27
Mais do que apresentar ou que representar, o termo brincar parece mais
adequado para designar o fazer do ator brincante. Na brincadeira,
rigorosamente, não se apresenta, não se representa, simplesmente se
brinca. Brinca-se no sentido de que os brincantes apenas se divertem,
junto com o público, que também faz parte da brincadeira. E aqui se usa o
termo brincar, na acepção mesma de brincadeira infantil. Mas de uma
brincadeira infantil coletiva (como são mesmo a maioria das brincadeiras
infantis), na qual os brincantes, a partir de um acordo sobre uma estrutura,
vivem uma outra vida, uma vida de faz-de-conta, improvisando
livremente (Barroso, 2004: 84-5 apud Oliveira, 2006: 45).
O termo "dançarino brincante" é reconhecido também dentro da CBO -
Classificação Brasileira de Ocupações
13
, do Ministério do Trabalho, como uma
ocupação profissional. A partir dessa informação podemos inclusive acrescentar
que os brincantes de Cavalo Marinho, além de realizarem o trabalho com o corte
da cana, podem também ser reconhecidos em sua profissão como dançarinos
brincantes.
O ato de brincar, partindo do início, da infância, é natural ao ser
humano. Brincar, quando somos pequenos, é um ato espontâneo, é por meio dele
que a criança se comunica com o mundo. É a linguagem natural da criança, na
13
Na página da Internet http://www.mtecbo.gov.br/busca/descricao.asp?codigo=3761 3761, do Ministério do
Trabalho, encontramos as descrições de Dançarino tradicional e Dançarino Popular (sinônimos de Dançarino
Brincante), com as seguintes informações: Dançarino tradicional - Bailarino de danças folclóricas,
Dançarino brincante, Dançarino de danças de raiz, Dançarino de danças folclóricas, Dançarino de danças
rituais, Folgazão, Sambista. Dançarino popular - Bailarinos de danças parafolclóricas, Bailarinos étnicos,
Bailarinos populares, Dançarino de rua, Dançarino de salão, Dançarinos de danças parafolclóricas,
Dançarinos étnicos, Dançarinos populares. Dançarinos tradicionais e populares - Descrição sumária: Os
dançarinos tradicionais e populares dançam, sozinhos, em pares ou em grupo com fins ritualísticos,
performáticos e espetaculares, pesquisam e estudam, reinterpretam danças tradicionais e populares; criam
espetáculos, ministram aulas e inserem seu acervo cultural em diferentes contextos (sociais, pedagógicos e
terapêuticos). Formação e experiência: As ocupações da família são, em geral, aprendidas na prática, junto
às comunidades tradicionais e aos grupos que executam as danças populares e tradicionais, muitas vezes
desde muito cedo, por meio da participação em festejos, rituais e apresentações. O aprendizado costuma se
dar também de forma tradicional, ou seja, via transmissão direta do mestre ao discípulo, como vem sendo
feito há gerações. Particularmente no caso das danças populares, o aprendizado costuma se dar por intermédio
de cursos informais, de duração variada, em geral, ministrados por dançarinos de renome na sua técnica ou
tradição. Condições gerais de exercício: Os profissionais dançam em lugares públicos, em festas propulares,
folguedos, rituais religiosos e apresentações e também em salões, teatros, estúdios de TV etc., em geral, em
grupos, portando vestes, paramentos e objetos apropriados à representação ou dança. São, na quase totalidade,
autônomos, e seu calendário de trabalho tende à irregularidade, pois está atrelado àquele das festas, folguedos,
rituais e apresentações. Por isso, os profissionais costumam desempenhar outra ocupação simultaneamente.
Além de atuarem em atividades recreativas e culturais, podem aplicar conhecimentos e performances da
dança popular e tradicional no ensino, em programas sociais voltados para adolescentes e crianças e em
trabalhos terapêuticos diversos.