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Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
Arilton Coutinho
Desenvolvimento de pás de turbinas eólicas com auxílio da
dinâmica de fluídos computacional
São Paulo
2008
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Desenvolvimento de pás de turbinas eólicas com
Arilton Coutinho auxílio da dinâmica de fluidos computacional
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Arilton Coutinho
Desenvolvimento de pás de turbinas eólicas com auxílio da
dinâmica de fluídos computacional
Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, para a
obtenção do título de Mestre em Processos Industriais.
Área de concentração: Desenvolvimento e otimização de
processos industriais
Orientador: Prof. Dr. Efraim Cekinski
São Paulo
Abril de 2008
Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informação Tecnológica – DAIT
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT
C871d Coutinho, Arilton
Desenvolvimento de pás de turbinas eólicas com auxílio da dinâmica de fluídos
computacional. / Arilton Coutinho. São Paulo, 2008.
213p.
Dissertação (Mestrado em Processos Industriais) - Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo. Área de concentração: Desenvolvimento e
Otimização de Processos Industriais.
Orientador: Prof. Dr. Efraim Cekinski
1. Turbina eólica 2. Potência do vento 3. Aerodinâmica 4. Dinâmica de fluídos
computacional 5. Tese I. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo. Coordenadoria de Ensino Tecnológico II. Título
08-134 CDU 621.438(043)
DEDICATÓRIA
À minha esposa Alessandra e ao meu filho Gabriel,
Principais motivos desse trabalho.
Aos meus pais, Armando e Rufina, e à minha irmã Ivelise.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, Professor Efraim Cekinski, por suas sugestões,
críticas e, principalmente, pela ajuda na definição do tema.
Ao engenheiro Luciano Tanz, pelas horas de discussão técnica e pela troca
de informações.
À minha esposa e ao meu filho pela paciência e pela compreensão das horas
em que me ausentei.
Aos meus pais, pelo afeto e pelo apoio incondicional que sempre me
concederam.
À minha irmã, por sua amizade e por sua torcida.
A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão
deste trabalho.
“... The future’s in the air
I can fell it everywhere
Blowing with the wind of change…”
(Scorpions, “Wind of Change”)
RESUMO E PALAVRAS-CHAVE
A necessidade de quantidades cada vez maiores de eletricidade e o efeito
estufa são questões a serem resolvidas rapidamente. Assim, energias renováveis
são muito mais importantes atualmente. Ao redor do mundo, a força dos ventos tem
sido utilizada nas últimas décadas como parte da solução desse problema. O
tamanho dos equipamentos está aumentando para baratear o custo da energia. O
Brasil tem aproximadamente 144 GW de potencial elétrico devido aos ventos e
menos de 0,3 GW instalados. Essa fonte pode ser utilizada como uma variação
estratégica da matriz energética, economizando os recursos hídricos. Este trabalho
procura aumentar o conhecimento nacional sobre a construção de turbinas de médio
e de grande porte. O método da Quantidade de Movimento no Elemento de Pá é
utilizado para fazer o projeto inicial das pás do rotor de uma turbina de 1,5 MW e
prever sua eficiência. Um programa de simulação de dinâmica dos fluídos é utilizado
para obter as características aerodinâmicas bidimensionais dos seis aerofólios
empregados no desenho da pá. Um modelo CFD tridimensional reduzido é também
construído para estudar o comportamento do rotor quando sujeito a uma velocidade
média de vento típica de parte da costa do nordeste brasileiro. A otimização da
torção da pá e o ajuste da velocidade de rotação são feitos através de análise CFD
tridimensional. A metodologia pode ser empregada para outros tamanhos de
equipamentos.
Palavras-chave: Turbina eólica, potência do vento, método BEM, aerodinâmica,
CFD, dinâmica de fluidos computacional.
ABSTRACT AND KEYWORDS
The necessity of higher quantities of electricity and the greenhouse effect are
questions to be quickly resolved. So, renewable energies are much more important
this day. All around the world, wind power have been used on last decades as part of
solution of this problem. Equipment size is growing up to produce cheaper energy.
Brazil has about 144 GW of potential capacity of wind power and less then 0.3 GW
installed. This source can be used as a strategic diversification of local energy
production, laying up the hydraulic resources. This research looks for an increase on
national knowledge about the construction of medium and big wind turbines. The
Blade Element Momentum method is used to do the initial project of a 1.5 MW wind
turbine rotor blades and predict its performance. CFD software is used to find the
two-dimensional aerodynamics properties of six different airfoils used for blade
design. A three-dimensional CFD reduced model is also constructed to study the
rotor behavior subjected to a typical medium wind velocity of part of northeastern
Brazilian coast. Blade torsion optimization and rotational speed adjustment are made
by three-dimensional CFD analysis. The methodology can be used on other
equipment sizes.
Keywords: Wind turbine, wind power, BEM method, aerodynamics, CFD, fluid
dynamics.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Esquema de moinho persa ........................................................................33
Figura 2: Ilustração do moinho chinês.......................................................................33
Figura 3: Moinhos europeus de eixo vertical.............................................................33
Figura 4: Rotor de Savonius......................................................................................34
Figura 5: Rotor de Darrieus.......................................................................................34
Figura 6: Moinho de coluna.......................................................................................35
Figura 7: Esquema de um moinho de torre holandês................................................35
Figura 8: Moinho de fazenda.....................................................................................36
Figura 9: Potencial eólico brasileiro para vento médio anual igual ou maior que 7 m/s.
...........................................................................................................................41
Figura 10: Potencial hidrelétrico brasileiro. ...............................................................41
Figura 11: Capacidade instalada por sub-bacia hidrográfica ....................................42
Figura 12: Complementaridade entre os regimes eólico e hídrico no nordeste.........42
Figura 13: Complementaridade de geração hídrica do sudeste e eólica em Palmas
(Paraná) .............................................................................................................43
Figura 14: Velocidade relativa do vento de equipamentos baseados em: (a) arrasto;
(b) sustentação. .................................................................................................
45
Figura 15: Curva de potência de uma turbina de 150kW controlada por estol..........49
Figura 16: Curva de potência de uma turbina de 100kW controlada por passo........49
Figura 17: Sentidos de rotação do controle por estol ativo .......................................50
Figura 18: Componentes típicos de uma turbina eólica com caixa de engrenagem .51
Figura 19: Ângulos característicos de turbinas eólicas .............................................52
Figura 20: Perfis utilizados na construção da pá da turbina DEBRA 25 (100kW,
11,6m, 280 Kg)...................................................................................................
54
Figura 21: Nomenclaturas para aerofólios ................................................................55
Figura 22: Definições aerodinâmicas ........................................................................56
Figura 23: Esquema de curva C
L
em função de α para aerofólio..............................57
Figura 24: Coeficientes de arrasto e de momento experimentais do aerofólio NACA
2412 ...................................................................................................................57
Figura 25: Polar de arrasto e curva de sustentação para o perfil FX67-K-170..........58
Figura 26: Escoamento sobre uma asa finita. ...........................................................59
Figura 27: Visualização do vórtice de ponta de asa em túnel de vento.....................60
Figura 28: Ângulo de ataque efetivo e arrasto induzido ............................................60
Figura 29: Coeficientes de potência e de tração em função do fator de indução axial
para uma turbina ideal de eixo horizontal ..........................................................62
Figura 30: Relação entre ângulos num perfil de pá...................................................63
Figura 31: Triângulo de velocidades considerando os fatores de indução................64
Figura 32: Elemento anular usado no método BEM..................................................66
Figura 33: Componentes tangencial e normal ao plano de rotação ..........................66
Figura 34: Variação de C
P
em função de λ
T
e do número de pás, sem arrasto. .......73
Figura 35: Variação de C
P
em função λ
T
e de ε= C
L
/C
D
para B=3 ..........................74
Figura 36: Variação de C
P
em função λ
T
, de B e de ε= C
L
/C
D
..................................74
Figura 37: Curvas C
P
x λ
T
para diferentes passos das pás.......................................75
Figura 38: Variação do passo de acordo com a potência de saída...........................76
Figura 39: Operação de turbinas de velocidade de rotação constante e variável .....77
Figura 40: Triângulo de velocidades com considerações aeroelásticas....................79
Figura 41: Curva de sustentação estática e dinâmica...............................................79
Figura 42: Geometrias de ponta de pá estudadas por CFD......................................80
Figura 43: Força tangencial (Fx) e normal (Fz) para as três geometrias de ponta de
.......................................................................................................................81
Figura 44: Visualização do escoamento sobre as pontas para velocidade do vento de
12 m/s ................................................................................................................
81
Figura 45: Sustentação e arrasto para três pontas em três diferentes velocidades..82
Figura 46: Comparação da polar de arrasto experimental com pontos simulados....87
Figura 47: Fator de forma de Weibull – média anual.................................................91
Figura 48: Velocidade média anual dos ventos – Região Nordeste..........................91
Figura 49: Determinação da estação Nº. 01..............................................................99
Figura 50: Esquema da geometria do domínio tridimensional utilizado ..................104
Figura 51: Polar de arrasto e curva de sustentação experimental, perfil S827, número
de Reynolds: 1 milhão......................................................................................113
Figura 52: Comparação das dimensões de escoamento estudadas.......................115
Figura 53: Velocidade do escoamento em função da distância ao aerofólio...........115
Figura 54: Malha do modelo de referência..............................................................117
Figura 55: Curva de sustentação e polar de arrasto simuladas e experimentais
(NREL S827)....................................................................................................124
Figura 56: Curva de arrasto simulada e experimental (aerofólio NREL S827)........124
Figura 57: Visualização do escoamento (esquerda) e da energia cinética de
turbulência (direita) ..........................................................................................126
Figura 58: Comparação entre as distribuições de pressão simuladas e as
experimentais...................................................................................................
127
Figura 59: Relação entre potência do vento, potência nominal e diâmetro do rotor.
.........................................................................................................................130
Figura 60: Distribuição de Weibull – litoral Nordeste (RN a PI)...............................131
Figura 61: Distribuição da potência do vento local..................................................132
Figura 62: Comparação entre as cordas obtidas com e sem a consideração do
arrasto..............................................................................................................140
Figura 63: Comparação entre torções obtidas com e sem arrasto e perdas...........141
Figura 64: Distribuição da corda (considerando perdas) antes e depois da
modificação......................................................................................................
142
Figura 65: Variação da torção (considerando perdas) antes e depois da modificação
.........................................................................................................................143
Figura 66: Distribuição de força tangencial (com perdas) antes e depois da
modificação......................................................................................................143
Figura 67: Distribuição de torque por unidade de comprimento..............................143
Figura 68: Perfis em escala da pá com ponta modificada.......................................147
Figura 69: Geometria do modelo CFD de escoamento ...........................................149
Figura 70: Visualização da malha transversal da região de referência para as
estações 3 e 30................................................................................................152
Figura 71: Influência do raio do domínio no torque do modelo................................153
Figura 72: Influência do raio do domínio no erro do torque do modelo ...................154
Figura 73: Influência do número de elementos do domínio no torque do modelo...155
Figura 74: Visualização da esteira axial no domínio com espessura adicional de 60m
.........................................................................................................................157
Figura 75: Torção da pá otimizada por CFD ...........................................................160
Figura 76: Visualização da esteira do rotor. Energia cinética de turbulência de 0,1
m
2
/s
2
.................................................................................................................161
Figura 77: Comparação entre distribuições de torque obtidas por simulação.........165
Figura 78: Visualização em escala da geometria final da pá ..................................166
Figura 79: Evolução da curva de potência ..............................................................167
Figura 80: Curvas de sustentação e de arrasto Validada, Experimental e
Bidimensional Equivalente (aerofólio NREL S827). .........................................
169
Figura 81: Curvas C
L
/C
D
Validada, Experimental e Bidimensional Equivalente. .....172
Figura 82: Curva de potência em função da rotação – Região de transição...........173
Figura 83: Curvas de potência em função do vento – Região de regime................174
Figura 84: Curvas características do rotor ..............................................................175
Figura 85: Esquema de escoamento ideal pelo rotor..............................................185
Figura 86: Coeficientes de potência e de força em função do fator de indução axial
para uma turbina ideal de eixo horizontal ........................................................188
Figura 87: C
L
e C
D
em função da espessura da primeira camada .........................190
Figura 88: C
L
e C
D
em função do número de elementos sobre o perímetro do
aerofólio ...........................................................................................................190
Figura 89: C
L
e C
D
em função do número de elementos radiais ............................191
Figura 90: C
L
e C
D
em função do número de elementos na envergadura..............191
Figura 91: C
L
e C
D
em função da escala do turbilhão de entrada ..........................192
Figura 92: C
L
e C
D
em função do Controle do Reynolds de Transição ..................192
Figura 93: Ponto de transição em função do Controle do Reynolds de Transição..193
Figura 94: Variações diversas.................................................................................193
Figura 95: Influência do número de Reynolds do escoamento no C
L
e no C
D
........194
Figura 96: C
L
e C
D
em função da intensidade da turbulência na entrada...............194
Figura 97: C
L
e C
D
em função da temperatura do ar..............................................195
Figura 98: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S818 .........................................202
Figura 99: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S830 .........................................203
Figura 100: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S831 .......................................204
Figura 101: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S832 .......................................205
Figura 102: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil SE07.......................................205
Figura 103: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil SE12.......................................206
Figura 104: Efeito da variação do passo da estação no torque local (condição
nominal) ...........................................................................................................208
Figura 105:1º Ajuste: influência da velocidade de rotação na potência local ..........210
Figura 106: 2º Ajuste: influência da velocidade de rotação na potência local .........211
Figura 107:Curvas potência para cada velocidade de vento da região de transição
.........................................................................................................................213
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Aerofólios escolhidos.................................................................................97
Tabela 2: Dimensões básicas iniciais do rotor ..........................................................98
Tabela 3: Resultados experimentais aproximados para 6,04° ................................113
Tabela 4: Geometria final do escoamento bidimensional........................................116
Tabela 5: Modelo CFD de referência ......................................................................116
Tabela 6: Parâmetros da malha de referência ........................................................117
Tabela 7: Resultados de simulações para estudo dos parâmetros e comparação com
resultados experimentais com transição livre...................................................118
Tabela 8: Influência de cada parâmetro no ajuste do modelo.................................119
Tabela 9: Comparação entre os melhores arranjos de malha e o modelo de
referência .........................................................................................................122
Tabela 10: Modelo para análise da “Malha A” e “Malha B” .....................................123
Tabela 11: Resultados das Malhas A e B ...............................................................123
Tabela 12: C
L
e C
D
simulados e experimentais em função do ângulo de ataque...123
Tabela 13: Comparação entre os resultados experimentais, simulados e calculados
.........................................................................................................................128
Tabela 14: Resultado de simulações de parâmetros do modelo físico ...................128
Tabela 15: Influência de parâmetros do modelo físico............................................129
Tabela 16: Características básicas de algumas turbinas eólicas ............................130
Tabela 17: Posição e influência de cada aerofólio e velocidade a que estão
submetidos.......................................................................................................134
Tabela 18: Condições de simulação: 1ª iteração ....................................................135
Tabela 19: Condições de simulação e resultados: 2ª iteração................................135
Tabela 20: Geometria da pá sem considerar o arrasto ...........................................136
Tabela 21: Geometria da pá considerando o arrasto, mas sem perdas de ponta e de
raiz. ..................................................................................................................137
Tabela 22: Geometria da pá considerando perdas de ponta e de raiz....................139
Tabela 23: Geometria da pá considerando perdas e com corda modificada ..........142
Tabela 24: Geometria calculada da pá....................................................................144
Tabela 25: Coordenadas dos CG dos aerofólios.....................................................145
Tabela 26: Geometria modificada da .................................................................146
Tabela 27: Geometria da pá para o modelo CFD....................................................148
Tabela 28: Dimensões iniciais do modelo CFD do escoamento 3D........................149
Tabela 29: Determinação da velocidade de rotação do modelo CFD .....................150
Tabela 30: Influência do raio do domínio no torque do modelo...............................153
Tabela 31: Parâmetros da malha da região de referência e torque do modelo.......155
Tabela 32: Influência do número de elementos da malha do domínio no torque do
modelo .............................................................................................................156
Tabela 33: Resumo dos parâmetros da malha T2 para a região de referência ......156
Tabela 34: Resumo do modelo CFD 3D .................................................................156
Tabela 35: Dimensões finais do modelo CFD do escoamento................................157
Tabela 36:Torque por unidade de comprimento na região de cada estação ..........159
Tabela 37: Passo otimizado das estações (obtido pela linha de tendência) ...........160
Tabela 38: Otimização da torção: torque do modelo CFD e potência do eixo do rotor
em escala natural.............................................................................................161
Tabela 39: 1° Ajuste: Potência por unidade de comprimento na região de cada
estação.............................................................................................................162
Tabela 40: 1° Ajuste: Determinação da corda equivalente para a rotação de projeto
.........................................................................................................................163
Tabela 41: 1° Ajuste: torque do modelo CFD e potência do eixo do rotor em escala
natural ..............................................................................................................
163
Tabela 42: 2° Ajuste: Potência por unidade de comprimento na região de cada
estação.............................................................................................................164
Tabela 43: 2° Ajuste: Determinação da corda equivalente para a rotação de projeto
.........................................................................................................................164
Tabela 44: 2° Ajuste: torque do modelo CFD e potência do eixo do rotor em escala
natural ..............................................................................................................164
Tabela 45: Comparação entre distribuições e torque (resultados simulados).........165
Tabela 46: Geometria final da pá em escala natural...............................................166
Tabela 47: Malhas bidimensionais: validada e equivalente à malha tridimensional 168
Tabela 48: CL e CD para os casos Bidimensional Equivalente e Experimental......168
Tabela 49: Resultados da região pré-estol..............................................................169
Tabela 50: Resultados da região de estol ...............................................................170
Tabela 51: Relação C
L
/C
D
em função do ângulo de ataque....................................171
Tabela
52: Torque do modelo e potência do rotor para a região de transição ........172
Tabela 53: Pontos de máxima potência para cada velocidade de vento.................173
Tabela 54: Torque do modelo e potência do rotor para a região de regime............173
Tabela 55: Comportamento do rotor .......................................................................175
Tabela 56: Variação da espessura da primeira camada .........................................190
Tabela 57: Variação do número de elementos sobre o perímetro do aerofólio.......190
Tabela 58: Variação do número de elementos radiais ............................................191
Tabela 59: Variação do número de elementos na espessura .................................191
Tabela 60: Variação do tamanho (adimensional em relação à corda) do turbilhão na
entrada.............................................................................................................192
Tabela 61: Variação do Controle do Reynolds de Transição ..................................192
Tabela 62: Variações diversas ................................................................................193
Tabela 63: Influência do número de Reynolds do escoamento...............................193
Tabela 64: Variação da intensidade da turbulência na entrada...............................194
Tabela 65: Propriedades do ar (condição standard interpolada).............................195
Tabela 66: Variação da temperatura do ar..............................................................195
Tabela 67: Aerofólio NREL S827 ............................................................................197
Tabela 68: Aerofólio NREL S818 ............................................................................197
Tabela 69: Aerofólio NREL S830 ............................................................................198
Tabela 70: Aerofólio NREL S831 ............................................................................198
Tabela 71: Aerofólio NREL S832 ............................................................................199
Tabela 72: Aerofólio SE07 ......................................................................................200
Tabela 73: Aerofólio SE12 ......................................................................................200
Tabela 74: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S818 ...........202
Tabela 75: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S830 ...........203
Tabela 76: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S831 ...........203
Tabela 77: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S832 ...........204
Tabela 78: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil SE07...........204
Tabela 79: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil SE12...........206
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BEM: Blade Element Momentum method;
CFD: Computational Fluid Dynamics;
CFX: Pacote de análise fluidodinâmica do Ansys;
CG: Centro de gravidade;
DAM: Desvio Absoluto Médio;
DES: Detached Eddy Simulation;
k-ε: Modelo de turbulência baseado na energia cinética da turbulência;
k-ω: Modelo de turbulência baseado na freqüência da turbulência;
LES: Large Eddy Simulation;
MBE: Malha Bidimensional Equivalente;
NREL: National Renewable Energy Laboratory;
RANS: Reynolds Averaged Navier Stokes;
SST: Shear Stress Transport ;
LISTA DE SÍMBOLOS
a
1
: Constante de proporcionalidade da viscosidade turbulenta do modelo kω-SST
a: Fator de indução de velocidade axial;
a
P
: Fator de indução de velocidade axial com correção de Prandtl;
a’: Fator de indução de velocidade tangencial;
a
P
’: Fator de indução de velocidade tangencial com correção de Prandtl;
A: Área varrida pelas pás do rotor da turbina;
A
M
: Área varrida pelas pás do modelo reduzido;
A
0
: Área à montante do rotor;
A
1
: Área à jusante do rotor;
A
cv
: Área de entrada e saída do volume de controle;
B: Número de pás do rotor;
c: Corda do aerofólio;
c
M
: Corda da pá do rotor do modelo CFD;
c
Betz
: Corda do aerofólio de acordo com Betz;
c
rot
: Corda do aerofólio para esteira com rotação;
c
EQ1
: Corda equivalente para o primeiro ajuste de rotação;
c
EQ2
: Corda equivalente para o segundo ajuste de rotação;
C: Fator de forma da distribuição de Weibull;
C
D
: Coeficiente de arrasto;
C
D,estol
:Coeficiente de arrasto de estol;
C
D,estat
:Coeficiente de arrasto de estol estático;
C
D,máx
: Coeficiente de arrasto máximo;
C
D,ot
: Coeficiente de arrasto ótimo;
C
D,sep
: Coeficiente de arrasto de separação;
C
L
: Coeficiente de sustentação;
C
L,2D
: Coeficiente de sustentação para escoamento bidimensional;
C
L3Drot
: Coeficiente de sustentação para escoamento tridimensional com correção
devido à rotação do rotor;
C
L,din
: Coeficiente de sustentação de estol dinâmico;
C
L,estat
:Coeficiente de sustentação de estol estático;
C
L,estol
:Coeficiente de sustentação de estol;
C
L,inv
: Coeficiente de sustentação da região linear;
C
L,máx
: Coeficiente de sustentação máximo;
C
L,ot
: Coeficiente de sustentação ótimo;
C
L,sep
: Coeficiente de sustentação de separação;
C
M,f
: Coeficiente de momento;
C
n
: Coeficiente da força normal F
N
;
C
P
: Coeficiente de potência do rotor;
C
PBetz
: Coeficiente de potência de Betz do rotor;
C
Pmáx
: Coeficiente de potência máximo do rotor;
C
PM
: Coeficiente de potência do modelo em escala reduzida;
C
Preal
: Coeficiente de potência real do rotor;
C
t
: Coeficiente da força tangencial F
T
;
C
T
: Coeficiente da força de tração T;
C
μ
: Constante de proporcionalidade da viscosidade turbulenta do modelo k-ε;
dr: Elemento de raio do rotor;
dM: Torque no elemento de raio;
dT: Tração no elemento de raio;
D: Força de arrasto;
D
E
: Distância entre o rotor e a entrada do domínio;
D
i
: Arrasto induzido;
D
S
: Distância entre o rotor e a saída do domínio;
E: Energia cinética do vento;
E
anual
: Energia anual produzida;
E
C
: Energia cinética extraída do vento;
e: Energia de um campo;
f: Fator de correção do C
L,din
;
f
r
: Força de campo
f
estat
: Fator de correção do C
L,estat
;
F: Fator de correção de extremidades da pá;
F
2
: Função de mistura do modelo kω-SST;
F
P
: Fator de correção de ponta de pá;
F
R
: Fator de correção de raiz da pá;
F
N
: Projeção normal ao plano de rotação da resultante aerodinâmica;
F
T
: Projeção tangencial ao plano de rotação da resultante aerodinâmica;
F
T
’: F
T
por unidade de comprimento;
h: Fator de redução de escala para o modelo CFD tridimensional
h
R
: Função densidade de probabilidade de ventos de Rayleigh;
h
W
: Função densidade de probabilidade de ventos de Weibull;
k: Fator de escala da distribuição de Weibull;
k
t
: Energia cinética da turbulência;
L: Força de sustentação;
L
D
: Espessura do domínio;
m: Massa de ar que passa por A;
m
&
: Vazão mássica de ar através de A;
M: Torque do rotor;
M’: M por unidade de comprimento;
M
f
: Momento de arfagem;
M
M
: Torque do modelo reduzido;
Ma: Número de Mach;
M
P
: Fluxo de massa do escoamento bidimensional;
n: Velocidade de rotação do rotor em rpm;
p: Pressão termodinâmica;
P: Potência extraída pelo rotor;
P
el
: Potência elétrica da turbina;
P
M
: Potência extraída pelo modelo reduzido;
P
Real
: Potência real extraída pelo rotor;
P
vento
: Potência disponível no vento;
r: Raio em relação ao centro do rotor de uma seção de pá;
r
M
: Raio local do rotor do modelo CFD;
R: Resultante aerodinâmica (R
2
= L
2
+ D
2
);
R
c
: Raio interno do domínio;
R
D
: Raio externo do domínio;
Re: N°. de Reynolds;
Re
M
: N°. de Reynolds do modelo em escala reduzida;
Re
θc
: Número de Reynolds crítico;
Re
θt
: Número. de Reynolds de início de transição;
t
Re
θ
: Número de Reynolds de início de transição calculado;
R
M
: Raio do rotor do modelo CFD;
R
T
: Raio do rotor em escala natural;
S: Coeficiente de tensão do modelo k
ω-SST;
t
p
: Constante de proporcionalidade de atraso ;
t
atraso
: tempo de atraso;
T: Tração no rotor;
T
p
: Temperatura do fluído;
u: Velocidade axial do vento na região do rotor;
u
θ
: Componente tangencial da velocidade induzida;
u
1
: Velocidade do vento à jusante do rotor;
V : Velocidade média do vento local da distribuição de Rayleigh;
V
r
: Campo tridimensional de velocidade (
kwjviuV
r
r
r
++=
);
V
0
: Velocidade do vento perpendicular ao disco do rotor (área varrida pelas pás);
V
e
: Velocidade de vento efetiva;
V
f
: Velocidade do vento de maior freqüência de uma região;
V
i
; Velocidade induzida (downwash);
V
P
: Velocidade do vento de maior potência de uma região;
V
: Velocidade deslocamento da pá devido a deformações aeroelásticas;
V
rel
: Velocidade relativa do vento em relação ao plano do rotor;
V
sim
: Velocidade de simulação do modelo bidimensional;
V
som
: Velocidade do som;
V
T
: Velocidade tangencial da pá;
V
tan
: Velocidade tangencial para o sistema de coordenadas cilíndricas;
x: Razão adimensional de velocidade de rotação local em r;
y
+
: Distância adimensional;
Δy: Altura da primeira camada da malha;
α: Ângulo de ataque;
α
e
: Ângulo de ataque efetivo;
α
g
: Ângulo de ataque geométrico;
α
i
: Ângulo de ataque induzido;
α
ot
: Ângulo de ataque ótimo;
α
sep
: Ângulo de ataque de separação;
( ): Gradiente de um campo escalar;
)( : Divergente de um campo vetorial;
ε: Razão C
L
/C
D
;
ε
t
: Função de dissipação de turbulência;
φ: Ângulo local do vento relativo para uma seção da pá;
φ
1
: Ângulo local do vento relativo para uma seção da pá no caso de esteira com
rotação e sem arrasto;
Φ: Função dissipação:
γ: Função intermitência de turbulência;
Γ: Função matemática gama;
κ: Condutividade térmica do fluido;
λ
T
: Razão de velocidade da ponta da pá;
μ: Viscosidade dinâmica laminar;
μ
eff
: Viscosidade dinâmica efetiva;
μ
t
: Viscosidade dinâmica turbulenta;
ν: Viscosidade cinemática;
θ: Ângulo de passo do aerofólio em relação ao plano do rotor;
θ
B
: Ângulo de passo geral da pá;
θ
CFD
: Ângulo de passo da estação otimizado por CFD;
θ
Mmáx
: Ângulo de passo da estação quando o torque local é máximo;
θ
T
: Ângulo de torção da pá;
ρ: Densidade do ar;
σ: Solidez do elemento anular;
σ
M
: Solidez do modelo em escala reduzida;
ω: Velocidade de rotação do rotor em rad/s;
ω: Velocidade de rotação do modelo em escala reduzida em rad/s;
ω
t
: Função freqüência da turbulência;
ξ: Função da integral de C
P
a ser maximizada;
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................30
1.1 CONTEXTO GERAL.............................................................................................................30
1.2 - OBJETIVO ..........................................................................................................................32
1.3 - BREVE HISTÓRICO..............................................................................................................32
1.4 - POR QUE UTILIZAR OS VENTOS...........................................................................................37
1.5 - O POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO E SUAS VANTAGENS.....................................................40
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................44
2.1 - A ENERGIA DO VENTO........................................................................................................44
2.2 - DESCRIÇÃO DAS MODERNAS TURBINAS EÓLICAS ...............................................................46
2.2.1 - Características e componentes .....................................................................................46
2.2.2 - Razão de velocidade de ponta de pá:
λ
T
.......................................................................52
2.2.3 - Projeto e construção das pás........................................................................................53
2.3 - PRINCÍPIOS DE AERODINÂMICA..........................................................................................55
2.3.1 - Aerodinâmica bidimensional ........................................................................................55
2.3.2 - Aerodinâmica tridimensional........................................................................................59
2.4 - AERODINÂMICA DAS TURBINAS EÓLICAS...........................................................................61
2.4.1 - O limite de Betz.............................................................................................................61
2.4.2 - Efeito da turbulência da esteira....................................................................................62
2.4.3 - Método da Quantidade de Movimento no Elemento de Pá - BEM...............................65
2.4.4 - Geometria da pá para esteira sem rotação (Betz)........................................................70
2.4.5 - Geometria da pá para esteira com rotação..................................................................71
2.4.6 - Geometria da pá com rotação e arrasto.......................................................................72
2.4.7 - Geometria da pá com rotação, arrasto, perdas de ponta e de raiz e correção de
Glauert ou de Spera..................................................................................................................72
2.4.8 - Influência do arrasto e do número de pás no rendimento ............................................73
2.4.9 - Controle do passo das pás ............................................................................................74
2.4.10 - Velocidade de rotação variável...................................................................................76
2.4.11 – Correções devido a estol sobre a pá ..........................................................................77
2.4.12 – Correção devido a escoamento rotativo.....................................................................80
2.4.13 – Geometria da ponta da pá..........................................................................................80
2.5 TÓPICOS DE MECÂNICA DE FLUIDOS E DE CFD..................................................................82
2.5.1 – Equações fundamentais................................................................................................83
2.5.2 – Fenômeno de turbulência e modelos CFD...................................................................84
2.5.3 – Controle do Reynolds de Transição .............................................................................87
2.5.4 – Distância adimensional Y
+
...........................................................................................88
2.6 FREQÜÊNCIA DE OCORRÊNCIA DE VENTOS ........................................................................89
2.6.1 – Distribuições de Rayleigh e Weibull e energia anual produzida.................................89
2.6.2 – Parâmetros de distribuição de ventos do Brasil ..........................................................90
2.7 SIMILARIDADE DINÂMICA DE ASAS ROTATIVAS.................................................................92
3 – MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................93
3.1 EQUIPAMENTO E FERRAMENTAS DE ANÁLISE ....................................................................93
3.2 - METODOLOGIA ..................................................................................................................93
3.3 VALIDAÇÃO DO MODELO CFD BIDIMENSIONAL................................................................94
3.4 DETERMINAÇÃO DA GEOMETRIA DA PÁ.............................................................................95
3.4.1 – Diâmetro inicial............................................................................................................97
3.4.2 - Aerofólios......................................................................................................................97
3.4.3 – Velocidade nominal do vento .......................................................................................99
3.4.4 – Velocidade nominal de rotação....................................................................................99
3.4.5 – Cálculo iterativo.........................................................................................................101
3.4.6 – Simulações bidimensionais e corda sem arrasto e com esteira.................................101
3.4.7 – Corda com arrasto, sem perdas de ponta de pá.........................................................102
3.4.8 – Torção e corda considerando perdas de ponta de pá e de raiz .................................102
3.4.9 – Torque e potência do rotor.........................................................................................103
3.5 ESTUDO DE CASOS TRIDIMENSIONAIS..............................................................................104
3.5.1 – Geometria do escoamento..........................................................................................104
3.5.2 – Malha do escoamento tridimensional ........................................................................105
3.5.3 – Redução de escala e similaridade dinâmica ..............................................................106
3.5.4 – Raio externo e espessura do domínio.........................................................................107
3.5.5 – Otimização da torção através da fluidodinâmica computacional..............................109
3.5.6 – Ajuste da rotação nominal por CFD através da variação da distribuição da corda 109
3.5.7 – Otimização da geometria da ponta da pá através de CFD........................................110
3.5.8 – Avaliação da influência da redução de elementos da malha tridimensional.............110
3.5.9 – Levantamento das curvas do rotor.............................................................................111
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................112
4.1 VALIDAÇÃO DO MODELO CFD BIDIMENSIONAL..............................................................112
4.1.1 – Dados Experimentais do aerofólio NREL S827.........................................................112
4.1.2 – Geometria do domínio e condições iniciais do modelo CFD.....................................113
4.1.3 – Modelo CFD de referência.........................................................................................116
4.1.4 – Modelo de referência: malha .....................................................................................117
4.1.5 – Resultados e análise dos parâmetros estudados ........................................................117
4.1.6 – Avaliação da Influência de alguns parâmetros do modelo físico ..............................128
4.2 PARÂMETROS BÁSICOS DO ROTOR...................................................................................129
4.2.1 – Diâmetro e velocidade nominal do vento...................................................................129
4.2.2 – Aerofólios e velocidade de rotação do rotor..............................................................133
4.2.3 – Corda e torção da pá sem considerar o arrasto ........................................................135
4.2.4 – Corda com arrasto, sem perdas de ponta de pá e de raiz..........................................136
4.2.5 – Torção considerando perdas de ponta de pá e de raiz ..............................................138
4.3 DESENHO DA PÁ..............................................................................................................144
4.3.1 – Parâmetros para desenho...........................................................................................144
4.3.2 – Modificação da geometria da ponta da pá.................................................................145
4.4 ESCOAMENTO TRIDIMENSIONAL......................................................................................147
4.4.1 – Redução de escala aplicada no modelo CFD ............................................................147
4.4.2 – Malha do escoamento tridimensional: dados básicos................................................150
4.4.3 - Raio externo do domínio.............................................................................................152
4.4.4 – Otimização da malha tridimensional .........................................................................154
4.4.5 – Espessura do domínio.................................................................................................157
4.4.6 – Comparação entre resultados obtidos por CFD e pelo método BEM .......................158
4.4.7 – Otimização da torção através da fluidodinâmica computacional..............................158
4.4.8 – Ajuste da rotação nominal por CFD através da variação da distribuição da corda 162
4.4.9 – Geometria final do rotor e evolução da curva de potência........................................166
4.4.10 – Influência da simplificação da malha tridimensional..............................................168
4.5 LEVANTAMENTO DE CURVAS DO ROTOR .........................................................................172
5 - CONCLUSÕES...............................................................................................................176
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................179
APÊNDICE A – DEMONSTRAÇÃO DO LIMITE DE BETZ .......................................184
APÊNDICE B – SIMULAÇÕES PARA AJUSTE DOS PARÂMETROS DO MODELO
CFD E ESTUDO DE ALGUNS PARÂMETROS DO MODELO FÍSICO....................189
APÊNDICE C – DADOS GEOMÉTRICOS DE AEROFÓLIOS ...................................196
APÊNDICE D – SIMULAÇÕES BIDIMENSIONAIS E EFICIÊNCIA DOS
AEROFÓLIOS .....................................................................................................................201
APÊNDICE E – PASSO ÓTIMO DAS ESTAÇÕES ATRAVÉS DE CFD....................207
APÊNDICE F – AJUSTE DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO ATRAVÉS DE CFD..209
APÊNDICE G – PONTOS DE MÁXIMO DA REGIÃO DE TRANSIÇÃO..................212
30
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Contexto geral
O desenvolvimento industrial e tecnológico do século XX transformou a
humanidade e o planeta, bem como a relação entre ambos. A grande demanda por
energia elétrica, juntamente com a degradação do meio ambiente, podem ser
apontadas como resultados diretos dessa transformação.
As fontes de geração de eletricidade variam de acordo com a disponibilidade
de recursos naturais e econômicos de cada região e, mais recentemente, com os
impactos ambientais causados pela sua utilização. As principais fontes no mundo
são os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), as centrais hidrelétricas e as
centrais nucleares. Nas últimas décadas, principalmente, fontes alternativas como a
eólica, a biomassa e a fotovoltaica têm sido incentivadas em alguns países como
forma de complementar a matriz energética de cada região. A variável ambiental
tornou-se ainda mais importante após relatórios da ONU, publicados a partir de
2007, cujas previsões catastróficas para o meio ambiente devido ao efeito estufa têm
alarmado a comunidade mundial.
