foi estudada
variando-se o pH da solução de separação de 3,6 a 6,4. Observou-se um
aumento de mobilidade para todos os ácidos com o aumento do pH até 5,7,
permanecendo constante até 6,5. O CV (n=6), para o tempo de migração
variou de 0,12% a 0,16% e para a área do pico a variação foi de 1,1% a
3,9%. A curva de calibração foi linear para todos os analitos numa
concentração de 10 a 100 mg/L, com valor mínimo de coeficiente de
correlação de 0,9920, e o maior valor do limite de detecção foi 1,9 mg/L.
Em 2000, SAAVEDRA et al., propuseram um sistema eletroforético
capilar de zona para determinação e quantificação de 4 ácidos orgânicos
(isocítrico, málico, tartárico e cítrico) em sucos de laranja, dentre eles, os
autores realçaram os ácidos tartárico e cítrico como sendo característicos
dos sucos de laranja. Para a preparação da amostra, foi necessário uma
filtração do líquido extraído da fruta, e filtrado em seguida com um filtro de
0,45 µm, e diluído com água destilada 1:1 (v/v). As separações foram
realizadas em um capilar de sílica fundida com 57 cm de comprimento total,
50 µm de diâmetro interno, a detecção foi feita na região ultravioleta a 200
nm, a injeção foi feita no modo hidrodinâmico, com auxílio de pressão
constante de 5 s, e a voltagem de separação foi de 14 kV. Para a escolha do
tampão, fez-se um estudo utilizando 200 mmol/L do ácido fosfórico, com
adição de hidróxido de sódio, num intervalo de pH de 3,0 a 8,0 (
=0,5). As
melhores respostas em termos de simetria de pico e precisão foram obtidas
utilizando-se a solução tampão no pH 7,5. Segundo os parâmetros de
validação, o método proposto mostrou-se linear nas faixas de trabalho
consideradas, com coeficientes de correlação maior que 0,9900. Os testes
de recuperação variaram de 97 a 104% para todos os analitos, e o
37
coeficiente de variação ficou entre 3,3 a 4,0%. Para avaliar a precisão do
método proposto, os autores trabalharam com 24 soluções padrão, e
analisaram 44 amostras de sucos de laranja obtidas num supermercado
local. As quantidades dos ácidos orgânicos encontradas nos sucos de
laranja foram: Ácido isocítrico de 0,3920 a 0,8380 g/100mL, ácido málico de
0,0008 a 0,0210 g/100mL, ácido tartárico de 0,1100 a 1,3400 g/100mL, ácido
cítrico de 0,0650 a 0,1120 g/100mL, o limite de detecção variou de 0,002 a
0,009 g/L, para todos os ácidos.
CASTIÑEIRA et al., 2000, desenvolveu um método eletroforético de
zona para identificar e quantificar ácido tartárico, málico, succínico, acético e
láctico em amostras de vinhos, diluindo-os de 1:40 com água destilada, e
filtrando as amostras em seguida com um filtro de 0,45 µm. O sistema ficou
definido após a otimização da concentração do eletrólito de separação, pH e
concentração do inversor do fluxo. As análises foram realizadas em um
capilar de sílica fundida de 60 cm de comprimento total e 75 µm de diâmetro
interno, comprimento de onda de 185 nm, 20 kV, injeção hidrodinâmica por
30 s. Para a escolha do eletrólito, analisou-se o perfil do pico de todos os
ácidos orgânicos, nas seguintes condições: Primeira 10 mmol/L do ácido
bórico + 0,5 mmol/L de brometo de tetracetiltrimeilamonium (MTAB) em pH
de 6,0 a 6,5, voltagem de 20 kV, injeção hidrodinâmica por 20 s (λ = 254
nm), segunda 10 mmol/L do ácido benzóico + 0,5 mmol/L de MTAB em
pH de 6,0 a 6,5, voltagem de 20 kV, injeção hidrodinâmica por 20 s e
detecção a 185 nm; terceira – 10 mmol/L de NaH
2
PO
4
/Na
2
HPO
4
+ 0,5
mmol/L MTAB em pH de 6,0 a 6,5, voltagem de 20 kV, injeção hidrodinâmica
por 20 s e detecção a 185 nm; quarta 10 mmol/L de ácido fitálico + 0,5
mmol/L MTAB em pH de 6,0 a 6,5, voltagem de 20 kV, injeção hidrodinâmica
por 20 s e detecção a 254 nm; quinta 10 mmol/L de ácido sórbico + 0,5
mmol/L MTAB em pH de 6,0 a 6,5, voltagem de 20 kV, injeção hidrodinâmica
por 20 s e detecção a 214 nm. A partir desse estudo, escolheu-se a terceira
condição (10 mmol/L de NaH
2
PO
4
/Na
2
HPO
4
+ 0,5 mmol/L de MTAB em pH
de 6,0 a 6,5, voltagem de 20 kV, injeção hidrodinâmica por 20 s e detecção a
185 nm) por apresentar os melhores perfis de picos, eficiência na resolução
e linha de base estável. Para a escolha do pH, trabalhou-se com o eletrólito
38
de separação NaH
2
PO
4
/Na
2
HPO
4
em λ = 185 nm, variando o pH de 5,5 a
7,0, sendo que o os melhores resultados, em termos de simetria de pico,
foram alcançados utilizando pH 6,5. Para a escolha da concentração do
eletrólito de separação, estudou-se a mobilidade dos analitos em soluções
eletrolíticas contendo de 3 a 10 mmol/L do NaH
2
PO
4
/Na
2
HPO
4
. A partir dos
resultados obtidos, percebeu-se que houve uma diminuição da mobilidade
dos analitos e um aumento de tempo na análise à medida que aumentou a
concentração do eletrólito de separação, por isso escolheu-se trabalhar com
eletrólito de separação 3 mmol/L. O método proposto consumiu baixa
quantidade de reagentes, com tempo máximo de análise de 6 min. A
reprodutibilidade para área do pico foi de 0,40 a 0,96% (n=10), e para tempo
de análise foi de 0,94 a 1,06% (n=10). O limite de detecção foi de 0,015 a
0,054 mg/L, e o limite de quantificação foi de 0,050 a 0,178 mg/L, a o
método proposto mostrou-se linear para todos os analitos até 50 mg/L, com
coeficiente de variação de 0,9993 a 0,9999.
Os trabalhos que analisaram ácidos orgânicos em sucos de frutas
frescos ou em sucos industrializados, ou ainda em amostras de bebidas
fermentadas, através da CZE, demonstraram muita facilidade na preparação
das amostras a serem analisadas, eram somente filtração e diluição com
água destilada, diferentemente das análises de ácidos orgânicos por CZE,
realizadas em amostras de plantas ou em chás. O trabalho proposto por
FUNG et al., 2001, deixou bem claro essa diferença, uma vez que os ácidos
oxálico, tartárico e cítrico foram extraídos de plantas da tradicional medicina
chinesa (Flos chrysthemi, Spica prunellae e Folium mori), da seguinte forma:
As plantas foram secas a 40 ºC por 24 h em forno, e armazenadas em um
dessecador, a extração foi realizada com 0,1 mmol/L de hidróxido de sódio
por 20 min, e filtradas posteriormente (0,2 µm). Outro aspecto muito
interessante discutido em seu trabalho foi em relação a escolha da solução
tampão. Os ácidos orgânicos de cadeia curta como o oxálico, tartárico e
cítrico, é minoria em relação a outros ácidos de cadeia longa (presente em
plantas) os quais possuem grandes semelhanças nas suas mobilidades,
para diferenciar essas mobilidades estudou-se primeiro o efeito de vários
aditivos para supressão do fluxo eletroosmótico, e o melhor resultado foi
39
quando usou 1,5 mmol/L tetraetilenopentamino (TEPA), com essa
concentração alguns ácidos tiveram problemas de co-migração, os quais
foram resolvidos ajustando o pH até 8,4, para melhorar ainda mais a
diferença de mobilidade entre eles, utilizou-se solução tampão contendo
20% de metanol, portanto as melhores condições da solução tampão para
separação e quantificação dos analitos foram: 3 mmol/L de 1,3,5-ácido
benzenotricarboxílico (BTA), 15 mmol/L tris(hidroximetil)aminometano, 1,5
mmol/L tetraetilenopentamino pH 8,4, ajustado com hidróxido de lítio e 20%
de metanol. O capilar foi de sílica fundida 65 cm de comprimento x 75 µm
d.i., 18 kV de voltagem, corrente de 6 µA, injeção da amostra hidrodinâmica
a 8 cm por 25 s e absorção dos analitos na região do UV (254 nm). O
método apresentou bons resultados nos parâmetros de validação, sendo
que o limite de detecção variou de 90 a 190 mg/g, a repetibilidade foi de 4,47
a 6,99%, n=4.
CASTIÑEIRA et al., 2002 discutiram sobre a determinação e
quantificação de cinco ácidos orgânicos, tartárico, málico, acético, succínico,
e láctico em amostras de vinho em menos 7 min, utilizando a eletroforese
capilar de zona, com detecção na região do UV (λ = 215 nm), injeção da
amostra por 30 s. As amostras foram preparadas a partir de uma simples
filtração (0,45 µm) e posterior diluição, seguindo a proporção de 1:40
(vinho/água ultra pura). O capilar utilizado foi de sílica fundida com 60 cm de
comprimento total (75 µm d.i), detecção on-colunm, com polaridade
invertida. O condicionamento do capilar ocorreu com a passagem constante
de NaOH a 0,1 mol/L durante 5 minutos, água ultra pura durante 10 min e a
solução tampão por 10 min.
Fatores como pH, concentração do eletrólito de separação, e do
inversor do fluxo eletroosmótico, foram fundamentais para a escolha da
solução tampão. Empregaram-se duas soluções tampão, uma contendo
fosfato e a outra ácido fitálico, da seguinte forma: Para a escolha do pH,
estudaram-se as soluções numa faixa de pH de 5,5 a 7,0, sendo que os
melhores resultados foi de 6,5 para a solução tampão que continha fosfato, e
de 6,1 para a que continha ácido fitálico, para a escolha da concentração do
eletrólito de separação, trabalhou-se com fosfato em concentrações de 3 a
40
10 mmol/L, e com ácido fitálico em concentrações de 5 a 10 mmol/L, as
melhores respostas em termos de sensibilidade/tempo, se deu quando
utilizaram-se 3 mmol/L para a solução contendo fosfato e 7 mmol/L para a
solução contendo ácido fitálico. No que se refere a quantidade do inversor
do fluxo eletroosmótico (MTAB), estudou sua concentração em 0,5 e 2,0
mmol/L, na solução que continha fosfato, enquanto que na solução que
continha ácido fitálico, as concentrações do inversor foram de 0,5 e 3,0
mmol/L. Para o uso de metanol, estudou-se, em ambos os casos, a
mobilidade dos ácidos, na presença de metanol até 20% (v/v). Os autores
puderam perceber a diminuição da mobilidade de todos os ácidos orgânicos.
Para a solução contendo fosfato, o uso de metanol não foi eficiente, uma vez
que os analitos tiveram mobilidades muito próximas. Para a solução que
continha o ácido fitálico, o uso de 5% de metanol favoreceu uma boa
diferença de mobilidade entre todos os ácidos, logo as melhores condições
das soluções tampão foram: Primeira solução tampão continha 3 mmol/L
fosfato como eletrólito de separação e 0,5 mmol/L (MTAB) como inversor do
fluxo eletroosmótico, pH 6,5, tempo de análise menos de 6,5 min. Segunda
solução tampão continha 7 mmol/L de ácido fitálico como eletrólito de
separação, 2 mmol/L de (MTAB) como inversor do fluxo eletroosmótico e 5%
de metanol, para diminuir a mobilidade dos analitos, e pH 6,1 o qual
possibilitou que os ácidos fossem analisados em 7,0 min. Tanto com o uso
da primeira solução tampão, quanto da segunda, os ácidos apresentaram
boa formação e simetria no perfil dos picos, porém, escolheu-se a primeira
solução por apresentar uma maior sensibilidade. Validou-se o método
proposto com análises de recuperação que ficou entre 98 a 107%, precisão
para o tempo de migração (0,94 a 1,06%) e para a área do pico (0,40 a
0,96%), O limite de detecção foi de 0,015 e 0,054 mg/L.
XU et al., 2002, identificaram e quantificaram ácidos orgânicos como
oxálico, tartárico, málico e cítrico em amostras de extratos de plantas, em
menos de 6,5 min, utilizando um sistema eletroforético de zona, com
detecção na região do UV (λ = 190 nm), capilar de sílica fundida com 75 cm
de comprimento (70,4 cm efetivo x 50 µm d.i.), injeção hidrodinâmica por 10
s, 25 ºC, 20 kV de voltagem se separação, solução tampão contendo 30
41
mmol/L de fosfato de sódio como eletrólito de separação, 1 mmol/L de
tetradeciltrimetilamônio como inversor do fluxo eletroosmótico e 20% (v/v)
acetonitrila como solvente orgânico, pH 6,5. Os ácidos orgânicos foram
obtidos a partir da extração com de 0,1 g da do extrato de planta com 5 mL
de água destilada a 50 ºC por 60 min, em seguida a solução era
centrifugada e a suspensão filtrada em um filtro de membrana de 0,45 µm. O
método proposto mostrou-se linear entre 0,01 a 1,00 mmol/L, dependendo
do ácido estudado, o limite de detecção variou de 1,0 a 8,0 mmol/L, e o
coeficiente de variação para a área do pico foi de 1,9 a 3,6%.
