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VANESSA DE SOUZA MELLO
Remodelamento do fígado, pâncreas e tecido adiposo em modelo
experimental de 'síndrome metabólica' tratado com telmisartana,
sitagliptina e metformina
Tese apresentada como requisito parcial
para a obtenção do título de Doutor em
Ciências do Programa de Pós-Graduação
em Biologia Humana e Experimental da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Orientador: Professor Doutor Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda
Coorientadora: Professora Doutora rcia Barbosa Águila
Rio de Janeiro, RJ
2010
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VANESSA DE SOUZA MELLO
Remodelamento do fígado, pâncreas e tecido adiposo em modelo
experimental de 'síndrome metabólica' tratado com telmisartana,
sitagliptina e metformina
Apresentada em: 16 de junho de 2010
Banca examinadora:
Prof. Dr. Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda (orientador)
Prof. Dr. Ruy Garcia Marques (UERJ)
Profª Drª Albanita Vianna de Oliveira (UERJ)
Profª Drª Lucia Marques Alves Vianna (UNIRIO)
Profª Drª Patrícia Machado Rodrigues e Silva Martins (IOC-FioCruz)
Rio de Janeiro, RJ
2010
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DEDICATÓRIA
À minha a Luíza (In Memoriam),
Aos meus pais,
Aos meus iros de coração,
Ao meu afilhado,
Aos meus orientadores
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo incentivo, apoio e dedicação constante em todas as etapas desse
projeto e pela participação ativa na realizão dos meus sonhos.
A toda a minha família, em especial aos meus tios Roberto, Simone, Conceição e Rosa e
à minha avó Luíza, que me deixou neste ano, mas que continua torcendo por mim de
algum lugar.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Alberto Mandarim de Lacerda, pela confiaa, pelas
orientações, pelo incentivo constante, por servir de modelo e inspiração, pelas
oportunidades que surgiram na minha vida ao longo desses 3 anos e meio e por todos os
ensinamentos que me fizeram concluir mais uma etapa da minha vida. Todos os dias
chegam.
À minha coorientadora, Prof. Dra. Márcia Barbosa Águila, por todos os ensinamentos
desde os meus 19 anos ainda na UNIRIO, por ter me dado a oportunidade de entrar no
LMMC, pela orientação do meu mestrado, por todas as dicas nas aulas de anatomia, por
dividir comigo a paixão pelo esporte e pela amizade.
À minha amiga Bianca pela participação ativa nesse projeto, por todas as noites
dormidas no laboratório, pela companhia nos congressos pelo mundo, pelo carinho,
respeito e admiração recíproca. Vida longa à dupla!
Aos meus ICs Bernardo e Fernando, sem os quais esse trabalho não seria possível.
Espero ter contribuído para a formação profissional de vocês na mesma proporção que
vocês contribuíram para a minha.
Ao meu amigo-irmão And, pelo apoio constante, pela amizade sólida, pela presença
em todas as etapas da minha vida e por todos os bons e maus momentos que dividimos
nesses 10 anos de jornada. Você é sempre!
Ao meu afilhado Roberto e à minha amiga-irPaula, que entraram na minha vida na
metade do doutorado e viraram grandes incentivadores, me dando força para continuar e
vencer a cada dia. Obrigada pelos dias perfeitos, pelos sorrisos e pela essencialidade que
vocês têm na minha vida.
Aos meus anatomistas modelo Thiago e Geraldo, pelos ensinamentos e amizade.
A toda a equipe do LMMC, em especial às companheiras de biorio Bianca, Isabele e
Alini, aos 'mestres' da imunohistoqmica Leonardo e Caroline, aos amigos Rodrigo, Júlio,
Thiago e Fernanda Amorim, pelo apoio na realização dos exames noturnos e ao amigo
Victor, pelo incentivo e pelas ajudas em todas as emerncias relacionadas à informática.
À ex-IC e amiga Fernanda Ornellas e aos amigos Tamiris e Cesar, pela amizade,
incentivo e companhia.
À Thatiany Marinho, pela microtomia perfeita, pelo trabalho árduo para que eu
terminasse o artigo o mais rápido possível e pela amizade nesses 6 anos de laboratório.
Aguardo sua formatura, defesa de mestrado e doutorado.
Aos técnicos e amigos Anlica Figueiredo, Ana Lúcia e William Lannes, pela ajuda no
preparo do material ou das aulas de anatomia.
Ao melhor grupo de amigas do mundo: Aline, Carol, Paula e Raíssa. Obrigada por todos
os momentos inesquecíveis Brasil afora.
Às minhas amigas gaúchas: Cíntia, Rose e Eliete, pela amizade e apoio à distância ou no
lab.
Aos meus amigos de longa data: Erika, Luciana, Matheus e Tatiane, igualmente
importantes para a realizão desse projeto.
Ao meu amigo e parceiro de dança Milton e a todos da academia sindicato da dança,
pelos momentos de descontração.
A todos que me ajudaram de alguma forma ao longo desses anos de doutorado e a
todos os professores que despertaram em mim o fascínio pela pesquisa científica e a
admiração pela docência, em especial as minhas primeiras orientadoras: Édira Andrade e
cia Rodrigues.
À minha turma de doutorado, carinhosamente apelidada de Titanic”, por dividirem
comigo todos os momentos desde a seleção do doutorado até a qualificação e defesa. A
vitória é nossa.
Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não que-las... Qu e
tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!
(Mário Quintana)
RESUMO
SOUZA-MELLO Vanessa. Remodelamento do fígado, pâncreas e tecido adiposo em
modelo experimental de 'síndrome metabólica' tratado com telmisartana,
sitagliptina e metformin. Tese (Doutorado em Ciências, Biologia Humana e
Experimental) IBRAG, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2010.
A intervenção farmacológica pode minimizar ou até mesmo reverter o
remodelamento adverso em órgãos num modelo de ndrome metabólica. Este
trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos das monoterapias e associações
medicamentosas sobre a morfologia do tecido adiposo, remodelamento hepático
e pancreático em camundongos C57bl/6 alimentados com dieta very high-fat.
Camundongos C57bl/6 machos foram alimentados com dieta very high-fat (HF,
60% de lipídios) ou dieta padrão (SC, 10% de lipídios) por 10 semanas, quando
foram iniciados os tratamentos: HF-T (HF + Telmisartana, 5.2mg/Kg/dia), HF-S (HF
+ Sitagliptina, 1.08g/Kg/dia), HF-M (HF + Metformina, 310.0mg/Kg/dia) e as
associações medicamentosas HF-TM, HF-TS e HF-SM. Os grupos tratados também
tiveram livre acesso à dieta high fat e os tratamentos duraram 6 semanas. Técnicas
morfométricas, estereogicas, imunohistoqmicas, ELISA, western blotting e
microscopia eletrônica foram utilizadas. A dieta high-fat causou sobrepeso,
intolencia oral à glucose, hiperinsulinemia, hipertrofia de ilhotas e adipócitos,
grau 2 de esteatose hepatica (<33%) redução da expressão de PPAR-alfa e de
GLUT-2, concomitante com aumento da expressão de SREBP-1 no grupo HF
(P<0.0001). Por outro lado, todos os tratamentos resultaram em perda de peso
significativa, reversão da resistência à insulina, hipertrofia de ilhotas e adipócitos e
alívio da esteatose hepática. Somente os grupos HF-T e HF-TS apresentaram
massa corporal similar ao grupo SC ao final do experimento, sendo que o ultimo
também apresentou reversão da esteatose hepática. O aumento da expressão do
PPAR-alfa paralelamente ao decréscimo da expressão do SREBP-1 explica os
achados favoráveis para o gado. A normalização do tamanho do adicito foi
consistente com os níveis maiores de adiponectina e com a redução dos níveis de
TNF-alfa (P<0.0001) nos grupos tratados.
Todos os tratamentos foram eficazes para controlar a ndrome metabólica. Os
melhores resultados foram alcançados com a telmisartana e sitagliptina como
monoterapias ou como associação entre essas, combinando a ativação parcial do
PPAR-alfa no fígado com a extensão do tempo de ação das incretinas.
Palavras chaves: Doença o alcoólica do fígado gorduroso, doença não alcoólica
do pâncreas gorduroso, obesidade, telmisartana, incretinas, dieta hiperlipídica.
ABSTRACT
Pharmacological intervention can minimize or even reverse adverse remodeling
due to metabolic syndrome. This work sought to evaluate the effects of
monotherapies and combinations of drugs on insulin sensitivity, adipose tissue
morphology, pancreatic and hepatic remodelling in C57BL/6 mice fed a high-fat
diet. Male C57BL/6 mice were fed a very high-fat diet (HF, 60% lipids) or standard
chow (SC, 10% lipids) over 10 weeks, after which drug treatments began: HF-T (HF
+ Telmisartan, 5.2mg/Kg/day), HF-S (HF + Sitagliptin, 1.08g/Kg/day), HF-M (HF +
Metformin, 310.0mg/Kg/day) and the drug combinations HF-TM, HF-TS and HF-
SM. Treated groups also had free access to HF diet and treatments lasted 6 weeks.
Morphometry, stereological tools, immunostaining, ELISA, Western blotting and
electron microscopy were used. The HF diet yielded an overweight phenotype, oral
glucose intolerance, hyperinsulinemia, hypertrophied islets and adipocytes, stage 2
steatosis (<33%) and reduced liver PPAR-alpha and GLUT-2, concomitant with
enhanced SREBP-1 expression, in the HF group (P<0.0001). Conversely, all drug
treatments resulted in significant weight loss, reversed insulin resistance, islet and
adipocyte hypertrophy and alleviated hepatic steatosis. Only HF-T and HF-TS
presented body weights similar to SC mice at the end of the experiment and the
latter treatment reversed hepatic steatosis. Increased PPAR-alpha immunostaining
parallel to higher GLUT-2 and reduced SREBP-1 expression explain the favourable
hepatic outcomes. Restoration of adipocyte size was consistent with higher
adiponectin levels and lower TNF-alpha levels (P<0.0001) in treated groups. In
conclusion, all treatments were effective in controlling metabolic syndrome. The
best results were achieved using Telmisartan and Sitagliptin as monotherapies or
as a dual treatment, combining partial PPAR-gamma agonism and PPAR-alpha
activation in the liver with extended incretin action.
Key words: Non alcoholic fatty liver disease, non alcoholic fatty pancreas disease,
obesity, telmisartan, incretins, high-fat diets.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura
1
Vias de sinalizão intracelular da insulina .................................................
2
Vias de sinalização da insulina no fígado ......................................................
35
3
Esquema da evolução da NAFLD para NASH ...............................................
37
4
Regulação do metabolismo de lipídios no fígado .......................................
41
5
ões do GLP-1 nos tecidos periféricos .........................................................
46
6
Mecanismo de ação dos inibidores da DPP-4 ..............................................
49
7
Efeitos da combinação da ão ARB com agonista parcial PPAR-gama
sobre diversos órgãos ................................................................................
8
Ingestão energética durante as dez primeiras semanas de experimento
(fase de indão) ..........................................................................
68
9
Ingestão em KJ por grama de massa corporal .............................................
69
10
Evolução da massa corporal ao longo do experimento ...........................
70
11
Insulinemia dos animais aos 7 meses de idade ..........................................
12
Área sob a curva do teste oral de tolencia à glicose realizada aos 7
meses de idade (pós-tratamento) .................................................................
72
13
Área sob a curva do teste intraperitoneal de tolerância à insulina
realizada aos 7 meses de idade (pós-tratamento) ....................................
73
14
Homa-IR aos 7 meses de idade (pós-tratamento) .....................................
74
15
KI aos 7 meses de idade (s-tratamento) ...................................................
74
16
HOMA-B aos 7 meses de idade (pós-tratamento) .....................................
75
17
veis de colesterol total aos 7 meses de idade (pós-tratamento) ....
18
veis de colesterol total aos 7 meses de idade (pós-tratamento) ....
76
19
Massa hepática corrigida pelo comprimento da tíbia aos 7 meses de
idade (pós-tratamento)....................................................................................
77
20
Densidade de volume de esteatose hepática aos 7 meses de idade
(pós-tratamento) .....................................................................................................
78
21
Distribuição da gordura corporal aos 7 meses de idade (pós-tratamento)
................................................................................................................
79
22
Razão gordura epididimária : gordura subcunea dos animais aos 7 meses de
idade (pós-tratamento) .................................................................
80
23
Diâmetro dos adipócitos dos animais dos animais aos 7 meses de idade (pós-
tratamento) .........................................................................................
81
24
veis de TNF-alfa aos 7 meses de idade (pós-tratamento) .................
82
25
veis de adiponectina aos 7 meses de idade (pós-tratamento) ........
82
26
Massa pancreática corrigida pelo comprimento da tíbia .......................
83
27
Densidade de volume de esteatose pancreática aos 7 meses de idade
..............................................................................................................................
84
28
Diâmetro das ilhotas pancreáticas aos 7 meses de idade ......................
85
29
Imunomarcação para PPAR-alfa hepático ....................................................
86
30
Imunomarcação para insulina, glucagon e glut-2 no ncreas dos animais aos 7
meses de idade .............................................................................
87
31
Imunofluorescência para insulina e glucagon no pâncreas dos animais aos 7
meses de idade .............................................................................
88
32
Eletromicrografia do fígado dos animais aos 7 meses de idade ..........
89
33
Densidade numérica de mitocôndrias por área aos 7 meses de idade
..............................................................................................................................
90
34
Densidade ótica integral das bandas de western blotting para SREBP-1
.......................................................................................................................
91
35
Densidade ótica integral das bandas de western blotting para GLUT-2
..........................................................................................................................
92
LISTA DE TABELAS
Tabela
Página
1
Comparação das definições para diagnóstico da SM ................................
21
2
Características químicas das dietas experimentais ..................................
57
Lista de Abreviaturas
SM
Síndrome metalica
HAS
Hiperteno arterial sismica
DM2
Diabetes mellitus tipo 2
NAFLD
Doença não alcoólica do fígado
gorduroso
AGL
Ácidos graxos livres
NAFPD
Doença não alcoólica do
ncreas gorduroso
ARB
Bloqueador do receptor AT1
PPAR-gama
Receptor ativador da
proliferão peroxissomal
gama
DPP-IV
Dipeptidil peptidase tipo IV
DCV
Doenças cardiovasculares
AGS
Ácidos graxos saturados
AGT
Ácidos graxos trans
OMS
Organização mundial de saúde
EGIR
Grupo Europeu de Estudo da
resisncia à insulina
NCEP/ATPIII
Programa Nacional de
Educação do Colesterol
Terceiro Painel de Tratamento
do Adulto
PAI-1
Inibidor do ativador de
plasminonio 1
VLDL
Lipoproteínas de densidade
muito baixa
LDL
Lipoprotna de baixa
densidade
HDL
Lipoproteína de alta densidade
DAC
Doença arterial coronariana
PI3K
Fosfatidilinositol-3-quinase
GLUT
Transportador
IR
Receptor de insulina
IRS
Substrato do receptor de
insulina
Akt
Proteína quinase B
PTPases
Proteínas tirosina fosfatases
PTP 1B
Proteína tirosina fosfatase 1B
TNF-alfa
Fator de necrose tumoral alfa
IL-6
Interleucina 6
m-TOR
Alvo da rapamicina em
maferos
JNK
Quinase c-Jun-NH2-terminal
GKS-3
Gliconio sintase quinase-3
PEPCK
Fosfoenolpiruvato
carboxiquinase
NASH
Esteatohepatite não alcoólica
AG
Ácido graxo
PPAR-alfa
Receptor ativador de
proliferação peroxissomal alfa
MEC
Matriz extracelular
SCs
Células estreladas
SREBP-1c
Proteína de ligão ao
elemento regulador do esterol
ACC
Acetil CoA carboxilase
FAS
Ácido graxo sintetase
NASP
Esteatopancreatite não
alclica
DM
Diabetes mellitus
GLP-1
Pepdeo similar ao glucagon-1
GIP
Pepdeo insulinotrópico
dependente de glicose
GLP-2
Pepdeo similar ao glucagon 2
SRAA
Sistema renina angiotensina
aldosterona
iECA
Inibidores da enzima
conversora de angiotensina
PPAR-delta
Receptor ativador de
proliferão peroxissomal delta
MC
Massa corporal
TOTG
Teste oral de tolerância à
glicose
TITI
Teste intraperitonela de
tolerância à insulina
HOMA-IR
Modelo de avaliação da
homeostase para resistência à
insulina
Vv
Densidade de volume
PBS
Tampão fosfato salino
BSA
Albumina sérica bovina
IOD
Densidade integral ótica
MET
Microscopia eletrônica de
transmissão
Q
A
Densidade numérica / área
Sumário
Página
Introdução
15
Objetivos
18
Objetivo geral
18
Objetivos específicos
18
Revisão da Literatura
19
Síndrome metalica
19
Modelos experimentais de doenças metabólicas
26
Resisncia à insulina
29
Alterões hepáticas na resisncia à insulina
34
Alterões pancreáticas na resistência à insulina
41
Metabolismo da glicose e ação das incretinas
43
Sitagliptina
48
Metformina
50
Telmisartana
52
Material e todos
56
Animais e dieta
56
Massa corporal e ingeso alimentar
58
Análises metalicas
59
Sacrifício
60
Perfil lipídico
60
Radioimunoensaio para insulina
61
Morfometria dos adipócitos
61
TNF-alfa e adiponectina
62
Estereologia do fígado
62
Morfometria e estereologia do pâncreas
63
Imunohistoqmica
64
Imunofluorescência
64
Análise de imagens
65
Western Blot
66
Microscopia eletrônica de transmiso
66
Análise estatística
67
Resultados
68
Ingestão alimentar e massa corporal
68
Metabolismo de carboidratos
71
Perfil lipídico
75
Estereologia hetica
77
Morfometria dos adipócitos e massa adiposa
78
Adipocinas
81
Morfometria do pâncreas e estereologia
83
Imunohistoquímica
85
Imunofluorescência
87
Modificações ultraestruturais
88
Western blot
91
Discussão
93
Considerações finais e Conclusões
102
Refencias
105
Anexo
Apêndice
15
Introdução
As maiores disponibilidades de alimentos de alta densidade enertica assim como
bitos de vida sedentários introduziram uma nova ameaça à sobrevivência humana:
a obesidade e suas comorbidades. Dentre essas, destacam-se a obesidade centrípeta e
a resisncia à insulina (Grundy, 2008). O armazenamento anormal de gordura na
rego abdominal encontra-se diretamente relacionado ao acúmulo ecpico de gor-
dura em óros chave do metabolismo, tais como gado e ncreas. A resistência à
insulina age em sinergismo com o excesso de tecido adiposo no desencadeamento da
desregulação do eixo adipoinsular, predispondo ao desenvolvimento de outros dis-
rbios metabólicos, caracterizando a ndrome metabólica (SM), cuja prevancia é
crescente em todo o mundo (Eckel et al., 2005; Despres e Lemieux, 2006).