O recurso eólico, originado do efeito da não uniformidade do aquecimento
solar sobre a superfície terrestre, impulsionado pelos recentes avanços tecnológicos
e pelo impacto ínfimo sobre o meio ambiente, torna-se, cada vez mais, uma
alternativa economicamente viável (custos decrescentes) como fonte geradora de
larga escala de energia elétrica. Em particular, o desenvolvimento dos recursos de
fluidodinâmica computacional tem permitido aos fabricantes de turbinas eólicas,
aumentar a eficiência e reduzir os custos dos equipamentos projetados através de
conceitos teóricos e de dados experimentais.
No Brasil, a participação da energia eólica na matriz energética ainda é muito
pequena. Em 2003, quando havia apenas 22MW de capacidade eólica instalada no
país, o governo federal lançou o Programa Federal de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA) com o objetivo incentivar a geração de
eletricidade através de fontes eólicas, de biomassa e de pequenas centrais
hidrelétricas. Ainda que mudanças sejam necessárias para se atingir o efeito
31
fomentador desejado, pode-se afirmar que foi aberta uma janela para o setor da
indústria eólica.
Além disso, desde 2006, entidades públicas e privadas têm chamado a
atenção da sociedade brasileira para a necessidade de investimentos urgentes na
infra-estrutura em geral e na geração de energia elétrica em particular para sustentar
o crescimento necessário ao desenvolvimento do País.
No entanto, atualmente, as pesquisas brasileiras no campo da energia eólica
têm-se voltado mais a obter conhecimentos técnicos e econômicos para a instalação
e para a operação em território nacional de equipamentos existentes no mercado
internacional. Pouco tem sido estudado no sentido de se obter capacitação para
construção de turbinas de médio e grande porte com tecnologia nacional para
geração de eletricidade em larga escala.
Enquanto isso, os recentes avanços dos programas de CFD, a relativa
facilidade de acesso a esse recurso e o desenvolvimento de computadores pessoais
com grande capacidade de processamento, ampliaram a possibilidade de
desenvolver e de avaliar a qualidade de pás de turbinas eólicas concebidas através
de cálculos teóricos.
Neste trabalho, a teoria aerodinâmica é utilizada utilizada, juntamente com a
fluidodinâmica computacional, para o desenvolvimento preliminar e para a
otimização das pás de uma turbina eólica de grande porte. Esse estudo contribui
para:
Aumentar o rendimento dos equipamentos e, assim, reduzir o custo de
geração de energia através da fonte eólica;
Capacitar tecnologicamente o Brasil para a construção de turbinas eólicas de
médio e grande porte e inserir o País nesse promissor mercado;
Diversificar qualitativa e quantitativamente a matriz energética brasileira
O método da Quantidade de Movimento no Elemento de Pá, baseado em
conhecimentos aerodinâmicos, é utilizado para determinar inicialmente a geometria
tridimensional das pás.
A fluidodinâmica computacional é utilizada para levantar as curvas de
sustentação e de arrasto (forças aerodinâmicas) dos aerofólios selecionados para o
32
desenho da pá. Ela também é utilizada para verificar, através de modelos
tridimensionais, o rendimento das pás, para introduzir alterações na geometria
calculada de modo a aumentar a eficiência.
Embora o trabalho esteja focado em uma turbina de grande porte, a metodologia
apresentada pode ser utilizada para desenvolver pás de turbinas de médio e de
pequeno porte.
1.2 - Objetivo
O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento preliminar, através de
considerações aerodinâmicas e de análise por fluidodinâmica computacional, das
pás do rotor de uma turbina eólica de 1,5MW de potência de elétrica de saída, com
sistema de controle de passo e velocidade de rotação variável.
1.3 - Breve histórico
A força dos ventos é aproveitada como fonte de energia há milhares de anos
em moagem de grãos, bombeamento de água e outras aplicações mecânicas.
Os moinhos da antiguidade surgiram no oriente, tinham o eixo orientado
verticalmente e seu movimento era gerado pela resistência à passagem do vento.
Atribui-se a Hammurabi a utilização de moinhos de vento para irrigar as
planícies da Mesopotâmia por volta de 1700 A. C. Na antiga Pérsia foi introduzido
um anteparo protegendo metade do rotor para orientar a entrada de vento (
Figura 1).
Por volta de 1000 D. C. os chineses criaram um dispositivo de velas rotativas que se
posicionavam de modo a minimizar o arrasto quando avançavam contra o vento
(
Figura 2). Este conceito foi posteriormente utilizado na Europa a partir do século
XVII para construir moinhos de eixo vertical (
Figura 3). Em 1924 o rotor de
Savonious (
Figura 4) foi elaborado baseado nesse mesmo princípio.
A partir de então, os rotores de eixo vertical passaram a utilizar a força de
sustentação gerada por perfis aerodinâmicos nas pás de modo a aumentar a
eficiência na transformação da energia dos ventos em movimento, tal como no rotor
de Darrieus (
Figura 5).
33
Figura 1: Esquema de moinho persa
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
Figura 2: Ilustração do moinho chinês
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
Figura 3: Moinhos europeus de eixo vertical
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
34
Figura 4: Rotor de Savonius
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
Figura 5: Rotor de Darrieus
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
No ocidente, o desenvolvimento de moinhos de vento se deu bem após o
oriente (a partir de 1200 D. C.), com o eixo orientado horizontalmente e movido
principalmente por forças de sustentação. Esse equipamento foi utilizado
inicialmente para moagem de grãos. Por volta de 1400 foi usado para drenar áreas
tomadas pelo mar.
O moinho de coluna consiste numa estrutura apoiada em um pivô vertical
onde um rotor de eixo praticamente horizontal é instalado. Ele é alinhado
manualmente com a direção do vento através de uma alavanca fixa à parte traseira.
A
Figura 6 mostra o esquema de construção de um moinho de coluna.
35
Figura 6: Moinho de coluna
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
Já no sul da Europa o moinho de torre foi utilizado inicialmente com o
propósito de bombear água. A porção superior (onde o eixo do rotor fica preso) era
inicialmente fixa, mas depois foram construídos modelos com essa parte móvel de
modo a possibilitar o alinhamento com a direção do vento (
Figura 7). Essa cabeça
móvel passou a ser a principal característica do moinho de torre holandês.
Figura 7: Esquema de um moinho de torre holandês
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
Em meados de 1800 foi desenvolvido nos Estados Unidos o moinho de
fazenda, utilizado principalmente para prover água para pessoas e animais.
Tipicamente, esse moinho tem entre 3 m e 5 m de diâmetro, torre de treliça e cerca
36
de 20 pás de metal. O rotor é conectado a um eixo de manivela para acionar uma
bomba de pistão. Esse sistema é utilizado até os dias de hoje nas fazendas
americanas e australianas para obter água de grandes profundidades (
Figura 8).
Figura 8: Moinho de fazenda
(SCHUBERT, M.; TWELE,2002)
No começo do século XX passou-se a utilizar os moinhos de vento
conectados a geradores elétricos como turbinas eólicas de baixo rendimento
(HANSEN, 2003). Pequenas turbinas eólicas instaladas em fazendas dinamarquesas
foram utilizadas para suprir as necessidades locais de energia elétrica. No entanto,
as turbinas elétricas a diesel ou a vapor passaram a ser os principais mecanismos
de geração dessa energia na Europa, sendo o recurso eólico levado em conta
apenas durante épocas de escassez de combustíveis.
Por volta de 1950 Johanes Juul introduziu o Conceito Dinamarquês através
da construção da turbina Gedser, que possuía um rotor de três pás a montante da
torre com regulagem por estol (fenômeno de descolamento do escoamento da
superfície da pá), e que foi conectada a um gerador assíncrono de corrente
alternada. Mas foi na década de 1970 que, com a crise do petróleo, as turbinas
eólicas tornaram-se alvo de programas de desenvolvimento em diversos países
(entre os quais Alemanha, França, Reino Unido e, claro, Dinamarca). A partir daí, a
indústria de turbinas eólicas vem experimentando ano a ano grande crescimento.
Em 1976 foi instalada na Dinamarca a primeira turbina eólica ligada à rede
pública e desde então cerca de três dezenas de milhares de turbinas foram
instaladas no mundo. Desde 1991 a Associação Européia de Energia Eólica tem
fixado metas ambiciosas para o aumento da capacidade instalada (metas essas que
37
têm sido cumpridas antes dos prazos). Enquanto isso, nos Estados Unidos o
crescimento tem sido da ordem de 10% ao ano.
1.4 - Por que utilizar os ventos
A energia elétrica tem se tornado, cada vez mais, um dos principais insumos
para a sociedade moderna e
os combustíveis fósseis, utilizados em usinas termoelétricas, têm sido a
principal fonte de geração dessa energia. Por razões estratégicas, econômicas ou
de escassez desses recursos naturais, diversos países optaram por construir usinas
nucleares e hidrelétricas para suprir comercialmente a demanda por eletricidade.
Mas a utilização dessas fontes traz consigo desvantagens tais como:
1. Combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás):
Suas reservas são limitadas;
Sua queima traz prejuízo ambiental: efeito estufa, chuva ácida, etc.;
Os principais produtores de petróleo são países politicamente instáveis
que formam um cartel para regular o preço internacional desse produto;
2. Usinas nucleares:
Poucos países possuem essa tecnologia e há receio que sua
disseminação facilite a construção de artefatos bélicos nucleares;
Ainda há medo e desconfiança das sociedades pela sua utilização
devido aos riscos inerentes à tecnologia nuclear, apesar dos avanços
tecnológicos e operacionais terem diminuído esses riscos;
3. Usinas hidrelétricas:
Necessitam de condições hidrográficas favoráveis que não são
facilmente encontradas em âmbito mundial;
As recentes alterações climáticas do planeta lançam incertezas quanto à
disponibilidade de longo prazo da vazão necessária para abastecer
satisfatoriamente as turbinas (como no Brasil, em 2001);
38
Suas construções implicam em prejuízos ambientais (alterações do
ecossistema local) e econômicos (perda de áreas cultiváveis) devido ao
alagamento resultante das barragens.
No Brasil a principal fonte de geração de eletricidade é hídrica. A abundância
desse recurso tem até agora inibido as pesquisas para implantação de outras fontes
devido ao seu baixo custo de geração e à tecnologia bem desenvolvida. No entanto,
essa fonte gradualmente deverá perder espaço para fontes alternativas, pois:
A dramática queda dos níveis dos reservatórios em 2001 por razões
climáticas mostrou a necessidade estratégica de investimento em outras
fontes de energia;
Os melhores potenciais hídricos próximos aos centros consumidores já
estão sendo utilizados;
Os grandes potenciais remanescentes encontram-se em regiões com
fortes restrições ambientais (restrições à formação dos lagos) e distantes
dos principais centros consumidores (maiores custos de transmissão);
As pequenas centrais hidrelétricas (PCH) incentivadas por políticas
públicas tendem a atender apenas comunidades locais e seu potencial
(capacidade) de instalação é baixo;
O tempo necessário para a construção de uma usina hidrelétrica de
grande porte é grande e o investimento é elevado;
Os avanços tecnológicos e o aumento da escala dos equipamentos ocorridos
nas últimas duas décadas, principalmente na Europa e Estados Unidos, têm tornado,
cada vez mais, o recurso eólico uma alternativa viável para geração de eletricidade
em larga escala. Estima-se que até 2020 12% da energia elétrica gerada no mundo
tenham origem nessa fonte (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2006).
As principais vantagens da utilização de turbinas eólicas para geração de
energia elétrica são:
O vento é uma fonte limpa e renovável;
39
Há uma distribuição global razoável de ventos com potencial de
aproveitamento para geração de energia e somente uma pequena parte
dessas regiões já foi explorada;
Há vocação para geração tanto em pequena quanto em larga escala;
Proporciona a diversificação da matriz energética;
Os prejuízos econômicos de instalação de usinas eólicas são pequenos,
pois apenas cerca de 1% da área das fazendas é utilizada para
instalações com finalidade de geração de energia (o restante pode ser
utilizado para agricultura e pecuária, por exemplo) (SILVA, 2006);
Os impactos ambientais são mínimos: não há emissão de CO
2
(como na
queima de combustíveis), problemas com resíduos perigosos (como nas
usinas nucleares) e há pouca influência no ecossistema (como nas usinas
hidrelétricas), principalmente após a implementação dos modernos
equipamentos com baixa velocidade de rotação (baixo ruído e poucos
acidentes com aves) (SILVA, 2006);.
O volume de recursos possibilita a entrada de recursos privados para
construção de usinas em regiões potencialmente favoráveis (DUTRA;
TOLMASQUIM, 2003);
O tempo de construção/instalação dessas usinas é relativamente curto;
O Brasil, em particular, pelas suas dimensões e pelo seu regime de
ventos, é um dos países com maior potencial eólico do mundo. Além
disso, as regiões com maior possibilidade de aproveitamento dessa fonte
apresentam complementaridade geográfica em relação aos principais
centros de geração de energia através de recursos hídricos (AMARANTE
et al, 2001);
Outra particularidade brasileira é a possibilidade de utilizar a energia eólica
para economizar os recursos hídricos, pois já existe uma rede nacional de
distribuição de energia bastante robusta, como será visto adiante.
As principais desvantagens dessa utilização são:
40
O vento é uma fonte intermitente de energia de modo que sua utilização é
economicamente viável somente como uma complementação à matriz
principal já que não se pode armazenar o potencial eólico;
No Brasil, o custo financeiro (desconsiderados os custos ambientais) por
kW instalado das usinas eólicas e o custo do MWh gerado por elas ainda
são superiores aos custos correspondentes das usinas hidrelétricas
(embora haja tendência de diminuição dessa diferença por conta da
redução de custo da geração por fonte eólica e do aumento da geração
por fonte hídrica) (DUTRA; TOLMASQUIM, 2003);
Também devido aos custos mencionados, são necessárias coerentes
políticas públicas de fomentação bem como uma legislação estável que
incentive investimentos privados nesse tipo de fonte de energia.
1.5 - O Potencial eólico brasileiro e suas vantagens
O Brasil é um dos países com maior disponibilidade eólica do mundo:
143,5GW de potencial de instalação para vento médio anual de valor igual ou
superior a 7,0 m/s a 50 m de altura do solo (
Figura 9), mas menos de 0,3GW
instalados (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2006). Para efeito de
comparação, o potencial hídrico brasileiro é de 261GW (
Figura 10).
Com esse potencial eólico pode ser obtida uma produção anual de energia
elétrica entre 272TWh e 478TWh, dependendo da eficiência dos equipamentos
utilizados. Para comparação, o consumo anual total de energia elétrica do Brasil é,
atualmente, de 400TWh (BRASIL, 2006).
Como pode ser observado na
Figura 9 e na Figura 10, há uma
complementaridade geográfica entre os recursos hídricos e eólicos brasileiros. Isso é
mais facilmente percebido se for levada em consideração a utilização do potencial
hídrico (
Figura 11). Assim, as regiões de maior consumo (sudeste e sul) têm um
potencial hídrico médio (já bastante utilizado) e um potencial eólico também médio.
A região norte tem grande potencial hídrico (pouco utilizado), mas sob forte restrição
ambiental, e distante dos centros consumidores. O nordeste tem baixíssimo
potencial hídrico que já está bem utilizado, e um enorme potencial eólico.
41
Figura 9: Potencial eólico brasileiro para vento médio anual igual ou maior que 7 m/s.
(AMARANTE et al, 2001)
Figura 10: Potencial hidrelétrico brasileiro.
(BRASIL, 2006)
42
Figura 11: Capacidade instalada por sub-bacia hidrográfica
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2003)
Além disso, há complementaridade temporal entre o regime hídrico e o eólico
nas regiões nordeste (
Figura 12) e sul-sudeste (Figura 13).
Figura 12: Complementaridade entre os regimes eólico e hídrico no nordeste
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2003)
43
Figura 13: Complementaridade de geração hídrica do sudeste e eólica em Palmas (Paraná)
(SILVA, 2006)
Dessa forma, o Brasil reúne condições favoráveis à geração de energia
elétrica através da fonte eólica de modo complementar à fonte hídrica.
44
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 - A energia do vento
A turbina eólica é um equipamento que transforma a energia cinética do fluxo
de ar que passa pela área varrida pelas pás em torque no eixo do rotor, o qual é
transformado em energia elétrica por um gerador acoplado a esse eixo.
A energia cinética do vento cuja velocidade é V
0
, alinhada ao eixo do rotor, e,
portanto, transversal à área A varrida pelas pás da turbina, é dada por:
2
0
2
1
mVE =
(1)
onde m é a massa do ar.
A vazão mássica de ar através da área A é:
0
AVm
ρ
=
&
(2)
A potência total do vento que passa por A é a derivada da energia cinética:
3
0
2
0vento
ρAV
2
1
Vm
2
1
EP ===
&
&
(3)
No entanto, não se pode extrair totalmente a energia do vento com uma
turbina. Caso isso ocorresse, a velocidade do ar após a passagem pelo rotor seria
nula, o que impediria a continuação do fluxo de ar através do rotor. De outro lado, se
não houver nenhuma variação de velocidade do vento na passagem pela turbina,
então nenhuma energia estará sendo extraída. Entre esses limites, existe um valor
ótimo de potência extraída do vento através da redução de sua energia cinética.
Define-se o coeficiente de potência C
P
como a razão entre a potência extraída
e a potência total do vento dada pela eq. (3). Para um fluxo laminar, tanto a
montante quanto a jusante do rotor, a máxima potência que se pode extrair do vento,
calculada pela primeira vez por Albert Betz em 1926 (conforme Apêndice A), é dada
por (GASCH; SCHUBERT, 2002):
59,0
27
16
CC
Betzmáx
pP
===
(4)
45
Também ficou demonstrado que, neste caso, a velocidade do vento a jusante
do rotor é 1/3 da velocidade a montante. Ou seja, mesmo com a suposição de um
escoamento sem turbulências, a máxima potência que se pode extrair é de 59% do
valor total da energia do vento.
A potência real extraída do vento pode ser escrita por:
alRe
P
3
0alRe
CAV
2
1
P ρ=
(5)
onde
alRe
P
C é o coeficiente de potência real do rotor
Equipamentos que utilizam apenas a força de arrasto (projeção no sentido do
escoamento da força resultante aerodinâmica) possuem um C
P
da ordem de 0,2
enquanto as modernas turbinas eólicas que utilizam a força de sustentação
(projeção perpendicular ao escoamento da força resultante aerodinâmica) por bons
perfis aerodinâmicos alcançam um valor próximo a 0,5 (GASCH; SCHUBERT,
2002). Essa diferença vem, principalmente, do fato da velocidade relativa do vento
(V
rel
) ser bem menor nos equipamentos que utilizam o arrasto do que a velocidade
relativa de equipamentos que utilizam a sustentação, o que influi significativamente
na potência extraída, pois esta é proporcional ao cubo da velocidade relativa do
vento. A
Figura 14 demonstra a diferença entre a velocidade relativa do vento de
equipamentos baseado em forças de arrasto e em forças de sustentação, onde V
T
é
a velocidade tangencial da pá.
Figura 14: Velocidade relativa do vento de equipamentos baseados em: (a) arrasto; (b)
sustentação.
(GASCH; SCHUBERT, 2002)
Assim, para equipamentos baseados em forças de arrasto, a velocidade
relativa do ar é sempre menor que a do vento (V
rel
= V
0
- V
T
), enquanto que para
46
equipamentos baseados em forças de sustentação a velocidade relativa do ar é
sempre maior que a do vento (V
rel
2
= V
0
2
+ V
T
2
). Essa utilização das forças de
sustentação se deu por cerca de 700 anos antes que uma teoria física explicasse
satisfatoriamente o fenômeno de sustentação (início do século XX).
2.2 - Descrição das modernas turbinas eólicas
A maior eficiência de equipamentos baseados em forças de sustentação é a
razão de as turbinas eólicas utilizarem pás construídas com perfis aerodinâmicos
especialmente projetados para essa aplicação.
2.2.1 - Características e componentes
Em relação à orientação do eixo, o modelo de turbina mais utilizado é o de
eixo horizontal. As principais características desse tipo de turbina são: o número de
pás, o diâmetro do rotor, a altura da torre, a razão de potência e a estratégia de
controle.
O diâmetro do rotor é importante, pois quanto maior ele for maior será a área
varrida e, portanto, maior será a potência disponível.
A altura da torre é importante pelo fato da velocidade do vento aumentar e a
turbulência diminuir com a distância ao solo. Em geral, a relação entre o diâmetro do
rotor e a altura da torre é de aproximadamente 1.
A razão de potência é a razão entre a potência do vento que passa pela área
varrida pelas pás do rotor e a potência fornecida pelo gerador elétrico.
A estratégia de controle é importante para assegurar que essa potência
fornecida pelo gerador seja aproximadamente constante dentro da faixa de
velocidade de vento para a qual a turbina foi projetada, além de proteger o
equipamento no caso de ventos excessivamente fortes.
O número de pás depende principalmente da potência que se quer extrair, da
velocidade da ponta das pás e do custo de construção delas. Quanto menor o
número de pás, maior deve ser a velocidade de rotação para se extrair a mesma
47
potência a partir da mesma área varrida pelo rotor, porém mais barata será a
construção do equipamento.
Assim, turbinas com duas pás têm menor custo de fabricação que as de três
ou mais pás, porém devem girar mais rapidamente, apresentando uma aparência
oscilatória desconfortável. Devido à maior vibração do rotor de duas pás, elas podem
não ser engastadas ao cubo do eixo do rotor (há pelo menos 1 grau de liberdade,
como em uma dobradiça). Embora isso possa parecer vantajoso, há necessidade de
garantir a estabilidade do rotor (HANSEN, 2003).
Idealmente, a direção do vento deve ser perpendicular à área varrida pelas
pás. Assim um dispositivo de controle de guinada (giro em torno do eixo da torre) é
necessário para corrigir a direção do eixo de rotação do rotor.
Rotores com grande número de pás necessitam de menor velocidade de
rotação para alcançar a potência requerida devido ao seu maior torque (potência =
torque x velocidade de rotação). Apesar de sua construção ser mais simples e
barata, esse tipo de turbina, cujo diâmetro normalmente não passa de 7 ou 8 metros,
é utilizada para bombear água devido ao torque e não para geração de energia
elétrica (que necessita de rotações mais altas). Além disso, esse tipo de rotor não
pode ser demasiado grande, pois, como possui grande área de pás, uma rajada de
vento forte exerceria grande força na torre de sustentação, necessitando assim de
um robusto sistema de controle de guinada e de uma estrutura de torre reforçada.
Devido à complexidade e ao material empregado na construção das pás de
modernas turbinas eólicas com perfis aerodinâmicos otimizados, o custo aproximado
de um rotor de três pás é da ordem de 20% do custo total da turbina. Esse tipo de
rotor possui maior estabilidade dinâmica e pode ser construído com perfis menos
espessos, o que diminui o custo de material das pás (SCHUBERT; TWELE, 2002).
Além disso, sua velocidade de rotação média resulta em grande conforto visual,
baixo nível de ruído (podem ser utilizadas próximas a regiões urbanas) e na
diminuição do risco de acidentes com aves (que têm tempo de desviar das pás).
Ainda, rotores de três pás são dinamicamente mais estáveis que os de duas pás,
pois estes possuem um momento de inércia cíclico contra o movimento de guinada.
A velocidade de rotação de uma turbina de três pás de médio a grande porte
(acima dos 30 metros de diâmetro) fica, na maioria das vezes, entre 15rpm e 60rpm,
48
enquanto a velocidade de rotação necessária para o gerador deve estar entre
1000rpm e 3000rpm. (HANSEN, 2003; SCHUBERT; TWELE, 2002). Assim, é
necessário utilizar uma caixa multiplicadora entre o eixo do rotor e o do gerador para
aumentar a velocidade de rotação. Algumas turbinas, em vez de utilizar esse
recurso, trabalham com geradores multipolos, que operam a baixa rotação.
As turbinas que operam segundo o conceito dinamarquês (eixo horizontal, de
três pás fixadas rigidamente ao eixo do rotor) operam a uma velocidade
aproximadamente constante de rotação, garantida pelo controle de rotação por estol
(perda da sustentação), o que limita a potência de saída. Caso esse sistema de
controle não consiga impedir o aumento de velocidade de rotação devido a ventos
excessivamente intensos, freios aerodinâmicos são automaticamente acionados
(sistema de emergência).
Algumas turbinas utilizam a variação do passo das pás para limitar a potência
de saída e proteger a turbina. Essa mudança de passo pode ser utilizada para variar
a força de sustentação (sistema de controle de passo) ou para variar a força de
arrasto, através da indução de estol sobre as pás (sistema de estol ativo).
Também há turbinas com velocidade de rotação variável (sistema de controle
de passo ou de estol ativo) que utilizam conversores de corrente AC – DC – AC, ou
AC – AC, ou sistemas de escorregamento no gerador para conexão à rede elétrica
(CARLIN; LAXSON; MULJADI, 2001; SCHUBERT; TWELE, 2002).
Além disso, existem estudos para se usar um dispositivo de transmissão
continuamente variada para garantir a uniformidade de rotação do eixo do gerador
(não haveria assim necessidade de conversores de corrente, mesmo se trabalhando
com velocidade de rotação variável).
As vantagens da rotação variável são: o aumento anual da produção de
energia em mais de 10% e o aumento de vida útil do equipamento devido à redução
da intensidade das cargas cíclicas. As desvantagens são a complexidade e o
aumento do custo da turbina (CARLIN; LAXSON; MULJADI, 2001). Em geral, o valor
da velocidade de rotação nominal de uma turbina de velocidade variável fica entre
80% e 90% da rotação máxima.
O sistema de controle por estol é o mais antigo e o mais simples de ser
construído, mas possui menor eficiência aerodinâmica, exige uma estrutura mais
49
robusta (alto custo para turbinas de grande porte, embora existam protótipos dessa
escala em operação), sendo ainda amplamente utilizado em turbinas de pequeno e
médio porte. A
Figura 15 mostra uma curva de potência típica de uma turbina de
150kW regulada por estol, onde P
el
é a potência elétrica de saída.
Figura 15: Curva de potência de uma turbina de 150kW controlada por estol
(SCHUBERT; TWELE, 2002)
Já o sistema de controle de passo é mais moderno e complexo, possibilita a
utilização de estruturas menos robustas e tende a ser mais utilizado com o aumento
de escala das turbinas. Embora esse sistema torne mais cara a construção do
equipamento, o fato dele permitir a operação mesmo em condições em que o vento
não seja tão favorável faz com que a turbina seja economicamente mais eficiente.
Porém, no caso de ventos fortes, mas dentro da faixa normal de operação, as
oscilações de potência de uma turbina regulada por passo são maiores que as de
uma regulada por estol. Ainda não se pode prever até qual tamanho de equipamento
esse sistema será adequado. A
Figura 16 mostra uma curva de potência típica de
uma turbina de 100kW regulada por passo.
Figura 16: Curva de potência de uma turbina de 100kW controlada por passo.
(SCHUBERT; TWELE, 2002)
50
A utilização do controle por estol ativo, onde o passo das pás é variado no
sentido de induzir o estol procura obter uma saída de potência suave para ventos
fortes aliada à possibilidade de embandeirar as pás no caso de ventos excessivos.
Outra vantagem é que nesse caso, ângulos de apenas 10° são requeridos para
controlar a velocidade (no controle por passo podem ser necessários ângulos de até
70°), o que resulta em mecanismos mais simples. A
Figura 17 mostra os sentidos de
rotação possíveis no sistema de controle por estol ativo.
Figura 17: Sentidos de rotação do controle por estol ativo
(SCHUBERT; TWELE, 2002)
Em geral, a velocidade do vento utilizada para o projeto de uma turbina eólica
fica entre 1,2 e 2 vezes a velocidade média do vento prevista para o local de
instalação. Isso leva a uma variação do tipo de equipamento a ser utilizado, de
acordo com as características locais do vento (função da velocidade média a
determinada altura do solo) (SCHUBERT; TWELE, 2002).
A
Figura 18 ilustra os diversos componentes de uma turbina eólica.
51
Figura 18: Componentes típicos de uma turbina eólica com caixa de engrenagem
(CENTRO DE REFERÊNCIA PARA ENERGIA SOLAR E EÓLICA SÉRGIO DE
SALVO BRITO, 2006)
Outras características das turbinas eólicas são: o ângulo de deflexão (devido
à elasticidade da estrutura da pá), o ângulo de inclinação e o ângulo de cone (para
garantir que a pá não se choque com a torre), conforme a
Figura 19. Tipicamente os
dois últimos ângulos têm valor entre 3° e 6°.
1- Cubo do rotor
2- Pás do rotor
3- Sistema hidráulico
4- Sistema de posicionamento da nacele
5- Engrenagem de posicionamento
6- Caixa multiplicadora de rotação
7- Disco de freio
8- Acoplamento do gerador elétrico
9- Gerador elétrico
10- Sensor de vibração
11- Anemômetro
12- Sensor de direção
13- Nacele, parte inferior
14- Nacele, parte superior
15- Rolamento do posicionamento
16- Disco de freio do posicionamento
17- Pastilhas de freio
18- Suporte do cabo de força
19- Torre
52
Figura 19: Ângulos característicos de turbinas eólicas
(SCHUBERT; TWELE, 2002)
2.2.2 - Razão de velocidade de ponta de pá: λ
T
A razão de velocidade da ponta da pá (λ
T
), um parâmetro importante no
projeto das pás de turbinas eólicas, mostra quantas vezes a velocidade tangencial
da ponta da pá é maior que a velocidade do vento e é dado por:
0
T
0
T
T
V
60/nR2
V
R
π
=
ω
=λ
(6)
onde n: velocidade angular do rotor em rpm;
ω: velocidade angular do rotor em rad/s;
R
T
: raio do rotor da turbina;
Como a potência é o resultado do produto do torque pela velocidade angular,
turbinas de alto torque possuem baixo
ω e, portanto, baixo λ
T
(próximo a 1 para
moinhos de fazendas americanas). Turbinas para geração elétrica para rede
possuem atualmente valores de
λ
T
entre 5 e 8 (SCHUBERT; TWELE, 2002).
Turbinas de velocidade constante possuem um
λ
T
que varia de acordo com a
velocidade do vento e somente atingem a razão de velocidade de ponta de pá de
53
projeto para um único valor de V
0
. Já as turbinas de velocidade variável operam
dentro de uma larga faixa de
λ
T
.
2.2.3 - Projeto e construção das pás
O projeto da pá é determinado pelo aerofólio, ou perfil, utilizado em cada
seção (estação), pela geometria externa e pelos materiais empregados para a sua
construção. Enquanto os moinhos de fazendas americanas utilizam chapas curvadas
como pás, as turbinas eólicas para geração elétrica para rede possuem pás com
aerofólios de alto rendimento e são feitas de materiais compostos.
As pás têm sido construídas com dimensões cada vez maiores, passando de
20 m para 100 m ou mais. Isso leva a pás cujo peso pode atingir cerca de duas
dezenas de toneladas, o que causa grandes tensões, principalmente na raiz. Deve
ser considerado que, para uma expectativa média de 20 anos de operação, cada pá
estará sujeita a um número de ciclos da ordem de 10
8
, o que pode levar à fadiga do
material. Também, deve-se considerar que a turbina estará exposta a variações de
temperatura, de umidade e de luminosidade, a radiação solar, a chuva, a impactos
de insetos e aves, etc.
A otimização da aerodinâmica e da construção da pá resulta em uma
geometria complexa que dificilmente atingiria níveis econômicos satisfatórios sem o
emprego de materiais compostos. De acordo com os aerofólios escolhidos (vários
tipos diferentes de aerofólios numa mesma pá) empregam-se diferentes métodos de
fabricação e materiais (por exemplo: poliéster reforçado por fibra de vidro; plástico
reforçado por fibra de carbono).
Até poucos anos atrás eram utilizados perfis aeronáuticos da série NACA-44
e NACA-63 para construção das pás. Nos últimos anos, os fabricantes de turbinas
eólicas têm investido no desenvolvimento de perfis próprios para esse fim com alta
relação entre sustentação e arrasto (aumento da eficiência aerodinâmica), maior
espessura (razões estruturais), pouca sensibilidade à rugosidade (sujeira que
impregna as pás durante seu uso) e com características de estol suave. A
Figura 20
mostra os diversos perfis utilizados na construção de uma pá de uma turbina eólica.
54
Figura 20: Perfis utilizados na construção da pá da turbina DEBRA 25 (100kW, 11,6m, 280 Kg)
(SCHUBERT; TWELE, 2002)
A torção da pá aumenta a eficiência do rotor. Sua determinação está ligada
aos perfis aerodinâmicos escolhidos (cada aerofólio possui um ângulo ótimo de
operação em relação ao vento - ângulo de ataque ótimo) e à variação da velocidade
do vento ao longo do raio do rotor, (quanto maior a distância entre a seção e o eixo
do rotor, maior a velocidade tangencial). Seções próximas à raiz têm maior passo e
as próximas à ponta, menor passo.
Quanto à fixação da pá ao cubo do rotor (sem considerar o movimento em
torno do eixo da pá – movimento de passo da pá), ela pode ser rígida ou flexível (no
sentido do ângulo de deflexão da pá – movimento de flap). Esse grau de liberdade
resulta numa menor carga de flexão na raiz da pá e no eixo do rotor (absorve parte
dos esforços resultantes de turbulências e da variação do perfil de velocidade do
vento em relação à altura do solo). Isso se traduz, para turbinas de grande porte,
num equipamento menos robusto e, portanto, mais barato do que a alternativa de
aumentar a rigidez da raiz da pá e do eixo do rotor.
55
2.3 - Princípios de aerodinâmica
2.3.1 - Aerodinâmica bidimensional
Através de estudos de escoamentos bidimensionais é possível determinar as
melhores características dos perfis aerodinâmicos (dimensões, posições relativas,
etc.) para cada aplicação. Para escoamentos tridimensionais são necessárias
correções do ângulo de ataque e considerações de perdas conforme será visto mais
adiante. Além disso, o estudo bidimensional facilita a definição e a fixação conceitos.
Denomina-se aerofólio a seção transversal de uma asa infinita. A
Figura 21
mostra as principais nomenclaturas para um aerofólio.
Figura 21: Nomenclaturas para aerofólios
(ANDERSON, 1991)
A força R de reação no aerofólio devido ao escoamento é resultante da
distribuição de pressão pelo perímetro do aerofólio e pela fricção do ar sobre o
mesmo e está localizada no centro de pressão. Ela pode ser decomposta em duas
forças componentes: uma na direção do escoamento (arrasto D) e outra transversal
a ele (sustentação L). É convencional aplicar a força F no ponto de ¼ de corda a
partir do bordo de ataque. Dessa forma, age sobre o aerofólio um momento M
f
de
arfagem no sentido de aumentar (positivo) ou diminuir (negativo) o ângulo de ataque
α que é o ângulo entre a direção do escoamento e a linha da corda. A Figura 22
ilustra as definições mencionadas.
56
Figura 22: Definições aerodinâmicas
(HANSEN, 2003)
Os coeficientes de sustentação C
L
, de arrasto C
D
e de momento C
M,f
para o
aerofólio são dados por (ANDERSON, 1991).
cV5,0
L
C
2
0
L
ρ
=
(7)
cV5,0
D
C
2
0
D
ρ
=
(8)
22
0
,
5,0 cV
M
C
f
fM
ρ
=
(9)
Os coeficientes acima dependem do ângulo de ataque
α, do número de
Reynolds Re=cV
0
/ν (onde c é a corda e ν é a viscosidade cinemática), e do número
de Mach Ma=V
0
/V
som
. No caso das turbinas eólicas V
0
é baixo e, portanto, pode-se
considerar o escoamento incompressível (densidade
ρ = constante) e o Mach
desprezível. Dessa forma, os coeficientes dependem apenas de
α e de Re.
A
Figura 23 mostra uma curva típica de C
L
x α onde se percebe que até um
determinado valor de
α, C
L
varia linearmente. Para altos valores de α a curva de C
L
tem uma queda. Isso ocorre devido estol, que é o descolamento do escoamento em
relação à superfície do aerofólio. Esse fenômeno causa turbulências, perda da
sustentação e aumento de arrasto.
57
Figura 23: Esquema de curva C
L
em função de α para aerofólio
(ANDERSON, 1991)
O coeficiente de arrasto C
D
é relativo ao arrasto de perfil que é a soma do
arrasto de fricção (determinante no caso de aerofólios) e o arrasto de pressão. Já a
variação do C
M,f
em função de α é pequena. A Figura 24 mostra os dados
experimentais do aerofólio NACA 2412, onde Re=
ρV
rel
c/μ é o número de Reynolds, ρ
e
μ são respectivamente a densidade e viscosidade dinâmica do ar e c é a corda do
aerofólio.
Figura 24: Coeficientes de arrasto e de momento experimentais do aerofólio NACA 2412
(ANDERSON, 1991)
A variação do arrasto em função do número de Reynolds diminui a partir de
um determinado valor desse número. No caso da sustentação, o número de
Reynolds influencia a ocorrência do estol. Isso pode ser visto na
Figura 25, onde é
58
apresentada a polar de arrasto (curva C
L
x C
D
) e a curva de sustentação (C
L
x α) do
aerofólio FX67-K-170.