Alguns analitos possuem mobilidades idênticas, e esta característica é
prejudicial na separação entre eles, porém, para diferenciar estas
mobilidades pode-se utilizar um solvente orgânico. Os trabalhos propostos
por WU et al., 1995 e FUNG et al., 2001, discutiram sobre a importância de
se utilizar um solvente orgânico para diferenciar a mobilidade entre alguns
analitos, para que migrassem em tempos distintos. Mais uma vez, FUNG et
al., 2003, discutiram sobre essa importância, utilizando o
tetraetilenopentamino (TEPA), como solvente orgânico, para evitar qualquer
problema de co-migração entre os ácidos orgânicos em estudo. O método
eletroforético de zona proposto, com polaridade e fluxo invertido, possibilitou
a determinação de ácidos orgânicos tais como tartárico, cítrico, acético,
láctico e ascórbico em sucos de laranja e em vinhos em menos de 14 min,
com injeção de amostra em torno de nanolitros. As amostras foram obtidas a
partir de uma simples filtração (0,45 µm) e posterior diluição de 1:50 (v/v). A
solução tampão continha 3 mmol/L de 1,3,5-ácido benzenotricarboxílico
(BTA), 15 mmol/L tris(hidroximetil)aminometano e 1,5 mmol/L
tetraetilenopentamino (TEPA) pH 8,4, ajustado com hidróxido de lítio. O
capilar foi de sílica fundida 65 cm de comprimento x 0,05 mm d.i., 25 kV de
voltagem, corrente de 0,006 mA, injeção da amostra hidrodinâmica a 8 cm
por 20 s e absorção dos analitos na região do UV (240 nm). O método
proposto apresentou ótimos resultados de repetibilidade para o tempo de
migração (0,27 a 0,67%, n=5), e boa precisão para a altura do pico (3,2 a
4,2%, n=5) e área (3,1 a 4,5%, n=5), os coeficientes de correlação foram
42
maiores do que 0,997, para uma faixa de trabalho de 0,005 a 2,000 mmol/L,
O limite de detecção foi de 1 a 4 mmol/L.
O trabalho de GALLI et al., 2004, demonstra como a CZE vem se
consolidando como técnica analítica para o controle de qualidade de ácidos
orgânicos em frutos. Os autores propuseram a determinação de ácidos
orgânicos em amostras de frutos do cafeeiro. Com o sistema proposto foram
separados e determinados 17 ácidos orgânicos, dentre eles, o ácido oxálico
e o cítrico, ambos extraídos do café em da seguinte forma: As amostras
de café foram misturadas com água por 10 min e centrifugadas numa
rotação de 2700 rpm por 5 min e filtradas num filtro de náilon com 0,22 µm.
O estudo foi feito em amostras de café verde e café torrado. As condições
eletroforéticas utilizadas foram as seguintes, 500 mmol/L de ácido bórico
como eletrólito de separação pH 6,2, 0,5 mmol/L de brometo de
cetiltrimetilamônio (CTAB), capilar de sílica fundida de 57 cm de
comprimento total e 50 µm de d.i., voltagem de separação foi de -10 kV (115
µA), injeção hidrodinâmica com pressão de 0,035 bar por 5 s, e detecção em
200 nm. A separação de todos os analitos ocorreu num tempo de 17,5 min,
sendo que o ácido oxálico foi identificado em 8,5 min e o ácido cítrico em 11
min aproximadamente. Para validação da metodologia proposta, avaliaram-
se as características analíticas tais como a linearidade, que variou de 0,050
a 8,000 mmol/L, a exatidão (recuperação), que ficou entre 92 a 101%, a
precisão (CV) no mesmo dia 1,3 a 22,8% e em dias diferentes 2,0 a 29,3%,
confirmando dessa forma bons resultados, quanto aos métodos de validação
propostos.
A CZE também foi empregada por VICKERS et al., 2007, para análise
de ácido tartárico em alimentos como: cacau, limonada, xarope de açúcar,
bolo madeira e biscoitos. As amostras foram preparadas da seguinte forma:
o cacau foi misturado a água destilada na proporção de 1:2 (m/v), até virar
uma pasta e em seguida foram adicionados 100 mg/L do ácido tartárico,
uma garrafa de limonada foi comprada e degaseificada com um banho ultra-
som e adicionado 1 g do ácido tartárico a 11 g da limonada, permanecendo
congelados até a análise, 600 g de açúcar foram misturados a 400 mL de
água e adicionando-se 3,75 g do ácido tartárico, o bolo madeira e os
43
biscoitos foram preparados em laboratório, e avaliaram o percentual de
ácido tartárico perdido durante o cozimento. As amostras a serem
analisadas foram obtidas com a extração a partir de 5 g de cacau, bolo
madeira, biscoitos e limonada, e 2 gramas do xarope de açúcar, as amostras
foram colocadas em balões volumétricos de 100 mL e adicionados 80 mL de
água destilada, ficando por 10 min em banho ultra-som, sendo
posteriormente filtradas e analisadas Para realização desse experimento,
utilizou-se um sistema eletroforético, nas seguintes condições: polaridade e
fluxo eletroosmótico invertidos, voltagem de 14 kV, a 22 ºC, com absorção
na região do ultravioleta (λ = 214 nm). A injeção foi feita no modo
hidrodinâmico numa pressão de 0,5 psi por 5 s. A solução tampão continha
200 mmol/L de fosfato pH 7,5 (preparada com ácido fosfórico e hidróxido de
sódio). O capilar foi de lica fundida 66 cm de comprimento total, sendo 56
efetivos e 50 µm de diâmetro interno. O condicionamento do capilar entre as
injeções, ocorreu com injeção de água por 2 min, solução tampão por 2 min
sob pressão de 20 psi, o ácido em estudo foi identificado e quantificado em
menos de 12 min, em todas as amostras analisadas, o limite de detecção foi
de 10 µg/mL e a recuperação ficou numa faixa entre 80 a 100%. Percebeu-
se que houve perda de 20 e 14% do ácido tartárico nas amostras do bolo
madeira e nos biscoitos, respectivamente, durante o processo de cozimento.
MATO et al., 2007, identificaram e determinaram o ácido tartárico e o
cítrico em suco de uva, vinho branco, rosa e vermelho. As amostras dos
sucos de uva e vinho foram diluídas com água destilada nas seguintes
proporções: sucos de uva (0,3mL para 100mL), vinho (0,5mL para 100mL),
em seguida filtradas em papel de filtro com 0,5 µm, e analisadas. Os autores
trabalharam com duas amostras de sucos de uva, e seis amostras de vinho,
sendo que nas amostras de vinho analisou-se duas de cada espécie,
branco, rosa e vermelho. Todos os ácidos tiveram um tempo de migração
menor do que 3 min. Para realização deste trabalho, empregou-se capilar de
sílica fundida com 60 cm de comprimento total, sendo 52,5 cm de
comprimento efetivo, e 75 µm de d.i., a detecção foi feita a 185 nm. A
amostra foi introduzida no capilar de forma hidrodinâmica por gravidade,
numa altura de 10 cm durante 30 s, e voltagem de 25 kV, a 25 °C, o tampão
44
constituía uma mistura contendo 7,5 mmol/L NaH
2
PO
4
, 2,5 mmol/L Na
2
HPO
4
como eletrólito de separação, junto a 2,5 mmol/L de TTAOH (hidróxido de
tetradeciltrimetilamônio) como modificador do fluxo eletroosmótico e 0,24
mmol/L de CaCl
2
como modificador de seletividade e pH 6,40. O método
proposto foi validado considerando o limite de detecção que variou de 0,05 a
0,38 mg/L, limite de quantificação variou de 0,29 a 1,31 mg/L, a precisão,
avaliada com os resultados obtidos no mesmo dia, foi menor do que 3,69%
(n=5), e entre dias diferentes foi <3,98% (n=3), a recuperação variou de 92,7
a 105,8%. As curvas de calibração foram montadas pelo método de
calibração de padrão externo, sendo que os coeficientes de correlação foram
maiores do que 0,9996.
O sistema proposto por TANG et al., 2007, identificou e determinou
ácido cínico, anísico, salicílico, benzóico e o L aa, em amostras de molho
de soja e vinagre, as amostras de vinagre foram preparadas com uma
simples diluição com água destilada 1:10 (v/v), enquanto que as amostras de
molho de soja foram misturados com tetracloreto de carbono (CCl
4
) 1:3 (v/v)
e centrifugados por 10 min, o extrato líquido foi descartado e a fase aquosa
foi diluída com água destilada 1:10 (v/v). A solução de separação empregou
20 mmol/L de ácido bórico + 20 mmol/L de hidróxido de sódio como eletrólito
de separação, 20 mmol/L de brometo de tetradeciltrimetilamônio (TTAB)
como inversor do fluxo eletroosmótico e pH 8,8. Para a escolha da
concentração do inversor do fluxo, e para a escolha do tipo de eletrólito
utilizado nas diferentes proporções junto ao hidróxido de sódio, foram
avaliados os seguintes parâmetros: o perfil do pico, o menor tempo de
análise e a melhor resolução. Esses parâmetros foram avaliados a partir dos
seguintes estudos: Variação da concentração do inversor do fluxo em 0, 5,
10, 15, 20 e 25 mmol/L, mantendo-se constante em 20 kV a voltagem de
separação, 8 s de injeção hidrodinâmica por gravidade com 8 cm de altura, e
comprimento de onda em 240 nm. Para validação do método, avaliaram-se a
linearidade, reprodutibilidade, limites de detecção e quantificação e a
recuperação dos ácidos. Esse último variou de 98,2 a 99,2%, enquanto que
o coeficiente de variação ficou numa faixa entre 2,60 a 2,97%, os quais
demonstraram eficiência e exatidão na técnica aplicada.
45
SANTALAD et al., 2007, determinaram ácidos orgânicos tais como
oxálico, tartárico, cítrico, entre outros, totalizando 11 ácidos, em amostras de
sucos de frutas, vegetais e em vinhos por CZE em 12 minutos. Neste
estudo, os autores empregaram solução tampão borato contendo 30 mmol/L
pH 10,0 e 100 mmol/L de acetonitrila. Previamente as análises, as amostras
receberam 2-nitrofenilhidrazina para derivatização dos ácidos orgânicos.
Para separação, os autores empregaram 20 kV, injeção por 5 s a 0,5 psi e
detecção em 230 nm. A amostra foi filtrada em 0,45 µm e diluída com água
destilada antes das análises. A adição de acetonitrila a solução de
separação aumentou o tempo de migração dos analitos e melhoria na
resolução dos picos. Considerando as características analíticas do método
proposto, o desvio padrão relativo foi < 4% pra o tempo de migração e <5%
para a área do pico. Os coeficientes de correlação foram >0,999 e o limite de
detecção variou de 2 a 10 mg/L e o de quantificação variou de 10 a 20 mg/L.
As porcentagens de recuperação variaram entre 81,7 a 112,4%.
PERES et al., 2009, determinaram e quantificaram 6 ácidos orgânicos
em 23 amostras de vinhos, produzidos e comercializados no Brasil, dentre
eles o ácido tartárico e o ácido cítrico, os quais são fundamentais no
processo de maturação, estabilidade microbiana, e em suas propriedades
organolépticas. As análises foram realizadas com o uso de um capilar de
sílica fundida, com 57 cm de comprimento, sendo que 50 cm efetivo, 75 µm
de d.i. e 375 µm de d.e., a detecção dos analitos ocorreu na região do
ultravioleta em 254 nm, todas as amostras foram diluídas com água
destilada 1:5 (v/v), filtradas com um papel de filtro de 0,45 µm e analisadas
em seguida. Para a escolha da solução tampão, testaram-se soluções que
continham de 5 a 20 mmol/L do eletrólito de separação contendo ácido 3,5-
dinitrobenzoico (DNB), ajustando o pH para 3,6 com ácido clorídrico (HCl),
fixando a concentração do inversor do fluxo eletroosmótico (CTAB) em 0,2
mmol/L. De acordo com o perfil de pico, e boa formação de linha de base,
utilizou-se nas análises uma solução tampão que continha 10 mmol/L ácido
3,5-dinitrobenzoico (DNB) pH 3,6 e 0,2 mmol/L de CTAB. Para validação do
método proposto, estudou-se a linearidade, que ficou numa faixa de 6 a 285
mg/L com coeficiente de correlação maior 0,9901, limite de detecção de 0,64
46
a 1,65 mg/L, limite de quantificação de 2,12 a 5,15 mg/L, o tempo de
migração para todos os ácidos foi menor que 5,5 min, sendo que o tempo de
migração do ácido tartárico foi < 3 min e para o ácido cítrico foi <5 min. O
coeficiente de variação ficou variou de 0,1 a 3,95% (n=3) e as recuperações
variaram entre 95 a 102%, as amostras analisadas mostraram uma grande
variação entre as quantidades de ácidos orgânicos, principalmente do ácido
tartárico, 1023 a 2212 mg/L. Os autores determinaram, em apenas uma
amostra, uma quantidade superior a 1 g/L de ácido acético. Uma quantidade
tão alta evidencia adulteração do vinho.
Percebeu-se que para análise de ácidos orgânicos em sucos de frutas
frescos, ou sucos de frutas industrializados por ECZ, a matriz foi obtida a
partir de uma simples extração com posterior diluição, tem-se na Tabela 3,
resumos com essas análises. Além do método eletroforético, metodologias
de CLAE foram publicadas e podem ser encontradas na literatura para a
determinação simultânea de ácidos orgânicos nos sucos de frutas e em
gêneros alimentícios (HERNÁNDEZ et al., 2006; VIGNOLI et al., 2007;
SCHERER et al., 2008; QUIRÓS et al., 2009; HERNÁNDEZ et al., 2009).