A SM inclui aumento da circunferência abdominal, hipertensão arterial sistêmica
(HAS), dislipidemia e resistência à insulina ou intolerância à glicose ou diabetes melli-
tus tipo 2 (DM2) (Eckel et al., 2005). A comunidade cienfica vem buscando formas
de tratamento dos seus diversos componentes visando melhorar a qualidade de vida
dos seus portadores e reduzir o risco de mortalidade inerente à SM (Carpentier et al.,
2006; Pershadsingh, 2006).
A doença o alcoólica do gado gorduroso (NAFLD) vem sendo apontada como o
componente hepático da SM. Ela engloba um aumento do input de ácidos graxos li-
vres (AGL) concomitantemente a um decréscimo da beta-oxidação, levando a maior
suscetibilidade à fibrose hepática (Marchesini et al., 2001a). Recentemente, a doea
não alcoólica do ncreas gorduroso (NAFPD) foi descrita e a lipotoxicidade nesse
16
órgão prejudica a secrão de insulina estimulada por glicose, provocando disfunção
das células beta e progressão mais rápida para o DM2 (Pitt, 2007). A NAFLD e a
NAFPD exibem a resistência à insulina como rota comum. Essa observação enfatiza a
urgência para encontrar estratégias o somente para o controle da obesidade como
também para aumentar a sensibilidade à insulina e consequentemente, me l horar a
função das lulas beta-pancreáticas e dos hepatócitos (Duvnjak et al., 2007).
A perda ponderal é benéfica ao tratamento da SM. Esta se fundamenta numa inges-
o enertica limitada, caracterizada pela diminuão do aporte lipídico e menor me-
tabolização de nutrientes, tendo como pilar a mudança de estilo de vida (McNeel e
Mersmann, 2005; Vasselli et al., 2005). Contudo, o auxílio de fármacos destinados ao
tratamento das doenças associadas o deve ser descartado (Wassink et al., 2007).
Nesse contexto, estudos experimentais o necesrios para avaliar a viabilidade da
utilização desses fármacos, principalmente quanto ao estabelecimento de doses segu-
ras e possíveis associações benéficas entre drogas.
Entre várias classes de fármacos, alguns exibem efeitos mais marcantes. Os blo-
queadores do receptor AT1 da angiotensina 2 (ARB)/ agonista receptor ativador de
proliferação peroxissomal (PPAR)-gama e as biguanidas se direcionam ao alívio da
resisncia à insulina (Marchesini et al., 2001b; Benson et al., 2004). O primeiro exer-
ce sua ação principalmente a partir da ativação parcial do PPAR-gama e da redução
significativa da produção de adipocinas pró-inflamatórias (Pershadsingh, 2006), en-
quanto o último fundamenta-se na redução da produção hepática de glicose (Home e
Pacini, 2008). Em contrapartida, os inibidores da enzima dipeptidil peptidase tipo IV
(DPP-IV) estimulam a secrão de insulina paralela à inibição da síntese de glucagon
17
e ação trófica sobre a massa de células beta- pancreáticas por meio da atividade en-
tendida das incretinas (Ranganath, 2008b).
Camundongos da linhagem C57BL/6 alimentados com dietas hiperlidicas, que
mimetizam a dieta das populações ocidentais, manifestam antecipadamente e de for-
ma intensa os sintomas da SM (Black et al., 1998; Collins et al., 2004) e, por isso, re-
presentam um bom modelo para o estudo da SM em um curto período de tempo
(Fraulob et al., 2010; Nascimento et al., 2010). Considerando que o tratamento medi-
camentoso é imprescinvel para impedir a progressão das anormalidades metabóli-
cas, as associações medicamentosas podem promover um controle mais rígido destas.
18
Ob j e t i v o s
Objetivo geral
Comparar os efeitos das monoterapias com um duo ARB/ agonista PPAR gama
(telmisartana), um inibidor da DPP-IV (sitagliptina) e uma biguanida (metfor-
mina) sobre o metabolismo de carboidratos, remodelamento hepático, pancre-
ático e morfometria do tecido adiposo de camundongos C57BL/6 alimentados
com dieta hiperlipídica.
Objetivos específicos
Induzir sobrepeso e suas comorbidades com dieta hiperlipídica em camun-
dongos da linhagem C57BL/6.
Comparar os resultados entre os grupos para avaliar os efeitos do tratamento
farmacológico (telmisartana, sitagliptina, metformina e associações) sobre a
massa corporal, desitos de gordura visceral e bioquímica do sangue (glice-
mia, lipídios plasticos).
Comparar a eficácia de um tratamento clássico para o DM II (sitagliptina +
metformina) com as demais associações propostas, enfatizando os efeitos
pleiotrópicos dos fármacos envolvidos nessas.
Avaliar os efeitos dos diversos tratamentos propostos sobre a ultraestrutura e
pametros moleculares hepáticos.
19
Revisão de Literatura
Síndrome metabólica
Pro definição, a SM compreende uma constelação de distúrbios metalicos que
o fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV) e tem sua nese atrelada
ao amulo de tecido adiposo visceral e ao desenvolvimento da resistência à insulina
(Eckel et al., 2005). Embora o seja consensual, uma grande tenncia em apon-
tar a resistência à insulina como cerne dessas alterações metabólicas e a SM vem sen-
do chamada de ndrome da resistência à insulina (Vague e Raccah, 1992; Hauner,
2002).
As crescentes e alarmantes prevancias de SM em países centrais e periféricos fa-
zem com que ela seja considerada atualmente como uma pandemia (Grundy, 2008;
Ginsberg e MacCallum, 2009). A associação com o fenômeno chamado transição nu-
tricional faz-se pertinente. Nas duas últimas décadas observou-se um declínio das
taxas de mortalidade por doenças infecto-contagiosas concomitante ao incremento
das taxas de mortalidade por doenças crônicas, destacando-se as DCV (Amuna e Zo-
tor, 2008).
As explicações mais plausíveis para esse perfil obesogênico das populões atuais
fundamentam-se na maior disponibilidade e consumo de alimentos de alta densidade
energética e redução da atividade física com as facilidades do mundo moderno, ou
seja, fatores de riscos modificáveis (Astrup, 2001; NCEP, 2002). Essa transição encon-
tra-se intimamente relacionada às maiores disponibilidades de alimentos e ao pre-
domínio do consumo de dietas ricas em ácidos graxos saturados (AGS), ácidos graxos
20
trans (AGT) e carboidratos simples, implicando diretamente no aumento drástico da
prevalência da obesidade nas populações ocidentais (Uauy et al., 2001; Uauy e Diaz,
2005). Cabe mencionar que em países mais pobres, a disponibilidade de alimentos de
alta densidade energética interage com a desnutrição materna para determinar uma
maior predisposição ao desenvolvimento de obesidade, um fenômeno conhecido co-
mo programação fetal (Vickers et al., 2000; Souza-Mello et al., 2007).
Dada a multifatoriedade e heterogeneidade da SM, o seu diagstico também é mo-
tivo de discussão no meio científico. Atualmente existem ts critérios de diagnóstico
diferentes. Essas definições mais aceitas foram propostas pela Organização Mundial
de Saúde (OMS), pelo Grupo Europeu de Estudo da resistência à insulina (EGIR) e pe-
lo Programa Nacional de Educação do Colesterol Terceiro Painel de Tratamento do
Adulto (NCEP-ATP III). Todos apontam como cerne para o diagnóstico da SM a obesi-
dade, a resisncia à insulina, a dislipidemia e a hipertensão arterial (Alberti e Zim-
met, 1998; Balkau e Charles, 1999; NCEP, 2002). Contudo, diferentes critérios para a
avalião de cada componente da ndrome o observados quando comparamos as
três recomendões entre si. O quadro 1 ilustra os três diferentes critérios diagsti-
cos para a SM.
21
Tabela 1Comparação das definições para diagnóstico da SM.
WHO, 1999
EGIR, 1999
NCEP/ATP III, 2001
Diabetes ou intolerância à
glicose ou resistência à
insulina (hiperinsulinemia,
captão de glicose pelo
clamp euglicêmico <25%.
Resistência à insulina: au-
mento de 25% na insuline-
mia de jejum com relão a
populão não diabética.
Mais pelo menos dois dos
seguintes componentes:
Mais pelo menos dois dos
seguintes componentes:
Três ou mais dos seguintes
componentes:
Obesidade: IMC>30 ou
rao cintura/quadril>0,90
para homens ou >0.85 para
mulheres
Obesidade centrípeta: cir-
cunferência da cintura
≥94cm (homens) ou80cm
(mulheres)
Obesidade centrípeta: cir-
cunferência da cintura
>102cm (homens) ou
>88cm (mulheres)
Dislipidemia: triglicerí-
deos>150mg/dL ou
HDL<40mg/dL (mulheres)
ou <35mg/dL (homens)
Dislipidemia: triglicerí-
deos>200mg/dL ou
HDL<40mg/dL
Dislipidemia: triglicerí-
deos>150mg/dL ou
HDL<50mg/dL (mulheres)
ou <40mg/dL (homens)
Hipertensão:
>140/90mmHg
Hipertensão:
>140/90mmHg ou uso de
antihipertensivo
Hipertensão:
>135/85mmHg ou uso de
antihipertensivo
Microalbuminúria: excre-
ção de albumina
>2g/min
Glicemia jejum >110mg/dL
Glicemia jejum >110mg/dL
22
As definões da OMS e do EGIR partem do diagnóstico da resisncia à insulina
como componente obrigatório da SM e requerem a presença de pelo menos mais dois
fatores dentre os listados. O diagstico da resistência à insulina requer exames que
muitas vezes não o compaveis com a realidade econômica da população estudada
(SBH, 2004). Devido a isso, as recomendações do NCEP-ATP III foram desenvolvidas
visando à utilização clínica e foram adotadas na I diretriz brasileira para diagnóstico e
tratamento da síndrome metabólica (NCEP, 2002; SBH, 2004).
Outros achados clínicos não fazem parte dos critérios para diagnóstico da SM, po-
rém vem sendo freqüentemente a ela associados, tais como: ndrome de ovários po-
listicos, acanthosis nigricans, NAFLD, microalbuminúria, estados pró-trombóticos,
estados pró-inflamatórios e de disfuão endotelial e hiperuricemia (Bloomgarden,
2004).
O estudo da SM tem sido dificultado pela ausência de consenso na sua definição. No
Brasil, um estudo recente revelou a prevancia de SM em 3,6% das crianças em idade
escolar no estado de São Paulo (Seki et al., 2009). No que se refere à prevalência de
DM2, percebe-se taxas compatíveis com os países desenvolvidos: 3,2% na população
de 30-69 anos e 11% na população co mais de 70 anos (Malerbi e Franco, 1992). Até o
presente momento o existem dados que permitam descrever precisamente a pre-
valência da SM no Brasil. No entanto, estudos em diferentes populações, como a mexi-
cana, a norte-americana e a asiática, revelam prevancias elevadas da SM, dependen-
do do critério utilizado e das características da população estudada, variando as taxas
de 12,4% a 28,5% em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres (Ford e Giles, 2003;
Haffner e Taegtmeyer, 2003; Aguilar-Salinas et al., 2004; Hu et al., 2004).
23
Apesar de não ser por si só um fator utilizado para o diagnóstico da SM, a obesida-
de encontra-se diretamente ligada ao desenvolvimento da resistência à insulina
(Bjorntorp, 1993). Nos EUA cerca de 50% dos jovens obesos apresentam síndrome
metabólica (Weiss et al., 2004). O padrão de distribuição da gordura corporal parece
ser determinante para o desenvolvimento da resistência à insulina e SM, pois nem
todos os indivíduos obesos apresentam resisncia à insulina (Abbasi et al., 2002).
Nesse contexto, indivíduos com excesso de gordura visceral acumulada são mais pro-
pensos à anormalidade diabetogênicas e aterogênicas. Contudo, o um consenso
no que se refere ao fato da obesidade visceral ser um fator causal ou simplesmente
um marcador do perfil dismetabólico (Despres, 2006a, b).
A circunfencia da cintura é utilizada como componente das diversas definões
para o diagnóstico da SM. Todavia, vem sendo frequentemente debatida a importân-
cia da distião entre a gordura subcutânea e a gordura visceral propriamente dita
(Lee et al., 2004; Eckel et al., 2005). Para tal, exames mais apurados como a resson-
cia magnética ou tomografia computadorizada seriam necessários. A gordura subcu-
nea libera os produtos da lipólise na circulação sistêmica, evitando efeitos mais di-
retos na função hepática, tais como o aumento da produção hetica de glicose, sínte-
se de lipídios e secreção de fatores p-trombóticos como o fibrinogênio e o inibidor
do ativador de plasminogênio 1 (PAI-1) (Lee et al., 2004; Laclaustra et al., 2007).
Por outro lado, já es amplamente descrito que indivíduos portadores de obesida-
de visceral apresentam adipócitos intra-abdominais hipertrofiados, os quais apresen-
tam um perfil hiperlipolítico resistente à ão anti-lipotica da insulina (Bergman et
al., 2006; Despres e Lemieux, 2006). O influxo aumentado de ácidos graxos livres (A-
GL) para o gado prejudica o metabolismo hepático, resultando em aumento da pro-
24
dão hepática de glicose e resistência hepática à insulina. Nessas condições ocorre
uma menor degradação hepática da apolipoproteína B e aumento da prodão de
lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), ricas em triglicerídeos (Grundy,
1998, 2006).
A dislipidemia na SM é caracterizada por uma dislipidemia mista. A partir da hiper-
trigliceridemia que ocorre devido a uma menor metabolização hepática da apolipo-
proteína B, o indivíduo manifesta um distúrbio do metabolismo de lipoproteínas. É
frequentemente relatado um aumento dos veis de lipoproteína da baixa densidade
(LDL) e redão dos níveis da lipoproteína de alta densidade (HDL) em portadores da
SM (Wyszynski et al., 2005; Ginsberg e MacCallum, 2009). Contudo, atualmente, deve-
se dar atenção não à quantidade, mas também à composão da lipoproteína, com
predomínio do seu fenótipo B da LDL (caracterizado por parculas pequenas e den-
sas de LDL, depletadas de colesterol). Essa subclasse de LDL vem sendo associada a
um incremento de cerca de 3 vezes no risco de doença arterial coronariana (DAC), à
medida que atravessam mais facilmente a parede dos vasos quando comparadas a
partículas maiores, são mais susceptíveis à oxidão lipídica (passo inicial da atero-
nese) e o mais facilmente captadas por macrófagos (lulas essenciais à formação
da estria gordurosa) (Grundy, 1997; Wyszynski et al., 2005; Grundy, 2006). Modifica-
ções da composição da HDL também são descritas, com predomínio da HDL3, meno-
res e menos eficientes no transporte reverso do colesterol, aumentando o risco de
DCV (de Souza et al., 2008).
A HAS encontra-se fortemente correlacionada à resisncia à insulina e à obesida-
de (Ferrannini et al., 1 9 87). Quando induzida por sobrepeso, a HAS cursa com resis-
ncia seletiva à insulina, ou seja, a captação tecidual de glicose é prejudicada, porém
25
algumas propriedades da insulina o mantidas. Mesmo na presea de hiperinsuli-
nemia, indivíduos obesos continuam sensíveis à reteão renal dedio mediada pela
insulina, promovendo HAS. Outros autores associaram níveis suprafisiogicos de
insulina ao remodelamento arterial adverso (Osei, 1999; Ginsberg, 2000; Rocchini,
2002). Além disso, a hiperinsulinemia determina redão da atividade da enzima óxi-
do nítrico sintetase endotelial por bloqueio da via fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K),
colaborando para o estabelecimento da HAS por anormalidades na vasodilatação
(Steinberg et al., 2000).
Considerando a que a SM é multifatorial, heterogênea e multifacetada, a busca por
formas de tratamento que sejam eficazes no controle das várias comorbidades asso-
ciadas emerge como um dos maiores desafios da comunidade cienfica atualmente.
Os pilares do tratamento da SM são a redão da massa corporal e o conseqüente alí-
vio da resistência à insulina, os quais apresentam efeito benéfico sobre todos os de-
mais fatores de risco associados (NCEP, 2002; SBH, 2004). O diagnóstico precoce da
SM e seu tratamento adequado colaboram para a redução dos gastos com internações
decorrentes de DCV, as quais constituem a maior causa de morte mundialmente e
também previne o desenvolvimento do DM2 se a intervenção for feita quando o indi-
víduo apresenta somente um quadro resistência à insulina (Sathyaprakash e Henry,
2002; Smith, 2006).
26
Modelos experimentais de doenças metabólicas
Em virtude da prevalência crescente de obesidade e das suas doenças associadas
na população mundial e dos gastos públicos que o manejo dessas alterações metabó-
licas representa, a comunidade cienfica vem buscando modelos experimentais que
mimetizem o fenótipo humano e sejam adequados para testar terapias potenciais pa-
ra o controle da SM (Gadja et al., 2007).
Devido ao fato de que em humanos fatores ambientais são fatores cruciais para o
desenvolvimento dos caracteres da SM, a manipulação de dietas é a ferramenta mais
utilizada para antecipar a manifestação destes em modelos animais (Thigpen et al.,
2004).
No que concerne às rmulas utilizadas atualmente, a disponibilidade de ingredi-
entes purificados permite que os estudos feitos ao redor do mundo sejam compará-
veis, uma vez que as fórmulas são disponíveis para consulta e não são mantidas em
segredo, como no caso das rações prontas que dominavam o mercado antigamente
(Ricci e Ulman, 2005).
Essa padronizão dos ingredientes utilizados no que se refere à quantidade e qua-
lidade dos nutrientes foi possível pela publicão de um documento que estabeleceu
o requerimento de macronutrientes e micronutrientes para roedores nas diferentes
fases da vida. Inicialmente a AIN-76 determinou as formulações adequadas para roe-
dores mantidos em laboratório (Bieri, 1979). Contudo, alguns detalhes passaram a
ser questionados no final da década de 80 e em 1993 foi publicada a AIN-93, com al-
gumas correções e que está em voga até os dias atuais (Reeves, 1989; Reeves et al.,
1993).