Figura 25: Polar de arrasto e curva de sustentação para o perfil FX67-K-170
(HANSEN, 2003)
A forma com que estol ocorre depende da geometria do aerofólio e es
ligada à maneira que o escoamento se separa da superfície. A perda de sustentação
é pequena quando o estol acontece próximo ao bordo de fuga e aumenta
suavemente de acordo com o aumento de
α. Mas se o estol ocorre próximo ao
bordo de ataque, todo o escoamento sobre o aerofólio pode se separar e nesse caso
a perda da sustentação e o aumento do arrasto são abruptos. Assim deve-se evitar
ao máximo a ocorrência do estol e garantir que, no caso dele ocorrer, que seja
preferencialmente próximo ao bordo de fuga.
Na verdade, é uma estreita região do escoamento próxima à superfície do
aerofólio que precipita a ocorrência do estol. Essa região é a camada limite, que
pode ser laminar ou turbulenta. A espessura da camada limite é definida como
aquela em que a velocidade do local é de 99% da velocidade do escoamento livre.
O escoamento que passa pela parte superior do aerofólio (extradorso) tem
sua velocidade aumentada em relação ao escoamento da parte inferior (intradorso).
Mas como ambos devem ter a mesma velocidade no bordo de fuga (condição de
Kutta) deve haver uma desaceleração do escoamento superior em algum ponto. A
fim de evitar a separação da camada limite, essa desaceleração deve ocorrer
59
preferencialmente numa região em que ela seja turbulenta (mais estável que uma
camada limite laminar, pois possui mais energia que o escoamento laminar)
(ANDERSON, 1991; HANSEN, 2003). Assim lança-se mão de artifícios de modo a
gerar uma leve turbulência na camada limite de um aerofólio laminar (aquele em que
na maior parte a camada limite é laminar e presa à sua superfície e que possui alto
valor para a relação C
L
/C
D
) na região próxima ao bordo de fuga.
No caso de turbinas eólicas, as características de estol do aerofólio devem
ser consideradas para ângulos maiores que o de projeto. A sensibilidade à
rugosidade superficial também é importante, pois a turbina eólica opera usualmente
com a superfície das pás impregnada de sujeira.
2.3.2 - Aerodinâmica tridimensional
O escoamento por uma asa tridimensional difere do bidimensional
basicamente devido à deflexão que ele sofre tanto no extradorso (baixa pressão)
quanto no intradorso (alta pressão). Essa deflexão causa turbulências no bordo de
fuga ao longo de toda a envergadura (vórtice) e um fluxo da parte inferior para a
superior, ao redor da ponta da asa. A
Figura 26 mostra o esquema de escoamento
sobre uma asa finita e a
Figura 27 mostra a visualização do vórtice de ponta de asa
de um modelo em túnel de vento.
Figura 26: Escoamento sobre uma asa finita.
(ANDERSON, 1991)
60
Figura 27: Visualização do vórtice de ponta de asa em túnel de vento.
(SARIC et al, 2006)
Esses vórtices, de acordo com a lei de Bio-Savat, induzem uma componente
vertical para baixo de escoamento próximo ao bordo de fuga. Essa velocidade
induzida (V
i
) é conhecida por downwash e tem como efeitos reduzir o ângulo de
ataque e gerar uma componente de arrasto induzido D
i
, conforme pode ser visto na
Figura 28. Esse arrasto induzido vem da componente da sustentação local
(perpendicular à velocidade efetiva local V
e
), paralela à velocidade V
0
do vento.
Figura 28: Ângulo de ataque efetivo e arrasto induzido
(HANSEN, 2003)
O ângulo de ataque efetivo
α
e
é então dado por:
ige
α
α
=
α
(10)
onde
α
g
e α
i
são respectivamente os ângulos de ataque geométrico e induzido.
61
Como
α
e
< α
g
, a sustentação de uma asa tridimensional é menor que uma
bidimensional. Para estimar a sustentação da asa deve-se então corrigir o ângulo de
ataque conforme a eq.(10) e usar os dados do aerofólio bidimensional.
Outra alteração dos dados bidimensionais dos aerofólios que ocorre no caso
de turbinas eólicas e de hélices é a força centrífuga (gerada pelo movimento de
rotação da pá) que age sobre a camada limite, principalmente após o estol,
resultando numa componente radial de velocidade em direção à ponta. Devido a
esse efeito, a força de Coriolis assume valores significativos tendendo a levar o
escoamento para o bordo de fuga, o que é favorável ao desempenho aerodinâmico
da pá (HANSEN, 2003).
2.4 - Aerodinâmica das turbinas eólicas
2.4.1 - O limite de Betz
Como já mencionado anteriormente, Betz determinou que, teoricamente, a
máxima potência que se pode converter em energia mecânica é 59% da potência
disponível no vento para uma turbina de eixo horizontal, independentemente do
número de pás ou de sua geometria (HANSEN, 2003). Essa demonstração é
apresentada no Apêndice A.
Para chegar a essa conclusão, foi feita a hipótese de escoamento
unidirecional, isto é, não foram consideradas turbulências no escoamento, mesmo
após a passagem pelo rotor. Além disso, foi introduzido o fator de indução axial “a”
(que representa a perda de velocidade do vento na direção axial do rotor) definido
por
0
V)a1(u =
, onde u é a velocidade do vento no plano do rotor e V
0
é a
velocidade do vento a montante.
Em seguida, foram encontradas as expressões do coeficiente de potência C
P
(potência extraída dividida pela potência máxima) e do coeficiente de tração C
T
(tração extraída dividida pela tração máxima) em função de “a” dadas abaixo onde a
potência máxima é dada pela eq. (3). Também ficou demonstrado que para o
62
máximo valor de C
p
(C
p,max
= 16/27 = 0,59) tem-se que
010
V
3
1
ueV
3
2
u ==
, onde u
1
é a velocidade do vento a jusante do rotor.
2
3
0
p
)a1(a4
AV5,0
P
C =
ρ
=
(11)
)a1(a4
AV5,0
T
C
2
0
T
=
ρ
=
(12)
A
Figura 29 mostra a variação desses coeficientes em função do fator de
indução axial “a”.
Figura 29: Coeficientes de potência e de tração em função do fator de indução axial para uma
turbina ideal de eixo horizontal
(HANSEN, 2003)
Foi determinado experimentalmente que as eq. (11) e eq. (12) são válidas
para valores do fator de indução “a” até 0,4. Para valores maiores que isso, o
escoamento a jusante pode assumir valores de velocidades negativas, o que
indicaria a ocorrência de turbulência.
2.4.2 - Efeito da turbulência da esteira
O ângulo local φ do vento relativo (V
rel
) em relação ao plano de rotação para
um perfil da pá é dado por:
63
θ
+
α
=
φ
(13)
onde:
α: ângulo de ataque;
θ: ângulo de passo do aerofólio da seção transversal local da pá em relação
ao plano do rotor.
A
Figura 30 ilustra a relação entre esses ângulos. Nela, V
T
é a velocidade
tangencial da pá.
Figura 30: Relação entre ângulos num perfil de pá.
(HANSEN, 2003)
O ângulo de torção da pá
θ
T
é dado por:
BT
θ
θ
=
θ
(14)
onde:
θ
B
: passo (geral) da pá em relação ao plano de rotação;
Neste trabalho a teoria será desenvolvida em função de
θ considerando θ
B
=0.
Nesse caso, pela eq. (14), tem-se
θ
T
= θ. Uma vez calculada a geometria da pá, o
passo de cada seção
θ(r) e, portanto, θ
T
(r) serão conhecidos. A influência de uma
variação do passo da pá (
θ
B
0) sobre θ(r), pode ser calculada através da eq.(14),
levando-se em consideração o valor de
θ
T
(r) de cada seção calculado anteriormente.
Do mesmo modo que foi introduzido o fator de indução de velocidade axial
“a” para um escoamento unidimensional, no caso de um escoamento bidimensional
64
com esteira (região do escoamento a jusante em que se verifica o rastro deixado
pelo corpo) turbulenta introduz-se o fator de indução de velocidade tangencial a’.
Esse fator tangencial representa o incremento de velocidade do vento na direção
tangencial na seção r da pá (HANSEN, 2003) e é definido por u
θ
=a’ωr, onde u
θ
é a
componente tangencial da velocidade induzida e
ω é a velocidade angular da pá.
O triângulo de velocidades para uma seção da pá, considerando-se as
componentes de velocidades induzidas é mostrado na
Figura 31.
Figura 31: Triângulo de velocidades considerando os fatores de indução.
(HANSEN, 2003)
Da figura acima, tem-se o ângulo local do vento relativo, é dado por:
r)'a1(
V)a1(
aV
r'a
tg
0
0
ω+
=
ω
=φ
(15)
O coeficiente de potência nesse caso passa a ser dado por:
λ
λ
=
T
0
3
2
T
p
dxx)a1('a
8
C
(16)
onde
λ
T
=ωR
T
/V
0
é a razão de velocidade adimensional de ponta de pá;
x=
ωr/V
0
é a razão de velocidade adimensional local em r.
Assim, para maximizar C
P
deve-se maximizar a expressão ξ=a’(1-a). Para
isso é introduzido o valor de x no termo intermediário da eq. (15), de onde sai a
equação abaixo:
)a1(a)'a1('ax
2
=+
(17)
65
Calculando d
ξ/da=0 e levando-se em consideração a eq.(17) sai a expressão
que relaciona a’ e a:
1a4
a31
'a
=
(18)
Através das eq. (17) e (18), atribuindo-se valores para “a” pode-se determinar
os valores correspondentes de a’ e x. Com esses valores pode-se integrar a eq.(16)
para um determinado
λ
T
. Através deles, pode-se determinar o torque e a tração que
agem sobre as pás do rotor, (correções devido a perdas devem ser utilizadas).
Hermann Glauert utilizou diferentes valores de
λ
T
para encontrar o C
P
de
acordo com a eq.(16) e comparando com o C
p,max
de Betz chegou a valores que
mostram que a perda devido à rotação da esteira é pequena para
λ
T
>6
aproximadamente (HANSEN, 2003).
2.4.3 - Método da Quantidade de Movimento no Elemento de Pá - BEM
O método da Quantidade de Movimento no Elemento de Pá, Blade Element
Momentum Method (BEM) (HANSEN, 2003; MORIARTY; HANSEN, 2005) é um dos
mais utilizados para se calcular a velocidade induzida nas pás de turbinas eólicas.
Ele é resultado da junção de duas teorias: a teoria do elemento de pá e a teoria da
quantidade de movimento.
O método do elemento de pá assume que as pás podem ser divididas em
frações elementares ao longo do raio do rotor e que cada um desses elementos age
independentemente dos demais, operando aerodinamicamente como um aerofólio
bidimensional. Ele também assume que as forças são constantes em todo o
elemento anular mostrado na
Figura 32, o que corresponde a um rotor com um
número infinito de pás. Assim, as forças aerodinâmicas podem ser calculadas de
acordo com as condições do escoamento local. Para calcular as forças e os
momentos ao longo das pás, basta somar essas grandezas agindo em cada
elemento tomado.
66
Figura 32: Elemento anular usado no método BEM
(MORIARTY; HANSEN, 2005)
A teoria da quantidade de movimento assume que a perda de pressão na
região do rotor é causada pelo trabalho realizado pelo escoamento passando por
cada elemento de pá. Através dessa teoria podem ser calculadas as velocidades
induzidas (axial e tangencial). Essas velocidades induzidas alteram (como já
mencionado) o escoamento relativo no bordo de ataque e assim alteram as forças
calculadas pela teoria do elemento de pá.
Para calcular as forças normal e tangencial ao plano de rotação, as forças de
sustentação e de arrasto são projetadas nessas direções, conforme o esquema da
Figura 33.
Figura 33: Componentes tangencial e normal ao plano de rotação
(HANSEN, 2003)
67
Assim, tem-se:
φ
+
φ
=
senDcosLF
N
(19)
φ
φ
=
cosDsenLF
T
(20)
Em termos adimensionais:
φ+φ=
ρ
= senCcosC
cV5,0
F
C
DL
2
rel
N
n
(21)
φφ=
ρ
= cosCsenC
cV5,0
F
C
DL
2
rel
T
t
(22)
onde V
rel
pode ser determinado em função de a, a’ e φ de acordo com a Figura 31.
Como F
N
e F
T
são forças por unidade de comprimento, a força normal T e o
torque M em cada elemento anular são dados por (B é o número de pás de rotor):
drCc
sen
)a1(V
B5,0drFBdT
n
2
22
0
N
φ
ρ==
(23)
rdrCc
cossen
)'a1(r)a1(V
B5,0drFBrdM
t
0
T
φφ
+
ω
ρ==
(24)
Mas dT e dM podem ser calculados a partir da teoria da quantidade de
movimento que, igualados às eq. (23) e (24) fornecem as seguintes equações para
os fatores de indução (HANSEN, 2003):
[]
1)C/sen4(
1
a
n
2
+σφ
=
(25)
[]
1)C/cossen4(
1
'a
t
σφφ
=
(26)
onde
σ é a solidez do elemento anular (fração da área varrida coberta pelo elemento
anular), que é definida por:
r
cB
π
σ
2
=
(27)
68
Nas equações acima, tem-se que c = c(r) e que
φ = φ(r) = α(r) + θ(r).
Para se corrigir a suposição de número infinito de pás (a esteira de um rotor
desse tipo é diferente da esteira de um rotor com número finito de pás), foi
introduzido o fator de correção de ponta de pá de Prandtl “F
P
” nas equações de
quantidade de movimento Também pode ser considerado um fator de correção de
perda da raiz da pá “F
R
” (sendo F = F
P
F
R
). Esses fatores introduzem no modelo as
perdas observadas nas respectivas regiões da pá. Assim as equações para os
fatores de indução ficam:
[]
1)C/senF4(
1
a
n
2
P
+σφ
=
(28)
[]
1)C/cossenF4(
1
'a
t
P
σφφ
=
(29)
onde:
π
π
=
)e(cos
2
)e(cos
2
F
RP
f
1
f
1
(30)
φ
=
senr
rR
2
B
f
R,P
R,P
(31)
Quando o valor de “a” fica maior que aproximadamente 0,4, o método BEM
deixa de ser válido pois turbulências podem ocorrer sobre a pá. Neste caso aplica-se
a correção de Glauert, eq. (32) e (33), ou a de Spera, eq. (34) e (35). A correção de
Spera apresenta resultados melhores que a de Glauert para valores de F distantes
de 1 (regiões das extremidades da pá).
Glauert:
a
1/3
[]
1)C/senF4(
1
a
n
2
PG
+σφ
=
(32)
a
> 1/3
φ
σ
=
2
n
2
PG
PGPGPG
sen
C)a1(
Fa)a35(
4
1
1a4
(33)
69
Spera:
a
a
c
[]
1)C/senF4(
1
a
n
2
PS
+σφ
=
(34)
a
> a
c
()
+++= )1aK(42)a21(K)a21(K2
2
1
a
2
c
2
ccPS
(35)
onde:
a
c
= 0,2
n
2
C
senF4
K
σ
φ
=
Assim, pode-se determinar a tração dT e o torque dM para cada elemento de
pá de largura dr, distante do eixo de um valor r
i
(usualmente divide-se o
comprimento da pá por um número entre 10 e 30), cuja geometria é conhecida,
seguindo-se o seguinte algoritmo:
1. a = a’ = 0;
2. Da eq. (15) sai
φ;
3. Da eq. (13) sai
α;
4. Determinar C
L
e C
D
do perfil escolhido para o α encontrado;
5. Determinar C
n
e C
t
de acordo com as eq. (21) e (22);
6. Determinar a’ e a, a partir das eq. (12) e (23) onde A = 2
πrdr, de acordo com
um dos seguintes casos:
Eq. (25) e (26) – estudo sem perdas;
Eq. (28) e (29) – estudo com perdas de ponta de pá;
Eq.(32) e (33) – estudo com correção de Glauert;
Eq.(34) e (35) – estudo com correção de Spera;
7. Se a’ e a se alterarem mais do que uma tolerância admitida voltar para o
passo 2, senão terminar;
70
8. Computar a força F
Ti
e o torque Mi local em cada estação: eq. (23) e (24);
9. Determinar a força e momento total através da integração das grandezas
locais.
2.4.4 - Geometria da pá para esteira sem rotação (Betz)
Para se determinar o comprimento da corda c(r) e o passo θ(r) das pás de um
rotor sem considerar a rotação da esteira, devem ser assumidas as seguintes
hipóteses:
a' = 0;
C
D
= 0;
Não há perdas devido ao número finito de pás;
a = 1/3 para cada seção anular.
Neste caso, é determinada a geometria de uma pá de acordo com as
suposições de Betz, chegando-se às seguintes equações (GASCH; MAURER,
2002):
9
4
R
r
1
C9
8
R2
B
1
)r(c
2
T
2
TT
ot,L
TBetz
+
λλ
π=
(36)
T
T
r3
R2
gtan
λ
=φ
(37)
)r()r()r(
ot
α
φ
=
θ
(38)
onde
α
ot
(r) e C
L,ot
são, respectivamente, o ângulo de ataque ótimo e o coeficiente
de sustentação ótimo (determinados pela maior relação
ε = C
L
/C
D
para o aerofólio da
posição r
i
). R
T
é o raio do rotor.
Outra maneira de determinar a corda nesse caso é determinar, através da eq.
(21), C
n
para C
D
= 0 e substituir na eq. (23). Igualando esse resultado à eq. (11),
tomando-se a = 1/3 (máximo valor de acordo com Betz) nessa equação e na eq.(15),
além de a’ = 0, chega-se a uma expressão equivalente à eq.(36):
71
ω
φπ
=
ot,L
0
Betz
CB3
senV8
)r(c
(39)
Assim, basta escolher o perfil, R
T
e λ
T
para determinar a geometria da pá em
cada estação r
i
de acordo com as eq. (36) ou (39), (37) e (38).
2.4.5 - Geometria da pá para esteira com rotação
Nesse caso, considera-se a rotação da esteira, mas não se considera o
arrasto (C
D
= 0) e nem as perdas da ponta de pá (F=1). Devido a esse fenômeno, a
direção do vento relativo sobre o aerofólio é diferente nos bordos de ataque e de
fuga. A equação do comprimento da corda passa a ser então (GASCH; MAURER,
2002):
φ
π
=
3
sen
CB
r16
)r(c
1
2
ot,L
rot
(40)
onde
T
T
1
r
R
gtan
λ
=φ
(41)
1
3
2
φ=φ
(42)
e
θ(r) é dado pela eq. (38)
Analogamente ao que foi feito no caso de esteira sem rotação, chega-se à
seguinte expressão alternativa à eq. (40):
)cos1(
CB
r8
)r(c
ot,L
rot
φ
π
=
(43)
sendo que o fator de indução axial “a” é calculado através da eq. (25) para C
D
= 0, a’
através da eq. (18) e
φ através da eq. (42).
72
2.4.6 - Geometria da pá com rotação e arrasto
No caso de se considerar as perdas por arrasto, substituindo a eq. (18) na eq.
(17), sai a eq. (44) de onde se tira o fator de indução axial em função de x =
ωr/V
0
:
0x1)x39(aa24a16
2223
=++
(44)
Da eq. (18) sai a’. Da eq. (15) vem e expressão abaixo de onde sai
φ:
x)'a1(
)a1(
r)'a1(
V)a1(
tg
0
+
=
ω+
=φ
(45)
Tomando-se para o aerofólio escolhido para a seção r
i
os valores de C
L,ot
,
C
D,ot
e α
ot
tal que ε = C
L
/ C
D
seja máximo, então C
n,ot
é determinado pela eq. (21) e θ
é dado pela eq. (38). Assim, da eq. (25) vem a expressão do comprimento da corda:
Tot,n
2
T
CB)a1(
senxa8
R
)x(c
λ
φπ
=
(46)
2.4.7 - Geometria da pá com rotação, arrasto, perdas de ponta e de raiz e
correção de Glauert ou de Spera
Para esse caso geral, é necessário utilizar um procedimento iterativo.
Inicialmente a geometria aproximada com esteira com rotação e sem arrasto (item
2.4.5) é calculada. Modificações por questão de facilidade de fabricação podem ser
introduzidas nesse ponto. Tomando-se a geometria encontrada como base, calcula-
se a geometria considerando-se o arrasto, conforme item 2.4.6.
Utilizando como iniciais os resultados da geometria em que foi considerado o
arrasto, determina-se para cada seção os valores da corda c(r) e do passo
θ(r)
através do cálculo de:
Fatores de indução tangencial pela eq. (29);
Fator de perda de ponta de pá e de raiz pela eq (30) e eq.(31);
Fator de indução axial pela eq. (32) e eq. (33) se for aplicar a correção de
Glauert ou pela eq. (34) e eq.(35) se for aplicar a correção de Spera;
73
2.4.8 - Influência do arrasto e do número de pás no rendimento
Como já mencionado, o arrasto e as perdas de ponta de pá, que são
influenciados pelo número de pás do rotor, contribuem para a redução do C
P
. O valor
desse coeficiente para um rotor com número finito de pás aerodinamicamente
otimizadas e levando-se em consideração o arrasto, pode ser calculado pela eq. (47)
para 4
λ
T
20 e ε = C
L
/C
D
25 (MANWELL; McGOWAN; ROGERS, 2002). Essa
equação fornece uma previsão aproximada da máxima potência real a ser extraída
do vento de acordo com a quantidade de pás do rotor e dos aerofólios escolhidos,
mas não fornece detalhes sobre a geometria da pá (distribuição da corda e da
torção, por exemplo), considerada ótima.
+λε
λ
λ
+
+λλ
=
B2
1
57,0
B
20
8
32,1
27
16
C
T
2
T
1
3
2
2
T
TTmáx,P
(47)
Baseada nessa equação, a
Figura 34 mostra a variação do C
P
em função do
número de pás, sem levar em consideração o arrasto. Da mesma forma, a
Figura 35
mostra a variação de C
P
em função de ε para o caso de um rotor de três pás. A
Figura 36 mostra a variação do C
P
em função do número de pás e de ε.
Figura 34: Variação de C
P
em função de λ
T
e do número de pás, sem arrasto.
(MANWELL; McGOWAN; ROGERS, 2002)
74
Figura 35: Variação de C
P
em função λ
T
e de ε= C
L
/C
D
para B=3
(MANWELL; McGOWAN; ROGERS, 2002)
Figura 36: Variação de C
P
em função λ
T
, de B e de ε= C
L
/C
D
(GASCH; MAURER, 2002)
2.4.9 - Controle do passo das pás
O rotor das turbinas eólicas é projetado aerodinamicamente para uma
operação ótima a uma determinada rotação e uma determinada velocidade de vento.
Conforme já mencionado, o controle do passo das pás é uma estratégia de controle
que serve para manter constante a velocidade de rotação do rotor, seja por aumento
75
ou diminuição da força de sustentação (controle de passo), seja por aumento da
força de arrasto (estol ativo), de acordo com a variação da velocidade do vento.
Assim, após o projeto do rotor nas condições ótimas de rotação, é necessário
um estudo da potência extraída em função do passo das pás (considera-se a torção
inalterada), de modo a determinar o C
P
em função de λ
T
para cada passo θ da pá,
conforme a
Figura 37.
Figura 37: Curvas C
P
x λ
T
para diferentes passos das pás
(MAURER; KAISER, 2002)
Para o controle de passo por sustentação, um aumento da velocidade do
vento em relação àquela de projeto leva, num primeiro momento, a uma diminuição
de
λ
T
, conforme a eq. (6), e, portanto, a uma pequena diminuição do C
P
– digamos,
C
P,1
(considerando-se ainda o passo de projeto) e a um significativo aumento da
potência real extraída (conforme a eq. (5) P
Real
, que é proporcional ao C
P
e ao cubo
da velocidade do vento). Mas como o gerador deve manter a potência de saída, o C
P
de saída deve diminuir com o aumento da velocidade do vento - eq.(5). Se não
houver um controle de passo, essa diminuição do C
P
significa caminhar pela curva
de passo igual a 0º para a direita (devido a um natural aumento da velocidade de
rotação, resultante da maior sustentação causada pelo aumento da velocidade do
76
vento) até que um novo valor C
P,2
seja atingido, o que leva a um aumento
considerável de
λ
T
(para λ
T,2
) e que pode gerar a ruptura estrutural da turbina.
Assim, aumentando-se o passo da pá, o valor de C
P,2
é obtido com um menor
valor de velocidade de ponta de pá (
λ
T,3
). Deve-se ter em mente que embora o valor
de C
P
seja menor, o valor de P
Real
, é constante devido ao aumento da velocidade do
vento. Assim, a variação do passo é feita de modo que a potência extraída esteja
próxima à potência nominal, conforme a
Figura 38.
Figura 38: Variação do passo de acordo com a potência de saída
(HANSEN, 2003)
2.4.10 - Velocidade de rotação variável
A utilização de turbinas de velocidade variável permite a operação do
equipamento nos pontos em que o C
P
é máximo para cada velocidade de vento sem
alteração do passo da pá (tipicamente para ventos menores que o de projeto).
Assim, determinado o valor de C
P, máx
para o λ
T
de projeto, pode-se estabelecer as
curvas de potência versus velocidade de rotação
ω (esta última obtida através da eq.
(6)) para cada velocidade do vento através da eq. (5). Dessa forma, o controle do
passo age no sentido de permitir que o rotor trabalhe no ponto de máximo de cada
curva Potência
versus rotação (linha de operação), conforme a Figura 39.
Nesse gráfico a reta vertical representa o caso em que o controle de passo é
utilizado para manter a velocidade rotação constante. Neste caso, a máxima
eficiência só será efetivamente extraída em uma única velocidade de vento: 6 m/s.
77
Outra vantagem da velocidade variável é a redução das cargas cíclicas sobre
a estrutura da turbina o que contribui para o aumento da vida útil do equipamento.
Figura 39: Operação de turbinas de velocidade de rotação constante e variável
(HANSEN, 2003)
2.4.11 – Correções devido a estol sobre a pá
Além das correções implementadas para determinar a geometria e a
velocidade de rotação ótima de acordo com as necessidades do projeto, outras são
necessárias para calcular corretamente a eficiência do rotor já que o método BEM
considera apenas o fluxo sem a ocorrência de estol sobre a pá (descolamento do
escoamento da superfície da pá). Os fatores que levam a essas correções são
principalmente:
Influência de rugosidade na superfície das pás (causadas pelo acúmulo de
sujeira com o tempo de uso);
Mudança das forças de sustentação e arrasto pós-estol;
Fenômeno do estol dinâmico, que ocorre para ângulos de ataque inferiores ao
do C
L,máx
(escoamento laminar) devido à instabilidade do escoamento ou a
alterações do ângulo de ataque devido à elasticidade da estrutura.
A rugosidade contribui para a ocorrência do estol antes do previsto. Mas
curvas experimentais ou simuladas de sustentação e de arrasto para aerofólios com
78
rugosidades podem ser encontradas. Além disso, os aerofólios especialmente
projetados para utilização em turbinas eólicas possuem baixa sensibilidade à
rugosidade.
Os coeficientes C
L
e C
D
da região pós-estol podem ser determinados através
das seguintes equações (MAURER; KAISER, 2002):
α
α
α
+α= cos
cos
senCC
sen)C(C
sep
sep
2
máx,Dsep,D
2
máx,Destol,D
(48)
α
α
α
α
αα+α=
sen
cos
cos
sen
)cossenCC(2sen)
2
C
(C
2
sep
2
sep
sepsepmáx,Dsep,L
máx,D
estol,L
(49)
onde
α
sep
, C
L, sep
e C
D, sep
são respectivamente o ângulo de ataque, o coeficiente de
sustentação e de arrasto na separação, determinados empiricamente. Tipicamente,
C
D,max
=1,3 para pás de rotor de turbinas eólicas.
O coeficiente de sustentação para o estol dinâmico pode ser calculado
através das equações abaixo (MAURER; KAISER, 2002):
)
2
(C)(C
Lestat,L
α
=α
para α pequeno (50.a)
)(C)(C
Lestat,L
α
=
α
para α grande (50.b)
atraso
estat
t
ff
dt
df
=
(51)
sep,Ldin,L
C)f1(fC
+
=
(52)
sep,Linv,L
sep,Lestat,L
estat
CC
CC
f
=
(53)
onde:
f é um fator de interpolação, interpretado como o ponto de descolamento;
79
rel
patraso
V
c
tt =
;
C
L,inv
=2π(α-α
0
) é o C
L
linear (escoamento sem estol);
t
p
é uma constante de proporcionalidade (fixa para toda a pá);
os sub-índices “estat” , “din” e “atraso” indicam a condição estática, dinâmica e de
atraso respectivamente; c e V
rel
são a corda e o vento relativo local.
A
Figura 40 mostra o triângulo de velocidade local alterado devido à
velocidade da pá por considerações elásticas. A
Figura 41 mostra uma curva típica
de sustentação considerando situação dinâmica.
Figura 40: Triângulo de velocidades com considerações aeroelásticas
onde V
é a velocidade deslocamento da pá devido a deformações aeroelásticas
Figura 41: Curva de sustentação estática e dinâmica
80
2.4.12 – Correção devido a escoamento rotativo
Devido à rotação das pás, a força centrífuga e a de Coriolis assumem valores
significativos, conforme já mencionado. Experimentalmente foi percebido um
aumento no coeficiente de sustentação como conseqüência desses efeitos
tridimensionais (MAURER; KAISER, 2002):
α
+=
2
D2,Linv,L
2
D2,Lrot,D3,L
cos)CC(
r
c
3CC
(54)
2.4.13 – Geometria da ponta da pá
A geometria da ponta da pá influencia a eficiência do rotor da turbina, pois
altera a formação e a intensidade do vórtice de ponta de pá.
Um estudo realizado no
Ris
National Laboratory comparou, através de
recursos de CFD, a influência na sustentação e no arrasto de três geometrias
diferentes de ponta de pás para a turbina Tellus de 95 kW equipada com pás LM 8.2
e extensor de 1,3 m. A
Figura 42 mostra essas geometrias.
Figura 42: Geometrias de ponta de pá estudadas por CFD
(JOHANSEN; SRENSEN, 2002)
Os resultados simulados para o pico de potência para a ponta normal ficaram
bem acima dos dados experimentais devido à imprecisão quanto à separação do
escoamento e à transição de escoamento laminar para turbulento. Assim, optou-se
por estudar a força normal e a tangencial na parte externa da pá (Fx e Fz
respectivamente) para cada geometria. A
Figura 43 mostra essas forças para
velocidade de vento de 10 m/s e de 12 m/s. O critério de similaridade utilizado foi a
área das pontas. Esses resultados permitem concluir que a ponta normal possui um
81
vórtice mais concentrado do que as demais (variação brusca perto da extremidade)
e que a ponta cônica possui maior carga na ponta, sendo mais eficiente a baixas
velocidades.
Figura 43: Força tangencial (Fx) e normal (Fz) para as três geometrias de ponta de pá
(JOHANSEN; SRENSEN, 2002)
A
Figura 44 mostra a visualização do escoamento sobre as pontas para vento
a 12 m/s. O círculo negro denota a separação do escoamento na ponta varrida. Esse
mesmo tipo de separação ocorre na ponta cônica a 15 m/s.
Figura 44: Visualização do escoamento sobre as pontas para velocidade do vento de 12 m/s
(JOHANSEN; SRENSEN, 2002)
82
Nesse estudo, através de um método que considera a velocidade axial
induzida, determinou-se o ângulo de ataque local para cada geometria de ponta de
pá. A seguir, através de expressões similares às eq. (19) e (20) pôde-se determinar
a sustentação e o arrasto da região. A
Figura 45 mostra esses resultados para três
velocidades de vento diferentes. Dela pode-se perceber que a ponta cônica é a que
apresenta a melhor relação entre sustentação e arrasto.
Figura 45: Sustentação e arrasto para três pontas em três diferentes velocidades
(JOHANSEN; SRENSEN, 2002)
2.5 – Tópicos de mecânica de fluidos e de CFD
A previsão do comportamento de um fluido em movimento é uma área bem
conhecida da engenharia, mas de grande complexidade teórica. A utilização de
métodos numéricos e de programas específicos tem possibilitado grandes avanços
teóricos e práticos.
A construção do modelo de previsão de comportamento de um fluido para
aplicações aerodinâmicas utiliza o ponto de vista macroscópico (domínio contínuo).
Esse método explica bem a grande maioria dos fenômenos físicos observados.
O método estatístico utiliza o ponto de vista molecular e fornece expressões
para coeficientes tais como viscosidade e condutividade térmica.
83
2.5.1 – Equações fundamentais
Através da modelagem matemática de leis da Física e dos princípios de
conservação da massa, da quantidade de movimento e da energia, são obtidas as
equações fundamentais que prevêem o comportamento de variáveis como as
componentes espaciais da velocidade do fluido, a pressão, a densidade, a
temperatura e a energia interna (ANDERSON, 1991).
Através do princípio de conservação da massa chega-se à equação da
continuidade.
0)V(
t
=ρ+
ρ
r
(55)
onde
k
z
j
y
i
x
r
rr
+
+
=
kwjviuV
r
r
v
r
++=
u, v e w são as componentes da velocidade em coordenadas cartesianas
e o sinal “” denota o produto escalar de dois vetores
Do princípio de conservação da quantidade de movimento e da relação entre
cisalhamento-deslocamento aplicada a fluidos newtonianos vêm as equações de
Navier-Stokes:
fVpV)V(
t
V
2
r
rrr
r
ρ+μ+−∇=
+
ρ
(56)
onde
μ: viscosidade dinâmica
p: pressão termodinâmica;
f
r
: força de campo
Através do princípio de conservação de energia chega-se à equação da
energia:
84
Φ+++=+
VfTVpVe
t
e
p
r
r
rr
ρκρ
ρ
)()(
)(
(57)
onde
κ: condutividade térmica do fluido;
T
p
: temperatura
Φ: Função dissipação:
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
μ=Φ
22
2
2
2
22
z
w
y
v
x
u
3
2
y
w
z
v
x
w
z
u
x
v
y
u
z
w
2
y
v
2
x
u
2
Além das expressões acima, ainda fazem parte do sistema as equações de
estado térmico e calórico abaixo respectivamente:
p = p(ρ,T) (58)
(para gás ideal p = ρRT)
e = e(ρ, T) (59)
(por exemplo, e = C
v
T)
As eq. (55), (56), (57), (58) e (59) formam o sistema de sete equações
fundamentais cujas sete incógnitas são: ρ, p, e, T, u, v, w..
2.5.2 – Fenômeno de turbulência e modelos CFD
Dá-se o nome de turbulência ao complexo fenômeno não permanente de
flutuação temporal e espacial do escoamento. Esse fenômeno ocorre quando as
forcas de inércia que agem em partes do fluido tornam-se significativas em relação
às forças viscosas (alto número de Reynolds).
Embora as equações de Navier-Stokes sejam suficientes para descrever a
quantidade de movimento tanto para escoamentos laminares como para turbulentos,
modelos numéricos têm sido especialmente desenvolvidos para prever, de modo
mais eficiente (mais rápido e com menos recursos de equipamento), o
85
comportamento dos fluidos turbulentos (onde grandes variações do tamanho da
turbulência e da escala de tempo são observadas).
Em geral, os modelos tratam a turbulência de maneira estatística ao avaliar o
resultado de flutuações introduzidas às variáveis das equações de Navier-Stokes
(essas variáveis passam a ter uma componente média e outra variante no tempo).
Esse método é denominado RANS (
Reynolds Averaged Navier Stokes) e implica na
introdução de termos nas equações de movimento de modo a representar as
flutuações temporais.
Um dos tipos de modelo RANS supõe que a turbulência consiste em
turbilhões que se formam e se dissipam continuamente e que as tensões de
Reynolds são proporcionais ao gradiente da velocidade média (modelo de
viscosidade de turbilhão)
Modelos de turbulência de duas equações são modelos de viscosidade de
turbilhão que utilizam separadamente duas equações fundamentais para resolver a
velocidade e o tamanho da turbulência. Nesses modelos, a viscosidade efetiva (μ
eff
)
é dada pela soma da viscosidade dinâmica laminar (μ) e a viscosidade dinâmica
turbulenta (μ
t
) (MENTER, 2005), ou:
teff
μ
+
μ
=
μ
(60)
O modelo k-
ε (k-epsilon), que é amplamente utilizado para a maioria das
aplicações industriais, assume que a viscosidade da turbulência (μ
t
) depende da
energia cinética de turbulência (k
t
) e da dissipação da turbulência (ε
t
) através da
seguinte relação (C
μ
é uma constante) (MENTER, 2005):
t
2
t
t
k
C
ε
=μ
μ
(61)
Para situações em que o escoamento próximo à parede (baixo número de
Reynolds) é importante, o modelo k-ω (k-ômega) é preferível ao k-
ε. Esse modelo
assume que
μ
t
depende de k
t
e da freqüência da turbulência (ω
t
) (MENTER, 2005):
86
t
t
t
k
ω
ρ=μ
(62)
Nos casos em que há importância de conhecimento dos pontos de transição
de escoamento laminar para turbulento dentro da camada limite e de descolamento
do escoamento sob gradiente de pressão adverso, o modelo k-ω SST (
Shear Stress
Transport) é preferível, pois, como ele considera o transporte das tensões de
cisalhamento pela turbulência, a viscosidade do turbilhão não é superestimada.