Para essas análises, as amostras foram preparadas extraindo inicialmente
os ácidos com água, etanol ou outro solvente orgânico, com posterior
diluição e filtração. Resumo de trabalhos discutindo essas análises são
mostrados na Tabela 4.
47
Tabela 3 Estudos para a determinação dos principais ácidos orgânicos em
sucos de frutas e gêneros alimentícios utilizando eletroforese capilar de zona
BGE – Eletrólito de separação.
Ácidos Matriz BGE/Tempo de análise Referências
1, 2, 3, 4,
5, 6, 8, 9,
10
alimentos e
bebidas
5 mmol/L trimetilato 1
mmol/L de (TTAB) pH 9,0 /
10 min
WU et al.,
1995
5 sucos de
frutas nativas,
bebidas de
frutas e
formulações
farmacêuticas
20 mmol/L tampão fosfato
pH 8,0 / 8 min
SCHIEWE et
al., 1995
1 beterraba,
brócolis,
cenoura e aipo
10 mmol/L cromato de sódio,
4 mmol/L anion-BT, 10 %
metanol pH 8,0 / 5 min
TREVASKS et
al.,1995
1, 2, 3, 4, 6
alimentos e
amostras de
bebidas
3 mmol/L PMA – 3 mmol/L
DETA pH 7,5 / 11 min
ARELLAN, et
al.,1997
5 vegetais como
espinafre,
nabo e salsa
20 mmol/L tetraborato de
sódio pH 9,2 / menos de 5
min
FUKUSHI et
al., 1997
5 vegetais,
sucos de
frutas e
drinques
Tampão borato de sódio pH
8,0 / 2 min
CHOI et al.,
1997
1, 3, 6, 9 chá 10 mmol/L de cromato, 0,5
mmol/L (TTAB) e 0,1 (EDTA)
em ajuste do pH / 5,5 min
HORIE et al.,
1998
1, 2, 3, 4,
6, 8
amostras de
banho de
chaparia
20 mmol/L de PDC com 0,5
mmol/L (CTAB) pH 6,5 / 15
min.
SOGA et al.,
1999
2, 4, 6, 8 vinho
3 mmol/L fosfato, 0,5 mmol/L
MTAB pH 6,5 / 6 min
CASTIÑEIRA,
et al., 2000
2, 3, 6 suco de
laranja
200 mmol/L fosfato pH 7,5 /
11 min
SAAVEDRA,
et al., 2000
1, 2, 3, 6 sucos de
maçã, uva,
pêra e laranja
15 mmol/L fosfato, 0,4
mmol/L brometo de
cetilpiridina (CPB) 20 mmol/L
β-ciclodextrina / 7,5 min
YANG et al.,
2000
48
1, 2, 3, 8 plantas
medicinais
15 mmol/L
tris(hidoximetil)aminometano,
3 mmol/L ácido 1,2,3-
benzenotricarboxilíco 1,5
mmol/L (TEPA)
tetraetilenopentamino, 20%
de metanol, pH 8,4 / ‹ 20 min
FUNG et al.,
2001
1, 2, 6 sucos de uva 180 mmol/L fosfato 1 mmol/L
de (CTAB) 15 % (v/v)
metanol pH 7,2 / 7 min
VORARAT et
al., 2002
2, 4, 6, 8 vinhos 3 mmol/L fosfato e 7 mmol/L
de ácido fitálico pH 6,1 / 6
min
CASTIÑEIRA
et al., 2002,
3, 4, 5, 6, 8
vinho branco,
vinho
vermelho e
suco de
laranja
3 mmol/L ácido 1,2,3-
benzenotricarboxilíco, 15
mmol/L
tris(hidoximetil)aminometano,
1,5 mmol/L (TEPA)
tetraetilenopentamino, pH
8,4 / menos de 14 min
FUNG et al.,
2003
2, 3, 4, 6, 7
café 500 mmol/L tampão fosfato.
0,5 mmol/L CTAB pH 6,25 /
18 min
GALLI et al.,
2004
5 suco de uva 60 mmol/L tampão borato,
pH 9,0 / 18 min
WU et al.,
2007
1, 3, 4, 6, 7
extratos de
plantas
0,01 mmol/L trimetilato,
0,0003 mol/L TTAB pH 9,0 /
2 min
RIVASSEAU
et al., 2006
2, 3, 4, 6 suco de uva e
vinho
7,5 mmol/L NaH
2
PO
4
; 2,5
mmol/L NaH
2
PO
4
, 2,5
mmol/L OFM-OH; 0,24
mmol/L CaCl
2
pH 6,4/3,5 min
MATO et al.,
2007
2 cacau,
limonada,
xarope de
açúcar, bolo
madeira e
biscoitos
200 mmol/L tampão
Na
2
HPO
4
pH 7,5 / 12 min
VICKERS et
al., 2007
11, 12, 13,
14
molho de soja
e vinagre
20 mmol/L NaOH 20 mmol/L
H
3
BO
3
pH 8,8 / 5 min
TANG al.,
2007
2, 3, 4, 6, 8
vinho 10 mmol/L 3,5-ácido
dinitrobenzóico (DNB) 0,2
mmol/L CTAB pH 3,6 / 5 min
PERES et al.,
2009
Dados: Ácido 1-oxálico, 2-tartárico, 3-cítrico, 4-acético, 5-L – aa, 6-málico, 7-
fórmico, 8-láctico, 9-aspártico, 10-glutâmico, 11-salicílico, 12-benzóico, 13-
anísico, 14-sórbico.
49
Tabela 4 Estudos para a determinação dos principais ácidos orgânicos em
sucos de frutas e gêneros alimentícios utilizando cromatografia líquida de
alta eficiência.
Ácido
Orgânico
Matriz Preparação da
amostra
Mecanismo de
separação/
nº de Coluna
/Detecção/tempo de
análise
Referência
2, 3, 4, 6,
7, 8
vinho Diluição
filtração
Exclusão de íon/1/
eletroquímica/15min
CASELA et
al.,2002
2, 3, 8 suco de uva Precipitação
filtração
Exclusão de íon/1/
espectrofotometria
UV/Vis/11min
SOYER et
al., 2003
1, 2, 3, 8, 6 vinho Diluição
filtração
Fase-reversa/
1/indução fotoquímica
e quiluminescência
/30 min
PEREZ-
RUÍZ et al.,
2004
9, 10 gêneros
alimentícios
Extração
filtração
Fase reversa/1/
espectrofotometria
UV/Vis/23 min
SAAD et al.,
2005
5 banana,
mamão,
manga e
abacaxi
Extração
Centrifugação
filtração
Isocrática/1/
espectrofotometria
UV/Vis/ 9 min
HERNÁNDE
Z et al.,
2006
2, 3, 4, 6 café solúvel Dissolução
filtração
Fase reversa
/1/espectrofotometria
UV/Vis/70 min
VIGNOLI et
al.,2007
2, 3, 6, 5 acerola, açaí,
polpas de caju
Diluição
filtração
Isocrática/1/
espectrofotometria
UV/Vis/7 min
SCHERE et
al.,2008
2, 3 tomates Extração
centrifugação
diluição/filtração
Gradiente
/1/espectrofotometria
UV/Vis/ 12 min
SUÁREZ et
al.,2008
1, 2, 3, 6 mamão,
abacaxi
Extração
centrifugação
filtração
Isocrática/1/
espectrofotometria
UV/Vis/ mais de 60
min
HERNÁNDE
Z, et al.,
2009
5 laranja, maçã,
abacaxi,
refrigerantes
de laranja,
limão, chá,
isotônicos e de
cola
Filtração
diluição
Fase reversa
/2/espectrofotometria
UV/Vis/6 min
QUIRÓS et
al.,2009
3, 6, 5 sucos e vinhos
de laranja
Diluição
filtração
Fase isocrática e por
gradiente/1/
espectrofotometria
UV/Vis/20 min
KELEBEKet
al.,2009
Dados: Ácido 1-oxálico, 2-tartárico, 3-cítrico, 4-acético, 5-L – aa, 6-málico, 7-
fórmico, 8-láctico, 9-benzoico, 10-sórbico.
50
6. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
6.1. MATERIAIS E MÉTODOS
O sistema eletroforético usado nas análises foi um sistema caseiro
constituído de:
CE Linear Instruments model 200 detector user manual (San Jose,
CA) (equipado com detector UV-Vis, fonte de alta voltagem CZE 100R
(Spellman modelo CZE 30PN1000); Estação eletroforética (Data Apex
Ltda, USA) acoplada a um microcomputador; Bomba peristáltica com
13 canais Ismatec modelo mp 13GJ-4; Capilar de sílica fundida
(Polymicro) com diâmetro interno 75 µm e externo de 375 µm,
comprimento total 59 cm sendo 23,4 de comprimento efetivo sem
recobrimento interno; frascos com solução de eletrólito, eletrodos de
platina do pólo positivo e negativo, suportes de madeira.
Outros aparelhos e equipamentos também foram utilizados, tais
como:
Balança analítica BEL engeneering mark 210ª classe I;
Medidor de pH Marconi PA 200;
Destilador CIENTEC;
Balão volumétrico (100 mL), vidro de relógio, béquer espátula, proveta
graduada (5, 10, 15, 20 mL) bastão de vidro, garra, suporte, papel de
filtro qualy 0,45 µm, funil de vidro.
51
6.2. SOLUÇÕES E REAGENTES
A limpeza das vidrarias do laboratório foi feita com solução de ácido
clorídrico (HCl) 1 mol/L e água destilada. Para limpeza do capilar foram
empregadas soluções 1 mol/L HCl e 0,1 mol/L NaOH. Outros reagentes
foram: ácido bórico (H
3
BO
3
) PA (Baker, Brasil), brometo de
cetiltrimetilamônio (CTAB) (Vetec, Alemanha), ácido oxálico PA (Vetec,
Alemanha), ácido tartárico PA (Vetec, Alemanha) ácido cítrico anidro PA
(Labsynth, Brasil), ácido gálico (Vetec, Alemanha), ácido ascórbico (F. Maia
Indústria e Comércio LTDA, Brasil), hidróxido de sódio (Merck, Alemanha),
ácido clorídrico PA (ISOTAR, Brasil), metanol (JJ Baker, Brasil) e água
destilada.
A solução tampão, e as soluções padrão dos ácidos, eram preparadas
diariamente antes do seu uso, em alíquotas de 100 mL, e descartadas ao
final do dia.
As soluções de trabalho foram preparadas nas seguintes concentrações:
Ácido bórico (10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100, 150, 200
mmol/L);
Brometo de cetiltrimetilamônio 0,5 mmol/L (CTAB);
Soluções padrão de ácido oxálico, tartárico, cítrico e L aa 0,4000
g/100mL, ácido gálico 0,2000 g/100mL;
As soluções dos ácidos orgânicos utilizadas no preparo das curvas
analíticas foram preparadas a partir da diluição das soluções padrão
nas respectivas proporções: ácido oxálico e L aa 0,0150 g/100 mL,
tartárico e cítrico 0,0250 g/100 mL e o gálico 0,0060 g/100mL;
Solução do branco (100 mmol/L de ácido bórico + 0,5 mmol/L
brometo de cetiltrimetilamônio, pH 10,0 ajustado com hidróxido de
sódio a 0,1 mol/L e ácido clorídrico a 1 mol/L;
Solução de hidróxido de sódio a 0,1 mol/L;
Solução de ácido clorídrico a 1 mol/L.
52
6.3. ESTUDO DAS AMOSTRAS
6.3.1. AQUISIÇÃO DAS AMOSTRAS
O limão e a laranja foram adquiridos em um sítio no povoado
Taperinha dos Gatos Lagarto/SE. A acerola, caju, umbu-cajá e a carambola
foram comprados no mesmo local e dia no supermercado de Aracaju/SE, o
morango e a uva no mercado de Itabaiana. Os sucos industrializados foram
adquiridos em dois supermercados de Aracaju/SE, com o prazo de validade
vigente.
6.3.2. PREPARAÇÃO, DILUIÇÃO, TEMPO, TEMPERATURA DE
ESTOCAGEM DAS AMOSTRAS E NÚMERO DE ANÁLISE
As amostras dos sucos frescos foram preparadas extraindo o suco
espremendo a fruta diretamente sobre o papel de filtro de 0,45 µm (Qualy),
diluídos posteriormente com água destilada nas proporções que variaram de
1:5 no suco de Caju (Anacardium Occidentale ) a 1:50 no suco de limão
(Citrus Limonum), permitindo que os resultados ficassem nas faixas de
trabalho estudadas. A temperatura de estocagem das frutas variou de 0 ºC a
23 ºC, com o intuito de se avaliar o comportamento dos ácidos em
temperaturas distintas, e o seu tempo de estudo correspondia ao tempo que
começava a sua degradação. Durante o estudo, o ácido cítrico foi analisado
20 vezes na laranja (Citrus Sinensis), 9 no umbu cajá (Spondias Cytherea), 3
no morango (Fragaria Vesca) e 17 no limão (Citrus Limonum), o L aa foi
analisado 18 vezes no caju (Anacardium Occidentale ), 20 na laranja (Citrus
Sinensis), 3 no morango (Fragaria Vesca) e 9 na acerola (Malpighia Globra),
o ácido oxálico foi analisado 9 vezes na carambola (Averrhoa Carambola) e
o ácido tartárico 12 vezes na uva (Vitis Vinefera) e 9 na carambola (Averrhoa
Carambola), Tabela 5.