27
Dessa forma, a AIN-93 G é uma formulação destinada a roedores na fase da gesta-
ção, lactação e nos três primeiros meses de vida (peodo de intenso crescimento e
desenvolvimento). Por outro lado, a AIN-93M é direcionada a roedores em fase de
manutenção, ou seja, a partir dos 3 meses de idade, período onde a taxa de crescimen-
to nesses animais reduz drasticamente (Reeves et al., 1993).
Cabe ressaltar que qualidade dos nutrientes purificados é similar em qualquer lu-
gar do mundo, o que permite ao pesquisador obter resultados diferentes manipulan-
do intencionalmente um nutriente de cada vez (Gadja et al., 2007). No que concerne
aos diferentes componentes da SM, a obesidade é mais facilmente obtida a partir da
manipulação do lipídio da dieta (Buettner et al., 2006). Alguns laboratórios utilizam a
adição de gordura a rações comerciais. Essa prática é inadequada, pois promove dilu-
ão dos demais nutrientes (protnas, vitaminas, minerais e fibras), o que pode resul-
tar em importante viés no estudo (Ghibaudi et al., 2002).
No caso de dietas feitas a partir de ingredientes purificados, a quantidade de li-
dio deve ser considerada. Dietas ‘low-fat’ apresentam cerca de 10% da energia deri-
vada de lipídios na sua composição, dietas high-fat’ têm 30-50% da energia advinda
de lipídios e dietas ‘very high-fatapresentam mais que 50% da energia derivada de
lipídios (Ghibaudi et al., 2002).
Tanto as dietas high-fat quando as very high-f at são utilizadas para induzir obesi-
dade (Buettner et al., 2006). Contudo, se algum tratamento for testado no animal obe-
so deve ser considerado o fato de que as alterões promovidas pela dieta very high-
fat o mais difíceis de reverter que as alterações impostas pela dieta high-fat, a qual
apresenta um aumento mais discreto das calorias advindas da ingestão de lipídios
(Gadja et al., 2007).
28
Outro fator importante para o estudo da SM em roedores é escolher a fonte de lipí-
dio predominante na dieta hiperlidica que seja mais adequada (Buettner et al.,
2006). Nesse sentido, a utilização de AGS como fonte predominante de lidios vem
sendo associadao somente à obesidade, mas tamm ao desenvolvimento de resis-
ncia à insulina, intolerância à glicose e desordens no metabolismo de lipoproteínas,
sendo mais plausível para o estudo da SM (Ikemoto et al., 1996; Storlien et al., 2000).
A cepa de animal utilizada também influencia no resultado do estudo. Camundon-
gos C57BL/6 emergem como um modelo ao estudo da SM em roedores visando com-
parações com humanos. Eles apresentam vulnerabilidade genética e sofrem forte in-
fluência de fatores ambientais no desenvolvimento de obesidade, resistência à insuli-
na e DM2 (Surwit et al., 1988; Collins et al., 2004). Outros fatores importantes são o
desenvolvimento gradual das alterações metabólicas e a deposição seletiva de gordu-
ra no mesentério, consistente com o fato de que a obesidade visceral é um fator de
risco independente para o diabetes em humanos (Surwit et al., 1988; Rebuffe-Scrive
et al., 1993). Merece destaque também o fato de que as alterões metabólicas nesses
camundongos são totalmente dependentes do estímulo. Portanto, cessando a dieta
high-fat ocorre reversão total dos caracteres da SM (Parekh et al., 1998). Esse fato é
importante garante os efeitos benéficos observados em experimentos visando o tra-
tamento da SM com drogas podem ser creditados à ação da droga, desde que o estí-
mulo da dieta hiperlipídica seja mantido durante o tratamento.
A utilização do excesso lipídios em detrimento ao aumento do conteúdo de sacaro-
se na dieta também vem sendo estudada de forma substancial. A literatura documen-
ta que a ingestão de gordura é mais importante que a ingestão energética total na gê-
nese de obesidade de DM2 em camundongos C57BL/6 (Surwit et al., 1995; Petro et
29
al., 2004). Esses animais apresentam predisposição a estocar o excesso de gordura
dietética no tecido adiposo, causando aumento da massa corporal (Surwit et al.,
1995). A massa de gordura epididimária foi 86% maior em camundongos alimenta-
dos com dieta high-fat quando comparados com animais alimentados com dieta rica
em sacarose (Black et al., 1998).
Uma limitação da utilização do camundongo C57BL/6 para o estudo da SM é jus-
tamente a HAS. Esses animais desenvolvem aumentos muito discretos da preso ar-
terial, os quais muitas vezes o o detectáveis por todos simples de aferição. A
fim de obter níveis presricos mais elevados, deve-se adicionardio na dieta, o que
constituiria outro modelo com repercuses muitas vezes o desejadas de acordo
com o objetivo do estudo (Mills et al., 1993; Mattson, 2001).
Resistência à insulina
Por definição, resistência à insulina é um estado de reduzida resposta a veis
normais de insulina. Ela aparece como um fator central e determinante da associação
da obesidade com o DM2, configurando a SM (Reaven, 1988).
A insulina é o maior hormônio anabólico, cuja ão é importante para o desenvol-
vimento e crescimento dos tecidos e homeostase da glicose. Ela é secretada pelas cé-
lulas beta-pancreáticas em resposta ao aumento dos veis de glicose e aminoácidos
circulantes, o que ocorre principalmente no período pós-prandial (Chen et al., 1987).
A insulina normalmente controla a homeostase da glicose em diferentes tios, redu-
zindo a prodão hepática de glicose (promovendo menores taxas de glicogenólise e
gliconeonese), estimulando a captação de glicose nos tecidos periféricos, aumen-
30
tando a síntese hetica de lipídios e suprimindo a liberação de ácidos graxos do teci-
do adiposo (DeFronzo, 1988; Shulman, 2000). Defeitos na secreção e ação da insulina
conduzem a múltiplas alterações metalicas tais como hiperglicemia, aumento da
prodão hepática de glicose e dislipidemia (Muoio e Newgard, 2008).
A resistência à insulina parece ser uma lesão precoce. A literatura documenta que
esse estado de resisncia à insulina pode ter início anos antes do diagnóstico de DM2
(Harris e Eastman, 2000). A hipertrofia das ilhotas e hipersecreção de insulina surge
na tentativa de compensar o estado de resistência e promover valores normais de
glicemia num primeiro momento. Entretanto, esse trabalho exaustivo promove dete-
rioração progressiva das ilhotas de maneira que 50% da função das ilhotas pancreáti-
cas já estão perdidas no momento do diagstico de hiperglicemia, momento onde a
intolerância oral à glicose já está instalada (Taylor, 1999; Yoon et al., 2003).
Atualmente uma tendência de uma visão lipocêntrica da resisncia à insulina
(Robertson, 2009). Nesse contexto, o aumento dos depósitos de tecido adiposo e das
taxas lipólise, atrelados ao sobrepeso, fazem com que os AGL circulantes sejam desvi-
ados e armazenados em órgãos sensíveis à insulina, tais como o fígado, o pâncreas e o
sculo esquetico (Unger e Orci, 2000). Esse acúmulo ectópico de lidios es en-
volvido na nese da resisncia à insulina e no comprometimento da função das -
lulas beta-pancreáticas, efeito conhecido como lipotoxicidade (Savage et al., 2005).
Já está descrito na literatura que os ácidos graxos competem com a glicose como
substrato para oxidação tanto no sculo cardíaco quando em sculo liso de roe-
dores, o que levou à especulação de que a oxidação de ácidos graxos é responsável
pela resistência à insulina nos casos de sobrepeso (Randle et al., 1963). Contudo, re-
centemente, estudos ajudaram a elucidar que veis elevados de AGL circulantes re-
31
duzem os veis intramusculares de glicose-6-fosfato. Essa observação sugere que o
aumento das concentrações plasmáticas de AGL produz resisncia à insulina por
meio da inibão do transporte de glicose ou da atividade da hexoquinase II, sendo a
redão da prodão de glicogênio muscular e da oxidação da glicose apenas eventos
secundários. Devido ao fato de que a glicose intracelular é um metalito intermediá-
rio entre o transporte da glicose e a ação da hexoquinase II, a redução da glicose in-
tracelular prediz um defeito no transporte da glicose, ao passo que o acúmulo de gli-
cose intracelular sugere um defeito da enzima hexoquinase II. Estudos in vivo reve-
lam que na resistência à insulina induzida por ácidos graxos em humanos ocorre uma
redão das concentrões intracelulares de glicose na presença de níveis elevados
de AGL na circulação, confirmando um defeito no transporte da glicose (Roden et al.,
1996; Dresner et al., 1999).
Em condições fisiológicas normais, a insulina estimula a translocação do transpor-
tador de glicose (GLUT) a partir de um reservatório intracelular para a membrana
plasmática. A translocação do GLUT é um processo complexo que envolve a liberão
do GLUT do seu reservatório intracelular, trânsito pelo meio intracelular, reconheci-
mento e fusão com a membrana plasmática. Por conseguinte, existem vários passos
que podem estar comprometidos nos estados de resistência à insulina (Petersen e
Shulman, 2006b; Sesti, 2006).
A insulina desempenha suas ações nos órgãos alvos por meio da fosforilação de um
receptor transmembrana, o receptor de insulina (IR). A ligação da insulina à subuni-
dade alfa (extracelular) do IR ativa resíduos de tirosina presentes na subunidade beta
(transmembrana) do mesmo, conduzindo à auto-fosforilação do receptor. Isso resulta
na ativação da tirosino-quinase intrínseca, a qual catalisa a fosforilação de tirosinas
32
presentes em substratos do receptor de insulina (IRS), tais como o IRS-1 e IRS-2. Es-
tes substratos interagem com a PI3K, a qual estimula o principal efetor: a proteína
quinase B (Akt), uma quinase serina/treonina que estimula a captação de glicose por
meio da translocação do GLUT para a membrana plasmática (Saltiel e Kahn, 2001;
Sesti et al., 2001; Sesti, 2006). Diferentes tecidos expressão diferentes subtipos de
GLUT, o tecido adiposo e a musculatura esquelética expressam o GLUT4, ao passo que
o fígado e o pâncreas expressam o GLUT2 (Thorens et al., 1990).
Na vigência de resisncia à insulina pode haver defeitos no IR, manifestados por
um prejuízo na interação da insulina com o seu receptor ou por uma redução do nú-
mero de receptores disponíveis. Contudo, são mais freqüentes defeitos na sinalização
da insulina a nível pós-receptor (Sesti et al., 2001; Petersen e Shulman, 2006b). Nesse
contexto, a fosforilação inadequada do IR após a ligação da insulina na sua subunida-
de extracelular foi detectada na musculatura esquelética de indivíduos obesos com ou
sem DM2 e em indivíduos o obesos e portadores de DM2 (Goodyear et al., 1995),
no tecido adiposo de indivíduos obesos portadores ou não de DM2 (Sinha et al., 1987)
e nogado de pacientes obesos e portadores de DM2 (Caro et al., 1986). Em conjunto,
essas observações permitem inferir que defeitos na fosforilão do IR e do IRS-1 e na
ativação da PI3K desempenham papel crucial no desenvolvimento da resisncia à
insulina (Sesti et al., 2001; Sesti, 2006).
Outros defeitos na sinalização da insulina descritos em indivíduos obesos portado-
res de DM2 englobam concentrões reduzidas de GLUT-4 nos adipócitos (Shepherd
e Kahn, 1999). Porém na musculatura esquelética, as concentrações de GLUT-4 são
normais, sendo relatado um prejuízo na função de distribuição desse transportador
de glicose (Zierath et al., 1996). O prejuízo na captação de glicose pode também ser
33
resultante do aumento de proteínas que inibem a sinalização da insulina. As proteínas
tirosina fosfatases (PTPases) agem como reguladores negativos da cascata de sinali-
zação da insulina. Estudos recentes mostram que uma das principais funções da PT-
Pase 1B (PTP 1B) é suprimir a ação da insulina. Indivíduos obesos apresentam au-
mento da expressão de PTP 1B no tecido adiposo e musculatura esquetica. Todavia,
uma perda ponderal de 10% resulta em aumento da sensibilidade à insulina concomi-
tante à redução da atividade e veis de PTP 1B (Ahmad et al., 1997a; Ahmad et al.,
1997b).
O perfil p-inflamatório do indivíduo obeso também apresenta correlação com a
patogenia da resistência à insulina. O tecido adiposo em excesso secreta citocinas in-
flamatórias, tais como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e a interleucina-6
(IL-6). O aumento dessas adipocinas vem sendo relacionado à alteração na fosforila-
ção do IRS-1, caracterizado pelo aumento da fosforilação dos resíduos de serina em
proteínas chaves como Akt, alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR) e quinase c-
Jun-NH2-terminal (JNK), comprometendo a sinalização adequada da insulina e trans-
locação do GLUT para a membrana (Hotamisligil et al., 1996; Kern et al., 2001). A fi-
gura 1 ilustra a cascata de sinalização da insulina na musculatura esquelética.
34
Figura 1 Vias de sinalização intracelular da insulina. A ligação da insulina ao seu receptor transmembrana
leva à fosfolilação do IRS-1. Esse passo é crucial para ativar a PI3K, a qual ativa a Akt, agente efetor do estí-
mulo da translocação do GLUT4 para a membrana a fim de permitir a internalização celular da glicose. A -
breviações: IRS-1, substrato do receptor de insulina 1; PI3K, fosfatidilinositol-3-quinase; Akt, protna quina-
se B; GLUT4, transportador de glicose 4. Adaptado de Lann e LeRoith, 2007. (Lann e LeRoith, 2007)
Alterações hepáticas na resisncia à insulina
A insulina inibe a produção hepática de glicose por meio do bloqueio da gliconeo-
gênese e da glicogenólise e estimula o acúmulo do gliconio, ativando a glicogênese.
Esta ocorre devido a um aumento da atividade da enzima glicogênio-sintetase, secun-
rio à inativação da glicogênio sintase quinase-3 (GKS-3) pela Akt (Cross et al.,
1995). A insulina também ativa a proteína fosfatase 1, via PI3K, a qual desfosforila a
glicogênio sintase (Brady et al., 1997).
35
A transcrição de alguns genes pode ser influenciada pela insulina. Nesse sentido, a
via de sinalização da Akt inibe a transcrição de genes que codificam a fosfoenolpiru-
vato carboxiquinase (PEPCK), enzima chave para a neoglicogênese. O aumento da
transcrão de genes codificadores de enzimas glicolíticas como a glicoquinase e a
piruvato quinase é também atribuído à ação da insulina (Pilkis e Granner, 1992; Su-
therland et al., 1996). A figura 2 ilustra a influência da insulina sobre o metabolismo
hepático.
Figura 2 Vias de sinalização da insulina no gado. A insulina estimula a utilização e armazenamento de
glicose como glicogênio e inibe a síntese dessa hexose e sua liberação. A insulina estimula a expreso de
genes da via glicolítica enquanto inibe a codificação daqueles que codificam enzimas da via da gliconeogê-
nese. A insulina também estimula antese de glicogênio através da inibição da GSK3 e proteína fosfatase 1.
Abreviões: GSK3, gliconio sintase quinase 3. Adaptado de Cross e col. 1995 (Cross et al., 1995)
A insulina tamm exerce importante papel na inibição da lipólise no tecido adipo-
so. Contudo, na vigência de resistência à insulina essa propriedade é perdida. Logo, o
excesso de tecido adiposo é acompanhado por incremento das taxas de lipólise e mai-
or disponibilidade de AGL na veia porta (Despres e Lemieux, 2006). Em situações
36
normais, o excesso de AGL é canalizado para a mitocôndria onde ocorre a beta-
oxidação. Contudo, nos estados de resistência à insulina, a carga excessiva de AGL é
direcionada à liponese (esterificação), conduzindo ao acúmulo de triglicerídeos no
interior desse óro queo é destinado a essa função, configurando a condição pato-
gica conhecida como esteatose hetica (Holness e Sugden, 1999; Festi et al., 2004;
Duvnjak et al., 2007).
A NAFLD é a doença hepática mais comum nos países ocidentais (Erickson, 2009).
Ela vem sendo apontada como a manifestão hepática da SM e acomete 25% da
população dos países onde a obesidade é mais prevalente (Marchesini et al., 2001a).
Embora inicialmente tenha característica benigna, ela representa o ponto de partida
de doenças mais graves como esteatohepatite o-alcoólica (NASH), cirrose hepática
e hepatocarcinoma (Brunt et al., 1999). O padrão ouro para seu diagnóstico é o aco-
metimento de mais de 5-10% do peso do tecido ou como percentual de hepatócitos
afetados em biópsia hepática. Seus principais fatores de risco incluem obesidade cen-
tral e resisncia à insulina, além do DM2, dislipidemia e utilizão de determinados
fármacos. A esteatose hepática ocorre sempre que o input de ácidos graxos (capta-
ção, síntese ou esterificação) excede o output (oxidão e secrão de VLDL), resul-
tando no acúmulo principalmente de triglicerídeos nos hepatócitos (Brunt et al.,
1999; Neuschwander-Tetri e Caldwell, 2003; Festi et al., 2004; Abdelmalek e Diehl,
2007).
Dentre as causas mais freqüentes do aumento do input figuram: o consumo de
dietas hiperlipídicas, o aumento da lipogênese de novoe da esterificação de ácidos
graxos (AG). Por outro lado, a redução do output ocorre por meio da menor secre-
ção de VLDL e/ou da beta-oxidação. As repercussões da esteatose são sistêmicas, vis-
37
to que a oxidação de AG nas mitondrias de hepatócitos provém uma gama de subs-
tratos energéticos essenciais ao metabolismo e esta via metabólica se encontra redu-
zida na esteatose (Koteish e Diehl, 2001; Diehl, 2005).