Nesse caso a viscosidade da turbulência é dada por (MENTER, 2005):
)SF,amax(
ka
2t1
t1
t
ω
ρ=μ
(63)
onde
a
1
: constante de proporcionalidade
S: coeficiente de tensão
F
2
: função de mistura
Para um melhor entendimento do comportamento da turbulência do fluido
longe do corpo de estudo o modelo LES (
Large Eddy Simulation) divide o
escoamento em grandes e pequenas regiões de modo a resolver as equações de
Navier-Stokes nas maiores e, só então, solucionar as menores. Embora essa
solução seja boa para regiões onde o tamanho do turbilhão seja da mesma ordem
de grandeza da geometria em estudo, perto da camada limite, onde a extensão da
turbulência é pequena em relação à do corpo, esse procedimento torna-se proibitivo.
Para resolver esse problema, pode-se utilizar o modelo DES (
Detached Eddy
Simulation) que considera um modelo RANS (por exemplo, o k-ω SST) nas regiões
mais próximas ao corpo (turbilhões de pequeno tamanho) e o modelo LES nas
regiões mais distantes (turbilhões de grande tamanho) (MENTER, 2005)
principalmente para análise de escoamentos não permanentes.
Em geral, simulações de CFD tendem a superestimar os efeitos de
sustentação ara um dado valor arrasto da superfície aerodinâmica. O modelo k-ω
SST é o que mais se aproxima dos dados experimentais mesmo na região de pós-
estol (para malhas suficientemente refinadas) conforme a
Figura 46 que compara
87
resultados simulados com experimentais da polar de arrasto de uma asa não
convencional.
Figura 46: Comparação da polar de arrasto experimental com pontos simulados
(MENTER, 2005)
2.5.3 – Controle do Reynolds de Transição
Um dos parâmetros importantes do modelo k-ω SST é o Reynolds de início de
transição (Re
θt
).
Fisicamente, Re
θt
determina a transição de um perfil de velocidade laminar
para um perfil turbulento dentro da camada limite. Ele difere conceitualmente do
Reynolds crítico (Re
θc
), o qual determina o início do crescimento das ondas de
Tollmien-Schlichting (ondas de instabilidade que ocorrem na subcamada viscosa
abaixo da camada limite laminar, quando o escoamento geral tem turbulência inferior
a 1% aproximadamente). É a propagação dessas ondas de instabilidade pela
camada limite que leva à transição laminar-turbulenta (LANGTRY, 2006).
No modelo k-ω SST, o Reynolds de início de transição calculado
t
Re
θ
é
determinado pela equação de transporte (LANGTRY, 2006):
μ+μσ
+=
ρ
+
ρ
θ
θθ
θ
θ
j
t
tt
j
t
j
tj
t
x
Re
)(
x
P
x
)ReU(
t
)Re(
(64)
88
onde:
)Re,Re(fP
ttt θθθ
= ;
,...)Tu(fRe
t
=
θ
;
Tu: energia cinética de turbulência do escoamento.
Também nesse modelo, Re
θc
é função de
t
Re
θ
e a energia cinética de
turbulência é produzida pela função intermitência de turbulência γ determinada por
equação de transporte própria (LANGTRY, 2006) de modo que:
,...)F(f
length
=
γ
(65)
onde F
length
é uma função de comprimento de transição.
As relações empíricas
)Re(fRee)Re(fF,...),Tu(fRe
tctlengtht θθθθ
=== , no
caso do CFX, são funções proprietárias não divulgadas, mas pode-se influir na
transição da camada limite através de um parâmetro de controle, referido neste
trabalho como “Controle do Reynolds de Transição”.
2.5.4 – Distância adimensional Y
+
O parâmetro y
+
, bem conhecido pelos que utilizam CFD, é a distância
adimensional do primeiro nó da malha até a parede e serve como um indicador do
refinamento dessa malha. Para modelos de turbulência k-ω SST, onde um
refinamento maior da malha próxima à parede é importante, o fabricante do CFX
recomenda 0,001y
+
2. Neste trabalho y+ será determinado por (ESSS, 2005):
14
13
Re80c
y
y
+
Δ
=
(66)
onde:
Δy: altura da primeira camada;
c: corda do aerofólio;
Re: número de Reynolds do escoamento
89
2.6 – Freqüência de ocorrência de ventos
No estudo de viabilidade técnica e econômica de utilização de uma turbina
eólica em uma determinada região é necessário conhecer, entre outras coisas, a
faixa de ventos local e sua freqüência de ocorrência. Através desses dados e da
potência produzida pela turbina em função do vento pode-se estimar com boa
precisão a energia total transferida ao eixo do rotor em determinado período
(tipicamente em um ano).
Após o levantamento em campo do regime de ventos, os dados são tratados
estatisticamente para determinar a função densidade de probabilidade para o vento.
As funções mais utilizadas são a de Rayleigh e a de Weibull.
2.6.1 – Distribuições de Rayleigh e Weibull e energia anual produzida
A distribuição de Rayleigh baseia-se na velocidade média local para
determinar a freqüência de ocorrência de cada valor do vento quando outros dados
estatísticos não estão disponíveis (BADE; SUNDERMANN, 2002; HANSEN, 2003):
2
0
V
V
4
2
0
R
e
V
V
2
h
π
π
=
(67)
A distribuição de Rayleigh é um caso particular da distribuição de Weibull.
Esta contém um fator de forma (k), inversamente proporcional à variância do vento
em torno de sua média e um fator de escala (C), relacionado à velocidade média
(AMARANTE
et al, 2001, LEITE, M.L.; VIRGENS FILHO, J. S, 2006):
k
0
C
V
1k
0
W
e
C
V
C
k
h
=
(68)
onde:
+Γ
=
k
1
1
V
C
(69)
e Γ é a função Gama.
90
Para 2C3, pode ser utilizada a seguinte aproximação (AMARANTE
et al,
2001):
C9,0V
(70)
Tomando-se a distribuição de Weibull, a probabilidade de um determinado
valor de vento V
0
estar entre outros dois, V
i
e V
i+1
, é dada pela eq. (71) e a energia
total anual produzida pode ser calculada através da eq. (72):
k
1i
k
i
C
V
C
V
1i0i
ee)VVV(f
+
+
=<<
(71)
=
+
+
<<
+
=
1
1
10
1
)(
2
)()(
8766
N
i
ii
ii
anual
VVVf
VPVP
E
(72)
2.6.2 – Parâmetros de distribuição de ventos do Brasil
Existem diversos estudos de distribuição estatística de ventos do Brasil. Neste
trabalho foram tomados como referência os valores apresentados no Atlas do
Potencial Eólico Brasileiro. Foram considerados valores como os da costa brasileira
entre o Rio Grande do Norte e o Piauí. Os valores médios anuais do fator de forma k
e da velocidade média do vento nessa região são respectivamente 3 e 9 m/s,
conforme a
Figura 47 e a Figura 48. Uma consulta a esse Atlas mostra que existem
diversas regiões no território brasileiro com fator de forma e velocidade média
semelhantes aos utilizados.
91
Figura 47: Fator de forma de Weibull – média anual
(AMARANTE et al, 2001)
Figura 48: Velocidade média anual dos ventos – Região Nordeste
(AMARANTE et al, 2001)
92
2.7 – Similaridade dinâmica de asas rotativas
Denomina-se asa rotativa a superfície aerodinâmica sujeita a rotação em
torno de um eixo formando rotores.
Em geral, a similaridade dinâmica de corpos sujeitos a um escoamento é
obtida diretamente através do N° de Reynolds. Assim, para que dois corpos sejam
dinamicamente similares, eles devem ter o mesmo N° de Reynolds.
No caso de asas rotativas, cada seção está sujeita a uma velocidade relativa
diferente (em função do raio) e, no caso de turbinas eólicas, também há a variação
da corda (comprimento característico). Ou seja, cada seção possui um N° de
Reynolds diferente, o que impossibilita a aplicação direta desse parâmetro para
obter a similaridade. Assim, outra regra de similaridade deve ser aplicada.
A teoria da similaridade para rotores é bem difundida e utilizada, por exemplo,
para ensaio em túneis de vento de modelos de aviões a hélice ou de helicópteros.
Ela relaciona o coeficiente de potência do rotor em escala normal (C
P
) e o
coeficiente de potência do modelo em escala reduzida (C
PM
), conforme a eq. (73)
(KITAPLIOGLU, 1990; McCLUER; JOHNSON, 2002), válida para rotores operando
em alto número de Reynolds:
5
1
Re
Re
=
M
MPM
P
C
C
σ
σ
(73)
onde σ é a solidez do rotor (razão entre a área das pás e a área varrida por elas), Re
é o N°. de Reynolds e o sub índice “M” indica o modelo reduzido.
Essa equação pode ser expandida substituindo Re por sua expressão
equivalente em função da solidez σ, do número de pás B e do raio característico R
T
(basta isolar a corda na eq. (27) e substituí-la na expressão do N° de Reynolds).
93
3 – MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 – Equipamento e ferramentas de análise
Foi utilizado um microcomputador com processador Pentium de 3 GHz, HD de
80 GB, memória RAM de 2 GB e sistema operacional Windows XP.
Para desenho e análise por CFD foi utilizado o pacote ANSYS Workbench
10.0 (que inclui o programa CFX) e para cálculos o programa Matlab 5.3.
3.2 - Metodologia
O resumo da metodologia é dado a seguir:
Obteve-se o maior número possível de dados (geometria, curvas de
sustentação e de arrasto bidimensionais experimentais, condições do ensaio
e simulação, etc.) sobre os aerofólios a serem utilizados na validação
(SOMERS, 2005a) e nas pás (SOMERS, 2004; SOMERS, 2005b);
Foram assumidas as condições iniciais (condições de referência) para a
malha e para o modelo CFD;
Verificou-se a dimensão mínima do escoamento bidimensional de modo a
representar bem os dados obtidos;
Foi feita a validação do modelo CFD bidimensional baseada em resultados
experimentais de ensaios em túnel de vento de um aerofólio típico de turbinas
eólicas (SOMERS, 2005a).
Os parâmetros do modelo foram ajustados através de estudo de casos;
As curvas simuladas C
L
x α e C
L
x C
D
para o aerofólio NREL S827 foram
levantadas para comparação com as curvas experimentais pesquisadas;
As curvas de sustentação, de arrasto e de eficiência dos aerofólios a serem
utilizados na construção do modelo de pá foram obtidas através de
simulações coerentes com o modelo validado;
Os resultados bidimensionais foram utilizados para determinar a geometria
tridimensional da pá de acordo com o método BEM;
94
Foram construídos modelos tridimensionais reduzidos de escoamento sobre a
pá levando-se em consideração o modelo bidimensional validado, a rotação
do rotor e as regras de similaridade dinâmica;
Foram feitas comparações da potência máxima obtida por simulação e por
teoria e introduzidas alterações na geometria através da otimização dos
resultados das simulações de modo a aumentar a eficiência da pá na
condição de projeto;
Foram levantadas as curvas de potência do rotor para diferentes condições
de vento e de passo da pá.
3.3 – Validação do modelo CFD bidimensional
Um estudo coerente em CFD necessita de uma validação experimental dos
diversos parâmetros do modelo.
Dessa forma, inicialmente foi realizado um estudo preliminar de um escoamento
bidimensional sobre um aerofólio NREL S827, para a seção de 75% da pá de uma
turbina eólica controlada por estol. Para comparação foram utilizados os dados de
ensaio desse aerofólio realizado no túnel de vento pressurizado e de baixa
turbulência da NASA em Langley, Estados Unidos (SOMERS, 2005a). A escolha
desse tipo de aerofólio foi feita para evidenciar a importância do modelo de
turbulência utilizado já que:
O comportamento da camada limite influencia significativamente a
sustentação e o arrasto de um corpo aerodinâmico;
O descolamento do escoamento (estol) é um fenômeno possível de ocorrer
localmente em turbinas eólicas controladas por passo em determinadas
condições de operação;
O estol é um fenômeno cuja modelagem é bastante complicada;
O modelo mais utilizado (k-ε) é limitado nesse tipo de análise.
Foram levadas em consideração as limitações do computador utilizado. Assim
foi definido o tempo máximo de 2 horas para se chegar a um critério de
convergência de nível bom (1E-05 RMS - média quadrática) das equações do
95
modelo para cada ângulo de ataque. Essa escolha visou economizar tempo de
análise e evitar a construção de modelos por demais complexos que não possam ser
simulados tridimensionalmente com o equipamento disponível.
Os parâmetros analisados para ajuste do modelo foram:
Malha: Espessura da primeira camada, número de elementos no perímetro do
aerofólio, número de elementos radiais e número de elementos na
envergadura do aerofólio (espessura do escoamento). O estudo de malha
visa garantir que ela esteja suficientemente refinada para que o modelo CFD
possa representar bem os resultados experimentais;
Configuração das condições de contorno de entrada e saída do escoamento;
Modelo de turbulência;
Controle do Reynolds de Transição (que influencia a transição da camada
limite de laminar para turbulenta);
Tamanho do turbilhão.
3.4 – Determinação da geometria da pá
A metodologia utilizada visou o cálculo preliminar, através de considerações
aerodinâmicas, da geometria de uma turbina controlada por passo, com velocidade
variável e potência elétrica nominal de saída de 1,5MW (embora possa ser usada
para o desenvolvimento de equipamentos com dimensões diferentes).
Dados completos, geométricos e experimentais de operação de rotores, não
foram encontrados. Alguns dados de rotores simulados foram obtidos, mas sem
detalhes suficientes para caracterizar as condições de simulação. Assim, não foi
possível fazer comparações de resultados calculados por teoria ou simulados neste
trabalho com resultados experimentais ou simulados por outros autores.
Dados experimentais completos de aerofólios de turbinas eólicas de grande
porte controladas por passo também são escassos. Foram obtidos diversos dados
simulados, mas nenhum experimental. Dessa forma, optou-se por obter por
simulação os dados dos aerofólios escolhidos.
96
O cálculo da geometria da pá neste trabalho foi baseado em conhecimentos
de aerodinâmica e na análise por CFD. As principais hipóteses simplificadoras
foram:
O estudo foi feito em regime permanente;
A superfície da pá é lisa (sem rugosidades) e a turbulência do vento é baixa;
Não foram feitas considerações estruturais, pois:
1. É uma estrutura grande, razoavelmente flexível e tem geometria
complexa;
2. É uma estrutura oca que possui espessura de casca variável;
3. Possui peso de dezenas de toneladas, o que significa um corpo com
grande inércia, e que pode ter equipamentos internos (cargas
concentradas);
4. O centro de gravidade do equipamento está no alto de uma torre;
5. O material empregado não é homogêneo (camadas de fibra, resina,
madeira, estruturas de fixação de metal, etc.);
6. Está sujeita à fadiga de material devido a cargas cíclicas, a intempéries,
aos impactos, etc.;
O estol dinâmico e o ângulo de deflexão das pás foram desconsiderados por
não serem conhecidas a aeroelasticidade da estrutura e as condições de
rajada de vento locais (tempo de atraso desconhecido);
Os ângulos de inclinação e de cone do rotor foram considerados nulos;
O eixo do rotor foi considerado alinhado com o vento, que é uniforme em
toda a área varrida delas pás;
O tempo de resposta do rotor à mudança do vento e à mudança de passo é
nulo.
97
3.4.1 – Diâmetro inicial
A potência do vento que passa pelo disco do rotor é dada pela eq.(3), a
máxima potência que pode ser extraída dele é de 59% (Betz) e os equipamentos
mais eficientes até o momento trabalham com uma eficiência do rotor em torno de
50%. No entanto, se forem consideradas as perdas (mudanças de direção
repentinas do vento, caixa de engrenagens, gerador elétrico, atraso no tempo de
resposta do sistema de controle, etc.) essa eficiência é menor. Isso leva a um
diâmetro de turbina maior do que se fosse considerada apenas a eficiência teórica
prevista por Betz.
Para se ter uma previsão do tamanho aproximado do rotor para uma turbina
de 1,5 MW com controle de passo e velocidade variável foi realizada uma pesquisa
nos
sites de fabricantes de turbinas. O diâmetro do rotor foi inicialmente estimado
através de comparação com equipamentos já comercializados.
3.4.2 - Aerofólios
A escolha dos aerofólios levou em consideração a disponibilidade dos dados
geométricos e aerodinâmicos deles, o raio estimado do rotor, o tipo de controle
(passo com velocidade variável) e a potência pretendida para a turbina.
Dessa forma, optou-se por gerar as curvas de C
L
e C
D
dos aerofólios NREL
S818 (SOMERS, 2004) e NREL S830, S831 e S832 (SOMERS, 2005b) através de
simulação CFD. Além disso, uma análise inicial das curvas teóricas evidenciou uma
alta relação C
L
/C
D
. As geometrias dos aerofólios são dadas no Apêndice C. A Tabela
1 mostra as posições típicas de projeto desses aerofólios ao longo do comprimento
pá (equivalente ao raio do rotor R
T
).
Tabela 1: Aerofólios escolhidos
Aerofólio Comprimento da Pá (%)
S818 Raiz
S830 75%
S831 90%
S832 Ponta
Embora esses perfis sejam projetados para rotores com diâmetro entre 40 m
e 50 m, suas espessuras em relação ao tamanho da corda local (24%, 21%, 18% e
98
15% respectivamente) permitem sua utilização em turbinas de maior porte
(GRIFFIN, 2002). Esse documento também forneceu as dimensões iniciais para as
cordas e diâmetro do cilindro da raiz (conexão ao cubo do rotor) para uma turbina de
1,5MW com 35m de raio (R
T
), dados na Tabela 2 (adimensional em relação ao raio
R
T
do rotor).
Tabela 2: Dimensões básicas iniciais do rotor
Seção Posição (%R
T
) Corda (%R
T
)
Cilindro 5,0% 5,5%
Cilindro 7,0% 5,5%
Raiz 25,0% 8,0%
Ponta 100,0% 2,6%
A seguir foram feitas as seguintes hipóteses:
Entre as posições 7%R
T
e 25%R
T
há uma transição geométrica (de forma e
de comprimento de corda) que pode ser considerada linear. Para posições
intermediárias próximas a 25%R
T
existem formas aerodinâmicas que influem
significativamente nos resultados. Através do desenho do modelo dessa
transição (
Figura 49) considerou-se, para efeito de cálculo, que a posição
21,5%R
T
possui um aerofólio S818, considerada a 1ª estação da pá. A
geometria das posições de raios menores foi considerada circular;
Entre as posições de cada aerofólio também há uma transição geométrica
linear diretamente proporcional à distância até os aerofólios;
A distância entre as posições 25%R
T
e 75%R
T
foi considerada
demasiadamente longa: foram introduzidos dois perfis intermediários a
35%R
T
(aerofólio SE07) e 49%R
T
(SE12), obtidos por interpolação linear, de
modo a identificar uma possível redução acentuada da corda a partir da
posição 25%R
T
(a geometria desses perfis também é dada no Apêndice C);
esse método de obtenção de geometria dos aerofólios intermediários garante
uma transição suave das propriedades aerodinâmicas entre as estações sem
que um estudo aerodinâmico preliminar dos aerofólios introduzidos seja
necessário.
99
Figura 49: Determinação da estação Nº. 01
3.4.3 – Velocidade nominal do vento
Conforme já mencionado, a escolha da turbina eólica deve levar em
consideração as características do equipamento e as condições do vento do local de
sua utilização. Como o enfoque deste trabalho é o desenvolvimento da parte
aerodinâmica, algumas simplificações quanto ao regime de ventos foram feitas.
Foram utilizados os parâmetros de forma (k) e de escala (C) relativos ao litoral
do Nordeste para levantar a distribuição de Weibull local através da eq. (68).
Determinado o valor inicial do diâmetro do rotor, foi encontrada a potência do
vento que passa pela área varrida, dentro de uma faixa de ventos.
A distribuição da potência dos ventos foi obtida pela multiplicação da
freqüência pela potência do vento para cada velocidade. O ponto de máximo dessa
curva determinou a velocidade nominal do vento. A explicação para a escolha da
velocidade de maior potência e não a de maior freqüência será dada adiante no
capítulo de resultados, pois os dados numéricos facilitarão o entendimento.
3.4.4 – Velocidade nominal de rotação
A velocidade de rotação de projeto pode ser determinada através de um
processo iterativo:
A velocidade de rotação do rotor está ligada à velocidade de ponta de pá - eq.
(6) - para o ponto de máximo C
P
da turbina – eq. (47);
100
O C
P,max
depende da relação C
L
/C
D
dos aerofólios – eq. (47), a qual deve ser
determinada experimentalmente ou por simulação;
Para levantar as curvas de sustentação e de arrasto é necessário definir a
velocidade do escoamento já que elas variam de acordo com o N° de
Reynolds;
A velocidade relativa do escoamento depende da velocidade de rotação de
projeto, fechando o ciclo;
Em um projeto, outros parâmetros também são considerados, tais como:
Resistência dos materiais empregados na construção do equipamento;
Eficiência e faixa de operação da caixa de engrenagens e do gerador
disponíveis;
Faixa de variação das condições meteorológicas do local onde o equipamento
vai ser utilizado;
Estratégia adotada para a operação do sistema de controle de passo, etc.;
Neste trabalho, esses parâmetros não serão considerados para que se
mantenha o foco da análise aerodinâmica preliminar.
Um valor para a rotação foi assumido como valor de projeto da pá, pois:
Os parâmetros acima não são conhecidos;
Para altos valores do número de Reynolds do escoamento as curvas C
L
(α) e
C
D
(α) praticamente não se alteram;
A velocidade de rotação nominal fica entre 80% e 90% da rotação máxima.
Isso permite ao sistema de controle aumentar o passo de modo suave
(turbina de velocidade de rotação variável) no caso da velocidade do vento
assumir valores maiores que o nominal enquanto o equipamento opera
sempre próximo às condições de projeto.
101
3.4.5 – Cálculo iterativo
A determinação da geometria da pá (corda e torção) foi calculada através de
um processo iterativo levando-se em consideração o método BEM e tendo como
dados os resultados das simulações bidimensionais dos aerofólios escolhidos.
3.4.6 – Simulações bidimensionais e corda sem arrasto e com esteira
Para modelar as simulações foi necessário conhecer o número de Reynolds
do escoamento já que o modelo CFD não teria as mesmas dimensões que o perfil
correspondente da pá. Para saber o número de Reynolds foi necessário saber a
corda. Assim, para a primeira iteração, foi adotada a distribuição de corda da
Tabela
2. Nesse caso, para calcular a corda foi utilizado um processo iterativo. Em cada
iteração foi adotado o seguinte procedimento:
Determinou-se a velocidade do escoamento para cada simulação tomando-
se, inicialmente, como base a corda de pá obtida através da
Tabela 2;
Com o resultado dessas simulações foram levantadas as curvas C
L
xα e C
D
xα
para cada aerofólio e aplicada a correção da eq. (54) (escoamento rotativo);
Através dessas curvas foi levantada a curva C
L
/C
D
e encontrado seu ponto de
máximo além do ângulo de ataque e do C
L
correspondentes (α
ot
e C
L,ot;
);
Os valores para as estações intermediárias (não simuladas) foram obtidos por
interpolação linear, baseada na distância da estação aos aerofólios simulados
mais próximos (os aerofólios SE07 e SE12 só foram utilizados na última
iteração);
Através desses valores e das condições dinâmicas de cada seção foram
calculados os ângulos
φ1(r) (eq. (41)) e φ(r) (eq. (42)), o passo θ(r) (eq. (38))
e a corda c(r) através da eq. (40);
A corda encontrada serviu de base para determinação de um novo número de
Reynolds de escoamento e, portanto, para nova velocidade de simulação;
Todo o procedimento acima foi repetido com essa nova velocidade.
102
3.4.7 – Corda com arrasto, sem perdas de ponta de pá
Para determinar a corda levando em conta o arrasto e desconsiderando as
perdas de ponta de pá e de raiz foi seguido o seguinte procedimento;
Foram utilizados os valores de α
ot
(r), C
L,ot
(r), C
D,ot
(r) e c(r) obtidos no
procedimento anterior, além das condições dinâmicas de cada estação;
Os fatores de indução axial (a) e tangencial (a’) foram determinados através
da eq. (44) e da eq. (18) respectivamente;
O ângulo
φ foi calculado através da eq. (45);
C
n ,ot
foi encontrado através da eq.(21);
O passo
θ(r) foi obtido pela (eq.(38));
A nova corda c(r) foi determinada pela eq. (46)
3.4.8 – Torção e corda considerando perdas de ponta de pá e de raiz
Foi desenvolvida uma rotina para calcular a torção da pá tendo como dados
iniciais os valores de geometria (corda e passo), os valores ótimos dos parâmetros
dos aerofólios para cada seção encontrados até essa etapa e a correção de Spera
para os fatores de indução axial e tangencial. A distribuição de corda foi assumida
como sendo igual àquela da etapa anterior. A otimização da corda foi feita apenas
no caso do modelo CFD, conforme será visto mais adiante.
O algoritmo dessa rotina é dado abaixo. O termo “Erro-axial” refere-se à
diferença de valores do fator de indução axial entre duas iterações consecutivas. De
modo equivalente, o termo “Erro-tangencial” refere-se ao fator de indução tangencial.
Os termos “tolerância1” e “tolerância2” são os valores atribuídos para considerar que
houve convergência em cada um dos fatores de indução (nesse caso, definido como
1E-07).
1. Determinar os polinômios das curvas CL x α e CD x α e os valores de α
ot
(r),
C
L,ot
(r), C
D,ot
(r) para cada estação que não foi simulada através de
interpolação linear dos polinômios dos aerofólios mais próximos para o valor
do raio da estação;
103
2. Calcular a solidez σ(r) através da eq.(27);
3. Enquanto Erro-axial > tolerância1 e Erro-tangencial > tolerância2, calcular:
φ
i
através da eq. (45)
α
i
através da eq. (13);
C
L
(α
i
) e C
D
(α
i
);
Cn
i
e Ct
i
através das eq. (21) e (22);
F
i
através da eq. (30) e da eq.(31);
Se a
i -1
0,2, calcular a
i
pela eq.(34);
Se a
i -1
0,2, calcular a
i
pela eq (35);
θ
i
pela eq.(38);
a’
i
através da eq. (29);
Erro-axial = abs(a
i –1
- a
i
);
Erro-tangencial = abs(a’
i –1
– a’
i
);
a
i
= (a
i -1
+ a
i
)/2;
a’
i
= (a’
i -1
+ a’
i
)/2;
4. Fazer
φ(r) = φ
i
, θ(r) = θ
i
, a(r) = a
i
e a’(r) = a’
i
;
5. Fazer i = i+1
e voltar ao início.
3.4.9 – Torque e potência do rotor
A força tangencial F
T
(r) local foi deduzida através eq. (24).
O torque local foi calculado por:
dM = r*B* F
T
*dr = M’*dr (74)
O torque total foi calculado pela expressão
104
drMM
ponta
raiz
*'
=
(75)
A potência é dada por:
P = ωM (76)
3.5 – Estudo de casos tridimensionais
3.5.1 – Geometria do escoamento
Baseado na geometria da pá calculada pelo método BEM e nas simulações
de validação do modelo bidimensional, foi construído um modelo CFD tridimensional
do escoamento (domínio). A geometria do escoamento escolhida foi a de um cilindro
com eixo longitudinal posicionado no eixo do rotor (cilindro na horizontal). Essa
opção teve como objetivo uma definição clara das condições de contorno: uma base
do cilindro funciona como entrada, a outra base como saída e as paredes laterais
limitam o raio do domínio (R
D
) de modo que a hipótese de escoamento livre seja
garantida.
Como o equipamento em estudo é um rotor de três pás que gira em torno de
um eixo central, foi aplicada uma condição de simetria circular de 120º com o
objetivo de reduzir o volume do domínio e, portanto, a quantidade de elementos de
malha. Assim, um domínio de do cilindro envolvendo uma das pás é suficiente
para a análise CFD. O torque total ficou, então, igual ao triplo do torque obtido pelo
modelo. A
Figura 50 mostra o esquema do domínio tridimensional.
Figura 50: Esquema da geometria do domínio tridimensional utilizado
105
A determinação das dimensões da geometria esquematizada acima levou em
consideração:
As dimensões da pá calculada;
As dimensões do modelo bidimensional validado;
Um fator de redução de escala;
O torque como parâmetro de controle para determinação do raio externo e da
espessura do domínio.
3.5.2 – Malha do escoamento tridimensional
A malha do escoamento tridimensional foi construída somente com elementos
hexaédricos a partir da geometria do domínio e da malha bidimensional validada.
Procurou-se trabalhar de modo que, a cada seção transversal da pá, da malha
tridimensional reproduzisse a malha bidimensional utilizada (malha ideal),
principalmente nas regiões próximas à pá.
Como a malha possível de ser simulada no equipamento disponível é bem
menor que a malha ideal, foi necessário reduzir a quantidade de elementos de
malha procurando minimizar a influência nos resultados das simulações. A
convergência do torque foi utilizada como parâmetro para avaliar a influência da
quantidade de elementos de malha.
O critério usado para redução de elementos foi:
A espessura da 1ª camada foi mantida conforme o modelo bidimensional de
modo que os efeitos da camada limite pudessem ser bem representados;
A área da seção transversal dos elementos de malha próximos à superfície da
pá passou a ser considerada como parâmetro de ajuste para redução da
escala do modelo;
Como os efeitos aerodinâmicos mais importantes ocorrem próximo à
superfície do aerofólio e levando-se em consideração que a espessura da
primeira camada foi mantida e que há restrição de equipamento, a quantidade
de elementos radiais (considerando o plano transversal à pá) foi reduzida;
106
Como é esperado um fluxo no sentido do raio do rotor muito menor do que na
transversal da pá, a largura dos elementos no sentido radial foi aumentada;
regiões em que a variação da corda é grande ficaram com elementos de
largura reduzida;
Procurou-se obter uma malha com qualidade geral superior a 40% (conforme
função de análise do programa ICEM-CFD) e local (pequenas regiões do
escoamento) mínima de 30% (segundo o fabricante do programa, a qualidade
mínima de malha para que simulação atinja satisfatoriamente os critérios de
convergência é de 20%);
3.5.3 – Redução de escala e similaridade dinâmica
A redução de escala, bastante utilizada para ensaios em túnel de vento, foi
importante neste trabalho para garantir uma qualidade satisfatória de malha, mesmo
com os reduzidos recursos disponíveis de processamento. Em outras palavras, a
limitação do equipamento onde foram feitas as simulações foi um fator determinante
para a opção de redução de escala do modelo.
A aplicação das equações de similaridade dinâmica de asas rotativas é
possível porque o modelo em escala natural opera em alto N°. de Reynolds.
Para reduzir a escala do rotor de modo simplificado, sem mudar as
características do escoamento e obedecendo as regras de similaridade, o seguinte
caminho foi utilizado (GASCH, 2002):
A velocidade tangencial V
T
(V
T
=ωr) de cada estação e a velocidade do
escoamento V
0
foram mantidas constantes de modo que o triângulo de
velocidades não se altere, o que mantém o passo de cada estação constante;
Foram usados os mesmos aerofólios e número de pás;
Todas as dimensões foram reduzidas através de um mesmo fator h, onde
0<h<1;
107
Para que V
T
permanecesse constante, dividiu-se a rotação por h; dessa
forma, o modelo reduzido tem velocidade de rotação maior que o rotor em
escala natural.
Através da eq. (11) obteve-se a relação entre a potência do rotor (P) e a
potência do modelo CFD (P
M
):
MP
P
MP
P
M
AC
AC
VAC
VAC
P
P
M
M
==
3
0
3
0
5,0
5,0
ρ
ρ
(77)
onde o sub índice “M” refere-se ao modelo CFD.
Das eq. (73), (76) e (77) vem que:
5
1
5
1
Re
Re
Re
Re
=
=
M
M
MM
M
MM
M
A
A
M
A
A
PP
ω
σ
σ
(78)
onde a solidez do rotor em escala natural e a do modelo CFD foram consideradas
iguais pois todas as dimensões foram reduzidas pelo fator h.
A eq.(78) permite determinar a potência do rotor em função do torque e da
velocidade de rotação do modelo, da razão de área varrida e da razão do número de
Reynolds (esta relação é a mesma para todas as estações porque somente a corda
varia na expressão do Reynolds já que o triângulo de velocidades não foi alterado).
3.5.4 – Raio externo e espessura do domínio
Foi necessário um estudo para determinar o menor R
D
que não influenciasse
os resultados das simulações, representando, assim, um escoamento livre.
No modelo bidimensional, o critério utilizado para determinação do tamanho
do domínio foi o escoamento próximo à parede ter velocidade praticamente igual à
de entrada. Esse critério não pôde ser utilizado para determinar o raio do domínio
tridimensional, pois:
A quantidade de elementos máxima inferior à quantidade ideal, bem como a
necessidade de manter o refinamento da malha próximo à pá, resultou em
108
elementos de malha relativamente grandes nas regiões distantes da pá e
quanto maior R
D
, maiores são esses elementos;
Embora não influenciem diretamente o escoamento sobre a pá, os elementos
grandes geraram pequenas instabilidades no escoamento (malha grosseira),
mesmo evitando o aumento abrupto no tamanho dos elementos;
Pensando em coordenadas cilíndricas (x, Θ, r), a resultante da componente
tangencial da velocidade (V
tan
2
= V
x
2
+ V
Θ
2
) era muito maior do que as
variações de velocidade devido à turbulência da esteira longe da pá ou devido
à malha grosseira; assim, essa grandeza não pôde ser usada para determinar
R
D
;
A velocidade axial também não pôde ser usada porque, por ser baixa, sofreu
influência (± 3%) das instabilidades geradas pela malha das regiões distantes
da pá (regiões externas); essas variações de velocidade confundiram-se com
os efeitos da esteira nas regiões intermediárias;
As paredes correspondentes à simetria circular também geraram
instabilidades significativas quando a velocidade axial foi tomada como
referência.
Assim, optou-se por utilizar a convergência do próprio torque como critério de
ajuste do tamanho do raio do domínio. Ou seja, o R
D
foi aumentado gradativamente
até que a influência desse aumento no torque do modelo fosse considerada
desprezível.
A determinação da espessura L
D
do modelo foi necessária porque, na
condição de contorno de saída, a esteira de turbulência ainda não estava totalmente
dissipada, ou seja, o escoamento livre ainda não estava bem representado na
direção axial. Devido às restrições do equipamento e os recursos até então
alocados, optou-se por construir uma malha com L
D
o maior possível e avaliar qual
seria a espessura mínima do escoamento até que a esteira de turbulência estivesse
totalmente dissipada.
109
3.5.5 – Otimização da torção através da fluidodinâmica computacional
A otimização da torção foi feita tendo o torque máximo local como critério de
ajuste. Foram tomados os valores do torque por unidade de comprimento nas
regiões das estações 01, 03, 05, 07, 09, 12, 15, 21, 26, 28, 30 e 31.
Em seguida, foi variado o passo θ
B
da pá e tomadas novas medidas do torque
local dessas estações. Foram levantadas curvas Torque x Variação de Passo Local
de modo a determinar o passo ótimo de cada estação (passo local onde o torque
assume seu máximo). Foi construído um novo modelo com a geometria otimizada e
levantada a curva Potência do Rotor x Velocidade de Rotação.
3.5.6 – Ajuste da rotação nominal por CFD através da variação da
distribuição da corda
Conforme o item 3.4.8, o algoritmo baseado no método BEM para determinar
a distribuição de passo da pá no caso de perdas de ponta de pá e de raiz assumiu a
distribuição de corda calculada considerando apenas o arrasto (as perdas das
extremidades foram compensadas apenas pela torção).
Utilizando a torção otimizada, a corda foi variada com o objetivo de garantir
que, para o vento nominal, a máxima potência fosse atingida na velocidade de
rotação de projeto, já que o rotor em questão é de uma turbina de velocidade
variável. Dessa forma, o critério de controle passou a ser a convergência da potência
local em vez da convergência do torque local (potência = torque x velocidade de
rotação).
Para evitar um exaustivo estudo do efeito da variação da corda de cada
estação na potência local para diversas velocidades de rotação, foi adotado um
procedimento diferente daquele utilizado para otimizar a torção. Como a curva
Potência x Velocidade de Rotação com a torção otimizada já havia sido levantada, e
seu máximo determinado, optou-se por alterar a corda de acordo com a variação da
velocidade de rotação de modo que o número de Reynolds local de cada estação
fosse mantido constante.
Assim, para cada velocidade de rotação foi determinada a contribuição local
para a potência do rotor. Através de curvas de tendência foi determinada a máxima
110
contribuição de cada estação e a respectiva velocidade de rotação. Com essa
velocidade foi determinado o número de Reynolds local e, através dele, a corda
equivalente para a velocidade de rotação nominal. Foram necessárias duas
iterações para que a máxima potência fosse atingida na rotação de projeto.
Um novo modelo foi desenhado com a nova distribuição de corda e foi
levantada uma nova curva de Potência x Velocidade de Rotação.
3.5.7 – Otimização da geometria da ponta da pá através de CFD
O modelo CFD poderia ser utilizado para outros estudos de otimização. Por
exemplo, a redução do comprimento da pá poderia ser feita utilizando-se um método
análogo à otimização da torção. Poderiam ser também verificadas novas geometrias
para a ponta (ponta varrida, por exemplo) e acessórios aerodinâmicos. Esse estudo
poderia contribuir também para uma redução do comprimento da pá.
