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A partir da adoção de uma perspectiva de trabalho hermenêutico interpretativo
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,
objetiva-se compreender as fontes de saber, apreender e explicitar quais tonalidades estas
assumem nas práticas de um conjunto determinado de docentes universitários do campo da
Saúde Coletiva que desenvolvem suas atividades nos seguintes cursos de graduação em saúde
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:
Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Medicina, Nutrição, Odontologia.
Registra-se que neste processo de escolhas, aquilo que, convencionalmente, se
denomina de “objeto pronto”
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só ganhou forma após muitas leituras, elaboração das atividades
de campo, movimentos de estranhamento e, sobretudo, na escrita do relatório final
(Bourdieu,1989:26-27; Demo,1995:249; Sarmento,2003:142; Becker,2007:146).
No itinerário investigativo adotou-se movimentos de triangulação técnica (de
documentos, entrevistas e observações), identificou-se a necessidade de validação das
informações obtidas, confrontando-as com o sentido atribuído pelos sujeitos da pesquisa às
suas ações, a partir da realização de uma segunda rodada de entrevistas que buscaram produzir
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Na busca do sentido da ação, não como uma interpretação em busca da validade causal, pois se entende
que manifestações tidas como “iguais” ou “semelhantes” podem apoiar-se em conexões de sentido
muito diversos para o sujeito ou sujeitos frente a situações que por vezes julgamos semelhantes entre si.
A busca foi realizada por movimentos de interpretação e reinterpretação sucessivos, por vezes
contraditórios e desconexos, das diferenças e semelhanças de pontos de vista, trajetórias de vida e
profissional dos docentes investigados, que foram transformados num conjunto de sínteses provisórias
elaboradas a partir das referências teóricos expressos nesse texto (Weber,1982:84; Weber,1984:9; De
André, 2001:41; Demo,2001:46).
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Esse recorte se deve ao fato de que as Diretrizes Curriculares desses cursos expressam diretamente a
ênfase aos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS) (Ceccim & Feurwerker, 2004-A:1402).
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O sentimento de não se ter, mesmo após a qualificação do projeto, um “objeto pronto”, de certa
maneira, encontra nas palavras de Pierre Bourdieu (1989:26-27), Jim Thomas (1993:34) Boaventura de
Sousa Santos (2001:354&355) certo conforto, pois de maneira distinta dizem que: ao contrário do que
os textos sobre método geralmente descrevem, a seleção, recorte e definição das questões da pesquisa
começam de maneira vaga e imprecisa e a construção do objeto se realiza por meio de retoques
sucessivos, ziguezagueando, como numa navegação por meio de cabotagens, que se alimenta dos
desejos e perplexidades que se acumularam ao longo da trajetória de vida do pesquisador que ganham
formato à medida que se amplia a compreensão sobre o objeto em construção com a apropriação de toda
uma série de correções e emendas.