Os fatores que provocam a progressão da NAFLD, esteatose isolada, para a NASH,
caracterizada pela presença de fibrose e necrose, continuam obscuros (Kirsch et al.,
2003). Baseado na teoria dos dois passos, o primeiro passo consiste no desenvolvi-
mento da esteatose hepática, a qual uma vez estabelecida promove adaptões de
rotas sinalizadoras celulares frente aos veis elevados de estresse oxidativo. Dessa
forma a lula sobrevive nesse meio adverso, mas fica mais propensa ao desenvolvi-
mento do segundo passo que a partir de apoptose e/ou necrose aliada à inflamação
conduz à NASH (Brunt et al., 1999; Festi et al., 2004). A figura 3 esquematiza a teoria
dos dois passos para a esteatohepatite.
Figura 3 Esquema da evolução da NAFLD para NASH. Na presea de obesidade e hiperinsulinemia, altas
taxas de lipólise do tecido adiposo favorecem o acúmulo de triglicedeos no interior dos hepatócitos (first
hit). A persistência dos esmulos desencadeantes desse primeiro passo interage com o aumento do estres-
se oxidativo e o perfil pró-inflamario do indiduo obeso, resultando em apoptose e necorse (second hit).
A ativão de células estreladas caracteriza a NASH, levando à fibrose do tecido hetico. Abreviões:
NAFLD, doença do fígado gorduroso não alcoólica; NASH, esteatohepatite não alclica. Adaptado de Brunt,
1999 (Brunt et al., 1999)
38
O desenvolvimento da esteatose (primeiro passo) encontra-se intimamente rela-
cionado à obesidade centrípeta à medida que 76% dos portadores o obesos (Mar-
ceau et al., 1999; Akbar e Kawther, 2006). A literatura postula que o tecido adiposo
abdominal é a maior fonte de AGL. Animais com sobrepeso induzido por dieta hiper-
lipídica cursam com resistência à insulina, a qual possui efeitos distintos sobre o teci-
do adiposo e hetico. No primeiro ela estimula a lipólise, com conseqüente aumento
do transporte de AGL para o fígado pela veia porta e aumento do “input” de AG. Por
outro lado, no fígado, a hiperinsulinemia inibe a beta-oxidação, reduzindo o “output.
Ambas as ações favorecem o acúmulo de gordura nos hepatócitos, condição que pro-
move resistência hepática à ão da insulina. A perda da capacidade da insulina em
suprimir a produção hepática de glicose agrava a resistência global à insulina e exa-
cerba a manifestação dos componentes da SM como obesidade, dislipidemia e HAS
(Festi et al., 2004; Adams e Angulo, 2005; Brunt, 2005).
Outro mecanismo proposto é o aumento da liberação de TNF-alfa pelo excesso de
tecido adiposo visceral. Esta adipocina promove redução da expressão do receptor
ativador de proliferação peroxissomal (PPAR)-alfa, receptor nuclear que ativa a
transcrição de genes implicados na formação de enzimas ligadas a oxidação lipídica. A
redução da atividade do PPAR-alfa além de reduzir a oxidão lipídica, ativa a apop-
tose e aumenta o estresse oxidativo, ambos apontados como cruciais para a progres-
o para a NASH (Koteish e Diehl, 2001; Schiffrin et al., 2003; Svegliati-Baroni et al.,
2006). Outra adipocina que sofre alterão na presença de obesidade e resisncia à
insulina é a adiponectina. A literatura documenta hipoadiponectinemia em estados de
resistência à insulina, a qual se relaciona diretamente à redução da beta-oxidação
(Jarrar et al., 2008). O tratamento de camundongos ob/ob com adiponectina aumenta
39
a oxidação hepática de AGL, uma vez que o restabelecimento da adiponectinemia
normal promove redução das concentrações de TNF-alfa por meio da inibição da ex-
pressão e secreção desta citocina inflamatória (Xu et al., 2003; Polyzos et al., 2009).
Um fator que também deve ser considerado e que indica uma tentativa frustrada
de regeneração hepática frente aos danos causados pela NAFLD é o aumento das ta-
xas de binucleação de hepatócitos. Esta foi constatada encontrada em roedores ali-
mentados com dieta hiperlipídica (Souza-Mello et al., 2007). A alta ingestão de AGS
pode atuar como o segundo passo, acelerando a progressão da NAFLD para NASH à
medida que promove aumento da inria hepática, ativação delulas estreladas
(SCs), ativação da caspase 3 (efetora) e fibrose periportal (Moriwaki et al., 1988;
Carmiel-Haggai et al., 2005). A NASH cursa com alteração da composição da matriz
extracelular (MEC) caracterizada pelo aumento da síntese em detrimento à degrada-
ção desta. As SCs são as mais importantes no tecido hepático para a síntese de MEC e
o ativadas por dietas hiperlipídicas, espécies reativas de oxigênio, triglicerídeos,
VLDL e citocinas inflamatórias. Com o desenvolvimento da cirrose, por exemplo,
aumento do número de células estreladas no fígado, as quais na presença de injúria
hepática apresentam ativão de mecanismos pré e s-transcricionais que promo-
vem a deposição de colágeno tipo I e fibrose (Lu et al., 1998; Lieber et al., 2004; Tes-
sari et al., 2009).
Alterações funcionais e estruturais de mitocôndrias heticas, comprometendo a
beta-oxidação dos ácidos graxos nas mitocôndrias, aumento da peroxidação lipídica
em peroxissomos e microssomos e o conseqüente aumento do estresse oxidativo
foram relatadas em animais portadores de esteatose microvesicular. A redução das
taxas de beta-oxidação favorece o acúmulo de ácidos graxos e a ocorrência de estea-
40
tose hepática, ao passo que o aumento da prodão de espécies reativas de oxigênio
favorece a progressão da NAFLD para NASH (Angulo e Lindor, 2001; Caldwell et al.,
2004; Wei et al., 2008).
Além da redão da beta-oxidão, evidenciada pelas alterões mitocondriais ine-
rentes à NAFLD, ocorre um aumento paralelo da liponese hepática. O aumento da
expressão da proteína de ligação ao elemento regulador do esterol (SREBP-1c) nos
estados de resistência à insulina promove incremento da transcrição de genes de en-
zimas envolvidas na ntese de ácido graxo, entre elas a acetil CoA carboxilase (ACC),
que converte a acetil CoA em malonil CoA e a ácido graxo sintetase (FAS), que conver-
te a malonil CoA em palmitato (Shimomura et al., 2000; Sakakura et al., 2001). A figu-
ra 4 detalha aão da SREBP-1 no hepatócito.
Alguns estudos associam a esteatose hepática resultante da resistência à insulina
com o aumento dos níveis de SREBP-1 em resposta à hiperinsulinemia. Em indivíduos
sensíveis à insulina, ela estimula a prodão de SREBP-1c em períodos de pós-
prandiais, quando há excesso de carboidrato circulante e níveis maiores de insuline-
mia (Brown e Goldstein, 1997; Sakakura et al., 2001). Apesar de na resistência à insu-
lina a maioria das ões desse hormônio ser comprometida, essa resistência à sua
ão é seletiva e a capacidade da insulina em aumentar a prodão de SREBP-1c é
mantida. Logo, a expressão de SREBP-1c é proporcional à insulinemia, sendo maior
nos casos de resistência à insulina, os quais vêm sendo associados ao aumento da li-
pogênese hepática, além da redução da oxidação mitocondrial de ácidos graxos (Shi-
momura et al., 1999; Shimomura et al., 2000).
41
Figura 4 - Regulão do metabolismo de lipídios no fígado. A insulina via SREBP 1c aumenta a expressão de
genes que estimulam a síntese de ácidos graxos, tais como a acetil Coa carboxilase e a ácido graxo sinteta-
se. Adaptado de Sakakura e col., 2001 (Sakakura et al., 2001)
Alterações pancreáticas na resistência à insulina
Na presença de resistência à insulina, o excesso de AGL resultante das altas taxas
de lipólise no tecido adiposo é desviado tamm para o ncreas (Mathur et al.,
2007). Embora não esteja tão bem descrita quanto à NAFLD, cada vez mais descrões
de NAFPD são encontradas na literatura (Mathur et al., 2007; Fernandes-Santos et al.,
2009a), indicando que esta é possivelmente a repercussão pancreática da SM.
A primeira correlação entre massa pancreática e massa corporal foi feita em 1926
(Schaefer, 1926). Em 1933 um estudo revelou 9% de gordura pancreática em indiví-
duos eutficos, enquanto obesos apresentaram 17% (Ogilvie, 1933). Nos anos 60 e
70 a presença de gordura pancreática excessiva começou a ser relacionada com a o-
besidade e DM2 (Walters, 1966; Olsen, 1978) e mais recentemente estudos experi-
mentais vem confirmando essa tendência de aumento da massa pancreática em ani-
mais com sobrepeso (Fraulob et al., 2010) e presea de esteatose pancrtica em
42
animais obesos alimentados com dieta hiperlidica e rica em sacarose (Fernandes-
Santos et al., 2009a).
De forma semelhante ao que acontece no gado, uma forte associação entre o
ncer pancrtico e a obesidade (Pitt, 2007). Outro achado que está fortemente cor-
relacionado com a obesidade é a pancreatite, pois indivíduos obesos apresentam for-
mas mais graves dessa doença (Segersvard et al., 2001; Papachristou et al., 2006).
Esta pode ser definida como uma condição onde ocorre autodigestão da glândula por
um mecanismo ainda o elucidado. As enzimas digestivas assumem sua forma ativa
no interior do pâncreas, o que culmina com a ruptura da membrana plasmática das
lulas pancreáticas, causando edema, hemorragia intersticial e ativação das demais
p-enzimas e destruição total dos ácinos pancreáticos (Vasseur et al., 2004).
O excesso de ácidos graxos no tecido pancrtico interfere na secreção de insulina,
levando à hipersecreção e hipertrofia das ilhotas pancreáticas, o que causa disfunção
e perda da célula beta-pancreática por meio de lipoapoptose. Este fememeno é co-
nhecido como lipotoxicidade (Lee et al.; Robertson, 2009). A persistência desse rcu-
lo vicioso conduz à exaustão pancreática (Unger, 1995). No que tange à progressão da
NAFPD, estudos recentes localizaram lulas estreladas pancreáticas ativadas, su-
gerindo que a inflamação e aumento do estresse oxidativo sejam requisitos para a
evolução da NAFPD para a esteatopancreatite não alcoólica (NASP) (Pitt, 2007; Ta-
lukdar e Tandon, 2008).
43
Metabolismo da glicose e ação das incretinas
As a descoberta da insulina, em 1920, o entendimento sobre o diabetes mellitus
(DM) como doea metabólica evoluiu de forma considerável. O advento do radioi-
munoensaio permitiu verificar que em certos casos os pacientes com DM apresenta-
vam níveis elevados de insulina, ao invés da ausência deste hormônio, o que resultou
no conceito de resistência à insulina (DeFronzo, 1997, 2004). A resistência à insulina
é um pilar para o entendimento do DM 2, porém estudos revelaram nos anos 50 que
outros hormônios também desempenhavam papel crucial na glicorregulão, contri-
buindo para a homeostase da glicemia. Desses hormônios destaca-se o glucagon, o
qual era o principal esmulo para a produção hepática de glicose. A partir de eno o
diabetes passou a ser considerado como doença bi-hormonal (Baron et al., 1987; De-
Fronzo e Ferrannini, 1987).
Atualmente, é consensual de que a glicemia resulta do equibrio ou desequilíbrio
entre a velocidade de entrada e a taxa de remoção da glicose da circulão. A glicose
circulante adm da absorção intestinal, glicogenólise ou neoglicogênese (DeFronzo,
2004).
A insulina é um hormônio hipoglicemiante. Ela controla os níveis pós-prandiais de
glicose, sinalizando para que os tecidos sensíveis à insulina aumentem a captação de
glicose. Outros efeitos englobam: esmulo da gliconese, preservando a glicose esto-
cada para períodos de jejum; inibição da síntese de glucagon pelas células alfa-
pancreáticas, resultando na interrupção da produção hepática de glicose via glicoge-
nólise e neoglicogênese (Baron et al., 1987; DeFronzo e Ferrannini, 1987).
Nas primeiras horas de jejum a glicogenólise é o mecanismo principal para manter
a glicose disponível como fonte energética. A presença do glucagon e a redução da
44
insulinemia são fatores cruciais para o aparecimento da glicose na circulação. Após
longos peodos de jejum, a neoglicogênese é responvel pela manuteão da glice-
mia adequada. Esta ocorre principalmente no fígado e tem como estímulos o aumento
do glucagon paralelamente à redução da insulina. Dessa forma, a insulina e o glucagon
o hornios antanicos e potentes reguladores do metabolismo glidico (Butler e
Rizza, 1991; Pilar Lopez et al., 1991; Fery e Balasse, 1994). Todavia, o conceito de que
o DM é uma doença bi-hormonal está ultrapassado. Outros hormônios, secretados
pelo intestino e igualmente importantes, vêm sendo estudados exaustivamente
(Creutzfeldt, 1979).
As incretinas (GLP-1, peptídeo similar ao glucagon-1 e GIP, peptídeo insulinotrópi-
co dependente de glicose) são peptídeos derivados do intestino, intimamente relacio-
nados com o aumento da sensibilidade à insulina após a ingeso de nutrientes. O es-
mulo oral a partir da alimentação é indispensável para a ntese desses hormônios
(Drucker, 2006; Baggio e Drucker, 2007).
As incretinas agem juntamente com insulina e glucagon na regulação da homeosta-
se da glicose s-prandial e o DM passou a ser reconhecido como doença multi-
hormonal (Irwin et al., 2009). lulas enteroendócrinas ao longo dos intestinos del-
gado e grosso contribuem para a homeostase energética, a partir da secreção de hor-
nios importantes para a saciedade, motilidade intestinal e função das ilhotas pan-
creáticas (Lamont e Drucker, 2008). O eixo enteroinsular pode ser definido uma co-
neo entre o trato intestinal e o pâncreas encrino, comprovada após observações
recorrentes de que a administração oral de glicose resulta num estímulo maior para a
secreção de insulina do que a administração intravenosa (Ranganath, 2008a). Essa
diferença entre a secreção de insulina após o estímulo oral e após o mesmo estímulo
45
intravenoso é chamado de efeito incretina (Drucker, 2006). Atualmente, apenas duas
incretinas são conhecidas e estas são responsáveis por 50% da secreção pós-p ra ndial
de insulina, sendo o GLP-1 responsável por 70% destes (Komatsu et al., 1989; Baggio
e Drucker, 2007).
Os níveis de GLP-1 estão baixos no estado de jejum e o estímulo oral com refeições
ricas em carboidratos e lipídios deflagra sua secreção pelas células L do íleo e colo
(Mortensen et al., 2003). Quando os veis de GLP-1 estão aumentados, ocorre su-
pressão dos veis de glucagon e do esvaziamento gástrico. Cabe ressaltar que a redu-
ção dos níveis de glucagon no período pós-prandial, como ação da elevação dos níveis
de GLP-1, não compromete a ação do glucagon na manutenção da glicemia em perío-
dos de jejum. Além disso, a redução do esvaziamento gástrico es diretamente rela-
cionada com a diminuição da glicemias-prandial. O GLP-1 parece ser mais eficaz no
tratamento do DM2 quando administrado por via intravenosa, sendo mais promisso-
ra a terapia com ele. O GLP-1 apresenta outros efeitos fisiogicos importantes, tais
como redução do apetite por retardo do esvaziamento strico (Naslund et al., 1999)
e a preservação ou aumento da massa de células beta-pancreáticas pela indução da
neogênese de ilhotas e inibição da apoptose (Perfetti et al., 2000). O estímulo da se-
crão de insulina pelo GLP-1 ocorre num modo glicose-dependente. O GLP-1 age no
ncreas a partir da ligação com um receptor específico, o qual se encontra acoplado
à captação de glicose e metabolismo desta. Este mecanismo evita a hipoglicemia
(Delmeire et al., 2003). O GLP-1 ainda exibe efeito lipolítico sobre os adipócitos de
ratos (Baggio e Drucker, 2007). A figura 5 resume os principais efeitos fisiológicos do
GLP-1.
46
Figura 5 ões do GLP-1 nos tecidos periféricos. Abreviação: GLP-1, Peptídeo similar ao glucagon 1. Adap-
tado de Baggio e Drucker, 2007 (Baggio e Drucker, 2007)
O GIP é secretado por meio de esmulo luminal pelas lulas K, situadas nas pri-
meiras porções do intestino delgado (Mortensen et al., 2003). O consumo de dietas
hiperlipídicas eleva a secreção de GIP, aumentando a absoão intestinal de glicose e
a liberação de insulina, os quais promovem acúmulo de ácidos graxos nos adipócitos,
resultando em obesidade. Esse ciclo vicioso leva ao DM2 e o antagonismo do GIP pa-
rece ser uma estratégia pertinente para evitar essa progressão (Song e Wolfe, 2007;
Irwin et al., 2009).
O aumento dos veis de GIP e resistência a esse hormônio é uma das alterões
inerentes ao DM2. Logo, a terapia com GIP não é exitosa, que a administração intra-
venosa deste não promove aumento da secreção de insulina e melhora da tolerância à
glicose (Ranganath, 2008b). Apesar disso, seus efeitos sobre o tecido pancrtico é
47
muito parecido com os efeitos do GLP-1. O GIP também aumenta a transcrição de ge-
ne ligado à biosntese da insulina assim como da expreso de componentes dos
sensores de glicose na célula beta (Drucker, 2006; Baggio e Drucker, 2007).
No DM2, a função da célula beta encontra-se alterada no estado s-prandial. O-
corre uma perda da resposta rápida da secreção s- prandial de insulina. Outros e-
feitos que configuram a resisncia à insulina são a hipersecrão de insulina e hiper-
trofia das ilhotas (Kahn, 2001; Saltiel e Kahn, 2001). Além disso, um defeito na trans-
locação do GLUT para a membrana das células impede a utilização adequada da glico-
se pelos tecidos e esse excesso de glicose fica na circulação sanguínea, configurando
hiperglicemia s-prandial (Kahn et al., 2001; DeFronzo, 2004).
Esse quadro de resisncia à insulina caracteriza-se por uma combinação de fato-
res que incluem a resisncia à insulina no fígado , sculo e tecido adiposo, decnio
progressivo da massa e função das células beta-pancrticas e defeito na supressão
dos níveis de glucagon, causando aumento da produção hepática de glicose (Baron et
al., 1987; Petersen et al., 2005).