No entanto, essa redução do comprimento ou alteração da geometria da
ponta demandaria um novo estudo da torção próximo à ponta da pá. Assim, por se
tratar de assunto específico e extenso, não foi tratado neste trabalho.
3.5.8 – Avaliação da influência da redução de elementos da malha
tridimensional
Uma avaliação influência da malha tridimensional utilizada nos resultados
obtidos foi necessária devido à significativa redução da quantidade de elementos em
relação à malha tridimensional ideal.
Foi construído um modelo bidimensional similar ao validado, mas com a
mesma quantidade de elementos que a malha tridimensional sobre o perímetro do
aerofólio e no sentido radial.
Foi feita a comparação dos resultados desse modelo bidimensional,
equivalente à malha tridimensional, com os resultados experimentais tomados como
base para a validação bidimensional. Isso permitiu avaliar ao efeito da utilização da
malha reduzida na torção e na distribuição de corda da pá.
111
3.5.9 – Levantamento das curvas do rotor
Foram levantadas as curvas:
1. Região de transição (V
0
< Velocidade de vento nominal);
Potência
versus Velocidade de Rotação: obtida através dos pontos de
máxima potência para cada velocidade de vento e passo da pá nulo;
2. Região de regime (V
0
> Velocidade de vento nominal);
Potência
versus Velocidade do Vento para passos da pá maiores que
zero e velocidade de rotação nominal: determinação da relação entre
passo da pá e velocidade do vento de modo a manter constante a
potência no eixo do rotor;
3. Curvas características (baseadas nas curvas anteriores):
Potência
versus Velocidade do Vento;
Coeficiente de Potência
versus Velocidade do Vento.
112
4 – RESULTADOS e DISCUSSÕES
4.1 – Validação do modelo CFD bidimensional
As principais variáveis de interesse no estudo de validação foram o C
L
e o C
D
,
coeficientes que traduzem o comportamento do aerofólio submetido a um
escoamento e que foram obtidos experimentalmente através de ensaios em túnel de
vento (SOMERS, 2005a). Quanto mais próximos os valores simulados dos
resultados experimentais, mais preciso estará o modelo, desde que respeitadas as
condições do experimento.
4.1.1 – Dados Experimentais do aerofólio NREL S827
A Figura 51 mostra os resultados experimentais dos ensaios em túnel de
vento para número de Reynolds de 1 milhão, valores com os quais os resultados das
simulações foram comparados (a geometria desse perfil é dada no Apêndice C).
Essa figura mostra os resultados para três condições de transição de camada limite
laminar para turbulenta:
Transição livre: aerofólio liso;
Transição fixa: passagem de camada limite laminar para turbulenta através
de rugosidade máxima de 3,0E-05 do comprimento da corda (adimensional),
inserida próximo ao bordo de ataque;
Rugoso: Influência de rugosidade de 4,6E-05 da corda (adimensional).
Na
Figura 51 pode-se notar que por volta dos 6° tem-se o C
L
máximo antes do
estol (mais precisamente 6,04° de acordo com o artigo publicado). Os dados
aproximados, retirados do gráfico, para esse ângulo estão dados na
Tabela 3.
113
Figura 51: Polar de arrasto e curva de sustentação experimental, perfil S827, número de
Reynolds: 1 milhão
(SOMERS, 2005a)
Tabela 3: Resultados experimentais aproximados para 6,04°
Resultados
C
L
C
D
Transição livre 0,950 0,0095
Transição Fixa 0,570 0,0240
Rugosidade 0,525 0,0210
4.1.2 – Geometria do domínio e condições iniciais do modelo CFD
A validação teve como objetivo atingir as curvas bidimensionais do aerofólio
liso (transição livre), pois, satisfeita essa meta, as demais condições podem ser
conseguidas através de alterações geométricas do modelo (introdução de
rugosidade conforme o experimento) ou de alterações de parâmetros do
escoamento sobre o aerofólio (por exemplo, fontes de turbulência que simulem os
efeitos das rugosidades).
Inicialmente optou-se por simular o aerofólio NREL S827 em um escoamento
com dimensões próximas às do ensaio em túnel, mesmo sabendo-se que não
seriam satisfatórias já que, neste caso, a sessão útil do túnel de vento deve ter sido
preparada para simular um escoamento livre.
As condições do modelo seguiram as condições do ensaio em túnel de vento:
114
Fluido: Ar
Temperatura do ar: adotou-se a temperatura padrão do CFX (25°C) já que
não há essa informação para o ensaio (o túnel utilizado possui mecanismos
de controle da temperatura e densidade do ar de modo a garantir o número
de Mach e variar o número de Reynolds do escoamento);
Número de Mach 0,1: o que significa que, ao nível do mar, a 25°C, a
velocidade do ar é de 34,6 m/s;
Turbulência do escoamento: 0,05%.
Foram feitas as seguintes opções:
Feitas simulações com número de Reynolds de 1 milhão, caso mais crítico de
ajuste do modelo dentre os experimentais, já que quanto menor o número de
Reynolds, mais problemas de convergência para a simulação (o ensaio em
túnel estudou casos de número de Reynolds de 1 milhão a 6 milhões, sendo 4
milhões o número de Reynolds de projeto);
Utilizado o ângulo de ataque de 6,04°, valor próximo ao C
L
máximo e de
significativa importância em estudos aerodinâmicos, para início de análise e
por economia de tempo de processamento. Nas simulações para estudo da
influência do número de Reynolds do escoamento foi utilizado um ângulo de
ataque menor para que o estol não influenciasse a análise.
À medida que os primeiros resultados foram obtidos, a disparidade entre os
resultados simulados e os experimentais evidenciou a influência das paredes
superior e inferior nos resultados (escoamento em dutos). Assim, com o
comprimento da corda constante, a dimensão do escoamento foi aumentada
conforme a
Figura 52 (onde a altura e o comprimento são especificados em termos
adimensionais em relação à corda - a espessura, foi definida como 0,328 da corda),
até que a velocidade do escoamento próximo às paredes externas fosse
suficientemente próxima da velocidade de entrada (critério de velocidade).
115
Figura 52: Comparação das dimensões de escoamento estudadas
O escoamento de 20 por 20 cordas simulou bem um escoamento livre, pois a
velocidade do ar próxima às paredes externas apresentou variações pouco
significativas em relação à velocidade de entrada, mesmo no plano transversal ao
escoamento na região a 50% da corda do aerofólio (plano YZ): +0,2% para a parede
superior e –0,6% para a parede inferior, conforme a
Figura 53.
Figura 53: Velocidade do escoamento em função da distância ao aerofólio
A geometria do escoamento 20 por 20 cordas é dada pela
Tabela 4.
116
Tabela 4: Geometria final do escoamento bidimensional
Geometria
Ângulo de ataque = 6,04°
Tamanho
(m)
Adimensional
(corda)
Perfil NREL S827
Corda do aerofólio
0,457 1
A
ltura
9,140 20
Escoamento
Comprimento
9,140 20
Espessura
0,150 0,328
Entrada - Aerofólio
4,570 10
Posição Relativa
Aerofólio-Parede Inferio
r
3,656 8
Aerofólio-Parede Superio
r
5,484 12
4.1.3 – Modelo CFD de referência
O estudo das dimensões do escoamento demandou um grande número de
simulações iniciais que resultaram em valores de C
L
e de C
D
entre os da transição
livre e os de transição fixa. Através dessas simulações foi possível configurar as
condições de referência para a análise dos parâmetros de ajuste do modelo CFD
bidimensional. Para cada parâmetro estudado, tomou-se como base o caso de
referência e pelo menos mais dois foram simulados.
A
Tabela 5 mostra o modelo de referência e suas condições. Os parâmetros e
condições não sombreados denotam as condições experimentais (modelo físico).
Tabela 5: Modelo CFD de referência
Modelo Parâmetro Condição
Fluido
Tipo Ar
Temperatura 25°C
Entrada/Saída Fluxo de Massa
Condições
Paredes Superior/Inferior Adiabática - Com escorregamento
de contorno
Paredes Laterais Simetria
Aerofólio Adiabática - Sem escorregamento
Simulação Estacionária e Subsônica
Velocidade de entrada 34,6 m/s
Nº. de Reynolds escoamento 1,0E+06
Escoamento
Transferência de calor Energia total com efeitos viscosos
bidimensional
Modelo de Turbulência kw - SST
Turbulência de entrada 0,05%
Tamanho do turbilhão Automático
Controle do Reynolds de Transição 450
Critério Conservativo
Convergência
Resíduos RMS 0,00001
Iterações (tempo) 120 (máximo de 2 horas)
C
L
e C
D
convergidos
117
4.1.4 – Modelo de referência: malha
No início da definição do tamanho do escoamento optou-se por malhas não
estruturadas (tetraédricas) com recurso de refinamento semi-estruturado próximo à
superfície do aerofólio. Essa opção logo foi descartada pela necessidade de um
número de elementos muito grande para simular satisfatoriamente o experimento.
Assim, passou-se a trabalhar com malhas estruturadas (hexaédricas) de
diversas formas até se chegar à malha tipo grade circular (
O-grid) mostrada na
Figura 54, utilizada como padrão no modelo da análise de validação. Esse tipo
mostrou-se melhor em termos de controle do refinamento da malha e de tempo de
processamento. Os parâmetros da malha de referência são dados na
Tabela 6.
Tabela 6: Parâmetros da malha de referência
Altura da primeira camada 5,5E-06 * corda ou 2,5E-06m
Elementos no perímetro aerofólio 320
Elementos radiais 130
Elementos na espessura 5
Figura 54: Malha do modelo de referência
4.1.5 – Resultados e análise dos parâmetros estudados
Como os resultados simulados iniciais ficaram entre os experimentais de
aerofólios lisos (transição livre) e os de pequena rugosidade (transição fixa), houve a
necessidade de buscar um aumento do C
L
e uma redução do C
D.
Assim, de modo
118
geral, considerou-se o melhor valor para cada caso estudado como aquele em que
há mais acréscimo ao valor de C
L
e mais decréscimo ao valor de C
D
(algumas
particularidades podem alterar essa regra, dependendo do parâmetro estudado,
conforme explicado a seguir).
A
Tabela 7 mostra o resumo dos resultados das simulações realizadas para
estudo dos parâmetros do modelo CFD (os gráficos são mostrados no Apêndice B).
Também é mostrada nessa tabela, nas colunas ΔC
L
% e ΔC
D
%, uma comparação
percentual dos resultados obtidos com os resultados experimentais para transição
livre (C
L
=0,95 e C
D
=0,0095). Uma comparação da variação porcentual máxima entre
os valores encontrados para cada parâmetro (valor máximo menos o valor mínimo
de ΔC
L
% e ΔC
D
%) é feita em seguida, nas colunas ΔC
L
%máx e ΔC
D
%máx da Tabela
8, como forma de evidenciar a influência do parâmetro no ajuste do modelo.
Tabela 7: Resultados de simulações para estudo dos parâmetros e comparação com
resultados experimentais com transição livre
Nº. Parâmetro Caso
V
alo
r
C
L
C
D
ΔC
L
%
Δ
C
D
%
Espessura
1
2,2E-05 0,8107 0,01706 -14,7% 79,6%
1 da
2
1,1E-05 0,7884 0,01638 -17,0% 72,4%
camada
3
5,5E-06 0,7879 0,01645 -17,1% 73,1%
(adimensional)
4
2,8E-06 0,7966 0,01623 -16,1% 70,9%
Nº. de elementos
5
256 0,7769 0,01718 -18,2% 80,9%
2 sobre o perímetro
6
320 0,7879 0,01645 -17,1% 73,1%
do aerofólio
7
400 0,7865 0,01670 -17,2% 75,7%
Nº. de elementos
8
100 0,7788 0,01682 -18,0% 77,1%
3 radiais
9
130 0,7879 0,01645 -17,1% 73,1%
10
160 0,7940 0,01609 -16,4% 69,4%
Nº. de elementos
11
1 0,8004 0,01592 -15,8% 67,6%
4 na espessura
12
3 0,7917 0,01633 -16,7% 71,9%
do escoamento
13
5 0,7879 0,01645 -17,1% 73,1%
Tamanho
14
0,5 0,7961 0,01590 -16,2% 67,3%
5 do turbilhão
15
0,001 0,8016 0,01592 -15,6% 67,5%
(adimensional)
16
0,0001 0,8309 0,01439 -12,5% 51,4%
17
0,00001 0,8400 0,01379 -11,6% 45,1%
18
400 0,7727 0,01732 -18,7% 82,3%
Controle do
19
450 0,7879 0,01645 -17,1% 73,1%
6 Reynolds
20
500 0,8196 0,01491 -13,7% 56,9%
de Transição
21
550 0,8913 0,01178 -6,2% 24,1%
22
600 0,8877 0,01195 -6,6% 25,7%
7 Modelo de turbulência
23
Ar 25°C, Fluxo de massa, k-
ε
0,8618 0,01818 -9,3% 91,3%
8 Condições de contorno
24
Ar 25°C, Vel Normal, P. Estat, kw - SST 0,7872 0,01705 -17,1% 79,5%
9 Modelo de referência
26
Ar 25°C, Fluxo de massa, kw - SST 0,7879 0,01645 -17,1% 73,1%
119
Tabela 8: Influência de cada parâmetro no ajuste do modelo
Nº. Parâmetro
Variação porcentual máxima
ΔCL% máx ΔCD% máx
1
Espessura 1ª camada 2,4% 8,7%
2
Nº. elementos sobre o perímetro do aerofólio 1,2% 7,7%
3
Nº. elementos radiais 1,6% 7,7%
4
Nº. elementos na espessura do escoamento 1,3% 5,6%
5
Tamanho do turbilhão 1,0% 22,4%
6
Controle do Reynolds de Transição 12,5% 58,2%
7
Modelo de turbulência
7,8% 18,2%
8
Condições de contorno
0,1% 6,4%
Dos valores encontrados para C
L
e C
D
(Tabela 7) vem que:
1. Quanto menor a espessura da 1ª camada, menor o C
D
e o C
L
. Porém, de
acordo com o fabricante do CFX, é importante ter uma espessura
suficientemente pequena de modo que pelo menos 10 camadas de malha
estejam dentro da camada limite para que os efeitos viscosos dessa região
sejam bem simulados. Assim, embora resultem em maior redução do valor de
C
L
, as espessuras do Caso 3 e do Caso 4 (limite inferior obtido para
geometria de malha com qualidade satisfatória, segundo função de análise do
programa ICEM do pacote Ansys Workbench) foram escolhidas, sendo a
malha do Caso 4 preferível em relação à do Caso 3.
2. Quanto ao número de elementos sobre o perímetro do aerofólio, para 350
elementos o C
L
atinge seu máximo e o C
D
seu mínimo, definindo assim o valor
desse parâmetro (
Figura 88, Apêndice B), isto é, entre o Caso 6 e o Caso 7.
3. Quanto maior o número de elementos radiais, maior o C
L
e menor o C
D
. A
faixa apresentada pelos casos 8 a 10 foi definida pelos seguintes critérios:
A quantidade de elementos totais permanece dentro de uma faixa
(entre 200 mil e 300 mil elementos), o que não deve comprometer
futuras simulações tridimensionais;
Entre 0,1 e 1 corda de distância da superfície do aerofólio a malha
está aproximadamente quadrangular (para a quantidade escolhida
de elementos sobre o perímetro do aerofólio), o que é uma
condição importante para uma futura simulação não estacionária
pelo modelo DES (BERTAGNOLIO, 2004).
120
4. Quanto maior o número de elementos na envergadura (espessura do
escoamento), menor o C
L
e maior o C
D
. Embora a simulação seja de um caso
bidimensional, optou-se por não utilizar apenas um elemento na espessura já
que há interesse em estudar influência de turbulência. Assim um número
maior que 1 e menor que o da malha de referência foi escolhido, conforme
será visto adiante.
5. Quanto menor o tamanho do turbilhão da entrada, maior o C
L
e menor o C
D
.
O tamanho do Caso 16 foi escolhido por resultar em melhores valores desses
coeficientes e ser pelo menos 18 vezes maior do que a espessura da primeira
camada da malha de referência. Além disso, essa ordem de grandeza é
compatível com a intensidade turbulência de entrada do experimento.
6. O parâmetro de Controle do Reynolds de Transição (que determina em qual
região da corda a camada limite passa de laminar para turbulenta) influenciou
bastante o resultado das simulações, aumentando o C
L
e diminuindo o C
D
.
Aumentando-se o valor desse parâmetro atrasa-se o ponto em que a
transição ocorre (conforme a
Figura 93, Apêndice B), e o de descolamento do
escoamento (maior sustentação), fazendo com que mais área do aerofólio
permaneça sob condição laminar (menor arrasto de fricção). O ponto de
transição encontrado para o Caso 21 está compatível com que o autor prevê
para esse aerofólio (60% da corda) para a condição de projeto, definindo,
assim, o valor desse parâmetro.
7. O modelo k-ε resultou em C
L
e C
D
bem maiores que os demais. Como já
mencionado, o modelo k-ε é limitado quanto à previsão das condições
próximas à superfície do corpo. Assim o modelo kω - SST é preferível ao k-ε.
8. As condições de contorno “Velocidade Normal” para a entrada e “Pressão
Estática” para saída não influenciaram o CL e aumentaram o CD em relação
às condições do modelo de referência. Assim a condição fluxo de massa foi
mantida no modelo CFD.
9. O modelo de referência, utilizado como base de comparação, possuía
parâmetros com valores distantes do ajuste ótimo.
121
A comparação entre as variações máximas de C
L
e C
D
para cada parâmetro
(
Tabela 8) mostra que o Controle do Reynolds de Transição é o parâmetro que mais
influencia o ajuste do modelo (ΔC
L
%máx=12,5% e ΔC
D
%máx=58,2%). O tipo de
condição de contorno é o que menos influencia o ajuste (ΔC
L
%máx=0,1% e
ΔC
D
%máx=6,4%).
Assim, o modelo de referência foi alterado conforme os resultados de cada
um dos parâmetros estudados, mesmo nos casos de pequena influência, tendo em
mente que:
O modelo de referência resultou em valor de C
L
baixo e de C
D
alto,
quando comparados à situação experimental de transição livre e, portanto,
há necessidade de aumentar o valor do primeiro e reduzir o valor do
segundo;
Há restrições quanto à simples escolha do melhor valor de ajuste para
alguns parâmetros (aqui, melhor valor significa o que mais aumenta o C
L
e
mais diminui o C
D
);
Deve ser considerada a influência dos parâmetros tanto em C
L
, quanto em
C
D
;
O ajuste final é resultado de pequenos ajustes individuais;
A
Tabela 8 também evidencia uma ordem para possíveis alterações
necessárias no modelo tridimensional, sendo preferível alterar os parâmetros que
têm menor impacto sobre o C
L
e o C
D
.
Para obter a melhor configuração de malha, os quatro parâmetros (espessura
da 1ª camada, numero de elementos no perímetro, número de elementos radiais e
número de elementos na espessura do escoamento) foram analisados
conjuntamente. A malha tomada como referência tem cerca de 253 mil elementos.
Optou-se por combinar os valores obtidos de forma a obter valores de C
L
e de C
D
consistentes com os experimentais e ainda diminuir o número total de elementos,
visando facilitar as simulações tridimensionais. As combinações que satisfazem
essas condições (denominadas “Malha A” e “Malha B”) são dadas pela
Tabela 9.
122
Tabela 9: Comparação entre os melhores arranjos de malha e o modelo de referência
Parâmetro Malha A Malha B Referência
Espessura da primeira
Caso 3 4 3
camada (adimensional) Valor 5,5E-06 2,8E-06 5,5E-06
N° de elementos
Caso - - 6
no perímetro do perfil
Valor 350 350 320
N° de elementos
Caso 9 10 9
radiais
Valor 130 160 130
N° de elementos
Caso 12 - 13
na envergadura
Valor 3 2 5
N° total de elementos malha 230902 226840 252592
Quanto ao modelo CFD, a
Tabela 10 mostra as novas configurações,
adotadas à luz dos resultados obtidos: ficou definido o tamanho do turbilhão e
aumentado o Controle do Reynolds de Transição.
A
Tabela 10 também mostra as alterações introduzidas nos critérios de
convergência (redução da precisão dos resíduos) e no tempo total de
processamento (aumento no número máximo de iterações), para aumentar a
precisão do C
L
e do C
D
e para ajustar a precisão dos resíduos com a desses
parâmetros. Nessa tabela, os valores sombreados referem-se ao modelo CFD e os
não sombreados, ao modelo físico.
Assim, decidiu-se realizar novas simulações com os arranjos de malha
conforme a
Tabela 9 e modelados de acordo com a Tabela 10.
Os resultados das simulações das malhas “A” e “B” estão na
Tabela 11.
Ambas apresentaram resultados praticamente iguais quanto ao C
L
e ao C
D
. A “Malha
B” necessitou de menos iterações para convergir. Dessa forma, optou-se por utilizar
a “Malha B” para simular as curvas C
L
x α e C
L
x C
D
para comparar com as curvas
experimentais.
A comparação dos resultados simulados com os experimentais é verificada na
Tabela 12 e na Figura 55. Para melhor visualização, também foi levantada a curva
C
D
x α (Figura 56).
123
Tabela 10: Modelo para análise da “Malha A” e “Malha B”
Modelo Parâmetro Condição
Fluido
Tipo Ar
Temperatura 25°C
Entrada/Saída Fluxo de Massa
Condições de
Paredes Superior/Inferior Adiabática - Com escorregamento
Contorno
Paredes Laterais Simetria
Aerofólio Adiabática - Sem escorregamento
Simulação Estacionária - Subsônica
Velocidade de entrada 34,6 m/s
Nº. de Reynolds escoamento 1,0E+06
Modelo
Transferência de calor Energia total com efeitos viscosos
Analisado
Modelo de Turbulência kw - SST
Turbulência de entrada 0,05%
Tamanho do turbilhão 0.0001*corda
Controle do Reynolds de Transição 550
Critério Conservativo
Convergência
Resíduos RMS 5E-06
Iterações (tempo) 300 (máximo: 3 horas)
C
L
/ C
D
convergidos
Tabela 11: Resultados das Malhas A e B
Resultados
Malha A Malha B
C
L
0,930 0,935
C
D
0,0106 0,0103
Convergência (n° de iterações) 250 200
Tabela 12: C
L
e C
D
simulados e experimentais em função do ângulo de ataque
Resultados
Simulado Experimental
Ângulo de ataque (°)
C
L
C
D
C
L
C
D
-5,02 -0,160 0,0143 -0,182 0,0162
-4,02 -0,143 0,0098 -0,136 0,0097
-2,01 0,064 0,0082 0,091 0,0083
0,00 0,286 0,0083 0,306 0,0086
2,03 0,515 0,0085 0,522 0,0086
4,03 0,734 0,0090 0,750 0,0103
5,04 0,843 0,0095 0,858 0,0095
6,04 0,937 0,0103 0,949 0,0092
7,03 0,977 0,0134 0,955 0,0097
8,05 0,988 0,0195 0,908 0,0122
9,05 0,963 0,0305 0,863 0,0161
10,03 0,953 0,0389 0,909
12,06 0,956 0,0508 1,000
14,08 1,023 0,0726 1,068
Coeficiente de correlação geral 0,9952 0,7968 1 1
Coeficiente de correlação -5,02° a 6,04° 0,9995 0,9515 1 1
124
Figura 55: Curva de sustentação e polar de arrasto simuladas e experimentais (NREL S827)
Figura 56: Curva de arrasto simulada e experimental (aerofólio NREL S827)
Pode-se perceber que os resultados da curva de sustentação se aproximam
mais dos resultados experimentais (correlação geral de 0,9952), principalmente na
região pré-estol (correlação de 0,9995), do que a curva de arrasto (correlação geral
de 0,7968 e correlação pré-estol de 0,9515). Os pontos simulados para α≥10°
necessitaram de um fator de atenuação e de um passo de tempo menor de modo a
garantir a convergência do C
L
e do C
D
, sem prejuízo do modelo utilizado. Para α≥16°
não foi obtida convergência.
125
Resultados melhores para a região pós-estol podem ser obtidos se o modelo
for ajustado para essa região. Como o enfoque deste trabalho está em turbinas com
pás controladas por passo (onde o fenômeno de estol é exceção e localizado), e o
aerofólio utilizado na análise preliminar é típico de turbinas controladas por estol, a
aproximação obtida foi considerada satisfatória.
A
Figura 57 mostra visualização da velocidade à esquerda (máximos de 47,0
m/s, 53,4 m/s e 76,6 m/s de cima para baixo respectivamente; mínimos iguais a zero
nos três casos) e da energia cinética de turbulência à direita (máximos de 61,8
m
2
/s
2
, 48,4 m
2
/s
2
e 64,5 m
2
/s
2
de cima para baixo respectivamente; mínimos da
ordem de 1E-10 nos três casos) do escoamento para três posições do aerofólio. Os
traços negros do conjunto da esquerda são linhas de corrente. Pode-se observar o
fenômeno de estol para grande ângulo de ataque, o avanço do ponto descolamento
em direção ao bordo de ataque, bem como o destacamento do grande turbilhão a
jusante. No conjunto da direita (energia cinética de turbulência), pode-se notar a
região de transição de camada limite e o aumento da energia da turbulência com o
aumento do ângulo de ataque.
126
Figura 57: Visualização do escoamento (esquerda) e da energia cinética de turbulência (direita)
A
Figura 58 traz a comparação do formato das distribuições de pressão
(coeficiente de pressão C
P
versus corda adimensional - ou porcentagem de corda)
simuladas (curva contínua, à esquerda) para número de Reynolds de 1 milhão e as
curvas experimentais (pontos, à direita) para número de Reynolds de 4 milhões.
Pode-se notar a grande semelhança entre os dados simulados e os experimentais. A
escala x/c das curvas experimentais representa a corda adimensional.
127
Figura 58: Comparação entre as distribuições de pressão simuladas e as experimentais
Também foram calculados o C
L
e o C
D
da região de estol e pós-estol de
acordo com as eq. (48) e eq. (49). A
Tabela 13 mostra a comparação entre esses
valores, os experimentais e os simulados. Nessa tabela fica claro que os resultados
128
simulados estão mais próximos dos experimentais do que os calculados
(principalmente quanto ao C
L
– no caso do C
D
estão muito próximos), pois
apresentam melhor coeficiente de correlação e menor Desvio Absoluto Médio:
DAM = Σ⎥ x
i
-y
i
/ N (76)
Tabela 13: Comparação entre os resultados experimentais, simulados e calculados
Resultados
C
L
C
D
Ângulo (°)
Experimental Simulado Calculado Experimental Simulado Calculado
7,03 0,955 0,977 0,837 0,0097 0,0134 0,0146
8,05 0,908 0,988 0,765 0,0122 0,0195 0,0197
9,05 0,863 0,963 0,713 0,0161 0,0305 0,0254
10,03 0,909 0,953 0,676
12,06 1,000 0,956 0,625
14,08 1,068 1,023 0,598
Coeficiente Correlação 1 0,6287 -0,5434 1 0,9993 0,9954
Desvio absoluto médio 0,0000 0,0558 0,2482 0,0000 0,0085 0,0072
4.1.6 – Avaliação da Influência de alguns parâmetros do modelo físico
Foram feitas simulações para avaliar a influência de alguns parâmetros do
modelo físico. Elas foram realizadas tendo em mente uma futura avaliação
tridimensional do rotor fora das condições impostas pelo experimento bidimensional
tomado como referência para validação do modelo. A
Tabela 14 mostra os
resultados obtidos e a
Tabela 15 mostra a influência desses parâmetros (no caso do
tipo de fluido comparou-se com o modelo de referência,
Tabela 7). Os gráficos
correspondentes são mostrados no Apêndice B.
Tabela 14: Resultado de simulações de parâmetros do modelo físico
Nº. Parâmetro Caso
V
alo
r
C
L
C
D
ΔC
L
%
Δ
C
D
%
10 Tipo de fluido
26
Ar Gás ideal, 25°C, 0,7871 0,01668 -17,2% 75,6%
Fluxo de massa, kw - SST
27
1,0E+06 0,6657 0,01171 -29,9% 23,3%
11
Nº. de Reynolds
28
2,0E+06 0,6296 0,01284 -33,7% 35,2%
do Escoamento
29
4,0E+06 0,5954 0,01440 -37,3% 51,6%
30
6,0E+06 0,5848 0,01445 -38,4% 52,1%
Intensidade
31
0,05% 0,7961 0,01590 -16,2% 67,3%
12
da turbulência
32
1,00% 0,8016 0,01592 -15,6% 67,5%
na entrada
33
3,70% 0,8309 0,01439 -12,5% 51,4%
34
5,00% 0,8400 0,01379 -11,6% 45,1%
35
25 0,7880 0,01640 -17,1% 72,6%
13 Temperatura do ar
36
15 0,7385 0,01532 -22,3% 61,3%
37
0 0,6719 0,01400 -29,3% 47,3%
129
Tabela 15: Influência de parâmetros do modelo físico
Parâmetro
Variação porcentual máxima
Δ
C
L
% máx ΔC
D
% máx
9
Tipo de fluido 0,1% 2,5%
11
Nº. de Reynolds do escoamento 8,5% 28,9%
12
Intensidade da turbulência na entrada 4,6% 22,4%
13
Temperatura do ar 12,2% 25,3%
Da
Tabela 14 vem que:
1. Considerar o fluido como gás ideal reduz o C
L
e aumenta o C
D
;
2. Quanto maior o número de Reynolds do escoamento, menor o C
L
e
maior o C
D
. É importante notar que quanto maior o número de
Reynolds, menor a influência de sua variação sobre esses coeficientes.
Isso servirá para justificar algumas considerações sobre simetria
dinâmica no modelo tridimensional;
3. Na faixa simulada, quanto maior a intensidade da turbulência de
entrada, maior o C
L
e menor o C
D
. Isso significa que pequenas
turbulências podem melhorar o rendimento do aerofólio;
4. Também dentro da faixa estudada, quanto maior a temperatura, maior
o C
L
e maior o C
D
.
A
Tabela 15 mostra que, exceto o parâmetro 9 (tipo de fluido), os parâmetros
do modelo físico estudados podem alterar significativamente os resultados
simulados. Assim, no caso de uma futura avaliação do rendimento do rotor em
condições diferentes do modelo experimental adotado, esses parâmetros devem ser
ajustados no modelo CFD.
4.2 – Parâmetros básicos do rotor
4.2.1 – Diâmetro e velocidade nominal do vento
Os resultados da pesquisa sobre características de rotores de turbinas
comerciais de grande porte (mencionada no item 3.4.1) são mostrados na
Tabela 16.
130
Tabela 16: Características básicas de algumas turbinas eólicas
Equipamento Site
Diâmetro
(m)
Vento
Corte
Mínimo
(
m/s
)
Vento
Nominal
(m/s)
Vento
Corte
Máximo
(
m/s
)
Rotação
Mínima
(rpm)
Rotação
Máxima
(rpm)
Potência
Elétrica
(MW)
GE 1.5s www.gepower.com 70,5 4,0 13,0 25,0 12,0 22,0 1,50
GE 2.5xl www.gepower.com 100,0 3,5 13,0 25,0 12,0 22,0 2,50
Enercon E 53 www.enercon.de 52,9 3,5 13,0 28,0 12,0 29,0 0,80
Enercon E 70 www.enercon.de 71,0 3,5 15,0 28,0 6,0 21,5 2,30
Nordex S70 www.nordex-online.com 70,0 3,0 13,0 25,0 10,6 19,0 1,50
Nordex N80 www.nordex-online.com 80,0 3,0 15,0 25,0 10,9 19,1 2,50
Nordex N90 www.nordex-online.com 90,0 3,0 13,0 25,0 9,6 16,9 2,30
Repower MM 82 www.repower.de 82 3,5 13,0 25,0 7,1 19,8 2,00
V
estas V80 2.0 MW www.vestas.com 80 4,0 15,0 25,0 9,0 19,0 2,00
V
estas V90 2.0 MW www.vestas.com 90 4,0 12,0 25,0 8,2 17,3 2,00
V
estas V90 3.0 MW www.vestas.com 90 4,0 15,0 25,0 8,6 18,40 3,00
Winwind WWD-1 www.winwind.fi 60 3,0 12,5 25,0 7,7 25,6 1,00
A
Figura 59 mostra a relação entre potência do vento, potência elétrica
nominal de saída das turbinas e diâmetros de rotor. A variância de dados observada
deve-se à adaptação para a classe de ventos. A potência de saída da turbina inclui
as perdas aerodinâmicas e as não aerodinâmicas. Baseado nessa figura e nos
dados da
Tabela 2, foi admitido um diâmetro de 70 m para uma turbina de 1,5 MW.
Figura 59: Relação entre potência do vento, potência nominal e diâmetro do rotor.
Para o cálculo da distribuição de Weibull local foram tomados, conforme a
Figura 47 e a Figura 48, os valores:
Parâmetro de forma: k=3;
131
Velocidade média:
s/m9V =
;
Pela eq. (70): C=10 m/s.
Através da eq. (68) encontrou-se a distribuição de ventos para essa região
(
Figura 60). A máxima freqüência encontrada foi de 0,1175 para V
0
=8,7 m/s.
Figura 60: Distribuição de Weibull – litoral Nordeste (RN a PI)
Com o valor do diâmetro, assumindo a densidade do ar igual a 1,185 kg/m
3
,
através da eq. (3) pôde ser determinada a potência do vento que passa pela área
varrida pelas pás em função da velocidade do vento. Para cada velocidade,
multiplicando-se a potência pela freqüência encontrada anteriormente obtém-se a
distribuição de potência local, mostrada na
Figura 61. A máxima potência obtida foi
de 303kW para V
0
=12 m/s. Essa velocidade foi assumida como velocidade nominal
do vento para a turbina.
132
Figura 61: Distribuição da potência do vento local
A escolha da velocidade de maior potência em detrimento da velocidade de
maior freqüência deve-se a aspectos econômicos e é utilizada pelos fabricantes de
turbinas eólicas de velocidade variável.
O critério econômico para escolha da velocidade de vento nominal é a
maximização da energia produzida (energia = potência x tempo) em um determinado
período (tipicamente 1 ano). Essa opção considera:
1. Para a velocidade de vento de maior freqüência V
f
(8,7 m/s), a potência
disponível do vento, pela eq. (3), é de 1,5MW para um rotor de 35m de raio
(considerando a densidade do ar como 1,185 kg/m
3
). Sabendo-se que o
aproveitamento de um rotor é da ordem de 50%, a máxima potência
aproveitada seria de 0,75 MW (potência no eixo do rotor). Se somente esse
valor for considerado, chega-se à conclusão equivocada de que não é viável
a instalação de uma turbina de 1,5MW no local;
2. Analogamente, para a velocidade de vento de maior potência V
p
(12 m/s), a
potência disponível do vento é de 3,94MW o que corresponderia, no caso de
50% de aproveitamento, uma potência no eixo do rotor de 1,97MW;
3. Como, na realidade, esse aproveitamento de 50% nem sempre é obtido
(devido, por exemplo, a rajadas e mudanças repentinas na direção do vento,
a inércia do rotor, etc.) e as perdas não aerodinâmicas devem ser
133
consideradas, a potência de saída do gerador é menor. Para que uma turbina
projetada para velocidade de vento V
p
forneça 1,5MW, as perdas
mencionadas podem ser de até 23,8%. Para comparação, aplicando-se esta
mesma perda a uma turbina projetada para velocidade de vento V
f
e 0,75 MW
de potência no eixo, sua potência elétrica nominal seria de 0,57MW.
4. Abaixo da velocidade de vento V
p
a turbina opera fora da condição nominal,
mas fornece energia à rede. Acima dessa velocidade o controle limita a saída
de modo que a potência nominal não seja ultrapassada;
5. Assim, a turbina projetada de acordo com V
P
deve operar boa parte do tempo
fora da condição nominal, mas fornece uma potência alta para velocidade de
vento acima de 8,7 m/s. A turbina projetada de acordo com a V
f
opera mais
tempo em regime, mas alcança uma potência mais baixa mesmo para
velocidades de vento acima da condição nominal.
4.2.2 – Aerofólios e velocidade de rotação do rotor
Conforme a explicação dada no item 3.4.4 e à luz da Tabela 16 foi admitida
uma rotação nominal de 25 rpm. Esse valor foi obtido baseado na velocidade de
ponta de pá da turbina GE2.5xl (maior turbina da
Tabela 16) onde foi suposto que a
velocidade nominal de rotação é de 17,5 rpm (aproximadamente 80% da rotação
máxima). Ou seja: 17,5rpm * 50m / 35m = 25rpm.
Assim, tomando-se os valores de 12 m/s e 25 rpm para a velocidade nominal
do vento e velocidade de rotação respectivamente, e levando-se em consideração
as características geométricas tratadas anteriormente, foi construída a
Tabela 17
que mostra: as posições de cada estação, a influência dos aerofólios simulados nas
estações intermediárias, a velocidade tangencial e a razão de velocidade
adimensional local. As linhas sombreadas mostram as estações simuladas. As linhas
não sombreadas foram obtidas por interpolação. Nessa tabela, a razão de
velocidade ponta de pá (
λ
T
) calculada foi 7,636.