As amostras de sucos industrializados eram obtidas filtrando o suco
diretamente no papel de filtro de 0,45 µm (Qualy), diluídos posteriormente
com água destilada na proporção 1:5. Essas diluições permitiram que os
53
resultados ficassem dentro das faixas de trabalho estudadas. Os sucos
industrializados foram armazenados a 23 ºC, e o tempo de análise variou de
42 dias no suco misto de laranja limão e tangerina a 56 dias no suco de
goiaba como mostrado, onde o ácido cítrico foi analisado 9 vezes no suco
misto de maçã, limão, uva e no suco de goiaba, 6 vezes no suco misto de
laranja limão e tangerina, o L aa foi analisado 12 vezes nos suco misto de
maça, tangerina, laranja, limão e no suco misto de acerola , laranja
enriquecido com L – aa, Tabela 6.
Tabela 5 Diluição, condições e tempo de armazenamento das amostras de
sucos de frutas frescos.
Fruta Diluição
(v/v)
Temperatura
(
ºC
)
estocagem
Dias
estocados
(Ácido orgânico)
Número de
analises
Caju 1:5 0 28 (5) 18
Laranja 1:10 23 34 (3 e 5) 20
Uva 1:10 0 28 (2) 12
carambola 1:15 0 15 (1 e 2) 9
Umbu cajá 1:15 0 15 (3) 9
Morango 1:20 23 - (3 e 5) 3
Acerola 1:25 0 45 (5) 9
Limão 1:50 23 30 (3) 17
Ácidos: 1 – oxálico, 2 – tartárico, 3 – cítrico, 4 – gálico, 5 – L – aa.
Tabela 6 Diluição, condições e tempo de armazenamento das amostras de
sucos industrializados.
Suco Diluição
(v/v)
Temperatura (ºC)
estocagem
Dias
estocados
(Ácido orgânico)
Número de
analises
A 1:5 23 54 (5) 12
B 1:5 23 54 (5) 12
C 1:5 23 42 (3) 6
D 1:5 23 56 (3) 9
E 1:5 23 44 (3) 9
Ácidos: 3 cítrico, 5 L a, A misto de acerola, laranja, enriquecido com
L aa; B misto de maçã, tangerina, laranja e limão; C misto de laranja,
limão e tangerina; D – goiaba; E – misto de maçã, limão e uva.
54
6.4. CONDIÇÕES ELETROFORÉTICAS
6.4.1. METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS
POR ELETROFORESE CAPILAR DE ZONA
Neste trabalho, utilizou-se a eletroforese capilar de zona, com
inversão do fluxo eletroosmótico e da polaridade. Assim, o fluxo
eletroosmótico ocorre do cátodo (-) ao ânodo (+), diferentemente de como
ocorre no fluxo eletroosmótico normal. A injeção foi feita no pólo negativo
(cátodo), inversamente a polaridade normal. Deste modo, foi possível
otimizar a separação dos ânions. A solução de ácido bórico pH 10,0 foi
empregada como eletrólito de separação, possibilitando a formação dos
complexos aniônicos, conforme reação 1.
(1)
Ácido carboxílico ácido bórico complexo formado
Antes das análises, o capilar foi condicionado bombeando-se HCl a 1
mol/L por 5 min, H
2
O por 5 min, NaOH 0,1 mol/L por 10 min e 30 min da
solução tampão contendo 100 mmol/L H
3
BO
3
+ 0,5 mmol/L do CTAB pH
10,0. Para fechar o circuito elétrico, as extremidades do capilar foram
mergulhadas em dois frascos (2mL) contendo a mesma solução tampão de
100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L do CTAB. A voltagem a 8 kV foi
ligada durante cinco minutos para a eletroestabilização, em seguida foi feita
uma corrida empregando apenas a solução tampão (branco), e posterior
introdução da amostra no capilar por gravidade numa altura de 4,5 cm. Os
analitos foram detectados on column (Figura 6) utilizando um detector UV. O
comprimento de onda utilizado foi de 214 nm, devido a absorção dos ácidos
orgânicos na faixa de 200-240 nm (KLAMPFL, C.W., 2007). Os sinais foram
monitorados empregando a estação eletroforética Data Apex Ltda, USA. A
temperatura para a realização das análises foi mantida em 23 °C. As
55
injeções foram feitas elevando a extremidade do capilar em contato com a
solução tampão, onde encontrava o eletrodo de platina (pólo negativo) a
uma altura de 4,5 cm por 30 s. Os suportes de madeira foram usados para
acomodar os frascos que continham a solução eletrolítica. A montagem
desse sistema permitiu avaliar os principais parâmetros envolvidos na
separação dos ácidos orgânicos.
6.4.2. AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DO ELETRÓLITO DE
SEPARAÇÃO
A concentração do eletrólito foi avaliada mantendo-se constantes, o
capilar de sílica fundida com diâmetro interno de 75 µm e externo de 375
µm, comprimento total de 59 cm (23,4 cm efetivo), a temperatura ambiente
foi de 23 ºC, e a solução de separação continha 0,5 mmol/L do CTAB.
Para cada solução preparada, variou-se a voltagem de 2 em 2 kV,
anotando-se o sinal da corrente correspondente (em µA). Posteriormente,
foram obtidos os gráficos I x V para cada solução.
A partir dos resultados obtidos no estudo anterior, a voltagem foi
mantida em 8 kV, neste modo, a corrente foi de 36 µA. A detecção dos
ácidos foi feita em 214 nm, inversão do fluxo eletroosmótico com 0,5 mmol/L
CTAB, inversão da polaridade, tempo de injeção hidrodinâmica por
gravidade de 15 s a 4,5 cm de altura, a concentração do eletrólito de
separação foi avaliada em 100, 150 e 200 mmol/L.
6.4.3. INFLUÊNCIA DO pH DO ELETRÓLITO DE SEPARAÇÃO NO
PERFIL DO PICO
O estudo do pH foi realizado mantendo-se constantes: voltagem de
separação em 8 kV, corrente de 36 µA, detector em 214 nm, e a solução de
ácido bórico 100 mmol/L + 0,5 mmol/L CTAB, polaridade invertida, tempo de
injeção hidrodinâmica por gravidade de 15 s, a temperatura de 23 ºC, o pH
da solução foi variado em 9,0, 10,0, 11,0 e 12,0.
56
6.4.4. INFLUÊNCIA DO TEMPO DE INJEÇÃO SOBRE O PERFIL DO PICO
O estudo do tempo de injeção foi realizado mantendo-se constantes:
voltagem de separação em 8 kV, corrente de 36 µA, detector em 214 nm, e
a solução de ácido bórico 100 mmol/L + 0,5 mmol/L CTAB pH = 10,0 ,
polaridade invertida, injeção hidrodinâmica por gravidade, temperatura de 23
ºC, o tempo de injeção foi variado em 3, 15, 30 e 45 s.
6.4.5. USO DE METANOL NA SOLUÇÃO DE SEPARAÇÃO
O estudo do uso de metanol como solvente orgânico, foi realizado
mantendo-se constantes: voltagem de separação em 8 kV, corrente de 36
µA, detector em 214 nm, e a solução de ácido bórico 100 mmol/L + 0,5
mmol/L CTAB pH= 10,0, polaridade invertida, tempo de injeção
hidrodinâmica por gravidade 15 s (4,5 cm de altura), a temperatura de 23 ºC.
A influência do metanol na solução de separação foi avaliada preparando-se
soluções contendo 5% e 20% (v/v) de metanol.
6.4.6. IDENTIFICAÇÃO DOS PICOS DOS ÁCIDOS ORGÂNICOS
ESTUDADOS
A identificação dos picos foi obtida a partir das soluções preparadas
em soluções mistas. As condições foram mantidas em: voltagem de
separação em 8 kV, corrente de 36 µA, detector em 214 nm, e a solução de
ácido bórico 100 mmol/L + 0,5 mmol/L CTAB pH = 10,0, polaridade invertida,
tempo de injeção hidrodinâmica por gravidade 15 s (4,5 cm de altura),
temperatura de 23 ºC, a solução mista continha: ácido oxálico e L aa
0,0150 g/100mL, ácido tartárico e cítrico 0,0250 g/100mL, ácido gálico
0,0060 g/100mL.
57
6.4.7. CURVAS ANALÍTICAS DOS ÁCIDOS ESTUDADOS E
CARACTERÍSTICAS DO MÉTODO PROPOSTO
Uma vez identificados os picos referentes aos ácidos orgânicos
estudados, obtiveram-se 7 curvas analíticas a partir da concentração x altura
do pico da seguinte forma:
1- ácido oxálico na presença do ácido tartárico;
2- ácido tartárico na presença do ácido oxálico;
3- ácido tartárico na ausência dos outros;
4- ácido cítrico na ausência dos outros;
5- ácido cítrico na presença do L – aa;
6- L – aa na presença do ácido cítrico;
7- L – aa na ausência dos outros.
As condições foram mantidas em: voltagem de separação em 8 kV,
corrente de 36 µA, detector em 214 nm, solução de ácido bórico 100 mmol/L
+ 0,5 mmol/L CTAB pH=10,0, polaridade invertida, tempo de injeção
hidrodinâmica por gravidade 15 s (4,5 cm de altura) e temperatura de 23 ºC.
6.4.8. VALIDAÇÃO
As sete curvas analíticas foram obtidas a partir das seguintes
misturas: curva do ácido oxálico, na presença do ácido tartárico (0,0120,
0,0160, 0,0120, 0,0240 e 0,0280 g/100 mL do oxálico, fixando o tartárico em
0,0160 g/100 mL); Curva do ácido tartárico, na presença do ácido oxálico
(0,0120, 0,0160, 0,0200, 0,0240 e 0,0280 g/100mL do tartárico, fixando o
oxálico em 0,0160 g/100mL); Curva do ácido tartárico na ausência dos
outros (0,0100, 0,0150, 0,0200, 0,0250 e 0,0300 g/100mL); Curva do ácido
cítrico na ausência dos outros (0,020, 0,025, 0,0300, 0,0350 e 0,0400 g/100
mL); Curva do ácido cítrico na presença do L aa (0,020, 0,0250, 0,0300,
0,0350 e 0,0400 g/100mL do cítrico, fixando a concentração do L aa em
0,0200 g/100 mL); Curva do L aa,na presença do ácido cítrico (0,0150,
0,0200, 0,0250, 0,0300 e 0,0350 g/100mL do L aa, fixando o cítrico em
58
0,0350 g/100 mL); Curva do L aa na ausência dos outros (0,0100, 0,0200,
0,0300, 0,0400, 0,0500 g/100mL).
A linearidade e faixa de trabalho foram obtidos a partir da análise das
curvas analíticas, sendo que cada ponto da curva foi gerado com análise em
triplicata.
A sensibilidade foi avaliada por meio dos coeficientes angulares,
obtidos nas curvas de calibração.
A precisão de um método está relacionada com a concordância das
medidas entre si, ou seja, quanto maior a dispersão dos valores, menor a
precisão. Esta variável pode ser expressa de várias maneiras, mas diz-se
que quanto maior a grandeza dos desvios, menor a sua precisão (BACCAN
et al., 1998). Para determinar a precisão de um conjunto de dados, pode-se
calcular o desvio dos valores em relação a sua média aritmética, ou seja, a
estimativa do desvio-padrão relativo (RSD) ou coeficiente de variação (CV)
dado pela equação 23 (HARRIS, 2008). Onde X
m
é a média aritmética das
medidas e s a estimativa do desvio padrão, dado pela equação 24, onde X
i
representa cada valor unitário, e n corresponde ao número de valores
(HARRIS, 2008). A precisão foi calculada usando o coeficiente de variação,
em três níveis de concentração, 0,0100, 0,0150 e 0,0200 g/100mL,
empregando a equação 23.
m
x
s
CV
%100.
=
(23)
1
)(
1
2
=
=
n
xx
s
n
i
mi
(24)
Os limites de detecção e quantificação foram calculados a partir da
medida de 10 pontos na linha base do branco, conforme equações, 25 e 26.
m
S
LD
3
=
(25)
m
S
LQ
10
=
(26)
59
A repetibilidade foi testada (n=5) injetando-se a amostra de suco de
laranja e limão, no mesmo dia e dias diferentes.
O estudo de recuperação foi efetuado a partir da análise das
amostras, com adição de padrão nas mesmas, calculadas com a equação
27.
( )
100
Ci
C
R
=
(27)
Onde: R é a recuperação, C é a diferença de concentração
(concentração final menos a concentração inicial, Cf-Ci). .
60
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DO ELETRÓLITO DE
SEPARAÇÃO
Visto que a voltagem é um importante parâmetro na separação em
análises eletroforéticas, os trabalhos iniciais enfocaram o estudo da
voltagem a ser utilizada nas análises. Para isto, estudou-se o aumento do
sinal de corrente em relação ao aumento da voltagem aplicada, lei de Ohm,
em 12 soluções com concentrações entre 10 e 200 mmol/L, fixando o pH em
10,0. Pode-se observar que o aumento da voltagem do sistema promoveu
aumento do sinal de corrente, e que este aumento, dependendo da
concentração de eletrólito de separação, manteve a linearidade até um valor
máximo de voltagem, Figura 10.
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
10
20
30
40
50
60
70
CORRENTE (mA)
VOLTAGEM (kV)
10 mmol/L
20 mmol/L
30 mmol/L
40 mmol/L
50 mmol/L
60 mmol/L
70 mmol/L
80 mmol/L
90 mmol/L
100 mmol/L
150 mmol/L
200 mmol/L
Figura 10 Lei de Ohm. Variação da voltagem e da corrente do sistema em
função do aumento da concentração da solução. Condições experimentais:
H
3
BO
3
pH= 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB.