De todos os efeitos fisiológicos das incretinas, a supressão do glucagon emerge
como o mais significativo. Pacientes com DM2 apresentam hiperglucagonemia atrela-
da a veis reduzidos de GLP-1, mesmo na presença de hiperglicemia (Baron et al.,
1987; Ranganath, 2008b). Contudo, antes da instalação do quadro de DM2, nos casos
de resistência à insulina, como no nosso experimento, justifica-se a utilizão de es-
tratégias que aumentem os níveis circulantes das incretinas numa tentativa de evitar
a falência e/ou aumentar a massa delulas beta-pancreáticas ( Mu et al., 2006).
48
Sitagliptina
O uso terapêutico do GLP-1 é inviável devido à sua diminuta vida dia plasmáti-
ca. Antes de 3 minutos de atividade o GLP-1 é inativado pela enzima DPP-IV. Para
contornar a ão dessa enzima, algumas estratégias foram propostas: uso de agonis-
tas do receptor do GLP-1 (exenatida), análogos do GLP-1 resistentes à inativação en-
zimática (liraglutida) e inibidores da enzima DPP-IV (vidagliptina e sitagliptina) (La-
mont e Drucker, 2008). Os dois primeiros apresentam como inconveniente o fato de
serem drogas injetáveis. Os inibidores da DPP-IV são ativos por via oral, porém po-
dem potencializar a ação de outros peptídeos tais como neuropeptídeo Y, enterostati-
na, peptídeo YY, protna quimioatratora de monócitos, GLP-2 e substância P (Nas-
lund et al., 1999; Mest e Mentlein, 2005).
A sitagliptina age por meio da inibição da DPP-IV, uma enzima chave que inativa o
GLP-1 e o GIP (3 minutos após a liberação desses, limitando suas ações (Drucker,
2006; Baggio e Drucker, 2007). Logo, sob a inibição da DPP-IV, os animais se benefici-
am da ação estendida das incretinas e de níveis aumentados. Porém, a inibição da en-
zima resulta em aumento de 2 a 3 vezes nosveis de incretinas circulantes, ao passo
que o uso de análogos ou agonistas do GLP-1 aumentam cerca de cinco vezes os níveis
basais circulantes (Calbet e Holst, 2004; Small e Bloom, 2004). O mecanismo de ação
dos inibidores da DPP-IV está ilustrado na figura 6.
49
Figura 6 Mecanismo de ação dos inibidores da DPP-IV. O GLP-1 e o GIP bioativos são liberados pelo intes-
tino delgado após a ingestão alimentar e aumenta a secreção de insulina induzida por glicose (efeito incre-
tina). A DPP-IV rapidamente converte o GLP-1 e o GIP em metabólitos inativos. A inibição da atividade da
enzima DPP-IV previne a degradação do GLP-1 e do GIP, aumentando a ação das incretinas. Abreviões:
DPP-IV, dipeptidil peptidase tipo IV; GLP-1, peptídeo similar ao glucagon 1; GIP, peptídeo insulinotrópico
dependente de glicose. Adaptado de Baggio e Drucker, 2007 (Baggio e Drucker, 2007)
No que concerne à segurança na utilização da sitagliptina, não o relatados casos
de hipoglicemia uma vez que a ão desse medicamento estimulando a secreção de
insulina ocorre apenas quando a glicemia é maior que 90 mg/dL (Charbonnel et al.,
2006). Seus efeitos são mais notórios na glicemia pós-prandial, com redução em até
50% nos níveis glicêmicos. A glicemia de jejum não reduz mais que 20%, fundamen-
tando-se no fato que a estimulação oral é crucial para a síntese das incretinas (Druc-
ker, 2003).
Considerando que a sitagliptina apenas estabiliza os níveis endógenos de GLP-1
por meio da inibição da enzima limitante da sua ão, essa droga deve ser utilizada
nas fases iniciais do DM (Deacon e Holst, 2002). Pelo fato de manter a capacidade da
lula beta-pancrtica de sintetizar e liberar insulina, essa droga parece capaz de
50
aumentar a massa de células pancreáticas e evitar a deterioração do controle glicêmi-
co, inibindo o curso natural do DM2 (Drucker, 2003; Mest e Mentlein, 2005). Recen-
temente, foi observado um aumento da fosforilação do GLUT-2 no pâncreas como
resultado do aumento dos níveis de GLP-1 após tratamento com sitagliptina (Liu et
al., 2009). O tratamento com exenatida promoveu reversão da esteatose hepática,
sugerindo que o efeito do GLP-1 sobre e redução da prodão hepática de glicose seja
mais importante que aumentar a disponibilidade de glicose (Ding et al., 2006).
Estudos clínicos têm comprovado a eficácia da sitagliptina em reduzir a glicemia de
jejum, porém seus efeitos não suplantam o da metformina (Charbonnel et al., 2006).
Sua ão é maior sobre a glicemia pós-prandial, uma vez que o estímulo oral é neces-
rio para a secreção das incretinas (Schweizer et al., 2009). Nesse sentido, associa-
ções medicamentosas sempre são favoveis a fim de promover efeitos mais pronun-
ciados e controle mais rígido da glicemia. A combinação mais evidente da sitagliptina
seria com drogas que também atuam na resisncia à insulina, como a metformina
(Green et al., 2006; Ahren, 2008).
Metformina
A metformina é uma biguanida, cuja utilização no tratamento precoce do DM2 é
muito relevante, frente ao baixo custo e a alta eficia como sensibilizadora da insuli-
na (Ahren, 2008). Atualmente é droga de primeira escolha no tratamento do DM2 em
indivíduos obesos ou não obesos, oferecendo baixo risco de hipoglicemia e tendo co-
51
mo principal efeito colateral a presença de desconforto gastrointestinal (Goodarzi e
Bryer-Ash, 2005; Nathan et al., 2009).
A metformina reduz a glicemia a partir da redução da produção hepática de glico-
se, aumentando a sensibilidade à insulina no fígado (Leverve et al., 2003; Green e Fe-
inglos, 2008). Ela age por meio da protna quinase ativada AMP 5’ (AMPK) e estimula
a oxidação de ácidos graxos no fígado (Shaw et al., 2005). Outros mecanismos de ação
atribuídos à metformina incluem a inibição da absorção intestinal de glicose e o au-
mento dos níveis plasmáticos de GLP-1, seja pela inibição da enzima DPP-IV ou pelo
maior estímulo à secreção desta incretina (Ikeda et al., 2000; Mannucci et al., 2001;
Green et al., 2006).
A monoterapia com metformina em longo prazo não é capaz de manter níveis gli-
micos adequados e uma associação com outra droga é freqüentemente requerida
(Inzucchi, 2002; Nathan et al., 2009). Inicialmente, a metformina era associada a uma
sulfoniluréia em função de essas duas classes apresentarem mecanismos de ão
complementares. A metformina aumenta a sensibilidade à insulina e a sulfoniluréia
estimula a secreção de insulina. Contudo, o alto risco de hipoglicemia oferecido pela
última logo desencorajou essa associação (Hundal e Inzucchi, 2003; Setter et al.,
2003). A outra classe de escolha para associar à metformina seriam as tiazolidinedio-
nas, porém essas apresentam como incoveniente o aumento da massa corporal em
pacientes que na sua maioria objetivam perda ponderal (Charbonnel et al., 2005; De-
rosa et al., 2006).
Mais recentemente, o conhecimento acerca das incretinas e dos medicamentos que
intensificam suas ações fizeram com que os inibidores da DPP-IV fossem associados à
metformina (Ahren, 2008). Os primeiros relatos da combinação dos inibidores da
52
DPP-IV com a metformina confirmam um controle adequado da glicemia e redução da
hemoglobina glicosilada em indiduos portadores de DM2 (Brazg et al., 2007; Golds-
tein et al., 2007). Embora os resultados não sejam tão díspares com relação às associ-
ões com sulfolinuréias ou tiazonilinedionas, a boa tolerabilidade e ausência de efei-
tos colaterais fazem com que essa combinão seja promissora (Bosi et al., 2007).
Entretanto, mais estudos experimentais são necesrios para esclarecer asões des-
sa combinação utilizada na clínica sobre a secreção de glucagon, veis pós-
prandiais de glicose e lipídios e sensibilidade à insulina (Ahren, 2008).
Telmisartana
A telmisartana é um anti-hipertensivo da classe dos bloqueadores do receptor AT1
da angiotensina 2, conhecidos como ARB. Sua ão hipotensiva é inquestionável e,
conseqüentemente, a comunidade científica tem dado mais atenção aos efeitos pleio-
trópicos dessa droga (Georgescu, 2008).
Uma associação entre o bloqueio do sistema renina angiotensina aldosterona (SR-
RA) e a prevenção do DM2 tem sido cada vez mais freqüente. Nesse sentido, vem sen-
do observada uma tenncia de acúmulo de tecido adiposo subcutâneo ao invés de
tecido adiposo visceral em pacientes utilizando ARBs, o que reduziria o acúmulo ec-
pico de gordura em tecidos como fígado encreas, melhorando assim a resisncia
à insulina e prevenindo o DM2 (Sharma e Engeli, 2006; Shimabukuro et al., 2007).
Outro mecanismo proposto é o aumento da microcirculação nas ilhotas pancreáticas
e um melhor balanço iônico (potássio e magsio) resultantes do bloqueio do recep-
53
tor AT1. Ambas as ações atuariam influenciando positivamente a secreção de insulina
pelo pâncreas (Scheen, 2004).
Os ARBs representam uma evolução dos inibidores da enzima conversora de angi-
otensina (iECA), pelo fato de bloquearem somente as ações da angiotensina 2 media-
das pelo receptor AT1 (Sleight, 2005; Ostergren, 2007). Portanto, efeitos fisiológicos
importantes, advindos da interação da angiotensina 2 com o receptor AT2 são manti-
dos (Weber, 1997). Contudo, a telmisartana vem se diferenciando dos demais ARB e
se destacando no controle o da hipertensão como também das comorbidades
associadas devido a sua ação de agonista parcial PPAR-gama (Benson et al., 2004).
O PPAR-gama é um receptor intranuclear que ativa a transcrição de genes que de-
sempenham um importante papel na regulão da sensibilidade à insulina, especial-
mente no tecido adiposo e na musculatura esquelética, sendo o principal alvo das tia-
zolidinedionas (Picard e Auwerx, 2002). A telmisartana é lipofílica, o que permite que
tenha um alto poder de penetrar no núcleo celular mesmo em baixas concentrações e
assim se ligar e ativar o PPAR-gama. Essa ativão é independente do bloqueio do
receptor AT1, sendo considerada uma propriedade peliotrópica dessa droga, o que
permite considerá-la como sensibilizadora da insulina (Benson et al., 2004; Kurtz,
2005).
A telmisartana vem sendo descrita como agonista parcial do PPAR-gama, pois não
ativa completamente esse receptor, levando a uma expressão seletiva dos genes ati-
vados por esse receptor. Essa característica adiciona vantagens à utilização dessa
droga, uma vez que ela não produz os efeitos colaterais resultantes da ativação total
do PPAR-gama pelas tiazolidinedionas tais como a retenção hídrica e ganho ponderal
(Kubota et al., 1999; Benson et al., 2004; Pershadsingh, 2006).
54
A ão conjunta de ARB e agonista parcial PPAR-gama torna a telmisartana uma
droga adequada ao manejo dos diversos componentes da SM (Bahadir et al., 2007). A
partir do bloqueio do receptor AT1 e da ativação do receptor AT2 da ansiotensina 2
o observados alguns efeitos anti-inflamatórios importantes para o manejo da obe-
sidade, já descrita como doença inflamatória. Além disso, a supressão de moléculas
ligadas ao estresse oxidativos são pertinentes ao impedimento da evolão da NAFLD
para formas mais graves como a NASH (Kurtz, 2006; Negro et al., 2006; Enjoji et al.,
2008). A ão de agonista parcial PPAR-gama também leva à supressão de moléculas
inflamatórias como o TNf-alfa e a IL-6 e ao aumento de moléculas anti-inflamatórias
como a adiponectina, com resultante aumento da sensibilidade à insulina. São ainda
observados preveão do ganho ponderal e melhora do perfil lidico. Todas essas
ões culminam com a prevenção de esteatose hepática e pancreática, redução do
risco de aterosclerose, proteção cardíaca e renal (Schiffrin et al., 2003; Sugimoto et al.,
2006; Grassi et al., 2008; Sasaki et al., 2008). A figura 7 ilustra os principais efeitos
metabólicos decorrentes da utilização da telmisartana.
Cabe ainda mencionar que a ação da telmisartana como agonista seletivo na ativa-
ção dos PPARs não se refere somente ao PPAR-gama. Recentemente ela foi identifica-
da como agonista PPAR-alfa especificamente no fígado, o que ajuda a entender o su-
cesso da terapia com telmisartana no tratamento da esteatose hepática (Clemenz et
al., 2008). A ativação do PPAR-alfa no fígado correlaciona-se diretamente com maio-
res taxas de beta-oxidação de AGL no interior das mitocôndrias hepáticas (Nabeshima
et al., 2009). Outra propriedade da telmisartana que es para ser completamente
entendida é sua ão na redução da massa corporal. Um estudo recente mostrou que
essa droga atua como agonista PPAR-delta, o qual es intimamente relacionado à
55
perda ponderal por meio da inibição da liponese e da ativação de proteínas desa-
copladoras e vias lipoticas em diversos tecidos corpóreos (He et al., 2010).
Figura 7 Efeitos da combinação da ão ARB com agonista parcial PPAR-gama sobre diversos órgãos. A-
breviões: ARB, bloqueador do receptor de angiotensina; PPAR-gama, receptor ativador de proliferação
peroxissomal gama. Adaptado de Pershadsingh, 2006. (Pershadsingh, 2006).
56
Materiais e Métodos
Animais e dieta
Todos os procedimentos foram conduzidos de acordo com os guias convencionais
para experimentação em animais (Publicação Nº. 85-23 do NIH, revisada em 1996).
Os cuidados com os animais seguiram as normas impostas pela Universidade do Es-
tado do Rio de Janeiro (UERJ), sendo aprovado pelo comitê de ética do Hospital Uni-
versitário Pedro Ernesto sob o protocolo CEA/173/2007.
Camundongos C57BL/6 machos foram mantidos em condições controladas de
temperatura, umidade e ciclo de luz (21±C, umidade 60±10%, ciclo claro-escuro
12:12h) com livre acesso à comida e água. Aos três meses de idade, os animais passa-
ram a receber aleatoriamente um tipo de dieta experimental a seguir: dieta padrão
(‘standard chow SC, 10g lipídios/100g dieta) ou uma dieta very high fat (HF, 60g
lipídios/100g dieta). O conteúdo de vitaminas e minerais de ambas as dietas foram
idênticos e estavam de acordo com as recomendões do Instituto Americano de Nu-
trição (AIN 93M). As dietas foram produzidas pela Rhoster (www.rhoster.com.br) e
sua composição encontra-se detalhada na tabela 2.
57
Tabela 2 – Características químicas das dietas experimentais
Composição das dietas
Grupos
SC
HF
Ingredientes
Caseína
140,0
190,0
L-cisteína
1,8
1,8
Amido de milho
620,7
250,69
Sacarose
100,0
100,0
Fibras
50,0
50,0
Óleo de soja
40,0
40,0
Banha de porco
--
320,0
Mix de vitaminas
10,0
10,0
Mix de minerais
35,0
35,0
Colina
2,5
2,5
Antioxidante
0,008
0,008
Energia
Kcal/g
3,57
5,40
Proteínas
14,9
14,0
Lipídios
9,4
60,0
Carboidratos
75,7
26,0
*Mistura de Vitaminas: 10,0mg, **Mistura de Minerais: 25,0mg, seguindo recomenda-
ção da AIN-93M.
Abreviações: SC, standard chow, dieta padrão; HF, dieta high-fat (Reeves et al., 1993).
58
Após 10 semanas de administração das dietas, objetivando induzir os caracteres da
SM, o tratamento farmacológico foi iniciado e os seguintes grupos foram formados:
grupo SC (rão padrão durante todo o experimento / n=5); grupo HF (dieta high fat
durante todo o experimento e que não fora tratado/n=5); grupo HF-T (dieta high fat
acrescida de telmisartana 0.01 mg%); grupo HF-S (dieta high fat acrescita de sitaglip-
tina 0.9%); grupo HF-M (dieta high fat acrescida de metformina 0.48mg%); grupo HF-
TM (dieta high fat acrescida de telmisartana e metformina); grupo HF-TS (dieta high
fat acrescida de telmisartana e sitagliptina) e grupo HF-SM (dieta high fat acrescida
de sitagliptina e metformina). Os tratamentos tiveram a duração de 6 semanas e as
drogas foram trituradas e misturadas à dieta nas quantidades descritas acima. Os
grupos tratados com associações medicamentosas receberam a mesma quantidade de
cada uma das drogas que os grupos em monoterapia.
Massa corporal e ingestão alimentar
A massa corporal (MC) foi avaliada semanalmente em balança de precisão (sexta
feira, 8h AM), enquanto a ingestão alimentar foi mensurada diariamente (8h AM) .
Dieta fresca era fornecida diariamente e eventual remanescente de dieta do dia ante-
rior era descartado a fim de evitar oxidão lipídica.
Considerando-se a ingestão diária de ração e a massa corporal dos animais, as do-
ses dos medicamentos corresponderam a 5,2±0,06 mg/kg/dia para a telmisartana,
1,08.0±0,05 g/kg/dia para sitagliptina, e 310,0±6,0 mg/kg/dia para a metformina.
59
Alises metabólicas
O teste oral de tolerância à glicose (TOTG) foi realizado ao final do experimento.
As um peodo de 6 horas de jejum (1h AM - 7h AM), amostras de sangue para do-
sar a glicemia de jejum foram obtidas por ordenha da cauda após uma pequena inci-
o na ponta desta. Em seguida, uma solução de glicose (25% glicose em solução sali-
na esril 0,9% NaCl) numa dose de 1g/kg foi administrada por gavagem orogástrica.
A concentração de glicose plasmática foi aferida antes da sobrecarga de glicose e nos
seguintes tempos subsequentes a esta: 15, 30, 60 e 120 minutos, utilizando o método
da glicose-oxidase com auxílio de um glicosímetro (Accu-chek, Roche Diagnostic,
Germany). A área sob a curva (AUC) foi calculada usando a ferramenta trapezóide do
programa GraphPad Prism versão 5.3 para Windows (GraphPad Software, San Diego,
CA, USA) com o intuito de avaliar a intolerância à glicose (Gallou-Kabani et al., 2007).