134
Tabela 17: Posição e influência de cada aerofólio e velocidade a que estão submetidos
Estação % da Pá
r
Índice de seção
V
elocidade
λ
Tangencial
(
ω
r/
V
0
)
(m) S818 SE07 SE12 S830 S831 S832 (m/s)
1 21,47% 7,51 100,0% 19,67 1,639
2 22,50% 7,88 100,0% 20,62 1,718
3 25,00% 8,75 100,0% 22,91 1,909
4 26,43% 9,25 85,7% 14,3% 24,22 2,018
5 29,29% 10,25 57,1% 42,9% 26,83 2,236
6 32,14% 11,25 28,6% 71,4% 29,45 2,454
7 35,00% 12,25 100,0% 32,07 2,673
8 37,86% 13,25 80,0% 20,0% 34,69 2,891
9 40,71% 14,25 60,0% 40,0% 37,31 3,109
10 43,57% 15,25 40,0% 60,0% 39,92 3,327
11 46,43% 16,25 20,0% 80,0% 42,54 3,545
12 49,29% 17,25 100,0% 45,16 3,763
13 52,14% 18,25 88,9% 11,1% 47,78 3,982
14 55,00% 19,25 77,8% 22,2% 50,40 4,200
15 57,86% 20,25 66,7% 33,3% 53,01 4,418
16 60,71% 21,25 55,6% 44,4% 55,63 4,636
17 63,57% 22,25 44,4% 55,6% 58,25 4,854
18 66,43% 23,25 33,3% 66,7% 60,87 5,072
19 69,29% 24,25 22,2% 77,8% 63,49 5,291
20 72,14% 25,25 11,1% 88,9% 66,10 5,509
21 75,00% 26,25 100,0% 68,72 5,727
22 77,86% 27,25 81,0% 19,0% 71,34 5,945
23 80,71% 28,25 61,9% 38,1% 73,96 6,163
24 83,57% 29,25 42,9% 57,1% 76,58 6,381
25 86,43% 30,25 23,8% 76,2% 79,19 6,600
26 90,00% 31,50 100,0% 82,47 6,872
27 92,86% 32,50 71,4% 28,6% 85,08 7,090
28 95,71% 33,50 42,9% 57,1% 87,70 7,309
29 98,57% 34,50 14,3% 85,7% 90,32 7,527
30 100,00% 35,00 100,0% 91,63 7,636
O processo para determinação da corda sem arrasto, conforme o item 4.4.6,
necessitou de duas iterações. A
Tabela 18 mostra as condições iniciais das
primeiras simulações. A
Tabela 19 mostra as condições iniciais e os resultados para
α
ot
, C
L,ot
. e C
L
/C
D, ot
das últimas simulações. O índice ótimo significa máximo C
L
/C
D
.
O C
L
considerado para cálculo do ponto ótimo foi o obtido pela correção devido a
escoamento rotativo – eq. (54). A velocidade relativa foi calculada considerando o
escoamento nominal de 12m/s.
Para as simulações bidimensionais foi utilizada a mesma geometria e o
mesmo modelo de escoamento e de turbulência da análise de validação (
Tabela 10).
Um pequeno estudo quanto ao Controle do Reynolds de Transição resultou no
135
mesmo valor para esse parâmetro. A malha utilizada foi a “Malha A” da análise de
validação, pois o arqueamento dos aerofólios dificultou o uso da “Malha B” (
Tabela
9). A velocidade de simulação foi calculada de modo a manter o mesmo número de
Reynolds do escoamento para o aerofólio (a geometria do escoamento utilizada na
validação foi aproveitada para o estudo dos aerofólios da pá). O fluxo de massa foi
determinado através dessa velocidade de simulação. As tabelas de resultados e as
curvas de sustentação e de arrasto, obtidos na 2ª iteração, são mostradas no
Apêndice D.
Tabela 18: Condições de simulação: 1ª iteração
Parâmetro Símbolo S818 S830 S831 S832
Estação
3 21 26 31
Raio local (m)
r 8,75 26,25 31,50 35,00
Corda sem arrasto (m)
c 2,800 1,540 1,162 0,910
V
el tangencial (m/s)
V
T
22,907 68,722 82,467 91,630
V
el. relativa (m/s)
Vrel 25,860 69,762 83,335 92,412
Nº. de Reynolds
Re 4,7E+06 7,0E+06 6,3E+06 5,4E+06
V
el. simulação (m/s)
Vsim 158,443 235,085 211,894 184,016
Fluxo massa (kg
/
s)
Mp 257,413 381,927 344,251 298,958
Tabela 19: Condições de simulação e resultados: 2ª iteração
Parâmetro Símbolo S818 S830 S831 S832 SE07 SE12
Estação 3 21 26 31 7 12
Raio local (m) r 8,75 26,25 31,50 35,00 12,25 17,25
Corda sem arrasto (m) c 3,428 1,322 1,148 1,046 2,649 1,964
Vel tangencial (m/s) V
T
22,907 68,722 82,467 91,630 32,070 45,160
Vel. relativa (m/s) Vrel 25,860 69,762 83,335 92,412 34,242 46,728
Nº. de Reynolds Re 5,7E+06 6,0E+06 6,2E+06 6,3E+06 5,9E+06 5,9E+06
Vel. simulação (m/s) Vsim 193,958 201,735 209,338 211,564 198,482 200,779
Fluxo massa (kg/s) Mp 315,111 327,746 340,097 343,714 322,461 326,193
CL/CD ótimo C
L
/
C
D,ót
93,45 88,75 81,61 91,21 88,00 91,08
Âng. de Ataque ot. (°)
α
ot
6,50 4,22 4,33 4,30 7,26 6,81
CL 3D rotativo otimo CL
3D,rot
1,197 1,076 1,081 1,028 1,177 1,317
CD ótimo CD 0,0136 0,0123 0,0134 0,0103 0,0128 0,0137
4.2.3 – Corda e torção da pá sem considerar o arrasto
A geometria da pá sem considerar arrasto foi determinada de acordo com o
procedimento do item 3.4.6. Os resultados são mostrados na
Tabela 20.
136
Tabela 20: Geometria da pá sem considerar o arrasto
Estação
φ1 (°)
Eq. (41)
φ
(°)
Eq.(42)
θ
(°)
Eq.(38)
Corda (m)
Eq. (40) ou (43)
1 31,39 20,92 15,17 3,217
2 30,20 20,13 14,38 3,279
3 27,65 18,43 12,67 3,428
4 26,36 17,57 11,84 3,296
5 24,09 16,06 10,36 3,054
6 22,17 14,78 9,12 2,839
7 20,51 13,68 8,05 2,649
8 19,08 12,72 7,13 2,480
9 17,83 11,89 6,34 2,329
10 16,73 11,15 5,64 2,194
11 15,75 10,50 5,03 2,073
12 14,88 9,92 4,48 1,964
13 14,10 9,40 4,00 1,865
14 13,39 8,93 3,57 1,775
15 12,75 8,50 3,18 1,693
16 12,17 8,11 2,83 1,618
17 11,64 7,76 2,51 1,549
18 11,15 7,44 2,22 1,485
19 10,70 7,14 1,96 1,426
20 10,29 6,86 1,72 1,372
21 9,90 6,60 1,50 1,322
22 9,55 6,37 1,47 1,283
23 9,22 6,14 1,45 1,248
24 8,91 5,94 1,45 1,215
25 8,62 5,74 1,46 1,184
26 8,28 5,52 1,50 1,148
27 8,03 5,35 1,09 1,117
28 7,79 5,19 0,70 1,087
29 7,57 5,05 0,31 1,060
30 7,46 4,97 0,13 1,046
4.2.4 – Corda com arrasto, sem perdas de ponta de pá e de raiz
Tomando-se como base a geometria obtida até esta etapa, foi calculada a
geometria da pá levando-se em consideração o arrasto, mas desprezando as perdas
da ponta e da raiz, de acordo com o procedimento descrito no item 4.4.7. Os
resultados são mostrados na
Tabela 21.
137
Tabela 21: Geometria da pá considerando o arrasto, mas sem perdas de ponta e de raiz.
Estação
a
(Eq.44)
a'
(Eq.18)
φ (°)
Eq.(45)
α
ot (°)
Tab. 19
CLot
Tab. 19
CDot
Tab.19
Cn
ot
Eq. (21)
Corda (m)
Eq. (46)
θ
ot
(°)
1 0,3247 0,0865 20,77 5,222 0,962 0,0109 0,903 2,978 15,54
2 0,3263 0,0696 20,13 5,595 1,031 0,0117 0,972 3,023 14,54
3 0,3274 0,0572 18,43 6,497 1,197 0,0136 1,140 3,130 11,93
4 0,3280 0,0515 17,57 6,606 1,194 0,0135 1,142 3,018 10,97
5 0,3289 0,0424 16,06 6,823 1,188 0,0132 1,145 2,812 9,24
6 0,3296 0,0354 14,78 7,039 1,182 0,0130 1,147 2,629 7,74
7 0,3301 0,0300 13,68 7,256 1,177 0,0128 1,146 2,467 6,42
8 0,3306 0,0258 12,72 7,167 1,205 0,0130 1,178 2,257 5,55
9 0,3309 0,0224 11,89 7,078 1,233 0,0132 1,209 2,072 4,81
10 0,3312 0,0196 11,15 6,988 1,261 0,0133 1,239 1,910 4,16
11 0,3315 0,0173 10,50 6,899 1,289 0,0135 1,269 1,766 3,60
12 0,3317 0,0154 9,92 6,810 1,317 0,0137 1,299 1,638 3,11
13 0,3318 0,0138 9,40 6,522 1,290 0,0136 1,275 1,589 2,88
14 0,3320 0,0124 8,93 6,233 1,263 0,0134 1,250 1,545 2,70
15 0,3321 0,0112 8,50 5,945 1,236 0,0132 1,225 1,506 2,56
16 0,3322 0,0102 8,11 5,657 1,210 0,0131 1,199 1,471 2,46
17 0,3323 0,0093 7,76 5,369 1,183 0,0129 1,174 1,441 2,39
18 0,3324 0,0086 7,44 5,080 1,156 0,0127 1,148 1,414 2,35
19 0,3325 0,0079 7,14 4,792 1,129 0,0126 1,122 1,391 2,34
20 0,3325 0,0073 6,86 4,504 1,103 0,0124 1,096 1,371 2,36
21 0,3326 0,0067 6,60 4,216 1,076 0,0123 1,070 1,354 2,39
22 0,3326 0,0062 6,37 4,238 1,077 0,0125 1,072 1,305 2,13
23 0,3327 0,0058 6,14 4,259 1,078 0,0127 1,073 1,259 1,88
24 0,3327 0,0054 5,94 4,281 1,079 0,0129 1,075 1,217 1,66
25 0,3328 0,0051 5,74 4,303 1,080 0,0131 1,076 1,177 1,44
26 0,3328 0,0047 5,52 4,331 1,081 0,0134 1,078 1,130 1,19
27 0,3328 0,0045 5,35 4,321 1,066 0,0132 1,063 1,112 1,03
28 0,3329 0,0042 5,19 4,312 1,051 0,0130 1,048 1,095 0,88
29 0,3329 0,0040 5,05 4,302 1,036 0,0129 1,033 1,080 0,74
30 0,3329 0,0038 4,97 4,297 1,028 0,0128 1,025 1,073 0,68
Levando-se em consideração a estações 3 (perfil S818) e 30 (perfil S832),
pode-se notar pela
Tabela 20 e pela Tabela 21 que o fato de considerar o arrasto
leva a:
Redução de 11,8% da corda e de 0,74° no passo da raiz;
Aumento de 2,6% da corda e de 0,55° no passo da ponta;
Redução de 10,3% da torção total da pá (diferença entre passo da raiz e
passo da ponta);
O fator de indução axial varia pouco ao longo do raio;
O fator de indução tangencial diminui com o aumento do raio.
138
Esses resultados ficaram coerentes, pois os dois modelos trabalham de forma
a garantir o
α
ot
, de cada seção. A introdução do arrasto gera uma componente
negativa de F
T
, correspondente à projeção da força nessa direção, que deve ser
compensada pelo aumento da projeção tangencial da sustentação. Esse aumento
da projeção tangencial pode ser obtido ou por aumento da corda, ou pela variação
do ângulo de ataque através da variação do passo local.
No caso da raiz, o ângulo
φ é grande devido ao baixo valor da componente
tangencial da velocidade. Assim, uma pequena redução do passo local (aumento do
ângulo de ataque) leva a um aumento da sustentação cuja componente tangencial
compensa a redução dessa projeção. Mas um maior ângulo de ataque significa um
maior arrasto, compensado pela redução da corda.
Para a ponta, onde o ângulo
φ é pequeno e quase não há passo local, uma
redução de passo levaria a projeção da sustentação a praticamente se anular. Assim
a compensação da componente tangencial do arrasto é feita através do aumento do
passo (redução do ângulo de ataque) de modo a reduzir o arrasto, enquanto um
pequeno aumento da corda gera um aumento da sustentação.
A grande redução do passo da raiz explica a variação significativa da torção
total. A pequena variação do fator de indução axial vem do fato do modelo
representar uma pá infinita (sem perdas nas extremidades). Já o fator de indução
tangencial tende a diminuir com o raio devido ao aumento da velocidade relativa.
4.2.5 – Torção considerando perdas de ponta de pá e de raiz
Através do procedimento do item 4.4.8 e tomando-se a geometria calculada
anteriormente, foi encontrada a geometria da pá considerando as perdas de ponta
de pá e de raiz. Os resultados são mostrados na
Tabela 22.
É possível observar nessa tabela que os valores para a corda são os mesmos
daqueles do item anterior. Isso se deve ao fato do algoritmo utilizado compensar as
perdas através da variação da torção, sem alterar a corda.
Comparando os dados da
Tabela 21 e da Tabela 22 pode-se perceber, que
tomando como base as estações 3 e 30:
139
O passo da raiz foi reduzido em 2,3°;
O passo da ponta foi reduzido em 2,5°, tornando-se negativo;
A torção total aumentou em 2,0%;
O fator de indução axial varia bastante ao longo do raio sendo maior nas
extremidades;
O fator de indução tangencial tem a mesma tendência de variação do caso
anterior, exceto nas extremidades quando assume valores altos.
Tabela 22: Geometria da pá considerando perdas de ponta e de raiz
Estação a a'
φ
(°)
Corda
(m)
θ
(°)
1 0,4577 0,0000 16,034 2,978 10,813
2 0,4288 0,0261 16,054 3,023 10,454
3 0,4096 0,0702 16,118 3,130 9,618
4 0,3891 0,0590 15,755 3,018 9,149
5 0,3591 0,0448 15,069 2,812 8,246
6 0,3373 0,0359 14,442 2,629 7,402
7 0,3193 0,0297 13,893 2,467 6,633
8 0,3133 0,0250 13,039 2,257 5,873
9 0,3117 0,0215 12,177 2,072 5,099
10 0,3120 0,0187 11,383 1,910 4,395
11 0,3109 0,0164 10,739 1,766 3,840
12 0,3043 0,0146 10,326 1,638 3,516
13 0,3010 0,0130 9,880 1,589 3,358
14 0,2978 0,0117 9,473 1,545 3,239
15 0,2949 0,0105 9,095 1,506 3,150
16 0,2925 0,0095 8,736 1,471 3,079
17 0,2913 0,0086 8,385 1,441 3,016
18 0,2914 0,0079 8,032 1,414 2,951
19 0,2936 0,0072 7,666 1,391 2,873
20 0,2985 0,0066 7,277 1,371 2,773
21 0,3069 0,0061 6,859 1,354 2,639
22 0,3037 0,0057 6,693 1,305 2,455
23 0,3048 0,0053 6,473 1,259 2,213
24 0,3111 0,0050 6,198 1,217 1,917
25 0,3230 0,0048 5,871 1,177 1,568
26 0,3483 0,0046 5,393 1,130 1,063
27 0,3927 0,0045 4,774 1,112 0,453
28 0,4720 0,0046 3,920 1,095 -0,391
29 0,6104 0,0057 2,946 1,084 -1,358
30 0,9484 0,4682 2,444 1,073 -1,853
140
Nesse caso, as perdas de ponta de pá e de raiz explicam as variações de
passo. Fica evidente que ao se considerar essas perdas, os efeitos dos fatores de
indução axial e tangencial tornam-se significativos nas extremidades.
No caso da raiz, a redução do ângulo
φ devido a esses fatores pode ser
compensada por nova redução de passo, analogamente ao caso anterior.
No caso da ponta,
φ é tão pequeno que, para trabalhar em regime ótimo, o
passo
θ tornou-se negativo, devido à deflexão induzida no escoamento, para manter
o ângulo de ataque ótimo.
O aumento dos fatores de indução nas pontas reflete a introdução das perdas
no modelo. Em outras palavras, as perdas das extremidades levam a um maior
desvio do escoamento sobre o aerofólio (indução axial e tangencial) e a um aumento
da velocidade relativa (indução tangencial).
A
Figura 62 compara distribuição da corda obtida sem o arrasto com aquela
obtida considerando essa força. A
Figura 63 compara as três torções encontradas.
Figura 62: Comparação entre as cordas obtidas com e sem a consideração do arrasto
141
Figura 63: Comparação entre torções obtidas com e sem arrasto e perdas
Através da análise dos pontos (não da linha de tendência) da corda com
arrasto pode-se notar que a geometria da corda ficaria bastante complexa (irregular).
Dessa forma optou-se por alterar a corda obtida tomando-se sua linha de tendência
como base e calcular a nova torção. Os resultados dessa modificação são dados na
Tabela 23 e na Figura 64 que, para efeito de comparação, possui também a curva
não modificada. A
Figura 65 mostra as torções antes e depois da modificação. A
Figura 66 compara a distribuição de força tangencial por unidade de comprimento
nesses casos. A
Figura 67 mostra a distribuição do torque por unidade de
comprimento (Torque = Força Tangencial x Raio).
Pode-se perceber que a modificação feita na distribuição de corda teve pouca
influência na torção ou na força tangencial. Também pode ser notado que a força
tangencial assume uma distribuição próxima à elíptica.
As inflexões mais acentuadas nas curvas de torção (estação 12: 17,25 m) e
de força tangencial (estação 21: 26,25 m) coincidem com as posições dos aerofólios
SE12 e SE830 indicando a necessidade da introdução de mais um aerofólio
intermediário. Como os desvios são pequenos, essa curva de torção foi considerada
satisfatória.
142
Tabela 23: Geometria da pá considerando perdas e com corda modificada
Estação a a'
φ
(°)
Corda
(m)
θ
(°)
1 0,4638 0,0007 15,572 3,022 10,31214
2 0,4382 0,0249 15,673 3,065 10,07328
3 0,4159 0,0710 15,943 3,180 9,44301
4 0,3920 0,0594 15,686 3,045 9,08036
5 0,3556 0,0446 15,176 2,797 8,35409
6 0,3283 0,0353 14,666 2,577 7,62636
7 0,3067 0,0288 14,153 2,383 6,89705
8 0,3044 0,0246 13,232 2,211 6,06502
9 0,3099 0,0214 12,208 2,062 5,13067
10 0,3187 0,0188 11,234 1,931 4,24559
11 0,3256 0,0168 10,461 1,819 3,56148
12 0,3235 0,0153 10,040 1,723 3,23048
13 0,3146 0,0134 9,663 1,640 3,14096
14 0,3069 0,0118 9,312 1,571 3,07822
15 0,3001 0,0105 8,980 1,512 3,03456
16 0,2945 0,0094 8,660 1,462 3,00274
17 0,2905 0,0085 8,344 1,421 2,97552
18 0,2881 0,0077 8,026 1,386 2,94568
19 0,2876 0,0070 7,698 1,356 2,90596
20 0,2894 0,0065 7,353 1,330 2,84915
21 0,2939 0,0059 6,988 1,306 2,76802
22 0,2929 0,0056 6,845 1,283 2,60699
23 0,2989 0,0054 6,591 1,261 2,33154
24 0,3115 0,0051 6,248 1,238 1,96581
25 0,3304 0,0049 5,838 1,213 1,53396
26 0,3634 0,0047 5,268 1,177 0,93772
27 0,4053 0,0046 4,661 1,143 0,33961
28 0,4762 0,0046 3,885 1,105 -0,42651
29 0,6022 0,0057 3,009 1,062 -1,28839
30 0,9457 0,4714 2,565 1,037 -1,73181
Figura 64: Distribuição da corda (considerando perdas) antes e depois da modificação
143
Figura 65: Variação da torção (considerando perdas) antes e depois da modificação
Figura 66: Distribuição de força tangencial (com perdas) antes e depois da modificação
Figura 67: Distribuição de torque por unidade de comprimento
144
Através de F
T
’ (N/m) pode-se determinar F
T
=F
T
ΔR. Introduzindo essa
expressão nas eq.(74) e eq. (75) obteve-se uma integral definida para o torque. Essa
integral foi calculada numericamente resultando em 7,40E+05 Nm de torque no rotor
de três pás. Pela eq. (75) chegou-se a uma potência no eixo do rotor de 1,937 MW.
Tomando-se a velocidade nominal do vento de 12 m/s e a densidade do ar de
1,185 kg/m
3
(25°C), a potência do vento que passa pela área varrida do rotor
(Raio=35m), calculada pela eq. (3), é de 3,940 MW. Assim o coeficiente de potência
do rotor foi estimado em 49,2% na condição nominal.
4.3 – Desenho da pá
4.3.1 – Parâmetros para desenho
A Tabela 17 e a Tabela 23 fornecem a geometria básica para o desenho da
pá. Essa geometria está resumida na
Tabela 24.
Tabela 24: Geometria calculada da pá
Estação Perfil r (m) c (m)
θ (°)
- Circulo 1,750 2,3565 -
- Circulo 2,450 2,3565 -
3 S818 8,750 3,1800 9,443
7 SE07 12,250 2,3830 6,897
12 SE12 17,250 1,7230 3,230
21 S830 26,250 1,3060 2,768
26 S831 31,500 1,1770 0,938
30 S832 35,000 1,0370 -1,732
No eixo radial da pá foram colocados os centros de gravidade (CG) de cada
perfil de modo a minimizar o momento de inércia resultante da força centrífuga. As
coordenadas dos CG foram determinadas através do pacote estrutural do Ansys,
considerando a área transversal dos aerofólios. A
Tabela 25 mostra as coordenadas
adimensionais em relação à corda a partir do bordo de ataque. A torção da pá foi
aplicada no ¼ da corda.
145
Tabela 25: Coordenadas dos CG dos aerofólios
Aerofólio Coordenadas
X Y Z
S818
0,39116 0,01224 0,00000
SE07
0,39706 0,01654 0,00000
SE12
0,40615 0,02261 0,00000
S830
0,42371 0,03323 0,00000
S831
0,44907 0,04283 0,00000
S832
0,45256 0,04286 0,00000
Um desenho preliminar mostrou a necessidade da definição de mais
aerofólios para que a geometria calculada pudesse ser respeitada. Dessa forma,
foram encontrados os perfis das estações 1, 5, 9 15 e 28 pelo mesmo método
utilizado para encontrar os aerofólios das estações 7 e 12.
4.3.2 – Modificação da geometria da ponta da pá
A corda da ponta da pá, com cerca de 1m de comprimento, deve gerar
vórtices de grande intensidade. Assim, uma redução dessa corda deve ser efetuada
de modo a atenuar a perda de energia gerada pela turbulência.
O processo de determinação da geometria ótima da ponta da pá deve levar
em consideração as características do escoamento tridimensional local (escoamento
radial significativo, transição rápida de alta para baixa pressão, grande turbulência
esperada, etc.) e a variação abrupta da corda. Esses fatores podem levar a
obtenção de valores pouco precisos para a geometria através do modelo BEM, ou
mesmo de simulações sob condição de regime permanente (caso em estudo neste
trabalho). Simulações em regime não permanente (transiente), bem como dados
empíricos, são importantes para uma maior precisão nos resultados.
Como resultados experimentais não foram obtidos e a análise deste trabalho
é feita sob condições estacionárias, foi assumida uma alteração geométrica da ponta
da pá para torná-la mais cônica de acordo com os estudos mostrados no item
2.4.13. Dessa forma, foi utilizado o critério de similaridade de área tendo como base
as estações 28 e 30, definidas após alguns testes com desenhos no
Design Modeler
do Ansys. A escolha desse critério levou em consideração que, desprezando o efeito
do vórtice da ponta, a ponta modificada deveria ter a mesma resultante
146
aerodinâmica da ponta original. Como o aerofólio utilizado foi o mesmo (mesmo C
L
e
mesmo C
D
), a área da ponta deve ser a mesma, de acordo com as eq. (7), (8) e (9).
Assim, foi arbitrada uma redução da corda da ponta para 30% do valor
calculado, ou seja, menor que 1% do raio total da pá. Disso resultou um aumento no
comprimento da pá de 2,383 m para que a área da ponta, a partir da estação 28
(corda igual a 1,105m), se mantivesse constante. A estação correspondente a esse
raio passou a ser a de número 31, o aerofólio utilizado foi o S832 e a corda local
ficou em 0,311 m. Ou seja, a pá passou a ter 37,383 m de comprimento, mas com a
mesma área anterior. A torção da ponta foi determinada por extrapolação da função
da torção obtida no cálculo da geometria da pá.
Esse aumento do comprimento da pá levou a uma área varrida pelo rotor
(4390,3 m
2
) 14,1% maior que a área anterior (3848,5 m
2
). Assim, é esperada uma
redução significativa do coeficiente de potência, mesmo com o aumento da eficiência
aerodinâmica através da alteração da geometria da ponta (ou seja, mesmo com um
aumento da potência do eixo, o C
P
deve diminuir).
A
Tabela 26 apresenta a geometria modificada da pá e os aerofólios
interpolados. A
Figura 68 mostra os perfis em escala.
Tabela 26: Geometria modificada da pá
Estação Perfil r (m) c (m)
θ
(
°
)
- Circulo 1,75 2,356 -
- Circulo 2,45 2,356 -
1 SE01 7,55 3,022 10,312
3 S818 8,75 3,180 9,443
5 SE05 10,25 2,797 8,354
7 SE07 12,25 2,383 6,897
9 SE09 14,25 2,062 5,131
12 SE12 17,25 1,723 3,230
15 SE15 20,25 1,512 3,035
21 S830 26,25 1,306 2,768
26 S831 31,50 1,177 0,938
28 SE28 33,50 1,105 -0,427
30 S832 35,00 0,890 -1,732
31 S832 37,38 0,311 -4,479
147
Figura 68: Perfis em escala da pá com ponta modificada
4.4 – Escoamento tridimensional
Uma validação do modelo tridimensional, tal como foi feito no caso
bidimensional, não foi realizada porque, conforme já mencionado, não estavam
disponíveis dados experimentais ou simulados completos que pudessem ser
tomados como referência. Assim, optou-se por desenvolver o modelo tridimensional
respeitando o máximo possível as condições do modelo bidimensional validado.
4.4.1 – Redução de escala aplicada no modelo CFD
O modelo bidimensional possui um aerofólio com corda de 0,457m e 350
elementos ao longo do perímetro (Malha A). Nesse caso, o perímetro (determinado
através do
Design Modeler do Ansys) é de 965,0mm. Assim, a largura do elemento
de malha é de 2,76mm.
Enquanto isso, a maior corda para a pá calculada é de 3,180m (estação 3,
aerofólio S818) e possui um perímetro de 6722,7mm. Se fossem aplicados os
mesmos 350 elementos nessa estação da pá, a largura de cada elemento seria de
19,2mm. Esse valor é alto para uma análise confiável, principalmente próximo à
superfície da pá (região da camada limite).
Analogamente, a espessura da primeira camada determinada no caso
bidimensional (Malha A) é de 5,5E-06 da corda. Ou seja, para uma corda de 0,457m
ela é de 0,0025mm, e para um aerofólio de 3,180m de corda é de 0,017mm.
148
Os valores acima levam a uma área transversal de 0,00690 mm
2
(2,76mm x
0,0025mm) para elementos de malha próximo à superfície para a corda de 0,457m e
de 0,32640mm
2
(19,2mm x 0,017mm) para a corda de 3,180m. Isso significa um
elemento aproximadamente 47 vezes maior que o validado, o que não é aceitável
porque, dessa forma, os efeitos aerodinâmicos próximos à superfície da pá não
seriam bem representados.
Assim, optou-se por aplicar um fator de redução de escala de modo que a
corda da estação 3 (maior corda da pá) fosse reduzida ao tamanho aproximado da
corda do modelo bidimensional validado. Esse procedimento garante uma malha
semelhante a do modelo bidimensional nessa seção transversal da pá. Para as
demais estações, que possuem cordas menores, a malha fica mais refinada (a altura
da primeira camada não seja alterada), o que é favorável à simulação.
Após algumas tentativas de construção da geometria e de aplicação, na
seção transversal do modelo tridimensional, de malha análoga ao modelo
bidimensional foi arbitrado para a pá do modelo CFD reduzido um raio R
M
de
5,220m. Assim a geometria da pá do modelo CFD pôde ser calculada multiplicando-
se os valores calculados por h = 5,220/37,383 = 0,1396, ou seja, a pá do modelo
CFD possui 14% do tamanho do rotor em escala natural. A
Tabela 27 mostra as
dimensões da geometria da pá para o modelo CFD já reduzido, onde r
M
é o raio local
do rotor e c
M
é a corda local da pá do modelo CFD.
Tabela 27: Geometria da pá para o modelo CFD
Estação Perfil r
M
(m) c
M
(m)
θ
(°)
- Circulo 0,244 0,32905 -
- Circulo 0,342 0,32905 -
1 E01 1,049 0,42197 10,312
3 S818 1,222 0,44404 9,443
5 E05 1,431 0,39056 8,354
7 SE07 1,711 0,33275 6,897
9 E09 1,990 0,28793 5,131
12 SE12 2,409 0,24059 3,230
15 E15 2,828 0,21113 3,035
21 S830 3,665 0,18236 2,768
26 S831 4,398 0,16435 0,938
28 E28 4,678 0,15430 -0,427
30 S832 4,887 0,12432 -1,732
31 E31 5,220 0,04344 -4,479
149
Lembrando que a altura do modelo bidimensional é de 20 cordas porque, para
essa distância, praticamente não houve influência do aerofólio na velocidade do
escoamento nas paredes e, tomando-se como base a corda da estação 30 da pá, foi
arbitrada para a diferença entre o raio do domínio R
D
e o raio da pá o valor de 2,5m
(20 x 0,12432m). Assim, inicialmente, o raio do domínio ficou com 7,5m.
Foi arbitrada, baseado na corda da estação 3, uma espessura de escoamento
L
D
de 13,32m (20 cordas x 0,444m x 1,5), onde foi assumido um fator de aumento de
50% em relação às 20 cordas devido a uma provável esteira turbulenta resultante
das características tridimensionais do escoamento.
Também foi introduzido um raio interno de 0,25m correspondente ao cubo do
rotor. A
Tabela 28 resume essas dimensões iniciais do modelo CFD de escoamento.
A
Figura 69 mostra a geometria utilizada.
Tabela 28: Dimensões iniciais do modelo CFD do escoamento 3D
Símbolo Descrição Valor (m)
R
D
Raio externo do domínio 7,50
R
C
Raio interno do domínio 0,25
L
D
Espessura do domínio 13,32
D
E
Distância entre o rotor e a entrada 5,33
D
S
Distância entre o rotor e a saída 7,99
Figura 69: Geometria do modelo CFD de escoamento
150
A velocidade de rotação do modelo CFD, conforme o item 3.5.3 e a
Tabela
29, é de 179,04rpm, onde foi tomada como referência a estação 31. Nesse caso, foi
feito λ
T,calculado
= λ
T
,
simulado
e, através da eq. (6), determinada a rotação do modelo
CFD. O valor de λ
T
é maior do que o calculado anteriormente devido ao aumento do
raio da pá de 35m para 37,383m.
Tabela 29: Determinação da velocidade de rotação do modelo CFD
Estação 31 R (m) V
0
(m/s) n (rpm)
λ
T
Pa calculada com ponta modificada 37,383 12,00 25,00 8,156
Pa do modelo CFD 5,220 12,00 179,04 8,156
O valor da razão entre o número de Reynolds do modelo e o número de
Reynolds do rotor (Re
M
/Re
T
) é igual ao fator de redução de escala h =0,1396 pois
apenas a corda varia na expressão do Reynolds.
4.4.2 – Malha do escoamento tridimensional: dados básicos
A malha tridimensional, construída de modo que cada seção transversal à pá
reproduzisse da melhor maneira possível a “Malha A” validada no modelo
bidimensional, ficou com 4,5 milhões de elementos (que foi denominada “malha
ideal”). Esse valor é superior à capacidade de processamento do equipamento
utilizado.
A
Tabela 8 mostra que os parâmetros de malha, exceto a 1ª camada,
influenciam aproximadamente da mesma maneira os resultados da simulação.
Uma malha possível de ser simulada com o equipamento utilizado foi obtida
através de um processo iterativo de redução de quantidade de elementos de malha
conforme os critérios do item 3.5.2. Essa malha possuía cerca de 785 mil elementos.
Ou seja, a quantidade de elementos foi reduzida a aproximadamente 17% da ideal,
mesmo com a redução de escala do modelo.
Entre outras alterações, o número de elementos no perímetro do aerofólio foi
reduzido de 350 para 270. O perímetro da estação 3 do modelo foi calculado em
938,4mm. Isso significa que cada elemento próximo à superfície da pá ficou com
3,46mm de largura e área transversal de 0,00865 mm
2
(a altura da 1ª camada foi
mantida em 0,0025mm). Ou seja, a área transversal dos elementos próximos à
151
superfície da pá ficou apenas 25% maior que a área dos elementos correspondentes
da malha bidimensional.
As regiões mais distantes da pá ficaram com elementos de malha bem
maiores que os das regiões mais próximas, mesmo com um fator de aumento entre
camadas de malha entre 1,2 e 1,3. A construção dessa malha distante foi feita de
forma a minimizar a quantidade de elementos, sem prejuízo para o modelo.
Assim, a malha construída, embora tenha apenas aproximadamente 17% da
quantidade total de elementos da malha inicial, foi considerada satisfatória, pois:
A redução da quantidade de elementos preservou a qualidade da malha nas
regiões próximas à pá;
O aumento suave do tamanho dos elementos de malha (a partir da pá)
garantiu uma influência pequena dos elementos de grande volume sobre os
resultados da simulação; a redução de escala do modelo CFD resultou na
estação de maior corda, em uma malha semelhante à do modelo
bidimensional validado;
As demais estações possuem malha mais refinada, pois, têm corda menor e
mesma quantidade de elementos que a malha da estação 3.
Para referência, foi utilizado um volume em forma de tronco de cone de bases
elípticas, com eixo longitudinal centralizado na pá desde estação 3 até a estação 31.
As elipses das bases têm seu eixo maior alinhado à corda da estação e equivalem a
14 cordas enquanto o eixo menor equivale a 10 cordas. Como exemplo, a elipse
correspondente à estação 3, que possui corda de 0,444m, ficou com o eixo maior
igual a 6,216m e com o eixo menor igual a 4,440m.
A
Figura 70 mostra as malhas das estações 3 e 30. Nela é possível identificar
a base maior do tronco de cone (a malha da estação 31 não foi representada devido
à precária visualização nessa escala). Também fica evidente o aumento do
refinamento da malha na região da ponta pá. Isso é favorável à simulação por ser
essa uma região de grande turbulência.
152
Figura 70: Visualização da malha transversal da região de referência para as estações 3 e 30
Uma otimização da geometria da malha é feita no item 4.4.4, que mostra um
estudo da influência da quantidade de elementos (dentro do limite permitido pelo
computador utilizado) sobre o torque do modelo.
4.4.3 - Raio externo do domínio
Durante a determinação do número máximo de elementos de malha ficou
clara a influência do raio externo do domínio nos resultados da simulação, pois a
esteira do rotor possui um raio maior que o R
D
inicialmente utilizado (escoamento em
dutos).
O procedimento adotado para determinar o raio do domínio, conforme o item
3.5.4, foi:
Modificar a malha anterior para cerca de 750 mil elementos;
Simular domínios com diferentes raios para que uma linha de tendência
pudesse ser levantada em um gráfico tipo “Variação do torque x R
D
”;
Foi suposto um raio de domínio de 60 m para uso dos 35000 elementos
extras; domínios com raios menores que 60m (mas maiores que 7,5 m) receberam
esses elementos extras proporcionalmente ao seu raio externo.
153
Por convenção, todos os valores de torque mostrados são relativos a três pás,
embora o modelo CFD tenha apenas uma, devido à simetria circular.
A
Tabela 30 mostra a influência do raio do domínio sobre o torque do modelo
CFD. Os valores não sombreados são resultados de simulações e os sombreados
foram calculados. As variações do torque para RD
60m foram determinadas a partir
da equação da linha de tendência da
Figura 71 e os torques foram calculados a
partir dessas variações. A
Tabela 30 também mostra que o torque tende a 2939,23
Nm à medida que o modelo se aproxima de um escoamento livre (R
D
=90m, ou 17
R
M
).
