especificação do predicador “pular”, já que em outros enunciados, como por exemplo,
em O atleta pulou do trampolim; O sapo pulou do chão para a parede, a trajetória
interpretada é outra. As palavras, portanto, são “gatilhos” para a produção do sentido,
referindo-se a uma realidade projetada, ou seja, uma realidade tal qual representada e
construída pela mente humana, mediada pelos nossos sistemas perceptual e conceptual.
Nesse sentido, a metáfora aparece como ferramenta cognitiva capaz de mediar a
experiência do real e sua conceptualização através da linguagem.
Os estudos da linguagem registram, em sua história, o nome de três linguistas
principais que teriam o mérito de serem os fundadores da teoria da Linguística
Cognitiva: Ronald Langacker, Leonard Talmy e George Lakoff. É esse último que traz a
pesquisa da metáfora para dentro da agenda linguística. Lakoff participava do
movimento heterodoxo da semântica gerativa e, como tal, procurava revisar e elaborar
teorias para os fenômenos linguísticos tratados de modo tradicional ou não tratados pelo
modelo gerativo:
Durante esse período, eu tentava unificar a gramática transformacional de
Chomsky e a lógica formal. Eu havia ajudado a desenvolver muitos dos
detalhes mais recentes da teoria de gramática de Chomsky. Noam
argumentava então-e ainda o faz, pelo que eu saiba- que a sintaxe é
independente do significado, do contexto, de conhecimentos de base, da
memó ria, do processamento cognitivo, da intenção comunicativa, e de
qualquer aspecto do corpo. Trabalhando nos detalhes de sua primeira teoria,
eu encontrei vários casos em que a semântica, o contexto, e outros fatores
influenciariam as regras que governam as ocorrências sintáticas dos
sintagmas e dos morfemas”.
3
.
Na década de 70, como o foco de atenção estava naqueles fenômenos que o
paradigma gerativo não havia investigado, ocorreu uma onda desenfreada de estudos
dos processos figurativos (ZANOTTO, MOURA, NARDI, VEREZA, 2002, p.33). Em
3
During that period, I was attempting to unify Chomsky's transformational grammar with formal logic. I
had helped work out a lot of the early details of Chomsky's theory of grammar. Noam claimed then — and
still does, so far as I can tell — that syntax is independent of meaning, context, background knowledge,
memory, cognitive processing, communicative intent, and every aspect of the body...In working through
the details of his early theory, I found quite a few cases where semantics, context, and other such factors
entered into rules governing the syntactic occurrences of phrases and morphemes
3
.
Entrevista “Philosophy in the flesh” A talk with George Lakoff”.
Disponível em http://www.edge.org/3rd_culture/lakoff/lakoff_p1.html
A partir desta, todas as traduções não identificadas devem ser consideradas como de minha autoria.