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não se separam, já que vida, experiência e aprendizagem estão
intrinsecamente ligadas, uma colaborando com a outra. Simultaneamente,
vivemos, experimentamos, aprendemos e conhecemos. No mesmo instante
em que vivemos, convivemos e nos comunicamos através de diferentes
tipos de linguagens e do entrelaçamento dessas linguagens com o
emocional que integra o nosso viver [...]. Na verdade, não existe uma
aprendizagem formal circunscrita a um determinado momento da vida e a
um lugar específico. O processo de desenvolvimento é integrado, amplo e
muito mais rico do que se supunha até então (MORAES, 2003, p.49).
O chamamento ao “fazer” é, segundo Bondioli e Mantovani (1998), pelo seu
destinatário infantil, um convite a explorar o mundo dos objetos, a tocá-lo, olhá-lo,
manipulá-lo e transformá-lo. Comentando sobre a didática do “fazer” com as
crianças pequenas, apesar de reconhecer que são necessários mais estudos
teóricos. As autoras destacam a ludicidade como ponto mais importante. Este
processo de investigação e descoberta do mundo pela criança será favorecido pelo
clima de relativa liberdade permitido pelo ambiente no qual se encontra inserida e
pelo qual manterá sua curiosidade para manipular, juntar e construir. A atividade
exploratória combina-se com a atividade criativa, estando a atenção voltada ao
processo, àquilo que se está fazendo:aqui importa o prazer que o “fazer”
intrinsecamente proporciona e não os produtos da ação. Além disto, o jogo enquanto
atividade de simulação, contínuo retorno a uma realidade “outra”, permite
“experimentar” sem temor pelas consequências das próprias ações: o erro torna-se
uma informação a ser considerada e não uma culpa a ser carregada.
Para o adulto, é uma didática ativa onde a ação concreta da criança é
premissa de mais elaboradas capacidades intelectuais com as quais
construir a realidade. Trata-se portanto de uma “didática” que não se refere,
em primeiro lugar, a atividades específicas por meio das quais se
incentivam particulares aprendizagens e cuja meta não é constituída pela
obtenção de habilidades parceladas, mas por um convite à ação com o
objetivo de fazer com que se adquiram formas sempre mais complexas de
descentralização cognitivo/social (BONDIOLI e MANTOVANI, 1998, p.31).
Contudo, Bondioli e Mantovani (1998), considera que a ludicidade não é
critério suficiente para manter o processo de crescimento em relação à construção
do mundo exterior, é preciso garantir a continuidade das experiências.
O mundo da criança é dominado pelo aqui e pelo agora, sem sólidos nexos
temporais e limitada a poucos e desligados cenários espaciais. A qualidade da
experiência da criança caracteriza-se, portanto, por intensidade e por fragilidade. A
essa necessidade pode-se responder estabelecendo hábitos, isto é, momentos
reconhecíveis pela sua identidade e repetitividade, ou ainda favorecendo um