61
O valor máximo foi mantido em todas as separações, visando a
otimização do método. Ao utilizar um tampão com 10 mmol/L de eletrólito de
separação em pH 10,0, a linearidade se estendeu até 12 kV e a corrente de
16
µ
A, quando se usou uma solução tampão com 200 mmol/L em pH 10,0, a
linearidade se estendeu até 6 kV e 26 µA. Dessa forma, tanto para soluções
tampão com baixas ou altas concentrações de eletrólito de separação, é
necessário investigar o máximo de voltagem que pode ser aplicada.
Portanto, escolheu-se uma solução tampão que continha 100 mmol/L do
eletrólito de separação, uma vez que baixas concentrações, menor que 5
mmol/L, podem reter analitos ou parte deles na parede interna do capilar,
prejudicando a precisão do tempo migração, e ainda, altas concentrações de
eletrólito de separação, acima de 200 mmol/L, poderia produzir um
superaquecimento interno no capilar (efeito Joule), prejudicando, a
separação dos analitos.(LANDERS, 1997).
Verificou-se a influência da concentração do eletrólito de separação,
utilizando uma solução de ácido cítrico a 0,3 g/100mL. A partir desse estudo,
verificou-se que a concentração do eletrólito de separação influencia
diretamente o perfil do pico e o tempo de migração do analito. Pode-se
observar que quanto maior a concentração do eletrólito de separação, maior
a área e/ou altura do pico para um analito de mesma concentração (Figura
11). O tempo de migração do analito aumentou quando a concentração do
eletrólito passou de 100 para 150 mmol/L. Este aumento de tempo ocorreu
devido à alteração do potencial zeta (ζ) formado a partir da interação de
duas camadas carregadas positivamente na parede interna do capilar, sendo
que uma delas é denominada camada fixa e a outra camada móvel, e entre
elas forma-se o potencial, que é o responsável pela criação do fluxo
eletroosmótico (FEO), que transporta os analitos do pólo positivo ao pólo
negativo. No modo normal de eletroforese, a velocidade de migração
depende do número de cargas positivas que se formam nessas camadas.
Portanto, quanto maior o número de cargas na parede interna do capilar
maior é o potencial zeta (ζ), e maior será a mobilidade do fluxo
eletroosmótico. Por outro lado, aumentando-se significativamente a
concentração ou força iônica da solução, a diferença de potencial diminui,
62
diminuindo a mobilidade do fluxo eletroosmótico, aumentando o tempo de
análise (ALTRIA, 1996).
2 4 6 8 10
-12
-6
0
2 4 6 8 10
18
24
30
2 4 6 8 10
-18
-12
-6
TEMPO (min)
A
área do pico: 133,611 mV.s
altura do pico: 12,613 mV
C
VOLTAGEM (mV)
área do pico: 78,820 mV.s
altura do pico: 9,697 mV
área do pico: 127,456 mV.s
altura do pico: 11,135 mV
B
Figura 11 Eletroferogramas obtidos na avaliação da concentração da
solução de H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB. Voltagem de 8 kV, 15 s de
injeção,
λ
= 214 nm. A- 100 mmol/L, B- 150 mmol/L e C- 200 mmol/L. Ácido
cítrico 0,3 g/100mL.
7.2. INFLUÊNCIA DO pH DO ELETRÓLITO DE SEPARAÇÃO NO PERFIL
DOS PICOS
O controle do pH foi fundamental na otimização da separação dos
ácidos. A mobilidade eletroforética desses ácidos depende do pH do
eletrólito, uma vez que são ácidos orgânicos fracos, cuja dissociação
aumentará com o aumento do pH (LINDEBERG, 1996).
Sabendo que o sistema tampão é eficiente em um intervalo de pH
correspondente ao pKa do eletrólito de separação em ± uma unidade, e que
o pKa do ácido bórico (eletrólito de separação) é de 9,24, analisou-se o perfil
dos picos em pH 9,0, 10,0, 11,0 e 12,0, mantendo-se constante a
concentração dos ácidos oxálico, tartárico, cítrico, gálico e o L aa em
63
0,0150, 0,0250, 0,0250, 0,0060 e 0,0150 g/100mL respectivamente. Os
resultados são mostrados nas Figuras 12A, 12B, 12C, 12.1D e 12.1E.
Para a escolha do pH da solução tampão, avaliou-se o perfil e a
resolução dos picos formados. Concluiu-se que para análise do ácido oxálico
poderiam ser utilizados pH 10,0, 11,0 e 12,0 (Figura 12A), para o ácido
tartárico, os valores de pH poderiam ser 9,0, 10,0, 11,0 ou 12,0 (Figura 12B),
porém, ao usar eletrólito com pH 11,0 ou 12,0 houve flutuações na linha de
base, para o ácido cítrico, os melhores resultados foram obtidos em pH 10,0,
11,0 e 12,0 (Figura 12C), para o ácido gálico, os melhores resultados foram
obtidos utilizando pH 9,0 e 10,0 (Figura 12.1D) enquanto que para o ácido L
aa, os melhores resultados foram obtidos utilizando pH 9,0, 10,0 e 11,0
(Figura 12.1E). Diante desses resultados, escolheu-se pH 10,0 para
realização das análises, uma vez que foram obtidos picos com boa simetria,
área e/ou altura.
64
2 4 6 8
-8
-4
0
2 4 6 8
3
6
9
2 4 6 8
-3
0
3
2 4 6 8
15
18
21
VOLTAGEM (mV)
A - pH 9,0
A - pH 10,0
TEMPO (min)
A - pH 11,0 A - pH 12,0
2 4 6 8
-21
-18
-15
2 4 6 8
-3
0
3
2 4 6 8
-12
-9
-6
2 4 6 8
-3
0
3
VOLTAGEM (mV)
B - pH 9,0
B - pH 10,0
TEMPO (min)
B - pH 11,0
B - pH 12,0
2 4 6 8
-14
-7
0
2 4 6 8
-14
-7
0
2 4 6 8
-14
-7
0
2 4 6 8
-14
-7
0
VOLTAGEM (mV)
C - pH 9,0
C - pH 10,0
TEMPO (min)
C - pH 11,0
C - pH 12,0
Figura 12 – Eletroferogramas para os ácidos orgânicos em diferentes valores
de pH: A ácido oxálico, B ácido tartárico, C ácido cítrico. Condições
experimentais: 100 mmol/L H
3
BO
3
+ 0,5 mmol/L CTAB, 8 kV, 15 s de
injeção,
λ
= 214 nm.
65
2 4 6 8
0
30
60
2 4 6 8
0
30
60
2 4 6 8
0
30
60
2 4 6 8
0
30
60
D - pH 9,0
D - pH 10,0
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
D - pH 11,0
D - pH 12,0
2 4 6 8
11
22
33
2 4 6 8
0
11
22
2 4 6 8
-11
0
11
2 4 6 8
11
22
33
E - pH 9,0
E - pH 10,0
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
E - pH 11,0 E - pH 12,0
Figura 12.1 Eletroferogramas para os ácidos orgânicos em diferentes
valores de pH: D ácido gálico, E L aa. Condições experimentais: 100
mmol/L H
3
BO
3
+ 0,5 mmol/L CTAB, 8 kV, 15 s de injeção,
λ
= 214 nm.
7.3. INFLUÊNCIA DO TEMPO DE INJEÇÃO SOBRE O PERFIL DO PICO
Para verificar a influência do tempo de injeção sobre o perfil do pico,
analisou-se uma amostra padrão, contendo as respectivas concentrações
dos ácidos em estudo: 0,0150 g/100mL oxálico e L aa, 0,0250g/100mL
tartárico e cítrico, 0,0060 g/100mL para o gálico. A partir da análise da
Figura 13A e 13B, verificou-se que o tempo de injeção influencia de forma
direta na formação do eletroferograma, uma vez que o volume de amostra
injetada é diretamente proporcional ao tempo de injeção (WEINBERGER,
2000). Injeções por 15 s (1 nL) puderam ser observados 5 picos com um
bom perfil. Contudo, não foram observados os 5 picos quando foram
66
empregados 3 s de injeção hidrodinâmica (0,2 nL) (Figura 13A). Entretanto,
com 30 s (2 nL) e 45 s (3 nL) de injeção, observaram-se todos os picos com
sobreposição de picos dos ácidos tartárico e cítrico (Figura 13B). A partir
desse estudo definiu-se trabalhar com 15 s de injeção.
2 4 6 8
-12
-6
0
6
12
18
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
3 s
15 s
A
1
2
1 2
3
4
5
2 4 6 8
-12
-6
0
6
12
18
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
30 S
45 S
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
B
Figura 13 Eletroferogramas tempo de injeção hidrodinâmica por
gravidade na separação das 5 espécies estudadas. 100 mmol/L H
3
BO
3
pH
10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, 8 kV,
λ
= 214 nm. ácido oxálico (1), ácido tartárico
(2), ácido cítrico (3), ácido gálico (4), L – aa (5).
7.4. USO DE METANOL NA SOLUÇÃO DE SEPARAÇÃO
Em CZE é bastante comum o uso de eletrólitos aditivados, o qual é
indicado em quatro situações: 1) para alterar a mobilidade do soluto, 2)
modificar o fluxo eletroosmótico, 3) solubilizar solutos ou compostos na
matriz da amostra, 4) reduzir a interação de certos solutos com a parede do
capilar. Alguns autores relataram que o metanol é um dos solventes
orgânicos mais utilizados como aditivo em soluções eletrolíticas, uma vez
que este possui uma menor influência na mobilidade do fluxo eletroosmótico,
e que quanto maior o percentual de aditivo usado na solução eletrolítica,
menor a mobilidade eletroosmótica, aumentando o tempo de análise
(SARMINI et al, 1997).
Neste trabalho, utilizou-se metanol como aditivo para alterar a
mobilidade dos ânions, permitindo uma maior separação entre eles,
principalmente a separação dos ácidos tartárico e cítrico. Para tal estudo
67
prepararam-se soluções com 100 mmol/L de ácido bórico pH 10,0 com
diferentes proporções de metanol. O efeito da concentração de metanol foi
observado injetando-se solução trabalho mista de ácidos orgânicos. O
eletroferograma obtido neste estudo é mostrado na Figura 14. A adição de
um solvente orgânico influenciou no perfil dos picos e no tempo de migração
dos analitos, uma vez que, adicionando 5% de metanol houve pico não
simétrico (ácido oxálico) e aumento do tempo de migração, porém, houve
uma melhor separação entre os ácidos tartárico, cítrico, gálico e L - aa.
Adicionando 20% de metanol, a simetria do pico do ácido oxálico ficou ainda
mais comprometida, e a análise foi realizada num tempo ainda maior (11
min), apesar de ter melhorado significativamente a separação dos ácidos. O
aumento no tempo de migração dos compostos deu-se em virtude da
diminuição do fluxo eletroosmótico, provocado pela diminuição da
mobilidade dos constituintes da solução tampão (SARMINI et al, 1997).
2 4 6 8 10 12
0
5
10
15
20
25
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
20 % DE METANOL
5 % DE METANOL
SEM ADIÇÃO DE METANOL
1
1
2
2
2
3
3
3
4
4
4
5
5
1
5
Figura 14 Eletroferogramas obtidos no estudo da concentração de metanol
no eletrólito de separação dos ácidos orgânicos. 100 mmol/L H
3
BO
3
+ 0,5
mmol/L CTAB pH 10,0, 15 s de injeção (4,5 cm de altura), 8 kV,
λ
= 214 nm,
0,0150 g/100mL ácido oxálico (1) e L aa (5), 0,0250 g/100mL ácido
tartárico (2) e cítrico (3), 0,0100 g/100mL ácido gálico (4).
68
A partir desses resultados, optou-se por não usar metanol no eletrólito
de separação, uma vez que todos os ácidos orgânicos em soluções de
referência foram separados de forma satisfatória com um menor tempo de
análise.
7.5. IDENTIFICAÇÃO DOS ÁCIDOS ORGÂNICOS
Por se tratar de uma metodologia analítica para determinação
simultânea de ácidos orgânicos, foi necessário identificar o tempo de
migração de cada analito e, posteriormente avaliar as características
analíticas para cada ácido. A solução tampão borato, contendo 100 mmol/L,
em pH 10,0, foi mantida. Preparam-se soluções mistas dos ácidos para
facilitar a avaliação dos eletroferogramas. A solução mista dos ácidos
orgânicos foi preparada nas concentrações: 0,0150 g/100mL de ácido
oxálico e L aa, 0,0250 g/100mL de ácido tartárico e cítrico, 0,0060
g/100mL de ácido gálico. A partir das injeções dessas soluções, efetuou-se a
identificação de cada pico correspondente a cada ácido orgânico em estudo,
Figura 15A. Posteriormente, para definir a ordem de migração de cada ácido
orgânico, empregou-se a injeção de cinco soluções mistas, sendo que cada
solução foi preparada sem a adição de um dos analitos, Tabela 7. Como
resultado, o ácido que não foi adicionado na mistura não apresentou pico no
eletroferograma correspondente, como evidenciado nas Figuras 15B, 15C,
15D 15E e 15F. Portanto, em ordem crescente de migração, identificaram-se
os picos desses analitos como sendo: o ácido oxálico (4,60 ± 0,13 min),
ácido tartárico (5,10 ± 0,18 min), ácido cítrico (5,20 ± 0,10 min), ácido gálico
(5,50 ± 0,17 min) e o L – aa ( 6,00 ± 0,17 min).
69
Tabela 7 – Identificação dos picos dos ácidos, oxálico, tartárico, cítrico,
gálico e L – aa.