Dessa mesma forma, para o teste intraperitoneal de tolerância à insulin (TITI) os
camundongos fizeram jejum de 4 horas (1h AM-5h AM) e as amostras de sangue tam-
m foram coletadas por ordenha da cauda. Contudo, após a determinão da glice-
mia de jejum, 0,75U de insulina/Kg MC de insulina de ação ultrarrápida (Lispro insu-
lin®) foi administrada intraperitonealmente. Na sequencia, a glicemia plasmática foi
mensurada aos 15, 30, 60 e 120 minutos após a sensibilização com a insulina. A área
sob a curva também foi calculada objetivando avaliar a resistência à insulina (Gallou-
Kabani et al., 2007).
Os dados do TITI ainda foram utilizados para calcular o índice de sensibilidade à
insulina (Ki). Este foi calculado pela seguinte formula: Glicemia basal - glicose
15 min
/15 (Schreyer et al., 1998).
60
Sacrifício
No dia da eutanásia, os animais foram submetidos ao jejum de 6 horas (1 AM 7
AM). Antes do procedimento, os animais foram anestesiados profundamente com
pentobarbital dico intraperitoneal (50 mg/kg). Em seguida, o tórax foi aberto por
incisão mediana ventral e as amostras de sangue foram obtidas rapidamente por
punção caraca trio direito). O pâncreas e os depósitos de gordura (massa de gor-
dura retroperitoneal, inguinal e genital) foram completamente removidos de ambos
os lados e foram pesados em balança de precisão digital. A gordura retroperitoneal foi
considerada como os depósitos localizados ao redor dos rins e ao longo dos músculos
lombares. A gordura inguinal foi considerada como toda a gordura subcutânea entre a
parte inferior da caixa torácica e da região dia da coxa. A gordura genital (epididi-
ria) incluiu o tecido adiposo ao redor dos ureteres e bexiga, assim como dos epidí-
dimos. A bia esquerda também foi dissecada e o comprimento da tíbia foi aferido
com aulio do paquímetro devido ao fato de que massas corporais discrepantes entre
os grupos podiam transformar os parâmetros absolutos em dados inconcludentes.
Dessa forma, a bia foi empregada para padronizar as massas do fígado e do n-
creas, permitindo um estudo comparativo entre todos os grupos (Yin et al., 1982).
Perfil lipídico
Imediatamente após a coleta do sangue, o plasma foi separado por centrifugação
em temperatura ambiente (120 g for 15 min) e estocado a -80ºC até a realização de
análise bioquímica. Colesterol total, triglicerídeos e a HDL foram determinados por
um ensaio citico coloritrico (Bioclin System II, Quibasa, Bioclin, Belo Horizonte,
MG, Brazil). A rmula de Friedwald foi utilizada para calcular a concentração de LDL.
61
Morfometria dos adipócitos
O tecido adiposo epididimário foi incluído em paraplast plus (Sigma-Aldrich Co., St.
Louis, MO, USA), seccionado a 5 µm e corado com hematoxilina-eosina. Após isso, a
área seccional dos adicitos foi medida utilizando o software Image-Pro Plus vero
5.0 (Media Cybernetics, Silver Spring, MD, USA) para a análise de imagens digitais
adquiridas de campos aleatórios (um mínimo de 10 adipócitos por animal, formato
TIFF, 36-bit, 1280x1024 pixels) com câmera Olympus LC Evolution e microspio
Olympus BX51.
Radioimunoensaio para insulina
As concentrões de insulina de jejum foram determinadas por radioimunoensaio,
Cat. RI-13K (o coeficiente de variação intra-ensaio foi de 1,4%). O modelo de avalia-
ção da homeostase (HOMA-IR) foi calculado usando valores basais a fim de avaliar a
resisncia à insulina pela seguinte fórmula: HOMA = (glicemia de jejum x insulina de
jejum)/22.5 (Matthews et al., 1985), assim como o HOMA-BETA foi obtido por meio
da rmula: HOMA-B = 20 x insulina plasmática de jejum (uU/ml) /glicemia de jejum
(mmol/l) 3.5 (Dagogo-Jack et al., 2009).
62
TNF-alfa e adiponectina
A análise dosveis de TNF-α foi feita usando kit commercial para ELISA (Hu-
man/Mouse TNF-α ELISA Ready-SET-go, San Diego, CA, USA), assim como os níveis de
adiponectina foram obtidos pelo kit para ELISA Cat EZMADP-60K, Linco research (co-
eficiente de variação intra-ensaio foi de 3,8%).
Estereologia do gado
O gado foi cuidadosamente dissecado e teve seu volume aferido pelo método de
Scherle (Scherle, 1970). Este se fundamenta no deslocamento do líquido devido ao
volume do órgão submerso na solução salina de maneira que as paredes do recipiente
posicionado sobre a balança não sejam tocadas. A partir de tal procedimento, o volu-
me do órgão é obtido por meio do peso, dado que volume = massa/gravidade e que a
gravidade da solução fisiológica salina é 1,0048, pode-se considerar então que volu-
me (c) = massa (g) (Weibel, 1979).
Na seqncia, o fígado foi cortado em fragmentos pequenos, os quais foram manti-
dos formalina de Millong durante 48h em temperatura ambiente. Fragmentos aleató-
rios foram desidratados em alcoóis de concentração crescente até alcançar o álcool
absoluto, diafanizados em xilol e incluídos em Paraplast plus (Sigma-Aldrich, St.
Louis, MO, USA). O material foi seccionado com 3μm de espessura, e então os cortes
foram corados com Hematoxilina-Eosina. Vários cortes foram obtidos de cada frag-
mento do órgão e 5 campos alearios foram analisados ao microscópio, configurando
um estudo completamente cego.
63
Para as alises estereogicas, foi utilizado um sistema de vídeo-microscopia com
microspio Leica DMRBE, objetivas plano cromáticas (Leica, Weltzlar, Alemanha) e
um sistema teste com 36 pontos (pontos totais) acoplado ao monitor (Aguila et al.,
2003). A densidade de volume de esteatose hetica foi estimada por contagem dos
pontos que tocavam glóbulos de gordura: Vv[estrutura]:=P
P
[estrutura]/P
T
(onde P
P
é
o número de pontos que tocam as estrutura avaliada e P
T
é o número total de pontos
na grade teste) (Mandarim-de-Lacerda, 2003). As quantificações consideraram so-
mente estruturas preservadas e que não tocavam a linha proibida (Gundersen, 1977).
Vale a pena mencionar que a técnica de contagem de pontos foi escolhida uma vez
que esta tem uma melhor reprodutibilidade que a avaliação visual (Franzen et al.,
2005).
Morfometria e estereologia do ncreas
Cortes de m de espessura foram corados com hematoxilina-eosina. Cinco ilhotas
pancreáticas foram analisadas randomicamente em cada lâmina. O diâmetro das ilho-
tas foi facilmente obtido considerando a dia entre o maior e o menor diâmetro.
Somente as ilhotas que cortam o plano equatorial foram medidas a partir de um sis-
tema de vídeo microscopia (câmera Olymp us DP71, microscópio Olympus BX51). Um
nimo de 100 ilhotas foi medido por grupo. A densidade de volume (Vv) de esteato-
se pancreática também foi estimada por contagem de pontos que tocavam os glóbulos
de gordura (interlobular, intralobular e perilobular) como detalhado anteriormente
para o fígado.
64
Imunohistoqmica
Cortes de 5 micrômetros de espessura de tecido pancreático foram desparafiniza-
dos e a recuperação antigênica foi feita com tampão citrato pH6,0 por 30 minutos a
6C. Após isso, a atividade da peroxidase endógena foi bloqueada com 0,3% H
2
O
2
em
tampão fosfato salino (PBS). Ligões inespecíficas dos anticorpos policlonais foram
bloqueadas pela incubação com albumina sérica bovina (BSA) a 5% em PBS. Subse-
quentemente, os cortes foram incubados com anticorpos anti-insulina (diluão
1:100; A0564, DAKO), anti-glucagon (diluição 1:100; A0565, Dako) e anti-glut-2 (dilu-
ição 1:100; AB1342, Chemicon) e essas reações foram amplificadas usando um siste-
ma biotinha-estreptavidina (K0679; Universal DakoCytomation LSAB + kit, peroxida-
se). Imunoreações positivas foram visualizadas utilizando o reagent DAB (K3466, Da-
koCytomation) e hematoxilina. minas de controle negativo foram obtidas a partir
da omissão do anticorpo primário. Similarmente, cortes de tecido hepático seguiram
o mesmo protocolo, exceto a recuperação antigênica. O anticorpo pririo utilizado
para o fígado foi o anti-PPAR-α (dilution 1:100; SC-9000, Santa Cruz).
Imunofluorescência
A imunofluorescência foi realizada para localizar insulina e glucagon nas ilhotas
pancreáticas. Para tal procedimento, foi empregado o mesmo protocolo descrito aci-
ma na imunohistoquímica de rotina. Contudo, os anticorpos anti-insulina (anti-guinea
pig, A0564 DAKO) e anti-glucagon (anti-rabbit, A0565, Dako) foram utilizados na di-
luição 1:50. Pelo fato desses anticorpos terem sido obtidos em diferentes animais foi
possível realizar a dupla marcação, usando dois anticorpos secundários distintos (an-
ti-guinea pig e anti-rabbit) conjugados com o fluoróforo Alexa. As lâminas foram mon-
65
tadas com slow-fade (Invitrogen) a fim de manter a fluorescência. Os controles nega-
tivos foram obtidos pela omissão dos anticorpos primários. Um microscópio confocal
a laser (CLSM-510 METAZeiss) foi utilizado na avaliação das lâminas. Fotomicrogra-
fias foram obtidas usando objetivas de 20x (EC Plan-Neofluar), com resolução de 0,5.
Alise de imagens
Imagens digitais foram capturadas e analisadas com o software Image pro plus
versão 7.0 (Media Cybernetics, Silver spring, Md). Uma ferramenta de segmentação
de densidade foi utilizada para segmentar a imagem em branco e preto, onde as áreas
brancas correspondem à marcação com insulina, glucagon ou GLUT-2 e a área em
preto representa as demais áreas remanescentes do tecido. Os limites das ilhotas fo-
ram determinados e a área colorida em branco foi quantificada utilizando uma ferra-
menta de histograma. Esse resultado foi expresso em densidade de colorão por i-
lhota (%) (Mandarim-de-Lacerda et al., 2010). Uma amostra de 10 ilhotas por animal
foi avaliada em cada grupo.
Por outro lado, a expressão do PPAR-alfa no fígado foi avaliada por uma metodolo-
gia estereogica. O mero de cleos de núcleos positivamente marcados foi divi-
dido pelo número total de cleos de hepatócitos, considerando somente cleos
dentro do sistema teste. O resultado foi multiplicado por 100. As medidas foram obti-
das em 10 campos por animal.
66
Western Blot
As proteínas heticas foram extrdas com tampão de lise e inibidores de protea-
se. Os homogenatos resultantes foram centrifugados a 3200x g por 20 minutos a 4°C,
e os sobrenadantes foram coletados. A expressão das proteínas SREBP-1 e GLUT-2
foram analisadas por western blot. Quantidades iguais de proteína total foram resus-
pensas em tampão de amostra contendo SDS, aquecidas por 5 minutos a 100°C e se-
paradas pelo SDS-PAGE. Após a eletroforese das proteínas houve a eletro transfen-
cia destas para uma membrana PVDF (Amersham Hybond
TM
-P). A eficiência da trans-
ferência das proteínas foi visualizada pela coloração com o corante Ponceau. A mem-
brana foi então incubada em leite desnatado em (6% em T-TBS), incubada com
anticorpo policlonal anti-rabbit-SREBP-1 (68kDa, SC-367, Santa cruz Biotechnology,
CA, USA) e anti-rabbit-GLUT-2 (53-61kDa, AB1342, Chemicon), lavada e incubada
com anticorpo secundário anti-rabbit. A expressão das duas proteínas foi detectada
por meio de um sistema de detecção de quimioluminesncia aumentada (ECL - A-
mersham). Os sinais foram visualizados por autoradiografia e quantificados por aná-
lise de fotografias digitais dos géis por meio do Image pro plus versão 7.0 (Media Cy-
bernetics, Silver spring, Md). A densidade integral ótica (IOD) da SREBP-1 e GLUT-2
foram mensuradas.
Microscopia eletrônica de transmissão
todos de rotina para preparar as amostras de fígado e ncreas para microsco-
pia eletrônica de transmissão (MET) foram empregados em pelo menos 3 animais de
cada grupo. Pequenos fragmentos de ambos os órgãos (1mm²) foram fixados com
1,5% de glutaraldeído em 0,1 mol de tampão cacodilato, pH7,4, pós-fixado com tetró-
67
xido de ósmio 1% em 0.1 mol de tamo cacodilato a 4ºC, desidratados em uma série
de solões de acetona de concentrão crescente e incluídas em resina epóxi. Seções
ultrafinas (68nm) foram cortadas em um ultramicrótomo (Leica Ultracut ultramicro-
tome), contrastadas com acetato de uranila e citrato de chumbo e examinadas ao mi-
croscópio eletrônico (Zeiss EM 906 ).
Eletromicrografias do fígado foram analisadas a fim de estimar a densidade numé-
rica de mitocôndrias por área (Q
A
), a qual pode ser definida como o número de perfis
de mitondrias dentro de uma área teste conhecida (expresso como mitocôndria /
µm
2
). Quarenta e cinco eletromicrografias por grupo foram avaliadas e todas as mito-
ndrias dentro da área teste foram contadas, exceto as que tocavam a linha proibida.
Análise estatística
Os dados são mostrados como media ± EPM. Nos casos em que podemos confirmar
a homocedasticidade das variâncias, as comparações entre os grupos foram feitas
pelo one-way ANOVA seguido pelo pós-teste de Tukey. Caso contrário as diferenças
foram testadas com Kruskal-Wallis e pós-teste de Dunn. Em todos os casos, um nível
de significância de 0,05 foi considerado como estatisticamente significativo. Todas as
análises e gficos foram feitos com o GraphPad Prism versão 5.3 para Windows
(GraphPad Software, San Diego, CA, USA).
68
Resultados
Ingeso alimentar e massa corporal
Não houve diferença quanto à quantidade de ração ingerida (dado não mostrado)
até a décima semana de experimento (período de indão da resistência à insulina e
caracteres associados), porám a ingestão em energia do grupo HF foi significativa-
mente maior que a do grupo SC (+40%, P<0,0001, figura 8).
Figura 8 Ingestão energética durante as dez primeiras semanas de experimento (fase de indução). Legen-
da: SC = standard chow; HF = high fat. [a] SC (P<0,05).
No que tange à fase de tratamento, os grupos tratados apresentaram redução da in-
gestão enertica por grama de massa corporal quando comparados ao grupo HF
(P<0,05, figura 9). Esse dado indica hiperfagia no grupo HF, enquanto os grupos tra-
tados não apresentaram diferença com relação ao grupo SC.
69
Figura 9Ingestão em KJ por grama de massa corporal. Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T =
high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + tel-
misartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina +
metformina. [a] SC; [b] HF; [f] ≠ HF-TM (P<0,05).
A dieta very high fat’’ induziu ganho ponderalpido e os animais exibiram sobre-
peso após a primeira semana de administrão desta (P<0,05). Os animais HF conti-
nuaram ganhando peso progressivamente até o final do experimento, sendo 51%
mais pesado que os seus controles SC (P<0,0001). Em contrapartida, todos os tipos de
tratamento causaram perda ponderal significativa (P<0,0001, tabela 2). Vale ressaltar
que a telmisartana demonstrou resultados expressivos sobre a massa corporal uma
vez que os grupos HF-T e HF-TS não apresentaram diferença com relação à massa
corporal dos animais SC ao rmino do experimento. A evolução da massa corporal
dos animais ao longo do experimento pode ser observada na figura 10.
70
Figura 10 Evolução da massa corporal ao longo do experimento. Legenda: SC = standard chow; HF = high
fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high
fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitaglipti-
na + metformina. Símbolos iguais indicam diferea estatística entre os grupos (P<0,05).
71
Metabolismo de carboidratos
A ingestão crônica de dieta ‘’high fat’’ induziu hiperinsulinemia nos animais HF,
com insulinemia 210% maior que os animais SC da mesma idade. Os animais tratados
apresentaram valores normais, sem diferença do grupo SC (P<0,0001, figura 11).
Figura 11Insulinemia dos animais aos 7 meses de idade. Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T
= high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat +
telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina +
metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
Corroborando com os níveis de insulinemia, quando comparado ao grupo SC, os
camundongos HF apresentaram intolerância oral à glicose, com maior AUC após rea-
lizão do TOTG (+38% para AUC no TOTG, P<0,001, figura 12). Embora tenha sido
aliviada por todos os tratamentos, a intolerância oral à glicose foi completamente re-
vertida pelos tratamentos com telmisartana e sitagliptina em monoterapia ou as as-
sociações telmisartana + sitagliptina e sitagliptina + metformina, que esses grupos
72
não apresentaram diferenças com relação aos camundongos SC no que se refere à
AUC do TOTG.
Figura 12 Área sob a curva do teste oral de tolerância à glicose realizada aos 7 meses de idade (pós-
tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat +
sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat +
telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T; [d]
HF-S; [e] HF-M; [f] HF-TM (P<0,05).
A resistência à insulina foi detectada nesses animais HF por meio de uma maior
AUC do TITI (+59% para AUC no TITI, P<0,0001, figura 13). Os tratamentos que re-
verteram completamente a resistência à insulina avaliada pelo TITI foram a monote-
rapia com metformina e as associações telmisartana + sitagliptina e sitagliptina +
metformina, uma vez que esses grupos o apresentaram diferença com relação ao
grupo SC (figura 13).
73
Figura 13Área sob a curva do teste intraperitoneal de tolerância à insulina realizada aos 7 meses de idade
(pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat
+ sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat
+ telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
Apesar de todos os tratamentos terem sido eficazes ao aliviar a intolerância à gli-
cose e resisncia à insulina, as anormalidades do metabolismo de carboidratos foram
completamente revertidas somente pelos tratamentos com as associações telmisarta-
na + sitagliptina e sitagliptina + metformina, que esses grupos não apresentaram
diferenças com relação aos camundongos SC no que se refere à AUC do TOTG e do
TITI (figuras 12 e 13). Dentre as monoterapias, o tratamento com sitagliptina de-
monstrou melhores resultados no TOTG (-30%, P<0,001), enquanto a metformina se
destacou no TITI (-26%, P<0,001).
