Segundo Franz, os antigos chineses não consideravam os números como
indicadores de quantidade “Para eles os números eram antes, simples indicadores
de qualidades das fases temporais do Todo” (itálico da autora) (2008, p. 193). Outra
referência da autora é ao tempo mítico dos gregos, Aion, “o tempo divino, criativo,
eterno, que diz Heráclito, ser um menino que joga um jogo de tabuleiro, um menino
que governa o cosmo” (Ibid. p. 69).
Na descrição de Maroni, Aion é “o tempo que enfatiza a diferença e, então, a
ruptura e a descontinuidade. Esse tempo corta a sucessão temporal; Aion, o tempo
originário é da ordem do inesperado, do imprevisível jogando conosco” (2008, p.
111). Assim como Franz (Cf. 1991), Maroni discorre sobre outros dois tempos
míticos além de Aion: Chrónos, o tempo linear a serviço da morte e Kairós que os
gregos definem como um tempo oportuno, um tempo da ação humana possível,
mundo da ambiguidade e da contingência:
A apreensão do Kairós, através dos sonhos e das sincronicidades (...)
permite-nos uma vivência muito diferente do tempo, se tivermos como
parâmetro o não sentido mortífero de Cronos, o tempo egóico por
excelência. Quem vive Kairós perde a pressa, a velocidade, o consumo do
tempo. (...) Kairós nos obriga a viver o agora. Distraídos no passado ou no
futuro, perdemos Kairós, o tempo do agora. (2008,
p. 113).
E ainda o tempo que se manifesta como “sym-bebekós, que em grego, é o
dito da própria sincronicidade, a coincidência, a temporalização conjunta, que
corresponde ao latim ad-cadere, cair ao lado de” (Ibid., p. 115).
Franz (Cf. 2008, p. 181) considera as ideias de Bohm, que propõe que se
conceba o tempo como multidimensional, consistindo em momentos atuais, mais do
que em um continuum e possuiria, além disso, um aspecto qualitativo e criador.
Essas considerações nos remetem a Prigogine (Cf. 1971/1996) para quem os
modelos qualitativos de auto-organização começam a ser compreendidos.
Como seria, então, o tempo da Complexidade?
Segundo Morin, de acordo com a ciência da modernidade, tudo nasceu,
apareceu e surgiu uma vez. A irreversibilidade do segundo princípio da
termodinâmica de Carnot supunha um tempo que seguia da ordem para a