Mistura (Ácido orgânico)
Concentração (g/100mL)
Mistura (Ácido orgânico)
Concentração (g/100mL)
inicial
(1) 0,0150 g/100mL
(2) 0,0250 g/100mL
(3) 0,0250 g/100mL
(4) 0,0060 g/100mL
(5) 0,0150 g/100mL
3
(1) 0,0150 g/100mL
(2) 0,0250 g/100mL
(4) 0,0060 g/100mL
(5) 0,0150 g/100m
1
(2) 0,0250 g/100mL
(3) 0,0250 g/100mL
(4) 0,0060 g/100mL
(5) 0,0150 g/100mL
4
(1) 0,0150 g/100mL
(2) 0,0250 g/100mL
(3) 0,0250 g/100mL
(5) 0,0150 g/100mL
2
(1) 0,0150 g/100mL
(3) 0,0250 g/100mL
(4) 0,0060 g/100mL
(5) 0,0150 g/100mL
5
(1) 0,0150 g/100mL
(2) 0,0250 g/100mL
(3) 0,0250 g/100mL
(4) 0,0060 g/100mL
(1) Ácido oxálico, (2) ácido tartárico, (3) ácido cítrico, (4) ácido gálico e (5) L
– aa.
70
2 4 6 8
-12
-10
-8
-6
-4
-2
2 4 6 8
2
4
6
8
10
12
2 4 6 8
-4
0
4
8
12
2 4 6 8
10
12
14
16
18
20
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2 4 6 8
8
10
12
14
16
18
4
5
1
B
D
E
F
C
1
2
3
5
2
3
4
4
5
1
2
4
5
1 2
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
A
3
5
3
1
2
3
4
Figura 15 Eletroferogramas obtidos na identificação dos picos: (1) e (5)
0,0150 g/100mL, (2) e (3) 0,0250 g/100mL, (4) 0,0060 g/100mL, (1) ácido
oxálico, (2) ácido tartárico, (3) ácido trico, (4) ácido gálico, (5) L – aa – 100
mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, 15 s de injeção hidrodinâmica, 8
kV,
λ
=214 nm, A=mistura inicial, B=mistura 1, C=mistura 2, D=mistura 3,
E=mistura 4, F=mistura 5.
7.6. CURVAS ANALÍTICAS
Para a maioria das análises químicas, a resposta de um determinado
método deve ser inicialmente avaliada em relação a quantidade conhecida
de analito (os padrões). então pôde-se interpretar qual seria a resposta
correspondente a amostra com quantidade desconhecida. Para esse
propósito, normalmente prepara-se uma curva de calibração, que mostra a
resposta de um método analítico para quantidades conhecidas de analito
(HARRIS, 2008). Portanto, com as condições otimizadas, pH e concentração
71
do eletrólito de separação da solução tampão, tempo de injeção, foi
necessário definir as condições de quantificação e aplicar o método proposto
na determinação simultânea dos ácidos orgânicos em sucos de frutas
frescos e industrializados. Optou-se pelo método de padronização externo
empregando curvas analíticas preparadas com soluções dos ácidos
orgânicos, o qual possibilita os cálculos das concentrações em todas as
amostras analisadas. Os resultados podem ser observados nas figuras 16 a
22.
0,012 0,016 0,020 0,024 0,028
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
VOLTAGEM (mV)
ÁCIDO OLICO (g/100mL)
y = 74,85 x + 1,9130
r = 0,9995
Figura 16 – Curva analítica para o ácido oxálico na presença do ácido
tartárico, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV,
15 s injeção,
λ
= 214 nm.
72
0,012 0,016 0,020 0,024 0,028
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
VOLTAGEM (mV)
ÁCIDO TARTÁRICO (g/100mL)
y = 111,71x + 0,5713
r = 0,9923
Figura 17 Curva analítica para o ácido tartárico na presença do ácido
oxálico, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV,
15 s injeção,
λ
= 214 nm.
0,010 0,015 0,020 0,025 0,030
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
VOLTAGEM (mV)
ÁCIDO TARTÁRICO (g/100mL)
y = 107,66x + 0,4534
r = 0,9912
Figura 18 Curva analítica para o ácido tartárico, 100 mmol/L H
3
BO
3
, pH
10,0, 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s injeção a 4,5 cm por
gravidade
λ
= 214 nm.
73
0,020 0,025 0,030 0,035 0,040
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
VOLTAGEM (mV)
ÁCIDO CÍTRICO (g/100mL)
y = 59,22 x - 0,5722
r = 0,9988
Figura 19 Curva analítica para o ácido cítrico, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0
+ 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s injeção,
λ
=214nm.
0,020 0,025 0,030 0,035 0,040
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
VOLTAGEM (mV)
ÁCIDO CÍTRICO (g/100mL)
y = 64,50 x - 0,5330
r = 0,9983
Figura 20 Curva analítica para o ácido cítrico na presença do L aa, 100
mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s,
λ
= 214
nm.
74
0,015 0,020 0,025 0,030 0,035
3
4
5
6
7
8
VOLTAGEM (mV)
L - aa (g/100mL)
y = 224,38 x - 0,0255
r = 0,9984
Figura 21 Curva analítica para o L aa na presença de ácido cítrico, 100
mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5 mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s injeção,
λ
= 214 nm.
0,01 0,02 0,03 0,04 0,05
2
4
6
8
10
12
14
VOLTAGEM (mV)
L - aa (g/100mL)
y = 261,85x + 0,3406
r = 0,9987
Figura 22 Curva analítica para o L aa, 100 mmol/L H
3
BO
3
pH 10,0 + 0,5
mmol/L CTAB, voltagem de 8 kV, 15 s,
λ
= 214 nm.
75
7.7. APLICAÇÃO DO MÉTODO
7.7.1. TEMPO DE ESTUDO E CONCENTRAÇÕES OBTIDAS
O estudo dos ácidos orgânicos nos sucos de frutas frescos foi feito no
período compreendido entre 06/07 a 01/09/09, em dias alternados como
mostrado na Tabela 8. A partir das suas análises, conforme mostrado nas
Figuras 23 e 24, verificou-se que houve redução de 36,0% do L – aa no suco
fresco de caju, armazenado a 0 ºC durante 28 dias, 18,9% no suco fresco de
acerola, armazenado a 0
o
C durante 45 dias e 28,2% no suco fresco de
laranja, armazenado a 23 ºC durante 32 dias. Porém, não houve variação na
concentração do ácido cítrico em nenhum suco fresco que o continha,
apesar de o limão e a laranja serem armazenados a 23 ºC, e o umbu-cajá a
0 ºC, como mostrado na Figura 25. Não houve redução também nas
concentrações dos ácidos oxálico e tartárico presentes nas amostras dos
sucos frescos de carambola e de uva armazenados a 0 ºC, durante o
período do estudo, porém, apresentaram pequenas oscilações durante o
tempo de estudo, Figura 26.
76
Tabela 8 Resultados das concentrações dos ácidos orgânicos (g/100mL)
dos sucos de frutas frescos durante o período do estudo.
Amostra / data da análise Ácido Orgânico
Cítrico L – aa
Limão / 28.07.09 5,3607 -
Limão / 04.08.09 5,3607 -
Limão / 10.08.09 5,5000 -
Limão / 21.08.09 5,4333 -
Limão / 28.08.09 5,8579 -
Laranja / 28.07.09 0,7701 0,0351
Laranja / 04.08.09 0,7798 0,0353
Laranja / 10.08.09 0,8960 0,0251
Laranja / 21.08.09 0,8167 0,0273
Laranja / 01.09.09 0,8307 0,0252
Caju / 14.07.09 - 0,1013
Caju / 15.07.09 - 0,0998
Caju / 20.07.09 - 0,0928
Caju / 21.07.09 - 0,0855
Caju / 11.08.09 - 0,0645
Caju / 12.08.09 - 0,0648
Umbu cajá / 28.07.09 1,2374 -
Umbu cajá / 04.08.09 1,2891 -
Umbu cajá / 08.08.09 1,2901 -
Umbu cajá / 11.08.09 1,2643 -
Acerola / 06.07.09 - 1,0854
Acerola / 18.08.09 - 1,0560
Acerola / 21.08.09 - 0,9129
Oxálico Tartárico
Carambola / 28.07.09 0,0333 0,1787
Carambola / 04.08.09 0,0258 0,1874
Carambola / 11.08.09 0,0457 0,1458
Uva / 14.07.09 - 0,3887
Uva / 20.07.09 - 0,3579
Uva / 28.07.09 - 0,3317
Uva / 12.08.09 - 0,3300
As análises foram feitas em triplicatas.
77
0 1 2 3 4 5 6 7
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
L - aa (g/100mL)
PERÍODO DO ESTUDO (dias)
SUCO FRESCO DE ACEROLA
Figura 23 Variações das concentrações obtidas no suco fresco durante o
período do estudo. (Escala: 0-1 equivale a 5,62 dias; 45 dias).
0 1 2 3 4 5 6 7
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
L - aa (g/100mL)
PERÍODO DO ESTUDO (dias)
SUCO FRESCO DE LARANJA
SUCO FRESCO DE CAJU
Figura 24 Variações das concentrações obtidas nos sucos frescos durante
o período do estudo. (Escala: 0-1 equivale a 6 dias; 45 dias).
78
1 2 3 4 5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
ÁCIDO CÍTRICO (g/100mL)
PEODO DO ESTUDO (dias)
SUCO FRESCO DE LIMÃO
SUCO FRESCO DE LARANJA
SUCO FRESCO DE UMBU-CA
Figura 25 Variações das concentrações obtidas nos sucos frescos durante
o período do estudo. (Escala: 0-1 equivale a 6,5 dias; 33 dias).
1 2 3 4 5
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
ÁCIDO ORGÂNICO (g/100mL)
PERÍODO DO ESTUDO (dias)
SUCO FRESCO DE CARAMBOLA (1)
SUCO FRESCO DE
CARAMBOLA (2)
SUCO FRESCO DE
UVA (2)
Figura 26 Variações das concentrações obtidas dos ácidos oxálico (1) e
tartárico (2) avaliadas nos sucos frescos no período do estudo. (Escala: 0-1
equivale a 5,5 dias; 28 dias).
79
Para os sucos industrializados o estudo ocorreu do dia 21/09 a
17/11/09, Tabela 9.
A partir da análise dos sucos industrializados, conforme mostrado na
Figura 27, percebeu-se que houve redução de 15,2% de ácido cítrico no
suco misto B, armazenado a 23 ºC após 56 dias e de 59,5% no suco D
armazenado a 23 ºC após 56 dias. Os resultados demonstraram ainda
redução de 99,4% do L aa no suco misto A, armazenado a 23 ºC após 54
dias de aberto e redução de 100% do L – aa no suco misto B armazenado a
23 ºC após 56 dias de aberto, Figura 28.
Esses resultados demonstraram que o L aa foi oxidado durante o
tempo de armazenagem das amostras, independentemente da temperatura
de estocagem, considerando tanto os sucos frescos como os
industrializados, enquanto que para o ácido cítrico houve redução em
duas amostras de sucos industrializados. Os eletroferogramas obtidos a
partir das análises dos sucos frescos e dos industrializados são mostrados
nas Figuras 29 e 30.
80
Tabela 9 Resultados das concentrações (g/100mL) dos ácidos orgânicos
nos sucos industrializados durante o período do estudo.
Amostra / data da análise Ácido orgânico
Cítrico L – aa
A / 23.09.09 0,4238 0,0247
A / 03.10.09 0,4008 0,0129
A / 17.11.09 0,4351 0,0016
B / 21.09.09 0,4042 0,0172
B / 23.09.09 0,4315 0,0114
B / 03.10.09 0,4443 0,0079
B / 17.11.09 0,3661 0,0000
C / 05.10.09 0,4296 -
C / 17.11.09 0,4350 -
D / 21.09.09 0,4514 -
D / 23.10.09 0,2725
D / 17.11.09 0,1828
E / 03.10.09 0,2306 -
E / 23.10.09 0,2725 -
A = suco misto de acerola, laranja enriquecido com L aa, B = suco misto
de maçã, laranja, tangerina e limão, C = suco misto de laranja, limão e
tangerina D = suco de goiaba, E = suco misto de maçã, limão e uva. Todas
as análises foram feitas em triplicatas.
81
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
ÁCIDO CÍTRICO (g/100mL)
PERÍODO DO ESTUDO (dias)
SUCO A
SUCO B
SUCO C
SUCO D
SUCO E
Figura 27 Variações das concentrações obtidas nos sucos industrializados
durante o período do estudo. A = misto de acerola, laranja enriquecido com
L aa, B = misto de maçã, laranja, tangerina e limão, C = misto de laranja,
limão e tangerina D = goiaba, E = misto de maçã, limão e uva, (Escala: 0-1
equivale a 16 dias, 56 dias).
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
L - aa (g/100mL)
PERÍODO DO ESTUDO (dias)
SUCO A
SUCO B
Figura 28 Variações das concentrações nos sucos industrializados durante
o período do estudo. A = misto de acerola, laranja enriquecido com L – aa, B
= misto de maçã, laranja, tangerina e limão. (Escala: 0-1 equivale a 16 dias,
56 dias).
82
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2 4 6 8
-4
-2
0
2
4
6
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
8
2
A
B
5
3
C
5
D
5
2
E
1
3
F
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
3
G
3
5
H
Figura 29 Eletroferogramas dos ácidos orgânicos na amostras dos sucos
frescos: A de uva, B morango, C caju, D acerola, E – carambola, F
de limão, G umbu-cajá, H laranja; (1) ácido oxálico (2) ácido tartárico (3)
ácido cítrico (5) L – aa.