Tabela 30: Influência do raio do domínio no torque do modelo
Valores
R
D
(m)
M
M
(Nm)
|ΔM
M
|
(Nm)
Erro do Torque
(M
M
/M
M90
-1)
7,5 3248,70 0,00 10,53%
Simulados
15 3011,85 236,85 2,47%
30 2959,08 52,77 0,68%
45 2944,02 15,06 0,16%
60 2940,38 3,64 0,04%
Calculados
75 2939,46 0,92 0,01%
90 2939,23 0,23 0,00%
Figura 71: Influência do raio do domínio no torque do modelo
Tomando-se o torque de 2939,23 Nm como correto, foi calculado o erro do
torque em função de R
D
, conforme a Tabela 30 e Figura 72. Nelas, pode-se notar
que o erro é inferior a 1% para RD
30m. Como o valor da assíntota foi determinado
a partir de poucos pontos simulados, e pensando de modo conservador, optou-se
154
por assumir R
D
= 45m (ou seja, 8,6 R
T
) como raio externo do domínio. Nesse caso, o
erro estimado do torque é de apenas 0,16%.
Figura 72: Influência do raio do domínio no erro do torque do modelo
4.4.4 – Otimização da malha tridimensional
A otimização da malha tridimensional refere-se à faixa de quantidade de
elementos possível de ser utilizada com o computador disponível.
A malha do volume compreendido entre 7,5m e 45m ficou com 28 mil
elementos. Assim, a malha entre o raio interno (0,25m) e 7,5m foi reconstruída de
forma a possuir cerca de 757 mil elementos para que a quantidade total de
elementos voltasse a ser 785 mil. O tempo total de uma simulação para essa malha
é de aproximadamente 58 horas com o equipamento utilizado.
Alterando-se os parâmetros de alocação de memória do computador, recurso
disponível no CFX, e reduzindo-se ao máximo a memória necessária para os
processos do sistema operacional, foi possível simular uma malha com cerca de 873
mil elementos. Os 88 mil elementos foram adicionados na região de referência. O
tempo necessário para essa simulação foi de 75 horas.
Levando-se em consideração que as regiões distantes da pá já estão
otimizadas (isto é, já possuem a quantidade mínima de elementos), o estudo de
malha foi feito através da redução da quantidade dos elementos na região de
referência (tronco de cone de bases elípticas). Os parâmetros variados foram os
números de elementos sobre os aerofólios e radiais aos aerofólios. O número de
155
elementos ao longo do comprimento da pá, entre as estações 3 e 31, não foi
alterado porque também já havia sido otimizado (total de 42 elementos, ou seja,
média de 95 mm por elemento). A
Tabela 31 mostra os parâmetros da malha da
região de referência do modelo tridimensional e os torques correspondentes.
Através da linha de tendência da
Figura 73, pôde-se estimar que o torque
tende a um valor máximo de 2962,6 Nm a partir de 905 mil elementos. Tomando-se
esse valor de torque como referência, foi calculado, a partir da
Tabela 31, o erro do
torque em função do número de elementos do domínio, conforme a
Tabela 32. Essa
tabela mostra que a “Malha T2” possui um erro de 0,63%. Tendo em vista o erro
menor que 1% dessa malha, o aumento no tempo necessário para simular a “Malha
T1” (mais 17 horas, ou 29%) e a necessidade de estudar o comprimento L
D
do
domínio, optou-se por utilizar a “Malha T2” para estudar o comportamento da pá.
Tabela 31: Parâmetros da malha da região de referência e torque do modelo
Malha
N° total de
N° de Elementos na região de referência
Torque
elementos Total Perímetro Radiais aos do Modelo
do domínio
da região dos aerofólios aerofólios
(N.m)
T1 872945 626841 262 54 2957,6
T2 785146 539042 235 50 2944,0
T3 689760 443656 225 44 2858,9
T4 630744 384640 210 41 2819,7
Figura 73: Influência do número de elementos do domínio no torque do modelo
156
Tabela 32: Influência do número de elementos da malha do domínio no torque do modelo
Malha
N° total de
elementos
do domínio
Erro do Torque
(1 - M
M
/2962,6)
T1 872945 0,17%
T2 785146 0,63%
T3 689760 3,50%
T4 630744 4,82%
A
Tabela 33 resume os parâmetros da região de referência da Malha T2.
Tabela 33: Resumo dos parâmetros da malha T2 para a região de referência
Parâmetro de malha Valor
Espessura da 1ª camada (m) 2,50E-06
N°. Elementos sobre os aerofólios 235
N°. Elementos radiais aos aerofólios 50
N°. Elementos na envergadura da região 42
A
Tabela 34 resume os parâmetros do modelo CFD utilizados. Essa
configuração foi utilizada para todas as simulações feitas desse ponto em diante
(exceto as velocidades de entrada e de rotação). As condições contorno de entrada
e de saída foram alteradas para uniformizar o escoamento (conforme foi visto no
caso bidimensional, essa mudança tem pouca influência sobre os resultados).
Tabela 34: Resumo do modelo CFD 3D
Modelo Parâmetro Condição
Fluido
Tipo Ar
Temperatura 25°C
Entrada/Saída Velocidade Normal/ Pressão Estática
Condições de
Parede Externa e Eixo do Rotor Adiabática - Com escorregamento
Contorno
Paredes Laterais Simetria Circular
Adiabática - Sem escorregamento
Simulação Estacionária - Subsônica
Velocidade de entrada 12 m/s
Velocidade de rotação 25 rpm
Modelo
Transferência de calor Energia total com efeitos viscosos
Analisado
Modelo de Turbulência kw - SST
Turbulência de entrada 0,05%
Tamanho do turbilhão 0.0001*corda (estação E03)
Controle do Reynolds de Transição 550
Critério Conservativo
Convergência
Resíduos RMS 1E-05
Iterações (tempo) 550 (máximo: 64 horas)
Torque convergido
157
4.4.5 – Espessura do domínio
Para simular um escoamento livre na direção axial, foi adicionada à
espessura inicial de 13,32 m (
Tabela 28) mais 60 m de espessura a jusante. Foi
utilizada uma expansão exponencial dos elementos de malha com fator de 1,2. Esse
volume adicional de domínio necessitou de aproximadamente 48 mil elementos,
acrescentados à malha T2 contando, novamente, com recursos de alocação de
memória. O torque do modelo obtido neste caso foi de 2994,0 Nm, ou seja, 1,70%
maior que aquele obtido com a malha T2. O tempo gasto com essa simulação foi de
61h aproximadamente (3 horas, ou 5,2%, a mais).
No entanto, através da esteira dessa simulação tomada na direção axial,
pôde-se perceber que uma espessura adicional de 20m apenas é suficiente para
dissipar a esteira (
Figura 74). A malha correspondente a esses 20m necessitou de
24 mil elementos. O torque resultante da nova simulação foi de 2992,8 Nm (1,66%
maior que o da malha T2). Essa malha, denominada “Malha T2 Estendida”, possui,
então, 809 mil elementos. A
Tabela 35 mostra as dimensões finais do domínio.
Figura 74: Visualização da esteira axial no domínio com espessura adicional de 60m
Tabela 35: Dimensões finais do modelo CFD do escoamento
Símbolo Descrição
Valor (m)
R
D
Raio externo do domínio
45
R
C
Raio interno do domínio
0,25
L
D
Espessura do domínio 33,32
D
E
Distância entre o rotor e a entrada
5,33
D
S
Distância entre o rotor e a saída
27,99
158
4.4.6 – Comparação entre resultados obtidos por CFD e pelo método
BEM
Considerando que Re
M
/Re
T
=0,1396, R
M
=5,220m, R
T
=37,383m,
ω
M
=179,04rpm=18,749rad/s e que o torque do modelo é M
M
=2992,8Nm (Malha T2
Estendida), a potência no eixo do rotor em escala natural, calculada através da
eq.(78), é igual a 1,941MW.
Esse valor, obtido através de simulação do modelo CFD em regime
permanente, construído em escala reduzida e corrigido através de considerações de
similaridade dinâmica de asas rotativas, é numericamente próximo ao valor
calculado pelo método BEM: 1,937MW (variação de +0,21%).
Porém, deve-se ter em mente que foi assumida uma alteração da geometria
da ponta da pá, conforme o item 4.3.2, que aumenta a eficiência aerodinâmica do
rotor (através da redução da turbulência do vórtice de ponta de pá) conforme os
itens 2.3.2 e 2.4.13. Isso significa que a potência obtida por simulação seria menor
se essa modificação não tivesse sido feita.
O aumento do raio do rotor de 35m para 37,383m influiu no coeficiente de
potência, pois pela eq.(3), a potência disponível do vento passou de 3,940 MW para
4,495MW. Pela eq.(11), o C
P
variou de 49,2% (calculado, método BEM) para 43,2%
(simulado, malha T2 estendida). Em outras palavras, o aumento da área varrida
influenciou significativamente o C
P
, pois a potência do rotor permaneceu constante.
4.4.7 – Otimização da torção através da fluidodinâmica computacional
A malha utilizada para a otimização da torção foi a “T2 Estendida”. A Tabela
36 mostra o torque local por unidade de comprimento para cada ângulo e para cada
estação. Nela, as células sombreadas relacionam os maiores torques com a
variação de passo local
θ de cada estação. A coluna θ
Mmáx
foi obtida através da
análise de variação do torque em função da variação do passo de cada estação,
conforme os gráficos do Apêndice E. A coluna
θ
CFD
mostra o passo de cada estação
otimizada (
θ
CFD
= θ + θ
Mmáx
).
159
Tabela 36:Torque por unidade de comprimento na região de cada estação
Estação r
M
θ
Torque local (Nm/m)
θ
Mmáx
θ
CFD
(BEM)
Variação de passo
Δ
θ (°)
(m) (°) 4 2 1 0 -1 -2 -3 (°) (°)
1
1,049 10,312 151,37 170,28 172,07 176,75 175,51 175,34 175,32 -0,8 9,512
3
1,222 9,443 256,59 288,22 289,61 300,02 307,04 303,48 301,97 -1,3 8,143
5
1,431 8,354 257,18 286,04 295,05 300,88 312,03 318,20 323,64 -3,2 5,154
7
1,711 6,897 270,87 303,86 315,44 321,58 335,14 341,21 344,92 -2,7 4,197
9
1,990 5,131 280,99 320,14 328,08 334,85 348,82 354,89 357,85 -2,7 2,431
12
2,409 3,230 346,74 400,31 410,90 418,39 435,06 442,88 447,30 -2,7 0,530
15
2,828 3,035 380,70 453,38 471,41 481,05 508,79 520,11 531,94 -3,0 0,035
21
3,665 2,768 426,57 519,07 542,51 548,83 590,50 597,38 610,46 -2,7 0,068
26
4,398 0,938 492,96 564,18 598,07 608,74 632,85 632,69 628,10 -2,1 -1,162
28
4,678 -0,427 577,06 666,54 683,93 695,35 699,88 686,85 620,53 -0,8 -1,227
30
4,887 -1,732 520,86 596,89 607,23 611,22 617,22 598,04 534,44 -0,9 -2,632
31
5,220 -4,479 142,21 137,36 122,96 101,35 68,82 59,42 28,23 3,4 -1,079
Assim, foi levantado o gráfico da
Figura 75 que mostra a torção da pá
otimizada por CFD em função do raio.
Para efeito de comparação também é mostrado a torção calculada pelo
método BEM com a ponta modificada, de acordo com a
Tabela 26 (ou coluna “θ
BEM” na
Tabela 36). Esse gráfico mostra que a otimização por CFD levou a uma
variação significativa da torção em relação àquela calculada pelo método BEM: em
geral resultou em um decréscimo do passo das estações. Isso se deve ao método
BEM considerar um elemento anular, ou seja, ele despreza a influência de um
aerofólio sobre outro através do escoamento radial.
Também é interessante notar que na região da ponta a variação do passo
sofre uma inflexão, que é uma conseqüência do efeito tridimensional do vórtice de
ponta de pá. No modelo do método BEM não foi observada essa inflexão porque
esse efeito não foi considerado.
160
Figura 75: Torção da pá otimizada por CFD
Foi tomada a linha de tendência da torção otimizada através de CFD
(apresentada na figura acima) e realizada uma nova simulação. A
Tabela 37 mostra
o passo de cada estação conforme essa linha de tendência.
Tabela 37: Passo otimizado das estações (obtido pela linha de tendência)
Estação
r
M
(m)
θ
CFD
(tendência)
(°)
1
1,0491 9,617
3
1,2218 7,872
5
1,4313 6,054
7
1,7105 4,008
9
1,9898 2,350
12
2,4087 0,643
15
2,8276 -0,095
21
3,6654 0,056
26
4,3985 -1,075
28
4,6778 -1,921
30
4,8872 -2,289
31
5,2200 -1,133
O torque do modelo obtido para a torção otimizada por CFD foi de 3218,4Nm.
Aplicando-se a correção de similaridade dinâmica (eq. (78)), analogamente ao item
4.4.6, chegou-se uma potência no eixo do rotor em escala natural de 2,087MW
161
(7,52% maior que aquela obtida antes da otimização) para a condição nominal de
vento e de rotação. O C
P
aumentou, então, para 46,4%.
Esse aumento significativo da potência através da otimização por CFD da
torção evidencia a vantagem da utilização da fluidodinâmica computacional.
A
Figura 76 mostra a esteira do rotor otimizado para uma energia cinética de
turbulência de 0,1 m
2
/s
2
, desde a região do rotor até a condição de contorno de
saída.
Figura 76: Visualização da esteira do rotor. Energia cinética de turbulência de 0,1 m
2
/s
2
Os dados, obtidos por CFD, de potência do eixo em função da velocidade de
rotação para a condição nominal de vento são mostrados na
Tabela 38, que mostra
o torque do modelo obtido para cada rotação e a potência correspondente do eixo
do rotor em escala real, calculada através da eq. (78). A potência máxima foi de
2,521MW para a rotação de 33rpm.
Tabela 38: Otimização da torção: torque do modelo CFD e potência do eixo do rotor em escala
natural
n
(rpm)
M
M
(Nm)
P
ROTOR
(W)
33 2945,08 2,521E+06
31 3124,80 2,513E+06
29 3240,30 2,438E+06
27 3288,30 2,303E+06
25 3218,40 2,087E+06
23 3066,90 1,830E+06
21 2838,06 1,546E+06
15 1535,70 5,976E+05
10
188,65 4,894E+04
0 0,00 0,000E+00
162
4.4.8 – Ajuste da rotação nominal por CFD através da variação da
distribuição da corda
A diferença significativa entre a velocidade de rotação de máxima potência
(33rpm) e a de projeto (25rpm) vem da simplificação do algoritmo iterativo do método
BEM utilizado, que não considerou o escoamento radial e as perdas das
extremidades no cálculo da distribuição de corda.
O ajuste da rotação nominal por CFD, realizado com o objetivo de maximizar
a potência do equipamento na condição nominal, necessitou de duas iterações para
que a velocidade de rotação de projeto fosse atingida, pois para a determinação da
velocidade local não foram consideradas as velocidades induzidas (foi admitido que
V
LOCAL
2
= V
0
2
+ ω
2
r
M
2
). A torção utilizada foi a da Tabela 37. A grandeza maximizada
foi a potência local por unidade de comprimento. As curvas de potência para cada
estação são dadas no Apêndice F. Foi utilizado o critério de igualdade do número de
Reynolds local para determinar a corda equivalente a uma rotação de 25rpm. Foram
assumidas
ρ = 1,185 kg/m3 e μ = 1,831E-05 kg/(m s).
A
Tabela 39 mostra a distribuição de potência de cada estação da pá para
diferentes velocidades de rotação. A
Tabela 40 mostra a nova distribuição de corda
(c
EQ1
), calculada através do número de Reynolds local de cada estação. Nessa
tabela pode ser percebido o aumento da solidez do rotor.
Tabela 39: 1° Ajuste: Potência por unidade de comprimento na região de cada estação
Estação r
M
c
M
Distribuição de Potência (W/m) V0=12m/s Máximos Locais
33 31 29 27 25 23 21 Potência n
(m) (m)
(rpm) (rpm) (rpm) (rpm)
(rpm)
()
(rpm) (rpm) (W/m) (rpm)
1 1,049 0,422 4205 4267 4085 3763 3427 2938 2657 4272 31,6
3 1,222 0,444 6973 7021 6733 6263 5769 5003 4523 7037 31,8
5 1,431 0,391 6995 6989 6755 6397 5937 5164 4458 7012 32,2
7 1,711 0,333 7614 7545 7378 6973 6403 5593 4445 7615 33,2
9 1,990 0,288 7951 7920 7736 7234 6532 5617 4312 7966 32,2
12 2,409 0,241 10431 10218 9737 9031 8141 6441 4672 10438 33,4
15 2,828 0,211 12246 12039 11540 10738 9850 8532 7223 12251 33,3
21 3,665 0,182 13565 13628 13192 12509 11496 10305 9121 13655 31,8
26 4,398 0,164 13739 13861 13504 13012 11938 10823 9419 13859 31,5
28 4,678 0,154 15763 15593 15090 14162 12982 11497 9708 15764 32,8
30 4,887 0,124 14153 13994 13496 12551 11439 10136 8645 14159 32,7
31 5,220 0,043 3944 3888 3733 3440 3115 2754 2356 3945 32,8
163
Tabela 40: 1° Ajuste: Determinação da corda equivalente para a rotação de projeto
Estação r
M
c
M
Escoamento Local
Projeto: n=25rpm
V
LOCAL
Re
M
V
LOCAL
c
EQ1
(m) (m)
(m/s) (m/s) (m)
1 1,049 0,422 27,6 753909 23,0 0,506
3 1,222 0,444 31,5 905584 25,9 0,541
5 1,431 0,391 36,6 924770 29,4 0,486
7 1,711 0,333 44,2 952871 34,2 0,430
9 1,990 0,288 49,5 922877 39,2 0,364
12 2,409 0,241 61,5 957838 46,7 0,317
15 2,828 0,211 71,6 978701 54,4 0,278
21 3,665 0,182 88,2 1041359 69,8 0,231
26 4,398 0,164 104,6 1112554 83,3 0,206
28 4,678 0,154 115,7 1155252 88,5 0,202
30 4,887 0,124 120,4 969137 92,4 0,162
31 5,220 0,043 129,0 362566 98,6 0,057
A geometria do modelo foi então alterada e foram feitas simulações para
diferentes velocidades de rotação. Os resultados dessas simulações são mostrados
na
Tabela 41, que mostra que a máxima potência no eixo do rotor, calculada pela
eq. (78), pouco se alterou (de 2,521MW para 2,532MW), mas a rotação equivalente
foi reduzida de 33rpm para 27rpm.
Tabela 41: 1° Ajuste: torque do modelo CFD e potência do eixo do rotor em escala natural
n
(rpm)
M
M
(Nm)
P
ROTOR
(W)
29 3268,80 2,459E+06
27 3615,30 2,532E+06
25 3772,80 2,447E+06
23
3765,30 2,247E+06
21 3616,80 1,971E+06
Os resultados do segundo ajuste são dados na
Tabela 42 e na Tabela 43,
onde pode ser percebido um novo aumento da solidez do rotor (c
EQ2
>c
EQ1
). O
modelo foi novamente alterado para que outras simulações fossem feitas. Os
resultados das simulações são dados na
Tabela 44. A potência máxima pouco se
alterou (passou de 2,532MW para 2,525MW.
Assim, de um modo geral a potência máxima permaneceu constante e a
rotação correspondente se aproximou dos 25rpm, conforme esperado.
164
Tabela 42: 2° Ajuste: Potência por unidade de comprimento na região de cada estação
Estação r
M
c
EQ1
Distribuição de Potência (W/m) V0=12m/s Máximos Locais
29 27 25 23 21 Potência n
(m) (m)
(rpm) (rpm) (rpm) (rpm) (rpm) (W/m) (rpm)
1 1,049 0,506 3929 4230 4119 3598 2657 4230 27,0
3 1,222 0,541 6699 6925 6678 5960 4523 6925 27,0
5 1,431 0,486 7052 7099 6804 6164 4458 7122 27,7
7 1,711 0,430 7900 7907 7581 6922 4445 7945 28,0
9 1,990 0,364 8260 8275 7935 7238 4312 8313 27,9
12 2,409 0,317 10502 10686 10284 9295 4672 10696 27,4
15 2,828 0,278 11999 12224 11749 10575 7223 12235 27,4
21 3,665 0,231 13829 13892 13397 12346 9121 13934 27,8
26 4,398 0,206 12699 13792 13870 12932 9419 13960 25,8
28 4,678 0,202 12932 14621 14972 13984 9708 15009 25,5
30 4,887 0,162 11838 12981 13101 12199 8645 13176 25,8
31 5,220 0,057 3340 3431 3330 3037 2356 3431 27,1
Tabela 43: 2° Ajuste: Determinação da corda equivalente para a rotação de projeto
Estação r
M
c
EQ1
Escoamento Local Projeto: n=25rpm
V
LOCAL
Re
M
V
LOCAL
c
EQ2
(m) (m)
(m/s) (m/s) (m)
1 1,049 0,506 24,4 798312 23,0 0,535
3 1,222 0,541 27,5 962892 25,9 0,575
5 1,431 0,486 32,1 1008688 29,4 0,530
7 1,711 0,430 37,9 1053841 34,2 0,476
9 1,990 0,364 43,3 1020371 39,2 0,402
12 2,409 0,317 50,9 1043976 46,7 0,345
15 2,828 0,278 59,3 1068268 54,4 0,304
21 3,665 0,231 77,4 1154710 69,8 0,256
26 4,398 0,206 85,9 1147429 83,3 0,213
28 4,678 0,202 90,3 1177936 88,5 0,206
30 4,887 0,162 95,3 999634 92,4 0,167
31 5,220 0,057 106,8 392588 98,6 0,062
Tabela 44: 2° Ajuste: torque do modelo CFD e potência do eixo do rotor em escala natural
n
(rpm)
M
M
(Nm)
P
ROTOR
(W)
27 3479,70 2,437E+06
25 3893,10 2,525E+06
23 3948,00 2,356E+06
21 3854,70 2,100E+06
A
Tabela 45 e a Figura 77 mostram uma comparação entre as distribuições
de torque para os casos do 2º ajuste da rotação, da otimização da torção e da
geometria obtida pelo método BEM com ponta modificada. Pode-se notar que a
geometria final (2º ajuste da rotação) aumentou o torque local em praticamente
165
todas as estações. Além disso, a distribuição do torque não ficou bem comportada
como aquela calculada através do método BEM (
Figura 67). Isso se deve ao
escoamento radial sobre a pá, percebido pelo modelo CFD e desprezado pelo
método BEM. Assim, na região próxima à raiz da pá (até a Estação 7) e próximo à
ponta (Estação 28), o escoamento radial leva a um aumento da eficiência
aerodinâmica local, resultando em um maior torque.
Tabela 45: Comparação entre distribuições e torque (resultados simulados)
Estação r
M
Distribuição de torque do modelo (Nm/m)
2º Ajuste da Otimização
BEM ponta
(m)
Rotação Torção modificada
1 1,0491 221,85 182,79 176,75
3 1,2218 370,28 307,68 300,02
5 1,4313 383,34 316,67 300,88
7 1,7105 425,46 341,51 321,58
9 1,9898 445,95 348,37 334,85
12 2,4087 573,19 436,32 418,39
15 2,8276 660,08 525,38 481,05
21 3,6654 748,49 613,14 548,83
26 4,3985 749,08 636,74 608,74
28 4,6778 806,82 692,43 695,35
30 4,8872 701,81 610,10
611,22
31 5,2200 177,38 166,12 101,35
Figura 77: Comparação entre distribuições de torque obtidas por simulação
166
4.4.9 – Geometria final do rotor e evolução da curva de potência
Baseado na distribuição de corda do modelo c
EQ2
após o 2º ajuste da rotação
nominal (
Tabela 43), na torção obtida após a otimização (Tabela 37) e no fator de
redução de escala h=0,1396, foram construídas a
Tabela 46 e a Figura 78, que
mostram a geometria final da pá. Nessa figura também podem ser observada a
posição relativa dos principais aerofólios, além de uma visualização do aumento da
corda após o ajuste da rotação para a condição nominal.
Tabela 46: Geometria final da pá em escala natural
Estação
Raio
(m)
Corda
(m)
θ
(°)
1
7,513
3,834 9,617
3 8,750 4,120 7,872
5 10,250 3,797 6,054
7 12,250 3,406 4,008
9 14,250
2,881
2,350
12 17,250
2,472
0,643
15 20,250
2,175
-0,095
21 26,250
1,832
0,056
26 31,500
1,524
-1,075
28 33,500
1,473
-1,921
30 35,000
1,197 -2,289
31 37,383 0,441 -1,133
Figura 78: Visualização em escala da geometria final da pá
A
Figura 79 mostra a potência no eixo do rotor em função da velocidade de
rotação, desde a geometria calculada pelo método BEM com a ponta modificada, até
167
o 2° ajuste (resultados obtidos por simulação). Nessa figura pode ser visto que a
otimização da torção resultou em um aumento da potência de eixo máxima, mas a
velocidade de rotação correspondente a esse ponto máximo ficou acima da
condição nominal. Os ajustes de rotação realizados levaram o ponto de potência
máxima para 25,3rpm, valor considerado satisfatório (mais ajustes podem aumentar
a precisão), mas praticamente não alteraram o seu valor.
Figura 79: Evolução da curva de potência
Considerando a condição nominal (V
0
=12m/s e 25rpm), a figura acima deixa
claro o significativo aumento da potência, que passou de 1,941MW para 2,528MW
(potência maximizada e ajustada), ou seja, um aumento de 30,2%. O C
P
correspondente à potência máxima ficou, então, igual a 56,2%.
Assim, as perdas aerodinâmicas e as não aerodinâmicas (por exemplo, da
caixa de engrenagens e do gerador), podem ser de até 40,6% para que a potência
elétrica de saída seja de 1,5MW. Se, sob condições reais de operação (sem as
hipóteses simplificadoras) as perdas dos demais componentes e sistemas da turbina
forem menores que esses 40,6% a turbina estará superdimensionada. Nesse caso,
um novo estudo sobre o aumento necessário do raio do rotor para a redução da
corda da ponta (menor que os 2,383m resultantes da aplicação da similaridade de
área) deve ser realizado.
168
4.4.10 – Influência da simplificação da malha tridimensional
Tomando-se a região elíptica de referência da malha tridimensional (Malha
T2), foi criada a Malha Bidimensional Equivalente (MBE). Os dados dessa malha são
mostrados na
Tabela 47, bem como os da malha bidimensional validada.
Tabela 47: Malhas bidimensionais: validada e equivalente à malha tridimensional
Parâmetro da malha
Malha B
(bidimensional validada)
Malha Bidimensional Equivalente
(MBE)
Altura da primeira camada (mm) 0,0025 0,0025
N° elementos no perímetro aerofólio 350
235
N° elementos radiais 160
57
N° elementos na espessura 2 2
O modelo CFD bidimensional utilizado foi o mesmo que o validado, conforme
a
Tabela 10. Os resultados das simulações com a malha MBE são mostrados na
Tabela 48 (Simulado 3D) e comparados aos resultados experimentais. Através
dessa tabela pode-se perceber que, em relação à malha validada (
Tabela 12), o
coeficiente de correlação permaneceu praticamente o mesmo no caso do C
L
diminuiu pouco no caso do C
D
.
Tabela 48: CL e CD para os casos Bidimensional Equivalente e Experimental
Resultados
Simulado 3D Experimental
Ângulo (°) CL CD CL CD
-5,02 -0,200 0,0165 -0,182 0,0162
-4,02 -0,122 0,0117 -0,136 0,0097
-2,01 0,054 0,0096 0,091 0,0083
0,00 0,270 0,0092 0,306 0,0086
2,03 0,493 0,0098 0,522 0,0086
4,03 0,704 0,0111 0,750 0,0103
5,04 0,814 0,0120 0,858 0,0095
6,04 0,909 0,0131 0,949 0,0092
7,03 0,932 0,0169 0,955 0,0097
8,05 0,913 0,0238 0,908 0,0122
9,05 0,902 0,0314 0,863 0,0161
10,03 0,916 0,0384 0,909
12,06 1,004 0,0515 1,000
14,08 1,027 0,0733 1,068
Coef. de correlação geral 0,9981 0,7830 1 1
Desvio Absoluto Médio geral 0,0274 0,0042 0 0
169
A
Figura 80 mostra as curvas de sustentação e de arrasto obtidas (CL_sim 3D
e CD_sim 3D). Também são mostradas nessa figura, para efeito de comparação, as
curvas experimentais (CL_exp e CD_exp) e as resultantes da validação
bidimensional (CL_sim 2D e CD_sim 3D).
Figura 80: Curvas de sustentação e de arrasto Validada, Experimental e Bidimensional
Equivalente (aerofólio NREL S827).
Para uma melhor comparação, os dados foram separados em duas regiões:
uma de pré-estol (onde a turbina em questão deve operar) e outra de estol,
conforme a
Tabela 49 e a Tabela 50 respectivamente.
Tabela 49: Resultados da região pré-estol
Resultados C
L
C
D
Ângulo (°) Experimental Simulado 2D Simulado 3D
Experimental
Simulado 2D Simulado 3D
-5,02 -0,182 -0,160 -0,200 0,0162 0,0143 0,0165
-4,02 -0,136 -0,143 -0,122 0,0097 0,0098 0,0117
-2,01 0,091 0,064 0,054 0,0083 0,0082 0,0096
0,00 0,306 0,286 0,270 0,0086 0,0083 0,0092
2,03 0,522 0,515 0,493 0,0086 0,0085 0,0098
4,03 0,750 0,734 0,704 0,0103 0,0090 0,0111
5,04 0,858 0,843 0,814 0,0095 0,0095 0,0120
6,04 0,949 0,937 0,909 0,0092 0,0103 0,0131
Coef. Correlação 1 0,9995 0,9995 1 0,9515 0,8886
Desvio médio 0
0,0157 0,0329 0 0,0006 0,0016
170
Tabela 50: Resultados da região de estol
Resultados
C
L
C
D
Ângulo (°) Experimental Simulado 2D Simulado 3D
Experimental
Simulado 2D Simulado 3D
7,03 0,955 0,977 0,932 0,0097 0,0134 0,0169
8,05 0,908 0,988 0,913 0,0122 0,0195 0,0238
9,05 0,863 0,963 0,902 0,0161 0,0305 0,0314
10,03 0,909 0,953 0,916
12,06 1,000 0,956 1,004
14,08 1,068 1,023 1,027
Coef. Correlação 1 0,6287 0,9596 1 0,9993 0,9951
Desvio médio 0
0,0558 0,0200 0 0,0085 0,0114
Através da comparação entre as duas tabelas acima, pôde-se concluir que:
1. No caso do C
L
:
A correlação com os resultados experimentais é praticamente a mesma
para as duas malhas na região pré-estol e bem melhor para a malha MBE
(Simulado 3D) na região de estol;
O desvio médio dessa malha é maior na região de pré-estol e menor na
região de estol;
2. No caso do C
D
:
A correlação da malha MBE é menor na região de pré-estol e praticamente
a mesma na região de estol;
O desvio médio dessa malha é maior em ambas as regiões;
3. A malha MBE tende a apresentar C
L
menor e C
D
maior que os resultados
experimentais, inclusive na região pré-estol.
A última conclusão acima, à luz da eq. (22), indica que, para uma dada
condição de operação, o torque do modelo tridimensional é menor do que o torque
real e essa redução é conseqüência da necessária redução da quantidade de
elementos da malha.
Mas o torque é proporcional à resultante aerodinâmica, que por sua vez é
proporcional à área da pá e, portanto, à solidez do rotor (razão entre a área das pás
e a área varrida por elas). Assim, pode-se concluir que o ajuste da rotação nominal
utilizando a malha MBE e através da variação da distribuição da corda levou a um
rotor com solidez maior do que a necessária. Em outras palavras, para cada
171
condição de operação, a mesma potência de eixo pode ser atingida por rotores com
pás mais delgadas. É possível fazer a otimização da distribuição de corda em um
equipamento com maior capacidade de memória e com a malha ideal de 4,5 milhões
elementos, correspondente à bidimensional validada.
A influência da redução de elementos de malha na torção obtida por CFD foi
avaliada através da
Tabela 51 e da Figura 81, que mostram a variação da curva
C
L
/C
D
do aerofólio S827 (utilizado na validação bidimensional) para os casos:
Experimental, Validado e Bidimensional Equivalente (a linha sombreada da tabela
marca a condição ótima: máximo C
L
/C
D
). Além disso, pode-se perceber que o ângulo
de máximo C
L
/C
D
não foi influenciado pela malha e está de acordo com os
resultados experimentais (6,04°).
Assim, considerando que o ajuste do passo de cada estação corresponde ao
ponto ótimo de operação do aerofólio sob escoamento tridimensional, pode-se
concluir que a otimização por CFD resultou em uma torção da pá satisfatória.
Também na
Tabela 51 e na Figura 81 fica evidente que a malha MBE resulta
em uma relação C
L
/C
D
menor que os demais casos. No entanto, uma análise
quantitativa da influência da malha na distribuição de corda não pôde ser feita por
esse método devido à influência do escoamento radial (tridimensional) no
rendimento aerodinâmico da pá.
Tabela 51: Relação C
L
/C
D
em função do ângulo de ataque
Resultados CL/CD
Ângulo (°) Simulado 2D Experimental Simulado 3D
-5,02 -11,189 -11,235 -12,101
-4,02 -14,592 -14,021 -10,412
-2,01 7,805 10,952 5,629
0,00 34,458 35,581 29,427
2,03 60,588 60,698 50,485
4,03 81,556 72,816 63,289
5,04 88,737 90,316 68,041
6,04 90,971 103,152 69,386
7,03 72,910 98,454 55,126
8,05 50,667 74,426 38,319
9,05 31,574 53,602 28,680
10,03 24,499 23,856
12,06 18,819 19,504
14,08 14,091 14,019
172
Figura 81: Curvas C
L
/C
D
Validada, Experimental e Bidimensional Equivalente.
4.5 – Levantamento de curvas do rotor
A Tabela
52 mostra o torque do modelo CFD e a potência no eixo do rotor em
escala natural para diferentes velocidades de vento (da região de transição) e de
rotação. Os pontos de máxima potência para cada velocidade de vento,
apresentados na
Tabela 53, foram determinados através de polinômios de 2º grau
(Apêndice G). A
Figura 82 foi construída a partir dessas tabelas e mostra a curva
característica de Potência x Rotação, que liga os pontos de máxima potência.
Tabela
52: Torque do modelo e potência do rotor para a região de transição
V
0
(m/s) n (rpm) M
M
(Nm) P
ROTOR
(W)
27 3479,70 2,437E+06
12
25 3893,10 2,525E+06
23 3948,00 2,356E+06
27 2073,27 1,452E+06
10
25 2336,73 1,516E+06
23 2503,44 1,494E+06
23 1288,80 7,690E+05
8
21 1437,18 7,830E+05
18 1495,03 6,982E+05
21 464,43 2,530E+05
6
15 839,73 3,268E+05
10 870,24 2,258E+05
15 153,50 5,974E+04
4
10
367,02 9,522E+04
5 210,64 2,732E+04
173
Tabela 53: Pontos de máxima potência para cada velocidade de vento
V
0
(m/s)
n
(rpm)
P
ROTOR
(W)
12 25,3 2,528E+06
10 24,5 1,518E+06
8 21,5 7,848E+05
6 15,9
3,293E+05
4 10,8 9,649E+04
0 0,0 0
Figura 82: Curva de potência em função da rotação – Região de transição
A
Tabela 54 mostra o torque do modelo CFD e a potência do rotor em escala
natural para dois passos da pá e diferentes velocidades de vento (região de regime).
A rotação é constante (condição nominal).
Tabela 54: Torque do modelo e potência do rotor para a região de regime
Passo
da Pá
V
0
(m/s)
n
(rpm)
M
M
(Nm)
P
ROTOR
(W)
16 25 6314,70 4,096E+06
14 25 4733,40 3,070E+06
12 25 3281,70 2,129E+06
24 25 5741,40 3,724E+06
20º
22 25 3850,20
2,497E+06
20 25 2183,46 1,416E+06
174
A
Figura 83, baseada na Tabela 54, mostra as curvas de potência em função
da velocidade do vento para cada passo. Através dessas curvas, e considerando a
potência na condição nominal (2,525MW), foi possível determinar as velocidades de
vento correspondentes aos passos de pá simulados: 12,8m/s para 5º e 22,0m/s para
20°.
Figura 83: Curvas de potência em função do vento – Região de regime
A
Tabela 55 mostra um resumo dos resultados simulados e que descrevem o
comportamento do rotor estudado. Por simplificação foi considerado que o ajuste da
rotação atingiu o valor de 25rpm. A
Figura 84, baseada nessa tabela, mostra as
curvas características do rotor, as quais estão coerentes com teoria aerodinâmica
para turbinas eólicas. É importante lembrar que, neste trabalho, o caso estudado é
ideal e o foco está na dinâmica de fluídos (não são considerados fenômenos
estruturais e aeroelásticos, o rotor é alinhado com o vento, que é uniforme em toda
área varrida pelas pás, os ângulos de inclinação, de deflexão e de cone do rotor são
desprezados, a análise é estacionária, etc.). Isso significa que deve ser esperada
uma redução no valor de C
P
(e, consequentemente, na potência do rotor) em um
caso real.