Os animais HF o tratados apresentaram ainda aumento do HOMA-IR (+74%,
P<0,0001, figura 14) concomitante ao decscimo do KI (-77%, P<0,0001, figura 15),
confirmando a resistência à insulina nesses animais. Adicionalmente, o aumento dos
valores de HOMA-B no grupo HF (+109%, P<0,0001, figura 16) foi indicativo de hi-
persecrão das lulas beta pancreáticas. O HOMA-IR, o Ki e o HOMA-B foram nor-
malizados em todos os grupos tratados.
74
Figura 14 Homa-IR aos 7 meses de idade (pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF = high fat;
HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat
+ telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina +
metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
Figura 15KI aos 7 meses de idade (pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T =
high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + tel-
misartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina +
metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
75
Figura 16 HOMA-B aos 7 meses de idade (pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF = high fat;
HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat
+ telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina +
metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
Perfil lipídico
A dieta ‘’high fat causou hipercolesterolemia (figura 17) e aumentou os veis de
LDL (figura 18) no grupo HF (P<0,0001). A telmisartana e a metformina reduziram
esses parâmetros, enquanto a sitagliptina não apresentou efeito sobre a colesterole-
mia e produziu níveis intermediários de LDL. As associações telmisartana + metfor-
mina e telmisartana + sitaglipitina foram eficazes em normalizar a colesterolemia e os
veis de LDL. A associão sitagliptina + metformina não foi capaz de tratar a dislipi-
demia.
76
Figura 17 – Níveis de colesterol total aos 7 meses de idade (pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow;
HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-
TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat +
sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T (P<0,05).
Figura 18 – veis de colesterol total aos 7 meses de idade (pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow;
HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-
TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat +
sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T; [d] HF-S (P<0,05).
77
Estereologia hepática
O excesso de ingeso de gordura produziu hepatomegalia no grupo HF quando
comparado ao SC (+40%, P<0,0001, figura 19). Todos os tipos de tratamentos reduzi-
ram significativamente esse achado e, dessa forma, os animais tratados apresentaram
massa hepática similar aos animais SC, mesmo com livre acesso à dieta high fat’.
Figura 19 Massa hetica corrigida pelo comprimento da bia aos 7 meses de idade (s-tratamento).
Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-
M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana +
sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
A esteatose hepática foi um achado recorrente no nosso estudo, principalmente no
grupo HF, o qual apresentou esteatose macrovesicular e microvesicular severa nos
hepatócitos (esteatose grau 2, 33%, figura 20). Todos os tratamentos atenuaram a
esteatose significativamente (esteatose grau 1, figura 20). No entanto, a associação da
78
telmisartana com a sitagliptina normalizou o grau de esteatose hepática, que este
grupo não apresentou diferença com o grupo SC.
Figura 20 Densidade de volume de esteatose hepática aos 7 meses de idade (s-tratamento). Legenda:
SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high
fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitaglip-
tina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T; [d] HF-S; [e] HF-M; [f]
HF-TM; [g] HF-TS (P<0,05).
Morfometria dos adipócitos e massa adiposa
A dieta ‘high fat determinou aumento das massas de gordura epididiria
(+209%), retroperitoneal (+395%) e inguinal (+254%) no grupo HF quando compa-
rado aos animais SC (P<0,001, figura 21). Por outro lado, todos os grupos tratados
apresentaram depósitos de gordura similares ao grupo SC.
79
Figura 21Distribuão da gordura corporal (inguinal, epididimária e retroperitoneal) aos 7 meses de idade
(pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat
+ sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat
+ telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina.
A telmisartana alterou também o padrão de distribuição de gordura, o que pode
ser observado por um decréscimo na razão Epi:Sub (gordura epididimária: gordura
subcutânea) no grupo HF-T quando comparado ao grupo HF (-25%, P<0,001, figura
22).
80
Figura 22 Razão gordura epididimária : gordura subcutânea dos animais aos 7 meses de idade (s-
tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat +
sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat +
telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T
(P<0,05).
A hipertrofia de adipócitos foi verificada no grupo HF (+125%, P<0,001, figura
23), sendo esse achado contornado de forma eficiente por todos os tratamentos. Con-
tudo, somente os grupos HF-T e HF-TS igualaram o diâmetro dos adipócitos com o
grupo SC, enquanto os demais grupos (HF-S, HF-M, HF-TM e HF-SM) apresentaram
adipócitos de tamanho intermediário.
81
Figura 23 Diâmetro dos adipócitos dos animais dos animais aos 7 meses de idade (s-tratamento). Le-
genda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M
= high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana +
sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T; [d] HF-S; [e] HF-
M; [f] HF-TM; [g]HF-TS (P<0,05).
Adipocinas
Os veis de TNF-alfa aumentaram nos animais HF quando comparados aos SC (+
405%, P<0,0001, figura 24). Todos os tratamentos produziram resultados similares
aos animais do grupo SC, aliviando não somente o sobrepeso, mas também o estado
inflamatório relacionado a este. Em contrapartida, os tratamentos aumentaram os
veis de adiponectina para valores similares ao do grupo SC, enquanto o grupo HF
mostrou os valores mais baixos desta adipocina (-40%, P<0,0001, figura 25).
82
F
Figura 24 Níveis de TNF-alfa aos 7 meses de idade (pós-tratamento). Legenda: SC = standard chow; HF =
high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM =
high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitag-
liptina + metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
Figura 25 veis de adiponectina aos 7 meses de idade (s-tratamento). Legenda: SC = standard chow;
HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-
TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat +
sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T; [d] HF-S; [e] HF-M; [f] HF-TM; [g] HF-TS
(P<0,05).
83
Morfologia do pâncreas e estereologia
A massa pancreática foi maior no grupo HF quando comparado ao grupo SC
(P<0,001, figura 26). Todos os grupos tratados apresentaram redução da massa pan-
creática para valores similares ao grupo SC.
Figura 26Massa pancrtica corrigida pelo comprimento da tíbia. Legenda: SC = standard chow; HF = high
fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high
fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitaglipti-
na + metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
A esteatose pancrtica foi significante no grupo HF (+713% em comparação ao
grupo SC de mesma idade, P<0,0001). Cabe mencionar que todos os tratamentos fo-
ram capazes de normalizar esse parâmetro e, consequentemente, todos os animais
tratados acumularam gordura no tecido pancreático num grau similar aos animais do
grupo SC (figura 27).
84
Figura 27 Densidade de volume de esteatose pancreática aos 7 meses de idade. Legenda: SC = standard
chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metfor-
mina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM =
high fat + sitagliptina + metformina. [a]SC; [b] HF (P<0,05).
No que concerne ao tamanho da ilhota, os animais HF apresentaram hipertrofia (+
94% em relação ao grupo SC, P<0,0001, figura 28), o que está de acordo com a hipe-
rinsulinemia encontrada nesses animais. Entretanto, todos os tipos de tratamentos
propostos melhoraram a função das ilhotas desde que nenhum sinal de hipertrofia
fora observado nesses grupos.
85
Figura 28 Diâmetro das ilhotas pancrticas aos 7 meses de idade. Legenda: SC = standard chow; HF =
high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM =
high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitag-
liptina + metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
Imunohistoquímica
Imunoreões positivas para PPAR-alfa foram encontradas nosgados de animais de
todos os grupos. A dieta HF promoveu decréscimo da expressão do PPAR-alfa (-81%,
P<0,0001, figura 29) quando comparado ao grupo SC. Por outro lado, o tratamento
com telmisartana aumentou significativamente a expressão do PPAR-alfa (+67%,
P<0,0001) quando comparados aos animais SC. Além disso, as associações que con-
m a telmisartana (HF-TM e HF-TS) obtiveram êxito, que ambos os grupos exibi-
ram expreso do PPAR-alfa similar aos animais SC. Apesar de não ter alcaado os
veis dos animais SC, a monoterapia com metformina (HF-M) também impediu o
decscimo da expressão de PPAR-alfa pelo consumo da dieta HF.
86
Figura 29 Imunomarcação para PPAR-alfa hepático. Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T =
high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + tel-
misartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina +
metformina. [a] SC; [b] HF; [c] HF-T; [d] HF-S; [e] HF-M; [f] HF-TM; [g]HF-TS (P<0,05).
No que concerne à imunohistoqmica do pâncreas, as ilhotas do grupo HF apre-
sentaram aumento da imunodensidade para insulina (+92%, P<0,0001) e glucagon (+
56%, P<0,0001) concomitante à redução da imunodensidade para glut-2 (-70%,
P<0,0001) quando comparadas aos resultados do grupo SC. Todos os tratamentos
promoveram redução das imunodensidades de insulina e glucagon e aumento da i-
munodensidade de glut-2 para valores similares aos do grupo SC (Figura 30).
87
F
Figura 30Imunomarcação para insulina, glucagon e glut-2 no pâncreas dos animais aos 7 meses de idade.
Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-
M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana +
sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina. [a] SC; [b] HF (P<0,05).
Imunofluorescência
A dupla marcação para insulina e glucagon (figura 31) ratificou os achados da i-
munohistoquímica de rotina. O grupo HF não tratado apresentou ilhotas hipertrofia-
das e com uma distribuição anormal de células alfa nas ilhotas pancreáticas. Essas
lulas não ficaram restritas à periferia das ilhotas, mas penetraram no cerne dessa
estrutura. Em contrapartida, o grupo SC e todos os grupos tratados apresentaram a
distribuição característica de células alfa, ou seja, estas ficaram restritas à periferia
das ilhotas.
88
No que tange à marcação para insulina, o grupo HF o tratado apresentou uma
área maior de marcação de insulina devido ao maior tamanho da ilhota, corroborando
com a hiperinsulinemia e hipertrofia das ilhotas descritas previamente para esses
grupos. Esses achados também o foram observados nos grupos SC tratados com
monoterapia ou associações, reforçando a eficiência dos tratamentos propostos.
Figura 31 Imunofluoresncia para insulina e glucagon no ncreas dos animais aos 7 meses de idade.
Legenda: SC = standard chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-
M = high fat + metformina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana +
sitagliptina; HF-SM = high fat + sitagliptina + metformina.
Modificações ultraestruturais
A microscopia eletrônica (figura 32) revelou hepatócitos com abundantes vesículas
lipídicas no grupo HF, caracterizando a existência de esteatose macro e microvesicu-
lar, além de um completo desarranjo da cito arquitetura. Mitondrias menores e
mais escassas foram encontradas, sendo as cristas mitocondriais diceis de serem
observadas, além de um notável desarranjo do retículo endoplasmático rugoso e
complexo de golgi. Células estreladas (SCs) ativadas foram frequentemente identifi-
89
cadas no grupo HF não tratado, sugerindo uma progressão para NASH (esteatohepati-
te o alcoólica). Por outro lado, os grupos tratados apresentaram gotículas de gor-
dura menores e menos frequentes, corroborando com os resultados da microscopia
de luz. Adicionalmente, foi verificado que as SCs e a arquitetura celular nos grupos
tratados lembravam muito o grupo SC, assim como as mitocôndrias que foram mais
numerosas e bem preservadas.
Figura 32Eletromicrografia dogado dos animais aos 7 meses de idade. Núcleo, nucléolo e retículo endo-
plasmático rugoso bem preservado e numerosas mitocôndrias com cristas viveis são observados em (a)
(grupo SC). Em (b), os animais HF mostram esteatose hepatica macro (estrela) e microvesicular (seta) seve-
ra, com desarranjo do reculo endoplasmático rugoso e mitocôndrias escassas. Em (c), setas abertas indi-
cam os limites entre células estreladas ativadas e citoplasma do hepacito com esteatose macrovesicular
(estrela) no grupo HF. Em (d), arquitetura celular bem preservada, muitas mitocôndrias e gotículas lipídicas
esparsas (estrela) são obsrvadas no grupo HF-T. Em (e), núcleo, nucléolo e mitocôndrias normais, ausência
de esteatose e citoarquitetura bem preservada são observadas no grupo HF-TS. Abreviações: SC - standard
chow, HF - high-fat não tratado, HF-T - high-fat + telmisartana, HF-TS - high-fat + telmisartana + sitagliptina.
90
No que tange à densidade de mero de mitocôndrias por área, o grupo HF não
tratado mostrou um menor número de mitondrias quando comparados a todos os
grupos tratados e ao grupo SC. Nos animais tratados, a densidade nurica por área
foi intermediária entre o grupo não tratado e o grupo SC (figura 33), porém a manu-
tenção do número de mitocôndrias normal foi observada somente no grupo HF-TS, o
qual foi expressivamente superior ao grupo HF (+75%, P<0.0001, figura 33) e não
apresentou diferença com relação ao grupo SC.
Figura 33 Densidade nurica de mitocôndria por área aos 7 meses de idade. Legenda: SC = standard
chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metfor-
mina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM =
high fat + sitagliptina + metformina. [a]SC; [b] HF (P<0,05).
91
Western Blot
A expressão da SREBP-1 foi maior no grupo HF que no grupo SC (+870%,
P<0,0001, figura 34). A telmisartana e a sitagliptina reduziram a expressão desta pro-
teína, enquanto a metformina e as associações normalizaram a mesma. Paralelamen-
te, a expressão do GLUT-2 foi menor no grupo HF (-40%, P<0,0001, Figura 35). Em-
bora todos os tratamentos tenham demonstrado expressão de glut-2 próxima a do
grupo SC, somente os valores dos animais dos grupos HF-T, HF-S e HF-TM diferiram
dos animais HFo tratados.
Figura 34 Densidade ótica integral das bandas de western blotting para SREBP-1. Legenda: SC = standard
chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metfor-
mina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM =
high fat + sitagliptina + metformina. [a]SC; [b] HF (P<0,05).
92
Figura 35 Densidade ótica integral das bandas de western blotting para GLUT-2. Legenda: SC = standard
chow; HF = high fat; HF-T = high fat + telmisartana; HF-S = high fat + sitagliptina; HF-M = high fat + metfor-
mina; HF-TM = high fat + telmisartana + metformina; HF-TS = high fat + telmisartana + sitagliptina; HF-SM =
high fat + sitagliptina + metformina. [a]SC; [b]HF (P<0,05).
93
Discussão
A dieta high fatcausou sobrepeso e suas comorbidades, tais como dislipidemia e
resisncia à insulina nos camundongos C57BL/6. Animais HF não tratados apresen-
taram aumento das massas heticas e pancreáticas, juntamente com NAFLD e
NAFPD. Outros achados marcantes foram hipertrofia de adipócitos, hipertrofia das
ilhotas pancreáticas concomitante com hiperinsulinemia e aumento da imunodensi-
dade para insulina e glucagon e redão da expressão de glut-2 nas ilhotas dos ani-
mais HF, indicando remodelamento morfológico adverso e função prejudicada do te-
cido pancreático. Todas essas alterações foram amenizadas ou revertidas pelas inter-
venções farmacológicas. Este é o primeiro relato na literatura de que a sitagliptina
afeta o tamanho dos adipócitos e melhora a esteatose hepática num modelo de SM em
roedores. Além disso, a normalização do tamanho e função da ilhota pancreática após
o uso da telmisartana nunca fora descrita previamente.
Cabe mencionar que a escolha das doses nos grupos tratados foi baseada em estu-
dos anteriores conduzidos em roedores (Cohen et al., 2004; Araki et al., 2006). No
entanto, para a sitagliptina, a dose adequada foi estabelecida levando em considera-
ção a quantidade de droga que provoca inibição em torno de 90% da ação da enzima
DPP-IV (Lamont e Drucker, 2008). Quando comparados com estudos epidemiológicos,
os estudos experimentais utilizam doses de fármacos acima das recomendações. To-
davia, deve-se considerar o crescimento mais rápido e a expectativa de vida menor
dos roedores quando comparados aos humanos.
94
A dieta HF promoveu ganho ponderal e maior acúmulo de gordura corporal. O ex-
cesso de tecido adiposo visceral é um pilar para o desenvolvimento dos caracteres da
SM, onde o tecido adiposo falha ao tentar armazenar os lipídios pós-prandiais. Sob
esta condão, o excesso de ácidos graxos livres é acumulado como gordura ectópica
no músculo, fígado e pâncreas (McGarry e Dobbins, 1999; Sharma e Engeli, 2006). A
perda de peso foi significante em todos os grupos tratados, embora com mecanismos
diversos conduzindo a esse desfecho. A telmisartana merece destaque, já que norma-
lizou a massa corporal nos grupos HF-T e HF-TS ao rmino do experimento. Ela age
como um agonista parcial PPAR-gama, resultando no aumento dos níveis de adipo-
nectina, a qual ativa a oxidação de ácidos graxos por meio da AMP-quinase (Benson et
al., 2004; Tuck, 2005). Devido a esses eventos, a gordura é metabolizada para alcan-
çar os requerimentos energéticos ao invés de ser desviada para depósitos excessivos
de gordura (Benson et al., 2004; Araki et al., 2006; Sugimoto et al., 2008).
A conjuão da ativação parcial do PPAR-gama com o bloqueio do receptor AT1 é
decisiva, uma vez que permite a telmisartana reter somente os efeitos benéficos da
ativação deste fator de transcrição (Sugimoto et al., 2006; Zanchi et al., 2007; Sugimo-
to et al., 2008), sem causar os efeitos indesejáveis observados pelo uso dos agonistas
total PPAR-gama. A retenção de fluidos e a adipogênese o exemp los desses efeitos
adversos. Essas provocaram ganho ponderal num modelo experimental similar trata-
do com rosiglitazona (Fernandes-Santos et al., 2009b). De forma interessante, a adi-
ção de sitagliptina ao tratamento com telmisartana no grupo HF-TS resultou em per-
da de peso mais pida e mais pronunciada. Essa observação pode ter relação com a
redução da ingestão energética observada nos grupos tratados. Um estudo prévio
relatou que animais tratados com telmisartana apresentaram redução da ingestão
95
energética mesmo quando a droga foi administrada na água de beber. Essa observa-
ção exclui qualquer especulação de que a mistura da droga na ração pudesse causar
aversão alimentar (Araki et al., 2006).