83
2 4 6 8 10
-2
0
2
4
6
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
2 4 6 8
-2
0
2
4
6
2 4 6 8
-10
-8
-6
-4
-2
A
5
3
3
5
B
C
3
VOLTAGEM (mV)
TEMPO (min)
3
D
3
E
Figura 30 Eletroferogramas dos ácidos orgânicos na amostras dos sucos
industrializados. A = Suco misto de acerola, laranja enriquecido com L aa,
B = suco misto de maçã, laranja, tangerina e limão, C = suco misto de
laranja, limão e tangerina D = suco de goiaba, E = suco misto de maçã,
limão e uva (3) ácido cítrico (5) L – aa.
Avaliação da redução de ácido ascórbico é, na verdade, um dos
principais objetivos de pesquisadores na área de alimentos. Pode-se
destacar o estudo feito por SILVA et al 2004 que encontraram redução de 84
a 92% no conteúdo de L–aa em amostras do pseudo fruto do caju,
armazenados por 1 mês, a 4 ºC; CAMPOS et al 2002, encontraram redução
de 12% do L –aa em amostras de suco de caju clarificado estocado a 4 °C,
durante um mês; JUSTI et al. 2000, encontraram redução de 23% no
conteúdo de L aa no camu-camu armazenado a -18 °C durante 28 dias.
84
Os trabalhos propostos por CORTE et al., 1997 também mostraram redução
de 3,5% do L – aa em amostras de suco de acerola congelado a -18 ºC após
1 mês de armazenamento.
Nas Tabelas 10 e 11, têm-se as médias das concentrações em
g/100mL dos ácidos orgânicos encontrados nas amostras dos sucos frescos
e das amostras dos sucos industrializados. A maior quantidade de ácido
orgânico encontrado nos sucos de frutas frescos foi a do cítrico no limão,
com 5,6440 g/100mL ± 0,2200 e a menor foi a do L aa na laranja, com
0,0286 g/100mL ± 0,0050, enquanto que nas amostras dos sucos
industrializados a maior quantidade foi a do ácido cítrico no suco de goiaba
com 0,4514 g/100mL ± 0,0116, e a menor foi a do L aa no suco misto de
maçã, laranja, tangerina e limão com 0,0132 g/100mL ± 0,0046.
Tabela 10 Médias dos resultados dos ácidos orgânicos (g/100mL) nas
amostras dos sucos frescos.
Amostra(n) Ácido Orgânico
Oxálico Tartárico Cítrico L – aa
Limão (27) - - 5,6440 ± 0,2230 -
Laranja (30) - - 0,8012 ± 0,0480 0,0286 ± 0,0050
Carambola (18) 0,0346 ± 0,0090 0,1695 ± 0,0180 - -
Caju (21) - - - 0,0859 ± 0,0150
Umbu caja (12) - - 1,2699 ± 0,0250 -
Uva (12) - 0,3527 ± 0,0270 - -
Acerola (12) - - - 1,0181 ± 0,0920
Morango (3) - - 0,5038 ± 0,0020 0,0753 ± 0,0070
n = número de análises.
85
Tabela 11 Médias dos resultados dos ácidos orgânicos (g/100mL) nas
amostras dos sucos industrializados.
Amostra (n) Ácido orgânico
Cítrico L – aa
A (6) 0,4115 ± 0,0116 0,0168 ± 0,0068
B (9) 0,4243 ± 0,2995 0,0132 ± 0,0046
C (3) 0,4296 ± 0,0083 -
D (3) 0,4514 ± 0,0116 -
E (3) 0,2306 ± 0,0217 -
n = número de análises, A = Suco misto de acerola, laranja enriquecido com
L aa, B = suco misto de maçã, laranja, tangerina e limão, C = suco misto
de laranja, limão e tangerina D = suco de goiaba, E = suco misto de maçã,
limão e uva.
A partir da análise dos resultados mostrados na Tabela 12, pode-se
comparar os resultados de alguns ácidos orgânicos obtidos através da ECZ
discutidos em outros trabalhos, com os resultados obtidos neste trabalho.
Tabela 12 Comparando os resultados dos ácidos orgânicos deste trabalho
com outros. Dados: ácidos 1-oxálico, 2-tartárico, 3-cítrico, 5-L – aa.
Referência
Método
1 (g/100mL)
fruta
2 (g/100mL)
fruta
3 (g/100mL)
fruta
5 (g/100mL)
fruta
CARVALHO
et al., 2010
0,0346
Carambola
0,1695
Carambola
0,3527
Uva
5,6440
Limão
0,8012
Laranja
0,0286
Laranja
1,0181
Morango
CHOI et
al.,1997
- - - 0,0069
Laranja
0,0071
Morango
YANG et al.,
2000
- 0,7980
Uva
0,3200
Laranja
-
SAAVEDRA
et al., 2000
- - 1,1200
Laranja
-
MATO et al.
2007
- 0,2302
Uva
-
O ácido gálico não foi identificado em nenhum trabalho.
86
7.8. VALIDAÇÃO DO MÉTODO
A validação de um conjunto de ensaios propõe verificar se um
determinado método analítico é apto a produzir resultados confiáveis e
adequados aos objetivos a que se propõe. A validação permite ter
conhecimento das limitações e da confiabilidade das medidas obtidas na
análise por meio da metodologia desenvolvida (BRITO et al., 2003) Neste
trabalho, foram avaliadas a linearidade, faixa de trabalho, sensibilidade,
precisão, exatidão, limites de detecção, quantificação e repetibilidade.
7.8.1. LINEARIDADE E FAIXA DE TRABALHO
Os coeficientes de correlação (r) das curvas dos analitos foram
superiores a 0,9912 (Tabela 13), demonstrando uma boa relação de
linearidade entre a concentração e o sinal analítico, uma vez que sua
eficiência máxima consiste em ter valores de coeficiente de correlação maior
que 0,9990 (ANVISA). Para valores aceitáveis, a ANVISA recomenda um
coeficiente de correlação igual a 0,9900 no mínimo, e o INMETRO um valor
acima de 0,9000 no mínimo. O método desenvolvido mostrou ótimos
resultados dentro das faixas de trabalho para cada ácido orgânico (Tabela
14).
Tabela 13 Linearidade para os ácidos oxálico, tartárico, cítrico, gálico e L
aa, na faixa de concentração de 0,0040 a 0,0450.
Ácido orgânico Curva de calibração Coeficiente de
correlaçãor (r)
(1) na presença do (2) y = 74,8500x + 1,9130 0,9995
(2) na presença do (1) y = 111,7100x + 0,5713 0,9923
(2) y = 107,6575x + 0,4534 0,9912
(3) y = 59,2200x – 0,5722 0,9988
(3) na presença do (5) y = 64,5000x – 0,5330 0,9983
(5) na presença do (3) y = 224,3800x – 0,0255 0,9984
(5) Y = 261,8460 + 0,3406 0,9987
Ácidos: (1) oxálico (2) tartárico (3) cítrico (4) gálico (5) L – aa.
87
Tabela 14 – Faixa de trabalho dos ácidos orgânicos.
Ácidos Orgânicos
Oxálico Tartárico Cítrico Gálico L–aa
FT 0,0050 a
0,0250
0,0100 a
0,0300
0,0200 a
0,0400
0,0040 a
0,0120
0,0150 a
0,0450
FT = faixa de trabalho.
7.8.2. SENSIBILIDADE
A sensibilidade é um parâmetro que demonstra a variação da
resposta em função da concentração do analito, o qual pode ser expresso
em função da curva analítica de calibração, quanto maior for o valor do
coeficiente angular, mais sensível será o método. Considerando a análise
dos ácidos orgânicos com curvas de calibração em função da concentração
x altura do pico, o método apresentou maior sensibilidade para o L aa,
uma vez que demonstrou o maior valor de coeficiente angular, como pode
ser visto na Tabela 13.
7.8.3. PRECISÃO
Neste trabalho, a precisão do método foi avaliado em três níveis de
concentração para cada analito, sendo que as médias foram obtidas a partir
de análise em triplicata. Os coeficientes de variação foram inferiores a 11,5%
em todos os níveis (Tabela 15), denotando uma boa precisão da técnica.
88
Tabela 15 Coeficientes de variação (CV) para os ácidos orgânicos nos
níveis de concentração de 0,0100, 0,0150 e 0,0200 g/100mL.
g/100mL Precisão (%)
(1) (2) (3) (4) (5)
0,0100 3,44 3,24 7,29 3,72 6,20
0,0150 5,74 4,10 3,05 5,06 10,38
0,0200 1,76 1,48 11,46 5,29 2,74
(1) ácido oxálico (2) ácido tartárico (3) ácido cítrico (4) ácido gálico (5) L
aa.
7.8.4. ENSAIOS DE RECUPERAÇÃO
O processo mais utilizado para avaliar a exatidão de um método é o
uso de materiais de referência certificado. Além disso, outras estratégias são
usadas para avaliar a confiabilidade de um método, tais como, ensaios de
recuperação ou comparação com um outro método. A recuperação (R) é
definida como a proporção da quantidade da substância de interesse,
presente ou adicionada na porção analítica do material teste, que é extraída
e passível de ser quantificada. O teste de recuperação mostra o efeito de
matriz sobre os resultados.
A eficiência do método varia em função da concentração da
substância, na maioria dos casos, a dispersão dos resultados aumenta com
a diminuição da concentração e a recuperação pode diferir substancialmente
a altas e baixas concentrações, por isso para a análise em nível de resíduos
recomenda-se que se trabalhe em níveis de adição de 1, 2 e 10 vezes o
valor de limite de quantificação, entretanto para componentes em maiores
concentrações, os níveis de adição podem ser 50, 75, 100, 125 e 150% do
nível esperado para a substância.
Foram feitas 61 adições padrão, sendo que 50 foram para os sucos
de frutas frescos e 11 para os sucos de frutas industrializados. As
recuperações obtidas variaram de 83,6 a 117,5% nos sucos frescos, e de
83,6 a 116,7% nos sucos de frutas industrializados (Tabelas 16 e 17). Esses
89
resultados mostraram ótimos valores de ensaios de recuperação, uma vez
que ficaram dentro da faixa especificada pelo RIBANI (70 a 120% para esse
nível de concentração), demonstrando que o método proposto é livre de
interferência de matriz.
Tabela 16 Recuperação dos ácidos orgânicos (g/100mL) nos sucos de
frutas frescos.
Amostra Massa dos ácidos orgânicos (g)
Adicionada Recuperada Recuperação (%)
Limão (3) 0,0075 (3) 0,0071 (3) 95,24
Limão (3) 0,0150 (3) 0,0132 (3) 88,00
Limão (3) 0,0120 (3) 0,0138 (3) 114,8
Limão (3) 0,0060 (3) 0,0054 (3) 90,90
Limão (3) 0,0040 (3) 0,0040 (3) 101,0
Limão (3) 0,0800 (3) 0,0894 (3) 111,8
Limão (3) 0,0160 (3) 0,0179 (3) 112,3
Limão (3) 0,0640 (3) 0,0610 (3) 95,30
Laranja (3) 0,0010 (5)0,0030 (3) 0,0009 (5) 0,0039
(3) 95,40 (5) 108,7
Laranja (3) 0,0010 (5) 0,0030
(3) 0,0008 (5) 0,0033
(3) 90,20 (5) 108,6
Laranja (3) 0,0120 (5) 0,0140
(3) 0,0126 (5) 0,0149
(3) 105,25 (5) 93,30
Laranja (3) 0,0008 (5) 0,0020
(3) 0,0008 (5) 0,0023
(3) 103,20 (5) 115,0
Laranja (3) 0,0060 (5) 0,0050
(3) 0,0051 (5) 0,0005
(3) 85,12 (5) 90,16
Laranja (3) 0,0160 (5) 0,0080
(3) 0,0163 (5) 0,0085
(3) 102,00 (5) 106,0
Laranja (3) 0,0060 (5) 0,0016
(3) 0,0068 (5) 0,0017
(3) 114,00 (5) 83,60
Laranja (3) 0,0180 (5) 0,0120
(3) 0,1586 (5) 0,0124
(3) 88,10 (5) 103,3
Laranja (3) 0,0130 (5) 0,0090
(3) 0,0137 (5) 0,0097
(3) 91,30 (5) 97,30
Morango (3) 0,0120 (5) 0,0160
(3) 0,0109 (5) 0,0177
(3) 91,2 (5) 110,8
Caju (5) 0,0042 (5) 0,0037 (5) 89,50
Caju (5) 0,0030 (5) 0,0033 (5) 109,0
Caju (5) 0,0036 (5) 0,0038 (5) 105,5
Umbu cajá (3) 0,0030 (3) 0,0031 (3) 103,0
Umbu cajá (3) 0,0020 (3) 0,0023 (3) 114,40
Umbu cajá (3) 0,0020 (3) 0,0019 (3) 97,98
Acerola (5) 0,0120 (5) 0,0103 (5) 85,70
Acerola (5) 0,0008 (5) 0,0009 (5) 85,90
Carambola (1) 0,0200 (5) 0,0060
(1) 0,0235 (2) 0,0057
(1) 117,5 (2) 95,00
Carambola (1) 0,0080 (5) 0,0080
(1) 0,0081 (2) 0,0070
(1) 100,0 (2) 87,60
Carambola (1) 0,0150 (2) 0,0060
(1) 0,0147 (2) 0,0062
(1) 98,00 (2) 96,00
Carambola (1) 0,0040 (2) 0,0160
(1) 0,0047 (2) 0,0141
(1) 117,3 (2) 93,50
Carambola (1) 0,0080 (2) 0,0080
(1) 0,0081 (2) 0,0070
(1) 100,8 (2) 88,17
Uva (2) 0,0020 (2) 0,0025 (2) 105,8
Uva (2) 0,0016 (2) 0,0013 (2) 87,43
Uva (2) 0,0060 (2) 0,0051 (2) 102,5
Uva (2) 0,0006 (2) 0,0007 (2) 116,0
(1) ácido oxálico (2) ácido tartárico (3) ácido cítrico (5) L – aa.