175
Tabela 55: Comportamento do rotor
Operação Passo
V
0
(m/s)
n
(rpm)
P
ROTOR
(W)
C
P
Regime 20º
22,0 25,0 2,528E+06 0,092
12,8 25,0 2,528E+06 0,459
12 25,0 2,528E+06 0,562
10 24,5 1,518E+06 0,584
Transição
8 21,5 7,848E+05 0,589
6 15,9 3,293E+05 0,586
4 10,8
9,649E+04 0,580
0 0,0 0,000E+00 0,000
Figura 84: Curvas características do rotor
A figura acima mostra que a potência do rotor aumenta com o aumento da
velocidade do vento na região de transição até que a condição nominal seja atingida.
O C
P
atinge seu valor máximo nessa região (8m/s aproximadamente), o que é
favorável ao bom desempenho do rotor. Para velocidades de vento maiores que a
nominal, o controle de passo age no sentido de limitar a velocidade de rotação e a
potência de saída.
176
5 - CONCLUSÕES
Neste trabalho foi realizado, através de considerações aerodinâmicas e de
análise CFD, o desenvolvimento preliminar das pás de uma turbina eólica de 1,5MW
de potência elétrica de saída. A geometria foi inicialmente calculada através do
método BEM. Em seguida, ela foi otimizada e ajustada por CFD para que a
velocidade de rotação nominal atingisse a máxima potência quando a velocidade de
vento estivesse na condição nominal.
A análise foi feita em regime estacionário, sendo considerados: vento
uniforme em toda a área varrida pelo rotor; eixo do rotor alinhado com o vento;
superfície da pá lisa (sem rugosidades). Foram desprezados os ângulos de
inclinação, de deflexão e de cone, os efeitos de fenômenos estruturais e de
aeroelasticidade.
A validação do modelo CFD bidimensional, levou a um ajuste de malha e de
escoamento cujos resultados simulados ficaram muito próximos dos resultados
experimentais de referência. A malha refinada, uma boa representação de um
escoamento livre (através do critério de velocidade do escoamento nas paredes do
domínio) e a utilização de um grande número de parâmetros de ajuste do modelo
CFD foram os principais fatores para a obtenção de resultados precisos. Os
parâmetros que mais influenciaram foram, quanto à malha, a espessura da primeira
camada (variação porcentual máxima do C
L
de 2,4% e de 8,7% para o C
D
) e, quanto
ao modelo de escoamento, o Controle do Reynolds de Transição (variação
porcentual máxima do C
L
de 12,5% e de 58,2% para o C
D
), parâmetro que influencia
a transição da camada limite laminar para turbulenta.
A utilização de interpolação linear para a obtenção dos dados geométricos de
aerofólios intermediários, e da malha validada para levantar as curvas características
dos aerofólios empregados no desenho da pá, resultou em distribuições coerentes
de força tangencial e de torque sobre a pá de acordo com a teoria aerodinâmica. A
potência de eixo calculada através do método BEM para o rotor de 70m de diâmetro
foi de 1,937MW.
O modelo CFD tridimensional foi construído com geometria da ponta da pá
modificada e com aproximadamente 14% das dimensões originais. Mesmo com a
redução de escala do rotor, foram necessárias mudanças nos parâmetros de malha
177
de modo a reduzir o número total de elementos de 4,5 milhões (malha ideal,
baseada na bidimensional validada) para 785 mil, privilegiando a manutenção da
malha original nas regiões próximas à pá.
A utilização da convergência do torque do modelo CFD como critério para
determinação das dimensões do domínio tridimensional levou a um cilindro com raio
de 45m e comprimento de 33,3m de modo que o escoamento livre pudesse ser bem
representado. O número de elementos da malha final do domínio (1/3 do cilindro)
passou a ser 809 mil.
As simulações forneceram valores de potência coerentes com os esperados
para um rotor em escala natural operando sob condições ideais. A potência no eixo
do rotor com ponta modificada (diâmetro de 74,77m), obtida por CFD, foi de
1,941MW.
O método de otimização por CFD da torção da pá através da maximização do
torque local das estações resultou em um aumento de 7,5% da potência de eixo na
condição nominal, que passou a ser de 2,087MW.
O ajuste por CFD da velocidade de rotação de máxima potência para a
rotação nominal, baseado no número de Reynolds local, levou a um aumento
significativo da solidez do rotor (razão entre área das pás e a área varrida por elas),
mas não influi no valor dessa potência máxima. A solidez obtida é maior do que a
esperada para um caso real devido à malha utilizada ter apenas 18% da quantidade
ideal de elementos, ainda que a redução de elementos tenha sido feita de modo a
privilegiar as regiões mais importantes. Isso significa que os mesmos resultados
devem ser atingidos em um caso real com pás de geometria mais delgada, sendo
necessário utilizar uma malha tridimensional refinada, tal como a “malha ideal” para
uma determinação precisa da distribuição da corda.
Assim, a potência máxima no eixo de 2,528MW atingida a 25,3rpm representa
um aumento de 30,2% em relação ao resultado simulado nessa mesma rotação
antes das modificações e dos ajustes (geometria calculada pelo método BEM e com
ponta modificada). O C
P
correspondente à potência máxima é de 56,2% para o caso
ideal estudado.
Finalmente, as curvas características do rotor, levantadas após a otimização e
o ajuste da velocidade de rotação, apresentaram-se coerentes com o que prevê a
178
teoria aerodinâmica para as turbinas eólicas. No entanto, devido às hipóteses
simplificadoras, deve ser esperada uma potência de eixo menor para um rotor real. A
região em que o C
P
é máximo ocorre para velocidades de vento menores que a
condição nominal (8m/s aproximadamente), favorecendo o bom desempenho do
rotor.
Futuras pesquisas podem ser realizadas utilizando uma malha tridimensional
análoga à “malha ideal” para que resultados mais precisos sejam obtidos. Além
disso, podem ser feitos estudos de casos mais gerais, como por exemplo:
Estudar o rendimento do rotor para aerofólios diferentes daqueles
utilizados no desenvolvimento da pá e para outras geometrias da
ponta;
Introduzir acessórios aerodinâmicos na pá para aumentar a eficiência
do rotor;
Introduzir considerações materiais e estruturais, o que deve alterar a
resposta do rotor às excitações do vento e pode levar a uma mudança
da geometria encontrada;
Reduzir, ou até eliminar, as hipóteses simplificadoras utilizadas;
Estudar os casos limites (velocidade mínima e máxima de operação),
bem como a influência do sistema de controle no rendimento do
equipamento;
Ajustar os resultados às condições de operação de caixas de
transmissão e de geradores elétricos existentes.
179
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184
Apêndice A – Demonstração do limite de Betz
185
Para determinar a máxima potência que pode ser extraída do vento, é
considerado um escoamento unidimensional (sem turbulências), perpendicular à
área varrida pelo rotor que é considerado um disco permeável (não importa neste
momento como se extrai a energia). Como a energia à jusante do rotor é menor do
que à montante, então a velocidade à jusante é menor e, portanto as linhas do
escoamento divergem (continuidade). Como o número de Mach é pequeno, a
densidade é constante e a velocidade axial deve variar continuamente de V
0
a u. A
Figura 85 mostra o fluxo ideal através da área A.
Figura 85: Esquema de escoamento ideal pelo rotor
Pela equação da continuidade pode-se explicar a divergência do escoamento:
1100
AuuAAV
ρ
=
ρ
=
ρ
(79)
Através da equação da quantidade de movimento tem-se que a força axial
(tração) é igual à variação da quantidade de movimento dentro do volume de
controle. Levando-se em consideração a eq. (79), tem-se:
TVAVmV)AA(uA
2
0VC0lateral
2
01VC
2
11
=ρ+ρ+ρ
&
(80)
O fluxo de ar pela lateral do volume de controle pode ser determinado pela
conservação de massa:
0VClateral1VC11
VAm)AA(uA
ρ
=
+
ρ
+ρ
&
(81)
)uV(Am
101lateral
ρ
=
&
(82)
186
Das equações (79), (80) e (82) vem que:
)uV(uAT
10
ρ
=
(83)
Da equação de Bernoulli e do fato de ocorrer uma queda de pressão na
região do rotor (devido à energia extraída) tem-se:
22
00
u
2
1
pV
2
1
p ρ+=ρ+
(a montante) (84)
2
10
2
u
2
1
pu
2
1
pp ρ+=ρ+Δ
(a jusante) (85)
Das duas equações acima, tem-se que:
)uV(
2
1
p
2
1
2
0
ρ=Δ
(86)
Mas a tração é igual à diferença de pressão multiplicada pela área:
ApT
Δ
=
(87)
Através das equações (86) e (87), sai o valor de T que pode ser igualado ao
da equação (83). Daí vem que:
)uV(
2
1
u
10
+=
(88)
Isto é, a velocidade do escoamento no rotor é a média das velocidades à
montante e à jusante.
A energia cinética extraída do vento é dada por:
)uV(m
2
1
E
2
1
2
0c
=
(89)
E a potência extraída é:
)uV(uA)uV(mEP
2
1
2
0
2
1
2
0c
ρ===
&
&
(90)
Definindo o fator de indução axial “a” como:
0
V)a1(u
=
(91)
187
Combinando as equações (88) e (91), vem:
01
V)a21(u
=
(92)
Utilizando as equações (91) e (92) nas equações (83) e (90), tem-se que:
23
0
)a1(aAV2P ρ=
(93)
)a1(aAV2T
2
0
ρ=
(94)
Considerando a equação (3) (item 3.4) que fornece a potência disponível do
vento P
vento
, pode-se definir o coeficiente de potência C
p
por:
3
0
p
AV
2
1
P
C
ρ
=
(95)
Analogamente tem-se o coeficiente de força C
T
:
2
0
T
AV
2
1
T
C
ρ
=
(96)
Combinando as equações (93) com (95) e (94) com (96), tem-se que:
2
p
)a1(a4C =
(97)
)a1(a4C
T
=
(98)
Igualando a zero a derivada de C
P
em relação a “a”, pode-se determinar o seu
valor máximo:
0)a31()a1(4
da
dC
p
==
(99)
Da equação (97) sai que C
p
é máximo para a=1/3. Neste caso, pelas
equações (91) e (92) tem-se que
010
V
3
1
ueV
3
2
u ==
.
Introduzindo esse valor de a=1/3 na equação (95) e levando-se em
consideração a equação (93) tem-se que o valor máximo de C
p
(conhecido como
limite de Betz) é:
188
59,0
27
16
C
máx
p
==
(100)
A
Figura 86 mostra a variação de C
P
e de C
T
em função de “a”:
Figura 86: Coeficientes de potência e de força em função do fator de indução axial para uma
turbina ideal de eixo horizontal
189
Apêndice B – Simulações para ajuste dos parâmetros do modelo
CFD e estudo de alguns parâmetros do modelo físico
190
As linhas de tendência nos gráficos a seguir são polinômios de 2° grau
Tabela 56: Variação da espessura da primeira camada
Caso Espessura adimensional y+ CL CD
1
2,2E-05 2,0 0,8107 0,01706
2
1,1E-05 1,0 0,7884 0,01638
3
5,5E-06 0,5 0,7879 0,01645
4
2,8E-06 0,3 0,7966 0,01623
Figura 87: C
L
e C
D
em função da espessura da primeira camada
Tabela 57: Variação do número de elementos sobre o perímetro do aerofólio
Caso N° Elementos CL CD
5
256 0,777 0,0172
6
320 0,788 0,0164
7
400 0,786 0,0167
Figura 88: C
L
e C
D
em função do número de elementos sobre o perímetro do aerofólio
191
Tabela 58: Variação do número de elementos radiais
Caso N° Elementos CL CD
8
100 0,779 0,0168
9
130 0,788 0,0164
10
160 0,794 0,0161
Figura 89: C
L
e C
D
em função do número de elementos radiais
Tabela 59: Variação do número de elementos na espessura
Caso N° Elementos CL CD
11
1 0,800 0,0159
12
3 0,792 0,0163
13
5 0,788 0,0164
Figura 90: C
L
e C
D
em função do número de elementos na envergadura
192
Tabela 60: Variação do tamanho (adimensional em relação à corda) do turbilhão na entrada
Caso Tamanho adimensional CL CD
14
0,5 0,796 0,0159
15
0,001 0,802 0,0159
16
0,0001 0,831 0,0144
17
0,00001 0,840 0,0138
Figura 91: C
L
e C
D
em função da escala do turbilhão de entrada
Tabela 61: Variação do Controle do Reynolds de Transição
Caso
Controle do Reynolds
de Transição
CL CD
Trans. Extradorso
(%corda)
Trans. Intradorso
(%corda)
18
400 0,773 0,0173 23,0% 54,0%
19
450 0,788 0,0164 27,0% 54,5%
20
500 0,820 0,0149 37,0% 55,0%
21
550 0,891 0,0118 57,0% 57,0%
22
600 0,888 0,0119 62,0% 62,0%
Figura 92: C
L
e C
D
em função do Controle do Reynolds de Transição
193
Figura 93: Ponto de transição em função do Controle do Reynolds de Transição
Tabela 62: Variações diversas
Caso Modelagem CL CD
23
Ar 25°C, Fluxo de Massa, k-Epsilon 0,862 0,0182
24
Ar 25°C, Vel. Normal-Pressão Estática, kw-SST 0,787 0,0171
25
Referência: Ar 25°C, Fluxo de Massa, kw-SST 0,788 0,0164
26
Ar Gás Ideal, Fluxo Massa, kw-SST 0,787 0,0167
Figura 94: Variações diversas
Tabela 63: Influência do número de Reynolds do escoamento
Caso Nº de Reynolds CL CD
27
1,E+06 0,666 0,0117
28
2,E+06 0,630 0,0128
29
4,E+06 0,595 0,0144
30
6,E+06 0,585 0,0145
194
Figura 95: Influência do número de Reynolds do escoamento no C
L
e no C
D
Tabela 64: Variação da intensidade da turbulência na entrada
Caso Intensidade (%) CL CD
31
0,05% 0,796 0,0159
32
1,00% 0,802 0,0159
33
3,70% 0,831 0,0144
34
5,00% 0,840 0,0138
Figura 96: C
L
e C
D
em função da intensidade da turbulência na entrada
195
Tabela 65: Propriedades do ar (condição standard interpolada)
Tipo Unidade Padrão CFX Standard STP
Temperatura
°C
25 15 0
Massa Molar
Kg / Kmol
28,96 28,96 28,96
Densidade
Kg/m3
1,185 1,225 1,284
Calor Específico (capacidade)
J/(Kg K)
1004,4 1004,2 1003,8
Calor Específico (tipo)
-
Pressão cte Pressão cte Pressão cte
Pressão referência
atm
1 1 1
Viscosidade Dinâmica
Kg/(m s)
1,831E-05 1,789E-05 1,725E-05
Condutividade Térmica
W/(m K)
0,02610 0,02537 0,02428
Índice de refração
m/m
1 1 1
Coeficiente de Absorção
1/m
0,01 0,01 0,01
Expansividade térmica
1/K
0,003356 0,003478 0,003660
Tabela 66: Variação da temperatura do ar
Caso Temperatura (°C) CL CD
35
25 0,788 0,0164
36
15 0,739 0,0153
37
0 0,672 0,0140
Figura 97: C
L
e C
D
em função da temperatura do ar
196
Apêndice C – Dados geométricos de aerofólios
197
Tabela 67: Aerofólio NREL S827
Pontos Extradorso Intradorso
x/c
(
com
p
rimento
)
z/c
(
es
p
essura
)
x/c z/c
1 0
,
00003 0
,
00054 0
,
00010 -0
,
00098
2 0
,
00040 0
,
00228 0
,
00075 -0
,
00240
3 0
,
00327 0
,
00789 0
,
00194 -0
,
00390
4 0
,
01168 0
,
01688 0
,
00388 -0
,
00572
5 0
,
02501 0
,
02661 0
,
01440 -0
,
01227
6 0
,
04304 0
,
03671 0
,
03068 -0
,
01907
7 0
,
06557 0
,
04692 0
,
05249 -0
,
02597
8 0
,
09234 0
,
05703 0
,
07952 -0
,
03303
9 0
,
12305 0
,
06686 0
,
11138 -0
,
04031
10 0
,
15735 0
,
07623 0
,
14752 -0
,
04794
11 0
,
19486 0
,
08497 0
,
18727 -0
,
05596
12 0
,
23516 0
,
09293 0
,
22978 -0
,
06438
13 0
,
27779 0
,
09996 0
,
27409 -0
,
07310
14 0
,
32229 0
,
10593 0
,
31892 -0
,
08183
15 0
,
36815 0
,
11068 0
,
36288 -0
,
08933
16 0
,
41487 0
,
11409 0
,
40597 -0
,
09376
17 0
,
46193 0
,
11603 0
,
44906 -0
,
09443
18 0
,
50881 0
,
11636 0
,
49274 -0
,
09126
19 0
,
55498 0
,
11490 0
,
53770 -0
,
08456
20 0
,
59988 0
,
11131 0
,
58417 -0
,
07538
21 0
,
64347 0
,
10497 0
,
63172 -0
,
06463
22 0
,
68639 0
,
09591 0
,
67984 -0
,
05305
23 0
,
72880 0
,
08503 0
,
72787 -0
,
04136
24 0
,
77025 0
,
07315 0
,
77506 -0
,
03025
25 0
,
81021 0
,
06086 0
,
82049 -0
,
02035
26 0
,
84805 0
,
04872 0
,
86316 -0
,
01216
27 0
,
88305 0
,
03718 0
,
90192 -0
,
00603
28 0
,
91460 0
,
02643 0
,
93560 -0
,
00204
29 0
,
94236 0
,
01682 0
,
96306 -0
,
00001
30 0
,
96586 0
,
00900 0
,
98337 0
,
00052
31 0
,
98413 0
,
00360 0
,
99581 0
,
00025
32 0
,
99591 0
,
00078 1
,
00000 0
,
00000
33 1
,
00000 0
,
00000
Tabela 68: Aerofólio NREL S818
Pontos Extradorso Intradorso
x/c z/c x/c z/c
0
,
00000 0
,
00000 0
,
00000 0
,
00000
1 0
,
00012 0
,
00170 0
,
00003 -0
,
00087
2 0
,
00066 0
,
00442 0
,
00048 -0
,
00341
3 0
,
00374 0
,
01205 0
,
00141 -0
,
00608
4 0
,
01259 0
,
02437 0
,
00328 -0
,
00985
5 0
,
02619 0
,
03717 0
,
01232 -0
,
02157
6 0
,
04424 0
,
05009 0
,
02631 -0
,
03391
7 0
,
06647 0
,
06284 0
,
04486 -0
,
04650
8 0
,
09256 0
,
07518 0
,
06764 -0
,
05923
9 0
,
12213 0
,
08681 0
,
09404 -0
,
07200
10 0
,
15482 0
,
09745 0
,
12331 -0
,
08444
11 0
,
19023 0
,
10678 0
,
15489 -0
,
09598
12 0
,
22797 0
,
11449 0
,
18823 -0
,
10622
13 0
,
26760 0
,
12006 0
,
22238 -0
,
11444
14 0
,
30915 0
,
12285 0
,
25700 -0
,
11893
15 0
,
35312 0
,
12287 0
,
29323 -0
,
11847
16 0
,
39944 0
,
12073 0
,
33232 -0
,
11328
17 0
,
44760 0
,
11690 0
,
37488 -0
,
10412
18 0
,
49702 0
,
11165 0
,
42102 -0
,
09200
19 0
,
54711 0
,
10527 0
,
47043 -0
,
07786
20 0
,
59727 0
,
09798 0
,
52267 -0
,
06258
21 0
,
64685 0
,
09003 0
,
57709 -0
,
04706
22 0
,
69521 0
,
08161 0
,
63288 -0
,
03217
23 0
,
74169 0
,
07292 0
,
68903 -0
,
01872
24 0
,
78569 0
,
06409 0
,
74437 -0
,
00740
25 0
,
82657 0
,
05526 0
,
79758 0
,
00128
26 0
,
86377 0
,
04651 0
,
84726 0
,
00704
27 0
,
89672 0
,
03779 0
,
89200 0
,
00985
28 0
,
92522 0
,
02885 0
,
93046 0
,
00996
29 0
,
94958 0
,
01983 0
,
96144 0
,
00780
30 0
,
96996 0
,
01155 0
,
98351 0
,
00422
31 0
,
98590 0
,
00509 0
,
99606 0
,
00113
32 0
,
99633 0
,
00122 1
,
00000 0
,
00000
33 1
,
00000 0
,
00000
198
Tabela 69: Aerofólio NREL S830
Pontos Extradorso Intradorso
x/c z/c x/c z/c
1 0
,
00000 0
,
00000 0
,
00000 0
,
00000
2 0
,
00006 0
,
00112 0
,
00004 -0
,
00084
3 0
,
00321 0
,
01040 0
,
00041 -0
,
00254
4 0
,
01104 0
,
02127 0
,
00138 -0
,
00406
5 0
,
02343 0
,
03307 0
,
00288 -0
,
00560
6 0
,
04015 0
,
04540 0
,
01318 -0
,
01192
7 0
,
06101 0
,
05794 0
,
02942 -0
,
01794
8 0
,
08576 0
,
07041 0
,
05165 -0
,
02385
9 0
,
11413 0
,
08253 0
,
07932 -0
,
03013
10 0
,
14580 0
,
09406 0
,
11146 -0
,
03674
11 0
,
18042 0
,
10474 0
,
14756 -0
,
04351
12 0
,
21762 0
,
11434 0
,
18687 -0
,
05030
13 0
,
25699 0
,
12262 0
,
22887 -0
,
05701
14 0
,
29810 0
,
12934 0
,
27253 -0
,
06393
15 0
,
34048 0
,
13417 0
,
31589 -0
,
07002
16 0
,
38383 0
,
13653 0
,
35873 -0
,
07334
17 0
,
42854 0
,
13632 0
,
40193 -0
,
07288
18 0
,
47434 0
,
13395 0
,
44627 -0
,
06859
19 0
,
52084 0
,
12962 0
,
49216 -0
,
06086
20 0
,
56764 0
,
12354 0
,
53971 -0
,
04984
21 0
,
61431 0
,
11592 0
,
59018 -0
,
03645
22 0
,
66042 0
,
10703 0
,
64307 -0
,
02282
23 0
,
70550 0
,
09715 0
,
69724 -0
,
01029
24 0
,
74904 0
,
08657 0
,
75132 0
,
00013
25 0
,
79053 0
,
07559 0
,
80381 0
,
00775
26 0
,
82943 0
,
06449 0
,
85314 0
,
01212
27 0
,
86518 0
,
05352 0
,
89755 0
,
01296
28 0
,
89719 0
,
04283 0
,
93491 0
,
01083
29 0
,
92504 0
,
03222 0
,
96391 0
,
00721
30 0
,
94908 0
,
02179 0
,
98422 0
,
00357
31 0
,
96943 0
,
01245 0
,
99611 0
,
00096
32 0
,
98554 0
,
00533 1
,
00000 0
,
00000
33 0
,
99621 0
,
00120
34 1
,
00000 0
,
00000
Tabela 70: Aerofólio NREL S831
Pontos Extradorso Intradorso
x/c z/c x/c z/c
1 0
,
00000 0
,
00000 0
,
00000 0
,
00000
2 0
,
00004 0
,
00088 0
,
00004 -0
,
00080
3 0
,
00036 0
,
00277 0
,
00017 -0
,
00155
4 0
,
00449 0
,
01168 0
,
00041 -0
,
00221
5 0
,
01307 0
,
02201 0
,
00080 -0
,
00281
6 0
,
02606 0
,
03319 0
,
00134 -0
,
00340
7 0
,
04333 0
,
04479 0
,
00280 -0
,
00458
8 0
,
06483 0
,
05655 0
,
00966 -0
,
00795
9 0
,
09031 0
,
06828 0
,
02422 -0
,
01170
10 0
,
11951 0
,
07975 0
,
04525 -0
,
01480
11 0
,
15212 0
,
09077 0
,
07229 -0
,
01796
12 0
,
18776 0
,
10113 0
,
10441 -0
,
02131
13 0
,
22608 0
,
11064 0
,
14105 -0
,
02479
14 0
,
26663 0
,
11912 0
,
18146 -0
,
02831
15 0
,
30899 0
,
12638 0
,
22509 -0
,
03117
16 0
,
35269 0
,
13226 0
,
27122 -0
,
03485
17 0
,
39728 0
,
13659 0
,
31929 -0
,
03752
18 0
,
44223 0
,
13917 0
,
36859 -0
,
03951
19 0
,
48707 0
,
13978 0
,
41855 -0
,
04054
20 0
,
53137 0
,
13799 0
,
46850 -0
,
04013
21 0
,
57522 0
,
13349 0
,
51847 -0
,
03767
22 0
,
61871 0
,
12640 0
,
56861 -0
,
03326
23 0
,
66185 0
,
11707 0
,
61888 -0
,
02718
24 0
,
70445 0
,
10608 0
,
66924 -0
,
01993
25 0
,
74609 0
,
09394 0
,
71934 -0
,
01226
26 0
,
78632 0
,
08116 0
,
76865 -0
,
00492
27 0
,
82460 0
,
06818 0
,
81639 0
,
00118
28 0
,
86035 0
,
05544 0
,
86130 0
,
00530
29 0
,
89294 0
,
04327 0
,
90193 0
,
00707
30 0
,
92180 0
,
03167 0
,
93666 0
,
00668
31 0
,
94699 0
,
02083 0
,
96429 0
,
00489
32 0
,
96834 0
,
01157 0
,
98416 0
,
00263
33 0
,
98514 0
,
00481 0
,
99606 0
,
00077
34 0
,
99614 0
,
00105 1
,
00000 0
,
00000
35 1
,
00000 0
,
00000
199
Tabela 71: Aerofólio NREL S832
Pontos Extradorso Intradorso
x/c z/c x/c z/c
1 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000
2
0,00001 0,00028 0,00010 -0,00126
3
0,00011 0,00150 0,00026 -0,00194
4
0,00328 0,00973 0,00053 -0,00252
5
0,01071 0,01942 0,00094 -0,00303
6
0,02242 0,03000 0,00150 -0,00353
7
0,03830 0,04102 0,00188 -0,00380
8
0,05831 0,05217 0,00298 -0,00448
9
0,08228 0,06320 0,01074 -0,00728
10
0,11007 0,07390 0,02577 -0,00958
11
0,14137 0,08415 0,04734 -0,01088
12
0,17583 0,09376 0,07510 -0,01192
13
0,21310 0,10256 0,10825 -0,01295
14
0,25274 0,11037 0,14628 -0,01404
15
0,29436 0,11701 0,18846 -0,01522
16
0,33747 0,12233 0,23423 -0,01649
17
0,38161 0,12614 0,28827 -0,01779
18
0,42629 0,12824 0,33377 -0,01907
19
0,47106 0,12830 0,38622 -0,02025
20
0,51577 0,12599 0,43959 -0,02122
21
0,56040 0,12129 0,49317 -0,02188
22
0,60480 0,11436 0,54634 -0,02208
23
0,64882 0,10544 0,59843 -0,02158
24
0,69229 0,09486 0,64911 -0,02005
25
0,73496 0,08312 0,69821 -0,01745
26
0,77642 0,07079 0,74555 -0,01394
27
0,81614 0,05839 0,79090 -0,00991
28
0,85352 0,04638 0,83384 -0,00585
29
0,88788 0,03517 0,87378 -0,00234
30
0,91858 0,02488 0,90980 0,00013
31
0,94539 0,01576 0,94089 0,00144
32
0,96785 0,00839 0,96613 0,00169
33
0,98514 0,00333 0,98476 0,00118
34
0,99619 0,00069 0,99616 0,00041
35
1,00000 0,00000 1,00000 0,00000
200
Tabela 72: Aerofólio SE07
Pontos Perfil
x/c z/c
1 0
,
00000 0
,
00000
2 0
,
00012 0
,
00166
3 0
,
00066 0
,
00442
4 0
,
00374 0
,
01192
5 0
,
01259 0
,
02410
6 0
,
02619 0
,
03680
7 0
,
04424 0
,
04968
8 0
,
06647 0
,
06245
9 0
,
09256 0
,
07484
10 0
,
12213 0
,
08657
11 0
,
15482 0
,
09736
12 0
,
19023 0
,
10683
13 0
,
22797 0
,
11493
14 0
,
26760 0
,
12095
15 0
,
30915 0
,
12444
16 0
,
35312 0
,
12532
17 0
,
39944 0
,
12388
18 0
,
44760 0
,
12066
19 0
,
49702 0
,
11574
20 0
,
54711 0
,
10950
21 0
,
59727 0
,
10216
22 0
,
64685 0
,
09398
23 0
,
69521 0
,
08519
24 0
,
74169 0
,
07602
25 0
,
78569 0
,
06665
26 0
,
82657 0
,
05727
27 0
,
86377 0
,
04800
28 0
,
89672 0
,
03883
29 0
,
92522 0
,
02951
30 0
,
94958 0
,
02018
31 0
,
96996 0
,
01168
32 0
,
98590 0
,
00511
33 0
,
99633 0
,
00121
34 1
,
00000 0
,
00000
35 0
,
99606 0
,
00110
36 0
,
98351 0
,
00412
37 0
,
96144 0
,
00776
38 0
,
93046 0
,
01021
39 0
,
89200 0
,
01047
40 0
,
84726 0
,
00801
41 0
,
79758 0
,
00243
42 0
,
74437 -0
,
00613
43 0
,
68903 -0
,
01739
44 0
,
63288 -0
,
03081
45 0
,
57709 -0
,
04564
46 0
,
52267 -0
,
06087
47 0
,
47043 -0
,
07527
48 0
,
42102 -0
,
08793
49 0
,
37488 -0
,
09795
50 0
,
33232 -0
,
10497
51 0
,
29323 -0
,
10820
52 0
,
25700 -0
,
10745
53 0
,
22238 -0
,
10275
54 0
,
18823 -0
,
09508
55 0
,
15489 -0
,
08575
56 0
,
12331 -0
,
07536
57 0
,
09404 -0
,
06425
58 0
,
06764 -0
,
05290
59 0
,
04486 -0
,
04164
60 0
,
02631 -0
,
03052
61 0
,
01232 -0
,
01956
62 0
,
00328 -0
,
00906
63 0
,
00141 -0
,
00568
64 0
,
00048 -0
,
00327
65 0
,
00003 -0
,
00084
66 0
,
00000 0
,
00000
Tabela 73: Aerofólio SE12
Pontos Perfil
x/c z/c
1 0
,
00000 0
,
00000
2 0
,
00012 0
,
00161
3 0
,
00066 0
,
00442
4 0
,
00374 0
,
01174
5 0
,
01259 0
,
02370
6 0
,
02619 0
,
03627
7 0
,
04424 0
,
04910
8 0
,
06647 0
,
06189
9 0
,
09256 0
,
07436
10 0
,
12213 0
,
08623
11 0
,
15482 0
,
09724
12 0
,
19023 0
,
10690
13 0
,
22797 0
,
11556
14 0
,
26760 0
,
12223
15 0
,
30915 0
,
12672
16 0
,
35312 0
,
12882
17 0
,
39944 0
,
12839
18 0
,
44760 0
,
12602
19 0
,
49702 0
,
12157
20 0
,
54711 0
,
11554
21 0
,
59727 0
,
10813
22 0
,
64685 0
,
09962
23 0
,
69521 0
,
09030
24 0
,
74169 0
,
08045
25 0
,
78569 0
,
07032
26 0
,
82657 0
,
06015
27 0
,
86377 0
,
05013
28 0
,
89672 0
,
04032
29 0
,
92522 0
,
03045
30 0
,
94958 0
,
02067
31 0
,
96996 0
,
01187
32 0
,
98590 0
,
00513
33 0
,
99633 0
,
00119
34 1
,
00000 0
,
00000
35 0
,
99606 0
,
00105
36 0
,
98351 0
,
00397
37 0
,
96144 0
,
00769
38 0
,
93046 0
,
01056
39 0
,
89200 0
,
01135
40 0
,
84726 0
,
00939
41 0
,
79758 0
,
00407
42 0
,
74437 -0
,
00432
43 0
,
68903 -0
,
01548
44 0
,
63288 -0
,
02886
45 0
,
57709 -0
,
04360
46 0
,
52267 -0
,
05843
47 0
,
47043 -0
,
07158
48 0
,
42102 -0
,
08211
49 0
,
37488 -0
,
08913
50 0
,
33232 -0
,
09310
51 0
,
29323 -0
,
09352
52 0
,
25700 -0
,
09105
53 0
,
22238 -0
,
08605
54 0
,
18823 -0
,
07917
55 0
,
15489 -0
,
07113
56 0
,
12331 -0
,
06238
57 0
,
09404 -0
,
05317
58 0
,
06764 -0
,
04385
59 0
,
04486 -0
,
03469
60 0
,
02631 -0
,
02567
61 0
,
01232 -0
,
01668
62 0
,
00328 -0
,
00794
63 0
,
00141 -0
,
00512
64 0
,
00048 -0
,
00307
65 0
,
00003 -0
,
00079
66 0
,
00000 0
,
00000
201
Apêndice D – Simulações bidimensionais e eficiência dos
aerofólios
202
Os resultados das simulações são os pontos de C
L2D
e CD. CL
inv
é a parte
linear de CL
2D
. CL
3D,rot
é o CL com correção devido a escoamento rotativo. Este
último foi o CL utilizado para calcular a curva CL/CD.
O ponto máximo da curva CL/CD foi calculado através da raiz do polinômio da
de sua derivada (obtida numericamente no Matlab).
Tabela 74: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S818
Alfa CL
2D
CL
inv
CL
3D,rot
CD CL/CD
-5 -0,1275 -0,1275 -0,1275 0,00897 -14,22
0 0,4503 0,4503 0,4503 0,00933 48,26
5 1,0395 1,0395 1,0395 0,01146 90,69
10 1,4967 1,6211 1,5523 0,01957 79,34
14 1,6120 2,0879 1,8183 0,04763 38,18
18 1,4832 2,5547 1,929464 0,11518 16,75
Figura 98: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S818
203
Tabela 75: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S830
Alfa CL
2D
CL
inv
CL
3D,rot
CD CL/CD
-5 0,0821 0,0821 0,0821 0,01085 7,56
0 0,6515 0,6515 0,6515 0,01003 64,97
5 1,1763 1,1763 1,1763 0,01336 88,07
10 1,5568 1,7306 1,5581 0,02444 63,74
14 1,7191 2,1682 1,7223 0,04532 38,00
16 1,50545 2,3870 1,5116 0,08884 17,02
Figura 99: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S830
Tabela 76: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S831
Alfa CL
2D
CL
in
v
CL
3
D
,
r
ot
CD CL/CD
-5 0,0973 0,0973 0,0973 0,01276 7,62
0 0,6119 0,6119 0,6119 0,01132 54,06
5 1,1498 1,1498 1,1498 0,01422 80,86
10 1,4618 1,6726 1,4626 0,02962 49,38
14 1,5469 2,0938 1,5490 0,06237 24,84
18 1,5017 2,5150 1,5054 0,10021 15,02
204
Figura 100: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S831
Tabela 77: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil S832
Alfa CL
2D
CL
inv
CL
3D,rot
CD CL/CD
-5 0,0590 0,0590 0,0590 0,01369 4,31
0 0,5658 0,5658 0,5658 0,00918 61,67
5 1,0771 1,0771 1,0771 0,01190 90,53
10 1,4070 1,5853 1,4075 0,02595 54,24
14 1,3841 1,9925 1,3856 0,06485 21,37
16 1,3394 2,1961 1,3415 0,09583 14,00
Tabela 78: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil SE07
Alfa CL
2D
CL
inv
CL
3D,rot
CD CL/CD
-5 -0,0113 -0,0113 -0,0113 0,00976 -1,15
0 0,4740 0,4740 0,4740 0,00924 51,27
5 0,9965 0,9965 0,9965 0,01297 76,81
10 1,3999 1,4944 1,4128 0,02425 58,25
14 1,7669 1,8976 1,7842 0,03264 54,67
18 1,5708 2,3008 1,6634 0,10723 15,51
205
Figura 101: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil S832
Figura 102: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil SE07
206
Tabela 79: Resultados de simulações e pontos para curvas do perfil SE12
Alfa CL
2D
CL
inv
CL
3D,rot
CD CL/CD
-5 -0,0340 -0,0340 -0,0340 0,00971 -3,50
0 0,5373 0,5373 0,5373 0,00964 55,76
5 1,1046 1,1046 1,1046 0,01268 87,09
10 1,5525 1,6750 1,5571 0,02023 76,97
14 1,5869 2,1306 1,6068 0,05427 29,61
16 1,6235 2,3584 1,6499 0,07428 22,21
Figura 103: Curvas de C
L
, C
D
e C
L
/C
D
para o perfil SE12
207
Apêndice E – Passo ótimo das estações através de CFD
208
Figura 104: Efeito da variação do passo da estação no torque local (condição nominal)
209
Apêndice F – Ajuste da velocidade de rotação através de CFD
210
1º Ajuste
Figura 105:1º Ajuste: influência da velocidade de rotação na potência local
211
2º Ajuste
Figura 106: 2º Ajuste: influência da velocidade de rotação na potência local
212
Apêndice G – Pontos de máximo da região de transição
213
Figura 107:Curvas potência para cada velocidade de vento da região de transição
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