No que concerne ao metabolismo de carboidratos, a administração oral de glicose
conduz a uma maior liberação de insulina que o esmulo com dose intravenosa equi-
valente (Mu et al., 2006). Como resultado, o TITI mostrou a metformina como o tra-
tamento mais exitoso para tratar a resistência à insulina, enquanto o HF-S exibiu os
melhores efeitos após o TOTG, enfatizando o efeito incretina, o qual é inquestionável
após o estímulo oral (Drucker, 2006). Efeitos similares foram relatados na literatura,
tais como uma redão significativa da AUC encontrada exclusivamente após o TOTG
e o após o TITG (teste intraperitoneal de tolerância à glicose) em camundongos
C57Bl/6 alimentados com uma dieta contendo 45% ou 60% de lipídios e tratados
com sitagliptina (Lamont e Drucker, 2008; Liu et al., 2009).
Apesar de produzir efeitos menos expressivos que as associações de rmacos, os
resultados do grupo HF-M lembram os do grupo HF-S. Até certo ponto, essa similari-
dade pode advir da inibição da enzima DPP-IV ou do estímulo à secreção de GLP-1
pela metformina (Green et al., 2006). A literatura documenta que a metformina pro-
move a secreção de GLP-1 em ratos (Yasuda et al., 2002). Todavia, mais recentemente
foi atribuída à metformina uma inibição da enzima DPP-IV mais leve que o efeito da
sitagliptina em camundongos ob/ob. Embora sejam controversas, essas duas rotas
conduzem ao mesmo desfecho: aumento dos níveis de GLP-1, o qual pode agir em
sinergismo com a redução da prodão hepática de glicose, promoção de saciedade e
perda de gordura corporal para promover uma melhora pronunciada da sensibilidade
à insulina (Goodarzi e Bryer-Ash, 2005; Green et al., 2006).
96
As associações de fármacos resultaram em efeitos expressivos, tais como a rever-
o completa da resistência à insulina pela combinação metformina com a sitaglipti-
na. Essa observação pode ser creditada ao sinergismo entre esses medicamentos na
corrão dos principais defeitos da DM2. A sitagliptina se beneficia do estímulo da
secreção insulina e da inibição da secreção de glucagon mediada pelo GLP-1, ao passo
que a metformina alivia a resisncia à insulina (Cohen et al., 2004; Baggio e Drucker,
2007). Nenhum sinal de modificações farmacocinéticas é descrito na literatura após a
referida combinação (Herman et al., 2006). A telmisartana também aumentou a sen-
sibilidade à insulina, principalmente quando associada com a sitagliptina, sugerindo
um promissor sinergismo entre essas. A telmisartana depende do efeito similar às
tiazolidinedionas para restaurar a sensibilidade à insulina, o qual engloba modifica-
ções no recrutamento e diferencião dos adipócitos e o aumento dos veis de adi-
ponectina. Esses efeitos advêm da ativação do PPAR-gama (Kubota et al., 1999; Araki
et al., 2006).
A resistência à insulina é fator chave na associação entre a obesidade e outros
componentes da SM como NAFLD e NAFPD (Festi et al., 2004; Mathur et al., 2007).
Nossos resultados oferecem explicões relevantes para alguns mecanismos. Animais
HF não tratados apresentaram esteatose hepática grau 2 (macro e microvesicular)
concomitante à hiperinsulinemia, hipertrofia e hipersecrão das ilhotas. Eles tam-
m apresentavam SCs ativadas. Uma célula estrelada ativa é repleta de goculas de
vitamina A, possuem reculo endoplasmático rugoso extenso e dilatado e complexo
de golgi proeminente (Geerts, 2001). Esse achado é relevante, visto que a ativação das
lulas estreladas resulta no acúmulo de matriz (cicatriz), causando alargamento do
espaço de Disse e perda da fenestra endotelial. Por conseguinte, o transporte através
97
da parede sinusoidal fica reduzido, causando progressiva deterioração da fuão he-
tica (Hui e Friedman, 2003). A ativação de SCs quiescentes para um fenótipo proli-
ferativo, fibrogênico e conttil é o evento dominante na fibrogênese (Friedman,
2008). Dessa forma, as SCs são marcadores da progressão da inria hepática. Em
contrapartida, animais HF tratados não apresentaram SCs ativas no parênquima he-
tico, ilustrando os efeitos benéficos dos fármacos utilizados.
Um ponto significativo do nosso estudo foi que a esteatose hetica foi eficiente-
mente tratada por todas as estratégias farmacológicas testadas. Uma justificativa
plauvel es relacionada ao decréscimo do input de ácidos graxos livres (AGL) pa-
ralelo ao incremento do ‘output devido ao aumento da beta-oxidação. A perda ponde-
ral correlaciona-se diretamente com menores depósitos de tecido adiposo, o qual re-
duz a geração de AGL e altera o perfil de adipocinas produzidas (Svegliati-Baroni et
al., 2006). Níveis aumentados de TNF-alfa nos animais HF não tratados inibem a ex-
pressão do PPAR-alfa, reduzindo a beta-oxidação no interior dos hepatócitos, levando
a um maior grau de esteatose. Em contrapartida, os grupos tratados exibiram maior
mobilização de ácidos graxos hepáticos, secundária à redão dos níveis de TNF-alfa
e maiores taxas de beta-oxidação, aliviando a esteatose hepática. Nesse contexto, o
grupo HF-T apresentou a expreso mais alta de PPAR-alfa no fígado e a telmisartana
foi descrita recentemente como agonista parcial PPAR-alfa especificamente no fígado
devido a sua propriedade de bloqueadora do receptor AT1 (Clemenz et al., 2008; Na-
beshima et al., 2009). O PPAR-alfa modula o metabolismo lipídico intracelular, regu-
lando a transcrição de genes relacionados à captação de ácidos graxos, oxidação mito-
condrial de ácidos graxos e catabolismo de triglicerídeos (Tsuchida et al., 2005), justi-
98
ficando a redão drástica do grau de esteatose nos grupos tratados com a telmisar-
tana.
Dados experimentais revelam que a disfunção mitochondrial desempenha papel
crucial na nese da NAFLD, por meio de depleção do DNA mitocondrial, reduzida
atividade da cadeia respiratória e beta-oxidão deficitária (Pessayre, 2007; Wei et
al., 2008). Nossas eletromicrografias mostram mitocôndrias grandes, escassas e de-
sestruturadas nos animais HF, como descrito anteriormente na literatura (Ibdah et
al., 2005), ao passo que os grupos tratados mostraram mitocôndrias mais numerosas
e bem preservadas no que tange à arquitetura celular. Essa observação sugere que a
beta-oxidação aumentada é essencial para reduzir o dano hepático nos animais trata-
dos. (Brunt et al., 1999).
Além do aumento da beta-oxidão, um decréscimo da lipogênese foi também ob-
servado devido a uma redução da expressão da SREBP-1 após todos os tratamentos. A
expressão da SREBP-1 é dependente do estado nutricional, sendo induzida pelo au-
mento do conteúdo de AGS na dieta, o que foi observado no grupo HF. Esta indução
apresenta relação direta com a habilidade dos AGS em promover a inflamação, au-
mentando o stress oxidativo e a probabilidade de evolução para NASH (Aragno et al.,
2009; Shimano, 2009).
Surpreendentemente, a sitagliptina também causou revero completa da esteato-
se hetica, apesar de apresentar a menor expressão de PPAR-alfa. A sitagliptina de-
pende do efeito incretina para exercer seus efeitos benéficos. Dessa forma, o alívio da
esteatose hepática foi mais relacionado em evitar a piora do metabolismo da glicose.
A expreso hepática de glut-2 foi significativamente maior nos grupos tratados com
sitagliptina, sugerindo normalização da sinalização da insulina a nível pós-receptor e
99
a restaurão da sensibilidade hepática e global à insulina (Petersen e Shulman,
2006a).
A resistência à insulina se desenvolve quando um defeito no receptor da insulina
ou pós-receptor alteram a sinalização para a translocação do GLUT para a membrana
a fim de permitir a internalização e utilização glicose por lulas da periferia (Peter-
sen e Shulman, 2006a). Como resultado, as ilhotas hipertrofiam e hipersecretam insu-
lina numa tentativa de compensar a reduzida captação de glicose e normalizar a gli-
cemia até que ocorra a exaustão pancreática (Bonora, 2008). A hipertrofia e a hiper-
secreção das ilhotas observadas no grupo HF foram eficientemente tratadas no nosso
estudo, visto que ilhotas pancreáticas de tamanho normal, níveis normais de insulina
e HOMA-B normal foram encontrados em todos os grupos tratados. Esses achados
permitem concluir que todos os tratamentos foram capazes de reverter os danos es-
truturais e funcionais produzidos pela ingestão crônica de dieta high fat’.
Diferenças dramáticas foram observadas na arquitetura e na composição celular
das ilhotas após a imunohistoquímica. Nossos resultados corroboram com relatos
prévios (Mu et al., 2006), onde uma distribuição anormal de células alfa foi visualiza-
da em lâminas do grupo HF. A expressão de glucagon foi tão intensa no grupo HF que
as células alfa positivas não ficaram restritas à periferia da ilhota, mas infiltraram na
estrutura inteira, incluindo seu cerne, ao passo que no grupo SC as células alfa com -
preenderam um manto de células positivamente marcadas para glucagon ao redor
das ilhotas. A expansão da massa de células alfa faz-se necessária devido à aumentada
demanda metabólica imposta pela compensação de células beta nos estados de resis-
ncia à insulina (Ellingsgaard et al., 2008).
100
Em contraste, todos os tratamentos resultaram em normalização do padrão de dis-
tribuão de lulas beta/ lulas alfa nas ilhotas pancreáticas. A hiperglucagonemia
correlaciona-se diretamente com a resisncia hepática à insulina e função anormal
das ilhotas (Winzell et al., 2007) e, consequentemente, todos os grupos tratados se
beneficiaram da redução da massa de células alfa e da expressão de glucagon. Cabe
mencionar que nos animais tratados com sitagliptina o GLP-1 inibe a ntese de glu-
cagon (Liu et al., 2009). O bloqueio do receptor AT1 simultaneamente com a ativação
parcial do PPAR-alfa emerge como uma estratégia promissora para preservar a arqui-
tetura pancreática, visto que houve melhora significativa da função da ilhota nos gru-
pos tratados com telmisartana, fazendo esta ir além das suas propriedades hiperten-
sivas (Benson et al., 2004; Pershadsingh, 2006).
Embora os mecanismos pelos quais o bloqueio do SRAA exerce efeitos protetores
contra danos e disfunção das células beta não terem sido elucidados, a redução do
estresse oxidativo parece mediar esses benefícios (Scheen, 2004; Hasegawa et al.,
2009). Efeitos antiinflamatórios observados nos nossos animais tratados com telmi-
sartana, tais como a supressão dos níveis de TNF-alfa juntamente com o incremento
dos níveis de adiponectina pode ser creditada à inibão do receptor AT1 e ativação
do PPAR-gama, as quais melhoram a estrutura e fuão das lulas beta, produzindo
os efeitos pancreáticos noveis exibidos pelos animais dos grupos HF-T, HF-TM e HF-
TS (Mathur et al., 2007; Pitt, 2007).
Concomitante com os mecanismos previamente descritos, modificações no pado
de diferenciação dos adipócitos emerge como outro mecanismo pelo qual a telmisar-
tana reverte a resistência à insulina, melhorando significativamente a morfologia he-
tica e das ilhotas pancreática. O bloqueio do SRAA promove recrutamento de pré-
101
adipócitos, aumentando o número de adipócitos pequenos e senveis à insulina ao
ins dos adipócitos grandes e resistentes à insulina, os quais secretam angiotensina
2 e predominam nos estados de resistência à insulina (Iwanami et al., 2009). Esse
novo pado de formação dos adipócitos é responsável pela redistribuição dos esto-
ques anormais de gordura ectópica no fígado e pâncreas para o tecido adiposo, me-
lhorando a resistência à insulina (Sharma et al., 2002).
o somente a telmisartana normalizou o tamanho dos adipócitos, como também
interferiu no padrão de estocagem do tecido adiposo. Embora a sitagliptina e a met-
formina também tenham reduzido os depósitos de gordura e o tamanho dos adipóci-
tos, somente a telmisartana produziu uma razão gordura visceral: gordura subcutâ-
nea similar ao grupo SC. Este achado es relacionado à ativação do PPAR-gama, con-
duzindo a maior produção de adiponectina e controle da resistência à insulina (Araki
et al., 2006; Kudo et al., 2009). A metformina promove a supressão da lipólise media-
da por TNF-alfa, reduzindo as concentrações sistêmicas de AGL. Ademais, causa alívio
da resisncia à insulina e normalização da morfologia dos adipócitos, condizentes
com o controle da massa corporal (Ren et al., 2006). A sitagliptina também diminuiu o
tamanho dos adipócitos de forma eficiente e embora tenha um consenso no que se
refere ao mecanismo preciso, a inibição da DPP-IV produz efeitos extra-pancreáticos
como o aumento da mobilização pós-prandial de lipídios e da beta-oxidação (Baggio e
Drucker, 2007; Boschmann et al., 2009).
102
Considerações finais e Conclusões
A dieta very high fat:
Promove aumento da massa corporal;
Causa resistência à insulina (incremento da área sob a curva do TOTG, TITI, va-
lores maiores de HOMA-IR, HOMA-BETA e KI);
Conduz ao grau 2 de esteatose, com aumento da expressão de SREBP-1 e redu-
ção da expreso de PPAR-alfa no fígado;
Reduz a densidade numérica de mitocôndrias hepáticas;
Aumenta o percentual de esteatose pancreática;
Leva ao incremento da imunodensidade de insulina e glucagon, concomitante à
redução do GLUT-2 noncreas;
Promove hiperinsulinemia, hipoadiponectinemia e incremento dos níveis de
TNF-alfa;
Causa hipertrofia dos adipócitos;
O tratamento com telmisartana:
Reverte o sobrepeso quando administrado em monoterapia ou em associação
com a sitagliptina;
Reverte a resistência à insulina quando em monoterapia ou em associação com
a sitagliptina, normalizando a área sob a curva do TOTG e TITI e produzindo
valores normais de HOMA-IR, HOMA-BETA e KI; A associação com a metformi-
na reduz a área sob a curva do TOTG e TITI, porém não iguala ao grupo SC.
Alivia a esteatose hepática quando administrada em monoterapia ou combina-
da com a metformina. Associada à sitagliptina traz o percentual de esteatose
hepática para níveis iguais ao do grupo SC. Reduz a expressão de SREBP-1 e
aumenta a expressão de PPAR-alfa no fígado;
103
Aumenta a densidade de mitocôndrias hepáticas em comparação ao grupo HF,
com destaque para a associação com sitagliptina que apresenta resultado igual
ao grupo SC;
Reduz o percentual de esteatose pancreática;
Leva à redão da imunodensidade de insulina e glucagon, concomitante ao in-
cremento do GLUT-2 no pâncreas;
Trata a hiperinsulinemia, hipoadiponectinemia e reduz osveis de TNF-alfa;
Reduz o diâmetro dos adipócitos;
O tratamento com sitagliptina:
Reduz a massa corporal com relação ao grupo HF o tratado. A associação
com telmisartana reverte o sobrepeso;
Reverte a resistência à insulina, normalizando a área sob a curva do TOTG, va-
lores normais de HOMA-IR, HOMA-BETA e KI; A monoterapia com sitagliptina
apenas reduz a área sob a curva do TITI quando comparada ao grupo SC;
Alivia a esteatose hetica (grau 1 de esteatose). A associação com a telmisar-
tana traz o percentual de esteatose hepática para veis iguais ao do grupo SC.
Reduz a expressão de SREBP-1 e aumenta a expressão de PPAR-alfa no fígado.
Contudo, somente a associação com telmisartana exibe expressão do PPAR-alfa
similar ao grupo SC;
Aumenta a densidade de mitocôndrias heticas em comparação ao grupo HF,
com destaque para a associação com telmisartana que apresenta resultado i-
gual ao grupo SC;
Reduz o percentual de esteatose pancreática;
Leva a redução da imunodensidade de insulina e glucagon, concomitante ao in-
cremento do GLUT-2 no pâncreas;
Atenua a hiperinsulinemia, hipoadiponectinemia e reduz os níveis de TNF-alfa;
Reduz o diâmetro dos adipócitos;
O tratamento com metformina:
Reduz a massa corporal com relação ao grupo HFo tratado;
104
A monoterapia e a associação com a sitagliptina revertem a resistência à insuli-
na, normalizando a área sob a curva do TOTG e TITI. A associação com telmi-
sartana apenas reduz a área sob a curva. Valores normais de HOMA-IR, HOMA-
BETA e KI são encontrados em todos os grupos tratados com metformina;
Alivia a esteatose hepática (grau 1 de esteatose). A associação com a telmisar-
tana traz o percentual de esteatose hepática para veis iguais ao do grupo SC.
Reduz a expreso de SREBP-1 e aumenta a expressão de PPAR-alfa no fígado.
Entretanto, somente a associação com telmisartana e a monoterapia exibem
expressão do SREBP-1 similar ao grupo SC;
Aumenta a densidade de mitondrias hepáticas em comparação ao grupo HF;
Reduz o percentual de esteatose pancreática;
Leva à redão da imunodensidade de insulina e glucagon, concomitante ao in-
cremento do GLUT-2 no pâncreas;
Trata a hiperinsulinemia, hipoadiponectinemia e reduz os veis de TNF-alfa;
Reduz o diâmetro dos adipócitos;
Tratamentos farmacológicos são estratégias pertinentes para reverter a resistência
à insulina e controlar o impacto econômico que as alterações hepáticas e pancreáticas
da atual pandemia de SM vêm causando. Embora a resistência à insulina seja um re-
quisito em comum para o desenvolvimento da NAFLD, NAFPD, obesidade e DM2, dro-
gas que são direcionadas ao bloqueio do receptor AT1 da angiotensina II, ao eixo en-
teroinsular ou até mesmo à ativação do PPAR produzem efeitos expressivos atenuan-
do a resistência à insulina. Observações inéditas, tais como a melhora da função hepá-
tica pela inibão da DPP-IV, assim como a melhora da função das ilhotas pancreáticas
pela combinação de bloqueador do receptor AT1 de angiotensina II/ ativação PPAR-
gama são relevantes. A combinação de telmisartana com sitagliptina pode ter grande
utilidade na clínica, visto que resultou em normalização dos parâmetros biométricos,
morfológicos e bioquímicos no atual modelo experimental de SM.
105
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