90
Tabela 17 Recuperação dos ácidos orgânicos (g/100mL) nos sucos de
frutas industrializados.
Amostra Ácido
Orgânico
Massa
adicionada
(g)
Massa
recuperada
(g)
Recuperação
%
A (3) 0,4238
(5) 0,0247
(3) 0,0020
(5) 0,0070
(3) 0,0016
(5) 0,0069
(3) 83,60
(5) 98,63
A (3) 0,4008
(5) 0,0129
(3) 0,0006
(5) 0,0014
(3) 0,0006
(5) 0,0014
(3) 108,7
(5) 100,0
B (3) 0,4042
(5) 0,0172
(3) 0,0008
(5) 0,0040
(3) 0,0009
(5) 0,0039
(3) 106,7
(5) 98,55
B (3) 0,4315
(5) 0,0114
(3) 0,0014
(5) 0,0040
(3) 0,0012
(5) 0,0045
(3) 88,70
(5) 83,60
C (3) 0,4341 (3) 0,0016 (3) 0,0017 (3) 105,9
D (3) 0,4509 (3) 0,0025 (3) 0,0024 (3) 95,76
E (3) 0,2284 (3) 0,0060 (3) 0,0052 (3) 86,16
A = Suco industrializado misto de acerola, laranja enriquecido com L aa; B
= Suco industrializado misto de maçã, laranja, tangerina e limão; C = Suco
industrializado misto de laranja, limão e tangerina; D = Suco industrializado
de goiaba e E = Suco industrializado misto maçã, limão e uva. (3) ácido
cítrico (5) L – aa.
7.8.5. LIMITES DE DETECÇÃO (LD) E QUANTIFICAÇÃO (LQ)
Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) são parâmetros
analíticos que auxiliam na determinação e escolha de um método analítico,
os quais estão associados a sinais analíticos instrumentais, dentre eles a
magnitude de sinal analítico, que indica a concentração de um elemento
possível a ser medido e a linha de base. O limite de detecção (LD) é a
concentração do analito a um dado sinal analítico correspondente ao valor
de 2 ou 3 vezes a magnitude da linha de base com ruído (IUPAC). A linha de
base com ruído pode ser analisada, estatisticamente, fazendo-se pelo
menos dez medidas de um branco para obter o sinal observado e
determinando a estimativa do desvio padrão destas medidas.
91
O limite de quantificação (LQ) pode ser calculado considerando 10
vezes a magnitude da linha de base com ruído (IUPAC).
Neste trabalho, o LD e o LQ foram calculados considerando a linha de
base formada com o sinal-ruído obtido a partir das análises, sendo que para
o cálculo do LD e LQ, consideraram-se 11 medidas do branco, em um
intervalo de tempo de 4 a 6 min, uma vez que todos os ácidos em estudo
migraram neste intervalo de tempo (Tabela 18).
Tabela 18 Limite de Detecção e Quantificação (g/100mL), para os ácidos
orgânicos estudados.
Ácidos Orgânicos
Oxálico Tartárico Cítrico Gálico L–aa
LD 0,0005 0,0056 0,0155 0,0009 0,0045
LQ 0,0016 0,0187 0,0517 0,0031 0,0151
LD = limite de detecção LQ = limite de quantificação (g/100 mL).
7.8.6. REPETIBILIDADE
A repetibilidade de um método representa a concordância entre os
resultados de análise de um determinado método realizado, considerando o
mesmo laboratório, analista e instrumento. Para o cálculo, podem ser
realizadas 9 determinações, sendo 3 em concentrações diferentes, no qual
cada concentração é feita em triplicata, ou com no mínimo de 5
determinações para uma única concentração (BRITO et al., 2003). Neste
trabalho, a repetibilidade do método foi estimada analisando-se amostras
consecutivas das frutas de sucos frescos de limão e sucos frescos de laranja
num mesmo dia (n=5), e em dias distintos (n=5), como pode ser visto na
Tabela 19. O teor de ácido cítrico no suco fresco de limão analisado no
mesmo dia e em dias distintos foi de 5,8282 g/100mL ± 0,0170 e 5,5025
g/100mL ± 0,2069, respectivamente, demonstrando que a variação dos
resultados do ácido cítrico foi maior nas análises feitas em dias distintos. O
teor de ácido cítrico no suco fresco da laranja analisado no mesmo dia e em
dias distintos foi de 0,8012 g/100mL ± 0,0500 e 0,8187g/100mL ± 0,0500,
92
respectivamente, apresentando uma mesma variação. O teor de L – aa para
o suco fresco da laranja apresentou uma maior variação em dias alternados,
passando de 0,0287 g/100mL ± 0,0050 e 0,0296 g/100mL ± 0,0052,
respectivamente. Os resultados mostraram uma maior variação das
concentrações das análises feitas em dias distintos.
Tabela 19 – Concentrações obtidas para o ácido cítrico e o L – aa no limão e
na laranja no mesmo dia e entre-dias.
Amostras - data Ácidos orgânicos (g/100mL)
Cítrico L – aa
Limão - 28/08/09 5,8579 -
Limão - 28/08/09 5,8217 -
Limão - 28/08/09 5,8166 -
Limão - 28/08/09 5,8140 -
Limão - 28/08/09 5,8309 -
Média ± SD 5,8282 ± 0,0170 -
Limão - 28/07/09 5,3607 -
Limão - 04/08/09 5,3607 -
Limão - 10/08/09 5,5000 -
Limão - 21/08/09 5,4333 -
Limão - 28/08/09 5,8579 -
Média ± SD 5,5025 ± 0,2069 -
Laranja - 01/09/09 0,8307 0,0252
Laranja - 01/09/09 0,7326 0,0253
Laranja - 01/09/09 0,7899 0,0275
Laranja - 01/09/09 0,8107 0,0244
Laranja - 01/09/09 0,8062 0,0244
Média ± SD 0,8012 ± 0,0500 0,0286 ± 0,0050
Laranja - 28/07/09 0,7701 0,0351
Laranja - 04/08/09 0,7798 0,0353
Laranja - 10/08/09 0,8960 0,0251
Laranja - 21/08/09 0,8167 0,0273
Laranja - 01/09/09 0,8307 0,0252
Média ± SD 0,8187 ± 0,0500 0,0296 ± 0,0052
93
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método desenvolvido foi adequado para a determinação dos ácidos
orgânicos oxálico, tartárico, cítrico, gálico e o L aa, em sucos de frutas
frescas e em sucos de frutas industrializados. O método mostrou-se simples,
eficiente, rápido (< 6 min) de baixo custo e de fácil operação.
Alguns parâmetros na montagem do sistema eletroforético de zona
foram fundamentais para a separação e quantificação dos ácidos, tais como:
a concentração do eletrólito de separação e o uso de um inversor do fluxo
eletroosmótico (CTAB), o pH da solução tampão, a inversão da polaridade, o
comprimento de onda de absorção molecular, a voltagem, o tempo e a altura
de injeção hidrodinâmica, e o não uso de um solvente orgânico.
Segundo os parâmetros de validação, o método apresentou boa
linearidade para as faixas de trabalho consideradas, boa sensibilidade, e
ótimos coeficientes de correlação (r). O coeficiente de variação variou de
1,48 a 11,46%, os limites de detecção variaram de 0,0005 a 0,0155
g/100mL, e os limites de quantificação variaram de 0,0016 a 0,0517
g/100mL, respectivamente. Os ensaios de recuperação nas amostras dos
sucos de frutas frescos variaram de 83,6 a 117,5%, e nos sucos
industrializados a variação foi de 83,6 a 108,7%, demonstrando ótimos
resultados de recuperação.
Foram detectados e quantificados os ácidos oxálico, tartárico, cítrico,
e o L aa nas amostras dos sucos de frutas frescos e nos sucos de frutas
industrializados, sendo que o ácido oxálico foi quantificado no suco fresco de
carambola, o ácido tartárico nos sucos frescos de carambola e uva, o ácido
cítrico nos sucos frescos de limão, laranja, umbu cajá e morango, e nos
sucos industrializados A, B, C, D e E (A = suco industrializado misto de
94
acerola, laranja enriquecido com L aa; B = suco industrializado misto de
maçã, laranja, tangerina e limão; C = suco industrializado misto de laranja,
limão e tangerina; D = suco industrializado de goiaba e E = suco
industrializado misto maçã, limão e uva), o L aa foi encontrado nos sucos
frescos de laranja, caju, acerola e morango, e nos sucos industrializados A e
B (A = suco industrializado misto de acerola, laranja enriquecido com L aa;
B = suco industrializado misto de maçã, laranja, tangerina e limão).
Não houve redução, tanto na concentração do ácido oxálico quanto
na concentração do ácido tartárico, nas amostras de sucos que os
continham, porém, houve redução do ácido trico em duas amostras de
sucos industrializados (suco misto de maçã, laranja, tangerina e limão e no
suco de goiaba). Em relação a concentração do L aa, houve redução em
todas as amostras de sucos que o continham, sendo que essa redução foi
ainda mais expressiva nos sucos industrializados.
95
9. PERSPECTIVAS FUTURAS
Devido a grande facilidade de implementação da eletroforese capilar
de zona, e a facilidade de se trabalhar com frutas e sucos industrializados,
uma vez que as amostras são preparadas a partir do suco obtido com
posterior diluição com água destilada, pretende-se trabalhar com outras
frutas, com frutas de diferentes regiões do país, e abranger um número
maior de ácidos orgânicos;
Pretende-se monitorar o teor de ácidos orgânicos nas frutas num
período de inter-safra;
Colaborar com outros trabalhos na determinação dos ácidos
orgânicos em amostras de sucos de frutas.
96
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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of di-and tricarboxylic acids in fruits by capillary zone electrophoresis with
amperometric detection, Analytica Chimica Acta. v. 415, p.75-81, 2000.
103
11. ANEXOS
104
ANEXO A
CURRICULUM VITAE
Nome: José Marcos Valentim de Carvalho
Nascimento: 11 de novembro de 1981 em Lagarto/SE
Filiação: João Valentim de Carvalho e Josefa Jovelina Nascimento de
Carvalho
FORMAÇÃO
Graduação: Licenciado em Química pela Universidade Federal de
Sergipe.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
De 2005 a 2007, atuou como analista químico no controle de
qualidade da empresa de alimentos e fermentados acéticos Maratá
Aguardentes, exercendo atividades espectrofotométrica,
turbidimétrica, titulométrica, e cromatografia gasosa (GC).
Desde 2007 exerce atividades ligadas à educação em Química, em
diversos estabelecimentos particulares e público de ensino.
Desde 2007 atua como professor efetivo de Química na Escola prof.
Abelardo Romero Dantas Lagarto/SE.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O MESTRADO
2008 – Universidade Federal de Sergipe (São Cristóvão) 4º encontro
da Pós-Graduação em Química. Apresentação do trabalho “Análise
de Ácidos Orgânicos em Frutas Utilizando Eletroforese Capilar”.
2009 Universidade Federal de Sergipe (Campus Prof. Alberto
Carvalho) I ENESQUIM. Apresentação do trabalho Desenvolvimento
de um Sistema Eletroforético para Determinação de Ácidos Orgânicos
em Sucos de Frutas Utilizando Eletroforese Capilar de Zona”.
2009 Bahia Othon Palace Hotel (Salvador BA) 15° Encontro
Nacional de Química Analítica e Congresso Iberoamericano de
Química Analítica.
105
2009 Bahia Othon Palace Hotel (Salvador BA) 15° Encontro
Nacional de Química Analítica e Congresso Iberoamericano de
Química Analítica. Curso: Análise Multivariada.
2009 Bahia Othon Palace Hotel (Salvador BA) 15° Encontro
Nacional de Química Analítica e Congresso Iberoamericano de
Química Analítica. Apresentação do trabalho “Desenvolvimento de um
Sistema Eletroforético para Determinação de Ácidos Orgânicos em
Sucos de Frutas”.
2010 Submissão do artigo intitulado “Developing of a System for the
Determination of Organic Acids in Fruit Juices Using Capillary Zone
Electrophoresis”. no Journal Food of Composition Analysis, em 28 de
janeiro de 2010.
106
ANEXO B
Tabela 2 Aditivos de eletrólitos comumente empregados em eletroforese
capilar. FONTE: TAVARES M FM, 1997.
ADITIVO FUNÇÃO E/OU EFEITO
Ácidos sulfônicos Agente de pareamento iônico e
modificador da carga superficial
Aminas Bloqueia sítio ativo na superfície
capilar. Reduz a adsorção e a
simetria de pico
Linfólitos Reduz a interação soluto capilar,
melhora a resolução e simetria de
pico
Ciclodextrinas Usado na separação quiral e como
complexante auxiliar na separação
de compostos nêutros
Éter coroa Usados nas separações quirais e
como complexantes auxiliares na
separação de metais
Glicóis Reduz a adsorção soluto-capilar,
auxilia na solubilidade de solutos
orgânicos e reduz o fluxo
eletroosmótico.
Metais de transição Modificam a mobilidade de certos
solutos, afetam a resolução
Polímeros de celulose Agentes modificadores do fluxo-
eletroosmótico
Sais inorgânicos Reduz o fluxo eletroosmótico, altera
a conformação de proteínas e
previne a adsorção soluto capilar
Solventes orgânicos Aumenta a solubilidade de solutos
orgânicos. Reduz a interação
soluto/capilar. Agentes modificadores
do fluxo eletroosmótico
Tensoativos catiônicos Reverte o fluxo eletroosmótico
Uréia Aumenta a solubilidade das
proteínas
107
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